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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA
CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL E SANITAacuteRIA
O USO DO SOLO URBANO EM AacuteREAS DE
PRESERVACcedilAtildeO PERMANENTE
ESTUDO DE CASO NO MUNICIacutePIO DE
SANTOS DUMONT - MG
Igor Nogueira de Oliveira
Juiz de Fora
2016
i
O USO DO SOLO URBANO EM AacuteREAS DE
PRESERVACcedilAtildeO PERMANENTE
ESTUDO DE CASO NO MUNICIacutePIO DE SANTOS
DUMONT - MG
Igor Nogueira de Oliveira
ii
Igor Nogueira de Oliveira
O USO DO SOLO URBANO EM AacuteREAS DE
PRESERVACcedilAtildeO PERMANENTE
ESTUDO DE CASO NO MUNICIacutePIO DE SANTOS
DUMONT - MG
Trabalho Final de Curso apresentado ao Colegiado
do Curso de Engenharia Ambiental e Sanitaacuteria da
Universidade Federal de Juiz de Fora como
requisito parcial agrave obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Engenheiro
Ambiental e Sanitarista
Aacuterea de concentraccedilatildeo Engenharia Ambiental
Aacuterea de pesquisa Geoprocessamento Aplicado
Orientador Otaacutevio Eurico de Aquino Branco
Juiz de Fora
Faculdade de Engenharia da UFJF
2016
iii
AGRADECIMENTOS
Agradeccedilo agrave todos que colaboraram direta e indiretamente para a elaboraccedilatildeo deste
trabalho em primeiro lugar a Deus por ter dado a mim a oportunidade de viver esses
maravilhosos anos na Academia agrave minha famiacutelia de um modo especial agrave meu pai Geraldo
e minha matildee Maria das Dores e ao meu irmatildeo Iago pela paciecircncia e pelo apoio
incondicional ao longo de todos estes anos a todos os meus professores desde o Jardim
de Infacircncia ateacute a graduaccedilatildeo pelo carinho e dedicaccedilatildeo ao orientador professor e amigo
Otaacutevio Branco pela confianccedila e pelo incentivo aos colegas de turma e a todos que de
alguma forma cooperaram conosco para que este trabalho fosse realizado
iv
ldquoSeja vocecirc quem for seja qual for a posiccedilatildeo
social que vocecirc tenha na vida a mais alta ou
a mais baixa tenha sempre como meta muita
forccedila muita determinaccedilatildeo e sempre faccedila tudo
com muito amor e com muita feacute em Deus que
um dia vocecirc chega laacute
De alguma maneira vocecirc chega laacute rdquo
Ayrton Senna
v
RESUMO
As questotildees relacionadas a ocorrecircncia de deslizamentos e alagamentos eacute uma constante
no cotidiano urbano principalmente no periacuteodo chuvoso onde os problemas se tornam
evidentes Esses eventos nos uacuteltimos anos natildeo se restringiram somente a grandes cidades
mas tambeacutem a pequenos municiacutepios que sofrem por falta de recursos e de pessoal
especializado para prever e predizer trageacutedias advindas dos alagamentos e deslizamentos
de encostas provocados pela ocupaccedilatildeo desordenada em especial nas Aacutereas de
Preservaccedilatildeo Permanente Nos uacuteltimos 10 anos Santos Dumont tem sofrido
constantemente com o aumento do nuacutemero de casos de deslizamentos e principalmente
alagamentos por natildeo contar com um planejamento integrado e atuante na contenccedilatildeo de
tais eventos O objetivo geral desse trabalho eacute contribuir para a formulaccedilatildeo de poliacuteticas
puacuteblicas afim de corrigir e prevenir tais eventos na aacuterea urbana da cidade Para isso foi
gerado uma base de dados histoacutericos de um periacuteodo de 30 anos que associada ao
processamento de imagens obtidas atraveacutes de radares e sateacutelites proporcionou identificar
os pontos que merecem maior atenccedilatildeo e tambeacutem possibilitou atraveacutes de criteacuterio
quantitativo propor uma hierarquizaccedilatildeo dos bairros que merecem prioridade em
investimentos relacionados a contenccedilatildeo de riscos Com a combinaccedilatildeo de mapas e a
comparaccedilatildeo entre o estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor e o levantamento
histoacuterico feito a partir de dados primaacuterios pode-se observar que a maioria dos casos de
alagamentos e parte dos deslizamentos ocorrem na faixa de APP de curso hiacutedrico
Tambeacutem pode se estabelecer uma relaccedilatildeo entre o tamanho do bairro e o nuacutemero de
eventos relacionados a deslizamentos
vi
ABSTRACT
Issues related to the occurrence of landslides and flooding is a constant in urban daily life
particularly in the rainy season where the problems become evident These events in
recent years were not restricted only to large cities but also small towns which suffer
from lack of resources and specialized staff to anticipate and predict resulting tragedies
of the floods and landslides caused by the disorderly occupation especially in Permanent
Preservation areas Over the past 10 years Santos Dumont has been constantly increasing
number of cases of landslides and especially flooding for not having an integrated
planning and active in the containment of such events The aim of this study is to
contribute to the formulation of public policies in order to correct and prevent such events
in the urban area of the city For it was generated a historical data base for a period of 30
years associated with the processing of images obtained by radar and satellites provided
identify the points that deserve more attention and also made possible through
quantitative criterion propose a hierarchy of neighborhoods that deserve priority in
investments related to risk containment With the combination of maps and the
comparison between the study for the preparation of the Master Plan and the historical
survey from primary data can be observed that most of the cases of flooding and some
landslides occur in the course of APP range water You can also establish a relationship
between the neighborhood size and the number of related events to landslides
vii
SUMAacuteRIO
LISTA DE FIGURAS 2
LISTA DE TABELAS E QUADROS 4
1 INTRODUCcedilAtildeO 5
2 OBJETIVOS 6
21 Objetivo geral 6
22 Objetivos especiacuteficos 6
3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 7
31 Conceitos Fundamentais 7
311 Aacutereas de risco 7
312 Deslizamentos 8
313 Alagamentos 8
314 Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente 9
315 Uso e ocupaccedilatildeo do solo 9
32 Legislaccedilatildeo Pertinente 10
321 As adequaccedilotildees da legislaccedilatildeo ao longo dos anos 10
322 O Novo Coacutedigo Florestal e a legislaccedilatildeo mineira 11
323 O Plano Diretor 13
3231 O Plano Diretor de Santos Dumont 14
33 O Municiacutepio de Santos Dumont 16
331 De Arraial a cidade 16
332 Santos Dumont na atualidade 19
4 METODOLOGIA 20
41 Aacuterea de estudo 20
42 Levantamento e tratamento dos dados 21
5 RESULTADOS 23
51 Levantamento histoacuterico de alagamentos e deslizamentos 23
512 O Plano diretor e as APPs 31
52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis 40
521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta 41
6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees 46
7 Anexos 48
71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont 49
72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos
(1984-2014) 51
8 Referecircncias Bibliograacuteficas 53
2
LISTA DE FIGURAS
Paacuteg
Figura 31 Vista parcial do Arraial de Joatildeo Gomes 17
Figura 32 Municiacutepio de Palmyra na deacutecada de 1920 18
Figura 33 Municiacutepio de Santos Dumont em 2014 19
Figura 41 Localizaccedilatildeo da aacuterea urbana principal 20
Figura 42 Mapa da aacuterea urbana principal com a localizaccedilatildeo dos
bairros
21
Figura 51 Deslizamento no bairro Coacuterrego do Ouro 25
Figura 52 Alagamento na regiatildeo central de Santos Dumont em 2013 26
Figura 53 Pontos de Alagamento obtidos atraveacutes do levantamento
histoacuterico
27
Figura 54 Pontos de Deslizamento obtidos atraveacutes do levantamento
histoacuterico
27
Figura 55 Aacutereas propensas a deslizamento de acordo com o Plano
Diretor de Santos Dumont
29
Figura 56 Aacutereas propensas a alagamento de acordo com o Plano
Diretor de Santos Dumont
29
Figura 57 Aacutereas propensas a alagamento do estudo do Plano Diretor
complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do
levantamento
30
Figura 58 Aacutereas propensas a deslizamento do estudo do Plano
Diretor complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do
levantamento
31
Figura 59 Zoneamento urbano da aacuterea urbana principal 32
Figura 510 Combinaccedilatildeo entre as declividades importantes incluindo
as APPs e o zoneamento urbano
34
Figura 511 Combinaccedilatildeo entre as APPs de curso hiacutedrico e as zonas de
planejamento
35
Figura 512 Mapa de usos do solo da aacuterea urbana principal de Santos
Dumont
36
Figura 513 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na
aacuterea urbana principal
37
Figura 514 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na
aacuterea urbana principal
38
Figura 515 Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a
deslizamentos na regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
39
Figura 516 Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a
alagamentos na regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
39
3
Figura 517 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de
deslizamentos
44
Figura 518 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de
alagamentos
45
4
LISTA DE TABELAS E QUADROS
Paacuteg
Tabela 51 Ocorrecircncias de alagamento e deslizamento obtidos
atraveacutes do levantamento histoacuterico
28
Tabela 52 Assinaturas da combinaccedilatildeo Declividade x Zoneamento 34
Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x
Zoneamento
36
Quadro 51 Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco 42
5
1 INTRODUCcedilAtildeO
Quando o ser humano deixou de seguir uma vida nocircmade e passou a se fixar em locais
em geral proacuteximos a cursos drsquoaacutegua e de aacutereas propicias ao cultivo de alimentos iniciou-
se o processo de implantaccedilatildeo de pequenas comunidades e quando estas comunidades
comeccedilaram a crescer natildeo soacute em quantidade mas tambeacutem do ponto de vista
organizacional deu-se iniacutecio a formaccedilatildeo das cidades tal como conhecemos hoje Como
resultado deste processo um sem-fim de problemas relacionados agrave estas ocupaccedilotildees
surgiram tanto de cunho ambiental quanto social e dentre estes problemas estatildeo
incluiacutedos os desastres naturais relacionados a deslizamentos e alagamentos por conta da
ocupaccedilatildeo em aacutereas natildeo adequadas a este fim
Nos uacuteltimos anos o Brasil tem vivenciado grandes trageacutedias relacionadas a deslizamentos
e alagamentos Uma boa parte destes eventos teve como fator agravante as ocupaccedilotildees
sem criteacuterio e sem orientaccedilatildeo teacutecnica Um exemplo recente aconteceu no Vale do Itajaiacute
em Santa Catarina em novembro de 2008 durante um periacuteodo com chuvas intensas em
que vaacuterias cidades entraram em situaccedilatildeo de calamidade puacuteblica devido ao grande nuacutemero
de casos de alagamento e graves deslizamentos de encostas causando a morte de vaacuterias
pessoas na regiatildeo No Estado do Rio de Janeiro em 2010 o Morro do Bumba em Niteroacutei
sofreu com um grave deslizamento que deixou um grande nuacutemero de mortos As casas
foram construiacutedas sobre um antigo lixatildeo sem nenhuma orientaccedilatildeo e com as intensas
chuvas que assolaram a regiatildeo naquela eacutepoca a encosta veio a baixo causando o desastre
Outra trageacutedia relevante aconteceu na regiatildeo Serrana do Rio de Janeiro que foi
considerada ateacute entatildeo a maior trageacutedia climaacutetica da histoacuteria do paiacutes com pouco mais de
500 mortos e um prejuiacutezo material incalculaacutevel no ano de 2011 Em comum a todos estes
fatos estaacute a falta de um planejamento efetivo por parte dos oacutergatildeos municipais no que diz
respeito ao disciplinamento do uso e ocupaccedilatildeo do solo e a fiscalizaccedilatildeo do cumprimento
da legislaccedilatildeo vigente
A cidade de Santos Dumont Minas Gerais natildeo eacute exceccedilatildeo a esta regra Como a grande
maioria das comunidades estabelecidas ao longo da Estrada Real a cidade surgiu como
um pequeno rancho cujo objetivo era servir de pouso para os viajantes que faziam o
transporte de pedras e metais preciosos das minas de Ouro Preto ateacute o Rio de Janeiro
Posteriormente a regiatildeo se desenvolveu como importante entreposto industrial e
comercial a partir da instalaccedilatildeo da ferrovia D Pedro II ateacute que no final do seacuteculo XIX
se transforma em vila e logo apoacutes em municiacutepio O desenvolvimento da regiatildeo implicou
tambeacutem no crescimento populacional e como naquela eacutepoca ainda natildeo havia uma
legislaccedilatildeo especiacutefica para ordenamento e uso do solo os loteamentos foram surgindo agraves
margens do Ribeiratildeo das Posses e em aacutereas cuja declividade natildeo era favoraacutevel agrave ocupaccedilatildeo
6
o que consequentemente acarretou deslizamentos de terra e alagamentos inclusive com
o registro de algumas trageacutedias ao longo dos anos
Pretende-se que este trabalho sirva como subsidio ao gestor puacuteblico local visando o
estabelecimento de poliacuteticas puacuteblicas integradas aos setores de meio ambiente e defesa
civil com vistas a garantir a seguranccedila de todos os muniacutecipes e a qualidade de vida em
todo o territoacuterio municipal
2 OBJETIVOS
21 Objetivo geral
O objetivo geral deste trabalho eacute contribuir para o estabelecimento de poliacuteticas puacuteblicas
direcionadas ao disciplinamento do uso e ocupaccedilatildeo do solo urbano no municiacutepio de
Santos Dumont
22 Objetivos especiacuteficos
Satildeo objetivos especiacuteficos
Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a
aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes
urbanos
Caracterizar o uso irregular do solo urbano em Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente
Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las
com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)
Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos
catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30
anos
Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do
solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental
7
Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais
negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea
impactada
3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
A seguir eacute apresentada a revisatildeo bibliograacutefica que fundamenta o desenvolvimento e o
pleno entendimento deste trabalho O conhecimento do que satildeo aacutereas de risco
alagamentos e deslizamentos bem como o que eacute e qual a importacircncia de um Plano Diretor
eacute de suma importacircncia para se avaliar como um municiacutepio estaacute se desenvolvendo e qual
a qualidade de vida dos muniacutecipes Tambeacutem satildeo abordados neste capiacutetulo os aspectos
legais referentes agraves Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente seus limites e sua importacircncia para
o ambiente urbano
31 Conceitos Fundamentais
311 Aacutereas de risco
De acordo com o Instituto de Pesquisas Tecnoloacutegicas ndash IPT entende-se como aacuterea de
risco aquela ldquopassiacutevel de ser atingida por fenocircmenos ou processos naturais eou induzidos
que causem efeito adverso As pessoas que habitam essas aacutereas estatildeo sujeitas a danos agrave
integridade fiacutesica perdas materiais e patrimoniaisrdquo (MINISTEacuteRIO DAS CIDADES
2007)
Para Augusto Filho et al (1990) apud Cristo (2002) aacuterea de risco eacute caracterizada como
aquela em que ldquose encontra em situaccedilatildeo de perigo tanto socialmente quanto
economicamente por conta de alguma alteraccedilatildeo na constituiccedilatildeo do terreno ou com grande
probabilidade de ocorrer processos naturaisrdquo
Segundo Fernandes (2012) aacutereas de risco ldquosatildeo aacutereas consideradas improacuteprias ao
assentamento humano por estarem sujeitas a riscos naturaisrdquo
Diante das definiccedilotildees supracitadas pode-se dizer que aacuterea de risco satildeo aacutereas susceptiacuteveis
agrave accedilatildeo de eventos naturais extremos e por esse motivo natildeo eacute viaacutevel agrave ocupaccedilatildeo humana
nestes locais e pode ou natildeo estar associados agrave proximidade ou nos limites de uma APP
8
312 Deslizamentos
Segundo Tominaga (2009) deslizamento eacute o movimento de solo em uma vertente pela
accedilatildeo da gravidade e satildeo mais frequentes em regiotildees de relevo montanhoso e em periacuteodos
chuvosos sendo a pluviosidade um dos principais fatores condicionantes para a ocorrecircncia
do processo Os deslizamentos podem ocorrer naturalmente e eacute grande responsaacutevel pela
dinacircmica das vertentes e evoluccedilatildeo do relevo local mas no Brasil a falta de planejamento
urbano de uma boa parte dos municiacutepios a ocupaccedilatildeo desordenada e a construccedilatildeo de
domiciacutelios sem orientaccedilatildeo teacutecnica tecircm transformado um processo natural em um
problema que algumas vezes se tornam grandes trageacutedias Na regiatildeo Sudeste brasileira o
escorregamento do tipo rotacional eacute o mais comum e eacute caracterizado por uma ruptura
curva no solo que estaacute geralmente associada agrave realizaccedilatildeo de cortes na base do talude ou
por processos erosivos fluviais o que relaciona esse tipo de escorregamento agraves regiotildees
urbanas mal planejadas e coloca o homem como o principal agente efetivo associado com
a pluviosidade na ocorrecircncia de acidentes relacionados com deslizamentos
(FERNANDES amp AMARAL 1996 apud TOMINAGA 2009)
313 Alagamentos
De acordo com Amaral amp Ribeiro (2009) inundaccedilotildees e enchentes satildeo processos
intimamente relacionados com a pluviosidade pois satildeo frequentes em periacuteodos de chuvas
fortes e raacutepidas ou chuvas de longa duraccedilatildeo e estatildeo relacionados agrave intensidade e
distribuiccedilatildeo da precipitaccedilatildeo ao longo da bacia agrave capacidade do solo de reter e infiltrar
aacutegua e agraves caracteriacutesticas de forma da bacia de drenagem
O escoamento das aacuteguas pluviais na natureza eacute lento mas em aacutereas urbanizadas a accedilatildeo
antroacutepica relacionada a ocupaccedilatildeo de planiacutecies de inundaccedilatildeo que podem estar inclusive
em uma cota abaixo do leito do rio impermeabilizaccedilatildeo do solo e retificaccedilatildeo de corpos
drsquoaacutegua aleacutem de inuacutemeras atividades que promovem o assoreamento dos rios e coacuterregos
tem gerado resultados catastroacuteficos e grandes prejuiacutezos (AMARAL amp RIBEIRO 2009)
Quando se refere agraves regiotildees urbanas o termo ldquoalagamentordquo eacute o mais utilizado e segundo
o Ministeacuterio das Cidades (2006) define-se como o ldquoacuacutemulo momentacircneo de aacuteguas em
uma dada aacuterea por problemas no sistema de drenagem podendo ter ou natildeo relaccedilatildeo com
processos de natureza fluvialrdquo Tambeacutem o termo ldquoenxurradardquo eacute utilizado e define-se como
o ldquoescoamento superficial concentrado e com alta energia de transporte que pode ou natildeo
estar associado a aacutereas de domiacutenio dos processos fluviais Eacute comum a ocorrecircncia de
enxurradas ao longo de vias implantadas sobre antigos cursos drsquoaacutegua com alto gradiente
hidraacuteulico e em terrenos com alta declividade naturalrdquo
9
314 Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente
O Novo Coacutedigo Florestal Brasileiro define Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP) como
ldquoaacuterea protegida coberta ou natildeo por vegetaccedilatildeo nativa com a funccedilatildeo ambiental de
preservar os recursos hiacutedricos a paisagem a estabilidade geoloacutegica e a biodiversidade
facilitar o fluxo gecircnico de fauna e flora proteger o solo e assegurar o bem-estar das
populaccedilotildees humanasrdquo (BRASIL2012) Estas aacutereas satildeo muito importantes tanto no meio
urbano como no rural por garantir a estabilidade do solo em encostas iacutengremes contribuir
para a natildeo formaccedilatildeo de processos erosivos e o assoreamento de rios e coacuterregos aleacutem de
garantir a recarga de aquiacuteferos ao atuar como um amortecedor de chuvas retendo-a e
impedindo que ocorra um carreamento intenso de sedimentos ao longo dos morros e
margens de rios e coacuterregos (SKORUPA 2004) A Lei 126512012 apresenta os tipos de
APP e seus limites conforme seraacute visto no item 322
315 Uso e ocupaccedilatildeo do solo
Dentre os vaacuterios mecanismos de ordenamento urbano e instrumentos de planejamento
municipal previsto no Estatuto da Cidade (Lei Federal 102572001) o uso e ocupaccedilatildeo
do solo satildeo os mais utilizados pelas cidades para a formulaccedilatildeo das poliacuteticas urbanas
podendo definir o uso como a forma como esta parcela do solo eacute utilizada e a ocupaccedilatildeo
como sendo o modo como as edificaccedilotildees devem ser dispostas nesta mesma parcela do
solo urbano (TAKEDA 2015) O termo ldquoUso e ocupaccedilatildeo do solordquo tambeacutem pode ser
definido como o fator que determina como as mais diferentes regiotildees de um municiacutepio
deve se desenvolver (FONTOURA 2015)
A inserccedilatildeo de leis municipais de uso e ocupaccedilatildeo do solo objetivam ser uma referecircncia
para os gestores locais no processo de tomada de decisatildeo para que as cidades cresccedilam de
modo organizado enfatizando os potenciais e capacidades de cada regiatildeo aleacutem de tornar
o crescimento mais homogecircneo Com isso pretende-se evitar a formaccedilatildeo de grandes
adensamentos em pequenas aacutereas garantindo a mobilidade e a qualidade de vida de todos
os muniacutecipes tanto da regiatildeo urbana como da rural preservar e melhorar a qualidade
ambiental do municiacutepio aleacutem de evitar deslizamentos e alagamentos por conta da
ocupaccedilatildeo incorreta do solo (TAKEDA 2015)
10
32 Legislaccedilatildeo Pertinente
321 As adequaccedilotildees da legislaccedilatildeo ao longo dos anos
A problemaacutetica relacionada agraves APPs em aacutereas urbanas outrora era uma questatildeo complexa
e demandava uma larga discussatildeo do ponto de vista juriacutedico administrativo e teacutecnico Eacute
sabido que a maioria das cidades se formaram proacuteximos aos corpos hiacutedricos regiatildeo que
garantia o abastecimento de aacutegua e alimentos agrave populaccedilatildeo e tambeacutem facilitava o descarte
dos efluentes A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 225 daacute garantia aos
brasileiros de um meio ambiente em equiliacutebrio e concede agrave toda a sociedade o dever de
preservaacute-lo de acordo com os princiacutepios do desenvolvimento sustentaacutevel (BRASIL
1988) Antes desta Constituiccedilatildeo jaacute havia um texto que regulamentava a questatildeo da
preservaccedilatildeo de aacutereas verdes em todo o territoacuterio nacional A Lei Federal nordm 477165 que
trata do Coacutedigo Florestal estabelecia limites e regulamentava as Aacutereas de Preservaccedilatildeo
Permanente De acordo com Arauacutejo (2002) apud De Moraes (2014) essa Lei que fora
revogada e substituiacuteda pela Lei 126512012 era bastante falha no que diz respeito agraves
questotildees de APPS em aacutereas urbanas o que poderia ser um facilitador do natildeo cumprimento
do que foi proposto por aquela legislaccedilatildeo nestas aacutereas Isso se devia ao fato de o Coacutedigo
Florestal de 1965 ter deixado uma duacutevida sobre qual legislaccedilatildeo seguir uma vez que em
seu segundo artigo no paraacutegrafo uacutenico estava disposto que em aacutereas urbanas devia-se
atentar para a legislaccedilatildeo referente ao Plano Diretor e as referentes ao uso do solo na aacuterea
do municiacutepio (BRASIL 1965) Diante dessa conjuntura alguns municiacutepios optavam pela
natildeo aplicaccedilatildeo do Coacutedigo Florestal na regiatildeo urbana mesmo sabendo que a poliacutetica
conservacionista eacute extremamente importante visto o grande nuacutemero de problemas que
podem advir do uso irregular das APPs (DE MORAES 2009) Segundo o artigo 182 da
Constituiccedilatildeo Federal de 1988 as poliacuteticas relacionadas ao desenvolvimento urbano
devem ser elaboradas pelos municiacutepios e objetiva garantir o bem estar dos muniacutecipes e
tambeacutem o desenvolvimento do municiacutepio como um todo atraveacutes do atendimento agraves
exigecircncias do Plano Diretor (BRASIL 1988) O que podia gerar alguma divergecircncia seria
se o Plano Diretor Municipal propusesse uma faixa de APP menor que a prevista pelo
Coacutedigo Florestal Sendo assim essa legislaccedilatildeo perderia sua validade pelo fato de a
legislaccedilatildeo federal ser suplementar ou se seria cumprida devido ao disposto no artigo 182
da Constituiccedilatildeo Segundo De Moraes (2009) natildeo eacute aceitaacutevel que o Plano Diretor
Municipal legitime tal degradaccedilatildeo ambiental uma vez que um dos seus principais
objetivos eacute a proteccedilatildeo do bem estar puacuteblico estando incluiacutedo nesse a proteccedilatildeo do
ambiente natural A delimitaccedilatildeo e especificaccedilatildeo das APPs em Lei eacute necessaacuteria uma vez
que os limites miacutenimos destinados agrave preservaccedilatildeo satildeo importantes pois garantem a
proteccedilatildeo tanto da qualidade quanto da quantidade dos recursos hiacutedricos e evitam a
ocupaccedilatildeo em locais propiacutecios aos deslizamentos e zonas de recarga dos aquiacuteferos
11
subterracircneos assegurando tambeacutem de certa forma a integridade dos seres humanos que
potencialmente ocupariam tais locais (CARVALHO 2013)
Neste trabalho a legislaccedilatildeo tomada como referecircncia eacute a prevista pela Constituiccedilatildeo Federal
de 1988 o Novo Coacutedigo Florestal (Lei 126512012) e o Estatuto das Cidades (Lei
102572001) em acircmbito federal Na esfera estadual a Lei 209222013 versa sobre os
limites para APP em todo o territoacuterio de Minas A Lei Municipal 42412012 trata do
Plano Diretor Municipal da cidade de Santos Dumont onde se encontra as diretrizes para
o uso e ocupaccedilatildeo do solo e o zoneamento da cidade de acordo com as caracteriacutesticas do
solo entre outras
322 O Novo Coacutedigo Florestal e a legislaccedilatildeo mineira
O Novo Coacutedigo Florestal Lei Federal 126512012 substituiu a Lei Federal 47711965
Dentre os vaacuterios artigos que esta lei possui o que apresenta maior importacircncia para o
planejamento e o ordenamento das cidades tanto na aacuterea urbana como na rural eacute o artigo
4ordm em que constam as faixas de APP tanto para curso hiacutedrico como para declividade e
altitude aleacutem dos topos de morro a saber (BRASIL2012)
ldquoArt 4ordm Considera-se Aacuterea de Preservaccedilatildeo
Permanente em zonas rurais ou urbanas para os
efeitos desta Lei
I - as faixas marginais de qualquer curso drsquoaacutegua
natural perene e intermitente excluiacutedos os
efecircmeros desde a borda da calha do leito regular
em largura miacutenima de
a) 30 (trinta) metros para os cursos drsquoaacutegua de
menos de 10 (dez) metros de largura
b) 50 (cinquenta) metros para os cursos drsquoaacutegua
que tenham de 10 (dez) a 50 (cinquenta) metros de
largura
()
IV - as aacutereas no entorno das nascentes e dos olhos
drsquoaacutegua perenes qualquer que seja sua situaccedilatildeo
topograacutefica no raio miacutenimo de 50 (cinquenta)
metros
12
V - as encostas ou partes destas com declividade
superior a 45deg equivalente a 100 (cem por
cento) na linha de maior declive
()
IX - no topo de morros montes montanhas e
serras com altura miacutenima de 100 (cem) metros e
inclinaccedilatildeo meacutedia maior que 25deg as aacutereas
delimitadas a partir da curva de niacutevel
correspondente a 23 (dois terccedilos) da altura
miacutenima da elevaccedilatildeo sempre em relaccedilatildeo agrave base
sendo esta definida pelo plano horizontal
determinado por planiacutecie ou espelho drsquoaacutegua
adjacente ou nos relevos ondulados pela cota do
ponto de sela mais proacuteximo da elevaccedilatildeo
X - as aacutereas em altitude superior a 1800 (mil e
oitocentos) metros qualquer que seja a
vegetaccedilatildeo
()rdquo
A legislaccedilatildeo atual em seu artigo 4ordm evidencia que as faixas e aacutereas determinadas como
APP compreendem tanto as aacutereas rurais quanto urbanas (BRASIL 2012) retirando a
duacutevida anterior e sendo essa a Lei suplementar qualquer faixa de APP mais permissiva
na legislaccedilatildeo estadual e municipal satildeo invaacutelidas o que simplificou de certa forma a
aplicabilidade da Legislaccedilatildeo referente a Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente
No Estado de Minas Gerais a Lei Estadual 20922 de 16 de Outubro de 2013 trata do tema
em acircmbito estadual mas com os mesmos princiacutepios propostos pela Lei Federal sendo os
limites miacutenimos previstos para as APPs os mesmos propostos pelo Novo Coacutedigo
Florestal brasileiro (MINAS GERAIS2013)
ldquo Art 9ordm Para os efeitos desta Lei em zonas rurais
ou urbanas satildeo APPs
I as faixas marginais de cursos drsquoaacutegua naturais
perenes e intermitentes excluiacutedos
os efecircmeros medidas a partir da borda da calha
do leito regular em largura miacutenima de
13
a) 30m (trinta metros) para os cursos drsquoaacutegua de
menos de 10m (dez metros) de largura
b) 50m (cinquenta metros) para os cursos drsquoaacutegua
de 1 0m (dez metros) a 50m (cinquenta metros) de
largura
()
IV as aacutereas no entorno das nascentes e dos olhos
drsquoaacutegua perenes no raio miacutenimo de 50m
(cinquenta metros)
V as encostas ou partes destas com declividade
superior a 45ordm (quarenta e cinco graus)
equivalente a 100 (cem por cento) na linha de
maior declive
()
VII no topo de morros montes montanhas e
serras com altura miacutenima de 100m (cem metros)
e inclinaccedilatildeo meacutedia maior que 25ordm (vinte e cinco
graus) as aacutereas delimitadas a partir da curva de
niacutevel correspondente a 23 (dois terccedilos) da altura
miacutenima da elevaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave base sendo esta
definida pelo plano horizontal determinado por
planiacutecie ou espelho drsquoaacutegua adjacente ou nos
relevos ondulados pela cota do ponto de sela mais
proacuteximo da elevaccedilatildeo
VIII as aacutereas em altitude superior a 1 800m (mil
e oitocentos metros)
()rdquo
323 O Plano Diretor
O Estatuto das Cidades em seu artigo 40 prevecirc o plano diretor como um instrumento
capaz de promover a poliacutetica urbana englobando toda a cidade aleacutem de fornecer padrotildees
e limites para o uso do solo nas mais diversas regiotildees do municiacutepio com vistas a
harmonizar o desenvolvimento urbano com a preservaccedilatildeo do meio ambiente (SILVA JR
2006) Este instrumento eacute obrigatoacuterio para cidades com mais de 20 mil habitantes ou
14
aacutereas que integrem regiotildees metropolitanas ou de interesse turiacutestico O artigo 41 do
Estatuto das cidades tambeacutem prevecirc a obrigatoriedade do Plano Diretor para cidades que
possuem em sua aacuterea empreendimentos que caracterizem grandes impactos ambientais
de influecircncia regional ou nacional e cidades que possuem problemas com deslizamentos
de grande magnitude ou alagamentos repentinos (BRASIL 2001)
O Plano diretor de acordo com o Estatuto das Cidades deve ser aprovado como lei em
acircmbito municipal e revisto a cada dez anos Este documento eacute uacutenico pois cada cidade
possui suas peculiaridades infraestrutura vocaccedilotildees e problemas que por mais que sejam
parecidos entre si satildeo diferenciados pela intensidade e pela regionalizaccedilatildeo Sendo assim
a confecccedilatildeo do Plano Diretor deve conter a participaccedilatildeo de toda a comunidade local de
forma a reduzir as desigualdades sociais os gastos puacuteblicos desnecessaacuterios a degradaccedilatildeo
ambiental e combater os problemas relacionados a urbanizaccedilatildeo de forma conjunta
promovendo um processo de tomada de decisatildeo que garanta a qualidade de vida
preservaccedilatildeo e o desenvolvimento social do municiacutepio como um todo (ROSSBACH amp
CARVALHO 2010)
3231 O Plano Diretor de Santos Dumont
A Lei Municipal nordm 424112 que entrou em vigor no ano de 2014 trata do Plano Diretor
Municipal instrumento previsto no Estatuto das Cidades para garantir aos cidadatildeos um
desenvolvimento urbano organizado justo e sustentavelmente econocircmico (BRASIL
2001) Aleacutem de apontar as diretrizes para a elaboraccedilatildeo da Poliacutetica Municipal dos mais
variados setores o Plano Diretor divide o municiacutepio em macrozonas urbanas e rurais
Estas zonas tecircm por objetivo facilitar a identificaccedilatildeo dos setores que permitem ou natildeo o
desenvolvimento da cidade e em que magnitude pode ser feita a expansatildeo respeitando ao
meio ambiente e tambeacutem o que eacute previsto no tocante ao uso e ocupaccedilatildeo do solo nessas
aacutereas Aleacutem disso ela estabelece a forma como devem ser as edificaccedilotildees nas referidas
aacutereas As aacutereas definidas como macrozonas urbanas e foram subdivididas em (SANTOS
DUMONT2012)
ldquoZona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e
da Paisagem (ZPPH) satildeo as aacutereas cujos
equipamentos urbanos possuem interesse
histoacuterico ou paisagiacutestico de preservaccedilatildeo
Zona de Preservaccedilatildeo Ambiental satildeo aquelas em
que devem ser mantidas ou recuperadas a
15
vegetaccedilatildeo por conta da declividade altitude ou
presenccedila de recursos hiacutedricos
Zona de Adensamento Controlado (ZAC) satildeo as
aacutereas em que deve-se manter uma pequena
densidade populacional devido as limitaccedilotildees na
infraestrutura da localidade A ZAC se divide em
ZAC 1 quando a infraestrutura existente eacute
limitada e em ZAC 2 quando esta eacute precaacuteria ou
natildeo existe
Zona de Consolidaccedilatildeo de Adensamento (ZCA)
satildeo as aacutereas em que haacute interesse em ocupar os
lotes vagos haja visto que a regiatildeo possui toda a
infraestrutura para que isto aconteccedila
Zona Adensaacutevel (ZA) satildeo as aacutereas com
condiccedilotildees propiacutecias para ocorrer uma ocupaccedilatildeo
mais densa
Zona Especial de Interesse Social (ZEIS) satildeo as
aacutereas em que o Poder Puacuteblico almeja fazer
alguma forma de ocupaccedilatildeo Eacute dividida em ZEIS 1
e ZEIS 2 A ZEIS 1 satildeo regiotildees jaacute ocupadas mas
de forma irregular cujo interesse puacuteblico eacute
realizar obras e outras atividades para
regularizar as ocupaccedilotildees e urbanizar a aacuterea
enquanto que a ZEIS 2 satildeo aacutereas natildeo utilizadas ou
subutilizadas as quais o poder puacuteblico almeja
realizar algum empreendimento habitacional de
caraacuteter social
Zona de Grandes Equipamentos (ZE) satildeo aacutereas
cujo o interesse eacute a implantaccedilatildeo de
empreendimentos de grande porte ou grandes
equipamentos puacuteblicosrdquo
Esta divisatildeo espacial pode ser melhor vista no Anexo 71
O Plano Diretor natildeo estipula limites para APP mas prevecirc algumas diretrizes como na
Poliacutetica Municipal de Preservaccedilatildeo do Meio Ambiente sobre o uso do solo em
compatibilidade com praacuteticas conservacionistas A Poliacutetica Municipal de Expansatildeo
16
Urbana tem como uma de suas diretrizes fazer cumprir a legislaccedilatildeo vigente no que diz
respeito agraves intervenccedilotildees e investimentos que poderatildeo ser feitos nessas aacutereas Tambeacutem eacute
diretriz da mesma Poliacutetica o controle da ocupaccedilatildeo e do uso do solo em APPs e o auxiacutelio
aos oacutergatildeos estaduais e federais de meio ambiente no tocante agrave fiscalizaccedilatildeo da ocupaccedilatildeo
nestas aacutereas (SANTOS DUMONT 2012) O artigo 38 que trata das diretrizes da Poliacutetica
habitacional de interesse social exclui do processo de regularizaccedilatildeo fundiaacuteria os
assentamentos situados em aacutereas de risco o que na maioria das vezes estatildeo tambeacutem nas
aacutereas que deveriam estar vegetadas e protegidas (SANTOS DUMONT 2012) Na
legislaccedilatildeo referente ao parcelamento do solo eacute previsto que no parcelamento de glebas
com declividade entre 30 e 47 soacute poderaacute ser aprovado mediante projeto e laudo
assinado por um responsaacutevel teacutecnico favoraacutevel agrave construccedilatildeo nesse local (SANTOS
DUMONT 2012) Diante do proposto pelo Plano Diretor de Santos Dumont pode-se
dizer que natildeo haacute conflito com a legislaccedilatildeo federal e estadual em se tratando da
aplicabilidade do Coacutedigo Florestal uma vez que aquele natildeo explicita limites nem
permissivos e tampouco restritivos para faixas e aacutereas de preservaccedilatildeo permanente
33 O Municiacutepio de Santos Dumont
331 De Arraial a cidade
A aacuterea onde se situa hoje o municiacutepio de Santos Dumont teve sua ocupaccedilatildeo iniciada no
seacuteculo XVIII quando a Coroa Portuguesa solicitou ao entatildeo Governador do Rio de
Janeiro Artur de Saacute Menezes que abrisse um caminho que ligasse as Minas dos
Cataguases na regiatildeo de Ouro Preto (receacutem descobertas) ao Rio de Janeiro por onde
escoava os metais preciosos para a metroacutepole Surgiu assim o ldquoCaminho Novordquo e ao longo
deste caminho surgiram tambeacutem as Sesmarias aacutereas que tinham por principal objetivo
servir de pouso aos transportadores e exploradores e tambeacutem para garantir alimento a
estas pessoas Uma destas ocupaccedilotildees seria o ldquoArraial de Joatildeo Gomesrdquo (Figura 41)
primeiro nuacutecleo primitivo do municiacutepio em 1709 De iniacutecio prevaleciam somente
ranchos onde os viajantes se abrigavam mas em pouco tempo ergueu-se a Capela de Satildeo
Miguel e Almas e pequenos nuacutecleos urbanos comeccedilaram a surgir (DAPPC2008)
17
Figura 3 1 Vista parcial do Arraial de Joatildeo Gomes
Fonte Arquivo Histoacuterico de Santos Dumont-MG
Com a construccedilatildeo da Estrada de Ferro D Pedro II no final do seacuteculo XIX a regiatildeo teve
um consideraacutevel crescimento natildeo soacute populacional como tambeacutem econocircmico se tornando
a Vila Palmyra em 1889 Em 1890 Palmyra eacute elevada ao status de Municiacutepio (Figura 42)
e recebe um grande nuacutemero de melhorias no setor viaacuterio como a retificaccedilatildeo de ruas e
tambeacutem no setor de serviccedilos puacuteblicos como abastecimento de aacutegua iluminaccedilatildeo puacuteblica a
querosene e posteriormente energia eleacutetrica O desenvolvimento econocircmico na regiatildeo
tambeacutem teve seu momento aacuteureo nesse periacuteodo Induacutestrias de laticiacutenios graacuteficas e de
Carbureto de Caacutelcio fizeram parte do parque industrial de Palmyra o que atraiacutea pessoas
de outros lugares inclusive estrangeiros contribuindo para o aumento populacional da
regiatildeo Como ainda natildeo havia legislaccedilatildeo sobre uso e ocupaccedilatildeo do solo nessa eacutepoca
surgiram inuacutemeros loteamentos em aacutereas proacuteximas agrave rios e coacuterregos e tambeacutem em
encostas com declividade acentuada o que foi agravando o risco agrave medida que a ocupaccedilatildeo
aumentava (DAPPC2008)
18
Figura 3 2 Municiacutepio de Palmyra na deacutecada de 1920
Fonte Arquivo Histoacuterico de Santos Dumont-MG
O escoamento da produccedilatildeo industrial se dava pelo modal ferroviaacuterio setor que tambeacutem
movimentava a crescente cidade que era ponto importante no setor de transportes pois
possuiacutea um dos mais bem equipados depoacutesitos de locomotivas da Estrada de Ferro Central
do Brasil (DAPPC2008)
No ano de 1932 o municiacutepio de Palmyra passou a se chamar Santos Dumont (Figura 43)
em homenagem ao inventor do aviatildeo que nascera naquela cidade Nos uacuteltimos 40 anos
Santos Dumont tem experimentado uma acentuada desaceleraccedilatildeo econocircmica
consequecircncia do fechamento da grande maioria das induacutestrias principalmente as de
laticiacutenios que empregavam direta e indiretamente uma parte consideraacutevel da populaccedilatildeo
(DAPPC2008)
19
Figura 3 3 Municiacutepio de Santos Dumont em 2014
Fonte Arquivo do autor
332 Santos Dumont na atualidade
O municiacutepio de Santos Dumont localiza-se na regiatildeo da Zona da Mata mineira distante
cerca de 220 Km da capital Belo Horizonte e possui uma populaccedilatildeo de 47558 habitantes
(ODM 2015 projeccedilatildeo) numa aacuterea total de 637 kmsup2 Faz divisa com os municiacutepios de
Juiz de Fora Oliveira Fortes Bias Fortes Antocircnio Carlos Tabuleiro Piau e Ewbank da
Cacircmara
No que diz respeito agrave sua formaccedilatildeo fisiacuteco-geograacutefica a aacuterea que compreende o municiacutepio
eacute constituiacuteda predominantemente por Cambissolo Haacuteplico (70) com Latossolo
Vermelho-Amarelo (30) (UFV2010) A vegetaccedilatildeo eacute em sua maioria composta por
exemplares de Mata Atlacircntica De acordo com o IBGE(2015) Santos Dumont se localiza
a 839m de altitude O clima da regiatildeo eacute classificado como Tropical de Altitude (Cwb) e
possui uma temperatura meacutedia de 20ordmC Eacute banhado pela bacia hidrograacutefica do Paraiacuteba do
Sul e em sua maioria pertence agrave sub-bacia do Rio Pomba (IGAM) que fornece aacutegua para
abastecimento puacuteblico agrave 88 da populaccedilatildeo por meio da rede de distribuiccedilatildeo
(IBGE2010) Uma pequena parte da zona rural a sudoeste eacute banhada pela Sub-Bacia do
Rio Paraibuna mais precisamente na regiatildeo de fronteira com os municiacutepios de Juiz de
Fora e Ewbank da Cacircmara O sistema viaacuterio principal de acesso agrave cidade eacute a rodovia BR-
040 e a estrada de ferro Dom Pedro II atualmente utilizada somente para transporte de
cargas
Com a economia nos dias atuais baseada majoritariamente no setor de serviccedilos a cidade
possui um Iacutendice de Desenvolvimento humano (IDH) de 0741 (IBGE2010) Apesar do
decliacutenio econocircmico de Santos Dumont nota-se hoje um aumento no nuacutemero de
loteamentos populares e condomiacutenios horizontais e verticais entre outras edificaccedilotildees Eacute
de vital importacircncia que esse crescimento das ocupaccedilotildees seja ordenado e regulamentado
20
de forma a garantir a qualidade ambiental prevenindo deslizamentos e inundaccedilotildees Diante
dessa conjuntura o governo municipal aprovou em 2012 a Lei nordm 4241 que trata do Plano
Diretor Participativo instrumento baacutesico da poliacutetica de desenvolvimento e expansatildeo
urbana do municiacutepio de Santos Dumont
4 METODOLOGIA
41 Aacuterea de estudo
A regiatildeo dentro dos limites do municiacutepio que seraacute estudada neste trabalho eacute conforme
descrito nos anexos Plano Diretor e representada na figura 44 a aacuterea urbana principal
que possui 47 Kmsup2 e compreende a regiatildeo central da cidade e os bairros perifeacutericos regiatildeo
que concentra cerca de 90 da populaccedilatildeo total de Santos Dumont (IBGE 2015) A aacuterea
urbana principal representa 75 da aacuterea total dos 637 Kmsup2 que compreendem o
municiacutepio e eacute o local onde nos uacuteltimos 30 anos se verificou um maior crescimento
populacional e tambeacutem onde ocorre a maioria dos eventos relacionados a deslizamentos
e alagamentos por conta da ocupaccedilatildeo sem planejamento A figura 45 mostra a aacuterea
urbana principal e a localizaccedilatildeo dos bairros urbanos de Santos Dumont
Figura 4 1 Localizaccedilatildeo da aacuterea urbana principal
Fonte Google Earth
21
Figura 4 2 Mapa da aacuterea urbana principal com a localizaccedilatildeo dos bairros
Fonte Do Autor
42 Levantamento e tratamento dos dados
No desenvolvimento deste trabalho foi necessaacuterio se fazer um estudo detalhado sobre o
Plano Diretor de Santos Dumont principalmente dos seus anexos que compreendem os
mapas e a localizaccedilatildeo das aacutereas definidas pelo zoneamento proposto Para que isso fosse
possiacutevel a Secretaria Municipal de Obras e Serviccedilos Puacuteblicos forneceu todos os dados
secundaacuterios produto do estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor e do
zoneamento Estes dados incluem os arquivos Shapefile (shp) e outros documentos
integrantes do Plano Diretor Algumas informaccedilotildees foram complementadas tambeacutem com
dados adquiridos atraveacutes do site do IBGE e do Portal Objetivos do Milecircnio (ODM)
Os dados sobre as ocorrecircncias de deslizamentos e alagamentos foram obtidos atraveacutes da
Defesa Civil do municiacutepio atraveacutes do Sistema Integrado de Informaccedilotildees sobre Desastres
(S2ID) do Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional Tal sistema centraliza as informaccedilotildees sobre
desastres naturais ocorridos em todo o territoacuterio nacional facilitando a pesquisa sobre tais
eventos a qualquer cidadatildeo (BRASIL 2015)
Apesar do sistema ser bastante uacutetil os dados sobre o municiacutepio de Santos Dumont se
encontravam bastante falhos e escassos sendo necessaacuteria complementaccedilatildeo para que a
22
base de dados ficasse consistente Diante disso uma pesquisa atraveacutes dos arquivos do
Jornal Mensagem um jornal semanaacuterio local foi feita entre os anos de 1984 e 2014 e os
dados primaacuterios filtrados em uma planilha do Microsoft Excel para posterior utilizaccedilatildeo
De posse destes dados foi feita a localizaccedilatildeo em campo das coordenadas dos locais
atingidos por deslizamentos e alagamentos no periacuteodo compreendido pela pesquisa com
o auxiacutelio de um aparelho de GPS
A maioria dos arquivos shapefile utilizados para a confecccedilatildeo dos mapas satildeo parte
integrante dos anexos da Lei do Plano diretor do municiacutepio gerados no mecircs de dezembro
de 2011 pelo Instituto Nova Cidade e foram cedidos pela Secretaria Municipal de Obras
e Serviccedilos Puacuteblicos com Datum em UTM SAD 69 Com a finalidade de fornecer um
referenciamento atualizado e de acordo com os mais novos sistemas de coordenadas
utilizados no Brasil os arquivos foram convertidos para o Datum UTM SIRGAS 2000
que diferencia do SAD 69 pelo fato de ser um referencial geocecircntrico ou seja o centro
da Terra eacute o ponto de referecircncia neste sistema enquanto que o primeiro utiliza um
referencial na superfiacutecie da Terra (IBGE2014) Eacute interessante ressaltar tambeacutem que o
SIRGAS 2000 se tornou no ano de 2014 o sistema de coordenadas oficial do Sistema
Geodeacutesico Brasileiro e do Sistema Cartograacutefico Nacional ambos mantidos pelo IBGE A
combinaccedilatildeo dos shapefiles foi feita com o software livre gvSIG e com estas combinaccedilotildees
foram gerados mapas importantes resultados para a execuccedilatildeo deste trabalho A maioria
dos mapas representam a regiatildeo urbana principal de Santos Dumont e foram produzidos
numa escala em torno de 140000 que de acordo com Rocha (2007) eacute uma escala viaacutevel
pois as recomendaacuteveis para trabalhos de anaacutelise ambiental em niacutevel municipal podem ser
entre 150000 e 110000 Alguns mapas cujo detalhamento natildeo eacute necessaacuterio foram
gerados na escala 1100000
Para a geraccedilatildeo dos mapas aleacutem dos arquivos fornecidos pela Secretaria de Obras e
Serviccedilos Puacuteblicos foram utilizados para a geraccedilatildeo do modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE)
e da localizaccedilatildeo dos topos de morro dados gerados pelo sistema de radar Advanced
Spacebone Thermal Emission and Reflection Radiometer (ASTER) que geram as curvas
de niacutevel do terreno com uma resoluccedilatildeo de 30m (NASA2014) O processamento dessas
imagens foi feito pelo software livre gvSIG As imagens geradas pelos sateacutelites
LANDSAT foram adquiridas no site da United States Geological Survey (USGS) e essas
imagens possibilitaram obter um panorama preciso do uso do solo em toda a aacuterea urbana
de Santos Dumont numa resoluccedilatildeo de 15 metros uma vez que foi utilizada a banda
pancromaacutetica do sateacutelite LANDSAT 8 aleacutem da combinaccedilatildeo das bandas 65 e 4
respectivamente que eacute a combinaccedilatildeo recomendada pela mantenedora dos sateacutelites para
anaacutelises deste tipo
23
No que diz respeito a identificaccedilatildeo de APPs em topo de morro a metodologia de Oliveira
amp Fernandes Filho (2013) por utilizar as mesmas bases de dados ateacute entatildeo usadas neste
trabalho foi a mais indicada
A metodologia de anaacutelise dos mapas gerados eacute a proposta pelo professor Jorge Xavier da
Silva do Laboratoacuterio de Geoprocessamento (LAGEOP) da Universidade Federal do Rio
de Janeiro e citada por Rocha (2007) Tal metodologia analisa as variaacuteveis em questatildeo
presentes na aacuterea e permite avaliar as possibilidades de relaccedilotildees entre essas variaacuteveis De
uma maneira geral este meacutetodo verifica o estado atual da aacuterea em estudo bem como das
variaacuteveis gerando inventaacuterios que servem para a construccedilatildeo de dados planimeacutetricos sejam
com as variaacuteveis isoladas ou combinadas Estes dados planimeacutetricos geram assinaturas
que permitem inferir sobre a influecircncia dessas variaacuteveis De posse dos dados gerados pelo
processo anteriormente citado pode-se fazer algumas prospecccedilotildees sobre os riscos
ambientais que a aacuterea pode sofrer ou o seu potencial ambiental (ROCHA 2007)
5 RESULTADOS
51 Levantamento histoacuterico de alagamentos e
deslizamentos
O aumento da demanda pelo uso do solo na regiatildeo urbana de Santos Dumont
principalmente no tocante agrave formaccedilatildeo de novos loteamentos e condomiacutenios nos uacuteltimos
anos eacute consideraacutevel mas tambeacutem haacute de se observar o crescimento dos bairros jaacute existentes
com pouco ou nenhum ordenamento Em ambos os casos se observa ocupaccedilotildees
irregulares em APP o que tem ocasionado um aumento na frequecircncia de deslizamentos
e inundaccedilotildees Eacute evidente que quanto maior a densidade populacional do bairro maior a
quantidade de ocorrecircncias ao longo dos anos (SPERFELD 2009)
De acordo com as ocorrecircncias registradas pela Defesa Civil do municiacutepio obtidas atraveacutes
da literatura utilizada nos uacuteltimos 30 anos Santos Dumont chegou a decretar situaccedilatildeo de
emergecircncia por conta de desastres envolvendo deslizamentos eou alagamentos por duas
vezes num espaccedilo de 10 anos conforme pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho
(BRASIL 2014 CEPED 2011)
Segundo os dados obtidos atraveacutes de pesquisa nos arquivos do semanaacuterio entre os anos
de 1984 e 2014 pode-se verificar que nos uacuteltimos 20 anos a cidade tem experimentado
24
um aumento consideraacutevel nos eventos relacionados a deslizamentos e principalmente
alagamentos como pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho Isso pode ter sido causado
dentre outros fatores pelo aumento do nuacutemero de vias pavimentadas com material
impermeaacutevel o que tem sobrecarregado tanto a infraestrutura existente para drenagem
urbana como tambeacutem a calha dos cursos drsquoaacutegua que passam pela regiatildeo urbana do
municiacutepio (ZANON2013)
Na deacutecada de 1980 (1984-1990) de acordo com os dados obtidos natildeo foram noticiados
eventos consideraacuteveis relacionados a deslizamentos e alagamentos em Santos Dumont
mas isso natildeo exclui a possibilidade de natildeo ter ocorrido tais eventos em menor escala
Na deacutecada de 1990 aconteceram uma seacuterie de ocorrecircncias tanto de deslizamentos quanto
de alagamentos No ano de 1997 num periacuteodo chuvoso intenso aconteceram
deslizamentos consideraacuteveis em vaacuterios bairros da cidade inclusive com desabamento de
casas e de ruas principalmente nos bairros Nossa Senhora da Gloacuteria e Quarto Depoacutesito
Em 1999 ocorreram alguns pontos de alagamento nos bairros Quarto Depoacutesito e Santo
Antocircnio com grandes prejuiacutezos materiais
A deacutecada de 2000 iniciou com o registro de deslizamentos em vaacuterios bairros da cidade
inclusive com desabamento de casas e pontes e alagamentos em importantes vias do
centro da cidade Observa-se ao longo desse periacuteodo o crescimento nas ocorrecircncias de
deslizamentos e de aacutereas com risco de deslizamento em muitos bairros de Santos Dumont
Um dos fatores importantes para esse crescimento foi a grande expansatildeo sofrida pela
maioria dos bairros e a falta de planejamento e orientaccedilatildeo por parte da prefeitura uma
vez que uma boa parte do crescimento dos bairros da cidade ocorreu ou proacuteximo a cursos
drsquoaacutegua ou em aacutereas com declividade improacutepria para se fazer construccedilotildees O bairro
Coacuterrego do Ouro (Figura 51) foi o que mais sofreu com ocorrecircncias de deslizamentos
nesse periacuteodo enquanto o bairro Santo Antocircnio foi que teve mais ocorrecircncias de
alagamentos
25
Figura 5 1 Deslizamento no bairro Coacuterrego do Ouro
Fonte Portal Cabangu
No iniacutecio deacutecada de 2010 (2011-2014) o centro da cidade foi a regiatildeo que mais sofreu
com alagamentos sendo registrado pelo menos uma ocorrecircncia por ano nessa aacuterea (Figura
52) Isso pode ser relacionado dentre outros fatores com as obras de modificaccedilatildeo do
tipo de pavimentaccedilatildeo das estradas por um material impermeaacutevel gerando uma sobrecarga
nos sistemas de drenagem urbana que foram projetados para um tipo de pavimento mais
permeaacutevel implicando tambeacutem na sobrecarga calha do Ribeiratildeo das Posses o principal
curso drsquoaacutegua que corta o centro da cidade e que se encontra em quase sua totalidade
ocupada em ambas as margens que cortam o centro da cidade
26
Figura 5 2 Alagamento na regiatildeo central de Santos Dumont em 2013
Fonte Portal Cabangu
Quanto agraves ocorrecircncias de deslizamento ao longo da referida deacutecada elas estiveram
espalhadas pelos bairros do municiacutepio tendo um maior nuacutemero de ocorrecircncias nos bairros
Santo Antocircnio Nossa Senhora da Gloacuteria e Aacutegua Espraiada Nos dois primeiros bairros
citados as ocorrecircncias podem ter sido ocasionadas pelo crescimento desordenado e sem
planejamento destes e no terceiro as ocorrecircncias satildeo relacionadas ao processo de
assoreamento do Ribeiratildeo das Posses o que pode ter gerado um aumento da velocidade
desse curso drsquoaacutegua causando problemas decorrentes do transporte de sedimentos da aacuterea
onde as casas foram construiacutedas que teve como consequecircncia os deslizamentos
Em resumo como pode ser observado nas figuras 53 e 54 na tabela 51 no periacuteodo de
1984 a 2014 os bairros mais afetados por alagamentos e deslizamentos satildeo Quarto
Depoacutesito Nossa Senhora da Gloacuteria Santo Antocircnio Coacuterrego do Ouro Antocircnio Afonso
Graminha e Vila Esperanccedila sendo que o bairro Coacuterrego do Ouro possui o maior nuacutemero
de ocorrecircncias de deslizamentos e o centro da cidade possui o maior nuacutemero de
ocorrecircncias de alagamentos no periacuteodo pesquisado Vale destacar que a aacuterea propiacutecia a
alagamentos no bairro Antocircnio Afonso natildeo identificada no estudo realizado pela
prefeitura constitui-se efetivamente numa aacuterea de risco conforme levantamento histoacuterico
realizado Esta aacuterea de risco se deve agrave diferenccedila de niacutevel negativa entre o rio Pinho e a
aacuterea do bairro estando este em desniacutevel com um risco iminente de inundaccedilotildees resultantes
da cheia desse curso drsquoaacutegua causando inuacutemeros transtornos aos moradores do local
27
Figura 5 3 Pontos de Alagamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico
Fonte Do autor
Figura 5 4 Pontos de deslizamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico
Fonte Do autor
28
Tabela 51 Ocorrecircncias de alagamentos e deslizamentos obtidos atraveacutes do
levantamento histoacuterico
Pontos de ocorrecircncia (1984-2014)
Bairros Alagamento Deslizamento
Aacutegua Espraiada 1 1
Antocircnio Afonso 1 0
Barra 0 1
Centro 7 1
Coacuterrego do Ouro 1 7
Flores 0 1
Graminha 1 0
Jardim Jaraguaacute 0 1
N Sra da Gloacuteria 0 4
N Sra das Graccedilas 1 0
Quarto Depoacutesito 3 2
Santo Antocircnio 4 2
Satildeo Sebastiatildeo 0 1
Vila Esperanccedila 0 1
Fonte Do autor
De acordo com o estudo realizado na elaboraccedilatildeo do Plano Diretor pela prefeitura
municipal observa-se que os bairros que possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a
deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do Ouro e Vila Esperanccedila enquanto que os que
possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a alagamento satildeo o Centro da cidade e os
bairros Satildeo Sebastiatildeo Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio por estarem agraves margens do
Ribeiratildeo das Posses um curso drsquoaacutegua que sofre com inundaccedilotildees perioacutedicas devido ao
severo assoreamento em algumas regiotildees e tambeacutem devido ao acuacutemulo de lixo descartado
pelos moradores do entorno irregularmente De acordo com o estudo realizado quando da
elaboraccedilatildeo do Plano Diretor do municiacutepio foram feitos estudos sobre as aacutereas propensas
a deslizamentos e alagamentos na regiatildeo urbana principal Tais aacutereas satildeo as destacadas
nas Figuras 55 e 56 No levantamento histoacuterico realizado pode-se identificar que os
bairros que possuem mais aacutereas propensas a deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do
Ouro Nossa Senhora da Gloacuteria Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio enquanto que os bairros
mais propensos a alagamentos satildeo os bairros Centro Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio
como observado na tabela 51
29
Figura 5 5 Aacutereas propensas a deslizamento de acordo com o Plano Diretor de
Santos Dumont
Fonte Google Earth e Lei 42412012
Figura 5 6 Aacutereas propensas a alagamento de acordo com o Plano Diretor de
Santos Dumont
Fonte Google Earth e Lei 42412012
30
Comparando-se os mapas obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico com o mapa gerado
pelo estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor nota-se que haacute semelhanccedilas em
algumas aacutereas mas ao se levar em conta o produto gerado pela pesquisa histoacuterica o
estudo necessitaria ser complementado haja vista que ele natildeo compreende por exemplo
o ponto de alagamento no bairro Antocircnio Afonso citado anteriormente e alguns pontos de
deslizamento importantes uma vez que satildeo regiotildees onde haacute ocupaccedilatildeo Esse fato evidencia
a necessidade de se buscar vaacuterias fontes primaacuterias e secundaacuterias para se detectar aacutereas de
risco em um municiacutepio incluindo arquivos da imprensa local afim de se produzir uma
base de dados consistente e com o menor nuacutemero de falhas possiacutevel (CEPED 2014) Com
a uniatildeo dos dois estudos foram gerados os mapas apresentados nas Figuras 57 e 58
Aleacutem do mais observando as figuras 57 e 58 pode-se notar que uma boa parte tanto dos
casos de alagamento quanto de deslizamento estatildeo na faixa de APP de curso hiacutedrico o
que ilustra a importacircncia da preservaccedilatildeo destas aacutereas
Figura 5 7 Aacutereas propensas a alagamento do estudo do Plano Diretor
complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento
Fonte Do Autor
31
Figura 5 8 Aacutereas propensas a deslizamento do estudo do Plano Diretor
complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento
Fonte Do Autor
Atraveacutes da combinaccedilatildeo entre estes dois levantamentos procurou-se alimentar a base de
dados e garantir uma consistecircncia maior desta no que diz respeito a aacutereas de deslizamento
e alagamento podendo inclusive se identificar a suscetibilidade de uma determinada
regiatildeo da cidade a um ou outro evento (CEPED2014)
512 O Plano diretor e as APPs
Nos uacuteltimos anos o Brasil experimentou um forte fenocircmeno de migraccedilatildeo do campo para
as aacutereas urbanas De acordo com o IBGE no periacuteodo de 1940 a 2000 houve um aumento
de cerca de 60 do nuacutemero de pessoas que vivem em cidades (SILVA JR 2006) O
processo de planejamento e ordenamento do uso do solo nessas aacutereas deveria ter
acompanhado esse crescimento ao longo dos anos a fim de garantir a qualidade de vida e
a seguranccedila dos migrantes ao se instalarem nas cidades o que natildeo ocorreu e o que se
observa atualmente satildeo ocupaccedilotildees em aacutereas improacuteprias para moradia sem a infraestrutura
baacutesica necessaacuteria e com risco iminente de deslizamentos eou inundaccedilotildees
O Plano Diretor do municiacutepio de Santos Dumont em seu capiacutetulo IV que versa sobre o
uso e ocupaccedilatildeo do solo explicita regras para o ordenamento do territoacuterio que compreende
o municiacutepio com base nos diferentes usos do solo de acordo com sua compatibilidade o
32
que acabou por resultar num zoneamento de todo o municiacutepio em macrozonas conforme
citado na seccedilatildeo 3231 de acordo com os usos atuais e futuros do solo Aleacutem de dividir
estas macrozonas em urbanas e rurais tambeacutem avaliou e classificou estas aacutereas com base
numa seacuterie de fatores ambientais geoloacutegicos culturais e sociais de forma a se fazer um
zoneamento coerente com os atuais usos do solo e seu potencial de uso futuro Apresenta-
se na Figura 59 este zoneamento na aacuterea urbana principal de Santos Dumont
Figura 5 9 Zoneamento urbano da aacuterea urbana principal
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Lei 42412012
Tomando como referecircncia o Novo Coacutedigo Florestal brasileiro em especial os paracircmetros
estabelecidos para a definiccedilatildeo de APP e utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento
atraveacutes do software Vista SAGA relacionou-se as APPs existentes na aacuterea em estudo com
as regiotildees propiacutecias a alagamentos e deslizamentos de acordo com o estudo feito quando
da elaboraccedilatildeo do Plano Diretor afim de se identificar qual ou quais aacutereas possuem estes
problemas e se estatildeo relacionados com o uso do solo irregular em APP
Ao se aplicar a metodologia proposta por Oliveira amp Fernandes Filho (2013) natildeo foram
identificadas dentro da aacuterea de estudo APPs de topos de morro sendo este tipo de APP
descartada portanto das anaacutelises subsequentes deste trabalho Foram consideradas as
APP de curso hiacutedrico (rios e nascentes) e de declividade visando relacionaacute-las as aacutereas
de risco identificadas pela Prefeitura afim de se verificar as possiacuteveis causas da ocorrecircncia
33
destas aacutereas na regiatildeo urbana do municiacutepio Por meio de combinaccedilotildees entre dois mapas
temaacuteticos utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento foi possiacutevel obter as
assinaturas ou seja tabelas que caracterizam quantitativamente a aacuterea afetada por cada
aspecto visto que a simples visualizaccedilatildeo do mapa gerado pelo geoprocessamento muitas
vezes eacute prejudicada por serem aacutereas de pequenas dimensotildees ou por qualquer outra
limitaccedilatildeo do software Ressalta-se que para a elaboraccedilatildeo do Plano Municipal de Reduccedilatildeo
de riscos a identificaccedilatildeo e detalhamento topograacutefico destas aacutereas eacute fundamental para o
desenvolvimento do referido Plano conforme seraacute abordado detalhadamente na seccedilatildeo
52
De posse do mapa que representa o zoneamento urbano de Santos Dumont primeiramente
procurou-se mensurar qualitativa e quantitativamente a presenccedila de APPs tanto de
declividade quanto de cursos hiacutedricos Essa identificaccedilatildeo eacute importante pois este
zoneamento eacute um dos instrumentos de planejamento municipal (BRASIL 2001) Saboya
(2007) aponta que os principais objetivos de um zoneamento satildeo o controle da expansatildeo
urbana e proteccedilatildeo de aacutereas inadequadas a ocupaccedilatildeo aleacutem de reduzir os conflitos inerentes
aos diferentes usos do solo Com o uso da ferramenta ldquoCombinarrdquo do Vista SAGA foram
feitas combinaccedilotildees entre o mapa de hidrografia com buffer de 30m para rios e coacuterregos e
de 50m para nascentes com o mapa do zoneamento para se verificar a importacircncia das
APPs de curso hiacutedrico em toda a aacuterea urbana principal do municiacutepio Tambeacutem foram
combinados o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) obtido atraveacutes do gvSIG com o mapa
de zoneamento afim de se verificar quantitativamente as APPs de declividade e onde se
localizam Vale ressaltar que as declividades entre 30 e 47 estatildeo presentes nesta
combinaccedilatildeo pois de acordo com o Plano Diretor de Santos Dumont terrenos com esta
faixa de declividade para fins de parcelamento devem possuir estudo teacutecnico que ateste
a viabilidade de se promover algum empreendimento imobiliaacuterio neste (SANTOS
DUMONT 2012) Como a legislaccedilatildeo municipal prevecirc estudo somente para a faixa de
declividade descrita anteriormente para fins de anaacutelise neste trabalho consideramos um
valor mais conservador para APP compreendendo a faixa de 47 a 100 aleacutem da
prevista pela legislaccedilatildeo federal (gt100) para que natildeo houvessem lacunas importantes na
geraccedilatildeo do produto
Apresenta-se na Figura 510 aacutereas com declividades consideradas de risco e consideradas
APP e em qual zona de planejamento elas estatildeo inseridas De um modo geral ao se
observar a Tabela 52 nota-se que a aacuterea que compreende declividades de risco e APP eacute
uma pequena parcela da aacuterea urbana principal representando 061 desta aacuterea Ao se
levar em conta somente a localizaccedilatildeo pode-se verificar que cerca de 84 das aacutereas com
declividade de risco e a totalidade das APPs de declividade estatildeo localizadas na ZAC1
zona que compreende a maior parte do municiacutepio e apesar de possuir infraestrutura baacutesica
para a ocupaccedilatildeo esta eacute restrita Sendo assim o fator declividade deve ser visto com cautela
nesta aacuterea para se evitar transtornos advindos de edificaccedilotildees nestas aacutereas
34
Figura 5 10 Combinaccedilatildeo entre as declividades importantes incluindo as APPs e o
zoneamento urbano
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Do autor
Tabela 52 Assinaturas da combinaccedilatildeo Declividade x Zoneamento
Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea
Natildeo APP 457972 9939
Declividade 30-47 em ZAC1 2368 051
Declividade 30-47 em ZE 284 006
Declividade 30-47 em ZAC2 128 003
Declividade 30-47 em ZPA 004 0001
APP Declividade em ZAC1 048 001
Total 460804 100
Fonte Do autor
Apresenta-se na Figura 511 as APPs de curso hiacutedrico (nascentes e rios) e em qual zona
de planejamento estatildeo localizadas Assim como a declividade a maior parte das APPs de
curso hiacutedrico estatildeo localizadas em ZAC1 representando 383 da aacuterea urbana em estudo
e 51 do total das APPs de curso hiacutedrico Esta questatildeo tambeacutem deve ser vista com
bastante criteacuterio pelos gestores locais uma vez que a ocupaccedilatildeo em faixas proacuteximas de
rios e coacuterregos podem causar uma gama de problemas ambientais e sociais na regiatildeo
(SANTANA2011) Tal cuidado tambeacutem deve ser tomado nas APPs compreendidas na
35
ZAC2 que compreende 001 da Aacuterea urbana principal e 14 do total das APPs de curso
hiacutedrico pois a infraestrutura baacutesica e acessibilidade presente nesta zona eacute precaacuteria e a
ocupaccedilatildeo as margens de cursos hiacutedricos pode gerar problemas seacuterios caso ocorra uma
expansatildeo nestas aacutereas
Figura 511 Combinaccedilatildeo entre APP de curso hiacutedrico e as zonas de planejamento
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Do autor
Outro ponto importante eacute a presenccedila da Zona de Proteccedilatildeo Ambiental (ZPA) no entorno
uma consideraacutevel parte dos cursos hiacutedricos Nesta zona estatildeo presentes 28 das APPs de
curso hiacutedrico e esta zona de acordo com o Plano Diretor deve ser restaurada ou
preservada por suas caracteriacutesticas geoloacutegicas topograacuteficas e bioloacutegicas
Afim de se verificar os usos do solo na regiatildeo em estudo foram utilizadas combinaccedilotildees
de imagens advindas do sateacutelite Landsat 8 nas bandas descritas no capiacutetulo 4 aleacutem da
banda pancromaacutetica O resultado eacute apresentado na figura 512 que mostra os principais
usos do solo na aacuterea urbana principal de Santos Dumont
36
Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x Zoneamento
Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea
Hidrografia 11168 239
Aacuterea Urbana Natildeo APP 421004 9008
APP Curso hiacutedrico em ZAC1 179 383
APP Curso hiacutedrico em ZPA 9776 209
APP Curso hiacutedrico em ZE 184 004
APP Curso hiacutedrico em ZA 1192 026
APP Curso hiacutedrico em ZAC2 5124 110
APP Curso hiacutedrico em ZPPH 248 005
APP Curso hiacutedrico em ZEIS 568 012
APP Curso hiacutedrico em ZCA 228 005
Total 467392 10000
Fonte Do autor
Figura 5 12 Mapa de usos do solo da aacuterea urbana principal de Santos Dumont
Fonte Do autor
Como jaacute era previsto a maior parte da aacuterea urbana se encontra ocupada e eacute nesta regiatildeo
ocupada que se observa a maior concentraccedilatildeo de problemas de deslizamentos e
alagamentos (Figuras 513 e 514) A grande ocupaccedilatildeo em aacutereas consideradas APP de
curso hiacutedrico de acordo com os mapas gerados pode ser a principal causa do aumento a
cada ano dos casos de alagamento principalmente na regiatildeo central da cidade Outro ponto
que se deve atentar eacute a existecircncia de uma consideraacutevel aacuterea de pastagem pouco vegetada
que caso estejam em aacutereas elevadas pode contribuir para deslizamentos e agraves margens de
37
rios e coacuterregos para o assoreamento destes corpos hiacutedricos o que pode causar
alagamentos (INAacuteCIO etal 2007)
Diante destes resultados pode-se ver que a cidade de Santos Dumont necessita alternativas
efetiva no que diz respeito agrave contenccedilatildeo de deslizamentos e a reduccedilatildeo de risco de
alagamento pois as aacutereas em que ocorrem tais eventos satildeo distintas e facilmente definidas
devido agrave repeticcedilatildeo destes nos uacuteltimos anos Um plano de accedilatildeo integrado entre as diferentes
secretarias municipais (Obras Meio Ambiente Assistecircncia Social entre outras) e a
Coordenadoria Municipal de Defesa Civil deve ser realizado afim de se tomar medidas
natildeo mais preventivas mas sim preditivas para que se possa conter o avanccedilo destes
problemas na aacuterea urbana principal bem como em toda a aacuterea do municiacutepio
Figura 5 13 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na aacuterea urbana
principal
Fonte Do autor
38
Figura 5 14 Aacutereas sujeitas a alagamento e os principais usos do solo na aacuterea
urbana principal
Fonte Do autor
Ao se associar os dados do estudo do Plano Diretor com os dados do levantamento
histoacuterico realizado com o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) pode-se notar que as aacutereas
propiacutecias a deslizamento estatildeo em regiotildees as quais haacute uma fronteira de declividades ou
seja eacute evidente que os deslizamentos ocorrem em encostas um pouco mais iacutengremes mas
natildeo necessariamente nas encostas de 30-47 as quais exigem estudo teacutecnico conforme o
plano diretor preconiza Quanto aos alagamentos nota-se que eles se localizam nas aacutereas
com menor ou nenhuma declividade podendo ser estas aacutereas talvez componentes da
planiacutecie de inundaccedilatildeo dos rios Estes resultados podem ser vistos nas figuras 515 e 516
a seguir
39
Figura5 15 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a deslizamentos na
regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
Fonte Lei 42412012 e Autor
Figura5 26 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a alagamentos na
regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
Fonte Lei 42412012 e Autor
40
52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis
O processo de ocupaccedilatildeo no municiacutepio de Santos Dumont comeccedilou muito antes de
qualquer legislaccedilatildeo relacionada a ordenamento urbano e de proteccedilatildeo do meio ambiente
fosse implementado no Brasil Esse fato aliado a poliacuteticas e fiscalizaccedilotildees falhas
contribuiacuteram para a ocupaccedilatildeo e expansatildeo da aacuterea urbana ao longo do Ribeiratildeo das Posses
e seus afluentes o que tem gerado o aumento da degradaccedilatildeo destes corpos hiacutedricos ao
longo de todos estes anos Observa-se tambeacutem que nas uacuteltimas deacutecadas ocorreu um
grande nuacutemero de migraccedilotildees do campo para a regiatildeo urbana da cidade fator que
contribuiu para o crescimento do nuacutemero de habitaccedilotildees em aacutereas de risco de deslizamento
e alagamentos por serem na maioria das vezes terrenos menos valorizados e por este
motivo acessiacuteveis a populaccedilatildeo com menor poder aquisitivo (ROSA amp CORTEZ 2008)
Vale ressaltar que esta questatildeo aleacutem de ser ambiental eacute muito mais social pois os
moradores entendem os riscos de se viver nestes locais mas por motivos econocircmicos ou
por questotildees afetivas natildeo abrem matildeo da moradia nessas aacutereas A Constituiccedilatildeo Federal de
1988 promoveu a inter-relaccedilatildeo das questotildees sociais com as questotildees ambientais quando
colocou o meio ambiente como direito coletivo (BRASIL1988 SOUZA2010) Por este
motivo a decisatildeo por medidas draacutesticas que favoreccedilam apenas agrave preservaccedilatildeo do meio
ambiente natildeo eacute recomendada pois aleacutem de ser inconstitucional podem afetar a
sustentabilidade econocircmica do municiacutepio e gerar conflitos sociais consideraacuteveis
(CARLOS 1992 apud SOUZA 2010)
Segundo Bueno (2009) ldquonem tudo o que eacute irregular eacute precaacuteriordquo Esse fato se observa em
Santos Dumont uma vez que em boa parte da regiatildeo central se observa vaacuterias moradias
construiacutedas na faixa de APP de curso hiacutedrico o que natildeo eacute permitido pela legislaccedilatildeo
vigente e eacute um dos fatores que contribui para a ocorrecircncia de alagamentos nesta aacuterea da
cidade Para a resoluccedilatildeo deste problema o que seria mais viaacutevel seria a melhoria da
infraestrutura de drenagem urbana afim de que o escoamento da aacutegua das chuvas natildeo
sobrecarregasse o sistema (BUENO2009) A construccedilatildeo de bacias de contenccedilatildeo de
cheias ao longo do Ribeiratildeo das Posses tambeacutem seria uma alternativa mas para se verificar
a viabilidade necessita-se estudos mais aprofundados do ponto de vista hidroloacutegico
O grande problema a ser solucionado no entanto eacute o que diz respeito agraves aacutereas de risco
de deslizamento majoritariamente nos bairros A melhor alternativa seria o
remanejamento dos moradores para uma aacuterea proacutexima agrave que moram poreacutem longe do
risco Poreacutem esta alternativa de acordo com Rosa Filho amp Cortez (2008) encontra alguns
entraves pois estas pessoas na maioria das vezes natildeo tecircm condiccedilotildees financeiras de irem
para outro lugar ou pagar aluguel ou estatildeo de alguma forma sentimentalmente ligadas
agravequela regiatildeo que se recusam a deixaacute-lo
41
Por parte dos oacutergatildeos competentes no municiacutepio a criaccedilatildeo de um plano para se evitar
acidentes ocasionados por deslizamentos e alagamentos com um mapeamento detalhado
de toda a extensatildeo do municiacutepio eacute extremamente uacutetil Os estudos que seratildeo feitos para a
elaboraccedilatildeo deste plano poderatildeo definir quais as aacutereas satildeo potencialmente de risco para as
ocupaccedilotildees existentes ou para as potenciais ocupaccedilotildees que possam vir a ocorrer atraveacutes do
mapeamento das aacutereas de risco Tal planejamento seraacute auxiliar ao Plano Diretor
Municipal pois definiraacute o real uso do solo de determinada regiatildeo do municiacutepio
contribuindo para a adequaccedilatildeo do uso e ocupaccedilatildeo do solo afim de evitar ou reduzir o
nuacutemero de problemas relacionados a alagamentos e principalmente deslizamentos no
periacutemetro urbano (TOMINAGA 2009) A partir deste plano os gestores locais poderatildeo
tomar a melhor decisatildeo para a prevenccedilatildeo ou reduccedilatildeo dos riscos inerentes a tais problemas
Na seccedilatildeo 521 seraacute hierarquizado de forma preliminar a aacuterea urbana principal de acordo
com os resultados da tabela 51
521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta
O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos (PMRR) foi criado atraveacutes de accedilotildees
regularizadoras do Ministeacuterio das Cidades para ser o instrumento de gestatildeo e
gerenciamento de aacutereas de risco em um municiacutepio Eacute um documento que aleacutem de
estabelecer quais regiotildees satildeo consideradas de risco tambeacutem objetiva a proposta de
medidas estruturais ou natildeo para contenccedilatildeo eou prevenccedilatildeo de cataacutestrofes aleacutem de ser um
meio de captaccedilatildeo de recursos financeiros junto aos Governos Estadual e Federal Estes
recursos poderatildeo ser utilizados para a realizaccedilatildeo de obras que visem a melhoria da
qualidade de vida da populaccedilatildeo do entorno ou de recuperaccedilatildeo da aacuterea degradada Este
plano eacute realizado de forma participativa com as comunidades das aacutereas de risco e pode
ser realizado em sete fases conforme recomenda o Ministeacuterio das Cidades (ALHEIROS
2006)
O primeiro passo para a realizaccedilatildeo do PMRR eacute definir qual a metodologia seraacute empregada
levando-se em consideraccedilatildeo a realidade atual do municiacutepio e especificar de forma sucinta
um cronograma das atividades Eacute importante nesta fase a participaccedilatildeo tambeacutem dos
responsaacuteveis pelas mais variadas Secretarias Municipais afim de explicitar o tamanho da
importacircncia e o caraacuteter integrador deste plano A segunda fase deste plano objetiva a
criaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo da principal base de dados a ser utilizada nos passos posteriores o
mapeamento de risco em escala detalhe em torno de 13000 (SAtildeO PAULO 2014) A
elaboraccedilatildeo de um mapeamento detalhado propiciaraacute natildeo soacute a identificaccedilatildeo mais faacutecil das
aacutereas de risco como tambeacutem facilitaraacute aos gestores e agrave comunidade decidirem qual a
melhor intervenccedilatildeo para a soluccedilatildeo ou remediaccedilatildeo dos problemas em uma determinada
42
aacuterea hierarquizando o risco e definindo prioridades (SAtildeO PAULO 2014) Na tabela a
seguir apresenta-se alguns tipos de intervenccedilotildees que podem ser feitas em aacutereas de risco
sugeridas pelo Ministeacuterio das cidades (ALHEIROS 2006)
Quadro 5 1 - Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco
Tipo de intervenccedilatildeo Descriccedilatildeo
Serviccedilos de limpeza e Recuperaccedilatildeo
Remoccedilatildeo de entulho lixo etc
corte de aacutervores
remoccedilatildeo de bananeiras
recuperaccedilatildeo eou limpeza de sistemas de
drenagem esgotos e acessos
Limpeza de canais de drenagem
Proteccedilatildeo Vegetal
Proteccedilatildeo superficial vegetal (gramiacuteneas) em
taludes com solo exposto
Proteccedilatildeo vegetal de margens de canais de
drenagem
Barreiras vegetais para massas escorregadas
ou acumuladas pela erosatildeo
Drenagem Superficial e Acessos
Sistema de drenagem superficial (canaletas
raacutepidos caixas de transiccedilatildeo escadas drsquoaacutegua)
Acessos para pedestres (escadarias rampas
etc) integrados ao sistema de drenagem
Revestimento de Taludes Revestimento com materiais artificiais
cimentado cal-jet tela argamassada alvenaria
de tijolos ceracircmicos solo-cimento ensacado
Desmonte de blocos e matacotildees Desmonte de concreccedilotildees de grande porte
blocos rochosos e matacotildees
Obras de drenagem de subsuperfiacutecie Sistema de drenagem de subsuperfiacutecie
(trincheiras drenantes DHP poccedilos de
rebaixamento)
Estruturas de contenccedilatildeo (localizadas)
Muros de contenccedilatildeo de pequeno porte (solo-
cimento ensacado alvenaria de pedra-rachatildeo
concreto armado)
Estruturas de contenccedilatildeo localizadas
(chumbadores tirantes microestacas)
Contenccedilatildeo e proteccedilatildeo de margens de canais (
gabiotildees muros de concreto etc)
Estruturas de contenccedilatildeo (meacutedio e grande porte) Implantaccedilatildeo de estruturas de contenccedilatildeo de
meacutedio e grande porte envolvendo obras de
contenccedilatildeo passivas e ativas (muros de
gravidade cortinas etc)
Terraplanagem Execuccedilatildeo de serviccedilos de terraplanagem
combinados a obras de drenagem superficial e
proteccedilatildeo vegetal desvio e canalizaccedilatildeo de
coacuterregos
Remoccedilatildeo de moradias Remoccedilotildees definitivas para implantaccedilatildeo de
obras ou devido agrave localizaccedilatildeo improacutepria da
edificaccedilatildeo (Priorizar as relocaccedilotildees dentro da
proacutepria aacuterea em local seguro)
Fonte ALHEIROS 2006
43
Escolhidas as formas de intervenccedilatildeo para cada aacuterea eacute necessaacuterio realizar uma estimativa
dos custos afim de preparar o orccedilamento da prefeitura para a realizaccedilatildeo das obras e se
seraacute necessaacuterio a captaccedilatildeo de recursos externos para a execuccedilatildeo destas Feitas as
estimativas de custo o proacuteximo passo eacute definir as prioridades e para esta fase eacute tambeacutem
uacutetil o mapeamento feito nas etapas anteriores pois seraacute necessaacuterio hierarquizar tais
intervenccedilotildees nas aacutereas de risco O Ministeacuterio das Cidades (2007) sugere alguns criteacuterios
que podem ser avaliados pelo gestor dentre eles pode-se citar
Grau de risco
Populaccedilatildeo beneficiada
Custo da intervenccedilatildeo
Dimensatildeo da aacuterea a ser tratada
Demandas anteriores da populaccedilatildeo
Tempo de ocupaccedilatildeo
Viabilidade teacutecnica da intervenccedilatildeo
Viabilidade financeira
Inclusatildeo da aacuterea em outros projetos
A partir desta hierarquizaccedilatildeo inicia-se a identificaccedilatildeo de provaacuteveis fontes de captaccedilatildeo de
recursos para a execuccedilatildeo das intervenccedilotildees Estes recursos podem advir de programas dos
governos Federal e Estadual ou por meio de editais para captaccedilatildeo de recursos financeiros
tanto do setor puacuteblico como da iniciativa privada e podem ser tambeacutem associados agrave outras
Secretarias Municipais como a de Turismo ou Meio Ambiente e natildeo soacute as destinadas agrave
Defesa Civil (ALHEIROS 2006)
Eacute previsto tambeacutem no PMRR uma avaliaccedilatildeo da Defesa Civil municipal e como ela estaacute
estruturada fazendo inclusive sugestotildees para que sua atuaccedilatildeo esteja em consonacircncia com
a realidade das comunidades e da Administraccedilatildeo Puacuteblica do municiacutepio de forma a garantir
sua sustentabilidade e conquistar a credibilidade da populaccedilatildeo no que diz respeito a
prevenccedilatildeo de cataacutestrofes Para que a resposta a uma determinada situaccedilatildeo de risco seja
raacutepida eacute necessaacuterio a descentralizaccedilatildeo da Defesa Civil criando pequenos nuacutecleos
comunitaacuterios com a finalidade de se monitorar a aacuterea constantemente e promover as
intervenccedilotildees necessaacuterias em tempo haacutebil o que aumenta em muito a credibilidade da
populaccedilatildeo no PMRR e no trabalho desempenhado pela Defesa Civil no municiacutepio Apoacutes
esta etapa o PMRR passaraacute por audiecircncias puacuteblicas e posteriormente poderaacute ser aprovado
como Lei Municipal pelo Legislativo local (ALHEIROS 2006)
Com a realizaccedilatildeo deste plano o municiacutepio estaraacute munido de informaccedilotildees suficientes para
realizar accedilotildees efetivas de gestatildeo e gerenciamento de riscos bem como aliado a
levantamentos sociais realizar programas habitacionais que beneficiem prioritariamente
44
aos moradores das aacutereas de risco Aleacutem disso com o PMRR o municiacutepio poderaacute melhorar
a qualidade ambiental da populaccedilatildeo captando recursos para a recuperaccedilatildeo das aacutereas de
APP que foram degradadas pelas ocupaccedilotildees irregulares beneficiando todos os moradores
do municiacutepio com o aumento da qualidade de vida na cidade
A partir do disposto nesta seccedilatildeo acerca do Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos e de
uma maneira preliminar (levando-se em conta apenas o nuacutemero de registros de
alagamentos e deslizamentos na aacuterea urbana principal de Santos Dumont no periacuteodo de
1984 a 2014) identificou-se trecircs regiotildees distintas na aacuterea urbana do municiacutepio com
tempo de recorrecircncia desses eventos similares caracterizando trecircs prioridades de
intervenccedilatildeo em contenccedilatildeo de risco como pode ser visto nas figuras 515 e 516 Vale
ressaltar que eacute necessaacuterio um estudo mais detalhado inclusive com visitas teacutecnicas a
campo para que se confirme a real situaccedilatildeo destas e a real prioridade para investimentos
Figura 5 17 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de deslizamentos
Fonte Do Autor
45
Figura 5 18 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de alagamentos
Fonte Do Autor
46
6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees
A seguir apresenta-se as conclusotildees e as recomendaccedilotildees feitas a partir dos objetivos
especiacuteficos explicitados no iniacutecio deste trabalho
Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a
aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes
urbanos
A partir da revisatildeo da legislaccedilatildeo pertinente em acircmbito federal estadual e
municipal constatou-se que o Plano Diretor de Santos Dumont natildeo conflita com a
legislaccedilatildeo federal e estadual sobre Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente A legislaccedilatildeo
municipal foi entendida como mais conservadora que as federal e estadual uma
vez que considera implicitamente que declividades entre 47 e 100 satildeo
enquadradas como APPs aleacutem da faixa superior a 100
Parte consideraacutevel das ocupaccedilotildees em APP principalmente na regiatildeo do bairro
Santo Antocircnio (onde surgiu os primeiros nuacutecleos que deram origem ao municiacutepio)
e o centro da cidade ocorreram antes de que fosse elaborado qualquer legislaccedilatildeo
que versasse sobre o tema Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente bastando ao gestor
local tomar medidas de contenccedilatildeo de riscos que minimizem os impactos causados
por essas ocupaccedilotildees nessa regiatildeo
O ordenamento adequado do uso do solo no municiacutepio eacute necessaacuterio para que o
crescimento dos loteamentos criados anteriormente agrave esta Lei e o surgimento de
novos natildeo avance para Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente o que pode causar
inuacutemeros problemas aos moradores e agravar os jaacute existentes
Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las
com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)
As aacutereas onde houveram a maior quantidade de registros de deslizamentos satildeo os
bairros mais populosos de Santos Dumont podendo se estabelecer uma relaccedilatildeo
que quanto mais populoso o bairro maior a quantidade de problemas relacionados
a deslizamentos Tambeacutem pode-se notar uma relaccedilatildeo com as fronteiras das faixas
de declividades e os deslizamentos uma vez que boa parte deles aconteceram
nestas faixas
As aacutereas onde houve um grande nuacutemero de registros de alagamentos satildeo os bairros
que se desenvolveram agraves margens do Ribeiratildeo das Posses em especial na aacuterea que
47
compreende as APPs de curso hiacutedrico e em aacutereas onde a declividade eacute baixa Esse
fato aliado ao crescimento do nuacutemero de vias pavimentadas com material
impermeaacutevel e a natildeo expansatildeo e ou redimensionamento da rede de drenagem
urbana contribuiacuteram para a ocorrecircncia cada vez mais constante de alagamentos
nessas aacutereas
Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos
catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30
anos
A partir do levantamento histoacuterico realizado e da base de dados georeferenciada
gerada observou-se o aumento do nuacutemero de registros de deslizamentos e
alagamentos nos uacuteltimos 10 anos quando as ocorrecircncias comeccedilaram a se repetir
numa mesma aacuterea com frequecircncia incrementada as vezes com mais de uma
ocorrecircncia anual
Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do
solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental
Destaca-se a adequaccedilatildeo dos criteacuterios gerais estabelecidos pelo Plano Diretor de
Santos Dumont relativos a legislaccedilatildeo federal e estadual Entretanto o referido
Plano Diretor natildeo contempla todo o territoacuterio municipal sendo assim ele natildeo
cumpre o objetivo de proteger as APPs preservadas e recuperar as que foram
degradadas em todo o territoacuterio municipal Ressalta-se tambeacutem a sua natildeo
conformidade com o Estatuto das Cidades uma vez que o Plano Diretor
contempla apenas os novos loteamentos
Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais
negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea
impactada
Recomenda-se a implantaccedilatildeo no municiacutepio de uma Coordenadoria Municipal de
Defesa Civil atuante e integrada agraves Secretarias Municipais e agrave comunidade
visando uma atuaccedilatildeo eficaz nos problemas relacionados a deslizamentos e
alagamentos A elaboraccedilatildeo de um Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos eacute de
suma importacircncia pois atraveacutes dele pode-se predizer as aacutereas que passaratildeo por
problemas caso a expansatildeo aconteccedila ou se inicie uma ocupaccedilatildeo nova aleacutem de
prevenir acidentes nas aacutereas jaacute ocupadas e consideradas de risco
48
7 Anexos
49
71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont
50
51
72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)
52
53
8 Referecircncias Bibliograacuteficas
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da cidade de Satildeo Paulo O caso da subprefeitura da Seacute Trabalho de Graduaccedilatildeo UNESP
Rio Claro 2013
i
O USO DO SOLO URBANO EM AacuteREAS DE
PRESERVACcedilAtildeO PERMANENTE
ESTUDO DE CASO NO MUNICIacutePIO DE SANTOS
DUMONT - MG
Igor Nogueira de Oliveira
ii
Igor Nogueira de Oliveira
O USO DO SOLO URBANO EM AacuteREAS DE
PRESERVACcedilAtildeO PERMANENTE
ESTUDO DE CASO NO MUNICIacutePIO DE SANTOS
DUMONT - MG
Trabalho Final de Curso apresentado ao Colegiado
do Curso de Engenharia Ambiental e Sanitaacuteria da
Universidade Federal de Juiz de Fora como
requisito parcial agrave obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Engenheiro
Ambiental e Sanitarista
Aacuterea de concentraccedilatildeo Engenharia Ambiental
Aacuterea de pesquisa Geoprocessamento Aplicado
Orientador Otaacutevio Eurico de Aquino Branco
Juiz de Fora
Faculdade de Engenharia da UFJF
2016
iii
AGRADECIMENTOS
Agradeccedilo agrave todos que colaboraram direta e indiretamente para a elaboraccedilatildeo deste
trabalho em primeiro lugar a Deus por ter dado a mim a oportunidade de viver esses
maravilhosos anos na Academia agrave minha famiacutelia de um modo especial agrave meu pai Geraldo
e minha matildee Maria das Dores e ao meu irmatildeo Iago pela paciecircncia e pelo apoio
incondicional ao longo de todos estes anos a todos os meus professores desde o Jardim
de Infacircncia ateacute a graduaccedilatildeo pelo carinho e dedicaccedilatildeo ao orientador professor e amigo
Otaacutevio Branco pela confianccedila e pelo incentivo aos colegas de turma e a todos que de
alguma forma cooperaram conosco para que este trabalho fosse realizado
iv
ldquoSeja vocecirc quem for seja qual for a posiccedilatildeo
social que vocecirc tenha na vida a mais alta ou
a mais baixa tenha sempre como meta muita
forccedila muita determinaccedilatildeo e sempre faccedila tudo
com muito amor e com muita feacute em Deus que
um dia vocecirc chega laacute
De alguma maneira vocecirc chega laacute rdquo
Ayrton Senna
v
RESUMO
As questotildees relacionadas a ocorrecircncia de deslizamentos e alagamentos eacute uma constante
no cotidiano urbano principalmente no periacuteodo chuvoso onde os problemas se tornam
evidentes Esses eventos nos uacuteltimos anos natildeo se restringiram somente a grandes cidades
mas tambeacutem a pequenos municiacutepios que sofrem por falta de recursos e de pessoal
especializado para prever e predizer trageacutedias advindas dos alagamentos e deslizamentos
de encostas provocados pela ocupaccedilatildeo desordenada em especial nas Aacutereas de
Preservaccedilatildeo Permanente Nos uacuteltimos 10 anos Santos Dumont tem sofrido
constantemente com o aumento do nuacutemero de casos de deslizamentos e principalmente
alagamentos por natildeo contar com um planejamento integrado e atuante na contenccedilatildeo de
tais eventos O objetivo geral desse trabalho eacute contribuir para a formulaccedilatildeo de poliacuteticas
puacuteblicas afim de corrigir e prevenir tais eventos na aacuterea urbana da cidade Para isso foi
gerado uma base de dados histoacutericos de um periacuteodo de 30 anos que associada ao
processamento de imagens obtidas atraveacutes de radares e sateacutelites proporcionou identificar
os pontos que merecem maior atenccedilatildeo e tambeacutem possibilitou atraveacutes de criteacuterio
quantitativo propor uma hierarquizaccedilatildeo dos bairros que merecem prioridade em
investimentos relacionados a contenccedilatildeo de riscos Com a combinaccedilatildeo de mapas e a
comparaccedilatildeo entre o estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor e o levantamento
histoacuterico feito a partir de dados primaacuterios pode-se observar que a maioria dos casos de
alagamentos e parte dos deslizamentos ocorrem na faixa de APP de curso hiacutedrico
Tambeacutem pode se estabelecer uma relaccedilatildeo entre o tamanho do bairro e o nuacutemero de
eventos relacionados a deslizamentos
vi
ABSTRACT
Issues related to the occurrence of landslides and flooding is a constant in urban daily life
particularly in the rainy season where the problems become evident These events in
recent years were not restricted only to large cities but also small towns which suffer
from lack of resources and specialized staff to anticipate and predict resulting tragedies
of the floods and landslides caused by the disorderly occupation especially in Permanent
Preservation areas Over the past 10 years Santos Dumont has been constantly increasing
number of cases of landslides and especially flooding for not having an integrated
planning and active in the containment of such events The aim of this study is to
contribute to the formulation of public policies in order to correct and prevent such events
in the urban area of the city For it was generated a historical data base for a period of 30
years associated with the processing of images obtained by radar and satellites provided
identify the points that deserve more attention and also made possible through
quantitative criterion propose a hierarchy of neighborhoods that deserve priority in
investments related to risk containment With the combination of maps and the
comparison between the study for the preparation of the Master Plan and the historical
survey from primary data can be observed that most of the cases of flooding and some
landslides occur in the course of APP range water You can also establish a relationship
between the neighborhood size and the number of related events to landslides
vii
SUMAacuteRIO
LISTA DE FIGURAS 2
LISTA DE TABELAS E QUADROS 4
1 INTRODUCcedilAtildeO 5
2 OBJETIVOS 6
21 Objetivo geral 6
22 Objetivos especiacuteficos 6
3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 7
31 Conceitos Fundamentais 7
311 Aacutereas de risco 7
312 Deslizamentos 8
313 Alagamentos 8
314 Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente 9
315 Uso e ocupaccedilatildeo do solo 9
32 Legislaccedilatildeo Pertinente 10
321 As adequaccedilotildees da legislaccedilatildeo ao longo dos anos 10
322 O Novo Coacutedigo Florestal e a legislaccedilatildeo mineira 11
323 O Plano Diretor 13
3231 O Plano Diretor de Santos Dumont 14
33 O Municiacutepio de Santos Dumont 16
331 De Arraial a cidade 16
332 Santos Dumont na atualidade 19
4 METODOLOGIA 20
41 Aacuterea de estudo 20
42 Levantamento e tratamento dos dados 21
5 RESULTADOS 23
51 Levantamento histoacuterico de alagamentos e deslizamentos 23
512 O Plano diretor e as APPs 31
52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis 40
521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta 41
6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees 46
7 Anexos 48
71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont 49
72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos
(1984-2014) 51
8 Referecircncias Bibliograacuteficas 53
2
LISTA DE FIGURAS
Paacuteg
Figura 31 Vista parcial do Arraial de Joatildeo Gomes 17
Figura 32 Municiacutepio de Palmyra na deacutecada de 1920 18
Figura 33 Municiacutepio de Santos Dumont em 2014 19
Figura 41 Localizaccedilatildeo da aacuterea urbana principal 20
Figura 42 Mapa da aacuterea urbana principal com a localizaccedilatildeo dos
bairros
21
Figura 51 Deslizamento no bairro Coacuterrego do Ouro 25
Figura 52 Alagamento na regiatildeo central de Santos Dumont em 2013 26
Figura 53 Pontos de Alagamento obtidos atraveacutes do levantamento
histoacuterico
27
Figura 54 Pontos de Deslizamento obtidos atraveacutes do levantamento
histoacuterico
27
Figura 55 Aacutereas propensas a deslizamento de acordo com o Plano
Diretor de Santos Dumont
29
Figura 56 Aacutereas propensas a alagamento de acordo com o Plano
Diretor de Santos Dumont
29
Figura 57 Aacutereas propensas a alagamento do estudo do Plano Diretor
complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do
levantamento
30
Figura 58 Aacutereas propensas a deslizamento do estudo do Plano
Diretor complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do
levantamento
31
Figura 59 Zoneamento urbano da aacuterea urbana principal 32
Figura 510 Combinaccedilatildeo entre as declividades importantes incluindo
as APPs e o zoneamento urbano
34
Figura 511 Combinaccedilatildeo entre as APPs de curso hiacutedrico e as zonas de
planejamento
35
Figura 512 Mapa de usos do solo da aacuterea urbana principal de Santos
Dumont
36
Figura 513 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na
aacuterea urbana principal
37
Figura 514 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na
aacuterea urbana principal
38
Figura 515 Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a
deslizamentos na regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
39
Figura 516 Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a
alagamentos na regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
39
3
Figura 517 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de
deslizamentos
44
Figura 518 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de
alagamentos
45
4
LISTA DE TABELAS E QUADROS
Paacuteg
Tabela 51 Ocorrecircncias de alagamento e deslizamento obtidos
atraveacutes do levantamento histoacuterico
28
Tabela 52 Assinaturas da combinaccedilatildeo Declividade x Zoneamento 34
Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x
Zoneamento
36
Quadro 51 Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco 42
5
1 INTRODUCcedilAtildeO
Quando o ser humano deixou de seguir uma vida nocircmade e passou a se fixar em locais
em geral proacuteximos a cursos drsquoaacutegua e de aacutereas propicias ao cultivo de alimentos iniciou-
se o processo de implantaccedilatildeo de pequenas comunidades e quando estas comunidades
comeccedilaram a crescer natildeo soacute em quantidade mas tambeacutem do ponto de vista
organizacional deu-se iniacutecio a formaccedilatildeo das cidades tal como conhecemos hoje Como
resultado deste processo um sem-fim de problemas relacionados agrave estas ocupaccedilotildees
surgiram tanto de cunho ambiental quanto social e dentre estes problemas estatildeo
incluiacutedos os desastres naturais relacionados a deslizamentos e alagamentos por conta da
ocupaccedilatildeo em aacutereas natildeo adequadas a este fim
Nos uacuteltimos anos o Brasil tem vivenciado grandes trageacutedias relacionadas a deslizamentos
e alagamentos Uma boa parte destes eventos teve como fator agravante as ocupaccedilotildees
sem criteacuterio e sem orientaccedilatildeo teacutecnica Um exemplo recente aconteceu no Vale do Itajaiacute
em Santa Catarina em novembro de 2008 durante um periacuteodo com chuvas intensas em
que vaacuterias cidades entraram em situaccedilatildeo de calamidade puacuteblica devido ao grande nuacutemero
de casos de alagamento e graves deslizamentos de encostas causando a morte de vaacuterias
pessoas na regiatildeo No Estado do Rio de Janeiro em 2010 o Morro do Bumba em Niteroacutei
sofreu com um grave deslizamento que deixou um grande nuacutemero de mortos As casas
foram construiacutedas sobre um antigo lixatildeo sem nenhuma orientaccedilatildeo e com as intensas
chuvas que assolaram a regiatildeo naquela eacutepoca a encosta veio a baixo causando o desastre
Outra trageacutedia relevante aconteceu na regiatildeo Serrana do Rio de Janeiro que foi
considerada ateacute entatildeo a maior trageacutedia climaacutetica da histoacuteria do paiacutes com pouco mais de
500 mortos e um prejuiacutezo material incalculaacutevel no ano de 2011 Em comum a todos estes
fatos estaacute a falta de um planejamento efetivo por parte dos oacutergatildeos municipais no que diz
respeito ao disciplinamento do uso e ocupaccedilatildeo do solo e a fiscalizaccedilatildeo do cumprimento
da legislaccedilatildeo vigente
A cidade de Santos Dumont Minas Gerais natildeo eacute exceccedilatildeo a esta regra Como a grande
maioria das comunidades estabelecidas ao longo da Estrada Real a cidade surgiu como
um pequeno rancho cujo objetivo era servir de pouso para os viajantes que faziam o
transporte de pedras e metais preciosos das minas de Ouro Preto ateacute o Rio de Janeiro
Posteriormente a regiatildeo se desenvolveu como importante entreposto industrial e
comercial a partir da instalaccedilatildeo da ferrovia D Pedro II ateacute que no final do seacuteculo XIX
se transforma em vila e logo apoacutes em municiacutepio O desenvolvimento da regiatildeo implicou
tambeacutem no crescimento populacional e como naquela eacutepoca ainda natildeo havia uma
legislaccedilatildeo especiacutefica para ordenamento e uso do solo os loteamentos foram surgindo agraves
margens do Ribeiratildeo das Posses e em aacutereas cuja declividade natildeo era favoraacutevel agrave ocupaccedilatildeo
6
o que consequentemente acarretou deslizamentos de terra e alagamentos inclusive com
o registro de algumas trageacutedias ao longo dos anos
Pretende-se que este trabalho sirva como subsidio ao gestor puacuteblico local visando o
estabelecimento de poliacuteticas puacuteblicas integradas aos setores de meio ambiente e defesa
civil com vistas a garantir a seguranccedila de todos os muniacutecipes e a qualidade de vida em
todo o territoacuterio municipal
2 OBJETIVOS
21 Objetivo geral
O objetivo geral deste trabalho eacute contribuir para o estabelecimento de poliacuteticas puacuteblicas
direcionadas ao disciplinamento do uso e ocupaccedilatildeo do solo urbano no municiacutepio de
Santos Dumont
22 Objetivos especiacuteficos
Satildeo objetivos especiacuteficos
Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a
aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes
urbanos
Caracterizar o uso irregular do solo urbano em Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente
Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las
com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)
Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos
catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30
anos
Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do
solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental
7
Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais
negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea
impactada
3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
A seguir eacute apresentada a revisatildeo bibliograacutefica que fundamenta o desenvolvimento e o
pleno entendimento deste trabalho O conhecimento do que satildeo aacutereas de risco
alagamentos e deslizamentos bem como o que eacute e qual a importacircncia de um Plano Diretor
eacute de suma importacircncia para se avaliar como um municiacutepio estaacute se desenvolvendo e qual
a qualidade de vida dos muniacutecipes Tambeacutem satildeo abordados neste capiacutetulo os aspectos
legais referentes agraves Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente seus limites e sua importacircncia para
o ambiente urbano
31 Conceitos Fundamentais
311 Aacutereas de risco
De acordo com o Instituto de Pesquisas Tecnoloacutegicas ndash IPT entende-se como aacuterea de
risco aquela ldquopassiacutevel de ser atingida por fenocircmenos ou processos naturais eou induzidos
que causem efeito adverso As pessoas que habitam essas aacutereas estatildeo sujeitas a danos agrave
integridade fiacutesica perdas materiais e patrimoniaisrdquo (MINISTEacuteRIO DAS CIDADES
2007)
Para Augusto Filho et al (1990) apud Cristo (2002) aacuterea de risco eacute caracterizada como
aquela em que ldquose encontra em situaccedilatildeo de perigo tanto socialmente quanto
economicamente por conta de alguma alteraccedilatildeo na constituiccedilatildeo do terreno ou com grande
probabilidade de ocorrer processos naturaisrdquo
Segundo Fernandes (2012) aacutereas de risco ldquosatildeo aacutereas consideradas improacuteprias ao
assentamento humano por estarem sujeitas a riscos naturaisrdquo
Diante das definiccedilotildees supracitadas pode-se dizer que aacuterea de risco satildeo aacutereas susceptiacuteveis
agrave accedilatildeo de eventos naturais extremos e por esse motivo natildeo eacute viaacutevel agrave ocupaccedilatildeo humana
nestes locais e pode ou natildeo estar associados agrave proximidade ou nos limites de uma APP
8
312 Deslizamentos
Segundo Tominaga (2009) deslizamento eacute o movimento de solo em uma vertente pela
accedilatildeo da gravidade e satildeo mais frequentes em regiotildees de relevo montanhoso e em periacuteodos
chuvosos sendo a pluviosidade um dos principais fatores condicionantes para a ocorrecircncia
do processo Os deslizamentos podem ocorrer naturalmente e eacute grande responsaacutevel pela
dinacircmica das vertentes e evoluccedilatildeo do relevo local mas no Brasil a falta de planejamento
urbano de uma boa parte dos municiacutepios a ocupaccedilatildeo desordenada e a construccedilatildeo de
domiciacutelios sem orientaccedilatildeo teacutecnica tecircm transformado um processo natural em um
problema que algumas vezes se tornam grandes trageacutedias Na regiatildeo Sudeste brasileira o
escorregamento do tipo rotacional eacute o mais comum e eacute caracterizado por uma ruptura
curva no solo que estaacute geralmente associada agrave realizaccedilatildeo de cortes na base do talude ou
por processos erosivos fluviais o que relaciona esse tipo de escorregamento agraves regiotildees
urbanas mal planejadas e coloca o homem como o principal agente efetivo associado com
a pluviosidade na ocorrecircncia de acidentes relacionados com deslizamentos
(FERNANDES amp AMARAL 1996 apud TOMINAGA 2009)
313 Alagamentos
De acordo com Amaral amp Ribeiro (2009) inundaccedilotildees e enchentes satildeo processos
intimamente relacionados com a pluviosidade pois satildeo frequentes em periacuteodos de chuvas
fortes e raacutepidas ou chuvas de longa duraccedilatildeo e estatildeo relacionados agrave intensidade e
distribuiccedilatildeo da precipitaccedilatildeo ao longo da bacia agrave capacidade do solo de reter e infiltrar
aacutegua e agraves caracteriacutesticas de forma da bacia de drenagem
O escoamento das aacuteguas pluviais na natureza eacute lento mas em aacutereas urbanizadas a accedilatildeo
antroacutepica relacionada a ocupaccedilatildeo de planiacutecies de inundaccedilatildeo que podem estar inclusive
em uma cota abaixo do leito do rio impermeabilizaccedilatildeo do solo e retificaccedilatildeo de corpos
drsquoaacutegua aleacutem de inuacutemeras atividades que promovem o assoreamento dos rios e coacuterregos
tem gerado resultados catastroacuteficos e grandes prejuiacutezos (AMARAL amp RIBEIRO 2009)
Quando se refere agraves regiotildees urbanas o termo ldquoalagamentordquo eacute o mais utilizado e segundo
o Ministeacuterio das Cidades (2006) define-se como o ldquoacuacutemulo momentacircneo de aacuteguas em
uma dada aacuterea por problemas no sistema de drenagem podendo ter ou natildeo relaccedilatildeo com
processos de natureza fluvialrdquo Tambeacutem o termo ldquoenxurradardquo eacute utilizado e define-se como
o ldquoescoamento superficial concentrado e com alta energia de transporte que pode ou natildeo
estar associado a aacutereas de domiacutenio dos processos fluviais Eacute comum a ocorrecircncia de
enxurradas ao longo de vias implantadas sobre antigos cursos drsquoaacutegua com alto gradiente
hidraacuteulico e em terrenos com alta declividade naturalrdquo
9
314 Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente
O Novo Coacutedigo Florestal Brasileiro define Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP) como
ldquoaacuterea protegida coberta ou natildeo por vegetaccedilatildeo nativa com a funccedilatildeo ambiental de
preservar os recursos hiacutedricos a paisagem a estabilidade geoloacutegica e a biodiversidade
facilitar o fluxo gecircnico de fauna e flora proteger o solo e assegurar o bem-estar das
populaccedilotildees humanasrdquo (BRASIL2012) Estas aacutereas satildeo muito importantes tanto no meio
urbano como no rural por garantir a estabilidade do solo em encostas iacutengremes contribuir
para a natildeo formaccedilatildeo de processos erosivos e o assoreamento de rios e coacuterregos aleacutem de
garantir a recarga de aquiacuteferos ao atuar como um amortecedor de chuvas retendo-a e
impedindo que ocorra um carreamento intenso de sedimentos ao longo dos morros e
margens de rios e coacuterregos (SKORUPA 2004) A Lei 126512012 apresenta os tipos de
APP e seus limites conforme seraacute visto no item 322
315 Uso e ocupaccedilatildeo do solo
Dentre os vaacuterios mecanismos de ordenamento urbano e instrumentos de planejamento
municipal previsto no Estatuto da Cidade (Lei Federal 102572001) o uso e ocupaccedilatildeo
do solo satildeo os mais utilizados pelas cidades para a formulaccedilatildeo das poliacuteticas urbanas
podendo definir o uso como a forma como esta parcela do solo eacute utilizada e a ocupaccedilatildeo
como sendo o modo como as edificaccedilotildees devem ser dispostas nesta mesma parcela do
solo urbano (TAKEDA 2015) O termo ldquoUso e ocupaccedilatildeo do solordquo tambeacutem pode ser
definido como o fator que determina como as mais diferentes regiotildees de um municiacutepio
deve se desenvolver (FONTOURA 2015)
A inserccedilatildeo de leis municipais de uso e ocupaccedilatildeo do solo objetivam ser uma referecircncia
para os gestores locais no processo de tomada de decisatildeo para que as cidades cresccedilam de
modo organizado enfatizando os potenciais e capacidades de cada regiatildeo aleacutem de tornar
o crescimento mais homogecircneo Com isso pretende-se evitar a formaccedilatildeo de grandes
adensamentos em pequenas aacutereas garantindo a mobilidade e a qualidade de vida de todos
os muniacutecipes tanto da regiatildeo urbana como da rural preservar e melhorar a qualidade
ambiental do municiacutepio aleacutem de evitar deslizamentos e alagamentos por conta da
ocupaccedilatildeo incorreta do solo (TAKEDA 2015)
10
32 Legislaccedilatildeo Pertinente
321 As adequaccedilotildees da legislaccedilatildeo ao longo dos anos
A problemaacutetica relacionada agraves APPs em aacutereas urbanas outrora era uma questatildeo complexa
e demandava uma larga discussatildeo do ponto de vista juriacutedico administrativo e teacutecnico Eacute
sabido que a maioria das cidades se formaram proacuteximos aos corpos hiacutedricos regiatildeo que
garantia o abastecimento de aacutegua e alimentos agrave populaccedilatildeo e tambeacutem facilitava o descarte
dos efluentes A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 225 daacute garantia aos
brasileiros de um meio ambiente em equiliacutebrio e concede agrave toda a sociedade o dever de
preservaacute-lo de acordo com os princiacutepios do desenvolvimento sustentaacutevel (BRASIL
1988) Antes desta Constituiccedilatildeo jaacute havia um texto que regulamentava a questatildeo da
preservaccedilatildeo de aacutereas verdes em todo o territoacuterio nacional A Lei Federal nordm 477165 que
trata do Coacutedigo Florestal estabelecia limites e regulamentava as Aacutereas de Preservaccedilatildeo
Permanente De acordo com Arauacutejo (2002) apud De Moraes (2014) essa Lei que fora
revogada e substituiacuteda pela Lei 126512012 era bastante falha no que diz respeito agraves
questotildees de APPS em aacutereas urbanas o que poderia ser um facilitador do natildeo cumprimento
do que foi proposto por aquela legislaccedilatildeo nestas aacutereas Isso se devia ao fato de o Coacutedigo
Florestal de 1965 ter deixado uma duacutevida sobre qual legislaccedilatildeo seguir uma vez que em
seu segundo artigo no paraacutegrafo uacutenico estava disposto que em aacutereas urbanas devia-se
atentar para a legislaccedilatildeo referente ao Plano Diretor e as referentes ao uso do solo na aacuterea
do municiacutepio (BRASIL 1965) Diante dessa conjuntura alguns municiacutepios optavam pela
natildeo aplicaccedilatildeo do Coacutedigo Florestal na regiatildeo urbana mesmo sabendo que a poliacutetica
conservacionista eacute extremamente importante visto o grande nuacutemero de problemas que
podem advir do uso irregular das APPs (DE MORAES 2009) Segundo o artigo 182 da
Constituiccedilatildeo Federal de 1988 as poliacuteticas relacionadas ao desenvolvimento urbano
devem ser elaboradas pelos municiacutepios e objetiva garantir o bem estar dos muniacutecipes e
tambeacutem o desenvolvimento do municiacutepio como um todo atraveacutes do atendimento agraves
exigecircncias do Plano Diretor (BRASIL 1988) O que podia gerar alguma divergecircncia seria
se o Plano Diretor Municipal propusesse uma faixa de APP menor que a prevista pelo
Coacutedigo Florestal Sendo assim essa legislaccedilatildeo perderia sua validade pelo fato de a
legislaccedilatildeo federal ser suplementar ou se seria cumprida devido ao disposto no artigo 182
da Constituiccedilatildeo Segundo De Moraes (2009) natildeo eacute aceitaacutevel que o Plano Diretor
Municipal legitime tal degradaccedilatildeo ambiental uma vez que um dos seus principais
objetivos eacute a proteccedilatildeo do bem estar puacuteblico estando incluiacutedo nesse a proteccedilatildeo do
ambiente natural A delimitaccedilatildeo e especificaccedilatildeo das APPs em Lei eacute necessaacuteria uma vez
que os limites miacutenimos destinados agrave preservaccedilatildeo satildeo importantes pois garantem a
proteccedilatildeo tanto da qualidade quanto da quantidade dos recursos hiacutedricos e evitam a
ocupaccedilatildeo em locais propiacutecios aos deslizamentos e zonas de recarga dos aquiacuteferos
11
subterracircneos assegurando tambeacutem de certa forma a integridade dos seres humanos que
potencialmente ocupariam tais locais (CARVALHO 2013)
Neste trabalho a legislaccedilatildeo tomada como referecircncia eacute a prevista pela Constituiccedilatildeo Federal
de 1988 o Novo Coacutedigo Florestal (Lei 126512012) e o Estatuto das Cidades (Lei
102572001) em acircmbito federal Na esfera estadual a Lei 209222013 versa sobre os
limites para APP em todo o territoacuterio de Minas A Lei Municipal 42412012 trata do
Plano Diretor Municipal da cidade de Santos Dumont onde se encontra as diretrizes para
o uso e ocupaccedilatildeo do solo e o zoneamento da cidade de acordo com as caracteriacutesticas do
solo entre outras
322 O Novo Coacutedigo Florestal e a legislaccedilatildeo mineira
O Novo Coacutedigo Florestal Lei Federal 126512012 substituiu a Lei Federal 47711965
Dentre os vaacuterios artigos que esta lei possui o que apresenta maior importacircncia para o
planejamento e o ordenamento das cidades tanto na aacuterea urbana como na rural eacute o artigo
4ordm em que constam as faixas de APP tanto para curso hiacutedrico como para declividade e
altitude aleacutem dos topos de morro a saber (BRASIL2012)
ldquoArt 4ordm Considera-se Aacuterea de Preservaccedilatildeo
Permanente em zonas rurais ou urbanas para os
efeitos desta Lei
I - as faixas marginais de qualquer curso drsquoaacutegua
natural perene e intermitente excluiacutedos os
efecircmeros desde a borda da calha do leito regular
em largura miacutenima de
a) 30 (trinta) metros para os cursos drsquoaacutegua de
menos de 10 (dez) metros de largura
b) 50 (cinquenta) metros para os cursos drsquoaacutegua
que tenham de 10 (dez) a 50 (cinquenta) metros de
largura
()
IV - as aacutereas no entorno das nascentes e dos olhos
drsquoaacutegua perenes qualquer que seja sua situaccedilatildeo
topograacutefica no raio miacutenimo de 50 (cinquenta)
metros
12
V - as encostas ou partes destas com declividade
superior a 45deg equivalente a 100 (cem por
cento) na linha de maior declive
()
IX - no topo de morros montes montanhas e
serras com altura miacutenima de 100 (cem) metros e
inclinaccedilatildeo meacutedia maior que 25deg as aacutereas
delimitadas a partir da curva de niacutevel
correspondente a 23 (dois terccedilos) da altura
miacutenima da elevaccedilatildeo sempre em relaccedilatildeo agrave base
sendo esta definida pelo plano horizontal
determinado por planiacutecie ou espelho drsquoaacutegua
adjacente ou nos relevos ondulados pela cota do
ponto de sela mais proacuteximo da elevaccedilatildeo
X - as aacutereas em altitude superior a 1800 (mil e
oitocentos) metros qualquer que seja a
vegetaccedilatildeo
()rdquo
A legislaccedilatildeo atual em seu artigo 4ordm evidencia que as faixas e aacutereas determinadas como
APP compreendem tanto as aacutereas rurais quanto urbanas (BRASIL 2012) retirando a
duacutevida anterior e sendo essa a Lei suplementar qualquer faixa de APP mais permissiva
na legislaccedilatildeo estadual e municipal satildeo invaacutelidas o que simplificou de certa forma a
aplicabilidade da Legislaccedilatildeo referente a Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente
No Estado de Minas Gerais a Lei Estadual 20922 de 16 de Outubro de 2013 trata do tema
em acircmbito estadual mas com os mesmos princiacutepios propostos pela Lei Federal sendo os
limites miacutenimos previstos para as APPs os mesmos propostos pelo Novo Coacutedigo
Florestal brasileiro (MINAS GERAIS2013)
ldquo Art 9ordm Para os efeitos desta Lei em zonas rurais
ou urbanas satildeo APPs
I as faixas marginais de cursos drsquoaacutegua naturais
perenes e intermitentes excluiacutedos
os efecircmeros medidas a partir da borda da calha
do leito regular em largura miacutenima de
13
a) 30m (trinta metros) para os cursos drsquoaacutegua de
menos de 10m (dez metros) de largura
b) 50m (cinquenta metros) para os cursos drsquoaacutegua
de 1 0m (dez metros) a 50m (cinquenta metros) de
largura
()
IV as aacutereas no entorno das nascentes e dos olhos
drsquoaacutegua perenes no raio miacutenimo de 50m
(cinquenta metros)
V as encostas ou partes destas com declividade
superior a 45ordm (quarenta e cinco graus)
equivalente a 100 (cem por cento) na linha de
maior declive
()
VII no topo de morros montes montanhas e
serras com altura miacutenima de 100m (cem metros)
e inclinaccedilatildeo meacutedia maior que 25ordm (vinte e cinco
graus) as aacutereas delimitadas a partir da curva de
niacutevel correspondente a 23 (dois terccedilos) da altura
miacutenima da elevaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave base sendo esta
definida pelo plano horizontal determinado por
planiacutecie ou espelho drsquoaacutegua adjacente ou nos
relevos ondulados pela cota do ponto de sela mais
proacuteximo da elevaccedilatildeo
VIII as aacutereas em altitude superior a 1 800m (mil
e oitocentos metros)
()rdquo
323 O Plano Diretor
O Estatuto das Cidades em seu artigo 40 prevecirc o plano diretor como um instrumento
capaz de promover a poliacutetica urbana englobando toda a cidade aleacutem de fornecer padrotildees
e limites para o uso do solo nas mais diversas regiotildees do municiacutepio com vistas a
harmonizar o desenvolvimento urbano com a preservaccedilatildeo do meio ambiente (SILVA JR
2006) Este instrumento eacute obrigatoacuterio para cidades com mais de 20 mil habitantes ou
14
aacutereas que integrem regiotildees metropolitanas ou de interesse turiacutestico O artigo 41 do
Estatuto das cidades tambeacutem prevecirc a obrigatoriedade do Plano Diretor para cidades que
possuem em sua aacuterea empreendimentos que caracterizem grandes impactos ambientais
de influecircncia regional ou nacional e cidades que possuem problemas com deslizamentos
de grande magnitude ou alagamentos repentinos (BRASIL 2001)
O Plano diretor de acordo com o Estatuto das Cidades deve ser aprovado como lei em
acircmbito municipal e revisto a cada dez anos Este documento eacute uacutenico pois cada cidade
possui suas peculiaridades infraestrutura vocaccedilotildees e problemas que por mais que sejam
parecidos entre si satildeo diferenciados pela intensidade e pela regionalizaccedilatildeo Sendo assim
a confecccedilatildeo do Plano Diretor deve conter a participaccedilatildeo de toda a comunidade local de
forma a reduzir as desigualdades sociais os gastos puacuteblicos desnecessaacuterios a degradaccedilatildeo
ambiental e combater os problemas relacionados a urbanizaccedilatildeo de forma conjunta
promovendo um processo de tomada de decisatildeo que garanta a qualidade de vida
preservaccedilatildeo e o desenvolvimento social do municiacutepio como um todo (ROSSBACH amp
CARVALHO 2010)
3231 O Plano Diretor de Santos Dumont
A Lei Municipal nordm 424112 que entrou em vigor no ano de 2014 trata do Plano Diretor
Municipal instrumento previsto no Estatuto das Cidades para garantir aos cidadatildeos um
desenvolvimento urbano organizado justo e sustentavelmente econocircmico (BRASIL
2001) Aleacutem de apontar as diretrizes para a elaboraccedilatildeo da Poliacutetica Municipal dos mais
variados setores o Plano Diretor divide o municiacutepio em macrozonas urbanas e rurais
Estas zonas tecircm por objetivo facilitar a identificaccedilatildeo dos setores que permitem ou natildeo o
desenvolvimento da cidade e em que magnitude pode ser feita a expansatildeo respeitando ao
meio ambiente e tambeacutem o que eacute previsto no tocante ao uso e ocupaccedilatildeo do solo nessas
aacutereas Aleacutem disso ela estabelece a forma como devem ser as edificaccedilotildees nas referidas
aacutereas As aacutereas definidas como macrozonas urbanas e foram subdivididas em (SANTOS
DUMONT2012)
ldquoZona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e
da Paisagem (ZPPH) satildeo as aacutereas cujos
equipamentos urbanos possuem interesse
histoacuterico ou paisagiacutestico de preservaccedilatildeo
Zona de Preservaccedilatildeo Ambiental satildeo aquelas em
que devem ser mantidas ou recuperadas a
15
vegetaccedilatildeo por conta da declividade altitude ou
presenccedila de recursos hiacutedricos
Zona de Adensamento Controlado (ZAC) satildeo as
aacutereas em que deve-se manter uma pequena
densidade populacional devido as limitaccedilotildees na
infraestrutura da localidade A ZAC se divide em
ZAC 1 quando a infraestrutura existente eacute
limitada e em ZAC 2 quando esta eacute precaacuteria ou
natildeo existe
Zona de Consolidaccedilatildeo de Adensamento (ZCA)
satildeo as aacutereas em que haacute interesse em ocupar os
lotes vagos haja visto que a regiatildeo possui toda a
infraestrutura para que isto aconteccedila
Zona Adensaacutevel (ZA) satildeo as aacutereas com
condiccedilotildees propiacutecias para ocorrer uma ocupaccedilatildeo
mais densa
Zona Especial de Interesse Social (ZEIS) satildeo as
aacutereas em que o Poder Puacuteblico almeja fazer
alguma forma de ocupaccedilatildeo Eacute dividida em ZEIS 1
e ZEIS 2 A ZEIS 1 satildeo regiotildees jaacute ocupadas mas
de forma irregular cujo interesse puacuteblico eacute
realizar obras e outras atividades para
regularizar as ocupaccedilotildees e urbanizar a aacuterea
enquanto que a ZEIS 2 satildeo aacutereas natildeo utilizadas ou
subutilizadas as quais o poder puacuteblico almeja
realizar algum empreendimento habitacional de
caraacuteter social
Zona de Grandes Equipamentos (ZE) satildeo aacutereas
cujo o interesse eacute a implantaccedilatildeo de
empreendimentos de grande porte ou grandes
equipamentos puacuteblicosrdquo
Esta divisatildeo espacial pode ser melhor vista no Anexo 71
O Plano Diretor natildeo estipula limites para APP mas prevecirc algumas diretrizes como na
Poliacutetica Municipal de Preservaccedilatildeo do Meio Ambiente sobre o uso do solo em
compatibilidade com praacuteticas conservacionistas A Poliacutetica Municipal de Expansatildeo
16
Urbana tem como uma de suas diretrizes fazer cumprir a legislaccedilatildeo vigente no que diz
respeito agraves intervenccedilotildees e investimentos que poderatildeo ser feitos nessas aacutereas Tambeacutem eacute
diretriz da mesma Poliacutetica o controle da ocupaccedilatildeo e do uso do solo em APPs e o auxiacutelio
aos oacutergatildeos estaduais e federais de meio ambiente no tocante agrave fiscalizaccedilatildeo da ocupaccedilatildeo
nestas aacutereas (SANTOS DUMONT 2012) O artigo 38 que trata das diretrizes da Poliacutetica
habitacional de interesse social exclui do processo de regularizaccedilatildeo fundiaacuteria os
assentamentos situados em aacutereas de risco o que na maioria das vezes estatildeo tambeacutem nas
aacutereas que deveriam estar vegetadas e protegidas (SANTOS DUMONT 2012) Na
legislaccedilatildeo referente ao parcelamento do solo eacute previsto que no parcelamento de glebas
com declividade entre 30 e 47 soacute poderaacute ser aprovado mediante projeto e laudo
assinado por um responsaacutevel teacutecnico favoraacutevel agrave construccedilatildeo nesse local (SANTOS
DUMONT 2012) Diante do proposto pelo Plano Diretor de Santos Dumont pode-se
dizer que natildeo haacute conflito com a legislaccedilatildeo federal e estadual em se tratando da
aplicabilidade do Coacutedigo Florestal uma vez que aquele natildeo explicita limites nem
permissivos e tampouco restritivos para faixas e aacutereas de preservaccedilatildeo permanente
33 O Municiacutepio de Santos Dumont
331 De Arraial a cidade
A aacuterea onde se situa hoje o municiacutepio de Santos Dumont teve sua ocupaccedilatildeo iniciada no
seacuteculo XVIII quando a Coroa Portuguesa solicitou ao entatildeo Governador do Rio de
Janeiro Artur de Saacute Menezes que abrisse um caminho que ligasse as Minas dos
Cataguases na regiatildeo de Ouro Preto (receacutem descobertas) ao Rio de Janeiro por onde
escoava os metais preciosos para a metroacutepole Surgiu assim o ldquoCaminho Novordquo e ao longo
deste caminho surgiram tambeacutem as Sesmarias aacutereas que tinham por principal objetivo
servir de pouso aos transportadores e exploradores e tambeacutem para garantir alimento a
estas pessoas Uma destas ocupaccedilotildees seria o ldquoArraial de Joatildeo Gomesrdquo (Figura 41)
primeiro nuacutecleo primitivo do municiacutepio em 1709 De iniacutecio prevaleciam somente
ranchos onde os viajantes se abrigavam mas em pouco tempo ergueu-se a Capela de Satildeo
Miguel e Almas e pequenos nuacutecleos urbanos comeccedilaram a surgir (DAPPC2008)
17
Figura 3 1 Vista parcial do Arraial de Joatildeo Gomes
Fonte Arquivo Histoacuterico de Santos Dumont-MG
Com a construccedilatildeo da Estrada de Ferro D Pedro II no final do seacuteculo XIX a regiatildeo teve
um consideraacutevel crescimento natildeo soacute populacional como tambeacutem econocircmico se tornando
a Vila Palmyra em 1889 Em 1890 Palmyra eacute elevada ao status de Municiacutepio (Figura 42)
e recebe um grande nuacutemero de melhorias no setor viaacuterio como a retificaccedilatildeo de ruas e
tambeacutem no setor de serviccedilos puacuteblicos como abastecimento de aacutegua iluminaccedilatildeo puacuteblica a
querosene e posteriormente energia eleacutetrica O desenvolvimento econocircmico na regiatildeo
tambeacutem teve seu momento aacuteureo nesse periacuteodo Induacutestrias de laticiacutenios graacuteficas e de
Carbureto de Caacutelcio fizeram parte do parque industrial de Palmyra o que atraiacutea pessoas
de outros lugares inclusive estrangeiros contribuindo para o aumento populacional da
regiatildeo Como ainda natildeo havia legislaccedilatildeo sobre uso e ocupaccedilatildeo do solo nessa eacutepoca
surgiram inuacutemeros loteamentos em aacutereas proacuteximas agrave rios e coacuterregos e tambeacutem em
encostas com declividade acentuada o que foi agravando o risco agrave medida que a ocupaccedilatildeo
aumentava (DAPPC2008)
18
Figura 3 2 Municiacutepio de Palmyra na deacutecada de 1920
Fonte Arquivo Histoacuterico de Santos Dumont-MG
O escoamento da produccedilatildeo industrial se dava pelo modal ferroviaacuterio setor que tambeacutem
movimentava a crescente cidade que era ponto importante no setor de transportes pois
possuiacutea um dos mais bem equipados depoacutesitos de locomotivas da Estrada de Ferro Central
do Brasil (DAPPC2008)
No ano de 1932 o municiacutepio de Palmyra passou a se chamar Santos Dumont (Figura 43)
em homenagem ao inventor do aviatildeo que nascera naquela cidade Nos uacuteltimos 40 anos
Santos Dumont tem experimentado uma acentuada desaceleraccedilatildeo econocircmica
consequecircncia do fechamento da grande maioria das induacutestrias principalmente as de
laticiacutenios que empregavam direta e indiretamente uma parte consideraacutevel da populaccedilatildeo
(DAPPC2008)
19
Figura 3 3 Municiacutepio de Santos Dumont em 2014
Fonte Arquivo do autor
332 Santos Dumont na atualidade
O municiacutepio de Santos Dumont localiza-se na regiatildeo da Zona da Mata mineira distante
cerca de 220 Km da capital Belo Horizonte e possui uma populaccedilatildeo de 47558 habitantes
(ODM 2015 projeccedilatildeo) numa aacuterea total de 637 kmsup2 Faz divisa com os municiacutepios de
Juiz de Fora Oliveira Fortes Bias Fortes Antocircnio Carlos Tabuleiro Piau e Ewbank da
Cacircmara
No que diz respeito agrave sua formaccedilatildeo fisiacuteco-geograacutefica a aacuterea que compreende o municiacutepio
eacute constituiacuteda predominantemente por Cambissolo Haacuteplico (70) com Latossolo
Vermelho-Amarelo (30) (UFV2010) A vegetaccedilatildeo eacute em sua maioria composta por
exemplares de Mata Atlacircntica De acordo com o IBGE(2015) Santos Dumont se localiza
a 839m de altitude O clima da regiatildeo eacute classificado como Tropical de Altitude (Cwb) e
possui uma temperatura meacutedia de 20ordmC Eacute banhado pela bacia hidrograacutefica do Paraiacuteba do
Sul e em sua maioria pertence agrave sub-bacia do Rio Pomba (IGAM) que fornece aacutegua para
abastecimento puacuteblico agrave 88 da populaccedilatildeo por meio da rede de distribuiccedilatildeo
(IBGE2010) Uma pequena parte da zona rural a sudoeste eacute banhada pela Sub-Bacia do
Rio Paraibuna mais precisamente na regiatildeo de fronteira com os municiacutepios de Juiz de
Fora e Ewbank da Cacircmara O sistema viaacuterio principal de acesso agrave cidade eacute a rodovia BR-
040 e a estrada de ferro Dom Pedro II atualmente utilizada somente para transporte de
cargas
Com a economia nos dias atuais baseada majoritariamente no setor de serviccedilos a cidade
possui um Iacutendice de Desenvolvimento humano (IDH) de 0741 (IBGE2010) Apesar do
decliacutenio econocircmico de Santos Dumont nota-se hoje um aumento no nuacutemero de
loteamentos populares e condomiacutenios horizontais e verticais entre outras edificaccedilotildees Eacute
de vital importacircncia que esse crescimento das ocupaccedilotildees seja ordenado e regulamentado
20
de forma a garantir a qualidade ambiental prevenindo deslizamentos e inundaccedilotildees Diante
dessa conjuntura o governo municipal aprovou em 2012 a Lei nordm 4241 que trata do Plano
Diretor Participativo instrumento baacutesico da poliacutetica de desenvolvimento e expansatildeo
urbana do municiacutepio de Santos Dumont
4 METODOLOGIA
41 Aacuterea de estudo
A regiatildeo dentro dos limites do municiacutepio que seraacute estudada neste trabalho eacute conforme
descrito nos anexos Plano Diretor e representada na figura 44 a aacuterea urbana principal
que possui 47 Kmsup2 e compreende a regiatildeo central da cidade e os bairros perifeacutericos regiatildeo
que concentra cerca de 90 da populaccedilatildeo total de Santos Dumont (IBGE 2015) A aacuterea
urbana principal representa 75 da aacuterea total dos 637 Kmsup2 que compreendem o
municiacutepio e eacute o local onde nos uacuteltimos 30 anos se verificou um maior crescimento
populacional e tambeacutem onde ocorre a maioria dos eventos relacionados a deslizamentos
e alagamentos por conta da ocupaccedilatildeo sem planejamento A figura 45 mostra a aacuterea
urbana principal e a localizaccedilatildeo dos bairros urbanos de Santos Dumont
Figura 4 1 Localizaccedilatildeo da aacuterea urbana principal
Fonte Google Earth
21
Figura 4 2 Mapa da aacuterea urbana principal com a localizaccedilatildeo dos bairros
Fonte Do Autor
42 Levantamento e tratamento dos dados
No desenvolvimento deste trabalho foi necessaacuterio se fazer um estudo detalhado sobre o
Plano Diretor de Santos Dumont principalmente dos seus anexos que compreendem os
mapas e a localizaccedilatildeo das aacutereas definidas pelo zoneamento proposto Para que isso fosse
possiacutevel a Secretaria Municipal de Obras e Serviccedilos Puacuteblicos forneceu todos os dados
secundaacuterios produto do estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor e do
zoneamento Estes dados incluem os arquivos Shapefile (shp) e outros documentos
integrantes do Plano Diretor Algumas informaccedilotildees foram complementadas tambeacutem com
dados adquiridos atraveacutes do site do IBGE e do Portal Objetivos do Milecircnio (ODM)
Os dados sobre as ocorrecircncias de deslizamentos e alagamentos foram obtidos atraveacutes da
Defesa Civil do municiacutepio atraveacutes do Sistema Integrado de Informaccedilotildees sobre Desastres
(S2ID) do Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional Tal sistema centraliza as informaccedilotildees sobre
desastres naturais ocorridos em todo o territoacuterio nacional facilitando a pesquisa sobre tais
eventos a qualquer cidadatildeo (BRASIL 2015)
Apesar do sistema ser bastante uacutetil os dados sobre o municiacutepio de Santos Dumont se
encontravam bastante falhos e escassos sendo necessaacuteria complementaccedilatildeo para que a
22
base de dados ficasse consistente Diante disso uma pesquisa atraveacutes dos arquivos do
Jornal Mensagem um jornal semanaacuterio local foi feita entre os anos de 1984 e 2014 e os
dados primaacuterios filtrados em uma planilha do Microsoft Excel para posterior utilizaccedilatildeo
De posse destes dados foi feita a localizaccedilatildeo em campo das coordenadas dos locais
atingidos por deslizamentos e alagamentos no periacuteodo compreendido pela pesquisa com
o auxiacutelio de um aparelho de GPS
A maioria dos arquivos shapefile utilizados para a confecccedilatildeo dos mapas satildeo parte
integrante dos anexos da Lei do Plano diretor do municiacutepio gerados no mecircs de dezembro
de 2011 pelo Instituto Nova Cidade e foram cedidos pela Secretaria Municipal de Obras
e Serviccedilos Puacuteblicos com Datum em UTM SAD 69 Com a finalidade de fornecer um
referenciamento atualizado e de acordo com os mais novos sistemas de coordenadas
utilizados no Brasil os arquivos foram convertidos para o Datum UTM SIRGAS 2000
que diferencia do SAD 69 pelo fato de ser um referencial geocecircntrico ou seja o centro
da Terra eacute o ponto de referecircncia neste sistema enquanto que o primeiro utiliza um
referencial na superfiacutecie da Terra (IBGE2014) Eacute interessante ressaltar tambeacutem que o
SIRGAS 2000 se tornou no ano de 2014 o sistema de coordenadas oficial do Sistema
Geodeacutesico Brasileiro e do Sistema Cartograacutefico Nacional ambos mantidos pelo IBGE A
combinaccedilatildeo dos shapefiles foi feita com o software livre gvSIG e com estas combinaccedilotildees
foram gerados mapas importantes resultados para a execuccedilatildeo deste trabalho A maioria
dos mapas representam a regiatildeo urbana principal de Santos Dumont e foram produzidos
numa escala em torno de 140000 que de acordo com Rocha (2007) eacute uma escala viaacutevel
pois as recomendaacuteveis para trabalhos de anaacutelise ambiental em niacutevel municipal podem ser
entre 150000 e 110000 Alguns mapas cujo detalhamento natildeo eacute necessaacuterio foram
gerados na escala 1100000
Para a geraccedilatildeo dos mapas aleacutem dos arquivos fornecidos pela Secretaria de Obras e
Serviccedilos Puacuteblicos foram utilizados para a geraccedilatildeo do modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE)
e da localizaccedilatildeo dos topos de morro dados gerados pelo sistema de radar Advanced
Spacebone Thermal Emission and Reflection Radiometer (ASTER) que geram as curvas
de niacutevel do terreno com uma resoluccedilatildeo de 30m (NASA2014) O processamento dessas
imagens foi feito pelo software livre gvSIG As imagens geradas pelos sateacutelites
LANDSAT foram adquiridas no site da United States Geological Survey (USGS) e essas
imagens possibilitaram obter um panorama preciso do uso do solo em toda a aacuterea urbana
de Santos Dumont numa resoluccedilatildeo de 15 metros uma vez que foi utilizada a banda
pancromaacutetica do sateacutelite LANDSAT 8 aleacutem da combinaccedilatildeo das bandas 65 e 4
respectivamente que eacute a combinaccedilatildeo recomendada pela mantenedora dos sateacutelites para
anaacutelises deste tipo
23
No que diz respeito a identificaccedilatildeo de APPs em topo de morro a metodologia de Oliveira
amp Fernandes Filho (2013) por utilizar as mesmas bases de dados ateacute entatildeo usadas neste
trabalho foi a mais indicada
A metodologia de anaacutelise dos mapas gerados eacute a proposta pelo professor Jorge Xavier da
Silva do Laboratoacuterio de Geoprocessamento (LAGEOP) da Universidade Federal do Rio
de Janeiro e citada por Rocha (2007) Tal metodologia analisa as variaacuteveis em questatildeo
presentes na aacuterea e permite avaliar as possibilidades de relaccedilotildees entre essas variaacuteveis De
uma maneira geral este meacutetodo verifica o estado atual da aacuterea em estudo bem como das
variaacuteveis gerando inventaacuterios que servem para a construccedilatildeo de dados planimeacutetricos sejam
com as variaacuteveis isoladas ou combinadas Estes dados planimeacutetricos geram assinaturas
que permitem inferir sobre a influecircncia dessas variaacuteveis De posse dos dados gerados pelo
processo anteriormente citado pode-se fazer algumas prospecccedilotildees sobre os riscos
ambientais que a aacuterea pode sofrer ou o seu potencial ambiental (ROCHA 2007)
5 RESULTADOS
51 Levantamento histoacuterico de alagamentos e
deslizamentos
O aumento da demanda pelo uso do solo na regiatildeo urbana de Santos Dumont
principalmente no tocante agrave formaccedilatildeo de novos loteamentos e condomiacutenios nos uacuteltimos
anos eacute consideraacutevel mas tambeacutem haacute de se observar o crescimento dos bairros jaacute existentes
com pouco ou nenhum ordenamento Em ambos os casos se observa ocupaccedilotildees
irregulares em APP o que tem ocasionado um aumento na frequecircncia de deslizamentos
e inundaccedilotildees Eacute evidente que quanto maior a densidade populacional do bairro maior a
quantidade de ocorrecircncias ao longo dos anos (SPERFELD 2009)
De acordo com as ocorrecircncias registradas pela Defesa Civil do municiacutepio obtidas atraveacutes
da literatura utilizada nos uacuteltimos 30 anos Santos Dumont chegou a decretar situaccedilatildeo de
emergecircncia por conta de desastres envolvendo deslizamentos eou alagamentos por duas
vezes num espaccedilo de 10 anos conforme pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho
(BRASIL 2014 CEPED 2011)
Segundo os dados obtidos atraveacutes de pesquisa nos arquivos do semanaacuterio entre os anos
de 1984 e 2014 pode-se verificar que nos uacuteltimos 20 anos a cidade tem experimentado
24
um aumento consideraacutevel nos eventos relacionados a deslizamentos e principalmente
alagamentos como pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho Isso pode ter sido causado
dentre outros fatores pelo aumento do nuacutemero de vias pavimentadas com material
impermeaacutevel o que tem sobrecarregado tanto a infraestrutura existente para drenagem
urbana como tambeacutem a calha dos cursos drsquoaacutegua que passam pela regiatildeo urbana do
municiacutepio (ZANON2013)
Na deacutecada de 1980 (1984-1990) de acordo com os dados obtidos natildeo foram noticiados
eventos consideraacuteveis relacionados a deslizamentos e alagamentos em Santos Dumont
mas isso natildeo exclui a possibilidade de natildeo ter ocorrido tais eventos em menor escala
Na deacutecada de 1990 aconteceram uma seacuterie de ocorrecircncias tanto de deslizamentos quanto
de alagamentos No ano de 1997 num periacuteodo chuvoso intenso aconteceram
deslizamentos consideraacuteveis em vaacuterios bairros da cidade inclusive com desabamento de
casas e de ruas principalmente nos bairros Nossa Senhora da Gloacuteria e Quarto Depoacutesito
Em 1999 ocorreram alguns pontos de alagamento nos bairros Quarto Depoacutesito e Santo
Antocircnio com grandes prejuiacutezos materiais
A deacutecada de 2000 iniciou com o registro de deslizamentos em vaacuterios bairros da cidade
inclusive com desabamento de casas e pontes e alagamentos em importantes vias do
centro da cidade Observa-se ao longo desse periacuteodo o crescimento nas ocorrecircncias de
deslizamentos e de aacutereas com risco de deslizamento em muitos bairros de Santos Dumont
Um dos fatores importantes para esse crescimento foi a grande expansatildeo sofrida pela
maioria dos bairros e a falta de planejamento e orientaccedilatildeo por parte da prefeitura uma
vez que uma boa parte do crescimento dos bairros da cidade ocorreu ou proacuteximo a cursos
drsquoaacutegua ou em aacutereas com declividade improacutepria para se fazer construccedilotildees O bairro
Coacuterrego do Ouro (Figura 51) foi o que mais sofreu com ocorrecircncias de deslizamentos
nesse periacuteodo enquanto o bairro Santo Antocircnio foi que teve mais ocorrecircncias de
alagamentos
25
Figura 5 1 Deslizamento no bairro Coacuterrego do Ouro
Fonte Portal Cabangu
No iniacutecio deacutecada de 2010 (2011-2014) o centro da cidade foi a regiatildeo que mais sofreu
com alagamentos sendo registrado pelo menos uma ocorrecircncia por ano nessa aacuterea (Figura
52) Isso pode ser relacionado dentre outros fatores com as obras de modificaccedilatildeo do
tipo de pavimentaccedilatildeo das estradas por um material impermeaacutevel gerando uma sobrecarga
nos sistemas de drenagem urbana que foram projetados para um tipo de pavimento mais
permeaacutevel implicando tambeacutem na sobrecarga calha do Ribeiratildeo das Posses o principal
curso drsquoaacutegua que corta o centro da cidade e que se encontra em quase sua totalidade
ocupada em ambas as margens que cortam o centro da cidade
26
Figura 5 2 Alagamento na regiatildeo central de Santos Dumont em 2013
Fonte Portal Cabangu
Quanto agraves ocorrecircncias de deslizamento ao longo da referida deacutecada elas estiveram
espalhadas pelos bairros do municiacutepio tendo um maior nuacutemero de ocorrecircncias nos bairros
Santo Antocircnio Nossa Senhora da Gloacuteria e Aacutegua Espraiada Nos dois primeiros bairros
citados as ocorrecircncias podem ter sido ocasionadas pelo crescimento desordenado e sem
planejamento destes e no terceiro as ocorrecircncias satildeo relacionadas ao processo de
assoreamento do Ribeiratildeo das Posses o que pode ter gerado um aumento da velocidade
desse curso drsquoaacutegua causando problemas decorrentes do transporte de sedimentos da aacuterea
onde as casas foram construiacutedas que teve como consequecircncia os deslizamentos
Em resumo como pode ser observado nas figuras 53 e 54 na tabela 51 no periacuteodo de
1984 a 2014 os bairros mais afetados por alagamentos e deslizamentos satildeo Quarto
Depoacutesito Nossa Senhora da Gloacuteria Santo Antocircnio Coacuterrego do Ouro Antocircnio Afonso
Graminha e Vila Esperanccedila sendo que o bairro Coacuterrego do Ouro possui o maior nuacutemero
de ocorrecircncias de deslizamentos e o centro da cidade possui o maior nuacutemero de
ocorrecircncias de alagamentos no periacuteodo pesquisado Vale destacar que a aacuterea propiacutecia a
alagamentos no bairro Antocircnio Afonso natildeo identificada no estudo realizado pela
prefeitura constitui-se efetivamente numa aacuterea de risco conforme levantamento histoacuterico
realizado Esta aacuterea de risco se deve agrave diferenccedila de niacutevel negativa entre o rio Pinho e a
aacuterea do bairro estando este em desniacutevel com um risco iminente de inundaccedilotildees resultantes
da cheia desse curso drsquoaacutegua causando inuacutemeros transtornos aos moradores do local
27
Figura 5 3 Pontos de Alagamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico
Fonte Do autor
Figura 5 4 Pontos de deslizamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico
Fonte Do autor
28
Tabela 51 Ocorrecircncias de alagamentos e deslizamentos obtidos atraveacutes do
levantamento histoacuterico
Pontos de ocorrecircncia (1984-2014)
Bairros Alagamento Deslizamento
Aacutegua Espraiada 1 1
Antocircnio Afonso 1 0
Barra 0 1
Centro 7 1
Coacuterrego do Ouro 1 7
Flores 0 1
Graminha 1 0
Jardim Jaraguaacute 0 1
N Sra da Gloacuteria 0 4
N Sra das Graccedilas 1 0
Quarto Depoacutesito 3 2
Santo Antocircnio 4 2
Satildeo Sebastiatildeo 0 1
Vila Esperanccedila 0 1
Fonte Do autor
De acordo com o estudo realizado na elaboraccedilatildeo do Plano Diretor pela prefeitura
municipal observa-se que os bairros que possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a
deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do Ouro e Vila Esperanccedila enquanto que os que
possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a alagamento satildeo o Centro da cidade e os
bairros Satildeo Sebastiatildeo Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio por estarem agraves margens do
Ribeiratildeo das Posses um curso drsquoaacutegua que sofre com inundaccedilotildees perioacutedicas devido ao
severo assoreamento em algumas regiotildees e tambeacutem devido ao acuacutemulo de lixo descartado
pelos moradores do entorno irregularmente De acordo com o estudo realizado quando da
elaboraccedilatildeo do Plano Diretor do municiacutepio foram feitos estudos sobre as aacutereas propensas
a deslizamentos e alagamentos na regiatildeo urbana principal Tais aacutereas satildeo as destacadas
nas Figuras 55 e 56 No levantamento histoacuterico realizado pode-se identificar que os
bairros que possuem mais aacutereas propensas a deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do
Ouro Nossa Senhora da Gloacuteria Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio enquanto que os bairros
mais propensos a alagamentos satildeo os bairros Centro Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio
como observado na tabela 51
29
Figura 5 5 Aacutereas propensas a deslizamento de acordo com o Plano Diretor de
Santos Dumont
Fonte Google Earth e Lei 42412012
Figura 5 6 Aacutereas propensas a alagamento de acordo com o Plano Diretor de
Santos Dumont
Fonte Google Earth e Lei 42412012
30
Comparando-se os mapas obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico com o mapa gerado
pelo estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor nota-se que haacute semelhanccedilas em
algumas aacutereas mas ao se levar em conta o produto gerado pela pesquisa histoacuterica o
estudo necessitaria ser complementado haja vista que ele natildeo compreende por exemplo
o ponto de alagamento no bairro Antocircnio Afonso citado anteriormente e alguns pontos de
deslizamento importantes uma vez que satildeo regiotildees onde haacute ocupaccedilatildeo Esse fato evidencia
a necessidade de se buscar vaacuterias fontes primaacuterias e secundaacuterias para se detectar aacutereas de
risco em um municiacutepio incluindo arquivos da imprensa local afim de se produzir uma
base de dados consistente e com o menor nuacutemero de falhas possiacutevel (CEPED 2014) Com
a uniatildeo dos dois estudos foram gerados os mapas apresentados nas Figuras 57 e 58
Aleacutem do mais observando as figuras 57 e 58 pode-se notar que uma boa parte tanto dos
casos de alagamento quanto de deslizamento estatildeo na faixa de APP de curso hiacutedrico o
que ilustra a importacircncia da preservaccedilatildeo destas aacutereas
Figura 5 7 Aacutereas propensas a alagamento do estudo do Plano Diretor
complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento
Fonte Do Autor
31
Figura 5 8 Aacutereas propensas a deslizamento do estudo do Plano Diretor
complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento
Fonte Do Autor
Atraveacutes da combinaccedilatildeo entre estes dois levantamentos procurou-se alimentar a base de
dados e garantir uma consistecircncia maior desta no que diz respeito a aacutereas de deslizamento
e alagamento podendo inclusive se identificar a suscetibilidade de uma determinada
regiatildeo da cidade a um ou outro evento (CEPED2014)
512 O Plano diretor e as APPs
Nos uacuteltimos anos o Brasil experimentou um forte fenocircmeno de migraccedilatildeo do campo para
as aacutereas urbanas De acordo com o IBGE no periacuteodo de 1940 a 2000 houve um aumento
de cerca de 60 do nuacutemero de pessoas que vivem em cidades (SILVA JR 2006) O
processo de planejamento e ordenamento do uso do solo nessas aacutereas deveria ter
acompanhado esse crescimento ao longo dos anos a fim de garantir a qualidade de vida e
a seguranccedila dos migrantes ao se instalarem nas cidades o que natildeo ocorreu e o que se
observa atualmente satildeo ocupaccedilotildees em aacutereas improacuteprias para moradia sem a infraestrutura
baacutesica necessaacuteria e com risco iminente de deslizamentos eou inundaccedilotildees
O Plano Diretor do municiacutepio de Santos Dumont em seu capiacutetulo IV que versa sobre o
uso e ocupaccedilatildeo do solo explicita regras para o ordenamento do territoacuterio que compreende
o municiacutepio com base nos diferentes usos do solo de acordo com sua compatibilidade o
32
que acabou por resultar num zoneamento de todo o municiacutepio em macrozonas conforme
citado na seccedilatildeo 3231 de acordo com os usos atuais e futuros do solo Aleacutem de dividir
estas macrozonas em urbanas e rurais tambeacutem avaliou e classificou estas aacutereas com base
numa seacuterie de fatores ambientais geoloacutegicos culturais e sociais de forma a se fazer um
zoneamento coerente com os atuais usos do solo e seu potencial de uso futuro Apresenta-
se na Figura 59 este zoneamento na aacuterea urbana principal de Santos Dumont
Figura 5 9 Zoneamento urbano da aacuterea urbana principal
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Lei 42412012
Tomando como referecircncia o Novo Coacutedigo Florestal brasileiro em especial os paracircmetros
estabelecidos para a definiccedilatildeo de APP e utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento
atraveacutes do software Vista SAGA relacionou-se as APPs existentes na aacuterea em estudo com
as regiotildees propiacutecias a alagamentos e deslizamentos de acordo com o estudo feito quando
da elaboraccedilatildeo do Plano Diretor afim de se identificar qual ou quais aacutereas possuem estes
problemas e se estatildeo relacionados com o uso do solo irregular em APP
Ao se aplicar a metodologia proposta por Oliveira amp Fernandes Filho (2013) natildeo foram
identificadas dentro da aacuterea de estudo APPs de topos de morro sendo este tipo de APP
descartada portanto das anaacutelises subsequentes deste trabalho Foram consideradas as
APP de curso hiacutedrico (rios e nascentes) e de declividade visando relacionaacute-las as aacutereas
de risco identificadas pela Prefeitura afim de se verificar as possiacuteveis causas da ocorrecircncia
33
destas aacutereas na regiatildeo urbana do municiacutepio Por meio de combinaccedilotildees entre dois mapas
temaacuteticos utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento foi possiacutevel obter as
assinaturas ou seja tabelas que caracterizam quantitativamente a aacuterea afetada por cada
aspecto visto que a simples visualizaccedilatildeo do mapa gerado pelo geoprocessamento muitas
vezes eacute prejudicada por serem aacutereas de pequenas dimensotildees ou por qualquer outra
limitaccedilatildeo do software Ressalta-se que para a elaboraccedilatildeo do Plano Municipal de Reduccedilatildeo
de riscos a identificaccedilatildeo e detalhamento topograacutefico destas aacutereas eacute fundamental para o
desenvolvimento do referido Plano conforme seraacute abordado detalhadamente na seccedilatildeo
52
De posse do mapa que representa o zoneamento urbano de Santos Dumont primeiramente
procurou-se mensurar qualitativa e quantitativamente a presenccedila de APPs tanto de
declividade quanto de cursos hiacutedricos Essa identificaccedilatildeo eacute importante pois este
zoneamento eacute um dos instrumentos de planejamento municipal (BRASIL 2001) Saboya
(2007) aponta que os principais objetivos de um zoneamento satildeo o controle da expansatildeo
urbana e proteccedilatildeo de aacutereas inadequadas a ocupaccedilatildeo aleacutem de reduzir os conflitos inerentes
aos diferentes usos do solo Com o uso da ferramenta ldquoCombinarrdquo do Vista SAGA foram
feitas combinaccedilotildees entre o mapa de hidrografia com buffer de 30m para rios e coacuterregos e
de 50m para nascentes com o mapa do zoneamento para se verificar a importacircncia das
APPs de curso hiacutedrico em toda a aacuterea urbana principal do municiacutepio Tambeacutem foram
combinados o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) obtido atraveacutes do gvSIG com o mapa
de zoneamento afim de se verificar quantitativamente as APPs de declividade e onde se
localizam Vale ressaltar que as declividades entre 30 e 47 estatildeo presentes nesta
combinaccedilatildeo pois de acordo com o Plano Diretor de Santos Dumont terrenos com esta
faixa de declividade para fins de parcelamento devem possuir estudo teacutecnico que ateste
a viabilidade de se promover algum empreendimento imobiliaacuterio neste (SANTOS
DUMONT 2012) Como a legislaccedilatildeo municipal prevecirc estudo somente para a faixa de
declividade descrita anteriormente para fins de anaacutelise neste trabalho consideramos um
valor mais conservador para APP compreendendo a faixa de 47 a 100 aleacutem da
prevista pela legislaccedilatildeo federal (gt100) para que natildeo houvessem lacunas importantes na
geraccedilatildeo do produto
Apresenta-se na Figura 510 aacutereas com declividades consideradas de risco e consideradas
APP e em qual zona de planejamento elas estatildeo inseridas De um modo geral ao se
observar a Tabela 52 nota-se que a aacuterea que compreende declividades de risco e APP eacute
uma pequena parcela da aacuterea urbana principal representando 061 desta aacuterea Ao se
levar em conta somente a localizaccedilatildeo pode-se verificar que cerca de 84 das aacutereas com
declividade de risco e a totalidade das APPs de declividade estatildeo localizadas na ZAC1
zona que compreende a maior parte do municiacutepio e apesar de possuir infraestrutura baacutesica
para a ocupaccedilatildeo esta eacute restrita Sendo assim o fator declividade deve ser visto com cautela
nesta aacuterea para se evitar transtornos advindos de edificaccedilotildees nestas aacutereas
34
Figura 5 10 Combinaccedilatildeo entre as declividades importantes incluindo as APPs e o
zoneamento urbano
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Do autor
Tabela 52 Assinaturas da combinaccedilatildeo Declividade x Zoneamento
Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea
Natildeo APP 457972 9939
Declividade 30-47 em ZAC1 2368 051
Declividade 30-47 em ZE 284 006
Declividade 30-47 em ZAC2 128 003
Declividade 30-47 em ZPA 004 0001
APP Declividade em ZAC1 048 001
Total 460804 100
Fonte Do autor
Apresenta-se na Figura 511 as APPs de curso hiacutedrico (nascentes e rios) e em qual zona
de planejamento estatildeo localizadas Assim como a declividade a maior parte das APPs de
curso hiacutedrico estatildeo localizadas em ZAC1 representando 383 da aacuterea urbana em estudo
e 51 do total das APPs de curso hiacutedrico Esta questatildeo tambeacutem deve ser vista com
bastante criteacuterio pelos gestores locais uma vez que a ocupaccedilatildeo em faixas proacuteximas de
rios e coacuterregos podem causar uma gama de problemas ambientais e sociais na regiatildeo
(SANTANA2011) Tal cuidado tambeacutem deve ser tomado nas APPs compreendidas na
35
ZAC2 que compreende 001 da Aacuterea urbana principal e 14 do total das APPs de curso
hiacutedrico pois a infraestrutura baacutesica e acessibilidade presente nesta zona eacute precaacuteria e a
ocupaccedilatildeo as margens de cursos hiacutedricos pode gerar problemas seacuterios caso ocorra uma
expansatildeo nestas aacutereas
Figura 511 Combinaccedilatildeo entre APP de curso hiacutedrico e as zonas de planejamento
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Do autor
Outro ponto importante eacute a presenccedila da Zona de Proteccedilatildeo Ambiental (ZPA) no entorno
uma consideraacutevel parte dos cursos hiacutedricos Nesta zona estatildeo presentes 28 das APPs de
curso hiacutedrico e esta zona de acordo com o Plano Diretor deve ser restaurada ou
preservada por suas caracteriacutesticas geoloacutegicas topograacuteficas e bioloacutegicas
Afim de se verificar os usos do solo na regiatildeo em estudo foram utilizadas combinaccedilotildees
de imagens advindas do sateacutelite Landsat 8 nas bandas descritas no capiacutetulo 4 aleacutem da
banda pancromaacutetica O resultado eacute apresentado na figura 512 que mostra os principais
usos do solo na aacuterea urbana principal de Santos Dumont
36
Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x Zoneamento
Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea
Hidrografia 11168 239
Aacuterea Urbana Natildeo APP 421004 9008
APP Curso hiacutedrico em ZAC1 179 383
APP Curso hiacutedrico em ZPA 9776 209
APP Curso hiacutedrico em ZE 184 004
APP Curso hiacutedrico em ZA 1192 026
APP Curso hiacutedrico em ZAC2 5124 110
APP Curso hiacutedrico em ZPPH 248 005
APP Curso hiacutedrico em ZEIS 568 012
APP Curso hiacutedrico em ZCA 228 005
Total 467392 10000
Fonte Do autor
Figura 5 12 Mapa de usos do solo da aacuterea urbana principal de Santos Dumont
Fonte Do autor
Como jaacute era previsto a maior parte da aacuterea urbana se encontra ocupada e eacute nesta regiatildeo
ocupada que se observa a maior concentraccedilatildeo de problemas de deslizamentos e
alagamentos (Figuras 513 e 514) A grande ocupaccedilatildeo em aacutereas consideradas APP de
curso hiacutedrico de acordo com os mapas gerados pode ser a principal causa do aumento a
cada ano dos casos de alagamento principalmente na regiatildeo central da cidade Outro ponto
que se deve atentar eacute a existecircncia de uma consideraacutevel aacuterea de pastagem pouco vegetada
que caso estejam em aacutereas elevadas pode contribuir para deslizamentos e agraves margens de
37
rios e coacuterregos para o assoreamento destes corpos hiacutedricos o que pode causar
alagamentos (INAacuteCIO etal 2007)
Diante destes resultados pode-se ver que a cidade de Santos Dumont necessita alternativas
efetiva no que diz respeito agrave contenccedilatildeo de deslizamentos e a reduccedilatildeo de risco de
alagamento pois as aacutereas em que ocorrem tais eventos satildeo distintas e facilmente definidas
devido agrave repeticcedilatildeo destes nos uacuteltimos anos Um plano de accedilatildeo integrado entre as diferentes
secretarias municipais (Obras Meio Ambiente Assistecircncia Social entre outras) e a
Coordenadoria Municipal de Defesa Civil deve ser realizado afim de se tomar medidas
natildeo mais preventivas mas sim preditivas para que se possa conter o avanccedilo destes
problemas na aacuterea urbana principal bem como em toda a aacuterea do municiacutepio
Figura 5 13 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na aacuterea urbana
principal
Fonte Do autor
38
Figura 5 14 Aacutereas sujeitas a alagamento e os principais usos do solo na aacuterea
urbana principal
Fonte Do autor
Ao se associar os dados do estudo do Plano Diretor com os dados do levantamento
histoacuterico realizado com o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) pode-se notar que as aacutereas
propiacutecias a deslizamento estatildeo em regiotildees as quais haacute uma fronteira de declividades ou
seja eacute evidente que os deslizamentos ocorrem em encostas um pouco mais iacutengremes mas
natildeo necessariamente nas encostas de 30-47 as quais exigem estudo teacutecnico conforme o
plano diretor preconiza Quanto aos alagamentos nota-se que eles se localizam nas aacutereas
com menor ou nenhuma declividade podendo ser estas aacutereas talvez componentes da
planiacutecie de inundaccedilatildeo dos rios Estes resultados podem ser vistos nas figuras 515 e 516
a seguir
39
Figura5 15 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a deslizamentos na
regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
Fonte Lei 42412012 e Autor
Figura5 26 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a alagamentos na
regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
Fonte Lei 42412012 e Autor
40
52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis
O processo de ocupaccedilatildeo no municiacutepio de Santos Dumont comeccedilou muito antes de
qualquer legislaccedilatildeo relacionada a ordenamento urbano e de proteccedilatildeo do meio ambiente
fosse implementado no Brasil Esse fato aliado a poliacuteticas e fiscalizaccedilotildees falhas
contribuiacuteram para a ocupaccedilatildeo e expansatildeo da aacuterea urbana ao longo do Ribeiratildeo das Posses
e seus afluentes o que tem gerado o aumento da degradaccedilatildeo destes corpos hiacutedricos ao
longo de todos estes anos Observa-se tambeacutem que nas uacuteltimas deacutecadas ocorreu um
grande nuacutemero de migraccedilotildees do campo para a regiatildeo urbana da cidade fator que
contribuiu para o crescimento do nuacutemero de habitaccedilotildees em aacutereas de risco de deslizamento
e alagamentos por serem na maioria das vezes terrenos menos valorizados e por este
motivo acessiacuteveis a populaccedilatildeo com menor poder aquisitivo (ROSA amp CORTEZ 2008)
Vale ressaltar que esta questatildeo aleacutem de ser ambiental eacute muito mais social pois os
moradores entendem os riscos de se viver nestes locais mas por motivos econocircmicos ou
por questotildees afetivas natildeo abrem matildeo da moradia nessas aacutereas A Constituiccedilatildeo Federal de
1988 promoveu a inter-relaccedilatildeo das questotildees sociais com as questotildees ambientais quando
colocou o meio ambiente como direito coletivo (BRASIL1988 SOUZA2010) Por este
motivo a decisatildeo por medidas draacutesticas que favoreccedilam apenas agrave preservaccedilatildeo do meio
ambiente natildeo eacute recomendada pois aleacutem de ser inconstitucional podem afetar a
sustentabilidade econocircmica do municiacutepio e gerar conflitos sociais consideraacuteveis
(CARLOS 1992 apud SOUZA 2010)
Segundo Bueno (2009) ldquonem tudo o que eacute irregular eacute precaacuteriordquo Esse fato se observa em
Santos Dumont uma vez que em boa parte da regiatildeo central se observa vaacuterias moradias
construiacutedas na faixa de APP de curso hiacutedrico o que natildeo eacute permitido pela legislaccedilatildeo
vigente e eacute um dos fatores que contribui para a ocorrecircncia de alagamentos nesta aacuterea da
cidade Para a resoluccedilatildeo deste problema o que seria mais viaacutevel seria a melhoria da
infraestrutura de drenagem urbana afim de que o escoamento da aacutegua das chuvas natildeo
sobrecarregasse o sistema (BUENO2009) A construccedilatildeo de bacias de contenccedilatildeo de
cheias ao longo do Ribeiratildeo das Posses tambeacutem seria uma alternativa mas para se verificar
a viabilidade necessita-se estudos mais aprofundados do ponto de vista hidroloacutegico
O grande problema a ser solucionado no entanto eacute o que diz respeito agraves aacutereas de risco
de deslizamento majoritariamente nos bairros A melhor alternativa seria o
remanejamento dos moradores para uma aacuterea proacutexima agrave que moram poreacutem longe do
risco Poreacutem esta alternativa de acordo com Rosa Filho amp Cortez (2008) encontra alguns
entraves pois estas pessoas na maioria das vezes natildeo tecircm condiccedilotildees financeiras de irem
para outro lugar ou pagar aluguel ou estatildeo de alguma forma sentimentalmente ligadas
agravequela regiatildeo que se recusam a deixaacute-lo
41
Por parte dos oacutergatildeos competentes no municiacutepio a criaccedilatildeo de um plano para se evitar
acidentes ocasionados por deslizamentos e alagamentos com um mapeamento detalhado
de toda a extensatildeo do municiacutepio eacute extremamente uacutetil Os estudos que seratildeo feitos para a
elaboraccedilatildeo deste plano poderatildeo definir quais as aacutereas satildeo potencialmente de risco para as
ocupaccedilotildees existentes ou para as potenciais ocupaccedilotildees que possam vir a ocorrer atraveacutes do
mapeamento das aacutereas de risco Tal planejamento seraacute auxiliar ao Plano Diretor
Municipal pois definiraacute o real uso do solo de determinada regiatildeo do municiacutepio
contribuindo para a adequaccedilatildeo do uso e ocupaccedilatildeo do solo afim de evitar ou reduzir o
nuacutemero de problemas relacionados a alagamentos e principalmente deslizamentos no
periacutemetro urbano (TOMINAGA 2009) A partir deste plano os gestores locais poderatildeo
tomar a melhor decisatildeo para a prevenccedilatildeo ou reduccedilatildeo dos riscos inerentes a tais problemas
Na seccedilatildeo 521 seraacute hierarquizado de forma preliminar a aacuterea urbana principal de acordo
com os resultados da tabela 51
521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta
O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos (PMRR) foi criado atraveacutes de accedilotildees
regularizadoras do Ministeacuterio das Cidades para ser o instrumento de gestatildeo e
gerenciamento de aacutereas de risco em um municiacutepio Eacute um documento que aleacutem de
estabelecer quais regiotildees satildeo consideradas de risco tambeacutem objetiva a proposta de
medidas estruturais ou natildeo para contenccedilatildeo eou prevenccedilatildeo de cataacutestrofes aleacutem de ser um
meio de captaccedilatildeo de recursos financeiros junto aos Governos Estadual e Federal Estes
recursos poderatildeo ser utilizados para a realizaccedilatildeo de obras que visem a melhoria da
qualidade de vida da populaccedilatildeo do entorno ou de recuperaccedilatildeo da aacuterea degradada Este
plano eacute realizado de forma participativa com as comunidades das aacutereas de risco e pode
ser realizado em sete fases conforme recomenda o Ministeacuterio das Cidades (ALHEIROS
2006)
O primeiro passo para a realizaccedilatildeo do PMRR eacute definir qual a metodologia seraacute empregada
levando-se em consideraccedilatildeo a realidade atual do municiacutepio e especificar de forma sucinta
um cronograma das atividades Eacute importante nesta fase a participaccedilatildeo tambeacutem dos
responsaacuteveis pelas mais variadas Secretarias Municipais afim de explicitar o tamanho da
importacircncia e o caraacuteter integrador deste plano A segunda fase deste plano objetiva a
criaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo da principal base de dados a ser utilizada nos passos posteriores o
mapeamento de risco em escala detalhe em torno de 13000 (SAtildeO PAULO 2014) A
elaboraccedilatildeo de um mapeamento detalhado propiciaraacute natildeo soacute a identificaccedilatildeo mais faacutecil das
aacutereas de risco como tambeacutem facilitaraacute aos gestores e agrave comunidade decidirem qual a
melhor intervenccedilatildeo para a soluccedilatildeo ou remediaccedilatildeo dos problemas em uma determinada
42
aacuterea hierarquizando o risco e definindo prioridades (SAtildeO PAULO 2014) Na tabela a
seguir apresenta-se alguns tipos de intervenccedilotildees que podem ser feitas em aacutereas de risco
sugeridas pelo Ministeacuterio das cidades (ALHEIROS 2006)
Quadro 5 1 - Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco
Tipo de intervenccedilatildeo Descriccedilatildeo
Serviccedilos de limpeza e Recuperaccedilatildeo
Remoccedilatildeo de entulho lixo etc
corte de aacutervores
remoccedilatildeo de bananeiras
recuperaccedilatildeo eou limpeza de sistemas de
drenagem esgotos e acessos
Limpeza de canais de drenagem
Proteccedilatildeo Vegetal
Proteccedilatildeo superficial vegetal (gramiacuteneas) em
taludes com solo exposto
Proteccedilatildeo vegetal de margens de canais de
drenagem
Barreiras vegetais para massas escorregadas
ou acumuladas pela erosatildeo
Drenagem Superficial e Acessos
Sistema de drenagem superficial (canaletas
raacutepidos caixas de transiccedilatildeo escadas drsquoaacutegua)
Acessos para pedestres (escadarias rampas
etc) integrados ao sistema de drenagem
Revestimento de Taludes Revestimento com materiais artificiais
cimentado cal-jet tela argamassada alvenaria
de tijolos ceracircmicos solo-cimento ensacado
Desmonte de blocos e matacotildees Desmonte de concreccedilotildees de grande porte
blocos rochosos e matacotildees
Obras de drenagem de subsuperfiacutecie Sistema de drenagem de subsuperfiacutecie
(trincheiras drenantes DHP poccedilos de
rebaixamento)
Estruturas de contenccedilatildeo (localizadas)
Muros de contenccedilatildeo de pequeno porte (solo-
cimento ensacado alvenaria de pedra-rachatildeo
concreto armado)
Estruturas de contenccedilatildeo localizadas
(chumbadores tirantes microestacas)
Contenccedilatildeo e proteccedilatildeo de margens de canais (
gabiotildees muros de concreto etc)
Estruturas de contenccedilatildeo (meacutedio e grande porte) Implantaccedilatildeo de estruturas de contenccedilatildeo de
meacutedio e grande porte envolvendo obras de
contenccedilatildeo passivas e ativas (muros de
gravidade cortinas etc)
Terraplanagem Execuccedilatildeo de serviccedilos de terraplanagem
combinados a obras de drenagem superficial e
proteccedilatildeo vegetal desvio e canalizaccedilatildeo de
coacuterregos
Remoccedilatildeo de moradias Remoccedilotildees definitivas para implantaccedilatildeo de
obras ou devido agrave localizaccedilatildeo improacutepria da
edificaccedilatildeo (Priorizar as relocaccedilotildees dentro da
proacutepria aacuterea em local seguro)
Fonte ALHEIROS 2006
43
Escolhidas as formas de intervenccedilatildeo para cada aacuterea eacute necessaacuterio realizar uma estimativa
dos custos afim de preparar o orccedilamento da prefeitura para a realizaccedilatildeo das obras e se
seraacute necessaacuterio a captaccedilatildeo de recursos externos para a execuccedilatildeo destas Feitas as
estimativas de custo o proacuteximo passo eacute definir as prioridades e para esta fase eacute tambeacutem
uacutetil o mapeamento feito nas etapas anteriores pois seraacute necessaacuterio hierarquizar tais
intervenccedilotildees nas aacutereas de risco O Ministeacuterio das Cidades (2007) sugere alguns criteacuterios
que podem ser avaliados pelo gestor dentre eles pode-se citar
Grau de risco
Populaccedilatildeo beneficiada
Custo da intervenccedilatildeo
Dimensatildeo da aacuterea a ser tratada
Demandas anteriores da populaccedilatildeo
Tempo de ocupaccedilatildeo
Viabilidade teacutecnica da intervenccedilatildeo
Viabilidade financeira
Inclusatildeo da aacuterea em outros projetos
A partir desta hierarquizaccedilatildeo inicia-se a identificaccedilatildeo de provaacuteveis fontes de captaccedilatildeo de
recursos para a execuccedilatildeo das intervenccedilotildees Estes recursos podem advir de programas dos
governos Federal e Estadual ou por meio de editais para captaccedilatildeo de recursos financeiros
tanto do setor puacuteblico como da iniciativa privada e podem ser tambeacutem associados agrave outras
Secretarias Municipais como a de Turismo ou Meio Ambiente e natildeo soacute as destinadas agrave
Defesa Civil (ALHEIROS 2006)
Eacute previsto tambeacutem no PMRR uma avaliaccedilatildeo da Defesa Civil municipal e como ela estaacute
estruturada fazendo inclusive sugestotildees para que sua atuaccedilatildeo esteja em consonacircncia com
a realidade das comunidades e da Administraccedilatildeo Puacuteblica do municiacutepio de forma a garantir
sua sustentabilidade e conquistar a credibilidade da populaccedilatildeo no que diz respeito a
prevenccedilatildeo de cataacutestrofes Para que a resposta a uma determinada situaccedilatildeo de risco seja
raacutepida eacute necessaacuterio a descentralizaccedilatildeo da Defesa Civil criando pequenos nuacutecleos
comunitaacuterios com a finalidade de se monitorar a aacuterea constantemente e promover as
intervenccedilotildees necessaacuterias em tempo haacutebil o que aumenta em muito a credibilidade da
populaccedilatildeo no PMRR e no trabalho desempenhado pela Defesa Civil no municiacutepio Apoacutes
esta etapa o PMRR passaraacute por audiecircncias puacuteblicas e posteriormente poderaacute ser aprovado
como Lei Municipal pelo Legislativo local (ALHEIROS 2006)
Com a realizaccedilatildeo deste plano o municiacutepio estaraacute munido de informaccedilotildees suficientes para
realizar accedilotildees efetivas de gestatildeo e gerenciamento de riscos bem como aliado a
levantamentos sociais realizar programas habitacionais que beneficiem prioritariamente
44
aos moradores das aacutereas de risco Aleacutem disso com o PMRR o municiacutepio poderaacute melhorar
a qualidade ambiental da populaccedilatildeo captando recursos para a recuperaccedilatildeo das aacutereas de
APP que foram degradadas pelas ocupaccedilotildees irregulares beneficiando todos os moradores
do municiacutepio com o aumento da qualidade de vida na cidade
A partir do disposto nesta seccedilatildeo acerca do Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos e de
uma maneira preliminar (levando-se em conta apenas o nuacutemero de registros de
alagamentos e deslizamentos na aacuterea urbana principal de Santos Dumont no periacuteodo de
1984 a 2014) identificou-se trecircs regiotildees distintas na aacuterea urbana do municiacutepio com
tempo de recorrecircncia desses eventos similares caracterizando trecircs prioridades de
intervenccedilatildeo em contenccedilatildeo de risco como pode ser visto nas figuras 515 e 516 Vale
ressaltar que eacute necessaacuterio um estudo mais detalhado inclusive com visitas teacutecnicas a
campo para que se confirme a real situaccedilatildeo destas e a real prioridade para investimentos
Figura 5 17 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de deslizamentos
Fonte Do Autor
45
Figura 5 18 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de alagamentos
Fonte Do Autor
46
6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees
A seguir apresenta-se as conclusotildees e as recomendaccedilotildees feitas a partir dos objetivos
especiacuteficos explicitados no iniacutecio deste trabalho
Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a
aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes
urbanos
A partir da revisatildeo da legislaccedilatildeo pertinente em acircmbito federal estadual e
municipal constatou-se que o Plano Diretor de Santos Dumont natildeo conflita com a
legislaccedilatildeo federal e estadual sobre Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente A legislaccedilatildeo
municipal foi entendida como mais conservadora que as federal e estadual uma
vez que considera implicitamente que declividades entre 47 e 100 satildeo
enquadradas como APPs aleacutem da faixa superior a 100
Parte consideraacutevel das ocupaccedilotildees em APP principalmente na regiatildeo do bairro
Santo Antocircnio (onde surgiu os primeiros nuacutecleos que deram origem ao municiacutepio)
e o centro da cidade ocorreram antes de que fosse elaborado qualquer legislaccedilatildeo
que versasse sobre o tema Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente bastando ao gestor
local tomar medidas de contenccedilatildeo de riscos que minimizem os impactos causados
por essas ocupaccedilotildees nessa regiatildeo
O ordenamento adequado do uso do solo no municiacutepio eacute necessaacuterio para que o
crescimento dos loteamentos criados anteriormente agrave esta Lei e o surgimento de
novos natildeo avance para Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente o que pode causar
inuacutemeros problemas aos moradores e agravar os jaacute existentes
Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las
com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)
As aacutereas onde houveram a maior quantidade de registros de deslizamentos satildeo os
bairros mais populosos de Santos Dumont podendo se estabelecer uma relaccedilatildeo
que quanto mais populoso o bairro maior a quantidade de problemas relacionados
a deslizamentos Tambeacutem pode-se notar uma relaccedilatildeo com as fronteiras das faixas
de declividades e os deslizamentos uma vez que boa parte deles aconteceram
nestas faixas
As aacutereas onde houve um grande nuacutemero de registros de alagamentos satildeo os bairros
que se desenvolveram agraves margens do Ribeiratildeo das Posses em especial na aacuterea que
47
compreende as APPs de curso hiacutedrico e em aacutereas onde a declividade eacute baixa Esse
fato aliado ao crescimento do nuacutemero de vias pavimentadas com material
impermeaacutevel e a natildeo expansatildeo e ou redimensionamento da rede de drenagem
urbana contribuiacuteram para a ocorrecircncia cada vez mais constante de alagamentos
nessas aacutereas
Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos
catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30
anos
A partir do levantamento histoacuterico realizado e da base de dados georeferenciada
gerada observou-se o aumento do nuacutemero de registros de deslizamentos e
alagamentos nos uacuteltimos 10 anos quando as ocorrecircncias comeccedilaram a se repetir
numa mesma aacuterea com frequecircncia incrementada as vezes com mais de uma
ocorrecircncia anual
Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do
solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental
Destaca-se a adequaccedilatildeo dos criteacuterios gerais estabelecidos pelo Plano Diretor de
Santos Dumont relativos a legislaccedilatildeo federal e estadual Entretanto o referido
Plano Diretor natildeo contempla todo o territoacuterio municipal sendo assim ele natildeo
cumpre o objetivo de proteger as APPs preservadas e recuperar as que foram
degradadas em todo o territoacuterio municipal Ressalta-se tambeacutem a sua natildeo
conformidade com o Estatuto das Cidades uma vez que o Plano Diretor
contempla apenas os novos loteamentos
Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais
negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea
impactada
Recomenda-se a implantaccedilatildeo no municiacutepio de uma Coordenadoria Municipal de
Defesa Civil atuante e integrada agraves Secretarias Municipais e agrave comunidade
visando uma atuaccedilatildeo eficaz nos problemas relacionados a deslizamentos e
alagamentos A elaboraccedilatildeo de um Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos eacute de
suma importacircncia pois atraveacutes dele pode-se predizer as aacutereas que passaratildeo por
problemas caso a expansatildeo aconteccedila ou se inicie uma ocupaccedilatildeo nova aleacutem de
prevenir acidentes nas aacutereas jaacute ocupadas e consideradas de risco
48
7 Anexos
49
71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont
50
51
72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)
52
53
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Campos de Goytacazes- RJ Boletim do Observatoacuterio Ambiental Alberto Ribeiro Lamego
v4 nordm 1 Campos de Goytacazes 2010
SPERFELD A S Identificaccedilatildeo e anaacutelise de demandas soacutecio ambientais de ordem
puacuteblica em aacutereas urbanas susceptiacuteveis a desastres naturais no municiacutepio de Joinville
SC Dissertaccedilatildeo de Mestrado UFSC Florianoacutepolis 2009
TAKEDA T O Uso e ocupaccedilatildeo do solo urbano Disponiacutevel em
httpwwwjuriswayorgbrv2dhallaspid_dh=12363 Acesso em 02 de junho de 2015
TOMINAGA LK Escorregamentos In TOMINAGA L K et al(org) Desastres
naturais conhecer para prevenir Instituto Geoloacutegico Satildeo Paulo 2009 p 25-38
UFV ndash Universidade Federal de Viccedilosa Mapa de solos do Estado de Minas Gerais
legenda expandida Centro Tecnoloacutegico de Minas Gerais FEAM Belo Horizonte 2010
ZANON F N Uso e ocupaccedilatildeo da terra e vulnerabilidade a alagamento na aacuterea central
da cidade de Satildeo Paulo O caso da subprefeitura da Seacute Trabalho de Graduaccedilatildeo UNESP
Rio Claro 2013
ii
Igor Nogueira de Oliveira
O USO DO SOLO URBANO EM AacuteREAS DE
PRESERVACcedilAtildeO PERMANENTE
ESTUDO DE CASO NO MUNICIacutePIO DE SANTOS
DUMONT - MG
Trabalho Final de Curso apresentado ao Colegiado
do Curso de Engenharia Ambiental e Sanitaacuteria da
Universidade Federal de Juiz de Fora como
requisito parcial agrave obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Engenheiro
Ambiental e Sanitarista
Aacuterea de concentraccedilatildeo Engenharia Ambiental
Aacuterea de pesquisa Geoprocessamento Aplicado
Orientador Otaacutevio Eurico de Aquino Branco
Juiz de Fora
Faculdade de Engenharia da UFJF
2016
iii
AGRADECIMENTOS
Agradeccedilo agrave todos que colaboraram direta e indiretamente para a elaboraccedilatildeo deste
trabalho em primeiro lugar a Deus por ter dado a mim a oportunidade de viver esses
maravilhosos anos na Academia agrave minha famiacutelia de um modo especial agrave meu pai Geraldo
e minha matildee Maria das Dores e ao meu irmatildeo Iago pela paciecircncia e pelo apoio
incondicional ao longo de todos estes anos a todos os meus professores desde o Jardim
de Infacircncia ateacute a graduaccedilatildeo pelo carinho e dedicaccedilatildeo ao orientador professor e amigo
Otaacutevio Branco pela confianccedila e pelo incentivo aos colegas de turma e a todos que de
alguma forma cooperaram conosco para que este trabalho fosse realizado
iv
ldquoSeja vocecirc quem for seja qual for a posiccedilatildeo
social que vocecirc tenha na vida a mais alta ou
a mais baixa tenha sempre como meta muita
forccedila muita determinaccedilatildeo e sempre faccedila tudo
com muito amor e com muita feacute em Deus que
um dia vocecirc chega laacute
De alguma maneira vocecirc chega laacute rdquo
Ayrton Senna
v
RESUMO
As questotildees relacionadas a ocorrecircncia de deslizamentos e alagamentos eacute uma constante
no cotidiano urbano principalmente no periacuteodo chuvoso onde os problemas se tornam
evidentes Esses eventos nos uacuteltimos anos natildeo se restringiram somente a grandes cidades
mas tambeacutem a pequenos municiacutepios que sofrem por falta de recursos e de pessoal
especializado para prever e predizer trageacutedias advindas dos alagamentos e deslizamentos
de encostas provocados pela ocupaccedilatildeo desordenada em especial nas Aacutereas de
Preservaccedilatildeo Permanente Nos uacuteltimos 10 anos Santos Dumont tem sofrido
constantemente com o aumento do nuacutemero de casos de deslizamentos e principalmente
alagamentos por natildeo contar com um planejamento integrado e atuante na contenccedilatildeo de
tais eventos O objetivo geral desse trabalho eacute contribuir para a formulaccedilatildeo de poliacuteticas
puacuteblicas afim de corrigir e prevenir tais eventos na aacuterea urbana da cidade Para isso foi
gerado uma base de dados histoacutericos de um periacuteodo de 30 anos que associada ao
processamento de imagens obtidas atraveacutes de radares e sateacutelites proporcionou identificar
os pontos que merecem maior atenccedilatildeo e tambeacutem possibilitou atraveacutes de criteacuterio
quantitativo propor uma hierarquizaccedilatildeo dos bairros que merecem prioridade em
investimentos relacionados a contenccedilatildeo de riscos Com a combinaccedilatildeo de mapas e a
comparaccedilatildeo entre o estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor e o levantamento
histoacuterico feito a partir de dados primaacuterios pode-se observar que a maioria dos casos de
alagamentos e parte dos deslizamentos ocorrem na faixa de APP de curso hiacutedrico
Tambeacutem pode se estabelecer uma relaccedilatildeo entre o tamanho do bairro e o nuacutemero de
eventos relacionados a deslizamentos
vi
ABSTRACT
Issues related to the occurrence of landslides and flooding is a constant in urban daily life
particularly in the rainy season where the problems become evident These events in
recent years were not restricted only to large cities but also small towns which suffer
from lack of resources and specialized staff to anticipate and predict resulting tragedies
of the floods and landslides caused by the disorderly occupation especially in Permanent
Preservation areas Over the past 10 years Santos Dumont has been constantly increasing
number of cases of landslides and especially flooding for not having an integrated
planning and active in the containment of such events The aim of this study is to
contribute to the formulation of public policies in order to correct and prevent such events
in the urban area of the city For it was generated a historical data base for a period of 30
years associated with the processing of images obtained by radar and satellites provided
identify the points that deserve more attention and also made possible through
quantitative criterion propose a hierarchy of neighborhoods that deserve priority in
investments related to risk containment With the combination of maps and the
comparison between the study for the preparation of the Master Plan and the historical
survey from primary data can be observed that most of the cases of flooding and some
landslides occur in the course of APP range water You can also establish a relationship
between the neighborhood size and the number of related events to landslides
vii
SUMAacuteRIO
LISTA DE FIGURAS 2
LISTA DE TABELAS E QUADROS 4
1 INTRODUCcedilAtildeO 5
2 OBJETIVOS 6
21 Objetivo geral 6
22 Objetivos especiacuteficos 6
3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 7
31 Conceitos Fundamentais 7
311 Aacutereas de risco 7
312 Deslizamentos 8
313 Alagamentos 8
314 Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente 9
315 Uso e ocupaccedilatildeo do solo 9
32 Legislaccedilatildeo Pertinente 10
321 As adequaccedilotildees da legislaccedilatildeo ao longo dos anos 10
322 O Novo Coacutedigo Florestal e a legislaccedilatildeo mineira 11
323 O Plano Diretor 13
3231 O Plano Diretor de Santos Dumont 14
33 O Municiacutepio de Santos Dumont 16
331 De Arraial a cidade 16
332 Santos Dumont na atualidade 19
4 METODOLOGIA 20
41 Aacuterea de estudo 20
42 Levantamento e tratamento dos dados 21
5 RESULTADOS 23
51 Levantamento histoacuterico de alagamentos e deslizamentos 23
512 O Plano diretor e as APPs 31
52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis 40
521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta 41
6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees 46
7 Anexos 48
71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont 49
72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos
(1984-2014) 51
8 Referecircncias Bibliograacuteficas 53
2
LISTA DE FIGURAS
Paacuteg
Figura 31 Vista parcial do Arraial de Joatildeo Gomes 17
Figura 32 Municiacutepio de Palmyra na deacutecada de 1920 18
Figura 33 Municiacutepio de Santos Dumont em 2014 19
Figura 41 Localizaccedilatildeo da aacuterea urbana principal 20
Figura 42 Mapa da aacuterea urbana principal com a localizaccedilatildeo dos
bairros
21
Figura 51 Deslizamento no bairro Coacuterrego do Ouro 25
Figura 52 Alagamento na regiatildeo central de Santos Dumont em 2013 26
Figura 53 Pontos de Alagamento obtidos atraveacutes do levantamento
histoacuterico
27
Figura 54 Pontos de Deslizamento obtidos atraveacutes do levantamento
histoacuterico
27
Figura 55 Aacutereas propensas a deslizamento de acordo com o Plano
Diretor de Santos Dumont
29
Figura 56 Aacutereas propensas a alagamento de acordo com o Plano
Diretor de Santos Dumont
29
Figura 57 Aacutereas propensas a alagamento do estudo do Plano Diretor
complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do
levantamento
30
Figura 58 Aacutereas propensas a deslizamento do estudo do Plano
Diretor complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do
levantamento
31
Figura 59 Zoneamento urbano da aacuterea urbana principal 32
Figura 510 Combinaccedilatildeo entre as declividades importantes incluindo
as APPs e o zoneamento urbano
34
Figura 511 Combinaccedilatildeo entre as APPs de curso hiacutedrico e as zonas de
planejamento
35
Figura 512 Mapa de usos do solo da aacuterea urbana principal de Santos
Dumont
36
Figura 513 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na
aacuterea urbana principal
37
Figura 514 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na
aacuterea urbana principal
38
Figura 515 Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a
deslizamentos na regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
39
Figura 516 Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a
alagamentos na regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
39
3
Figura 517 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de
deslizamentos
44
Figura 518 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de
alagamentos
45
4
LISTA DE TABELAS E QUADROS
Paacuteg
Tabela 51 Ocorrecircncias de alagamento e deslizamento obtidos
atraveacutes do levantamento histoacuterico
28
Tabela 52 Assinaturas da combinaccedilatildeo Declividade x Zoneamento 34
Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x
Zoneamento
36
Quadro 51 Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco 42
5
1 INTRODUCcedilAtildeO
Quando o ser humano deixou de seguir uma vida nocircmade e passou a se fixar em locais
em geral proacuteximos a cursos drsquoaacutegua e de aacutereas propicias ao cultivo de alimentos iniciou-
se o processo de implantaccedilatildeo de pequenas comunidades e quando estas comunidades
comeccedilaram a crescer natildeo soacute em quantidade mas tambeacutem do ponto de vista
organizacional deu-se iniacutecio a formaccedilatildeo das cidades tal como conhecemos hoje Como
resultado deste processo um sem-fim de problemas relacionados agrave estas ocupaccedilotildees
surgiram tanto de cunho ambiental quanto social e dentre estes problemas estatildeo
incluiacutedos os desastres naturais relacionados a deslizamentos e alagamentos por conta da
ocupaccedilatildeo em aacutereas natildeo adequadas a este fim
Nos uacuteltimos anos o Brasil tem vivenciado grandes trageacutedias relacionadas a deslizamentos
e alagamentos Uma boa parte destes eventos teve como fator agravante as ocupaccedilotildees
sem criteacuterio e sem orientaccedilatildeo teacutecnica Um exemplo recente aconteceu no Vale do Itajaiacute
em Santa Catarina em novembro de 2008 durante um periacuteodo com chuvas intensas em
que vaacuterias cidades entraram em situaccedilatildeo de calamidade puacuteblica devido ao grande nuacutemero
de casos de alagamento e graves deslizamentos de encostas causando a morte de vaacuterias
pessoas na regiatildeo No Estado do Rio de Janeiro em 2010 o Morro do Bumba em Niteroacutei
sofreu com um grave deslizamento que deixou um grande nuacutemero de mortos As casas
foram construiacutedas sobre um antigo lixatildeo sem nenhuma orientaccedilatildeo e com as intensas
chuvas que assolaram a regiatildeo naquela eacutepoca a encosta veio a baixo causando o desastre
Outra trageacutedia relevante aconteceu na regiatildeo Serrana do Rio de Janeiro que foi
considerada ateacute entatildeo a maior trageacutedia climaacutetica da histoacuteria do paiacutes com pouco mais de
500 mortos e um prejuiacutezo material incalculaacutevel no ano de 2011 Em comum a todos estes
fatos estaacute a falta de um planejamento efetivo por parte dos oacutergatildeos municipais no que diz
respeito ao disciplinamento do uso e ocupaccedilatildeo do solo e a fiscalizaccedilatildeo do cumprimento
da legislaccedilatildeo vigente
A cidade de Santos Dumont Minas Gerais natildeo eacute exceccedilatildeo a esta regra Como a grande
maioria das comunidades estabelecidas ao longo da Estrada Real a cidade surgiu como
um pequeno rancho cujo objetivo era servir de pouso para os viajantes que faziam o
transporte de pedras e metais preciosos das minas de Ouro Preto ateacute o Rio de Janeiro
Posteriormente a regiatildeo se desenvolveu como importante entreposto industrial e
comercial a partir da instalaccedilatildeo da ferrovia D Pedro II ateacute que no final do seacuteculo XIX
se transforma em vila e logo apoacutes em municiacutepio O desenvolvimento da regiatildeo implicou
tambeacutem no crescimento populacional e como naquela eacutepoca ainda natildeo havia uma
legislaccedilatildeo especiacutefica para ordenamento e uso do solo os loteamentos foram surgindo agraves
margens do Ribeiratildeo das Posses e em aacutereas cuja declividade natildeo era favoraacutevel agrave ocupaccedilatildeo
6
o que consequentemente acarretou deslizamentos de terra e alagamentos inclusive com
o registro de algumas trageacutedias ao longo dos anos
Pretende-se que este trabalho sirva como subsidio ao gestor puacuteblico local visando o
estabelecimento de poliacuteticas puacuteblicas integradas aos setores de meio ambiente e defesa
civil com vistas a garantir a seguranccedila de todos os muniacutecipes e a qualidade de vida em
todo o territoacuterio municipal
2 OBJETIVOS
21 Objetivo geral
O objetivo geral deste trabalho eacute contribuir para o estabelecimento de poliacuteticas puacuteblicas
direcionadas ao disciplinamento do uso e ocupaccedilatildeo do solo urbano no municiacutepio de
Santos Dumont
22 Objetivos especiacuteficos
Satildeo objetivos especiacuteficos
Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a
aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes
urbanos
Caracterizar o uso irregular do solo urbano em Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente
Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las
com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)
Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos
catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30
anos
Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do
solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental
7
Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais
negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea
impactada
3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
A seguir eacute apresentada a revisatildeo bibliograacutefica que fundamenta o desenvolvimento e o
pleno entendimento deste trabalho O conhecimento do que satildeo aacutereas de risco
alagamentos e deslizamentos bem como o que eacute e qual a importacircncia de um Plano Diretor
eacute de suma importacircncia para se avaliar como um municiacutepio estaacute se desenvolvendo e qual
a qualidade de vida dos muniacutecipes Tambeacutem satildeo abordados neste capiacutetulo os aspectos
legais referentes agraves Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente seus limites e sua importacircncia para
o ambiente urbano
31 Conceitos Fundamentais
311 Aacutereas de risco
De acordo com o Instituto de Pesquisas Tecnoloacutegicas ndash IPT entende-se como aacuterea de
risco aquela ldquopassiacutevel de ser atingida por fenocircmenos ou processos naturais eou induzidos
que causem efeito adverso As pessoas que habitam essas aacutereas estatildeo sujeitas a danos agrave
integridade fiacutesica perdas materiais e patrimoniaisrdquo (MINISTEacuteRIO DAS CIDADES
2007)
Para Augusto Filho et al (1990) apud Cristo (2002) aacuterea de risco eacute caracterizada como
aquela em que ldquose encontra em situaccedilatildeo de perigo tanto socialmente quanto
economicamente por conta de alguma alteraccedilatildeo na constituiccedilatildeo do terreno ou com grande
probabilidade de ocorrer processos naturaisrdquo
Segundo Fernandes (2012) aacutereas de risco ldquosatildeo aacutereas consideradas improacuteprias ao
assentamento humano por estarem sujeitas a riscos naturaisrdquo
Diante das definiccedilotildees supracitadas pode-se dizer que aacuterea de risco satildeo aacutereas susceptiacuteveis
agrave accedilatildeo de eventos naturais extremos e por esse motivo natildeo eacute viaacutevel agrave ocupaccedilatildeo humana
nestes locais e pode ou natildeo estar associados agrave proximidade ou nos limites de uma APP
8
312 Deslizamentos
Segundo Tominaga (2009) deslizamento eacute o movimento de solo em uma vertente pela
accedilatildeo da gravidade e satildeo mais frequentes em regiotildees de relevo montanhoso e em periacuteodos
chuvosos sendo a pluviosidade um dos principais fatores condicionantes para a ocorrecircncia
do processo Os deslizamentos podem ocorrer naturalmente e eacute grande responsaacutevel pela
dinacircmica das vertentes e evoluccedilatildeo do relevo local mas no Brasil a falta de planejamento
urbano de uma boa parte dos municiacutepios a ocupaccedilatildeo desordenada e a construccedilatildeo de
domiciacutelios sem orientaccedilatildeo teacutecnica tecircm transformado um processo natural em um
problema que algumas vezes se tornam grandes trageacutedias Na regiatildeo Sudeste brasileira o
escorregamento do tipo rotacional eacute o mais comum e eacute caracterizado por uma ruptura
curva no solo que estaacute geralmente associada agrave realizaccedilatildeo de cortes na base do talude ou
por processos erosivos fluviais o que relaciona esse tipo de escorregamento agraves regiotildees
urbanas mal planejadas e coloca o homem como o principal agente efetivo associado com
a pluviosidade na ocorrecircncia de acidentes relacionados com deslizamentos
(FERNANDES amp AMARAL 1996 apud TOMINAGA 2009)
313 Alagamentos
De acordo com Amaral amp Ribeiro (2009) inundaccedilotildees e enchentes satildeo processos
intimamente relacionados com a pluviosidade pois satildeo frequentes em periacuteodos de chuvas
fortes e raacutepidas ou chuvas de longa duraccedilatildeo e estatildeo relacionados agrave intensidade e
distribuiccedilatildeo da precipitaccedilatildeo ao longo da bacia agrave capacidade do solo de reter e infiltrar
aacutegua e agraves caracteriacutesticas de forma da bacia de drenagem
O escoamento das aacuteguas pluviais na natureza eacute lento mas em aacutereas urbanizadas a accedilatildeo
antroacutepica relacionada a ocupaccedilatildeo de planiacutecies de inundaccedilatildeo que podem estar inclusive
em uma cota abaixo do leito do rio impermeabilizaccedilatildeo do solo e retificaccedilatildeo de corpos
drsquoaacutegua aleacutem de inuacutemeras atividades que promovem o assoreamento dos rios e coacuterregos
tem gerado resultados catastroacuteficos e grandes prejuiacutezos (AMARAL amp RIBEIRO 2009)
Quando se refere agraves regiotildees urbanas o termo ldquoalagamentordquo eacute o mais utilizado e segundo
o Ministeacuterio das Cidades (2006) define-se como o ldquoacuacutemulo momentacircneo de aacuteguas em
uma dada aacuterea por problemas no sistema de drenagem podendo ter ou natildeo relaccedilatildeo com
processos de natureza fluvialrdquo Tambeacutem o termo ldquoenxurradardquo eacute utilizado e define-se como
o ldquoescoamento superficial concentrado e com alta energia de transporte que pode ou natildeo
estar associado a aacutereas de domiacutenio dos processos fluviais Eacute comum a ocorrecircncia de
enxurradas ao longo de vias implantadas sobre antigos cursos drsquoaacutegua com alto gradiente
hidraacuteulico e em terrenos com alta declividade naturalrdquo
9
314 Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente
O Novo Coacutedigo Florestal Brasileiro define Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP) como
ldquoaacuterea protegida coberta ou natildeo por vegetaccedilatildeo nativa com a funccedilatildeo ambiental de
preservar os recursos hiacutedricos a paisagem a estabilidade geoloacutegica e a biodiversidade
facilitar o fluxo gecircnico de fauna e flora proteger o solo e assegurar o bem-estar das
populaccedilotildees humanasrdquo (BRASIL2012) Estas aacutereas satildeo muito importantes tanto no meio
urbano como no rural por garantir a estabilidade do solo em encostas iacutengremes contribuir
para a natildeo formaccedilatildeo de processos erosivos e o assoreamento de rios e coacuterregos aleacutem de
garantir a recarga de aquiacuteferos ao atuar como um amortecedor de chuvas retendo-a e
impedindo que ocorra um carreamento intenso de sedimentos ao longo dos morros e
margens de rios e coacuterregos (SKORUPA 2004) A Lei 126512012 apresenta os tipos de
APP e seus limites conforme seraacute visto no item 322
315 Uso e ocupaccedilatildeo do solo
Dentre os vaacuterios mecanismos de ordenamento urbano e instrumentos de planejamento
municipal previsto no Estatuto da Cidade (Lei Federal 102572001) o uso e ocupaccedilatildeo
do solo satildeo os mais utilizados pelas cidades para a formulaccedilatildeo das poliacuteticas urbanas
podendo definir o uso como a forma como esta parcela do solo eacute utilizada e a ocupaccedilatildeo
como sendo o modo como as edificaccedilotildees devem ser dispostas nesta mesma parcela do
solo urbano (TAKEDA 2015) O termo ldquoUso e ocupaccedilatildeo do solordquo tambeacutem pode ser
definido como o fator que determina como as mais diferentes regiotildees de um municiacutepio
deve se desenvolver (FONTOURA 2015)
A inserccedilatildeo de leis municipais de uso e ocupaccedilatildeo do solo objetivam ser uma referecircncia
para os gestores locais no processo de tomada de decisatildeo para que as cidades cresccedilam de
modo organizado enfatizando os potenciais e capacidades de cada regiatildeo aleacutem de tornar
o crescimento mais homogecircneo Com isso pretende-se evitar a formaccedilatildeo de grandes
adensamentos em pequenas aacutereas garantindo a mobilidade e a qualidade de vida de todos
os muniacutecipes tanto da regiatildeo urbana como da rural preservar e melhorar a qualidade
ambiental do municiacutepio aleacutem de evitar deslizamentos e alagamentos por conta da
ocupaccedilatildeo incorreta do solo (TAKEDA 2015)
10
32 Legislaccedilatildeo Pertinente
321 As adequaccedilotildees da legislaccedilatildeo ao longo dos anos
A problemaacutetica relacionada agraves APPs em aacutereas urbanas outrora era uma questatildeo complexa
e demandava uma larga discussatildeo do ponto de vista juriacutedico administrativo e teacutecnico Eacute
sabido que a maioria das cidades se formaram proacuteximos aos corpos hiacutedricos regiatildeo que
garantia o abastecimento de aacutegua e alimentos agrave populaccedilatildeo e tambeacutem facilitava o descarte
dos efluentes A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 225 daacute garantia aos
brasileiros de um meio ambiente em equiliacutebrio e concede agrave toda a sociedade o dever de
preservaacute-lo de acordo com os princiacutepios do desenvolvimento sustentaacutevel (BRASIL
1988) Antes desta Constituiccedilatildeo jaacute havia um texto que regulamentava a questatildeo da
preservaccedilatildeo de aacutereas verdes em todo o territoacuterio nacional A Lei Federal nordm 477165 que
trata do Coacutedigo Florestal estabelecia limites e regulamentava as Aacutereas de Preservaccedilatildeo
Permanente De acordo com Arauacutejo (2002) apud De Moraes (2014) essa Lei que fora
revogada e substituiacuteda pela Lei 126512012 era bastante falha no que diz respeito agraves
questotildees de APPS em aacutereas urbanas o que poderia ser um facilitador do natildeo cumprimento
do que foi proposto por aquela legislaccedilatildeo nestas aacutereas Isso se devia ao fato de o Coacutedigo
Florestal de 1965 ter deixado uma duacutevida sobre qual legislaccedilatildeo seguir uma vez que em
seu segundo artigo no paraacutegrafo uacutenico estava disposto que em aacutereas urbanas devia-se
atentar para a legislaccedilatildeo referente ao Plano Diretor e as referentes ao uso do solo na aacuterea
do municiacutepio (BRASIL 1965) Diante dessa conjuntura alguns municiacutepios optavam pela
natildeo aplicaccedilatildeo do Coacutedigo Florestal na regiatildeo urbana mesmo sabendo que a poliacutetica
conservacionista eacute extremamente importante visto o grande nuacutemero de problemas que
podem advir do uso irregular das APPs (DE MORAES 2009) Segundo o artigo 182 da
Constituiccedilatildeo Federal de 1988 as poliacuteticas relacionadas ao desenvolvimento urbano
devem ser elaboradas pelos municiacutepios e objetiva garantir o bem estar dos muniacutecipes e
tambeacutem o desenvolvimento do municiacutepio como um todo atraveacutes do atendimento agraves
exigecircncias do Plano Diretor (BRASIL 1988) O que podia gerar alguma divergecircncia seria
se o Plano Diretor Municipal propusesse uma faixa de APP menor que a prevista pelo
Coacutedigo Florestal Sendo assim essa legislaccedilatildeo perderia sua validade pelo fato de a
legislaccedilatildeo federal ser suplementar ou se seria cumprida devido ao disposto no artigo 182
da Constituiccedilatildeo Segundo De Moraes (2009) natildeo eacute aceitaacutevel que o Plano Diretor
Municipal legitime tal degradaccedilatildeo ambiental uma vez que um dos seus principais
objetivos eacute a proteccedilatildeo do bem estar puacuteblico estando incluiacutedo nesse a proteccedilatildeo do
ambiente natural A delimitaccedilatildeo e especificaccedilatildeo das APPs em Lei eacute necessaacuteria uma vez
que os limites miacutenimos destinados agrave preservaccedilatildeo satildeo importantes pois garantem a
proteccedilatildeo tanto da qualidade quanto da quantidade dos recursos hiacutedricos e evitam a
ocupaccedilatildeo em locais propiacutecios aos deslizamentos e zonas de recarga dos aquiacuteferos
11
subterracircneos assegurando tambeacutem de certa forma a integridade dos seres humanos que
potencialmente ocupariam tais locais (CARVALHO 2013)
Neste trabalho a legislaccedilatildeo tomada como referecircncia eacute a prevista pela Constituiccedilatildeo Federal
de 1988 o Novo Coacutedigo Florestal (Lei 126512012) e o Estatuto das Cidades (Lei
102572001) em acircmbito federal Na esfera estadual a Lei 209222013 versa sobre os
limites para APP em todo o territoacuterio de Minas A Lei Municipal 42412012 trata do
Plano Diretor Municipal da cidade de Santos Dumont onde se encontra as diretrizes para
o uso e ocupaccedilatildeo do solo e o zoneamento da cidade de acordo com as caracteriacutesticas do
solo entre outras
322 O Novo Coacutedigo Florestal e a legislaccedilatildeo mineira
O Novo Coacutedigo Florestal Lei Federal 126512012 substituiu a Lei Federal 47711965
Dentre os vaacuterios artigos que esta lei possui o que apresenta maior importacircncia para o
planejamento e o ordenamento das cidades tanto na aacuterea urbana como na rural eacute o artigo
4ordm em que constam as faixas de APP tanto para curso hiacutedrico como para declividade e
altitude aleacutem dos topos de morro a saber (BRASIL2012)
ldquoArt 4ordm Considera-se Aacuterea de Preservaccedilatildeo
Permanente em zonas rurais ou urbanas para os
efeitos desta Lei
I - as faixas marginais de qualquer curso drsquoaacutegua
natural perene e intermitente excluiacutedos os
efecircmeros desde a borda da calha do leito regular
em largura miacutenima de
a) 30 (trinta) metros para os cursos drsquoaacutegua de
menos de 10 (dez) metros de largura
b) 50 (cinquenta) metros para os cursos drsquoaacutegua
que tenham de 10 (dez) a 50 (cinquenta) metros de
largura
()
IV - as aacutereas no entorno das nascentes e dos olhos
drsquoaacutegua perenes qualquer que seja sua situaccedilatildeo
topograacutefica no raio miacutenimo de 50 (cinquenta)
metros
12
V - as encostas ou partes destas com declividade
superior a 45deg equivalente a 100 (cem por
cento) na linha de maior declive
()
IX - no topo de morros montes montanhas e
serras com altura miacutenima de 100 (cem) metros e
inclinaccedilatildeo meacutedia maior que 25deg as aacutereas
delimitadas a partir da curva de niacutevel
correspondente a 23 (dois terccedilos) da altura
miacutenima da elevaccedilatildeo sempre em relaccedilatildeo agrave base
sendo esta definida pelo plano horizontal
determinado por planiacutecie ou espelho drsquoaacutegua
adjacente ou nos relevos ondulados pela cota do
ponto de sela mais proacuteximo da elevaccedilatildeo
X - as aacutereas em altitude superior a 1800 (mil e
oitocentos) metros qualquer que seja a
vegetaccedilatildeo
()rdquo
A legislaccedilatildeo atual em seu artigo 4ordm evidencia que as faixas e aacutereas determinadas como
APP compreendem tanto as aacutereas rurais quanto urbanas (BRASIL 2012) retirando a
duacutevida anterior e sendo essa a Lei suplementar qualquer faixa de APP mais permissiva
na legislaccedilatildeo estadual e municipal satildeo invaacutelidas o que simplificou de certa forma a
aplicabilidade da Legislaccedilatildeo referente a Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente
No Estado de Minas Gerais a Lei Estadual 20922 de 16 de Outubro de 2013 trata do tema
em acircmbito estadual mas com os mesmos princiacutepios propostos pela Lei Federal sendo os
limites miacutenimos previstos para as APPs os mesmos propostos pelo Novo Coacutedigo
Florestal brasileiro (MINAS GERAIS2013)
ldquo Art 9ordm Para os efeitos desta Lei em zonas rurais
ou urbanas satildeo APPs
I as faixas marginais de cursos drsquoaacutegua naturais
perenes e intermitentes excluiacutedos
os efecircmeros medidas a partir da borda da calha
do leito regular em largura miacutenima de
13
a) 30m (trinta metros) para os cursos drsquoaacutegua de
menos de 10m (dez metros) de largura
b) 50m (cinquenta metros) para os cursos drsquoaacutegua
de 1 0m (dez metros) a 50m (cinquenta metros) de
largura
()
IV as aacutereas no entorno das nascentes e dos olhos
drsquoaacutegua perenes no raio miacutenimo de 50m
(cinquenta metros)
V as encostas ou partes destas com declividade
superior a 45ordm (quarenta e cinco graus)
equivalente a 100 (cem por cento) na linha de
maior declive
()
VII no topo de morros montes montanhas e
serras com altura miacutenima de 100m (cem metros)
e inclinaccedilatildeo meacutedia maior que 25ordm (vinte e cinco
graus) as aacutereas delimitadas a partir da curva de
niacutevel correspondente a 23 (dois terccedilos) da altura
miacutenima da elevaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave base sendo esta
definida pelo plano horizontal determinado por
planiacutecie ou espelho drsquoaacutegua adjacente ou nos
relevos ondulados pela cota do ponto de sela mais
proacuteximo da elevaccedilatildeo
VIII as aacutereas em altitude superior a 1 800m (mil
e oitocentos metros)
()rdquo
323 O Plano Diretor
O Estatuto das Cidades em seu artigo 40 prevecirc o plano diretor como um instrumento
capaz de promover a poliacutetica urbana englobando toda a cidade aleacutem de fornecer padrotildees
e limites para o uso do solo nas mais diversas regiotildees do municiacutepio com vistas a
harmonizar o desenvolvimento urbano com a preservaccedilatildeo do meio ambiente (SILVA JR
2006) Este instrumento eacute obrigatoacuterio para cidades com mais de 20 mil habitantes ou
14
aacutereas que integrem regiotildees metropolitanas ou de interesse turiacutestico O artigo 41 do
Estatuto das cidades tambeacutem prevecirc a obrigatoriedade do Plano Diretor para cidades que
possuem em sua aacuterea empreendimentos que caracterizem grandes impactos ambientais
de influecircncia regional ou nacional e cidades que possuem problemas com deslizamentos
de grande magnitude ou alagamentos repentinos (BRASIL 2001)
O Plano diretor de acordo com o Estatuto das Cidades deve ser aprovado como lei em
acircmbito municipal e revisto a cada dez anos Este documento eacute uacutenico pois cada cidade
possui suas peculiaridades infraestrutura vocaccedilotildees e problemas que por mais que sejam
parecidos entre si satildeo diferenciados pela intensidade e pela regionalizaccedilatildeo Sendo assim
a confecccedilatildeo do Plano Diretor deve conter a participaccedilatildeo de toda a comunidade local de
forma a reduzir as desigualdades sociais os gastos puacuteblicos desnecessaacuterios a degradaccedilatildeo
ambiental e combater os problemas relacionados a urbanizaccedilatildeo de forma conjunta
promovendo um processo de tomada de decisatildeo que garanta a qualidade de vida
preservaccedilatildeo e o desenvolvimento social do municiacutepio como um todo (ROSSBACH amp
CARVALHO 2010)
3231 O Plano Diretor de Santos Dumont
A Lei Municipal nordm 424112 que entrou em vigor no ano de 2014 trata do Plano Diretor
Municipal instrumento previsto no Estatuto das Cidades para garantir aos cidadatildeos um
desenvolvimento urbano organizado justo e sustentavelmente econocircmico (BRASIL
2001) Aleacutem de apontar as diretrizes para a elaboraccedilatildeo da Poliacutetica Municipal dos mais
variados setores o Plano Diretor divide o municiacutepio em macrozonas urbanas e rurais
Estas zonas tecircm por objetivo facilitar a identificaccedilatildeo dos setores que permitem ou natildeo o
desenvolvimento da cidade e em que magnitude pode ser feita a expansatildeo respeitando ao
meio ambiente e tambeacutem o que eacute previsto no tocante ao uso e ocupaccedilatildeo do solo nessas
aacutereas Aleacutem disso ela estabelece a forma como devem ser as edificaccedilotildees nas referidas
aacutereas As aacutereas definidas como macrozonas urbanas e foram subdivididas em (SANTOS
DUMONT2012)
ldquoZona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e
da Paisagem (ZPPH) satildeo as aacutereas cujos
equipamentos urbanos possuem interesse
histoacuterico ou paisagiacutestico de preservaccedilatildeo
Zona de Preservaccedilatildeo Ambiental satildeo aquelas em
que devem ser mantidas ou recuperadas a
15
vegetaccedilatildeo por conta da declividade altitude ou
presenccedila de recursos hiacutedricos
Zona de Adensamento Controlado (ZAC) satildeo as
aacutereas em que deve-se manter uma pequena
densidade populacional devido as limitaccedilotildees na
infraestrutura da localidade A ZAC se divide em
ZAC 1 quando a infraestrutura existente eacute
limitada e em ZAC 2 quando esta eacute precaacuteria ou
natildeo existe
Zona de Consolidaccedilatildeo de Adensamento (ZCA)
satildeo as aacutereas em que haacute interesse em ocupar os
lotes vagos haja visto que a regiatildeo possui toda a
infraestrutura para que isto aconteccedila
Zona Adensaacutevel (ZA) satildeo as aacutereas com
condiccedilotildees propiacutecias para ocorrer uma ocupaccedilatildeo
mais densa
Zona Especial de Interesse Social (ZEIS) satildeo as
aacutereas em que o Poder Puacuteblico almeja fazer
alguma forma de ocupaccedilatildeo Eacute dividida em ZEIS 1
e ZEIS 2 A ZEIS 1 satildeo regiotildees jaacute ocupadas mas
de forma irregular cujo interesse puacuteblico eacute
realizar obras e outras atividades para
regularizar as ocupaccedilotildees e urbanizar a aacuterea
enquanto que a ZEIS 2 satildeo aacutereas natildeo utilizadas ou
subutilizadas as quais o poder puacuteblico almeja
realizar algum empreendimento habitacional de
caraacuteter social
Zona de Grandes Equipamentos (ZE) satildeo aacutereas
cujo o interesse eacute a implantaccedilatildeo de
empreendimentos de grande porte ou grandes
equipamentos puacuteblicosrdquo
Esta divisatildeo espacial pode ser melhor vista no Anexo 71
O Plano Diretor natildeo estipula limites para APP mas prevecirc algumas diretrizes como na
Poliacutetica Municipal de Preservaccedilatildeo do Meio Ambiente sobre o uso do solo em
compatibilidade com praacuteticas conservacionistas A Poliacutetica Municipal de Expansatildeo
16
Urbana tem como uma de suas diretrizes fazer cumprir a legislaccedilatildeo vigente no que diz
respeito agraves intervenccedilotildees e investimentos que poderatildeo ser feitos nessas aacutereas Tambeacutem eacute
diretriz da mesma Poliacutetica o controle da ocupaccedilatildeo e do uso do solo em APPs e o auxiacutelio
aos oacutergatildeos estaduais e federais de meio ambiente no tocante agrave fiscalizaccedilatildeo da ocupaccedilatildeo
nestas aacutereas (SANTOS DUMONT 2012) O artigo 38 que trata das diretrizes da Poliacutetica
habitacional de interesse social exclui do processo de regularizaccedilatildeo fundiaacuteria os
assentamentos situados em aacutereas de risco o que na maioria das vezes estatildeo tambeacutem nas
aacutereas que deveriam estar vegetadas e protegidas (SANTOS DUMONT 2012) Na
legislaccedilatildeo referente ao parcelamento do solo eacute previsto que no parcelamento de glebas
com declividade entre 30 e 47 soacute poderaacute ser aprovado mediante projeto e laudo
assinado por um responsaacutevel teacutecnico favoraacutevel agrave construccedilatildeo nesse local (SANTOS
DUMONT 2012) Diante do proposto pelo Plano Diretor de Santos Dumont pode-se
dizer que natildeo haacute conflito com a legislaccedilatildeo federal e estadual em se tratando da
aplicabilidade do Coacutedigo Florestal uma vez que aquele natildeo explicita limites nem
permissivos e tampouco restritivos para faixas e aacutereas de preservaccedilatildeo permanente
33 O Municiacutepio de Santos Dumont
331 De Arraial a cidade
A aacuterea onde se situa hoje o municiacutepio de Santos Dumont teve sua ocupaccedilatildeo iniciada no
seacuteculo XVIII quando a Coroa Portuguesa solicitou ao entatildeo Governador do Rio de
Janeiro Artur de Saacute Menezes que abrisse um caminho que ligasse as Minas dos
Cataguases na regiatildeo de Ouro Preto (receacutem descobertas) ao Rio de Janeiro por onde
escoava os metais preciosos para a metroacutepole Surgiu assim o ldquoCaminho Novordquo e ao longo
deste caminho surgiram tambeacutem as Sesmarias aacutereas que tinham por principal objetivo
servir de pouso aos transportadores e exploradores e tambeacutem para garantir alimento a
estas pessoas Uma destas ocupaccedilotildees seria o ldquoArraial de Joatildeo Gomesrdquo (Figura 41)
primeiro nuacutecleo primitivo do municiacutepio em 1709 De iniacutecio prevaleciam somente
ranchos onde os viajantes se abrigavam mas em pouco tempo ergueu-se a Capela de Satildeo
Miguel e Almas e pequenos nuacutecleos urbanos comeccedilaram a surgir (DAPPC2008)
17
Figura 3 1 Vista parcial do Arraial de Joatildeo Gomes
Fonte Arquivo Histoacuterico de Santos Dumont-MG
Com a construccedilatildeo da Estrada de Ferro D Pedro II no final do seacuteculo XIX a regiatildeo teve
um consideraacutevel crescimento natildeo soacute populacional como tambeacutem econocircmico se tornando
a Vila Palmyra em 1889 Em 1890 Palmyra eacute elevada ao status de Municiacutepio (Figura 42)
e recebe um grande nuacutemero de melhorias no setor viaacuterio como a retificaccedilatildeo de ruas e
tambeacutem no setor de serviccedilos puacuteblicos como abastecimento de aacutegua iluminaccedilatildeo puacuteblica a
querosene e posteriormente energia eleacutetrica O desenvolvimento econocircmico na regiatildeo
tambeacutem teve seu momento aacuteureo nesse periacuteodo Induacutestrias de laticiacutenios graacuteficas e de
Carbureto de Caacutelcio fizeram parte do parque industrial de Palmyra o que atraiacutea pessoas
de outros lugares inclusive estrangeiros contribuindo para o aumento populacional da
regiatildeo Como ainda natildeo havia legislaccedilatildeo sobre uso e ocupaccedilatildeo do solo nessa eacutepoca
surgiram inuacutemeros loteamentos em aacutereas proacuteximas agrave rios e coacuterregos e tambeacutem em
encostas com declividade acentuada o que foi agravando o risco agrave medida que a ocupaccedilatildeo
aumentava (DAPPC2008)
18
Figura 3 2 Municiacutepio de Palmyra na deacutecada de 1920
Fonte Arquivo Histoacuterico de Santos Dumont-MG
O escoamento da produccedilatildeo industrial se dava pelo modal ferroviaacuterio setor que tambeacutem
movimentava a crescente cidade que era ponto importante no setor de transportes pois
possuiacutea um dos mais bem equipados depoacutesitos de locomotivas da Estrada de Ferro Central
do Brasil (DAPPC2008)
No ano de 1932 o municiacutepio de Palmyra passou a se chamar Santos Dumont (Figura 43)
em homenagem ao inventor do aviatildeo que nascera naquela cidade Nos uacuteltimos 40 anos
Santos Dumont tem experimentado uma acentuada desaceleraccedilatildeo econocircmica
consequecircncia do fechamento da grande maioria das induacutestrias principalmente as de
laticiacutenios que empregavam direta e indiretamente uma parte consideraacutevel da populaccedilatildeo
(DAPPC2008)
19
Figura 3 3 Municiacutepio de Santos Dumont em 2014
Fonte Arquivo do autor
332 Santos Dumont na atualidade
O municiacutepio de Santos Dumont localiza-se na regiatildeo da Zona da Mata mineira distante
cerca de 220 Km da capital Belo Horizonte e possui uma populaccedilatildeo de 47558 habitantes
(ODM 2015 projeccedilatildeo) numa aacuterea total de 637 kmsup2 Faz divisa com os municiacutepios de
Juiz de Fora Oliveira Fortes Bias Fortes Antocircnio Carlos Tabuleiro Piau e Ewbank da
Cacircmara
No que diz respeito agrave sua formaccedilatildeo fisiacuteco-geograacutefica a aacuterea que compreende o municiacutepio
eacute constituiacuteda predominantemente por Cambissolo Haacuteplico (70) com Latossolo
Vermelho-Amarelo (30) (UFV2010) A vegetaccedilatildeo eacute em sua maioria composta por
exemplares de Mata Atlacircntica De acordo com o IBGE(2015) Santos Dumont se localiza
a 839m de altitude O clima da regiatildeo eacute classificado como Tropical de Altitude (Cwb) e
possui uma temperatura meacutedia de 20ordmC Eacute banhado pela bacia hidrograacutefica do Paraiacuteba do
Sul e em sua maioria pertence agrave sub-bacia do Rio Pomba (IGAM) que fornece aacutegua para
abastecimento puacuteblico agrave 88 da populaccedilatildeo por meio da rede de distribuiccedilatildeo
(IBGE2010) Uma pequena parte da zona rural a sudoeste eacute banhada pela Sub-Bacia do
Rio Paraibuna mais precisamente na regiatildeo de fronteira com os municiacutepios de Juiz de
Fora e Ewbank da Cacircmara O sistema viaacuterio principal de acesso agrave cidade eacute a rodovia BR-
040 e a estrada de ferro Dom Pedro II atualmente utilizada somente para transporte de
cargas
Com a economia nos dias atuais baseada majoritariamente no setor de serviccedilos a cidade
possui um Iacutendice de Desenvolvimento humano (IDH) de 0741 (IBGE2010) Apesar do
decliacutenio econocircmico de Santos Dumont nota-se hoje um aumento no nuacutemero de
loteamentos populares e condomiacutenios horizontais e verticais entre outras edificaccedilotildees Eacute
de vital importacircncia que esse crescimento das ocupaccedilotildees seja ordenado e regulamentado
20
de forma a garantir a qualidade ambiental prevenindo deslizamentos e inundaccedilotildees Diante
dessa conjuntura o governo municipal aprovou em 2012 a Lei nordm 4241 que trata do Plano
Diretor Participativo instrumento baacutesico da poliacutetica de desenvolvimento e expansatildeo
urbana do municiacutepio de Santos Dumont
4 METODOLOGIA
41 Aacuterea de estudo
A regiatildeo dentro dos limites do municiacutepio que seraacute estudada neste trabalho eacute conforme
descrito nos anexos Plano Diretor e representada na figura 44 a aacuterea urbana principal
que possui 47 Kmsup2 e compreende a regiatildeo central da cidade e os bairros perifeacutericos regiatildeo
que concentra cerca de 90 da populaccedilatildeo total de Santos Dumont (IBGE 2015) A aacuterea
urbana principal representa 75 da aacuterea total dos 637 Kmsup2 que compreendem o
municiacutepio e eacute o local onde nos uacuteltimos 30 anos se verificou um maior crescimento
populacional e tambeacutem onde ocorre a maioria dos eventos relacionados a deslizamentos
e alagamentos por conta da ocupaccedilatildeo sem planejamento A figura 45 mostra a aacuterea
urbana principal e a localizaccedilatildeo dos bairros urbanos de Santos Dumont
Figura 4 1 Localizaccedilatildeo da aacuterea urbana principal
Fonte Google Earth
21
Figura 4 2 Mapa da aacuterea urbana principal com a localizaccedilatildeo dos bairros
Fonte Do Autor
42 Levantamento e tratamento dos dados
No desenvolvimento deste trabalho foi necessaacuterio se fazer um estudo detalhado sobre o
Plano Diretor de Santos Dumont principalmente dos seus anexos que compreendem os
mapas e a localizaccedilatildeo das aacutereas definidas pelo zoneamento proposto Para que isso fosse
possiacutevel a Secretaria Municipal de Obras e Serviccedilos Puacuteblicos forneceu todos os dados
secundaacuterios produto do estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor e do
zoneamento Estes dados incluem os arquivos Shapefile (shp) e outros documentos
integrantes do Plano Diretor Algumas informaccedilotildees foram complementadas tambeacutem com
dados adquiridos atraveacutes do site do IBGE e do Portal Objetivos do Milecircnio (ODM)
Os dados sobre as ocorrecircncias de deslizamentos e alagamentos foram obtidos atraveacutes da
Defesa Civil do municiacutepio atraveacutes do Sistema Integrado de Informaccedilotildees sobre Desastres
(S2ID) do Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional Tal sistema centraliza as informaccedilotildees sobre
desastres naturais ocorridos em todo o territoacuterio nacional facilitando a pesquisa sobre tais
eventos a qualquer cidadatildeo (BRASIL 2015)
Apesar do sistema ser bastante uacutetil os dados sobre o municiacutepio de Santos Dumont se
encontravam bastante falhos e escassos sendo necessaacuteria complementaccedilatildeo para que a
22
base de dados ficasse consistente Diante disso uma pesquisa atraveacutes dos arquivos do
Jornal Mensagem um jornal semanaacuterio local foi feita entre os anos de 1984 e 2014 e os
dados primaacuterios filtrados em uma planilha do Microsoft Excel para posterior utilizaccedilatildeo
De posse destes dados foi feita a localizaccedilatildeo em campo das coordenadas dos locais
atingidos por deslizamentos e alagamentos no periacuteodo compreendido pela pesquisa com
o auxiacutelio de um aparelho de GPS
A maioria dos arquivos shapefile utilizados para a confecccedilatildeo dos mapas satildeo parte
integrante dos anexos da Lei do Plano diretor do municiacutepio gerados no mecircs de dezembro
de 2011 pelo Instituto Nova Cidade e foram cedidos pela Secretaria Municipal de Obras
e Serviccedilos Puacuteblicos com Datum em UTM SAD 69 Com a finalidade de fornecer um
referenciamento atualizado e de acordo com os mais novos sistemas de coordenadas
utilizados no Brasil os arquivos foram convertidos para o Datum UTM SIRGAS 2000
que diferencia do SAD 69 pelo fato de ser um referencial geocecircntrico ou seja o centro
da Terra eacute o ponto de referecircncia neste sistema enquanto que o primeiro utiliza um
referencial na superfiacutecie da Terra (IBGE2014) Eacute interessante ressaltar tambeacutem que o
SIRGAS 2000 se tornou no ano de 2014 o sistema de coordenadas oficial do Sistema
Geodeacutesico Brasileiro e do Sistema Cartograacutefico Nacional ambos mantidos pelo IBGE A
combinaccedilatildeo dos shapefiles foi feita com o software livre gvSIG e com estas combinaccedilotildees
foram gerados mapas importantes resultados para a execuccedilatildeo deste trabalho A maioria
dos mapas representam a regiatildeo urbana principal de Santos Dumont e foram produzidos
numa escala em torno de 140000 que de acordo com Rocha (2007) eacute uma escala viaacutevel
pois as recomendaacuteveis para trabalhos de anaacutelise ambiental em niacutevel municipal podem ser
entre 150000 e 110000 Alguns mapas cujo detalhamento natildeo eacute necessaacuterio foram
gerados na escala 1100000
Para a geraccedilatildeo dos mapas aleacutem dos arquivos fornecidos pela Secretaria de Obras e
Serviccedilos Puacuteblicos foram utilizados para a geraccedilatildeo do modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE)
e da localizaccedilatildeo dos topos de morro dados gerados pelo sistema de radar Advanced
Spacebone Thermal Emission and Reflection Radiometer (ASTER) que geram as curvas
de niacutevel do terreno com uma resoluccedilatildeo de 30m (NASA2014) O processamento dessas
imagens foi feito pelo software livre gvSIG As imagens geradas pelos sateacutelites
LANDSAT foram adquiridas no site da United States Geological Survey (USGS) e essas
imagens possibilitaram obter um panorama preciso do uso do solo em toda a aacuterea urbana
de Santos Dumont numa resoluccedilatildeo de 15 metros uma vez que foi utilizada a banda
pancromaacutetica do sateacutelite LANDSAT 8 aleacutem da combinaccedilatildeo das bandas 65 e 4
respectivamente que eacute a combinaccedilatildeo recomendada pela mantenedora dos sateacutelites para
anaacutelises deste tipo
23
No que diz respeito a identificaccedilatildeo de APPs em topo de morro a metodologia de Oliveira
amp Fernandes Filho (2013) por utilizar as mesmas bases de dados ateacute entatildeo usadas neste
trabalho foi a mais indicada
A metodologia de anaacutelise dos mapas gerados eacute a proposta pelo professor Jorge Xavier da
Silva do Laboratoacuterio de Geoprocessamento (LAGEOP) da Universidade Federal do Rio
de Janeiro e citada por Rocha (2007) Tal metodologia analisa as variaacuteveis em questatildeo
presentes na aacuterea e permite avaliar as possibilidades de relaccedilotildees entre essas variaacuteveis De
uma maneira geral este meacutetodo verifica o estado atual da aacuterea em estudo bem como das
variaacuteveis gerando inventaacuterios que servem para a construccedilatildeo de dados planimeacutetricos sejam
com as variaacuteveis isoladas ou combinadas Estes dados planimeacutetricos geram assinaturas
que permitem inferir sobre a influecircncia dessas variaacuteveis De posse dos dados gerados pelo
processo anteriormente citado pode-se fazer algumas prospecccedilotildees sobre os riscos
ambientais que a aacuterea pode sofrer ou o seu potencial ambiental (ROCHA 2007)
5 RESULTADOS
51 Levantamento histoacuterico de alagamentos e
deslizamentos
O aumento da demanda pelo uso do solo na regiatildeo urbana de Santos Dumont
principalmente no tocante agrave formaccedilatildeo de novos loteamentos e condomiacutenios nos uacuteltimos
anos eacute consideraacutevel mas tambeacutem haacute de se observar o crescimento dos bairros jaacute existentes
com pouco ou nenhum ordenamento Em ambos os casos se observa ocupaccedilotildees
irregulares em APP o que tem ocasionado um aumento na frequecircncia de deslizamentos
e inundaccedilotildees Eacute evidente que quanto maior a densidade populacional do bairro maior a
quantidade de ocorrecircncias ao longo dos anos (SPERFELD 2009)
De acordo com as ocorrecircncias registradas pela Defesa Civil do municiacutepio obtidas atraveacutes
da literatura utilizada nos uacuteltimos 30 anos Santos Dumont chegou a decretar situaccedilatildeo de
emergecircncia por conta de desastres envolvendo deslizamentos eou alagamentos por duas
vezes num espaccedilo de 10 anos conforme pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho
(BRASIL 2014 CEPED 2011)
Segundo os dados obtidos atraveacutes de pesquisa nos arquivos do semanaacuterio entre os anos
de 1984 e 2014 pode-se verificar que nos uacuteltimos 20 anos a cidade tem experimentado
24
um aumento consideraacutevel nos eventos relacionados a deslizamentos e principalmente
alagamentos como pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho Isso pode ter sido causado
dentre outros fatores pelo aumento do nuacutemero de vias pavimentadas com material
impermeaacutevel o que tem sobrecarregado tanto a infraestrutura existente para drenagem
urbana como tambeacutem a calha dos cursos drsquoaacutegua que passam pela regiatildeo urbana do
municiacutepio (ZANON2013)
Na deacutecada de 1980 (1984-1990) de acordo com os dados obtidos natildeo foram noticiados
eventos consideraacuteveis relacionados a deslizamentos e alagamentos em Santos Dumont
mas isso natildeo exclui a possibilidade de natildeo ter ocorrido tais eventos em menor escala
Na deacutecada de 1990 aconteceram uma seacuterie de ocorrecircncias tanto de deslizamentos quanto
de alagamentos No ano de 1997 num periacuteodo chuvoso intenso aconteceram
deslizamentos consideraacuteveis em vaacuterios bairros da cidade inclusive com desabamento de
casas e de ruas principalmente nos bairros Nossa Senhora da Gloacuteria e Quarto Depoacutesito
Em 1999 ocorreram alguns pontos de alagamento nos bairros Quarto Depoacutesito e Santo
Antocircnio com grandes prejuiacutezos materiais
A deacutecada de 2000 iniciou com o registro de deslizamentos em vaacuterios bairros da cidade
inclusive com desabamento de casas e pontes e alagamentos em importantes vias do
centro da cidade Observa-se ao longo desse periacuteodo o crescimento nas ocorrecircncias de
deslizamentos e de aacutereas com risco de deslizamento em muitos bairros de Santos Dumont
Um dos fatores importantes para esse crescimento foi a grande expansatildeo sofrida pela
maioria dos bairros e a falta de planejamento e orientaccedilatildeo por parte da prefeitura uma
vez que uma boa parte do crescimento dos bairros da cidade ocorreu ou proacuteximo a cursos
drsquoaacutegua ou em aacutereas com declividade improacutepria para se fazer construccedilotildees O bairro
Coacuterrego do Ouro (Figura 51) foi o que mais sofreu com ocorrecircncias de deslizamentos
nesse periacuteodo enquanto o bairro Santo Antocircnio foi que teve mais ocorrecircncias de
alagamentos
25
Figura 5 1 Deslizamento no bairro Coacuterrego do Ouro
Fonte Portal Cabangu
No iniacutecio deacutecada de 2010 (2011-2014) o centro da cidade foi a regiatildeo que mais sofreu
com alagamentos sendo registrado pelo menos uma ocorrecircncia por ano nessa aacuterea (Figura
52) Isso pode ser relacionado dentre outros fatores com as obras de modificaccedilatildeo do
tipo de pavimentaccedilatildeo das estradas por um material impermeaacutevel gerando uma sobrecarga
nos sistemas de drenagem urbana que foram projetados para um tipo de pavimento mais
permeaacutevel implicando tambeacutem na sobrecarga calha do Ribeiratildeo das Posses o principal
curso drsquoaacutegua que corta o centro da cidade e que se encontra em quase sua totalidade
ocupada em ambas as margens que cortam o centro da cidade
26
Figura 5 2 Alagamento na regiatildeo central de Santos Dumont em 2013
Fonte Portal Cabangu
Quanto agraves ocorrecircncias de deslizamento ao longo da referida deacutecada elas estiveram
espalhadas pelos bairros do municiacutepio tendo um maior nuacutemero de ocorrecircncias nos bairros
Santo Antocircnio Nossa Senhora da Gloacuteria e Aacutegua Espraiada Nos dois primeiros bairros
citados as ocorrecircncias podem ter sido ocasionadas pelo crescimento desordenado e sem
planejamento destes e no terceiro as ocorrecircncias satildeo relacionadas ao processo de
assoreamento do Ribeiratildeo das Posses o que pode ter gerado um aumento da velocidade
desse curso drsquoaacutegua causando problemas decorrentes do transporte de sedimentos da aacuterea
onde as casas foram construiacutedas que teve como consequecircncia os deslizamentos
Em resumo como pode ser observado nas figuras 53 e 54 na tabela 51 no periacuteodo de
1984 a 2014 os bairros mais afetados por alagamentos e deslizamentos satildeo Quarto
Depoacutesito Nossa Senhora da Gloacuteria Santo Antocircnio Coacuterrego do Ouro Antocircnio Afonso
Graminha e Vila Esperanccedila sendo que o bairro Coacuterrego do Ouro possui o maior nuacutemero
de ocorrecircncias de deslizamentos e o centro da cidade possui o maior nuacutemero de
ocorrecircncias de alagamentos no periacuteodo pesquisado Vale destacar que a aacuterea propiacutecia a
alagamentos no bairro Antocircnio Afonso natildeo identificada no estudo realizado pela
prefeitura constitui-se efetivamente numa aacuterea de risco conforme levantamento histoacuterico
realizado Esta aacuterea de risco se deve agrave diferenccedila de niacutevel negativa entre o rio Pinho e a
aacuterea do bairro estando este em desniacutevel com um risco iminente de inundaccedilotildees resultantes
da cheia desse curso drsquoaacutegua causando inuacutemeros transtornos aos moradores do local
27
Figura 5 3 Pontos de Alagamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico
Fonte Do autor
Figura 5 4 Pontos de deslizamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico
Fonte Do autor
28
Tabela 51 Ocorrecircncias de alagamentos e deslizamentos obtidos atraveacutes do
levantamento histoacuterico
Pontos de ocorrecircncia (1984-2014)
Bairros Alagamento Deslizamento
Aacutegua Espraiada 1 1
Antocircnio Afonso 1 0
Barra 0 1
Centro 7 1
Coacuterrego do Ouro 1 7
Flores 0 1
Graminha 1 0
Jardim Jaraguaacute 0 1
N Sra da Gloacuteria 0 4
N Sra das Graccedilas 1 0
Quarto Depoacutesito 3 2
Santo Antocircnio 4 2
Satildeo Sebastiatildeo 0 1
Vila Esperanccedila 0 1
Fonte Do autor
De acordo com o estudo realizado na elaboraccedilatildeo do Plano Diretor pela prefeitura
municipal observa-se que os bairros que possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a
deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do Ouro e Vila Esperanccedila enquanto que os que
possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a alagamento satildeo o Centro da cidade e os
bairros Satildeo Sebastiatildeo Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio por estarem agraves margens do
Ribeiratildeo das Posses um curso drsquoaacutegua que sofre com inundaccedilotildees perioacutedicas devido ao
severo assoreamento em algumas regiotildees e tambeacutem devido ao acuacutemulo de lixo descartado
pelos moradores do entorno irregularmente De acordo com o estudo realizado quando da
elaboraccedilatildeo do Plano Diretor do municiacutepio foram feitos estudos sobre as aacutereas propensas
a deslizamentos e alagamentos na regiatildeo urbana principal Tais aacutereas satildeo as destacadas
nas Figuras 55 e 56 No levantamento histoacuterico realizado pode-se identificar que os
bairros que possuem mais aacutereas propensas a deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do
Ouro Nossa Senhora da Gloacuteria Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio enquanto que os bairros
mais propensos a alagamentos satildeo os bairros Centro Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio
como observado na tabela 51
29
Figura 5 5 Aacutereas propensas a deslizamento de acordo com o Plano Diretor de
Santos Dumont
Fonte Google Earth e Lei 42412012
Figura 5 6 Aacutereas propensas a alagamento de acordo com o Plano Diretor de
Santos Dumont
Fonte Google Earth e Lei 42412012
30
Comparando-se os mapas obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico com o mapa gerado
pelo estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor nota-se que haacute semelhanccedilas em
algumas aacutereas mas ao se levar em conta o produto gerado pela pesquisa histoacuterica o
estudo necessitaria ser complementado haja vista que ele natildeo compreende por exemplo
o ponto de alagamento no bairro Antocircnio Afonso citado anteriormente e alguns pontos de
deslizamento importantes uma vez que satildeo regiotildees onde haacute ocupaccedilatildeo Esse fato evidencia
a necessidade de se buscar vaacuterias fontes primaacuterias e secundaacuterias para se detectar aacutereas de
risco em um municiacutepio incluindo arquivos da imprensa local afim de se produzir uma
base de dados consistente e com o menor nuacutemero de falhas possiacutevel (CEPED 2014) Com
a uniatildeo dos dois estudos foram gerados os mapas apresentados nas Figuras 57 e 58
Aleacutem do mais observando as figuras 57 e 58 pode-se notar que uma boa parte tanto dos
casos de alagamento quanto de deslizamento estatildeo na faixa de APP de curso hiacutedrico o
que ilustra a importacircncia da preservaccedilatildeo destas aacutereas
Figura 5 7 Aacutereas propensas a alagamento do estudo do Plano Diretor
complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento
Fonte Do Autor
31
Figura 5 8 Aacutereas propensas a deslizamento do estudo do Plano Diretor
complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento
Fonte Do Autor
Atraveacutes da combinaccedilatildeo entre estes dois levantamentos procurou-se alimentar a base de
dados e garantir uma consistecircncia maior desta no que diz respeito a aacutereas de deslizamento
e alagamento podendo inclusive se identificar a suscetibilidade de uma determinada
regiatildeo da cidade a um ou outro evento (CEPED2014)
512 O Plano diretor e as APPs
Nos uacuteltimos anos o Brasil experimentou um forte fenocircmeno de migraccedilatildeo do campo para
as aacutereas urbanas De acordo com o IBGE no periacuteodo de 1940 a 2000 houve um aumento
de cerca de 60 do nuacutemero de pessoas que vivem em cidades (SILVA JR 2006) O
processo de planejamento e ordenamento do uso do solo nessas aacutereas deveria ter
acompanhado esse crescimento ao longo dos anos a fim de garantir a qualidade de vida e
a seguranccedila dos migrantes ao se instalarem nas cidades o que natildeo ocorreu e o que se
observa atualmente satildeo ocupaccedilotildees em aacutereas improacuteprias para moradia sem a infraestrutura
baacutesica necessaacuteria e com risco iminente de deslizamentos eou inundaccedilotildees
O Plano Diretor do municiacutepio de Santos Dumont em seu capiacutetulo IV que versa sobre o
uso e ocupaccedilatildeo do solo explicita regras para o ordenamento do territoacuterio que compreende
o municiacutepio com base nos diferentes usos do solo de acordo com sua compatibilidade o
32
que acabou por resultar num zoneamento de todo o municiacutepio em macrozonas conforme
citado na seccedilatildeo 3231 de acordo com os usos atuais e futuros do solo Aleacutem de dividir
estas macrozonas em urbanas e rurais tambeacutem avaliou e classificou estas aacutereas com base
numa seacuterie de fatores ambientais geoloacutegicos culturais e sociais de forma a se fazer um
zoneamento coerente com os atuais usos do solo e seu potencial de uso futuro Apresenta-
se na Figura 59 este zoneamento na aacuterea urbana principal de Santos Dumont
Figura 5 9 Zoneamento urbano da aacuterea urbana principal
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Lei 42412012
Tomando como referecircncia o Novo Coacutedigo Florestal brasileiro em especial os paracircmetros
estabelecidos para a definiccedilatildeo de APP e utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento
atraveacutes do software Vista SAGA relacionou-se as APPs existentes na aacuterea em estudo com
as regiotildees propiacutecias a alagamentos e deslizamentos de acordo com o estudo feito quando
da elaboraccedilatildeo do Plano Diretor afim de se identificar qual ou quais aacutereas possuem estes
problemas e se estatildeo relacionados com o uso do solo irregular em APP
Ao se aplicar a metodologia proposta por Oliveira amp Fernandes Filho (2013) natildeo foram
identificadas dentro da aacuterea de estudo APPs de topos de morro sendo este tipo de APP
descartada portanto das anaacutelises subsequentes deste trabalho Foram consideradas as
APP de curso hiacutedrico (rios e nascentes) e de declividade visando relacionaacute-las as aacutereas
de risco identificadas pela Prefeitura afim de se verificar as possiacuteveis causas da ocorrecircncia
33
destas aacutereas na regiatildeo urbana do municiacutepio Por meio de combinaccedilotildees entre dois mapas
temaacuteticos utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento foi possiacutevel obter as
assinaturas ou seja tabelas que caracterizam quantitativamente a aacuterea afetada por cada
aspecto visto que a simples visualizaccedilatildeo do mapa gerado pelo geoprocessamento muitas
vezes eacute prejudicada por serem aacutereas de pequenas dimensotildees ou por qualquer outra
limitaccedilatildeo do software Ressalta-se que para a elaboraccedilatildeo do Plano Municipal de Reduccedilatildeo
de riscos a identificaccedilatildeo e detalhamento topograacutefico destas aacutereas eacute fundamental para o
desenvolvimento do referido Plano conforme seraacute abordado detalhadamente na seccedilatildeo
52
De posse do mapa que representa o zoneamento urbano de Santos Dumont primeiramente
procurou-se mensurar qualitativa e quantitativamente a presenccedila de APPs tanto de
declividade quanto de cursos hiacutedricos Essa identificaccedilatildeo eacute importante pois este
zoneamento eacute um dos instrumentos de planejamento municipal (BRASIL 2001) Saboya
(2007) aponta que os principais objetivos de um zoneamento satildeo o controle da expansatildeo
urbana e proteccedilatildeo de aacutereas inadequadas a ocupaccedilatildeo aleacutem de reduzir os conflitos inerentes
aos diferentes usos do solo Com o uso da ferramenta ldquoCombinarrdquo do Vista SAGA foram
feitas combinaccedilotildees entre o mapa de hidrografia com buffer de 30m para rios e coacuterregos e
de 50m para nascentes com o mapa do zoneamento para se verificar a importacircncia das
APPs de curso hiacutedrico em toda a aacuterea urbana principal do municiacutepio Tambeacutem foram
combinados o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) obtido atraveacutes do gvSIG com o mapa
de zoneamento afim de se verificar quantitativamente as APPs de declividade e onde se
localizam Vale ressaltar que as declividades entre 30 e 47 estatildeo presentes nesta
combinaccedilatildeo pois de acordo com o Plano Diretor de Santos Dumont terrenos com esta
faixa de declividade para fins de parcelamento devem possuir estudo teacutecnico que ateste
a viabilidade de se promover algum empreendimento imobiliaacuterio neste (SANTOS
DUMONT 2012) Como a legislaccedilatildeo municipal prevecirc estudo somente para a faixa de
declividade descrita anteriormente para fins de anaacutelise neste trabalho consideramos um
valor mais conservador para APP compreendendo a faixa de 47 a 100 aleacutem da
prevista pela legislaccedilatildeo federal (gt100) para que natildeo houvessem lacunas importantes na
geraccedilatildeo do produto
Apresenta-se na Figura 510 aacutereas com declividades consideradas de risco e consideradas
APP e em qual zona de planejamento elas estatildeo inseridas De um modo geral ao se
observar a Tabela 52 nota-se que a aacuterea que compreende declividades de risco e APP eacute
uma pequena parcela da aacuterea urbana principal representando 061 desta aacuterea Ao se
levar em conta somente a localizaccedilatildeo pode-se verificar que cerca de 84 das aacutereas com
declividade de risco e a totalidade das APPs de declividade estatildeo localizadas na ZAC1
zona que compreende a maior parte do municiacutepio e apesar de possuir infraestrutura baacutesica
para a ocupaccedilatildeo esta eacute restrita Sendo assim o fator declividade deve ser visto com cautela
nesta aacuterea para se evitar transtornos advindos de edificaccedilotildees nestas aacutereas
34
Figura 5 10 Combinaccedilatildeo entre as declividades importantes incluindo as APPs e o
zoneamento urbano
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Do autor
Tabela 52 Assinaturas da combinaccedilatildeo Declividade x Zoneamento
Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea
Natildeo APP 457972 9939
Declividade 30-47 em ZAC1 2368 051
Declividade 30-47 em ZE 284 006
Declividade 30-47 em ZAC2 128 003
Declividade 30-47 em ZPA 004 0001
APP Declividade em ZAC1 048 001
Total 460804 100
Fonte Do autor
Apresenta-se na Figura 511 as APPs de curso hiacutedrico (nascentes e rios) e em qual zona
de planejamento estatildeo localizadas Assim como a declividade a maior parte das APPs de
curso hiacutedrico estatildeo localizadas em ZAC1 representando 383 da aacuterea urbana em estudo
e 51 do total das APPs de curso hiacutedrico Esta questatildeo tambeacutem deve ser vista com
bastante criteacuterio pelos gestores locais uma vez que a ocupaccedilatildeo em faixas proacuteximas de
rios e coacuterregos podem causar uma gama de problemas ambientais e sociais na regiatildeo
(SANTANA2011) Tal cuidado tambeacutem deve ser tomado nas APPs compreendidas na
35
ZAC2 que compreende 001 da Aacuterea urbana principal e 14 do total das APPs de curso
hiacutedrico pois a infraestrutura baacutesica e acessibilidade presente nesta zona eacute precaacuteria e a
ocupaccedilatildeo as margens de cursos hiacutedricos pode gerar problemas seacuterios caso ocorra uma
expansatildeo nestas aacutereas
Figura 511 Combinaccedilatildeo entre APP de curso hiacutedrico e as zonas de planejamento
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Do autor
Outro ponto importante eacute a presenccedila da Zona de Proteccedilatildeo Ambiental (ZPA) no entorno
uma consideraacutevel parte dos cursos hiacutedricos Nesta zona estatildeo presentes 28 das APPs de
curso hiacutedrico e esta zona de acordo com o Plano Diretor deve ser restaurada ou
preservada por suas caracteriacutesticas geoloacutegicas topograacuteficas e bioloacutegicas
Afim de se verificar os usos do solo na regiatildeo em estudo foram utilizadas combinaccedilotildees
de imagens advindas do sateacutelite Landsat 8 nas bandas descritas no capiacutetulo 4 aleacutem da
banda pancromaacutetica O resultado eacute apresentado na figura 512 que mostra os principais
usos do solo na aacuterea urbana principal de Santos Dumont
36
Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x Zoneamento
Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea
Hidrografia 11168 239
Aacuterea Urbana Natildeo APP 421004 9008
APP Curso hiacutedrico em ZAC1 179 383
APP Curso hiacutedrico em ZPA 9776 209
APP Curso hiacutedrico em ZE 184 004
APP Curso hiacutedrico em ZA 1192 026
APP Curso hiacutedrico em ZAC2 5124 110
APP Curso hiacutedrico em ZPPH 248 005
APP Curso hiacutedrico em ZEIS 568 012
APP Curso hiacutedrico em ZCA 228 005
Total 467392 10000
Fonte Do autor
Figura 5 12 Mapa de usos do solo da aacuterea urbana principal de Santos Dumont
Fonte Do autor
Como jaacute era previsto a maior parte da aacuterea urbana se encontra ocupada e eacute nesta regiatildeo
ocupada que se observa a maior concentraccedilatildeo de problemas de deslizamentos e
alagamentos (Figuras 513 e 514) A grande ocupaccedilatildeo em aacutereas consideradas APP de
curso hiacutedrico de acordo com os mapas gerados pode ser a principal causa do aumento a
cada ano dos casos de alagamento principalmente na regiatildeo central da cidade Outro ponto
que se deve atentar eacute a existecircncia de uma consideraacutevel aacuterea de pastagem pouco vegetada
que caso estejam em aacutereas elevadas pode contribuir para deslizamentos e agraves margens de
37
rios e coacuterregos para o assoreamento destes corpos hiacutedricos o que pode causar
alagamentos (INAacuteCIO etal 2007)
Diante destes resultados pode-se ver que a cidade de Santos Dumont necessita alternativas
efetiva no que diz respeito agrave contenccedilatildeo de deslizamentos e a reduccedilatildeo de risco de
alagamento pois as aacutereas em que ocorrem tais eventos satildeo distintas e facilmente definidas
devido agrave repeticcedilatildeo destes nos uacuteltimos anos Um plano de accedilatildeo integrado entre as diferentes
secretarias municipais (Obras Meio Ambiente Assistecircncia Social entre outras) e a
Coordenadoria Municipal de Defesa Civil deve ser realizado afim de se tomar medidas
natildeo mais preventivas mas sim preditivas para que se possa conter o avanccedilo destes
problemas na aacuterea urbana principal bem como em toda a aacuterea do municiacutepio
Figura 5 13 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na aacuterea urbana
principal
Fonte Do autor
38
Figura 5 14 Aacutereas sujeitas a alagamento e os principais usos do solo na aacuterea
urbana principal
Fonte Do autor
Ao se associar os dados do estudo do Plano Diretor com os dados do levantamento
histoacuterico realizado com o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) pode-se notar que as aacutereas
propiacutecias a deslizamento estatildeo em regiotildees as quais haacute uma fronteira de declividades ou
seja eacute evidente que os deslizamentos ocorrem em encostas um pouco mais iacutengremes mas
natildeo necessariamente nas encostas de 30-47 as quais exigem estudo teacutecnico conforme o
plano diretor preconiza Quanto aos alagamentos nota-se que eles se localizam nas aacutereas
com menor ou nenhuma declividade podendo ser estas aacutereas talvez componentes da
planiacutecie de inundaccedilatildeo dos rios Estes resultados podem ser vistos nas figuras 515 e 516
a seguir
39
Figura5 15 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a deslizamentos na
regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
Fonte Lei 42412012 e Autor
Figura5 26 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a alagamentos na
regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
Fonte Lei 42412012 e Autor
40
52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis
O processo de ocupaccedilatildeo no municiacutepio de Santos Dumont comeccedilou muito antes de
qualquer legislaccedilatildeo relacionada a ordenamento urbano e de proteccedilatildeo do meio ambiente
fosse implementado no Brasil Esse fato aliado a poliacuteticas e fiscalizaccedilotildees falhas
contribuiacuteram para a ocupaccedilatildeo e expansatildeo da aacuterea urbana ao longo do Ribeiratildeo das Posses
e seus afluentes o que tem gerado o aumento da degradaccedilatildeo destes corpos hiacutedricos ao
longo de todos estes anos Observa-se tambeacutem que nas uacuteltimas deacutecadas ocorreu um
grande nuacutemero de migraccedilotildees do campo para a regiatildeo urbana da cidade fator que
contribuiu para o crescimento do nuacutemero de habitaccedilotildees em aacutereas de risco de deslizamento
e alagamentos por serem na maioria das vezes terrenos menos valorizados e por este
motivo acessiacuteveis a populaccedilatildeo com menor poder aquisitivo (ROSA amp CORTEZ 2008)
Vale ressaltar que esta questatildeo aleacutem de ser ambiental eacute muito mais social pois os
moradores entendem os riscos de se viver nestes locais mas por motivos econocircmicos ou
por questotildees afetivas natildeo abrem matildeo da moradia nessas aacutereas A Constituiccedilatildeo Federal de
1988 promoveu a inter-relaccedilatildeo das questotildees sociais com as questotildees ambientais quando
colocou o meio ambiente como direito coletivo (BRASIL1988 SOUZA2010) Por este
motivo a decisatildeo por medidas draacutesticas que favoreccedilam apenas agrave preservaccedilatildeo do meio
ambiente natildeo eacute recomendada pois aleacutem de ser inconstitucional podem afetar a
sustentabilidade econocircmica do municiacutepio e gerar conflitos sociais consideraacuteveis
(CARLOS 1992 apud SOUZA 2010)
Segundo Bueno (2009) ldquonem tudo o que eacute irregular eacute precaacuteriordquo Esse fato se observa em
Santos Dumont uma vez que em boa parte da regiatildeo central se observa vaacuterias moradias
construiacutedas na faixa de APP de curso hiacutedrico o que natildeo eacute permitido pela legislaccedilatildeo
vigente e eacute um dos fatores que contribui para a ocorrecircncia de alagamentos nesta aacuterea da
cidade Para a resoluccedilatildeo deste problema o que seria mais viaacutevel seria a melhoria da
infraestrutura de drenagem urbana afim de que o escoamento da aacutegua das chuvas natildeo
sobrecarregasse o sistema (BUENO2009) A construccedilatildeo de bacias de contenccedilatildeo de
cheias ao longo do Ribeiratildeo das Posses tambeacutem seria uma alternativa mas para se verificar
a viabilidade necessita-se estudos mais aprofundados do ponto de vista hidroloacutegico
O grande problema a ser solucionado no entanto eacute o que diz respeito agraves aacutereas de risco
de deslizamento majoritariamente nos bairros A melhor alternativa seria o
remanejamento dos moradores para uma aacuterea proacutexima agrave que moram poreacutem longe do
risco Poreacutem esta alternativa de acordo com Rosa Filho amp Cortez (2008) encontra alguns
entraves pois estas pessoas na maioria das vezes natildeo tecircm condiccedilotildees financeiras de irem
para outro lugar ou pagar aluguel ou estatildeo de alguma forma sentimentalmente ligadas
agravequela regiatildeo que se recusam a deixaacute-lo
41
Por parte dos oacutergatildeos competentes no municiacutepio a criaccedilatildeo de um plano para se evitar
acidentes ocasionados por deslizamentos e alagamentos com um mapeamento detalhado
de toda a extensatildeo do municiacutepio eacute extremamente uacutetil Os estudos que seratildeo feitos para a
elaboraccedilatildeo deste plano poderatildeo definir quais as aacutereas satildeo potencialmente de risco para as
ocupaccedilotildees existentes ou para as potenciais ocupaccedilotildees que possam vir a ocorrer atraveacutes do
mapeamento das aacutereas de risco Tal planejamento seraacute auxiliar ao Plano Diretor
Municipal pois definiraacute o real uso do solo de determinada regiatildeo do municiacutepio
contribuindo para a adequaccedilatildeo do uso e ocupaccedilatildeo do solo afim de evitar ou reduzir o
nuacutemero de problemas relacionados a alagamentos e principalmente deslizamentos no
periacutemetro urbano (TOMINAGA 2009) A partir deste plano os gestores locais poderatildeo
tomar a melhor decisatildeo para a prevenccedilatildeo ou reduccedilatildeo dos riscos inerentes a tais problemas
Na seccedilatildeo 521 seraacute hierarquizado de forma preliminar a aacuterea urbana principal de acordo
com os resultados da tabela 51
521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta
O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos (PMRR) foi criado atraveacutes de accedilotildees
regularizadoras do Ministeacuterio das Cidades para ser o instrumento de gestatildeo e
gerenciamento de aacutereas de risco em um municiacutepio Eacute um documento que aleacutem de
estabelecer quais regiotildees satildeo consideradas de risco tambeacutem objetiva a proposta de
medidas estruturais ou natildeo para contenccedilatildeo eou prevenccedilatildeo de cataacutestrofes aleacutem de ser um
meio de captaccedilatildeo de recursos financeiros junto aos Governos Estadual e Federal Estes
recursos poderatildeo ser utilizados para a realizaccedilatildeo de obras que visem a melhoria da
qualidade de vida da populaccedilatildeo do entorno ou de recuperaccedilatildeo da aacuterea degradada Este
plano eacute realizado de forma participativa com as comunidades das aacutereas de risco e pode
ser realizado em sete fases conforme recomenda o Ministeacuterio das Cidades (ALHEIROS
2006)
O primeiro passo para a realizaccedilatildeo do PMRR eacute definir qual a metodologia seraacute empregada
levando-se em consideraccedilatildeo a realidade atual do municiacutepio e especificar de forma sucinta
um cronograma das atividades Eacute importante nesta fase a participaccedilatildeo tambeacutem dos
responsaacuteveis pelas mais variadas Secretarias Municipais afim de explicitar o tamanho da
importacircncia e o caraacuteter integrador deste plano A segunda fase deste plano objetiva a
criaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo da principal base de dados a ser utilizada nos passos posteriores o
mapeamento de risco em escala detalhe em torno de 13000 (SAtildeO PAULO 2014) A
elaboraccedilatildeo de um mapeamento detalhado propiciaraacute natildeo soacute a identificaccedilatildeo mais faacutecil das
aacutereas de risco como tambeacutem facilitaraacute aos gestores e agrave comunidade decidirem qual a
melhor intervenccedilatildeo para a soluccedilatildeo ou remediaccedilatildeo dos problemas em uma determinada
42
aacuterea hierarquizando o risco e definindo prioridades (SAtildeO PAULO 2014) Na tabela a
seguir apresenta-se alguns tipos de intervenccedilotildees que podem ser feitas em aacutereas de risco
sugeridas pelo Ministeacuterio das cidades (ALHEIROS 2006)
Quadro 5 1 - Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco
Tipo de intervenccedilatildeo Descriccedilatildeo
Serviccedilos de limpeza e Recuperaccedilatildeo
Remoccedilatildeo de entulho lixo etc
corte de aacutervores
remoccedilatildeo de bananeiras
recuperaccedilatildeo eou limpeza de sistemas de
drenagem esgotos e acessos
Limpeza de canais de drenagem
Proteccedilatildeo Vegetal
Proteccedilatildeo superficial vegetal (gramiacuteneas) em
taludes com solo exposto
Proteccedilatildeo vegetal de margens de canais de
drenagem
Barreiras vegetais para massas escorregadas
ou acumuladas pela erosatildeo
Drenagem Superficial e Acessos
Sistema de drenagem superficial (canaletas
raacutepidos caixas de transiccedilatildeo escadas drsquoaacutegua)
Acessos para pedestres (escadarias rampas
etc) integrados ao sistema de drenagem
Revestimento de Taludes Revestimento com materiais artificiais
cimentado cal-jet tela argamassada alvenaria
de tijolos ceracircmicos solo-cimento ensacado
Desmonte de blocos e matacotildees Desmonte de concreccedilotildees de grande porte
blocos rochosos e matacotildees
Obras de drenagem de subsuperfiacutecie Sistema de drenagem de subsuperfiacutecie
(trincheiras drenantes DHP poccedilos de
rebaixamento)
Estruturas de contenccedilatildeo (localizadas)
Muros de contenccedilatildeo de pequeno porte (solo-
cimento ensacado alvenaria de pedra-rachatildeo
concreto armado)
Estruturas de contenccedilatildeo localizadas
(chumbadores tirantes microestacas)
Contenccedilatildeo e proteccedilatildeo de margens de canais (
gabiotildees muros de concreto etc)
Estruturas de contenccedilatildeo (meacutedio e grande porte) Implantaccedilatildeo de estruturas de contenccedilatildeo de
meacutedio e grande porte envolvendo obras de
contenccedilatildeo passivas e ativas (muros de
gravidade cortinas etc)
Terraplanagem Execuccedilatildeo de serviccedilos de terraplanagem
combinados a obras de drenagem superficial e
proteccedilatildeo vegetal desvio e canalizaccedilatildeo de
coacuterregos
Remoccedilatildeo de moradias Remoccedilotildees definitivas para implantaccedilatildeo de
obras ou devido agrave localizaccedilatildeo improacutepria da
edificaccedilatildeo (Priorizar as relocaccedilotildees dentro da
proacutepria aacuterea em local seguro)
Fonte ALHEIROS 2006
43
Escolhidas as formas de intervenccedilatildeo para cada aacuterea eacute necessaacuterio realizar uma estimativa
dos custos afim de preparar o orccedilamento da prefeitura para a realizaccedilatildeo das obras e se
seraacute necessaacuterio a captaccedilatildeo de recursos externos para a execuccedilatildeo destas Feitas as
estimativas de custo o proacuteximo passo eacute definir as prioridades e para esta fase eacute tambeacutem
uacutetil o mapeamento feito nas etapas anteriores pois seraacute necessaacuterio hierarquizar tais
intervenccedilotildees nas aacutereas de risco O Ministeacuterio das Cidades (2007) sugere alguns criteacuterios
que podem ser avaliados pelo gestor dentre eles pode-se citar
Grau de risco
Populaccedilatildeo beneficiada
Custo da intervenccedilatildeo
Dimensatildeo da aacuterea a ser tratada
Demandas anteriores da populaccedilatildeo
Tempo de ocupaccedilatildeo
Viabilidade teacutecnica da intervenccedilatildeo
Viabilidade financeira
Inclusatildeo da aacuterea em outros projetos
A partir desta hierarquizaccedilatildeo inicia-se a identificaccedilatildeo de provaacuteveis fontes de captaccedilatildeo de
recursos para a execuccedilatildeo das intervenccedilotildees Estes recursos podem advir de programas dos
governos Federal e Estadual ou por meio de editais para captaccedilatildeo de recursos financeiros
tanto do setor puacuteblico como da iniciativa privada e podem ser tambeacutem associados agrave outras
Secretarias Municipais como a de Turismo ou Meio Ambiente e natildeo soacute as destinadas agrave
Defesa Civil (ALHEIROS 2006)
Eacute previsto tambeacutem no PMRR uma avaliaccedilatildeo da Defesa Civil municipal e como ela estaacute
estruturada fazendo inclusive sugestotildees para que sua atuaccedilatildeo esteja em consonacircncia com
a realidade das comunidades e da Administraccedilatildeo Puacuteblica do municiacutepio de forma a garantir
sua sustentabilidade e conquistar a credibilidade da populaccedilatildeo no que diz respeito a
prevenccedilatildeo de cataacutestrofes Para que a resposta a uma determinada situaccedilatildeo de risco seja
raacutepida eacute necessaacuterio a descentralizaccedilatildeo da Defesa Civil criando pequenos nuacutecleos
comunitaacuterios com a finalidade de se monitorar a aacuterea constantemente e promover as
intervenccedilotildees necessaacuterias em tempo haacutebil o que aumenta em muito a credibilidade da
populaccedilatildeo no PMRR e no trabalho desempenhado pela Defesa Civil no municiacutepio Apoacutes
esta etapa o PMRR passaraacute por audiecircncias puacuteblicas e posteriormente poderaacute ser aprovado
como Lei Municipal pelo Legislativo local (ALHEIROS 2006)
Com a realizaccedilatildeo deste plano o municiacutepio estaraacute munido de informaccedilotildees suficientes para
realizar accedilotildees efetivas de gestatildeo e gerenciamento de riscos bem como aliado a
levantamentos sociais realizar programas habitacionais que beneficiem prioritariamente
44
aos moradores das aacutereas de risco Aleacutem disso com o PMRR o municiacutepio poderaacute melhorar
a qualidade ambiental da populaccedilatildeo captando recursos para a recuperaccedilatildeo das aacutereas de
APP que foram degradadas pelas ocupaccedilotildees irregulares beneficiando todos os moradores
do municiacutepio com o aumento da qualidade de vida na cidade
A partir do disposto nesta seccedilatildeo acerca do Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos e de
uma maneira preliminar (levando-se em conta apenas o nuacutemero de registros de
alagamentos e deslizamentos na aacuterea urbana principal de Santos Dumont no periacuteodo de
1984 a 2014) identificou-se trecircs regiotildees distintas na aacuterea urbana do municiacutepio com
tempo de recorrecircncia desses eventos similares caracterizando trecircs prioridades de
intervenccedilatildeo em contenccedilatildeo de risco como pode ser visto nas figuras 515 e 516 Vale
ressaltar que eacute necessaacuterio um estudo mais detalhado inclusive com visitas teacutecnicas a
campo para que se confirme a real situaccedilatildeo destas e a real prioridade para investimentos
Figura 5 17 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de deslizamentos
Fonte Do Autor
45
Figura 5 18 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de alagamentos
Fonte Do Autor
46
6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees
A seguir apresenta-se as conclusotildees e as recomendaccedilotildees feitas a partir dos objetivos
especiacuteficos explicitados no iniacutecio deste trabalho
Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a
aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes
urbanos
A partir da revisatildeo da legislaccedilatildeo pertinente em acircmbito federal estadual e
municipal constatou-se que o Plano Diretor de Santos Dumont natildeo conflita com a
legislaccedilatildeo federal e estadual sobre Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente A legislaccedilatildeo
municipal foi entendida como mais conservadora que as federal e estadual uma
vez que considera implicitamente que declividades entre 47 e 100 satildeo
enquadradas como APPs aleacutem da faixa superior a 100
Parte consideraacutevel das ocupaccedilotildees em APP principalmente na regiatildeo do bairro
Santo Antocircnio (onde surgiu os primeiros nuacutecleos que deram origem ao municiacutepio)
e o centro da cidade ocorreram antes de que fosse elaborado qualquer legislaccedilatildeo
que versasse sobre o tema Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente bastando ao gestor
local tomar medidas de contenccedilatildeo de riscos que minimizem os impactos causados
por essas ocupaccedilotildees nessa regiatildeo
O ordenamento adequado do uso do solo no municiacutepio eacute necessaacuterio para que o
crescimento dos loteamentos criados anteriormente agrave esta Lei e o surgimento de
novos natildeo avance para Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente o que pode causar
inuacutemeros problemas aos moradores e agravar os jaacute existentes
Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las
com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)
As aacutereas onde houveram a maior quantidade de registros de deslizamentos satildeo os
bairros mais populosos de Santos Dumont podendo se estabelecer uma relaccedilatildeo
que quanto mais populoso o bairro maior a quantidade de problemas relacionados
a deslizamentos Tambeacutem pode-se notar uma relaccedilatildeo com as fronteiras das faixas
de declividades e os deslizamentos uma vez que boa parte deles aconteceram
nestas faixas
As aacutereas onde houve um grande nuacutemero de registros de alagamentos satildeo os bairros
que se desenvolveram agraves margens do Ribeiratildeo das Posses em especial na aacuterea que
47
compreende as APPs de curso hiacutedrico e em aacutereas onde a declividade eacute baixa Esse
fato aliado ao crescimento do nuacutemero de vias pavimentadas com material
impermeaacutevel e a natildeo expansatildeo e ou redimensionamento da rede de drenagem
urbana contribuiacuteram para a ocorrecircncia cada vez mais constante de alagamentos
nessas aacutereas
Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos
catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30
anos
A partir do levantamento histoacuterico realizado e da base de dados georeferenciada
gerada observou-se o aumento do nuacutemero de registros de deslizamentos e
alagamentos nos uacuteltimos 10 anos quando as ocorrecircncias comeccedilaram a se repetir
numa mesma aacuterea com frequecircncia incrementada as vezes com mais de uma
ocorrecircncia anual
Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do
solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental
Destaca-se a adequaccedilatildeo dos criteacuterios gerais estabelecidos pelo Plano Diretor de
Santos Dumont relativos a legislaccedilatildeo federal e estadual Entretanto o referido
Plano Diretor natildeo contempla todo o territoacuterio municipal sendo assim ele natildeo
cumpre o objetivo de proteger as APPs preservadas e recuperar as que foram
degradadas em todo o territoacuterio municipal Ressalta-se tambeacutem a sua natildeo
conformidade com o Estatuto das Cidades uma vez que o Plano Diretor
contempla apenas os novos loteamentos
Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais
negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea
impactada
Recomenda-se a implantaccedilatildeo no municiacutepio de uma Coordenadoria Municipal de
Defesa Civil atuante e integrada agraves Secretarias Municipais e agrave comunidade
visando uma atuaccedilatildeo eficaz nos problemas relacionados a deslizamentos e
alagamentos A elaboraccedilatildeo de um Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos eacute de
suma importacircncia pois atraveacutes dele pode-se predizer as aacutereas que passaratildeo por
problemas caso a expansatildeo aconteccedila ou se inicie uma ocupaccedilatildeo nova aleacutem de
prevenir acidentes nas aacutereas jaacute ocupadas e consideradas de risco
48
7 Anexos
49
71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont
50
51
72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)
52
53
8 Referecircncias Bibliograacuteficas
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da cidade de Satildeo Paulo O caso da subprefeitura da Seacute Trabalho de Graduaccedilatildeo UNESP
Rio Claro 2013
iii
AGRADECIMENTOS
Agradeccedilo agrave todos que colaboraram direta e indiretamente para a elaboraccedilatildeo deste
trabalho em primeiro lugar a Deus por ter dado a mim a oportunidade de viver esses
maravilhosos anos na Academia agrave minha famiacutelia de um modo especial agrave meu pai Geraldo
e minha matildee Maria das Dores e ao meu irmatildeo Iago pela paciecircncia e pelo apoio
incondicional ao longo de todos estes anos a todos os meus professores desde o Jardim
de Infacircncia ateacute a graduaccedilatildeo pelo carinho e dedicaccedilatildeo ao orientador professor e amigo
Otaacutevio Branco pela confianccedila e pelo incentivo aos colegas de turma e a todos que de
alguma forma cooperaram conosco para que este trabalho fosse realizado
iv
ldquoSeja vocecirc quem for seja qual for a posiccedilatildeo
social que vocecirc tenha na vida a mais alta ou
a mais baixa tenha sempre como meta muita
forccedila muita determinaccedilatildeo e sempre faccedila tudo
com muito amor e com muita feacute em Deus que
um dia vocecirc chega laacute
De alguma maneira vocecirc chega laacute rdquo
Ayrton Senna
v
RESUMO
As questotildees relacionadas a ocorrecircncia de deslizamentos e alagamentos eacute uma constante
no cotidiano urbano principalmente no periacuteodo chuvoso onde os problemas se tornam
evidentes Esses eventos nos uacuteltimos anos natildeo se restringiram somente a grandes cidades
mas tambeacutem a pequenos municiacutepios que sofrem por falta de recursos e de pessoal
especializado para prever e predizer trageacutedias advindas dos alagamentos e deslizamentos
de encostas provocados pela ocupaccedilatildeo desordenada em especial nas Aacutereas de
Preservaccedilatildeo Permanente Nos uacuteltimos 10 anos Santos Dumont tem sofrido
constantemente com o aumento do nuacutemero de casos de deslizamentos e principalmente
alagamentos por natildeo contar com um planejamento integrado e atuante na contenccedilatildeo de
tais eventos O objetivo geral desse trabalho eacute contribuir para a formulaccedilatildeo de poliacuteticas
puacuteblicas afim de corrigir e prevenir tais eventos na aacuterea urbana da cidade Para isso foi
gerado uma base de dados histoacutericos de um periacuteodo de 30 anos que associada ao
processamento de imagens obtidas atraveacutes de radares e sateacutelites proporcionou identificar
os pontos que merecem maior atenccedilatildeo e tambeacutem possibilitou atraveacutes de criteacuterio
quantitativo propor uma hierarquizaccedilatildeo dos bairros que merecem prioridade em
investimentos relacionados a contenccedilatildeo de riscos Com a combinaccedilatildeo de mapas e a
comparaccedilatildeo entre o estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor e o levantamento
histoacuterico feito a partir de dados primaacuterios pode-se observar que a maioria dos casos de
alagamentos e parte dos deslizamentos ocorrem na faixa de APP de curso hiacutedrico
Tambeacutem pode se estabelecer uma relaccedilatildeo entre o tamanho do bairro e o nuacutemero de
eventos relacionados a deslizamentos
vi
ABSTRACT
Issues related to the occurrence of landslides and flooding is a constant in urban daily life
particularly in the rainy season where the problems become evident These events in
recent years were not restricted only to large cities but also small towns which suffer
from lack of resources and specialized staff to anticipate and predict resulting tragedies
of the floods and landslides caused by the disorderly occupation especially in Permanent
Preservation areas Over the past 10 years Santos Dumont has been constantly increasing
number of cases of landslides and especially flooding for not having an integrated
planning and active in the containment of such events The aim of this study is to
contribute to the formulation of public policies in order to correct and prevent such events
in the urban area of the city For it was generated a historical data base for a period of 30
years associated with the processing of images obtained by radar and satellites provided
identify the points that deserve more attention and also made possible through
quantitative criterion propose a hierarchy of neighborhoods that deserve priority in
investments related to risk containment With the combination of maps and the
comparison between the study for the preparation of the Master Plan and the historical
survey from primary data can be observed that most of the cases of flooding and some
landslides occur in the course of APP range water You can also establish a relationship
between the neighborhood size and the number of related events to landslides
vii
SUMAacuteRIO
LISTA DE FIGURAS 2
LISTA DE TABELAS E QUADROS 4
1 INTRODUCcedilAtildeO 5
2 OBJETIVOS 6
21 Objetivo geral 6
22 Objetivos especiacuteficos 6
3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 7
31 Conceitos Fundamentais 7
311 Aacutereas de risco 7
312 Deslizamentos 8
313 Alagamentos 8
314 Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente 9
315 Uso e ocupaccedilatildeo do solo 9
32 Legislaccedilatildeo Pertinente 10
321 As adequaccedilotildees da legislaccedilatildeo ao longo dos anos 10
322 O Novo Coacutedigo Florestal e a legislaccedilatildeo mineira 11
323 O Plano Diretor 13
3231 O Plano Diretor de Santos Dumont 14
33 O Municiacutepio de Santos Dumont 16
331 De Arraial a cidade 16
332 Santos Dumont na atualidade 19
4 METODOLOGIA 20
41 Aacuterea de estudo 20
42 Levantamento e tratamento dos dados 21
5 RESULTADOS 23
51 Levantamento histoacuterico de alagamentos e deslizamentos 23
512 O Plano diretor e as APPs 31
52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis 40
521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta 41
6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees 46
7 Anexos 48
71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont 49
72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos
(1984-2014) 51
8 Referecircncias Bibliograacuteficas 53
2
LISTA DE FIGURAS
Paacuteg
Figura 31 Vista parcial do Arraial de Joatildeo Gomes 17
Figura 32 Municiacutepio de Palmyra na deacutecada de 1920 18
Figura 33 Municiacutepio de Santos Dumont em 2014 19
Figura 41 Localizaccedilatildeo da aacuterea urbana principal 20
Figura 42 Mapa da aacuterea urbana principal com a localizaccedilatildeo dos
bairros
21
Figura 51 Deslizamento no bairro Coacuterrego do Ouro 25
Figura 52 Alagamento na regiatildeo central de Santos Dumont em 2013 26
Figura 53 Pontos de Alagamento obtidos atraveacutes do levantamento
histoacuterico
27
Figura 54 Pontos de Deslizamento obtidos atraveacutes do levantamento
histoacuterico
27
Figura 55 Aacutereas propensas a deslizamento de acordo com o Plano
Diretor de Santos Dumont
29
Figura 56 Aacutereas propensas a alagamento de acordo com o Plano
Diretor de Santos Dumont
29
Figura 57 Aacutereas propensas a alagamento do estudo do Plano Diretor
complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do
levantamento
30
Figura 58 Aacutereas propensas a deslizamento do estudo do Plano
Diretor complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do
levantamento
31
Figura 59 Zoneamento urbano da aacuterea urbana principal 32
Figura 510 Combinaccedilatildeo entre as declividades importantes incluindo
as APPs e o zoneamento urbano
34
Figura 511 Combinaccedilatildeo entre as APPs de curso hiacutedrico e as zonas de
planejamento
35
Figura 512 Mapa de usos do solo da aacuterea urbana principal de Santos
Dumont
36
Figura 513 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na
aacuterea urbana principal
37
Figura 514 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na
aacuterea urbana principal
38
Figura 515 Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a
deslizamentos na regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
39
Figura 516 Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a
alagamentos na regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
39
3
Figura 517 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de
deslizamentos
44
Figura 518 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de
alagamentos
45
4
LISTA DE TABELAS E QUADROS
Paacuteg
Tabela 51 Ocorrecircncias de alagamento e deslizamento obtidos
atraveacutes do levantamento histoacuterico
28
Tabela 52 Assinaturas da combinaccedilatildeo Declividade x Zoneamento 34
Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x
Zoneamento
36
Quadro 51 Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco 42
5
1 INTRODUCcedilAtildeO
Quando o ser humano deixou de seguir uma vida nocircmade e passou a se fixar em locais
em geral proacuteximos a cursos drsquoaacutegua e de aacutereas propicias ao cultivo de alimentos iniciou-
se o processo de implantaccedilatildeo de pequenas comunidades e quando estas comunidades
comeccedilaram a crescer natildeo soacute em quantidade mas tambeacutem do ponto de vista
organizacional deu-se iniacutecio a formaccedilatildeo das cidades tal como conhecemos hoje Como
resultado deste processo um sem-fim de problemas relacionados agrave estas ocupaccedilotildees
surgiram tanto de cunho ambiental quanto social e dentre estes problemas estatildeo
incluiacutedos os desastres naturais relacionados a deslizamentos e alagamentos por conta da
ocupaccedilatildeo em aacutereas natildeo adequadas a este fim
Nos uacuteltimos anos o Brasil tem vivenciado grandes trageacutedias relacionadas a deslizamentos
e alagamentos Uma boa parte destes eventos teve como fator agravante as ocupaccedilotildees
sem criteacuterio e sem orientaccedilatildeo teacutecnica Um exemplo recente aconteceu no Vale do Itajaiacute
em Santa Catarina em novembro de 2008 durante um periacuteodo com chuvas intensas em
que vaacuterias cidades entraram em situaccedilatildeo de calamidade puacuteblica devido ao grande nuacutemero
de casos de alagamento e graves deslizamentos de encostas causando a morte de vaacuterias
pessoas na regiatildeo No Estado do Rio de Janeiro em 2010 o Morro do Bumba em Niteroacutei
sofreu com um grave deslizamento que deixou um grande nuacutemero de mortos As casas
foram construiacutedas sobre um antigo lixatildeo sem nenhuma orientaccedilatildeo e com as intensas
chuvas que assolaram a regiatildeo naquela eacutepoca a encosta veio a baixo causando o desastre
Outra trageacutedia relevante aconteceu na regiatildeo Serrana do Rio de Janeiro que foi
considerada ateacute entatildeo a maior trageacutedia climaacutetica da histoacuteria do paiacutes com pouco mais de
500 mortos e um prejuiacutezo material incalculaacutevel no ano de 2011 Em comum a todos estes
fatos estaacute a falta de um planejamento efetivo por parte dos oacutergatildeos municipais no que diz
respeito ao disciplinamento do uso e ocupaccedilatildeo do solo e a fiscalizaccedilatildeo do cumprimento
da legislaccedilatildeo vigente
A cidade de Santos Dumont Minas Gerais natildeo eacute exceccedilatildeo a esta regra Como a grande
maioria das comunidades estabelecidas ao longo da Estrada Real a cidade surgiu como
um pequeno rancho cujo objetivo era servir de pouso para os viajantes que faziam o
transporte de pedras e metais preciosos das minas de Ouro Preto ateacute o Rio de Janeiro
Posteriormente a regiatildeo se desenvolveu como importante entreposto industrial e
comercial a partir da instalaccedilatildeo da ferrovia D Pedro II ateacute que no final do seacuteculo XIX
se transforma em vila e logo apoacutes em municiacutepio O desenvolvimento da regiatildeo implicou
tambeacutem no crescimento populacional e como naquela eacutepoca ainda natildeo havia uma
legislaccedilatildeo especiacutefica para ordenamento e uso do solo os loteamentos foram surgindo agraves
margens do Ribeiratildeo das Posses e em aacutereas cuja declividade natildeo era favoraacutevel agrave ocupaccedilatildeo
6
o que consequentemente acarretou deslizamentos de terra e alagamentos inclusive com
o registro de algumas trageacutedias ao longo dos anos
Pretende-se que este trabalho sirva como subsidio ao gestor puacuteblico local visando o
estabelecimento de poliacuteticas puacuteblicas integradas aos setores de meio ambiente e defesa
civil com vistas a garantir a seguranccedila de todos os muniacutecipes e a qualidade de vida em
todo o territoacuterio municipal
2 OBJETIVOS
21 Objetivo geral
O objetivo geral deste trabalho eacute contribuir para o estabelecimento de poliacuteticas puacuteblicas
direcionadas ao disciplinamento do uso e ocupaccedilatildeo do solo urbano no municiacutepio de
Santos Dumont
22 Objetivos especiacuteficos
Satildeo objetivos especiacuteficos
Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a
aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes
urbanos
Caracterizar o uso irregular do solo urbano em Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente
Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las
com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)
Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos
catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30
anos
Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do
solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental
7
Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais
negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea
impactada
3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
A seguir eacute apresentada a revisatildeo bibliograacutefica que fundamenta o desenvolvimento e o
pleno entendimento deste trabalho O conhecimento do que satildeo aacutereas de risco
alagamentos e deslizamentos bem como o que eacute e qual a importacircncia de um Plano Diretor
eacute de suma importacircncia para se avaliar como um municiacutepio estaacute se desenvolvendo e qual
a qualidade de vida dos muniacutecipes Tambeacutem satildeo abordados neste capiacutetulo os aspectos
legais referentes agraves Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente seus limites e sua importacircncia para
o ambiente urbano
31 Conceitos Fundamentais
311 Aacutereas de risco
De acordo com o Instituto de Pesquisas Tecnoloacutegicas ndash IPT entende-se como aacuterea de
risco aquela ldquopassiacutevel de ser atingida por fenocircmenos ou processos naturais eou induzidos
que causem efeito adverso As pessoas que habitam essas aacutereas estatildeo sujeitas a danos agrave
integridade fiacutesica perdas materiais e patrimoniaisrdquo (MINISTEacuteRIO DAS CIDADES
2007)
Para Augusto Filho et al (1990) apud Cristo (2002) aacuterea de risco eacute caracterizada como
aquela em que ldquose encontra em situaccedilatildeo de perigo tanto socialmente quanto
economicamente por conta de alguma alteraccedilatildeo na constituiccedilatildeo do terreno ou com grande
probabilidade de ocorrer processos naturaisrdquo
Segundo Fernandes (2012) aacutereas de risco ldquosatildeo aacutereas consideradas improacuteprias ao
assentamento humano por estarem sujeitas a riscos naturaisrdquo
Diante das definiccedilotildees supracitadas pode-se dizer que aacuterea de risco satildeo aacutereas susceptiacuteveis
agrave accedilatildeo de eventos naturais extremos e por esse motivo natildeo eacute viaacutevel agrave ocupaccedilatildeo humana
nestes locais e pode ou natildeo estar associados agrave proximidade ou nos limites de uma APP
8
312 Deslizamentos
Segundo Tominaga (2009) deslizamento eacute o movimento de solo em uma vertente pela
accedilatildeo da gravidade e satildeo mais frequentes em regiotildees de relevo montanhoso e em periacuteodos
chuvosos sendo a pluviosidade um dos principais fatores condicionantes para a ocorrecircncia
do processo Os deslizamentos podem ocorrer naturalmente e eacute grande responsaacutevel pela
dinacircmica das vertentes e evoluccedilatildeo do relevo local mas no Brasil a falta de planejamento
urbano de uma boa parte dos municiacutepios a ocupaccedilatildeo desordenada e a construccedilatildeo de
domiciacutelios sem orientaccedilatildeo teacutecnica tecircm transformado um processo natural em um
problema que algumas vezes se tornam grandes trageacutedias Na regiatildeo Sudeste brasileira o
escorregamento do tipo rotacional eacute o mais comum e eacute caracterizado por uma ruptura
curva no solo que estaacute geralmente associada agrave realizaccedilatildeo de cortes na base do talude ou
por processos erosivos fluviais o que relaciona esse tipo de escorregamento agraves regiotildees
urbanas mal planejadas e coloca o homem como o principal agente efetivo associado com
a pluviosidade na ocorrecircncia de acidentes relacionados com deslizamentos
(FERNANDES amp AMARAL 1996 apud TOMINAGA 2009)
313 Alagamentos
De acordo com Amaral amp Ribeiro (2009) inundaccedilotildees e enchentes satildeo processos
intimamente relacionados com a pluviosidade pois satildeo frequentes em periacuteodos de chuvas
fortes e raacutepidas ou chuvas de longa duraccedilatildeo e estatildeo relacionados agrave intensidade e
distribuiccedilatildeo da precipitaccedilatildeo ao longo da bacia agrave capacidade do solo de reter e infiltrar
aacutegua e agraves caracteriacutesticas de forma da bacia de drenagem
O escoamento das aacuteguas pluviais na natureza eacute lento mas em aacutereas urbanizadas a accedilatildeo
antroacutepica relacionada a ocupaccedilatildeo de planiacutecies de inundaccedilatildeo que podem estar inclusive
em uma cota abaixo do leito do rio impermeabilizaccedilatildeo do solo e retificaccedilatildeo de corpos
drsquoaacutegua aleacutem de inuacutemeras atividades que promovem o assoreamento dos rios e coacuterregos
tem gerado resultados catastroacuteficos e grandes prejuiacutezos (AMARAL amp RIBEIRO 2009)
Quando se refere agraves regiotildees urbanas o termo ldquoalagamentordquo eacute o mais utilizado e segundo
o Ministeacuterio das Cidades (2006) define-se como o ldquoacuacutemulo momentacircneo de aacuteguas em
uma dada aacuterea por problemas no sistema de drenagem podendo ter ou natildeo relaccedilatildeo com
processos de natureza fluvialrdquo Tambeacutem o termo ldquoenxurradardquo eacute utilizado e define-se como
o ldquoescoamento superficial concentrado e com alta energia de transporte que pode ou natildeo
estar associado a aacutereas de domiacutenio dos processos fluviais Eacute comum a ocorrecircncia de
enxurradas ao longo de vias implantadas sobre antigos cursos drsquoaacutegua com alto gradiente
hidraacuteulico e em terrenos com alta declividade naturalrdquo
9
314 Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente
O Novo Coacutedigo Florestal Brasileiro define Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP) como
ldquoaacuterea protegida coberta ou natildeo por vegetaccedilatildeo nativa com a funccedilatildeo ambiental de
preservar os recursos hiacutedricos a paisagem a estabilidade geoloacutegica e a biodiversidade
facilitar o fluxo gecircnico de fauna e flora proteger o solo e assegurar o bem-estar das
populaccedilotildees humanasrdquo (BRASIL2012) Estas aacutereas satildeo muito importantes tanto no meio
urbano como no rural por garantir a estabilidade do solo em encostas iacutengremes contribuir
para a natildeo formaccedilatildeo de processos erosivos e o assoreamento de rios e coacuterregos aleacutem de
garantir a recarga de aquiacuteferos ao atuar como um amortecedor de chuvas retendo-a e
impedindo que ocorra um carreamento intenso de sedimentos ao longo dos morros e
margens de rios e coacuterregos (SKORUPA 2004) A Lei 126512012 apresenta os tipos de
APP e seus limites conforme seraacute visto no item 322
315 Uso e ocupaccedilatildeo do solo
Dentre os vaacuterios mecanismos de ordenamento urbano e instrumentos de planejamento
municipal previsto no Estatuto da Cidade (Lei Federal 102572001) o uso e ocupaccedilatildeo
do solo satildeo os mais utilizados pelas cidades para a formulaccedilatildeo das poliacuteticas urbanas
podendo definir o uso como a forma como esta parcela do solo eacute utilizada e a ocupaccedilatildeo
como sendo o modo como as edificaccedilotildees devem ser dispostas nesta mesma parcela do
solo urbano (TAKEDA 2015) O termo ldquoUso e ocupaccedilatildeo do solordquo tambeacutem pode ser
definido como o fator que determina como as mais diferentes regiotildees de um municiacutepio
deve se desenvolver (FONTOURA 2015)
A inserccedilatildeo de leis municipais de uso e ocupaccedilatildeo do solo objetivam ser uma referecircncia
para os gestores locais no processo de tomada de decisatildeo para que as cidades cresccedilam de
modo organizado enfatizando os potenciais e capacidades de cada regiatildeo aleacutem de tornar
o crescimento mais homogecircneo Com isso pretende-se evitar a formaccedilatildeo de grandes
adensamentos em pequenas aacutereas garantindo a mobilidade e a qualidade de vida de todos
os muniacutecipes tanto da regiatildeo urbana como da rural preservar e melhorar a qualidade
ambiental do municiacutepio aleacutem de evitar deslizamentos e alagamentos por conta da
ocupaccedilatildeo incorreta do solo (TAKEDA 2015)
10
32 Legislaccedilatildeo Pertinente
321 As adequaccedilotildees da legislaccedilatildeo ao longo dos anos
A problemaacutetica relacionada agraves APPs em aacutereas urbanas outrora era uma questatildeo complexa
e demandava uma larga discussatildeo do ponto de vista juriacutedico administrativo e teacutecnico Eacute
sabido que a maioria das cidades se formaram proacuteximos aos corpos hiacutedricos regiatildeo que
garantia o abastecimento de aacutegua e alimentos agrave populaccedilatildeo e tambeacutem facilitava o descarte
dos efluentes A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 225 daacute garantia aos
brasileiros de um meio ambiente em equiliacutebrio e concede agrave toda a sociedade o dever de
preservaacute-lo de acordo com os princiacutepios do desenvolvimento sustentaacutevel (BRASIL
1988) Antes desta Constituiccedilatildeo jaacute havia um texto que regulamentava a questatildeo da
preservaccedilatildeo de aacutereas verdes em todo o territoacuterio nacional A Lei Federal nordm 477165 que
trata do Coacutedigo Florestal estabelecia limites e regulamentava as Aacutereas de Preservaccedilatildeo
Permanente De acordo com Arauacutejo (2002) apud De Moraes (2014) essa Lei que fora
revogada e substituiacuteda pela Lei 126512012 era bastante falha no que diz respeito agraves
questotildees de APPS em aacutereas urbanas o que poderia ser um facilitador do natildeo cumprimento
do que foi proposto por aquela legislaccedilatildeo nestas aacutereas Isso se devia ao fato de o Coacutedigo
Florestal de 1965 ter deixado uma duacutevida sobre qual legislaccedilatildeo seguir uma vez que em
seu segundo artigo no paraacutegrafo uacutenico estava disposto que em aacutereas urbanas devia-se
atentar para a legislaccedilatildeo referente ao Plano Diretor e as referentes ao uso do solo na aacuterea
do municiacutepio (BRASIL 1965) Diante dessa conjuntura alguns municiacutepios optavam pela
natildeo aplicaccedilatildeo do Coacutedigo Florestal na regiatildeo urbana mesmo sabendo que a poliacutetica
conservacionista eacute extremamente importante visto o grande nuacutemero de problemas que
podem advir do uso irregular das APPs (DE MORAES 2009) Segundo o artigo 182 da
Constituiccedilatildeo Federal de 1988 as poliacuteticas relacionadas ao desenvolvimento urbano
devem ser elaboradas pelos municiacutepios e objetiva garantir o bem estar dos muniacutecipes e
tambeacutem o desenvolvimento do municiacutepio como um todo atraveacutes do atendimento agraves
exigecircncias do Plano Diretor (BRASIL 1988) O que podia gerar alguma divergecircncia seria
se o Plano Diretor Municipal propusesse uma faixa de APP menor que a prevista pelo
Coacutedigo Florestal Sendo assim essa legislaccedilatildeo perderia sua validade pelo fato de a
legislaccedilatildeo federal ser suplementar ou se seria cumprida devido ao disposto no artigo 182
da Constituiccedilatildeo Segundo De Moraes (2009) natildeo eacute aceitaacutevel que o Plano Diretor
Municipal legitime tal degradaccedilatildeo ambiental uma vez que um dos seus principais
objetivos eacute a proteccedilatildeo do bem estar puacuteblico estando incluiacutedo nesse a proteccedilatildeo do
ambiente natural A delimitaccedilatildeo e especificaccedilatildeo das APPs em Lei eacute necessaacuteria uma vez
que os limites miacutenimos destinados agrave preservaccedilatildeo satildeo importantes pois garantem a
proteccedilatildeo tanto da qualidade quanto da quantidade dos recursos hiacutedricos e evitam a
ocupaccedilatildeo em locais propiacutecios aos deslizamentos e zonas de recarga dos aquiacuteferos
11
subterracircneos assegurando tambeacutem de certa forma a integridade dos seres humanos que
potencialmente ocupariam tais locais (CARVALHO 2013)
Neste trabalho a legislaccedilatildeo tomada como referecircncia eacute a prevista pela Constituiccedilatildeo Federal
de 1988 o Novo Coacutedigo Florestal (Lei 126512012) e o Estatuto das Cidades (Lei
102572001) em acircmbito federal Na esfera estadual a Lei 209222013 versa sobre os
limites para APP em todo o territoacuterio de Minas A Lei Municipal 42412012 trata do
Plano Diretor Municipal da cidade de Santos Dumont onde se encontra as diretrizes para
o uso e ocupaccedilatildeo do solo e o zoneamento da cidade de acordo com as caracteriacutesticas do
solo entre outras
322 O Novo Coacutedigo Florestal e a legislaccedilatildeo mineira
O Novo Coacutedigo Florestal Lei Federal 126512012 substituiu a Lei Federal 47711965
Dentre os vaacuterios artigos que esta lei possui o que apresenta maior importacircncia para o
planejamento e o ordenamento das cidades tanto na aacuterea urbana como na rural eacute o artigo
4ordm em que constam as faixas de APP tanto para curso hiacutedrico como para declividade e
altitude aleacutem dos topos de morro a saber (BRASIL2012)
ldquoArt 4ordm Considera-se Aacuterea de Preservaccedilatildeo
Permanente em zonas rurais ou urbanas para os
efeitos desta Lei
I - as faixas marginais de qualquer curso drsquoaacutegua
natural perene e intermitente excluiacutedos os
efecircmeros desde a borda da calha do leito regular
em largura miacutenima de
a) 30 (trinta) metros para os cursos drsquoaacutegua de
menos de 10 (dez) metros de largura
b) 50 (cinquenta) metros para os cursos drsquoaacutegua
que tenham de 10 (dez) a 50 (cinquenta) metros de
largura
()
IV - as aacutereas no entorno das nascentes e dos olhos
drsquoaacutegua perenes qualquer que seja sua situaccedilatildeo
topograacutefica no raio miacutenimo de 50 (cinquenta)
metros
12
V - as encostas ou partes destas com declividade
superior a 45deg equivalente a 100 (cem por
cento) na linha de maior declive
()
IX - no topo de morros montes montanhas e
serras com altura miacutenima de 100 (cem) metros e
inclinaccedilatildeo meacutedia maior que 25deg as aacutereas
delimitadas a partir da curva de niacutevel
correspondente a 23 (dois terccedilos) da altura
miacutenima da elevaccedilatildeo sempre em relaccedilatildeo agrave base
sendo esta definida pelo plano horizontal
determinado por planiacutecie ou espelho drsquoaacutegua
adjacente ou nos relevos ondulados pela cota do
ponto de sela mais proacuteximo da elevaccedilatildeo
X - as aacutereas em altitude superior a 1800 (mil e
oitocentos) metros qualquer que seja a
vegetaccedilatildeo
()rdquo
A legislaccedilatildeo atual em seu artigo 4ordm evidencia que as faixas e aacutereas determinadas como
APP compreendem tanto as aacutereas rurais quanto urbanas (BRASIL 2012) retirando a
duacutevida anterior e sendo essa a Lei suplementar qualquer faixa de APP mais permissiva
na legislaccedilatildeo estadual e municipal satildeo invaacutelidas o que simplificou de certa forma a
aplicabilidade da Legislaccedilatildeo referente a Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente
No Estado de Minas Gerais a Lei Estadual 20922 de 16 de Outubro de 2013 trata do tema
em acircmbito estadual mas com os mesmos princiacutepios propostos pela Lei Federal sendo os
limites miacutenimos previstos para as APPs os mesmos propostos pelo Novo Coacutedigo
Florestal brasileiro (MINAS GERAIS2013)
ldquo Art 9ordm Para os efeitos desta Lei em zonas rurais
ou urbanas satildeo APPs
I as faixas marginais de cursos drsquoaacutegua naturais
perenes e intermitentes excluiacutedos
os efecircmeros medidas a partir da borda da calha
do leito regular em largura miacutenima de
13
a) 30m (trinta metros) para os cursos drsquoaacutegua de
menos de 10m (dez metros) de largura
b) 50m (cinquenta metros) para os cursos drsquoaacutegua
de 1 0m (dez metros) a 50m (cinquenta metros) de
largura
()
IV as aacutereas no entorno das nascentes e dos olhos
drsquoaacutegua perenes no raio miacutenimo de 50m
(cinquenta metros)
V as encostas ou partes destas com declividade
superior a 45ordm (quarenta e cinco graus)
equivalente a 100 (cem por cento) na linha de
maior declive
()
VII no topo de morros montes montanhas e
serras com altura miacutenima de 100m (cem metros)
e inclinaccedilatildeo meacutedia maior que 25ordm (vinte e cinco
graus) as aacutereas delimitadas a partir da curva de
niacutevel correspondente a 23 (dois terccedilos) da altura
miacutenima da elevaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave base sendo esta
definida pelo plano horizontal determinado por
planiacutecie ou espelho drsquoaacutegua adjacente ou nos
relevos ondulados pela cota do ponto de sela mais
proacuteximo da elevaccedilatildeo
VIII as aacutereas em altitude superior a 1 800m (mil
e oitocentos metros)
()rdquo
323 O Plano Diretor
O Estatuto das Cidades em seu artigo 40 prevecirc o plano diretor como um instrumento
capaz de promover a poliacutetica urbana englobando toda a cidade aleacutem de fornecer padrotildees
e limites para o uso do solo nas mais diversas regiotildees do municiacutepio com vistas a
harmonizar o desenvolvimento urbano com a preservaccedilatildeo do meio ambiente (SILVA JR
2006) Este instrumento eacute obrigatoacuterio para cidades com mais de 20 mil habitantes ou
14
aacutereas que integrem regiotildees metropolitanas ou de interesse turiacutestico O artigo 41 do
Estatuto das cidades tambeacutem prevecirc a obrigatoriedade do Plano Diretor para cidades que
possuem em sua aacuterea empreendimentos que caracterizem grandes impactos ambientais
de influecircncia regional ou nacional e cidades que possuem problemas com deslizamentos
de grande magnitude ou alagamentos repentinos (BRASIL 2001)
O Plano diretor de acordo com o Estatuto das Cidades deve ser aprovado como lei em
acircmbito municipal e revisto a cada dez anos Este documento eacute uacutenico pois cada cidade
possui suas peculiaridades infraestrutura vocaccedilotildees e problemas que por mais que sejam
parecidos entre si satildeo diferenciados pela intensidade e pela regionalizaccedilatildeo Sendo assim
a confecccedilatildeo do Plano Diretor deve conter a participaccedilatildeo de toda a comunidade local de
forma a reduzir as desigualdades sociais os gastos puacuteblicos desnecessaacuterios a degradaccedilatildeo
ambiental e combater os problemas relacionados a urbanizaccedilatildeo de forma conjunta
promovendo um processo de tomada de decisatildeo que garanta a qualidade de vida
preservaccedilatildeo e o desenvolvimento social do municiacutepio como um todo (ROSSBACH amp
CARVALHO 2010)
3231 O Plano Diretor de Santos Dumont
A Lei Municipal nordm 424112 que entrou em vigor no ano de 2014 trata do Plano Diretor
Municipal instrumento previsto no Estatuto das Cidades para garantir aos cidadatildeos um
desenvolvimento urbano organizado justo e sustentavelmente econocircmico (BRASIL
2001) Aleacutem de apontar as diretrizes para a elaboraccedilatildeo da Poliacutetica Municipal dos mais
variados setores o Plano Diretor divide o municiacutepio em macrozonas urbanas e rurais
Estas zonas tecircm por objetivo facilitar a identificaccedilatildeo dos setores que permitem ou natildeo o
desenvolvimento da cidade e em que magnitude pode ser feita a expansatildeo respeitando ao
meio ambiente e tambeacutem o que eacute previsto no tocante ao uso e ocupaccedilatildeo do solo nessas
aacutereas Aleacutem disso ela estabelece a forma como devem ser as edificaccedilotildees nas referidas
aacutereas As aacutereas definidas como macrozonas urbanas e foram subdivididas em (SANTOS
DUMONT2012)
ldquoZona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e
da Paisagem (ZPPH) satildeo as aacutereas cujos
equipamentos urbanos possuem interesse
histoacuterico ou paisagiacutestico de preservaccedilatildeo
Zona de Preservaccedilatildeo Ambiental satildeo aquelas em
que devem ser mantidas ou recuperadas a
15
vegetaccedilatildeo por conta da declividade altitude ou
presenccedila de recursos hiacutedricos
Zona de Adensamento Controlado (ZAC) satildeo as
aacutereas em que deve-se manter uma pequena
densidade populacional devido as limitaccedilotildees na
infraestrutura da localidade A ZAC se divide em
ZAC 1 quando a infraestrutura existente eacute
limitada e em ZAC 2 quando esta eacute precaacuteria ou
natildeo existe
Zona de Consolidaccedilatildeo de Adensamento (ZCA)
satildeo as aacutereas em que haacute interesse em ocupar os
lotes vagos haja visto que a regiatildeo possui toda a
infraestrutura para que isto aconteccedila
Zona Adensaacutevel (ZA) satildeo as aacutereas com
condiccedilotildees propiacutecias para ocorrer uma ocupaccedilatildeo
mais densa
Zona Especial de Interesse Social (ZEIS) satildeo as
aacutereas em que o Poder Puacuteblico almeja fazer
alguma forma de ocupaccedilatildeo Eacute dividida em ZEIS 1
e ZEIS 2 A ZEIS 1 satildeo regiotildees jaacute ocupadas mas
de forma irregular cujo interesse puacuteblico eacute
realizar obras e outras atividades para
regularizar as ocupaccedilotildees e urbanizar a aacuterea
enquanto que a ZEIS 2 satildeo aacutereas natildeo utilizadas ou
subutilizadas as quais o poder puacuteblico almeja
realizar algum empreendimento habitacional de
caraacuteter social
Zona de Grandes Equipamentos (ZE) satildeo aacutereas
cujo o interesse eacute a implantaccedilatildeo de
empreendimentos de grande porte ou grandes
equipamentos puacuteblicosrdquo
Esta divisatildeo espacial pode ser melhor vista no Anexo 71
O Plano Diretor natildeo estipula limites para APP mas prevecirc algumas diretrizes como na
Poliacutetica Municipal de Preservaccedilatildeo do Meio Ambiente sobre o uso do solo em
compatibilidade com praacuteticas conservacionistas A Poliacutetica Municipal de Expansatildeo
16
Urbana tem como uma de suas diretrizes fazer cumprir a legislaccedilatildeo vigente no que diz
respeito agraves intervenccedilotildees e investimentos que poderatildeo ser feitos nessas aacutereas Tambeacutem eacute
diretriz da mesma Poliacutetica o controle da ocupaccedilatildeo e do uso do solo em APPs e o auxiacutelio
aos oacutergatildeos estaduais e federais de meio ambiente no tocante agrave fiscalizaccedilatildeo da ocupaccedilatildeo
nestas aacutereas (SANTOS DUMONT 2012) O artigo 38 que trata das diretrizes da Poliacutetica
habitacional de interesse social exclui do processo de regularizaccedilatildeo fundiaacuteria os
assentamentos situados em aacutereas de risco o que na maioria das vezes estatildeo tambeacutem nas
aacutereas que deveriam estar vegetadas e protegidas (SANTOS DUMONT 2012) Na
legislaccedilatildeo referente ao parcelamento do solo eacute previsto que no parcelamento de glebas
com declividade entre 30 e 47 soacute poderaacute ser aprovado mediante projeto e laudo
assinado por um responsaacutevel teacutecnico favoraacutevel agrave construccedilatildeo nesse local (SANTOS
DUMONT 2012) Diante do proposto pelo Plano Diretor de Santos Dumont pode-se
dizer que natildeo haacute conflito com a legislaccedilatildeo federal e estadual em se tratando da
aplicabilidade do Coacutedigo Florestal uma vez que aquele natildeo explicita limites nem
permissivos e tampouco restritivos para faixas e aacutereas de preservaccedilatildeo permanente
33 O Municiacutepio de Santos Dumont
331 De Arraial a cidade
A aacuterea onde se situa hoje o municiacutepio de Santos Dumont teve sua ocupaccedilatildeo iniciada no
seacuteculo XVIII quando a Coroa Portuguesa solicitou ao entatildeo Governador do Rio de
Janeiro Artur de Saacute Menezes que abrisse um caminho que ligasse as Minas dos
Cataguases na regiatildeo de Ouro Preto (receacutem descobertas) ao Rio de Janeiro por onde
escoava os metais preciosos para a metroacutepole Surgiu assim o ldquoCaminho Novordquo e ao longo
deste caminho surgiram tambeacutem as Sesmarias aacutereas que tinham por principal objetivo
servir de pouso aos transportadores e exploradores e tambeacutem para garantir alimento a
estas pessoas Uma destas ocupaccedilotildees seria o ldquoArraial de Joatildeo Gomesrdquo (Figura 41)
primeiro nuacutecleo primitivo do municiacutepio em 1709 De iniacutecio prevaleciam somente
ranchos onde os viajantes se abrigavam mas em pouco tempo ergueu-se a Capela de Satildeo
Miguel e Almas e pequenos nuacutecleos urbanos comeccedilaram a surgir (DAPPC2008)
17
Figura 3 1 Vista parcial do Arraial de Joatildeo Gomes
Fonte Arquivo Histoacuterico de Santos Dumont-MG
Com a construccedilatildeo da Estrada de Ferro D Pedro II no final do seacuteculo XIX a regiatildeo teve
um consideraacutevel crescimento natildeo soacute populacional como tambeacutem econocircmico se tornando
a Vila Palmyra em 1889 Em 1890 Palmyra eacute elevada ao status de Municiacutepio (Figura 42)
e recebe um grande nuacutemero de melhorias no setor viaacuterio como a retificaccedilatildeo de ruas e
tambeacutem no setor de serviccedilos puacuteblicos como abastecimento de aacutegua iluminaccedilatildeo puacuteblica a
querosene e posteriormente energia eleacutetrica O desenvolvimento econocircmico na regiatildeo
tambeacutem teve seu momento aacuteureo nesse periacuteodo Induacutestrias de laticiacutenios graacuteficas e de
Carbureto de Caacutelcio fizeram parte do parque industrial de Palmyra o que atraiacutea pessoas
de outros lugares inclusive estrangeiros contribuindo para o aumento populacional da
regiatildeo Como ainda natildeo havia legislaccedilatildeo sobre uso e ocupaccedilatildeo do solo nessa eacutepoca
surgiram inuacutemeros loteamentos em aacutereas proacuteximas agrave rios e coacuterregos e tambeacutem em
encostas com declividade acentuada o que foi agravando o risco agrave medida que a ocupaccedilatildeo
aumentava (DAPPC2008)
18
Figura 3 2 Municiacutepio de Palmyra na deacutecada de 1920
Fonte Arquivo Histoacuterico de Santos Dumont-MG
O escoamento da produccedilatildeo industrial se dava pelo modal ferroviaacuterio setor que tambeacutem
movimentava a crescente cidade que era ponto importante no setor de transportes pois
possuiacutea um dos mais bem equipados depoacutesitos de locomotivas da Estrada de Ferro Central
do Brasil (DAPPC2008)
No ano de 1932 o municiacutepio de Palmyra passou a se chamar Santos Dumont (Figura 43)
em homenagem ao inventor do aviatildeo que nascera naquela cidade Nos uacuteltimos 40 anos
Santos Dumont tem experimentado uma acentuada desaceleraccedilatildeo econocircmica
consequecircncia do fechamento da grande maioria das induacutestrias principalmente as de
laticiacutenios que empregavam direta e indiretamente uma parte consideraacutevel da populaccedilatildeo
(DAPPC2008)
19
Figura 3 3 Municiacutepio de Santos Dumont em 2014
Fonte Arquivo do autor
332 Santos Dumont na atualidade
O municiacutepio de Santos Dumont localiza-se na regiatildeo da Zona da Mata mineira distante
cerca de 220 Km da capital Belo Horizonte e possui uma populaccedilatildeo de 47558 habitantes
(ODM 2015 projeccedilatildeo) numa aacuterea total de 637 kmsup2 Faz divisa com os municiacutepios de
Juiz de Fora Oliveira Fortes Bias Fortes Antocircnio Carlos Tabuleiro Piau e Ewbank da
Cacircmara
No que diz respeito agrave sua formaccedilatildeo fisiacuteco-geograacutefica a aacuterea que compreende o municiacutepio
eacute constituiacuteda predominantemente por Cambissolo Haacuteplico (70) com Latossolo
Vermelho-Amarelo (30) (UFV2010) A vegetaccedilatildeo eacute em sua maioria composta por
exemplares de Mata Atlacircntica De acordo com o IBGE(2015) Santos Dumont se localiza
a 839m de altitude O clima da regiatildeo eacute classificado como Tropical de Altitude (Cwb) e
possui uma temperatura meacutedia de 20ordmC Eacute banhado pela bacia hidrograacutefica do Paraiacuteba do
Sul e em sua maioria pertence agrave sub-bacia do Rio Pomba (IGAM) que fornece aacutegua para
abastecimento puacuteblico agrave 88 da populaccedilatildeo por meio da rede de distribuiccedilatildeo
(IBGE2010) Uma pequena parte da zona rural a sudoeste eacute banhada pela Sub-Bacia do
Rio Paraibuna mais precisamente na regiatildeo de fronteira com os municiacutepios de Juiz de
Fora e Ewbank da Cacircmara O sistema viaacuterio principal de acesso agrave cidade eacute a rodovia BR-
040 e a estrada de ferro Dom Pedro II atualmente utilizada somente para transporte de
cargas
Com a economia nos dias atuais baseada majoritariamente no setor de serviccedilos a cidade
possui um Iacutendice de Desenvolvimento humano (IDH) de 0741 (IBGE2010) Apesar do
decliacutenio econocircmico de Santos Dumont nota-se hoje um aumento no nuacutemero de
loteamentos populares e condomiacutenios horizontais e verticais entre outras edificaccedilotildees Eacute
de vital importacircncia que esse crescimento das ocupaccedilotildees seja ordenado e regulamentado
20
de forma a garantir a qualidade ambiental prevenindo deslizamentos e inundaccedilotildees Diante
dessa conjuntura o governo municipal aprovou em 2012 a Lei nordm 4241 que trata do Plano
Diretor Participativo instrumento baacutesico da poliacutetica de desenvolvimento e expansatildeo
urbana do municiacutepio de Santos Dumont
4 METODOLOGIA
41 Aacuterea de estudo
A regiatildeo dentro dos limites do municiacutepio que seraacute estudada neste trabalho eacute conforme
descrito nos anexos Plano Diretor e representada na figura 44 a aacuterea urbana principal
que possui 47 Kmsup2 e compreende a regiatildeo central da cidade e os bairros perifeacutericos regiatildeo
que concentra cerca de 90 da populaccedilatildeo total de Santos Dumont (IBGE 2015) A aacuterea
urbana principal representa 75 da aacuterea total dos 637 Kmsup2 que compreendem o
municiacutepio e eacute o local onde nos uacuteltimos 30 anos se verificou um maior crescimento
populacional e tambeacutem onde ocorre a maioria dos eventos relacionados a deslizamentos
e alagamentos por conta da ocupaccedilatildeo sem planejamento A figura 45 mostra a aacuterea
urbana principal e a localizaccedilatildeo dos bairros urbanos de Santos Dumont
Figura 4 1 Localizaccedilatildeo da aacuterea urbana principal
Fonte Google Earth
21
Figura 4 2 Mapa da aacuterea urbana principal com a localizaccedilatildeo dos bairros
Fonte Do Autor
42 Levantamento e tratamento dos dados
No desenvolvimento deste trabalho foi necessaacuterio se fazer um estudo detalhado sobre o
Plano Diretor de Santos Dumont principalmente dos seus anexos que compreendem os
mapas e a localizaccedilatildeo das aacutereas definidas pelo zoneamento proposto Para que isso fosse
possiacutevel a Secretaria Municipal de Obras e Serviccedilos Puacuteblicos forneceu todos os dados
secundaacuterios produto do estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor e do
zoneamento Estes dados incluem os arquivos Shapefile (shp) e outros documentos
integrantes do Plano Diretor Algumas informaccedilotildees foram complementadas tambeacutem com
dados adquiridos atraveacutes do site do IBGE e do Portal Objetivos do Milecircnio (ODM)
Os dados sobre as ocorrecircncias de deslizamentos e alagamentos foram obtidos atraveacutes da
Defesa Civil do municiacutepio atraveacutes do Sistema Integrado de Informaccedilotildees sobre Desastres
(S2ID) do Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional Tal sistema centraliza as informaccedilotildees sobre
desastres naturais ocorridos em todo o territoacuterio nacional facilitando a pesquisa sobre tais
eventos a qualquer cidadatildeo (BRASIL 2015)
Apesar do sistema ser bastante uacutetil os dados sobre o municiacutepio de Santos Dumont se
encontravam bastante falhos e escassos sendo necessaacuteria complementaccedilatildeo para que a
22
base de dados ficasse consistente Diante disso uma pesquisa atraveacutes dos arquivos do
Jornal Mensagem um jornal semanaacuterio local foi feita entre os anos de 1984 e 2014 e os
dados primaacuterios filtrados em uma planilha do Microsoft Excel para posterior utilizaccedilatildeo
De posse destes dados foi feita a localizaccedilatildeo em campo das coordenadas dos locais
atingidos por deslizamentos e alagamentos no periacuteodo compreendido pela pesquisa com
o auxiacutelio de um aparelho de GPS
A maioria dos arquivos shapefile utilizados para a confecccedilatildeo dos mapas satildeo parte
integrante dos anexos da Lei do Plano diretor do municiacutepio gerados no mecircs de dezembro
de 2011 pelo Instituto Nova Cidade e foram cedidos pela Secretaria Municipal de Obras
e Serviccedilos Puacuteblicos com Datum em UTM SAD 69 Com a finalidade de fornecer um
referenciamento atualizado e de acordo com os mais novos sistemas de coordenadas
utilizados no Brasil os arquivos foram convertidos para o Datum UTM SIRGAS 2000
que diferencia do SAD 69 pelo fato de ser um referencial geocecircntrico ou seja o centro
da Terra eacute o ponto de referecircncia neste sistema enquanto que o primeiro utiliza um
referencial na superfiacutecie da Terra (IBGE2014) Eacute interessante ressaltar tambeacutem que o
SIRGAS 2000 se tornou no ano de 2014 o sistema de coordenadas oficial do Sistema
Geodeacutesico Brasileiro e do Sistema Cartograacutefico Nacional ambos mantidos pelo IBGE A
combinaccedilatildeo dos shapefiles foi feita com o software livre gvSIG e com estas combinaccedilotildees
foram gerados mapas importantes resultados para a execuccedilatildeo deste trabalho A maioria
dos mapas representam a regiatildeo urbana principal de Santos Dumont e foram produzidos
numa escala em torno de 140000 que de acordo com Rocha (2007) eacute uma escala viaacutevel
pois as recomendaacuteveis para trabalhos de anaacutelise ambiental em niacutevel municipal podem ser
entre 150000 e 110000 Alguns mapas cujo detalhamento natildeo eacute necessaacuterio foram
gerados na escala 1100000
Para a geraccedilatildeo dos mapas aleacutem dos arquivos fornecidos pela Secretaria de Obras e
Serviccedilos Puacuteblicos foram utilizados para a geraccedilatildeo do modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE)
e da localizaccedilatildeo dos topos de morro dados gerados pelo sistema de radar Advanced
Spacebone Thermal Emission and Reflection Radiometer (ASTER) que geram as curvas
de niacutevel do terreno com uma resoluccedilatildeo de 30m (NASA2014) O processamento dessas
imagens foi feito pelo software livre gvSIG As imagens geradas pelos sateacutelites
LANDSAT foram adquiridas no site da United States Geological Survey (USGS) e essas
imagens possibilitaram obter um panorama preciso do uso do solo em toda a aacuterea urbana
de Santos Dumont numa resoluccedilatildeo de 15 metros uma vez que foi utilizada a banda
pancromaacutetica do sateacutelite LANDSAT 8 aleacutem da combinaccedilatildeo das bandas 65 e 4
respectivamente que eacute a combinaccedilatildeo recomendada pela mantenedora dos sateacutelites para
anaacutelises deste tipo
23
No que diz respeito a identificaccedilatildeo de APPs em topo de morro a metodologia de Oliveira
amp Fernandes Filho (2013) por utilizar as mesmas bases de dados ateacute entatildeo usadas neste
trabalho foi a mais indicada
A metodologia de anaacutelise dos mapas gerados eacute a proposta pelo professor Jorge Xavier da
Silva do Laboratoacuterio de Geoprocessamento (LAGEOP) da Universidade Federal do Rio
de Janeiro e citada por Rocha (2007) Tal metodologia analisa as variaacuteveis em questatildeo
presentes na aacuterea e permite avaliar as possibilidades de relaccedilotildees entre essas variaacuteveis De
uma maneira geral este meacutetodo verifica o estado atual da aacuterea em estudo bem como das
variaacuteveis gerando inventaacuterios que servem para a construccedilatildeo de dados planimeacutetricos sejam
com as variaacuteveis isoladas ou combinadas Estes dados planimeacutetricos geram assinaturas
que permitem inferir sobre a influecircncia dessas variaacuteveis De posse dos dados gerados pelo
processo anteriormente citado pode-se fazer algumas prospecccedilotildees sobre os riscos
ambientais que a aacuterea pode sofrer ou o seu potencial ambiental (ROCHA 2007)
5 RESULTADOS
51 Levantamento histoacuterico de alagamentos e
deslizamentos
O aumento da demanda pelo uso do solo na regiatildeo urbana de Santos Dumont
principalmente no tocante agrave formaccedilatildeo de novos loteamentos e condomiacutenios nos uacuteltimos
anos eacute consideraacutevel mas tambeacutem haacute de se observar o crescimento dos bairros jaacute existentes
com pouco ou nenhum ordenamento Em ambos os casos se observa ocupaccedilotildees
irregulares em APP o que tem ocasionado um aumento na frequecircncia de deslizamentos
e inundaccedilotildees Eacute evidente que quanto maior a densidade populacional do bairro maior a
quantidade de ocorrecircncias ao longo dos anos (SPERFELD 2009)
De acordo com as ocorrecircncias registradas pela Defesa Civil do municiacutepio obtidas atraveacutes
da literatura utilizada nos uacuteltimos 30 anos Santos Dumont chegou a decretar situaccedilatildeo de
emergecircncia por conta de desastres envolvendo deslizamentos eou alagamentos por duas
vezes num espaccedilo de 10 anos conforme pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho
(BRASIL 2014 CEPED 2011)
Segundo os dados obtidos atraveacutes de pesquisa nos arquivos do semanaacuterio entre os anos
de 1984 e 2014 pode-se verificar que nos uacuteltimos 20 anos a cidade tem experimentado
24
um aumento consideraacutevel nos eventos relacionados a deslizamentos e principalmente
alagamentos como pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho Isso pode ter sido causado
dentre outros fatores pelo aumento do nuacutemero de vias pavimentadas com material
impermeaacutevel o que tem sobrecarregado tanto a infraestrutura existente para drenagem
urbana como tambeacutem a calha dos cursos drsquoaacutegua que passam pela regiatildeo urbana do
municiacutepio (ZANON2013)
Na deacutecada de 1980 (1984-1990) de acordo com os dados obtidos natildeo foram noticiados
eventos consideraacuteveis relacionados a deslizamentos e alagamentos em Santos Dumont
mas isso natildeo exclui a possibilidade de natildeo ter ocorrido tais eventos em menor escala
Na deacutecada de 1990 aconteceram uma seacuterie de ocorrecircncias tanto de deslizamentos quanto
de alagamentos No ano de 1997 num periacuteodo chuvoso intenso aconteceram
deslizamentos consideraacuteveis em vaacuterios bairros da cidade inclusive com desabamento de
casas e de ruas principalmente nos bairros Nossa Senhora da Gloacuteria e Quarto Depoacutesito
Em 1999 ocorreram alguns pontos de alagamento nos bairros Quarto Depoacutesito e Santo
Antocircnio com grandes prejuiacutezos materiais
A deacutecada de 2000 iniciou com o registro de deslizamentos em vaacuterios bairros da cidade
inclusive com desabamento de casas e pontes e alagamentos em importantes vias do
centro da cidade Observa-se ao longo desse periacuteodo o crescimento nas ocorrecircncias de
deslizamentos e de aacutereas com risco de deslizamento em muitos bairros de Santos Dumont
Um dos fatores importantes para esse crescimento foi a grande expansatildeo sofrida pela
maioria dos bairros e a falta de planejamento e orientaccedilatildeo por parte da prefeitura uma
vez que uma boa parte do crescimento dos bairros da cidade ocorreu ou proacuteximo a cursos
drsquoaacutegua ou em aacutereas com declividade improacutepria para se fazer construccedilotildees O bairro
Coacuterrego do Ouro (Figura 51) foi o que mais sofreu com ocorrecircncias de deslizamentos
nesse periacuteodo enquanto o bairro Santo Antocircnio foi que teve mais ocorrecircncias de
alagamentos
25
Figura 5 1 Deslizamento no bairro Coacuterrego do Ouro
Fonte Portal Cabangu
No iniacutecio deacutecada de 2010 (2011-2014) o centro da cidade foi a regiatildeo que mais sofreu
com alagamentos sendo registrado pelo menos uma ocorrecircncia por ano nessa aacuterea (Figura
52) Isso pode ser relacionado dentre outros fatores com as obras de modificaccedilatildeo do
tipo de pavimentaccedilatildeo das estradas por um material impermeaacutevel gerando uma sobrecarga
nos sistemas de drenagem urbana que foram projetados para um tipo de pavimento mais
permeaacutevel implicando tambeacutem na sobrecarga calha do Ribeiratildeo das Posses o principal
curso drsquoaacutegua que corta o centro da cidade e que se encontra em quase sua totalidade
ocupada em ambas as margens que cortam o centro da cidade
26
Figura 5 2 Alagamento na regiatildeo central de Santos Dumont em 2013
Fonte Portal Cabangu
Quanto agraves ocorrecircncias de deslizamento ao longo da referida deacutecada elas estiveram
espalhadas pelos bairros do municiacutepio tendo um maior nuacutemero de ocorrecircncias nos bairros
Santo Antocircnio Nossa Senhora da Gloacuteria e Aacutegua Espraiada Nos dois primeiros bairros
citados as ocorrecircncias podem ter sido ocasionadas pelo crescimento desordenado e sem
planejamento destes e no terceiro as ocorrecircncias satildeo relacionadas ao processo de
assoreamento do Ribeiratildeo das Posses o que pode ter gerado um aumento da velocidade
desse curso drsquoaacutegua causando problemas decorrentes do transporte de sedimentos da aacuterea
onde as casas foram construiacutedas que teve como consequecircncia os deslizamentos
Em resumo como pode ser observado nas figuras 53 e 54 na tabela 51 no periacuteodo de
1984 a 2014 os bairros mais afetados por alagamentos e deslizamentos satildeo Quarto
Depoacutesito Nossa Senhora da Gloacuteria Santo Antocircnio Coacuterrego do Ouro Antocircnio Afonso
Graminha e Vila Esperanccedila sendo que o bairro Coacuterrego do Ouro possui o maior nuacutemero
de ocorrecircncias de deslizamentos e o centro da cidade possui o maior nuacutemero de
ocorrecircncias de alagamentos no periacuteodo pesquisado Vale destacar que a aacuterea propiacutecia a
alagamentos no bairro Antocircnio Afonso natildeo identificada no estudo realizado pela
prefeitura constitui-se efetivamente numa aacuterea de risco conforme levantamento histoacuterico
realizado Esta aacuterea de risco se deve agrave diferenccedila de niacutevel negativa entre o rio Pinho e a
aacuterea do bairro estando este em desniacutevel com um risco iminente de inundaccedilotildees resultantes
da cheia desse curso drsquoaacutegua causando inuacutemeros transtornos aos moradores do local
27
Figura 5 3 Pontos de Alagamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico
Fonte Do autor
Figura 5 4 Pontos de deslizamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico
Fonte Do autor
28
Tabela 51 Ocorrecircncias de alagamentos e deslizamentos obtidos atraveacutes do
levantamento histoacuterico
Pontos de ocorrecircncia (1984-2014)
Bairros Alagamento Deslizamento
Aacutegua Espraiada 1 1
Antocircnio Afonso 1 0
Barra 0 1
Centro 7 1
Coacuterrego do Ouro 1 7
Flores 0 1
Graminha 1 0
Jardim Jaraguaacute 0 1
N Sra da Gloacuteria 0 4
N Sra das Graccedilas 1 0
Quarto Depoacutesito 3 2
Santo Antocircnio 4 2
Satildeo Sebastiatildeo 0 1
Vila Esperanccedila 0 1
Fonte Do autor
De acordo com o estudo realizado na elaboraccedilatildeo do Plano Diretor pela prefeitura
municipal observa-se que os bairros que possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a
deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do Ouro e Vila Esperanccedila enquanto que os que
possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a alagamento satildeo o Centro da cidade e os
bairros Satildeo Sebastiatildeo Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio por estarem agraves margens do
Ribeiratildeo das Posses um curso drsquoaacutegua que sofre com inundaccedilotildees perioacutedicas devido ao
severo assoreamento em algumas regiotildees e tambeacutem devido ao acuacutemulo de lixo descartado
pelos moradores do entorno irregularmente De acordo com o estudo realizado quando da
elaboraccedilatildeo do Plano Diretor do municiacutepio foram feitos estudos sobre as aacutereas propensas
a deslizamentos e alagamentos na regiatildeo urbana principal Tais aacutereas satildeo as destacadas
nas Figuras 55 e 56 No levantamento histoacuterico realizado pode-se identificar que os
bairros que possuem mais aacutereas propensas a deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do
Ouro Nossa Senhora da Gloacuteria Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio enquanto que os bairros
mais propensos a alagamentos satildeo os bairros Centro Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio
como observado na tabela 51
29
Figura 5 5 Aacutereas propensas a deslizamento de acordo com o Plano Diretor de
Santos Dumont
Fonte Google Earth e Lei 42412012
Figura 5 6 Aacutereas propensas a alagamento de acordo com o Plano Diretor de
Santos Dumont
Fonte Google Earth e Lei 42412012
30
Comparando-se os mapas obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico com o mapa gerado
pelo estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor nota-se que haacute semelhanccedilas em
algumas aacutereas mas ao se levar em conta o produto gerado pela pesquisa histoacuterica o
estudo necessitaria ser complementado haja vista que ele natildeo compreende por exemplo
o ponto de alagamento no bairro Antocircnio Afonso citado anteriormente e alguns pontos de
deslizamento importantes uma vez que satildeo regiotildees onde haacute ocupaccedilatildeo Esse fato evidencia
a necessidade de se buscar vaacuterias fontes primaacuterias e secundaacuterias para se detectar aacutereas de
risco em um municiacutepio incluindo arquivos da imprensa local afim de se produzir uma
base de dados consistente e com o menor nuacutemero de falhas possiacutevel (CEPED 2014) Com
a uniatildeo dos dois estudos foram gerados os mapas apresentados nas Figuras 57 e 58
Aleacutem do mais observando as figuras 57 e 58 pode-se notar que uma boa parte tanto dos
casos de alagamento quanto de deslizamento estatildeo na faixa de APP de curso hiacutedrico o
que ilustra a importacircncia da preservaccedilatildeo destas aacutereas
Figura 5 7 Aacutereas propensas a alagamento do estudo do Plano Diretor
complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento
Fonte Do Autor
31
Figura 5 8 Aacutereas propensas a deslizamento do estudo do Plano Diretor
complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento
Fonte Do Autor
Atraveacutes da combinaccedilatildeo entre estes dois levantamentos procurou-se alimentar a base de
dados e garantir uma consistecircncia maior desta no que diz respeito a aacutereas de deslizamento
e alagamento podendo inclusive se identificar a suscetibilidade de uma determinada
regiatildeo da cidade a um ou outro evento (CEPED2014)
512 O Plano diretor e as APPs
Nos uacuteltimos anos o Brasil experimentou um forte fenocircmeno de migraccedilatildeo do campo para
as aacutereas urbanas De acordo com o IBGE no periacuteodo de 1940 a 2000 houve um aumento
de cerca de 60 do nuacutemero de pessoas que vivem em cidades (SILVA JR 2006) O
processo de planejamento e ordenamento do uso do solo nessas aacutereas deveria ter
acompanhado esse crescimento ao longo dos anos a fim de garantir a qualidade de vida e
a seguranccedila dos migrantes ao se instalarem nas cidades o que natildeo ocorreu e o que se
observa atualmente satildeo ocupaccedilotildees em aacutereas improacuteprias para moradia sem a infraestrutura
baacutesica necessaacuteria e com risco iminente de deslizamentos eou inundaccedilotildees
O Plano Diretor do municiacutepio de Santos Dumont em seu capiacutetulo IV que versa sobre o
uso e ocupaccedilatildeo do solo explicita regras para o ordenamento do territoacuterio que compreende
o municiacutepio com base nos diferentes usos do solo de acordo com sua compatibilidade o
32
que acabou por resultar num zoneamento de todo o municiacutepio em macrozonas conforme
citado na seccedilatildeo 3231 de acordo com os usos atuais e futuros do solo Aleacutem de dividir
estas macrozonas em urbanas e rurais tambeacutem avaliou e classificou estas aacutereas com base
numa seacuterie de fatores ambientais geoloacutegicos culturais e sociais de forma a se fazer um
zoneamento coerente com os atuais usos do solo e seu potencial de uso futuro Apresenta-
se na Figura 59 este zoneamento na aacuterea urbana principal de Santos Dumont
Figura 5 9 Zoneamento urbano da aacuterea urbana principal
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Lei 42412012
Tomando como referecircncia o Novo Coacutedigo Florestal brasileiro em especial os paracircmetros
estabelecidos para a definiccedilatildeo de APP e utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento
atraveacutes do software Vista SAGA relacionou-se as APPs existentes na aacuterea em estudo com
as regiotildees propiacutecias a alagamentos e deslizamentos de acordo com o estudo feito quando
da elaboraccedilatildeo do Plano Diretor afim de se identificar qual ou quais aacutereas possuem estes
problemas e se estatildeo relacionados com o uso do solo irregular em APP
Ao se aplicar a metodologia proposta por Oliveira amp Fernandes Filho (2013) natildeo foram
identificadas dentro da aacuterea de estudo APPs de topos de morro sendo este tipo de APP
descartada portanto das anaacutelises subsequentes deste trabalho Foram consideradas as
APP de curso hiacutedrico (rios e nascentes) e de declividade visando relacionaacute-las as aacutereas
de risco identificadas pela Prefeitura afim de se verificar as possiacuteveis causas da ocorrecircncia
33
destas aacutereas na regiatildeo urbana do municiacutepio Por meio de combinaccedilotildees entre dois mapas
temaacuteticos utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento foi possiacutevel obter as
assinaturas ou seja tabelas que caracterizam quantitativamente a aacuterea afetada por cada
aspecto visto que a simples visualizaccedilatildeo do mapa gerado pelo geoprocessamento muitas
vezes eacute prejudicada por serem aacutereas de pequenas dimensotildees ou por qualquer outra
limitaccedilatildeo do software Ressalta-se que para a elaboraccedilatildeo do Plano Municipal de Reduccedilatildeo
de riscos a identificaccedilatildeo e detalhamento topograacutefico destas aacutereas eacute fundamental para o
desenvolvimento do referido Plano conforme seraacute abordado detalhadamente na seccedilatildeo
52
De posse do mapa que representa o zoneamento urbano de Santos Dumont primeiramente
procurou-se mensurar qualitativa e quantitativamente a presenccedila de APPs tanto de
declividade quanto de cursos hiacutedricos Essa identificaccedilatildeo eacute importante pois este
zoneamento eacute um dos instrumentos de planejamento municipal (BRASIL 2001) Saboya
(2007) aponta que os principais objetivos de um zoneamento satildeo o controle da expansatildeo
urbana e proteccedilatildeo de aacutereas inadequadas a ocupaccedilatildeo aleacutem de reduzir os conflitos inerentes
aos diferentes usos do solo Com o uso da ferramenta ldquoCombinarrdquo do Vista SAGA foram
feitas combinaccedilotildees entre o mapa de hidrografia com buffer de 30m para rios e coacuterregos e
de 50m para nascentes com o mapa do zoneamento para se verificar a importacircncia das
APPs de curso hiacutedrico em toda a aacuterea urbana principal do municiacutepio Tambeacutem foram
combinados o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) obtido atraveacutes do gvSIG com o mapa
de zoneamento afim de se verificar quantitativamente as APPs de declividade e onde se
localizam Vale ressaltar que as declividades entre 30 e 47 estatildeo presentes nesta
combinaccedilatildeo pois de acordo com o Plano Diretor de Santos Dumont terrenos com esta
faixa de declividade para fins de parcelamento devem possuir estudo teacutecnico que ateste
a viabilidade de se promover algum empreendimento imobiliaacuterio neste (SANTOS
DUMONT 2012) Como a legislaccedilatildeo municipal prevecirc estudo somente para a faixa de
declividade descrita anteriormente para fins de anaacutelise neste trabalho consideramos um
valor mais conservador para APP compreendendo a faixa de 47 a 100 aleacutem da
prevista pela legislaccedilatildeo federal (gt100) para que natildeo houvessem lacunas importantes na
geraccedilatildeo do produto
Apresenta-se na Figura 510 aacutereas com declividades consideradas de risco e consideradas
APP e em qual zona de planejamento elas estatildeo inseridas De um modo geral ao se
observar a Tabela 52 nota-se que a aacuterea que compreende declividades de risco e APP eacute
uma pequena parcela da aacuterea urbana principal representando 061 desta aacuterea Ao se
levar em conta somente a localizaccedilatildeo pode-se verificar que cerca de 84 das aacutereas com
declividade de risco e a totalidade das APPs de declividade estatildeo localizadas na ZAC1
zona que compreende a maior parte do municiacutepio e apesar de possuir infraestrutura baacutesica
para a ocupaccedilatildeo esta eacute restrita Sendo assim o fator declividade deve ser visto com cautela
nesta aacuterea para se evitar transtornos advindos de edificaccedilotildees nestas aacutereas
34
Figura 5 10 Combinaccedilatildeo entre as declividades importantes incluindo as APPs e o
zoneamento urbano
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Do autor
Tabela 52 Assinaturas da combinaccedilatildeo Declividade x Zoneamento
Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea
Natildeo APP 457972 9939
Declividade 30-47 em ZAC1 2368 051
Declividade 30-47 em ZE 284 006
Declividade 30-47 em ZAC2 128 003
Declividade 30-47 em ZPA 004 0001
APP Declividade em ZAC1 048 001
Total 460804 100
Fonte Do autor
Apresenta-se na Figura 511 as APPs de curso hiacutedrico (nascentes e rios) e em qual zona
de planejamento estatildeo localizadas Assim como a declividade a maior parte das APPs de
curso hiacutedrico estatildeo localizadas em ZAC1 representando 383 da aacuterea urbana em estudo
e 51 do total das APPs de curso hiacutedrico Esta questatildeo tambeacutem deve ser vista com
bastante criteacuterio pelos gestores locais uma vez que a ocupaccedilatildeo em faixas proacuteximas de
rios e coacuterregos podem causar uma gama de problemas ambientais e sociais na regiatildeo
(SANTANA2011) Tal cuidado tambeacutem deve ser tomado nas APPs compreendidas na
35
ZAC2 que compreende 001 da Aacuterea urbana principal e 14 do total das APPs de curso
hiacutedrico pois a infraestrutura baacutesica e acessibilidade presente nesta zona eacute precaacuteria e a
ocupaccedilatildeo as margens de cursos hiacutedricos pode gerar problemas seacuterios caso ocorra uma
expansatildeo nestas aacutereas
Figura 511 Combinaccedilatildeo entre APP de curso hiacutedrico e as zonas de planejamento
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Do autor
Outro ponto importante eacute a presenccedila da Zona de Proteccedilatildeo Ambiental (ZPA) no entorno
uma consideraacutevel parte dos cursos hiacutedricos Nesta zona estatildeo presentes 28 das APPs de
curso hiacutedrico e esta zona de acordo com o Plano Diretor deve ser restaurada ou
preservada por suas caracteriacutesticas geoloacutegicas topograacuteficas e bioloacutegicas
Afim de se verificar os usos do solo na regiatildeo em estudo foram utilizadas combinaccedilotildees
de imagens advindas do sateacutelite Landsat 8 nas bandas descritas no capiacutetulo 4 aleacutem da
banda pancromaacutetica O resultado eacute apresentado na figura 512 que mostra os principais
usos do solo na aacuterea urbana principal de Santos Dumont
36
Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x Zoneamento
Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea
Hidrografia 11168 239
Aacuterea Urbana Natildeo APP 421004 9008
APP Curso hiacutedrico em ZAC1 179 383
APP Curso hiacutedrico em ZPA 9776 209
APP Curso hiacutedrico em ZE 184 004
APP Curso hiacutedrico em ZA 1192 026
APP Curso hiacutedrico em ZAC2 5124 110
APP Curso hiacutedrico em ZPPH 248 005
APP Curso hiacutedrico em ZEIS 568 012
APP Curso hiacutedrico em ZCA 228 005
Total 467392 10000
Fonte Do autor
Figura 5 12 Mapa de usos do solo da aacuterea urbana principal de Santos Dumont
Fonte Do autor
Como jaacute era previsto a maior parte da aacuterea urbana se encontra ocupada e eacute nesta regiatildeo
ocupada que se observa a maior concentraccedilatildeo de problemas de deslizamentos e
alagamentos (Figuras 513 e 514) A grande ocupaccedilatildeo em aacutereas consideradas APP de
curso hiacutedrico de acordo com os mapas gerados pode ser a principal causa do aumento a
cada ano dos casos de alagamento principalmente na regiatildeo central da cidade Outro ponto
que se deve atentar eacute a existecircncia de uma consideraacutevel aacuterea de pastagem pouco vegetada
que caso estejam em aacutereas elevadas pode contribuir para deslizamentos e agraves margens de
37
rios e coacuterregos para o assoreamento destes corpos hiacutedricos o que pode causar
alagamentos (INAacuteCIO etal 2007)
Diante destes resultados pode-se ver que a cidade de Santos Dumont necessita alternativas
efetiva no que diz respeito agrave contenccedilatildeo de deslizamentos e a reduccedilatildeo de risco de
alagamento pois as aacutereas em que ocorrem tais eventos satildeo distintas e facilmente definidas
devido agrave repeticcedilatildeo destes nos uacuteltimos anos Um plano de accedilatildeo integrado entre as diferentes
secretarias municipais (Obras Meio Ambiente Assistecircncia Social entre outras) e a
Coordenadoria Municipal de Defesa Civil deve ser realizado afim de se tomar medidas
natildeo mais preventivas mas sim preditivas para que se possa conter o avanccedilo destes
problemas na aacuterea urbana principal bem como em toda a aacuterea do municiacutepio
Figura 5 13 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na aacuterea urbana
principal
Fonte Do autor
38
Figura 5 14 Aacutereas sujeitas a alagamento e os principais usos do solo na aacuterea
urbana principal
Fonte Do autor
Ao se associar os dados do estudo do Plano Diretor com os dados do levantamento
histoacuterico realizado com o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) pode-se notar que as aacutereas
propiacutecias a deslizamento estatildeo em regiotildees as quais haacute uma fronteira de declividades ou
seja eacute evidente que os deslizamentos ocorrem em encostas um pouco mais iacutengremes mas
natildeo necessariamente nas encostas de 30-47 as quais exigem estudo teacutecnico conforme o
plano diretor preconiza Quanto aos alagamentos nota-se que eles se localizam nas aacutereas
com menor ou nenhuma declividade podendo ser estas aacutereas talvez componentes da
planiacutecie de inundaccedilatildeo dos rios Estes resultados podem ser vistos nas figuras 515 e 516
a seguir
39
Figura5 15 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a deslizamentos na
regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
Fonte Lei 42412012 e Autor
Figura5 26 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a alagamentos na
regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
Fonte Lei 42412012 e Autor
40
52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis
O processo de ocupaccedilatildeo no municiacutepio de Santos Dumont comeccedilou muito antes de
qualquer legislaccedilatildeo relacionada a ordenamento urbano e de proteccedilatildeo do meio ambiente
fosse implementado no Brasil Esse fato aliado a poliacuteticas e fiscalizaccedilotildees falhas
contribuiacuteram para a ocupaccedilatildeo e expansatildeo da aacuterea urbana ao longo do Ribeiratildeo das Posses
e seus afluentes o que tem gerado o aumento da degradaccedilatildeo destes corpos hiacutedricos ao
longo de todos estes anos Observa-se tambeacutem que nas uacuteltimas deacutecadas ocorreu um
grande nuacutemero de migraccedilotildees do campo para a regiatildeo urbana da cidade fator que
contribuiu para o crescimento do nuacutemero de habitaccedilotildees em aacutereas de risco de deslizamento
e alagamentos por serem na maioria das vezes terrenos menos valorizados e por este
motivo acessiacuteveis a populaccedilatildeo com menor poder aquisitivo (ROSA amp CORTEZ 2008)
Vale ressaltar que esta questatildeo aleacutem de ser ambiental eacute muito mais social pois os
moradores entendem os riscos de se viver nestes locais mas por motivos econocircmicos ou
por questotildees afetivas natildeo abrem matildeo da moradia nessas aacutereas A Constituiccedilatildeo Federal de
1988 promoveu a inter-relaccedilatildeo das questotildees sociais com as questotildees ambientais quando
colocou o meio ambiente como direito coletivo (BRASIL1988 SOUZA2010) Por este
motivo a decisatildeo por medidas draacutesticas que favoreccedilam apenas agrave preservaccedilatildeo do meio
ambiente natildeo eacute recomendada pois aleacutem de ser inconstitucional podem afetar a
sustentabilidade econocircmica do municiacutepio e gerar conflitos sociais consideraacuteveis
(CARLOS 1992 apud SOUZA 2010)
Segundo Bueno (2009) ldquonem tudo o que eacute irregular eacute precaacuteriordquo Esse fato se observa em
Santos Dumont uma vez que em boa parte da regiatildeo central se observa vaacuterias moradias
construiacutedas na faixa de APP de curso hiacutedrico o que natildeo eacute permitido pela legislaccedilatildeo
vigente e eacute um dos fatores que contribui para a ocorrecircncia de alagamentos nesta aacuterea da
cidade Para a resoluccedilatildeo deste problema o que seria mais viaacutevel seria a melhoria da
infraestrutura de drenagem urbana afim de que o escoamento da aacutegua das chuvas natildeo
sobrecarregasse o sistema (BUENO2009) A construccedilatildeo de bacias de contenccedilatildeo de
cheias ao longo do Ribeiratildeo das Posses tambeacutem seria uma alternativa mas para se verificar
a viabilidade necessita-se estudos mais aprofundados do ponto de vista hidroloacutegico
O grande problema a ser solucionado no entanto eacute o que diz respeito agraves aacutereas de risco
de deslizamento majoritariamente nos bairros A melhor alternativa seria o
remanejamento dos moradores para uma aacuterea proacutexima agrave que moram poreacutem longe do
risco Poreacutem esta alternativa de acordo com Rosa Filho amp Cortez (2008) encontra alguns
entraves pois estas pessoas na maioria das vezes natildeo tecircm condiccedilotildees financeiras de irem
para outro lugar ou pagar aluguel ou estatildeo de alguma forma sentimentalmente ligadas
agravequela regiatildeo que se recusam a deixaacute-lo
41
Por parte dos oacutergatildeos competentes no municiacutepio a criaccedilatildeo de um plano para se evitar
acidentes ocasionados por deslizamentos e alagamentos com um mapeamento detalhado
de toda a extensatildeo do municiacutepio eacute extremamente uacutetil Os estudos que seratildeo feitos para a
elaboraccedilatildeo deste plano poderatildeo definir quais as aacutereas satildeo potencialmente de risco para as
ocupaccedilotildees existentes ou para as potenciais ocupaccedilotildees que possam vir a ocorrer atraveacutes do
mapeamento das aacutereas de risco Tal planejamento seraacute auxiliar ao Plano Diretor
Municipal pois definiraacute o real uso do solo de determinada regiatildeo do municiacutepio
contribuindo para a adequaccedilatildeo do uso e ocupaccedilatildeo do solo afim de evitar ou reduzir o
nuacutemero de problemas relacionados a alagamentos e principalmente deslizamentos no
periacutemetro urbano (TOMINAGA 2009) A partir deste plano os gestores locais poderatildeo
tomar a melhor decisatildeo para a prevenccedilatildeo ou reduccedilatildeo dos riscos inerentes a tais problemas
Na seccedilatildeo 521 seraacute hierarquizado de forma preliminar a aacuterea urbana principal de acordo
com os resultados da tabela 51
521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta
O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos (PMRR) foi criado atraveacutes de accedilotildees
regularizadoras do Ministeacuterio das Cidades para ser o instrumento de gestatildeo e
gerenciamento de aacutereas de risco em um municiacutepio Eacute um documento que aleacutem de
estabelecer quais regiotildees satildeo consideradas de risco tambeacutem objetiva a proposta de
medidas estruturais ou natildeo para contenccedilatildeo eou prevenccedilatildeo de cataacutestrofes aleacutem de ser um
meio de captaccedilatildeo de recursos financeiros junto aos Governos Estadual e Federal Estes
recursos poderatildeo ser utilizados para a realizaccedilatildeo de obras que visem a melhoria da
qualidade de vida da populaccedilatildeo do entorno ou de recuperaccedilatildeo da aacuterea degradada Este
plano eacute realizado de forma participativa com as comunidades das aacutereas de risco e pode
ser realizado em sete fases conforme recomenda o Ministeacuterio das Cidades (ALHEIROS
2006)
O primeiro passo para a realizaccedilatildeo do PMRR eacute definir qual a metodologia seraacute empregada
levando-se em consideraccedilatildeo a realidade atual do municiacutepio e especificar de forma sucinta
um cronograma das atividades Eacute importante nesta fase a participaccedilatildeo tambeacutem dos
responsaacuteveis pelas mais variadas Secretarias Municipais afim de explicitar o tamanho da
importacircncia e o caraacuteter integrador deste plano A segunda fase deste plano objetiva a
criaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo da principal base de dados a ser utilizada nos passos posteriores o
mapeamento de risco em escala detalhe em torno de 13000 (SAtildeO PAULO 2014) A
elaboraccedilatildeo de um mapeamento detalhado propiciaraacute natildeo soacute a identificaccedilatildeo mais faacutecil das
aacutereas de risco como tambeacutem facilitaraacute aos gestores e agrave comunidade decidirem qual a
melhor intervenccedilatildeo para a soluccedilatildeo ou remediaccedilatildeo dos problemas em uma determinada
42
aacuterea hierarquizando o risco e definindo prioridades (SAtildeO PAULO 2014) Na tabela a
seguir apresenta-se alguns tipos de intervenccedilotildees que podem ser feitas em aacutereas de risco
sugeridas pelo Ministeacuterio das cidades (ALHEIROS 2006)
Quadro 5 1 - Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco
Tipo de intervenccedilatildeo Descriccedilatildeo
Serviccedilos de limpeza e Recuperaccedilatildeo
Remoccedilatildeo de entulho lixo etc
corte de aacutervores
remoccedilatildeo de bananeiras
recuperaccedilatildeo eou limpeza de sistemas de
drenagem esgotos e acessos
Limpeza de canais de drenagem
Proteccedilatildeo Vegetal
Proteccedilatildeo superficial vegetal (gramiacuteneas) em
taludes com solo exposto
Proteccedilatildeo vegetal de margens de canais de
drenagem
Barreiras vegetais para massas escorregadas
ou acumuladas pela erosatildeo
Drenagem Superficial e Acessos
Sistema de drenagem superficial (canaletas
raacutepidos caixas de transiccedilatildeo escadas drsquoaacutegua)
Acessos para pedestres (escadarias rampas
etc) integrados ao sistema de drenagem
Revestimento de Taludes Revestimento com materiais artificiais
cimentado cal-jet tela argamassada alvenaria
de tijolos ceracircmicos solo-cimento ensacado
Desmonte de blocos e matacotildees Desmonte de concreccedilotildees de grande porte
blocos rochosos e matacotildees
Obras de drenagem de subsuperfiacutecie Sistema de drenagem de subsuperfiacutecie
(trincheiras drenantes DHP poccedilos de
rebaixamento)
Estruturas de contenccedilatildeo (localizadas)
Muros de contenccedilatildeo de pequeno porte (solo-
cimento ensacado alvenaria de pedra-rachatildeo
concreto armado)
Estruturas de contenccedilatildeo localizadas
(chumbadores tirantes microestacas)
Contenccedilatildeo e proteccedilatildeo de margens de canais (
gabiotildees muros de concreto etc)
Estruturas de contenccedilatildeo (meacutedio e grande porte) Implantaccedilatildeo de estruturas de contenccedilatildeo de
meacutedio e grande porte envolvendo obras de
contenccedilatildeo passivas e ativas (muros de
gravidade cortinas etc)
Terraplanagem Execuccedilatildeo de serviccedilos de terraplanagem
combinados a obras de drenagem superficial e
proteccedilatildeo vegetal desvio e canalizaccedilatildeo de
coacuterregos
Remoccedilatildeo de moradias Remoccedilotildees definitivas para implantaccedilatildeo de
obras ou devido agrave localizaccedilatildeo improacutepria da
edificaccedilatildeo (Priorizar as relocaccedilotildees dentro da
proacutepria aacuterea em local seguro)
Fonte ALHEIROS 2006
43
Escolhidas as formas de intervenccedilatildeo para cada aacuterea eacute necessaacuterio realizar uma estimativa
dos custos afim de preparar o orccedilamento da prefeitura para a realizaccedilatildeo das obras e se
seraacute necessaacuterio a captaccedilatildeo de recursos externos para a execuccedilatildeo destas Feitas as
estimativas de custo o proacuteximo passo eacute definir as prioridades e para esta fase eacute tambeacutem
uacutetil o mapeamento feito nas etapas anteriores pois seraacute necessaacuterio hierarquizar tais
intervenccedilotildees nas aacutereas de risco O Ministeacuterio das Cidades (2007) sugere alguns criteacuterios
que podem ser avaliados pelo gestor dentre eles pode-se citar
Grau de risco
Populaccedilatildeo beneficiada
Custo da intervenccedilatildeo
Dimensatildeo da aacuterea a ser tratada
Demandas anteriores da populaccedilatildeo
Tempo de ocupaccedilatildeo
Viabilidade teacutecnica da intervenccedilatildeo
Viabilidade financeira
Inclusatildeo da aacuterea em outros projetos
A partir desta hierarquizaccedilatildeo inicia-se a identificaccedilatildeo de provaacuteveis fontes de captaccedilatildeo de
recursos para a execuccedilatildeo das intervenccedilotildees Estes recursos podem advir de programas dos
governos Federal e Estadual ou por meio de editais para captaccedilatildeo de recursos financeiros
tanto do setor puacuteblico como da iniciativa privada e podem ser tambeacutem associados agrave outras
Secretarias Municipais como a de Turismo ou Meio Ambiente e natildeo soacute as destinadas agrave
Defesa Civil (ALHEIROS 2006)
Eacute previsto tambeacutem no PMRR uma avaliaccedilatildeo da Defesa Civil municipal e como ela estaacute
estruturada fazendo inclusive sugestotildees para que sua atuaccedilatildeo esteja em consonacircncia com
a realidade das comunidades e da Administraccedilatildeo Puacuteblica do municiacutepio de forma a garantir
sua sustentabilidade e conquistar a credibilidade da populaccedilatildeo no que diz respeito a
prevenccedilatildeo de cataacutestrofes Para que a resposta a uma determinada situaccedilatildeo de risco seja
raacutepida eacute necessaacuterio a descentralizaccedilatildeo da Defesa Civil criando pequenos nuacutecleos
comunitaacuterios com a finalidade de se monitorar a aacuterea constantemente e promover as
intervenccedilotildees necessaacuterias em tempo haacutebil o que aumenta em muito a credibilidade da
populaccedilatildeo no PMRR e no trabalho desempenhado pela Defesa Civil no municiacutepio Apoacutes
esta etapa o PMRR passaraacute por audiecircncias puacuteblicas e posteriormente poderaacute ser aprovado
como Lei Municipal pelo Legislativo local (ALHEIROS 2006)
Com a realizaccedilatildeo deste plano o municiacutepio estaraacute munido de informaccedilotildees suficientes para
realizar accedilotildees efetivas de gestatildeo e gerenciamento de riscos bem como aliado a
levantamentos sociais realizar programas habitacionais que beneficiem prioritariamente
44
aos moradores das aacutereas de risco Aleacutem disso com o PMRR o municiacutepio poderaacute melhorar
a qualidade ambiental da populaccedilatildeo captando recursos para a recuperaccedilatildeo das aacutereas de
APP que foram degradadas pelas ocupaccedilotildees irregulares beneficiando todos os moradores
do municiacutepio com o aumento da qualidade de vida na cidade
A partir do disposto nesta seccedilatildeo acerca do Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos e de
uma maneira preliminar (levando-se em conta apenas o nuacutemero de registros de
alagamentos e deslizamentos na aacuterea urbana principal de Santos Dumont no periacuteodo de
1984 a 2014) identificou-se trecircs regiotildees distintas na aacuterea urbana do municiacutepio com
tempo de recorrecircncia desses eventos similares caracterizando trecircs prioridades de
intervenccedilatildeo em contenccedilatildeo de risco como pode ser visto nas figuras 515 e 516 Vale
ressaltar que eacute necessaacuterio um estudo mais detalhado inclusive com visitas teacutecnicas a
campo para que se confirme a real situaccedilatildeo destas e a real prioridade para investimentos
Figura 5 17 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de deslizamentos
Fonte Do Autor
45
Figura 5 18 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de alagamentos
Fonte Do Autor
46
6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees
A seguir apresenta-se as conclusotildees e as recomendaccedilotildees feitas a partir dos objetivos
especiacuteficos explicitados no iniacutecio deste trabalho
Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a
aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes
urbanos
A partir da revisatildeo da legislaccedilatildeo pertinente em acircmbito federal estadual e
municipal constatou-se que o Plano Diretor de Santos Dumont natildeo conflita com a
legislaccedilatildeo federal e estadual sobre Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente A legislaccedilatildeo
municipal foi entendida como mais conservadora que as federal e estadual uma
vez que considera implicitamente que declividades entre 47 e 100 satildeo
enquadradas como APPs aleacutem da faixa superior a 100
Parte consideraacutevel das ocupaccedilotildees em APP principalmente na regiatildeo do bairro
Santo Antocircnio (onde surgiu os primeiros nuacutecleos que deram origem ao municiacutepio)
e o centro da cidade ocorreram antes de que fosse elaborado qualquer legislaccedilatildeo
que versasse sobre o tema Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente bastando ao gestor
local tomar medidas de contenccedilatildeo de riscos que minimizem os impactos causados
por essas ocupaccedilotildees nessa regiatildeo
O ordenamento adequado do uso do solo no municiacutepio eacute necessaacuterio para que o
crescimento dos loteamentos criados anteriormente agrave esta Lei e o surgimento de
novos natildeo avance para Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente o que pode causar
inuacutemeros problemas aos moradores e agravar os jaacute existentes
Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las
com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)
As aacutereas onde houveram a maior quantidade de registros de deslizamentos satildeo os
bairros mais populosos de Santos Dumont podendo se estabelecer uma relaccedilatildeo
que quanto mais populoso o bairro maior a quantidade de problemas relacionados
a deslizamentos Tambeacutem pode-se notar uma relaccedilatildeo com as fronteiras das faixas
de declividades e os deslizamentos uma vez que boa parte deles aconteceram
nestas faixas
As aacutereas onde houve um grande nuacutemero de registros de alagamentos satildeo os bairros
que se desenvolveram agraves margens do Ribeiratildeo das Posses em especial na aacuterea que
47
compreende as APPs de curso hiacutedrico e em aacutereas onde a declividade eacute baixa Esse
fato aliado ao crescimento do nuacutemero de vias pavimentadas com material
impermeaacutevel e a natildeo expansatildeo e ou redimensionamento da rede de drenagem
urbana contribuiacuteram para a ocorrecircncia cada vez mais constante de alagamentos
nessas aacutereas
Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos
catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30
anos
A partir do levantamento histoacuterico realizado e da base de dados georeferenciada
gerada observou-se o aumento do nuacutemero de registros de deslizamentos e
alagamentos nos uacuteltimos 10 anos quando as ocorrecircncias comeccedilaram a se repetir
numa mesma aacuterea com frequecircncia incrementada as vezes com mais de uma
ocorrecircncia anual
Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do
solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental
Destaca-se a adequaccedilatildeo dos criteacuterios gerais estabelecidos pelo Plano Diretor de
Santos Dumont relativos a legislaccedilatildeo federal e estadual Entretanto o referido
Plano Diretor natildeo contempla todo o territoacuterio municipal sendo assim ele natildeo
cumpre o objetivo de proteger as APPs preservadas e recuperar as que foram
degradadas em todo o territoacuterio municipal Ressalta-se tambeacutem a sua natildeo
conformidade com o Estatuto das Cidades uma vez que o Plano Diretor
contempla apenas os novos loteamentos
Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais
negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea
impactada
Recomenda-se a implantaccedilatildeo no municiacutepio de uma Coordenadoria Municipal de
Defesa Civil atuante e integrada agraves Secretarias Municipais e agrave comunidade
visando uma atuaccedilatildeo eficaz nos problemas relacionados a deslizamentos e
alagamentos A elaboraccedilatildeo de um Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos eacute de
suma importacircncia pois atraveacutes dele pode-se predizer as aacutereas que passaratildeo por
problemas caso a expansatildeo aconteccedila ou se inicie uma ocupaccedilatildeo nova aleacutem de
prevenir acidentes nas aacutereas jaacute ocupadas e consideradas de risco
48
7 Anexos
49
71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont
50
51
72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)
52
53
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puacuteblica em aacutereas urbanas susceptiacuteveis a desastres naturais no municiacutepio de Joinville
SC Dissertaccedilatildeo de Mestrado UFSC Florianoacutepolis 2009
TAKEDA T O Uso e ocupaccedilatildeo do solo urbano Disponiacutevel em
httpwwwjuriswayorgbrv2dhallaspid_dh=12363 Acesso em 02 de junho de 2015
TOMINAGA LK Escorregamentos In TOMINAGA L K et al(org) Desastres
naturais conhecer para prevenir Instituto Geoloacutegico Satildeo Paulo 2009 p 25-38
UFV ndash Universidade Federal de Viccedilosa Mapa de solos do Estado de Minas Gerais
legenda expandida Centro Tecnoloacutegico de Minas Gerais FEAM Belo Horizonte 2010
ZANON F N Uso e ocupaccedilatildeo da terra e vulnerabilidade a alagamento na aacuterea central
da cidade de Satildeo Paulo O caso da subprefeitura da Seacute Trabalho de Graduaccedilatildeo UNESP
Rio Claro 2013
iv
ldquoSeja vocecirc quem for seja qual for a posiccedilatildeo
social que vocecirc tenha na vida a mais alta ou
a mais baixa tenha sempre como meta muita
forccedila muita determinaccedilatildeo e sempre faccedila tudo
com muito amor e com muita feacute em Deus que
um dia vocecirc chega laacute
De alguma maneira vocecirc chega laacute rdquo
Ayrton Senna
v
RESUMO
As questotildees relacionadas a ocorrecircncia de deslizamentos e alagamentos eacute uma constante
no cotidiano urbano principalmente no periacuteodo chuvoso onde os problemas se tornam
evidentes Esses eventos nos uacuteltimos anos natildeo se restringiram somente a grandes cidades
mas tambeacutem a pequenos municiacutepios que sofrem por falta de recursos e de pessoal
especializado para prever e predizer trageacutedias advindas dos alagamentos e deslizamentos
de encostas provocados pela ocupaccedilatildeo desordenada em especial nas Aacutereas de
Preservaccedilatildeo Permanente Nos uacuteltimos 10 anos Santos Dumont tem sofrido
constantemente com o aumento do nuacutemero de casos de deslizamentos e principalmente
alagamentos por natildeo contar com um planejamento integrado e atuante na contenccedilatildeo de
tais eventos O objetivo geral desse trabalho eacute contribuir para a formulaccedilatildeo de poliacuteticas
puacuteblicas afim de corrigir e prevenir tais eventos na aacuterea urbana da cidade Para isso foi
gerado uma base de dados histoacutericos de um periacuteodo de 30 anos que associada ao
processamento de imagens obtidas atraveacutes de radares e sateacutelites proporcionou identificar
os pontos que merecem maior atenccedilatildeo e tambeacutem possibilitou atraveacutes de criteacuterio
quantitativo propor uma hierarquizaccedilatildeo dos bairros que merecem prioridade em
investimentos relacionados a contenccedilatildeo de riscos Com a combinaccedilatildeo de mapas e a
comparaccedilatildeo entre o estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor e o levantamento
histoacuterico feito a partir de dados primaacuterios pode-se observar que a maioria dos casos de
alagamentos e parte dos deslizamentos ocorrem na faixa de APP de curso hiacutedrico
Tambeacutem pode se estabelecer uma relaccedilatildeo entre o tamanho do bairro e o nuacutemero de
eventos relacionados a deslizamentos
vi
ABSTRACT
Issues related to the occurrence of landslides and flooding is a constant in urban daily life
particularly in the rainy season where the problems become evident These events in
recent years were not restricted only to large cities but also small towns which suffer
from lack of resources and specialized staff to anticipate and predict resulting tragedies
of the floods and landslides caused by the disorderly occupation especially in Permanent
Preservation areas Over the past 10 years Santos Dumont has been constantly increasing
number of cases of landslides and especially flooding for not having an integrated
planning and active in the containment of such events The aim of this study is to
contribute to the formulation of public policies in order to correct and prevent such events
in the urban area of the city For it was generated a historical data base for a period of 30
years associated with the processing of images obtained by radar and satellites provided
identify the points that deserve more attention and also made possible through
quantitative criterion propose a hierarchy of neighborhoods that deserve priority in
investments related to risk containment With the combination of maps and the
comparison between the study for the preparation of the Master Plan and the historical
survey from primary data can be observed that most of the cases of flooding and some
landslides occur in the course of APP range water You can also establish a relationship
between the neighborhood size and the number of related events to landslides
vii
SUMAacuteRIO
LISTA DE FIGURAS 2
LISTA DE TABELAS E QUADROS 4
1 INTRODUCcedilAtildeO 5
2 OBJETIVOS 6
21 Objetivo geral 6
22 Objetivos especiacuteficos 6
3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 7
31 Conceitos Fundamentais 7
311 Aacutereas de risco 7
312 Deslizamentos 8
313 Alagamentos 8
314 Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente 9
315 Uso e ocupaccedilatildeo do solo 9
32 Legislaccedilatildeo Pertinente 10
321 As adequaccedilotildees da legislaccedilatildeo ao longo dos anos 10
322 O Novo Coacutedigo Florestal e a legislaccedilatildeo mineira 11
323 O Plano Diretor 13
3231 O Plano Diretor de Santos Dumont 14
33 O Municiacutepio de Santos Dumont 16
331 De Arraial a cidade 16
332 Santos Dumont na atualidade 19
4 METODOLOGIA 20
41 Aacuterea de estudo 20
42 Levantamento e tratamento dos dados 21
5 RESULTADOS 23
51 Levantamento histoacuterico de alagamentos e deslizamentos 23
512 O Plano diretor e as APPs 31
52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis 40
521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta 41
6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees 46
7 Anexos 48
71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont 49
72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos
(1984-2014) 51
8 Referecircncias Bibliograacuteficas 53
2
LISTA DE FIGURAS
Paacuteg
Figura 31 Vista parcial do Arraial de Joatildeo Gomes 17
Figura 32 Municiacutepio de Palmyra na deacutecada de 1920 18
Figura 33 Municiacutepio de Santos Dumont em 2014 19
Figura 41 Localizaccedilatildeo da aacuterea urbana principal 20
Figura 42 Mapa da aacuterea urbana principal com a localizaccedilatildeo dos
bairros
21
Figura 51 Deslizamento no bairro Coacuterrego do Ouro 25
Figura 52 Alagamento na regiatildeo central de Santos Dumont em 2013 26
Figura 53 Pontos de Alagamento obtidos atraveacutes do levantamento
histoacuterico
27
Figura 54 Pontos de Deslizamento obtidos atraveacutes do levantamento
histoacuterico
27
Figura 55 Aacutereas propensas a deslizamento de acordo com o Plano
Diretor de Santos Dumont
29
Figura 56 Aacutereas propensas a alagamento de acordo com o Plano
Diretor de Santos Dumont
29
Figura 57 Aacutereas propensas a alagamento do estudo do Plano Diretor
complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do
levantamento
30
Figura 58 Aacutereas propensas a deslizamento do estudo do Plano
Diretor complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do
levantamento
31
Figura 59 Zoneamento urbano da aacuterea urbana principal 32
Figura 510 Combinaccedilatildeo entre as declividades importantes incluindo
as APPs e o zoneamento urbano
34
Figura 511 Combinaccedilatildeo entre as APPs de curso hiacutedrico e as zonas de
planejamento
35
Figura 512 Mapa de usos do solo da aacuterea urbana principal de Santos
Dumont
36
Figura 513 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na
aacuterea urbana principal
37
Figura 514 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na
aacuterea urbana principal
38
Figura 515 Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a
deslizamentos na regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
39
Figura 516 Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a
alagamentos na regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
39
3
Figura 517 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de
deslizamentos
44
Figura 518 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de
alagamentos
45
4
LISTA DE TABELAS E QUADROS
Paacuteg
Tabela 51 Ocorrecircncias de alagamento e deslizamento obtidos
atraveacutes do levantamento histoacuterico
28
Tabela 52 Assinaturas da combinaccedilatildeo Declividade x Zoneamento 34
Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x
Zoneamento
36
Quadro 51 Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco 42
5
1 INTRODUCcedilAtildeO
Quando o ser humano deixou de seguir uma vida nocircmade e passou a se fixar em locais
em geral proacuteximos a cursos drsquoaacutegua e de aacutereas propicias ao cultivo de alimentos iniciou-
se o processo de implantaccedilatildeo de pequenas comunidades e quando estas comunidades
comeccedilaram a crescer natildeo soacute em quantidade mas tambeacutem do ponto de vista
organizacional deu-se iniacutecio a formaccedilatildeo das cidades tal como conhecemos hoje Como
resultado deste processo um sem-fim de problemas relacionados agrave estas ocupaccedilotildees
surgiram tanto de cunho ambiental quanto social e dentre estes problemas estatildeo
incluiacutedos os desastres naturais relacionados a deslizamentos e alagamentos por conta da
ocupaccedilatildeo em aacutereas natildeo adequadas a este fim
Nos uacuteltimos anos o Brasil tem vivenciado grandes trageacutedias relacionadas a deslizamentos
e alagamentos Uma boa parte destes eventos teve como fator agravante as ocupaccedilotildees
sem criteacuterio e sem orientaccedilatildeo teacutecnica Um exemplo recente aconteceu no Vale do Itajaiacute
em Santa Catarina em novembro de 2008 durante um periacuteodo com chuvas intensas em
que vaacuterias cidades entraram em situaccedilatildeo de calamidade puacuteblica devido ao grande nuacutemero
de casos de alagamento e graves deslizamentos de encostas causando a morte de vaacuterias
pessoas na regiatildeo No Estado do Rio de Janeiro em 2010 o Morro do Bumba em Niteroacutei
sofreu com um grave deslizamento que deixou um grande nuacutemero de mortos As casas
foram construiacutedas sobre um antigo lixatildeo sem nenhuma orientaccedilatildeo e com as intensas
chuvas que assolaram a regiatildeo naquela eacutepoca a encosta veio a baixo causando o desastre
Outra trageacutedia relevante aconteceu na regiatildeo Serrana do Rio de Janeiro que foi
considerada ateacute entatildeo a maior trageacutedia climaacutetica da histoacuteria do paiacutes com pouco mais de
500 mortos e um prejuiacutezo material incalculaacutevel no ano de 2011 Em comum a todos estes
fatos estaacute a falta de um planejamento efetivo por parte dos oacutergatildeos municipais no que diz
respeito ao disciplinamento do uso e ocupaccedilatildeo do solo e a fiscalizaccedilatildeo do cumprimento
da legislaccedilatildeo vigente
A cidade de Santos Dumont Minas Gerais natildeo eacute exceccedilatildeo a esta regra Como a grande
maioria das comunidades estabelecidas ao longo da Estrada Real a cidade surgiu como
um pequeno rancho cujo objetivo era servir de pouso para os viajantes que faziam o
transporte de pedras e metais preciosos das minas de Ouro Preto ateacute o Rio de Janeiro
Posteriormente a regiatildeo se desenvolveu como importante entreposto industrial e
comercial a partir da instalaccedilatildeo da ferrovia D Pedro II ateacute que no final do seacuteculo XIX
se transforma em vila e logo apoacutes em municiacutepio O desenvolvimento da regiatildeo implicou
tambeacutem no crescimento populacional e como naquela eacutepoca ainda natildeo havia uma
legislaccedilatildeo especiacutefica para ordenamento e uso do solo os loteamentos foram surgindo agraves
margens do Ribeiratildeo das Posses e em aacutereas cuja declividade natildeo era favoraacutevel agrave ocupaccedilatildeo
6
o que consequentemente acarretou deslizamentos de terra e alagamentos inclusive com
o registro de algumas trageacutedias ao longo dos anos
Pretende-se que este trabalho sirva como subsidio ao gestor puacuteblico local visando o
estabelecimento de poliacuteticas puacuteblicas integradas aos setores de meio ambiente e defesa
civil com vistas a garantir a seguranccedila de todos os muniacutecipes e a qualidade de vida em
todo o territoacuterio municipal
2 OBJETIVOS
21 Objetivo geral
O objetivo geral deste trabalho eacute contribuir para o estabelecimento de poliacuteticas puacuteblicas
direcionadas ao disciplinamento do uso e ocupaccedilatildeo do solo urbano no municiacutepio de
Santos Dumont
22 Objetivos especiacuteficos
Satildeo objetivos especiacuteficos
Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a
aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes
urbanos
Caracterizar o uso irregular do solo urbano em Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente
Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las
com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)
Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos
catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30
anos
Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do
solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental
7
Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais
negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea
impactada
3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
A seguir eacute apresentada a revisatildeo bibliograacutefica que fundamenta o desenvolvimento e o
pleno entendimento deste trabalho O conhecimento do que satildeo aacutereas de risco
alagamentos e deslizamentos bem como o que eacute e qual a importacircncia de um Plano Diretor
eacute de suma importacircncia para se avaliar como um municiacutepio estaacute se desenvolvendo e qual
a qualidade de vida dos muniacutecipes Tambeacutem satildeo abordados neste capiacutetulo os aspectos
legais referentes agraves Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente seus limites e sua importacircncia para
o ambiente urbano
31 Conceitos Fundamentais
311 Aacutereas de risco
De acordo com o Instituto de Pesquisas Tecnoloacutegicas ndash IPT entende-se como aacuterea de
risco aquela ldquopassiacutevel de ser atingida por fenocircmenos ou processos naturais eou induzidos
que causem efeito adverso As pessoas que habitam essas aacutereas estatildeo sujeitas a danos agrave
integridade fiacutesica perdas materiais e patrimoniaisrdquo (MINISTEacuteRIO DAS CIDADES
2007)
Para Augusto Filho et al (1990) apud Cristo (2002) aacuterea de risco eacute caracterizada como
aquela em que ldquose encontra em situaccedilatildeo de perigo tanto socialmente quanto
economicamente por conta de alguma alteraccedilatildeo na constituiccedilatildeo do terreno ou com grande
probabilidade de ocorrer processos naturaisrdquo
Segundo Fernandes (2012) aacutereas de risco ldquosatildeo aacutereas consideradas improacuteprias ao
assentamento humano por estarem sujeitas a riscos naturaisrdquo
Diante das definiccedilotildees supracitadas pode-se dizer que aacuterea de risco satildeo aacutereas susceptiacuteveis
agrave accedilatildeo de eventos naturais extremos e por esse motivo natildeo eacute viaacutevel agrave ocupaccedilatildeo humana
nestes locais e pode ou natildeo estar associados agrave proximidade ou nos limites de uma APP
8
312 Deslizamentos
Segundo Tominaga (2009) deslizamento eacute o movimento de solo em uma vertente pela
accedilatildeo da gravidade e satildeo mais frequentes em regiotildees de relevo montanhoso e em periacuteodos
chuvosos sendo a pluviosidade um dos principais fatores condicionantes para a ocorrecircncia
do processo Os deslizamentos podem ocorrer naturalmente e eacute grande responsaacutevel pela
dinacircmica das vertentes e evoluccedilatildeo do relevo local mas no Brasil a falta de planejamento
urbano de uma boa parte dos municiacutepios a ocupaccedilatildeo desordenada e a construccedilatildeo de
domiciacutelios sem orientaccedilatildeo teacutecnica tecircm transformado um processo natural em um
problema que algumas vezes se tornam grandes trageacutedias Na regiatildeo Sudeste brasileira o
escorregamento do tipo rotacional eacute o mais comum e eacute caracterizado por uma ruptura
curva no solo que estaacute geralmente associada agrave realizaccedilatildeo de cortes na base do talude ou
por processos erosivos fluviais o que relaciona esse tipo de escorregamento agraves regiotildees
urbanas mal planejadas e coloca o homem como o principal agente efetivo associado com
a pluviosidade na ocorrecircncia de acidentes relacionados com deslizamentos
(FERNANDES amp AMARAL 1996 apud TOMINAGA 2009)
313 Alagamentos
De acordo com Amaral amp Ribeiro (2009) inundaccedilotildees e enchentes satildeo processos
intimamente relacionados com a pluviosidade pois satildeo frequentes em periacuteodos de chuvas
fortes e raacutepidas ou chuvas de longa duraccedilatildeo e estatildeo relacionados agrave intensidade e
distribuiccedilatildeo da precipitaccedilatildeo ao longo da bacia agrave capacidade do solo de reter e infiltrar
aacutegua e agraves caracteriacutesticas de forma da bacia de drenagem
O escoamento das aacuteguas pluviais na natureza eacute lento mas em aacutereas urbanizadas a accedilatildeo
antroacutepica relacionada a ocupaccedilatildeo de planiacutecies de inundaccedilatildeo que podem estar inclusive
em uma cota abaixo do leito do rio impermeabilizaccedilatildeo do solo e retificaccedilatildeo de corpos
drsquoaacutegua aleacutem de inuacutemeras atividades que promovem o assoreamento dos rios e coacuterregos
tem gerado resultados catastroacuteficos e grandes prejuiacutezos (AMARAL amp RIBEIRO 2009)
Quando se refere agraves regiotildees urbanas o termo ldquoalagamentordquo eacute o mais utilizado e segundo
o Ministeacuterio das Cidades (2006) define-se como o ldquoacuacutemulo momentacircneo de aacuteguas em
uma dada aacuterea por problemas no sistema de drenagem podendo ter ou natildeo relaccedilatildeo com
processos de natureza fluvialrdquo Tambeacutem o termo ldquoenxurradardquo eacute utilizado e define-se como
o ldquoescoamento superficial concentrado e com alta energia de transporte que pode ou natildeo
estar associado a aacutereas de domiacutenio dos processos fluviais Eacute comum a ocorrecircncia de
enxurradas ao longo de vias implantadas sobre antigos cursos drsquoaacutegua com alto gradiente
hidraacuteulico e em terrenos com alta declividade naturalrdquo
9
314 Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente
O Novo Coacutedigo Florestal Brasileiro define Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP) como
ldquoaacuterea protegida coberta ou natildeo por vegetaccedilatildeo nativa com a funccedilatildeo ambiental de
preservar os recursos hiacutedricos a paisagem a estabilidade geoloacutegica e a biodiversidade
facilitar o fluxo gecircnico de fauna e flora proteger o solo e assegurar o bem-estar das
populaccedilotildees humanasrdquo (BRASIL2012) Estas aacutereas satildeo muito importantes tanto no meio
urbano como no rural por garantir a estabilidade do solo em encostas iacutengremes contribuir
para a natildeo formaccedilatildeo de processos erosivos e o assoreamento de rios e coacuterregos aleacutem de
garantir a recarga de aquiacuteferos ao atuar como um amortecedor de chuvas retendo-a e
impedindo que ocorra um carreamento intenso de sedimentos ao longo dos morros e
margens de rios e coacuterregos (SKORUPA 2004) A Lei 126512012 apresenta os tipos de
APP e seus limites conforme seraacute visto no item 322
315 Uso e ocupaccedilatildeo do solo
Dentre os vaacuterios mecanismos de ordenamento urbano e instrumentos de planejamento
municipal previsto no Estatuto da Cidade (Lei Federal 102572001) o uso e ocupaccedilatildeo
do solo satildeo os mais utilizados pelas cidades para a formulaccedilatildeo das poliacuteticas urbanas
podendo definir o uso como a forma como esta parcela do solo eacute utilizada e a ocupaccedilatildeo
como sendo o modo como as edificaccedilotildees devem ser dispostas nesta mesma parcela do
solo urbano (TAKEDA 2015) O termo ldquoUso e ocupaccedilatildeo do solordquo tambeacutem pode ser
definido como o fator que determina como as mais diferentes regiotildees de um municiacutepio
deve se desenvolver (FONTOURA 2015)
A inserccedilatildeo de leis municipais de uso e ocupaccedilatildeo do solo objetivam ser uma referecircncia
para os gestores locais no processo de tomada de decisatildeo para que as cidades cresccedilam de
modo organizado enfatizando os potenciais e capacidades de cada regiatildeo aleacutem de tornar
o crescimento mais homogecircneo Com isso pretende-se evitar a formaccedilatildeo de grandes
adensamentos em pequenas aacutereas garantindo a mobilidade e a qualidade de vida de todos
os muniacutecipes tanto da regiatildeo urbana como da rural preservar e melhorar a qualidade
ambiental do municiacutepio aleacutem de evitar deslizamentos e alagamentos por conta da
ocupaccedilatildeo incorreta do solo (TAKEDA 2015)
10
32 Legislaccedilatildeo Pertinente
321 As adequaccedilotildees da legislaccedilatildeo ao longo dos anos
A problemaacutetica relacionada agraves APPs em aacutereas urbanas outrora era uma questatildeo complexa
e demandava uma larga discussatildeo do ponto de vista juriacutedico administrativo e teacutecnico Eacute
sabido que a maioria das cidades se formaram proacuteximos aos corpos hiacutedricos regiatildeo que
garantia o abastecimento de aacutegua e alimentos agrave populaccedilatildeo e tambeacutem facilitava o descarte
dos efluentes A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 225 daacute garantia aos
brasileiros de um meio ambiente em equiliacutebrio e concede agrave toda a sociedade o dever de
preservaacute-lo de acordo com os princiacutepios do desenvolvimento sustentaacutevel (BRASIL
1988) Antes desta Constituiccedilatildeo jaacute havia um texto que regulamentava a questatildeo da
preservaccedilatildeo de aacutereas verdes em todo o territoacuterio nacional A Lei Federal nordm 477165 que
trata do Coacutedigo Florestal estabelecia limites e regulamentava as Aacutereas de Preservaccedilatildeo
Permanente De acordo com Arauacutejo (2002) apud De Moraes (2014) essa Lei que fora
revogada e substituiacuteda pela Lei 126512012 era bastante falha no que diz respeito agraves
questotildees de APPS em aacutereas urbanas o que poderia ser um facilitador do natildeo cumprimento
do que foi proposto por aquela legislaccedilatildeo nestas aacutereas Isso se devia ao fato de o Coacutedigo
Florestal de 1965 ter deixado uma duacutevida sobre qual legislaccedilatildeo seguir uma vez que em
seu segundo artigo no paraacutegrafo uacutenico estava disposto que em aacutereas urbanas devia-se
atentar para a legislaccedilatildeo referente ao Plano Diretor e as referentes ao uso do solo na aacuterea
do municiacutepio (BRASIL 1965) Diante dessa conjuntura alguns municiacutepios optavam pela
natildeo aplicaccedilatildeo do Coacutedigo Florestal na regiatildeo urbana mesmo sabendo que a poliacutetica
conservacionista eacute extremamente importante visto o grande nuacutemero de problemas que
podem advir do uso irregular das APPs (DE MORAES 2009) Segundo o artigo 182 da
Constituiccedilatildeo Federal de 1988 as poliacuteticas relacionadas ao desenvolvimento urbano
devem ser elaboradas pelos municiacutepios e objetiva garantir o bem estar dos muniacutecipes e
tambeacutem o desenvolvimento do municiacutepio como um todo atraveacutes do atendimento agraves
exigecircncias do Plano Diretor (BRASIL 1988) O que podia gerar alguma divergecircncia seria
se o Plano Diretor Municipal propusesse uma faixa de APP menor que a prevista pelo
Coacutedigo Florestal Sendo assim essa legislaccedilatildeo perderia sua validade pelo fato de a
legislaccedilatildeo federal ser suplementar ou se seria cumprida devido ao disposto no artigo 182
da Constituiccedilatildeo Segundo De Moraes (2009) natildeo eacute aceitaacutevel que o Plano Diretor
Municipal legitime tal degradaccedilatildeo ambiental uma vez que um dos seus principais
objetivos eacute a proteccedilatildeo do bem estar puacuteblico estando incluiacutedo nesse a proteccedilatildeo do
ambiente natural A delimitaccedilatildeo e especificaccedilatildeo das APPs em Lei eacute necessaacuteria uma vez
que os limites miacutenimos destinados agrave preservaccedilatildeo satildeo importantes pois garantem a
proteccedilatildeo tanto da qualidade quanto da quantidade dos recursos hiacutedricos e evitam a
ocupaccedilatildeo em locais propiacutecios aos deslizamentos e zonas de recarga dos aquiacuteferos
11
subterracircneos assegurando tambeacutem de certa forma a integridade dos seres humanos que
potencialmente ocupariam tais locais (CARVALHO 2013)
Neste trabalho a legislaccedilatildeo tomada como referecircncia eacute a prevista pela Constituiccedilatildeo Federal
de 1988 o Novo Coacutedigo Florestal (Lei 126512012) e o Estatuto das Cidades (Lei
102572001) em acircmbito federal Na esfera estadual a Lei 209222013 versa sobre os
limites para APP em todo o territoacuterio de Minas A Lei Municipal 42412012 trata do
Plano Diretor Municipal da cidade de Santos Dumont onde se encontra as diretrizes para
o uso e ocupaccedilatildeo do solo e o zoneamento da cidade de acordo com as caracteriacutesticas do
solo entre outras
322 O Novo Coacutedigo Florestal e a legislaccedilatildeo mineira
O Novo Coacutedigo Florestal Lei Federal 126512012 substituiu a Lei Federal 47711965
Dentre os vaacuterios artigos que esta lei possui o que apresenta maior importacircncia para o
planejamento e o ordenamento das cidades tanto na aacuterea urbana como na rural eacute o artigo
4ordm em que constam as faixas de APP tanto para curso hiacutedrico como para declividade e
altitude aleacutem dos topos de morro a saber (BRASIL2012)
ldquoArt 4ordm Considera-se Aacuterea de Preservaccedilatildeo
Permanente em zonas rurais ou urbanas para os
efeitos desta Lei
I - as faixas marginais de qualquer curso drsquoaacutegua
natural perene e intermitente excluiacutedos os
efecircmeros desde a borda da calha do leito regular
em largura miacutenima de
a) 30 (trinta) metros para os cursos drsquoaacutegua de
menos de 10 (dez) metros de largura
b) 50 (cinquenta) metros para os cursos drsquoaacutegua
que tenham de 10 (dez) a 50 (cinquenta) metros de
largura
()
IV - as aacutereas no entorno das nascentes e dos olhos
drsquoaacutegua perenes qualquer que seja sua situaccedilatildeo
topograacutefica no raio miacutenimo de 50 (cinquenta)
metros
12
V - as encostas ou partes destas com declividade
superior a 45deg equivalente a 100 (cem por
cento) na linha de maior declive
()
IX - no topo de morros montes montanhas e
serras com altura miacutenima de 100 (cem) metros e
inclinaccedilatildeo meacutedia maior que 25deg as aacutereas
delimitadas a partir da curva de niacutevel
correspondente a 23 (dois terccedilos) da altura
miacutenima da elevaccedilatildeo sempre em relaccedilatildeo agrave base
sendo esta definida pelo plano horizontal
determinado por planiacutecie ou espelho drsquoaacutegua
adjacente ou nos relevos ondulados pela cota do
ponto de sela mais proacuteximo da elevaccedilatildeo
X - as aacutereas em altitude superior a 1800 (mil e
oitocentos) metros qualquer que seja a
vegetaccedilatildeo
()rdquo
A legislaccedilatildeo atual em seu artigo 4ordm evidencia que as faixas e aacutereas determinadas como
APP compreendem tanto as aacutereas rurais quanto urbanas (BRASIL 2012) retirando a
duacutevida anterior e sendo essa a Lei suplementar qualquer faixa de APP mais permissiva
na legislaccedilatildeo estadual e municipal satildeo invaacutelidas o que simplificou de certa forma a
aplicabilidade da Legislaccedilatildeo referente a Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente
No Estado de Minas Gerais a Lei Estadual 20922 de 16 de Outubro de 2013 trata do tema
em acircmbito estadual mas com os mesmos princiacutepios propostos pela Lei Federal sendo os
limites miacutenimos previstos para as APPs os mesmos propostos pelo Novo Coacutedigo
Florestal brasileiro (MINAS GERAIS2013)
ldquo Art 9ordm Para os efeitos desta Lei em zonas rurais
ou urbanas satildeo APPs
I as faixas marginais de cursos drsquoaacutegua naturais
perenes e intermitentes excluiacutedos
os efecircmeros medidas a partir da borda da calha
do leito regular em largura miacutenima de
13
a) 30m (trinta metros) para os cursos drsquoaacutegua de
menos de 10m (dez metros) de largura
b) 50m (cinquenta metros) para os cursos drsquoaacutegua
de 1 0m (dez metros) a 50m (cinquenta metros) de
largura
()
IV as aacutereas no entorno das nascentes e dos olhos
drsquoaacutegua perenes no raio miacutenimo de 50m
(cinquenta metros)
V as encostas ou partes destas com declividade
superior a 45ordm (quarenta e cinco graus)
equivalente a 100 (cem por cento) na linha de
maior declive
()
VII no topo de morros montes montanhas e
serras com altura miacutenima de 100m (cem metros)
e inclinaccedilatildeo meacutedia maior que 25ordm (vinte e cinco
graus) as aacutereas delimitadas a partir da curva de
niacutevel correspondente a 23 (dois terccedilos) da altura
miacutenima da elevaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave base sendo esta
definida pelo plano horizontal determinado por
planiacutecie ou espelho drsquoaacutegua adjacente ou nos
relevos ondulados pela cota do ponto de sela mais
proacuteximo da elevaccedilatildeo
VIII as aacutereas em altitude superior a 1 800m (mil
e oitocentos metros)
()rdquo
323 O Plano Diretor
O Estatuto das Cidades em seu artigo 40 prevecirc o plano diretor como um instrumento
capaz de promover a poliacutetica urbana englobando toda a cidade aleacutem de fornecer padrotildees
e limites para o uso do solo nas mais diversas regiotildees do municiacutepio com vistas a
harmonizar o desenvolvimento urbano com a preservaccedilatildeo do meio ambiente (SILVA JR
2006) Este instrumento eacute obrigatoacuterio para cidades com mais de 20 mil habitantes ou
14
aacutereas que integrem regiotildees metropolitanas ou de interesse turiacutestico O artigo 41 do
Estatuto das cidades tambeacutem prevecirc a obrigatoriedade do Plano Diretor para cidades que
possuem em sua aacuterea empreendimentos que caracterizem grandes impactos ambientais
de influecircncia regional ou nacional e cidades que possuem problemas com deslizamentos
de grande magnitude ou alagamentos repentinos (BRASIL 2001)
O Plano diretor de acordo com o Estatuto das Cidades deve ser aprovado como lei em
acircmbito municipal e revisto a cada dez anos Este documento eacute uacutenico pois cada cidade
possui suas peculiaridades infraestrutura vocaccedilotildees e problemas que por mais que sejam
parecidos entre si satildeo diferenciados pela intensidade e pela regionalizaccedilatildeo Sendo assim
a confecccedilatildeo do Plano Diretor deve conter a participaccedilatildeo de toda a comunidade local de
forma a reduzir as desigualdades sociais os gastos puacuteblicos desnecessaacuterios a degradaccedilatildeo
ambiental e combater os problemas relacionados a urbanizaccedilatildeo de forma conjunta
promovendo um processo de tomada de decisatildeo que garanta a qualidade de vida
preservaccedilatildeo e o desenvolvimento social do municiacutepio como um todo (ROSSBACH amp
CARVALHO 2010)
3231 O Plano Diretor de Santos Dumont
A Lei Municipal nordm 424112 que entrou em vigor no ano de 2014 trata do Plano Diretor
Municipal instrumento previsto no Estatuto das Cidades para garantir aos cidadatildeos um
desenvolvimento urbano organizado justo e sustentavelmente econocircmico (BRASIL
2001) Aleacutem de apontar as diretrizes para a elaboraccedilatildeo da Poliacutetica Municipal dos mais
variados setores o Plano Diretor divide o municiacutepio em macrozonas urbanas e rurais
Estas zonas tecircm por objetivo facilitar a identificaccedilatildeo dos setores que permitem ou natildeo o
desenvolvimento da cidade e em que magnitude pode ser feita a expansatildeo respeitando ao
meio ambiente e tambeacutem o que eacute previsto no tocante ao uso e ocupaccedilatildeo do solo nessas
aacutereas Aleacutem disso ela estabelece a forma como devem ser as edificaccedilotildees nas referidas
aacutereas As aacutereas definidas como macrozonas urbanas e foram subdivididas em (SANTOS
DUMONT2012)
ldquoZona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e
da Paisagem (ZPPH) satildeo as aacutereas cujos
equipamentos urbanos possuem interesse
histoacuterico ou paisagiacutestico de preservaccedilatildeo
Zona de Preservaccedilatildeo Ambiental satildeo aquelas em
que devem ser mantidas ou recuperadas a
15
vegetaccedilatildeo por conta da declividade altitude ou
presenccedila de recursos hiacutedricos
Zona de Adensamento Controlado (ZAC) satildeo as
aacutereas em que deve-se manter uma pequena
densidade populacional devido as limitaccedilotildees na
infraestrutura da localidade A ZAC se divide em
ZAC 1 quando a infraestrutura existente eacute
limitada e em ZAC 2 quando esta eacute precaacuteria ou
natildeo existe
Zona de Consolidaccedilatildeo de Adensamento (ZCA)
satildeo as aacutereas em que haacute interesse em ocupar os
lotes vagos haja visto que a regiatildeo possui toda a
infraestrutura para que isto aconteccedila
Zona Adensaacutevel (ZA) satildeo as aacutereas com
condiccedilotildees propiacutecias para ocorrer uma ocupaccedilatildeo
mais densa
Zona Especial de Interesse Social (ZEIS) satildeo as
aacutereas em que o Poder Puacuteblico almeja fazer
alguma forma de ocupaccedilatildeo Eacute dividida em ZEIS 1
e ZEIS 2 A ZEIS 1 satildeo regiotildees jaacute ocupadas mas
de forma irregular cujo interesse puacuteblico eacute
realizar obras e outras atividades para
regularizar as ocupaccedilotildees e urbanizar a aacuterea
enquanto que a ZEIS 2 satildeo aacutereas natildeo utilizadas ou
subutilizadas as quais o poder puacuteblico almeja
realizar algum empreendimento habitacional de
caraacuteter social
Zona de Grandes Equipamentos (ZE) satildeo aacutereas
cujo o interesse eacute a implantaccedilatildeo de
empreendimentos de grande porte ou grandes
equipamentos puacuteblicosrdquo
Esta divisatildeo espacial pode ser melhor vista no Anexo 71
O Plano Diretor natildeo estipula limites para APP mas prevecirc algumas diretrizes como na
Poliacutetica Municipal de Preservaccedilatildeo do Meio Ambiente sobre o uso do solo em
compatibilidade com praacuteticas conservacionistas A Poliacutetica Municipal de Expansatildeo
16
Urbana tem como uma de suas diretrizes fazer cumprir a legislaccedilatildeo vigente no que diz
respeito agraves intervenccedilotildees e investimentos que poderatildeo ser feitos nessas aacutereas Tambeacutem eacute
diretriz da mesma Poliacutetica o controle da ocupaccedilatildeo e do uso do solo em APPs e o auxiacutelio
aos oacutergatildeos estaduais e federais de meio ambiente no tocante agrave fiscalizaccedilatildeo da ocupaccedilatildeo
nestas aacutereas (SANTOS DUMONT 2012) O artigo 38 que trata das diretrizes da Poliacutetica
habitacional de interesse social exclui do processo de regularizaccedilatildeo fundiaacuteria os
assentamentos situados em aacutereas de risco o que na maioria das vezes estatildeo tambeacutem nas
aacutereas que deveriam estar vegetadas e protegidas (SANTOS DUMONT 2012) Na
legislaccedilatildeo referente ao parcelamento do solo eacute previsto que no parcelamento de glebas
com declividade entre 30 e 47 soacute poderaacute ser aprovado mediante projeto e laudo
assinado por um responsaacutevel teacutecnico favoraacutevel agrave construccedilatildeo nesse local (SANTOS
DUMONT 2012) Diante do proposto pelo Plano Diretor de Santos Dumont pode-se
dizer que natildeo haacute conflito com a legislaccedilatildeo federal e estadual em se tratando da
aplicabilidade do Coacutedigo Florestal uma vez que aquele natildeo explicita limites nem
permissivos e tampouco restritivos para faixas e aacutereas de preservaccedilatildeo permanente
33 O Municiacutepio de Santos Dumont
331 De Arraial a cidade
A aacuterea onde se situa hoje o municiacutepio de Santos Dumont teve sua ocupaccedilatildeo iniciada no
seacuteculo XVIII quando a Coroa Portuguesa solicitou ao entatildeo Governador do Rio de
Janeiro Artur de Saacute Menezes que abrisse um caminho que ligasse as Minas dos
Cataguases na regiatildeo de Ouro Preto (receacutem descobertas) ao Rio de Janeiro por onde
escoava os metais preciosos para a metroacutepole Surgiu assim o ldquoCaminho Novordquo e ao longo
deste caminho surgiram tambeacutem as Sesmarias aacutereas que tinham por principal objetivo
servir de pouso aos transportadores e exploradores e tambeacutem para garantir alimento a
estas pessoas Uma destas ocupaccedilotildees seria o ldquoArraial de Joatildeo Gomesrdquo (Figura 41)
primeiro nuacutecleo primitivo do municiacutepio em 1709 De iniacutecio prevaleciam somente
ranchos onde os viajantes se abrigavam mas em pouco tempo ergueu-se a Capela de Satildeo
Miguel e Almas e pequenos nuacutecleos urbanos comeccedilaram a surgir (DAPPC2008)
17
Figura 3 1 Vista parcial do Arraial de Joatildeo Gomes
Fonte Arquivo Histoacuterico de Santos Dumont-MG
Com a construccedilatildeo da Estrada de Ferro D Pedro II no final do seacuteculo XIX a regiatildeo teve
um consideraacutevel crescimento natildeo soacute populacional como tambeacutem econocircmico se tornando
a Vila Palmyra em 1889 Em 1890 Palmyra eacute elevada ao status de Municiacutepio (Figura 42)
e recebe um grande nuacutemero de melhorias no setor viaacuterio como a retificaccedilatildeo de ruas e
tambeacutem no setor de serviccedilos puacuteblicos como abastecimento de aacutegua iluminaccedilatildeo puacuteblica a
querosene e posteriormente energia eleacutetrica O desenvolvimento econocircmico na regiatildeo
tambeacutem teve seu momento aacuteureo nesse periacuteodo Induacutestrias de laticiacutenios graacuteficas e de
Carbureto de Caacutelcio fizeram parte do parque industrial de Palmyra o que atraiacutea pessoas
de outros lugares inclusive estrangeiros contribuindo para o aumento populacional da
regiatildeo Como ainda natildeo havia legislaccedilatildeo sobre uso e ocupaccedilatildeo do solo nessa eacutepoca
surgiram inuacutemeros loteamentos em aacutereas proacuteximas agrave rios e coacuterregos e tambeacutem em
encostas com declividade acentuada o que foi agravando o risco agrave medida que a ocupaccedilatildeo
aumentava (DAPPC2008)
18
Figura 3 2 Municiacutepio de Palmyra na deacutecada de 1920
Fonte Arquivo Histoacuterico de Santos Dumont-MG
O escoamento da produccedilatildeo industrial se dava pelo modal ferroviaacuterio setor que tambeacutem
movimentava a crescente cidade que era ponto importante no setor de transportes pois
possuiacutea um dos mais bem equipados depoacutesitos de locomotivas da Estrada de Ferro Central
do Brasil (DAPPC2008)
No ano de 1932 o municiacutepio de Palmyra passou a se chamar Santos Dumont (Figura 43)
em homenagem ao inventor do aviatildeo que nascera naquela cidade Nos uacuteltimos 40 anos
Santos Dumont tem experimentado uma acentuada desaceleraccedilatildeo econocircmica
consequecircncia do fechamento da grande maioria das induacutestrias principalmente as de
laticiacutenios que empregavam direta e indiretamente uma parte consideraacutevel da populaccedilatildeo
(DAPPC2008)
19
Figura 3 3 Municiacutepio de Santos Dumont em 2014
Fonte Arquivo do autor
332 Santos Dumont na atualidade
O municiacutepio de Santos Dumont localiza-se na regiatildeo da Zona da Mata mineira distante
cerca de 220 Km da capital Belo Horizonte e possui uma populaccedilatildeo de 47558 habitantes
(ODM 2015 projeccedilatildeo) numa aacuterea total de 637 kmsup2 Faz divisa com os municiacutepios de
Juiz de Fora Oliveira Fortes Bias Fortes Antocircnio Carlos Tabuleiro Piau e Ewbank da
Cacircmara
No que diz respeito agrave sua formaccedilatildeo fisiacuteco-geograacutefica a aacuterea que compreende o municiacutepio
eacute constituiacuteda predominantemente por Cambissolo Haacuteplico (70) com Latossolo
Vermelho-Amarelo (30) (UFV2010) A vegetaccedilatildeo eacute em sua maioria composta por
exemplares de Mata Atlacircntica De acordo com o IBGE(2015) Santos Dumont se localiza
a 839m de altitude O clima da regiatildeo eacute classificado como Tropical de Altitude (Cwb) e
possui uma temperatura meacutedia de 20ordmC Eacute banhado pela bacia hidrograacutefica do Paraiacuteba do
Sul e em sua maioria pertence agrave sub-bacia do Rio Pomba (IGAM) que fornece aacutegua para
abastecimento puacuteblico agrave 88 da populaccedilatildeo por meio da rede de distribuiccedilatildeo
(IBGE2010) Uma pequena parte da zona rural a sudoeste eacute banhada pela Sub-Bacia do
Rio Paraibuna mais precisamente na regiatildeo de fronteira com os municiacutepios de Juiz de
Fora e Ewbank da Cacircmara O sistema viaacuterio principal de acesso agrave cidade eacute a rodovia BR-
040 e a estrada de ferro Dom Pedro II atualmente utilizada somente para transporte de
cargas
Com a economia nos dias atuais baseada majoritariamente no setor de serviccedilos a cidade
possui um Iacutendice de Desenvolvimento humano (IDH) de 0741 (IBGE2010) Apesar do
decliacutenio econocircmico de Santos Dumont nota-se hoje um aumento no nuacutemero de
loteamentos populares e condomiacutenios horizontais e verticais entre outras edificaccedilotildees Eacute
de vital importacircncia que esse crescimento das ocupaccedilotildees seja ordenado e regulamentado
20
de forma a garantir a qualidade ambiental prevenindo deslizamentos e inundaccedilotildees Diante
dessa conjuntura o governo municipal aprovou em 2012 a Lei nordm 4241 que trata do Plano
Diretor Participativo instrumento baacutesico da poliacutetica de desenvolvimento e expansatildeo
urbana do municiacutepio de Santos Dumont
4 METODOLOGIA
41 Aacuterea de estudo
A regiatildeo dentro dos limites do municiacutepio que seraacute estudada neste trabalho eacute conforme
descrito nos anexos Plano Diretor e representada na figura 44 a aacuterea urbana principal
que possui 47 Kmsup2 e compreende a regiatildeo central da cidade e os bairros perifeacutericos regiatildeo
que concentra cerca de 90 da populaccedilatildeo total de Santos Dumont (IBGE 2015) A aacuterea
urbana principal representa 75 da aacuterea total dos 637 Kmsup2 que compreendem o
municiacutepio e eacute o local onde nos uacuteltimos 30 anos se verificou um maior crescimento
populacional e tambeacutem onde ocorre a maioria dos eventos relacionados a deslizamentos
e alagamentos por conta da ocupaccedilatildeo sem planejamento A figura 45 mostra a aacuterea
urbana principal e a localizaccedilatildeo dos bairros urbanos de Santos Dumont
Figura 4 1 Localizaccedilatildeo da aacuterea urbana principal
Fonte Google Earth
21
Figura 4 2 Mapa da aacuterea urbana principal com a localizaccedilatildeo dos bairros
Fonte Do Autor
42 Levantamento e tratamento dos dados
No desenvolvimento deste trabalho foi necessaacuterio se fazer um estudo detalhado sobre o
Plano Diretor de Santos Dumont principalmente dos seus anexos que compreendem os
mapas e a localizaccedilatildeo das aacutereas definidas pelo zoneamento proposto Para que isso fosse
possiacutevel a Secretaria Municipal de Obras e Serviccedilos Puacuteblicos forneceu todos os dados
secundaacuterios produto do estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor e do
zoneamento Estes dados incluem os arquivos Shapefile (shp) e outros documentos
integrantes do Plano Diretor Algumas informaccedilotildees foram complementadas tambeacutem com
dados adquiridos atraveacutes do site do IBGE e do Portal Objetivos do Milecircnio (ODM)
Os dados sobre as ocorrecircncias de deslizamentos e alagamentos foram obtidos atraveacutes da
Defesa Civil do municiacutepio atraveacutes do Sistema Integrado de Informaccedilotildees sobre Desastres
(S2ID) do Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional Tal sistema centraliza as informaccedilotildees sobre
desastres naturais ocorridos em todo o territoacuterio nacional facilitando a pesquisa sobre tais
eventos a qualquer cidadatildeo (BRASIL 2015)
Apesar do sistema ser bastante uacutetil os dados sobre o municiacutepio de Santos Dumont se
encontravam bastante falhos e escassos sendo necessaacuteria complementaccedilatildeo para que a
22
base de dados ficasse consistente Diante disso uma pesquisa atraveacutes dos arquivos do
Jornal Mensagem um jornal semanaacuterio local foi feita entre os anos de 1984 e 2014 e os
dados primaacuterios filtrados em uma planilha do Microsoft Excel para posterior utilizaccedilatildeo
De posse destes dados foi feita a localizaccedilatildeo em campo das coordenadas dos locais
atingidos por deslizamentos e alagamentos no periacuteodo compreendido pela pesquisa com
o auxiacutelio de um aparelho de GPS
A maioria dos arquivos shapefile utilizados para a confecccedilatildeo dos mapas satildeo parte
integrante dos anexos da Lei do Plano diretor do municiacutepio gerados no mecircs de dezembro
de 2011 pelo Instituto Nova Cidade e foram cedidos pela Secretaria Municipal de Obras
e Serviccedilos Puacuteblicos com Datum em UTM SAD 69 Com a finalidade de fornecer um
referenciamento atualizado e de acordo com os mais novos sistemas de coordenadas
utilizados no Brasil os arquivos foram convertidos para o Datum UTM SIRGAS 2000
que diferencia do SAD 69 pelo fato de ser um referencial geocecircntrico ou seja o centro
da Terra eacute o ponto de referecircncia neste sistema enquanto que o primeiro utiliza um
referencial na superfiacutecie da Terra (IBGE2014) Eacute interessante ressaltar tambeacutem que o
SIRGAS 2000 se tornou no ano de 2014 o sistema de coordenadas oficial do Sistema
Geodeacutesico Brasileiro e do Sistema Cartograacutefico Nacional ambos mantidos pelo IBGE A
combinaccedilatildeo dos shapefiles foi feita com o software livre gvSIG e com estas combinaccedilotildees
foram gerados mapas importantes resultados para a execuccedilatildeo deste trabalho A maioria
dos mapas representam a regiatildeo urbana principal de Santos Dumont e foram produzidos
numa escala em torno de 140000 que de acordo com Rocha (2007) eacute uma escala viaacutevel
pois as recomendaacuteveis para trabalhos de anaacutelise ambiental em niacutevel municipal podem ser
entre 150000 e 110000 Alguns mapas cujo detalhamento natildeo eacute necessaacuterio foram
gerados na escala 1100000
Para a geraccedilatildeo dos mapas aleacutem dos arquivos fornecidos pela Secretaria de Obras e
Serviccedilos Puacuteblicos foram utilizados para a geraccedilatildeo do modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE)
e da localizaccedilatildeo dos topos de morro dados gerados pelo sistema de radar Advanced
Spacebone Thermal Emission and Reflection Radiometer (ASTER) que geram as curvas
de niacutevel do terreno com uma resoluccedilatildeo de 30m (NASA2014) O processamento dessas
imagens foi feito pelo software livre gvSIG As imagens geradas pelos sateacutelites
LANDSAT foram adquiridas no site da United States Geological Survey (USGS) e essas
imagens possibilitaram obter um panorama preciso do uso do solo em toda a aacuterea urbana
de Santos Dumont numa resoluccedilatildeo de 15 metros uma vez que foi utilizada a banda
pancromaacutetica do sateacutelite LANDSAT 8 aleacutem da combinaccedilatildeo das bandas 65 e 4
respectivamente que eacute a combinaccedilatildeo recomendada pela mantenedora dos sateacutelites para
anaacutelises deste tipo
23
No que diz respeito a identificaccedilatildeo de APPs em topo de morro a metodologia de Oliveira
amp Fernandes Filho (2013) por utilizar as mesmas bases de dados ateacute entatildeo usadas neste
trabalho foi a mais indicada
A metodologia de anaacutelise dos mapas gerados eacute a proposta pelo professor Jorge Xavier da
Silva do Laboratoacuterio de Geoprocessamento (LAGEOP) da Universidade Federal do Rio
de Janeiro e citada por Rocha (2007) Tal metodologia analisa as variaacuteveis em questatildeo
presentes na aacuterea e permite avaliar as possibilidades de relaccedilotildees entre essas variaacuteveis De
uma maneira geral este meacutetodo verifica o estado atual da aacuterea em estudo bem como das
variaacuteveis gerando inventaacuterios que servem para a construccedilatildeo de dados planimeacutetricos sejam
com as variaacuteveis isoladas ou combinadas Estes dados planimeacutetricos geram assinaturas
que permitem inferir sobre a influecircncia dessas variaacuteveis De posse dos dados gerados pelo
processo anteriormente citado pode-se fazer algumas prospecccedilotildees sobre os riscos
ambientais que a aacuterea pode sofrer ou o seu potencial ambiental (ROCHA 2007)
5 RESULTADOS
51 Levantamento histoacuterico de alagamentos e
deslizamentos
O aumento da demanda pelo uso do solo na regiatildeo urbana de Santos Dumont
principalmente no tocante agrave formaccedilatildeo de novos loteamentos e condomiacutenios nos uacuteltimos
anos eacute consideraacutevel mas tambeacutem haacute de se observar o crescimento dos bairros jaacute existentes
com pouco ou nenhum ordenamento Em ambos os casos se observa ocupaccedilotildees
irregulares em APP o que tem ocasionado um aumento na frequecircncia de deslizamentos
e inundaccedilotildees Eacute evidente que quanto maior a densidade populacional do bairro maior a
quantidade de ocorrecircncias ao longo dos anos (SPERFELD 2009)
De acordo com as ocorrecircncias registradas pela Defesa Civil do municiacutepio obtidas atraveacutes
da literatura utilizada nos uacuteltimos 30 anos Santos Dumont chegou a decretar situaccedilatildeo de
emergecircncia por conta de desastres envolvendo deslizamentos eou alagamentos por duas
vezes num espaccedilo de 10 anos conforme pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho
(BRASIL 2014 CEPED 2011)
Segundo os dados obtidos atraveacutes de pesquisa nos arquivos do semanaacuterio entre os anos
de 1984 e 2014 pode-se verificar que nos uacuteltimos 20 anos a cidade tem experimentado
24
um aumento consideraacutevel nos eventos relacionados a deslizamentos e principalmente
alagamentos como pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho Isso pode ter sido causado
dentre outros fatores pelo aumento do nuacutemero de vias pavimentadas com material
impermeaacutevel o que tem sobrecarregado tanto a infraestrutura existente para drenagem
urbana como tambeacutem a calha dos cursos drsquoaacutegua que passam pela regiatildeo urbana do
municiacutepio (ZANON2013)
Na deacutecada de 1980 (1984-1990) de acordo com os dados obtidos natildeo foram noticiados
eventos consideraacuteveis relacionados a deslizamentos e alagamentos em Santos Dumont
mas isso natildeo exclui a possibilidade de natildeo ter ocorrido tais eventos em menor escala
Na deacutecada de 1990 aconteceram uma seacuterie de ocorrecircncias tanto de deslizamentos quanto
de alagamentos No ano de 1997 num periacuteodo chuvoso intenso aconteceram
deslizamentos consideraacuteveis em vaacuterios bairros da cidade inclusive com desabamento de
casas e de ruas principalmente nos bairros Nossa Senhora da Gloacuteria e Quarto Depoacutesito
Em 1999 ocorreram alguns pontos de alagamento nos bairros Quarto Depoacutesito e Santo
Antocircnio com grandes prejuiacutezos materiais
A deacutecada de 2000 iniciou com o registro de deslizamentos em vaacuterios bairros da cidade
inclusive com desabamento de casas e pontes e alagamentos em importantes vias do
centro da cidade Observa-se ao longo desse periacuteodo o crescimento nas ocorrecircncias de
deslizamentos e de aacutereas com risco de deslizamento em muitos bairros de Santos Dumont
Um dos fatores importantes para esse crescimento foi a grande expansatildeo sofrida pela
maioria dos bairros e a falta de planejamento e orientaccedilatildeo por parte da prefeitura uma
vez que uma boa parte do crescimento dos bairros da cidade ocorreu ou proacuteximo a cursos
drsquoaacutegua ou em aacutereas com declividade improacutepria para se fazer construccedilotildees O bairro
Coacuterrego do Ouro (Figura 51) foi o que mais sofreu com ocorrecircncias de deslizamentos
nesse periacuteodo enquanto o bairro Santo Antocircnio foi que teve mais ocorrecircncias de
alagamentos
25
Figura 5 1 Deslizamento no bairro Coacuterrego do Ouro
Fonte Portal Cabangu
No iniacutecio deacutecada de 2010 (2011-2014) o centro da cidade foi a regiatildeo que mais sofreu
com alagamentos sendo registrado pelo menos uma ocorrecircncia por ano nessa aacuterea (Figura
52) Isso pode ser relacionado dentre outros fatores com as obras de modificaccedilatildeo do
tipo de pavimentaccedilatildeo das estradas por um material impermeaacutevel gerando uma sobrecarga
nos sistemas de drenagem urbana que foram projetados para um tipo de pavimento mais
permeaacutevel implicando tambeacutem na sobrecarga calha do Ribeiratildeo das Posses o principal
curso drsquoaacutegua que corta o centro da cidade e que se encontra em quase sua totalidade
ocupada em ambas as margens que cortam o centro da cidade
26
Figura 5 2 Alagamento na regiatildeo central de Santos Dumont em 2013
Fonte Portal Cabangu
Quanto agraves ocorrecircncias de deslizamento ao longo da referida deacutecada elas estiveram
espalhadas pelos bairros do municiacutepio tendo um maior nuacutemero de ocorrecircncias nos bairros
Santo Antocircnio Nossa Senhora da Gloacuteria e Aacutegua Espraiada Nos dois primeiros bairros
citados as ocorrecircncias podem ter sido ocasionadas pelo crescimento desordenado e sem
planejamento destes e no terceiro as ocorrecircncias satildeo relacionadas ao processo de
assoreamento do Ribeiratildeo das Posses o que pode ter gerado um aumento da velocidade
desse curso drsquoaacutegua causando problemas decorrentes do transporte de sedimentos da aacuterea
onde as casas foram construiacutedas que teve como consequecircncia os deslizamentos
Em resumo como pode ser observado nas figuras 53 e 54 na tabela 51 no periacuteodo de
1984 a 2014 os bairros mais afetados por alagamentos e deslizamentos satildeo Quarto
Depoacutesito Nossa Senhora da Gloacuteria Santo Antocircnio Coacuterrego do Ouro Antocircnio Afonso
Graminha e Vila Esperanccedila sendo que o bairro Coacuterrego do Ouro possui o maior nuacutemero
de ocorrecircncias de deslizamentos e o centro da cidade possui o maior nuacutemero de
ocorrecircncias de alagamentos no periacuteodo pesquisado Vale destacar que a aacuterea propiacutecia a
alagamentos no bairro Antocircnio Afonso natildeo identificada no estudo realizado pela
prefeitura constitui-se efetivamente numa aacuterea de risco conforme levantamento histoacuterico
realizado Esta aacuterea de risco se deve agrave diferenccedila de niacutevel negativa entre o rio Pinho e a
aacuterea do bairro estando este em desniacutevel com um risco iminente de inundaccedilotildees resultantes
da cheia desse curso drsquoaacutegua causando inuacutemeros transtornos aos moradores do local
27
Figura 5 3 Pontos de Alagamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico
Fonte Do autor
Figura 5 4 Pontos de deslizamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico
Fonte Do autor
28
Tabela 51 Ocorrecircncias de alagamentos e deslizamentos obtidos atraveacutes do
levantamento histoacuterico
Pontos de ocorrecircncia (1984-2014)
Bairros Alagamento Deslizamento
Aacutegua Espraiada 1 1
Antocircnio Afonso 1 0
Barra 0 1
Centro 7 1
Coacuterrego do Ouro 1 7
Flores 0 1
Graminha 1 0
Jardim Jaraguaacute 0 1
N Sra da Gloacuteria 0 4
N Sra das Graccedilas 1 0
Quarto Depoacutesito 3 2
Santo Antocircnio 4 2
Satildeo Sebastiatildeo 0 1
Vila Esperanccedila 0 1
Fonte Do autor
De acordo com o estudo realizado na elaboraccedilatildeo do Plano Diretor pela prefeitura
municipal observa-se que os bairros que possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a
deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do Ouro e Vila Esperanccedila enquanto que os que
possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a alagamento satildeo o Centro da cidade e os
bairros Satildeo Sebastiatildeo Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio por estarem agraves margens do
Ribeiratildeo das Posses um curso drsquoaacutegua que sofre com inundaccedilotildees perioacutedicas devido ao
severo assoreamento em algumas regiotildees e tambeacutem devido ao acuacutemulo de lixo descartado
pelos moradores do entorno irregularmente De acordo com o estudo realizado quando da
elaboraccedilatildeo do Plano Diretor do municiacutepio foram feitos estudos sobre as aacutereas propensas
a deslizamentos e alagamentos na regiatildeo urbana principal Tais aacutereas satildeo as destacadas
nas Figuras 55 e 56 No levantamento histoacuterico realizado pode-se identificar que os
bairros que possuem mais aacutereas propensas a deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do
Ouro Nossa Senhora da Gloacuteria Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio enquanto que os bairros
mais propensos a alagamentos satildeo os bairros Centro Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio
como observado na tabela 51
29
Figura 5 5 Aacutereas propensas a deslizamento de acordo com o Plano Diretor de
Santos Dumont
Fonte Google Earth e Lei 42412012
Figura 5 6 Aacutereas propensas a alagamento de acordo com o Plano Diretor de
Santos Dumont
Fonte Google Earth e Lei 42412012
30
Comparando-se os mapas obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico com o mapa gerado
pelo estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor nota-se que haacute semelhanccedilas em
algumas aacutereas mas ao se levar em conta o produto gerado pela pesquisa histoacuterica o
estudo necessitaria ser complementado haja vista que ele natildeo compreende por exemplo
o ponto de alagamento no bairro Antocircnio Afonso citado anteriormente e alguns pontos de
deslizamento importantes uma vez que satildeo regiotildees onde haacute ocupaccedilatildeo Esse fato evidencia
a necessidade de se buscar vaacuterias fontes primaacuterias e secundaacuterias para se detectar aacutereas de
risco em um municiacutepio incluindo arquivos da imprensa local afim de se produzir uma
base de dados consistente e com o menor nuacutemero de falhas possiacutevel (CEPED 2014) Com
a uniatildeo dos dois estudos foram gerados os mapas apresentados nas Figuras 57 e 58
Aleacutem do mais observando as figuras 57 e 58 pode-se notar que uma boa parte tanto dos
casos de alagamento quanto de deslizamento estatildeo na faixa de APP de curso hiacutedrico o
que ilustra a importacircncia da preservaccedilatildeo destas aacutereas
Figura 5 7 Aacutereas propensas a alagamento do estudo do Plano Diretor
complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento
Fonte Do Autor
31
Figura 5 8 Aacutereas propensas a deslizamento do estudo do Plano Diretor
complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento
Fonte Do Autor
Atraveacutes da combinaccedilatildeo entre estes dois levantamentos procurou-se alimentar a base de
dados e garantir uma consistecircncia maior desta no que diz respeito a aacutereas de deslizamento
e alagamento podendo inclusive se identificar a suscetibilidade de uma determinada
regiatildeo da cidade a um ou outro evento (CEPED2014)
512 O Plano diretor e as APPs
Nos uacuteltimos anos o Brasil experimentou um forte fenocircmeno de migraccedilatildeo do campo para
as aacutereas urbanas De acordo com o IBGE no periacuteodo de 1940 a 2000 houve um aumento
de cerca de 60 do nuacutemero de pessoas que vivem em cidades (SILVA JR 2006) O
processo de planejamento e ordenamento do uso do solo nessas aacutereas deveria ter
acompanhado esse crescimento ao longo dos anos a fim de garantir a qualidade de vida e
a seguranccedila dos migrantes ao se instalarem nas cidades o que natildeo ocorreu e o que se
observa atualmente satildeo ocupaccedilotildees em aacutereas improacuteprias para moradia sem a infraestrutura
baacutesica necessaacuteria e com risco iminente de deslizamentos eou inundaccedilotildees
O Plano Diretor do municiacutepio de Santos Dumont em seu capiacutetulo IV que versa sobre o
uso e ocupaccedilatildeo do solo explicita regras para o ordenamento do territoacuterio que compreende
o municiacutepio com base nos diferentes usos do solo de acordo com sua compatibilidade o
32
que acabou por resultar num zoneamento de todo o municiacutepio em macrozonas conforme
citado na seccedilatildeo 3231 de acordo com os usos atuais e futuros do solo Aleacutem de dividir
estas macrozonas em urbanas e rurais tambeacutem avaliou e classificou estas aacutereas com base
numa seacuterie de fatores ambientais geoloacutegicos culturais e sociais de forma a se fazer um
zoneamento coerente com os atuais usos do solo e seu potencial de uso futuro Apresenta-
se na Figura 59 este zoneamento na aacuterea urbana principal de Santos Dumont
Figura 5 9 Zoneamento urbano da aacuterea urbana principal
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Lei 42412012
Tomando como referecircncia o Novo Coacutedigo Florestal brasileiro em especial os paracircmetros
estabelecidos para a definiccedilatildeo de APP e utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento
atraveacutes do software Vista SAGA relacionou-se as APPs existentes na aacuterea em estudo com
as regiotildees propiacutecias a alagamentos e deslizamentos de acordo com o estudo feito quando
da elaboraccedilatildeo do Plano Diretor afim de se identificar qual ou quais aacutereas possuem estes
problemas e se estatildeo relacionados com o uso do solo irregular em APP
Ao se aplicar a metodologia proposta por Oliveira amp Fernandes Filho (2013) natildeo foram
identificadas dentro da aacuterea de estudo APPs de topos de morro sendo este tipo de APP
descartada portanto das anaacutelises subsequentes deste trabalho Foram consideradas as
APP de curso hiacutedrico (rios e nascentes) e de declividade visando relacionaacute-las as aacutereas
de risco identificadas pela Prefeitura afim de se verificar as possiacuteveis causas da ocorrecircncia
33
destas aacutereas na regiatildeo urbana do municiacutepio Por meio de combinaccedilotildees entre dois mapas
temaacuteticos utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento foi possiacutevel obter as
assinaturas ou seja tabelas que caracterizam quantitativamente a aacuterea afetada por cada
aspecto visto que a simples visualizaccedilatildeo do mapa gerado pelo geoprocessamento muitas
vezes eacute prejudicada por serem aacutereas de pequenas dimensotildees ou por qualquer outra
limitaccedilatildeo do software Ressalta-se que para a elaboraccedilatildeo do Plano Municipal de Reduccedilatildeo
de riscos a identificaccedilatildeo e detalhamento topograacutefico destas aacutereas eacute fundamental para o
desenvolvimento do referido Plano conforme seraacute abordado detalhadamente na seccedilatildeo
52
De posse do mapa que representa o zoneamento urbano de Santos Dumont primeiramente
procurou-se mensurar qualitativa e quantitativamente a presenccedila de APPs tanto de
declividade quanto de cursos hiacutedricos Essa identificaccedilatildeo eacute importante pois este
zoneamento eacute um dos instrumentos de planejamento municipal (BRASIL 2001) Saboya
(2007) aponta que os principais objetivos de um zoneamento satildeo o controle da expansatildeo
urbana e proteccedilatildeo de aacutereas inadequadas a ocupaccedilatildeo aleacutem de reduzir os conflitos inerentes
aos diferentes usos do solo Com o uso da ferramenta ldquoCombinarrdquo do Vista SAGA foram
feitas combinaccedilotildees entre o mapa de hidrografia com buffer de 30m para rios e coacuterregos e
de 50m para nascentes com o mapa do zoneamento para se verificar a importacircncia das
APPs de curso hiacutedrico em toda a aacuterea urbana principal do municiacutepio Tambeacutem foram
combinados o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) obtido atraveacutes do gvSIG com o mapa
de zoneamento afim de se verificar quantitativamente as APPs de declividade e onde se
localizam Vale ressaltar que as declividades entre 30 e 47 estatildeo presentes nesta
combinaccedilatildeo pois de acordo com o Plano Diretor de Santos Dumont terrenos com esta
faixa de declividade para fins de parcelamento devem possuir estudo teacutecnico que ateste
a viabilidade de se promover algum empreendimento imobiliaacuterio neste (SANTOS
DUMONT 2012) Como a legislaccedilatildeo municipal prevecirc estudo somente para a faixa de
declividade descrita anteriormente para fins de anaacutelise neste trabalho consideramos um
valor mais conservador para APP compreendendo a faixa de 47 a 100 aleacutem da
prevista pela legislaccedilatildeo federal (gt100) para que natildeo houvessem lacunas importantes na
geraccedilatildeo do produto
Apresenta-se na Figura 510 aacutereas com declividades consideradas de risco e consideradas
APP e em qual zona de planejamento elas estatildeo inseridas De um modo geral ao se
observar a Tabela 52 nota-se que a aacuterea que compreende declividades de risco e APP eacute
uma pequena parcela da aacuterea urbana principal representando 061 desta aacuterea Ao se
levar em conta somente a localizaccedilatildeo pode-se verificar que cerca de 84 das aacutereas com
declividade de risco e a totalidade das APPs de declividade estatildeo localizadas na ZAC1
zona que compreende a maior parte do municiacutepio e apesar de possuir infraestrutura baacutesica
para a ocupaccedilatildeo esta eacute restrita Sendo assim o fator declividade deve ser visto com cautela
nesta aacuterea para se evitar transtornos advindos de edificaccedilotildees nestas aacutereas
34
Figura 5 10 Combinaccedilatildeo entre as declividades importantes incluindo as APPs e o
zoneamento urbano
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Do autor
Tabela 52 Assinaturas da combinaccedilatildeo Declividade x Zoneamento
Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea
Natildeo APP 457972 9939
Declividade 30-47 em ZAC1 2368 051
Declividade 30-47 em ZE 284 006
Declividade 30-47 em ZAC2 128 003
Declividade 30-47 em ZPA 004 0001
APP Declividade em ZAC1 048 001
Total 460804 100
Fonte Do autor
Apresenta-se na Figura 511 as APPs de curso hiacutedrico (nascentes e rios) e em qual zona
de planejamento estatildeo localizadas Assim como a declividade a maior parte das APPs de
curso hiacutedrico estatildeo localizadas em ZAC1 representando 383 da aacuterea urbana em estudo
e 51 do total das APPs de curso hiacutedrico Esta questatildeo tambeacutem deve ser vista com
bastante criteacuterio pelos gestores locais uma vez que a ocupaccedilatildeo em faixas proacuteximas de
rios e coacuterregos podem causar uma gama de problemas ambientais e sociais na regiatildeo
(SANTANA2011) Tal cuidado tambeacutem deve ser tomado nas APPs compreendidas na
35
ZAC2 que compreende 001 da Aacuterea urbana principal e 14 do total das APPs de curso
hiacutedrico pois a infraestrutura baacutesica e acessibilidade presente nesta zona eacute precaacuteria e a
ocupaccedilatildeo as margens de cursos hiacutedricos pode gerar problemas seacuterios caso ocorra uma
expansatildeo nestas aacutereas
Figura 511 Combinaccedilatildeo entre APP de curso hiacutedrico e as zonas de planejamento
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Do autor
Outro ponto importante eacute a presenccedila da Zona de Proteccedilatildeo Ambiental (ZPA) no entorno
uma consideraacutevel parte dos cursos hiacutedricos Nesta zona estatildeo presentes 28 das APPs de
curso hiacutedrico e esta zona de acordo com o Plano Diretor deve ser restaurada ou
preservada por suas caracteriacutesticas geoloacutegicas topograacuteficas e bioloacutegicas
Afim de se verificar os usos do solo na regiatildeo em estudo foram utilizadas combinaccedilotildees
de imagens advindas do sateacutelite Landsat 8 nas bandas descritas no capiacutetulo 4 aleacutem da
banda pancromaacutetica O resultado eacute apresentado na figura 512 que mostra os principais
usos do solo na aacuterea urbana principal de Santos Dumont
36
Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x Zoneamento
Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea
Hidrografia 11168 239
Aacuterea Urbana Natildeo APP 421004 9008
APP Curso hiacutedrico em ZAC1 179 383
APP Curso hiacutedrico em ZPA 9776 209
APP Curso hiacutedrico em ZE 184 004
APP Curso hiacutedrico em ZA 1192 026
APP Curso hiacutedrico em ZAC2 5124 110
APP Curso hiacutedrico em ZPPH 248 005
APP Curso hiacutedrico em ZEIS 568 012
APP Curso hiacutedrico em ZCA 228 005
Total 467392 10000
Fonte Do autor
Figura 5 12 Mapa de usos do solo da aacuterea urbana principal de Santos Dumont
Fonte Do autor
Como jaacute era previsto a maior parte da aacuterea urbana se encontra ocupada e eacute nesta regiatildeo
ocupada que se observa a maior concentraccedilatildeo de problemas de deslizamentos e
alagamentos (Figuras 513 e 514) A grande ocupaccedilatildeo em aacutereas consideradas APP de
curso hiacutedrico de acordo com os mapas gerados pode ser a principal causa do aumento a
cada ano dos casos de alagamento principalmente na regiatildeo central da cidade Outro ponto
que se deve atentar eacute a existecircncia de uma consideraacutevel aacuterea de pastagem pouco vegetada
que caso estejam em aacutereas elevadas pode contribuir para deslizamentos e agraves margens de
37
rios e coacuterregos para o assoreamento destes corpos hiacutedricos o que pode causar
alagamentos (INAacuteCIO etal 2007)
Diante destes resultados pode-se ver que a cidade de Santos Dumont necessita alternativas
efetiva no que diz respeito agrave contenccedilatildeo de deslizamentos e a reduccedilatildeo de risco de
alagamento pois as aacutereas em que ocorrem tais eventos satildeo distintas e facilmente definidas
devido agrave repeticcedilatildeo destes nos uacuteltimos anos Um plano de accedilatildeo integrado entre as diferentes
secretarias municipais (Obras Meio Ambiente Assistecircncia Social entre outras) e a
Coordenadoria Municipal de Defesa Civil deve ser realizado afim de se tomar medidas
natildeo mais preventivas mas sim preditivas para que se possa conter o avanccedilo destes
problemas na aacuterea urbana principal bem como em toda a aacuterea do municiacutepio
Figura 5 13 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na aacuterea urbana
principal
Fonte Do autor
38
Figura 5 14 Aacutereas sujeitas a alagamento e os principais usos do solo na aacuterea
urbana principal
Fonte Do autor
Ao se associar os dados do estudo do Plano Diretor com os dados do levantamento
histoacuterico realizado com o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) pode-se notar que as aacutereas
propiacutecias a deslizamento estatildeo em regiotildees as quais haacute uma fronteira de declividades ou
seja eacute evidente que os deslizamentos ocorrem em encostas um pouco mais iacutengremes mas
natildeo necessariamente nas encostas de 30-47 as quais exigem estudo teacutecnico conforme o
plano diretor preconiza Quanto aos alagamentos nota-se que eles se localizam nas aacutereas
com menor ou nenhuma declividade podendo ser estas aacutereas talvez componentes da
planiacutecie de inundaccedilatildeo dos rios Estes resultados podem ser vistos nas figuras 515 e 516
a seguir
39
Figura5 15 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a deslizamentos na
regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
Fonte Lei 42412012 e Autor
Figura5 26 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a alagamentos na
regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
Fonte Lei 42412012 e Autor
40
52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis
O processo de ocupaccedilatildeo no municiacutepio de Santos Dumont comeccedilou muito antes de
qualquer legislaccedilatildeo relacionada a ordenamento urbano e de proteccedilatildeo do meio ambiente
fosse implementado no Brasil Esse fato aliado a poliacuteticas e fiscalizaccedilotildees falhas
contribuiacuteram para a ocupaccedilatildeo e expansatildeo da aacuterea urbana ao longo do Ribeiratildeo das Posses
e seus afluentes o que tem gerado o aumento da degradaccedilatildeo destes corpos hiacutedricos ao
longo de todos estes anos Observa-se tambeacutem que nas uacuteltimas deacutecadas ocorreu um
grande nuacutemero de migraccedilotildees do campo para a regiatildeo urbana da cidade fator que
contribuiu para o crescimento do nuacutemero de habitaccedilotildees em aacutereas de risco de deslizamento
e alagamentos por serem na maioria das vezes terrenos menos valorizados e por este
motivo acessiacuteveis a populaccedilatildeo com menor poder aquisitivo (ROSA amp CORTEZ 2008)
Vale ressaltar que esta questatildeo aleacutem de ser ambiental eacute muito mais social pois os
moradores entendem os riscos de se viver nestes locais mas por motivos econocircmicos ou
por questotildees afetivas natildeo abrem matildeo da moradia nessas aacutereas A Constituiccedilatildeo Federal de
1988 promoveu a inter-relaccedilatildeo das questotildees sociais com as questotildees ambientais quando
colocou o meio ambiente como direito coletivo (BRASIL1988 SOUZA2010) Por este
motivo a decisatildeo por medidas draacutesticas que favoreccedilam apenas agrave preservaccedilatildeo do meio
ambiente natildeo eacute recomendada pois aleacutem de ser inconstitucional podem afetar a
sustentabilidade econocircmica do municiacutepio e gerar conflitos sociais consideraacuteveis
(CARLOS 1992 apud SOUZA 2010)
Segundo Bueno (2009) ldquonem tudo o que eacute irregular eacute precaacuteriordquo Esse fato se observa em
Santos Dumont uma vez que em boa parte da regiatildeo central se observa vaacuterias moradias
construiacutedas na faixa de APP de curso hiacutedrico o que natildeo eacute permitido pela legislaccedilatildeo
vigente e eacute um dos fatores que contribui para a ocorrecircncia de alagamentos nesta aacuterea da
cidade Para a resoluccedilatildeo deste problema o que seria mais viaacutevel seria a melhoria da
infraestrutura de drenagem urbana afim de que o escoamento da aacutegua das chuvas natildeo
sobrecarregasse o sistema (BUENO2009) A construccedilatildeo de bacias de contenccedilatildeo de
cheias ao longo do Ribeiratildeo das Posses tambeacutem seria uma alternativa mas para se verificar
a viabilidade necessita-se estudos mais aprofundados do ponto de vista hidroloacutegico
O grande problema a ser solucionado no entanto eacute o que diz respeito agraves aacutereas de risco
de deslizamento majoritariamente nos bairros A melhor alternativa seria o
remanejamento dos moradores para uma aacuterea proacutexima agrave que moram poreacutem longe do
risco Poreacutem esta alternativa de acordo com Rosa Filho amp Cortez (2008) encontra alguns
entraves pois estas pessoas na maioria das vezes natildeo tecircm condiccedilotildees financeiras de irem
para outro lugar ou pagar aluguel ou estatildeo de alguma forma sentimentalmente ligadas
agravequela regiatildeo que se recusam a deixaacute-lo
41
Por parte dos oacutergatildeos competentes no municiacutepio a criaccedilatildeo de um plano para se evitar
acidentes ocasionados por deslizamentos e alagamentos com um mapeamento detalhado
de toda a extensatildeo do municiacutepio eacute extremamente uacutetil Os estudos que seratildeo feitos para a
elaboraccedilatildeo deste plano poderatildeo definir quais as aacutereas satildeo potencialmente de risco para as
ocupaccedilotildees existentes ou para as potenciais ocupaccedilotildees que possam vir a ocorrer atraveacutes do
mapeamento das aacutereas de risco Tal planejamento seraacute auxiliar ao Plano Diretor
Municipal pois definiraacute o real uso do solo de determinada regiatildeo do municiacutepio
contribuindo para a adequaccedilatildeo do uso e ocupaccedilatildeo do solo afim de evitar ou reduzir o
nuacutemero de problemas relacionados a alagamentos e principalmente deslizamentos no
periacutemetro urbano (TOMINAGA 2009) A partir deste plano os gestores locais poderatildeo
tomar a melhor decisatildeo para a prevenccedilatildeo ou reduccedilatildeo dos riscos inerentes a tais problemas
Na seccedilatildeo 521 seraacute hierarquizado de forma preliminar a aacuterea urbana principal de acordo
com os resultados da tabela 51
521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta
O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos (PMRR) foi criado atraveacutes de accedilotildees
regularizadoras do Ministeacuterio das Cidades para ser o instrumento de gestatildeo e
gerenciamento de aacutereas de risco em um municiacutepio Eacute um documento que aleacutem de
estabelecer quais regiotildees satildeo consideradas de risco tambeacutem objetiva a proposta de
medidas estruturais ou natildeo para contenccedilatildeo eou prevenccedilatildeo de cataacutestrofes aleacutem de ser um
meio de captaccedilatildeo de recursos financeiros junto aos Governos Estadual e Federal Estes
recursos poderatildeo ser utilizados para a realizaccedilatildeo de obras que visem a melhoria da
qualidade de vida da populaccedilatildeo do entorno ou de recuperaccedilatildeo da aacuterea degradada Este
plano eacute realizado de forma participativa com as comunidades das aacutereas de risco e pode
ser realizado em sete fases conforme recomenda o Ministeacuterio das Cidades (ALHEIROS
2006)
O primeiro passo para a realizaccedilatildeo do PMRR eacute definir qual a metodologia seraacute empregada
levando-se em consideraccedilatildeo a realidade atual do municiacutepio e especificar de forma sucinta
um cronograma das atividades Eacute importante nesta fase a participaccedilatildeo tambeacutem dos
responsaacuteveis pelas mais variadas Secretarias Municipais afim de explicitar o tamanho da
importacircncia e o caraacuteter integrador deste plano A segunda fase deste plano objetiva a
criaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo da principal base de dados a ser utilizada nos passos posteriores o
mapeamento de risco em escala detalhe em torno de 13000 (SAtildeO PAULO 2014) A
elaboraccedilatildeo de um mapeamento detalhado propiciaraacute natildeo soacute a identificaccedilatildeo mais faacutecil das
aacutereas de risco como tambeacutem facilitaraacute aos gestores e agrave comunidade decidirem qual a
melhor intervenccedilatildeo para a soluccedilatildeo ou remediaccedilatildeo dos problemas em uma determinada
42
aacuterea hierarquizando o risco e definindo prioridades (SAtildeO PAULO 2014) Na tabela a
seguir apresenta-se alguns tipos de intervenccedilotildees que podem ser feitas em aacutereas de risco
sugeridas pelo Ministeacuterio das cidades (ALHEIROS 2006)
Quadro 5 1 - Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco
Tipo de intervenccedilatildeo Descriccedilatildeo
Serviccedilos de limpeza e Recuperaccedilatildeo
Remoccedilatildeo de entulho lixo etc
corte de aacutervores
remoccedilatildeo de bananeiras
recuperaccedilatildeo eou limpeza de sistemas de
drenagem esgotos e acessos
Limpeza de canais de drenagem
Proteccedilatildeo Vegetal
Proteccedilatildeo superficial vegetal (gramiacuteneas) em
taludes com solo exposto
Proteccedilatildeo vegetal de margens de canais de
drenagem
Barreiras vegetais para massas escorregadas
ou acumuladas pela erosatildeo
Drenagem Superficial e Acessos
Sistema de drenagem superficial (canaletas
raacutepidos caixas de transiccedilatildeo escadas drsquoaacutegua)
Acessos para pedestres (escadarias rampas
etc) integrados ao sistema de drenagem
Revestimento de Taludes Revestimento com materiais artificiais
cimentado cal-jet tela argamassada alvenaria
de tijolos ceracircmicos solo-cimento ensacado
Desmonte de blocos e matacotildees Desmonte de concreccedilotildees de grande porte
blocos rochosos e matacotildees
Obras de drenagem de subsuperfiacutecie Sistema de drenagem de subsuperfiacutecie
(trincheiras drenantes DHP poccedilos de
rebaixamento)
Estruturas de contenccedilatildeo (localizadas)
Muros de contenccedilatildeo de pequeno porte (solo-
cimento ensacado alvenaria de pedra-rachatildeo
concreto armado)
Estruturas de contenccedilatildeo localizadas
(chumbadores tirantes microestacas)
Contenccedilatildeo e proteccedilatildeo de margens de canais (
gabiotildees muros de concreto etc)
Estruturas de contenccedilatildeo (meacutedio e grande porte) Implantaccedilatildeo de estruturas de contenccedilatildeo de
meacutedio e grande porte envolvendo obras de
contenccedilatildeo passivas e ativas (muros de
gravidade cortinas etc)
Terraplanagem Execuccedilatildeo de serviccedilos de terraplanagem
combinados a obras de drenagem superficial e
proteccedilatildeo vegetal desvio e canalizaccedilatildeo de
coacuterregos
Remoccedilatildeo de moradias Remoccedilotildees definitivas para implantaccedilatildeo de
obras ou devido agrave localizaccedilatildeo improacutepria da
edificaccedilatildeo (Priorizar as relocaccedilotildees dentro da
proacutepria aacuterea em local seguro)
Fonte ALHEIROS 2006
43
Escolhidas as formas de intervenccedilatildeo para cada aacuterea eacute necessaacuterio realizar uma estimativa
dos custos afim de preparar o orccedilamento da prefeitura para a realizaccedilatildeo das obras e se
seraacute necessaacuterio a captaccedilatildeo de recursos externos para a execuccedilatildeo destas Feitas as
estimativas de custo o proacuteximo passo eacute definir as prioridades e para esta fase eacute tambeacutem
uacutetil o mapeamento feito nas etapas anteriores pois seraacute necessaacuterio hierarquizar tais
intervenccedilotildees nas aacutereas de risco O Ministeacuterio das Cidades (2007) sugere alguns criteacuterios
que podem ser avaliados pelo gestor dentre eles pode-se citar
Grau de risco
Populaccedilatildeo beneficiada
Custo da intervenccedilatildeo
Dimensatildeo da aacuterea a ser tratada
Demandas anteriores da populaccedilatildeo
Tempo de ocupaccedilatildeo
Viabilidade teacutecnica da intervenccedilatildeo
Viabilidade financeira
Inclusatildeo da aacuterea em outros projetos
A partir desta hierarquizaccedilatildeo inicia-se a identificaccedilatildeo de provaacuteveis fontes de captaccedilatildeo de
recursos para a execuccedilatildeo das intervenccedilotildees Estes recursos podem advir de programas dos
governos Federal e Estadual ou por meio de editais para captaccedilatildeo de recursos financeiros
tanto do setor puacuteblico como da iniciativa privada e podem ser tambeacutem associados agrave outras
Secretarias Municipais como a de Turismo ou Meio Ambiente e natildeo soacute as destinadas agrave
Defesa Civil (ALHEIROS 2006)
Eacute previsto tambeacutem no PMRR uma avaliaccedilatildeo da Defesa Civil municipal e como ela estaacute
estruturada fazendo inclusive sugestotildees para que sua atuaccedilatildeo esteja em consonacircncia com
a realidade das comunidades e da Administraccedilatildeo Puacuteblica do municiacutepio de forma a garantir
sua sustentabilidade e conquistar a credibilidade da populaccedilatildeo no que diz respeito a
prevenccedilatildeo de cataacutestrofes Para que a resposta a uma determinada situaccedilatildeo de risco seja
raacutepida eacute necessaacuterio a descentralizaccedilatildeo da Defesa Civil criando pequenos nuacutecleos
comunitaacuterios com a finalidade de se monitorar a aacuterea constantemente e promover as
intervenccedilotildees necessaacuterias em tempo haacutebil o que aumenta em muito a credibilidade da
populaccedilatildeo no PMRR e no trabalho desempenhado pela Defesa Civil no municiacutepio Apoacutes
esta etapa o PMRR passaraacute por audiecircncias puacuteblicas e posteriormente poderaacute ser aprovado
como Lei Municipal pelo Legislativo local (ALHEIROS 2006)
Com a realizaccedilatildeo deste plano o municiacutepio estaraacute munido de informaccedilotildees suficientes para
realizar accedilotildees efetivas de gestatildeo e gerenciamento de riscos bem como aliado a
levantamentos sociais realizar programas habitacionais que beneficiem prioritariamente
44
aos moradores das aacutereas de risco Aleacutem disso com o PMRR o municiacutepio poderaacute melhorar
a qualidade ambiental da populaccedilatildeo captando recursos para a recuperaccedilatildeo das aacutereas de
APP que foram degradadas pelas ocupaccedilotildees irregulares beneficiando todos os moradores
do municiacutepio com o aumento da qualidade de vida na cidade
A partir do disposto nesta seccedilatildeo acerca do Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos e de
uma maneira preliminar (levando-se em conta apenas o nuacutemero de registros de
alagamentos e deslizamentos na aacuterea urbana principal de Santos Dumont no periacuteodo de
1984 a 2014) identificou-se trecircs regiotildees distintas na aacuterea urbana do municiacutepio com
tempo de recorrecircncia desses eventos similares caracterizando trecircs prioridades de
intervenccedilatildeo em contenccedilatildeo de risco como pode ser visto nas figuras 515 e 516 Vale
ressaltar que eacute necessaacuterio um estudo mais detalhado inclusive com visitas teacutecnicas a
campo para que se confirme a real situaccedilatildeo destas e a real prioridade para investimentos
Figura 5 17 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de deslizamentos
Fonte Do Autor
45
Figura 5 18 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de alagamentos
Fonte Do Autor
46
6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees
A seguir apresenta-se as conclusotildees e as recomendaccedilotildees feitas a partir dos objetivos
especiacuteficos explicitados no iniacutecio deste trabalho
Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a
aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes
urbanos
A partir da revisatildeo da legislaccedilatildeo pertinente em acircmbito federal estadual e
municipal constatou-se que o Plano Diretor de Santos Dumont natildeo conflita com a
legislaccedilatildeo federal e estadual sobre Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente A legislaccedilatildeo
municipal foi entendida como mais conservadora que as federal e estadual uma
vez que considera implicitamente que declividades entre 47 e 100 satildeo
enquadradas como APPs aleacutem da faixa superior a 100
Parte consideraacutevel das ocupaccedilotildees em APP principalmente na regiatildeo do bairro
Santo Antocircnio (onde surgiu os primeiros nuacutecleos que deram origem ao municiacutepio)
e o centro da cidade ocorreram antes de que fosse elaborado qualquer legislaccedilatildeo
que versasse sobre o tema Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente bastando ao gestor
local tomar medidas de contenccedilatildeo de riscos que minimizem os impactos causados
por essas ocupaccedilotildees nessa regiatildeo
O ordenamento adequado do uso do solo no municiacutepio eacute necessaacuterio para que o
crescimento dos loteamentos criados anteriormente agrave esta Lei e o surgimento de
novos natildeo avance para Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente o que pode causar
inuacutemeros problemas aos moradores e agravar os jaacute existentes
Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las
com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)
As aacutereas onde houveram a maior quantidade de registros de deslizamentos satildeo os
bairros mais populosos de Santos Dumont podendo se estabelecer uma relaccedilatildeo
que quanto mais populoso o bairro maior a quantidade de problemas relacionados
a deslizamentos Tambeacutem pode-se notar uma relaccedilatildeo com as fronteiras das faixas
de declividades e os deslizamentos uma vez que boa parte deles aconteceram
nestas faixas
As aacutereas onde houve um grande nuacutemero de registros de alagamentos satildeo os bairros
que se desenvolveram agraves margens do Ribeiratildeo das Posses em especial na aacuterea que
47
compreende as APPs de curso hiacutedrico e em aacutereas onde a declividade eacute baixa Esse
fato aliado ao crescimento do nuacutemero de vias pavimentadas com material
impermeaacutevel e a natildeo expansatildeo e ou redimensionamento da rede de drenagem
urbana contribuiacuteram para a ocorrecircncia cada vez mais constante de alagamentos
nessas aacutereas
Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos
catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30
anos
A partir do levantamento histoacuterico realizado e da base de dados georeferenciada
gerada observou-se o aumento do nuacutemero de registros de deslizamentos e
alagamentos nos uacuteltimos 10 anos quando as ocorrecircncias comeccedilaram a se repetir
numa mesma aacuterea com frequecircncia incrementada as vezes com mais de uma
ocorrecircncia anual
Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do
solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental
Destaca-se a adequaccedilatildeo dos criteacuterios gerais estabelecidos pelo Plano Diretor de
Santos Dumont relativos a legislaccedilatildeo federal e estadual Entretanto o referido
Plano Diretor natildeo contempla todo o territoacuterio municipal sendo assim ele natildeo
cumpre o objetivo de proteger as APPs preservadas e recuperar as que foram
degradadas em todo o territoacuterio municipal Ressalta-se tambeacutem a sua natildeo
conformidade com o Estatuto das Cidades uma vez que o Plano Diretor
contempla apenas os novos loteamentos
Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais
negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea
impactada
Recomenda-se a implantaccedilatildeo no municiacutepio de uma Coordenadoria Municipal de
Defesa Civil atuante e integrada agraves Secretarias Municipais e agrave comunidade
visando uma atuaccedilatildeo eficaz nos problemas relacionados a deslizamentos e
alagamentos A elaboraccedilatildeo de um Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos eacute de
suma importacircncia pois atraveacutes dele pode-se predizer as aacutereas que passaratildeo por
problemas caso a expansatildeo aconteccedila ou se inicie uma ocupaccedilatildeo nova aleacutem de
prevenir acidentes nas aacutereas jaacute ocupadas e consideradas de risco
48
7 Anexos
49
71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont
50
51
72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)
52
53
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Rio Claro 2013
v
RESUMO
As questotildees relacionadas a ocorrecircncia de deslizamentos e alagamentos eacute uma constante
no cotidiano urbano principalmente no periacuteodo chuvoso onde os problemas se tornam
evidentes Esses eventos nos uacuteltimos anos natildeo se restringiram somente a grandes cidades
mas tambeacutem a pequenos municiacutepios que sofrem por falta de recursos e de pessoal
especializado para prever e predizer trageacutedias advindas dos alagamentos e deslizamentos
de encostas provocados pela ocupaccedilatildeo desordenada em especial nas Aacutereas de
Preservaccedilatildeo Permanente Nos uacuteltimos 10 anos Santos Dumont tem sofrido
constantemente com o aumento do nuacutemero de casos de deslizamentos e principalmente
alagamentos por natildeo contar com um planejamento integrado e atuante na contenccedilatildeo de
tais eventos O objetivo geral desse trabalho eacute contribuir para a formulaccedilatildeo de poliacuteticas
puacuteblicas afim de corrigir e prevenir tais eventos na aacuterea urbana da cidade Para isso foi
gerado uma base de dados histoacutericos de um periacuteodo de 30 anos que associada ao
processamento de imagens obtidas atraveacutes de radares e sateacutelites proporcionou identificar
os pontos que merecem maior atenccedilatildeo e tambeacutem possibilitou atraveacutes de criteacuterio
quantitativo propor uma hierarquizaccedilatildeo dos bairros que merecem prioridade em
investimentos relacionados a contenccedilatildeo de riscos Com a combinaccedilatildeo de mapas e a
comparaccedilatildeo entre o estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor e o levantamento
histoacuterico feito a partir de dados primaacuterios pode-se observar que a maioria dos casos de
alagamentos e parte dos deslizamentos ocorrem na faixa de APP de curso hiacutedrico
Tambeacutem pode se estabelecer uma relaccedilatildeo entre o tamanho do bairro e o nuacutemero de
eventos relacionados a deslizamentos
vi
ABSTRACT
Issues related to the occurrence of landslides and flooding is a constant in urban daily life
particularly in the rainy season where the problems become evident These events in
recent years were not restricted only to large cities but also small towns which suffer
from lack of resources and specialized staff to anticipate and predict resulting tragedies
of the floods and landslides caused by the disorderly occupation especially in Permanent
Preservation areas Over the past 10 years Santos Dumont has been constantly increasing
number of cases of landslides and especially flooding for not having an integrated
planning and active in the containment of such events The aim of this study is to
contribute to the formulation of public policies in order to correct and prevent such events
in the urban area of the city For it was generated a historical data base for a period of 30
years associated with the processing of images obtained by radar and satellites provided
identify the points that deserve more attention and also made possible through
quantitative criterion propose a hierarchy of neighborhoods that deserve priority in
investments related to risk containment With the combination of maps and the
comparison between the study for the preparation of the Master Plan and the historical
survey from primary data can be observed that most of the cases of flooding and some
landslides occur in the course of APP range water You can also establish a relationship
between the neighborhood size and the number of related events to landslides
vii
SUMAacuteRIO
LISTA DE FIGURAS 2
LISTA DE TABELAS E QUADROS 4
1 INTRODUCcedilAtildeO 5
2 OBJETIVOS 6
21 Objetivo geral 6
22 Objetivos especiacuteficos 6
3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 7
31 Conceitos Fundamentais 7
311 Aacutereas de risco 7
312 Deslizamentos 8
313 Alagamentos 8
314 Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente 9
315 Uso e ocupaccedilatildeo do solo 9
32 Legislaccedilatildeo Pertinente 10
321 As adequaccedilotildees da legislaccedilatildeo ao longo dos anos 10
322 O Novo Coacutedigo Florestal e a legislaccedilatildeo mineira 11
323 O Plano Diretor 13
3231 O Plano Diretor de Santos Dumont 14
33 O Municiacutepio de Santos Dumont 16
331 De Arraial a cidade 16
332 Santos Dumont na atualidade 19
4 METODOLOGIA 20
41 Aacuterea de estudo 20
42 Levantamento e tratamento dos dados 21
5 RESULTADOS 23
51 Levantamento histoacuterico de alagamentos e deslizamentos 23
512 O Plano diretor e as APPs 31
52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis 40
521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta 41
6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees 46
7 Anexos 48
71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont 49
72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos
(1984-2014) 51
8 Referecircncias Bibliograacuteficas 53
2
LISTA DE FIGURAS
Paacuteg
Figura 31 Vista parcial do Arraial de Joatildeo Gomes 17
Figura 32 Municiacutepio de Palmyra na deacutecada de 1920 18
Figura 33 Municiacutepio de Santos Dumont em 2014 19
Figura 41 Localizaccedilatildeo da aacuterea urbana principal 20
Figura 42 Mapa da aacuterea urbana principal com a localizaccedilatildeo dos
bairros
21
Figura 51 Deslizamento no bairro Coacuterrego do Ouro 25
Figura 52 Alagamento na regiatildeo central de Santos Dumont em 2013 26
Figura 53 Pontos de Alagamento obtidos atraveacutes do levantamento
histoacuterico
27
Figura 54 Pontos de Deslizamento obtidos atraveacutes do levantamento
histoacuterico
27
Figura 55 Aacutereas propensas a deslizamento de acordo com o Plano
Diretor de Santos Dumont
29
Figura 56 Aacutereas propensas a alagamento de acordo com o Plano
Diretor de Santos Dumont
29
Figura 57 Aacutereas propensas a alagamento do estudo do Plano Diretor
complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do
levantamento
30
Figura 58 Aacutereas propensas a deslizamento do estudo do Plano
Diretor complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do
levantamento
31
Figura 59 Zoneamento urbano da aacuterea urbana principal 32
Figura 510 Combinaccedilatildeo entre as declividades importantes incluindo
as APPs e o zoneamento urbano
34
Figura 511 Combinaccedilatildeo entre as APPs de curso hiacutedrico e as zonas de
planejamento
35
Figura 512 Mapa de usos do solo da aacuterea urbana principal de Santos
Dumont
36
Figura 513 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na
aacuterea urbana principal
37
Figura 514 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na
aacuterea urbana principal
38
Figura 515 Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a
deslizamentos na regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
39
Figura 516 Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a
alagamentos na regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
39
3
Figura 517 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de
deslizamentos
44
Figura 518 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de
alagamentos
45
4
LISTA DE TABELAS E QUADROS
Paacuteg
Tabela 51 Ocorrecircncias de alagamento e deslizamento obtidos
atraveacutes do levantamento histoacuterico
28
Tabela 52 Assinaturas da combinaccedilatildeo Declividade x Zoneamento 34
Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x
Zoneamento
36
Quadro 51 Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco 42
5
1 INTRODUCcedilAtildeO
Quando o ser humano deixou de seguir uma vida nocircmade e passou a se fixar em locais
em geral proacuteximos a cursos drsquoaacutegua e de aacutereas propicias ao cultivo de alimentos iniciou-
se o processo de implantaccedilatildeo de pequenas comunidades e quando estas comunidades
comeccedilaram a crescer natildeo soacute em quantidade mas tambeacutem do ponto de vista
organizacional deu-se iniacutecio a formaccedilatildeo das cidades tal como conhecemos hoje Como
resultado deste processo um sem-fim de problemas relacionados agrave estas ocupaccedilotildees
surgiram tanto de cunho ambiental quanto social e dentre estes problemas estatildeo
incluiacutedos os desastres naturais relacionados a deslizamentos e alagamentos por conta da
ocupaccedilatildeo em aacutereas natildeo adequadas a este fim
Nos uacuteltimos anos o Brasil tem vivenciado grandes trageacutedias relacionadas a deslizamentos
e alagamentos Uma boa parte destes eventos teve como fator agravante as ocupaccedilotildees
sem criteacuterio e sem orientaccedilatildeo teacutecnica Um exemplo recente aconteceu no Vale do Itajaiacute
em Santa Catarina em novembro de 2008 durante um periacuteodo com chuvas intensas em
que vaacuterias cidades entraram em situaccedilatildeo de calamidade puacuteblica devido ao grande nuacutemero
de casos de alagamento e graves deslizamentos de encostas causando a morte de vaacuterias
pessoas na regiatildeo No Estado do Rio de Janeiro em 2010 o Morro do Bumba em Niteroacutei
sofreu com um grave deslizamento que deixou um grande nuacutemero de mortos As casas
foram construiacutedas sobre um antigo lixatildeo sem nenhuma orientaccedilatildeo e com as intensas
chuvas que assolaram a regiatildeo naquela eacutepoca a encosta veio a baixo causando o desastre
Outra trageacutedia relevante aconteceu na regiatildeo Serrana do Rio de Janeiro que foi
considerada ateacute entatildeo a maior trageacutedia climaacutetica da histoacuteria do paiacutes com pouco mais de
500 mortos e um prejuiacutezo material incalculaacutevel no ano de 2011 Em comum a todos estes
fatos estaacute a falta de um planejamento efetivo por parte dos oacutergatildeos municipais no que diz
respeito ao disciplinamento do uso e ocupaccedilatildeo do solo e a fiscalizaccedilatildeo do cumprimento
da legislaccedilatildeo vigente
A cidade de Santos Dumont Minas Gerais natildeo eacute exceccedilatildeo a esta regra Como a grande
maioria das comunidades estabelecidas ao longo da Estrada Real a cidade surgiu como
um pequeno rancho cujo objetivo era servir de pouso para os viajantes que faziam o
transporte de pedras e metais preciosos das minas de Ouro Preto ateacute o Rio de Janeiro
Posteriormente a regiatildeo se desenvolveu como importante entreposto industrial e
comercial a partir da instalaccedilatildeo da ferrovia D Pedro II ateacute que no final do seacuteculo XIX
se transforma em vila e logo apoacutes em municiacutepio O desenvolvimento da regiatildeo implicou
tambeacutem no crescimento populacional e como naquela eacutepoca ainda natildeo havia uma
legislaccedilatildeo especiacutefica para ordenamento e uso do solo os loteamentos foram surgindo agraves
margens do Ribeiratildeo das Posses e em aacutereas cuja declividade natildeo era favoraacutevel agrave ocupaccedilatildeo
6
o que consequentemente acarretou deslizamentos de terra e alagamentos inclusive com
o registro de algumas trageacutedias ao longo dos anos
Pretende-se que este trabalho sirva como subsidio ao gestor puacuteblico local visando o
estabelecimento de poliacuteticas puacuteblicas integradas aos setores de meio ambiente e defesa
civil com vistas a garantir a seguranccedila de todos os muniacutecipes e a qualidade de vida em
todo o territoacuterio municipal
2 OBJETIVOS
21 Objetivo geral
O objetivo geral deste trabalho eacute contribuir para o estabelecimento de poliacuteticas puacuteblicas
direcionadas ao disciplinamento do uso e ocupaccedilatildeo do solo urbano no municiacutepio de
Santos Dumont
22 Objetivos especiacuteficos
Satildeo objetivos especiacuteficos
Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a
aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes
urbanos
Caracterizar o uso irregular do solo urbano em Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente
Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las
com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)
Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos
catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30
anos
Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do
solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental
7
Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais
negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea
impactada
3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
A seguir eacute apresentada a revisatildeo bibliograacutefica que fundamenta o desenvolvimento e o
pleno entendimento deste trabalho O conhecimento do que satildeo aacutereas de risco
alagamentos e deslizamentos bem como o que eacute e qual a importacircncia de um Plano Diretor
eacute de suma importacircncia para se avaliar como um municiacutepio estaacute se desenvolvendo e qual
a qualidade de vida dos muniacutecipes Tambeacutem satildeo abordados neste capiacutetulo os aspectos
legais referentes agraves Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente seus limites e sua importacircncia para
o ambiente urbano
31 Conceitos Fundamentais
311 Aacutereas de risco
De acordo com o Instituto de Pesquisas Tecnoloacutegicas ndash IPT entende-se como aacuterea de
risco aquela ldquopassiacutevel de ser atingida por fenocircmenos ou processos naturais eou induzidos
que causem efeito adverso As pessoas que habitam essas aacutereas estatildeo sujeitas a danos agrave
integridade fiacutesica perdas materiais e patrimoniaisrdquo (MINISTEacuteRIO DAS CIDADES
2007)
Para Augusto Filho et al (1990) apud Cristo (2002) aacuterea de risco eacute caracterizada como
aquela em que ldquose encontra em situaccedilatildeo de perigo tanto socialmente quanto
economicamente por conta de alguma alteraccedilatildeo na constituiccedilatildeo do terreno ou com grande
probabilidade de ocorrer processos naturaisrdquo
Segundo Fernandes (2012) aacutereas de risco ldquosatildeo aacutereas consideradas improacuteprias ao
assentamento humano por estarem sujeitas a riscos naturaisrdquo
Diante das definiccedilotildees supracitadas pode-se dizer que aacuterea de risco satildeo aacutereas susceptiacuteveis
agrave accedilatildeo de eventos naturais extremos e por esse motivo natildeo eacute viaacutevel agrave ocupaccedilatildeo humana
nestes locais e pode ou natildeo estar associados agrave proximidade ou nos limites de uma APP
8
312 Deslizamentos
Segundo Tominaga (2009) deslizamento eacute o movimento de solo em uma vertente pela
accedilatildeo da gravidade e satildeo mais frequentes em regiotildees de relevo montanhoso e em periacuteodos
chuvosos sendo a pluviosidade um dos principais fatores condicionantes para a ocorrecircncia
do processo Os deslizamentos podem ocorrer naturalmente e eacute grande responsaacutevel pela
dinacircmica das vertentes e evoluccedilatildeo do relevo local mas no Brasil a falta de planejamento
urbano de uma boa parte dos municiacutepios a ocupaccedilatildeo desordenada e a construccedilatildeo de
domiciacutelios sem orientaccedilatildeo teacutecnica tecircm transformado um processo natural em um
problema que algumas vezes se tornam grandes trageacutedias Na regiatildeo Sudeste brasileira o
escorregamento do tipo rotacional eacute o mais comum e eacute caracterizado por uma ruptura
curva no solo que estaacute geralmente associada agrave realizaccedilatildeo de cortes na base do talude ou
por processos erosivos fluviais o que relaciona esse tipo de escorregamento agraves regiotildees
urbanas mal planejadas e coloca o homem como o principal agente efetivo associado com
a pluviosidade na ocorrecircncia de acidentes relacionados com deslizamentos
(FERNANDES amp AMARAL 1996 apud TOMINAGA 2009)
313 Alagamentos
De acordo com Amaral amp Ribeiro (2009) inundaccedilotildees e enchentes satildeo processos
intimamente relacionados com a pluviosidade pois satildeo frequentes em periacuteodos de chuvas
fortes e raacutepidas ou chuvas de longa duraccedilatildeo e estatildeo relacionados agrave intensidade e
distribuiccedilatildeo da precipitaccedilatildeo ao longo da bacia agrave capacidade do solo de reter e infiltrar
aacutegua e agraves caracteriacutesticas de forma da bacia de drenagem
O escoamento das aacuteguas pluviais na natureza eacute lento mas em aacutereas urbanizadas a accedilatildeo
antroacutepica relacionada a ocupaccedilatildeo de planiacutecies de inundaccedilatildeo que podem estar inclusive
em uma cota abaixo do leito do rio impermeabilizaccedilatildeo do solo e retificaccedilatildeo de corpos
drsquoaacutegua aleacutem de inuacutemeras atividades que promovem o assoreamento dos rios e coacuterregos
tem gerado resultados catastroacuteficos e grandes prejuiacutezos (AMARAL amp RIBEIRO 2009)
Quando se refere agraves regiotildees urbanas o termo ldquoalagamentordquo eacute o mais utilizado e segundo
o Ministeacuterio das Cidades (2006) define-se como o ldquoacuacutemulo momentacircneo de aacuteguas em
uma dada aacuterea por problemas no sistema de drenagem podendo ter ou natildeo relaccedilatildeo com
processos de natureza fluvialrdquo Tambeacutem o termo ldquoenxurradardquo eacute utilizado e define-se como
o ldquoescoamento superficial concentrado e com alta energia de transporte que pode ou natildeo
estar associado a aacutereas de domiacutenio dos processos fluviais Eacute comum a ocorrecircncia de
enxurradas ao longo de vias implantadas sobre antigos cursos drsquoaacutegua com alto gradiente
hidraacuteulico e em terrenos com alta declividade naturalrdquo
9
314 Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente
O Novo Coacutedigo Florestal Brasileiro define Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP) como
ldquoaacuterea protegida coberta ou natildeo por vegetaccedilatildeo nativa com a funccedilatildeo ambiental de
preservar os recursos hiacutedricos a paisagem a estabilidade geoloacutegica e a biodiversidade
facilitar o fluxo gecircnico de fauna e flora proteger o solo e assegurar o bem-estar das
populaccedilotildees humanasrdquo (BRASIL2012) Estas aacutereas satildeo muito importantes tanto no meio
urbano como no rural por garantir a estabilidade do solo em encostas iacutengremes contribuir
para a natildeo formaccedilatildeo de processos erosivos e o assoreamento de rios e coacuterregos aleacutem de
garantir a recarga de aquiacuteferos ao atuar como um amortecedor de chuvas retendo-a e
impedindo que ocorra um carreamento intenso de sedimentos ao longo dos morros e
margens de rios e coacuterregos (SKORUPA 2004) A Lei 126512012 apresenta os tipos de
APP e seus limites conforme seraacute visto no item 322
315 Uso e ocupaccedilatildeo do solo
Dentre os vaacuterios mecanismos de ordenamento urbano e instrumentos de planejamento
municipal previsto no Estatuto da Cidade (Lei Federal 102572001) o uso e ocupaccedilatildeo
do solo satildeo os mais utilizados pelas cidades para a formulaccedilatildeo das poliacuteticas urbanas
podendo definir o uso como a forma como esta parcela do solo eacute utilizada e a ocupaccedilatildeo
como sendo o modo como as edificaccedilotildees devem ser dispostas nesta mesma parcela do
solo urbano (TAKEDA 2015) O termo ldquoUso e ocupaccedilatildeo do solordquo tambeacutem pode ser
definido como o fator que determina como as mais diferentes regiotildees de um municiacutepio
deve se desenvolver (FONTOURA 2015)
A inserccedilatildeo de leis municipais de uso e ocupaccedilatildeo do solo objetivam ser uma referecircncia
para os gestores locais no processo de tomada de decisatildeo para que as cidades cresccedilam de
modo organizado enfatizando os potenciais e capacidades de cada regiatildeo aleacutem de tornar
o crescimento mais homogecircneo Com isso pretende-se evitar a formaccedilatildeo de grandes
adensamentos em pequenas aacutereas garantindo a mobilidade e a qualidade de vida de todos
os muniacutecipes tanto da regiatildeo urbana como da rural preservar e melhorar a qualidade
ambiental do municiacutepio aleacutem de evitar deslizamentos e alagamentos por conta da
ocupaccedilatildeo incorreta do solo (TAKEDA 2015)
10
32 Legislaccedilatildeo Pertinente
321 As adequaccedilotildees da legislaccedilatildeo ao longo dos anos
A problemaacutetica relacionada agraves APPs em aacutereas urbanas outrora era uma questatildeo complexa
e demandava uma larga discussatildeo do ponto de vista juriacutedico administrativo e teacutecnico Eacute
sabido que a maioria das cidades se formaram proacuteximos aos corpos hiacutedricos regiatildeo que
garantia o abastecimento de aacutegua e alimentos agrave populaccedilatildeo e tambeacutem facilitava o descarte
dos efluentes A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 225 daacute garantia aos
brasileiros de um meio ambiente em equiliacutebrio e concede agrave toda a sociedade o dever de
preservaacute-lo de acordo com os princiacutepios do desenvolvimento sustentaacutevel (BRASIL
1988) Antes desta Constituiccedilatildeo jaacute havia um texto que regulamentava a questatildeo da
preservaccedilatildeo de aacutereas verdes em todo o territoacuterio nacional A Lei Federal nordm 477165 que
trata do Coacutedigo Florestal estabelecia limites e regulamentava as Aacutereas de Preservaccedilatildeo
Permanente De acordo com Arauacutejo (2002) apud De Moraes (2014) essa Lei que fora
revogada e substituiacuteda pela Lei 126512012 era bastante falha no que diz respeito agraves
questotildees de APPS em aacutereas urbanas o que poderia ser um facilitador do natildeo cumprimento
do que foi proposto por aquela legislaccedilatildeo nestas aacutereas Isso se devia ao fato de o Coacutedigo
Florestal de 1965 ter deixado uma duacutevida sobre qual legislaccedilatildeo seguir uma vez que em
seu segundo artigo no paraacutegrafo uacutenico estava disposto que em aacutereas urbanas devia-se
atentar para a legislaccedilatildeo referente ao Plano Diretor e as referentes ao uso do solo na aacuterea
do municiacutepio (BRASIL 1965) Diante dessa conjuntura alguns municiacutepios optavam pela
natildeo aplicaccedilatildeo do Coacutedigo Florestal na regiatildeo urbana mesmo sabendo que a poliacutetica
conservacionista eacute extremamente importante visto o grande nuacutemero de problemas que
podem advir do uso irregular das APPs (DE MORAES 2009) Segundo o artigo 182 da
Constituiccedilatildeo Federal de 1988 as poliacuteticas relacionadas ao desenvolvimento urbano
devem ser elaboradas pelos municiacutepios e objetiva garantir o bem estar dos muniacutecipes e
tambeacutem o desenvolvimento do municiacutepio como um todo atraveacutes do atendimento agraves
exigecircncias do Plano Diretor (BRASIL 1988) O que podia gerar alguma divergecircncia seria
se o Plano Diretor Municipal propusesse uma faixa de APP menor que a prevista pelo
Coacutedigo Florestal Sendo assim essa legislaccedilatildeo perderia sua validade pelo fato de a
legislaccedilatildeo federal ser suplementar ou se seria cumprida devido ao disposto no artigo 182
da Constituiccedilatildeo Segundo De Moraes (2009) natildeo eacute aceitaacutevel que o Plano Diretor
Municipal legitime tal degradaccedilatildeo ambiental uma vez que um dos seus principais
objetivos eacute a proteccedilatildeo do bem estar puacuteblico estando incluiacutedo nesse a proteccedilatildeo do
ambiente natural A delimitaccedilatildeo e especificaccedilatildeo das APPs em Lei eacute necessaacuteria uma vez
que os limites miacutenimos destinados agrave preservaccedilatildeo satildeo importantes pois garantem a
proteccedilatildeo tanto da qualidade quanto da quantidade dos recursos hiacutedricos e evitam a
ocupaccedilatildeo em locais propiacutecios aos deslizamentos e zonas de recarga dos aquiacuteferos
11
subterracircneos assegurando tambeacutem de certa forma a integridade dos seres humanos que
potencialmente ocupariam tais locais (CARVALHO 2013)
Neste trabalho a legislaccedilatildeo tomada como referecircncia eacute a prevista pela Constituiccedilatildeo Federal
de 1988 o Novo Coacutedigo Florestal (Lei 126512012) e o Estatuto das Cidades (Lei
102572001) em acircmbito federal Na esfera estadual a Lei 209222013 versa sobre os
limites para APP em todo o territoacuterio de Minas A Lei Municipal 42412012 trata do
Plano Diretor Municipal da cidade de Santos Dumont onde se encontra as diretrizes para
o uso e ocupaccedilatildeo do solo e o zoneamento da cidade de acordo com as caracteriacutesticas do
solo entre outras
322 O Novo Coacutedigo Florestal e a legislaccedilatildeo mineira
O Novo Coacutedigo Florestal Lei Federal 126512012 substituiu a Lei Federal 47711965
Dentre os vaacuterios artigos que esta lei possui o que apresenta maior importacircncia para o
planejamento e o ordenamento das cidades tanto na aacuterea urbana como na rural eacute o artigo
4ordm em que constam as faixas de APP tanto para curso hiacutedrico como para declividade e
altitude aleacutem dos topos de morro a saber (BRASIL2012)
ldquoArt 4ordm Considera-se Aacuterea de Preservaccedilatildeo
Permanente em zonas rurais ou urbanas para os
efeitos desta Lei
I - as faixas marginais de qualquer curso drsquoaacutegua
natural perene e intermitente excluiacutedos os
efecircmeros desde a borda da calha do leito regular
em largura miacutenima de
a) 30 (trinta) metros para os cursos drsquoaacutegua de
menos de 10 (dez) metros de largura
b) 50 (cinquenta) metros para os cursos drsquoaacutegua
que tenham de 10 (dez) a 50 (cinquenta) metros de
largura
()
IV - as aacutereas no entorno das nascentes e dos olhos
drsquoaacutegua perenes qualquer que seja sua situaccedilatildeo
topograacutefica no raio miacutenimo de 50 (cinquenta)
metros
12
V - as encostas ou partes destas com declividade
superior a 45deg equivalente a 100 (cem por
cento) na linha de maior declive
()
IX - no topo de morros montes montanhas e
serras com altura miacutenima de 100 (cem) metros e
inclinaccedilatildeo meacutedia maior que 25deg as aacutereas
delimitadas a partir da curva de niacutevel
correspondente a 23 (dois terccedilos) da altura
miacutenima da elevaccedilatildeo sempre em relaccedilatildeo agrave base
sendo esta definida pelo plano horizontal
determinado por planiacutecie ou espelho drsquoaacutegua
adjacente ou nos relevos ondulados pela cota do
ponto de sela mais proacuteximo da elevaccedilatildeo
X - as aacutereas em altitude superior a 1800 (mil e
oitocentos) metros qualquer que seja a
vegetaccedilatildeo
()rdquo
A legislaccedilatildeo atual em seu artigo 4ordm evidencia que as faixas e aacutereas determinadas como
APP compreendem tanto as aacutereas rurais quanto urbanas (BRASIL 2012) retirando a
duacutevida anterior e sendo essa a Lei suplementar qualquer faixa de APP mais permissiva
na legislaccedilatildeo estadual e municipal satildeo invaacutelidas o que simplificou de certa forma a
aplicabilidade da Legislaccedilatildeo referente a Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente
No Estado de Minas Gerais a Lei Estadual 20922 de 16 de Outubro de 2013 trata do tema
em acircmbito estadual mas com os mesmos princiacutepios propostos pela Lei Federal sendo os
limites miacutenimos previstos para as APPs os mesmos propostos pelo Novo Coacutedigo
Florestal brasileiro (MINAS GERAIS2013)
ldquo Art 9ordm Para os efeitos desta Lei em zonas rurais
ou urbanas satildeo APPs
I as faixas marginais de cursos drsquoaacutegua naturais
perenes e intermitentes excluiacutedos
os efecircmeros medidas a partir da borda da calha
do leito regular em largura miacutenima de
13
a) 30m (trinta metros) para os cursos drsquoaacutegua de
menos de 10m (dez metros) de largura
b) 50m (cinquenta metros) para os cursos drsquoaacutegua
de 1 0m (dez metros) a 50m (cinquenta metros) de
largura
()
IV as aacutereas no entorno das nascentes e dos olhos
drsquoaacutegua perenes no raio miacutenimo de 50m
(cinquenta metros)
V as encostas ou partes destas com declividade
superior a 45ordm (quarenta e cinco graus)
equivalente a 100 (cem por cento) na linha de
maior declive
()
VII no topo de morros montes montanhas e
serras com altura miacutenima de 100m (cem metros)
e inclinaccedilatildeo meacutedia maior que 25ordm (vinte e cinco
graus) as aacutereas delimitadas a partir da curva de
niacutevel correspondente a 23 (dois terccedilos) da altura
miacutenima da elevaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave base sendo esta
definida pelo plano horizontal determinado por
planiacutecie ou espelho drsquoaacutegua adjacente ou nos
relevos ondulados pela cota do ponto de sela mais
proacuteximo da elevaccedilatildeo
VIII as aacutereas em altitude superior a 1 800m (mil
e oitocentos metros)
()rdquo
323 O Plano Diretor
O Estatuto das Cidades em seu artigo 40 prevecirc o plano diretor como um instrumento
capaz de promover a poliacutetica urbana englobando toda a cidade aleacutem de fornecer padrotildees
e limites para o uso do solo nas mais diversas regiotildees do municiacutepio com vistas a
harmonizar o desenvolvimento urbano com a preservaccedilatildeo do meio ambiente (SILVA JR
2006) Este instrumento eacute obrigatoacuterio para cidades com mais de 20 mil habitantes ou
14
aacutereas que integrem regiotildees metropolitanas ou de interesse turiacutestico O artigo 41 do
Estatuto das cidades tambeacutem prevecirc a obrigatoriedade do Plano Diretor para cidades que
possuem em sua aacuterea empreendimentos que caracterizem grandes impactos ambientais
de influecircncia regional ou nacional e cidades que possuem problemas com deslizamentos
de grande magnitude ou alagamentos repentinos (BRASIL 2001)
O Plano diretor de acordo com o Estatuto das Cidades deve ser aprovado como lei em
acircmbito municipal e revisto a cada dez anos Este documento eacute uacutenico pois cada cidade
possui suas peculiaridades infraestrutura vocaccedilotildees e problemas que por mais que sejam
parecidos entre si satildeo diferenciados pela intensidade e pela regionalizaccedilatildeo Sendo assim
a confecccedilatildeo do Plano Diretor deve conter a participaccedilatildeo de toda a comunidade local de
forma a reduzir as desigualdades sociais os gastos puacuteblicos desnecessaacuterios a degradaccedilatildeo
ambiental e combater os problemas relacionados a urbanizaccedilatildeo de forma conjunta
promovendo um processo de tomada de decisatildeo que garanta a qualidade de vida
preservaccedilatildeo e o desenvolvimento social do municiacutepio como um todo (ROSSBACH amp
CARVALHO 2010)
3231 O Plano Diretor de Santos Dumont
A Lei Municipal nordm 424112 que entrou em vigor no ano de 2014 trata do Plano Diretor
Municipal instrumento previsto no Estatuto das Cidades para garantir aos cidadatildeos um
desenvolvimento urbano organizado justo e sustentavelmente econocircmico (BRASIL
2001) Aleacutem de apontar as diretrizes para a elaboraccedilatildeo da Poliacutetica Municipal dos mais
variados setores o Plano Diretor divide o municiacutepio em macrozonas urbanas e rurais
Estas zonas tecircm por objetivo facilitar a identificaccedilatildeo dos setores que permitem ou natildeo o
desenvolvimento da cidade e em que magnitude pode ser feita a expansatildeo respeitando ao
meio ambiente e tambeacutem o que eacute previsto no tocante ao uso e ocupaccedilatildeo do solo nessas
aacutereas Aleacutem disso ela estabelece a forma como devem ser as edificaccedilotildees nas referidas
aacutereas As aacutereas definidas como macrozonas urbanas e foram subdivididas em (SANTOS
DUMONT2012)
ldquoZona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e
da Paisagem (ZPPH) satildeo as aacutereas cujos
equipamentos urbanos possuem interesse
histoacuterico ou paisagiacutestico de preservaccedilatildeo
Zona de Preservaccedilatildeo Ambiental satildeo aquelas em
que devem ser mantidas ou recuperadas a
15
vegetaccedilatildeo por conta da declividade altitude ou
presenccedila de recursos hiacutedricos
Zona de Adensamento Controlado (ZAC) satildeo as
aacutereas em que deve-se manter uma pequena
densidade populacional devido as limitaccedilotildees na
infraestrutura da localidade A ZAC se divide em
ZAC 1 quando a infraestrutura existente eacute
limitada e em ZAC 2 quando esta eacute precaacuteria ou
natildeo existe
Zona de Consolidaccedilatildeo de Adensamento (ZCA)
satildeo as aacutereas em que haacute interesse em ocupar os
lotes vagos haja visto que a regiatildeo possui toda a
infraestrutura para que isto aconteccedila
Zona Adensaacutevel (ZA) satildeo as aacutereas com
condiccedilotildees propiacutecias para ocorrer uma ocupaccedilatildeo
mais densa
Zona Especial de Interesse Social (ZEIS) satildeo as
aacutereas em que o Poder Puacuteblico almeja fazer
alguma forma de ocupaccedilatildeo Eacute dividida em ZEIS 1
e ZEIS 2 A ZEIS 1 satildeo regiotildees jaacute ocupadas mas
de forma irregular cujo interesse puacuteblico eacute
realizar obras e outras atividades para
regularizar as ocupaccedilotildees e urbanizar a aacuterea
enquanto que a ZEIS 2 satildeo aacutereas natildeo utilizadas ou
subutilizadas as quais o poder puacuteblico almeja
realizar algum empreendimento habitacional de
caraacuteter social
Zona de Grandes Equipamentos (ZE) satildeo aacutereas
cujo o interesse eacute a implantaccedilatildeo de
empreendimentos de grande porte ou grandes
equipamentos puacuteblicosrdquo
Esta divisatildeo espacial pode ser melhor vista no Anexo 71
O Plano Diretor natildeo estipula limites para APP mas prevecirc algumas diretrizes como na
Poliacutetica Municipal de Preservaccedilatildeo do Meio Ambiente sobre o uso do solo em
compatibilidade com praacuteticas conservacionistas A Poliacutetica Municipal de Expansatildeo
16
Urbana tem como uma de suas diretrizes fazer cumprir a legislaccedilatildeo vigente no que diz
respeito agraves intervenccedilotildees e investimentos que poderatildeo ser feitos nessas aacutereas Tambeacutem eacute
diretriz da mesma Poliacutetica o controle da ocupaccedilatildeo e do uso do solo em APPs e o auxiacutelio
aos oacutergatildeos estaduais e federais de meio ambiente no tocante agrave fiscalizaccedilatildeo da ocupaccedilatildeo
nestas aacutereas (SANTOS DUMONT 2012) O artigo 38 que trata das diretrizes da Poliacutetica
habitacional de interesse social exclui do processo de regularizaccedilatildeo fundiaacuteria os
assentamentos situados em aacutereas de risco o que na maioria das vezes estatildeo tambeacutem nas
aacutereas que deveriam estar vegetadas e protegidas (SANTOS DUMONT 2012) Na
legislaccedilatildeo referente ao parcelamento do solo eacute previsto que no parcelamento de glebas
com declividade entre 30 e 47 soacute poderaacute ser aprovado mediante projeto e laudo
assinado por um responsaacutevel teacutecnico favoraacutevel agrave construccedilatildeo nesse local (SANTOS
DUMONT 2012) Diante do proposto pelo Plano Diretor de Santos Dumont pode-se
dizer que natildeo haacute conflito com a legislaccedilatildeo federal e estadual em se tratando da
aplicabilidade do Coacutedigo Florestal uma vez que aquele natildeo explicita limites nem
permissivos e tampouco restritivos para faixas e aacutereas de preservaccedilatildeo permanente
33 O Municiacutepio de Santos Dumont
331 De Arraial a cidade
A aacuterea onde se situa hoje o municiacutepio de Santos Dumont teve sua ocupaccedilatildeo iniciada no
seacuteculo XVIII quando a Coroa Portuguesa solicitou ao entatildeo Governador do Rio de
Janeiro Artur de Saacute Menezes que abrisse um caminho que ligasse as Minas dos
Cataguases na regiatildeo de Ouro Preto (receacutem descobertas) ao Rio de Janeiro por onde
escoava os metais preciosos para a metroacutepole Surgiu assim o ldquoCaminho Novordquo e ao longo
deste caminho surgiram tambeacutem as Sesmarias aacutereas que tinham por principal objetivo
servir de pouso aos transportadores e exploradores e tambeacutem para garantir alimento a
estas pessoas Uma destas ocupaccedilotildees seria o ldquoArraial de Joatildeo Gomesrdquo (Figura 41)
primeiro nuacutecleo primitivo do municiacutepio em 1709 De iniacutecio prevaleciam somente
ranchos onde os viajantes se abrigavam mas em pouco tempo ergueu-se a Capela de Satildeo
Miguel e Almas e pequenos nuacutecleos urbanos comeccedilaram a surgir (DAPPC2008)
17
Figura 3 1 Vista parcial do Arraial de Joatildeo Gomes
Fonte Arquivo Histoacuterico de Santos Dumont-MG
Com a construccedilatildeo da Estrada de Ferro D Pedro II no final do seacuteculo XIX a regiatildeo teve
um consideraacutevel crescimento natildeo soacute populacional como tambeacutem econocircmico se tornando
a Vila Palmyra em 1889 Em 1890 Palmyra eacute elevada ao status de Municiacutepio (Figura 42)
e recebe um grande nuacutemero de melhorias no setor viaacuterio como a retificaccedilatildeo de ruas e
tambeacutem no setor de serviccedilos puacuteblicos como abastecimento de aacutegua iluminaccedilatildeo puacuteblica a
querosene e posteriormente energia eleacutetrica O desenvolvimento econocircmico na regiatildeo
tambeacutem teve seu momento aacuteureo nesse periacuteodo Induacutestrias de laticiacutenios graacuteficas e de
Carbureto de Caacutelcio fizeram parte do parque industrial de Palmyra o que atraiacutea pessoas
de outros lugares inclusive estrangeiros contribuindo para o aumento populacional da
regiatildeo Como ainda natildeo havia legislaccedilatildeo sobre uso e ocupaccedilatildeo do solo nessa eacutepoca
surgiram inuacutemeros loteamentos em aacutereas proacuteximas agrave rios e coacuterregos e tambeacutem em
encostas com declividade acentuada o que foi agravando o risco agrave medida que a ocupaccedilatildeo
aumentava (DAPPC2008)
18
Figura 3 2 Municiacutepio de Palmyra na deacutecada de 1920
Fonte Arquivo Histoacuterico de Santos Dumont-MG
O escoamento da produccedilatildeo industrial se dava pelo modal ferroviaacuterio setor que tambeacutem
movimentava a crescente cidade que era ponto importante no setor de transportes pois
possuiacutea um dos mais bem equipados depoacutesitos de locomotivas da Estrada de Ferro Central
do Brasil (DAPPC2008)
No ano de 1932 o municiacutepio de Palmyra passou a se chamar Santos Dumont (Figura 43)
em homenagem ao inventor do aviatildeo que nascera naquela cidade Nos uacuteltimos 40 anos
Santos Dumont tem experimentado uma acentuada desaceleraccedilatildeo econocircmica
consequecircncia do fechamento da grande maioria das induacutestrias principalmente as de
laticiacutenios que empregavam direta e indiretamente uma parte consideraacutevel da populaccedilatildeo
(DAPPC2008)
19
Figura 3 3 Municiacutepio de Santos Dumont em 2014
Fonte Arquivo do autor
332 Santos Dumont na atualidade
O municiacutepio de Santos Dumont localiza-se na regiatildeo da Zona da Mata mineira distante
cerca de 220 Km da capital Belo Horizonte e possui uma populaccedilatildeo de 47558 habitantes
(ODM 2015 projeccedilatildeo) numa aacuterea total de 637 kmsup2 Faz divisa com os municiacutepios de
Juiz de Fora Oliveira Fortes Bias Fortes Antocircnio Carlos Tabuleiro Piau e Ewbank da
Cacircmara
No que diz respeito agrave sua formaccedilatildeo fisiacuteco-geograacutefica a aacuterea que compreende o municiacutepio
eacute constituiacuteda predominantemente por Cambissolo Haacuteplico (70) com Latossolo
Vermelho-Amarelo (30) (UFV2010) A vegetaccedilatildeo eacute em sua maioria composta por
exemplares de Mata Atlacircntica De acordo com o IBGE(2015) Santos Dumont se localiza
a 839m de altitude O clima da regiatildeo eacute classificado como Tropical de Altitude (Cwb) e
possui uma temperatura meacutedia de 20ordmC Eacute banhado pela bacia hidrograacutefica do Paraiacuteba do
Sul e em sua maioria pertence agrave sub-bacia do Rio Pomba (IGAM) que fornece aacutegua para
abastecimento puacuteblico agrave 88 da populaccedilatildeo por meio da rede de distribuiccedilatildeo
(IBGE2010) Uma pequena parte da zona rural a sudoeste eacute banhada pela Sub-Bacia do
Rio Paraibuna mais precisamente na regiatildeo de fronteira com os municiacutepios de Juiz de
Fora e Ewbank da Cacircmara O sistema viaacuterio principal de acesso agrave cidade eacute a rodovia BR-
040 e a estrada de ferro Dom Pedro II atualmente utilizada somente para transporte de
cargas
Com a economia nos dias atuais baseada majoritariamente no setor de serviccedilos a cidade
possui um Iacutendice de Desenvolvimento humano (IDH) de 0741 (IBGE2010) Apesar do
decliacutenio econocircmico de Santos Dumont nota-se hoje um aumento no nuacutemero de
loteamentos populares e condomiacutenios horizontais e verticais entre outras edificaccedilotildees Eacute
de vital importacircncia que esse crescimento das ocupaccedilotildees seja ordenado e regulamentado
20
de forma a garantir a qualidade ambiental prevenindo deslizamentos e inundaccedilotildees Diante
dessa conjuntura o governo municipal aprovou em 2012 a Lei nordm 4241 que trata do Plano
Diretor Participativo instrumento baacutesico da poliacutetica de desenvolvimento e expansatildeo
urbana do municiacutepio de Santos Dumont
4 METODOLOGIA
41 Aacuterea de estudo
A regiatildeo dentro dos limites do municiacutepio que seraacute estudada neste trabalho eacute conforme
descrito nos anexos Plano Diretor e representada na figura 44 a aacuterea urbana principal
que possui 47 Kmsup2 e compreende a regiatildeo central da cidade e os bairros perifeacutericos regiatildeo
que concentra cerca de 90 da populaccedilatildeo total de Santos Dumont (IBGE 2015) A aacuterea
urbana principal representa 75 da aacuterea total dos 637 Kmsup2 que compreendem o
municiacutepio e eacute o local onde nos uacuteltimos 30 anos se verificou um maior crescimento
populacional e tambeacutem onde ocorre a maioria dos eventos relacionados a deslizamentos
e alagamentos por conta da ocupaccedilatildeo sem planejamento A figura 45 mostra a aacuterea
urbana principal e a localizaccedilatildeo dos bairros urbanos de Santos Dumont
Figura 4 1 Localizaccedilatildeo da aacuterea urbana principal
Fonte Google Earth
21
Figura 4 2 Mapa da aacuterea urbana principal com a localizaccedilatildeo dos bairros
Fonte Do Autor
42 Levantamento e tratamento dos dados
No desenvolvimento deste trabalho foi necessaacuterio se fazer um estudo detalhado sobre o
Plano Diretor de Santos Dumont principalmente dos seus anexos que compreendem os
mapas e a localizaccedilatildeo das aacutereas definidas pelo zoneamento proposto Para que isso fosse
possiacutevel a Secretaria Municipal de Obras e Serviccedilos Puacuteblicos forneceu todos os dados
secundaacuterios produto do estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor e do
zoneamento Estes dados incluem os arquivos Shapefile (shp) e outros documentos
integrantes do Plano Diretor Algumas informaccedilotildees foram complementadas tambeacutem com
dados adquiridos atraveacutes do site do IBGE e do Portal Objetivos do Milecircnio (ODM)
Os dados sobre as ocorrecircncias de deslizamentos e alagamentos foram obtidos atraveacutes da
Defesa Civil do municiacutepio atraveacutes do Sistema Integrado de Informaccedilotildees sobre Desastres
(S2ID) do Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional Tal sistema centraliza as informaccedilotildees sobre
desastres naturais ocorridos em todo o territoacuterio nacional facilitando a pesquisa sobre tais
eventos a qualquer cidadatildeo (BRASIL 2015)
Apesar do sistema ser bastante uacutetil os dados sobre o municiacutepio de Santos Dumont se
encontravam bastante falhos e escassos sendo necessaacuteria complementaccedilatildeo para que a
22
base de dados ficasse consistente Diante disso uma pesquisa atraveacutes dos arquivos do
Jornal Mensagem um jornal semanaacuterio local foi feita entre os anos de 1984 e 2014 e os
dados primaacuterios filtrados em uma planilha do Microsoft Excel para posterior utilizaccedilatildeo
De posse destes dados foi feita a localizaccedilatildeo em campo das coordenadas dos locais
atingidos por deslizamentos e alagamentos no periacuteodo compreendido pela pesquisa com
o auxiacutelio de um aparelho de GPS
A maioria dos arquivos shapefile utilizados para a confecccedilatildeo dos mapas satildeo parte
integrante dos anexos da Lei do Plano diretor do municiacutepio gerados no mecircs de dezembro
de 2011 pelo Instituto Nova Cidade e foram cedidos pela Secretaria Municipal de Obras
e Serviccedilos Puacuteblicos com Datum em UTM SAD 69 Com a finalidade de fornecer um
referenciamento atualizado e de acordo com os mais novos sistemas de coordenadas
utilizados no Brasil os arquivos foram convertidos para o Datum UTM SIRGAS 2000
que diferencia do SAD 69 pelo fato de ser um referencial geocecircntrico ou seja o centro
da Terra eacute o ponto de referecircncia neste sistema enquanto que o primeiro utiliza um
referencial na superfiacutecie da Terra (IBGE2014) Eacute interessante ressaltar tambeacutem que o
SIRGAS 2000 se tornou no ano de 2014 o sistema de coordenadas oficial do Sistema
Geodeacutesico Brasileiro e do Sistema Cartograacutefico Nacional ambos mantidos pelo IBGE A
combinaccedilatildeo dos shapefiles foi feita com o software livre gvSIG e com estas combinaccedilotildees
foram gerados mapas importantes resultados para a execuccedilatildeo deste trabalho A maioria
dos mapas representam a regiatildeo urbana principal de Santos Dumont e foram produzidos
numa escala em torno de 140000 que de acordo com Rocha (2007) eacute uma escala viaacutevel
pois as recomendaacuteveis para trabalhos de anaacutelise ambiental em niacutevel municipal podem ser
entre 150000 e 110000 Alguns mapas cujo detalhamento natildeo eacute necessaacuterio foram
gerados na escala 1100000
Para a geraccedilatildeo dos mapas aleacutem dos arquivos fornecidos pela Secretaria de Obras e
Serviccedilos Puacuteblicos foram utilizados para a geraccedilatildeo do modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE)
e da localizaccedilatildeo dos topos de morro dados gerados pelo sistema de radar Advanced
Spacebone Thermal Emission and Reflection Radiometer (ASTER) que geram as curvas
de niacutevel do terreno com uma resoluccedilatildeo de 30m (NASA2014) O processamento dessas
imagens foi feito pelo software livre gvSIG As imagens geradas pelos sateacutelites
LANDSAT foram adquiridas no site da United States Geological Survey (USGS) e essas
imagens possibilitaram obter um panorama preciso do uso do solo em toda a aacuterea urbana
de Santos Dumont numa resoluccedilatildeo de 15 metros uma vez que foi utilizada a banda
pancromaacutetica do sateacutelite LANDSAT 8 aleacutem da combinaccedilatildeo das bandas 65 e 4
respectivamente que eacute a combinaccedilatildeo recomendada pela mantenedora dos sateacutelites para
anaacutelises deste tipo
23
No que diz respeito a identificaccedilatildeo de APPs em topo de morro a metodologia de Oliveira
amp Fernandes Filho (2013) por utilizar as mesmas bases de dados ateacute entatildeo usadas neste
trabalho foi a mais indicada
A metodologia de anaacutelise dos mapas gerados eacute a proposta pelo professor Jorge Xavier da
Silva do Laboratoacuterio de Geoprocessamento (LAGEOP) da Universidade Federal do Rio
de Janeiro e citada por Rocha (2007) Tal metodologia analisa as variaacuteveis em questatildeo
presentes na aacuterea e permite avaliar as possibilidades de relaccedilotildees entre essas variaacuteveis De
uma maneira geral este meacutetodo verifica o estado atual da aacuterea em estudo bem como das
variaacuteveis gerando inventaacuterios que servem para a construccedilatildeo de dados planimeacutetricos sejam
com as variaacuteveis isoladas ou combinadas Estes dados planimeacutetricos geram assinaturas
que permitem inferir sobre a influecircncia dessas variaacuteveis De posse dos dados gerados pelo
processo anteriormente citado pode-se fazer algumas prospecccedilotildees sobre os riscos
ambientais que a aacuterea pode sofrer ou o seu potencial ambiental (ROCHA 2007)
5 RESULTADOS
51 Levantamento histoacuterico de alagamentos e
deslizamentos
O aumento da demanda pelo uso do solo na regiatildeo urbana de Santos Dumont
principalmente no tocante agrave formaccedilatildeo de novos loteamentos e condomiacutenios nos uacuteltimos
anos eacute consideraacutevel mas tambeacutem haacute de se observar o crescimento dos bairros jaacute existentes
com pouco ou nenhum ordenamento Em ambos os casos se observa ocupaccedilotildees
irregulares em APP o que tem ocasionado um aumento na frequecircncia de deslizamentos
e inundaccedilotildees Eacute evidente que quanto maior a densidade populacional do bairro maior a
quantidade de ocorrecircncias ao longo dos anos (SPERFELD 2009)
De acordo com as ocorrecircncias registradas pela Defesa Civil do municiacutepio obtidas atraveacutes
da literatura utilizada nos uacuteltimos 30 anos Santos Dumont chegou a decretar situaccedilatildeo de
emergecircncia por conta de desastres envolvendo deslizamentos eou alagamentos por duas
vezes num espaccedilo de 10 anos conforme pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho
(BRASIL 2014 CEPED 2011)
Segundo os dados obtidos atraveacutes de pesquisa nos arquivos do semanaacuterio entre os anos
de 1984 e 2014 pode-se verificar que nos uacuteltimos 20 anos a cidade tem experimentado
24
um aumento consideraacutevel nos eventos relacionados a deslizamentos e principalmente
alagamentos como pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho Isso pode ter sido causado
dentre outros fatores pelo aumento do nuacutemero de vias pavimentadas com material
impermeaacutevel o que tem sobrecarregado tanto a infraestrutura existente para drenagem
urbana como tambeacutem a calha dos cursos drsquoaacutegua que passam pela regiatildeo urbana do
municiacutepio (ZANON2013)
Na deacutecada de 1980 (1984-1990) de acordo com os dados obtidos natildeo foram noticiados
eventos consideraacuteveis relacionados a deslizamentos e alagamentos em Santos Dumont
mas isso natildeo exclui a possibilidade de natildeo ter ocorrido tais eventos em menor escala
Na deacutecada de 1990 aconteceram uma seacuterie de ocorrecircncias tanto de deslizamentos quanto
de alagamentos No ano de 1997 num periacuteodo chuvoso intenso aconteceram
deslizamentos consideraacuteveis em vaacuterios bairros da cidade inclusive com desabamento de
casas e de ruas principalmente nos bairros Nossa Senhora da Gloacuteria e Quarto Depoacutesito
Em 1999 ocorreram alguns pontos de alagamento nos bairros Quarto Depoacutesito e Santo
Antocircnio com grandes prejuiacutezos materiais
A deacutecada de 2000 iniciou com o registro de deslizamentos em vaacuterios bairros da cidade
inclusive com desabamento de casas e pontes e alagamentos em importantes vias do
centro da cidade Observa-se ao longo desse periacuteodo o crescimento nas ocorrecircncias de
deslizamentos e de aacutereas com risco de deslizamento em muitos bairros de Santos Dumont
Um dos fatores importantes para esse crescimento foi a grande expansatildeo sofrida pela
maioria dos bairros e a falta de planejamento e orientaccedilatildeo por parte da prefeitura uma
vez que uma boa parte do crescimento dos bairros da cidade ocorreu ou proacuteximo a cursos
drsquoaacutegua ou em aacutereas com declividade improacutepria para se fazer construccedilotildees O bairro
Coacuterrego do Ouro (Figura 51) foi o que mais sofreu com ocorrecircncias de deslizamentos
nesse periacuteodo enquanto o bairro Santo Antocircnio foi que teve mais ocorrecircncias de
alagamentos
25
Figura 5 1 Deslizamento no bairro Coacuterrego do Ouro
Fonte Portal Cabangu
No iniacutecio deacutecada de 2010 (2011-2014) o centro da cidade foi a regiatildeo que mais sofreu
com alagamentos sendo registrado pelo menos uma ocorrecircncia por ano nessa aacuterea (Figura
52) Isso pode ser relacionado dentre outros fatores com as obras de modificaccedilatildeo do
tipo de pavimentaccedilatildeo das estradas por um material impermeaacutevel gerando uma sobrecarga
nos sistemas de drenagem urbana que foram projetados para um tipo de pavimento mais
permeaacutevel implicando tambeacutem na sobrecarga calha do Ribeiratildeo das Posses o principal
curso drsquoaacutegua que corta o centro da cidade e que se encontra em quase sua totalidade
ocupada em ambas as margens que cortam o centro da cidade
26
Figura 5 2 Alagamento na regiatildeo central de Santos Dumont em 2013
Fonte Portal Cabangu
Quanto agraves ocorrecircncias de deslizamento ao longo da referida deacutecada elas estiveram
espalhadas pelos bairros do municiacutepio tendo um maior nuacutemero de ocorrecircncias nos bairros
Santo Antocircnio Nossa Senhora da Gloacuteria e Aacutegua Espraiada Nos dois primeiros bairros
citados as ocorrecircncias podem ter sido ocasionadas pelo crescimento desordenado e sem
planejamento destes e no terceiro as ocorrecircncias satildeo relacionadas ao processo de
assoreamento do Ribeiratildeo das Posses o que pode ter gerado um aumento da velocidade
desse curso drsquoaacutegua causando problemas decorrentes do transporte de sedimentos da aacuterea
onde as casas foram construiacutedas que teve como consequecircncia os deslizamentos
Em resumo como pode ser observado nas figuras 53 e 54 na tabela 51 no periacuteodo de
1984 a 2014 os bairros mais afetados por alagamentos e deslizamentos satildeo Quarto
Depoacutesito Nossa Senhora da Gloacuteria Santo Antocircnio Coacuterrego do Ouro Antocircnio Afonso
Graminha e Vila Esperanccedila sendo que o bairro Coacuterrego do Ouro possui o maior nuacutemero
de ocorrecircncias de deslizamentos e o centro da cidade possui o maior nuacutemero de
ocorrecircncias de alagamentos no periacuteodo pesquisado Vale destacar que a aacuterea propiacutecia a
alagamentos no bairro Antocircnio Afonso natildeo identificada no estudo realizado pela
prefeitura constitui-se efetivamente numa aacuterea de risco conforme levantamento histoacuterico
realizado Esta aacuterea de risco se deve agrave diferenccedila de niacutevel negativa entre o rio Pinho e a
aacuterea do bairro estando este em desniacutevel com um risco iminente de inundaccedilotildees resultantes
da cheia desse curso drsquoaacutegua causando inuacutemeros transtornos aos moradores do local
27
Figura 5 3 Pontos de Alagamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico
Fonte Do autor
Figura 5 4 Pontos de deslizamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico
Fonte Do autor
28
Tabela 51 Ocorrecircncias de alagamentos e deslizamentos obtidos atraveacutes do
levantamento histoacuterico
Pontos de ocorrecircncia (1984-2014)
Bairros Alagamento Deslizamento
Aacutegua Espraiada 1 1
Antocircnio Afonso 1 0
Barra 0 1
Centro 7 1
Coacuterrego do Ouro 1 7
Flores 0 1
Graminha 1 0
Jardim Jaraguaacute 0 1
N Sra da Gloacuteria 0 4
N Sra das Graccedilas 1 0
Quarto Depoacutesito 3 2
Santo Antocircnio 4 2
Satildeo Sebastiatildeo 0 1
Vila Esperanccedila 0 1
Fonte Do autor
De acordo com o estudo realizado na elaboraccedilatildeo do Plano Diretor pela prefeitura
municipal observa-se que os bairros que possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a
deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do Ouro e Vila Esperanccedila enquanto que os que
possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a alagamento satildeo o Centro da cidade e os
bairros Satildeo Sebastiatildeo Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio por estarem agraves margens do
Ribeiratildeo das Posses um curso drsquoaacutegua que sofre com inundaccedilotildees perioacutedicas devido ao
severo assoreamento em algumas regiotildees e tambeacutem devido ao acuacutemulo de lixo descartado
pelos moradores do entorno irregularmente De acordo com o estudo realizado quando da
elaboraccedilatildeo do Plano Diretor do municiacutepio foram feitos estudos sobre as aacutereas propensas
a deslizamentos e alagamentos na regiatildeo urbana principal Tais aacutereas satildeo as destacadas
nas Figuras 55 e 56 No levantamento histoacuterico realizado pode-se identificar que os
bairros que possuem mais aacutereas propensas a deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do
Ouro Nossa Senhora da Gloacuteria Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio enquanto que os bairros
mais propensos a alagamentos satildeo os bairros Centro Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio
como observado na tabela 51
29
Figura 5 5 Aacutereas propensas a deslizamento de acordo com o Plano Diretor de
Santos Dumont
Fonte Google Earth e Lei 42412012
Figura 5 6 Aacutereas propensas a alagamento de acordo com o Plano Diretor de
Santos Dumont
Fonte Google Earth e Lei 42412012
30
Comparando-se os mapas obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico com o mapa gerado
pelo estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor nota-se que haacute semelhanccedilas em
algumas aacutereas mas ao se levar em conta o produto gerado pela pesquisa histoacuterica o
estudo necessitaria ser complementado haja vista que ele natildeo compreende por exemplo
o ponto de alagamento no bairro Antocircnio Afonso citado anteriormente e alguns pontos de
deslizamento importantes uma vez que satildeo regiotildees onde haacute ocupaccedilatildeo Esse fato evidencia
a necessidade de se buscar vaacuterias fontes primaacuterias e secundaacuterias para se detectar aacutereas de
risco em um municiacutepio incluindo arquivos da imprensa local afim de se produzir uma
base de dados consistente e com o menor nuacutemero de falhas possiacutevel (CEPED 2014) Com
a uniatildeo dos dois estudos foram gerados os mapas apresentados nas Figuras 57 e 58
Aleacutem do mais observando as figuras 57 e 58 pode-se notar que uma boa parte tanto dos
casos de alagamento quanto de deslizamento estatildeo na faixa de APP de curso hiacutedrico o
que ilustra a importacircncia da preservaccedilatildeo destas aacutereas
Figura 5 7 Aacutereas propensas a alagamento do estudo do Plano Diretor
complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento
Fonte Do Autor
31
Figura 5 8 Aacutereas propensas a deslizamento do estudo do Plano Diretor
complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento
Fonte Do Autor
Atraveacutes da combinaccedilatildeo entre estes dois levantamentos procurou-se alimentar a base de
dados e garantir uma consistecircncia maior desta no que diz respeito a aacutereas de deslizamento
e alagamento podendo inclusive se identificar a suscetibilidade de uma determinada
regiatildeo da cidade a um ou outro evento (CEPED2014)
512 O Plano diretor e as APPs
Nos uacuteltimos anos o Brasil experimentou um forte fenocircmeno de migraccedilatildeo do campo para
as aacutereas urbanas De acordo com o IBGE no periacuteodo de 1940 a 2000 houve um aumento
de cerca de 60 do nuacutemero de pessoas que vivem em cidades (SILVA JR 2006) O
processo de planejamento e ordenamento do uso do solo nessas aacutereas deveria ter
acompanhado esse crescimento ao longo dos anos a fim de garantir a qualidade de vida e
a seguranccedila dos migrantes ao se instalarem nas cidades o que natildeo ocorreu e o que se
observa atualmente satildeo ocupaccedilotildees em aacutereas improacuteprias para moradia sem a infraestrutura
baacutesica necessaacuteria e com risco iminente de deslizamentos eou inundaccedilotildees
O Plano Diretor do municiacutepio de Santos Dumont em seu capiacutetulo IV que versa sobre o
uso e ocupaccedilatildeo do solo explicita regras para o ordenamento do territoacuterio que compreende
o municiacutepio com base nos diferentes usos do solo de acordo com sua compatibilidade o
32
que acabou por resultar num zoneamento de todo o municiacutepio em macrozonas conforme
citado na seccedilatildeo 3231 de acordo com os usos atuais e futuros do solo Aleacutem de dividir
estas macrozonas em urbanas e rurais tambeacutem avaliou e classificou estas aacutereas com base
numa seacuterie de fatores ambientais geoloacutegicos culturais e sociais de forma a se fazer um
zoneamento coerente com os atuais usos do solo e seu potencial de uso futuro Apresenta-
se na Figura 59 este zoneamento na aacuterea urbana principal de Santos Dumont
Figura 5 9 Zoneamento urbano da aacuterea urbana principal
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Lei 42412012
Tomando como referecircncia o Novo Coacutedigo Florestal brasileiro em especial os paracircmetros
estabelecidos para a definiccedilatildeo de APP e utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento
atraveacutes do software Vista SAGA relacionou-se as APPs existentes na aacuterea em estudo com
as regiotildees propiacutecias a alagamentos e deslizamentos de acordo com o estudo feito quando
da elaboraccedilatildeo do Plano Diretor afim de se identificar qual ou quais aacutereas possuem estes
problemas e se estatildeo relacionados com o uso do solo irregular em APP
Ao se aplicar a metodologia proposta por Oliveira amp Fernandes Filho (2013) natildeo foram
identificadas dentro da aacuterea de estudo APPs de topos de morro sendo este tipo de APP
descartada portanto das anaacutelises subsequentes deste trabalho Foram consideradas as
APP de curso hiacutedrico (rios e nascentes) e de declividade visando relacionaacute-las as aacutereas
de risco identificadas pela Prefeitura afim de se verificar as possiacuteveis causas da ocorrecircncia
33
destas aacutereas na regiatildeo urbana do municiacutepio Por meio de combinaccedilotildees entre dois mapas
temaacuteticos utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento foi possiacutevel obter as
assinaturas ou seja tabelas que caracterizam quantitativamente a aacuterea afetada por cada
aspecto visto que a simples visualizaccedilatildeo do mapa gerado pelo geoprocessamento muitas
vezes eacute prejudicada por serem aacutereas de pequenas dimensotildees ou por qualquer outra
limitaccedilatildeo do software Ressalta-se que para a elaboraccedilatildeo do Plano Municipal de Reduccedilatildeo
de riscos a identificaccedilatildeo e detalhamento topograacutefico destas aacutereas eacute fundamental para o
desenvolvimento do referido Plano conforme seraacute abordado detalhadamente na seccedilatildeo
52
De posse do mapa que representa o zoneamento urbano de Santos Dumont primeiramente
procurou-se mensurar qualitativa e quantitativamente a presenccedila de APPs tanto de
declividade quanto de cursos hiacutedricos Essa identificaccedilatildeo eacute importante pois este
zoneamento eacute um dos instrumentos de planejamento municipal (BRASIL 2001) Saboya
(2007) aponta que os principais objetivos de um zoneamento satildeo o controle da expansatildeo
urbana e proteccedilatildeo de aacutereas inadequadas a ocupaccedilatildeo aleacutem de reduzir os conflitos inerentes
aos diferentes usos do solo Com o uso da ferramenta ldquoCombinarrdquo do Vista SAGA foram
feitas combinaccedilotildees entre o mapa de hidrografia com buffer de 30m para rios e coacuterregos e
de 50m para nascentes com o mapa do zoneamento para se verificar a importacircncia das
APPs de curso hiacutedrico em toda a aacuterea urbana principal do municiacutepio Tambeacutem foram
combinados o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) obtido atraveacutes do gvSIG com o mapa
de zoneamento afim de se verificar quantitativamente as APPs de declividade e onde se
localizam Vale ressaltar que as declividades entre 30 e 47 estatildeo presentes nesta
combinaccedilatildeo pois de acordo com o Plano Diretor de Santos Dumont terrenos com esta
faixa de declividade para fins de parcelamento devem possuir estudo teacutecnico que ateste
a viabilidade de se promover algum empreendimento imobiliaacuterio neste (SANTOS
DUMONT 2012) Como a legislaccedilatildeo municipal prevecirc estudo somente para a faixa de
declividade descrita anteriormente para fins de anaacutelise neste trabalho consideramos um
valor mais conservador para APP compreendendo a faixa de 47 a 100 aleacutem da
prevista pela legislaccedilatildeo federal (gt100) para que natildeo houvessem lacunas importantes na
geraccedilatildeo do produto
Apresenta-se na Figura 510 aacutereas com declividades consideradas de risco e consideradas
APP e em qual zona de planejamento elas estatildeo inseridas De um modo geral ao se
observar a Tabela 52 nota-se que a aacuterea que compreende declividades de risco e APP eacute
uma pequena parcela da aacuterea urbana principal representando 061 desta aacuterea Ao se
levar em conta somente a localizaccedilatildeo pode-se verificar que cerca de 84 das aacutereas com
declividade de risco e a totalidade das APPs de declividade estatildeo localizadas na ZAC1
zona que compreende a maior parte do municiacutepio e apesar de possuir infraestrutura baacutesica
para a ocupaccedilatildeo esta eacute restrita Sendo assim o fator declividade deve ser visto com cautela
nesta aacuterea para se evitar transtornos advindos de edificaccedilotildees nestas aacutereas
34
Figura 5 10 Combinaccedilatildeo entre as declividades importantes incluindo as APPs e o
zoneamento urbano
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Do autor
Tabela 52 Assinaturas da combinaccedilatildeo Declividade x Zoneamento
Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea
Natildeo APP 457972 9939
Declividade 30-47 em ZAC1 2368 051
Declividade 30-47 em ZE 284 006
Declividade 30-47 em ZAC2 128 003
Declividade 30-47 em ZPA 004 0001
APP Declividade em ZAC1 048 001
Total 460804 100
Fonte Do autor
Apresenta-se na Figura 511 as APPs de curso hiacutedrico (nascentes e rios) e em qual zona
de planejamento estatildeo localizadas Assim como a declividade a maior parte das APPs de
curso hiacutedrico estatildeo localizadas em ZAC1 representando 383 da aacuterea urbana em estudo
e 51 do total das APPs de curso hiacutedrico Esta questatildeo tambeacutem deve ser vista com
bastante criteacuterio pelos gestores locais uma vez que a ocupaccedilatildeo em faixas proacuteximas de
rios e coacuterregos podem causar uma gama de problemas ambientais e sociais na regiatildeo
(SANTANA2011) Tal cuidado tambeacutem deve ser tomado nas APPs compreendidas na
35
ZAC2 que compreende 001 da Aacuterea urbana principal e 14 do total das APPs de curso
hiacutedrico pois a infraestrutura baacutesica e acessibilidade presente nesta zona eacute precaacuteria e a
ocupaccedilatildeo as margens de cursos hiacutedricos pode gerar problemas seacuterios caso ocorra uma
expansatildeo nestas aacutereas
Figura 511 Combinaccedilatildeo entre APP de curso hiacutedrico e as zonas de planejamento
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Do autor
Outro ponto importante eacute a presenccedila da Zona de Proteccedilatildeo Ambiental (ZPA) no entorno
uma consideraacutevel parte dos cursos hiacutedricos Nesta zona estatildeo presentes 28 das APPs de
curso hiacutedrico e esta zona de acordo com o Plano Diretor deve ser restaurada ou
preservada por suas caracteriacutesticas geoloacutegicas topograacuteficas e bioloacutegicas
Afim de se verificar os usos do solo na regiatildeo em estudo foram utilizadas combinaccedilotildees
de imagens advindas do sateacutelite Landsat 8 nas bandas descritas no capiacutetulo 4 aleacutem da
banda pancromaacutetica O resultado eacute apresentado na figura 512 que mostra os principais
usos do solo na aacuterea urbana principal de Santos Dumont
36
Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x Zoneamento
Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea
Hidrografia 11168 239
Aacuterea Urbana Natildeo APP 421004 9008
APP Curso hiacutedrico em ZAC1 179 383
APP Curso hiacutedrico em ZPA 9776 209
APP Curso hiacutedrico em ZE 184 004
APP Curso hiacutedrico em ZA 1192 026
APP Curso hiacutedrico em ZAC2 5124 110
APP Curso hiacutedrico em ZPPH 248 005
APP Curso hiacutedrico em ZEIS 568 012
APP Curso hiacutedrico em ZCA 228 005
Total 467392 10000
Fonte Do autor
Figura 5 12 Mapa de usos do solo da aacuterea urbana principal de Santos Dumont
Fonte Do autor
Como jaacute era previsto a maior parte da aacuterea urbana se encontra ocupada e eacute nesta regiatildeo
ocupada que se observa a maior concentraccedilatildeo de problemas de deslizamentos e
alagamentos (Figuras 513 e 514) A grande ocupaccedilatildeo em aacutereas consideradas APP de
curso hiacutedrico de acordo com os mapas gerados pode ser a principal causa do aumento a
cada ano dos casos de alagamento principalmente na regiatildeo central da cidade Outro ponto
que se deve atentar eacute a existecircncia de uma consideraacutevel aacuterea de pastagem pouco vegetada
que caso estejam em aacutereas elevadas pode contribuir para deslizamentos e agraves margens de
37
rios e coacuterregos para o assoreamento destes corpos hiacutedricos o que pode causar
alagamentos (INAacuteCIO etal 2007)
Diante destes resultados pode-se ver que a cidade de Santos Dumont necessita alternativas
efetiva no que diz respeito agrave contenccedilatildeo de deslizamentos e a reduccedilatildeo de risco de
alagamento pois as aacutereas em que ocorrem tais eventos satildeo distintas e facilmente definidas
devido agrave repeticcedilatildeo destes nos uacuteltimos anos Um plano de accedilatildeo integrado entre as diferentes
secretarias municipais (Obras Meio Ambiente Assistecircncia Social entre outras) e a
Coordenadoria Municipal de Defesa Civil deve ser realizado afim de se tomar medidas
natildeo mais preventivas mas sim preditivas para que se possa conter o avanccedilo destes
problemas na aacuterea urbana principal bem como em toda a aacuterea do municiacutepio
Figura 5 13 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na aacuterea urbana
principal
Fonte Do autor
38
Figura 5 14 Aacutereas sujeitas a alagamento e os principais usos do solo na aacuterea
urbana principal
Fonte Do autor
Ao se associar os dados do estudo do Plano Diretor com os dados do levantamento
histoacuterico realizado com o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) pode-se notar que as aacutereas
propiacutecias a deslizamento estatildeo em regiotildees as quais haacute uma fronteira de declividades ou
seja eacute evidente que os deslizamentos ocorrem em encostas um pouco mais iacutengremes mas
natildeo necessariamente nas encostas de 30-47 as quais exigem estudo teacutecnico conforme o
plano diretor preconiza Quanto aos alagamentos nota-se que eles se localizam nas aacutereas
com menor ou nenhuma declividade podendo ser estas aacutereas talvez componentes da
planiacutecie de inundaccedilatildeo dos rios Estes resultados podem ser vistos nas figuras 515 e 516
a seguir
39
Figura5 15 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a deslizamentos na
regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
Fonte Lei 42412012 e Autor
Figura5 26 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a alagamentos na
regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
Fonte Lei 42412012 e Autor
40
52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis
O processo de ocupaccedilatildeo no municiacutepio de Santos Dumont comeccedilou muito antes de
qualquer legislaccedilatildeo relacionada a ordenamento urbano e de proteccedilatildeo do meio ambiente
fosse implementado no Brasil Esse fato aliado a poliacuteticas e fiscalizaccedilotildees falhas
contribuiacuteram para a ocupaccedilatildeo e expansatildeo da aacuterea urbana ao longo do Ribeiratildeo das Posses
e seus afluentes o que tem gerado o aumento da degradaccedilatildeo destes corpos hiacutedricos ao
longo de todos estes anos Observa-se tambeacutem que nas uacuteltimas deacutecadas ocorreu um
grande nuacutemero de migraccedilotildees do campo para a regiatildeo urbana da cidade fator que
contribuiu para o crescimento do nuacutemero de habitaccedilotildees em aacutereas de risco de deslizamento
e alagamentos por serem na maioria das vezes terrenos menos valorizados e por este
motivo acessiacuteveis a populaccedilatildeo com menor poder aquisitivo (ROSA amp CORTEZ 2008)
Vale ressaltar que esta questatildeo aleacutem de ser ambiental eacute muito mais social pois os
moradores entendem os riscos de se viver nestes locais mas por motivos econocircmicos ou
por questotildees afetivas natildeo abrem matildeo da moradia nessas aacutereas A Constituiccedilatildeo Federal de
1988 promoveu a inter-relaccedilatildeo das questotildees sociais com as questotildees ambientais quando
colocou o meio ambiente como direito coletivo (BRASIL1988 SOUZA2010) Por este
motivo a decisatildeo por medidas draacutesticas que favoreccedilam apenas agrave preservaccedilatildeo do meio
ambiente natildeo eacute recomendada pois aleacutem de ser inconstitucional podem afetar a
sustentabilidade econocircmica do municiacutepio e gerar conflitos sociais consideraacuteveis
(CARLOS 1992 apud SOUZA 2010)
Segundo Bueno (2009) ldquonem tudo o que eacute irregular eacute precaacuteriordquo Esse fato se observa em
Santos Dumont uma vez que em boa parte da regiatildeo central se observa vaacuterias moradias
construiacutedas na faixa de APP de curso hiacutedrico o que natildeo eacute permitido pela legislaccedilatildeo
vigente e eacute um dos fatores que contribui para a ocorrecircncia de alagamentos nesta aacuterea da
cidade Para a resoluccedilatildeo deste problema o que seria mais viaacutevel seria a melhoria da
infraestrutura de drenagem urbana afim de que o escoamento da aacutegua das chuvas natildeo
sobrecarregasse o sistema (BUENO2009) A construccedilatildeo de bacias de contenccedilatildeo de
cheias ao longo do Ribeiratildeo das Posses tambeacutem seria uma alternativa mas para se verificar
a viabilidade necessita-se estudos mais aprofundados do ponto de vista hidroloacutegico
O grande problema a ser solucionado no entanto eacute o que diz respeito agraves aacutereas de risco
de deslizamento majoritariamente nos bairros A melhor alternativa seria o
remanejamento dos moradores para uma aacuterea proacutexima agrave que moram poreacutem longe do
risco Poreacutem esta alternativa de acordo com Rosa Filho amp Cortez (2008) encontra alguns
entraves pois estas pessoas na maioria das vezes natildeo tecircm condiccedilotildees financeiras de irem
para outro lugar ou pagar aluguel ou estatildeo de alguma forma sentimentalmente ligadas
agravequela regiatildeo que se recusam a deixaacute-lo
41
Por parte dos oacutergatildeos competentes no municiacutepio a criaccedilatildeo de um plano para se evitar
acidentes ocasionados por deslizamentos e alagamentos com um mapeamento detalhado
de toda a extensatildeo do municiacutepio eacute extremamente uacutetil Os estudos que seratildeo feitos para a
elaboraccedilatildeo deste plano poderatildeo definir quais as aacutereas satildeo potencialmente de risco para as
ocupaccedilotildees existentes ou para as potenciais ocupaccedilotildees que possam vir a ocorrer atraveacutes do
mapeamento das aacutereas de risco Tal planejamento seraacute auxiliar ao Plano Diretor
Municipal pois definiraacute o real uso do solo de determinada regiatildeo do municiacutepio
contribuindo para a adequaccedilatildeo do uso e ocupaccedilatildeo do solo afim de evitar ou reduzir o
nuacutemero de problemas relacionados a alagamentos e principalmente deslizamentos no
periacutemetro urbano (TOMINAGA 2009) A partir deste plano os gestores locais poderatildeo
tomar a melhor decisatildeo para a prevenccedilatildeo ou reduccedilatildeo dos riscos inerentes a tais problemas
Na seccedilatildeo 521 seraacute hierarquizado de forma preliminar a aacuterea urbana principal de acordo
com os resultados da tabela 51
521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta
O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos (PMRR) foi criado atraveacutes de accedilotildees
regularizadoras do Ministeacuterio das Cidades para ser o instrumento de gestatildeo e
gerenciamento de aacutereas de risco em um municiacutepio Eacute um documento que aleacutem de
estabelecer quais regiotildees satildeo consideradas de risco tambeacutem objetiva a proposta de
medidas estruturais ou natildeo para contenccedilatildeo eou prevenccedilatildeo de cataacutestrofes aleacutem de ser um
meio de captaccedilatildeo de recursos financeiros junto aos Governos Estadual e Federal Estes
recursos poderatildeo ser utilizados para a realizaccedilatildeo de obras que visem a melhoria da
qualidade de vida da populaccedilatildeo do entorno ou de recuperaccedilatildeo da aacuterea degradada Este
plano eacute realizado de forma participativa com as comunidades das aacutereas de risco e pode
ser realizado em sete fases conforme recomenda o Ministeacuterio das Cidades (ALHEIROS
2006)
O primeiro passo para a realizaccedilatildeo do PMRR eacute definir qual a metodologia seraacute empregada
levando-se em consideraccedilatildeo a realidade atual do municiacutepio e especificar de forma sucinta
um cronograma das atividades Eacute importante nesta fase a participaccedilatildeo tambeacutem dos
responsaacuteveis pelas mais variadas Secretarias Municipais afim de explicitar o tamanho da
importacircncia e o caraacuteter integrador deste plano A segunda fase deste plano objetiva a
criaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo da principal base de dados a ser utilizada nos passos posteriores o
mapeamento de risco em escala detalhe em torno de 13000 (SAtildeO PAULO 2014) A
elaboraccedilatildeo de um mapeamento detalhado propiciaraacute natildeo soacute a identificaccedilatildeo mais faacutecil das
aacutereas de risco como tambeacutem facilitaraacute aos gestores e agrave comunidade decidirem qual a
melhor intervenccedilatildeo para a soluccedilatildeo ou remediaccedilatildeo dos problemas em uma determinada
42
aacuterea hierarquizando o risco e definindo prioridades (SAtildeO PAULO 2014) Na tabela a
seguir apresenta-se alguns tipos de intervenccedilotildees que podem ser feitas em aacutereas de risco
sugeridas pelo Ministeacuterio das cidades (ALHEIROS 2006)
Quadro 5 1 - Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco
Tipo de intervenccedilatildeo Descriccedilatildeo
Serviccedilos de limpeza e Recuperaccedilatildeo
Remoccedilatildeo de entulho lixo etc
corte de aacutervores
remoccedilatildeo de bananeiras
recuperaccedilatildeo eou limpeza de sistemas de
drenagem esgotos e acessos
Limpeza de canais de drenagem
Proteccedilatildeo Vegetal
Proteccedilatildeo superficial vegetal (gramiacuteneas) em
taludes com solo exposto
Proteccedilatildeo vegetal de margens de canais de
drenagem
Barreiras vegetais para massas escorregadas
ou acumuladas pela erosatildeo
Drenagem Superficial e Acessos
Sistema de drenagem superficial (canaletas
raacutepidos caixas de transiccedilatildeo escadas drsquoaacutegua)
Acessos para pedestres (escadarias rampas
etc) integrados ao sistema de drenagem
Revestimento de Taludes Revestimento com materiais artificiais
cimentado cal-jet tela argamassada alvenaria
de tijolos ceracircmicos solo-cimento ensacado
Desmonte de blocos e matacotildees Desmonte de concreccedilotildees de grande porte
blocos rochosos e matacotildees
Obras de drenagem de subsuperfiacutecie Sistema de drenagem de subsuperfiacutecie
(trincheiras drenantes DHP poccedilos de
rebaixamento)
Estruturas de contenccedilatildeo (localizadas)
Muros de contenccedilatildeo de pequeno porte (solo-
cimento ensacado alvenaria de pedra-rachatildeo
concreto armado)
Estruturas de contenccedilatildeo localizadas
(chumbadores tirantes microestacas)
Contenccedilatildeo e proteccedilatildeo de margens de canais (
gabiotildees muros de concreto etc)
Estruturas de contenccedilatildeo (meacutedio e grande porte) Implantaccedilatildeo de estruturas de contenccedilatildeo de
meacutedio e grande porte envolvendo obras de
contenccedilatildeo passivas e ativas (muros de
gravidade cortinas etc)
Terraplanagem Execuccedilatildeo de serviccedilos de terraplanagem
combinados a obras de drenagem superficial e
proteccedilatildeo vegetal desvio e canalizaccedilatildeo de
coacuterregos
Remoccedilatildeo de moradias Remoccedilotildees definitivas para implantaccedilatildeo de
obras ou devido agrave localizaccedilatildeo improacutepria da
edificaccedilatildeo (Priorizar as relocaccedilotildees dentro da
proacutepria aacuterea em local seguro)
Fonte ALHEIROS 2006
43
Escolhidas as formas de intervenccedilatildeo para cada aacuterea eacute necessaacuterio realizar uma estimativa
dos custos afim de preparar o orccedilamento da prefeitura para a realizaccedilatildeo das obras e se
seraacute necessaacuterio a captaccedilatildeo de recursos externos para a execuccedilatildeo destas Feitas as
estimativas de custo o proacuteximo passo eacute definir as prioridades e para esta fase eacute tambeacutem
uacutetil o mapeamento feito nas etapas anteriores pois seraacute necessaacuterio hierarquizar tais
intervenccedilotildees nas aacutereas de risco O Ministeacuterio das Cidades (2007) sugere alguns criteacuterios
que podem ser avaliados pelo gestor dentre eles pode-se citar
Grau de risco
Populaccedilatildeo beneficiada
Custo da intervenccedilatildeo
Dimensatildeo da aacuterea a ser tratada
Demandas anteriores da populaccedilatildeo
Tempo de ocupaccedilatildeo
Viabilidade teacutecnica da intervenccedilatildeo
Viabilidade financeira
Inclusatildeo da aacuterea em outros projetos
A partir desta hierarquizaccedilatildeo inicia-se a identificaccedilatildeo de provaacuteveis fontes de captaccedilatildeo de
recursos para a execuccedilatildeo das intervenccedilotildees Estes recursos podem advir de programas dos
governos Federal e Estadual ou por meio de editais para captaccedilatildeo de recursos financeiros
tanto do setor puacuteblico como da iniciativa privada e podem ser tambeacutem associados agrave outras
Secretarias Municipais como a de Turismo ou Meio Ambiente e natildeo soacute as destinadas agrave
Defesa Civil (ALHEIROS 2006)
Eacute previsto tambeacutem no PMRR uma avaliaccedilatildeo da Defesa Civil municipal e como ela estaacute
estruturada fazendo inclusive sugestotildees para que sua atuaccedilatildeo esteja em consonacircncia com
a realidade das comunidades e da Administraccedilatildeo Puacuteblica do municiacutepio de forma a garantir
sua sustentabilidade e conquistar a credibilidade da populaccedilatildeo no que diz respeito a
prevenccedilatildeo de cataacutestrofes Para que a resposta a uma determinada situaccedilatildeo de risco seja
raacutepida eacute necessaacuterio a descentralizaccedilatildeo da Defesa Civil criando pequenos nuacutecleos
comunitaacuterios com a finalidade de se monitorar a aacuterea constantemente e promover as
intervenccedilotildees necessaacuterias em tempo haacutebil o que aumenta em muito a credibilidade da
populaccedilatildeo no PMRR e no trabalho desempenhado pela Defesa Civil no municiacutepio Apoacutes
esta etapa o PMRR passaraacute por audiecircncias puacuteblicas e posteriormente poderaacute ser aprovado
como Lei Municipal pelo Legislativo local (ALHEIROS 2006)
Com a realizaccedilatildeo deste plano o municiacutepio estaraacute munido de informaccedilotildees suficientes para
realizar accedilotildees efetivas de gestatildeo e gerenciamento de riscos bem como aliado a
levantamentos sociais realizar programas habitacionais que beneficiem prioritariamente
44
aos moradores das aacutereas de risco Aleacutem disso com o PMRR o municiacutepio poderaacute melhorar
a qualidade ambiental da populaccedilatildeo captando recursos para a recuperaccedilatildeo das aacutereas de
APP que foram degradadas pelas ocupaccedilotildees irregulares beneficiando todos os moradores
do municiacutepio com o aumento da qualidade de vida na cidade
A partir do disposto nesta seccedilatildeo acerca do Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos e de
uma maneira preliminar (levando-se em conta apenas o nuacutemero de registros de
alagamentos e deslizamentos na aacuterea urbana principal de Santos Dumont no periacuteodo de
1984 a 2014) identificou-se trecircs regiotildees distintas na aacuterea urbana do municiacutepio com
tempo de recorrecircncia desses eventos similares caracterizando trecircs prioridades de
intervenccedilatildeo em contenccedilatildeo de risco como pode ser visto nas figuras 515 e 516 Vale
ressaltar que eacute necessaacuterio um estudo mais detalhado inclusive com visitas teacutecnicas a
campo para que se confirme a real situaccedilatildeo destas e a real prioridade para investimentos
Figura 5 17 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de deslizamentos
Fonte Do Autor
45
Figura 5 18 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de alagamentos
Fonte Do Autor
46
6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees
A seguir apresenta-se as conclusotildees e as recomendaccedilotildees feitas a partir dos objetivos
especiacuteficos explicitados no iniacutecio deste trabalho
Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a
aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes
urbanos
A partir da revisatildeo da legislaccedilatildeo pertinente em acircmbito federal estadual e
municipal constatou-se que o Plano Diretor de Santos Dumont natildeo conflita com a
legislaccedilatildeo federal e estadual sobre Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente A legislaccedilatildeo
municipal foi entendida como mais conservadora que as federal e estadual uma
vez que considera implicitamente que declividades entre 47 e 100 satildeo
enquadradas como APPs aleacutem da faixa superior a 100
Parte consideraacutevel das ocupaccedilotildees em APP principalmente na regiatildeo do bairro
Santo Antocircnio (onde surgiu os primeiros nuacutecleos que deram origem ao municiacutepio)
e o centro da cidade ocorreram antes de que fosse elaborado qualquer legislaccedilatildeo
que versasse sobre o tema Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente bastando ao gestor
local tomar medidas de contenccedilatildeo de riscos que minimizem os impactos causados
por essas ocupaccedilotildees nessa regiatildeo
O ordenamento adequado do uso do solo no municiacutepio eacute necessaacuterio para que o
crescimento dos loteamentos criados anteriormente agrave esta Lei e o surgimento de
novos natildeo avance para Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente o que pode causar
inuacutemeros problemas aos moradores e agravar os jaacute existentes
Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las
com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)
As aacutereas onde houveram a maior quantidade de registros de deslizamentos satildeo os
bairros mais populosos de Santos Dumont podendo se estabelecer uma relaccedilatildeo
que quanto mais populoso o bairro maior a quantidade de problemas relacionados
a deslizamentos Tambeacutem pode-se notar uma relaccedilatildeo com as fronteiras das faixas
de declividades e os deslizamentos uma vez que boa parte deles aconteceram
nestas faixas
As aacutereas onde houve um grande nuacutemero de registros de alagamentos satildeo os bairros
que se desenvolveram agraves margens do Ribeiratildeo das Posses em especial na aacuterea que
47
compreende as APPs de curso hiacutedrico e em aacutereas onde a declividade eacute baixa Esse
fato aliado ao crescimento do nuacutemero de vias pavimentadas com material
impermeaacutevel e a natildeo expansatildeo e ou redimensionamento da rede de drenagem
urbana contribuiacuteram para a ocorrecircncia cada vez mais constante de alagamentos
nessas aacutereas
Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos
catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30
anos
A partir do levantamento histoacuterico realizado e da base de dados georeferenciada
gerada observou-se o aumento do nuacutemero de registros de deslizamentos e
alagamentos nos uacuteltimos 10 anos quando as ocorrecircncias comeccedilaram a se repetir
numa mesma aacuterea com frequecircncia incrementada as vezes com mais de uma
ocorrecircncia anual
Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do
solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental
Destaca-se a adequaccedilatildeo dos criteacuterios gerais estabelecidos pelo Plano Diretor de
Santos Dumont relativos a legislaccedilatildeo federal e estadual Entretanto o referido
Plano Diretor natildeo contempla todo o territoacuterio municipal sendo assim ele natildeo
cumpre o objetivo de proteger as APPs preservadas e recuperar as que foram
degradadas em todo o territoacuterio municipal Ressalta-se tambeacutem a sua natildeo
conformidade com o Estatuto das Cidades uma vez que o Plano Diretor
contempla apenas os novos loteamentos
Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais
negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea
impactada
Recomenda-se a implantaccedilatildeo no municiacutepio de uma Coordenadoria Municipal de
Defesa Civil atuante e integrada agraves Secretarias Municipais e agrave comunidade
visando uma atuaccedilatildeo eficaz nos problemas relacionados a deslizamentos e
alagamentos A elaboraccedilatildeo de um Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos eacute de
suma importacircncia pois atraveacutes dele pode-se predizer as aacutereas que passaratildeo por
problemas caso a expansatildeo aconteccedila ou se inicie uma ocupaccedilatildeo nova aleacutem de
prevenir acidentes nas aacutereas jaacute ocupadas e consideradas de risco
48
7 Anexos
49
71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont
50
51
72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)
52
53
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vi
ABSTRACT
Issues related to the occurrence of landslides and flooding is a constant in urban daily life
particularly in the rainy season where the problems become evident These events in
recent years were not restricted only to large cities but also small towns which suffer
from lack of resources and specialized staff to anticipate and predict resulting tragedies
of the floods and landslides caused by the disorderly occupation especially in Permanent
Preservation areas Over the past 10 years Santos Dumont has been constantly increasing
number of cases of landslides and especially flooding for not having an integrated
planning and active in the containment of such events The aim of this study is to
contribute to the formulation of public policies in order to correct and prevent such events
in the urban area of the city For it was generated a historical data base for a period of 30
years associated with the processing of images obtained by radar and satellites provided
identify the points that deserve more attention and also made possible through
quantitative criterion propose a hierarchy of neighborhoods that deserve priority in
investments related to risk containment With the combination of maps and the
comparison between the study for the preparation of the Master Plan and the historical
survey from primary data can be observed that most of the cases of flooding and some
landslides occur in the course of APP range water You can also establish a relationship
between the neighborhood size and the number of related events to landslides
vii
SUMAacuteRIO
LISTA DE FIGURAS 2
LISTA DE TABELAS E QUADROS 4
1 INTRODUCcedilAtildeO 5
2 OBJETIVOS 6
21 Objetivo geral 6
22 Objetivos especiacuteficos 6
3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 7
31 Conceitos Fundamentais 7
311 Aacutereas de risco 7
312 Deslizamentos 8
313 Alagamentos 8
314 Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente 9
315 Uso e ocupaccedilatildeo do solo 9
32 Legislaccedilatildeo Pertinente 10
321 As adequaccedilotildees da legislaccedilatildeo ao longo dos anos 10
322 O Novo Coacutedigo Florestal e a legislaccedilatildeo mineira 11
323 O Plano Diretor 13
3231 O Plano Diretor de Santos Dumont 14
33 O Municiacutepio de Santos Dumont 16
331 De Arraial a cidade 16
332 Santos Dumont na atualidade 19
4 METODOLOGIA 20
41 Aacuterea de estudo 20
42 Levantamento e tratamento dos dados 21
5 RESULTADOS 23
51 Levantamento histoacuterico de alagamentos e deslizamentos 23
512 O Plano diretor e as APPs 31
52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis 40
521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta 41
6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees 46
7 Anexos 48
71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont 49
72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos
(1984-2014) 51
8 Referecircncias Bibliograacuteficas 53
2
LISTA DE FIGURAS
Paacuteg
Figura 31 Vista parcial do Arraial de Joatildeo Gomes 17
Figura 32 Municiacutepio de Palmyra na deacutecada de 1920 18
Figura 33 Municiacutepio de Santos Dumont em 2014 19
Figura 41 Localizaccedilatildeo da aacuterea urbana principal 20
Figura 42 Mapa da aacuterea urbana principal com a localizaccedilatildeo dos
bairros
21
Figura 51 Deslizamento no bairro Coacuterrego do Ouro 25
Figura 52 Alagamento na regiatildeo central de Santos Dumont em 2013 26
Figura 53 Pontos de Alagamento obtidos atraveacutes do levantamento
histoacuterico
27
Figura 54 Pontos de Deslizamento obtidos atraveacutes do levantamento
histoacuterico
27
Figura 55 Aacutereas propensas a deslizamento de acordo com o Plano
Diretor de Santos Dumont
29
Figura 56 Aacutereas propensas a alagamento de acordo com o Plano
Diretor de Santos Dumont
29
Figura 57 Aacutereas propensas a alagamento do estudo do Plano Diretor
complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do
levantamento
30
Figura 58 Aacutereas propensas a deslizamento do estudo do Plano
Diretor complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do
levantamento
31
Figura 59 Zoneamento urbano da aacuterea urbana principal 32
Figura 510 Combinaccedilatildeo entre as declividades importantes incluindo
as APPs e o zoneamento urbano
34
Figura 511 Combinaccedilatildeo entre as APPs de curso hiacutedrico e as zonas de
planejamento
35
Figura 512 Mapa de usos do solo da aacuterea urbana principal de Santos
Dumont
36
Figura 513 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na
aacuterea urbana principal
37
Figura 514 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na
aacuterea urbana principal
38
Figura 515 Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a
deslizamentos na regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
39
Figura 516 Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a
alagamentos na regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
39
3
Figura 517 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de
deslizamentos
44
Figura 518 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de
alagamentos
45
4
LISTA DE TABELAS E QUADROS
Paacuteg
Tabela 51 Ocorrecircncias de alagamento e deslizamento obtidos
atraveacutes do levantamento histoacuterico
28
Tabela 52 Assinaturas da combinaccedilatildeo Declividade x Zoneamento 34
Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x
Zoneamento
36
Quadro 51 Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco 42
5
1 INTRODUCcedilAtildeO
Quando o ser humano deixou de seguir uma vida nocircmade e passou a se fixar em locais
em geral proacuteximos a cursos drsquoaacutegua e de aacutereas propicias ao cultivo de alimentos iniciou-
se o processo de implantaccedilatildeo de pequenas comunidades e quando estas comunidades
comeccedilaram a crescer natildeo soacute em quantidade mas tambeacutem do ponto de vista
organizacional deu-se iniacutecio a formaccedilatildeo das cidades tal como conhecemos hoje Como
resultado deste processo um sem-fim de problemas relacionados agrave estas ocupaccedilotildees
surgiram tanto de cunho ambiental quanto social e dentre estes problemas estatildeo
incluiacutedos os desastres naturais relacionados a deslizamentos e alagamentos por conta da
ocupaccedilatildeo em aacutereas natildeo adequadas a este fim
Nos uacuteltimos anos o Brasil tem vivenciado grandes trageacutedias relacionadas a deslizamentos
e alagamentos Uma boa parte destes eventos teve como fator agravante as ocupaccedilotildees
sem criteacuterio e sem orientaccedilatildeo teacutecnica Um exemplo recente aconteceu no Vale do Itajaiacute
em Santa Catarina em novembro de 2008 durante um periacuteodo com chuvas intensas em
que vaacuterias cidades entraram em situaccedilatildeo de calamidade puacuteblica devido ao grande nuacutemero
de casos de alagamento e graves deslizamentos de encostas causando a morte de vaacuterias
pessoas na regiatildeo No Estado do Rio de Janeiro em 2010 o Morro do Bumba em Niteroacutei
sofreu com um grave deslizamento que deixou um grande nuacutemero de mortos As casas
foram construiacutedas sobre um antigo lixatildeo sem nenhuma orientaccedilatildeo e com as intensas
chuvas que assolaram a regiatildeo naquela eacutepoca a encosta veio a baixo causando o desastre
Outra trageacutedia relevante aconteceu na regiatildeo Serrana do Rio de Janeiro que foi
considerada ateacute entatildeo a maior trageacutedia climaacutetica da histoacuteria do paiacutes com pouco mais de
500 mortos e um prejuiacutezo material incalculaacutevel no ano de 2011 Em comum a todos estes
fatos estaacute a falta de um planejamento efetivo por parte dos oacutergatildeos municipais no que diz
respeito ao disciplinamento do uso e ocupaccedilatildeo do solo e a fiscalizaccedilatildeo do cumprimento
da legislaccedilatildeo vigente
A cidade de Santos Dumont Minas Gerais natildeo eacute exceccedilatildeo a esta regra Como a grande
maioria das comunidades estabelecidas ao longo da Estrada Real a cidade surgiu como
um pequeno rancho cujo objetivo era servir de pouso para os viajantes que faziam o
transporte de pedras e metais preciosos das minas de Ouro Preto ateacute o Rio de Janeiro
Posteriormente a regiatildeo se desenvolveu como importante entreposto industrial e
comercial a partir da instalaccedilatildeo da ferrovia D Pedro II ateacute que no final do seacuteculo XIX
se transforma em vila e logo apoacutes em municiacutepio O desenvolvimento da regiatildeo implicou
tambeacutem no crescimento populacional e como naquela eacutepoca ainda natildeo havia uma
legislaccedilatildeo especiacutefica para ordenamento e uso do solo os loteamentos foram surgindo agraves
margens do Ribeiratildeo das Posses e em aacutereas cuja declividade natildeo era favoraacutevel agrave ocupaccedilatildeo
6
o que consequentemente acarretou deslizamentos de terra e alagamentos inclusive com
o registro de algumas trageacutedias ao longo dos anos
Pretende-se que este trabalho sirva como subsidio ao gestor puacuteblico local visando o
estabelecimento de poliacuteticas puacuteblicas integradas aos setores de meio ambiente e defesa
civil com vistas a garantir a seguranccedila de todos os muniacutecipes e a qualidade de vida em
todo o territoacuterio municipal
2 OBJETIVOS
21 Objetivo geral
O objetivo geral deste trabalho eacute contribuir para o estabelecimento de poliacuteticas puacuteblicas
direcionadas ao disciplinamento do uso e ocupaccedilatildeo do solo urbano no municiacutepio de
Santos Dumont
22 Objetivos especiacuteficos
Satildeo objetivos especiacuteficos
Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a
aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes
urbanos
Caracterizar o uso irregular do solo urbano em Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente
Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las
com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)
Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos
catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30
anos
Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do
solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental
7
Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais
negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea
impactada
3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
A seguir eacute apresentada a revisatildeo bibliograacutefica que fundamenta o desenvolvimento e o
pleno entendimento deste trabalho O conhecimento do que satildeo aacutereas de risco
alagamentos e deslizamentos bem como o que eacute e qual a importacircncia de um Plano Diretor
eacute de suma importacircncia para se avaliar como um municiacutepio estaacute se desenvolvendo e qual
a qualidade de vida dos muniacutecipes Tambeacutem satildeo abordados neste capiacutetulo os aspectos
legais referentes agraves Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente seus limites e sua importacircncia para
o ambiente urbano
31 Conceitos Fundamentais
311 Aacutereas de risco
De acordo com o Instituto de Pesquisas Tecnoloacutegicas ndash IPT entende-se como aacuterea de
risco aquela ldquopassiacutevel de ser atingida por fenocircmenos ou processos naturais eou induzidos
que causem efeito adverso As pessoas que habitam essas aacutereas estatildeo sujeitas a danos agrave
integridade fiacutesica perdas materiais e patrimoniaisrdquo (MINISTEacuteRIO DAS CIDADES
2007)
Para Augusto Filho et al (1990) apud Cristo (2002) aacuterea de risco eacute caracterizada como
aquela em que ldquose encontra em situaccedilatildeo de perigo tanto socialmente quanto
economicamente por conta de alguma alteraccedilatildeo na constituiccedilatildeo do terreno ou com grande
probabilidade de ocorrer processos naturaisrdquo
Segundo Fernandes (2012) aacutereas de risco ldquosatildeo aacutereas consideradas improacuteprias ao
assentamento humano por estarem sujeitas a riscos naturaisrdquo
Diante das definiccedilotildees supracitadas pode-se dizer que aacuterea de risco satildeo aacutereas susceptiacuteveis
agrave accedilatildeo de eventos naturais extremos e por esse motivo natildeo eacute viaacutevel agrave ocupaccedilatildeo humana
nestes locais e pode ou natildeo estar associados agrave proximidade ou nos limites de uma APP
8
312 Deslizamentos
Segundo Tominaga (2009) deslizamento eacute o movimento de solo em uma vertente pela
accedilatildeo da gravidade e satildeo mais frequentes em regiotildees de relevo montanhoso e em periacuteodos
chuvosos sendo a pluviosidade um dos principais fatores condicionantes para a ocorrecircncia
do processo Os deslizamentos podem ocorrer naturalmente e eacute grande responsaacutevel pela
dinacircmica das vertentes e evoluccedilatildeo do relevo local mas no Brasil a falta de planejamento
urbano de uma boa parte dos municiacutepios a ocupaccedilatildeo desordenada e a construccedilatildeo de
domiciacutelios sem orientaccedilatildeo teacutecnica tecircm transformado um processo natural em um
problema que algumas vezes se tornam grandes trageacutedias Na regiatildeo Sudeste brasileira o
escorregamento do tipo rotacional eacute o mais comum e eacute caracterizado por uma ruptura
curva no solo que estaacute geralmente associada agrave realizaccedilatildeo de cortes na base do talude ou
por processos erosivos fluviais o que relaciona esse tipo de escorregamento agraves regiotildees
urbanas mal planejadas e coloca o homem como o principal agente efetivo associado com
a pluviosidade na ocorrecircncia de acidentes relacionados com deslizamentos
(FERNANDES amp AMARAL 1996 apud TOMINAGA 2009)
313 Alagamentos
De acordo com Amaral amp Ribeiro (2009) inundaccedilotildees e enchentes satildeo processos
intimamente relacionados com a pluviosidade pois satildeo frequentes em periacuteodos de chuvas
fortes e raacutepidas ou chuvas de longa duraccedilatildeo e estatildeo relacionados agrave intensidade e
distribuiccedilatildeo da precipitaccedilatildeo ao longo da bacia agrave capacidade do solo de reter e infiltrar
aacutegua e agraves caracteriacutesticas de forma da bacia de drenagem
O escoamento das aacuteguas pluviais na natureza eacute lento mas em aacutereas urbanizadas a accedilatildeo
antroacutepica relacionada a ocupaccedilatildeo de planiacutecies de inundaccedilatildeo que podem estar inclusive
em uma cota abaixo do leito do rio impermeabilizaccedilatildeo do solo e retificaccedilatildeo de corpos
drsquoaacutegua aleacutem de inuacutemeras atividades que promovem o assoreamento dos rios e coacuterregos
tem gerado resultados catastroacuteficos e grandes prejuiacutezos (AMARAL amp RIBEIRO 2009)
Quando se refere agraves regiotildees urbanas o termo ldquoalagamentordquo eacute o mais utilizado e segundo
o Ministeacuterio das Cidades (2006) define-se como o ldquoacuacutemulo momentacircneo de aacuteguas em
uma dada aacuterea por problemas no sistema de drenagem podendo ter ou natildeo relaccedilatildeo com
processos de natureza fluvialrdquo Tambeacutem o termo ldquoenxurradardquo eacute utilizado e define-se como
o ldquoescoamento superficial concentrado e com alta energia de transporte que pode ou natildeo
estar associado a aacutereas de domiacutenio dos processos fluviais Eacute comum a ocorrecircncia de
enxurradas ao longo de vias implantadas sobre antigos cursos drsquoaacutegua com alto gradiente
hidraacuteulico e em terrenos com alta declividade naturalrdquo
9
314 Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente
O Novo Coacutedigo Florestal Brasileiro define Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP) como
ldquoaacuterea protegida coberta ou natildeo por vegetaccedilatildeo nativa com a funccedilatildeo ambiental de
preservar os recursos hiacutedricos a paisagem a estabilidade geoloacutegica e a biodiversidade
facilitar o fluxo gecircnico de fauna e flora proteger o solo e assegurar o bem-estar das
populaccedilotildees humanasrdquo (BRASIL2012) Estas aacutereas satildeo muito importantes tanto no meio
urbano como no rural por garantir a estabilidade do solo em encostas iacutengremes contribuir
para a natildeo formaccedilatildeo de processos erosivos e o assoreamento de rios e coacuterregos aleacutem de
garantir a recarga de aquiacuteferos ao atuar como um amortecedor de chuvas retendo-a e
impedindo que ocorra um carreamento intenso de sedimentos ao longo dos morros e
margens de rios e coacuterregos (SKORUPA 2004) A Lei 126512012 apresenta os tipos de
APP e seus limites conforme seraacute visto no item 322
315 Uso e ocupaccedilatildeo do solo
Dentre os vaacuterios mecanismos de ordenamento urbano e instrumentos de planejamento
municipal previsto no Estatuto da Cidade (Lei Federal 102572001) o uso e ocupaccedilatildeo
do solo satildeo os mais utilizados pelas cidades para a formulaccedilatildeo das poliacuteticas urbanas
podendo definir o uso como a forma como esta parcela do solo eacute utilizada e a ocupaccedilatildeo
como sendo o modo como as edificaccedilotildees devem ser dispostas nesta mesma parcela do
solo urbano (TAKEDA 2015) O termo ldquoUso e ocupaccedilatildeo do solordquo tambeacutem pode ser
definido como o fator que determina como as mais diferentes regiotildees de um municiacutepio
deve se desenvolver (FONTOURA 2015)
A inserccedilatildeo de leis municipais de uso e ocupaccedilatildeo do solo objetivam ser uma referecircncia
para os gestores locais no processo de tomada de decisatildeo para que as cidades cresccedilam de
modo organizado enfatizando os potenciais e capacidades de cada regiatildeo aleacutem de tornar
o crescimento mais homogecircneo Com isso pretende-se evitar a formaccedilatildeo de grandes
adensamentos em pequenas aacutereas garantindo a mobilidade e a qualidade de vida de todos
os muniacutecipes tanto da regiatildeo urbana como da rural preservar e melhorar a qualidade
ambiental do municiacutepio aleacutem de evitar deslizamentos e alagamentos por conta da
ocupaccedilatildeo incorreta do solo (TAKEDA 2015)
10
32 Legislaccedilatildeo Pertinente
321 As adequaccedilotildees da legislaccedilatildeo ao longo dos anos
A problemaacutetica relacionada agraves APPs em aacutereas urbanas outrora era uma questatildeo complexa
e demandava uma larga discussatildeo do ponto de vista juriacutedico administrativo e teacutecnico Eacute
sabido que a maioria das cidades se formaram proacuteximos aos corpos hiacutedricos regiatildeo que
garantia o abastecimento de aacutegua e alimentos agrave populaccedilatildeo e tambeacutem facilitava o descarte
dos efluentes A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 225 daacute garantia aos
brasileiros de um meio ambiente em equiliacutebrio e concede agrave toda a sociedade o dever de
preservaacute-lo de acordo com os princiacutepios do desenvolvimento sustentaacutevel (BRASIL
1988) Antes desta Constituiccedilatildeo jaacute havia um texto que regulamentava a questatildeo da
preservaccedilatildeo de aacutereas verdes em todo o territoacuterio nacional A Lei Federal nordm 477165 que
trata do Coacutedigo Florestal estabelecia limites e regulamentava as Aacutereas de Preservaccedilatildeo
Permanente De acordo com Arauacutejo (2002) apud De Moraes (2014) essa Lei que fora
revogada e substituiacuteda pela Lei 126512012 era bastante falha no que diz respeito agraves
questotildees de APPS em aacutereas urbanas o que poderia ser um facilitador do natildeo cumprimento
do que foi proposto por aquela legislaccedilatildeo nestas aacutereas Isso se devia ao fato de o Coacutedigo
Florestal de 1965 ter deixado uma duacutevida sobre qual legislaccedilatildeo seguir uma vez que em
seu segundo artigo no paraacutegrafo uacutenico estava disposto que em aacutereas urbanas devia-se
atentar para a legislaccedilatildeo referente ao Plano Diretor e as referentes ao uso do solo na aacuterea
do municiacutepio (BRASIL 1965) Diante dessa conjuntura alguns municiacutepios optavam pela
natildeo aplicaccedilatildeo do Coacutedigo Florestal na regiatildeo urbana mesmo sabendo que a poliacutetica
conservacionista eacute extremamente importante visto o grande nuacutemero de problemas que
podem advir do uso irregular das APPs (DE MORAES 2009) Segundo o artigo 182 da
Constituiccedilatildeo Federal de 1988 as poliacuteticas relacionadas ao desenvolvimento urbano
devem ser elaboradas pelos municiacutepios e objetiva garantir o bem estar dos muniacutecipes e
tambeacutem o desenvolvimento do municiacutepio como um todo atraveacutes do atendimento agraves
exigecircncias do Plano Diretor (BRASIL 1988) O que podia gerar alguma divergecircncia seria
se o Plano Diretor Municipal propusesse uma faixa de APP menor que a prevista pelo
Coacutedigo Florestal Sendo assim essa legislaccedilatildeo perderia sua validade pelo fato de a
legislaccedilatildeo federal ser suplementar ou se seria cumprida devido ao disposto no artigo 182
da Constituiccedilatildeo Segundo De Moraes (2009) natildeo eacute aceitaacutevel que o Plano Diretor
Municipal legitime tal degradaccedilatildeo ambiental uma vez que um dos seus principais
objetivos eacute a proteccedilatildeo do bem estar puacuteblico estando incluiacutedo nesse a proteccedilatildeo do
ambiente natural A delimitaccedilatildeo e especificaccedilatildeo das APPs em Lei eacute necessaacuteria uma vez
que os limites miacutenimos destinados agrave preservaccedilatildeo satildeo importantes pois garantem a
proteccedilatildeo tanto da qualidade quanto da quantidade dos recursos hiacutedricos e evitam a
ocupaccedilatildeo em locais propiacutecios aos deslizamentos e zonas de recarga dos aquiacuteferos
11
subterracircneos assegurando tambeacutem de certa forma a integridade dos seres humanos que
potencialmente ocupariam tais locais (CARVALHO 2013)
Neste trabalho a legislaccedilatildeo tomada como referecircncia eacute a prevista pela Constituiccedilatildeo Federal
de 1988 o Novo Coacutedigo Florestal (Lei 126512012) e o Estatuto das Cidades (Lei
102572001) em acircmbito federal Na esfera estadual a Lei 209222013 versa sobre os
limites para APP em todo o territoacuterio de Minas A Lei Municipal 42412012 trata do
Plano Diretor Municipal da cidade de Santos Dumont onde se encontra as diretrizes para
o uso e ocupaccedilatildeo do solo e o zoneamento da cidade de acordo com as caracteriacutesticas do
solo entre outras
322 O Novo Coacutedigo Florestal e a legislaccedilatildeo mineira
O Novo Coacutedigo Florestal Lei Federal 126512012 substituiu a Lei Federal 47711965
Dentre os vaacuterios artigos que esta lei possui o que apresenta maior importacircncia para o
planejamento e o ordenamento das cidades tanto na aacuterea urbana como na rural eacute o artigo
4ordm em que constam as faixas de APP tanto para curso hiacutedrico como para declividade e
altitude aleacutem dos topos de morro a saber (BRASIL2012)
ldquoArt 4ordm Considera-se Aacuterea de Preservaccedilatildeo
Permanente em zonas rurais ou urbanas para os
efeitos desta Lei
I - as faixas marginais de qualquer curso drsquoaacutegua
natural perene e intermitente excluiacutedos os
efecircmeros desde a borda da calha do leito regular
em largura miacutenima de
a) 30 (trinta) metros para os cursos drsquoaacutegua de
menos de 10 (dez) metros de largura
b) 50 (cinquenta) metros para os cursos drsquoaacutegua
que tenham de 10 (dez) a 50 (cinquenta) metros de
largura
()
IV - as aacutereas no entorno das nascentes e dos olhos
drsquoaacutegua perenes qualquer que seja sua situaccedilatildeo
topograacutefica no raio miacutenimo de 50 (cinquenta)
metros
12
V - as encostas ou partes destas com declividade
superior a 45deg equivalente a 100 (cem por
cento) na linha de maior declive
()
IX - no topo de morros montes montanhas e
serras com altura miacutenima de 100 (cem) metros e
inclinaccedilatildeo meacutedia maior que 25deg as aacutereas
delimitadas a partir da curva de niacutevel
correspondente a 23 (dois terccedilos) da altura
miacutenima da elevaccedilatildeo sempre em relaccedilatildeo agrave base
sendo esta definida pelo plano horizontal
determinado por planiacutecie ou espelho drsquoaacutegua
adjacente ou nos relevos ondulados pela cota do
ponto de sela mais proacuteximo da elevaccedilatildeo
X - as aacutereas em altitude superior a 1800 (mil e
oitocentos) metros qualquer que seja a
vegetaccedilatildeo
()rdquo
A legislaccedilatildeo atual em seu artigo 4ordm evidencia que as faixas e aacutereas determinadas como
APP compreendem tanto as aacutereas rurais quanto urbanas (BRASIL 2012) retirando a
duacutevida anterior e sendo essa a Lei suplementar qualquer faixa de APP mais permissiva
na legislaccedilatildeo estadual e municipal satildeo invaacutelidas o que simplificou de certa forma a
aplicabilidade da Legislaccedilatildeo referente a Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente
No Estado de Minas Gerais a Lei Estadual 20922 de 16 de Outubro de 2013 trata do tema
em acircmbito estadual mas com os mesmos princiacutepios propostos pela Lei Federal sendo os
limites miacutenimos previstos para as APPs os mesmos propostos pelo Novo Coacutedigo
Florestal brasileiro (MINAS GERAIS2013)
ldquo Art 9ordm Para os efeitos desta Lei em zonas rurais
ou urbanas satildeo APPs
I as faixas marginais de cursos drsquoaacutegua naturais
perenes e intermitentes excluiacutedos
os efecircmeros medidas a partir da borda da calha
do leito regular em largura miacutenima de
13
a) 30m (trinta metros) para os cursos drsquoaacutegua de
menos de 10m (dez metros) de largura
b) 50m (cinquenta metros) para os cursos drsquoaacutegua
de 1 0m (dez metros) a 50m (cinquenta metros) de
largura
()
IV as aacutereas no entorno das nascentes e dos olhos
drsquoaacutegua perenes no raio miacutenimo de 50m
(cinquenta metros)
V as encostas ou partes destas com declividade
superior a 45ordm (quarenta e cinco graus)
equivalente a 100 (cem por cento) na linha de
maior declive
()
VII no topo de morros montes montanhas e
serras com altura miacutenima de 100m (cem metros)
e inclinaccedilatildeo meacutedia maior que 25ordm (vinte e cinco
graus) as aacutereas delimitadas a partir da curva de
niacutevel correspondente a 23 (dois terccedilos) da altura
miacutenima da elevaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave base sendo esta
definida pelo plano horizontal determinado por
planiacutecie ou espelho drsquoaacutegua adjacente ou nos
relevos ondulados pela cota do ponto de sela mais
proacuteximo da elevaccedilatildeo
VIII as aacutereas em altitude superior a 1 800m (mil
e oitocentos metros)
()rdquo
323 O Plano Diretor
O Estatuto das Cidades em seu artigo 40 prevecirc o plano diretor como um instrumento
capaz de promover a poliacutetica urbana englobando toda a cidade aleacutem de fornecer padrotildees
e limites para o uso do solo nas mais diversas regiotildees do municiacutepio com vistas a
harmonizar o desenvolvimento urbano com a preservaccedilatildeo do meio ambiente (SILVA JR
2006) Este instrumento eacute obrigatoacuterio para cidades com mais de 20 mil habitantes ou
14
aacutereas que integrem regiotildees metropolitanas ou de interesse turiacutestico O artigo 41 do
Estatuto das cidades tambeacutem prevecirc a obrigatoriedade do Plano Diretor para cidades que
possuem em sua aacuterea empreendimentos que caracterizem grandes impactos ambientais
de influecircncia regional ou nacional e cidades que possuem problemas com deslizamentos
de grande magnitude ou alagamentos repentinos (BRASIL 2001)
O Plano diretor de acordo com o Estatuto das Cidades deve ser aprovado como lei em
acircmbito municipal e revisto a cada dez anos Este documento eacute uacutenico pois cada cidade
possui suas peculiaridades infraestrutura vocaccedilotildees e problemas que por mais que sejam
parecidos entre si satildeo diferenciados pela intensidade e pela regionalizaccedilatildeo Sendo assim
a confecccedilatildeo do Plano Diretor deve conter a participaccedilatildeo de toda a comunidade local de
forma a reduzir as desigualdades sociais os gastos puacuteblicos desnecessaacuterios a degradaccedilatildeo
ambiental e combater os problemas relacionados a urbanizaccedilatildeo de forma conjunta
promovendo um processo de tomada de decisatildeo que garanta a qualidade de vida
preservaccedilatildeo e o desenvolvimento social do municiacutepio como um todo (ROSSBACH amp
CARVALHO 2010)
3231 O Plano Diretor de Santos Dumont
A Lei Municipal nordm 424112 que entrou em vigor no ano de 2014 trata do Plano Diretor
Municipal instrumento previsto no Estatuto das Cidades para garantir aos cidadatildeos um
desenvolvimento urbano organizado justo e sustentavelmente econocircmico (BRASIL
2001) Aleacutem de apontar as diretrizes para a elaboraccedilatildeo da Poliacutetica Municipal dos mais
variados setores o Plano Diretor divide o municiacutepio em macrozonas urbanas e rurais
Estas zonas tecircm por objetivo facilitar a identificaccedilatildeo dos setores que permitem ou natildeo o
desenvolvimento da cidade e em que magnitude pode ser feita a expansatildeo respeitando ao
meio ambiente e tambeacutem o que eacute previsto no tocante ao uso e ocupaccedilatildeo do solo nessas
aacutereas Aleacutem disso ela estabelece a forma como devem ser as edificaccedilotildees nas referidas
aacutereas As aacutereas definidas como macrozonas urbanas e foram subdivididas em (SANTOS
DUMONT2012)
ldquoZona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e
da Paisagem (ZPPH) satildeo as aacutereas cujos
equipamentos urbanos possuem interesse
histoacuterico ou paisagiacutestico de preservaccedilatildeo
Zona de Preservaccedilatildeo Ambiental satildeo aquelas em
que devem ser mantidas ou recuperadas a
15
vegetaccedilatildeo por conta da declividade altitude ou
presenccedila de recursos hiacutedricos
Zona de Adensamento Controlado (ZAC) satildeo as
aacutereas em que deve-se manter uma pequena
densidade populacional devido as limitaccedilotildees na
infraestrutura da localidade A ZAC se divide em
ZAC 1 quando a infraestrutura existente eacute
limitada e em ZAC 2 quando esta eacute precaacuteria ou
natildeo existe
Zona de Consolidaccedilatildeo de Adensamento (ZCA)
satildeo as aacutereas em que haacute interesse em ocupar os
lotes vagos haja visto que a regiatildeo possui toda a
infraestrutura para que isto aconteccedila
Zona Adensaacutevel (ZA) satildeo as aacutereas com
condiccedilotildees propiacutecias para ocorrer uma ocupaccedilatildeo
mais densa
Zona Especial de Interesse Social (ZEIS) satildeo as
aacutereas em que o Poder Puacuteblico almeja fazer
alguma forma de ocupaccedilatildeo Eacute dividida em ZEIS 1
e ZEIS 2 A ZEIS 1 satildeo regiotildees jaacute ocupadas mas
de forma irregular cujo interesse puacuteblico eacute
realizar obras e outras atividades para
regularizar as ocupaccedilotildees e urbanizar a aacuterea
enquanto que a ZEIS 2 satildeo aacutereas natildeo utilizadas ou
subutilizadas as quais o poder puacuteblico almeja
realizar algum empreendimento habitacional de
caraacuteter social
Zona de Grandes Equipamentos (ZE) satildeo aacutereas
cujo o interesse eacute a implantaccedilatildeo de
empreendimentos de grande porte ou grandes
equipamentos puacuteblicosrdquo
Esta divisatildeo espacial pode ser melhor vista no Anexo 71
O Plano Diretor natildeo estipula limites para APP mas prevecirc algumas diretrizes como na
Poliacutetica Municipal de Preservaccedilatildeo do Meio Ambiente sobre o uso do solo em
compatibilidade com praacuteticas conservacionistas A Poliacutetica Municipal de Expansatildeo
16
Urbana tem como uma de suas diretrizes fazer cumprir a legislaccedilatildeo vigente no que diz
respeito agraves intervenccedilotildees e investimentos que poderatildeo ser feitos nessas aacutereas Tambeacutem eacute
diretriz da mesma Poliacutetica o controle da ocupaccedilatildeo e do uso do solo em APPs e o auxiacutelio
aos oacutergatildeos estaduais e federais de meio ambiente no tocante agrave fiscalizaccedilatildeo da ocupaccedilatildeo
nestas aacutereas (SANTOS DUMONT 2012) O artigo 38 que trata das diretrizes da Poliacutetica
habitacional de interesse social exclui do processo de regularizaccedilatildeo fundiaacuteria os
assentamentos situados em aacutereas de risco o que na maioria das vezes estatildeo tambeacutem nas
aacutereas que deveriam estar vegetadas e protegidas (SANTOS DUMONT 2012) Na
legislaccedilatildeo referente ao parcelamento do solo eacute previsto que no parcelamento de glebas
com declividade entre 30 e 47 soacute poderaacute ser aprovado mediante projeto e laudo
assinado por um responsaacutevel teacutecnico favoraacutevel agrave construccedilatildeo nesse local (SANTOS
DUMONT 2012) Diante do proposto pelo Plano Diretor de Santos Dumont pode-se
dizer que natildeo haacute conflito com a legislaccedilatildeo federal e estadual em se tratando da
aplicabilidade do Coacutedigo Florestal uma vez que aquele natildeo explicita limites nem
permissivos e tampouco restritivos para faixas e aacutereas de preservaccedilatildeo permanente
33 O Municiacutepio de Santos Dumont
331 De Arraial a cidade
A aacuterea onde se situa hoje o municiacutepio de Santos Dumont teve sua ocupaccedilatildeo iniciada no
seacuteculo XVIII quando a Coroa Portuguesa solicitou ao entatildeo Governador do Rio de
Janeiro Artur de Saacute Menezes que abrisse um caminho que ligasse as Minas dos
Cataguases na regiatildeo de Ouro Preto (receacutem descobertas) ao Rio de Janeiro por onde
escoava os metais preciosos para a metroacutepole Surgiu assim o ldquoCaminho Novordquo e ao longo
deste caminho surgiram tambeacutem as Sesmarias aacutereas que tinham por principal objetivo
servir de pouso aos transportadores e exploradores e tambeacutem para garantir alimento a
estas pessoas Uma destas ocupaccedilotildees seria o ldquoArraial de Joatildeo Gomesrdquo (Figura 41)
primeiro nuacutecleo primitivo do municiacutepio em 1709 De iniacutecio prevaleciam somente
ranchos onde os viajantes se abrigavam mas em pouco tempo ergueu-se a Capela de Satildeo
Miguel e Almas e pequenos nuacutecleos urbanos comeccedilaram a surgir (DAPPC2008)
17
Figura 3 1 Vista parcial do Arraial de Joatildeo Gomes
Fonte Arquivo Histoacuterico de Santos Dumont-MG
Com a construccedilatildeo da Estrada de Ferro D Pedro II no final do seacuteculo XIX a regiatildeo teve
um consideraacutevel crescimento natildeo soacute populacional como tambeacutem econocircmico se tornando
a Vila Palmyra em 1889 Em 1890 Palmyra eacute elevada ao status de Municiacutepio (Figura 42)
e recebe um grande nuacutemero de melhorias no setor viaacuterio como a retificaccedilatildeo de ruas e
tambeacutem no setor de serviccedilos puacuteblicos como abastecimento de aacutegua iluminaccedilatildeo puacuteblica a
querosene e posteriormente energia eleacutetrica O desenvolvimento econocircmico na regiatildeo
tambeacutem teve seu momento aacuteureo nesse periacuteodo Induacutestrias de laticiacutenios graacuteficas e de
Carbureto de Caacutelcio fizeram parte do parque industrial de Palmyra o que atraiacutea pessoas
de outros lugares inclusive estrangeiros contribuindo para o aumento populacional da
regiatildeo Como ainda natildeo havia legislaccedilatildeo sobre uso e ocupaccedilatildeo do solo nessa eacutepoca
surgiram inuacutemeros loteamentos em aacutereas proacuteximas agrave rios e coacuterregos e tambeacutem em
encostas com declividade acentuada o que foi agravando o risco agrave medida que a ocupaccedilatildeo
aumentava (DAPPC2008)
18
Figura 3 2 Municiacutepio de Palmyra na deacutecada de 1920
Fonte Arquivo Histoacuterico de Santos Dumont-MG
O escoamento da produccedilatildeo industrial se dava pelo modal ferroviaacuterio setor que tambeacutem
movimentava a crescente cidade que era ponto importante no setor de transportes pois
possuiacutea um dos mais bem equipados depoacutesitos de locomotivas da Estrada de Ferro Central
do Brasil (DAPPC2008)
No ano de 1932 o municiacutepio de Palmyra passou a se chamar Santos Dumont (Figura 43)
em homenagem ao inventor do aviatildeo que nascera naquela cidade Nos uacuteltimos 40 anos
Santos Dumont tem experimentado uma acentuada desaceleraccedilatildeo econocircmica
consequecircncia do fechamento da grande maioria das induacutestrias principalmente as de
laticiacutenios que empregavam direta e indiretamente uma parte consideraacutevel da populaccedilatildeo
(DAPPC2008)
19
Figura 3 3 Municiacutepio de Santos Dumont em 2014
Fonte Arquivo do autor
332 Santos Dumont na atualidade
O municiacutepio de Santos Dumont localiza-se na regiatildeo da Zona da Mata mineira distante
cerca de 220 Km da capital Belo Horizonte e possui uma populaccedilatildeo de 47558 habitantes
(ODM 2015 projeccedilatildeo) numa aacuterea total de 637 kmsup2 Faz divisa com os municiacutepios de
Juiz de Fora Oliveira Fortes Bias Fortes Antocircnio Carlos Tabuleiro Piau e Ewbank da
Cacircmara
No que diz respeito agrave sua formaccedilatildeo fisiacuteco-geograacutefica a aacuterea que compreende o municiacutepio
eacute constituiacuteda predominantemente por Cambissolo Haacuteplico (70) com Latossolo
Vermelho-Amarelo (30) (UFV2010) A vegetaccedilatildeo eacute em sua maioria composta por
exemplares de Mata Atlacircntica De acordo com o IBGE(2015) Santos Dumont se localiza
a 839m de altitude O clima da regiatildeo eacute classificado como Tropical de Altitude (Cwb) e
possui uma temperatura meacutedia de 20ordmC Eacute banhado pela bacia hidrograacutefica do Paraiacuteba do
Sul e em sua maioria pertence agrave sub-bacia do Rio Pomba (IGAM) que fornece aacutegua para
abastecimento puacuteblico agrave 88 da populaccedilatildeo por meio da rede de distribuiccedilatildeo
(IBGE2010) Uma pequena parte da zona rural a sudoeste eacute banhada pela Sub-Bacia do
Rio Paraibuna mais precisamente na regiatildeo de fronteira com os municiacutepios de Juiz de
Fora e Ewbank da Cacircmara O sistema viaacuterio principal de acesso agrave cidade eacute a rodovia BR-
040 e a estrada de ferro Dom Pedro II atualmente utilizada somente para transporte de
cargas
Com a economia nos dias atuais baseada majoritariamente no setor de serviccedilos a cidade
possui um Iacutendice de Desenvolvimento humano (IDH) de 0741 (IBGE2010) Apesar do
decliacutenio econocircmico de Santos Dumont nota-se hoje um aumento no nuacutemero de
loteamentos populares e condomiacutenios horizontais e verticais entre outras edificaccedilotildees Eacute
de vital importacircncia que esse crescimento das ocupaccedilotildees seja ordenado e regulamentado
20
de forma a garantir a qualidade ambiental prevenindo deslizamentos e inundaccedilotildees Diante
dessa conjuntura o governo municipal aprovou em 2012 a Lei nordm 4241 que trata do Plano
Diretor Participativo instrumento baacutesico da poliacutetica de desenvolvimento e expansatildeo
urbana do municiacutepio de Santos Dumont
4 METODOLOGIA
41 Aacuterea de estudo
A regiatildeo dentro dos limites do municiacutepio que seraacute estudada neste trabalho eacute conforme
descrito nos anexos Plano Diretor e representada na figura 44 a aacuterea urbana principal
que possui 47 Kmsup2 e compreende a regiatildeo central da cidade e os bairros perifeacutericos regiatildeo
que concentra cerca de 90 da populaccedilatildeo total de Santos Dumont (IBGE 2015) A aacuterea
urbana principal representa 75 da aacuterea total dos 637 Kmsup2 que compreendem o
municiacutepio e eacute o local onde nos uacuteltimos 30 anos se verificou um maior crescimento
populacional e tambeacutem onde ocorre a maioria dos eventos relacionados a deslizamentos
e alagamentos por conta da ocupaccedilatildeo sem planejamento A figura 45 mostra a aacuterea
urbana principal e a localizaccedilatildeo dos bairros urbanos de Santos Dumont
Figura 4 1 Localizaccedilatildeo da aacuterea urbana principal
Fonte Google Earth
21
Figura 4 2 Mapa da aacuterea urbana principal com a localizaccedilatildeo dos bairros
Fonte Do Autor
42 Levantamento e tratamento dos dados
No desenvolvimento deste trabalho foi necessaacuterio se fazer um estudo detalhado sobre o
Plano Diretor de Santos Dumont principalmente dos seus anexos que compreendem os
mapas e a localizaccedilatildeo das aacutereas definidas pelo zoneamento proposto Para que isso fosse
possiacutevel a Secretaria Municipal de Obras e Serviccedilos Puacuteblicos forneceu todos os dados
secundaacuterios produto do estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor e do
zoneamento Estes dados incluem os arquivos Shapefile (shp) e outros documentos
integrantes do Plano Diretor Algumas informaccedilotildees foram complementadas tambeacutem com
dados adquiridos atraveacutes do site do IBGE e do Portal Objetivos do Milecircnio (ODM)
Os dados sobre as ocorrecircncias de deslizamentos e alagamentos foram obtidos atraveacutes da
Defesa Civil do municiacutepio atraveacutes do Sistema Integrado de Informaccedilotildees sobre Desastres
(S2ID) do Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional Tal sistema centraliza as informaccedilotildees sobre
desastres naturais ocorridos em todo o territoacuterio nacional facilitando a pesquisa sobre tais
eventos a qualquer cidadatildeo (BRASIL 2015)
Apesar do sistema ser bastante uacutetil os dados sobre o municiacutepio de Santos Dumont se
encontravam bastante falhos e escassos sendo necessaacuteria complementaccedilatildeo para que a
22
base de dados ficasse consistente Diante disso uma pesquisa atraveacutes dos arquivos do
Jornal Mensagem um jornal semanaacuterio local foi feita entre os anos de 1984 e 2014 e os
dados primaacuterios filtrados em uma planilha do Microsoft Excel para posterior utilizaccedilatildeo
De posse destes dados foi feita a localizaccedilatildeo em campo das coordenadas dos locais
atingidos por deslizamentos e alagamentos no periacuteodo compreendido pela pesquisa com
o auxiacutelio de um aparelho de GPS
A maioria dos arquivos shapefile utilizados para a confecccedilatildeo dos mapas satildeo parte
integrante dos anexos da Lei do Plano diretor do municiacutepio gerados no mecircs de dezembro
de 2011 pelo Instituto Nova Cidade e foram cedidos pela Secretaria Municipal de Obras
e Serviccedilos Puacuteblicos com Datum em UTM SAD 69 Com a finalidade de fornecer um
referenciamento atualizado e de acordo com os mais novos sistemas de coordenadas
utilizados no Brasil os arquivos foram convertidos para o Datum UTM SIRGAS 2000
que diferencia do SAD 69 pelo fato de ser um referencial geocecircntrico ou seja o centro
da Terra eacute o ponto de referecircncia neste sistema enquanto que o primeiro utiliza um
referencial na superfiacutecie da Terra (IBGE2014) Eacute interessante ressaltar tambeacutem que o
SIRGAS 2000 se tornou no ano de 2014 o sistema de coordenadas oficial do Sistema
Geodeacutesico Brasileiro e do Sistema Cartograacutefico Nacional ambos mantidos pelo IBGE A
combinaccedilatildeo dos shapefiles foi feita com o software livre gvSIG e com estas combinaccedilotildees
foram gerados mapas importantes resultados para a execuccedilatildeo deste trabalho A maioria
dos mapas representam a regiatildeo urbana principal de Santos Dumont e foram produzidos
numa escala em torno de 140000 que de acordo com Rocha (2007) eacute uma escala viaacutevel
pois as recomendaacuteveis para trabalhos de anaacutelise ambiental em niacutevel municipal podem ser
entre 150000 e 110000 Alguns mapas cujo detalhamento natildeo eacute necessaacuterio foram
gerados na escala 1100000
Para a geraccedilatildeo dos mapas aleacutem dos arquivos fornecidos pela Secretaria de Obras e
Serviccedilos Puacuteblicos foram utilizados para a geraccedilatildeo do modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE)
e da localizaccedilatildeo dos topos de morro dados gerados pelo sistema de radar Advanced
Spacebone Thermal Emission and Reflection Radiometer (ASTER) que geram as curvas
de niacutevel do terreno com uma resoluccedilatildeo de 30m (NASA2014) O processamento dessas
imagens foi feito pelo software livre gvSIG As imagens geradas pelos sateacutelites
LANDSAT foram adquiridas no site da United States Geological Survey (USGS) e essas
imagens possibilitaram obter um panorama preciso do uso do solo em toda a aacuterea urbana
de Santos Dumont numa resoluccedilatildeo de 15 metros uma vez que foi utilizada a banda
pancromaacutetica do sateacutelite LANDSAT 8 aleacutem da combinaccedilatildeo das bandas 65 e 4
respectivamente que eacute a combinaccedilatildeo recomendada pela mantenedora dos sateacutelites para
anaacutelises deste tipo
23
No que diz respeito a identificaccedilatildeo de APPs em topo de morro a metodologia de Oliveira
amp Fernandes Filho (2013) por utilizar as mesmas bases de dados ateacute entatildeo usadas neste
trabalho foi a mais indicada
A metodologia de anaacutelise dos mapas gerados eacute a proposta pelo professor Jorge Xavier da
Silva do Laboratoacuterio de Geoprocessamento (LAGEOP) da Universidade Federal do Rio
de Janeiro e citada por Rocha (2007) Tal metodologia analisa as variaacuteveis em questatildeo
presentes na aacuterea e permite avaliar as possibilidades de relaccedilotildees entre essas variaacuteveis De
uma maneira geral este meacutetodo verifica o estado atual da aacuterea em estudo bem como das
variaacuteveis gerando inventaacuterios que servem para a construccedilatildeo de dados planimeacutetricos sejam
com as variaacuteveis isoladas ou combinadas Estes dados planimeacutetricos geram assinaturas
que permitem inferir sobre a influecircncia dessas variaacuteveis De posse dos dados gerados pelo
processo anteriormente citado pode-se fazer algumas prospecccedilotildees sobre os riscos
ambientais que a aacuterea pode sofrer ou o seu potencial ambiental (ROCHA 2007)
5 RESULTADOS
51 Levantamento histoacuterico de alagamentos e
deslizamentos
O aumento da demanda pelo uso do solo na regiatildeo urbana de Santos Dumont
principalmente no tocante agrave formaccedilatildeo de novos loteamentos e condomiacutenios nos uacuteltimos
anos eacute consideraacutevel mas tambeacutem haacute de se observar o crescimento dos bairros jaacute existentes
com pouco ou nenhum ordenamento Em ambos os casos se observa ocupaccedilotildees
irregulares em APP o que tem ocasionado um aumento na frequecircncia de deslizamentos
e inundaccedilotildees Eacute evidente que quanto maior a densidade populacional do bairro maior a
quantidade de ocorrecircncias ao longo dos anos (SPERFELD 2009)
De acordo com as ocorrecircncias registradas pela Defesa Civil do municiacutepio obtidas atraveacutes
da literatura utilizada nos uacuteltimos 30 anos Santos Dumont chegou a decretar situaccedilatildeo de
emergecircncia por conta de desastres envolvendo deslizamentos eou alagamentos por duas
vezes num espaccedilo de 10 anos conforme pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho
(BRASIL 2014 CEPED 2011)
Segundo os dados obtidos atraveacutes de pesquisa nos arquivos do semanaacuterio entre os anos
de 1984 e 2014 pode-se verificar que nos uacuteltimos 20 anos a cidade tem experimentado
24
um aumento consideraacutevel nos eventos relacionados a deslizamentos e principalmente
alagamentos como pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho Isso pode ter sido causado
dentre outros fatores pelo aumento do nuacutemero de vias pavimentadas com material
impermeaacutevel o que tem sobrecarregado tanto a infraestrutura existente para drenagem
urbana como tambeacutem a calha dos cursos drsquoaacutegua que passam pela regiatildeo urbana do
municiacutepio (ZANON2013)
Na deacutecada de 1980 (1984-1990) de acordo com os dados obtidos natildeo foram noticiados
eventos consideraacuteveis relacionados a deslizamentos e alagamentos em Santos Dumont
mas isso natildeo exclui a possibilidade de natildeo ter ocorrido tais eventos em menor escala
Na deacutecada de 1990 aconteceram uma seacuterie de ocorrecircncias tanto de deslizamentos quanto
de alagamentos No ano de 1997 num periacuteodo chuvoso intenso aconteceram
deslizamentos consideraacuteveis em vaacuterios bairros da cidade inclusive com desabamento de
casas e de ruas principalmente nos bairros Nossa Senhora da Gloacuteria e Quarto Depoacutesito
Em 1999 ocorreram alguns pontos de alagamento nos bairros Quarto Depoacutesito e Santo
Antocircnio com grandes prejuiacutezos materiais
A deacutecada de 2000 iniciou com o registro de deslizamentos em vaacuterios bairros da cidade
inclusive com desabamento de casas e pontes e alagamentos em importantes vias do
centro da cidade Observa-se ao longo desse periacuteodo o crescimento nas ocorrecircncias de
deslizamentos e de aacutereas com risco de deslizamento em muitos bairros de Santos Dumont
Um dos fatores importantes para esse crescimento foi a grande expansatildeo sofrida pela
maioria dos bairros e a falta de planejamento e orientaccedilatildeo por parte da prefeitura uma
vez que uma boa parte do crescimento dos bairros da cidade ocorreu ou proacuteximo a cursos
drsquoaacutegua ou em aacutereas com declividade improacutepria para se fazer construccedilotildees O bairro
Coacuterrego do Ouro (Figura 51) foi o que mais sofreu com ocorrecircncias de deslizamentos
nesse periacuteodo enquanto o bairro Santo Antocircnio foi que teve mais ocorrecircncias de
alagamentos
25
Figura 5 1 Deslizamento no bairro Coacuterrego do Ouro
Fonte Portal Cabangu
No iniacutecio deacutecada de 2010 (2011-2014) o centro da cidade foi a regiatildeo que mais sofreu
com alagamentos sendo registrado pelo menos uma ocorrecircncia por ano nessa aacuterea (Figura
52) Isso pode ser relacionado dentre outros fatores com as obras de modificaccedilatildeo do
tipo de pavimentaccedilatildeo das estradas por um material impermeaacutevel gerando uma sobrecarga
nos sistemas de drenagem urbana que foram projetados para um tipo de pavimento mais
permeaacutevel implicando tambeacutem na sobrecarga calha do Ribeiratildeo das Posses o principal
curso drsquoaacutegua que corta o centro da cidade e que se encontra em quase sua totalidade
ocupada em ambas as margens que cortam o centro da cidade
26
Figura 5 2 Alagamento na regiatildeo central de Santos Dumont em 2013
Fonte Portal Cabangu
Quanto agraves ocorrecircncias de deslizamento ao longo da referida deacutecada elas estiveram
espalhadas pelos bairros do municiacutepio tendo um maior nuacutemero de ocorrecircncias nos bairros
Santo Antocircnio Nossa Senhora da Gloacuteria e Aacutegua Espraiada Nos dois primeiros bairros
citados as ocorrecircncias podem ter sido ocasionadas pelo crescimento desordenado e sem
planejamento destes e no terceiro as ocorrecircncias satildeo relacionadas ao processo de
assoreamento do Ribeiratildeo das Posses o que pode ter gerado um aumento da velocidade
desse curso drsquoaacutegua causando problemas decorrentes do transporte de sedimentos da aacuterea
onde as casas foram construiacutedas que teve como consequecircncia os deslizamentos
Em resumo como pode ser observado nas figuras 53 e 54 na tabela 51 no periacuteodo de
1984 a 2014 os bairros mais afetados por alagamentos e deslizamentos satildeo Quarto
Depoacutesito Nossa Senhora da Gloacuteria Santo Antocircnio Coacuterrego do Ouro Antocircnio Afonso
Graminha e Vila Esperanccedila sendo que o bairro Coacuterrego do Ouro possui o maior nuacutemero
de ocorrecircncias de deslizamentos e o centro da cidade possui o maior nuacutemero de
ocorrecircncias de alagamentos no periacuteodo pesquisado Vale destacar que a aacuterea propiacutecia a
alagamentos no bairro Antocircnio Afonso natildeo identificada no estudo realizado pela
prefeitura constitui-se efetivamente numa aacuterea de risco conforme levantamento histoacuterico
realizado Esta aacuterea de risco se deve agrave diferenccedila de niacutevel negativa entre o rio Pinho e a
aacuterea do bairro estando este em desniacutevel com um risco iminente de inundaccedilotildees resultantes
da cheia desse curso drsquoaacutegua causando inuacutemeros transtornos aos moradores do local
27
Figura 5 3 Pontos de Alagamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico
Fonte Do autor
Figura 5 4 Pontos de deslizamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico
Fonte Do autor
28
Tabela 51 Ocorrecircncias de alagamentos e deslizamentos obtidos atraveacutes do
levantamento histoacuterico
Pontos de ocorrecircncia (1984-2014)
Bairros Alagamento Deslizamento
Aacutegua Espraiada 1 1
Antocircnio Afonso 1 0
Barra 0 1
Centro 7 1
Coacuterrego do Ouro 1 7
Flores 0 1
Graminha 1 0
Jardim Jaraguaacute 0 1
N Sra da Gloacuteria 0 4
N Sra das Graccedilas 1 0
Quarto Depoacutesito 3 2
Santo Antocircnio 4 2
Satildeo Sebastiatildeo 0 1
Vila Esperanccedila 0 1
Fonte Do autor
De acordo com o estudo realizado na elaboraccedilatildeo do Plano Diretor pela prefeitura
municipal observa-se que os bairros que possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a
deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do Ouro e Vila Esperanccedila enquanto que os que
possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a alagamento satildeo o Centro da cidade e os
bairros Satildeo Sebastiatildeo Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio por estarem agraves margens do
Ribeiratildeo das Posses um curso drsquoaacutegua que sofre com inundaccedilotildees perioacutedicas devido ao
severo assoreamento em algumas regiotildees e tambeacutem devido ao acuacutemulo de lixo descartado
pelos moradores do entorno irregularmente De acordo com o estudo realizado quando da
elaboraccedilatildeo do Plano Diretor do municiacutepio foram feitos estudos sobre as aacutereas propensas
a deslizamentos e alagamentos na regiatildeo urbana principal Tais aacutereas satildeo as destacadas
nas Figuras 55 e 56 No levantamento histoacuterico realizado pode-se identificar que os
bairros que possuem mais aacutereas propensas a deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do
Ouro Nossa Senhora da Gloacuteria Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio enquanto que os bairros
mais propensos a alagamentos satildeo os bairros Centro Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio
como observado na tabela 51
29
Figura 5 5 Aacutereas propensas a deslizamento de acordo com o Plano Diretor de
Santos Dumont
Fonte Google Earth e Lei 42412012
Figura 5 6 Aacutereas propensas a alagamento de acordo com o Plano Diretor de
Santos Dumont
Fonte Google Earth e Lei 42412012
30
Comparando-se os mapas obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico com o mapa gerado
pelo estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor nota-se que haacute semelhanccedilas em
algumas aacutereas mas ao se levar em conta o produto gerado pela pesquisa histoacuterica o
estudo necessitaria ser complementado haja vista que ele natildeo compreende por exemplo
o ponto de alagamento no bairro Antocircnio Afonso citado anteriormente e alguns pontos de
deslizamento importantes uma vez que satildeo regiotildees onde haacute ocupaccedilatildeo Esse fato evidencia
a necessidade de se buscar vaacuterias fontes primaacuterias e secundaacuterias para se detectar aacutereas de
risco em um municiacutepio incluindo arquivos da imprensa local afim de se produzir uma
base de dados consistente e com o menor nuacutemero de falhas possiacutevel (CEPED 2014) Com
a uniatildeo dos dois estudos foram gerados os mapas apresentados nas Figuras 57 e 58
Aleacutem do mais observando as figuras 57 e 58 pode-se notar que uma boa parte tanto dos
casos de alagamento quanto de deslizamento estatildeo na faixa de APP de curso hiacutedrico o
que ilustra a importacircncia da preservaccedilatildeo destas aacutereas
Figura 5 7 Aacutereas propensas a alagamento do estudo do Plano Diretor
complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento
Fonte Do Autor
31
Figura 5 8 Aacutereas propensas a deslizamento do estudo do Plano Diretor
complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento
Fonte Do Autor
Atraveacutes da combinaccedilatildeo entre estes dois levantamentos procurou-se alimentar a base de
dados e garantir uma consistecircncia maior desta no que diz respeito a aacutereas de deslizamento
e alagamento podendo inclusive se identificar a suscetibilidade de uma determinada
regiatildeo da cidade a um ou outro evento (CEPED2014)
512 O Plano diretor e as APPs
Nos uacuteltimos anos o Brasil experimentou um forte fenocircmeno de migraccedilatildeo do campo para
as aacutereas urbanas De acordo com o IBGE no periacuteodo de 1940 a 2000 houve um aumento
de cerca de 60 do nuacutemero de pessoas que vivem em cidades (SILVA JR 2006) O
processo de planejamento e ordenamento do uso do solo nessas aacutereas deveria ter
acompanhado esse crescimento ao longo dos anos a fim de garantir a qualidade de vida e
a seguranccedila dos migrantes ao se instalarem nas cidades o que natildeo ocorreu e o que se
observa atualmente satildeo ocupaccedilotildees em aacutereas improacuteprias para moradia sem a infraestrutura
baacutesica necessaacuteria e com risco iminente de deslizamentos eou inundaccedilotildees
O Plano Diretor do municiacutepio de Santos Dumont em seu capiacutetulo IV que versa sobre o
uso e ocupaccedilatildeo do solo explicita regras para o ordenamento do territoacuterio que compreende
o municiacutepio com base nos diferentes usos do solo de acordo com sua compatibilidade o
32
que acabou por resultar num zoneamento de todo o municiacutepio em macrozonas conforme
citado na seccedilatildeo 3231 de acordo com os usos atuais e futuros do solo Aleacutem de dividir
estas macrozonas em urbanas e rurais tambeacutem avaliou e classificou estas aacutereas com base
numa seacuterie de fatores ambientais geoloacutegicos culturais e sociais de forma a se fazer um
zoneamento coerente com os atuais usos do solo e seu potencial de uso futuro Apresenta-
se na Figura 59 este zoneamento na aacuterea urbana principal de Santos Dumont
Figura 5 9 Zoneamento urbano da aacuterea urbana principal
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Lei 42412012
Tomando como referecircncia o Novo Coacutedigo Florestal brasileiro em especial os paracircmetros
estabelecidos para a definiccedilatildeo de APP e utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento
atraveacutes do software Vista SAGA relacionou-se as APPs existentes na aacuterea em estudo com
as regiotildees propiacutecias a alagamentos e deslizamentos de acordo com o estudo feito quando
da elaboraccedilatildeo do Plano Diretor afim de se identificar qual ou quais aacutereas possuem estes
problemas e se estatildeo relacionados com o uso do solo irregular em APP
Ao se aplicar a metodologia proposta por Oliveira amp Fernandes Filho (2013) natildeo foram
identificadas dentro da aacuterea de estudo APPs de topos de morro sendo este tipo de APP
descartada portanto das anaacutelises subsequentes deste trabalho Foram consideradas as
APP de curso hiacutedrico (rios e nascentes) e de declividade visando relacionaacute-las as aacutereas
de risco identificadas pela Prefeitura afim de se verificar as possiacuteveis causas da ocorrecircncia
33
destas aacutereas na regiatildeo urbana do municiacutepio Por meio de combinaccedilotildees entre dois mapas
temaacuteticos utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento foi possiacutevel obter as
assinaturas ou seja tabelas que caracterizam quantitativamente a aacuterea afetada por cada
aspecto visto que a simples visualizaccedilatildeo do mapa gerado pelo geoprocessamento muitas
vezes eacute prejudicada por serem aacutereas de pequenas dimensotildees ou por qualquer outra
limitaccedilatildeo do software Ressalta-se que para a elaboraccedilatildeo do Plano Municipal de Reduccedilatildeo
de riscos a identificaccedilatildeo e detalhamento topograacutefico destas aacutereas eacute fundamental para o
desenvolvimento do referido Plano conforme seraacute abordado detalhadamente na seccedilatildeo
52
De posse do mapa que representa o zoneamento urbano de Santos Dumont primeiramente
procurou-se mensurar qualitativa e quantitativamente a presenccedila de APPs tanto de
declividade quanto de cursos hiacutedricos Essa identificaccedilatildeo eacute importante pois este
zoneamento eacute um dos instrumentos de planejamento municipal (BRASIL 2001) Saboya
(2007) aponta que os principais objetivos de um zoneamento satildeo o controle da expansatildeo
urbana e proteccedilatildeo de aacutereas inadequadas a ocupaccedilatildeo aleacutem de reduzir os conflitos inerentes
aos diferentes usos do solo Com o uso da ferramenta ldquoCombinarrdquo do Vista SAGA foram
feitas combinaccedilotildees entre o mapa de hidrografia com buffer de 30m para rios e coacuterregos e
de 50m para nascentes com o mapa do zoneamento para se verificar a importacircncia das
APPs de curso hiacutedrico em toda a aacuterea urbana principal do municiacutepio Tambeacutem foram
combinados o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) obtido atraveacutes do gvSIG com o mapa
de zoneamento afim de se verificar quantitativamente as APPs de declividade e onde se
localizam Vale ressaltar que as declividades entre 30 e 47 estatildeo presentes nesta
combinaccedilatildeo pois de acordo com o Plano Diretor de Santos Dumont terrenos com esta
faixa de declividade para fins de parcelamento devem possuir estudo teacutecnico que ateste
a viabilidade de se promover algum empreendimento imobiliaacuterio neste (SANTOS
DUMONT 2012) Como a legislaccedilatildeo municipal prevecirc estudo somente para a faixa de
declividade descrita anteriormente para fins de anaacutelise neste trabalho consideramos um
valor mais conservador para APP compreendendo a faixa de 47 a 100 aleacutem da
prevista pela legislaccedilatildeo federal (gt100) para que natildeo houvessem lacunas importantes na
geraccedilatildeo do produto
Apresenta-se na Figura 510 aacutereas com declividades consideradas de risco e consideradas
APP e em qual zona de planejamento elas estatildeo inseridas De um modo geral ao se
observar a Tabela 52 nota-se que a aacuterea que compreende declividades de risco e APP eacute
uma pequena parcela da aacuterea urbana principal representando 061 desta aacuterea Ao se
levar em conta somente a localizaccedilatildeo pode-se verificar que cerca de 84 das aacutereas com
declividade de risco e a totalidade das APPs de declividade estatildeo localizadas na ZAC1
zona que compreende a maior parte do municiacutepio e apesar de possuir infraestrutura baacutesica
para a ocupaccedilatildeo esta eacute restrita Sendo assim o fator declividade deve ser visto com cautela
nesta aacuterea para se evitar transtornos advindos de edificaccedilotildees nestas aacutereas
34
Figura 5 10 Combinaccedilatildeo entre as declividades importantes incluindo as APPs e o
zoneamento urbano
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Do autor
Tabela 52 Assinaturas da combinaccedilatildeo Declividade x Zoneamento
Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea
Natildeo APP 457972 9939
Declividade 30-47 em ZAC1 2368 051
Declividade 30-47 em ZE 284 006
Declividade 30-47 em ZAC2 128 003
Declividade 30-47 em ZPA 004 0001
APP Declividade em ZAC1 048 001
Total 460804 100
Fonte Do autor
Apresenta-se na Figura 511 as APPs de curso hiacutedrico (nascentes e rios) e em qual zona
de planejamento estatildeo localizadas Assim como a declividade a maior parte das APPs de
curso hiacutedrico estatildeo localizadas em ZAC1 representando 383 da aacuterea urbana em estudo
e 51 do total das APPs de curso hiacutedrico Esta questatildeo tambeacutem deve ser vista com
bastante criteacuterio pelos gestores locais uma vez que a ocupaccedilatildeo em faixas proacuteximas de
rios e coacuterregos podem causar uma gama de problemas ambientais e sociais na regiatildeo
(SANTANA2011) Tal cuidado tambeacutem deve ser tomado nas APPs compreendidas na
35
ZAC2 que compreende 001 da Aacuterea urbana principal e 14 do total das APPs de curso
hiacutedrico pois a infraestrutura baacutesica e acessibilidade presente nesta zona eacute precaacuteria e a
ocupaccedilatildeo as margens de cursos hiacutedricos pode gerar problemas seacuterios caso ocorra uma
expansatildeo nestas aacutereas
Figura 511 Combinaccedilatildeo entre APP de curso hiacutedrico e as zonas de planejamento
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Do autor
Outro ponto importante eacute a presenccedila da Zona de Proteccedilatildeo Ambiental (ZPA) no entorno
uma consideraacutevel parte dos cursos hiacutedricos Nesta zona estatildeo presentes 28 das APPs de
curso hiacutedrico e esta zona de acordo com o Plano Diretor deve ser restaurada ou
preservada por suas caracteriacutesticas geoloacutegicas topograacuteficas e bioloacutegicas
Afim de se verificar os usos do solo na regiatildeo em estudo foram utilizadas combinaccedilotildees
de imagens advindas do sateacutelite Landsat 8 nas bandas descritas no capiacutetulo 4 aleacutem da
banda pancromaacutetica O resultado eacute apresentado na figura 512 que mostra os principais
usos do solo na aacuterea urbana principal de Santos Dumont
36
Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x Zoneamento
Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea
Hidrografia 11168 239
Aacuterea Urbana Natildeo APP 421004 9008
APP Curso hiacutedrico em ZAC1 179 383
APP Curso hiacutedrico em ZPA 9776 209
APP Curso hiacutedrico em ZE 184 004
APP Curso hiacutedrico em ZA 1192 026
APP Curso hiacutedrico em ZAC2 5124 110
APP Curso hiacutedrico em ZPPH 248 005
APP Curso hiacutedrico em ZEIS 568 012
APP Curso hiacutedrico em ZCA 228 005
Total 467392 10000
Fonte Do autor
Figura 5 12 Mapa de usos do solo da aacuterea urbana principal de Santos Dumont
Fonte Do autor
Como jaacute era previsto a maior parte da aacuterea urbana se encontra ocupada e eacute nesta regiatildeo
ocupada que se observa a maior concentraccedilatildeo de problemas de deslizamentos e
alagamentos (Figuras 513 e 514) A grande ocupaccedilatildeo em aacutereas consideradas APP de
curso hiacutedrico de acordo com os mapas gerados pode ser a principal causa do aumento a
cada ano dos casos de alagamento principalmente na regiatildeo central da cidade Outro ponto
que se deve atentar eacute a existecircncia de uma consideraacutevel aacuterea de pastagem pouco vegetada
que caso estejam em aacutereas elevadas pode contribuir para deslizamentos e agraves margens de
37
rios e coacuterregos para o assoreamento destes corpos hiacutedricos o que pode causar
alagamentos (INAacuteCIO etal 2007)
Diante destes resultados pode-se ver que a cidade de Santos Dumont necessita alternativas
efetiva no que diz respeito agrave contenccedilatildeo de deslizamentos e a reduccedilatildeo de risco de
alagamento pois as aacutereas em que ocorrem tais eventos satildeo distintas e facilmente definidas
devido agrave repeticcedilatildeo destes nos uacuteltimos anos Um plano de accedilatildeo integrado entre as diferentes
secretarias municipais (Obras Meio Ambiente Assistecircncia Social entre outras) e a
Coordenadoria Municipal de Defesa Civil deve ser realizado afim de se tomar medidas
natildeo mais preventivas mas sim preditivas para que se possa conter o avanccedilo destes
problemas na aacuterea urbana principal bem como em toda a aacuterea do municiacutepio
Figura 5 13 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na aacuterea urbana
principal
Fonte Do autor
38
Figura 5 14 Aacutereas sujeitas a alagamento e os principais usos do solo na aacuterea
urbana principal
Fonte Do autor
Ao se associar os dados do estudo do Plano Diretor com os dados do levantamento
histoacuterico realizado com o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) pode-se notar que as aacutereas
propiacutecias a deslizamento estatildeo em regiotildees as quais haacute uma fronteira de declividades ou
seja eacute evidente que os deslizamentos ocorrem em encostas um pouco mais iacutengremes mas
natildeo necessariamente nas encostas de 30-47 as quais exigem estudo teacutecnico conforme o
plano diretor preconiza Quanto aos alagamentos nota-se que eles se localizam nas aacutereas
com menor ou nenhuma declividade podendo ser estas aacutereas talvez componentes da
planiacutecie de inundaccedilatildeo dos rios Estes resultados podem ser vistos nas figuras 515 e 516
a seguir
39
Figura5 15 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a deslizamentos na
regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
Fonte Lei 42412012 e Autor
Figura5 26 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a alagamentos na
regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
Fonte Lei 42412012 e Autor
40
52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis
O processo de ocupaccedilatildeo no municiacutepio de Santos Dumont comeccedilou muito antes de
qualquer legislaccedilatildeo relacionada a ordenamento urbano e de proteccedilatildeo do meio ambiente
fosse implementado no Brasil Esse fato aliado a poliacuteticas e fiscalizaccedilotildees falhas
contribuiacuteram para a ocupaccedilatildeo e expansatildeo da aacuterea urbana ao longo do Ribeiratildeo das Posses
e seus afluentes o que tem gerado o aumento da degradaccedilatildeo destes corpos hiacutedricos ao
longo de todos estes anos Observa-se tambeacutem que nas uacuteltimas deacutecadas ocorreu um
grande nuacutemero de migraccedilotildees do campo para a regiatildeo urbana da cidade fator que
contribuiu para o crescimento do nuacutemero de habitaccedilotildees em aacutereas de risco de deslizamento
e alagamentos por serem na maioria das vezes terrenos menos valorizados e por este
motivo acessiacuteveis a populaccedilatildeo com menor poder aquisitivo (ROSA amp CORTEZ 2008)
Vale ressaltar que esta questatildeo aleacutem de ser ambiental eacute muito mais social pois os
moradores entendem os riscos de se viver nestes locais mas por motivos econocircmicos ou
por questotildees afetivas natildeo abrem matildeo da moradia nessas aacutereas A Constituiccedilatildeo Federal de
1988 promoveu a inter-relaccedilatildeo das questotildees sociais com as questotildees ambientais quando
colocou o meio ambiente como direito coletivo (BRASIL1988 SOUZA2010) Por este
motivo a decisatildeo por medidas draacutesticas que favoreccedilam apenas agrave preservaccedilatildeo do meio
ambiente natildeo eacute recomendada pois aleacutem de ser inconstitucional podem afetar a
sustentabilidade econocircmica do municiacutepio e gerar conflitos sociais consideraacuteveis
(CARLOS 1992 apud SOUZA 2010)
Segundo Bueno (2009) ldquonem tudo o que eacute irregular eacute precaacuteriordquo Esse fato se observa em
Santos Dumont uma vez que em boa parte da regiatildeo central se observa vaacuterias moradias
construiacutedas na faixa de APP de curso hiacutedrico o que natildeo eacute permitido pela legislaccedilatildeo
vigente e eacute um dos fatores que contribui para a ocorrecircncia de alagamentos nesta aacuterea da
cidade Para a resoluccedilatildeo deste problema o que seria mais viaacutevel seria a melhoria da
infraestrutura de drenagem urbana afim de que o escoamento da aacutegua das chuvas natildeo
sobrecarregasse o sistema (BUENO2009) A construccedilatildeo de bacias de contenccedilatildeo de
cheias ao longo do Ribeiratildeo das Posses tambeacutem seria uma alternativa mas para se verificar
a viabilidade necessita-se estudos mais aprofundados do ponto de vista hidroloacutegico
O grande problema a ser solucionado no entanto eacute o que diz respeito agraves aacutereas de risco
de deslizamento majoritariamente nos bairros A melhor alternativa seria o
remanejamento dos moradores para uma aacuterea proacutexima agrave que moram poreacutem longe do
risco Poreacutem esta alternativa de acordo com Rosa Filho amp Cortez (2008) encontra alguns
entraves pois estas pessoas na maioria das vezes natildeo tecircm condiccedilotildees financeiras de irem
para outro lugar ou pagar aluguel ou estatildeo de alguma forma sentimentalmente ligadas
agravequela regiatildeo que se recusam a deixaacute-lo
41
Por parte dos oacutergatildeos competentes no municiacutepio a criaccedilatildeo de um plano para se evitar
acidentes ocasionados por deslizamentos e alagamentos com um mapeamento detalhado
de toda a extensatildeo do municiacutepio eacute extremamente uacutetil Os estudos que seratildeo feitos para a
elaboraccedilatildeo deste plano poderatildeo definir quais as aacutereas satildeo potencialmente de risco para as
ocupaccedilotildees existentes ou para as potenciais ocupaccedilotildees que possam vir a ocorrer atraveacutes do
mapeamento das aacutereas de risco Tal planejamento seraacute auxiliar ao Plano Diretor
Municipal pois definiraacute o real uso do solo de determinada regiatildeo do municiacutepio
contribuindo para a adequaccedilatildeo do uso e ocupaccedilatildeo do solo afim de evitar ou reduzir o
nuacutemero de problemas relacionados a alagamentos e principalmente deslizamentos no
periacutemetro urbano (TOMINAGA 2009) A partir deste plano os gestores locais poderatildeo
tomar a melhor decisatildeo para a prevenccedilatildeo ou reduccedilatildeo dos riscos inerentes a tais problemas
Na seccedilatildeo 521 seraacute hierarquizado de forma preliminar a aacuterea urbana principal de acordo
com os resultados da tabela 51
521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta
O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos (PMRR) foi criado atraveacutes de accedilotildees
regularizadoras do Ministeacuterio das Cidades para ser o instrumento de gestatildeo e
gerenciamento de aacutereas de risco em um municiacutepio Eacute um documento que aleacutem de
estabelecer quais regiotildees satildeo consideradas de risco tambeacutem objetiva a proposta de
medidas estruturais ou natildeo para contenccedilatildeo eou prevenccedilatildeo de cataacutestrofes aleacutem de ser um
meio de captaccedilatildeo de recursos financeiros junto aos Governos Estadual e Federal Estes
recursos poderatildeo ser utilizados para a realizaccedilatildeo de obras que visem a melhoria da
qualidade de vida da populaccedilatildeo do entorno ou de recuperaccedilatildeo da aacuterea degradada Este
plano eacute realizado de forma participativa com as comunidades das aacutereas de risco e pode
ser realizado em sete fases conforme recomenda o Ministeacuterio das Cidades (ALHEIROS
2006)
O primeiro passo para a realizaccedilatildeo do PMRR eacute definir qual a metodologia seraacute empregada
levando-se em consideraccedilatildeo a realidade atual do municiacutepio e especificar de forma sucinta
um cronograma das atividades Eacute importante nesta fase a participaccedilatildeo tambeacutem dos
responsaacuteveis pelas mais variadas Secretarias Municipais afim de explicitar o tamanho da
importacircncia e o caraacuteter integrador deste plano A segunda fase deste plano objetiva a
criaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo da principal base de dados a ser utilizada nos passos posteriores o
mapeamento de risco em escala detalhe em torno de 13000 (SAtildeO PAULO 2014) A
elaboraccedilatildeo de um mapeamento detalhado propiciaraacute natildeo soacute a identificaccedilatildeo mais faacutecil das
aacutereas de risco como tambeacutem facilitaraacute aos gestores e agrave comunidade decidirem qual a
melhor intervenccedilatildeo para a soluccedilatildeo ou remediaccedilatildeo dos problemas em uma determinada
42
aacuterea hierarquizando o risco e definindo prioridades (SAtildeO PAULO 2014) Na tabela a
seguir apresenta-se alguns tipos de intervenccedilotildees que podem ser feitas em aacutereas de risco
sugeridas pelo Ministeacuterio das cidades (ALHEIROS 2006)
Quadro 5 1 - Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco
Tipo de intervenccedilatildeo Descriccedilatildeo
Serviccedilos de limpeza e Recuperaccedilatildeo
Remoccedilatildeo de entulho lixo etc
corte de aacutervores
remoccedilatildeo de bananeiras
recuperaccedilatildeo eou limpeza de sistemas de
drenagem esgotos e acessos
Limpeza de canais de drenagem
Proteccedilatildeo Vegetal
Proteccedilatildeo superficial vegetal (gramiacuteneas) em
taludes com solo exposto
Proteccedilatildeo vegetal de margens de canais de
drenagem
Barreiras vegetais para massas escorregadas
ou acumuladas pela erosatildeo
Drenagem Superficial e Acessos
Sistema de drenagem superficial (canaletas
raacutepidos caixas de transiccedilatildeo escadas drsquoaacutegua)
Acessos para pedestres (escadarias rampas
etc) integrados ao sistema de drenagem
Revestimento de Taludes Revestimento com materiais artificiais
cimentado cal-jet tela argamassada alvenaria
de tijolos ceracircmicos solo-cimento ensacado
Desmonte de blocos e matacotildees Desmonte de concreccedilotildees de grande porte
blocos rochosos e matacotildees
Obras de drenagem de subsuperfiacutecie Sistema de drenagem de subsuperfiacutecie
(trincheiras drenantes DHP poccedilos de
rebaixamento)
Estruturas de contenccedilatildeo (localizadas)
Muros de contenccedilatildeo de pequeno porte (solo-
cimento ensacado alvenaria de pedra-rachatildeo
concreto armado)
Estruturas de contenccedilatildeo localizadas
(chumbadores tirantes microestacas)
Contenccedilatildeo e proteccedilatildeo de margens de canais (
gabiotildees muros de concreto etc)
Estruturas de contenccedilatildeo (meacutedio e grande porte) Implantaccedilatildeo de estruturas de contenccedilatildeo de
meacutedio e grande porte envolvendo obras de
contenccedilatildeo passivas e ativas (muros de
gravidade cortinas etc)
Terraplanagem Execuccedilatildeo de serviccedilos de terraplanagem
combinados a obras de drenagem superficial e
proteccedilatildeo vegetal desvio e canalizaccedilatildeo de
coacuterregos
Remoccedilatildeo de moradias Remoccedilotildees definitivas para implantaccedilatildeo de
obras ou devido agrave localizaccedilatildeo improacutepria da
edificaccedilatildeo (Priorizar as relocaccedilotildees dentro da
proacutepria aacuterea em local seguro)
Fonte ALHEIROS 2006
43
Escolhidas as formas de intervenccedilatildeo para cada aacuterea eacute necessaacuterio realizar uma estimativa
dos custos afim de preparar o orccedilamento da prefeitura para a realizaccedilatildeo das obras e se
seraacute necessaacuterio a captaccedilatildeo de recursos externos para a execuccedilatildeo destas Feitas as
estimativas de custo o proacuteximo passo eacute definir as prioridades e para esta fase eacute tambeacutem
uacutetil o mapeamento feito nas etapas anteriores pois seraacute necessaacuterio hierarquizar tais
intervenccedilotildees nas aacutereas de risco O Ministeacuterio das Cidades (2007) sugere alguns criteacuterios
que podem ser avaliados pelo gestor dentre eles pode-se citar
Grau de risco
Populaccedilatildeo beneficiada
Custo da intervenccedilatildeo
Dimensatildeo da aacuterea a ser tratada
Demandas anteriores da populaccedilatildeo
Tempo de ocupaccedilatildeo
Viabilidade teacutecnica da intervenccedilatildeo
Viabilidade financeira
Inclusatildeo da aacuterea em outros projetos
A partir desta hierarquizaccedilatildeo inicia-se a identificaccedilatildeo de provaacuteveis fontes de captaccedilatildeo de
recursos para a execuccedilatildeo das intervenccedilotildees Estes recursos podem advir de programas dos
governos Federal e Estadual ou por meio de editais para captaccedilatildeo de recursos financeiros
tanto do setor puacuteblico como da iniciativa privada e podem ser tambeacutem associados agrave outras
Secretarias Municipais como a de Turismo ou Meio Ambiente e natildeo soacute as destinadas agrave
Defesa Civil (ALHEIROS 2006)
Eacute previsto tambeacutem no PMRR uma avaliaccedilatildeo da Defesa Civil municipal e como ela estaacute
estruturada fazendo inclusive sugestotildees para que sua atuaccedilatildeo esteja em consonacircncia com
a realidade das comunidades e da Administraccedilatildeo Puacuteblica do municiacutepio de forma a garantir
sua sustentabilidade e conquistar a credibilidade da populaccedilatildeo no que diz respeito a
prevenccedilatildeo de cataacutestrofes Para que a resposta a uma determinada situaccedilatildeo de risco seja
raacutepida eacute necessaacuterio a descentralizaccedilatildeo da Defesa Civil criando pequenos nuacutecleos
comunitaacuterios com a finalidade de se monitorar a aacuterea constantemente e promover as
intervenccedilotildees necessaacuterias em tempo haacutebil o que aumenta em muito a credibilidade da
populaccedilatildeo no PMRR e no trabalho desempenhado pela Defesa Civil no municiacutepio Apoacutes
esta etapa o PMRR passaraacute por audiecircncias puacuteblicas e posteriormente poderaacute ser aprovado
como Lei Municipal pelo Legislativo local (ALHEIROS 2006)
Com a realizaccedilatildeo deste plano o municiacutepio estaraacute munido de informaccedilotildees suficientes para
realizar accedilotildees efetivas de gestatildeo e gerenciamento de riscos bem como aliado a
levantamentos sociais realizar programas habitacionais que beneficiem prioritariamente
44
aos moradores das aacutereas de risco Aleacutem disso com o PMRR o municiacutepio poderaacute melhorar
a qualidade ambiental da populaccedilatildeo captando recursos para a recuperaccedilatildeo das aacutereas de
APP que foram degradadas pelas ocupaccedilotildees irregulares beneficiando todos os moradores
do municiacutepio com o aumento da qualidade de vida na cidade
A partir do disposto nesta seccedilatildeo acerca do Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos e de
uma maneira preliminar (levando-se em conta apenas o nuacutemero de registros de
alagamentos e deslizamentos na aacuterea urbana principal de Santos Dumont no periacuteodo de
1984 a 2014) identificou-se trecircs regiotildees distintas na aacuterea urbana do municiacutepio com
tempo de recorrecircncia desses eventos similares caracterizando trecircs prioridades de
intervenccedilatildeo em contenccedilatildeo de risco como pode ser visto nas figuras 515 e 516 Vale
ressaltar que eacute necessaacuterio um estudo mais detalhado inclusive com visitas teacutecnicas a
campo para que se confirme a real situaccedilatildeo destas e a real prioridade para investimentos
Figura 5 17 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de deslizamentos
Fonte Do Autor
45
Figura 5 18 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de alagamentos
Fonte Do Autor
46
6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees
A seguir apresenta-se as conclusotildees e as recomendaccedilotildees feitas a partir dos objetivos
especiacuteficos explicitados no iniacutecio deste trabalho
Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a
aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes
urbanos
A partir da revisatildeo da legislaccedilatildeo pertinente em acircmbito federal estadual e
municipal constatou-se que o Plano Diretor de Santos Dumont natildeo conflita com a
legislaccedilatildeo federal e estadual sobre Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente A legislaccedilatildeo
municipal foi entendida como mais conservadora que as federal e estadual uma
vez que considera implicitamente que declividades entre 47 e 100 satildeo
enquadradas como APPs aleacutem da faixa superior a 100
Parte consideraacutevel das ocupaccedilotildees em APP principalmente na regiatildeo do bairro
Santo Antocircnio (onde surgiu os primeiros nuacutecleos que deram origem ao municiacutepio)
e o centro da cidade ocorreram antes de que fosse elaborado qualquer legislaccedilatildeo
que versasse sobre o tema Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente bastando ao gestor
local tomar medidas de contenccedilatildeo de riscos que minimizem os impactos causados
por essas ocupaccedilotildees nessa regiatildeo
O ordenamento adequado do uso do solo no municiacutepio eacute necessaacuterio para que o
crescimento dos loteamentos criados anteriormente agrave esta Lei e o surgimento de
novos natildeo avance para Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente o que pode causar
inuacutemeros problemas aos moradores e agravar os jaacute existentes
Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las
com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)
As aacutereas onde houveram a maior quantidade de registros de deslizamentos satildeo os
bairros mais populosos de Santos Dumont podendo se estabelecer uma relaccedilatildeo
que quanto mais populoso o bairro maior a quantidade de problemas relacionados
a deslizamentos Tambeacutem pode-se notar uma relaccedilatildeo com as fronteiras das faixas
de declividades e os deslizamentos uma vez que boa parte deles aconteceram
nestas faixas
As aacutereas onde houve um grande nuacutemero de registros de alagamentos satildeo os bairros
que se desenvolveram agraves margens do Ribeiratildeo das Posses em especial na aacuterea que
47
compreende as APPs de curso hiacutedrico e em aacutereas onde a declividade eacute baixa Esse
fato aliado ao crescimento do nuacutemero de vias pavimentadas com material
impermeaacutevel e a natildeo expansatildeo e ou redimensionamento da rede de drenagem
urbana contribuiacuteram para a ocorrecircncia cada vez mais constante de alagamentos
nessas aacutereas
Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos
catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30
anos
A partir do levantamento histoacuterico realizado e da base de dados georeferenciada
gerada observou-se o aumento do nuacutemero de registros de deslizamentos e
alagamentos nos uacuteltimos 10 anos quando as ocorrecircncias comeccedilaram a se repetir
numa mesma aacuterea com frequecircncia incrementada as vezes com mais de uma
ocorrecircncia anual
Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do
solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental
Destaca-se a adequaccedilatildeo dos criteacuterios gerais estabelecidos pelo Plano Diretor de
Santos Dumont relativos a legislaccedilatildeo federal e estadual Entretanto o referido
Plano Diretor natildeo contempla todo o territoacuterio municipal sendo assim ele natildeo
cumpre o objetivo de proteger as APPs preservadas e recuperar as que foram
degradadas em todo o territoacuterio municipal Ressalta-se tambeacutem a sua natildeo
conformidade com o Estatuto das Cidades uma vez que o Plano Diretor
contempla apenas os novos loteamentos
Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais
negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea
impactada
Recomenda-se a implantaccedilatildeo no municiacutepio de uma Coordenadoria Municipal de
Defesa Civil atuante e integrada agraves Secretarias Municipais e agrave comunidade
visando uma atuaccedilatildeo eficaz nos problemas relacionados a deslizamentos e
alagamentos A elaboraccedilatildeo de um Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos eacute de
suma importacircncia pois atraveacutes dele pode-se predizer as aacutereas que passaratildeo por
problemas caso a expansatildeo aconteccedila ou se inicie uma ocupaccedilatildeo nova aleacutem de
prevenir acidentes nas aacutereas jaacute ocupadas e consideradas de risco
48
7 Anexos
49
71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont
50
51
72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)
52
53
8 Referecircncias Bibliograacuteficas
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vii
SUMAacuteRIO
LISTA DE FIGURAS 2
LISTA DE TABELAS E QUADROS 4
1 INTRODUCcedilAtildeO 5
2 OBJETIVOS 6
21 Objetivo geral 6
22 Objetivos especiacuteficos 6
3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 7
31 Conceitos Fundamentais 7
311 Aacutereas de risco 7
312 Deslizamentos 8
313 Alagamentos 8
314 Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente 9
315 Uso e ocupaccedilatildeo do solo 9
32 Legislaccedilatildeo Pertinente 10
321 As adequaccedilotildees da legislaccedilatildeo ao longo dos anos 10
322 O Novo Coacutedigo Florestal e a legislaccedilatildeo mineira 11
323 O Plano Diretor 13
3231 O Plano Diretor de Santos Dumont 14
33 O Municiacutepio de Santos Dumont 16
331 De Arraial a cidade 16
332 Santos Dumont na atualidade 19
4 METODOLOGIA 20
41 Aacuterea de estudo 20
42 Levantamento e tratamento dos dados 21
5 RESULTADOS 23
51 Levantamento histoacuterico de alagamentos e deslizamentos 23
512 O Plano diretor e as APPs 31
52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis 40
521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta 41
6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees 46
7 Anexos 48
71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont 49
72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos
(1984-2014) 51
8 Referecircncias Bibliograacuteficas 53
2
LISTA DE FIGURAS
Paacuteg
Figura 31 Vista parcial do Arraial de Joatildeo Gomes 17
Figura 32 Municiacutepio de Palmyra na deacutecada de 1920 18
Figura 33 Municiacutepio de Santos Dumont em 2014 19
Figura 41 Localizaccedilatildeo da aacuterea urbana principal 20
Figura 42 Mapa da aacuterea urbana principal com a localizaccedilatildeo dos
bairros
21
Figura 51 Deslizamento no bairro Coacuterrego do Ouro 25
Figura 52 Alagamento na regiatildeo central de Santos Dumont em 2013 26
Figura 53 Pontos de Alagamento obtidos atraveacutes do levantamento
histoacuterico
27
Figura 54 Pontos de Deslizamento obtidos atraveacutes do levantamento
histoacuterico
27
Figura 55 Aacutereas propensas a deslizamento de acordo com o Plano
Diretor de Santos Dumont
29
Figura 56 Aacutereas propensas a alagamento de acordo com o Plano
Diretor de Santos Dumont
29
Figura 57 Aacutereas propensas a alagamento do estudo do Plano Diretor
complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do
levantamento
30
Figura 58 Aacutereas propensas a deslizamento do estudo do Plano
Diretor complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do
levantamento
31
Figura 59 Zoneamento urbano da aacuterea urbana principal 32
Figura 510 Combinaccedilatildeo entre as declividades importantes incluindo
as APPs e o zoneamento urbano
34
Figura 511 Combinaccedilatildeo entre as APPs de curso hiacutedrico e as zonas de
planejamento
35
Figura 512 Mapa de usos do solo da aacuterea urbana principal de Santos
Dumont
36
Figura 513 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na
aacuterea urbana principal
37
Figura 514 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na
aacuterea urbana principal
38
Figura 515 Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a
deslizamentos na regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
39
Figura 516 Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a
alagamentos na regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
39
3
Figura 517 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de
deslizamentos
44
Figura 518 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de
alagamentos
45
4
LISTA DE TABELAS E QUADROS
Paacuteg
Tabela 51 Ocorrecircncias de alagamento e deslizamento obtidos
atraveacutes do levantamento histoacuterico
28
Tabela 52 Assinaturas da combinaccedilatildeo Declividade x Zoneamento 34
Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x
Zoneamento
36
Quadro 51 Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco 42
5
1 INTRODUCcedilAtildeO
Quando o ser humano deixou de seguir uma vida nocircmade e passou a se fixar em locais
em geral proacuteximos a cursos drsquoaacutegua e de aacutereas propicias ao cultivo de alimentos iniciou-
se o processo de implantaccedilatildeo de pequenas comunidades e quando estas comunidades
comeccedilaram a crescer natildeo soacute em quantidade mas tambeacutem do ponto de vista
organizacional deu-se iniacutecio a formaccedilatildeo das cidades tal como conhecemos hoje Como
resultado deste processo um sem-fim de problemas relacionados agrave estas ocupaccedilotildees
surgiram tanto de cunho ambiental quanto social e dentre estes problemas estatildeo
incluiacutedos os desastres naturais relacionados a deslizamentos e alagamentos por conta da
ocupaccedilatildeo em aacutereas natildeo adequadas a este fim
Nos uacuteltimos anos o Brasil tem vivenciado grandes trageacutedias relacionadas a deslizamentos
e alagamentos Uma boa parte destes eventos teve como fator agravante as ocupaccedilotildees
sem criteacuterio e sem orientaccedilatildeo teacutecnica Um exemplo recente aconteceu no Vale do Itajaiacute
em Santa Catarina em novembro de 2008 durante um periacuteodo com chuvas intensas em
que vaacuterias cidades entraram em situaccedilatildeo de calamidade puacuteblica devido ao grande nuacutemero
de casos de alagamento e graves deslizamentos de encostas causando a morte de vaacuterias
pessoas na regiatildeo No Estado do Rio de Janeiro em 2010 o Morro do Bumba em Niteroacutei
sofreu com um grave deslizamento que deixou um grande nuacutemero de mortos As casas
foram construiacutedas sobre um antigo lixatildeo sem nenhuma orientaccedilatildeo e com as intensas
chuvas que assolaram a regiatildeo naquela eacutepoca a encosta veio a baixo causando o desastre
Outra trageacutedia relevante aconteceu na regiatildeo Serrana do Rio de Janeiro que foi
considerada ateacute entatildeo a maior trageacutedia climaacutetica da histoacuteria do paiacutes com pouco mais de
500 mortos e um prejuiacutezo material incalculaacutevel no ano de 2011 Em comum a todos estes
fatos estaacute a falta de um planejamento efetivo por parte dos oacutergatildeos municipais no que diz
respeito ao disciplinamento do uso e ocupaccedilatildeo do solo e a fiscalizaccedilatildeo do cumprimento
da legislaccedilatildeo vigente
A cidade de Santos Dumont Minas Gerais natildeo eacute exceccedilatildeo a esta regra Como a grande
maioria das comunidades estabelecidas ao longo da Estrada Real a cidade surgiu como
um pequeno rancho cujo objetivo era servir de pouso para os viajantes que faziam o
transporte de pedras e metais preciosos das minas de Ouro Preto ateacute o Rio de Janeiro
Posteriormente a regiatildeo se desenvolveu como importante entreposto industrial e
comercial a partir da instalaccedilatildeo da ferrovia D Pedro II ateacute que no final do seacuteculo XIX
se transforma em vila e logo apoacutes em municiacutepio O desenvolvimento da regiatildeo implicou
tambeacutem no crescimento populacional e como naquela eacutepoca ainda natildeo havia uma
legislaccedilatildeo especiacutefica para ordenamento e uso do solo os loteamentos foram surgindo agraves
margens do Ribeiratildeo das Posses e em aacutereas cuja declividade natildeo era favoraacutevel agrave ocupaccedilatildeo
6
o que consequentemente acarretou deslizamentos de terra e alagamentos inclusive com
o registro de algumas trageacutedias ao longo dos anos
Pretende-se que este trabalho sirva como subsidio ao gestor puacuteblico local visando o
estabelecimento de poliacuteticas puacuteblicas integradas aos setores de meio ambiente e defesa
civil com vistas a garantir a seguranccedila de todos os muniacutecipes e a qualidade de vida em
todo o territoacuterio municipal
2 OBJETIVOS
21 Objetivo geral
O objetivo geral deste trabalho eacute contribuir para o estabelecimento de poliacuteticas puacuteblicas
direcionadas ao disciplinamento do uso e ocupaccedilatildeo do solo urbano no municiacutepio de
Santos Dumont
22 Objetivos especiacuteficos
Satildeo objetivos especiacuteficos
Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a
aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes
urbanos
Caracterizar o uso irregular do solo urbano em Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente
Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las
com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)
Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos
catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30
anos
Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do
solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental
7
Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais
negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea
impactada
3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
A seguir eacute apresentada a revisatildeo bibliograacutefica que fundamenta o desenvolvimento e o
pleno entendimento deste trabalho O conhecimento do que satildeo aacutereas de risco
alagamentos e deslizamentos bem como o que eacute e qual a importacircncia de um Plano Diretor
eacute de suma importacircncia para se avaliar como um municiacutepio estaacute se desenvolvendo e qual
a qualidade de vida dos muniacutecipes Tambeacutem satildeo abordados neste capiacutetulo os aspectos
legais referentes agraves Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente seus limites e sua importacircncia para
o ambiente urbano
31 Conceitos Fundamentais
311 Aacutereas de risco
De acordo com o Instituto de Pesquisas Tecnoloacutegicas ndash IPT entende-se como aacuterea de
risco aquela ldquopassiacutevel de ser atingida por fenocircmenos ou processos naturais eou induzidos
que causem efeito adverso As pessoas que habitam essas aacutereas estatildeo sujeitas a danos agrave
integridade fiacutesica perdas materiais e patrimoniaisrdquo (MINISTEacuteRIO DAS CIDADES
2007)
Para Augusto Filho et al (1990) apud Cristo (2002) aacuterea de risco eacute caracterizada como
aquela em que ldquose encontra em situaccedilatildeo de perigo tanto socialmente quanto
economicamente por conta de alguma alteraccedilatildeo na constituiccedilatildeo do terreno ou com grande
probabilidade de ocorrer processos naturaisrdquo
Segundo Fernandes (2012) aacutereas de risco ldquosatildeo aacutereas consideradas improacuteprias ao
assentamento humano por estarem sujeitas a riscos naturaisrdquo
Diante das definiccedilotildees supracitadas pode-se dizer que aacuterea de risco satildeo aacutereas susceptiacuteveis
agrave accedilatildeo de eventos naturais extremos e por esse motivo natildeo eacute viaacutevel agrave ocupaccedilatildeo humana
nestes locais e pode ou natildeo estar associados agrave proximidade ou nos limites de uma APP
8
312 Deslizamentos
Segundo Tominaga (2009) deslizamento eacute o movimento de solo em uma vertente pela
accedilatildeo da gravidade e satildeo mais frequentes em regiotildees de relevo montanhoso e em periacuteodos
chuvosos sendo a pluviosidade um dos principais fatores condicionantes para a ocorrecircncia
do processo Os deslizamentos podem ocorrer naturalmente e eacute grande responsaacutevel pela
dinacircmica das vertentes e evoluccedilatildeo do relevo local mas no Brasil a falta de planejamento
urbano de uma boa parte dos municiacutepios a ocupaccedilatildeo desordenada e a construccedilatildeo de
domiciacutelios sem orientaccedilatildeo teacutecnica tecircm transformado um processo natural em um
problema que algumas vezes se tornam grandes trageacutedias Na regiatildeo Sudeste brasileira o
escorregamento do tipo rotacional eacute o mais comum e eacute caracterizado por uma ruptura
curva no solo que estaacute geralmente associada agrave realizaccedilatildeo de cortes na base do talude ou
por processos erosivos fluviais o que relaciona esse tipo de escorregamento agraves regiotildees
urbanas mal planejadas e coloca o homem como o principal agente efetivo associado com
a pluviosidade na ocorrecircncia de acidentes relacionados com deslizamentos
(FERNANDES amp AMARAL 1996 apud TOMINAGA 2009)
313 Alagamentos
De acordo com Amaral amp Ribeiro (2009) inundaccedilotildees e enchentes satildeo processos
intimamente relacionados com a pluviosidade pois satildeo frequentes em periacuteodos de chuvas
fortes e raacutepidas ou chuvas de longa duraccedilatildeo e estatildeo relacionados agrave intensidade e
distribuiccedilatildeo da precipitaccedilatildeo ao longo da bacia agrave capacidade do solo de reter e infiltrar
aacutegua e agraves caracteriacutesticas de forma da bacia de drenagem
O escoamento das aacuteguas pluviais na natureza eacute lento mas em aacutereas urbanizadas a accedilatildeo
antroacutepica relacionada a ocupaccedilatildeo de planiacutecies de inundaccedilatildeo que podem estar inclusive
em uma cota abaixo do leito do rio impermeabilizaccedilatildeo do solo e retificaccedilatildeo de corpos
drsquoaacutegua aleacutem de inuacutemeras atividades que promovem o assoreamento dos rios e coacuterregos
tem gerado resultados catastroacuteficos e grandes prejuiacutezos (AMARAL amp RIBEIRO 2009)
Quando se refere agraves regiotildees urbanas o termo ldquoalagamentordquo eacute o mais utilizado e segundo
o Ministeacuterio das Cidades (2006) define-se como o ldquoacuacutemulo momentacircneo de aacuteguas em
uma dada aacuterea por problemas no sistema de drenagem podendo ter ou natildeo relaccedilatildeo com
processos de natureza fluvialrdquo Tambeacutem o termo ldquoenxurradardquo eacute utilizado e define-se como
o ldquoescoamento superficial concentrado e com alta energia de transporte que pode ou natildeo
estar associado a aacutereas de domiacutenio dos processos fluviais Eacute comum a ocorrecircncia de
enxurradas ao longo de vias implantadas sobre antigos cursos drsquoaacutegua com alto gradiente
hidraacuteulico e em terrenos com alta declividade naturalrdquo
9
314 Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente
O Novo Coacutedigo Florestal Brasileiro define Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP) como
ldquoaacuterea protegida coberta ou natildeo por vegetaccedilatildeo nativa com a funccedilatildeo ambiental de
preservar os recursos hiacutedricos a paisagem a estabilidade geoloacutegica e a biodiversidade
facilitar o fluxo gecircnico de fauna e flora proteger o solo e assegurar o bem-estar das
populaccedilotildees humanasrdquo (BRASIL2012) Estas aacutereas satildeo muito importantes tanto no meio
urbano como no rural por garantir a estabilidade do solo em encostas iacutengremes contribuir
para a natildeo formaccedilatildeo de processos erosivos e o assoreamento de rios e coacuterregos aleacutem de
garantir a recarga de aquiacuteferos ao atuar como um amortecedor de chuvas retendo-a e
impedindo que ocorra um carreamento intenso de sedimentos ao longo dos morros e
margens de rios e coacuterregos (SKORUPA 2004) A Lei 126512012 apresenta os tipos de
APP e seus limites conforme seraacute visto no item 322
315 Uso e ocupaccedilatildeo do solo
Dentre os vaacuterios mecanismos de ordenamento urbano e instrumentos de planejamento
municipal previsto no Estatuto da Cidade (Lei Federal 102572001) o uso e ocupaccedilatildeo
do solo satildeo os mais utilizados pelas cidades para a formulaccedilatildeo das poliacuteticas urbanas
podendo definir o uso como a forma como esta parcela do solo eacute utilizada e a ocupaccedilatildeo
como sendo o modo como as edificaccedilotildees devem ser dispostas nesta mesma parcela do
solo urbano (TAKEDA 2015) O termo ldquoUso e ocupaccedilatildeo do solordquo tambeacutem pode ser
definido como o fator que determina como as mais diferentes regiotildees de um municiacutepio
deve se desenvolver (FONTOURA 2015)
A inserccedilatildeo de leis municipais de uso e ocupaccedilatildeo do solo objetivam ser uma referecircncia
para os gestores locais no processo de tomada de decisatildeo para que as cidades cresccedilam de
modo organizado enfatizando os potenciais e capacidades de cada regiatildeo aleacutem de tornar
o crescimento mais homogecircneo Com isso pretende-se evitar a formaccedilatildeo de grandes
adensamentos em pequenas aacutereas garantindo a mobilidade e a qualidade de vida de todos
os muniacutecipes tanto da regiatildeo urbana como da rural preservar e melhorar a qualidade
ambiental do municiacutepio aleacutem de evitar deslizamentos e alagamentos por conta da
ocupaccedilatildeo incorreta do solo (TAKEDA 2015)
10
32 Legislaccedilatildeo Pertinente
321 As adequaccedilotildees da legislaccedilatildeo ao longo dos anos
A problemaacutetica relacionada agraves APPs em aacutereas urbanas outrora era uma questatildeo complexa
e demandava uma larga discussatildeo do ponto de vista juriacutedico administrativo e teacutecnico Eacute
sabido que a maioria das cidades se formaram proacuteximos aos corpos hiacutedricos regiatildeo que
garantia o abastecimento de aacutegua e alimentos agrave populaccedilatildeo e tambeacutem facilitava o descarte
dos efluentes A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 225 daacute garantia aos
brasileiros de um meio ambiente em equiliacutebrio e concede agrave toda a sociedade o dever de
preservaacute-lo de acordo com os princiacutepios do desenvolvimento sustentaacutevel (BRASIL
1988) Antes desta Constituiccedilatildeo jaacute havia um texto que regulamentava a questatildeo da
preservaccedilatildeo de aacutereas verdes em todo o territoacuterio nacional A Lei Federal nordm 477165 que
trata do Coacutedigo Florestal estabelecia limites e regulamentava as Aacutereas de Preservaccedilatildeo
Permanente De acordo com Arauacutejo (2002) apud De Moraes (2014) essa Lei que fora
revogada e substituiacuteda pela Lei 126512012 era bastante falha no que diz respeito agraves
questotildees de APPS em aacutereas urbanas o que poderia ser um facilitador do natildeo cumprimento
do que foi proposto por aquela legislaccedilatildeo nestas aacutereas Isso se devia ao fato de o Coacutedigo
Florestal de 1965 ter deixado uma duacutevida sobre qual legislaccedilatildeo seguir uma vez que em
seu segundo artigo no paraacutegrafo uacutenico estava disposto que em aacutereas urbanas devia-se
atentar para a legislaccedilatildeo referente ao Plano Diretor e as referentes ao uso do solo na aacuterea
do municiacutepio (BRASIL 1965) Diante dessa conjuntura alguns municiacutepios optavam pela
natildeo aplicaccedilatildeo do Coacutedigo Florestal na regiatildeo urbana mesmo sabendo que a poliacutetica
conservacionista eacute extremamente importante visto o grande nuacutemero de problemas que
podem advir do uso irregular das APPs (DE MORAES 2009) Segundo o artigo 182 da
Constituiccedilatildeo Federal de 1988 as poliacuteticas relacionadas ao desenvolvimento urbano
devem ser elaboradas pelos municiacutepios e objetiva garantir o bem estar dos muniacutecipes e
tambeacutem o desenvolvimento do municiacutepio como um todo atraveacutes do atendimento agraves
exigecircncias do Plano Diretor (BRASIL 1988) O que podia gerar alguma divergecircncia seria
se o Plano Diretor Municipal propusesse uma faixa de APP menor que a prevista pelo
Coacutedigo Florestal Sendo assim essa legislaccedilatildeo perderia sua validade pelo fato de a
legislaccedilatildeo federal ser suplementar ou se seria cumprida devido ao disposto no artigo 182
da Constituiccedilatildeo Segundo De Moraes (2009) natildeo eacute aceitaacutevel que o Plano Diretor
Municipal legitime tal degradaccedilatildeo ambiental uma vez que um dos seus principais
objetivos eacute a proteccedilatildeo do bem estar puacuteblico estando incluiacutedo nesse a proteccedilatildeo do
ambiente natural A delimitaccedilatildeo e especificaccedilatildeo das APPs em Lei eacute necessaacuteria uma vez
que os limites miacutenimos destinados agrave preservaccedilatildeo satildeo importantes pois garantem a
proteccedilatildeo tanto da qualidade quanto da quantidade dos recursos hiacutedricos e evitam a
ocupaccedilatildeo em locais propiacutecios aos deslizamentos e zonas de recarga dos aquiacuteferos
11
subterracircneos assegurando tambeacutem de certa forma a integridade dos seres humanos que
potencialmente ocupariam tais locais (CARVALHO 2013)
Neste trabalho a legislaccedilatildeo tomada como referecircncia eacute a prevista pela Constituiccedilatildeo Federal
de 1988 o Novo Coacutedigo Florestal (Lei 126512012) e o Estatuto das Cidades (Lei
102572001) em acircmbito federal Na esfera estadual a Lei 209222013 versa sobre os
limites para APP em todo o territoacuterio de Minas A Lei Municipal 42412012 trata do
Plano Diretor Municipal da cidade de Santos Dumont onde se encontra as diretrizes para
o uso e ocupaccedilatildeo do solo e o zoneamento da cidade de acordo com as caracteriacutesticas do
solo entre outras
322 O Novo Coacutedigo Florestal e a legislaccedilatildeo mineira
O Novo Coacutedigo Florestal Lei Federal 126512012 substituiu a Lei Federal 47711965
Dentre os vaacuterios artigos que esta lei possui o que apresenta maior importacircncia para o
planejamento e o ordenamento das cidades tanto na aacuterea urbana como na rural eacute o artigo
4ordm em que constam as faixas de APP tanto para curso hiacutedrico como para declividade e
altitude aleacutem dos topos de morro a saber (BRASIL2012)
ldquoArt 4ordm Considera-se Aacuterea de Preservaccedilatildeo
Permanente em zonas rurais ou urbanas para os
efeitos desta Lei
I - as faixas marginais de qualquer curso drsquoaacutegua
natural perene e intermitente excluiacutedos os
efecircmeros desde a borda da calha do leito regular
em largura miacutenima de
a) 30 (trinta) metros para os cursos drsquoaacutegua de
menos de 10 (dez) metros de largura
b) 50 (cinquenta) metros para os cursos drsquoaacutegua
que tenham de 10 (dez) a 50 (cinquenta) metros de
largura
()
IV - as aacutereas no entorno das nascentes e dos olhos
drsquoaacutegua perenes qualquer que seja sua situaccedilatildeo
topograacutefica no raio miacutenimo de 50 (cinquenta)
metros
12
V - as encostas ou partes destas com declividade
superior a 45deg equivalente a 100 (cem por
cento) na linha de maior declive
()
IX - no topo de morros montes montanhas e
serras com altura miacutenima de 100 (cem) metros e
inclinaccedilatildeo meacutedia maior que 25deg as aacutereas
delimitadas a partir da curva de niacutevel
correspondente a 23 (dois terccedilos) da altura
miacutenima da elevaccedilatildeo sempre em relaccedilatildeo agrave base
sendo esta definida pelo plano horizontal
determinado por planiacutecie ou espelho drsquoaacutegua
adjacente ou nos relevos ondulados pela cota do
ponto de sela mais proacuteximo da elevaccedilatildeo
X - as aacutereas em altitude superior a 1800 (mil e
oitocentos) metros qualquer que seja a
vegetaccedilatildeo
()rdquo
A legislaccedilatildeo atual em seu artigo 4ordm evidencia que as faixas e aacutereas determinadas como
APP compreendem tanto as aacutereas rurais quanto urbanas (BRASIL 2012) retirando a
duacutevida anterior e sendo essa a Lei suplementar qualquer faixa de APP mais permissiva
na legislaccedilatildeo estadual e municipal satildeo invaacutelidas o que simplificou de certa forma a
aplicabilidade da Legislaccedilatildeo referente a Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente
No Estado de Minas Gerais a Lei Estadual 20922 de 16 de Outubro de 2013 trata do tema
em acircmbito estadual mas com os mesmos princiacutepios propostos pela Lei Federal sendo os
limites miacutenimos previstos para as APPs os mesmos propostos pelo Novo Coacutedigo
Florestal brasileiro (MINAS GERAIS2013)
ldquo Art 9ordm Para os efeitos desta Lei em zonas rurais
ou urbanas satildeo APPs
I as faixas marginais de cursos drsquoaacutegua naturais
perenes e intermitentes excluiacutedos
os efecircmeros medidas a partir da borda da calha
do leito regular em largura miacutenima de
13
a) 30m (trinta metros) para os cursos drsquoaacutegua de
menos de 10m (dez metros) de largura
b) 50m (cinquenta metros) para os cursos drsquoaacutegua
de 1 0m (dez metros) a 50m (cinquenta metros) de
largura
()
IV as aacutereas no entorno das nascentes e dos olhos
drsquoaacutegua perenes no raio miacutenimo de 50m
(cinquenta metros)
V as encostas ou partes destas com declividade
superior a 45ordm (quarenta e cinco graus)
equivalente a 100 (cem por cento) na linha de
maior declive
()
VII no topo de morros montes montanhas e
serras com altura miacutenima de 100m (cem metros)
e inclinaccedilatildeo meacutedia maior que 25ordm (vinte e cinco
graus) as aacutereas delimitadas a partir da curva de
niacutevel correspondente a 23 (dois terccedilos) da altura
miacutenima da elevaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave base sendo esta
definida pelo plano horizontal determinado por
planiacutecie ou espelho drsquoaacutegua adjacente ou nos
relevos ondulados pela cota do ponto de sela mais
proacuteximo da elevaccedilatildeo
VIII as aacutereas em altitude superior a 1 800m (mil
e oitocentos metros)
()rdquo
323 O Plano Diretor
O Estatuto das Cidades em seu artigo 40 prevecirc o plano diretor como um instrumento
capaz de promover a poliacutetica urbana englobando toda a cidade aleacutem de fornecer padrotildees
e limites para o uso do solo nas mais diversas regiotildees do municiacutepio com vistas a
harmonizar o desenvolvimento urbano com a preservaccedilatildeo do meio ambiente (SILVA JR
2006) Este instrumento eacute obrigatoacuterio para cidades com mais de 20 mil habitantes ou
14
aacutereas que integrem regiotildees metropolitanas ou de interesse turiacutestico O artigo 41 do
Estatuto das cidades tambeacutem prevecirc a obrigatoriedade do Plano Diretor para cidades que
possuem em sua aacuterea empreendimentos que caracterizem grandes impactos ambientais
de influecircncia regional ou nacional e cidades que possuem problemas com deslizamentos
de grande magnitude ou alagamentos repentinos (BRASIL 2001)
O Plano diretor de acordo com o Estatuto das Cidades deve ser aprovado como lei em
acircmbito municipal e revisto a cada dez anos Este documento eacute uacutenico pois cada cidade
possui suas peculiaridades infraestrutura vocaccedilotildees e problemas que por mais que sejam
parecidos entre si satildeo diferenciados pela intensidade e pela regionalizaccedilatildeo Sendo assim
a confecccedilatildeo do Plano Diretor deve conter a participaccedilatildeo de toda a comunidade local de
forma a reduzir as desigualdades sociais os gastos puacuteblicos desnecessaacuterios a degradaccedilatildeo
ambiental e combater os problemas relacionados a urbanizaccedilatildeo de forma conjunta
promovendo um processo de tomada de decisatildeo que garanta a qualidade de vida
preservaccedilatildeo e o desenvolvimento social do municiacutepio como um todo (ROSSBACH amp
CARVALHO 2010)
3231 O Plano Diretor de Santos Dumont
A Lei Municipal nordm 424112 que entrou em vigor no ano de 2014 trata do Plano Diretor
Municipal instrumento previsto no Estatuto das Cidades para garantir aos cidadatildeos um
desenvolvimento urbano organizado justo e sustentavelmente econocircmico (BRASIL
2001) Aleacutem de apontar as diretrizes para a elaboraccedilatildeo da Poliacutetica Municipal dos mais
variados setores o Plano Diretor divide o municiacutepio em macrozonas urbanas e rurais
Estas zonas tecircm por objetivo facilitar a identificaccedilatildeo dos setores que permitem ou natildeo o
desenvolvimento da cidade e em que magnitude pode ser feita a expansatildeo respeitando ao
meio ambiente e tambeacutem o que eacute previsto no tocante ao uso e ocupaccedilatildeo do solo nessas
aacutereas Aleacutem disso ela estabelece a forma como devem ser as edificaccedilotildees nas referidas
aacutereas As aacutereas definidas como macrozonas urbanas e foram subdivididas em (SANTOS
DUMONT2012)
ldquoZona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e
da Paisagem (ZPPH) satildeo as aacutereas cujos
equipamentos urbanos possuem interesse
histoacuterico ou paisagiacutestico de preservaccedilatildeo
Zona de Preservaccedilatildeo Ambiental satildeo aquelas em
que devem ser mantidas ou recuperadas a
15
vegetaccedilatildeo por conta da declividade altitude ou
presenccedila de recursos hiacutedricos
Zona de Adensamento Controlado (ZAC) satildeo as
aacutereas em que deve-se manter uma pequena
densidade populacional devido as limitaccedilotildees na
infraestrutura da localidade A ZAC se divide em
ZAC 1 quando a infraestrutura existente eacute
limitada e em ZAC 2 quando esta eacute precaacuteria ou
natildeo existe
Zona de Consolidaccedilatildeo de Adensamento (ZCA)
satildeo as aacutereas em que haacute interesse em ocupar os
lotes vagos haja visto que a regiatildeo possui toda a
infraestrutura para que isto aconteccedila
Zona Adensaacutevel (ZA) satildeo as aacutereas com
condiccedilotildees propiacutecias para ocorrer uma ocupaccedilatildeo
mais densa
Zona Especial de Interesse Social (ZEIS) satildeo as
aacutereas em que o Poder Puacuteblico almeja fazer
alguma forma de ocupaccedilatildeo Eacute dividida em ZEIS 1
e ZEIS 2 A ZEIS 1 satildeo regiotildees jaacute ocupadas mas
de forma irregular cujo interesse puacuteblico eacute
realizar obras e outras atividades para
regularizar as ocupaccedilotildees e urbanizar a aacuterea
enquanto que a ZEIS 2 satildeo aacutereas natildeo utilizadas ou
subutilizadas as quais o poder puacuteblico almeja
realizar algum empreendimento habitacional de
caraacuteter social
Zona de Grandes Equipamentos (ZE) satildeo aacutereas
cujo o interesse eacute a implantaccedilatildeo de
empreendimentos de grande porte ou grandes
equipamentos puacuteblicosrdquo
Esta divisatildeo espacial pode ser melhor vista no Anexo 71
O Plano Diretor natildeo estipula limites para APP mas prevecirc algumas diretrizes como na
Poliacutetica Municipal de Preservaccedilatildeo do Meio Ambiente sobre o uso do solo em
compatibilidade com praacuteticas conservacionistas A Poliacutetica Municipal de Expansatildeo
16
Urbana tem como uma de suas diretrizes fazer cumprir a legislaccedilatildeo vigente no que diz
respeito agraves intervenccedilotildees e investimentos que poderatildeo ser feitos nessas aacutereas Tambeacutem eacute
diretriz da mesma Poliacutetica o controle da ocupaccedilatildeo e do uso do solo em APPs e o auxiacutelio
aos oacutergatildeos estaduais e federais de meio ambiente no tocante agrave fiscalizaccedilatildeo da ocupaccedilatildeo
nestas aacutereas (SANTOS DUMONT 2012) O artigo 38 que trata das diretrizes da Poliacutetica
habitacional de interesse social exclui do processo de regularizaccedilatildeo fundiaacuteria os
assentamentos situados em aacutereas de risco o que na maioria das vezes estatildeo tambeacutem nas
aacutereas que deveriam estar vegetadas e protegidas (SANTOS DUMONT 2012) Na
legislaccedilatildeo referente ao parcelamento do solo eacute previsto que no parcelamento de glebas
com declividade entre 30 e 47 soacute poderaacute ser aprovado mediante projeto e laudo
assinado por um responsaacutevel teacutecnico favoraacutevel agrave construccedilatildeo nesse local (SANTOS
DUMONT 2012) Diante do proposto pelo Plano Diretor de Santos Dumont pode-se
dizer que natildeo haacute conflito com a legislaccedilatildeo federal e estadual em se tratando da
aplicabilidade do Coacutedigo Florestal uma vez que aquele natildeo explicita limites nem
permissivos e tampouco restritivos para faixas e aacutereas de preservaccedilatildeo permanente
33 O Municiacutepio de Santos Dumont
331 De Arraial a cidade
A aacuterea onde se situa hoje o municiacutepio de Santos Dumont teve sua ocupaccedilatildeo iniciada no
seacuteculo XVIII quando a Coroa Portuguesa solicitou ao entatildeo Governador do Rio de
Janeiro Artur de Saacute Menezes que abrisse um caminho que ligasse as Minas dos
Cataguases na regiatildeo de Ouro Preto (receacutem descobertas) ao Rio de Janeiro por onde
escoava os metais preciosos para a metroacutepole Surgiu assim o ldquoCaminho Novordquo e ao longo
deste caminho surgiram tambeacutem as Sesmarias aacutereas que tinham por principal objetivo
servir de pouso aos transportadores e exploradores e tambeacutem para garantir alimento a
estas pessoas Uma destas ocupaccedilotildees seria o ldquoArraial de Joatildeo Gomesrdquo (Figura 41)
primeiro nuacutecleo primitivo do municiacutepio em 1709 De iniacutecio prevaleciam somente
ranchos onde os viajantes se abrigavam mas em pouco tempo ergueu-se a Capela de Satildeo
Miguel e Almas e pequenos nuacutecleos urbanos comeccedilaram a surgir (DAPPC2008)
17
Figura 3 1 Vista parcial do Arraial de Joatildeo Gomes
Fonte Arquivo Histoacuterico de Santos Dumont-MG
Com a construccedilatildeo da Estrada de Ferro D Pedro II no final do seacuteculo XIX a regiatildeo teve
um consideraacutevel crescimento natildeo soacute populacional como tambeacutem econocircmico se tornando
a Vila Palmyra em 1889 Em 1890 Palmyra eacute elevada ao status de Municiacutepio (Figura 42)
e recebe um grande nuacutemero de melhorias no setor viaacuterio como a retificaccedilatildeo de ruas e
tambeacutem no setor de serviccedilos puacuteblicos como abastecimento de aacutegua iluminaccedilatildeo puacuteblica a
querosene e posteriormente energia eleacutetrica O desenvolvimento econocircmico na regiatildeo
tambeacutem teve seu momento aacuteureo nesse periacuteodo Induacutestrias de laticiacutenios graacuteficas e de
Carbureto de Caacutelcio fizeram parte do parque industrial de Palmyra o que atraiacutea pessoas
de outros lugares inclusive estrangeiros contribuindo para o aumento populacional da
regiatildeo Como ainda natildeo havia legislaccedilatildeo sobre uso e ocupaccedilatildeo do solo nessa eacutepoca
surgiram inuacutemeros loteamentos em aacutereas proacuteximas agrave rios e coacuterregos e tambeacutem em
encostas com declividade acentuada o que foi agravando o risco agrave medida que a ocupaccedilatildeo
aumentava (DAPPC2008)
18
Figura 3 2 Municiacutepio de Palmyra na deacutecada de 1920
Fonte Arquivo Histoacuterico de Santos Dumont-MG
O escoamento da produccedilatildeo industrial se dava pelo modal ferroviaacuterio setor que tambeacutem
movimentava a crescente cidade que era ponto importante no setor de transportes pois
possuiacutea um dos mais bem equipados depoacutesitos de locomotivas da Estrada de Ferro Central
do Brasil (DAPPC2008)
No ano de 1932 o municiacutepio de Palmyra passou a se chamar Santos Dumont (Figura 43)
em homenagem ao inventor do aviatildeo que nascera naquela cidade Nos uacuteltimos 40 anos
Santos Dumont tem experimentado uma acentuada desaceleraccedilatildeo econocircmica
consequecircncia do fechamento da grande maioria das induacutestrias principalmente as de
laticiacutenios que empregavam direta e indiretamente uma parte consideraacutevel da populaccedilatildeo
(DAPPC2008)
19
Figura 3 3 Municiacutepio de Santos Dumont em 2014
Fonte Arquivo do autor
332 Santos Dumont na atualidade
O municiacutepio de Santos Dumont localiza-se na regiatildeo da Zona da Mata mineira distante
cerca de 220 Km da capital Belo Horizonte e possui uma populaccedilatildeo de 47558 habitantes
(ODM 2015 projeccedilatildeo) numa aacuterea total de 637 kmsup2 Faz divisa com os municiacutepios de
Juiz de Fora Oliveira Fortes Bias Fortes Antocircnio Carlos Tabuleiro Piau e Ewbank da
Cacircmara
No que diz respeito agrave sua formaccedilatildeo fisiacuteco-geograacutefica a aacuterea que compreende o municiacutepio
eacute constituiacuteda predominantemente por Cambissolo Haacuteplico (70) com Latossolo
Vermelho-Amarelo (30) (UFV2010) A vegetaccedilatildeo eacute em sua maioria composta por
exemplares de Mata Atlacircntica De acordo com o IBGE(2015) Santos Dumont se localiza
a 839m de altitude O clima da regiatildeo eacute classificado como Tropical de Altitude (Cwb) e
possui uma temperatura meacutedia de 20ordmC Eacute banhado pela bacia hidrograacutefica do Paraiacuteba do
Sul e em sua maioria pertence agrave sub-bacia do Rio Pomba (IGAM) que fornece aacutegua para
abastecimento puacuteblico agrave 88 da populaccedilatildeo por meio da rede de distribuiccedilatildeo
(IBGE2010) Uma pequena parte da zona rural a sudoeste eacute banhada pela Sub-Bacia do
Rio Paraibuna mais precisamente na regiatildeo de fronteira com os municiacutepios de Juiz de
Fora e Ewbank da Cacircmara O sistema viaacuterio principal de acesso agrave cidade eacute a rodovia BR-
040 e a estrada de ferro Dom Pedro II atualmente utilizada somente para transporte de
cargas
Com a economia nos dias atuais baseada majoritariamente no setor de serviccedilos a cidade
possui um Iacutendice de Desenvolvimento humano (IDH) de 0741 (IBGE2010) Apesar do
decliacutenio econocircmico de Santos Dumont nota-se hoje um aumento no nuacutemero de
loteamentos populares e condomiacutenios horizontais e verticais entre outras edificaccedilotildees Eacute
de vital importacircncia que esse crescimento das ocupaccedilotildees seja ordenado e regulamentado
20
de forma a garantir a qualidade ambiental prevenindo deslizamentos e inundaccedilotildees Diante
dessa conjuntura o governo municipal aprovou em 2012 a Lei nordm 4241 que trata do Plano
Diretor Participativo instrumento baacutesico da poliacutetica de desenvolvimento e expansatildeo
urbana do municiacutepio de Santos Dumont
4 METODOLOGIA
41 Aacuterea de estudo
A regiatildeo dentro dos limites do municiacutepio que seraacute estudada neste trabalho eacute conforme
descrito nos anexos Plano Diretor e representada na figura 44 a aacuterea urbana principal
que possui 47 Kmsup2 e compreende a regiatildeo central da cidade e os bairros perifeacutericos regiatildeo
que concentra cerca de 90 da populaccedilatildeo total de Santos Dumont (IBGE 2015) A aacuterea
urbana principal representa 75 da aacuterea total dos 637 Kmsup2 que compreendem o
municiacutepio e eacute o local onde nos uacuteltimos 30 anos se verificou um maior crescimento
populacional e tambeacutem onde ocorre a maioria dos eventos relacionados a deslizamentos
e alagamentos por conta da ocupaccedilatildeo sem planejamento A figura 45 mostra a aacuterea
urbana principal e a localizaccedilatildeo dos bairros urbanos de Santos Dumont
Figura 4 1 Localizaccedilatildeo da aacuterea urbana principal
Fonte Google Earth
21
Figura 4 2 Mapa da aacuterea urbana principal com a localizaccedilatildeo dos bairros
Fonte Do Autor
42 Levantamento e tratamento dos dados
No desenvolvimento deste trabalho foi necessaacuterio se fazer um estudo detalhado sobre o
Plano Diretor de Santos Dumont principalmente dos seus anexos que compreendem os
mapas e a localizaccedilatildeo das aacutereas definidas pelo zoneamento proposto Para que isso fosse
possiacutevel a Secretaria Municipal de Obras e Serviccedilos Puacuteblicos forneceu todos os dados
secundaacuterios produto do estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor e do
zoneamento Estes dados incluem os arquivos Shapefile (shp) e outros documentos
integrantes do Plano Diretor Algumas informaccedilotildees foram complementadas tambeacutem com
dados adquiridos atraveacutes do site do IBGE e do Portal Objetivos do Milecircnio (ODM)
Os dados sobre as ocorrecircncias de deslizamentos e alagamentos foram obtidos atraveacutes da
Defesa Civil do municiacutepio atraveacutes do Sistema Integrado de Informaccedilotildees sobre Desastres
(S2ID) do Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional Tal sistema centraliza as informaccedilotildees sobre
desastres naturais ocorridos em todo o territoacuterio nacional facilitando a pesquisa sobre tais
eventos a qualquer cidadatildeo (BRASIL 2015)
Apesar do sistema ser bastante uacutetil os dados sobre o municiacutepio de Santos Dumont se
encontravam bastante falhos e escassos sendo necessaacuteria complementaccedilatildeo para que a
22
base de dados ficasse consistente Diante disso uma pesquisa atraveacutes dos arquivos do
Jornal Mensagem um jornal semanaacuterio local foi feita entre os anos de 1984 e 2014 e os
dados primaacuterios filtrados em uma planilha do Microsoft Excel para posterior utilizaccedilatildeo
De posse destes dados foi feita a localizaccedilatildeo em campo das coordenadas dos locais
atingidos por deslizamentos e alagamentos no periacuteodo compreendido pela pesquisa com
o auxiacutelio de um aparelho de GPS
A maioria dos arquivos shapefile utilizados para a confecccedilatildeo dos mapas satildeo parte
integrante dos anexos da Lei do Plano diretor do municiacutepio gerados no mecircs de dezembro
de 2011 pelo Instituto Nova Cidade e foram cedidos pela Secretaria Municipal de Obras
e Serviccedilos Puacuteblicos com Datum em UTM SAD 69 Com a finalidade de fornecer um
referenciamento atualizado e de acordo com os mais novos sistemas de coordenadas
utilizados no Brasil os arquivos foram convertidos para o Datum UTM SIRGAS 2000
que diferencia do SAD 69 pelo fato de ser um referencial geocecircntrico ou seja o centro
da Terra eacute o ponto de referecircncia neste sistema enquanto que o primeiro utiliza um
referencial na superfiacutecie da Terra (IBGE2014) Eacute interessante ressaltar tambeacutem que o
SIRGAS 2000 se tornou no ano de 2014 o sistema de coordenadas oficial do Sistema
Geodeacutesico Brasileiro e do Sistema Cartograacutefico Nacional ambos mantidos pelo IBGE A
combinaccedilatildeo dos shapefiles foi feita com o software livre gvSIG e com estas combinaccedilotildees
foram gerados mapas importantes resultados para a execuccedilatildeo deste trabalho A maioria
dos mapas representam a regiatildeo urbana principal de Santos Dumont e foram produzidos
numa escala em torno de 140000 que de acordo com Rocha (2007) eacute uma escala viaacutevel
pois as recomendaacuteveis para trabalhos de anaacutelise ambiental em niacutevel municipal podem ser
entre 150000 e 110000 Alguns mapas cujo detalhamento natildeo eacute necessaacuterio foram
gerados na escala 1100000
Para a geraccedilatildeo dos mapas aleacutem dos arquivos fornecidos pela Secretaria de Obras e
Serviccedilos Puacuteblicos foram utilizados para a geraccedilatildeo do modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE)
e da localizaccedilatildeo dos topos de morro dados gerados pelo sistema de radar Advanced
Spacebone Thermal Emission and Reflection Radiometer (ASTER) que geram as curvas
de niacutevel do terreno com uma resoluccedilatildeo de 30m (NASA2014) O processamento dessas
imagens foi feito pelo software livre gvSIG As imagens geradas pelos sateacutelites
LANDSAT foram adquiridas no site da United States Geological Survey (USGS) e essas
imagens possibilitaram obter um panorama preciso do uso do solo em toda a aacuterea urbana
de Santos Dumont numa resoluccedilatildeo de 15 metros uma vez que foi utilizada a banda
pancromaacutetica do sateacutelite LANDSAT 8 aleacutem da combinaccedilatildeo das bandas 65 e 4
respectivamente que eacute a combinaccedilatildeo recomendada pela mantenedora dos sateacutelites para
anaacutelises deste tipo
23
No que diz respeito a identificaccedilatildeo de APPs em topo de morro a metodologia de Oliveira
amp Fernandes Filho (2013) por utilizar as mesmas bases de dados ateacute entatildeo usadas neste
trabalho foi a mais indicada
A metodologia de anaacutelise dos mapas gerados eacute a proposta pelo professor Jorge Xavier da
Silva do Laboratoacuterio de Geoprocessamento (LAGEOP) da Universidade Federal do Rio
de Janeiro e citada por Rocha (2007) Tal metodologia analisa as variaacuteveis em questatildeo
presentes na aacuterea e permite avaliar as possibilidades de relaccedilotildees entre essas variaacuteveis De
uma maneira geral este meacutetodo verifica o estado atual da aacuterea em estudo bem como das
variaacuteveis gerando inventaacuterios que servem para a construccedilatildeo de dados planimeacutetricos sejam
com as variaacuteveis isoladas ou combinadas Estes dados planimeacutetricos geram assinaturas
que permitem inferir sobre a influecircncia dessas variaacuteveis De posse dos dados gerados pelo
processo anteriormente citado pode-se fazer algumas prospecccedilotildees sobre os riscos
ambientais que a aacuterea pode sofrer ou o seu potencial ambiental (ROCHA 2007)
5 RESULTADOS
51 Levantamento histoacuterico de alagamentos e
deslizamentos
O aumento da demanda pelo uso do solo na regiatildeo urbana de Santos Dumont
principalmente no tocante agrave formaccedilatildeo de novos loteamentos e condomiacutenios nos uacuteltimos
anos eacute consideraacutevel mas tambeacutem haacute de se observar o crescimento dos bairros jaacute existentes
com pouco ou nenhum ordenamento Em ambos os casos se observa ocupaccedilotildees
irregulares em APP o que tem ocasionado um aumento na frequecircncia de deslizamentos
e inundaccedilotildees Eacute evidente que quanto maior a densidade populacional do bairro maior a
quantidade de ocorrecircncias ao longo dos anos (SPERFELD 2009)
De acordo com as ocorrecircncias registradas pela Defesa Civil do municiacutepio obtidas atraveacutes
da literatura utilizada nos uacuteltimos 30 anos Santos Dumont chegou a decretar situaccedilatildeo de
emergecircncia por conta de desastres envolvendo deslizamentos eou alagamentos por duas
vezes num espaccedilo de 10 anos conforme pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho
(BRASIL 2014 CEPED 2011)
Segundo os dados obtidos atraveacutes de pesquisa nos arquivos do semanaacuterio entre os anos
de 1984 e 2014 pode-se verificar que nos uacuteltimos 20 anos a cidade tem experimentado
24
um aumento consideraacutevel nos eventos relacionados a deslizamentos e principalmente
alagamentos como pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho Isso pode ter sido causado
dentre outros fatores pelo aumento do nuacutemero de vias pavimentadas com material
impermeaacutevel o que tem sobrecarregado tanto a infraestrutura existente para drenagem
urbana como tambeacutem a calha dos cursos drsquoaacutegua que passam pela regiatildeo urbana do
municiacutepio (ZANON2013)
Na deacutecada de 1980 (1984-1990) de acordo com os dados obtidos natildeo foram noticiados
eventos consideraacuteveis relacionados a deslizamentos e alagamentos em Santos Dumont
mas isso natildeo exclui a possibilidade de natildeo ter ocorrido tais eventos em menor escala
Na deacutecada de 1990 aconteceram uma seacuterie de ocorrecircncias tanto de deslizamentos quanto
de alagamentos No ano de 1997 num periacuteodo chuvoso intenso aconteceram
deslizamentos consideraacuteveis em vaacuterios bairros da cidade inclusive com desabamento de
casas e de ruas principalmente nos bairros Nossa Senhora da Gloacuteria e Quarto Depoacutesito
Em 1999 ocorreram alguns pontos de alagamento nos bairros Quarto Depoacutesito e Santo
Antocircnio com grandes prejuiacutezos materiais
A deacutecada de 2000 iniciou com o registro de deslizamentos em vaacuterios bairros da cidade
inclusive com desabamento de casas e pontes e alagamentos em importantes vias do
centro da cidade Observa-se ao longo desse periacuteodo o crescimento nas ocorrecircncias de
deslizamentos e de aacutereas com risco de deslizamento em muitos bairros de Santos Dumont
Um dos fatores importantes para esse crescimento foi a grande expansatildeo sofrida pela
maioria dos bairros e a falta de planejamento e orientaccedilatildeo por parte da prefeitura uma
vez que uma boa parte do crescimento dos bairros da cidade ocorreu ou proacuteximo a cursos
drsquoaacutegua ou em aacutereas com declividade improacutepria para se fazer construccedilotildees O bairro
Coacuterrego do Ouro (Figura 51) foi o que mais sofreu com ocorrecircncias de deslizamentos
nesse periacuteodo enquanto o bairro Santo Antocircnio foi que teve mais ocorrecircncias de
alagamentos
25
Figura 5 1 Deslizamento no bairro Coacuterrego do Ouro
Fonte Portal Cabangu
No iniacutecio deacutecada de 2010 (2011-2014) o centro da cidade foi a regiatildeo que mais sofreu
com alagamentos sendo registrado pelo menos uma ocorrecircncia por ano nessa aacuterea (Figura
52) Isso pode ser relacionado dentre outros fatores com as obras de modificaccedilatildeo do
tipo de pavimentaccedilatildeo das estradas por um material impermeaacutevel gerando uma sobrecarga
nos sistemas de drenagem urbana que foram projetados para um tipo de pavimento mais
permeaacutevel implicando tambeacutem na sobrecarga calha do Ribeiratildeo das Posses o principal
curso drsquoaacutegua que corta o centro da cidade e que se encontra em quase sua totalidade
ocupada em ambas as margens que cortam o centro da cidade
26
Figura 5 2 Alagamento na regiatildeo central de Santos Dumont em 2013
Fonte Portal Cabangu
Quanto agraves ocorrecircncias de deslizamento ao longo da referida deacutecada elas estiveram
espalhadas pelos bairros do municiacutepio tendo um maior nuacutemero de ocorrecircncias nos bairros
Santo Antocircnio Nossa Senhora da Gloacuteria e Aacutegua Espraiada Nos dois primeiros bairros
citados as ocorrecircncias podem ter sido ocasionadas pelo crescimento desordenado e sem
planejamento destes e no terceiro as ocorrecircncias satildeo relacionadas ao processo de
assoreamento do Ribeiratildeo das Posses o que pode ter gerado um aumento da velocidade
desse curso drsquoaacutegua causando problemas decorrentes do transporte de sedimentos da aacuterea
onde as casas foram construiacutedas que teve como consequecircncia os deslizamentos
Em resumo como pode ser observado nas figuras 53 e 54 na tabela 51 no periacuteodo de
1984 a 2014 os bairros mais afetados por alagamentos e deslizamentos satildeo Quarto
Depoacutesito Nossa Senhora da Gloacuteria Santo Antocircnio Coacuterrego do Ouro Antocircnio Afonso
Graminha e Vila Esperanccedila sendo que o bairro Coacuterrego do Ouro possui o maior nuacutemero
de ocorrecircncias de deslizamentos e o centro da cidade possui o maior nuacutemero de
ocorrecircncias de alagamentos no periacuteodo pesquisado Vale destacar que a aacuterea propiacutecia a
alagamentos no bairro Antocircnio Afonso natildeo identificada no estudo realizado pela
prefeitura constitui-se efetivamente numa aacuterea de risco conforme levantamento histoacuterico
realizado Esta aacuterea de risco se deve agrave diferenccedila de niacutevel negativa entre o rio Pinho e a
aacuterea do bairro estando este em desniacutevel com um risco iminente de inundaccedilotildees resultantes
da cheia desse curso drsquoaacutegua causando inuacutemeros transtornos aos moradores do local
27
Figura 5 3 Pontos de Alagamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico
Fonte Do autor
Figura 5 4 Pontos de deslizamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico
Fonte Do autor
28
Tabela 51 Ocorrecircncias de alagamentos e deslizamentos obtidos atraveacutes do
levantamento histoacuterico
Pontos de ocorrecircncia (1984-2014)
Bairros Alagamento Deslizamento
Aacutegua Espraiada 1 1
Antocircnio Afonso 1 0
Barra 0 1
Centro 7 1
Coacuterrego do Ouro 1 7
Flores 0 1
Graminha 1 0
Jardim Jaraguaacute 0 1
N Sra da Gloacuteria 0 4
N Sra das Graccedilas 1 0
Quarto Depoacutesito 3 2
Santo Antocircnio 4 2
Satildeo Sebastiatildeo 0 1
Vila Esperanccedila 0 1
Fonte Do autor
De acordo com o estudo realizado na elaboraccedilatildeo do Plano Diretor pela prefeitura
municipal observa-se que os bairros que possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a
deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do Ouro e Vila Esperanccedila enquanto que os que
possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a alagamento satildeo o Centro da cidade e os
bairros Satildeo Sebastiatildeo Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio por estarem agraves margens do
Ribeiratildeo das Posses um curso drsquoaacutegua que sofre com inundaccedilotildees perioacutedicas devido ao
severo assoreamento em algumas regiotildees e tambeacutem devido ao acuacutemulo de lixo descartado
pelos moradores do entorno irregularmente De acordo com o estudo realizado quando da
elaboraccedilatildeo do Plano Diretor do municiacutepio foram feitos estudos sobre as aacutereas propensas
a deslizamentos e alagamentos na regiatildeo urbana principal Tais aacutereas satildeo as destacadas
nas Figuras 55 e 56 No levantamento histoacuterico realizado pode-se identificar que os
bairros que possuem mais aacutereas propensas a deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do
Ouro Nossa Senhora da Gloacuteria Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio enquanto que os bairros
mais propensos a alagamentos satildeo os bairros Centro Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio
como observado na tabela 51
29
Figura 5 5 Aacutereas propensas a deslizamento de acordo com o Plano Diretor de
Santos Dumont
Fonte Google Earth e Lei 42412012
Figura 5 6 Aacutereas propensas a alagamento de acordo com o Plano Diretor de
Santos Dumont
Fonte Google Earth e Lei 42412012
30
Comparando-se os mapas obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico com o mapa gerado
pelo estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor nota-se que haacute semelhanccedilas em
algumas aacutereas mas ao se levar em conta o produto gerado pela pesquisa histoacuterica o
estudo necessitaria ser complementado haja vista que ele natildeo compreende por exemplo
o ponto de alagamento no bairro Antocircnio Afonso citado anteriormente e alguns pontos de
deslizamento importantes uma vez que satildeo regiotildees onde haacute ocupaccedilatildeo Esse fato evidencia
a necessidade de se buscar vaacuterias fontes primaacuterias e secundaacuterias para se detectar aacutereas de
risco em um municiacutepio incluindo arquivos da imprensa local afim de se produzir uma
base de dados consistente e com o menor nuacutemero de falhas possiacutevel (CEPED 2014) Com
a uniatildeo dos dois estudos foram gerados os mapas apresentados nas Figuras 57 e 58
Aleacutem do mais observando as figuras 57 e 58 pode-se notar que uma boa parte tanto dos
casos de alagamento quanto de deslizamento estatildeo na faixa de APP de curso hiacutedrico o
que ilustra a importacircncia da preservaccedilatildeo destas aacutereas
Figura 5 7 Aacutereas propensas a alagamento do estudo do Plano Diretor
complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento
Fonte Do Autor
31
Figura 5 8 Aacutereas propensas a deslizamento do estudo do Plano Diretor
complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento
Fonte Do Autor
Atraveacutes da combinaccedilatildeo entre estes dois levantamentos procurou-se alimentar a base de
dados e garantir uma consistecircncia maior desta no que diz respeito a aacutereas de deslizamento
e alagamento podendo inclusive se identificar a suscetibilidade de uma determinada
regiatildeo da cidade a um ou outro evento (CEPED2014)
512 O Plano diretor e as APPs
Nos uacuteltimos anos o Brasil experimentou um forte fenocircmeno de migraccedilatildeo do campo para
as aacutereas urbanas De acordo com o IBGE no periacuteodo de 1940 a 2000 houve um aumento
de cerca de 60 do nuacutemero de pessoas que vivem em cidades (SILVA JR 2006) O
processo de planejamento e ordenamento do uso do solo nessas aacutereas deveria ter
acompanhado esse crescimento ao longo dos anos a fim de garantir a qualidade de vida e
a seguranccedila dos migrantes ao se instalarem nas cidades o que natildeo ocorreu e o que se
observa atualmente satildeo ocupaccedilotildees em aacutereas improacuteprias para moradia sem a infraestrutura
baacutesica necessaacuteria e com risco iminente de deslizamentos eou inundaccedilotildees
O Plano Diretor do municiacutepio de Santos Dumont em seu capiacutetulo IV que versa sobre o
uso e ocupaccedilatildeo do solo explicita regras para o ordenamento do territoacuterio que compreende
o municiacutepio com base nos diferentes usos do solo de acordo com sua compatibilidade o
32
que acabou por resultar num zoneamento de todo o municiacutepio em macrozonas conforme
citado na seccedilatildeo 3231 de acordo com os usos atuais e futuros do solo Aleacutem de dividir
estas macrozonas em urbanas e rurais tambeacutem avaliou e classificou estas aacutereas com base
numa seacuterie de fatores ambientais geoloacutegicos culturais e sociais de forma a se fazer um
zoneamento coerente com os atuais usos do solo e seu potencial de uso futuro Apresenta-
se na Figura 59 este zoneamento na aacuterea urbana principal de Santos Dumont
Figura 5 9 Zoneamento urbano da aacuterea urbana principal
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Lei 42412012
Tomando como referecircncia o Novo Coacutedigo Florestal brasileiro em especial os paracircmetros
estabelecidos para a definiccedilatildeo de APP e utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento
atraveacutes do software Vista SAGA relacionou-se as APPs existentes na aacuterea em estudo com
as regiotildees propiacutecias a alagamentos e deslizamentos de acordo com o estudo feito quando
da elaboraccedilatildeo do Plano Diretor afim de se identificar qual ou quais aacutereas possuem estes
problemas e se estatildeo relacionados com o uso do solo irregular em APP
Ao se aplicar a metodologia proposta por Oliveira amp Fernandes Filho (2013) natildeo foram
identificadas dentro da aacuterea de estudo APPs de topos de morro sendo este tipo de APP
descartada portanto das anaacutelises subsequentes deste trabalho Foram consideradas as
APP de curso hiacutedrico (rios e nascentes) e de declividade visando relacionaacute-las as aacutereas
de risco identificadas pela Prefeitura afim de se verificar as possiacuteveis causas da ocorrecircncia
33
destas aacutereas na regiatildeo urbana do municiacutepio Por meio de combinaccedilotildees entre dois mapas
temaacuteticos utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento foi possiacutevel obter as
assinaturas ou seja tabelas que caracterizam quantitativamente a aacuterea afetada por cada
aspecto visto que a simples visualizaccedilatildeo do mapa gerado pelo geoprocessamento muitas
vezes eacute prejudicada por serem aacutereas de pequenas dimensotildees ou por qualquer outra
limitaccedilatildeo do software Ressalta-se que para a elaboraccedilatildeo do Plano Municipal de Reduccedilatildeo
de riscos a identificaccedilatildeo e detalhamento topograacutefico destas aacutereas eacute fundamental para o
desenvolvimento do referido Plano conforme seraacute abordado detalhadamente na seccedilatildeo
52
De posse do mapa que representa o zoneamento urbano de Santos Dumont primeiramente
procurou-se mensurar qualitativa e quantitativamente a presenccedila de APPs tanto de
declividade quanto de cursos hiacutedricos Essa identificaccedilatildeo eacute importante pois este
zoneamento eacute um dos instrumentos de planejamento municipal (BRASIL 2001) Saboya
(2007) aponta que os principais objetivos de um zoneamento satildeo o controle da expansatildeo
urbana e proteccedilatildeo de aacutereas inadequadas a ocupaccedilatildeo aleacutem de reduzir os conflitos inerentes
aos diferentes usos do solo Com o uso da ferramenta ldquoCombinarrdquo do Vista SAGA foram
feitas combinaccedilotildees entre o mapa de hidrografia com buffer de 30m para rios e coacuterregos e
de 50m para nascentes com o mapa do zoneamento para se verificar a importacircncia das
APPs de curso hiacutedrico em toda a aacuterea urbana principal do municiacutepio Tambeacutem foram
combinados o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) obtido atraveacutes do gvSIG com o mapa
de zoneamento afim de se verificar quantitativamente as APPs de declividade e onde se
localizam Vale ressaltar que as declividades entre 30 e 47 estatildeo presentes nesta
combinaccedilatildeo pois de acordo com o Plano Diretor de Santos Dumont terrenos com esta
faixa de declividade para fins de parcelamento devem possuir estudo teacutecnico que ateste
a viabilidade de se promover algum empreendimento imobiliaacuterio neste (SANTOS
DUMONT 2012) Como a legislaccedilatildeo municipal prevecirc estudo somente para a faixa de
declividade descrita anteriormente para fins de anaacutelise neste trabalho consideramos um
valor mais conservador para APP compreendendo a faixa de 47 a 100 aleacutem da
prevista pela legislaccedilatildeo federal (gt100) para que natildeo houvessem lacunas importantes na
geraccedilatildeo do produto
Apresenta-se na Figura 510 aacutereas com declividades consideradas de risco e consideradas
APP e em qual zona de planejamento elas estatildeo inseridas De um modo geral ao se
observar a Tabela 52 nota-se que a aacuterea que compreende declividades de risco e APP eacute
uma pequena parcela da aacuterea urbana principal representando 061 desta aacuterea Ao se
levar em conta somente a localizaccedilatildeo pode-se verificar que cerca de 84 das aacutereas com
declividade de risco e a totalidade das APPs de declividade estatildeo localizadas na ZAC1
zona que compreende a maior parte do municiacutepio e apesar de possuir infraestrutura baacutesica
para a ocupaccedilatildeo esta eacute restrita Sendo assim o fator declividade deve ser visto com cautela
nesta aacuterea para se evitar transtornos advindos de edificaccedilotildees nestas aacutereas
34
Figura 5 10 Combinaccedilatildeo entre as declividades importantes incluindo as APPs e o
zoneamento urbano
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Do autor
Tabela 52 Assinaturas da combinaccedilatildeo Declividade x Zoneamento
Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea
Natildeo APP 457972 9939
Declividade 30-47 em ZAC1 2368 051
Declividade 30-47 em ZE 284 006
Declividade 30-47 em ZAC2 128 003
Declividade 30-47 em ZPA 004 0001
APP Declividade em ZAC1 048 001
Total 460804 100
Fonte Do autor
Apresenta-se na Figura 511 as APPs de curso hiacutedrico (nascentes e rios) e em qual zona
de planejamento estatildeo localizadas Assim como a declividade a maior parte das APPs de
curso hiacutedrico estatildeo localizadas em ZAC1 representando 383 da aacuterea urbana em estudo
e 51 do total das APPs de curso hiacutedrico Esta questatildeo tambeacutem deve ser vista com
bastante criteacuterio pelos gestores locais uma vez que a ocupaccedilatildeo em faixas proacuteximas de
rios e coacuterregos podem causar uma gama de problemas ambientais e sociais na regiatildeo
(SANTANA2011) Tal cuidado tambeacutem deve ser tomado nas APPs compreendidas na
35
ZAC2 que compreende 001 da Aacuterea urbana principal e 14 do total das APPs de curso
hiacutedrico pois a infraestrutura baacutesica e acessibilidade presente nesta zona eacute precaacuteria e a
ocupaccedilatildeo as margens de cursos hiacutedricos pode gerar problemas seacuterios caso ocorra uma
expansatildeo nestas aacutereas
Figura 511 Combinaccedilatildeo entre APP de curso hiacutedrico e as zonas de planejamento
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Do autor
Outro ponto importante eacute a presenccedila da Zona de Proteccedilatildeo Ambiental (ZPA) no entorno
uma consideraacutevel parte dos cursos hiacutedricos Nesta zona estatildeo presentes 28 das APPs de
curso hiacutedrico e esta zona de acordo com o Plano Diretor deve ser restaurada ou
preservada por suas caracteriacutesticas geoloacutegicas topograacuteficas e bioloacutegicas
Afim de se verificar os usos do solo na regiatildeo em estudo foram utilizadas combinaccedilotildees
de imagens advindas do sateacutelite Landsat 8 nas bandas descritas no capiacutetulo 4 aleacutem da
banda pancromaacutetica O resultado eacute apresentado na figura 512 que mostra os principais
usos do solo na aacuterea urbana principal de Santos Dumont
36
Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x Zoneamento
Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea
Hidrografia 11168 239
Aacuterea Urbana Natildeo APP 421004 9008
APP Curso hiacutedrico em ZAC1 179 383
APP Curso hiacutedrico em ZPA 9776 209
APP Curso hiacutedrico em ZE 184 004
APP Curso hiacutedrico em ZA 1192 026
APP Curso hiacutedrico em ZAC2 5124 110
APP Curso hiacutedrico em ZPPH 248 005
APP Curso hiacutedrico em ZEIS 568 012
APP Curso hiacutedrico em ZCA 228 005
Total 467392 10000
Fonte Do autor
Figura 5 12 Mapa de usos do solo da aacuterea urbana principal de Santos Dumont
Fonte Do autor
Como jaacute era previsto a maior parte da aacuterea urbana se encontra ocupada e eacute nesta regiatildeo
ocupada que se observa a maior concentraccedilatildeo de problemas de deslizamentos e
alagamentos (Figuras 513 e 514) A grande ocupaccedilatildeo em aacutereas consideradas APP de
curso hiacutedrico de acordo com os mapas gerados pode ser a principal causa do aumento a
cada ano dos casos de alagamento principalmente na regiatildeo central da cidade Outro ponto
que se deve atentar eacute a existecircncia de uma consideraacutevel aacuterea de pastagem pouco vegetada
que caso estejam em aacutereas elevadas pode contribuir para deslizamentos e agraves margens de
37
rios e coacuterregos para o assoreamento destes corpos hiacutedricos o que pode causar
alagamentos (INAacuteCIO etal 2007)
Diante destes resultados pode-se ver que a cidade de Santos Dumont necessita alternativas
efetiva no que diz respeito agrave contenccedilatildeo de deslizamentos e a reduccedilatildeo de risco de
alagamento pois as aacutereas em que ocorrem tais eventos satildeo distintas e facilmente definidas
devido agrave repeticcedilatildeo destes nos uacuteltimos anos Um plano de accedilatildeo integrado entre as diferentes
secretarias municipais (Obras Meio Ambiente Assistecircncia Social entre outras) e a
Coordenadoria Municipal de Defesa Civil deve ser realizado afim de se tomar medidas
natildeo mais preventivas mas sim preditivas para que se possa conter o avanccedilo destes
problemas na aacuterea urbana principal bem como em toda a aacuterea do municiacutepio
Figura 5 13 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na aacuterea urbana
principal
Fonte Do autor
38
Figura 5 14 Aacutereas sujeitas a alagamento e os principais usos do solo na aacuterea
urbana principal
Fonte Do autor
Ao se associar os dados do estudo do Plano Diretor com os dados do levantamento
histoacuterico realizado com o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) pode-se notar que as aacutereas
propiacutecias a deslizamento estatildeo em regiotildees as quais haacute uma fronteira de declividades ou
seja eacute evidente que os deslizamentos ocorrem em encostas um pouco mais iacutengremes mas
natildeo necessariamente nas encostas de 30-47 as quais exigem estudo teacutecnico conforme o
plano diretor preconiza Quanto aos alagamentos nota-se que eles se localizam nas aacutereas
com menor ou nenhuma declividade podendo ser estas aacutereas talvez componentes da
planiacutecie de inundaccedilatildeo dos rios Estes resultados podem ser vistos nas figuras 515 e 516
a seguir
39
Figura5 15 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a deslizamentos na
regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
Fonte Lei 42412012 e Autor
Figura5 26 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a alagamentos na
regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
Fonte Lei 42412012 e Autor
40
52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis
O processo de ocupaccedilatildeo no municiacutepio de Santos Dumont comeccedilou muito antes de
qualquer legislaccedilatildeo relacionada a ordenamento urbano e de proteccedilatildeo do meio ambiente
fosse implementado no Brasil Esse fato aliado a poliacuteticas e fiscalizaccedilotildees falhas
contribuiacuteram para a ocupaccedilatildeo e expansatildeo da aacuterea urbana ao longo do Ribeiratildeo das Posses
e seus afluentes o que tem gerado o aumento da degradaccedilatildeo destes corpos hiacutedricos ao
longo de todos estes anos Observa-se tambeacutem que nas uacuteltimas deacutecadas ocorreu um
grande nuacutemero de migraccedilotildees do campo para a regiatildeo urbana da cidade fator que
contribuiu para o crescimento do nuacutemero de habitaccedilotildees em aacutereas de risco de deslizamento
e alagamentos por serem na maioria das vezes terrenos menos valorizados e por este
motivo acessiacuteveis a populaccedilatildeo com menor poder aquisitivo (ROSA amp CORTEZ 2008)
Vale ressaltar que esta questatildeo aleacutem de ser ambiental eacute muito mais social pois os
moradores entendem os riscos de se viver nestes locais mas por motivos econocircmicos ou
por questotildees afetivas natildeo abrem matildeo da moradia nessas aacutereas A Constituiccedilatildeo Federal de
1988 promoveu a inter-relaccedilatildeo das questotildees sociais com as questotildees ambientais quando
colocou o meio ambiente como direito coletivo (BRASIL1988 SOUZA2010) Por este
motivo a decisatildeo por medidas draacutesticas que favoreccedilam apenas agrave preservaccedilatildeo do meio
ambiente natildeo eacute recomendada pois aleacutem de ser inconstitucional podem afetar a
sustentabilidade econocircmica do municiacutepio e gerar conflitos sociais consideraacuteveis
(CARLOS 1992 apud SOUZA 2010)
Segundo Bueno (2009) ldquonem tudo o que eacute irregular eacute precaacuteriordquo Esse fato se observa em
Santos Dumont uma vez que em boa parte da regiatildeo central se observa vaacuterias moradias
construiacutedas na faixa de APP de curso hiacutedrico o que natildeo eacute permitido pela legislaccedilatildeo
vigente e eacute um dos fatores que contribui para a ocorrecircncia de alagamentos nesta aacuterea da
cidade Para a resoluccedilatildeo deste problema o que seria mais viaacutevel seria a melhoria da
infraestrutura de drenagem urbana afim de que o escoamento da aacutegua das chuvas natildeo
sobrecarregasse o sistema (BUENO2009) A construccedilatildeo de bacias de contenccedilatildeo de
cheias ao longo do Ribeiratildeo das Posses tambeacutem seria uma alternativa mas para se verificar
a viabilidade necessita-se estudos mais aprofundados do ponto de vista hidroloacutegico
O grande problema a ser solucionado no entanto eacute o que diz respeito agraves aacutereas de risco
de deslizamento majoritariamente nos bairros A melhor alternativa seria o
remanejamento dos moradores para uma aacuterea proacutexima agrave que moram poreacutem longe do
risco Poreacutem esta alternativa de acordo com Rosa Filho amp Cortez (2008) encontra alguns
entraves pois estas pessoas na maioria das vezes natildeo tecircm condiccedilotildees financeiras de irem
para outro lugar ou pagar aluguel ou estatildeo de alguma forma sentimentalmente ligadas
agravequela regiatildeo que se recusam a deixaacute-lo
41
Por parte dos oacutergatildeos competentes no municiacutepio a criaccedilatildeo de um plano para se evitar
acidentes ocasionados por deslizamentos e alagamentos com um mapeamento detalhado
de toda a extensatildeo do municiacutepio eacute extremamente uacutetil Os estudos que seratildeo feitos para a
elaboraccedilatildeo deste plano poderatildeo definir quais as aacutereas satildeo potencialmente de risco para as
ocupaccedilotildees existentes ou para as potenciais ocupaccedilotildees que possam vir a ocorrer atraveacutes do
mapeamento das aacutereas de risco Tal planejamento seraacute auxiliar ao Plano Diretor
Municipal pois definiraacute o real uso do solo de determinada regiatildeo do municiacutepio
contribuindo para a adequaccedilatildeo do uso e ocupaccedilatildeo do solo afim de evitar ou reduzir o
nuacutemero de problemas relacionados a alagamentos e principalmente deslizamentos no
periacutemetro urbano (TOMINAGA 2009) A partir deste plano os gestores locais poderatildeo
tomar a melhor decisatildeo para a prevenccedilatildeo ou reduccedilatildeo dos riscos inerentes a tais problemas
Na seccedilatildeo 521 seraacute hierarquizado de forma preliminar a aacuterea urbana principal de acordo
com os resultados da tabela 51
521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta
O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos (PMRR) foi criado atraveacutes de accedilotildees
regularizadoras do Ministeacuterio das Cidades para ser o instrumento de gestatildeo e
gerenciamento de aacutereas de risco em um municiacutepio Eacute um documento que aleacutem de
estabelecer quais regiotildees satildeo consideradas de risco tambeacutem objetiva a proposta de
medidas estruturais ou natildeo para contenccedilatildeo eou prevenccedilatildeo de cataacutestrofes aleacutem de ser um
meio de captaccedilatildeo de recursos financeiros junto aos Governos Estadual e Federal Estes
recursos poderatildeo ser utilizados para a realizaccedilatildeo de obras que visem a melhoria da
qualidade de vida da populaccedilatildeo do entorno ou de recuperaccedilatildeo da aacuterea degradada Este
plano eacute realizado de forma participativa com as comunidades das aacutereas de risco e pode
ser realizado em sete fases conforme recomenda o Ministeacuterio das Cidades (ALHEIROS
2006)
O primeiro passo para a realizaccedilatildeo do PMRR eacute definir qual a metodologia seraacute empregada
levando-se em consideraccedilatildeo a realidade atual do municiacutepio e especificar de forma sucinta
um cronograma das atividades Eacute importante nesta fase a participaccedilatildeo tambeacutem dos
responsaacuteveis pelas mais variadas Secretarias Municipais afim de explicitar o tamanho da
importacircncia e o caraacuteter integrador deste plano A segunda fase deste plano objetiva a
criaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo da principal base de dados a ser utilizada nos passos posteriores o
mapeamento de risco em escala detalhe em torno de 13000 (SAtildeO PAULO 2014) A
elaboraccedilatildeo de um mapeamento detalhado propiciaraacute natildeo soacute a identificaccedilatildeo mais faacutecil das
aacutereas de risco como tambeacutem facilitaraacute aos gestores e agrave comunidade decidirem qual a
melhor intervenccedilatildeo para a soluccedilatildeo ou remediaccedilatildeo dos problemas em uma determinada
42
aacuterea hierarquizando o risco e definindo prioridades (SAtildeO PAULO 2014) Na tabela a
seguir apresenta-se alguns tipos de intervenccedilotildees que podem ser feitas em aacutereas de risco
sugeridas pelo Ministeacuterio das cidades (ALHEIROS 2006)
Quadro 5 1 - Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco
Tipo de intervenccedilatildeo Descriccedilatildeo
Serviccedilos de limpeza e Recuperaccedilatildeo
Remoccedilatildeo de entulho lixo etc
corte de aacutervores
remoccedilatildeo de bananeiras
recuperaccedilatildeo eou limpeza de sistemas de
drenagem esgotos e acessos
Limpeza de canais de drenagem
Proteccedilatildeo Vegetal
Proteccedilatildeo superficial vegetal (gramiacuteneas) em
taludes com solo exposto
Proteccedilatildeo vegetal de margens de canais de
drenagem
Barreiras vegetais para massas escorregadas
ou acumuladas pela erosatildeo
Drenagem Superficial e Acessos
Sistema de drenagem superficial (canaletas
raacutepidos caixas de transiccedilatildeo escadas drsquoaacutegua)
Acessos para pedestres (escadarias rampas
etc) integrados ao sistema de drenagem
Revestimento de Taludes Revestimento com materiais artificiais
cimentado cal-jet tela argamassada alvenaria
de tijolos ceracircmicos solo-cimento ensacado
Desmonte de blocos e matacotildees Desmonte de concreccedilotildees de grande porte
blocos rochosos e matacotildees
Obras de drenagem de subsuperfiacutecie Sistema de drenagem de subsuperfiacutecie
(trincheiras drenantes DHP poccedilos de
rebaixamento)
Estruturas de contenccedilatildeo (localizadas)
Muros de contenccedilatildeo de pequeno porte (solo-
cimento ensacado alvenaria de pedra-rachatildeo
concreto armado)
Estruturas de contenccedilatildeo localizadas
(chumbadores tirantes microestacas)
Contenccedilatildeo e proteccedilatildeo de margens de canais (
gabiotildees muros de concreto etc)
Estruturas de contenccedilatildeo (meacutedio e grande porte) Implantaccedilatildeo de estruturas de contenccedilatildeo de
meacutedio e grande porte envolvendo obras de
contenccedilatildeo passivas e ativas (muros de
gravidade cortinas etc)
Terraplanagem Execuccedilatildeo de serviccedilos de terraplanagem
combinados a obras de drenagem superficial e
proteccedilatildeo vegetal desvio e canalizaccedilatildeo de
coacuterregos
Remoccedilatildeo de moradias Remoccedilotildees definitivas para implantaccedilatildeo de
obras ou devido agrave localizaccedilatildeo improacutepria da
edificaccedilatildeo (Priorizar as relocaccedilotildees dentro da
proacutepria aacuterea em local seguro)
Fonte ALHEIROS 2006
43
Escolhidas as formas de intervenccedilatildeo para cada aacuterea eacute necessaacuterio realizar uma estimativa
dos custos afim de preparar o orccedilamento da prefeitura para a realizaccedilatildeo das obras e se
seraacute necessaacuterio a captaccedilatildeo de recursos externos para a execuccedilatildeo destas Feitas as
estimativas de custo o proacuteximo passo eacute definir as prioridades e para esta fase eacute tambeacutem
uacutetil o mapeamento feito nas etapas anteriores pois seraacute necessaacuterio hierarquizar tais
intervenccedilotildees nas aacutereas de risco O Ministeacuterio das Cidades (2007) sugere alguns criteacuterios
que podem ser avaliados pelo gestor dentre eles pode-se citar
Grau de risco
Populaccedilatildeo beneficiada
Custo da intervenccedilatildeo
Dimensatildeo da aacuterea a ser tratada
Demandas anteriores da populaccedilatildeo
Tempo de ocupaccedilatildeo
Viabilidade teacutecnica da intervenccedilatildeo
Viabilidade financeira
Inclusatildeo da aacuterea em outros projetos
A partir desta hierarquizaccedilatildeo inicia-se a identificaccedilatildeo de provaacuteveis fontes de captaccedilatildeo de
recursos para a execuccedilatildeo das intervenccedilotildees Estes recursos podem advir de programas dos
governos Federal e Estadual ou por meio de editais para captaccedilatildeo de recursos financeiros
tanto do setor puacuteblico como da iniciativa privada e podem ser tambeacutem associados agrave outras
Secretarias Municipais como a de Turismo ou Meio Ambiente e natildeo soacute as destinadas agrave
Defesa Civil (ALHEIROS 2006)
Eacute previsto tambeacutem no PMRR uma avaliaccedilatildeo da Defesa Civil municipal e como ela estaacute
estruturada fazendo inclusive sugestotildees para que sua atuaccedilatildeo esteja em consonacircncia com
a realidade das comunidades e da Administraccedilatildeo Puacuteblica do municiacutepio de forma a garantir
sua sustentabilidade e conquistar a credibilidade da populaccedilatildeo no que diz respeito a
prevenccedilatildeo de cataacutestrofes Para que a resposta a uma determinada situaccedilatildeo de risco seja
raacutepida eacute necessaacuterio a descentralizaccedilatildeo da Defesa Civil criando pequenos nuacutecleos
comunitaacuterios com a finalidade de se monitorar a aacuterea constantemente e promover as
intervenccedilotildees necessaacuterias em tempo haacutebil o que aumenta em muito a credibilidade da
populaccedilatildeo no PMRR e no trabalho desempenhado pela Defesa Civil no municiacutepio Apoacutes
esta etapa o PMRR passaraacute por audiecircncias puacuteblicas e posteriormente poderaacute ser aprovado
como Lei Municipal pelo Legislativo local (ALHEIROS 2006)
Com a realizaccedilatildeo deste plano o municiacutepio estaraacute munido de informaccedilotildees suficientes para
realizar accedilotildees efetivas de gestatildeo e gerenciamento de riscos bem como aliado a
levantamentos sociais realizar programas habitacionais que beneficiem prioritariamente
44
aos moradores das aacutereas de risco Aleacutem disso com o PMRR o municiacutepio poderaacute melhorar
a qualidade ambiental da populaccedilatildeo captando recursos para a recuperaccedilatildeo das aacutereas de
APP que foram degradadas pelas ocupaccedilotildees irregulares beneficiando todos os moradores
do municiacutepio com o aumento da qualidade de vida na cidade
A partir do disposto nesta seccedilatildeo acerca do Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos e de
uma maneira preliminar (levando-se em conta apenas o nuacutemero de registros de
alagamentos e deslizamentos na aacuterea urbana principal de Santos Dumont no periacuteodo de
1984 a 2014) identificou-se trecircs regiotildees distintas na aacuterea urbana do municiacutepio com
tempo de recorrecircncia desses eventos similares caracterizando trecircs prioridades de
intervenccedilatildeo em contenccedilatildeo de risco como pode ser visto nas figuras 515 e 516 Vale
ressaltar que eacute necessaacuterio um estudo mais detalhado inclusive com visitas teacutecnicas a
campo para que se confirme a real situaccedilatildeo destas e a real prioridade para investimentos
Figura 5 17 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de deslizamentos
Fonte Do Autor
45
Figura 5 18 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de alagamentos
Fonte Do Autor
46
6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees
A seguir apresenta-se as conclusotildees e as recomendaccedilotildees feitas a partir dos objetivos
especiacuteficos explicitados no iniacutecio deste trabalho
Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a
aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes
urbanos
A partir da revisatildeo da legislaccedilatildeo pertinente em acircmbito federal estadual e
municipal constatou-se que o Plano Diretor de Santos Dumont natildeo conflita com a
legislaccedilatildeo federal e estadual sobre Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente A legislaccedilatildeo
municipal foi entendida como mais conservadora que as federal e estadual uma
vez que considera implicitamente que declividades entre 47 e 100 satildeo
enquadradas como APPs aleacutem da faixa superior a 100
Parte consideraacutevel das ocupaccedilotildees em APP principalmente na regiatildeo do bairro
Santo Antocircnio (onde surgiu os primeiros nuacutecleos que deram origem ao municiacutepio)
e o centro da cidade ocorreram antes de que fosse elaborado qualquer legislaccedilatildeo
que versasse sobre o tema Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente bastando ao gestor
local tomar medidas de contenccedilatildeo de riscos que minimizem os impactos causados
por essas ocupaccedilotildees nessa regiatildeo
O ordenamento adequado do uso do solo no municiacutepio eacute necessaacuterio para que o
crescimento dos loteamentos criados anteriormente agrave esta Lei e o surgimento de
novos natildeo avance para Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente o que pode causar
inuacutemeros problemas aos moradores e agravar os jaacute existentes
Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las
com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)
As aacutereas onde houveram a maior quantidade de registros de deslizamentos satildeo os
bairros mais populosos de Santos Dumont podendo se estabelecer uma relaccedilatildeo
que quanto mais populoso o bairro maior a quantidade de problemas relacionados
a deslizamentos Tambeacutem pode-se notar uma relaccedilatildeo com as fronteiras das faixas
de declividades e os deslizamentos uma vez que boa parte deles aconteceram
nestas faixas
As aacutereas onde houve um grande nuacutemero de registros de alagamentos satildeo os bairros
que se desenvolveram agraves margens do Ribeiratildeo das Posses em especial na aacuterea que
47
compreende as APPs de curso hiacutedrico e em aacutereas onde a declividade eacute baixa Esse
fato aliado ao crescimento do nuacutemero de vias pavimentadas com material
impermeaacutevel e a natildeo expansatildeo e ou redimensionamento da rede de drenagem
urbana contribuiacuteram para a ocorrecircncia cada vez mais constante de alagamentos
nessas aacutereas
Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos
catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30
anos
A partir do levantamento histoacuterico realizado e da base de dados georeferenciada
gerada observou-se o aumento do nuacutemero de registros de deslizamentos e
alagamentos nos uacuteltimos 10 anos quando as ocorrecircncias comeccedilaram a se repetir
numa mesma aacuterea com frequecircncia incrementada as vezes com mais de uma
ocorrecircncia anual
Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do
solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental
Destaca-se a adequaccedilatildeo dos criteacuterios gerais estabelecidos pelo Plano Diretor de
Santos Dumont relativos a legislaccedilatildeo federal e estadual Entretanto o referido
Plano Diretor natildeo contempla todo o territoacuterio municipal sendo assim ele natildeo
cumpre o objetivo de proteger as APPs preservadas e recuperar as que foram
degradadas em todo o territoacuterio municipal Ressalta-se tambeacutem a sua natildeo
conformidade com o Estatuto das Cidades uma vez que o Plano Diretor
contempla apenas os novos loteamentos
Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais
negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea
impactada
Recomenda-se a implantaccedilatildeo no municiacutepio de uma Coordenadoria Municipal de
Defesa Civil atuante e integrada agraves Secretarias Municipais e agrave comunidade
visando uma atuaccedilatildeo eficaz nos problemas relacionados a deslizamentos e
alagamentos A elaboraccedilatildeo de um Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos eacute de
suma importacircncia pois atraveacutes dele pode-se predizer as aacutereas que passaratildeo por
problemas caso a expansatildeo aconteccedila ou se inicie uma ocupaccedilatildeo nova aleacutem de
prevenir acidentes nas aacutereas jaacute ocupadas e consideradas de risco
48
7 Anexos
49
71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont
50
51
72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)
52
53
8 Referecircncias Bibliograacuteficas
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da cidade de Satildeo Paulo O caso da subprefeitura da Seacute Trabalho de Graduaccedilatildeo UNESP
Rio Claro 2013
SUMAacuteRIO
LISTA DE FIGURAS 2
LISTA DE TABELAS E QUADROS 4
1 INTRODUCcedilAtildeO 5
2 OBJETIVOS 6
21 Objetivo geral 6
22 Objetivos especiacuteficos 6
3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 7
31 Conceitos Fundamentais 7
311 Aacutereas de risco 7
312 Deslizamentos 8
313 Alagamentos 8
314 Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente 9
315 Uso e ocupaccedilatildeo do solo 9
32 Legislaccedilatildeo Pertinente 10
321 As adequaccedilotildees da legislaccedilatildeo ao longo dos anos 10
322 O Novo Coacutedigo Florestal e a legislaccedilatildeo mineira 11
323 O Plano Diretor 13
3231 O Plano Diretor de Santos Dumont 14
33 O Municiacutepio de Santos Dumont 16
331 De Arraial a cidade 16
332 Santos Dumont na atualidade 19
4 METODOLOGIA 20
41 Aacuterea de estudo 20
42 Levantamento e tratamento dos dados 21
5 RESULTADOS 23
51 Levantamento histoacuterico de alagamentos e deslizamentos 23
512 O Plano diretor e as APPs 31
52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis 40
521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta 41
6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees 46
7 Anexos 48
71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont 49
72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos
(1984-2014) 51
8 Referecircncias Bibliograacuteficas 53
2
LISTA DE FIGURAS
Paacuteg
Figura 31 Vista parcial do Arraial de Joatildeo Gomes 17
Figura 32 Municiacutepio de Palmyra na deacutecada de 1920 18
Figura 33 Municiacutepio de Santos Dumont em 2014 19
Figura 41 Localizaccedilatildeo da aacuterea urbana principal 20
Figura 42 Mapa da aacuterea urbana principal com a localizaccedilatildeo dos
bairros
21
Figura 51 Deslizamento no bairro Coacuterrego do Ouro 25
Figura 52 Alagamento na regiatildeo central de Santos Dumont em 2013 26
Figura 53 Pontos de Alagamento obtidos atraveacutes do levantamento
histoacuterico
27
Figura 54 Pontos de Deslizamento obtidos atraveacutes do levantamento
histoacuterico
27
Figura 55 Aacutereas propensas a deslizamento de acordo com o Plano
Diretor de Santos Dumont
29
Figura 56 Aacutereas propensas a alagamento de acordo com o Plano
Diretor de Santos Dumont
29
Figura 57 Aacutereas propensas a alagamento do estudo do Plano Diretor
complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do
levantamento
30
Figura 58 Aacutereas propensas a deslizamento do estudo do Plano
Diretor complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do
levantamento
31
Figura 59 Zoneamento urbano da aacuterea urbana principal 32
Figura 510 Combinaccedilatildeo entre as declividades importantes incluindo
as APPs e o zoneamento urbano
34
Figura 511 Combinaccedilatildeo entre as APPs de curso hiacutedrico e as zonas de
planejamento
35
Figura 512 Mapa de usos do solo da aacuterea urbana principal de Santos
Dumont
36
Figura 513 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na
aacuterea urbana principal
37
Figura 514 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na
aacuterea urbana principal
38
Figura 515 Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a
deslizamentos na regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
39
Figura 516 Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a
alagamentos na regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
39
3
Figura 517 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de
deslizamentos
44
Figura 518 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de
alagamentos
45
4
LISTA DE TABELAS E QUADROS
Paacuteg
Tabela 51 Ocorrecircncias de alagamento e deslizamento obtidos
atraveacutes do levantamento histoacuterico
28
Tabela 52 Assinaturas da combinaccedilatildeo Declividade x Zoneamento 34
Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x
Zoneamento
36
Quadro 51 Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco 42
5
1 INTRODUCcedilAtildeO
Quando o ser humano deixou de seguir uma vida nocircmade e passou a se fixar em locais
em geral proacuteximos a cursos drsquoaacutegua e de aacutereas propicias ao cultivo de alimentos iniciou-
se o processo de implantaccedilatildeo de pequenas comunidades e quando estas comunidades
comeccedilaram a crescer natildeo soacute em quantidade mas tambeacutem do ponto de vista
organizacional deu-se iniacutecio a formaccedilatildeo das cidades tal como conhecemos hoje Como
resultado deste processo um sem-fim de problemas relacionados agrave estas ocupaccedilotildees
surgiram tanto de cunho ambiental quanto social e dentre estes problemas estatildeo
incluiacutedos os desastres naturais relacionados a deslizamentos e alagamentos por conta da
ocupaccedilatildeo em aacutereas natildeo adequadas a este fim
Nos uacuteltimos anos o Brasil tem vivenciado grandes trageacutedias relacionadas a deslizamentos
e alagamentos Uma boa parte destes eventos teve como fator agravante as ocupaccedilotildees
sem criteacuterio e sem orientaccedilatildeo teacutecnica Um exemplo recente aconteceu no Vale do Itajaiacute
em Santa Catarina em novembro de 2008 durante um periacuteodo com chuvas intensas em
que vaacuterias cidades entraram em situaccedilatildeo de calamidade puacuteblica devido ao grande nuacutemero
de casos de alagamento e graves deslizamentos de encostas causando a morte de vaacuterias
pessoas na regiatildeo No Estado do Rio de Janeiro em 2010 o Morro do Bumba em Niteroacutei
sofreu com um grave deslizamento que deixou um grande nuacutemero de mortos As casas
foram construiacutedas sobre um antigo lixatildeo sem nenhuma orientaccedilatildeo e com as intensas
chuvas que assolaram a regiatildeo naquela eacutepoca a encosta veio a baixo causando o desastre
Outra trageacutedia relevante aconteceu na regiatildeo Serrana do Rio de Janeiro que foi
considerada ateacute entatildeo a maior trageacutedia climaacutetica da histoacuteria do paiacutes com pouco mais de
500 mortos e um prejuiacutezo material incalculaacutevel no ano de 2011 Em comum a todos estes
fatos estaacute a falta de um planejamento efetivo por parte dos oacutergatildeos municipais no que diz
respeito ao disciplinamento do uso e ocupaccedilatildeo do solo e a fiscalizaccedilatildeo do cumprimento
da legislaccedilatildeo vigente
A cidade de Santos Dumont Minas Gerais natildeo eacute exceccedilatildeo a esta regra Como a grande
maioria das comunidades estabelecidas ao longo da Estrada Real a cidade surgiu como
um pequeno rancho cujo objetivo era servir de pouso para os viajantes que faziam o
transporte de pedras e metais preciosos das minas de Ouro Preto ateacute o Rio de Janeiro
Posteriormente a regiatildeo se desenvolveu como importante entreposto industrial e
comercial a partir da instalaccedilatildeo da ferrovia D Pedro II ateacute que no final do seacuteculo XIX
se transforma em vila e logo apoacutes em municiacutepio O desenvolvimento da regiatildeo implicou
tambeacutem no crescimento populacional e como naquela eacutepoca ainda natildeo havia uma
legislaccedilatildeo especiacutefica para ordenamento e uso do solo os loteamentos foram surgindo agraves
margens do Ribeiratildeo das Posses e em aacutereas cuja declividade natildeo era favoraacutevel agrave ocupaccedilatildeo
6
o que consequentemente acarretou deslizamentos de terra e alagamentos inclusive com
o registro de algumas trageacutedias ao longo dos anos
Pretende-se que este trabalho sirva como subsidio ao gestor puacuteblico local visando o
estabelecimento de poliacuteticas puacuteblicas integradas aos setores de meio ambiente e defesa
civil com vistas a garantir a seguranccedila de todos os muniacutecipes e a qualidade de vida em
todo o territoacuterio municipal
2 OBJETIVOS
21 Objetivo geral
O objetivo geral deste trabalho eacute contribuir para o estabelecimento de poliacuteticas puacuteblicas
direcionadas ao disciplinamento do uso e ocupaccedilatildeo do solo urbano no municiacutepio de
Santos Dumont
22 Objetivos especiacuteficos
Satildeo objetivos especiacuteficos
Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a
aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes
urbanos
Caracterizar o uso irregular do solo urbano em Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente
Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las
com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)
Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos
catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30
anos
Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do
solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental
7
Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais
negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea
impactada
3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
A seguir eacute apresentada a revisatildeo bibliograacutefica que fundamenta o desenvolvimento e o
pleno entendimento deste trabalho O conhecimento do que satildeo aacutereas de risco
alagamentos e deslizamentos bem como o que eacute e qual a importacircncia de um Plano Diretor
eacute de suma importacircncia para se avaliar como um municiacutepio estaacute se desenvolvendo e qual
a qualidade de vida dos muniacutecipes Tambeacutem satildeo abordados neste capiacutetulo os aspectos
legais referentes agraves Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente seus limites e sua importacircncia para
o ambiente urbano
31 Conceitos Fundamentais
311 Aacutereas de risco
De acordo com o Instituto de Pesquisas Tecnoloacutegicas ndash IPT entende-se como aacuterea de
risco aquela ldquopassiacutevel de ser atingida por fenocircmenos ou processos naturais eou induzidos
que causem efeito adverso As pessoas que habitam essas aacutereas estatildeo sujeitas a danos agrave
integridade fiacutesica perdas materiais e patrimoniaisrdquo (MINISTEacuteRIO DAS CIDADES
2007)
Para Augusto Filho et al (1990) apud Cristo (2002) aacuterea de risco eacute caracterizada como
aquela em que ldquose encontra em situaccedilatildeo de perigo tanto socialmente quanto
economicamente por conta de alguma alteraccedilatildeo na constituiccedilatildeo do terreno ou com grande
probabilidade de ocorrer processos naturaisrdquo
Segundo Fernandes (2012) aacutereas de risco ldquosatildeo aacutereas consideradas improacuteprias ao
assentamento humano por estarem sujeitas a riscos naturaisrdquo
Diante das definiccedilotildees supracitadas pode-se dizer que aacuterea de risco satildeo aacutereas susceptiacuteveis
agrave accedilatildeo de eventos naturais extremos e por esse motivo natildeo eacute viaacutevel agrave ocupaccedilatildeo humana
nestes locais e pode ou natildeo estar associados agrave proximidade ou nos limites de uma APP
8
312 Deslizamentos
Segundo Tominaga (2009) deslizamento eacute o movimento de solo em uma vertente pela
accedilatildeo da gravidade e satildeo mais frequentes em regiotildees de relevo montanhoso e em periacuteodos
chuvosos sendo a pluviosidade um dos principais fatores condicionantes para a ocorrecircncia
do processo Os deslizamentos podem ocorrer naturalmente e eacute grande responsaacutevel pela
dinacircmica das vertentes e evoluccedilatildeo do relevo local mas no Brasil a falta de planejamento
urbano de uma boa parte dos municiacutepios a ocupaccedilatildeo desordenada e a construccedilatildeo de
domiciacutelios sem orientaccedilatildeo teacutecnica tecircm transformado um processo natural em um
problema que algumas vezes se tornam grandes trageacutedias Na regiatildeo Sudeste brasileira o
escorregamento do tipo rotacional eacute o mais comum e eacute caracterizado por uma ruptura
curva no solo que estaacute geralmente associada agrave realizaccedilatildeo de cortes na base do talude ou
por processos erosivos fluviais o que relaciona esse tipo de escorregamento agraves regiotildees
urbanas mal planejadas e coloca o homem como o principal agente efetivo associado com
a pluviosidade na ocorrecircncia de acidentes relacionados com deslizamentos
(FERNANDES amp AMARAL 1996 apud TOMINAGA 2009)
313 Alagamentos
De acordo com Amaral amp Ribeiro (2009) inundaccedilotildees e enchentes satildeo processos
intimamente relacionados com a pluviosidade pois satildeo frequentes em periacuteodos de chuvas
fortes e raacutepidas ou chuvas de longa duraccedilatildeo e estatildeo relacionados agrave intensidade e
distribuiccedilatildeo da precipitaccedilatildeo ao longo da bacia agrave capacidade do solo de reter e infiltrar
aacutegua e agraves caracteriacutesticas de forma da bacia de drenagem
O escoamento das aacuteguas pluviais na natureza eacute lento mas em aacutereas urbanizadas a accedilatildeo
antroacutepica relacionada a ocupaccedilatildeo de planiacutecies de inundaccedilatildeo que podem estar inclusive
em uma cota abaixo do leito do rio impermeabilizaccedilatildeo do solo e retificaccedilatildeo de corpos
drsquoaacutegua aleacutem de inuacutemeras atividades que promovem o assoreamento dos rios e coacuterregos
tem gerado resultados catastroacuteficos e grandes prejuiacutezos (AMARAL amp RIBEIRO 2009)
Quando se refere agraves regiotildees urbanas o termo ldquoalagamentordquo eacute o mais utilizado e segundo
o Ministeacuterio das Cidades (2006) define-se como o ldquoacuacutemulo momentacircneo de aacuteguas em
uma dada aacuterea por problemas no sistema de drenagem podendo ter ou natildeo relaccedilatildeo com
processos de natureza fluvialrdquo Tambeacutem o termo ldquoenxurradardquo eacute utilizado e define-se como
o ldquoescoamento superficial concentrado e com alta energia de transporte que pode ou natildeo
estar associado a aacutereas de domiacutenio dos processos fluviais Eacute comum a ocorrecircncia de
enxurradas ao longo de vias implantadas sobre antigos cursos drsquoaacutegua com alto gradiente
hidraacuteulico e em terrenos com alta declividade naturalrdquo
9
314 Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente
O Novo Coacutedigo Florestal Brasileiro define Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP) como
ldquoaacuterea protegida coberta ou natildeo por vegetaccedilatildeo nativa com a funccedilatildeo ambiental de
preservar os recursos hiacutedricos a paisagem a estabilidade geoloacutegica e a biodiversidade
facilitar o fluxo gecircnico de fauna e flora proteger o solo e assegurar o bem-estar das
populaccedilotildees humanasrdquo (BRASIL2012) Estas aacutereas satildeo muito importantes tanto no meio
urbano como no rural por garantir a estabilidade do solo em encostas iacutengremes contribuir
para a natildeo formaccedilatildeo de processos erosivos e o assoreamento de rios e coacuterregos aleacutem de
garantir a recarga de aquiacuteferos ao atuar como um amortecedor de chuvas retendo-a e
impedindo que ocorra um carreamento intenso de sedimentos ao longo dos morros e
margens de rios e coacuterregos (SKORUPA 2004) A Lei 126512012 apresenta os tipos de
APP e seus limites conforme seraacute visto no item 322
315 Uso e ocupaccedilatildeo do solo
Dentre os vaacuterios mecanismos de ordenamento urbano e instrumentos de planejamento
municipal previsto no Estatuto da Cidade (Lei Federal 102572001) o uso e ocupaccedilatildeo
do solo satildeo os mais utilizados pelas cidades para a formulaccedilatildeo das poliacuteticas urbanas
podendo definir o uso como a forma como esta parcela do solo eacute utilizada e a ocupaccedilatildeo
como sendo o modo como as edificaccedilotildees devem ser dispostas nesta mesma parcela do
solo urbano (TAKEDA 2015) O termo ldquoUso e ocupaccedilatildeo do solordquo tambeacutem pode ser
definido como o fator que determina como as mais diferentes regiotildees de um municiacutepio
deve se desenvolver (FONTOURA 2015)
A inserccedilatildeo de leis municipais de uso e ocupaccedilatildeo do solo objetivam ser uma referecircncia
para os gestores locais no processo de tomada de decisatildeo para que as cidades cresccedilam de
modo organizado enfatizando os potenciais e capacidades de cada regiatildeo aleacutem de tornar
o crescimento mais homogecircneo Com isso pretende-se evitar a formaccedilatildeo de grandes
adensamentos em pequenas aacutereas garantindo a mobilidade e a qualidade de vida de todos
os muniacutecipes tanto da regiatildeo urbana como da rural preservar e melhorar a qualidade
ambiental do municiacutepio aleacutem de evitar deslizamentos e alagamentos por conta da
ocupaccedilatildeo incorreta do solo (TAKEDA 2015)
10
32 Legislaccedilatildeo Pertinente
321 As adequaccedilotildees da legislaccedilatildeo ao longo dos anos
A problemaacutetica relacionada agraves APPs em aacutereas urbanas outrora era uma questatildeo complexa
e demandava uma larga discussatildeo do ponto de vista juriacutedico administrativo e teacutecnico Eacute
sabido que a maioria das cidades se formaram proacuteximos aos corpos hiacutedricos regiatildeo que
garantia o abastecimento de aacutegua e alimentos agrave populaccedilatildeo e tambeacutem facilitava o descarte
dos efluentes A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 225 daacute garantia aos
brasileiros de um meio ambiente em equiliacutebrio e concede agrave toda a sociedade o dever de
preservaacute-lo de acordo com os princiacutepios do desenvolvimento sustentaacutevel (BRASIL
1988) Antes desta Constituiccedilatildeo jaacute havia um texto que regulamentava a questatildeo da
preservaccedilatildeo de aacutereas verdes em todo o territoacuterio nacional A Lei Federal nordm 477165 que
trata do Coacutedigo Florestal estabelecia limites e regulamentava as Aacutereas de Preservaccedilatildeo
Permanente De acordo com Arauacutejo (2002) apud De Moraes (2014) essa Lei que fora
revogada e substituiacuteda pela Lei 126512012 era bastante falha no que diz respeito agraves
questotildees de APPS em aacutereas urbanas o que poderia ser um facilitador do natildeo cumprimento
do que foi proposto por aquela legislaccedilatildeo nestas aacutereas Isso se devia ao fato de o Coacutedigo
Florestal de 1965 ter deixado uma duacutevida sobre qual legislaccedilatildeo seguir uma vez que em
seu segundo artigo no paraacutegrafo uacutenico estava disposto que em aacutereas urbanas devia-se
atentar para a legislaccedilatildeo referente ao Plano Diretor e as referentes ao uso do solo na aacuterea
do municiacutepio (BRASIL 1965) Diante dessa conjuntura alguns municiacutepios optavam pela
natildeo aplicaccedilatildeo do Coacutedigo Florestal na regiatildeo urbana mesmo sabendo que a poliacutetica
conservacionista eacute extremamente importante visto o grande nuacutemero de problemas que
podem advir do uso irregular das APPs (DE MORAES 2009) Segundo o artigo 182 da
Constituiccedilatildeo Federal de 1988 as poliacuteticas relacionadas ao desenvolvimento urbano
devem ser elaboradas pelos municiacutepios e objetiva garantir o bem estar dos muniacutecipes e
tambeacutem o desenvolvimento do municiacutepio como um todo atraveacutes do atendimento agraves
exigecircncias do Plano Diretor (BRASIL 1988) O que podia gerar alguma divergecircncia seria
se o Plano Diretor Municipal propusesse uma faixa de APP menor que a prevista pelo
Coacutedigo Florestal Sendo assim essa legislaccedilatildeo perderia sua validade pelo fato de a
legislaccedilatildeo federal ser suplementar ou se seria cumprida devido ao disposto no artigo 182
da Constituiccedilatildeo Segundo De Moraes (2009) natildeo eacute aceitaacutevel que o Plano Diretor
Municipal legitime tal degradaccedilatildeo ambiental uma vez que um dos seus principais
objetivos eacute a proteccedilatildeo do bem estar puacuteblico estando incluiacutedo nesse a proteccedilatildeo do
ambiente natural A delimitaccedilatildeo e especificaccedilatildeo das APPs em Lei eacute necessaacuteria uma vez
que os limites miacutenimos destinados agrave preservaccedilatildeo satildeo importantes pois garantem a
proteccedilatildeo tanto da qualidade quanto da quantidade dos recursos hiacutedricos e evitam a
ocupaccedilatildeo em locais propiacutecios aos deslizamentos e zonas de recarga dos aquiacuteferos
11
subterracircneos assegurando tambeacutem de certa forma a integridade dos seres humanos que
potencialmente ocupariam tais locais (CARVALHO 2013)
Neste trabalho a legislaccedilatildeo tomada como referecircncia eacute a prevista pela Constituiccedilatildeo Federal
de 1988 o Novo Coacutedigo Florestal (Lei 126512012) e o Estatuto das Cidades (Lei
102572001) em acircmbito federal Na esfera estadual a Lei 209222013 versa sobre os
limites para APP em todo o territoacuterio de Minas A Lei Municipal 42412012 trata do
Plano Diretor Municipal da cidade de Santos Dumont onde se encontra as diretrizes para
o uso e ocupaccedilatildeo do solo e o zoneamento da cidade de acordo com as caracteriacutesticas do
solo entre outras
322 O Novo Coacutedigo Florestal e a legislaccedilatildeo mineira
O Novo Coacutedigo Florestal Lei Federal 126512012 substituiu a Lei Federal 47711965
Dentre os vaacuterios artigos que esta lei possui o que apresenta maior importacircncia para o
planejamento e o ordenamento das cidades tanto na aacuterea urbana como na rural eacute o artigo
4ordm em que constam as faixas de APP tanto para curso hiacutedrico como para declividade e
altitude aleacutem dos topos de morro a saber (BRASIL2012)
ldquoArt 4ordm Considera-se Aacuterea de Preservaccedilatildeo
Permanente em zonas rurais ou urbanas para os
efeitos desta Lei
I - as faixas marginais de qualquer curso drsquoaacutegua
natural perene e intermitente excluiacutedos os
efecircmeros desde a borda da calha do leito regular
em largura miacutenima de
a) 30 (trinta) metros para os cursos drsquoaacutegua de
menos de 10 (dez) metros de largura
b) 50 (cinquenta) metros para os cursos drsquoaacutegua
que tenham de 10 (dez) a 50 (cinquenta) metros de
largura
()
IV - as aacutereas no entorno das nascentes e dos olhos
drsquoaacutegua perenes qualquer que seja sua situaccedilatildeo
topograacutefica no raio miacutenimo de 50 (cinquenta)
metros
12
V - as encostas ou partes destas com declividade
superior a 45deg equivalente a 100 (cem por
cento) na linha de maior declive
()
IX - no topo de morros montes montanhas e
serras com altura miacutenima de 100 (cem) metros e
inclinaccedilatildeo meacutedia maior que 25deg as aacutereas
delimitadas a partir da curva de niacutevel
correspondente a 23 (dois terccedilos) da altura
miacutenima da elevaccedilatildeo sempre em relaccedilatildeo agrave base
sendo esta definida pelo plano horizontal
determinado por planiacutecie ou espelho drsquoaacutegua
adjacente ou nos relevos ondulados pela cota do
ponto de sela mais proacuteximo da elevaccedilatildeo
X - as aacutereas em altitude superior a 1800 (mil e
oitocentos) metros qualquer que seja a
vegetaccedilatildeo
()rdquo
A legislaccedilatildeo atual em seu artigo 4ordm evidencia que as faixas e aacutereas determinadas como
APP compreendem tanto as aacutereas rurais quanto urbanas (BRASIL 2012) retirando a
duacutevida anterior e sendo essa a Lei suplementar qualquer faixa de APP mais permissiva
na legislaccedilatildeo estadual e municipal satildeo invaacutelidas o que simplificou de certa forma a
aplicabilidade da Legislaccedilatildeo referente a Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente
No Estado de Minas Gerais a Lei Estadual 20922 de 16 de Outubro de 2013 trata do tema
em acircmbito estadual mas com os mesmos princiacutepios propostos pela Lei Federal sendo os
limites miacutenimos previstos para as APPs os mesmos propostos pelo Novo Coacutedigo
Florestal brasileiro (MINAS GERAIS2013)
ldquo Art 9ordm Para os efeitos desta Lei em zonas rurais
ou urbanas satildeo APPs
I as faixas marginais de cursos drsquoaacutegua naturais
perenes e intermitentes excluiacutedos
os efecircmeros medidas a partir da borda da calha
do leito regular em largura miacutenima de
13
a) 30m (trinta metros) para os cursos drsquoaacutegua de
menos de 10m (dez metros) de largura
b) 50m (cinquenta metros) para os cursos drsquoaacutegua
de 1 0m (dez metros) a 50m (cinquenta metros) de
largura
()
IV as aacutereas no entorno das nascentes e dos olhos
drsquoaacutegua perenes no raio miacutenimo de 50m
(cinquenta metros)
V as encostas ou partes destas com declividade
superior a 45ordm (quarenta e cinco graus)
equivalente a 100 (cem por cento) na linha de
maior declive
()
VII no topo de morros montes montanhas e
serras com altura miacutenima de 100m (cem metros)
e inclinaccedilatildeo meacutedia maior que 25ordm (vinte e cinco
graus) as aacutereas delimitadas a partir da curva de
niacutevel correspondente a 23 (dois terccedilos) da altura
miacutenima da elevaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave base sendo esta
definida pelo plano horizontal determinado por
planiacutecie ou espelho drsquoaacutegua adjacente ou nos
relevos ondulados pela cota do ponto de sela mais
proacuteximo da elevaccedilatildeo
VIII as aacutereas em altitude superior a 1 800m (mil
e oitocentos metros)
()rdquo
323 O Plano Diretor
O Estatuto das Cidades em seu artigo 40 prevecirc o plano diretor como um instrumento
capaz de promover a poliacutetica urbana englobando toda a cidade aleacutem de fornecer padrotildees
e limites para o uso do solo nas mais diversas regiotildees do municiacutepio com vistas a
harmonizar o desenvolvimento urbano com a preservaccedilatildeo do meio ambiente (SILVA JR
2006) Este instrumento eacute obrigatoacuterio para cidades com mais de 20 mil habitantes ou
14
aacutereas que integrem regiotildees metropolitanas ou de interesse turiacutestico O artigo 41 do
Estatuto das cidades tambeacutem prevecirc a obrigatoriedade do Plano Diretor para cidades que
possuem em sua aacuterea empreendimentos que caracterizem grandes impactos ambientais
de influecircncia regional ou nacional e cidades que possuem problemas com deslizamentos
de grande magnitude ou alagamentos repentinos (BRASIL 2001)
O Plano diretor de acordo com o Estatuto das Cidades deve ser aprovado como lei em
acircmbito municipal e revisto a cada dez anos Este documento eacute uacutenico pois cada cidade
possui suas peculiaridades infraestrutura vocaccedilotildees e problemas que por mais que sejam
parecidos entre si satildeo diferenciados pela intensidade e pela regionalizaccedilatildeo Sendo assim
a confecccedilatildeo do Plano Diretor deve conter a participaccedilatildeo de toda a comunidade local de
forma a reduzir as desigualdades sociais os gastos puacuteblicos desnecessaacuterios a degradaccedilatildeo
ambiental e combater os problemas relacionados a urbanizaccedilatildeo de forma conjunta
promovendo um processo de tomada de decisatildeo que garanta a qualidade de vida
preservaccedilatildeo e o desenvolvimento social do municiacutepio como um todo (ROSSBACH amp
CARVALHO 2010)
3231 O Plano Diretor de Santos Dumont
A Lei Municipal nordm 424112 que entrou em vigor no ano de 2014 trata do Plano Diretor
Municipal instrumento previsto no Estatuto das Cidades para garantir aos cidadatildeos um
desenvolvimento urbano organizado justo e sustentavelmente econocircmico (BRASIL
2001) Aleacutem de apontar as diretrizes para a elaboraccedilatildeo da Poliacutetica Municipal dos mais
variados setores o Plano Diretor divide o municiacutepio em macrozonas urbanas e rurais
Estas zonas tecircm por objetivo facilitar a identificaccedilatildeo dos setores que permitem ou natildeo o
desenvolvimento da cidade e em que magnitude pode ser feita a expansatildeo respeitando ao
meio ambiente e tambeacutem o que eacute previsto no tocante ao uso e ocupaccedilatildeo do solo nessas
aacutereas Aleacutem disso ela estabelece a forma como devem ser as edificaccedilotildees nas referidas
aacutereas As aacutereas definidas como macrozonas urbanas e foram subdivididas em (SANTOS
DUMONT2012)
ldquoZona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e
da Paisagem (ZPPH) satildeo as aacutereas cujos
equipamentos urbanos possuem interesse
histoacuterico ou paisagiacutestico de preservaccedilatildeo
Zona de Preservaccedilatildeo Ambiental satildeo aquelas em
que devem ser mantidas ou recuperadas a
15
vegetaccedilatildeo por conta da declividade altitude ou
presenccedila de recursos hiacutedricos
Zona de Adensamento Controlado (ZAC) satildeo as
aacutereas em que deve-se manter uma pequena
densidade populacional devido as limitaccedilotildees na
infraestrutura da localidade A ZAC se divide em
ZAC 1 quando a infraestrutura existente eacute
limitada e em ZAC 2 quando esta eacute precaacuteria ou
natildeo existe
Zona de Consolidaccedilatildeo de Adensamento (ZCA)
satildeo as aacutereas em que haacute interesse em ocupar os
lotes vagos haja visto que a regiatildeo possui toda a
infraestrutura para que isto aconteccedila
Zona Adensaacutevel (ZA) satildeo as aacutereas com
condiccedilotildees propiacutecias para ocorrer uma ocupaccedilatildeo
mais densa
Zona Especial de Interesse Social (ZEIS) satildeo as
aacutereas em que o Poder Puacuteblico almeja fazer
alguma forma de ocupaccedilatildeo Eacute dividida em ZEIS 1
e ZEIS 2 A ZEIS 1 satildeo regiotildees jaacute ocupadas mas
de forma irregular cujo interesse puacuteblico eacute
realizar obras e outras atividades para
regularizar as ocupaccedilotildees e urbanizar a aacuterea
enquanto que a ZEIS 2 satildeo aacutereas natildeo utilizadas ou
subutilizadas as quais o poder puacuteblico almeja
realizar algum empreendimento habitacional de
caraacuteter social
Zona de Grandes Equipamentos (ZE) satildeo aacutereas
cujo o interesse eacute a implantaccedilatildeo de
empreendimentos de grande porte ou grandes
equipamentos puacuteblicosrdquo
Esta divisatildeo espacial pode ser melhor vista no Anexo 71
O Plano Diretor natildeo estipula limites para APP mas prevecirc algumas diretrizes como na
Poliacutetica Municipal de Preservaccedilatildeo do Meio Ambiente sobre o uso do solo em
compatibilidade com praacuteticas conservacionistas A Poliacutetica Municipal de Expansatildeo
16
Urbana tem como uma de suas diretrizes fazer cumprir a legislaccedilatildeo vigente no que diz
respeito agraves intervenccedilotildees e investimentos que poderatildeo ser feitos nessas aacutereas Tambeacutem eacute
diretriz da mesma Poliacutetica o controle da ocupaccedilatildeo e do uso do solo em APPs e o auxiacutelio
aos oacutergatildeos estaduais e federais de meio ambiente no tocante agrave fiscalizaccedilatildeo da ocupaccedilatildeo
nestas aacutereas (SANTOS DUMONT 2012) O artigo 38 que trata das diretrizes da Poliacutetica
habitacional de interesse social exclui do processo de regularizaccedilatildeo fundiaacuteria os
assentamentos situados em aacutereas de risco o que na maioria das vezes estatildeo tambeacutem nas
aacutereas que deveriam estar vegetadas e protegidas (SANTOS DUMONT 2012) Na
legislaccedilatildeo referente ao parcelamento do solo eacute previsto que no parcelamento de glebas
com declividade entre 30 e 47 soacute poderaacute ser aprovado mediante projeto e laudo
assinado por um responsaacutevel teacutecnico favoraacutevel agrave construccedilatildeo nesse local (SANTOS
DUMONT 2012) Diante do proposto pelo Plano Diretor de Santos Dumont pode-se
dizer que natildeo haacute conflito com a legislaccedilatildeo federal e estadual em se tratando da
aplicabilidade do Coacutedigo Florestal uma vez que aquele natildeo explicita limites nem
permissivos e tampouco restritivos para faixas e aacutereas de preservaccedilatildeo permanente
33 O Municiacutepio de Santos Dumont
331 De Arraial a cidade
A aacuterea onde se situa hoje o municiacutepio de Santos Dumont teve sua ocupaccedilatildeo iniciada no
seacuteculo XVIII quando a Coroa Portuguesa solicitou ao entatildeo Governador do Rio de
Janeiro Artur de Saacute Menezes que abrisse um caminho que ligasse as Minas dos
Cataguases na regiatildeo de Ouro Preto (receacutem descobertas) ao Rio de Janeiro por onde
escoava os metais preciosos para a metroacutepole Surgiu assim o ldquoCaminho Novordquo e ao longo
deste caminho surgiram tambeacutem as Sesmarias aacutereas que tinham por principal objetivo
servir de pouso aos transportadores e exploradores e tambeacutem para garantir alimento a
estas pessoas Uma destas ocupaccedilotildees seria o ldquoArraial de Joatildeo Gomesrdquo (Figura 41)
primeiro nuacutecleo primitivo do municiacutepio em 1709 De iniacutecio prevaleciam somente
ranchos onde os viajantes se abrigavam mas em pouco tempo ergueu-se a Capela de Satildeo
Miguel e Almas e pequenos nuacutecleos urbanos comeccedilaram a surgir (DAPPC2008)
17
Figura 3 1 Vista parcial do Arraial de Joatildeo Gomes
Fonte Arquivo Histoacuterico de Santos Dumont-MG
Com a construccedilatildeo da Estrada de Ferro D Pedro II no final do seacuteculo XIX a regiatildeo teve
um consideraacutevel crescimento natildeo soacute populacional como tambeacutem econocircmico se tornando
a Vila Palmyra em 1889 Em 1890 Palmyra eacute elevada ao status de Municiacutepio (Figura 42)
e recebe um grande nuacutemero de melhorias no setor viaacuterio como a retificaccedilatildeo de ruas e
tambeacutem no setor de serviccedilos puacuteblicos como abastecimento de aacutegua iluminaccedilatildeo puacuteblica a
querosene e posteriormente energia eleacutetrica O desenvolvimento econocircmico na regiatildeo
tambeacutem teve seu momento aacuteureo nesse periacuteodo Induacutestrias de laticiacutenios graacuteficas e de
Carbureto de Caacutelcio fizeram parte do parque industrial de Palmyra o que atraiacutea pessoas
de outros lugares inclusive estrangeiros contribuindo para o aumento populacional da
regiatildeo Como ainda natildeo havia legislaccedilatildeo sobre uso e ocupaccedilatildeo do solo nessa eacutepoca
surgiram inuacutemeros loteamentos em aacutereas proacuteximas agrave rios e coacuterregos e tambeacutem em
encostas com declividade acentuada o que foi agravando o risco agrave medida que a ocupaccedilatildeo
aumentava (DAPPC2008)
18
Figura 3 2 Municiacutepio de Palmyra na deacutecada de 1920
Fonte Arquivo Histoacuterico de Santos Dumont-MG
O escoamento da produccedilatildeo industrial se dava pelo modal ferroviaacuterio setor que tambeacutem
movimentava a crescente cidade que era ponto importante no setor de transportes pois
possuiacutea um dos mais bem equipados depoacutesitos de locomotivas da Estrada de Ferro Central
do Brasil (DAPPC2008)
No ano de 1932 o municiacutepio de Palmyra passou a se chamar Santos Dumont (Figura 43)
em homenagem ao inventor do aviatildeo que nascera naquela cidade Nos uacuteltimos 40 anos
Santos Dumont tem experimentado uma acentuada desaceleraccedilatildeo econocircmica
consequecircncia do fechamento da grande maioria das induacutestrias principalmente as de
laticiacutenios que empregavam direta e indiretamente uma parte consideraacutevel da populaccedilatildeo
(DAPPC2008)
19
Figura 3 3 Municiacutepio de Santos Dumont em 2014
Fonte Arquivo do autor
332 Santos Dumont na atualidade
O municiacutepio de Santos Dumont localiza-se na regiatildeo da Zona da Mata mineira distante
cerca de 220 Km da capital Belo Horizonte e possui uma populaccedilatildeo de 47558 habitantes
(ODM 2015 projeccedilatildeo) numa aacuterea total de 637 kmsup2 Faz divisa com os municiacutepios de
Juiz de Fora Oliveira Fortes Bias Fortes Antocircnio Carlos Tabuleiro Piau e Ewbank da
Cacircmara
No que diz respeito agrave sua formaccedilatildeo fisiacuteco-geograacutefica a aacuterea que compreende o municiacutepio
eacute constituiacuteda predominantemente por Cambissolo Haacuteplico (70) com Latossolo
Vermelho-Amarelo (30) (UFV2010) A vegetaccedilatildeo eacute em sua maioria composta por
exemplares de Mata Atlacircntica De acordo com o IBGE(2015) Santos Dumont se localiza
a 839m de altitude O clima da regiatildeo eacute classificado como Tropical de Altitude (Cwb) e
possui uma temperatura meacutedia de 20ordmC Eacute banhado pela bacia hidrograacutefica do Paraiacuteba do
Sul e em sua maioria pertence agrave sub-bacia do Rio Pomba (IGAM) que fornece aacutegua para
abastecimento puacuteblico agrave 88 da populaccedilatildeo por meio da rede de distribuiccedilatildeo
(IBGE2010) Uma pequena parte da zona rural a sudoeste eacute banhada pela Sub-Bacia do
Rio Paraibuna mais precisamente na regiatildeo de fronteira com os municiacutepios de Juiz de
Fora e Ewbank da Cacircmara O sistema viaacuterio principal de acesso agrave cidade eacute a rodovia BR-
040 e a estrada de ferro Dom Pedro II atualmente utilizada somente para transporte de
cargas
Com a economia nos dias atuais baseada majoritariamente no setor de serviccedilos a cidade
possui um Iacutendice de Desenvolvimento humano (IDH) de 0741 (IBGE2010) Apesar do
decliacutenio econocircmico de Santos Dumont nota-se hoje um aumento no nuacutemero de
loteamentos populares e condomiacutenios horizontais e verticais entre outras edificaccedilotildees Eacute
de vital importacircncia que esse crescimento das ocupaccedilotildees seja ordenado e regulamentado
20
de forma a garantir a qualidade ambiental prevenindo deslizamentos e inundaccedilotildees Diante
dessa conjuntura o governo municipal aprovou em 2012 a Lei nordm 4241 que trata do Plano
Diretor Participativo instrumento baacutesico da poliacutetica de desenvolvimento e expansatildeo
urbana do municiacutepio de Santos Dumont
4 METODOLOGIA
41 Aacuterea de estudo
A regiatildeo dentro dos limites do municiacutepio que seraacute estudada neste trabalho eacute conforme
descrito nos anexos Plano Diretor e representada na figura 44 a aacuterea urbana principal
que possui 47 Kmsup2 e compreende a regiatildeo central da cidade e os bairros perifeacutericos regiatildeo
que concentra cerca de 90 da populaccedilatildeo total de Santos Dumont (IBGE 2015) A aacuterea
urbana principal representa 75 da aacuterea total dos 637 Kmsup2 que compreendem o
municiacutepio e eacute o local onde nos uacuteltimos 30 anos se verificou um maior crescimento
populacional e tambeacutem onde ocorre a maioria dos eventos relacionados a deslizamentos
e alagamentos por conta da ocupaccedilatildeo sem planejamento A figura 45 mostra a aacuterea
urbana principal e a localizaccedilatildeo dos bairros urbanos de Santos Dumont
Figura 4 1 Localizaccedilatildeo da aacuterea urbana principal
Fonte Google Earth
21
Figura 4 2 Mapa da aacuterea urbana principal com a localizaccedilatildeo dos bairros
Fonte Do Autor
42 Levantamento e tratamento dos dados
No desenvolvimento deste trabalho foi necessaacuterio se fazer um estudo detalhado sobre o
Plano Diretor de Santos Dumont principalmente dos seus anexos que compreendem os
mapas e a localizaccedilatildeo das aacutereas definidas pelo zoneamento proposto Para que isso fosse
possiacutevel a Secretaria Municipal de Obras e Serviccedilos Puacuteblicos forneceu todos os dados
secundaacuterios produto do estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor e do
zoneamento Estes dados incluem os arquivos Shapefile (shp) e outros documentos
integrantes do Plano Diretor Algumas informaccedilotildees foram complementadas tambeacutem com
dados adquiridos atraveacutes do site do IBGE e do Portal Objetivos do Milecircnio (ODM)
Os dados sobre as ocorrecircncias de deslizamentos e alagamentos foram obtidos atraveacutes da
Defesa Civil do municiacutepio atraveacutes do Sistema Integrado de Informaccedilotildees sobre Desastres
(S2ID) do Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional Tal sistema centraliza as informaccedilotildees sobre
desastres naturais ocorridos em todo o territoacuterio nacional facilitando a pesquisa sobre tais
eventos a qualquer cidadatildeo (BRASIL 2015)
Apesar do sistema ser bastante uacutetil os dados sobre o municiacutepio de Santos Dumont se
encontravam bastante falhos e escassos sendo necessaacuteria complementaccedilatildeo para que a
22
base de dados ficasse consistente Diante disso uma pesquisa atraveacutes dos arquivos do
Jornal Mensagem um jornal semanaacuterio local foi feita entre os anos de 1984 e 2014 e os
dados primaacuterios filtrados em uma planilha do Microsoft Excel para posterior utilizaccedilatildeo
De posse destes dados foi feita a localizaccedilatildeo em campo das coordenadas dos locais
atingidos por deslizamentos e alagamentos no periacuteodo compreendido pela pesquisa com
o auxiacutelio de um aparelho de GPS
A maioria dos arquivos shapefile utilizados para a confecccedilatildeo dos mapas satildeo parte
integrante dos anexos da Lei do Plano diretor do municiacutepio gerados no mecircs de dezembro
de 2011 pelo Instituto Nova Cidade e foram cedidos pela Secretaria Municipal de Obras
e Serviccedilos Puacuteblicos com Datum em UTM SAD 69 Com a finalidade de fornecer um
referenciamento atualizado e de acordo com os mais novos sistemas de coordenadas
utilizados no Brasil os arquivos foram convertidos para o Datum UTM SIRGAS 2000
que diferencia do SAD 69 pelo fato de ser um referencial geocecircntrico ou seja o centro
da Terra eacute o ponto de referecircncia neste sistema enquanto que o primeiro utiliza um
referencial na superfiacutecie da Terra (IBGE2014) Eacute interessante ressaltar tambeacutem que o
SIRGAS 2000 se tornou no ano de 2014 o sistema de coordenadas oficial do Sistema
Geodeacutesico Brasileiro e do Sistema Cartograacutefico Nacional ambos mantidos pelo IBGE A
combinaccedilatildeo dos shapefiles foi feita com o software livre gvSIG e com estas combinaccedilotildees
foram gerados mapas importantes resultados para a execuccedilatildeo deste trabalho A maioria
dos mapas representam a regiatildeo urbana principal de Santos Dumont e foram produzidos
numa escala em torno de 140000 que de acordo com Rocha (2007) eacute uma escala viaacutevel
pois as recomendaacuteveis para trabalhos de anaacutelise ambiental em niacutevel municipal podem ser
entre 150000 e 110000 Alguns mapas cujo detalhamento natildeo eacute necessaacuterio foram
gerados na escala 1100000
Para a geraccedilatildeo dos mapas aleacutem dos arquivos fornecidos pela Secretaria de Obras e
Serviccedilos Puacuteblicos foram utilizados para a geraccedilatildeo do modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE)
e da localizaccedilatildeo dos topos de morro dados gerados pelo sistema de radar Advanced
Spacebone Thermal Emission and Reflection Radiometer (ASTER) que geram as curvas
de niacutevel do terreno com uma resoluccedilatildeo de 30m (NASA2014) O processamento dessas
imagens foi feito pelo software livre gvSIG As imagens geradas pelos sateacutelites
LANDSAT foram adquiridas no site da United States Geological Survey (USGS) e essas
imagens possibilitaram obter um panorama preciso do uso do solo em toda a aacuterea urbana
de Santos Dumont numa resoluccedilatildeo de 15 metros uma vez que foi utilizada a banda
pancromaacutetica do sateacutelite LANDSAT 8 aleacutem da combinaccedilatildeo das bandas 65 e 4
respectivamente que eacute a combinaccedilatildeo recomendada pela mantenedora dos sateacutelites para
anaacutelises deste tipo
23
No que diz respeito a identificaccedilatildeo de APPs em topo de morro a metodologia de Oliveira
amp Fernandes Filho (2013) por utilizar as mesmas bases de dados ateacute entatildeo usadas neste
trabalho foi a mais indicada
A metodologia de anaacutelise dos mapas gerados eacute a proposta pelo professor Jorge Xavier da
Silva do Laboratoacuterio de Geoprocessamento (LAGEOP) da Universidade Federal do Rio
de Janeiro e citada por Rocha (2007) Tal metodologia analisa as variaacuteveis em questatildeo
presentes na aacuterea e permite avaliar as possibilidades de relaccedilotildees entre essas variaacuteveis De
uma maneira geral este meacutetodo verifica o estado atual da aacuterea em estudo bem como das
variaacuteveis gerando inventaacuterios que servem para a construccedilatildeo de dados planimeacutetricos sejam
com as variaacuteveis isoladas ou combinadas Estes dados planimeacutetricos geram assinaturas
que permitem inferir sobre a influecircncia dessas variaacuteveis De posse dos dados gerados pelo
processo anteriormente citado pode-se fazer algumas prospecccedilotildees sobre os riscos
ambientais que a aacuterea pode sofrer ou o seu potencial ambiental (ROCHA 2007)
5 RESULTADOS
51 Levantamento histoacuterico de alagamentos e
deslizamentos
O aumento da demanda pelo uso do solo na regiatildeo urbana de Santos Dumont
principalmente no tocante agrave formaccedilatildeo de novos loteamentos e condomiacutenios nos uacuteltimos
anos eacute consideraacutevel mas tambeacutem haacute de se observar o crescimento dos bairros jaacute existentes
com pouco ou nenhum ordenamento Em ambos os casos se observa ocupaccedilotildees
irregulares em APP o que tem ocasionado um aumento na frequecircncia de deslizamentos
e inundaccedilotildees Eacute evidente que quanto maior a densidade populacional do bairro maior a
quantidade de ocorrecircncias ao longo dos anos (SPERFELD 2009)
De acordo com as ocorrecircncias registradas pela Defesa Civil do municiacutepio obtidas atraveacutes
da literatura utilizada nos uacuteltimos 30 anos Santos Dumont chegou a decretar situaccedilatildeo de
emergecircncia por conta de desastres envolvendo deslizamentos eou alagamentos por duas
vezes num espaccedilo de 10 anos conforme pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho
(BRASIL 2014 CEPED 2011)
Segundo os dados obtidos atraveacutes de pesquisa nos arquivos do semanaacuterio entre os anos
de 1984 e 2014 pode-se verificar que nos uacuteltimos 20 anos a cidade tem experimentado
24
um aumento consideraacutevel nos eventos relacionados a deslizamentos e principalmente
alagamentos como pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho Isso pode ter sido causado
dentre outros fatores pelo aumento do nuacutemero de vias pavimentadas com material
impermeaacutevel o que tem sobrecarregado tanto a infraestrutura existente para drenagem
urbana como tambeacutem a calha dos cursos drsquoaacutegua que passam pela regiatildeo urbana do
municiacutepio (ZANON2013)
Na deacutecada de 1980 (1984-1990) de acordo com os dados obtidos natildeo foram noticiados
eventos consideraacuteveis relacionados a deslizamentos e alagamentos em Santos Dumont
mas isso natildeo exclui a possibilidade de natildeo ter ocorrido tais eventos em menor escala
Na deacutecada de 1990 aconteceram uma seacuterie de ocorrecircncias tanto de deslizamentos quanto
de alagamentos No ano de 1997 num periacuteodo chuvoso intenso aconteceram
deslizamentos consideraacuteveis em vaacuterios bairros da cidade inclusive com desabamento de
casas e de ruas principalmente nos bairros Nossa Senhora da Gloacuteria e Quarto Depoacutesito
Em 1999 ocorreram alguns pontos de alagamento nos bairros Quarto Depoacutesito e Santo
Antocircnio com grandes prejuiacutezos materiais
A deacutecada de 2000 iniciou com o registro de deslizamentos em vaacuterios bairros da cidade
inclusive com desabamento de casas e pontes e alagamentos em importantes vias do
centro da cidade Observa-se ao longo desse periacuteodo o crescimento nas ocorrecircncias de
deslizamentos e de aacutereas com risco de deslizamento em muitos bairros de Santos Dumont
Um dos fatores importantes para esse crescimento foi a grande expansatildeo sofrida pela
maioria dos bairros e a falta de planejamento e orientaccedilatildeo por parte da prefeitura uma
vez que uma boa parte do crescimento dos bairros da cidade ocorreu ou proacuteximo a cursos
drsquoaacutegua ou em aacutereas com declividade improacutepria para se fazer construccedilotildees O bairro
Coacuterrego do Ouro (Figura 51) foi o que mais sofreu com ocorrecircncias de deslizamentos
nesse periacuteodo enquanto o bairro Santo Antocircnio foi que teve mais ocorrecircncias de
alagamentos
25
Figura 5 1 Deslizamento no bairro Coacuterrego do Ouro
Fonte Portal Cabangu
No iniacutecio deacutecada de 2010 (2011-2014) o centro da cidade foi a regiatildeo que mais sofreu
com alagamentos sendo registrado pelo menos uma ocorrecircncia por ano nessa aacuterea (Figura
52) Isso pode ser relacionado dentre outros fatores com as obras de modificaccedilatildeo do
tipo de pavimentaccedilatildeo das estradas por um material impermeaacutevel gerando uma sobrecarga
nos sistemas de drenagem urbana que foram projetados para um tipo de pavimento mais
permeaacutevel implicando tambeacutem na sobrecarga calha do Ribeiratildeo das Posses o principal
curso drsquoaacutegua que corta o centro da cidade e que se encontra em quase sua totalidade
ocupada em ambas as margens que cortam o centro da cidade
26
Figura 5 2 Alagamento na regiatildeo central de Santos Dumont em 2013
Fonte Portal Cabangu
Quanto agraves ocorrecircncias de deslizamento ao longo da referida deacutecada elas estiveram
espalhadas pelos bairros do municiacutepio tendo um maior nuacutemero de ocorrecircncias nos bairros
Santo Antocircnio Nossa Senhora da Gloacuteria e Aacutegua Espraiada Nos dois primeiros bairros
citados as ocorrecircncias podem ter sido ocasionadas pelo crescimento desordenado e sem
planejamento destes e no terceiro as ocorrecircncias satildeo relacionadas ao processo de
assoreamento do Ribeiratildeo das Posses o que pode ter gerado um aumento da velocidade
desse curso drsquoaacutegua causando problemas decorrentes do transporte de sedimentos da aacuterea
onde as casas foram construiacutedas que teve como consequecircncia os deslizamentos
Em resumo como pode ser observado nas figuras 53 e 54 na tabela 51 no periacuteodo de
1984 a 2014 os bairros mais afetados por alagamentos e deslizamentos satildeo Quarto
Depoacutesito Nossa Senhora da Gloacuteria Santo Antocircnio Coacuterrego do Ouro Antocircnio Afonso
Graminha e Vila Esperanccedila sendo que o bairro Coacuterrego do Ouro possui o maior nuacutemero
de ocorrecircncias de deslizamentos e o centro da cidade possui o maior nuacutemero de
ocorrecircncias de alagamentos no periacuteodo pesquisado Vale destacar que a aacuterea propiacutecia a
alagamentos no bairro Antocircnio Afonso natildeo identificada no estudo realizado pela
prefeitura constitui-se efetivamente numa aacuterea de risco conforme levantamento histoacuterico
realizado Esta aacuterea de risco se deve agrave diferenccedila de niacutevel negativa entre o rio Pinho e a
aacuterea do bairro estando este em desniacutevel com um risco iminente de inundaccedilotildees resultantes
da cheia desse curso drsquoaacutegua causando inuacutemeros transtornos aos moradores do local
27
Figura 5 3 Pontos de Alagamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico
Fonte Do autor
Figura 5 4 Pontos de deslizamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico
Fonte Do autor
28
Tabela 51 Ocorrecircncias de alagamentos e deslizamentos obtidos atraveacutes do
levantamento histoacuterico
Pontos de ocorrecircncia (1984-2014)
Bairros Alagamento Deslizamento
Aacutegua Espraiada 1 1
Antocircnio Afonso 1 0
Barra 0 1
Centro 7 1
Coacuterrego do Ouro 1 7
Flores 0 1
Graminha 1 0
Jardim Jaraguaacute 0 1
N Sra da Gloacuteria 0 4
N Sra das Graccedilas 1 0
Quarto Depoacutesito 3 2
Santo Antocircnio 4 2
Satildeo Sebastiatildeo 0 1
Vila Esperanccedila 0 1
Fonte Do autor
De acordo com o estudo realizado na elaboraccedilatildeo do Plano Diretor pela prefeitura
municipal observa-se que os bairros que possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a
deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do Ouro e Vila Esperanccedila enquanto que os que
possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a alagamento satildeo o Centro da cidade e os
bairros Satildeo Sebastiatildeo Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio por estarem agraves margens do
Ribeiratildeo das Posses um curso drsquoaacutegua que sofre com inundaccedilotildees perioacutedicas devido ao
severo assoreamento em algumas regiotildees e tambeacutem devido ao acuacutemulo de lixo descartado
pelos moradores do entorno irregularmente De acordo com o estudo realizado quando da
elaboraccedilatildeo do Plano Diretor do municiacutepio foram feitos estudos sobre as aacutereas propensas
a deslizamentos e alagamentos na regiatildeo urbana principal Tais aacutereas satildeo as destacadas
nas Figuras 55 e 56 No levantamento histoacuterico realizado pode-se identificar que os
bairros que possuem mais aacutereas propensas a deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do
Ouro Nossa Senhora da Gloacuteria Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio enquanto que os bairros
mais propensos a alagamentos satildeo os bairros Centro Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio
como observado na tabela 51
29
Figura 5 5 Aacutereas propensas a deslizamento de acordo com o Plano Diretor de
Santos Dumont
Fonte Google Earth e Lei 42412012
Figura 5 6 Aacutereas propensas a alagamento de acordo com o Plano Diretor de
Santos Dumont
Fonte Google Earth e Lei 42412012
30
Comparando-se os mapas obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico com o mapa gerado
pelo estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor nota-se que haacute semelhanccedilas em
algumas aacutereas mas ao se levar em conta o produto gerado pela pesquisa histoacuterica o
estudo necessitaria ser complementado haja vista que ele natildeo compreende por exemplo
o ponto de alagamento no bairro Antocircnio Afonso citado anteriormente e alguns pontos de
deslizamento importantes uma vez que satildeo regiotildees onde haacute ocupaccedilatildeo Esse fato evidencia
a necessidade de se buscar vaacuterias fontes primaacuterias e secundaacuterias para se detectar aacutereas de
risco em um municiacutepio incluindo arquivos da imprensa local afim de se produzir uma
base de dados consistente e com o menor nuacutemero de falhas possiacutevel (CEPED 2014) Com
a uniatildeo dos dois estudos foram gerados os mapas apresentados nas Figuras 57 e 58
Aleacutem do mais observando as figuras 57 e 58 pode-se notar que uma boa parte tanto dos
casos de alagamento quanto de deslizamento estatildeo na faixa de APP de curso hiacutedrico o
que ilustra a importacircncia da preservaccedilatildeo destas aacutereas
Figura 5 7 Aacutereas propensas a alagamento do estudo do Plano Diretor
complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento
Fonte Do Autor
31
Figura 5 8 Aacutereas propensas a deslizamento do estudo do Plano Diretor
complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento
Fonte Do Autor
Atraveacutes da combinaccedilatildeo entre estes dois levantamentos procurou-se alimentar a base de
dados e garantir uma consistecircncia maior desta no que diz respeito a aacutereas de deslizamento
e alagamento podendo inclusive se identificar a suscetibilidade de uma determinada
regiatildeo da cidade a um ou outro evento (CEPED2014)
512 O Plano diretor e as APPs
Nos uacuteltimos anos o Brasil experimentou um forte fenocircmeno de migraccedilatildeo do campo para
as aacutereas urbanas De acordo com o IBGE no periacuteodo de 1940 a 2000 houve um aumento
de cerca de 60 do nuacutemero de pessoas que vivem em cidades (SILVA JR 2006) O
processo de planejamento e ordenamento do uso do solo nessas aacutereas deveria ter
acompanhado esse crescimento ao longo dos anos a fim de garantir a qualidade de vida e
a seguranccedila dos migrantes ao se instalarem nas cidades o que natildeo ocorreu e o que se
observa atualmente satildeo ocupaccedilotildees em aacutereas improacuteprias para moradia sem a infraestrutura
baacutesica necessaacuteria e com risco iminente de deslizamentos eou inundaccedilotildees
O Plano Diretor do municiacutepio de Santos Dumont em seu capiacutetulo IV que versa sobre o
uso e ocupaccedilatildeo do solo explicita regras para o ordenamento do territoacuterio que compreende
o municiacutepio com base nos diferentes usos do solo de acordo com sua compatibilidade o
32
que acabou por resultar num zoneamento de todo o municiacutepio em macrozonas conforme
citado na seccedilatildeo 3231 de acordo com os usos atuais e futuros do solo Aleacutem de dividir
estas macrozonas em urbanas e rurais tambeacutem avaliou e classificou estas aacutereas com base
numa seacuterie de fatores ambientais geoloacutegicos culturais e sociais de forma a se fazer um
zoneamento coerente com os atuais usos do solo e seu potencial de uso futuro Apresenta-
se na Figura 59 este zoneamento na aacuterea urbana principal de Santos Dumont
Figura 5 9 Zoneamento urbano da aacuterea urbana principal
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Lei 42412012
Tomando como referecircncia o Novo Coacutedigo Florestal brasileiro em especial os paracircmetros
estabelecidos para a definiccedilatildeo de APP e utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento
atraveacutes do software Vista SAGA relacionou-se as APPs existentes na aacuterea em estudo com
as regiotildees propiacutecias a alagamentos e deslizamentos de acordo com o estudo feito quando
da elaboraccedilatildeo do Plano Diretor afim de se identificar qual ou quais aacutereas possuem estes
problemas e se estatildeo relacionados com o uso do solo irregular em APP
Ao se aplicar a metodologia proposta por Oliveira amp Fernandes Filho (2013) natildeo foram
identificadas dentro da aacuterea de estudo APPs de topos de morro sendo este tipo de APP
descartada portanto das anaacutelises subsequentes deste trabalho Foram consideradas as
APP de curso hiacutedrico (rios e nascentes) e de declividade visando relacionaacute-las as aacutereas
de risco identificadas pela Prefeitura afim de se verificar as possiacuteveis causas da ocorrecircncia
33
destas aacutereas na regiatildeo urbana do municiacutepio Por meio de combinaccedilotildees entre dois mapas
temaacuteticos utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento foi possiacutevel obter as
assinaturas ou seja tabelas que caracterizam quantitativamente a aacuterea afetada por cada
aspecto visto que a simples visualizaccedilatildeo do mapa gerado pelo geoprocessamento muitas
vezes eacute prejudicada por serem aacutereas de pequenas dimensotildees ou por qualquer outra
limitaccedilatildeo do software Ressalta-se que para a elaboraccedilatildeo do Plano Municipal de Reduccedilatildeo
de riscos a identificaccedilatildeo e detalhamento topograacutefico destas aacutereas eacute fundamental para o
desenvolvimento do referido Plano conforme seraacute abordado detalhadamente na seccedilatildeo
52
De posse do mapa que representa o zoneamento urbano de Santos Dumont primeiramente
procurou-se mensurar qualitativa e quantitativamente a presenccedila de APPs tanto de
declividade quanto de cursos hiacutedricos Essa identificaccedilatildeo eacute importante pois este
zoneamento eacute um dos instrumentos de planejamento municipal (BRASIL 2001) Saboya
(2007) aponta que os principais objetivos de um zoneamento satildeo o controle da expansatildeo
urbana e proteccedilatildeo de aacutereas inadequadas a ocupaccedilatildeo aleacutem de reduzir os conflitos inerentes
aos diferentes usos do solo Com o uso da ferramenta ldquoCombinarrdquo do Vista SAGA foram
feitas combinaccedilotildees entre o mapa de hidrografia com buffer de 30m para rios e coacuterregos e
de 50m para nascentes com o mapa do zoneamento para se verificar a importacircncia das
APPs de curso hiacutedrico em toda a aacuterea urbana principal do municiacutepio Tambeacutem foram
combinados o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) obtido atraveacutes do gvSIG com o mapa
de zoneamento afim de se verificar quantitativamente as APPs de declividade e onde se
localizam Vale ressaltar que as declividades entre 30 e 47 estatildeo presentes nesta
combinaccedilatildeo pois de acordo com o Plano Diretor de Santos Dumont terrenos com esta
faixa de declividade para fins de parcelamento devem possuir estudo teacutecnico que ateste
a viabilidade de se promover algum empreendimento imobiliaacuterio neste (SANTOS
DUMONT 2012) Como a legislaccedilatildeo municipal prevecirc estudo somente para a faixa de
declividade descrita anteriormente para fins de anaacutelise neste trabalho consideramos um
valor mais conservador para APP compreendendo a faixa de 47 a 100 aleacutem da
prevista pela legislaccedilatildeo federal (gt100) para que natildeo houvessem lacunas importantes na
geraccedilatildeo do produto
Apresenta-se na Figura 510 aacutereas com declividades consideradas de risco e consideradas
APP e em qual zona de planejamento elas estatildeo inseridas De um modo geral ao se
observar a Tabela 52 nota-se que a aacuterea que compreende declividades de risco e APP eacute
uma pequena parcela da aacuterea urbana principal representando 061 desta aacuterea Ao se
levar em conta somente a localizaccedilatildeo pode-se verificar que cerca de 84 das aacutereas com
declividade de risco e a totalidade das APPs de declividade estatildeo localizadas na ZAC1
zona que compreende a maior parte do municiacutepio e apesar de possuir infraestrutura baacutesica
para a ocupaccedilatildeo esta eacute restrita Sendo assim o fator declividade deve ser visto com cautela
nesta aacuterea para se evitar transtornos advindos de edificaccedilotildees nestas aacutereas
34
Figura 5 10 Combinaccedilatildeo entre as declividades importantes incluindo as APPs e o
zoneamento urbano
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Do autor
Tabela 52 Assinaturas da combinaccedilatildeo Declividade x Zoneamento
Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea
Natildeo APP 457972 9939
Declividade 30-47 em ZAC1 2368 051
Declividade 30-47 em ZE 284 006
Declividade 30-47 em ZAC2 128 003
Declividade 30-47 em ZPA 004 0001
APP Declividade em ZAC1 048 001
Total 460804 100
Fonte Do autor
Apresenta-se na Figura 511 as APPs de curso hiacutedrico (nascentes e rios) e em qual zona
de planejamento estatildeo localizadas Assim como a declividade a maior parte das APPs de
curso hiacutedrico estatildeo localizadas em ZAC1 representando 383 da aacuterea urbana em estudo
e 51 do total das APPs de curso hiacutedrico Esta questatildeo tambeacutem deve ser vista com
bastante criteacuterio pelos gestores locais uma vez que a ocupaccedilatildeo em faixas proacuteximas de
rios e coacuterregos podem causar uma gama de problemas ambientais e sociais na regiatildeo
(SANTANA2011) Tal cuidado tambeacutem deve ser tomado nas APPs compreendidas na
35
ZAC2 que compreende 001 da Aacuterea urbana principal e 14 do total das APPs de curso
hiacutedrico pois a infraestrutura baacutesica e acessibilidade presente nesta zona eacute precaacuteria e a
ocupaccedilatildeo as margens de cursos hiacutedricos pode gerar problemas seacuterios caso ocorra uma
expansatildeo nestas aacutereas
Figura 511 Combinaccedilatildeo entre APP de curso hiacutedrico e as zonas de planejamento
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Do autor
Outro ponto importante eacute a presenccedila da Zona de Proteccedilatildeo Ambiental (ZPA) no entorno
uma consideraacutevel parte dos cursos hiacutedricos Nesta zona estatildeo presentes 28 das APPs de
curso hiacutedrico e esta zona de acordo com o Plano Diretor deve ser restaurada ou
preservada por suas caracteriacutesticas geoloacutegicas topograacuteficas e bioloacutegicas
Afim de se verificar os usos do solo na regiatildeo em estudo foram utilizadas combinaccedilotildees
de imagens advindas do sateacutelite Landsat 8 nas bandas descritas no capiacutetulo 4 aleacutem da
banda pancromaacutetica O resultado eacute apresentado na figura 512 que mostra os principais
usos do solo na aacuterea urbana principal de Santos Dumont
36
Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x Zoneamento
Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea
Hidrografia 11168 239
Aacuterea Urbana Natildeo APP 421004 9008
APP Curso hiacutedrico em ZAC1 179 383
APP Curso hiacutedrico em ZPA 9776 209
APP Curso hiacutedrico em ZE 184 004
APP Curso hiacutedrico em ZA 1192 026
APP Curso hiacutedrico em ZAC2 5124 110
APP Curso hiacutedrico em ZPPH 248 005
APP Curso hiacutedrico em ZEIS 568 012
APP Curso hiacutedrico em ZCA 228 005
Total 467392 10000
Fonte Do autor
Figura 5 12 Mapa de usos do solo da aacuterea urbana principal de Santos Dumont
Fonte Do autor
Como jaacute era previsto a maior parte da aacuterea urbana se encontra ocupada e eacute nesta regiatildeo
ocupada que se observa a maior concentraccedilatildeo de problemas de deslizamentos e
alagamentos (Figuras 513 e 514) A grande ocupaccedilatildeo em aacutereas consideradas APP de
curso hiacutedrico de acordo com os mapas gerados pode ser a principal causa do aumento a
cada ano dos casos de alagamento principalmente na regiatildeo central da cidade Outro ponto
que se deve atentar eacute a existecircncia de uma consideraacutevel aacuterea de pastagem pouco vegetada
que caso estejam em aacutereas elevadas pode contribuir para deslizamentos e agraves margens de
37
rios e coacuterregos para o assoreamento destes corpos hiacutedricos o que pode causar
alagamentos (INAacuteCIO etal 2007)
Diante destes resultados pode-se ver que a cidade de Santos Dumont necessita alternativas
efetiva no que diz respeito agrave contenccedilatildeo de deslizamentos e a reduccedilatildeo de risco de
alagamento pois as aacutereas em que ocorrem tais eventos satildeo distintas e facilmente definidas
devido agrave repeticcedilatildeo destes nos uacuteltimos anos Um plano de accedilatildeo integrado entre as diferentes
secretarias municipais (Obras Meio Ambiente Assistecircncia Social entre outras) e a
Coordenadoria Municipal de Defesa Civil deve ser realizado afim de se tomar medidas
natildeo mais preventivas mas sim preditivas para que se possa conter o avanccedilo destes
problemas na aacuterea urbana principal bem como em toda a aacuterea do municiacutepio
Figura 5 13 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na aacuterea urbana
principal
Fonte Do autor
38
Figura 5 14 Aacutereas sujeitas a alagamento e os principais usos do solo na aacuterea
urbana principal
Fonte Do autor
Ao se associar os dados do estudo do Plano Diretor com os dados do levantamento
histoacuterico realizado com o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) pode-se notar que as aacutereas
propiacutecias a deslizamento estatildeo em regiotildees as quais haacute uma fronteira de declividades ou
seja eacute evidente que os deslizamentos ocorrem em encostas um pouco mais iacutengremes mas
natildeo necessariamente nas encostas de 30-47 as quais exigem estudo teacutecnico conforme o
plano diretor preconiza Quanto aos alagamentos nota-se que eles se localizam nas aacutereas
com menor ou nenhuma declividade podendo ser estas aacutereas talvez componentes da
planiacutecie de inundaccedilatildeo dos rios Estes resultados podem ser vistos nas figuras 515 e 516
a seguir
39
Figura5 15 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a deslizamentos na
regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
Fonte Lei 42412012 e Autor
Figura5 26 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a alagamentos na
regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
Fonte Lei 42412012 e Autor
40
52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis
O processo de ocupaccedilatildeo no municiacutepio de Santos Dumont comeccedilou muito antes de
qualquer legislaccedilatildeo relacionada a ordenamento urbano e de proteccedilatildeo do meio ambiente
fosse implementado no Brasil Esse fato aliado a poliacuteticas e fiscalizaccedilotildees falhas
contribuiacuteram para a ocupaccedilatildeo e expansatildeo da aacuterea urbana ao longo do Ribeiratildeo das Posses
e seus afluentes o que tem gerado o aumento da degradaccedilatildeo destes corpos hiacutedricos ao
longo de todos estes anos Observa-se tambeacutem que nas uacuteltimas deacutecadas ocorreu um
grande nuacutemero de migraccedilotildees do campo para a regiatildeo urbana da cidade fator que
contribuiu para o crescimento do nuacutemero de habitaccedilotildees em aacutereas de risco de deslizamento
e alagamentos por serem na maioria das vezes terrenos menos valorizados e por este
motivo acessiacuteveis a populaccedilatildeo com menor poder aquisitivo (ROSA amp CORTEZ 2008)
Vale ressaltar que esta questatildeo aleacutem de ser ambiental eacute muito mais social pois os
moradores entendem os riscos de se viver nestes locais mas por motivos econocircmicos ou
por questotildees afetivas natildeo abrem matildeo da moradia nessas aacutereas A Constituiccedilatildeo Federal de
1988 promoveu a inter-relaccedilatildeo das questotildees sociais com as questotildees ambientais quando
colocou o meio ambiente como direito coletivo (BRASIL1988 SOUZA2010) Por este
motivo a decisatildeo por medidas draacutesticas que favoreccedilam apenas agrave preservaccedilatildeo do meio
ambiente natildeo eacute recomendada pois aleacutem de ser inconstitucional podem afetar a
sustentabilidade econocircmica do municiacutepio e gerar conflitos sociais consideraacuteveis
(CARLOS 1992 apud SOUZA 2010)
Segundo Bueno (2009) ldquonem tudo o que eacute irregular eacute precaacuteriordquo Esse fato se observa em
Santos Dumont uma vez que em boa parte da regiatildeo central se observa vaacuterias moradias
construiacutedas na faixa de APP de curso hiacutedrico o que natildeo eacute permitido pela legislaccedilatildeo
vigente e eacute um dos fatores que contribui para a ocorrecircncia de alagamentos nesta aacuterea da
cidade Para a resoluccedilatildeo deste problema o que seria mais viaacutevel seria a melhoria da
infraestrutura de drenagem urbana afim de que o escoamento da aacutegua das chuvas natildeo
sobrecarregasse o sistema (BUENO2009) A construccedilatildeo de bacias de contenccedilatildeo de
cheias ao longo do Ribeiratildeo das Posses tambeacutem seria uma alternativa mas para se verificar
a viabilidade necessita-se estudos mais aprofundados do ponto de vista hidroloacutegico
O grande problema a ser solucionado no entanto eacute o que diz respeito agraves aacutereas de risco
de deslizamento majoritariamente nos bairros A melhor alternativa seria o
remanejamento dos moradores para uma aacuterea proacutexima agrave que moram poreacutem longe do
risco Poreacutem esta alternativa de acordo com Rosa Filho amp Cortez (2008) encontra alguns
entraves pois estas pessoas na maioria das vezes natildeo tecircm condiccedilotildees financeiras de irem
para outro lugar ou pagar aluguel ou estatildeo de alguma forma sentimentalmente ligadas
agravequela regiatildeo que se recusam a deixaacute-lo
41
Por parte dos oacutergatildeos competentes no municiacutepio a criaccedilatildeo de um plano para se evitar
acidentes ocasionados por deslizamentos e alagamentos com um mapeamento detalhado
de toda a extensatildeo do municiacutepio eacute extremamente uacutetil Os estudos que seratildeo feitos para a
elaboraccedilatildeo deste plano poderatildeo definir quais as aacutereas satildeo potencialmente de risco para as
ocupaccedilotildees existentes ou para as potenciais ocupaccedilotildees que possam vir a ocorrer atraveacutes do
mapeamento das aacutereas de risco Tal planejamento seraacute auxiliar ao Plano Diretor
Municipal pois definiraacute o real uso do solo de determinada regiatildeo do municiacutepio
contribuindo para a adequaccedilatildeo do uso e ocupaccedilatildeo do solo afim de evitar ou reduzir o
nuacutemero de problemas relacionados a alagamentos e principalmente deslizamentos no
periacutemetro urbano (TOMINAGA 2009) A partir deste plano os gestores locais poderatildeo
tomar a melhor decisatildeo para a prevenccedilatildeo ou reduccedilatildeo dos riscos inerentes a tais problemas
Na seccedilatildeo 521 seraacute hierarquizado de forma preliminar a aacuterea urbana principal de acordo
com os resultados da tabela 51
521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta
O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos (PMRR) foi criado atraveacutes de accedilotildees
regularizadoras do Ministeacuterio das Cidades para ser o instrumento de gestatildeo e
gerenciamento de aacutereas de risco em um municiacutepio Eacute um documento que aleacutem de
estabelecer quais regiotildees satildeo consideradas de risco tambeacutem objetiva a proposta de
medidas estruturais ou natildeo para contenccedilatildeo eou prevenccedilatildeo de cataacutestrofes aleacutem de ser um
meio de captaccedilatildeo de recursos financeiros junto aos Governos Estadual e Federal Estes
recursos poderatildeo ser utilizados para a realizaccedilatildeo de obras que visem a melhoria da
qualidade de vida da populaccedilatildeo do entorno ou de recuperaccedilatildeo da aacuterea degradada Este
plano eacute realizado de forma participativa com as comunidades das aacutereas de risco e pode
ser realizado em sete fases conforme recomenda o Ministeacuterio das Cidades (ALHEIROS
2006)
O primeiro passo para a realizaccedilatildeo do PMRR eacute definir qual a metodologia seraacute empregada
levando-se em consideraccedilatildeo a realidade atual do municiacutepio e especificar de forma sucinta
um cronograma das atividades Eacute importante nesta fase a participaccedilatildeo tambeacutem dos
responsaacuteveis pelas mais variadas Secretarias Municipais afim de explicitar o tamanho da
importacircncia e o caraacuteter integrador deste plano A segunda fase deste plano objetiva a
criaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo da principal base de dados a ser utilizada nos passos posteriores o
mapeamento de risco em escala detalhe em torno de 13000 (SAtildeO PAULO 2014) A
elaboraccedilatildeo de um mapeamento detalhado propiciaraacute natildeo soacute a identificaccedilatildeo mais faacutecil das
aacutereas de risco como tambeacutem facilitaraacute aos gestores e agrave comunidade decidirem qual a
melhor intervenccedilatildeo para a soluccedilatildeo ou remediaccedilatildeo dos problemas em uma determinada
42
aacuterea hierarquizando o risco e definindo prioridades (SAtildeO PAULO 2014) Na tabela a
seguir apresenta-se alguns tipos de intervenccedilotildees que podem ser feitas em aacutereas de risco
sugeridas pelo Ministeacuterio das cidades (ALHEIROS 2006)
Quadro 5 1 - Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco
Tipo de intervenccedilatildeo Descriccedilatildeo
Serviccedilos de limpeza e Recuperaccedilatildeo
Remoccedilatildeo de entulho lixo etc
corte de aacutervores
remoccedilatildeo de bananeiras
recuperaccedilatildeo eou limpeza de sistemas de
drenagem esgotos e acessos
Limpeza de canais de drenagem
Proteccedilatildeo Vegetal
Proteccedilatildeo superficial vegetal (gramiacuteneas) em
taludes com solo exposto
Proteccedilatildeo vegetal de margens de canais de
drenagem
Barreiras vegetais para massas escorregadas
ou acumuladas pela erosatildeo
Drenagem Superficial e Acessos
Sistema de drenagem superficial (canaletas
raacutepidos caixas de transiccedilatildeo escadas drsquoaacutegua)
Acessos para pedestres (escadarias rampas
etc) integrados ao sistema de drenagem
Revestimento de Taludes Revestimento com materiais artificiais
cimentado cal-jet tela argamassada alvenaria
de tijolos ceracircmicos solo-cimento ensacado
Desmonte de blocos e matacotildees Desmonte de concreccedilotildees de grande porte
blocos rochosos e matacotildees
Obras de drenagem de subsuperfiacutecie Sistema de drenagem de subsuperfiacutecie
(trincheiras drenantes DHP poccedilos de
rebaixamento)
Estruturas de contenccedilatildeo (localizadas)
Muros de contenccedilatildeo de pequeno porte (solo-
cimento ensacado alvenaria de pedra-rachatildeo
concreto armado)
Estruturas de contenccedilatildeo localizadas
(chumbadores tirantes microestacas)
Contenccedilatildeo e proteccedilatildeo de margens de canais (
gabiotildees muros de concreto etc)
Estruturas de contenccedilatildeo (meacutedio e grande porte) Implantaccedilatildeo de estruturas de contenccedilatildeo de
meacutedio e grande porte envolvendo obras de
contenccedilatildeo passivas e ativas (muros de
gravidade cortinas etc)
Terraplanagem Execuccedilatildeo de serviccedilos de terraplanagem
combinados a obras de drenagem superficial e
proteccedilatildeo vegetal desvio e canalizaccedilatildeo de
coacuterregos
Remoccedilatildeo de moradias Remoccedilotildees definitivas para implantaccedilatildeo de
obras ou devido agrave localizaccedilatildeo improacutepria da
edificaccedilatildeo (Priorizar as relocaccedilotildees dentro da
proacutepria aacuterea em local seguro)
Fonte ALHEIROS 2006
43
Escolhidas as formas de intervenccedilatildeo para cada aacuterea eacute necessaacuterio realizar uma estimativa
dos custos afim de preparar o orccedilamento da prefeitura para a realizaccedilatildeo das obras e se
seraacute necessaacuterio a captaccedilatildeo de recursos externos para a execuccedilatildeo destas Feitas as
estimativas de custo o proacuteximo passo eacute definir as prioridades e para esta fase eacute tambeacutem
uacutetil o mapeamento feito nas etapas anteriores pois seraacute necessaacuterio hierarquizar tais
intervenccedilotildees nas aacutereas de risco O Ministeacuterio das Cidades (2007) sugere alguns criteacuterios
que podem ser avaliados pelo gestor dentre eles pode-se citar
Grau de risco
Populaccedilatildeo beneficiada
Custo da intervenccedilatildeo
Dimensatildeo da aacuterea a ser tratada
Demandas anteriores da populaccedilatildeo
Tempo de ocupaccedilatildeo
Viabilidade teacutecnica da intervenccedilatildeo
Viabilidade financeira
Inclusatildeo da aacuterea em outros projetos
A partir desta hierarquizaccedilatildeo inicia-se a identificaccedilatildeo de provaacuteveis fontes de captaccedilatildeo de
recursos para a execuccedilatildeo das intervenccedilotildees Estes recursos podem advir de programas dos
governos Federal e Estadual ou por meio de editais para captaccedilatildeo de recursos financeiros
tanto do setor puacuteblico como da iniciativa privada e podem ser tambeacutem associados agrave outras
Secretarias Municipais como a de Turismo ou Meio Ambiente e natildeo soacute as destinadas agrave
Defesa Civil (ALHEIROS 2006)
Eacute previsto tambeacutem no PMRR uma avaliaccedilatildeo da Defesa Civil municipal e como ela estaacute
estruturada fazendo inclusive sugestotildees para que sua atuaccedilatildeo esteja em consonacircncia com
a realidade das comunidades e da Administraccedilatildeo Puacuteblica do municiacutepio de forma a garantir
sua sustentabilidade e conquistar a credibilidade da populaccedilatildeo no que diz respeito a
prevenccedilatildeo de cataacutestrofes Para que a resposta a uma determinada situaccedilatildeo de risco seja
raacutepida eacute necessaacuterio a descentralizaccedilatildeo da Defesa Civil criando pequenos nuacutecleos
comunitaacuterios com a finalidade de se monitorar a aacuterea constantemente e promover as
intervenccedilotildees necessaacuterias em tempo haacutebil o que aumenta em muito a credibilidade da
populaccedilatildeo no PMRR e no trabalho desempenhado pela Defesa Civil no municiacutepio Apoacutes
esta etapa o PMRR passaraacute por audiecircncias puacuteblicas e posteriormente poderaacute ser aprovado
como Lei Municipal pelo Legislativo local (ALHEIROS 2006)
Com a realizaccedilatildeo deste plano o municiacutepio estaraacute munido de informaccedilotildees suficientes para
realizar accedilotildees efetivas de gestatildeo e gerenciamento de riscos bem como aliado a
levantamentos sociais realizar programas habitacionais que beneficiem prioritariamente
44
aos moradores das aacutereas de risco Aleacutem disso com o PMRR o municiacutepio poderaacute melhorar
a qualidade ambiental da populaccedilatildeo captando recursos para a recuperaccedilatildeo das aacutereas de
APP que foram degradadas pelas ocupaccedilotildees irregulares beneficiando todos os moradores
do municiacutepio com o aumento da qualidade de vida na cidade
A partir do disposto nesta seccedilatildeo acerca do Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos e de
uma maneira preliminar (levando-se em conta apenas o nuacutemero de registros de
alagamentos e deslizamentos na aacuterea urbana principal de Santos Dumont no periacuteodo de
1984 a 2014) identificou-se trecircs regiotildees distintas na aacuterea urbana do municiacutepio com
tempo de recorrecircncia desses eventos similares caracterizando trecircs prioridades de
intervenccedilatildeo em contenccedilatildeo de risco como pode ser visto nas figuras 515 e 516 Vale
ressaltar que eacute necessaacuterio um estudo mais detalhado inclusive com visitas teacutecnicas a
campo para que se confirme a real situaccedilatildeo destas e a real prioridade para investimentos
Figura 5 17 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de deslizamentos
Fonte Do Autor
45
Figura 5 18 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de alagamentos
Fonte Do Autor
46
6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees
A seguir apresenta-se as conclusotildees e as recomendaccedilotildees feitas a partir dos objetivos
especiacuteficos explicitados no iniacutecio deste trabalho
Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a
aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes
urbanos
A partir da revisatildeo da legislaccedilatildeo pertinente em acircmbito federal estadual e
municipal constatou-se que o Plano Diretor de Santos Dumont natildeo conflita com a
legislaccedilatildeo federal e estadual sobre Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente A legislaccedilatildeo
municipal foi entendida como mais conservadora que as federal e estadual uma
vez que considera implicitamente que declividades entre 47 e 100 satildeo
enquadradas como APPs aleacutem da faixa superior a 100
Parte consideraacutevel das ocupaccedilotildees em APP principalmente na regiatildeo do bairro
Santo Antocircnio (onde surgiu os primeiros nuacutecleos que deram origem ao municiacutepio)
e o centro da cidade ocorreram antes de que fosse elaborado qualquer legislaccedilatildeo
que versasse sobre o tema Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente bastando ao gestor
local tomar medidas de contenccedilatildeo de riscos que minimizem os impactos causados
por essas ocupaccedilotildees nessa regiatildeo
O ordenamento adequado do uso do solo no municiacutepio eacute necessaacuterio para que o
crescimento dos loteamentos criados anteriormente agrave esta Lei e o surgimento de
novos natildeo avance para Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente o que pode causar
inuacutemeros problemas aos moradores e agravar os jaacute existentes
Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las
com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)
As aacutereas onde houveram a maior quantidade de registros de deslizamentos satildeo os
bairros mais populosos de Santos Dumont podendo se estabelecer uma relaccedilatildeo
que quanto mais populoso o bairro maior a quantidade de problemas relacionados
a deslizamentos Tambeacutem pode-se notar uma relaccedilatildeo com as fronteiras das faixas
de declividades e os deslizamentos uma vez que boa parte deles aconteceram
nestas faixas
As aacutereas onde houve um grande nuacutemero de registros de alagamentos satildeo os bairros
que se desenvolveram agraves margens do Ribeiratildeo das Posses em especial na aacuterea que
47
compreende as APPs de curso hiacutedrico e em aacutereas onde a declividade eacute baixa Esse
fato aliado ao crescimento do nuacutemero de vias pavimentadas com material
impermeaacutevel e a natildeo expansatildeo e ou redimensionamento da rede de drenagem
urbana contribuiacuteram para a ocorrecircncia cada vez mais constante de alagamentos
nessas aacutereas
Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos
catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30
anos
A partir do levantamento histoacuterico realizado e da base de dados georeferenciada
gerada observou-se o aumento do nuacutemero de registros de deslizamentos e
alagamentos nos uacuteltimos 10 anos quando as ocorrecircncias comeccedilaram a se repetir
numa mesma aacuterea com frequecircncia incrementada as vezes com mais de uma
ocorrecircncia anual
Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do
solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental
Destaca-se a adequaccedilatildeo dos criteacuterios gerais estabelecidos pelo Plano Diretor de
Santos Dumont relativos a legislaccedilatildeo federal e estadual Entretanto o referido
Plano Diretor natildeo contempla todo o territoacuterio municipal sendo assim ele natildeo
cumpre o objetivo de proteger as APPs preservadas e recuperar as que foram
degradadas em todo o territoacuterio municipal Ressalta-se tambeacutem a sua natildeo
conformidade com o Estatuto das Cidades uma vez que o Plano Diretor
contempla apenas os novos loteamentos
Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais
negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea
impactada
Recomenda-se a implantaccedilatildeo no municiacutepio de uma Coordenadoria Municipal de
Defesa Civil atuante e integrada agraves Secretarias Municipais e agrave comunidade
visando uma atuaccedilatildeo eficaz nos problemas relacionados a deslizamentos e
alagamentos A elaboraccedilatildeo de um Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos eacute de
suma importacircncia pois atraveacutes dele pode-se predizer as aacutereas que passaratildeo por
problemas caso a expansatildeo aconteccedila ou se inicie uma ocupaccedilatildeo nova aleacutem de
prevenir acidentes nas aacutereas jaacute ocupadas e consideradas de risco
48
7 Anexos
49
71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont
50
51
72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)
52
53
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SC Dissertaccedilatildeo de Mestrado UFSC Florianoacutepolis 2009
TAKEDA T O Uso e ocupaccedilatildeo do solo urbano Disponiacutevel em
httpwwwjuriswayorgbrv2dhallaspid_dh=12363 Acesso em 02 de junho de 2015
TOMINAGA LK Escorregamentos In TOMINAGA L K et al(org) Desastres
naturais conhecer para prevenir Instituto Geoloacutegico Satildeo Paulo 2009 p 25-38
UFV ndash Universidade Federal de Viccedilosa Mapa de solos do Estado de Minas Gerais
legenda expandida Centro Tecnoloacutegico de Minas Gerais FEAM Belo Horizonte 2010
ZANON F N Uso e ocupaccedilatildeo da terra e vulnerabilidade a alagamento na aacuterea central
da cidade de Satildeo Paulo O caso da subprefeitura da Seacute Trabalho de Graduaccedilatildeo UNESP
Rio Claro 2013
2
LISTA DE FIGURAS
Paacuteg
Figura 31 Vista parcial do Arraial de Joatildeo Gomes 17
Figura 32 Municiacutepio de Palmyra na deacutecada de 1920 18
Figura 33 Municiacutepio de Santos Dumont em 2014 19
Figura 41 Localizaccedilatildeo da aacuterea urbana principal 20
Figura 42 Mapa da aacuterea urbana principal com a localizaccedilatildeo dos
bairros
21
Figura 51 Deslizamento no bairro Coacuterrego do Ouro 25
Figura 52 Alagamento na regiatildeo central de Santos Dumont em 2013 26
Figura 53 Pontos de Alagamento obtidos atraveacutes do levantamento
histoacuterico
27
Figura 54 Pontos de Deslizamento obtidos atraveacutes do levantamento
histoacuterico
27
Figura 55 Aacutereas propensas a deslizamento de acordo com o Plano
Diretor de Santos Dumont
29
Figura 56 Aacutereas propensas a alagamento de acordo com o Plano
Diretor de Santos Dumont
29
Figura 57 Aacutereas propensas a alagamento do estudo do Plano Diretor
complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do
levantamento
30
Figura 58 Aacutereas propensas a deslizamento do estudo do Plano
Diretor complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do
levantamento
31
Figura 59 Zoneamento urbano da aacuterea urbana principal 32
Figura 510 Combinaccedilatildeo entre as declividades importantes incluindo
as APPs e o zoneamento urbano
34
Figura 511 Combinaccedilatildeo entre as APPs de curso hiacutedrico e as zonas de
planejamento
35
Figura 512 Mapa de usos do solo da aacuterea urbana principal de Santos
Dumont
36
Figura 513 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na
aacuterea urbana principal
37
Figura 514 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na
aacuterea urbana principal
38
Figura 515 Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a
deslizamentos na regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
39
Figura 516 Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a
alagamentos na regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
39
3
Figura 517 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de
deslizamentos
44
Figura 518 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de
alagamentos
45
4
LISTA DE TABELAS E QUADROS
Paacuteg
Tabela 51 Ocorrecircncias de alagamento e deslizamento obtidos
atraveacutes do levantamento histoacuterico
28
Tabela 52 Assinaturas da combinaccedilatildeo Declividade x Zoneamento 34
Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x
Zoneamento
36
Quadro 51 Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco 42
5
1 INTRODUCcedilAtildeO
Quando o ser humano deixou de seguir uma vida nocircmade e passou a se fixar em locais
em geral proacuteximos a cursos drsquoaacutegua e de aacutereas propicias ao cultivo de alimentos iniciou-
se o processo de implantaccedilatildeo de pequenas comunidades e quando estas comunidades
comeccedilaram a crescer natildeo soacute em quantidade mas tambeacutem do ponto de vista
organizacional deu-se iniacutecio a formaccedilatildeo das cidades tal como conhecemos hoje Como
resultado deste processo um sem-fim de problemas relacionados agrave estas ocupaccedilotildees
surgiram tanto de cunho ambiental quanto social e dentre estes problemas estatildeo
incluiacutedos os desastres naturais relacionados a deslizamentos e alagamentos por conta da
ocupaccedilatildeo em aacutereas natildeo adequadas a este fim
Nos uacuteltimos anos o Brasil tem vivenciado grandes trageacutedias relacionadas a deslizamentos
e alagamentos Uma boa parte destes eventos teve como fator agravante as ocupaccedilotildees
sem criteacuterio e sem orientaccedilatildeo teacutecnica Um exemplo recente aconteceu no Vale do Itajaiacute
em Santa Catarina em novembro de 2008 durante um periacuteodo com chuvas intensas em
que vaacuterias cidades entraram em situaccedilatildeo de calamidade puacuteblica devido ao grande nuacutemero
de casos de alagamento e graves deslizamentos de encostas causando a morte de vaacuterias
pessoas na regiatildeo No Estado do Rio de Janeiro em 2010 o Morro do Bumba em Niteroacutei
sofreu com um grave deslizamento que deixou um grande nuacutemero de mortos As casas
foram construiacutedas sobre um antigo lixatildeo sem nenhuma orientaccedilatildeo e com as intensas
chuvas que assolaram a regiatildeo naquela eacutepoca a encosta veio a baixo causando o desastre
Outra trageacutedia relevante aconteceu na regiatildeo Serrana do Rio de Janeiro que foi
considerada ateacute entatildeo a maior trageacutedia climaacutetica da histoacuteria do paiacutes com pouco mais de
500 mortos e um prejuiacutezo material incalculaacutevel no ano de 2011 Em comum a todos estes
fatos estaacute a falta de um planejamento efetivo por parte dos oacutergatildeos municipais no que diz
respeito ao disciplinamento do uso e ocupaccedilatildeo do solo e a fiscalizaccedilatildeo do cumprimento
da legislaccedilatildeo vigente
A cidade de Santos Dumont Minas Gerais natildeo eacute exceccedilatildeo a esta regra Como a grande
maioria das comunidades estabelecidas ao longo da Estrada Real a cidade surgiu como
um pequeno rancho cujo objetivo era servir de pouso para os viajantes que faziam o
transporte de pedras e metais preciosos das minas de Ouro Preto ateacute o Rio de Janeiro
Posteriormente a regiatildeo se desenvolveu como importante entreposto industrial e
comercial a partir da instalaccedilatildeo da ferrovia D Pedro II ateacute que no final do seacuteculo XIX
se transforma em vila e logo apoacutes em municiacutepio O desenvolvimento da regiatildeo implicou
tambeacutem no crescimento populacional e como naquela eacutepoca ainda natildeo havia uma
legislaccedilatildeo especiacutefica para ordenamento e uso do solo os loteamentos foram surgindo agraves
margens do Ribeiratildeo das Posses e em aacutereas cuja declividade natildeo era favoraacutevel agrave ocupaccedilatildeo
6
o que consequentemente acarretou deslizamentos de terra e alagamentos inclusive com
o registro de algumas trageacutedias ao longo dos anos
Pretende-se que este trabalho sirva como subsidio ao gestor puacuteblico local visando o
estabelecimento de poliacuteticas puacuteblicas integradas aos setores de meio ambiente e defesa
civil com vistas a garantir a seguranccedila de todos os muniacutecipes e a qualidade de vida em
todo o territoacuterio municipal
2 OBJETIVOS
21 Objetivo geral
O objetivo geral deste trabalho eacute contribuir para o estabelecimento de poliacuteticas puacuteblicas
direcionadas ao disciplinamento do uso e ocupaccedilatildeo do solo urbano no municiacutepio de
Santos Dumont
22 Objetivos especiacuteficos
Satildeo objetivos especiacuteficos
Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a
aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes
urbanos
Caracterizar o uso irregular do solo urbano em Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente
Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las
com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)
Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos
catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30
anos
Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do
solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental
7
Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais
negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea
impactada
3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
A seguir eacute apresentada a revisatildeo bibliograacutefica que fundamenta o desenvolvimento e o
pleno entendimento deste trabalho O conhecimento do que satildeo aacutereas de risco
alagamentos e deslizamentos bem como o que eacute e qual a importacircncia de um Plano Diretor
eacute de suma importacircncia para se avaliar como um municiacutepio estaacute se desenvolvendo e qual
a qualidade de vida dos muniacutecipes Tambeacutem satildeo abordados neste capiacutetulo os aspectos
legais referentes agraves Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente seus limites e sua importacircncia para
o ambiente urbano
31 Conceitos Fundamentais
311 Aacutereas de risco
De acordo com o Instituto de Pesquisas Tecnoloacutegicas ndash IPT entende-se como aacuterea de
risco aquela ldquopassiacutevel de ser atingida por fenocircmenos ou processos naturais eou induzidos
que causem efeito adverso As pessoas que habitam essas aacutereas estatildeo sujeitas a danos agrave
integridade fiacutesica perdas materiais e patrimoniaisrdquo (MINISTEacuteRIO DAS CIDADES
2007)
Para Augusto Filho et al (1990) apud Cristo (2002) aacuterea de risco eacute caracterizada como
aquela em que ldquose encontra em situaccedilatildeo de perigo tanto socialmente quanto
economicamente por conta de alguma alteraccedilatildeo na constituiccedilatildeo do terreno ou com grande
probabilidade de ocorrer processos naturaisrdquo
Segundo Fernandes (2012) aacutereas de risco ldquosatildeo aacutereas consideradas improacuteprias ao
assentamento humano por estarem sujeitas a riscos naturaisrdquo
Diante das definiccedilotildees supracitadas pode-se dizer que aacuterea de risco satildeo aacutereas susceptiacuteveis
agrave accedilatildeo de eventos naturais extremos e por esse motivo natildeo eacute viaacutevel agrave ocupaccedilatildeo humana
nestes locais e pode ou natildeo estar associados agrave proximidade ou nos limites de uma APP
8
312 Deslizamentos
Segundo Tominaga (2009) deslizamento eacute o movimento de solo em uma vertente pela
accedilatildeo da gravidade e satildeo mais frequentes em regiotildees de relevo montanhoso e em periacuteodos
chuvosos sendo a pluviosidade um dos principais fatores condicionantes para a ocorrecircncia
do processo Os deslizamentos podem ocorrer naturalmente e eacute grande responsaacutevel pela
dinacircmica das vertentes e evoluccedilatildeo do relevo local mas no Brasil a falta de planejamento
urbano de uma boa parte dos municiacutepios a ocupaccedilatildeo desordenada e a construccedilatildeo de
domiciacutelios sem orientaccedilatildeo teacutecnica tecircm transformado um processo natural em um
problema que algumas vezes se tornam grandes trageacutedias Na regiatildeo Sudeste brasileira o
escorregamento do tipo rotacional eacute o mais comum e eacute caracterizado por uma ruptura
curva no solo que estaacute geralmente associada agrave realizaccedilatildeo de cortes na base do talude ou
por processos erosivos fluviais o que relaciona esse tipo de escorregamento agraves regiotildees
urbanas mal planejadas e coloca o homem como o principal agente efetivo associado com
a pluviosidade na ocorrecircncia de acidentes relacionados com deslizamentos
(FERNANDES amp AMARAL 1996 apud TOMINAGA 2009)
313 Alagamentos
De acordo com Amaral amp Ribeiro (2009) inundaccedilotildees e enchentes satildeo processos
intimamente relacionados com a pluviosidade pois satildeo frequentes em periacuteodos de chuvas
fortes e raacutepidas ou chuvas de longa duraccedilatildeo e estatildeo relacionados agrave intensidade e
distribuiccedilatildeo da precipitaccedilatildeo ao longo da bacia agrave capacidade do solo de reter e infiltrar
aacutegua e agraves caracteriacutesticas de forma da bacia de drenagem
O escoamento das aacuteguas pluviais na natureza eacute lento mas em aacutereas urbanizadas a accedilatildeo
antroacutepica relacionada a ocupaccedilatildeo de planiacutecies de inundaccedilatildeo que podem estar inclusive
em uma cota abaixo do leito do rio impermeabilizaccedilatildeo do solo e retificaccedilatildeo de corpos
drsquoaacutegua aleacutem de inuacutemeras atividades que promovem o assoreamento dos rios e coacuterregos
tem gerado resultados catastroacuteficos e grandes prejuiacutezos (AMARAL amp RIBEIRO 2009)
Quando se refere agraves regiotildees urbanas o termo ldquoalagamentordquo eacute o mais utilizado e segundo
o Ministeacuterio das Cidades (2006) define-se como o ldquoacuacutemulo momentacircneo de aacuteguas em
uma dada aacuterea por problemas no sistema de drenagem podendo ter ou natildeo relaccedilatildeo com
processos de natureza fluvialrdquo Tambeacutem o termo ldquoenxurradardquo eacute utilizado e define-se como
o ldquoescoamento superficial concentrado e com alta energia de transporte que pode ou natildeo
estar associado a aacutereas de domiacutenio dos processos fluviais Eacute comum a ocorrecircncia de
enxurradas ao longo de vias implantadas sobre antigos cursos drsquoaacutegua com alto gradiente
hidraacuteulico e em terrenos com alta declividade naturalrdquo
9
314 Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente
O Novo Coacutedigo Florestal Brasileiro define Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP) como
ldquoaacuterea protegida coberta ou natildeo por vegetaccedilatildeo nativa com a funccedilatildeo ambiental de
preservar os recursos hiacutedricos a paisagem a estabilidade geoloacutegica e a biodiversidade
facilitar o fluxo gecircnico de fauna e flora proteger o solo e assegurar o bem-estar das
populaccedilotildees humanasrdquo (BRASIL2012) Estas aacutereas satildeo muito importantes tanto no meio
urbano como no rural por garantir a estabilidade do solo em encostas iacutengremes contribuir
para a natildeo formaccedilatildeo de processos erosivos e o assoreamento de rios e coacuterregos aleacutem de
garantir a recarga de aquiacuteferos ao atuar como um amortecedor de chuvas retendo-a e
impedindo que ocorra um carreamento intenso de sedimentos ao longo dos morros e
margens de rios e coacuterregos (SKORUPA 2004) A Lei 126512012 apresenta os tipos de
APP e seus limites conforme seraacute visto no item 322
315 Uso e ocupaccedilatildeo do solo
Dentre os vaacuterios mecanismos de ordenamento urbano e instrumentos de planejamento
municipal previsto no Estatuto da Cidade (Lei Federal 102572001) o uso e ocupaccedilatildeo
do solo satildeo os mais utilizados pelas cidades para a formulaccedilatildeo das poliacuteticas urbanas
podendo definir o uso como a forma como esta parcela do solo eacute utilizada e a ocupaccedilatildeo
como sendo o modo como as edificaccedilotildees devem ser dispostas nesta mesma parcela do
solo urbano (TAKEDA 2015) O termo ldquoUso e ocupaccedilatildeo do solordquo tambeacutem pode ser
definido como o fator que determina como as mais diferentes regiotildees de um municiacutepio
deve se desenvolver (FONTOURA 2015)
A inserccedilatildeo de leis municipais de uso e ocupaccedilatildeo do solo objetivam ser uma referecircncia
para os gestores locais no processo de tomada de decisatildeo para que as cidades cresccedilam de
modo organizado enfatizando os potenciais e capacidades de cada regiatildeo aleacutem de tornar
o crescimento mais homogecircneo Com isso pretende-se evitar a formaccedilatildeo de grandes
adensamentos em pequenas aacutereas garantindo a mobilidade e a qualidade de vida de todos
os muniacutecipes tanto da regiatildeo urbana como da rural preservar e melhorar a qualidade
ambiental do municiacutepio aleacutem de evitar deslizamentos e alagamentos por conta da
ocupaccedilatildeo incorreta do solo (TAKEDA 2015)
10
32 Legislaccedilatildeo Pertinente
321 As adequaccedilotildees da legislaccedilatildeo ao longo dos anos
A problemaacutetica relacionada agraves APPs em aacutereas urbanas outrora era uma questatildeo complexa
e demandava uma larga discussatildeo do ponto de vista juriacutedico administrativo e teacutecnico Eacute
sabido que a maioria das cidades se formaram proacuteximos aos corpos hiacutedricos regiatildeo que
garantia o abastecimento de aacutegua e alimentos agrave populaccedilatildeo e tambeacutem facilitava o descarte
dos efluentes A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 225 daacute garantia aos
brasileiros de um meio ambiente em equiliacutebrio e concede agrave toda a sociedade o dever de
preservaacute-lo de acordo com os princiacutepios do desenvolvimento sustentaacutevel (BRASIL
1988) Antes desta Constituiccedilatildeo jaacute havia um texto que regulamentava a questatildeo da
preservaccedilatildeo de aacutereas verdes em todo o territoacuterio nacional A Lei Federal nordm 477165 que
trata do Coacutedigo Florestal estabelecia limites e regulamentava as Aacutereas de Preservaccedilatildeo
Permanente De acordo com Arauacutejo (2002) apud De Moraes (2014) essa Lei que fora
revogada e substituiacuteda pela Lei 126512012 era bastante falha no que diz respeito agraves
questotildees de APPS em aacutereas urbanas o que poderia ser um facilitador do natildeo cumprimento
do que foi proposto por aquela legislaccedilatildeo nestas aacutereas Isso se devia ao fato de o Coacutedigo
Florestal de 1965 ter deixado uma duacutevida sobre qual legislaccedilatildeo seguir uma vez que em
seu segundo artigo no paraacutegrafo uacutenico estava disposto que em aacutereas urbanas devia-se
atentar para a legislaccedilatildeo referente ao Plano Diretor e as referentes ao uso do solo na aacuterea
do municiacutepio (BRASIL 1965) Diante dessa conjuntura alguns municiacutepios optavam pela
natildeo aplicaccedilatildeo do Coacutedigo Florestal na regiatildeo urbana mesmo sabendo que a poliacutetica
conservacionista eacute extremamente importante visto o grande nuacutemero de problemas que
podem advir do uso irregular das APPs (DE MORAES 2009) Segundo o artigo 182 da
Constituiccedilatildeo Federal de 1988 as poliacuteticas relacionadas ao desenvolvimento urbano
devem ser elaboradas pelos municiacutepios e objetiva garantir o bem estar dos muniacutecipes e
tambeacutem o desenvolvimento do municiacutepio como um todo atraveacutes do atendimento agraves
exigecircncias do Plano Diretor (BRASIL 1988) O que podia gerar alguma divergecircncia seria
se o Plano Diretor Municipal propusesse uma faixa de APP menor que a prevista pelo
Coacutedigo Florestal Sendo assim essa legislaccedilatildeo perderia sua validade pelo fato de a
legislaccedilatildeo federal ser suplementar ou se seria cumprida devido ao disposto no artigo 182
da Constituiccedilatildeo Segundo De Moraes (2009) natildeo eacute aceitaacutevel que o Plano Diretor
Municipal legitime tal degradaccedilatildeo ambiental uma vez que um dos seus principais
objetivos eacute a proteccedilatildeo do bem estar puacuteblico estando incluiacutedo nesse a proteccedilatildeo do
ambiente natural A delimitaccedilatildeo e especificaccedilatildeo das APPs em Lei eacute necessaacuteria uma vez
que os limites miacutenimos destinados agrave preservaccedilatildeo satildeo importantes pois garantem a
proteccedilatildeo tanto da qualidade quanto da quantidade dos recursos hiacutedricos e evitam a
ocupaccedilatildeo em locais propiacutecios aos deslizamentos e zonas de recarga dos aquiacuteferos
11
subterracircneos assegurando tambeacutem de certa forma a integridade dos seres humanos que
potencialmente ocupariam tais locais (CARVALHO 2013)
Neste trabalho a legislaccedilatildeo tomada como referecircncia eacute a prevista pela Constituiccedilatildeo Federal
de 1988 o Novo Coacutedigo Florestal (Lei 126512012) e o Estatuto das Cidades (Lei
102572001) em acircmbito federal Na esfera estadual a Lei 209222013 versa sobre os
limites para APP em todo o territoacuterio de Minas A Lei Municipal 42412012 trata do
Plano Diretor Municipal da cidade de Santos Dumont onde se encontra as diretrizes para
o uso e ocupaccedilatildeo do solo e o zoneamento da cidade de acordo com as caracteriacutesticas do
solo entre outras
322 O Novo Coacutedigo Florestal e a legislaccedilatildeo mineira
O Novo Coacutedigo Florestal Lei Federal 126512012 substituiu a Lei Federal 47711965
Dentre os vaacuterios artigos que esta lei possui o que apresenta maior importacircncia para o
planejamento e o ordenamento das cidades tanto na aacuterea urbana como na rural eacute o artigo
4ordm em que constam as faixas de APP tanto para curso hiacutedrico como para declividade e
altitude aleacutem dos topos de morro a saber (BRASIL2012)
ldquoArt 4ordm Considera-se Aacuterea de Preservaccedilatildeo
Permanente em zonas rurais ou urbanas para os
efeitos desta Lei
I - as faixas marginais de qualquer curso drsquoaacutegua
natural perene e intermitente excluiacutedos os
efecircmeros desde a borda da calha do leito regular
em largura miacutenima de
a) 30 (trinta) metros para os cursos drsquoaacutegua de
menos de 10 (dez) metros de largura
b) 50 (cinquenta) metros para os cursos drsquoaacutegua
que tenham de 10 (dez) a 50 (cinquenta) metros de
largura
()
IV - as aacutereas no entorno das nascentes e dos olhos
drsquoaacutegua perenes qualquer que seja sua situaccedilatildeo
topograacutefica no raio miacutenimo de 50 (cinquenta)
metros
12
V - as encostas ou partes destas com declividade
superior a 45deg equivalente a 100 (cem por
cento) na linha de maior declive
()
IX - no topo de morros montes montanhas e
serras com altura miacutenima de 100 (cem) metros e
inclinaccedilatildeo meacutedia maior que 25deg as aacutereas
delimitadas a partir da curva de niacutevel
correspondente a 23 (dois terccedilos) da altura
miacutenima da elevaccedilatildeo sempre em relaccedilatildeo agrave base
sendo esta definida pelo plano horizontal
determinado por planiacutecie ou espelho drsquoaacutegua
adjacente ou nos relevos ondulados pela cota do
ponto de sela mais proacuteximo da elevaccedilatildeo
X - as aacutereas em altitude superior a 1800 (mil e
oitocentos) metros qualquer que seja a
vegetaccedilatildeo
()rdquo
A legislaccedilatildeo atual em seu artigo 4ordm evidencia que as faixas e aacutereas determinadas como
APP compreendem tanto as aacutereas rurais quanto urbanas (BRASIL 2012) retirando a
duacutevida anterior e sendo essa a Lei suplementar qualquer faixa de APP mais permissiva
na legislaccedilatildeo estadual e municipal satildeo invaacutelidas o que simplificou de certa forma a
aplicabilidade da Legislaccedilatildeo referente a Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente
No Estado de Minas Gerais a Lei Estadual 20922 de 16 de Outubro de 2013 trata do tema
em acircmbito estadual mas com os mesmos princiacutepios propostos pela Lei Federal sendo os
limites miacutenimos previstos para as APPs os mesmos propostos pelo Novo Coacutedigo
Florestal brasileiro (MINAS GERAIS2013)
ldquo Art 9ordm Para os efeitos desta Lei em zonas rurais
ou urbanas satildeo APPs
I as faixas marginais de cursos drsquoaacutegua naturais
perenes e intermitentes excluiacutedos
os efecircmeros medidas a partir da borda da calha
do leito regular em largura miacutenima de
13
a) 30m (trinta metros) para os cursos drsquoaacutegua de
menos de 10m (dez metros) de largura
b) 50m (cinquenta metros) para os cursos drsquoaacutegua
de 1 0m (dez metros) a 50m (cinquenta metros) de
largura
()
IV as aacutereas no entorno das nascentes e dos olhos
drsquoaacutegua perenes no raio miacutenimo de 50m
(cinquenta metros)
V as encostas ou partes destas com declividade
superior a 45ordm (quarenta e cinco graus)
equivalente a 100 (cem por cento) na linha de
maior declive
()
VII no topo de morros montes montanhas e
serras com altura miacutenima de 100m (cem metros)
e inclinaccedilatildeo meacutedia maior que 25ordm (vinte e cinco
graus) as aacutereas delimitadas a partir da curva de
niacutevel correspondente a 23 (dois terccedilos) da altura
miacutenima da elevaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave base sendo esta
definida pelo plano horizontal determinado por
planiacutecie ou espelho drsquoaacutegua adjacente ou nos
relevos ondulados pela cota do ponto de sela mais
proacuteximo da elevaccedilatildeo
VIII as aacutereas em altitude superior a 1 800m (mil
e oitocentos metros)
()rdquo
323 O Plano Diretor
O Estatuto das Cidades em seu artigo 40 prevecirc o plano diretor como um instrumento
capaz de promover a poliacutetica urbana englobando toda a cidade aleacutem de fornecer padrotildees
e limites para o uso do solo nas mais diversas regiotildees do municiacutepio com vistas a
harmonizar o desenvolvimento urbano com a preservaccedilatildeo do meio ambiente (SILVA JR
2006) Este instrumento eacute obrigatoacuterio para cidades com mais de 20 mil habitantes ou
14
aacutereas que integrem regiotildees metropolitanas ou de interesse turiacutestico O artigo 41 do
Estatuto das cidades tambeacutem prevecirc a obrigatoriedade do Plano Diretor para cidades que
possuem em sua aacuterea empreendimentos que caracterizem grandes impactos ambientais
de influecircncia regional ou nacional e cidades que possuem problemas com deslizamentos
de grande magnitude ou alagamentos repentinos (BRASIL 2001)
O Plano diretor de acordo com o Estatuto das Cidades deve ser aprovado como lei em
acircmbito municipal e revisto a cada dez anos Este documento eacute uacutenico pois cada cidade
possui suas peculiaridades infraestrutura vocaccedilotildees e problemas que por mais que sejam
parecidos entre si satildeo diferenciados pela intensidade e pela regionalizaccedilatildeo Sendo assim
a confecccedilatildeo do Plano Diretor deve conter a participaccedilatildeo de toda a comunidade local de
forma a reduzir as desigualdades sociais os gastos puacuteblicos desnecessaacuterios a degradaccedilatildeo
ambiental e combater os problemas relacionados a urbanizaccedilatildeo de forma conjunta
promovendo um processo de tomada de decisatildeo que garanta a qualidade de vida
preservaccedilatildeo e o desenvolvimento social do municiacutepio como um todo (ROSSBACH amp
CARVALHO 2010)
3231 O Plano Diretor de Santos Dumont
A Lei Municipal nordm 424112 que entrou em vigor no ano de 2014 trata do Plano Diretor
Municipal instrumento previsto no Estatuto das Cidades para garantir aos cidadatildeos um
desenvolvimento urbano organizado justo e sustentavelmente econocircmico (BRASIL
2001) Aleacutem de apontar as diretrizes para a elaboraccedilatildeo da Poliacutetica Municipal dos mais
variados setores o Plano Diretor divide o municiacutepio em macrozonas urbanas e rurais
Estas zonas tecircm por objetivo facilitar a identificaccedilatildeo dos setores que permitem ou natildeo o
desenvolvimento da cidade e em que magnitude pode ser feita a expansatildeo respeitando ao
meio ambiente e tambeacutem o que eacute previsto no tocante ao uso e ocupaccedilatildeo do solo nessas
aacutereas Aleacutem disso ela estabelece a forma como devem ser as edificaccedilotildees nas referidas
aacutereas As aacutereas definidas como macrozonas urbanas e foram subdivididas em (SANTOS
DUMONT2012)
ldquoZona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e
da Paisagem (ZPPH) satildeo as aacutereas cujos
equipamentos urbanos possuem interesse
histoacuterico ou paisagiacutestico de preservaccedilatildeo
Zona de Preservaccedilatildeo Ambiental satildeo aquelas em
que devem ser mantidas ou recuperadas a
15
vegetaccedilatildeo por conta da declividade altitude ou
presenccedila de recursos hiacutedricos
Zona de Adensamento Controlado (ZAC) satildeo as
aacutereas em que deve-se manter uma pequena
densidade populacional devido as limitaccedilotildees na
infraestrutura da localidade A ZAC se divide em
ZAC 1 quando a infraestrutura existente eacute
limitada e em ZAC 2 quando esta eacute precaacuteria ou
natildeo existe
Zona de Consolidaccedilatildeo de Adensamento (ZCA)
satildeo as aacutereas em que haacute interesse em ocupar os
lotes vagos haja visto que a regiatildeo possui toda a
infraestrutura para que isto aconteccedila
Zona Adensaacutevel (ZA) satildeo as aacutereas com
condiccedilotildees propiacutecias para ocorrer uma ocupaccedilatildeo
mais densa
Zona Especial de Interesse Social (ZEIS) satildeo as
aacutereas em que o Poder Puacuteblico almeja fazer
alguma forma de ocupaccedilatildeo Eacute dividida em ZEIS 1
e ZEIS 2 A ZEIS 1 satildeo regiotildees jaacute ocupadas mas
de forma irregular cujo interesse puacuteblico eacute
realizar obras e outras atividades para
regularizar as ocupaccedilotildees e urbanizar a aacuterea
enquanto que a ZEIS 2 satildeo aacutereas natildeo utilizadas ou
subutilizadas as quais o poder puacuteblico almeja
realizar algum empreendimento habitacional de
caraacuteter social
Zona de Grandes Equipamentos (ZE) satildeo aacutereas
cujo o interesse eacute a implantaccedilatildeo de
empreendimentos de grande porte ou grandes
equipamentos puacuteblicosrdquo
Esta divisatildeo espacial pode ser melhor vista no Anexo 71
O Plano Diretor natildeo estipula limites para APP mas prevecirc algumas diretrizes como na
Poliacutetica Municipal de Preservaccedilatildeo do Meio Ambiente sobre o uso do solo em
compatibilidade com praacuteticas conservacionistas A Poliacutetica Municipal de Expansatildeo
16
Urbana tem como uma de suas diretrizes fazer cumprir a legislaccedilatildeo vigente no que diz
respeito agraves intervenccedilotildees e investimentos que poderatildeo ser feitos nessas aacutereas Tambeacutem eacute
diretriz da mesma Poliacutetica o controle da ocupaccedilatildeo e do uso do solo em APPs e o auxiacutelio
aos oacutergatildeos estaduais e federais de meio ambiente no tocante agrave fiscalizaccedilatildeo da ocupaccedilatildeo
nestas aacutereas (SANTOS DUMONT 2012) O artigo 38 que trata das diretrizes da Poliacutetica
habitacional de interesse social exclui do processo de regularizaccedilatildeo fundiaacuteria os
assentamentos situados em aacutereas de risco o que na maioria das vezes estatildeo tambeacutem nas
aacutereas que deveriam estar vegetadas e protegidas (SANTOS DUMONT 2012) Na
legislaccedilatildeo referente ao parcelamento do solo eacute previsto que no parcelamento de glebas
com declividade entre 30 e 47 soacute poderaacute ser aprovado mediante projeto e laudo
assinado por um responsaacutevel teacutecnico favoraacutevel agrave construccedilatildeo nesse local (SANTOS
DUMONT 2012) Diante do proposto pelo Plano Diretor de Santos Dumont pode-se
dizer que natildeo haacute conflito com a legislaccedilatildeo federal e estadual em se tratando da
aplicabilidade do Coacutedigo Florestal uma vez que aquele natildeo explicita limites nem
permissivos e tampouco restritivos para faixas e aacutereas de preservaccedilatildeo permanente
33 O Municiacutepio de Santos Dumont
331 De Arraial a cidade
A aacuterea onde se situa hoje o municiacutepio de Santos Dumont teve sua ocupaccedilatildeo iniciada no
seacuteculo XVIII quando a Coroa Portuguesa solicitou ao entatildeo Governador do Rio de
Janeiro Artur de Saacute Menezes que abrisse um caminho que ligasse as Minas dos
Cataguases na regiatildeo de Ouro Preto (receacutem descobertas) ao Rio de Janeiro por onde
escoava os metais preciosos para a metroacutepole Surgiu assim o ldquoCaminho Novordquo e ao longo
deste caminho surgiram tambeacutem as Sesmarias aacutereas que tinham por principal objetivo
servir de pouso aos transportadores e exploradores e tambeacutem para garantir alimento a
estas pessoas Uma destas ocupaccedilotildees seria o ldquoArraial de Joatildeo Gomesrdquo (Figura 41)
primeiro nuacutecleo primitivo do municiacutepio em 1709 De iniacutecio prevaleciam somente
ranchos onde os viajantes se abrigavam mas em pouco tempo ergueu-se a Capela de Satildeo
Miguel e Almas e pequenos nuacutecleos urbanos comeccedilaram a surgir (DAPPC2008)
17
Figura 3 1 Vista parcial do Arraial de Joatildeo Gomes
Fonte Arquivo Histoacuterico de Santos Dumont-MG
Com a construccedilatildeo da Estrada de Ferro D Pedro II no final do seacuteculo XIX a regiatildeo teve
um consideraacutevel crescimento natildeo soacute populacional como tambeacutem econocircmico se tornando
a Vila Palmyra em 1889 Em 1890 Palmyra eacute elevada ao status de Municiacutepio (Figura 42)
e recebe um grande nuacutemero de melhorias no setor viaacuterio como a retificaccedilatildeo de ruas e
tambeacutem no setor de serviccedilos puacuteblicos como abastecimento de aacutegua iluminaccedilatildeo puacuteblica a
querosene e posteriormente energia eleacutetrica O desenvolvimento econocircmico na regiatildeo
tambeacutem teve seu momento aacuteureo nesse periacuteodo Induacutestrias de laticiacutenios graacuteficas e de
Carbureto de Caacutelcio fizeram parte do parque industrial de Palmyra o que atraiacutea pessoas
de outros lugares inclusive estrangeiros contribuindo para o aumento populacional da
regiatildeo Como ainda natildeo havia legislaccedilatildeo sobre uso e ocupaccedilatildeo do solo nessa eacutepoca
surgiram inuacutemeros loteamentos em aacutereas proacuteximas agrave rios e coacuterregos e tambeacutem em
encostas com declividade acentuada o que foi agravando o risco agrave medida que a ocupaccedilatildeo
aumentava (DAPPC2008)
18
Figura 3 2 Municiacutepio de Palmyra na deacutecada de 1920
Fonte Arquivo Histoacuterico de Santos Dumont-MG
O escoamento da produccedilatildeo industrial se dava pelo modal ferroviaacuterio setor que tambeacutem
movimentava a crescente cidade que era ponto importante no setor de transportes pois
possuiacutea um dos mais bem equipados depoacutesitos de locomotivas da Estrada de Ferro Central
do Brasil (DAPPC2008)
No ano de 1932 o municiacutepio de Palmyra passou a se chamar Santos Dumont (Figura 43)
em homenagem ao inventor do aviatildeo que nascera naquela cidade Nos uacuteltimos 40 anos
Santos Dumont tem experimentado uma acentuada desaceleraccedilatildeo econocircmica
consequecircncia do fechamento da grande maioria das induacutestrias principalmente as de
laticiacutenios que empregavam direta e indiretamente uma parte consideraacutevel da populaccedilatildeo
(DAPPC2008)
19
Figura 3 3 Municiacutepio de Santos Dumont em 2014
Fonte Arquivo do autor
332 Santos Dumont na atualidade
O municiacutepio de Santos Dumont localiza-se na regiatildeo da Zona da Mata mineira distante
cerca de 220 Km da capital Belo Horizonte e possui uma populaccedilatildeo de 47558 habitantes
(ODM 2015 projeccedilatildeo) numa aacuterea total de 637 kmsup2 Faz divisa com os municiacutepios de
Juiz de Fora Oliveira Fortes Bias Fortes Antocircnio Carlos Tabuleiro Piau e Ewbank da
Cacircmara
No que diz respeito agrave sua formaccedilatildeo fisiacuteco-geograacutefica a aacuterea que compreende o municiacutepio
eacute constituiacuteda predominantemente por Cambissolo Haacuteplico (70) com Latossolo
Vermelho-Amarelo (30) (UFV2010) A vegetaccedilatildeo eacute em sua maioria composta por
exemplares de Mata Atlacircntica De acordo com o IBGE(2015) Santos Dumont se localiza
a 839m de altitude O clima da regiatildeo eacute classificado como Tropical de Altitude (Cwb) e
possui uma temperatura meacutedia de 20ordmC Eacute banhado pela bacia hidrograacutefica do Paraiacuteba do
Sul e em sua maioria pertence agrave sub-bacia do Rio Pomba (IGAM) que fornece aacutegua para
abastecimento puacuteblico agrave 88 da populaccedilatildeo por meio da rede de distribuiccedilatildeo
(IBGE2010) Uma pequena parte da zona rural a sudoeste eacute banhada pela Sub-Bacia do
Rio Paraibuna mais precisamente na regiatildeo de fronteira com os municiacutepios de Juiz de
Fora e Ewbank da Cacircmara O sistema viaacuterio principal de acesso agrave cidade eacute a rodovia BR-
040 e a estrada de ferro Dom Pedro II atualmente utilizada somente para transporte de
cargas
Com a economia nos dias atuais baseada majoritariamente no setor de serviccedilos a cidade
possui um Iacutendice de Desenvolvimento humano (IDH) de 0741 (IBGE2010) Apesar do
decliacutenio econocircmico de Santos Dumont nota-se hoje um aumento no nuacutemero de
loteamentos populares e condomiacutenios horizontais e verticais entre outras edificaccedilotildees Eacute
de vital importacircncia que esse crescimento das ocupaccedilotildees seja ordenado e regulamentado
20
de forma a garantir a qualidade ambiental prevenindo deslizamentos e inundaccedilotildees Diante
dessa conjuntura o governo municipal aprovou em 2012 a Lei nordm 4241 que trata do Plano
Diretor Participativo instrumento baacutesico da poliacutetica de desenvolvimento e expansatildeo
urbana do municiacutepio de Santos Dumont
4 METODOLOGIA
41 Aacuterea de estudo
A regiatildeo dentro dos limites do municiacutepio que seraacute estudada neste trabalho eacute conforme
descrito nos anexos Plano Diretor e representada na figura 44 a aacuterea urbana principal
que possui 47 Kmsup2 e compreende a regiatildeo central da cidade e os bairros perifeacutericos regiatildeo
que concentra cerca de 90 da populaccedilatildeo total de Santos Dumont (IBGE 2015) A aacuterea
urbana principal representa 75 da aacuterea total dos 637 Kmsup2 que compreendem o
municiacutepio e eacute o local onde nos uacuteltimos 30 anos se verificou um maior crescimento
populacional e tambeacutem onde ocorre a maioria dos eventos relacionados a deslizamentos
e alagamentos por conta da ocupaccedilatildeo sem planejamento A figura 45 mostra a aacuterea
urbana principal e a localizaccedilatildeo dos bairros urbanos de Santos Dumont
Figura 4 1 Localizaccedilatildeo da aacuterea urbana principal
Fonte Google Earth
21
Figura 4 2 Mapa da aacuterea urbana principal com a localizaccedilatildeo dos bairros
Fonte Do Autor
42 Levantamento e tratamento dos dados
No desenvolvimento deste trabalho foi necessaacuterio se fazer um estudo detalhado sobre o
Plano Diretor de Santos Dumont principalmente dos seus anexos que compreendem os
mapas e a localizaccedilatildeo das aacutereas definidas pelo zoneamento proposto Para que isso fosse
possiacutevel a Secretaria Municipal de Obras e Serviccedilos Puacuteblicos forneceu todos os dados
secundaacuterios produto do estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor e do
zoneamento Estes dados incluem os arquivos Shapefile (shp) e outros documentos
integrantes do Plano Diretor Algumas informaccedilotildees foram complementadas tambeacutem com
dados adquiridos atraveacutes do site do IBGE e do Portal Objetivos do Milecircnio (ODM)
Os dados sobre as ocorrecircncias de deslizamentos e alagamentos foram obtidos atraveacutes da
Defesa Civil do municiacutepio atraveacutes do Sistema Integrado de Informaccedilotildees sobre Desastres
(S2ID) do Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional Tal sistema centraliza as informaccedilotildees sobre
desastres naturais ocorridos em todo o territoacuterio nacional facilitando a pesquisa sobre tais
eventos a qualquer cidadatildeo (BRASIL 2015)
Apesar do sistema ser bastante uacutetil os dados sobre o municiacutepio de Santos Dumont se
encontravam bastante falhos e escassos sendo necessaacuteria complementaccedilatildeo para que a
22
base de dados ficasse consistente Diante disso uma pesquisa atraveacutes dos arquivos do
Jornal Mensagem um jornal semanaacuterio local foi feita entre os anos de 1984 e 2014 e os
dados primaacuterios filtrados em uma planilha do Microsoft Excel para posterior utilizaccedilatildeo
De posse destes dados foi feita a localizaccedilatildeo em campo das coordenadas dos locais
atingidos por deslizamentos e alagamentos no periacuteodo compreendido pela pesquisa com
o auxiacutelio de um aparelho de GPS
A maioria dos arquivos shapefile utilizados para a confecccedilatildeo dos mapas satildeo parte
integrante dos anexos da Lei do Plano diretor do municiacutepio gerados no mecircs de dezembro
de 2011 pelo Instituto Nova Cidade e foram cedidos pela Secretaria Municipal de Obras
e Serviccedilos Puacuteblicos com Datum em UTM SAD 69 Com a finalidade de fornecer um
referenciamento atualizado e de acordo com os mais novos sistemas de coordenadas
utilizados no Brasil os arquivos foram convertidos para o Datum UTM SIRGAS 2000
que diferencia do SAD 69 pelo fato de ser um referencial geocecircntrico ou seja o centro
da Terra eacute o ponto de referecircncia neste sistema enquanto que o primeiro utiliza um
referencial na superfiacutecie da Terra (IBGE2014) Eacute interessante ressaltar tambeacutem que o
SIRGAS 2000 se tornou no ano de 2014 o sistema de coordenadas oficial do Sistema
Geodeacutesico Brasileiro e do Sistema Cartograacutefico Nacional ambos mantidos pelo IBGE A
combinaccedilatildeo dos shapefiles foi feita com o software livre gvSIG e com estas combinaccedilotildees
foram gerados mapas importantes resultados para a execuccedilatildeo deste trabalho A maioria
dos mapas representam a regiatildeo urbana principal de Santos Dumont e foram produzidos
numa escala em torno de 140000 que de acordo com Rocha (2007) eacute uma escala viaacutevel
pois as recomendaacuteveis para trabalhos de anaacutelise ambiental em niacutevel municipal podem ser
entre 150000 e 110000 Alguns mapas cujo detalhamento natildeo eacute necessaacuterio foram
gerados na escala 1100000
Para a geraccedilatildeo dos mapas aleacutem dos arquivos fornecidos pela Secretaria de Obras e
Serviccedilos Puacuteblicos foram utilizados para a geraccedilatildeo do modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE)
e da localizaccedilatildeo dos topos de morro dados gerados pelo sistema de radar Advanced
Spacebone Thermal Emission and Reflection Radiometer (ASTER) que geram as curvas
de niacutevel do terreno com uma resoluccedilatildeo de 30m (NASA2014) O processamento dessas
imagens foi feito pelo software livre gvSIG As imagens geradas pelos sateacutelites
LANDSAT foram adquiridas no site da United States Geological Survey (USGS) e essas
imagens possibilitaram obter um panorama preciso do uso do solo em toda a aacuterea urbana
de Santos Dumont numa resoluccedilatildeo de 15 metros uma vez que foi utilizada a banda
pancromaacutetica do sateacutelite LANDSAT 8 aleacutem da combinaccedilatildeo das bandas 65 e 4
respectivamente que eacute a combinaccedilatildeo recomendada pela mantenedora dos sateacutelites para
anaacutelises deste tipo
23
No que diz respeito a identificaccedilatildeo de APPs em topo de morro a metodologia de Oliveira
amp Fernandes Filho (2013) por utilizar as mesmas bases de dados ateacute entatildeo usadas neste
trabalho foi a mais indicada
A metodologia de anaacutelise dos mapas gerados eacute a proposta pelo professor Jorge Xavier da
Silva do Laboratoacuterio de Geoprocessamento (LAGEOP) da Universidade Federal do Rio
de Janeiro e citada por Rocha (2007) Tal metodologia analisa as variaacuteveis em questatildeo
presentes na aacuterea e permite avaliar as possibilidades de relaccedilotildees entre essas variaacuteveis De
uma maneira geral este meacutetodo verifica o estado atual da aacuterea em estudo bem como das
variaacuteveis gerando inventaacuterios que servem para a construccedilatildeo de dados planimeacutetricos sejam
com as variaacuteveis isoladas ou combinadas Estes dados planimeacutetricos geram assinaturas
que permitem inferir sobre a influecircncia dessas variaacuteveis De posse dos dados gerados pelo
processo anteriormente citado pode-se fazer algumas prospecccedilotildees sobre os riscos
ambientais que a aacuterea pode sofrer ou o seu potencial ambiental (ROCHA 2007)
5 RESULTADOS
51 Levantamento histoacuterico de alagamentos e
deslizamentos
O aumento da demanda pelo uso do solo na regiatildeo urbana de Santos Dumont
principalmente no tocante agrave formaccedilatildeo de novos loteamentos e condomiacutenios nos uacuteltimos
anos eacute consideraacutevel mas tambeacutem haacute de se observar o crescimento dos bairros jaacute existentes
com pouco ou nenhum ordenamento Em ambos os casos se observa ocupaccedilotildees
irregulares em APP o que tem ocasionado um aumento na frequecircncia de deslizamentos
e inundaccedilotildees Eacute evidente que quanto maior a densidade populacional do bairro maior a
quantidade de ocorrecircncias ao longo dos anos (SPERFELD 2009)
De acordo com as ocorrecircncias registradas pela Defesa Civil do municiacutepio obtidas atraveacutes
da literatura utilizada nos uacuteltimos 30 anos Santos Dumont chegou a decretar situaccedilatildeo de
emergecircncia por conta de desastres envolvendo deslizamentos eou alagamentos por duas
vezes num espaccedilo de 10 anos conforme pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho
(BRASIL 2014 CEPED 2011)
Segundo os dados obtidos atraveacutes de pesquisa nos arquivos do semanaacuterio entre os anos
de 1984 e 2014 pode-se verificar que nos uacuteltimos 20 anos a cidade tem experimentado
24
um aumento consideraacutevel nos eventos relacionados a deslizamentos e principalmente
alagamentos como pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho Isso pode ter sido causado
dentre outros fatores pelo aumento do nuacutemero de vias pavimentadas com material
impermeaacutevel o que tem sobrecarregado tanto a infraestrutura existente para drenagem
urbana como tambeacutem a calha dos cursos drsquoaacutegua que passam pela regiatildeo urbana do
municiacutepio (ZANON2013)
Na deacutecada de 1980 (1984-1990) de acordo com os dados obtidos natildeo foram noticiados
eventos consideraacuteveis relacionados a deslizamentos e alagamentos em Santos Dumont
mas isso natildeo exclui a possibilidade de natildeo ter ocorrido tais eventos em menor escala
Na deacutecada de 1990 aconteceram uma seacuterie de ocorrecircncias tanto de deslizamentos quanto
de alagamentos No ano de 1997 num periacuteodo chuvoso intenso aconteceram
deslizamentos consideraacuteveis em vaacuterios bairros da cidade inclusive com desabamento de
casas e de ruas principalmente nos bairros Nossa Senhora da Gloacuteria e Quarto Depoacutesito
Em 1999 ocorreram alguns pontos de alagamento nos bairros Quarto Depoacutesito e Santo
Antocircnio com grandes prejuiacutezos materiais
A deacutecada de 2000 iniciou com o registro de deslizamentos em vaacuterios bairros da cidade
inclusive com desabamento de casas e pontes e alagamentos em importantes vias do
centro da cidade Observa-se ao longo desse periacuteodo o crescimento nas ocorrecircncias de
deslizamentos e de aacutereas com risco de deslizamento em muitos bairros de Santos Dumont
Um dos fatores importantes para esse crescimento foi a grande expansatildeo sofrida pela
maioria dos bairros e a falta de planejamento e orientaccedilatildeo por parte da prefeitura uma
vez que uma boa parte do crescimento dos bairros da cidade ocorreu ou proacuteximo a cursos
drsquoaacutegua ou em aacutereas com declividade improacutepria para se fazer construccedilotildees O bairro
Coacuterrego do Ouro (Figura 51) foi o que mais sofreu com ocorrecircncias de deslizamentos
nesse periacuteodo enquanto o bairro Santo Antocircnio foi que teve mais ocorrecircncias de
alagamentos
25
Figura 5 1 Deslizamento no bairro Coacuterrego do Ouro
Fonte Portal Cabangu
No iniacutecio deacutecada de 2010 (2011-2014) o centro da cidade foi a regiatildeo que mais sofreu
com alagamentos sendo registrado pelo menos uma ocorrecircncia por ano nessa aacuterea (Figura
52) Isso pode ser relacionado dentre outros fatores com as obras de modificaccedilatildeo do
tipo de pavimentaccedilatildeo das estradas por um material impermeaacutevel gerando uma sobrecarga
nos sistemas de drenagem urbana que foram projetados para um tipo de pavimento mais
permeaacutevel implicando tambeacutem na sobrecarga calha do Ribeiratildeo das Posses o principal
curso drsquoaacutegua que corta o centro da cidade e que se encontra em quase sua totalidade
ocupada em ambas as margens que cortam o centro da cidade
26
Figura 5 2 Alagamento na regiatildeo central de Santos Dumont em 2013
Fonte Portal Cabangu
Quanto agraves ocorrecircncias de deslizamento ao longo da referida deacutecada elas estiveram
espalhadas pelos bairros do municiacutepio tendo um maior nuacutemero de ocorrecircncias nos bairros
Santo Antocircnio Nossa Senhora da Gloacuteria e Aacutegua Espraiada Nos dois primeiros bairros
citados as ocorrecircncias podem ter sido ocasionadas pelo crescimento desordenado e sem
planejamento destes e no terceiro as ocorrecircncias satildeo relacionadas ao processo de
assoreamento do Ribeiratildeo das Posses o que pode ter gerado um aumento da velocidade
desse curso drsquoaacutegua causando problemas decorrentes do transporte de sedimentos da aacuterea
onde as casas foram construiacutedas que teve como consequecircncia os deslizamentos
Em resumo como pode ser observado nas figuras 53 e 54 na tabela 51 no periacuteodo de
1984 a 2014 os bairros mais afetados por alagamentos e deslizamentos satildeo Quarto
Depoacutesito Nossa Senhora da Gloacuteria Santo Antocircnio Coacuterrego do Ouro Antocircnio Afonso
Graminha e Vila Esperanccedila sendo que o bairro Coacuterrego do Ouro possui o maior nuacutemero
de ocorrecircncias de deslizamentos e o centro da cidade possui o maior nuacutemero de
ocorrecircncias de alagamentos no periacuteodo pesquisado Vale destacar que a aacuterea propiacutecia a
alagamentos no bairro Antocircnio Afonso natildeo identificada no estudo realizado pela
prefeitura constitui-se efetivamente numa aacuterea de risco conforme levantamento histoacuterico
realizado Esta aacuterea de risco se deve agrave diferenccedila de niacutevel negativa entre o rio Pinho e a
aacuterea do bairro estando este em desniacutevel com um risco iminente de inundaccedilotildees resultantes
da cheia desse curso drsquoaacutegua causando inuacutemeros transtornos aos moradores do local
27
Figura 5 3 Pontos de Alagamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico
Fonte Do autor
Figura 5 4 Pontos de deslizamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico
Fonte Do autor
28
Tabela 51 Ocorrecircncias de alagamentos e deslizamentos obtidos atraveacutes do
levantamento histoacuterico
Pontos de ocorrecircncia (1984-2014)
Bairros Alagamento Deslizamento
Aacutegua Espraiada 1 1
Antocircnio Afonso 1 0
Barra 0 1
Centro 7 1
Coacuterrego do Ouro 1 7
Flores 0 1
Graminha 1 0
Jardim Jaraguaacute 0 1
N Sra da Gloacuteria 0 4
N Sra das Graccedilas 1 0
Quarto Depoacutesito 3 2
Santo Antocircnio 4 2
Satildeo Sebastiatildeo 0 1
Vila Esperanccedila 0 1
Fonte Do autor
De acordo com o estudo realizado na elaboraccedilatildeo do Plano Diretor pela prefeitura
municipal observa-se que os bairros que possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a
deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do Ouro e Vila Esperanccedila enquanto que os que
possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a alagamento satildeo o Centro da cidade e os
bairros Satildeo Sebastiatildeo Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio por estarem agraves margens do
Ribeiratildeo das Posses um curso drsquoaacutegua que sofre com inundaccedilotildees perioacutedicas devido ao
severo assoreamento em algumas regiotildees e tambeacutem devido ao acuacutemulo de lixo descartado
pelos moradores do entorno irregularmente De acordo com o estudo realizado quando da
elaboraccedilatildeo do Plano Diretor do municiacutepio foram feitos estudos sobre as aacutereas propensas
a deslizamentos e alagamentos na regiatildeo urbana principal Tais aacutereas satildeo as destacadas
nas Figuras 55 e 56 No levantamento histoacuterico realizado pode-se identificar que os
bairros que possuem mais aacutereas propensas a deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do
Ouro Nossa Senhora da Gloacuteria Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio enquanto que os bairros
mais propensos a alagamentos satildeo os bairros Centro Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio
como observado na tabela 51
29
Figura 5 5 Aacutereas propensas a deslizamento de acordo com o Plano Diretor de
Santos Dumont
Fonte Google Earth e Lei 42412012
Figura 5 6 Aacutereas propensas a alagamento de acordo com o Plano Diretor de
Santos Dumont
Fonte Google Earth e Lei 42412012
30
Comparando-se os mapas obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico com o mapa gerado
pelo estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor nota-se que haacute semelhanccedilas em
algumas aacutereas mas ao se levar em conta o produto gerado pela pesquisa histoacuterica o
estudo necessitaria ser complementado haja vista que ele natildeo compreende por exemplo
o ponto de alagamento no bairro Antocircnio Afonso citado anteriormente e alguns pontos de
deslizamento importantes uma vez que satildeo regiotildees onde haacute ocupaccedilatildeo Esse fato evidencia
a necessidade de se buscar vaacuterias fontes primaacuterias e secundaacuterias para se detectar aacutereas de
risco em um municiacutepio incluindo arquivos da imprensa local afim de se produzir uma
base de dados consistente e com o menor nuacutemero de falhas possiacutevel (CEPED 2014) Com
a uniatildeo dos dois estudos foram gerados os mapas apresentados nas Figuras 57 e 58
Aleacutem do mais observando as figuras 57 e 58 pode-se notar que uma boa parte tanto dos
casos de alagamento quanto de deslizamento estatildeo na faixa de APP de curso hiacutedrico o
que ilustra a importacircncia da preservaccedilatildeo destas aacutereas
Figura 5 7 Aacutereas propensas a alagamento do estudo do Plano Diretor
complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento
Fonte Do Autor
31
Figura 5 8 Aacutereas propensas a deslizamento do estudo do Plano Diretor
complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento
Fonte Do Autor
Atraveacutes da combinaccedilatildeo entre estes dois levantamentos procurou-se alimentar a base de
dados e garantir uma consistecircncia maior desta no que diz respeito a aacutereas de deslizamento
e alagamento podendo inclusive se identificar a suscetibilidade de uma determinada
regiatildeo da cidade a um ou outro evento (CEPED2014)
512 O Plano diretor e as APPs
Nos uacuteltimos anos o Brasil experimentou um forte fenocircmeno de migraccedilatildeo do campo para
as aacutereas urbanas De acordo com o IBGE no periacuteodo de 1940 a 2000 houve um aumento
de cerca de 60 do nuacutemero de pessoas que vivem em cidades (SILVA JR 2006) O
processo de planejamento e ordenamento do uso do solo nessas aacutereas deveria ter
acompanhado esse crescimento ao longo dos anos a fim de garantir a qualidade de vida e
a seguranccedila dos migrantes ao se instalarem nas cidades o que natildeo ocorreu e o que se
observa atualmente satildeo ocupaccedilotildees em aacutereas improacuteprias para moradia sem a infraestrutura
baacutesica necessaacuteria e com risco iminente de deslizamentos eou inundaccedilotildees
O Plano Diretor do municiacutepio de Santos Dumont em seu capiacutetulo IV que versa sobre o
uso e ocupaccedilatildeo do solo explicita regras para o ordenamento do territoacuterio que compreende
o municiacutepio com base nos diferentes usos do solo de acordo com sua compatibilidade o
32
que acabou por resultar num zoneamento de todo o municiacutepio em macrozonas conforme
citado na seccedilatildeo 3231 de acordo com os usos atuais e futuros do solo Aleacutem de dividir
estas macrozonas em urbanas e rurais tambeacutem avaliou e classificou estas aacutereas com base
numa seacuterie de fatores ambientais geoloacutegicos culturais e sociais de forma a se fazer um
zoneamento coerente com os atuais usos do solo e seu potencial de uso futuro Apresenta-
se na Figura 59 este zoneamento na aacuterea urbana principal de Santos Dumont
Figura 5 9 Zoneamento urbano da aacuterea urbana principal
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Lei 42412012
Tomando como referecircncia o Novo Coacutedigo Florestal brasileiro em especial os paracircmetros
estabelecidos para a definiccedilatildeo de APP e utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento
atraveacutes do software Vista SAGA relacionou-se as APPs existentes na aacuterea em estudo com
as regiotildees propiacutecias a alagamentos e deslizamentos de acordo com o estudo feito quando
da elaboraccedilatildeo do Plano Diretor afim de se identificar qual ou quais aacutereas possuem estes
problemas e se estatildeo relacionados com o uso do solo irregular em APP
Ao se aplicar a metodologia proposta por Oliveira amp Fernandes Filho (2013) natildeo foram
identificadas dentro da aacuterea de estudo APPs de topos de morro sendo este tipo de APP
descartada portanto das anaacutelises subsequentes deste trabalho Foram consideradas as
APP de curso hiacutedrico (rios e nascentes) e de declividade visando relacionaacute-las as aacutereas
de risco identificadas pela Prefeitura afim de se verificar as possiacuteveis causas da ocorrecircncia
33
destas aacutereas na regiatildeo urbana do municiacutepio Por meio de combinaccedilotildees entre dois mapas
temaacuteticos utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento foi possiacutevel obter as
assinaturas ou seja tabelas que caracterizam quantitativamente a aacuterea afetada por cada
aspecto visto que a simples visualizaccedilatildeo do mapa gerado pelo geoprocessamento muitas
vezes eacute prejudicada por serem aacutereas de pequenas dimensotildees ou por qualquer outra
limitaccedilatildeo do software Ressalta-se que para a elaboraccedilatildeo do Plano Municipal de Reduccedilatildeo
de riscos a identificaccedilatildeo e detalhamento topograacutefico destas aacutereas eacute fundamental para o
desenvolvimento do referido Plano conforme seraacute abordado detalhadamente na seccedilatildeo
52
De posse do mapa que representa o zoneamento urbano de Santos Dumont primeiramente
procurou-se mensurar qualitativa e quantitativamente a presenccedila de APPs tanto de
declividade quanto de cursos hiacutedricos Essa identificaccedilatildeo eacute importante pois este
zoneamento eacute um dos instrumentos de planejamento municipal (BRASIL 2001) Saboya
(2007) aponta que os principais objetivos de um zoneamento satildeo o controle da expansatildeo
urbana e proteccedilatildeo de aacutereas inadequadas a ocupaccedilatildeo aleacutem de reduzir os conflitos inerentes
aos diferentes usos do solo Com o uso da ferramenta ldquoCombinarrdquo do Vista SAGA foram
feitas combinaccedilotildees entre o mapa de hidrografia com buffer de 30m para rios e coacuterregos e
de 50m para nascentes com o mapa do zoneamento para se verificar a importacircncia das
APPs de curso hiacutedrico em toda a aacuterea urbana principal do municiacutepio Tambeacutem foram
combinados o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) obtido atraveacutes do gvSIG com o mapa
de zoneamento afim de se verificar quantitativamente as APPs de declividade e onde se
localizam Vale ressaltar que as declividades entre 30 e 47 estatildeo presentes nesta
combinaccedilatildeo pois de acordo com o Plano Diretor de Santos Dumont terrenos com esta
faixa de declividade para fins de parcelamento devem possuir estudo teacutecnico que ateste
a viabilidade de se promover algum empreendimento imobiliaacuterio neste (SANTOS
DUMONT 2012) Como a legislaccedilatildeo municipal prevecirc estudo somente para a faixa de
declividade descrita anteriormente para fins de anaacutelise neste trabalho consideramos um
valor mais conservador para APP compreendendo a faixa de 47 a 100 aleacutem da
prevista pela legislaccedilatildeo federal (gt100) para que natildeo houvessem lacunas importantes na
geraccedilatildeo do produto
Apresenta-se na Figura 510 aacutereas com declividades consideradas de risco e consideradas
APP e em qual zona de planejamento elas estatildeo inseridas De um modo geral ao se
observar a Tabela 52 nota-se que a aacuterea que compreende declividades de risco e APP eacute
uma pequena parcela da aacuterea urbana principal representando 061 desta aacuterea Ao se
levar em conta somente a localizaccedilatildeo pode-se verificar que cerca de 84 das aacutereas com
declividade de risco e a totalidade das APPs de declividade estatildeo localizadas na ZAC1
zona que compreende a maior parte do municiacutepio e apesar de possuir infraestrutura baacutesica
para a ocupaccedilatildeo esta eacute restrita Sendo assim o fator declividade deve ser visto com cautela
nesta aacuterea para se evitar transtornos advindos de edificaccedilotildees nestas aacutereas
34
Figura 5 10 Combinaccedilatildeo entre as declividades importantes incluindo as APPs e o
zoneamento urbano
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Do autor
Tabela 52 Assinaturas da combinaccedilatildeo Declividade x Zoneamento
Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea
Natildeo APP 457972 9939
Declividade 30-47 em ZAC1 2368 051
Declividade 30-47 em ZE 284 006
Declividade 30-47 em ZAC2 128 003
Declividade 30-47 em ZPA 004 0001
APP Declividade em ZAC1 048 001
Total 460804 100
Fonte Do autor
Apresenta-se na Figura 511 as APPs de curso hiacutedrico (nascentes e rios) e em qual zona
de planejamento estatildeo localizadas Assim como a declividade a maior parte das APPs de
curso hiacutedrico estatildeo localizadas em ZAC1 representando 383 da aacuterea urbana em estudo
e 51 do total das APPs de curso hiacutedrico Esta questatildeo tambeacutem deve ser vista com
bastante criteacuterio pelos gestores locais uma vez que a ocupaccedilatildeo em faixas proacuteximas de
rios e coacuterregos podem causar uma gama de problemas ambientais e sociais na regiatildeo
(SANTANA2011) Tal cuidado tambeacutem deve ser tomado nas APPs compreendidas na
35
ZAC2 que compreende 001 da Aacuterea urbana principal e 14 do total das APPs de curso
hiacutedrico pois a infraestrutura baacutesica e acessibilidade presente nesta zona eacute precaacuteria e a
ocupaccedilatildeo as margens de cursos hiacutedricos pode gerar problemas seacuterios caso ocorra uma
expansatildeo nestas aacutereas
Figura 511 Combinaccedilatildeo entre APP de curso hiacutedrico e as zonas de planejamento
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Do autor
Outro ponto importante eacute a presenccedila da Zona de Proteccedilatildeo Ambiental (ZPA) no entorno
uma consideraacutevel parte dos cursos hiacutedricos Nesta zona estatildeo presentes 28 das APPs de
curso hiacutedrico e esta zona de acordo com o Plano Diretor deve ser restaurada ou
preservada por suas caracteriacutesticas geoloacutegicas topograacuteficas e bioloacutegicas
Afim de se verificar os usos do solo na regiatildeo em estudo foram utilizadas combinaccedilotildees
de imagens advindas do sateacutelite Landsat 8 nas bandas descritas no capiacutetulo 4 aleacutem da
banda pancromaacutetica O resultado eacute apresentado na figura 512 que mostra os principais
usos do solo na aacuterea urbana principal de Santos Dumont
36
Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x Zoneamento
Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea
Hidrografia 11168 239
Aacuterea Urbana Natildeo APP 421004 9008
APP Curso hiacutedrico em ZAC1 179 383
APP Curso hiacutedrico em ZPA 9776 209
APP Curso hiacutedrico em ZE 184 004
APP Curso hiacutedrico em ZA 1192 026
APP Curso hiacutedrico em ZAC2 5124 110
APP Curso hiacutedrico em ZPPH 248 005
APP Curso hiacutedrico em ZEIS 568 012
APP Curso hiacutedrico em ZCA 228 005
Total 467392 10000
Fonte Do autor
Figura 5 12 Mapa de usos do solo da aacuterea urbana principal de Santos Dumont
Fonte Do autor
Como jaacute era previsto a maior parte da aacuterea urbana se encontra ocupada e eacute nesta regiatildeo
ocupada que se observa a maior concentraccedilatildeo de problemas de deslizamentos e
alagamentos (Figuras 513 e 514) A grande ocupaccedilatildeo em aacutereas consideradas APP de
curso hiacutedrico de acordo com os mapas gerados pode ser a principal causa do aumento a
cada ano dos casos de alagamento principalmente na regiatildeo central da cidade Outro ponto
que se deve atentar eacute a existecircncia de uma consideraacutevel aacuterea de pastagem pouco vegetada
que caso estejam em aacutereas elevadas pode contribuir para deslizamentos e agraves margens de
37
rios e coacuterregos para o assoreamento destes corpos hiacutedricos o que pode causar
alagamentos (INAacuteCIO etal 2007)
Diante destes resultados pode-se ver que a cidade de Santos Dumont necessita alternativas
efetiva no que diz respeito agrave contenccedilatildeo de deslizamentos e a reduccedilatildeo de risco de
alagamento pois as aacutereas em que ocorrem tais eventos satildeo distintas e facilmente definidas
devido agrave repeticcedilatildeo destes nos uacuteltimos anos Um plano de accedilatildeo integrado entre as diferentes
secretarias municipais (Obras Meio Ambiente Assistecircncia Social entre outras) e a
Coordenadoria Municipal de Defesa Civil deve ser realizado afim de se tomar medidas
natildeo mais preventivas mas sim preditivas para que se possa conter o avanccedilo destes
problemas na aacuterea urbana principal bem como em toda a aacuterea do municiacutepio
Figura 5 13 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na aacuterea urbana
principal
Fonte Do autor
38
Figura 5 14 Aacutereas sujeitas a alagamento e os principais usos do solo na aacuterea
urbana principal
Fonte Do autor
Ao se associar os dados do estudo do Plano Diretor com os dados do levantamento
histoacuterico realizado com o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) pode-se notar que as aacutereas
propiacutecias a deslizamento estatildeo em regiotildees as quais haacute uma fronteira de declividades ou
seja eacute evidente que os deslizamentos ocorrem em encostas um pouco mais iacutengremes mas
natildeo necessariamente nas encostas de 30-47 as quais exigem estudo teacutecnico conforme o
plano diretor preconiza Quanto aos alagamentos nota-se que eles se localizam nas aacutereas
com menor ou nenhuma declividade podendo ser estas aacutereas talvez componentes da
planiacutecie de inundaccedilatildeo dos rios Estes resultados podem ser vistos nas figuras 515 e 516
a seguir
39
Figura5 15 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a deslizamentos na
regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
Fonte Lei 42412012 e Autor
Figura5 26 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a alagamentos na
regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
Fonte Lei 42412012 e Autor
40
52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis
O processo de ocupaccedilatildeo no municiacutepio de Santos Dumont comeccedilou muito antes de
qualquer legislaccedilatildeo relacionada a ordenamento urbano e de proteccedilatildeo do meio ambiente
fosse implementado no Brasil Esse fato aliado a poliacuteticas e fiscalizaccedilotildees falhas
contribuiacuteram para a ocupaccedilatildeo e expansatildeo da aacuterea urbana ao longo do Ribeiratildeo das Posses
e seus afluentes o que tem gerado o aumento da degradaccedilatildeo destes corpos hiacutedricos ao
longo de todos estes anos Observa-se tambeacutem que nas uacuteltimas deacutecadas ocorreu um
grande nuacutemero de migraccedilotildees do campo para a regiatildeo urbana da cidade fator que
contribuiu para o crescimento do nuacutemero de habitaccedilotildees em aacutereas de risco de deslizamento
e alagamentos por serem na maioria das vezes terrenos menos valorizados e por este
motivo acessiacuteveis a populaccedilatildeo com menor poder aquisitivo (ROSA amp CORTEZ 2008)
Vale ressaltar que esta questatildeo aleacutem de ser ambiental eacute muito mais social pois os
moradores entendem os riscos de se viver nestes locais mas por motivos econocircmicos ou
por questotildees afetivas natildeo abrem matildeo da moradia nessas aacutereas A Constituiccedilatildeo Federal de
1988 promoveu a inter-relaccedilatildeo das questotildees sociais com as questotildees ambientais quando
colocou o meio ambiente como direito coletivo (BRASIL1988 SOUZA2010) Por este
motivo a decisatildeo por medidas draacutesticas que favoreccedilam apenas agrave preservaccedilatildeo do meio
ambiente natildeo eacute recomendada pois aleacutem de ser inconstitucional podem afetar a
sustentabilidade econocircmica do municiacutepio e gerar conflitos sociais consideraacuteveis
(CARLOS 1992 apud SOUZA 2010)
Segundo Bueno (2009) ldquonem tudo o que eacute irregular eacute precaacuteriordquo Esse fato se observa em
Santos Dumont uma vez que em boa parte da regiatildeo central se observa vaacuterias moradias
construiacutedas na faixa de APP de curso hiacutedrico o que natildeo eacute permitido pela legislaccedilatildeo
vigente e eacute um dos fatores que contribui para a ocorrecircncia de alagamentos nesta aacuterea da
cidade Para a resoluccedilatildeo deste problema o que seria mais viaacutevel seria a melhoria da
infraestrutura de drenagem urbana afim de que o escoamento da aacutegua das chuvas natildeo
sobrecarregasse o sistema (BUENO2009) A construccedilatildeo de bacias de contenccedilatildeo de
cheias ao longo do Ribeiratildeo das Posses tambeacutem seria uma alternativa mas para se verificar
a viabilidade necessita-se estudos mais aprofundados do ponto de vista hidroloacutegico
O grande problema a ser solucionado no entanto eacute o que diz respeito agraves aacutereas de risco
de deslizamento majoritariamente nos bairros A melhor alternativa seria o
remanejamento dos moradores para uma aacuterea proacutexima agrave que moram poreacutem longe do
risco Poreacutem esta alternativa de acordo com Rosa Filho amp Cortez (2008) encontra alguns
entraves pois estas pessoas na maioria das vezes natildeo tecircm condiccedilotildees financeiras de irem
para outro lugar ou pagar aluguel ou estatildeo de alguma forma sentimentalmente ligadas
agravequela regiatildeo que se recusam a deixaacute-lo
41
Por parte dos oacutergatildeos competentes no municiacutepio a criaccedilatildeo de um plano para se evitar
acidentes ocasionados por deslizamentos e alagamentos com um mapeamento detalhado
de toda a extensatildeo do municiacutepio eacute extremamente uacutetil Os estudos que seratildeo feitos para a
elaboraccedilatildeo deste plano poderatildeo definir quais as aacutereas satildeo potencialmente de risco para as
ocupaccedilotildees existentes ou para as potenciais ocupaccedilotildees que possam vir a ocorrer atraveacutes do
mapeamento das aacutereas de risco Tal planejamento seraacute auxiliar ao Plano Diretor
Municipal pois definiraacute o real uso do solo de determinada regiatildeo do municiacutepio
contribuindo para a adequaccedilatildeo do uso e ocupaccedilatildeo do solo afim de evitar ou reduzir o
nuacutemero de problemas relacionados a alagamentos e principalmente deslizamentos no
periacutemetro urbano (TOMINAGA 2009) A partir deste plano os gestores locais poderatildeo
tomar a melhor decisatildeo para a prevenccedilatildeo ou reduccedilatildeo dos riscos inerentes a tais problemas
Na seccedilatildeo 521 seraacute hierarquizado de forma preliminar a aacuterea urbana principal de acordo
com os resultados da tabela 51
521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta
O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos (PMRR) foi criado atraveacutes de accedilotildees
regularizadoras do Ministeacuterio das Cidades para ser o instrumento de gestatildeo e
gerenciamento de aacutereas de risco em um municiacutepio Eacute um documento que aleacutem de
estabelecer quais regiotildees satildeo consideradas de risco tambeacutem objetiva a proposta de
medidas estruturais ou natildeo para contenccedilatildeo eou prevenccedilatildeo de cataacutestrofes aleacutem de ser um
meio de captaccedilatildeo de recursos financeiros junto aos Governos Estadual e Federal Estes
recursos poderatildeo ser utilizados para a realizaccedilatildeo de obras que visem a melhoria da
qualidade de vida da populaccedilatildeo do entorno ou de recuperaccedilatildeo da aacuterea degradada Este
plano eacute realizado de forma participativa com as comunidades das aacutereas de risco e pode
ser realizado em sete fases conforme recomenda o Ministeacuterio das Cidades (ALHEIROS
2006)
O primeiro passo para a realizaccedilatildeo do PMRR eacute definir qual a metodologia seraacute empregada
levando-se em consideraccedilatildeo a realidade atual do municiacutepio e especificar de forma sucinta
um cronograma das atividades Eacute importante nesta fase a participaccedilatildeo tambeacutem dos
responsaacuteveis pelas mais variadas Secretarias Municipais afim de explicitar o tamanho da
importacircncia e o caraacuteter integrador deste plano A segunda fase deste plano objetiva a
criaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo da principal base de dados a ser utilizada nos passos posteriores o
mapeamento de risco em escala detalhe em torno de 13000 (SAtildeO PAULO 2014) A
elaboraccedilatildeo de um mapeamento detalhado propiciaraacute natildeo soacute a identificaccedilatildeo mais faacutecil das
aacutereas de risco como tambeacutem facilitaraacute aos gestores e agrave comunidade decidirem qual a
melhor intervenccedilatildeo para a soluccedilatildeo ou remediaccedilatildeo dos problemas em uma determinada
42
aacuterea hierarquizando o risco e definindo prioridades (SAtildeO PAULO 2014) Na tabela a
seguir apresenta-se alguns tipos de intervenccedilotildees que podem ser feitas em aacutereas de risco
sugeridas pelo Ministeacuterio das cidades (ALHEIROS 2006)
Quadro 5 1 - Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco
Tipo de intervenccedilatildeo Descriccedilatildeo
Serviccedilos de limpeza e Recuperaccedilatildeo
Remoccedilatildeo de entulho lixo etc
corte de aacutervores
remoccedilatildeo de bananeiras
recuperaccedilatildeo eou limpeza de sistemas de
drenagem esgotos e acessos
Limpeza de canais de drenagem
Proteccedilatildeo Vegetal
Proteccedilatildeo superficial vegetal (gramiacuteneas) em
taludes com solo exposto
Proteccedilatildeo vegetal de margens de canais de
drenagem
Barreiras vegetais para massas escorregadas
ou acumuladas pela erosatildeo
Drenagem Superficial e Acessos
Sistema de drenagem superficial (canaletas
raacutepidos caixas de transiccedilatildeo escadas drsquoaacutegua)
Acessos para pedestres (escadarias rampas
etc) integrados ao sistema de drenagem
Revestimento de Taludes Revestimento com materiais artificiais
cimentado cal-jet tela argamassada alvenaria
de tijolos ceracircmicos solo-cimento ensacado
Desmonte de blocos e matacotildees Desmonte de concreccedilotildees de grande porte
blocos rochosos e matacotildees
Obras de drenagem de subsuperfiacutecie Sistema de drenagem de subsuperfiacutecie
(trincheiras drenantes DHP poccedilos de
rebaixamento)
Estruturas de contenccedilatildeo (localizadas)
Muros de contenccedilatildeo de pequeno porte (solo-
cimento ensacado alvenaria de pedra-rachatildeo
concreto armado)
Estruturas de contenccedilatildeo localizadas
(chumbadores tirantes microestacas)
Contenccedilatildeo e proteccedilatildeo de margens de canais (
gabiotildees muros de concreto etc)
Estruturas de contenccedilatildeo (meacutedio e grande porte) Implantaccedilatildeo de estruturas de contenccedilatildeo de
meacutedio e grande porte envolvendo obras de
contenccedilatildeo passivas e ativas (muros de
gravidade cortinas etc)
Terraplanagem Execuccedilatildeo de serviccedilos de terraplanagem
combinados a obras de drenagem superficial e
proteccedilatildeo vegetal desvio e canalizaccedilatildeo de
coacuterregos
Remoccedilatildeo de moradias Remoccedilotildees definitivas para implantaccedilatildeo de
obras ou devido agrave localizaccedilatildeo improacutepria da
edificaccedilatildeo (Priorizar as relocaccedilotildees dentro da
proacutepria aacuterea em local seguro)
Fonte ALHEIROS 2006
43
Escolhidas as formas de intervenccedilatildeo para cada aacuterea eacute necessaacuterio realizar uma estimativa
dos custos afim de preparar o orccedilamento da prefeitura para a realizaccedilatildeo das obras e se
seraacute necessaacuterio a captaccedilatildeo de recursos externos para a execuccedilatildeo destas Feitas as
estimativas de custo o proacuteximo passo eacute definir as prioridades e para esta fase eacute tambeacutem
uacutetil o mapeamento feito nas etapas anteriores pois seraacute necessaacuterio hierarquizar tais
intervenccedilotildees nas aacutereas de risco O Ministeacuterio das Cidades (2007) sugere alguns criteacuterios
que podem ser avaliados pelo gestor dentre eles pode-se citar
Grau de risco
Populaccedilatildeo beneficiada
Custo da intervenccedilatildeo
Dimensatildeo da aacuterea a ser tratada
Demandas anteriores da populaccedilatildeo
Tempo de ocupaccedilatildeo
Viabilidade teacutecnica da intervenccedilatildeo
Viabilidade financeira
Inclusatildeo da aacuterea em outros projetos
A partir desta hierarquizaccedilatildeo inicia-se a identificaccedilatildeo de provaacuteveis fontes de captaccedilatildeo de
recursos para a execuccedilatildeo das intervenccedilotildees Estes recursos podem advir de programas dos
governos Federal e Estadual ou por meio de editais para captaccedilatildeo de recursos financeiros
tanto do setor puacuteblico como da iniciativa privada e podem ser tambeacutem associados agrave outras
Secretarias Municipais como a de Turismo ou Meio Ambiente e natildeo soacute as destinadas agrave
Defesa Civil (ALHEIROS 2006)
Eacute previsto tambeacutem no PMRR uma avaliaccedilatildeo da Defesa Civil municipal e como ela estaacute
estruturada fazendo inclusive sugestotildees para que sua atuaccedilatildeo esteja em consonacircncia com
a realidade das comunidades e da Administraccedilatildeo Puacuteblica do municiacutepio de forma a garantir
sua sustentabilidade e conquistar a credibilidade da populaccedilatildeo no que diz respeito a
prevenccedilatildeo de cataacutestrofes Para que a resposta a uma determinada situaccedilatildeo de risco seja
raacutepida eacute necessaacuterio a descentralizaccedilatildeo da Defesa Civil criando pequenos nuacutecleos
comunitaacuterios com a finalidade de se monitorar a aacuterea constantemente e promover as
intervenccedilotildees necessaacuterias em tempo haacutebil o que aumenta em muito a credibilidade da
populaccedilatildeo no PMRR e no trabalho desempenhado pela Defesa Civil no municiacutepio Apoacutes
esta etapa o PMRR passaraacute por audiecircncias puacuteblicas e posteriormente poderaacute ser aprovado
como Lei Municipal pelo Legislativo local (ALHEIROS 2006)
Com a realizaccedilatildeo deste plano o municiacutepio estaraacute munido de informaccedilotildees suficientes para
realizar accedilotildees efetivas de gestatildeo e gerenciamento de riscos bem como aliado a
levantamentos sociais realizar programas habitacionais que beneficiem prioritariamente
44
aos moradores das aacutereas de risco Aleacutem disso com o PMRR o municiacutepio poderaacute melhorar
a qualidade ambiental da populaccedilatildeo captando recursos para a recuperaccedilatildeo das aacutereas de
APP que foram degradadas pelas ocupaccedilotildees irregulares beneficiando todos os moradores
do municiacutepio com o aumento da qualidade de vida na cidade
A partir do disposto nesta seccedilatildeo acerca do Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos e de
uma maneira preliminar (levando-se em conta apenas o nuacutemero de registros de
alagamentos e deslizamentos na aacuterea urbana principal de Santos Dumont no periacuteodo de
1984 a 2014) identificou-se trecircs regiotildees distintas na aacuterea urbana do municiacutepio com
tempo de recorrecircncia desses eventos similares caracterizando trecircs prioridades de
intervenccedilatildeo em contenccedilatildeo de risco como pode ser visto nas figuras 515 e 516 Vale
ressaltar que eacute necessaacuterio um estudo mais detalhado inclusive com visitas teacutecnicas a
campo para que se confirme a real situaccedilatildeo destas e a real prioridade para investimentos
Figura 5 17 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de deslizamentos
Fonte Do Autor
45
Figura 5 18 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de alagamentos
Fonte Do Autor
46
6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees
A seguir apresenta-se as conclusotildees e as recomendaccedilotildees feitas a partir dos objetivos
especiacuteficos explicitados no iniacutecio deste trabalho
Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a
aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes
urbanos
A partir da revisatildeo da legislaccedilatildeo pertinente em acircmbito federal estadual e
municipal constatou-se que o Plano Diretor de Santos Dumont natildeo conflita com a
legislaccedilatildeo federal e estadual sobre Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente A legislaccedilatildeo
municipal foi entendida como mais conservadora que as federal e estadual uma
vez que considera implicitamente que declividades entre 47 e 100 satildeo
enquadradas como APPs aleacutem da faixa superior a 100
Parte consideraacutevel das ocupaccedilotildees em APP principalmente na regiatildeo do bairro
Santo Antocircnio (onde surgiu os primeiros nuacutecleos que deram origem ao municiacutepio)
e o centro da cidade ocorreram antes de que fosse elaborado qualquer legislaccedilatildeo
que versasse sobre o tema Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente bastando ao gestor
local tomar medidas de contenccedilatildeo de riscos que minimizem os impactos causados
por essas ocupaccedilotildees nessa regiatildeo
O ordenamento adequado do uso do solo no municiacutepio eacute necessaacuterio para que o
crescimento dos loteamentos criados anteriormente agrave esta Lei e o surgimento de
novos natildeo avance para Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente o que pode causar
inuacutemeros problemas aos moradores e agravar os jaacute existentes
Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las
com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)
As aacutereas onde houveram a maior quantidade de registros de deslizamentos satildeo os
bairros mais populosos de Santos Dumont podendo se estabelecer uma relaccedilatildeo
que quanto mais populoso o bairro maior a quantidade de problemas relacionados
a deslizamentos Tambeacutem pode-se notar uma relaccedilatildeo com as fronteiras das faixas
de declividades e os deslizamentos uma vez que boa parte deles aconteceram
nestas faixas
As aacutereas onde houve um grande nuacutemero de registros de alagamentos satildeo os bairros
que se desenvolveram agraves margens do Ribeiratildeo das Posses em especial na aacuterea que
47
compreende as APPs de curso hiacutedrico e em aacutereas onde a declividade eacute baixa Esse
fato aliado ao crescimento do nuacutemero de vias pavimentadas com material
impermeaacutevel e a natildeo expansatildeo e ou redimensionamento da rede de drenagem
urbana contribuiacuteram para a ocorrecircncia cada vez mais constante de alagamentos
nessas aacutereas
Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos
catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30
anos
A partir do levantamento histoacuterico realizado e da base de dados georeferenciada
gerada observou-se o aumento do nuacutemero de registros de deslizamentos e
alagamentos nos uacuteltimos 10 anos quando as ocorrecircncias comeccedilaram a se repetir
numa mesma aacuterea com frequecircncia incrementada as vezes com mais de uma
ocorrecircncia anual
Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do
solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental
Destaca-se a adequaccedilatildeo dos criteacuterios gerais estabelecidos pelo Plano Diretor de
Santos Dumont relativos a legislaccedilatildeo federal e estadual Entretanto o referido
Plano Diretor natildeo contempla todo o territoacuterio municipal sendo assim ele natildeo
cumpre o objetivo de proteger as APPs preservadas e recuperar as que foram
degradadas em todo o territoacuterio municipal Ressalta-se tambeacutem a sua natildeo
conformidade com o Estatuto das Cidades uma vez que o Plano Diretor
contempla apenas os novos loteamentos
Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais
negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea
impactada
Recomenda-se a implantaccedilatildeo no municiacutepio de uma Coordenadoria Municipal de
Defesa Civil atuante e integrada agraves Secretarias Municipais e agrave comunidade
visando uma atuaccedilatildeo eficaz nos problemas relacionados a deslizamentos e
alagamentos A elaboraccedilatildeo de um Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos eacute de
suma importacircncia pois atraveacutes dele pode-se predizer as aacutereas que passaratildeo por
problemas caso a expansatildeo aconteccedila ou se inicie uma ocupaccedilatildeo nova aleacutem de
prevenir acidentes nas aacutereas jaacute ocupadas e consideradas de risco
48
7 Anexos
49
71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont
50
51
72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)
52
53
8 Referecircncias Bibliograacuteficas
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amp GALVAtildeO T(org) Prevenccedilatildeo de riscos e deslizamentos em encostas Guia para
elaboraccedilatildeo de Poliacuteticas Municipais Ministeacuterio das Cidades Brasiacutelia 2006
AMARAL R amp RIBEIRO R R Inundaccedilatildeo e enchentes In TOMINAGA L K et al
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3
Figura 517 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de
deslizamentos
44
Figura 518 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de
alagamentos
45
4
LISTA DE TABELAS E QUADROS
Paacuteg
Tabela 51 Ocorrecircncias de alagamento e deslizamento obtidos
atraveacutes do levantamento histoacuterico
28
Tabela 52 Assinaturas da combinaccedilatildeo Declividade x Zoneamento 34
Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x
Zoneamento
36
Quadro 51 Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco 42
5
1 INTRODUCcedilAtildeO
Quando o ser humano deixou de seguir uma vida nocircmade e passou a se fixar em locais
em geral proacuteximos a cursos drsquoaacutegua e de aacutereas propicias ao cultivo de alimentos iniciou-
se o processo de implantaccedilatildeo de pequenas comunidades e quando estas comunidades
comeccedilaram a crescer natildeo soacute em quantidade mas tambeacutem do ponto de vista
organizacional deu-se iniacutecio a formaccedilatildeo das cidades tal como conhecemos hoje Como
resultado deste processo um sem-fim de problemas relacionados agrave estas ocupaccedilotildees
surgiram tanto de cunho ambiental quanto social e dentre estes problemas estatildeo
incluiacutedos os desastres naturais relacionados a deslizamentos e alagamentos por conta da
ocupaccedilatildeo em aacutereas natildeo adequadas a este fim
Nos uacuteltimos anos o Brasil tem vivenciado grandes trageacutedias relacionadas a deslizamentos
e alagamentos Uma boa parte destes eventos teve como fator agravante as ocupaccedilotildees
sem criteacuterio e sem orientaccedilatildeo teacutecnica Um exemplo recente aconteceu no Vale do Itajaiacute
em Santa Catarina em novembro de 2008 durante um periacuteodo com chuvas intensas em
que vaacuterias cidades entraram em situaccedilatildeo de calamidade puacuteblica devido ao grande nuacutemero
de casos de alagamento e graves deslizamentos de encostas causando a morte de vaacuterias
pessoas na regiatildeo No Estado do Rio de Janeiro em 2010 o Morro do Bumba em Niteroacutei
sofreu com um grave deslizamento que deixou um grande nuacutemero de mortos As casas
foram construiacutedas sobre um antigo lixatildeo sem nenhuma orientaccedilatildeo e com as intensas
chuvas que assolaram a regiatildeo naquela eacutepoca a encosta veio a baixo causando o desastre
Outra trageacutedia relevante aconteceu na regiatildeo Serrana do Rio de Janeiro que foi
considerada ateacute entatildeo a maior trageacutedia climaacutetica da histoacuteria do paiacutes com pouco mais de
500 mortos e um prejuiacutezo material incalculaacutevel no ano de 2011 Em comum a todos estes
fatos estaacute a falta de um planejamento efetivo por parte dos oacutergatildeos municipais no que diz
respeito ao disciplinamento do uso e ocupaccedilatildeo do solo e a fiscalizaccedilatildeo do cumprimento
da legislaccedilatildeo vigente
A cidade de Santos Dumont Minas Gerais natildeo eacute exceccedilatildeo a esta regra Como a grande
maioria das comunidades estabelecidas ao longo da Estrada Real a cidade surgiu como
um pequeno rancho cujo objetivo era servir de pouso para os viajantes que faziam o
transporte de pedras e metais preciosos das minas de Ouro Preto ateacute o Rio de Janeiro
Posteriormente a regiatildeo se desenvolveu como importante entreposto industrial e
comercial a partir da instalaccedilatildeo da ferrovia D Pedro II ateacute que no final do seacuteculo XIX
se transforma em vila e logo apoacutes em municiacutepio O desenvolvimento da regiatildeo implicou
tambeacutem no crescimento populacional e como naquela eacutepoca ainda natildeo havia uma
legislaccedilatildeo especiacutefica para ordenamento e uso do solo os loteamentos foram surgindo agraves
margens do Ribeiratildeo das Posses e em aacutereas cuja declividade natildeo era favoraacutevel agrave ocupaccedilatildeo
6
o que consequentemente acarretou deslizamentos de terra e alagamentos inclusive com
o registro de algumas trageacutedias ao longo dos anos
Pretende-se que este trabalho sirva como subsidio ao gestor puacuteblico local visando o
estabelecimento de poliacuteticas puacuteblicas integradas aos setores de meio ambiente e defesa
civil com vistas a garantir a seguranccedila de todos os muniacutecipes e a qualidade de vida em
todo o territoacuterio municipal
2 OBJETIVOS
21 Objetivo geral
O objetivo geral deste trabalho eacute contribuir para o estabelecimento de poliacuteticas puacuteblicas
direcionadas ao disciplinamento do uso e ocupaccedilatildeo do solo urbano no municiacutepio de
Santos Dumont
22 Objetivos especiacuteficos
Satildeo objetivos especiacuteficos
Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a
aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes
urbanos
Caracterizar o uso irregular do solo urbano em Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente
Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las
com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)
Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos
catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30
anos
Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do
solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental
7
Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais
negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea
impactada
3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
A seguir eacute apresentada a revisatildeo bibliograacutefica que fundamenta o desenvolvimento e o
pleno entendimento deste trabalho O conhecimento do que satildeo aacutereas de risco
alagamentos e deslizamentos bem como o que eacute e qual a importacircncia de um Plano Diretor
eacute de suma importacircncia para se avaliar como um municiacutepio estaacute se desenvolvendo e qual
a qualidade de vida dos muniacutecipes Tambeacutem satildeo abordados neste capiacutetulo os aspectos
legais referentes agraves Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente seus limites e sua importacircncia para
o ambiente urbano
31 Conceitos Fundamentais
311 Aacutereas de risco
De acordo com o Instituto de Pesquisas Tecnoloacutegicas ndash IPT entende-se como aacuterea de
risco aquela ldquopassiacutevel de ser atingida por fenocircmenos ou processos naturais eou induzidos
que causem efeito adverso As pessoas que habitam essas aacutereas estatildeo sujeitas a danos agrave
integridade fiacutesica perdas materiais e patrimoniaisrdquo (MINISTEacuteRIO DAS CIDADES
2007)
Para Augusto Filho et al (1990) apud Cristo (2002) aacuterea de risco eacute caracterizada como
aquela em que ldquose encontra em situaccedilatildeo de perigo tanto socialmente quanto
economicamente por conta de alguma alteraccedilatildeo na constituiccedilatildeo do terreno ou com grande
probabilidade de ocorrer processos naturaisrdquo
Segundo Fernandes (2012) aacutereas de risco ldquosatildeo aacutereas consideradas improacuteprias ao
assentamento humano por estarem sujeitas a riscos naturaisrdquo
Diante das definiccedilotildees supracitadas pode-se dizer que aacuterea de risco satildeo aacutereas susceptiacuteveis
agrave accedilatildeo de eventos naturais extremos e por esse motivo natildeo eacute viaacutevel agrave ocupaccedilatildeo humana
nestes locais e pode ou natildeo estar associados agrave proximidade ou nos limites de uma APP
8
312 Deslizamentos
Segundo Tominaga (2009) deslizamento eacute o movimento de solo em uma vertente pela
accedilatildeo da gravidade e satildeo mais frequentes em regiotildees de relevo montanhoso e em periacuteodos
chuvosos sendo a pluviosidade um dos principais fatores condicionantes para a ocorrecircncia
do processo Os deslizamentos podem ocorrer naturalmente e eacute grande responsaacutevel pela
dinacircmica das vertentes e evoluccedilatildeo do relevo local mas no Brasil a falta de planejamento
urbano de uma boa parte dos municiacutepios a ocupaccedilatildeo desordenada e a construccedilatildeo de
domiciacutelios sem orientaccedilatildeo teacutecnica tecircm transformado um processo natural em um
problema que algumas vezes se tornam grandes trageacutedias Na regiatildeo Sudeste brasileira o
escorregamento do tipo rotacional eacute o mais comum e eacute caracterizado por uma ruptura
curva no solo que estaacute geralmente associada agrave realizaccedilatildeo de cortes na base do talude ou
por processos erosivos fluviais o que relaciona esse tipo de escorregamento agraves regiotildees
urbanas mal planejadas e coloca o homem como o principal agente efetivo associado com
a pluviosidade na ocorrecircncia de acidentes relacionados com deslizamentos
(FERNANDES amp AMARAL 1996 apud TOMINAGA 2009)
313 Alagamentos
De acordo com Amaral amp Ribeiro (2009) inundaccedilotildees e enchentes satildeo processos
intimamente relacionados com a pluviosidade pois satildeo frequentes em periacuteodos de chuvas
fortes e raacutepidas ou chuvas de longa duraccedilatildeo e estatildeo relacionados agrave intensidade e
distribuiccedilatildeo da precipitaccedilatildeo ao longo da bacia agrave capacidade do solo de reter e infiltrar
aacutegua e agraves caracteriacutesticas de forma da bacia de drenagem
O escoamento das aacuteguas pluviais na natureza eacute lento mas em aacutereas urbanizadas a accedilatildeo
antroacutepica relacionada a ocupaccedilatildeo de planiacutecies de inundaccedilatildeo que podem estar inclusive
em uma cota abaixo do leito do rio impermeabilizaccedilatildeo do solo e retificaccedilatildeo de corpos
drsquoaacutegua aleacutem de inuacutemeras atividades que promovem o assoreamento dos rios e coacuterregos
tem gerado resultados catastroacuteficos e grandes prejuiacutezos (AMARAL amp RIBEIRO 2009)
Quando se refere agraves regiotildees urbanas o termo ldquoalagamentordquo eacute o mais utilizado e segundo
o Ministeacuterio das Cidades (2006) define-se como o ldquoacuacutemulo momentacircneo de aacuteguas em
uma dada aacuterea por problemas no sistema de drenagem podendo ter ou natildeo relaccedilatildeo com
processos de natureza fluvialrdquo Tambeacutem o termo ldquoenxurradardquo eacute utilizado e define-se como
o ldquoescoamento superficial concentrado e com alta energia de transporte que pode ou natildeo
estar associado a aacutereas de domiacutenio dos processos fluviais Eacute comum a ocorrecircncia de
enxurradas ao longo de vias implantadas sobre antigos cursos drsquoaacutegua com alto gradiente
hidraacuteulico e em terrenos com alta declividade naturalrdquo
9
314 Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente
O Novo Coacutedigo Florestal Brasileiro define Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP) como
ldquoaacuterea protegida coberta ou natildeo por vegetaccedilatildeo nativa com a funccedilatildeo ambiental de
preservar os recursos hiacutedricos a paisagem a estabilidade geoloacutegica e a biodiversidade
facilitar o fluxo gecircnico de fauna e flora proteger o solo e assegurar o bem-estar das
populaccedilotildees humanasrdquo (BRASIL2012) Estas aacutereas satildeo muito importantes tanto no meio
urbano como no rural por garantir a estabilidade do solo em encostas iacutengremes contribuir
para a natildeo formaccedilatildeo de processos erosivos e o assoreamento de rios e coacuterregos aleacutem de
garantir a recarga de aquiacuteferos ao atuar como um amortecedor de chuvas retendo-a e
impedindo que ocorra um carreamento intenso de sedimentos ao longo dos morros e
margens de rios e coacuterregos (SKORUPA 2004) A Lei 126512012 apresenta os tipos de
APP e seus limites conforme seraacute visto no item 322
315 Uso e ocupaccedilatildeo do solo
Dentre os vaacuterios mecanismos de ordenamento urbano e instrumentos de planejamento
municipal previsto no Estatuto da Cidade (Lei Federal 102572001) o uso e ocupaccedilatildeo
do solo satildeo os mais utilizados pelas cidades para a formulaccedilatildeo das poliacuteticas urbanas
podendo definir o uso como a forma como esta parcela do solo eacute utilizada e a ocupaccedilatildeo
como sendo o modo como as edificaccedilotildees devem ser dispostas nesta mesma parcela do
solo urbano (TAKEDA 2015) O termo ldquoUso e ocupaccedilatildeo do solordquo tambeacutem pode ser
definido como o fator que determina como as mais diferentes regiotildees de um municiacutepio
deve se desenvolver (FONTOURA 2015)
A inserccedilatildeo de leis municipais de uso e ocupaccedilatildeo do solo objetivam ser uma referecircncia
para os gestores locais no processo de tomada de decisatildeo para que as cidades cresccedilam de
modo organizado enfatizando os potenciais e capacidades de cada regiatildeo aleacutem de tornar
o crescimento mais homogecircneo Com isso pretende-se evitar a formaccedilatildeo de grandes
adensamentos em pequenas aacutereas garantindo a mobilidade e a qualidade de vida de todos
os muniacutecipes tanto da regiatildeo urbana como da rural preservar e melhorar a qualidade
ambiental do municiacutepio aleacutem de evitar deslizamentos e alagamentos por conta da
ocupaccedilatildeo incorreta do solo (TAKEDA 2015)
10
32 Legislaccedilatildeo Pertinente
321 As adequaccedilotildees da legislaccedilatildeo ao longo dos anos
A problemaacutetica relacionada agraves APPs em aacutereas urbanas outrora era uma questatildeo complexa
e demandava uma larga discussatildeo do ponto de vista juriacutedico administrativo e teacutecnico Eacute
sabido que a maioria das cidades se formaram proacuteximos aos corpos hiacutedricos regiatildeo que
garantia o abastecimento de aacutegua e alimentos agrave populaccedilatildeo e tambeacutem facilitava o descarte
dos efluentes A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 225 daacute garantia aos
brasileiros de um meio ambiente em equiliacutebrio e concede agrave toda a sociedade o dever de
preservaacute-lo de acordo com os princiacutepios do desenvolvimento sustentaacutevel (BRASIL
1988) Antes desta Constituiccedilatildeo jaacute havia um texto que regulamentava a questatildeo da
preservaccedilatildeo de aacutereas verdes em todo o territoacuterio nacional A Lei Federal nordm 477165 que
trata do Coacutedigo Florestal estabelecia limites e regulamentava as Aacutereas de Preservaccedilatildeo
Permanente De acordo com Arauacutejo (2002) apud De Moraes (2014) essa Lei que fora
revogada e substituiacuteda pela Lei 126512012 era bastante falha no que diz respeito agraves
questotildees de APPS em aacutereas urbanas o que poderia ser um facilitador do natildeo cumprimento
do que foi proposto por aquela legislaccedilatildeo nestas aacutereas Isso se devia ao fato de o Coacutedigo
Florestal de 1965 ter deixado uma duacutevida sobre qual legislaccedilatildeo seguir uma vez que em
seu segundo artigo no paraacutegrafo uacutenico estava disposto que em aacutereas urbanas devia-se
atentar para a legislaccedilatildeo referente ao Plano Diretor e as referentes ao uso do solo na aacuterea
do municiacutepio (BRASIL 1965) Diante dessa conjuntura alguns municiacutepios optavam pela
natildeo aplicaccedilatildeo do Coacutedigo Florestal na regiatildeo urbana mesmo sabendo que a poliacutetica
conservacionista eacute extremamente importante visto o grande nuacutemero de problemas que
podem advir do uso irregular das APPs (DE MORAES 2009) Segundo o artigo 182 da
Constituiccedilatildeo Federal de 1988 as poliacuteticas relacionadas ao desenvolvimento urbano
devem ser elaboradas pelos municiacutepios e objetiva garantir o bem estar dos muniacutecipes e
tambeacutem o desenvolvimento do municiacutepio como um todo atraveacutes do atendimento agraves
exigecircncias do Plano Diretor (BRASIL 1988) O que podia gerar alguma divergecircncia seria
se o Plano Diretor Municipal propusesse uma faixa de APP menor que a prevista pelo
Coacutedigo Florestal Sendo assim essa legislaccedilatildeo perderia sua validade pelo fato de a
legislaccedilatildeo federal ser suplementar ou se seria cumprida devido ao disposto no artigo 182
da Constituiccedilatildeo Segundo De Moraes (2009) natildeo eacute aceitaacutevel que o Plano Diretor
Municipal legitime tal degradaccedilatildeo ambiental uma vez que um dos seus principais
objetivos eacute a proteccedilatildeo do bem estar puacuteblico estando incluiacutedo nesse a proteccedilatildeo do
ambiente natural A delimitaccedilatildeo e especificaccedilatildeo das APPs em Lei eacute necessaacuteria uma vez
que os limites miacutenimos destinados agrave preservaccedilatildeo satildeo importantes pois garantem a
proteccedilatildeo tanto da qualidade quanto da quantidade dos recursos hiacutedricos e evitam a
ocupaccedilatildeo em locais propiacutecios aos deslizamentos e zonas de recarga dos aquiacuteferos
11
subterracircneos assegurando tambeacutem de certa forma a integridade dos seres humanos que
potencialmente ocupariam tais locais (CARVALHO 2013)
Neste trabalho a legislaccedilatildeo tomada como referecircncia eacute a prevista pela Constituiccedilatildeo Federal
de 1988 o Novo Coacutedigo Florestal (Lei 126512012) e o Estatuto das Cidades (Lei
102572001) em acircmbito federal Na esfera estadual a Lei 209222013 versa sobre os
limites para APP em todo o territoacuterio de Minas A Lei Municipal 42412012 trata do
Plano Diretor Municipal da cidade de Santos Dumont onde se encontra as diretrizes para
o uso e ocupaccedilatildeo do solo e o zoneamento da cidade de acordo com as caracteriacutesticas do
solo entre outras
322 O Novo Coacutedigo Florestal e a legislaccedilatildeo mineira
O Novo Coacutedigo Florestal Lei Federal 126512012 substituiu a Lei Federal 47711965
Dentre os vaacuterios artigos que esta lei possui o que apresenta maior importacircncia para o
planejamento e o ordenamento das cidades tanto na aacuterea urbana como na rural eacute o artigo
4ordm em que constam as faixas de APP tanto para curso hiacutedrico como para declividade e
altitude aleacutem dos topos de morro a saber (BRASIL2012)
ldquoArt 4ordm Considera-se Aacuterea de Preservaccedilatildeo
Permanente em zonas rurais ou urbanas para os
efeitos desta Lei
I - as faixas marginais de qualquer curso drsquoaacutegua
natural perene e intermitente excluiacutedos os
efecircmeros desde a borda da calha do leito regular
em largura miacutenima de
a) 30 (trinta) metros para os cursos drsquoaacutegua de
menos de 10 (dez) metros de largura
b) 50 (cinquenta) metros para os cursos drsquoaacutegua
que tenham de 10 (dez) a 50 (cinquenta) metros de
largura
()
IV - as aacutereas no entorno das nascentes e dos olhos
drsquoaacutegua perenes qualquer que seja sua situaccedilatildeo
topograacutefica no raio miacutenimo de 50 (cinquenta)
metros
12
V - as encostas ou partes destas com declividade
superior a 45deg equivalente a 100 (cem por
cento) na linha de maior declive
()
IX - no topo de morros montes montanhas e
serras com altura miacutenima de 100 (cem) metros e
inclinaccedilatildeo meacutedia maior que 25deg as aacutereas
delimitadas a partir da curva de niacutevel
correspondente a 23 (dois terccedilos) da altura
miacutenima da elevaccedilatildeo sempre em relaccedilatildeo agrave base
sendo esta definida pelo plano horizontal
determinado por planiacutecie ou espelho drsquoaacutegua
adjacente ou nos relevos ondulados pela cota do
ponto de sela mais proacuteximo da elevaccedilatildeo
X - as aacutereas em altitude superior a 1800 (mil e
oitocentos) metros qualquer que seja a
vegetaccedilatildeo
()rdquo
A legislaccedilatildeo atual em seu artigo 4ordm evidencia que as faixas e aacutereas determinadas como
APP compreendem tanto as aacutereas rurais quanto urbanas (BRASIL 2012) retirando a
duacutevida anterior e sendo essa a Lei suplementar qualquer faixa de APP mais permissiva
na legislaccedilatildeo estadual e municipal satildeo invaacutelidas o que simplificou de certa forma a
aplicabilidade da Legislaccedilatildeo referente a Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente
No Estado de Minas Gerais a Lei Estadual 20922 de 16 de Outubro de 2013 trata do tema
em acircmbito estadual mas com os mesmos princiacutepios propostos pela Lei Federal sendo os
limites miacutenimos previstos para as APPs os mesmos propostos pelo Novo Coacutedigo
Florestal brasileiro (MINAS GERAIS2013)
ldquo Art 9ordm Para os efeitos desta Lei em zonas rurais
ou urbanas satildeo APPs
I as faixas marginais de cursos drsquoaacutegua naturais
perenes e intermitentes excluiacutedos
os efecircmeros medidas a partir da borda da calha
do leito regular em largura miacutenima de
13
a) 30m (trinta metros) para os cursos drsquoaacutegua de
menos de 10m (dez metros) de largura
b) 50m (cinquenta metros) para os cursos drsquoaacutegua
de 1 0m (dez metros) a 50m (cinquenta metros) de
largura
()
IV as aacutereas no entorno das nascentes e dos olhos
drsquoaacutegua perenes no raio miacutenimo de 50m
(cinquenta metros)
V as encostas ou partes destas com declividade
superior a 45ordm (quarenta e cinco graus)
equivalente a 100 (cem por cento) na linha de
maior declive
()
VII no topo de morros montes montanhas e
serras com altura miacutenima de 100m (cem metros)
e inclinaccedilatildeo meacutedia maior que 25ordm (vinte e cinco
graus) as aacutereas delimitadas a partir da curva de
niacutevel correspondente a 23 (dois terccedilos) da altura
miacutenima da elevaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave base sendo esta
definida pelo plano horizontal determinado por
planiacutecie ou espelho drsquoaacutegua adjacente ou nos
relevos ondulados pela cota do ponto de sela mais
proacuteximo da elevaccedilatildeo
VIII as aacutereas em altitude superior a 1 800m (mil
e oitocentos metros)
()rdquo
323 O Plano Diretor
O Estatuto das Cidades em seu artigo 40 prevecirc o plano diretor como um instrumento
capaz de promover a poliacutetica urbana englobando toda a cidade aleacutem de fornecer padrotildees
e limites para o uso do solo nas mais diversas regiotildees do municiacutepio com vistas a
harmonizar o desenvolvimento urbano com a preservaccedilatildeo do meio ambiente (SILVA JR
2006) Este instrumento eacute obrigatoacuterio para cidades com mais de 20 mil habitantes ou
14
aacutereas que integrem regiotildees metropolitanas ou de interesse turiacutestico O artigo 41 do
Estatuto das cidades tambeacutem prevecirc a obrigatoriedade do Plano Diretor para cidades que
possuem em sua aacuterea empreendimentos que caracterizem grandes impactos ambientais
de influecircncia regional ou nacional e cidades que possuem problemas com deslizamentos
de grande magnitude ou alagamentos repentinos (BRASIL 2001)
O Plano diretor de acordo com o Estatuto das Cidades deve ser aprovado como lei em
acircmbito municipal e revisto a cada dez anos Este documento eacute uacutenico pois cada cidade
possui suas peculiaridades infraestrutura vocaccedilotildees e problemas que por mais que sejam
parecidos entre si satildeo diferenciados pela intensidade e pela regionalizaccedilatildeo Sendo assim
a confecccedilatildeo do Plano Diretor deve conter a participaccedilatildeo de toda a comunidade local de
forma a reduzir as desigualdades sociais os gastos puacuteblicos desnecessaacuterios a degradaccedilatildeo
ambiental e combater os problemas relacionados a urbanizaccedilatildeo de forma conjunta
promovendo um processo de tomada de decisatildeo que garanta a qualidade de vida
preservaccedilatildeo e o desenvolvimento social do municiacutepio como um todo (ROSSBACH amp
CARVALHO 2010)
3231 O Plano Diretor de Santos Dumont
A Lei Municipal nordm 424112 que entrou em vigor no ano de 2014 trata do Plano Diretor
Municipal instrumento previsto no Estatuto das Cidades para garantir aos cidadatildeos um
desenvolvimento urbano organizado justo e sustentavelmente econocircmico (BRASIL
2001) Aleacutem de apontar as diretrizes para a elaboraccedilatildeo da Poliacutetica Municipal dos mais
variados setores o Plano Diretor divide o municiacutepio em macrozonas urbanas e rurais
Estas zonas tecircm por objetivo facilitar a identificaccedilatildeo dos setores que permitem ou natildeo o
desenvolvimento da cidade e em que magnitude pode ser feita a expansatildeo respeitando ao
meio ambiente e tambeacutem o que eacute previsto no tocante ao uso e ocupaccedilatildeo do solo nessas
aacutereas Aleacutem disso ela estabelece a forma como devem ser as edificaccedilotildees nas referidas
aacutereas As aacutereas definidas como macrozonas urbanas e foram subdivididas em (SANTOS
DUMONT2012)
ldquoZona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e
da Paisagem (ZPPH) satildeo as aacutereas cujos
equipamentos urbanos possuem interesse
histoacuterico ou paisagiacutestico de preservaccedilatildeo
Zona de Preservaccedilatildeo Ambiental satildeo aquelas em
que devem ser mantidas ou recuperadas a
15
vegetaccedilatildeo por conta da declividade altitude ou
presenccedila de recursos hiacutedricos
Zona de Adensamento Controlado (ZAC) satildeo as
aacutereas em que deve-se manter uma pequena
densidade populacional devido as limitaccedilotildees na
infraestrutura da localidade A ZAC se divide em
ZAC 1 quando a infraestrutura existente eacute
limitada e em ZAC 2 quando esta eacute precaacuteria ou
natildeo existe
Zona de Consolidaccedilatildeo de Adensamento (ZCA)
satildeo as aacutereas em que haacute interesse em ocupar os
lotes vagos haja visto que a regiatildeo possui toda a
infraestrutura para que isto aconteccedila
Zona Adensaacutevel (ZA) satildeo as aacutereas com
condiccedilotildees propiacutecias para ocorrer uma ocupaccedilatildeo
mais densa
Zona Especial de Interesse Social (ZEIS) satildeo as
aacutereas em que o Poder Puacuteblico almeja fazer
alguma forma de ocupaccedilatildeo Eacute dividida em ZEIS 1
e ZEIS 2 A ZEIS 1 satildeo regiotildees jaacute ocupadas mas
de forma irregular cujo interesse puacuteblico eacute
realizar obras e outras atividades para
regularizar as ocupaccedilotildees e urbanizar a aacuterea
enquanto que a ZEIS 2 satildeo aacutereas natildeo utilizadas ou
subutilizadas as quais o poder puacuteblico almeja
realizar algum empreendimento habitacional de
caraacuteter social
Zona de Grandes Equipamentos (ZE) satildeo aacutereas
cujo o interesse eacute a implantaccedilatildeo de
empreendimentos de grande porte ou grandes
equipamentos puacuteblicosrdquo
Esta divisatildeo espacial pode ser melhor vista no Anexo 71
O Plano Diretor natildeo estipula limites para APP mas prevecirc algumas diretrizes como na
Poliacutetica Municipal de Preservaccedilatildeo do Meio Ambiente sobre o uso do solo em
compatibilidade com praacuteticas conservacionistas A Poliacutetica Municipal de Expansatildeo
16
Urbana tem como uma de suas diretrizes fazer cumprir a legislaccedilatildeo vigente no que diz
respeito agraves intervenccedilotildees e investimentos que poderatildeo ser feitos nessas aacutereas Tambeacutem eacute
diretriz da mesma Poliacutetica o controle da ocupaccedilatildeo e do uso do solo em APPs e o auxiacutelio
aos oacutergatildeos estaduais e federais de meio ambiente no tocante agrave fiscalizaccedilatildeo da ocupaccedilatildeo
nestas aacutereas (SANTOS DUMONT 2012) O artigo 38 que trata das diretrizes da Poliacutetica
habitacional de interesse social exclui do processo de regularizaccedilatildeo fundiaacuteria os
assentamentos situados em aacutereas de risco o que na maioria das vezes estatildeo tambeacutem nas
aacutereas que deveriam estar vegetadas e protegidas (SANTOS DUMONT 2012) Na
legislaccedilatildeo referente ao parcelamento do solo eacute previsto que no parcelamento de glebas
com declividade entre 30 e 47 soacute poderaacute ser aprovado mediante projeto e laudo
assinado por um responsaacutevel teacutecnico favoraacutevel agrave construccedilatildeo nesse local (SANTOS
DUMONT 2012) Diante do proposto pelo Plano Diretor de Santos Dumont pode-se
dizer que natildeo haacute conflito com a legislaccedilatildeo federal e estadual em se tratando da
aplicabilidade do Coacutedigo Florestal uma vez que aquele natildeo explicita limites nem
permissivos e tampouco restritivos para faixas e aacutereas de preservaccedilatildeo permanente
33 O Municiacutepio de Santos Dumont
331 De Arraial a cidade
A aacuterea onde se situa hoje o municiacutepio de Santos Dumont teve sua ocupaccedilatildeo iniciada no
seacuteculo XVIII quando a Coroa Portuguesa solicitou ao entatildeo Governador do Rio de
Janeiro Artur de Saacute Menezes que abrisse um caminho que ligasse as Minas dos
Cataguases na regiatildeo de Ouro Preto (receacutem descobertas) ao Rio de Janeiro por onde
escoava os metais preciosos para a metroacutepole Surgiu assim o ldquoCaminho Novordquo e ao longo
deste caminho surgiram tambeacutem as Sesmarias aacutereas que tinham por principal objetivo
servir de pouso aos transportadores e exploradores e tambeacutem para garantir alimento a
estas pessoas Uma destas ocupaccedilotildees seria o ldquoArraial de Joatildeo Gomesrdquo (Figura 41)
primeiro nuacutecleo primitivo do municiacutepio em 1709 De iniacutecio prevaleciam somente
ranchos onde os viajantes se abrigavam mas em pouco tempo ergueu-se a Capela de Satildeo
Miguel e Almas e pequenos nuacutecleos urbanos comeccedilaram a surgir (DAPPC2008)
17
Figura 3 1 Vista parcial do Arraial de Joatildeo Gomes
Fonte Arquivo Histoacuterico de Santos Dumont-MG
Com a construccedilatildeo da Estrada de Ferro D Pedro II no final do seacuteculo XIX a regiatildeo teve
um consideraacutevel crescimento natildeo soacute populacional como tambeacutem econocircmico se tornando
a Vila Palmyra em 1889 Em 1890 Palmyra eacute elevada ao status de Municiacutepio (Figura 42)
e recebe um grande nuacutemero de melhorias no setor viaacuterio como a retificaccedilatildeo de ruas e
tambeacutem no setor de serviccedilos puacuteblicos como abastecimento de aacutegua iluminaccedilatildeo puacuteblica a
querosene e posteriormente energia eleacutetrica O desenvolvimento econocircmico na regiatildeo
tambeacutem teve seu momento aacuteureo nesse periacuteodo Induacutestrias de laticiacutenios graacuteficas e de
Carbureto de Caacutelcio fizeram parte do parque industrial de Palmyra o que atraiacutea pessoas
de outros lugares inclusive estrangeiros contribuindo para o aumento populacional da
regiatildeo Como ainda natildeo havia legislaccedilatildeo sobre uso e ocupaccedilatildeo do solo nessa eacutepoca
surgiram inuacutemeros loteamentos em aacutereas proacuteximas agrave rios e coacuterregos e tambeacutem em
encostas com declividade acentuada o que foi agravando o risco agrave medida que a ocupaccedilatildeo
aumentava (DAPPC2008)
18
Figura 3 2 Municiacutepio de Palmyra na deacutecada de 1920
Fonte Arquivo Histoacuterico de Santos Dumont-MG
O escoamento da produccedilatildeo industrial se dava pelo modal ferroviaacuterio setor que tambeacutem
movimentava a crescente cidade que era ponto importante no setor de transportes pois
possuiacutea um dos mais bem equipados depoacutesitos de locomotivas da Estrada de Ferro Central
do Brasil (DAPPC2008)
No ano de 1932 o municiacutepio de Palmyra passou a se chamar Santos Dumont (Figura 43)
em homenagem ao inventor do aviatildeo que nascera naquela cidade Nos uacuteltimos 40 anos
Santos Dumont tem experimentado uma acentuada desaceleraccedilatildeo econocircmica
consequecircncia do fechamento da grande maioria das induacutestrias principalmente as de
laticiacutenios que empregavam direta e indiretamente uma parte consideraacutevel da populaccedilatildeo
(DAPPC2008)
19
Figura 3 3 Municiacutepio de Santos Dumont em 2014
Fonte Arquivo do autor
332 Santos Dumont na atualidade
O municiacutepio de Santos Dumont localiza-se na regiatildeo da Zona da Mata mineira distante
cerca de 220 Km da capital Belo Horizonte e possui uma populaccedilatildeo de 47558 habitantes
(ODM 2015 projeccedilatildeo) numa aacuterea total de 637 kmsup2 Faz divisa com os municiacutepios de
Juiz de Fora Oliveira Fortes Bias Fortes Antocircnio Carlos Tabuleiro Piau e Ewbank da
Cacircmara
No que diz respeito agrave sua formaccedilatildeo fisiacuteco-geograacutefica a aacuterea que compreende o municiacutepio
eacute constituiacuteda predominantemente por Cambissolo Haacuteplico (70) com Latossolo
Vermelho-Amarelo (30) (UFV2010) A vegetaccedilatildeo eacute em sua maioria composta por
exemplares de Mata Atlacircntica De acordo com o IBGE(2015) Santos Dumont se localiza
a 839m de altitude O clima da regiatildeo eacute classificado como Tropical de Altitude (Cwb) e
possui uma temperatura meacutedia de 20ordmC Eacute banhado pela bacia hidrograacutefica do Paraiacuteba do
Sul e em sua maioria pertence agrave sub-bacia do Rio Pomba (IGAM) que fornece aacutegua para
abastecimento puacuteblico agrave 88 da populaccedilatildeo por meio da rede de distribuiccedilatildeo
(IBGE2010) Uma pequena parte da zona rural a sudoeste eacute banhada pela Sub-Bacia do
Rio Paraibuna mais precisamente na regiatildeo de fronteira com os municiacutepios de Juiz de
Fora e Ewbank da Cacircmara O sistema viaacuterio principal de acesso agrave cidade eacute a rodovia BR-
040 e a estrada de ferro Dom Pedro II atualmente utilizada somente para transporte de
cargas
Com a economia nos dias atuais baseada majoritariamente no setor de serviccedilos a cidade
possui um Iacutendice de Desenvolvimento humano (IDH) de 0741 (IBGE2010) Apesar do
decliacutenio econocircmico de Santos Dumont nota-se hoje um aumento no nuacutemero de
loteamentos populares e condomiacutenios horizontais e verticais entre outras edificaccedilotildees Eacute
de vital importacircncia que esse crescimento das ocupaccedilotildees seja ordenado e regulamentado
20
de forma a garantir a qualidade ambiental prevenindo deslizamentos e inundaccedilotildees Diante
dessa conjuntura o governo municipal aprovou em 2012 a Lei nordm 4241 que trata do Plano
Diretor Participativo instrumento baacutesico da poliacutetica de desenvolvimento e expansatildeo
urbana do municiacutepio de Santos Dumont
4 METODOLOGIA
41 Aacuterea de estudo
A regiatildeo dentro dos limites do municiacutepio que seraacute estudada neste trabalho eacute conforme
descrito nos anexos Plano Diretor e representada na figura 44 a aacuterea urbana principal
que possui 47 Kmsup2 e compreende a regiatildeo central da cidade e os bairros perifeacutericos regiatildeo
que concentra cerca de 90 da populaccedilatildeo total de Santos Dumont (IBGE 2015) A aacuterea
urbana principal representa 75 da aacuterea total dos 637 Kmsup2 que compreendem o
municiacutepio e eacute o local onde nos uacuteltimos 30 anos se verificou um maior crescimento
populacional e tambeacutem onde ocorre a maioria dos eventos relacionados a deslizamentos
e alagamentos por conta da ocupaccedilatildeo sem planejamento A figura 45 mostra a aacuterea
urbana principal e a localizaccedilatildeo dos bairros urbanos de Santos Dumont
Figura 4 1 Localizaccedilatildeo da aacuterea urbana principal
Fonte Google Earth
21
Figura 4 2 Mapa da aacuterea urbana principal com a localizaccedilatildeo dos bairros
Fonte Do Autor
42 Levantamento e tratamento dos dados
No desenvolvimento deste trabalho foi necessaacuterio se fazer um estudo detalhado sobre o
Plano Diretor de Santos Dumont principalmente dos seus anexos que compreendem os
mapas e a localizaccedilatildeo das aacutereas definidas pelo zoneamento proposto Para que isso fosse
possiacutevel a Secretaria Municipal de Obras e Serviccedilos Puacuteblicos forneceu todos os dados
secundaacuterios produto do estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor e do
zoneamento Estes dados incluem os arquivos Shapefile (shp) e outros documentos
integrantes do Plano Diretor Algumas informaccedilotildees foram complementadas tambeacutem com
dados adquiridos atraveacutes do site do IBGE e do Portal Objetivos do Milecircnio (ODM)
Os dados sobre as ocorrecircncias de deslizamentos e alagamentos foram obtidos atraveacutes da
Defesa Civil do municiacutepio atraveacutes do Sistema Integrado de Informaccedilotildees sobre Desastres
(S2ID) do Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional Tal sistema centraliza as informaccedilotildees sobre
desastres naturais ocorridos em todo o territoacuterio nacional facilitando a pesquisa sobre tais
eventos a qualquer cidadatildeo (BRASIL 2015)
Apesar do sistema ser bastante uacutetil os dados sobre o municiacutepio de Santos Dumont se
encontravam bastante falhos e escassos sendo necessaacuteria complementaccedilatildeo para que a
22
base de dados ficasse consistente Diante disso uma pesquisa atraveacutes dos arquivos do
Jornal Mensagem um jornal semanaacuterio local foi feita entre os anos de 1984 e 2014 e os
dados primaacuterios filtrados em uma planilha do Microsoft Excel para posterior utilizaccedilatildeo
De posse destes dados foi feita a localizaccedilatildeo em campo das coordenadas dos locais
atingidos por deslizamentos e alagamentos no periacuteodo compreendido pela pesquisa com
o auxiacutelio de um aparelho de GPS
A maioria dos arquivos shapefile utilizados para a confecccedilatildeo dos mapas satildeo parte
integrante dos anexos da Lei do Plano diretor do municiacutepio gerados no mecircs de dezembro
de 2011 pelo Instituto Nova Cidade e foram cedidos pela Secretaria Municipal de Obras
e Serviccedilos Puacuteblicos com Datum em UTM SAD 69 Com a finalidade de fornecer um
referenciamento atualizado e de acordo com os mais novos sistemas de coordenadas
utilizados no Brasil os arquivos foram convertidos para o Datum UTM SIRGAS 2000
que diferencia do SAD 69 pelo fato de ser um referencial geocecircntrico ou seja o centro
da Terra eacute o ponto de referecircncia neste sistema enquanto que o primeiro utiliza um
referencial na superfiacutecie da Terra (IBGE2014) Eacute interessante ressaltar tambeacutem que o
SIRGAS 2000 se tornou no ano de 2014 o sistema de coordenadas oficial do Sistema
Geodeacutesico Brasileiro e do Sistema Cartograacutefico Nacional ambos mantidos pelo IBGE A
combinaccedilatildeo dos shapefiles foi feita com o software livre gvSIG e com estas combinaccedilotildees
foram gerados mapas importantes resultados para a execuccedilatildeo deste trabalho A maioria
dos mapas representam a regiatildeo urbana principal de Santos Dumont e foram produzidos
numa escala em torno de 140000 que de acordo com Rocha (2007) eacute uma escala viaacutevel
pois as recomendaacuteveis para trabalhos de anaacutelise ambiental em niacutevel municipal podem ser
entre 150000 e 110000 Alguns mapas cujo detalhamento natildeo eacute necessaacuterio foram
gerados na escala 1100000
Para a geraccedilatildeo dos mapas aleacutem dos arquivos fornecidos pela Secretaria de Obras e
Serviccedilos Puacuteblicos foram utilizados para a geraccedilatildeo do modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE)
e da localizaccedilatildeo dos topos de morro dados gerados pelo sistema de radar Advanced
Spacebone Thermal Emission and Reflection Radiometer (ASTER) que geram as curvas
de niacutevel do terreno com uma resoluccedilatildeo de 30m (NASA2014) O processamento dessas
imagens foi feito pelo software livre gvSIG As imagens geradas pelos sateacutelites
LANDSAT foram adquiridas no site da United States Geological Survey (USGS) e essas
imagens possibilitaram obter um panorama preciso do uso do solo em toda a aacuterea urbana
de Santos Dumont numa resoluccedilatildeo de 15 metros uma vez que foi utilizada a banda
pancromaacutetica do sateacutelite LANDSAT 8 aleacutem da combinaccedilatildeo das bandas 65 e 4
respectivamente que eacute a combinaccedilatildeo recomendada pela mantenedora dos sateacutelites para
anaacutelises deste tipo
23
No que diz respeito a identificaccedilatildeo de APPs em topo de morro a metodologia de Oliveira
amp Fernandes Filho (2013) por utilizar as mesmas bases de dados ateacute entatildeo usadas neste
trabalho foi a mais indicada
A metodologia de anaacutelise dos mapas gerados eacute a proposta pelo professor Jorge Xavier da
Silva do Laboratoacuterio de Geoprocessamento (LAGEOP) da Universidade Federal do Rio
de Janeiro e citada por Rocha (2007) Tal metodologia analisa as variaacuteveis em questatildeo
presentes na aacuterea e permite avaliar as possibilidades de relaccedilotildees entre essas variaacuteveis De
uma maneira geral este meacutetodo verifica o estado atual da aacuterea em estudo bem como das
variaacuteveis gerando inventaacuterios que servem para a construccedilatildeo de dados planimeacutetricos sejam
com as variaacuteveis isoladas ou combinadas Estes dados planimeacutetricos geram assinaturas
que permitem inferir sobre a influecircncia dessas variaacuteveis De posse dos dados gerados pelo
processo anteriormente citado pode-se fazer algumas prospecccedilotildees sobre os riscos
ambientais que a aacuterea pode sofrer ou o seu potencial ambiental (ROCHA 2007)
5 RESULTADOS
51 Levantamento histoacuterico de alagamentos e
deslizamentos
O aumento da demanda pelo uso do solo na regiatildeo urbana de Santos Dumont
principalmente no tocante agrave formaccedilatildeo de novos loteamentos e condomiacutenios nos uacuteltimos
anos eacute consideraacutevel mas tambeacutem haacute de se observar o crescimento dos bairros jaacute existentes
com pouco ou nenhum ordenamento Em ambos os casos se observa ocupaccedilotildees
irregulares em APP o que tem ocasionado um aumento na frequecircncia de deslizamentos
e inundaccedilotildees Eacute evidente que quanto maior a densidade populacional do bairro maior a
quantidade de ocorrecircncias ao longo dos anos (SPERFELD 2009)
De acordo com as ocorrecircncias registradas pela Defesa Civil do municiacutepio obtidas atraveacutes
da literatura utilizada nos uacuteltimos 30 anos Santos Dumont chegou a decretar situaccedilatildeo de
emergecircncia por conta de desastres envolvendo deslizamentos eou alagamentos por duas
vezes num espaccedilo de 10 anos conforme pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho
(BRASIL 2014 CEPED 2011)
Segundo os dados obtidos atraveacutes de pesquisa nos arquivos do semanaacuterio entre os anos
de 1984 e 2014 pode-se verificar que nos uacuteltimos 20 anos a cidade tem experimentado
24
um aumento consideraacutevel nos eventos relacionados a deslizamentos e principalmente
alagamentos como pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho Isso pode ter sido causado
dentre outros fatores pelo aumento do nuacutemero de vias pavimentadas com material
impermeaacutevel o que tem sobrecarregado tanto a infraestrutura existente para drenagem
urbana como tambeacutem a calha dos cursos drsquoaacutegua que passam pela regiatildeo urbana do
municiacutepio (ZANON2013)
Na deacutecada de 1980 (1984-1990) de acordo com os dados obtidos natildeo foram noticiados
eventos consideraacuteveis relacionados a deslizamentos e alagamentos em Santos Dumont
mas isso natildeo exclui a possibilidade de natildeo ter ocorrido tais eventos em menor escala
Na deacutecada de 1990 aconteceram uma seacuterie de ocorrecircncias tanto de deslizamentos quanto
de alagamentos No ano de 1997 num periacuteodo chuvoso intenso aconteceram
deslizamentos consideraacuteveis em vaacuterios bairros da cidade inclusive com desabamento de
casas e de ruas principalmente nos bairros Nossa Senhora da Gloacuteria e Quarto Depoacutesito
Em 1999 ocorreram alguns pontos de alagamento nos bairros Quarto Depoacutesito e Santo
Antocircnio com grandes prejuiacutezos materiais
A deacutecada de 2000 iniciou com o registro de deslizamentos em vaacuterios bairros da cidade
inclusive com desabamento de casas e pontes e alagamentos em importantes vias do
centro da cidade Observa-se ao longo desse periacuteodo o crescimento nas ocorrecircncias de
deslizamentos e de aacutereas com risco de deslizamento em muitos bairros de Santos Dumont
Um dos fatores importantes para esse crescimento foi a grande expansatildeo sofrida pela
maioria dos bairros e a falta de planejamento e orientaccedilatildeo por parte da prefeitura uma
vez que uma boa parte do crescimento dos bairros da cidade ocorreu ou proacuteximo a cursos
drsquoaacutegua ou em aacutereas com declividade improacutepria para se fazer construccedilotildees O bairro
Coacuterrego do Ouro (Figura 51) foi o que mais sofreu com ocorrecircncias de deslizamentos
nesse periacuteodo enquanto o bairro Santo Antocircnio foi que teve mais ocorrecircncias de
alagamentos
25
Figura 5 1 Deslizamento no bairro Coacuterrego do Ouro
Fonte Portal Cabangu
No iniacutecio deacutecada de 2010 (2011-2014) o centro da cidade foi a regiatildeo que mais sofreu
com alagamentos sendo registrado pelo menos uma ocorrecircncia por ano nessa aacuterea (Figura
52) Isso pode ser relacionado dentre outros fatores com as obras de modificaccedilatildeo do
tipo de pavimentaccedilatildeo das estradas por um material impermeaacutevel gerando uma sobrecarga
nos sistemas de drenagem urbana que foram projetados para um tipo de pavimento mais
permeaacutevel implicando tambeacutem na sobrecarga calha do Ribeiratildeo das Posses o principal
curso drsquoaacutegua que corta o centro da cidade e que se encontra em quase sua totalidade
ocupada em ambas as margens que cortam o centro da cidade
26
Figura 5 2 Alagamento na regiatildeo central de Santos Dumont em 2013
Fonte Portal Cabangu
Quanto agraves ocorrecircncias de deslizamento ao longo da referida deacutecada elas estiveram
espalhadas pelos bairros do municiacutepio tendo um maior nuacutemero de ocorrecircncias nos bairros
Santo Antocircnio Nossa Senhora da Gloacuteria e Aacutegua Espraiada Nos dois primeiros bairros
citados as ocorrecircncias podem ter sido ocasionadas pelo crescimento desordenado e sem
planejamento destes e no terceiro as ocorrecircncias satildeo relacionadas ao processo de
assoreamento do Ribeiratildeo das Posses o que pode ter gerado um aumento da velocidade
desse curso drsquoaacutegua causando problemas decorrentes do transporte de sedimentos da aacuterea
onde as casas foram construiacutedas que teve como consequecircncia os deslizamentos
Em resumo como pode ser observado nas figuras 53 e 54 na tabela 51 no periacuteodo de
1984 a 2014 os bairros mais afetados por alagamentos e deslizamentos satildeo Quarto
Depoacutesito Nossa Senhora da Gloacuteria Santo Antocircnio Coacuterrego do Ouro Antocircnio Afonso
Graminha e Vila Esperanccedila sendo que o bairro Coacuterrego do Ouro possui o maior nuacutemero
de ocorrecircncias de deslizamentos e o centro da cidade possui o maior nuacutemero de
ocorrecircncias de alagamentos no periacuteodo pesquisado Vale destacar que a aacuterea propiacutecia a
alagamentos no bairro Antocircnio Afonso natildeo identificada no estudo realizado pela
prefeitura constitui-se efetivamente numa aacuterea de risco conforme levantamento histoacuterico
realizado Esta aacuterea de risco se deve agrave diferenccedila de niacutevel negativa entre o rio Pinho e a
aacuterea do bairro estando este em desniacutevel com um risco iminente de inundaccedilotildees resultantes
da cheia desse curso drsquoaacutegua causando inuacutemeros transtornos aos moradores do local
27
Figura 5 3 Pontos de Alagamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico
Fonte Do autor
Figura 5 4 Pontos de deslizamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico
Fonte Do autor
28
Tabela 51 Ocorrecircncias de alagamentos e deslizamentos obtidos atraveacutes do
levantamento histoacuterico
Pontos de ocorrecircncia (1984-2014)
Bairros Alagamento Deslizamento
Aacutegua Espraiada 1 1
Antocircnio Afonso 1 0
Barra 0 1
Centro 7 1
Coacuterrego do Ouro 1 7
Flores 0 1
Graminha 1 0
Jardim Jaraguaacute 0 1
N Sra da Gloacuteria 0 4
N Sra das Graccedilas 1 0
Quarto Depoacutesito 3 2
Santo Antocircnio 4 2
Satildeo Sebastiatildeo 0 1
Vila Esperanccedila 0 1
Fonte Do autor
De acordo com o estudo realizado na elaboraccedilatildeo do Plano Diretor pela prefeitura
municipal observa-se que os bairros que possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a
deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do Ouro e Vila Esperanccedila enquanto que os que
possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a alagamento satildeo o Centro da cidade e os
bairros Satildeo Sebastiatildeo Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio por estarem agraves margens do
Ribeiratildeo das Posses um curso drsquoaacutegua que sofre com inundaccedilotildees perioacutedicas devido ao
severo assoreamento em algumas regiotildees e tambeacutem devido ao acuacutemulo de lixo descartado
pelos moradores do entorno irregularmente De acordo com o estudo realizado quando da
elaboraccedilatildeo do Plano Diretor do municiacutepio foram feitos estudos sobre as aacutereas propensas
a deslizamentos e alagamentos na regiatildeo urbana principal Tais aacutereas satildeo as destacadas
nas Figuras 55 e 56 No levantamento histoacuterico realizado pode-se identificar que os
bairros que possuem mais aacutereas propensas a deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do
Ouro Nossa Senhora da Gloacuteria Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio enquanto que os bairros
mais propensos a alagamentos satildeo os bairros Centro Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio
como observado na tabela 51
29
Figura 5 5 Aacutereas propensas a deslizamento de acordo com o Plano Diretor de
Santos Dumont
Fonte Google Earth e Lei 42412012
Figura 5 6 Aacutereas propensas a alagamento de acordo com o Plano Diretor de
Santos Dumont
Fonte Google Earth e Lei 42412012
30
Comparando-se os mapas obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico com o mapa gerado
pelo estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor nota-se que haacute semelhanccedilas em
algumas aacutereas mas ao se levar em conta o produto gerado pela pesquisa histoacuterica o
estudo necessitaria ser complementado haja vista que ele natildeo compreende por exemplo
o ponto de alagamento no bairro Antocircnio Afonso citado anteriormente e alguns pontos de
deslizamento importantes uma vez que satildeo regiotildees onde haacute ocupaccedilatildeo Esse fato evidencia
a necessidade de se buscar vaacuterias fontes primaacuterias e secundaacuterias para se detectar aacutereas de
risco em um municiacutepio incluindo arquivos da imprensa local afim de se produzir uma
base de dados consistente e com o menor nuacutemero de falhas possiacutevel (CEPED 2014) Com
a uniatildeo dos dois estudos foram gerados os mapas apresentados nas Figuras 57 e 58
Aleacutem do mais observando as figuras 57 e 58 pode-se notar que uma boa parte tanto dos
casos de alagamento quanto de deslizamento estatildeo na faixa de APP de curso hiacutedrico o
que ilustra a importacircncia da preservaccedilatildeo destas aacutereas
Figura 5 7 Aacutereas propensas a alagamento do estudo do Plano Diretor
complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento
Fonte Do Autor
31
Figura 5 8 Aacutereas propensas a deslizamento do estudo do Plano Diretor
complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento
Fonte Do Autor
Atraveacutes da combinaccedilatildeo entre estes dois levantamentos procurou-se alimentar a base de
dados e garantir uma consistecircncia maior desta no que diz respeito a aacutereas de deslizamento
e alagamento podendo inclusive se identificar a suscetibilidade de uma determinada
regiatildeo da cidade a um ou outro evento (CEPED2014)
512 O Plano diretor e as APPs
Nos uacuteltimos anos o Brasil experimentou um forte fenocircmeno de migraccedilatildeo do campo para
as aacutereas urbanas De acordo com o IBGE no periacuteodo de 1940 a 2000 houve um aumento
de cerca de 60 do nuacutemero de pessoas que vivem em cidades (SILVA JR 2006) O
processo de planejamento e ordenamento do uso do solo nessas aacutereas deveria ter
acompanhado esse crescimento ao longo dos anos a fim de garantir a qualidade de vida e
a seguranccedila dos migrantes ao se instalarem nas cidades o que natildeo ocorreu e o que se
observa atualmente satildeo ocupaccedilotildees em aacutereas improacuteprias para moradia sem a infraestrutura
baacutesica necessaacuteria e com risco iminente de deslizamentos eou inundaccedilotildees
O Plano Diretor do municiacutepio de Santos Dumont em seu capiacutetulo IV que versa sobre o
uso e ocupaccedilatildeo do solo explicita regras para o ordenamento do territoacuterio que compreende
o municiacutepio com base nos diferentes usos do solo de acordo com sua compatibilidade o
32
que acabou por resultar num zoneamento de todo o municiacutepio em macrozonas conforme
citado na seccedilatildeo 3231 de acordo com os usos atuais e futuros do solo Aleacutem de dividir
estas macrozonas em urbanas e rurais tambeacutem avaliou e classificou estas aacutereas com base
numa seacuterie de fatores ambientais geoloacutegicos culturais e sociais de forma a se fazer um
zoneamento coerente com os atuais usos do solo e seu potencial de uso futuro Apresenta-
se na Figura 59 este zoneamento na aacuterea urbana principal de Santos Dumont
Figura 5 9 Zoneamento urbano da aacuterea urbana principal
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Lei 42412012
Tomando como referecircncia o Novo Coacutedigo Florestal brasileiro em especial os paracircmetros
estabelecidos para a definiccedilatildeo de APP e utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento
atraveacutes do software Vista SAGA relacionou-se as APPs existentes na aacuterea em estudo com
as regiotildees propiacutecias a alagamentos e deslizamentos de acordo com o estudo feito quando
da elaboraccedilatildeo do Plano Diretor afim de se identificar qual ou quais aacutereas possuem estes
problemas e se estatildeo relacionados com o uso do solo irregular em APP
Ao se aplicar a metodologia proposta por Oliveira amp Fernandes Filho (2013) natildeo foram
identificadas dentro da aacuterea de estudo APPs de topos de morro sendo este tipo de APP
descartada portanto das anaacutelises subsequentes deste trabalho Foram consideradas as
APP de curso hiacutedrico (rios e nascentes) e de declividade visando relacionaacute-las as aacutereas
de risco identificadas pela Prefeitura afim de se verificar as possiacuteveis causas da ocorrecircncia
33
destas aacutereas na regiatildeo urbana do municiacutepio Por meio de combinaccedilotildees entre dois mapas
temaacuteticos utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento foi possiacutevel obter as
assinaturas ou seja tabelas que caracterizam quantitativamente a aacuterea afetada por cada
aspecto visto que a simples visualizaccedilatildeo do mapa gerado pelo geoprocessamento muitas
vezes eacute prejudicada por serem aacutereas de pequenas dimensotildees ou por qualquer outra
limitaccedilatildeo do software Ressalta-se que para a elaboraccedilatildeo do Plano Municipal de Reduccedilatildeo
de riscos a identificaccedilatildeo e detalhamento topograacutefico destas aacutereas eacute fundamental para o
desenvolvimento do referido Plano conforme seraacute abordado detalhadamente na seccedilatildeo
52
De posse do mapa que representa o zoneamento urbano de Santos Dumont primeiramente
procurou-se mensurar qualitativa e quantitativamente a presenccedila de APPs tanto de
declividade quanto de cursos hiacutedricos Essa identificaccedilatildeo eacute importante pois este
zoneamento eacute um dos instrumentos de planejamento municipal (BRASIL 2001) Saboya
(2007) aponta que os principais objetivos de um zoneamento satildeo o controle da expansatildeo
urbana e proteccedilatildeo de aacutereas inadequadas a ocupaccedilatildeo aleacutem de reduzir os conflitos inerentes
aos diferentes usos do solo Com o uso da ferramenta ldquoCombinarrdquo do Vista SAGA foram
feitas combinaccedilotildees entre o mapa de hidrografia com buffer de 30m para rios e coacuterregos e
de 50m para nascentes com o mapa do zoneamento para se verificar a importacircncia das
APPs de curso hiacutedrico em toda a aacuterea urbana principal do municiacutepio Tambeacutem foram
combinados o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) obtido atraveacutes do gvSIG com o mapa
de zoneamento afim de se verificar quantitativamente as APPs de declividade e onde se
localizam Vale ressaltar que as declividades entre 30 e 47 estatildeo presentes nesta
combinaccedilatildeo pois de acordo com o Plano Diretor de Santos Dumont terrenos com esta
faixa de declividade para fins de parcelamento devem possuir estudo teacutecnico que ateste
a viabilidade de se promover algum empreendimento imobiliaacuterio neste (SANTOS
DUMONT 2012) Como a legislaccedilatildeo municipal prevecirc estudo somente para a faixa de
declividade descrita anteriormente para fins de anaacutelise neste trabalho consideramos um
valor mais conservador para APP compreendendo a faixa de 47 a 100 aleacutem da
prevista pela legislaccedilatildeo federal (gt100) para que natildeo houvessem lacunas importantes na
geraccedilatildeo do produto
Apresenta-se na Figura 510 aacutereas com declividades consideradas de risco e consideradas
APP e em qual zona de planejamento elas estatildeo inseridas De um modo geral ao se
observar a Tabela 52 nota-se que a aacuterea que compreende declividades de risco e APP eacute
uma pequena parcela da aacuterea urbana principal representando 061 desta aacuterea Ao se
levar em conta somente a localizaccedilatildeo pode-se verificar que cerca de 84 das aacutereas com
declividade de risco e a totalidade das APPs de declividade estatildeo localizadas na ZAC1
zona que compreende a maior parte do municiacutepio e apesar de possuir infraestrutura baacutesica
para a ocupaccedilatildeo esta eacute restrita Sendo assim o fator declividade deve ser visto com cautela
nesta aacuterea para se evitar transtornos advindos de edificaccedilotildees nestas aacutereas
34
Figura 5 10 Combinaccedilatildeo entre as declividades importantes incluindo as APPs e o
zoneamento urbano
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Do autor
Tabela 52 Assinaturas da combinaccedilatildeo Declividade x Zoneamento
Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea
Natildeo APP 457972 9939
Declividade 30-47 em ZAC1 2368 051
Declividade 30-47 em ZE 284 006
Declividade 30-47 em ZAC2 128 003
Declividade 30-47 em ZPA 004 0001
APP Declividade em ZAC1 048 001
Total 460804 100
Fonte Do autor
Apresenta-se na Figura 511 as APPs de curso hiacutedrico (nascentes e rios) e em qual zona
de planejamento estatildeo localizadas Assim como a declividade a maior parte das APPs de
curso hiacutedrico estatildeo localizadas em ZAC1 representando 383 da aacuterea urbana em estudo
e 51 do total das APPs de curso hiacutedrico Esta questatildeo tambeacutem deve ser vista com
bastante criteacuterio pelos gestores locais uma vez que a ocupaccedilatildeo em faixas proacuteximas de
rios e coacuterregos podem causar uma gama de problemas ambientais e sociais na regiatildeo
(SANTANA2011) Tal cuidado tambeacutem deve ser tomado nas APPs compreendidas na
35
ZAC2 que compreende 001 da Aacuterea urbana principal e 14 do total das APPs de curso
hiacutedrico pois a infraestrutura baacutesica e acessibilidade presente nesta zona eacute precaacuteria e a
ocupaccedilatildeo as margens de cursos hiacutedricos pode gerar problemas seacuterios caso ocorra uma
expansatildeo nestas aacutereas
Figura 511 Combinaccedilatildeo entre APP de curso hiacutedrico e as zonas de planejamento
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Do autor
Outro ponto importante eacute a presenccedila da Zona de Proteccedilatildeo Ambiental (ZPA) no entorno
uma consideraacutevel parte dos cursos hiacutedricos Nesta zona estatildeo presentes 28 das APPs de
curso hiacutedrico e esta zona de acordo com o Plano Diretor deve ser restaurada ou
preservada por suas caracteriacutesticas geoloacutegicas topograacuteficas e bioloacutegicas
Afim de se verificar os usos do solo na regiatildeo em estudo foram utilizadas combinaccedilotildees
de imagens advindas do sateacutelite Landsat 8 nas bandas descritas no capiacutetulo 4 aleacutem da
banda pancromaacutetica O resultado eacute apresentado na figura 512 que mostra os principais
usos do solo na aacuterea urbana principal de Santos Dumont
36
Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x Zoneamento
Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea
Hidrografia 11168 239
Aacuterea Urbana Natildeo APP 421004 9008
APP Curso hiacutedrico em ZAC1 179 383
APP Curso hiacutedrico em ZPA 9776 209
APP Curso hiacutedrico em ZE 184 004
APP Curso hiacutedrico em ZA 1192 026
APP Curso hiacutedrico em ZAC2 5124 110
APP Curso hiacutedrico em ZPPH 248 005
APP Curso hiacutedrico em ZEIS 568 012
APP Curso hiacutedrico em ZCA 228 005
Total 467392 10000
Fonte Do autor
Figura 5 12 Mapa de usos do solo da aacuterea urbana principal de Santos Dumont
Fonte Do autor
Como jaacute era previsto a maior parte da aacuterea urbana se encontra ocupada e eacute nesta regiatildeo
ocupada que se observa a maior concentraccedilatildeo de problemas de deslizamentos e
alagamentos (Figuras 513 e 514) A grande ocupaccedilatildeo em aacutereas consideradas APP de
curso hiacutedrico de acordo com os mapas gerados pode ser a principal causa do aumento a
cada ano dos casos de alagamento principalmente na regiatildeo central da cidade Outro ponto
que se deve atentar eacute a existecircncia de uma consideraacutevel aacuterea de pastagem pouco vegetada
que caso estejam em aacutereas elevadas pode contribuir para deslizamentos e agraves margens de
37
rios e coacuterregos para o assoreamento destes corpos hiacutedricos o que pode causar
alagamentos (INAacuteCIO etal 2007)
Diante destes resultados pode-se ver que a cidade de Santos Dumont necessita alternativas
efetiva no que diz respeito agrave contenccedilatildeo de deslizamentos e a reduccedilatildeo de risco de
alagamento pois as aacutereas em que ocorrem tais eventos satildeo distintas e facilmente definidas
devido agrave repeticcedilatildeo destes nos uacuteltimos anos Um plano de accedilatildeo integrado entre as diferentes
secretarias municipais (Obras Meio Ambiente Assistecircncia Social entre outras) e a
Coordenadoria Municipal de Defesa Civil deve ser realizado afim de se tomar medidas
natildeo mais preventivas mas sim preditivas para que se possa conter o avanccedilo destes
problemas na aacuterea urbana principal bem como em toda a aacuterea do municiacutepio
Figura 5 13 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na aacuterea urbana
principal
Fonte Do autor
38
Figura 5 14 Aacutereas sujeitas a alagamento e os principais usos do solo na aacuterea
urbana principal
Fonte Do autor
Ao se associar os dados do estudo do Plano Diretor com os dados do levantamento
histoacuterico realizado com o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) pode-se notar que as aacutereas
propiacutecias a deslizamento estatildeo em regiotildees as quais haacute uma fronteira de declividades ou
seja eacute evidente que os deslizamentos ocorrem em encostas um pouco mais iacutengremes mas
natildeo necessariamente nas encostas de 30-47 as quais exigem estudo teacutecnico conforme o
plano diretor preconiza Quanto aos alagamentos nota-se que eles se localizam nas aacutereas
com menor ou nenhuma declividade podendo ser estas aacutereas talvez componentes da
planiacutecie de inundaccedilatildeo dos rios Estes resultados podem ser vistos nas figuras 515 e 516
a seguir
39
Figura5 15 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a deslizamentos na
regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
Fonte Lei 42412012 e Autor
Figura5 26 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a alagamentos na
regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
Fonte Lei 42412012 e Autor
40
52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis
O processo de ocupaccedilatildeo no municiacutepio de Santos Dumont comeccedilou muito antes de
qualquer legislaccedilatildeo relacionada a ordenamento urbano e de proteccedilatildeo do meio ambiente
fosse implementado no Brasil Esse fato aliado a poliacuteticas e fiscalizaccedilotildees falhas
contribuiacuteram para a ocupaccedilatildeo e expansatildeo da aacuterea urbana ao longo do Ribeiratildeo das Posses
e seus afluentes o que tem gerado o aumento da degradaccedilatildeo destes corpos hiacutedricos ao
longo de todos estes anos Observa-se tambeacutem que nas uacuteltimas deacutecadas ocorreu um
grande nuacutemero de migraccedilotildees do campo para a regiatildeo urbana da cidade fator que
contribuiu para o crescimento do nuacutemero de habitaccedilotildees em aacutereas de risco de deslizamento
e alagamentos por serem na maioria das vezes terrenos menos valorizados e por este
motivo acessiacuteveis a populaccedilatildeo com menor poder aquisitivo (ROSA amp CORTEZ 2008)
Vale ressaltar que esta questatildeo aleacutem de ser ambiental eacute muito mais social pois os
moradores entendem os riscos de se viver nestes locais mas por motivos econocircmicos ou
por questotildees afetivas natildeo abrem matildeo da moradia nessas aacutereas A Constituiccedilatildeo Federal de
1988 promoveu a inter-relaccedilatildeo das questotildees sociais com as questotildees ambientais quando
colocou o meio ambiente como direito coletivo (BRASIL1988 SOUZA2010) Por este
motivo a decisatildeo por medidas draacutesticas que favoreccedilam apenas agrave preservaccedilatildeo do meio
ambiente natildeo eacute recomendada pois aleacutem de ser inconstitucional podem afetar a
sustentabilidade econocircmica do municiacutepio e gerar conflitos sociais consideraacuteveis
(CARLOS 1992 apud SOUZA 2010)
Segundo Bueno (2009) ldquonem tudo o que eacute irregular eacute precaacuteriordquo Esse fato se observa em
Santos Dumont uma vez que em boa parte da regiatildeo central se observa vaacuterias moradias
construiacutedas na faixa de APP de curso hiacutedrico o que natildeo eacute permitido pela legislaccedilatildeo
vigente e eacute um dos fatores que contribui para a ocorrecircncia de alagamentos nesta aacuterea da
cidade Para a resoluccedilatildeo deste problema o que seria mais viaacutevel seria a melhoria da
infraestrutura de drenagem urbana afim de que o escoamento da aacutegua das chuvas natildeo
sobrecarregasse o sistema (BUENO2009) A construccedilatildeo de bacias de contenccedilatildeo de
cheias ao longo do Ribeiratildeo das Posses tambeacutem seria uma alternativa mas para se verificar
a viabilidade necessita-se estudos mais aprofundados do ponto de vista hidroloacutegico
O grande problema a ser solucionado no entanto eacute o que diz respeito agraves aacutereas de risco
de deslizamento majoritariamente nos bairros A melhor alternativa seria o
remanejamento dos moradores para uma aacuterea proacutexima agrave que moram poreacutem longe do
risco Poreacutem esta alternativa de acordo com Rosa Filho amp Cortez (2008) encontra alguns
entraves pois estas pessoas na maioria das vezes natildeo tecircm condiccedilotildees financeiras de irem
para outro lugar ou pagar aluguel ou estatildeo de alguma forma sentimentalmente ligadas
agravequela regiatildeo que se recusam a deixaacute-lo
41
Por parte dos oacutergatildeos competentes no municiacutepio a criaccedilatildeo de um plano para se evitar
acidentes ocasionados por deslizamentos e alagamentos com um mapeamento detalhado
de toda a extensatildeo do municiacutepio eacute extremamente uacutetil Os estudos que seratildeo feitos para a
elaboraccedilatildeo deste plano poderatildeo definir quais as aacutereas satildeo potencialmente de risco para as
ocupaccedilotildees existentes ou para as potenciais ocupaccedilotildees que possam vir a ocorrer atraveacutes do
mapeamento das aacutereas de risco Tal planejamento seraacute auxiliar ao Plano Diretor
Municipal pois definiraacute o real uso do solo de determinada regiatildeo do municiacutepio
contribuindo para a adequaccedilatildeo do uso e ocupaccedilatildeo do solo afim de evitar ou reduzir o
nuacutemero de problemas relacionados a alagamentos e principalmente deslizamentos no
periacutemetro urbano (TOMINAGA 2009) A partir deste plano os gestores locais poderatildeo
tomar a melhor decisatildeo para a prevenccedilatildeo ou reduccedilatildeo dos riscos inerentes a tais problemas
Na seccedilatildeo 521 seraacute hierarquizado de forma preliminar a aacuterea urbana principal de acordo
com os resultados da tabela 51
521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta
O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos (PMRR) foi criado atraveacutes de accedilotildees
regularizadoras do Ministeacuterio das Cidades para ser o instrumento de gestatildeo e
gerenciamento de aacutereas de risco em um municiacutepio Eacute um documento que aleacutem de
estabelecer quais regiotildees satildeo consideradas de risco tambeacutem objetiva a proposta de
medidas estruturais ou natildeo para contenccedilatildeo eou prevenccedilatildeo de cataacutestrofes aleacutem de ser um
meio de captaccedilatildeo de recursos financeiros junto aos Governos Estadual e Federal Estes
recursos poderatildeo ser utilizados para a realizaccedilatildeo de obras que visem a melhoria da
qualidade de vida da populaccedilatildeo do entorno ou de recuperaccedilatildeo da aacuterea degradada Este
plano eacute realizado de forma participativa com as comunidades das aacutereas de risco e pode
ser realizado em sete fases conforme recomenda o Ministeacuterio das Cidades (ALHEIROS
2006)
O primeiro passo para a realizaccedilatildeo do PMRR eacute definir qual a metodologia seraacute empregada
levando-se em consideraccedilatildeo a realidade atual do municiacutepio e especificar de forma sucinta
um cronograma das atividades Eacute importante nesta fase a participaccedilatildeo tambeacutem dos
responsaacuteveis pelas mais variadas Secretarias Municipais afim de explicitar o tamanho da
importacircncia e o caraacuteter integrador deste plano A segunda fase deste plano objetiva a
criaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo da principal base de dados a ser utilizada nos passos posteriores o
mapeamento de risco em escala detalhe em torno de 13000 (SAtildeO PAULO 2014) A
elaboraccedilatildeo de um mapeamento detalhado propiciaraacute natildeo soacute a identificaccedilatildeo mais faacutecil das
aacutereas de risco como tambeacutem facilitaraacute aos gestores e agrave comunidade decidirem qual a
melhor intervenccedilatildeo para a soluccedilatildeo ou remediaccedilatildeo dos problemas em uma determinada
42
aacuterea hierarquizando o risco e definindo prioridades (SAtildeO PAULO 2014) Na tabela a
seguir apresenta-se alguns tipos de intervenccedilotildees que podem ser feitas em aacutereas de risco
sugeridas pelo Ministeacuterio das cidades (ALHEIROS 2006)
Quadro 5 1 - Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco
Tipo de intervenccedilatildeo Descriccedilatildeo
Serviccedilos de limpeza e Recuperaccedilatildeo
Remoccedilatildeo de entulho lixo etc
corte de aacutervores
remoccedilatildeo de bananeiras
recuperaccedilatildeo eou limpeza de sistemas de
drenagem esgotos e acessos
Limpeza de canais de drenagem
Proteccedilatildeo Vegetal
Proteccedilatildeo superficial vegetal (gramiacuteneas) em
taludes com solo exposto
Proteccedilatildeo vegetal de margens de canais de
drenagem
Barreiras vegetais para massas escorregadas
ou acumuladas pela erosatildeo
Drenagem Superficial e Acessos
Sistema de drenagem superficial (canaletas
raacutepidos caixas de transiccedilatildeo escadas drsquoaacutegua)
Acessos para pedestres (escadarias rampas
etc) integrados ao sistema de drenagem
Revestimento de Taludes Revestimento com materiais artificiais
cimentado cal-jet tela argamassada alvenaria
de tijolos ceracircmicos solo-cimento ensacado
Desmonte de blocos e matacotildees Desmonte de concreccedilotildees de grande porte
blocos rochosos e matacotildees
Obras de drenagem de subsuperfiacutecie Sistema de drenagem de subsuperfiacutecie
(trincheiras drenantes DHP poccedilos de
rebaixamento)
Estruturas de contenccedilatildeo (localizadas)
Muros de contenccedilatildeo de pequeno porte (solo-
cimento ensacado alvenaria de pedra-rachatildeo
concreto armado)
Estruturas de contenccedilatildeo localizadas
(chumbadores tirantes microestacas)
Contenccedilatildeo e proteccedilatildeo de margens de canais (
gabiotildees muros de concreto etc)
Estruturas de contenccedilatildeo (meacutedio e grande porte) Implantaccedilatildeo de estruturas de contenccedilatildeo de
meacutedio e grande porte envolvendo obras de
contenccedilatildeo passivas e ativas (muros de
gravidade cortinas etc)
Terraplanagem Execuccedilatildeo de serviccedilos de terraplanagem
combinados a obras de drenagem superficial e
proteccedilatildeo vegetal desvio e canalizaccedilatildeo de
coacuterregos
Remoccedilatildeo de moradias Remoccedilotildees definitivas para implantaccedilatildeo de
obras ou devido agrave localizaccedilatildeo improacutepria da
edificaccedilatildeo (Priorizar as relocaccedilotildees dentro da
proacutepria aacuterea em local seguro)
Fonte ALHEIROS 2006
43
Escolhidas as formas de intervenccedilatildeo para cada aacuterea eacute necessaacuterio realizar uma estimativa
dos custos afim de preparar o orccedilamento da prefeitura para a realizaccedilatildeo das obras e se
seraacute necessaacuterio a captaccedilatildeo de recursos externos para a execuccedilatildeo destas Feitas as
estimativas de custo o proacuteximo passo eacute definir as prioridades e para esta fase eacute tambeacutem
uacutetil o mapeamento feito nas etapas anteriores pois seraacute necessaacuterio hierarquizar tais
intervenccedilotildees nas aacutereas de risco O Ministeacuterio das Cidades (2007) sugere alguns criteacuterios
que podem ser avaliados pelo gestor dentre eles pode-se citar
Grau de risco
Populaccedilatildeo beneficiada
Custo da intervenccedilatildeo
Dimensatildeo da aacuterea a ser tratada
Demandas anteriores da populaccedilatildeo
Tempo de ocupaccedilatildeo
Viabilidade teacutecnica da intervenccedilatildeo
Viabilidade financeira
Inclusatildeo da aacuterea em outros projetos
A partir desta hierarquizaccedilatildeo inicia-se a identificaccedilatildeo de provaacuteveis fontes de captaccedilatildeo de
recursos para a execuccedilatildeo das intervenccedilotildees Estes recursos podem advir de programas dos
governos Federal e Estadual ou por meio de editais para captaccedilatildeo de recursos financeiros
tanto do setor puacuteblico como da iniciativa privada e podem ser tambeacutem associados agrave outras
Secretarias Municipais como a de Turismo ou Meio Ambiente e natildeo soacute as destinadas agrave
Defesa Civil (ALHEIROS 2006)
Eacute previsto tambeacutem no PMRR uma avaliaccedilatildeo da Defesa Civil municipal e como ela estaacute
estruturada fazendo inclusive sugestotildees para que sua atuaccedilatildeo esteja em consonacircncia com
a realidade das comunidades e da Administraccedilatildeo Puacuteblica do municiacutepio de forma a garantir
sua sustentabilidade e conquistar a credibilidade da populaccedilatildeo no que diz respeito a
prevenccedilatildeo de cataacutestrofes Para que a resposta a uma determinada situaccedilatildeo de risco seja
raacutepida eacute necessaacuterio a descentralizaccedilatildeo da Defesa Civil criando pequenos nuacutecleos
comunitaacuterios com a finalidade de se monitorar a aacuterea constantemente e promover as
intervenccedilotildees necessaacuterias em tempo haacutebil o que aumenta em muito a credibilidade da
populaccedilatildeo no PMRR e no trabalho desempenhado pela Defesa Civil no municiacutepio Apoacutes
esta etapa o PMRR passaraacute por audiecircncias puacuteblicas e posteriormente poderaacute ser aprovado
como Lei Municipal pelo Legislativo local (ALHEIROS 2006)
Com a realizaccedilatildeo deste plano o municiacutepio estaraacute munido de informaccedilotildees suficientes para
realizar accedilotildees efetivas de gestatildeo e gerenciamento de riscos bem como aliado a
levantamentos sociais realizar programas habitacionais que beneficiem prioritariamente
44
aos moradores das aacutereas de risco Aleacutem disso com o PMRR o municiacutepio poderaacute melhorar
a qualidade ambiental da populaccedilatildeo captando recursos para a recuperaccedilatildeo das aacutereas de
APP que foram degradadas pelas ocupaccedilotildees irregulares beneficiando todos os moradores
do municiacutepio com o aumento da qualidade de vida na cidade
A partir do disposto nesta seccedilatildeo acerca do Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos e de
uma maneira preliminar (levando-se em conta apenas o nuacutemero de registros de
alagamentos e deslizamentos na aacuterea urbana principal de Santos Dumont no periacuteodo de
1984 a 2014) identificou-se trecircs regiotildees distintas na aacuterea urbana do municiacutepio com
tempo de recorrecircncia desses eventos similares caracterizando trecircs prioridades de
intervenccedilatildeo em contenccedilatildeo de risco como pode ser visto nas figuras 515 e 516 Vale
ressaltar que eacute necessaacuterio um estudo mais detalhado inclusive com visitas teacutecnicas a
campo para que se confirme a real situaccedilatildeo destas e a real prioridade para investimentos
Figura 5 17 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de deslizamentos
Fonte Do Autor
45
Figura 5 18 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de alagamentos
Fonte Do Autor
46
6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees
A seguir apresenta-se as conclusotildees e as recomendaccedilotildees feitas a partir dos objetivos
especiacuteficos explicitados no iniacutecio deste trabalho
Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a
aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes
urbanos
A partir da revisatildeo da legislaccedilatildeo pertinente em acircmbito federal estadual e
municipal constatou-se que o Plano Diretor de Santos Dumont natildeo conflita com a
legislaccedilatildeo federal e estadual sobre Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente A legislaccedilatildeo
municipal foi entendida como mais conservadora que as federal e estadual uma
vez que considera implicitamente que declividades entre 47 e 100 satildeo
enquadradas como APPs aleacutem da faixa superior a 100
Parte consideraacutevel das ocupaccedilotildees em APP principalmente na regiatildeo do bairro
Santo Antocircnio (onde surgiu os primeiros nuacutecleos que deram origem ao municiacutepio)
e o centro da cidade ocorreram antes de que fosse elaborado qualquer legislaccedilatildeo
que versasse sobre o tema Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente bastando ao gestor
local tomar medidas de contenccedilatildeo de riscos que minimizem os impactos causados
por essas ocupaccedilotildees nessa regiatildeo
O ordenamento adequado do uso do solo no municiacutepio eacute necessaacuterio para que o
crescimento dos loteamentos criados anteriormente agrave esta Lei e o surgimento de
novos natildeo avance para Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente o que pode causar
inuacutemeros problemas aos moradores e agravar os jaacute existentes
Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las
com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)
As aacutereas onde houveram a maior quantidade de registros de deslizamentos satildeo os
bairros mais populosos de Santos Dumont podendo se estabelecer uma relaccedilatildeo
que quanto mais populoso o bairro maior a quantidade de problemas relacionados
a deslizamentos Tambeacutem pode-se notar uma relaccedilatildeo com as fronteiras das faixas
de declividades e os deslizamentos uma vez que boa parte deles aconteceram
nestas faixas
As aacutereas onde houve um grande nuacutemero de registros de alagamentos satildeo os bairros
que se desenvolveram agraves margens do Ribeiratildeo das Posses em especial na aacuterea que
47
compreende as APPs de curso hiacutedrico e em aacutereas onde a declividade eacute baixa Esse
fato aliado ao crescimento do nuacutemero de vias pavimentadas com material
impermeaacutevel e a natildeo expansatildeo e ou redimensionamento da rede de drenagem
urbana contribuiacuteram para a ocorrecircncia cada vez mais constante de alagamentos
nessas aacutereas
Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos
catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30
anos
A partir do levantamento histoacuterico realizado e da base de dados georeferenciada
gerada observou-se o aumento do nuacutemero de registros de deslizamentos e
alagamentos nos uacuteltimos 10 anos quando as ocorrecircncias comeccedilaram a se repetir
numa mesma aacuterea com frequecircncia incrementada as vezes com mais de uma
ocorrecircncia anual
Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do
solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental
Destaca-se a adequaccedilatildeo dos criteacuterios gerais estabelecidos pelo Plano Diretor de
Santos Dumont relativos a legislaccedilatildeo federal e estadual Entretanto o referido
Plano Diretor natildeo contempla todo o territoacuterio municipal sendo assim ele natildeo
cumpre o objetivo de proteger as APPs preservadas e recuperar as que foram
degradadas em todo o territoacuterio municipal Ressalta-se tambeacutem a sua natildeo
conformidade com o Estatuto das Cidades uma vez que o Plano Diretor
contempla apenas os novos loteamentos
Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais
negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea
impactada
Recomenda-se a implantaccedilatildeo no municiacutepio de uma Coordenadoria Municipal de
Defesa Civil atuante e integrada agraves Secretarias Municipais e agrave comunidade
visando uma atuaccedilatildeo eficaz nos problemas relacionados a deslizamentos e
alagamentos A elaboraccedilatildeo de um Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos eacute de
suma importacircncia pois atraveacutes dele pode-se predizer as aacutereas que passaratildeo por
problemas caso a expansatildeo aconteccedila ou se inicie uma ocupaccedilatildeo nova aleacutem de
prevenir acidentes nas aacutereas jaacute ocupadas e consideradas de risco
48
7 Anexos
49
71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont
50
51
72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)
52
53
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4
LISTA DE TABELAS E QUADROS
Paacuteg
Tabela 51 Ocorrecircncias de alagamento e deslizamento obtidos
atraveacutes do levantamento histoacuterico
28
Tabela 52 Assinaturas da combinaccedilatildeo Declividade x Zoneamento 34
Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x
Zoneamento
36
Quadro 51 Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco 42
5
1 INTRODUCcedilAtildeO
Quando o ser humano deixou de seguir uma vida nocircmade e passou a se fixar em locais
em geral proacuteximos a cursos drsquoaacutegua e de aacutereas propicias ao cultivo de alimentos iniciou-
se o processo de implantaccedilatildeo de pequenas comunidades e quando estas comunidades
comeccedilaram a crescer natildeo soacute em quantidade mas tambeacutem do ponto de vista
organizacional deu-se iniacutecio a formaccedilatildeo das cidades tal como conhecemos hoje Como
resultado deste processo um sem-fim de problemas relacionados agrave estas ocupaccedilotildees
surgiram tanto de cunho ambiental quanto social e dentre estes problemas estatildeo
incluiacutedos os desastres naturais relacionados a deslizamentos e alagamentos por conta da
ocupaccedilatildeo em aacutereas natildeo adequadas a este fim
Nos uacuteltimos anos o Brasil tem vivenciado grandes trageacutedias relacionadas a deslizamentos
e alagamentos Uma boa parte destes eventos teve como fator agravante as ocupaccedilotildees
sem criteacuterio e sem orientaccedilatildeo teacutecnica Um exemplo recente aconteceu no Vale do Itajaiacute
em Santa Catarina em novembro de 2008 durante um periacuteodo com chuvas intensas em
que vaacuterias cidades entraram em situaccedilatildeo de calamidade puacuteblica devido ao grande nuacutemero
de casos de alagamento e graves deslizamentos de encostas causando a morte de vaacuterias
pessoas na regiatildeo No Estado do Rio de Janeiro em 2010 o Morro do Bumba em Niteroacutei
sofreu com um grave deslizamento que deixou um grande nuacutemero de mortos As casas
foram construiacutedas sobre um antigo lixatildeo sem nenhuma orientaccedilatildeo e com as intensas
chuvas que assolaram a regiatildeo naquela eacutepoca a encosta veio a baixo causando o desastre
Outra trageacutedia relevante aconteceu na regiatildeo Serrana do Rio de Janeiro que foi
considerada ateacute entatildeo a maior trageacutedia climaacutetica da histoacuteria do paiacutes com pouco mais de
500 mortos e um prejuiacutezo material incalculaacutevel no ano de 2011 Em comum a todos estes
fatos estaacute a falta de um planejamento efetivo por parte dos oacutergatildeos municipais no que diz
respeito ao disciplinamento do uso e ocupaccedilatildeo do solo e a fiscalizaccedilatildeo do cumprimento
da legislaccedilatildeo vigente
A cidade de Santos Dumont Minas Gerais natildeo eacute exceccedilatildeo a esta regra Como a grande
maioria das comunidades estabelecidas ao longo da Estrada Real a cidade surgiu como
um pequeno rancho cujo objetivo era servir de pouso para os viajantes que faziam o
transporte de pedras e metais preciosos das minas de Ouro Preto ateacute o Rio de Janeiro
Posteriormente a regiatildeo se desenvolveu como importante entreposto industrial e
comercial a partir da instalaccedilatildeo da ferrovia D Pedro II ateacute que no final do seacuteculo XIX
se transforma em vila e logo apoacutes em municiacutepio O desenvolvimento da regiatildeo implicou
tambeacutem no crescimento populacional e como naquela eacutepoca ainda natildeo havia uma
legislaccedilatildeo especiacutefica para ordenamento e uso do solo os loteamentos foram surgindo agraves
margens do Ribeiratildeo das Posses e em aacutereas cuja declividade natildeo era favoraacutevel agrave ocupaccedilatildeo
6
o que consequentemente acarretou deslizamentos de terra e alagamentos inclusive com
o registro de algumas trageacutedias ao longo dos anos
Pretende-se que este trabalho sirva como subsidio ao gestor puacuteblico local visando o
estabelecimento de poliacuteticas puacuteblicas integradas aos setores de meio ambiente e defesa
civil com vistas a garantir a seguranccedila de todos os muniacutecipes e a qualidade de vida em
todo o territoacuterio municipal
2 OBJETIVOS
21 Objetivo geral
O objetivo geral deste trabalho eacute contribuir para o estabelecimento de poliacuteticas puacuteblicas
direcionadas ao disciplinamento do uso e ocupaccedilatildeo do solo urbano no municiacutepio de
Santos Dumont
22 Objetivos especiacuteficos
Satildeo objetivos especiacuteficos
Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a
aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes
urbanos
Caracterizar o uso irregular do solo urbano em Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente
Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las
com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)
Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos
catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30
anos
Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do
solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental
7
Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais
negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea
impactada
3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
A seguir eacute apresentada a revisatildeo bibliograacutefica que fundamenta o desenvolvimento e o
pleno entendimento deste trabalho O conhecimento do que satildeo aacutereas de risco
alagamentos e deslizamentos bem como o que eacute e qual a importacircncia de um Plano Diretor
eacute de suma importacircncia para se avaliar como um municiacutepio estaacute se desenvolvendo e qual
a qualidade de vida dos muniacutecipes Tambeacutem satildeo abordados neste capiacutetulo os aspectos
legais referentes agraves Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente seus limites e sua importacircncia para
o ambiente urbano
31 Conceitos Fundamentais
311 Aacutereas de risco
De acordo com o Instituto de Pesquisas Tecnoloacutegicas ndash IPT entende-se como aacuterea de
risco aquela ldquopassiacutevel de ser atingida por fenocircmenos ou processos naturais eou induzidos
que causem efeito adverso As pessoas que habitam essas aacutereas estatildeo sujeitas a danos agrave
integridade fiacutesica perdas materiais e patrimoniaisrdquo (MINISTEacuteRIO DAS CIDADES
2007)
Para Augusto Filho et al (1990) apud Cristo (2002) aacuterea de risco eacute caracterizada como
aquela em que ldquose encontra em situaccedilatildeo de perigo tanto socialmente quanto
economicamente por conta de alguma alteraccedilatildeo na constituiccedilatildeo do terreno ou com grande
probabilidade de ocorrer processos naturaisrdquo
Segundo Fernandes (2012) aacutereas de risco ldquosatildeo aacutereas consideradas improacuteprias ao
assentamento humano por estarem sujeitas a riscos naturaisrdquo
Diante das definiccedilotildees supracitadas pode-se dizer que aacuterea de risco satildeo aacutereas susceptiacuteveis
agrave accedilatildeo de eventos naturais extremos e por esse motivo natildeo eacute viaacutevel agrave ocupaccedilatildeo humana
nestes locais e pode ou natildeo estar associados agrave proximidade ou nos limites de uma APP
8
312 Deslizamentos
Segundo Tominaga (2009) deslizamento eacute o movimento de solo em uma vertente pela
accedilatildeo da gravidade e satildeo mais frequentes em regiotildees de relevo montanhoso e em periacuteodos
chuvosos sendo a pluviosidade um dos principais fatores condicionantes para a ocorrecircncia
do processo Os deslizamentos podem ocorrer naturalmente e eacute grande responsaacutevel pela
dinacircmica das vertentes e evoluccedilatildeo do relevo local mas no Brasil a falta de planejamento
urbano de uma boa parte dos municiacutepios a ocupaccedilatildeo desordenada e a construccedilatildeo de
domiciacutelios sem orientaccedilatildeo teacutecnica tecircm transformado um processo natural em um
problema que algumas vezes se tornam grandes trageacutedias Na regiatildeo Sudeste brasileira o
escorregamento do tipo rotacional eacute o mais comum e eacute caracterizado por uma ruptura
curva no solo que estaacute geralmente associada agrave realizaccedilatildeo de cortes na base do talude ou
por processos erosivos fluviais o que relaciona esse tipo de escorregamento agraves regiotildees
urbanas mal planejadas e coloca o homem como o principal agente efetivo associado com
a pluviosidade na ocorrecircncia de acidentes relacionados com deslizamentos
(FERNANDES amp AMARAL 1996 apud TOMINAGA 2009)
313 Alagamentos
De acordo com Amaral amp Ribeiro (2009) inundaccedilotildees e enchentes satildeo processos
intimamente relacionados com a pluviosidade pois satildeo frequentes em periacuteodos de chuvas
fortes e raacutepidas ou chuvas de longa duraccedilatildeo e estatildeo relacionados agrave intensidade e
distribuiccedilatildeo da precipitaccedilatildeo ao longo da bacia agrave capacidade do solo de reter e infiltrar
aacutegua e agraves caracteriacutesticas de forma da bacia de drenagem
O escoamento das aacuteguas pluviais na natureza eacute lento mas em aacutereas urbanizadas a accedilatildeo
antroacutepica relacionada a ocupaccedilatildeo de planiacutecies de inundaccedilatildeo que podem estar inclusive
em uma cota abaixo do leito do rio impermeabilizaccedilatildeo do solo e retificaccedilatildeo de corpos
drsquoaacutegua aleacutem de inuacutemeras atividades que promovem o assoreamento dos rios e coacuterregos
tem gerado resultados catastroacuteficos e grandes prejuiacutezos (AMARAL amp RIBEIRO 2009)
Quando se refere agraves regiotildees urbanas o termo ldquoalagamentordquo eacute o mais utilizado e segundo
o Ministeacuterio das Cidades (2006) define-se como o ldquoacuacutemulo momentacircneo de aacuteguas em
uma dada aacuterea por problemas no sistema de drenagem podendo ter ou natildeo relaccedilatildeo com
processos de natureza fluvialrdquo Tambeacutem o termo ldquoenxurradardquo eacute utilizado e define-se como
o ldquoescoamento superficial concentrado e com alta energia de transporte que pode ou natildeo
estar associado a aacutereas de domiacutenio dos processos fluviais Eacute comum a ocorrecircncia de
enxurradas ao longo de vias implantadas sobre antigos cursos drsquoaacutegua com alto gradiente
hidraacuteulico e em terrenos com alta declividade naturalrdquo
9
314 Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente
O Novo Coacutedigo Florestal Brasileiro define Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP) como
ldquoaacuterea protegida coberta ou natildeo por vegetaccedilatildeo nativa com a funccedilatildeo ambiental de
preservar os recursos hiacutedricos a paisagem a estabilidade geoloacutegica e a biodiversidade
facilitar o fluxo gecircnico de fauna e flora proteger o solo e assegurar o bem-estar das
populaccedilotildees humanasrdquo (BRASIL2012) Estas aacutereas satildeo muito importantes tanto no meio
urbano como no rural por garantir a estabilidade do solo em encostas iacutengremes contribuir
para a natildeo formaccedilatildeo de processos erosivos e o assoreamento de rios e coacuterregos aleacutem de
garantir a recarga de aquiacuteferos ao atuar como um amortecedor de chuvas retendo-a e
impedindo que ocorra um carreamento intenso de sedimentos ao longo dos morros e
margens de rios e coacuterregos (SKORUPA 2004) A Lei 126512012 apresenta os tipos de
APP e seus limites conforme seraacute visto no item 322
315 Uso e ocupaccedilatildeo do solo
Dentre os vaacuterios mecanismos de ordenamento urbano e instrumentos de planejamento
municipal previsto no Estatuto da Cidade (Lei Federal 102572001) o uso e ocupaccedilatildeo
do solo satildeo os mais utilizados pelas cidades para a formulaccedilatildeo das poliacuteticas urbanas
podendo definir o uso como a forma como esta parcela do solo eacute utilizada e a ocupaccedilatildeo
como sendo o modo como as edificaccedilotildees devem ser dispostas nesta mesma parcela do
solo urbano (TAKEDA 2015) O termo ldquoUso e ocupaccedilatildeo do solordquo tambeacutem pode ser
definido como o fator que determina como as mais diferentes regiotildees de um municiacutepio
deve se desenvolver (FONTOURA 2015)
A inserccedilatildeo de leis municipais de uso e ocupaccedilatildeo do solo objetivam ser uma referecircncia
para os gestores locais no processo de tomada de decisatildeo para que as cidades cresccedilam de
modo organizado enfatizando os potenciais e capacidades de cada regiatildeo aleacutem de tornar
o crescimento mais homogecircneo Com isso pretende-se evitar a formaccedilatildeo de grandes
adensamentos em pequenas aacutereas garantindo a mobilidade e a qualidade de vida de todos
os muniacutecipes tanto da regiatildeo urbana como da rural preservar e melhorar a qualidade
ambiental do municiacutepio aleacutem de evitar deslizamentos e alagamentos por conta da
ocupaccedilatildeo incorreta do solo (TAKEDA 2015)
10
32 Legislaccedilatildeo Pertinente
321 As adequaccedilotildees da legislaccedilatildeo ao longo dos anos
A problemaacutetica relacionada agraves APPs em aacutereas urbanas outrora era uma questatildeo complexa
e demandava uma larga discussatildeo do ponto de vista juriacutedico administrativo e teacutecnico Eacute
sabido que a maioria das cidades se formaram proacuteximos aos corpos hiacutedricos regiatildeo que
garantia o abastecimento de aacutegua e alimentos agrave populaccedilatildeo e tambeacutem facilitava o descarte
dos efluentes A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 225 daacute garantia aos
brasileiros de um meio ambiente em equiliacutebrio e concede agrave toda a sociedade o dever de
preservaacute-lo de acordo com os princiacutepios do desenvolvimento sustentaacutevel (BRASIL
1988) Antes desta Constituiccedilatildeo jaacute havia um texto que regulamentava a questatildeo da
preservaccedilatildeo de aacutereas verdes em todo o territoacuterio nacional A Lei Federal nordm 477165 que
trata do Coacutedigo Florestal estabelecia limites e regulamentava as Aacutereas de Preservaccedilatildeo
Permanente De acordo com Arauacutejo (2002) apud De Moraes (2014) essa Lei que fora
revogada e substituiacuteda pela Lei 126512012 era bastante falha no que diz respeito agraves
questotildees de APPS em aacutereas urbanas o que poderia ser um facilitador do natildeo cumprimento
do que foi proposto por aquela legislaccedilatildeo nestas aacutereas Isso se devia ao fato de o Coacutedigo
Florestal de 1965 ter deixado uma duacutevida sobre qual legislaccedilatildeo seguir uma vez que em
seu segundo artigo no paraacutegrafo uacutenico estava disposto que em aacutereas urbanas devia-se
atentar para a legislaccedilatildeo referente ao Plano Diretor e as referentes ao uso do solo na aacuterea
do municiacutepio (BRASIL 1965) Diante dessa conjuntura alguns municiacutepios optavam pela
natildeo aplicaccedilatildeo do Coacutedigo Florestal na regiatildeo urbana mesmo sabendo que a poliacutetica
conservacionista eacute extremamente importante visto o grande nuacutemero de problemas que
podem advir do uso irregular das APPs (DE MORAES 2009) Segundo o artigo 182 da
Constituiccedilatildeo Federal de 1988 as poliacuteticas relacionadas ao desenvolvimento urbano
devem ser elaboradas pelos municiacutepios e objetiva garantir o bem estar dos muniacutecipes e
tambeacutem o desenvolvimento do municiacutepio como um todo atraveacutes do atendimento agraves
exigecircncias do Plano Diretor (BRASIL 1988) O que podia gerar alguma divergecircncia seria
se o Plano Diretor Municipal propusesse uma faixa de APP menor que a prevista pelo
Coacutedigo Florestal Sendo assim essa legislaccedilatildeo perderia sua validade pelo fato de a
legislaccedilatildeo federal ser suplementar ou se seria cumprida devido ao disposto no artigo 182
da Constituiccedilatildeo Segundo De Moraes (2009) natildeo eacute aceitaacutevel que o Plano Diretor
Municipal legitime tal degradaccedilatildeo ambiental uma vez que um dos seus principais
objetivos eacute a proteccedilatildeo do bem estar puacuteblico estando incluiacutedo nesse a proteccedilatildeo do
ambiente natural A delimitaccedilatildeo e especificaccedilatildeo das APPs em Lei eacute necessaacuteria uma vez
que os limites miacutenimos destinados agrave preservaccedilatildeo satildeo importantes pois garantem a
proteccedilatildeo tanto da qualidade quanto da quantidade dos recursos hiacutedricos e evitam a
ocupaccedilatildeo em locais propiacutecios aos deslizamentos e zonas de recarga dos aquiacuteferos
11
subterracircneos assegurando tambeacutem de certa forma a integridade dos seres humanos que
potencialmente ocupariam tais locais (CARVALHO 2013)
Neste trabalho a legislaccedilatildeo tomada como referecircncia eacute a prevista pela Constituiccedilatildeo Federal
de 1988 o Novo Coacutedigo Florestal (Lei 126512012) e o Estatuto das Cidades (Lei
102572001) em acircmbito federal Na esfera estadual a Lei 209222013 versa sobre os
limites para APP em todo o territoacuterio de Minas A Lei Municipal 42412012 trata do
Plano Diretor Municipal da cidade de Santos Dumont onde se encontra as diretrizes para
o uso e ocupaccedilatildeo do solo e o zoneamento da cidade de acordo com as caracteriacutesticas do
solo entre outras
322 O Novo Coacutedigo Florestal e a legislaccedilatildeo mineira
O Novo Coacutedigo Florestal Lei Federal 126512012 substituiu a Lei Federal 47711965
Dentre os vaacuterios artigos que esta lei possui o que apresenta maior importacircncia para o
planejamento e o ordenamento das cidades tanto na aacuterea urbana como na rural eacute o artigo
4ordm em que constam as faixas de APP tanto para curso hiacutedrico como para declividade e
altitude aleacutem dos topos de morro a saber (BRASIL2012)
ldquoArt 4ordm Considera-se Aacuterea de Preservaccedilatildeo
Permanente em zonas rurais ou urbanas para os
efeitos desta Lei
I - as faixas marginais de qualquer curso drsquoaacutegua
natural perene e intermitente excluiacutedos os
efecircmeros desde a borda da calha do leito regular
em largura miacutenima de
a) 30 (trinta) metros para os cursos drsquoaacutegua de
menos de 10 (dez) metros de largura
b) 50 (cinquenta) metros para os cursos drsquoaacutegua
que tenham de 10 (dez) a 50 (cinquenta) metros de
largura
()
IV - as aacutereas no entorno das nascentes e dos olhos
drsquoaacutegua perenes qualquer que seja sua situaccedilatildeo
topograacutefica no raio miacutenimo de 50 (cinquenta)
metros
12
V - as encostas ou partes destas com declividade
superior a 45deg equivalente a 100 (cem por
cento) na linha de maior declive
()
IX - no topo de morros montes montanhas e
serras com altura miacutenima de 100 (cem) metros e
inclinaccedilatildeo meacutedia maior que 25deg as aacutereas
delimitadas a partir da curva de niacutevel
correspondente a 23 (dois terccedilos) da altura
miacutenima da elevaccedilatildeo sempre em relaccedilatildeo agrave base
sendo esta definida pelo plano horizontal
determinado por planiacutecie ou espelho drsquoaacutegua
adjacente ou nos relevos ondulados pela cota do
ponto de sela mais proacuteximo da elevaccedilatildeo
X - as aacutereas em altitude superior a 1800 (mil e
oitocentos) metros qualquer que seja a
vegetaccedilatildeo
()rdquo
A legislaccedilatildeo atual em seu artigo 4ordm evidencia que as faixas e aacutereas determinadas como
APP compreendem tanto as aacutereas rurais quanto urbanas (BRASIL 2012) retirando a
duacutevida anterior e sendo essa a Lei suplementar qualquer faixa de APP mais permissiva
na legislaccedilatildeo estadual e municipal satildeo invaacutelidas o que simplificou de certa forma a
aplicabilidade da Legislaccedilatildeo referente a Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente
No Estado de Minas Gerais a Lei Estadual 20922 de 16 de Outubro de 2013 trata do tema
em acircmbito estadual mas com os mesmos princiacutepios propostos pela Lei Federal sendo os
limites miacutenimos previstos para as APPs os mesmos propostos pelo Novo Coacutedigo
Florestal brasileiro (MINAS GERAIS2013)
ldquo Art 9ordm Para os efeitos desta Lei em zonas rurais
ou urbanas satildeo APPs
I as faixas marginais de cursos drsquoaacutegua naturais
perenes e intermitentes excluiacutedos
os efecircmeros medidas a partir da borda da calha
do leito regular em largura miacutenima de
13
a) 30m (trinta metros) para os cursos drsquoaacutegua de
menos de 10m (dez metros) de largura
b) 50m (cinquenta metros) para os cursos drsquoaacutegua
de 1 0m (dez metros) a 50m (cinquenta metros) de
largura
()
IV as aacutereas no entorno das nascentes e dos olhos
drsquoaacutegua perenes no raio miacutenimo de 50m
(cinquenta metros)
V as encostas ou partes destas com declividade
superior a 45ordm (quarenta e cinco graus)
equivalente a 100 (cem por cento) na linha de
maior declive
()
VII no topo de morros montes montanhas e
serras com altura miacutenima de 100m (cem metros)
e inclinaccedilatildeo meacutedia maior que 25ordm (vinte e cinco
graus) as aacutereas delimitadas a partir da curva de
niacutevel correspondente a 23 (dois terccedilos) da altura
miacutenima da elevaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave base sendo esta
definida pelo plano horizontal determinado por
planiacutecie ou espelho drsquoaacutegua adjacente ou nos
relevos ondulados pela cota do ponto de sela mais
proacuteximo da elevaccedilatildeo
VIII as aacutereas em altitude superior a 1 800m (mil
e oitocentos metros)
()rdquo
323 O Plano Diretor
O Estatuto das Cidades em seu artigo 40 prevecirc o plano diretor como um instrumento
capaz de promover a poliacutetica urbana englobando toda a cidade aleacutem de fornecer padrotildees
e limites para o uso do solo nas mais diversas regiotildees do municiacutepio com vistas a
harmonizar o desenvolvimento urbano com a preservaccedilatildeo do meio ambiente (SILVA JR
2006) Este instrumento eacute obrigatoacuterio para cidades com mais de 20 mil habitantes ou
14
aacutereas que integrem regiotildees metropolitanas ou de interesse turiacutestico O artigo 41 do
Estatuto das cidades tambeacutem prevecirc a obrigatoriedade do Plano Diretor para cidades que
possuem em sua aacuterea empreendimentos que caracterizem grandes impactos ambientais
de influecircncia regional ou nacional e cidades que possuem problemas com deslizamentos
de grande magnitude ou alagamentos repentinos (BRASIL 2001)
O Plano diretor de acordo com o Estatuto das Cidades deve ser aprovado como lei em
acircmbito municipal e revisto a cada dez anos Este documento eacute uacutenico pois cada cidade
possui suas peculiaridades infraestrutura vocaccedilotildees e problemas que por mais que sejam
parecidos entre si satildeo diferenciados pela intensidade e pela regionalizaccedilatildeo Sendo assim
a confecccedilatildeo do Plano Diretor deve conter a participaccedilatildeo de toda a comunidade local de
forma a reduzir as desigualdades sociais os gastos puacuteblicos desnecessaacuterios a degradaccedilatildeo
ambiental e combater os problemas relacionados a urbanizaccedilatildeo de forma conjunta
promovendo um processo de tomada de decisatildeo que garanta a qualidade de vida
preservaccedilatildeo e o desenvolvimento social do municiacutepio como um todo (ROSSBACH amp
CARVALHO 2010)
3231 O Plano Diretor de Santos Dumont
A Lei Municipal nordm 424112 que entrou em vigor no ano de 2014 trata do Plano Diretor
Municipal instrumento previsto no Estatuto das Cidades para garantir aos cidadatildeos um
desenvolvimento urbano organizado justo e sustentavelmente econocircmico (BRASIL
2001) Aleacutem de apontar as diretrizes para a elaboraccedilatildeo da Poliacutetica Municipal dos mais
variados setores o Plano Diretor divide o municiacutepio em macrozonas urbanas e rurais
Estas zonas tecircm por objetivo facilitar a identificaccedilatildeo dos setores que permitem ou natildeo o
desenvolvimento da cidade e em que magnitude pode ser feita a expansatildeo respeitando ao
meio ambiente e tambeacutem o que eacute previsto no tocante ao uso e ocupaccedilatildeo do solo nessas
aacutereas Aleacutem disso ela estabelece a forma como devem ser as edificaccedilotildees nas referidas
aacutereas As aacutereas definidas como macrozonas urbanas e foram subdivididas em (SANTOS
DUMONT2012)
ldquoZona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e
da Paisagem (ZPPH) satildeo as aacutereas cujos
equipamentos urbanos possuem interesse
histoacuterico ou paisagiacutestico de preservaccedilatildeo
Zona de Preservaccedilatildeo Ambiental satildeo aquelas em
que devem ser mantidas ou recuperadas a
15
vegetaccedilatildeo por conta da declividade altitude ou
presenccedila de recursos hiacutedricos
Zona de Adensamento Controlado (ZAC) satildeo as
aacutereas em que deve-se manter uma pequena
densidade populacional devido as limitaccedilotildees na
infraestrutura da localidade A ZAC se divide em
ZAC 1 quando a infraestrutura existente eacute
limitada e em ZAC 2 quando esta eacute precaacuteria ou
natildeo existe
Zona de Consolidaccedilatildeo de Adensamento (ZCA)
satildeo as aacutereas em que haacute interesse em ocupar os
lotes vagos haja visto que a regiatildeo possui toda a
infraestrutura para que isto aconteccedila
Zona Adensaacutevel (ZA) satildeo as aacutereas com
condiccedilotildees propiacutecias para ocorrer uma ocupaccedilatildeo
mais densa
Zona Especial de Interesse Social (ZEIS) satildeo as
aacutereas em que o Poder Puacuteblico almeja fazer
alguma forma de ocupaccedilatildeo Eacute dividida em ZEIS 1
e ZEIS 2 A ZEIS 1 satildeo regiotildees jaacute ocupadas mas
de forma irregular cujo interesse puacuteblico eacute
realizar obras e outras atividades para
regularizar as ocupaccedilotildees e urbanizar a aacuterea
enquanto que a ZEIS 2 satildeo aacutereas natildeo utilizadas ou
subutilizadas as quais o poder puacuteblico almeja
realizar algum empreendimento habitacional de
caraacuteter social
Zona de Grandes Equipamentos (ZE) satildeo aacutereas
cujo o interesse eacute a implantaccedilatildeo de
empreendimentos de grande porte ou grandes
equipamentos puacuteblicosrdquo
Esta divisatildeo espacial pode ser melhor vista no Anexo 71
O Plano Diretor natildeo estipula limites para APP mas prevecirc algumas diretrizes como na
Poliacutetica Municipal de Preservaccedilatildeo do Meio Ambiente sobre o uso do solo em
compatibilidade com praacuteticas conservacionistas A Poliacutetica Municipal de Expansatildeo
16
Urbana tem como uma de suas diretrizes fazer cumprir a legislaccedilatildeo vigente no que diz
respeito agraves intervenccedilotildees e investimentos que poderatildeo ser feitos nessas aacutereas Tambeacutem eacute
diretriz da mesma Poliacutetica o controle da ocupaccedilatildeo e do uso do solo em APPs e o auxiacutelio
aos oacutergatildeos estaduais e federais de meio ambiente no tocante agrave fiscalizaccedilatildeo da ocupaccedilatildeo
nestas aacutereas (SANTOS DUMONT 2012) O artigo 38 que trata das diretrizes da Poliacutetica
habitacional de interesse social exclui do processo de regularizaccedilatildeo fundiaacuteria os
assentamentos situados em aacutereas de risco o que na maioria das vezes estatildeo tambeacutem nas
aacutereas que deveriam estar vegetadas e protegidas (SANTOS DUMONT 2012) Na
legislaccedilatildeo referente ao parcelamento do solo eacute previsto que no parcelamento de glebas
com declividade entre 30 e 47 soacute poderaacute ser aprovado mediante projeto e laudo
assinado por um responsaacutevel teacutecnico favoraacutevel agrave construccedilatildeo nesse local (SANTOS
DUMONT 2012) Diante do proposto pelo Plano Diretor de Santos Dumont pode-se
dizer que natildeo haacute conflito com a legislaccedilatildeo federal e estadual em se tratando da
aplicabilidade do Coacutedigo Florestal uma vez que aquele natildeo explicita limites nem
permissivos e tampouco restritivos para faixas e aacutereas de preservaccedilatildeo permanente
33 O Municiacutepio de Santos Dumont
331 De Arraial a cidade
A aacuterea onde se situa hoje o municiacutepio de Santos Dumont teve sua ocupaccedilatildeo iniciada no
seacuteculo XVIII quando a Coroa Portuguesa solicitou ao entatildeo Governador do Rio de
Janeiro Artur de Saacute Menezes que abrisse um caminho que ligasse as Minas dos
Cataguases na regiatildeo de Ouro Preto (receacutem descobertas) ao Rio de Janeiro por onde
escoava os metais preciosos para a metroacutepole Surgiu assim o ldquoCaminho Novordquo e ao longo
deste caminho surgiram tambeacutem as Sesmarias aacutereas que tinham por principal objetivo
servir de pouso aos transportadores e exploradores e tambeacutem para garantir alimento a
estas pessoas Uma destas ocupaccedilotildees seria o ldquoArraial de Joatildeo Gomesrdquo (Figura 41)
primeiro nuacutecleo primitivo do municiacutepio em 1709 De iniacutecio prevaleciam somente
ranchos onde os viajantes se abrigavam mas em pouco tempo ergueu-se a Capela de Satildeo
Miguel e Almas e pequenos nuacutecleos urbanos comeccedilaram a surgir (DAPPC2008)
17
Figura 3 1 Vista parcial do Arraial de Joatildeo Gomes
Fonte Arquivo Histoacuterico de Santos Dumont-MG
Com a construccedilatildeo da Estrada de Ferro D Pedro II no final do seacuteculo XIX a regiatildeo teve
um consideraacutevel crescimento natildeo soacute populacional como tambeacutem econocircmico se tornando
a Vila Palmyra em 1889 Em 1890 Palmyra eacute elevada ao status de Municiacutepio (Figura 42)
e recebe um grande nuacutemero de melhorias no setor viaacuterio como a retificaccedilatildeo de ruas e
tambeacutem no setor de serviccedilos puacuteblicos como abastecimento de aacutegua iluminaccedilatildeo puacuteblica a
querosene e posteriormente energia eleacutetrica O desenvolvimento econocircmico na regiatildeo
tambeacutem teve seu momento aacuteureo nesse periacuteodo Induacutestrias de laticiacutenios graacuteficas e de
Carbureto de Caacutelcio fizeram parte do parque industrial de Palmyra o que atraiacutea pessoas
de outros lugares inclusive estrangeiros contribuindo para o aumento populacional da
regiatildeo Como ainda natildeo havia legislaccedilatildeo sobre uso e ocupaccedilatildeo do solo nessa eacutepoca
surgiram inuacutemeros loteamentos em aacutereas proacuteximas agrave rios e coacuterregos e tambeacutem em
encostas com declividade acentuada o que foi agravando o risco agrave medida que a ocupaccedilatildeo
aumentava (DAPPC2008)
18
Figura 3 2 Municiacutepio de Palmyra na deacutecada de 1920
Fonte Arquivo Histoacuterico de Santos Dumont-MG
O escoamento da produccedilatildeo industrial se dava pelo modal ferroviaacuterio setor que tambeacutem
movimentava a crescente cidade que era ponto importante no setor de transportes pois
possuiacutea um dos mais bem equipados depoacutesitos de locomotivas da Estrada de Ferro Central
do Brasil (DAPPC2008)
No ano de 1932 o municiacutepio de Palmyra passou a se chamar Santos Dumont (Figura 43)
em homenagem ao inventor do aviatildeo que nascera naquela cidade Nos uacuteltimos 40 anos
Santos Dumont tem experimentado uma acentuada desaceleraccedilatildeo econocircmica
consequecircncia do fechamento da grande maioria das induacutestrias principalmente as de
laticiacutenios que empregavam direta e indiretamente uma parte consideraacutevel da populaccedilatildeo
(DAPPC2008)
19
Figura 3 3 Municiacutepio de Santos Dumont em 2014
Fonte Arquivo do autor
332 Santos Dumont na atualidade
O municiacutepio de Santos Dumont localiza-se na regiatildeo da Zona da Mata mineira distante
cerca de 220 Km da capital Belo Horizonte e possui uma populaccedilatildeo de 47558 habitantes
(ODM 2015 projeccedilatildeo) numa aacuterea total de 637 kmsup2 Faz divisa com os municiacutepios de
Juiz de Fora Oliveira Fortes Bias Fortes Antocircnio Carlos Tabuleiro Piau e Ewbank da
Cacircmara
No que diz respeito agrave sua formaccedilatildeo fisiacuteco-geograacutefica a aacuterea que compreende o municiacutepio
eacute constituiacuteda predominantemente por Cambissolo Haacuteplico (70) com Latossolo
Vermelho-Amarelo (30) (UFV2010) A vegetaccedilatildeo eacute em sua maioria composta por
exemplares de Mata Atlacircntica De acordo com o IBGE(2015) Santos Dumont se localiza
a 839m de altitude O clima da regiatildeo eacute classificado como Tropical de Altitude (Cwb) e
possui uma temperatura meacutedia de 20ordmC Eacute banhado pela bacia hidrograacutefica do Paraiacuteba do
Sul e em sua maioria pertence agrave sub-bacia do Rio Pomba (IGAM) que fornece aacutegua para
abastecimento puacuteblico agrave 88 da populaccedilatildeo por meio da rede de distribuiccedilatildeo
(IBGE2010) Uma pequena parte da zona rural a sudoeste eacute banhada pela Sub-Bacia do
Rio Paraibuna mais precisamente na regiatildeo de fronteira com os municiacutepios de Juiz de
Fora e Ewbank da Cacircmara O sistema viaacuterio principal de acesso agrave cidade eacute a rodovia BR-
040 e a estrada de ferro Dom Pedro II atualmente utilizada somente para transporte de
cargas
Com a economia nos dias atuais baseada majoritariamente no setor de serviccedilos a cidade
possui um Iacutendice de Desenvolvimento humano (IDH) de 0741 (IBGE2010) Apesar do
decliacutenio econocircmico de Santos Dumont nota-se hoje um aumento no nuacutemero de
loteamentos populares e condomiacutenios horizontais e verticais entre outras edificaccedilotildees Eacute
de vital importacircncia que esse crescimento das ocupaccedilotildees seja ordenado e regulamentado
20
de forma a garantir a qualidade ambiental prevenindo deslizamentos e inundaccedilotildees Diante
dessa conjuntura o governo municipal aprovou em 2012 a Lei nordm 4241 que trata do Plano
Diretor Participativo instrumento baacutesico da poliacutetica de desenvolvimento e expansatildeo
urbana do municiacutepio de Santos Dumont
4 METODOLOGIA
41 Aacuterea de estudo
A regiatildeo dentro dos limites do municiacutepio que seraacute estudada neste trabalho eacute conforme
descrito nos anexos Plano Diretor e representada na figura 44 a aacuterea urbana principal
que possui 47 Kmsup2 e compreende a regiatildeo central da cidade e os bairros perifeacutericos regiatildeo
que concentra cerca de 90 da populaccedilatildeo total de Santos Dumont (IBGE 2015) A aacuterea
urbana principal representa 75 da aacuterea total dos 637 Kmsup2 que compreendem o
municiacutepio e eacute o local onde nos uacuteltimos 30 anos se verificou um maior crescimento
populacional e tambeacutem onde ocorre a maioria dos eventos relacionados a deslizamentos
e alagamentos por conta da ocupaccedilatildeo sem planejamento A figura 45 mostra a aacuterea
urbana principal e a localizaccedilatildeo dos bairros urbanos de Santos Dumont
Figura 4 1 Localizaccedilatildeo da aacuterea urbana principal
Fonte Google Earth
21
Figura 4 2 Mapa da aacuterea urbana principal com a localizaccedilatildeo dos bairros
Fonte Do Autor
42 Levantamento e tratamento dos dados
No desenvolvimento deste trabalho foi necessaacuterio se fazer um estudo detalhado sobre o
Plano Diretor de Santos Dumont principalmente dos seus anexos que compreendem os
mapas e a localizaccedilatildeo das aacutereas definidas pelo zoneamento proposto Para que isso fosse
possiacutevel a Secretaria Municipal de Obras e Serviccedilos Puacuteblicos forneceu todos os dados
secundaacuterios produto do estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor e do
zoneamento Estes dados incluem os arquivos Shapefile (shp) e outros documentos
integrantes do Plano Diretor Algumas informaccedilotildees foram complementadas tambeacutem com
dados adquiridos atraveacutes do site do IBGE e do Portal Objetivos do Milecircnio (ODM)
Os dados sobre as ocorrecircncias de deslizamentos e alagamentos foram obtidos atraveacutes da
Defesa Civil do municiacutepio atraveacutes do Sistema Integrado de Informaccedilotildees sobre Desastres
(S2ID) do Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional Tal sistema centraliza as informaccedilotildees sobre
desastres naturais ocorridos em todo o territoacuterio nacional facilitando a pesquisa sobre tais
eventos a qualquer cidadatildeo (BRASIL 2015)
Apesar do sistema ser bastante uacutetil os dados sobre o municiacutepio de Santos Dumont se
encontravam bastante falhos e escassos sendo necessaacuteria complementaccedilatildeo para que a
22
base de dados ficasse consistente Diante disso uma pesquisa atraveacutes dos arquivos do
Jornal Mensagem um jornal semanaacuterio local foi feita entre os anos de 1984 e 2014 e os
dados primaacuterios filtrados em uma planilha do Microsoft Excel para posterior utilizaccedilatildeo
De posse destes dados foi feita a localizaccedilatildeo em campo das coordenadas dos locais
atingidos por deslizamentos e alagamentos no periacuteodo compreendido pela pesquisa com
o auxiacutelio de um aparelho de GPS
A maioria dos arquivos shapefile utilizados para a confecccedilatildeo dos mapas satildeo parte
integrante dos anexos da Lei do Plano diretor do municiacutepio gerados no mecircs de dezembro
de 2011 pelo Instituto Nova Cidade e foram cedidos pela Secretaria Municipal de Obras
e Serviccedilos Puacuteblicos com Datum em UTM SAD 69 Com a finalidade de fornecer um
referenciamento atualizado e de acordo com os mais novos sistemas de coordenadas
utilizados no Brasil os arquivos foram convertidos para o Datum UTM SIRGAS 2000
que diferencia do SAD 69 pelo fato de ser um referencial geocecircntrico ou seja o centro
da Terra eacute o ponto de referecircncia neste sistema enquanto que o primeiro utiliza um
referencial na superfiacutecie da Terra (IBGE2014) Eacute interessante ressaltar tambeacutem que o
SIRGAS 2000 se tornou no ano de 2014 o sistema de coordenadas oficial do Sistema
Geodeacutesico Brasileiro e do Sistema Cartograacutefico Nacional ambos mantidos pelo IBGE A
combinaccedilatildeo dos shapefiles foi feita com o software livre gvSIG e com estas combinaccedilotildees
foram gerados mapas importantes resultados para a execuccedilatildeo deste trabalho A maioria
dos mapas representam a regiatildeo urbana principal de Santos Dumont e foram produzidos
numa escala em torno de 140000 que de acordo com Rocha (2007) eacute uma escala viaacutevel
pois as recomendaacuteveis para trabalhos de anaacutelise ambiental em niacutevel municipal podem ser
entre 150000 e 110000 Alguns mapas cujo detalhamento natildeo eacute necessaacuterio foram
gerados na escala 1100000
Para a geraccedilatildeo dos mapas aleacutem dos arquivos fornecidos pela Secretaria de Obras e
Serviccedilos Puacuteblicos foram utilizados para a geraccedilatildeo do modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE)
e da localizaccedilatildeo dos topos de morro dados gerados pelo sistema de radar Advanced
Spacebone Thermal Emission and Reflection Radiometer (ASTER) que geram as curvas
de niacutevel do terreno com uma resoluccedilatildeo de 30m (NASA2014) O processamento dessas
imagens foi feito pelo software livre gvSIG As imagens geradas pelos sateacutelites
LANDSAT foram adquiridas no site da United States Geological Survey (USGS) e essas
imagens possibilitaram obter um panorama preciso do uso do solo em toda a aacuterea urbana
de Santos Dumont numa resoluccedilatildeo de 15 metros uma vez que foi utilizada a banda
pancromaacutetica do sateacutelite LANDSAT 8 aleacutem da combinaccedilatildeo das bandas 65 e 4
respectivamente que eacute a combinaccedilatildeo recomendada pela mantenedora dos sateacutelites para
anaacutelises deste tipo
23
No que diz respeito a identificaccedilatildeo de APPs em topo de morro a metodologia de Oliveira
amp Fernandes Filho (2013) por utilizar as mesmas bases de dados ateacute entatildeo usadas neste
trabalho foi a mais indicada
A metodologia de anaacutelise dos mapas gerados eacute a proposta pelo professor Jorge Xavier da
Silva do Laboratoacuterio de Geoprocessamento (LAGEOP) da Universidade Federal do Rio
de Janeiro e citada por Rocha (2007) Tal metodologia analisa as variaacuteveis em questatildeo
presentes na aacuterea e permite avaliar as possibilidades de relaccedilotildees entre essas variaacuteveis De
uma maneira geral este meacutetodo verifica o estado atual da aacuterea em estudo bem como das
variaacuteveis gerando inventaacuterios que servem para a construccedilatildeo de dados planimeacutetricos sejam
com as variaacuteveis isoladas ou combinadas Estes dados planimeacutetricos geram assinaturas
que permitem inferir sobre a influecircncia dessas variaacuteveis De posse dos dados gerados pelo
processo anteriormente citado pode-se fazer algumas prospecccedilotildees sobre os riscos
ambientais que a aacuterea pode sofrer ou o seu potencial ambiental (ROCHA 2007)
5 RESULTADOS
51 Levantamento histoacuterico de alagamentos e
deslizamentos
O aumento da demanda pelo uso do solo na regiatildeo urbana de Santos Dumont
principalmente no tocante agrave formaccedilatildeo de novos loteamentos e condomiacutenios nos uacuteltimos
anos eacute consideraacutevel mas tambeacutem haacute de se observar o crescimento dos bairros jaacute existentes
com pouco ou nenhum ordenamento Em ambos os casos se observa ocupaccedilotildees
irregulares em APP o que tem ocasionado um aumento na frequecircncia de deslizamentos
e inundaccedilotildees Eacute evidente que quanto maior a densidade populacional do bairro maior a
quantidade de ocorrecircncias ao longo dos anos (SPERFELD 2009)
De acordo com as ocorrecircncias registradas pela Defesa Civil do municiacutepio obtidas atraveacutes
da literatura utilizada nos uacuteltimos 30 anos Santos Dumont chegou a decretar situaccedilatildeo de
emergecircncia por conta de desastres envolvendo deslizamentos eou alagamentos por duas
vezes num espaccedilo de 10 anos conforme pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho
(BRASIL 2014 CEPED 2011)
Segundo os dados obtidos atraveacutes de pesquisa nos arquivos do semanaacuterio entre os anos
de 1984 e 2014 pode-se verificar que nos uacuteltimos 20 anos a cidade tem experimentado
24
um aumento consideraacutevel nos eventos relacionados a deslizamentos e principalmente
alagamentos como pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho Isso pode ter sido causado
dentre outros fatores pelo aumento do nuacutemero de vias pavimentadas com material
impermeaacutevel o que tem sobrecarregado tanto a infraestrutura existente para drenagem
urbana como tambeacutem a calha dos cursos drsquoaacutegua que passam pela regiatildeo urbana do
municiacutepio (ZANON2013)
Na deacutecada de 1980 (1984-1990) de acordo com os dados obtidos natildeo foram noticiados
eventos consideraacuteveis relacionados a deslizamentos e alagamentos em Santos Dumont
mas isso natildeo exclui a possibilidade de natildeo ter ocorrido tais eventos em menor escala
Na deacutecada de 1990 aconteceram uma seacuterie de ocorrecircncias tanto de deslizamentos quanto
de alagamentos No ano de 1997 num periacuteodo chuvoso intenso aconteceram
deslizamentos consideraacuteveis em vaacuterios bairros da cidade inclusive com desabamento de
casas e de ruas principalmente nos bairros Nossa Senhora da Gloacuteria e Quarto Depoacutesito
Em 1999 ocorreram alguns pontos de alagamento nos bairros Quarto Depoacutesito e Santo
Antocircnio com grandes prejuiacutezos materiais
A deacutecada de 2000 iniciou com o registro de deslizamentos em vaacuterios bairros da cidade
inclusive com desabamento de casas e pontes e alagamentos em importantes vias do
centro da cidade Observa-se ao longo desse periacuteodo o crescimento nas ocorrecircncias de
deslizamentos e de aacutereas com risco de deslizamento em muitos bairros de Santos Dumont
Um dos fatores importantes para esse crescimento foi a grande expansatildeo sofrida pela
maioria dos bairros e a falta de planejamento e orientaccedilatildeo por parte da prefeitura uma
vez que uma boa parte do crescimento dos bairros da cidade ocorreu ou proacuteximo a cursos
drsquoaacutegua ou em aacutereas com declividade improacutepria para se fazer construccedilotildees O bairro
Coacuterrego do Ouro (Figura 51) foi o que mais sofreu com ocorrecircncias de deslizamentos
nesse periacuteodo enquanto o bairro Santo Antocircnio foi que teve mais ocorrecircncias de
alagamentos
25
Figura 5 1 Deslizamento no bairro Coacuterrego do Ouro
Fonte Portal Cabangu
No iniacutecio deacutecada de 2010 (2011-2014) o centro da cidade foi a regiatildeo que mais sofreu
com alagamentos sendo registrado pelo menos uma ocorrecircncia por ano nessa aacuterea (Figura
52) Isso pode ser relacionado dentre outros fatores com as obras de modificaccedilatildeo do
tipo de pavimentaccedilatildeo das estradas por um material impermeaacutevel gerando uma sobrecarga
nos sistemas de drenagem urbana que foram projetados para um tipo de pavimento mais
permeaacutevel implicando tambeacutem na sobrecarga calha do Ribeiratildeo das Posses o principal
curso drsquoaacutegua que corta o centro da cidade e que se encontra em quase sua totalidade
ocupada em ambas as margens que cortam o centro da cidade
26
Figura 5 2 Alagamento na regiatildeo central de Santos Dumont em 2013
Fonte Portal Cabangu
Quanto agraves ocorrecircncias de deslizamento ao longo da referida deacutecada elas estiveram
espalhadas pelos bairros do municiacutepio tendo um maior nuacutemero de ocorrecircncias nos bairros
Santo Antocircnio Nossa Senhora da Gloacuteria e Aacutegua Espraiada Nos dois primeiros bairros
citados as ocorrecircncias podem ter sido ocasionadas pelo crescimento desordenado e sem
planejamento destes e no terceiro as ocorrecircncias satildeo relacionadas ao processo de
assoreamento do Ribeiratildeo das Posses o que pode ter gerado um aumento da velocidade
desse curso drsquoaacutegua causando problemas decorrentes do transporte de sedimentos da aacuterea
onde as casas foram construiacutedas que teve como consequecircncia os deslizamentos
Em resumo como pode ser observado nas figuras 53 e 54 na tabela 51 no periacuteodo de
1984 a 2014 os bairros mais afetados por alagamentos e deslizamentos satildeo Quarto
Depoacutesito Nossa Senhora da Gloacuteria Santo Antocircnio Coacuterrego do Ouro Antocircnio Afonso
Graminha e Vila Esperanccedila sendo que o bairro Coacuterrego do Ouro possui o maior nuacutemero
de ocorrecircncias de deslizamentos e o centro da cidade possui o maior nuacutemero de
ocorrecircncias de alagamentos no periacuteodo pesquisado Vale destacar que a aacuterea propiacutecia a
alagamentos no bairro Antocircnio Afonso natildeo identificada no estudo realizado pela
prefeitura constitui-se efetivamente numa aacuterea de risco conforme levantamento histoacuterico
realizado Esta aacuterea de risco se deve agrave diferenccedila de niacutevel negativa entre o rio Pinho e a
aacuterea do bairro estando este em desniacutevel com um risco iminente de inundaccedilotildees resultantes
da cheia desse curso drsquoaacutegua causando inuacutemeros transtornos aos moradores do local
27
Figura 5 3 Pontos de Alagamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico
Fonte Do autor
Figura 5 4 Pontos de deslizamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico
Fonte Do autor
28
Tabela 51 Ocorrecircncias de alagamentos e deslizamentos obtidos atraveacutes do
levantamento histoacuterico
Pontos de ocorrecircncia (1984-2014)
Bairros Alagamento Deslizamento
Aacutegua Espraiada 1 1
Antocircnio Afonso 1 0
Barra 0 1
Centro 7 1
Coacuterrego do Ouro 1 7
Flores 0 1
Graminha 1 0
Jardim Jaraguaacute 0 1
N Sra da Gloacuteria 0 4
N Sra das Graccedilas 1 0
Quarto Depoacutesito 3 2
Santo Antocircnio 4 2
Satildeo Sebastiatildeo 0 1
Vila Esperanccedila 0 1
Fonte Do autor
De acordo com o estudo realizado na elaboraccedilatildeo do Plano Diretor pela prefeitura
municipal observa-se que os bairros que possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a
deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do Ouro e Vila Esperanccedila enquanto que os que
possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a alagamento satildeo o Centro da cidade e os
bairros Satildeo Sebastiatildeo Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio por estarem agraves margens do
Ribeiratildeo das Posses um curso drsquoaacutegua que sofre com inundaccedilotildees perioacutedicas devido ao
severo assoreamento em algumas regiotildees e tambeacutem devido ao acuacutemulo de lixo descartado
pelos moradores do entorno irregularmente De acordo com o estudo realizado quando da
elaboraccedilatildeo do Plano Diretor do municiacutepio foram feitos estudos sobre as aacutereas propensas
a deslizamentos e alagamentos na regiatildeo urbana principal Tais aacutereas satildeo as destacadas
nas Figuras 55 e 56 No levantamento histoacuterico realizado pode-se identificar que os
bairros que possuem mais aacutereas propensas a deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do
Ouro Nossa Senhora da Gloacuteria Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio enquanto que os bairros
mais propensos a alagamentos satildeo os bairros Centro Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio
como observado na tabela 51
29
Figura 5 5 Aacutereas propensas a deslizamento de acordo com o Plano Diretor de
Santos Dumont
Fonte Google Earth e Lei 42412012
Figura 5 6 Aacutereas propensas a alagamento de acordo com o Plano Diretor de
Santos Dumont
Fonte Google Earth e Lei 42412012
30
Comparando-se os mapas obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico com o mapa gerado
pelo estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor nota-se que haacute semelhanccedilas em
algumas aacutereas mas ao se levar em conta o produto gerado pela pesquisa histoacuterica o
estudo necessitaria ser complementado haja vista que ele natildeo compreende por exemplo
o ponto de alagamento no bairro Antocircnio Afonso citado anteriormente e alguns pontos de
deslizamento importantes uma vez que satildeo regiotildees onde haacute ocupaccedilatildeo Esse fato evidencia
a necessidade de se buscar vaacuterias fontes primaacuterias e secundaacuterias para se detectar aacutereas de
risco em um municiacutepio incluindo arquivos da imprensa local afim de se produzir uma
base de dados consistente e com o menor nuacutemero de falhas possiacutevel (CEPED 2014) Com
a uniatildeo dos dois estudos foram gerados os mapas apresentados nas Figuras 57 e 58
Aleacutem do mais observando as figuras 57 e 58 pode-se notar que uma boa parte tanto dos
casos de alagamento quanto de deslizamento estatildeo na faixa de APP de curso hiacutedrico o
que ilustra a importacircncia da preservaccedilatildeo destas aacutereas
Figura 5 7 Aacutereas propensas a alagamento do estudo do Plano Diretor
complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento
Fonte Do Autor
31
Figura 5 8 Aacutereas propensas a deslizamento do estudo do Plano Diretor
complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento
Fonte Do Autor
Atraveacutes da combinaccedilatildeo entre estes dois levantamentos procurou-se alimentar a base de
dados e garantir uma consistecircncia maior desta no que diz respeito a aacutereas de deslizamento
e alagamento podendo inclusive se identificar a suscetibilidade de uma determinada
regiatildeo da cidade a um ou outro evento (CEPED2014)
512 O Plano diretor e as APPs
Nos uacuteltimos anos o Brasil experimentou um forte fenocircmeno de migraccedilatildeo do campo para
as aacutereas urbanas De acordo com o IBGE no periacuteodo de 1940 a 2000 houve um aumento
de cerca de 60 do nuacutemero de pessoas que vivem em cidades (SILVA JR 2006) O
processo de planejamento e ordenamento do uso do solo nessas aacutereas deveria ter
acompanhado esse crescimento ao longo dos anos a fim de garantir a qualidade de vida e
a seguranccedila dos migrantes ao se instalarem nas cidades o que natildeo ocorreu e o que se
observa atualmente satildeo ocupaccedilotildees em aacutereas improacuteprias para moradia sem a infraestrutura
baacutesica necessaacuteria e com risco iminente de deslizamentos eou inundaccedilotildees
O Plano Diretor do municiacutepio de Santos Dumont em seu capiacutetulo IV que versa sobre o
uso e ocupaccedilatildeo do solo explicita regras para o ordenamento do territoacuterio que compreende
o municiacutepio com base nos diferentes usos do solo de acordo com sua compatibilidade o
32
que acabou por resultar num zoneamento de todo o municiacutepio em macrozonas conforme
citado na seccedilatildeo 3231 de acordo com os usos atuais e futuros do solo Aleacutem de dividir
estas macrozonas em urbanas e rurais tambeacutem avaliou e classificou estas aacutereas com base
numa seacuterie de fatores ambientais geoloacutegicos culturais e sociais de forma a se fazer um
zoneamento coerente com os atuais usos do solo e seu potencial de uso futuro Apresenta-
se na Figura 59 este zoneamento na aacuterea urbana principal de Santos Dumont
Figura 5 9 Zoneamento urbano da aacuterea urbana principal
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Lei 42412012
Tomando como referecircncia o Novo Coacutedigo Florestal brasileiro em especial os paracircmetros
estabelecidos para a definiccedilatildeo de APP e utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento
atraveacutes do software Vista SAGA relacionou-se as APPs existentes na aacuterea em estudo com
as regiotildees propiacutecias a alagamentos e deslizamentos de acordo com o estudo feito quando
da elaboraccedilatildeo do Plano Diretor afim de se identificar qual ou quais aacutereas possuem estes
problemas e se estatildeo relacionados com o uso do solo irregular em APP
Ao se aplicar a metodologia proposta por Oliveira amp Fernandes Filho (2013) natildeo foram
identificadas dentro da aacuterea de estudo APPs de topos de morro sendo este tipo de APP
descartada portanto das anaacutelises subsequentes deste trabalho Foram consideradas as
APP de curso hiacutedrico (rios e nascentes) e de declividade visando relacionaacute-las as aacutereas
de risco identificadas pela Prefeitura afim de se verificar as possiacuteveis causas da ocorrecircncia
33
destas aacutereas na regiatildeo urbana do municiacutepio Por meio de combinaccedilotildees entre dois mapas
temaacuteticos utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento foi possiacutevel obter as
assinaturas ou seja tabelas que caracterizam quantitativamente a aacuterea afetada por cada
aspecto visto que a simples visualizaccedilatildeo do mapa gerado pelo geoprocessamento muitas
vezes eacute prejudicada por serem aacutereas de pequenas dimensotildees ou por qualquer outra
limitaccedilatildeo do software Ressalta-se que para a elaboraccedilatildeo do Plano Municipal de Reduccedilatildeo
de riscos a identificaccedilatildeo e detalhamento topograacutefico destas aacutereas eacute fundamental para o
desenvolvimento do referido Plano conforme seraacute abordado detalhadamente na seccedilatildeo
52
De posse do mapa que representa o zoneamento urbano de Santos Dumont primeiramente
procurou-se mensurar qualitativa e quantitativamente a presenccedila de APPs tanto de
declividade quanto de cursos hiacutedricos Essa identificaccedilatildeo eacute importante pois este
zoneamento eacute um dos instrumentos de planejamento municipal (BRASIL 2001) Saboya
(2007) aponta que os principais objetivos de um zoneamento satildeo o controle da expansatildeo
urbana e proteccedilatildeo de aacutereas inadequadas a ocupaccedilatildeo aleacutem de reduzir os conflitos inerentes
aos diferentes usos do solo Com o uso da ferramenta ldquoCombinarrdquo do Vista SAGA foram
feitas combinaccedilotildees entre o mapa de hidrografia com buffer de 30m para rios e coacuterregos e
de 50m para nascentes com o mapa do zoneamento para se verificar a importacircncia das
APPs de curso hiacutedrico em toda a aacuterea urbana principal do municiacutepio Tambeacutem foram
combinados o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) obtido atraveacutes do gvSIG com o mapa
de zoneamento afim de se verificar quantitativamente as APPs de declividade e onde se
localizam Vale ressaltar que as declividades entre 30 e 47 estatildeo presentes nesta
combinaccedilatildeo pois de acordo com o Plano Diretor de Santos Dumont terrenos com esta
faixa de declividade para fins de parcelamento devem possuir estudo teacutecnico que ateste
a viabilidade de se promover algum empreendimento imobiliaacuterio neste (SANTOS
DUMONT 2012) Como a legislaccedilatildeo municipal prevecirc estudo somente para a faixa de
declividade descrita anteriormente para fins de anaacutelise neste trabalho consideramos um
valor mais conservador para APP compreendendo a faixa de 47 a 100 aleacutem da
prevista pela legislaccedilatildeo federal (gt100) para que natildeo houvessem lacunas importantes na
geraccedilatildeo do produto
Apresenta-se na Figura 510 aacutereas com declividades consideradas de risco e consideradas
APP e em qual zona de planejamento elas estatildeo inseridas De um modo geral ao se
observar a Tabela 52 nota-se que a aacuterea que compreende declividades de risco e APP eacute
uma pequena parcela da aacuterea urbana principal representando 061 desta aacuterea Ao se
levar em conta somente a localizaccedilatildeo pode-se verificar que cerca de 84 das aacutereas com
declividade de risco e a totalidade das APPs de declividade estatildeo localizadas na ZAC1
zona que compreende a maior parte do municiacutepio e apesar de possuir infraestrutura baacutesica
para a ocupaccedilatildeo esta eacute restrita Sendo assim o fator declividade deve ser visto com cautela
nesta aacuterea para se evitar transtornos advindos de edificaccedilotildees nestas aacutereas
34
Figura 5 10 Combinaccedilatildeo entre as declividades importantes incluindo as APPs e o
zoneamento urbano
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Do autor
Tabela 52 Assinaturas da combinaccedilatildeo Declividade x Zoneamento
Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea
Natildeo APP 457972 9939
Declividade 30-47 em ZAC1 2368 051
Declividade 30-47 em ZE 284 006
Declividade 30-47 em ZAC2 128 003
Declividade 30-47 em ZPA 004 0001
APP Declividade em ZAC1 048 001
Total 460804 100
Fonte Do autor
Apresenta-se na Figura 511 as APPs de curso hiacutedrico (nascentes e rios) e em qual zona
de planejamento estatildeo localizadas Assim como a declividade a maior parte das APPs de
curso hiacutedrico estatildeo localizadas em ZAC1 representando 383 da aacuterea urbana em estudo
e 51 do total das APPs de curso hiacutedrico Esta questatildeo tambeacutem deve ser vista com
bastante criteacuterio pelos gestores locais uma vez que a ocupaccedilatildeo em faixas proacuteximas de
rios e coacuterregos podem causar uma gama de problemas ambientais e sociais na regiatildeo
(SANTANA2011) Tal cuidado tambeacutem deve ser tomado nas APPs compreendidas na
35
ZAC2 que compreende 001 da Aacuterea urbana principal e 14 do total das APPs de curso
hiacutedrico pois a infraestrutura baacutesica e acessibilidade presente nesta zona eacute precaacuteria e a
ocupaccedilatildeo as margens de cursos hiacutedricos pode gerar problemas seacuterios caso ocorra uma
expansatildeo nestas aacutereas
Figura 511 Combinaccedilatildeo entre APP de curso hiacutedrico e as zonas de planejamento
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Do autor
Outro ponto importante eacute a presenccedila da Zona de Proteccedilatildeo Ambiental (ZPA) no entorno
uma consideraacutevel parte dos cursos hiacutedricos Nesta zona estatildeo presentes 28 das APPs de
curso hiacutedrico e esta zona de acordo com o Plano Diretor deve ser restaurada ou
preservada por suas caracteriacutesticas geoloacutegicas topograacuteficas e bioloacutegicas
Afim de se verificar os usos do solo na regiatildeo em estudo foram utilizadas combinaccedilotildees
de imagens advindas do sateacutelite Landsat 8 nas bandas descritas no capiacutetulo 4 aleacutem da
banda pancromaacutetica O resultado eacute apresentado na figura 512 que mostra os principais
usos do solo na aacuterea urbana principal de Santos Dumont
36
Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x Zoneamento
Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea
Hidrografia 11168 239
Aacuterea Urbana Natildeo APP 421004 9008
APP Curso hiacutedrico em ZAC1 179 383
APP Curso hiacutedrico em ZPA 9776 209
APP Curso hiacutedrico em ZE 184 004
APP Curso hiacutedrico em ZA 1192 026
APP Curso hiacutedrico em ZAC2 5124 110
APP Curso hiacutedrico em ZPPH 248 005
APP Curso hiacutedrico em ZEIS 568 012
APP Curso hiacutedrico em ZCA 228 005
Total 467392 10000
Fonte Do autor
Figura 5 12 Mapa de usos do solo da aacuterea urbana principal de Santos Dumont
Fonte Do autor
Como jaacute era previsto a maior parte da aacuterea urbana se encontra ocupada e eacute nesta regiatildeo
ocupada que se observa a maior concentraccedilatildeo de problemas de deslizamentos e
alagamentos (Figuras 513 e 514) A grande ocupaccedilatildeo em aacutereas consideradas APP de
curso hiacutedrico de acordo com os mapas gerados pode ser a principal causa do aumento a
cada ano dos casos de alagamento principalmente na regiatildeo central da cidade Outro ponto
que se deve atentar eacute a existecircncia de uma consideraacutevel aacuterea de pastagem pouco vegetada
que caso estejam em aacutereas elevadas pode contribuir para deslizamentos e agraves margens de
37
rios e coacuterregos para o assoreamento destes corpos hiacutedricos o que pode causar
alagamentos (INAacuteCIO etal 2007)
Diante destes resultados pode-se ver que a cidade de Santos Dumont necessita alternativas
efetiva no que diz respeito agrave contenccedilatildeo de deslizamentos e a reduccedilatildeo de risco de
alagamento pois as aacutereas em que ocorrem tais eventos satildeo distintas e facilmente definidas
devido agrave repeticcedilatildeo destes nos uacuteltimos anos Um plano de accedilatildeo integrado entre as diferentes
secretarias municipais (Obras Meio Ambiente Assistecircncia Social entre outras) e a
Coordenadoria Municipal de Defesa Civil deve ser realizado afim de se tomar medidas
natildeo mais preventivas mas sim preditivas para que se possa conter o avanccedilo destes
problemas na aacuterea urbana principal bem como em toda a aacuterea do municiacutepio
Figura 5 13 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na aacuterea urbana
principal
Fonte Do autor
38
Figura 5 14 Aacutereas sujeitas a alagamento e os principais usos do solo na aacuterea
urbana principal
Fonte Do autor
Ao se associar os dados do estudo do Plano Diretor com os dados do levantamento
histoacuterico realizado com o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) pode-se notar que as aacutereas
propiacutecias a deslizamento estatildeo em regiotildees as quais haacute uma fronteira de declividades ou
seja eacute evidente que os deslizamentos ocorrem em encostas um pouco mais iacutengremes mas
natildeo necessariamente nas encostas de 30-47 as quais exigem estudo teacutecnico conforme o
plano diretor preconiza Quanto aos alagamentos nota-se que eles se localizam nas aacutereas
com menor ou nenhuma declividade podendo ser estas aacutereas talvez componentes da
planiacutecie de inundaccedilatildeo dos rios Estes resultados podem ser vistos nas figuras 515 e 516
a seguir
39
Figura5 15 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a deslizamentos na
regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
Fonte Lei 42412012 e Autor
Figura5 26 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a alagamentos na
regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
Fonte Lei 42412012 e Autor
40
52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis
O processo de ocupaccedilatildeo no municiacutepio de Santos Dumont comeccedilou muito antes de
qualquer legislaccedilatildeo relacionada a ordenamento urbano e de proteccedilatildeo do meio ambiente
fosse implementado no Brasil Esse fato aliado a poliacuteticas e fiscalizaccedilotildees falhas
contribuiacuteram para a ocupaccedilatildeo e expansatildeo da aacuterea urbana ao longo do Ribeiratildeo das Posses
e seus afluentes o que tem gerado o aumento da degradaccedilatildeo destes corpos hiacutedricos ao
longo de todos estes anos Observa-se tambeacutem que nas uacuteltimas deacutecadas ocorreu um
grande nuacutemero de migraccedilotildees do campo para a regiatildeo urbana da cidade fator que
contribuiu para o crescimento do nuacutemero de habitaccedilotildees em aacutereas de risco de deslizamento
e alagamentos por serem na maioria das vezes terrenos menos valorizados e por este
motivo acessiacuteveis a populaccedilatildeo com menor poder aquisitivo (ROSA amp CORTEZ 2008)
Vale ressaltar que esta questatildeo aleacutem de ser ambiental eacute muito mais social pois os
moradores entendem os riscos de se viver nestes locais mas por motivos econocircmicos ou
por questotildees afetivas natildeo abrem matildeo da moradia nessas aacutereas A Constituiccedilatildeo Federal de
1988 promoveu a inter-relaccedilatildeo das questotildees sociais com as questotildees ambientais quando
colocou o meio ambiente como direito coletivo (BRASIL1988 SOUZA2010) Por este
motivo a decisatildeo por medidas draacutesticas que favoreccedilam apenas agrave preservaccedilatildeo do meio
ambiente natildeo eacute recomendada pois aleacutem de ser inconstitucional podem afetar a
sustentabilidade econocircmica do municiacutepio e gerar conflitos sociais consideraacuteveis
(CARLOS 1992 apud SOUZA 2010)
Segundo Bueno (2009) ldquonem tudo o que eacute irregular eacute precaacuteriordquo Esse fato se observa em
Santos Dumont uma vez que em boa parte da regiatildeo central se observa vaacuterias moradias
construiacutedas na faixa de APP de curso hiacutedrico o que natildeo eacute permitido pela legislaccedilatildeo
vigente e eacute um dos fatores que contribui para a ocorrecircncia de alagamentos nesta aacuterea da
cidade Para a resoluccedilatildeo deste problema o que seria mais viaacutevel seria a melhoria da
infraestrutura de drenagem urbana afim de que o escoamento da aacutegua das chuvas natildeo
sobrecarregasse o sistema (BUENO2009) A construccedilatildeo de bacias de contenccedilatildeo de
cheias ao longo do Ribeiratildeo das Posses tambeacutem seria uma alternativa mas para se verificar
a viabilidade necessita-se estudos mais aprofundados do ponto de vista hidroloacutegico
O grande problema a ser solucionado no entanto eacute o que diz respeito agraves aacutereas de risco
de deslizamento majoritariamente nos bairros A melhor alternativa seria o
remanejamento dos moradores para uma aacuterea proacutexima agrave que moram poreacutem longe do
risco Poreacutem esta alternativa de acordo com Rosa Filho amp Cortez (2008) encontra alguns
entraves pois estas pessoas na maioria das vezes natildeo tecircm condiccedilotildees financeiras de irem
para outro lugar ou pagar aluguel ou estatildeo de alguma forma sentimentalmente ligadas
agravequela regiatildeo que se recusam a deixaacute-lo
41
Por parte dos oacutergatildeos competentes no municiacutepio a criaccedilatildeo de um plano para se evitar
acidentes ocasionados por deslizamentos e alagamentos com um mapeamento detalhado
de toda a extensatildeo do municiacutepio eacute extremamente uacutetil Os estudos que seratildeo feitos para a
elaboraccedilatildeo deste plano poderatildeo definir quais as aacutereas satildeo potencialmente de risco para as
ocupaccedilotildees existentes ou para as potenciais ocupaccedilotildees que possam vir a ocorrer atraveacutes do
mapeamento das aacutereas de risco Tal planejamento seraacute auxiliar ao Plano Diretor
Municipal pois definiraacute o real uso do solo de determinada regiatildeo do municiacutepio
contribuindo para a adequaccedilatildeo do uso e ocupaccedilatildeo do solo afim de evitar ou reduzir o
nuacutemero de problemas relacionados a alagamentos e principalmente deslizamentos no
periacutemetro urbano (TOMINAGA 2009) A partir deste plano os gestores locais poderatildeo
tomar a melhor decisatildeo para a prevenccedilatildeo ou reduccedilatildeo dos riscos inerentes a tais problemas
Na seccedilatildeo 521 seraacute hierarquizado de forma preliminar a aacuterea urbana principal de acordo
com os resultados da tabela 51
521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta
O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos (PMRR) foi criado atraveacutes de accedilotildees
regularizadoras do Ministeacuterio das Cidades para ser o instrumento de gestatildeo e
gerenciamento de aacutereas de risco em um municiacutepio Eacute um documento que aleacutem de
estabelecer quais regiotildees satildeo consideradas de risco tambeacutem objetiva a proposta de
medidas estruturais ou natildeo para contenccedilatildeo eou prevenccedilatildeo de cataacutestrofes aleacutem de ser um
meio de captaccedilatildeo de recursos financeiros junto aos Governos Estadual e Federal Estes
recursos poderatildeo ser utilizados para a realizaccedilatildeo de obras que visem a melhoria da
qualidade de vida da populaccedilatildeo do entorno ou de recuperaccedilatildeo da aacuterea degradada Este
plano eacute realizado de forma participativa com as comunidades das aacutereas de risco e pode
ser realizado em sete fases conforme recomenda o Ministeacuterio das Cidades (ALHEIROS
2006)
O primeiro passo para a realizaccedilatildeo do PMRR eacute definir qual a metodologia seraacute empregada
levando-se em consideraccedilatildeo a realidade atual do municiacutepio e especificar de forma sucinta
um cronograma das atividades Eacute importante nesta fase a participaccedilatildeo tambeacutem dos
responsaacuteveis pelas mais variadas Secretarias Municipais afim de explicitar o tamanho da
importacircncia e o caraacuteter integrador deste plano A segunda fase deste plano objetiva a
criaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo da principal base de dados a ser utilizada nos passos posteriores o
mapeamento de risco em escala detalhe em torno de 13000 (SAtildeO PAULO 2014) A
elaboraccedilatildeo de um mapeamento detalhado propiciaraacute natildeo soacute a identificaccedilatildeo mais faacutecil das
aacutereas de risco como tambeacutem facilitaraacute aos gestores e agrave comunidade decidirem qual a
melhor intervenccedilatildeo para a soluccedilatildeo ou remediaccedilatildeo dos problemas em uma determinada
42
aacuterea hierarquizando o risco e definindo prioridades (SAtildeO PAULO 2014) Na tabela a
seguir apresenta-se alguns tipos de intervenccedilotildees que podem ser feitas em aacutereas de risco
sugeridas pelo Ministeacuterio das cidades (ALHEIROS 2006)
Quadro 5 1 - Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco
Tipo de intervenccedilatildeo Descriccedilatildeo
Serviccedilos de limpeza e Recuperaccedilatildeo
Remoccedilatildeo de entulho lixo etc
corte de aacutervores
remoccedilatildeo de bananeiras
recuperaccedilatildeo eou limpeza de sistemas de
drenagem esgotos e acessos
Limpeza de canais de drenagem
Proteccedilatildeo Vegetal
Proteccedilatildeo superficial vegetal (gramiacuteneas) em
taludes com solo exposto
Proteccedilatildeo vegetal de margens de canais de
drenagem
Barreiras vegetais para massas escorregadas
ou acumuladas pela erosatildeo
Drenagem Superficial e Acessos
Sistema de drenagem superficial (canaletas
raacutepidos caixas de transiccedilatildeo escadas drsquoaacutegua)
Acessos para pedestres (escadarias rampas
etc) integrados ao sistema de drenagem
Revestimento de Taludes Revestimento com materiais artificiais
cimentado cal-jet tela argamassada alvenaria
de tijolos ceracircmicos solo-cimento ensacado
Desmonte de blocos e matacotildees Desmonte de concreccedilotildees de grande porte
blocos rochosos e matacotildees
Obras de drenagem de subsuperfiacutecie Sistema de drenagem de subsuperfiacutecie
(trincheiras drenantes DHP poccedilos de
rebaixamento)
Estruturas de contenccedilatildeo (localizadas)
Muros de contenccedilatildeo de pequeno porte (solo-
cimento ensacado alvenaria de pedra-rachatildeo
concreto armado)
Estruturas de contenccedilatildeo localizadas
(chumbadores tirantes microestacas)
Contenccedilatildeo e proteccedilatildeo de margens de canais (
gabiotildees muros de concreto etc)
Estruturas de contenccedilatildeo (meacutedio e grande porte) Implantaccedilatildeo de estruturas de contenccedilatildeo de
meacutedio e grande porte envolvendo obras de
contenccedilatildeo passivas e ativas (muros de
gravidade cortinas etc)
Terraplanagem Execuccedilatildeo de serviccedilos de terraplanagem
combinados a obras de drenagem superficial e
proteccedilatildeo vegetal desvio e canalizaccedilatildeo de
coacuterregos
Remoccedilatildeo de moradias Remoccedilotildees definitivas para implantaccedilatildeo de
obras ou devido agrave localizaccedilatildeo improacutepria da
edificaccedilatildeo (Priorizar as relocaccedilotildees dentro da
proacutepria aacuterea em local seguro)
Fonte ALHEIROS 2006
43
Escolhidas as formas de intervenccedilatildeo para cada aacuterea eacute necessaacuterio realizar uma estimativa
dos custos afim de preparar o orccedilamento da prefeitura para a realizaccedilatildeo das obras e se
seraacute necessaacuterio a captaccedilatildeo de recursos externos para a execuccedilatildeo destas Feitas as
estimativas de custo o proacuteximo passo eacute definir as prioridades e para esta fase eacute tambeacutem
uacutetil o mapeamento feito nas etapas anteriores pois seraacute necessaacuterio hierarquizar tais
intervenccedilotildees nas aacutereas de risco O Ministeacuterio das Cidades (2007) sugere alguns criteacuterios
que podem ser avaliados pelo gestor dentre eles pode-se citar
Grau de risco
Populaccedilatildeo beneficiada
Custo da intervenccedilatildeo
Dimensatildeo da aacuterea a ser tratada
Demandas anteriores da populaccedilatildeo
Tempo de ocupaccedilatildeo
Viabilidade teacutecnica da intervenccedilatildeo
Viabilidade financeira
Inclusatildeo da aacuterea em outros projetos
A partir desta hierarquizaccedilatildeo inicia-se a identificaccedilatildeo de provaacuteveis fontes de captaccedilatildeo de
recursos para a execuccedilatildeo das intervenccedilotildees Estes recursos podem advir de programas dos
governos Federal e Estadual ou por meio de editais para captaccedilatildeo de recursos financeiros
tanto do setor puacuteblico como da iniciativa privada e podem ser tambeacutem associados agrave outras
Secretarias Municipais como a de Turismo ou Meio Ambiente e natildeo soacute as destinadas agrave
Defesa Civil (ALHEIROS 2006)
Eacute previsto tambeacutem no PMRR uma avaliaccedilatildeo da Defesa Civil municipal e como ela estaacute
estruturada fazendo inclusive sugestotildees para que sua atuaccedilatildeo esteja em consonacircncia com
a realidade das comunidades e da Administraccedilatildeo Puacuteblica do municiacutepio de forma a garantir
sua sustentabilidade e conquistar a credibilidade da populaccedilatildeo no que diz respeito a
prevenccedilatildeo de cataacutestrofes Para que a resposta a uma determinada situaccedilatildeo de risco seja
raacutepida eacute necessaacuterio a descentralizaccedilatildeo da Defesa Civil criando pequenos nuacutecleos
comunitaacuterios com a finalidade de se monitorar a aacuterea constantemente e promover as
intervenccedilotildees necessaacuterias em tempo haacutebil o que aumenta em muito a credibilidade da
populaccedilatildeo no PMRR e no trabalho desempenhado pela Defesa Civil no municiacutepio Apoacutes
esta etapa o PMRR passaraacute por audiecircncias puacuteblicas e posteriormente poderaacute ser aprovado
como Lei Municipal pelo Legislativo local (ALHEIROS 2006)
Com a realizaccedilatildeo deste plano o municiacutepio estaraacute munido de informaccedilotildees suficientes para
realizar accedilotildees efetivas de gestatildeo e gerenciamento de riscos bem como aliado a
levantamentos sociais realizar programas habitacionais que beneficiem prioritariamente
44
aos moradores das aacutereas de risco Aleacutem disso com o PMRR o municiacutepio poderaacute melhorar
a qualidade ambiental da populaccedilatildeo captando recursos para a recuperaccedilatildeo das aacutereas de
APP que foram degradadas pelas ocupaccedilotildees irregulares beneficiando todos os moradores
do municiacutepio com o aumento da qualidade de vida na cidade
A partir do disposto nesta seccedilatildeo acerca do Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos e de
uma maneira preliminar (levando-se em conta apenas o nuacutemero de registros de
alagamentos e deslizamentos na aacuterea urbana principal de Santos Dumont no periacuteodo de
1984 a 2014) identificou-se trecircs regiotildees distintas na aacuterea urbana do municiacutepio com
tempo de recorrecircncia desses eventos similares caracterizando trecircs prioridades de
intervenccedilatildeo em contenccedilatildeo de risco como pode ser visto nas figuras 515 e 516 Vale
ressaltar que eacute necessaacuterio um estudo mais detalhado inclusive com visitas teacutecnicas a
campo para que se confirme a real situaccedilatildeo destas e a real prioridade para investimentos
Figura 5 17 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de deslizamentos
Fonte Do Autor
45
Figura 5 18 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de alagamentos
Fonte Do Autor
46
6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees
A seguir apresenta-se as conclusotildees e as recomendaccedilotildees feitas a partir dos objetivos
especiacuteficos explicitados no iniacutecio deste trabalho
Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a
aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes
urbanos
A partir da revisatildeo da legislaccedilatildeo pertinente em acircmbito federal estadual e
municipal constatou-se que o Plano Diretor de Santos Dumont natildeo conflita com a
legislaccedilatildeo federal e estadual sobre Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente A legislaccedilatildeo
municipal foi entendida como mais conservadora que as federal e estadual uma
vez que considera implicitamente que declividades entre 47 e 100 satildeo
enquadradas como APPs aleacutem da faixa superior a 100
Parte consideraacutevel das ocupaccedilotildees em APP principalmente na regiatildeo do bairro
Santo Antocircnio (onde surgiu os primeiros nuacutecleos que deram origem ao municiacutepio)
e o centro da cidade ocorreram antes de que fosse elaborado qualquer legislaccedilatildeo
que versasse sobre o tema Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente bastando ao gestor
local tomar medidas de contenccedilatildeo de riscos que minimizem os impactos causados
por essas ocupaccedilotildees nessa regiatildeo
O ordenamento adequado do uso do solo no municiacutepio eacute necessaacuterio para que o
crescimento dos loteamentos criados anteriormente agrave esta Lei e o surgimento de
novos natildeo avance para Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente o que pode causar
inuacutemeros problemas aos moradores e agravar os jaacute existentes
Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las
com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)
As aacutereas onde houveram a maior quantidade de registros de deslizamentos satildeo os
bairros mais populosos de Santos Dumont podendo se estabelecer uma relaccedilatildeo
que quanto mais populoso o bairro maior a quantidade de problemas relacionados
a deslizamentos Tambeacutem pode-se notar uma relaccedilatildeo com as fronteiras das faixas
de declividades e os deslizamentos uma vez que boa parte deles aconteceram
nestas faixas
As aacutereas onde houve um grande nuacutemero de registros de alagamentos satildeo os bairros
que se desenvolveram agraves margens do Ribeiratildeo das Posses em especial na aacuterea que
47
compreende as APPs de curso hiacutedrico e em aacutereas onde a declividade eacute baixa Esse
fato aliado ao crescimento do nuacutemero de vias pavimentadas com material
impermeaacutevel e a natildeo expansatildeo e ou redimensionamento da rede de drenagem
urbana contribuiacuteram para a ocorrecircncia cada vez mais constante de alagamentos
nessas aacutereas
Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos
catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30
anos
A partir do levantamento histoacuterico realizado e da base de dados georeferenciada
gerada observou-se o aumento do nuacutemero de registros de deslizamentos e
alagamentos nos uacuteltimos 10 anos quando as ocorrecircncias comeccedilaram a se repetir
numa mesma aacuterea com frequecircncia incrementada as vezes com mais de uma
ocorrecircncia anual
Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do
solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental
Destaca-se a adequaccedilatildeo dos criteacuterios gerais estabelecidos pelo Plano Diretor de
Santos Dumont relativos a legislaccedilatildeo federal e estadual Entretanto o referido
Plano Diretor natildeo contempla todo o territoacuterio municipal sendo assim ele natildeo
cumpre o objetivo de proteger as APPs preservadas e recuperar as que foram
degradadas em todo o territoacuterio municipal Ressalta-se tambeacutem a sua natildeo
conformidade com o Estatuto das Cidades uma vez que o Plano Diretor
contempla apenas os novos loteamentos
Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais
negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea
impactada
Recomenda-se a implantaccedilatildeo no municiacutepio de uma Coordenadoria Municipal de
Defesa Civil atuante e integrada agraves Secretarias Municipais e agrave comunidade
visando uma atuaccedilatildeo eficaz nos problemas relacionados a deslizamentos e
alagamentos A elaboraccedilatildeo de um Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos eacute de
suma importacircncia pois atraveacutes dele pode-se predizer as aacutereas que passaratildeo por
problemas caso a expansatildeo aconteccedila ou se inicie uma ocupaccedilatildeo nova aleacutem de
prevenir acidentes nas aacutereas jaacute ocupadas e consideradas de risco
48
7 Anexos
49
71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont
50
51
72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)
52
53
8 Referecircncias Bibliograacuteficas
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da cidade de Satildeo Paulo O caso da subprefeitura da Seacute Trabalho de Graduaccedilatildeo UNESP
Rio Claro 2013
5
1 INTRODUCcedilAtildeO
Quando o ser humano deixou de seguir uma vida nocircmade e passou a se fixar em locais
em geral proacuteximos a cursos drsquoaacutegua e de aacutereas propicias ao cultivo de alimentos iniciou-
se o processo de implantaccedilatildeo de pequenas comunidades e quando estas comunidades
comeccedilaram a crescer natildeo soacute em quantidade mas tambeacutem do ponto de vista
organizacional deu-se iniacutecio a formaccedilatildeo das cidades tal como conhecemos hoje Como
resultado deste processo um sem-fim de problemas relacionados agrave estas ocupaccedilotildees
surgiram tanto de cunho ambiental quanto social e dentre estes problemas estatildeo
incluiacutedos os desastres naturais relacionados a deslizamentos e alagamentos por conta da
ocupaccedilatildeo em aacutereas natildeo adequadas a este fim
Nos uacuteltimos anos o Brasil tem vivenciado grandes trageacutedias relacionadas a deslizamentos
e alagamentos Uma boa parte destes eventos teve como fator agravante as ocupaccedilotildees
sem criteacuterio e sem orientaccedilatildeo teacutecnica Um exemplo recente aconteceu no Vale do Itajaiacute
em Santa Catarina em novembro de 2008 durante um periacuteodo com chuvas intensas em
que vaacuterias cidades entraram em situaccedilatildeo de calamidade puacuteblica devido ao grande nuacutemero
de casos de alagamento e graves deslizamentos de encostas causando a morte de vaacuterias
pessoas na regiatildeo No Estado do Rio de Janeiro em 2010 o Morro do Bumba em Niteroacutei
sofreu com um grave deslizamento que deixou um grande nuacutemero de mortos As casas
foram construiacutedas sobre um antigo lixatildeo sem nenhuma orientaccedilatildeo e com as intensas
chuvas que assolaram a regiatildeo naquela eacutepoca a encosta veio a baixo causando o desastre
Outra trageacutedia relevante aconteceu na regiatildeo Serrana do Rio de Janeiro que foi
considerada ateacute entatildeo a maior trageacutedia climaacutetica da histoacuteria do paiacutes com pouco mais de
500 mortos e um prejuiacutezo material incalculaacutevel no ano de 2011 Em comum a todos estes
fatos estaacute a falta de um planejamento efetivo por parte dos oacutergatildeos municipais no que diz
respeito ao disciplinamento do uso e ocupaccedilatildeo do solo e a fiscalizaccedilatildeo do cumprimento
da legislaccedilatildeo vigente
A cidade de Santos Dumont Minas Gerais natildeo eacute exceccedilatildeo a esta regra Como a grande
maioria das comunidades estabelecidas ao longo da Estrada Real a cidade surgiu como
um pequeno rancho cujo objetivo era servir de pouso para os viajantes que faziam o
transporte de pedras e metais preciosos das minas de Ouro Preto ateacute o Rio de Janeiro
Posteriormente a regiatildeo se desenvolveu como importante entreposto industrial e
comercial a partir da instalaccedilatildeo da ferrovia D Pedro II ateacute que no final do seacuteculo XIX
se transforma em vila e logo apoacutes em municiacutepio O desenvolvimento da regiatildeo implicou
tambeacutem no crescimento populacional e como naquela eacutepoca ainda natildeo havia uma
legislaccedilatildeo especiacutefica para ordenamento e uso do solo os loteamentos foram surgindo agraves
margens do Ribeiratildeo das Posses e em aacutereas cuja declividade natildeo era favoraacutevel agrave ocupaccedilatildeo
6
o que consequentemente acarretou deslizamentos de terra e alagamentos inclusive com
o registro de algumas trageacutedias ao longo dos anos
Pretende-se que este trabalho sirva como subsidio ao gestor puacuteblico local visando o
estabelecimento de poliacuteticas puacuteblicas integradas aos setores de meio ambiente e defesa
civil com vistas a garantir a seguranccedila de todos os muniacutecipes e a qualidade de vida em
todo o territoacuterio municipal
2 OBJETIVOS
21 Objetivo geral
O objetivo geral deste trabalho eacute contribuir para o estabelecimento de poliacuteticas puacuteblicas
direcionadas ao disciplinamento do uso e ocupaccedilatildeo do solo urbano no municiacutepio de
Santos Dumont
22 Objetivos especiacuteficos
Satildeo objetivos especiacuteficos
Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a
aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes
urbanos
Caracterizar o uso irregular do solo urbano em Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente
Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las
com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)
Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos
catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30
anos
Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do
solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental
7
Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais
negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea
impactada
3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
A seguir eacute apresentada a revisatildeo bibliograacutefica que fundamenta o desenvolvimento e o
pleno entendimento deste trabalho O conhecimento do que satildeo aacutereas de risco
alagamentos e deslizamentos bem como o que eacute e qual a importacircncia de um Plano Diretor
eacute de suma importacircncia para se avaliar como um municiacutepio estaacute se desenvolvendo e qual
a qualidade de vida dos muniacutecipes Tambeacutem satildeo abordados neste capiacutetulo os aspectos
legais referentes agraves Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente seus limites e sua importacircncia para
o ambiente urbano
31 Conceitos Fundamentais
311 Aacutereas de risco
De acordo com o Instituto de Pesquisas Tecnoloacutegicas ndash IPT entende-se como aacuterea de
risco aquela ldquopassiacutevel de ser atingida por fenocircmenos ou processos naturais eou induzidos
que causem efeito adverso As pessoas que habitam essas aacutereas estatildeo sujeitas a danos agrave
integridade fiacutesica perdas materiais e patrimoniaisrdquo (MINISTEacuteRIO DAS CIDADES
2007)
Para Augusto Filho et al (1990) apud Cristo (2002) aacuterea de risco eacute caracterizada como
aquela em que ldquose encontra em situaccedilatildeo de perigo tanto socialmente quanto
economicamente por conta de alguma alteraccedilatildeo na constituiccedilatildeo do terreno ou com grande
probabilidade de ocorrer processos naturaisrdquo
Segundo Fernandes (2012) aacutereas de risco ldquosatildeo aacutereas consideradas improacuteprias ao
assentamento humano por estarem sujeitas a riscos naturaisrdquo
Diante das definiccedilotildees supracitadas pode-se dizer que aacuterea de risco satildeo aacutereas susceptiacuteveis
agrave accedilatildeo de eventos naturais extremos e por esse motivo natildeo eacute viaacutevel agrave ocupaccedilatildeo humana
nestes locais e pode ou natildeo estar associados agrave proximidade ou nos limites de uma APP
8
312 Deslizamentos
Segundo Tominaga (2009) deslizamento eacute o movimento de solo em uma vertente pela
accedilatildeo da gravidade e satildeo mais frequentes em regiotildees de relevo montanhoso e em periacuteodos
chuvosos sendo a pluviosidade um dos principais fatores condicionantes para a ocorrecircncia
do processo Os deslizamentos podem ocorrer naturalmente e eacute grande responsaacutevel pela
dinacircmica das vertentes e evoluccedilatildeo do relevo local mas no Brasil a falta de planejamento
urbano de uma boa parte dos municiacutepios a ocupaccedilatildeo desordenada e a construccedilatildeo de
domiciacutelios sem orientaccedilatildeo teacutecnica tecircm transformado um processo natural em um
problema que algumas vezes se tornam grandes trageacutedias Na regiatildeo Sudeste brasileira o
escorregamento do tipo rotacional eacute o mais comum e eacute caracterizado por uma ruptura
curva no solo que estaacute geralmente associada agrave realizaccedilatildeo de cortes na base do talude ou
por processos erosivos fluviais o que relaciona esse tipo de escorregamento agraves regiotildees
urbanas mal planejadas e coloca o homem como o principal agente efetivo associado com
a pluviosidade na ocorrecircncia de acidentes relacionados com deslizamentos
(FERNANDES amp AMARAL 1996 apud TOMINAGA 2009)
313 Alagamentos
De acordo com Amaral amp Ribeiro (2009) inundaccedilotildees e enchentes satildeo processos
intimamente relacionados com a pluviosidade pois satildeo frequentes em periacuteodos de chuvas
fortes e raacutepidas ou chuvas de longa duraccedilatildeo e estatildeo relacionados agrave intensidade e
distribuiccedilatildeo da precipitaccedilatildeo ao longo da bacia agrave capacidade do solo de reter e infiltrar
aacutegua e agraves caracteriacutesticas de forma da bacia de drenagem
O escoamento das aacuteguas pluviais na natureza eacute lento mas em aacutereas urbanizadas a accedilatildeo
antroacutepica relacionada a ocupaccedilatildeo de planiacutecies de inundaccedilatildeo que podem estar inclusive
em uma cota abaixo do leito do rio impermeabilizaccedilatildeo do solo e retificaccedilatildeo de corpos
drsquoaacutegua aleacutem de inuacutemeras atividades que promovem o assoreamento dos rios e coacuterregos
tem gerado resultados catastroacuteficos e grandes prejuiacutezos (AMARAL amp RIBEIRO 2009)
Quando se refere agraves regiotildees urbanas o termo ldquoalagamentordquo eacute o mais utilizado e segundo
o Ministeacuterio das Cidades (2006) define-se como o ldquoacuacutemulo momentacircneo de aacuteguas em
uma dada aacuterea por problemas no sistema de drenagem podendo ter ou natildeo relaccedilatildeo com
processos de natureza fluvialrdquo Tambeacutem o termo ldquoenxurradardquo eacute utilizado e define-se como
o ldquoescoamento superficial concentrado e com alta energia de transporte que pode ou natildeo
estar associado a aacutereas de domiacutenio dos processos fluviais Eacute comum a ocorrecircncia de
enxurradas ao longo de vias implantadas sobre antigos cursos drsquoaacutegua com alto gradiente
hidraacuteulico e em terrenos com alta declividade naturalrdquo
9
314 Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente
O Novo Coacutedigo Florestal Brasileiro define Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP) como
ldquoaacuterea protegida coberta ou natildeo por vegetaccedilatildeo nativa com a funccedilatildeo ambiental de
preservar os recursos hiacutedricos a paisagem a estabilidade geoloacutegica e a biodiversidade
facilitar o fluxo gecircnico de fauna e flora proteger o solo e assegurar o bem-estar das
populaccedilotildees humanasrdquo (BRASIL2012) Estas aacutereas satildeo muito importantes tanto no meio
urbano como no rural por garantir a estabilidade do solo em encostas iacutengremes contribuir
para a natildeo formaccedilatildeo de processos erosivos e o assoreamento de rios e coacuterregos aleacutem de
garantir a recarga de aquiacuteferos ao atuar como um amortecedor de chuvas retendo-a e
impedindo que ocorra um carreamento intenso de sedimentos ao longo dos morros e
margens de rios e coacuterregos (SKORUPA 2004) A Lei 126512012 apresenta os tipos de
APP e seus limites conforme seraacute visto no item 322
315 Uso e ocupaccedilatildeo do solo
Dentre os vaacuterios mecanismos de ordenamento urbano e instrumentos de planejamento
municipal previsto no Estatuto da Cidade (Lei Federal 102572001) o uso e ocupaccedilatildeo
do solo satildeo os mais utilizados pelas cidades para a formulaccedilatildeo das poliacuteticas urbanas
podendo definir o uso como a forma como esta parcela do solo eacute utilizada e a ocupaccedilatildeo
como sendo o modo como as edificaccedilotildees devem ser dispostas nesta mesma parcela do
solo urbano (TAKEDA 2015) O termo ldquoUso e ocupaccedilatildeo do solordquo tambeacutem pode ser
definido como o fator que determina como as mais diferentes regiotildees de um municiacutepio
deve se desenvolver (FONTOURA 2015)
A inserccedilatildeo de leis municipais de uso e ocupaccedilatildeo do solo objetivam ser uma referecircncia
para os gestores locais no processo de tomada de decisatildeo para que as cidades cresccedilam de
modo organizado enfatizando os potenciais e capacidades de cada regiatildeo aleacutem de tornar
o crescimento mais homogecircneo Com isso pretende-se evitar a formaccedilatildeo de grandes
adensamentos em pequenas aacutereas garantindo a mobilidade e a qualidade de vida de todos
os muniacutecipes tanto da regiatildeo urbana como da rural preservar e melhorar a qualidade
ambiental do municiacutepio aleacutem de evitar deslizamentos e alagamentos por conta da
ocupaccedilatildeo incorreta do solo (TAKEDA 2015)
10
32 Legislaccedilatildeo Pertinente
321 As adequaccedilotildees da legislaccedilatildeo ao longo dos anos
A problemaacutetica relacionada agraves APPs em aacutereas urbanas outrora era uma questatildeo complexa
e demandava uma larga discussatildeo do ponto de vista juriacutedico administrativo e teacutecnico Eacute
sabido que a maioria das cidades se formaram proacuteximos aos corpos hiacutedricos regiatildeo que
garantia o abastecimento de aacutegua e alimentos agrave populaccedilatildeo e tambeacutem facilitava o descarte
dos efluentes A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 225 daacute garantia aos
brasileiros de um meio ambiente em equiliacutebrio e concede agrave toda a sociedade o dever de
preservaacute-lo de acordo com os princiacutepios do desenvolvimento sustentaacutevel (BRASIL
1988) Antes desta Constituiccedilatildeo jaacute havia um texto que regulamentava a questatildeo da
preservaccedilatildeo de aacutereas verdes em todo o territoacuterio nacional A Lei Federal nordm 477165 que
trata do Coacutedigo Florestal estabelecia limites e regulamentava as Aacutereas de Preservaccedilatildeo
Permanente De acordo com Arauacutejo (2002) apud De Moraes (2014) essa Lei que fora
revogada e substituiacuteda pela Lei 126512012 era bastante falha no que diz respeito agraves
questotildees de APPS em aacutereas urbanas o que poderia ser um facilitador do natildeo cumprimento
do que foi proposto por aquela legislaccedilatildeo nestas aacutereas Isso se devia ao fato de o Coacutedigo
Florestal de 1965 ter deixado uma duacutevida sobre qual legislaccedilatildeo seguir uma vez que em
seu segundo artigo no paraacutegrafo uacutenico estava disposto que em aacutereas urbanas devia-se
atentar para a legislaccedilatildeo referente ao Plano Diretor e as referentes ao uso do solo na aacuterea
do municiacutepio (BRASIL 1965) Diante dessa conjuntura alguns municiacutepios optavam pela
natildeo aplicaccedilatildeo do Coacutedigo Florestal na regiatildeo urbana mesmo sabendo que a poliacutetica
conservacionista eacute extremamente importante visto o grande nuacutemero de problemas que
podem advir do uso irregular das APPs (DE MORAES 2009) Segundo o artigo 182 da
Constituiccedilatildeo Federal de 1988 as poliacuteticas relacionadas ao desenvolvimento urbano
devem ser elaboradas pelos municiacutepios e objetiva garantir o bem estar dos muniacutecipes e
tambeacutem o desenvolvimento do municiacutepio como um todo atraveacutes do atendimento agraves
exigecircncias do Plano Diretor (BRASIL 1988) O que podia gerar alguma divergecircncia seria
se o Plano Diretor Municipal propusesse uma faixa de APP menor que a prevista pelo
Coacutedigo Florestal Sendo assim essa legislaccedilatildeo perderia sua validade pelo fato de a
legislaccedilatildeo federal ser suplementar ou se seria cumprida devido ao disposto no artigo 182
da Constituiccedilatildeo Segundo De Moraes (2009) natildeo eacute aceitaacutevel que o Plano Diretor
Municipal legitime tal degradaccedilatildeo ambiental uma vez que um dos seus principais
objetivos eacute a proteccedilatildeo do bem estar puacuteblico estando incluiacutedo nesse a proteccedilatildeo do
ambiente natural A delimitaccedilatildeo e especificaccedilatildeo das APPs em Lei eacute necessaacuteria uma vez
que os limites miacutenimos destinados agrave preservaccedilatildeo satildeo importantes pois garantem a
proteccedilatildeo tanto da qualidade quanto da quantidade dos recursos hiacutedricos e evitam a
ocupaccedilatildeo em locais propiacutecios aos deslizamentos e zonas de recarga dos aquiacuteferos
11
subterracircneos assegurando tambeacutem de certa forma a integridade dos seres humanos que
potencialmente ocupariam tais locais (CARVALHO 2013)
Neste trabalho a legislaccedilatildeo tomada como referecircncia eacute a prevista pela Constituiccedilatildeo Federal
de 1988 o Novo Coacutedigo Florestal (Lei 126512012) e o Estatuto das Cidades (Lei
102572001) em acircmbito federal Na esfera estadual a Lei 209222013 versa sobre os
limites para APP em todo o territoacuterio de Minas A Lei Municipal 42412012 trata do
Plano Diretor Municipal da cidade de Santos Dumont onde se encontra as diretrizes para
o uso e ocupaccedilatildeo do solo e o zoneamento da cidade de acordo com as caracteriacutesticas do
solo entre outras
322 O Novo Coacutedigo Florestal e a legislaccedilatildeo mineira
O Novo Coacutedigo Florestal Lei Federal 126512012 substituiu a Lei Federal 47711965
Dentre os vaacuterios artigos que esta lei possui o que apresenta maior importacircncia para o
planejamento e o ordenamento das cidades tanto na aacuterea urbana como na rural eacute o artigo
4ordm em que constam as faixas de APP tanto para curso hiacutedrico como para declividade e
altitude aleacutem dos topos de morro a saber (BRASIL2012)
ldquoArt 4ordm Considera-se Aacuterea de Preservaccedilatildeo
Permanente em zonas rurais ou urbanas para os
efeitos desta Lei
I - as faixas marginais de qualquer curso drsquoaacutegua
natural perene e intermitente excluiacutedos os
efecircmeros desde a borda da calha do leito regular
em largura miacutenima de
a) 30 (trinta) metros para os cursos drsquoaacutegua de
menos de 10 (dez) metros de largura
b) 50 (cinquenta) metros para os cursos drsquoaacutegua
que tenham de 10 (dez) a 50 (cinquenta) metros de
largura
()
IV - as aacutereas no entorno das nascentes e dos olhos
drsquoaacutegua perenes qualquer que seja sua situaccedilatildeo
topograacutefica no raio miacutenimo de 50 (cinquenta)
metros
12
V - as encostas ou partes destas com declividade
superior a 45deg equivalente a 100 (cem por
cento) na linha de maior declive
()
IX - no topo de morros montes montanhas e
serras com altura miacutenima de 100 (cem) metros e
inclinaccedilatildeo meacutedia maior que 25deg as aacutereas
delimitadas a partir da curva de niacutevel
correspondente a 23 (dois terccedilos) da altura
miacutenima da elevaccedilatildeo sempre em relaccedilatildeo agrave base
sendo esta definida pelo plano horizontal
determinado por planiacutecie ou espelho drsquoaacutegua
adjacente ou nos relevos ondulados pela cota do
ponto de sela mais proacuteximo da elevaccedilatildeo
X - as aacutereas em altitude superior a 1800 (mil e
oitocentos) metros qualquer que seja a
vegetaccedilatildeo
()rdquo
A legislaccedilatildeo atual em seu artigo 4ordm evidencia que as faixas e aacutereas determinadas como
APP compreendem tanto as aacutereas rurais quanto urbanas (BRASIL 2012) retirando a
duacutevida anterior e sendo essa a Lei suplementar qualquer faixa de APP mais permissiva
na legislaccedilatildeo estadual e municipal satildeo invaacutelidas o que simplificou de certa forma a
aplicabilidade da Legislaccedilatildeo referente a Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente
No Estado de Minas Gerais a Lei Estadual 20922 de 16 de Outubro de 2013 trata do tema
em acircmbito estadual mas com os mesmos princiacutepios propostos pela Lei Federal sendo os
limites miacutenimos previstos para as APPs os mesmos propostos pelo Novo Coacutedigo
Florestal brasileiro (MINAS GERAIS2013)
ldquo Art 9ordm Para os efeitos desta Lei em zonas rurais
ou urbanas satildeo APPs
I as faixas marginais de cursos drsquoaacutegua naturais
perenes e intermitentes excluiacutedos
os efecircmeros medidas a partir da borda da calha
do leito regular em largura miacutenima de
13
a) 30m (trinta metros) para os cursos drsquoaacutegua de
menos de 10m (dez metros) de largura
b) 50m (cinquenta metros) para os cursos drsquoaacutegua
de 1 0m (dez metros) a 50m (cinquenta metros) de
largura
()
IV as aacutereas no entorno das nascentes e dos olhos
drsquoaacutegua perenes no raio miacutenimo de 50m
(cinquenta metros)
V as encostas ou partes destas com declividade
superior a 45ordm (quarenta e cinco graus)
equivalente a 100 (cem por cento) na linha de
maior declive
()
VII no topo de morros montes montanhas e
serras com altura miacutenima de 100m (cem metros)
e inclinaccedilatildeo meacutedia maior que 25ordm (vinte e cinco
graus) as aacutereas delimitadas a partir da curva de
niacutevel correspondente a 23 (dois terccedilos) da altura
miacutenima da elevaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave base sendo esta
definida pelo plano horizontal determinado por
planiacutecie ou espelho drsquoaacutegua adjacente ou nos
relevos ondulados pela cota do ponto de sela mais
proacuteximo da elevaccedilatildeo
VIII as aacutereas em altitude superior a 1 800m (mil
e oitocentos metros)
()rdquo
323 O Plano Diretor
O Estatuto das Cidades em seu artigo 40 prevecirc o plano diretor como um instrumento
capaz de promover a poliacutetica urbana englobando toda a cidade aleacutem de fornecer padrotildees
e limites para o uso do solo nas mais diversas regiotildees do municiacutepio com vistas a
harmonizar o desenvolvimento urbano com a preservaccedilatildeo do meio ambiente (SILVA JR
2006) Este instrumento eacute obrigatoacuterio para cidades com mais de 20 mil habitantes ou
14
aacutereas que integrem regiotildees metropolitanas ou de interesse turiacutestico O artigo 41 do
Estatuto das cidades tambeacutem prevecirc a obrigatoriedade do Plano Diretor para cidades que
possuem em sua aacuterea empreendimentos que caracterizem grandes impactos ambientais
de influecircncia regional ou nacional e cidades que possuem problemas com deslizamentos
de grande magnitude ou alagamentos repentinos (BRASIL 2001)
O Plano diretor de acordo com o Estatuto das Cidades deve ser aprovado como lei em
acircmbito municipal e revisto a cada dez anos Este documento eacute uacutenico pois cada cidade
possui suas peculiaridades infraestrutura vocaccedilotildees e problemas que por mais que sejam
parecidos entre si satildeo diferenciados pela intensidade e pela regionalizaccedilatildeo Sendo assim
a confecccedilatildeo do Plano Diretor deve conter a participaccedilatildeo de toda a comunidade local de
forma a reduzir as desigualdades sociais os gastos puacuteblicos desnecessaacuterios a degradaccedilatildeo
ambiental e combater os problemas relacionados a urbanizaccedilatildeo de forma conjunta
promovendo um processo de tomada de decisatildeo que garanta a qualidade de vida
preservaccedilatildeo e o desenvolvimento social do municiacutepio como um todo (ROSSBACH amp
CARVALHO 2010)
3231 O Plano Diretor de Santos Dumont
A Lei Municipal nordm 424112 que entrou em vigor no ano de 2014 trata do Plano Diretor
Municipal instrumento previsto no Estatuto das Cidades para garantir aos cidadatildeos um
desenvolvimento urbano organizado justo e sustentavelmente econocircmico (BRASIL
2001) Aleacutem de apontar as diretrizes para a elaboraccedilatildeo da Poliacutetica Municipal dos mais
variados setores o Plano Diretor divide o municiacutepio em macrozonas urbanas e rurais
Estas zonas tecircm por objetivo facilitar a identificaccedilatildeo dos setores que permitem ou natildeo o
desenvolvimento da cidade e em que magnitude pode ser feita a expansatildeo respeitando ao
meio ambiente e tambeacutem o que eacute previsto no tocante ao uso e ocupaccedilatildeo do solo nessas
aacutereas Aleacutem disso ela estabelece a forma como devem ser as edificaccedilotildees nas referidas
aacutereas As aacutereas definidas como macrozonas urbanas e foram subdivididas em (SANTOS
DUMONT2012)
ldquoZona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e
da Paisagem (ZPPH) satildeo as aacutereas cujos
equipamentos urbanos possuem interesse
histoacuterico ou paisagiacutestico de preservaccedilatildeo
Zona de Preservaccedilatildeo Ambiental satildeo aquelas em
que devem ser mantidas ou recuperadas a
15
vegetaccedilatildeo por conta da declividade altitude ou
presenccedila de recursos hiacutedricos
Zona de Adensamento Controlado (ZAC) satildeo as
aacutereas em que deve-se manter uma pequena
densidade populacional devido as limitaccedilotildees na
infraestrutura da localidade A ZAC se divide em
ZAC 1 quando a infraestrutura existente eacute
limitada e em ZAC 2 quando esta eacute precaacuteria ou
natildeo existe
Zona de Consolidaccedilatildeo de Adensamento (ZCA)
satildeo as aacutereas em que haacute interesse em ocupar os
lotes vagos haja visto que a regiatildeo possui toda a
infraestrutura para que isto aconteccedila
Zona Adensaacutevel (ZA) satildeo as aacutereas com
condiccedilotildees propiacutecias para ocorrer uma ocupaccedilatildeo
mais densa
Zona Especial de Interesse Social (ZEIS) satildeo as
aacutereas em que o Poder Puacuteblico almeja fazer
alguma forma de ocupaccedilatildeo Eacute dividida em ZEIS 1
e ZEIS 2 A ZEIS 1 satildeo regiotildees jaacute ocupadas mas
de forma irregular cujo interesse puacuteblico eacute
realizar obras e outras atividades para
regularizar as ocupaccedilotildees e urbanizar a aacuterea
enquanto que a ZEIS 2 satildeo aacutereas natildeo utilizadas ou
subutilizadas as quais o poder puacuteblico almeja
realizar algum empreendimento habitacional de
caraacuteter social
Zona de Grandes Equipamentos (ZE) satildeo aacutereas
cujo o interesse eacute a implantaccedilatildeo de
empreendimentos de grande porte ou grandes
equipamentos puacuteblicosrdquo
Esta divisatildeo espacial pode ser melhor vista no Anexo 71
O Plano Diretor natildeo estipula limites para APP mas prevecirc algumas diretrizes como na
Poliacutetica Municipal de Preservaccedilatildeo do Meio Ambiente sobre o uso do solo em
compatibilidade com praacuteticas conservacionistas A Poliacutetica Municipal de Expansatildeo
16
Urbana tem como uma de suas diretrizes fazer cumprir a legislaccedilatildeo vigente no que diz
respeito agraves intervenccedilotildees e investimentos que poderatildeo ser feitos nessas aacutereas Tambeacutem eacute
diretriz da mesma Poliacutetica o controle da ocupaccedilatildeo e do uso do solo em APPs e o auxiacutelio
aos oacutergatildeos estaduais e federais de meio ambiente no tocante agrave fiscalizaccedilatildeo da ocupaccedilatildeo
nestas aacutereas (SANTOS DUMONT 2012) O artigo 38 que trata das diretrizes da Poliacutetica
habitacional de interesse social exclui do processo de regularizaccedilatildeo fundiaacuteria os
assentamentos situados em aacutereas de risco o que na maioria das vezes estatildeo tambeacutem nas
aacutereas que deveriam estar vegetadas e protegidas (SANTOS DUMONT 2012) Na
legislaccedilatildeo referente ao parcelamento do solo eacute previsto que no parcelamento de glebas
com declividade entre 30 e 47 soacute poderaacute ser aprovado mediante projeto e laudo
assinado por um responsaacutevel teacutecnico favoraacutevel agrave construccedilatildeo nesse local (SANTOS
DUMONT 2012) Diante do proposto pelo Plano Diretor de Santos Dumont pode-se
dizer que natildeo haacute conflito com a legislaccedilatildeo federal e estadual em se tratando da
aplicabilidade do Coacutedigo Florestal uma vez que aquele natildeo explicita limites nem
permissivos e tampouco restritivos para faixas e aacutereas de preservaccedilatildeo permanente
33 O Municiacutepio de Santos Dumont
331 De Arraial a cidade
A aacuterea onde se situa hoje o municiacutepio de Santos Dumont teve sua ocupaccedilatildeo iniciada no
seacuteculo XVIII quando a Coroa Portuguesa solicitou ao entatildeo Governador do Rio de
Janeiro Artur de Saacute Menezes que abrisse um caminho que ligasse as Minas dos
Cataguases na regiatildeo de Ouro Preto (receacutem descobertas) ao Rio de Janeiro por onde
escoava os metais preciosos para a metroacutepole Surgiu assim o ldquoCaminho Novordquo e ao longo
deste caminho surgiram tambeacutem as Sesmarias aacutereas que tinham por principal objetivo
servir de pouso aos transportadores e exploradores e tambeacutem para garantir alimento a
estas pessoas Uma destas ocupaccedilotildees seria o ldquoArraial de Joatildeo Gomesrdquo (Figura 41)
primeiro nuacutecleo primitivo do municiacutepio em 1709 De iniacutecio prevaleciam somente
ranchos onde os viajantes se abrigavam mas em pouco tempo ergueu-se a Capela de Satildeo
Miguel e Almas e pequenos nuacutecleos urbanos comeccedilaram a surgir (DAPPC2008)
17
Figura 3 1 Vista parcial do Arraial de Joatildeo Gomes
Fonte Arquivo Histoacuterico de Santos Dumont-MG
Com a construccedilatildeo da Estrada de Ferro D Pedro II no final do seacuteculo XIX a regiatildeo teve
um consideraacutevel crescimento natildeo soacute populacional como tambeacutem econocircmico se tornando
a Vila Palmyra em 1889 Em 1890 Palmyra eacute elevada ao status de Municiacutepio (Figura 42)
e recebe um grande nuacutemero de melhorias no setor viaacuterio como a retificaccedilatildeo de ruas e
tambeacutem no setor de serviccedilos puacuteblicos como abastecimento de aacutegua iluminaccedilatildeo puacuteblica a
querosene e posteriormente energia eleacutetrica O desenvolvimento econocircmico na regiatildeo
tambeacutem teve seu momento aacuteureo nesse periacuteodo Induacutestrias de laticiacutenios graacuteficas e de
Carbureto de Caacutelcio fizeram parte do parque industrial de Palmyra o que atraiacutea pessoas
de outros lugares inclusive estrangeiros contribuindo para o aumento populacional da
regiatildeo Como ainda natildeo havia legislaccedilatildeo sobre uso e ocupaccedilatildeo do solo nessa eacutepoca
surgiram inuacutemeros loteamentos em aacutereas proacuteximas agrave rios e coacuterregos e tambeacutem em
encostas com declividade acentuada o que foi agravando o risco agrave medida que a ocupaccedilatildeo
aumentava (DAPPC2008)
18
Figura 3 2 Municiacutepio de Palmyra na deacutecada de 1920
Fonte Arquivo Histoacuterico de Santos Dumont-MG
O escoamento da produccedilatildeo industrial se dava pelo modal ferroviaacuterio setor que tambeacutem
movimentava a crescente cidade que era ponto importante no setor de transportes pois
possuiacutea um dos mais bem equipados depoacutesitos de locomotivas da Estrada de Ferro Central
do Brasil (DAPPC2008)
No ano de 1932 o municiacutepio de Palmyra passou a se chamar Santos Dumont (Figura 43)
em homenagem ao inventor do aviatildeo que nascera naquela cidade Nos uacuteltimos 40 anos
Santos Dumont tem experimentado uma acentuada desaceleraccedilatildeo econocircmica
consequecircncia do fechamento da grande maioria das induacutestrias principalmente as de
laticiacutenios que empregavam direta e indiretamente uma parte consideraacutevel da populaccedilatildeo
(DAPPC2008)
19
Figura 3 3 Municiacutepio de Santos Dumont em 2014
Fonte Arquivo do autor
332 Santos Dumont na atualidade
O municiacutepio de Santos Dumont localiza-se na regiatildeo da Zona da Mata mineira distante
cerca de 220 Km da capital Belo Horizonte e possui uma populaccedilatildeo de 47558 habitantes
(ODM 2015 projeccedilatildeo) numa aacuterea total de 637 kmsup2 Faz divisa com os municiacutepios de
Juiz de Fora Oliveira Fortes Bias Fortes Antocircnio Carlos Tabuleiro Piau e Ewbank da
Cacircmara
No que diz respeito agrave sua formaccedilatildeo fisiacuteco-geograacutefica a aacuterea que compreende o municiacutepio
eacute constituiacuteda predominantemente por Cambissolo Haacuteplico (70) com Latossolo
Vermelho-Amarelo (30) (UFV2010) A vegetaccedilatildeo eacute em sua maioria composta por
exemplares de Mata Atlacircntica De acordo com o IBGE(2015) Santos Dumont se localiza
a 839m de altitude O clima da regiatildeo eacute classificado como Tropical de Altitude (Cwb) e
possui uma temperatura meacutedia de 20ordmC Eacute banhado pela bacia hidrograacutefica do Paraiacuteba do
Sul e em sua maioria pertence agrave sub-bacia do Rio Pomba (IGAM) que fornece aacutegua para
abastecimento puacuteblico agrave 88 da populaccedilatildeo por meio da rede de distribuiccedilatildeo
(IBGE2010) Uma pequena parte da zona rural a sudoeste eacute banhada pela Sub-Bacia do
Rio Paraibuna mais precisamente na regiatildeo de fronteira com os municiacutepios de Juiz de
Fora e Ewbank da Cacircmara O sistema viaacuterio principal de acesso agrave cidade eacute a rodovia BR-
040 e a estrada de ferro Dom Pedro II atualmente utilizada somente para transporte de
cargas
Com a economia nos dias atuais baseada majoritariamente no setor de serviccedilos a cidade
possui um Iacutendice de Desenvolvimento humano (IDH) de 0741 (IBGE2010) Apesar do
decliacutenio econocircmico de Santos Dumont nota-se hoje um aumento no nuacutemero de
loteamentos populares e condomiacutenios horizontais e verticais entre outras edificaccedilotildees Eacute
de vital importacircncia que esse crescimento das ocupaccedilotildees seja ordenado e regulamentado
20
de forma a garantir a qualidade ambiental prevenindo deslizamentos e inundaccedilotildees Diante
dessa conjuntura o governo municipal aprovou em 2012 a Lei nordm 4241 que trata do Plano
Diretor Participativo instrumento baacutesico da poliacutetica de desenvolvimento e expansatildeo
urbana do municiacutepio de Santos Dumont
4 METODOLOGIA
41 Aacuterea de estudo
A regiatildeo dentro dos limites do municiacutepio que seraacute estudada neste trabalho eacute conforme
descrito nos anexos Plano Diretor e representada na figura 44 a aacuterea urbana principal
que possui 47 Kmsup2 e compreende a regiatildeo central da cidade e os bairros perifeacutericos regiatildeo
que concentra cerca de 90 da populaccedilatildeo total de Santos Dumont (IBGE 2015) A aacuterea
urbana principal representa 75 da aacuterea total dos 637 Kmsup2 que compreendem o
municiacutepio e eacute o local onde nos uacuteltimos 30 anos se verificou um maior crescimento
populacional e tambeacutem onde ocorre a maioria dos eventos relacionados a deslizamentos
e alagamentos por conta da ocupaccedilatildeo sem planejamento A figura 45 mostra a aacuterea
urbana principal e a localizaccedilatildeo dos bairros urbanos de Santos Dumont
Figura 4 1 Localizaccedilatildeo da aacuterea urbana principal
Fonte Google Earth
21
Figura 4 2 Mapa da aacuterea urbana principal com a localizaccedilatildeo dos bairros
Fonte Do Autor
42 Levantamento e tratamento dos dados
No desenvolvimento deste trabalho foi necessaacuterio se fazer um estudo detalhado sobre o
Plano Diretor de Santos Dumont principalmente dos seus anexos que compreendem os
mapas e a localizaccedilatildeo das aacutereas definidas pelo zoneamento proposto Para que isso fosse
possiacutevel a Secretaria Municipal de Obras e Serviccedilos Puacuteblicos forneceu todos os dados
secundaacuterios produto do estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor e do
zoneamento Estes dados incluem os arquivos Shapefile (shp) e outros documentos
integrantes do Plano Diretor Algumas informaccedilotildees foram complementadas tambeacutem com
dados adquiridos atraveacutes do site do IBGE e do Portal Objetivos do Milecircnio (ODM)
Os dados sobre as ocorrecircncias de deslizamentos e alagamentos foram obtidos atraveacutes da
Defesa Civil do municiacutepio atraveacutes do Sistema Integrado de Informaccedilotildees sobre Desastres
(S2ID) do Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional Tal sistema centraliza as informaccedilotildees sobre
desastres naturais ocorridos em todo o territoacuterio nacional facilitando a pesquisa sobre tais
eventos a qualquer cidadatildeo (BRASIL 2015)
Apesar do sistema ser bastante uacutetil os dados sobre o municiacutepio de Santos Dumont se
encontravam bastante falhos e escassos sendo necessaacuteria complementaccedilatildeo para que a
22
base de dados ficasse consistente Diante disso uma pesquisa atraveacutes dos arquivos do
Jornal Mensagem um jornal semanaacuterio local foi feita entre os anos de 1984 e 2014 e os
dados primaacuterios filtrados em uma planilha do Microsoft Excel para posterior utilizaccedilatildeo
De posse destes dados foi feita a localizaccedilatildeo em campo das coordenadas dos locais
atingidos por deslizamentos e alagamentos no periacuteodo compreendido pela pesquisa com
o auxiacutelio de um aparelho de GPS
A maioria dos arquivos shapefile utilizados para a confecccedilatildeo dos mapas satildeo parte
integrante dos anexos da Lei do Plano diretor do municiacutepio gerados no mecircs de dezembro
de 2011 pelo Instituto Nova Cidade e foram cedidos pela Secretaria Municipal de Obras
e Serviccedilos Puacuteblicos com Datum em UTM SAD 69 Com a finalidade de fornecer um
referenciamento atualizado e de acordo com os mais novos sistemas de coordenadas
utilizados no Brasil os arquivos foram convertidos para o Datum UTM SIRGAS 2000
que diferencia do SAD 69 pelo fato de ser um referencial geocecircntrico ou seja o centro
da Terra eacute o ponto de referecircncia neste sistema enquanto que o primeiro utiliza um
referencial na superfiacutecie da Terra (IBGE2014) Eacute interessante ressaltar tambeacutem que o
SIRGAS 2000 se tornou no ano de 2014 o sistema de coordenadas oficial do Sistema
Geodeacutesico Brasileiro e do Sistema Cartograacutefico Nacional ambos mantidos pelo IBGE A
combinaccedilatildeo dos shapefiles foi feita com o software livre gvSIG e com estas combinaccedilotildees
foram gerados mapas importantes resultados para a execuccedilatildeo deste trabalho A maioria
dos mapas representam a regiatildeo urbana principal de Santos Dumont e foram produzidos
numa escala em torno de 140000 que de acordo com Rocha (2007) eacute uma escala viaacutevel
pois as recomendaacuteveis para trabalhos de anaacutelise ambiental em niacutevel municipal podem ser
entre 150000 e 110000 Alguns mapas cujo detalhamento natildeo eacute necessaacuterio foram
gerados na escala 1100000
Para a geraccedilatildeo dos mapas aleacutem dos arquivos fornecidos pela Secretaria de Obras e
Serviccedilos Puacuteblicos foram utilizados para a geraccedilatildeo do modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE)
e da localizaccedilatildeo dos topos de morro dados gerados pelo sistema de radar Advanced
Spacebone Thermal Emission and Reflection Radiometer (ASTER) que geram as curvas
de niacutevel do terreno com uma resoluccedilatildeo de 30m (NASA2014) O processamento dessas
imagens foi feito pelo software livre gvSIG As imagens geradas pelos sateacutelites
LANDSAT foram adquiridas no site da United States Geological Survey (USGS) e essas
imagens possibilitaram obter um panorama preciso do uso do solo em toda a aacuterea urbana
de Santos Dumont numa resoluccedilatildeo de 15 metros uma vez que foi utilizada a banda
pancromaacutetica do sateacutelite LANDSAT 8 aleacutem da combinaccedilatildeo das bandas 65 e 4
respectivamente que eacute a combinaccedilatildeo recomendada pela mantenedora dos sateacutelites para
anaacutelises deste tipo
23
No que diz respeito a identificaccedilatildeo de APPs em topo de morro a metodologia de Oliveira
amp Fernandes Filho (2013) por utilizar as mesmas bases de dados ateacute entatildeo usadas neste
trabalho foi a mais indicada
A metodologia de anaacutelise dos mapas gerados eacute a proposta pelo professor Jorge Xavier da
Silva do Laboratoacuterio de Geoprocessamento (LAGEOP) da Universidade Federal do Rio
de Janeiro e citada por Rocha (2007) Tal metodologia analisa as variaacuteveis em questatildeo
presentes na aacuterea e permite avaliar as possibilidades de relaccedilotildees entre essas variaacuteveis De
uma maneira geral este meacutetodo verifica o estado atual da aacuterea em estudo bem como das
variaacuteveis gerando inventaacuterios que servem para a construccedilatildeo de dados planimeacutetricos sejam
com as variaacuteveis isoladas ou combinadas Estes dados planimeacutetricos geram assinaturas
que permitem inferir sobre a influecircncia dessas variaacuteveis De posse dos dados gerados pelo
processo anteriormente citado pode-se fazer algumas prospecccedilotildees sobre os riscos
ambientais que a aacuterea pode sofrer ou o seu potencial ambiental (ROCHA 2007)
5 RESULTADOS
51 Levantamento histoacuterico de alagamentos e
deslizamentos
O aumento da demanda pelo uso do solo na regiatildeo urbana de Santos Dumont
principalmente no tocante agrave formaccedilatildeo de novos loteamentos e condomiacutenios nos uacuteltimos
anos eacute consideraacutevel mas tambeacutem haacute de se observar o crescimento dos bairros jaacute existentes
com pouco ou nenhum ordenamento Em ambos os casos se observa ocupaccedilotildees
irregulares em APP o que tem ocasionado um aumento na frequecircncia de deslizamentos
e inundaccedilotildees Eacute evidente que quanto maior a densidade populacional do bairro maior a
quantidade de ocorrecircncias ao longo dos anos (SPERFELD 2009)
De acordo com as ocorrecircncias registradas pela Defesa Civil do municiacutepio obtidas atraveacutes
da literatura utilizada nos uacuteltimos 30 anos Santos Dumont chegou a decretar situaccedilatildeo de
emergecircncia por conta de desastres envolvendo deslizamentos eou alagamentos por duas
vezes num espaccedilo de 10 anos conforme pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho
(BRASIL 2014 CEPED 2011)
Segundo os dados obtidos atraveacutes de pesquisa nos arquivos do semanaacuterio entre os anos
de 1984 e 2014 pode-se verificar que nos uacuteltimos 20 anos a cidade tem experimentado
24
um aumento consideraacutevel nos eventos relacionados a deslizamentos e principalmente
alagamentos como pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho Isso pode ter sido causado
dentre outros fatores pelo aumento do nuacutemero de vias pavimentadas com material
impermeaacutevel o que tem sobrecarregado tanto a infraestrutura existente para drenagem
urbana como tambeacutem a calha dos cursos drsquoaacutegua que passam pela regiatildeo urbana do
municiacutepio (ZANON2013)
Na deacutecada de 1980 (1984-1990) de acordo com os dados obtidos natildeo foram noticiados
eventos consideraacuteveis relacionados a deslizamentos e alagamentos em Santos Dumont
mas isso natildeo exclui a possibilidade de natildeo ter ocorrido tais eventos em menor escala
Na deacutecada de 1990 aconteceram uma seacuterie de ocorrecircncias tanto de deslizamentos quanto
de alagamentos No ano de 1997 num periacuteodo chuvoso intenso aconteceram
deslizamentos consideraacuteveis em vaacuterios bairros da cidade inclusive com desabamento de
casas e de ruas principalmente nos bairros Nossa Senhora da Gloacuteria e Quarto Depoacutesito
Em 1999 ocorreram alguns pontos de alagamento nos bairros Quarto Depoacutesito e Santo
Antocircnio com grandes prejuiacutezos materiais
A deacutecada de 2000 iniciou com o registro de deslizamentos em vaacuterios bairros da cidade
inclusive com desabamento de casas e pontes e alagamentos em importantes vias do
centro da cidade Observa-se ao longo desse periacuteodo o crescimento nas ocorrecircncias de
deslizamentos e de aacutereas com risco de deslizamento em muitos bairros de Santos Dumont
Um dos fatores importantes para esse crescimento foi a grande expansatildeo sofrida pela
maioria dos bairros e a falta de planejamento e orientaccedilatildeo por parte da prefeitura uma
vez que uma boa parte do crescimento dos bairros da cidade ocorreu ou proacuteximo a cursos
drsquoaacutegua ou em aacutereas com declividade improacutepria para se fazer construccedilotildees O bairro
Coacuterrego do Ouro (Figura 51) foi o que mais sofreu com ocorrecircncias de deslizamentos
nesse periacuteodo enquanto o bairro Santo Antocircnio foi que teve mais ocorrecircncias de
alagamentos
25
Figura 5 1 Deslizamento no bairro Coacuterrego do Ouro
Fonte Portal Cabangu
No iniacutecio deacutecada de 2010 (2011-2014) o centro da cidade foi a regiatildeo que mais sofreu
com alagamentos sendo registrado pelo menos uma ocorrecircncia por ano nessa aacuterea (Figura
52) Isso pode ser relacionado dentre outros fatores com as obras de modificaccedilatildeo do
tipo de pavimentaccedilatildeo das estradas por um material impermeaacutevel gerando uma sobrecarga
nos sistemas de drenagem urbana que foram projetados para um tipo de pavimento mais
permeaacutevel implicando tambeacutem na sobrecarga calha do Ribeiratildeo das Posses o principal
curso drsquoaacutegua que corta o centro da cidade e que se encontra em quase sua totalidade
ocupada em ambas as margens que cortam o centro da cidade
26
Figura 5 2 Alagamento na regiatildeo central de Santos Dumont em 2013
Fonte Portal Cabangu
Quanto agraves ocorrecircncias de deslizamento ao longo da referida deacutecada elas estiveram
espalhadas pelos bairros do municiacutepio tendo um maior nuacutemero de ocorrecircncias nos bairros
Santo Antocircnio Nossa Senhora da Gloacuteria e Aacutegua Espraiada Nos dois primeiros bairros
citados as ocorrecircncias podem ter sido ocasionadas pelo crescimento desordenado e sem
planejamento destes e no terceiro as ocorrecircncias satildeo relacionadas ao processo de
assoreamento do Ribeiratildeo das Posses o que pode ter gerado um aumento da velocidade
desse curso drsquoaacutegua causando problemas decorrentes do transporte de sedimentos da aacuterea
onde as casas foram construiacutedas que teve como consequecircncia os deslizamentos
Em resumo como pode ser observado nas figuras 53 e 54 na tabela 51 no periacuteodo de
1984 a 2014 os bairros mais afetados por alagamentos e deslizamentos satildeo Quarto
Depoacutesito Nossa Senhora da Gloacuteria Santo Antocircnio Coacuterrego do Ouro Antocircnio Afonso
Graminha e Vila Esperanccedila sendo que o bairro Coacuterrego do Ouro possui o maior nuacutemero
de ocorrecircncias de deslizamentos e o centro da cidade possui o maior nuacutemero de
ocorrecircncias de alagamentos no periacuteodo pesquisado Vale destacar que a aacuterea propiacutecia a
alagamentos no bairro Antocircnio Afonso natildeo identificada no estudo realizado pela
prefeitura constitui-se efetivamente numa aacuterea de risco conforme levantamento histoacuterico
realizado Esta aacuterea de risco se deve agrave diferenccedila de niacutevel negativa entre o rio Pinho e a
aacuterea do bairro estando este em desniacutevel com um risco iminente de inundaccedilotildees resultantes
da cheia desse curso drsquoaacutegua causando inuacutemeros transtornos aos moradores do local
27
Figura 5 3 Pontos de Alagamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico
Fonte Do autor
Figura 5 4 Pontos de deslizamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico
Fonte Do autor
28
Tabela 51 Ocorrecircncias de alagamentos e deslizamentos obtidos atraveacutes do
levantamento histoacuterico
Pontos de ocorrecircncia (1984-2014)
Bairros Alagamento Deslizamento
Aacutegua Espraiada 1 1
Antocircnio Afonso 1 0
Barra 0 1
Centro 7 1
Coacuterrego do Ouro 1 7
Flores 0 1
Graminha 1 0
Jardim Jaraguaacute 0 1
N Sra da Gloacuteria 0 4
N Sra das Graccedilas 1 0
Quarto Depoacutesito 3 2
Santo Antocircnio 4 2
Satildeo Sebastiatildeo 0 1
Vila Esperanccedila 0 1
Fonte Do autor
De acordo com o estudo realizado na elaboraccedilatildeo do Plano Diretor pela prefeitura
municipal observa-se que os bairros que possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a
deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do Ouro e Vila Esperanccedila enquanto que os que
possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a alagamento satildeo o Centro da cidade e os
bairros Satildeo Sebastiatildeo Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio por estarem agraves margens do
Ribeiratildeo das Posses um curso drsquoaacutegua que sofre com inundaccedilotildees perioacutedicas devido ao
severo assoreamento em algumas regiotildees e tambeacutem devido ao acuacutemulo de lixo descartado
pelos moradores do entorno irregularmente De acordo com o estudo realizado quando da
elaboraccedilatildeo do Plano Diretor do municiacutepio foram feitos estudos sobre as aacutereas propensas
a deslizamentos e alagamentos na regiatildeo urbana principal Tais aacutereas satildeo as destacadas
nas Figuras 55 e 56 No levantamento histoacuterico realizado pode-se identificar que os
bairros que possuem mais aacutereas propensas a deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do
Ouro Nossa Senhora da Gloacuteria Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio enquanto que os bairros
mais propensos a alagamentos satildeo os bairros Centro Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio
como observado na tabela 51
29
Figura 5 5 Aacutereas propensas a deslizamento de acordo com o Plano Diretor de
Santos Dumont
Fonte Google Earth e Lei 42412012
Figura 5 6 Aacutereas propensas a alagamento de acordo com o Plano Diretor de
Santos Dumont
Fonte Google Earth e Lei 42412012
30
Comparando-se os mapas obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico com o mapa gerado
pelo estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor nota-se que haacute semelhanccedilas em
algumas aacutereas mas ao se levar em conta o produto gerado pela pesquisa histoacuterica o
estudo necessitaria ser complementado haja vista que ele natildeo compreende por exemplo
o ponto de alagamento no bairro Antocircnio Afonso citado anteriormente e alguns pontos de
deslizamento importantes uma vez que satildeo regiotildees onde haacute ocupaccedilatildeo Esse fato evidencia
a necessidade de se buscar vaacuterias fontes primaacuterias e secundaacuterias para se detectar aacutereas de
risco em um municiacutepio incluindo arquivos da imprensa local afim de se produzir uma
base de dados consistente e com o menor nuacutemero de falhas possiacutevel (CEPED 2014) Com
a uniatildeo dos dois estudos foram gerados os mapas apresentados nas Figuras 57 e 58
Aleacutem do mais observando as figuras 57 e 58 pode-se notar que uma boa parte tanto dos
casos de alagamento quanto de deslizamento estatildeo na faixa de APP de curso hiacutedrico o
que ilustra a importacircncia da preservaccedilatildeo destas aacutereas
Figura 5 7 Aacutereas propensas a alagamento do estudo do Plano Diretor
complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento
Fonte Do Autor
31
Figura 5 8 Aacutereas propensas a deslizamento do estudo do Plano Diretor
complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento
Fonte Do Autor
Atraveacutes da combinaccedilatildeo entre estes dois levantamentos procurou-se alimentar a base de
dados e garantir uma consistecircncia maior desta no que diz respeito a aacutereas de deslizamento
e alagamento podendo inclusive se identificar a suscetibilidade de uma determinada
regiatildeo da cidade a um ou outro evento (CEPED2014)
512 O Plano diretor e as APPs
Nos uacuteltimos anos o Brasil experimentou um forte fenocircmeno de migraccedilatildeo do campo para
as aacutereas urbanas De acordo com o IBGE no periacuteodo de 1940 a 2000 houve um aumento
de cerca de 60 do nuacutemero de pessoas que vivem em cidades (SILVA JR 2006) O
processo de planejamento e ordenamento do uso do solo nessas aacutereas deveria ter
acompanhado esse crescimento ao longo dos anos a fim de garantir a qualidade de vida e
a seguranccedila dos migrantes ao se instalarem nas cidades o que natildeo ocorreu e o que se
observa atualmente satildeo ocupaccedilotildees em aacutereas improacuteprias para moradia sem a infraestrutura
baacutesica necessaacuteria e com risco iminente de deslizamentos eou inundaccedilotildees
O Plano Diretor do municiacutepio de Santos Dumont em seu capiacutetulo IV que versa sobre o
uso e ocupaccedilatildeo do solo explicita regras para o ordenamento do territoacuterio que compreende
o municiacutepio com base nos diferentes usos do solo de acordo com sua compatibilidade o
32
que acabou por resultar num zoneamento de todo o municiacutepio em macrozonas conforme
citado na seccedilatildeo 3231 de acordo com os usos atuais e futuros do solo Aleacutem de dividir
estas macrozonas em urbanas e rurais tambeacutem avaliou e classificou estas aacutereas com base
numa seacuterie de fatores ambientais geoloacutegicos culturais e sociais de forma a se fazer um
zoneamento coerente com os atuais usos do solo e seu potencial de uso futuro Apresenta-
se na Figura 59 este zoneamento na aacuterea urbana principal de Santos Dumont
Figura 5 9 Zoneamento urbano da aacuterea urbana principal
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Lei 42412012
Tomando como referecircncia o Novo Coacutedigo Florestal brasileiro em especial os paracircmetros
estabelecidos para a definiccedilatildeo de APP e utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento
atraveacutes do software Vista SAGA relacionou-se as APPs existentes na aacuterea em estudo com
as regiotildees propiacutecias a alagamentos e deslizamentos de acordo com o estudo feito quando
da elaboraccedilatildeo do Plano Diretor afim de se identificar qual ou quais aacutereas possuem estes
problemas e se estatildeo relacionados com o uso do solo irregular em APP
Ao se aplicar a metodologia proposta por Oliveira amp Fernandes Filho (2013) natildeo foram
identificadas dentro da aacuterea de estudo APPs de topos de morro sendo este tipo de APP
descartada portanto das anaacutelises subsequentes deste trabalho Foram consideradas as
APP de curso hiacutedrico (rios e nascentes) e de declividade visando relacionaacute-las as aacutereas
de risco identificadas pela Prefeitura afim de se verificar as possiacuteveis causas da ocorrecircncia
33
destas aacutereas na regiatildeo urbana do municiacutepio Por meio de combinaccedilotildees entre dois mapas
temaacuteticos utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento foi possiacutevel obter as
assinaturas ou seja tabelas que caracterizam quantitativamente a aacuterea afetada por cada
aspecto visto que a simples visualizaccedilatildeo do mapa gerado pelo geoprocessamento muitas
vezes eacute prejudicada por serem aacutereas de pequenas dimensotildees ou por qualquer outra
limitaccedilatildeo do software Ressalta-se que para a elaboraccedilatildeo do Plano Municipal de Reduccedilatildeo
de riscos a identificaccedilatildeo e detalhamento topograacutefico destas aacutereas eacute fundamental para o
desenvolvimento do referido Plano conforme seraacute abordado detalhadamente na seccedilatildeo
52
De posse do mapa que representa o zoneamento urbano de Santos Dumont primeiramente
procurou-se mensurar qualitativa e quantitativamente a presenccedila de APPs tanto de
declividade quanto de cursos hiacutedricos Essa identificaccedilatildeo eacute importante pois este
zoneamento eacute um dos instrumentos de planejamento municipal (BRASIL 2001) Saboya
(2007) aponta que os principais objetivos de um zoneamento satildeo o controle da expansatildeo
urbana e proteccedilatildeo de aacutereas inadequadas a ocupaccedilatildeo aleacutem de reduzir os conflitos inerentes
aos diferentes usos do solo Com o uso da ferramenta ldquoCombinarrdquo do Vista SAGA foram
feitas combinaccedilotildees entre o mapa de hidrografia com buffer de 30m para rios e coacuterregos e
de 50m para nascentes com o mapa do zoneamento para se verificar a importacircncia das
APPs de curso hiacutedrico em toda a aacuterea urbana principal do municiacutepio Tambeacutem foram
combinados o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) obtido atraveacutes do gvSIG com o mapa
de zoneamento afim de se verificar quantitativamente as APPs de declividade e onde se
localizam Vale ressaltar que as declividades entre 30 e 47 estatildeo presentes nesta
combinaccedilatildeo pois de acordo com o Plano Diretor de Santos Dumont terrenos com esta
faixa de declividade para fins de parcelamento devem possuir estudo teacutecnico que ateste
a viabilidade de se promover algum empreendimento imobiliaacuterio neste (SANTOS
DUMONT 2012) Como a legislaccedilatildeo municipal prevecirc estudo somente para a faixa de
declividade descrita anteriormente para fins de anaacutelise neste trabalho consideramos um
valor mais conservador para APP compreendendo a faixa de 47 a 100 aleacutem da
prevista pela legislaccedilatildeo federal (gt100) para que natildeo houvessem lacunas importantes na
geraccedilatildeo do produto
Apresenta-se na Figura 510 aacutereas com declividades consideradas de risco e consideradas
APP e em qual zona de planejamento elas estatildeo inseridas De um modo geral ao se
observar a Tabela 52 nota-se que a aacuterea que compreende declividades de risco e APP eacute
uma pequena parcela da aacuterea urbana principal representando 061 desta aacuterea Ao se
levar em conta somente a localizaccedilatildeo pode-se verificar que cerca de 84 das aacutereas com
declividade de risco e a totalidade das APPs de declividade estatildeo localizadas na ZAC1
zona que compreende a maior parte do municiacutepio e apesar de possuir infraestrutura baacutesica
para a ocupaccedilatildeo esta eacute restrita Sendo assim o fator declividade deve ser visto com cautela
nesta aacuterea para se evitar transtornos advindos de edificaccedilotildees nestas aacutereas
34
Figura 5 10 Combinaccedilatildeo entre as declividades importantes incluindo as APPs e o
zoneamento urbano
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Do autor
Tabela 52 Assinaturas da combinaccedilatildeo Declividade x Zoneamento
Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea
Natildeo APP 457972 9939
Declividade 30-47 em ZAC1 2368 051
Declividade 30-47 em ZE 284 006
Declividade 30-47 em ZAC2 128 003
Declividade 30-47 em ZPA 004 0001
APP Declividade em ZAC1 048 001
Total 460804 100
Fonte Do autor
Apresenta-se na Figura 511 as APPs de curso hiacutedrico (nascentes e rios) e em qual zona
de planejamento estatildeo localizadas Assim como a declividade a maior parte das APPs de
curso hiacutedrico estatildeo localizadas em ZAC1 representando 383 da aacuterea urbana em estudo
e 51 do total das APPs de curso hiacutedrico Esta questatildeo tambeacutem deve ser vista com
bastante criteacuterio pelos gestores locais uma vez que a ocupaccedilatildeo em faixas proacuteximas de
rios e coacuterregos podem causar uma gama de problemas ambientais e sociais na regiatildeo
(SANTANA2011) Tal cuidado tambeacutem deve ser tomado nas APPs compreendidas na
35
ZAC2 que compreende 001 da Aacuterea urbana principal e 14 do total das APPs de curso
hiacutedrico pois a infraestrutura baacutesica e acessibilidade presente nesta zona eacute precaacuteria e a
ocupaccedilatildeo as margens de cursos hiacutedricos pode gerar problemas seacuterios caso ocorra uma
expansatildeo nestas aacutereas
Figura 511 Combinaccedilatildeo entre APP de curso hiacutedrico e as zonas de planejamento
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Do autor
Outro ponto importante eacute a presenccedila da Zona de Proteccedilatildeo Ambiental (ZPA) no entorno
uma consideraacutevel parte dos cursos hiacutedricos Nesta zona estatildeo presentes 28 das APPs de
curso hiacutedrico e esta zona de acordo com o Plano Diretor deve ser restaurada ou
preservada por suas caracteriacutesticas geoloacutegicas topograacuteficas e bioloacutegicas
Afim de se verificar os usos do solo na regiatildeo em estudo foram utilizadas combinaccedilotildees
de imagens advindas do sateacutelite Landsat 8 nas bandas descritas no capiacutetulo 4 aleacutem da
banda pancromaacutetica O resultado eacute apresentado na figura 512 que mostra os principais
usos do solo na aacuterea urbana principal de Santos Dumont
36
Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x Zoneamento
Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea
Hidrografia 11168 239
Aacuterea Urbana Natildeo APP 421004 9008
APP Curso hiacutedrico em ZAC1 179 383
APP Curso hiacutedrico em ZPA 9776 209
APP Curso hiacutedrico em ZE 184 004
APP Curso hiacutedrico em ZA 1192 026
APP Curso hiacutedrico em ZAC2 5124 110
APP Curso hiacutedrico em ZPPH 248 005
APP Curso hiacutedrico em ZEIS 568 012
APP Curso hiacutedrico em ZCA 228 005
Total 467392 10000
Fonte Do autor
Figura 5 12 Mapa de usos do solo da aacuterea urbana principal de Santos Dumont
Fonte Do autor
Como jaacute era previsto a maior parte da aacuterea urbana se encontra ocupada e eacute nesta regiatildeo
ocupada que se observa a maior concentraccedilatildeo de problemas de deslizamentos e
alagamentos (Figuras 513 e 514) A grande ocupaccedilatildeo em aacutereas consideradas APP de
curso hiacutedrico de acordo com os mapas gerados pode ser a principal causa do aumento a
cada ano dos casos de alagamento principalmente na regiatildeo central da cidade Outro ponto
que se deve atentar eacute a existecircncia de uma consideraacutevel aacuterea de pastagem pouco vegetada
que caso estejam em aacutereas elevadas pode contribuir para deslizamentos e agraves margens de
37
rios e coacuterregos para o assoreamento destes corpos hiacutedricos o que pode causar
alagamentos (INAacuteCIO etal 2007)
Diante destes resultados pode-se ver que a cidade de Santos Dumont necessita alternativas
efetiva no que diz respeito agrave contenccedilatildeo de deslizamentos e a reduccedilatildeo de risco de
alagamento pois as aacutereas em que ocorrem tais eventos satildeo distintas e facilmente definidas
devido agrave repeticcedilatildeo destes nos uacuteltimos anos Um plano de accedilatildeo integrado entre as diferentes
secretarias municipais (Obras Meio Ambiente Assistecircncia Social entre outras) e a
Coordenadoria Municipal de Defesa Civil deve ser realizado afim de se tomar medidas
natildeo mais preventivas mas sim preditivas para que se possa conter o avanccedilo destes
problemas na aacuterea urbana principal bem como em toda a aacuterea do municiacutepio
Figura 5 13 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na aacuterea urbana
principal
Fonte Do autor
38
Figura 5 14 Aacutereas sujeitas a alagamento e os principais usos do solo na aacuterea
urbana principal
Fonte Do autor
Ao se associar os dados do estudo do Plano Diretor com os dados do levantamento
histoacuterico realizado com o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) pode-se notar que as aacutereas
propiacutecias a deslizamento estatildeo em regiotildees as quais haacute uma fronteira de declividades ou
seja eacute evidente que os deslizamentos ocorrem em encostas um pouco mais iacutengremes mas
natildeo necessariamente nas encostas de 30-47 as quais exigem estudo teacutecnico conforme o
plano diretor preconiza Quanto aos alagamentos nota-se que eles se localizam nas aacutereas
com menor ou nenhuma declividade podendo ser estas aacutereas talvez componentes da
planiacutecie de inundaccedilatildeo dos rios Estes resultados podem ser vistos nas figuras 515 e 516
a seguir
39
Figura5 15 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a deslizamentos na
regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
Fonte Lei 42412012 e Autor
Figura5 26 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a alagamentos na
regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
Fonte Lei 42412012 e Autor
40
52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis
O processo de ocupaccedilatildeo no municiacutepio de Santos Dumont comeccedilou muito antes de
qualquer legislaccedilatildeo relacionada a ordenamento urbano e de proteccedilatildeo do meio ambiente
fosse implementado no Brasil Esse fato aliado a poliacuteticas e fiscalizaccedilotildees falhas
contribuiacuteram para a ocupaccedilatildeo e expansatildeo da aacuterea urbana ao longo do Ribeiratildeo das Posses
e seus afluentes o que tem gerado o aumento da degradaccedilatildeo destes corpos hiacutedricos ao
longo de todos estes anos Observa-se tambeacutem que nas uacuteltimas deacutecadas ocorreu um
grande nuacutemero de migraccedilotildees do campo para a regiatildeo urbana da cidade fator que
contribuiu para o crescimento do nuacutemero de habitaccedilotildees em aacutereas de risco de deslizamento
e alagamentos por serem na maioria das vezes terrenos menos valorizados e por este
motivo acessiacuteveis a populaccedilatildeo com menor poder aquisitivo (ROSA amp CORTEZ 2008)
Vale ressaltar que esta questatildeo aleacutem de ser ambiental eacute muito mais social pois os
moradores entendem os riscos de se viver nestes locais mas por motivos econocircmicos ou
por questotildees afetivas natildeo abrem matildeo da moradia nessas aacutereas A Constituiccedilatildeo Federal de
1988 promoveu a inter-relaccedilatildeo das questotildees sociais com as questotildees ambientais quando
colocou o meio ambiente como direito coletivo (BRASIL1988 SOUZA2010) Por este
motivo a decisatildeo por medidas draacutesticas que favoreccedilam apenas agrave preservaccedilatildeo do meio
ambiente natildeo eacute recomendada pois aleacutem de ser inconstitucional podem afetar a
sustentabilidade econocircmica do municiacutepio e gerar conflitos sociais consideraacuteveis
(CARLOS 1992 apud SOUZA 2010)
Segundo Bueno (2009) ldquonem tudo o que eacute irregular eacute precaacuteriordquo Esse fato se observa em
Santos Dumont uma vez que em boa parte da regiatildeo central se observa vaacuterias moradias
construiacutedas na faixa de APP de curso hiacutedrico o que natildeo eacute permitido pela legislaccedilatildeo
vigente e eacute um dos fatores que contribui para a ocorrecircncia de alagamentos nesta aacuterea da
cidade Para a resoluccedilatildeo deste problema o que seria mais viaacutevel seria a melhoria da
infraestrutura de drenagem urbana afim de que o escoamento da aacutegua das chuvas natildeo
sobrecarregasse o sistema (BUENO2009) A construccedilatildeo de bacias de contenccedilatildeo de
cheias ao longo do Ribeiratildeo das Posses tambeacutem seria uma alternativa mas para se verificar
a viabilidade necessita-se estudos mais aprofundados do ponto de vista hidroloacutegico
O grande problema a ser solucionado no entanto eacute o que diz respeito agraves aacutereas de risco
de deslizamento majoritariamente nos bairros A melhor alternativa seria o
remanejamento dos moradores para uma aacuterea proacutexima agrave que moram poreacutem longe do
risco Poreacutem esta alternativa de acordo com Rosa Filho amp Cortez (2008) encontra alguns
entraves pois estas pessoas na maioria das vezes natildeo tecircm condiccedilotildees financeiras de irem
para outro lugar ou pagar aluguel ou estatildeo de alguma forma sentimentalmente ligadas
agravequela regiatildeo que se recusam a deixaacute-lo
41
Por parte dos oacutergatildeos competentes no municiacutepio a criaccedilatildeo de um plano para se evitar
acidentes ocasionados por deslizamentos e alagamentos com um mapeamento detalhado
de toda a extensatildeo do municiacutepio eacute extremamente uacutetil Os estudos que seratildeo feitos para a
elaboraccedilatildeo deste plano poderatildeo definir quais as aacutereas satildeo potencialmente de risco para as
ocupaccedilotildees existentes ou para as potenciais ocupaccedilotildees que possam vir a ocorrer atraveacutes do
mapeamento das aacutereas de risco Tal planejamento seraacute auxiliar ao Plano Diretor
Municipal pois definiraacute o real uso do solo de determinada regiatildeo do municiacutepio
contribuindo para a adequaccedilatildeo do uso e ocupaccedilatildeo do solo afim de evitar ou reduzir o
nuacutemero de problemas relacionados a alagamentos e principalmente deslizamentos no
periacutemetro urbano (TOMINAGA 2009) A partir deste plano os gestores locais poderatildeo
tomar a melhor decisatildeo para a prevenccedilatildeo ou reduccedilatildeo dos riscos inerentes a tais problemas
Na seccedilatildeo 521 seraacute hierarquizado de forma preliminar a aacuterea urbana principal de acordo
com os resultados da tabela 51
521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta
O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos (PMRR) foi criado atraveacutes de accedilotildees
regularizadoras do Ministeacuterio das Cidades para ser o instrumento de gestatildeo e
gerenciamento de aacutereas de risco em um municiacutepio Eacute um documento que aleacutem de
estabelecer quais regiotildees satildeo consideradas de risco tambeacutem objetiva a proposta de
medidas estruturais ou natildeo para contenccedilatildeo eou prevenccedilatildeo de cataacutestrofes aleacutem de ser um
meio de captaccedilatildeo de recursos financeiros junto aos Governos Estadual e Federal Estes
recursos poderatildeo ser utilizados para a realizaccedilatildeo de obras que visem a melhoria da
qualidade de vida da populaccedilatildeo do entorno ou de recuperaccedilatildeo da aacuterea degradada Este
plano eacute realizado de forma participativa com as comunidades das aacutereas de risco e pode
ser realizado em sete fases conforme recomenda o Ministeacuterio das Cidades (ALHEIROS
2006)
O primeiro passo para a realizaccedilatildeo do PMRR eacute definir qual a metodologia seraacute empregada
levando-se em consideraccedilatildeo a realidade atual do municiacutepio e especificar de forma sucinta
um cronograma das atividades Eacute importante nesta fase a participaccedilatildeo tambeacutem dos
responsaacuteveis pelas mais variadas Secretarias Municipais afim de explicitar o tamanho da
importacircncia e o caraacuteter integrador deste plano A segunda fase deste plano objetiva a
criaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo da principal base de dados a ser utilizada nos passos posteriores o
mapeamento de risco em escala detalhe em torno de 13000 (SAtildeO PAULO 2014) A
elaboraccedilatildeo de um mapeamento detalhado propiciaraacute natildeo soacute a identificaccedilatildeo mais faacutecil das
aacutereas de risco como tambeacutem facilitaraacute aos gestores e agrave comunidade decidirem qual a
melhor intervenccedilatildeo para a soluccedilatildeo ou remediaccedilatildeo dos problemas em uma determinada
42
aacuterea hierarquizando o risco e definindo prioridades (SAtildeO PAULO 2014) Na tabela a
seguir apresenta-se alguns tipos de intervenccedilotildees que podem ser feitas em aacutereas de risco
sugeridas pelo Ministeacuterio das cidades (ALHEIROS 2006)
Quadro 5 1 - Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco
Tipo de intervenccedilatildeo Descriccedilatildeo
Serviccedilos de limpeza e Recuperaccedilatildeo
Remoccedilatildeo de entulho lixo etc
corte de aacutervores
remoccedilatildeo de bananeiras
recuperaccedilatildeo eou limpeza de sistemas de
drenagem esgotos e acessos
Limpeza de canais de drenagem
Proteccedilatildeo Vegetal
Proteccedilatildeo superficial vegetal (gramiacuteneas) em
taludes com solo exposto
Proteccedilatildeo vegetal de margens de canais de
drenagem
Barreiras vegetais para massas escorregadas
ou acumuladas pela erosatildeo
Drenagem Superficial e Acessos
Sistema de drenagem superficial (canaletas
raacutepidos caixas de transiccedilatildeo escadas drsquoaacutegua)
Acessos para pedestres (escadarias rampas
etc) integrados ao sistema de drenagem
Revestimento de Taludes Revestimento com materiais artificiais
cimentado cal-jet tela argamassada alvenaria
de tijolos ceracircmicos solo-cimento ensacado
Desmonte de blocos e matacotildees Desmonte de concreccedilotildees de grande porte
blocos rochosos e matacotildees
Obras de drenagem de subsuperfiacutecie Sistema de drenagem de subsuperfiacutecie
(trincheiras drenantes DHP poccedilos de
rebaixamento)
Estruturas de contenccedilatildeo (localizadas)
Muros de contenccedilatildeo de pequeno porte (solo-
cimento ensacado alvenaria de pedra-rachatildeo
concreto armado)
Estruturas de contenccedilatildeo localizadas
(chumbadores tirantes microestacas)
Contenccedilatildeo e proteccedilatildeo de margens de canais (
gabiotildees muros de concreto etc)
Estruturas de contenccedilatildeo (meacutedio e grande porte) Implantaccedilatildeo de estruturas de contenccedilatildeo de
meacutedio e grande porte envolvendo obras de
contenccedilatildeo passivas e ativas (muros de
gravidade cortinas etc)
Terraplanagem Execuccedilatildeo de serviccedilos de terraplanagem
combinados a obras de drenagem superficial e
proteccedilatildeo vegetal desvio e canalizaccedilatildeo de
coacuterregos
Remoccedilatildeo de moradias Remoccedilotildees definitivas para implantaccedilatildeo de
obras ou devido agrave localizaccedilatildeo improacutepria da
edificaccedilatildeo (Priorizar as relocaccedilotildees dentro da
proacutepria aacuterea em local seguro)
Fonte ALHEIROS 2006
43
Escolhidas as formas de intervenccedilatildeo para cada aacuterea eacute necessaacuterio realizar uma estimativa
dos custos afim de preparar o orccedilamento da prefeitura para a realizaccedilatildeo das obras e se
seraacute necessaacuterio a captaccedilatildeo de recursos externos para a execuccedilatildeo destas Feitas as
estimativas de custo o proacuteximo passo eacute definir as prioridades e para esta fase eacute tambeacutem
uacutetil o mapeamento feito nas etapas anteriores pois seraacute necessaacuterio hierarquizar tais
intervenccedilotildees nas aacutereas de risco O Ministeacuterio das Cidades (2007) sugere alguns criteacuterios
que podem ser avaliados pelo gestor dentre eles pode-se citar
Grau de risco
Populaccedilatildeo beneficiada
Custo da intervenccedilatildeo
Dimensatildeo da aacuterea a ser tratada
Demandas anteriores da populaccedilatildeo
Tempo de ocupaccedilatildeo
Viabilidade teacutecnica da intervenccedilatildeo
Viabilidade financeira
Inclusatildeo da aacuterea em outros projetos
A partir desta hierarquizaccedilatildeo inicia-se a identificaccedilatildeo de provaacuteveis fontes de captaccedilatildeo de
recursos para a execuccedilatildeo das intervenccedilotildees Estes recursos podem advir de programas dos
governos Federal e Estadual ou por meio de editais para captaccedilatildeo de recursos financeiros
tanto do setor puacuteblico como da iniciativa privada e podem ser tambeacutem associados agrave outras
Secretarias Municipais como a de Turismo ou Meio Ambiente e natildeo soacute as destinadas agrave
Defesa Civil (ALHEIROS 2006)
Eacute previsto tambeacutem no PMRR uma avaliaccedilatildeo da Defesa Civil municipal e como ela estaacute
estruturada fazendo inclusive sugestotildees para que sua atuaccedilatildeo esteja em consonacircncia com
a realidade das comunidades e da Administraccedilatildeo Puacuteblica do municiacutepio de forma a garantir
sua sustentabilidade e conquistar a credibilidade da populaccedilatildeo no que diz respeito a
prevenccedilatildeo de cataacutestrofes Para que a resposta a uma determinada situaccedilatildeo de risco seja
raacutepida eacute necessaacuterio a descentralizaccedilatildeo da Defesa Civil criando pequenos nuacutecleos
comunitaacuterios com a finalidade de se monitorar a aacuterea constantemente e promover as
intervenccedilotildees necessaacuterias em tempo haacutebil o que aumenta em muito a credibilidade da
populaccedilatildeo no PMRR e no trabalho desempenhado pela Defesa Civil no municiacutepio Apoacutes
esta etapa o PMRR passaraacute por audiecircncias puacuteblicas e posteriormente poderaacute ser aprovado
como Lei Municipal pelo Legislativo local (ALHEIROS 2006)
Com a realizaccedilatildeo deste plano o municiacutepio estaraacute munido de informaccedilotildees suficientes para
realizar accedilotildees efetivas de gestatildeo e gerenciamento de riscos bem como aliado a
levantamentos sociais realizar programas habitacionais que beneficiem prioritariamente
44
aos moradores das aacutereas de risco Aleacutem disso com o PMRR o municiacutepio poderaacute melhorar
a qualidade ambiental da populaccedilatildeo captando recursos para a recuperaccedilatildeo das aacutereas de
APP que foram degradadas pelas ocupaccedilotildees irregulares beneficiando todos os moradores
do municiacutepio com o aumento da qualidade de vida na cidade
A partir do disposto nesta seccedilatildeo acerca do Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos e de
uma maneira preliminar (levando-se em conta apenas o nuacutemero de registros de
alagamentos e deslizamentos na aacuterea urbana principal de Santos Dumont no periacuteodo de
1984 a 2014) identificou-se trecircs regiotildees distintas na aacuterea urbana do municiacutepio com
tempo de recorrecircncia desses eventos similares caracterizando trecircs prioridades de
intervenccedilatildeo em contenccedilatildeo de risco como pode ser visto nas figuras 515 e 516 Vale
ressaltar que eacute necessaacuterio um estudo mais detalhado inclusive com visitas teacutecnicas a
campo para que se confirme a real situaccedilatildeo destas e a real prioridade para investimentos
Figura 5 17 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de deslizamentos
Fonte Do Autor
45
Figura 5 18 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de alagamentos
Fonte Do Autor
46
6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees
A seguir apresenta-se as conclusotildees e as recomendaccedilotildees feitas a partir dos objetivos
especiacuteficos explicitados no iniacutecio deste trabalho
Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a
aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes
urbanos
A partir da revisatildeo da legislaccedilatildeo pertinente em acircmbito federal estadual e
municipal constatou-se que o Plano Diretor de Santos Dumont natildeo conflita com a
legislaccedilatildeo federal e estadual sobre Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente A legislaccedilatildeo
municipal foi entendida como mais conservadora que as federal e estadual uma
vez que considera implicitamente que declividades entre 47 e 100 satildeo
enquadradas como APPs aleacutem da faixa superior a 100
Parte consideraacutevel das ocupaccedilotildees em APP principalmente na regiatildeo do bairro
Santo Antocircnio (onde surgiu os primeiros nuacutecleos que deram origem ao municiacutepio)
e o centro da cidade ocorreram antes de que fosse elaborado qualquer legislaccedilatildeo
que versasse sobre o tema Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente bastando ao gestor
local tomar medidas de contenccedilatildeo de riscos que minimizem os impactos causados
por essas ocupaccedilotildees nessa regiatildeo
O ordenamento adequado do uso do solo no municiacutepio eacute necessaacuterio para que o
crescimento dos loteamentos criados anteriormente agrave esta Lei e o surgimento de
novos natildeo avance para Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente o que pode causar
inuacutemeros problemas aos moradores e agravar os jaacute existentes
Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las
com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)
As aacutereas onde houveram a maior quantidade de registros de deslizamentos satildeo os
bairros mais populosos de Santos Dumont podendo se estabelecer uma relaccedilatildeo
que quanto mais populoso o bairro maior a quantidade de problemas relacionados
a deslizamentos Tambeacutem pode-se notar uma relaccedilatildeo com as fronteiras das faixas
de declividades e os deslizamentos uma vez que boa parte deles aconteceram
nestas faixas
As aacutereas onde houve um grande nuacutemero de registros de alagamentos satildeo os bairros
que se desenvolveram agraves margens do Ribeiratildeo das Posses em especial na aacuterea que
47
compreende as APPs de curso hiacutedrico e em aacutereas onde a declividade eacute baixa Esse
fato aliado ao crescimento do nuacutemero de vias pavimentadas com material
impermeaacutevel e a natildeo expansatildeo e ou redimensionamento da rede de drenagem
urbana contribuiacuteram para a ocorrecircncia cada vez mais constante de alagamentos
nessas aacutereas
Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos
catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30
anos
A partir do levantamento histoacuterico realizado e da base de dados georeferenciada
gerada observou-se o aumento do nuacutemero de registros de deslizamentos e
alagamentos nos uacuteltimos 10 anos quando as ocorrecircncias comeccedilaram a se repetir
numa mesma aacuterea com frequecircncia incrementada as vezes com mais de uma
ocorrecircncia anual
Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do
solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental
Destaca-se a adequaccedilatildeo dos criteacuterios gerais estabelecidos pelo Plano Diretor de
Santos Dumont relativos a legislaccedilatildeo federal e estadual Entretanto o referido
Plano Diretor natildeo contempla todo o territoacuterio municipal sendo assim ele natildeo
cumpre o objetivo de proteger as APPs preservadas e recuperar as que foram
degradadas em todo o territoacuterio municipal Ressalta-se tambeacutem a sua natildeo
conformidade com o Estatuto das Cidades uma vez que o Plano Diretor
contempla apenas os novos loteamentos
Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais
negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea
impactada
Recomenda-se a implantaccedilatildeo no municiacutepio de uma Coordenadoria Municipal de
Defesa Civil atuante e integrada agraves Secretarias Municipais e agrave comunidade
visando uma atuaccedilatildeo eficaz nos problemas relacionados a deslizamentos e
alagamentos A elaboraccedilatildeo de um Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos eacute de
suma importacircncia pois atraveacutes dele pode-se predizer as aacutereas que passaratildeo por
problemas caso a expansatildeo aconteccedila ou se inicie uma ocupaccedilatildeo nova aleacutem de
prevenir acidentes nas aacutereas jaacute ocupadas e consideradas de risco
48
7 Anexos
49
71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont
50
51
72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)
52
53
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da cidade de Satildeo Paulo O caso da subprefeitura da Seacute Trabalho de Graduaccedilatildeo UNESP
Rio Claro 2013
6
o que consequentemente acarretou deslizamentos de terra e alagamentos inclusive com
o registro de algumas trageacutedias ao longo dos anos
Pretende-se que este trabalho sirva como subsidio ao gestor puacuteblico local visando o
estabelecimento de poliacuteticas puacuteblicas integradas aos setores de meio ambiente e defesa
civil com vistas a garantir a seguranccedila de todos os muniacutecipes e a qualidade de vida em
todo o territoacuterio municipal
2 OBJETIVOS
21 Objetivo geral
O objetivo geral deste trabalho eacute contribuir para o estabelecimento de poliacuteticas puacuteblicas
direcionadas ao disciplinamento do uso e ocupaccedilatildeo do solo urbano no municiacutepio de
Santos Dumont
22 Objetivos especiacuteficos
Satildeo objetivos especiacuteficos
Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a
aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes
urbanos
Caracterizar o uso irregular do solo urbano em Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente
Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las
com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)
Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos
catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30
anos
Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do
solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental
7
Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais
negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea
impactada
3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
A seguir eacute apresentada a revisatildeo bibliograacutefica que fundamenta o desenvolvimento e o
pleno entendimento deste trabalho O conhecimento do que satildeo aacutereas de risco
alagamentos e deslizamentos bem como o que eacute e qual a importacircncia de um Plano Diretor
eacute de suma importacircncia para se avaliar como um municiacutepio estaacute se desenvolvendo e qual
a qualidade de vida dos muniacutecipes Tambeacutem satildeo abordados neste capiacutetulo os aspectos
legais referentes agraves Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente seus limites e sua importacircncia para
o ambiente urbano
31 Conceitos Fundamentais
311 Aacutereas de risco
De acordo com o Instituto de Pesquisas Tecnoloacutegicas ndash IPT entende-se como aacuterea de
risco aquela ldquopassiacutevel de ser atingida por fenocircmenos ou processos naturais eou induzidos
que causem efeito adverso As pessoas que habitam essas aacutereas estatildeo sujeitas a danos agrave
integridade fiacutesica perdas materiais e patrimoniaisrdquo (MINISTEacuteRIO DAS CIDADES
2007)
Para Augusto Filho et al (1990) apud Cristo (2002) aacuterea de risco eacute caracterizada como
aquela em que ldquose encontra em situaccedilatildeo de perigo tanto socialmente quanto
economicamente por conta de alguma alteraccedilatildeo na constituiccedilatildeo do terreno ou com grande
probabilidade de ocorrer processos naturaisrdquo
Segundo Fernandes (2012) aacutereas de risco ldquosatildeo aacutereas consideradas improacuteprias ao
assentamento humano por estarem sujeitas a riscos naturaisrdquo
Diante das definiccedilotildees supracitadas pode-se dizer que aacuterea de risco satildeo aacutereas susceptiacuteveis
agrave accedilatildeo de eventos naturais extremos e por esse motivo natildeo eacute viaacutevel agrave ocupaccedilatildeo humana
nestes locais e pode ou natildeo estar associados agrave proximidade ou nos limites de uma APP
8
312 Deslizamentos
Segundo Tominaga (2009) deslizamento eacute o movimento de solo em uma vertente pela
accedilatildeo da gravidade e satildeo mais frequentes em regiotildees de relevo montanhoso e em periacuteodos
chuvosos sendo a pluviosidade um dos principais fatores condicionantes para a ocorrecircncia
do processo Os deslizamentos podem ocorrer naturalmente e eacute grande responsaacutevel pela
dinacircmica das vertentes e evoluccedilatildeo do relevo local mas no Brasil a falta de planejamento
urbano de uma boa parte dos municiacutepios a ocupaccedilatildeo desordenada e a construccedilatildeo de
domiciacutelios sem orientaccedilatildeo teacutecnica tecircm transformado um processo natural em um
problema que algumas vezes se tornam grandes trageacutedias Na regiatildeo Sudeste brasileira o
escorregamento do tipo rotacional eacute o mais comum e eacute caracterizado por uma ruptura
curva no solo que estaacute geralmente associada agrave realizaccedilatildeo de cortes na base do talude ou
por processos erosivos fluviais o que relaciona esse tipo de escorregamento agraves regiotildees
urbanas mal planejadas e coloca o homem como o principal agente efetivo associado com
a pluviosidade na ocorrecircncia de acidentes relacionados com deslizamentos
(FERNANDES amp AMARAL 1996 apud TOMINAGA 2009)
313 Alagamentos
De acordo com Amaral amp Ribeiro (2009) inundaccedilotildees e enchentes satildeo processos
intimamente relacionados com a pluviosidade pois satildeo frequentes em periacuteodos de chuvas
fortes e raacutepidas ou chuvas de longa duraccedilatildeo e estatildeo relacionados agrave intensidade e
distribuiccedilatildeo da precipitaccedilatildeo ao longo da bacia agrave capacidade do solo de reter e infiltrar
aacutegua e agraves caracteriacutesticas de forma da bacia de drenagem
O escoamento das aacuteguas pluviais na natureza eacute lento mas em aacutereas urbanizadas a accedilatildeo
antroacutepica relacionada a ocupaccedilatildeo de planiacutecies de inundaccedilatildeo que podem estar inclusive
em uma cota abaixo do leito do rio impermeabilizaccedilatildeo do solo e retificaccedilatildeo de corpos
drsquoaacutegua aleacutem de inuacutemeras atividades que promovem o assoreamento dos rios e coacuterregos
tem gerado resultados catastroacuteficos e grandes prejuiacutezos (AMARAL amp RIBEIRO 2009)
Quando se refere agraves regiotildees urbanas o termo ldquoalagamentordquo eacute o mais utilizado e segundo
o Ministeacuterio das Cidades (2006) define-se como o ldquoacuacutemulo momentacircneo de aacuteguas em
uma dada aacuterea por problemas no sistema de drenagem podendo ter ou natildeo relaccedilatildeo com
processos de natureza fluvialrdquo Tambeacutem o termo ldquoenxurradardquo eacute utilizado e define-se como
o ldquoescoamento superficial concentrado e com alta energia de transporte que pode ou natildeo
estar associado a aacutereas de domiacutenio dos processos fluviais Eacute comum a ocorrecircncia de
enxurradas ao longo de vias implantadas sobre antigos cursos drsquoaacutegua com alto gradiente
hidraacuteulico e em terrenos com alta declividade naturalrdquo
9
314 Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente
O Novo Coacutedigo Florestal Brasileiro define Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP) como
ldquoaacuterea protegida coberta ou natildeo por vegetaccedilatildeo nativa com a funccedilatildeo ambiental de
preservar os recursos hiacutedricos a paisagem a estabilidade geoloacutegica e a biodiversidade
facilitar o fluxo gecircnico de fauna e flora proteger o solo e assegurar o bem-estar das
populaccedilotildees humanasrdquo (BRASIL2012) Estas aacutereas satildeo muito importantes tanto no meio
urbano como no rural por garantir a estabilidade do solo em encostas iacutengremes contribuir
para a natildeo formaccedilatildeo de processos erosivos e o assoreamento de rios e coacuterregos aleacutem de
garantir a recarga de aquiacuteferos ao atuar como um amortecedor de chuvas retendo-a e
impedindo que ocorra um carreamento intenso de sedimentos ao longo dos morros e
margens de rios e coacuterregos (SKORUPA 2004) A Lei 126512012 apresenta os tipos de
APP e seus limites conforme seraacute visto no item 322
315 Uso e ocupaccedilatildeo do solo
Dentre os vaacuterios mecanismos de ordenamento urbano e instrumentos de planejamento
municipal previsto no Estatuto da Cidade (Lei Federal 102572001) o uso e ocupaccedilatildeo
do solo satildeo os mais utilizados pelas cidades para a formulaccedilatildeo das poliacuteticas urbanas
podendo definir o uso como a forma como esta parcela do solo eacute utilizada e a ocupaccedilatildeo
como sendo o modo como as edificaccedilotildees devem ser dispostas nesta mesma parcela do
solo urbano (TAKEDA 2015) O termo ldquoUso e ocupaccedilatildeo do solordquo tambeacutem pode ser
definido como o fator que determina como as mais diferentes regiotildees de um municiacutepio
deve se desenvolver (FONTOURA 2015)
A inserccedilatildeo de leis municipais de uso e ocupaccedilatildeo do solo objetivam ser uma referecircncia
para os gestores locais no processo de tomada de decisatildeo para que as cidades cresccedilam de
modo organizado enfatizando os potenciais e capacidades de cada regiatildeo aleacutem de tornar
o crescimento mais homogecircneo Com isso pretende-se evitar a formaccedilatildeo de grandes
adensamentos em pequenas aacutereas garantindo a mobilidade e a qualidade de vida de todos
os muniacutecipes tanto da regiatildeo urbana como da rural preservar e melhorar a qualidade
ambiental do municiacutepio aleacutem de evitar deslizamentos e alagamentos por conta da
ocupaccedilatildeo incorreta do solo (TAKEDA 2015)
10
32 Legislaccedilatildeo Pertinente
321 As adequaccedilotildees da legislaccedilatildeo ao longo dos anos
A problemaacutetica relacionada agraves APPs em aacutereas urbanas outrora era uma questatildeo complexa
e demandava uma larga discussatildeo do ponto de vista juriacutedico administrativo e teacutecnico Eacute
sabido que a maioria das cidades se formaram proacuteximos aos corpos hiacutedricos regiatildeo que
garantia o abastecimento de aacutegua e alimentos agrave populaccedilatildeo e tambeacutem facilitava o descarte
dos efluentes A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 225 daacute garantia aos
brasileiros de um meio ambiente em equiliacutebrio e concede agrave toda a sociedade o dever de
preservaacute-lo de acordo com os princiacutepios do desenvolvimento sustentaacutevel (BRASIL
1988) Antes desta Constituiccedilatildeo jaacute havia um texto que regulamentava a questatildeo da
preservaccedilatildeo de aacutereas verdes em todo o territoacuterio nacional A Lei Federal nordm 477165 que
trata do Coacutedigo Florestal estabelecia limites e regulamentava as Aacutereas de Preservaccedilatildeo
Permanente De acordo com Arauacutejo (2002) apud De Moraes (2014) essa Lei que fora
revogada e substituiacuteda pela Lei 126512012 era bastante falha no que diz respeito agraves
questotildees de APPS em aacutereas urbanas o que poderia ser um facilitador do natildeo cumprimento
do que foi proposto por aquela legislaccedilatildeo nestas aacutereas Isso se devia ao fato de o Coacutedigo
Florestal de 1965 ter deixado uma duacutevida sobre qual legislaccedilatildeo seguir uma vez que em
seu segundo artigo no paraacutegrafo uacutenico estava disposto que em aacutereas urbanas devia-se
atentar para a legislaccedilatildeo referente ao Plano Diretor e as referentes ao uso do solo na aacuterea
do municiacutepio (BRASIL 1965) Diante dessa conjuntura alguns municiacutepios optavam pela
natildeo aplicaccedilatildeo do Coacutedigo Florestal na regiatildeo urbana mesmo sabendo que a poliacutetica
conservacionista eacute extremamente importante visto o grande nuacutemero de problemas que
podem advir do uso irregular das APPs (DE MORAES 2009) Segundo o artigo 182 da
Constituiccedilatildeo Federal de 1988 as poliacuteticas relacionadas ao desenvolvimento urbano
devem ser elaboradas pelos municiacutepios e objetiva garantir o bem estar dos muniacutecipes e
tambeacutem o desenvolvimento do municiacutepio como um todo atraveacutes do atendimento agraves
exigecircncias do Plano Diretor (BRASIL 1988) O que podia gerar alguma divergecircncia seria
se o Plano Diretor Municipal propusesse uma faixa de APP menor que a prevista pelo
Coacutedigo Florestal Sendo assim essa legislaccedilatildeo perderia sua validade pelo fato de a
legislaccedilatildeo federal ser suplementar ou se seria cumprida devido ao disposto no artigo 182
da Constituiccedilatildeo Segundo De Moraes (2009) natildeo eacute aceitaacutevel que o Plano Diretor
Municipal legitime tal degradaccedilatildeo ambiental uma vez que um dos seus principais
objetivos eacute a proteccedilatildeo do bem estar puacuteblico estando incluiacutedo nesse a proteccedilatildeo do
ambiente natural A delimitaccedilatildeo e especificaccedilatildeo das APPs em Lei eacute necessaacuteria uma vez
que os limites miacutenimos destinados agrave preservaccedilatildeo satildeo importantes pois garantem a
proteccedilatildeo tanto da qualidade quanto da quantidade dos recursos hiacutedricos e evitam a
ocupaccedilatildeo em locais propiacutecios aos deslizamentos e zonas de recarga dos aquiacuteferos
11
subterracircneos assegurando tambeacutem de certa forma a integridade dos seres humanos que
potencialmente ocupariam tais locais (CARVALHO 2013)
Neste trabalho a legislaccedilatildeo tomada como referecircncia eacute a prevista pela Constituiccedilatildeo Federal
de 1988 o Novo Coacutedigo Florestal (Lei 126512012) e o Estatuto das Cidades (Lei
102572001) em acircmbito federal Na esfera estadual a Lei 209222013 versa sobre os
limites para APP em todo o territoacuterio de Minas A Lei Municipal 42412012 trata do
Plano Diretor Municipal da cidade de Santos Dumont onde se encontra as diretrizes para
o uso e ocupaccedilatildeo do solo e o zoneamento da cidade de acordo com as caracteriacutesticas do
solo entre outras
322 O Novo Coacutedigo Florestal e a legislaccedilatildeo mineira
O Novo Coacutedigo Florestal Lei Federal 126512012 substituiu a Lei Federal 47711965
Dentre os vaacuterios artigos que esta lei possui o que apresenta maior importacircncia para o
planejamento e o ordenamento das cidades tanto na aacuterea urbana como na rural eacute o artigo
4ordm em que constam as faixas de APP tanto para curso hiacutedrico como para declividade e
altitude aleacutem dos topos de morro a saber (BRASIL2012)
ldquoArt 4ordm Considera-se Aacuterea de Preservaccedilatildeo
Permanente em zonas rurais ou urbanas para os
efeitos desta Lei
I - as faixas marginais de qualquer curso drsquoaacutegua
natural perene e intermitente excluiacutedos os
efecircmeros desde a borda da calha do leito regular
em largura miacutenima de
a) 30 (trinta) metros para os cursos drsquoaacutegua de
menos de 10 (dez) metros de largura
b) 50 (cinquenta) metros para os cursos drsquoaacutegua
que tenham de 10 (dez) a 50 (cinquenta) metros de
largura
()
IV - as aacutereas no entorno das nascentes e dos olhos
drsquoaacutegua perenes qualquer que seja sua situaccedilatildeo
topograacutefica no raio miacutenimo de 50 (cinquenta)
metros
12
V - as encostas ou partes destas com declividade
superior a 45deg equivalente a 100 (cem por
cento) na linha de maior declive
()
IX - no topo de morros montes montanhas e
serras com altura miacutenima de 100 (cem) metros e
inclinaccedilatildeo meacutedia maior que 25deg as aacutereas
delimitadas a partir da curva de niacutevel
correspondente a 23 (dois terccedilos) da altura
miacutenima da elevaccedilatildeo sempre em relaccedilatildeo agrave base
sendo esta definida pelo plano horizontal
determinado por planiacutecie ou espelho drsquoaacutegua
adjacente ou nos relevos ondulados pela cota do
ponto de sela mais proacuteximo da elevaccedilatildeo
X - as aacutereas em altitude superior a 1800 (mil e
oitocentos) metros qualquer que seja a
vegetaccedilatildeo
()rdquo
A legislaccedilatildeo atual em seu artigo 4ordm evidencia que as faixas e aacutereas determinadas como
APP compreendem tanto as aacutereas rurais quanto urbanas (BRASIL 2012) retirando a
duacutevida anterior e sendo essa a Lei suplementar qualquer faixa de APP mais permissiva
na legislaccedilatildeo estadual e municipal satildeo invaacutelidas o que simplificou de certa forma a
aplicabilidade da Legislaccedilatildeo referente a Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente
No Estado de Minas Gerais a Lei Estadual 20922 de 16 de Outubro de 2013 trata do tema
em acircmbito estadual mas com os mesmos princiacutepios propostos pela Lei Federal sendo os
limites miacutenimos previstos para as APPs os mesmos propostos pelo Novo Coacutedigo
Florestal brasileiro (MINAS GERAIS2013)
ldquo Art 9ordm Para os efeitos desta Lei em zonas rurais
ou urbanas satildeo APPs
I as faixas marginais de cursos drsquoaacutegua naturais
perenes e intermitentes excluiacutedos
os efecircmeros medidas a partir da borda da calha
do leito regular em largura miacutenima de
13
a) 30m (trinta metros) para os cursos drsquoaacutegua de
menos de 10m (dez metros) de largura
b) 50m (cinquenta metros) para os cursos drsquoaacutegua
de 1 0m (dez metros) a 50m (cinquenta metros) de
largura
()
IV as aacutereas no entorno das nascentes e dos olhos
drsquoaacutegua perenes no raio miacutenimo de 50m
(cinquenta metros)
V as encostas ou partes destas com declividade
superior a 45ordm (quarenta e cinco graus)
equivalente a 100 (cem por cento) na linha de
maior declive
()
VII no topo de morros montes montanhas e
serras com altura miacutenima de 100m (cem metros)
e inclinaccedilatildeo meacutedia maior que 25ordm (vinte e cinco
graus) as aacutereas delimitadas a partir da curva de
niacutevel correspondente a 23 (dois terccedilos) da altura
miacutenima da elevaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave base sendo esta
definida pelo plano horizontal determinado por
planiacutecie ou espelho drsquoaacutegua adjacente ou nos
relevos ondulados pela cota do ponto de sela mais
proacuteximo da elevaccedilatildeo
VIII as aacutereas em altitude superior a 1 800m (mil
e oitocentos metros)
()rdquo
323 O Plano Diretor
O Estatuto das Cidades em seu artigo 40 prevecirc o plano diretor como um instrumento
capaz de promover a poliacutetica urbana englobando toda a cidade aleacutem de fornecer padrotildees
e limites para o uso do solo nas mais diversas regiotildees do municiacutepio com vistas a
harmonizar o desenvolvimento urbano com a preservaccedilatildeo do meio ambiente (SILVA JR
2006) Este instrumento eacute obrigatoacuterio para cidades com mais de 20 mil habitantes ou
14
aacutereas que integrem regiotildees metropolitanas ou de interesse turiacutestico O artigo 41 do
Estatuto das cidades tambeacutem prevecirc a obrigatoriedade do Plano Diretor para cidades que
possuem em sua aacuterea empreendimentos que caracterizem grandes impactos ambientais
de influecircncia regional ou nacional e cidades que possuem problemas com deslizamentos
de grande magnitude ou alagamentos repentinos (BRASIL 2001)
O Plano diretor de acordo com o Estatuto das Cidades deve ser aprovado como lei em
acircmbito municipal e revisto a cada dez anos Este documento eacute uacutenico pois cada cidade
possui suas peculiaridades infraestrutura vocaccedilotildees e problemas que por mais que sejam
parecidos entre si satildeo diferenciados pela intensidade e pela regionalizaccedilatildeo Sendo assim
a confecccedilatildeo do Plano Diretor deve conter a participaccedilatildeo de toda a comunidade local de
forma a reduzir as desigualdades sociais os gastos puacuteblicos desnecessaacuterios a degradaccedilatildeo
ambiental e combater os problemas relacionados a urbanizaccedilatildeo de forma conjunta
promovendo um processo de tomada de decisatildeo que garanta a qualidade de vida
preservaccedilatildeo e o desenvolvimento social do municiacutepio como um todo (ROSSBACH amp
CARVALHO 2010)
3231 O Plano Diretor de Santos Dumont
A Lei Municipal nordm 424112 que entrou em vigor no ano de 2014 trata do Plano Diretor
Municipal instrumento previsto no Estatuto das Cidades para garantir aos cidadatildeos um
desenvolvimento urbano organizado justo e sustentavelmente econocircmico (BRASIL
2001) Aleacutem de apontar as diretrizes para a elaboraccedilatildeo da Poliacutetica Municipal dos mais
variados setores o Plano Diretor divide o municiacutepio em macrozonas urbanas e rurais
Estas zonas tecircm por objetivo facilitar a identificaccedilatildeo dos setores que permitem ou natildeo o
desenvolvimento da cidade e em que magnitude pode ser feita a expansatildeo respeitando ao
meio ambiente e tambeacutem o que eacute previsto no tocante ao uso e ocupaccedilatildeo do solo nessas
aacutereas Aleacutem disso ela estabelece a forma como devem ser as edificaccedilotildees nas referidas
aacutereas As aacutereas definidas como macrozonas urbanas e foram subdivididas em (SANTOS
DUMONT2012)
ldquoZona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e
da Paisagem (ZPPH) satildeo as aacutereas cujos
equipamentos urbanos possuem interesse
histoacuterico ou paisagiacutestico de preservaccedilatildeo
Zona de Preservaccedilatildeo Ambiental satildeo aquelas em
que devem ser mantidas ou recuperadas a
15
vegetaccedilatildeo por conta da declividade altitude ou
presenccedila de recursos hiacutedricos
Zona de Adensamento Controlado (ZAC) satildeo as
aacutereas em que deve-se manter uma pequena
densidade populacional devido as limitaccedilotildees na
infraestrutura da localidade A ZAC se divide em
ZAC 1 quando a infraestrutura existente eacute
limitada e em ZAC 2 quando esta eacute precaacuteria ou
natildeo existe
Zona de Consolidaccedilatildeo de Adensamento (ZCA)
satildeo as aacutereas em que haacute interesse em ocupar os
lotes vagos haja visto que a regiatildeo possui toda a
infraestrutura para que isto aconteccedila
Zona Adensaacutevel (ZA) satildeo as aacutereas com
condiccedilotildees propiacutecias para ocorrer uma ocupaccedilatildeo
mais densa
Zona Especial de Interesse Social (ZEIS) satildeo as
aacutereas em que o Poder Puacuteblico almeja fazer
alguma forma de ocupaccedilatildeo Eacute dividida em ZEIS 1
e ZEIS 2 A ZEIS 1 satildeo regiotildees jaacute ocupadas mas
de forma irregular cujo interesse puacuteblico eacute
realizar obras e outras atividades para
regularizar as ocupaccedilotildees e urbanizar a aacuterea
enquanto que a ZEIS 2 satildeo aacutereas natildeo utilizadas ou
subutilizadas as quais o poder puacuteblico almeja
realizar algum empreendimento habitacional de
caraacuteter social
Zona de Grandes Equipamentos (ZE) satildeo aacutereas
cujo o interesse eacute a implantaccedilatildeo de
empreendimentos de grande porte ou grandes
equipamentos puacuteblicosrdquo
Esta divisatildeo espacial pode ser melhor vista no Anexo 71
O Plano Diretor natildeo estipula limites para APP mas prevecirc algumas diretrizes como na
Poliacutetica Municipal de Preservaccedilatildeo do Meio Ambiente sobre o uso do solo em
compatibilidade com praacuteticas conservacionistas A Poliacutetica Municipal de Expansatildeo
16
Urbana tem como uma de suas diretrizes fazer cumprir a legislaccedilatildeo vigente no que diz
respeito agraves intervenccedilotildees e investimentos que poderatildeo ser feitos nessas aacutereas Tambeacutem eacute
diretriz da mesma Poliacutetica o controle da ocupaccedilatildeo e do uso do solo em APPs e o auxiacutelio
aos oacutergatildeos estaduais e federais de meio ambiente no tocante agrave fiscalizaccedilatildeo da ocupaccedilatildeo
nestas aacutereas (SANTOS DUMONT 2012) O artigo 38 que trata das diretrizes da Poliacutetica
habitacional de interesse social exclui do processo de regularizaccedilatildeo fundiaacuteria os
assentamentos situados em aacutereas de risco o que na maioria das vezes estatildeo tambeacutem nas
aacutereas que deveriam estar vegetadas e protegidas (SANTOS DUMONT 2012) Na
legislaccedilatildeo referente ao parcelamento do solo eacute previsto que no parcelamento de glebas
com declividade entre 30 e 47 soacute poderaacute ser aprovado mediante projeto e laudo
assinado por um responsaacutevel teacutecnico favoraacutevel agrave construccedilatildeo nesse local (SANTOS
DUMONT 2012) Diante do proposto pelo Plano Diretor de Santos Dumont pode-se
dizer que natildeo haacute conflito com a legislaccedilatildeo federal e estadual em se tratando da
aplicabilidade do Coacutedigo Florestal uma vez que aquele natildeo explicita limites nem
permissivos e tampouco restritivos para faixas e aacutereas de preservaccedilatildeo permanente
33 O Municiacutepio de Santos Dumont
331 De Arraial a cidade
A aacuterea onde se situa hoje o municiacutepio de Santos Dumont teve sua ocupaccedilatildeo iniciada no
seacuteculo XVIII quando a Coroa Portuguesa solicitou ao entatildeo Governador do Rio de
Janeiro Artur de Saacute Menezes que abrisse um caminho que ligasse as Minas dos
Cataguases na regiatildeo de Ouro Preto (receacutem descobertas) ao Rio de Janeiro por onde
escoava os metais preciosos para a metroacutepole Surgiu assim o ldquoCaminho Novordquo e ao longo
deste caminho surgiram tambeacutem as Sesmarias aacutereas que tinham por principal objetivo
servir de pouso aos transportadores e exploradores e tambeacutem para garantir alimento a
estas pessoas Uma destas ocupaccedilotildees seria o ldquoArraial de Joatildeo Gomesrdquo (Figura 41)
primeiro nuacutecleo primitivo do municiacutepio em 1709 De iniacutecio prevaleciam somente
ranchos onde os viajantes se abrigavam mas em pouco tempo ergueu-se a Capela de Satildeo
Miguel e Almas e pequenos nuacutecleos urbanos comeccedilaram a surgir (DAPPC2008)
17
Figura 3 1 Vista parcial do Arraial de Joatildeo Gomes
Fonte Arquivo Histoacuterico de Santos Dumont-MG
Com a construccedilatildeo da Estrada de Ferro D Pedro II no final do seacuteculo XIX a regiatildeo teve
um consideraacutevel crescimento natildeo soacute populacional como tambeacutem econocircmico se tornando
a Vila Palmyra em 1889 Em 1890 Palmyra eacute elevada ao status de Municiacutepio (Figura 42)
e recebe um grande nuacutemero de melhorias no setor viaacuterio como a retificaccedilatildeo de ruas e
tambeacutem no setor de serviccedilos puacuteblicos como abastecimento de aacutegua iluminaccedilatildeo puacuteblica a
querosene e posteriormente energia eleacutetrica O desenvolvimento econocircmico na regiatildeo
tambeacutem teve seu momento aacuteureo nesse periacuteodo Induacutestrias de laticiacutenios graacuteficas e de
Carbureto de Caacutelcio fizeram parte do parque industrial de Palmyra o que atraiacutea pessoas
de outros lugares inclusive estrangeiros contribuindo para o aumento populacional da
regiatildeo Como ainda natildeo havia legislaccedilatildeo sobre uso e ocupaccedilatildeo do solo nessa eacutepoca
surgiram inuacutemeros loteamentos em aacutereas proacuteximas agrave rios e coacuterregos e tambeacutem em
encostas com declividade acentuada o que foi agravando o risco agrave medida que a ocupaccedilatildeo
aumentava (DAPPC2008)
18
Figura 3 2 Municiacutepio de Palmyra na deacutecada de 1920
Fonte Arquivo Histoacuterico de Santos Dumont-MG
O escoamento da produccedilatildeo industrial se dava pelo modal ferroviaacuterio setor que tambeacutem
movimentava a crescente cidade que era ponto importante no setor de transportes pois
possuiacutea um dos mais bem equipados depoacutesitos de locomotivas da Estrada de Ferro Central
do Brasil (DAPPC2008)
No ano de 1932 o municiacutepio de Palmyra passou a se chamar Santos Dumont (Figura 43)
em homenagem ao inventor do aviatildeo que nascera naquela cidade Nos uacuteltimos 40 anos
Santos Dumont tem experimentado uma acentuada desaceleraccedilatildeo econocircmica
consequecircncia do fechamento da grande maioria das induacutestrias principalmente as de
laticiacutenios que empregavam direta e indiretamente uma parte consideraacutevel da populaccedilatildeo
(DAPPC2008)
19
Figura 3 3 Municiacutepio de Santos Dumont em 2014
Fonte Arquivo do autor
332 Santos Dumont na atualidade
O municiacutepio de Santos Dumont localiza-se na regiatildeo da Zona da Mata mineira distante
cerca de 220 Km da capital Belo Horizonte e possui uma populaccedilatildeo de 47558 habitantes
(ODM 2015 projeccedilatildeo) numa aacuterea total de 637 kmsup2 Faz divisa com os municiacutepios de
Juiz de Fora Oliveira Fortes Bias Fortes Antocircnio Carlos Tabuleiro Piau e Ewbank da
Cacircmara
No que diz respeito agrave sua formaccedilatildeo fisiacuteco-geograacutefica a aacuterea que compreende o municiacutepio
eacute constituiacuteda predominantemente por Cambissolo Haacuteplico (70) com Latossolo
Vermelho-Amarelo (30) (UFV2010) A vegetaccedilatildeo eacute em sua maioria composta por
exemplares de Mata Atlacircntica De acordo com o IBGE(2015) Santos Dumont se localiza
a 839m de altitude O clima da regiatildeo eacute classificado como Tropical de Altitude (Cwb) e
possui uma temperatura meacutedia de 20ordmC Eacute banhado pela bacia hidrograacutefica do Paraiacuteba do
Sul e em sua maioria pertence agrave sub-bacia do Rio Pomba (IGAM) que fornece aacutegua para
abastecimento puacuteblico agrave 88 da populaccedilatildeo por meio da rede de distribuiccedilatildeo
(IBGE2010) Uma pequena parte da zona rural a sudoeste eacute banhada pela Sub-Bacia do
Rio Paraibuna mais precisamente na regiatildeo de fronteira com os municiacutepios de Juiz de
Fora e Ewbank da Cacircmara O sistema viaacuterio principal de acesso agrave cidade eacute a rodovia BR-
040 e a estrada de ferro Dom Pedro II atualmente utilizada somente para transporte de
cargas
Com a economia nos dias atuais baseada majoritariamente no setor de serviccedilos a cidade
possui um Iacutendice de Desenvolvimento humano (IDH) de 0741 (IBGE2010) Apesar do
decliacutenio econocircmico de Santos Dumont nota-se hoje um aumento no nuacutemero de
loteamentos populares e condomiacutenios horizontais e verticais entre outras edificaccedilotildees Eacute
de vital importacircncia que esse crescimento das ocupaccedilotildees seja ordenado e regulamentado
20
de forma a garantir a qualidade ambiental prevenindo deslizamentos e inundaccedilotildees Diante
dessa conjuntura o governo municipal aprovou em 2012 a Lei nordm 4241 que trata do Plano
Diretor Participativo instrumento baacutesico da poliacutetica de desenvolvimento e expansatildeo
urbana do municiacutepio de Santos Dumont
4 METODOLOGIA
41 Aacuterea de estudo
A regiatildeo dentro dos limites do municiacutepio que seraacute estudada neste trabalho eacute conforme
descrito nos anexos Plano Diretor e representada na figura 44 a aacuterea urbana principal
que possui 47 Kmsup2 e compreende a regiatildeo central da cidade e os bairros perifeacutericos regiatildeo
que concentra cerca de 90 da populaccedilatildeo total de Santos Dumont (IBGE 2015) A aacuterea
urbana principal representa 75 da aacuterea total dos 637 Kmsup2 que compreendem o
municiacutepio e eacute o local onde nos uacuteltimos 30 anos se verificou um maior crescimento
populacional e tambeacutem onde ocorre a maioria dos eventos relacionados a deslizamentos
e alagamentos por conta da ocupaccedilatildeo sem planejamento A figura 45 mostra a aacuterea
urbana principal e a localizaccedilatildeo dos bairros urbanos de Santos Dumont
Figura 4 1 Localizaccedilatildeo da aacuterea urbana principal
Fonte Google Earth
21
Figura 4 2 Mapa da aacuterea urbana principal com a localizaccedilatildeo dos bairros
Fonte Do Autor
42 Levantamento e tratamento dos dados
No desenvolvimento deste trabalho foi necessaacuterio se fazer um estudo detalhado sobre o
Plano Diretor de Santos Dumont principalmente dos seus anexos que compreendem os
mapas e a localizaccedilatildeo das aacutereas definidas pelo zoneamento proposto Para que isso fosse
possiacutevel a Secretaria Municipal de Obras e Serviccedilos Puacuteblicos forneceu todos os dados
secundaacuterios produto do estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor e do
zoneamento Estes dados incluem os arquivos Shapefile (shp) e outros documentos
integrantes do Plano Diretor Algumas informaccedilotildees foram complementadas tambeacutem com
dados adquiridos atraveacutes do site do IBGE e do Portal Objetivos do Milecircnio (ODM)
Os dados sobre as ocorrecircncias de deslizamentos e alagamentos foram obtidos atraveacutes da
Defesa Civil do municiacutepio atraveacutes do Sistema Integrado de Informaccedilotildees sobre Desastres
(S2ID) do Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional Tal sistema centraliza as informaccedilotildees sobre
desastres naturais ocorridos em todo o territoacuterio nacional facilitando a pesquisa sobre tais
eventos a qualquer cidadatildeo (BRASIL 2015)
Apesar do sistema ser bastante uacutetil os dados sobre o municiacutepio de Santos Dumont se
encontravam bastante falhos e escassos sendo necessaacuteria complementaccedilatildeo para que a
22
base de dados ficasse consistente Diante disso uma pesquisa atraveacutes dos arquivos do
Jornal Mensagem um jornal semanaacuterio local foi feita entre os anos de 1984 e 2014 e os
dados primaacuterios filtrados em uma planilha do Microsoft Excel para posterior utilizaccedilatildeo
De posse destes dados foi feita a localizaccedilatildeo em campo das coordenadas dos locais
atingidos por deslizamentos e alagamentos no periacuteodo compreendido pela pesquisa com
o auxiacutelio de um aparelho de GPS
A maioria dos arquivos shapefile utilizados para a confecccedilatildeo dos mapas satildeo parte
integrante dos anexos da Lei do Plano diretor do municiacutepio gerados no mecircs de dezembro
de 2011 pelo Instituto Nova Cidade e foram cedidos pela Secretaria Municipal de Obras
e Serviccedilos Puacuteblicos com Datum em UTM SAD 69 Com a finalidade de fornecer um
referenciamento atualizado e de acordo com os mais novos sistemas de coordenadas
utilizados no Brasil os arquivos foram convertidos para o Datum UTM SIRGAS 2000
que diferencia do SAD 69 pelo fato de ser um referencial geocecircntrico ou seja o centro
da Terra eacute o ponto de referecircncia neste sistema enquanto que o primeiro utiliza um
referencial na superfiacutecie da Terra (IBGE2014) Eacute interessante ressaltar tambeacutem que o
SIRGAS 2000 se tornou no ano de 2014 o sistema de coordenadas oficial do Sistema
Geodeacutesico Brasileiro e do Sistema Cartograacutefico Nacional ambos mantidos pelo IBGE A
combinaccedilatildeo dos shapefiles foi feita com o software livre gvSIG e com estas combinaccedilotildees
foram gerados mapas importantes resultados para a execuccedilatildeo deste trabalho A maioria
dos mapas representam a regiatildeo urbana principal de Santos Dumont e foram produzidos
numa escala em torno de 140000 que de acordo com Rocha (2007) eacute uma escala viaacutevel
pois as recomendaacuteveis para trabalhos de anaacutelise ambiental em niacutevel municipal podem ser
entre 150000 e 110000 Alguns mapas cujo detalhamento natildeo eacute necessaacuterio foram
gerados na escala 1100000
Para a geraccedilatildeo dos mapas aleacutem dos arquivos fornecidos pela Secretaria de Obras e
Serviccedilos Puacuteblicos foram utilizados para a geraccedilatildeo do modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE)
e da localizaccedilatildeo dos topos de morro dados gerados pelo sistema de radar Advanced
Spacebone Thermal Emission and Reflection Radiometer (ASTER) que geram as curvas
de niacutevel do terreno com uma resoluccedilatildeo de 30m (NASA2014) O processamento dessas
imagens foi feito pelo software livre gvSIG As imagens geradas pelos sateacutelites
LANDSAT foram adquiridas no site da United States Geological Survey (USGS) e essas
imagens possibilitaram obter um panorama preciso do uso do solo em toda a aacuterea urbana
de Santos Dumont numa resoluccedilatildeo de 15 metros uma vez que foi utilizada a banda
pancromaacutetica do sateacutelite LANDSAT 8 aleacutem da combinaccedilatildeo das bandas 65 e 4
respectivamente que eacute a combinaccedilatildeo recomendada pela mantenedora dos sateacutelites para
anaacutelises deste tipo
23
No que diz respeito a identificaccedilatildeo de APPs em topo de morro a metodologia de Oliveira
amp Fernandes Filho (2013) por utilizar as mesmas bases de dados ateacute entatildeo usadas neste
trabalho foi a mais indicada
A metodologia de anaacutelise dos mapas gerados eacute a proposta pelo professor Jorge Xavier da
Silva do Laboratoacuterio de Geoprocessamento (LAGEOP) da Universidade Federal do Rio
de Janeiro e citada por Rocha (2007) Tal metodologia analisa as variaacuteveis em questatildeo
presentes na aacuterea e permite avaliar as possibilidades de relaccedilotildees entre essas variaacuteveis De
uma maneira geral este meacutetodo verifica o estado atual da aacuterea em estudo bem como das
variaacuteveis gerando inventaacuterios que servem para a construccedilatildeo de dados planimeacutetricos sejam
com as variaacuteveis isoladas ou combinadas Estes dados planimeacutetricos geram assinaturas
que permitem inferir sobre a influecircncia dessas variaacuteveis De posse dos dados gerados pelo
processo anteriormente citado pode-se fazer algumas prospecccedilotildees sobre os riscos
ambientais que a aacuterea pode sofrer ou o seu potencial ambiental (ROCHA 2007)
5 RESULTADOS
51 Levantamento histoacuterico de alagamentos e
deslizamentos
O aumento da demanda pelo uso do solo na regiatildeo urbana de Santos Dumont
principalmente no tocante agrave formaccedilatildeo de novos loteamentos e condomiacutenios nos uacuteltimos
anos eacute consideraacutevel mas tambeacutem haacute de se observar o crescimento dos bairros jaacute existentes
com pouco ou nenhum ordenamento Em ambos os casos se observa ocupaccedilotildees
irregulares em APP o que tem ocasionado um aumento na frequecircncia de deslizamentos
e inundaccedilotildees Eacute evidente que quanto maior a densidade populacional do bairro maior a
quantidade de ocorrecircncias ao longo dos anos (SPERFELD 2009)
De acordo com as ocorrecircncias registradas pela Defesa Civil do municiacutepio obtidas atraveacutes
da literatura utilizada nos uacuteltimos 30 anos Santos Dumont chegou a decretar situaccedilatildeo de
emergecircncia por conta de desastres envolvendo deslizamentos eou alagamentos por duas
vezes num espaccedilo de 10 anos conforme pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho
(BRASIL 2014 CEPED 2011)
Segundo os dados obtidos atraveacutes de pesquisa nos arquivos do semanaacuterio entre os anos
de 1984 e 2014 pode-se verificar que nos uacuteltimos 20 anos a cidade tem experimentado
24
um aumento consideraacutevel nos eventos relacionados a deslizamentos e principalmente
alagamentos como pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho Isso pode ter sido causado
dentre outros fatores pelo aumento do nuacutemero de vias pavimentadas com material
impermeaacutevel o que tem sobrecarregado tanto a infraestrutura existente para drenagem
urbana como tambeacutem a calha dos cursos drsquoaacutegua que passam pela regiatildeo urbana do
municiacutepio (ZANON2013)
Na deacutecada de 1980 (1984-1990) de acordo com os dados obtidos natildeo foram noticiados
eventos consideraacuteveis relacionados a deslizamentos e alagamentos em Santos Dumont
mas isso natildeo exclui a possibilidade de natildeo ter ocorrido tais eventos em menor escala
Na deacutecada de 1990 aconteceram uma seacuterie de ocorrecircncias tanto de deslizamentos quanto
de alagamentos No ano de 1997 num periacuteodo chuvoso intenso aconteceram
deslizamentos consideraacuteveis em vaacuterios bairros da cidade inclusive com desabamento de
casas e de ruas principalmente nos bairros Nossa Senhora da Gloacuteria e Quarto Depoacutesito
Em 1999 ocorreram alguns pontos de alagamento nos bairros Quarto Depoacutesito e Santo
Antocircnio com grandes prejuiacutezos materiais
A deacutecada de 2000 iniciou com o registro de deslizamentos em vaacuterios bairros da cidade
inclusive com desabamento de casas e pontes e alagamentos em importantes vias do
centro da cidade Observa-se ao longo desse periacuteodo o crescimento nas ocorrecircncias de
deslizamentos e de aacutereas com risco de deslizamento em muitos bairros de Santos Dumont
Um dos fatores importantes para esse crescimento foi a grande expansatildeo sofrida pela
maioria dos bairros e a falta de planejamento e orientaccedilatildeo por parte da prefeitura uma
vez que uma boa parte do crescimento dos bairros da cidade ocorreu ou proacuteximo a cursos
drsquoaacutegua ou em aacutereas com declividade improacutepria para se fazer construccedilotildees O bairro
Coacuterrego do Ouro (Figura 51) foi o que mais sofreu com ocorrecircncias de deslizamentos
nesse periacuteodo enquanto o bairro Santo Antocircnio foi que teve mais ocorrecircncias de
alagamentos
25
Figura 5 1 Deslizamento no bairro Coacuterrego do Ouro
Fonte Portal Cabangu
No iniacutecio deacutecada de 2010 (2011-2014) o centro da cidade foi a regiatildeo que mais sofreu
com alagamentos sendo registrado pelo menos uma ocorrecircncia por ano nessa aacuterea (Figura
52) Isso pode ser relacionado dentre outros fatores com as obras de modificaccedilatildeo do
tipo de pavimentaccedilatildeo das estradas por um material impermeaacutevel gerando uma sobrecarga
nos sistemas de drenagem urbana que foram projetados para um tipo de pavimento mais
permeaacutevel implicando tambeacutem na sobrecarga calha do Ribeiratildeo das Posses o principal
curso drsquoaacutegua que corta o centro da cidade e que se encontra em quase sua totalidade
ocupada em ambas as margens que cortam o centro da cidade
26
Figura 5 2 Alagamento na regiatildeo central de Santos Dumont em 2013
Fonte Portal Cabangu
Quanto agraves ocorrecircncias de deslizamento ao longo da referida deacutecada elas estiveram
espalhadas pelos bairros do municiacutepio tendo um maior nuacutemero de ocorrecircncias nos bairros
Santo Antocircnio Nossa Senhora da Gloacuteria e Aacutegua Espraiada Nos dois primeiros bairros
citados as ocorrecircncias podem ter sido ocasionadas pelo crescimento desordenado e sem
planejamento destes e no terceiro as ocorrecircncias satildeo relacionadas ao processo de
assoreamento do Ribeiratildeo das Posses o que pode ter gerado um aumento da velocidade
desse curso drsquoaacutegua causando problemas decorrentes do transporte de sedimentos da aacuterea
onde as casas foram construiacutedas que teve como consequecircncia os deslizamentos
Em resumo como pode ser observado nas figuras 53 e 54 na tabela 51 no periacuteodo de
1984 a 2014 os bairros mais afetados por alagamentos e deslizamentos satildeo Quarto
Depoacutesito Nossa Senhora da Gloacuteria Santo Antocircnio Coacuterrego do Ouro Antocircnio Afonso
Graminha e Vila Esperanccedila sendo que o bairro Coacuterrego do Ouro possui o maior nuacutemero
de ocorrecircncias de deslizamentos e o centro da cidade possui o maior nuacutemero de
ocorrecircncias de alagamentos no periacuteodo pesquisado Vale destacar que a aacuterea propiacutecia a
alagamentos no bairro Antocircnio Afonso natildeo identificada no estudo realizado pela
prefeitura constitui-se efetivamente numa aacuterea de risco conforme levantamento histoacuterico
realizado Esta aacuterea de risco se deve agrave diferenccedila de niacutevel negativa entre o rio Pinho e a
aacuterea do bairro estando este em desniacutevel com um risco iminente de inundaccedilotildees resultantes
da cheia desse curso drsquoaacutegua causando inuacutemeros transtornos aos moradores do local
27
Figura 5 3 Pontos de Alagamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico
Fonte Do autor
Figura 5 4 Pontos de deslizamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico
Fonte Do autor
28
Tabela 51 Ocorrecircncias de alagamentos e deslizamentos obtidos atraveacutes do
levantamento histoacuterico
Pontos de ocorrecircncia (1984-2014)
Bairros Alagamento Deslizamento
Aacutegua Espraiada 1 1
Antocircnio Afonso 1 0
Barra 0 1
Centro 7 1
Coacuterrego do Ouro 1 7
Flores 0 1
Graminha 1 0
Jardim Jaraguaacute 0 1
N Sra da Gloacuteria 0 4
N Sra das Graccedilas 1 0
Quarto Depoacutesito 3 2
Santo Antocircnio 4 2
Satildeo Sebastiatildeo 0 1
Vila Esperanccedila 0 1
Fonte Do autor
De acordo com o estudo realizado na elaboraccedilatildeo do Plano Diretor pela prefeitura
municipal observa-se que os bairros que possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a
deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do Ouro e Vila Esperanccedila enquanto que os que
possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a alagamento satildeo o Centro da cidade e os
bairros Satildeo Sebastiatildeo Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio por estarem agraves margens do
Ribeiratildeo das Posses um curso drsquoaacutegua que sofre com inundaccedilotildees perioacutedicas devido ao
severo assoreamento em algumas regiotildees e tambeacutem devido ao acuacutemulo de lixo descartado
pelos moradores do entorno irregularmente De acordo com o estudo realizado quando da
elaboraccedilatildeo do Plano Diretor do municiacutepio foram feitos estudos sobre as aacutereas propensas
a deslizamentos e alagamentos na regiatildeo urbana principal Tais aacutereas satildeo as destacadas
nas Figuras 55 e 56 No levantamento histoacuterico realizado pode-se identificar que os
bairros que possuem mais aacutereas propensas a deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do
Ouro Nossa Senhora da Gloacuteria Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio enquanto que os bairros
mais propensos a alagamentos satildeo os bairros Centro Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio
como observado na tabela 51
29
Figura 5 5 Aacutereas propensas a deslizamento de acordo com o Plano Diretor de
Santos Dumont
Fonte Google Earth e Lei 42412012
Figura 5 6 Aacutereas propensas a alagamento de acordo com o Plano Diretor de
Santos Dumont
Fonte Google Earth e Lei 42412012
30
Comparando-se os mapas obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico com o mapa gerado
pelo estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor nota-se que haacute semelhanccedilas em
algumas aacutereas mas ao se levar em conta o produto gerado pela pesquisa histoacuterica o
estudo necessitaria ser complementado haja vista que ele natildeo compreende por exemplo
o ponto de alagamento no bairro Antocircnio Afonso citado anteriormente e alguns pontos de
deslizamento importantes uma vez que satildeo regiotildees onde haacute ocupaccedilatildeo Esse fato evidencia
a necessidade de se buscar vaacuterias fontes primaacuterias e secundaacuterias para se detectar aacutereas de
risco em um municiacutepio incluindo arquivos da imprensa local afim de se produzir uma
base de dados consistente e com o menor nuacutemero de falhas possiacutevel (CEPED 2014) Com
a uniatildeo dos dois estudos foram gerados os mapas apresentados nas Figuras 57 e 58
Aleacutem do mais observando as figuras 57 e 58 pode-se notar que uma boa parte tanto dos
casos de alagamento quanto de deslizamento estatildeo na faixa de APP de curso hiacutedrico o
que ilustra a importacircncia da preservaccedilatildeo destas aacutereas
Figura 5 7 Aacutereas propensas a alagamento do estudo do Plano Diretor
complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento
Fonte Do Autor
31
Figura 5 8 Aacutereas propensas a deslizamento do estudo do Plano Diretor
complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento
Fonte Do Autor
Atraveacutes da combinaccedilatildeo entre estes dois levantamentos procurou-se alimentar a base de
dados e garantir uma consistecircncia maior desta no que diz respeito a aacutereas de deslizamento
e alagamento podendo inclusive se identificar a suscetibilidade de uma determinada
regiatildeo da cidade a um ou outro evento (CEPED2014)
512 O Plano diretor e as APPs
Nos uacuteltimos anos o Brasil experimentou um forte fenocircmeno de migraccedilatildeo do campo para
as aacutereas urbanas De acordo com o IBGE no periacuteodo de 1940 a 2000 houve um aumento
de cerca de 60 do nuacutemero de pessoas que vivem em cidades (SILVA JR 2006) O
processo de planejamento e ordenamento do uso do solo nessas aacutereas deveria ter
acompanhado esse crescimento ao longo dos anos a fim de garantir a qualidade de vida e
a seguranccedila dos migrantes ao se instalarem nas cidades o que natildeo ocorreu e o que se
observa atualmente satildeo ocupaccedilotildees em aacutereas improacuteprias para moradia sem a infraestrutura
baacutesica necessaacuteria e com risco iminente de deslizamentos eou inundaccedilotildees
O Plano Diretor do municiacutepio de Santos Dumont em seu capiacutetulo IV que versa sobre o
uso e ocupaccedilatildeo do solo explicita regras para o ordenamento do territoacuterio que compreende
o municiacutepio com base nos diferentes usos do solo de acordo com sua compatibilidade o
32
que acabou por resultar num zoneamento de todo o municiacutepio em macrozonas conforme
citado na seccedilatildeo 3231 de acordo com os usos atuais e futuros do solo Aleacutem de dividir
estas macrozonas em urbanas e rurais tambeacutem avaliou e classificou estas aacutereas com base
numa seacuterie de fatores ambientais geoloacutegicos culturais e sociais de forma a se fazer um
zoneamento coerente com os atuais usos do solo e seu potencial de uso futuro Apresenta-
se na Figura 59 este zoneamento na aacuterea urbana principal de Santos Dumont
Figura 5 9 Zoneamento urbano da aacuterea urbana principal
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Lei 42412012
Tomando como referecircncia o Novo Coacutedigo Florestal brasileiro em especial os paracircmetros
estabelecidos para a definiccedilatildeo de APP e utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento
atraveacutes do software Vista SAGA relacionou-se as APPs existentes na aacuterea em estudo com
as regiotildees propiacutecias a alagamentos e deslizamentos de acordo com o estudo feito quando
da elaboraccedilatildeo do Plano Diretor afim de se identificar qual ou quais aacutereas possuem estes
problemas e se estatildeo relacionados com o uso do solo irregular em APP
Ao se aplicar a metodologia proposta por Oliveira amp Fernandes Filho (2013) natildeo foram
identificadas dentro da aacuterea de estudo APPs de topos de morro sendo este tipo de APP
descartada portanto das anaacutelises subsequentes deste trabalho Foram consideradas as
APP de curso hiacutedrico (rios e nascentes) e de declividade visando relacionaacute-las as aacutereas
de risco identificadas pela Prefeitura afim de se verificar as possiacuteveis causas da ocorrecircncia
33
destas aacutereas na regiatildeo urbana do municiacutepio Por meio de combinaccedilotildees entre dois mapas
temaacuteticos utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento foi possiacutevel obter as
assinaturas ou seja tabelas que caracterizam quantitativamente a aacuterea afetada por cada
aspecto visto que a simples visualizaccedilatildeo do mapa gerado pelo geoprocessamento muitas
vezes eacute prejudicada por serem aacutereas de pequenas dimensotildees ou por qualquer outra
limitaccedilatildeo do software Ressalta-se que para a elaboraccedilatildeo do Plano Municipal de Reduccedilatildeo
de riscos a identificaccedilatildeo e detalhamento topograacutefico destas aacutereas eacute fundamental para o
desenvolvimento do referido Plano conforme seraacute abordado detalhadamente na seccedilatildeo
52
De posse do mapa que representa o zoneamento urbano de Santos Dumont primeiramente
procurou-se mensurar qualitativa e quantitativamente a presenccedila de APPs tanto de
declividade quanto de cursos hiacutedricos Essa identificaccedilatildeo eacute importante pois este
zoneamento eacute um dos instrumentos de planejamento municipal (BRASIL 2001) Saboya
(2007) aponta que os principais objetivos de um zoneamento satildeo o controle da expansatildeo
urbana e proteccedilatildeo de aacutereas inadequadas a ocupaccedilatildeo aleacutem de reduzir os conflitos inerentes
aos diferentes usos do solo Com o uso da ferramenta ldquoCombinarrdquo do Vista SAGA foram
feitas combinaccedilotildees entre o mapa de hidrografia com buffer de 30m para rios e coacuterregos e
de 50m para nascentes com o mapa do zoneamento para se verificar a importacircncia das
APPs de curso hiacutedrico em toda a aacuterea urbana principal do municiacutepio Tambeacutem foram
combinados o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) obtido atraveacutes do gvSIG com o mapa
de zoneamento afim de se verificar quantitativamente as APPs de declividade e onde se
localizam Vale ressaltar que as declividades entre 30 e 47 estatildeo presentes nesta
combinaccedilatildeo pois de acordo com o Plano Diretor de Santos Dumont terrenos com esta
faixa de declividade para fins de parcelamento devem possuir estudo teacutecnico que ateste
a viabilidade de se promover algum empreendimento imobiliaacuterio neste (SANTOS
DUMONT 2012) Como a legislaccedilatildeo municipal prevecirc estudo somente para a faixa de
declividade descrita anteriormente para fins de anaacutelise neste trabalho consideramos um
valor mais conservador para APP compreendendo a faixa de 47 a 100 aleacutem da
prevista pela legislaccedilatildeo federal (gt100) para que natildeo houvessem lacunas importantes na
geraccedilatildeo do produto
Apresenta-se na Figura 510 aacutereas com declividades consideradas de risco e consideradas
APP e em qual zona de planejamento elas estatildeo inseridas De um modo geral ao se
observar a Tabela 52 nota-se que a aacuterea que compreende declividades de risco e APP eacute
uma pequena parcela da aacuterea urbana principal representando 061 desta aacuterea Ao se
levar em conta somente a localizaccedilatildeo pode-se verificar que cerca de 84 das aacutereas com
declividade de risco e a totalidade das APPs de declividade estatildeo localizadas na ZAC1
zona que compreende a maior parte do municiacutepio e apesar de possuir infraestrutura baacutesica
para a ocupaccedilatildeo esta eacute restrita Sendo assim o fator declividade deve ser visto com cautela
nesta aacuterea para se evitar transtornos advindos de edificaccedilotildees nestas aacutereas
34
Figura 5 10 Combinaccedilatildeo entre as declividades importantes incluindo as APPs e o
zoneamento urbano
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Do autor
Tabela 52 Assinaturas da combinaccedilatildeo Declividade x Zoneamento
Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea
Natildeo APP 457972 9939
Declividade 30-47 em ZAC1 2368 051
Declividade 30-47 em ZE 284 006
Declividade 30-47 em ZAC2 128 003
Declividade 30-47 em ZPA 004 0001
APP Declividade em ZAC1 048 001
Total 460804 100
Fonte Do autor
Apresenta-se na Figura 511 as APPs de curso hiacutedrico (nascentes e rios) e em qual zona
de planejamento estatildeo localizadas Assim como a declividade a maior parte das APPs de
curso hiacutedrico estatildeo localizadas em ZAC1 representando 383 da aacuterea urbana em estudo
e 51 do total das APPs de curso hiacutedrico Esta questatildeo tambeacutem deve ser vista com
bastante criteacuterio pelos gestores locais uma vez que a ocupaccedilatildeo em faixas proacuteximas de
rios e coacuterregos podem causar uma gama de problemas ambientais e sociais na regiatildeo
(SANTANA2011) Tal cuidado tambeacutem deve ser tomado nas APPs compreendidas na
35
ZAC2 que compreende 001 da Aacuterea urbana principal e 14 do total das APPs de curso
hiacutedrico pois a infraestrutura baacutesica e acessibilidade presente nesta zona eacute precaacuteria e a
ocupaccedilatildeo as margens de cursos hiacutedricos pode gerar problemas seacuterios caso ocorra uma
expansatildeo nestas aacutereas
Figura 511 Combinaccedilatildeo entre APP de curso hiacutedrico e as zonas de planejamento
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Do autor
Outro ponto importante eacute a presenccedila da Zona de Proteccedilatildeo Ambiental (ZPA) no entorno
uma consideraacutevel parte dos cursos hiacutedricos Nesta zona estatildeo presentes 28 das APPs de
curso hiacutedrico e esta zona de acordo com o Plano Diretor deve ser restaurada ou
preservada por suas caracteriacutesticas geoloacutegicas topograacuteficas e bioloacutegicas
Afim de se verificar os usos do solo na regiatildeo em estudo foram utilizadas combinaccedilotildees
de imagens advindas do sateacutelite Landsat 8 nas bandas descritas no capiacutetulo 4 aleacutem da
banda pancromaacutetica O resultado eacute apresentado na figura 512 que mostra os principais
usos do solo na aacuterea urbana principal de Santos Dumont
36
Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x Zoneamento
Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea
Hidrografia 11168 239
Aacuterea Urbana Natildeo APP 421004 9008
APP Curso hiacutedrico em ZAC1 179 383
APP Curso hiacutedrico em ZPA 9776 209
APP Curso hiacutedrico em ZE 184 004
APP Curso hiacutedrico em ZA 1192 026
APP Curso hiacutedrico em ZAC2 5124 110
APP Curso hiacutedrico em ZPPH 248 005
APP Curso hiacutedrico em ZEIS 568 012
APP Curso hiacutedrico em ZCA 228 005
Total 467392 10000
Fonte Do autor
Figura 5 12 Mapa de usos do solo da aacuterea urbana principal de Santos Dumont
Fonte Do autor
Como jaacute era previsto a maior parte da aacuterea urbana se encontra ocupada e eacute nesta regiatildeo
ocupada que se observa a maior concentraccedilatildeo de problemas de deslizamentos e
alagamentos (Figuras 513 e 514) A grande ocupaccedilatildeo em aacutereas consideradas APP de
curso hiacutedrico de acordo com os mapas gerados pode ser a principal causa do aumento a
cada ano dos casos de alagamento principalmente na regiatildeo central da cidade Outro ponto
que se deve atentar eacute a existecircncia de uma consideraacutevel aacuterea de pastagem pouco vegetada
que caso estejam em aacutereas elevadas pode contribuir para deslizamentos e agraves margens de
37
rios e coacuterregos para o assoreamento destes corpos hiacutedricos o que pode causar
alagamentos (INAacuteCIO etal 2007)
Diante destes resultados pode-se ver que a cidade de Santos Dumont necessita alternativas
efetiva no que diz respeito agrave contenccedilatildeo de deslizamentos e a reduccedilatildeo de risco de
alagamento pois as aacutereas em que ocorrem tais eventos satildeo distintas e facilmente definidas
devido agrave repeticcedilatildeo destes nos uacuteltimos anos Um plano de accedilatildeo integrado entre as diferentes
secretarias municipais (Obras Meio Ambiente Assistecircncia Social entre outras) e a
Coordenadoria Municipal de Defesa Civil deve ser realizado afim de se tomar medidas
natildeo mais preventivas mas sim preditivas para que se possa conter o avanccedilo destes
problemas na aacuterea urbana principal bem como em toda a aacuterea do municiacutepio
Figura 5 13 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na aacuterea urbana
principal
Fonte Do autor
38
Figura 5 14 Aacutereas sujeitas a alagamento e os principais usos do solo na aacuterea
urbana principal
Fonte Do autor
Ao se associar os dados do estudo do Plano Diretor com os dados do levantamento
histoacuterico realizado com o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) pode-se notar que as aacutereas
propiacutecias a deslizamento estatildeo em regiotildees as quais haacute uma fronteira de declividades ou
seja eacute evidente que os deslizamentos ocorrem em encostas um pouco mais iacutengremes mas
natildeo necessariamente nas encostas de 30-47 as quais exigem estudo teacutecnico conforme o
plano diretor preconiza Quanto aos alagamentos nota-se que eles se localizam nas aacutereas
com menor ou nenhuma declividade podendo ser estas aacutereas talvez componentes da
planiacutecie de inundaccedilatildeo dos rios Estes resultados podem ser vistos nas figuras 515 e 516
a seguir
39
Figura5 15 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a deslizamentos na
regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
Fonte Lei 42412012 e Autor
Figura5 26 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a alagamentos na
regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
Fonte Lei 42412012 e Autor
40
52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis
O processo de ocupaccedilatildeo no municiacutepio de Santos Dumont comeccedilou muito antes de
qualquer legislaccedilatildeo relacionada a ordenamento urbano e de proteccedilatildeo do meio ambiente
fosse implementado no Brasil Esse fato aliado a poliacuteticas e fiscalizaccedilotildees falhas
contribuiacuteram para a ocupaccedilatildeo e expansatildeo da aacuterea urbana ao longo do Ribeiratildeo das Posses
e seus afluentes o que tem gerado o aumento da degradaccedilatildeo destes corpos hiacutedricos ao
longo de todos estes anos Observa-se tambeacutem que nas uacuteltimas deacutecadas ocorreu um
grande nuacutemero de migraccedilotildees do campo para a regiatildeo urbana da cidade fator que
contribuiu para o crescimento do nuacutemero de habitaccedilotildees em aacutereas de risco de deslizamento
e alagamentos por serem na maioria das vezes terrenos menos valorizados e por este
motivo acessiacuteveis a populaccedilatildeo com menor poder aquisitivo (ROSA amp CORTEZ 2008)
Vale ressaltar que esta questatildeo aleacutem de ser ambiental eacute muito mais social pois os
moradores entendem os riscos de se viver nestes locais mas por motivos econocircmicos ou
por questotildees afetivas natildeo abrem matildeo da moradia nessas aacutereas A Constituiccedilatildeo Federal de
1988 promoveu a inter-relaccedilatildeo das questotildees sociais com as questotildees ambientais quando
colocou o meio ambiente como direito coletivo (BRASIL1988 SOUZA2010) Por este
motivo a decisatildeo por medidas draacutesticas que favoreccedilam apenas agrave preservaccedilatildeo do meio
ambiente natildeo eacute recomendada pois aleacutem de ser inconstitucional podem afetar a
sustentabilidade econocircmica do municiacutepio e gerar conflitos sociais consideraacuteveis
(CARLOS 1992 apud SOUZA 2010)
Segundo Bueno (2009) ldquonem tudo o que eacute irregular eacute precaacuteriordquo Esse fato se observa em
Santos Dumont uma vez que em boa parte da regiatildeo central se observa vaacuterias moradias
construiacutedas na faixa de APP de curso hiacutedrico o que natildeo eacute permitido pela legislaccedilatildeo
vigente e eacute um dos fatores que contribui para a ocorrecircncia de alagamentos nesta aacuterea da
cidade Para a resoluccedilatildeo deste problema o que seria mais viaacutevel seria a melhoria da
infraestrutura de drenagem urbana afim de que o escoamento da aacutegua das chuvas natildeo
sobrecarregasse o sistema (BUENO2009) A construccedilatildeo de bacias de contenccedilatildeo de
cheias ao longo do Ribeiratildeo das Posses tambeacutem seria uma alternativa mas para se verificar
a viabilidade necessita-se estudos mais aprofundados do ponto de vista hidroloacutegico
O grande problema a ser solucionado no entanto eacute o que diz respeito agraves aacutereas de risco
de deslizamento majoritariamente nos bairros A melhor alternativa seria o
remanejamento dos moradores para uma aacuterea proacutexima agrave que moram poreacutem longe do
risco Poreacutem esta alternativa de acordo com Rosa Filho amp Cortez (2008) encontra alguns
entraves pois estas pessoas na maioria das vezes natildeo tecircm condiccedilotildees financeiras de irem
para outro lugar ou pagar aluguel ou estatildeo de alguma forma sentimentalmente ligadas
agravequela regiatildeo que se recusam a deixaacute-lo
41
Por parte dos oacutergatildeos competentes no municiacutepio a criaccedilatildeo de um plano para se evitar
acidentes ocasionados por deslizamentos e alagamentos com um mapeamento detalhado
de toda a extensatildeo do municiacutepio eacute extremamente uacutetil Os estudos que seratildeo feitos para a
elaboraccedilatildeo deste plano poderatildeo definir quais as aacutereas satildeo potencialmente de risco para as
ocupaccedilotildees existentes ou para as potenciais ocupaccedilotildees que possam vir a ocorrer atraveacutes do
mapeamento das aacutereas de risco Tal planejamento seraacute auxiliar ao Plano Diretor
Municipal pois definiraacute o real uso do solo de determinada regiatildeo do municiacutepio
contribuindo para a adequaccedilatildeo do uso e ocupaccedilatildeo do solo afim de evitar ou reduzir o
nuacutemero de problemas relacionados a alagamentos e principalmente deslizamentos no
periacutemetro urbano (TOMINAGA 2009) A partir deste plano os gestores locais poderatildeo
tomar a melhor decisatildeo para a prevenccedilatildeo ou reduccedilatildeo dos riscos inerentes a tais problemas
Na seccedilatildeo 521 seraacute hierarquizado de forma preliminar a aacuterea urbana principal de acordo
com os resultados da tabela 51
521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta
O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos (PMRR) foi criado atraveacutes de accedilotildees
regularizadoras do Ministeacuterio das Cidades para ser o instrumento de gestatildeo e
gerenciamento de aacutereas de risco em um municiacutepio Eacute um documento que aleacutem de
estabelecer quais regiotildees satildeo consideradas de risco tambeacutem objetiva a proposta de
medidas estruturais ou natildeo para contenccedilatildeo eou prevenccedilatildeo de cataacutestrofes aleacutem de ser um
meio de captaccedilatildeo de recursos financeiros junto aos Governos Estadual e Federal Estes
recursos poderatildeo ser utilizados para a realizaccedilatildeo de obras que visem a melhoria da
qualidade de vida da populaccedilatildeo do entorno ou de recuperaccedilatildeo da aacuterea degradada Este
plano eacute realizado de forma participativa com as comunidades das aacutereas de risco e pode
ser realizado em sete fases conforme recomenda o Ministeacuterio das Cidades (ALHEIROS
2006)
O primeiro passo para a realizaccedilatildeo do PMRR eacute definir qual a metodologia seraacute empregada
levando-se em consideraccedilatildeo a realidade atual do municiacutepio e especificar de forma sucinta
um cronograma das atividades Eacute importante nesta fase a participaccedilatildeo tambeacutem dos
responsaacuteveis pelas mais variadas Secretarias Municipais afim de explicitar o tamanho da
importacircncia e o caraacuteter integrador deste plano A segunda fase deste plano objetiva a
criaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo da principal base de dados a ser utilizada nos passos posteriores o
mapeamento de risco em escala detalhe em torno de 13000 (SAtildeO PAULO 2014) A
elaboraccedilatildeo de um mapeamento detalhado propiciaraacute natildeo soacute a identificaccedilatildeo mais faacutecil das
aacutereas de risco como tambeacutem facilitaraacute aos gestores e agrave comunidade decidirem qual a
melhor intervenccedilatildeo para a soluccedilatildeo ou remediaccedilatildeo dos problemas em uma determinada
42
aacuterea hierarquizando o risco e definindo prioridades (SAtildeO PAULO 2014) Na tabela a
seguir apresenta-se alguns tipos de intervenccedilotildees que podem ser feitas em aacutereas de risco
sugeridas pelo Ministeacuterio das cidades (ALHEIROS 2006)
Quadro 5 1 - Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco
Tipo de intervenccedilatildeo Descriccedilatildeo
Serviccedilos de limpeza e Recuperaccedilatildeo
Remoccedilatildeo de entulho lixo etc
corte de aacutervores
remoccedilatildeo de bananeiras
recuperaccedilatildeo eou limpeza de sistemas de
drenagem esgotos e acessos
Limpeza de canais de drenagem
Proteccedilatildeo Vegetal
Proteccedilatildeo superficial vegetal (gramiacuteneas) em
taludes com solo exposto
Proteccedilatildeo vegetal de margens de canais de
drenagem
Barreiras vegetais para massas escorregadas
ou acumuladas pela erosatildeo
Drenagem Superficial e Acessos
Sistema de drenagem superficial (canaletas
raacutepidos caixas de transiccedilatildeo escadas drsquoaacutegua)
Acessos para pedestres (escadarias rampas
etc) integrados ao sistema de drenagem
Revestimento de Taludes Revestimento com materiais artificiais
cimentado cal-jet tela argamassada alvenaria
de tijolos ceracircmicos solo-cimento ensacado
Desmonte de blocos e matacotildees Desmonte de concreccedilotildees de grande porte
blocos rochosos e matacotildees
Obras de drenagem de subsuperfiacutecie Sistema de drenagem de subsuperfiacutecie
(trincheiras drenantes DHP poccedilos de
rebaixamento)
Estruturas de contenccedilatildeo (localizadas)
Muros de contenccedilatildeo de pequeno porte (solo-
cimento ensacado alvenaria de pedra-rachatildeo
concreto armado)
Estruturas de contenccedilatildeo localizadas
(chumbadores tirantes microestacas)
Contenccedilatildeo e proteccedilatildeo de margens de canais (
gabiotildees muros de concreto etc)
Estruturas de contenccedilatildeo (meacutedio e grande porte) Implantaccedilatildeo de estruturas de contenccedilatildeo de
meacutedio e grande porte envolvendo obras de
contenccedilatildeo passivas e ativas (muros de
gravidade cortinas etc)
Terraplanagem Execuccedilatildeo de serviccedilos de terraplanagem
combinados a obras de drenagem superficial e
proteccedilatildeo vegetal desvio e canalizaccedilatildeo de
coacuterregos
Remoccedilatildeo de moradias Remoccedilotildees definitivas para implantaccedilatildeo de
obras ou devido agrave localizaccedilatildeo improacutepria da
edificaccedilatildeo (Priorizar as relocaccedilotildees dentro da
proacutepria aacuterea em local seguro)
Fonte ALHEIROS 2006
43
Escolhidas as formas de intervenccedilatildeo para cada aacuterea eacute necessaacuterio realizar uma estimativa
dos custos afim de preparar o orccedilamento da prefeitura para a realizaccedilatildeo das obras e se
seraacute necessaacuterio a captaccedilatildeo de recursos externos para a execuccedilatildeo destas Feitas as
estimativas de custo o proacuteximo passo eacute definir as prioridades e para esta fase eacute tambeacutem
uacutetil o mapeamento feito nas etapas anteriores pois seraacute necessaacuterio hierarquizar tais
intervenccedilotildees nas aacutereas de risco O Ministeacuterio das Cidades (2007) sugere alguns criteacuterios
que podem ser avaliados pelo gestor dentre eles pode-se citar
Grau de risco
Populaccedilatildeo beneficiada
Custo da intervenccedilatildeo
Dimensatildeo da aacuterea a ser tratada
Demandas anteriores da populaccedilatildeo
Tempo de ocupaccedilatildeo
Viabilidade teacutecnica da intervenccedilatildeo
Viabilidade financeira
Inclusatildeo da aacuterea em outros projetos
A partir desta hierarquizaccedilatildeo inicia-se a identificaccedilatildeo de provaacuteveis fontes de captaccedilatildeo de
recursos para a execuccedilatildeo das intervenccedilotildees Estes recursos podem advir de programas dos
governos Federal e Estadual ou por meio de editais para captaccedilatildeo de recursos financeiros
tanto do setor puacuteblico como da iniciativa privada e podem ser tambeacutem associados agrave outras
Secretarias Municipais como a de Turismo ou Meio Ambiente e natildeo soacute as destinadas agrave
Defesa Civil (ALHEIROS 2006)
Eacute previsto tambeacutem no PMRR uma avaliaccedilatildeo da Defesa Civil municipal e como ela estaacute
estruturada fazendo inclusive sugestotildees para que sua atuaccedilatildeo esteja em consonacircncia com
a realidade das comunidades e da Administraccedilatildeo Puacuteblica do municiacutepio de forma a garantir
sua sustentabilidade e conquistar a credibilidade da populaccedilatildeo no que diz respeito a
prevenccedilatildeo de cataacutestrofes Para que a resposta a uma determinada situaccedilatildeo de risco seja
raacutepida eacute necessaacuterio a descentralizaccedilatildeo da Defesa Civil criando pequenos nuacutecleos
comunitaacuterios com a finalidade de se monitorar a aacuterea constantemente e promover as
intervenccedilotildees necessaacuterias em tempo haacutebil o que aumenta em muito a credibilidade da
populaccedilatildeo no PMRR e no trabalho desempenhado pela Defesa Civil no municiacutepio Apoacutes
esta etapa o PMRR passaraacute por audiecircncias puacuteblicas e posteriormente poderaacute ser aprovado
como Lei Municipal pelo Legislativo local (ALHEIROS 2006)
Com a realizaccedilatildeo deste plano o municiacutepio estaraacute munido de informaccedilotildees suficientes para
realizar accedilotildees efetivas de gestatildeo e gerenciamento de riscos bem como aliado a
levantamentos sociais realizar programas habitacionais que beneficiem prioritariamente
44
aos moradores das aacutereas de risco Aleacutem disso com o PMRR o municiacutepio poderaacute melhorar
a qualidade ambiental da populaccedilatildeo captando recursos para a recuperaccedilatildeo das aacutereas de
APP que foram degradadas pelas ocupaccedilotildees irregulares beneficiando todos os moradores
do municiacutepio com o aumento da qualidade de vida na cidade
A partir do disposto nesta seccedilatildeo acerca do Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos e de
uma maneira preliminar (levando-se em conta apenas o nuacutemero de registros de
alagamentos e deslizamentos na aacuterea urbana principal de Santos Dumont no periacuteodo de
1984 a 2014) identificou-se trecircs regiotildees distintas na aacuterea urbana do municiacutepio com
tempo de recorrecircncia desses eventos similares caracterizando trecircs prioridades de
intervenccedilatildeo em contenccedilatildeo de risco como pode ser visto nas figuras 515 e 516 Vale
ressaltar que eacute necessaacuterio um estudo mais detalhado inclusive com visitas teacutecnicas a
campo para que se confirme a real situaccedilatildeo destas e a real prioridade para investimentos
Figura 5 17 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de deslizamentos
Fonte Do Autor
45
Figura 5 18 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de alagamentos
Fonte Do Autor
46
6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees
A seguir apresenta-se as conclusotildees e as recomendaccedilotildees feitas a partir dos objetivos
especiacuteficos explicitados no iniacutecio deste trabalho
Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a
aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes
urbanos
A partir da revisatildeo da legislaccedilatildeo pertinente em acircmbito federal estadual e
municipal constatou-se que o Plano Diretor de Santos Dumont natildeo conflita com a
legislaccedilatildeo federal e estadual sobre Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente A legislaccedilatildeo
municipal foi entendida como mais conservadora que as federal e estadual uma
vez que considera implicitamente que declividades entre 47 e 100 satildeo
enquadradas como APPs aleacutem da faixa superior a 100
Parte consideraacutevel das ocupaccedilotildees em APP principalmente na regiatildeo do bairro
Santo Antocircnio (onde surgiu os primeiros nuacutecleos que deram origem ao municiacutepio)
e o centro da cidade ocorreram antes de que fosse elaborado qualquer legislaccedilatildeo
que versasse sobre o tema Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente bastando ao gestor
local tomar medidas de contenccedilatildeo de riscos que minimizem os impactos causados
por essas ocupaccedilotildees nessa regiatildeo
O ordenamento adequado do uso do solo no municiacutepio eacute necessaacuterio para que o
crescimento dos loteamentos criados anteriormente agrave esta Lei e o surgimento de
novos natildeo avance para Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente o que pode causar
inuacutemeros problemas aos moradores e agravar os jaacute existentes
Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las
com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)
As aacutereas onde houveram a maior quantidade de registros de deslizamentos satildeo os
bairros mais populosos de Santos Dumont podendo se estabelecer uma relaccedilatildeo
que quanto mais populoso o bairro maior a quantidade de problemas relacionados
a deslizamentos Tambeacutem pode-se notar uma relaccedilatildeo com as fronteiras das faixas
de declividades e os deslizamentos uma vez que boa parte deles aconteceram
nestas faixas
As aacutereas onde houve um grande nuacutemero de registros de alagamentos satildeo os bairros
que se desenvolveram agraves margens do Ribeiratildeo das Posses em especial na aacuterea que
47
compreende as APPs de curso hiacutedrico e em aacutereas onde a declividade eacute baixa Esse
fato aliado ao crescimento do nuacutemero de vias pavimentadas com material
impermeaacutevel e a natildeo expansatildeo e ou redimensionamento da rede de drenagem
urbana contribuiacuteram para a ocorrecircncia cada vez mais constante de alagamentos
nessas aacutereas
Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos
catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30
anos
A partir do levantamento histoacuterico realizado e da base de dados georeferenciada
gerada observou-se o aumento do nuacutemero de registros de deslizamentos e
alagamentos nos uacuteltimos 10 anos quando as ocorrecircncias comeccedilaram a se repetir
numa mesma aacuterea com frequecircncia incrementada as vezes com mais de uma
ocorrecircncia anual
Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do
solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental
Destaca-se a adequaccedilatildeo dos criteacuterios gerais estabelecidos pelo Plano Diretor de
Santos Dumont relativos a legislaccedilatildeo federal e estadual Entretanto o referido
Plano Diretor natildeo contempla todo o territoacuterio municipal sendo assim ele natildeo
cumpre o objetivo de proteger as APPs preservadas e recuperar as que foram
degradadas em todo o territoacuterio municipal Ressalta-se tambeacutem a sua natildeo
conformidade com o Estatuto das Cidades uma vez que o Plano Diretor
contempla apenas os novos loteamentos
Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais
negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea
impactada
Recomenda-se a implantaccedilatildeo no municiacutepio de uma Coordenadoria Municipal de
Defesa Civil atuante e integrada agraves Secretarias Municipais e agrave comunidade
visando uma atuaccedilatildeo eficaz nos problemas relacionados a deslizamentos e
alagamentos A elaboraccedilatildeo de um Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos eacute de
suma importacircncia pois atraveacutes dele pode-se predizer as aacutereas que passaratildeo por
problemas caso a expansatildeo aconteccedila ou se inicie uma ocupaccedilatildeo nova aleacutem de
prevenir acidentes nas aacutereas jaacute ocupadas e consideradas de risco
48
7 Anexos
49
71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont
50
51
72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)
52
53
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Rio Claro 2013
7
Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais
negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea
impactada
3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
A seguir eacute apresentada a revisatildeo bibliograacutefica que fundamenta o desenvolvimento e o
pleno entendimento deste trabalho O conhecimento do que satildeo aacutereas de risco
alagamentos e deslizamentos bem como o que eacute e qual a importacircncia de um Plano Diretor
eacute de suma importacircncia para se avaliar como um municiacutepio estaacute se desenvolvendo e qual
a qualidade de vida dos muniacutecipes Tambeacutem satildeo abordados neste capiacutetulo os aspectos
legais referentes agraves Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente seus limites e sua importacircncia para
o ambiente urbano
31 Conceitos Fundamentais
311 Aacutereas de risco
De acordo com o Instituto de Pesquisas Tecnoloacutegicas ndash IPT entende-se como aacuterea de
risco aquela ldquopassiacutevel de ser atingida por fenocircmenos ou processos naturais eou induzidos
que causem efeito adverso As pessoas que habitam essas aacutereas estatildeo sujeitas a danos agrave
integridade fiacutesica perdas materiais e patrimoniaisrdquo (MINISTEacuteRIO DAS CIDADES
2007)
Para Augusto Filho et al (1990) apud Cristo (2002) aacuterea de risco eacute caracterizada como
aquela em que ldquose encontra em situaccedilatildeo de perigo tanto socialmente quanto
economicamente por conta de alguma alteraccedilatildeo na constituiccedilatildeo do terreno ou com grande
probabilidade de ocorrer processos naturaisrdquo
Segundo Fernandes (2012) aacutereas de risco ldquosatildeo aacutereas consideradas improacuteprias ao
assentamento humano por estarem sujeitas a riscos naturaisrdquo
Diante das definiccedilotildees supracitadas pode-se dizer que aacuterea de risco satildeo aacutereas susceptiacuteveis
agrave accedilatildeo de eventos naturais extremos e por esse motivo natildeo eacute viaacutevel agrave ocupaccedilatildeo humana
nestes locais e pode ou natildeo estar associados agrave proximidade ou nos limites de uma APP
8
312 Deslizamentos
Segundo Tominaga (2009) deslizamento eacute o movimento de solo em uma vertente pela
accedilatildeo da gravidade e satildeo mais frequentes em regiotildees de relevo montanhoso e em periacuteodos
chuvosos sendo a pluviosidade um dos principais fatores condicionantes para a ocorrecircncia
do processo Os deslizamentos podem ocorrer naturalmente e eacute grande responsaacutevel pela
dinacircmica das vertentes e evoluccedilatildeo do relevo local mas no Brasil a falta de planejamento
urbano de uma boa parte dos municiacutepios a ocupaccedilatildeo desordenada e a construccedilatildeo de
domiciacutelios sem orientaccedilatildeo teacutecnica tecircm transformado um processo natural em um
problema que algumas vezes se tornam grandes trageacutedias Na regiatildeo Sudeste brasileira o
escorregamento do tipo rotacional eacute o mais comum e eacute caracterizado por uma ruptura
curva no solo que estaacute geralmente associada agrave realizaccedilatildeo de cortes na base do talude ou
por processos erosivos fluviais o que relaciona esse tipo de escorregamento agraves regiotildees
urbanas mal planejadas e coloca o homem como o principal agente efetivo associado com
a pluviosidade na ocorrecircncia de acidentes relacionados com deslizamentos
(FERNANDES amp AMARAL 1996 apud TOMINAGA 2009)
313 Alagamentos
De acordo com Amaral amp Ribeiro (2009) inundaccedilotildees e enchentes satildeo processos
intimamente relacionados com a pluviosidade pois satildeo frequentes em periacuteodos de chuvas
fortes e raacutepidas ou chuvas de longa duraccedilatildeo e estatildeo relacionados agrave intensidade e
distribuiccedilatildeo da precipitaccedilatildeo ao longo da bacia agrave capacidade do solo de reter e infiltrar
aacutegua e agraves caracteriacutesticas de forma da bacia de drenagem
O escoamento das aacuteguas pluviais na natureza eacute lento mas em aacutereas urbanizadas a accedilatildeo
antroacutepica relacionada a ocupaccedilatildeo de planiacutecies de inundaccedilatildeo que podem estar inclusive
em uma cota abaixo do leito do rio impermeabilizaccedilatildeo do solo e retificaccedilatildeo de corpos
drsquoaacutegua aleacutem de inuacutemeras atividades que promovem o assoreamento dos rios e coacuterregos
tem gerado resultados catastroacuteficos e grandes prejuiacutezos (AMARAL amp RIBEIRO 2009)
Quando se refere agraves regiotildees urbanas o termo ldquoalagamentordquo eacute o mais utilizado e segundo
o Ministeacuterio das Cidades (2006) define-se como o ldquoacuacutemulo momentacircneo de aacuteguas em
uma dada aacuterea por problemas no sistema de drenagem podendo ter ou natildeo relaccedilatildeo com
processos de natureza fluvialrdquo Tambeacutem o termo ldquoenxurradardquo eacute utilizado e define-se como
o ldquoescoamento superficial concentrado e com alta energia de transporte que pode ou natildeo
estar associado a aacutereas de domiacutenio dos processos fluviais Eacute comum a ocorrecircncia de
enxurradas ao longo de vias implantadas sobre antigos cursos drsquoaacutegua com alto gradiente
hidraacuteulico e em terrenos com alta declividade naturalrdquo
9
314 Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente
O Novo Coacutedigo Florestal Brasileiro define Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP) como
ldquoaacuterea protegida coberta ou natildeo por vegetaccedilatildeo nativa com a funccedilatildeo ambiental de
preservar os recursos hiacutedricos a paisagem a estabilidade geoloacutegica e a biodiversidade
facilitar o fluxo gecircnico de fauna e flora proteger o solo e assegurar o bem-estar das
populaccedilotildees humanasrdquo (BRASIL2012) Estas aacutereas satildeo muito importantes tanto no meio
urbano como no rural por garantir a estabilidade do solo em encostas iacutengremes contribuir
para a natildeo formaccedilatildeo de processos erosivos e o assoreamento de rios e coacuterregos aleacutem de
garantir a recarga de aquiacuteferos ao atuar como um amortecedor de chuvas retendo-a e
impedindo que ocorra um carreamento intenso de sedimentos ao longo dos morros e
margens de rios e coacuterregos (SKORUPA 2004) A Lei 126512012 apresenta os tipos de
APP e seus limites conforme seraacute visto no item 322
315 Uso e ocupaccedilatildeo do solo
Dentre os vaacuterios mecanismos de ordenamento urbano e instrumentos de planejamento
municipal previsto no Estatuto da Cidade (Lei Federal 102572001) o uso e ocupaccedilatildeo
do solo satildeo os mais utilizados pelas cidades para a formulaccedilatildeo das poliacuteticas urbanas
podendo definir o uso como a forma como esta parcela do solo eacute utilizada e a ocupaccedilatildeo
como sendo o modo como as edificaccedilotildees devem ser dispostas nesta mesma parcela do
solo urbano (TAKEDA 2015) O termo ldquoUso e ocupaccedilatildeo do solordquo tambeacutem pode ser
definido como o fator que determina como as mais diferentes regiotildees de um municiacutepio
deve se desenvolver (FONTOURA 2015)
A inserccedilatildeo de leis municipais de uso e ocupaccedilatildeo do solo objetivam ser uma referecircncia
para os gestores locais no processo de tomada de decisatildeo para que as cidades cresccedilam de
modo organizado enfatizando os potenciais e capacidades de cada regiatildeo aleacutem de tornar
o crescimento mais homogecircneo Com isso pretende-se evitar a formaccedilatildeo de grandes
adensamentos em pequenas aacutereas garantindo a mobilidade e a qualidade de vida de todos
os muniacutecipes tanto da regiatildeo urbana como da rural preservar e melhorar a qualidade
ambiental do municiacutepio aleacutem de evitar deslizamentos e alagamentos por conta da
ocupaccedilatildeo incorreta do solo (TAKEDA 2015)
10
32 Legislaccedilatildeo Pertinente
321 As adequaccedilotildees da legislaccedilatildeo ao longo dos anos
A problemaacutetica relacionada agraves APPs em aacutereas urbanas outrora era uma questatildeo complexa
e demandava uma larga discussatildeo do ponto de vista juriacutedico administrativo e teacutecnico Eacute
sabido que a maioria das cidades se formaram proacuteximos aos corpos hiacutedricos regiatildeo que
garantia o abastecimento de aacutegua e alimentos agrave populaccedilatildeo e tambeacutem facilitava o descarte
dos efluentes A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 225 daacute garantia aos
brasileiros de um meio ambiente em equiliacutebrio e concede agrave toda a sociedade o dever de
preservaacute-lo de acordo com os princiacutepios do desenvolvimento sustentaacutevel (BRASIL
1988) Antes desta Constituiccedilatildeo jaacute havia um texto que regulamentava a questatildeo da
preservaccedilatildeo de aacutereas verdes em todo o territoacuterio nacional A Lei Federal nordm 477165 que
trata do Coacutedigo Florestal estabelecia limites e regulamentava as Aacutereas de Preservaccedilatildeo
Permanente De acordo com Arauacutejo (2002) apud De Moraes (2014) essa Lei que fora
revogada e substituiacuteda pela Lei 126512012 era bastante falha no que diz respeito agraves
questotildees de APPS em aacutereas urbanas o que poderia ser um facilitador do natildeo cumprimento
do que foi proposto por aquela legislaccedilatildeo nestas aacutereas Isso se devia ao fato de o Coacutedigo
Florestal de 1965 ter deixado uma duacutevida sobre qual legislaccedilatildeo seguir uma vez que em
seu segundo artigo no paraacutegrafo uacutenico estava disposto que em aacutereas urbanas devia-se
atentar para a legislaccedilatildeo referente ao Plano Diretor e as referentes ao uso do solo na aacuterea
do municiacutepio (BRASIL 1965) Diante dessa conjuntura alguns municiacutepios optavam pela
natildeo aplicaccedilatildeo do Coacutedigo Florestal na regiatildeo urbana mesmo sabendo que a poliacutetica
conservacionista eacute extremamente importante visto o grande nuacutemero de problemas que
podem advir do uso irregular das APPs (DE MORAES 2009) Segundo o artigo 182 da
Constituiccedilatildeo Federal de 1988 as poliacuteticas relacionadas ao desenvolvimento urbano
devem ser elaboradas pelos municiacutepios e objetiva garantir o bem estar dos muniacutecipes e
tambeacutem o desenvolvimento do municiacutepio como um todo atraveacutes do atendimento agraves
exigecircncias do Plano Diretor (BRASIL 1988) O que podia gerar alguma divergecircncia seria
se o Plano Diretor Municipal propusesse uma faixa de APP menor que a prevista pelo
Coacutedigo Florestal Sendo assim essa legislaccedilatildeo perderia sua validade pelo fato de a
legislaccedilatildeo federal ser suplementar ou se seria cumprida devido ao disposto no artigo 182
da Constituiccedilatildeo Segundo De Moraes (2009) natildeo eacute aceitaacutevel que o Plano Diretor
Municipal legitime tal degradaccedilatildeo ambiental uma vez que um dos seus principais
objetivos eacute a proteccedilatildeo do bem estar puacuteblico estando incluiacutedo nesse a proteccedilatildeo do
ambiente natural A delimitaccedilatildeo e especificaccedilatildeo das APPs em Lei eacute necessaacuteria uma vez
que os limites miacutenimos destinados agrave preservaccedilatildeo satildeo importantes pois garantem a
proteccedilatildeo tanto da qualidade quanto da quantidade dos recursos hiacutedricos e evitam a
ocupaccedilatildeo em locais propiacutecios aos deslizamentos e zonas de recarga dos aquiacuteferos
11
subterracircneos assegurando tambeacutem de certa forma a integridade dos seres humanos que
potencialmente ocupariam tais locais (CARVALHO 2013)
Neste trabalho a legislaccedilatildeo tomada como referecircncia eacute a prevista pela Constituiccedilatildeo Federal
de 1988 o Novo Coacutedigo Florestal (Lei 126512012) e o Estatuto das Cidades (Lei
102572001) em acircmbito federal Na esfera estadual a Lei 209222013 versa sobre os
limites para APP em todo o territoacuterio de Minas A Lei Municipal 42412012 trata do
Plano Diretor Municipal da cidade de Santos Dumont onde se encontra as diretrizes para
o uso e ocupaccedilatildeo do solo e o zoneamento da cidade de acordo com as caracteriacutesticas do
solo entre outras
322 O Novo Coacutedigo Florestal e a legislaccedilatildeo mineira
O Novo Coacutedigo Florestal Lei Federal 126512012 substituiu a Lei Federal 47711965
Dentre os vaacuterios artigos que esta lei possui o que apresenta maior importacircncia para o
planejamento e o ordenamento das cidades tanto na aacuterea urbana como na rural eacute o artigo
4ordm em que constam as faixas de APP tanto para curso hiacutedrico como para declividade e
altitude aleacutem dos topos de morro a saber (BRASIL2012)
ldquoArt 4ordm Considera-se Aacuterea de Preservaccedilatildeo
Permanente em zonas rurais ou urbanas para os
efeitos desta Lei
I - as faixas marginais de qualquer curso drsquoaacutegua
natural perene e intermitente excluiacutedos os
efecircmeros desde a borda da calha do leito regular
em largura miacutenima de
a) 30 (trinta) metros para os cursos drsquoaacutegua de
menos de 10 (dez) metros de largura
b) 50 (cinquenta) metros para os cursos drsquoaacutegua
que tenham de 10 (dez) a 50 (cinquenta) metros de
largura
()
IV - as aacutereas no entorno das nascentes e dos olhos
drsquoaacutegua perenes qualquer que seja sua situaccedilatildeo
topograacutefica no raio miacutenimo de 50 (cinquenta)
metros
12
V - as encostas ou partes destas com declividade
superior a 45deg equivalente a 100 (cem por
cento) na linha de maior declive
()
IX - no topo de morros montes montanhas e
serras com altura miacutenima de 100 (cem) metros e
inclinaccedilatildeo meacutedia maior que 25deg as aacutereas
delimitadas a partir da curva de niacutevel
correspondente a 23 (dois terccedilos) da altura
miacutenima da elevaccedilatildeo sempre em relaccedilatildeo agrave base
sendo esta definida pelo plano horizontal
determinado por planiacutecie ou espelho drsquoaacutegua
adjacente ou nos relevos ondulados pela cota do
ponto de sela mais proacuteximo da elevaccedilatildeo
X - as aacutereas em altitude superior a 1800 (mil e
oitocentos) metros qualquer que seja a
vegetaccedilatildeo
()rdquo
A legislaccedilatildeo atual em seu artigo 4ordm evidencia que as faixas e aacutereas determinadas como
APP compreendem tanto as aacutereas rurais quanto urbanas (BRASIL 2012) retirando a
duacutevida anterior e sendo essa a Lei suplementar qualquer faixa de APP mais permissiva
na legislaccedilatildeo estadual e municipal satildeo invaacutelidas o que simplificou de certa forma a
aplicabilidade da Legislaccedilatildeo referente a Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente
No Estado de Minas Gerais a Lei Estadual 20922 de 16 de Outubro de 2013 trata do tema
em acircmbito estadual mas com os mesmos princiacutepios propostos pela Lei Federal sendo os
limites miacutenimos previstos para as APPs os mesmos propostos pelo Novo Coacutedigo
Florestal brasileiro (MINAS GERAIS2013)
ldquo Art 9ordm Para os efeitos desta Lei em zonas rurais
ou urbanas satildeo APPs
I as faixas marginais de cursos drsquoaacutegua naturais
perenes e intermitentes excluiacutedos
os efecircmeros medidas a partir da borda da calha
do leito regular em largura miacutenima de
13
a) 30m (trinta metros) para os cursos drsquoaacutegua de
menos de 10m (dez metros) de largura
b) 50m (cinquenta metros) para os cursos drsquoaacutegua
de 1 0m (dez metros) a 50m (cinquenta metros) de
largura
()
IV as aacutereas no entorno das nascentes e dos olhos
drsquoaacutegua perenes no raio miacutenimo de 50m
(cinquenta metros)
V as encostas ou partes destas com declividade
superior a 45ordm (quarenta e cinco graus)
equivalente a 100 (cem por cento) na linha de
maior declive
()
VII no topo de morros montes montanhas e
serras com altura miacutenima de 100m (cem metros)
e inclinaccedilatildeo meacutedia maior que 25ordm (vinte e cinco
graus) as aacutereas delimitadas a partir da curva de
niacutevel correspondente a 23 (dois terccedilos) da altura
miacutenima da elevaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave base sendo esta
definida pelo plano horizontal determinado por
planiacutecie ou espelho drsquoaacutegua adjacente ou nos
relevos ondulados pela cota do ponto de sela mais
proacuteximo da elevaccedilatildeo
VIII as aacutereas em altitude superior a 1 800m (mil
e oitocentos metros)
()rdquo
323 O Plano Diretor
O Estatuto das Cidades em seu artigo 40 prevecirc o plano diretor como um instrumento
capaz de promover a poliacutetica urbana englobando toda a cidade aleacutem de fornecer padrotildees
e limites para o uso do solo nas mais diversas regiotildees do municiacutepio com vistas a
harmonizar o desenvolvimento urbano com a preservaccedilatildeo do meio ambiente (SILVA JR
2006) Este instrumento eacute obrigatoacuterio para cidades com mais de 20 mil habitantes ou
14
aacutereas que integrem regiotildees metropolitanas ou de interesse turiacutestico O artigo 41 do
Estatuto das cidades tambeacutem prevecirc a obrigatoriedade do Plano Diretor para cidades que
possuem em sua aacuterea empreendimentos que caracterizem grandes impactos ambientais
de influecircncia regional ou nacional e cidades que possuem problemas com deslizamentos
de grande magnitude ou alagamentos repentinos (BRASIL 2001)
O Plano diretor de acordo com o Estatuto das Cidades deve ser aprovado como lei em
acircmbito municipal e revisto a cada dez anos Este documento eacute uacutenico pois cada cidade
possui suas peculiaridades infraestrutura vocaccedilotildees e problemas que por mais que sejam
parecidos entre si satildeo diferenciados pela intensidade e pela regionalizaccedilatildeo Sendo assim
a confecccedilatildeo do Plano Diretor deve conter a participaccedilatildeo de toda a comunidade local de
forma a reduzir as desigualdades sociais os gastos puacuteblicos desnecessaacuterios a degradaccedilatildeo
ambiental e combater os problemas relacionados a urbanizaccedilatildeo de forma conjunta
promovendo um processo de tomada de decisatildeo que garanta a qualidade de vida
preservaccedilatildeo e o desenvolvimento social do municiacutepio como um todo (ROSSBACH amp
CARVALHO 2010)
3231 O Plano Diretor de Santos Dumont
A Lei Municipal nordm 424112 que entrou em vigor no ano de 2014 trata do Plano Diretor
Municipal instrumento previsto no Estatuto das Cidades para garantir aos cidadatildeos um
desenvolvimento urbano organizado justo e sustentavelmente econocircmico (BRASIL
2001) Aleacutem de apontar as diretrizes para a elaboraccedilatildeo da Poliacutetica Municipal dos mais
variados setores o Plano Diretor divide o municiacutepio em macrozonas urbanas e rurais
Estas zonas tecircm por objetivo facilitar a identificaccedilatildeo dos setores que permitem ou natildeo o
desenvolvimento da cidade e em que magnitude pode ser feita a expansatildeo respeitando ao
meio ambiente e tambeacutem o que eacute previsto no tocante ao uso e ocupaccedilatildeo do solo nessas
aacutereas Aleacutem disso ela estabelece a forma como devem ser as edificaccedilotildees nas referidas
aacutereas As aacutereas definidas como macrozonas urbanas e foram subdivididas em (SANTOS
DUMONT2012)
ldquoZona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e
da Paisagem (ZPPH) satildeo as aacutereas cujos
equipamentos urbanos possuem interesse
histoacuterico ou paisagiacutestico de preservaccedilatildeo
Zona de Preservaccedilatildeo Ambiental satildeo aquelas em
que devem ser mantidas ou recuperadas a
15
vegetaccedilatildeo por conta da declividade altitude ou
presenccedila de recursos hiacutedricos
Zona de Adensamento Controlado (ZAC) satildeo as
aacutereas em que deve-se manter uma pequena
densidade populacional devido as limitaccedilotildees na
infraestrutura da localidade A ZAC se divide em
ZAC 1 quando a infraestrutura existente eacute
limitada e em ZAC 2 quando esta eacute precaacuteria ou
natildeo existe
Zona de Consolidaccedilatildeo de Adensamento (ZCA)
satildeo as aacutereas em que haacute interesse em ocupar os
lotes vagos haja visto que a regiatildeo possui toda a
infraestrutura para que isto aconteccedila
Zona Adensaacutevel (ZA) satildeo as aacutereas com
condiccedilotildees propiacutecias para ocorrer uma ocupaccedilatildeo
mais densa
Zona Especial de Interesse Social (ZEIS) satildeo as
aacutereas em que o Poder Puacuteblico almeja fazer
alguma forma de ocupaccedilatildeo Eacute dividida em ZEIS 1
e ZEIS 2 A ZEIS 1 satildeo regiotildees jaacute ocupadas mas
de forma irregular cujo interesse puacuteblico eacute
realizar obras e outras atividades para
regularizar as ocupaccedilotildees e urbanizar a aacuterea
enquanto que a ZEIS 2 satildeo aacutereas natildeo utilizadas ou
subutilizadas as quais o poder puacuteblico almeja
realizar algum empreendimento habitacional de
caraacuteter social
Zona de Grandes Equipamentos (ZE) satildeo aacutereas
cujo o interesse eacute a implantaccedilatildeo de
empreendimentos de grande porte ou grandes
equipamentos puacuteblicosrdquo
Esta divisatildeo espacial pode ser melhor vista no Anexo 71
O Plano Diretor natildeo estipula limites para APP mas prevecirc algumas diretrizes como na
Poliacutetica Municipal de Preservaccedilatildeo do Meio Ambiente sobre o uso do solo em
compatibilidade com praacuteticas conservacionistas A Poliacutetica Municipal de Expansatildeo
16
Urbana tem como uma de suas diretrizes fazer cumprir a legislaccedilatildeo vigente no que diz
respeito agraves intervenccedilotildees e investimentos que poderatildeo ser feitos nessas aacutereas Tambeacutem eacute
diretriz da mesma Poliacutetica o controle da ocupaccedilatildeo e do uso do solo em APPs e o auxiacutelio
aos oacutergatildeos estaduais e federais de meio ambiente no tocante agrave fiscalizaccedilatildeo da ocupaccedilatildeo
nestas aacutereas (SANTOS DUMONT 2012) O artigo 38 que trata das diretrizes da Poliacutetica
habitacional de interesse social exclui do processo de regularizaccedilatildeo fundiaacuteria os
assentamentos situados em aacutereas de risco o que na maioria das vezes estatildeo tambeacutem nas
aacutereas que deveriam estar vegetadas e protegidas (SANTOS DUMONT 2012) Na
legislaccedilatildeo referente ao parcelamento do solo eacute previsto que no parcelamento de glebas
com declividade entre 30 e 47 soacute poderaacute ser aprovado mediante projeto e laudo
assinado por um responsaacutevel teacutecnico favoraacutevel agrave construccedilatildeo nesse local (SANTOS
DUMONT 2012) Diante do proposto pelo Plano Diretor de Santos Dumont pode-se
dizer que natildeo haacute conflito com a legislaccedilatildeo federal e estadual em se tratando da
aplicabilidade do Coacutedigo Florestal uma vez que aquele natildeo explicita limites nem
permissivos e tampouco restritivos para faixas e aacutereas de preservaccedilatildeo permanente
33 O Municiacutepio de Santos Dumont
331 De Arraial a cidade
A aacuterea onde se situa hoje o municiacutepio de Santos Dumont teve sua ocupaccedilatildeo iniciada no
seacuteculo XVIII quando a Coroa Portuguesa solicitou ao entatildeo Governador do Rio de
Janeiro Artur de Saacute Menezes que abrisse um caminho que ligasse as Minas dos
Cataguases na regiatildeo de Ouro Preto (receacutem descobertas) ao Rio de Janeiro por onde
escoava os metais preciosos para a metroacutepole Surgiu assim o ldquoCaminho Novordquo e ao longo
deste caminho surgiram tambeacutem as Sesmarias aacutereas que tinham por principal objetivo
servir de pouso aos transportadores e exploradores e tambeacutem para garantir alimento a
estas pessoas Uma destas ocupaccedilotildees seria o ldquoArraial de Joatildeo Gomesrdquo (Figura 41)
primeiro nuacutecleo primitivo do municiacutepio em 1709 De iniacutecio prevaleciam somente
ranchos onde os viajantes se abrigavam mas em pouco tempo ergueu-se a Capela de Satildeo
Miguel e Almas e pequenos nuacutecleos urbanos comeccedilaram a surgir (DAPPC2008)
17
Figura 3 1 Vista parcial do Arraial de Joatildeo Gomes
Fonte Arquivo Histoacuterico de Santos Dumont-MG
Com a construccedilatildeo da Estrada de Ferro D Pedro II no final do seacuteculo XIX a regiatildeo teve
um consideraacutevel crescimento natildeo soacute populacional como tambeacutem econocircmico se tornando
a Vila Palmyra em 1889 Em 1890 Palmyra eacute elevada ao status de Municiacutepio (Figura 42)
e recebe um grande nuacutemero de melhorias no setor viaacuterio como a retificaccedilatildeo de ruas e
tambeacutem no setor de serviccedilos puacuteblicos como abastecimento de aacutegua iluminaccedilatildeo puacuteblica a
querosene e posteriormente energia eleacutetrica O desenvolvimento econocircmico na regiatildeo
tambeacutem teve seu momento aacuteureo nesse periacuteodo Induacutestrias de laticiacutenios graacuteficas e de
Carbureto de Caacutelcio fizeram parte do parque industrial de Palmyra o que atraiacutea pessoas
de outros lugares inclusive estrangeiros contribuindo para o aumento populacional da
regiatildeo Como ainda natildeo havia legislaccedilatildeo sobre uso e ocupaccedilatildeo do solo nessa eacutepoca
surgiram inuacutemeros loteamentos em aacutereas proacuteximas agrave rios e coacuterregos e tambeacutem em
encostas com declividade acentuada o que foi agravando o risco agrave medida que a ocupaccedilatildeo
aumentava (DAPPC2008)
18
Figura 3 2 Municiacutepio de Palmyra na deacutecada de 1920
Fonte Arquivo Histoacuterico de Santos Dumont-MG
O escoamento da produccedilatildeo industrial se dava pelo modal ferroviaacuterio setor que tambeacutem
movimentava a crescente cidade que era ponto importante no setor de transportes pois
possuiacutea um dos mais bem equipados depoacutesitos de locomotivas da Estrada de Ferro Central
do Brasil (DAPPC2008)
No ano de 1932 o municiacutepio de Palmyra passou a se chamar Santos Dumont (Figura 43)
em homenagem ao inventor do aviatildeo que nascera naquela cidade Nos uacuteltimos 40 anos
Santos Dumont tem experimentado uma acentuada desaceleraccedilatildeo econocircmica
consequecircncia do fechamento da grande maioria das induacutestrias principalmente as de
laticiacutenios que empregavam direta e indiretamente uma parte consideraacutevel da populaccedilatildeo
(DAPPC2008)
19
Figura 3 3 Municiacutepio de Santos Dumont em 2014
Fonte Arquivo do autor
332 Santos Dumont na atualidade
O municiacutepio de Santos Dumont localiza-se na regiatildeo da Zona da Mata mineira distante
cerca de 220 Km da capital Belo Horizonte e possui uma populaccedilatildeo de 47558 habitantes
(ODM 2015 projeccedilatildeo) numa aacuterea total de 637 kmsup2 Faz divisa com os municiacutepios de
Juiz de Fora Oliveira Fortes Bias Fortes Antocircnio Carlos Tabuleiro Piau e Ewbank da
Cacircmara
No que diz respeito agrave sua formaccedilatildeo fisiacuteco-geograacutefica a aacuterea que compreende o municiacutepio
eacute constituiacuteda predominantemente por Cambissolo Haacuteplico (70) com Latossolo
Vermelho-Amarelo (30) (UFV2010) A vegetaccedilatildeo eacute em sua maioria composta por
exemplares de Mata Atlacircntica De acordo com o IBGE(2015) Santos Dumont se localiza
a 839m de altitude O clima da regiatildeo eacute classificado como Tropical de Altitude (Cwb) e
possui uma temperatura meacutedia de 20ordmC Eacute banhado pela bacia hidrograacutefica do Paraiacuteba do
Sul e em sua maioria pertence agrave sub-bacia do Rio Pomba (IGAM) que fornece aacutegua para
abastecimento puacuteblico agrave 88 da populaccedilatildeo por meio da rede de distribuiccedilatildeo
(IBGE2010) Uma pequena parte da zona rural a sudoeste eacute banhada pela Sub-Bacia do
Rio Paraibuna mais precisamente na regiatildeo de fronteira com os municiacutepios de Juiz de
Fora e Ewbank da Cacircmara O sistema viaacuterio principal de acesso agrave cidade eacute a rodovia BR-
040 e a estrada de ferro Dom Pedro II atualmente utilizada somente para transporte de
cargas
Com a economia nos dias atuais baseada majoritariamente no setor de serviccedilos a cidade
possui um Iacutendice de Desenvolvimento humano (IDH) de 0741 (IBGE2010) Apesar do
decliacutenio econocircmico de Santos Dumont nota-se hoje um aumento no nuacutemero de
loteamentos populares e condomiacutenios horizontais e verticais entre outras edificaccedilotildees Eacute
de vital importacircncia que esse crescimento das ocupaccedilotildees seja ordenado e regulamentado
20
de forma a garantir a qualidade ambiental prevenindo deslizamentos e inundaccedilotildees Diante
dessa conjuntura o governo municipal aprovou em 2012 a Lei nordm 4241 que trata do Plano
Diretor Participativo instrumento baacutesico da poliacutetica de desenvolvimento e expansatildeo
urbana do municiacutepio de Santos Dumont
4 METODOLOGIA
41 Aacuterea de estudo
A regiatildeo dentro dos limites do municiacutepio que seraacute estudada neste trabalho eacute conforme
descrito nos anexos Plano Diretor e representada na figura 44 a aacuterea urbana principal
que possui 47 Kmsup2 e compreende a regiatildeo central da cidade e os bairros perifeacutericos regiatildeo
que concentra cerca de 90 da populaccedilatildeo total de Santos Dumont (IBGE 2015) A aacuterea
urbana principal representa 75 da aacuterea total dos 637 Kmsup2 que compreendem o
municiacutepio e eacute o local onde nos uacuteltimos 30 anos se verificou um maior crescimento
populacional e tambeacutem onde ocorre a maioria dos eventos relacionados a deslizamentos
e alagamentos por conta da ocupaccedilatildeo sem planejamento A figura 45 mostra a aacuterea
urbana principal e a localizaccedilatildeo dos bairros urbanos de Santos Dumont
Figura 4 1 Localizaccedilatildeo da aacuterea urbana principal
Fonte Google Earth
21
Figura 4 2 Mapa da aacuterea urbana principal com a localizaccedilatildeo dos bairros
Fonte Do Autor
42 Levantamento e tratamento dos dados
No desenvolvimento deste trabalho foi necessaacuterio se fazer um estudo detalhado sobre o
Plano Diretor de Santos Dumont principalmente dos seus anexos que compreendem os
mapas e a localizaccedilatildeo das aacutereas definidas pelo zoneamento proposto Para que isso fosse
possiacutevel a Secretaria Municipal de Obras e Serviccedilos Puacuteblicos forneceu todos os dados
secundaacuterios produto do estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor e do
zoneamento Estes dados incluem os arquivos Shapefile (shp) e outros documentos
integrantes do Plano Diretor Algumas informaccedilotildees foram complementadas tambeacutem com
dados adquiridos atraveacutes do site do IBGE e do Portal Objetivos do Milecircnio (ODM)
Os dados sobre as ocorrecircncias de deslizamentos e alagamentos foram obtidos atraveacutes da
Defesa Civil do municiacutepio atraveacutes do Sistema Integrado de Informaccedilotildees sobre Desastres
(S2ID) do Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional Tal sistema centraliza as informaccedilotildees sobre
desastres naturais ocorridos em todo o territoacuterio nacional facilitando a pesquisa sobre tais
eventos a qualquer cidadatildeo (BRASIL 2015)
Apesar do sistema ser bastante uacutetil os dados sobre o municiacutepio de Santos Dumont se
encontravam bastante falhos e escassos sendo necessaacuteria complementaccedilatildeo para que a
22
base de dados ficasse consistente Diante disso uma pesquisa atraveacutes dos arquivos do
Jornal Mensagem um jornal semanaacuterio local foi feita entre os anos de 1984 e 2014 e os
dados primaacuterios filtrados em uma planilha do Microsoft Excel para posterior utilizaccedilatildeo
De posse destes dados foi feita a localizaccedilatildeo em campo das coordenadas dos locais
atingidos por deslizamentos e alagamentos no periacuteodo compreendido pela pesquisa com
o auxiacutelio de um aparelho de GPS
A maioria dos arquivos shapefile utilizados para a confecccedilatildeo dos mapas satildeo parte
integrante dos anexos da Lei do Plano diretor do municiacutepio gerados no mecircs de dezembro
de 2011 pelo Instituto Nova Cidade e foram cedidos pela Secretaria Municipal de Obras
e Serviccedilos Puacuteblicos com Datum em UTM SAD 69 Com a finalidade de fornecer um
referenciamento atualizado e de acordo com os mais novos sistemas de coordenadas
utilizados no Brasil os arquivos foram convertidos para o Datum UTM SIRGAS 2000
que diferencia do SAD 69 pelo fato de ser um referencial geocecircntrico ou seja o centro
da Terra eacute o ponto de referecircncia neste sistema enquanto que o primeiro utiliza um
referencial na superfiacutecie da Terra (IBGE2014) Eacute interessante ressaltar tambeacutem que o
SIRGAS 2000 se tornou no ano de 2014 o sistema de coordenadas oficial do Sistema
Geodeacutesico Brasileiro e do Sistema Cartograacutefico Nacional ambos mantidos pelo IBGE A
combinaccedilatildeo dos shapefiles foi feita com o software livre gvSIG e com estas combinaccedilotildees
foram gerados mapas importantes resultados para a execuccedilatildeo deste trabalho A maioria
dos mapas representam a regiatildeo urbana principal de Santos Dumont e foram produzidos
numa escala em torno de 140000 que de acordo com Rocha (2007) eacute uma escala viaacutevel
pois as recomendaacuteveis para trabalhos de anaacutelise ambiental em niacutevel municipal podem ser
entre 150000 e 110000 Alguns mapas cujo detalhamento natildeo eacute necessaacuterio foram
gerados na escala 1100000
Para a geraccedilatildeo dos mapas aleacutem dos arquivos fornecidos pela Secretaria de Obras e
Serviccedilos Puacuteblicos foram utilizados para a geraccedilatildeo do modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE)
e da localizaccedilatildeo dos topos de morro dados gerados pelo sistema de radar Advanced
Spacebone Thermal Emission and Reflection Radiometer (ASTER) que geram as curvas
de niacutevel do terreno com uma resoluccedilatildeo de 30m (NASA2014) O processamento dessas
imagens foi feito pelo software livre gvSIG As imagens geradas pelos sateacutelites
LANDSAT foram adquiridas no site da United States Geological Survey (USGS) e essas
imagens possibilitaram obter um panorama preciso do uso do solo em toda a aacuterea urbana
de Santos Dumont numa resoluccedilatildeo de 15 metros uma vez que foi utilizada a banda
pancromaacutetica do sateacutelite LANDSAT 8 aleacutem da combinaccedilatildeo das bandas 65 e 4
respectivamente que eacute a combinaccedilatildeo recomendada pela mantenedora dos sateacutelites para
anaacutelises deste tipo
23
No que diz respeito a identificaccedilatildeo de APPs em topo de morro a metodologia de Oliveira
amp Fernandes Filho (2013) por utilizar as mesmas bases de dados ateacute entatildeo usadas neste
trabalho foi a mais indicada
A metodologia de anaacutelise dos mapas gerados eacute a proposta pelo professor Jorge Xavier da
Silva do Laboratoacuterio de Geoprocessamento (LAGEOP) da Universidade Federal do Rio
de Janeiro e citada por Rocha (2007) Tal metodologia analisa as variaacuteveis em questatildeo
presentes na aacuterea e permite avaliar as possibilidades de relaccedilotildees entre essas variaacuteveis De
uma maneira geral este meacutetodo verifica o estado atual da aacuterea em estudo bem como das
variaacuteveis gerando inventaacuterios que servem para a construccedilatildeo de dados planimeacutetricos sejam
com as variaacuteveis isoladas ou combinadas Estes dados planimeacutetricos geram assinaturas
que permitem inferir sobre a influecircncia dessas variaacuteveis De posse dos dados gerados pelo
processo anteriormente citado pode-se fazer algumas prospecccedilotildees sobre os riscos
ambientais que a aacuterea pode sofrer ou o seu potencial ambiental (ROCHA 2007)
5 RESULTADOS
51 Levantamento histoacuterico de alagamentos e
deslizamentos
O aumento da demanda pelo uso do solo na regiatildeo urbana de Santos Dumont
principalmente no tocante agrave formaccedilatildeo de novos loteamentos e condomiacutenios nos uacuteltimos
anos eacute consideraacutevel mas tambeacutem haacute de se observar o crescimento dos bairros jaacute existentes
com pouco ou nenhum ordenamento Em ambos os casos se observa ocupaccedilotildees
irregulares em APP o que tem ocasionado um aumento na frequecircncia de deslizamentos
e inundaccedilotildees Eacute evidente que quanto maior a densidade populacional do bairro maior a
quantidade de ocorrecircncias ao longo dos anos (SPERFELD 2009)
De acordo com as ocorrecircncias registradas pela Defesa Civil do municiacutepio obtidas atraveacutes
da literatura utilizada nos uacuteltimos 30 anos Santos Dumont chegou a decretar situaccedilatildeo de
emergecircncia por conta de desastres envolvendo deslizamentos eou alagamentos por duas
vezes num espaccedilo de 10 anos conforme pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho
(BRASIL 2014 CEPED 2011)
Segundo os dados obtidos atraveacutes de pesquisa nos arquivos do semanaacuterio entre os anos
de 1984 e 2014 pode-se verificar que nos uacuteltimos 20 anos a cidade tem experimentado
24
um aumento consideraacutevel nos eventos relacionados a deslizamentos e principalmente
alagamentos como pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho Isso pode ter sido causado
dentre outros fatores pelo aumento do nuacutemero de vias pavimentadas com material
impermeaacutevel o que tem sobrecarregado tanto a infraestrutura existente para drenagem
urbana como tambeacutem a calha dos cursos drsquoaacutegua que passam pela regiatildeo urbana do
municiacutepio (ZANON2013)
Na deacutecada de 1980 (1984-1990) de acordo com os dados obtidos natildeo foram noticiados
eventos consideraacuteveis relacionados a deslizamentos e alagamentos em Santos Dumont
mas isso natildeo exclui a possibilidade de natildeo ter ocorrido tais eventos em menor escala
Na deacutecada de 1990 aconteceram uma seacuterie de ocorrecircncias tanto de deslizamentos quanto
de alagamentos No ano de 1997 num periacuteodo chuvoso intenso aconteceram
deslizamentos consideraacuteveis em vaacuterios bairros da cidade inclusive com desabamento de
casas e de ruas principalmente nos bairros Nossa Senhora da Gloacuteria e Quarto Depoacutesito
Em 1999 ocorreram alguns pontos de alagamento nos bairros Quarto Depoacutesito e Santo
Antocircnio com grandes prejuiacutezos materiais
A deacutecada de 2000 iniciou com o registro de deslizamentos em vaacuterios bairros da cidade
inclusive com desabamento de casas e pontes e alagamentos em importantes vias do
centro da cidade Observa-se ao longo desse periacuteodo o crescimento nas ocorrecircncias de
deslizamentos e de aacutereas com risco de deslizamento em muitos bairros de Santos Dumont
Um dos fatores importantes para esse crescimento foi a grande expansatildeo sofrida pela
maioria dos bairros e a falta de planejamento e orientaccedilatildeo por parte da prefeitura uma
vez que uma boa parte do crescimento dos bairros da cidade ocorreu ou proacuteximo a cursos
drsquoaacutegua ou em aacutereas com declividade improacutepria para se fazer construccedilotildees O bairro
Coacuterrego do Ouro (Figura 51) foi o que mais sofreu com ocorrecircncias de deslizamentos
nesse periacuteodo enquanto o bairro Santo Antocircnio foi que teve mais ocorrecircncias de
alagamentos
25
Figura 5 1 Deslizamento no bairro Coacuterrego do Ouro
Fonte Portal Cabangu
No iniacutecio deacutecada de 2010 (2011-2014) o centro da cidade foi a regiatildeo que mais sofreu
com alagamentos sendo registrado pelo menos uma ocorrecircncia por ano nessa aacuterea (Figura
52) Isso pode ser relacionado dentre outros fatores com as obras de modificaccedilatildeo do
tipo de pavimentaccedilatildeo das estradas por um material impermeaacutevel gerando uma sobrecarga
nos sistemas de drenagem urbana que foram projetados para um tipo de pavimento mais
permeaacutevel implicando tambeacutem na sobrecarga calha do Ribeiratildeo das Posses o principal
curso drsquoaacutegua que corta o centro da cidade e que se encontra em quase sua totalidade
ocupada em ambas as margens que cortam o centro da cidade
26
Figura 5 2 Alagamento na regiatildeo central de Santos Dumont em 2013
Fonte Portal Cabangu
Quanto agraves ocorrecircncias de deslizamento ao longo da referida deacutecada elas estiveram
espalhadas pelos bairros do municiacutepio tendo um maior nuacutemero de ocorrecircncias nos bairros
Santo Antocircnio Nossa Senhora da Gloacuteria e Aacutegua Espraiada Nos dois primeiros bairros
citados as ocorrecircncias podem ter sido ocasionadas pelo crescimento desordenado e sem
planejamento destes e no terceiro as ocorrecircncias satildeo relacionadas ao processo de
assoreamento do Ribeiratildeo das Posses o que pode ter gerado um aumento da velocidade
desse curso drsquoaacutegua causando problemas decorrentes do transporte de sedimentos da aacuterea
onde as casas foram construiacutedas que teve como consequecircncia os deslizamentos
Em resumo como pode ser observado nas figuras 53 e 54 na tabela 51 no periacuteodo de
1984 a 2014 os bairros mais afetados por alagamentos e deslizamentos satildeo Quarto
Depoacutesito Nossa Senhora da Gloacuteria Santo Antocircnio Coacuterrego do Ouro Antocircnio Afonso
Graminha e Vila Esperanccedila sendo que o bairro Coacuterrego do Ouro possui o maior nuacutemero
de ocorrecircncias de deslizamentos e o centro da cidade possui o maior nuacutemero de
ocorrecircncias de alagamentos no periacuteodo pesquisado Vale destacar que a aacuterea propiacutecia a
alagamentos no bairro Antocircnio Afonso natildeo identificada no estudo realizado pela
prefeitura constitui-se efetivamente numa aacuterea de risco conforme levantamento histoacuterico
realizado Esta aacuterea de risco se deve agrave diferenccedila de niacutevel negativa entre o rio Pinho e a
aacuterea do bairro estando este em desniacutevel com um risco iminente de inundaccedilotildees resultantes
da cheia desse curso drsquoaacutegua causando inuacutemeros transtornos aos moradores do local
27
Figura 5 3 Pontos de Alagamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico
Fonte Do autor
Figura 5 4 Pontos de deslizamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico
Fonte Do autor
28
Tabela 51 Ocorrecircncias de alagamentos e deslizamentos obtidos atraveacutes do
levantamento histoacuterico
Pontos de ocorrecircncia (1984-2014)
Bairros Alagamento Deslizamento
Aacutegua Espraiada 1 1
Antocircnio Afonso 1 0
Barra 0 1
Centro 7 1
Coacuterrego do Ouro 1 7
Flores 0 1
Graminha 1 0
Jardim Jaraguaacute 0 1
N Sra da Gloacuteria 0 4
N Sra das Graccedilas 1 0
Quarto Depoacutesito 3 2
Santo Antocircnio 4 2
Satildeo Sebastiatildeo 0 1
Vila Esperanccedila 0 1
Fonte Do autor
De acordo com o estudo realizado na elaboraccedilatildeo do Plano Diretor pela prefeitura
municipal observa-se que os bairros que possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a
deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do Ouro e Vila Esperanccedila enquanto que os que
possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a alagamento satildeo o Centro da cidade e os
bairros Satildeo Sebastiatildeo Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio por estarem agraves margens do
Ribeiratildeo das Posses um curso drsquoaacutegua que sofre com inundaccedilotildees perioacutedicas devido ao
severo assoreamento em algumas regiotildees e tambeacutem devido ao acuacutemulo de lixo descartado
pelos moradores do entorno irregularmente De acordo com o estudo realizado quando da
elaboraccedilatildeo do Plano Diretor do municiacutepio foram feitos estudos sobre as aacutereas propensas
a deslizamentos e alagamentos na regiatildeo urbana principal Tais aacutereas satildeo as destacadas
nas Figuras 55 e 56 No levantamento histoacuterico realizado pode-se identificar que os
bairros que possuem mais aacutereas propensas a deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do
Ouro Nossa Senhora da Gloacuteria Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio enquanto que os bairros
mais propensos a alagamentos satildeo os bairros Centro Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio
como observado na tabela 51
29
Figura 5 5 Aacutereas propensas a deslizamento de acordo com o Plano Diretor de
Santos Dumont
Fonte Google Earth e Lei 42412012
Figura 5 6 Aacutereas propensas a alagamento de acordo com o Plano Diretor de
Santos Dumont
Fonte Google Earth e Lei 42412012
30
Comparando-se os mapas obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico com o mapa gerado
pelo estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor nota-se que haacute semelhanccedilas em
algumas aacutereas mas ao se levar em conta o produto gerado pela pesquisa histoacuterica o
estudo necessitaria ser complementado haja vista que ele natildeo compreende por exemplo
o ponto de alagamento no bairro Antocircnio Afonso citado anteriormente e alguns pontos de
deslizamento importantes uma vez que satildeo regiotildees onde haacute ocupaccedilatildeo Esse fato evidencia
a necessidade de se buscar vaacuterias fontes primaacuterias e secundaacuterias para se detectar aacutereas de
risco em um municiacutepio incluindo arquivos da imprensa local afim de se produzir uma
base de dados consistente e com o menor nuacutemero de falhas possiacutevel (CEPED 2014) Com
a uniatildeo dos dois estudos foram gerados os mapas apresentados nas Figuras 57 e 58
Aleacutem do mais observando as figuras 57 e 58 pode-se notar que uma boa parte tanto dos
casos de alagamento quanto de deslizamento estatildeo na faixa de APP de curso hiacutedrico o
que ilustra a importacircncia da preservaccedilatildeo destas aacutereas
Figura 5 7 Aacutereas propensas a alagamento do estudo do Plano Diretor
complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento
Fonte Do Autor
31
Figura 5 8 Aacutereas propensas a deslizamento do estudo do Plano Diretor
complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento
Fonte Do Autor
Atraveacutes da combinaccedilatildeo entre estes dois levantamentos procurou-se alimentar a base de
dados e garantir uma consistecircncia maior desta no que diz respeito a aacutereas de deslizamento
e alagamento podendo inclusive se identificar a suscetibilidade de uma determinada
regiatildeo da cidade a um ou outro evento (CEPED2014)
512 O Plano diretor e as APPs
Nos uacuteltimos anos o Brasil experimentou um forte fenocircmeno de migraccedilatildeo do campo para
as aacutereas urbanas De acordo com o IBGE no periacuteodo de 1940 a 2000 houve um aumento
de cerca de 60 do nuacutemero de pessoas que vivem em cidades (SILVA JR 2006) O
processo de planejamento e ordenamento do uso do solo nessas aacutereas deveria ter
acompanhado esse crescimento ao longo dos anos a fim de garantir a qualidade de vida e
a seguranccedila dos migrantes ao se instalarem nas cidades o que natildeo ocorreu e o que se
observa atualmente satildeo ocupaccedilotildees em aacutereas improacuteprias para moradia sem a infraestrutura
baacutesica necessaacuteria e com risco iminente de deslizamentos eou inundaccedilotildees
O Plano Diretor do municiacutepio de Santos Dumont em seu capiacutetulo IV que versa sobre o
uso e ocupaccedilatildeo do solo explicita regras para o ordenamento do territoacuterio que compreende
o municiacutepio com base nos diferentes usos do solo de acordo com sua compatibilidade o
32
que acabou por resultar num zoneamento de todo o municiacutepio em macrozonas conforme
citado na seccedilatildeo 3231 de acordo com os usos atuais e futuros do solo Aleacutem de dividir
estas macrozonas em urbanas e rurais tambeacutem avaliou e classificou estas aacutereas com base
numa seacuterie de fatores ambientais geoloacutegicos culturais e sociais de forma a se fazer um
zoneamento coerente com os atuais usos do solo e seu potencial de uso futuro Apresenta-
se na Figura 59 este zoneamento na aacuterea urbana principal de Santos Dumont
Figura 5 9 Zoneamento urbano da aacuterea urbana principal
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Lei 42412012
Tomando como referecircncia o Novo Coacutedigo Florestal brasileiro em especial os paracircmetros
estabelecidos para a definiccedilatildeo de APP e utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento
atraveacutes do software Vista SAGA relacionou-se as APPs existentes na aacuterea em estudo com
as regiotildees propiacutecias a alagamentos e deslizamentos de acordo com o estudo feito quando
da elaboraccedilatildeo do Plano Diretor afim de se identificar qual ou quais aacutereas possuem estes
problemas e se estatildeo relacionados com o uso do solo irregular em APP
Ao se aplicar a metodologia proposta por Oliveira amp Fernandes Filho (2013) natildeo foram
identificadas dentro da aacuterea de estudo APPs de topos de morro sendo este tipo de APP
descartada portanto das anaacutelises subsequentes deste trabalho Foram consideradas as
APP de curso hiacutedrico (rios e nascentes) e de declividade visando relacionaacute-las as aacutereas
de risco identificadas pela Prefeitura afim de se verificar as possiacuteveis causas da ocorrecircncia
33
destas aacutereas na regiatildeo urbana do municiacutepio Por meio de combinaccedilotildees entre dois mapas
temaacuteticos utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento foi possiacutevel obter as
assinaturas ou seja tabelas que caracterizam quantitativamente a aacuterea afetada por cada
aspecto visto que a simples visualizaccedilatildeo do mapa gerado pelo geoprocessamento muitas
vezes eacute prejudicada por serem aacutereas de pequenas dimensotildees ou por qualquer outra
limitaccedilatildeo do software Ressalta-se que para a elaboraccedilatildeo do Plano Municipal de Reduccedilatildeo
de riscos a identificaccedilatildeo e detalhamento topograacutefico destas aacutereas eacute fundamental para o
desenvolvimento do referido Plano conforme seraacute abordado detalhadamente na seccedilatildeo
52
De posse do mapa que representa o zoneamento urbano de Santos Dumont primeiramente
procurou-se mensurar qualitativa e quantitativamente a presenccedila de APPs tanto de
declividade quanto de cursos hiacutedricos Essa identificaccedilatildeo eacute importante pois este
zoneamento eacute um dos instrumentos de planejamento municipal (BRASIL 2001) Saboya
(2007) aponta que os principais objetivos de um zoneamento satildeo o controle da expansatildeo
urbana e proteccedilatildeo de aacutereas inadequadas a ocupaccedilatildeo aleacutem de reduzir os conflitos inerentes
aos diferentes usos do solo Com o uso da ferramenta ldquoCombinarrdquo do Vista SAGA foram
feitas combinaccedilotildees entre o mapa de hidrografia com buffer de 30m para rios e coacuterregos e
de 50m para nascentes com o mapa do zoneamento para se verificar a importacircncia das
APPs de curso hiacutedrico em toda a aacuterea urbana principal do municiacutepio Tambeacutem foram
combinados o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) obtido atraveacutes do gvSIG com o mapa
de zoneamento afim de se verificar quantitativamente as APPs de declividade e onde se
localizam Vale ressaltar que as declividades entre 30 e 47 estatildeo presentes nesta
combinaccedilatildeo pois de acordo com o Plano Diretor de Santos Dumont terrenos com esta
faixa de declividade para fins de parcelamento devem possuir estudo teacutecnico que ateste
a viabilidade de se promover algum empreendimento imobiliaacuterio neste (SANTOS
DUMONT 2012) Como a legislaccedilatildeo municipal prevecirc estudo somente para a faixa de
declividade descrita anteriormente para fins de anaacutelise neste trabalho consideramos um
valor mais conservador para APP compreendendo a faixa de 47 a 100 aleacutem da
prevista pela legislaccedilatildeo federal (gt100) para que natildeo houvessem lacunas importantes na
geraccedilatildeo do produto
Apresenta-se na Figura 510 aacutereas com declividades consideradas de risco e consideradas
APP e em qual zona de planejamento elas estatildeo inseridas De um modo geral ao se
observar a Tabela 52 nota-se que a aacuterea que compreende declividades de risco e APP eacute
uma pequena parcela da aacuterea urbana principal representando 061 desta aacuterea Ao se
levar em conta somente a localizaccedilatildeo pode-se verificar que cerca de 84 das aacutereas com
declividade de risco e a totalidade das APPs de declividade estatildeo localizadas na ZAC1
zona que compreende a maior parte do municiacutepio e apesar de possuir infraestrutura baacutesica
para a ocupaccedilatildeo esta eacute restrita Sendo assim o fator declividade deve ser visto com cautela
nesta aacuterea para se evitar transtornos advindos de edificaccedilotildees nestas aacutereas
34
Figura 5 10 Combinaccedilatildeo entre as declividades importantes incluindo as APPs e o
zoneamento urbano
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Do autor
Tabela 52 Assinaturas da combinaccedilatildeo Declividade x Zoneamento
Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea
Natildeo APP 457972 9939
Declividade 30-47 em ZAC1 2368 051
Declividade 30-47 em ZE 284 006
Declividade 30-47 em ZAC2 128 003
Declividade 30-47 em ZPA 004 0001
APP Declividade em ZAC1 048 001
Total 460804 100
Fonte Do autor
Apresenta-se na Figura 511 as APPs de curso hiacutedrico (nascentes e rios) e em qual zona
de planejamento estatildeo localizadas Assim como a declividade a maior parte das APPs de
curso hiacutedrico estatildeo localizadas em ZAC1 representando 383 da aacuterea urbana em estudo
e 51 do total das APPs de curso hiacutedrico Esta questatildeo tambeacutem deve ser vista com
bastante criteacuterio pelos gestores locais uma vez que a ocupaccedilatildeo em faixas proacuteximas de
rios e coacuterregos podem causar uma gama de problemas ambientais e sociais na regiatildeo
(SANTANA2011) Tal cuidado tambeacutem deve ser tomado nas APPs compreendidas na
35
ZAC2 que compreende 001 da Aacuterea urbana principal e 14 do total das APPs de curso
hiacutedrico pois a infraestrutura baacutesica e acessibilidade presente nesta zona eacute precaacuteria e a
ocupaccedilatildeo as margens de cursos hiacutedricos pode gerar problemas seacuterios caso ocorra uma
expansatildeo nestas aacutereas
Figura 511 Combinaccedilatildeo entre APP de curso hiacutedrico e as zonas de planejamento
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Do autor
Outro ponto importante eacute a presenccedila da Zona de Proteccedilatildeo Ambiental (ZPA) no entorno
uma consideraacutevel parte dos cursos hiacutedricos Nesta zona estatildeo presentes 28 das APPs de
curso hiacutedrico e esta zona de acordo com o Plano Diretor deve ser restaurada ou
preservada por suas caracteriacutesticas geoloacutegicas topograacuteficas e bioloacutegicas
Afim de se verificar os usos do solo na regiatildeo em estudo foram utilizadas combinaccedilotildees
de imagens advindas do sateacutelite Landsat 8 nas bandas descritas no capiacutetulo 4 aleacutem da
banda pancromaacutetica O resultado eacute apresentado na figura 512 que mostra os principais
usos do solo na aacuterea urbana principal de Santos Dumont
36
Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x Zoneamento
Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea
Hidrografia 11168 239
Aacuterea Urbana Natildeo APP 421004 9008
APP Curso hiacutedrico em ZAC1 179 383
APP Curso hiacutedrico em ZPA 9776 209
APP Curso hiacutedrico em ZE 184 004
APP Curso hiacutedrico em ZA 1192 026
APP Curso hiacutedrico em ZAC2 5124 110
APP Curso hiacutedrico em ZPPH 248 005
APP Curso hiacutedrico em ZEIS 568 012
APP Curso hiacutedrico em ZCA 228 005
Total 467392 10000
Fonte Do autor
Figura 5 12 Mapa de usos do solo da aacuterea urbana principal de Santos Dumont
Fonte Do autor
Como jaacute era previsto a maior parte da aacuterea urbana se encontra ocupada e eacute nesta regiatildeo
ocupada que se observa a maior concentraccedilatildeo de problemas de deslizamentos e
alagamentos (Figuras 513 e 514) A grande ocupaccedilatildeo em aacutereas consideradas APP de
curso hiacutedrico de acordo com os mapas gerados pode ser a principal causa do aumento a
cada ano dos casos de alagamento principalmente na regiatildeo central da cidade Outro ponto
que se deve atentar eacute a existecircncia de uma consideraacutevel aacuterea de pastagem pouco vegetada
que caso estejam em aacutereas elevadas pode contribuir para deslizamentos e agraves margens de
37
rios e coacuterregos para o assoreamento destes corpos hiacutedricos o que pode causar
alagamentos (INAacuteCIO etal 2007)
Diante destes resultados pode-se ver que a cidade de Santos Dumont necessita alternativas
efetiva no que diz respeito agrave contenccedilatildeo de deslizamentos e a reduccedilatildeo de risco de
alagamento pois as aacutereas em que ocorrem tais eventos satildeo distintas e facilmente definidas
devido agrave repeticcedilatildeo destes nos uacuteltimos anos Um plano de accedilatildeo integrado entre as diferentes
secretarias municipais (Obras Meio Ambiente Assistecircncia Social entre outras) e a
Coordenadoria Municipal de Defesa Civil deve ser realizado afim de se tomar medidas
natildeo mais preventivas mas sim preditivas para que se possa conter o avanccedilo destes
problemas na aacuterea urbana principal bem como em toda a aacuterea do municiacutepio
Figura 5 13 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na aacuterea urbana
principal
Fonte Do autor
38
Figura 5 14 Aacutereas sujeitas a alagamento e os principais usos do solo na aacuterea
urbana principal
Fonte Do autor
Ao se associar os dados do estudo do Plano Diretor com os dados do levantamento
histoacuterico realizado com o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) pode-se notar que as aacutereas
propiacutecias a deslizamento estatildeo em regiotildees as quais haacute uma fronteira de declividades ou
seja eacute evidente que os deslizamentos ocorrem em encostas um pouco mais iacutengremes mas
natildeo necessariamente nas encostas de 30-47 as quais exigem estudo teacutecnico conforme o
plano diretor preconiza Quanto aos alagamentos nota-se que eles se localizam nas aacutereas
com menor ou nenhuma declividade podendo ser estas aacutereas talvez componentes da
planiacutecie de inundaccedilatildeo dos rios Estes resultados podem ser vistos nas figuras 515 e 516
a seguir
39
Figura5 15 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a deslizamentos na
regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
Fonte Lei 42412012 e Autor
Figura5 26 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a alagamentos na
regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
Fonte Lei 42412012 e Autor
40
52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis
O processo de ocupaccedilatildeo no municiacutepio de Santos Dumont comeccedilou muito antes de
qualquer legislaccedilatildeo relacionada a ordenamento urbano e de proteccedilatildeo do meio ambiente
fosse implementado no Brasil Esse fato aliado a poliacuteticas e fiscalizaccedilotildees falhas
contribuiacuteram para a ocupaccedilatildeo e expansatildeo da aacuterea urbana ao longo do Ribeiratildeo das Posses
e seus afluentes o que tem gerado o aumento da degradaccedilatildeo destes corpos hiacutedricos ao
longo de todos estes anos Observa-se tambeacutem que nas uacuteltimas deacutecadas ocorreu um
grande nuacutemero de migraccedilotildees do campo para a regiatildeo urbana da cidade fator que
contribuiu para o crescimento do nuacutemero de habitaccedilotildees em aacutereas de risco de deslizamento
e alagamentos por serem na maioria das vezes terrenos menos valorizados e por este
motivo acessiacuteveis a populaccedilatildeo com menor poder aquisitivo (ROSA amp CORTEZ 2008)
Vale ressaltar que esta questatildeo aleacutem de ser ambiental eacute muito mais social pois os
moradores entendem os riscos de se viver nestes locais mas por motivos econocircmicos ou
por questotildees afetivas natildeo abrem matildeo da moradia nessas aacutereas A Constituiccedilatildeo Federal de
1988 promoveu a inter-relaccedilatildeo das questotildees sociais com as questotildees ambientais quando
colocou o meio ambiente como direito coletivo (BRASIL1988 SOUZA2010) Por este
motivo a decisatildeo por medidas draacutesticas que favoreccedilam apenas agrave preservaccedilatildeo do meio
ambiente natildeo eacute recomendada pois aleacutem de ser inconstitucional podem afetar a
sustentabilidade econocircmica do municiacutepio e gerar conflitos sociais consideraacuteveis
(CARLOS 1992 apud SOUZA 2010)
Segundo Bueno (2009) ldquonem tudo o que eacute irregular eacute precaacuteriordquo Esse fato se observa em
Santos Dumont uma vez que em boa parte da regiatildeo central se observa vaacuterias moradias
construiacutedas na faixa de APP de curso hiacutedrico o que natildeo eacute permitido pela legislaccedilatildeo
vigente e eacute um dos fatores que contribui para a ocorrecircncia de alagamentos nesta aacuterea da
cidade Para a resoluccedilatildeo deste problema o que seria mais viaacutevel seria a melhoria da
infraestrutura de drenagem urbana afim de que o escoamento da aacutegua das chuvas natildeo
sobrecarregasse o sistema (BUENO2009) A construccedilatildeo de bacias de contenccedilatildeo de
cheias ao longo do Ribeiratildeo das Posses tambeacutem seria uma alternativa mas para se verificar
a viabilidade necessita-se estudos mais aprofundados do ponto de vista hidroloacutegico
O grande problema a ser solucionado no entanto eacute o que diz respeito agraves aacutereas de risco
de deslizamento majoritariamente nos bairros A melhor alternativa seria o
remanejamento dos moradores para uma aacuterea proacutexima agrave que moram poreacutem longe do
risco Poreacutem esta alternativa de acordo com Rosa Filho amp Cortez (2008) encontra alguns
entraves pois estas pessoas na maioria das vezes natildeo tecircm condiccedilotildees financeiras de irem
para outro lugar ou pagar aluguel ou estatildeo de alguma forma sentimentalmente ligadas
agravequela regiatildeo que se recusam a deixaacute-lo
41
Por parte dos oacutergatildeos competentes no municiacutepio a criaccedilatildeo de um plano para se evitar
acidentes ocasionados por deslizamentos e alagamentos com um mapeamento detalhado
de toda a extensatildeo do municiacutepio eacute extremamente uacutetil Os estudos que seratildeo feitos para a
elaboraccedilatildeo deste plano poderatildeo definir quais as aacutereas satildeo potencialmente de risco para as
ocupaccedilotildees existentes ou para as potenciais ocupaccedilotildees que possam vir a ocorrer atraveacutes do
mapeamento das aacutereas de risco Tal planejamento seraacute auxiliar ao Plano Diretor
Municipal pois definiraacute o real uso do solo de determinada regiatildeo do municiacutepio
contribuindo para a adequaccedilatildeo do uso e ocupaccedilatildeo do solo afim de evitar ou reduzir o
nuacutemero de problemas relacionados a alagamentos e principalmente deslizamentos no
periacutemetro urbano (TOMINAGA 2009) A partir deste plano os gestores locais poderatildeo
tomar a melhor decisatildeo para a prevenccedilatildeo ou reduccedilatildeo dos riscos inerentes a tais problemas
Na seccedilatildeo 521 seraacute hierarquizado de forma preliminar a aacuterea urbana principal de acordo
com os resultados da tabela 51
521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta
O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos (PMRR) foi criado atraveacutes de accedilotildees
regularizadoras do Ministeacuterio das Cidades para ser o instrumento de gestatildeo e
gerenciamento de aacutereas de risco em um municiacutepio Eacute um documento que aleacutem de
estabelecer quais regiotildees satildeo consideradas de risco tambeacutem objetiva a proposta de
medidas estruturais ou natildeo para contenccedilatildeo eou prevenccedilatildeo de cataacutestrofes aleacutem de ser um
meio de captaccedilatildeo de recursos financeiros junto aos Governos Estadual e Federal Estes
recursos poderatildeo ser utilizados para a realizaccedilatildeo de obras que visem a melhoria da
qualidade de vida da populaccedilatildeo do entorno ou de recuperaccedilatildeo da aacuterea degradada Este
plano eacute realizado de forma participativa com as comunidades das aacutereas de risco e pode
ser realizado em sete fases conforme recomenda o Ministeacuterio das Cidades (ALHEIROS
2006)
O primeiro passo para a realizaccedilatildeo do PMRR eacute definir qual a metodologia seraacute empregada
levando-se em consideraccedilatildeo a realidade atual do municiacutepio e especificar de forma sucinta
um cronograma das atividades Eacute importante nesta fase a participaccedilatildeo tambeacutem dos
responsaacuteveis pelas mais variadas Secretarias Municipais afim de explicitar o tamanho da
importacircncia e o caraacuteter integrador deste plano A segunda fase deste plano objetiva a
criaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo da principal base de dados a ser utilizada nos passos posteriores o
mapeamento de risco em escala detalhe em torno de 13000 (SAtildeO PAULO 2014) A
elaboraccedilatildeo de um mapeamento detalhado propiciaraacute natildeo soacute a identificaccedilatildeo mais faacutecil das
aacutereas de risco como tambeacutem facilitaraacute aos gestores e agrave comunidade decidirem qual a
melhor intervenccedilatildeo para a soluccedilatildeo ou remediaccedilatildeo dos problemas em uma determinada
42
aacuterea hierarquizando o risco e definindo prioridades (SAtildeO PAULO 2014) Na tabela a
seguir apresenta-se alguns tipos de intervenccedilotildees que podem ser feitas em aacutereas de risco
sugeridas pelo Ministeacuterio das cidades (ALHEIROS 2006)
Quadro 5 1 - Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco
Tipo de intervenccedilatildeo Descriccedilatildeo
Serviccedilos de limpeza e Recuperaccedilatildeo
Remoccedilatildeo de entulho lixo etc
corte de aacutervores
remoccedilatildeo de bananeiras
recuperaccedilatildeo eou limpeza de sistemas de
drenagem esgotos e acessos
Limpeza de canais de drenagem
Proteccedilatildeo Vegetal
Proteccedilatildeo superficial vegetal (gramiacuteneas) em
taludes com solo exposto
Proteccedilatildeo vegetal de margens de canais de
drenagem
Barreiras vegetais para massas escorregadas
ou acumuladas pela erosatildeo
Drenagem Superficial e Acessos
Sistema de drenagem superficial (canaletas
raacutepidos caixas de transiccedilatildeo escadas drsquoaacutegua)
Acessos para pedestres (escadarias rampas
etc) integrados ao sistema de drenagem
Revestimento de Taludes Revestimento com materiais artificiais
cimentado cal-jet tela argamassada alvenaria
de tijolos ceracircmicos solo-cimento ensacado
Desmonte de blocos e matacotildees Desmonte de concreccedilotildees de grande porte
blocos rochosos e matacotildees
Obras de drenagem de subsuperfiacutecie Sistema de drenagem de subsuperfiacutecie
(trincheiras drenantes DHP poccedilos de
rebaixamento)
Estruturas de contenccedilatildeo (localizadas)
Muros de contenccedilatildeo de pequeno porte (solo-
cimento ensacado alvenaria de pedra-rachatildeo
concreto armado)
Estruturas de contenccedilatildeo localizadas
(chumbadores tirantes microestacas)
Contenccedilatildeo e proteccedilatildeo de margens de canais (
gabiotildees muros de concreto etc)
Estruturas de contenccedilatildeo (meacutedio e grande porte) Implantaccedilatildeo de estruturas de contenccedilatildeo de
meacutedio e grande porte envolvendo obras de
contenccedilatildeo passivas e ativas (muros de
gravidade cortinas etc)
Terraplanagem Execuccedilatildeo de serviccedilos de terraplanagem
combinados a obras de drenagem superficial e
proteccedilatildeo vegetal desvio e canalizaccedilatildeo de
coacuterregos
Remoccedilatildeo de moradias Remoccedilotildees definitivas para implantaccedilatildeo de
obras ou devido agrave localizaccedilatildeo improacutepria da
edificaccedilatildeo (Priorizar as relocaccedilotildees dentro da
proacutepria aacuterea em local seguro)
Fonte ALHEIROS 2006
43
Escolhidas as formas de intervenccedilatildeo para cada aacuterea eacute necessaacuterio realizar uma estimativa
dos custos afim de preparar o orccedilamento da prefeitura para a realizaccedilatildeo das obras e se
seraacute necessaacuterio a captaccedilatildeo de recursos externos para a execuccedilatildeo destas Feitas as
estimativas de custo o proacuteximo passo eacute definir as prioridades e para esta fase eacute tambeacutem
uacutetil o mapeamento feito nas etapas anteriores pois seraacute necessaacuterio hierarquizar tais
intervenccedilotildees nas aacutereas de risco O Ministeacuterio das Cidades (2007) sugere alguns criteacuterios
que podem ser avaliados pelo gestor dentre eles pode-se citar
Grau de risco
Populaccedilatildeo beneficiada
Custo da intervenccedilatildeo
Dimensatildeo da aacuterea a ser tratada
Demandas anteriores da populaccedilatildeo
Tempo de ocupaccedilatildeo
Viabilidade teacutecnica da intervenccedilatildeo
Viabilidade financeira
Inclusatildeo da aacuterea em outros projetos
A partir desta hierarquizaccedilatildeo inicia-se a identificaccedilatildeo de provaacuteveis fontes de captaccedilatildeo de
recursos para a execuccedilatildeo das intervenccedilotildees Estes recursos podem advir de programas dos
governos Federal e Estadual ou por meio de editais para captaccedilatildeo de recursos financeiros
tanto do setor puacuteblico como da iniciativa privada e podem ser tambeacutem associados agrave outras
Secretarias Municipais como a de Turismo ou Meio Ambiente e natildeo soacute as destinadas agrave
Defesa Civil (ALHEIROS 2006)
Eacute previsto tambeacutem no PMRR uma avaliaccedilatildeo da Defesa Civil municipal e como ela estaacute
estruturada fazendo inclusive sugestotildees para que sua atuaccedilatildeo esteja em consonacircncia com
a realidade das comunidades e da Administraccedilatildeo Puacuteblica do municiacutepio de forma a garantir
sua sustentabilidade e conquistar a credibilidade da populaccedilatildeo no que diz respeito a
prevenccedilatildeo de cataacutestrofes Para que a resposta a uma determinada situaccedilatildeo de risco seja
raacutepida eacute necessaacuterio a descentralizaccedilatildeo da Defesa Civil criando pequenos nuacutecleos
comunitaacuterios com a finalidade de se monitorar a aacuterea constantemente e promover as
intervenccedilotildees necessaacuterias em tempo haacutebil o que aumenta em muito a credibilidade da
populaccedilatildeo no PMRR e no trabalho desempenhado pela Defesa Civil no municiacutepio Apoacutes
esta etapa o PMRR passaraacute por audiecircncias puacuteblicas e posteriormente poderaacute ser aprovado
como Lei Municipal pelo Legislativo local (ALHEIROS 2006)
Com a realizaccedilatildeo deste plano o municiacutepio estaraacute munido de informaccedilotildees suficientes para
realizar accedilotildees efetivas de gestatildeo e gerenciamento de riscos bem como aliado a
levantamentos sociais realizar programas habitacionais que beneficiem prioritariamente
44
aos moradores das aacutereas de risco Aleacutem disso com o PMRR o municiacutepio poderaacute melhorar
a qualidade ambiental da populaccedilatildeo captando recursos para a recuperaccedilatildeo das aacutereas de
APP que foram degradadas pelas ocupaccedilotildees irregulares beneficiando todos os moradores
do municiacutepio com o aumento da qualidade de vida na cidade
A partir do disposto nesta seccedilatildeo acerca do Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos e de
uma maneira preliminar (levando-se em conta apenas o nuacutemero de registros de
alagamentos e deslizamentos na aacuterea urbana principal de Santos Dumont no periacuteodo de
1984 a 2014) identificou-se trecircs regiotildees distintas na aacuterea urbana do municiacutepio com
tempo de recorrecircncia desses eventos similares caracterizando trecircs prioridades de
intervenccedilatildeo em contenccedilatildeo de risco como pode ser visto nas figuras 515 e 516 Vale
ressaltar que eacute necessaacuterio um estudo mais detalhado inclusive com visitas teacutecnicas a
campo para que se confirme a real situaccedilatildeo destas e a real prioridade para investimentos
Figura 5 17 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de deslizamentos
Fonte Do Autor
45
Figura 5 18 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de alagamentos
Fonte Do Autor
46
6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees
A seguir apresenta-se as conclusotildees e as recomendaccedilotildees feitas a partir dos objetivos
especiacuteficos explicitados no iniacutecio deste trabalho
Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a
aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes
urbanos
A partir da revisatildeo da legislaccedilatildeo pertinente em acircmbito federal estadual e
municipal constatou-se que o Plano Diretor de Santos Dumont natildeo conflita com a
legislaccedilatildeo federal e estadual sobre Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente A legislaccedilatildeo
municipal foi entendida como mais conservadora que as federal e estadual uma
vez que considera implicitamente que declividades entre 47 e 100 satildeo
enquadradas como APPs aleacutem da faixa superior a 100
Parte consideraacutevel das ocupaccedilotildees em APP principalmente na regiatildeo do bairro
Santo Antocircnio (onde surgiu os primeiros nuacutecleos que deram origem ao municiacutepio)
e o centro da cidade ocorreram antes de que fosse elaborado qualquer legislaccedilatildeo
que versasse sobre o tema Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente bastando ao gestor
local tomar medidas de contenccedilatildeo de riscos que minimizem os impactos causados
por essas ocupaccedilotildees nessa regiatildeo
O ordenamento adequado do uso do solo no municiacutepio eacute necessaacuterio para que o
crescimento dos loteamentos criados anteriormente agrave esta Lei e o surgimento de
novos natildeo avance para Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente o que pode causar
inuacutemeros problemas aos moradores e agravar os jaacute existentes
Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las
com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)
As aacutereas onde houveram a maior quantidade de registros de deslizamentos satildeo os
bairros mais populosos de Santos Dumont podendo se estabelecer uma relaccedilatildeo
que quanto mais populoso o bairro maior a quantidade de problemas relacionados
a deslizamentos Tambeacutem pode-se notar uma relaccedilatildeo com as fronteiras das faixas
de declividades e os deslizamentos uma vez que boa parte deles aconteceram
nestas faixas
As aacutereas onde houve um grande nuacutemero de registros de alagamentos satildeo os bairros
que se desenvolveram agraves margens do Ribeiratildeo das Posses em especial na aacuterea que
47
compreende as APPs de curso hiacutedrico e em aacutereas onde a declividade eacute baixa Esse
fato aliado ao crescimento do nuacutemero de vias pavimentadas com material
impermeaacutevel e a natildeo expansatildeo e ou redimensionamento da rede de drenagem
urbana contribuiacuteram para a ocorrecircncia cada vez mais constante de alagamentos
nessas aacutereas
Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos
catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30
anos
A partir do levantamento histoacuterico realizado e da base de dados georeferenciada
gerada observou-se o aumento do nuacutemero de registros de deslizamentos e
alagamentos nos uacuteltimos 10 anos quando as ocorrecircncias comeccedilaram a se repetir
numa mesma aacuterea com frequecircncia incrementada as vezes com mais de uma
ocorrecircncia anual
Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do
solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental
Destaca-se a adequaccedilatildeo dos criteacuterios gerais estabelecidos pelo Plano Diretor de
Santos Dumont relativos a legislaccedilatildeo federal e estadual Entretanto o referido
Plano Diretor natildeo contempla todo o territoacuterio municipal sendo assim ele natildeo
cumpre o objetivo de proteger as APPs preservadas e recuperar as que foram
degradadas em todo o territoacuterio municipal Ressalta-se tambeacutem a sua natildeo
conformidade com o Estatuto das Cidades uma vez que o Plano Diretor
contempla apenas os novos loteamentos
Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais
negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea
impactada
Recomenda-se a implantaccedilatildeo no municiacutepio de uma Coordenadoria Municipal de
Defesa Civil atuante e integrada agraves Secretarias Municipais e agrave comunidade
visando uma atuaccedilatildeo eficaz nos problemas relacionados a deslizamentos e
alagamentos A elaboraccedilatildeo de um Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos eacute de
suma importacircncia pois atraveacutes dele pode-se predizer as aacutereas que passaratildeo por
problemas caso a expansatildeo aconteccedila ou se inicie uma ocupaccedilatildeo nova aleacutem de
prevenir acidentes nas aacutereas jaacute ocupadas e consideradas de risco
48
7 Anexos
49
71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont
50
51
72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)
52
53
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8
312 Deslizamentos
Segundo Tominaga (2009) deslizamento eacute o movimento de solo em uma vertente pela
accedilatildeo da gravidade e satildeo mais frequentes em regiotildees de relevo montanhoso e em periacuteodos
chuvosos sendo a pluviosidade um dos principais fatores condicionantes para a ocorrecircncia
do processo Os deslizamentos podem ocorrer naturalmente e eacute grande responsaacutevel pela
dinacircmica das vertentes e evoluccedilatildeo do relevo local mas no Brasil a falta de planejamento
urbano de uma boa parte dos municiacutepios a ocupaccedilatildeo desordenada e a construccedilatildeo de
domiciacutelios sem orientaccedilatildeo teacutecnica tecircm transformado um processo natural em um
problema que algumas vezes se tornam grandes trageacutedias Na regiatildeo Sudeste brasileira o
escorregamento do tipo rotacional eacute o mais comum e eacute caracterizado por uma ruptura
curva no solo que estaacute geralmente associada agrave realizaccedilatildeo de cortes na base do talude ou
por processos erosivos fluviais o que relaciona esse tipo de escorregamento agraves regiotildees
urbanas mal planejadas e coloca o homem como o principal agente efetivo associado com
a pluviosidade na ocorrecircncia de acidentes relacionados com deslizamentos
(FERNANDES amp AMARAL 1996 apud TOMINAGA 2009)
313 Alagamentos
De acordo com Amaral amp Ribeiro (2009) inundaccedilotildees e enchentes satildeo processos
intimamente relacionados com a pluviosidade pois satildeo frequentes em periacuteodos de chuvas
fortes e raacutepidas ou chuvas de longa duraccedilatildeo e estatildeo relacionados agrave intensidade e
distribuiccedilatildeo da precipitaccedilatildeo ao longo da bacia agrave capacidade do solo de reter e infiltrar
aacutegua e agraves caracteriacutesticas de forma da bacia de drenagem
O escoamento das aacuteguas pluviais na natureza eacute lento mas em aacutereas urbanizadas a accedilatildeo
antroacutepica relacionada a ocupaccedilatildeo de planiacutecies de inundaccedilatildeo que podem estar inclusive
em uma cota abaixo do leito do rio impermeabilizaccedilatildeo do solo e retificaccedilatildeo de corpos
drsquoaacutegua aleacutem de inuacutemeras atividades que promovem o assoreamento dos rios e coacuterregos
tem gerado resultados catastroacuteficos e grandes prejuiacutezos (AMARAL amp RIBEIRO 2009)
Quando se refere agraves regiotildees urbanas o termo ldquoalagamentordquo eacute o mais utilizado e segundo
o Ministeacuterio das Cidades (2006) define-se como o ldquoacuacutemulo momentacircneo de aacuteguas em
uma dada aacuterea por problemas no sistema de drenagem podendo ter ou natildeo relaccedilatildeo com
processos de natureza fluvialrdquo Tambeacutem o termo ldquoenxurradardquo eacute utilizado e define-se como
o ldquoescoamento superficial concentrado e com alta energia de transporte que pode ou natildeo
estar associado a aacutereas de domiacutenio dos processos fluviais Eacute comum a ocorrecircncia de
enxurradas ao longo de vias implantadas sobre antigos cursos drsquoaacutegua com alto gradiente
hidraacuteulico e em terrenos com alta declividade naturalrdquo
9
314 Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente
O Novo Coacutedigo Florestal Brasileiro define Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP) como
ldquoaacuterea protegida coberta ou natildeo por vegetaccedilatildeo nativa com a funccedilatildeo ambiental de
preservar os recursos hiacutedricos a paisagem a estabilidade geoloacutegica e a biodiversidade
facilitar o fluxo gecircnico de fauna e flora proteger o solo e assegurar o bem-estar das
populaccedilotildees humanasrdquo (BRASIL2012) Estas aacutereas satildeo muito importantes tanto no meio
urbano como no rural por garantir a estabilidade do solo em encostas iacutengremes contribuir
para a natildeo formaccedilatildeo de processos erosivos e o assoreamento de rios e coacuterregos aleacutem de
garantir a recarga de aquiacuteferos ao atuar como um amortecedor de chuvas retendo-a e
impedindo que ocorra um carreamento intenso de sedimentos ao longo dos morros e
margens de rios e coacuterregos (SKORUPA 2004) A Lei 126512012 apresenta os tipos de
APP e seus limites conforme seraacute visto no item 322
315 Uso e ocupaccedilatildeo do solo
Dentre os vaacuterios mecanismos de ordenamento urbano e instrumentos de planejamento
municipal previsto no Estatuto da Cidade (Lei Federal 102572001) o uso e ocupaccedilatildeo
do solo satildeo os mais utilizados pelas cidades para a formulaccedilatildeo das poliacuteticas urbanas
podendo definir o uso como a forma como esta parcela do solo eacute utilizada e a ocupaccedilatildeo
como sendo o modo como as edificaccedilotildees devem ser dispostas nesta mesma parcela do
solo urbano (TAKEDA 2015) O termo ldquoUso e ocupaccedilatildeo do solordquo tambeacutem pode ser
definido como o fator que determina como as mais diferentes regiotildees de um municiacutepio
deve se desenvolver (FONTOURA 2015)
A inserccedilatildeo de leis municipais de uso e ocupaccedilatildeo do solo objetivam ser uma referecircncia
para os gestores locais no processo de tomada de decisatildeo para que as cidades cresccedilam de
modo organizado enfatizando os potenciais e capacidades de cada regiatildeo aleacutem de tornar
o crescimento mais homogecircneo Com isso pretende-se evitar a formaccedilatildeo de grandes
adensamentos em pequenas aacutereas garantindo a mobilidade e a qualidade de vida de todos
os muniacutecipes tanto da regiatildeo urbana como da rural preservar e melhorar a qualidade
ambiental do municiacutepio aleacutem de evitar deslizamentos e alagamentos por conta da
ocupaccedilatildeo incorreta do solo (TAKEDA 2015)
10
32 Legislaccedilatildeo Pertinente
321 As adequaccedilotildees da legislaccedilatildeo ao longo dos anos
A problemaacutetica relacionada agraves APPs em aacutereas urbanas outrora era uma questatildeo complexa
e demandava uma larga discussatildeo do ponto de vista juriacutedico administrativo e teacutecnico Eacute
sabido que a maioria das cidades se formaram proacuteximos aos corpos hiacutedricos regiatildeo que
garantia o abastecimento de aacutegua e alimentos agrave populaccedilatildeo e tambeacutem facilitava o descarte
dos efluentes A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 225 daacute garantia aos
brasileiros de um meio ambiente em equiliacutebrio e concede agrave toda a sociedade o dever de
preservaacute-lo de acordo com os princiacutepios do desenvolvimento sustentaacutevel (BRASIL
1988) Antes desta Constituiccedilatildeo jaacute havia um texto que regulamentava a questatildeo da
preservaccedilatildeo de aacutereas verdes em todo o territoacuterio nacional A Lei Federal nordm 477165 que
trata do Coacutedigo Florestal estabelecia limites e regulamentava as Aacutereas de Preservaccedilatildeo
Permanente De acordo com Arauacutejo (2002) apud De Moraes (2014) essa Lei que fora
revogada e substituiacuteda pela Lei 126512012 era bastante falha no que diz respeito agraves
questotildees de APPS em aacutereas urbanas o que poderia ser um facilitador do natildeo cumprimento
do que foi proposto por aquela legislaccedilatildeo nestas aacutereas Isso se devia ao fato de o Coacutedigo
Florestal de 1965 ter deixado uma duacutevida sobre qual legislaccedilatildeo seguir uma vez que em
seu segundo artigo no paraacutegrafo uacutenico estava disposto que em aacutereas urbanas devia-se
atentar para a legislaccedilatildeo referente ao Plano Diretor e as referentes ao uso do solo na aacuterea
do municiacutepio (BRASIL 1965) Diante dessa conjuntura alguns municiacutepios optavam pela
natildeo aplicaccedilatildeo do Coacutedigo Florestal na regiatildeo urbana mesmo sabendo que a poliacutetica
conservacionista eacute extremamente importante visto o grande nuacutemero de problemas que
podem advir do uso irregular das APPs (DE MORAES 2009) Segundo o artigo 182 da
Constituiccedilatildeo Federal de 1988 as poliacuteticas relacionadas ao desenvolvimento urbano
devem ser elaboradas pelos municiacutepios e objetiva garantir o bem estar dos muniacutecipes e
tambeacutem o desenvolvimento do municiacutepio como um todo atraveacutes do atendimento agraves
exigecircncias do Plano Diretor (BRASIL 1988) O que podia gerar alguma divergecircncia seria
se o Plano Diretor Municipal propusesse uma faixa de APP menor que a prevista pelo
Coacutedigo Florestal Sendo assim essa legislaccedilatildeo perderia sua validade pelo fato de a
legislaccedilatildeo federal ser suplementar ou se seria cumprida devido ao disposto no artigo 182
da Constituiccedilatildeo Segundo De Moraes (2009) natildeo eacute aceitaacutevel que o Plano Diretor
Municipal legitime tal degradaccedilatildeo ambiental uma vez que um dos seus principais
objetivos eacute a proteccedilatildeo do bem estar puacuteblico estando incluiacutedo nesse a proteccedilatildeo do
ambiente natural A delimitaccedilatildeo e especificaccedilatildeo das APPs em Lei eacute necessaacuteria uma vez
que os limites miacutenimos destinados agrave preservaccedilatildeo satildeo importantes pois garantem a
proteccedilatildeo tanto da qualidade quanto da quantidade dos recursos hiacutedricos e evitam a
ocupaccedilatildeo em locais propiacutecios aos deslizamentos e zonas de recarga dos aquiacuteferos
11
subterracircneos assegurando tambeacutem de certa forma a integridade dos seres humanos que
potencialmente ocupariam tais locais (CARVALHO 2013)
Neste trabalho a legislaccedilatildeo tomada como referecircncia eacute a prevista pela Constituiccedilatildeo Federal
de 1988 o Novo Coacutedigo Florestal (Lei 126512012) e o Estatuto das Cidades (Lei
102572001) em acircmbito federal Na esfera estadual a Lei 209222013 versa sobre os
limites para APP em todo o territoacuterio de Minas A Lei Municipal 42412012 trata do
Plano Diretor Municipal da cidade de Santos Dumont onde se encontra as diretrizes para
o uso e ocupaccedilatildeo do solo e o zoneamento da cidade de acordo com as caracteriacutesticas do
solo entre outras
322 O Novo Coacutedigo Florestal e a legislaccedilatildeo mineira
O Novo Coacutedigo Florestal Lei Federal 126512012 substituiu a Lei Federal 47711965
Dentre os vaacuterios artigos que esta lei possui o que apresenta maior importacircncia para o
planejamento e o ordenamento das cidades tanto na aacuterea urbana como na rural eacute o artigo
4ordm em que constam as faixas de APP tanto para curso hiacutedrico como para declividade e
altitude aleacutem dos topos de morro a saber (BRASIL2012)
ldquoArt 4ordm Considera-se Aacuterea de Preservaccedilatildeo
Permanente em zonas rurais ou urbanas para os
efeitos desta Lei
I - as faixas marginais de qualquer curso drsquoaacutegua
natural perene e intermitente excluiacutedos os
efecircmeros desde a borda da calha do leito regular
em largura miacutenima de
a) 30 (trinta) metros para os cursos drsquoaacutegua de
menos de 10 (dez) metros de largura
b) 50 (cinquenta) metros para os cursos drsquoaacutegua
que tenham de 10 (dez) a 50 (cinquenta) metros de
largura
()
IV - as aacutereas no entorno das nascentes e dos olhos
drsquoaacutegua perenes qualquer que seja sua situaccedilatildeo
topograacutefica no raio miacutenimo de 50 (cinquenta)
metros
12
V - as encostas ou partes destas com declividade
superior a 45deg equivalente a 100 (cem por
cento) na linha de maior declive
()
IX - no topo de morros montes montanhas e
serras com altura miacutenima de 100 (cem) metros e
inclinaccedilatildeo meacutedia maior que 25deg as aacutereas
delimitadas a partir da curva de niacutevel
correspondente a 23 (dois terccedilos) da altura
miacutenima da elevaccedilatildeo sempre em relaccedilatildeo agrave base
sendo esta definida pelo plano horizontal
determinado por planiacutecie ou espelho drsquoaacutegua
adjacente ou nos relevos ondulados pela cota do
ponto de sela mais proacuteximo da elevaccedilatildeo
X - as aacutereas em altitude superior a 1800 (mil e
oitocentos) metros qualquer que seja a
vegetaccedilatildeo
()rdquo
A legislaccedilatildeo atual em seu artigo 4ordm evidencia que as faixas e aacutereas determinadas como
APP compreendem tanto as aacutereas rurais quanto urbanas (BRASIL 2012) retirando a
duacutevida anterior e sendo essa a Lei suplementar qualquer faixa de APP mais permissiva
na legislaccedilatildeo estadual e municipal satildeo invaacutelidas o que simplificou de certa forma a
aplicabilidade da Legislaccedilatildeo referente a Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente
No Estado de Minas Gerais a Lei Estadual 20922 de 16 de Outubro de 2013 trata do tema
em acircmbito estadual mas com os mesmos princiacutepios propostos pela Lei Federal sendo os
limites miacutenimos previstos para as APPs os mesmos propostos pelo Novo Coacutedigo
Florestal brasileiro (MINAS GERAIS2013)
ldquo Art 9ordm Para os efeitos desta Lei em zonas rurais
ou urbanas satildeo APPs
I as faixas marginais de cursos drsquoaacutegua naturais
perenes e intermitentes excluiacutedos
os efecircmeros medidas a partir da borda da calha
do leito regular em largura miacutenima de
13
a) 30m (trinta metros) para os cursos drsquoaacutegua de
menos de 10m (dez metros) de largura
b) 50m (cinquenta metros) para os cursos drsquoaacutegua
de 1 0m (dez metros) a 50m (cinquenta metros) de
largura
()
IV as aacutereas no entorno das nascentes e dos olhos
drsquoaacutegua perenes no raio miacutenimo de 50m
(cinquenta metros)
V as encostas ou partes destas com declividade
superior a 45ordm (quarenta e cinco graus)
equivalente a 100 (cem por cento) na linha de
maior declive
()
VII no topo de morros montes montanhas e
serras com altura miacutenima de 100m (cem metros)
e inclinaccedilatildeo meacutedia maior que 25ordm (vinte e cinco
graus) as aacutereas delimitadas a partir da curva de
niacutevel correspondente a 23 (dois terccedilos) da altura
miacutenima da elevaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave base sendo esta
definida pelo plano horizontal determinado por
planiacutecie ou espelho drsquoaacutegua adjacente ou nos
relevos ondulados pela cota do ponto de sela mais
proacuteximo da elevaccedilatildeo
VIII as aacutereas em altitude superior a 1 800m (mil
e oitocentos metros)
()rdquo
323 O Plano Diretor
O Estatuto das Cidades em seu artigo 40 prevecirc o plano diretor como um instrumento
capaz de promover a poliacutetica urbana englobando toda a cidade aleacutem de fornecer padrotildees
e limites para o uso do solo nas mais diversas regiotildees do municiacutepio com vistas a
harmonizar o desenvolvimento urbano com a preservaccedilatildeo do meio ambiente (SILVA JR
2006) Este instrumento eacute obrigatoacuterio para cidades com mais de 20 mil habitantes ou
14
aacutereas que integrem regiotildees metropolitanas ou de interesse turiacutestico O artigo 41 do
Estatuto das cidades tambeacutem prevecirc a obrigatoriedade do Plano Diretor para cidades que
possuem em sua aacuterea empreendimentos que caracterizem grandes impactos ambientais
de influecircncia regional ou nacional e cidades que possuem problemas com deslizamentos
de grande magnitude ou alagamentos repentinos (BRASIL 2001)
O Plano diretor de acordo com o Estatuto das Cidades deve ser aprovado como lei em
acircmbito municipal e revisto a cada dez anos Este documento eacute uacutenico pois cada cidade
possui suas peculiaridades infraestrutura vocaccedilotildees e problemas que por mais que sejam
parecidos entre si satildeo diferenciados pela intensidade e pela regionalizaccedilatildeo Sendo assim
a confecccedilatildeo do Plano Diretor deve conter a participaccedilatildeo de toda a comunidade local de
forma a reduzir as desigualdades sociais os gastos puacuteblicos desnecessaacuterios a degradaccedilatildeo
ambiental e combater os problemas relacionados a urbanizaccedilatildeo de forma conjunta
promovendo um processo de tomada de decisatildeo que garanta a qualidade de vida
preservaccedilatildeo e o desenvolvimento social do municiacutepio como um todo (ROSSBACH amp
CARVALHO 2010)
3231 O Plano Diretor de Santos Dumont
A Lei Municipal nordm 424112 que entrou em vigor no ano de 2014 trata do Plano Diretor
Municipal instrumento previsto no Estatuto das Cidades para garantir aos cidadatildeos um
desenvolvimento urbano organizado justo e sustentavelmente econocircmico (BRASIL
2001) Aleacutem de apontar as diretrizes para a elaboraccedilatildeo da Poliacutetica Municipal dos mais
variados setores o Plano Diretor divide o municiacutepio em macrozonas urbanas e rurais
Estas zonas tecircm por objetivo facilitar a identificaccedilatildeo dos setores que permitem ou natildeo o
desenvolvimento da cidade e em que magnitude pode ser feita a expansatildeo respeitando ao
meio ambiente e tambeacutem o que eacute previsto no tocante ao uso e ocupaccedilatildeo do solo nessas
aacutereas Aleacutem disso ela estabelece a forma como devem ser as edificaccedilotildees nas referidas
aacutereas As aacutereas definidas como macrozonas urbanas e foram subdivididas em (SANTOS
DUMONT2012)
ldquoZona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e
da Paisagem (ZPPH) satildeo as aacutereas cujos
equipamentos urbanos possuem interesse
histoacuterico ou paisagiacutestico de preservaccedilatildeo
Zona de Preservaccedilatildeo Ambiental satildeo aquelas em
que devem ser mantidas ou recuperadas a
15
vegetaccedilatildeo por conta da declividade altitude ou
presenccedila de recursos hiacutedricos
Zona de Adensamento Controlado (ZAC) satildeo as
aacutereas em que deve-se manter uma pequena
densidade populacional devido as limitaccedilotildees na
infraestrutura da localidade A ZAC se divide em
ZAC 1 quando a infraestrutura existente eacute
limitada e em ZAC 2 quando esta eacute precaacuteria ou
natildeo existe
Zona de Consolidaccedilatildeo de Adensamento (ZCA)
satildeo as aacutereas em que haacute interesse em ocupar os
lotes vagos haja visto que a regiatildeo possui toda a
infraestrutura para que isto aconteccedila
Zona Adensaacutevel (ZA) satildeo as aacutereas com
condiccedilotildees propiacutecias para ocorrer uma ocupaccedilatildeo
mais densa
Zona Especial de Interesse Social (ZEIS) satildeo as
aacutereas em que o Poder Puacuteblico almeja fazer
alguma forma de ocupaccedilatildeo Eacute dividida em ZEIS 1
e ZEIS 2 A ZEIS 1 satildeo regiotildees jaacute ocupadas mas
de forma irregular cujo interesse puacuteblico eacute
realizar obras e outras atividades para
regularizar as ocupaccedilotildees e urbanizar a aacuterea
enquanto que a ZEIS 2 satildeo aacutereas natildeo utilizadas ou
subutilizadas as quais o poder puacuteblico almeja
realizar algum empreendimento habitacional de
caraacuteter social
Zona de Grandes Equipamentos (ZE) satildeo aacutereas
cujo o interesse eacute a implantaccedilatildeo de
empreendimentos de grande porte ou grandes
equipamentos puacuteblicosrdquo
Esta divisatildeo espacial pode ser melhor vista no Anexo 71
O Plano Diretor natildeo estipula limites para APP mas prevecirc algumas diretrizes como na
Poliacutetica Municipal de Preservaccedilatildeo do Meio Ambiente sobre o uso do solo em
compatibilidade com praacuteticas conservacionistas A Poliacutetica Municipal de Expansatildeo
16
Urbana tem como uma de suas diretrizes fazer cumprir a legislaccedilatildeo vigente no que diz
respeito agraves intervenccedilotildees e investimentos que poderatildeo ser feitos nessas aacutereas Tambeacutem eacute
diretriz da mesma Poliacutetica o controle da ocupaccedilatildeo e do uso do solo em APPs e o auxiacutelio
aos oacutergatildeos estaduais e federais de meio ambiente no tocante agrave fiscalizaccedilatildeo da ocupaccedilatildeo
nestas aacutereas (SANTOS DUMONT 2012) O artigo 38 que trata das diretrizes da Poliacutetica
habitacional de interesse social exclui do processo de regularizaccedilatildeo fundiaacuteria os
assentamentos situados em aacutereas de risco o que na maioria das vezes estatildeo tambeacutem nas
aacutereas que deveriam estar vegetadas e protegidas (SANTOS DUMONT 2012) Na
legislaccedilatildeo referente ao parcelamento do solo eacute previsto que no parcelamento de glebas
com declividade entre 30 e 47 soacute poderaacute ser aprovado mediante projeto e laudo
assinado por um responsaacutevel teacutecnico favoraacutevel agrave construccedilatildeo nesse local (SANTOS
DUMONT 2012) Diante do proposto pelo Plano Diretor de Santos Dumont pode-se
dizer que natildeo haacute conflito com a legislaccedilatildeo federal e estadual em se tratando da
aplicabilidade do Coacutedigo Florestal uma vez que aquele natildeo explicita limites nem
permissivos e tampouco restritivos para faixas e aacutereas de preservaccedilatildeo permanente
33 O Municiacutepio de Santos Dumont
331 De Arraial a cidade
A aacuterea onde se situa hoje o municiacutepio de Santos Dumont teve sua ocupaccedilatildeo iniciada no
seacuteculo XVIII quando a Coroa Portuguesa solicitou ao entatildeo Governador do Rio de
Janeiro Artur de Saacute Menezes que abrisse um caminho que ligasse as Minas dos
Cataguases na regiatildeo de Ouro Preto (receacutem descobertas) ao Rio de Janeiro por onde
escoava os metais preciosos para a metroacutepole Surgiu assim o ldquoCaminho Novordquo e ao longo
deste caminho surgiram tambeacutem as Sesmarias aacutereas que tinham por principal objetivo
servir de pouso aos transportadores e exploradores e tambeacutem para garantir alimento a
estas pessoas Uma destas ocupaccedilotildees seria o ldquoArraial de Joatildeo Gomesrdquo (Figura 41)
primeiro nuacutecleo primitivo do municiacutepio em 1709 De iniacutecio prevaleciam somente
ranchos onde os viajantes se abrigavam mas em pouco tempo ergueu-se a Capela de Satildeo
Miguel e Almas e pequenos nuacutecleos urbanos comeccedilaram a surgir (DAPPC2008)
17
Figura 3 1 Vista parcial do Arraial de Joatildeo Gomes
Fonte Arquivo Histoacuterico de Santos Dumont-MG
Com a construccedilatildeo da Estrada de Ferro D Pedro II no final do seacuteculo XIX a regiatildeo teve
um consideraacutevel crescimento natildeo soacute populacional como tambeacutem econocircmico se tornando
a Vila Palmyra em 1889 Em 1890 Palmyra eacute elevada ao status de Municiacutepio (Figura 42)
e recebe um grande nuacutemero de melhorias no setor viaacuterio como a retificaccedilatildeo de ruas e
tambeacutem no setor de serviccedilos puacuteblicos como abastecimento de aacutegua iluminaccedilatildeo puacuteblica a
querosene e posteriormente energia eleacutetrica O desenvolvimento econocircmico na regiatildeo
tambeacutem teve seu momento aacuteureo nesse periacuteodo Induacutestrias de laticiacutenios graacuteficas e de
Carbureto de Caacutelcio fizeram parte do parque industrial de Palmyra o que atraiacutea pessoas
de outros lugares inclusive estrangeiros contribuindo para o aumento populacional da
regiatildeo Como ainda natildeo havia legislaccedilatildeo sobre uso e ocupaccedilatildeo do solo nessa eacutepoca
surgiram inuacutemeros loteamentos em aacutereas proacuteximas agrave rios e coacuterregos e tambeacutem em
encostas com declividade acentuada o que foi agravando o risco agrave medida que a ocupaccedilatildeo
aumentava (DAPPC2008)
18
Figura 3 2 Municiacutepio de Palmyra na deacutecada de 1920
Fonte Arquivo Histoacuterico de Santos Dumont-MG
O escoamento da produccedilatildeo industrial se dava pelo modal ferroviaacuterio setor que tambeacutem
movimentava a crescente cidade que era ponto importante no setor de transportes pois
possuiacutea um dos mais bem equipados depoacutesitos de locomotivas da Estrada de Ferro Central
do Brasil (DAPPC2008)
No ano de 1932 o municiacutepio de Palmyra passou a se chamar Santos Dumont (Figura 43)
em homenagem ao inventor do aviatildeo que nascera naquela cidade Nos uacuteltimos 40 anos
Santos Dumont tem experimentado uma acentuada desaceleraccedilatildeo econocircmica
consequecircncia do fechamento da grande maioria das induacutestrias principalmente as de
laticiacutenios que empregavam direta e indiretamente uma parte consideraacutevel da populaccedilatildeo
(DAPPC2008)
19
Figura 3 3 Municiacutepio de Santos Dumont em 2014
Fonte Arquivo do autor
332 Santos Dumont na atualidade
O municiacutepio de Santos Dumont localiza-se na regiatildeo da Zona da Mata mineira distante
cerca de 220 Km da capital Belo Horizonte e possui uma populaccedilatildeo de 47558 habitantes
(ODM 2015 projeccedilatildeo) numa aacuterea total de 637 kmsup2 Faz divisa com os municiacutepios de
Juiz de Fora Oliveira Fortes Bias Fortes Antocircnio Carlos Tabuleiro Piau e Ewbank da
Cacircmara
No que diz respeito agrave sua formaccedilatildeo fisiacuteco-geograacutefica a aacuterea que compreende o municiacutepio
eacute constituiacuteda predominantemente por Cambissolo Haacuteplico (70) com Latossolo
Vermelho-Amarelo (30) (UFV2010) A vegetaccedilatildeo eacute em sua maioria composta por
exemplares de Mata Atlacircntica De acordo com o IBGE(2015) Santos Dumont se localiza
a 839m de altitude O clima da regiatildeo eacute classificado como Tropical de Altitude (Cwb) e
possui uma temperatura meacutedia de 20ordmC Eacute banhado pela bacia hidrograacutefica do Paraiacuteba do
Sul e em sua maioria pertence agrave sub-bacia do Rio Pomba (IGAM) que fornece aacutegua para
abastecimento puacuteblico agrave 88 da populaccedilatildeo por meio da rede de distribuiccedilatildeo
(IBGE2010) Uma pequena parte da zona rural a sudoeste eacute banhada pela Sub-Bacia do
Rio Paraibuna mais precisamente na regiatildeo de fronteira com os municiacutepios de Juiz de
Fora e Ewbank da Cacircmara O sistema viaacuterio principal de acesso agrave cidade eacute a rodovia BR-
040 e a estrada de ferro Dom Pedro II atualmente utilizada somente para transporte de
cargas
Com a economia nos dias atuais baseada majoritariamente no setor de serviccedilos a cidade
possui um Iacutendice de Desenvolvimento humano (IDH) de 0741 (IBGE2010) Apesar do
decliacutenio econocircmico de Santos Dumont nota-se hoje um aumento no nuacutemero de
loteamentos populares e condomiacutenios horizontais e verticais entre outras edificaccedilotildees Eacute
de vital importacircncia que esse crescimento das ocupaccedilotildees seja ordenado e regulamentado
20
de forma a garantir a qualidade ambiental prevenindo deslizamentos e inundaccedilotildees Diante
dessa conjuntura o governo municipal aprovou em 2012 a Lei nordm 4241 que trata do Plano
Diretor Participativo instrumento baacutesico da poliacutetica de desenvolvimento e expansatildeo
urbana do municiacutepio de Santos Dumont
4 METODOLOGIA
41 Aacuterea de estudo
A regiatildeo dentro dos limites do municiacutepio que seraacute estudada neste trabalho eacute conforme
descrito nos anexos Plano Diretor e representada na figura 44 a aacuterea urbana principal
que possui 47 Kmsup2 e compreende a regiatildeo central da cidade e os bairros perifeacutericos regiatildeo
que concentra cerca de 90 da populaccedilatildeo total de Santos Dumont (IBGE 2015) A aacuterea
urbana principal representa 75 da aacuterea total dos 637 Kmsup2 que compreendem o
municiacutepio e eacute o local onde nos uacuteltimos 30 anos se verificou um maior crescimento
populacional e tambeacutem onde ocorre a maioria dos eventos relacionados a deslizamentos
e alagamentos por conta da ocupaccedilatildeo sem planejamento A figura 45 mostra a aacuterea
urbana principal e a localizaccedilatildeo dos bairros urbanos de Santos Dumont
Figura 4 1 Localizaccedilatildeo da aacuterea urbana principal
Fonte Google Earth
21
Figura 4 2 Mapa da aacuterea urbana principal com a localizaccedilatildeo dos bairros
Fonte Do Autor
42 Levantamento e tratamento dos dados
No desenvolvimento deste trabalho foi necessaacuterio se fazer um estudo detalhado sobre o
Plano Diretor de Santos Dumont principalmente dos seus anexos que compreendem os
mapas e a localizaccedilatildeo das aacutereas definidas pelo zoneamento proposto Para que isso fosse
possiacutevel a Secretaria Municipal de Obras e Serviccedilos Puacuteblicos forneceu todos os dados
secundaacuterios produto do estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor e do
zoneamento Estes dados incluem os arquivos Shapefile (shp) e outros documentos
integrantes do Plano Diretor Algumas informaccedilotildees foram complementadas tambeacutem com
dados adquiridos atraveacutes do site do IBGE e do Portal Objetivos do Milecircnio (ODM)
Os dados sobre as ocorrecircncias de deslizamentos e alagamentos foram obtidos atraveacutes da
Defesa Civil do municiacutepio atraveacutes do Sistema Integrado de Informaccedilotildees sobre Desastres
(S2ID) do Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional Tal sistema centraliza as informaccedilotildees sobre
desastres naturais ocorridos em todo o territoacuterio nacional facilitando a pesquisa sobre tais
eventos a qualquer cidadatildeo (BRASIL 2015)
Apesar do sistema ser bastante uacutetil os dados sobre o municiacutepio de Santos Dumont se
encontravam bastante falhos e escassos sendo necessaacuteria complementaccedilatildeo para que a
22
base de dados ficasse consistente Diante disso uma pesquisa atraveacutes dos arquivos do
Jornal Mensagem um jornal semanaacuterio local foi feita entre os anos de 1984 e 2014 e os
dados primaacuterios filtrados em uma planilha do Microsoft Excel para posterior utilizaccedilatildeo
De posse destes dados foi feita a localizaccedilatildeo em campo das coordenadas dos locais
atingidos por deslizamentos e alagamentos no periacuteodo compreendido pela pesquisa com
o auxiacutelio de um aparelho de GPS
A maioria dos arquivos shapefile utilizados para a confecccedilatildeo dos mapas satildeo parte
integrante dos anexos da Lei do Plano diretor do municiacutepio gerados no mecircs de dezembro
de 2011 pelo Instituto Nova Cidade e foram cedidos pela Secretaria Municipal de Obras
e Serviccedilos Puacuteblicos com Datum em UTM SAD 69 Com a finalidade de fornecer um
referenciamento atualizado e de acordo com os mais novos sistemas de coordenadas
utilizados no Brasil os arquivos foram convertidos para o Datum UTM SIRGAS 2000
que diferencia do SAD 69 pelo fato de ser um referencial geocecircntrico ou seja o centro
da Terra eacute o ponto de referecircncia neste sistema enquanto que o primeiro utiliza um
referencial na superfiacutecie da Terra (IBGE2014) Eacute interessante ressaltar tambeacutem que o
SIRGAS 2000 se tornou no ano de 2014 o sistema de coordenadas oficial do Sistema
Geodeacutesico Brasileiro e do Sistema Cartograacutefico Nacional ambos mantidos pelo IBGE A
combinaccedilatildeo dos shapefiles foi feita com o software livre gvSIG e com estas combinaccedilotildees
foram gerados mapas importantes resultados para a execuccedilatildeo deste trabalho A maioria
dos mapas representam a regiatildeo urbana principal de Santos Dumont e foram produzidos
numa escala em torno de 140000 que de acordo com Rocha (2007) eacute uma escala viaacutevel
pois as recomendaacuteveis para trabalhos de anaacutelise ambiental em niacutevel municipal podem ser
entre 150000 e 110000 Alguns mapas cujo detalhamento natildeo eacute necessaacuterio foram
gerados na escala 1100000
Para a geraccedilatildeo dos mapas aleacutem dos arquivos fornecidos pela Secretaria de Obras e
Serviccedilos Puacuteblicos foram utilizados para a geraccedilatildeo do modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE)
e da localizaccedilatildeo dos topos de morro dados gerados pelo sistema de radar Advanced
Spacebone Thermal Emission and Reflection Radiometer (ASTER) que geram as curvas
de niacutevel do terreno com uma resoluccedilatildeo de 30m (NASA2014) O processamento dessas
imagens foi feito pelo software livre gvSIG As imagens geradas pelos sateacutelites
LANDSAT foram adquiridas no site da United States Geological Survey (USGS) e essas
imagens possibilitaram obter um panorama preciso do uso do solo em toda a aacuterea urbana
de Santos Dumont numa resoluccedilatildeo de 15 metros uma vez que foi utilizada a banda
pancromaacutetica do sateacutelite LANDSAT 8 aleacutem da combinaccedilatildeo das bandas 65 e 4
respectivamente que eacute a combinaccedilatildeo recomendada pela mantenedora dos sateacutelites para
anaacutelises deste tipo
23
No que diz respeito a identificaccedilatildeo de APPs em topo de morro a metodologia de Oliveira
amp Fernandes Filho (2013) por utilizar as mesmas bases de dados ateacute entatildeo usadas neste
trabalho foi a mais indicada
A metodologia de anaacutelise dos mapas gerados eacute a proposta pelo professor Jorge Xavier da
Silva do Laboratoacuterio de Geoprocessamento (LAGEOP) da Universidade Federal do Rio
de Janeiro e citada por Rocha (2007) Tal metodologia analisa as variaacuteveis em questatildeo
presentes na aacuterea e permite avaliar as possibilidades de relaccedilotildees entre essas variaacuteveis De
uma maneira geral este meacutetodo verifica o estado atual da aacuterea em estudo bem como das
variaacuteveis gerando inventaacuterios que servem para a construccedilatildeo de dados planimeacutetricos sejam
com as variaacuteveis isoladas ou combinadas Estes dados planimeacutetricos geram assinaturas
que permitem inferir sobre a influecircncia dessas variaacuteveis De posse dos dados gerados pelo
processo anteriormente citado pode-se fazer algumas prospecccedilotildees sobre os riscos
ambientais que a aacuterea pode sofrer ou o seu potencial ambiental (ROCHA 2007)
5 RESULTADOS
51 Levantamento histoacuterico de alagamentos e
deslizamentos
O aumento da demanda pelo uso do solo na regiatildeo urbana de Santos Dumont
principalmente no tocante agrave formaccedilatildeo de novos loteamentos e condomiacutenios nos uacuteltimos
anos eacute consideraacutevel mas tambeacutem haacute de se observar o crescimento dos bairros jaacute existentes
com pouco ou nenhum ordenamento Em ambos os casos se observa ocupaccedilotildees
irregulares em APP o que tem ocasionado um aumento na frequecircncia de deslizamentos
e inundaccedilotildees Eacute evidente que quanto maior a densidade populacional do bairro maior a
quantidade de ocorrecircncias ao longo dos anos (SPERFELD 2009)
De acordo com as ocorrecircncias registradas pela Defesa Civil do municiacutepio obtidas atraveacutes
da literatura utilizada nos uacuteltimos 30 anos Santos Dumont chegou a decretar situaccedilatildeo de
emergecircncia por conta de desastres envolvendo deslizamentos eou alagamentos por duas
vezes num espaccedilo de 10 anos conforme pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho
(BRASIL 2014 CEPED 2011)
Segundo os dados obtidos atraveacutes de pesquisa nos arquivos do semanaacuterio entre os anos
de 1984 e 2014 pode-se verificar que nos uacuteltimos 20 anos a cidade tem experimentado
24
um aumento consideraacutevel nos eventos relacionados a deslizamentos e principalmente
alagamentos como pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho Isso pode ter sido causado
dentre outros fatores pelo aumento do nuacutemero de vias pavimentadas com material
impermeaacutevel o que tem sobrecarregado tanto a infraestrutura existente para drenagem
urbana como tambeacutem a calha dos cursos drsquoaacutegua que passam pela regiatildeo urbana do
municiacutepio (ZANON2013)
Na deacutecada de 1980 (1984-1990) de acordo com os dados obtidos natildeo foram noticiados
eventos consideraacuteveis relacionados a deslizamentos e alagamentos em Santos Dumont
mas isso natildeo exclui a possibilidade de natildeo ter ocorrido tais eventos em menor escala
Na deacutecada de 1990 aconteceram uma seacuterie de ocorrecircncias tanto de deslizamentos quanto
de alagamentos No ano de 1997 num periacuteodo chuvoso intenso aconteceram
deslizamentos consideraacuteveis em vaacuterios bairros da cidade inclusive com desabamento de
casas e de ruas principalmente nos bairros Nossa Senhora da Gloacuteria e Quarto Depoacutesito
Em 1999 ocorreram alguns pontos de alagamento nos bairros Quarto Depoacutesito e Santo
Antocircnio com grandes prejuiacutezos materiais
A deacutecada de 2000 iniciou com o registro de deslizamentos em vaacuterios bairros da cidade
inclusive com desabamento de casas e pontes e alagamentos em importantes vias do
centro da cidade Observa-se ao longo desse periacuteodo o crescimento nas ocorrecircncias de
deslizamentos e de aacutereas com risco de deslizamento em muitos bairros de Santos Dumont
Um dos fatores importantes para esse crescimento foi a grande expansatildeo sofrida pela
maioria dos bairros e a falta de planejamento e orientaccedilatildeo por parte da prefeitura uma
vez que uma boa parte do crescimento dos bairros da cidade ocorreu ou proacuteximo a cursos
drsquoaacutegua ou em aacutereas com declividade improacutepria para se fazer construccedilotildees O bairro
Coacuterrego do Ouro (Figura 51) foi o que mais sofreu com ocorrecircncias de deslizamentos
nesse periacuteodo enquanto o bairro Santo Antocircnio foi que teve mais ocorrecircncias de
alagamentos
25
Figura 5 1 Deslizamento no bairro Coacuterrego do Ouro
Fonte Portal Cabangu
No iniacutecio deacutecada de 2010 (2011-2014) o centro da cidade foi a regiatildeo que mais sofreu
com alagamentos sendo registrado pelo menos uma ocorrecircncia por ano nessa aacuterea (Figura
52) Isso pode ser relacionado dentre outros fatores com as obras de modificaccedilatildeo do
tipo de pavimentaccedilatildeo das estradas por um material impermeaacutevel gerando uma sobrecarga
nos sistemas de drenagem urbana que foram projetados para um tipo de pavimento mais
permeaacutevel implicando tambeacutem na sobrecarga calha do Ribeiratildeo das Posses o principal
curso drsquoaacutegua que corta o centro da cidade e que se encontra em quase sua totalidade
ocupada em ambas as margens que cortam o centro da cidade
26
Figura 5 2 Alagamento na regiatildeo central de Santos Dumont em 2013
Fonte Portal Cabangu
Quanto agraves ocorrecircncias de deslizamento ao longo da referida deacutecada elas estiveram
espalhadas pelos bairros do municiacutepio tendo um maior nuacutemero de ocorrecircncias nos bairros
Santo Antocircnio Nossa Senhora da Gloacuteria e Aacutegua Espraiada Nos dois primeiros bairros
citados as ocorrecircncias podem ter sido ocasionadas pelo crescimento desordenado e sem
planejamento destes e no terceiro as ocorrecircncias satildeo relacionadas ao processo de
assoreamento do Ribeiratildeo das Posses o que pode ter gerado um aumento da velocidade
desse curso drsquoaacutegua causando problemas decorrentes do transporte de sedimentos da aacuterea
onde as casas foram construiacutedas que teve como consequecircncia os deslizamentos
Em resumo como pode ser observado nas figuras 53 e 54 na tabela 51 no periacuteodo de
1984 a 2014 os bairros mais afetados por alagamentos e deslizamentos satildeo Quarto
Depoacutesito Nossa Senhora da Gloacuteria Santo Antocircnio Coacuterrego do Ouro Antocircnio Afonso
Graminha e Vila Esperanccedila sendo que o bairro Coacuterrego do Ouro possui o maior nuacutemero
de ocorrecircncias de deslizamentos e o centro da cidade possui o maior nuacutemero de
ocorrecircncias de alagamentos no periacuteodo pesquisado Vale destacar que a aacuterea propiacutecia a
alagamentos no bairro Antocircnio Afonso natildeo identificada no estudo realizado pela
prefeitura constitui-se efetivamente numa aacuterea de risco conforme levantamento histoacuterico
realizado Esta aacuterea de risco se deve agrave diferenccedila de niacutevel negativa entre o rio Pinho e a
aacuterea do bairro estando este em desniacutevel com um risco iminente de inundaccedilotildees resultantes
da cheia desse curso drsquoaacutegua causando inuacutemeros transtornos aos moradores do local
27
Figura 5 3 Pontos de Alagamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico
Fonte Do autor
Figura 5 4 Pontos de deslizamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico
Fonte Do autor
28
Tabela 51 Ocorrecircncias de alagamentos e deslizamentos obtidos atraveacutes do
levantamento histoacuterico
Pontos de ocorrecircncia (1984-2014)
Bairros Alagamento Deslizamento
Aacutegua Espraiada 1 1
Antocircnio Afonso 1 0
Barra 0 1
Centro 7 1
Coacuterrego do Ouro 1 7
Flores 0 1
Graminha 1 0
Jardim Jaraguaacute 0 1
N Sra da Gloacuteria 0 4
N Sra das Graccedilas 1 0
Quarto Depoacutesito 3 2
Santo Antocircnio 4 2
Satildeo Sebastiatildeo 0 1
Vila Esperanccedila 0 1
Fonte Do autor
De acordo com o estudo realizado na elaboraccedilatildeo do Plano Diretor pela prefeitura
municipal observa-se que os bairros que possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a
deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do Ouro e Vila Esperanccedila enquanto que os que
possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a alagamento satildeo o Centro da cidade e os
bairros Satildeo Sebastiatildeo Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio por estarem agraves margens do
Ribeiratildeo das Posses um curso drsquoaacutegua que sofre com inundaccedilotildees perioacutedicas devido ao
severo assoreamento em algumas regiotildees e tambeacutem devido ao acuacutemulo de lixo descartado
pelos moradores do entorno irregularmente De acordo com o estudo realizado quando da
elaboraccedilatildeo do Plano Diretor do municiacutepio foram feitos estudos sobre as aacutereas propensas
a deslizamentos e alagamentos na regiatildeo urbana principal Tais aacutereas satildeo as destacadas
nas Figuras 55 e 56 No levantamento histoacuterico realizado pode-se identificar que os
bairros que possuem mais aacutereas propensas a deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do
Ouro Nossa Senhora da Gloacuteria Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio enquanto que os bairros
mais propensos a alagamentos satildeo os bairros Centro Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio
como observado na tabela 51
29
Figura 5 5 Aacutereas propensas a deslizamento de acordo com o Plano Diretor de
Santos Dumont
Fonte Google Earth e Lei 42412012
Figura 5 6 Aacutereas propensas a alagamento de acordo com o Plano Diretor de
Santos Dumont
Fonte Google Earth e Lei 42412012
30
Comparando-se os mapas obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico com o mapa gerado
pelo estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor nota-se que haacute semelhanccedilas em
algumas aacutereas mas ao se levar em conta o produto gerado pela pesquisa histoacuterica o
estudo necessitaria ser complementado haja vista que ele natildeo compreende por exemplo
o ponto de alagamento no bairro Antocircnio Afonso citado anteriormente e alguns pontos de
deslizamento importantes uma vez que satildeo regiotildees onde haacute ocupaccedilatildeo Esse fato evidencia
a necessidade de se buscar vaacuterias fontes primaacuterias e secundaacuterias para se detectar aacutereas de
risco em um municiacutepio incluindo arquivos da imprensa local afim de se produzir uma
base de dados consistente e com o menor nuacutemero de falhas possiacutevel (CEPED 2014) Com
a uniatildeo dos dois estudos foram gerados os mapas apresentados nas Figuras 57 e 58
Aleacutem do mais observando as figuras 57 e 58 pode-se notar que uma boa parte tanto dos
casos de alagamento quanto de deslizamento estatildeo na faixa de APP de curso hiacutedrico o
que ilustra a importacircncia da preservaccedilatildeo destas aacutereas
Figura 5 7 Aacutereas propensas a alagamento do estudo do Plano Diretor
complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento
Fonte Do Autor
31
Figura 5 8 Aacutereas propensas a deslizamento do estudo do Plano Diretor
complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento
Fonte Do Autor
Atraveacutes da combinaccedilatildeo entre estes dois levantamentos procurou-se alimentar a base de
dados e garantir uma consistecircncia maior desta no que diz respeito a aacutereas de deslizamento
e alagamento podendo inclusive se identificar a suscetibilidade de uma determinada
regiatildeo da cidade a um ou outro evento (CEPED2014)
512 O Plano diretor e as APPs
Nos uacuteltimos anos o Brasil experimentou um forte fenocircmeno de migraccedilatildeo do campo para
as aacutereas urbanas De acordo com o IBGE no periacuteodo de 1940 a 2000 houve um aumento
de cerca de 60 do nuacutemero de pessoas que vivem em cidades (SILVA JR 2006) O
processo de planejamento e ordenamento do uso do solo nessas aacutereas deveria ter
acompanhado esse crescimento ao longo dos anos a fim de garantir a qualidade de vida e
a seguranccedila dos migrantes ao se instalarem nas cidades o que natildeo ocorreu e o que se
observa atualmente satildeo ocupaccedilotildees em aacutereas improacuteprias para moradia sem a infraestrutura
baacutesica necessaacuteria e com risco iminente de deslizamentos eou inundaccedilotildees
O Plano Diretor do municiacutepio de Santos Dumont em seu capiacutetulo IV que versa sobre o
uso e ocupaccedilatildeo do solo explicita regras para o ordenamento do territoacuterio que compreende
o municiacutepio com base nos diferentes usos do solo de acordo com sua compatibilidade o
32
que acabou por resultar num zoneamento de todo o municiacutepio em macrozonas conforme
citado na seccedilatildeo 3231 de acordo com os usos atuais e futuros do solo Aleacutem de dividir
estas macrozonas em urbanas e rurais tambeacutem avaliou e classificou estas aacutereas com base
numa seacuterie de fatores ambientais geoloacutegicos culturais e sociais de forma a se fazer um
zoneamento coerente com os atuais usos do solo e seu potencial de uso futuro Apresenta-
se na Figura 59 este zoneamento na aacuterea urbana principal de Santos Dumont
Figura 5 9 Zoneamento urbano da aacuterea urbana principal
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Lei 42412012
Tomando como referecircncia o Novo Coacutedigo Florestal brasileiro em especial os paracircmetros
estabelecidos para a definiccedilatildeo de APP e utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento
atraveacutes do software Vista SAGA relacionou-se as APPs existentes na aacuterea em estudo com
as regiotildees propiacutecias a alagamentos e deslizamentos de acordo com o estudo feito quando
da elaboraccedilatildeo do Plano Diretor afim de se identificar qual ou quais aacutereas possuem estes
problemas e se estatildeo relacionados com o uso do solo irregular em APP
Ao se aplicar a metodologia proposta por Oliveira amp Fernandes Filho (2013) natildeo foram
identificadas dentro da aacuterea de estudo APPs de topos de morro sendo este tipo de APP
descartada portanto das anaacutelises subsequentes deste trabalho Foram consideradas as
APP de curso hiacutedrico (rios e nascentes) e de declividade visando relacionaacute-las as aacutereas
de risco identificadas pela Prefeitura afim de se verificar as possiacuteveis causas da ocorrecircncia
33
destas aacutereas na regiatildeo urbana do municiacutepio Por meio de combinaccedilotildees entre dois mapas
temaacuteticos utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento foi possiacutevel obter as
assinaturas ou seja tabelas que caracterizam quantitativamente a aacuterea afetada por cada
aspecto visto que a simples visualizaccedilatildeo do mapa gerado pelo geoprocessamento muitas
vezes eacute prejudicada por serem aacutereas de pequenas dimensotildees ou por qualquer outra
limitaccedilatildeo do software Ressalta-se que para a elaboraccedilatildeo do Plano Municipal de Reduccedilatildeo
de riscos a identificaccedilatildeo e detalhamento topograacutefico destas aacutereas eacute fundamental para o
desenvolvimento do referido Plano conforme seraacute abordado detalhadamente na seccedilatildeo
52
De posse do mapa que representa o zoneamento urbano de Santos Dumont primeiramente
procurou-se mensurar qualitativa e quantitativamente a presenccedila de APPs tanto de
declividade quanto de cursos hiacutedricos Essa identificaccedilatildeo eacute importante pois este
zoneamento eacute um dos instrumentos de planejamento municipal (BRASIL 2001) Saboya
(2007) aponta que os principais objetivos de um zoneamento satildeo o controle da expansatildeo
urbana e proteccedilatildeo de aacutereas inadequadas a ocupaccedilatildeo aleacutem de reduzir os conflitos inerentes
aos diferentes usos do solo Com o uso da ferramenta ldquoCombinarrdquo do Vista SAGA foram
feitas combinaccedilotildees entre o mapa de hidrografia com buffer de 30m para rios e coacuterregos e
de 50m para nascentes com o mapa do zoneamento para se verificar a importacircncia das
APPs de curso hiacutedrico em toda a aacuterea urbana principal do municiacutepio Tambeacutem foram
combinados o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) obtido atraveacutes do gvSIG com o mapa
de zoneamento afim de se verificar quantitativamente as APPs de declividade e onde se
localizam Vale ressaltar que as declividades entre 30 e 47 estatildeo presentes nesta
combinaccedilatildeo pois de acordo com o Plano Diretor de Santos Dumont terrenos com esta
faixa de declividade para fins de parcelamento devem possuir estudo teacutecnico que ateste
a viabilidade de se promover algum empreendimento imobiliaacuterio neste (SANTOS
DUMONT 2012) Como a legislaccedilatildeo municipal prevecirc estudo somente para a faixa de
declividade descrita anteriormente para fins de anaacutelise neste trabalho consideramos um
valor mais conservador para APP compreendendo a faixa de 47 a 100 aleacutem da
prevista pela legislaccedilatildeo federal (gt100) para que natildeo houvessem lacunas importantes na
geraccedilatildeo do produto
Apresenta-se na Figura 510 aacutereas com declividades consideradas de risco e consideradas
APP e em qual zona de planejamento elas estatildeo inseridas De um modo geral ao se
observar a Tabela 52 nota-se que a aacuterea que compreende declividades de risco e APP eacute
uma pequena parcela da aacuterea urbana principal representando 061 desta aacuterea Ao se
levar em conta somente a localizaccedilatildeo pode-se verificar que cerca de 84 das aacutereas com
declividade de risco e a totalidade das APPs de declividade estatildeo localizadas na ZAC1
zona que compreende a maior parte do municiacutepio e apesar de possuir infraestrutura baacutesica
para a ocupaccedilatildeo esta eacute restrita Sendo assim o fator declividade deve ser visto com cautela
nesta aacuterea para se evitar transtornos advindos de edificaccedilotildees nestas aacutereas
34
Figura 5 10 Combinaccedilatildeo entre as declividades importantes incluindo as APPs e o
zoneamento urbano
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Do autor
Tabela 52 Assinaturas da combinaccedilatildeo Declividade x Zoneamento
Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea
Natildeo APP 457972 9939
Declividade 30-47 em ZAC1 2368 051
Declividade 30-47 em ZE 284 006
Declividade 30-47 em ZAC2 128 003
Declividade 30-47 em ZPA 004 0001
APP Declividade em ZAC1 048 001
Total 460804 100
Fonte Do autor
Apresenta-se na Figura 511 as APPs de curso hiacutedrico (nascentes e rios) e em qual zona
de planejamento estatildeo localizadas Assim como a declividade a maior parte das APPs de
curso hiacutedrico estatildeo localizadas em ZAC1 representando 383 da aacuterea urbana em estudo
e 51 do total das APPs de curso hiacutedrico Esta questatildeo tambeacutem deve ser vista com
bastante criteacuterio pelos gestores locais uma vez que a ocupaccedilatildeo em faixas proacuteximas de
rios e coacuterregos podem causar uma gama de problemas ambientais e sociais na regiatildeo
(SANTANA2011) Tal cuidado tambeacutem deve ser tomado nas APPs compreendidas na
35
ZAC2 que compreende 001 da Aacuterea urbana principal e 14 do total das APPs de curso
hiacutedrico pois a infraestrutura baacutesica e acessibilidade presente nesta zona eacute precaacuteria e a
ocupaccedilatildeo as margens de cursos hiacutedricos pode gerar problemas seacuterios caso ocorra uma
expansatildeo nestas aacutereas
Figura 511 Combinaccedilatildeo entre APP de curso hiacutedrico e as zonas de planejamento
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Do autor
Outro ponto importante eacute a presenccedila da Zona de Proteccedilatildeo Ambiental (ZPA) no entorno
uma consideraacutevel parte dos cursos hiacutedricos Nesta zona estatildeo presentes 28 das APPs de
curso hiacutedrico e esta zona de acordo com o Plano Diretor deve ser restaurada ou
preservada por suas caracteriacutesticas geoloacutegicas topograacuteficas e bioloacutegicas
Afim de se verificar os usos do solo na regiatildeo em estudo foram utilizadas combinaccedilotildees
de imagens advindas do sateacutelite Landsat 8 nas bandas descritas no capiacutetulo 4 aleacutem da
banda pancromaacutetica O resultado eacute apresentado na figura 512 que mostra os principais
usos do solo na aacuterea urbana principal de Santos Dumont
36
Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x Zoneamento
Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea
Hidrografia 11168 239
Aacuterea Urbana Natildeo APP 421004 9008
APP Curso hiacutedrico em ZAC1 179 383
APP Curso hiacutedrico em ZPA 9776 209
APP Curso hiacutedrico em ZE 184 004
APP Curso hiacutedrico em ZA 1192 026
APP Curso hiacutedrico em ZAC2 5124 110
APP Curso hiacutedrico em ZPPH 248 005
APP Curso hiacutedrico em ZEIS 568 012
APP Curso hiacutedrico em ZCA 228 005
Total 467392 10000
Fonte Do autor
Figura 5 12 Mapa de usos do solo da aacuterea urbana principal de Santos Dumont
Fonte Do autor
Como jaacute era previsto a maior parte da aacuterea urbana se encontra ocupada e eacute nesta regiatildeo
ocupada que se observa a maior concentraccedilatildeo de problemas de deslizamentos e
alagamentos (Figuras 513 e 514) A grande ocupaccedilatildeo em aacutereas consideradas APP de
curso hiacutedrico de acordo com os mapas gerados pode ser a principal causa do aumento a
cada ano dos casos de alagamento principalmente na regiatildeo central da cidade Outro ponto
que se deve atentar eacute a existecircncia de uma consideraacutevel aacuterea de pastagem pouco vegetada
que caso estejam em aacutereas elevadas pode contribuir para deslizamentos e agraves margens de
37
rios e coacuterregos para o assoreamento destes corpos hiacutedricos o que pode causar
alagamentos (INAacuteCIO etal 2007)
Diante destes resultados pode-se ver que a cidade de Santos Dumont necessita alternativas
efetiva no que diz respeito agrave contenccedilatildeo de deslizamentos e a reduccedilatildeo de risco de
alagamento pois as aacutereas em que ocorrem tais eventos satildeo distintas e facilmente definidas
devido agrave repeticcedilatildeo destes nos uacuteltimos anos Um plano de accedilatildeo integrado entre as diferentes
secretarias municipais (Obras Meio Ambiente Assistecircncia Social entre outras) e a
Coordenadoria Municipal de Defesa Civil deve ser realizado afim de se tomar medidas
natildeo mais preventivas mas sim preditivas para que se possa conter o avanccedilo destes
problemas na aacuterea urbana principal bem como em toda a aacuterea do municiacutepio
Figura 5 13 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na aacuterea urbana
principal
Fonte Do autor
38
Figura 5 14 Aacutereas sujeitas a alagamento e os principais usos do solo na aacuterea
urbana principal
Fonte Do autor
Ao se associar os dados do estudo do Plano Diretor com os dados do levantamento
histoacuterico realizado com o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) pode-se notar que as aacutereas
propiacutecias a deslizamento estatildeo em regiotildees as quais haacute uma fronteira de declividades ou
seja eacute evidente que os deslizamentos ocorrem em encostas um pouco mais iacutengremes mas
natildeo necessariamente nas encostas de 30-47 as quais exigem estudo teacutecnico conforme o
plano diretor preconiza Quanto aos alagamentos nota-se que eles se localizam nas aacutereas
com menor ou nenhuma declividade podendo ser estas aacutereas talvez componentes da
planiacutecie de inundaccedilatildeo dos rios Estes resultados podem ser vistos nas figuras 515 e 516
a seguir
39
Figura5 15 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a deslizamentos na
regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
Fonte Lei 42412012 e Autor
Figura5 26 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a alagamentos na
regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
Fonte Lei 42412012 e Autor
40
52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis
O processo de ocupaccedilatildeo no municiacutepio de Santos Dumont comeccedilou muito antes de
qualquer legislaccedilatildeo relacionada a ordenamento urbano e de proteccedilatildeo do meio ambiente
fosse implementado no Brasil Esse fato aliado a poliacuteticas e fiscalizaccedilotildees falhas
contribuiacuteram para a ocupaccedilatildeo e expansatildeo da aacuterea urbana ao longo do Ribeiratildeo das Posses
e seus afluentes o que tem gerado o aumento da degradaccedilatildeo destes corpos hiacutedricos ao
longo de todos estes anos Observa-se tambeacutem que nas uacuteltimas deacutecadas ocorreu um
grande nuacutemero de migraccedilotildees do campo para a regiatildeo urbana da cidade fator que
contribuiu para o crescimento do nuacutemero de habitaccedilotildees em aacutereas de risco de deslizamento
e alagamentos por serem na maioria das vezes terrenos menos valorizados e por este
motivo acessiacuteveis a populaccedilatildeo com menor poder aquisitivo (ROSA amp CORTEZ 2008)
Vale ressaltar que esta questatildeo aleacutem de ser ambiental eacute muito mais social pois os
moradores entendem os riscos de se viver nestes locais mas por motivos econocircmicos ou
por questotildees afetivas natildeo abrem matildeo da moradia nessas aacutereas A Constituiccedilatildeo Federal de
1988 promoveu a inter-relaccedilatildeo das questotildees sociais com as questotildees ambientais quando
colocou o meio ambiente como direito coletivo (BRASIL1988 SOUZA2010) Por este
motivo a decisatildeo por medidas draacutesticas que favoreccedilam apenas agrave preservaccedilatildeo do meio
ambiente natildeo eacute recomendada pois aleacutem de ser inconstitucional podem afetar a
sustentabilidade econocircmica do municiacutepio e gerar conflitos sociais consideraacuteveis
(CARLOS 1992 apud SOUZA 2010)
Segundo Bueno (2009) ldquonem tudo o que eacute irregular eacute precaacuteriordquo Esse fato se observa em
Santos Dumont uma vez que em boa parte da regiatildeo central se observa vaacuterias moradias
construiacutedas na faixa de APP de curso hiacutedrico o que natildeo eacute permitido pela legislaccedilatildeo
vigente e eacute um dos fatores que contribui para a ocorrecircncia de alagamentos nesta aacuterea da
cidade Para a resoluccedilatildeo deste problema o que seria mais viaacutevel seria a melhoria da
infraestrutura de drenagem urbana afim de que o escoamento da aacutegua das chuvas natildeo
sobrecarregasse o sistema (BUENO2009) A construccedilatildeo de bacias de contenccedilatildeo de
cheias ao longo do Ribeiratildeo das Posses tambeacutem seria uma alternativa mas para se verificar
a viabilidade necessita-se estudos mais aprofundados do ponto de vista hidroloacutegico
O grande problema a ser solucionado no entanto eacute o que diz respeito agraves aacutereas de risco
de deslizamento majoritariamente nos bairros A melhor alternativa seria o
remanejamento dos moradores para uma aacuterea proacutexima agrave que moram poreacutem longe do
risco Poreacutem esta alternativa de acordo com Rosa Filho amp Cortez (2008) encontra alguns
entraves pois estas pessoas na maioria das vezes natildeo tecircm condiccedilotildees financeiras de irem
para outro lugar ou pagar aluguel ou estatildeo de alguma forma sentimentalmente ligadas
agravequela regiatildeo que se recusam a deixaacute-lo
41
Por parte dos oacutergatildeos competentes no municiacutepio a criaccedilatildeo de um plano para se evitar
acidentes ocasionados por deslizamentos e alagamentos com um mapeamento detalhado
de toda a extensatildeo do municiacutepio eacute extremamente uacutetil Os estudos que seratildeo feitos para a
elaboraccedilatildeo deste plano poderatildeo definir quais as aacutereas satildeo potencialmente de risco para as
ocupaccedilotildees existentes ou para as potenciais ocupaccedilotildees que possam vir a ocorrer atraveacutes do
mapeamento das aacutereas de risco Tal planejamento seraacute auxiliar ao Plano Diretor
Municipal pois definiraacute o real uso do solo de determinada regiatildeo do municiacutepio
contribuindo para a adequaccedilatildeo do uso e ocupaccedilatildeo do solo afim de evitar ou reduzir o
nuacutemero de problemas relacionados a alagamentos e principalmente deslizamentos no
periacutemetro urbano (TOMINAGA 2009) A partir deste plano os gestores locais poderatildeo
tomar a melhor decisatildeo para a prevenccedilatildeo ou reduccedilatildeo dos riscos inerentes a tais problemas
Na seccedilatildeo 521 seraacute hierarquizado de forma preliminar a aacuterea urbana principal de acordo
com os resultados da tabela 51
521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta
O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos (PMRR) foi criado atraveacutes de accedilotildees
regularizadoras do Ministeacuterio das Cidades para ser o instrumento de gestatildeo e
gerenciamento de aacutereas de risco em um municiacutepio Eacute um documento que aleacutem de
estabelecer quais regiotildees satildeo consideradas de risco tambeacutem objetiva a proposta de
medidas estruturais ou natildeo para contenccedilatildeo eou prevenccedilatildeo de cataacutestrofes aleacutem de ser um
meio de captaccedilatildeo de recursos financeiros junto aos Governos Estadual e Federal Estes
recursos poderatildeo ser utilizados para a realizaccedilatildeo de obras que visem a melhoria da
qualidade de vida da populaccedilatildeo do entorno ou de recuperaccedilatildeo da aacuterea degradada Este
plano eacute realizado de forma participativa com as comunidades das aacutereas de risco e pode
ser realizado em sete fases conforme recomenda o Ministeacuterio das Cidades (ALHEIROS
2006)
O primeiro passo para a realizaccedilatildeo do PMRR eacute definir qual a metodologia seraacute empregada
levando-se em consideraccedilatildeo a realidade atual do municiacutepio e especificar de forma sucinta
um cronograma das atividades Eacute importante nesta fase a participaccedilatildeo tambeacutem dos
responsaacuteveis pelas mais variadas Secretarias Municipais afim de explicitar o tamanho da
importacircncia e o caraacuteter integrador deste plano A segunda fase deste plano objetiva a
criaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo da principal base de dados a ser utilizada nos passos posteriores o
mapeamento de risco em escala detalhe em torno de 13000 (SAtildeO PAULO 2014) A
elaboraccedilatildeo de um mapeamento detalhado propiciaraacute natildeo soacute a identificaccedilatildeo mais faacutecil das
aacutereas de risco como tambeacutem facilitaraacute aos gestores e agrave comunidade decidirem qual a
melhor intervenccedilatildeo para a soluccedilatildeo ou remediaccedilatildeo dos problemas em uma determinada
42
aacuterea hierarquizando o risco e definindo prioridades (SAtildeO PAULO 2014) Na tabela a
seguir apresenta-se alguns tipos de intervenccedilotildees que podem ser feitas em aacutereas de risco
sugeridas pelo Ministeacuterio das cidades (ALHEIROS 2006)
Quadro 5 1 - Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco
Tipo de intervenccedilatildeo Descriccedilatildeo
Serviccedilos de limpeza e Recuperaccedilatildeo
Remoccedilatildeo de entulho lixo etc
corte de aacutervores
remoccedilatildeo de bananeiras
recuperaccedilatildeo eou limpeza de sistemas de
drenagem esgotos e acessos
Limpeza de canais de drenagem
Proteccedilatildeo Vegetal
Proteccedilatildeo superficial vegetal (gramiacuteneas) em
taludes com solo exposto
Proteccedilatildeo vegetal de margens de canais de
drenagem
Barreiras vegetais para massas escorregadas
ou acumuladas pela erosatildeo
Drenagem Superficial e Acessos
Sistema de drenagem superficial (canaletas
raacutepidos caixas de transiccedilatildeo escadas drsquoaacutegua)
Acessos para pedestres (escadarias rampas
etc) integrados ao sistema de drenagem
Revestimento de Taludes Revestimento com materiais artificiais
cimentado cal-jet tela argamassada alvenaria
de tijolos ceracircmicos solo-cimento ensacado
Desmonte de blocos e matacotildees Desmonte de concreccedilotildees de grande porte
blocos rochosos e matacotildees
Obras de drenagem de subsuperfiacutecie Sistema de drenagem de subsuperfiacutecie
(trincheiras drenantes DHP poccedilos de
rebaixamento)
Estruturas de contenccedilatildeo (localizadas)
Muros de contenccedilatildeo de pequeno porte (solo-
cimento ensacado alvenaria de pedra-rachatildeo
concreto armado)
Estruturas de contenccedilatildeo localizadas
(chumbadores tirantes microestacas)
Contenccedilatildeo e proteccedilatildeo de margens de canais (
gabiotildees muros de concreto etc)
Estruturas de contenccedilatildeo (meacutedio e grande porte) Implantaccedilatildeo de estruturas de contenccedilatildeo de
meacutedio e grande porte envolvendo obras de
contenccedilatildeo passivas e ativas (muros de
gravidade cortinas etc)
Terraplanagem Execuccedilatildeo de serviccedilos de terraplanagem
combinados a obras de drenagem superficial e
proteccedilatildeo vegetal desvio e canalizaccedilatildeo de
coacuterregos
Remoccedilatildeo de moradias Remoccedilotildees definitivas para implantaccedilatildeo de
obras ou devido agrave localizaccedilatildeo improacutepria da
edificaccedilatildeo (Priorizar as relocaccedilotildees dentro da
proacutepria aacuterea em local seguro)
Fonte ALHEIROS 2006
43
Escolhidas as formas de intervenccedilatildeo para cada aacuterea eacute necessaacuterio realizar uma estimativa
dos custos afim de preparar o orccedilamento da prefeitura para a realizaccedilatildeo das obras e se
seraacute necessaacuterio a captaccedilatildeo de recursos externos para a execuccedilatildeo destas Feitas as
estimativas de custo o proacuteximo passo eacute definir as prioridades e para esta fase eacute tambeacutem
uacutetil o mapeamento feito nas etapas anteriores pois seraacute necessaacuterio hierarquizar tais
intervenccedilotildees nas aacutereas de risco O Ministeacuterio das Cidades (2007) sugere alguns criteacuterios
que podem ser avaliados pelo gestor dentre eles pode-se citar
Grau de risco
Populaccedilatildeo beneficiada
Custo da intervenccedilatildeo
Dimensatildeo da aacuterea a ser tratada
Demandas anteriores da populaccedilatildeo
Tempo de ocupaccedilatildeo
Viabilidade teacutecnica da intervenccedilatildeo
Viabilidade financeira
Inclusatildeo da aacuterea em outros projetos
A partir desta hierarquizaccedilatildeo inicia-se a identificaccedilatildeo de provaacuteveis fontes de captaccedilatildeo de
recursos para a execuccedilatildeo das intervenccedilotildees Estes recursos podem advir de programas dos
governos Federal e Estadual ou por meio de editais para captaccedilatildeo de recursos financeiros
tanto do setor puacuteblico como da iniciativa privada e podem ser tambeacutem associados agrave outras
Secretarias Municipais como a de Turismo ou Meio Ambiente e natildeo soacute as destinadas agrave
Defesa Civil (ALHEIROS 2006)
Eacute previsto tambeacutem no PMRR uma avaliaccedilatildeo da Defesa Civil municipal e como ela estaacute
estruturada fazendo inclusive sugestotildees para que sua atuaccedilatildeo esteja em consonacircncia com
a realidade das comunidades e da Administraccedilatildeo Puacuteblica do municiacutepio de forma a garantir
sua sustentabilidade e conquistar a credibilidade da populaccedilatildeo no que diz respeito a
prevenccedilatildeo de cataacutestrofes Para que a resposta a uma determinada situaccedilatildeo de risco seja
raacutepida eacute necessaacuterio a descentralizaccedilatildeo da Defesa Civil criando pequenos nuacutecleos
comunitaacuterios com a finalidade de se monitorar a aacuterea constantemente e promover as
intervenccedilotildees necessaacuterias em tempo haacutebil o que aumenta em muito a credibilidade da
populaccedilatildeo no PMRR e no trabalho desempenhado pela Defesa Civil no municiacutepio Apoacutes
esta etapa o PMRR passaraacute por audiecircncias puacuteblicas e posteriormente poderaacute ser aprovado
como Lei Municipal pelo Legislativo local (ALHEIROS 2006)
Com a realizaccedilatildeo deste plano o municiacutepio estaraacute munido de informaccedilotildees suficientes para
realizar accedilotildees efetivas de gestatildeo e gerenciamento de riscos bem como aliado a
levantamentos sociais realizar programas habitacionais que beneficiem prioritariamente
44
aos moradores das aacutereas de risco Aleacutem disso com o PMRR o municiacutepio poderaacute melhorar
a qualidade ambiental da populaccedilatildeo captando recursos para a recuperaccedilatildeo das aacutereas de
APP que foram degradadas pelas ocupaccedilotildees irregulares beneficiando todos os moradores
do municiacutepio com o aumento da qualidade de vida na cidade
A partir do disposto nesta seccedilatildeo acerca do Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos e de
uma maneira preliminar (levando-se em conta apenas o nuacutemero de registros de
alagamentos e deslizamentos na aacuterea urbana principal de Santos Dumont no periacuteodo de
1984 a 2014) identificou-se trecircs regiotildees distintas na aacuterea urbana do municiacutepio com
tempo de recorrecircncia desses eventos similares caracterizando trecircs prioridades de
intervenccedilatildeo em contenccedilatildeo de risco como pode ser visto nas figuras 515 e 516 Vale
ressaltar que eacute necessaacuterio um estudo mais detalhado inclusive com visitas teacutecnicas a
campo para que se confirme a real situaccedilatildeo destas e a real prioridade para investimentos
Figura 5 17 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de deslizamentos
Fonte Do Autor
45
Figura 5 18 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de alagamentos
Fonte Do Autor
46
6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees
A seguir apresenta-se as conclusotildees e as recomendaccedilotildees feitas a partir dos objetivos
especiacuteficos explicitados no iniacutecio deste trabalho
Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a
aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes
urbanos
A partir da revisatildeo da legislaccedilatildeo pertinente em acircmbito federal estadual e
municipal constatou-se que o Plano Diretor de Santos Dumont natildeo conflita com a
legislaccedilatildeo federal e estadual sobre Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente A legislaccedilatildeo
municipal foi entendida como mais conservadora que as federal e estadual uma
vez que considera implicitamente que declividades entre 47 e 100 satildeo
enquadradas como APPs aleacutem da faixa superior a 100
Parte consideraacutevel das ocupaccedilotildees em APP principalmente na regiatildeo do bairro
Santo Antocircnio (onde surgiu os primeiros nuacutecleos que deram origem ao municiacutepio)
e o centro da cidade ocorreram antes de que fosse elaborado qualquer legislaccedilatildeo
que versasse sobre o tema Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente bastando ao gestor
local tomar medidas de contenccedilatildeo de riscos que minimizem os impactos causados
por essas ocupaccedilotildees nessa regiatildeo
O ordenamento adequado do uso do solo no municiacutepio eacute necessaacuterio para que o
crescimento dos loteamentos criados anteriormente agrave esta Lei e o surgimento de
novos natildeo avance para Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente o que pode causar
inuacutemeros problemas aos moradores e agravar os jaacute existentes
Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las
com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)
As aacutereas onde houveram a maior quantidade de registros de deslizamentos satildeo os
bairros mais populosos de Santos Dumont podendo se estabelecer uma relaccedilatildeo
que quanto mais populoso o bairro maior a quantidade de problemas relacionados
a deslizamentos Tambeacutem pode-se notar uma relaccedilatildeo com as fronteiras das faixas
de declividades e os deslizamentos uma vez que boa parte deles aconteceram
nestas faixas
As aacutereas onde houve um grande nuacutemero de registros de alagamentos satildeo os bairros
que se desenvolveram agraves margens do Ribeiratildeo das Posses em especial na aacuterea que
47
compreende as APPs de curso hiacutedrico e em aacutereas onde a declividade eacute baixa Esse
fato aliado ao crescimento do nuacutemero de vias pavimentadas com material
impermeaacutevel e a natildeo expansatildeo e ou redimensionamento da rede de drenagem
urbana contribuiacuteram para a ocorrecircncia cada vez mais constante de alagamentos
nessas aacutereas
Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos
catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30
anos
A partir do levantamento histoacuterico realizado e da base de dados georeferenciada
gerada observou-se o aumento do nuacutemero de registros de deslizamentos e
alagamentos nos uacuteltimos 10 anos quando as ocorrecircncias comeccedilaram a se repetir
numa mesma aacuterea com frequecircncia incrementada as vezes com mais de uma
ocorrecircncia anual
Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do
solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental
Destaca-se a adequaccedilatildeo dos criteacuterios gerais estabelecidos pelo Plano Diretor de
Santos Dumont relativos a legislaccedilatildeo federal e estadual Entretanto o referido
Plano Diretor natildeo contempla todo o territoacuterio municipal sendo assim ele natildeo
cumpre o objetivo de proteger as APPs preservadas e recuperar as que foram
degradadas em todo o territoacuterio municipal Ressalta-se tambeacutem a sua natildeo
conformidade com o Estatuto das Cidades uma vez que o Plano Diretor
contempla apenas os novos loteamentos
Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais
negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea
impactada
Recomenda-se a implantaccedilatildeo no municiacutepio de uma Coordenadoria Municipal de
Defesa Civil atuante e integrada agraves Secretarias Municipais e agrave comunidade
visando uma atuaccedilatildeo eficaz nos problemas relacionados a deslizamentos e
alagamentos A elaboraccedilatildeo de um Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos eacute de
suma importacircncia pois atraveacutes dele pode-se predizer as aacutereas que passaratildeo por
problemas caso a expansatildeo aconteccedila ou se inicie uma ocupaccedilatildeo nova aleacutem de
prevenir acidentes nas aacutereas jaacute ocupadas e consideradas de risco
48
7 Anexos
49
71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont
50
51
72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)
52
53
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9
314 Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente
O Novo Coacutedigo Florestal Brasileiro define Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP) como
ldquoaacuterea protegida coberta ou natildeo por vegetaccedilatildeo nativa com a funccedilatildeo ambiental de
preservar os recursos hiacutedricos a paisagem a estabilidade geoloacutegica e a biodiversidade
facilitar o fluxo gecircnico de fauna e flora proteger o solo e assegurar o bem-estar das
populaccedilotildees humanasrdquo (BRASIL2012) Estas aacutereas satildeo muito importantes tanto no meio
urbano como no rural por garantir a estabilidade do solo em encostas iacutengremes contribuir
para a natildeo formaccedilatildeo de processos erosivos e o assoreamento de rios e coacuterregos aleacutem de
garantir a recarga de aquiacuteferos ao atuar como um amortecedor de chuvas retendo-a e
impedindo que ocorra um carreamento intenso de sedimentos ao longo dos morros e
margens de rios e coacuterregos (SKORUPA 2004) A Lei 126512012 apresenta os tipos de
APP e seus limites conforme seraacute visto no item 322
315 Uso e ocupaccedilatildeo do solo
Dentre os vaacuterios mecanismos de ordenamento urbano e instrumentos de planejamento
municipal previsto no Estatuto da Cidade (Lei Federal 102572001) o uso e ocupaccedilatildeo
do solo satildeo os mais utilizados pelas cidades para a formulaccedilatildeo das poliacuteticas urbanas
podendo definir o uso como a forma como esta parcela do solo eacute utilizada e a ocupaccedilatildeo
como sendo o modo como as edificaccedilotildees devem ser dispostas nesta mesma parcela do
solo urbano (TAKEDA 2015) O termo ldquoUso e ocupaccedilatildeo do solordquo tambeacutem pode ser
definido como o fator que determina como as mais diferentes regiotildees de um municiacutepio
deve se desenvolver (FONTOURA 2015)
A inserccedilatildeo de leis municipais de uso e ocupaccedilatildeo do solo objetivam ser uma referecircncia
para os gestores locais no processo de tomada de decisatildeo para que as cidades cresccedilam de
modo organizado enfatizando os potenciais e capacidades de cada regiatildeo aleacutem de tornar
o crescimento mais homogecircneo Com isso pretende-se evitar a formaccedilatildeo de grandes
adensamentos em pequenas aacutereas garantindo a mobilidade e a qualidade de vida de todos
os muniacutecipes tanto da regiatildeo urbana como da rural preservar e melhorar a qualidade
ambiental do municiacutepio aleacutem de evitar deslizamentos e alagamentos por conta da
ocupaccedilatildeo incorreta do solo (TAKEDA 2015)
10
32 Legislaccedilatildeo Pertinente
321 As adequaccedilotildees da legislaccedilatildeo ao longo dos anos
A problemaacutetica relacionada agraves APPs em aacutereas urbanas outrora era uma questatildeo complexa
e demandava uma larga discussatildeo do ponto de vista juriacutedico administrativo e teacutecnico Eacute
sabido que a maioria das cidades se formaram proacuteximos aos corpos hiacutedricos regiatildeo que
garantia o abastecimento de aacutegua e alimentos agrave populaccedilatildeo e tambeacutem facilitava o descarte
dos efluentes A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 225 daacute garantia aos
brasileiros de um meio ambiente em equiliacutebrio e concede agrave toda a sociedade o dever de
preservaacute-lo de acordo com os princiacutepios do desenvolvimento sustentaacutevel (BRASIL
1988) Antes desta Constituiccedilatildeo jaacute havia um texto que regulamentava a questatildeo da
preservaccedilatildeo de aacutereas verdes em todo o territoacuterio nacional A Lei Federal nordm 477165 que
trata do Coacutedigo Florestal estabelecia limites e regulamentava as Aacutereas de Preservaccedilatildeo
Permanente De acordo com Arauacutejo (2002) apud De Moraes (2014) essa Lei que fora
revogada e substituiacuteda pela Lei 126512012 era bastante falha no que diz respeito agraves
questotildees de APPS em aacutereas urbanas o que poderia ser um facilitador do natildeo cumprimento
do que foi proposto por aquela legislaccedilatildeo nestas aacutereas Isso se devia ao fato de o Coacutedigo
Florestal de 1965 ter deixado uma duacutevida sobre qual legislaccedilatildeo seguir uma vez que em
seu segundo artigo no paraacutegrafo uacutenico estava disposto que em aacutereas urbanas devia-se
atentar para a legislaccedilatildeo referente ao Plano Diretor e as referentes ao uso do solo na aacuterea
do municiacutepio (BRASIL 1965) Diante dessa conjuntura alguns municiacutepios optavam pela
natildeo aplicaccedilatildeo do Coacutedigo Florestal na regiatildeo urbana mesmo sabendo que a poliacutetica
conservacionista eacute extremamente importante visto o grande nuacutemero de problemas que
podem advir do uso irregular das APPs (DE MORAES 2009) Segundo o artigo 182 da
Constituiccedilatildeo Federal de 1988 as poliacuteticas relacionadas ao desenvolvimento urbano
devem ser elaboradas pelos municiacutepios e objetiva garantir o bem estar dos muniacutecipes e
tambeacutem o desenvolvimento do municiacutepio como um todo atraveacutes do atendimento agraves
exigecircncias do Plano Diretor (BRASIL 1988) O que podia gerar alguma divergecircncia seria
se o Plano Diretor Municipal propusesse uma faixa de APP menor que a prevista pelo
Coacutedigo Florestal Sendo assim essa legislaccedilatildeo perderia sua validade pelo fato de a
legislaccedilatildeo federal ser suplementar ou se seria cumprida devido ao disposto no artigo 182
da Constituiccedilatildeo Segundo De Moraes (2009) natildeo eacute aceitaacutevel que o Plano Diretor
Municipal legitime tal degradaccedilatildeo ambiental uma vez que um dos seus principais
objetivos eacute a proteccedilatildeo do bem estar puacuteblico estando incluiacutedo nesse a proteccedilatildeo do
ambiente natural A delimitaccedilatildeo e especificaccedilatildeo das APPs em Lei eacute necessaacuteria uma vez
que os limites miacutenimos destinados agrave preservaccedilatildeo satildeo importantes pois garantem a
proteccedilatildeo tanto da qualidade quanto da quantidade dos recursos hiacutedricos e evitam a
ocupaccedilatildeo em locais propiacutecios aos deslizamentos e zonas de recarga dos aquiacuteferos
11
subterracircneos assegurando tambeacutem de certa forma a integridade dos seres humanos que
potencialmente ocupariam tais locais (CARVALHO 2013)
Neste trabalho a legislaccedilatildeo tomada como referecircncia eacute a prevista pela Constituiccedilatildeo Federal
de 1988 o Novo Coacutedigo Florestal (Lei 126512012) e o Estatuto das Cidades (Lei
102572001) em acircmbito federal Na esfera estadual a Lei 209222013 versa sobre os
limites para APP em todo o territoacuterio de Minas A Lei Municipal 42412012 trata do
Plano Diretor Municipal da cidade de Santos Dumont onde se encontra as diretrizes para
o uso e ocupaccedilatildeo do solo e o zoneamento da cidade de acordo com as caracteriacutesticas do
solo entre outras
322 O Novo Coacutedigo Florestal e a legislaccedilatildeo mineira
O Novo Coacutedigo Florestal Lei Federal 126512012 substituiu a Lei Federal 47711965
Dentre os vaacuterios artigos que esta lei possui o que apresenta maior importacircncia para o
planejamento e o ordenamento das cidades tanto na aacuterea urbana como na rural eacute o artigo
4ordm em que constam as faixas de APP tanto para curso hiacutedrico como para declividade e
altitude aleacutem dos topos de morro a saber (BRASIL2012)
ldquoArt 4ordm Considera-se Aacuterea de Preservaccedilatildeo
Permanente em zonas rurais ou urbanas para os
efeitos desta Lei
I - as faixas marginais de qualquer curso drsquoaacutegua
natural perene e intermitente excluiacutedos os
efecircmeros desde a borda da calha do leito regular
em largura miacutenima de
a) 30 (trinta) metros para os cursos drsquoaacutegua de
menos de 10 (dez) metros de largura
b) 50 (cinquenta) metros para os cursos drsquoaacutegua
que tenham de 10 (dez) a 50 (cinquenta) metros de
largura
()
IV - as aacutereas no entorno das nascentes e dos olhos
drsquoaacutegua perenes qualquer que seja sua situaccedilatildeo
topograacutefica no raio miacutenimo de 50 (cinquenta)
metros
12
V - as encostas ou partes destas com declividade
superior a 45deg equivalente a 100 (cem por
cento) na linha de maior declive
()
IX - no topo de morros montes montanhas e
serras com altura miacutenima de 100 (cem) metros e
inclinaccedilatildeo meacutedia maior que 25deg as aacutereas
delimitadas a partir da curva de niacutevel
correspondente a 23 (dois terccedilos) da altura
miacutenima da elevaccedilatildeo sempre em relaccedilatildeo agrave base
sendo esta definida pelo plano horizontal
determinado por planiacutecie ou espelho drsquoaacutegua
adjacente ou nos relevos ondulados pela cota do
ponto de sela mais proacuteximo da elevaccedilatildeo
X - as aacutereas em altitude superior a 1800 (mil e
oitocentos) metros qualquer que seja a
vegetaccedilatildeo
()rdquo
A legislaccedilatildeo atual em seu artigo 4ordm evidencia que as faixas e aacutereas determinadas como
APP compreendem tanto as aacutereas rurais quanto urbanas (BRASIL 2012) retirando a
duacutevida anterior e sendo essa a Lei suplementar qualquer faixa de APP mais permissiva
na legislaccedilatildeo estadual e municipal satildeo invaacutelidas o que simplificou de certa forma a
aplicabilidade da Legislaccedilatildeo referente a Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente
No Estado de Minas Gerais a Lei Estadual 20922 de 16 de Outubro de 2013 trata do tema
em acircmbito estadual mas com os mesmos princiacutepios propostos pela Lei Federal sendo os
limites miacutenimos previstos para as APPs os mesmos propostos pelo Novo Coacutedigo
Florestal brasileiro (MINAS GERAIS2013)
ldquo Art 9ordm Para os efeitos desta Lei em zonas rurais
ou urbanas satildeo APPs
I as faixas marginais de cursos drsquoaacutegua naturais
perenes e intermitentes excluiacutedos
os efecircmeros medidas a partir da borda da calha
do leito regular em largura miacutenima de
13
a) 30m (trinta metros) para os cursos drsquoaacutegua de
menos de 10m (dez metros) de largura
b) 50m (cinquenta metros) para os cursos drsquoaacutegua
de 1 0m (dez metros) a 50m (cinquenta metros) de
largura
()
IV as aacutereas no entorno das nascentes e dos olhos
drsquoaacutegua perenes no raio miacutenimo de 50m
(cinquenta metros)
V as encostas ou partes destas com declividade
superior a 45ordm (quarenta e cinco graus)
equivalente a 100 (cem por cento) na linha de
maior declive
()
VII no topo de morros montes montanhas e
serras com altura miacutenima de 100m (cem metros)
e inclinaccedilatildeo meacutedia maior que 25ordm (vinte e cinco
graus) as aacutereas delimitadas a partir da curva de
niacutevel correspondente a 23 (dois terccedilos) da altura
miacutenima da elevaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave base sendo esta
definida pelo plano horizontal determinado por
planiacutecie ou espelho drsquoaacutegua adjacente ou nos
relevos ondulados pela cota do ponto de sela mais
proacuteximo da elevaccedilatildeo
VIII as aacutereas em altitude superior a 1 800m (mil
e oitocentos metros)
()rdquo
323 O Plano Diretor
O Estatuto das Cidades em seu artigo 40 prevecirc o plano diretor como um instrumento
capaz de promover a poliacutetica urbana englobando toda a cidade aleacutem de fornecer padrotildees
e limites para o uso do solo nas mais diversas regiotildees do municiacutepio com vistas a
harmonizar o desenvolvimento urbano com a preservaccedilatildeo do meio ambiente (SILVA JR
2006) Este instrumento eacute obrigatoacuterio para cidades com mais de 20 mil habitantes ou
14
aacutereas que integrem regiotildees metropolitanas ou de interesse turiacutestico O artigo 41 do
Estatuto das cidades tambeacutem prevecirc a obrigatoriedade do Plano Diretor para cidades que
possuem em sua aacuterea empreendimentos que caracterizem grandes impactos ambientais
de influecircncia regional ou nacional e cidades que possuem problemas com deslizamentos
de grande magnitude ou alagamentos repentinos (BRASIL 2001)
O Plano diretor de acordo com o Estatuto das Cidades deve ser aprovado como lei em
acircmbito municipal e revisto a cada dez anos Este documento eacute uacutenico pois cada cidade
possui suas peculiaridades infraestrutura vocaccedilotildees e problemas que por mais que sejam
parecidos entre si satildeo diferenciados pela intensidade e pela regionalizaccedilatildeo Sendo assim
a confecccedilatildeo do Plano Diretor deve conter a participaccedilatildeo de toda a comunidade local de
forma a reduzir as desigualdades sociais os gastos puacuteblicos desnecessaacuterios a degradaccedilatildeo
ambiental e combater os problemas relacionados a urbanizaccedilatildeo de forma conjunta
promovendo um processo de tomada de decisatildeo que garanta a qualidade de vida
preservaccedilatildeo e o desenvolvimento social do municiacutepio como um todo (ROSSBACH amp
CARVALHO 2010)
3231 O Plano Diretor de Santos Dumont
A Lei Municipal nordm 424112 que entrou em vigor no ano de 2014 trata do Plano Diretor
Municipal instrumento previsto no Estatuto das Cidades para garantir aos cidadatildeos um
desenvolvimento urbano organizado justo e sustentavelmente econocircmico (BRASIL
2001) Aleacutem de apontar as diretrizes para a elaboraccedilatildeo da Poliacutetica Municipal dos mais
variados setores o Plano Diretor divide o municiacutepio em macrozonas urbanas e rurais
Estas zonas tecircm por objetivo facilitar a identificaccedilatildeo dos setores que permitem ou natildeo o
desenvolvimento da cidade e em que magnitude pode ser feita a expansatildeo respeitando ao
meio ambiente e tambeacutem o que eacute previsto no tocante ao uso e ocupaccedilatildeo do solo nessas
aacutereas Aleacutem disso ela estabelece a forma como devem ser as edificaccedilotildees nas referidas
aacutereas As aacutereas definidas como macrozonas urbanas e foram subdivididas em (SANTOS
DUMONT2012)
ldquoZona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e
da Paisagem (ZPPH) satildeo as aacutereas cujos
equipamentos urbanos possuem interesse
histoacuterico ou paisagiacutestico de preservaccedilatildeo
Zona de Preservaccedilatildeo Ambiental satildeo aquelas em
que devem ser mantidas ou recuperadas a
15
vegetaccedilatildeo por conta da declividade altitude ou
presenccedila de recursos hiacutedricos
Zona de Adensamento Controlado (ZAC) satildeo as
aacutereas em que deve-se manter uma pequena
densidade populacional devido as limitaccedilotildees na
infraestrutura da localidade A ZAC se divide em
ZAC 1 quando a infraestrutura existente eacute
limitada e em ZAC 2 quando esta eacute precaacuteria ou
natildeo existe
Zona de Consolidaccedilatildeo de Adensamento (ZCA)
satildeo as aacutereas em que haacute interesse em ocupar os
lotes vagos haja visto que a regiatildeo possui toda a
infraestrutura para que isto aconteccedila
Zona Adensaacutevel (ZA) satildeo as aacutereas com
condiccedilotildees propiacutecias para ocorrer uma ocupaccedilatildeo
mais densa
Zona Especial de Interesse Social (ZEIS) satildeo as
aacutereas em que o Poder Puacuteblico almeja fazer
alguma forma de ocupaccedilatildeo Eacute dividida em ZEIS 1
e ZEIS 2 A ZEIS 1 satildeo regiotildees jaacute ocupadas mas
de forma irregular cujo interesse puacuteblico eacute
realizar obras e outras atividades para
regularizar as ocupaccedilotildees e urbanizar a aacuterea
enquanto que a ZEIS 2 satildeo aacutereas natildeo utilizadas ou
subutilizadas as quais o poder puacuteblico almeja
realizar algum empreendimento habitacional de
caraacuteter social
Zona de Grandes Equipamentos (ZE) satildeo aacutereas
cujo o interesse eacute a implantaccedilatildeo de
empreendimentos de grande porte ou grandes
equipamentos puacuteblicosrdquo
Esta divisatildeo espacial pode ser melhor vista no Anexo 71
O Plano Diretor natildeo estipula limites para APP mas prevecirc algumas diretrizes como na
Poliacutetica Municipal de Preservaccedilatildeo do Meio Ambiente sobre o uso do solo em
compatibilidade com praacuteticas conservacionistas A Poliacutetica Municipal de Expansatildeo
16
Urbana tem como uma de suas diretrizes fazer cumprir a legislaccedilatildeo vigente no que diz
respeito agraves intervenccedilotildees e investimentos que poderatildeo ser feitos nessas aacutereas Tambeacutem eacute
diretriz da mesma Poliacutetica o controle da ocupaccedilatildeo e do uso do solo em APPs e o auxiacutelio
aos oacutergatildeos estaduais e federais de meio ambiente no tocante agrave fiscalizaccedilatildeo da ocupaccedilatildeo
nestas aacutereas (SANTOS DUMONT 2012) O artigo 38 que trata das diretrizes da Poliacutetica
habitacional de interesse social exclui do processo de regularizaccedilatildeo fundiaacuteria os
assentamentos situados em aacutereas de risco o que na maioria das vezes estatildeo tambeacutem nas
aacutereas que deveriam estar vegetadas e protegidas (SANTOS DUMONT 2012) Na
legislaccedilatildeo referente ao parcelamento do solo eacute previsto que no parcelamento de glebas
com declividade entre 30 e 47 soacute poderaacute ser aprovado mediante projeto e laudo
assinado por um responsaacutevel teacutecnico favoraacutevel agrave construccedilatildeo nesse local (SANTOS
DUMONT 2012) Diante do proposto pelo Plano Diretor de Santos Dumont pode-se
dizer que natildeo haacute conflito com a legislaccedilatildeo federal e estadual em se tratando da
aplicabilidade do Coacutedigo Florestal uma vez que aquele natildeo explicita limites nem
permissivos e tampouco restritivos para faixas e aacutereas de preservaccedilatildeo permanente
33 O Municiacutepio de Santos Dumont
331 De Arraial a cidade
A aacuterea onde se situa hoje o municiacutepio de Santos Dumont teve sua ocupaccedilatildeo iniciada no
seacuteculo XVIII quando a Coroa Portuguesa solicitou ao entatildeo Governador do Rio de
Janeiro Artur de Saacute Menezes que abrisse um caminho que ligasse as Minas dos
Cataguases na regiatildeo de Ouro Preto (receacutem descobertas) ao Rio de Janeiro por onde
escoava os metais preciosos para a metroacutepole Surgiu assim o ldquoCaminho Novordquo e ao longo
deste caminho surgiram tambeacutem as Sesmarias aacutereas que tinham por principal objetivo
servir de pouso aos transportadores e exploradores e tambeacutem para garantir alimento a
estas pessoas Uma destas ocupaccedilotildees seria o ldquoArraial de Joatildeo Gomesrdquo (Figura 41)
primeiro nuacutecleo primitivo do municiacutepio em 1709 De iniacutecio prevaleciam somente
ranchos onde os viajantes se abrigavam mas em pouco tempo ergueu-se a Capela de Satildeo
Miguel e Almas e pequenos nuacutecleos urbanos comeccedilaram a surgir (DAPPC2008)
17
Figura 3 1 Vista parcial do Arraial de Joatildeo Gomes
Fonte Arquivo Histoacuterico de Santos Dumont-MG
Com a construccedilatildeo da Estrada de Ferro D Pedro II no final do seacuteculo XIX a regiatildeo teve
um consideraacutevel crescimento natildeo soacute populacional como tambeacutem econocircmico se tornando
a Vila Palmyra em 1889 Em 1890 Palmyra eacute elevada ao status de Municiacutepio (Figura 42)
e recebe um grande nuacutemero de melhorias no setor viaacuterio como a retificaccedilatildeo de ruas e
tambeacutem no setor de serviccedilos puacuteblicos como abastecimento de aacutegua iluminaccedilatildeo puacuteblica a
querosene e posteriormente energia eleacutetrica O desenvolvimento econocircmico na regiatildeo
tambeacutem teve seu momento aacuteureo nesse periacuteodo Induacutestrias de laticiacutenios graacuteficas e de
Carbureto de Caacutelcio fizeram parte do parque industrial de Palmyra o que atraiacutea pessoas
de outros lugares inclusive estrangeiros contribuindo para o aumento populacional da
regiatildeo Como ainda natildeo havia legislaccedilatildeo sobre uso e ocupaccedilatildeo do solo nessa eacutepoca
surgiram inuacutemeros loteamentos em aacutereas proacuteximas agrave rios e coacuterregos e tambeacutem em
encostas com declividade acentuada o que foi agravando o risco agrave medida que a ocupaccedilatildeo
aumentava (DAPPC2008)
18
Figura 3 2 Municiacutepio de Palmyra na deacutecada de 1920
Fonte Arquivo Histoacuterico de Santos Dumont-MG
O escoamento da produccedilatildeo industrial se dava pelo modal ferroviaacuterio setor que tambeacutem
movimentava a crescente cidade que era ponto importante no setor de transportes pois
possuiacutea um dos mais bem equipados depoacutesitos de locomotivas da Estrada de Ferro Central
do Brasil (DAPPC2008)
No ano de 1932 o municiacutepio de Palmyra passou a se chamar Santos Dumont (Figura 43)
em homenagem ao inventor do aviatildeo que nascera naquela cidade Nos uacuteltimos 40 anos
Santos Dumont tem experimentado uma acentuada desaceleraccedilatildeo econocircmica
consequecircncia do fechamento da grande maioria das induacutestrias principalmente as de
laticiacutenios que empregavam direta e indiretamente uma parte consideraacutevel da populaccedilatildeo
(DAPPC2008)
19
Figura 3 3 Municiacutepio de Santos Dumont em 2014
Fonte Arquivo do autor
332 Santos Dumont na atualidade
O municiacutepio de Santos Dumont localiza-se na regiatildeo da Zona da Mata mineira distante
cerca de 220 Km da capital Belo Horizonte e possui uma populaccedilatildeo de 47558 habitantes
(ODM 2015 projeccedilatildeo) numa aacuterea total de 637 kmsup2 Faz divisa com os municiacutepios de
Juiz de Fora Oliveira Fortes Bias Fortes Antocircnio Carlos Tabuleiro Piau e Ewbank da
Cacircmara
No que diz respeito agrave sua formaccedilatildeo fisiacuteco-geograacutefica a aacuterea que compreende o municiacutepio
eacute constituiacuteda predominantemente por Cambissolo Haacuteplico (70) com Latossolo
Vermelho-Amarelo (30) (UFV2010) A vegetaccedilatildeo eacute em sua maioria composta por
exemplares de Mata Atlacircntica De acordo com o IBGE(2015) Santos Dumont se localiza
a 839m de altitude O clima da regiatildeo eacute classificado como Tropical de Altitude (Cwb) e
possui uma temperatura meacutedia de 20ordmC Eacute banhado pela bacia hidrograacutefica do Paraiacuteba do
Sul e em sua maioria pertence agrave sub-bacia do Rio Pomba (IGAM) que fornece aacutegua para
abastecimento puacuteblico agrave 88 da populaccedilatildeo por meio da rede de distribuiccedilatildeo
(IBGE2010) Uma pequena parte da zona rural a sudoeste eacute banhada pela Sub-Bacia do
Rio Paraibuna mais precisamente na regiatildeo de fronteira com os municiacutepios de Juiz de
Fora e Ewbank da Cacircmara O sistema viaacuterio principal de acesso agrave cidade eacute a rodovia BR-
040 e a estrada de ferro Dom Pedro II atualmente utilizada somente para transporte de
cargas
Com a economia nos dias atuais baseada majoritariamente no setor de serviccedilos a cidade
possui um Iacutendice de Desenvolvimento humano (IDH) de 0741 (IBGE2010) Apesar do
decliacutenio econocircmico de Santos Dumont nota-se hoje um aumento no nuacutemero de
loteamentos populares e condomiacutenios horizontais e verticais entre outras edificaccedilotildees Eacute
de vital importacircncia que esse crescimento das ocupaccedilotildees seja ordenado e regulamentado
20
de forma a garantir a qualidade ambiental prevenindo deslizamentos e inundaccedilotildees Diante
dessa conjuntura o governo municipal aprovou em 2012 a Lei nordm 4241 que trata do Plano
Diretor Participativo instrumento baacutesico da poliacutetica de desenvolvimento e expansatildeo
urbana do municiacutepio de Santos Dumont
4 METODOLOGIA
41 Aacuterea de estudo
A regiatildeo dentro dos limites do municiacutepio que seraacute estudada neste trabalho eacute conforme
descrito nos anexos Plano Diretor e representada na figura 44 a aacuterea urbana principal
que possui 47 Kmsup2 e compreende a regiatildeo central da cidade e os bairros perifeacutericos regiatildeo
que concentra cerca de 90 da populaccedilatildeo total de Santos Dumont (IBGE 2015) A aacuterea
urbana principal representa 75 da aacuterea total dos 637 Kmsup2 que compreendem o
municiacutepio e eacute o local onde nos uacuteltimos 30 anos se verificou um maior crescimento
populacional e tambeacutem onde ocorre a maioria dos eventos relacionados a deslizamentos
e alagamentos por conta da ocupaccedilatildeo sem planejamento A figura 45 mostra a aacuterea
urbana principal e a localizaccedilatildeo dos bairros urbanos de Santos Dumont
Figura 4 1 Localizaccedilatildeo da aacuterea urbana principal
Fonte Google Earth
21
Figura 4 2 Mapa da aacuterea urbana principal com a localizaccedilatildeo dos bairros
Fonte Do Autor
42 Levantamento e tratamento dos dados
No desenvolvimento deste trabalho foi necessaacuterio se fazer um estudo detalhado sobre o
Plano Diretor de Santos Dumont principalmente dos seus anexos que compreendem os
mapas e a localizaccedilatildeo das aacutereas definidas pelo zoneamento proposto Para que isso fosse
possiacutevel a Secretaria Municipal de Obras e Serviccedilos Puacuteblicos forneceu todos os dados
secundaacuterios produto do estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor e do
zoneamento Estes dados incluem os arquivos Shapefile (shp) e outros documentos
integrantes do Plano Diretor Algumas informaccedilotildees foram complementadas tambeacutem com
dados adquiridos atraveacutes do site do IBGE e do Portal Objetivos do Milecircnio (ODM)
Os dados sobre as ocorrecircncias de deslizamentos e alagamentos foram obtidos atraveacutes da
Defesa Civil do municiacutepio atraveacutes do Sistema Integrado de Informaccedilotildees sobre Desastres
(S2ID) do Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional Tal sistema centraliza as informaccedilotildees sobre
desastres naturais ocorridos em todo o territoacuterio nacional facilitando a pesquisa sobre tais
eventos a qualquer cidadatildeo (BRASIL 2015)
Apesar do sistema ser bastante uacutetil os dados sobre o municiacutepio de Santos Dumont se
encontravam bastante falhos e escassos sendo necessaacuteria complementaccedilatildeo para que a
22
base de dados ficasse consistente Diante disso uma pesquisa atraveacutes dos arquivos do
Jornal Mensagem um jornal semanaacuterio local foi feita entre os anos de 1984 e 2014 e os
dados primaacuterios filtrados em uma planilha do Microsoft Excel para posterior utilizaccedilatildeo
De posse destes dados foi feita a localizaccedilatildeo em campo das coordenadas dos locais
atingidos por deslizamentos e alagamentos no periacuteodo compreendido pela pesquisa com
o auxiacutelio de um aparelho de GPS
A maioria dos arquivos shapefile utilizados para a confecccedilatildeo dos mapas satildeo parte
integrante dos anexos da Lei do Plano diretor do municiacutepio gerados no mecircs de dezembro
de 2011 pelo Instituto Nova Cidade e foram cedidos pela Secretaria Municipal de Obras
e Serviccedilos Puacuteblicos com Datum em UTM SAD 69 Com a finalidade de fornecer um
referenciamento atualizado e de acordo com os mais novos sistemas de coordenadas
utilizados no Brasil os arquivos foram convertidos para o Datum UTM SIRGAS 2000
que diferencia do SAD 69 pelo fato de ser um referencial geocecircntrico ou seja o centro
da Terra eacute o ponto de referecircncia neste sistema enquanto que o primeiro utiliza um
referencial na superfiacutecie da Terra (IBGE2014) Eacute interessante ressaltar tambeacutem que o
SIRGAS 2000 se tornou no ano de 2014 o sistema de coordenadas oficial do Sistema
Geodeacutesico Brasileiro e do Sistema Cartograacutefico Nacional ambos mantidos pelo IBGE A
combinaccedilatildeo dos shapefiles foi feita com o software livre gvSIG e com estas combinaccedilotildees
foram gerados mapas importantes resultados para a execuccedilatildeo deste trabalho A maioria
dos mapas representam a regiatildeo urbana principal de Santos Dumont e foram produzidos
numa escala em torno de 140000 que de acordo com Rocha (2007) eacute uma escala viaacutevel
pois as recomendaacuteveis para trabalhos de anaacutelise ambiental em niacutevel municipal podem ser
entre 150000 e 110000 Alguns mapas cujo detalhamento natildeo eacute necessaacuterio foram
gerados na escala 1100000
Para a geraccedilatildeo dos mapas aleacutem dos arquivos fornecidos pela Secretaria de Obras e
Serviccedilos Puacuteblicos foram utilizados para a geraccedilatildeo do modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE)
e da localizaccedilatildeo dos topos de morro dados gerados pelo sistema de radar Advanced
Spacebone Thermal Emission and Reflection Radiometer (ASTER) que geram as curvas
de niacutevel do terreno com uma resoluccedilatildeo de 30m (NASA2014) O processamento dessas
imagens foi feito pelo software livre gvSIG As imagens geradas pelos sateacutelites
LANDSAT foram adquiridas no site da United States Geological Survey (USGS) e essas
imagens possibilitaram obter um panorama preciso do uso do solo em toda a aacuterea urbana
de Santos Dumont numa resoluccedilatildeo de 15 metros uma vez que foi utilizada a banda
pancromaacutetica do sateacutelite LANDSAT 8 aleacutem da combinaccedilatildeo das bandas 65 e 4
respectivamente que eacute a combinaccedilatildeo recomendada pela mantenedora dos sateacutelites para
anaacutelises deste tipo
23
No que diz respeito a identificaccedilatildeo de APPs em topo de morro a metodologia de Oliveira
amp Fernandes Filho (2013) por utilizar as mesmas bases de dados ateacute entatildeo usadas neste
trabalho foi a mais indicada
A metodologia de anaacutelise dos mapas gerados eacute a proposta pelo professor Jorge Xavier da
Silva do Laboratoacuterio de Geoprocessamento (LAGEOP) da Universidade Federal do Rio
de Janeiro e citada por Rocha (2007) Tal metodologia analisa as variaacuteveis em questatildeo
presentes na aacuterea e permite avaliar as possibilidades de relaccedilotildees entre essas variaacuteveis De
uma maneira geral este meacutetodo verifica o estado atual da aacuterea em estudo bem como das
variaacuteveis gerando inventaacuterios que servem para a construccedilatildeo de dados planimeacutetricos sejam
com as variaacuteveis isoladas ou combinadas Estes dados planimeacutetricos geram assinaturas
que permitem inferir sobre a influecircncia dessas variaacuteveis De posse dos dados gerados pelo
processo anteriormente citado pode-se fazer algumas prospecccedilotildees sobre os riscos
ambientais que a aacuterea pode sofrer ou o seu potencial ambiental (ROCHA 2007)
5 RESULTADOS
51 Levantamento histoacuterico de alagamentos e
deslizamentos
O aumento da demanda pelo uso do solo na regiatildeo urbana de Santos Dumont
principalmente no tocante agrave formaccedilatildeo de novos loteamentos e condomiacutenios nos uacuteltimos
anos eacute consideraacutevel mas tambeacutem haacute de se observar o crescimento dos bairros jaacute existentes
com pouco ou nenhum ordenamento Em ambos os casos se observa ocupaccedilotildees
irregulares em APP o que tem ocasionado um aumento na frequecircncia de deslizamentos
e inundaccedilotildees Eacute evidente que quanto maior a densidade populacional do bairro maior a
quantidade de ocorrecircncias ao longo dos anos (SPERFELD 2009)
De acordo com as ocorrecircncias registradas pela Defesa Civil do municiacutepio obtidas atraveacutes
da literatura utilizada nos uacuteltimos 30 anos Santos Dumont chegou a decretar situaccedilatildeo de
emergecircncia por conta de desastres envolvendo deslizamentos eou alagamentos por duas
vezes num espaccedilo de 10 anos conforme pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho
(BRASIL 2014 CEPED 2011)
Segundo os dados obtidos atraveacutes de pesquisa nos arquivos do semanaacuterio entre os anos
de 1984 e 2014 pode-se verificar que nos uacuteltimos 20 anos a cidade tem experimentado
24
um aumento consideraacutevel nos eventos relacionados a deslizamentos e principalmente
alagamentos como pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho Isso pode ter sido causado
dentre outros fatores pelo aumento do nuacutemero de vias pavimentadas com material
impermeaacutevel o que tem sobrecarregado tanto a infraestrutura existente para drenagem
urbana como tambeacutem a calha dos cursos drsquoaacutegua que passam pela regiatildeo urbana do
municiacutepio (ZANON2013)
Na deacutecada de 1980 (1984-1990) de acordo com os dados obtidos natildeo foram noticiados
eventos consideraacuteveis relacionados a deslizamentos e alagamentos em Santos Dumont
mas isso natildeo exclui a possibilidade de natildeo ter ocorrido tais eventos em menor escala
Na deacutecada de 1990 aconteceram uma seacuterie de ocorrecircncias tanto de deslizamentos quanto
de alagamentos No ano de 1997 num periacuteodo chuvoso intenso aconteceram
deslizamentos consideraacuteveis em vaacuterios bairros da cidade inclusive com desabamento de
casas e de ruas principalmente nos bairros Nossa Senhora da Gloacuteria e Quarto Depoacutesito
Em 1999 ocorreram alguns pontos de alagamento nos bairros Quarto Depoacutesito e Santo
Antocircnio com grandes prejuiacutezos materiais
A deacutecada de 2000 iniciou com o registro de deslizamentos em vaacuterios bairros da cidade
inclusive com desabamento de casas e pontes e alagamentos em importantes vias do
centro da cidade Observa-se ao longo desse periacuteodo o crescimento nas ocorrecircncias de
deslizamentos e de aacutereas com risco de deslizamento em muitos bairros de Santos Dumont
Um dos fatores importantes para esse crescimento foi a grande expansatildeo sofrida pela
maioria dos bairros e a falta de planejamento e orientaccedilatildeo por parte da prefeitura uma
vez que uma boa parte do crescimento dos bairros da cidade ocorreu ou proacuteximo a cursos
drsquoaacutegua ou em aacutereas com declividade improacutepria para se fazer construccedilotildees O bairro
Coacuterrego do Ouro (Figura 51) foi o que mais sofreu com ocorrecircncias de deslizamentos
nesse periacuteodo enquanto o bairro Santo Antocircnio foi que teve mais ocorrecircncias de
alagamentos
25
Figura 5 1 Deslizamento no bairro Coacuterrego do Ouro
Fonte Portal Cabangu
No iniacutecio deacutecada de 2010 (2011-2014) o centro da cidade foi a regiatildeo que mais sofreu
com alagamentos sendo registrado pelo menos uma ocorrecircncia por ano nessa aacuterea (Figura
52) Isso pode ser relacionado dentre outros fatores com as obras de modificaccedilatildeo do
tipo de pavimentaccedilatildeo das estradas por um material impermeaacutevel gerando uma sobrecarga
nos sistemas de drenagem urbana que foram projetados para um tipo de pavimento mais
permeaacutevel implicando tambeacutem na sobrecarga calha do Ribeiratildeo das Posses o principal
curso drsquoaacutegua que corta o centro da cidade e que se encontra em quase sua totalidade
ocupada em ambas as margens que cortam o centro da cidade
26
Figura 5 2 Alagamento na regiatildeo central de Santos Dumont em 2013
Fonte Portal Cabangu
Quanto agraves ocorrecircncias de deslizamento ao longo da referida deacutecada elas estiveram
espalhadas pelos bairros do municiacutepio tendo um maior nuacutemero de ocorrecircncias nos bairros
Santo Antocircnio Nossa Senhora da Gloacuteria e Aacutegua Espraiada Nos dois primeiros bairros
citados as ocorrecircncias podem ter sido ocasionadas pelo crescimento desordenado e sem
planejamento destes e no terceiro as ocorrecircncias satildeo relacionadas ao processo de
assoreamento do Ribeiratildeo das Posses o que pode ter gerado um aumento da velocidade
desse curso drsquoaacutegua causando problemas decorrentes do transporte de sedimentos da aacuterea
onde as casas foram construiacutedas que teve como consequecircncia os deslizamentos
Em resumo como pode ser observado nas figuras 53 e 54 na tabela 51 no periacuteodo de
1984 a 2014 os bairros mais afetados por alagamentos e deslizamentos satildeo Quarto
Depoacutesito Nossa Senhora da Gloacuteria Santo Antocircnio Coacuterrego do Ouro Antocircnio Afonso
Graminha e Vila Esperanccedila sendo que o bairro Coacuterrego do Ouro possui o maior nuacutemero
de ocorrecircncias de deslizamentos e o centro da cidade possui o maior nuacutemero de
ocorrecircncias de alagamentos no periacuteodo pesquisado Vale destacar que a aacuterea propiacutecia a
alagamentos no bairro Antocircnio Afonso natildeo identificada no estudo realizado pela
prefeitura constitui-se efetivamente numa aacuterea de risco conforme levantamento histoacuterico
realizado Esta aacuterea de risco se deve agrave diferenccedila de niacutevel negativa entre o rio Pinho e a
aacuterea do bairro estando este em desniacutevel com um risco iminente de inundaccedilotildees resultantes
da cheia desse curso drsquoaacutegua causando inuacutemeros transtornos aos moradores do local
27
Figura 5 3 Pontos de Alagamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico
Fonte Do autor
Figura 5 4 Pontos de deslizamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico
Fonte Do autor
28
Tabela 51 Ocorrecircncias de alagamentos e deslizamentos obtidos atraveacutes do
levantamento histoacuterico
Pontos de ocorrecircncia (1984-2014)
Bairros Alagamento Deslizamento
Aacutegua Espraiada 1 1
Antocircnio Afonso 1 0
Barra 0 1
Centro 7 1
Coacuterrego do Ouro 1 7
Flores 0 1
Graminha 1 0
Jardim Jaraguaacute 0 1
N Sra da Gloacuteria 0 4
N Sra das Graccedilas 1 0
Quarto Depoacutesito 3 2
Santo Antocircnio 4 2
Satildeo Sebastiatildeo 0 1
Vila Esperanccedila 0 1
Fonte Do autor
De acordo com o estudo realizado na elaboraccedilatildeo do Plano Diretor pela prefeitura
municipal observa-se que os bairros que possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a
deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do Ouro e Vila Esperanccedila enquanto que os que
possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a alagamento satildeo o Centro da cidade e os
bairros Satildeo Sebastiatildeo Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio por estarem agraves margens do
Ribeiratildeo das Posses um curso drsquoaacutegua que sofre com inundaccedilotildees perioacutedicas devido ao
severo assoreamento em algumas regiotildees e tambeacutem devido ao acuacutemulo de lixo descartado
pelos moradores do entorno irregularmente De acordo com o estudo realizado quando da
elaboraccedilatildeo do Plano Diretor do municiacutepio foram feitos estudos sobre as aacutereas propensas
a deslizamentos e alagamentos na regiatildeo urbana principal Tais aacutereas satildeo as destacadas
nas Figuras 55 e 56 No levantamento histoacuterico realizado pode-se identificar que os
bairros que possuem mais aacutereas propensas a deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do
Ouro Nossa Senhora da Gloacuteria Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio enquanto que os bairros
mais propensos a alagamentos satildeo os bairros Centro Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio
como observado na tabela 51
29
Figura 5 5 Aacutereas propensas a deslizamento de acordo com o Plano Diretor de
Santos Dumont
Fonte Google Earth e Lei 42412012
Figura 5 6 Aacutereas propensas a alagamento de acordo com o Plano Diretor de
Santos Dumont
Fonte Google Earth e Lei 42412012
30
Comparando-se os mapas obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico com o mapa gerado
pelo estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor nota-se que haacute semelhanccedilas em
algumas aacutereas mas ao se levar em conta o produto gerado pela pesquisa histoacuterica o
estudo necessitaria ser complementado haja vista que ele natildeo compreende por exemplo
o ponto de alagamento no bairro Antocircnio Afonso citado anteriormente e alguns pontos de
deslizamento importantes uma vez que satildeo regiotildees onde haacute ocupaccedilatildeo Esse fato evidencia
a necessidade de se buscar vaacuterias fontes primaacuterias e secundaacuterias para se detectar aacutereas de
risco em um municiacutepio incluindo arquivos da imprensa local afim de se produzir uma
base de dados consistente e com o menor nuacutemero de falhas possiacutevel (CEPED 2014) Com
a uniatildeo dos dois estudos foram gerados os mapas apresentados nas Figuras 57 e 58
Aleacutem do mais observando as figuras 57 e 58 pode-se notar que uma boa parte tanto dos
casos de alagamento quanto de deslizamento estatildeo na faixa de APP de curso hiacutedrico o
que ilustra a importacircncia da preservaccedilatildeo destas aacutereas
Figura 5 7 Aacutereas propensas a alagamento do estudo do Plano Diretor
complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento
Fonte Do Autor
31
Figura 5 8 Aacutereas propensas a deslizamento do estudo do Plano Diretor
complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento
Fonte Do Autor
Atraveacutes da combinaccedilatildeo entre estes dois levantamentos procurou-se alimentar a base de
dados e garantir uma consistecircncia maior desta no que diz respeito a aacutereas de deslizamento
e alagamento podendo inclusive se identificar a suscetibilidade de uma determinada
regiatildeo da cidade a um ou outro evento (CEPED2014)
512 O Plano diretor e as APPs
Nos uacuteltimos anos o Brasil experimentou um forte fenocircmeno de migraccedilatildeo do campo para
as aacutereas urbanas De acordo com o IBGE no periacuteodo de 1940 a 2000 houve um aumento
de cerca de 60 do nuacutemero de pessoas que vivem em cidades (SILVA JR 2006) O
processo de planejamento e ordenamento do uso do solo nessas aacutereas deveria ter
acompanhado esse crescimento ao longo dos anos a fim de garantir a qualidade de vida e
a seguranccedila dos migrantes ao se instalarem nas cidades o que natildeo ocorreu e o que se
observa atualmente satildeo ocupaccedilotildees em aacutereas improacuteprias para moradia sem a infraestrutura
baacutesica necessaacuteria e com risco iminente de deslizamentos eou inundaccedilotildees
O Plano Diretor do municiacutepio de Santos Dumont em seu capiacutetulo IV que versa sobre o
uso e ocupaccedilatildeo do solo explicita regras para o ordenamento do territoacuterio que compreende
o municiacutepio com base nos diferentes usos do solo de acordo com sua compatibilidade o
32
que acabou por resultar num zoneamento de todo o municiacutepio em macrozonas conforme
citado na seccedilatildeo 3231 de acordo com os usos atuais e futuros do solo Aleacutem de dividir
estas macrozonas em urbanas e rurais tambeacutem avaliou e classificou estas aacutereas com base
numa seacuterie de fatores ambientais geoloacutegicos culturais e sociais de forma a se fazer um
zoneamento coerente com os atuais usos do solo e seu potencial de uso futuro Apresenta-
se na Figura 59 este zoneamento na aacuterea urbana principal de Santos Dumont
Figura 5 9 Zoneamento urbano da aacuterea urbana principal
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Lei 42412012
Tomando como referecircncia o Novo Coacutedigo Florestal brasileiro em especial os paracircmetros
estabelecidos para a definiccedilatildeo de APP e utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento
atraveacutes do software Vista SAGA relacionou-se as APPs existentes na aacuterea em estudo com
as regiotildees propiacutecias a alagamentos e deslizamentos de acordo com o estudo feito quando
da elaboraccedilatildeo do Plano Diretor afim de se identificar qual ou quais aacutereas possuem estes
problemas e se estatildeo relacionados com o uso do solo irregular em APP
Ao se aplicar a metodologia proposta por Oliveira amp Fernandes Filho (2013) natildeo foram
identificadas dentro da aacuterea de estudo APPs de topos de morro sendo este tipo de APP
descartada portanto das anaacutelises subsequentes deste trabalho Foram consideradas as
APP de curso hiacutedrico (rios e nascentes) e de declividade visando relacionaacute-las as aacutereas
de risco identificadas pela Prefeitura afim de se verificar as possiacuteveis causas da ocorrecircncia
33
destas aacutereas na regiatildeo urbana do municiacutepio Por meio de combinaccedilotildees entre dois mapas
temaacuteticos utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento foi possiacutevel obter as
assinaturas ou seja tabelas que caracterizam quantitativamente a aacuterea afetada por cada
aspecto visto que a simples visualizaccedilatildeo do mapa gerado pelo geoprocessamento muitas
vezes eacute prejudicada por serem aacutereas de pequenas dimensotildees ou por qualquer outra
limitaccedilatildeo do software Ressalta-se que para a elaboraccedilatildeo do Plano Municipal de Reduccedilatildeo
de riscos a identificaccedilatildeo e detalhamento topograacutefico destas aacutereas eacute fundamental para o
desenvolvimento do referido Plano conforme seraacute abordado detalhadamente na seccedilatildeo
52
De posse do mapa que representa o zoneamento urbano de Santos Dumont primeiramente
procurou-se mensurar qualitativa e quantitativamente a presenccedila de APPs tanto de
declividade quanto de cursos hiacutedricos Essa identificaccedilatildeo eacute importante pois este
zoneamento eacute um dos instrumentos de planejamento municipal (BRASIL 2001) Saboya
(2007) aponta que os principais objetivos de um zoneamento satildeo o controle da expansatildeo
urbana e proteccedilatildeo de aacutereas inadequadas a ocupaccedilatildeo aleacutem de reduzir os conflitos inerentes
aos diferentes usos do solo Com o uso da ferramenta ldquoCombinarrdquo do Vista SAGA foram
feitas combinaccedilotildees entre o mapa de hidrografia com buffer de 30m para rios e coacuterregos e
de 50m para nascentes com o mapa do zoneamento para se verificar a importacircncia das
APPs de curso hiacutedrico em toda a aacuterea urbana principal do municiacutepio Tambeacutem foram
combinados o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) obtido atraveacutes do gvSIG com o mapa
de zoneamento afim de se verificar quantitativamente as APPs de declividade e onde se
localizam Vale ressaltar que as declividades entre 30 e 47 estatildeo presentes nesta
combinaccedilatildeo pois de acordo com o Plano Diretor de Santos Dumont terrenos com esta
faixa de declividade para fins de parcelamento devem possuir estudo teacutecnico que ateste
a viabilidade de se promover algum empreendimento imobiliaacuterio neste (SANTOS
DUMONT 2012) Como a legislaccedilatildeo municipal prevecirc estudo somente para a faixa de
declividade descrita anteriormente para fins de anaacutelise neste trabalho consideramos um
valor mais conservador para APP compreendendo a faixa de 47 a 100 aleacutem da
prevista pela legislaccedilatildeo federal (gt100) para que natildeo houvessem lacunas importantes na
geraccedilatildeo do produto
Apresenta-se na Figura 510 aacutereas com declividades consideradas de risco e consideradas
APP e em qual zona de planejamento elas estatildeo inseridas De um modo geral ao se
observar a Tabela 52 nota-se que a aacuterea que compreende declividades de risco e APP eacute
uma pequena parcela da aacuterea urbana principal representando 061 desta aacuterea Ao se
levar em conta somente a localizaccedilatildeo pode-se verificar que cerca de 84 das aacutereas com
declividade de risco e a totalidade das APPs de declividade estatildeo localizadas na ZAC1
zona que compreende a maior parte do municiacutepio e apesar de possuir infraestrutura baacutesica
para a ocupaccedilatildeo esta eacute restrita Sendo assim o fator declividade deve ser visto com cautela
nesta aacuterea para se evitar transtornos advindos de edificaccedilotildees nestas aacutereas
34
Figura 5 10 Combinaccedilatildeo entre as declividades importantes incluindo as APPs e o
zoneamento urbano
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Do autor
Tabela 52 Assinaturas da combinaccedilatildeo Declividade x Zoneamento
Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea
Natildeo APP 457972 9939
Declividade 30-47 em ZAC1 2368 051
Declividade 30-47 em ZE 284 006
Declividade 30-47 em ZAC2 128 003
Declividade 30-47 em ZPA 004 0001
APP Declividade em ZAC1 048 001
Total 460804 100
Fonte Do autor
Apresenta-se na Figura 511 as APPs de curso hiacutedrico (nascentes e rios) e em qual zona
de planejamento estatildeo localizadas Assim como a declividade a maior parte das APPs de
curso hiacutedrico estatildeo localizadas em ZAC1 representando 383 da aacuterea urbana em estudo
e 51 do total das APPs de curso hiacutedrico Esta questatildeo tambeacutem deve ser vista com
bastante criteacuterio pelos gestores locais uma vez que a ocupaccedilatildeo em faixas proacuteximas de
rios e coacuterregos podem causar uma gama de problemas ambientais e sociais na regiatildeo
(SANTANA2011) Tal cuidado tambeacutem deve ser tomado nas APPs compreendidas na
35
ZAC2 que compreende 001 da Aacuterea urbana principal e 14 do total das APPs de curso
hiacutedrico pois a infraestrutura baacutesica e acessibilidade presente nesta zona eacute precaacuteria e a
ocupaccedilatildeo as margens de cursos hiacutedricos pode gerar problemas seacuterios caso ocorra uma
expansatildeo nestas aacutereas
Figura 511 Combinaccedilatildeo entre APP de curso hiacutedrico e as zonas de planejamento
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Do autor
Outro ponto importante eacute a presenccedila da Zona de Proteccedilatildeo Ambiental (ZPA) no entorno
uma consideraacutevel parte dos cursos hiacutedricos Nesta zona estatildeo presentes 28 das APPs de
curso hiacutedrico e esta zona de acordo com o Plano Diretor deve ser restaurada ou
preservada por suas caracteriacutesticas geoloacutegicas topograacuteficas e bioloacutegicas
Afim de se verificar os usos do solo na regiatildeo em estudo foram utilizadas combinaccedilotildees
de imagens advindas do sateacutelite Landsat 8 nas bandas descritas no capiacutetulo 4 aleacutem da
banda pancromaacutetica O resultado eacute apresentado na figura 512 que mostra os principais
usos do solo na aacuterea urbana principal de Santos Dumont
36
Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x Zoneamento
Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea
Hidrografia 11168 239
Aacuterea Urbana Natildeo APP 421004 9008
APP Curso hiacutedrico em ZAC1 179 383
APP Curso hiacutedrico em ZPA 9776 209
APP Curso hiacutedrico em ZE 184 004
APP Curso hiacutedrico em ZA 1192 026
APP Curso hiacutedrico em ZAC2 5124 110
APP Curso hiacutedrico em ZPPH 248 005
APP Curso hiacutedrico em ZEIS 568 012
APP Curso hiacutedrico em ZCA 228 005
Total 467392 10000
Fonte Do autor
Figura 5 12 Mapa de usos do solo da aacuterea urbana principal de Santos Dumont
Fonte Do autor
Como jaacute era previsto a maior parte da aacuterea urbana se encontra ocupada e eacute nesta regiatildeo
ocupada que se observa a maior concentraccedilatildeo de problemas de deslizamentos e
alagamentos (Figuras 513 e 514) A grande ocupaccedilatildeo em aacutereas consideradas APP de
curso hiacutedrico de acordo com os mapas gerados pode ser a principal causa do aumento a
cada ano dos casos de alagamento principalmente na regiatildeo central da cidade Outro ponto
que se deve atentar eacute a existecircncia de uma consideraacutevel aacuterea de pastagem pouco vegetada
que caso estejam em aacutereas elevadas pode contribuir para deslizamentos e agraves margens de
37
rios e coacuterregos para o assoreamento destes corpos hiacutedricos o que pode causar
alagamentos (INAacuteCIO etal 2007)
Diante destes resultados pode-se ver que a cidade de Santos Dumont necessita alternativas
efetiva no que diz respeito agrave contenccedilatildeo de deslizamentos e a reduccedilatildeo de risco de
alagamento pois as aacutereas em que ocorrem tais eventos satildeo distintas e facilmente definidas
devido agrave repeticcedilatildeo destes nos uacuteltimos anos Um plano de accedilatildeo integrado entre as diferentes
secretarias municipais (Obras Meio Ambiente Assistecircncia Social entre outras) e a
Coordenadoria Municipal de Defesa Civil deve ser realizado afim de se tomar medidas
natildeo mais preventivas mas sim preditivas para que se possa conter o avanccedilo destes
problemas na aacuterea urbana principal bem como em toda a aacuterea do municiacutepio
Figura 5 13 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na aacuterea urbana
principal
Fonte Do autor
38
Figura 5 14 Aacutereas sujeitas a alagamento e os principais usos do solo na aacuterea
urbana principal
Fonte Do autor
Ao se associar os dados do estudo do Plano Diretor com os dados do levantamento
histoacuterico realizado com o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) pode-se notar que as aacutereas
propiacutecias a deslizamento estatildeo em regiotildees as quais haacute uma fronteira de declividades ou
seja eacute evidente que os deslizamentos ocorrem em encostas um pouco mais iacutengremes mas
natildeo necessariamente nas encostas de 30-47 as quais exigem estudo teacutecnico conforme o
plano diretor preconiza Quanto aos alagamentos nota-se que eles se localizam nas aacutereas
com menor ou nenhuma declividade podendo ser estas aacutereas talvez componentes da
planiacutecie de inundaccedilatildeo dos rios Estes resultados podem ser vistos nas figuras 515 e 516
a seguir
39
Figura5 15 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a deslizamentos na
regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
Fonte Lei 42412012 e Autor
Figura5 26 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a alagamentos na
regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
Fonte Lei 42412012 e Autor
40
52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis
O processo de ocupaccedilatildeo no municiacutepio de Santos Dumont comeccedilou muito antes de
qualquer legislaccedilatildeo relacionada a ordenamento urbano e de proteccedilatildeo do meio ambiente
fosse implementado no Brasil Esse fato aliado a poliacuteticas e fiscalizaccedilotildees falhas
contribuiacuteram para a ocupaccedilatildeo e expansatildeo da aacuterea urbana ao longo do Ribeiratildeo das Posses
e seus afluentes o que tem gerado o aumento da degradaccedilatildeo destes corpos hiacutedricos ao
longo de todos estes anos Observa-se tambeacutem que nas uacuteltimas deacutecadas ocorreu um
grande nuacutemero de migraccedilotildees do campo para a regiatildeo urbana da cidade fator que
contribuiu para o crescimento do nuacutemero de habitaccedilotildees em aacutereas de risco de deslizamento
e alagamentos por serem na maioria das vezes terrenos menos valorizados e por este
motivo acessiacuteveis a populaccedilatildeo com menor poder aquisitivo (ROSA amp CORTEZ 2008)
Vale ressaltar que esta questatildeo aleacutem de ser ambiental eacute muito mais social pois os
moradores entendem os riscos de se viver nestes locais mas por motivos econocircmicos ou
por questotildees afetivas natildeo abrem matildeo da moradia nessas aacutereas A Constituiccedilatildeo Federal de
1988 promoveu a inter-relaccedilatildeo das questotildees sociais com as questotildees ambientais quando
colocou o meio ambiente como direito coletivo (BRASIL1988 SOUZA2010) Por este
motivo a decisatildeo por medidas draacutesticas que favoreccedilam apenas agrave preservaccedilatildeo do meio
ambiente natildeo eacute recomendada pois aleacutem de ser inconstitucional podem afetar a
sustentabilidade econocircmica do municiacutepio e gerar conflitos sociais consideraacuteveis
(CARLOS 1992 apud SOUZA 2010)
Segundo Bueno (2009) ldquonem tudo o que eacute irregular eacute precaacuteriordquo Esse fato se observa em
Santos Dumont uma vez que em boa parte da regiatildeo central se observa vaacuterias moradias
construiacutedas na faixa de APP de curso hiacutedrico o que natildeo eacute permitido pela legislaccedilatildeo
vigente e eacute um dos fatores que contribui para a ocorrecircncia de alagamentos nesta aacuterea da
cidade Para a resoluccedilatildeo deste problema o que seria mais viaacutevel seria a melhoria da
infraestrutura de drenagem urbana afim de que o escoamento da aacutegua das chuvas natildeo
sobrecarregasse o sistema (BUENO2009) A construccedilatildeo de bacias de contenccedilatildeo de
cheias ao longo do Ribeiratildeo das Posses tambeacutem seria uma alternativa mas para se verificar
a viabilidade necessita-se estudos mais aprofundados do ponto de vista hidroloacutegico
O grande problema a ser solucionado no entanto eacute o que diz respeito agraves aacutereas de risco
de deslizamento majoritariamente nos bairros A melhor alternativa seria o
remanejamento dos moradores para uma aacuterea proacutexima agrave que moram poreacutem longe do
risco Poreacutem esta alternativa de acordo com Rosa Filho amp Cortez (2008) encontra alguns
entraves pois estas pessoas na maioria das vezes natildeo tecircm condiccedilotildees financeiras de irem
para outro lugar ou pagar aluguel ou estatildeo de alguma forma sentimentalmente ligadas
agravequela regiatildeo que se recusam a deixaacute-lo
41
Por parte dos oacutergatildeos competentes no municiacutepio a criaccedilatildeo de um plano para se evitar
acidentes ocasionados por deslizamentos e alagamentos com um mapeamento detalhado
de toda a extensatildeo do municiacutepio eacute extremamente uacutetil Os estudos que seratildeo feitos para a
elaboraccedilatildeo deste plano poderatildeo definir quais as aacutereas satildeo potencialmente de risco para as
ocupaccedilotildees existentes ou para as potenciais ocupaccedilotildees que possam vir a ocorrer atraveacutes do
mapeamento das aacutereas de risco Tal planejamento seraacute auxiliar ao Plano Diretor
Municipal pois definiraacute o real uso do solo de determinada regiatildeo do municiacutepio
contribuindo para a adequaccedilatildeo do uso e ocupaccedilatildeo do solo afim de evitar ou reduzir o
nuacutemero de problemas relacionados a alagamentos e principalmente deslizamentos no
periacutemetro urbano (TOMINAGA 2009) A partir deste plano os gestores locais poderatildeo
tomar a melhor decisatildeo para a prevenccedilatildeo ou reduccedilatildeo dos riscos inerentes a tais problemas
Na seccedilatildeo 521 seraacute hierarquizado de forma preliminar a aacuterea urbana principal de acordo
com os resultados da tabela 51
521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta
O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos (PMRR) foi criado atraveacutes de accedilotildees
regularizadoras do Ministeacuterio das Cidades para ser o instrumento de gestatildeo e
gerenciamento de aacutereas de risco em um municiacutepio Eacute um documento que aleacutem de
estabelecer quais regiotildees satildeo consideradas de risco tambeacutem objetiva a proposta de
medidas estruturais ou natildeo para contenccedilatildeo eou prevenccedilatildeo de cataacutestrofes aleacutem de ser um
meio de captaccedilatildeo de recursos financeiros junto aos Governos Estadual e Federal Estes
recursos poderatildeo ser utilizados para a realizaccedilatildeo de obras que visem a melhoria da
qualidade de vida da populaccedilatildeo do entorno ou de recuperaccedilatildeo da aacuterea degradada Este
plano eacute realizado de forma participativa com as comunidades das aacutereas de risco e pode
ser realizado em sete fases conforme recomenda o Ministeacuterio das Cidades (ALHEIROS
2006)
O primeiro passo para a realizaccedilatildeo do PMRR eacute definir qual a metodologia seraacute empregada
levando-se em consideraccedilatildeo a realidade atual do municiacutepio e especificar de forma sucinta
um cronograma das atividades Eacute importante nesta fase a participaccedilatildeo tambeacutem dos
responsaacuteveis pelas mais variadas Secretarias Municipais afim de explicitar o tamanho da
importacircncia e o caraacuteter integrador deste plano A segunda fase deste plano objetiva a
criaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo da principal base de dados a ser utilizada nos passos posteriores o
mapeamento de risco em escala detalhe em torno de 13000 (SAtildeO PAULO 2014) A
elaboraccedilatildeo de um mapeamento detalhado propiciaraacute natildeo soacute a identificaccedilatildeo mais faacutecil das
aacutereas de risco como tambeacutem facilitaraacute aos gestores e agrave comunidade decidirem qual a
melhor intervenccedilatildeo para a soluccedilatildeo ou remediaccedilatildeo dos problemas em uma determinada
42
aacuterea hierarquizando o risco e definindo prioridades (SAtildeO PAULO 2014) Na tabela a
seguir apresenta-se alguns tipos de intervenccedilotildees que podem ser feitas em aacutereas de risco
sugeridas pelo Ministeacuterio das cidades (ALHEIROS 2006)
Quadro 5 1 - Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco
Tipo de intervenccedilatildeo Descriccedilatildeo
Serviccedilos de limpeza e Recuperaccedilatildeo
Remoccedilatildeo de entulho lixo etc
corte de aacutervores
remoccedilatildeo de bananeiras
recuperaccedilatildeo eou limpeza de sistemas de
drenagem esgotos e acessos
Limpeza de canais de drenagem
Proteccedilatildeo Vegetal
Proteccedilatildeo superficial vegetal (gramiacuteneas) em
taludes com solo exposto
Proteccedilatildeo vegetal de margens de canais de
drenagem
Barreiras vegetais para massas escorregadas
ou acumuladas pela erosatildeo
Drenagem Superficial e Acessos
Sistema de drenagem superficial (canaletas
raacutepidos caixas de transiccedilatildeo escadas drsquoaacutegua)
Acessos para pedestres (escadarias rampas
etc) integrados ao sistema de drenagem
Revestimento de Taludes Revestimento com materiais artificiais
cimentado cal-jet tela argamassada alvenaria
de tijolos ceracircmicos solo-cimento ensacado
Desmonte de blocos e matacotildees Desmonte de concreccedilotildees de grande porte
blocos rochosos e matacotildees
Obras de drenagem de subsuperfiacutecie Sistema de drenagem de subsuperfiacutecie
(trincheiras drenantes DHP poccedilos de
rebaixamento)
Estruturas de contenccedilatildeo (localizadas)
Muros de contenccedilatildeo de pequeno porte (solo-
cimento ensacado alvenaria de pedra-rachatildeo
concreto armado)
Estruturas de contenccedilatildeo localizadas
(chumbadores tirantes microestacas)
Contenccedilatildeo e proteccedilatildeo de margens de canais (
gabiotildees muros de concreto etc)
Estruturas de contenccedilatildeo (meacutedio e grande porte) Implantaccedilatildeo de estruturas de contenccedilatildeo de
meacutedio e grande porte envolvendo obras de
contenccedilatildeo passivas e ativas (muros de
gravidade cortinas etc)
Terraplanagem Execuccedilatildeo de serviccedilos de terraplanagem
combinados a obras de drenagem superficial e
proteccedilatildeo vegetal desvio e canalizaccedilatildeo de
coacuterregos
Remoccedilatildeo de moradias Remoccedilotildees definitivas para implantaccedilatildeo de
obras ou devido agrave localizaccedilatildeo improacutepria da
edificaccedilatildeo (Priorizar as relocaccedilotildees dentro da
proacutepria aacuterea em local seguro)
Fonte ALHEIROS 2006
43
Escolhidas as formas de intervenccedilatildeo para cada aacuterea eacute necessaacuterio realizar uma estimativa
dos custos afim de preparar o orccedilamento da prefeitura para a realizaccedilatildeo das obras e se
seraacute necessaacuterio a captaccedilatildeo de recursos externos para a execuccedilatildeo destas Feitas as
estimativas de custo o proacuteximo passo eacute definir as prioridades e para esta fase eacute tambeacutem
uacutetil o mapeamento feito nas etapas anteriores pois seraacute necessaacuterio hierarquizar tais
intervenccedilotildees nas aacutereas de risco O Ministeacuterio das Cidades (2007) sugere alguns criteacuterios
que podem ser avaliados pelo gestor dentre eles pode-se citar
Grau de risco
Populaccedilatildeo beneficiada
Custo da intervenccedilatildeo
Dimensatildeo da aacuterea a ser tratada
Demandas anteriores da populaccedilatildeo
Tempo de ocupaccedilatildeo
Viabilidade teacutecnica da intervenccedilatildeo
Viabilidade financeira
Inclusatildeo da aacuterea em outros projetos
A partir desta hierarquizaccedilatildeo inicia-se a identificaccedilatildeo de provaacuteveis fontes de captaccedilatildeo de
recursos para a execuccedilatildeo das intervenccedilotildees Estes recursos podem advir de programas dos
governos Federal e Estadual ou por meio de editais para captaccedilatildeo de recursos financeiros
tanto do setor puacuteblico como da iniciativa privada e podem ser tambeacutem associados agrave outras
Secretarias Municipais como a de Turismo ou Meio Ambiente e natildeo soacute as destinadas agrave
Defesa Civil (ALHEIROS 2006)
Eacute previsto tambeacutem no PMRR uma avaliaccedilatildeo da Defesa Civil municipal e como ela estaacute
estruturada fazendo inclusive sugestotildees para que sua atuaccedilatildeo esteja em consonacircncia com
a realidade das comunidades e da Administraccedilatildeo Puacuteblica do municiacutepio de forma a garantir
sua sustentabilidade e conquistar a credibilidade da populaccedilatildeo no que diz respeito a
prevenccedilatildeo de cataacutestrofes Para que a resposta a uma determinada situaccedilatildeo de risco seja
raacutepida eacute necessaacuterio a descentralizaccedilatildeo da Defesa Civil criando pequenos nuacutecleos
comunitaacuterios com a finalidade de se monitorar a aacuterea constantemente e promover as
intervenccedilotildees necessaacuterias em tempo haacutebil o que aumenta em muito a credibilidade da
populaccedilatildeo no PMRR e no trabalho desempenhado pela Defesa Civil no municiacutepio Apoacutes
esta etapa o PMRR passaraacute por audiecircncias puacuteblicas e posteriormente poderaacute ser aprovado
como Lei Municipal pelo Legislativo local (ALHEIROS 2006)
Com a realizaccedilatildeo deste plano o municiacutepio estaraacute munido de informaccedilotildees suficientes para
realizar accedilotildees efetivas de gestatildeo e gerenciamento de riscos bem como aliado a
levantamentos sociais realizar programas habitacionais que beneficiem prioritariamente
44
aos moradores das aacutereas de risco Aleacutem disso com o PMRR o municiacutepio poderaacute melhorar
a qualidade ambiental da populaccedilatildeo captando recursos para a recuperaccedilatildeo das aacutereas de
APP que foram degradadas pelas ocupaccedilotildees irregulares beneficiando todos os moradores
do municiacutepio com o aumento da qualidade de vida na cidade
A partir do disposto nesta seccedilatildeo acerca do Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos e de
uma maneira preliminar (levando-se em conta apenas o nuacutemero de registros de
alagamentos e deslizamentos na aacuterea urbana principal de Santos Dumont no periacuteodo de
1984 a 2014) identificou-se trecircs regiotildees distintas na aacuterea urbana do municiacutepio com
tempo de recorrecircncia desses eventos similares caracterizando trecircs prioridades de
intervenccedilatildeo em contenccedilatildeo de risco como pode ser visto nas figuras 515 e 516 Vale
ressaltar que eacute necessaacuterio um estudo mais detalhado inclusive com visitas teacutecnicas a
campo para que se confirme a real situaccedilatildeo destas e a real prioridade para investimentos
Figura 5 17 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de deslizamentos
Fonte Do Autor
45
Figura 5 18 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de alagamentos
Fonte Do Autor
46
6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees
A seguir apresenta-se as conclusotildees e as recomendaccedilotildees feitas a partir dos objetivos
especiacuteficos explicitados no iniacutecio deste trabalho
Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a
aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes
urbanos
A partir da revisatildeo da legislaccedilatildeo pertinente em acircmbito federal estadual e
municipal constatou-se que o Plano Diretor de Santos Dumont natildeo conflita com a
legislaccedilatildeo federal e estadual sobre Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente A legislaccedilatildeo
municipal foi entendida como mais conservadora que as federal e estadual uma
vez que considera implicitamente que declividades entre 47 e 100 satildeo
enquadradas como APPs aleacutem da faixa superior a 100
Parte consideraacutevel das ocupaccedilotildees em APP principalmente na regiatildeo do bairro
Santo Antocircnio (onde surgiu os primeiros nuacutecleos que deram origem ao municiacutepio)
e o centro da cidade ocorreram antes de que fosse elaborado qualquer legislaccedilatildeo
que versasse sobre o tema Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente bastando ao gestor
local tomar medidas de contenccedilatildeo de riscos que minimizem os impactos causados
por essas ocupaccedilotildees nessa regiatildeo
O ordenamento adequado do uso do solo no municiacutepio eacute necessaacuterio para que o
crescimento dos loteamentos criados anteriormente agrave esta Lei e o surgimento de
novos natildeo avance para Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente o que pode causar
inuacutemeros problemas aos moradores e agravar os jaacute existentes
Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las
com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)
As aacutereas onde houveram a maior quantidade de registros de deslizamentos satildeo os
bairros mais populosos de Santos Dumont podendo se estabelecer uma relaccedilatildeo
que quanto mais populoso o bairro maior a quantidade de problemas relacionados
a deslizamentos Tambeacutem pode-se notar uma relaccedilatildeo com as fronteiras das faixas
de declividades e os deslizamentos uma vez que boa parte deles aconteceram
nestas faixas
As aacutereas onde houve um grande nuacutemero de registros de alagamentos satildeo os bairros
que se desenvolveram agraves margens do Ribeiratildeo das Posses em especial na aacuterea que
47
compreende as APPs de curso hiacutedrico e em aacutereas onde a declividade eacute baixa Esse
fato aliado ao crescimento do nuacutemero de vias pavimentadas com material
impermeaacutevel e a natildeo expansatildeo e ou redimensionamento da rede de drenagem
urbana contribuiacuteram para a ocorrecircncia cada vez mais constante de alagamentos
nessas aacutereas
Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos
catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30
anos
A partir do levantamento histoacuterico realizado e da base de dados georeferenciada
gerada observou-se o aumento do nuacutemero de registros de deslizamentos e
alagamentos nos uacuteltimos 10 anos quando as ocorrecircncias comeccedilaram a se repetir
numa mesma aacuterea com frequecircncia incrementada as vezes com mais de uma
ocorrecircncia anual
Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do
solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental
Destaca-se a adequaccedilatildeo dos criteacuterios gerais estabelecidos pelo Plano Diretor de
Santos Dumont relativos a legislaccedilatildeo federal e estadual Entretanto o referido
Plano Diretor natildeo contempla todo o territoacuterio municipal sendo assim ele natildeo
cumpre o objetivo de proteger as APPs preservadas e recuperar as que foram
degradadas em todo o territoacuterio municipal Ressalta-se tambeacutem a sua natildeo
conformidade com o Estatuto das Cidades uma vez que o Plano Diretor
contempla apenas os novos loteamentos
Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais
negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea
impactada
Recomenda-se a implantaccedilatildeo no municiacutepio de uma Coordenadoria Municipal de
Defesa Civil atuante e integrada agraves Secretarias Municipais e agrave comunidade
visando uma atuaccedilatildeo eficaz nos problemas relacionados a deslizamentos e
alagamentos A elaboraccedilatildeo de um Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos eacute de
suma importacircncia pois atraveacutes dele pode-se predizer as aacutereas que passaratildeo por
problemas caso a expansatildeo aconteccedila ou se inicie uma ocupaccedilatildeo nova aleacutem de
prevenir acidentes nas aacutereas jaacute ocupadas e consideradas de risco
48
7 Anexos
49
71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont
50
51
72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)
52
53
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Rio Claro 2013
10
32 Legislaccedilatildeo Pertinente
321 As adequaccedilotildees da legislaccedilatildeo ao longo dos anos
A problemaacutetica relacionada agraves APPs em aacutereas urbanas outrora era uma questatildeo complexa
e demandava uma larga discussatildeo do ponto de vista juriacutedico administrativo e teacutecnico Eacute
sabido que a maioria das cidades se formaram proacuteximos aos corpos hiacutedricos regiatildeo que
garantia o abastecimento de aacutegua e alimentos agrave populaccedilatildeo e tambeacutem facilitava o descarte
dos efluentes A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 225 daacute garantia aos
brasileiros de um meio ambiente em equiliacutebrio e concede agrave toda a sociedade o dever de
preservaacute-lo de acordo com os princiacutepios do desenvolvimento sustentaacutevel (BRASIL
1988) Antes desta Constituiccedilatildeo jaacute havia um texto que regulamentava a questatildeo da
preservaccedilatildeo de aacutereas verdes em todo o territoacuterio nacional A Lei Federal nordm 477165 que
trata do Coacutedigo Florestal estabelecia limites e regulamentava as Aacutereas de Preservaccedilatildeo
Permanente De acordo com Arauacutejo (2002) apud De Moraes (2014) essa Lei que fora
revogada e substituiacuteda pela Lei 126512012 era bastante falha no que diz respeito agraves
questotildees de APPS em aacutereas urbanas o que poderia ser um facilitador do natildeo cumprimento
do que foi proposto por aquela legislaccedilatildeo nestas aacutereas Isso se devia ao fato de o Coacutedigo
Florestal de 1965 ter deixado uma duacutevida sobre qual legislaccedilatildeo seguir uma vez que em
seu segundo artigo no paraacutegrafo uacutenico estava disposto que em aacutereas urbanas devia-se
atentar para a legislaccedilatildeo referente ao Plano Diretor e as referentes ao uso do solo na aacuterea
do municiacutepio (BRASIL 1965) Diante dessa conjuntura alguns municiacutepios optavam pela
natildeo aplicaccedilatildeo do Coacutedigo Florestal na regiatildeo urbana mesmo sabendo que a poliacutetica
conservacionista eacute extremamente importante visto o grande nuacutemero de problemas que
podem advir do uso irregular das APPs (DE MORAES 2009) Segundo o artigo 182 da
Constituiccedilatildeo Federal de 1988 as poliacuteticas relacionadas ao desenvolvimento urbano
devem ser elaboradas pelos municiacutepios e objetiva garantir o bem estar dos muniacutecipes e
tambeacutem o desenvolvimento do municiacutepio como um todo atraveacutes do atendimento agraves
exigecircncias do Plano Diretor (BRASIL 1988) O que podia gerar alguma divergecircncia seria
se o Plano Diretor Municipal propusesse uma faixa de APP menor que a prevista pelo
Coacutedigo Florestal Sendo assim essa legislaccedilatildeo perderia sua validade pelo fato de a
legislaccedilatildeo federal ser suplementar ou se seria cumprida devido ao disposto no artigo 182
da Constituiccedilatildeo Segundo De Moraes (2009) natildeo eacute aceitaacutevel que o Plano Diretor
Municipal legitime tal degradaccedilatildeo ambiental uma vez que um dos seus principais
objetivos eacute a proteccedilatildeo do bem estar puacuteblico estando incluiacutedo nesse a proteccedilatildeo do
ambiente natural A delimitaccedilatildeo e especificaccedilatildeo das APPs em Lei eacute necessaacuteria uma vez
que os limites miacutenimos destinados agrave preservaccedilatildeo satildeo importantes pois garantem a
proteccedilatildeo tanto da qualidade quanto da quantidade dos recursos hiacutedricos e evitam a
ocupaccedilatildeo em locais propiacutecios aos deslizamentos e zonas de recarga dos aquiacuteferos
11
subterracircneos assegurando tambeacutem de certa forma a integridade dos seres humanos que
potencialmente ocupariam tais locais (CARVALHO 2013)
Neste trabalho a legislaccedilatildeo tomada como referecircncia eacute a prevista pela Constituiccedilatildeo Federal
de 1988 o Novo Coacutedigo Florestal (Lei 126512012) e o Estatuto das Cidades (Lei
102572001) em acircmbito federal Na esfera estadual a Lei 209222013 versa sobre os
limites para APP em todo o territoacuterio de Minas A Lei Municipal 42412012 trata do
Plano Diretor Municipal da cidade de Santos Dumont onde se encontra as diretrizes para
o uso e ocupaccedilatildeo do solo e o zoneamento da cidade de acordo com as caracteriacutesticas do
solo entre outras
322 O Novo Coacutedigo Florestal e a legislaccedilatildeo mineira
O Novo Coacutedigo Florestal Lei Federal 126512012 substituiu a Lei Federal 47711965
Dentre os vaacuterios artigos que esta lei possui o que apresenta maior importacircncia para o
planejamento e o ordenamento das cidades tanto na aacuterea urbana como na rural eacute o artigo
4ordm em que constam as faixas de APP tanto para curso hiacutedrico como para declividade e
altitude aleacutem dos topos de morro a saber (BRASIL2012)
ldquoArt 4ordm Considera-se Aacuterea de Preservaccedilatildeo
Permanente em zonas rurais ou urbanas para os
efeitos desta Lei
I - as faixas marginais de qualquer curso drsquoaacutegua
natural perene e intermitente excluiacutedos os
efecircmeros desde a borda da calha do leito regular
em largura miacutenima de
a) 30 (trinta) metros para os cursos drsquoaacutegua de
menos de 10 (dez) metros de largura
b) 50 (cinquenta) metros para os cursos drsquoaacutegua
que tenham de 10 (dez) a 50 (cinquenta) metros de
largura
()
IV - as aacutereas no entorno das nascentes e dos olhos
drsquoaacutegua perenes qualquer que seja sua situaccedilatildeo
topograacutefica no raio miacutenimo de 50 (cinquenta)
metros
12
V - as encostas ou partes destas com declividade
superior a 45deg equivalente a 100 (cem por
cento) na linha de maior declive
()
IX - no topo de morros montes montanhas e
serras com altura miacutenima de 100 (cem) metros e
inclinaccedilatildeo meacutedia maior que 25deg as aacutereas
delimitadas a partir da curva de niacutevel
correspondente a 23 (dois terccedilos) da altura
miacutenima da elevaccedilatildeo sempre em relaccedilatildeo agrave base
sendo esta definida pelo plano horizontal
determinado por planiacutecie ou espelho drsquoaacutegua
adjacente ou nos relevos ondulados pela cota do
ponto de sela mais proacuteximo da elevaccedilatildeo
X - as aacutereas em altitude superior a 1800 (mil e
oitocentos) metros qualquer que seja a
vegetaccedilatildeo
()rdquo
A legislaccedilatildeo atual em seu artigo 4ordm evidencia que as faixas e aacutereas determinadas como
APP compreendem tanto as aacutereas rurais quanto urbanas (BRASIL 2012) retirando a
duacutevida anterior e sendo essa a Lei suplementar qualquer faixa de APP mais permissiva
na legislaccedilatildeo estadual e municipal satildeo invaacutelidas o que simplificou de certa forma a
aplicabilidade da Legislaccedilatildeo referente a Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente
No Estado de Minas Gerais a Lei Estadual 20922 de 16 de Outubro de 2013 trata do tema
em acircmbito estadual mas com os mesmos princiacutepios propostos pela Lei Federal sendo os
limites miacutenimos previstos para as APPs os mesmos propostos pelo Novo Coacutedigo
Florestal brasileiro (MINAS GERAIS2013)
ldquo Art 9ordm Para os efeitos desta Lei em zonas rurais
ou urbanas satildeo APPs
I as faixas marginais de cursos drsquoaacutegua naturais
perenes e intermitentes excluiacutedos
os efecircmeros medidas a partir da borda da calha
do leito regular em largura miacutenima de
13
a) 30m (trinta metros) para os cursos drsquoaacutegua de
menos de 10m (dez metros) de largura
b) 50m (cinquenta metros) para os cursos drsquoaacutegua
de 1 0m (dez metros) a 50m (cinquenta metros) de
largura
()
IV as aacutereas no entorno das nascentes e dos olhos
drsquoaacutegua perenes no raio miacutenimo de 50m
(cinquenta metros)
V as encostas ou partes destas com declividade
superior a 45ordm (quarenta e cinco graus)
equivalente a 100 (cem por cento) na linha de
maior declive
()
VII no topo de morros montes montanhas e
serras com altura miacutenima de 100m (cem metros)
e inclinaccedilatildeo meacutedia maior que 25ordm (vinte e cinco
graus) as aacutereas delimitadas a partir da curva de
niacutevel correspondente a 23 (dois terccedilos) da altura
miacutenima da elevaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave base sendo esta
definida pelo plano horizontal determinado por
planiacutecie ou espelho drsquoaacutegua adjacente ou nos
relevos ondulados pela cota do ponto de sela mais
proacuteximo da elevaccedilatildeo
VIII as aacutereas em altitude superior a 1 800m (mil
e oitocentos metros)
()rdquo
323 O Plano Diretor
O Estatuto das Cidades em seu artigo 40 prevecirc o plano diretor como um instrumento
capaz de promover a poliacutetica urbana englobando toda a cidade aleacutem de fornecer padrotildees
e limites para o uso do solo nas mais diversas regiotildees do municiacutepio com vistas a
harmonizar o desenvolvimento urbano com a preservaccedilatildeo do meio ambiente (SILVA JR
2006) Este instrumento eacute obrigatoacuterio para cidades com mais de 20 mil habitantes ou
14
aacutereas que integrem regiotildees metropolitanas ou de interesse turiacutestico O artigo 41 do
Estatuto das cidades tambeacutem prevecirc a obrigatoriedade do Plano Diretor para cidades que
possuem em sua aacuterea empreendimentos que caracterizem grandes impactos ambientais
de influecircncia regional ou nacional e cidades que possuem problemas com deslizamentos
de grande magnitude ou alagamentos repentinos (BRASIL 2001)
O Plano diretor de acordo com o Estatuto das Cidades deve ser aprovado como lei em
acircmbito municipal e revisto a cada dez anos Este documento eacute uacutenico pois cada cidade
possui suas peculiaridades infraestrutura vocaccedilotildees e problemas que por mais que sejam
parecidos entre si satildeo diferenciados pela intensidade e pela regionalizaccedilatildeo Sendo assim
a confecccedilatildeo do Plano Diretor deve conter a participaccedilatildeo de toda a comunidade local de
forma a reduzir as desigualdades sociais os gastos puacuteblicos desnecessaacuterios a degradaccedilatildeo
ambiental e combater os problemas relacionados a urbanizaccedilatildeo de forma conjunta
promovendo um processo de tomada de decisatildeo que garanta a qualidade de vida
preservaccedilatildeo e o desenvolvimento social do municiacutepio como um todo (ROSSBACH amp
CARVALHO 2010)
3231 O Plano Diretor de Santos Dumont
A Lei Municipal nordm 424112 que entrou em vigor no ano de 2014 trata do Plano Diretor
Municipal instrumento previsto no Estatuto das Cidades para garantir aos cidadatildeos um
desenvolvimento urbano organizado justo e sustentavelmente econocircmico (BRASIL
2001) Aleacutem de apontar as diretrizes para a elaboraccedilatildeo da Poliacutetica Municipal dos mais
variados setores o Plano Diretor divide o municiacutepio em macrozonas urbanas e rurais
Estas zonas tecircm por objetivo facilitar a identificaccedilatildeo dos setores que permitem ou natildeo o
desenvolvimento da cidade e em que magnitude pode ser feita a expansatildeo respeitando ao
meio ambiente e tambeacutem o que eacute previsto no tocante ao uso e ocupaccedilatildeo do solo nessas
aacutereas Aleacutem disso ela estabelece a forma como devem ser as edificaccedilotildees nas referidas
aacutereas As aacutereas definidas como macrozonas urbanas e foram subdivididas em (SANTOS
DUMONT2012)
ldquoZona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e
da Paisagem (ZPPH) satildeo as aacutereas cujos
equipamentos urbanos possuem interesse
histoacuterico ou paisagiacutestico de preservaccedilatildeo
Zona de Preservaccedilatildeo Ambiental satildeo aquelas em
que devem ser mantidas ou recuperadas a
15
vegetaccedilatildeo por conta da declividade altitude ou
presenccedila de recursos hiacutedricos
Zona de Adensamento Controlado (ZAC) satildeo as
aacutereas em que deve-se manter uma pequena
densidade populacional devido as limitaccedilotildees na
infraestrutura da localidade A ZAC se divide em
ZAC 1 quando a infraestrutura existente eacute
limitada e em ZAC 2 quando esta eacute precaacuteria ou
natildeo existe
Zona de Consolidaccedilatildeo de Adensamento (ZCA)
satildeo as aacutereas em que haacute interesse em ocupar os
lotes vagos haja visto que a regiatildeo possui toda a
infraestrutura para que isto aconteccedila
Zona Adensaacutevel (ZA) satildeo as aacutereas com
condiccedilotildees propiacutecias para ocorrer uma ocupaccedilatildeo
mais densa
Zona Especial de Interesse Social (ZEIS) satildeo as
aacutereas em que o Poder Puacuteblico almeja fazer
alguma forma de ocupaccedilatildeo Eacute dividida em ZEIS 1
e ZEIS 2 A ZEIS 1 satildeo regiotildees jaacute ocupadas mas
de forma irregular cujo interesse puacuteblico eacute
realizar obras e outras atividades para
regularizar as ocupaccedilotildees e urbanizar a aacuterea
enquanto que a ZEIS 2 satildeo aacutereas natildeo utilizadas ou
subutilizadas as quais o poder puacuteblico almeja
realizar algum empreendimento habitacional de
caraacuteter social
Zona de Grandes Equipamentos (ZE) satildeo aacutereas
cujo o interesse eacute a implantaccedilatildeo de
empreendimentos de grande porte ou grandes
equipamentos puacuteblicosrdquo
Esta divisatildeo espacial pode ser melhor vista no Anexo 71
O Plano Diretor natildeo estipula limites para APP mas prevecirc algumas diretrizes como na
Poliacutetica Municipal de Preservaccedilatildeo do Meio Ambiente sobre o uso do solo em
compatibilidade com praacuteticas conservacionistas A Poliacutetica Municipal de Expansatildeo
16
Urbana tem como uma de suas diretrizes fazer cumprir a legislaccedilatildeo vigente no que diz
respeito agraves intervenccedilotildees e investimentos que poderatildeo ser feitos nessas aacutereas Tambeacutem eacute
diretriz da mesma Poliacutetica o controle da ocupaccedilatildeo e do uso do solo em APPs e o auxiacutelio
aos oacutergatildeos estaduais e federais de meio ambiente no tocante agrave fiscalizaccedilatildeo da ocupaccedilatildeo
nestas aacutereas (SANTOS DUMONT 2012) O artigo 38 que trata das diretrizes da Poliacutetica
habitacional de interesse social exclui do processo de regularizaccedilatildeo fundiaacuteria os
assentamentos situados em aacutereas de risco o que na maioria das vezes estatildeo tambeacutem nas
aacutereas que deveriam estar vegetadas e protegidas (SANTOS DUMONT 2012) Na
legislaccedilatildeo referente ao parcelamento do solo eacute previsto que no parcelamento de glebas
com declividade entre 30 e 47 soacute poderaacute ser aprovado mediante projeto e laudo
assinado por um responsaacutevel teacutecnico favoraacutevel agrave construccedilatildeo nesse local (SANTOS
DUMONT 2012) Diante do proposto pelo Plano Diretor de Santos Dumont pode-se
dizer que natildeo haacute conflito com a legislaccedilatildeo federal e estadual em se tratando da
aplicabilidade do Coacutedigo Florestal uma vez que aquele natildeo explicita limites nem
permissivos e tampouco restritivos para faixas e aacutereas de preservaccedilatildeo permanente
33 O Municiacutepio de Santos Dumont
331 De Arraial a cidade
A aacuterea onde se situa hoje o municiacutepio de Santos Dumont teve sua ocupaccedilatildeo iniciada no
seacuteculo XVIII quando a Coroa Portuguesa solicitou ao entatildeo Governador do Rio de
Janeiro Artur de Saacute Menezes que abrisse um caminho que ligasse as Minas dos
Cataguases na regiatildeo de Ouro Preto (receacutem descobertas) ao Rio de Janeiro por onde
escoava os metais preciosos para a metroacutepole Surgiu assim o ldquoCaminho Novordquo e ao longo
deste caminho surgiram tambeacutem as Sesmarias aacutereas que tinham por principal objetivo
servir de pouso aos transportadores e exploradores e tambeacutem para garantir alimento a
estas pessoas Uma destas ocupaccedilotildees seria o ldquoArraial de Joatildeo Gomesrdquo (Figura 41)
primeiro nuacutecleo primitivo do municiacutepio em 1709 De iniacutecio prevaleciam somente
ranchos onde os viajantes se abrigavam mas em pouco tempo ergueu-se a Capela de Satildeo
Miguel e Almas e pequenos nuacutecleos urbanos comeccedilaram a surgir (DAPPC2008)
17
Figura 3 1 Vista parcial do Arraial de Joatildeo Gomes
Fonte Arquivo Histoacuterico de Santos Dumont-MG
Com a construccedilatildeo da Estrada de Ferro D Pedro II no final do seacuteculo XIX a regiatildeo teve
um consideraacutevel crescimento natildeo soacute populacional como tambeacutem econocircmico se tornando
a Vila Palmyra em 1889 Em 1890 Palmyra eacute elevada ao status de Municiacutepio (Figura 42)
e recebe um grande nuacutemero de melhorias no setor viaacuterio como a retificaccedilatildeo de ruas e
tambeacutem no setor de serviccedilos puacuteblicos como abastecimento de aacutegua iluminaccedilatildeo puacuteblica a
querosene e posteriormente energia eleacutetrica O desenvolvimento econocircmico na regiatildeo
tambeacutem teve seu momento aacuteureo nesse periacuteodo Induacutestrias de laticiacutenios graacuteficas e de
Carbureto de Caacutelcio fizeram parte do parque industrial de Palmyra o que atraiacutea pessoas
de outros lugares inclusive estrangeiros contribuindo para o aumento populacional da
regiatildeo Como ainda natildeo havia legislaccedilatildeo sobre uso e ocupaccedilatildeo do solo nessa eacutepoca
surgiram inuacutemeros loteamentos em aacutereas proacuteximas agrave rios e coacuterregos e tambeacutem em
encostas com declividade acentuada o que foi agravando o risco agrave medida que a ocupaccedilatildeo
aumentava (DAPPC2008)
18
Figura 3 2 Municiacutepio de Palmyra na deacutecada de 1920
Fonte Arquivo Histoacuterico de Santos Dumont-MG
O escoamento da produccedilatildeo industrial se dava pelo modal ferroviaacuterio setor que tambeacutem
movimentava a crescente cidade que era ponto importante no setor de transportes pois
possuiacutea um dos mais bem equipados depoacutesitos de locomotivas da Estrada de Ferro Central
do Brasil (DAPPC2008)
No ano de 1932 o municiacutepio de Palmyra passou a se chamar Santos Dumont (Figura 43)
em homenagem ao inventor do aviatildeo que nascera naquela cidade Nos uacuteltimos 40 anos
Santos Dumont tem experimentado uma acentuada desaceleraccedilatildeo econocircmica
consequecircncia do fechamento da grande maioria das induacutestrias principalmente as de
laticiacutenios que empregavam direta e indiretamente uma parte consideraacutevel da populaccedilatildeo
(DAPPC2008)
19
Figura 3 3 Municiacutepio de Santos Dumont em 2014
Fonte Arquivo do autor
332 Santos Dumont na atualidade
O municiacutepio de Santos Dumont localiza-se na regiatildeo da Zona da Mata mineira distante
cerca de 220 Km da capital Belo Horizonte e possui uma populaccedilatildeo de 47558 habitantes
(ODM 2015 projeccedilatildeo) numa aacuterea total de 637 kmsup2 Faz divisa com os municiacutepios de
Juiz de Fora Oliveira Fortes Bias Fortes Antocircnio Carlos Tabuleiro Piau e Ewbank da
Cacircmara
No que diz respeito agrave sua formaccedilatildeo fisiacuteco-geograacutefica a aacuterea que compreende o municiacutepio
eacute constituiacuteda predominantemente por Cambissolo Haacuteplico (70) com Latossolo
Vermelho-Amarelo (30) (UFV2010) A vegetaccedilatildeo eacute em sua maioria composta por
exemplares de Mata Atlacircntica De acordo com o IBGE(2015) Santos Dumont se localiza
a 839m de altitude O clima da regiatildeo eacute classificado como Tropical de Altitude (Cwb) e
possui uma temperatura meacutedia de 20ordmC Eacute banhado pela bacia hidrograacutefica do Paraiacuteba do
Sul e em sua maioria pertence agrave sub-bacia do Rio Pomba (IGAM) que fornece aacutegua para
abastecimento puacuteblico agrave 88 da populaccedilatildeo por meio da rede de distribuiccedilatildeo
(IBGE2010) Uma pequena parte da zona rural a sudoeste eacute banhada pela Sub-Bacia do
Rio Paraibuna mais precisamente na regiatildeo de fronteira com os municiacutepios de Juiz de
Fora e Ewbank da Cacircmara O sistema viaacuterio principal de acesso agrave cidade eacute a rodovia BR-
040 e a estrada de ferro Dom Pedro II atualmente utilizada somente para transporte de
cargas
Com a economia nos dias atuais baseada majoritariamente no setor de serviccedilos a cidade
possui um Iacutendice de Desenvolvimento humano (IDH) de 0741 (IBGE2010) Apesar do
decliacutenio econocircmico de Santos Dumont nota-se hoje um aumento no nuacutemero de
loteamentos populares e condomiacutenios horizontais e verticais entre outras edificaccedilotildees Eacute
de vital importacircncia que esse crescimento das ocupaccedilotildees seja ordenado e regulamentado
20
de forma a garantir a qualidade ambiental prevenindo deslizamentos e inundaccedilotildees Diante
dessa conjuntura o governo municipal aprovou em 2012 a Lei nordm 4241 que trata do Plano
Diretor Participativo instrumento baacutesico da poliacutetica de desenvolvimento e expansatildeo
urbana do municiacutepio de Santos Dumont
4 METODOLOGIA
41 Aacuterea de estudo
A regiatildeo dentro dos limites do municiacutepio que seraacute estudada neste trabalho eacute conforme
descrito nos anexos Plano Diretor e representada na figura 44 a aacuterea urbana principal
que possui 47 Kmsup2 e compreende a regiatildeo central da cidade e os bairros perifeacutericos regiatildeo
que concentra cerca de 90 da populaccedilatildeo total de Santos Dumont (IBGE 2015) A aacuterea
urbana principal representa 75 da aacuterea total dos 637 Kmsup2 que compreendem o
municiacutepio e eacute o local onde nos uacuteltimos 30 anos se verificou um maior crescimento
populacional e tambeacutem onde ocorre a maioria dos eventos relacionados a deslizamentos
e alagamentos por conta da ocupaccedilatildeo sem planejamento A figura 45 mostra a aacuterea
urbana principal e a localizaccedilatildeo dos bairros urbanos de Santos Dumont
Figura 4 1 Localizaccedilatildeo da aacuterea urbana principal
Fonte Google Earth
21
Figura 4 2 Mapa da aacuterea urbana principal com a localizaccedilatildeo dos bairros
Fonte Do Autor
42 Levantamento e tratamento dos dados
No desenvolvimento deste trabalho foi necessaacuterio se fazer um estudo detalhado sobre o
Plano Diretor de Santos Dumont principalmente dos seus anexos que compreendem os
mapas e a localizaccedilatildeo das aacutereas definidas pelo zoneamento proposto Para que isso fosse
possiacutevel a Secretaria Municipal de Obras e Serviccedilos Puacuteblicos forneceu todos os dados
secundaacuterios produto do estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor e do
zoneamento Estes dados incluem os arquivos Shapefile (shp) e outros documentos
integrantes do Plano Diretor Algumas informaccedilotildees foram complementadas tambeacutem com
dados adquiridos atraveacutes do site do IBGE e do Portal Objetivos do Milecircnio (ODM)
Os dados sobre as ocorrecircncias de deslizamentos e alagamentos foram obtidos atraveacutes da
Defesa Civil do municiacutepio atraveacutes do Sistema Integrado de Informaccedilotildees sobre Desastres
(S2ID) do Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional Tal sistema centraliza as informaccedilotildees sobre
desastres naturais ocorridos em todo o territoacuterio nacional facilitando a pesquisa sobre tais
eventos a qualquer cidadatildeo (BRASIL 2015)
Apesar do sistema ser bastante uacutetil os dados sobre o municiacutepio de Santos Dumont se
encontravam bastante falhos e escassos sendo necessaacuteria complementaccedilatildeo para que a
22
base de dados ficasse consistente Diante disso uma pesquisa atraveacutes dos arquivos do
Jornal Mensagem um jornal semanaacuterio local foi feita entre os anos de 1984 e 2014 e os
dados primaacuterios filtrados em uma planilha do Microsoft Excel para posterior utilizaccedilatildeo
De posse destes dados foi feita a localizaccedilatildeo em campo das coordenadas dos locais
atingidos por deslizamentos e alagamentos no periacuteodo compreendido pela pesquisa com
o auxiacutelio de um aparelho de GPS
A maioria dos arquivos shapefile utilizados para a confecccedilatildeo dos mapas satildeo parte
integrante dos anexos da Lei do Plano diretor do municiacutepio gerados no mecircs de dezembro
de 2011 pelo Instituto Nova Cidade e foram cedidos pela Secretaria Municipal de Obras
e Serviccedilos Puacuteblicos com Datum em UTM SAD 69 Com a finalidade de fornecer um
referenciamento atualizado e de acordo com os mais novos sistemas de coordenadas
utilizados no Brasil os arquivos foram convertidos para o Datum UTM SIRGAS 2000
que diferencia do SAD 69 pelo fato de ser um referencial geocecircntrico ou seja o centro
da Terra eacute o ponto de referecircncia neste sistema enquanto que o primeiro utiliza um
referencial na superfiacutecie da Terra (IBGE2014) Eacute interessante ressaltar tambeacutem que o
SIRGAS 2000 se tornou no ano de 2014 o sistema de coordenadas oficial do Sistema
Geodeacutesico Brasileiro e do Sistema Cartograacutefico Nacional ambos mantidos pelo IBGE A
combinaccedilatildeo dos shapefiles foi feita com o software livre gvSIG e com estas combinaccedilotildees
foram gerados mapas importantes resultados para a execuccedilatildeo deste trabalho A maioria
dos mapas representam a regiatildeo urbana principal de Santos Dumont e foram produzidos
numa escala em torno de 140000 que de acordo com Rocha (2007) eacute uma escala viaacutevel
pois as recomendaacuteveis para trabalhos de anaacutelise ambiental em niacutevel municipal podem ser
entre 150000 e 110000 Alguns mapas cujo detalhamento natildeo eacute necessaacuterio foram
gerados na escala 1100000
Para a geraccedilatildeo dos mapas aleacutem dos arquivos fornecidos pela Secretaria de Obras e
Serviccedilos Puacuteblicos foram utilizados para a geraccedilatildeo do modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE)
e da localizaccedilatildeo dos topos de morro dados gerados pelo sistema de radar Advanced
Spacebone Thermal Emission and Reflection Radiometer (ASTER) que geram as curvas
de niacutevel do terreno com uma resoluccedilatildeo de 30m (NASA2014) O processamento dessas
imagens foi feito pelo software livre gvSIG As imagens geradas pelos sateacutelites
LANDSAT foram adquiridas no site da United States Geological Survey (USGS) e essas
imagens possibilitaram obter um panorama preciso do uso do solo em toda a aacuterea urbana
de Santos Dumont numa resoluccedilatildeo de 15 metros uma vez que foi utilizada a banda
pancromaacutetica do sateacutelite LANDSAT 8 aleacutem da combinaccedilatildeo das bandas 65 e 4
respectivamente que eacute a combinaccedilatildeo recomendada pela mantenedora dos sateacutelites para
anaacutelises deste tipo
23
No que diz respeito a identificaccedilatildeo de APPs em topo de morro a metodologia de Oliveira
amp Fernandes Filho (2013) por utilizar as mesmas bases de dados ateacute entatildeo usadas neste
trabalho foi a mais indicada
A metodologia de anaacutelise dos mapas gerados eacute a proposta pelo professor Jorge Xavier da
Silva do Laboratoacuterio de Geoprocessamento (LAGEOP) da Universidade Federal do Rio
de Janeiro e citada por Rocha (2007) Tal metodologia analisa as variaacuteveis em questatildeo
presentes na aacuterea e permite avaliar as possibilidades de relaccedilotildees entre essas variaacuteveis De
uma maneira geral este meacutetodo verifica o estado atual da aacuterea em estudo bem como das
variaacuteveis gerando inventaacuterios que servem para a construccedilatildeo de dados planimeacutetricos sejam
com as variaacuteveis isoladas ou combinadas Estes dados planimeacutetricos geram assinaturas
que permitem inferir sobre a influecircncia dessas variaacuteveis De posse dos dados gerados pelo
processo anteriormente citado pode-se fazer algumas prospecccedilotildees sobre os riscos
ambientais que a aacuterea pode sofrer ou o seu potencial ambiental (ROCHA 2007)
5 RESULTADOS
51 Levantamento histoacuterico de alagamentos e
deslizamentos
O aumento da demanda pelo uso do solo na regiatildeo urbana de Santos Dumont
principalmente no tocante agrave formaccedilatildeo de novos loteamentos e condomiacutenios nos uacuteltimos
anos eacute consideraacutevel mas tambeacutem haacute de se observar o crescimento dos bairros jaacute existentes
com pouco ou nenhum ordenamento Em ambos os casos se observa ocupaccedilotildees
irregulares em APP o que tem ocasionado um aumento na frequecircncia de deslizamentos
e inundaccedilotildees Eacute evidente que quanto maior a densidade populacional do bairro maior a
quantidade de ocorrecircncias ao longo dos anos (SPERFELD 2009)
De acordo com as ocorrecircncias registradas pela Defesa Civil do municiacutepio obtidas atraveacutes
da literatura utilizada nos uacuteltimos 30 anos Santos Dumont chegou a decretar situaccedilatildeo de
emergecircncia por conta de desastres envolvendo deslizamentos eou alagamentos por duas
vezes num espaccedilo de 10 anos conforme pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho
(BRASIL 2014 CEPED 2011)
Segundo os dados obtidos atraveacutes de pesquisa nos arquivos do semanaacuterio entre os anos
de 1984 e 2014 pode-se verificar que nos uacuteltimos 20 anos a cidade tem experimentado
24
um aumento consideraacutevel nos eventos relacionados a deslizamentos e principalmente
alagamentos como pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho Isso pode ter sido causado
dentre outros fatores pelo aumento do nuacutemero de vias pavimentadas com material
impermeaacutevel o que tem sobrecarregado tanto a infraestrutura existente para drenagem
urbana como tambeacutem a calha dos cursos drsquoaacutegua que passam pela regiatildeo urbana do
municiacutepio (ZANON2013)
Na deacutecada de 1980 (1984-1990) de acordo com os dados obtidos natildeo foram noticiados
eventos consideraacuteveis relacionados a deslizamentos e alagamentos em Santos Dumont
mas isso natildeo exclui a possibilidade de natildeo ter ocorrido tais eventos em menor escala
Na deacutecada de 1990 aconteceram uma seacuterie de ocorrecircncias tanto de deslizamentos quanto
de alagamentos No ano de 1997 num periacuteodo chuvoso intenso aconteceram
deslizamentos consideraacuteveis em vaacuterios bairros da cidade inclusive com desabamento de
casas e de ruas principalmente nos bairros Nossa Senhora da Gloacuteria e Quarto Depoacutesito
Em 1999 ocorreram alguns pontos de alagamento nos bairros Quarto Depoacutesito e Santo
Antocircnio com grandes prejuiacutezos materiais
A deacutecada de 2000 iniciou com o registro de deslizamentos em vaacuterios bairros da cidade
inclusive com desabamento de casas e pontes e alagamentos em importantes vias do
centro da cidade Observa-se ao longo desse periacuteodo o crescimento nas ocorrecircncias de
deslizamentos e de aacutereas com risco de deslizamento em muitos bairros de Santos Dumont
Um dos fatores importantes para esse crescimento foi a grande expansatildeo sofrida pela
maioria dos bairros e a falta de planejamento e orientaccedilatildeo por parte da prefeitura uma
vez que uma boa parte do crescimento dos bairros da cidade ocorreu ou proacuteximo a cursos
drsquoaacutegua ou em aacutereas com declividade improacutepria para se fazer construccedilotildees O bairro
Coacuterrego do Ouro (Figura 51) foi o que mais sofreu com ocorrecircncias de deslizamentos
nesse periacuteodo enquanto o bairro Santo Antocircnio foi que teve mais ocorrecircncias de
alagamentos
25
Figura 5 1 Deslizamento no bairro Coacuterrego do Ouro
Fonte Portal Cabangu
No iniacutecio deacutecada de 2010 (2011-2014) o centro da cidade foi a regiatildeo que mais sofreu
com alagamentos sendo registrado pelo menos uma ocorrecircncia por ano nessa aacuterea (Figura
52) Isso pode ser relacionado dentre outros fatores com as obras de modificaccedilatildeo do
tipo de pavimentaccedilatildeo das estradas por um material impermeaacutevel gerando uma sobrecarga
nos sistemas de drenagem urbana que foram projetados para um tipo de pavimento mais
permeaacutevel implicando tambeacutem na sobrecarga calha do Ribeiratildeo das Posses o principal
curso drsquoaacutegua que corta o centro da cidade e que se encontra em quase sua totalidade
ocupada em ambas as margens que cortam o centro da cidade
26
Figura 5 2 Alagamento na regiatildeo central de Santos Dumont em 2013
Fonte Portal Cabangu
Quanto agraves ocorrecircncias de deslizamento ao longo da referida deacutecada elas estiveram
espalhadas pelos bairros do municiacutepio tendo um maior nuacutemero de ocorrecircncias nos bairros
Santo Antocircnio Nossa Senhora da Gloacuteria e Aacutegua Espraiada Nos dois primeiros bairros
citados as ocorrecircncias podem ter sido ocasionadas pelo crescimento desordenado e sem
planejamento destes e no terceiro as ocorrecircncias satildeo relacionadas ao processo de
assoreamento do Ribeiratildeo das Posses o que pode ter gerado um aumento da velocidade
desse curso drsquoaacutegua causando problemas decorrentes do transporte de sedimentos da aacuterea
onde as casas foram construiacutedas que teve como consequecircncia os deslizamentos
Em resumo como pode ser observado nas figuras 53 e 54 na tabela 51 no periacuteodo de
1984 a 2014 os bairros mais afetados por alagamentos e deslizamentos satildeo Quarto
Depoacutesito Nossa Senhora da Gloacuteria Santo Antocircnio Coacuterrego do Ouro Antocircnio Afonso
Graminha e Vila Esperanccedila sendo que o bairro Coacuterrego do Ouro possui o maior nuacutemero
de ocorrecircncias de deslizamentos e o centro da cidade possui o maior nuacutemero de
ocorrecircncias de alagamentos no periacuteodo pesquisado Vale destacar que a aacuterea propiacutecia a
alagamentos no bairro Antocircnio Afonso natildeo identificada no estudo realizado pela
prefeitura constitui-se efetivamente numa aacuterea de risco conforme levantamento histoacuterico
realizado Esta aacuterea de risco se deve agrave diferenccedila de niacutevel negativa entre o rio Pinho e a
aacuterea do bairro estando este em desniacutevel com um risco iminente de inundaccedilotildees resultantes
da cheia desse curso drsquoaacutegua causando inuacutemeros transtornos aos moradores do local
27
Figura 5 3 Pontos de Alagamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico
Fonte Do autor
Figura 5 4 Pontos de deslizamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico
Fonte Do autor
28
Tabela 51 Ocorrecircncias de alagamentos e deslizamentos obtidos atraveacutes do
levantamento histoacuterico
Pontos de ocorrecircncia (1984-2014)
Bairros Alagamento Deslizamento
Aacutegua Espraiada 1 1
Antocircnio Afonso 1 0
Barra 0 1
Centro 7 1
Coacuterrego do Ouro 1 7
Flores 0 1
Graminha 1 0
Jardim Jaraguaacute 0 1
N Sra da Gloacuteria 0 4
N Sra das Graccedilas 1 0
Quarto Depoacutesito 3 2
Santo Antocircnio 4 2
Satildeo Sebastiatildeo 0 1
Vila Esperanccedila 0 1
Fonte Do autor
De acordo com o estudo realizado na elaboraccedilatildeo do Plano Diretor pela prefeitura
municipal observa-se que os bairros que possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a
deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do Ouro e Vila Esperanccedila enquanto que os que
possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a alagamento satildeo o Centro da cidade e os
bairros Satildeo Sebastiatildeo Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio por estarem agraves margens do
Ribeiratildeo das Posses um curso drsquoaacutegua que sofre com inundaccedilotildees perioacutedicas devido ao
severo assoreamento em algumas regiotildees e tambeacutem devido ao acuacutemulo de lixo descartado
pelos moradores do entorno irregularmente De acordo com o estudo realizado quando da
elaboraccedilatildeo do Plano Diretor do municiacutepio foram feitos estudos sobre as aacutereas propensas
a deslizamentos e alagamentos na regiatildeo urbana principal Tais aacutereas satildeo as destacadas
nas Figuras 55 e 56 No levantamento histoacuterico realizado pode-se identificar que os
bairros que possuem mais aacutereas propensas a deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do
Ouro Nossa Senhora da Gloacuteria Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio enquanto que os bairros
mais propensos a alagamentos satildeo os bairros Centro Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio
como observado na tabela 51
29
Figura 5 5 Aacutereas propensas a deslizamento de acordo com o Plano Diretor de
Santos Dumont
Fonte Google Earth e Lei 42412012
Figura 5 6 Aacutereas propensas a alagamento de acordo com o Plano Diretor de
Santos Dumont
Fonte Google Earth e Lei 42412012
30
Comparando-se os mapas obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico com o mapa gerado
pelo estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor nota-se que haacute semelhanccedilas em
algumas aacutereas mas ao se levar em conta o produto gerado pela pesquisa histoacuterica o
estudo necessitaria ser complementado haja vista que ele natildeo compreende por exemplo
o ponto de alagamento no bairro Antocircnio Afonso citado anteriormente e alguns pontos de
deslizamento importantes uma vez que satildeo regiotildees onde haacute ocupaccedilatildeo Esse fato evidencia
a necessidade de se buscar vaacuterias fontes primaacuterias e secundaacuterias para se detectar aacutereas de
risco em um municiacutepio incluindo arquivos da imprensa local afim de se produzir uma
base de dados consistente e com o menor nuacutemero de falhas possiacutevel (CEPED 2014) Com
a uniatildeo dos dois estudos foram gerados os mapas apresentados nas Figuras 57 e 58
Aleacutem do mais observando as figuras 57 e 58 pode-se notar que uma boa parte tanto dos
casos de alagamento quanto de deslizamento estatildeo na faixa de APP de curso hiacutedrico o
que ilustra a importacircncia da preservaccedilatildeo destas aacutereas
Figura 5 7 Aacutereas propensas a alagamento do estudo do Plano Diretor
complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento
Fonte Do Autor
31
Figura 5 8 Aacutereas propensas a deslizamento do estudo do Plano Diretor
complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento
Fonte Do Autor
Atraveacutes da combinaccedilatildeo entre estes dois levantamentos procurou-se alimentar a base de
dados e garantir uma consistecircncia maior desta no que diz respeito a aacutereas de deslizamento
e alagamento podendo inclusive se identificar a suscetibilidade de uma determinada
regiatildeo da cidade a um ou outro evento (CEPED2014)
512 O Plano diretor e as APPs
Nos uacuteltimos anos o Brasil experimentou um forte fenocircmeno de migraccedilatildeo do campo para
as aacutereas urbanas De acordo com o IBGE no periacuteodo de 1940 a 2000 houve um aumento
de cerca de 60 do nuacutemero de pessoas que vivem em cidades (SILVA JR 2006) O
processo de planejamento e ordenamento do uso do solo nessas aacutereas deveria ter
acompanhado esse crescimento ao longo dos anos a fim de garantir a qualidade de vida e
a seguranccedila dos migrantes ao se instalarem nas cidades o que natildeo ocorreu e o que se
observa atualmente satildeo ocupaccedilotildees em aacutereas improacuteprias para moradia sem a infraestrutura
baacutesica necessaacuteria e com risco iminente de deslizamentos eou inundaccedilotildees
O Plano Diretor do municiacutepio de Santos Dumont em seu capiacutetulo IV que versa sobre o
uso e ocupaccedilatildeo do solo explicita regras para o ordenamento do territoacuterio que compreende
o municiacutepio com base nos diferentes usos do solo de acordo com sua compatibilidade o
32
que acabou por resultar num zoneamento de todo o municiacutepio em macrozonas conforme
citado na seccedilatildeo 3231 de acordo com os usos atuais e futuros do solo Aleacutem de dividir
estas macrozonas em urbanas e rurais tambeacutem avaliou e classificou estas aacutereas com base
numa seacuterie de fatores ambientais geoloacutegicos culturais e sociais de forma a se fazer um
zoneamento coerente com os atuais usos do solo e seu potencial de uso futuro Apresenta-
se na Figura 59 este zoneamento na aacuterea urbana principal de Santos Dumont
Figura 5 9 Zoneamento urbano da aacuterea urbana principal
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Lei 42412012
Tomando como referecircncia o Novo Coacutedigo Florestal brasileiro em especial os paracircmetros
estabelecidos para a definiccedilatildeo de APP e utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento
atraveacutes do software Vista SAGA relacionou-se as APPs existentes na aacuterea em estudo com
as regiotildees propiacutecias a alagamentos e deslizamentos de acordo com o estudo feito quando
da elaboraccedilatildeo do Plano Diretor afim de se identificar qual ou quais aacutereas possuem estes
problemas e se estatildeo relacionados com o uso do solo irregular em APP
Ao se aplicar a metodologia proposta por Oliveira amp Fernandes Filho (2013) natildeo foram
identificadas dentro da aacuterea de estudo APPs de topos de morro sendo este tipo de APP
descartada portanto das anaacutelises subsequentes deste trabalho Foram consideradas as
APP de curso hiacutedrico (rios e nascentes) e de declividade visando relacionaacute-las as aacutereas
de risco identificadas pela Prefeitura afim de se verificar as possiacuteveis causas da ocorrecircncia
33
destas aacutereas na regiatildeo urbana do municiacutepio Por meio de combinaccedilotildees entre dois mapas
temaacuteticos utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento foi possiacutevel obter as
assinaturas ou seja tabelas que caracterizam quantitativamente a aacuterea afetada por cada
aspecto visto que a simples visualizaccedilatildeo do mapa gerado pelo geoprocessamento muitas
vezes eacute prejudicada por serem aacutereas de pequenas dimensotildees ou por qualquer outra
limitaccedilatildeo do software Ressalta-se que para a elaboraccedilatildeo do Plano Municipal de Reduccedilatildeo
de riscos a identificaccedilatildeo e detalhamento topograacutefico destas aacutereas eacute fundamental para o
desenvolvimento do referido Plano conforme seraacute abordado detalhadamente na seccedilatildeo
52
De posse do mapa que representa o zoneamento urbano de Santos Dumont primeiramente
procurou-se mensurar qualitativa e quantitativamente a presenccedila de APPs tanto de
declividade quanto de cursos hiacutedricos Essa identificaccedilatildeo eacute importante pois este
zoneamento eacute um dos instrumentos de planejamento municipal (BRASIL 2001) Saboya
(2007) aponta que os principais objetivos de um zoneamento satildeo o controle da expansatildeo
urbana e proteccedilatildeo de aacutereas inadequadas a ocupaccedilatildeo aleacutem de reduzir os conflitos inerentes
aos diferentes usos do solo Com o uso da ferramenta ldquoCombinarrdquo do Vista SAGA foram
feitas combinaccedilotildees entre o mapa de hidrografia com buffer de 30m para rios e coacuterregos e
de 50m para nascentes com o mapa do zoneamento para se verificar a importacircncia das
APPs de curso hiacutedrico em toda a aacuterea urbana principal do municiacutepio Tambeacutem foram
combinados o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) obtido atraveacutes do gvSIG com o mapa
de zoneamento afim de se verificar quantitativamente as APPs de declividade e onde se
localizam Vale ressaltar que as declividades entre 30 e 47 estatildeo presentes nesta
combinaccedilatildeo pois de acordo com o Plano Diretor de Santos Dumont terrenos com esta
faixa de declividade para fins de parcelamento devem possuir estudo teacutecnico que ateste
a viabilidade de se promover algum empreendimento imobiliaacuterio neste (SANTOS
DUMONT 2012) Como a legislaccedilatildeo municipal prevecirc estudo somente para a faixa de
declividade descrita anteriormente para fins de anaacutelise neste trabalho consideramos um
valor mais conservador para APP compreendendo a faixa de 47 a 100 aleacutem da
prevista pela legislaccedilatildeo federal (gt100) para que natildeo houvessem lacunas importantes na
geraccedilatildeo do produto
Apresenta-se na Figura 510 aacutereas com declividades consideradas de risco e consideradas
APP e em qual zona de planejamento elas estatildeo inseridas De um modo geral ao se
observar a Tabela 52 nota-se que a aacuterea que compreende declividades de risco e APP eacute
uma pequena parcela da aacuterea urbana principal representando 061 desta aacuterea Ao se
levar em conta somente a localizaccedilatildeo pode-se verificar que cerca de 84 das aacutereas com
declividade de risco e a totalidade das APPs de declividade estatildeo localizadas na ZAC1
zona que compreende a maior parte do municiacutepio e apesar de possuir infraestrutura baacutesica
para a ocupaccedilatildeo esta eacute restrita Sendo assim o fator declividade deve ser visto com cautela
nesta aacuterea para se evitar transtornos advindos de edificaccedilotildees nestas aacutereas
34
Figura 5 10 Combinaccedilatildeo entre as declividades importantes incluindo as APPs e o
zoneamento urbano
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Do autor
Tabela 52 Assinaturas da combinaccedilatildeo Declividade x Zoneamento
Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea
Natildeo APP 457972 9939
Declividade 30-47 em ZAC1 2368 051
Declividade 30-47 em ZE 284 006
Declividade 30-47 em ZAC2 128 003
Declividade 30-47 em ZPA 004 0001
APP Declividade em ZAC1 048 001
Total 460804 100
Fonte Do autor
Apresenta-se na Figura 511 as APPs de curso hiacutedrico (nascentes e rios) e em qual zona
de planejamento estatildeo localizadas Assim como a declividade a maior parte das APPs de
curso hiacutedrico estatildeo localizadas em ZAC1 representando 383 da aacuterea urbana em estudo
e 51 do total das APPs de curso hiacutedrico Esta questatildeo tambeacutem deve ser vista com
bastante criteacuterio pelos gestores locais uma vez que a ocupaccedilatildeo em faixas proacuteximas de
rios e coacuterregos podem causar uma gama de problemas ambientais e sociais na regiatildeo
(SANTANA2011) Tal cuidado tambeacutem deve ser tomado nas APPs compreendidas na
35
ZAC2 que compreende 001 da Aacuterea urbana principal e 14 do total das APPs de curso
hiacutedrico pois a infraestrutura baacutesica e acessibilidade presente nesta zona eacute precaacuteria e a
ocupaccedilatildeo as margens de cursos hiacutedricos pode gerar problemas seacuterios caso ocorra uma
expansatildeo nestas aacutereas
Figura 511 Combinaccedilatildeo entre APP de curso hiacutedrico e as zonas de planejamento
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Do autor
Outro ponto importante eacute a presenccedila da Zona de Proteccedilatildeo Ambiental (ZPA) no entorno
uma consideraacutevel parte dos cursos hiacutedricos Nesta zona estatildeo presentes 28 das APPs de
curso hiacutedrico e esta zona de acordo com o Plano Diretor deve ser restaurada ou
preservada por suas caracteriacutesticas geoloacutegicas topograacuteficas e bioloacutegicas
Afim de se verificar os usos do solo na regiatildeo em estudo foram utilizadas combinaccedilotildees
de imagens advindas do sateacutelite Landsat 8 nas bandas descritas no capiacutetulo 4 aleacutem da
banda pancromaacutetica O resultado eacute apresentado na figura 512 que mostra os principais
usos do solo na aacuterea urbana principal de Santos Dumont
36
Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x Zoneamento
Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea
Hidrografia 11168 239
Aacuterea Urbana Natildeo APP 421004 9008
APP Curso hiacutedrico em ZAC1 179 383
APP Curso hiacutedrico em ZPA 9776 209
APP Curso hiacutedrico em ZE 184 004
APP Curso hiacutedrico em ZA 1192 026
APP Curso hiacutedrico em ZAC2 5124 110
APP Curso hiacutedrico em ZPPH 248 005
APP Curso hiacutedrico em ZEIS 568 012
APP Curso hiacutedrico em ZCA 228 005
Total 467392 10000
Fonte Do autor
Figura 5 12 Mapa de usos do solo da aacuterea urbana principal de Santos Dumont
Fonte Do autor
Como jaacute era previsto a maior parte da aacuterea urbana se encontra ocupada e eacute nesta regiatildeo
ocupada que se observa a maior concentraccedilatildeo de problemas de deslizamentos e
alagamentos (Figuras 513 e 514) A grande ocupaccedilatildeo em aacutereas consideradas APP de
curso hiacutedrico de acordo com os mapas gerados pode ser a principal causa do aumento a
cada ano dos casos de alagamento principalmente na regiatildeo central da cidade Outro ponto
que se deve atentar eacute a existecircncia de uma consideraacutevel aacuterea de pastagem pouco vegetada
que caso estejam em aacutereas elevadas pode contribuir para deslizamentos e agraves margens de
37
rios e coacuterregos para o assoreamento destes corpos hiacutedricos o que pode causar
alagamentos (INAacuteCIO etal 2007)
Diante destes resultados pode-se ver que a cidade de Santos Dumont necessita alternativas
efetiva no que diz respeito agrave contenccedilatildeo de deslizamentos e a reduccedilatildeo de risco de
alagamento pois as aacutereas em que ocorrem tais eventos satildeo distintas e facilmente definidas
devido agrave repeticcedilatildeo destes nos uacuteltimos anos Um plano de accedilatildeo integrado entre as diferentes
secretarias municipais (Obras Meio Ambiente Assistecircncia Social entre outras) e a
Coordenadoria Municipal de Defesa Civil deve ser realizado afim de se tomar medidas
natildeo mais preventivas mas sim preditivas para que se possa conter o avanccedilo destes
problemas na aacuterea urbana principal bem como em toda a aacuterea do municiacutepio
Figura 5 13 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na aacuterea urbana
principal
Fonte Do autor
38
Figura 5 14 Aacutereas sujeitas a alagamento e os principais usos do solo na aacuterea
urbana principal
Fonte Do autor
Ao se associar os dados do estudo do Plano Diretor com os dados do levantamento
histoacuterico realizado com o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) pode-se notar que as aacutereas
propiacutecias a deslizamento estatildeo em regiotildees as quais haacute uma fronteira de declividades ou
seja eacute evidente que os deslizamentos ocorrem em encostas um pouco mais iacutengremes mas
natildeo necessariamente nas encostas de 30-47 as quais exigem estudo teacutecnico conforme o
plano diretor preconiza Quanto aos alagamentos nota-se que eles se localizam nas aacutereas
com menor ou nenhuma declividade podendo ser estas aacutereas talvez componentes da
planiacutecie de inundaccedilatildeo dos rios Estes resultados podem ser vistos nas figuras 515 e 516
a seguir
39
Figura5 15 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a deslizamentos na
regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
Fonte Lei 42412012 e Autor
Figura5 26 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a alagamentos na
regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
Fonte Lei 42412012 e Autor
40
52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis
O processo de ocupaccedilatildeo no municiacutepio de Santos Dumont comeccedilou muito antes de
qualquer legislaccedilatildeo relacionada a ordenamento urbano e de proteccedilatildeo do meio ambiente
fosse implementado no Brasil Esse fato aliado a poliacuteticas e fiscalizaccedilotildees falhas
contribuiacuteram para a ocupaccedilatildeo e expansatildeo da aacuterea urbana ao longo do Ribeiratildeo das Posses
e seus afluentes o que tem gerado o aumento da degradaccedilatildeo destes corpos hiacutedricos ao
longo de todos estes anos Observa-se tambeacutem que nas uacuteltimas deacutecadas ocorreu um
grande nuacutemero de migraccedilotildees do campo para a regiatildeo urbana da cidade fator que
contribuiu para o crescimento do nuacutemero de habitaccedilotildees em aacutereas de risco de deslizamento
e alagamentos por serem na maioria das vezes terrenos menos valorizados e por este
motivo acessiacuteveis a populaccedilatildeo com menor poder aquisitivo (ROSA amp CORTEZ 2008)
Vale ressaltar que esta questatildeo aleacutem de ser ambiental eacute muito mais social pois os
moradores entendem os riscos de se viver nestes locais mas por motivos econocircmicos ou
por questotildees afetivas natildeo abrem matildeo da moradia nessas aacutereas A Constituiccedilatildeo Federal de
1988 promoveu a inter-relaccedilatildeo das questotildees sociais com as questotildees ambientais quando
colocou o meio ambiente como direito coletivo (BRASIL1988 SOUZA2010) Por este
motivo a decisatildeo por medidas draacutesticas que favoreccedilam apenas agrave preservaccedilatildeo do meio
ambiente natildeo eacute recomendada pois aleacutem de ser inconstitucional podem afetar a
sustentabilidade econocircmica do municiacutepio e gerar conflitos sociais consideraacuteveis
(CARLOS 1992 apud SOUZA 2010)
Segundo Bueno (2009) ldquonem tudo o que eacute irregular eacute precaacuteriordquo Esse fato se observa em
Santos Dumont uma vez que em boa parte da regiatildeo central se observa vaacuterias moradias
construiacutedas na faixa de APP de curso hiacutedrico o que natildeo eacute permitido pela legislaccedilatildeo
vigente e eacute um dos fatores que contribui para a ocorrecircncia de alagamentos nesta aacuterea da
cidade Para a resoluccedilatildeo deste problema o que seria mais viaacutevel seria a melhoria da
infraestrutura de drenagem urbana afim de que o escoamento da aacutegua das chuvas natildeo
sobrecarregasse o sistema (BUENO2009) A construccedilatildeo de bacias de contenccedilatildeo de
cheias ao longo do Ribeiratildeo das Posses tambeacutem seria uma alternativa mas para se verificar
a viabilidade necessita-se estudos mais aprofundados do ponto de vista hidroloacutegico
O grande problema a ser solucionado no entanto eacute o que diz respeito agraves aacutereas de risco
de deslizamento majoritariamente nos bairros A melhor alternativa seria o
remanejamento dos moradores para uma aacuterea proacutexima agrave que moram poreacutem longe do
risco Poreacutem esta alternativa de acordo com Rosa Filho amp Cortez (2008) encontra alguns
entraves pois estas pessoas na maioria das vezes natildeo tecircm condiccedilotildees financeiras de irem
para outro lugar ou pagar aluguel ou estatildeo de alguma forma sentimentalmente ligadas
agravequela regiatildeo que se recusam a deixaacute-lo
41
Por parte dos oacutergatildeos competentes no municiacutepio a criaccedilatildeo de um plano para se evitar
acidentes ocasionados por deslizamentos e alagamentos com um mapeamento detalhado
de toda a extensatildeo do municiacutepio eacute extremamente uacutetil Os estudos que seratildeo feitos para a
elaboraccedilatildeo deste plano poderatildeo definir quais as aacutereas satildeo potencialmente de risco para as
ocupaccedilotildees existentes ou para as potenciais ocupaccedilotildees que possam vir a ocorrer atraveacutes do
mapeamento das aacutereas de risco Tal planejamento seraacute auxiliar ao Plano Diretor
Municipal pois definiraacute o real uso do solo de determinada regiatildeo do municiacutepio
contribuindo para a adequaccedilatildeo do uso e ocupaccedilatildeo do solo afim de evitar ou reduzir o
nuacutemero de problemas relacionados a alagamentos e principalmente deslizamentos no
periacutemetro urbano (TOMINAGA 2009) A partir deste plano os gestores locais poderatildeo
tomar a melhor decisatildeo para a prevenccedilatildeo ou reduccedilatildeo dos riscos inerentes a tais problemas
Na seccedilatildeo 521 seraacute hierarquizado de forma preliminar a aacuterea urbana principal de acordo
com os resultados da tabela 51
521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta
O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos (PMRR) foi criado atraveacutes de accedilotildees
regularizadoras do Ministeacuterio das Cidades para ser o instrumento de gestatildeo e
gerenciamento de aacutereas de risco em um municiacutepio Eacute um documento que aleacutem de
estabelecer quais regiotildees satildeo consideradas de risco tambeacutem objetiva a proposta de
medidas estruturais ou natildeo para contenccedilatildeo eou prevenccedilatildeo de cataacutestrofes aleacutem de ser um
meio de captaccedilatildeo de recursos financeiros junto aos Governos Estadual e Federal Estes
recursos poderatildeo ser utilizados para a realizaccedilatildeo de obras que visem a melhoria da
qualidade de vida da populaccedilatildeo do entorno ou de recuperaccedilatildeo da aacuterea degradada Este
plano eacute realizado de forma participativa com as comunidades das aacutereas de risco e pode
ser realizado em sete fases conforme recomenda o Ministeacuterio das Cidades (ALHEIROS
2006)
O primeiro passo para a realizaccedilatildeo do PMRR eacute definir qual a metodologia seraacute empregada
levando-se em consideraccedilatildeo a realidade atual do municiacutepio e especificar de forma sucinta
um cronograma das atividades Eacute importante nesta fase a participaccedilatildeo tambeacutem dos
responsaacuteveis pelas mais variadas Secretarias Municipais afim de explicitar o tamanho da
importacircncia e o caraacuteter integrador deste plano A segunda fase deste plano objetiva a
criaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo da principal base de dados a ser utilizada nos passos posteriores o
mapeamento de risco em escala detalhe em torno de 13000 (SAtildeO PAULO 2014) A
elaboraccedilatildeo de um mapeamento detalhado propiciaraacute natildeo soacute a identificaccedilatildeo mais faacutecil das
aacutereas de risco como tambeacutem facilitaraacute aos gestores e agrave comunidade decidirem qual a
melhor intervenccedilatildeo para a soluccedilatildeo ou remediaccedilatildeo dos problemas em uma determinada
42
aacuterea hierarquizando o risco e definindo prioridades (SAtildeO PAULO 2014) Na tabela a
seguir apresenta-se alguns tipos de intervenccedilotildees que podem ser feitas em aacutereas de risco
sugeridas pelo Ministeacuterio das cidades (ALHEIROS 2006)
Quadro 5 1 - Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco
Tipo de intervenccedilatildeo Descriccedilatildeo
Serviccedilos de limpeza e Recuperaccedilatildeo
Remoccedilatildeo de entulho lixo etc
corte de aacutervores
remoccedilatildeo de bananeiras
recuperaccedilatildeo eou limpeza de sistemas de
drenagem esgotos e acessos
Limpeza de canais de drenagem
Proteccedilatildeo Vegetal
Proteccedilatildeo superficial vegetal (gramiacuteneas) em
taludes com solo exposto
Proteccedilatildeo vegetal de margens de canais de
drenagem
Barreiras vegetais para massas escorregadas
ou acumuladas pela erosatildeo
Drenagem Superficial e Acessos
Sistema de drenagem superficial (canaletas
raacutepidos caixas de transiccedilatildeo escadas drsquoaacutegua)
Acessos para pedestres (escadarias rampas
etc) integrados ao sistema de drenagem
Revestimento de Taludes Revestimento com materiais artificiais
cimentado cal-jet tela argamassada alvenaria
de tijolos ceracircmicos solo-cimento ensacado
Desmonte de blocos e matacotildees Desmonte de concreccedilotildees de grande porte
blocos rochosos e matacotildees
Obras de drenagem de subsuperfiacutecie Sistema de drenagem de subsuperfiacutecie
(trincheiras drenantes DHP poccedilos de
rebaixamento)
Estruturas de contenccedilatildeo (localizadas)
Muros de contenccedilatildeo de pequeno porte (solo-
cimento ensacado alvenaria de pedra-rachatildeo
concreto armado)
Estruturas de contenccedilatildeo localizadas
(chumbadores tirantes microestacas)
Contenccedilatildeo e proteccedilatildeo de margens de canais (
gabiotildees muros de concreto etc)
Estruturas de contenccedilatildeo (meacutedio e grande porte) Implantaccedilatildeo de estruturas de contenccedilatildeo de
meacutedio e grande porte envolvendo obras de
contenccedilatildeo passivas e ativas (muros de
gravidade cortinas etc)
Terraplanagem Execuccedilatildeo de serviccedilos de terraplanagem
combinados a obras de drenagem superficial e
proteccedilatildeo vegetal desvio e canalizaccedilatildeo de
coacuterregos
Remoccedilatildeo de moradias Remoccedilotildees definitivas para implantaccedilatildeo de
obras ou devido agrave localizaccedilatildeo improacutepria da
edificaccedilatildeo (Priorizar as relocaccedilotildees dentro da
proacutepria aacuterea em local seguro)
Fonte ALHEIROS 2006
43
Escolhidas as formas de intervenccedilatildeo para cada aacuterea eacute necessaacuterio realizar uma estimativa
dos custos afim de preparar o orccedilamento da prefeitura para a realizaccedilatildeo das obras e se
seraacute necessaacuterio a captaccedilatildeo de recursos externos para a execuccedilatildeo destas Feitas as
estimativas de custo o proacuteximo passo eacute definir as prioridades e para esta fase eacute tambeacutem
uacutetil o mapeamento feito nas etapas anteriores pois seraacute necessaacuterio hierarquizar tais
intervenccedilotildees nas aacutereas de risco O Ministeacuterio das Cidades (2007) sugere alguns criteacuterios
que podem ser avaliados pelo gestor dentre eles pode-se citar
Grau de risco
Populaccedilatildeo beneficiada
Custo da intervenccedilatildeo
Dimensatildeo da aacuterea a ser tratada
Demandas anteriores da populaccedilatildeo
Tempo de ocupaccedilatildeo
Viabilidade teacutecnica da intervenccedilatildeo
Viabilidade financeira
Inclusatildeo da aacuterea em outros projetos
A partir desta hierarquizaccedilatildeo inicia-se a identificaccedilatildeo de provaacuteveis fontes de captaccedilatildeo de
recursos para a execuccedilatildeo das intervenccedilotildees Estes recursos podem advir de programas dos
governos Federal e Estadual ou por meio de editais para captaccedilatildeo de recursos financeiros
tanto do setor puacuteblico como da iniciativa privada e podem ser tambeacutem associados agrave outras
Secretarias Municipais como a de Turismo ou Meio Ambiente e natildeo soacute as destinadas agrave
Defesa Civil (ALHEIROS 2006)
Eacute previsto tambeacutem no PMRR uma avaliaccedilatildeo da Defesa Civil municipal e como ela estaacute
estruturada fazendo inclusive sugestotildees para que sua atuaccedilatildeo esteja em consonacircncia com
a realidade das comunidades e da Administraccedilatildeo Puacuteblica do municiacutepio de forma a garantir
sua sustentabilidade e conquistar a credibilidade da populaccedilatildeo no que diz respeito a
prevenccedilatildeo de cataacutestrofes Para que a resposta a uma determinada situaccedilatildeo de risco seja
raacutepida eacute necessaacuterio a descentralizaccedilatildeo da Defesa Civil criando pequenos nuacutecleos
comunitaacuterios com a finalidade de se monitorar a aacuterea constantemente e promover as
intervenccedilotildees necessaacuterias em tempo haacutebil o que aumenta em muito a credibilidade da
populaccedilatildeo no PMRR e no trabalho desempenhado pela Defesa Civil no municiacutepio Apoacutes
esta etapa o PMRR passaraacute por audiecircncias puacuteblicas e posteriormente poderaacute ser aprovado
como Lei Municipal pelo Legislativo local (ALHEIROS 2006)
Com a realizaccedilatildeo deste plano o municiacutepio estaraacute munido de informaccedilotildees suficientes para
realizar accedilotildees efetivas de gestatildeo e gerenciamento de riscos bem como aliado a
levantamentos sociais realizar programas habitacionais que beneficiem prioritariamente
44
aos moradores das aacutereas de risco Aleacutem disso com o PMRR o municiacutepio poderaacute melhorar
a qualidade ambiental da populaccedilatildeo captando recursos para a recuperaccedilatildeo das aacutereas de
APP que foram degradadas pelas ocupaccedilotildees irregulares beneficiando todos os moradores
do municiacutepio com o aumento da qualidade de vida na cidade
A partir do disposto nesta seccedilatildeo acerca do Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos e de
uma maneira preliminar (levando-se em conta apenas o nuacutemero de registros de
alagamentos e deslizamentos na aacuterea urbana principal de Santos Dumont no periacuteodo de
1984 a 2014) identificou-se trecircs regiotildees distintas na aacuterea urbana do municiacutepio com
tempo de recorrecircncia desses eventos similares caracterizando trecircs prioridades de
intervenccedilatildeo em contenccedilatildeo de risco como pode ser visto nas figuras 515 e 516 Vale
ressaltar que eacute necessaacuterio um estudo mais detalhado inclusive com visitas teacutecnicas a
campo para que se confirme a real situaccedilatildeo destas e a real prioridade para investimentos
Figura 5 17 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de deslizamentos
Fonte Do Autor
45
Figura 5 18 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de alagamentos
Fonte Do Autor
46
6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees
A seguir apresenta-se as conclusotildees e as recomendaccedilotildees feitas a partir dos objetivos
especiacuteficos explicitados no iniacutecio deste trabalho
Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a
aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes
urbanos
A partir da revisatildeo da legislaccedilatildeo pertinente em acircmbito federal estadual e
municipal constatou-se que o Plano Diretor de Santos Dumont natildeo conflita com a
legislaccedilatildeo federal e estadual sobre Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente A legislaccedilatildeo
municipal foi entendida como mais conservadora que as federal e estadual uma
vez que considera implicitamente que declividades entre 47 e 100 satildeo
enquadradas como APPs aleacutem da faixa superior a 100
Parte consideraacutevel das ocupaccedilotildees em APP principalmente na regiatildeo do bairro
Santo Antocircnio (onde surgiu os primeiros nuacutecleos que deram origem ao municiacutepio)
e o centro da cidade ocorreram antes de que fosse elaborado qualquer legislaccedilatildeo
que versasse sobre o tema Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente bastando ao gestor
local tomar medidas de contenccedilatildeo de riscos que minimizem os impactos causados
por essas ocupaccedilotildees nessa regiatildeo
O ordenamento adequado do uso do solo no municiacutepio eacute necessaacuterio para que o
crescimento dos loteamentos criados anteriormente agrave esta Lei e o surgimento de
novos natildeo avance para Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente o que pode causar
inuacutemeros problemas aos moradores e agravar os jaacute existentes
Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las
com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)
As aacutereas onde houveram a maior quantidade de registros de deslizamentos satildeo os
bairros mais populosos de Santos Dumont podendo se estabelecer uma relaccedilatildeo
que quanto mais populoso o bairro maior a quantidade de problemas relacionados
a deslizamentos Tambeacutem pode-se notar uma relaccedilatildeo com as fronteiras das faixas
de declividades e os deslizamentos uma vez que boa parte deles aconteceram
nestas faixas
As aacutereas onde houve um grande nuacutemero de registros de alagamentos satildeo os bairros
que se desenvolveram agraves margens do Ribeiratildeo das Posses em especial na aacuterea que
47
compreende as APPs de curso hiacutedrico e em aacutereas onde a declividade eacute baixa Esse
fato aliado ao crescimento do nuacutemero de vias pavimentadas com material
impermeaacutevel e a natildeo expansatildeo e ou redimensionamento da rede de drenagem
urbana contribuiacuteram para a ocorrecircncia cada vez mais constante de alagamentos
nessas aacutereas
Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos
catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30
anos
A partir do levantamento histoacuterico realizado e da base de dados georeferenciada
gerada observou-se o aumento do nuacutemero de registros de deslizamentos e
alagamentos nos uacuteltimos 10 anos quando as ocorrecircncias comeccedilaram a se repetir
numa mesma aacuterea com frequecircncia incrementada as vezes com mais de uma
ocorrecircncia anual
Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do
solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental
Destaca-se a adequaccedilatildeo dos criteacuterios gerais estabelecidos pelo Plano Diretor de
Santos Dumont relativos a legislaccedilatildeo federal e estadual Entretanto o referido
Plano Diretor natildeo contempla todo o territoacuterio municipal sendo assim ele natildeo
cumpre o objetivo de proteger as APPs preservadas e recuperar as que foram
degradadas em todo o territoacuterio municipal Ressalta-se tambeacutem a sua natildeo
conformidade com o Estatuto das Cidades uma vez que o Plano Diretor
contempla apenas os novos loteamentos
Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais
negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea
impactada
Recomenda-se a implantaccedilatildeo no municiacutepio de uma Coordenadoria Municipal de
Defesa Civil atuante e integrada agraves Secretarias Municipais e agrave comunidade
visando uma atuaccedilatildeo eficaz nos problemas relacionados a deslizamentos e
alagamentos A elaboraccedilatildeo de um Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos eacute de
suma importacircncia pois atraveacutes dele pode-se predizer as aacutereas que passaratildeo por
problemas caso a expansatildeo aconteccedila ou se inicie uma ocupaccedilatildeo nova aleacutem de
prevenir acidentes nas aacutereas jaacute ocupadas e consideradas de risco
48
7 Anexos
49
71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont
50
51
72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)
52
53
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11
subterracircneos assegurando tambeacutem de certa forma a integridade dos seres humanos que
potencialmente ocupariam tais locais (CARVALHO 2013)
Neste trabalho a legislaccedilatildeo tomada como referecircncia eacute a prevista pela Constituiccedilatildeo Federal
de 1988 o Novo Coacutedigo Florestal (Lei 126512012) e o Estatuto das Cidades (Lei
102572001) em acircmbito federal Na esfera estadual a Lei 209222013 versa sobre os
limites para APP em todo o territoacuterio de Minas A Lei Municipal 42412012 trata do
Plano Diretor Municipal da cidade de Santos Dumont onde se encontra as diretrizes para
o uso e ocupaccedilatildeo do solo e o zoneamento da cidade de acordo com as caracteriacutesticas do
solo entre outras
322 O Novo Coacutedigo Florestal e a legislaccedilatildeo mineira
O Novo Coacutedigo Florestal Lei Federal 126512012 substituiu a Lei Federal 47711965
Dentre os vaacuterios artigos que esta lei possui o que apresenta maior importacircncia para o
planejamento e o ordenamento das cidades tanto na aacuterea urbana como na rural eacute o artigo
4ordm em que constam as faixas de APP tanto para curso hiacutedrico como para declividade e
altitude aleacutem dos topos de morro a saber (BRASIL2012)
ldquoArt 4ordm Considera-se Aacuterea de Preservaccedilatildeo
Permanente em zonas rurais ou urbanas para os
efeitos desta Lei
I - as faixas marginais de qualquer curso drsquoaacutegua
natural perene e intermitente excluiacutedos os
efecircmeros desde a borda da calha do leito regular
em largura miacutenima de
a) 30 (trinta) metros para os cursos drsquoaacutegua de
menos de 10 (dez) metros de largura
b) 50 (cinquenta) metros para os cursos drsquoaacutegua
que tenham de 10 (dez) a 50 (cinquenta) metros de
largura
()
IV - as aacutereas no entorno das nascentes e dos olhos
drsquoaacutegua perenes qualquer que seja sua situaccedilatildeo
topograacutefica no raio miacutenimo de 50 (cinquenta)
metros
12
V - as encostas ou partes destas com declividade
superior a 45deg equivalente a 100 (cem por
cento) na linha de maior declive
()
IX - no topo de morros montes montanhas e
serras com altura miacutenima de 100 (cem) metros e
inclinaccedilatildeo meacutedia maior que 25deg as aacutereas
delimitadas a partir da curva de niacutevel
correspondente a 23 (dois terccedilos) da altura
miacutenima da elevaccedilatildeo sempre em relaccedilatildeo agrave base
sendo esta definida pelo plano horizontal
determinado por planiacutecie ou espelho drsquoaacutegua
adjacente ou nos relevos ondulados pela cota do
ponto de sela mais proacuteximo da elevaccedilatildeo
X - as aacutereas em altitude superior a 1800 (mil e
oitocentos) metros qualquer que seja a
vegetaccedilatildeo
()rdquo
A legislaccedilatildeo atual em seu artigo 4ordm evidencia que as faixas e aacutereas determinadas como
APP compreendem tanto as aacutereas rurais quanto urbanas (BRASIL 2012) retirando a
duacutevida anterior e sendo essa a Lei suplementar qualquer faixa de APP mais permissiva
na legislaccedilatildeo estadual e municipal satildeo invaacutelidas o que simplificou de certa forma a
aplicabilidade da Legislaccedilatildeo referente a Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente
No Estado de Minas Gerais a Lei Estadual 20922 de 16 de Outubro de 2013 trata do tema
em acircmbito estadual mas com os mesmos princiacutepios propostos pela Lei Federal sendo os
limites miacutenimos previstos para as APPs os mesmos propostos pelo Novo Coacutedigo
Florestal brasileiro (MINAS GERAIS2013)
ldquo Art 9ordm Para os efeitos desta Lei em zonas rurais
ou urbanas satildeo APPs
I as faixas marginais de cursos drsquoaacutegua naturais
perenes e intermitentes excluiacutedos
os efecircmeros medidas a partir da borda da calha
do leito regular em largura miacutenima de
13
a) 30m (trinta metros) para os cursos drsquoaacutegua de
menos de 10m (dez metros) de largura
b) 50m (cinquenta metros) para os cursos drsquoaacutegua
de 1 0m (dez metros) a 50m (cinquenta metros) de
largura
()
IV as aacutereas no entorno das nascentes e dos olhos
drsquoaacutegua perenes no raio miacutenimo de 50m
(cinquenta metros)
V as encostas ou partes destas com declividade
superior a 45ordm (quarenta e cinco graus)
equivalente a 100 (cem por cento) na linha de
maior declive
()
VII no topo de morros montes montanhas e
serras com altura miacutenima de 100m (cem metros)
e inclinaccedilatildeo meacutedia maior que 25ordm (vinte e cinco
graus) as aacutereas delimitadas a partir da curva de
niacutevel correspondente a 23 (dois terccedilos) da altura
miacutenima da elevaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave base sendo esta
definida pelo plano horizontal determinado por
planiacutecie ou espelho drsquoaacutegua adjacente ou nos
relevos ondulados pela cota do ponto de sela mais
proacuteximo da elevaccedilatildeo
VIII as aacutereas em altitude superior a 1 800m (mil
e oitocentos metros)
()rdquo
323 O Plano Diretor
O Estatuto das Cidades em seu artigo 40 prevecirc o plano diretor como um instrumento
capaz de promover a poliacutetica urbana englobando toda a cidade aleacutem de fornecer padrotildees
e limites para o uso do solo nas mais diversas regiotildees do municiacutepio com vistas a
harmonizar o desenvolvimento urbano com a preservaccedilatildeo do meio ambiente (SILVA JR
2006) Este instrumento eacute obrigatoacuterio para cidades com mais de 20 mil habitantes ou
14
aacutereas que integrem regiotildees metropolitanas ou de interesse turiacutestico O artigo 41 do
Estatuto das cidades tambeacutem prevecirc a obrigatoriedade do Plano Diretor para cidades que
possuem em sua aacuterea empreendimentos que caracterizem grandes impactos ambientais
de influecircncia regional ou nacional e cidades que possuem problemas com deslizamentos
de grande magnitude ou alagamentos repentinos (BRASIL 2001)
O Plano diretor de acordo com o Estatuto das Cidades deve ser aprovado como lei em
acircmbito municipal e revisto a cada dez anos Este documento eacute uacutenico pois cada cidade
possui suas peculiaridades infraestrutura vocaccedilotildees e problemas que por mais que sejam
parecidos entre si satildeo diferenciados pela intensidade e pela regionalizaccedilatildeo Sendo assim
a confecccedilatildeo do Plano Diretor deve conter a participaccedilatildeo de toda a comunidade local de
forma a reduzir as desigualdades sociais os gastos puacuteblicos desnecessaacuterios a degradaccedilatildeo
ambiental e combater os problemas relacionados a urbanizaccedilatildeo de forma conjunta
promovendo um processo de tomada de decisatildeo que garanta a qualidade de vida
preservaccedilatildeo e o desenvolvimento social do municiacutepio como um todo (ROSSBACH amp
CARVALHO 2010)
3231 O Plano Diretor de Santos Dumont
A Lei Municipal nordm 424112 que entrou em vigor no ano de 2014 trata do Plano Diretor
Municipal instrumento previsto no Estatuto das Cidades para garantir aos cidadatildeos um
desenvolvimento urbano organizado justo e sustentavelmente econocircmico (BRASIL
2001) Aleacutem de apontar as diretrizes para a elaboraccedilatildeo da Poliacutetica Municipal dos mais
variados setores o Plano Diretor divide o municiacutepio em macrozonas urbanas e rurais
Estas zonas tecircm por objetivo facilitar a identificaccedilatildeo dos setores que permitem ou natildeo o
desenvolvimento da cidade e em que magnitude pode ser feita a expansatildeo respeitando ao
meio ambiente e tambeacutem o que eacute previsto no tocante ao uso e ocupaccedilatildeo do solo nessas
aacutereas Aleacutem disso ela estabelece a forma como devem ser as edificaccedilotildees nas referidas
aacutereas As aacutereas definidas como macrozonas urbanas e foram subdivididas em (SANTOS
DUMONT2012)
ldquoZona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e
da Paisagem (ZPPH) satildeo as aacutereas cujos
equipamentos urbanos possuem interesse
histoacuterico ou paisagiacutestico de preservaccedilatildeo
Zona de Preservaccedilatildeo Ambiental satildeo aquelas em
que devem ser mantidas ou recuperadas a
15
vegetaccedilatildeo por conta da declividade altitude ou
presenccedila de recursos hiacutedricos
Zona de Adensamento Controlado (ZAC) satildeo as
aacutereas em que deve-se manter uma pequena
densidade populacional devido as limitaccedilotildees na
infraestrutura da localidade A ZAC se divide em
ZAC 1 quando a infraestrutura existente eacute
limitada e em ZAC 2 quando esta eacute precaacuteria ou
natildeo existe
Zona de Consolidaccedilatildeo de Adensamento (ZCA)
satildeo as aacutereas em que haacute interesse em ocupar os
lotes vagos haja visto que a regiatildeo possui toda a
infraestrutura para que isto aconteccedila
Zona Adensaacutevel (ZA) satildeo as aacutereas com
condiccedilotildees propiacutecias para ocorrer uma ocupaccedilatildeo
mais densa
Zona Especial de Interesse Social (ZEIS) satildeo as
aacutereas em que o Poder Puacuteblico almeja fazer
alguma forma de ocupaccedilatildeo Eacute dividida em ZEIS 1
e ZEIS 2 A ZEIS 1 satildeo regiotildees jaacute ocupadas mas
de forma irregular cujo interesse puacuteblico eacute
realizar obras e outras atividades para
regularizar as ocupaccedilotildees e urbanizar a aacuterea
enquanto que a ZEIS 2 satildeo aacutereas natildeo utilizadas ou
subutilizadas as quais o poder puacuteblico almeja
realizar algum empreendimento habitacional de
caraacuteter social
Zona de Grandes Equipamentos (ZE) satildeo aacutereas
cujo o interesse eacute a implantaccedilatildeo de
empreendimentos de grande porte ou grandes
equipamentos puacuteblicosrdquo
Esta divisatildeo espacial pode ser melhor vista no Anexo 71
O Plano Diretor natildeo estipula limites para APP mas prevecirc algumas diretrizes como na
Poliacutetica Municipal de Preservaccedilatildeo do Meio Ambiente sobre o uso do solo em
compatibilidade com praacuteticas conservacionistas A Poliacutetica Municipal de Expansatildeo
16
Urbana tem como uma de suas diretrizes fazer cumprir a legislaccedilatildeo vigente no que diz
respeito agraves intervenccedilotildees e investimentos que poderatildeo ser feitos nessas aacutereas Tambeacutem eacute
diretriz da mesma Poliacutetica o controle da ocupaccedilatildeo e do uso do solo em APPs e o auxiacutelio
aos oacutergatildeos estaduais e federais de meio ambiente no tocante agrave fiscalizaccedilatildeo da ocupaccedilatildeo
nestas aacutereas (SANTOS DUMONT 2012) O artigo 38 que trata das diretrizes da Poliacutetica
habitacional de interesse social exclui do processo de regularizaccedilatildeo fundiaacuteria os
assentamentos situados em aacutereas de risco o que na maioria das vezes estatildeo tambeacutem nas
aacutereas que deveriam estar vegetadas e protegidas (SANTOS DUMONT 2012) Na
legislaccedilatildeo referente ao parcelamento do solo eacute previsto que no parcelamento de glebas
com declividade entre 30 e 47 soacute poderaacute ser aprovado mediante projeto e laudo
assinado por um responsaacutevel teacutecnico favoraacutevel agrave construccedilatildeo nesse local (SANTOS
DUMONT 2012) Diante do proposto pelo Plano Diretor de Santos Dumont pode-se
dizer que natildeo haacute conflito com a legislaccedilatildeo federal e estadual em se tratando da
aplicabilidade do Coacutedigo Florestal uma vez que aquele natildeo explicita limites nem
permissivos e tampouco restritivos para faixas e aacutereas de preservaccedilatildeo permanente
33 O Municiacutepio de Santos Dumont
331 De Arraial a cidade
A aacuterea onde se situa hoje o municiacutepio de Santos Dumont teve sua ocupaccedilatildeo iniciada no
seacuteculo XVIII quando a Coroa Portuguesa solicitou ao entatildeo Governador do Rio de
Janeiro Artur de Saacute Menezes que abrisse um caminho que ligasse as Minas dos
Cataguases na regiatildeo de Ouro Preto (receacutem descobertas) ao Rio de Janeiro por onde
escoava os metais preciosos para a metroacutepole Surgiu assim o ldquoCaminho Novordquo e ao longo
deste caminho surgiram tambeacutem as Sesmarias aacutereas que tinham por principal objetivo
servir de pouso aos transportadores e exploradores e tambeacutem para garantir alimento a
estas pessoas Uma destas ocupaccedilotildees seria o ldquoArraial de Joatildeo Gomesrdquo (Figura 41)
primeiro nuacutecleo primitivo do municiacutepio em 1709 De iniacutecio prevaleciam somente
ranchos onde os viajantes se abrigavam mas em pouco tempo ergueu-se a Capela de Satildeo
Miguel e Almas e pequenos nuacutecleos urbanos comeccedilaram a surgir (DAPPC2008)
17
Figura 3 1 Vista parcial do Arraial de Joatildeo Gomes
Fonte Arquivo Histoacuterico de Santos Dumont-MG
Com a construccedilatildeo da Estrada de Ferro D Pedro II no final do seacuteculo XIX a regiatildeo teve
um consideraacutevel crescimento natildeo soacute populacional como tambeacutem econocircmico se tornando
a Vila Palmyra em 1889 Em 1890 Palmyra eacute elevada ao status de Municiacutepio (Figura 42)
e recebe um grande nuacutemero de melhorias no setor viaacuterio como a retificaccedilatildeo de ruas e
tambeacutem no setor de serviccedilos puacuteblicos como abastecimento de aacutegua iluminaccedilatildeo puacuteblica a
querosene e posteriormente energia eleacutetrica O desenvolvimento econocircmico na regiatildeo
tambeacutem teve seu momento aacuteureo nesse periacuteodo Induacutestrias de laticiacutenios graacuteficas e de
Carbureto de Caacutelcio fizeram parte do parque industrial de Palmyra o que atraiacutea pessoas
de outros lugares inclusive estrangeiros contribuindo para o aumento populacional da
regiatildeo Como ainda natildeo havia legislaccedilatildeo sobre uso e ocupaccedilatildeo do solo nessa eacutepoca
surgiram inuacutemeros loteamentos em aacutereas proacuteximas agrave rios e coacuterregos e tambeacutem em
encostas com declividade acentuada o que foi agravando o risco agrave medida que a ocupaccedilatildeo
aumentava (DAPPC2008)
18
Figura 3 2 Municiacutepio de Palmyra na deacutecada de 1920
Fonte Arquivo Histoacuterico de Santos Dumont-MG
O escoamento da produccedilatildeo industrial se dava pelo modal ferroviaacuterio setor que tambeacutem
movimentava a crescente cidade que era ponto importante no setor de transportes pois
possuiacutea um dos mais bem equipados depoacutesitos de locomotivas da Estrada de Ferro Central
do Brasil (DAPPC2008)
No ano de 1932 o municiacutepio de Palmyra passou a se chamar Santos Dumont (Figura 43)
em homenagem ao inventor do aviatildeo que nascera naquela cidade Nos uacuteltimos 40 anos
Santos Dumont tem experimentado uma acentuada desaceleraccedilatildeo econocircmica
consequecircncia do fechamento da grande maioria das induacutestrias principalmente as de
laticiacutenios que empregavam direta e indiretamente uma parte consideraacutevel da populaccedilatildeo
(DAPPC2008)
19
Figura 3 3 Municiacutepio de Santos Dumont em 2014
Fonte Arquivo do autor
332 Santos Dumont na atualidade
O municiacutepio de Santos Dumont localiza-se na regiatildeo da Zona da Mata mineira distante
cerca de 220 Km da capital Belo Horizonte e possui uma populaccedilatildeo de 47558 habitantes
(ODM 2015 projeccedilatildeo) numa aacuterea total de 637 kmsup2 Faz divisa com os municiacutepios de
Juiz de Fora Oliveira Fortes Bias Fortes Antocircnio Carlos Tabuleiro Piau e Ewbank da
Cacircmara
No que diz respeito agrave sua formaccedilatildeo fisiacuteco-geograacutefica a aacuterea que compreende o municiacutepio
eacute constituiacuteda predominantemente por Cambissolo Haacuteplico (70) com Latossolo
Vermelho-Amarelo (30) (UFV2010) A vegetaccedilatildeo eacute em sua maioria composta por
exemplares de Mata Atlacircntica De acordo com o IBGE(2015) Santos Dumont se localiza
a 839m de altitude O clima da regiatildeo eacute classificado como Tropical de Altitude (Cwb) e
possui uma temperatura meacutedia de 20ordmC Eacute banhado pela bacia hidrograacutefica do Paraiacuteba do
Sul e em sua maioria pertence agrave sub-bacia do Rio Pomba (IGAM) que fornece aacutegua para
abastecimento puacuteblico agrave 88 da populaccedilatildeo por meio da rede de distribuiccedilatildeo
(IBGE2010) Uma pequena parte da zona rural a sudoeste eacute banhada pela Sub-Bacia do
Rio Paraibuna mais precisamente na regiatildeo de fronteira com os municiacutepios de Juiz de
Fora e Ewbank da Cacircmara O sistema viaacuterio principal de acesso agrave cidade eacute a rodovia BR-
040 e a estrada de ferro Dom Pedro II atualmente utilizada somente para transporte de
cargas
Com a economia nos dias atuais baseada majoritariamente no setor de serviccedilos a cidade
possui um Iacutendice de Desenvolvimento humano (IDH) de 0741 (IBGE2010) Apesar do
decliacutenio econocircmico de Santos Dumont nota-se hoje um aumento no nuacutemero de
loteamentos populares e condomiacutenios horizontais e verticais entre outras edificaccedilotildees Eacute
de vital importacircncia que esse crescimento das ocupaccedilotildees seja ordenado e regulamentado
20
de forma a garantir a qualidade ambiental prevenindo deslizamentos e inundaccedilotildees Diante
dessa conjuntura o governo municipal aprovou em 2012 a Lei nordm 4241 que trata do Plano
Diretor Participativo instrumento baacutesico da poliacutetica de desenvolvimento e expansatildeo
urbana do municiacutepio de Santos Dumont
4 METODOLOGIA
41 Aacuterea de estudo
A regiatildeo dentro dos limites do municiacutepio que seraacute estudada neste trabalho eacute conforme
descrito nos anexos Plano Diretor e representada na figura 44 a aacuterea urbana principal
que possui 47 Kmsup2 e compreende a regiatildeo central da cidade e os bairros perifeacutericos regiatildeo
que concentra cerca de 90 da populaccedilatildeo total de Santos Dumont (IBGE 2015) A aacuterea
urbana principal representa 75 da aacuterea total dos 637 Kmsup2 que compreendem o
municiacutepio e eacute o local onde nos uacuteltimos 30 anos se verificou um maior crescimento
populacional e tambeacutem onde ocorre a maioria dos eventos relacionados a deslizamentos
e alagamentos por conta da ocupaccedilatildeo sem planejamento A figura 45 mostra a aacuterea
urbana principal e a localizaccedilatildeo dos bairros urbanos de Santos Dumont
Figura 4 1 Localizaccedilatildeo da aacuterea urbana principal
Fonte Google Earth
21
Figura 4 2 Mapa da aacuterea urbana principal com a localizaccedilatildeo dos bairros
Fonte Do Autor
42 Levantamento e tratamento dos dados
No desenvolvimento deste trabalho foi necessaacuterio se fazer um estudo detalhado sobre o
Plano Diretor de Santos Dumont principalmente dos seus anexos que compreendem os
mapas e a localizaccedilatildeo das aacutereas definidas pelo zoneamento proposto Para que isso fosse
possiacutevel a Secretaria Municipal de Obras e Serviccedilos Puacuteblicos forneceu todos os dados
secundaacuterios produto do estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor e do
zoneamento Estes dados incluem os arquivos Shapefile (shp) e outros documentos
integrantes do Plano Diretor Algumas informaccedilotildees foram complementadas tambeacutem com
dados adquiridos atraveacutes do site do IBGE e do Portal Objetivos do Milecircnio (ODM)
Os dados sobre as ocorrecircncias de deslizamentos e alagamentos foram obtidos atraveacutes da
Defesa Civil do municiacutepio atraveacutes do Sistema Integrado de Informaccedilotildees sobre Desastres
(S2ID) do Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional Tal sistema centraliza as informaccedilotildees sobre
desastres naturais ocorridos em todo o territoacuterio nacional facilitando a pesquisa sobre tais
eventos a qualquer cidadatildeo (BRASIL 2015)
Apesar do sistema ser bastante uacutetil os dados sobre o municiacutepio de Santos Dumont se
encontravam bastante falhos e escassos sendo necessaacuteria complementaccedilatildeo para que a
22
base de dados ficasse consistente Diante disso uma pesquisa atraveacutes dos arquivos do
Jornal Mensagem um jornal semanaacuterio local foi feita entre os anos de 1984 e 2014 e os
dados primaacuterios filtrados em uma planilha do Microsoft Excel para posterior utilizaccedilatildeo
De posse destes dados foi feita a localizaccedilatildeo em campo das coordenadas dos locais
atingidos por deslizamentos e alagamentos no periacuteodo compreendido pela pesquisa com
o auxiacutelio de um aparelho de GPS
A maioria dos arquivos shapefile utilizados para a confecccedilatildeo dos mapas satildeo parte
integrante dos anexos da Lei do Plano diretor do municiacutepio gerados no mecircs de dezembro
de 2011 pelo Instituto Nova Cidade e foram cedidos pela Secretaria Municipal de Obras
e Serviccedilos Puacuteblicos com Datum em UTM SAD 69 Com a finalidade de fornecer um
referenciamento atualizado e de acordo com os mais novos sistemas de coordenadas
utilizados no Brasil os arquivos foram convertidos para o Datum UTM SIRGAS 2000
que diferencia do SAD 69 pelo fato de ser um referencial geocecircntrico ou seja o centro
da Terra eacute o ponto de referecircncia neste sistema enquanto que o primeiro utiliza um
referencial na superfiacutecie da Terra (IBGE2014) Eacute interessante ressaltar tambeacutem que o
SIRGAS 2000 se tornou no ano de 2014 o sistema de coordenadas oficial do Sistema
Geodeacutesico Brasileiro e do Sistema Cartograacutefico Nacional ambos mantidos pelo IBGE A
combinaccedilatildeo dos shapefiles foi feita com o software livre gvSIG e com estas combinaccedilotildees
foram gerados mapas importantes resultados para a execuccedilatildeo deste trabalho A maioria
dos mapas representam a regiatildeo urbana principal de Santos Dumont e foram produzidos
numa escala em torno de 140000 que de acordo com Rocha (2007) eacute uma escala viaacutevel
pois as recomendaacuteveis para trabalhos de anaacutelise ambiental em niacutevel municipal podem ser
entre 150000 e 110000 Alguns mapas cujo detalhamento natildeo eacute necessaacuterio foram
gerados na escala 1100000
Para a geraccedilatildeo dos mapas aleacutem dos arquivos fornecidos pela Secretaria de Obras e
Serviccedilos Puacuteblicos foram utilizados para a geraccedilatildeo do modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE)
e da localizaccedilatildeo dos topos de morro dados gerados pelo sistema de radar Advanced
Spacebone Thermal Emission and Reflection Radiometer (ASTER) que geram as curvas
de niacutevel do terreno com uma resoluccedilatildeo de 30m (NASA2014) O processamento dessas
imagens foi feito pelo software livre gvSIG As imagens geradas pelos sateacutelites
LANDSAT foram adquiridas no site da United States Geological Survey (USGS) e essas
imagens possibilitaram obter um panorama preciso do uso do solo em toda a aacuterea urbana
de Santos Dumont numa resoluccedilatildeo de 15 metros uma vez que foi utilizada a banda
pancromaacutetica do sateacutelite LANDSAT 8 aleacutem da combinaccedilatildeo das bandas 65 e 4
respectivamente que eacute a combinaccedilatildeo recomendada pela mantenedora dos sateacutelites para
anaacutelises deste tipo
23
No que diz respeito a identificaccedilatildeo de APPs em topo de morro a metodologia de Oliveira
amp Fernandes Filho (2013) por utilizar as mesmas bases de dados ateacute entatildeo usadas neste
trabalho foi a mais indicada
A metodologia de anaacutelise dos mapas gerados eacute a proposta pelo professor Jorge Xavier da
Silva do Laboratoacuterio de Geoprocessamento (LAGEOP) da Universidade Federal do Rio
de Janeiro e citada por Rocha (2007) Tal metodologia analisa as variaacuteveis em questatildeo
presentes na aacuterea e permite avaliar as possibilidades de relaccedilotildees entre essas variaacuteveis De
uma maneira geral este meacutetodo verifica o estado atual da aacuterea em estudo bem como das
variaacuteveis gerando inventaacuterios que servem para a construccedilatildeo de dados planimeacutetricos sejam
com as variaacuteveis isoladas ou combinadas Estes dados planimeacutetricos geram assinaturas
que permitem inferir sobre a influecircncia dessas variaacuteveis De posse dos dados gerados pelo
processo anteriormente citado pode-se fazer algumas prospecccedilotildees sobre os riscos
ambientais que a aacuterea pode sofrer ou o seu potencial ambiental (ROCHA 2007)
5 RESULTADOS
51 Levantamento histoacuterico de alagamentos e
deslizamentos
O aumento da demanda pelo uso do solo na regiatildeo urbana de Santos Dumont
principalmente no tocante agrave formaccedilatildeo de novos loteamentos e condomiacutenios nos uacuteltimos
anos eacute consideraacutevel mas tambeacutem haacute de se observar o crescimento dos bairros jaacute existentes
com pouco ou nenhum ordenamento Em ambos os casos se observa ocupaccedilotildees
irregulares em APP o que tem ocasionado um aumento na frequecircncia de deslizamentos
e inundaccedilotildees Eacute evidente que quanto maior a densidade populacional do bairro maior a
quantidade de ocorrecircncias ao longo dos anos (SPERFELD 2009)
De acordo com as ocorrecircncias registradas pela Defesa Civil do municiacutepio obtidas atraveacutes
da literatura utilizada nos uacuteltimos 30 anos Santos Dumont chegou a decretar situaccedilatildeo de
emergecircncia por conta de desastres envolvendo deslizamentos eou alagamentos por duas
vezes num espaccedilo de 10 anos conforme pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho
(BRASIL 2014 CEPED 2011)
Segundo os dados obtidos atraveacutes de pesquisa nos arquivos do semanaacuterio entre os anos
de 1984 e 2014 pode-se verificar que nos uacuteltimos 20 anos a cidade tem experimentado
24
um aumento consideraacutevel nos eventos relacionados a deslizamentos e principalmente
alagamentos como pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho Isso pode ter sido causado
dentre outros fatores pelo aumento do nuacutemero de vias pavimentadas com material
impermeaacutevel o que tem sobrecarregado tanto a infraestrutura existente para drenagem
urbana como tambeacutem a calha dos cursos drsquoaacutegua que passam pela regiatildeo urbana do
municiacutepio (ZANON2013)
Na deacutecada de 1980 (1984-1990) de acordo com os dados obtidos natildeo foram noticiados
eventos consideraacuteveis relacionados a deslizamentos e alagamentos em Santos Dumont
mas isso natildeo exclui a possibilidade de natildeo ter ocorrido tais eventos em menor escala
Na deacutecada de 1990 aconteceram uma seacuterie de ocorrecircncias tanto de deslizamentos quanto
de alagamentos No ano de 1997 num periacuteodo chuvoso intenso aconteceram
deslizamentos consideraacuteveis em vaacuterios bairros da cidade inclusive com desabamento de
casas e de ruas principalmente nos bairros Nossa Senhora da Gloacuteria e Quarto Depoacutesito
Em 1999 ocorreram alguns pontos de alagamento nos bairros Quarto Depoacutesito e Santo
Antocircnio com grandes prejuiacutezos materiais
A deacutecada de 2000 iniciou com o registro de deslizamentos em vaacuterios bairros da cidade
inclusive com desabamento de casas e pontes e alagamentos em importantes vias do
centro da cidade Observa-se ao longo desse periacuteodo o crescimento nas ocorrecircncias de
deslizamentos e de aacutereas com risco de deslizamento em muitos bairros de Santos Dumont
Um dos fatores importantes para esse crescimento foi a grande expansatildeo sofrida pela
maioria dos bairros e a falta de planejamento e orientaccedilatildeo por parte da prefeitura uma
vez que uma boa parte do crescimento dos bairros da cidade ocorreu ou proacuteximo a cursos
drsquoaacutegua ou em aacutereas com declividade improacutepria para se fazer construccedilotildees O bairro
Coacuterrego do Ouro (Figura 51) foi o que mais sofreu com ocorrecircncias de deslizamentos
nesse periacuteodo enquanto o bairro Santo Antocircnio foi que teve mais ocorrecircncias de
alagamentos
25
Figura 5 1 Deslizamento no bairro Coacuterrego do Ouro
Fonte Portal Cabangu
No iniacutecio deacutecada de 2010 (2011-2014) o centro da cidade foi a regiatildeo que mais sofreu
com alagamentos sendo registrado pelo menos uma ocorrecircncia por ano nessa aacuterea (Figura
52) Isso pode ser relacionado dentre outros fatores com as obras de modificaccedilatildeo do
tipo de pavimentaccedilatildeo das estradas por um material impermeaacutevel gerando uma sobrecarga
nos sistemas de drenagem urbana que foram projetados para um tipo de pavimento mais
permeaacutevel implicando tambeacutem na sobrecarga calha do Ribeiratildeo das Posses o principal
curso drsquoaacutegua que corta o centro da cidade e que se encontra em quase sua totalidade
ocupada em ambas as margens que cortam o centro da cidade
26
Figura 5 2 Alagamento na regiatildeo central de Santos Dumont em 2013
Fonte Portal Cabangu
Quanto agraves ocorrecircncias de deslizamento ao longo da referida deacutecada elas estiveram
espalhadas pelos bairros do municiacutepio tendo um maior nuacutemero de ocorrecircncias nos bairros
Santo Antocircnio Nossa Senhora da Gloacuteria e Aacutegua Espraiada Nos dois primeiros bairros
citados as ocorrecircncias podem ter sido ocasionadas pelo crescimento desordenado e sem
planejamento destes e no terceiro as ocorrecircncias satildeo relacionadas ao processo de
assoreamento do Ribeiratildeo das Posses o que pode ter gerado um aumento da velocidade
desse curso drsquoaacutegua causando problemas decorrentes do transporte de sedimentos da aacuterea
onde as casas foram construiacutedas que teve como consequecircncia os deslizamentos
Em resumo como pode ser observado nas figuras 53 e 54 na tabela 51 no periacuteodo de
1984 a 2014 os bairros mais afetados por alagamentos e deslizamentos satildeo Quarto
Depoacutesito Nossa Senhora da Gloacuteria Santo Antocircnio Coacuterrego do Ouro Antocircnio Afonso
Graminha e Vila Esperanccedila sendo que o bairro Coacuterrego do Ouro possui o maior nuacutemero
de ocorrecircncias de deslizamentos e o centro da cidade possui o maior nuacutemero de
ocorrecircncias de alagamentos no periacuteodo pesquisado Vale destacar que a aacuterea propiacutecia a
alagamentos no bairro Antocircnio Afonso natildeo identificada no estudo realizado pela
prefeitura constitui-se efetivamente numa aacuterea de risco conforme levantamento histoacuterico
realizado Esta aacuterea de risco se deve agrave diferenccedila de niacutevel negativa entre o rio Pinho e a
aacuterea do bairro estando este em desniacutevel com um risco iminente de inundaccedilotildees resultantes
da cheia desse curso drsquoaacutegua causando inuacutemeros transtornos aos moradores do local
27
Figura 5 3 Pontos de Alagamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico
Fonte Do autor
Figura 5 4 Pontos de deslizamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico
Fonte Do autor
28
Tabela 51 Ocorrecircncias de alagamentos e deslizamentos obtidos atraveacutes do
levantamento histoacuterico
Pontos de ocorrecircncia (1984-2014)
Bairros Alagamento Deslizamento
Aacutegua Espraiada 1 1
Antocircnio Afonso 1 0
Barra 0 1
Centro 7 1
Coacuterrego do Ouro 1 7
Flores 0 1
Graminha 1 0
Jardim Jaraguaacute 0 1
N Sra da Gloacuteria 0 4
N Sra das Graccedilas 1 0
Quarto Depoacutesito 3 2
Santo Antocircnio 4 2
Satildeo Sebastiatildeo 0 1
Vila Esperanccedila 0 1
Fonte Do autor
De acordo com o estudo realizado na elaboraccedilatildeo do Plano Diretor pela prefeitura
municipal observa-se que os bairros que possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a
deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do Ouro e Vila Esperanccedila enquanto que os que
possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a alagamento satildeo o Centro da cidade e os
bairros Satildeo Sebastiatildeo Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio por estarem agraves margens do
Ribeiratildeo das Posses um curso drsquoaacutegua que sofre com inundaccedilotildees perioacutedicas devido ao
severo assoreamento em algumas regiotildees e tambeacutem devido ao acuacutemulo de lixo descartado
pelos moradores do entorno irregularmente De acordo com o estudo realizado quando da
elaboraccedilatildeo do Plano Diretor do municiacutepio foram feitos estudos sobre as aacutereas propensas
a deslizamentos e alagamentos na regiatildeo urbana principal Tais aacutereas satildeo as destacadas
nas Figuras 55 e 56 No levantamento histoacuterico realizado pode-se identificar que os
bairros que possuem mais aacutereas propensas a deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do
Ouro Nossa Senhora da Gloacuteria Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio enquanto que os bairros
mais propensos a alagamentos satildeo os bairros Centro Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio
como observado na tabela 51
29
Figura 5 5 Aacutereas propensas a deslizamento de acordo com o Plano Diretor de
Santos Dumont
Fonte Google Earth e Lei 42412012
Figura 5 6 Aacutereas propensas a alagamento de acordo com o Plano Diretor de
Santos Dumont
Fonte Google Earth e Lei 42412012
30
Comparando-se os mapas obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico com o mapa gerado
pelo estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor nota-se que haacute semelhanccedilas em
algumas aacutereas mas ao se levar em conta o produto gerado pela pesquisa histoacuterica o
estudo necessitaria ser complementado haja vista que ele natildeo compreende por exemplo
o ponto de alagamento no bairro Antocircnio Afonso citado anteriormente e alguns pontos de
deslizamento importantes uma vez que satildeo regiotildees onde haacute ocupaccedilatildeo Esse fato evidencia
a necessidade de se buscar vaacuterias fontes primaacuterias e secundaacuterias para se detectar aacutereas de
risco em um municiacutepio incluindo arquivos da imprensa local afim de se produzir uma
base de dados consistente e com o menor nuacutemero de falhas possiacutevel (CEPED 2014) Com
a uniatildeo dos dois estudos foram gerados os mapas apresentados nas Figuras 57 e 58
Aleacutem do mais observando as figuras 57 e 58 pode-se notar que uma boa parte tanto dos
casos de alagamento quanto de deslizamento estatildeo na faixa de APP de curso hiacutedrico o
que ilustra a importacircncia da preservaccedilatildeo destas aacutereas
Figura 5 7 Aacutereas propensas a alagamento do estudo do Plano Diretor
complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento
Fonte Do Autor
31
Figura 5 8 Aacutereas propensas a deslizamento do estudo do Plano Diretor
complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento
Fonte Do Autor
Atraveacutes da combinaccedilatildeo entre estes dois levantamentos procurou-se alimentar a base de
dados e garantir uma consistecircncia maior desta no que diz respeito a aacutereas de deslizamento
e alagamento podendo inclusive se identificar a suscetibilidade de uma determinada
regiatildeo da cidade a um ou outro evento (CEPED2014)
512 O Plano diretor e as APPs
Nos uacuteltimos anos o Brasil experimentou um forte fenocircmeno de migraccedilatildeo do campo para
as aacutereas urbanas De acordo com o IBGE no periacuteodo de 1940 a 2000 houve um aumento
de cerca de 60 do nuacutemero de pessoas que vivem em cidades (SILVA JR 2006) O
processo de planejamento e ordenamento do uso do solo nessas aacutereas deveria ter
acompanhado esse crescimento ao longo dos anos a fim de garantir a qualidade de vida e
a seguranccedila dos migrantes ao se instalarem nas cidades o que natildeo ocorreu e o que se
observa atualmente satildeo ocupaccedilotildees em aacutereas improacuteprias para moradia sem a infraestrutura
baacutesica necessaacuteria e com risco iminente de deslizamentos eou inundaccedilotildees
O Plano Diretor do municiacutepio de Santos Dumont em seu capiacutetulo IV que versa sobre o
uso e ocupaccedilatildeo do solo explicita regras para o ordenamento do territoacuterio que compreende
o municiacutepio com base nos diferentes usos do solo de acordo com sua compatibilidade o
32
que acabou por resultar num zoneamento de todo o municiacutepio em macrozonas conforme
citado na seccedilatildeo 3231 de acordo com os usos atuais e futuros do solo Aleacutem de dividir
estas macrozonas em urbanas e rurais tambeacutem avaliou e classificou estas aacutereas com base
numa seacuterie de fatores ambientais geoloacutegicos culturais e sociais de forma a se fazer um
zoneamento coerente com os atuais usos do solo e seu potencial de uso futuro Apresenta-
se na Figura 59 este zoneamento na aacuterea urbana principal de Santos Dumont
Figura 5 9 Zoneamento urbano da aacuterea urbana principal
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Lei 42412012
Tomando como referecircncia o Novo Coacutedigo Florestal brasileiro em especial os paracircmetros
estabelecidos para a definiccedilatildeo de APP e utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento
atraveacutes do software Vista SAGA relacionou-se as APPs existentes na aacuterea em estudo com
as regiotildees propiacutecias a alagamentos e deslizamentos de acordo com o estudo feito quando
da elaboraccedilatildeo do Plano Diretor afim de se identificar qual ou quais aacutereas possuem estes
problemas e se estatildeo relacionados com o uso do solo irregular em APP
Ao se aplicar a metodologia proposta por Oliveira amp Fernandes Filho (2013) natildeo foram
identificadas dentro da aacuterea de estudo APPs de topos de morro sendo este tipo de APP
descartada portanto das anaacutelises subsequentes deste trabalho Foram consideradas as
APP de curso hiacutedrico (rios e nascentes) e de declividade visando relacionaacute-las as aacutereas
de risco identificadas pela Prefeitura afim de se verificar as possiacuteveis causas da ocorrecircncia
33
destas aacutereas na regiatildeo urbana do municiacutepio Por meio de combinaccedilotildees entre dois mapas
temaacuteticos utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento foi possiacutevel obter as
assinaturas ou seja tabelas que caracterizam quantitativamente a aacuterea afetada por cada
aspecto visto que a simples visualizaccedilatildeo do mapa gerado pelo geoprocessamento muitas
vezes eacute prejudicada por serem aacutereas de pequenas dimensotildees ou por qualquer outra
limitaccedilatildeo do software Ressalta-se que para a elaboraccedilatildeo do Plano Municipal de Reduccedilatildeo
de riscos a identificaccedilatildeo e detalhamento topograacutefico destas aacutereas eacute fundamental para o
desenvolvimento do referido Plano conforme seraacute abordado detalhadamente na seccedilatildeo
52
De posse do mapa que representa o zoneamento urbano de Santos Dumont primeiramente
procurou-se mensurar qualitativa e quantitativamente a presenccedila de APPs tanto de
declividade quanto de cursos hiacutedricos Essa identificaccedilatildeo eacute importante pois este
zoneamento eacute um dos instrumentos de planejamento municipal (BRASIL 2001) Saboya
(2007) aponta que os principais objetivos de um zoneamento satildeo o controle da expansatildeo
urbana e proteccedilatildeo de aacutereas inadequadas a ocupaccedilatildeo aleacutem de reduzir os conflitos inerentes
aos diferentes usos do solo Com o uso da ferramenta ldquoCombinarrdquo do Vista SAGA foram
feitas combinaccedilotildees entre o mapa de hidrografia com buffer de 30m para rios e coacuterregos e
de 50m para nascentes com o mapa do zoneamento para se verificar a importacircncia das
APPs de curso hiacutedrico em toda a aacuterea urbana principal do municiacutepio Tambeacutem foram
combinados o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) obtido atraveacutes do gvSIG com o mapa
de zoneamento afim de se verificar quantitativamente as APPs de declividade e onde se
localizam Vale ressaltar que as declividades entre 30 e 47 estatildeo presentes nesta
combinaccedilatildeo pois de acordo com o Plano Diretor de Santos Dumont terrenos com esta
faixa de declividade para fins de parcelamento devem possuir estudo teacutecnico que ateste
a viabilidade de se promover algum empreendimento imobiliaacuterio neste (SANTOS
DUMONT 2012) Como a legislaccedilatildeo municipal prevecirc estudo somente para a faixa de
declividade descrita anteriormente para fins de anaacutelise neste trabalho consideramos um
valor mais conservador para APP compreendendo a faixa de 47 a 100 aleacutem da
prevista pela legislaccedilatildeo federal (gt100) para que natildeo houvessem lacunas importantes na
geraccedilatildeo do produto
Apresenta-se na Figura 510 aacutereas com declividades consideradas de risco e consideradas
APP e em qual zona de planejamento elas estatildeo inseridas De um modo geral ao se
observar a Tabela 52 nota-se que a aacuterea que compreende declividades de risco e APP eacute
uma pequena parcela da aacuterea urbana principal representando 061 desta aacuterea Ao se
levar em conta somente a localizaccedilatildeo pode-se verificar que cerca de 84 das aacutereas com
declividade de risco e a totalidade das APPs de declividade estatildeo localizadas na ZAC1
zona que compreende a maior parte do municiacutepio e apesar de possuir infraestrutura baacutesica
para a ocupaccedilatildeo esta eacute restrita Sendo assim o fator declividade deve ser visto com cautela
nesta aacuterea para se evitar transtornos advindos de edificaccedilotildees nestas aacutereas
34
Figura 5 10 Combinaccedilatildeo entre as declividades importantes incluindo as APPs e o
zoneamento urbano
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Do autor
Tabela 52 Assinaturas da combinaccedilatildeo Declividade x Zoneamento
Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea
Natildeo APP 457972 9939
Declividade 30-47 em ZAC1 2368 051
Declividade 30-47 em ZE 284 006
Declividade 30-47 em ZAC2 128 003
Declividade 30-47 em ZPA 004 0001
APP Declividade em ZAC1 048 001
Total 460804 100
Fonte Do autor
Apresenta-se na Figura 511 as APPs de curso hiacutedrico (nascentes e rios) e em qual zona
de planejamento estatildeo localizadas Assim como a declividade a maior parte das APPs de
curso hiacutedrico estatildeo localizadas em ZAC1 representando 383 da aacuterea urbana em estudo
e 51 do total das APPs de curso hiacutedrico Esta questatildeo tambeacutem deve ser vista com
bastante criteacuterio pelos gestores locais uma vez que a ocupaccedilatildeo em faixas proacuteximas de
rios e coacuterregos podem causar uma gama de problemas ambientais e sociais na regiatildeo
(SANTANA2011) Tal cuidado tambeacutem deve ser tomado nas APPs compreendidas na
35
ZAC2 que compreende 001 da Aacuterea urbana principal e 14 do total das APPs de curso
hiacutedrico pois a infraestrutura baacutesica e acessibilidade presente nesta zona eacute precaacuteria e a
ocupaccedilatildeo as margens de cursos hiacutedricos pode gerar problemas seacuterios caso ocorra uma
expansatildeo nestas aacutereas
Figura 511 Combinaccedilatildeo entre APP de curso hiacutedrico e as zonas de planejamento
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Do autor
Outro ponto importante eacute a presenccedila da Zona de Proteccedilatildeo Ambiental (ZPA) no entorno
uma consideraacutevel parte dos cursos hiacutedricos Nesta zona estatildeo presentes 28 das APPs de
curso hiacutedrico e esta zona de acordo com o Plano Diretor deve ser restaurada ou
preservada por suas caracteriacutesticas geoloacutegicas topograacuteficas e bioloacutegicas
Afim de se verificar os usos do solo na regiatildeo em estudo foram utilizadas combinaccedilotildees
de imagens advindas do sateacutelite Landsat 8 nas bandas descritas no capiacutetulo 4 aleacutem da
banda pancromaacutetica O resultado eacute apresentado na figura 512 que mostra os principais
usos do solo na aacuterea urbana principal de Santos Dumont
36
Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x Zoneamento
Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea
Hidrografia 11168 239
Aacuterea Urbana Natildeo APP 421004 9008
APP Curso hiacutedrico em ZAC1 179 383
APP Curso hiacutedrico em ZPA 9776 209
APP Curso hiacutedrico em ZE 184 004
APP Curso hiacutedrico em ZA 1192 026
APP Curso hiacutedrico em ZAC2 5124 110
APP Curso hiacutedrico em ZPPH 248 005
APP Curso hiacutedrico em ZEIS 568 012
APP Curso hiacutedrico em ZCA 228 005
Total 467392 10000
Fonte Do autor
Figura 5 12 Mapa de usos do solo da aacuterea urbana principal de Santos Dumont
Fonte Do autor
Como jaacute era previsto a maior parte da aacuterea urbana se encontra ocupada e eacute nesta regiatildeo
ocupada que se observa a maior concentraccedilatildeo de problemas de deslizamentos e
alagamentos (Figuras 513 e 514) A grande ocupaccedilatildeo em aacutereas consideradas APP de
curso hiacutedrico de acordo com os mapas gerados pode ser a principal causa do aumento a
cada ano dos casos de alagamento principalmente na regiatildeo central da cidade Outro ponto
que se deve atentar eacute a existecircncia de uma consideraacutevel aacuterea de pastagem pouco vegetada
que caso estejam em aacutereas elevadas pode contribuir para deslizamentos e agraves margens de
37
rios e coacuterregos para o assoreamento destes corpos hiacutedricos o que pode causar
alagamentos (INAacuteCIO etal 2007)
Diante destes resultados pode-se ver que a cidade de Santos Dumont necessita alternativas
efetiva no que diz respeito agrave contenccedilatildeo de deslizamentos e a reduccedilatildeo de risco de
alagamento pois as aacutereas em que ocorrem tais eventos satildeo distintas e facilmente definidas
devido agrave repeticcedilatildeo destes nos uacuteltimos anos Um plano de accedilatildeo integrado entre as diferentes
secretarias municipais (Obras Meio Ambiente Assistecircncia Social entre outras) e a
Coordenadoria Municipal de Defesa Civil deve ser realizado afim de se tomar medidas
natildeo mais preventivas mas sim preditivas para que se possa conter o avanccedilo destes
problemas na aacuterea urbana principal bem como em toda a aacuterea do municiacutepio
Figura 5 13 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na aacuterea urbana
principal
Fonte Do autor
38
Figura 5 14 Aacutereas sujeitas a alagamento e os principais usos do solo na aacuterea
urbana principal
Fonte Do autor
Ao se associar os dados do estudo do Plano Diretor com os dados do levantamento
histoacuterico realizado com o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) pode-se notar que as aacutereas
propiacutecias a deslizamento estatildeo em regiotildees as quais haacute uma fronteira de declividades ou
seja eacute evidente que os deslizamentos ocorrem em encostas um pouco mais iacutengremes mas
natildeo necessariamente nas encostas de 30-47 as quais exigem estudo teacutecnico conforme o
plano diretor preconiza Quanto aos alagamentos nota-se que eles se localizam nas aacutereas
com menor ou nenhuma declividade podendo ser estas aacutereas talvez componentes da
planiacutecie de inundaccedilatildeo dos rios Estes resultados podem ser vistos nas figuras 515 e 516
a seguir
39
Figura5 15 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a deslizamentos na
regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
Fonte Lei 42412012 e Autor
Figura5 26 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a alagamentos na
regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
Fonte Lei 42412012 e Autor
40
52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis
O processo de ocupaccedilatildeo no municiacutepio de Santos Dumont comeccedilou muito antes de
qualquer legislaccedilatildeo relacionada a ordenamento urbano e de proteccedilatildeo do meio ambiente
fosse implementado no Brasil Esse fato aliado a poliacuteticas e fiscalizaccedilotildees falhas
contribuiacuteram para a ocupaccedilatildeo e expansatildeo da aacuterea urbana ao longo do Ribeiratildeo das Posses
e seus afluentes o que tem gerado o aumento da degradaccedilatildeo destes corpos hiacutedricos ao
longo de todos estes anos Observa-se tambeacutem que nas uacuteltimas deacutecadas ocorreu um
grande nuacutemero de migraccedilotildees do campo para a regiatildeo urbana da cidade fator que
contribuiu para o crescimento do nuacutemero de habitaccedilotildees em aacutereas de risco de deslizamento
e alagamentos por serem na maioria das vezes terrenos menos valorizados e por este
motivo acessiacuteveis a populaccedilatildeo com menor poder aquisitivo (ROSA amp CORTEZ 2008)
Vale ressaltar que esta questatildeo aleacutem de ser ambiental eacute muito mais social pois os
moradores entendem os riscos de se viver nestes locais mas por motivos econocircmicos ou
por questotildees afetivas natildeo abrem matildeo da moradia nessas aacutereas A Constituiccedilatildeo Federal de
1988 promoveu a inter-relaccedilatildeo das questotildees sociais com as questotildees ambientais quando
colocou o meio ambiente como direito coletivo (BRASIL1988 SOUZA2010) Por este
motivo a decisatildeo por medidas draacutesticas que favoreccedilam apenas agrave preservaccedilatildeo do meio
ambiente natildeo eacute recomendada pois aleacutem de ser inconstitucional podem afetar a
sustentabilidade econocircmica do municiacutepio e gerar conflitos sociais consideraacuteveis
(CARLOS 1992 apud SOUZA 2010)
Segundo Bueno (2009) ldquonem tudo o que eacute irregular eacute precaacuteriordquo Esse fato se observa em
Santos Dumont uma vez que em boa parte da regiatildeo central se observa vaacuterias moradias
construiacutedas na faixa de APP de curso hiacutedrico o que natildeo eacute permitido pela legislaccedilatildeo
vigente e eacute um dos fatores que contribui para a ocorrecircncia de alagamentos nesta aacuterea da
cidade Para a resoluccedilatildeo deste problema o que seria mais viaacutevel seria a melhoria da
infraestrutura de drenagem urbana afim de que o escoamento da aacutegua das chuvas natildeo
sobrecarregasse o sistema (BUENO2009) A construccedilatildeo de bacias de contenccedilatildeo de
cheias ao longo do Ribeiratildeo das Posses tambeacutem seria uma alternativa mas para se verificar
a viabilidade necessita-se estudos mais aprofundados do ponto de vista hidroloacutegico
O grande problema a ser solucionado no entanto eacute o que diz respeito agraves aacutereas de risco
de deslizamento majoritariamente nos bairros A melhor alternativa seria o
remanejamento dos moradores para uma aacuterea proacutexima agrave que moram poreacutem longe do
risco Poreacutem esta alternativa de acordo com Rosa Filho amp Cortez (2008) encontra alguns
entraves pois estas pessoas na maioria das vezes natildeo tecircm condiccedilotildees financeiras de irem
para outro lugar ou pagar aluguel ou estatildeo de alguma forma sentimentalmente ligadas
agravequela regiatildeo que se recusam a deixaacute-lo
41
Por parte dos oacutergatildeos competentes no municiacutepio a criaccedilatildeo de um plano para se evitar
acidentes ocasionados por deslizamentos e alagamentos com um mapeamento detalhado
de toda a extensatildeo do municiacutepio eacute extremamente uacutetil Os estudos que seratildeo feitos para a
elaboraccedilatildeo deste plano poderatildeo definir quais as aacutereas satildeo potencialmente de risco para as
ocupaccedilotildees existentes ou para as potenciais ocupaccedilotildees que possam vir a ocorrer atraveacutes do
mapeamento das aacutereas de risco Tal planejamento seraacute auxiliar ao Plano Diretor
Municipal pois definiraacute o real uso do solo de determinada regiatildeo do municiacutepio
contribuindo para a adequaccedilatildeo do uso e ocupaccedilatildeo do solo afim de evitar ou reduzir o
nuacutemero de problemas relacionados a alagamentos e principalmente deslizamentos no
periacutemetro urbano (TOMINAGA 2009) A partir deste plano os gestores locais poderatildeo
tomar a melhor decisatildeo para a prevenccedilatildeo ou reduccedilatildeo dos riscos inerentes a tais problemas
Na seccedilatildeo 521 seraacute hierarquizado de forma preliminar a aacuterea urbana principal de acordo
com os resultados da tabela 51
521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta
O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos (PMRR) foi criado atraveacutes de accedilotildees
regularizadoras do Ministeacuterio das Cidades para ser o instrumento de gestatildeo e
gerenciamento de aacutereas de risco em um municiacutepio Eacute um documento que aleacutem de
estabelecer quais regiotildees satildeo consideradas de risco tambeacutem objetiva a proposta de
medidas estruturais ou natildeo para contenccedilatildeo eou prevenccedilatildeo de cataacutestrofes aleacutem de ser um
meio de captaccedilatildeo de recursos financeiros junto aos Governos Estadual e Federal Estes
recursos poderatildeo ser utilizados para a realizaccedilatildeo de obras que visem a melhoria da
qualidade de vida da populaccedilatildeo do entorno ou de recuperaccedilatildeo da aacuterea degradada Este
plano eacute realizado de forma participativa com as comunidades das aacutereas de risco e pode
ser realizado em sete fases conforme recomenda o Ministeacuterio das Cidades (ALHEIROS
2006)
O primeiro passo para a realizaccedilatildeo do PMRR eacute definir qual a metodologia seraacute empregada
levando-se em consideraccedilatildeo a realidade atual do municiacutepio e especificar de forma sucinta
um cronograma das atividades Eacute importante nesta fase a participaccedilatildeo tambeacutem dos
responsaacuteveis pelas mais variadas Secretarias Municipais afim de explicitar o tamanho da
importacircncia e o caraacuteter integrador deste plano A segunda fase deste plano objetiva a
criaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo da principal base de dados a ser utilizada nos passos posteriores o
mapeamento de risco em escala detalhe em torno de 13000 (SAtildeO PAULO 2014) A
elaboraccedilatildeo de um mapeamento detalhado propiciaraacute natildeo soacute a identificaccedilatildeo mais faacutecil das
aacutereas de risco como tambeacutem facilitaraacute aos gestores e agrave comunidade decidirem qual a
melhor intervenccedilatildeo para a soluccedilatildeo ou remediaccedilatildeo dos problemas em uma determinada
42
aacuterea hierarquizando o risco e definindo prioridades (SAtildeO PAULO 2014) Na tabela a
seguir apresenta-se alguns tipos de intervenccedilotildees que podem ser feitas em aacutereas de risco
sugeridas pelo Ministeacuterio das cidades (ALHEIROS 2006)
Quadro 5 1 - Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco
Tipo de intervenccedilatildeo Descriccedilatildeo
Serviccedilos de limpeza e Recuperaccedilatildeo
Remoccedilatildeo de entulho lixo etc
corte de aacutervores
remoccedilatildeo de bananeiras
recuperaccedilatildeo eou limpeza de sistemas de
drenagem esgotos e acessos
Limpeza de canais de drenagem
Proteccedilatildeo Vegetal
Proteccedilatildeo superficial vegetal (gramiacuteneas) em
taludes com solo exposto
Proteccedilatildeo vegetal de margens de canais de
drenagem
Barreiras vegetais para massas escorregadas
ou acumuladas pela erosatildeo
Drenagem Superficial e Acessos
Sistema de drenagem superficial (canaletas
raacutepidos caixas de transiccedilatildeo escadas drsquoaacutegua)
Acessos para pedestres (escadarias rampas
etc) integrados ao sistema de drenagem
Revestimento de Taludes Revestimento com materiais artificiais
cimentado cal-jet tela argamassada alvenaria
de tijolos ceracircmicos solo-cimento ensacado
Desmonte de blocos e matacotildees Desmonte de concreccedilotildees de grande porte
blocos rochosos e matacotildees
Obras de drenagem de subsuperfiacutecie Sistema de drenagem de subsuperfiacutecie
(trincheiras drenantes DHP poccedilos de
rebaixamento)
Estruturas de contenccedilatildeo (localizadas)
Muros de contenccedilatildeo de pequeno porte (solo-
cimento ensacado alvenaria de pedra-rachatildeo
concreto armado)
Estruturas de contenccedilatildeo localizadas
(chumbadores tirantes microestacas)
Contenccedilatildeo e proteccedilatildeo de margens de canais (
gabiotildees muros de concreto etc)
Estruturas de contenccedilatildeo (meacutedio e grande porte) Implantaccedilatildeo de estruturas de contenccedilatildeo de
meacutedio e grande porte envolvendo obras de
contenccedilatildeo passivas e ativas (muros de
gravidade cortinas etc)
Terraplanagem Execuccedilatildeo de serviccedilos de terraplanagem
combinados a obras de drenagem superficial e
proteccedilatildeo vegetal desvio e canalizaccedilatildeo de
coacuterregos
Remoccedilatildeo de moradias Remoccedilotildees definitivas para implantaccedilatildeo de
obras ou devido agrave localizaccedilatildeo improacutepria da
edificaccedilatildeo (Priorizar as relocaccedilotildees dentro da
proacutepria aacuterea em local seguro)
Fonte ALHEIROS 2006
43
Escolhidas as formas de intervenccedilatildeo para cada aacuterea eacute necessaacuterio realizar uma estimativa
dos custos afim de preparar o orccedilamento da prefeitura para a realizaccedilatildeo das obras e se
seraacute necessaacuterio a captaccedilatildeo de recursos externos para a execuccedilatildeo destas Feitas as
estimativas de custo o proacuteximo passo eacute definir as prioridades e para esta fase eacute tambeacutem
uacutetil o mapeamento feito nas etapas anteriores pois seraacute necessaacuterio hierarquizar tais
intervenccedilotildees nas aacutereas de risco O Ministeacuterio das Cidades (2007) sugere alguns criteacuterios
que podem ser avaliados pelo gestor dentre eles pode-se citar
Grau de risco
Populaccedilatildeo beneficiada
Custo da intervenccedilatildeo
Dimensatildeo da aacuterea a ser tratada
Demandas anteriores da populaccedilatildeo
Tempo de ocupaccedilatildeo
Viabilidade teacutecnica da intervenccedilatildeo
Viabilidade financeira
Inclusatildeo da aacuterea em outros projetos
A partir desta hierarquizaccedilatildeo inicia-se a identificaccedilatildeo de provaacuteveis fontes de captaccedilatildeo de
recursos para a execuccedilatildeo das intervenccedilotildees Estes recursos podem advir de programas dos
governos Federal e Estadual ou por meio de editais para captaccedilatildeo de recursos financeiros
tanto do setor puacuteblico como da iniciativa privada e podem ser tambeacutem associados agrave outras
Secretarias Municipais como a de Turismo ou Meio Ambiente e natildeo soacute as destinadas agrave
Defesa Civil (ALHEIROS 2006)
Eacute previsto tambeacutem no PMRR uma avaliaccedilatildeo da Defesa Civil municipal e como ela estaacute
estruturada fazendo inclusive sugestotildees para que sua atuaccedilatildeo esteja em consonacircncia com
a realidade das comunidades e da Administraccedilatildeo Puacuteblica do municiacutepio de forma a garantir
sua sustentabilidade e conquistar a credibilidade da populaccedilatildeo no que diz respeito a
prevenccedilatildeo de cataacutestrofes Para que a resposta a uma determinada situaccedilatildeo de risco seja
raacutepida eacute necessaacuterio a descentralizaccedilatildeo da Defesa Civil criando pequenos nuacutecleos
comunitaacuterios com a finalidade de se monitorar a aacuterea constantemente e promover as
intervenccedilotildees necessaacuterias em tempo haacutebil o que aumenta em muito a credibilidade da
populaccedilatildeo no PMRR e no trabalho desempenhado pela Defesa Civil no municiacutepio Apoacutes
esta etapa o PMRR passaraacute por audiecircncias puacuteblicas e posteriormente poderaacute ser aprovado
como Lei Municipal pelo Legislativo local (ALHEIROS 2006)
Com a realizaccedilatildeo deste plano o municiacutepio estaraacute munido de informaccedilotildees suficientes para
realizar accedilotildees efetivas de gestatildeo e gerenciamento de riscos bem como aliado a
levantamentos sociais realizar programas habitacionais que beneficiem prioritariamente
44
aos moradores das aacutereas de risco Aleacutem disso com o PMRR o municiacutepio poderaacute melhorar
a qualidade ambiental da populaccedilatildeo captando recursos para a recuperaccedilatildeo das aacutereas de
APP que foram degradadas pelas ocupaccedilotildees irregulares beneficiando todos os moradores
do municiacutepio com o aumento da qualidade de vida na cidade
A partir do disposto nesta seccedilatildeo acerca do Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos e de
uma maneira preliminar (levando-se em conta apenas o nuacutemero de registros de
alagamentos e deslizamentos na aacuterea urbana principal de Santos Dumont no periacuteodo de
1984 a 2014) identificou-se trecircs regiotildees distintas na aacuterea urbana do municiacutepio com
tempo de recorrecircncia desses eventos similares caracterizando trecircs prioridades de
intervenccedilatildeo em contenccedilatildeo de risco como pode ser visto nas figuras 515 e 516 Vale
ressaltar que eacute necessaacuterio um estudo mais detalhado inclusive com visitas teacutecnicas a
campo para que se confirme a real situaccedilatildeo destas e a real prioridade para investimentos
Figura 5 17 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de deslizamentos
Fonte Do Autor
45
Figura 5 18 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de alagamentos
Fonte Do Autor
46
6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees
A seguir apresenta-se as conclusotildees e as recomendaccedilotildees feitas a partir dos objetivos
especiacuteficos explicitados no iniacutecio deste trabalho
Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a
aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes
urbanos
A partir da revisatildeo da legislaccedilatildeo pertinente em acircmbito federal estadual e
municipal constatou-se que o Plano Diretor de Santos Dumont natildeo conflita com a
legislaccedilatildeo federal e estadual sobre Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente A legislaccedilatildeo
municipal foi entendida como mais conservadora que as federal e estadual uma
vez que considera implicitamente que declividades entre 47 e 100 satildeo
enquadradas como APPs aleacutem da faixa superior a 100
Parte consideraacutevel das ocupaccedilotildees em APP principalmente na regiatildeo do bairro
Santo Antocircnio (onde surgiu os primeiros nuacutecleos que deram origem ao municiacutepio)
e o centro da cidade ocorreram antes de que fosse elaborado qualquer legislaccedilatildeo
que versasse sobre o tema Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente bastando ao gestor
local tomar medidas de contenccedilatildeo de riscos que minimizem os impactos causados
por essas ocupaccedilotildees nessa regiatildeo
O ordenamento adequado do uso do solo no municiacutepio eacute necessaacuterio para que o
crescimento dos loteamentos criados anteriormente agrave esta Lei e o surgimento de
novos natildeo avance para Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente o que pode causar
inuacutemeros problemas aos moradores e agravar os jaacute existentes
Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las
com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)
As aacutereas onde houveram a maior quantidade de registros de deslizamentos satildeo os
bairros mais populosos de Santos Dumont podendo se estabelecer uma relaccedilatildeo
que quanto mais populoso o bairro maior a quantidade de problemas relacionados
a deslizamentos Tambeacutem pode-se notar uma relaccedilatildeo com as fronteiras das faixas
de declividades e os deslizamentos uma vez que boa parte deles aconteceram
nestas faixas
As aacutereas onde houve um grande nuacutemero de registros de alagamentos satildeo os bairros
que se desenvolveram agraves margens do Ribeiratildeo das Posses em especial na aacuterea que
47
compreende as APPs de curso hiacutedrico e em aacutereas onde a declividade eacute baixa Esse
fato aliado ao crescimento do nuacutemero de vias pavimentadas com material
impermeaacutevel e a natildeo expansatildeo e ou redimensionamento da rede de drenagem
urbana contribuiacuteram para a ocorrecircncia cada vez mais constante de alagamentos
nessas aacutereas
Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos
catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30
anos
A partir do levantamento histoacuterico realizado e da base de dados georeferenciada
gerada observou-se o aumento do nuacutemero de registros de deslizamentos e
alagamentos nos uacuteltimos 10 anos quando as ocorrecircncias comeccedilaram a se repetir
numa mesma aacuterea com frequecircncia incrementada as vezes com mais de uma
ocorrecircncia anual
Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do
solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental
Destaca-se a adequaccedilatildeo dos criteacuterios gerais estabelecidos pelo Plano Diretor de
Santos Dumont relativos a legislaccedilatildeo federal e estadual Entretanto o referido
Plano Diretor natildeo contempla todo o territoacuterio municipal sendo assim ele natildeo
cumpre o objetivo de proteger as APPs preservadas e recuperar as que foram
degradadas em todo o territoacuterio municipal Ressalta-se tambeacutem a sua natildeo
conformidade com o Estatuto das Cidades uma vez que o Plano Diretor
contempla apenas os novos loteamentos
Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais
negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea
impactada
Recomenda-se a implantaccedilatildeo no municiacutepio de uma Coordenadoria Municipal de
Defesa Civil atuante e integrada agraves Secretarias Municipais e agrave comunidade
visando uma atuaccedilatildeo eficaz nos problemas relacionados a deslizamentos e
alagamentos A elaboraccedilatildeo de um Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos eacute de
suma importacircncia pois atraveacutes dele pode-se predizer as aacutereas que passaratildeo por
problemas caso a expansatildeo aconteccedila ou se inicie uma ocupaccedilatildeo nova aleacutem de
prevenir acidentes nas aacutereas jaacute ocupadas e consideradas de risco
48
7 Anexos
49
71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont
50
51
72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)
52
53
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Iguaccedilu 2013 Anais
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56
SAtildeO PAULO Mapeamento de riscos associados a escorregamentos inundaccedilatildeo erosotildees
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Relatoacuterio Teacutecnico Campos do Jordatildeo 2014
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legenda expandida Centro Tecnoloacutegico de Minas Gerais FEAM Belo Horizonte 2010
ZANON F N Uso e ocupaccedilatildeo da terra e vulnerabilidade a alagamento na aacuterea central
da cidade de Satildeo Paulo O caso da subprefeitura da Seacute Trabalho de Graduaccedilatildeo UNESP
Rio Claro 2013
12
V - as encostas ou partes destas com declividade
superior a 45deg equivalente a 100 (cem por
cento) na linha de maior declive
()
IX - no topo de morros montes montanhas e
serras com altura miacutenima de 100 (cem) metros e
inclinaccedilatildeo meacutedia maior que 25deg as aacutereas
delimitadas a partir da curva de niacutevel
correspondente a 23 (dois terccedilos) da altura
miacutenima da elevaccedilatildeo sempre em relaccedilatildeo agrave base
sendo esta definida pelo plano horizontal
determinado por planiacutecie ou espelho drsquoaacutegua
adjacente ou nos relevos ondulados pela cota do
ponto de sela mais proacuteximo da elevaccedilatildeo
X - as aacutereas em altitude superior a 1800 (mil e
oitocentos) metros qualquer que seja a
vegetaccedilatildeo
()rdquo
A legislaccedilatildeo atual em seu artigo 4ordm evidencia que as faixas e aacutereas determinadas como
APP compreendem tanto as aacutereas rurais quanto urbanas (BRASIL 2012) retirando a
duacutevida anterior e sendo essa a Lei suplementar qualquer faixa de APP mais permissiva
na legislaccedilatildeo estadual e municipal satildeo invaacutelidas o que simplificou de certa forma a
aplicabilidade da Legislaccedilatildeo referente a Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente
No Estado de Minas Gerais a Lei Estadual 20922 de 16 de Outubro de 2013 trata do tema
em acircmbito estadual mas com os mesmos princiacutepios propostos pela Lei Federal sendo os
limites miacutenimos previstos para as APPs os mesmos propostos pelo Novo Coacutedigo
Florestal brasileiro (MINAS GERAIS2013)
ldquo Art 9ordm Para os efeitos desta Lei em zonas rurais
ou urbanas satildeo APPs
I as faixas marginais de cursos drsquoaacutegua naturais
perenes e intermitentes excluiacutedos
os efecircmeros medidas a partir da borda da calha
do leito regular em largura miacutenima de
13
a) 30m (trinta metros) para os cursos drsquoaacutegua de
menos de 10m (dez metros) de largura
b) 50m (cinquenta metros) para os cursos drsquoaacutegua
de 1 0m (dez metros) a 50m (cinquenta metros) de
largura
()
IV as aacutereas no entorno das nascentes e dos olhos
drsquoaacutegua perenes no raio miacutenimo de 50m
(cinquenta metros)
V as encostas ou partes destas com declividade
superior a 45ordm (quarenta e cinco graus)
equivalente a 100 (cem por cento) na linha de
maior declive
()
VII no topo de morros montes montanhas e
serras com altura miacutenima de 100m (cem metros)
e inclinaccedilatildeo meacutedia maior que 25ordm (vinte e cinco
graus) as aacutereas delimitadas a partir da curva de
niacutevel correspondente a 23 (dois terccedilos) da altura
miacutenima da elevaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave base sendo esta
definida pelo plano horizontal determinado por
planiacutecie ou espelho drsquoaacutegua adjacente ou nos
relevos ondulados pela cota do ponto de sela mais
proacuteximo da elevaccedilatildeo
VIII as aacutereas em altitude superior a 1 800m (mil
e oitocentos metros)
()rdquo
323 O Plano Diretor
O Estatuto das Cidades em seu artigo 40 prevecirc o plano diretor como um instrumento
capaz de promover a poliacutetica urbana englobando toda a cidade aleacutem de fornecer padrotildees
e limites para o uso do solo nas mais diversas regiotildees do municiacutepio com vistas a
harmonizar o desenvolvimento urbano com a preservaccedilatildeo do meio ambiente (SILVA JR
2006) Este instrumento eacute obrigatoacuterio para cidades com mais de 20 mil habitantes ou
14
aacutereas que integrem regiotildees metropolitanas ou de interesse turiacutestico O artigo 41 do
Estatuto das cidades tambeacutem prevecirc a obrigatoriedade do Plano Diretor para cidades que
possuem em sua aacuterea empreendimentos que caracterizem grandes impactos ambientais
de influecircncia regional ou nacional e cidades que possuem problemas com deslizamentos
de grande magnitude ou alagamentos repentinos (BRASIL 2001)
O Plano diretor de acordo com o Estatuto das Cidades deve ser aprovado como lei em
acircmbito municipal e revisto a cada dez anos Este documento eacute uacutenico pois cada cidade
possui suas peculiaridades infraestrutura vocaccedilotildees e problemas que por mais que sejam
parecidos entre si satildeo diferenciados pela intensidade e pela regionalizaccedilatildeo Sendo assim
a confecccedilatildeo do Plano Diretor deve conter a participaccedilatildeo de toda a comunidade local de
forma a reduzir as desigualdades sociais os gastos puacuteblicos desnecessaacuterios a degradaccedilatildeo
ambiental e combater os problemas relacionados a urbanizaccedilatildeo de forma conjunta
promovendo um processo de tomada de decisatildeo que garanta a qualidade de vida
preservaccedilatildeo e o desenvolvimento social do municiacutepio como um todo (ROSSBACH amp
CARVALHO 2010)
3231 O Plano Diretor de Santos Dumont
A Lei Municipal nordm 424112 que entrou em vigor no ano de 2014 trata do Plano Diretor
Municipal instrumento previsto no Estatuto das Cidades para garantir aos cidadatildeos um
desenvolvimento urbano organizado justo e sustentavelmente econocircmico (BRASIL
2001) Aleacutem de apontar as diretrizes para a elaboraccedilatildeo da Poliacutetica Municipal dos mais
variados setores o Plano Diretor divide o municiacutepio em macrozonas urbanas e rurais
Estas zonas tecircm por objetivo facilitar a identificaccedilatildeo dos setores que permitem ou natildeo o
desenvolvimento da cidade e em que magnitude pode ser feita a expansatildeo respeitando ao
meio ambiente e tambeacutem o que eacute previsto no tocante ao uso e ocupaccedilatildeo do solo nessas
aacutereas Aleacutem disso ela estabelece a forma como devem ser as edificaccedilotildees nas referidas
aacutereas As aacutereas definidas como macrozonas urbanas e foram subdivididas em (SANTOS
DUMONT2012)
ldquoZona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e
da Paisagem (ZPPH) satildeo as aacutereas cujos
equipamentos urbanos possuem interesse
histoacuterico ou paisagiacutestico de preservaccedilatildeo
Zona de Preservaccedilatildeo Ambiental satildeo aquelas em
que devem ser mantidas ou recuperadas a
15
vegetaccedilatildeo por conta da declividade altitude ou
presenccedila de recursos hiacutedricos
Zona de Adensamento Controlado (ZAC) satildeo as
aacutereas em que deve-se manter uma pequena
densidade populacional devido as limitaccedilotildees na
infraestrutura da localidade A ZAC se divide em
ZAC 1 quando a infraestrutura existente eacute
limitada e em ZAC 2 quando esta eacute precaacuteria ou
natildeo existe
Zona de Consolidaccedilatildeo de Adensamento (ZCA)
satildeo as aacutereas em que haacute interesse em ocupar os
lotes vagos haja visto que a regiatildeo possui toda a
infraestrutura para que isto aconteccedila
Zona Adensaacutevel (ZA) satildeo as aacutereas com
condiccedilotildees propiacutecias para ocorrer uma ocupaccedilatildeo
mais densa
Zona Especial de Interesse Social (ZEIS) satildeo as
aacutereas em que o Poder Puacuteblico almeja fazer
alguma forma de ocupaccedilatildeo Eacute dividida em ZEIS 1
e ZEIS 2 A ZEIS 1 satildeo regiotildees jaacute ocupadas mas
de forma irregular cujo interesse puacuteblico eacute
realizar obras e outras atividades para
regularizar as ocupaccedilotildees e urbanizar a aacuterea
enquanto que a ZEIS 2 satildeo aacutereas natildeo utilizadas ou
subutilizadas as quais o poder puacuteblico almeja
realizar algum empreendimento habitacional de
caraacuteter social
Zona de Grandes Equipamentos (ZE) satildeo aacutereas
cujo o interesse eacute a implantaccedilatildeo de
empreendimentos de grande porte ou grandes
equipamentos puacuteblicosrdquo
Esta divisatildeo espacial pode ser melhor vista no Anexo 71
O Plano Diretor natildeo estipula limites para APP mas prevecirc algumas diretrizes como na
Poliacutetica Municipal de Preservaccedilatildeo do Meio Ambiente sobre o uso do solo em
compatibilidade com praacuteticas conservacionistas A Poliacutetica Municipal de Expansatildeo
16
Urbana tem como uma de suas diretrizes fazer cumprir a legislaccedilatildeo vigente no que diz
respeito agraves intervenccedilotildees e investimentos que poderatildeo ser feitos nessas aacutereas Tambeacutem eacute
diretriz da mesma Poliacutetica o controle da ocupaccedilatildeo e do uso do solo em APPs e o auxiacutelio
aos oacutergatildeos estaduais e federais de meio ambiente no tocante agrave fiscalizaccedilatildeo da ocupaccedilatildeo
nestas aacutereas (SANTOS DUMONT 2012) O artigo 38 que trata das diretrizes da Poliacutetica
habitacional de interesse social exclui do processo de regularizaccedilatildeo fundiaacuteria os
assentamentos situados em aacutereas de risco o que na maioria das vezes estatildeo tambeacutem nas
aacutereas que deveriam estar vegetadas e protegidas (SANTOS DUMONT 2012) Na
legislaccedilatildeo referente ao parcelamento do solo eacute previsto que no parcelamento de glebas
com declividade entre 30 e 47 soacute poderaacute ser aprovado mediante projeto e laudo
assinado por um responsaacutevel teacutecnico favoraacutevel agrave construccedilatildeo nesse local (SANTOS
DUMONT 2012) Diante do proposto pelo Plano Diretor de Santos Dumont pode-se
dizer que natildeo haacute conflito com a legislaccedilatildeo federal e estadual em se tratando da
aplicabilidade do Coacutedigo Florestal uma vez que aquele natildeo explicita limites nem
permissivos e tampouco restritivos para faixas e aacutereas de preservaccedilatildeo permanente
33 O Municiacutepio de Santos Dumont
331 De Arraial a cidade
A aacuterea onde se situa hoje o municiacutepio de Santos Dumont teve sua ocupaccedilatildeo iniciada no
seacuteculo XVIII quando a Coroa Portuguesa solicitou ao entatildeo Governador do Rio de
Janeiro Artur de Saacute Menezes que abrisse um caminho que ligasse as Minas dos
Cataguases na regiatildeo de Ouro Preto (receacutem descobertas) ao Rio de Janeiro por onde
escoava os metais preciosos para a metroacutepole Surgiu assim o ldquoCaminho Novordquo e ao longo
deste caminho surgiram tambeacutem as Sesmarias aacutereas que tinham por principal objetivo
servir de pouso aos transportadores e exploradores e tambeacutem para garantir alimento a
estas pessoas Uma destas ocupaccedilotildees seria o ldquoArraial de Joatildeo Gomesrdquo (Figura 41)
primeiro nuacutecleo primitivo do municiacutepio em 1709 De iniacutecio prevaleciam somente
ranchos onde os viajantes se abrigavam mas em pouco tempo ergueu-se a Capela de Satildeo
Miguel e Almas e pequenos nuacutecleos urbanos comeccedilaram a surgir (DAPPC2008)
17
Figura 3 1 Vista parcial do Arraial de Joatildeo Gomes
Fonte Arquivo Histoacuterico de Santos Dumont-MG
Com a construccedilatildeo da Estrada de Ferro D Pedro II no final do seacuteculo XIX a regiatildeo teve
um consideraacutevel crescimento natildeo soacute populacional como tambeacutem econocircmico se tornando
a Vila Palmyra em 1889 Em 1890 Palmyra eacute elevada ao status de Municiacutepio (Figura 42)
e recebe um grande nuacutemero de melhorias no setor viaacuterio como a retificaccedilatildeo de ruas e
tambeacutem no setor de serviccedilos puacuteblicos como abastecimento de aacutegua iluminaccedilatildeo puacuteblica a
querosene e posteriormente energia eleacutetrica O desenvolvimento econocircmico na regiatildeo
tambeacutem teve seu momento aacuteureo nesse periacuteodo Induacutestrias de laticiacutenios graacuteficas e de
Carbureto de Caacutelcio fizeram parte do parque industrial de Palmyra o que atraiacutea pessoas
de outros lugares inclusive estrangeiros contribuindo para o aumento populacional da
regiatildeo Como ainda natildeo havia legislaccedilatildeo sobre uso e ocupaccedilatildeo do solo nessa eacutepoca
surgiram inuacutemeros loteamentos em aacutereas proacuteximas agrave rios e coacuterregos e tambeacutem em
encostas com declividade acentuada o que foi agravando o risco agrave medida que a ocupaccedilatildeo
aumentava (DAPPC2008)
18
Figura 3 2 Municiacutepio de Palmyra na deacutecada de 1920
Fonte Arquivo Histoacuterico de Santos Dumont-MG
O escoamento da produccedilatildeo industrial se dava pelo modal ferroviaacuterio setor que tambeacutem
movimentava a crescente cidade que era ponto importante no setor de transportes pois
possuiacutea um dos mais bem equipados depoacutesitos de locomotivas da Estrada de Ferro Central
do Brasil (DAPPC2008)
No ano de 1932 o municiacutepio de Palmyra passou a se chamar Santos Dumont (Figura 43)
em homenagem ao inventor do aviatildeo que nascera naquela cidade Nos uacuteltimos 40 anos
Santos Dumont tem experimentado uma acentuada desaceleraccedilatildeo econocircmica
consequecircncia do fechamento da grande maioria das induacutestrias principalmente as de
laticiacutenios que empregavam direta e indiretamente uma parte consideraacutevel da populaccedilatildeo
(DAPPC2008)
19
Figura 3 3 Municiacutepio de Santos Dumont em 2014
Fonte Arquivo do autor
332 Santos Dumont na atualidade
O municiacutepio de Santos Dumont localiza-se na regiatildeo da Zona da Mata mineira distante
cerca de 220 Km da capital Belo Horizonte e possui uma populaccedilatildeo de 47558 habitantes
(ODM 2015 projeccedilatildeo) numa aacuterea total de 637 kmsup2 Faz divisa com os municiacutepios de
Juiz de Fora Oliveira Fortes Bias Fortes Antocircnio Carlos Tabuleiro Piau e Ewbank da
Cacircmara
No que diz respeito agrave sua formaccedilatildeo fisiacuteco-geograacutefica a aacuterea que compreende o municiacutepio
eacute constituiacuteda predominantemente por Cambissolo Haacuteplico (70) com Latossolo
Vermelho-Amarelo (30) (UFV2010) A vegetaccedilatildeo eacute em sua maioria composta por
exemplares de Mata Atlacircntica De acordo com o IBGE(2015) Santos Dumont se localiza
a 839m de altitude O clima da regiatildeo eacute classificado como Tropical de Altitude (Cwb) e
possui uma temperatura meacutedia de 20ordmC Eacute banhado pela bacia hidrograacutefica do Paraiacuteba do
Sul e em sua maioria pertence agrave sub-bacia do Rio Pomba (IGAM) que fornece aacutegua para
abastecimento puacuteblico agrave 88 da populaccedilatildeo por meio da rede de distribuiccedilatildeo
(IBGE2010) Uma pequena parte da zona rural a sudoeste eacute banhada pela Sub-Bacia do
Rio Paraibuna mais precisamente na regiatildeo de fronteira com os municiacutepios de Juiz de
Fora e Ewbank da Cacircmara O sistema viaacuterio principal de acesso agrave cidade eacute a rodovia BR-
040 e a estrada de ferro Dom Pedro II atualmente utilizada somente para transporte de
cargas
Com a economia nos dias atuais baseada majoritariamente no setor de serviccedilos a cidade
possui um Iacutendice de Desenvolvimento humano (IDH) de 0741 (IBGE2010) Apesar do
decliacutenio econocircmico de Santos Dumont nota-se hoje um aumento no nuacutemero de
loteamentos populares e condomiacutenios horizontais e verticais entre outras edificaccedilotildees Eacute
de vital importacircncia que esse crescimento das ocupaccedilotildees seja ordenado e regulamentado
20
de forma a garantir a qualidade ambiental prevenindo deslizamentos e inundaccedilotildees Diante
dessa conjuntura o governo municipal aprovou em 2012 a Lei nordm 4241 que trata do Plano
Diretor Participativo instrumento baacutesico da poliacutetica de desenvolvimento e expansatildeo
urbana do municiacutepio de Santos Dumont
4 METODOLOGIA
41 Aacuterea de estudo
A regiatildeo dentro dos limites do municiacutepio que seraacute estudada neste trabalho eacute conforme
descrito nos anexos Plano Diretor e representada na figura 44 a aacuterea urbana principal
que possui 47 Kmsup2 e compreende a regiatildeo central da cidade e os bairros perifeacutericos regiatildeo
que concentra cerca de 90 da populaccedilatildeo total de Santos Dumont (IBGE 2015) A aacuterea
urbana principal representa 75 da aacuterea total dos 637 Kmsup2 que compreendem o
municiacutepio e eacute o local onde nos uacuteltimos 30 anos se verificou um maior crescimento
populacional e tambeacutem onde ocorre a maioria dos eventos relacionados a deslizamentos
e alagamentos por conta da ocupaccedilatildeo sem planejamento A figura 45 mostra a aacuterea
urbana principal e a localizaccedilatildeo dos bairros urbanos de Santos Dumont
Figura 4 1 Localizaccedilatildeo da aacuterea urbana principal
Fonte Google Earth
21
Figura 4 2 Mapa da aacuterea urbana principal com a localizaccedilatildeo dos bairros
Fonte Do Autor
42 Levantamento e tratamento dos dados
No desenvolvimento deste trabalho foi necessaacuterio se fazer um estudo detalhado sobre o
Plano Diretor de Santos Dumont principalmente dos seus anexos que compreendem os
mapas e a localizaccedilatildeo das aacutereas definidas pelo zoneamento proposto Para que isso fosse
possiacutevel a Secretaria Municipal de Obras e Serviccedilos Puacuteblicos forneceu todos os dados
secundaacuterios produto do estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor e do
zoneamento Estes dados incluem os arquivos Shapefile (shp) e outros documentos
integrantes do Plano Diretor Algumas informaccedilotildees foram complementadas tambeacutem com
dados adquiridos atraveacutes do site do IBGE e do Portal Objetivos do Milecircnio (ODM)
Os dados sobre as ocorrecircncias de deslizamentos e alagamentos foram obtidos atraveacutes da
Defesa Civil do municiacutepio atraveacutes do Sistema Integrado de Informaccedilotildees sobre Desastres
(S2ID) do Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional Tal sistema centraliza as informaccedilotildees sobre
desastres naturais ocorridos em todo o territoacuterio nacional facilitando a pesquisa sobre tais
eventos a qualquer cidadatildeo (BRASIL 2015)
Apesar do sistema ser bastante uacutetil os dados sobre o municiacutepio de Santos Dumont se
encontravam bastante falhos e escassos sendo necessaacuteria complementaccedilatildeo para que a
22
base de dados ficasse consistente Diante disso uma pesquisa atraveacutes dos arquivos do
Jornal Mensagem um jornal semanaacuterio local foi feita entre os anos de 1984 e 2014 e os
dados primaacuterios filtrados em uma planilha do Microsoft Excel para posterior utilizaccedilatildeo
De posse destes dados foi feita a localizaccedilatildeo em campo das coordenadas dos locais
atingidos por deslizamentos e alagamentos no periacuteodo compreendido pela pesquisa com
o auxiacutelio de um aparelho de GPS
A maioria dos arquivos shapefile utilizados para a confecccedilatildeo dos mapas satildeo parte
integrante dos anexos da Lei do Plano diretor do municiacutepio gerados no mecircs de dezembro
de 2011 pelo Instituto Nova Cidade e foram cedidos pela Secretaria Municipal de Obras
e Serviccedilos Puacuteblicos com Datum em UTM SAD 69 Com a finalidade de fornecer um
referenciamento atualizado e de acordo com os mais novos sistemas de coordenadas
utilizados no Brasil os arquivos foram convertidos para o Datum UTM SIRGAS 2000
que diferencia do SAD 69 pelo fato de ser um referencial geocecircntrico ou seja o centro
da Terra eacute o ponto de referecircncia neste sistema enquanto que o primeiro utiliza um
referencial na superfiacutecie da Terra (IBGE2014) Eacute interessante ressaltar tambeacutem que o
SIRGAS 2000 se tornou no ano de 2014 o sistema de coordenadas oficial do Sistema
Geodeacutesico Brasileiro e do Sistema Cartograacutefico Nacional ambos mantidos pelo IBGE A
combinaccedilatildeo dos shapefiles foi feita com o software livre gvSIG e com estas combinaccedilotildees
foram gerados mapas importantes resultados para a execuccedilatildeo deste trabalho A maioria
dos mapas representam a regiatildeo urbana principal de Santos Dumont e foram produzidos
numa escala em torno de 140000 que de acordo com Rocha (2007) eacute uma escala viaacutevel
pois as recomendaacuteveis para trabalhos de anaacutelise ambiental em niacutevel municipal podem ser
entre 150000 e 110000 Alguns mapas cujo detalhamento natildeo eacute necessaacuterio foram
gerados na escala 1100000
Para a geraccedilatildeo dos mapas aleacutem dos arquivos fornecidos pela Secretaria de Obras e
Serviccedilos Puacuteblicos foram utilizados para a geraccedilatildeo do modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE)
e da localizaccedilatildeo dos topos de morro dados gerados pelo sistema de radar Advanced
Spacebone Thermal Emission and Reflection Radiometer (ASTER) que geram as curvas
de niacutevel do terreno com uma resoluccedilatildeo de 30m (NASA2014) O processamento dessas
imagens foi feito pelo software livre gvSIG As imagens geradas pelos sateacutelites
LANDSAT foram adquiridas no site da United States Geological Survey (USGS) e essas
imagens possibilitaram obter um panorama preciso do uso do solo em toda a aacuterea urbana
de Santos Dumont numa resoluccedilatildeo de 15 metros uma vez que foi utilizada a banda
pancromaacutetica do sateacutelite LANDSAT 8 aleacutem da combinaccedilatildeo das bandas 65 e 4
respectivamente que eacute a combinaccedilatildeo recomendada pela mantenedora dos sateacutelites para
anaacutelises deste tipo
23
No que diz respeito a identificaccedilatildeo de APPs em topo de morro a metodologia de Oliveira
amp Fernandes Filho (2013) por utilizar as mesmas bases de dados ateacute entatildeo usadas neste
trabalho foi a mais indicada
A metodologia de anaacutelise dos mapas gerados eacute a proposta pelo professor Jorge Xavier da
Silva do Laboratoacuterio de Geoprocessamento (LAGEOP) da Universidade Federal do Rio
de Janeiro e citada por Rocha (2007) Tal metodologia analisa as variaacuteveis em questatildeo
presentes na aacuterea e permite avaliar as possibilidades de relaccedilotildees entre essas variaacuteveis De
uma maneira geral este meacutetodo verifica o estado atual da aacuterea em estudo bem como das
variaacuteveis gerando inventaacuterios que servem para a construccedilatildeo de dados planimeacutetricos sejam
com as variaacuteveis isoladas ou combinadas Estes dados planimeacutetricos geram assinaturas
que permitem inferir sobre a influecircncia dessas variaacuteveis De posse dos dados gerados pelo
processo anteriormente citado pode-se fazer algumas prospecccedilotildees sobre os riscos
ambientais que a aacuterea pode sofrer ou o seu potencial ambiental (ROCHA 2007)
5 RESULTADOS
51 Levantamento histoacuterico de alagamentos e
deslizamentos
O aumento da demanda pelo uso do solo na regiatildeo urbana de Santos Dumont
principalmente no tocante agrave formaccedilatildeo de novos loteamentos e condomiacutenios nos uacuteltimos
anos eacute consideraacutevel mas tambeacutem haacute de se observar o crescimento dos bairros jaacute existentes
com pouco ou nenhum ordenamento Em ambos os casos se observa ocupaccedilotildees
irregulares em APP o que tem ocasionado um aumento na frequecircncia de deslizamentos
e inundaccedilotildees Eacute evidente que quanto maior a densidade populacional do bairro maior a
quantidade de ocorrecircncias ao longo dos anos (SPERFELD 2009)
De acordo com as ocorrecircncias registradas pela Defesa Civil do municiacutepio obtidas atraveacutes
da literatura utilizada nos uacuteltimos 30 anos Santos Dumont chegou a decretar situaccedilatildeo de
emergecircncia por conta de desastres envolvendo deslizamentos eou alagamentos por duas
vezes num espaccedilo de 10 anos conforme pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho
(BRASIL 2014 CEPED 2011)
Segundo os dados obtidos atraveacutes de pesquisa nos arquivos do semanaacuterio entre os anos
de 1984 e 2014 pode-se verificar que nos uacuteltimos 20 anos a cidade tem experimentado
24
um aumento consideraacutevel nos eventos relacionados a deslizamentos e principalmente
alagamentos como pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho Isso pode ter sido causado
dentre outros fatores pelo aumento do nuacutemero de vias pavimentadas com material
impermeaacutevel o que tem sobrecarregado tanto a infraestrutura existente para drenagem
urbana como tambeacutem a calha dos cursos drsquoaacutegua que passam pela regiatildeo urbana do
municiacutepio (ZANON2013)
Na deacutecada de 1980 (1984-1990) de acordo com os dados obtidos natildeo foram noticiados
eventos consideraacuteveis relacionados a deslizamentos e alagamentos em Santos Dumont
mas isso natildeo exclui a possibilidade de natildeo ter ocorrido tais eventos em menor escala
Na deacutecada de 1990 aconteceram uma seacuterie de ocorrecircncias tanto de deslizamentos quanto
de alagamentos No ano de 1997 num periacuteodo chuvoso intenso aconteceram
deslizamentos consideraacuteveis em vaacuterios bairros da cidade inclusive com desabamento de
casas e de ruas principalmente nos bairros Nossa Senhora da Gloacuteria e Quarto Depoacutesito
Em 1999 ocorreram alguns pontos de alagamento nos bairros Quarto Depoacutesito e Santo
Antocircnio com grandes prejuiacutezos materiais
A deacutecada de 2000 iniciou com o registro de deslizamentos em vaacuterios bairros da cidade
inclusive com desabamento de casas e pontes e alagamentos em importantes vias do
centro da cidade Observa-se ao longo desse periacuteodo o crescimento nas ocorrecircncias de
deslizamentos e de aacutereas com risco de deslizamento em muitos bairros de Santos Dumont
Um dos fatores importantes para esse crescimento foi a grande expansatildeo sofrida pela
maioria dos bairros e a falta de planejamento e orientaccedilatildeo por parte da prefeitura uma
vez que uma boa parte do crescimento dos bairros da cidade ocorreu ou proacuteximo a cursos
drsquoaacutegua ou em aacutereas com declividade improacutepria para se fazer construccedilotildees O bairro
Coacuterrego do Ouro (Figura 51) foi o que mais sofreu com ocorrecircncias de deslizamentos
nesse periacuteodo enquanto o bairro Santo Antocircnio foi que teve mais ocorrecircncias de
alagamentos
25
Figura 5 1 Deslizamento no bairro Coacuterrego do Ouro
Fonte Portal Cabangu
No iniacutecio deacutecada de 2010 (2011-2014) o centro da cidade foi a regiatildeo que mais sofreu
com alagamentos sendo registrado pelo menos uma ocorrecircncia por ano nessa aacuterea (Figura
52) Isso pode ser relacionado dentre outros fatores com as obras de modificaccedilatildeo do
tipo de pavimentaccedilatildeo das estradas por um material impermeaacutevel gerando uma sobrecarga
nos sistemas de drenagem urbana que foram projetados para um tipo de pavimento mais
permeaacutevel implicando tambeacutem na sobrecarga calha do Ribeiratildeo das Posses o principal
curso drsquoaacutegua que corta o centro da cidade e que se encontra em quase sua totalidade
ocupada em ambas as margens que cortam o centro da cidade
26
Figura 5 2 Alagamento na regiatildeo central de Santos Dumont em 2013
Fonte Portal Cabangu
Quanto agraves ocorrecircncias de deslizamento ao longo da referida deacutecada elas estiveram
espalhadas pelos bairros do municiacutepio tendo um maior nuacutemero de ocorrecircncias nos bairros
Santo Antocircnio Nossa Senhora da Gloacuteria e Aacutegua Espraiada Nos dois primeiros bairros
citados as ocorrecircncias podem ter sido ocasionadas pelo crescimento desordenado e sem
planejamento destes e no terceiro as ocorrecircncias satildeo relacionadas ao processo de
assoreamento do Ribeiratildeo das Posses o que pode ter gerado um aumento da velocidade
desse curso drsquoaacutegua causando problemas decorrentes do transporte de sedimentos da aacuterea
onde as casas foram construiacutedas que teve como consequecircncia os deslizamentos
Em resumo como pode ser observado nas figuras 53 e 54 na tabela 51 no periacuteodo de
1984 a 2014 os bairros mais afetados por alagamentos e deslizamentos satildeo Quarto
Depoacutesito Nossa Senhora da Gloacuteria Santo Antocircnio Coacuterrego do Ouro Antocircnio Afonso
Graminha e Vila Esperanccedila sendo que o bairro Coacuterrego do Ouro possui o maior nuacutemero
de ocorrecircncias de deslizamentos e o centro da cidade possui o maior nuacutemero de
ocorrecircncias de alagamentos no periacuteodo pesquisado Vale destacar que a aacuterea propiacutecia a
alagamentos no bairro Antocircnio Afonso natildeo identificada no estudo realizado pela
prefeitura constitui-se efetivamente numa aacuterea de risco conforme levantamento histoacuterico
realizado Esta aacuterea de risco se deve agrave diferenccedila de niacutevel negativa entre o rio Pinho e a
aacuterea do bairro estando este em desniacutevel com um risco iminente de inundaccedilotildees resultantes
da cheia desse curso drsquoaacutegua causando inuacutemeros transtornos aos moradores do local
27
Figura 5 3 Pontos de Alagamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico
Fonte Do autor
Figura 5 4 Pontos de deslizamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico
Fonte Do autor
28
Tabela 51 Ocorrecircncias de alagamentos e deslizamentos obtidos atraveacutes do
levantamento histoacuterico
Pontos de ocorrecircncia (1984-2014)
Bairros Alagamento Deslizamento
Aacutegua Espraiada 1 1
Antocircnio Afonso 1 0
Barra 0 1
Centro 7 1
Coacuterrego do Ouro 1 7
Flores 0 1
Graminha 1 0
Jardim Jaraguaacute 0 1
N Sra da Gloacuteria 0 4
N Sra das Graccedilas 1 0
Quarto Depoacutesito 3 2
Santo Antocircnio 4 2
Satildeo Sebastiatildeo 0 1
Vila Esperanccedila 0 1
Fonte Do autor
De acordo com o estudo realizado na elaboraccedilatildeo do Plano Diretor pela prefeitura
municipal observa-se que os bairros que possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a
deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do Ouro e Vila Esperanccedila enquanto que os que
possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a alagamento satildeo o Centro da cidade e os
bairros Satildeo Sebastiatildeo Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio por estarem agraves margens do
Ribeiratildeo das Posses um curso drsquoaacutegua que sofre com inundaccedilotildees perioacutedicas devido ao
severo assoreamento em algumas regiotildees e tambeacutem devido ao acuacutemulo de lixo descartado
pelos moradores do entorno irregularmente De acordo com o estudo realizado quando da
elaboraccedilatildeo do Plano Diretor do municiacutepio foram feitos estudos sobre as aacutereas propensas
a deslizamentos e alagamentos na regiatildeo urbana principal Tais aacutereas satildeo as destacadas
nas Figuras 55 e 56 No levantamento histoacuterico realizado pode-se identificar que os
bairros que possuem mais aacutereas propensas a deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do
Ouro Nossa Senhora da Gloacuteria Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio enquanto que os bairros
mais propensos a alagamentos satildeo os bairros Centro Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio
como observado na tabela 51
29
Figura 5 5 Aacutereas propensas a deslizamento de acordo com o Plano Diretor de
Santos Dumont
Fonte Google Earth e Lei 42412012
Figura 5 6 Aacutereas propensas a alagamento de acordo com o Plano Diretor de
Santos Dumont
Fonte Google Earth e Lei 42412012
30
Comparando-se os mapas obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico com o mapa gerado
pelo estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor nota-se que haacute semelhanccedilas em
algumas aacutereas mas ao se levar em conta o produto gerado pela pesquisa histoacuterica o
estudo necessitaria ser complementado haja vista que ele natildeo compreende por exemplo
o ponto de alagamento no bairro Antocircnio Afonso citado anteriormente e alguns pontos de
deslizamento importantes uma vez que satildeo regiotildees onde haacute ocupaccedilatildeo Esse fato evidencia
a necessidade de se buscar vaacuterias fontes primaacuterias e secundaacuterias para se detectar aacutereas de
risco em um municiacutepio incluindo arquivos da imprensa local afim de se produzir uma
base de dados consistente e com o menor nuacutemero de falhas possiacutevel (CEPED 2014) Com
a uniatildeo dos dois estudos foram gerados os mapas apresentados nas Figuras 57 e 58
Aleacutem do mais observando as figuras 57 e 58 pode-se notar que uma boa parte tanto dos
casos de alagamento quanto de deslizamento estatildeo na faixa de APP de curso hiacutedrico o
que ilustra a importacircncia da preservaccedilatildeo destas aacutereas
Figura 5 7 Aacutereas propensas a alagamento do estudo do Plano Diretor
complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento
Fonte Do Autor
31
Figura 5 8 Aacutereas propensas a deslizamento do estudo do Plano Diretor
complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento
Fonte Do Autor
Atraveacutes da combinaccedilatildeo entre estes dois levantamentos procurou-se alimentar a base de
dados e garantir uma consistecircncia maior desta no que diz respeito a aacutereas de deslizamento
e alagamento podendo inclusive se identificar a suscetibilidade de uma determinada
regiatildeo da cidade a um ou outro evento (CEPED2014)
512 O Plano diretor e as APPs
Nos uacuteltimos anos o Brasil experimentou um forte fenocircmeno de migraccedilatildeo do campo para
as aacutereas urbanas De acordo com o IBGE no periacuteodo de 1940 a 2000 houve um aumento
de cerca de 60 do nuacutemero de pessoas que vivem em cidades (SILVA JR 2006) O
processo de planejamento e ordenamento do uso do solo nessas aacutereas deveria ter
acompanhado esse crescimento ao longo dos anos a fim de garantir a qualidade de vida e
a seguranccedila dos migrantes ao se instalarem nas cidades o que natildeo ocorreu e o que se
observa atualmente satildeo ocupaccedilotildees em aacutereas improacuteprias para moradia sem a infraestrutura
baacutesica necessaacuteria e com risco iminente de deslizamentos eou inundaccedilotildees
O Plano Diretor do municiacutepio de Santos Dumont em seu capiacutetulo IV que versa sobre o
uso e ocupaccedilatildeo do solo explicita regras para o ordenamento do territoacuterio que compreende
o municiacutepio com base nos diferentes usos do solo de acordo com sua compatibilidade o
32
que acabou por resultar num zoneamento de todo o municiacutepio em macrozonas conforme
citado na seccedilatildeo 3231 de acordo com os usos atuais e futuros do solo Aleacutem de dividir
estas macrozonas em urbanas e rurais tambeacutem avaliou e classificou estas aacutereas com base
numa seacuterie de fatores ambientais geoloacutegicos culturais e sociais de forma a se fazer um
zoneamento coerente com os atuais usos do solo e seu potencial de uso futuro Apresenta-
se na Figura 59 este zoneamento na aacuterea urbana principal de Santos Dumont
Figura 5 9 Zoneamento urbano da aacuterea urbana principal
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Lei 42412012
Tomando como referecircncia o Novo Coacutedigo Florestal brasileiro em especial os paracircmetros
estabelecidos para a definiccedilatildeo de APP e utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento
atraveacutes do software Vista SAGA relacionou-se as APPs existentes na aacuterea em estudo com
as regiotildees propiacutecias a alagamentos e deslizamentos de acordo com o estudo feito quando
da elaboraccedilatildeo do Plano Diretor afim de se identificar qual ou quais aacutereas possuem estes
problemas e se estatildeo relacionados com o uso do solo irregular em APP
Ao se aplicar a metodologia proposta por Oliveira amp Fernandes Filho (2013) natildeo foram
identificadas dentro da aacuterea de estudo APPs de topos de morro sendo este tipo de APP
descartada portanto das anaacutelises subsequentes deste trabalho Foram consideradas as
APP de curso hiacutedrico (rios e nascentes) e de declividade visando relacionaacute-las as aacutereas
de risco identificadas pela Prefeitura afim de se verificar as possiacuteveis causas da ocorrecircncia
33
destas aacutereas na regiatildeo urbana do municiacutepio Por meio de combinaccedilotildees entre dois mapas
temaacuteticos utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento foi possiacutevel obter as
assinaturas ou seja tabelas que caracterizam quantitativamente a aacuterea afetada por cada
aspecto visto que a simples visualizaccedilatildeo do mapa gerado pelo geoprocessamento muitas
vezes eacute prejudicada por serem aacutereas de pequenas dimensotildees ou por qualquer outra
limitaccedilatildeo do software Ressalta-se que para a elaboraccedilatildeo do Plano Municipal de Reduccedilatildeo
de riscos a identificaccedilatildeo e detalhamento topograacutefico destas aacutereas eacute fundamental para o
desenvolvimento do referido Plano conforme seraacute abordado detalhadamente na seccedilatildeo
52
De posse do mapa que representa o zoneamento urbano de Santos Dumont primeiramente
procurou-se mensurar qualitativa e quantitativamente a presenccedila de APPs tanto de
declividade quanto de cursos hiacutedricos Essa identificaccedilatildeo eacute importante pois este
zoneamento eacute um dos instrumentos de planejamento municipal (BRASIL 2001) Saboya
(2007) aponta que os principais objetivos de um zoneamento satildeo o controle da expansatildeo
urbana e proteccedilatildeo de aacutereas inadequadas a ocupaccedilatildeo aleacutem de reduzir os conflitos inerentes
aos diferentes usos do solo Com o uso da ferramenta ldquoCombinarrdquo do Vista SAGA foram
feitas combinaccedilotildees entre o mapa de hidrografia com buffer de 30m para rios e coacuterregos e
de 50m para nascentes com o mapa do zoneamento para se verificar a importacircncia das
APPs de curso hiacutedrico em toda a aacuterea urbana principal do municiacutepio Tambeacutem foram
combinados o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) obtido atraveacutes do gvSIG com o mapa
de zoneamento afim de se verificar quantitativamente as APPs de declividade e onde se
localizam Vale ressaltar que as declividades entre 30 e 47 estatildeo presentes nesta
combinaccedilatildeo pois de acordo com o Plano Diretor de Santos Dumont terrenos com esta
faixa de declividade para fins de parcelamento devem possuir estudo teacutecnico que ateste
a viabilidade de se promover algum empreendimento imobiliaacuterio neste (SANTOS
DUMONT 2012) Como a legislaccedilatildeo municipal prevecirc estudo somente para a faixa de
declividade descrita anteriormente para fins de anaacutelise neste trabalho consideramos um
valor mais conservador para APP compreendendo a faixa de 47 a 100 aleacutem da
prevista pela legislaccedilatildeo federal (gt100) para que natildeo houvessem lacunas importantes na
geraccedilatildeo do produto
Apresenta-se na Figura 510 aacutereas com declividades consideradas de risco e consideradas
APP e em qual zona de planejamento elas estatildeo inseridas De um modo geral ao se
observar a Tabela 52 nota-se que a aacuterea que compreende declividades de risco e APP eacute
uma pequena parcela da aacuterea urbana principal representando 061 desta aacuterea Ao se
levar em conta somente a localizaccedilatildeo pode-se verificar que cerca de 84 das aacutereas com
declividade de risco e a totalidade das APPs de declividade estatildeo localizadas na ZAC1
zona que compreende a maior parte do municiacutepio e apesar de possuir infraestrutura baacutesica
para a ocupaccedilatildeo esta eacute restrita Sendo assim o fator declividade deve ser visto com cautela
nesta aacuterea para se evitar transtornos advindos de edificaccedilotildees nestas aacutereas
34
Figura 5 10 Combinaccedilatildeo entre as declividades importantes incluindo as APPs e o
zoneamento urbano
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Do autor
Tabela 52 Assinaturas da combinaccedilatildeo Declividade x Zoneamento
Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea
Natildeo APP 457972 9939
Declividade 30-47 em ZAC1 2368 051
Declividade 30-47 em ZE 284 006
Declividade 30-47 em ZAC2 128 003
Declividade 30-47 em ZPA 004 0001
APP Declividade em ZAC1 048 001
Total 460804 100
Fonte Do autor
Apresenta-se na Figura 511 as APPs de curso hiacutedrico (nascentes e rios) e em qual zona
de planejamento estatildeo localizadas Assim como a declividade a maior parte das APPs de
curso hiacutedrico estatildeo localizadas em ZAC1 representando 383 da aacuterea urbana em estudo
e 51 do total das APPs de curso hiacutedrico Esta questatildeo tambeacutem deve ser vista com
bastante criteacuterio pelos gestores locais uma vez que a ocupaccedilatildeo em faixas proacuteximas de
rios e coacuterregos podem causar uma gama de problemas ambientais e sociais na regiatildeo
(SANTANA2011) Tal cuidado tambeacutem deve ser tomado nas APPs compreendidas na
35
ZAC2 que compreende 001 da Aacuterea urbana principal e 14 do total das APPs de curso
hiacutedrico pois a infraestrutura baacutesica e acessibilidade presente nesta zona eacute precaacuteria e a
ocupaccedilatildeo as margens de cursos hiacutedricos pode gerar problemas seacuterios caso ocorra uma
expansatildeo nestas aacutereas
Figura 511 Combinaccedilatildeo entre APP de curso hiacutedrico e as zonas de planejamento
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Do autor
Outro ponto importante eacute a presenccedila da Zona de Proteccedilatildeo Ambiental (ZPA) no entorno
uma consideraacutevel parte dos cursos hiacutedricos Nesta zona estatildeo presentes 28 das APPs de
curso hiacutedrico e esta zona de acordo com o Plano Diretor deve ser restaurada ou
preservada por suas caracteriacutesticas geoloacutegicas topograacuteficas e bioloacutegicas
Afim de se verificar os usos do solo na regiatildeo em estudo foram utilizadas combinaccedilotildees
de imagens advindas do sateacutelite Landsat 8 nas bandas descritas no capiacutetulo 4 aleacutem da
banda pancromaacutetica O resultado eacute apresentado na figura 512 que mostra os principais
usos do solo na aacuterea urbana principal de Santos Dumont
36
Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x Zoneamento
Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea
Hidrografia 11168 239
Aacuterea Urbana Natildeo APP 421004 9008
APP Curso hiacutedrico em ZAC1 179 383
APP Curso hiacutedrico em ZPA 9776 209
APP Curso hiacutedrico em ZE 184 004
APP Curso hiacutedrico em ZA 1192 026
APP Curso hiacutedrico em ZAC2 5124 110
APP Curso hiacutedrico em ZPPH 248 005
APP Curso hiacutedrico em ZEIS 568 012
APP Curso hiacutedrico em ZCA 228 005
Total 467392 10000
Fonte Do autor
Figura 5 12 Mapa de usos do solo da aacuterea urbana principal de Santos Dumont
Fonte Do autor
Como jaacute era previsto a maior parte da aacuterea urbana se encontra ocupada e eacute nesta regiatildeo
ocupada que se observa a maior concentraccedilatildeo de problemas de deslizamentos e
alagamentos (Figuras 513 e 514) A grande ocupaccedilatildeo em aacutereas consideradas APP de
curso hiacutedrico de acordo com os mapas gerados pode ser a principal causa do aumento a
cada ano dos casos de alagamento principalmente na regiatildeo central da cidade Outro ponto
que se deve atentar eacute a existecircncia de uma consideraacutevel aacuterea de pastagem pouco vegetada
que caso estejam em aacutereas elevadas pode contribuir para deslizamentos e agraves margens de
37
rios e coacuterregos para o assoreamento destes corpos hiacutedricos o que pode causar
alagamentos (INAacuteCIO etal 2007)
Diante destes resultados pode-se ver que a cidade de Santos Dumont necessita alternativas
efetiva no que diz respeito agrave contenccedilatildeo de deslizamentos e a reduccedilatildeo de risco de
alagamento pois as aacutereas em que ocorrem tais eventos satildeo distintas e facilmente definidas
devido agrave repeticcedilatildeo destes nos uacuteltimos anos Um plano de accedilatildeo integrado entre as diferentes
secretarias municipais (Obras Meio Ambiente Assistecircncia Social entre outras) e a
Coordenadoria Municipal de Defesa Civil deve ser realizado afim de se tomar medidas
natildeo mais preventivas mas sim preditivas para que se possa conter o avanccedilo destes
problemas na aacuterea urbana principal bem como em toda a aacuterea do municiacutepio
Figura 5 13 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na aacuterea urbana
principal
Fonte Do autor
38
Figura 5 14 Aacutereas sujeitas a alagamento e os principais usos do solo na aacuterea
urbana principal
Fonte Do autor
Ao se associar os dados do estudo do Plano Diretor com os dados do levantamento
histoacuterico realizado com o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) pode-se notar que as aacutereas
propiacutecias a deslizamento estatildeo em regiotildees as quais haacute uma fronteira de declividades ou
seja eacute evidente que os deslizamentos ocorrem em encostas um pouco mais iacutengremes mas
natildeo necessariamente nas encostas de 30-47 as quais exigem estudo teacutecnico conforme o
plano diretor preconiza Quanto aos alagamentos nota-se que eles se localizam nas aacutereas
com menor ou nenhuma declividade podendo ser estas aacutereas talvez componentes da
planiacutecie de inundaccedilatildeo dos rios Estes resultados podem ser vistos nas figuras 515 e 516
a seguir
39
Figura5 15 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a deslizamentos na
regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
Fonte Lei 42412012 e Autor
Figura5 26 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a alagamentos na
regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
Fonte Lei 42412012 e Autor
40
52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis
O processo de ocupaccedilatildeo no municiacutepio de Santos Dumont comeccedilou muito antes de
qualquer legislaccedilatildeo relacionada a ordenamento urbano e de proteccedilatildeo do meio ambiente
fosse implementado no Brasil Esse fato aliado a poliacuteticas e fiscalizaccedilotildees falhas
contribuiacuteram para a ocupaccedilatildeo e expansatildeo da aacuterea urbana ao longo do Ribeiratildeo das Posses
e seus afluentes o que tem gerado o aumento da degradaccedilatildeo destes corpos hiacutedricos ao
longo de todos estes anos Observa-se tambeacutem que nas uacuteltimas deacutecadas ocorreu um
grande nuacutemero de migraccedilotildees do campo para a regiatildeo urbana da cidade fator que
contribuiu para o crescimento do nuacutemero de habitaccedilotildees em aacutereas de risco de deslizamento
e alagamentos por serem na maioria das vezes terrenos menos valorizados e por este
motivo acessiacuteveis a populaccedilatildeo com menor poder aquisitivo (ROSA amp CORTEZ 2008)
Vale ressaltar que esta questatildeo aleacutem de ser ambiental eacute muito mais social pois os
moradores entendem os riscos de se viver nestes locais mas por motivos econocircmicos ou
por questotildees afetivas natildeo abrem matildeo da moradia nessas aacutereas A Constituiccedilatildeo Federal de
1988 promoveu a inter-relaccedilatildeo das questotildees sociais com as questotildees ambientais quando
colocou o meio ambiente como direito coletivo (BRASIL1988 SOUZA2010) Por este
motivo a decisatildeo por medidas draacutesticas que favoreccedilam apenas agrave preservaccedilatildeo do meio
ambiente natildeo eacute recomendada pois aleacutem de ser inconstitucional podem afetar a
sustentabilidade econocircmica do municiacutepio e gerar conflitos sociais consideraacuteveis
(CARLOS 1992 apud SOUZA 2010)
Segundo Bueno (2009) ldquonem tudo o que eacute irregular eacute precaacuteriordquo Esse fato se observa em
Santos Dumont uma vez que em boa parte da regiatildeo central se observa vaacuterias moradias
construiacutedas na faixa de APP de curso hiacutedrico o que natildeo eacute permitido pela legislaccedilatildeo
vigente e eacute um dos fatores que contribui para a ocorrecircncia de alagamentos nesta aacuterea da
cidade Para a resoluccedilatildeo deste problema o que seria mais viaacutevel seria a melhoria da
infraestrutura de drenagem urbana afim de que o escoamento da aacutegua das chuvas natildeo
sobrecarregasse o sistema (BUENO2009) A construccedilatildeo de bacias de contenccedilatildeo de
cheias ao longo do Ribeiratildeo das Posses tambeacutem seria uma alternativa mas para se verificar
a viabilidade necessita-se estudos mais aprofundados do ponto de vista hidroloacutegico
O grande problema a ser solucionado no entanto eacute o que diz respeito agraves aacutereas de risco
de deslizamento majoritariamente nos bairros A melhor alternativa seria o
remanejamento dos moradores para uma aacuterea proacutexima agrave que moram poreacutem longe do
risco Poreacutem esta alternativa de acordo com Rosa Filho amp Cortez (2008) encontra alguns
entraves pois estas pessoas na maioria das vezes natildeo tecircm condiccedilotildees financeiras de irem
para outro lugar ou pagar aluguel ou estatildeo de alguma forma sentimentalmente ligadas
agravequela regiatildeo que se recusam a deixaacute-lo
41
Por parte dos oacutergatildeos competentes no municiacutepio a criaccedilatildeo de um plano para se evitar
acidentes ocasionados por deslizamentos e alagamentos com um mapeamento detalhado
de toda a extensatildeo do municiacutepio eacute extremamente uacutetil Os estudos que seratildeo feitos para a
elaboraccedilatildeo deste plano poderatildeo definir quais as aacutereas satildeo potencialmente de risco para as
ocupaccedilotildees existentes ou para as potenciais ocupaccedilotildees que possam vir a ocorrer atraveacutes do
mapeamento das aacutereas de risco Tal planejamento seraacute auxiliar ao Plano Diretor
Municipal pois definiraacute o real uso do solo de determinada regiatildeo do municiacutepio
contribuindo para a adequaccedilatildeo do uso e ocupaccedilatildeo do solo afim de evitar ou reduzir o
nuacutemero de problemas relacionados a alagamentos e principalmente deslizamentos no
periacutemetro urbano (TOMINAGA 2009) A partir deste plano os gestores locais poderatildeo
tomar a melhor decisatildeo para a prevenccedilatildeo ou reduccedilatildeo dos riscos inerentes a tais problemas
Na seccedilatildeo 521 seraacute hierarquizado de forma preliminar a aacuterea urbana principal de acordo
com os resultados da tabela 51
521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta
O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos (PMRR) foi criado atraveacutes de accedilotildees
regularizadoras do Ministeacuterio das Cidades para ser o instrumento de gestatildeo e
gerenciamento de aacutereas de risco em um municiacutepio Eacute um documento que aleacutem de
estabelecer quais regiotildees satildeo consideradas de risco tambeacutem objetiva a proposta de
medidas estruturais ou natildeo para contenccedilatildeo eou prevenccedilatildeo de cataacutestrofes aleacutem de ser um
meio de captaccedilatildeo de recursos financeiros junto aos Governos Estadual e Federal Estes
recursos poderatildeo ser utilizados para a realizaccedilatildeo de obras que visem a melhoria da
qualidade de vida da populaccedilatildeo do entorno ou de recuperaccedilatildeo da aacuterea degradada Este
plano eacute realizado de forma participativa com as comunidades das aacutereas de risco e pode
ser realizado em sete fases conforme recomenda o Ministeacuterio das Cidades (ALHEIROS
2006)
O primeiro passo para a realizaccedilatildeo do PMRR eacute definir qual a metodologia seraacute empregada
levando-se em consideraccedilatildeo a realidade atual do municiacutepio e especificar de forma sucinta
um cronograma das atividades Eacute importante nesta fase a participaccedilatildeo tambeacutem dos
responsaacuteveis pelas mais variadas Secretarias Municipais afim de explicitar o tamanho da
importacircncia e o caraacuteter integrador deste plano A segunda fase deste plano objetiva a
criaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo da principal base de dados a ser utilizada nos passos posteriores o
mapeamento de risco em escala detalhe em torno de 13000 (SAtildeO PAULO 2014) A
elaboraccedilatildeo de um mapeamento detalhado propiciaraacute natildeo soacute a identificaccedilatildeo mais faacutecil das
aacutereas de risco como tambeacutem facilitaraacute aos gestores e agrave comunidade decidirem qual a
melhor intervenccedilatildeo para a soluccedilatildeo ou remediaccedilatildeo dos problemas em uma determinada
42
aacuterea hierarquizando o risco e definindo prioridades (SAtildeO PAULO 2014) Na tabela a
seguir apresenta-se alguns tipos de intervenccedilotildees que podem ser feitas em aacutereas de risco
sugeridas pelo Ministeacuterio das cidades (ALHEIROS 2006)
Quadro 5 1 - Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco
Tipo de intervenccedilatildeo Descriccedilatildeo
Serviccedilos de limpeza e Recuperaccedilatildeo
Remoccedilatildeo de entulho lixo etc
corte de aacutervores
remoccedilatildeo de bananeiras
recuperaccedilatildeo eou limpeza de sistemas de
drenagem esgotos e acessos
Limpeza de canais de drenagem
Proteccedilatildeo Vegetal
Proteccedilatildeo superficial vegetal (gramiacuteneas) em
taludes com solo exposto
Proteccedilatildeo vegetal de margens de canais de
drenagem
Barreiras vegetais para massas escorregadas
ou acumuladas pela erosatildeo
Drenagem Superficial e Acessos
Sistema de drenagem superficial (canaletas
raacutepidos caixas de transiccedilatildeo escadas drsquoaacutegua)
Acessos para pedestres (escadarias rampas
etc) integrados ao sistema de drenagem
Revestimento de Taludes Revestimento com materiais artificiais
cimentado cal-jet tela argamassada alvenaria
de tijolos ceracircmicos solo-cimento ensacado
Desmonte de blocos e matacotildees Desmonte de concreccedilotildees de grande porte
blocos rochosos e matacotildees
Obras de drenagem de subsuperfiacutecie Sistema de drenagem de subsuperfiacutecie
(trincheiras drenantes DHP poccedilos de
rebaixamento)
Estruturas de contenccedilatildeo (localizadas)
Muros de contenccedilatildeo de pequeno porte (solo-
cimento ensacado alvenaria de pedra-rachatildeo
concreto armado)
Estruturas de contenccedilatildeo localizadas
(chumbadores tirantes microestacas)
Contenccedilatildeo e proteccedilatildeo de margens de canais (
gabiotildees muros de concreto etc)
Estruturas de contenccedilatildeo (meacutedio e grande porte) Implantaccedilatildeo de estruturas de contenccedilatildeo de
meacutedio e grande porte envolvendo obras de
contenccedilatildeo passivas e ativas (muros de
gravidade cortinas etc)
Terraplanagem Execuccedilatildeo de serviccedilos de terraplanagem
combinados a obras de drenagem superficial e
proteccedilatildeo vegetal desvio e canalizaccedilatildeo de
coacuterregos
Remoccedilatildeo de moradias Remoccedilotildees definitivas para implantaccedilatildeo de
obras ou devido agrave localizaccedilatildeo improacutepria da
edificaccedilatildeo (Priorizar as relocaccedilotildees dentro da
proacutepria aacuterea em local seguro)
Fonte ALHEIROS 2006
43
Escolhidas as formas de intervenccedilatildeo para cada aacuterea eacute necessaacuterio realizar uma estimativa
dos custos afim de preparar o orccedilamento da prefeitura para a realizaccedilatildeo das obras e se
seraacute necessaacuterio a captaccedilatildeo de recursos externos para a execuccedilatildeo destas Feitas as
estimativas de custo o proacuteximo passo eacute definir as prioridades e para esta fase eacute tambeacutem
uacutetil o mapeamento feito nas etapas anteriores pois seraacute necessaacuterio hierarquizar tais
intervenccedilotildees nas aacutereas de risco O Ministeacuterio das Cidades (2007) sugere alguns criteacuterios
que podem ser avaliados pelo gestor dentre eles pode-se citar
Grau de risco
Populaccedilatildeo beneficiada
Custo da intervenccedilatildeo
Dimensatildeo da aacuterea a ser tratada
Demandas anteriores da populaccedilatildeo
Tempo de ocupaccedilatildeo
Viabilidade teacutecnica da intervenccedilatildeo
Viabilidade financeira
Inclusatildeo da aacuterea em outros projetos
A partir desta hierarquizaccedilatildeo inicia-se a identificaccedilatildeo de provaacuteveis fontes de captaccedilatildeo de
recursos para a execuccedilatildeo das intervenccedilotildees Estes recursos podem advir de programas dos
governos Federal e Estadual ou por meio de editais para captaccedilatildeo de recursos financeiros
tanto do setor puacuteblico como da iniciativa privada e podem ser tambeacutem associados agrave outras
Secretarias Municipais como a de Turismo ou Meio Ambiente e natildeo soacute as destinadas agrave
Defesa Civil (ALHEIROS 2006)
Eacute previsto tambeacutem no PMRR uma avaliaccedilatildeo da Defesa Civil municipal e como ela estaacute
estruturada fazendo inclusive sugestotildees para que sua atuaccedilatildeo esteja em consonacircncia com
a realidade das comunidades e da Administraccedilatildeo Puacuteblica do municiacutepio de forma a garantir
sua sustentabilidade e conquistar a credibilidade da populaccedilatildeo no que diz respeito a
prevenccedilatildeo de cataacutestrofes Para que a resposta a uma determinada situaccedilatildeo de risco seja
raacutepida eacute necessaacuterio a descentralizaccedilatildeo da Defesa Civil criando pequenos nuacutecleos
comunitaacuterios com a finalidade de se monitorar a aacuterea constantemente e promover as
intervenccedilotildees necessaacuterias em tempo haacutebil o que aumenta em muito a credibilidade da
populaccedilatildeo no PMRR e no trabalho desempenhado pela Defesa Civil no municiacutepio Apoacutes
esta etapa o PMRR passaraacute por audiecircncias puacuteblicas e posteriormente poderaacute ser aprovado
como Lei Municipal pelo Legislativo local (ALHEIROS 2006)
Com a realizaccedilatildeo deste plano o municiacutepio estaraacute munido de informaccedilotildees suficientes para
realizar accedilotildees efetivas de gestatildeo e gerenciamento de riscos bem como aliado a
levantamentos sociais realizar programas habitacionais que beneficiem prioritariamente
44
aos moradores das aacutereas de risco Aleacutem disso com o PMRR o municiacutepio poderaacute melhorar
a qualidade ambiental da populaccedilatildeo captando recursos para a recuperaccedilatildeo das aacutereas de
APP que foram degradadas pelas ocupaccedilotildees irregulares beneficiando todos os moradores
do municiacutepio com o aumento da qualidade de vida na cidade
A partir do disposto nesta seccedilatildeo acerca do Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos e de
uma maneira preliminar (levando-se em conta apenas o nuacutemero de registros de
alagamentos e deslizamentos na aacuterea urbana principal de Santos Dumont no periacuteodo de
1984 a 2014) identificou-se trecircs regiotildees distintas na aacuterea urbana do municiacutepio com
tempo de recorrecircncia desses eventos similares caracterizando trecircs prioridades de
intervenccedilatildeo em contenccedilatildeo de risco como pode ser visto nas figuras 515 e 516 Vale
ressaltar que eacute necessaacuterio um estudo mais detalhado inclusive com visitas teacutecnicas a
campo para que se confirme a real situaccedilatildeo destas e a real prioridade para investimentos
Figura 5 17 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de deslizamentos
Fonte Do Autor
45
Figura 5 18 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de alagamentos
Fonte Do Autor
46
6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees
A seguir apresenta-se as conclusotildees e as recomendaccedilotildees feitas a partir dos objetivos
especiacuteficos explicitados no iniacutecio deste trabalho
Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a
aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes
urbanos
A partir da revisatildeo da legislaccedilatildeo pertinente em acircmbito federal estadual e
municipal constatou-se que o Plano Diretor de Santos Dumont natildeo conflita com a
legislaccedilatildeo federal e estadual sobre Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente A legislaccedilatildeo
municipal foi entendida como mais conservadora que as federal e estadual uma
vez que considera implicitamente que declividades entre 47 e 100 satildeo
enquadradas como APPs aleacutem da faixa superior a 100
Parte consideraacutevel das ocupaccedilotildees em APP principalmente na regiatildeo do bairro
Santo Antocircnio (onde surgiu os primeiros nuacutecleos que deram origem ao municiacutepio)
e o centro da cidade ocorreram antes de que fosse elaborado qualquer legislaccedilatildeo
que versasse sobre o tema Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente bastando ao gestor
local tomar medidas de contenccedilatildeo de riscos que minimizem os impactos causados
por essas ocupaccedilotildees nessa regiatildeo
O ordenamento adequado do uso do solo no municiacutepio eacute necessaacuterio para que o
crescimento dos loteamentos criados anteriormente agrave esta Lei e o surgimento de
novos natildeo avance para Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente o que pode causar
inuacutemeros problemas aos moradores e agravar os jaacute existentes
Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las
com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)
As aacutereas onde houveram a maior quantidade de registros de deslizamentos satildeo os
bairros mais populosos de Santos Dumont podendo se estabelecer uma relaccedilatildeo
que quanto mais populoso o bairro maior a quantidade de problemas relacionados
a deslizamentos Tambeacutem pode-se notar uma relaccedilatildeo com as fronteiras das faixas
de declividades e os deslizamentos uma vez que boa parte deles aconteceram
nestas faixas
As aacutereas onde houve um grande nuacutemero de registros de alagamentos satildeo os bairros
que se desenvolveram agraves margens do Ribeiratildeo das Posses em especial na aacuterea que
47
compreende as APPs de curso hiacutedrico e em aacutereas onde a declividade eacute baixa Esse
fato aliado ao crescimento do nuacutemero de vias pavimentadas com material
impermeaacutevel e a natildeo expansatildeo e ou redimensionamento da rede de drenagem
urbana contribuiacuteram para a ocorrecircncia cada vez mais constante de alagamentos
nessas aacutereas
Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos
catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30
anos
A partir do levantamento histoacuterico realizado e da base de dados georeferenciada
gerada observou-se o aumento do nuacutemero de registros de deslizamentos e
alagamentos nos uacuteltimos 10 anos quando as ocorrecircncias comeccedilaram a se repetir
numa mesma aacuterea com frequecircncia incrementada as vezes com mais de uma
ocorrecircncia anual
Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do
solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental
Destaca-se a adequaccedilatildeo dos criteacuterios gerais estabelecidos pelo Plano Diretor de
Santos Dumont relativos a legislaccedilatildeo federal e estadual Entretanto o referido
Plano Diretor natildeo contempla todo o territoacuterio municipal sendo assim ele natildeo
cumpre o objetivo de proteger as APPs preservadas e recuperar as que foram
degradadas em todo o territoacuterio municipal Ressalta-se tambeacutem a sua natildeo
conformidade com o Estatuto das Cidades uma vez que o Plano Diretor
contempla apenas os novos loteamentos
Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais
negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea
impactada
Recomenda-se a implantaccedilatildeo no municiacutepio de uma Coordenadoria Municipal de
Defesa Civil atuante e integrada agraves Secretarias Municipais e agrave comunidade
visando uma atuaccedilatildeo eficaz nos problemas relacionados a deslizamentos e
alagamentos A elaboraccedilatildeo de um Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos eacute de
suma importacircncia pois atraveacutes dele pode-se predizer as aacutereas que passaratildeo por
problemas caso a expansatildeo aconteccedila ou se inicie uma ocupaccedilatildeo nova aleacutem de
prevenir acidentes nas aacutereas jaacute ocupadas e consideradas de risco
48
7 Anexos
49
71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont
50
51
72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)
52
53
8 Referecircncias Bibliograacuteficas
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da cidade de Satildeo Paulo O caso da subprefeitura da Seacute Trabalho de Graduaccedilatildeo UNESP
Rio Claro 2013
13
a) 30m (trinta metros) para os cursos drsquoaacutegua de
menos de 10m (dez metros) de largura
b) 50m (cinquenta metros) para os cursos drsquoaacutegua
de 1 0m (dez metros) a 50m (cinquenta metros) de
largura
()
IV as aacutereas no entorno das nascentes e dos olhos
drsquoaacutegua perenes no raio miacutenimo de 50m
(cinquenta metros)
V as encostas ou partes destas com declividade
superior a 45ordm (quarenta e cinco graus)
equivalente a 100 (cem por cento) na linha de
maior declive
()
VII no topo de morros montes montanhas e
serras com altura miacutenima de 100m (cem metros)
e inclinaccedilatildeo meacutedia maior que 25ordm (vinte e cinco
graus) as aacutereas delimitadas a partir da curva de
niacutevel correspondente a 23 (dois terccedilos) da altura
miacutenima da elevaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave base sendo esta
definida pelo plano horizontal determinado por
planiacutecie ou espelho drsquoaacutegua adjacente ou nos
relevos ondulados pela cota do ponto de sela mais
proacuteximo da elevaccedilatildeo
VIII as aacutereas em altitude superior a 1 800m (mil
e oitocentos metros)
()rdquo
323 O Plano Diretor
O Estatuto das Cidades em seu artigo 40 prevecirc o plano diretor como um instrumento
capaz de promover a poliacutetica urbana englobando toda a cidade aleacutem de fornecer padrotildees
e limites para o uso do solo nas mais diversas regiotildees do municiacutepio com vistas a
harmonizar o desenvolvimento urbano com a preservaccedilatildeo do meio ambiente (SILVA JR
2006) Este instrumento eacute obrigatoacuterio para cidades com mais de 20 mil habitantes ou
14
aacutereas que integrem regiotildees metropolitanas ou de interesse turiacutestico O artigo 41 do
Estatuto das cidades tambeacutem prevecirc a obrigatoriedade do Plano Diretor para cidades que
possuem em sua aacuterea empreendimentos que caracterizem grandes impactos ambientais
de influecircncia regional ou nacional e cidades que possuem problemas com deslizamentos
de grande magnitude ou alagamentos repentinos (BRASIL 2001)
O Plano diretor de acordo com o Estatuto das Cidades deve ser aprovado como lei em
acircmbito municipal e revisto a cada dez anos Este documento eacute uacutenico pois cada cidade
possui suas peculiaridades infraestrutura vocaccedilotildees e problemas que por mais que sejam
parecidos entre si satildeo diferenciados pela intensidade e pela regionalizaccedilatildeo Sendo assim
a confecccedilatildeo do Plano Diretor deve conter a participaccedilatildeo de toda a comunidade local de
forma a reduzir as desigualdades sociais os gastos puacuteblicos desnecessaacuterios a degradaccedilatildeo
ambiental e combater os problemas relacionados a urbanizaccedilatildeo de forma conjunta
promovendo um processo de tomada de decisatildeo que garanta a qualidade de vida
preservaccedilatildeo e o desenvolvimento social do municiacutepio como um todo (ROSSBACH amp
CARVALHO 2010)
3231 O Plano Diretor de Santos Dumont
A Lei Municipal nordm 424112 que entrou em vigor no ano de 2014 trata do Plano Diretor
Municipal instrumento previsto no Estatuto das Cidades para garantir aos cidadatildeos um
desenvolvimento urbano organizado justo e sustentavelmente econocircmico (BRASIL
2001) Aleacutem de apontar as diretrizes para a elaboraccedilatildeo da Poliacutetica Municipal dos mais
variados setores o Plano Diretor divide o municiacutepio em macrozonas urbanas e rurais
Estas zonas tecircm por objetivo facilitar a identificaccedilatildeo dos setores que permitem ou natildeo o
desenvolvimento da cidade e em que magnitude pode ser feita a expansatildeo respeitando ao
meio ambiente e tambeacutem o que eacute previsto no tocante ao uso e ocupaccedilatildeo do solo nessas
aacutereas Aleacutem disso ela estabelece a forma como devem ser as edificaccedilotildees nas referidas
aacutereas As aacutereas definidas como macrozonas urbanas e foram subdivididas em (SANTOS
DUMONT2012)
ldquoZona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e
da Paisagem (ZPPH) satildeo as aacutereas cujos
equipamentos urbanos possuem interesse
histoacuterico ou paisagiacutestico de preservaccedilatildeo
Zona de Preservaccedilatildeo Ambiental satildeo aquelas em
que devem ser mantidas ou recuperadas a
15
vegetaccedilatildeo por conta da declividade altitude ou
presenccedila de recursos hiacutedricos
Zona de Adensamento Controlado (ZAC) satildeo as
aacutereas em que deve-se manter uma pequena
densidade populacional devido as limitaccedilotildees na
infraestrutura da localidade A ZAC se divide em
ZAC 1 quando a infraestrutura existente eacute
limitada e em ZAC 2 quando esta eacute precaacuteria ou
natildeo existe
Zona de Consolidaccedilatildeo de Adensamento (ZCA)
satildeo as aacutereas em que haacute interesse em ocupar os
lotes vagos haja visto que a regiatildeo possui toda a
infraestrutura para que isto aconteccedila
Zona Adensaacutevel (ZA) satildeo as aacutereas com
condiccedilotildees propiacutecias para ocorrer uma ocupaccedilatildeo
mais densa
Zona Especial de Interesse Social (ZEIS) satildeo as
aacutereas em que o Poder Puacuteblico almeja fazer
alguma forma de ocupaccedilatildeo Eacute dividida em ZEIS 1
e ZEIS 2 A ZEIS 1 satildeo regiotildees jaacute ocupadas mas
de forma irregular cujo interesse puacuteblico eacute
realizar obras e outras atividades para
regularizar as ocupaccedilotildees e urbanizar a aacuterea
enquanto que a ZEIS 2 satildeo aacutereas natildeo utilizadas ou
subutilizadas as quais o poder puacuteblico almeja
realizar algum empreendimento habitacional de
caraacuteter social
Zona de Grandes Equipamentos (ZE) satildeo aacutereas
cujo o interesse eacute a implantaccedilatildeo de
empreendimentos de grande porte ou grandes
equipamentos puacuteblicosrdquo
Esta divisatildeo espacial pode ser melhor vista no Anexo 71
O Plano Diretor natildeo estipula limites para APP mas prevecirc algumas diretrizes como na
Poliacutetica Municipal de Preservaccedilatildeo do Meio Ambiente sobre o uso do solo em
compatibilidade com praacuteticas conservacionistas A Poliacutetica Municipal de Expansatildeo
16
Urbana tem como uma de suas diretrizes fazer cumprir a legislaccedilatildeo vigente no que diz
respeito agraves intervenccedilotildees e investimentos que poderatildeo ser feitos nessas aacutereas Tambeacutem eacute
diretriz da mesma Poliacutetica o controle da ocupaccedilatildeo e do uso do solo em APPs e o auxiacutelio
aos oacutergatildeos estaduais e federais de meio ambiente no tocante agrave fiscalizaccedilatildeo da ocupaccedilatildeo
nestas aacutereas (SANTOS DUMONT 2012) O artigo 38 que trata das diretrizes da Poliacutetica
habitacional de interesse social exclui do processo de regularizaccedilatildeo fundiaacuteria os
assentamentos situados em aacutereas de risco o que na maioria das vezes estatildeo tambeacutem nas
aacutereas que deveriam estar vegetadas e protegidas (SANTOS DUMONT 2012) Na
legislaccedilatildeo referente ao parcelamento do solo eacute previsto que no parcelamento de glebas
com declividade entre 30 e 47 soacute poderaacute ser aprovado mediante projeto e laudo
assinado por um responsaacutevel teacutecnico favoraacutevel agrave construccedilatildeo nesse local (SANTOS
DUMONT 2012) Diante do proposto pelo Plano Diretor de Santos Dumont pode-se
dizer que natildeo haacute conflito com a legislaccedilatildeo federal e estadual em se tratando da
aplicabilidade do Coacutedigo Florestal uma vez que aquele natildeo explicita limites nem
permissivos e tampouco restritivos para faixas e aacutereas de preservaccedilatildeo permanente
33 O Municiacutepio de Santos Dumont
331 De Arraial a cidade
A aacuterea onde se situa hoje o municiacutepio de Santos Dumont teve sua ocupaccedilatildeo iniciada no
seacuteculo XVIII quando a Coroa Portuguesa solicitou ao entatildeo Governador do Rio de
Janeiro Artur de Saacute Menezes que abrisse um caminho que ligasse as Minas dos
Cataguases na regiatildeo de Ouro Preto (receacutem descobertas) ao Rio de Janeiro por onde
escoava os metais preciosos para a metroacutepole Surgiu assim o ldquoCaminho Novordquo e ao longo
deste caminho surgiram tambeacutem as Sesmarias aacutereas que tinham por principal objetivo
servir de pouso aos transportadores e exploradores e tambeacutem para garantir alimento a
estas pessoas Uma destas ocupaccedilotildees seria o ldquoArraial de Joatildeo Gomesrdquo (Figura 41)
primeiro nuacutecleo primitivo do municiacutepio em 1709 De iniacutecio prevaleciam somente
ranchos onde os viajantes se abrigavam mas em pouco tempo ergueu-se a Capela de Satildeo
Miguel e Almas e pequenos nuacutecleos urbanos comeccedilaram a surgir (DAPPC2008)
17
Figura 3 1 Vista parcial do Arraial de Joatildeo Gomes
Fonte Arquivo Histoacuterico de Santos Dumont-MG
Com a construccedilatildeo da Estrada de Ferro D Pedro II no final do seacuteculo XIX a regiatildeo teve
um consideraacutevel crescimento natildeo soacute populacional como tambeacutem econocircmico se tornando
a Vila Palmyra em 1889 Em 1890 Palmyra eacute elevada ao status de Municiacutepio (Figura 42)
e recebe um grande nuacutemero de melhorias no setor viaacuterio como a retificaccedilatildeo de ruas e
tambeacutem no setor de serviccedilos puacuteblicos como abastecimento de aacutegua iluminaccedilatildeo puacuteblica a
querosene e posteriormente energia eleacutetrica O desenvolvimento econocircmico na regiatildeo
tambeacutem teve seu momento aacuteureo nesse periacuteodo Induacutestrias de laticiacutenios graacuteficas e de
Carbureto de Caacutelcio fizeram parte do parque industrial de Palmyra o que atraiacutea pessoas
de outros lugares inclusive estrangeiros contribuindo para o aumento populacional da
regiatildeo Como ainda natildeo havia legislaccedilatildeo sobre uso e ocupaccedilatildeo do solo nessa eacutepoca
surgiram inuacutemeros loteamentos em aacutereas proacuteximas agrave rios e coacuterregos e tambeacutem em
encostas com declividade acentuada o que foi agravando o risco agrave medida que a ocupaccedilatildeo
aumentava (DAPPC2008)
18
Figura 3 2 Municiacutepio de Palmyra na deacutecada de 1920
Fonte Arquivo Histoacuterico de Santos Dumont-MG
O escoamento da produccedilatildeo industrial se dava pelo modal ferroviaacuterio setor que tambeacutem
movimentava a crescente cidade que era ponto importante no setor de transportes pois
possuiacutea um dos mais bem equipados depoacutesitos de locomotivas da Estrada de Ferro Central
do Brasil (DAPPC2008)
No ano de 1932 o municiacutepio de Palmyra passou a se chamar Santos Dumont (Figura 43)
em homenagem ao inventor do aviatildeo que nascera naquela cidade Nos uacuteltimos 40 anos
Santos Dumont tem experimentado uma acentuada desaceleraccedilatildeo econocircmica
consequecircncia do fechamento da grande maioria das induacutestrias principalmente as de
laticiacutenios que empregavam direta e indiretamente uma parte consideraacutevel da populaccedilatildeo
(DAPPC2008)
19
Figura 3 3 Municiacutepio de Santos Dumont em 2014
Fonte Arquivo do autor
332 Santos Dumont na atualidade
O municiacutepio de Santos Dumont localiza-se na regiatildeo da Zona da Mata mineira distante
cerca de 220 Km da capital Belo Horizonte e possui uma populaccedilatildeo de 47558 habitantes
(ODM 2015 projeccedilatildeo) numa aacuterea total de 637 kmsup2 Faz divisa com os municiacutepios de
Juiz de Fora Oliveira Fortes Bias Fortes Antocircnio Carlos Tabuleiro Piau e Ewbank da
Cacircmara
No que diz respeito agrave sua formaccedilatildeo fisiacuteco-geograacutefica a aacuterea que compreende o municiacutepio
eacute constituiacuteda predominantemente por Cambissolo Haacuteplico (70) com Latossolo
Vermelho-Amarelo (30) (UFV2010) A vegetaccedilatildeo eacute em sua maioria composta por
exemplares de Mata Atlacircntica De acordo com o IBGE(2015) Santos Dumont se localiza
a 839m de altitude O clima da regiatildeo eacute classificado como Tropical de Altitude (Cwb) e
possui uma temperatura meacutedia de 20ordmC Eacute banhado pela bacia hidrograacutefica do Paraiacuteba do
Sul e em sua maioria pertence agrave sub-bacia do Rio Pomba (IGAM) que fornece aacutegua para
abastecimento puacuteblico agrave 88 da populaccedilatildeo por meio da rede de distribuiccedilatildeo
(IBGE2010) Uma pequena parte da zona rural a sudoeste eacute banhada pela Sub-Bacia do
Rio Paraibuna mais precisamente na regiatildeo de fronteira com os municiacutepios de Juiz de
Fora e Ewbank da Cacircmara O sistema viaacuterio principal de acesso agrave cidade eacute a rodovia BR-
040 e a estrada de ferro Dom Pedro II atualmente utilizada somente para transporte de
cargas
Com a economia nos dias atuais baseada majoritariamente no setor de serviccedilos a cidade
possui um Iacutendice de Desenvolvimento humano (IDH) de 0741 (IBGE2010) Apesar do
decliacutenio econocircmico de Santos Dumont nota-se hoje um aumento no nuacutemero de
loteamentos populares e condomiacutenios horizontais e verticais entre outras edificaccedilotildees Eacute
de vital importacircncia que esse crescimento das ocupaccedilotildees seja ordenado e regulamentado
20
de forma a garantir a qualidade ambiental prevenindo deslizamentos e inundaccedilotildees Diante
dessa conjuntura o governo municipal aprovou em 2012 a Lei nordm 4241 que trata do Plano
Diretor Participativo instrumento baacutesico da poliacutetica de desenvolvimento e expansatildeo
urbana do municiacutepio de Santos Dumont
4 METODOLOGIA
41 Aacuterea de estudo
A regiatildeo dentro dos limites do municiacutepio que seraacute estudada neste trabalho eacute conforme
descrito nos anexos Plano Diretor e representada na figura 44 a aacuterea urbana principal
que possui 47 Kmsup2 e compreende a regiatildeo central da cidade e os bairros perifeacutericos regiatildeo
que concentra cerca de 90 da populaccedilatildeo total de Santos Dumont (IBGE 2015) A aacuterea
urbana principal representa 75 da aacuterea total dos 637 Kmsup2 que compreendem o
municiacutepio e eacute o local onde nos uacuteltimos 30 anos se verificou um maior crescimento
populacional e tambeacutem onde ocorre a maioria dos eventos relacionados a deslizamentos
e alagamentos por conta da ocupaccedilatildeo sem planejamento A figura 45 mostra a aacuterea
urbana principal e a localizaccedilatildeo dos bairros urbanos de Santos Dumont
Figura 4 1 Localizaccedilatildeo da aacuterea urbana principal
Fonte Google Earth
21
Figura 4 2 Mapa da aacuterea urbana principal com a localizaccedilatildeo dos bairros
Fonte Do Autor
42 Levantamento e tratamento dos dados
No desenvolvimento deste trabalho foi necessaacuterio se fazer um estudo detalhado sobre o
Plano Diretor de Santos Dumont principalmente dos seus anexos que compreendem os
mapas e a localizaccedilatildeo das aacutereas definidas pelo zoneamento proposto Para que isso fosse
possiacutevel a Secretaria Municipal de Obras e Serviccedilos Puacuteblicos forneceu todos os dados
secundaacuterios produto do estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor e do
zoneamento Estes dados incluem os arquivos Shapefile (shp) e outros documentos
integrantes do Plano Diretor Algumas informaccedilotildees foram complementadas tambeacutem com
dados adquiridos atraveacutes do site do IBGE e do Portal Objetivos do Milecircnio (ODM)
Os dados sobre as ocorrecircncias de deslizamentos e alagamentos foram obtidos atraveacutes da
Defesa Civil do municiacutepio atraveacutes do Sistema Integrado de Informaccedilotildees sobre Desastres
(S2ID) do Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional Tal sistema centraliza as informaccedilotildees sobre
desastres naturais ocorridos em todo o territoacuterio nacional facilitando a pesquisa sobre tais
eventos a qualquer cidadatildeo (BRASIL 2015)
Apesar do sistema ser bastante uacutetil os dados sobre o municiacutepio de Santos Dumont se
encontravam bastante falhos e escassos sendo necessaacuteria complementaccedilatildeo para que a
22
base de dados ficasse consistente Diante disso uma pesquisa atraveacutes dos arquivos do
Jornal Mensagem um jornal semanaacuterio local foi feita entre os anos de 1984 e 2014 e os
dados primaacuterios filtrados em uma planilha do Microsoft Excel para posterior utilizaccedilatildeo
De posse destes dados foi feita a localizaccedilatildeo em campo das coordenadas dos locais
atingidos por deslizamentos e alagamentos no periacuteodo compreendido pela pesquisa com
o auxiacutelio de um aparelho de GPS
A maioria dos arquivos shapefile utilizados para a confecccedilatildeo dos mapas satildeo parte
integrante dos anexos da Lei do Plano diretor do municiacutepio gerados no mecircs de dezembro
de 2011 pelo Instituto Nova Cidade e foram cedidos pela Secretaria Municipal de Obras
e Serviccedilos Puacuteblicos com Datum em UTM SAD 69 Com a finalidade de fornecer um
referenciamento atualizado e de acordo com os mais novos sistemas de coordenadas
utilizados no Brasil os arquivos foram convertidos para o Datum UTM SIRGAS 2000
que diferencia do SAD 69 pelo fato de ser um referencial geocecircntrico ou seja o centro
da Terra eacute o ponto de referecircncia neste sistema enquanto que o primeiro utiliza um
referencial na superfiacutecie da Terra (IBGE2014) Eacute interessante ressaltar tambeacutem que o
SIRGAS 2000 se tornou no ano de 2014 o sistema de coordenadas oficial do Sistema
Geodeacutesico Brasileiro e do Sistema Cartograacutefico Nacional ambos mantidos pelo IBGE A
combinaccedilatildeo dos shapefiles foi feita com o software livre gvSIG e com estas combinaccedilotildees
foram gerados mapas importantes resultados para a execuccedilatildeo deste trabalho A maioria
dos mapas representam a regiatildeo urbana principal de Santos Dumont e foram produzidos
numa escala em torno de 140000 que de acordo com Rocha (2007) eacute uma escala viaacutevel
pois as recomendaacuteveis para trabalhos de anaacutelise ambiental em niacutevel municipal podem ser
entre 150000 e 110000 Alguns mapas cujo detalhamento natildeo eacute necessaacuterio foram
gerados na escala 1100000
Para a geraccedilatildeo dos mapas aleacutem dos arquivos fornecidos pela Secretaria de Obras e
Serviccedilos Puacuteblicos foram utilizados para a geraccedilatildeo do modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE)
e da localizaccedilatildeo dos topos de morro dados gerados pelo sistema de radar Advanced
Spacebone Thermal Emission and Reflection Radiometer (ASTER) que geram as curvas
de niacutevel do terreno com uma resoluccedilatildeo de 30m (NASA2014) O processamento dessas
imagens foi feito pelo software livre gvSIG As imagens geradas pelos sateacutelites
LANDSAT foram adquiridas no site da United States Geological Survey (USGS) e essas
imagens possibilitaram obter um panorama preciso do uso do solo em toda a aacuterea urbana
de Santos Dumont numa resoluccedilatildeo de 15 metros uma vez que foi utilizada a banda
pancromaacutetica do sateacutelite LANDSAT 8 aleacutem da combinaccedilatildeo das bandas 65 e 4
respectivamente que eacute a combinaccedilatildeo recomendada pela mantenedora dos sateacutelites para
anaacutelises deste tipo
23
No que diz respeito a identificaccedilatildeo de APPs em topo de morro a metodologia de Oliveira
amp Fernandes Filho (2013) por utilizar as mesmas bases de dados ateacute entatildeo usadas neste
trabalho foi a mais indicada
A metodologia de anaacutelise dos mapas gerados eacute a proposta pelo professor Jorge Xavier da
Silva do Laboratoacuterio de Geoprocessamento (LAGEOP) da Universidade Federal do Rio
de Janeiro e citada por Rocha (2007) Tal metodologia analisa as variaacuteveis em questatildeo
presentes na aacuterea e permite avaliar as possibilidades de relaccedilotildees entre essas variaacuteveis De
uma maneira geral este meacutetodo verifica o estado atual da aacuterea em estudo bem como das
variaacuteveis gerando inventaacuterios que servem para a construccedilatildeo de dados planimeacutetricos sejam
com as variaacuteveis isoladas ou combinadas Estes dados planimeacutetricos geram assinaturas
que permitem inferir sobre a influecircncia dessas variaacuteveis De posse dos dados gerados pelo
processo anteriormente citado pode-se fazer algumas prospecccedilotildees sobre os riscos
ambientais que a aacuterea pode sofrer ou o seu potencial ambiental (ROCHA 2007)
5 RESULTADOS
51 Levantamento histoacuterico de alagamentos e
deslizamentos
O aumento da demanda pelo uso do solo na regiatildeo urbana de Santos Dumont
principalmente no tocante agrave formaccedilatildeo de novos loteamentos e condomiacutenios nos uacuteltimos
anos eacute consideraacutevel mas tambeacutem haacute de se observar o crescimento dos bairros jaacute existentes
com pouco ou nenhum ordenamento Em ambos os casos se observa ocupaccedilotildees
irregulares em APP o que tem ocasionado um aumento na frequecircncia de deslizamentos
e inundaccedilotildees Eacute evidente que quanto maior a densidade populacional do bairro maior a
quantidade de ocorrecircncias ao longo dos anos (SPERFELD 2009)
De acordo com as ocorrecircncias registradas pela Defesa Civil do municiacutepio obtidas atraveacutes
da literatura utilizada nos uacuteltimos 30 anos Santos Dumont chegou a decretar situaccedilatildeo de
emergecircncia por conta de desastres envolvendo deslizamentos eou alagamentos por duas
vezes num espaccedilo de 10 anos conforme pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho
(BRASIL 2014 CEPED 2011)
Segundo os dados obtidos atraveacutes de pesquisa nos arquivos do semanaacuterio entre os anos
de 1984 e 2014 pode-se verificar que nos uacuteltimos 20 anos a cidade tem experimentado
24
um aumento consideraacutevel nos eventos relacionados a deslizamentos e principalmente
alagamentos como pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho Isso pode ter sido causado
dentre outros fatores pelo aumento do nuacutemero de vias pavimentadas com material
impermeaacutevel o que tem sobrecarregado tanto a infraestrutura existente para drenagem
urbana como tambeacutem a calha dos cursos drsquoaacutegua que passam pela regiatildeo urbana do
municiacutepio (ZANON2013)
Na deacutecada de 1980 (1984-1990) de acordo com os dados obtidos natildeo foram noticiados
eventos consideraacuteveis relacionados a deslizamentos e alagamentos em Santos Dumont
mas isso natildeo exclui a possibilidade de natildeo ter ocorrido tais eventos em menor escala
Na deacutecada de 1990 aconteceram uma seacuterie de ocorrecircncias tanto de deslizamentos quanto
de alagamentos No ano de 1997 num periacuteodo chuvoso intenso aconteceram
deslizamentos consideraacuteveis em vaacuterios bairros da cidade inclusive com desabamento de
casas e de ruas principalmente nos bairros Nossa Senhora da Gloacuteria e Quarto Depoacutesito
Em 1999 ocorreram alguns pontos de alagamento nos bairros Quarto Depoacutesito e Santo
Antocircnio com grandes prejuiacutezos materiais
A deacutecada de 2000 iniciou com o registro de deslizamentos em vaacuterios bairros da cidade
inclusive com desabamento de casas e pontes e alagamentos em importantes vias do
centro da cidade Observa-se ao longo desse periacuteodo o crescimento nas ocorrecircncias de
deslizamentos e de aacutereas com risco de deslizamento em muitos bairros de Santos Dumont
Um dos fatores importantes para esse crescimento foi a grande expansatildeo sofrida pela
maioria dos bairros e a falta de planejamento e orientaccedilatildeo por parte da prefeitura uma
vez que uma boa parte do crescimento dos bairros da cidade ocorreu ou proacuteximo a cursos
drsquoaacutegua ou em aacutereas com declividade improacutepria para se fazer construccedilotildees O bairro
Coacuterrego do Ouro (Figura 51) foi o que mais sofreu com ocorrecircncias de deslizamentos
nesse periacuteodo enquanto o bairro Santo Antocircnio foi que teve mais ocorrecircncias de
alagamentos
25
Figura 5 1 Deslizamento no bairro Coacuterrego do Ouro
Fonte Portal Cabangu
No iniacutecio deacutecada de 2010 (2011-2014) o centro da cidade foi a regiatildeo que mais sofreu
com alagamentos sendo registrado pelo menos uma ocorrecircncia por ano nessa aacuterea (Figura
52) Isso pode ser relacionado dentre outros fatores com as obras de modificaccedilatildeo do
tipo de pavimentaccedilatildeo das estradas por um material impermeaacutevel gerando uma sobrecarga
nos sistemas de drenagem urbana que foram projetados para um tipo de pavimento mais
permeaacutevel implicando tambeacutem na sobrecarga calha do Ribeiratildeo das Posses o principal
curso drsquoaacutegua que corta o centro da cidade e que se encontra em quase sua totalidade
ocupada em ambas as margens que cortam o centro da cidade
26
Figura 5 2 Alagamento na regiatildeo central de Santos Dumont em 2013
Fonte Portal Cabangu
Quanto agraves ocorrecircncias de deslizamento ao longo da referida deacutecada elas estiveram
espalhadas pelos bairros do municiacutepio tendo um maior nuacutemero de ocorrecircncias nos bairros
Santo Antocircnio Nossa Senhora da Gloacuteria e Aacutegua Espraiada Nos dois primeiros bairros
citados as ocorrecircncias podem ter sido ocasionadas pelo crescimento desordenado e sem
planejamento destes e no terceiro as ocorrecircncias satildeo relacionadas ao processo de
assoreamento do Ribeiratildeo das Posses o que pode ter gerado um aumento da velocidade
desse curso drsquoaacutegua causando problemas decorrentes do transporte de sedimentos da aacuterea
onde as casas foram construiacutedas que teve como consequecircncia os deslizamentos
Em resumo como pode ser observado nas figuras 53 e 54 na tabela 51 no periacuteodo de
1984 a 2014 os bairros mais afetados por alagamentos e deslizamentos satildeo Quarto
Depoacutesito Nossa Senhora da Gloacuteria Santo Antocircnio Coacuterrego do Ouro Antocircnio Afonso
Graminha e Vila Esperanccedila sendo que o bairro Coacuterrego do Ouro possui o maior nuacutemero
de ocorrecircncias de deslizamentos e o centro da cidade possui o maior nuacutemero de
ocorrecircncias de alagamentos no periacuteodo pesquisado Vale destacar que a aacuterea propiacutecia a
alagamentos no bairro Antocircnio Afonso natildeo identificada no estudo realizado pela
prefeitura constitui-se efetivamente numa aacuterea de risco conforme levantamento histoacuterico
realizado Esta aacuterea de risco se deve agrave diferenccedila de niacutevel negativa entre o rio Pinho e a
aacuterea do bairro estando este em desniacutevel com um risco iminente de inundaccedilotildees resultantes
da cheia desse curso drsquoaacutegua causando inuacutemeros transtornos aos moradores do local
27
Figura 5 3 Pontos de Alagamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico
Fonte Do autor
Figura 5 4 Pontos de deslizamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico
Fonte Do autor
28
Tabela 51 Ocorrecircncias de alagamentos e deslizamentos obtidos atraveacutes do
levantamento histoacuterico
Pontos de ocorrecircncia (1984-2014)
Bairros Alagamento Deslizamento
Aacutegua Espraiada 1 1
Antocircnio Afonso 1 0
Barra 0 1
Centro 7 1
Coacuterrego do Ouro 1 7
Flores 0 1
Graminha 1 0
Jardim Jaraguaacute 0 1
N Sra da Gloacuteria 0 4
N Sra das Graccedilas 1 0
Quarto Depoacutesito 3 2
Santo Antocircnio 4 2
Satildeo Sebastiatildeo 0 1
Vila Esperanccedila 0 1
Fonte Do autor
De acordo com o estudo realizado na elaboraccedilatildeo do Plano Diretor pela prefeitura
municipal observa-se que os bairros que possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a
deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do Ouro e Vila Esperanccedila enquanto que os que
possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a alagamento satildeo o Centro da cidade e os
bairros Satildeo Sebastiatildeo Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio por estarem agraves margens do
Ribeiratildeo das Posses um curso drsquoaacutegua que sofre com inundaccedilotildees perioacutedicas devido ao
severo assoreamento em algumas regiotildees e tambeacutem devido ao acuacutemulo de lixo descartado
pelos moradores do entorno irregularmente De acordo com o estudo realizado quando da
elaboraccedilatildeo do Plano Diretor do municiacutepio foram feitos estudos sobre as aacutereas propensas
a deslizamentos e alagamentos na regiatildeo urbana principal Tais aacutereas satildeo as destacadas
nas Figuras 55 e 56 No levantamento histoacuterico realizado pode-se identificar que os
bairros que possuem mais aacutereas propensas a deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do
Ouro Nossa Senhora da Gloacuteria Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio enquanto que os bairros
mais propensos a alagamentos satildeo os bairros Centro Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio
como observado na tabela 51
29
Figura 5 5 Aacutereas propensas a deslizamento de acordo com o Plano Diretor de
Santos Dumont
Fonte Google Earth e Lei 42412012
Figura 5 6 Aacutereas propensas a alagamento de acordo com o Plano Diretor de
Santos Dumont
Fonte Google Earth e Lei 42412012
30
Comparando-se os mapas obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico com o mapa gerado
pelo estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor nota-se que haacute semelhanccedilas em
algumas aacutereas mas ao se levar em conta o produto gerado pela pesquisa histoacuterica o
estudo necessitaria ser complementado haja vista que ele natildeo compreende por exemplo
o ponto de alagamento no bairro Antocircnio Afonso citado anteriormente e alguns pontos de
deslizamento importantes uma vez que satildeo regiotildees onde haacute ocupaccedilatildeo Esse fato evidencia
a necessidade de se buscar vaacuterias fontes primaacuterias e secundaacuterias para se detectar aacutereas de
risco em um municiacutepio incluindo arquivos da imprensa local afim de se produzir uma
base de dados consistente e com o menor nuacutemero de falhas possiacutevel (CEPED 2014) Com
a uniatildeo dos dois estudos foram gerados os mapas apresentados nas Figuras 57 e 58
Aleacutem do mais observando as figuras 57 e 58 pode-se notar que uma boa parte tanto dos
casos de alagamento quanto de deslizamento estatildeo na faixa de APP de curso hiacutedrico o
que ilustra a importacircncia da preservaccedilatildeo destas aacutereas
Figura 5 7 Aacutereas propensas a alagamento do estudo do Plano Diretor
complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento
Fonte Do Autor
31
Figura 5 8 Aacutereas propensas a deslizamento do estudo do Plano Diretor
complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento
Fonte Do Autor
Atraveacutes da combinaccedilatildeo entre estes dois levantamentos procurou-se alimentar a base de
dados e garantir uma consistecircncia maior desta no que diz respeito a aacutereas de deslizamento
e alagamento podendo inclusive se identificar a suscetibilidade de uma determinada
regiatildeo da cidade a um ou outro evento (CEPED2014)
512 O Plano diretor e as APPs
Nos uacuteltimos anos o Brasil experimentou um forte fenocircmeno de migraccedilatildeo do campo para
as aacutereas urbanas De acordo com o IBGE no periacuteodo de 1940 a 2000 houve um aumento
de cerca de 60 do nuacutemero de pessoas que vivem em cidades (SILVA JR 2006) O
processo de planejamento e ordenamento do uso do solo nessas aacutereas deveria ter
acompanhado esse crescimento ao longo dos anos a fim de garantir a qualidade de vida e
a seguranccedila dos migrantes ao se instalarem nas cidades o que natildeo ocorreu e o que se
observa atualmente satildeo ocupaccedilotildees em aacutereas improacuteprias para moradia sem a infraestrutura
baacutesica necessaacuteria e com risco iminente de deslizamentos eou inundaccedilotildees
O Plano Diretor do municiacutepio de Santos Dumont em seu capiacutetulo IV que versa sobre o
uso e ocupaccedilatildeo do solo explicita regras para o ordenamento do territoacuterio que compreende
o municiacutepio com base nos diferentes usos do solo de acordo com sua compatibilidade o
32
que acabou por resultar num zoneamento de todo o municiacutepio em macrozonas conforme
citado na seccedilatildeo 3231 de acordo com os usos atuais e futuros do solo Aleacutem de dividir
estas macrozonas em urbanas e rurais tambeacutem avaliou e classificou estas aacutereas com base
numa seacuterie de fatores ambientais geoloacutegicos culturais e sociais de forma a se fazer um
zoneamento coerente com os atuais usos do solo e seu potencial de uso futuro Apresenta-
se na Figura 59 este zoneamento na aacuterea urbana principal de Santos Dumont
Figura 5 9 Zoneamento urbano da aacuterea urbana principal
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Lei 42412012
Tomando como referecircncia o Novo Coacutedigo Florestal brasileiro em especial os paracircmetros
estabelecidos para a definiccedilatildeo de APP e utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento
atraveacutes do software Vista SAGA relacionou-se as APPs existentes na aacuterea em estudo com
as regiotildees propiacutecias a alagamentos e deslizamentos de acordo com o estudo feito quando
da elaboraccedilatildeo do Plano Diretor afim de se identificar qual ou quais aacutereas possuem estes
problemas e se estatildeo relacionados com o uso do solo irregular em APP
Ao se aplicar a metodologia proposta por Oliveira amp Fernandes Filho (2013) natildeo foram
identificadas dentro da aacuterea de estudo APPs de topos de morro sendo este tipo de APP
descartada portanto das anaacutelises subsequentes deste trabalho Foram consideradas as
APP de curso hiacutedrico (rios e nascentes) e de declividade visando relacionaacute-las as aacutereas
de risco identificadas pela Prefeitura afim de se verificar as possiacuteveis causas da ocorrecircncia
33
destas aacutereas na regiatildeo urbana do municiacutepio Por meio de combinaccedilotildees entre dois mapas
temaacuteticos utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento foi possiacutevel obter as
assinaturas ou seja tabelas que caracterizam quantitativamente a aacuterea afetada por cada
aspecto visto que a simples visualizaccedilatildeo do mapa gerado pelo geoprocessamento muitas
vezes eacute prejudicada por serem aacutereas de pequenas dimensotildees ou por qualquer outra
limitaccedilatildeo do software Ressalta-se que para a elaboraccedilatildeo do Plano Municipal de Reduccedilatildeo
de riscos a identificaccedilatildeo e detalhamento topograacutefico destas aacutereas eacute fundamental para o
desenvolvimento do referido Plano conforme seraacute abordado detalhadamente na seccedilatildeo
52
De posse do mapa que representa o zoneamento urbano de Santos Dumont primeiramente
procurou-se mensurar qualitativa e quantitativamente a presenccedila de APPs tanto de
declividade quanto de cursos hiacutedricos Essa identificaccedilatildeo eacute importante pois este
zoneamento eacute um dos instrumentos de planejamento municipal (BRASIL 2001) Saboya
(2007) aponta que os principais objetivos de um zoneamento satildeo o controle da expansatildeo
urbana e proteccedilatildeo de aacutereas inadequadas a ocupaccedilatildeo aleacutem de reduzir os conflitos inerentes
aos diferentes usos do solo Com o uso da ferramenta ldquoCombinarrdquo do Vista SAGA foram
feitas combinaccedilotildees entre o mapa de hidrografia com buffer de 30m para rios e coacuterregos e
de 50m para nascentes com o mapa do zoneamento para se verificar a importacircncia das
APPs de curso hiacutedrico em toda a aacuterea urbana principal do municiacutepio Tambeacutem foram
combinados o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) obtido atraveacutes do gvSIG com o mapa
de zoneamento afim de se verificar quantitativamente as APPs de declividade e onde se
localizam Vale ressaltar que as declividades entre 30 e 47 estatildeo presentes nesta
combinaccedilatildeo pois de acordo com o Plano Diretor de Santos Dumont terrenos com esta
faixa de declividade para fins de parcelamento devem possuir estudo teacutecnico que ateste
a viabilidade de se promover algum empreendimento imobiliaacuterio neste (SANTOS
DUMONT 2012) Como a legislaccedilatildeo municipal prevecirc estudo somente para a faixa de
declividade descrita anteriormente para fins de anaacutelise neste trabalho consideramos um
valor mais conservador para APP compreendendo a faixa de 47 a 100 aleacutem da
prevista pela legislaccedilatildeo federal (gt100) para que natildeo houvessem lacunas importantes na
geraccedilatildeo do produto
Apresenta-se na Figura 510 aacutereas com declividades consideradas de risco e consideradas
APP e em qual zona de planejamento elas estatildeo inseridas De um modo geral ao se
observar a Tabela 52 nota-se que a aacuterea que compreende declividades de risco e APP eacute
uma pequena parcela da aacuterea urbana principal representando 061 desta aacuterea Ao se
levar em conta somente a localizaccedilatildeo pode-se verificar que cerca de 84 das aacutereas com
declividade de risco e a totalidade das APPs de declividade estatildeo localizadas na ZAC1
zona que compreende a maior parte do municiacutepio e apesar de possuir infraestrutura baacutesica
para a ocupaccedilatildeo esta eacute restrita Sendo assim o fator declividade deve ser visto com cautela
nesta aacuterea para se evitar transtornos advindos de edificaccedilotildees nestas aacutereas
34
Figura 5 10 Combinaccedilatildeo entre as declividades importantes incluindo as APPs e o
zoneamento urbano
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Do autor
Tabela 52 Assinaturas da combinaccedilatildeo Declividade x Zoneamento
Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea
Natildeo APP 457972 9939
Declividade 30-47 em ZAC1 2368 051
Declividade 30-47 em ZE 284 006
Declividade 30-47 em ZAC2 128 003
Declividade 30-47 em ZPA 004 0001
APP Declividade em ZAC1 048 001
Total 460804 100
Fonte Do autor
Apresenta-se na Figura 511 as APPs de curso hiacutedrico (nascentes e rios) e em qual zona
de planejamento estatildeo localizadas Assim como a declividade a maior parte das APPs de
curso hiacutedrico estatildeo localizadas em ZAC1 representando 383 da aacuterea urbana em estudo
e 51 do total das APPs de curso hiacutedrico Esta questatildeo tambeacutem deve ser vista com
bastante criteacuterio pelos gestores locais uma vez que a ocupaccedilatildeo em faixas proacuteximas de
rios e coacuterregos podem causar uma gama de problemas ambientais e sociais na regiatildeo
(SANTANA2011) Tal cuidado tambeacutem deve ser tomado nas APPs compreendidas na
35
ZAC2 que compreende 001 da Aacuterea urbana principal e 14 do total das APPs de curso
hiacutedrico pois a infraestrutura baacutesica e acessibilidade presente nesta zona eacute precaacuteria e a
ocupaccedilatildeo as margens de cursos hiacutedricos pode gerar problemas seacuterios caso ocorra uma
expansatildeo nestas aacutereas
Figura 511 Combinaccedilatildeo entre APP de curso hiacutedrico e as zonas de planejamento
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Do autor
Outro ponto importante eacute a presenccedila da Zona de Proteccedilatildeo Ambiental (ZPA) no entorno
uma consideraacutevel parte dos cursos hiacutedricos Nesta zona estatildeo presentes 28 das APPs de
curso hiacutedrico e esta zona de acordo com o Plano Diretor deve ser restaurada ou
preservada por suas caracteriacutesticas geoloacutegicas topograacuteficas e bioloacutegicas
Afim de se verificar os usos do solo na regiatildeo em estudo foram utilizadas combinaccedilotildees
de imagens advindas do sateacutelite Landsat 8 nas bandas descritas no capiacutetulo 4 aleacutem da
banda pancromaacutetica O resultado eacute apresentado na figura 512 que mostra os principais
usos do solo na aacuterea urbana principal de Santos Dumont
36
Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x Zoneamento
Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea
Hidrografia 11168 239
Aacuterea Urbana Natildeo APP 421004 9008
APP Curso hiacutedrico em ZAC1 179 383
APP Curso hiacutedrico em ZPA 9776 209
APP Curso hiacutedrico em ZE 184 004
APP Curso hiacutedrico em ZA 1192 026
APP Curso hiacutedrico em ZAC2 5124 110
APP Curso hiacutedrico em ZPPH 248 005
APP Curso hiacutedrico em ZEIS 568 012
APP Curso hiacutedrico em ZCA 228 005
Total 467392 10000
Fonte Do autor
Figura 5 12 Mapa de usos do solo da aacuterea urbana principal de Santos Dumont
Fonte Do autor
Como jaacute era previsto a maior parte da aacuterea urbana se encontra ocupada e eacute nesta regiatildeo
ocupada que se observa a maior concentraccedilatildeo de problemas de deslizamentos e
alagamentos (Figuras 513 e 514) A grande ocupaccedilatildeo em aacutereas consideradas APP de
curso hiacutedrico de acordo com os mapas gerados pode ser a principal causa do aumento a
cada ano dos casos de alagamento principalmente na regiatildeo central da cidade Outro ponto
que se deve atentar eacute a existecircncia de uma consideraacutevel aacuterea de pastagem pouco vegetada
que caso estejam em aacutereas elevadas pode contribuir para deslizamentos e agraves margens de
37
rios e coacuterregos para o assoreamento destes corpos hiacutedricos o que pode causar
alagamentos (INAacuteCIO etal 2007)
Diante destes resultados pode-se ver que a cidade de Santos Dumont necessita alternativas
efetiva no que diz respeito agrave contenccedilatildeo de deslizamentos e a reduccedilatildeo de risco de
alagamento pois as aacutereas em que ocorrem tais eventos satildeo distintas e facilmente definidas
devido agrave repeticcedilatildeo destes nos uacuteltimos anos Um plano de accedilatildeo integrado entre as diferentes
secretarias municipais (Obras Meio Ambiente Assistecircncia Social entre outras) e a
Coordenadoria Municipal de Defesa Civil deve ser realizado afim de se tomar medidas
natildeo mais preventivas mas sim preditivas para que se possa conter o avanccedilo destes
problemas na aacuterea urbana principal bem como em toda a aacuterea do municiacutepio
Figura 5 13 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na aacuterea urbana
principal
Fonte Do autor
38
Figura 5 14 Aacutereas sujeitas a alagamento e os principais usos do solo na aacuterea
urbana principal
Fonte Do autor
Ao se associar os dados do estudo do Plano Diretor com os dados do levantamento
histoacuterico realizado com o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) pode-se notar que as aacutereas
propiacutecias a deslizamento estatildeo em regiotildees as quais haacute uma fronteira de declividades ou
seja eacute evidente que os deslizamentos ocorrem em encostas um pouco mais iacutengremes mas
natildeo necessariamente nas encostas de 30-47 as quais exigem estudo teacutecnico conforme o
plano diretor preconiza Quanto aos alagamentos nota-se que eles se localizam nas aacutereas
com menor ou nenhuma declividade podendo ser estas aacutereas talvez componentes da
planiacutecie de inundaccedilatildeo dos rios Estes resultados podem ser vistos nas figuras 515 e 516
a seguir
39
Figura5 15 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a deslizamentos na
regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
Fonte Lei 42412012 e Autor
Figura5 26 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a alagamentos na
regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
Fonte Lei 42412012 e Autor
40
52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis
O processo de ocupaccedilatildeo no municiacutepio de Santos Dumont comeccedilou muito antes de
qualquer legislaccedilatildeo relacionada a ordenamento urbano e de proteccedilatildeo do meio ambiente
fosse implementado no Brasil Esse fato aliado a poliacuteticas e fiscalizaccedilotildees falhas
contribuiacuteram para a ocupaccedilatildeo e expansatildeo da aacuterea urbana ao longo do Ribeiratildeo das Posses
e seus afluentes o que tem gerado o aumento da degradaccedilatildeo destes corpos hiacutedricos ao
longo de todos estes anos Observa-se tambeacutem que nas uacuteltimas deacutecadas ocorreu um
grande nuacutemero de migraccedilotildees do campo para a regiatildeo urbana da cidade fator que
contribuiu para o crescimento do nuacutemero de habitaccedilotildees em aacutereas de risco de deslizamento
e alagamentos por serem na maioria das vezes terrenos menos valorizados e por este
motivo acessiacuteveis a populaccedilatildeo com menor poder aquisitivo (ROSA amp CORTEZ 2008)
Vale ressaltar que esta questatildeo aleacutem de ser ambiental eacute muito mais social pois os
moradores entendem os riscos de se viver nestes locais mas por motivos econocircmicos ou
por questotildees afetivas natildeo abrem matildeo da moradia nessas aacutereas A Constituiccedilatildeo Federal de
1988 promoveu a inter-relaccedilatildeo das questotildees sociais com as questotildees ambientais quando
colocou o meio ambiente como direito coletivo (BRASIL1988 SOUZA2010) Por este
motivo a decisatildeo por medidas draacutesticas que favoreccedilam apenas agrave preservaccedilatildeo do meio
ambiente natildeo eacute recomendada pois aleacutem de ser inconstitucional podem afetar a
sustentabilidade econocircmica do municiacutepio e gerar conflitos sociais consideraacuteveis
(CARLOS 1992 apud SOUZA 2010)
Segundo Bueno (2009) ldquonem tudo o que eacute irregular eacute precaacuteriordquo Esse fato se observa em
Santos Dumont uma vez que em boa parte da regiatildeo central se observa vaacuterias moradias
construiacutedas na faixa de APP de curso hiacutedrico o que natildeo eacute permitido pela legislaccedilatildeo
vigente e eacute um dos fatores que contribui para a ocorrecircncia de alagamentos nesta aacuterea da
cidade Para a resoluccedilatildeo deste problema o que seria mais viaacutevel seria a melhoria da
infraestrutura de drenagem urbana afim de que o escoamento da aacutegua das chuvas natildeo
sobrecarregasse o sistema (BUENO2009) A construccedilatildeo de bacias de contenccedilatildeo de
cheias ao longo do Ribeiratildeo das Posses tambeacutem seria uma alternativa mas para se verificar
a viabilidade necessita-se estudos mais aprofundados do ponto de vista hidroloacutegico
O grande problema a ser solucionado no entanto eacute o que diz respeito agraves aacutereas de risco
de deslizamento majoritariamente nos bairros A melhor alternativa seria o
remanejamento dos moradores para uma aacuterea proacutexima agrave que moram poreacutem longe do
risco Poreacutem esta alternativa de acordo com Rosa Filho amp Cortez (2008) encontra alguns
entraves pois estas pessoas na maioria das vezes natildeo tecircm condiccedilotildees financeiras de irem
para outro lugar ou pagar aluguel ou estatildeo de alguma forma sentimentalmente ligadas
agravequela regiatildeo que se recusam a deixaacute-lo
41
Por parte dos oacutergatildeos competentes no municiacutepio a criaccedilatildeo de um plano para se evitar
acidentes ocasionados por deslizamentos e alagamentos com um mapeamento detalhado
de toda a extensatildeo do municiacutepio eacute extremamente uacutetil Os estudos que seratildeo feitos para a
elaboraccedilatildeo deste plano poderatildeo definir quais as aacutereas satildeo potencialmente de risco para as
ocupaccedilotildees existentes ou para as potenciais ocupaccedilotildees que possam vir a ocorrer atraveacutes do
mapeamento das aacutereas de risco Tal planejamento seraacute auxiliar ao Plano Diretor
Municipal pois definiraacute o real uso do solo de determinada regiatildeo do municiacutepio
contribuindo para a adequaccedilatildeo do uso e ocupaccedilatildeo do solo afim de evitar ou reduzir o
nuacutemero de problemas relacionados a alagamentos e principalmente deslizamentos no
periacutemetro urbano (TOMINAGA 2009) A partir deste plano os gestores locais poderatildeo
tomar a melhor decisatildeo para a prevenccedilatildeo ou reduccedilatildeo dos riscos inerentes a tais problemas
Na seccedilatildeo 521 seraacute hierarquizado de forma preliminar a aacuterea urbana principal de acordo
com os resultados da tabela 51
521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta
O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos (PMRR) foi criado atraveacutes de accedilotildees
regularizadoras do Ministeacuterio das Cidades para ser o instrumento de gestatildeo e
gerenciamento de aacutereas de risco em um municiacutepio Eacute um documento que aleacutem de
estabelecer quais regiotildees satildeo consideradas de risco tambeacutem objetiva a proposta de
medidas estruturais ou natildeo para contenccedilatildeo eou prevenccedilatildeo de cataacutestrofes aleacutem de ser um
meio de captaccedilatildeo de recursos financeiros junto aos Governos Estadual e Federal Estes
recursos poderatildeo ser utilizados para a realizaccedilatildeo de obras que visem a melhoria da
qualidade de vida da populaccedilatildeo do entorno ou de recuperaccedilatildeo da aacuterea degradada Este
plano eacute realizado de forma participativa com as comunidades das aacutereas de risco e pode
ser realizado em sete fases conforme recomenda o Ministeacuterio das Cidades (ALHEIROS
2006)
O primeiro passo para a realizaccedilatildeo do PMRR eacute definir qual a metodologia seraacute empregada
levando-se em consideraccedilatildeo a realidade atual do municiacutepio e especificar de forma sucinta
um cronograma das atividades Eacute importante nesta fase a participaccedilatildeo tambeacutem dos
responsaacuteveis pelas mais variadas Secretarias Municipais afim de explicitar o tamanho da
importacircncia e o caraacuteter integrador deste plano A segunda fase deste plano objetiva a
criaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo da principal base de dados a ser utilizada nos passos posteriores o
mapeamento de risco em escala detalhe em torno de 13000 (SAtildeO PAULO 2014) A
elaboraccedilatildeo de um mapeamento detalhado propiciaraacute natildeo soacute a identificaccedilatildeo mais faacutecil das
aacutereas de risco como tambeacutem facilitaraacute aos gestores e agrave comunidade decidirem qual a
melhor intervenccedilatildeo para a soluccedilatildeo ou remediaccedilatildeo dos problemas em uma determinada
42
aacuterea hierarquizando o risco e definindo prioridades (SAtildeO PAULO 2014) Na tabela a
seguir apresenta-se alguns tipos de intervenccedilotildees que podem ser feitas em aacutereas de risco
sugeridas pelo Ministeacuterio das cidades (ALHEIROS 2006)
Quadro 5 1 - Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco
Tipo de intervenccedilatildeo Descriccedilatildeo
Serviccedilos de limpeza e Recuperaccedilatildeo
Remoccedilatildeo de entulho lixo etc
corte de aacutervores
remoccedilatildeo de bananeiras
recuperaccedilatildeo eou limpeza de sistemas de
drenagem esgotos e acessos
Limpeza de canais de drenagem
Proteccedilatildeo Vegetal
Proteccedilatildeo superficial vegetal (gramiacuteneas) em
taludes com solo exposto
Proteccedilatildeo vegetal de margens de canais de
drenagem
Barreiras vegetais para massas escorregadas
ou acumuladas pela erosatildeo
Drenagem Superficial e Acessos
Sistema de drenagem superficial (canaletas
raacutepidos caixas de transiccedilatildeo escadas drsquoaacutegua)
Acessos para pedestres (escadarias rampas
etc) integrados ao sistema de drenagem
Revestimento de Taludes Revestimento com materiais artificiais
cimentado cal-jet tela argamassada alvenaria
de tijolos ceracircmicos solo-cimento ensacado
Desmonte de blocos e matacotildees Desmonte de concreccedilotildees de grande porte
blocos rochosos e matacotildees
Obras de drenagem de subsuperfiacutecie Sistema de drenagem de subsuperfiacutecie
(trincheiras drenantes DHP poccedilos de
rebaixamento)
Estruturas de contenccedilatildeo (localizadas)
Muros de contenccedilatildeo de pequeno porte (solo-
cimento ensacado alvenaria de pedra-rachatildeo
concreto armado)
Estruturas de contenccedilatildeo localizadas
(chumbadores tirantes microestacas)
Contenccedilatildeo e proteccedilatildeo de margens de canais (
gabiotildees muros de concreto etc)
Estruturas de contenccedilatildeo (meacutedio e grande porte) Implantaccedilatildeo de estruturas de contenccedilatildeo de
meacutedio e grande porte envolvendo obras de
contenccedilatildeo passivas e ativas (muros de
gravidade cortinas etc)
Terraplanagem Execuccedilatildeo de serviccedilos de terraplanagem
combinados a obras de drenagem superficial e
proteccedilatildeo vegetal desvio e canalizaccedilatildeo de
coacuterregos
Remoccedilatildeo de moradias Remoccedilotildees definitivas para implantaccedilatildeo de
obras ou devido agrave localizaccedilatildeo improacutepria da
edificaccedilatildeo (Priorizar as relocaccedilotildees dentro da
proacutepria aacuterea em local seguro)
Fonte ALHEIROS 2006
43
Escolhidas as formas de intervenccedilatildeo para cada aacuterea eacute necessaacuterio realizar uma estimativa
dos custos afim de preparar o orccedilamento da prefeitura para a realizaccedilatildeo das obras e se
seraacute necessaacuterio a captaccedilatildeo de recursos externos para a execuccedilatildeo destas Feitas as
estimativas de custo o proacuteximo passo eacute definir as prioridades e para esta fase eacute tambeacutem
uacutetil o mapeamento feito nas etapas anteriores pois seraacute necessaacuterio hierarquizar tais
intervenccedilotildees nas aacutereas de risco O Ministeacuterio das Cidades (2007) sugere alguns criteacuterios
que podem ser avaliados pelo gestor dentre eles pode-se citar
Grau de risco
Populaccedilatildeo beneficiada
Custo da intervenccedilatildeo
Dimensatildeo da aacuterea a ser tratada
Demandas anteriores da populaccedilatildeo
Tempo de ocupaccedilatildeo
Viabilidade teacutecnica da intervenccedilatildeo
Viabilidade financeira
Inclusatildeo da aacuterea em outros projetos
A partir desta hierarquizaccedilatildeo inicia-se a identificaccedilatildeo de provaacuteveis fontes de captaccedilatildeo de
recursos para a execuccedilatildeo das intervenccedilotildees Estes recursos podem advir de programas dos
governos Federal e Estadual ou por meio de editais para captaccedilatildeo de recursos financeiros
tanto do setor puacuteblico como da iniciativa privada e podem ser tambeacutem associados agrave outras
Secretarias Municipais como a de Turismo ou Meio Ambiente e natildeo soacute as destinadas agrave
Defesa Civil (ALHEIROS 2006)
Eacute previsto tambeacutem no PMRR uma avaliaccedilatildeo da Defesa Civil municipal e como ela estaacute
estruturada fazendo inclusive sugestotildees para que sua atuaccedilatildeo esteja em consonacircncia com
a realidade das comunidades e da Administraccedilatildeo Puacuteblica do municiacutepio de forma a garantir
sua sustentabilidade e conquistar a credibilidade da populaccedilatildeo no que diz respeito a
prevenccedilatildeo de cataacutestrofes Para que a resposta a uma determinada situaccedilatildeo de risco seja
raacutepida eacute necessaacuterio a descentralizaccedilatildeo da Defesa Civil criando pequenos nuacutecleos
comunitaacuterios com a finalidade de se monitorar a aacuterea constantemente e promover as
intervenccedilotildees necessaacuterias em tempo haacutebil o que aumenta em muito a credibilidade da
populaccedilatildeo no PMRR e no trabalho desempenhado pela Defesa Civil no municiacutepio Apoacutes
esta etapa o PMRR passaraacute por audiecircncias puacuteblicas e posteriormente poderaacute ser aprovado
como Lei Municipal pelo Legislativo local (ALHEIROS 2006)
Com a realizaccedilatildeo deste plano o municiacutepio estaraacute munido de informaccedilotildees suficientes para
realizar accedilotildees efetivas de gestatildeo e gerenciamento de riscos bem como aliado a
levantamentos sociais realizar programas habitacionais que beneficiem prioritariamente
44
aos moradores das aacutereas de risco Aleacutem disso com o PMRR o municiacutepio poderaacute melhorar
a qualidade ambiental da populaccedilatildeo captando recursos para a recuperaccedilatildeo das aacutereas de
APP que foram degradadas pelas ocupaccedilotildees irregulares beneficiando todos os moradores
do municiacutepio com o aumento da qualidade de vida na cidade
A partir do disposto nesta seccedilatildeo acerca do Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos e de
uma maneira preliminar (levando-se em conta apenas o nuacutemero de registros de
alagamentos e deslizamentos na aacuterea urbana principal de Santos Dumont no periacuteodo de
1984 a 2014) identificou-se trecircs regiotildees distintas na aacuterea urbana do municiacutepio com
tempo de recorrecircncia desses eventos similares caracterizando trecircs prioridades de
intervenccedilatildeo em contenccedilatildeo de risco como pode ser visto nas figuras 515 e 516 Vale
ressaltar que eacute necessaacuterio um estudo mais detalhado inclusive com visitas teacutecnicas a
campo para que se confirme a real situaccedilatildeo destas e a real prioridade para investimentos
Figura 5 17 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de deslizamentos
Fonte Do Autor
45
Figura 5 18 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de alagamentos
Fonte Do Autor
46
6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees
A seguir apresenta-se as conclusotildees e as recomendaccedilotildees feitas a partir dos objetivos
especiacuteficos explicitados no iniacutecio deste trabalho
Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a
aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes
urbanos
A partir da revisatildeo da legislaccedilatildeo pertinente em acircmbito federal estadual e
municipal constatou-se que o Plano Diretor de Santos Dumont natildeo conflita com a
legislaccedilatildeo federal e estadual sobre Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente A legislaccedilatildeo
municipal foi entendida como mais conservadora que as federal e estadual uma
vez que considera implicitamente que declividades entre 47 e 100 satildeo
enquadradas como APPs aleacutem da faixa superior a 100
Parte consideraacutevel das ocupaccedilotildees em APP principalmente na regiatildeo do bairro
Santo Antocircnio (onde surgiu os primeiros nuacutecleos que deram origem ao municiacutepio)
e o centro da cidade ocorreram antes de que fosse elaborado qualquer legislaccedilatildeo
que versasse sobre o tema Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente bastando ao gestor
local tomar medidas de contenccedilatildeo de riscos que minimizem os impactos causados
por essas ocupaccedilotildees nessa regiatildeo
O ordenamento adequado do uso do solo no municiacutepio eacute necessaacuterio para que o
crescimento dos loteamentos criados anteriormente agrave esta Lei e o surgimento de
novos natildeo avance para Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente o que pode causar
inuacutemeros problemas aos moradores e agravar os jaacute existentes
Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las
com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)
As aacutereas onde houveram a maior quantidade de registros de deslizamentos satildeo os
bairros mais populosos de Santos Dumont podendo se estabelecer uma relaccedilatildeo
que quanto mais populoso o bairro maior a quantidade de problemas relacionados
a deslizamentos Tambeacutem pode-se notar uma relaccedilatildeo com as fronteiras das faixas
de declividades e os deslizamentos uma vez que boa parte deles aconteceram
nestas faixas
As aacutereas onde houve um grande nuacutemero de registros de alagamentos satildeo os bairros
que se desenvolveram agraves margens do Ribeiratildeo das Posses em especial na aacuterea que
47
compreende as APPs de curso hiacutedrico e em aacutereas onde a declividade eacute baixa Esse
fato aliado ao crescimento do nuacutemero de vias pavimentadas com material
impermeaacutevel e a natildeo expansatildeo e ou redimensionamento da rede de drenagem
urbana contribuiacuteram para a ocorrecircncia cada vez mais constante de alagamentos
nessas aacutereas
Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos
catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30
anos
A partir do levantamento histoacuterico realizado e da base de dados georeferenciada
gerada observou-se o aumento do nuacutemero de registros de deslizamentos e
alagamentos nos uacuteltimos 10 anos quando as ocorrecircncias comeccedilaram a se repetir
numa mesma aacuterea com frequecircncia incrementada as vezes com mais de uma
ocorrecircncia anual
Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do
solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental
Destaca-se a adequaccedilatildeo dos criteacuterios gerais estabelecidos pelo Plano Diretor de
Santos Dumont relativos a legislaccedilatildeo federal e estadual Entretanto o referido
Plano Diretor natildeo contempla todo o territoacuterio municipal sendo assim ele natildeo
cumpre o objetivo de proteger as APPs preservadas e recuperar as que foram
degradadas em todo o territoacuterio municipal Ressalta-se tambeacutem a sua natildeo
conformidade com o Estatuto das Cidades uma vez que o Plano Diretor
contempla apenas os novos loteamentos
Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais
negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea
impactada
Recomenda-se a implantaccedilatildeo no municiacutepio de uma Coordenadoria Municipal de
Defesa Civil atuante e integrada agraves Secretarias Municipais e agrave comunidade
visando uma atuaccedilatildeo eficaz nos problemas relacionados a deslizamentos e
alagamentos A elaboraccedilatildeo de um Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos eacute de
suma importacircncia pois atraveacutes dele pode-se predizer as aacutereas que passaratildeo por
problemas caso a expansatildeo aconteccedila ou se inicie uma ocupaccedilatildeo nova aleacutem de
prevenir acidentes nas aacutereas jaacute ocupadas e consideradas de risco
48
7 Anexos
49
71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont
50
51
72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)
52
53
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Rio Claro 2013
14
aacutereas que integrem regiotildees metropolitanas ou de interesse turiacutestico O artigo 41 do
Estatuto das cidades tambeacutem prevecirc a obrigatoriedade do Plano Diretor para cidades que
possuem em sua aacuterea empreendimentos que caracterizem grandes impactos ambientais
de influecircncia regional ou nacional e cidades que possuem problemas com deslizamentos
de grande magnitude ou alagamentos repentinos (BRASIL 2001)
O Plano diretor de acordo com o Estatuto das Cidades deve ser aprovado como lei em
acircmbito municipal e revisto a cada dez anos Este documento eacute uacutenico pois cada cidade
possui suas peculiaridades infraestrutura vocaccedilotildees e problemas que por mais que sejam
parecidos entre si satildeo diferenciados pela intensidade e pela regionalizaccedilatildeo Sendo assim
a confecccedilatildeo do Plano Diretor deve conter a participaccedilatildeo de toda a comunidade local de
forma a reduzir as desigualdades sociais os gastos puacuteblicos desnecessaacuterios a degradaccedilatildeo
ambiental e combater os problemas relacionados a urbanizaccedilatildeo de forma conjunta
promovendo um processo de tomada de decisatildeo que garanta a qualidade de vida
preservaccedilatildeo e o desenvolvimento social do municiacutepio como um todo (ROSSBACH amp
CARVALHO 2010)
3231 O Plano Diretor de Santos Dumont
A Lei Municipal nordm 424112 que entrou em vigor no ano de 2014 trata do Plano Diretor
Municipal instrumento previsto no Estatuto das Cidades para garantir aos cidadatildeos um
desenvolvimento urbano organizado justo e sustentavelmente econocircmico (BRASIL
2001) Aleacutem de apontar as diretrizes para a elaboraccedilatildeo da Poliacutetica Municipal dos mais
variados setores o Plano Diretor divide o municiacutepio em macrozonas urbanas e rurais
Estas zonas tecircm por objetivo facilitar a identificaccedilatildeo dos setores que permitem ou natildeo o
desenvolvimento da cidade e em que magnitude pode ser feita a expansatildeo respeitando ao
meio ambiente e tambeacutem o que eacute previsto no tocante ao uso e ocupaccedilatildeo do solo nessas
aacutereas Aleacutem disso ela estabelece a forma como devem ser as edificaccedilotildees nas referidas
aacutereas As aacutereas definidas como macrozonas urbanas e foram subdivididas em (SANTOS
DUMONT2012)
ldquoZona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e
da Paisagem (ZPPH) satildeo as aacutereas cujos
equipamentos urbanos possuem interesse
histoacuterico ou paisagiacutestico de preservaccedilatildeo
Zona de Preservaccedilatildeo Ambiental satildeo aquelas em
que devem ser mantidas ou recuperadas a
15
vegetaccedilatildeo por conta da declividade altitude ou
presenccedila de recursos hiacutedricos
Zona de Adensamento Controlado (ZAC) satildeo as
aacutereas em que deve-se manter uma pequena
densidade populacional devido as limitaccedilotildees na
infraestrutura da localidade A ZAC se divide em
ZAC 1 quando a infraestrutura existente eacute
limitada e em ZAC 2 quando esta eacute precaacuteria ou
natildeo existe
Zona de Consolidaccedilatildeo de Adensamento (ZCA)
satildeo as aacutereas em que haacute interesse em ocupar os
lotes vagos haja visto que a regiatildeo possui toda a
infraestrutura para que isto aconteccedila
Zona Adensaacutevel (ZA) satildeo as aacutereas com
condiccedilotildees propiacutecias para ocorrer uma ocupaccedilatildeo
mais densa
Zona Especial de Interesse Social (ZEIS) satildeo as
aacutereas em que o Poder Puacuteblico almeja fazer
alguma forma de ocupaccedilatildeo Eacute dividida em ZEIS 1
e ZEIS 2 A ZEIS 1 satildeo regiotildees jaacute ocupadas mas
de forma irregular cujo interesse puacuteblico eacute
realizar obras e outras atividades para
regularizar as ocupaccedilotildees e urbanizar a aacuterea
enquanto que a ZEIS 2 satildeo aacutereas natildeo utilizadas ou
subutilizadas as quais o poder puacuteblico almeja
realizar algum empreendimento habitacional de
caraacuteter social
Zona de Grandes Equipamentos (ZE) satildeo aacutereas
cujo o interesse eacute a implantaccedilatildeo de
empreendimentos de grande porte ou grandes
equipamentos puacuteblicosrdquo
Esta divisatildeo espacial pode ser melhor vista no Anexo 71
O Plano Diretor natildeo estipula limites para APP mas prevecirc algumas diretrizes como na
Poliacutetica Municipal de Preservaccedilatildeo do Meio Ambiente sobre o uso do solo em
compatibilidade com praacuteticas conservacionistas A Poliacutetica Municipal de Expansatildeo
16
Urbana tem como uma de suas diretrizes fazer cumprir a legislaccedilatildeo vigente no que diz
respeito agraves intervenccedilotildees e investimentos que poderatildeo ser feitos nessas aacutereas Tambeacutem eacute
diretriz da mesma Poliacutetica o controle da ocupaccedilatildeo e do uso do solo em APPs e o auxiacutelio
aos oacutergatildeos estaduais e federais de meio ambiente no tocante agrave fiscalizaccedilatildeo da ocupaccedilatildeo
nestas aacutereas (SANTOS DUMONT 2012) O artigo 38 que trata das diretrizes da Poliacutetica
habitacional de interesse social exclui do processo de regularizaccedilatildeo fundiaacuteria os
assentamentos situados em aacutereas de risco o que na maioria das vezes estatildeo tambeacutem nas
aacutereas que deveriam estar vegetadas e protegidas (SANTOS DUMONT 2012) Na
legislaccedilatildeo referente ao parcelamento do solo eacute previsto que no parcelamento de glebas
com declividade entre 30 e 47 soacute poderaacute ser aprovado mediante projeto e laudo
assinado por um responsaacutevel teacutecnico favoraacutevel agrave construccedilatildeo nesse local (SANTOS
DUMONT 2012) Diante do proposto pelo Plano Diretor de Santos Dumont pode-se
dizer que natildeo haacute conflito com a legislaccedilatildeo federal e estadual em se tratando da
aplicabilidade do Coacutedigo Florestal uma vez que aquele natildeo explicita limites nem
permissivos e tampouco restritivos para faixas e aacutereas de preservaccedilatildeo permanente
33 O Municiacutepio de Santos Dumont
331 De Arraial a cidade
A aacuterea onde se situa hoje o municiacutepio de Santos Dumont teve sua ocupaccedilatildeo iniciada no
seacuteculo XVIII quando a Coroa Portuguesa solicitou ao entatildeo Governador do Rio de
Janeiro Artur de Saacute Menezes que abrisse um caminho que ligasse as Minas dos
Cataguases na regiatildeo de Ouro Preto (receacutem descobertas) ao Rio de Janeiro por onde
escoava os metais preciosos para a metroacutepole Surgiu assim o ldquoCaminho Novordquo e ao longo
deste caminho surgiram tambeacutem as Sesmarias aacutereas que tinham por principal objetivo
servir de pouso aos transportadores e exploradores e tambeacutem para garantir alimento a
estas pessoas Uma destas ocupaccedilotildees seria o ldquoArraial de Joatildeo Gomesrdquo (Figura 41)
primeiro nuacutecleo primitivo do municiacutepio em 1709 De iniacutecio prevaleciam somente
ranchos onde os viajantes se abrigavam mas em pouco tempo ergueu-se a Capela de Satildeo
Miguel e Almas e pequenos nuacutecleos urbanos comeccedilaram a surgir (DAPPC2008)
17
Figura 3 1 Vista parcial do Arraial de Joatildeo Gomes
Fonte Arquivo Histoacuterico de Santos Dumont-MG
Com a construccedilatildeo da Estrada de Ferro D Pedro II no final do seacuteculo XIX a regiatildeo teve
um consideraacutevel crescimento natildeo soacute populacional como tambeacutem econocircmico se tornando
a Vila Palmyra em 1889 Em 1890 Palmyra eacute elevada ao status de Municiacutepio (Figura 42)
e recebe um grande nuacutemero de melhorias no setor viaacuterio como a retificaccedilatildeo de ruas e
tambeacutem no setor de serviccedilos puacuteblicos como abastecimento de aacutegua iluminaccedilatildeo puacuteblica a
querosene e posteriormente energia eleacutetrica O desenvolvimento econocircmico na regiatildeo
tambeacutem teve seu momento aacuteureo nesse periacuteodo Induacutestrias de laticiacutenios graacuteficas e de
Carbureto de Caacutelcio fizeram parte do parque industrial de Palmyra o que atraiacutea pessoas
de outros lugares inclusive estrangeiros contribuindo para o aumento populacional da
regiatildeo Como ainda natildeo havia legislaccedilatildeo sobre uso e ocupaccedilatildeo do solo nessa eacutepoca
surgiram inuacutemeros loteamentos em aacutereas proacuteximas agrave rios e coacuterregos e tambeacutem em
encostas com declividade acentuada o que foi agravando o risco agrave medida que a ocupaccedilatildeo
aumentava (DAPPC2008)
18
Figura 3 2 Municiacutepio de Palmyra na deacutecada de 1920
Fonte Arquivo Histoacuterico de Santos Dumont-MG
O escoamento da produccedilatildeo industrial se dava pelo modal ferroviaacuterio setor que tambeacutem
movimentava a crescente cidade que era ponto importante no setor de transportes pois
possuiacutea um dos mais bem equipados depoacutesitos de locomotivas da Estrada de Ferro Central
do Brasil (DAPPC2008)
No ano de 1932 o municiacutepio de Palmyra passou a se chamar Santos Dumont (Figura 43)
em homenagem ao inventor do aviatildeo que nascera naquela cidade Nos uacuteltimos 40 anos
Santos Dumont tem experimentado uma acentuada desaceleraccedilatildeo econocircmica
consequecircncia do fechamento da grande maioria das induacutestrias principalmente as de
laticiacutenios que empregavam direta e indiretamente uma parte consideraacutevel da populaccedilatildeo
(DAPPC2008)
19
Figura 3 3 Municiacutepio de Santos Dumont em 2014
Fonte Arquivo do autor
332 Santos Dumont na atualidade
O municiacutepio de Santos Dumont localiza-se na regiatildeo da Zona da Mata mineira distante
cerca de 220 Km da capital Belo Horizonte e possui uma populaccedilatildeo de 47558 habitantes
(ODM 2015 projeccedilatildeo) numa aacuterea total de 637 kmsup2 Faz divisa com os municiacutepios de
Juiz de Fora Oliveira Fortes Bias Fortes Antocircnio Carlos Tabuleiro Piau e Ewbank da
Cacircmara
No que diz respeito agrave sua formaccedilatildeo fisiacuteco-geograacutefica a aacuterea que compreende o municiacutepio
eacute constituiacuteda predominantemente por Cambissolo Haacuteplico (70) com Latossolo
Vermelho-Amarelo (30) (UFV2010) A vegetaccedilatildeo eacute em sua maioria composta por
exemplares de Mata Atlacircntica De acordo com o IBGE(2015) Santos Dumont se localiza
a 839m de altitude O clima da regiatildeo eacute classificado como Tropical de Altitude (Cwb) e
possui uma temperatura meacutedia de 20ordmC Eacute banhado pela bacia hidrograacutefica do Paraiacuteba do
Sul e em sua maioria pertence agrave sub-bacia do Rio Pomba (IGAM) que fornece aacutegua para
abastecimento puacuteblico agrave 88 da populaccedilatildeo por meio da rede de distribuiccedilatildeo
(IBGE2010) Uma pequena parte da zona rural a sudoeste eacute banhada pela Sub-Bacia do
Rio Paraibuna mais precisamente na regiatildeo de fronteira com os municiacutepios de Juiz de
Fora e Ewbank da Cacircmara O sistema viaacuterio principal de acesso agrave cidade eacute a rodovia BR-
040 e a estrada de ferro Dom Pedro II atualmente utilizada somente para transporte de
cargas
Com a economia nos dias atuais baseada majoritariamente no setor de serviccedilos a cidade
possui um Iacutendice de Desenvolvimento humano (IDH) de 0741 (IBGE2010) Apesar do
decliacutenio econocircmico de Santos Dumont nota-se hoje um aumento no nuacutemero de
loteamentos populares e condomiacutenios horizontais e verticais entre outras edificaccedilotildees Eacute
de vital importacircncia que esse crescimento das ocupaccedilotildees seja ordenado e regulamentado
20
de forma a garantir a qualidade ambiental prevenindo deslizamentos e inundaccedilotildees Diante
dessa conjuntura o governo municipal aprovou em 2012 a Lei nordm 4241 que trata do Plano
Diretor Participativo instrumento baacutesico da poliacutetica de desenvolvimento e expansatildeo
urbana do municiacutepio de Santos Dumont
4 METODOLOGIA
41 Aacuterea de estudo
A regiatildeo dentro dos limites do municiacutepio que seraacute estudada neste trabalho eacute conforme
descrito nos anexos Plano Diretor e representada na figura 44 a aacuterea urbana principal
que possui 47 Kmsup2 e compreende a regiatildeo central da cidade e os bairros perifeacutericos regiatildeo
que concentra cerca de 90 da populaccedilatildeo total de Santos Dumont (IBGE 2015) A aacuterea
urbana principal representa 75 da aacuterea total dos 637 Kmsup2 que compreendem o
municiacutepio e eacute o local onde nos uacuteltimos 30 anos se verificou um maior crescimento
populacional e tambeacutem onde ocorre a maioria dos eventos relacionados a deslizamentos
e alagamentos por conta da ocupaccedilatildeo sem planejamento A figura 45 mostra a aacuterea
urbana principal e a localizaccedilatildeo dos bairros urbanos de Santos Dumont
Figura 4 1 Localizaccedilatildeo da aacuterea urbana principal
Fonte Google Earth
21
Figura 4 2 Mapa da aacuterea urbana principal com a localizaccedilatildeo dos bairros
Fonte Do Autor
42 Levantamento e tratamento dos dados
No desenvolvimento deste trabalho foi necessaacuterio se fazer um estudo detalhado sobre o
Plano Diretor de Santos Dumont principalmente dos seus anexos que compreendem os
mapas e a localizaccedilatildeo das aacutereas definidas pelo zoneamento proposto Para que isso fosse
possiacutevel a Secretaria Municipal de Obras e Serviccedilos Puacuteblicos forneceu todos os dados
secundaacuterios produto do estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor e do
zoneamento Estes dados incluem os arquivos Shapefile (shp) e outros documentos
integrantes do Plano Diretor Algumas informaccedilotildees foram complementadas tambeacutem com
dados adquiridos atraveacutes do site do IBGE e do Portal Objetivos do Milecircnio (ODM)
Os dados sobre as ocorrecircncias de deslizamentos e alagamentos foram obtidos atraveacutes da
Defesa Civil do municiacutepio atraveacutes do Sistema Integrado de Informaccedilotildees sobre Desastres
(S2ID) do Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional Tal sistema centraliza as informaccedilotildees sobre
desastres naturais ocorridos em todo o territoacuterio nacional facilitando a pesquisa sobre tais
eventos a qualquer cidadatildeo (BRASIL 2015)
Apesar do sistema ser bastante uacutetil os dados sobre o municiacutepio de Santos Dumont se
encontravam bastante falhos e escassos sendo necessaacuteria complementaccedilatildeo para que a
22
base de dados ficasse consistente Diante disso uma pesquisa atraveacutes dos arquivos do
Jornal Mensagem um jornal semanaacuterio local foi feita entre os anos de 1984 e 2014 e os
dados primaacuterios filtrados em uma planilha do Microsoft Excel para posterior utilizaccedilatildeo
De posse destes dados foi feita a localizaccedilatildeo em campo das coordenadas dos locais
atingidos por deslizamentos e alagamentos no periacuteodo compreendido pela pesquisa com
o auxiacutelio de um aparelho de GPS
A maioria dos arquivos shapefile utilizados para a confecccedilatildeo dos mapas satildeo parte
integrante dos anexos da Lei do Plano diretor do municiacutepio gerados no mecircs de dezembro
de 2011 pelo Instituto Nova Cidade e foram cedidos pela Secretaria Municipal de Obras
e Serviccedilos Puacuteblicos com Datum em UTM SAD 69 Com a finalidade de fornecer um
referenciamento atualizado e de acordo com os mais novos sistemas de coordenadas
utilizados no Brasil os arquivos foram convertidos para o Datum UTM SIRGAS 2000
que diferencia do SAD 69 pelo fato de ser um referencial geocecircntrico ou seja o centro
da Terra eacute o ponto de referecircncia neste sistema enquanto que o primeiro utiliza um
referencial na superfiacutecie da Terra (IBGE2014) Eacute interessante ressaltar tambeacutem que o
SIRGAS 2000 se tornou no ano de 2014 o sistema de coordenadas oficial do Sistema
Geodeacutesico Brasileiro e do Sistema Cartograacutefico Nacional ambos mantidos pelo IBGE A
combinaccedilatildeo dos shapefiles foi feita com o software livre gvSIG e com estas combinaccedilotildees
foram gerados mapas importantes resultados para a execuccedilatildeo deste trabalho A maioria
dos mapas representam a regiatildeo urbana principal de Santos Dumont e foram produzidos
numa escala em torno de 140000 que de acordo com Rocha (2007) eacute uma escala viaacutevel
pois as recomendaacuteveis para trabalhos de anaacutelise ambiental em niacutevel municipal podem ser
entre 150000 e 110000 Alguns mapas cujo detalhamento natildeo eacute necessaacuterio foram
gerados na escala 1100000
Para a geraccedilatildeo dos mapas aleacutem dos arquivos fornecidos pela Secretaria de Obras e
Serviccedilos Puacuteblicos foram utilizados para a geraccedilatildeo do modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE)
e da localizaccedilatildeo dos topos de morro dados gerados pelo sistema de radar Advanced
Spacebone Thermal Emission and Reflection Radiometer (ASTER) que geram as curvas
de niacutevel do terreno com uma resoluccedilatildeo de 30m (NASA2014) O processamento dessas
imagens foi feito pelo software livre gvSIG As imagens geradas pelos sateacutelites
LANDSAT foram adquiridas no site da United States Geological Survey (USGS) e essas
imagens possibilitaram obter um panorama preciso do uso do solo em toda a aacuterea urbana
de Santos Dumont numa resoluccedilatildeo de 15 metros uma vez que foi utilizada a banda
pancromaacutetica do sateacutelite LANDSAT 8 aleacutem da combinaccedilatildeo das bandas 65 e 4
respectivamente que eacute a combinaccedilatildeo recomendada pela mantenedora dos sateacutelites para
anaacutelises deste tipo
23
No que diz respeito a identificaccedilatildeo de APPs em topo de morro a metodologia de Oliveira
amp Fernandes Filho (2013) por utilizar as mesmas bases de dados ateacute entatildeo usadas neste
trabalho foi a mais indicada
A metodologia de anaacutelise dos mapas gerados eacute a proposta pelo professor Jorge Xavier da
Silva do Laboratoacuterio de Geoprocessamento (LAGEOP) da Universidade Federal do Rio
de Janeiro e citada por Rocha (2007) Tal metodologia analisa as variaacuteveis em questatildeo
presentes na aacuterea e permite avaliar as possibilidades de relaccedilotildees entre essas variaacuteveis De
uma maneira geral este meacutetodo verifica o estado atual da aacuterea em estudo bem como das
variaacuteveis gerando inventaacuterios que servem para a construccedilatildeo de dados planimeacutetricos sejam
com as variaacuteveis isoladas ou combinadas Estes dados planimeacutetricos geram assinaturas
que permitem inferir sobre a influecircncia dessas variaacuteveis De posse dos dados gerados pelo
processo anteriormente citado pode-se fazer algumas prospecccedilotildees sobre os riscos
ambientais que a aacuterea pode sofrer ou o seu potencial ambiental (ROCHA 2007)
5 RESULTADOS
51 Levantamento histoacuterico de alagamentos e
deslizamentos
O aumento da demanda pelo uso do solo na regiatildeo urbana de Santos Dumont
principalmente no tocante agrave formaccedilatildeo de novos loteamentos e condomiacutenios nos uacuteltimos
anos eacute consideraacutevel mas tambeacutem haacute de se observar o crescimento dos bairros jaacute existentes
com pouco ou nenhum ordenamento Em ambos os casos se observa ocupaccedilotildees
irregulares em APP o que tem ocasionado um aumento na frequecircncia de deslizamentos
e inundaccedilotildees Eacute evidente que quanto maior a densidade populacional do bairro maior a
quantidade de ocorrecircncias ao longo dos anos (SPERFELD 2009)
De acordo com as ocorrecircncias registradas pela Defesa Civil do municiacutepio obtidas atraveacutes
da literatura utilizada nos uacuteltimos 30 anos Santos Dumont chegou a decretar situaccedilatildeo de
emergecircncia por conta de desastres envolvendo deslizamentos eou alagamentos por duas
vezes num espaccedilo de 10 anos conforme pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho
(BRASIL 2014 CEPED 2011)
Segundo os dados obtidos atraveacutes de pesquisa nos arquivos do semanaacuterio entre os anos
de 1984 e 2014 pode-se verificar que nos uacuteltimos 20 anos a cidade tem experimentado
24
um aumento consideraacutevel nos eventos relacionados a deslizamentos e principalmente
alagamentos como pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho Isso pode ter sido causado
dentre outros fatores pelo aumento do nuacutemero de vias pavimentadas com material
impermeaacutevel o que tem sobrecarregado tanto a infraestrutura existente para drenagem
urbana como tambeacutem a calha dos cursos drsquoaacutegua que passam pela regiatildeo urbana do
municiacutepio (ZANON2013)
Na deacutecada de 1980 (1984-1990) de acordo com os dados obtidos natildeo foram noticiados
eventos consideraacuteveis relacionados a deslizamentos e alagamentos em Santos Dumont
mas isso natildeo exclui a possibilidade de natildeo ter ocorrido tais eventos em menor escala
Na deacutecada de 1990 aconteceram uma seacuterie de ocorrecircncias tanto de deslizamentos quanto
de alagamentos No ano de 1997 num periacuteodo chuvoso intenso aconteceram
deslizamentos consideraacuteveis em vaacuterios bairros da cidade inclusive com desabamento de
casas e de ruas principalmente nos bairros Nossa Senhora da Gloacuteria e Quarto Depoacutesito
Em 1999 ocorreram alguns pontos de alagamento nos bairros Quarto Depoacutesito e Santo
Antocircnio com grandes prejuiacutezos materiais
A deacutecada de 2000 iniciou com o registro de deslizamentos em vaacuterios bairros da cidade
inclusive com desabamento de casas e pontes e alagamentos em importantes vias do
centro da cidade Observa-se ao longo desse periacuteodo o crescimento nas ocorrecircncias de
deslizamentos e de aacutereas com risco de deslizamento em muitos bairros de Santos Dumont
Um dos fatores importantes para esse crescimento foi a grande expansatildeo sofrida pela
maioria dos bairros e a falta de planejamento e orientaccedilatildeo por parte da prefeitura uma
vez que uma boa parte do crescimento dos bairros da cidade ocorreu ou proacuteximo a cursos
drsquoaacutegua ou em aacutereas com declividade improacutepria para se fazer construccedilotildees O bairro
Coacuterrego do Ouro (Figura 51) foi o que mais sofreu com ocorrecircncias de deslizamentos
nesse periacuteodo enquanto o bairro Santo Antocircnio foi que teve mais ocorrecircncias de
alagamentos
25
Figura 5 1 Deslizamento no bairro Coacuterrego do Ouro
Fonte Portal Cabangu
No iniacutecio deacutecada de 2010 (2011-2014) o centro da cidade foi a regiatildeo que mais sofreu
com alagamentos sendo registrado pelo menos uma ocorrecircncia por ano nessa aacuterea (Figura
52) Isso pode ser relacionado dentre outros fatores com as obras de modificaccedilatildeo do
tipo de pavimentaccedilatildeo das estradas por um material impermeaacutevel gerando uma sobrecarga
nos sistemas de drenagem urbana que foram projetados para um tipo de pavimento mais
permeaacutevel implicando tambeacutem na sobrecarga calha do Ribeiratildeo das Posses o principal
curso drsquoaacutegua que corta o centro da cidade e que se encontra em quase sua totalidade
ocupada em ambas as margens que cortam o centro da cidade
26
Figura 5 2 Alagamento na regiatildeo central de Santos Dumont em 2013
Fonte Portal Cabangu
Quanto agraves ocorrecircncias de deslizamento ao longo da referida deacutecada elas estiveram
espalhadas pelos bairros do municiacutepio tendo um maior nuacutemero de ocorrecircncias nos bairros
Santo Antocircnio Nossa Senhora da Gloacuteria e Aacutegua Espraiada Nos dois primeiros bairros
citados as ocorrecircncias podem ter sido ocasionadas pelo crescimento desordenado e sem
planejamento destes e no terceiro as ocorrecircncias satildeo relacionadas ao processo de
assoreamento do Ribeiratildeo das Posses o que pode ter gerado um aumento da velocidade
desse curso drsquoaacutegua causando problemas decorrentes do transporte de sedimentos da aacuterea
onde as casas foram construiacutedas que teve como consequecircncia os deslizamentos
Em resumo como pode ser observado nas figuras 53 e 54 na tabela 51 no periacuteodo de
1984 a 2014 os bairros mais afetados por alagamentos e deslizamentos satildeo Quarto
Depoacutesito Nossa Senhora da Gloacuteria Santo Antocircnio Coacuterrego do Ouro Antocircnio Afonso
Graminha e Vila Esperanccedila sendo que o bairro Coacuterrego do Ouro possui o maior nuacutemero
de ocorrecircncias de deslizamentos e o centro da cidade possui o maior nuacutemero de
ocorrecircncias de alagamentos no periacuteodo pesquisado Vale destacar que a aacuterea propiacutecia a
alagamentos no bairro Antocircnio Afonso natildeo identificada no estudo realizado pela
prefeitura constitui-se efetivamente numa aacuterea de risco conforme levantamento histoacuterico
realizado Esta aacuterea de risco se deve agrave diferenccedila de niacutevel negativa entre o rio Pinho e a
aacuterea do bairro estando este em desniacutevel com um risco iminente de inundaccedilotildees resultantes
da cheia desse curso drsquoaacutegua causando inuacutemeros transtornos aos moradores do local
27
Figura 5 3 Pontos de Alagamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico
Fonte Do autor
Figura 5 4 Pontos de deslizamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico
Fonte Do autor
28
Tabela 51 Ocorrecircncias de alagamentos e deslizamentos obtidos atraveacutes do
levantamento histoacuterico
Pontos de ocorrecircncia (1984-2014)
Bairros Alagamento Deslizamento
Aacutegua Espraiada 1 1
Antocircnio Afonso 1 0
Barra 0 1
Centro 7 1
Coacuterrego do Ouro 1 7
Flores 0 1
Graminha 1 0
Jardim Jaraguaacute 0 1
N Sra da Gloacuteria 0 4
N Sra das Graccedilas 1 0
Quarto Depoacutesito 3 2
Santo Antocircnio 4 2
Satildeo Sebastiatildeo 0 1
Vila Esperanccedila 0 1
Fonte Do autor
De acordo com o estudo realizado na elaboraccedilatildeo do Plano Diretor pela prefeitura
municipal observa-se que os bairros que possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a
deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do Ouro e Vila Esperanccedila enquanto que os que
possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a alagamento satildeo o Centro da cidade e os
bairros Satildeo Sebastiatildeo Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio por estarem agraves margens do
Ribeiratildeo das Posses um curso drsquoaacutegua que sofre com inundaccedilotildees perioacutedicas devido ao
severo assoreamento em algumas regiotildees e tambeacutem devido ao acuacutemulo de lixo descartado
pelos moradores do entorno irregularmente De acordo com o estudo realizado quando da
elaboraccedilatildeo do Plano Diretor do municiacutepio foram feitos estudos sobre as aacutereas propensas
a deslizamentos e alagamentos na regiatildeo urbana principal Tais aacutereas satildeo as destacadas
nas Figuras 55 e 56 No levantamento histoacuterico realizado pode-se identificar que os
bairros que possuem mais aacutereas propensas a deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do
Ouro Nossa Senhora da Gloacuteria Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio enquanto que os bairros
mais propensos a alagamentos satildeo os bairros Centro Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio
como observado na tabela 51
29
Figura 5 5 Aacutereas propensas a deslizamento de acordo com o Plano Diretor de
Santos Dumont
Fonte Google Earth e Lei 42412012
Figura 5 6 Aacutereas propensas a alagamento de acordo com o Plano Diretor de
Santos Dumont
Fonte Google Earth e Lei 42412012
30
Comparando-se os mapas obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico com o mapa gerado
pelo estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor nota-se que haacute semelhanccedilas em
algumas aacutereas mas ao se levar em conta o produto gerado pela pesquisa histoacuterica o
estudo necessitaria ser complementado haja vista que ele natildeo compreende por exemplo
o ponto de alagamento no bairro Antocircnio Afonso citado anteriormente e alguns pontos de
deslizamento importantes uma vez que satildeo regiotildees onde haacute ocupaccedilatildeo Esse fato evidencia
a necessidade de se buscar vaacuterias fontes primaacuterias e secundaacuterias para se detectar aacutereas de
risco em um municiacutepio incluindo arquivos da imprensa local afim de se produzir uma
base de dados consistente e com o menor nuacutemero de falhas possiacutevel (CEPED 2014) Com
a uniatildeo dos dois estudos foram gerados os mapas apresentados nas Figuras 57 e 58
Aleacutem do mais observando as figuras 57 e 58 pode-se notar que uma boa parte tanto dos
casos de alagamento quanto de deslizamento estatildeo na faixa de APP de curso hiacutedrico o
que ilustra a importacircncia da preservaccedilatildeo destas aacutereas
Figura 5 7 Aacutereas propensas a alagamento do estudo do Plano Diretor
complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento
Fonte Do Autor
31
Figura 5 8 Aacutereas propensas a deslizamento do estudo do Plano Diretor
complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento
Fonte Do Autor
Atraveacutes da combinaccedilatildeo entre estes dois levantamentos procurou-se alimentar a base de
dados e garantir uma consistecircncia maior desta no que diz respeito a aacutereas de deslizamento
e alagamento podendo inclusive se identificar a suscetibilidade de uma determinada
regiatildeo da cidade a um ou outro evento (CEPED2014)
512 O Plano diretor e as APPs
Nos uacuteltimos anos o Brasil experimentou um forte fenocircmeno de migraccedilatildeo do campo para
as aacutereas urbanas De acordo com o IBGE no periacuteodo de 1940 a 2000 houve um aumento
de cerca de 60 do nuacutemero de pessoas que vivem em cidades (SILVA JR 2006) O
processo de planejamento e ordenamento do uso do solo nessas aacutereas deveria ter
acompanhado esse crescimento ao longo dos anos a fim de garantir a qualidade de vida e
a seguranccedila dos migrantes ao se instalarem nas cidades o que natildeo ocorreu e o que se
observa atualmente satildeo ocupaccedilotildees em aacutereas improacuteprias para moradia sem a infraestrutura
baacutesica necessaacuteria e com risco iminente de deslizamentos eou inundaccedilotildees
O Plano Diretor do municiacutepio de Santos Dumont em seu capiacutetulo IV que versa sobre o
uso e ocupaccedilatildeo do solo explicita regras para o ordenamento do territoacuterio que compreende
o municiacutepio com base nos diferentes usos do solo de acordo com sua compatibilidade o
32
que acabou por resultar num zoneamento de todo o municiacutepio em macrozonas conforme
citado na seccedilatildeo 3231 de acordo com os usos atuais e futuros do solo Aleacutem de dividir
estas macrozonas em urbanas e rurais tambeacutem avaliou e classificou estas aacutereas com base
numa seacuterie de fatores ambientais geoloacutegicos culturais e sociais de forma a se fazer um
zoneamento coerente com os atuais usos do solo e seu potencial de uso futuro Apresenta-
se na Figura 59 este zoneamento na aacuterea urbana principal de Santos Dumont
Figura 5 9 Zoneamento urbano da aacuterea urbana principal
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Lei 42412012
Tomando como referecircncia o Novo Coacutedigo Florestal brasileiro em especial os paracircmetros
estabelecidos para a definiccedilatildeo de APP e utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento
atraveacutes do software Vista SAGA relacionou-se as APPs existentes na aacuterea em estudo com
as regiotildees propiacutecias a alagamentos e deslizamentos de acordo com o estudo feito quando
da elaboraccedilatildeo do Plano Diretor afim de se identificar qual ou quais aacutereas possuem estes
problemas e se estatildeo relacionados com o uso do solo irregular em APP
Ao se aplicar a metodologia proposta por Oliveira amp Fernandes Filho (2013) natildeo foram
identificadas dentro da aacuterea de estudo APPs de topos de morro sendo este tipo de APP
descartada portanto das anaacutelises subsequentes deste trabalho Foram consideradas as
APP de curso hiacutedrico (rios e nascentes) e de declividade visando relacionaacute-las as aacutereas
de risco identificadas pela Prefeitura afim de se verificar as possiacuteveis causas da ocorrecircncia
33
destas aacutereas na regiatildeo urbana do municiacutepio Por meio de combinaccedilotildees entre dois mapas
temaacuteticos utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento foi possiacutevel obter as
assinaturas ou seja tabelas que caracterizam quantitativamente a aacuterea afetada por cada
aspecto visto que a simples visualizaccedilatildeo do mapa gerado pelo geoprocessamento muitas
vezes eacute prejudicada por serem aacutereas de pequenas dimensotildees ou por qualquer outra
limitaccedilatildeo do software Ressalta-se que para a elaboraccedilatildeo do Plano Municipal de Reduccedilatildeo
de riscos a identificaccedilatildeo e detalhamento topograacutefico destas aacutereas eacute fundamental para o
desenvolvimento do referido Plano conforme seraacute abordado detalhadamente na seccedilatildeo
52
De posse do mapa que representa o zoneamento urbano de Santos Dumont primeiramente
procurou-se mensurar qualitativa e quantitativamente a presenccedila de APPs tanto de
declividade quanto de cursos hiacutedricos Essa identificaccedilatildeo eacute importante pois este
zoneamento eacute um dos instrumentos de planejamento municipal (BRASIL 2001) Saboya
(2007) aponta que os principais objetivos de um zoneamento satildeo o controle da expansatildeo
urbana e proteccedilatildeo de aacutereas inadequadas a ocupaccedilatildeo aleacutem de reduzir os conflitos inerentes
aos diferentes usos do solo Com o uso da ferramenta ldquoCombinarrdquo do Vista SAGA foram
feitas combinaccedilotildees entre o mapa de hidrografia com buffer de 30m para rios e coacuterregos e
de 50m para nascentes com o mapa do zoneamento para se verificar a importacircncia das
APPs de curso hiacutedrico em toda a aacuterea urbana principal do municiacutepio Tambeacutem foram
combinados o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) obtido atraveacutes do gvSIG com o mapa
de zoneamento afim de se verificar quantitativamente as APPs de declividade e onde se
localizam Vale ressaltar que as declividades entre 30 e 47 estatildeo presentes nesta
combinaccedilatildeo pois de acordo com o Plano Diretor de Santos Dumont terrenos com esta
faixa de declividade para fins de parcelamento devem possuir estudo teacutecnico que ateste
a viabilidade de se promover algum empreendimento imobiliaacuterio neste (SANTOS
DUMONT 2012) Como a legislaccedilatildeo municipal prevecirc estudo somente para a faixa de
declividade descrita anteriormente para fins de anaacutelise neste trabalho consideramos um
valor mais conservador para APP compreendendo a faixa de 47 a 100 aleacutem da
prevista pela legislaccedilatildeo federal (gt100) para que natildeo houvessem lacunas importantes na
geraccedilatildeo do produto
Apresenta-se na Figura 510 aacutereas com declividades consideradas de risco e consideradas
APP e em qual zona de planejamento elas estatildeo inseridas De um modo geral ao se
observar a Tabela 52 nota-se que a aacuterea que compreende declividades de risco e APP eacute
uma pequena parcela da aacuterea urbana principal representando 061 desta aacuterea Ao se
levar em conta somente a localizaccedilatildeo pode-se verificar que cerca de 84 das aacutereas com
declividade de risco e a totalidade das APPs de declividade estatildeo localizadas na ZAC1
zona que compreende a maior parte do municiacutepio e apesar de possuir infraestrutura baacutesica
para a ocupaccedilatildeo esta eacute restrita Sendo assim o fator declividade deve ser visto com cautela
nesta aacuterea para se evitar transtornos advindos de edificaccedilotildees nestas aacutereas
34
Figura 5 10 Combinaccedilatildeo entre as declividades importantes incluindo as APPs e o
zoneamento urbano
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Do autor
Tabela 52 Assinaturas da combinaccedilatildeo Declividade x Zoneamento
Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea
Natildeo APP 457972 9939
Declividade 30-47 em ZAC1 2368 051
Declividade 30-47 em ZE 284 006
Declividade 30-47 em ZAC2 128 003
Declividade 30-47 em ZPA 004 0001
APP Declividade em ZAC1 048 001
Total 460804 100
Fonte Do autor
Apresenta-se na Figura 511 as APPs de curso hiacutedrico (nascentes e rios) e em qual zona
de planejamento estatildeo localizadas Assim como a declividade a maior parte das APPs de
curso hiacutedrico estatildeo localizadas em ZAC1 representando 383 da aacuterea urbana em estudo
e 51 do total das APPs de curso hiacutedrico Esta questatildeo tambeacutem deve ser vista com
bastante criteacuterio pelos gestores locais uma vez que a ocupaccedilatildeo em faixas proacuteximas de
rios e coacuterregos podem causar uma gama de problemas ambientais e sociais na regiatildeo
(SANTANA2011) Tal cuidado tambeacutem deve ser tomado nas APPs compreendidas na
35
ZAC2 que compreende 001 da Aacuterea urbana principal e 14 do total das APPs de curso
hiacutedrico pois a infraestrutura baacutesica e acessibilidade presente nesta zona eacute precaacuteria e a
ocupaccedilatildeo as margens de cursos hiacutedricos pode gerar problemas seacuterios caso ocorra uma
expansatildeo nestas aacutereas
Figura 511 Combinaccedilatildeo entre APP de curso hiacutedrico e as zonas de planejamento
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Do autor
Outro ponto importante eacute a presenccedila da Zona de Proteccedilatildeo Ambiental (ZPA) no entorno
uma consideraacutevel parte dos cursos hiacutedricos Nesta zona estatildeo presentes 28 das APPs de
curso hiacutedrico e esta zona de acordo com o Plano Diretor deve ser restaurada ou
preservada por suas caracteriacutesticas geoloacutegicas topograacuteficas e bioloacutegicas
Afim de se verificar os usos do solo na regiatildeo em estudo foram utilizadas combinaccedilotildees
de imagens advindas do sateacutelite Landsat 8 nas bandas descritas no capiacutetulo 4 aleacutem da
banda pancromaacutetica O resultado eacute apresentado na figura 512 que mostra os principais
usos do solo na aacuterea urbana principal de Santos Dumont
36
Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x Zoneamento
Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea
Hidrografia 11168 239
Aacuterea Urbana Natildeo APP 421004 9008
APP Curso hiacutedrico em ZAC1 179 383
APP Curso hiacutedrico em ZPA 9776 209
APP Curso hiacutedrico em ZE 184 004
APP Curso hiacutedrico em ZA 1192 026
APP Curso hiacutedrico em ZAC2 5124 110
APP Curso hiacutedrico em ZPPH 248 005
APP Curso hiacutedrico em ZEIS 568 012
APP Curso hiacutedrico em ZCA 228 005
Total 467392 10000
Fonte Do autor
Figura 5 12 Mapa de usos do solo da aacuterea urbana principal de Santos Dumont
Fonte Do autor
Como jaacute era previsto a maior parte da aacuterea urbana se encontra ocupada e eacute nesta regiatildeo
ocupada que se observa a maior concentraccedilatildeo de problemas de deslizamentos e
alagamentos (Figuras 513 e 514) A grande ocupaccedilatildeo em aacutereas consideradas APP de
curso hiacutedrico de acordo com os mapas gerados pode ser a principal causa do aumento a
cada ano dos casos de alagamento principalmente na regiatildeo central da cidade Outro ponto
que se deve atentar eacute a existecircncia de uma consideraacutevel aacuterea de pastagem pouco vegetada
que caso estejam em aacutereas elevadas pode contribuir para deslizamentos e agraves margens de
37
rios e coacuterregos para o assoreamento destes corpos hiacutedricos o que pode causar
alagamentos (INAacuteCIO etal 2007)
Diante destes resultados pode-se ver que a cidade de Santos Dumont necessita alternativas
efetiva no que diz respeito agrave contenccedilatildeo de deslizamentos e a reduccedilatildeo de risco de
alagamento pois as aacutereas em que ocorrem tais eventos satildeo distintas e facilmente definidas
devido agrave repeticcedilatildeo destes nos uacuteltimos anos Um plano de accedilatildeo integrado entre as diferentes
secretarias municipais (Obras Meio Ambiente Assistecircncia Social entre outras) e a
Coordenadoria Municipal de Defesa Civil deve ser realizado afim de se tomar medidas
natildeo mais preventivas mas sim preditivas para que se possa conter o avanccedilo destes
problemas na aacuterea urbana principal bem como em toda a aacuterea do municiacutepio
Figura 5 13 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na aacuterea urbana
principal
Fonte Do autor
38
Figura 5 14 Aacutereas sujeitas a alagamento e os principais usos do solo na aacuterea
urbana principal
Fonte Do autor
Ao se associar os dados do estudo do Plano Diretor com os dados do levantamento
histoacuterico realizado com o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) pode-se notar que as aacutereas
propiacutecias a deslizamento estatildeo em regiotildees as quais haacute uma fronteira de declividades ou
seja eacute evidente que os deslizamentos ocorrem em encostas um pouco mais iacutengremes mas
natildeo necessariamente nas encostas de 30-47 as quais exigem estudo teacutecnico conforme o
plano diretor preconiza Quanto aos alagamentos nota-se que eles se localizam nas aacutereas
com menor ou nenhuma declividade podendo ser estas aacutereas talvez componentes da
planiacutecie de inundaccedilatildeo dos rios Estes resultados podem ser vistos nas figuras 515 e 516
a seguir
39
Figura5 15 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a deslizamentos na
regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
Fonte Lei 42412012 e Autor
Figura5 26 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a alagamentos na
regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
Fonte Lei 42412012 e Autor
40
52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis
O processo de ocupaccedilatildeo no municiacutepio de Santos Dumont comeccedilou muito antes de
qualquer legislaccedilatildeo relacionada a ordenamento urbano e de proteccedilatildeo do meio ambiente
fosse implementado no Brasil Esse fato aliado a poliacuteticas e fiscalizaccedilotildees falhas
contribuiacuteram para a ocupaccedilatildeo e expansatildeo da aacuterea urbana ao longo do Ribeiratildeo das Posses
e seus afluentes o que tem gerado o aumento da degradaccedilatildeo destes corpos hiacutedricos ao
longo de todos estes anos Observa-se tambeacutem que nas uacuteltimas deacutecadas ocorreu um
grande nuacutemero de migraccedilotildees do campo para a regiatildeo urbana da cidade fator que
contribuiu para o crescimento do nuacutemero de habitaccedilotildees em aacutereas de risco de deslizamento
e alagamentos por serem na maioria das vezes terrenos menos valorizados e por este
motivo acessiacuteveis a populaccedilatildeo com menor poder aquisitivo (ROSA amp CORTEZ 2008)
Vale ressaltar que esta questatildeo aleacutem de ser ambiental eacute muito mais social pois os
moradores entendem os riscos de se viver nestes locais mas por motivos econocircmicos ou
por questotildees afetivas natildeo abrem matildeo da moradia nessas aacutereas A Constituiccedilatildeo Federal de
1988 promoveu a inter-relaccedilatildeo das questotildees sociais com as questotildees ambientais quando
colocou o meio ambiente como direito coletivo (BRASIL1988 SOUZA2010) Por este
motivo a decisatildeo por medidas draacutesticas que favoreccedilam apenas agrave preservaccedilatildeo do meio
ambiente natildeo eacute recomendada pois aleacutem de ser inconstitucional podem afetar a
sustentabilidade econocircmica do municiacutepio e gerar conflitos sociais consideraacuteveis
(CARLOS 1992 apud SOUZA 2010)
Segundo Bueno (2009) ldquonem tudo o que eacute irregular eacute precaacuteriordquo Esse fato se observa em
Santos Dumont uma vez que em boa parte da regiatildeo central se observa vaacuterias moradias
construiacutedas na faixa de APP de curso hiacutedrico o que natildeo eacute permitido pela legislaccedilatildeo
vigente e eacute um dos fatores que contribui para a ocorrecircncia de alagamentos nesta aacuterea da
cidade Para a resoluccedilatildeo deste problema o que seria mais viaacutevel seria a melhoria da
infraestrutura de drenagem urbana afim de que o escoamento da aacutegua das chuvas natildeo
sobrecarregasse o sistema (BUENO2009) A construccedilatildeo de bacias de contenccedilatildeo de
cheias ao longo do Ribeiratildeo das Posses tambeacutem seria uma alternativa mas para se verificar
a viabilidade necessita-se estudos mais aprofundados do ponto de vista hidroloacutegico
O grande problema a ser solucionado no entanto eacute o que diz respeito agraves aacutereas de risco
de deslizamento majoritariamente nos bairros A melhor alternativa seria o
remanejamento dos moradores para uma aacuterea proacutexima agrave que moram poreacutem longe do
risco Poreacutem esta alternativa de acordo com Rosa Filho amp Cortez (2008) encontra alguns
entraves pois estas pessoas na maioria das vezes natildeo tecircm condiccedilotildees financeiras de irem
para outro lugar ou pagar aluguel ou estatildeo de alguma forma sentimentalmente ligadas
agravequela regiatildeo que se recusam a deixaacute-lo
41
Por parte dos oacutergatildeos competentes no municiacutepio a criaccedilatildeo de um plano para se evitar
acidentes ocasionados por deslizamentos e alagamentos com um mapeamento detalhado
de toda a extensatildeo do municiacutepio eacute extremamente uacutetil Os estudos que seratildeo feitos para a
elaboraccedilatildeo deste plano poderatildeo definir quais as aacutereas satildeo potencialmente de risco para as
ocupaccedilotildees existentes ou para as potenciais ocupaccedilotildees que possam vir a ocorrer atraveacutes do
mapeamento das aacutereas de risco Tal planejamento seraacute auxiliar ao Plano Diretor
Municipal pois definiraacute o real uso do solo de determinada regiatildeo do municiacutepio
contribuindo para a adequaccedilatildeo do uso e ocupaccedilatildeo do solo afim de evitar ou reduzir o
nuacutemero de problemas relacionados a alagamentos e principalmente deslizamentos no
periacutemetro urbano (TOMINAGA 2009) A partir deste plano os gestores locais poderatildeo
tomar a melhor decisatildeo para a prevenccedilatildeo ou reduccedilatildeo dos riscos inerentes a tais problemas
Na seccedilatildeo 521 seraacute hierarquizado de forma preliminar a aacuterea urbana principal de acordo
com os resultados da tabela 51
521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta
O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos (PMRR) foi criado atraveacutes de accedilotildees
regularizadoras do Ministeacuterio das Cidades para ser o instrumento de gestatildeo e
gerenciamento de aacutereas de risco em um municiacutepio Eacute um documento que aleacutem de
estabelecer quais regiotildees satildeo consideradas de risco tambeacutem objetiva a proposta de
medidas estruturais ou natildeo para contenccedilatildeo eou prevenccedilatildeo de cataacutestrofes aleacutem de ser um
meio de captaccedilatildeo de recursos financeiros junto aos Governos Estadual e Federal Estes
recursos poderatildeo ser utilizados para a realizaccedilatildeo de obras que visem a melhoria da
qualidade de vida da populaccedilatildeo do entorno ou de recuperaccedilatildeo da aacuterea degradada Este
plano eacute realizado de forma participativa com as comunidades das aacutereas de risco e pode
ser realizado em sete fases conforme recomenda o Ministeacuterio das Cidades (ALHEIROS
2006)
O primeiro passo para a realizaccedilatildeo do PMRR eacute definir qual a metodologia seraacute empregada
levando-se em consideraccedilatildeo a realidade atual do municiacutepio e especificar de forma sucinta
um cronograma das atividades Eacute importante nesta fase a participaccedilatildeo tambeacutem dos
responsaacuteveis pelas mais variadas Secretarias Municipais afim de explicitar o tamanho da
importacircncia e o caraacuteter integrador deste plano A segunda fase deste plano objetiva a
criaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo da principal base de dados a ser utilizada nos passos posteriores o
mapeamento de risco em escala detalhe em torno de 13000 (SAtildeO PAULO 2014) A
elaboraccedilatildeo de um mapeamento detalhado propiciaraacute natildeo soacute a identificaccedilatildeo mais faacutecil das
aacutereas de risco como tambeacutem facilitaraacute aos gestores e agrave comunidade decidirem qual a
melhor intervenccedilatildeo para a soluccedilatildeo ou remediaccedilatildeo dos problemas em uma determinada
42
aacuterea hierarquizando o risco e definindo prioridades (SAtildeO PAULO 2014) Na tabela a
seguir apresenta-se alguns tipos de intervenccedilotildees que podem ser feitas em aacutereas de risco
sugeridas pelo Ministeacuterio das cidades (ALHEIROS 2006)
Quadro 5 1 - Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco
Tipo de intervenccedilatildeo Descriccedilatildeo
Serviccedilos de limpeza e Recuperaccedilatildeo
Remoccedilatildeo de entulho lixo etc
corte de aacutervores
remoccedilatildeo de bananeiras
recuperaccedilatildeo eou limpeza de sistemas de
drenagem esgotos e acessos
Limpeza de canais de drenagem
Proteccedilatildeo Vegetal
Proteccedilatildeo superficial vegetal (gramiacuteneas) em
taludes com solo exposto
Proteccedilatildeo vegetal de margens de canais de
drenagem
Barreiras vegetais para massas escorregadas
ou acumuladas pela erosatildeo
Drenagem Superficial e Acessos
Sistema de drenagem superficial (canaletas
raacutepidos caixas de transiccedilatildeo escadas drsquoaacutegua)
Acessos para pedestres (escadarias rampas
etc) integrados ao sistema de drenagem
Revestimento de Taludes Revestimento com materiais artificiais
cimentado cal-jet tela argamassada alvenaria
de tijolos ceracircmicos solo-cimento ensacado
Desmonte de blocos e matacotildees Desmonte de concreccedilotildees de grande porte
blocos rochosos e matacotildees
Obras de drenagem de subsuperfiacutecie Sistema de drenagem de subsuperfiacutecie
(trincheiras drenantes DHP poccedilos de
rebaixamento)
Estruturas de contenccedilatildeo (localizadas)
Muros de contenccedilatildeo de pequeno porte (solo-
cimento ensacado alvenaria de pedra-rachatildeo
concreto armado)
Estruturas de contenccedilatildeo localizadas
(chumbadores tirantes microestacas)
Contenccedilatildeo e proteccedilatildeo de margens de canais (
gabiotildees muros de concreto etc)
Estruturas de contenccedilatildeo (meacutedio e grande porte) Implantaccedilatildeo de estruturas de contenccedilatildeo de
meacutedio e grande porte envolvendo obras de
contenccedilatildeo passivas e ativas (muros de
gravidade cortinas etc)
Terraplanagem Execuccedilatildeo de serviccedilos de terraplanagem
combinados a obras de drenagem superficial e
proteccedilatildeo vegetal desvio e canalizaccedilatildeo de
coacuterregos
Remoccedilatildeo de moradias Remoccedilotildees definitivas para implantaccedilatildeo de
obras ou devido agrave localizaccedilatildeo improacutepria da
edificaccedilatildeo (Priorizar as relocaccedilotildees dentro da
proacutepria aacuterea em local seguro)
Fonte ALHEIROS 2006
43
Escolhidas as formas de intervenccedilatildeo para cada aacuterea eacute necessaacuterio realizar uma estimativa
dos custos afim de preparar o orccedilamento da prefeitura para a realizaccedilatildeo das obras e se
seraacute necessaacuterio a captaccedilatildeo de recursos externos para a execuccedilatildeo destas Feitas as
estimativas de custo o proacuteximo passo eacute definir as prioridades e para esta fase eacute tambeacutem
uacutetil o mapeamento feito nas etapas anteriores pois seraacute necessaacuterio hierarquizar tais
intervenccedilotildees nas aacutereas de risco O Ministeacuterio das Cidades (2007) sugere alguns criteacuterios
que podem ser avaliados pelo gestor dentre eles pode-se citar
Grau de risco
Populaccedilatildeo beneficiada
Custo da intervenccedilatildeo
Dimensatildeo da aacuterea a ser tratada
Demandas anteriores da populaccedilatildeo
Tempo de ocupaccedilatildeo
Viabilidade teacutecnica da intervenccedilatildeo
Viabilidade financeira
Inclusatildeo da aacuterea em outros projetos
A partir desta hierarquizaccedilatildeo inicia-se a identificaccedilatildeo de provaacuteveis fontes de captaccedilatildeo de
recursos para a execuccedilatildeo das intervenccedilotildees Estes recursos podem advir de programas dos
governos Federal e Estadual ou por meio de editais para captaccedilatildeo de recursos financeiros
tanto do setor puacuteblico como da iniciativa privada e podem ser tambeacutem associados agrave outras
Secretarias Municipais como a de Turismo ou Meio Ambiente e natildeo soacute as destinadas agrave
Defesa Civil (ALHEIROS 2006)
Eacute previsto tambeacutem no PMRR uma avaliaccedilatildeo da Defesa Civil municipal e como ela estaacute
estruturada fazendo inclusive sugestotildees para que sua atuaccedilatildeo esteja em consonacircncia com
a realidade das comunidades e da Administraccedilatildeo Puacuteblica do municiacutepio de forma a garantir
sua sustentabilidade e conquistar a credibilidade da populaccedilatildeo no que diz respeito a
prevenccedilatildeo de cataacutestrofes Para que a resposta a uma determinada situaccedilatildeo de risco seja
raacutepida eacute necessaacuterio a descentralizaccedilatildeo da Defesa Civil criando pequenos nuacutecleos
comunitaacuterios com a finalidade de se monitorar a aacuterea constantemente e promover as
intervenccedilotildees necessaacuterias em tempo haacutebil o que aumenta em muito a credibilidade da
populaccedilatildeo no PMRR e no trabalho desempenhado pela Defesa Civil no municiacutepio Apoacutes
esta etapa o PMRR passaraacute por audiecircncias puacuteblicas e posteriormente poderaacute ser aprovado
como Lei Municipal pelo Legislativo local (ALHEIROS 2006)
Com a realizaccedilatildeo deste plano o municiacutepio estaraacute munido de informaccedilotildees suficientes para
realizar accedilotildees efetivas de gestatildeo e gerenciamento de riscos bem como aliado a
levantamentos sociais realizar programas habitacionais que beneficiem prioritariamente
44
aos moradores das aacutereas de risco Aleacutem disso com o PMRR o municiacutepio poderaacute melhorar
a qualidade ambiental da populaccedilatildeo captando recursos para a recuperaccedilatildeo das aacutereas de
APP que foram degradadas pelas ocupaccedilotildees irregulares beneficiando todos os moradores
do municiacutepio com o aumento da qualidade de vida na cidade
A partir do disposto nesta seccedilatildeo acerca do Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos e de
uma maneira preliminar (levando-se em conta apenas o nuacutemero de registros de
alagamentos e deslizamentos na aacuterea urbana principal de Santos Dumont no periacuteodo de
1984 a 2014) identificou-se trecircs regiotildees distintas na aacuterea urbana do municiacutepio com
tempo de recorrecircncia desses eventos similares caracterizando trecircs prioridades de
intervenccedilatildeo em contenccedilatildeo de risco como pode ser visto nas figuras 515 e 516 Vale
ressaltar que eacute necessaacuterio um estudo mais detalhado inclusive com visitas teacutecnicas a
campo para que se confirme a real situaccedilatildeo destas e a real prioridade para investimentos
Figura 5 17 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de deslizamentos
Fonte Do Autor
45
Figura 5 18 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de alagamentos
Fonte Do Autor
46
6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees
A seguir apresenta-se as conclusotildees e as recomendaccedilotildees feitas a partir dos objetivos
especiacuteficos explicitados no iniacutecio deste trabalho
Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a
aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes
urbanos
A partir da revisatildeo da legislaccedilatildeo pertinente em acircmbito federal estadual e
municipal constatou-se que o Plano Diretor de Santos Dumont natildeo conflita com a
legislaccedilatildeo federal e estadual sobre Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente A legislaccedilatildeo
municipal foi entendida como mais conservadora que as federal e estadual uma
vez que considera implicitamente que declividades entre 47 e 100 satildeo
enquadradas como APPs aleacutem da faixa superior a 100
Parte consideraacutevel das ocupaccedilotildees em APP principalmente na regiatildeo do bairro
Santo Antocircnio (onde surgiu os primeiros nuacutecleos que deram origem ao municiacutepio)
e o centro da cidade ocorreram antes de que fosse elaborado qualquer legislaccedilatildeo
que versasse sobre o tema Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente bastando ao gestor
local tomar medidas de contenccedilatildeo de riscos que minimizem os impactos causados
por essas ocupaccedilotildees nessa regiatildeo
O ordenamento adequado do uso do solo no municiacutepio eacute necessaacuterio para que o
crescimento dos loteamentos criados anteriormente agrave esta Lei e o surgimento de
novos natildeo avance para Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente o que pode causar
inuacutemeros problemas aos moradores e agravar os jaacute existentes
Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las
com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)
As aacutereas onde houveram a maior quantidade de registros de deslizamentos satildeo os
bairros mais populosos de Santos Dumont podendo se estabelecer uma relaccedilatildeo
que quanto mais populoso o bairro maior a quantidade de problemas relacionados
a deslizamentos Tambeacutem pode-se notar uma relaccedilatildeo com as fronteiras das faixas
de declividades e os deslizamentos uma vez que boa parte deles aconteceram
nestas faixas
As aacutereas onde houve um grande nuacutemero de registros de alagamentos satildeo os bairros
que se desenvolveram agraves margens do Ribeiratildeo das Posses em especial na aacuterea que
47
compreende as APPs de curso hiacutedrico e em aacutereas onde a declividade eacute baixa Esse
fato aliado ao crescimento do nuacutemero de vias pavimentadas com material
impermeaacutevel e a natildeo expansatildeo e ou redimensionamento da rede de drenagem
urbana contribuiacuteram para a ocorrecircncia cada vez mais constante de alagamentos
nessas aacutereas
Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos
catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30
anos
A partir do levantamento histoacuterico realizado e da base de dados georeferenciada
gerada observou-se o aumento do nuacutemero de registros de deslizamentos e
alagamentos nos uacuteltimos 10 anos quando as ocorrecircncias comeccedilaram a se repetir
numa mesma aacuterea com frequecircncia incrementada as vezes com mais de uma
ocorrecircncia anual
Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do
solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental
Destaca-se a adequaccedilatildeo dos criteacuterios gerais estabelecidos pelo Plano Diretor de
Santos Dumont relativos a legislaccedilatildeo federal e estadual Entretanto o referido
Plano Diretor natildeo contempla todo o territoacuterio municipal sendo assim ele natildeo
cumpre o objetivo de proteger as APPs preservadas e recuperar as que foram
degradadas em todo o territoacuterio municipal Ressalta-se tambeacutem a sua natildeo
conformidade com o Estatuto das Cidades uma vez que o Plano Diretor
contempla apenas os novos loteamentos
Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais
negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea
impactada
Recomenda-se a implantaccedilatildeo no municiacutepio de uma Coordenadoria Municipal de
Defesa Civil atuante e integrada agraves Secretarias Municipais e agrave comunidade
visando uma atuaccedilatildeo eficaz nos problemas relacionados a deslizamentos e
alagamentos A elaboraccedilatildeo de um Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos eacute de
suma importacircncia pois atraveacutes dele pode-se predizer as aacutereas que passaratildeo por
problemas caso a expansatildeo aconteccedila ou se inicie uma ocupaccedilatildeo nova aleacutem de
prevenir acidentes nas aacutereas jaacute ocupadas e consideradas de risco
48
7 Anexos
49
71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont
50
51
72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)
52
53
8 Referecircncias Bibliograacuteficas
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15
vegetaccedilatildeo por conta da declividade altitude ou
presenccedila de recursos hiacutedricos
Zona de Adensamento Controlado (ZAC) satildeo as
aacutereas em que deve-se manter uma pequena
densidade populacional devido as limitaccedilotildees na
infraestrutura da localidade A ZAC se divide em
ZAC 1 quando a infraestrutura existente eacute
limitada e em ZAC 2 quando esta eacute precaacuteria ou
natildeo existe
Zona de Consolidaccedilatildeo de Adensamento (ZCA)
satildeo as aacutereas em que haacute interesse em ocupar os
lotes vagos haja visto que a regiatildeo possui toda a
infraestrutura para que isto aconteccedila
Zona Adensaacutevel (ZA) satildeo as aacutereas com
condiccedilotildees propiacutecias para ocorrer uma ocupaccedilatildeo
mais densa
Zona Especial de Interesse Social (ZEIS) satildeo as
aacutereas em que o Poder Puacuteblico almeja fazer
alguma forma de ocupaccedilatildeo Eacute dividida em ZEIS 1
e ZEIS 2 A ZEIS 1 satildeo regiotildees jaacute ocupadas mas
de forma irregular cujo interesse puacuteblico eacute
realizar obras e outras atividades para
regularizar as ocupaccedilotildees e urbanizar a aacuterea
enquanto que a ZEIS 2 satildeo aacutereas natildeo utilizadas ou
subutilizadas as quais o poder puacuteblico almeja
realizar algum empreendimento habitacional de
caraacuteter social
Zona de Grandes Equipamentos (ZE) satildeo aacutereas
cujo o interesse eacute a implantaccedilatildeo de
empreendimentos de grande porte ou grandes
equipamentos puacuteblicosrdquo
Esta divisatildeo espacial pode ser melhor vista no Anexo 71
O Plano Diretor natildeo estipula limites para APP mas prevecirc algumas diretrizes como na
Poliacutetica Municipal de Preservaccedilatildeo do Meio Ambiente sobre o uso do solo em
compatibilidade com praacuteticas conservacionistas A Poliacutetica Municipal de Expansatildeo
16
Urbana tem como uma de suas diretrizes fazer cumprir a legislaccedilatildeo vigente no que diz
respeito agraves intervenccedilotildees e investimentos que poderatildeo ser feitos nessas aacutereas Tambeacutem eacute
diretriz da mesma Poliacutetica o controle da ocupaccedilatildeo e do uso do solo em APPs e o auxiacutelio
aos oacutergatildeos estaduais e federais de meio ambiente no tocante agrave fiscalizaccedilatildeo da ocupaccedilatildeo
nestas aacutereas (SANTOS DUMONT 2012) O artigo 38 que trata das diretrizes da Poliacutetica
habitacional de interesse social exclui do processo de regularizaccedilatildeo fundiaacuteria os
assentamentos situados em aacutereas de risco o que na maioria das vezes estatildeo tambeacutem nas
aacutereas que deveriam estar vegetadas e protegidas (SANTOS DUMONT 2012) Na
legislaccedilatildeo referente ao parcelamento do solo eacute previsto que no parcelamento de glebas
com declividade entre 30 e 47 soacute poderaacute ser aprovado mediante projeto e laudo
assinado por um responsaacutevel teacutecnico favoraacutevel agrave construccedilatildeo nesse local (SANTOS
DUMONT 2012) Diante do proposto pelo Plano Diretor de Santos Dumont pode-se
dizer que natildeo haacute conflito com a legislaccedilatildeo federal e estadual em se tratando da
aplicabilidade do Coacutedigo Florestal uma vez que aquele natildeo explicita limites nem
permissivos e tampouco restritivos para faixas e aacutereas de preservaccedilatildeo permanente
33 O Municiacutepio de Santos Dumont
331 De Arraial a cidade
A aacuterea onde se situa hoje o municiacutepio de Santos Dumont teve sua ocupaccedilatildeo iniciada no
seacuteculo XVIII quando a Coroa Portuguesa solicitou ao entatildeo Governador do Rio de
Janeiro Artur de Saacute Menezes que abrisse um caminho que ligasse as Minas dos
Cataguases na regiatildeo de Ouro Preto (receacutem descobertas) ao Rio de Janeiro por onde
escoava os metais preciosos para a metroacutepole Surgiu assim o ldquoCaminho Novordquo e ao longo
deste caminho surgiram tambeacutem as Sesmarias aacutereas que tinham por principal objetivo
servir de pouso aos transportadores e exploradores e tambeacutem para garantir alimento a
estas pessoas Uma destas ocupaccedilotildees seria o ldquoArraial de Joatildeo Gomesrdquo (Figura 41)
primeiro nuacutecleo primitivo do municiacutepio em 1709 De iniacutecio prevaleciam somente
ranchos onde os viajantes se abrigavam mas em pouco tempo ergueu-se a Capela de Satildeo
Miguel e Almas e pequenos nuacutecleos urbanos comeccedilaram a surgir (DAPPC2008)
17
Figura 3 1 Vista parcial do Arraial de Joatildeo Gomes
Fonte Arquivo Histoacuterico de Santos Dumont-MG
Com a construccedilatildeo da Estrada de Ferro D Pedro II no final do seacuteculo XIX a regiatildeo teve
um consideraacutevel crescimento natildeo soacute populacional como tambeacutem econocircmico se tornando
a Vila Palmyra em 1889 Em 1890 Palmyra eacute elevada ao status de Municiacutepio (Figura 42)
e recebe um grande nuacutemero de melhorias no setor viaacuterio como a retificaccedilatildeo de ruas e
tambeacutem no setor de serviccedilos puacuteblicos como abastecimento de aacutegua iluminaccedilatildeo puacuteblica a
querosene e posteriormente energia eleacutetrica O desenvolvimento econocircmico na regiatildeo
tambeacutem teve seu momento aacuteureo nesse periacuteodo Induacutestrias de laticiacutenios graacuteficas e de
Carbureto de Caacutelcio fizeram parte do parque industrial de Palmyra o que atraiacutea pessoas
de outros lugares inclusive estrangeiros contribuindo para o aumento populacional da
regiatildeo Como ainda natildeo havia legislaccedilatildeo sobre uso e ocupaccedilatildeo do solo nessa eacutepoca
surgiram inuacutemeros loteamentos em aacutereas proacuteximas agrave rios e coacuterregos e tambeacutem em
encostas com declividade acentuada o que foi agravando o risco agrave medida que a ocupaccedilatildeo
aumentava (DAPPC2008)
18
Figura 3 2 Municiacutepio de Palmyra na deacutecada de 1920
Fonte Arquivo Histoacuterico de Santos Dumont-MG
O escoamento da produccedilatildeo industrial se dava pelo modal ferroviaacuterio setor que tambeacutem
movimentava a crescente cidade que era ponto importante no setor de transportes pois
possuiacutea um dos mais bem equipados depoacutesitos de locomotivas da Estrada de Ferro Central
do Brasil (DAPPC2008)
No ano de 1932 o municiacutepio de Palmyra passou a se chamar Santos Dumont (Figura 43)
em homenagem ao inventor do aviatildeo que nascera naquela cidade Nos uacuteltimos 40 anos
Santos Dumont tem experimentado uma acentuada desaceleraccedilatildeo econocircmica
consequecircncia do fechamento da grande maioria das induacutestrias principalmente as de
laticiacutenios que empregavam direta e indiretamente uma parte consideraacutevel da populaccedilatildeo
(DAPPC2008)
19
Figura 3 3 Municiacutepio de Santos Dumont em 2014
Fonte Arquivo do autor
332 Santos Dumont na atualidade
O municiacutepio de Santos Dumont localiza-se na regiatildeo da Zona da Mata mineira distante
cerca de 220 Km da capital Belo Horizonte e possui uma populaccedilatildeo de 47558 habitantes
(ODM 2015 projeccedilatildeo) numa aacuterea total de 637 kmsup2 Faz divisa com os municiacutepios de
Juiz de Fora Oliveira Fortes Bias Fortes Antocircnio Carlos Tabuleiro Piau e Ewbank da
Cacircmara
No que diz respeito agrave sua formaccedilatildeo fisiacuteco-geograacutefica a aacuterea que compreende o municiacutepio
eacute constituiacuteda predominantemente por Cambissolo Haacuteplico (70) com Latossolo
Vermelho-Amarelo (30) (UFV2010) A vegetaccedilatildeo eacute em sua maioria composta por
exemplares de Mata Atlacircntica De acordo com o IBGE(2015) Santos Dumont se localiza
a 839m de altitude O clima da regiatildeo eacute classificado como Tropical de Altitude (Cwb) e
possui uma temperatura meacutedia de 20ordmC Eacute banhado pela bacia hidrograacutefica do Paraiacuteba do
Sul e em sua maioria pertence agrave sub-bacia do Rio Pomba (IGAM) que fornece aacutegua para
abastecimento puacuteblico agrave 88 da populaccedilatildeo por meio da rede de distribuiccedilatildeo
(IBGE2010) Uma pequena parte da zona rural a sudoeste eacute banhada pela Sub-Bacia do
Rio Paraibuna mais precisamente na regiatildeo de fronteira com os municiacutepios de Juiz de
Fora e Ewbank da Cacircmara O sistema viaacuterio principal de acesso agrave cidade eacute a rodovia BR-
040 e a estrada de ferro Dom Pedro II atualmente utilizada somente para transporte de
cargas
Com a economia nos dias atuais baseada majoritariamente no setor de serviccedilos a cidade
possui um Iacutendice de Desenvolvimento humano (IDH) de 0741 (IBGE2010) Apesar do
decliacutenio econocircmico de Santos Dumont nota-se hoje um aumento no nuacutemero de
loteamentos populares e condomiacutenios horizontais e verticais entre outras edificaccedilotildees Eacute
de vital importacircncia que esse crescimento das ocupaccedilotildees seja ordenado e regulamentado
20
de forma a garantir a qualidade ambiental prevenindo deslizamentos e inundaccedilotildees Diante
dessa conjuntura o governo municipal aprovou em 2012 a Lei nordm 4241 que trata do Plano
Diretor Participativo instrumento baacutesico da poliacutetica de desenvolvimento e expansatildeo
urbana do municiacutepio de Santos Dumont
4 METODOLOGIA
41 Aacuterea de estudo
A regiatildeo dentro dos limites do municiacutepio que seraacute estudada neste trabalho eacute conforme
descrito nos anexos Plano Diretor e representada na figura 44 a aacuterea urbana principal
que possui 47 Kmsup2 e compreende a regiatildeo central da cidade e os bairros perifeacutericos regiatildeo
que concentra cerca de 90 da populaccedilatildeo total de Santos Dumont (IBGE 2015) A aacuterea
urbana principal representa 75 da aacuterea total dos 637 Kmsup2 que compreendem o
municiacutepio e eacute o local onde nos uacuteltimos 30 anos se verificou um maior crescimento
populacional e tambeacutem onde ocorre a maioria dos eventos relacionados a deslizamentos
e alagamentos por conta da ocupaccedilatildeo sem planejamento A figura 45 mostra a aacuterea
urbana principal e a localizaccedilatildeo dos bairros urbanos de Santos Dumont
Figura 4 1 Localizaccedilatildeo da aacuterea urbana principal
Fonte Google Earth
21
Figura 4 2 Mapa da aacuterea urbana principal com a localizaccedilatildeo dos bairros
Fonte Do Autor
42 Levantamento e tratamento dos dados
No desenvolvimento deste trabalho foi necessaacuterio se fazer um estudo detalhado sobre o
Plano Diretor de Santos Dumont principalmente dos seus anexos que compreendem os
mapas e a localizaccedilatildeo das aacutereas definidas pelo zoneamento proposto Para que isso fosse
possiacutevel a Secretaria Municipal de Obras e Serviccedilos Puacuteblicos forneceu todos os dados
secundaacuterios produto do estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor e do
zoneamento Estes dados incluem os arquivos Shapefile (shp) e outros documentos
integrantes do Plano Diretor Algumas informaccedilotildees foram complementadas tambeacutem com
dados adquiridos atraveacutes do site do IBGE e do Portal Objetivos do Milecircnio (ODM)
Os dados sobre as ocorrecircncias de deslizamentos e alagamentos foram obtidos atraveacutes da
Defesa Civil do municiacutepio atraveacutes do Sistema Integrado de Informaccedilotildees sobre Desastres
(S2ID) do Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional Tal sistema centraliza as informaccedilotildees sobre
desastres naturais ocorridos em todo o territoacuterio nacional facilitando a pesquisa sobre tais
eventos a qualquer cidadatildeo (BRASIL 2015)
Apesar do sistema ser bastante uacutetil os dados sobre o municiacutepio de Santos Dumont se
encontravam bastante falhos e escassos sendo necessaacuteria complementaccedilatildeo para que a
22
base de dados ficasse consistente Diante disso uma pesquisa atraveacutes dos arquivos do
Jornal Mensagem um jornal semanaacuterio local foi feita entre os anos de 1984 e 2014 e os
dados primaacuterios filtrados em uma planilha do Microsoft Excel para posterior utilizaccedilatildeo
De posse destes dados foi feita a localizaccedilatildeo em campo das coordenadas dos locais
atingidos por deslizamentos e alagamentos no periacuteodo compreendido pela pesquisa com
o auxiacutelio de um aparelho de GPS
A maioria dos arquivos shapefile utilizados para a confecccedilatildeo dos mapas satildeo parte
integrante dos anexos da Lei do Plano diretor do municiacutepio gerados no mecircs de dezembro
de 2011 pelo Instituto Nova Cidade e foram cedidos pela Secretaria Municipal de Obras
e Serviccedilos Puacuteblicos com Datum em UTM SAD 69 Com a finalidade de fornecer um
referenciamento atualizado e de acordo com os mais novos sistemas de coordenadas
utilizados no Brasil os arquivos foram convertidos para o Datum UTM SIRGAS 2000
que diferencia do SAD 69 pelo fato de ser um referencial geocecircntrico ou seja o centro
da Terra eacute o ponto de referecircncia neste sistema enquanto que o primeiro utiliza um
referencial na superfiacutecie da Terra (IBGE2014) Eacute interessante ressaltar tambeacutem que o
SIRGAS 2000 se tornou no ano de 2014 o sistema de coordenadas oficial do Sistema
Geodeacutesico Brasileiro e do Sistema Cartograacutefico Nacional ambos mantidos pelo IBGE A
combinaccedilatildeo dos shapefiles foi feita com o software livre gvSIG e com estas combinaccedilotildees
foram gerados mapas importantes resultados para a execuccedilatildeo deste trabalho A maioria
dos mapas representam a regiatildeo urbana principal de Santos Dumont e foram produzidos
numa escala em torno de 140000 que de acordo com Rocha (2007) eacute uma escala viaacutevel
pois as recomendaacuteveis para trabalhos de anaacutelise ambiental em niacutevel municipal podem ser
entre 150000 e 110000 Alguns mapas cujo detalhamento natildeo eacute necessaacuterio foram
gerados na escala 1100000
Para a geraccedilatildeo dos mapas aleacutem dos arquivos fornecidos pela Secretaria de Obras e
Serviccedilos Puacuteblicos foram utilizados para a geraccedilatildeo do modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE)
e da localizaccedilatildeo dos topos de morro dados gerados pelo sistema de radar Advanced
Spacebone Thermal Emission and Reflection Radiometer (ASTER) que geram as curvas
de niacutevel do terreno com uma resoluccedilatildeo de 30m (NASA2014) O processamento dessas
imagens foi feito pelo software livre gvSIG As imagens geradas pelos sateacutelites
LANDSAT foram adquiridas no site da United States Geological Survey (USGS) e essas
imagens possibilitaram obter um panorama preciso do uso do solo em toda a aacuterea urbana
de Santos Dumont numa resoluccedilatildeo de 15 metros uma vez que foi utilizada a banda
pancromaacutetica do sateacutelite LANDSAT 8 aleacutem da combinaccedilatildeo das bandas 65 e 4
respectivamente que eacute a combinaccedilatildeo recomendada pela mantenedora dos sateacutelites para
anaacutelises deste tipo
23
No que diz respeito a identificaccedilatildeo de APPs em topo de morro a metodologia de Oliveira
amp Fernandes Filho (2013) por utilizar as mesmas bases de dados ateacute entatildeo usadas neste
trabalho foi a mais indicada
A metodologia de anaacutelise dos mapas gerados eacute a proposta pelo professor Jorge Xavier da
Silva do Laboratoacuterio de Geoprocessamento (LAGEOP) da Universidade Federal do Rio
de Janeiro e citada por Rocha (2007) Tal metodologia analisa as variaacuteveis em questatildeo
presentes na aacuterea e permite avaliar as possibilidades de relaccedilotildees entre essas variaacuteveis De
uma maneira geral este meacutetodo verifica o estado atual da aacuterea em estudo bem como das
variaacuteveis gerando inventaacuterios que servem para a construccedilatildeo de dados planimeacutetricos sejam
com as variaacuteveis isoladas ou combinadas Estes dados planimeacutetricos geram assinaturas
que permitem inferir sobre a influecircncia dessas variaacuteveis De posse dos dados gerados pelo
processo anteriormente citado pode-se fazer algumas prospecccedilotildees sobre os riscos
ambientais que a aacuterea pode sofrer ou o seu potencial ambiental (ROCHA 2007)
5 RESULTADOS
51 Levantamento histoacuterico de alagamentos e
deslizamentos
O aumento da demanda pelo uso do solo na regiatildeo urbana de Santos Dumont
principalmente no tocante agrave formaccedilatildeo de novos loteamentos e condomiacutenios nos uacuteltimos
anos eacute consideraacutevel mas tambeacutem haacute de se observar o crescimento dos bairros jaacute existentes
com pouco ou nenhum ordenamento Em ambos os casos se observa ocupaccedilotildees
irregulares em APP o que tem ocasionado um aumento na frequecircncia de deslizamentos
e inundaccedilotildees Eacute evidente que quanto maior a densidade populacional do bairro maior a
quantidade de ocorrecircncias ao longo dos anos (SPERFELD 2009)
De acordo com as ocorrecircncias registradas pela Defesa Civil do municiacutepio obtidas atraveacutes
da literatura utilizada nos uacuteltimos 30 anos Santos Dumont chegou a decretar situaccedilatildeo de
emergecircncia por conta de desastres envolvendo deslizamentos eou alagamentos por duas
vezes num espaccedilo de 10 anos conforme pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho
(BRASIL 2014 CEPED 2011)
Segundo os dados obtidos atraveacutes de pesquisa nos arquivos do semanaacuterio entre os anos
de 1984 e 2014 pode-se verificar que nos uacuteltimos 20 anos a cidade tem experimentado
24
um aumento consideraacutevel nos eventos relacionados a deslizamentos e principalmente
alagamentos como pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho Isso pode ter sido causado
dentre outros fatores pelo aumento do nuacutemero de vias pavimentadas com material
impermeaacutevel o que tem sobrecarregado tanto a infraestrutura existente para drenagem
urbana como tambeacutem a calha dos cursos drsquoaacutegua que passam pela regiatildeo urbana do
municiacutepio (ZANON2013)
Na deacutecada de 1980 (1984-1990) de acordo com os dados obtidos natildeo foram noticiados
eventos consideraacuteveis relacionados a deslizamentos e alagamentos em Santos Dumont
mas isso natildeo exclui a possibilidade de natildeo ter ocorrido tais eventos em menor escala
Na deacutecada de 1990 aconteceram uma seacuterie de ocorrecircncias tanto de deslizamentos quanto
de alagamentos No ano de 1997 num periacuteodo chuvoso intenso aconteceram
deslizamentos consideraacuteveis em vaacuterios bairros da cidade inclusive com desabamento de
casas e de ruas principalmente nos bairros Nossa Senhora da Gloacuteria e Quarto Depoacutesito
Em 1999 ocorreram alguns pontos de alagamento nos bairros Quarto Depoacutesito e Santo
Antocircnio com grandes prejuiacutezos materiais
A deacutecada de 2000 iniciou com o registro de deslizamentos em vaacuterios bairros da cidade
inclusive com desabamento de casas e pontes e alagamentos em importantes vias do
centro da cidade Observa-se ao longo desse periacuteodo o crescimento nas ocorrecircncias de
deslizamentos e de aacutereas com risco de deslizamento em muitos bairros de Santos Dumont
Um dos fatores importantes para esse crescimento foi a grande expansatildeo sofrida pela
maioria dos bairros e a falta de planejamento e orientaccedilatildeo por parte da prefeitura uma
vez que uma boa parte do crescimento dos bairros da cidade ocorreu ou proacuteximo a cursos
drsquoaacutegua ou em aacutereas com declividade improacutepria para se fazer construccedilotildees O bairro
Coacuterrego do Ouro (Figura 51) foi o que mais sofreu com ocorrecircncias de deslizamentos
nesse periacuteodo enquanto o bairro Santo Antocircnio foi que teve mais ocorrecircncias de
alagamentos
25
Figura 5 1 Deslizamento no bairro Coacuterrego do Ouro
Fonte Portal Cabangu
No iniacutecio deacutecada de 2010 (2011-2014) o centro da cidade foi a regiatildeo que mais sofreu
com alagamentos sendo registrado pelo menos uma ocorrecircncia por ano nessa aacuterea (Figura
52) Isso pode ser relacionado dentre outros fatores com as obras de modificaccedilatildeo do
tipo de pavimentaccedilatildeo das estradas por um material impermeaacutevel gerando uma sobrecarga
nos sistemas de drenagem urbana que foram projetados para um tipo de pavimento mais
permeaacutevel implicando tambeacutem na sobrecarga calha do Ribeiratildeo das Posses o principal
curso drsquoaacutegua que corta o centro da cidade e que se encontra em quase sua totalidade
ocupada em ambas as margens que cortam o centro da cidade
26
Figura 5 2 Alagamento na regiatildeo central de Santos Dumont em 2013
Fonte Portal Cabangu
Quanto agraves ocorrecircncias de deslizamento ao longo da referida deacutecada elas estiveram
espalhadas pelos bairros do municiacutepio tendo um maior nuacutemero de ocorrecircncias nos bairros
Santo Antocircnio Nossa Senhora da Gloacuteria e Aacutegua Espraiada Nos dois primeiros bairros
citados as ocorrecircncias podem ter sido ocasionadas pelo crescimento desordenado e sem
planejamento destes e no terceiro as ocorrecircncias satildeo relacionadas ao processo de
assoreamento do Ribeiratildeo das Posses o que pode ter gerado um aumento da velocidade
desse curso drsquoaacutegua causando problemas decorrentes do transporte de sedimentos da aacuterea
onde as casas foram construiacutedas que teve como consequecircncia os deslizamentos
Em resumo como pode ser observado nas figuras 53 e 54 na tabela 51 no periacuteodo de
1984 a 2014 os bairros mais afetados por alagamentos e deslizamentos satildeo Quarto
Depoacutesito Nossa Senhora da Gloacuteria Santo Antocircnio Coacuterrego do Ouro Antocircnio Afonso
Graminha e Vila Esperanccedila sendo que o bairro Coacuterrego do Ouro possui o maior nuacutemero
de ocorrecircncias de deslizamentos e o centro da cidade possui o maior nuacutemero de
ocorrecircncias de alagamentos no periacuteodo pesquisado Vale destacar que a aacuterea propiacutecia a
alagamentos no bairro Antocircnio Afonso natildeo identificada no estudo realizado pela
prefeitura constitui-se efetivamente numa aacuterea de risco conforme levantamento histoacuterico
realizado Esta aacuterea de risco se deve agrave diferenccedila de niacutevel negativa entre o rio Pinho e a
aacuterea do bairro estando este em desniacutevel com um risco iminente de inundaccedilotildees resultantes
da cheia desse curso drsquoaacutegua causando inuacutemeros transtornos aos moradores do local
27
Figura 5 3 Pontos de Alagamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico
Fonte Do autor
Figura 5 4 Pontos de deslizamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico
Fonte Do autor
28
Tabela 51 Ocorrecircncias de alagamentos e deslizamentos obtidos atraveacutes do
levantamento histoacuterico
Pontos de ocorrecircncia (1984-2014)
Bairros Alagamento Deslizamento
Aacutegua Espraiada 1 1
Antocircnio Afonso 1 0
Barra 0 1
Centro 7 1
Coacuterrego do Ouro 1 7
Flores 0 1
Graminha 1 0
Jardim Jaraguaacute 0 1
N Sra da Gloacuteria 0 4
N Sra das Graccedilas 1 0
Quarto Depoacutesito 3 2
Santo Antocircnio 4 2
Satildeo Sebastiatildeo 0 1
Vila Esperanccedila 0 1
Fonte Do autor
De acordo com o estudo realizado na elaboraccedilatildeo do Plano Diretor pela prefeitura
municipal observa-se que os bairros que possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a
deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do Ouro e Vila Esperanccedila enquanto que os que
possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a alagamento satildeo o Centro da cidade e os
bairros Satildeo Sebastiatildeo Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio por estarem agraves margens do
Ribeiratildeo das Posses um curso drsquoaacutegua que sofre com inundaccedilotildees perioacutedicas devido ao
severo assoreamento em algumas regiotildees e tambeacutem devido ao acuacutemulo de lixo descartado
pelos moradores do entorno irregularmente De acordo com o estudo realizado quando da
elaboraccedilatildeo do Plano Diretor do municiacutepio foram feitos estudos sobre as aacutereas propensas
a deslizamentos e alagamentos na regiatildeo urbana principal Tais aacutereas satildeo as destacadas
nas Figuras 55 e 56 No levantamento histoacuterico realizado pode-se identificar que os
bairros que possuem mais aacutereas propensas a deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do
Ouro Nossa Senhora da Gloacuteria Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio enquanto que os bairros
mais propensos a alagamentos satildeo os bairros Centro Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio
como observado na tabela 51
29
Figura 5 5 Aacutereas propensas a deslizamento de acordo com o Plano Diretor de
Santos Dumont
Fonte Google Earth e Lei 42412012
Figura 5 6 Aacutereas propensas a alagamento de acordo com o Plano Diretor de
Santos Dumont
Fonte Google Earth e Lei 42412012
30
Comparando-se os mapas obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico com o mapa gerado
pelo estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor nota-se que haacute semelhanccedilas em
algumas aacutereas mas ao se levar em conta o produto gerado pela pesquisa histoacuterica o
estudo necessitaria ser complementado haja vista que ele natildeo compreende por exemplo
o ponto de alagamento no bairro Antocircnio Afonso citado anteriormente e alguns pontos de
deslizamento importantes uma vez que satildeo regiotildees onde haacute ocupaccedilatildeo Esse fato evidencia
a necessidade de se buscar vaacuterias fontes primaacuterias e secundaacuterias para se detectar aacutereas de
risco em um municiacutepio incluindo arquivos da imprensa local afim de se produzir uma
base de dados consistente e com o menor nuacutemero de falhas possiacutevel (CEPED 2014) Com
a uniatildeo dos dois estudos foram gerados os mapas apresentados nas Figuras 57 e 58
Aleacutem do mais observando as figuras 57 e 58 pode-se notar que uma boa parte tanto dos
casos de alagamento quanto de deslizamento estatildeo na faixa de APP de curso hiacutedrico o
que ilustra a importacircncia da preservaccedilatildeo destas aacutereas
Figura 5 7 Aacutereas propensas a alagamento do estudo do Plano Diretor
complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento
Fonte Do Autor
31
Figura 5 8 Aacutereas propensas a deslizamento do estudo do Plano Diretor
complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento
Fonte Do Autor
Atraveacutes da combinaccedilatildeo entre estes dois levantamentos procurou-se alimentar a base de
dados e garantir uma consistecircncia maior desta no que diz respeito a aacutereas de deslizamento
e alagamento podendo inclusive se identificar a suscetibilidade de uma determinada
regiatildeo da cidade a um ou outro evento (CEPED2014)
512 O Plano diretor e as APPs
Nos uacuteltimos anos o Brasil experimentou um forte fenocircmeno de migraccedilatildeo do campo para
as aacutereas urbanas De acordo com o IBGE no periacuteodo de 1940 a 2000 houve um aumento
de cerca de 60 do nuacutemero de pessoas que vivem em cidades (SILVA JR 2006) O
processo de planejamento e ordenamento do uso do solo nessas aacutereas deveria ter
acompanhado esse crescimento ao longo dos anos a fim de garantir a qualidade de vida e
a seguranccedila dos migrantes ao se instalarem nas cidades o que natildeo ocorreu e o que se
observa atualmente satildeo ocupaccedilotildees em aacutereas improacuteprias para moradia sem a infraestrutura
baacutesica necessaacuteria e com risco iminente de deslizamentos eou inundaccedilotildees
O Plano Diretor do municiacutepio de Santos Dumont em seu capiacutetulo IV que versa sobre o
uso e ocupaccedilatildeo do solo explicita regras para o ordenamento do territoacuterio que compreende
o municiacutepio com base nos diferentes usos do solo de acordo com sua compatibilidade o
32
que acabou por resultar num zoneamento de todo o municiacutepio em macrozonas conforme
citado na seccedilatildeo 3231 de acordo com os usos atuais e futuros do solo Aleacutem de dividir
estas macrozonas em urbanas e rurais tambeacutem avaliou e classificou estas aacutereas com base
numa seacuterie de fatores ambientais geoloacutegicos culturais e sociais de forma a se fazer um
zoneamento coerente com os atuais usos do solo e seu potencial de uso futuro Apresenta-
se na Figura 59 este zoneamento na aacuterea urbana principal de Santos Dumont
Figura 5 9 Zoneamento urbano da aacuterea urbana principal
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Lei 42412012
Tomando como referecircncia o Novo Coacutedigo Florestal brasileiro em especial os paracircmetros
estabelecidos para a definiccedilatildeo de APP e utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento
atraveacutes do software Vista SAGA relacionou-se as APPs existentes na aacuterea em estudo com
as regiotildees propiacutecias a alagamentos e deslizamentos de acordo com o estudo feito quando
da elaboraccedilatildeo do Plano Diretor afim de se identificar qual ou quais aacutereas possuem estes
problemas e se estatildeo relacionados com o uso do solo irregular em APP
Ao se aplicar a metodologia proposta por Oliveira amp Fernandes Filho (2013) natildeo foram
identificadas dentro da aacuterea de estudo APPs de topos de morro sendo este tipo de APP
descartada portanto das anaacutelises subsequentes deste trabalho Foram consideradas as
APP de curso hiacutedrico (rios e nascentes) e de declividade visando relacionaacute-las as aacutereas
de risco identificadas pela Prefeitura afim de se verificar as possiacuteveis causas da ocorrecircncia
33
destas aacutereas na regiatildeo urbana do municiacutepio Por meio de combinaccedilotildees entre dois mapas
temaacuteticos utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento foi possiacutevel obter as
assinaturas ou seja tabelas que caracterizam quantitativamente a aacuterea afetada por cada
aspecto visto que a simples visualizaccedilatildeo do mapa gerado pelo geoprocessamento muitas
vezes eacute prejudicada por serem aacutereas de pequenas dimensotildees ou por qualquer outra
limitaccedilatildeo do software Ressalta-se que para a elaboraccedilatildeo do Plano Municipal de Reduccedilatildeo
de riscos a identificaccedilatildeo e detalhamento topograacutefico destas aacutereas eacute fundamental para o
desenvolvimento do referido Plano conforme seraacute abordado detalhadamente na seccedilatildeo
52
De posse do mapa que representa o zoneamento urbano de Santos Dumont primeiramente
procurou-se mensurar qualitativa e quantitativamente a presenccedila de APPs tanto de
declividade quanto de cursos hiacutedricos Essa identificaccedilatildeo eacute importante pois este
zoneamento eacute um dos instrumentos de planejamento municipal (BRASIL 2001) Saboya
(2007) aponta que os principais objetivos de um zoneamento satildeo o controle da expansatildeo
urbana e proteccedilatildeo de aacutereas inadequadas a ocupaccedilatildeo aleacutem de reduzir os conflitos inerentes
aos diferentes usos do solo Com o uso da ferramenta ldquoCombinarrdquo do Vista SAGA foram
feitas combinaccedilotildees entre o mapa de hidrografia com buffer de 30m para rios e coacuterregos e
de 50m para nascentes com o mapa do zoneamento para se verificar a importacircncia das
APPs de curso hiacutedrico em toda a aacuterea urbana principal do municiacutepio Tambeacutem foram
combinados o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) obtido atraveacutes do gvSIG com o mapa
de zoneamento afim de se verificar quantitativamente as APPs de declividade e onde se
localizam Vale ressaltar que as declividades entre 30 e 47 estatildeo presentes nesta
combinaccedilatildeo pois de acordo com o Plano Diretor de Santos Dumont terrenos com esta
faixa de declividade para fins de parcelamento devem possuir estudo teacutecnico que ateste
a viabilidade de se promover algum empreendimento imobiliaacuterio neste (SANTOS
DUMONT 2012) Como a legislaccedilatildeo municipal prevecirc estudo somente para a faixa de
declividade descrita anteriormente para fins de anaacutelise neste trabalho consideramos um
valor mais conservador para APP compreendendo a faixa de 47 a 100 aleacutem da
prevista pela legislaccedilatildeo federal (gt100) para que natildeo houvessem lacunas importantes na
geraccedilatildeo do produto
Apresenta-se na Figura 510 aacutereas com declividades consideradas de risco e consideradas
APP e em qual zona de planejamento elas estatildeo inseridas De um modo geral ao se
observar a Tabela 52 nota-se que a aacuterea que compreende declividades de risco e APP eacute
uma pequena parcela da aacuterea urbana principal representando 061 desta aacuterea Ao se
levar em conta somente a localizaccedilatildeo pode-se verificar que cerca de 84 das aacutereas com
declividade de risco e a totalidade das APPs de declividade estatildeo localizadas na ZAC1
zona que compreende a maior parte do municiacutepio e apesar de possuir infraestrutura baacutesica
para a ocupaccedilatildeo esta eacute restrita Sendo assim o fator declividade deve ser visto com cautela
nesta aacuterea para se evitar transtornos advindos de edificaccedilotildees nestas aacutereas
34
Figura 5 10 Combinaccedilatildeo entre as declividades importantes incluindo as APPs e o
zoneamento urbano
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Do autor
Tabela 52 Assinaturas da combinaccedilatildeo Declividade x Zoneamento
Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea
Natildeo APP 457972 9939
Declividade 30-47 em ZAC1 2368 051
Declividade 30-47 em ZE 284 006
Declividade 30-47 em ZAC2 128 003
Declividade 30-47 em ZPA 004 0001
APP Declividade em ZAC1 048 001
Total 460804 100
Fonte Do autor
Apresenta-se na Figura 511 as APPs de curso hiacutedrico (nascentes e rios) e em qual zona
de planejamento estatildeo localizadas Assim como a declividade a maior parte das APPs de
curso hiacutedrico estatildeo localizadas em ZAC1 representando 383 da aacuterea urbana em estudo
e 51 do total das APPs de curso hiacutedrico Esta questatildeo tambeacutem deve ser vista com
bastante criteacuterio pelos gestores locais uma vez que a ocupaccedilatildeo em faixas proacuteximas de
rios e coacuterregos podem causar uma gama de problemas ambientais e sociais na regiatildeo
(SANTANA2011) Tal cuidado tambeacutem deve ser tomado nas APPs compreendidas na
35
ZAC2 que compreende 001 da Aacuterea urbana principal e 14 do total das APPs de curso
hiacutedrico pois a infraestrutura baacutesica e acessibilidade presente nesta zona eacute precaacuteria e a
ocupaccedilatildeo as margens de cursos hiacutedricos pode gerar problemas seacuterios caso ocorra uma
expansatildeo nestas aacutereas
Figura 511 Combinaccedilatildeo entre APP de curso hiacutedrico e as zonas de planejamento
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Do autor
Outro ponto importante eacute a presenccedila da Zona de Proteccedilatildeo Ambiental (ZPA) no entorno
uma consideraacutevel parte dos cursos hiacutedricos Nesta zona estatildeo presentes 28 das APPs de
curso hiacutedrico e esta zona de acordo com o Plano Diretor deve ser restaurada ou
preservada por suas caracteriacutesticas geoloacutegicas topograacuteficas e bioloacutegicas
Afim de se verificar os usos do solo na regiatildeo em estudo foram utilizadas combinaccedilotildees
de imagens advindas do sateacutelite Landsat 8 nas bandas descritas no capiacutetulo 4 aleacutem da
banda pancromaacutetica O resultado eacute apresentado na figura 512 que mostra os principais
usos do solo na aacuterea urbana principal de Santos Dumont
36
Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x Zoneamento
Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea
Hidrografia 11168 239
Aacuterea Urbana Natildeo APP 421004 9008
APP Curso hiacutedrico em ZAC1 179 383
APP Curso hiacutedrico em ZPA 9776 209
APP Curso hiacutedrico em ZE 184 004
APP Curso hiacutedrico em ZA 1192 026
APP Curso hiacutedrico em ZAC2 5124 110
APP Curso hiacutedrico em ZPPH 248 005
APP Curso hiacutedrico em ZEIS 568 012
APP Curso hiacutedrico em ZCA 228 005
Total 467392 10000
Fonte Do autor
Figura 5 12 Mapa de usos do solo da aacuterea urbana principal de Santos Dumont
Fonte Do autor
Como jaacute era previsto a maior parte da aacuterea urbana se encontra ocupada e eacute nesta regiatildeo
ocupada que se observa a maior concentraccedilatildeo de problemas de deslizamentos e
alagamentos (Figuras 513 e 514) A grande ocupaccedilatildeo em aacutereas consideradas APP de
curso hiacutedrico de acordo com os mapas gerados pode ser a principal causa do aumento a
cada ano dos casos de alagamento principalmente na regiatildeo central da cidade Outro ponto
que se deve atentar eacute a existecircncia de uma consideraacutevel aacuterea de pastagem pouco vegetada
que caso estejam em aacutereas elevadas pode contribuir para deslizamentos e agraves margens de
37
rios e coacuterregos para o assoreamento destes corpos hiacutedricos o que pode causar
alagamentos (INAacuteCIO etal 2007)
Diante destes resultados pode-se ver que a cidade de Santos Dumont necessita alternativas
efetiva no que diz respeito agrave contenccedilatildeo de deslizamentos e a reduccedilatildeo de risco de
alagamento pois as aacutereas em que ocorrem tais eventos satildeo distintas e facilmente definidas
devido agrave repeticcedilatildeo destes nos uacuteltimos anos Um plano de accedilatildeo integrado entre as diferentes
secretarias municipais (Obras Meio Ambiente Assistecircncia Social entre outras) e a
Coordenadoria Municipal de Defesa Civil deve ser realizado afim de se tomar medidas
natildeo mais preventivas mas sim preditivas para que se possa conter o avanccedilo destes
problemas na aacuterea urbana principal bem como em toda a aacuterea do municiacutepio
Figura 5 13 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na aacuterea urbana
principal
Fonte Do autor
38
Figura 5 14 Aacutereas sujeitas a alagamento e os principais usos do solo na aacuterea
urbana principal
Fonte Do autor
Ao se associar os dados do estudo do Plano Diretor com os dados do levantamento
histoacuterico realizado com o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) pode-se notar que as aacutereas
propiacutecias a deslizamento estatildeo em regiotildees as quais haacute uma fronteira de declividades ou
seja eacute evidente que os deslizamentos ocorrem em encostas um pouco mais iacutengremes mas
natildeo necessariamente nas encostas de 30-47 as quais exigem estudo teacutecnico conforme o
plano diretor preconiza Quanto aos alagamentos nota-se que eles se localizam nas aacutereas
com menor ou nenhuma declividade podendo ser estas aacutereas talvez componentes da
planiacutecie de inundaccedilatildeo dos rios Estes resultados podem ser vistos nas figuras 515 e 516
a seguir
39
Figura5 15 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a deslizamentos na
regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
Fonte Lei 42412012 e Autor
Figura5 26 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a alagamentos na
regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
Fonte Lei 42412012 e Autor
40
52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis
O processo de ocupaccedilatildeo no municiacutepio de Santos Dumont comeccedilou muito antes de
qualquer legislaccedilatildeo relacionada a ordenamento urbano e de proteccedilatildeo do meio ambiente
fosse implementado no Brasil Esse fato aliado a poliacuteticas e fiscalizaccedilotildees falhas
contribuiacuteram para a ocupaccedilatildeo e expansatildeo da aacuterea urbana ao longo do Ribeiratildeo das Posses
e seus afluentes o que tem gerado o aumento da degradaccedilatildeo destes corpos hiacutedricos ao
longo de todos estes anos Observa-se tambeacutem que nas uacuteltimas deacutecadas ocorreu um
grande nuacutemero de migraccedilotildees do campo para a regiatildeo urbana da cidade fator que
contribuiu para o crescimento do nuacutemero de habitaccedilotildees em aacutereas de risco de deslizamento
e alagamentos por serem na maioria das vezes terrenos menos valorizados e por este
motivo acessiacuteveis a populaccedilatildeo com menor poder aquisitivo (ROSA amp CORTEZ 2008)
Vale ressaltar que esta questatildeo aleacutem de ser ambiental eacute muito mais social pois os
moradores entendem os riscos de se viver nestes locais mas por motivos econocircmicos ou
por questotildees afetivas natildeo abrem matildeo da moradia nessas aacutereas A Constituiccedilatildeo Federal de
1988 promoveu a inter-relaccedilatildeo das questotildees sociais com as questotildees ambientais quando
colocou o meio ambiente como direito coletivo (BRASIL1988 SOUZA2010) Por este
motivo a decisatildeo por medidas draacutesticas que favoreccedilam apenas agrave preservaccedilatildeo do meio
ambiente natildeo eacute recomendada pois aleacutem de ser inconstitucional podem afetar a
sustentabilidade econocircmica do municiacutepio e gerar conflitos sociais consideraacuteveis
(CARLOS 1992 apud SOUZA 2010)
Segundo Bueno (2009) ldquonem tudo o que eacute irregular eacute precaacuteriordquo Esse fato se observa em
Santos Dumont uma vez que em boa parte da regiatildeo central se observa vaacuterias moradias
construiacutedas na faixa de APP de curso hiacutedrico o que natildeo eacute permitido pela legislaccedilatildeo
vigente e eacute um dos fatores que contribui para a ocorrecircncia de alagamentos nesta aacuterea da
cidade Para a resoluccedilatildeo deste problema o que seria mais viaacutevel seria a melhoria da
infraestrutura de drenagem urbana afim de que o escoamento da aacutegua das chuvas natildeo
sobrecarregasse o sistema (BUENO2009) A construccedilatildeo de bacias de contenccedilatildeo de
cheias ao longo do Ribeiratildeo das Posses tambeacutem seria uma alternativa mas para se verificar
a viabilidade necessita-se estudos mais aprofundados do ponto de vista hidroloacutegico
O grande problema a ser solucionado no entanto eacute o que diz respeito agraves aacutereas de risco
de deslizamento majoritariamente nos bairros A melhor alternativa seria o
remanejamento dos moradores para uma aacuterea proacutexima agrave que moram poreacutem longe do
risco Poreacutem esta alternativa de acordo com Rosa Filho amp Cortez (2008) encontra alguns
entraves pois estas pessoas na maioria das vezes natildeo tecircm condiccedilotildees financeiras de irem
para outro lugar ou pagar aluguel ou estatildeo de alguma forma sentimentalmente ligadas
agravequela regiatildeo que se recusam a deixaacute-lo
41
Por parte dos oacutergatildeos competentes no municiacutepio a criaccedilatildeo de um plano para se evitar
acidentes ocasionados por deslizamentos e alagamentos com um mapeamento detalhado
de toda a extensatildeo do municiacutepio eacute extremamente uacutetil Os estudos que seratildeo feitos para a
elaboraccedilatildeo deste plano poderatildeo definir quais as aacutereas satildeo potencialmente de risco para as
ocupaccedilotildees existentes ou para as potenciais ocupaccedilotildees que possam vir a ocorrer atraveacutes do
mapeamento das aacutereas de risco Tal planejamento seraacute auxiliar ao Plano Diretor
Municipal pois definiraacute o real uso do solo de determinada regiatildeo do municiacutepio
contribuindo para a adequaccedilatildeo do uso e ocupaccedilatildeo do solo afim de evitar ou reduzir o
nuacutemero de problemas relacionados a alagamentos e principalmente deslizamentos no
periacutemetro urbano (TOMINAGA 2009) A partir deste plano os gestores locais poderatildeo
tomar a melhor decisatildeo para a prevenccedilatildeo ou reduccedilatildeo dos riscos inerentes a tais problemas
Na seccedilatildeo 521 seraacute hierarquizado de forma preliminar a aacuterea urbana principal de acordo
com os resultados da tabela 51
521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta
O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos (PMRR) foi criado atraveacutes de accedilotildees
regularizadoras do Ministeacuterio das Cidades para ser o instrumento de gestatildeo e
gerenciamento de aacutereas de risco em um municiacutepio Eacute um documento que aleacutem de
estabelecer quais regiotildees satildeo consideradas de risco tambeacutem objetiva a proposta de
medidas estruturais ou natildeo para contenccedilatildeo eou prevenccedilatildeo de cataacutestrofes aleacutem de ser um
meio de captaccedilatildeo de recursos financeiros junto aos Governos Estadual e Federal Estes
recursos poderatildeo ser utilizados para a realizaccedilatildeo de obras que visem a melhoria da
qualidade de vida da populaccedilatildeo do entorno ou de recuperaccedilatildeo da aacuterea degradada Este
plano eacute realizado de forma participativa com as comunidades das aacutereas de risco e pode
ser realizado em sete fases conforme recomenda o Ministeacuterio das Cidades (ALHEIROS
2006)
O primeiro passo para a realizaccedilatildeo do PMRR eacute definir qual a metodologia seraacute empregada
levando-se em consideraccedilatildeo a realidade atual do municiacutepio e especificar de forma sucinta
um cronograma das atividades Eacute importante nesta fase a participaccedilatildeo tambeacutem dos
responsaacuteveis pelas mais variadas Secretarias Municipais afim de explicitar o tamanho da
importacircncia e o caraacuteter integrador deste plano A segunda fase deste plano objetiva a
criaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo da principal base de dados a ser utilizada nos passos posteriores o
mapeamento de risco em escala detalhe em torno de 13000 (SAtildeO PAULO 2014) A
elaboraccedilatildeo de um mapeamento detalhado propiciaraacute natildeo soacute a identificaccedilatildeo mais faacutecil das
aacutereas de risco como tambeacutem facilitaraacute aos gestores e agrave comunidade decidirem qual a
melhor intervenccedilatildeo para a soluccedilatildeo ou remediaccedilatildeo dos problemas em uma determinada
42
aacuterea hierarquizando o risco e definindo prioridades (SAtildeO PAULO 2014) Na tabela a
seguir apresenta-se alguns tipos de intervenccedilotildees que podem ser feitas em aacutereas de risco
sugeridas pelo Ministeacuterio das cidades (ALHEIROS 2006)
Quadro 5 1 - Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco
Tipo de intervenccedilatildeo Descriccedilatildeo
Serviccedilos de limpeza e Recuperaccedilatildeo
Remoccedilatildeo de entulho lixo etc
corte de aacutervores
remoccedilatildeo de bananeiras
recuperaccedilatildeo eou limpeza de sistemas de
drenagem esgotos e acessos
Limpeza de canais de drenagem
Proteccedilatildeo Vegetal
Proteccedilatildeo superficial vegetal (gramiacuteneas) em
taludes com solo exposto
Proteccedilatildeo vegetal de margens de canais de
drenagem
Barreiras vegetais para massas escorregadas
ou acumuladas pela erosatildeo
Drenagem Superficial e Acessos
Sistema de drenagem superficial (canaletas
raacutepidos caixas de transiccedilatildeo escadas drsquoaacutegua)
Acessos para pedestres (escadarias rampas
etc) integrados ao sistema de drenagem
Revestimento de Taludes Revestimento com materiais artificiais
cimentado cal-jet tela argamassada alvenaria
de tijolos ceracircmicos solo-cimento ensacado
Desmonte de blocos e matacotildees Desmonte de concreccedilotildees de grande porte
blocos rochosos e matacotildees
Obras de drenagem de subsuperfiacutecie Sistema de drenagem de subsuperfiacutecie
(trincheiras drenantes DHP poccedilos de
rebaixamento)
Estruturas de contenccedilatildeo (localizadas)
Muros de contenccedilatildeo de pequeno porte (solo-
cimento ensacado alvenaria de pedra-rachatildeo
concreto armado)
Estruturas de contenccedilatildeo localizadas
(chumbadores tirantes microestacas)
Contenccedilatildeo e proteccedilatildeo de margens de canais (
gabiotildees muros de concreto etc)
Estruturas de contenccedilatildeo (meacutedio e grande porte) Implantaccedilatildeo de estruturas de contenccedilatildeo de
meacutedio e grande porte envolvendo obras de
contenccedilatildeo passivas e ativas (muros de
gravidade cortinas etc)
Terraplanagem Execuccedilatildeo de serviccedilos de terraplanagem
combinados a obras de drenagem superficial e
proteccedilatildeo vegetal desvio e canalizaccedilatildeo de
coacuterregos
Remoccedilatildeo de moradias Remoccedilotildees definitivas para implantaccedilatildeo de
obras ou devido agrave localizaccedilatildeo improacutepria da
edificaccedilatildeo (Priorizar as relocaccedilotildees dentro da
proacutepria aacuterea em local seguro)
Fonte ALHEIROS 2006
43
Escolhidas as formas de intervenccedilatildeo para cada aacuterea eacute necessaacuterio realizar uma estimativa
dos custos afim de preparar o orccedilamento da prefeitura para a realizaccedilatildeo das obras e se
seraacute necessaacuterio a captaccedilatildeo de recursos externos para a execuccedilatildeo destas Feitas as
estimativas de custo o proacuteximo passo eacute definir as prioridades e para esta fase eacute tambeacutem
uacutetil o mapeamento feito nas etapas anteriores pois seraacute necessaacuterio hierarquizar tais
intervenccedilotildees nas aacutereas de risco O Ministeacuterio das Cidades (2007) sugere alguns criteacuterios
que podem ser avaliados pelo gestor dentre eles pode-se citar
Grau de risco
Populaccedilatildeo beneficiada
Custo da intervenccedilatildeo
Dimensatildeo da aacuterea a ser tratada
Demandas anteriores da populaccedilatildeo
Tempo de ocupaccedilatildeo
Viabilidade teacutecnica da intervenccedilatildeo
Viabilidade financeira
Inclusatildeo da aacuterea em outros projetos
A partir desta hierarquizaccedilatildeo inicia-se a identificaccedilatildeo de provaacuteveis fontes de captaccedilatildeo de
recursos para a execuccedilatildeo das intervenccedilotildees Estes recursos podem advir de programas dos
governos Federal e Estadual ou por meio de editais para captaccedilatildeo de recursos financeiros
tanto do setor puacuteblico como da iniciativa privada e podem ser tambeacutem associados agrave outras
Secretarias Municipais como a de Turismo ou Meio Ambiente e natildeo soacute as destinadas agrave
Defesa Civil (ALHEIROS 2006)
Eacute previsto tambeacutem no PMRR uma avaliaccedilatildeo da Defesa Civil municipal e como ela estaacute
estruturada fazendo inclusive sugestotildees para que sua atuaccedilatildeo esteja em consonacircncia com
a realidade das comunidades e da Administraccedilatildeo Puacuteblica do municiacutepio de forma a garantir
sua sustentabilidade e conquistar a credibilidade da populaccedilatildeo no que diz respeito a
prevenccedilatildeo de cataacutestrofes Para que a resposta a uma determinada situaccedilatildeo de risco seja
raacutepida eacute necessaacuterio a descentralizaccedilatildeo da Defesa Civil criando pequenos nuacutecleos
comunitaacuterios com a finalidade de se monitorar a aacuterea constantemente e promover as
intervenccedilotildees necessaacuterias em tempo haacutebil o que aumenta em muito a credibilidade da
populaccedilatildeo no PMRR e no trabalho desempenhado pela Defesa Civil no municiacutepio Apoacutes
esta etapa o PMRR passaraacute por audiecircncias puacuteblicas e posteriormente poderaacute ser aprovado
como Lei Municipal pelo Legislativo local (ALHEIROS 2006)
Com a realizaccedilatildeo deste plano o municiacutepio estaraacute munido de informaccedilotildees suficientes para
realizar accedilotildees efetivas de gestatildeo e gerenciamento de riscos bem como aliado a
levantamentos sociais realizar programas habitacionais que beneficiem prioritariamente
44
aos moradores das aacutereas de risco Aleacutem disso com o PMRR o municiacutepio poderaacute melhorar
a qualidade ambiental da populaccedilatildeo captando recursos para a recuperaccedilatildeo das aacutereas de
APP que foram degradadas pelas ocupaccedilotildees irregulares beneficiando todos os moradores
do municiacutepio com o aumento da qualidade de vida na cidade
A partir do disposto nesta seccedilatildeo acerca do Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos e de
uma maneira preliminar (levando-se em conta apenas o nuacutemero de registros de
alagamentos e deslizamentos na aacuterea urbana principal de Santos Dumont no periacuteodo de
1984 a 2014) identificou-se trecircs regiotildees distintas na aacuterea urbana do municiacutepio com
tempo de recorrecircncia desses eventos similares caracterizando trecircs prioridades de
intervenccedilatildeo em contenccedilatildeo de risco como pode ser visto nas figuras 515 e 516 Vale
ressaltar que eacute necessaacuterio um estudo mais detalhado inclusive com visitas teacutecnicas a
campo para que se confirme a real situaccedilatildeo destas e a real prioridade para investimentos
Figura 5 17 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de deslizamentos
Fonte Do Autor
45
Figura 5 18 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de alagamentos
Fonte Do Autor
46
6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees
A seguir apresenta-se as conclusotildees e as recomendaccedilotildees feitas a partir dos objetivos
especiacuteficos explicitados no iniacutecio deste trabalho
Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a
aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes
urbanos
A partir da revisatildeo da legislaccedilatildeo pertinente em acircmbito federal estadual e
municipal constatou-se que o Plano Diretor de Santos Dumont natildeo conflita com a
legislaccedilatildeo federal e estadual sobre Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente A legislaccedilatildeo
municipal foi entendida como mais conservadora que as federal e estadual uma
vez que considera implicitamente que declividades entre 47 e 100 satildeo
enquadradas como APPs aleacutem da faixa superior a 100
Parte consideraacutevel das ocupaccedilotildees em APP principalmente na regiatildeo do bairro
Santo Antocircnio (onde surgiu os primeiros nuacutecleos que deram origem ao municiacutepio)
e o centro da cidade ocorreram antes de que fosse elaborado qualquer legislaccedilatildeo
que versasse sobre o tema Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente bastando ao gestor
local tomar medidas de contenccedilatildeo de riscos que minimizem os impactos causados
por essas ocupaccedilotildees nessa regiatildeo
O ordenamento adequado do uso do solo no municiacutepio eacute necessaacuterio para que o
crescimento dos loteamentos criados anteriormente agrave esta Lei e o surgimento de
novos natildeo avance para Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente o que pode causar
inuacutemeros problemas aos moradores e agravar os jaacute existentes
Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las
com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)
As aacutereas onde houveram a maior quantidade de registros de deslizamentos satildeo os
bairros mais populosos de Santos Dumont podendo se estabelecer uma relaccedilatildeo
que quanto mais populoso o bairro maior a quantidade de problemas relacionados
a deslizamentos Tambeacutem pode-se notar uma relaccedilatildeo com as fronteiras das faixas
de declividades e os deslizamentos uma vez que boa parte deles aconteceram
nestas faixas
As aacutereas onde houve um grande nuacutemero de registros de alagamentos satildeo os bairros
que se desenvolveram agraves margens do Ribeiratildeo das Posses em especial na aacuterea que
47
compreende as APPs de curso hiacutedrico e em aacutereas onde a declividade eacute baixa Esse
fato aliado ao crescimento do nuacutemero de vias pavimentadas com material
impermeaacutevel e a natildeo expansatildeo e ou redimensionamento da rede de drenagem
urbana contribuiacuteram para a ocorrecircncia cada vez mais constante de alagamentos
nessas aacutereas
Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos
catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30
anos
A partir do levantamento histoacuterico realizado e da base de dados georeferenciada
gerada observou-se o aumento do nuacutemero de registros de deslizamentos e
alagamentos nos uacuteltimos 10 anos quando as ocorrecircncias comeccedilaram a se repetir
numa mesma aacuterea com frequecircncia incrementada as vezes com mais de uma
ocorrecircncia anual
Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do
solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental
Destaca-se a adequaccedilatildeo dos criteacuterios gerais estabelecidos pelo Plano Diretor de
Santos Dumont relativos a legislaccedilatildeo federal e estadual Entretanto o referido
Plano Diretor natildeo contempla todo o territoacuterio municipal sendo assim ele natildeo
cumpre o objetivo de proteger as APPs preservadas e recuperar as que foram
degradadas em todo o territoacuterio municipal Ressalta-se tambeacutem a sua natildeo
conformidade com o Estatuto das Cidades uma vez que o Plano Diretor
contempla apenas os novos loteamentos
Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais
negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea
impactada
Recomenda-se a implantaccedilatildeo no municiacutepio de uma Coordenadoria Municipal de
Defesa Civil atuante e integrada agraves Secretarias Municipais e agrave comunidade
visando uma atuaccedilatildeo eficaz nos problemas relacionados a deslizamentos e
alagamentos A elaboraccedilatildeo de um Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos eacute de
suma importacircncia pois atraveacutes dele pode-se predizer as aacutereas que passaratildeo por
problemas caso a expansatildeo aconteccedila ou se inicie uma ocupaccedilatildeo nova aleacutem de
prevenir acidentes nas aacutereas jaacute ocupadas e consideradas de risco
48
7 Anexos
49
71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont
50
51
72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)
52
53
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16
Urbana tem como uma de suas diretrizes fazer cumprir a legislaccedilatildeo vigente no que diz
respeito agraves intervenccedilotildees e investimentos que poderatildeo ser feitos nessas aacutereas Tambeacutem eacute
diretriz da mesma Poliacutetica o controle da ocupaccedilatildeo e do uso do solo em APPs e o auxiacutelio
aos oacutergatildeos estaduais e federais de meio ambiente no tocante agrave fiscalizaccedilatildeo da ocupaccedilatildeo
nestas aacutereas (SANTOS DUMONT 2012) O artigo 38 que trata das diretrizes da Poliacutetica
habitacional de interesse social exclui do processo de regularizaccedilatildeo fundiaacuteria os
assentamentos situados em aacutereas de risco o que na maioria das vezes estatildeo tambeacutem nas
aacutereas que deveriam estar vegetadas e protegidas (SANTOS DUMONT 2012) Na
legislaccedilatildeo referente ao parcelamento do solo eacute previsto que no parcelamento de glebas
com declividade entre 30 e 47 soacute poderaacute ser aprovado mediante projeto e laudo
assinado por um responsaacutevel teacutecnico favoraacutevel agrave construccedilatildeo nesse local (SANTOS
DUMONT 2012) Diante do proposto pelo Plano Diretor de Santos Dumont pode-se
dizer que natildeo haacute conflito com a legislaccedilatildeo federal e estadual em se tratando da
aplicabilidade do Coacutedigo Florestal uma vez que aquele natildeo explicita limites nem
permissivos e tampouco restritivos para faixas e aacutereas de preservaccedilatildeo permanente
33 O Municiacutepio de Santos Dumont
331 De Arraial a cidade
A aacuterea onde se situa hoje o municiacutepio de Santos Dumont teve sua ocupaccedilatildeo iniciada no
seacuteculo XVIII quando a Coroa Portuguesa solicitou ao entatildeo Governador do Rio de
Janeiro Artur de Saacute Menezes que abrisse um caminho que ligasse as Minas dos
Cataguases na regiatildeo de Ouro Preto (receacutem descobertas) ao Rio de Janeiro por onde
escoava os metais preciosos para a metroacutepole Surgiu assim o ldquoCaminho Novordquo e ao longo
deste caminho surgiram tambeacutem as Sesmarias aacutereas que tinham por principal objetivo
servir de pouso aos transportadores e exploradores e tambeacutem para garantir alimento a
estas pessoas Uma destas ocupaccedilotildees seria o ldquoArraial de Joatildeo Gomesrdquo (Figura 41)
primeiro nuacutecleo primitivo do municiacutepio em 1709 De iniacutecio prevaleciam somente
ranchos onde os viajantes se abrigavam mas em pouco tempo ergueu-se a Capela de Satildeo
Miguel e Almas e pequenos nuacutecleos urbanos comeccedilaram a surgir (DAPPC2008)
17
Figura 3 1 Vista parcial do Arraial de Joatildeo Gomes
Fonte Arquivo Histoacuterico de Santos Dumont-MG
Com a construccedilatildeo da Estrada de Ferro D Pedro II no final do seacuteculo XIX a regiatildeo teve
um consideraacutevel crescimento natildeo soacute populacional como tambeacutem econocircmico se tornando
a Vila Palmyra em 1889 Em 1890 Palmyra eacute elevada ao status de Municiacutepio (Figura 42)
e recebe um grande nuacutemero de melhorias no setor viaacuterio como a retificaccedilatildeo de ruas e
tambeacutem no setor de serviccedilos puacuteblicos como abastecimento de aacutegua iluminaccedilatildeo puacuteblica a
querosene e posteriormente energia eleacutetrica O desenvolvimento econocircmico na regiatildeo
tambeacutem teve seu momento aacuteureo nesse periacuteodo Induacutestrias de laticiacutenios graacuteficas e de
Carbureto de Caacutelcio fizeram parte do parque industrial de Palmyra o que atraiacutea pessoas
de outros lugares inclusive estrangeiros contribuindo para o aumento populacional da
regiatildeo Como ainda natildeo havia legislaccedilatildeo sobre uso e ocupaccedilatildeo do solo nessa eacutepoca
surgiram inuacutemeros loteamentos em aacutereas proacuteximas agrave rios e coacuterregos e tambeacutem em
encostas com declividade acentuada o que foi agravando o risco agrave medida que a ocupaccedilatildeo
aumentava (DAPPC2008)
18
Figura 3 2 Municiacutepio de Palmyra na deacutecada de 1920
Fonte Arquivo Histoacuterico de Santos Dumont-MG
O escoamento da produccedilatildeo industrial se dava pelo modal ferroviaacuterio setor que tambeacutem
movimentava a crescente cidade que era ponto importante no setor de transportes pois
possuiacutea um dos mais bem equipados depoacutesitos de locomotivas da Estrada de Ferro Central
do Brasil (DAPPC2008)
No ano de 1932 o municiacutepio de Palmyra passou a se chamar Santos Dumont (Figura 43)
em homenagem ao inventor do aviatildeo que nascera naquela cidade Nos uacuteltimos 40 anos
Santos Dumont tem experimentado uma acentuada desaceleraccedilatildeo econocircmica
consequecircncia do fechamento da grande maioria das induacutestrias principalmente as de
laticiacutenios que empregavam direta e indiretamente uma parte consideraacutevel da populaccedilatildeo
(DAPPC2008)
19
Figura 3 3 Municiacutepio de Santos Dumont em 2014
Fonte Arquivo do autor
332 Santos Dumont na atualidade
O municiacutepio de Santos Dumont localiza-se na regiatildeo da Zona da Mata mineira distante
cerca de 220 Km da capital Belo Horizonte e possui uma populaccedilatildeo de 47558 habitantes
(ODM 2015 projeccedilatildeo) numa aacuterea total de 637 kmsup2 Faz divisa com os municiacutepios de
Juiz de Fora Oliveira Fortes Bias Fortes Antocircnio Carlos Tabuleiro Piau e Ewbank da
Cacircmara
No que diz respeito agrave sua formaccedilatildeo fisiacuteco-geograacutefica a aacuterea que compreende o municiacutepio
eacute constituiacuteda predominantemente por Cambissolo Haacuteplico (70) com Latossolo
Vermelho-Amarelo (30) (UFV2010) A vegetaccedilatildeo eacute em sua maioria composta por
exemplares de Mata Atlacircntica De acordo com o IBGE(2015) Santos Dumont se localiza
a 839m de altitude O clima da regiatildeo eacute classificado como Tropical de Altitude (Cwb) e
possui uma temperatura meacutedia de 20ordmC Eacute banhado pela bacia hidrograacutefica do Paraiacuteba do
Sul e em sua maioria pertence agrave sub-bacia do Rio Pomba (IGAM) que fornece aacutegua para
abastecimento puacuteblico agrave 88 da populaccedilatildeo por meio da rede de distribuiccedilatildeo
(IBGE2010) Uma pequena parte da zona rural a sudoeste eacute banhada pela Sub-Bacia do
Rio Paraibuna mais precisamente na regiatildeo de fronteira com os municiacutepios de Juiz de
Fora e Ewbank da Cacircmara O sistema viaacuterio principal de acesso agrave cidade eacute a rodovia BR-
040 e a estrada de ferro Dom Pedro II atualmente utilizada somente para transporte de
cargas
Com a economia nos dias atuais baseada majoritariamente no setor de serviccedilos a cidade
possui um Iacutendice de Desenvolvimento humano (IDH) de 0741 (IBGE2010) Apesar do
decliacutenio econocircmico de Santos Dumont nota-se hoje um aumento no nuacutemero de
loteamentos populares e condomiacutenios horizontais e verticais entre outras edificaccedilotildees Eacute
de vital importacircncia que esse crescimento das ocupaccedilotildees seja ordenado e regulamentado
20
de forma a garantir a qualidade ambiental prevenindo deslizamentos e inundaccedilotildees Diante
dessa conjuntura o governo municipal aprovou em 2012 a Lei nordm 4241 que trata do Plano
Diretor Participativo instrumento baacutesico da poliacutetica de desenvolvimento e expansatildeo
urbana do municiacutepio de Santos Dumont
4 METODOLOGIA
41 Aacuterea de estudo
A regiatildeo dentro dos limites do municiacutepio que seraacute estudada neste trabalho eacute conforme
descrito nos anexos Plano Diretor e representada na figura 44 a aacuterea urbana principal
que possui 47 Kmsup2 e compreende a regiatildeo central da cidade e os bairros perifeacutericos regiatildeo
que concentra cerca de 90 da populaccedilatildeo total de Santos Dumont (IBGE 2015) A aacuterea
urbana principal representa 75 da aacuterea total dos 637 Kmsup2 que compreendem o
municiacutepio e eacute o local onde nos uacuteltimos 30 anos se verificou um maior crescimento
populacional e tambeacutem onde ocorre a maioria dos eventos relacionados a deslizamentos
e alagamentos por conta da ocupaccedilatildeo sem planejamento A figura 45 mostra a aacuterea
urbana principal e a localizaccedilatildeo dos bairros urbanos de Santos Dumont
Figura 4 1 Localizaccedilatildeo da aacuterea urbana principal
Fonte Google Earth
21
Figura 4 2 Mapa da aacuterea urbana principal com a localizaccedilatildeo dos bairros
Fonte Do Autor
42 Levantamento e tratamento dos dados
No desenvolvimento deste trabalho foi necessaacuterio se fazer um estudo detalhado sobre o
Plano Diretor de Santos Dumont principalmente dos seus anexos que compreendem os
mapas e a localizaccedilatildeo das aacutereas definidas pelo zoneamento proposto Para que isso fosse
possiacutevel a Secretaria Municipal de Obras e Serviccedilos Puacuteblicos forneceu todos os dados
secundaacuterios produto do estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor e do
zoneamento Estes dados incluem os arquivos Shapefile (shp) e outros documentos
integrantes do Plano Diretor Algumas informaccedilotildees foram complementadas tambeacutem com
dados adquiridos atraveacutes do site do IBGE e do Portal Objetivos do Milecircnio (ODM)
Os dados sobre as ocorrecircncias de deslizamentos e alagamentos foram obtidos atraveacutes da
Defesa Civil do municiacutepio atraveacutes do Sistema Integrado de Informaccedilotildees sobre Desastres
(S2ID) do Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional Tal sistema centraliza as informaccedilotildees sobre
desastres naturais ocorridos em todo o territoacuterio nacional facilitando a pesquisa sobre tais
eventos a qualquer cidadatildeo (BRASIL 2015)
Apesar do sistema ser bastante uacutetil os dados sobre o municiacutepio de Santos Dumont se
encontravam bastante falhos e escassos sendo necessaacuteria complementaccedilatildeo para que a
22
base de dados ficasse consistente Diante disso uma pesquisa atraveacutes dos arquivos do
Jornal Mensagem um jornal semanaacuterio local foi feita entre os anos de 1984 e 2014 e os
dados primaacuterios filtrados em uma planilha do Microsoft Excel para posterior utilizaccedilatildeo
De posse destes dados foi feita a localizaccedilatildeo em campo das coordenadas dos locais
atingidos por deslizamentos e alagamentos no periacuteodo compreendido pela pesquisa com
o auxiacutelio de um aparelho de GPS
A maioria dos arquivos shapefile utilizados para a confecccedilatildeo dos mapas satildeo parte
integrante dos anexos da Lei do Plano diretor do municiacutepio gerados no mecircs de dezembro
de 2011 pelo Instituto Nova Cidade e foram cedidos pela Secretaria Municipal de Obras
e Serviccedilos Puacuteblicos com Datum em UTM SAD 69 Com a finalidade de fornecer um
referenciamento atualizado e de acordo com os mais novos sistemas de coordenadas
utilizados no Brasil os arquivos foram convertidos para o Datum UTM SIRGAS 2000
que diferencia do SAD 69 pelo fato de ser um referencial geocecircntrico ou seja o centro
da Terra eacute o ponto de referecircncia neste sistema enquanto que o primeiro utiliza um
referencial na superfiacutecie da Terra (IBGE2014) Eacute interessante ressaltar tambeacutem que o
SIRGAS 2000 se tornou no ano de 2014 o sistema de coordenadas oficial do Sistema
Geodeacutesico Brasileiro e do Sistema Cartograacutefico Nacional ambos mantidos pelo IBGE A
combinaccedilatildeo dos shapefiles foi feita com o software livre gvSIG e com estas combinaccedilotildees
foram gerados mapas importantes resultados para a execuccedilatildeo deste trabalho A maioria
dos mapas representam a regiatildeo urbana principal de Santos Dumont e foram produzidos
numa escala em torno de 140000 que de acordo com Rocha (2007) eacute uma escala viaacutevel
pois as recomendaacuteveis para trabalhos de anaacutelise ambiental em niacutevel municipal podem ser
entre 150000 e 110000 Alguns mapas cujo detalhamento natildeo eacute necessaacuterio foram
gerados na escala 1100000
Para a geraccedilatildeo dos mapas aleacutem dos arquivos fornecidos pela Secretaria de Obras e
Serviccedilos Puacuteblicos foram utilizados para a geraccedilatildeo do modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE)
e da localizaccedilatildeo dos topos de morro dados gerados pelo sistema de radar Advanced
Spacebone Thermal Emission and Reflection Radiometer (ASTER) que geram as curvas
de niacutevel do terreno com uma resoluccedilatildeo de 30m (NASA2014) O processamento dessas
imagens foi feito pelo software livre gvSIG As imagens geradas pelos sateacutelites
LANDSAT foram adquiridas no site da United States Geological Survey (USGS) e essas
imagens possibilitaram obter um panorama preciso do uso do solo em toda a aacuterea urbana
de Santos Dumont numa resoluccedilatildeo de 15 metros uma vez que foi utilizada a banda
pancromaacutetica do sateacutelite LANDSAT 8 aleacutem da combinaccedilatildeo das bandas 65 e 4
respectivamente que eacute a combinaccedilatildeo recomendada pela mantenedora dos sateacutelites para
anaacutelises deste tipo
23
No que diz respeito a identificaccedilatildeo de APPs em topo de morro a metodologia de Oliveira
amp Fernandes Filho (2013) por utilizar as mesmas bases de dados ateacute entatildeo usadas neste
trabalho foi a mais indicada
A metodologia de anaacutelise dos mapas gerados eacute a proposta pelo professor Jorge Xavier da
Silva do Laboratoacuterio de Geoprocessamento (LAGEOP) da Universidade Federal do Rio
de Janeiro e citada por Rocha (2007) Tal metodologia analisa as variaacuteveis em questatildeo
presentes na aacuterea e permite avaliar as possibilidades de relaccedilotildees entre essas variaacuteveis De
uma maneira geral este meacutetodo verifica o estado atual da aacuterea em estudo bem como das
variaacuteveis gerando inventaacuterios que servem para a construccedilatildeo de dados planimeacutetricos sejam
com as variaacuteveis isoladas ou combinadas Estes dados planimeacutetricos geram assinaturas
que permitem inferir sobre a influecircncia dessas variaacuteveis De posse dos dados gerados pelo
processo anteriormente citado pode-se fazer algumas prospecccedilotildees sobre os riscos
ambientais que a aacuterea pode sofrer ou o seu potencial ambiental (ROCHA 2007)
5 RESULTADOS
51 Levantamento histoacuterico de alagamentos e
deslizamentos
O aumento da demanda pelo uso do solo na regiatildeo urbana de Santos Dumont
principalmente no tocante agrave formaccedilatildeo de novos loteamentos e condomiacutenios nos uacuteltimos
anos eacute consideraacutevel mas tambeacutem haacute de se observar o crescimento dos bairros jaacute existentes
com pouco ou nenhum ordenamento Em ambos os casos se observa ocupaccedilotildees
irregulares em APP o que tem ocasionado um aumento na frequecircncia de deslizamentos
e inundaccedilotildees Eacute evidente que quanto maior a densidade populacional do bairro maior a
quantidade de ocorrecircncias ao longo dos anos (SPERFELD 2009)
De acordo com as ocorrecircncias registradas pela Defesa Civil do municiacutepio obtidas atraveacutes
da literatura utilizada nos uacuteltimos 30 anos Santos Dumont chegou a decretar situaccedilatildeo de
emergecircncia por conta de desastres envolvendo deslizamentos eou alagamentos por duas
vezes num espaccedilo de 10 anos conforme pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho
(BRASIL 2014 CEPED 2011)
Segundo os dados obtidos atraveacutes de pesquisa nos arquivos do semanaacuterio entre os anos
de 1984 e 2014 pode-se verificar que nos uacuteltimos 20 anos a cidade tem experimentado
24
um aumento consideraacutevel nos eventos relacionados a deslizamentos e principalmente
alagamentos como pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho Isso pode ter sido causado
dentre outros fatores pelo aumento do nuacutemero de vias pavimentadas com material
impermeaacutevel o que tem sobrecarregado tanto a infraestrutura existente para drenagem
urbana como tambeacutem a calha dos cursos drsquoaacutegua que passam pela regiatildeo urbana do
municiacutepio (ZANON2013)
Na deacutecada de 1980 (1984-1990) de acordo com os dados obtidos natildeo foram noticiados
eventos consideraacuteveis relacionados a deslizamentos e alagamentos em Santos Dumont
mas isso natildeo exclui a possibilidade de natildeo ter ocorrido tais eventos em menor escala
Na deacutecada de 1990 aconteceram uma seacuterie de ocorrecircncias tanto de deslizamentos quanto
de alagamentos No ano de 1997 num periacuteodo chuvoso intenso aconteceram
deslizamentos consideraacuteveis em vaacuterios bairros da cidade inclusive com desabamento de
casas e de ruas principalmente nos bairros Nossa Senhora da Gloacuteria e Quarto Depoacutesito
Em 1999 ocorreram alguns pontos de alagamento nos bairros Quarto Depoacutesito e Santo
Antocircnio com grandes prejuiacutezos materiais
A deacutecada de 2000 iniciou com o registro de deslizamentos em vaacuterios bairros da cidade
inclusive com desabamento de casas e pontes e alagamentos em importantes vias do
centro da cidade Observa-se ao longo desse periacuteodo o crescimento nas ocorrecircncias de
deslizamentos e de aacutereas com risco de deslizamento em muitos bairros de Santos Dumont
Um dos fatores importantes para esse crescimento foi a grande expansatildeo sofrida pela
maioria dos bairros e a falta de planejamento e orientaccedilatildeo por parte da prefeitura uma
vez que uma boa parte do crescimento dos bairros da cidade ocorreu ou proacuteximo a cursos
drsquoaacutegua ou em aacutereas com declividade improacutepria para se fazer construccedilotildees O bairro
Coacuterrego do Ouro (Figura 51) foi o que mais sofreu com ocorrecircncias de deslizamentos
nesse periacuteodo enquanto o bairro Santo Antocircnio foi que teve mais ocorrecircncias de
alagamentos
25
Figura 5 1 Deslizamento no bairro Coacuterrego do Ouro
Fonte Portal Cabangu
No iniacutecio deacutecada de 2010 (2011-2014) o centro da cidade foi a regiatildeo que mais sofreu
com alagamentos sendo registrado pelo menos uma ocorrecircncia por ano nessa aacuterea (Figura
52) Isso pode ser relacionado dentre outros fatores com as obras de modificaccedilatildeo do
tipo de pavimentaccedilatildeo das estradas por um material impermeaacutevel gerando uma sobrecarga
nos sistemas de drenagem urbana que foram projetados para um tipo de pavimento mais
permeaacutevel implicando tambeacutem na sobrecarga calha do Ribeiratildeo das Posses o principal
curso drsquoaacutegua que corta o centro da cidade e que se encontra em quase sua totalidade
ocupada em ambas as margens que cortam o centro da cidade
26
Figura 5 2 Alagamento na regiatildeo central de Santos Dumont em 2013
Fonte Portal Cabangu
Quanto agraves ocorrecircncias de deslizamento ao longo da referida deacutecada elas estiveram
espalhadas pelos bairros do municiacutepio tendo um maior nuacutemero de ocorrecircncias nos bairros
Santo Antocircnio Nossa Senhora da Gloacuteria e Aacutegua Espraiada Nos dois primeiros bairros
citados as ocorrecircncias podem ter sido ocasionadas pelo crescimento desordenado e sem
planejamento destes e no terceiro as ocorrecircncias satildeo relacionadas ao processo de
assoreamento do Ribeiratildeo das Posses o que pode ter gerado um aumento da velocidade
desse curso drsquoaacutegua causando problemas decorrentes do transporte de sedimentos da aacuterea
onde as casas foram construiacutedas que teve como consequecircncia os deslizamentos
Em resumo como pode ser observado nas figuras 53 e 54 na tabela 51 no periacuteodo de
1984 a 2014 os bairros mais afetados por alagamentos e deslizamentos satildeo Quarto
Depoacutesito Nossa Senhora da Gloacuteria Santo Antocircnio Coacuterrego do Ouro Antocircnio Afonso
Graminha e Vila Esperanccedila sendo que o bairro Coacuterrego do Ouro possui o maior nuacutemero
de ocorrecircncias de deslizamentos e o centro da cidade possui o maior nuacutemero de
ocorrecircncias de alagamentos no periacuteodo pesquisado Vale destacar que a aacuterea propiacutecia a
alagamentos no bairro Antocircnio Afonso natildeo identificada no estudo realizado pela
prefeitura constitui-se efetivamente numa aacuterea de risco conforme levantamento histoacuterico
realizado Esta aacuterea de risco se deve agrave diferenccedila de niacutevel negativa entre o rio Pinho e a
aacuterea do bairro estando este em desniacutevel com um risco iminente de inundaccedilotildees resultantes
da cheia desse curso drsquoaacutegua causando inuacutemeros transtornos aos moradores do local
27
Figura 5 3 Pontos de Alagamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico
Fonte Do autor
Figura 5 4 Pontos de deslizamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico
Fonte Do autor
28
Tabela 51 Ocorrecircncias de alagamentos e deslizamentos obtidos atraveacutes do
levantamento histoacuterico
Pontos de ocorrecircncia (1984-2014)
Bairros Alagamento Deslizamento
Aacutegua Espraiada 1 1
Antocircnio Afonso 1 0
Barra 0 1
Centro 7 1
Coacuterrego do Ouro 1 7
Flores 0 1
Graminha 1 0
Jardim Jaraguaacute 0 1
N Sra da Gloacuteria 0 4
N Sra das Graccedilas 1 0
Quarto Depoacutesito 3 2
Santo Antocircnio 4 2
Satildeo Sebastiatildeo 0 1
Vila Esperanccedila 0 1
Fonte Do autor
De acordo com o estudo realizado na elaboraccedilatildeo do Plano Diretor pela prefeitura
municipal observa-se que os bairros que possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a
deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do Ouro e Vila Esperanccedila enquanto que os que
possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a alagamento satildeo o Centro da cidade e os
bairros Satildeo Sebastiatildeo Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio por estarem agraves margens do
Ribeiratildeo das Posses um curso drsquoaacutegua que sofre com inundaccedilotildees perioacutedicas devido ao
severo assoreamento em algumas regiotildees e tambeacutem devido ao acuacutemulo de lixo descartado
pelos moradores do entorno irregularmente De acordo com o estudo realizado quando da
elaboraccedilatildeo do Plano Diretor do municiacutepio foram feitos estudos sobre as aacutereas propensas
a deslizamentos e alagamentos na regiatildeo urbana principal Tais aacutereas satildeo as destacadas
nas Figuras 55 e 56 No levantamento histoacuterico realizado pode-se identificar que os
bairros que possuem mais aacutereas propensas a deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do
Ouro Nossa Senhora da Gloacuteria Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio enquanto que os bairros
mais propensos a alagamentos satildeo os bairros Centro Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio
como observado na tabela 51
29
Figura 5 5 Aacutereas propensas a deslizamento de acordo com o Plano Diretor de
Santos Dumont
Fonte Google Earth e Lei 42412012
Figura 5 6 Aacutereas propensas a alagamento de acordo com o Plano Diretor de
Santos Dumont
Fonte Google Earth e Lei 42412012
30
Comparando-se os mapas obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico com o mapa gerado
pelo estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor nota-se que haacute semelhanccedilas em
algumas aacutereas mas ao se levar em conta o produto gerado pela pesquisa histoacuterica o
estudo necessitaria ser complementado haja vista que ele natildeo compreende por exemplo
o ponto de alagamento no bairro Antocircnio Afonso citado anteriormente e alguns pontos de
deslizamento importantes uma vez que satildeo regiotildees onde haacute ocupaccedilatildeo Esse fato evidencia
a necessidade de se buscar vaacuterias fontes primaacuterias e secundaacuterias para se detectar aacutereas de
risco em um municiacutepio incluindo arquivos da imprensa local afim de se produzir uma
base de dados consistente e com o menor nuacutemero de falhas possiacutevel (CEPED 2014) Com
a uniatildeo dos dois estudos foram gerados os mapas apresentados nas Figuras 57 e 58
Aleacutem do mais observando as figuras 57 e 58 pode-se notar que uma boa parte tanto dos
casos de alagamento quanto de deslizamento estatildeo na faixa de APP de curso hiacutedrico o
que ilustra a importacircncia da preservaccedilatildeo destas aacutereas
Figura 5 7 Aacutereas propensas a alagamento do estudo do Plano Diretor
complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento
Fonte Do Autor
31
Figura 5 8 Aacutereas propensas a deslizamento do estudo do Plano Diretor
complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento
Fonte Do Autor
Atraveacutes da combinaccedilatildeo entre estes dois levantamentos procurou-se alimentar a base de
dados e garantir uma consistecircncia maior desta no que diz respeito a aacutereas de deslizamento
e alagamento podendo inclusive se identificar a suscetibilidade de uma determinada
regiatildeo da cidade a um ou outro evento (CEPED2014)
512 O Plano diretor e as APPs
Nos uacuteltimos anos o Brasil experimentou um forte fenocircmeno de migraccedilatildeo do campo para
as aacutereas urbanas De acordo com o IBGE no periacuteodo de 1940 a 2000 houve um aumento
de cerca de 60 do nuacutemero de pessoas que vivem em cidades (SILVA JR 2006) O
processo de planejamento e ordenamento do uso do solo nessas aacutereas deveria ter
acompanhado esse crescimento ao longo dos anos a fim de garantir a qualidade de vida e
a seguranccedila dos migrantes ao se instalarem nas cidades o que natildeo ocorreu e o que se
observa atualmente satildeo ocupaccedilotildees em aacutereas improacuteprias para moradia sem a infraestrutura
baacutesica necessaacuteria e com risco iminente de deslizamentos eou inundaccedilotildees
O Plano Diretor do municiacutepio de Santos Dumont em seu capiacutetulo IV que versa sobre o
uso e ocupaccedilatildeo do solo explicita regras para o ordenamento do territoacuterio que compreende
o municiacutepio com base nos diferentes usos do solo de acordo com sua compatibilidade o
32
que acabou por resultar num zoneamento de todo o municiacutepio em macrozonas conforme
citado na seccedilatildeo 3231 de acordo com os usos atuais e futuros do solo Aleacutem de dividir
estas macrozonas em urbanas e rurais tambeacutem avaliou e classificou estas aacutereas com base
numa seacuterie de fatores ambientais geoloacutegicos culturais e sociais de forma a se fazer um
zoneamento coerente com os atuais usos do solo e seu potencial de uso futuro Apresenta-
se na Figura 59 este zoneamento na aacuterea urbana principal de Santos Dumont
Figura 5 9 Zoneamento urbano da aacuterea urbana principal
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Lei 42412012
Tomando como referecircncia o Novo Coacutedigo Florestal brasileiro em especial os paracircmetros
estabelecidos para a definiccedilatildeo de APP e utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento
atraveacutes do software Vista SAGA relacionou-se as APPs existentes na aacuterea em estudo com
as regiotildees propiacutecias a alagamentos e deslizamentos de acordo com o estudo feito quando
da elaboraccedilatildeo do Plano Diretor afim de se identificar qual ou quais aacutereas possuem estes
problemas e se estatildeo relacionados com o uso do solo irregular em APP
Ao se aplicar a metodologia proposta por Oliveira amp Fernandes Filho (2013) natildeo foram
identificadas dentro da aacuterea de estudo APPs de topos de morro sendo este tipo de APP
descartada portanto das anaacutelises subsequentes deste trabalho Foram consideradas as
APP de curso hiacutedrico (rios e nascentes) e de declividade visando relacionaacute-las as aacutereas
de risco identificadas pela Prefeitura afim de se verificar as possiacuteveis causas da ocorrecircncia
33
destas aacutereas na regiatildeo urbana do municiacutepio Por meio de combinaccedilotildees entre dois mapas
temaacuteticos utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento foi possiacutevel obter as
assinaturas ou seja tabelas que caracterizam quantitativamente a aacuterea afetada por cada
aspecto visto que a simples visualizaccedilatildeo do mapa gerado pelo geoprocessamento muitas
vezes eacute prejudicada por serem aacutereas de pequenas dimensotildees ou por qualquer outra
limitaccedilatildeo do software Ressalta-se que para a elaboraccedilatildeo do Plano Municipal de Reduccedilatildeo
de riscos a identificaccedilatildeo e detalhamento topograacutefico destas aacutereas eacute fundamental para o
desenvolvimento do referido Plano conforme seraacute abordado detalhadamente na seccedilatildeo
52
De posse do mapa que representa o zoneamento urbano de Santos Dumont primeiramente
procurou-se mensurar qualitativa e quantitativamente a presenccedila de APPs tanto de
declividade quanto de cursos hiacutedricos Essa identificaccedilatildeo eacute importante pois este
zoneamento eacute um dos instrumentos de planejamento municipal (BRASIL 2001) Saboya
(2007) aponta que os principais objetivos de um zoneamento satildeo o controle da expansatildeo
urbana e proteccedilatildeo de aacutereas inadequadas a ocupaccedilatildeo aleacutem de reduzir os conflitos inerentes
aos diferentes usos do solo Com o uso da ferramenta ldquoCombinarrdquo do Vista SAGA foram
feitas combinaccedilotildees entre o mapa de hidrografia com buffer de 30m para rios e coacuterregos e
de 50m para nascentes com o mapa do zoneamento para se verificar a importacircncia das
APPs de curso hiacutedrico em toda a aacuterea urbana principal do municiacutepio Tambeacutem foram
combinados o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) obtido atraveacutes do gvSIG com o mapa
de zoneamento afim de se verificar quantitativamente as APPs de declividade e onde se
localizam Vale ressaltar que as declividades entre 30 e 47 estatildeo presentes nesta
combinaccedilatildeo pois de acordo com o Plano Diretor de Santos Dumont terrenos com esta
faixa de declividade para fins de parcelamento devem possuir estudo teacutecnico que ateste
a viabilidade de se promover algum empreendimento imobiliaacuterio neste (SANTOS
DUMONT 2012) Como a legislaccedilatildeo municipal prevecirc estudo somente para a faixa de
declividade descrita anteriormente para fins de anaacutelise neste trabalho consideramos um
valor mais conservador para APP compreendendo a faixa de 47 a 100 aleacutem da
prevista pela legislaccedilatildeo federal (gt100) para que natildeo houvessem lacunas importantes na
geraccedilatildeo do produto
Apresenta-se na Figura 510 aacutereas com declividades consideradas de risco e consideradas
APP e em qual zona de planejamento elas estatildeo inseridas De um modo geral ao se
observar a Tabela 52 nota-se que a aacuterea que compreende declividades de risco e APP eacute
uma pequena parcela da aacuterea urbana principal representando 061 desta aacuterea Ao se
levar em conta somente a localizaccedilatildeo pode-se verificar que cerca de 84 das aacutereas com
declividade de risco e a totalidade das APPs de declividade estatildeo localizadas na ZAC1
zona que compreende a maior parte do municiacutepio e apesar de possuir infraestrutura baacutesica
para a ocupaccedilatildeo esta eacute restrita Sendo assim o fator declividade deve ser visto com cautela
nesta aacuterea para se evitar transtornos advindos de edificaccedilotildees nestas aacutereas
34
Figura 5 10 Combinaccedilatildeo entre as declividades importantes incluindo as APPs e o
zoneamento urbano
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Do autor
Tabela 52 Assinaturas da combinaccedilatildeo Declividade x Zoneamento
Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea
Natildeo APP 457972 9939
Declividade 30-47 em ZAC1 2368 051
Declividade 30-47 em ZE 284 006
Declividade 30-47 em ZAC2 128 003
Declividade 30-47 em ZPA 004 0001
APP Declividade em ZAC1 048 001
Total 460804 100
Fonte Do autor
Apresenta-se na Figura 511 as APPs de curso hiacutedrico (nascentes e rios) e em qual zona
de planejamento estatildeo localizadas Assim como a declividade a maior parte das APPs de
curso hiacutedrico estatildeo localizadas em ZAC1 representando 383 da aacuterea urbana em estudo
e 51 do total das APPs de curso hiacutedrico Esta questatildeo tambeacutem deve ser vista com
bastante criteacuterio pelos gestores locais uma vez que a ocupaccedilatildeo em faixas proacuteximas de
rios e coacuterregos podem causar uma gama de problemas ambientais e sociais na regiatildeo
(SANTANA2011) Tal cuidado tambeacutem deve ser tomado nas APPs compreendidas na
35
ZAC2 que compreende 001 da Aacuterea urbana principal e 14 do total das APPs de curso
hiacutedrico pois a infraestrutura baacutesica e acessibilidade presente nesta zona eacute precaacuteria e a
ocupaccedilatildeo as margens de cursos hiacutedricos pode gerar problemas seacuterios caso ocorra uma
expansatildeo nestas aacutereas
Figura 511 Combinaccedilatildeo entre APP de curso hiacutedrico e as zonas de planejamento
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Do autor
Outro ponto importante eacute a presenccedila da Zona de Proteccedilatildeo Ambiental (ZPA) no entorno
uma consideraacutevel parte dos cursos hiacutedricos Nesta zona estatildeo presentes 28 das APPs de
curso hiacutedrico e esta zona de acordo com o Plano Diretor deve ser restaurada ou
preservada por suas caracteriacutesticas geoloacutegicas topograacuteficas e bioloacutegicas
Afim de se verificar os usos do solo na regiatildeo em estudo foram utilizadas combinaccedilotildees
de imagens advindas do sateacutelite Landsat 8 nas bandas descritas no capiacutetulo 4 aleacutem da
banda pancromaacutetica O resultado eacute apresentado na figura 512 que mostra os principais
usos do solo na aacuterea urbana principal de Santos Dumont
36
Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x Zoneamento
Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea
Hidrografia 11168 239
Aacuterea Urbana Natildeo APP 421004 9008
APP Curso hiacutedrico em ZAC1 179 383
APP Curso hiacutedrico em ZPA 9776 209
APP Curso hiacutedrico em ZE 184 004
APP Curso hiacutedrico em ZA 1192 026
APP Curso hiacutedrico em ZAC2 5124 110
APP Curso hiacutedrico em ZPPH 248 005
APP Curso hiacutedrico em ZEIS 568 012
APP Curso hiacutedrico em ZCA 228 005
Total 467392 10000
Fonte Do autor
Figura 5 12 Mapa de usos do solo da aacuterea urbana principal de Santos Dumont
Fonte Do autor
Como jaacute era previsto a maior parte da aacuterea urbana se encontra ocupada e eacute nesta regiatildeo
ocupada que se observa a maior concentraccedilatildeo de problemas de deslizamentos e
alagamentos (Figuras 513 e 514) A grande ocupaccedilatildeo em aacutereas consideradas APP de
curso hiacutedrico de acordo com os mapas gerados pode ser a principal causa do aumento a
cada ano dos casos de alagamento principalmente na regiatildeo central da cidade Outro ponto
que se deve atentar eacute a existecircncia de uma consideraacutevel aacuterea de pastagem pouco vegetada
que caso estejam em aacutereas elevadas pode contribuir para deslizamentos e agraves margens de
37
rios e coacuterregos para o assoreamento destes corpos hiacutedricos o que pode causar
alagamentos (INAacuteCIO etal 2007)
Diante destes resultados pode-se ver que a cidade de Santos Dumont necessita alternativas
efetiva no que diz respeito agrave contenccedilatildeo de deslizamentos e a reduccedilatildeo de risco de
alagamento pois as aacutereas em que ocorrem tais eventos satildeo distintas e facilmente definidas
devido agrave repeticcedilatildeo destes nos uacuteltimos anos Um plano de accedilatildeo integrado entre as diferentes
secretarias municipais (Obras Meio Ambiente Assistecircncia Social entre outras) e a
Coordenadoria Municipal de Defesa Civil deve ser realizado afim de se tomar medidas
natildeo mais preventivas mas sim preditivas para que se possa conter o avanccedilo destes
problemas na aacuterea urbana principal bem como em toda a aacuterea do municiacutepio
Figura 5 13 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na aacuterea urbana
principal
Fonte Do autor
38
Figura 5 14 Aacutereas sujeitas a alagamento e os principais usos do solo na aacuterea
urbana principal
Fonte Do autor
Ao se associar os dados do estudo do Plano Diretor com os dados do levantamento
histoacuterico realizado com o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) pode-se notar que as aacutereas
propiacutecias a deslizamento estatildeo em regiotildees as quais haacute uma fronteira de declividades ou
seja eacute evidente que os deslizamentos ocorrem em encostas um pouco mais iacutengremes mas
natildeo necessariamente nas encostas de 30-47 as quais exigem estudo teacutecnico conforme o
plano diretor preconiza Quanto aos alagamentos nota-se que eles se localizam nas aacutereas
com menor ou nenhuma declividade podendo ser estas aacutereas talvez componentes da
planiacutecie de inundaccedilatildeo dos rios Estes resultados podem ser vistos nas figuras 515 e 516
a seguir
39
Figura5 15 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a deslizamentos na
regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
Fonte Lei 42412012 e Autor
Figura5 26 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a alagamentos na
regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
Fonte Lei 42412012 e Autor
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52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis
O processo de ocupaccedilatildeo no municiacutepio de Santos Dumont comeccedilou muito antes de
qualquer legislaccedilatildeo relacionada a ordenamento urbano e de proteccedilatildeo do meio ambiente
fosse implementado no Brasil Esse fato aliado a poliacuteticas e fiscalizaccedilotildees falhas
contribuiacuteram para a ocupaccedilatildeo e expansatildeo da aacuterea urbana ao longo do Ribeiratildeo das Posses
e seus afluentes o que tem gerado o aumento da degradaccedilatildeo destes corpos hiacutedricos ao
longo de todos estes anos Observa-se tambeacutem que nas uacuteltimas deacutecadas ocorreu um
grande nuacutemero de migraccedilotildees do campo para a regiatildeo urbana da cidade fator que
contribuiu para o crescimento do nuacutemero de habitaccedilotildees em aacutereas de risco de deslizamento
e alagamentos por serem na maioria das vezes terrenos menos valorizados e por este
motivo acessiacuteveis a populaccedilatildeo com menor poder aquisitivo (ROSA amp CORTEZ 2008)
Vale ressaltar que esta questatildeo aleacutem de ser ambiental eacute muito mais social pois os
moradores entendem os riscos de se viver nestes locais mas por motivos econocircmicos ou
por questotildees afetivas natildeo abrem matildeo da moradia nessas aacutereas A Constituiccedilatildeo Federal de
1988 promoveu a inter-relaccedilatildeo das questotildees sociais com as questotildees ambientais quando
colocou o meio ambiente como direito coletivo (BRASIL1988 SOUZA2010) Por este
motivo a decisatildeo por medidas draacutesticas que favoreccedilam apenas agrave preservaccedilatildeo do meio
ambiente natildeo eacute recomendada pois aleacutem de ser inconstitucional podem afetar a
sustentabilidade econocircmica do municiacutepio e gerar conflitos sociais consideraacuteveis
(CARLOS 1992 apud SOUZA 2010)
Segundo Bueno (2009) ldquonem tudo o que eacute irregular eacute precaacuteriordquo Esse fato se observa em
Santos Dumont uma vez que em boa parte da regiatildeo central se observa vaacuterias moradias
construiacutedas na faixa de APP de curso hiacutedrico o que natildeo eacute permitido pela legislaccedilatildeo
vigente e eacute um dos fatores que contribui para a ocorrecircncia de alagamentos nesta aacuterea da
cidade Para a resoluccedilatildeo deste problema o que seria mais viaacutevel seria a melhoria da
infraestrutura de drenagem urbana afim de que o escoamento da aacutegua das chuvas natildeo
sobrecarregasse o sistema (BUENO2009) A construccedilatildeo de bacias de contenccedilatildeo de
cheias ao longo do Ribeiratildeo das Posses tambeacutem seria uma alternativa mas para se verificar
a viabilidade necessita-se estudos mais aprofundados do ponto de vista hidroloacutegico
O grande problema a ser solucionado no entanto eacute o que diz respeito agraves aacutereas de risco
de deslizamento majoritariamente nos bairros A melhor alternativa seria o
remanejamento dos moradores para uma aacuterea proacutexima agrave que moram poreacutem longe do
risco Poreacutem esta alternativa de acordo com Rosa Filho amp Cortez (2008) encontra alguns
entraves pois estas pessoas na maioria das vezes natildeo tecircm condiccedilotildees financeiras de irem
para outro lugar ou pagar aluguel ou estatildeo de alguma forma sentimentalmente ligadas
agravequela regiatildeo que se recusam a deixaacute-lo
41
Por parte dos oacutergatildeos competentes no municiacutepio a criaccedilatildeo de um plano para se evitar
acidentes ocasionados por deslizamentos e alagamentos com um mapeamento detalhado
de toda a extensatildeo do municiacutepio eacute extremamente uacutetil Os estudos que seratildeo feitos para a
elaboraccedilatildeo deste plano poderatildeo definir quais as aacutereas satildeo potencialmente de risco para as
ocupaccedilotildees existentes ou para as potenciais ocupaccedilotildees que possam vir a ocorrer atraveacutes do
mapeamento das aacutereas de risco Tal planejamento seraacute auxiliar ao Plano Diretor
Municipal pois definiraacute o real uso do solo de determinada regiatildeo do municiacutepio
contribuindo para a adequaccedilatildeo do uso e ocupaccedilatildeo do solo afim de evitar ou reduzir o
nuacutemero de problemas relacionados a alagamentos e principalmente deslizamentos no
periacutemetro urbano (TOMINAGA 2009) A partir deste plano os gestores locais poderatildeo
tomar a melhor decisatildeo para a prevenccedilatildeo ou reduccedilatildeo dos riscos inerentes a tais problemas
Na seccedilatildeo 521 seraacute hierarquizado de forma preliminar a aacuterea urbana principal de acordo
com os resultados da tabela 51
521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta
O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos (PMRR) foi criado atraveacutes de accedilotildees
regularizadoras do Ministeacuterio das Cidades para ser o instrumento de gestatildeo e
gerenciamento de aacutereas de risco em um municiacutepio Eacute um documento que aleacutem de
estabelecer quais regiotildees satildeo consideradas de risco tambeacutem objetiva a proposta de
medidas estruturais ou natildeo para contenccedilatildeo eou prevenccedilatildeo de cataacutestrofes aleacutem de ser um
meio de captaccedilatildeo de recursos financeiros junto aos Governos Estadual e Federal Estes
recursos poderatildeo ser utilizados para a realizaccedilatildeo de obras que visem a melhoria da
qualidade de vida da populaccedilatildeo do entorno ou de recuperaccedilatildeo da aacuterea degradada Este
plano eacute realizado de forma participativa com as comunidades das aacutereas de risco e pode
ser realizado em sete fases conforme recomenda o Ministeacuterio das Cidades (ALHEIROS
2006)
O primeiro passo para a realizaccedilatildeo do PMRR eacute definir qual a metodologia seraacute empregada
levando-se em consideraccedilatildeo a realidade atual do municiacutepio e especificar de forma sucinta
um cronograma das atividades Eacute importante nesta fase a participaccedilatildeo tambeacutem dos
responsaacuteveis pelas mais variadas Secretarias Municipais afim de explicitar o tamanho da
importacircncia e o caraacuteter integrador deste plano A segunda fase deste plano objetiva a
criaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo da principal base de dados a ser utilizada nos passos posteriores o
mapeamento de risco em escala detalhe em torno de 13000 (SAtildeO PAULO 2014) A
elaboraccedilatildeo de um mapeamento detalhado propiciaraacute natildeo soacute a identificaccedilatildeo mais faacutecil das
aacutereas de risco como tambeacutem facilitaraacute aos gestores e agrave comunidade decidirem qual a
melhor intervenccedilatildeo para a soluccedilatildeo ou remediaccedilatildeo dos problemas em uma determinada
42
aacuterea hierarquizando o risco e definindo prioridades (SAtildeO PAULO 2014) Na tabela a
seguir apresenta-se alguns tipos de intervenccedilotildees que podem ser feitas em aacutereas de risco
sugeridas pelo Ministeacuterio das cidades (ALHEIROS 2006)
Quadro 5 1 - Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco
Tipo de intervenccedilatildeo Descriccedilatildeo
Serviccedilos de limpeza e Recuperaccedilatildeo
Remoccedilatildeo de entulho lixo etc
corte de aacutervores
remoccedilatildeo de bananeiras
recuperaccedilatildeo eou limpeza de sistemas de
drenagem esgotos e acessos
Limpeza de canais de drenagem
Proteccedilatildeo Vegetal
Proteccedilatildeo superficial vegetal (gramiacuteneas) em
taludes com solo exposto
Proteccedilatildeo vegetal de margens de canais de
drenagem
Barreiras vegetais para massas escorregadas
ou acumuladas pela erosatildeo
Drenagem Superficial e Acessos
Sistema de drenagem superficial (canaletas
raacutepidos caixas de transiccedilatildeo escadas drsquoaacutegua)
Acessos para pedestres (escadarias rampas
etc) integrados ao sistema de drenagem
Revestimento de Taludes Revestimento com materiais artificiais
cimentado cal-jet tela argamassada alvenaria
de tijolos ceracircmicos solo-cimento ensacado
Desmonte de blocos e matacotildees Desmonte de concreccedilotildees de grande porte
blocos rochosos e matacotildees
Obras de drenagem de subsuperfiacutecie Sistema de drenagem de subsuperfiacutecie
(trincheiras drenantes DHP poccedilos de
rebaixamento)
Estruturas de contenccedilatildeo (localizadas)
Muros de contenccedilatildeo de pequeno porte (solo-
cimento ensacado alvenaria de pedra-rachatildeo
concreto armado)
Estruturas de contenccedilatildeo localizadas
(chumbadores tirantes microestacas)
Contenccedilatildeo e proteccedilatildeo de margens de canais (
gabiotildees muros de concreto etc)
Estruturas de contenccedilatildeo (meacutedio e grande porte) Implantaccedilatildeo de estruturas de contenccedilatildeo de
meacutedio e grande porte envolvendo obras de
contenccedilatildeo passivas e ativas (muros de
gravidade cortinas etc)
Terraplanagem Execuccedilatildeo de serviccedilos de terraplanagem
combinados a obras de drenagem superficial e
proteccedilatildeo vegetal desvio e canalizaccedilatildeo de
coacuterregos
Remoccedilatildeo de moradias Remoccedilotildees definitivas para implantaccedilatildeo de
obras ou devido agrave localizaccedilatildeo improacutepria da
edificaccedilatildeo (Priorizar as relocaccedilotildees dentro da
proacutepria aacuterea em local seguro)
Fonte ALHEIROS 2006
43
Escolhidas as formas de intervenccedilatildeo para cada aacuterea eacute necessaacuterio realizar uma estimativa
dos custos afim de preparar o orccedilamento da prefeitura para a realizaccedilatildeo das obras e se
seraacute necessaacuterio a captaccedilatildeo de recursos externos para a execuccedilatildeo destas Feitas as
estimativas de custo o proacuteximo passo eacute definir as prioridades e para esta fase eacute tambeacutem
uacutetil o mapeamento feito nas etapas anteriores pois seraacute necessaacuterio hierarquizar tais
intervenccedilotildees nas aacutereas de risco O Ministeacuterio das Cidades (2007) sugere alguns criteacuterios
que podem ser avaliados pelo gestor dentre eles pode-se citar
Grau de risco
Populaccedilatildeo beneficiada
Custo da intervenccedilatildeo
Dimensatildeo da aacuterea a ser tratada
Demandas anteriores da populaccedilatildeo
Tempo de ocupaccedilatildeo
Viabilidade teacutecnica da intervenccedilatildeo
Viabilidade financeira
Inclusatildeo da aacuterea em outros projetos
A partir desta hierarquizaccedilatildeo inicia-se a identificaccedilatildeo de provaacuteveis fontes de captaccedilatildeo de
recursos para a execuccedilatildeo das intervenccedilotildees Estes recursos podem advir de programas dos
governos Federal e Estadual ou por meio de editais para captaccedilatildeo de recursos financeiros
tanto do setor puacuteblico como da iniciativa privada e podem ser tambeacutem associados agrave outras
Secretarias Municipais como a de Turismo ou Meio Ambiente e natildeo soacute as destinadas agrave
Defesa Civil (ALHEIROS 2006)
Eacute previsto tambeacutem no PMRR uma avaliaccedilatildeo da Defesa Civil municipal e como ela estaacute
estruturada fazendo inclusive sugestotildees para que sua atuaccedilatildeo esteja em consonacircncia com
a realidade das comunidades e da Administraccedilatildeo Puacuteblica do municiacutepio de forma a garantir
sua sustentabilidade e conquistar a credibilidade da populaccedilatildeo no que diz respeito a
prevenccedilatildeo de cataacutestrofes Para que a resposta a uma determinada situaccedilatildeo de risco seja
raacutepida eacute necessaacuterio a descentralizaccedilatildeo da Defesa Civil criando pequenos nuacutecleos
comunitaacuterios com a finalidade de se monitorar a aacuterea constantemente e promover as
intervenccedilotildees necessaacuterias em tempo haacutebil o que aumenta em muito a credibilidade da
populaccedilatildeo no PMRR e no trabalho desempenhado pela Defesa Civil no municiacutepio Apoacutes
esta etapa o PMRR passaraacute por audiecircncias puacuteblicas e posteriormente poderaacute ser aprovado
como Lei Municipal pelo Legislativo local (ALHEIROS 2006)
Com a realizaccedilatildeo deste plano o municiacutepio estaraacute munido de informaccedilotildees suficientes para
realizar accedilotildees efetivas de gestatildeo e gerenciamento de riscos bem como aliado a
levantamentos sociais realizar programas habitacionais que beneficiem prioritariamente
44
aos moradores das aacutereas de risco Aleacutem disso com o PMRR o municiacutepio poderaacute melhorar
a qualidade ambiental da populaccedilatildeo captando recursos para a recuperaccedilatildeo das aacutereas de
APP que foram degradadas pelas ocupaccedilotildees irregulares beneficiando todos os moradores
do municiacutepio com o aumento da qualidade de vida na cidade
A partir do disposto nesta seccedilatildeo acerca do Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos e de
uma maneira preliminar (levando-se em conta apenas o nuacutemero de registros de
alagamentos e deslizamentos na aacuterea urbana principal de Santos Dumont no periacuteodo de
1984 a 2014) identificou-se trecircs regiotildees distintas na aacuterea urbana do municiacutepio com
tempo de recorrecircncia desses eventos similares caracterizando trecircs prioridades de
intervenccedilatildeo em contenccedilatildeo de risco como pode ser visto nas figuras 515 e 516 Vale
ressaltar que eacute necessaacuterio um estudo mais detalhado inclusive com visitas teacutecnicas a
campo para que se confirme a real situaccedilatildeo destas e a real prioridade para investimentos
Figura 5 17 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de deslizamentos
Fonte Do Autor
45
Figura 5 18 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de alagamentos
Fonte Do Autor
46
6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees
A seguir apresenta-se as conclusotildees e as recomendaccedilotildees feitas a partir dos objetivos
especiacuteficos explicitados no iniacutecio deste trabalho
Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a
aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes
urbanos
A partir da revisatildeo da legislaccedilatildeo pertinente em acircmbito federal estadual e
municipal constatou-se que o Plano Diretor de Santos Dumont natildeo conflita com a
legislaccedilatildeo federal e estadual sobre Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente A legislaccedilatildeo
municipal foi entendida como mais conservadora que as federal e estadual uma
vez que considera implicitamente que declividades entre 47 e 100 satildeo
enquadradas como APPs aleacutem da faixa superior a 100
Parte consideraacutevel das ocupaccedilotildees em APP principalmente na regiatildeo do bairro
Santo Antocircnio (onde surgiu os primeiros nuacutecleos que deram origem ao municiacutepio)
e o centro da cidade ocorreram antes de que fosse elaborado qualquer legislaccedilatildeo
que versasse sobre o tema Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente bastando ao gestor
local tomar medidas de contenccedilatildeo de riscos que minimizem os impactos causados
por essas ocupaccedilotildees nessa regiatildeo
O ordenamento adequado do uso do solo no municiacutepio eacute necessaacuterio para que o
crescimento dos loteamentos criados anteriormente agrave esta Lei e o surgimento de
novos natildeo avance para Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente o que pode causar
inuacutemeros problemas aos moradores e agravar os jaacute existentes
Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las
com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)
As aacutereas onde houveram a maior quantidade de registros de deslizamentos satildeo os
bairros mais populosos de Santos Dumont podendo se estabelecer uma relaccedilatildeo
que quanto mais populoso o bairro maior a quantidade de problemas relacionados
a deslizamentos Tambeacutem pode-se notar uma relaccedilatildeo com as fronteiras das faixas
de declividades e os deslizamentos uma vez que boa parte deles aconteceram
nestas faixas
As aacutereas onde houve um grande nuacutemero de registros de alagamentos satildeo os bairros
que se desenvolveram agraves margens do Ribeiratildeo das Posses em especial na aacuterea que
47
compreende as APPs de curso hiacutedrico e em aacutereas onde a declividade eacute baixa Esse
fato aliado ao crescimento do nuacutemero de vias pavimentadas com material
impermeaacutevel e a natildeo expansatildeo e ou redimensionamento da rede de drenagem
urbana contribuiacuteram para a ocorrecircncia cada vez mais constante de alagamentos
nessas aacutereas
Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos
catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30
anos
A partir do levantamento histoacuterico realizado e da base de dados georeferenciada
gerada observou-se o aumento do nuacutemero de registros de deslizamentos e
alagamentos nos uacuteltimos 10 anos quando as ocorrecircncias comeccedilaram a se repetir
numa mesma aacuterea com frequecircncia incrementada as vezes com mais de uma
ocorrecircncia anual
Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do
solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental
Destaca-se a adequaccedilatildeo dos criteacuterios gerais estabelecidos pelo Plano Diretor de
Santos Dumont relativos a legislaccedilatildeo federal e estadual Entretanto o referido
Plano Diretor natildeo contempla todo o territoacuterio municipal sendo assim ele natildeo
cumpre o objetivo de proteger as APPs preservadas e recuperar as que foram
degradadas em todo o territoacuterio municipal Ressalta-se tambeacutem a sua natildeo
conformidade com o Estatuto das Cidades uma vez que o Plano Diretor
contempla apenas os novos loteamentos
Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais
negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea
impactada
Recomenda-se a implantaccedilatildeo no municiacutepio de uma Coordenadoria Municipal de
Defesa Civil atuante e integrada agraves Secretarias Municipais e agrave comunidade
visando uma atuaccedilatildeo eficaz nos problemas relacionados a deslizamentos e
alagamentos A elaboraccedilatildeo de um Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos eacute de
suma importacircncia pois atraveacutes dele pode-se predizer as aacutereas que passaratildeo por
problemas caso a expansatildeo aconteccedila ou se inicie uma ocupaccedilatildeo nova aleacutem de
prevenir acidentes nas aacutereas jaacute ocupadas e consideradas de risco
48
7 Anexos
49
71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont
50
51
72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)
52
53
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2001
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vegetaccedilatildeo nativa altera as Leis nos 6938 de 31 de agosto de 1981 9393 de 1 9 de
dezembro de 1996 e 11 428 de 22 de dezembro de 2006 revoga as Leis nos 4771 de
1 5 de setembro de 1965 e 7754 de 1 4 de abril de 1989 e a Medida Provisoacuteria no 21
66shy67 de 24 de agosto de 2001 e daacute outras providecircncias Brasiacutelia 2012
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Florianoacutepolis Centro Universitaacuterio de Estudos e Pesquisas sobre Desastres ndash CEPED
UFSC 2011
CEPED Planejamento Nacional para Gestatildeo de Risco Caderno Percebendo Riscos
Reduzindo Perdas UFSC Florianoacutepolis 2014
54
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e deslizamentos do setor leste da bacia hidrograacutefica do rio Itacorubi Florianoacutepolis-SC
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17
Figura 3 1 Vista parcial do Arraial de Joatildeo Gomes
Fonte Arquivo Histoacuterico de Santos Dumont-MG
Com a construccedilatildeo da Estrada de Ferro D Pedro II no final do seacuteculo XIX a regiatildeo teve
um consideraacutevel crescimento natildeo soacute populacional como tambeacutem econocircmico se tornando
a Vila Palmyra em 1889 Em 1890 Palmyra eacute elevada ao status de Municiacutepio (Figura 42)
e recebe um grande nuacutemero de melhorias no setor viaacuterio como a retificaccedilatildeo de ruas e
tambeacutem no setor de serviccedilos puacuteblicos como abastecimento de aacutegua iluminaccedilatildeo puacuteblica a
querosene e posteriormente energia eleacutetrica O desenvolvimento econocircmico na regiatildeo
tambeacutem teve seu momento aacuteureo nesse periacuteodo Induacutestrias de laticiacutenios graacuteficas e de
Carbureto de Caacutelcio fizeram parte do parque industrial de Palmyra o que atraiacutea pessoas
de outros lugares inclusive estrangeiros contribuindo para o aumento populacional da
regiatildeo Como ainda natildeo havia legislaccedilatildeo sobre uso e ocupaccedilatildeo do solo nessa eacutepoca
surgiram inuacutemeros loteamentos em aacutereas proacuteximas agrave rios e coacuterregos e tambeacutem em
encostas com declividade acentuada o que foi agravando o risco agrave medida que a ocupaccedilatildeo
aumentava (DAPPC2008)
18
Figura 3 2 Municiacutepio de Palmyra na deacutecada de 1920
Fonte Arquivo Histoacuterico de Santos Dumont-MG
O escoamento da produccedilatildeo industrial se dava pelo modal ferroviaacuterio setor que tambeacutem
movimentava a crescente cidade que era ponto importante no setor de transportes pois
possuiacutea um dos mais bem equipados depoacutesitos de locomotivas da Estrada de Ferro Central
do Brasil (DAPPC2008)
No ano de 1932 o municiacutepio de Palmyra passou a se chamar Santos Dumont (Figura 43)
em homenagem ao inventor do aviatildeo que nascera naquela cidade Nos uacuteltimos 40 anos
Santos Dumont tem experimentado uma acentuada desaceleraccedilatildeo econocircmica
consequecircncia do fechamento da grande maioria das induacutestrias principalmente as de
laticiacutenios que empregavam direta e indiretamente uma parte consideraacutevel da populaccedilatildeo
(DAPPC2008)
19
Figura 3 3 Municiacutepio de Santos Dumont em 2014
Fonte Arquivo do autor
332 Santos Dumont na atualidade
O municiacutepio de Santos Dumont localiza-se na regiatildeo da Zona da Mata mineira distante
cerca de 220 Km da capital Belo Horizonte e possui uma populaccedilatildeo de 47558 habitantes
(ODM 2015 projeccedilatildeo) numa aacuterea total de 637 kmsup2 Faz divisa com os municiacutepios de
Juiz de Fora Oliveira Fortes Bias Fortes Antocircnio Carlos Tabuleiro Piau e Ewbank da
Cacircmara
No que diz respeito agrave sua formaccedilatildeo fisiacuteco-geograacutefica a aacuterea que compreende o municiacutepio
eacute constituiacuteda predominantemente por Cambissolo Haacuteplico (70) com Latossolo
Vermelho-Amarelo (30) (UFV2010) A vegetaccedilatildeo eacute em sua maioria composta por
exemplares de Mata Atlacircntica De acordo com o IBGE(2015) Santos Dumont se localiza
a 839m de altitude O clima da regiatildeo eacute classificado como Tropical de Altitude (Cwb) e
possui uma temperatura meacutedia de 20ordmC Eacute banhado pela bacia hidrograacutefica do Paraiacuteba do
Sul e em sua maioria pertence agrave sub-bacia do Rio Pomba (IGAM) que fornece aacutegua para
abastecimento puacuteblico agrave 88 da populaccedilatildeo por meio da rede de distribuiccedilatildeo
(IBGE2010) Uma pequena parte da zona rural a sudoeste eacute banhada pela Sub-Bacia do
Rio Paraibuna mais precisamente na regiatildeo de fronteira com os municiacutepios de Juiz de
Fora e Ewbank da Cacircmara O sistema viaacuterio principal de acesso agrave cidade eacute a rodovia BR-
040 e a estrada de ferro Dom Pedro II atualmente utilizada somente para transporte de
cargas
Com a economia nos dias atuais baseada majoritariamente no setor de serviccedilos a cidade
possui um Iacutendice de Desenvolvimento humano (IDH) de 0741 (IBGE2010) Apesar do
decliacutenio econocircmico de Santos Dumont nota-se hoje um aumento no nuacutemero de
loteamentos populares e condomiacutenios horizontais e verticais entre outras edificaccedilotildees Eacute
de vital importacircncia que esse crescimento das ocupaccedilotildees seja ordenado e regulamentado
20
de forma a garantir a qualidade ambiental prevenindo deslizamentos e inundaccedilotildees Diante
dessa conjuntura o governo municipal aprovou em 2012 a Lei nordm 4241 que trata do Plano
Diretor Participativo instrumento baacutesico da poliacutetica de desenvolvimento e expansatildeo
urbana do municiacutepio de Santos Dumont
4 METODOLOGIA
41 Aacuterea de estudo
A regiatildeo dentro dos limites do municiacutepio que seraacute estudada neste trabalho eacute conforme
descrito nos anexos Plano Diretor e representada na figura 44 a aacuterea urbana principal
que possui 47 Kmsup2 e compreende a regiatildeo central da cidade e os bairros perifeacutericos regiatildeo
que concentra cerca de 90 da populaccedilatildeo total de Santos Dumont (IBGE 2015) A aacuterea
urbana principal representa 75 da aacuterea total dos 637 Kmsup2 que compreendem o
municiacutepio e eacute o local onde nos uacuteltimos 30 anos se verificou um maior crescimento
populacional e tambeacutem onde ocorre a maioria dos eventos relacionados a deslizamentos
e alagamentos por conta da ocupaccedilatildeo sem planejamento A figura 45 mostra a aacuterea
urbana principal e a localizaccedilatildeo dos bairros urbanos de Santos Dumont
Figura 4 1 Localizaccedilatildeo da aacuterea urbana principal
Fonte Google Earth
21
Figura 4 2 Mapa da aacuterea urbana principal com a localizaccedilatildeo dos bairros
Fonte Do Autor
42 Levantamento e tratamento dos dados
No desenvolvimento deste trabalho foi necessaacuterio se fazer um estudo detalhado sobre o
Plano Diretor de Santos Dumont principalmente dos seus anexos que compreendem os
mapas e a localizaccedilatildeo das aacutereas definidas pelo zoneamento proposto Para que isso fosse
possiacutevel a Secretaria Municipal de Obras e Serviccedilos Puacuteblicos forneceu todos os dados
secundaacuterios produto do estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor e do
zoneamento Estes dados incluem os arquivos Shapefile (shp) e outros documentos
integrantes do Plano Diretor Algumas informaccedilotildees foram complementadas tambeacutem com
dados adquiridos atraveacutes do site do IBGE e do Portal Objetivos do Milecircnio (ODM)
Os dados sobre as ocorrecircncias de deslizamentos e alagamentos foram obtidos atraveacutes da
Defesa Civil do municiacutepio atraveacutes do Sistema Integrado de Informaccedilotildees sobre Desastres
(S2ID) do Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional Tal sistema centraliza as informaccedilotildees sobre
desastres naturais ocorridos em todo o territoacuterio nacional facilitando a pesquisa sobre tais
eventos a qualquer cidadatildeo (BRASIL 2015)
Apesar do sistema ser bastante uacutetil os dados sobre o municiacutepio de Santos Dumont se
encontravam bastante falhos e escassos sendo necessaacuteria complementaccedilatildeo para que a
22
base de dados ficasse consistente Diante disso uma pesquisa atraveacutes dos arquivos do
Jornal Mensagem um jornal semanaacuterio local foi feita entre os anos de 1984 e 2014 e os
dados primaacuterios filtrados em uma planilha do Microsoft Excel para posterior utilizaccedilatildeo
De posse destes dados foi feita a localizaccedilatildeo em campo das coordenadas dos locais
atingidos por deslizamentos e alagamentos no periacuteodo compreendido pela pesquisa com
o auxiacutelio de um aparelho de GPS
A maioria dos arquivos shapefile utilizados para a confecccedilatildeo dos mapas satildeo parte
integrante dos anexos da Lei do Plano diretor do municiacutepio gerados no mecircs de dezembro
de 2011 pelo Instituto Nova Cidade e foram cedidos pela Secretaria Municipal de Obras
e Serviccedilos Puacuteblicos com Datum em UTM SAD 69 Com a finalidade de fornecer um
referenciamento atualizado e de acordo com os mais novos sistemas de coordenadas
utilizados no Brasil os arquivos foram convertidos para o Datum UTM SIRGAS 2000
que diferencia do SAD 69 pelo fato de ser um referencial geocecircntrico ou seja o centro
da Terra eacute o ponto de referecircncia neste sistema enquanto que o primeiro utiliza um
referencial na superfiacutecie da Terra (IBGE2014) Eacute interessante ressaltar tambeacutem que o
SIRGAS 2000 se tornou no ano de 2014 o sistema de coordenadas oficial do Sistema
Geodeacutesico Brasileiro e do Sistema Cartograacutefico Nacional ambos mantidos pelo IBGE A
combinaccedilatildeo dos shapefiles foi feita com o software livre gvSIG e com estas combinaccedilotildees
foram gerados mapas importantes resultados para a execuccedilatildeo deste trabalho A maioria
dos mapas representam a regiatildeo urbana principal de Santos Dumont e foram produzidos
numa escala em torno de 140000 que de acordo com Rocha (2007) eacute uma escala viaacutevel
pois as recomendaacuteveis para trabalhos de anaacutelise ambiental em niacutevel municipal podem ser
entre 150000 e 110000 Alguns mapas cujo detalhamento natildeo eacute necessaacuterio foram
gerados na escala 1100000
Para a geraccedilatildeo dos mapas aleacutem dos arquivos fornecidos pela Secretaria de Obras e
Serviccedilos Puacuteblicos foram utilizados para a geraccedilatildeo do modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE)
e da localizaccedilatildeo dos topos de morro dados gerados pelo sistema de radar Advanced
Spacebone Thermal Emission and Reflection Radiometer (ASTER) que geram as curvas
de niacutevel do terreno com uma resoluccedilatildeo de 30m (NASA2014) O processamento dessas
imagens foi feito pelo software livre gvSIG As imagens geradas pelos sateacutelites
LANDSAT foram adquiridas no site da United States Geological Survey (USGS) e essas
imagens possibilitaram obter um panorama preciso do uso do solo em toda a aacuterea urbana
de Santos Dumont numa resoluccedilatildeo de 15 metros uma vez que foi utilizada a banda
pancromaacutetica do sateacutelite LANDSAT 8 aleacutem da combinaccedilatildeo das bandas 65 e 4
respectivamente que eacute a combinaccedilatildeo recomendada pela mantenedora dos sateacutelites para
anaacutelises deste tipo
23
No que diz respeito a identificaccedilatildeo de APPs em topo de morro a metodologia de Oliveira
amp Fernandes Filho (2013) por utilizar as mesmas bases de dados ateacute entatildeo usadas neste
trabalho foi a mais indicada
A metodologia de anaacutelise dos mapas gerados eacute a proposta pelo professor Jorge Xavier da
Silva do Laboratoacuterio de Geoprocessamento (LAGEOP) da Universidade Federal do Rio
de Janeiro e citada por Rocha (2007) Tal metodologia analisa as variaacuteveis em questatildeo
presentes na aacuterea e permite avaliar as possibilidades de relaccedilotildees entre essas variaacuteveis De
uma maneira geral este meacutetodo verifica o estado atual da aacuterea em estudo bem como das
variaacuteveis gerando inventaacuterios que servem para a construccedilatildeo de dados planimeacutetricos sejam
com as variaacuteveis isoladas ou combinadas Estes dados planimeacutetricos geram assinaturas
que permitem inferir sobre a influecircncia dessas variaacuteveis De posse dos dados gerados pelo
processo anteriormente citado pode-se fazer algumas prospecccedilotildees sobre os riscos
ambientais que a aacuterea pode sofrer ou o seu potencial ambiental (ROCHA 2007)
5 RESULTADOS
51 Levantamento histoacuterico de alagamentos e
deslizamentos
O aumento da demanda pelo uso do solo na regiatildeo urbana de Santos Dumont
principalmente no tocante agrave formaccedilatildeo de novos loteamentos e condomiacutenios nos uacuteltimos
anos eacute consideraacutevel mas tambeacutem haacute de se observar o crescimento dos bairros jaacute existentes
com pouco ou nenhum ordenamento Em ambos os casos se observa ocupaccedilotildees
irregulares em APP o que tem ocasionado um aumento na frequecircncia de deslizamentos
e inundaccedilotildees Eacute evidente que quanto maior a densidade populacional do bairro maior a
quantidade de ocorrecircncias ao longo dos anos (SPERFELD 2009)
De acordo com as ocorrecircncias registradas pela Defesa Civil do municiacutepio obtidas atraveacutes
da literatura utilizada nos uacuteltimos 30 anos Santos Dumont chegou a decretar situaccedilatildeo de
emergecircncia por conta de desastres envolvendo deslizamentos eou alagamentos por duas
vezes num espaccedilo de 10 anos conforme pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho
(BRASIL 2014 CEPED 2011)
Segundo os dados obtidos atraveacutes de pesquisa nos arquivos do semanaacuterio entre os anos
de 1984 e 2014 pode-se verificar que nos uacuteltimos 20 anos a cidade tem experimentado
24
um aumento consideraacutevel nos eventos relacionados a deslizamentos e principalmente
alagamentos como pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho Isso pode ter sido causado
dentre outros fatores pelo aumento do nuacutemero de vias pavimentadas com material
impermeaacutevel o que tem sobrecarregado tanto a infraestrutura existente para drenagem
urbana como tambeacutem a calha dos cursos drsquoaacutegua que passam pela regiatildeo urbana do
municiacutepio (ZANON2013)
Na deacutecada de 1980 (1984-1990) de acordo com os dados obtidos natildeo foram noticiados
eventos consideraacuteveis relacionados a deslizamentos e alagamentos em Santos Dumont
mas isso natildeo exclui a possibilidade de natildeo ter ocorrido tais eventos em menor escala
Na deacutecada de 1990 aconteceram uma seacuterie de ocorrecircncias tanto de deslizamentos quanto
de alagamentos No ano de 1997 num periacuteodo chuvoso intenso aconteceram
deslizamentos consideraacuteveis em vaacuterios bairros da cidade inclusive com desabamento de
casas e de ruas principalmente nos bairros Nossa Senhora da Gloacuteria e Quarto Depoacutesito
Em 1999 ocorreram alguns pontos de alagamento nos bairros Quarto Depoacutesito e Santo
Antocircnio com grandes prejuiacutezos materiais
A deacutecada de 2000 iniciou com o registro de deslizamentos em vaacuterios bairros da cidade
inclusive com desabamento de casas e pontes e alagamentos em importantes vias do
centro da cidade Observa-se ao longo desse periacuteodo o crescimento nas ocorrecircncias de
deslizamentos e de aacutereas com risco de deslizamento em muitos bairros de Santos Dumont
Um dos fatores importantes para esse crescimento foi a grande expansatildeo sofrida pela
maioria dos bairros e a falta de planejamento e orientaccedilatildeo por parte da prefeitura uma
vez que uma boa parte do crescimento dos bairros da cidade ocorreu ou proacuteximo a cursos
drsquoaacutegua ou em aacutereas com declividade improacutepria para se fazer construccedilotildees O bairro
Coacuterrego do Ouro (Figura 51) foi o que mais sofreu com ocorrecircncias de deslizamentos
nesse periacuteodo enquanto o bairro Santo Antocircnio foi que teve mais ocorrecircncias de
alagamentos
25
Figura 5 1 Deslizamento no bairro Coacuterrego do Ouro
Fonte Portal Cabangu
No iniacutecio deacutecada de 2010 (2011-2014) o centro da cidade foi a regiatildeo que mais sofreu
com alagamentos sendo registrado pelo menos uma ocorrecircncia por ano nessa aacuterea (Figura
52) Isso pode ser relacionado dentre outros fatores com as obras de modificaccedilatildeo do
tipo de pavimentaccedilatildeo das estradas por um material impermeaacutevel gerando uma sobrecarga
nos sistemas de drenagem urbana que foram projetados para um tipo de pavimento mais
permeaacutevel implicando tambeacutem na sobrecarga calha do Ribeiratildeo das Posses o principal
curso drsquoaacutegua que corta o centro da cidade e que se encontra em quase sua totalidade
ocupada em ambas as margens que cortam o centro da cidade
26
Figura 5 2 Alagamento na regiatildeo central de Santos Dumont em 2013
Fonte Portal Cabangu
Quanto agraves ocorrecircncias de deslizamento ao longo da referida deacutecada elas estiveram
espalhadas pelos bairros do municiacutepio tendo um maior nuacutemero de ocorrecircncias nos bairros
Santo Antocircnio Nossa Senhora da Gloacuteria e Aacutegua Espraiada Nos dois primeiros bairros
citados as ocorrecircncias podem ter sido ocasionadas pelo crescimento desordenado e sem
planejamento destes e no terceiro as ocorrecircncias satildeo relacionadas ao processo de
assoreamento do Ribeiratildeo das Posses o que pode ter gerado um aumento da velocidade
desse curso drsquoaacutegua causando problemas decorrentes do transporte de sedimentos da aacuterea
onde as casas foram construiacutedas que teve como consequecircncia os deslizamentos
Em resumo como pode ser observado nas figuras 53 e 54 na tabela 51 no periacuteodo de
1984 a 2014 os bairros mais afetados por alagamentos e deslizamentos satildeo Quarto
Depoacutesito Nossa Senhora da Gloacuteria Santo Antocircnio Coacuterrego do Ouro Antocircnio Afonso
Graminha e Vila Esperanccedila sendo que o bairro Coacuterrego do Ouro possui o maior nuacutemero
de ocorrecircncias de deslizamentos e o centro da cidade possui o maior nuacutemero de
ocorrecircncias de alagamentos no periacuteodo pesquisado Vale destacar que a aacuterea propiacutecia a
alagamentos no bairro Antocircnio Afonso natildeo identificada no estudo realizado pela
prefeitura constitui-se efetivamente numa aacuterea de risco conforme levantamento histoacuterico
realizado Esta aacuterea de risco se deve agrave diferenccedila de niacutevel negativa entre o rio Pinho e a
aacuterea do bairro estando este em desniacutevel com um risco iminente de inundaccedilotildees resultantes
da cheia desse curso drsquoaacutegua causando inuacutemeros transtornos aos moradores do local
27
Figura 5 3 Pontos de Alagamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico
Fonte Do autor
Figura 5 4 Pontos de deslizamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico
Fonte Do autor
28
Tabela 51 Ocorrecircncias de alagamentos e deslizamentos obtidos atraveacutes do
levantamento histoacuterico
Pontos de ocorrecircncia (1984-2014)
Bairros Alagamento Deslizamento
Aacutegua Espraiada 1 1
Antocircnio Afonso 1 0
Barra 0 1
Centro 7 1
Coacuterrego do Ouro 1 7
Flores 0 1
Graminha 1 0
Jardim Jaraguaacute 0 1
N Sra da Gloacuteria 0 4
N Sra das Graccedilas 1 0
Quarto Depoacutesito 3 2
Santo Antocircnio 4 2
Satildeo Sebastiatildeo 0 1
Vila Esperanccedila 0 1
Fonte Do autor
De acordo com o estudo realizado na elaboraccedilatildeo do Plano Diretor pela prefeitura
municipal observa-se que os bairros que possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a
deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do Ouro e Vila Esperanccedila enquanto que os que
possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a alagamento satildeo o Centro da cidade e os
bairros Satildeo Sebastiatildeo Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio por estarem agraves margens do
Ribeiratildeo das Posses um curso drsquoaacutegua que sofre com inundaccedilotildees perioacutedicas devido ao
severo assoreamento em algumas regiotildees e tambeacutem devido ao acuacutemulo de lixo descartado
pelos moradores do entorno irregularmente De acordo com o estudo realizado quando da
elaboraccedilatildeo do Plano Diretor do municiacutepio foram feitos estudos sobre as aacutereas propensas
a deslizamentos e alagamentos na regiatildeo urbana principal Tais aacutereas satildeo as destacadas
nas Figuras 55 e 56 No levantamento histoacuterico realizado pode-se identificar que os
bairros que possuem mais aacutereas propensas a deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do
Ouro Nossa Senhora da Gloacuteria Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio enquanto que os bairros
mais propensos a alagamentos satildeo os bairros Centro Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio
como observado na tabela 51
29
Figura 5 5 Aacutereas propensas a deslizamento de acordo com o Plano Diretor de
Santos Dumont
Fonte Google Earth e Lei 42412012
Figura 5 6 Aacutereas propensas a alagamento de acordo com o Plano Diretor de
Santos Dumont
Fonte Google Earth e Lei 42412012
30
Comparando-se os mapas obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico com o mapa gerado
pelo estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor nota-se que haacute semelhanccedilas em
algumas aacutereas mas ao se levar em conta o produto gerado pela pesquisa histoacuterica o
estudo necessitaria ser complementado haja vista que ele natildeo compreende por exemplo
o ponto de alagamento no bairro Antocircnio Afonso citado anteriormente e alguns pontos de
deslizamento importantes uma vez que satildeo regiotildees onde haacute ocupaccedilatildeo Esse fato evidencia
a necessidade de se buscar vaacuterias fontes primaacuterias e secundaacuterias para se detectar aacutereas de
risco em um municiacutepio incluindo arquivos da imprensa local afim de se produzir uma
base de dados consistente e com o menor nuacutemero de falhas possiacutevel (CEPED 2014) Com
a uniatildeo dos dois estudos foram gerados os mapas apresentados nas Figuras 57 e 58
Aleacutem do mais observando as figuras 57 e 58 pode-se notar que uma boa parte tanto dos
casos de alagamento quanto de deslizamento estatildeo na faixa de APP de curso hiacutedrico o
que ilustra a importacircncia da preservaccedilatildeo destas aacutereas
Figura 5 7 Aacutereas propensas a alagamento do estudo do Plano Diretor
complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento
Fonte Do Autor
31
Figura 5 8 Aacutereas propensas a deslizamento do estudo do Plano Diretor
complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento
Fonte Do Autor
Atraveacutes da combinaccedilatildeo entre estes dois levantamentos procurou-se alimentar a base de
dados e garantir uma consistecircncia maior desta no que diz respeito a aacutereas de deslizamento
e alagamento podendo inclusive se identificar a suscetibilidade de uma determinada
regiatildeo da cidade a um ou outro evento (CEPED2014)
512 O Plano diretor e as APPs
Nos uacuteltimos anos o Brasil experimentou um forte fenocircmeno de migraccedilatildeo do campo para
as aacutereas urbanas De acordo com o IBGE no periacuteodo de 1940 a 2000 houve um aumento
de cerca de 60 do nuacutemero de pessoas que vivem em cidades (SILVA JR 2006) O
processo de planejamento e ordenamento do uso do solo nessas aacutereas deveria ter
acompanhado esse crescimento ao longo dos anos a fim de garantir a qualidade de vida e
a seguranccedila dos migrantes ao se instalarem nas cidades o que natildeo ocorreu e o que se
observa atualmente satildeo ocupaccedilotildees em aacutereas improacuteprias para moradia sem a infraestrutura
baacutesica necessaacuteria e com risco iminente de deslizamentos eou inundaccedilotildees
O Plano Diretor do municiacutepio de Santos Dumont em seu capiacutetulo IV que versa sobre o
uso e ocupaccedilatildeo do solo explicita regras para o ordenamento do territoacuterio que compreende
o municiacutepio com base nos diferentes usos do solo de acordo com sua compatibilidade o
32
que acabou por resultar num zoneamento de todo o municiacutepio em macrozonas conforme
citado na seccedilatildeo 3231 de acordo com os usos atuais e futuros do solo Aleacutem de dividir
estas macrozonas em urbanas e rurais tambeacutem avaliou e classificou estas aacutereas com base
numa seacuterie de fatores ambientais geoloacutegicos culturais e sociais de forma a se fazer um
zoneamento coerente com os atuais usos do solo e seu potencial de uso futuro Apresenta-
se na Figura 59 este zoneamento na aacuterea urbana principal de Santos Dumont
Figura 5 9 Zoneamento urbano da aacuterea urbana principal
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Lei 42412012
Tomando como referecircncia o Novo Coacutedigo Florestal brasileiro em especial os paracircmetros
estabelecidos para a definiccedilatildeo de APP e utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento
atraveacutes do software Vista SAGA relacionou-se as APPs existentes na aacuterea em estudo com
as regiotildees propiacutecias a alagamentos e deslizamentos de acordo com o estudo feito quando
da elaboraccedilatildeo do Plano Diretor afim de se identificar qual ou quais aacutereas possuem estes
problemas e se estatildeo relacionados com o uso do solo irregular em APP
Ao se aplicar a metodologia proposta por Oliveira amp Fernandes Filho (2013) natildeo foram
identificadas dentro da aacuterea de estudo APPs de topos de morro sendo este tipo de APP
descartada portanto das anaacutelises subsequentes deste trabalho Foram consideradas as
APP de curso hiacutedrico (rios e nascentes) e de declividade visando relacionaacute-las as aacutereas
de risco identificadas pela Prefeitura afim de se verificar as possiacuteveis causas da ocorrecircncia
33
destas aacutereas na regiatildeo urbana do municiacutepio Por meio de combinaccedilotildees entre dois mapas
temaacuteticos utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento foi possiacutevel obter as
assinaturas ou seja tabelas que caracterizam quantitativamente a aacuterea afetada por cada
aspecto visto que a simples visualizaccedilatildeo do mapa gerado pelo geoprocessamento muitas
vezes eacute prejudicada por serem aacutereas de pequenas dimensotildees ou por qualquer outra
limitaccedilatildeo do software Ressalta-se que para a elaboraccedilatildeo do Plano Municipal de Reduccedilatildeo
de riscos a identificaccedilatildeo e detalhamento topograacutefico destas aacutereas eacute fundamental para o
desenvolvimento do referido Plano conforme seraacute abordado detalhadamente na seccedilatildeo
52
De posse do mapa que representa o zoneamento urbano de Santos Dumont primeiramente
procurou-se mensurar qualitativa e quantitativamente a presenccedila de APPs tanto de
declividade quanto de cursos hiacutedricos Essa identificaccedilatildeo eacute importante pois este
zoneamento eacute um dos instrumentos de planejamento municipal (BRASIL 2001) Saboya
(2007) aponta que os principais objetivos de um zoneamento satildeo o controle da expansatildeo
urbana e proteccedilatildeo de aacutereas inadequadas a ocupaccedilatildeo aleacutem de reduzir os conflitos inerentes
aos diferentes usos do solo Com o uso da ferramenta ldquoCombinarrdquo do Vista SAGA foram
feitas combinaccedilotildees entre o mapa de hidrografia com buffer de 30m para rios e coacuterregos e
de 50m para nascentes com o mapa do zoneamento para se verificar a importacircncia das
APPs de curso hiacutedrico em toda a aacuterea urbana principal do municiacutepio Tambeacutem foram
combinados o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) obtido atraveacutes do gvSIG com o mapa
de zoneamento afim de se verificar quantitativamente as APPs de declividade e onde se
localizam Vale ressaltar que as declividades entre 30 e 47 estatildeo presentes nesta
combinaccedilatildeo pois de acordo com o Plano Diretor de Santos Dumont terrenos com esta
faixa de declividade para fins de parcelamento devem possuir estudo teacutecnico que ateste
a viabilidade de se promover algum empreendimento imobiliaacuterio neste (SANTOS
DUMONT 2012) Como a legislaccedilatildeo municipal prevecirc estudo somente para a faixa de
declividade descrita anteriormente para fins de anaacutelise neste trabalho consideramos um
valor mais conservador para APP compreendendo a faixa de 47 a 100 aleacutem da
prevista pela legislaccedilatildeo federal (gt100) para que natildeo houvessem lacunas importantes na
geraccedilatildeo do produto
Apresenta-se na Figura 510 aacutereas com declividades consideradas de risco e consideradas
APP e em qual zona de planejamento elas estatildeo inseridas De um modo geral ao se
observar a Tabela 52 nota-se que a aacuterea que compreende declividades de risco e APP eacute
uma pequena parcela da aacuterea urbana principal representando 061 desta aacuterea Ao se
levar em conta somente a localizaccedilatildeo pode-se verificar que cerca de 84 das aacutereas com
declividade de risco e a totalidade das APPs de declividade estatildeo localizadas na ZAC1
zona que compreende a maior parte do municiacutepio e apesar de possuir infraestrutura baacutesica
para a ocupaccedilatildeo esta eacute restrita Sendo assim o fator declividade deve ser visto com cautela
nesta aacuterea para se evitar transtornos advindos de edificaccedilotildees nestas aacutereas
34
Figura 5 10 Combinaccedilatildeo entre as declividades importantes incluindo as APPs e o
zoneamento urbano
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Do autor
Tabela 52 Assinaturas da combinaccedilatildeo Declividade x Zoneamento
Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea
Natildeo APP 457972 9939
Declividade 30-47 em ZAC1 2368 051
Declividade 30-47 em ZE 284 006
Declividade 30-47 em ZAC2 128 003
Declividade 30-47 em ZPA 004 0001
APP Declividade em ZAC1 048 001
Total 460804 100
Fonte Do autor
Apresenta-se na Figura 511 as APPs de curso hiacutedrico (nascentes e rios) e em qual zona
de planejamento estatildeo localizadas Assim como a declividade a maior parte das APPs de
curso hiacutedrico estatildeo localizadas em ZAC1 representando 383 da aacuterea urbana em estudo
e 51 do total das APPs de curso hiacutedrico Esta questatildeo tambeacutem deve ser vista com
bastante criteacuterio pelos gestores locais uma vez que a ocupaccedilatildeo em faixas proacuteximas de
rios e coacuterregos podem causar uma gama de problemas ambientais e sociais na regiatildeo
(SANTANA2011) Tal cuidado tambeacutem deve ser tomado nas APPs compreendidas na
35
ZAC2 que compreende 001 da Aacuterea urbana principal e 14 do total das APPs de curso
hiacutedrico pois a infraestrutura baacutesica e acessibilidade presente nesta zona eacute precaacuteria e a
ocupaccedilatildeo as margens de cursos hiacutedricos pode gerar problemas seacuterios caso ocorra uma
expansatildeo nestas aacutereas
Figura 511 Combinaccedilatildeo entre APP de curso hiacutedrico e as zonas de planejamento
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Do autor
Outro ponto importante eacute a presenccedila da Zona de Proteccedilatildeo Ambiental (ZPA) no entorno
uma consideraacutevel parte dos cursos hiacutedricos Nesta zona estatildeo presentes 28 das APPs de
curso hiacutedrico e esta zona de acordo com o Plano Diretor deve ser restaurada ou
preservada por suas caracteriacutesticas geoloacutegicas topograacuteficas e bioloacutegicas
Afim de se verificar os usos do solo na regiatildeo em estudo foram utilizadas combinaccedilotildees
de imagens advindas do sateacutelite Landsat 8 nas bandas descritas no capiacutetulo 4 aleacutem da
banda pancromaacutetica O resultado eacute apresentado na figura 512 que mostra os principais
usos do solo na aacuterea urbana principal de Santos Dumont
36
Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x Zoneamento
Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea
Hidrografia 11168 239
Aacuterea Urbana Natildeo APP 421004 9008
APP Curso hiacutedrico em ZAC1 179 383
APP Curso hiacutedrico em ZPA 9776 209
APP Curso hiacutedrico em ZE 184 004
APP Curso hiacutedrico em ZA 1192 026
APP Curso hiacutedrico em ZAC2 5124 110
APP Curso hiacutedrico em ZPPH 248 005
APP Curso hiacutedrico em ZEIS 568 012
APP Curso hiacutedrico em ZCA 228 005
Total 467392 10000
Fonte Do autor
Figura 5 12 Mapa de usos do solo da aacuterea urbana principal de Santos Dumont
Fonte Do autor
Como jaacute era previsto a maior parte da aacuterea urbana se encontra ocupada e eacute nesta regiatildeo
ocupada que se observa a maior concentraccedilatildeo de problemas de deslizamentos e
alagamentos (Figuras 513 e 514) A grande ocupaccedilatildeo em aacutereas consideradas APP de
curso hiacutedrico de acordo com os mapas gerados pode ser a principal causa do aumento a
cada ano dos casos de alagamento principalmente na regiatildeo central da cidade Outro ponto
que se deve atentar eacute a existecircncia de uma consideraacutevel aacuterea de pastagem pouco vegetada
que caso estejam em aacutereas elevadas pode contribuir para deslizamentos e agraves margens de
37
rios e coacuterregos para o assoreamento destes corpos hiacutedricos o que pode causar
alagamentos (INAacuteCIO etal 2007)
Diante destes resultados pode-se ver que a cidade de Santos Dumont necessita alternativas
efetiva no que diz respeito agrave contenccedilatildeo de deslizamentos e a reduccedilatildeo de risco de
alagamento pois as aacutereas em que ocorrem tais eventos satildeo distintas e facilmente definidas
devido agrave repeticcedilatildeo destes nos uacuteltimos anos Um plano de accedilatildeo integrado entre as diferentes
secretarias municipais (Obras Meio Ambiente Assistecircncia Social entre outras) e a
Coordenadoria Municipal de Defesa Civil deve ser realizado afim de se tomar medidas
natildeo mais preventivas mas sim preditivas para que se possa conter o avanccedilo destes
problemas na aacuterea urbana principal bem como em toda a aacuterea do municiacutepio
Figura 5 13 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na aacuterea urbana
principal
Fonte Do autor
38
Figura 5 14 Aacutereas sujeitas a alagamento e os principais usos do solo na aacuterea
urbana principal
Fonte Do autor
Ao se associar os dados do estudo do Plano Diretor com os dados do levantamento
histoacuterico realizado com o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) pode-se notar que as aacutereas
propiacutecias a deslizamento estatildeo em regiotildees as quais haacute uma fronteira de declividades ou
seja eacute evidente que os deslizamentos ocorrem em encostas um pouco mais iacutengremes mas
natildeo necessariamente nas encostas de 30-47 as quais exigem estudo teacutecnico conforme o
plano diretor preconiza Quanto aos alagamentos nota-se que eles se localizam nas aacutereas
com menor ou nenhuma declividade podendo ser estas aacutereas talvez componentes da
planiacutecie de inundaccedilatildeo dos rios Estes resultados podem ser vistos nas figuras 515 e 516
a seguir
39
Figura5 15 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a deslizamentos na
regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
Fonte Lei 42412012 e Autor
Figura5 26 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a alagamentos na
regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
Fonte Lei 42412012 e Autor
40
52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis
O processo de ocupaccedilatildeo no municiacutepio de Santos Dumont comeccedilou muito antes de
qualquer legislaccedilatildeo relacionada a ordenamento urbano e de proteccedilatildeo do meio ambiente
fosse implementado no Brasil Esse fato aliado a poliacuteticas e fiscalizaccedilotildees falhas
contribuiacuteram para a ocupaccedilatildeo e expansatildeo da aacuterea urbana ao longo do Ribeiratildeo das Posses
e seus afluentes o que tem gerado o aumento da degradaccedilatildeo destes corpos hiacutedricos ao
longo de todos estes anos Observa-se tambeacutem que nas uacuteltimas deacutecadas ocorreu um
grande nuacutemero de migraccedilotildees do campo para a regiatildeo urbana da cidade fator que
contribuiu para o crescimento do nuacutemero de habitaccedilotildees em aacutereas de risco de deslizamento
e alagamentos por serem na maioria das vezes terrenos menos valorizados e por este
motivo acessiacuteveis a populaccedilatildeo com menor poder aquisitivo (ROSA amp CORTEZ 2008)
Vale ressaltar que esta questatildeo aleacutem de ser ambiental eacute muito mais social pois os
moradores entendem os riscos de se viver nestes locais mas por motivos econocircmicos ou
por questotildees afetivas natildeo abrem matildeo da moradia nessas aacutereas A Constituiccedilatildeo Federal de
1988 promoveu a inter-relaccedilatildeo das questotildees sociais com as questotildees ambientais quando
colocou o meio ambiente como direito coletivo (BRASIL1988 SOUZA2010) Por este
motivo a decisatildeo por medidas draacutesticas que favoreccedilam apenas agrave preservaccedilatildeo do meio
ambiente natildeo eacute recomendada pois aleacutem de ser inconstitucional podem afetar a
sustentabilidade econocircmica do municiacutepio e gerar conflitos sociais consideraacuteveis
(CARLOS 1992 apud SOUZA 2010)
Segundo Bueno (2009) ldquonem tudo o que eacute irregular eacute precaacuteriordquo Esse fato se observa em
Santos Dumont uma vez que em boa parte da regiatildeo central se observa vaacuterias moradias
construiacutedas na faixa de APP de curso hiacutedrico o que natildeo eacute permitido pela legislaccedilatildeo
vigente e eacute um dos fatores que contribui para a ocorrecircncia de alagamentos nesta aacuterea da
cidade Para a resoluccedilatildeo deste problema o que seria mais viaacutevel seria a melhoria da
infraestrutura de drenagem urbana afim de que o escoamento da aacutegua das chuvas natildeo
sobrecarregasse o sistema (BUENO2009) A construccedilatildeo de bacias de contenccedilatildeo de
cheias ao longo do Ribeiratildeo das Posses tambeacutem seria uma alternativa mas para se verificar
a viabilidade necessita-se estudos mais aprofundados do ponto de vista hidroloacutegico
O grande problema a ser solucionado no entanto eacute o que diz respeito agraves aacutereas de risco
de deslizamento majoritariamente nos bairros A melhor alternativa seria o
remanejamento dos moradores para uma aacuterea proacutexima agrave que moram poreacutem longe do
risco Poreacutem esta alternativa de acordo com Rosa Filho amp Cortez (2008) encontra alguns
entraves pois estas pessoas na maioria das vezes natildeo tecircm condiccedilotildees financeiras de irem
para outro lugar ou pagar aluguel ou estatildeo de alguma forma sentimentalmente ligadas
agravequela regiatildeo que se recusam a deixaacute-lo
41
Por parte dos oacutergatildeos competentes no municiacutepio a criaccedilatildeo de um plano para se evitar
acidentes ocasionados por deslizamentos e alagamentos com um mapeamento detalhado
de toda a extensatildeo do municiacutepio eacute extremamente uacutetil Os estudos que seratildeo feitos para a
elaboraccedilatildeo deste plano poderatildeo definir quais as aacutereas satildeo potencialmente de risco para as
ocupaccedilotildees existentes ou para as potenciais ocupaccedilotildees que possam vir a ocorrer atraveacutes do
mapeamento das aacutereas de risco Tal planejamento seraacute auxiliar ao Plano Diretor
Municipal pois definiraacute o real uso do solo de determinada regiatildeo do municiacutepio
contribuindo para a adequaccedilatildeo do uso e ocupaccedilatildeo do solo afim de evitar ou reduzir o
nuacutemero de problemas relacionados a alagamentos e principalmente deslizamentos no
periacutemetro urbano (TOMINAGA 2009) A partir deste plano os gestores locais poderatildeo
tomar a melhor decisatildeo para a prevenccedilatildeo ou reduccedilatildeo dos riscos inerentes a tais problemas
Na seccedilatildeo 521 seraacute hierarquizado de forma preliminar a aacuterea urbana principal de acordo
com os resultados da tabela 51
521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta
O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos (PMRR) foi criado atraveacutes de accedilotildees
regularizadoras do Ministeacuterio das Cidades para ser o instrumento de gestatildeo e
gerenciamento de aacutereas de risco em um municiacutepio Eacute um documento que aleacutem de
estabelecer quais regiotildees satildeo consideradas de risco tambeacutem objetiva a proposta de
medidas estruturais ou natildeo para contenccedilatildeo eou prevenccedilatildeo de cataacutestrofes aleacutem de ser um
meio de captaccedilatildeo de recursos financeiros junto aos Governos Estadual e Federal Estes
recursos poderatildeo ser utilizados para a realizaccedilatildeo de obras que visem a melhoria da
qualidade de vida da populaccedilatildeo do entorno ou de recuperaccedilatildeo da aacuterea degradada Este
plano eacute realizado de forma participativa com as comunidades das aacutereas de risco e pode
ser realizado em sete fases conforme recomenda o Ministeacuterio das Cidades (ALHEIROS
2006)
O primeiro passo para a realizaccedilatildeo do PMRR eacute definir qual a metodologia seraacute empregada
levando-se em consideraccedilatildeo a realidade atual do municiacutepio e especificar de forma sucinta
um cronograma das atividades Eacute importante nesta fase a participaccedilatildeo tambeacutem dos
responsaacuteveis pelas mais variadas Secretarias Municipais afim de explicitar o tamanho da
importacircncia e o caraacuteter integrador deste plano A segunda fase deste plano objetiva a
criaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo da principal base de dados a ser utilizada nos passos posteriores o
mapeamento de risco em escala detalhe em torno de 13000 (SAtildeO PAULO 2014) A
elaboraccedilatildeo de um mapeamento detalhado propiciaraacute natildeo soacute a identificaccedilatildeo mais faacutecil das
aacutereas de risco como tambeacutem facilitaraacute aos gestores e agrave comunidade decidirem qual a
melhor intervenccedilatildeo para a soluccedilatildeo ou remediaccedilatildeo dos problemas em uma determinada
42
aacuterea hierarquizando o risco e definindo prioridades (SAtildeO PAULO 2014) Na tabela a
seguir apresenta-se alguns tipos de intervenccedilotildees que podem ser feitas em aacutereas de risco
sugeridas pelo Ministeacuterio das cidades (ALHEIROS 2006)
Quadro 5 1 - Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco
Tipo de intervenccedilatildeo Descriccedilatildeo
Serviccedilos de limpeza e Recuperaccedilatildeo
Remoccedilatildeo de entulho lixo etc
corte de aacutervores
remoccedilatildeo de bananeiras
recuperaccedilatildeo eou limpeza de sistemas de
drenagem esgotos e acessos
Limpeza de canais de drenagem
Proteccedilatildeo Vegetal
Proteccedilatildeo superficial vegetal (gramiacuteneas) em
taludes com solo exposto
Proteccedilatildeo vegetal de margens de canais de
drenagem
Barreiras vegetais para massas escorregadas
ou acumuladas pela erosatildeo
Drenagem Superficial e Acessos
Sistema de drenagem superficial (canaletas
raacutepidos caixas de transiccedilatildeo escadas drsquoaacutegua)
Acessos para pedestres (escadarias rampas
etc) integrados ao sistema de drenagem
Revestimento de Taludes Revestimento com materiais artificiais
cimentado cal-jet tela argamassada alvenaria
de tijolos ceracircmicos solo-cimento ensacado
Desmonte de blocos e matacotildees Desmonte de concreccedilotildees de grande porte
blocos rochosos e matacotildees
Obras de drenagem de subsuperfiacutecie Sistema de drenagem de subsuperfiacutecie
(trincheiras drenantes DHP poccedilos de
rebaixamento)
Estruturas de contenccedilatildeo (localizadas)
Muros de contenccedilatildeo de pequeno porte (solo-
cimento ensacado alvenaria de pedra-rachatildeo
concreto armado)
Estruturas de contenccedilatildeo localizadas
(chumbadores tirantes microestacas)
Contenccedilatildeo e proteccedilatildeo de margens de canais (
gabiotildees muros de concreto etc)
Estruturas de contenccedilatildeo (meacutedio e grande porte) Implantaccedilatildeo de estruturas de contenccedilatildeo de
meacutedio e grande porte envolvendo obras de
contenccedilatildeo passivas e ativas (muros de
gravidade cortinas etc)
Terraplanagem Execuccedilatildeo de serviccedilos de terraplanagem
combinados a obras de drenagem superficial e
proteccedilatildeo vegetal desvio e canalizaccedilatildeo de
coacuterregos
Remoccedilatildeo de moradias Remoccedilotildees definitivas para implantaccedilatildeo de
obras ou devido agrave localizaccedilatildeo improacutepria da
edificaccedilatildeo (Priorizar as relocaccedilotildees dentro da
proacutepria aacuterea em local seguro)
Fonte ALHEIROS 2006
43
Escolhidas as formas de intervenccedilatildeo para cada aacuterea eacute necessaacuterio realizar uma estimativa
dos custos afim de preparar o orccedilamento da prefeitura para a realizaccedilatildeo das obras e se
seraacute necessaacuterio a captaccedilatildeo de recursos externos para a execuccedilatildeo destas Feitas as
estimativas de custo o proacuteximo passo eacute definir as prioridades e para esta fase eacute tambeacutem
uacutetil o mapeamento feito nas etapas anteriores pois seraacute necessaacuterio hierarquizar tais
intervenccedilotildees nas aacutereas de risco O Ministeacuterio das Cidades (2007) sugere alguns criteacuterios
que podem ser avaliados pelo gestor dentre eles pode-se citar
Grau de risco
Populaccedilatildeo beneficiada
Custo da intervenccedilatildeo
Dimensatildeo da aacuterea a ser tratada
Demandas anteriores da populaccedilatildeo
Tempo de ocupaccedilatildeo
Viabilidade teacutecnica da intervenccedilatildeo
Viabilidade financeira
Inclusatildeo da aacuterea em outros projetos
A partir desta hierarquizaccedilatildeo inicia-se a identificaccedilatildeo de provaacuteveis fontes de captaccedilatildeo de
recursos para a execuccedilatildeo das intervenccedilotildees Estes recursos podem advir de programas dos
governos Federal e Estadual ou por meio de editais para captaccedilatildeo de recursos financeiros
tanto do setor puacuteblico como da iniciativa privada e podem ser tambeacutem associados agrave outras
Secretarias Municipais como a de Turismo ou Meio Ambiente e natildeo soacute as destinadas agrave
Defesa Civil (ALHEIROS 2006)
Eacute previsto tambeacutem no PMRR uma avaliaccedilatildeo da Defesa Civil municipal e como ela estaacute
estruturada fazendo inclusive sugestotildees para que sua atuaccedilatildeo esteja em consonacircncia com
a realidade das comunidades e da Administraccedilatildeo Puacuteblica do municiacutepio de forma a garantir
sua sustentabilidade e conquistar a credibilidade da populaccedilatildeo no que diz respeito a
prevenccedilatildeo de cataacutestrofes Para que a resposta a uma determinada situaccedilatildeo de risco seja
raacutepida eacute necessaacuterio a descentralizaccedilatildeo da Defesa Civil criando pequenos nuacutecleos
comunitaacuterios com a finalidade de se monitorar a aacuterea constantemente e promover as
intervenccedilotildees necessaacuterias em tempo haacutebil o que aumenta em muito a credibilidade da
populaccedilatildeo no PMRR e no trabalho desempenhado pela Defesa Civil no municiacutepio Apoacutes
esta etapa o PMRR passaraacute por audiecircncias puacuteblicas e posteriormente poderaacute ser aprovado
como Lei Municipal pelo Legislativo local (ALHEIROS 2006)
Com a realizaccedilatildeo deste plano o municiacutepio estaraacute munido de informaccedilotildees suficientes para
realizar accedilotildees efetivas de gestatildeo e gerenciamento de riscos bem como aliado a
levantamentos sociais realizar programas habitacionais que beneficiem prioritariamente
44
aos moradores das aacutereas de risco Aleacutem disso com o PMRR o municiacutepio poderaacute melhorar
a qualidade ambiental da populaccedilatildeo captando recursos para a recuperaccedilatildeo das aacutereas de
APP que foram degradadas pelas ocupaccedilotildees irregulares beneficiando todos os moradores
do municiacutepio com o aumento da qualidade de vida na cidade
A partir do disposto nesta seccedilatildeo acerca do Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos e de
uma maneira preliminar (levando-se em conta apenas o nuacutemero de registros de
alagamentos e deslizamentos na aacuterea urbana principal de Santos Dumont no periacuteodo de
1984 a 2014) identificou-se trecircs regiotildees distintas na aacuterea urbana do municiacutepio com
tempo de recorrecircncia desses eventos similares caracterizando trecircs prioridades de
intervenccedilatildeo em contenccedilatildeo de risco como pode ser visto nas figuras 515 e 516 Vale
ressaltar que eacute necessaacuterio um estudo mais detalhado inclusive com visitas teacutecnicas a
campo para que se confirme a real situaccedilatildeo destas e a real prioridade para investimentos
Figura 5 17 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de deslizamentos
Fonte Do Autor
45
Figura 5 18 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de alagamentos
Fonte Do Autor
46
6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees
A seguir apresenta-se as conclusotildees e as recomendaccedilotildees feitas a partir dos objetivos
especiacuteficos explicitados no iniacutecio deste trabalho
Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a
aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes
urbanos
A partir da revisatildeo da legislaccedilatildeo pertinente em acircmbito federal estadual e
municipal constatou-se que o Plano Diretor de Santos Dumont natildeo conflita com a
legislaccedilatildeo federal e estadual sobre Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente A legislaccedilatildeo
municipal foi entendida como mais conservadora que as federal e estadual uma
vez que considera implicitamente que declividades entre 47 e 100 satildeo
enquadradas como APPs aleacutem da faixa superior a 100
Parte consideraacutevel das ocupaccedilotildees em APP principalmente na regiatildeo do bairro
Santo Antocircnio (onde surgiu os primeiros nuacutecleos que deram origem ao municiacutepio)
e o centro da cidade ocorreram antes de que fosse elaborado qualquer legislaccedilatildeo
que versasse sobre o tema Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente bastando ao gestor
local tomar medidas de contenccedilatildeo de riscos que minimizem os impactos causados
por essas ocupaccedilotildees nessa regiatildeo
O ordenamento adequado do uso do solo no municiacutepio eacute necessaacuterio para que o
crescimento dos loteamentos criados anteriormente agrave esta Lei e o surgimento de
novos natildeo avance para Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente o que pode causar
inuacutemeros problemas aos moradores e agravar os jaacute existentes
Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las
com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)
As aacutereas onde houveram a maior quantidade de registros de deslizamentos satildeo os
bairros mais populosos de Santos Dumont podendo se estabelecer uma relaccedilatildeo
que quanto mais populoso o bairro maior a quantidade de problemas relacionados
a deslizamentos Tambeacutem pode-se notar uma relaccedilatildeo com as fronteiras das faixas
de declividades e os deslizamentos uma vez que boa parte deles aconteceram
nestas faixas
As aacutereas onde houve um grande nuacutemero de registros de alagamentos satildeo os bairros
que se desenvolveram agraves margens do Ribeiratildeo das Posses em especial na aacuterea que
47
compreende as APPs de curso hiacutedrico e em aacutereas onde a declividade eacute baixa Esse
fato aliado ao crescimento do nuacutemero de vias pavimentadas com material
impermeaacutevel e a natildeo expansatildeo e ou redimensionamento da rede de drenagem
urbana contribuiacuteram para a ocorrecircncia cada vez mais constante de alagamentos
nessas aacutereas
Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos
catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30
anos
A partir do levantamento histoacuterico realizado e da base de dados georeferenciada
gerada observou-se o aumento do nuacutemero de registros de deslizamentos e
alagamentos nos uacuteltimos 10 anos quando as ocorrecircncias comeccedilaram a se repetir
numa mesma aacuterea com frequecircncia incrementada as vezes com mais de uma
ocorrecircncia anual
Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do
solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental
Destaca-se a adequaccedilatildeo dos criteacuterios gerais estabelecidos pelo Plano Diretor de
Santos Dumont relativos a legislaccedilatildeo federal e estadual Entretanto o referido
Plano Diretor natildeo contempla todo o territoacuterio municipal sendo assim ele natildeo
cumpre o objetivo de proteger as APPs preservadas e recuperar as que foram
degradadas em todo o territoacuterio municipal Ressalta-se tambeacutem a sua natildeo
conformidade com o Estatuto das Cidades uma vez que o Plano Diretor
contempla apenas os novos loteamentos
Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais
negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea
impactada
Recomenda-se a implantaccedilatildeo no municiacutepio de uma Coordenadoria Municipal de
Defesa Civil atuante e integrada agraves Secretarias Municipais e agrave comunidade
visando uma atuaccedilatildeo eficaz nos problemas relacionados a deslizamentos e
alagamentos A elaboraccedilatildeo de um Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos eacute de
suma importacircncia pois atraveacutes dele pode-se predizer as aacutereas que passaratildeo por
problemas caso a expansatildeo aconteccedila ou se inicie uma ocupaccedilatildeo nova aleacutem de
prevenir acidentes nas aacutereas jaacute ocupadas e consideradas de risco
48
7 Anexos
49
71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont
50
51
72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)
52
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18
Figura 3 2 Municiacutepio de Palmyra na deacutecada de 1920
Fonte Arquivo Histoacuterico de Santos Dumont-MG
O escoamento da produccedilatildeo industrial se dava pelo modal ferroviaacuterio setor que tambeacutem
movimentava a crescente cidade que era ponto importante no setor de transportes pois
possuiacutea um dos mais bem equipados depoacutesitos de locomotivas da Estrada de Ferro Central
do Brasil (DAPPC2008)
No ano de 1932 o municiacutepio de Palmyra passou a se chamar Santos Dumont (Figura 43)
em homenagem ao inventor do aviatildeo que nascera naquela cidade Nos uacuteltimos 40 anos
Santos Dumont tem experimentado uma acentuada desaceleraccedilatildeo econocircmica
consequecircncia do fechamento da grande maioria das induacutestrias principalmente as de
laticiacutenios que empregavam direta e indiretamente uma parte consideraacutevel da populaccedilatildeo
(DAPPC2008)
19
Figura 3 3 Municiacutepio de Santos Dumont em 2014
Fonte Arquivo do autor
332 Santos Dumont na atualidade
O municiacutepio de Santos Dumont localiza-se na regiatildeo da Zona da Mata mineira distante
cerca de 220 Km da capital Belo Horizonte e possui uma populaccedilatildeo de 47558 habitantes
(ODM 2015 projeccedilatildeo) numa aacuterea total de 637 kmsup2 Faz divisa com os municiacutepios de
Juiz de Fora Oliveira Fortes Bias Fortes Antocircnio Carlos Tabuleiro Piau e Ewbank da
Cacircmara
No que diz respeito agrave sua formaccedilatildeo fisiacuteco-geograacutefica a aacuterea que compreende o municiacutepio
eacute constituiacuteda predominantemente por Cambissolo Haacuteplico (70) com Latossolo
Vermelho-Amarelo (30) (UFV2010) A vegetaccedilatildeo eacute em sua maioria composta por
exemplares de Mata Atlacircntica De acordo com o IBGE(2015) Santos Dumont se localiza
a 839m de altitude O clima da regiatildeo eacute classificado como Tropical de Altitude (Cwb) e
possui uma temperatura meacutedia de 20ordmC Eacute banhado pela bacia hidrograacutefica do Paraiacuteba do
Sul e em sua maioria pertence agrave sub-bacia do Rio Pomba (IGAM) que fornece aacutegua para
abastecimento puacuteblico agrave 88 da populaccedilatildeo por meio da rede de distribuiccedilatildeo
(IBGE2010) Uma pequena parte da zona rural a sudoeste eacute banhada pela Sub-Bacia do
Rio Paraibuna mais precisamente na regiatildeo de fronteira com os municiacutepios de Juiz de
Fora e Ewbank da Cacircmara O sistema viaacuterio principal de acesso agrave cidade eacute a rodovia BR-
040 e a estrada de ferro Dom Pedro II atualmente utilizada somente para transporte de
cargas
Com a economia nos dias atuais baseada majoritariamente no setor de serviccedilos a cidade
possui um Iacutendice de Desenvolvimento humano (IDH) de 0741 (IBGE2010) Apesar do
decliacutenio econocircmico de Santos Dumont nota-se hoje um aumento no nuacutemero de
loteamentos populares e condomiacutenios horizontais e verticais entre outras edificaccedilotildees Eacute
de vital importacircncia que esse crescimento das ocupaccedilotildees seja ordenado e regulamentado
20
de forma a garantir a qualidade ambiental prevenindo deslizamentos e inundaccedilotildees Diante
dessa conjuntura o governo municipal aprovou em 2012 a Lei nordm 4241 que trata do Plano
Diretor Participativo instrumento baacutesico da poliacutetica de desenvolvimento e expansatildeo
urbana do municiacutepio de Santos Dumont
4 METODOLOGIA
41 Aacuterea de estudo
A regiatildeo dentro dos limites do municiacutepio que seraacute estudada neste trabalho eacute conforme
descrito nos anexos Plano Diretor e representada na figura 44 a aacuterea urbana principal
que possui 47 Kmsup2 e compreende a regiatildeo central da cidade e os bairros perifeacutericos regiatildeo
que concentra cerca de 90 da populaccedilatildeo total de Santos Dumont (IBGE 2015) A aacuterea
urbana principal representa 75 da aacuterea total dos 637 Kmsup2 que compreendem o
municiacutepio e eacute o local onde nos uacuteltimos 30 anos se verificou um maior crescimento
populacional e tambeacutem onde ocorre a maioria dos eventos relacionados a deslizamentos
e alagamentos por conta da ocupaccedilatildeo sem planejamento A figura 45 mostra a aacuterea
urbana principal e a localizaccedilatildeo dos bairros urbanos de Santos Dumont
Figura 4 1 Localizaccedilatildeo da aacuterea urbana principal
Fonte Google Earth
21
Figura 4 2 Mapa da aacuterea urbana principal com a localizaccedilatildeo dos bairros
Fonte Do Autor
42 Levantamento e tratamento dos dados
No desenvolvimento deste trabalho foi necessaacuterio se fazer um estudo detalhado sobre o
Plano Diretor de Santos Dumont principalmente dos seus anexos que compreendem os
mapas e a localizaccedilatildeo das aacutereas definidas pelo zoneamento proposto Para que isso fosse
possiacutevel a Secretaria Municipal de Obras e Serviccedilos Puacuteblicos forneceu todos os dados
secundaacuterios produto do estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor e do
zoneamento Estes dados incluem os arquivos Shapefile (shp) e outros documentos
integrantes do Plano Diretor Algumas informaccedilotildees foram complementadas tambeacutem com
dados adquiridos atraveacutes do site do IBGE e do Portal Objetivos do Milecircnio (ODM)
Os dados sobre as ocorrecircncias de deslizamentos e alagamentos foram obtidos atraveacutes da
Defesa Civil do municiacutepio atraveacutes do Sistema Integrado de Informaccedilotildees sobre Desastres
(S2ID) do Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional Tal sistema centraliza as informaccedilotildees sobre
desastres naturais ocorridos em todo o territoacuterio nacional facilitando a pesquisa sobre tais
eventos a qualquer cidadatildeo (BRASIL 2015)
Apesar do sistema ser bastante uacutetil os dados sobre o municiacutepio de Santos Dumont se
encontravam bastante falhos e escassos sendo necessaacuteria complementaccedilatildeo para que a
22
base de dados ficasse consistente Diante disso uma pesquisa atraveacutes dos arquivos do
Jornal Mensagem um jornal semanaacuterio local foi feita entre os anos de 1984 e 2014 e os
dados primaacuterios filtrados em uma planilha do Microsoft Excel para posterior utilizaccedilatildeo
De posse destes dados foi feita a localizaccedilatildeo em campo das coordenadas dos locais
atingidos por deslizamentos e alagamentos no periacuteodo compreendido pela pesquisa com
o auxiacutelio de um aparelho de GPS
A maioria dos arquivos shapefile utilizados para a confecccedilatildeo dos mapas satildeo parte
integrante dos anexos da Lei do Plano diretor do municiacutepio gerados no mecircs de dezembro
de 2011 pelo Instituto Nova Cidade e foram cedidos pela Secretaria Municipal de Obras
e Serviccedilos Puacuteblicos com Datum em UTM SAD 69 Com a finalidade de fornecer um
referenciamento atualizado e de acordo com os mais novos sistemas de coordenadas
utilizados no Brasil os arquivos foram convertidos para o Datum UTM SIRGAS 2000
que diferencia do SAD 69 pelo fato de ser um referencial geocecircntrico ou seja o centro
da Terra eacute o ponto de referecircncia neste sistema enquanto que o primeiro utiliza um
referencial na superfiacutecie da Terra (IBGE2014) Eacute interessante ressaltar tambeacutem que o
SIRGAS 2000 se tornou no ano de 2014 o sistema de coordenadas oficial do Sistema
Geodeacutesico Brasileiro e do Sistema Cartograacutefico Nacional ambos mantidos pelo IBGE A
combinaccedilatildeo dos shapefiles foi feita com o software livre gvSIG e com estas combinaccedilotildees
foram gerados mapas importantes resultados para a execuccedilatildeo deste trabalho A maioria
dos mapas representam a regiatildeo urbana principal de Santos Dumont e foram produzidos
numa escala em torno de 140000 que de acordo com Rocha (2007) eacute uma escala viaacutevel
pois as recomendaacuteveis para trabalhos de anaacutelise ambiental em niacutevel municipal podem ser
entre 150000 e 110000 Alguns mapas cujo detalhamento natildeo eacute necessaacuterio foram
gerados na escala 1100000
Para a geraccedilatildeo dos mapas aleacutem dos arquivos fornecidos pela Secretaria de Obras e
Serviccedilos Puacuteblicos foram utilizados para a geraccedilatildeo do modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE)
e da localizaccedilatildeo dos topos de morro dados gerados pelo sistema de radar Advanced
Spacebone Thermal Emission and Reflection Radiometer (ASTER) que geram as curvas
de niacutevel do terreno com uma resoluccedilatildeo de 30m (NASA2014) O processamento dessas
imagens foi feito pelo software livre gvSIG As imagens geradas pelos sateacutelites
LANDSAT foram adquiridas no site da United States Geological Survey (USGS) e essas
imagens possibilitaram obter um panorama preciso do uso do solo em toda a aacuterea urbana
de Santos Dumont numa resoluccedilatildeo de 15 metros uma vez que foi utilizada a banda
pancromaacutetica do sateacutelite LANDSAT 8 aleacutem da combinaccedilatildeo das bandas 65 e 4
respectivamente que eacute a combinaccedilatildeo recomendada pela mantenedora dos sateacutelites para
anaacutelises deste tipo
23
No que diz respeito a identificaccedilatildeo de APPs em topo de morro a metodologia de Oliveira
amp Fernandes Filho (2013) por utilizar as mesmas bases de dados ateacute entatildeo usadas neste
trabalho foi a mais indicada
A metodologia de anaacutelise dos mapas gerados eacute a proposta pelo professor Jorge Xavier da
Silva do Laboratoacuterio de Geoprocessamento (LAGEOP) da Universidade Federal do Rio
de Janeiro e citada por Rocha (2007) Tal metodologia analisa as variaacuteveis em questatildeo
presentes na aacuterea e permite avaliar as possibilidades de relaccedilotildees entre essas variaacuteveis De
uma maneira geral este meacutetodo verifica o estado atual da aacuterea em estudo bem como das
variaacuteveis gerando inventaacuterios que servem para a construccedilatildeo de dados planimeacutetricos sejam
com as variaacuteveis isoladas ou combinadas Estes dados planimeacutetricos geram assinaturas
que permitem inferir sobre a influecircncia dessas variaacuteveis De posse dos dados gerados pelo
processo anteriormente citado pode-se fazer algumas prospecccedilotildees sobre os riscos
ambientais que a aacuterea pode sofrer ou o seu potencial ambiental (ROCHA 2007)
5 RESULTADOS
51 Levantamento histoacuterico de alagamentos e
deslizamentos
O aumento da demanda pelo uso do solo na regiatildeo urbana de Santos Dumont
principalmente no tocante agrave formaccedilatildeo de novos loteamentos e condomiacutenios nos uacuteltimos
anos eacute consideraacutevel mas tambeacutem haacute de se observar o crescimento dos bairros jaacute existentes
com pouco ou nenhum ordenamento Em ambos os casos se observa ocupaccedilotildees
irregulares em APP o que tem ocasionado um aumento na frequecircncia de deslizamentos
e inundaccedilotildees Eacute evidente que quanto maior a densidade populacional do bairro maior a
quantidade de ocorrecircncias ao longo dos anos (SPERFELD 2009)
De acordo com as ocorrecircncias registradas pela Defesa Civil do municiacutepio obtidas atraveacutes
da literatura utilizada nos uacuteltimos 30 anos Santos Dumont chegou a decretar situaccedilatildeo de
emergecircncia por conta de desastres envolvendo deslizamentos eou alagamentos por duas
vezes num espaccedilo de 10 anos conforme pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho
(BRASIL 2014 CEPED 2011)
Segundo os dados obtidos atraveacutes de pesquisa nos arquivos do semanaacuterio entre os anos
de 1984 e 2014 pode-se verificar que nos uacuteltimos 20 anos a cidade tem experimentado
24
um aumento consideraacutevel nos eventos relacionados a deslizamentos e principalmente
alagamentos como pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho Isso pode ter sido causado
dentre outros fatores pelo aumento do nuacutemero de vias pavimentadas com material
impermeaacutevel o que tem sobrecarregado tanto a infraestrutura existente para drenagem
urbana como tambeacutem a calha dos cursos drsquoaacutegua que passam pela regiatildeo urbana do
municiacutepio (ZANON2013)
Na deacutecada de 1980 (1984-1990) de acordo com os dados obtidos natildeo foram noticiados
eventos consideraacuteveis relacionados a deslizamentos e alagamentos em Santos Dumont
mas isso natildeo exclui a possibilidade de natildeo ter ocorrido tais eventos em menor escala
Na deacutecada de 1990 aconteceram uma seacuterie de ocorrecircncias tanto de deslizamentos quanto
de alagamentos No ano de 1997 num periacuteodo chuvoso intenso aconteceram
deslizamentos consideraacuteveis em vaacuterios bairros da cidade inclusive com desabamento de
casas e de ruas principalmente nos bairros Nossa Senhora da Gloacuteria e Quarto Depoacutesito
Em 1999 ocorreram alguns pontos de alagamento nos bairros Quarto Depoacutesito e Santo
Antocircnio com grandes prejuiacutezos materiais
A deacutecada de 2000 iniciou com o registro de deslizamentos em vaacuterios bairros da cidade
inclusive com desabamento de casas e pontes e alagamentos em importantes vias do
centro da cidade Observa-se ao longo desse periacuteodo o crescimento nas ocorrecircncias de
deslizamentos e de aacutereas com risco de deslizamento em muitos bairros de Santos Dumont
Um dos fatores importantes para esse crescimento foi a grande expansatildeo sofrida pela
maioria dos bairros e a falta de planejamento e orientaccedilatildeo por parte da prefeitura uma
vez que uma boa parte do crescimento dos bairros da cidade ocorreu ou proacuteximo a cursos
drsquoaacutegua ou em aacutereas com declividade improacutepria para se fazer construccedilotildees O bairro
Coacuterrego do Ouro (Figura 51) foi o que mais sofreu com ocorrecircncias de deslizamentos
nesse periacuteodo enquanto o bairro Santo Antocircnio foi que teve mais ocorrecircncias de
alagamentos
25
Figura 5 1 Deslizamento no bairro Coacuterrego do Ouro
Fonte Portal Cabangu
No iniacutecio deacutecada de 2010 (2011-2014) o centro da cidade foi a regiatildeo que mais sofreu
com alagamentos sendo registrado pelo menos uma ocorrecircncia por ano nessa aacuterea (Figura
52) Isso pode ser relacionado dentre outros fatores com as obras de modificaccedilatildeo do
tipo de pavimentaccedilatildeo das estradas por um material impermeaacutevel gerando uma sobrecarga
nos sistemas de drenagem urbana que foram projetados para um tipo de pavimento mais
permeaacutevel implicando tambeacutem na sobrecarga calha do Ribeiratildeo das Posses o principal
curso drsquoaacutegua que corta o centro da cidade e que se encontra em quase sua totalidade
ocupada em ambas as margens que cortam o centro da cidade
26
Figura 5 2 Alagamento na regiatildeo central de Santos Dumont em 2013
Fonte Portal Cabangu
Quanto agraves ocorrecircncias de deslizamento ao longo da referida deacutecada elas estiveram
espalhadas pelos bairros do municiacutepio tendo um maior nuacutemero de ocorrecircncias nos bairros
Santo Antocircnio Nossa Senhora da Gloacuteria e Aacutegua Espraiada Nos dois primeiros bairros
citados as ocorrecircncias podem ter sido ocasionadas pelo crescimento desordenado e sem
planejamento destes e no terceiro as ocorrecircncias satildeo relacionadas ao processo de
assoreamento do Ribeiratildeo das Posses o que pode ter gerado um aumento da velocidade
desse curso drsquoaacutegua causando problemas decorrentes do transporte de sedimentos da aacuterea
onde as casas foram construiacutedas que teve como consequecircncia os deslizamentos
Em resumo como pode ser observado nas figuras 53 e 54 na tabela 51 no periacuteodo de
1984 a 2014 os bairros mais afetados por alagamentos e deslizamentos satildeo Quarto
Depoacutesito Nossa Senhora da Gloacuteria Santo Antocircnio Coacuterrego do Ouro Antocircnio Afonso
Graminha e Vila Esperanccedila sendo que o bairro Coacuterrego do Ouro possui o maior nuacutemero
de ocorrecircncias de deslizamentos e o centro da cidade possui o maior nuacutemero de
ocorrecircncias de alagamentos no periacuteodo pesquisado Vale destacar que a aacuterea propiacutecia a
alagamentos no bairro Antocircnio Afonso natildeo identificada no estudo realizado pela
prefeitura constitui-se efetivamente numa aacuterea de risco conforme levantamento histoacuterico
realizado Esta aacuterea de risco se deve agrave diferenccedila de niacutevel negativa entre o rio Pinho e a
aacuterea do bairro estando este em desniacutevel com um risco iminente de inundaccedilotildees resultantes
da cheia desse curso drsquoaacutegua causando inuacutemeros transtornos aos moradores do local
27
Figura 5 3 Pontos de Alagamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico
Fonte Do autor
Figura 5 4 Pontos de deslizamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico
Fonte Do autor
28
Tabela 51 Ocorrecircncias de alagamentos e deslizamentos obtidos atraveacutes do
levantamento histoacuterico
Pontos de ocorrecircncia (1984-2014)
Bairros Alagamento Deslizamento
Aacutegua Espraiada 1 1
Antocircnio Afonso 1 0
Barra 0 1
Centro 7 1
Coacuterrego do Ouro 1 7
Flores 0 1
Graminha 1 0
Jardim Jaraguaacute 0 1
N Sra da Gloacuteria 0 4
N Sra das Graccedilas 1 0
Quarto Depoacutesito 3 2
Santo Antocircnio 4 2
Satildeo Sebastiatildeo 0 1
Vila Esperanccedila 0 1
Fonte Do autor
De acordo com o estudo realizado na elaboraccedilatildeo do Plano Diretor pela prefeitura
municipal observa-se que os bairros que possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a
deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do Ouro e Vila Esperanccedila enquanto que os que
possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a alagamento satildeo o Centro da cidade e os
bairros Satildeo Sebastiatildeo Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio por estarem agraves margens do
Ribeiratildeo das Posses um curso drsquoaacutegua que sofre com inundaccedilotildees perioacutedicas devido ao
severo assoreamento em algumas regiotildees e tambeacutem devido ao acuacutemulo de lixo descartado
pelos moradores do entorno irregularmente De acordo com o estudo realizado quando da
elaboraccedilatildeo do Plano Diretor do municiacutepio foram feitos estudos sobre as aacutereas propensas
a deslizamentos e alagamentos na regiatildeo urbana principal Tais aacutereas satildeo as destacadas
nas Figuras 55 e 56 No levantamento histoacuterico realizado pode-se identificar que os
bairros que possuem mais aacutereas propensas a deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do
Ouro Nossa Senhora da Gloacuteria Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio enquanto que os bairros
mais propensos a alagamentos satildeo os bairros Centro Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio
como observado na tabela 51
29
Figura 5 5 Aacutereas propensas a deslizamento de acordo com o Plano Diretor de
Santos Dumont
Fonte Google Earth e Lei 42412012
Figura 5 6 Aacutereas propensas a alagamento de acordo com o Plano Diretor de
Santos Dumont
Fonte Google Earth e Lei 42412012
30
Comparando-se os mapas obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico com o mapa gerado
pelo estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor nota-se que haacute semelhanccedilas em
algumas aacutereas mas ao se levar em conta o produto gerado pela pesquisa histoacuterica o
estudo necessitaria ser complementado haja vista que ele natildeo compreende por exemplo
o ponto de alagamento no bairro Antocircnio Afonso citado anteriormente e alguns pontos de
deslizamento importantes uma vez que satildeo regiotildees onde haacute ocupaccedilatildeo Esse fato evidencia
a necessidade de se buscar vaacuterias fontes primaacuterias e secundaacuterias para se detectar aacutereas de
risco em um municiacutepio incluindo arquivos da imprensa local afim de se produzir uma
base de dados consistente e com o menor nuacutemero de falhas possiacutevel (CEPED 2014) Com
a uniatildeo dos dois estudos foram gerados os mapas apresentados nas Figuras 57 e 58
Aleacutem do mais observando as figuras 57 e 58 pode-se notar que uma boa parte tanto dos
casos de alagamento quanto de deslizamento estatildeo na faixa de APP de curso hiacutedrico o
que ilustra a importacircncia da preservaccedilatildeo destas aacutereas
Figura 5 7 Aacutereas propensas a alagamento do estudo do Plano Diretor
complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento
Fonte Do Autor
31
Figura 5 8 Aacutereas propensas a deslizamento do estudo do Plano Diretor
complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento
Fonte Do Autor
Atraveacutes da combinaccedilatildeo entre estes dois levantamentos procurou-se alimentar a base de
dados e garantir uma consistecircncia maior desta no que diz respeito a aacutereas de deslizamento
e alagamento podendo inclusive se identificar a suscetibilidade de uma determinada
regiatildeo da cidade a um ou outro evento (CEPED2014)
512 O Plano diretor e as APPs
Nos uacuteltimos anos o Brasil experimentou um forte fenocircmeno de migraccedilatildeo do campo para
as aacutereas urbanas De acordo com o IBGE no periacuteodo de 1940 a 2000 houve um aumento
de cerca de 60 do nuacutemero de pessoas que vivem em cidades (SILVA JR 2006) O
processo de planejamento e ordenamento do uso do solo nessas aacutereas deveria ter
acompanhado esse crescimento ao longo dos anos a fim de garantir a qualidade de vida e
a seguranccedila dos migrantes ao se instalarem nas cidades o que natildeo ocorreu e o que se
observa atualmente satildeo ocupaccedilotildees em aacutereas improacuteprias para moradia sem a infraestrutura
baacutesica necessaacuteria e com risco iminente de deslizamentos eou inundaccedilotildees
O Plano Diretor do municiacutepio de Santos Dumont em seu capiacutetulo IV que versa sobre o
uso e ocupaccedilatildeo do solo explicita regras para o ordenamento do territoacuterio que compreende
o municiacutepio com base nos diferentes usos do solo de acordo com sua compatibilidade o
32
que acabou por resultar num zoneamento de todo o municiacutepio em macrozonas conforme
citado na seccedilatildeo 3231 de acordo com os usos atuais e futuros do solo Aleacutem de dividir
estas macrozonas em urbanas e rurais tambeacutem avaliou e classificou estas aacutereas com base
numa seacuterie de fatores ambientais geoloacutegicos culturais e sociais de forma a se fazer um
zoneamento coerente com os atuais usos do solo e seu potencial de uso futuro Apresenta-
se na Figura 59 este zoneamento na aacuterea urbana principal de Santos Dumont
Figura 5 9 Zoneamento urbano da aacuterea urbana principal
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Lei 42412012
Tomando como referecircncia o Novo Coacutedigo Florestal brasileiro em especial os paracircmetros
estabelecidos para a definiccedilatildeo de APP e utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento
atraveacutes do software Vista SAGA relacionou-se as APPs existentes na aacuterea em estudo com
as regiotildees propiacutecias a alagamentos e deslizamentos de acordo com o estudo feito quando
da elaboraccedilatildeo do Plano Diretor afim de se identificar qual ou quais aacutereas possuem estes
problemas e se estatildeo relacionados com o uso do solo irregular em APP
Ao se aplicar a metodologia proposta por Oliveira amp Fernandes Filho (2013) natildeo foram
identificadas dentro da aacuterea de estudo APPs de topos de morro sendo este tipo de APP
descartada portanto das anaacutelises subsequentes deste trabalho Foram consideradas as
APP de curso hiacutedrico (rios e nascentes) e de declividade visando relacionaacute-las as aacutereas
de risco identificadas pela Prefeitura afim de se verificar as possiacuteveis causas da ocorrecircncia
33
destas aacutereas na regiatildeo urbana do municiacutepio Por meio de combinaccedilotildees entre dois mapas
temaacuteticos utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento foi possiacutevel obter as
assinaturas ou seja tabelas que caracterizam quantitativamente a aacuterea afetada por cada
aspecto visto que a simples visualizaccedilatildeo do mapa gerado pelo geoprocessamento muitas
vezes eacute prejudicada por serem aacutereas de pequenas dimensotildees ou por qualquer outra
limitaccedilatildeo do software Ressalta-se que para a elaboraccedilatildeo do Plano Municipal de Reduccedilatildeo
de riscos a identificaccedilatildeo e detalhamento topograacutefico destas aacutereas eacute fundamental para o
desenvolvimento do referido Plano conforme seraacute abordado detalhadamente na seccedilatildeo
52
De posse do mapa que representa o zoneamento urbano de Santos Dumont primeiramente
procurou-se mensurar qualitativa e quantitativamente a presenccedila de APPs tanto de
declividade quanto de cursos hiacutedricos Essa identificaccedilatildeo eacute importante pois este
zoneamento eacute um dos instrumentos de planejamento municipal (BRASIL 2001) Saboya
(2007) aponta que os principais objetivos de um zoneamento satildeo o controle da expansatildeo
urbana e proteccedilatildeo de aacutereas inadequadas a ocupaccedilatildeo aleacutem de reduzir os conflitos inerentes
aos diferentes usos do solo Com o uso da ferramenta ldquoCombinarrdquo do Vista SAGA foram
feitas combinaccedilotildees entre o mapa de hidrografia com buffer de 30m para rios e coacuterregos e
de 50m para nascentes com o mapa do zoneamento para se verificar a importacircncia das
APPs de curso hiacutedrico em toda a aacuterea urbana principal do municiacutepio Tambeacutem foram
combinados o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) obtido atraveacutes do gvSIG com o mapa
de zoneamento afim de se verificar quantitativamente as APPs de declividade e onde se
localizam Vale ressaltar que as declividades entre 30 e 47 estatildeo presentes nesta
combinaccedilatildeo pois de acordo com o Plano Diretor de Santos Dumont terrenos com esta
faixa de declividade para fins de parcelamento devem possuir estudo teacutecnico que ateste
a viabilidade de se promover algum empreendimento imobiliaacuterio neste (SANTOS
DUMONT 2012) Como a legislaccedilatildeo municipal prevecirc estudo somente para a faixa de
declividade descrita anteriormente para fins de anaacutelise neste trabalho consideramos um
valor mais conservador para APP compreendendo a faixa de 47 a 100 aleacutem da
prevista pela legislaccedilatildeo federal (gt100) para que natildeo houvessem lacunas importantes na
geraccedilatildeo do produto
Apresenta-se na Figura 510 aacutereas com declividades consideradas de risco e consideradas
APP e em qual zona de planejamento elas estatildeo inseridas De um modo geral ao se
observar a Tabela 52 nota-se que a aacuterea que compreende declividades de risco e APP eacute
uma pequena parcela da aacuterea urbana principal representando 061 desta aacuterea Ao se
levar em conta somente a localizaccedilatildeo pode-se verificar que cerca de 84 das aacutereas com
declividade de risco e a totalidade das APPs de declividade estatildeo localizadas na ZAC1
zona que compreende a maior parte do municiacutepio e apesar de possuir infraestrutura baacutesica
para a ocupaccedilatildeo esta eacute restrita Sendo assim o fator declividade deve ser visto com cautela
nesta aacuterea para se evitar transtornos advindos de edificaccedilotildees nestas aacutereas
34
Figura 5 10 Combinaccedilatildeo entre as declividades importantes incluindo as APPs e o
zoneamento urbano
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Do autor
Tabela 52 Assinaturas da combinaccedilatildeo Declividade x Zoneamento
Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea
Natildeo APP 457972 9939
Declividade 30-47 em ZAC1 2368 051
Declividade 30-47 em ZE 284 006
Declividade 30-47 em ZAC2 128 003
Declividade 30-47 em ZPA 004 0001
APP Declividade em ZAC1 048 001
Total 460804 100
Fonte Do autor
Apresenta-se na Figura 511 as APPs de curso hiacutedrico (nascentes e rios) e em qual zona
de planejamento estatildeo localizadas Assim como a declividade a maior parte das APPs de
curso hiacutedrico estatildeo localizadas em ZAC1 representando 383 da aacuterea urbana em estudo
e 51 do total das APPs de curso hiacutedrico Esta questatildeo tambeacutem deve ser vista com
bastante criteacuterio pelos gestores locais uma vez que a ocupaccedilatildeo em faixas proacuteximas de
rios e coacuterregos podem causar uma gama de problemas ambientais e sociais na regiatildeo
(SANTANA2011) Tal cuidado tambeacutem deve ser tomado nas APPs compreendidas na
35
ZAC2 que compreende 001 da Aacuterea urbana principal e 14 do total das APPs de curso
hiacutedrico pois a infraestrutura baacutesica e acessibilidade presente nesta zona eacute precaacuteria e a
ocupaccedilatildeo as margens de cursos hiacutedricos pode gerar problemas seacuterios caso ocorra uma
expansatildeo nestas aacutereas
Figura 511 Combinaccedilatildeo entre APP de curso hiacutedrico e as zonas de planejamento
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Do autor
Outro ponto importante eacute a presenccedila da Zona de Proteccedilatildeo Ambiental (ZPA) no entorno
uma consideraacutevel parte dos cursos hiacutedricos Nesta zona estatildeo presentes 28 das APPs de
curso hiacutedrico e esta zona de acordo com o Plano Diretor deve ser restaurada ou
preservada por suas caracteriacutesticas geoloacutegicas topograacuteficas e bioloacutegicas
Afim de se verificar os usos do solo na regiatildeo em estudo foram utilizadas combinaccedilotildees
de imagens advindas do sateacutelite Landsat 8 nas bandas descritas no capiacutetulo 4 aleacutem da
banda pancromaacutetica O resultado eacute apresentado na figura 512 que mostra os principais
usos do solo na aacuterea urbana principal de Santos Dumont
36
Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x Zoneamento
Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea
Hidrografia 11168 239
Aacuterea Urbana Natildeo APP 421004 9008
APP Curso hiacutedrico em ZAC1 179 383
APP Curso hiacutedrico em ZPA 9776 209
APP Curso hiacutedrico em ZE 184 004
APP Curso hiacutedrico em ZA 1192 026
APP Curso hiacutedrico em ZAC2 5124 110
APP Curso hiacutedrico em ZPPH 248 005
APP Curso hiacutedrico em ZEIS 568 012
APP Curso hiacutedrico em ZCA 228 005
Total 467392 10000
Fonte Do autor
Figura 5 12 Mapa de usos do solo da aacuterea urbana principal de Santos Dumont
Fonte Do autor
Como jaacute era previsto a maior parte da aacuterea urbana se encontra ocupada e eacute nesta regiatildeo
ocupada que se observa a maior concentraccedilatildeo de problemas de deslizamentos e
alagamentos (Figuras 513 e 514) A grande ocupaccedilatildeo em aacutereas consideradas APP de
curso hiacutedrico de acordo com os mapas gerados pode ser a principal causa do aumento a
cada ano dos casos de alagamento principalmente na regiatildeo central da cidade Outro ponto
que se deve atentar eacute a existecircncia de uma consideraacutevel aacuterea de pastagem pouco vegetada
que caso estejam em aacutereas elevadas pode contribuir para deslizamentos e agraves margens de
37
rios e coacuterregos para o assoreamento destes corpos hiacutedricos o que pode causar
alagamentos (INAacuteCIO etal 2007)
Diante destes resultados pode-se ver que a cidade de Santos Dumont necessita alternativas
efetiva no que diz respeito agrave contenccedilatildeo de deslizamentos e a reduccedilatildeo de risco de
alagamento pois as aacutereas em que ocorrem tais eventos satildeo distintas e facilmente definidas
devido agrave repeticcedilatildeo destes nos uacuteltimos anos Um plano de accedilatildeo integrado entre as diferentes
secretarias municipais (Obras Meio Ambiente Assistecircncia Social entre outras) e a
Coordenadoria Municipal de Defesa Civil deve ser realizado afim de se tomar medidas
natildeo mais preventivas mas sim preditivas para que se possa conter o avanccedilo destes
problemas na aacuterea urbana principal bem como em toda a aacuterea do municiacutepio
Figura 5 13 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na aacuterea urbana
principal
Fonte Do autor
38
Figura 5 14 Aacutereas sujeitas a alagamento e os principais usos do solo na aacuterea
urbana principal
Fonte Do autor
Ao se associar os dados do estudo do Plano Diretor com os dados do levantamento
histoacuterico realizado com o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) pode-se notar que as aacutereas
propiacutecias a deslizamento estatildeo em regiotildees as quais haacute uma fronteira de declividades ou
seja eacute evidente que os deslizamentos ocorrem em encostas um pouco mais iacutengremes mas
natildeo necessariamente nas encostas de 30-47 as quais exigem estudo teacutecnico conforme o
plano diretor preconiza Quanto aos alagamentos nota-se que eles se localizam nas aacutereas
com menor ou nenhuma declividade podendo ser estas aacutereas talvez componentes da
planiacutecie de inundaccedilatildeo dos rios Estes resultados podem ser vistos nas figuras 515 e 516
a seguir
39
Figura5 15 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a deslizamentos na
regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
Fonte Lei 42412012 e Autor
Figura5 26 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a alagamentos na
regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
Fonte Lei 42412012 e Autor
40
52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis
O processo de ocupaccedilatildeo no municiacutepio de Santos Dumont comeccedilou muito antes de
qualquer legislaccedilatildeo relacionada a ordenamento urbano e de proteccedilatildeo do meio ambiente
fosse implementado no Brasil Esse fato aliado a poliacuteticas e fiscalizaccedilotildees falhas
contribuiacuteram para a ocupaccedilatildeo e expansatildeo da aacuterea urbana ao longo do Ribeiratildeo das Posses
e seus afluentes o que tem gerado o aumento da degradaccedilatildeo destes corpos hiacutedricos ao
longo de todos estes anos Observa-se tambeacutem que nas uacuteltimas deacutecadas ocorreu um
grande nuacutemero de migraccedilotildees do campo para a regiatildeo urbana da cidade fator que
contribuiu para o crescimento do nuacutemero de habitaccedilotildees em aacutereas de risco de deslizamento
e alagamentos por serem na maioria das vezes terrenos menos valorizados e por este
motivo acessiacuteveis a populaccedilatildeo com menor poder aquisitivo (ROSA amp CORTEZ 2008)
Vale ressaltar que esta questatildeo aleacutem de ser ambiental eacute muito mais social pois os
moradores entendem os riscos de se viver nestes locais mas por motivos econocircmicos ou
por questotildees afetivas natildeo abrem matildeo da moradia nessas aacutereas A Constituiccedilatildeo Federal de
1988 promoveu a inter-relaccedilatildeo das questotildees sociais com as questotildees ambientais quando
colocou o meio ambiente como direito coletivo (BRASIL1988 SOUZA2010) Por este
motivo a decisatildeo por medidas draacutesticas que favoreccedilam apenas agrave preservaccedilatildeo do meio
ambiente natildeo eacute recomendada pois aleacutem de ser inconstitucional podem afetar a
sustentabilidade econocircmica do municiacutepio e gerar conflitos sociais consideraacuteveis
(CARLOS 1992 apud SOUZA 2010)
Segundo Bueno (2009) ldquonem tudo o que eacute irregular eacute precaacuteriordquo Esse fato se observa em
Santos Dumont uma vez que em boa parte da regiatildeo central se observa vaacuterias moradias
construiacutedas na faixa de APP de curso hiacutedrico o que natildeo eacute permitido pela legislaccedilatildeo
vigente e eacute um dos fatores que contribui para a ocorrecircncia de alagamentos nesta aacuterea da
cidade Para a resoluccedilatildeo deste problema o que seria mais viaacutevel seria a melhoria da
infraestrutura de drenagem urbana afim de que o escoamento da aacutegua das chuvas natildeo
sobrecarregasse o sistema (BUENO2009) A construccedilatildeo de bacias de contenccedilatildeo de
cheias ao longo do Ribeiratildeo das Posses tambeacutem seria uma alternativa mas para se verificar
a viabilidade necessita-se estudos mais aprofundados do ponto de vista hidroloacutegico
O grande problema a ser solucionado no entanto eacute o que diz respeito agraves aacutereas de risco
de deslizamento majoritariamente nos bairros A melhor alternativa seria o
remanejamento dos moradores para uma aacuterea proacutexima agrave que moram poreacutem longe do
risco Poreacutem esta alternativa de acordo com Rosa Filho amp Cortez (2008) encontra alguns
entraves pois estas pessoas na maioria das vezes natildeo tecircm condiccedilotildees financeiras de irem
para outro lugar ou pagar aluguel ou estatildeo de alguma forma sentimentalmente ligadas
agravequela regiatildeo que se recusam a deixaacute-lo
41
Por parte dos oacutergatildeos competentes no municiacutepio a criaccedilatildeo de um plano para se evitar
acidentes ocasionados por deslizamentos e alagamentos com um mapeamento detalhado
de toda a extensatildeo do municiacutepio eacute extremamente uacutetil Os estudos que seratildeo feitos para a
elaboraccedilatildeo deste plano poderatildeo definir quais as aacutereas satildeo potencialmente de risco para as
ocupaccedilotildees existentes ou para as potenciais ocupaccedilotildees que possam vir a ocorrer atraveacutes do
mapeamento das aacutereas de risco Tal planejamento seraacute auxiliar ao Plano Diretor
Municipal pois definiraacute o real uso do solo de determinada regiatildeo do municiacutepio
contribuindo para a adequaccedilatildeo do uso e ocupaccedilatildeo do solo afim de evitar ou reduzir o
nuacutemero de problemas relacionados a alagamentos e principalmente deslizamentos no
periacutemetro urbano (TOMINAGA 2009) A partir deste plano os gestores locais poderatildeo
tomar a melhor decisatildeo para a prevenccedilatildeo ou reduccedilatildeo dos riscos inerentes a tais problemas
Na seccedilatildeo 521 seraacute hierarquizado de forma preliminar a aacuterea urbana principal de acordo
com os resultados da tabela 51
521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta
O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos (PMRR) foi criado atraveacutes de accedilotildees
regularizadoras do Ministeacuterio das Cidades para ser o instrumento de gestatildeo e
gerenciamento de aacutereas de risco em um municiacutepio Eacute um documento que aleacutem de
estabelecer quais regiotildees satildeo consideradas de risco tambeacutem objetiva a proposta de
medidas estruturais ou natildeo para contenccedilatildeo eou prevenccedilatildeo de cataacutestrofes aleacutem de ser um
meio de captaccedilatildeo de recursos financeiros junto aos Governos Estadual e Federal Estes
recursos poderatildeo ser utilizados para a realizaccedilatildeo de obras que visem a melhoria da
qualidade de vida da populaccedilatildeo do entorno ou de recuperaccedilatildeo da aacuterea degradada Este
plano eacute realizado de forma participativa com as comunidades das aacutereas de risco e pode
ser realizado em sete fases conforme recomenda o Ministeacuterio das Cidades (ALHEIROS
2006)
O primeiro passo para a realizaccedilatildeo do PMRR eacute definir qual a metodologia seraacute empregada
levando-se em consideraccedilatildeo a realidade atual do municiacutepio e especificar de forma sucinta
um cronograma das atividades Eacute importante nesta fase a participaccedilatildeo tambeacutem dos
responsaacuteveis pelas mais variadas Secretarias Municipais afim de explicitar o tamanho da
importacircncia e o caraacuteter integrador deste plano A segunda fase deste plano objetiva a
criaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo da principal base de dados a ser utilizada nos passos posteriores o
mapeamento de risco em escala detalhe em torno de 13000 (SAtildeO PAULO 2014) A
elaboraccedilatildeo de um mapeamento detalhado propiciaraacute natildeo soacute a identificaccedilatildeo mais faacutecil das
aacutereas de risco como tambeacutem facilitaraacute aos gestores e agrave comunidade decidirem qual a
melhor intervenccedilatildeo para a soluccedilatildeo ou remediaccedilatildeo dos problemas em uma determinada
42
aacuterea hierarquizando o risco e definindo prioridades (SAtildeO PAULO 2014) Na tabela a
seguir apresenta-se alguns tipos de intervenccedilotildees que podem ser feitas em aacutereas de risco
sugeridas pelo Ministeacuterio das cidades (ALHEIROS 2006)
Quadro 5 1 - Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco
Tipo de intervenccedilatildeo Descriccedilatildeo
Serviccedilos de limpeza e Recuperaccedilatildeo
Remoccedilatildeo de entulho lixo etc
corte de aacutervores
remoccedilatildeo de bananeiras
recuperaccedilatildeo eou limpeza de sistemas de
drenagem esgotos e acessos
Limpeza de canais de drenagem
Proteccedilatildeo Vegetal
Proteccedilatildeo superficial vegetal (gramiacuteneas) em
taludes com solo exposto
Proteccedilatildeo vegetal de margens de canais de
drenagem
Barreiras vegetais para massas escorregadas
ou acumuladas pela erosatildeo
Drenagem Superficial e Acessos
Sistema de drenagem superficial (canaletas
raacutepidos caixas de transiccedilatildeo escadas drsquoaacutegua)
Acessos para pedestres (escadarias rampas
etc) integrados ao sistema de drenagem
Revestimento de Taludes Revestimento com materiais artificiais
cimentado cal-jet tela argamassada alvenaria
de tijolos ceracircmicos solo-cimento ensacado
Desmonte de blocos e matacotildees Desmonte de concreccedilotildees de grande porte
blocos rochosos e matacotildees
Obras de drenagem de subsuperfiacutecie Sistema de drenagem de subsuperfiacutecie
(trincheiras drenantes DHP poccedilos de
rebaixamento)
Estruturas de contenccedilatildeo (localizadas)
Muros de contenccedilatildeo de pequeno porte (solo-
cimento ensacado alvenaria de pedra-rachatildeo
concreto armado)
Estruturas de contenccedilatildeo localizadas
(chumbadores tirantes microestacas)
Contenccedilatildeo e proteccedilatildeo de margens de canais (
gabiotildees muros de concreto etc)
Estruturas de contenccedilatildeo (meacutedio e grande porte) Implantaccedilatildeo de estruturas de contenccedilatildeo de
meacutedio e grande porte envolvendo obras de
contenccedilatildeo passivas e ativas (muros de
gravidade cortinas etc)
Terraplanagem Execuccedilatildeo de serviccedilos de terraplanagem
combinados a obras de drenagem superficial e
proteccedilatildeo vegetal desvio e canalizaccedilatildeo de
coacuterregos
Remoccedilatildeo de moradias Remoccedilotildees definitivas para implantaccedilatildeo de
obras ou devido agrave localizaccedilatildeo improacutepria da
edificaccedilatildeo (Priorizar as relocaccedilotildees dentro da
proacutepria aacuterea em local seguro)
Fonte ALHEIROS 2006
43
Escolhidas as formas de intervenccedilatildeo para cada aacuterea eacute necessaacuterio realizar uma estimativa
dos custos afim de preparar o orccedilamento da prefeitura para a realizaccedilatildeo das obras e se
seraacute necessaacuterio a captaccedilatildeo de recursos externos para a execuccedilatildeo destas Feitas as
estimativas de custo o proacuteximo passo eacute definir as prioridades e para esta fase eacute tambeacutem
uacutetil o mapeamento feito nas etapas anteriores pois seraacute necessaacuterio hierarquizar tais
intervenccedilotildees nas aacutereas de risco O Ministeacuterio das Cidades (2007) sugere alguns criteacuterios
que podem ser avaliados pelo gestor dentre eles pode-se citar
Grau de risco
Populaccedilatildeo beneficiada
Custo da intervenccedilatildeo
Dimensatildeo da aacuterea a ser tratada
Demandas anteriores da populaccedilatildeo
Tempo de ocupaccedilatildeo
Viabilidade teacutecnica da intervenccedilatildeo
Viabilidade financeira
Inclusatildeo da aacuterea em outros projetos
A partir desta hierarquizaccedilatildeo inicia-se a identificaccedilatildeo de provaacuteveis fontes de captaccedilatildeo de
recursos para a execuccedilatildeo das intervenccedilotildees Estes recursos podem advir de programas dos
governos Federal e Estadual ou por meio de editais para captaccedilatildeo de recursos financeiros
tanto do setor puacuteblico como da iniciativa privada e podem ser tambeacutem associados agrave outras
Secretarias Municipais como a de Turismo ou Meio Ambiente e natildeo soacute as destinadas agrave
Defesa Civil (ALHEIROS 2006)
Eacute previsto tambeacutem no PMRR uma avaliaccedilatildeo da Defesa Civil municipal e como ela estaacute
estruturada fazendo inclusive sugestotildees para que sua atuaccedilatildeo esteja em consonacircncia com
a realidade das comunidades e da Administraccedilatildeo Puacuteblica do municiacutepio de forma a garantir
sua sustentabilidade e conquistar a credibilidade da populaccedilatildeo no que diz respeito a
prevenccedilatildeo de cataacutestrofes Para que a resposta a uma determinada situaccedilatildeo de risco seja
raacutepida eacute necessaacuterio a descentralizaccedilatildeo da Defesa Civil criando pequenos nuacutecleos
comunitaacuterios com a finalidade de se monitorar a aacuterea constantemente e promover as
intervenccedilotildees necessaacuterias em tempo haacutebil o que aumenta em muito a credibilidade da
populaccedilatildeo no PMRR e no trabalho desempenhado pela Defesa Civil no municiacutepio Apoacutes
esta etapa o PMRR passaraacute por audiecircncias puacuteblicas e posteriormente poderaacute ser aprovado
como Lei Municipal pelo Legislativo local (ALHEIROS 2006)
Com a realizaccedilatildeo deste plano o municiacutepio estaraacute munido de informaccedilotildees suficientes para
realizar accedilotildees efetivas de gestatildeo e gerenciamento de riscos bem como aliado a
levantamentos sociais realizar programas habitacionais que beneficiem prioritariamente
44
aos moradores das aacutereas de risco Aleacutem disso com o PMRR o municiacutepio poderaacute melhorar
a qualidade ambiental da populaccedilatildeo captando recursos para a recuperaccedilatildeo das aacutereas de
APP que foram degradadas pelas ocupaccedilotildees irregulares beneficiando todos os moradores
do municiacutepio com o aumento da qualidade de vida na cidade
A partir do disposto nesta seccedilatildeo acerca do Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos e de
uma maneira preliminar (levando-se em conta apenas o nuacutemero de registros de
alagamentos e deslizamentos na aacuterea urbana principal de Santos Dumont no periacuteodo de
1984 a 2014) identificou-se trecircs regiotildees distintas na aacuterea urbana do municiacutepio com
tempo de recorrecircncia desses eventos similares caracterizando trecircs prioridades de
intervenccedilatildeo em contenccedilatildeo de risco como pode ser visto nas figuras 515 e 516 Vale
ressaltar que eacute necessaacuterio um estudo mais detalhado inclusive com visitas teacutecnicas a
campo para que se confirme a real situaccedilatildeo destas e a real prioridade para investimentos
Figura 5 17 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de deslizamentos
Fonte Do Autor
45
Figura 5 18 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de alagamentos
Fonte Do Autor
46
6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees
A seguir apresenta-se as conclusotildees e as recomendaccedilotildees feitas a partir dos objetivos
especiacuteficos explicitados no iniacutecio deste trabalho
Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a
aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes
urbanos
A partir da revisatildeo da legislaccedilatildeo pertinente em acircmbito federal estadual e
municipal constatou-se que o Plano Diretor de Santos Dumont natildeo conflita com a
legislaccedilatildeo federal e estadual sobre Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente A legislaccedilatildeo
municipal foi entendida como mais conservadora que as federal e estadual uma
vez que considera implicitamente que declividades entre 47 e 100 satildeo
enquadradas como APPs aleacutem da faixa superior a 100
Parte consideraacutevel das ocupaccedilotildees em APP principalmente na regiatildeo do bairro
Santo Antocircnio (onde surgiu os primeiros nuacutecleos que deram origem ao municiacutepio)
e o centro da cidade ocorreram antes de que fosse elaborado qualquer legislaccedilatildeo
que versasse sobre o tema Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente bastando ao gestor
local tomar medidas de contenccedilatildeo de riscos que minimizem os impactos causados
por essas ocupaccedilotildees nessa regiatildeo
O ordenamento adequado do uso do solo no municiacutepio eacute necessaacuterio para que o
crescimento dos loteamentos criados anteriormente agrave esta Lei e o surgimento de
novos natildeo avance para Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente o que pode causar
inuacutemeros problemas aos moradores e agravar os jaacute existentes
Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las
com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)
As aacutereas onde houveram a maior quantidade de registros de deslizamentos satildeo os
bairros mais populosos de Santos Dumont podendo se estabelecer uma relaccedilatildeo
que quanto mais populoso o bairro maior a quantidade de problemas relacionados
a deslizamentos Tambeacutem pode-se notar uma relaccedilatildeo com as fronteiras das faixas
de declividades e os deslizamentos uma vez que boa parte deles aconteceram
nestas faixas
As aacutereas onde houve um grande nuacutemero de registros de alagamentos satildeo os bairros
que se desenvolveram agraves margens do Ribeiratildeo das Posses em especial na aacuterea que
47
compreende as APPs de curso hiacutedrico e em aacutereas onde a declividade eacute baixa Esse
fato aliado ao crescimento do nuacutemero de vias pavimentadas com material
impermeaacutevel e a natildeo expansatildeo e ou redimensionamento da rede de drenagem
urbana contribuiacuteram para a ocorrecircncia cada vez mais constante de alagamentos
nessas aacutereas
Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos
catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30
anos
A partir do levantamento histoacuterico realizado e da base de dados georeferenciada
gerada observou-se o aumento do nuacutemero de registros de deslizamentos e
alagamentos nos uacuteltimos 10 anos quando as ocorrecircncias comeccedilaram a se repetir
numa mesma aacuterea com frequecircncia incrementada as vezes com mais de uma
ocorrecircncia anual
Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do
solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental
Destaca-se a adequaccedilatildeo dos criteacuterios gerais estabelecidos pelo Plano Diretor de
Santos Dumont relativos a legislaccedilatildeo federal e estadual Entretanto o referido
Plano Diretor natildeo contempla todo o territoacuterio municipal sendo assim ele natildeo
cumpre o objetivo de proteger as APPs preservadas e recuperar as que foram
degradadas em todo o territoacuterio municipal Ressalta-se tambeacutem a sua natildeo
conformidade com o Estatuto das Cidades uma vez que o Plano Diretor
contempla apenas os novos loteamentos
Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais
negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea
impactada
Recomenda-se a implantaccedilatildeo no municiacutepio de uma Coordenadoria Municipal de
Defesa Civil atuante e integrada agraves Secretarias Municipais e agrave comunidade
visando uma atuaccedilatildeo eficaz nos problemas relacionados a deslizamentos e
alagamentos A elaboraccedilatildeo de um Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos eacute de
suma importacircncia pois atraveacutes dele pode-se predizer as aacutereas que passaratildeo por
problemas caso a expansatildeo aconteccedila ou se inicie uma ocupaccedilatildeo nova aleacutem de
prevenir acidentes nas aacutereas jaacute ocupadas e consideradas de risco
48
7 Anexos
49
71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont
50
51
72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)
52
53
8 Referecircncias Bibliograacuteficas
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19
Figura 3 3 Municiacutepio de Santos Dumont em 2014
Fonte Arquivo do autor
332 Santos Dumont na atualidade
O municiacutepio de Santos Dumont localiza-se na regiatildeo da Zona da Mata mineira distante
cerca de 220 Km da capital Belo Horizonte e possui uma populaccedilatildeo de 47558 habitantes
(ODM 2015 projeccedilatildeo) numa aacuterea total de 637 kmsup2 Faz divisa com os municiacutepios de
Juiz de Fora Oliveira Fortes Bias Fortes Antocircnio Carlos Tabuleiro Piau e Ewbank da
Cacircmara
No que diz respeito agrave sua formaccedilatildeo fisiacuteco-geograacutefica a aacuterea que compreende o municiacutepio
eacute constituiacuteda predominantemente por Cambissolo Haacuteplico (70) com Latossolo
Vermelho-Amarelo (30) (UFV2010) A vegetaccedilatildeo eacute em sua maioria composta por
exemplares de Mata Atlacircntica De acordo com o IBGE(2015) Santos Dumont se localiza
a 839m de altitude O clima da regiatildeo eacute classificado como Tropical de Altitude (Cwb) e
possui uma temperatura meacutedia de 20ordmC Eacute banhado pela bacia hidrograacutefica do Paraiacuteba do
Sul e em sua maioria pertence agrave sub-bacia do Rio Pomba (IGAM) que fornece aacutegua para
abastecimento puacuteblico agrave 88 da populaccedilatildeo por meio da rede de distribuiccedilatildeo
(IBGE2010) Uma pequena parte da zona rural a sudoeste eacute banhada pela Sub-Bacia do
Rio Paraibuna mais precisamente na regiatildeo de fronteira com os municiacutepios de Juiz de
Fora e Ewbank da Cacircmara O sistema viaacuterio principal de acesso agrave cidade eacute a rodovia BR-
040 e a estrada de ferro Dom Pedro II atualmente utilizada somente para transporte de
cargas
Com a economia nos dias atuais baseada majoritariamente no setor de serviccedilos a cidade
possui um Iacutendice de Desenvolvimento humano (IDH) de 0741 (IBGE2010) Apesar do
decliacutenio econocircmico de Santos Dumont nota-se hoje um aumento no nuacutemero de
loteamentos populares e condomiacutenios horizontais e verticais entre outras edificaccedilotildees Eacute
de vital importacircncia que esse crescimento das ocupaccedilotildees seja ordenado e regulamentado
20
de forma a garantir a qualidade ambiental prevenindo deslizamentos e inundaccedilotildees Diante
dessa conjuntura o governo municipal aprovou em 2012 a Lei nordm 4241 que trata do Plano
Diretor Participativo instrumento baacutesico da poliacutetica de desenvolvimento e expansatildeo
urbana do municiacutepio de Santos Dumont
4 METODOLOGIA
41 Aacuterea de estudo
A regiatildeo dentro dos limites do municiacutepio que seraacute estudada neste trabalho eacute conforme
descrito nos anexos Plano Diretor e representada na figura 44 a aacuterea urbana principal
que possui 47 Kmsup2 e compreende a regiatildeo central da cidade e os bairros perifeacutericos regiatildeo
que concentra cerca de 90 da populaccedilatildeo total de Santos Dumont (IBGE 2015) A aacuterea
urbana principal representa 75 da aacuterea total dos 637 Kmsup2 que compreendem o
municiacutepio e eacute o local onde nos uacuteltimos 30 anos se verificou um maior crescimento
populacional e tambeacutem onde ocorre a maioria dos eventos relacionados a deslizamentos
e alagamentos por conta da ocupaccedilatildeo sem planejamento A figura 45 mostra a aacuterea
urbana principal e a localizaccedilatildeo dos bairros urbanos de Santos Dumont
Figura 4 1 Localizaccedilatildeo da aacuterea urbana principal
Fonte Google Earth
21
Figura 4 2 Mapa da aacuterea urbana principal com a localizaccedilatildeo dos bairros
Fonte Do Autor
42 Levantamento e tratamento dos dados
No desenvolvimento deste trabalho foi necessaacuterio se fazer um estudo detalhado sobre o
Plano Diretor de Santos Dumont principalmente dos seus anexos que compreendem os
mapas e a localizaccedilatildeo das aacutereas definidas pelo zoneamento proposto Para que isso fosse
possiacutevel a Secretaria Municipal de Obras e Serviccedilos Puacuteblicos forneceu todos os dados
secundaacuterios produto do estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor e do
zoneamento Estes dados incluem os arquivos Shapefile (shp) e outros documentos
integrantes do Plano Diretor Algumas informaccedilotildees foram complementadas tambeacutem com
dados adquiridos atraveacutes do site do IBGE e do Portal Objetivos do Milecircnio (ODM)
Os dados sobre as ocorrecircncias de deslizamentos e alagamentos foram obtidos atraveacutes da
Defesa Civil do municiacutepio atraveacutes do Sistema Integrado de Informaccedilotildees sobre Desastres
(S2ID) do Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional Tal sistema centraliza as informaccedilotildees sobre
desastres naturais ocorridos em todo o territoacuterio nacional facilitando a pesquisa sobre tais
eventos a qualquer cidadatildeo (BRASIL 2015)
Apesar do sistema ser bastante uacutetil os dados sobre o municiacutepio de Santos Dumont se
encontravam bastante falhos e escassos sendo necessaacuteria complementaccedilatildeo para que a
22
base de dados ficasse consistente Diante disso uma pesquisa atraveacutes dos arquivos do
Jornal Mensagem um jornal semanaacuterio local foi feita entre os anos de 1984 e 2014 e os
dados primaacuterios filtrados em uma planilha do Microsoft Excel para posterior utilizaccedilatildeo
De posse destes dados foi feita a localizaccedilatildeo em campo das coordenadas dos locais
atingidos por deslizamentos e alagamentos no periacuteodo compreendido pela pesquisa com
o auxiacutelio de um aparelho de GPS
A maioria dos arquivos shapefile utilizados para a confecccedilatildeo dos mapas satildeo parte
integrante dos anexos da Lei do Plano diretor do municiacutepio gerados no mecircs de dezembro
de 2011 pelo Instituto Nova Cidade e foram cedidos pela Secretaria Municipal de Obras
e Serviccedilos Puacuteblicos com Datum em UTM SAD 69 Com a finalidade de fornecer um
referenciamento atualizado e de acordo com os mais novos sistemas de coordenadas
utilizados no Brasil os arquivos foram convertidos para o Datum UTM SIRGAS 2000
que diferencia do SAD 69 pelo fato de ser um referencial geocecircntrico ou seja o centro
da Terra eacute o ponto de referecircncia neste sistema enquanto que o primeiro utiliza um
referencial na superfiacutecie da Terra (IBGE2014) Eacute interessante ressaltar tambeacutem que o
SIRGAS 2000 se tornou no ano de 2014 o sistema de coordenadas oficial do Sistema
Geodeacutesico Brasileiro e do Sistema Cartograacutefico Nacional ambos mantidos pelo IBGE A
combinaccedilatildeo dos shapefiles foi feita com o software livre gvSIG e com estas combinaccedilotildees
foram gerados mapas importantes resultados para a execuccedilatildeo deste trabalho A maioria
dos mapas representam a regiatildeo urbana principal de Santos Dumont e foram produzidos
numa escala em torno de 140000 que de acordo com Rocha (2007) eacute uma escala viaacutevel
pois as recomendaacuteveis para trabalhos de anaacutelise ambiental em niacutevel municipal podem ser
entre 150000 e 110000 Alguns mapas cujo detalhamento natildeo eacute necessaacuterio foram
gerados na escala 1100000
Para a geraccedilatildeo dos mapas aleacutem dos arquivos fornecidos pela Secretaria de Obras e
Serviccedilos Puacuteblicos foram utilizados para a geraccedilatildeo do modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE)
e da localizaccedilatildeo dos topos de morro dados gerados pelo sistema de radar Advanced
Spacebone Thermal Emission and Reflection Radiometer (ASTER) que geram as curvas
de niacutevel do terreno com uma resoluccedilatildeo de 30m (NASA2014) O processamento dessas
imagens foi feito pelo software livre gvSIG As imagens geradas pelos sateacutelites
LANDSAT foram adquiridas no site da United States Geological Survey (USGS) e essas
imagens possibilitaram obter um panorama preciso do uso do solo em toda a aacuterea urbana
de Santos Dumont numa resoluccedilatildeo de 15 metros uma vez que foi utilizada a banda
pancromaacutetica do sateacutelite LANDSAT 8 aleacutem da combinaccedilatildeo das bandas 65 e 4
respectivamente que eacute a combinaccedilatildeo recomendada pela mantenedora dos sateacutelites para
anaacutelises deste tipo
23
No que diz respeito a identificaccedilatildeo de APPs em topo de morro a metodologia de Oliveira
amp Fernandes Filho (2013) por utilizar as mesmas bases de dados ateacute entatildeo usadas neste
trabalho foi a mais indicada
A metodologia de anaacutelise dos mapas gerados eacute a proposta pelo professor Jorge Xavier da
Silva do Laboratoacuterio de Geoprocessamento (LAGEOP) da Universidade Federal do Rio
de Janeiro e citada por Rocha (2007) Tal metodologia analisa as variaacuteveis em questatildeo
presentes na aacuterea e permite avaliar as possibilidades de relaccedilotildees entre essas variaacuteveis De
uma maneira geral este meacutetodo verifica o estado atual da aacuterea em estudo bem como das
variaacuteveis gerando inventaacuterios que servem para a construccedilatildeo de dados planimeacutetricos sejam
com as variaacuteveis isoladas ou combinadas Estes dados planimeacutetricos geram assinaturas
que permitem inferir sobre a influecircncia dessas variaacuteveis De posse dos dados gerados pelo
processo anteriormente citado pode-se fazer algumas prospecccedilotildees sobre os riscos
ambientais que a aacuterea pode sofrer ou o seu potencial ambiental (ROCHA 2007)
5 RESULTADOS
51 Levantamento histoacuterico de alagamentos e
deslizamentos
O aumento da demanda pelo uso do solo na regiatildeo urbana de Santos Dumont
principalmente no tocante agrave formaccedilatildeo de novos loteamentos e condomiacutenios nos uacuteltimos
anos eacute consideraacutevel mas tambeacutem haacute de se observar o crescimento dos bairros jaacute existentes
com pouco ou nenhum ordenamento Em ambos os casos se observa ocupaccedilotildees
irregulares em APP o que tem ocasionado um aumento na frequecircncia de deslizamentos
e inundaccedilotildees Eacute evidente que quanto maior a densidade populacional do bairro maior a
quantidade de ocorrecircncias ao longo dos anos (SPERFELD 2009)
De acordo com as ocorrecircncias registradas pela Defesa Civil do municiacutepio obtidas atraveacutes
da literatura utilizada nos uacuteltimos 30 anos Santos Dumont chegou a decretar situaccedilatildeo de
emergecircncia por conta de desastres envolvendo deslizamentos eou alagamentos por duas
vezes num espaccedilo de 10 anos conforme pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho
(BRASIL 2014 CEPED 2011)
Segundo os dados obtidos atraveacutes de pesquisa nos arquivos do semanaacuterio entre os anos
de 1984 e 2014 pode-se verificar que nos uacuteltimos 20 anos a cidade tem experimentado
24
um aumento consideraacutevel nos eventos relacionados a deslizamentos e principalmente
alagamentos como pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho Isso pode ter sido causado
dentre outros fatores pelo aumento do nuacutemero de vias pavimentadas com material
impermeaacutevel o que tem sobrecarregado tanto a infraestrutura existente para drenagem
urbana como tambeacutem a calha dos cursos drsquoaacutegua que passam pela regiatildeo urbana do
municiacutepio (ZANON2013)
Na deacutecada de 1980 (1984-1990) de acordo com os dados obtidos natildeo foram noticiados
eventos consideraacuteveis relacionados a deslizamentos e alagamentos em Santos Dumont
mas isso natildeo exclui a possibilidade de natildeo ter ocorrido tais eventos em menor escala
Na deacutecada de 1990 aconteceram uma seacuterie de ocorrecircncias tanto de deslizamentos quanto
de alagamentos No ano de 1997 num periacuteodo chuvoso intenso aconteceram
deslizamentos consideraacuteveis em vaacuterios bairros da cidade inclusive com desabamento de
casas e de ruas principalmente nos bairros Nossa Senhora da Gloacuteria e Quarto Depoacutesito
Em 1999 ocorreram alguns pontos de alagamento nos bairros Quarto Depoacutesito e Santo
Antocircnio com grandes prejuiacutezos materiais
A deacutecada de 2000 iniciou com o registro de deslizamentos em vaacuterios bairros da cidade
inclusive com desabamento de casas e pontes e alagamentos em importantes vias do
centro da cidade Observa-se ao longo desse periacuteodo o crescimento nas ocorrecircncias de
deslizamentos e de aacutereas com risco de deslizamento em muitos bairros de Santos Dumont
Um dos fatores importantes para esse crescimento foi a grande expansatildeo sofrida pela
maioria dos bairros e a falta de planejamento e orientaccedilatildeo por parte da prefeitura uma
vez que uma boa parte do crescimento dos bairros da cidade ocorreu ou proacuteximo a cursos
drsquoaacutegua ou em aacutereas com declividade improacutepria para se fazer construccedilotildees O bairro
Coacuterrego do Ouro (Figura 51) foi o que mais sofreu com ocorrecircncias de deslizamentos
nesse periacuteodo enquanto o bairro Santo Antocircnio foi que teve mais ocorrecircncias de
alagamentos
25
Figura 5 1 Deslizamento no bairro Coacuterrego do Ouro
Fonte Portal Cabangu
No iniacutecio deacutecada de 2010 (2011-2014) o centro da cidade foi a regiatildeo que mais sofreu
com alagamentos sendo registrado pelo menos uma ocorrecircncia por ano nessa aacuterea (Figura
52) Isso pode ser relacionado dentre outros fatores com as obras de modificaccedilatildeo do
tipo de pavimentaccedilatildeo das estradas por um material impermeaacutevel gerando uma sobrecarga
nos sistemas de drenagem urbana que foram projetados para um tipo de pavimento mais
permeaacutevel implicando tambeacutem na sobrecarga calha do Ribeiratildeo das Posses o principal
curso drsquoaacutegua que corta o centro da cidade e que se encontra em quase sua totalidade
ocupada em ambas as margens que cortam o centro da cidade
26
Figura 5 2 Alagamento na regiatildeo central de Santos Dumont em 2013
Fonte Portal Cabangu
Quanto agraves ocorrecircncias de deslizamento ao longo da referida deacutecada elas estiveram
espalhadas pelos bairros do municiacutepio tendo um maior nuacutemero de ocorrecircncias nos bairros
Santo Antocircnio Nossa Senhora da Gloacuteria e Aacutegua Espraiada Nos dois primeiros bairros
citados as ocorrecircncias podem ter sido ocasionadas pelo crescimento desordenado e sem
planejamento destes e no terceiro as ocorrecircncias satildeo relacionadas ao processo de
assoreamento do Ribeiratildeo das Posses o que pode ter gerado um aumento da velocidade
desse curso drsquoaacutegua causando problemas decorrentes do transporte de sedimentos da aacuterea
onde as casas foram construiacutedas que teve como consequecircncia os deslizamentos
Em resumo como pode ser observado nas figuras 53 e 54 na tabela 51 no periacuteodo de
1984 a 2014 os bairros mais afetados por alagamentos e deslizamentos satildeo Quarto
Depoacutesito Nossa Senhora da Gloacuteria Santo Antocircnio Coacuterrego do Ouro Antocircnio Afonso
Graminha e Vila Esperanccedila sendo que o bairro Coacuterrego do Ouro possui o maior nuacutemero
de ocorrecircncias de deslizamentos e o centro da cidade possui o maior nuacutemero de
ocorrecircncias de alagamentos no periacuteodo pesquisado Vale destacar que a aacuterea propiacutecia a
alagamentos no bairro Antocircnio Afonso natildeo identificada no estudo realizado pela
prefeitura constitui-se efetivamente numa aacuterea de risco conforme levantamento histoacuterico
realizado Esta aacuterea de risco se deve agrave diferenccedila de niacutevel negativa entre o rio Pinho e a
aacuterea do bairro estando este em desniacutevel com um risco iminente de inundaccedilotildees resultantes
da cheia desse curso drsquoaacutegua causando inuacutemeros transtornos aos moradores do local
27
Figura 5 3 Pontos de Alagamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico
Fonte Do autor
Figura 5 4 Pontos de deslizamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico
Fonte Do autor
28
Tabela 51 Ocorrecircncias de alagamentos e deslizamentos obtidos atraveacutes do
levantamento histoacuterico
Pontos de ocorrecircncia (1984-2014)
Bairros Alagamento Deslizamento
Aacutegua Espraiada 1 1
Antocircnio Afonso 1 0
Barra 0 1
Centro 7 1
Coacuterrego do Ouro 1 7
Flores 0 1
Graminha 1 0
Jardim Jaraguaacute 0 1
N Sra da Gloacuteria 0 4
N Sra das Graccedilas 1 0
Quarto Depoacutesito 3 2
Santo Antocircnio 4 2
Satildeo Sebastiatildeo 0 1
Vila Esperanccedila 0 1
Fonte Do autor
De acordo com o estudo realizado na elaboraccedilatildeo do Plano Diretor pela prefeitura
municipal observa-se que os bairros que possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a
deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do Ouro e Vila Esperanccedila enquanto que os que
possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a alagamento satildeo o Centro da cidade e os
bairros Satildeo Sebastiatildeo Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio por estarem agraves margens do
Ribeiratildeo das Posses um curso drsquoaacutegua que sofre com inundaccedilotildees perioacutedicas devido ao
severo assoreamento em algumas regiotildees e tambeacutem devido ao acuacutemulo de lixo descartado
pelos moradores do entorno irregularmente De acordo com o estudo realizado quando da
elaboraccedilatildeo do Plano Diretor do municiacutepio foram feitos estudos sobre as aacutereas propensas
a deslizamentos e alagamentos na regiatildeo urbana principal Tais aacutereas satildeo as destacadas
nas Figuras 55 e 56 No levantamento histoacuterico realizado pode-se identificar que os
bairros que possuem mais aacutereas propensas a deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do
Ouro Nossa Senhora da Gloacuteria Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio enquanto que os bairros
mais propensos a alagamentos satildeo os bairros Centro Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio
como observado na tabela 51
29
Figura 5 5 Aacutereas propensas a deslizamento de acordo com o Plano Diretor de
Santos Dumont
Fonte Google Earth e Lei 42412012
Figura 5 6 Aacutereas propensas a alagamento de acordo com o Plano Diretor de
Santos Dumont
Fonte Google Earth e Lei 42412012
30
Comparando-se os mapas obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico com o mapa gerado
pelo estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor nota-se que haacute semelhanccedilas em
algumas aacutereas mas ao se levar em conta o produto gerado pela pesquisa histoacuterica o
estudo necessitaria ser complementado haja vista que ele natildeo compreende por exemplo
o ponto de alagamento no bairro Antocircnio Afonso citado anteriormente e alguns pontos de
deslizamento importantes uma vez que satildeo regiotildees onde haacute ocupaccedilatildeo Esse fato evidencia
a necessidade de se buscar vaacuterias fontes primaacuterias e secundaacuterias para se detectar aacutereas de
risco em um municiacutepio incluindo arquivos da imprensa local afim de se produzir uma
base de dados consistente e com o menor nuacutemero de falhas possiacutevel (CEPED 2014) Com
a uniatildeo dos dois estudos foram gerados os mapas apresentados nas Figuras 57 e 58
Aleacutem do mais observando as figuras 57 e 58 pode-se notar que uma boa parte tanto dos
casos de alagamento quanto de deslizamento estatildeo na faixa de APP de curso hiacutedrico o
que ilustra a importacircncia da preservaccedilatildeo destas aacutereas
Figura 5 7 Aacutereas propensas a alagamento do estudo do Plano Diretor
complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento
Fonte Do Autor
31
Figura 5 8 Aacutereas propensas a deslizamento do estudo do Plano Diretor
complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento
Fonte Do Autor
Atraveacutes da combinaccedilatildeo entre estes dois levantamentos procurou-se alimentar a base de
dados e garantir uma consistecircncia maior desta no que diz respeito a aacutereas de deslizamento
e alagamento podendo inclusive se identificar a suscetibilidade de uma determinada
regiatildeo da cidade a um ou outro evento (CEPED2014)
512 O Plano diretor e as APPs
Nos uacuteltimos anos o Brasil experimentou um forte fenocircmeno de migraccedilatildeo do campo para
as aacutereas urbanas De acordo com o IBGE no periacuteodo de 1940 a 2000 houve um aumento
de cerca de 60 do nuacutemero de pessoas que vivem em cidades (SILVA JR 2006) O
processo de planejamento e ordenamento do uso do solo nessas aacutereas deveria ter
acompanhado esse crescimento ao longo dos anos a fim de garantir a qualidade de vida e
a seguranccedila dos migrantes ao se instalarem nas cidades o que natildeo ocorreu e o que se
observa atualmente satildeo ocupaccedilotildees em aacutereas improacuteprias para moradia sem a infraestrutura
baacutesica necessaacuteria e com risco iminente de deslizamentos eou inundaccedilotildees
O Plano Diretor do municiacutepio de Santos Dumont em seu capiacutetulo IV que versa sobre o
uso e ocupaccedilatildeo do solo explicita regras para o ordenamento do territoacuterio que compreende
o municiacutepio com base nos diferentes usos do solo de acordo com sua compatibilidade o
32
que acabou por resultar num zoneamento de todo o municiacutepio em macrozonas conforme
citado na seccedilatildeo 3231 de acordo com os usos atuais e futuros do solo Aleacutem de dividir
estas macrozonas em urbanas e rurais tambeacutem avaliou e classificou estas aacutereas com base
numa seacuterie de fatores ambientais geoloacutegicos culturais e sociais de forma a se fazer um
zoneamento coerente com os atuais usos do solo e seu potencial de uso futuro Apresenta-
se na Figura 59 este zoneamento na aacuterea urbana principal de Santos Dumont
Figura 5 9 Zoneamento urbano da aacuterea urbana principal
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Lei 42412012
Tomando como referecircncia o Novo Coacutedigo Florestal brasileiro em especial os paracircmetros
estabelecidos para a definiccedilatildeo de APP e utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento
atraveacutes do software Vista SAGA relacionou-se as APPs existentes na aacuterea em estudo com
as regiotildees propiacutecias a alagamentos e deslizamentos de acordo com o estudo feito quando
da elaboraccedilatildeo do Plano Diretor afim de se identificar qual ou quais aacutereas possuem estes
problemas e se estatildeo relacionados com o uso do solo irregular em APP
Ao se aplicar a metodologia proposta por Oliveira amp Fernandes Filho (2013) natildeo foram
identificadas dentro da aacuterea de estudo APPs de topos de morro sendo este tipo de APP
descartada portanto das anaacutelises subsequentes deste trabalho Foram consideradas as
APP de curso hiacutedrico (rios e nascentes) e de declividade visando relacionaacute-las as aacutereas
de risco identificadas pela Prefeitura afim de se verificar as possiacuteveis causas da ocorrecircncia
33
destas aacutereas na regiatildeo urbana do municiacutepio Por meio de combinaccedilotildees entre dois mapas
temaacuteticos utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento foi possiacutevel obter as
assinaturas ou seja tabelas que caracterizam quantitativamente a aacuterea afetada por cada
aspecto visto que a simples visualizaccedilatildeo do mapa gerado pelo geoprocessamento muitas
vezes eacute prejudicada por serem aacutereas de pequenas dimensotildees ou por qualquer outra
limitaccedilatildeo do software Ressalta-se que para a elaboraccedilatildeo do Plano Municipal de Reduccedilatildeo
de riscos a identificaccedilatildeo e detalhamento topograacutefico destas aacutereas eacute fundamental para o
desenvolvimento do referido Plano conforme seraacute abordado detalhadamente na seccedilatildeo
52
De posse do mapa que representa o zoneamento urbano de Santos Dumont primeiramente
procurou-se mensurar qualitativa e quantitativamente a presenccedila de APPs tanto de
declividade quanto de cursos hiacutedricos Essa identificaccedilatildeo eacute importante pois este
zoneamento eacute um dos instrumentos de planejamento municipal (BRASIL 2001) Saboya
(2007) aponta que os principais objetivos de um zoneamento satildeo o controle da expansatildeo
urbana e proteccedilatildeo de aacutereas inadequadas a ocupaccedilatildeo aleacutem de reduzir os conflitos inerentes
aos diferentes usos do solo Com o uso da ferramenta ldquoCombinarrdquo do Vista SAGA foram
feitas combinaccedilotildees entre o mapa de hidrografia com buffer de 30m para rios e coacuterregos e
de 50m para nascentes com o mapa do zoneamento para se verificar a importacircncia das
APPs de curso hiacutedrico em toda a aacuterea urbana principal do municiacutepio Tambeacutem foram
combinados o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) obtido atraveacutes do gvSIG com o mapa
de zoneamento afim de se verificar quantitativamente as APPs de declividade e onde se
localizam Vale ressaltar que as declividades entre 30 e 47 estatildeo presentes nesta
combinaccedilatildeo pois de acordo com o Plano Diretor de Santos Dumont terrenos com esta
faixa de declividade para fins de parcelamento devem possuir estudo teacutecnico que ateste
a viabilidade de se promover algum empreendimento imobiliaacuterio neste (SANTOS
DUMONT 2012) Como a legislaccedilatildeo municipal prevecirc estudo somente para a faixa de
declividade descrita anteriormente para fins de anaacutelise neste trabalho consideramos um
valor mais conservador para APP compreendendo a faixa de 47 a 100 aleacutem da
prevista pela legislaccedilatildeo federal (gt100) para que natildeo houvessem lacunas importantes na
geraccedilatildeo do produto
Apresenta-se na Figura 510 aacutereas com declividades consideradas de risco e consideradas
APP e em qual zona de planejamento elas estatildeo inseridas De um modo geral ao se
observar a Tabela 52 nota-se que a aacuterea que compreende declividades de risco e APP eacute
uma pequena parcela da aacuterea urbana principal representando 061 desta aacuterea Ao se
levar em conta somente a localizaccedilatildeo pode-se verificar que cerca de 84 das aacutereas com
declividade de risco e a totalidade das APPs de declividade estatildeo localizadas na ZAC1
zona que compreende a maior parte do municiacutepio e apesar de possuir infraestrutura baacutesica
para a ocupaccedilatildeo esta eacute restrita Sendo assim o fator declividade deve ser visto com cautela
nesta aacuterea para se evitar transtornos advindos de edificaccedilotildees nestas aacutereas
34
Figura 5 10 Combinaccedilatildeo entre as declividades importantes incluindo as APPs e o
zoneamento urbano
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Do autor
Tabela 52 Assinaturas da combinaccedilatildeo Declividade x Zoneamento
Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea
Natildeo APP 457972 9939
Declividade 30-47 em ZAC1 2368 051
Declividade 30-47 em ZE 284 006
Declividade 30-47 em ZAC2 128 003
Declividade 30-47 em ZPA 004 0001
APP Declividade em ZAC1 048 001
Total 460804 100
Fonte Do autor
Apresenta-se na Figura 511 as APPs de curso hiacutedrico (nascentes e rios) e em qual zona
de planejamento estatildeo localizadas Assim como a declividade a maior parte das APPs de
curso hiacutedrico estatildeo localizadas em ZAC1 representando 383 da aacuterea urbana em estudo
e 51 do total das APPs de curso hiacutedrico Esta questatildeo tambeacutem deve ser vista com
bastante criteacuterio pelos gestores locais uma vez que a ocupaccedilatildeo em faixas proacuteximas de
rios e coacuterregos podem causar uma gama de problemas ambientais e sociais na regiatildeo
(SANTANA2011) Tal cuidado tambeacutem deve ser tomado nas APPs compreendidas na
35
ZAC2 que compreende 001 da Aacuterea urbana principal e 14 do total das APPs de curso
hiacutedrico pois a infraestrutura baacutesica e acessibilidade presente nesta zona eacute precaacuteria e a
ocupaccedilatildeo as margens de cursos hiacutedricos pode gerar problemas seacuterios caso ocorra uma
expansatildeo nestas aacutereas
Figura 511 Combinaccedilatildeo entre APP de curso hiacutedrico e as zonas de planejamento
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Do autor
Outro ponto importante eacute a presenccedila da Zona de Proteccedilatildeo Ambiental (ZPA) no entorno
uma consideraacutevel parte dos cursos hiacutedricos Nesta zona estatildeo presentes 28 das APPs de
curso hiacutedrico e esta zona de acordo com o Plano Diretor deve ser restaurada ou
preservada por suas caracteriacutesticas geoloacutegicas topograacuteficas e bioloacutegicas
Afim de se verificar os usos do solo na regiatildeo em estudo foram utilizadas combinaccedilotildees
de imagens advindas do sateacutelite Landsat 8 nas bandas descritas no capiacutetulo 4 aleacutem da
banda pancromaacutetica O resultado eacute apresentado na figura 512 que mostra os principais
usos do solo na aacuterea urbana principal de Santos Dumont
36
Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x Zoneamento
Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea
Hidrografia 11168 239
Aacuterea Urbana Natildeo APP 421004 9008
APP Curso hiacutedrico em ZAC1 179 383
APP Curso hiacutedrico em ZPA 9776 209
APP Curso hiacutedrico em ZE 184 004
APP Curso hiacutedrico em ZA 1192 026
APP Curso hiacutedrico em ZAC2 5124 110
APP Curso hiacutedrico em ZPPH 248 005
APP Curso hiacutedrico em ZEIS 568 012
APP Curso hiacutedrico em ZCA 228 005
Total 467392 10000
Fonte Do autor
Figura 5 12 Mapa de usos do solo da aacuterea urbana principal de Santos Dumont
Fonte Do autor
Como jaacute era previsto a maior parte da aacuterea urbana se encontra ocupada e eacute nesta regiatildeo
ocupada que se observa a maior concentraccedilatildeo de problemas de deslizamentos e
alagamentos (Figuras 513 e 514) A grande ocupaccedilatildeo em aacutereas consideradas APP de
curso hiacutedrico de acordo com os mapas gerados pode ser a principal causa do aumento a
cada ano dos casos de alagamento principalmente na regiatildeo central da cidade Outro ponto
que se deve atentar eacute a existecircncia de uma consideraacutevel aacuterea de pastagem pouco vegetada
que caso estejam em aacutereas elevadas pode contribuir para deslizamentos e agraves margens de
37
rios e coacuterregos para o assoreamento destes corpos hiacutedricos o que pode causar
alagamentos (INAacuteCIO etal 2007)
Diante destes resultados pode-se ver que a cidade de Santos Dumont necessita alternativas
efetiva no que diz respeito agrave contenccedilatildeo de deslizamentos e a reduccedilatildeo de risco de
alagamento pois as aacutereas em que ocorrem tais eventos satildeo distintas e facilmente definidas
devido agrave repeticcedilatildeo destes nos uacuteltimos anos Um plano de accedilatildeo integrado entre as diferentes
secretarias municipais (Obras Meio Ambiente Assistecircncia Social entre outras) e a
Coordenadoria Municipal de Defesa Civil deve ser realizado afim de se tomar medidas
natildeo mais preventivas mas sim preditivas para que se possa conter o avanccedilo destes
problemas na aacuterea urbana principal bem como em toda a aacuterea do municiacutepio
Figura 5 13 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na aacuterea urbana
principal
Fonte Do autor
38
Figura 5 14 Aacutereas sujeitas a alagamento e os principais usos do solo na aacuterea
urbana principal
Fonte Do autor
Ao se associar os dados do estudo do Plano Diretor com os dados do levantamento
histoacuterico realizado com o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) pode-se notar que as aacutereas
propiacutecias a deslizamento estatildeo em regiotildees as quais haacute uma fronteira de declividades ou
seja eacute evidente que os deslizamentos ocorrem em encostas um pouco mais iacutengremes mas
natildeo necessariamente nas encostas de 30-47 as quais exigem estudo teacutecnico conforme o
plano diretor preconiza Quanto aos alagamentos nota-se que eles se localizam nas aacutereas
com menor ou nenhuma declividade podendo ser estas aacutereas talvez componentes da
planiacutecie de inundaccedilatildeo dos rios Estes resultados podem ser vistos nas figuras 515 e 516
a seguir
39
Figura5 15 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a deslizamentos na
regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
Fonte Lei 42412012 e Autor
Figura5 26 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a alagamentos na
regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
Fonte Lei 42412012 e Autor
40
52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis
O processo de ocupaccedilatildeo no municiacutepio de Santos Dumont comeccedilou muito antes de
qualquer legislaccedilatildeo relacionada a ordenamento urbano e de proteccedilatildeo do meio ambiente
fosse implementado no Brasil Esse fato aliado a poliacuteticas e fiscalizaccedilotildees falhas
contribuiacuteram para a ocupaccedilatildeo e expansatildeo da aacuterea urbana ao longo do Ribeiratildeo das Posses
e seus afluentes o que tem gerado o aumento da degradaccedilatildeo destes corpos hiacutedricos ao
longo de todos estes anos Observa-se tambeacutem que nas uacuteltimas deacutecadas ocorreu um
grande nuacutemero de migraccedilotildees do campo para a regiatildeo urbana da cidade fator que
contribuiu para o crescimento do nuacutemero de habitaccedilotildees em aacutereas de risco de deslizamento
e alagamentos por serem na maioria das vezes terrenos menos valorizados e por este
motivo acessiacuteveis a populaccedilatildeo com menor poder aquisitivo (ROSA amp CORTEZ 2008)
Vale ressaltar que esta questatildeo aleacutem de ser ambiental eacute muito mais social pois os
moradores entendem os riscos de se viver nestes locais mas por motivos econocircmicos ou
por questotildees afetivas natildeo abrem matildeo da moradia nessas aacutereas A Constituiccedilatildeo Federal de
1988 promoveu a inter-relaccedilatildeo das questotildees sociais com as questotildees ambientais quando
colocou o meio ambiente como direito coletivo (BRASIL1988 SOUZA2010) Por este
motivo a decisatildeo por medidas draacutesticas que favoreccedilam apenas agrave preservaccedilatildeo do meio
ambiente natildeo eacute recomendada pois aleacutem de ser inconstitucional podem afetar a
sustentabilidade econocircmica do municiacutepio e gerar conflitos sociais consideraacuteveis
(CARLOS 1992 apud SOUZA 2010)
Segundo Bueno (2009) ldquonem tudo o que eacute irregular eacute precaacuteriordquo Esse fato se observa em
Santos Dumont uma vez que em boa parte da regiatildeo central se observa vaacuterias moradias
construiacutedas na faixa de APP de curso hiacutedrico o que natildeo eacute permitido pela legislaccedilatildeo
vigente e eacute um dos fatores que contribui para a ocorrecircncia de alagamentos nesta aacuterea da
cidade Para a resoluccedilatildeo deste problema o que seria mais viaacutevel seria a melhoria da
infraestrutura de drenagem urbana afim de que o escoamento da aacutegua das chuvas natildeo
sobrecarregasse o sistema (BUENO2009) A construccedilatildeo de bacias de contenccedilatildeo de
cheias ao longo do Ribeiratildeo das Posses tambeacutem seria uma alternativa mas para se verificar
a viabilidade necessita-se estudos mais aprofundados do ponto de vista hidroloacutegico
O grande problema a ser solucionado no entanto eacute o que diz respeito agraves aacutereas de risco
de deslizamento majoritariamente nos bairros A melhor alternativa seria o
remanejamento dos moradores para uma aacuterea proacutexima agrave que moram poreacutem longe do
risco Poreacutem esta alternativa de acordo com Rosa Filho amp Cortez (2008) encontra alguns
entraves pois estas pessoas na maioria das vezes natildeo tecircm condiccedilotildees financeiras de irem
para outro lugar ou pagar aluguel ou estatildeo de alguma forma sentimentalmente ligadas
agravequela regiatildeo que se recusam a deixaacute-lo
41
Por parte dos oacutergatildeos competentes no municiacutepio a criaccedilatildeo de um plano para se evitar
acidentes ocasionados por deslizamentos e alagamentos com um mapeamento detalhado
de toda a extensatildeo do municiacutepio eacute extremamente uacutetil Os estudos que seratildeo feitos para a
elaboraccedilatildeo deste plano poderatildeo definir quais as aacutereas satildeo potencialmente de risco para as
ocupaccedilotildees existentes ou para as potenciais ocupaccedilotildees que possam vir a ocorrer atraveacutes do
mapeamento das aacutereas de risco Tal planejamento seraacute auxiliar ao Plano Diretor
Municipal pois definiraacute o real uso do solo de determinada regiatildeo do municiacutepio
contribuindo para a adequaccedilatildeo do uso e ocupaccedilatildeo do solo afim de evitar ou reduzir o
nuacutemero de problemas relacionados a alagamentos e principalmente deslizamentos no
periacutemetro urbano (TOMINAGA 2009) A partir deste plano os gestores locais poderatildeo
tomar a melhor decisatildeo para a prevenccedilatildeo ou reduccedilatildeo dos riscos inerentes a tais problemas
Na seccedilatildeo 521 seraacute hierarquizado de forma preliminar a aacuterea urbana principal de acordo
com os resultados da tabela 51
521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta
O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos (PMRR) foi criado atraveacutes de accedilotildees
regularizadoras do Ministeacuterio das Cidades para ser o instrumento de gestatildeo e
gerenciamento de aacutereas de risco em um municiacutepio Eacute um documento que aleacutem de
estabelecer quais regiotildees satildeo consideradas de risco tambeacutem objetiva a proposta de
medidas estruturais ou natildeo para contenccedilatildeo eou prevenccedilatildeo de cataacutestrofes aleacutem de ser um
meio de captaccedilatildeo de recursos financeiros junto aos Governos Estadual e Federal Estes
recursos poderatildeo ser utilizados para a realizaccedilatildeo de obras que visem a melhoria da
qualidade de vida da populaccedilatildeo do entorno ou de recuperaccedilatildeo da aacuterea degradada Este
plano eacute realizado de forma participativa com as comunidades das aacutereas de risco e pode
ser realizado em sete fases conforme recomenda o Ministeacuterio das Cidades (ALHEIROS
2006)
O primeiro passo para a realizaccedilatildeo do PMRR eacute definir qual a metodologia seraacute empregada
levando-se em consideraccedilatildeo a realidade atual do municiacutepio e especificar de forma sucinta
um cronograma das atividades Eacute importante nesta fase a participaccedilatildeo tambeacutem dos
responsaacuteveis pelas mais variadas Secretarias Municipais afim de explicitar o tamanho da
importacircncia e o caraacuteter integrador deste plano A segunda fase deste plano objetiva a
criaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo da principal base de dados a ser utilizada nos passos posteriores o
mapeamento de risco em escala detalhe em torno de 13000 (SAtildeO PAULO 2014) A
elaboraccedilatildeo de um mapeamento detalhado propiciaraacute natildeo soacute a identificaccedilatildeo mais faacutecil das
aacutereas de risco como tambeacutem facilitaraacute aos gestores e agrave comunidade decidirem qual a
melhor intervenccedilatildeo para a soluccedilatildeo ou remediaccedilatildeo dos problemas em uma determinada
42
aacuterea hierarquizando o risco e definindo prioridades (SAtildeO PAULO 2014) Na tabela a
seguir apresenta-se alguns tipos de intervenccedilotildees que podem ser feitas em aacutereas de risco
sugeridas pelo Ministeacuterio das cidades (ALHEIROS 2006)
Quadro 5 1 - Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco
Tipo de intervenccedilatildeo Descriccedilatildeo
Serviccedilos de limpeza e Recuperaccedilatildeo
Remoccedilatildeo de entulho lixo etc
corte de aacutervores
remoccedilatildeo de bananeiras
recuperaccedilatildeo eou limpeza de sistemas de
drenagem esgotos e acessos
Limpeza de canais de drenagem
Proteccedilatildeo Vegetal
Proteccedilatildeo superficial vegetal (gramiacuteneas) em
taludes com solo exposto
Proteccedilatildeo vegetal de margens de canais de
drenagem
Barreiras vegetais para massas escorregadas
ou acumuladas pela erosatildeo
Drenagem Superficial e Acessos
Sistema de drenagem superficial (canaletas
raacutepidos caixas de transiccedilatildeo escadas drsquoaacutegua)
Acessos para pedestres (escadarias rampas
etc) integrados ao sistema de drenagem
Revestimento de Taludes Revestimento com materiais artificiais
cimentado cal-jet tela argamassada alvenaria
de tijolos ceracircmicos solo-cimento ensacado
Desmonte de blocos e matacotildees Desmonte de concreccedilotildees de grande porte
blocos rochosos e matacotildees
Obras de drenagem de subsuperfiacutecie Sistema de drenagem de subsuperfiacutecie
(trincheiras drenantes DHP poccedilos de
rebaixamento)
Estruturas de contenccedilatildeo (localizadas)
Muros de contenccedilatildeo de pequeno porte (solo-
cimento ensacado alvenaria de pedra-rachatildeo
concreto armado)
Estruturas de contenccedilatildeo localizadas
(chumbadores tirantes microestacas)
Contenccedilatildeo e proteccedilatildeo de margens de canais (
gabiotildees muros de concreto etc)
Estruturas de contenccedilatildeo (meacutedio e grande porte) Implantaccedilatildeo de estruturas de contenccedilatildeo de
meacutedio e grande porte envolvendo obras de
contenccedilatildeo passivas e ativas (muros de
gravidade cortinas etc)
Terraplanagem Execuccedilatildeo de serviccedilos de terraplanagem
combinados a obras de drenagem superficial e
proteccedilatildeo vegetal desvio e canalizaccedilatildeo de
coacuterregos
Remoccedilatildeo de moradias Remoccedilotildees definitivas para implantaccedilatildeo de
obras ou devido agrave localizaccedilatildeo improacutepria da
edificaccedilatildeo (Priorizar as relocaccedilotildees dentro da
proacutepria aacuterea em local seguro)
Fonte ALHEIROS 2006
43
Escolhidas as formas de intervenccedilatildeo para cada aacuterea eacute necessaacuterio realizar uma estimativa
dos custos afim de preparar o orccedilamento da prefeitura para a realizaccedilatildeo das obras e se
seraacute necessaacuterio a captaccedilatildeo de recursos externos para a execuccedilatildeo destas Feitas as
estimativas de custo o proacuteximo passo eacute definir as prioridades e para esta fase eacute tambeacutem
uacutetil o mapeamento feito nas etapas anteriores pois seraacute necessaacuterio hierarquizar tais
intervenccedilotildees nas aacutereas de risco O Ministeacuterio das Cidades (2007) sugere alguns criteacuterios
que podem ser avaliados pelo gestor dentre eles pode-se citar
Grau de risco
Populaccedilatildeo beneficiada
Custo da intervenccedilatildeo
Dimensatildeo da aacuterea a ser tratada
Demandas anteriores da populaccedilatildeo
Tempo de ocupaccedilatildeo
Viabilidade teacutecnica da intervenccedilatildeo
Viabilidade financeira
Inclusatildeo da aacuterea em outros projetos
A partir desta hierarquizaccedilatildeo inicia-se a identificaccedilatildeo de provaacuteveis fontes de captaccedilatildeo de
recursos para a execuccedilatildeo das intervenccedilotildees Estes recursos podem advir de programas dos
governos Federal e Estadual ou por meio de editais para captaccedilatildeo de recursos financeiros
tanto do setor puacuteblico como da iniciativa privada e podem ser tambeacutem associados agrave outras
Secretarias Municipais como a de Turismo ou Meio Ambiente e natildeo soacute as destinadas agrave
Defesa Civil (ALHEIROS 2006)
Eacute previsto tambeacutem no PMRR uma avaliaccedilatildeo da Defesa Civil municipal e como ela estaacute
estruturada fazendo inclusive sugestotildees para que sua atuaccedilatildeo esteja em consonacircncia com
a realidade das comunidades e da Administraccedilatildeo Puacuteblica do municiacutepio de forma a garantir
sua sustentabilidade e conquistar a credibilidade da populaccedilatildeo no que diz respeito a
prevenccedilatildeo de cataacutestrofes Para que a resposta a uma determinada situaccedilatildeo de risco seja
raacutepida eacute necessaacuterio a descentralizaccedilatildeo da Defesa Civil criando pequenos nuacutecleos
comunitaacuterios com a finalidade de se monitorar a aacuterea constantemente e promover as
intervenccedilotildees necessaacuterias em tempo haacutebil o que aumenta em muito a credibilidade da
populaccedilatildeo no PMRR e no trabalho desempenhado pela Defesa Civil no municiacutepio Apoacutes
esta etapa o PMRR passaraacute por audiecircncias puacuteblicas e posteriormente poderaacute ser aprovado
como Lei Municipal pelo Legislativo local (ALHEIROS 2006)
Com a realizaccedilatildeo deste plano o municiacutepio estaraacute munido de informaccedilotildees suficientes para
realizar accedilotildees efetivas de gestatildeo e gerenciamento de riscos bem como aliado a
levantamentos sociais realizar programas habitacionais que beneficiem prioritariamente
44
aos moradores das aacutereas de risco Aleacutem disso com o PMRR o municiacutepio poderaacute melhorar
a qualidade ambiental da populaccedilatildeo captando recursos para a recuperaccedilatildeo das aacutereas de
APP que foram degradadas pelas ocupaccedilotildees irregulares beneficiando todos os moradores
do municiacutepio com o aumento da qualidade de vida na cidade
A partir do disposto nesta seccedilatildeo acerca do Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos e de
uma maneira preliminar (levando-se em conta apenas o nuacutemero de registros de
alagamentos e deslizamentos na aacuterea urbana principal de Santos Dumont no periacuteodo de
1984 a 2014) identificou-se trecircs regiotildees distintas na aacuterea urbana do municiacutepio com
tempo de recorrecircncia desses eventos similares caracterizando trecircs prioridades de
intervenccedilatildeo em contenccedilatildeo de risco como pode ser visto nas figuras 515 e 516 Vale
ressaltar que eacute necessaacuterio um estudo mais detalhado inclusive com visitas teacutecnicas a
campo para que se confirme a real situaccedilatildeo destas e a real prioridade para investimentos
Figura 5 17 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de deslizamentos
Fonte Do Autor
45
Figura 5 18 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de alagamentos
Fonte Do Autor
46
6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees
A seguir apresenta-se as conclusotildees e as recomendaccedilotildees feitas a partir dos objetivos
especiacuteficos explicitados no iniacutecio deste trabalho
Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a
aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes
urbanos
A partir da revisatildeo da legislaccedilatildeo pertinente em acircmbito federal estadual e
municipal constatou-se que o Plano Diretor de Santos Dumont natildeo conflita com a
legislaccedilatildeo federal e estadual sobre Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente A legislaccedilatildeo
municipal foi entendida como mais conservadora que as federal e estadual uma
vez que considera implicitamente que declividades entre 47 e 100 satildeo
enquadradas como APPs aleacutem da faixa superior a 100
Parte consideraacutevel das ocupaccedilotildees em APP principalmente na regiatildeo do bairro
Santo Antocircnio (onde surgiu os primeiros nuacutecleos que deram origem ao municiacutepio)
e o centro da cidade ocorreram antes de que fosse elaborado qualquer legislaccedilatildeo
que versasse sobre o tema Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente bastando ao gestor
local tomar medidas de contenccedilatildeo de riscos que minimizem os impactos causados
por essas ocupaccedilotildees nessa regiatildeo
O ordenamento adequado do uso do solo no municiacutepio eacute necessaacuterio para que o
crescimento dos loteamentos criados anteriormente agrave esta Lei e o surgimento de
novos natildeo avance para Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente o que pode causar
inuacutemeros problemas aos moradores e agravar os jaacute existentes
Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las
com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)
As aacutereas onde houveram a maior quantidade de registros de deslizamentos satildeo os
bairros mais populosos de Santos Dumont podendo se estabelecer uma relaccedilatildeo
que quanto mais populoso o bairro maior a quantidade de problemas relacionados
a deslizamentos Tambeacutem pode-se notar uma relaccedilatildeo com as fronteiras das faixas
de declividades e os deslizamentos uma vez que boa parte deles aconteceram
nestas faixas
As aacutereas onde houve um grande nuacutemero de registros de alagamentos satildeo os bairros
que se desenvolveram agraves margens do Ribeiratildeo das Posses em especial na aacuterea que
47
compreende as APPs de curso hiacutedrico e em aacutereas onde a declividade eacute baixa Esse
fato aliado ao crescimento do nuacutemero de vias pavimentadas com material
impermeaacutevel e a natildeo expansatildeo e ou redimensionamento da rede de drenagem
urbana contribuiacuteram para a ocorrecircncia cada vez mais constante de alagamentos
nessas aacutereas
Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos
catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30
anos
A partir do levantamento histoacuterico realizado e da base de dados georeferenciada
gerada observou-se o aumento do nuacutemero de registros de deslizamentos e
alagamentos nos uacuteltimos 10 anos quando as ocorrecircncias comeccedilaram a se repetir
numa mesma aacuterea com frequecircncia incrementada as vezes com mais de uma
ocorrecircncia anual
Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do
solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental
Destaca-se a adequaccedilatildeo dos criteacuterios gerais estabelecidos pelo Plano Diretor de
Santos Dumont relativos a legislaccedilatildeo federal e estadual Entretanto o referido
Plano Diretor natildeo contempla todo o territoacuterio municipal sendo assim ele natildeo
cumpre o objetivo de proteger as APPs preservadas e recuperar as que foram
degradadas em todo o territoacuterio municipal Ressalta-se tambeacutem a sua natildeo
conformidade com o Estatuto das Cidades uma vez que o Plano Diretor
contempla apenas os novos loteamentos
Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais
negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea
impactada
Recomenda-se a implantaccedilatildeo no municiacutepio de uma Coordenadoria Municipal de
Defesa Civil atuante e integrada agraves Secretarias Municipais e agrave comunidade
visando uma atuaccedilatildeo eficaz nos problemas relacionados a deslizamentos e
alagamentos A elaboraccedilatildeo de um Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos eacute de
suma importacircncia pois atraveacutes dele pode-se predizer as aacutereas que passaratildeo por
problemas caso a expansatildeo aconteccedila ou se inicie uma ocupaccedilatildeo nova aleacutem de
prevenir acidentes nas aacutereas jaacute ocupadas e consideradas de risco
48
7 Anexos
49
71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont
50
51
72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)
52
53
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20
de forma a garantir a qualidade ambiental prevenindo deslizamentos e inundaccedilotildees Diante
dessa conjuntura o governo municipal aprovou em 2012 a Lei nordm 4241 que trata do Plano
Diretor Participativo instrumento baacutesico da poliacutetica de desenvolvimento e expansatildeo
urbana do municiacutepio de Santos Dumont
4 METODOLOGIA
41 Aacuterea de estudo
A regiatildeo dentro dos limites do municiacutepio que seraacute estudada neste trabalho eacute conforme
descrito nos anexos Plano Diretor e representada na figura 44 a aacuterea urbana principal
que possui 47 Kmsup2 e compreende a regiatildeo central da cidade e os bairros perifeacutericos regiatildeo
que concentra cerca de 90 da populaccedilatildeo total de Santos Dumont (IBGE 2015) A aacuterea
urbana principal representa 75 da aacuterea total dos 637 Kmsup2 que compreendem o
municiacutepio e eacute o local onde nos uacuteltimos 30 anos se verificou um maior crescimento
populacional e tambeacutem onde ocorre a maioria dos eventos relacionados a deslizamentos
e alagamentos por conta da ocupaccedilatildeo sem planejamento A figura 45 mostra a aacuterea
urbana principal e a localizaccedilatildeo dos bairros urbanos de Santos Dumont
Figura 4 1 Localizaccedilatildeo da aacuterea urbana principal
Fonte Google Earth
21
Figura 4 2 Mapa da aacuterea urbana principal com a localizaccedilatildeo dos bairros
Fonte Do Autor
42 Levantamento e tratamento dos dados
No desenvolvimento deste trabalho foi necessaacuterio se fazer um estudo detalhado sobre o
Plano Diretor de Santos Dumont principalmente dos seus anexos que compreendem os
mapas e a localizaccedilatildeo das aacutereas definidas pelo zoneamento proposto Para que isso fosse
possiacutevel a Secretaria Municipal de Obras e Serviccedilos Puacuteblicos forneceu todos os dados
secundaacuterios produto do estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor e do
zoneamento Estes dados incluem os arquivos Shapefile (shp) e outros documentos
integrantes do Plano Diretor Algumas informaccedilotildees foram complementadas tambeacutem com
dados adquiridos atraveacutes do site do IBGE e do Portal Objetivos do Milecircnio (ODM)
Os dados sobre as ocorrecircncias de deslizamentos e alagamentos foram obtidos atraveacutes da
Defesa Civil do municiacutepio atraveacutes do Sistema Integrado de Informaccedilotildees sobre Desastres
(S2ID) do Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional Tal sistema centraliza as informaccedilotildees sobre
desastres naturais ocorridos em todo o territoacuterio nacional facilitando a pesquisa sobre tais
eventos a qualquer cidadatildeo (BRASIL 2015)
Apesar do sistema ser bastante uacutetil os dados sobre o municiacutepio de Santos Dumont se
encontravam bastante falhos e escassos sendo necessaacuteria complementaccedilatildeo para que a
22
base de dados ficasse consistente Diante disso uma pesquisa atraveacutes dos arquivos do
Jornal Mensagem um jornal semanaacuterio local foi feita entre os anos de 1984 e 2014 e os
dados primaacuterios filtrados em uma planilha do Microsoft Excel para posterior utilizaccedilatildeo
De posse destes dados foi feita a localizaccedilatildeo em campo das coordenadas dos locais
atingidos por deslizamentos e alagamentos no periacuteodo compreendido pela pesquisa com
o auxiacutelio de um aparelho de GPS
A maioria dos arquivos shapefile utilizados para a confecccedilatildeo dos mapas satildeo parte
integrante dos anexos da Lei do Plano diretor do municiacutepio gerados no mecircs de dezembro
de 2011 pelo Instituto Nova Cidade e foram cedidos pela Secretaria Municipal de Obras
e Serviccedilos Puacuteblicos com Datum em UTM SAD 69 Com a finalidade de fornecer um
referenciamento atualizado e de acordo com os mais novos sistemas de coordenadas
utilizados no Brasil os arquivos foram convertidos para o Datum UTM SIRGAS 2000
que diferencia do SAD 69 pelo fato de ser um referencial geocecircntrico ou seja o centro
da Terra eacute o ponto de referecircncia neste sistema enquanto que o primeiro utiliza um
referencial na superfiacutecie da Terra (IBGE2014) Eacute interessante ressaltar tambeacutem que o
SIRGAS 2000 se tornou no ano de 2014 o sistema de coordenadas oficial do Sistema
Geodeacutesico Brasileiro e do Sistema Cartograacutefico Nacional ambos mantidos pelo IBGE A
combinaccedilatildeo dos shapefiles foi feita com o software livre gvSIG e com estas combinaccedilotildees
foram gerados mapas importantes resultados para a execuccedilatildeo deste trabalho A maioria
dos mapas representam a regiatildeo urbana principal de Santos Dumont e foram produzidos
numa escala em torno de 140000 que de acordo com Rocha (2007) eacute uma escala viaacutevel
pois as recomendaacuteveis para trabalhos de anaacutelise ambiental em niacutevel municipal podem ser
entre 150000 e 110000 Alguns mapas cujo detalhamento natildeo eacute necessaacuterio foram
gerados na escala 1100000
Para a geraccedilatildeo dos mapas aleacutem dos arquivos fornecidos pela Secretaria de Obras e
Serviccedilos Puacuteblicos foram utilizados para a geraccedilatildeo do modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE)
e da localizaccedilatildeo dos topos de morro dados gerados pelo sistema de radar Advanced
Spacebone Thermal Emission and Reflection Radiometer (ASTER) que geram as curvas
de niacutevel do terreno com uma resoluccedilatildeo de 30m (NASA2014) O processamento dessas
imagens foi feito pelo software livre gvSIG As imagens geradas pelos sateacutelites
LANDSAT foram adquiridas no site da United States Geological Survey (USGS) e essas
imagens possibilitaram obter um panorama preciso do uso do solo em toda a aacuterea urbana
de Santos Dumont numa resoluccedilatildeo de 15 metros uma vez que foi utilizada a banda
pancromaacutetica do sateacutelite LANDSAT 8 aleacutem da combinaccedilatildeo das bandas 65 e 4
respectivamente que eacute a combinaccedilatildeo recomendada pela mantenedora dos sateacutelites para
anaacutelises deste tipo
23
No que diz respeito a identificaccedilatildeo de APPs em topo de morro a metodologia de Oliveira
amp Fernandes Filho (2013) por utilizar as mesmas bases de dados ateacute entatildeo usadas neste
trabalho foi a mais indicada
A metodologia de anaacutelise dos mapas gerados eacute a proposta pelo professor Jorge Xavier da
Silva do Laboratoacuterio de Geoprocessamento (LAGEOP) da Universidade Federal do Rio
de Janeiro e citada por Rocha (2007) Tal metodologia analisa as variaacuteveis em questatildeo
presentes na aacuterea e permite avaliar as possibilidades de relaccedilotildees entre essas variaacuteveis De
uma maneira geral este meacutetodo verifica o estado atual da aacuterea em estudo bem como das
variaacuteveis gerando inventaacuterios que servem para a construccedilatildeo de dados planimeacutetricos sejam
com as variaacuteveis isoladas ou combinadas Estes dados planimeacutetricos geram assinaturas
que permitem inferir sobre a influecircncia dessas variaacuteveis De posse dos dados gerados pelo
processo anteriormente citado pode-se fazer algumas prospecccedilotildees sobre os riscos
ambientais que a aacuterea pode sofrer ou o seu potencial ambiental (ROCHA 2007)
5 RESULTADOS
51 Levantamento histoacuterico de alagamentos e
deslizamentos
O aumento da demanda pelo uso do solo na regiatildeo urbana de Santos Dumont
principalmente no tocante agrave formaccedilatildeo de novos loteamentos e condomiacutenios nos uacuteltimos
anos eacute consideraacutevel mas tambeacutem haacute de se observar o crescimento dos bairros jaacute existentes
com pouco ou nenhum ordenamento Em ambos os casos se observa ocupaccedilotildees
irregulares em APP o que tem ocasionado um aumento na frequecircncia de deslizamentos
e inundaccedilotildees Eacute evidente que quanto maior a densidade populacional do bairro maior a
quantidade de ocorrecircncias ao longo dos anos (SPERFELD 2009)
De acordo com as ocorrecircncias registradas pela Defesa Civil do municiacutepio obtidas atraveacutes
da literatura utilizada nos uacuteltimos 30 anos Santos Dumont chegou a decretar situaccedilatildeo de
emergecircncia por conta de desastres envolvendo deslizamentos eou alagamentos por duas
vezes num espaccedilo de 10 anos conforme pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho
(BRASIL 2014 CEPED 2011)
Segundo os dados obtidos atraveacutes de pesquisa nos arquivos do semanaacuterio entre os anos
de 1984 e 2014 pode-se verificar que nos uacuteltimos 20 anos a cidade tem experimentado
24
um aumento consideraacutevel nos eventos relacionados a deslizamentos e principalmente
alagamentos como pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho Isso pode ter sido causado
dentre outros fatores pelo aumento do nuacutemero de vias pavimentadas com material
impermeaacutevel o que tem sobrecarregado tanto a infraestrutura existente para drenagem
urbana como tambeacutem a calha dos cursos drsquoaacutegua que passam pela regiatildeo urbana do
municiacutepio (ZANON2013)
Na deacutecada de 1980 (1984-1990) de acordo com os dados obtidos natildeo foram noticiados
eventos consideraacuteveis relacionados a deslizamentos e alagamentos em Santos Dumont
mas isso natildeo exclui a possibilidade de natildeo ter ocorrido tais eventos em menor escala
Na deacutecada de 1990 aconteceram uma seacuterie de ocorrecircncias tanto de deslizamentos quanto
de alagamentos No ano de 1997 num periacuteodo chuvoso intenso aconteceram
deslizamentos consideraacuteveis em vaacuterios bairros da cidade inclusive com desabamento de
casas e de ruas principalmente nos bairros Nossa Senhora da Gloacuteria e Quarto Depoacutesito
Em 1999 ocorreram alguns pontos de alagamento nos bairros Quarto Depoacutesito e Santo
Antocircnio com grandes prejuiacutezos materiais
A deacutecada de 2000 iniciou com o registro de deslizamentos em vaacuterios bairros da cidade
inclusive com desabamento de casas e pontes e alagamentos em importantes vias do
centro da cidade Observa-se ao longo desse periacuteodo o crescimento nas ocorrecircncias de
deslizamentos e de aacutereas com risco de deslizamento em muitos bairros de Santos Dumont
Um dos fatores importantes para esse crescimento foi a grande expansatildeo sofrida pela
maioria dos bairros e a falta de planejamento e orientaccedilatildeo por parte da prefeitura uma
vez que uma boa parte do crescimento dos bairros da cidade ocorreu ou proacuteximo a cursos
drsquoaacutegua ou em aacutereas com declividade improacutepria para se fazer construccedilotildees O bairro
Coacuterrego do Ouro (Figura 51) foi o que mais sofreu com ocorrecircncias de deslizamentos
nesse periacuteodo enquanto o bairro Santo Antocircnio foi que teve mais ocorrecircncias de
alagamentos
25
Figura 5 1 Deslizamento no bairro Coacuterrego do Ouro
Fonte Portal Cabangu
No iniacutecio deacutecada de 2010 (2011-2014) o centro da cidade foi a regiatildeo que mais sofreu
com alagamentos sendo registrado pelo menos uma ocorrecircncia por ano nessa aacuterea (Figura
52) Isso pode ser relacionado dentre outros fatores com as obras de modificaccedilatildeo do
tipo de pavimentaccedilatildeo das estradas por um material impermeaacutevel gerando uma sobrecarga
nos sistemas de drenagem urbana que foram projetados para um tipo de pavimento mais
permeaacutevel implicando tambeacutem na sobrecarga calha do Ribeiratildeo das Posses o principal
curso drsquoaacutegua que corta o centro da cidade e que se encontra em quase sua totalidade
ocupada em ambas as margens que cortam o centro da cidade
26
Figura 5 2 Alagamento na regiatildeo central de Santos Dumont em 2013
Fonte Portal Cabangu
Quanto agraves ocorrecircncias de deslizamento ao longo da referida deacutecada elas estiveram
espalhadas pelos bairros do municiacutepio tendo um maior nuacutemero de ocorrecircncias nos bairros
Santo Antocircnio Nossa Senhora da Gloacuteria e Aacutegua Espraiada Nos dois primeiros bairros
citados as ocorrecircncias podem ter sido ocasionadas pelo crescimento desordenado e sem
planejamento destes e no terceiro as ocorrecircncias satildeo relacionadas ao processo de
assoreamento do Ribeiratildeo das Posses o que pode ter gerado um aumento da velocidade
desse curso drsquoaacutegua causando problemas decorrentes do transporte de sedimentos da aacuterea
onde as casas foram construiacutedas que teve como consequecircncia os deslizamentos
Em resumo como pode ser observado nas figuras 53 e 54 na tabela 51 no periacuteodo de
1984 a 2014 os bairros mais afetados por alagamentos e deslizamentos satildeo Quarto
Depoacutesito Nossa Senhora da Gloacuteria Santo Antocircnio Coacuterrego do Ouro Antocircnio Afonso
Graminha e Vila Esperanccedila sendo que o bairro Coacuterrego do Ouro possui o maior nuacutemero
de ocorrecircncias de deslizamentos e o centro da cidade possui o maior nuacutemero de
ocorrecircncias de alagamentos no periacuteodo pesquisado Vale destacar que a aacuterea propiacutecia a
alagamentos no bairro Antocircnio Afonso natildeo identificada no estudo realizado pela
prefeitura constitui-se efetivamente numa aacuterea de risco conforme levantamento histoacuterico
realizado Esta aacuterea de risco se deve agrave diferenccedila de niacutevel negativa entre o rio Pinho e a
aacuterea do bairro estando este em desniacutevel com um risco iminente de inundaccedilotildees resultantes
da cheia desse curso drsquoaacutegua causando inuacutemeros transtornos aos moradores do local
27
Figura 5 3 Pontos de Alagamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico
Fonte Do autor
Figura 5 4 Pontos de deslizamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico
Fonte Do autor
28
Tabela 51 Ocorrecircncias de alagamentos e deslizamentos obtidos atraveacutes do
levantamento histoacuterico
Pontos de ocorrecircncia (1984-2014)
Bairros Alagamento Deslizamento
Aacutegua Espraiada 1 1
Antocircnio Afonso 1 0
Barra 0 1
Centro 7 1
Coacuterrego do Ouro 1 7
Flores 0 1
Graminha 1 0
Jardim Jaraguaacute 0 1
N Sra da Gloacuteria 0 4
N Sra das Graccedilas 1 0
Quarto Depoacutesito 3 2
Santo Antocircnio 4 2
Satildeo Sebastiatildeo 0 1
Vila Esperanccedila 0 1
Fonte Do autor
De acordo com o estudo realizado na elaboraccedilatildeo do Plano Diretor pela prefeitura
municipal observa-se que os bairros que possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a
deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do Ouro e Vila Esperanccedila enquanto que os que
possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a alagamento satildeo o Centro da cidade e os
bairros Satildeo Sebastiatildeo Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio por estarem agraves margens do
Ribeiratildeo das Posses um curso drsquoaacutegua que sofre com inundaccedilotildees perioacutedicas devido ao
severo assoreamento em algumas regiotildees e tambeacutem devido ao acuacutemulo de lixo descartado
pelos moradores do entorno irregularmente De acordo com o estudo realizado quando da
elaboraccedilatildeo do Plano Diretor do municiacutepio foram feitos estudos sobre as aacutereas propensas
a deslizamentos e alagamentos na regiatildeo urbana principal Tais aacutereas satildeo as destacadas
nas Figuras 55 e 56 No levantamento histoacuterico realizado pode-se identificar que os
bairros que possuem mais aacutereas propensas a deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do
Ouro Nossa Senhora da Gloacuteria Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio enquanto que os bairros
mais propensos a alagamentos satildeo os bairros Centro Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio
como observado na tabela 51
29
Figura 5 5 Aacutereas propensas a deslizamento de acordo com o Plano Diretor de
Santos Dumont
Fonte Google Earth e Lei 42412012
Figura 5 6 Aacutereas propensas a alagamento de acordo com o Plano Diretor de
Santos Dumont
Fonte Google Earth e Lei 42412012
30
Comparando-se os mapas obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico com o mapa gerado
pelo estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor nota-se que haacute semelhanccedilas em
algumas aacutereas mas ao se levar em conta o produto gerado pela pesquisa histoacuterica o
estudo necessitaria ser complementado haja vista que ele natildeo compreende por exemplo
o ponto de alagamento no bairro Antocircnio Afonso citado anteriormente e alguns pontos de
deslizamento importantes uma vez que satildeo regiotildees onde haacute ocupaccedilatildeo Esse fato evidencia
a necessidade de se buscar vaacuterias fontes primaacuterias e secundaacuterias para se detectar aacutereas de
risco em um municiacutepio incluindo arquivos da imprensa local afim de se produzir uma
base de dados consistente e com o menor nuacutemero de falhas possiacutevel (CEPED 2014) Com
a uniatildeo dos dois estudos foram gerados os mapas apresentados nas Figuras 57 e 58
Aleacutem do mais observando as figuras 57 e 58 pode-se notar que uma boa parte tanto dos
casos de alagamento quanto de deslizamento estatildeo na faixa de APP de curso hiacutedrico o
que ilustra a importacircncia da preservaccedilatildeo destas aacutereas
Figura 5 7 Aacutereas propensas a alagamento do estudo do Plano Diretor
complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento
Fonte Do Autor
31
Figura 5 8 Aacutereas propensas a deslizamento do estudo do Plano Diretor
complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento
Fonte Do Autor
Atraveacutes da combinaccedilatildeo entre estes dois levantamentos procurou-se alimentar a base de
dados e garantir uma consistecircncia maior desta no que diz respeito a aacutereas de deslizamento
e alagamento podendo inclusive se identificar a suscetibilidade de uma determinada
regiatildeo da cidade a um ou outro evento (CEPED2014)
512 O Plano diretor e as APPs
Nos uacuteltimos anos o Brasil experimentou um forte fenocircmeno de migraccedilatildeo do campo para
as aacutereas urbanas De acordo com o IBGE no periacuteodo de 1940 a 2000 houve um aumento
de cerca de 60 do nuacutemero de pessoas que vivem em cidades (SILVA JR 2006) O
processo de planejamento e ordenamento do uso do solo nessas aacutereas deveria ter
acompanhado esse crescimento ao longo dos anos a fim de garantir a qualidade de vida e
a seguranccedila dos migrantes ao se instalarem nas cidades o que natildeo ocorreu e o que se
observa atualmente satildeo ocupaccedilotildees em aacutereas improacuteprias para moradia sem a infraestrutura
baacutesica necessaacuteria e com risco iminente de deslizamentos eou inundaccedilotildees
O Plano Diretor do municiacutepio de Santos Dumont em seu capiacutetulo IV que versa sobre o
uso e ocupaccedilatildeo do solo explicita regras para o ordenamento do territoacuterio que compreende
o municiacutepio com base nos diferentes usos do solo de acordo com sua compatibilidade o
32
que acabou por resultar num zoneamento de todo o municiacutepio em macrozonas conforme
citado na seccedilatildeo 3231 de acordo com os usos atuais e futuros do solo Aleacutem de dividir
estas macrozonas em urbanas e rurais tambeacutem avaliou e classificou estas aacutereas com base
numa seacuterie de fatores ambientais geoloacutegicos culturais e sociais de forma a se fazer um
zoneamento coerente com os atuais usos do solo e seu potencial de uso futuro Apresenta-
se na Figura 59 este zoneamento na aacuterea urbana principal de Santos Dumont
Figura 5 9 Zoneamento urbano da aacuterea urbana principal
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Lei 42412012
Tomando como referecircncia o Novo Coacutedigo Florestal brasileiro em especial os paracircmetros
estabelecidos para a definiccedilatildeo de APP e utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento
atraveacutes do software Vista SAGA relacionou-se as APPs existentes na aacuterea em estudo com
as regiotildees propiacutecias a alagamentos e deslizamentos de acordo com o estudo feito quando
da elaboraccedilatildeo do Plano Diretor afim de se identificar qual ou quais aacutereas possuem estes
problemas e se estatildeo relacionados com o uso do solo irregular em APP
Ao se aplicar a metodologia proposta por Oliveira amp Fernandes Filho (2013) natildeo foram
identificadas dentro da aacuterea de estudo APPs de topos de morro sendo este tipo de APP
descartada portanto das anaacutelises subsequentes deste trabalho Foram consideradas as
APP de curso hiacutedrico (rios e nascentes) e de declividade visando relacionaacute-las as aacutereas
de risco identificadas pela Prefeitura afim de se verificar as possiacuteveis causas da ocorrecircncia
33
destas aacutereas na regiatildeo urbana do municiacutepio Por meio de combinaccedilotildees entre dois mapas
temaacuteticos utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento foi possiacutevel obter as
assinaturas ou seja tabelas que caracterizam quantitativamente a aacuterea afetada por cada
aspecto visto que a simples visualizaccedilatildeo do mapa gerado pelo geoprocessamento muitas
vezes eacute prejudicada por serem aacutereas de pequenas dimensotildees ou por qualquer outra
limitaccedilatildeo do software Ressalta-se que para a elaboraccedilatildeo do Plano Municipal de Reduccedilatildeo
de riscos a identificaccedilatildeo e detalhamento topograacutefico destas aacutereas eacute fundamental para o
desenvolvimento do referido Plano conforme seraacute abordado detalhadamente na seccedilatildeo
52
De posse do mapa que representa o zoneamento urbano de Santos Dumont primeiramente
procurou-se mensurar qualitativa e quantitativamente a presenccedila de APPs tanto de
declividade quanto de cursos hiacutedricos Essa identificaccedilatildeo eacute importante pois este
zoneamento eacute um dos instrumentos de planejamento municipal (BRASIL 2001) Saboya
(2007) aponta que os principais objetivos de um zoneamento satildeo o controle da expansatildeo
urbana e proteccedilatildeo de aacutereas inadequadas a ocupaccedilatildeo aleacutem de reduzir os conflitos inerentes
aos diferentes usos do solo Com o uso da ferramenta ldquoCombinarrdquo do Vista SAGA foram
feitas combinaccedilotildees entre o mapa de hidrografia com buffer de 30m para rios e coacuterregos e
de 50m para nascentes com o mapa do zoneamento para se verificar a importacircncia das
APPs de curso hiacutedrico em toda a aacuterea urbana principal do municiacutepio Tambeacutem foram
combinados o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) obtido atraveacutes do gvSIG com o mapa
de zoneamento afim de se verificar quantitativamente as APPs de declividade e onde se
localizam Vale ressaltar que as declividades entre 30 e 47 estatildeo presentes nesta
combinaccedilatildeo pois de acordo com o Plano Diretor de Santos Dumont terrenos com esta
faixa de declividade para fins de parcelamento devem possuir estudo teacutecnico que ateste
a viabilidade de se promover algum empreendimento imobiliaacuterio neste (SANTOS
DUMONT 2012) Como a legislaccedilatildeo municipal prevecirc estudo somente para a faixa de
declividade descrita anteriormente para fins de anaacutelise neste trabalho consideramos um
valor mais conservador para APP compreendendo a faixa de 47 a 100 aleacutem da
prevista pela legislaccedilatildeo federal (gt100) para que natildeo houvessem lacunas importantes na
geraccedilatildeo do produto
Apresenta-se na Figura 510 aacutereas com declividades consideradas de risco e consideradas
APP e em qual zona de planejamento elas estatildeo inseridas De um modo geral ao se
observar a Tabela 52 nota-se que a aacuterea que compreende declividades de risco e APP eacute
uma pequena parcela da aacuterea urbana principal representando 061 desta aacuterea Ao se
levar em conta somente a localizaccedilatildeo pode-se verificar que cerca de 84 das aacutereas com
declividade de risco e a totalidade das APPs de declividade estatildeo localizadas na ZAC1
zona que compreende a maior parte do municiacutepio e apesar de possuir infraestrutura baacutesica
para a ocupaccedilatildeo esta eacute restrita Sendo assim o fator declividade deve ser visto com cautela
nesta aacuterea para se evitar transtornos advindos de edificaccedilotildees nestas aacutereas
34
Figura 5 10 Combinaccedilatildeo entre as declividades importantes incluindo as APPs e o
zoneamento urbano
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Do autor
Tabela 52 Assinaturas da combinaccedilatildeo Declividade x Zoneamento
Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea
Natildeo APP 457972 9939
Declividade 30-47 em ZAC1 2368 051
Declividade 30-47 em ZE 284 006
Declividade 30-47 em ZAC2 128 003
Declividade 30-47 em ZPA 004 0001
APP Declividade em ZAC1 048 001
Total 460804 100
Fonte Do autor
Apresenta-se na Figura 511 as APPs de curso hiacutedrico (nascentes e rios) e em qual zona
de planejamento estatildeo localizadas Assim como a declividade a maior parte das APPs de
curso hiacutedrico estatildeo localizadas em ZAC1 representando 383 da aacuterea urbana em estudo
e 51 do total das APPs de curso hiacutedrico Esta questatildeo tambeacutem deve ser vista com
bastante criteacuterio pelos gestores locais uma vez que a ocupaccedilatildeo em faixas proacuteximas de
rios e coacuterregos podem causar uma gama de problemas ambientais e sociais na regiatildeo
(SANTANA2011) Tal cuidado tambeacutem deve ser tomado nas APPs compreendidas na
35
ZAC2 que compreende 001 da Aacuterea urbana principal e 14 do total das APPs de curso
hiacutedrico pois a infraestrutura baacutesica e acessibilidade presente nesta zona eacute precaacuteria e a
ocupaccedilatildeo as margens de cursos hiacutedricos pode gerar problemas seacuterios caso ocorra uma
expansatildeo nestas aacutereas
Figura 511 Combinaccedilatildeo entre APP de curso hiacutedrico e as zonas de planejamento
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Do autor
Outro ponto importante eacute a presenccedila da Zona de Proteccedilatildeo Ambiental (ZPA) no entorno
uma consideraacutevel parte dos cursos hiacutedricos Nesta zona estatildeo presentes 28 das APPs de
curso hiacutedrico e esta zona de acordo com o Plano Diretor deve ser restaurada ou
preservada por suas caracteriacutesticas geoloacutegicas topograacuteficas e bioloacutegicas
Afim de se verificar os usos do solo na regiatildeo em estudo foram utilizadas combinaccedilotildees
de imagens advindas do sateacutelite Landsat 8 nas bandas descritas no capiacutetulo 4 aleacutem da
banda pancromaacutetica O resultado eacute apresentado na figura 512 que mostra os principais
usos do solo na aacuterea urbana principal de Santos Dumont
36
Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x Zoneamento
Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea
Hidrografia 11168 239
Aacuterea Urbana Natildeo APP 421004 9008
APP Curso hiacutedrico em ZAC1 179 383
APP Curso hiacutedrico em ZPA 9776 209
APP Curso hiacutedrico em ZE 184 004
APP Curso hiacutedrico em ZA 1192 026
APP Curso hiacutedrico em ZAC2 5124 110
APP Curso hiacutedrico em ZPPH 248 005
APP Curso hiacutedrico em ZEIS 568 012
APP Curso hiacutedrico em ZCA 228 005
Total 467392 10000
Fonte Do autor
Figura 5 12 Mapa de usos do solo da aacuterea urbana principal de Santos Dumont
Fonte Do autor
Como jaacute era previsto a maior parte da aacuterea urbana se encontra ocupada e eacute nesta regiatildeo
ocupada que se observa a maior concentraccedilatildeo de problemas de deslizamentos e
alagamentos (Figuras 513 e 514) A grande ocupaccedilatildeo em aacutereas consideradas APP de
curso hiacutedrico de acordo com os mapas gerados pode ser a principal causa do aumento a
cada ano dos casos de alagamento principalmente na regiatildeo central da cidade Outro ponto
que se deve atentar eacute a existecircncia de uma consideraacutevel aacuterea de pastagem pouco vegetada
que caso estejam em aacutereas elevadas pode contribuir para deslizamentos e agraves margens de
37
rios e coacuterregos para o assoreamento destes corpos hiacutedricos o que pode causar
alagamentos (INAacuteCIO etal 2007)
Diante destes resultados pode-se ver que a cidade de Santos Dumont necessita alternativas
efetiva no que diz respeito agrave contenccedilatildeo de deslizamentos e a reduccedilatildeo de risco de
alagamento pois as aacutereas em que ocorrem tais eventos satildeo distintas e facilmente definidas
devido agrave repeticcedilatildeo destes nos uacuteltimos anos Um plano de accedilatildeo integrado entre as diferentes
secretarias municipais (Obras Meio Ambiente Assistecircncia Social entre outras) e a
Coordenadoria Municipal de Defesa Civil deve ser realizado afim de se tomar medidas
natildeo mais preventivas mas sim preditivas para que se possa conter o avanccedilo destes
problemas na aacuterea urbana principal bem como em toda a aacuterea do municiacutepio
Figura 5 13 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na aacuterea urbana
principal
Fonte Do autor
38
Figura 5 14 Aacutereas sujeitas a alagamento e os principais usos do solo na aacuterea
urbana principal
Fonte Do autor
Ao se associar os dados do estudo do Plano Diretor com os dados do levantamento
histoacuterico realizado com o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) pode-se notar que as aacutereas
propiacutecias a deslizamento estatildeo em regiotildees as quais haacute uma fronteira de declividades ou
seja eacute evidente que os deslizamentos ocorrem em encostas um pouco mais iacutengremes mas
natildeo necessariamente nas encostas de 30-47 as quais exigem estudo teacutecnico conforme o
plano diretor preconiza Quanto aos alagamentos nota-se que eles se localizam nas aacutereas
com menor ou nenhuma declividade podendo ser estas aacutereas talvez componentes da
planiacutecie de inundaccedilatildeo dos rios Estes resultados podem ser vistos nas figuras 515 e 516
a seguir
39
Figura5 15 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a deslizamentos na
regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
Fonte Lei 42412012 e Autor
Figura5 26 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a alagamentos na
regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
Fonte Lei 42412012 e Autor
40
52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis
O processo de ocupaccedilatildeo no municiacutepio de Santos Dumont comeccedilou muito antes de
qualquer legislaccedilatildeo relacionada a ordenamento urbano e de proteccedilatildeo do meio ambiente
fosse implementado no Brasil Esse fato aliado a poliacuteticas e fiscalizaccedilotildees falhas
contribuiacuteram para a ocupaccedilatildeo e expansatildeo da aacuterea urbana ao longo do Ribeiratildeo das Posses
e seus afluentes o que tem gerado o aumento da degradaccedilatildeo destes corpos hiacutedricos ao
longo de todos estes anos Observa-se tambeacutem que nas uacuteltimas deacutecadas ocorreu um
grande nuacutemero de migraccedilotildees do campo para a regiatildeo urbana da cidade fator que
contribuiu para o crescimento do nuacutemero de habitaccedilotildees em aacutereas de risco de deslizamento
e alagamentos por serem na maioria das vezes terrenos menos valorizados e por este
motivo acessiacuteveis a populaccedilatildeo com menor poder aquisitivo (ROSA amp CORTEZ 2008)
Vale ressaltar que esta questatildeo aleacutem de ser ambiental eacute muito mais social pois os
moradores entendem os riscos de se viver nestes locais mas por motivos econocircmicos ou
por questotildees afetivas natildeo abrem matildeo da moradia nessas aacutereas A Constituiccedilatildeo Federal de
1988 promoveu a inter-relaccedilatildeo das questotildees sociais com as questotildees ambientais quando
colocou o meio ambiente como direito coletivo (BRASIL1988 SOUZA2010) Por este
motivo a decisatildeo por medidas draacutesticas que favoreccedilam apenas agrave preservaccedilatildeo do meio
ambiente natildeo eacute recomendada pois aleacutem de ser inconstitucional podem afetar a
sustentabilidade econocircmica do municiacutepio e gerar conflitos sociais consideraacuteveis
(CARLOS 1992 apud SOUZA 2010)
Segundo Bueno (2009) ldquonem tudo o que eacute irregular eacute precaacuteriordquo Esse fato se observa em
Santos Dumont uma vez que em boa parte da regiatildeo central se observa vaacuterias moradias
construiacutedas na faixa de APP de curso hiacutedrico o que natildeo eacute permitido pela legislaccedilatildeo
vigente e eacute um dos fatores que contribui para a ocorrecircncia de alagamentos nesta aacuterea da
cidade Para a resoluccedilatildeo deste problema o que seria mais viaacutevel seria a melhoria da
infraestrutura de drenagem urbana afim de que o escoamento da aacutegua das chuvas natildeo
sobrecarregasse o sistema (BUENO2009) A construccedilatildeo de bacias de contenccedilatildeo de
cheias ao longo do Ribeiratildeo das Posses tambeacutem seria uma alternativa mas para se verificar
a viabilidade necessita-se estudos mais aprofundados do ponto de vista hidroloacutegico
O grande problema a ser solucionado no entanto eacute o que diz respeito agraves aacutereas de risco
de deslizamento majoritariamente nos bairros A melhor alternativa seria o
remanejamento dos moradores para uma aacuterea proacutexima agrave que moram poreacutem longe do
risco Poreacutem esta alternativa de acordo com Rosa Filho amp Cortez (2008) encontra alguns
entraves pois estas pessoas na maioria das vezes natildeo tecircm condiccedilotildees financeiras de irem
para outro lugar ou pagar aluguel ou estatildeo de alguma forma sentimentalmente ligadas
agravequela regiatildeo que se recusam a deixaacute-lo
41
Por parte dos oacutergatildeos competentes no municiacutepio a criaccedilatildeo de um plano para se evitar
acidentes ocasionados por deslizamentos e alagamentos com um mapeamento detalhado
de toda a extensatildeo do municiacutepio eacute extremamente uacutetil Os estudos que seratildeo feitos para a
elaboraccedilatildeo deste plano poderatildeo definir quais as aacutereas satildeo potencialmente de risco para as
ocupaccedilotildees existentes ou para as potenciais ocupaccedilotildees que possam vir a ocorrer atraveacutes do
mapeamento das aacutereas de risco Tal planejamento seraacute auxiliar ao Plano Diretor
Municipal pois definiraacute o real uso do solo de determinada regiatildeo do municiacutepio
contribuindo para a adequaccedilatildeo do uso e ocupaccedilatildeo do solo afim de evitar ou reduzir o
nuacutemero de problemas relacionados a alagamentos e principalmente deslizamentos no
periacutemetro urbano (TOMINAGA 2009) A partir deste plano os gestores locais poderatildeo
tomar a melhor decisatildeo para a prevenccedilatildeo ou reduccedilatildeo dos riscos inerentes a tais problemas
Na seccedilatildeo 521 seraacute hierarquizado de forma preliminar a aacuterea urbana principal de acordo
com os resultados da tabela 51
521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta
O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos (PMRR) foi criado atraveacutes de accedilotildees
regularizadoras do Ministeacuterio das Cidades para ser o instrumento de gestatildeo e
gerenciamento de aacutereas de risco em um municiacutepio Eacute um documento que aleacutem de
estabelecer quais regiotildees satildeo consideradas de risco tambeacutem objetiva a proposta de
medidas estruturais ou natildeo para contenccedilatildeo eou prevenccedilatildeo de cataacutestrofes aleacutem de ser um
meio de captaccedilatildeo de recursos financeiros junto aos Governos Estadual e Federal Estes
recursos poderatildeo ser utilizados para a realizaccedilatildeo de obras que visem a melhoria da
qualidade de vida da populaccedilatildeo do entorno ou de recuperaccedilatildeo da aacuterea degradada Este
plano eacute realizado de forma participativa com as comunidades das aacutereas de risco e pode
ser realizado em sete fases conforme recomenda o Ministeacuterio das Cidades (ALHEIROS
2006)
O primeiro passo para a realizaccedilatildeo do PMRR eacute definir qual a metodologia seraacute empregada
levando-se em consideraccedilatildeo a realidade atual do municiacutepio e especificar de forma sucinta
um cronograma das atividades Eacute importante nesta fase a participaccedilatildeo tambeacutem dos
responsaacuteveis pelas mais variadas Secretarias Municipais afim de explicitar o tamanho da
importacircncia e o caraacuteter integrador deste plano A segunda fase deste plano objetiva a
criaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo da principal base de dados a ser utilizada nos passos posteriores o
mapeamento de risco em escala detalhe em torno de 13000 (SAtildeO PAULO 2014) A
elaboraccedilatildeo de um mapeamento detalhado propiciaraacute natildeo soacute a identificaccedilatildeo mais faacutecil das
aacutereas de risco como tambeacutem facilitaraacute aos gestores e agrave comunidade decidirem qual a
melhor intervenccedilatildeo para a soluccedilatildeo ou remediaccedilatildeo dos problemas em uma determinada
42
aacuterea hierarquizando o risco e definindo prioridades (SAtildeO PAULO 2014) Na tabela a
seguir apresenta-se alguns tipos de intervenccedilotildees que podem ser feitas em aacutereas de risco
sugeridas pelo Ministeacuterio das cidades (ALHEIROS 2006)
Quadro 5 1 - Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco
Tipo de intervenccedilatildeo Descriccedilatildeo
Serviccedilos de limpeza e Recuperaccedilatildeo
Remoccedilatildeo de entulho lixo etc
corte de aacutervores
remoccedilatildeo de bananeiras
recuperaccedilatildeo eou limpeza de sistemas de
drenagem esgotos e acessos
Limpeza de canais de drenagem
Proteccedilatildeo Vegetal
Proteccedilatildeo superficial vegetal (gramiacuteneas) em
taludes com solo exposto
Proteccedilatildeo vegetal de margens de canais de
drenagem
Barreiras vegetais para massas escorregadas
ou acumuladas pela erosatildeo
Drenagem Superficial e Acessos
Sistema de drenagem superficial (canaletas
raacutepidos caixas de transiccedilatildeo escadas drsquoaacutegua)
Acessos para pedestres (escadarias rampas
etc) integrados ao sistema de drenagem
Revestimento de Taludes Revestimento com materiais artificiais
cimentado cal-jet tela argamassada alvenaria
de tijolos ceracircmicos solo-cimento ensacado
Desmonte de blocos e matacotildees Desmonte de concreccedilotildees de grande porte
blocos rochosos e matacotildees
Obras de drenagem de subsuperfiacutecie Sistema de drenagem de subsuperfiacutecie
(trincheiras drenantes DHP poccedilos de
rebaixamento)
Estruturas de contenccedilatildeo (localizadas)
Muros de contenccedilatildeo de pequeno porte (solo-
cimento ensacado alvenaria de pedra-rachatildeo
concreto armado)
Estruturas de contenccedilatildeo localizadas
(chumbadores tirantes microestacas)
Contenccedilatildeo e proteccedilatildeo de margens de canais (
gabiotildees muros de concreto etc)
Estruturas de contenccedilatildeo (meacutedio e grande porte) Implantaccedilatildeo de estruturas de contenccedilatildeo de
meacutedio e grande porte envolvendo obras de
contenccedilatildeo passivas e ativas (muros de
gravidade cortinas etc)
Terraplanagem Execuccedilatildeo de serviccedilos de terraplanagem
combinados a obras de drenagem superficial e
proteccedilatildeo vegetal desvio e canalizaccedilatildeo de
coacuterregos
Remoccedilatildeo de moradias Remoccedilotildees definitivas para implantaccedilatildeo de
obras ou devido agrave localizaccedilatildeo improacutepria da
edificaccedilatildeo (Priorizar as relocaccedilotildees dentro da
proacutepria aacuterea em local seguro)
Fonte ALHEIROS 2006
43
Escolhidas as formas de intervenccedilatildeo para cada aacuterea eacute necessaacuterio realizar uma estimativa
dos custos afim de preparar o orccedilamento da prefeitura para a realizaccedilatildeo das obras e se
seraacute necessaacuterio a captaccedilatildeo de recursos externos para a execuccedilatildeo destas Feitas as
estimativas de custo o proacuteximo passo eacute definir as prioridades e para esta fase eacute tambeacutem
uacutetil o mapeamento feito nas etapas anteriores pois seraacute necessaacuterio hierarquizar tais
intervenccedilotildees nas aacutereas de risco O Ministeacuterio das Cidades (2007) sugere alguns criteacuterios
que podem ser avaliados pelo gestor dentre eles pode-se citar
Grau de risco
Populaccedilatildeo beneficiada
Custo da intervenccedilatildeo
Dimensatildeo da aacuterea a ser tratada
Demandas anteriores da populaccedilatildeo
Tempo de ocupaccedilatildeo
Viabilidade teacutecnica da intervenccedilatildeo
Viabilidade financeira
Inclusatildeo da aacuterea em outros projetos
A partir desta hierarquizaccedilatildeo inicia-se a identificaccedilatildeo de provaacuteveis fontes de captaccedilatildeo de
recursos para a execuccedilatildeo das intervenccedilotildees Estes recursos podem advir de programas dos
governos Federal e Estadual ou por meio de editais para captaccedilatildeo de recursos financeiros
tanto do setor puacuteblico como da iniciativa privada e podem ser tambeacutem associados agrave outras
Secretarias Municipais como a de Turismo ou Meio Ambiente e natildeo soacute as destinadas agrave
Defesa Civil (ALHEIROS 2006)
Eacute previsto tambeacutem no PMRR uma avaliaccedilatildeo da Defesa Civil municipal e como ela estaacute
estruturada fazendo inclusive sugestotildees para que sua atuaccedilatildeo esteja em consonacircncia com
a realidade das comunidades e da Administraccedilatildeo Puacuteblica do municiacutepio de forma a garantir
sua sustentabilidade e conquistar a credibilidade da populaccedilatildeo no que diz respeito a
prevenccedilatildeo de cataacutestrofes Para que a resposta a uma determinada situaccedilatildeo de risco seja
raacutepida eacute necessaacuterio a descentralizaccedilatildeo da Defesa Civil criando pequenos nuacutecleos
comunitaacuterios com a finalidade de se monitorar a aacuterea constantemente e promover as
intervenccedilotildees necessaacuterias em tempo haacutebil o que aumenta em muito a credibilidade da
populaccedilatildeo no PMRR e no trabalho desempenhado pela Defesa Civil no municiacutepio Apoacutes
esta etapa o PMRR passaraacute por audiecircncias puacuteblicas e posteriormente poderaacute ser aprovado
como Lei Municipal pelo Legislativo local (ALHEIROS 2006)
Com a realizaccedilatildeo deste plano o municiacutepio estaraacute munido de informaccedilotildees suficientes para
realizar accedilotildees efetivas de gestatildeo e gerenciamento de riscos bem como aliado a
levantamentos sociais realizar programas habitacionais que beneficiem prioritariamente
44
aos moradores das aacutereas de risco Aleacutem disso com o PMRR o municiacutepio poderaacute melhorar
a qualidade ambiental da populaccedilatildeo captando recursos para a recuperaccedilatildeo das aacutereas de
APP que foram degradadas pelas ocupaccedilotildees irregulares beneficiando todos os moradores
do municiacutepio com o aumento da qualidade de vida na cidade
A partir do disposto nesta seccedilatildeo acerca do Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos e de
uma maneira preliminar (levando-se em conta apenas o nuacutemero de registros de
alagamentos e deslizamentos na aacuterea urbana principal de Santos Dumont no periacuteodo de
1984 a 2014) identificou-se trecircs regiotildees distintas na aacuterea urbana do municiacutepio com
tempo de recorrecircncia desses eventos similares caracterizando trecircs prioridades de
intervenccedilatildeo em contenccedilatildeo de risco como pode ser visto nas figuras 515 e 516 Vale
ressaltar que eacute necessaacuterio um estudo mais detalhado inclusive com visitas teacutecnicas a
campo para que se confirme a real situaccedilatildeo destas e a real prioridade para investimentos
Figura 5 17 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de deslizamentos
Fonte Do Autor
45
Figura 5 18 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de alagamentos
Fonte Do Autor
46
6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees
A seguir apresenta-se as conclusotildees e as recomendaccedilotildees feitas a partir dos objetivos
especiacuteficos explicitados no iniacutecio deste trabalho
Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a
aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes
urbanos
A partir da revisatildeo da legislaccedilatildeo pertinente em acircmbito federal estadual e
municipal constatou-se que o Plano Diretor de Santos Dumont natildeo conflita com a
legislaccedilatildeo federal e estadual sobre Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente A legislaccedilatildeo
municipal foi entendida como mais conservadora que as federal e estadual uma
vez que considera implicitamente que declividades entre 47 e 100 satildeo
enquadradas como APPs aleacutem da faixa superior a 100
Parte consideraacutevel das ocupaccedilotildees em APP principalmente na regiatildeo do bairro
Santo Antocircnio (onde surgiu os primeiros nuacutecleos que deram origem ao municiacutepio)
e o centro da cidade ocorreram antes de que fosse elaborado qualquer legislaccedilatildeo
que versasse sobre o tema Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente bastando ao gestor
local tomar medidas de contenccedilatildeo de riscos que minimizem os impactos causados
por essas ocupaccedilotildees nessa regiatildeo
O ordenamento adequado do uso do solo no municiacutepio eacute necessaacuterio para que o
crescimento dos loteamentos criados anteriormente agrave esta Lei e o surgimento de
novos natildeo avance para Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente o que pode causar
inuacutemeros problemas aos moradores e agravar os jaacute existentes
Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las
com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)
As aacutereas onde houveram a maior quantidade de registros de deslizamentos satildeo os
bairros mais populosos de Santos Dumont podendo se estabelecer uma relaccedilatildeo
que quanto mais populoso o bairro maior a quantidade de problemas relacionados
a deslizamentos Tambeacutem pode-se notar uma relaccedilatildeo com as fronteiras das faixas
de declividades e os deslizamentos uma vez que boa parte deles aconteceram
nestas faixas
As aacutereas onde houve um grande nuacutemero de registros de alagamentos satildeo os bairros
que se desenvolveram agraves margens do Ribeiratildeo das Posses em especial na aacuterea que
47
compreende as APPs de curso hiacutedrico e em aacutereas onde a declividade eacute baixa Esse
fato aliado ao crescimento do nuacutemero de vias pavimentadas com material
impermeaacutevel e a natildeo expansatildeo e ou redimensionamento da rede de drenagem
urbana contribuiacuteram para a ocorrecircncia cada vez mais constante de alagamentos
nessas aacutereas
Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos
catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30
anos
A partir do levantamento histoacuterico realizado e da base de dados georeferenciada
gerada observou-se o aumento do nuacutemero de registros de deslizamentos e
alagamentos nos uacuteltimos 10 anos quando as ocorrecircncias comeccedilaram a se repetir
numa mesma aacuterea com frequecircncia incrementada as vezes com mais de uma
ocorrecircncia anual
Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do
solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental
Destaca-se a adequaccedilatildeo dos criteacuterios gerais estabelecidos pelo Plano Diretor de
Santos Dumont relativos a legislaccedilatildeo federal e estadual Entretanto o referido
Plano Diretor natildeo contempla todo o territoacuterio municipal sendo assim ele natildeo
cumpre o objetivo de proteger as APPs preservadas e recuperar as que foram
degradadas em todo o territoacuterio municipal Ressalta-se tambeacutem a sua natildeo
conformidade com o Estatuto das Cidades uma vez que o Plano Diretor
contempla apenas os novos loteamentos
Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais
negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea
impactada
Recomenda-se a implantaccedilatildeo no municiacutepio de uma Coordenadoria Municipal de
Defesa Civil atuante e integrada agraves Secretarias Municipais e agrave comunidade
visando uma atuaccedilatildeo eficaz nos problemas relacionados a deslizamentos e
alagamentos A elaboraccedilatildeo de um Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos eacute de
suma importacircncia pois atraveacutes dele pode-se predizer as aacutereas que passaratildeo por
problemas caso a expansatildeo aconteccedila ou se inicie uma ocupaccedilatildeo nova aleacutem de
prevenir acidentes nas aacutereas jaacute ocupadas e consideradas de risco
48
7 Anexos
49
71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont
50
51
72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)
52
53
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21
Figura 4 2 Mapa da aacuterea urbana principal com a localizaccedilatildeo dos bairros
Fonte Do Autor
42 Levantamento e tratamento dos dados
No desenvolvimento deste trabalho foi necessaacuterio se fazer um estudo detalhado sobre o
Plano Diretor de Santos Dumont principalmente dos seus anexos que compreendem os
mapas e a localizaccedilatildeo das aacutereas definidas pelo zoneamento proposto Para que isso fosse
possiacutevel a Secretaria Municipal de Obras e Serviccedilos Puacuteblicos forneceu todos os dados
secundaacuterios produto do estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor e do
zoneamento Estes dados incluem os arquivos Shapefile (shp) e outros documentos
integrantes do Plano Diretor Algumas informaccedilotildees foram complementadas tambeacutem com
dados adquiridos atraveacutes do site do IBGE e do Portal Objetivos do Milecircnio (ODM)
Os dados sobre as ocorrecircncias de deslizamentos e alagamentos foram obtidos atraveacutes da
Defesa Civil do municiacutepio atraveacutes do Sistema Integrado de Informaccedilotildees sobre Desastres
(S2ID) do Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional Tal sistema centraliza as informaccedilotildees sobre
desastres naturais ocorridos em todo o territoacuterio nacional facilitando a pesquisa sobre tais
eventos a qualquer cidadatildeo (BRASIL 2015)
Apesar do sistema ser bastante uacutetil os dados sobre o municiacutepio de Santos Dumont se
encontravam bastante falhos e escassos sendo necessaacuteria complementaccedilatildeo para que a
22
base de dados ficasse consistente Diante disso uma pesquisa atraveacutes dos arquivos do
Jornal Mensagem um jornal semanaacuterio local foi feita entre os anos de 1984 e 2014 e os
dados primaacuterios filtrados em uma planilha do Microsoft Excel para posterior utilizaccedilatildeo
De posse destes dados foi feita a localizaccedilatildeo em campo das coordenadas dos locais
atingidos por deslizamentos e alagamentos no periacuteodo compreendido pela pesquisa com
o auxiacutelio de um aparelho de GPS
A maioria dos arquivos shapefile utilizados para a confecccedilatildeo dos mapas satildeo parte
integrante dos anexos da Lei do Plano diretor do municiacutepio gerados no mecircs de dezembro
de 2011 pelo Instituto Nova Cidade e foram cedidos pela Secretaria Municipal de Obras
e Serviccedilos Puacuteblicos com Datum em UTM SAD 69 Com a finalidade de fornecer um
referenciamento atualizado e de acordo com os mais novos sistemas de coordenadas
utilizados no Brasil os arquivos foram convertidos para o Datum UTM SIRGAS 2000
que diferencia do SAD 69 pelo fato de ser um referencial geocecircntrico ou seja o centro
da Terra eacute o ponto de referecircncia neste sistema enquanto que o primeiro utiliza um
referencial na superfiacutecie da Terra (IBGE2014) Eacute interessante ressaltar tambeacutem que o
SIRGAS 2000 se tornou no ano de 2014 o sistema de coordenadas oficial do Sistema
Geodeacutesico Brasileiro e do Sistema Cartograacutefico Nacional ambos mantidos pelo IBGE A
combinaccedilatildeo dos shapefiles foi feita com o software livre gvSIG e com estas combinaccedilotildees
foram gerados mapas importantes resultados para a execuccedilatildeo deste trabalho A maioria
dos mapas representam a regiatildeo urbana principal de Santos Dumont e foram produzidos
numa escala em torno de 140000 que de acordo com Rocha (2007) eacute uma escala viaacutevel
pois as recomendaacuteveis para trabalhos de anaacutelise ambiental em niacutevel municipal podem ser
entre 150000 e 110000 Alguns mapas cujo detalhamento natildeo eacute necessaacuterio foram
gerados na escala 1100000
Para a geraccedilatildeo dos mapas aleacutem dos arquivos fornecidos pela Secretaria de Obras e
Serviccedilos Puacuteblicos foram utilizados para a geraccedilatildeo do modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE)
e da localizaccedilatildeo dos topos de morro dados gerados pelo sistema de radar Advanced
Spacebone Thermal Emission and Reflection Radiometer (ASTER) que geram as curvas
de niacutevel do terreno com uma resoluccedilatildeo de 30m (NASA2014) O processamento dessas
imagens foi feito pelo software livre gvSIG As imagens geradas pelos sateacutelites
LANDSAT foram adquiridas no site da United States Geological Survey (USGS) e essas
imagens possibilitaram obter um panorama preciso do uso do solo em toda a aacuterea urbana
de Santos Dumont numa resoluccedilatildeo de 15 metros uma vez que foi utilizada a banda
pancromaacutetica do sateacutelite LANDSAT 8 aleacutem da combinaccedilatildeo das bandas 65 e 4
respectivamente que eacute a combinaccedilatildeo recomendada pela mantenedora dos sateacutelites para
anaacutelises deste tipo
23
No que diz respeito a identificaccedilatildeo de APPs em topo de morro a metodologia de Oliveira
amp Fernandes Filho (2013) por utilizar as mesmas bases de dados ateacute entatildeo usadas neste
trabalho foi a mais indicada
A metodologia de anaacutelise dos mapas gerados eacute a proposta pelo professor Jorge Xavier da
Silva do Laboratoacuterio de Geoprocessamento (LAGEOP) da Universidade Federal do Rio
de Janeiro e citada por Rocha (2007) Tal metodologia analisa as variaacuteveis em questatildeo
presentes na aacuterea e permite avaliar as possibilidades de relaccedilotildees entre essas variaacuteveis De
uma maneira geral este meacutetodo verifica o estado atual da aacuterea em estudo bem como das
variaacuteveis gerando inventaacuterios que servem para a construccedilatildeo de dados planimeacutetricos sejam
com as variaacuteveis isoladas ou combinadas Estes dados planimeacutetricos geram assinaturas
que permitem inferir sobre a influecircncia dessas variaacuteveis De posse dos dados gerados pelo
processo anteriormente citado pode-se fazer algumas prospecccedilotildees sobre os riscos
ambientais que a aacuterea pode sofrer ou o seu potencial ambiental (ROCHA 2007)
5 RESULTADOS
51 Levantamento histoacuterico de alagamentos e
deslizamentos
O aumento da demanda pelo uso do solo na regiatildeo urbana de Santos Dumont
principalmente no tocante agrave formaccedilatildeo de novos loteamentos e condomiacutenios nos uacuteltimos
anos eacute consideraacutevel mas tambeacutem haacute de se observar o crescimento dos bairros jaacute existentes
com pouco ou nenhum ordenamento Em ambos os casos se observa ocupaccedilotildees
irregulares em APP o que tem ocasionado um aumento na frequecircncia de deslizamentos
e inundaccedilotildees Eacute evidente que quanto maior a densidade populacional do bairro maior a
quantidade de ocorrecircncias ao longo dos anos (SPERFELD 2009)
De acordo com as ocorrecircncias registradas pela Defesa Civil do municiacutepio obtidas atraveacutes
da literatura utilizada nos uacuteltimos 30 anos Santos Dumont chegou a decretar situaccedilatildeo de
emergecircncia por conta de desastres envolvendo deslizamentos eou alagamentos por duas
vezes num espaccedilo de 10 anos conforme pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho
(BRASIL 2014 CEPED 2011)
Segundo os dados obtidos atraveacutes de pesquisa nos arquivos do semanaacuterio entre os anos
de 1984 e 2014 pode-se verificar que nos uacuteltimos 20 anos a cidade tem experimentado
24
um aumento consideraacutevel nos eventos relacionados a deslizamentos e principalmente
alagamentos como pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho Isso pode ter sido causado
dentre outros fatores pelo aumento do nuacutemero de vias pavimentadas com material
impermeaacutevel o que tem sobrecarregado tanto a infraestrutura existente para drenagem
urbana como tambeacutem a calha dos cursos drsquoaacutegua que passam pela regiatildeo urbana do
municiacutepio (ZANON2013)
Na deacutecada de 1980 (1984-1990) de acordo com os dados obtidos natildeo foram noticiados
eventos consideraacuteveis relacionados a deslizamentos e alagamentos em Santos Dumont
mas isso natildeo exclui a possibilidade de natildeo ter ocorrido tais eventos em menor escala
Na deacutecada de 1990 aconteceram uma seacuterie de ocorrecircncias tanto de deslizamentos quanto
de alagamentos No ano de 1997 num periacuteodo chuvoso intenso aconteceram
deslizamentos consideraacuteveis em vaacuterios bairros da cidade inclusive com desabamento de
casas e de ruas principalmente nos bairros Nossa Senhora da Gloacuteria e Quarto Depoacutesito
Em 1999 ocorreram alguns pontos de alagamento nos bairros Quarto Depoacutesito e Santo
Antocircnio com grandes prejuiacutezos materiais
A deacutecada de 2000 iniciou com o registro de deslizamentos em vaacuterios bairros da cidade
inclusive com desabamento de casas e pontes e alagamentos em importantes vias do
centro da cidade Observa-se ao longo desse periacuteodo o crescimento nas ocorrecircncias de
deslizamentos e de aacutereas com risco de deslizamento em muitos bairros de Santos Dumont
Um dos fatores importantes para esse crescimento foi a grande expansatildeo sofrida pela
maioria dos bairros e a falta de planejamento e orientaccedilatildeo por parte da prefeitura uma
vez que uma boa parte do crescimento dos bairros da cidade ocorreu ou proacuteximo a cursos
drsquoaacutegua ou em aacutereas com declividade improacutepria para se fazer construccedilotildees O bairro
Coacuterrego do Ouro (Figura 51) foi o que mais sofreu com ocorrecircncias de deslizamentos
nesse periacuteodo enquanto o bairro Santo Antocircnio foi que teve mais ocorrecircncias de
alagamentos
25
Figura 5 1 Deslizamento no bairro Coacuterrego do Ouro
Fonte Portal Cabangu
No iniacutecio deacutecada de 2010 (2011-2014) o centro da cidade foi a regiatildeo que mais sofreu
com alagamentos sendo registrado pelo menos uma ocorrecircncia por ano nessa aacuterea (Figura
52) Isso pode ser relacionado dentre outros fatores com as obras de modificaccedilatildeo do
tipo de pavimentaccedilatildeo das estradas por um material impermeaacutevel gerando uma sobrecarga
nos sistemas de drenagem urbana que foram projetados para um tipo de pavimento mais
permeaacutevel implicando tambeacutem na sobrecarga calha do Ribeiratildeo das Posses o principal
curso drsquoaacutegua que corta o centro da cidade e que se encontra em quase sua totalidade
ocupada em ambas as margens que cortam o centro da cidade
26
Figura 5 2 Alagamento na regiatildeo central de Santos Dumont em 2013
Fonte Portal Cabangu
Quanto agraves ocorrecircncias de deslizamento ao longo da referida deacutecada elas estiveram
espalhadas pelos bairros do municiacutepio tendo um maior nuacutemero de ocorrecircncias nos bairros
Santo Antocircnio Nossa Senhora da Gloacuteria e Aacutegua Espraiada Nos dois primeiros bairros
citados as ocorrecircncias podem ter sido ocasionadas pelo crescimento desordenado e sem
planejamento destes e no terceiro as ocorrecircncias satildeo relacionadas ao processo de
assoreamento do Ribeiratildeo das Posses o que pode ter gerado um aumento da velocidade
desse curso drsquoaacutegua causando problemas decorrentes do transporte de sedimentos da aacuterea
onde as casas foram construiacutedas que teve como consequecircncia os deslizamentos
Em resumo como pode ser observado nas figuras 53 e 54 na tabela 51 no periacuteodo de
1984 a 2014 os bairros mais afetados por alagamentos e deslizamentos satildeo Quarto
Depoacutesito Nossa Senhora da Gloacuteria Santo Antocircnio Coacuterrego do Ouro Antocircnio Afonso
Graminha e Vila Esperanccedila sendo que o bairro Coacuterrego do Ouro possui o maior nuacutemero
de ocorrecircncias de deslizamentos e o centro da cidade possui o maior nuacutemero de
ocorrecircncias de alagamentos no periacuteodo pesquisado Vale destacar que a aacuterea propiacutecia a
alagamentos no bairro Antocircnio Afonso natildeo identificada no estudo realizado pela
prefeitura constitui-se efetivamente numa aacuterea de risco conforme levantamento histoacuterico
realizado Esta aacuterea de risco se deve agrave diferenccedila de niacutevel negativa entre o rio Pinho e a
aacuterea do bairro estando este em desniacutevel com um risco iminente de inundaccedilotildees resultantes
da cheia desse curso drsquoaacutegua causando inuacutemeros transtornos aos moradores do local
27
Figura 5 3 Pontos de Alagamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico
Fonte Do autor
Figura 5 4 Pontos de deslizamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico
Fonte Do autor
28
Tabela 51 Ocorrecircncias de alagamentos e deslizamentos obtidos atraveacutes do
levantamento histoacuterico
Pontos de ocorrecircncia (1984-2014)
Bairros Alagamento Deslizamento
Aacutegua Espraiada 1 1
Antocircnio Afonso 1 0
Barra 0 1
Centro 7 1
Coacuterrego do Ouro 1 7
Flores 0 1
Graminha 1 0
Jardim Jaraguaacute 0 1
N Sra da Gloacuteria 0 4
N Sra das Graccedilas 1 0
Quarto Depoacutesito 3 2
Santo Antocircnio 4 2
Satildeo Sebastiatildeo 0 1
Vila Esperanccedila 0 1
Fonte Do autor
De acordo com o estudo realizado na elaboraccedilatildeo do Plano Diretor pela prefeitura
municipal observa-se que os bairros que possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a
deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do Ouro e Vila Esperanccedila enquanto que os que
possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a alagamento satildeo o Centro da cidade e os
bairros Satildeo Sebastiatildeo Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio por estarem agraves margens do
Ribeiratildeo das Posses um curso drsquoaacutegua que sofre com inundaccedilotildees perioacutedicas devido ao
severo assoreamento em algumas regiotildees e tambeacutem devido ao acuacutemulo de lixo descartado
pelos moradores do entorno irregularmente De acordo com o estudo realizado quando da
elaboraccedilatildeo do Plano Diretor do municiacutepio foram feitos estudos sobre as aacutereas propensas
a deslizamentos e alagamentos na regiatildeo urbana principal Tais aacutereas satildeo as destacadas
nas Figuras 55 e 56 No levantamento histoacuterico realizado pode-se identificar que os
bairros que possuem mais aacutereas propensas a deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do
Ouro Nossa Senhora da Gloacuteria Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio enquanto que os bairros
mais propensos a alagamentos satildeo os bairros Centro Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio
como observado na tabela 51
29
Figura 5 5 Aacutereas propensas a deslizamento de acordo com o Plano Diretor de
Santos Dumont
Fonte Google Earth e Lei 42412012
Figura 5 6 Aacutereas propensas a alagamento de acordo com o Plano Diretor de
Santos Dumont
Fonte Google Earth e Lei 42412012
30
Comparando-se os mapas obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico com o mapa gerado
pelo estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor nota-se que haacute semelhanccedilas em
algumas aacutereas mas ao se levar em conta o produto gerado pela pesquisa histoacuterica o
estudo necessitaria ser complementado haja vista que ele natildeo compreende por exemplo
o ponto de alagamento no bairro Antocircnio Afonso citado anteriormente e alguns pontos de
deslizamento importantes uma vez que satildeo regiotildees onde haacute ocupaccedilatildeo Esse fato evidencia
a necessidade de se buscar vaacuterias fontes primaacuterias e secundaacuterias para se detectar aacutereas de
risco em um municiacutepio incluindo arquivos da imprensa local afim de se produzir uma
base de dados consistente e com o menor nuacutemero de falhas possiacutevel (CEPED 2014) Com
a uniatildeo dos dois estudos foram gerados os mapas apresentados nas Figuras 57 e 58
Aleacutem do mais observando as figuras 57 e 58 pode-se notar que uma boa parte tanto dos
casos de alagamento quanto de deslizamento estatildeo na faixa de APP de curso hiacutedrico o
que ilustra a importacircncia da preservaccedilatildeo destas aacutereas
Figura 5 7 Aacutereas propensas a alagamento do estudo do Plano Diretor
complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento
Fonte Do Autor
31
Figura 5 8 Aacutereas propensas a deslizamento do estudo do Plano Diretor
complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento
Fonte Do Autor
Atraveacutes da combinaccedilatildeo entre estes dois levantamentos procurou-se alimentar a base de
dados e garantir uma consistecircncia maior desta no que diz respeito a aacutereas de deslizamento
e alagamento podendo inclusive se identificar a suscetibilidade de uma determinada
regiatildeo da cidade a um ou outro evento (CEPED2014)
512 O Plano diretor e as APPs
Nos uacuteltimos anos o Brasil experimentou um forte fenocircmeno de migraccedilatildeo do campo para
as aacutereas urbanas De acordo com o IBGE no periacuteodo de 1940 a 2000 houve um aumento
de cerca de 60 do nuacutemero de pessoas que vivem em cidades (SILVA JR 2006) O
processo de planejamento e ordenamento do uso do solo nessas aacutereas deveria ter
acompanhado esse crescimento ao longo dos anos a fim de garantir a qualidade de vida e
a seguranccedila dos migrantes ao se instalarem nas cidades o que natildeo ocorreu e o que se
observa atualmente satildeo ocupaccedilotildees em aacutereas improacuteprias para moradia sem a infraestrutura
baacutesica necessaacuteria e com risco iminente de deslizamentos eou inundaccedilotildees
O Plano Diretor do municiacutepio de Santos Dumont em seu capiacutetulo IV que versa sobre o
uso e ocupaccedilatildeo do solo explicita regras para o ordenamento do territoacuterio que compreende
o municiacutepio com base nos diferentes usos do solo de acordo com sua compatibilidade o
32
que acabou por resultar num zoneamento de todo o municiacutepio em macrozonas conforme
citado na seccedilatildeo 3231 de acordo com os usos atuais e futuros do solo Aleacutem de dividir
estas macrozonas em urbanas e rurais tambeacutem avaliou e classificou estas aacutereas com base
numa seacuterie de fatores ambientais geoloacutegicos culturais e sociais de forma a se fazer um
zoneamento coerente com os atuais usos do solo e seu potencial de uso futuro Apresenta-
se na Figura 59 este zoneamento na aacuterea urbana principal de Santos Dumont
Figura 5 9 Zoneamento urbano da aacuterea urbana principal
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Lei 42412012
Tomando como referecircncia o Novo Coacutedigo Florestal brasileiro em especial os paracircmetros
estabelecidos para a definiccedilatildeo de APP e utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento
atraveacutes do software Vista SAGA relacionou-se as APPs existentes na aacuterea em estudo com
as regiotildees propiacutecias a alagamentos e deslizamentos de acordo com o estudo feito quando
da elaboraccedilatildeo do Plano Diretor afim de se identificar qual ou quais aacutereas possuem estes
problemas e se estatildeo relacionados com o uso do solo irregular em APP
Ao se aplicar a metodologia proposta por Oliveira amp Fernandes Filho (2013) natildeo foram
identificadas dentro da aacuterea de estudo APPs de topos de morro sendo este tipo de APP
descartada portanto das anaacutelises subsequentes deste trabalho Foram consideradas as
APP de curso hiacutedrico (rios e nascentes) e de declividade visando relacionaacute-las as aacutereas
de risco identificadas pela Prefeitura afim de se verificar as possiacuteveis causas da ocorrecircncia
33
destas aacutereas na regiatildeo urbana do municiacutepio Por meio de combinaccedilotildees entre dois mapas
temaacuteticos utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento foi possiacutevel obter as
assinaturas ou seja tabelas que caracterizam quantitativamente a aacuterea afetada por cada
aspecto visto que a simples visualizaccedilatildeo do mapa gerado pelo geoprocessamento muitas
vezes eacute prejudicada por serem aacutereas de pequenas dimensotildees ou por qualquer outra
limitaccedilatildeo do software Ressalta-se que para a elaboraccedilatildeo do Plano Municipal de Reduccedilatildeo
de riscos a identificaccedilatildeo e detalhamento topograacutefico destas aacutereas eacute fundamental para o
desenvolvimento do referido Plano conforme seraacute abordado detalhadamente na seccedilatildeo
52
De posse do mapa que representa o zoneamento urbano de Santos Dumont primeiramente
procurou-se mensurar qualitativa e quantitativamente a presenccedila de APPs tanto de
declividade quanto de cursos hiacutedricos Essa identificaccedilatildeo eacute importante pois este
zoneamento eacute um dos instrumentos de planejamento municipal (BRASIL 2001) Saboya
(2007) aponta que os principais objetivos de um zoneamento satildeo o controle da expansatildeo
urbana e proteccedilatildeo de aacutereas inadequadas a ocupaccedilatildeo aleacutem de reduzir os conflitos inerentes
aos diferentes usos do solo Com o uso da ferramenta ldquoCombinarrdquo do Vista SAGA foram
feitas combinaccedilotildees entre o mapa de hidrografia com buffer de 30m para rios e coacuterregos e
de 50m para nascentes com o mapa do zoneamento para se verificar a importacircncia das
APPs de curso hiacutedrico em toda a aacuterea urbana principal do municiacutepio Tambeacutem foram
combinados o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) obtido atraveacutes do gvSIG com o mapa
de zoneamento afim de se verificar quantitativamente as APPs de declividade e onde se
localizam Vale ressaltar que as declividades entre 30 e 47 estatildeo presentes nesta
combinaccedilatildeo pois de acordo com o Plano Diretor de Santos Dumont terrenos com esta
faixa de declividade para fins de parcelamento devem possuir estudo teacutecnico que ateste
a viabilidade de se promover algum empreendimento imobiliaacuterio neste (SANTOS
DUMONT 2012) Como a legislaccedilatildeo municipal prevecirc estudo somente para a faixa de
declividade descrita anteriormente para fins de anaacutelise neste trabalho consideramos um
valor mais conservador para APP compreendendo a faixa de 47 a 100 aleacutem da
prevista pela legislaccedilatildeo federal (gt100) para que natildeo houvessem lacunas importantes na
geraccedilatildeo do produto
Apresenta-se na Figura 510 aacutereas com declividades consideradas de risco e consideradas
APP e em qual zona de planejamento elas estatildeo inseridas De um modo geral ao se
observar a Tabela 52 nota-se que a aacuterea que compreende declividades de risco e APP eacute
uma pequena parcela da aacuterea urbana principal representando 061 desta aacuterea Ao se
levar em conta somente a localizaccedilatildeo pode-se verificar que cerca de 84 das aacutereas com
declividade de risco e a totalidade das APPs de declividade estatildeo localizadas na ZAC1
zona que compreende a maior parte do municiacutepio e apesar de possuir infraestrutura baacutesica
para a ocupaccedilatildeo esta eacute restrita Sendo assim o fator declividade deve ser visto com cautela
nesta aacuterea para se evitar transtornos advindos de edificaccedilotildees nestas aacutereas
34
Figura 5 10 Combinaccedilatildeo entre as declividades importantes incluindo as APPs e o
zoneamento urbano
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Do autor
Tabela 52 Assinaturas da combinaccedilatildeo Declividade x Zoneamento
Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea
Natildeo APP 457972 9939
Declividade 30-47 em ZAC1 2368 051
Declividade 30-47 em ZE 284 006
Declividade 30-47 em ZAC2 128 003
Declividade 30-47 em ZPA 004 0001
APP Declividade em ZAC1 048 001
Total 460804 100
Fonte Do autor
Apresenta-se na Figura 511 as APPs de curso hiacutedrico (nascentes e rios) e em qual zona
de planejamento estatildeo localizadas Assim como a declividade a maior parte das APPs de
curso hiacutedrico estatildeo localizadas em ZAC1 representando 383 da aacuterea urbana em estudo
e 51 do total das APPs de curso hiacutedrico Esta questatildeo tambeacutem deve ser vista com
bastante criteacuterio pelos gestores locais uma vez que a ocupaccedilatildeo em faixas proacuteximas de
rios e coacuterregos podem causar uma gama de problemas ambientais e sociais na regiatildeo
(SANTANA2011) Tal cuidado tambeacutem deve ser tomado nas APPs compreendidas na
35
ZAC2 que compreende 001 da Aacuterea urbana principal e 14 do total das APPs de curso
hiacutedrico pois a infraestrutura baacutesica e acessibilidade presente nesta zona eacute precaacuteria e a
ocupaccedilatildeo as margens de cursos hiacutedricos pode gerar problemas seacuterios caso ocorra uma
expansatildeo nestas aacutereas
Figura 511 Combinaccedilatildeo entre APP de curso hiacutedrico e as zonas de planejamento
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Do autor
Outro ponto importante eacute a presenccedila da Zona de Proteccedilatildeo Ambiental (ZPA) no entorno
uma consideraacutevel parte dos cursos hiacutedricos Nesta zona estatildeo presentes 28 das APPs de
curso hiacutedrico e esta zona de acordo com o Plano Diretor deve ser restaurada ou
preservada por suas caracteriacutesticas geoloacutegicas topograacuteficas e bioloacutegicas
Afim de se verificar os usos do solo na regiatildeo em estudo foram utilizadas combinaccedilotildees
de imagens advindas do sateacutelite Landsat 8 nas bandas descritas no capiacutetulo 4 aleacutem da
banda pancromaacutetica O resultado eacute apresentado na figura 512 que mostra os principais
usos do solo na aacuterea urbana principal de Santos Dumont
36
Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x Zoneamento
Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea
Hidrografia 11168 239
Aacuterea Urbana Natildeo APP 421004 9008
APP Curso hiacutedrico em ZAC1 179 383
APP Curso hiacutedrico em ZPA 9776 209
APP Curso hiacutedrico em ZE 184 004
APP Curso hiacutedrico em ZA 1192 026
APP Curso hiacutedrico em ZAC2 5124 110
APP Curso hiacutedrico em ZPPH 248 005
APP Curso hiacutedrico em ZEIS 568 012
APP Curso hiacutedrico em ZCA 228 005
Total 467392 10000
Fonte Do autor
Figura 5 12 Mapa de usos do solo da aacuterea urbana principal de Santos Dumont
Fonte Do autor
Como jaacute era previsto a maior parte da aacuterea urbana se encontra ocupada e eacute nesta regiatildeo
ocupada que se observa a maior concentraccedilatildeo de problemas de deslizamentos e
alagamentos (Figuras 513 e 514) A grande ocupaccedilatildeo em aacutereas consideradas APP de
curso hiacutedrico de acordo com os mapas gerados pode ser a principal causa do aumento a
cada ano dos casos de alagamento principalmente na regiatildeo central da cidade Outro ponto
que se deve atentar eacute a existecircncia de uma consideraacutevel aacuterea de pastagem pouco vegetada
que caso estejam em aacutereas elevadas pode contribuir para deslizamentos e agraves margens de
37
rios e coacuterregos para o assoreamento destes corpos hiacutedricos o que pode causar
alagamentos (INAacuteCIO etal 2007)
Diante destes resultados pode-se ver que a cidade de Santos Dumont necessita alternativas
efetiva no que diz respeito agrave contenccedilatildeo de deslizamentos e a reduccedilatildeo de risco de
alagamento pois as aacutereas em que ocorrem tais eventos satildeo distintas e facilmente definidas
devido agrave repeticcedilatildeo destes nos uacuteltimos anos Um plano de accedilatildeo integrado entre as diferentes
secretarias municipais (Obras Meio Ambiente Assistecircncia Social entre outras) e a
Coordenadoria Municipal de Defesa Civil deve ser realizado afim de se tomar medidas
natildeo mais preventivas mas sim preditivas para que se possa conter o avanccedilo destes
problemas na aacuterea urbana principal bem como em toda a aacuterea do municiacutepio
Figura 5 13 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na aacuterea urbana
principal
Fonte Do autor
38
Figura 5 14 Aacutereas sujeitas a alagamento e os principais usos do solo na aacuterea
urbana principal
Fonte Do autor
Ao se associar os dados do estudo do Plano Diretor com os dados do levantamento
histoacuterico realizado com o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) pode-se notar que as aacutereas
propiacutecias a deslizamento estatildeo em regiotildees as quais haacute uma fronteira de declividades ou
seja eacute evidente que os deslizamentos ocorrem em encostas um pouco mais iacutengremes mas
natildeo necessariamente nas encostas de 30-47 as quais exigem estudo teacutecnico conforme o
plano diretor preconiza Quanto aos alagamentos nota-se que eles se localizam nas aacutereas
com menor ou nenhuma declividade podendo ser estas aacutereas talvez componentes da
planiacutecie de inundaccedilatildeo dos rios Estes resultados podem ser vistos nas figuras 515 e 516
a seguir
39
Figura5 15 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a deslizamentos na
regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
Fonte Lei 42412012 e Autor
Figura5 26 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a alagamentos na
regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
Fonte Lei 42412012 e Autor
40
52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis
O processo de ocupaccedilatildeo no municiacutepio de Santos Dumont comeccedilou muito antes de
qualquer legislaccedilatildeo relacionada a ordenamento urbano e de proteccedilatildeo do meio ambiente
fosse implementado no Brasil Esse fato aliado a poliacuteticas e fiscalizaccedilotildees falhas
contribuiacuteram para a ocupaccedilatildeo e expansatildeo da aacuterea urbana ao longo do Ribeiratildeo das Posses
e seus afluentes o que tem gerado o aumento da degradaccedilatildeo destes corpos hiacutedricos ao
longo de todos estes anos Observa-se tambeacutem que nas uacuteltimas deacutecadas ocorreu um
grande nuacutemero de migraccedilotildees do campo para a regiatildeo urbana da cidade fator que
contribuiu para o crescimento do nuacutemero de habitaccedilotildees em aacutereas de risco de deslizamento
e alagamentos por serem na maioria das vezes terrenos menos valorizados e por este
motivo acessiacuteveis a populaccedilatildeo com menor poder aquisitivo (ROSA amp CORTEZ 2008)
Vale ressaltar que esta questatildeo aleacutem de ser ambiental eacute muito mais social pois os
moradores entendem os riscos de se viver nestes locais mas por motivos econocircmicos ou
por questotildees afetivas natildeo abrem matildeo da moradia nessas aacutereas A Constituiccedilatildeo Federal de
1988 promoveu a inter-relaccedilatildeo das questotildees sociais com as questotildees ambientais quando
colocou o meio ambiente como direito coletivo (BRASIL1988 SOUZA2010) Por este
motivo a decisatildeo por medidas draacutesticas que favoreccedilam apenas agrave preservaccedilatildeo do meio
ambiente natildeo eacute recomendada pois aleacutem de ser inconstitucional podem afetar a
sustentabilidade econocircmica do municiacutepio e gerar conflitos sociais consideraacuteveis
(CARLOS 1992 apud SOUZA 2010)
Segundo Bueno (2009) ldquonem tudo o que eacute irregular eacute precaacuteriordquo Esse fato se observa em
Santos Dumont uma vez que em boa parte da regiatildeo central se observa vaacuterias moradias
construiacutedas na faixa de APP de curso hiacutedrico o que natildeo eacute permitido pela legislaccedilatildeo
vigente e eacute um dos fatores que contribui para a ocorrecircncia de alagamentos nesta aacuterea da
cidade Para a resoluccedilatildeo deste problema o que seria mais viaacutevel seria a melhoria da
infraestrutura de drenagem urbana afim de que o escoamento da aacutegua das chuvas natildeo
sobrecarregasse o sistema (BUENO2009) A construccedilatildeo de bacias de contenccedilatildeo de
cheias ao longo do Ribeiratildeo das Posses tambeacutem seria uma alternativa mas para se verificar
a viabilidade necessita-se estudos mais aprofundados do ponto de vista hidroloacutegico
O grande problema a ser solucionado no entanto eacute o que diz respeito agraves aacutereas de risco
de deslizamento majoritariamente nos bairros A melhor alternativa seria o
remanejamento dos moradores para uma aacuterea proacutexima agrave que moram poreacutem longe do
risco Poreacutem esta alternativa de acordo com Rosa Filho amp Cortez (2008) encontra alguns
entraves pois estas pessoas na maioria das vezes natildeo tecircm condiccedilotildees financeiras de irem
para outro lugar ou pagar aluguel ou estatildeo de alguma forma sentimentalmente ligadas
agravequela regiatildeo que se recusam a deixaacute-lo
41
Por parte dos oacutergatildeos competentes no municiacutepio a criaccedilatildeo de um plano para se evitar
acidentes ocasionados por deslizamentos e alagamentos com um mapeamento detalhado
de toda a extensatildeo do municiacutepio eacute extremamente uacutetil Os estudos que seratildeo feitos para a
elaboraccedilatildeo deste plano poderatildeo definir quais as aacutereas satildeo potencialmente de risco para as
ocupaccedilotildees existentes ou para as potenciais ocupaccedilotildees que possam vir a ocorrer atraveacutes do
mapeamento das aacutereas de risco Tal planejamento seraacute auxiliar ao Plano Diretor
Municipal pois definiraacute o real uso do solo de determinada regiatildeo do municiacutepio
contribuindo para a adequaccedilatildeo do uso e ocupaccedilatildeo do solo afim de evitar ou reduzir o
nuacutemero de problemas relacionados a alagamentos e principalmente deslizamentos no
periacutemetro urbano (TOMINAGA 2009) A partir deste plano os gestores locais poderatildeo
tomar a melhor decisatildeo para a prevenccedilatildeo ou reduccedilatildeo dos riscos inerentes a tais problemas
Na seccedilatildeo 521 seraacute hierarquizado de forma preliminar a aacuterea urbana principal de acordo
com os resultados da tabela 51
521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta
O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos (PMRR) foi criado atraveacutes de accedilotildees
regularizadoras do Ministeacuterio das Cidades para ser o instrumento de gestatildeo e
gerenciamento de aacutereas de risco em um municiacutepio Eacute um documento que aleacutem de
estabelecer quais regiotildees satildeo consideradas de risco tambeacutem objetiva a proposta de
medidas estruturais ou natildeo para contenccedilatildeo eou prevenccedilatildeo de cataacutestrofes aleacutem de ser um
meio de captaccedilatildeo de recursos financeiros junto aos Governos Estadual e Federal Estes
recursos poderatildeo ser utilizados para a realizaccedilatildeo de obras que visem a melhoria da
qualidade de vida da populaccedilatildeo do entorno ou de recuperaccedilatildeo da aacuterea degradada Este
plano eacute realizado de forma participativa com as comunidades das aacutereas de risco e pode
ser realizado em sete fases conforme recomenda o Ministeacuterio das Cidades (ALHEIROS
2006)
O primeiro passo para a realizaccedilatildeo do PMRR eacute definir qual a metodologia seraacute empregada
levando-se em consideraccedilatildeo a realidade atual do municiacutepio e especificar de forma sucinta
um cronograma das atividades Eacute importante nesta fase a participaccedilatildeo tambeacutem dos
responsaacuteveis pelas mais variadas Secretarias Municipais afim de explicitar o tamanho da
importacircncia e o caraacuteter integrador deste plano A segunda fase deste plano objetiva a
criaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo da principal base de dados a ser utilizada nos passos posteriores o
mapeamento de risco em escala detalhe em torno de 13000 (SAtildeO PAULO 2014) A
elaboraccedilatildeo de um mapeamento detalhado propiciaraacute natildeo soacute a identificaccedilatildeo mais faacutecil das
aacutereas de risco como tambeacutem facilitaraacute aos gestores e agrave comunidade decidirem qual a
melhor intervenccedilatildeo para a soluccedilatildeo ou remediaccedilatildeo dos problemas em uma determinada
42
aacuterea hierarquizando o risco e definindo prioridades (SAtildeO PAULO 2014) Na tabela a
seguir apresenta-se alguns tipos de intervenccedilotildees que podem ser feitas em aacutereas de risco
sugeridas pelo Ministeacuterio das cidades (ALHEIROS 2006)
Quadro 5 1 - Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco
Tipo de intervenccedilatildeo Descriccedilatildeo
Serviccedilos de limpeza e Recuperaccedilatildeo
Remoccedilatildeo de entulho lixo etc
corte de aacutervores
remoccedilatildeo de bananeiras
recuperaccedilatildeo eou limpeza de sistemas de
drenagem esgotos e acessos
Limpeza de canais de drenagem
Proteccedilatildeo Vegetal
Proteccedilatildeo superficial vegetal (gramiacuteneas) em
taludes com solo exposto
Proteccedilatildeo vegetal de margens de canais de
drenagem
Barreiras vegetais para massas escorregadas
ou acumuladas pela erosatildeo
Drenagem Superficial e Acessos
Sistema de drenagem superficial (canaletas
raacutepidos caixas de transiccedilatildeo escadas drsquoaacutegua)
Acessos para pedestres (escadarias rampas
etc) integrados ao sistema de drenagem
Revestimento de Taludes Revestimento com materiais artificiais
cimentado cal-jet tela argamassada alvenaria
de tijolos ceracircmicos solo-cimento ensacado
Desmonte de blocos e matacotildees Desmonte de concreccedilotildees de grande porte
blocos rochosos e matacotildees
Obras de drenagem de subsuperfiacutecie Sistema de drenagem de subsuperfiacutecie
(trincheiras drenantes DHP poccedilos de
rebaixamento)
Estruturas de contenccedilatildeo (localizadas)
Muros de contenccedilatildeo de pequeno porte (solo-
cimento ensacado alvenaria de pedra-rachatildeo
concreto armado)
Estruturas de contenccedilatildeo localizadas
(chumbadores tirantes microestacas)
Contenccedilatildeo e proteccedilatildeo de margens de canais (
gabiotildees muros de concreto etc)
Estruturas de contenccedilatildeo (meacutedio e grande porte) Implantaccedilatildeo de estruturas de contenccedilatildeo de
meacutedio e grande porte envolvendo obras de
contenccedilatildeo passivas e ativas (muros de
gravidade cortinas etc)
Terraplanagem Execuccedilatildeo de serviccedilos de terraplanagem
combinados a obras de drenagem superficial e
proteccedilatildeo vegetal desvio e canalizaccedilatildeo de
coacuterregos
Remoccedilatildeo de moradias Remoccedilotildees definitivas para implantaccedilatildeo de
obras ou devido agrave localizaccedilatildeo improacutepria da
edificaccedilatildeo (Priorizar as relocaccedilotildees dentro da
proacutepria aacuterea em local seguro)
Fonte ALHEIROS 2006
43
Escolhidas as formas de intervenccedilatildeo para cada aacuterea eacute necessaacuterio realizar uma estimativa
dos custos afim de preparar o orccedilamento da prefeitura para a realizaccedilatildeo das obras e se
seraacute necessaacuterio a captaccedilatildeo de recursos externos para a execuccedilatildeo destas Feitas as
estimativas de custo o proacuteximo passo eacute definir as prioridades e para esta fase eacute tambeacutem
uacutetil o mapeamento feito nas etapas anteriores pois seraacute necessaacuterio hierarquizar tais
intervenccedilotildees nas aacutereas de risco O Ministeacuterio das Cidades (2007) sugere alguns criteacuterios
que podem ser avaliados pelo gestor dentre eles pode-se citar
Grau de risco
Populaccedilatildeo beneficiada
Custo da intervenccedilatildeo
Dimensatildeo da aacuterea a ser tratada
Demandas anteriores da populaccedilatildeo
Tempo de ocupaccedilatildeo
Viabilidade teacutecnica da intervenccedilatildeo
Viabilidade financeira
Inclusatildeo da aacuterea em outros projetos
A partir desta hierarquizaccedilatildeo inicia-se a identificaccedilatildeo de provaacuteveis fontes de captaccedilatildeo de
recursos para a execuccedilatildeo das intervenccedilotildees Estes recursos podem advir de programas dos
governos Federal e Estadual ou por meio de editais para captaccedilatildeo de recursos financeiros
tanto do setor puacuteblico como da iniciativa privada e podem ser tambeacutem associados agrave outras
Secretarias Municipais como a de Turismo ou Meio Ambiente e natildeo soacute as destinadas agrave
Defesa Civil (ALHEIROS 2006)
Eacute previsto tambeacutem no PMRR uma avaliaccedilatildeo da Defesa Civil municipal e como ela estaacute
estruturada fazendo inclusive sugestotildees para que sua atuaccedilatildeo esteja em consonacircncia com
a realidade das comunidades e da Administraccedilatildeo Puacuteblica do municiacutepio de forma a garantir
sua sustentabilidade e conquistar a credibilidade da populaccedilatildeo no que diz respeito a
prevenccedilatildeo de cataacutestrofes Para que a resposta a uma determinada situaccedilatildeo de risco seja
raacutepida eacute necessaacuterio a descentralizaccedilatildeo da Defesa Civil criando pequenos nuacutecleos
comunitaacuterios com a finalidade de se monitorar a aacuterea constantemente e promover as
intervenccedilotildees necessaacuterias em tempo haacutebil o que aumenta em muito a credibilidade da
populaccedilatildeo no PMRR e no trabalho desempenhado pela Defesa Civil no municiacutepio Apoacutes
esta etapa o PMRR passaraacute por audiecircncias puacuteblicas e posteriormente poderaacute ser aprovado
como Lei Municipal pelo Legislativo local (ALHEIROS 2006)
Com a realizaccedilatildeo deste plano o municiacutepio estaraacute munido de informaccedilotildees suficientes para
realizar accedilotildees efetivas de gestatildeo e gerenciamento de riscos bem como aliado a
levantamentos sociais realizar programas habitacionais que beneficiem prioritariamente
44
aos moradores das aacutereas de risco Aleacutem disso com o PMRR o municiacutepio poderaacute melhorar
a qualidade ambiental da populaccedilatildeo captando recursos para a recuperaccedilatildeo das aacutereas de
APP que foram degradadas pelas ocupaccedilotildees irregulares beneficiando todos os moradores
do municiacutepio com o aumento da qualidade de vida na cidade
A partir do disposto nesta seccedilatildeo acerca do Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos e de
uma maneira preliminar (levando-se em conta apenas o nuacutemero de registros de
alagamentos e deslizamentos na aacuterea urbana principal de Santos Dumont no periacuteodo de
1984 a 2014) identificou-se trecircs regiotildees distintas na aacuterea urbana do municiacutepio com
tempo de recorrecircncia desses eventos similares caracterizando trecircs prioridades de
intervenccedilatildeo em contenccedilatildeo de risco como pode ser visto nas figuras 515 e 516 Vale
ressaltar que eacute necessaacuterio um estudo mais detalhado inclusive com visitas teacutecnicas a
campo para que se confirme a real situaccedilatildeo destas e a real prioridade para investimentos
Figura 5 17 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de deslizamentos
Fonte Do Autor
45
Figura 5 18 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de alagamentos
Fonte Do Autor
46
6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees
A seguir apresenta-se as conclusotildees e as recomendaccedilotildees feitas a partir dos objetivos
especiacuteficos explicitados no iniacutecio deste trabalho
Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a
aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes
urbanos
A partir da revisatildeo da legislaccedilatildeo pertinente em acircmbito federal estadual e
municipal constatou-se que o Plano Diretor de Santos Dumont natildeo conflita com a
legislaccedilatildeo federal e estadual sobre Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente A legislaccedilatildeo
municipal foi entendida como mais conservadora que as federal e estadual uma
vez que considera implicitamente que declividades entre 47 e 100 satildeo
enquadradas como APPs aleacutem da faixa superior a 100
Parte consideraacutevel das ocupaccedilotildees em APP principalmente na regiatildeo do bairro
Santo Antocircnio (onde surgiu os primeiros nuacutecleos que deram origem ao municiacutepio)
e o centro da cidade ocorreram antes de que fosse elaborado qualquer legislaccedilatildeo
que versasse sobre o tema Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente bastando ao gestor
local tomar medidas de contenccedilatildeo de riscos que minimizem os impactos causados
por essas ocupaccedilotildees nessa regiatildeo
O ordenamento adequado do uso do solo no municiacutepio eacute necessaacuterio para que o
crescimento dos loteamentos criados anteriormente agrave esta Lei e o surgimento de
novos natildeo avance para Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente o que pode causar
inuacutemeros problemas aos moradores e agravar os jaacute existentes
Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las
com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)
As aacutereas onde houveram a maior quantidade de registros de deslizamentos satildeo os
bairros mais populosos de Santos Dumont podendo se estabelecer uma relaccedilatildeo
que quanto mais populoso o bairro maior a quantidade de problemas relacionados
a deslizamentos Tambeacutem pode-se notar uma relaccedilatildeo com as fronteiras das faixas
de declividades e os deslizamentos uma vez que boa parte deles aconteceram
nestas faixas
As aacutereas onde houve um grande nuacutemero de registros de alagamentos satildeo os bairros
que se desenvolveram agraves margens do Ribeiratildeo das Posses em especial na aacuterea que
47
compreende as APPs de curso hiacutedrico e em aacutereas onde a declividade eacute baixa Esse
fato aliado ao crescimento do nuacutemero de vias pavimentadas com material
impermeaacutevel e a natildeo expansatildeo e ou redimensionamento da rede de drenagem
urbana contribuiacuteram para a ocorrecircncia cada vez mais constante de alagamentos
nessas aacutereas
Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos
catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30
anos
A partir do levantamento histoacuterico realizado e da base de dados georeferenciada
gerada observou-se o aumento do nuacutemero de registros de deslizamentos e
alagamentos nos uacuteltimos 10 anos quando as ocorrecircncias comeccedilaram a se repetir
numa mesma aacuterea com frequecircncia incrementada as vezes com mais de uma
ocorrecircncia anual
Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do
solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental
Destaca-se a adequaccedilatildeo dos criteacuterios gerais estabelecidos pelo Plano Diretor de
Santos Dumont relativos a legislaccedilatildeo federal e estadual Entretanto o referido
Plano Diretor natildeo contempla todo o territoacuterio municipal sendo assim ele natildeo
cumpre o objetivo de proteger as APPs preservadas e recuperar as que foram
degradadas em todo o territoacuterio municipal Ressalta-se tambeacutem a sua natildeo
conformidade com o Estatuto das Cidades uma vez que o Plano Diretor
contempla apenas os novos loteamentos
Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais
negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea
impactada
Recomenda-se a implantaccedilatildeo no municiacutepio de uma Coordenadoria Municipal de
Defesa Civil atuante e integrada agraves Secretarias Municipais e agrave comunidade
visando uma atuaccedilatildeo eficaz nos problemas relacionados a deslizamentos e
alagamentos A elaboraccedilatildeo de um Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos eacute de
suma importacircncia pois atraveacutes dele pode-se predizer as aacutereas que passaratildeo por
problemas caso a expansatildeo aconteccedila ou se inicie uma ocupaccedilatildeo nova aleacutem de
prevenir acidentes nas aacutereas jaacute ocupadas e consideradas de risco
48
7 Anexos
49
71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont
50
51
72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)
52
53
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22
base de dados ficasse consistente Diante disso uma pesquisa atraveacutes dos arquivos do
Jornal Mensagem um jornal semanaacuterio local foi feita entre os anos de 1984 e 2014 e os
dados primaacuterios filtrados em uma planilha do Microsoft Excel para posterior utilizaccedilatildeo
De posse destes dados foi feita a localizaccedilatildeo em campo das coordenadas dos locais
atingidos por deslizamentos e alagamentos no periacuteodo compreendido pela pesquisa com
o auxiacutelio de um aparelho de GPS
A maioria dos arquivos shapefile utilizados para a confecccedilatildeo dos mapas satildeo parte
integrante dos anexos da Lei do Plano diretor do municiacutepio gerados no mecircs de dezembro
de 2011 pelo Instituto Nova Cidade e foram cedidos pela Secretaria Municipal de Obras
e Serviccedilos Puacuteblicos com Datum em UTM SAD 69 Com a finalidade de fornecer um
referenciamento atualizado e de acordo com os mais novos sistemas de coordenadas
utilizados no Brasil os arquivos foram convertidos para o Datum UTM SIRGAS 2000
que diferencia do SAD 69 pelo fato de ser um referencial geocecircntrico ou seja o centro
da Terra eacute o ponto de referecircncia neste sistema enquanto que o primeiro utiliza um
referencial na superfiacutecie da Terra (IBGE2014) Eacute interessante ressaltar tambeacutem que o
SIRGAS 2000 se tornou no ano de 2014 o sistema de coordenadas oficial do Sistema
Geodeacutesico Brasileiro e do Sistema Cartograacutefico Nacional ambos mantidos pelo IBGE A
combinaccedilatildeo dos shapefiles foi feita com o software livre gvSIG e com estas combinaccedilotildees
foram gerados mapas importantes resultados para a execuccedilatildeo deste trabalho A maioria
dos mapas representam a regiatildeo urbana principal de Santos Dumont e foram produzidos
numa escala em torno de 140000 que de acordo com Rocha (2007) eacute uma escala viaacutevel
pois as recomendaacuteveis para trabalhos de anaacutelise ambiental em niacutevel municipal podem ser
entre 150000 e 110000 Alguns mapas cujo detalhamento natildeo eacute necessaacuterio foram
gerados na escala 1100000
Para a geraccedilatildeo dos mapas aleacutem dos arquivos fornecidos pela Secretaria de Obras e
Serviccedilos Puacuteblicos foram utilizados para a geraccedilatildeo do modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE)
e da localizaccedilatildeo dos topos de morro dados gerados pelo sistema de radar Advanced
Spacebone Thermal Emission and Reflection Radiometer (ASTER) que geram as curvas
de niacutevel do terreno com uma resoluccedilatildeo de 30m (NASA2014) O processamento dessas
imagens foi feito pelo software livre gvSIG As imagens geradas pelos sateacutelites
LANDSAT foram adquiridas no site da United States Geological Survey (USGS) e essas
imagens possibilitaram obter um panorama preciso do uso do solo em toda a aacuterea urbana
de Santos Dumont numa resoluccedilatildeo de 15 metros uma vez que foi utilizada a banda
pancromaacutetica do sateacutelite LANDSAT 8 aleacutem da combinaccedilatildeo das bandas 65 e 4
respectivamente que eacute a combinaccedilatildeo recomendada pela mantenedora dos sateacutelites para
anaacutelises deste tipo
23
No que diz respeito a identificaccedilatildeo de APPs em topo de morro a metodologia de Oliveira
amp Fernandes Filho (2013) por utilizar as mesmas bases de dados ateacute entatildeo usadas neste
trabalho foi a mais indicada
A metodologia de anaacutelise dos mapas gerados eacute a proposta pelo professor Jorge Xavier da
Silva do Laboratoacuterio de Geoprocessamento (LAGEOP) da Universidade Federal do Rio
de Janeiro e citada por Rocha (2007) Tal metodologia analisa as variaacuteveis em questatildeo
presentes na aacuterea e permite avaliar as possibilidades de relaccedilotildees entre essas variaacuteveis De
uma maneira geral este meacutetodo verifica o estado atual da aacuterea em estudo bem como das
variaacuteveis gerando inventaacuterios que servem para a construccedilatildeo de dados planimeacutetricos sejam
com as variaacuteveis isoladas ou combinadas Estes dados planimeacutetricos geram assinaturas
que permitem inferir sobre a influecircncia dessas variaacuteveis De posse dos dados gerados pelo
processo anteriormente citado pode-se fazer algumas prospecccedilotildees sobre os riscos
ambientais que a aacuterea pode sofrer ou o seu potencial ambiental (ROCHA 2007)
5 RESULTADOS
51 Levantamento histoacuterico de alagamentos e
deslizamentos
O aumento da demanda pelo uso do solo na regiatildeo urbana de Santos Dumont
principalmente no tocante agrave formaccedilatildeo de novos loteamentos e condomiacutenios nos uacuteltimos
anos eacute consideraacutevel mas tambeacutem haacute de se observar o crescimento dos bairros jaacute existentes
com pouco ou nenhum ordenamento Em ambos os casos se observa ocupaccedilotildees
irregulares em APP o que tem ocasionado um aumento na frequecircncia de deslizamentos
e inundaccedilotildees Eacute evidente que quanto maior a densidade populacional do bairro maior a
quantidade de ocorrecircncias ao longo dos anos (SPERFELD 2009)
De acordo com as ocorrecircncias registradas pela Defesa Civil do municiacutepio obtidas atraveacutes
da literatura utilizada nos uacuteltimos 30 anos Santos Dumont chegou a decretar situaccedilatildeo de
emergecircncia por conta de desastres envolvendo deslizamentos eou alagamentos por duas
vezes num espaccedilo de 10 anos conforme pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho
(BRASIL 2014 CEPED 2011)
Segundo os dados obtidos atraveacutes de pesquisa nos arquivos do semanaacuterio entre os anos
de 1984 e 2014 pode-se verificar que nos uacuteltimos 20 anos a cidade tem experimentado
24
um aumento consideraacutevel nos eventos relacionados a deslizamentos e principalmente
alagamentos como pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho Isso pode ter sido causado
dentre outros fatores pelo aumento do nuacutemero de vias pavimentadas com material
impermeaacutevel o que tem sobrecarregado tanto a infraestrutura existente para drenagem
urbana como tambeacutem a calha dos cursos drsquoaacutegua que passam pela regiatildeo urbana do
municiacutepio (ZANON2013)
Na deacutecada de 1980 (1984-1990) de acordo com os dados obtidos natildeo foram noticiados
eventos consideraacuteveis relacionados a deslizamentos e alagamentos em Santos Dumont
mas isso natildeo exclui a possibilidade de natildeo ter ocorrido tais eventos em menor escala
Na deacutecada de 1990 aconteceram uma seacuterie de ocorrecircncias tanto de deslizamentos quanto
de alagamentos No ano de 1997 num periacuteodo chuvoso intenso aconteceram
deslizamentos consideraacuteveis em vaacuterios bairros da cidade inclusive com desabamento de
casas e de ruas principalmente nos bairros Nossa Senhora da Gloacuteria e Quarto Depoacutesito
Em 1999 ocorreram alguns pontos de alagamento nos bairros Quarto Depoacutesito e Santo
Antocircnio com grandes prejuiacutezos materiais
A deacutecada de 2000 iniciou com o registro de deslizamentos em vaacuterios bairros da cidade
inclusive com desabamento de casas e pontes e alagamentos em importantes vias do
centro da cidade Observa-se ao longo desse periacuteodo o crescimento nas ocorrecircncias de
deslizamentos e de aacutereas com risco de deslizamento em muitos bairros de Santos Dumont
Um dos fatores importantes para esse crescimento foi a grande expansatildeo sofrida pela
maioria dos bairros e a falta de planejamento e orientaccedilatildeo por parte da prefeitura uma
vez que uma boa parte do crescimento dos bairros da cidade ocorreu ou proacuteximo a cursos
drsquoaacutegua ou em aacutereas com declividade improacutepria para se fazer construccedilotildees O bairro
Coacuterrego do Ouro (Figura 51) foi o que mais sofreu com ocorrecircncias de deslizamentos
nesse periacuteodo enquanto o bairro Santo Antocircnio foi que teve mais ocorrecircncias de
alagamentos
25
Figura 5 1 Deslizamento no bairro Coacuterrego do Ouro
Fonte Portal Cabangu
No iniacutecio deacutecada de 2010 (2011-2014) o centro da cidade foi a regiatildeo que mais sofreu
com alagamentos sendo registrado pelo menos uma ocorrecircncia por ano nessa aacuterea (Figura
52) Isso pode ser relacionado dentre outros fatores com as obras de modificaccedilatildeo do
tipo de pavimentaccedilatildeo das estradas por um material impermeaacutevel gerando uma sobrecarga
nos sistemas de drenagem urbana que foram projetados para um tipo de pavimento mais
permeaacutevel implicando tambeacutem na sobrecarga calha do Ribeiratildeo das Posses o principal
curso drsquoaacutegua que corta o centro da cidade e que se encontra em quase sua totalidade
ocupada em ambas as margens que cortam o centro da cidade
26
Figura 5 2 Alagamento na regiatildeo central de Santos Dumont em 2013
Fonte Portal Cabangu
Quanto agraves ocorrecircncias de deslizamento ao longo da referida deacutecada elas estiveram
espalhadas pelos bairros do municiacutepio tendo um maior nuacutemero de ocorrecircncias nos bairros
Santo Antocircnio Nossa Senhora da Gloacuteria e Aacutegua Espraiada Nos dois primeiros bairros
citados as ocorrecircncias podem ter sido ocasionadas pelo crescimento desordenado e sem
planejamento destes e no terceiro as ocorrecircncias satildeo relacionadas ao processo de
assoreamento do Ribeiratildeo das Posses o que pode ter gerado um aumento da velocidade
desse curso drsquoaacutegua causando problemas decorrentes do transporte de sedimentos da aacuterea
onde as casas foram construiacutedas que teve como consequecircncia os deslizamentos
Em resumo como pode ser observado nas figuras 53 e 54 na tabela 51 no periacuteodo de
1984 a 2014 os bairros mais afetados por alagamentos e deslizamentos satildeo Quarto
Depoacutesito Nossa Senhora da Gloacuteria Santo Antocircnio Coacuterrego do Ouro Antocircnio Afonso
Graminha e Vila Esperanccedila sendo que o bairro Coacuterrego do Ouro possui o maior nuacutemero
de ocorrecircncias de deslizamentos e o centro da cidade possui o maior nuacutemero de
ocorrecircncias de alagamentos no periacuteodo pesquisado Vale destacar que a aacuterea propiacutecia a
alagamentos no bairro Antocircnio Afonso natildeo identificada no estudo realizado pela
prefeitura constitui-se efetivamente numa aacuterea de risco conforme levantamento histoacuterico
realizado Esta aacuterea de risco se deve agrave diferenccedila de niacutevel negativa entre o rio Pinho e a
aacuterea do bairro estando este em desniacutevel com um risco iminente de inundaccedilotildees resultantes
da cheia desse curso drsquoaacutegua causando inuacutemeros transtornos aos moradores do local
27
Figura 5 3 Pontos de Alagamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico
Fonte Do autor
Figura 5 4 Pontos de deslizamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico
Fonte Do autor
28
Tabela 51 Ocorrecircncias de alagamentos e deslizamentos obtidos atraveacutes do
levantamento histoacuterico
Pontos de ocorrecircncia (1984-2014)
Bairros Alagamento Deslizamento
Aacutegua Espraiada 1 1
Antocircnio Afonso 1 0
Barra 0 1
Centro 7 1
Coacuterrego do Ouro 1 7
Flores 0 1
Graminha 1 0
Jardim Jaraguaacute 0 1
N Sra da Gloacuteria 0 4
N Sra das Graccedilas 1 0
Quarto Depoacutesito 3 2
Santo Antocircnio 4 2
Satildeo Sebastiatildeo 0 1
Vila Esperanccedila 0 1
Fonte Do autor
De acordo com o estudo realizado na elaboraccedilatildeo do Plano Diretor pela prefeitura
municipal observa-se que os bairros que possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a
deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do Ouro e Vila Esperanccedila enquanto que os que
possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a alagamento satildeo o Centro da cidade e os
bairros Satildeo Sebastiatildeo Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio por estarem agraves margens do
Ribeiratildeo das Posses um curso drsquoaacutegua que sofre com inundaccedilotildees perioacutedicas devido ao
severo assoreamento em algumas regiotildees e tambeacutem devido ao acuacutemulo de lixo descartado
pelos moradores do entorno irregularmente De acordo com o estudo realizado quando da
elaboraccedilatildeo do Plano Diretor do municiacutepio foram feitos estudos sobre as aacutereas propensas
a deslizamentos e alagamentos na regiatildeo urbana principal Tais aacutereas satildeo as destacadas
nas Figuras 55 e 56 No levantamento histoacuterico realizado pode-se identificar que os
bairros que possuem mais aacutereas propensas a deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do
Ouro Nossa Senhora da Gloacuteria Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio enquanto que os bairros
mais propensos a alagamentos satildeo os bairros Centro Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio
como observado na tabela 51
29
Figura 5 5 Aacutereas propensas a deslizamento de acordo com o Plano Diretor de
Santos Dumont
Fonte Google Earth e Lei 42412012
Figura 5 6 Aacutereas propensas a alagamento de acordo com o Plano Diretor de
Santos Dumont
Fonte Google Earth e Lei 42412012
30
Comparando-se os mapas obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico com o mapa gerado
pelo estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor nota-se que haacute semelhanccedilas em
algumas aacutereas mas ao se levar em conta o produto gerado pela pesquisa histoacuterica o
estudo necessitaria ser complementado haja vista que ele natildeo compreende por exemplo
o ponto de alagamento no bairro Antocircnio Afonso citado anteriormente e alguns pontos de
deslizamento importantes uma vez que satildeo regiotildees onde haacute ocupaccedilatildeo Esse fato evidencia
a necessidade de se buscar vaacuterias fontes primaacuterias e secundaacuterias para se detectar aacutereas de
risco em um municiacutepio incluindo arquivos da imprensa local afim de se produzir uma
base de dados consistente e com o menor nuacutemero de falhas possiacutevel (CEPED 2014) Com
a uniatildeo dos dois estudos foram gerados os mapas apresentados nas Figuras 57 e 58
Aleacutem do mais observando as figuras 57 e 58 pode-se notar que uma boa parte tanto dos
casos de alagamento quanto de deslizamento estatildeo na faixa de APP de curso hiacutedrico o
que ilustra a importacircncia da preservaccedilatildeo destas aacutereas
Figura 5 7 Aacutereas propensas a alagamento do estudo do Plano Diretor
complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento
Fonte Do Autor
31
Figura 5 8 Aacutereas propensas a deslizamento do estudo do Plano Diretor
complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento
Fonte Do Autor
Atraveacutes da combinaccedilatildeo entre estes dois levantamentos procurou-se alimentar a base de
dados e garantir uma consistecircncia maior desta no que diz respeito a aacutereas de deslizamento
e alagamento podendo inclusive se identificar a suscetibilidade de uma determinada
regiatildeo da cidade a um ou outro evento (CEPED2014)
512 O Plano diretor e as APPs
Nos uacuteltimos anos o Brasil experimentou um forte fenocircmeno de migraccedilatildeo do campo para
as aacutereas urbanas De acordo com o IBGE no periacuteodo de 1940 a 2000 houve um aumento
de cerca de 60 do nuacutemero de pessoas que vivem em cidades (SILVA JR 2006) O
processo de planejamento e ordenamento do uso do solo nessas aacutereas deveria ter
acompanhado esse crescimento ao longo dos anos a fim de garantir a qualidade de vida e
a seguranccedila dos migrantes ao se instalarem nas cidades o que natildeo ocorreu e o que se
observa atualmente satildeo ocupaccedilotildees em aacutereas improacuteprias para moradia sem a infraestrutura
baacutesica necessaacuteria e com risco iminente de deslizamentos eou inundaccedilotildees
O Plano Diretor do municiacutepio de Santos Dumont em seu capiacutetulo IV que versa sobre o
uso e ocupaccedilatildeo do solo explicita regras para o ordenamento do territoacuterio que compreende
o municiacutepio com base nos diferentes usos do solo de acordo com sua compatibilidade o
32
que acabou por resultar num zoneamento de todo o municiacutepio em macrozonas conforme
citado na seccedilatildeo 3231 de acordo com os usos atuais e futuros do solo Aleacutem de dividir
estas macrozonas em urbanas e rurais tambeacutem avaliou e classificou estas aacutereas com base
numa seacuterie de fatores ambientais geoloacutegicos culturais e sociais de forma a se fazer um
zoneamento coerente com os atuais usos do solo e seu potencial de uso futuro Apresenta-
se na Figura 59 este zoneamento na aacuterea urbana principal de Santos Dumont
Figura 5 9 Zoneamento urbano da aacuterea urbana principal
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Lei 42412012
Tomando como referecircncia o Novo Coacutedigo Florestal brasileiro em especial os paracircmetros
estabelecidos para a definiccedilatildeo de APP e utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento
atraveacutes do software Vista SAGA relacionou-se as APPs existentes na aacuterea em estudo com
as regiotildees propiacutecias a alagamentos e deslizamentos de acordo com o estudo feito quando
da elaboraccedilatildeo do Plano Diretor afim de se identificar qual ou quais aacutereas possuem estes
problemas e se estatildeo relacionados com o uso do solo irregular em APP
Ao se aplicar a metodologia proposta por Oliveira amp Fernandes Filho (2013) natildeo foram
identificadas dentro da aacuterea de estudo APPs de topos de morro sendo este tipo de APP
descartada portanto das anaacutelises subsequentes deste trabalho Foram consideradas as
APP de curso hiacutedrico (rios e nascentes) e de declividade visando relacionaacute-las as aacutereas
de risco identificadas pela Prefeitura afim de se verificar as possiacuteveis causas da ocorrecircncia
33
destas aacutereas na regiatildeo urbana do municiacutepio Por meio de combinaccedilotildees entre dois mapas
temaacuteticos utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento foi possiacutevel obter as
assinaturas ou seja tabelas que caracterizam quantitativamente a aacuterea afetada por cada
aspecto visto que a simples visualizaccedilatildeo do mapa gerado pelo geoprocessamento muitas
vezes eacute prejudicada por serem aacutereas de pequenas dimensotildees ou por qualquer outra
limitaccedilatildeo do software Ressalta-se que para a elaboraccedilatildeo do Plano Municipal de Reduccedilatildeo
de riscos a identificaccedilatildeo e detalhamento topograacutefico destas aacutereas eacute fundamental para o
desenvolvimento do referido Plano conforme seraacute abordado detalhadamente na seccedilatildeo
52
De posse do mapa que representa o zoneamento urbano de Santos Dumont primeiramente
procurou-se mensurar qualitativa e quantitativamente a presenccedila de APPs tanto de
declividade quanto de cursos hiacutedricos Essa identificaccedilatildeo eacute importante pois este
zoneamento eacute um dos instrumentos de planejamento municipal (BRASIL 2001) Saboya
(2007) aponta que os principais objetivos de um zoneamento satildeo o controle da expansatildeo
urbana e proteccedilatildeo de aacutereas inadequadas a ocupaccedilatildeo aleacutem de reduzir os conflitos inerentes
aos diferentes usos do solo Com o uso da ferramenta ldquoCombinarrdquo do Vista SAGA foram
feitas combinaccedilotildees entre o mapa de hidrografia com buffer de 30m para rios e coacuterregos e
de 50m para nascentes com o mapa do zoneamento para se verificar a importacircncia das
APPs de curso hiacutedrico em toda a aacuterea urbana principal do municiacutepio Tambeacutem foram
combinados o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) obtido atraveacutes do gvSIG com o mapa
de zoneamento afim de se verificar quantitativamente as APPs de declividade e onde se
localizam Vale ressaltar que as declividades entre 30 e 47 estatildeo presentes nesta
combinaccedilatildeo pois de acordo com o Plano Diretor de Santos Dumont terrenos com esta
faixa de declividade para fins de parcelamento devem possuir estudo teacutecnico que ateste
a viabilidade de se promover algum empreendimento imobiliaacuterio neste (SANTOS
DUMONT 2012) Como a legislaccedilatildeo municipal prevecirc estudo somente para a faixa de
declividade descrita anteriormente para fins de anaacutelise neste trabalho consideramos um
valor mais conservador para APP compreendendo a faixa de 47 a 100 aleacutem da
prevista pela legislaccedilatildeo federal (gt100) para que natildeo houvessem lacunas importantes na
geraccedilatildeo do produto
Apresenta-se na Figura 510 aacutereas com declividades consideradas de risco e consideradas
APP e em qual zona de planejamento elas estatildeo inseridas De um modo geral ao se
observar a Tabela 52 nota-se que a aacuterea que compreende declividades de risco e APP eacute
uma pequena parcela da aacuterea urbana principal representando 061 desta aacuterea Ao se
levar em conta somente a localizaccedilatildeo pode-se verificar que cerca de 84 das aacutereas com
declividade de risco e a totalidade das APPs de declividade estatildeo localizadas na ZAC1
zona que compreende a maior parte do municiacutepio e apesar de possuir infraestrutura baacutesica
para a ocupaccedilatildeo esta eacute restrita Sendo assim o fator declividade deve ser visto com cautela
nesta aacuterea para se evitar transtornos advindos de edificaccedilotildees nestas aacutereas
34
Figura 5 10 Combinaccedilatildeo entre as declividades importantes incluindo as APPs e o
zoneamento urbano
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Do autor
Tabela 52 Assinaturas da combinaccedilatildeo Declividade x Zoneamento
Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea
Natildeo APP 457972 9939
Declividade 30-47 em ZAC1 2368 051
Declividade 30-47 em ZE 284 006
Declividade 30-47 em ZAC2 128 003
Declividade 30-47 em ZPA 004 0001
APP Declividade em ZAC1 048 001
Total 460804 100
Fonte Do autor
Apresenta-se na Figura 511 as APPs de curso hiacutedrico (nascentes e rios) e em qual zona
de planejamento estatildeo localizadas Assim como a declividade a maior parte das APPs de
curso hiacutedrico estatildeo localizadas em ZAC1 representando 383 da aacuterea urbana em estudo
e 51 do total das APPs de curso hiacutedrico Esta questatildeo tambeacutem deve ser vista com
bastante criteacuterio pelos gestores locais uma vez que a ocupaccedilatildeo em faixas proacuteximas de
rios e coacuterregos podem causar uma gama de problemas ambientais e sociais na regiatildeo
(SANTANA2011) Tal cuidado tambeacutem deve ser tomado nas APPs compreendidas na
35
ZAC2 que compreende 001 da Aacuterea urbana principal e 14 do total das APPs de curso
hiacutedrico pois a infraestrutura baacutesica e acessibilidade presente nesta zona eacute precaacuteria e a
ocupaccedilatildeo as margens de cursos hiacutedricos pode gerar problemas seacuterios caso ocorra uma
expansatildeo nestas aacutereas
Figura 511 Combinaccedilatildeo entre APP de curso hiacutedrico e as zonas de planejamento
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Do autor
Outro ponto importante eacute a presenccedila da Zona de Proteccedilatildeo Ambiental (ZPA) no entorno
uma consideraacutevel parte dos cursos hiacutedricos Nesta zona estatildeo presentes 28 das APPs de
curso hiacutedrico e esta zona de acordo com o Plano Diretor deve ser restaurada ou
preservada por suas caracteriacutesticas geoloacutegicas topograacuteficas e bioloacutegicas
Afim de se verificar os usos do solo na regiatildeo em estudo foram utilizadas combinaccedilotildees
de imagens advindas do sateacutelite Landsat 8 nas bandas descritas no capiacutetulo 4 aleacutem da
banda pancromaacutetica O resultado eacute apresentado na figura 512 que mostra os principais
usos do solo na aacuterea urbana principal de Santos Dumont
36
Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x Zoneamento
Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea
Hidrografia 11168 239
Aacuterea Urbana Natildeo APP 421004 9008
APP Curso hiacutedrico em ZAC1 179 383
APP Curso hiacutedrico em ZPA 9776 209
APP Curso hiacutedrico em ZE 184 004
APP Curso hiacutedrico em ZA 1192 026
APP Curso hiacutedrico em ZAC2 5124 110
APP Curso hiacutedrico em ZPPH 248 005
APP Curso hiacutedrico em ZEIS 568 012
APP Curso hiacutedrico em ZCA 228 005
Total 467392 10000
Fonte Do autor
Figura 5 12 Mapa de usos do solo da aacuterea urbana principal de Santos Dumont
Fonte Do autor
Como jaacute era previsto a maior parte da aacuterea urbana se encontra ocupada e eacute nesta regiatildeo
ocupada que se observa a maior concentraccedilatildeo de problemas de deslizamentos e
alagamentos (Figuras 513 e 514) A grande ocupaccedilatildeo em aacutereas consideradas APP de
curso hiacutedrico de acordo com os mapas gerados pode ser a principal causa do aumento a
cada ano dos casos de alagamento principalmente na regiatildeo central da cidade Outro ponto
que se deve atentar eacute a existecircncia de uma consideraacutevel aacuterea de pastagem pouco vegetada
que caso estejam em aacutereas elevadas pode contribuir para deslizamentos e agraves margens de
37
rios e coacuterregos para o assoreamento destes corpos hiacutedricos o que pode causar
alagamentos (INAacuteCIO etal 2007)
Diante destes resultados pode-se ver que a cidade de Santos Dumont necessita alternativas
efetiva no que diz respeito agrave contenccedilatildeo de deslizamentos e a reduccedilatildeo de risco de
alagamento pois as aacutereas em que ocorrem tais eventos satildeo distintas e facilmente definidas
devido agrave repeticcedilatildeo destes nos uacuteltimos anos Um plano de accedilatildeo integrado entre as diferentes
secretarias municipais (Obras Meio Ambiente Assistecircncia Social entre outras) e a
Coordenadoria Municipal de Defesa Civil deve ser realizado afim de se tomar medidas
natildeo mais preventivas mas sim preditivas para que se possa conter o avanccedilo destes
problemas na aacuterea urbana principal bem como em toda a aacuterea do municiacutepio
Figura 5 13 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na aacuterea urbana
principal
Fonte Do autor
38
Figura 5 14 Aacutereas sujeitas a alagamento e os principais usos do solo na aacuterea
urbana principal
Fonte Do autor
Ao se associar os dados do estudo do Plano Diretor com os dados do levantamento
histoacuterico realizado com o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) pode-se notar que as aacutereas
propiacutecias a deslizamento estatildeo em regiotildees as quais haacute uma fronteira de declividades ou
seja eacute evidente que os deslizamentos ocorrem em encostas um pouco mais iacutengremes mas
natildeo necessariamente nas encostas de 30-47 as quais exigem estudo teacutecnico conforme o
plano diretor preconiza Quanto aos alagamentos nota-se que eles se localizam nas aacutereas
com menor ou nenhuma declividade podendo ser estas aacutereas talvez componentes da
planiacutecie de inundaccedilatildeo dos rios Estes resultados podem ser vistos nas figuras 515 e 516
a seguir
39
Figura5 15 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a deslizamentos na
regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
Fonte Lei 42412012 e Autor
Figura5 26 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a alagamentos na
regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
Fonte Lei 42412012 e Autor
40
52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis
O processo de ocupaccedilatildeo no municiacutepio de Santos Dumont comeccedilou muito antes de
qualquer legislaccedilatildeo relacionada a ordenamento urbano e de proteccedilatildeo do meio ambiente
fosse implementado no Brasil Esse fato aliado a poliacuteticas e fiscalizaccedilotildees falhas
contribuiacuteram para a ocupaccedilatildeo e expansatildeo da aacuterea urbana ao longo do Ribeiratildeo das Posses
e seus afluentes o que tem gerado o aumento da degradaccedilatildeo destes corpos hiacutedricos ao
longo de todos estes anos Observa-se tambeacutem que nas uacuteltimas deacutecadas ocorreu um
grande nuacutemero de migraccedilotildees do campo para a regiatildeo urbana da cidade fator que
contribuiu para o crescimento do nuacutemero de habitaccedilotildees em aacutereas de risco de deslizamento
e alagamentos por serem na maioria das vezes terrenos menos valorizados e por este
motivo acessiacuteveis a populaccedilatildeo com menor poder aquisitivo (ROSA amp CORTEZ 2008)
Vale ressaltar que esta questatildeo aleacutem de ser ambiental eacute muito mais social pois os
moradores entendem os riscos de se viver nestes locais mas por motivos econocircmicos ou
por questotildees afetivas natildeo abrem matildeo da moradia nessas aacutereas A Constituiccedilatildeo Federal de
1988 promoveu a inter-relaccedilatildeo das questotildees sociais com as questotildees ambientais quando
colocou o meio ambiente como direito coletivo (BRASIL1988 SOUZA2010) Por este
motivo a decisatildeo por medidas draacutesticas que favoreccedilam apenas agrave preservaccedilatildeo do meio
ambiente natildeo eacute recomendada pois aleacutem de ser inconstitucional podem afetar a
sustentabilidade econocircmica do municiacutepio e gerar conflitos sociais consideraacuteveis
(CARLOS 1992 apud SOUZA 2010)
Segundo Bueno (2009) ldquonem tudo o que eacute irregular eacute precaacuteriordquo Esse fato se observa em
Santos Dumont uma vez que em boa parte da regiatildeo central se observa vaacuterias moradias
construiacutedas na faixa de APP de curso hiacutedrico o que natildeo eacute permitido pela legislaccedilatildeo
vigente e eacute um dos fatores que contribui para a ocorrecircncia de alagamentos nesta aacuterea da
cidade Para a resoluccedilatildeo deste problema o que seria mais viaacutevel seria a melhoria da
infraestrutura de drenagem urbana afim de que o escoamento da aacutegua das chuvas natildeo
sobrecarregasse o sistema (BUENO2009) A construccedilatildeo de bacias de contenccedilatildeo de
cheias ao longo do Ribeiratildeo das Posses tambeacutem seria uma alternativa mas para se verificar
a viabilidade necessita-se estudos mais aprofundados do ponto de vista hidroloacutegico
O grande problema a ser solucionado no entanto eacute o que diz respeito agraves aacutereas de risco
de deslizamento majoritariamente nos bairros A melhor alternativa seria o
remanejamento dos moradores para uma aacuterea proacutexima agrave que moram poreacutem longe do
risco Poreacutem esta alternativa de acordo com Rosa Filho amp Cortez (2008) encontra alguns
entraves pois estas pessoas na maioria das vezes natildeo tecircm condiccedilotildees financeiras de irem
para outro lugar ou pagar aluguel ou estatildeo de alguma forma sentimentalmente ligadas
agravequela regiatildeo que se recusam a deixaacute-lo
41
Por parte dos oacutergatildeos competentes no municiacutepio a criaccedilatildeo de um plano para se evitar
acidentes ocasionados por deslizamentos e alagamentos com um mapeamento detalhado
de toda a extensatildeo do municiacutepio eacute extremamente uacutetil Os estudos que seratildeo feitos para a
elaboraccedilatildeo deste plano poderatildeo definir quais as aacutereas satildeo potencialmente de risco para as
ocupaccedilotildees existentes ou para as potenciais ocupaccedilotildees que possam vir a ocorrer atraveacutes do
mapeamento das aacutereas de risco Tal planejamento seraacute auxiliar ao Plano Diretor
Municipal pois definiraacute o real uso do solo de determinada regiatildeo do municiacutepio
contribuindo para a adequaccedilatildeo do uso e ocupaccedilatildeo do solo afim de evitar ou reduzir o
nuacutemero de problemas relacionados a alagamentos e principalmente deslizamentos no
periacutemetro urbano (TOMINAGA 2009) A partir deste plano os gestores locais poderatildeo
tomar a melhor decisatildeo para a prevenccedilatildeo ou reduccedilatildeo dos riscos inerentes a tais problemas
Na seccedilatildeo 521 seraacute hierarquizado de forma preliminar a aacuterea urbana principal de acordo
com os resultados da tabela 51
521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta
O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos (PMRR) foi criado atraveacutes de accedilotildees
regularizadoras do Ministeacuterio das Cidades para ser o instrumento de gestatildeo e
gerenciamento de aacutereas de risco em um municiacutepio Eacute um documento que aleacutem de
estabelecer quais regiotildees satildeo consideradas de risco tambeacutem objetiva a proposta de
medidas estruturais ou natildeo para contenccedilatildeo eou prevenccedilatildeo de cataacutestrofes aleacutem de ser um
meio de captaccedilatildeo de recursos financeiros junto aos Governos Estadual e Federal Estes
recursos poderatildeo ser utilizados para a realizaccedilatildeo de obras que visem a melhoria da
qualidade de vida da populaccedilatildeo do entorno ou de recuperaccedilatildeo da aacuterea degradada Este
plano eacute realizado de forma participativa com as comunidades das aacutereas de risco e pode
ser realizado em sete fases conforme recomenda o Ministeacuterio das Cidades (ALHEIROS
2006)
O primeiro passo para a realizaccedilatildeo do PMRR eacute definir qual a metodologia seraacute empregada
levando-se em consideraccedilatildeo a realidade atual do municiacutepio e especificar de forma sucinta
um cronograma das atividades Eacute importante nesta fase a participaccedilatildeo tambeacutem dos
responsaacuteveis pelas mais variadas Secretarias Municipais afim de explicitar o tamanho da
importacircncia e o caraacuteter integrador deste plano A segunda fase deste plano objetiva a
criaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo da principal base de dados a ser utilizada nos passos posteriores o
mapeamento de risco em escala detalhe em torno de 13000 (SAtildeO PAULO 2014) A
elaboraccedilatildeo de um mapeamento detalhado propiciaraacute natildeo soacute a identificaccedilatildeo mais faacutecil das
aacutereas de risco como tambeacutem facilitaraacute aos gestores e agrave comunidade decidirem qual a
melhor intervenccedilatildeo para a soluccedilatildeo ou remediaccedilatildeo dos problemas em uma determinada
42
aacuterea hierarquizando o risco e definindo prioridades (SAtildeO PAULO 2014) Na tabela a
seguir apresenta-se alguns tipos de intervenccedilotildees que podem ser feitas em aacutereas de risco
sugeridas pelo Ministeacuterio das cidades (ALHEIROS 2006)
Quadro 5 1 - Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco
Tipo de intervenccedilatildeo Descriccedilatildeo
Serviccedilos de limpeza e Recuperaccedilatildeo
Remoccedilatildeo de entulho lixo etc
corte de aacutervores
remoccedilatildeo de bananeiras
recuperaccedilatildeo eou limpeza de sistemas de
drenagem esgotos e acessos
Limpeza de canais de drenagem
Proteccedilatildeo Vegetal
Proteccedilatildeo superficial vegetal (gramiacuteneas) em
taludes com solo exposto
Proteccedilatildeo vegetal de margens de canais de
drenagem
Barreiras vegetais para massas escorregadas
ou acumuladas pela erosatildeo
Drenagem Superficial e Acessos
Sistema de drenagem superficial (canaletas
raacutepidos caixas de transiccedilatildeo escadas drsquoaacutegua)
Acessos para pedestres (escadarias rampas
etc) integrados ao sistema de drenagem
Revestimento de Taludes Revestimento com materiais artificiais
cimentado cal-jet tela argamassada alvenaria
de tijolos ceracircmicos solo-cimento ensacado
Desmonte de blocos e matacotildees Desmonte de concreccedilotildees de grande porte
blocos rochosos e matacotildees
Obras de drenagem de subsuperfiacutecie Sistema de drenagem de subsuperfiacutecie
(trincheiras drenantes DHP poccedilos de
rebaixamento)
Estruturas de contenccedilatildeo (localizadas)
Muros de contenccedilatildeo de pequeno porte (solo-
cimento ensacado alvenaria de pedra-rachatildeo
concreto armado)
Estruturas de contenccedilatildeo localizadas
(chumbadores tirantes microestacas)
Contenccedilatildeo e proteccedilatildeo de margens de canais (
gabiotildees muros de concreto etc)
Estruturas de contenccedilatildeo (meacutedio e grande porte) Implantaccedilatildeo de estruturas de contenccedilatildeo de
meacutedio e grande porte envolvendo obras de
contenccedilatildeo passivas e ativas (muros de
gravidade cortinas etc)
Terraplanagem Execuccedilatildeo de serviccedilos de terraplanagem
combinados a obras de drenagem superficial e
proteccedilatildeo vegetal desvio e canalizaccedilatildeo de
coacuterregos
Remoccedilatildeo de moradias Remoccedilotildees definitivas para implantaccedilatildeo de
obras ou devido agrave localizaccedilatildeo improacutepria da
edificaccedilatildeo (Priorizar as relocaccedilotildees dentro da
proacutepria aacuterea em local seguro)
Fonte ALHEIROS 2006
43
Escolhidas as formas de intervenccedilatildeo para cada aacuterea eacute necessaacuterio realizar uma estimativa
dos custos afim de preparar o orccedilamento da prefeitura para a realizaccedilatildeo das obras e se
seraacute necessaacuterio a captaccedilatildeo de recursos externos para a execuccedilatildeo destas Feitas as
estimativas de custo o proacuteximo passo eacute definir as prioridades e para esta fase eacute tambeacutem
uacutetil o mapeamento feito nas etapas anteriores pois seraacute necessaacuterio hierarquizar tais
intervenccedilotildees nas aacutereas de risco O Ministeacuterio das Cidades (2007) sugere alguns criteacuterios
que podem ser avaliados pelo gestor dentre eles pode-se citar
Grau de risco
Populaccedilatildeo beneficiada
Custo da intervenccedilatildeo
Dimensatildeo da aacuterea a ser tratada
Demandas anteriores da populaccedilatildeo
Tempo de ocupaccedilatildeo
Viabilidade teacutecnica da intervenccedilatildeo
Viabilidade financeira
Inclusatildeo da aacuterea em outros projetos
A partir desta hierarquizaccedilatildeo inicia-se a identificaccedilatildeo de provaacuteveis fontes de captaccedilatildeo de
recursos para a execuccedilatildeo das intervenccedilotildees Estes recursos podem advir de programas dos
governos Federal e Estadual ou por meio de editais para captaccedilatildeo de recursos financeiros
tanto do setor puacuteblico como da iniciativa privada e podem ser tambeacutem associados agrave outras
Secretarias Municipais como a de Turismo ou Meio Ambiente e natildeo soacute as destinadas agrave
Defesa Civil (ALHEIROS 2006)
Eacute previsto tambeacutem no PMRR uma avaliaccedilatildeo da Defesa Civil municipal e como ela estaacute
estruturada fazendo inclusive sugestotildees para que sua atuaccedilatildeo esteja em consonacircncia com
a realidade das comunidades e da Administraccedilatildeo Puacuteblica do municiacutepio de forma a garantir
sua sustentabilidade e conquistar a credibilidade da populaccedilatildeo no que diz respeito a
prevenccedilatildeo de cataacutestrofes Para que a resposta a uma determinada situaccedilatildeo de risco seja
raacutepida eacute necessaacuterio a descentralizaccedilatildeo da Defesa Civil criando pequenos nuacutecleos
comunitaacuterios com a finalidade de se monitorar a aacuterea constantemente e promover as
intervenccedilotildees necessaacuterias em tempo haacutebil o que aumenta em muito a credibilidade da
populaccedilatildeo no PMRR e no trabalho desempenhado pela Defesa Civil no municiacutepio Apoacutes
esta etapa o PMRR passaraacute por audiecircncias puacuteblicas e posteriormente poderaacute ser aprovado
como Lei Municipal pelo Legislativo local (ALHEIROS 2006)
Com a realizaccedilatildeo deste plano o municiacutepio estaraacute munido de informaccedilotildees suficientes para
realizar accedilotildees efetivas de gestatildeo e gerenciamento de riscos bem como aliado a
levantamentos sociais realizar programas habitacionais que beneficiem prioritariamente
44
aos moradores das aacutereas de risco Aleacutem disso com o PMRR o municiacutepio poderaacute melhorar
a qualidade ambiental da populaccedilatildeo captando recursos para a recuperaccedilatildeo das aacutereas de
APP que foram degradadas pelas ocupaccedilotildees irregulares beneficiando todos os moradores
do municiacutepio com o aumento da qualidade de vida na cidade
A partir do disposto nesta seccedilatildeo acerca do Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos e de
uma maneira preliminar (levando-se em conta apenas o nuacutemero de registros de
alagamentos e deslizamentos na aacuterea urbana principal de Santos Dumont no periacuteodo de
1984 a 2014) identificou-se trecircs regiotildees distintas na aacuterea urbana do municiacutepio com
tempo de recorrecircncia desses eventos similares caracterizando trecircs prioridades de
intervenccedilatildeo em contenccedilatildeo de risco como pode ser visto nas figuras 515 e 516 Vale
ressaltar que eacute necessaacuterio um estudo mais detalhado inclusive com visitas teacutecnicas a
campo para que se confirme a real situaccedilatildeo destas e a real prioridade para investimentos
Figura 5 17 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de deslizamentos
Fonte Do Autor
45
Figura 5 18 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de alagamentos
Fonte Do Autor
46
6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees
A seguir apresenta-se as conclusotildees e as recomendaccedilotildees feitas a partir dos objetivos
especiacuteficos explicitados no iniacutecio deste trabalho
Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a
aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes
urbanos
A partir da revisatildeo da legislaccedilatildeo pertinente em acircmbito federal estadual e
municipal constatou-se que o Plano Diretor de Santos Dumont natildeo conflita com a
legislaccedilatildeo federal e estadual sobre Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente A legislaccedilatildeo
municipal foi entendida como mais conservadora que as federal e estadual uma
vez que considera implicitamente que declividades entre 47 e 100 satildeo
enquadradas como APPs aleacutem da faixa superior a 100
Parte consideraacutevel das ocupaccedilotildees em APP principalmente na regiatildeo do bairro
Santo Antocircnio (onde surgiu os primeiros nuacutecleos que deram origem ao municiacutepio)
e o centro da cidade ocorreram antes de que fosse elaborado qualquer legislaccedilatildeo
que versasse sobre o tema Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente bastando ao gestor
local tomar medidas de contenccedilatildeo de riscos que minimizem os impactos causados
por essas ocupaccedilotildees nessa regiatildeo
O ordenamento adequado do uso do solo no municiacutepio eacute necessaacuterio para que o
crescimento dos loteamentos criados anteriormente agrave esta Lei e o surgimento de
novos natildeo avance para Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente o que pode causar
inuacutemeros problemas aos moradores e agravar os jaacute existentes
Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las
com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)
As aacutereas onde houveram a maior quantidade de registros de deslizamentos satildeo os
bairros mais populosos de Santos Dumont podendo se estabelecer uma relaccedilatildeo
que quanto mais populoso o bairro maior a quantidade de problemas relacionados
a deslizamentos Tambeacutem pode-se notar uma relaccedilatildeo com as fronteiras das faixas
de declividades e os deslizamentos uma vez que boa parte deles aconteceram
nestas faixas
As aacutereas onde houve um grande nuacutemero de registros de alagamentos satildeo os bairros
que se desenvolveram agraves margens do Ribeiratildeo das Posses em especial na aacuterea que
47
compreende as APPs de curso hiacutedrico e em aacutereas onde a declividade eacute baixa Esse
fato aliado ao crescimento do nuacutemero de vias pavimentadas com material
impermeaacutevel e a natildeo expansatildeo e ou redimensionamento da rede de drenagem
urbana contribuiacuteram para a ocorrecircncia cada vez mais constante de alagamentos
nessas aacutereas
Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos
catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30
anos
A partir do levantamento histoacuterico realizado e da base de dados georeferenciada
gerada observou-se o aumento do nuacutemero de registros de deslizamentos e
alagamentos nos uacuteltimos 10 anos quando as ocorrecircncias comeccedilaram a se repetir
numa mesma aacuterea com frequecircncia incrementada as vezes com mais de uma
ocorrecircncia anual
Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do
solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental
Destaca-se a adequaccedilatildeo dos criteacuterios gerais estabelecidos pelo Plano Diretor de
Santos Dumont relativos a legislaccedilatildeo federal e estadual Entretanto o referido
Plano Diretor natildeo contempla todo o territoacuterio municipal sendo assim ele natildeo
cumpre o objetivo de proteger as APPs preservadas e recuperar as que foram
degradadas em todo o territoacuterio municipal Ressalta-se tambeacutem a sua natildeo
conformidade com o Estatuto das Cidades uma vez que o Plano Diretor
contempla apenas os novos loteamentos
Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais
negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea
impactada
Recomenda-se a implantaccedilatildeo no municiacutepio de uma Coordenadoria Municipal de
Defesa Civil atuante e integrada agraves Secretarias Municipais e agrave comunidade
visando uma atuaccedilatildeo eficaz nos problemas relacionados a deslizamentos e
alagamentos A elaboraccedilatildeo de um Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos eacute de
suma importacircncia pois atraveacutes dele pode-se predizer as aacutereas que passaratildeo por
problemas caso a expansatildeo aconteccedila ou se inicie uma ocupaccedilatildeo nova aleacutem de
prevenir acidentes nas aacutereas jaacute ocupadas e consideradas de risco
48
7 Anexos
49
71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont
50
51
72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)
52
53
8 Referecircncias Bibliograacuteficas
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da cidade de Satildeo Paulo O caso da subprefeitura da Seacute Trabalho de Graduaccedilatildeo UNESP
Rio Claro 2013
23
No que diz respeito a identificaccedilatildeo de APPs em topo de morro a metodologia de Oliveira
amp Fernandes Filho (2013) por utilizar as mesmas bases de dados ateacute entatildeo usadas neste
trabalho foi a mais indicada
A metodologia de anaacutelise dos mapas gerados eacute a proposta pelo professor Jorge Xavier da
Silva do Laboratoacuterio de Geoprocessamento (LAGEOP) da Universidade Federal do Rio
de Janeiro e citada por Rocha (2007) Tal metodologia analisa as variaacuteveis em questatildeo
presentes na aacuterea e permite avaliar as possibilidades de relaccedilotildees entre essas variaacuteveis De
uma maneira geral este meacutetodo verifica o estado atual da aacuterea em estudo bem como das
variaacuteveis gerando inventaacuterios que servem para a construccedilatildeo de dados planimeacutetricos sejam
com as variaacuteveis isoladas ou combinadas Estes dados planimeacutetricos geram assinaturas
que permitem inferir sobre a influecircncia dessas variaacuteveis De posse dos dados gerados pelo
processo anteriormente citado pode-se fazer algumas prospecccedilotildees sobre os riscos
ambientais que a aacuterea pode sofrer ou o seu potencial ambiental (ROCHA 2007)
5 RESULTADOS
51 Levantamento histoacuterico de alagamentos e
deslizamentos
O aumento da demanda pelo uso do solo na regiatildeo urbana de Santos Dumont
principalmente no tocante agrave formaccedilatildeo de novos loteamentos e condomiacutenios nos uacuteltimos
anos eacute consideraacutevel mas tambeacutem haacute de se observar o crescimento dos bairros jaacute existentes
com pouco ou nenhum ordenamento Em ambos os casos se observa ocupaccedilotildees
irregulares em APP o que tem ocasionado um aumento na frequecircncia de deslizamentos
e inundaccedilotildees Eacute evidente que quanto maior a densidade populacional do bairro maior a
quantidade de ocorrecircncias ao longo dos anos (SPERFELD 2009)
De acordo com as ocorrecircncias registradas pela Defesa Civil do municiacutepio obtidas atraveacutes
da literatura utilizada nos uacuteltimos 30 anos Santos Dumont chegou a decretar situaccedilatildeo de
emergecircncia por conta de desastres envolvendo deslizamentos eou alagamentos por duas
vezes num espaccedilo de 10 anos conforme pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho
(BRASIL 2014 CEPED 2011)
Segundo os dados obtidos atraveacutes de pesquisa nos arquivos do semanaacuterio entre os anos
de 1984 e 2014 pode-se verificar que nos uacuteltimos 20 anos a cidade tem experimentado
24
um aumento consideraacutevel nos eventos relacionados a deslizamentos e principalmente
alagamentos como pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho Isso pode ter sido causado
dentre outros fatores pelo aumento do nuacutemero de vias pavimentadas com material
impermeaacutevel o que tem sobrecarregado tanto a infraestrutura existente para drenagem
urbana como tambeacutem a calha dos cursos drsquoaacutegua que passam pela regiatildeo urbana do
municiacutepio (ZANON2013)
Na deacutecada de 1980 (1984-1990) de acordo com os dados obtidos natildeo foram noticiados
eventos consideraacuteveis relacionados a deslizamentos e alagamentos em Santos Dumont
mas isso natildeo exclui a possibilidade de natildeo ter ocorrido tais eventos em menor escala
Na deacutecada de 1990 aconteceram uma seacuterie de ocorrecircncias tanto de deslizamentos quanto
de alagamentos No ano de 1997 num periacuteodo chuvoso intenso aconteceram
deslizamentos consideraacuteveis em vaacuterios bairros da cidade inclusive com desabamento de
casas e de ruas principalmente nos bairros Nossa Senhora da Gloacuteria e Quarto Depoacutesito
Em 1999 ocorreram alguns pontos de alagamento nos bairros Quarto Depoacutesito e Santo
Antocircnio com grandes prejuiacutezos materiais
A deacutecada de 2000 iniciou com o registro de deslizamentos em vaacuterios bairros da cidade
inclusive com desabamento de casas e pontes e alagamentos em importantes vias do
centro da cidade Observa-se ao longo desse periacuteodo o crescimento nas ocorrecircncias de
deslizamentos e de aacutereas com risco de deslizamento em muitos bairros de Santos Dumont
Um dos fatores importantes para esse crescimento foi a grande expansatildeo sofrida pela
maioria dos bairros e a falta de planejamento e orientaccedilatildeo por parte da prefeitura uma
vez que uma boa parte do crescimento dos bairros da cidade ocorreu ou proacuteximo a cursos
drsquoaacutegua ou em aacutereas com declividade improacutepria para se fazer construccedilotildees O bairro
Coacuterrego do Ouro (Figura 51) foi o que mais sofreu com ocorrecircncias de deslizamentos
nesse periacuteodo enquanto o bairro Santo Antocircnio foi que teve mais ocorrecircncias de
alagamentos
25
Figura 5 1 Deslizamento no bairro Coacuterrego do Ouro
Fonte Portal Cabangu
No iniacutecio deacutecada de 2010 (2011-2014) o centro da cidade foi a regiatildeo que mais sofreu
com alagamentos sendo registrado pelo menos uma ocorrecircncia por ano nessa aacuterea (Figura
52) Isso pode ser relacionado dentre outros fatores com as obras de modificaccedilatildeo do
tipo de pavimentaccedilatildeo das estradas por um material impermeaacutevel gerando uma sobrecarga
nos sistemas de drenagem urbana que foram projetados para um tipo de pavimento mais
permeaacutevel implicando tambeacutem na sobrecarga calha do Ribeiratildeo das Posses o principal
curso drsquoaacutegua que corta o centro da cidade e que se encontra em quase sua totalidade
ocupada em ambas as margens que cortam o centro da cidade
26
Figura 5 2 Alagamento na regiatildeo central de Santos Dumont em 2013
Fonte Portal Cabangu
Quanto agraves ocorrecircncias de deslizamento ao longo da referida deacutecada elas estiveram
espalhadas pelos bairros do municiacutepio tendo um maior nuacutemero de ocorrecircncias nos bairros
Santo Antocircnio Nossa Senhora da Gloacuteria e Aacutegua Espraiada Nos dois primeiros bairros
citados as ocorrecircncias podem ter sido ocasionadas pelo crescimento desordenado e sem
planejamento destes e no terceiro as ocorrecircncias satildeo relacionadas ao processo de
assoreamento do Ribeiratildeo das Posses o que pode ter gerado um aumento da velocidade
desse curso drsquoaacutegua causando problemas decorrentes do transporte de sedimentos da aacuterea
onde as casas foram construiacutedas que teve como consequecircncia os deslizamentos
Em resumo como pode ser observado nas figuras 53 e 54 na tabela 51 no periacuteodo de
1984 a 2014 os bairros mais afetados por alagamentos e deslizamentos satildeo Quarto
Depoacutesito Nossa Senhora da Gloacuteria Santo Antocircnio Coacuterrego do Ouro Antocircnio Afonso
Graminha e Vila Esperanccedila sendo que o bairro Coacuterrego do Ouro possui o maior nuacutemero
de ocorrecircncias de deslizamentos e o centro da cidade possui o maior nuacutemero de
ocorrecircncias de alagamentos no periacuteodo pesquisado Vale destacar que a aacuterea propiacutecia a
alagamentos no bairro Antocircnio Afonso natildeo identificada no estudo realizado pela
prefeitura constitui-se efetivamente numa aacuterea de risco conforme levantamento histoacuterico
realizado Esta aacuterea de risco se deve agrave diferenccedila de niacutevel negativa entre o rio Pinho e a
aacuterea do bairro estando este em desniacutevel com um risco iminente de inundaccedilotildees resultantes
da cheia desse curso drsquoaacutegua causando inuacutemeros transtornos aos moradores do local
27
Figura 5 3 Pontos de Alagamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico
Fonte Do autor
Figura 5 4 Pontos de deslizamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico
Fonte Do autor
28
Tabela 51 Ocorrecircncias de alagamentos e deslizamentos obtidos atraveacutes do
levantamento histoacuterico
Pontos de ocorrecircncia (1984-2014)
Bairros Alagamento Deslizamento
Aacutegua Espraiada 1 1
Antocircnio Afonso 1 0
Barra 0 1
Centro 7 1
Coacuterrego do Ouro 1 7
Flores 0 1
Graminha 1 0
Jardim Jaraguaacute 0 1
N Sra da Gloacuteria 0 4
N Sra das Graccedilas 1 0
Quarto Depoacutesito 3 2
Santo Antocircnio 4 2
Satildeo Sebastiatildeo 0 1
Vila Esperanccedila 0 1
Fonte Do autor
De acordo com o estudo realizado na elaboraccedilatildeo do Plano Diretor pela prefeitura
municipal observa-se que os bairros que possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a
deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do Ouro e Vila Esperanccedila enquanto que os que
possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a alagamento satildeo o Centro da cidade e os
bairros Satildeo Sebastiatildeo Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio por estarem agraves margens do
Ribeiratildeo das Posses um curso drsquoaacutegua que sofre com inundaccedilotildees perioacutedicas devido ao
severo assoreamento em algumas regiotildees e tambeacutem devido ao acuacutemulo de lixo descartado
pelos moradores do entorno irregularmente De acordo com o estudo realizado quando da
elaboraccedilatildeo do Plano Diretor do municiacutepio foram feitos estudos sobre as aacutereas propensas
a deslizamentos e alagamentos na regiatildeo urbana principal Tais aacutereas satildeo as destacadas
nas Figuras 55 e 56 No levantamento histoacuterico realizado pode-se identificar que os
bairros que possuem mais aacutereas propensas a deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do
Ouro Nossa Senhora da Gloacuteria Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio enquanto que os bairros
mais propensos a alagamentos satildeo os bairros Centro Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio
como observado na tabela 51
29
Figura 5 5 Aacutereas propensas a deslizamento de acordo com o Plano Diretor de
Santos Dumont
Fonte Google Earth e Lei 42412012
Figura 5 6 Aacutereas propensas a alagamento de acordo com o Plano Diretor de
Santos Dumont
Fonte Google Earth e Lei 42412012
30
Comparando-se os mapas obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico com o mapa gerado
pelo estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor nota-se que haacute semelhanccedilas em
algumas aacutereas mas ao se levar em conta o produto gerado pela pesquisa histoacuterica o
estudo necessitaria ser complementado haja vista que ele natildeo compreende por exemplo
o ponto de alagamento no bairro Antocircnio Afonso citado anteriormente e alguns pontos de
deslizamento importantes uma vez que satildeo regiotildees onde haacute ocupaccedilatildeo Esse fato evidencia
a necessidade de se buscar vaacuterias fontes primaacuterias e secundaacuterias para se detectar aacutereas de
risco em um municiacutepio incluindo arquivos da imprensa local afim de se produzir uma
base de dados consistente e com o menor nuacutemero de falhas possiacutevel (CEPED 2014) Com
a uniatildeo dos dois estudos foram gerados os mapas apresentados nas Figuras 57 e 58
Aleacutem do mais observando as figuras 57 e 58 pode-se notar que uma boa parte tanto dos
casos de alagamento quanto de deslizamento estatildeo na faixa de APP de curso hiacutedrico o
que ilustra a importacircncia da preservaccedilatildeo destas aacutereas
Figura 5 7 Aacutereas propensas a alagamento do estudo do Plano Diretor
complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento
Fonte Do Autor
31
Figura 5 8 Aacutereas propensas a deslizamento do estudo do Plano Diretor
complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento
Fonte Do Autor
Atraveacutes da combinaccedilatildeo entre estes dois levantamentos procurou-se alimentar a base de
dados e garantir uma consistecircncia maior desta no que diz respeito a aacutereas de deslizamento
e alagamento podendo inclusive se identificar a suscetibilidade de uma determinada
regiatildeo da cidade a um ou outro evento (CEPED2014)
512 O Plano diretor e as APPs
Nos uacuteltimos anos o Brasil experimentou um forte fenocircmeno de migraccedilatildeo do campo para
as aacutereas urbanas De acordo com o IBGE no periacuteodo de 1940 a 2000 houve um aumento
de cerca de 60 do nuacutemero de pessoas que vivem em cidades (SILVA JR 2006) O
processo de planejamento e ordenamento do uso do solo nessas aacutereas deveria ter
acompanhado esse crescimento ao longo dos anos a fim de garantir a qualidade de vida e
a seguranccedila dos migrantes ao se instalarem nas cidades o que natildeo ocorreu e o que se
observa atualmente satildeo ocupaccedilotildees em aacutereas improacuteprias para moradia sem a infraestrutura
baacutesica necessaacuteria e com risco iminente de deslizamentos eou inundaccedilotildees
O Plano Diretor do municiacutepio de Santos Dumont em seu capiacutetulo IV que versa sobre o
uso e ocupaccedilatildeo do solo explicita regras para o ordenamento do territoacuterio que compreende
o municiacutepio com base nos diferentes usos do solo de acordo com sua compatibilidade o
32
que acabou por resultar num zoneamento de todo o municiacutepio em macrozonas conforme
citado na seccedilatildeo 3231 de acordo com os usos atuais e futuros do solo Aleacutem de dividir
estas macrozonas em urbanas e rurais tambeacutem avaliou e classificou estas aacutereas com base
numa seacuterie de fatores ambientais geoloacutegicos culturais e sociais de forma a se fazer um
zoneamento coerente com os atuais usos do solo e seu potencial de uso futuro Apresenta-
se na Figura 59 este zoneamento na aacuterea urbana principal de Santos Dumont
Figura 5 9 Zoneamento urbano da aacuterea urbana principal
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Lei 42412012
Tomando como referecircncia o Novo Coacutedigo Florestal brasileiro em especial os paracircmetros
estabelecidos para a definiccedilatildeo de APP e utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento
atraveacutes do software Vista SAGA relacionou-se as APPs existentes na aacuterea em estudo com
as regiotildees propiacutecias a alagamentos e deslizamentos de acordo com o estudo feito quando
da elaboraccedilatildeo do Plano Diretor afim de se identificar qual ou quais aacutereas possuem estes
problemas e se estatildeo relacionados com o uso do solo irregular em APP
Ao se aplicar a metodologia proposta por Oliveira amp Fernandes Filho (2013) natildeo foram
identificadas dentro da aacuterea de estudo APPs de topos de morro sendo este tipo de APP
descartada portanto das anaacutelises subsequentes deste trabalho Foram consideradas as
APP de curso hiacutedrico (rios e nascentes) e de declividade visando relacionaacute-las as aacutereas
de risco identificadas pela Prefeitura afim de se verificar as possiacuteveis causas da ocorrecircncia
33
destas aacutereas na regiatildeo urbana do municiacutepio Por meio de combinaccedilotildees entre dois mapas
temaacuteticos utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento foi possiacutevel obter as
assinaturas ou seja tabelas que caracterizam quantitativamente a aacuterea afetada por cada
aspecto visto que a simples visualizaccedilatildeo do mapa gerado pelo geoprocessamento muitas
vezes eacute prejudicada por serem aacutereas de pequenas dimensotildees ou por qualquer outra
limitaccedilatildeo do software Ressalta-se que para a elaboraccedilatildeo do Plano Municipal de Reduccedilatildeo
de riscos a identificaccedilatildeo e detalhamento topograacutefico destas aacutereas eacute fundamental para o
desenvolvimento do referido Plano conforme seraacute abordado detalhadamente na seccedilatildeo
52
De posse do mapa que representa o zoneamento urbano de Santos Dumont primeiramente
procurou-se mensurar qualitativa e quantitativamente a presenccedila de APPs tanto de
declividade quanto de cursos hiacutedricos Essa identificaccedilatildeo eacute importante pois este
zoneamento eacute um dos instrumentos de planejamento municipal (BRASIL 2001) Saboya
(2007) aponta que os principais objetivos de um zoneamento satildeo o controle da expansatildeo
urbana e proteccedilatildeo de aacutereas inadequadas a ocupaccedilatildeo aleacutem de reduzir os conflitos inerentes
aos diferentes usos do solo Com o uso da ferramenta ldquoCombinarrdquo do Vista SAGA foram
feitas combinaccedilotildees entre o mapa de hidrografia com buffer de 30m para rios e coacuterregos e
de 50m para nascentes com o mapa do zoneamento para se verificar a importacircncia das
APPs de curso hiacutedrico em toda a aacuterea urbana principal do municiacutepio Tambeacutem foram
combinados o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) obtido atraveacutes do gvSIG com o mapa
de zoneamento afim de se verificar quantitativamente as APPs de declividade e onde se
localizam Vale ressaltar que as declividades entre 30 e 47 estatildeo presentes nesta
combinaccedilatildeo pois de acordo com o Plano Diretor de Santos Dumont terrenos com esta
faixa de declividade para fins de parcelamento devem possuir estudo teacutecnico que ateste
a viabilidade de se promover algum empreendimento imobiliaacuterio neste (SANTOS
DUMONT 2012) Como a legislaccedilatildeo municipal prevecirc estudo somente para a faixa de
declividade descrita anteriormente para fins de anaacutelise neste trabalho consideramos um
valor mais conservador para APP compreendendo a faixa de 47 a 100 aleacutem da
prevista pela legislaccedilatildeo federal (gt100) para que natildeo houvessem lacunas importantes na
geraccedilatildeo do produto
Apresenta-se na Figura 510 aacutereas com declividades consideradas de risco e consideradas
APP e em qual zona de planejamento elas estatildeo inseridas De um modo geral ao se
observar a Tabela 52 nota-se que a aacuterea que compreende declividades de risco e APP eacute
uma pequena parcela da aacuterea urbana principal representando 061 desta aacuterea Ao se
levar em conta somente a localizaccedilatildeo pode-se verificar que cerca de 84 das aacutereas com
declividade de risco e a totalidade das APPs de declividade estatildeo localizadas na ZAC1
zona que compreende a maior parte do municiacutepio e apesar de possuir infraestrutura baacutesica
para a ocupaccedilatildeo esta eacute restrita Sendo assim o fator declividade deve ser visto com cautela
nesta aacuterea para se evitar transtornos advindos de edificaccedilotildees nestas aacutereas
34
Figura 5 10 Combinaccedilatildeo entre as declividades importantes incluindo as APPs e o
zoneamento urbano
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Do autor
Tabela 52 Assinaturas da combinaccedilatildeo Declividade x Zoneamento
Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea
Natildeo APP 457972 9939
Declividade 30-47 em ZAC1 2368 051
Declividade 30-47 em ZE 284 006
Declividade 30-47 em ZAC2 128 003
Declividade 30-47 em ZPA 004 0001
APP Declividade em ZAC1 048 001
Total 460804 100
Fonte Do autor
Apresenta-se na Figura 511 as APPs de curso hiacutedrico (nascentes e rios) e em qual zona
de planejamento estatildeo localizadas Assim como a declividade a maior parte das APPs de
curso hiacutedrico estatildeo localizadas em ZAC1 representando 383 da aacuterea urbana em estudo
e 51 do total das APPs de curso hiacutedrico Esta questatildeo tambeacutem deve ser vista com
bastante criteacuterio pelos gestores locais uma vez que a ocupaccedilatildeo em faixas proacuteximas de
rios e coacuterregos podem causar uma gama de problemas ambientais e sociais na regiatildeo
(SANTANA2011) Tal cuidado tambeacutem deve ser tomado nas APPs compreendidas na
35
ZAC2 que compreende 001 da Aacuterea urbana principal e 14 do total das APPs de curso
hiacutedrico pois a infraestrutura baacutesica e acessibilidade presente nesta zona eacute precaacuteria e a
ocupaccedilatildeo as margens de cursos hiacutedricos pode gerar problemas seacuterios caso ocorra uma
expansatildeo nestas aacutereas
Figura 511 Combinaccedilatildeo entre APP de curso hiacutedrico e as zonas de planejamento
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Do autor
Outro ponto importante eacute a presenccedila da Zona de Proteccedilatildeo Ambiental (ZPA) no entorno
uma consideraacutevel parte dos cursos hiacutedricos Nesta zona estatildeo presentes 28 das APPs de
curso hiacutedrico e esta zona de acordo com o Plano Diretor deve ser restaurada ou
preservada por suas caracteriacutesticas geoloacutegicas topograacuteficas e bioloacutegicas
Afim de se verificar os usos do solo na regiatildeo em estudo foram utilizadas combinaccedilotildees
de imagens advindas do sateacutelite Landsat 8 nas bandas descritas no capiacutetulo 4 aleacutem da
banda pancromaacutetica O resultado eacute apresentado na figura 512 que mostra os principais
usos do solo na aacuterea urbana principal de Santos Dumont
36
Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x Zoneamento
Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea
Hidrografia 11168 239
Aacuterea Urbana Natildeo APP 421004 9008
APP Curso hiacutedrico em ZAC1 179 383
APP Curso hiacutedrico em ZPA 9776 209
APP Curso hiacutedrico em ZE 184 004
APP Curso hiacutedrico em ZA 1192 026
APP Curso hiacutedrico em ZAC2 5124 110
APP Curso hiacutedrico em ZPPH 248 005
APP Curso hiacutedrico em ZEIS 568 012
APP Curso hiacutedrico em ZCA 228 005
Total 467392 10000
Fonte Do autor
Figura 5 12 Mapa de usos do solo da aacuterea urbana principal de Santos Dumont
Fonte Do autor
Como jaacute era previsto a maior parte da aacuterea urbana se encontra ocupada e eacute nesta regiatildeo
ocupada que se observa a maior concentraccedilatildeo de problemas de deslizamentos e
alagamentos (Figuras 513 e 514) A grande ocupaccedilatildeo em aacutereas consideradas APP de
curso hiacutedrico de acordo com os mapas gerados pode ser a principal causa do aumento a
cada ano dos casos de alagamento principalmente na regiatildeo central da cidade Outro ponto
que se deve atentar eacute a existecircncia de uma consideraacutevel aacuterea de pastagem pouco vegetada
que caso estejam em aacutereas elevadas pode contribuir para deslizamentos e agraves margens de
37
rios e coacuterregos para o assoreamento destes corpos hiacutedricos o que pode causar
alagamentos (INAacuteCIO etal 2007)
Diante destes resultados pode-se ver que a cidade de Santos Dumont necessita alternativas
efetiva no que diz respeito agrave contenccedilatildeo de deslizamentos e a reduccedilatildeo de risco de
alagamento pois as aacutereas em que ocorrem tais eventos satildeo distintas e facilmente definidas
devido agrave repeticcedilatildeo destes nos uacuteltimos anos Um plano de accedilatildeo integrado entre as diferentes
secretarias municipais (Obras Meio Ambiente Assistecircncia Social entre outras) e a
Coordenadoria Municipal de Defesa Civil deve ser realizado afim de se tomar medidas
natildeo mais preventivas mas sim preditivas para que se possa conter o avanccedilo destes
problemas na aacuterea urbana principal bem como em toda a aacuterea do municiacutepio
Figura 5 13 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na aacuterea urbana
principal
Fonte Do autor
38
Figura 5 14 Aacutereas sujeitas a alagamento e os principais usos do solo na aacuterea
urbana principal
Fonte Do autor
Ao se associar os dados do estudo do Plano Diretor com os dados do levantamento
histoacuterico realizado com o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) pode-se notar que as aacutereas
propiacutecias a deslizamento estatildeo em regiotildees as quais haacute uma fronteira de declividades ou
seja eacute evidente que os deslizamentos ocorrem em encostas um pouco mais iacutengremes mas
natildeo necessariamente nas encostas de 30-47 as quais exigem estudo teacutecnico conforme o
plano diretor preconiza Quanto aos alagamentos nota-se que eles se localizam nas aacutereas
com menor ou nenhuma declividade podendo ser estas aacutereas talvez componentes da
planiacutecie de inundaccedilatildeo dos rios Estes resultados podem ser vistos nas figuras 515 e 516
a seguir
39
Figura5 15 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a deslizamentos na
regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
Fonte Lei 42412012 e Autor
Figura5 26 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a alagamentos na
regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
Fonte Lei 42412012 e Autor
40
52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis
O processo de ocupaccedilatildeo no municiacutepio de Santos Dumont comeccedilou muito antes de
qualquer legislaccedilatildeo relacionada a ordenamento urbano e de proteccedilatildeo do meio ambiente
fosse implementado no Brasil Esse fato aliado a poliacuteticas e fiscalizaccedilotildees falhas
contribuiacuteram para a ocupaccedilatildeo e expansatildeo da aacuterea urbana ao longo do Ribeiratildeo das Posses
e seus afluentes o que tem gerado o aumento da degradaccedilatildeo destes corpos hiacutedricos ao
longo de todos estes anos Observa-se tambeacutem que nas uacuteltimas deacutecadas ocorreu um
grande nuacutemero de migraccedilotildees do campo para a regiatildeo urbana da cidade fator que
contribuiu para o crescimento do nuacutemero de habitaccedilotildees em aacutereas de risco de deslizamento
e alagamentos por serem na maioria das vezes terrenos menos valorizados e por este
motivo acessiacuteveis a populaccedilatildeo com menor poder aquisitivo (ROSA amp CORTEZ 2008)
Vale ressaltar que esta questatildeo aleacutem de ser ambiental eacute muito mais social pois os
moradores entendem os riscos de se viver nestes locais mas por motivos econocircmicos ou
por questotildees afetivas natildeo abrem matildeo da moradia nessas aacutereas A Constituiccedilatildeo Federal de
1988 promoveu a inter-relaccedilatildeo das questotildees sociais com as questotildees ambientais quando
colocou o meio ambiente como direito coletivo (BRASIL1988 SOUZA2010) Por este
motivo a decisatildeo por medidas draacutesticas que favoreccedilam apenas agrave preservaccedilatildeo do meio
ambiente natildeo eacute recomendada pois aleacutem de ser inconstitucional podem afetar a
sustentabilidade econocircmica do municiacutepio e gerar conflitos sociais consideraacuteveis
(CARLOS 1992 apud SOUZA 2010)
Segundo Bueno (2009) ldquonem tudo o que eacute irregular eacute precaacuteriordquo Esse fato se observa em
Santos Dumont uma vez que em boa parte da regiatildeo central se observa vaacuterias moradias
construiacutedas na faixa de APP de curso hiacutedrico o que natildeo eacute permitido pela legislaccedilatildeo
vigente e eacute um dos fatores que contribui para a ocorrecircncia de alagamentos nesta aacuterea da
cidade Para a resoluccedilatildeo deste problema o que seria mais viaacutevel seria a melhoria da
infraestrutura de drenagem urbana afim de que o escoamento da aacutegua das chuvas natildeo
sobrecarregasse o sistema (BUENO2009) A construccedilatildeo de bacias de contenccedilatildeo de
cheias ao longo do Ribeiratildeo das Posses tambeacutem seria uma alternativa mas para se verificar
a viabilidade necessita-se estudos mais aprofundados do ponto de vista hidroloacutegico
O grande problema a ser solucionado no entanto eacute o que diz respeito agraves aacutereas de risco
de deslizamento majoritariamente nos bairros A melhor alternativa seria o
remanejamento dos moradores para uma aacuterea proacutexima agrave que moram poreacutem longe do
risco Poreacutem esta alternativa de acordo com Rosa Filho amp Cortez (2008) encontra alguns
entraves pois estas pessoas na maioria das vezes natildeo tecircm condiccedilotildees financeiras de irem
para outro lugar ou pagar aluguel ou estatildeo de alguma forma sentimentalmente ligadas
agravequela regiatildeo que se recusam a deixaacute-lo
41
Por parte dos oacutergatildeos competentes no municiacutepio a criaccedilatildeo de um plano para se evitar
acidentes ocasionados por deslizamentos e alagamentos com um mapeamento detalhado
de toda a extensatildeo do municiacutepio eacute extremamente uacutetil Os estudos que seratildeo feitos para a
elaboraccedilatildeo deste plano poderatildeo definir quais as aacutereas satildeo potencialmente de risco para as
ocupaccedilotildees existentes ou para as potenciais ocupaccedilotildees que possam vir a ocorrer atraveacutes do
mapeamento das aacutereas de risco Tal planejamento seraacute auxiliar ao Plano Diretor
Municipal pois definiraacute o real uso do solo de determinada regiatildeo do municiacutepio
contribuindo para a adequaccedilatildeo do uso e ocupaccedilatildeo do solo afim de evitar ou reduzir o
nuacutemero de problemas relacionados a alagamentos e principalmente deslizamentos no
periacutemetro urbano (TOMINAGA 2009) A partir deste plano os gestores locais poderatildeo
tomar a melhor decisatildeo para a prevenccedilatildeo ou reduccedilatildeo dos riscos inerentes a tais problemas
Na seccedilatildeo 521 seraacute hierarquizado de forma preliminar a aacuterea urbana principal de acordo
com os resultados da tabela 51
521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta
O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos (PMRR) foi criado atraveacutes de accedilotildees
regularizadoras do Ministeacuterio das Cidades para ser o instrumento de gestatildeo e
gerenciamento de aacutereas de risco em um municiacutepio Eacute um documento que aleacutem de
estabelecer quais regiotildees satildeo consideradas de risco tambeacutem objetiva a proposta de
medidas estruturais ou natildeo para contenccedilatildeo eou prevenccedilatildeo de cataacutestrofes aleacutem de ser um
meio de captaccedilatildeo de recursos financeiros junto aos Governos Estadual e Federal Estes
recursos poderatildeo ser utilizados para a realizaccedilatildeo de obras que visem a melhoria da
qualidade de vida da populaccedilatildeo do entorno ou de recuperaccedilatildeo da aacuterea degradada Este
plano eacute realizado de forma participativa com as comunidades das aacutereas de risco e pode
ser realizado em sete fases conforme recomenda o Ministeacuterio das Cidades (ALHEIROS
2006)
O primeiro passo para a realizaccedilatildeo do PMRR eacute definir qual a metodologia seraacute empregada
levando-se em consideraccedilatildeo a realidade atual do municiacutepio e especificar de forma sucinta
um cronograma das atividades Eacute importante nesta fase a participaccedilatildeo tambeacutem dos
responsaacuteveis pelas mais variadas Secretarias Municipais afim de explicitar o tamanho da
importacircncia e o caraacuteter integrador deste plano A segunda fase deste plano objetiva a
criaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo da principal base de dados a ser utilizada nos passos posteriores o
mapeamento de risco em escala detalhe em torno de 13000 (SAtildeO PAULO 2014) A
elaboraccedilatildeo de um mapeamento detalhado propiciaraacute natildeo soacute a identificaccedilatildeo mais faacutecil das
aacutereas de risco como tambeacutem facilitaraacute aos gestores e agrave comunidade decidirem qual a
melhor intervenccedilatildeo para a soluccedilatildeo ou remediaccedilatildeo dos problemas em uma determinada
42
aacuterea hierarquizando o risco e definindo prioridades (SAtildeO PAULO 2014) Na tabela a
seguir apresenta-se alguns tipos de intervenccedilotildees que podem ser feitas em aacutereas de risco
sugeridas pelo Ministeacuterio das cidades (ALHEIROS 2006)
Quadro 5 1 - Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco
Tipo de intervenccedilatildeo Descriccedilatildeo
Serviccedilos de limpeza e Recuperaccedilatildeo
Remoccedilatildeo de entulho lixo etc
corte de aacutervores
remoccedilatildeo de bananeiras
recuperaccedilatildeo eou limpeza de sistemas de
drenagem esgotos e acessos
Limpeza de canais de drenagem
Proteccedilatildeo Vegetal
Proteccedilatildeo superficial vegetal (gramiacuteneas) em
taludes com solo exposto
Proteccedilatildeo vegetal de margens de canais de
drenagem
Barreiras vegetais para massas escorregadas
ou acumuladas pela erosatildeo
Drenagem Superficial e Acessos
Sistema de drenagem superficial (canaletas
raacutepidos caixas de transiccedilatildeo escadas drsquoaacutegua)
Acessos para pedestres (escadarias rampas
etc) integrados ao sistema de drenagem
Revestimento de Taludes Revestimento com materiais artificiais
cimentado cal-jet tela argamassada alvenaria
de tijolos ceracircmicos solo-cimento ensacado
Desmonte de blocos e matacotildees Desmonte de concreccedilotildees de grande porte
blocos rochosos e matacotildees
Obras de drenagem de subsuperfiacutecie Sistema de drenagem de subsuperfiacutecie
(trincheiras drenantes DHP poccedilos de
rebaixamento)
Estruturas de contenccedilatildeo (localizadas)
Muros de contenccedilatildeo de pequeno porte (solo-
cimento ensacado alvenaria de pedra-rachatildeo
concreto armado)
Estruturas de contenccedilatildeo localizadas
(chumbadores tirantes microestacas)
Contenccedilatildeo e proteccedilatildeo de margens de canais (
gabiotildees muros de concreto etc)
Estruturas de contenccedilatildeo (meacutedio e grande porte) Implantaccedilatildeo de estruturas de contenccedilatildeo de
meacutedio e grande porte envolvendo obras de
contenccedilatildeo passivas e ativas (muros de
gravidade cortinas etc)
Terraplanagem Execuccedilatildeo de serviccedilos de terraplanagem
combinados a obras de drenagem superficial e
proteccedilatildeo vegetal desvio e canalizaccedilatildeo de
coacuterregos
Remoccedilatildeo de moradias Remoccedilotildees definitivas para implantaccedilatildeo de
obras ou devido agrave localizaccedilatildeo improacutepria da
edificaccedilatildeo (Priorizar as relocaccedilotildees dentro da
proacutepria aacuterea em local seguro)
Fonte ALHEIROS 2006
43
Escolhidas as formas de intervenccedilatildeo para cada aacuterea eacute necessaacuterio realizar uma estimativa
dos custos afim de preparar o orccedilamento da prefeitura para a realizaccedilatildeo das obras e se
seraacute necessaacuterio a captaccedilatildeo de recursos externos para a execuccedilatildeo destas Feitas as
estimativas de custo o proacuteximo passo eacute definir as prioridades e para esta fase eacute tambeacutem
uacutetil o mapeamento feito nas etapas anteriores pois seraacute necessaacuterio hierarquizar tais
intervenccedilotildees nas aacutereas de risco O Ministeacuterio das Cidades (2007) sugere alguns criteacuterios
que podem ser avaliados pelo gestor dentre eles pode-se citar
Grau de risco
Populaccedilatildeo beneficiada
Custo da intervenccedilatildeo
Dimensatildeo da aacuterea a ser tratada
Demandas anteriores da populaccedilatildeo
Tempo de ocupaccedilatildeo
Viabilidade teacutecnica da intervenccedilatildeo
Viabilidade financeira
Inclusatildeo da aacuterea em outros projetos
A partir desta hierarquizaccedilatildeo inicia-se a identificaccedilatildeo de provaacuteveis fontes de captaccedilatildeo de
recursos para a execuccedilatildeo das intervenccedilotildees Estes recursos podem advir de programas dos
governos Federal e Estadual ou por meio de editais para captaccedilatildeo de recursos financeiros
tanto do setor puacuteblico como da iniciativa privada e podem ser tambeacutem associados agrave outras
Secretarias Municipais como a de Turismo ou Meio Ambiente e natildeo soacute as destinadas agrave
Defesa Civil (ALHEIROS 2006)
Eacute previsto tambeacutem no PMRR uma avaliaccedilatildeo da Defesa Civil municipal e como ela estaacute
estruturada fazendo inclusive sugestotildees para que sua atuaccedilatildeo esteja em consonacircncia com
a realidade das comunidades e da Administraccedilatildeo Puacuteblica do municiacutepio de forma a garantir
sua sustentabilidade e conquistar a credibilidade da populaccedilatildeo no que diz respeito a
prevenccedilatildeo de cataacutestrofes Para que a resposta a uma determinada situaccedilatildeo de risco seja
raacutepida eacute necessaacuterio a descentralizaccedilatildeo da Defesa Civil criando pequenos nuacutecleos
comunitaacuterios com a finalidade de se monitorar a aacuterea constantemente e promover as
intervenccedilotildees necessaacuterias em tempo haacutebil o que aumenta em muito a credibilidade da
populaccedilatildeo no PMRR e no trabalho desempenhado pela Defesa Civil no municiacutepio Apoacutes
esta etapa o PMRR passaraacute por audiecircncias puacuteblicas e posteriormente poderaacute ser aprovado
como Lei Municipal pelo Legislativo local (ALHEIROS 2006)
Com a realizaccedilatildeo deste plano o municiacutepio estaraacute munido de informaccedilotildees suficientes para
realizar accedilotildees efetivas de gestatildeo e gerenciamento de riscos bem como aliado a
levantamentos sociais realizar programas habitacionais que beneficiem prioritariamente
44
aos moradores das aacutereas de risco Aleacutem disso com o PMRR o municiacutepio poderaacute melhorar
a qualidade ambiental da populaccedilatildeo captando recursos para a recuperaccedilatildeo das aacutereas de
APP que foram degradadas pelas ocupaccedilotildees irregulares beneficiando todos os moradores
do municiacutepio com o aumento da qualidade de vida na cidade
A partir do disposto nesta seccedilatildeo acerca do Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos e de
uma maneira preliminar (levando-se em conta apenas o nuacutemero de registros de
alagamentos e deslizamentos na aacuterea urbana principal de Santos Dumont no periacuteodo de
1984 a 2014) identificou-se trecircs regiotildees distintas na aacuterea urbana do municiacutepio com
tempo de recorrecircncia desses eventos similares caracterizando trecircs prioridades de
intervenccedilatildeo em contenccedilatildeo de risco como pode ser visto nas figuras 515 e 516 Vale
ressaltar que eacute necessaacuterio um estudo mais detalhado inclusive com visitas teacutecnicas a
campo para que se confirme a real situaccedilatildeo destas e a real prioridade para investimentos
Figura 5 17 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de deslizamentos
Fonte Do Autor
45
Figura 5 18 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de alagamentos
Fonte Do Autor
46
6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees
A seguir apresenta-se as conclusotildees e as recomendaccedilotildees feitas a partir dos objetivos
especiacuteficos explicitados no iniacutecio deste trabalho
Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a
aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes
urbanos
A partir da revisatildeo da legislaccedilatildeo pertinente em acircmbito federal estadual e
municipal constatou-se que o Plano Diretor de Santos Dumont natildeo conflita com a
legislaccedilatildeo federal e estadual sobre Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente A legislaccedilatildeo
municipal foi entendida como mais conservadora que as federal e estadual uma
vez que considera implicitamente que declividades entre 47 e 100 satildeo
enquadradas como APPs aleacutem da faixa superior a 100
Parte consideraacutevel das ocupaccedilotildees em APP principalmente na regiatildeo do bairro
Santo Antocircnio (onde surgiu os primeiros nuacutecleos que deram origem ao municiacutepio)
e o centro da cidade ocorreram antes de que fosse elaborado qualquer legislaccedilatildeo
que versasse sobre o tema Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente bastando ao gestor
local tomar medidas de contenccedilatildeo de riscos que minimizem os impactos causados
por essas ocupaccedilotildees nessa regiatildeo
O ordenamento adequado do uso do solo no municiacutepio eacute necessaacuterio para que o
crescimento dos loteamentos criados anteriormente agrave esta Lei e o surgimento de
novos natildeo avance para Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente o que pode causar
inuacutemeros problemas aos moradores e agravar os jaacute existentes
Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las
com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)
As aacutereas onde houveram a maior quantidade de registros de deslizamentos satildeo os
bairros mais populosos de Santos Dumont podendo se estabelecer uma relaccedilatildeo
que quanto mais populoso o bairro maior a quantidade de problemas relacionados
a deslizamentos Tambeacutem pode-se notar uma relaccedilatildeo com as fronteiras das faixas
de declividades e os deslizamentos uma vez que boa parte deles aconteceram
nestas faixas
As aacutereas onde houve um grande nuacutemero de registros de alagamentos satildeo os bairros
que se desenvolveram agraves margens do Ribeiratildeo das Posses em especial na aacuterea que
47
compreende as APPs de curso hiacutedrico e em aacutereas onde a declividade eacute baixa Esse
fato aliado ao crescimento do nuacutemero de vias pavimentadas com material
impermeaacutevel e a natildeo expansatildeo e ou redimensionamento da rede de drenagem
urbana contribuiacuteram para a ocorrecircncia cada vez mais constante de alagamentos
nessas aacutereas
Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos
catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30
anos
A partir do levantamento histoacuterico realizado e da base de dados georeferenciada
gerada observou-se o aumento do nuacutemero de registros de deslizamentos e
alagamentos nos uacuteltimos 10 anos quando as ocorrecircncias comeccedilaram a se repetir
numa mesma aacuterea com frequecircncia incrementada as vezes com mais de uma
ocorrecircncia anual
Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do
solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental
Destaca-se a adequaccedilatildeo dos criteacuterios gerais estabelecidos pelo Plano Diretor de
Santos Dumont relativos a legislaccedilatildeo federal e estadual Entretanto o referido
Plano Diretor natildeo contempla todo o territoacuterio municipal sendo assim ele natildeo
cumpre o objetivo de proteger as APPs preservadas e recuperar as que foram
degradadas em todo o territoacuterio municipal Ressalta-se tambeacutem a sua natildeo
conformidade com o Estatuto das Cidades uma vez que o Plano Diretor
contempla apenas os novos loteamentos
Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais
negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea
impactada
Recomenda-se a implantaccedilatildeo no municiacutepio de uma Coordenadoria Municipal de
Defesa Civil atuante e integrada agraves Secretarias Municipais e agrave comunidade
visando uma atuaccedilatildeo eficaz nos problemas relacionados a deslizamentos e
alagamentos A elaboraccedilatildeo de um Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos eacute de
suma importacircncia pois atraveacutes dele pode-se predizer as aacutereas que passaratildeo por
problemas caso a expansatildeo aconteccedila ou se inicie uma ocupaccedilatildeo nova aleacutem de
prevenir acidentes nas aacutereas jaacute ocupadas e consideradas de risco
48
7 Anexos
49
71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont
50
51
72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)
52
53
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24
um aumento consideraacutevel nos eventos relacionados a deslizamentos e principalmente
alagamentos como pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho Isso pode ter sido causado
dentre outros fatores pelo aumento do nuacutemero de vias pavimentadas com material
impermeaacutevel o que tem sobrecarregado tanto a infraestrutura existente para drenagem
urbana como tambeacutem a calha dos cursos drsquoaacutegua que passam pela regiatildeo urbana do
municiacutepio (ZANON2013)
Na deacutecada de 1980 (1984-1990) de acordo com os dados obtidos natildeo foram noticiados
eventos consideraacuteveis relacionados a deslizamentos e alagamentos em Santos Dumont
mas isso natildeo exclui a possibilidade de natildeo ter ocorrido tais eventos em menor escala
Na deacutecada de 1990 aconteceram uma seacuterie de ocorrecircncias tanto de deslizamentos quanto
de alagamentos No ano de 1997 num periacuteodo chuvoso intenso aconteceram
deslizamentos consideraacuteveis em vaacuterios bairros da cidade inclusive com desabamento de
casas e de ruas principalmente nos bairros Nossa Senhora da Gloacuteria e Quarto Depoacutesito
Em 1999 ocorreram alguns pontos de alagamento nos bairros Quarto Depoacutesito e Santo
Antocircnio com grandes prejuiacutezos materiais
A deacutecada de 2000 iniciou com o registro de deslizamentos em vaacuterios bairros da cidade
inclusive com desabamento de casas e pontes e alagamentos em importantes vias do
centro da cidade Observa-se ao longo desse periacuteodo o crescimento nas ocorrecircncias de
deslizamentos e de aacutereas com risco de deslizamento em muitos bairros de Santos Dumont
Um dos fatores importantes para esse crescimento foi a grande expansatildeo sofrida pela
maioria dos bairros e a falta de planejamento e orientaccedilatildeo por parte da prefeitura uma
vez que uma boa parte do crescimento dos bairros da cidade ocorreu ou proacuteximo a cursos
drsquoaacutegua ou em aacutereas com declividade improacutepria para se fazer construccedilotildees O bairro
Coacuterrego do Ouro (Figura 51) foi o que mais sofreu com ocorrecircncias de deslizamentos
nesse periacuteodo enquanto o bairro Santo Antocircnio foi que teve mais ocorrecircncias de
alagamentos
25
Figura 5 1 Deslizamento no bairro Coacuterrego do Ouro
Fonte Portal Cabangu
No iniacutecio deacutecada de 2010 (2011-2014) o centro da cidade foi a regiatildeo que mais sofreu
com alagamentos sendo registrado pelo menos uma ocorrecircncia por ano nessa aacuterea (Figura
52) Isso pode ser relacionado dentre outros fatores com as obras de modificaccedilatildeo do
tipo de pavimentaccedilatildeo das estradas por um material impermeaacutevel gerando uma sobrecarga
nos sistemas de drenagem urbana que foram projetados para um tipo de pavimento mais
permeaacutevel implicando tambeacutem na sobrecarga calha do Ribeiratildeo das Posses o principal
curso drsquoaacutegua que corta o centro da cidade e que se encontra em quase sua totalidade
ocupada em ambas as margens que cortam o centro da cidade
26
Figura 5 2 Alagamento na regiatildeo central de Santos Dumont em 2013
Fonte Portal Cabangu
Quanto agraves ocorrecircncias de deslizamento ao longo da referida deacutecada elas estiveram
espalhadas pelos bairros do municiacutepio tendo um maior nuacutemero de ocorrecircncias nos bairros
Santo Antocircnio Nossa Senhora da Gloacuteria e Aacutegua Espraiada Nos dois primeiros bairros
citados as ocorrecircncias podem ter sido ocasionadas pelo crescimento desordenado e sem
planejamento destes e no terceiro as ocorrecircncias satildeo relacionadas ao processo de
assoreamento do Ribeiratildeo das Posses o que pode ter gerado um aumento da velocidade
desse curso drsquoaacutegua causando problemas decorrentes do transporte de sedimentos da aacuterea
onde as casas foram construiacutedas que teve como consequecircncia os deslizamentos
Em resumo como pode ser observado nas figuras 53 e 54 na tabela 51 no periacuteodo de
1984 a 2014 os bairros mais afetados por alagamentos e deslizamentos satildeo Quarto
Depoacutesito Nossa Senhora da Gloacuteria Santo Antocircnio Coacuterrego do Ouro Antocircnio Afonso
Graminha e Vila Esperanccedila sendo que o bairro Coacuterrego do Ouro possui o maior nuacutemero
de ocorrecircncias de deslizamentos e o centro da cidade possui o maior nuacutemero de
ocorrecircncias de alagamentos no periacuteodo pesquisado Vale destacar que a aacuterea propiacutecia a
alagamentos no bairro Antocircnio Afonso natildeo identificada no estudo realizado pela
prefeitura constitui-se efetivamente numa aacuterea de risco conforme levantamento histoacuterico
realizado Esta aacuterea de risco se deve agrave diferenccedila de niacutevel negativa entre o rio Pinho e a
aacuterea do bairro estando este em desniacutevel com um risco iminente de inundaccedilotildees resultantes
da cheia desse curso drsquoaacutegua causando inuacutemeros transtornos aos moradores do local
27
Figura 5 3 Pontos de Alagamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico
Fonte Do autor
Figura 5 4 Pontos de deslizamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico
Fonte Do autor
28
Tabela 51 Ocorrecircncias de alagamentos e deslizamentos obtidos atraveacutes do
levantamento histoacuterico
Pontos de ocorrecircncia (1984-2014)
Bairros Alagamento Deslizamento
Aacutegua Espraiada 1 1
Antocircnio Afonso 1 0
Barra 0 1
Centro 7 1
Coacuterrego do Ouro 1 7
Flores 0 1
Graminha 1 0
Jardim Jaraguaacute 0 1
N Sra da Gloacuteria 0 4
N Sra das Graccedilas 1 0
Quarto Depoacutesito 3 2
Santo Antocircnio 4 2
Satildeo Sebastiatildeo 0 1
Vila Esperanccedila 0 1
Fonte Do autor
De acordo com o estudo realizado na elaboraccedilatildeo do Plano Diretor pela prefeitura
municipal observa-se que os bairros que possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a
deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do Ouro e Vila Esperanccedila enquanto que os que
possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a alagamento satildeo o Centro da cidade e os
bairros Satildeo Sebastiatildeo Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio por estarem agraves margens do
Ribeiratildeo das Posses um curso drsquoaacutegua que sofre com inundaccedilotildees perioacutedicas devido ao
severo assoreamento em algumas regiotildees e tambeacutem devido ao acuacutemulo de lixo descartado
pelos moradores do entorno irregularmente De acordo com o estudo realizado quando da
elaboraccedilatildeo do Plano Diretor do municiacutepio foram feitos estudos sobre as aacutereas propensas
a deslizamentos e alagamentos na regiatildeo urbana principal Tais aacutereas satildeo as destacadas
nas Figuras 55 e 56 No levantamento histoacuterico realizado pode-se identificar que os
bairros que possuem mais aacutereas propensas a deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do
Ouro Nossa Senhora da Gloacuteria Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio enquanto que os bairros
mais propensos a alagamentos satildeo os bairros Centro Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio
como observado na tabela 51
29
Figura 5 5 Aacutereas propensas a deslizamento de acordo com o Plano Diretor de
Santos Dumont
Fonte Google Earth e Lei 42412012
Figura 5 6 Aacutereas propensas a alagamento de acordo com o Plano Diretor de
Santos Dumont
Fonte Google Earth e Lei 42412012
30
Comparando-se os mapas obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico com o mapa gerado
pelo estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor nota-se que haacute semelhanccedilas em
algumas aacutereas mas ao se levar em conta o produto gerado pela pesquisa histoacuterica o
estudo necessitaria ser complementado haja vista que ele natildeo compreende por exemplo
o ponto de alagamento no bairro Antocircnio Afonso citado anteriormente e alguns pontos de
deslizamento importantes uma vez que satildeo regiotildees onde haacute ocupaccedilatildeo Esse fato evidencia
a necessidade de se buscar vaacuterias fontes primaacuterias e secundaacuterias para se detectar aacutereas de
risco em um municiacutepio incluindo arquivos da imprensa local afim de se produzir uma
base de dados consistente e com o menor nuacutemero de falhas possiacutevel (CEPED 2014) Com
a uniatildeo dos dois estudos foram gerados os mapas apresentados nas Figuras 57 e 58
Aleacutem do mais observando as figuras 57 e 58 pode-se notar que uma boa parte tanto dos
casos de alagamento quanto de deslizamento estatildeo na faixa de APP de curso hiacutedrico o
que ilustra a importacircncia da preservaccedilatildeo destas aacutereas
Figura 5 7 Aacutereas propensas a alagamento do estudo do Plano Diretor
complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento
Fonte Do Autor
31
Figura 5 8 Aacutereas propensas a deslizamento do estudo do Plano Diretor
complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento
Fonte Do Autor
Atraveacutes da combinaccedilatildeo entre estes dois levantamentos procurou-se alimentar a base de
dados e garantir uma consistecircncia maior desta no que diz respeito a aacutereas de deslizamento
e alagamento podendo inclusive se identificar a suscetibilidade de uma determinada
regiatildeo da cidade a um ou outro evento (CEPED2014)
512 O Plano diretor e as APPs
Nos uacuteltimos anos o Brasil experimentou um forte fenocircmeno de migraccedilatildeo do campo para
as aacutereas urbanas De acordo com o IBGE no periacuteodo de 1940 a 2000 houve um aumento
de cerca de 60 do nuacutemero de pessoas que vivem em cidades (SILVA JR 2006) O
processo de planejamento e ordenamento do uso do solo nessas aacutereas deveria ter
acompanhado esse crescimento ao longo dos anos a fim de garantir a qualidade de vida e
a seguranccedila dos migrantes ao se instalarem nas cidades o que natildeo ocorreu e o que se
observa atualmente satildeo ocupaccedilotildees em aacutereas improacuteprias para moradia sem a infraestrutura
baacutesica necessaacuteria e com risco iminente de deslizamentos eou inundaccedilotildees
O Plano Diretor do municiacutepio de Santos Dumont em seu capiacutetulo IV que versa sobre o
uso e ocupaccedilatildeo do solo explicita regras para o ordenamento do territoacuterio que compreende
o municiacutepio com base nos diferentes usos do solo de acordo com sua compatibilidade o
32
que acabou por resultar num zoneamento de todo o municiacutepio em macrozonas conforme
citado na seccedilatildeo 3231 de acordo com os usos atuais e futuros do solo Aleacutem de dividir
estas macrozonas em urbanas e rurais tambeacutem avaliou e classificou estas aacutereas com base
numa seacuterie de fatores ambientais geoloacutegicos culturais e sociais de forma a se fazer um
zoneamento coerente com os atuais usos do solo e seu potencial de uso futuro Apresenta-
se na Figura 59 este zoneamento na aacuterea urbana principal de Santos Dumont
Figura 5 9 Zoneamento urbano da aacuterea urbana principal
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Lei 42412012
Tomando como referecircncia o Novo Coacutedigo Florestal brasileiro em especial os paracircmetros
estabelecidos para a definiccedilatildeo de APP e utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento
atraveacutes do software Vista SAGA relacionou-se as APPs existentes na aacuterea em estudo com
as regiotildees propiacutecias a alagamentos e deslizamentos de acordo com o estudo feito quando
da elaboraccedilatildeo do Plano Diretor afim de se identificar qual ou quais aacutereas possuem estes
problemas e se estatildeo relacionados com o uso do solo irregular em APP
Ao se aplicar a metodologia proposta por Oliveira amp Fernandes Filho (2013) natildeo foram
identificadas dentro da aacuterea de estudo APPs de topos de morro sendo este tipo de APP
descartada portanto das anaacutelises subsequentes deste trabalho Foram consideradas as
APP de curso hiacutedrico (rios e nascentes) e de declividade visando relacionaacute-las as aacutereas
de risco identificadas pela Prefeitura afim de se verificar as possiacuteveis causas da ocorrecircncia
33
destas aacutereas na regiatildeo urbana do municiacutepio Por meio de combinaccedilotildees entre dois mapas
temaacuteticos utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento foi possiacutevel obter as
assinaturas ou seja tabelas que caracterizam quantitativamente a aacuterea afetada por cada
aspecto visto que a simples visualizaccedilatildeo do mapa gerado pelo geoprocessamento muitas
vezes eacute prejudicada por serem aacutereas de pequenas dimensotildees ou por qualquer outra
limitaccedilatildeo do software Ressalta-se que para a elaboraccedilatildeo do Plano Municipal de Reduccedilatildeo
de riscos a identificaccedilatildeo e detalhamento topograacutefico destas aacutereas eacute fundamental para o
desenvolvimento do referido Plano conforme seraacute abordado detalhadamente na seccedilatildeo
52
De posse do mapa que representa o zoneamento urbano de Santos Dumont primeiramente
procurou-se mensurar qualitativa e quantitativamente a presenccedila de APPs tanto de
declividade quanto de cursos hiacutedricos Essa identificaccedilatildeo eacute importante pois este
zoneamento eacute um dos instrumentos de planejamento municipal (BRASIL 2001) Saboya
(2007) aponta que os principais objetivos de um zoneamento satildeo o controle da expansatildeo
urbana e proteccedilatildeo de aacutereas inadequadas a ocupaccedilatildeo aleacutem de reduzir os conflitos inerentes
aos diferentes usos do solo Com o uso da ferramenta ldquoCombinarrdquo do Vista SAGA foram
feitas combinaccedilotildees entre o mapa de hidrografia com buffer de 30m para rios e coacuterregos e
de 50m para nascentes com o mapa do zoneamento para se verificar a importacircncia das
APPs de curso hiacutedrico em toda a aacuterea urbana principal do municiacutepio Tambeacutem foram
combinados o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) obtido atraveacutes do gvSIG com o mapa
de zoneamento afim de se verificar quantitativamente as APPs de declividade e onde se
localizam Vale ressaltar que as declividades entre 30 e 47 estatildeo presentes nesta
combinaccedilatildeo pois de acordo com o Plano Diretor de Santos Dumont terrenos com esta
faixa de declividade para fins de parcelamento devem possuir estudo teacutecnico que ateste
a viabilidade de se promover algum empreendimento imobiliaacuterio neste (SANTOS
DUMONT 2012) Como a legislaccedilatildeo municipal prevecirc estudo somente para a faixa de
declividade descrita anteriormente para fins de anaacutelise neste trabalho consideramos um
valor mais conservador para APP compreendendo a faixa de 47 a 100 aleacutem da
prevista pela legislaccedilatildeo federal (gt100) para que natildeo houvessem lacunas importantes na
geraccedilatildeo do produto
Apresenta-se na Figura 510 aacutereas com declividades consideradas de risco e consideradas
APP e em qual zona de planejamento elas estatildeo inseridas De um modo geral ao se
observar a Tabela 52 nota-se que a aacuterea que compreende declividades de risco e APP eacute
uma pequena parcela da aacuterea urbana principal representando 061 desta aacuterea Ao se
levar em conta somente a localizaccedilatildeo pode-se verificar que cerca de 84 das aacutereas com
declividade de risco e a totalidade das APPs de declividade estatildeo localizadas na ZAC1
zona que compreende a maior parte do municiacutepio e apesar de possuir infraestrutura baacutesica
para a ocupaccedilatildeo esta eacute restrita Sendo assim o fator declividade deve ser visto com cautela
nesta aacuterea para se evitar transtornos advindos de edificaccedilotildees nestas aacutereas
34
Figura 5 10 Combinaccedilatildeo entre as declividades importantes incluindo as APPs e o
zoneamento urbano
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Do autor
Tabela 52 Assinaturas da combinaccedilatildeo Declividade x Zoneamento
Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea
Natildeo APP 457972 9939
Declividade 30-47 em ZAC1 2368 051
Declividade 30-47 em ZE 284 006
Declividade 30-47 em ZAC2 128 003
Declividade 30-47 em ZPA 004 0001
APP Declividade em ZAC1 048 001
Total 460804 100
Fonte Do autor
Apresenta-se na Figura 511 as APPs de curso hiacutedrico (nascentes e rios) e em qual zona
de planejamento estatildeo localizadas Assim como a declividade a maior parte das APPs de
curso hiacutedrico estatildeo localizadas em ZAC1 representando 383 da aacuterea urbana em estudo
e 51 do total das APPs de curso hiacutedrico Esta questatildeo tambeacutem deve ser vista com
bastante criteacuterio pelos gestores locais uma vez que a ocupaccedilatildeo em faixas proacuteximas de
rios e coacuterregos podem causar uma gama de problemas ambientais e sociais na regiatildeo
(SANTANA2011) Tal cuidado tambeacutem deve ser tomado nas APPs compreendidas na
35
ZAC2 que compreende 001 da Aacuterea urbana principal e 14 do total das APPs de curso
hiacutedrico pois a infraestrutura baacutesica e acessibilidade presente nesta zona eacute precaacuteria e a
ocupaccedilatildeo as margens de cursos hiacutedricos pode gerar problemas seacuterios caso ocorra uma
expansatildeo nestas aacutereas
Figura 511 Combinaccedilatildeo entre APP de curso hiacutedrico e as zonas de planejamento
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Do autor
Outro ponto importante eacute a presenccedila da Zona de Proteccedilatildeo Ambiental (ZPA) no entorno
uma consideraacutevel parte dos cursos hiacutedricos Nesta zona estatildeo presentes 28 das APPs de
curso hiacutedrico e esta zona de acordo com o Plano Diretor deve ser restaurada ou
preservada por suas caracteriacutesticas geoloacutegicas topograacuteficas e bioloacutegicas
Afim de se verificar os usos do solo na regiatildeo em estudo foram utilizadas combinaccedilotildees
de imagens advindas do sateacutelite Landsat 8 nas bandas descritas no capiacutetulo 4 aleacutem da
banda pancromaacutetica O resultado eacute apresentado na figura 512 que mostra os principais
usos do solo na aacuterea urbana principal de Santos Dumont
36
Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x Zoneamento
Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea
Hidrografia 11168 239
Aacuterea Urbana Natildeo APP 421004 9008
APP Curso hiacutedrico em ZAC1 179 383
APP Curso hiacutedrico em ZPA 9776 209
APP Curso hiacutedrico em ZE 184 004
APP Curso hiacutedrico em ZA 1192 026
APP Curso hiacutedrico em ZAC2 5124 110
APP Curso hiacutedrico em ZPPH 248 005
APP Curso hiacutedrico em ZEIS 568 012
APP Curso hiacutedrico em ZCA 228 005
Total 467392 10000
Fonte Do autor
Figura 5 12 Mapa de usos do solo da aacuterea urbana principal de Santos Dumont
Fonte Do autor
Como jaacute era previsto a maior parte da aacuterea urbana se encontra ocupada e eacute nesta regiatildeo
ocupada que se observa a maior concentraccedilatildeo de problemas de deslizamentos e
alagamentos (Figuras 513 e 514) A grande ocupaccedilatildeo em aacutereas consideradas APP de
curso hiacutedrico de acordo com os mapas gerados pode ser a principal causa do aumento a
cada ano dos casos de alagamento principalmente na regiatildeo central da cidade Outro ponto
que se deve atentar eacute a existecircncia de uma consideraacutevel aacuterea de pastagem pouco vegetada
que caso estejam em aacutereas elevadas pode contribuir para deslizamentos e agraves margens de
37
rios e coacuterregos para o assoreamento destes corpos hiacutedricos o que pode causar
alagamentos (INAacuteCIO etal 2007)
Diante destes resultados pode-se ver que a cidade de Santos Dumont necessita alternativas
efetiva no que diz respeito agrave contenccedilatildeo de deslizamentos e a reduccedilatildeo de risco de
alagamento pois as aacutereas em que ocorrem tais eventos satildeo distintas e facilmente definidas
devido agrave repeticcedilatildeo destes nos uacuteltimos anos Um plano de accedilatildeo integrado entre as diferentes
secretarias municipais (Obras Meio Ambiente Assistecircncia Social entre outras) e a
Coordenadoria Municipal de Defesa Civil deve ser realizado afim de se tomar medidas
natildeo mais preventivas mas sim preditivas para que se possa conter o avanccedilo destes
problemas na aacuterea urbana principal bem como em toda a aacuterea do municiacutepio
Figura 5 13 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na aacuterea urbana
principal
Fonte Do autor
38
Figura 5 14 Aacutereas sujeitas a alagamento e os principais usos do solo na aacuterea
urbana principal
Fonte Do autor
Ao se associar os dados do estudo do Plano Diretor com os dados do levantamento
histoacuterico realizado com o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) pode-se notar que as aacutereas
propiacutecias a deslizamento estatildeo em regiotildees as quais haacute uma fronteira de declividades ou
seja eacute evidente que os deslizamentos ocorrem em encostas um pouco mais iacutengremes mas
natildeo necessariamente nas encostas de 30-47 as quais exigem estudo teacutecnico conforme o
plano diretor preconiza Quanto aos alagamentos nota-se que eles se localizam nas aacutereas
com menor ou nenhuma declividade podendo ser estas aacutereas talvez componentes da
planiacutecie de inundaccedilatildeo dos rios Estes resultados podem ser vistos nas figuras 515 e 516
a seguir
39
Figura5 15 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a deslizamentos na
regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
Fonte Lei 42412012 e Autor
Figura5 26 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a alagamentos na
regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
Fonte Lei 42412012 e Autor
40
52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis
O processo de ocupaccedilatildeo no municiacutepio de Santos Dumont comeccedilou muito antes de
qualquer legislaccedilatildeo relacionada a ordenamento urbano e de proteccedilatildeo do meio ambiente
fosse implementado no Brasil Esse fato aliado a poliacuteticas e fiscalizaccedilotildees falhas
contribuiacuteram para a ocupaccedilatildeo e expansatildeo da aacuterea urbana ao longo do Ribeiratildeo das Posses
e seus afluentes o que tem gerado o aumento da degradaccedilatildeo destes corpos hiacutedricos ao
longo de todos estes anos Observa-se tambeacutem que nas uacuteltimas deacutecadas ocorreu um
grande nuacutemero de migraccedilotildees do campo para a regiatildeo urbana da cidade fator que
contribuiu para o crescimento do nuacutemero de habitaccedilotildees em aacutereas de risco de deslizamento
e alagamentos por serem na maioria das vezes terrenos menos valorizados e por este
motivo acessiacuteveis a populaccedilatildeo com menor poder aquisitivo (ROSA amp CORTEZ 2008)
Vale ressaltar que esta questatildeo aleacutem de ser ambiental eacute muito mais social pois os
moradores entendem os riscos de se viver nestes locais mas por motivos econocircmicos ou
por questotildees afetivas natildeo abrem matildeo da moradia nessas aacutereas A Constituiccedilatildeo Federal de
1988 promoveu a inter-relaccedilatildeo das questotildees sociais com as questotildees ambientais quando
colocou o meio ambiente como direito coletivo (BRASIL1988 SOUZA2010) Por este
motivo a decisatildeo por medidas draacutesticas que favoreccedilam apenas agrave preservaccedilatildeo do meio
ambiente natildeo eacute recomendada pois aleacutem de ser inconstitucional podem afetar a
sustentabilidade econocircmica do municiacutepio e gerar conflitos sociais consideraacuteveis
(CARLOS 1992 apud SOUZA 2010)
Segundo Bueno (2009) ldquonem tudo o que eacute irregular eacute precaacuteriordquo Esse fato se observa em
Santos Dumont uma vez que em boa parte da regiatildeo central se observa vaacuterias moradias
construiacutedas na faixa de APP de curso hiacutedrico o que natildeo eacute permitido pela legislaccedilatildeo
vigente e eacute um dos fatores que contribui para a ocorrecircncia de alagamentos nesta aacuterea da
cidade Para a resoluccedilatildeo deste problema o que seria mais viaacutevel seria a melhoria da
infraestrutura de drenagem urbana afim de que o escoamento da aacutegua das chuvas natildeo
sobrecarregasse o sistema (BUENO2009) A construccedilatildeo de bacias de contenccedilatildeo de
cheias ao longo do Ribeiratildeo das Posses tambeacutem seria uma alternativa mas para se verificar
a viabilidade necessita-se estudos mais aprofundados do ponto de vista hidroloacutegico
O grande problema a ser solucionado no entanto eacute o que diz respeito agraves aacutereas de risco
de deslizamento majoritariamente nos bairros A melhor alternativa seria o
remanejamento dos moradores para uma aacuterea proacutexima agrave que moram poreacutem longe do
risco Poreacutem esta alternativa de acordo com Rosa Filho amp Cortez (2008) encontra alguns
entraves pois estas pessoas na maioria das vezes natildeo tecircm condiccedilotildees financeiras de irem
para outro lugar ou pagar aluguel ou estatildeo de alguma forma sentimentalmente ligadas
agravequela regiatildeo que se recusam a deixaacute-lo
41
Por parte dos oacutergatildeos competentes no municiacutepio a criaccedilatildeo de um plano para se evitar
acidentes ocasionados por deslizamentos e alagamentos com um mapeamento detalhado
de toda a extensatildeo do municiacutepio eacute extremamente uacutetil Os estudos que seratildeo feitos para a
elaboraccedilatildeo deste plano poderatildeo definir quais as aacutereas satildeo potencialmente de risco para as
ocupaccedilotildees existentes ou para as potenciais ocupaccedilotildees que possam vir a ocorrer atraveacutes do
mapeamento das aacutereas de risco Tal planejamento seraacute auxiliar ao Plano Diretor
Municipal pois definiraacute o real uso do solo de determinada regiatildeo do municiacutepio
contribuindo para a adequaccedilatildeo do uso e ocupaccedilatildeo do solo afim de evitar ou reduzir o
nuacutemero de problemas relacionados a alagamentos e principalmente deslizamentos no
periacutemetro urbano (TOMINAGA 2009) A partir deste plano os gestores locais poderatildeo
tomar a melhor decisatildeo para a prevenccedilatildeo ou reduccedilatildeo dos riscos inerentes a tais problemas
Na seccedilatildeo 521 seraacute hierarquizado de forma preliminar a aacuterea urbana principal de acordo
com os resultados da tabela 51
521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta
O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos (PMRR) foi criado atraveacutes de accedilotildees
regularizadoras do Ministeacuterio das Cidades para ser o instrumento de gestatildeo e
gerenciamento de aacutereas de risco em um municiacutepio Eacute um documento que aleacutem de
estabelecer quais regiotildees satildeo consideradas de risco tambeacutem objetiva a proposta de
medidas estruturais ou natildeo para contenccedilatildeo eou prevenccedilatildeo de cataacutestrofes aleacutem de ser um
meio de captaccedilatildeo de recursos financeiros junto aos Governos Estadual e Federal Estes
recursos poderatildeo ser utilizados para a realizaccedilatildeo de obras que visem a melhoria da
qualidade de vida da populaccedilatildeo do entorno ou de recuperaccedilatildeo da aacuterea degradada Este
plano eacute realizado de forma participativa com as comunidades das aacutereas de risco e pode
ser realizado em sete fases conforme recomenda o Ministeacuterio das Cidades (ALHEIROS
2006)
O primeiro passo para a realizaccedilatildeo do PMRR eacute definir qual a metodologia seraacute empregada
levando-se em consideraccedilatildeo a realidade atual do municiacutepio e especificar de forma sucinta
um cronograma das atividades Eacute importante nesta fase a participaccedilatildeo tambeacutem dos
responsaacuteveis pelas mais variadas Secretarias Municipais afim de explicitar o tamanho da
importacircncia e o caraacuteter integrador deste plano A segunda fase deste plano objetiva a
criaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo da principal base de dados a ser utilizada nos passos posteriores o
mapeamento de risco em escala detalhe em torno de 13000 (SAtildeO PAULO 2014) A
elaboraccedilatildeo de um mapeamento detalhado propiciaraacute natildeo soacute a identificaccedilatildeo mais faacutecil das
aacutereas de risco como tambeacutem facilitaraacute aos gestores e agrave comunidade decidirem qual a
melhor intervenccedilatildeo para a soluccedilatildeo ou remediaccedilatildeo dos problemas em uma determinada
42
aacuterea hierarquizando o risco e definindo prioridades (SAtildeO PAULO 2014) Na tabela a
seguir apresenta-se alguns tipos de intervenccedilotildees que podem ser feitas em aacutereas de risco
sugeridas pelo Ministeacuterio das cidades (ALHEIROS 2006)
Quadro 5 1 - Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco
Tipo de intervenccedilatildeo Descriccedilatildeo
Serviccedilos de limpeza e Recuperaccedilatildeo
Remoccedilatildeo de entulho lixo etc
corte de aacutervores
remoccedilatildeo de bananeiras
recuperaccedilatildeo eou limpeza de sistemas de
drenagem esgotos e acessos
Limpeza de canais de drenagem
Proteccedilatildeo Vegetal
Proteccedilatildeo superficial vegetal (gramiacuteneas) em
taludes com solo exposto
Proteccedilatildeo vegetal de margens de canais de
drenagem
Barreiras vegetais para massas escorregadas
ou acumuladas pela erosatildeo
Drenagem Superficial e Acessos
Sistema de drenagem superficial (canaletas
raacutepidos caixas de transiccedilatildeo escadas drsquoaacutegua)
Acessos para pedestres (escadarias rampas
etc) integrados ao sistema de drenagem
Revestimento de Taludes Revestimento com materiais artificiais
cimentado cal-jet tela argamassada alvenaria
de tijolos ceracircmicos solo-cimento ensacado
Desmonte de blocos e matacotildees Desmonte de concreccedilotildees de grande porte
blocos rochosos e matacotildees
Obras de drenagem de subsuperfiacutecie Sistema de drenagem de subsuperfiacutecie
(trincheiras drenantes DHP poccedilos de
rebaixamento)
Estruturas de contenccedilatildeo (localizadas)
Muros de contenccedilatildeo de pequeno porte (solo-
cimento ensacado alvenaria de pedra-rachatildeo
concreto armado)
Estruturas de contenccedilatildeo localizadas
(chumbadores tirantes microestacas)
Contenccedilatildeo e proteccedilatildeo de margens de canais (
gabiotildees muros de concreto etc)
Estruturas de contenccedilatildeo (meacutedio e grande porte) Implantaccedilatildeo de estruturas de contenccedilatildeo de
meacutedio e grande porte envolvendo obras de
contenccedilatildeo passivas e ativas (muros de
gravidade cortinas etc)
Terraplanagem Execuccedilatildeo de serviccedilos de terraplanagem
combinados a obras de drenagem superficial e
proteccedilatildeo vegetal desvio e canalizaccedilatildeo de
coacuterregos
Remoccedilatildeo de moradias Remoccedilotildees definitivas para implantaccedilatildeo de
obras ou devido agrave localizaccedilatildeo improacutepria da
edificaccedilatildeo (Priorizar as relocaccedilotildees dentro da
proacutepria aacuterea em local seguro)
Fonte ALHEIROS 2006
43
Escolhidas as formas de intervenccedilatildeo para cada aacuterea eacute necessaacuterio realizar uma estimativa
dos custos afim de preparar o orccedilamento da prefeitura para a realizaccedilatildeo das obras e se
seraacute necessaacuterio a captaccedilatildeo de recursos externos para a execuccedilatildeo destas Feitas as
estimativas de custo o proacuteximo passo eacute definir as prioridades e para esta fase eacute tambeacutem
uacutetil o mapeamento feito nas etapas anteriores pois seraacute necessaacuterio hierarquizar tais
intervenccedilotildees nas aacutereas de risco O Ministeacuterio das Cidades (2007) sugere alguns criteacuterios
que podem ser avaliados pelo gestor dentre eles pode-se citar
Grau de risco
Populaccedilatildeo beneficiada
Custo da intervenccedilatildeo
Dimensatildeo da aacuterea a ser tratada
Demandas anteriores da populaccedilatildeo
Tempo de ocupaccedilatildeo
Viabilidade teacutecnica da intervenccedilatildeo
Viabilidade financeira
Inclusatildeo da aacuterea em outros projetos
A partir desta hierarquizaccedilatildeo inicia-se a identificaccedilatildeo de provaacuteveis fontes de captaccedilatildeo de
recursos para a execuccedilatildeo das intervenccedilotildees Estes recursos podem advir de programas dos
governos Federal e Estadual ou por meio de editais para captaccedilatildeo de recursos financeiros
tanto do setor puacuteblico como da iniciativa privada e podem ser tambeacutem associados agrave outras
Secretarias Municipais como a de Turismo ou Meio Ambiente e natildeo soacute as destinadas agrave
Defesa Civil (ALHEIROS 2006)
Eacute previsto tambeacutem no PMRR uma avaliaccedilatildeo da Defesa Civil municipal e como ela estaacute
estruturada fazendo inclusive sugestotildees para que sua atuaccedilatildeo esteja em consonacircncia com
a realidade das comunidades e da Administraccedilatildeo Puacuteblica do municiacutepio de forma a garantir
sua sustentabilidade e conquistar a credibilidade da populaccedilatildeo no que diz respeito a
prevenccedilatildeo de cataacutestrofes Para que a resposta a uma determinada situaccedilatildeo de risco seja
raacutepida eacute necessaacuterio a descentralizaccedilatildeo da Defesa Civil criando pequenos nuacutecleos
comunitaacuterios com a finalidade de se monitorar a aacuterea constantemente e promover as
intervenccedilotildees necessaacuterias em tempo haacutebil o que aumenta em muito a credibilidade da
populaccedilatildeo no PMRR e no trabalho desempenhado pela Defesa Civil no municiacutepio Apoacutes
esta etapa o PMRR passaraacute por audiecircncias puacuteblicas e posteriormente poderaacute ser aprovado
como Lei Municipal pelo Legislativo local (ALHEIROS 2006)
Com a realizaccedilatildeo deste plano o municiacutepio estaraacute munido de informaccedilotildees suficientes para
realizar accedilotildees efetivas de gestatildeo e gerenciamento de riscos bem como aliado a
levantamentos sociais realizar programas habitacionais que beneficiem prioritariamente
44
aos moradores das aacutereas de risco Aleacutem disso com o PMRR o municiacutepio poderaacute melhorar
a qualidade ambiental da populaccedilatildeo captando recursos para a recuperaccedilatildeo das aacutereas de
APP que foram degradadas pelas ocupaccedilotildees irregulares beneficiando todos os moradores
do municiacutepio com o aumento da qualidade de vida na cidade
A partir do disposto nesta seccedilatildeo acerca do Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos e de
uma maneira preliminar (levando-se em conta apenas o nuacutemero de registros de
alagamentos e deslizamentos na aacuterea urbana principal de Santos Dumont no periacuteodo de
1984 a 2014) identificou-se trecircs regiotildees distintas na aacuterea urbana do municiacutepio com
tempo de recorrecircncia desses eventos similares caracterizando trecircs prioridades de
intervenccedilatildeo em contenccedilatildeo de risco como pode ser visto nas figuras 515 e 516 Vale
ressaltar que eacute necessaacuterio um estudo mais detalhado inclusive com visitas teacutecnicas a
campo para que se confirme a real situaccedilatildeo destas e a real prioridade para investimentos
Figura 5 17 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de deslizamentos
Fonte Do Autor
45
Figura 5 18 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de alagamentos
Fonte Do Autor
46
6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees
A seguir apresenta-se as conclusotildees e as recomendaccedilotildees feitas a partir dos objetivos
especiacuteficos explicitados no iniacutecio deste trabalho
Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a
aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes
urbanos
A partir da revisatildeo da legislaccedilatildeo pertinente em acircmbito federal estadual e
municipal constatou-se que o Plano Diretor de Santos Dumont natildeo conflita com a
legislaccedilatildeo federal e estadual sobre Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente A legislaccedilatildeo
municipal foi entendida como mais conservadora que as federal e estadual uma
vez que considera implicitamente que declividades entre 47 e 100 satildeo
enquadradas como APPs aleacutem da faixa superior a 100
Parte consideraacutevel das ocupaccedilotildees em APP principalmente na regiatildeo do bairro
Santo Antocircnio (onde surgiu os primeiros nuacutecleos que deram origem ao municiacutepio)
e o centro da cidade ocorreram antes de que fosse elaborado qualquer legislaccedilatildeo
que versasse sobre o tema Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente bastando ao gestor
local tomar medidas de contenccedilatildeo de riscos que minimizem os impactos causados
por essas ocupaccedilotildees nessa regiatildeo
O ordenamento adequado do uso do solo no municiacutepio eacute necessaacuterio para que o
crescimento dos loteamentos criados anteriormente agrave esta Lei e o surgimento de
novos natildeo avance para Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente o que pode causar
inuacutemeros problemas aos moradores e agravar os jaacute existentes
Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las
com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)
As aacutereas onde houveram a maior quantidade de registros de deslizamentos satildeo os
bairros mais populosos de Santos Dumont podendo se estabelecer uma relaccedilatildeo
que quanto mais populoso o bairro maior a quantidade de problemas relacionados
a deslizamentos Tambeacutem pode-se notar uma relaccedilatildeo com as fronteiras das faixas
de declividades e os deslizamentos uma vez que boa parte deles aconteceram
nestas faixas
As aacutereas onde houve um grande nuacutemero de registros de alagamentos satildeo os bairros
que se desenvolveram agraves margens do Ribeiratildeo das Posses em especial na aacuterea que
47
compreende as APPs de curso hiacutedrico e em aacutereas onde a declividade eacute baixa Esse
fato aliado ao crescimento do nuacutemero de vias pavimentadas com material
impermeaacutevel e a natildeo expansatildeo e ou redimensionamento da rede de drenagem
urbana contribuiacuteram para a ocorrecircncia cada vez mais constante de alagamentos
nessas aacutereas
Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos
catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30
anos
A partir do levantamento histoacuterico realizado e da base de dados georeferenciada
gerada observou-se o aumento do nuacutemero de registros de deslizamentos e
alagamentos nos uacuteltimos 10 anos quando as ocorrecircncias comeccedilaram a se repetir
numa mesma aacuterea com frequecircncia incrementada as vezes com mais de uma
ocorrecircncia anual
Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do
solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental
Destaca-se a adequaccedilatildeo dos criteacuterios gerais estabelecidos pelo Plano Diretor de
Santos Dumont relativos a legislaccedilatildeo federal e estadual Entretanto o referido
Plano Diretor natildeo contempla todo o territoacuterio municipal sendo assim ele natildeo
cumpre o objetivo de proteger as APPs preservadas e recuperar as que foram
degradadas em todo o territoacuterio municipal Ressalta-se tambeacutem a sua natildeo
conformidade com o Estatuto das Cidades uma vez que o Plano Diretor
contempla apenas os novos loteamentos
Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais
negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea
impactada
Recomenda-se a implantaccedilatildeo no municiacutepio de uma Coordenadoria Municipal de
Defesa Civil atuante e integrada agraves Secretarias Municipais e agrave comunidade
visando uma atuaccedilatildeo eficaz nos problemas relacionados a deslizamentos e
alagamentos A elaboraccedilatildeo de um Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos eacute de
suma importacircncia pois atraveacutes dele pode-se predizer as aacutereas que passaratildeo por
problemas caso a expansatildeo aconteccedila ou se inicie uma ocupaccedilatildeo nova aleacutem de
prevenir acidentes nas aacutereas jaacute ocupadas e consideradas de risco
48
7 Anexos
49
71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont
50
51
72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)
52
53
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56
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da cidade de Satildeo Paulo O caso da subprefeitura da Seacute Trabalho de Graduaccedilatildeo UNESP
Rio Claro 2013
25
Figura 5 1 Deslizamento no bairro Coacuterrego do Ouro
Fonte Portal Cabangu
No iniacutecio deacutecada de 2010 (2011-2014) o centro da cidade foi a regiatildeo que mais sofreu
com alagamentos sendo registrado pelo menos uma ocorrecircncia por ano nessa aacuterea (Figura
52) Isso pode ser relacionado dentre outros fatores com as obras de modificaccedilatildeo do
tipo de pavimentaccedilatildeo das estradas por um material impermeaacutevel gerando uma sobrecarga
nos sistemas de drenagem urbana que foram projetados para um tipo de pavimento mais
permeaacutevel implicando tambeacutem na sobrecarga calha do Ribeiratildeo das Posses o principal
curso drsquoaacutegua que corta o centro da cidade e que se encontra em quase sua totalidade
ocupada em ambas as margens que cortam o centro da cidade
26
Figura 5 2 Alagamento na regiatildeo central de Santos Dumont em 2013
Fonte Portal Cabangu
Quanto agraves ocorrecircncias de deslizamento ao longo da referida deacutecada elas estiveram
espalhadas pelos bairros do municiacutepio tendo um maior nuacutemero de ocorrecircncias nos bairros
Santo Antocircnio Nossa Senhora da Gloacuteria e Aacutegua Espraiada Nos dois primeiros bairros
citados as ocorrecircncias podem ter sido ocasionadas pelo crescimento desordenado e sem
planejamento destes e no terceiro as ocorrecircncias satildeo relacionadas ao processo de
assoreamento do Ribeiratildeo das Posses o que pode ter gerado um aumento da velocidade
desse curso drsquoaacutegua causando problemas decorrentes do transporte de sedimentos da aacuterea
onde as casas foram construiacutedas que teve como consequecircncia os deslizamentos
Em resumo como pode ser observado nas figuras 53 e 54 na tabela 51 no periacuteodo de
1984 a 2014 os bairros mais afetados por alagamentos e deslizamentos satildeo Quarto
Depoacutesito Nossa Senhora da Gloacuteria Santo Antocircnio Coacuterrego do Ouro Antocircnio Afonso
Graminha e Vila Esperanccedila sendo que o bairro Coacuterrego do Ouro possui o maior nuacutemero
de ocorrecircncias de deslizamentos e o centro da cidade possui o maior nuacutemero de
ocorrecircncias de alagamentos no periacuteodo pesquisado Vale destacar que a aacuterea propiacutecia a
alagamentos no bairro Antocircnio Afonso natildeo identificada no estudo realizado pela
prefeitura constitui-se efetivamente numa aacuterea de risco conforme levantamento histoacuterico
realizado Esta aacuterea de risco se deve agrave diferenccedila de niacutevel negativa entre o rio Pinho e a
aacuterea do bairro estando este em desniacutevel com um risco iminente de inundaccedilotildees resultantes
da cheia desse curso drsquoaacutegua causando inuacutemeros transtornos aos moradores do local
27
Figura 5 3 Pontos de Alagamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico
Fonte Do autor
Figura 5 4 Pontos de deslizamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico
Fonte Do autor
28
Tabela 51 Ocorrecircncias de alagamentos e deslizamentos obtidos atraveacutes do
levantamento histoacuterico
Pontos de ocorrecircncia (1984-2014)
Bairros Alagamento Deslizamento
Aacutegua Espraiada 1 1
Antocircnio Afonso 1 0
Barra 0 1
Centro 7 1
Coacuterrego do Ouro 1 7
Flores 0 1
Graminha 1 0
Jardim Jaraguaacute 0 1
N Sra da Gloacuteria 0 4
N Sra das Graccedilas 1 0
Quarto Depoacutesito 3 2
Santo Antocircnio 4 2
Satildeo Sebastiatildeo 0 1
Vila Esperanccedila 0 1
Fonte Do autor
De acordo com o estudo realizado na elaboraccedilatildeo do Plano Diretor pela prefeitura
municipal observa-se que os bairros que possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a
deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do Ouro e Vila Esperanccedila enquanto que os que
possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a alagamento satildeo o Centro da cidade e os
bairros Satildeo Sebastiatildeo Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio por estarem agraves margens do
Ribeiratildeo das Posses um curso drsquoaacutegua que sofre com inundaccedilotildees perioacutedicas devido ao
severo assoreamento em algumas regiotildees e tambeacutem devido ao acuacutemulo de lixo descartado
pelos moradores do entorno irregularmente De acordo com o estudo realizado quando da
elaboraccedilatildeo do Plano Diretor do municiacutepio foram feitos estudos sobre as aacutereas propensas
a deslizamentos e alagamentos na regiatildeo urbana principal Tais aacutereas satildeo as destacadas
nas Figuras 55 e 56 No levantamento histoacuterico realizado pode-se identificar que os
bairros que possuem mais aacutereas propensas a deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do
Ouro Nossa Senhora da Gloacuteria Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio enquanto que os bairros
mais propensos a alagamentos satildeo os bairros Centro Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio
como observado na tabela 51
29
Figura 5 5 Aacutereas propensas a deslizamento de acordo com o Plano Diretor de
Santos Dumont
Fonte Google Earth e Lei 42412012
Figura 5 6 Aacutereas propensas a alagamento de acordo com o Plano Diretor de
Santos Dumont
Fonte Google Earth e Lei 42412012
30
Comparando-se os mapas obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico com o mapa gerado
pelo estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor nota-se que haacute semelhanccedilas em
algumas aacutereas mas ao se levar em conta o produto gerado pela pesquisa histoacuterica o
estudo necessitaria ser complementado haja vista que ele natildeo compreende por exemplo
o ponto de alagamento no bairro Antocircnio Afonso citado anteriormente e alguns pontos de
deslizamento importantes uma vez que satildeo regiotildees onde haacute ocupaccedilatildeo Esse fato evidencia
a necessidade de se buscar vaacuterias fontes primaacuterias e secundaacuterias para se detectar aacutereas de
risco em um municiacutepio incluindo arquivos da imprensa local afim de se produzir uma
base de dados consistente e com o menor nuacutemero de falhas possiacutevel (CEPED 2014) Com
a uniatildeo dos dois estudos foram gerados os mapas apresentados nas Figuras 57 e 58
Aleacutem do mais observando as figuras 57 e 58 pode-se notar que uma boa parte tanto dos
casos de alagamento quanto de deslizamento estatildeo na faixa de APP de curso hiacutedrico o
que ilustra a importacircncia da preservaccedilatildeo destas aacutereas
Figura 5 7 Aacutereas propensas a alagamento do estudo do Plano Diretor
complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento
Fonte Do Autor
31
Figura 5 8 Aacutereas propensas a deslizamento do estudo do Plano Diretor
complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento
Fonte Do Autor
Atraveacutes da combinaccedilatildeo entre estes dois levantamentos procurou-se alimentar a base de
dados e garantir uma consistecircncia maior desta no que diz respeito a aacutereas de deslizamento
e alagamento podendo inclusive se identificar a suscetibilidade de uma determinada
regiatildeo da cidade a um ou outro evento (CEPED2014)
512 O Plano diretor e as APPs
Nos uacuteltimos anos o Brasil experimentou um forte fenocircmeno de migraccedilatildeo do campo para
as aacutereas urbanas De acordo com o IBGE no periacuteodo de 1940 a 2000 houve um aumento
de cerca de 60 do nuacutemero de pessoas que vivem em cidades (SILVA JR 2006) O
processo de planejamento e ordenamento do uso do solo nessas aacutereas deveria ter
acompanhado esse crescimento ao longo dos anos a fim de garantir a qualidade de vida e
a seguranccedila dos migrantes ao se instalarem nas cidades o que natildeo ocorreu e o que se
observa atualmente satildeo ocupaccedilotildees em aacutereas improacuteprias para moradia sem a infraestrutura
baacutesica necessaacuteria e com risco iminente de deslizamentos eou inundaccedilotildees
O Plano Diretor do municiacutepio de Santos Dumont em seu capiacutetulo IV que versa sobre o
uso e ocupaccedilatildeo do solo explicita regras para o ordenamento do territoacuterio que compreende
o municiacutepio com base nos diferentes usos do solo de acordo com sua compatibilidade o
32
que acabou por resultar num zoneamento de todo o municiacutepio em macrozonas conforme
citado na seccedilatildeo 3231 de acordo com os usos atuais e futuros do solo Aleacutem de dividir
estas macrozonas em urbanas e rurais tambeacutem avaliou e classificou estas aacutereas com base
numa seacuterie de fatores ambientais geoloacutegicos culturais e sociais de forma a se fazer um
zoneamento coerente com os atuais usos do solo e seu potencial de uso futuro Apresenta-
se na Figura 59 este zoneamento na aacuterea urbana principal de Santos Dumont
Figura 5 9 Zoneamento urbano da aacuterea urbana principal
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Lei 42412012
Tomando como referecircncia o Novo Coacutedigo Florestal brasileiro em especial os paracircmetros
estabelecidos para a definiccedilatildeo de APP e utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento
atraveacutes do software Vista SAGA relacionou-se as APPs existentes na aacuterea em estudo com
as regiotildees propiacutecias a alagamentos e deslizamentos de acordo com o estudo feito quando
da elaboraccedilatildeo do Plano Diretor afim de se identificar qual ou quais aacutereas possuem estes
problemas e se estatildeo relacionados com o uso do solo irregular em APP
Ao se aplicar a metodologia proposta por Oliveira amp Fernandes Filho (2013) natildeo foram
identificadas dentro da aacuterea de estudo APPs de topos de morro sendo este tipo de APP
descartada portanto das anaacutelises subsequentes deste trabalho Foram consideradas as
APP de curso hiacutedrico (rios e nascentes) e de declividade visando relacionaacute-las as aacutereas
de risco identificadas pela Prefeitura afim de se verificar as possiacuteveis causas da ocorrecircncia
33
destas aacutereas na regiatildeo urbana do municiacutepio Por meio de combinaccedilotildees entre dois mapas
temaacuteticos utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento foi possiacutevel obter as
assinaturas ou seja tabelas que caracterizam quantitativamente a aacuterea afetada por cada
aspecto visto que a simples visualizaccedilatildeo do mapa gerado pelo geoprocessamento muitas
vezes eacute prejudicada por serem aacutereas de pequenas dimensotildees ou por qualquer outra
limitaccedilatildeo do software Ressalta-se que para a elaboraccedilatildeo do Plano Municipal de Reduccedilatildeo
de riscos a identificaccedilatildeo e detalhamento topograacutefico destas aacutereas eacute fundamental para o
desenvolvimento do referido Plano conforme seraacute abordado detalhadamente na seccedilatildeo
52
De posse do mapa que representa o zoneamento urbano de Santos Dumont primeiramente
procurou-se mensurar qualitativa e quantitativamente a presenccedila de APPs tanto de
declividade quanto de cursos hiacutedricos Essa identificaccedilatildeo eacute importante pois este
zoneamento eacute um dos instrumentos de planejamento municipal (BRASIL 2001) Saboya
(2007) aponta que os principais objetivos de um zoneamento satildeo o controle da expansatildeo
urbana e proteccedilatildeo de aacutereas inadequadas a ocupaccedilatildeo aleacutem de reduzir os conflitos inerentes
aos diferentes usos do solo Com o uso da ferramenta ldquoCombinarrdquo do Vista SAGA foram
feitas combinaccedilotildees entre o mapa de hidrografia com buffer de 30m para rios e coacuterregos e
de 50m para nascentes com o mapa do zoneamento para se verificar a importacircncia das
APPs de curso hiacutedrico em toda a aacuterea urbana principal do municiacutepio Tambeacutem foram
combinados o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) obtido atraveacutes do gvSIG com o mapa
de zoneamento afim de se verificar quantitativamente as APPs de declividade e onde se
localizam Vale ressaltar que as declividades entre 30 e 47 estatildeo presentes nesta
combinaccedilatildeo pois de acordo com o Plano Diretor de Santos Dumont terrenos com esta
faixa de declividade para fins de parcelamento devem possuir estudo teacutecnico que ateste
a viabilidade de se promover algum empreendimento imobiliaacuterio neste (SANTOS
DUMONT 2012) Como a legislaccedilatildeo municipal prevecirc estudo somente para a faixa de
declividade descrita anteriormente para fins de anaacutelise neste trabalho consideramos um
valor mais conservador para APP compreendendo a faixa de 47 a 100 aleacutem da
prevista pela legislaccedilatildeo federal (gt100) para que natildeo houvessem lacunas importantes na
geraccedilatildeo do produto
Apresenta-se na Figura 510 aacutereas com declividades consideradas de risco e consideradas
APP e em qual zona de planejamento elas estatildeo inseridas De um modo geral ao se
observar a Tabela 52 nota-se que a aacuterea que compreende declividades de risco e APP eacute
uma pequena parcela da aacuterea urbana principal representando 061 desta aacuterea Ao se
levar em conta somente a localizaccedilatildeo pode-se verificar que cerca de 84 das aacutereas com
declividade de risco e a totalidade das APPs de declividade estatildeo localizadas na ZAC1
zona que compreende a maior parte do municiacutepio e apesar de possuir infraestrutura baacutesica
para a ocupaccedilatildeo esta eacute restrita Sendo assim o fator declividade deve ser visto com cautela
nesta aacuterea para se evitar transtornos advindos de edificaccedilotildees nestas aacutereas
34
Figura 5 10 Combinaccedilatildeo entre as declividades importantes incluindo as APPs e o
zoneamento urbano
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Do autor
Tabela 52 Assinaturas da combinaccedilatildeo Declividade x Zoneamento
Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea
Natildeo APP 457972 9939
Declividade 30-47 em ZAC1 2368 051
Declividade 30-47 em ZE 284 006
Declividade 30-47 em ZAC2 128 003
Declividade 30-47 em ZPA 004 0001
APP Declividade em ZAC1 048 001
Total 460804 100
Fonte Do autor
Apresenta-se na Figura 511 as APPs de curso hiacutedrico (nascentes e rios) e em qual zona
de planejamento estatildeo localizadas Assim como a declividade a maior parte das APPs de
curso hiacutedrico estatildeo localizadas em ZAC1 representando 383 da aacuterea urbana em estudo
e 51 do total das APPs de curso hiacutedrico Esta questatildeo tambeacutem deve ser vista com
bastante criteacuterio pelos gestores locais uma vez que a ocupaccedilatildeo em faixas proacuteximas de
rios e coacuterregos podem causar uma gama de problemas ambientais e sociais na regiatildeo
(SANTANA2011) Tal cuidado tambeacutem deve ser tomado nas APPs compreendidas na
35
ZAC2 que compreende 001 da Aacuterea urbana principal e 14 do total das APPs de curso
hiacutedrico pois a infraestrutura baacutesica e acessibilidade presente nesta zona eacute precaacuteria e a
ocupaccedilatildeo as margens de cursos hiacutedricos pode gerar problemas seacuterios caso ocorra uma
expansatildeo nestas aacutereas
Figura 511 Combinaccedilatildeo entre APP de curso hiacutedrico e as zonas de planejamento
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Do autor
Outro ponto importante eacute a presenccedila da Zona de Proteccedilatildeo Ambiental (ZPA) no entorno
uma consideraacutevel parte dos cursos hiacutedricos Nesta zona estatildeo presentes 28 das APPs de
curso hiacutedrico e esta zona de acordo com o Plano Diretor deve ser restaurada ou
preservada por suas caracteriacutesticas geoloacutegicas topograacuteficas e bioloacutegicas
Afim de se verificar os usos do solo na regiatildeo em estudo foram utilizadas combinaccedilotildees
de imagens advindas do sateacutelite Landsat 8 nas bandas descritas no capiacutetulo 4 aleacutem da
banda pancromaacutetica O resultado eacute apresentado na figura 512 que mostra os principais
usos do solo na aacuterea urbana principal de Santos Dumont
36
Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x Zoneamento
Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea
Hidrografia 11168 239
Aacuterea Urbana Natildeo APP 421004 9008
APP Curso hiacutedrico em ZAC1 179 383
APP Curso hiacutedrico em ZPA 9776 209
APP Curso hiacutedrico em ZE 184 004
APP Curso hiacutedrico em ZA 1192 026
APP Curso hiacutedrico em ZAC2 5124 110
APP Curso hiacutedrico em ZPPH 248 005
APP Curso hiacutedrico em ZEIS 568 012
APP Curso hiacutedrico em ZCA 228 005
Total 467392 10000
Fonte Do autor
Figura 5 12 Mapa de usos do solo da aacuterea urbana principal de Santos Dumont
Fonte Do autor
Como jaacute era previsto a maior parte da aacuterea urbana se encontra ocupada e eacute nesta regiatildeo
ocupada que se observa a maior concentraccedilatildeo de problemas de deslizamentos e
alagamentos (Figuras 513 e 514) A grande ocupaccedilatildeo em aacutereas consideradas APP de
curso hiacutedrico de acordo com os mapas gerados pode ser a principal causa do aumento a
cada ano dos casos de alagamento principalmente na regiatildeo central da cidade Outro ponto
que se deve atentar eacute a existecircncia de uma consideraacutevel aacuterea de pastagem pouco vegetada
que caso estejam em aacutereas elevadas pode contribuir para deslizamentos e agraves margens de
37
rios e coacuterregos para o assoreamento destes corpos hiacutedricos o que pode causar
alagamentos (INAacuteCIO etal 2007)
Diante destes resultados pode-se ver que a cidade de Santos Dumont necessita alternativas
efetiva no que diz respeito agrave contenccedilatildeo de deslizamentos e a reduccedilatildeo de risco de
alagamento pois as aacutereas em que ocorrem tais eventos satildeo distintas e facilmente definidas
devido agrave repeticcedilatildeo destes nos uacuteltimos anos Um plano de accedilatildeo integrado entre as diferentes
secretarias municipais (Obras Meio Ambiente Assistecircncia Social entre outras) e a
Coordenadoria Municipal de Defesa Civil deve ser realizado afim de se tomar medidas
natildeo mais preventivas mas sim preditivas para que se possa conter o avanccedilo destes
problemas na aacuterea urbana principal bem como em toda a aacuterea do municiacutepio
Figura 5 13 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na aacuterea urbana
principal
Fonte Do autor
38
Figura 5 14 Aacutereas sujeitas a alagamento e os principais usos do solo na aacuterea
urbana principal
Fonte Do autor
Ao se associar os dados do estudo do Plano Diretor com os dados do levantamento
histoacuterico realizado com o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) pode-se notar que as aacutereas
propiacutecias a deslizamento estatildeo em regiotildees as quais haacute uma fronteira de declividades ou
seja eacute evidente que os deslizamentos ocorrem em encostas um pouco mais iacutengremes mas
natildeo necessariamente nas encostas de 30-47 as quais exigem estudo teacutecnico conforme o
plano diretor preconiza Quanto aos alagamentos nota-se que eles se localizam nas aacutereas
com menor ou nenhuma declividade podendo ser estas aacutereas talvez componentes da
planiacutecie de inundaccedilatildeo dos rios Estes resultados podem ser vistos nas figuras 515 e 516
a seguir
39
Figura5 15 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a deslizamentos na
regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
Fonte Lei 42412012 e Autor
Figura5 26 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a alagamentos na
regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
Fonte Lei 42412012 e Autor
40
52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis
O processo de ocupaccedilatildeo no municiacutepio de Santos Dumont comeccedilou muito antes de
qualquer legislaccedilatildeo relacionada a ordenamento urbano e de proteccedilatildeo do meio ambiente
fosse implementado no Brasil Esse fato aliado a poliacuteticas e fiscalizaccedilotildees falhas
contribuiacuteram para a ocupaccedilatildeo e expansatildeo da aacuterea urbana ao longo do Ribeiratildeo das Posses
e seus afluentes o que tem gerado o aumento da degradaccedilatildeo destes corpos hiacutedricos ao
longo de todos estes anos Observa-se tambeacutem que nas uacuteltimas deacutecadas ocorreu um
grande nuacutemero de migraccedilotildees do campo para a regiatildeo urbana da cidade fator que
contribuiu para o crescimento do nuacutemero de habitaccedilotildees em aacutereas de risco de deslizamento
e alagamentos por serem na maioria das vezes terrenos menos valorizados e por este
motivo acessiacuteveis a populaccedilatildeo com menor poder aquisitivo (ROSA amp CORTEZ 2008)
Vale ressaltar que esta questatildeo aleacutem de ser ambiental eacute muito mais social pois os
moradores entendem os riscos de se viver nestes locais mas por motivos econocircmicos ou
por questotildees afetivas natildeo abrem matildeo da moradia nessas aacutereas A Constituiccedilatildeo Federal de
1988 promoveu a inter-relaccedilatildeo das questotildees sociais com as questotildees ambientais quando
colocou o meio ambiente como direito coletivo (BRASIL1988 SOUZA2010) Por este
motivo a decisatildeo por medidas draacutesticas que favoreccedilam apenas agrave preservaccedilatildeo do meio
ambiente natildeo eacute recomendada pois aleacutem de ser inconstitucional podem afetar a
sustentabilidade econocircmica do municiacutepio e gerar conflitos sociais consideraacuteveis
(CARLOS 1992 apud SOUZA 2010)
Segundo Bueno (2009) ldquonem tudo o que eacute irregular eacute precaacuteriordquo Esse fato se observa em
Santos Dumont uma vez que em boa parte da regiatildeo central se observa vaacuterias moradias
construiacutedas na faixa de APP de curso hiacutedrico o que natildeo eacute permitido pela legislaccedilatildeo
vigente e eacute um dos fatores que contribui para a ocorrecircncia de alagamentos nesta aacuterea da
cidade Para a resoluccedilatildeo deste problema o que seria mais viaacutevel seria a melhoria da
infraestrutura de drenagem urbana afim de que o escoamento da aacutegua das chuvas natildeo
sobrecarregasse o sistema (BUENO2009) A construccedilatildeo de bacias de contenccedilatildeo de
cheias ao longo do Ribeiratildeo das Posses tambeacutem seria uma alternativa mas para se verificar
a viabilidade necessita-se estudos mais aprofundados do ponto de vista hidroloacutegico
O grande problema a ser solucionado no entanto eacute o que diz respeito agraves aacutereas de risco
de deslizamento majoritariamente nos bairros A melhor alternativa seria o
remanejamento dos moradores para uma aacuterea proacutexima agrave que moram poreacutem longe do
risco Poreacutem esta alternativa de acordo com Rosa Filho amp Cortez (2008) encontra alguns
entraves pois estas pessoas na maioria das vezes natildeo tecircm condiccedilotildees financeiras de irem
para outro lugar ou pagar aluguel ou estatildeo de alguma forma sentimentalmente ligadas
agravequela regiatildeo que se recusam a deixaacute-lo
41
Por parte dos oacutergatildeos competentes no municiacutepio a criaccedilatildeo de um plano para se evitar
acidentes ocasionados por deslizamentos e alagamentos com um mapeamento detalhado
de toda a extensatildeo do municiacutepio eacute extremamente uacutetil Os estudos que seratildeo feitos para a
elaboraccedilatildeo deste plano poderatildeo definir quais as aacutereas satildeo potencialmente de risco para as
ocupaccedilotildees existentes ou para as potenciais ocupaccedilotildees que possam vir a ocorrer atraveacutes do
mapeamento das aacutereas de risco Tal planejamento seraacute auxiliar ao Plano Diretor
Municipal pois definiraacute o real uso do solo de determinada regiatildeo do municiacutepio
contribuindo para a adequaccedilatildeo do uso e ocupaccedilatildeo do solo afim de evitar ou reduzir o
nuacutemero de problemas relacionados a alagamentos e principalmente deslizamentos no
periacutemetro urbano (TOMINAGA 2009) A partir deste plano os gestores locais poderatildeo
tomar a melhor decisatildeo para a prevenccedilatildeo ou reduccedilatildeo dos riscos inerentes a tais problemas
Na seccedilatildeo 521 seraacute hierarquizado de forma preliminar a aacuterea urbana principal de acordo
com os resultados da tabela 51
521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta
O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos (PMRR) foi criado atraveacutes de accedilotildees
regularizadoras do Ministeacuterio das Cidades para ser o instrumento de gestatildeo e
gerenciamento de aacutereas de risco em um municiacutepio Eacute um documento que aleacutem de
estabelecer quais regiotildees satildeo consideradas de risco tambeacutem objetiva a proposta de
medidas estruturais ou natildeo para contenccedilatildeo eou prevenccedilatildeo de cataacutestrofes aleacutem de ser um
meio de captaccedilatildeo de recursos financeiros junto aos Governos Estadual e Federal Estes
recursos poderatildeo ser utilizados para a realizaccedilatildeo de obras que visem a melhoria da
qualidade de vida da populaccedilatildeo do entorno ou de recuperaccedilatildeo da aacuterea degradada Este
plano eacute realizado de forma participativa com as comunidades das aacutereas de risco e pode
ser realizado em sete fases conforme recomenda o Ministeacuterio das Cidades (ALHEIROS
2006)
O primeiro passo para a realizaccedilatildeo do PMRR eacute definir qual a metodologia seraacute empregada
levando-se em consideraccedilatildeo a realidade atual do municiacutepio e especificar de forma sucinta
um cronograma das atividades Eacute importante nesta fase a participaccedilatildeo tambeacutem dos
responsaacuteveis pelas mais variadas Secretarias Municipais afim de explicitar o tamanho da
importacircncia e o caraacuteter integrador deste plano A segunda fase deste plano objetiva a
criaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo da principal base de dados a ser utilizada nos passos posteriores o
mapeamento de risco em escala detalhe em torno de 13000 (SAtildeO PAULO 2014) A
elaboraccedilatildeo de um mapeamento detalhado propiciaraacute natildeo soacute a identificaccedilatildeo mais faacutecil das
aacutereas de risco como tambeacutem facilitaraacute aos gestores e agrave comunidade decidirem qual a
melhor intervenccedilatildeo para a soluccedilatildeo ou remediaccedilatildeo dos problemas em uma determinada
42
aacuterea hierarquizando o risco e definindo prioridades (SAtildeO PAULO 2014) Na tabela a
seguir apresenta-se alguns tipos de intervenccedilotildees que podem ser feitas em aacutereas de risco
sugeridas pelo Ministeacuterio das cidades (ALHEIROS 2006)
Quadro 5 1 - Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco
Tipo de intervenccedilatildeo Descriccedilatildeo
Serviccedilos de limpeza e Recuperaccedilatildeo
Remoccedilatildeo de entulho lixo etc
corte de aacutervores
remoccedilatildeo de bananeiras
recuperaccedilatildeo eou limpeza de sistemas de
drenagem esgotos e acessos
Limpeza de canais de drenagem
Proteccedilatildeo Vegetal
Proteccedilatildeo superficial vegetal (gramiacuteneas) em
taludes com solo exposto
Proteccedilatildeo vegetal de margens de canais de
drenagem
Barreiras vegetais para massas escorregadas
ou acumuladas pela erosatildeo
Drenagem Superficial e Acessos
Sistema de drenagem superficial (canaletas
raacutepidos caixas de transiccedilatildeo escadas drsquoaacutegua)
Acessos para pedestres (escadarias rampas
etc) integrados ao sistema de drenagem
Revestimento de Taludes Revestimento com materiais artificiais
cimentado cal-jet tela argamassada alvenaria
de tijolos ceracircmicos solo-cimento ensacado
Desmonte de blocos e matacotildees Desmonte de concreccedilotildees de grande porte
blocos rochosos e matacotildees
Obras de drenagem de subsuperfiacutecie Sistema de drenagem de subsuperfiacutecie
(trincheiras drenantes DHP poccedilos de
rebaixamento)
Estruturas de contenccedilatildeo (localizadas)
Muros de contenccedilatildeo de pequeno porte (solo-
cimento ensacado alvenaria de pedra-rachatildeo
concreto armado)
Estruturas de contenccedilatildeo localizadas
(chumbadores tirantes microestacas)
Contenccedilatildeo e proteccedilatildeo de margens de canais (
gabiotildees muros de concreto etc)
Estruturas de contenccedilatildeo (meacutedio e grande porte) Implantaccedilatildeo de estruturas de contenccedilatildeo de
meacutedio e grande porte envolvendo obras de
contenccedilatildeo passivas e ativas (muros de
gravidade cortinas etc)
Terraplanagem Execuccedilatildeo de serviccedilos de terraplanagem
combinados a obras de drenagem superficial e
proteccedilatildeo vegetal desvio e canalizaccedilatildeo de
coacuterregos
Remoccedilatildeo de moradias Remoccedilotildees definitivas para implantaccedilatildeo de
obras ou devido agrave localizaccedilatildeo improacutepria da
edificaccedilatildeo (Priorizar as relocaccedilotildees dentro da
proacutepria aacuterea em local seguro)
Fonte ALHEIROS 2006
43
Escolhidas as formas de intervenccedilatildeo para cada aacuterea eacute necessaacuterio realizar uma estimativa
dos custos afim de preparar o orccedilamento da prefeitura para a realizaccedilatildeo das obras e se
seraacute necessaacuterio a captaccedilatildeo de recursos externos para a execuccedilatildeo destas Feitas as
estimativas de custo o proacuteximo passo eacute definir as prioridades e para esta fase eacute tambeacutem
uacutetil o mapeamento feito nas etapas anteriores pois seraacute necessaacuterio hierarquizar tais
intervenccedilotildees nas aacutereas de risco O Ministeacuterio das Cidades (2007) sugere alguns criteacuterios
que podem ser avaliados pelo gestor dentre eles pode-se citar
Grau de risco
Populaccedilatildeo beneficiada
Custo da intervenccedilatildeo
Dimensatildeo da aacuterea a ser tratada
Demandas anteriores da populaccedilatildeo
Tempo de ocupaccedilatildeo
Viabilidade teacutecnica da intervenccedilatildeo
Viabilidade financeira
Inclusatildeo da aacuterea em outros projetos
A partir desta hierarquizaccedilatildeo inicia-se a identificaccedilatildeo de provaacuteveis fontes de captaccedilatildeo de
recursos para a execuccedilatildeo das intervenccedilotildees Estes recursos podem advir de programas dos
governos Federal e Estadual ou por meio de editais para captaccedilatildeo de recursos financeiros
tanto do setor puacuteblico como da iniciativa privada e podem ser tambeacutem associados agrave outras
Secretarias Municipais como a de Turismo ou Meio Ambiente e natildeo soacute as destinadas agrave
Defesa Civil (ALHEIROS 2006)
Eacute previsto tambeacutem no PMRR uma avaliaccedilatildeo da Defesa Civil municipal e como ela estaacute
estruturada fazendo inclusive sugestotildees para que sua atuaccedilatildeo esteja em consonacircncia com
a realidade das comunidades e da Administraccedilatildeo Puacuteblica do municiacutepio de forma a garantir
sua sustentabilidade e conquistar a credibilidade da populaccedilatildeo no que diz respeito a
prevenccedilatildeo de cataacutestrofes Para que a resposta a uma determinada situaccedilatildeo de risco seja
raacutepida eacute necessaacuterio a descentralizaccedilatildeo da Defesa Civil criando pequenos nuacutecleos
comunitaacuterios com a finalidade de se monitorar a aacuterea constantemente e promover as
intervenccedilotildees necessaacuterias em tempo haacutebil o que aumenta em muito a credibilidade da
populaccedilatildeo no PMRR e no trabalho desempenhado pela Defesa Civil no municiacutepio Apoacutes
esta etapa o PMRR passaraacute por audiecircncias puacuteblicas e posteriormente poderaacute ser aprovado
como Lei Municipal pelo Legislativo local (ALHEIROS 2006)
Com a realizaccedilatildeo deste plano o municiacutepio estaraacute munido de informaccedilotildees suficientes para
realizar accedilotildees efetivas de gestatildeo e gerenciamento de riscos bem como aliado a
levantamentos sociais realizar programas habitacionais que beneficiem prioritariamente
44
aos moradores das aacutereas de risco Aleacutem disso com o PMRR o municiacutepio poderaacute melhorar
a qualidade ambiental da populaccedilatildeo captando recursos para a recuperaccedilatildeo das aacutereas de
APP que foram degradadas pelas ocupaccedilotildees irregulares beneficiando todos os moradores
do municiacutepio com o aumento da qualidade de vida na cidade
A partir do disposto nesta seccedilatildeo acerca do Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos e de
uma maneira preliminar (levando-se em conta apenas o nuacutemero de registros de
alagamentos e deslizamentos na aacuterea urbana principal de Santos Dumont no periacuteodo de
1984 a 2014) identificou-se trecircs regiotildees distintas na aacuterea urbana do municiacutepio com
tempo de recorrecircncia desses eventos similares caracterizando trecircs prioridades de
intervenccedilatildeo em contenccedilatildeo de risco como pode ser visto nas figuras 515 e 516 Vale
ressaltar que eacute necessaacuterio um estudo mais detalhado inclusive com visitas teacutecnicas a
campo para que se confirme a real situaccedilatildeo destas e a real prioridade para investimentos
Figura 5 17 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de deslizamentos
Fonte Do Autor
45
Figura 5 18 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de alagamentos
Fonte Do Autor
46
6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees
A seguir apresenta-se as conclusotildees e as recomendaccedilotildees feitas a partir dos objetivos
especiacuteficos explicitados no iniacutecio deste trabalho
Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a
aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes
urbanos
A partir da revisatildeo da legislaccedilatildeo pertinente em acircmbito federal estadual e
municipal constatou-se que o Plano Diretor de Santos Dumont natildeo conflita com a
legislaccedilatildeo federal e estadual sobre Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente A legislaccedilatildeo
municipal foi entendida como mais conservadora que as federal e estadual uma
vez que considera implicitamente que declividades entre 47 e 100 satildeo
enquadradas como APPs aleacutem da faixa superior a 100
Parte consideraacutevel das ocupaccedilotildees em APP principalmente na regiatildeo do bairro
Santo Antocircnio (onde surgiu os primeiros nuacutecleos que deram origem ao municiacutepio)
e o centro da cidade ocorreram antes de que fosse elaborado qualquer legislaccedilatildeo
que versasse sobre o tema Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente bastando ao gestor
local tomar medidas de contenccedilatildeo de riscos que minimizem os impactos causados
por essas ocupaccedilotildees nessa regiatildeo
O ordenamento adequado do uso do solo no municiacutepio eacute necessaacuterio para que o
crescimento dos loteamentos criados anteriormente agrave esta Lei e o surgimento de
novos natildeo avance para Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente o que pode causar
inuacutemeros problemas aos moradores e agravar os jaacute existentes
Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las
com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)
As aacutereas onde houveram a maior quantidade de registros de deslizamentos satildeo os
bairros mais populosos de Santos Dumont podendo se estabelecer uma relaccedilatildeo
que quanto mais populoso o bairro maior a quantidade de problemas relacionados
a deslizamentos Tambeacutem pode-se notar uma relaccedilatildeo com as fronteiras das faixas
de declividades e os deslizamentos uma vez que boa parte deles aconteceram
nestas faixas
As aacutereas onde houve um grande nuacutemero de registros de alagamentos satildeo os bairros
que se desenvolveram agraves margens do Ribeiratildeo das Posses em especial na aacuterea que
47
compreende as APPs de curso hiacutedrico e em aacutereas onde a declividade eacute baixa Esse
fato aliado ao crescimento do nuacutemero de vias pavimentadas com material
impermeaacutevel e a natildeo expansatildeo e ou redimensionamento da rede de drenagem
urbana contribuiacuteram para a ocorrecircncia cada vez mais constante de alagamentos
nessas aacutereas
Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos
catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30
anos
A partir do levantamento histoacuterico realizado e da base de dados georeferenciada
gerada observou-se o aumento do nuacutemero de registros de deslizamentos e
alagamentos nos uacuteltimos 10 anos quando as ocorrecircncias comeccedilaram a se repetir
numa mesma aacuterea com frequecircncia incrementada as vezes com mais de uma
ocorrecircncia anual
Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do
solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental
Destaca-se a adequaccedilatildeo dos criteacuterios gerais estabelecidos pelo Plano Diretor de
Santos Dumont relativos a legislaccedilatildeo federal e estadual Entretanto o referido
Plano Diretor natildeo contempla todo o territoacuterio municipal sendo assim ele natildeo
cumpre o objetivo de proteger as APPs preservadas e recuperar as que foram
degradadas em todo o territoacuterio municipal Ressalta-se tambeacutem a sua natildeo
conformidade com o Estatuto das Cidades uma vez que o Plano Diretor
contempla apenas os novos loteamentos
Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais
negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea
impactada
Recomenda-se a implantaccedilatildeo no municiacutepio de uma Coordenadoria Municipal de
Defesa Civil atuante e integrada agraves Secretarias Municipais e agrave comunidade
visando uma atuaccedilatildeo eficaz nos problemas relacionados a deslizamentos e
alagamentos A elaboraccedilatildeo de um Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos eacute de
suma importacircncia pois atraveacutes dele pode-se predizer as aacutereas que passaratildeo por
problemas caso a expansatildeo aconteccedila ou se inicie uma ocupaccedilatildeo nova aleacutem de
prevenir acidentes nas aacutereas jaacute ocupadas e consideradas de risco
48
7 Anexos
49
71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont
50
51
72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)
52
53
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26
Figura 5 2 Alagamento na regiatildeo central de Santos Dumont em 2013
Fonte Portal Cabangu
Quanto agraves ocorrecircncias de deslizamento ao longo da referida deacutecada elas estiveram
espalhadas pelos bairros do municiacutepio tendo um maior nuacutemero de ocorrecircncias nos bairros
Santo Antocircnio Nossa Senhora da Gloacuteria e Aacutegua Espraiada Nos dois primeiros bairros
citados as ocorrecircncias podem ter sido ocasionadas pelo crescimento desordenado e sem
planejamento destes e no terceiro as ocorrecircncias satildeo relacionadas ao processo de
assoreamento do Ribeiratildeo das Posses o que pode ter gerado um aumento da velocidade
desse curso drsquoaacutegua causando problemas decorrentes do transporte de sedimentos da aacuterea
onde as casas foram construiacutedas que teve como consequecircncia os deslizamentos
Em resumo como pode ser observado nas figuras 53 e 54 na tabela 51 no periacuteodo de
1984 a 2014 os bairros mais afetados por alagamentos e deslizamentos satildeo Quarto
Depoacutesito Nossa Senhora da Gloacuteria Santo Antocircnio Coacuterrego do Ouro Antocircnio Afonso
Graminha e Vila Esperanccedila sendo que o bairro Coacuterrego do Ouro possui o maior nuacutemero
de ocorrecircncias de deslizamentos e o centro da cidade possui o maior nuacutemero de
ocorrecircncias de alagamentos no periacuteodo pesquisado Vale destacar que a aacuterea propiacutecia a
alagamentos no bairro Antocircnio Afonso natildeo identificada no estudo realizado pela
prefeitura constitui-se efetivamente numa aacuterea de risco conforme levantamento histoacuterico
realizado Esta aacuterea de risco se deve agrave diferenccedila de niacutevel negativa entre o rio Pinho e a
aacuterea do bairro estando este em desniacutevel com um risco iminente de inundaccedilotildees resultantes
da cheia desse curso drsquoaacutegua causando inuacutemeros transtornos aos moradores do local
27
Figura 5 3 Pontos de Alagamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico
Fonte Do autor
Figura 5 4 Pontos de deslizamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico
Fonte Do autor
28
Tabela 51 Ocorrecircncias de alagamentos e deslizamentos obtidos atraveacutes do
levantamento histoacuterico
Pontos de ocorrecircncia (1984-2014)
Bairros Alagamento Deslizamento
Aacutegua Espraiada 1 1
Antocircnio Afonso 1 0
Barra 0 1
Centro 7 1
Coacuterrego do Ouro 1 7
Flores 0 1
Graminha 1 0
Jardim Jaraguaacute 0 1
N Sra da Gloacuteria 0 4
N Sra das Graccedilas 1 0
Quarto Depoacutesito 3 2
Santo Antocircnio 4 2
Satildeo Sebastiatildeo 0 1
Vila Esperanccedila 0 1
Fonte Do autor
De acordo com o estudo realizado na elaboraccedilatildeo do Plano Diretor pela prefeitura
municipal observa-se que os bairros que possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a
deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do Ouro e Vila Esperanccedila enquanto que os que
possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a alagamento satildeo o Centro da cidade e os
bairros Satildeo Sebastiatildeo Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio por estarem agraves margens do
Ribeiratildeo das Posses um curso drsquoaacutegua que sofre com inundaccedilotildees perioacutedicas devido ao
severo assoreamento em algumas regiotildees e tambeacutem devido ao acuacutemulo de lixo descartado
pelos moradores do entorno irregularmente De acordo com o estudo realizado quando da
elaboraccedilatildeo do Plano Diretor do municiacutepio foram feitos estudos sobre as aacutereas propensas
a deslizamentos e alagamentos na regiatildeo urbana principal Tais aacutereas satildeo as destacadas
nas Figuras 55 e 56 No levantamento histoacuterico realizado pode-se identificar que os
bairros que possuem mais aacutereas propensas a deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do
Ouro Nossa Senhora da Gloacuteria Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio enquanto que os bairros
mais propensos a alagamentos satildeo os bairros Centro Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio
como observado na tabela 51
29
Figura 5 5 Aacutereas propensas a deslizamento de acordo com o Plano Diretor de
Santos Dumont
Fonte Google Earth e Lei 42412012
Figura 5 6 Aacutereas propensas a alagamento de acordo com o Plano Diretor de
Santos Dumont
Fonte Google Earth e Lei 42412012
30
Comparando-se os mapas obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico com o mapa gerado
pelo estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor nota-se que haacute semelhanccedilas em
algumas aacutereas mas ao se levar em conta o produto gerado pela pesquisa histoacuterica o
estudo necessitaria ser complementado haja vista que ele natildeo compreende por exemplo
o ponto de alagamento no bairro Antocircnio Afonso citado anteriormente e alguns pontos de
deslizamento importantes uma vez que satildeo regiotildees onde haacute ocupaccedilatildeo Esse fato evidencia
a necessidade de se buscar vaacuterias fontes primaacuterias e secundaacuterias para se detectar aacutereas de
risco em um municiacutepio incluindo arquivos da imprensa local afim de se produzir uma
base de dados consistente e com o menor nuacutemero de falhas possiacutevel (CEPED 2014) Com
a uniatildeo dos dois estudos foram gerados os mapas apresentados nas Figuras 57 e 58
Aleacutem do mais observando as figuras 57 e 58 pode-se notar que uma boa parte tanto dos
casos de alagamento quanto de deslizamento estatildeo na faixa de APP de curso hiacutedrico o
que ilustra a importacircncia da preservaccedilatildeo destas aacutereas
Figura 5 7 Aacutereas propensas a alagamento do estudo do Plano Diretor
complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento
Fonte Do Autor
31
Figura 5 8 Aacutereas propensas a deslizamento do estudo do Plano Diretor
complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento
Fonte Do Autor
Atraveacutes da combinaccedilatildeo entre estes dois levantamentos procurou-se alimentar a base de
dados e garantir uma consistecircncia maior desta no que diz respeito a aacutereas de deslizamento
e alagamento podendo inclusive se identificar a suscetibilidade de uma determinada
regiatildeo da cidade a um ou outro evento (CEPED2014)
512 O Plano diretor e as APPs
Nos uacuteltimos anos o Brasil experimentou um forte fenocircmeno de migraccedilatildeo do campo para
as aacutereas urbanas De acordo com o IBGE no periacuteodo de 1940 a 2000 houve um aumento
de cerca de 60 do nuacutemero de pessoas que vivem em cidades (SILVA JR 2006) O
processo de planejamento e ordenamento do uso do solo nessas aacutereas deveria ter
acompanhado esse crescimento ao longo dos anos a fim de garantir a qualidade de vida e
a seguranccedila dos migrantes ao se instalarem nas cidades o que natildeo ocorreu e o que se
observa atualmente satildeo ocupaccedilotildees em aacutereas improacuteprias para moradia sem a infraestrutura
baacutesica necessaacuteria e com risco iminente de deslizamentos eou inundaccedilotildees
O Plano Diretor do municiacutepio de Santos Dumont em seu capiacutetulo IV que versa sobre o
uso e ocupaccedilatildeo do solo explicita regras para o ordenamento do territoacuterio que compreende
o municiacutepio com base nos diferentes usos do solo de acordo com sua compatibilidade o
32
que acabou por resultar num zoneamento de todo o municiacutepio em macrozonas conforme
citado na seccedilatildeo 3231 de acordo com os usos atuais e futuros do solo Aleacutem de dividir
estas macrozonas em urbanas e rurais tambeacutem avaliou e classificou estas aacutereas com base
numa seacuterie de fatores ambientais geoloacutegicos culturais e sociais de forma a se fazer um
zoneamento coerente com os atuais usos do solo e seu potencial de uso futuro Apresenta-
se na Figura 59 este zoneamento na aacuterea urbana principal de Santos Dumont
Figura 5 9 Zoneamento urbano da aacuterea urbana principal
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Lei 42412012
Tomando como referecircncia o Novo Coacutedigo Florestal brasileiro em especial os paracircmetros
estabelecidos para a definiccedilatildeo de APP e utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento
atraveacutes do software Vista SAGA relacionou-se as APPs existentes na aacuterea em estudo com
as regiotildees propiacutecias a alagamentos e deslizamentos de acordo com o estudo feito quando
da elaboraccedilatildeo do Plano Diretor afim de se identificar qual ou quais aacutereas possuem estes
problemas e se estatildeo relacionados com o uso do solo irregular em APP
Ao se aplicar a metodologia proposta por Oliveira amp Fernandes Filho (2013) natildeo foram
identificadas dentro da aacuterea de estudo APPs de topos de morro sendo este tipo de APP
descartada portanto das anaacutelises subsequentes deste trabalho Foram consideradas as
APP de curso hiacutedrico (rios e nascentes) e de declividade visando relacionaacute-las as aacutereas
de risco identificadas pela Prefeitura afim de se verificar as possiacuteveis causas da ocorrecircncia
33
destas aacutereas na regiatildeo urbana do municiacutepio Por meio de combinaccedilotildees entre dois mapas
temaacuteticos utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento foi possiacutevel obter as
assinaturas ou seja tabelas que caracterizam quantitativamente a aacuterea afetada por cada
aspecto visto que a simples visualizaccedilatildeo do mapa gerado pelo geoprocessamento muitas
vezes eacute prejudicada por serem aacutereas de pequenas dimensotildees ou por qualquer outra
limitaccedilatildeo do software Ressalta-se que para a elaboraccedilatildeo do Plano Municipal de Reduccedilatildeo
de riscos a identificaccedilatildeo e detalhamento topograacutefico destas aacutereas eacute fundamental para o
desenvolvimento do referido Plano conforme seraacute abordado detalhadamente na seccedilatildeo
52
De posse do mapa que representa o zoneamento urbano de Santos Dumont primeiramente
procurou-se mensurar qualitativa e quantitativamente a presenccedila de APPs tanto de
declividade quanto de cursos hiacutedricos Essa identificaccedilatildeo eacute importante pois este
zoneamento eacute um dos instrumentos de planejamento municipal (BRASIL 2001) Saboya
(2007) aponta que os principais objetivos de um zoneamento satildeo o controle da expansatildeo
urbana e proteccedilatildeo de aacutereas inadequadas a ocupaccedilatildeo aleacutem de reduzir os conflitos inerentes
aos diferentes usos do solo Com o uso da ferramenta ldquoCombinarrdquo do Vista SAGA foram
feitas combinaccedilotildees entre o mapa de hidrografia com buffer de 30m para rios e coacuterregos e
de 50m para nascentes com o mapa do zoneamento para se verificar a importacircncia das
APPs de curso hiacutedrico em toda a aacuterea urbana principal do municiacutepio Tambeacutem foram
combinados o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) obtido atraveacutes do gvSIG com o mapa
de zoneamento afim de se verificar quantitativamente as APPs de declividade e onde se
localizam Vale ressaltar que as declividades entre 30 e 47 estatildeo presentes nesta
combinaccedilatildeo pois de acordo com o Plano Diretor de Santos Dumont terrenos com esta
faixa de declividade para fins de parcelamento devem possuir estudo teacutecnico que ateste
a viabilidade de se promover algum empreendimento imobiliaacuterio neste (SANTOS
DUMONT 2012) Como a legislaccedilatildeo municipal prevecirc estudo somente para a faixa de
declividade descrita anteriormente para fins de anaacutelise neste trabalho consideramos um
valor mais conservador para APP compreendendo a faixa de 47 a 100 aleacutem da
prevista pela legislaccedilatildeo federal (gt100) para que natildeo houvessem lacunas importantes na
geraccedilatildeo do produto
Apresenta-se na Figura 510 aacutereas com declividades consideradas de risco e consideradas
APP e em qual zona de planejamento elas estatildeo inseridas De um modo geral ao se
observar a Tabela 52 nota-se que a aacuterea que compreende declividades de risco e APP eacute
uma pequena parcela da aacuterea urbana principal representando 061 desta aacuterea Ao se
levar em conta somente a localizaccedilatildeo pode-se verificar que cerca de 84 das aacutereas com
declividade de risco e a totalidade das APPs de declividade estatildeo localizadas na ZAC1
zona que compreende a maior parte do municiacutepio e apesar de possuir infraestrutura baacutesica
para a ocupaccedilatildeo esta eacute restrita Sendo assim o fator declividade deve ser visto com cautela
nesta aacuterea para se evitar transtornos advindos de edificaccedilotildees nestas aacutereas
34
Figura 5 10 Combinaccedilatildeo entre as declividades importantes incluindo as APPs e o
zoneamento urbano
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Do autor
Tabela 52 Assinaturas da combinaccedilatildeo Declividade x Zoneamento
Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea
Natildeo APP 457972 9939
Declividade 30-47 em ZAC1 2368 051
Declividade 30-47 em ZE 284 006
Declividade 30-47 em ZAC2 128 003
Declividade 30-47 em ZPA 004 0001
APP Declividade em ZAC1 048 001
Total 460804 100
Fonte Do autor
Apresenta-se na Figura 511 as APPs de curso hiacutedrico (nascentes e rios) e em qual zona
de planejamento estatildeo localizadas Assim como a declividade a maior parte das APPs de
curso hiacutedrico estatildeo localizadas em ZAC1 representando 383 da aacuterea urbana em estudo
e 51 do total das APPs de curso hiacutedrico Esta questatildeo tambeacutem deve ser vista com
bastante criteacuterio pelos gestores locais uma vez que a ocupaccedilatildeo em faixas proacuteximas de
rios e coacuterregos podem causar uma gama de problemas ambientais e sociais na regiatildeo
(SANTANA2011) Tal cuidado tambeacutem deve ser tomado nas APPs compreendidas na
35
ZAC2 que compreende 001 da Aacuterea urbana principal e 14 do total das APPs de curso
hiacutedrico pois a infraestrutura baacutesica e acessibilidade presente nesta zona eacute precaacuteria e a
ocupaccedilatildeo as margens de cursos hiacutedricos pode gerar problemas seacuterios caso ocorra uma
expansatildeo nestas aacutereas
Figura 511 Combinaccedilatildeo entre APP de curso hiacutedrico e as zonas de planejamento
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Do autor
Outro ponto importante eacute a presenccedila da Zona de Proteccedilatildeo Ambiental (ZPA) no entorno
uma consideraacutevel parte dos cursos hiacutedricos Nesta zona estatildeo presentes 28 das APPs de
curso hiacutedrico e esta zona de acordo com o Plano Diretor deve ser restaurada ou
preservada por suas caracteriacutesticas geoloacutegicas topograacuteficas e bioloacutegicas
Afim de se verificar os usos do solo na regiatildeo em estudo foram utilizadas combinaccedilotildees
de imagens advindas do sateacutelite Landsat 8 nas bandas descritas no capiacutetulo 4 aleacutem da
banda pancromaacutetica O resultado eacute apresentado na figura 512 que mostra os principais
usos do solo na aacuterea urbana principal de Santos Dumont
36
Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x Zoneamento
Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea
Hidrografia 11168 239
Aacuterea Urbana Natildeo APP 421004 9008
APP Curso hiacutedrico em ZAC1 179 383
APP Curso hiacutedrico em ZPA 9776 209
APP Curso hiacutedrico em ZE 184 004
APP Curso hiacutedrico em ZA 1192 026
APP Curso hiacutedrico em ZAC2 5124 110
APP Curso hiacutedrico em ZPPH 248 005
APP Curso hiacutedrico em ZEIS 568 012
APP Curso hiacutedrico em ZCA 228 005
Total 467392 10000
Fonte Do autor
Figura 5 12 Mapa de usos do solo da aacuterea urbana principal de Santos Dumont
Fonte Do autor
Como jaacute era previsto a maior parte da aacuterea urbana se encontra ocupada e eacute nesta regiatildeo
ocupada que se observa a maior concentraccedilatildeo de problemas de deslizamentos e
alagamentos (Figuras 513 e 514) A grande ocupaccedilatildeo em aacutereas consideradas APP de
curso hiacutedrico de acordo com os mapas gerados pode ser a principal causa do aumento a
cada ano dos casos de alagamento principalmente na regiatildeo central da cidade Outro ponto
que se deve atentar eacute a existecircncia de uma consideraacutevel aacuterea de pastagem pouco vegetada
que caso estejam em aacutereas elevadas pode contribuir para deslizamentos e agraves margens de
37
rios e coacuterregos para o assoreamento destes corpos hiacutedricos o que pode causar
alagamentos (INAacuteCIO etal 2007)
Diante destes resultados pode-se ver que a cidade de Santos Dumont necessita alternativas
efetiva no que diz respeito agrave contenccedilatildeo de deslizamentos e a reduccedilatildeo de risco de
alagamento pois as aacutereas em que ocorrem tais eventos satildeo distintas e facilmente definidas
devido agrave repeticcedilatildeo destes nos uacuteltimos anos Um plano de accedilatildeo integrado entre as diferentes
secretarias municipais (Obras Meio Ambiente Assistecircncia Social entre outras) e a
Coordenadoria Municipal de Defesa Civil deve ser realizado afim de se tomar medidas
natildeo mais preventivas mas sim preditivas para que se possa conter o avanccedilo destes
problemas na aacuterea urbana principal bem como em toda a aacuterea do municiacutepio
Figura 5 13 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na aacuterea urbana
principal
Fonte Do autor
38
Figura 5 14 Aacutereas sujeitas a alagamento e os principais usos do solo na aacuterea
urbana principal
Fonte Do autor
Ao se associar os dados do estudo do Plano Diretor com os dados do levantamento
histoacuterico realizado com o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) pode-se notar que as aacutereas
propiacutecias a deslizamento estatildeo em regiotildees as quais haacute uma fronteira de declividades ou
seja eacute evidente que os deslizamentos ocorrem em encostas um pouco mais iacutengremes mas
natildeo necessariamente nas encostas de 30-47 as quais exigem estudo teacutecnico conforme o
plano diretor preconiza Quanto aos alagamentos nota-se que eles se localizam nas aacutereas
com menor ou nenhuma declividade podendo ser estas aacutereas talvez componentes da
planiacutecie de inundaccedilatildeo dos rios Estes resultados podem ser vistos nas figuras 515 e 516
a seguir
39
Figura5 15 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a deslizamentos na
regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
Fonte Lei 42412012 e Autor
Figura5 26 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a alagamentos na
regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
Fonte Lei 42412012 e Autor
40
52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis
O processo de ocupaccedilatildeo no municiacutepio de Santos Dumont comeccedilou muito antes de
qualquer legislaccedilatildeo relacionada a ordenamento urbano e de proteccedilatildeo do meio ambiente
fosse implementado no Brasil Esse fato aliado a poliacuteticas e fiscalizaccedilotildees falhas
contribuiacuteram para a ocupaccedilatildeo e expansatildeo da aacuterea urbana ao longo do Ribeiratildeo das Posses
e seus afluentes o que tem gerado o aumento da degradaccedilatildeo destes corpos hiacutedricos ao
longo de todos estes anos Observa-se tambeacutem que nas uacuteltimas deacutecadas ocorreu um
grande nuacutemero de migraccedilotildees do campo para a regiatildeo urbana da cidade fator que
contribuiu para o crescimento do nuacutemero de habitaccedilotildees em aacutereas de risco de deslizamento
e alagamentos por serem na maioria das vezes terrenos menos valorizados e por este
motivo acessiacuteveis a populaccedilatildeo com menor poder aquisitivo (ROSA amp CORTEZ 2008)
Vale ressaltar que esta questatildeo aleacutem de ser ambiental eacute muito mais social pois os
moradores entendem os riscos de se viver nestes locais mas por motivos econocircmicos ou
por questotildees afetivas natildeo abrem matildeo da moradia nessas aacutereas A Constituiccedilatildeo Federal de
1988 promoveu a inter-relaccedilatildeo das questotildees sociais com as questotildees ambientais quando
colocou o meio ambiente como direito coletivo (BRASIL1988 SOUZA2010) Por este
motivo a decisatildeo por medidas draacutesticas que favoreccedilam apenas agrave preservaccedilatildeo do meio
ambiente natildeo eacute recomendada pois aleacutem de ser inconstitucional podem afetar a
sustentabilidade econocircmica do municiacutepio e gerar conflitos sociais consideraacuteveis
(CARLOS 1992 apud SOUZA 2010)
Segundo Bueno (2009) ldquonem tudo o que eacute irregular eacute precaacuteriordquo Esse fato se observa em
Santos Dumont uma vez que em boa parte da regiatildeo central se observa vaacuterias moradias
construiacutedas na faixa de APP de curso hiacutedrico o que natildeo eacute permitido pela legislaccedilatildeo
vigente e eacute um dos fatores que contribui para a ocorrecircncia de alagamentos nesta aacuterea da
cidade Para a resoluccedilatildeo deste problema o que seria mais viaacutevel seria a melhoria da
infraestrutura de drenagem urbana afim de que o escoamento da aacutegua das chuvas natildeo
sobrecarregasse o sistema (BUENO2009) A construccedilatildeo de bacias de contenccedilatildeo de
cheias ao longo do Ribeiratildeo das Posses tambeacutem seria uma alternativa mas para se verificar
a viabilidade necessita-se estudos mais aprofundados do ponto de vista hidroloacutegico
O grande problema a ser solucionado no entanto eacute o que diz respeito agraves aacutereas de risco
de deslizamento majoritariamente nos bairros A melhor alternativa seria o
remanejamento dos moradores para uma aacuterea proacutexima agrave que moram poreacutem longe do
risco Poreacutem esta alternativa de acordo com Rosa Filho amp Cortez (2008) encontra alguns
entraves pois estas pessoas na maioria das vezes natildeo tecircm condiccedilotildees financeiras de irem
para outro lugar ou pagar aluguel ou estatildeo de alguma forma sentimentalmente ligadas
agravequela regiatildeo que se recusam a deixaacute-lo
41
Por parte dos oacutergatildeos competentes no municiacutepio a criaccedilatildeo de um plano para se evitar
acidentes ocasionados por deslizamentos e alagamentos com um mapeamento detalhado
de toda a extensatildeo do municiacutepio eacute extremamente uacutetil Os estudos que seratildeo feitos para a
elaboraccedilatildeo deste plano poderatildeo definir quais as aacutereas satildeo potencialmente de risco para as
ocupaccedilotildees existentes ou para as potenciais ocupaccedilotildees que possam vir a ocorrer atraveacutes do
mapeamento das aacutereas de risco Tal planejamento seraacute auxiliar ao Plano Diretor
Municipal pois definiraacute o real uso do solo de determinada regiatildeo do municiacutepio
contribuindo para a adequaccedilatildeo do uso e ocupaccedilatildeo do solo afim de evitar ou reduzir o
nuacutemero de problemas relacionados a alagamentos e principalmente deslizamentos no
periacutemetro urbano (TOMINAGA 2009) A partir deste plano os gestores locais poderatildeo
tomar a melhor decisatildeo para a prevenccedilatildeo ou reduccedilatildeo dos riscos inerentes a tais problemas
Na seccedilatildeo 521 seraacute hierarquizado de forma preliminar a aacuterea urbana principal de acordo
com os resultados da tabela 51
521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta
O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos (PMRR) foi criado atraveacutes de accedilotildees
regularizadoras do Ministeacuterio das Cidades para ser o instrumento de gestatildeo e
gerenciamento de aacutereas de risco em um municiacutepio Eacute um documento que aleacutem de
estabelecer quais regiotildees satildeo consideradas de risco tambeacutem objetiva a proposta de
medidas estruturais ou natildeo para contenccedilatildeo eou prevenccedilatildeo de cataacutestrofes aleacutem de ser um
meio de captaccedilatildeo de recursos financeiros junto aos Governos Estadual e Federal Estes
recursos poderatildeo ser utilizados para a realizaccedilatildeo de obras que visem a melhoria da
qualidade de vida da populaccedilatildeo do entorno ou de recuperaccedilatildeo da aacuterea degradada Este
plano eacute realizado de forma participativa com as comunidades das aacutereas de risco e pode
ser realizado em sete fases conforme recomenda o Ministeacuterio das Cidades (ALHEIROS
2006)
O primeiro passo para a realizaccedilatildeo do PMRR eacute definir qual a metodologia seraacute empregada
levando-se em consideraccedilatildeo a realidade atual do municiacutepio e especificar de forma sucinta
um cronograma das atividades Eacute importante nesta fase a participaccedilatildeo tambeacutem dos
responsaacuteveis pelas mais variadas Secretarias Municipais afim de explicitar o tamanho da
importacircncia e o caraacuteter integrador deste plano A segunda fase deste plano objetiva a
criaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo da principal base de dados a ser utilizada nos passos posteriores o
mapeamento de risco em escala detalhe em torno de 13000 (SAtildeO PAULO 2014) A
elaboraccedilatildeo de um mapeamento detalhado propiciaraacute natildeo soacute a identificaccedilatildeo mais faacutecil das
aacutereas de risco como tambeacutem facilitaraacute aos gestores e agrave comunidade decidirem qual a
melhor intervenccedilatildeo para a soluccedilatildeo ou remediaccedilatildeo dos problemas em uma determinada
42
aacuterea hierarquizando o risco e definindo prioridades (SAtildeO PAULO 2014) Na tabela a
seguir apresenta-se alguns tipos de intervenccedilotildees que podem ser feitas em aacutereas de risco
sugeridas pelo Ministeacuterio das cidades (ALHEIROS 2006)
Quadro 5 1 - Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco
Tipo de intervenccedilatildeo Descriccedilatildeo
Serviccedilos de limpeza e Recuperaccedilatildeo
Remoccedilatildeo de entulho lixo etc
corte de aacutervores
remoccedilatildeo de bananeiras
recuperaccedilatildeo eou limpeza de sistemas de
drenagem esgotos e acessos
Limpeza de canais de drenagem
Proteccedilatildeo Vegetal
Proteccedilatildeo superficial vegetal (gramiacuteneas) em
taludes com solo exposto
Proteccedilatildeo vegetal de margens de canais de
drenagem
Barreiras vegetais para massas escorregadas
ou acumuladas pela erosatildeo
Drenagem Superficial e Acessos
Sistema de drenagem superficial (canaletas
raacutepidos caixas de transiccedilatildeo escadas drsquoaacutegua)
Acessos para pedestres (escadarias rampas
etc) integrados ao sistema de drenagem
Revestimento de Taludes Revestimento com materiais artificiais
cimentado cal-jet tela argamassada alvenaria
de tijolos ceracircmicos solo-cimento ensacado
Desmonte de blocos e matacotildees Desmonte de concreccedilotildees de grande porte
blocos rochosos e matacotildees
Obras de drenagem de subsuperfiacutecie Sistema de drenagem de subsuperfiacutecie
(trincheiras drenantes DHP poccedilos de
rebaixamento)
Estruturas de contenccedilatildeo (localizadas)
Muros de contenccedilatildeo de pequeno porte (solo-
cimento ensacado alvenaria de pedra-rachatildeo
concreto armado)
Estruturas de contenccedilatildeo localizadas
(chumbadores tirantes microestacas)
Contenccedilatildeo e proteccedilatildeo de margens de canais (
gabiotildees muros de concreto etc)
Estruturas de contenccedilatildeo (meacutedio e grande porte) Implantaccedilatildeo de estruturas de contenccedilatildeo de
meacutedio e grande porte envolvendo obras de
contenccedilatildeo passivas e ativas (muros de
gravidade cortinas etc)
Terraplanagem Execuccedilatildeo de serviccedilos de terraplanagem
combinados a obras de drenagem superficial e
proteccedilatildeo vegetal desvio e canalizaccedilatildeo de
coacuterregos
Remoccedilatildeo de moradias Remoccedilotildees definitivas para implantaccedilatildeo de
obras ou devido agrave localizaccedilatildeo improacutepria da
edificaccedilatildeo (Priorizar as relocaccedilotildees dentro da
proacutepria aacuterea em local seguro)
Fonte ALHEIROS 2006
43
Escolhidas as formas de intervenccedilatildeo para cada aacuterea eacute necessaacuterio realizar uma estimativa
dos custos afim de preparar o orccedilamento da prefeitura para a realizaccedilatildeo das obras e se
seraacute necessaacuterio a captaccedilatildeo de recursos externos para a execuccedilatildeo destas Feitas as
estimativas de custo o proacuteximo passo eacute definir as prioridades e para esta fase eacute tambeacutem
uacutetil o mapeamento feito nas etapas anteriores pois seraacute necessaacuterio hierarquizar tais
intervenccedilotildees nas aacutereas de risco O Ministeacuterio das Cidades (2007) sugere alguns criteacuterios
que podem ser avaliados pelo gestor dentre eles pode-se citar
Grau de risco
Populaccedilatildeo beneficiada
Custo da intervenccedilatildeo
Dimensatildeo da aacuterea a ser tratada
Demandas anteriores da populaccedilatildeo
Tempo de ocupaccedilatildeo
Viabilidade teacutecnica da intervenccedilatildeo
Viabilidade financeira
Inclusatildeo da aacuterea em outros projetos
A partir desta hierarquizaccedilatildeo inicia-se a identificaccedilatildeo de provaacuteveis fontes de captaccedilatildeo de
recursos para a execuccedilatildeo das intervenccedilotildees Estes recursos podem advir de programas dos
governos Federal e Estadual ou por meio de editais para captaccedilatildeo de recursos financeiros
tanto do setor puacuteblico como da iniciativa privada e podem ser tambeacutem associados agrave outras
Secretarias Municipais como a de Turismo ou Meio Ambiente e natildeo soacute as destinadas agrave
Defesa Civil (ALHEIROS 2006)
Eacute previsto tambeacutem no PMRR uma avaliaccedilatildeo da Defesa Civil municipal e como ela estaacute
estruturada fazendo inclusive sugestotildees para que sua atuaccedilatildeo esteja em consonacircncia com
a realidade das comunidades e da Administraccedilatildeo Puacuteblica do municiacutepio de forma a garantir
sua sustentabilidade e conquistar a credibilidade da populaccedilatildeo no que diz respeito a
prevenccedilatildeo de cataacutestrofes Para que a resposta a uma determinada situaccedilatildeo de risco seja
raacutepida eacute necessaacuterio a descentralizaccedilatildeo da Defesa Civil criando pequenos nuacutecleos
comunitaacuterios com a finalidade de se monitorar a aacuterea constantemente e promover as
intervenccedilotildees necessaacuterias em tempo haacutebil o que aumenta em muito a credibilidade da
populaccedilatildeo no PMRR e no trabalho desempenhado pela Defesa Civil no municiacutepio Apoacutes
esta etapa o PMRR passaraacute por audiecircncias puacuteblicas e posteriormente poderaacute ser aprovado
como Lei Municipal pelo Legislativo local (ALHEIROS 2006)
Com a realizaccedilatildeo deste plano o municiacutepio estaraacute munido de informaccedilotildees suficientes para
realizar accedilotildees efetivas de gestatildeo e gerenciamento de riscos bem como aliado a
levantamentos sociais realizar programas habitacionais que beneficiem prioritariamente
44
aos moradores das aacutereas de risco Aleacutem disso com o PMRR o municiacutepio poderaacute melhorar
a qualidade ambiental da populaccedilatildeo captando recursos para a recuperaccedilatildeo das aacutereas de
APP que foram degradadas pelas ocupaccedilotildees irregulares beneficiando todos os moradores
do municiacutepio com o aumento da qualidade de vida na cidade
A partir do disposto nesta seccedilatildeo acerca do Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos e de
uma maneira preliminar (levando-se em conta apenas o nuacutemero de registros de
alagamentos e deslizamentos na aacuterea urbana principal de Santos Dumont no periacuteodo de
1984 a 2014) identificou-se trecircs regiotildees distintas na aacuterea urbana do municiacutepio com
tempo de recorrecircncia desses eventos similares caracterizando trecircs prioridades de
intervenccedilatildeo em contenccedilatildeo de risco como pode ser visto nas figuras 515 e 516 Vale
ressaltar que eacute necessaacuterio um estudo mais detalhado inclusive com visitas teacutecnicas a
campo para que se confirme a real situaccedilatildeo destas e a real prioridade para investimentos
Figura 5 17 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de deslizamentos
Fonte Do Autor
45
Figura 5 18 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de alagamentos
Fonte Do Autor
46
6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees
A seguir apresenta-se as conclusotildees e as recomendaccedilotildees feitas a partir dos objetivos
especiacuteficos explicitados no iniacutecio deste trabalho
Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a
aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes
urbanos
A partir da revisatildeo da legislaccedilatildeo pertinente em acircmbito federal estadual e
municipal constatou-se que o Plano Diretor de Santos Dumont natildeo conflita com a
legislaccedilatildeo federal e estadual sobre Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente A legislaccedilatildeo
municipal foi entendida como mais conservadora que as federal e estadual uma
vez que considera implicitamente que declividades entre 47 e 100 satildeo
enquadradas como APPs aleacutem da faixa superior a 100
Parte consideraacutevel das ocupaccedilotildees em APP principalmente na regiatildeo do bairro
Santo Antocircnio (onde surgiu os primeiros nuacutecleos que deram origem ao municiacutepio)
e o centro da cidade ocorreram antes de que fosse elaborado qualquer legislaccedilatildeo
que versasse sobre o tema Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente bastando ao gestor
local tomar medidas de contenccedilatildeo de riscos que minimizem os impactos causados
por essas ocupaccedilotildees nessa regiatildeo
O ordenamento adequado do uso do solo no municiacutepio eacute necessaacuterio para que o
crescimento dos loteamentos criados anteriormente agrave esta Lei e o surgimento de
novos natildeo avance para Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente o que pode causar
inuacutemeros problemas aos moradores e agravar os jaacute existentes
Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las
com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)
As aacutereas onde houveram a maior quantidade de registros de deslizamentos satildeo os
bairros mais populosos de Santos Dumont podendo se estabelecer uma relaccedilatildeo
que quanto mais populoso o bairro maior a quantidade de problemas relacionados
a deslizamentos Tambeacutem pode-se notar uma relaccedilatildeo com as fronteiras das faixas
de declividades e os deslizamentos uma vez que boa parte deles aconteceram
nestas faixas
As aacutereas onde houve um grande nuacutemero de registros de alagamentos satildeo os bairros
que se desenvolveram agraves margens do Ribeiratildeo das Posses em especial na aacuterea que
47
compreende as APPs de curso hiacutedrico e em aacutereas onde a declividade eacute baixa Esse
fato aliado ao crescimento do nuacutemero de vias pavimentadas com material
impermeaacutevel e a natildeo expansatildeo e ou redimensionamento da rede de drenagem
urbana contribuiacuteram para a ocorrecircncia cada vez mais constante de alagamentos
nessas aacutereas
Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos
catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30
anos
A partir do levantamento histoacuterico realizado e da base de dados georeferenciada
gerada observou-se o aumento do nuacutemero de registros de deslizamentos e
alagamentos nos uacuteltimos 10 anos quando as ocorrecircncias comeccedilaram a se repetir
numa mesma aacuterea com frequecircncia incrementada as vezes com mais de uma
ocorrecircncia anual
Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do
solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental
Destaca-se a adequaccedilatildeo dos criteacuterios gerais estabelecidos pelo Plano Diretor de
Santos Dumont relativos a legislaccedilatildeo federal e estadual Entretanto o referido
Plano Diretor natildeo contempla todo o territoacuterio municipal sendo assim ele natildeo
cumpre o objetivo de proteger as APPs preservadas e recuperar as que foram
degradadas em todo o territoacuterio municipal Ressalta-se tambeacutem a sua natildeo
conformidade com o Estatuto das Cidades uma vez que o Plano Diretor
contempla apenas os novos loteamentos
Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais
negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea
impactada
Recomenda-se a implantaccedilatildeo no municiacutepio de uma Coordenadoria Municipal de
Defesa Civil atuante e integrada agraves Secretarias Municipais e agrave comunidade
visando uma atuaccedilatildeo eficaz nos problemas relacionados a deslizamentos e
alagamentos A elaboraccedilatildeo de um Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos eacute de
suma importacircncia pois atraveacutes dele pode-se predizer as aacutereas que passaratildeo por
problemas caso a expansatildeo aconteccedila ou se inicie uma ocupaccedilatildeo nova aleacutem de
prevenir acidentes nas aacutereas jaacute ocupadas e consideradas de risco
48
7 Anexos
49
71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont
50
51
72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)
52
53
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27
Figura 5 3 Pontos de Alagamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico
Fonte Do autor
Figura 5 4 Pontos de deslizamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico
Fonte Do autor
28
Tabela 51 Ocorrecircncias de alagamentos e deslizamentos obtidos atraveacutes do
levantamento histoacuterico
Pontos de ocorrecircncia (1984-2014)
Bairros Alagamento Deslizamento
Aacutegua Espraiada 1 1
Antocircnio Afonso 1 0
Barra 0 1
Centro 7 1
Coacuterrego do Ouro 1 7
Flores 0 1
Graminha 1 0
Jardim Jaraguaacute 0 1
N Sra da Gloacuteria 0 4
N Sra das Graccedilas 1 0
Quarto Depoacutesito 3 2
Santo Antocircnio 4 2
Satildeo Sebastiatildeo 0 1
Vila Esperanccedila 0 1
Fonte Do autor
De acordo com o estudo realizado na elaboraccedilatildeo do Plano Diretor pela prefeitura
municipal observa-se que os bairros que possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a
deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do Ouro e Vila Esperanccedila enquanto que os que
possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a alagamento satildeo o Centro da cidade e os
bairros Satildeo Sebastiatildeo Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio por estarem agraves margens do
Ribeiratildeo das Posses um curso drsquoaacutegua que sofre com inundaccedilotildees perioacutedicas devido ao
severo assoreamento em algumas regiotildees e tambeacutem devido ao acuacutemulo de lixo descartado
pelos moradores do entorno irregularmente De acordo com o estudo realizado quando da
elaboraccedilatildeo do Plano Diretor do municiacutepio foram feitos estudos sobre as aacutereas propensas
a deslizamentos e alagamentos na regiatildeo urbana principal Tais aacutereas satildeo as destacadas
nas Figuras 55 e 56 No levantamento histoacuterico realizado pode-se identificar que os
bairros que possuem mais aacutereas propensas a deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do
Ouro Nossa Senhora da Gloacuteria Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio enquanto que os bairros
mais propensos a alagamentos satildeo os bairros Centro Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio
como observado na tabela 51
29
Figura 5 5 Aacutereas propensas a deslizamento de acordo com o Plano Diretor de
Santos Dumont
Fonte Google Earth e Lei 42412012
Figura 5 6 Aacutereas propensas a alagamento de acordo com o Plano Diretor de
Santos Dumont
Fonte Google Earth e Lei 42412012
30
Comparando-se os mapas obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico com o mapa gerado
pelo estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor nota-se que haacute semelhanccedilas em
algumas aacutereas mas ao se levar em conta o produto gerado pela pesquisa histoacuterica o
estudo necessitaria ser complementado haja vista que ele natildeo compreende por exemplo
o ponto de alagamento no bairro Antocircnio Afonso citado anteriormente e alguns pontos de
deslizamento importantes uma vez que satildeo regiotildees onde haacute ocupaccedilatildeo Esse fato evidencia
a necessidade de se buscar vaacuterias fontes primaacuterias e secundaacuterias para se detectar aacutereas de
risco em um municiacutepio incluindo arquivos da imprensa local afim de se produzir uma
base de dados consistente e com o menor nuacutemero de falhas possiacutevel (CEPED 2014) Com
a uniatildeo dos dois estudos foram gerados os mapas apresentados nas Figuras 57 e 58
Aleacutem do mais observando as figuras 57 e 58 pode-se notar que uma boa parte tanto dos
casos de alagamento quanto de deslizamento estatildeo na faixa de APP de curso hiacutedrico o
que ilustra a importacircncia da preservaccedilatildeo destas aacutereas
Figura 5 7 Aacutereas propensas a alagamento do estudo do Plano Diretor
complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento
Fonte Do Autor
31
Figura 5 8 Aacutereas propensas a deslizamento do estudo do Plano Diretor
complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento
Fonte Do Autor
Atraveacutes da combinaccedilatildeo entre estes dois levantamentos procurou-se alimentar a base de
dados e garantir uma consistecircncia maior desta no que diz respeito a aacutereas de deslizamento
e alagamento podendo inclusive se identificar a suscetibilidade de uma determinada
regiatildeo da cidade a um ou outro evento (CEPED2014)
512 O Plano diretor e as APPs
Nos uacuteltimos anos o Brasil experimentou um forte fenocircmeno de migraccedilatildeo do campo para
as aacutereas urbanas De acordo com o IBGE no periacuteodo de 1940 a 2000 houve um aumento
de cerca de 60 do nuacutemero de pessoas que vivem em cidades (SILVA JR 2006) O
processo de planejamento e ordenamento do uso do solo nessas aacutereas deveria ter
acompanhado esse crescimento ao longo dos anos a fim de garantir a qualidade de vida e
a seguranccedila dos migrantes ao se instalarem nas cidades o que natildeo ocorreu e o que se
observa atualmente satildeo ocupaccedilotildees em aacutereas improacuteprias para moradia sem a infraestrutura
baacutesica necessaacuteria e com risco iminente de deslizamentos eou inundaccedilotildees
O Plano Diretor do municiacutepio de Santos Dumont em seu capiacutetulo IV que versa sobre o
uso e ocupaccedilatildeo do solo explicita regras para o ordenamento do territoacuterio que compreende
o municiacutepio com base nos diferentes usos do solo de acordo com sua compatibilidade o
32
que acabou por resultar num zoneamento de todo o municiacutepio em macrozonas conforme
citado na seccedilatildeo 3231 de acordo com os usos atuais e futuros do solo Aleacutem de dividir
estas macrozonas em urbanas e rurais tambeacutem avaliou e classificou estas aacutereas com base
numa seacuterie de fatores ambientais geoloacutegicos culturais e sociais de forma a se fazer um
zoneamento coerente com os atuais usos do solo e seu potencial de uso futuro Apresenta-
se na Figura 59 este zoneamento na aacuterea urbana principal de Santos Dumont
Figura 5 9 Zoneamento urbano da aacuterea urbana principal
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Lei 42412012
Tomando como referecircncia o Novo Coacutedigo Florestal brasileiro em especial os paracircmetros
estabelecidos para a definiccedilatildeo de APP e utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento
atraveacutes do software Vista SAGA relacionou-se as APPs existentes na aacuterea em estudo com
as regiotildees propiacutecias a alagamentos e deslizamentos de acordo com o estudo feito quando
da elaboraccedilatildeo do Plano Diretor afim de se identificar qual ou quais aacutereas possuem estes
problemas e se estatildeo relacionados com o uso do solo irregular em APP
Ao se aplicar a metodologia proposta por Oliveira amp Fernandes Filho (2013) natildeo foram
identificadas dentro da aacuterea de estudo APPs de topos de morro sendo este tipo de APP
descartada portanto das anaacutelises subsequentes deste trabalho Foram consideradas as
APP de curso hiacutedrico (rios e nascentes) e de declividade visando relacionaacute-las as aacutereas
de risco identificadas pela Prefeitura afim de se verificar as possiacuteveis causas da ocorrecircncia
33
destas aacutereas na regiatildeo urbana do municiacutepio Por meio de combinaccedilotildees entre dois mapas
temaacuteticos utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento foi possiacutevel obter as
assinaturas ou seja tabelas que caracterizam quantitativamente a aacuterea afetada por cada
aspecto visto que a simples visualizaccedilatildeo do mapa gerado pelo geoprocessamento muitas
vezes eacute prejudicada por serem aacutereas de pequenas dimensotildees ou por qualquer outra
limitaccedilatildeo do software Ressalta-se que para a elaboraccedilatildeo do Plano Municipal de Reduccedilatildeo
de riscos a identificaccedilatildeo e detalhamento topograacutefico destas aacutereas eacute fundamental para o
desenvolvimento do referido Plano conforme seraacute abordado detalhadamente na seccedilatildeo
52
De posse do mapa que representa o zoneamento urbano de Santos Dumont primeiramente
procurou-se mensurar qualitativa e quantitativamente a presenccedila de APPs tanto de
declividade quanto de cursos hiacutedricos Essa identificaccedilatildeo eacute importante pois este
zoneamento eacute um dos instrumentos de planejamento municipal (BRASIL 2001) Saboya
(2007) aponta que os principais objetivos de um zoneamento satildeo o controle da expansatildeo
urbana e proteccedilatildeo de aacutereas inadequadas a ocupaccedilatildeo aleacutem de reduzir os conflitos inerentes
aos diferentes usos do solo Com o uso da ferramenta ldquoCombinarrdquo do Vista SAGA foram
feitas combinaccedilotildees entre o mapa de hidrografia com buffer de 30m para rios e coacuterregos e
de 50m para nascentes com o mapa do zoneamento para se verificar a importacircncia das
APPs de curso hiacutedrico em toda a aacuterea urbana principal do municiacutepio Tambeacutem foram
combinados o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) obtido atraveacutes do gvSIG com o mapa
de zoneamento afim de se verificar quantitativamente as APPs de declividade e onde se
localizam Vale ressaltar que as declividades entre 30 e 47 estatildeo presentes nesta
combinaccedilatildeo pois de acordo com o Plano Diretor de Santos Dumont terrenos com esta
faixa de declividade para fins de parcelamento devem possuir estudo teacutecnico que ateste
a viabilidade de se promover algum empreendimento imobiliaacuterio neste (SANTOS
DUMONT 2012) Como a legislaccedilatildeo municipal prevecirc estudo somente para a faixa de
declividade descrita anteriormente para fins de anaacutelise neste trabalho consideramos um
valor mais conservador para APP compreendendo a faixa de 47 a 100 aleacutem da
prevista pela legislaccedilatildeo federal (gt100) para que natildeo houvessem lacunas importantes na
geraccedilatildeo do produto
Apresenta-se na Figura 510 aacutereas com declividades consideradas de risco e consideradas
APP e em qual zona de planejamento elas estatildeo inseridas De um modo geral ao se
observar a Tabela 52 nota-se que a aacuterea que compreende declividades de risco e APP eacute
uma pequena parcela da aacuterea urbana principal representando 061 desta aacuterea Ao se
levar em conta somente a localizaccedilatildeo pode-se verificar que cerca de 84 das aacutereas com
declividade de risco e a totalidade das APPs de declividade estatildeo localizadas na ZAC1
zona que compreende a maior parte do municiacutepio e apesar de possuir infraestrutura baacutesica
para a ocupaccedilatildeo esta eacute restrita Sendo assim o fator declividade deve ser visto com cautela
nesta aacuterea para se evitar transtornos advindos de edificaccedilotildees nestas aacutereas
34
Figura 5 10 Combinaccedilatildeo entre as declividades importantes incluindo as APPs e o
zoneamento urbano
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Do autor
Tabela 52 Assinaturas da combinaccedilatildeo Declividade x Zoneamento
Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea
Natildeo APP 457972 9939
Declividade 30-47 em ZAC1 2368 051
Declividade 30-47 em ZE 284 006
Declividade 30-47 em ZAC2 128 003
Declividade 30-47 em ZPA 004 0001
APP Declividade em ZAC1 048 001
Total 460804 100
Fonte Do autor
Apresenta-se na Figura 511 as APPs de curso hiacutedrico (nascentes e rios) e em qual zona
de planejamento estatildeo localizadas Assim como a declividade a maior parte das APPs de
curso hiacutedrico estatildeo localizadas em ZAC1 representando 383 da aacuterea urbana em estudo
e 51 do total das APPs de curso hiacutedrico Esta questatildeo tambeacutem deve ser vista com
bastante criteacuterio pelos gestores locais uma vez que a ocupaccedilatildeo em faixas proacuteximas de
rios e coacuterregos podem causar uma gama de problemas ambientais e sociais na regiatildeo
(SANTANA2011) Tal cuidado tambeacutem deve ser tomado nas APPs compreendidas na
35
ZAC2 que compreende 001 da Aacuterea urbana principal e 14 do total das APPs de curso
hiacutedrico pois a infraestrutura baacutesica e acessibilidade presente nesta zona eacute precaacuteria e a
ocupaccedilatildeo as margens de cursos hiacutedricos pode gerar problemas seacuterios caso ocorra uma
expansatildeo nestas aacutereas
Figura 511 Combinaccedilatildeo entre APP de curso hiacutedrico e as zonas de planejamento
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Do autor
Outro ponto importante eacute a presenccedila da Zona de Proteccedilatildeo Ambiental (ZPA) no entorno
uma consideraacutevel parte dos cursos hiacutedricos Nesta zona estatildeo presentes 28 das APPs de
curso hiacutedrico e esta zona de acordo com o Plano Diretor deve ser restaurada ou
preservada por suas caracteriacutesticas geoloacutegicas topograacuteficas e bioloacutegicas
Afim de se verificar os usos do solo na regiatildeo em estudo foram utilizadas combinaccedilotildees
de imagens advindas do sateacutelite Landsat 8 nas bandas descritas no capiacutetulo 4 aleacutem da
banda pancromaacutetica O resultado eacute apresentado na figura 512 que mostra os principais
usos do solo na aacuterea urbana principal de Santos Dumont
36
Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x Zoneamento
Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea
Hidrografia 11168 239
Aacuterea Urbana Natildeo APP 421004 9008
APP Curso hiacutedrico em ZAC1 179 383
APP Curso hiacutedrico em ZPA 9776 209
APP Curso hiacutedrico em ZE 184 004
APP Curso hiacutedrico em ZA 1192 026
APP Curso hiacutedrico em ZAC2 5124 110
APP Curso hiacutedrico em ZPPH 248 005
APP Curso hiacutedrico em ZEIS 568 012
APP Curso hiacutedrico em ZCA 228 005
Total 467392 10000
Fonte Do autor
Figura 5 12 Mapa de usos do solo da aacuterea urbana principal de Santos Dumont
Fonte Do autor
Como jaacute era previsto a maior parte da aacuterea urbana se encontra ocupada e eacute nesta regiatildeo
ocupada que se observa a maior concentraccedilatildeo de problemas de deslizamentos e
alagamentos (Figuras 513 e 514) A grande ocupaccedilatildeo em aacutereas consideradas APP de
curso hiacutedrico de acordo com os mapas gerados pode ser a principal causa do aumento a
cada ano dos casos de alagamento principalmente na regiatildeo central da cidade Outro ponto
que se deve atentar eacute a existecircncia de uma consideraacutevel aacuterea de pastagem pouco vegetada
que caso estejam em aacutereas elevadas pode contribuir para deslizamentos e agraves margens de
37
rios e coacuterregos para o assoreamento destes corpos hiacutedricos o que pode causar
alagamentos (INAacuteCIO etal 2007)
Diante destes resultados pode-se ver que a cidade de Santos Dumont necessita alternativas
efetiva no que diz respeito agrave contenccedilatildeo de deslizamentos e a reduccedilatildeo de risco de
alagamento pois as aacutereas em que ocorrem tais eventos satildeo distintas e facilmente definidas
devido agrave repeticcedilatildeo destes nos uacuteltimos anos Um plano de accedilatildeo integrado entre as diferentes
secretarias municipais (Obras Meio Ambiente Assistecircncia Social entre outras) e a
Coordenadoria Municipal de Defesa Civil deve ser realizado afim de se tomar medidas
natildeo mais preventivas mas sim preditivas para que se possa conter o avanccedilo destes
problemas na aacuterea urbana principal bem como em toda a aacuterea do municiacutepio
Figura 5 13 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na aacuterea urbana
principal
Fonte Do autor
38
Figura 5 14 Aacutereas sujeitas a alagamento e os principais usos do solo na aacuterea
urbana principal
Fonte Do autor
Ao se associar os dados do estudo do Plano Diretor com os dados do levantamento
histoacuterico realizado com o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) pode-se notar que as aacutereas
propiacutecias a deslizamento estatildeo em regiotildees as quais haacute uma fronteira de declividades ou
seja eacute evidente que os deslizamentos ocorrem em encostas um pouco mais iacutengremes mas
natildeo necessariamente nas encostas de 30-47 as quais exigem estudo teacutecnico conforme o
plano diretor preconiza Quanto aos alagamentos nota-se que eles se localizam nas aacutereas
com menor ou nenhuma declividade podendo ser estas aacutereas talvez componentes da
planiacutecie de inundaccedilatildeo dos rios Estes resultados podem ser vistos nas figuras 515 e 516
a seguir
39
Figura5 15 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a deslizamentos na
regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
Fonte Lei 42412012 e Autor
Figura5 26 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a alagamentos na
regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
Fonte Lei 42412012 e Autor
40
52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis
O processo de ocupaccedilatildeo no municiacutepio de Santos Dumont comeccedilou muito antes de
qualquer legislaccedilatildeo relacionada a ordenamento urbano e de proteccedilatildeo do meio ambiente
fosse implementado no Brasil Esse fato aliado a poliacuteticas e fiscalizaccedilotildees falhas
contribuiacuteram para a ocupaccedilatildeo e expansatildeo da aacuterea urbana ao longo do Ribeiratildeo das Posses
e seus afluentes o que tem gerado o aumento da degradaccedilatildeo destes corpos hiacutedricos ao
longo de todos estes anos Observa-se tambeacutem que nas uacuteltimas deacutecadas ocorreu um
grande nuacutemero de migraccedilotildees do campo para a regiatildeo urbana da cidade fator que
contribuiu para o crescimento do nuacutemero de habitaccedilotildees em aacutereas de risco de deslizamento
e alagamentos por serem na maioria das vezes terrenos menos valorizados e por este
motivo acessiacuteveis a populaccedilatildeo com menor poder aquisitivo (ROSA amp CORTEZ 2008)
Vale ressaltar que esta questatildeo aleacutem de ser ambiental eacute muito mais social pois os
moradores entendem os riscos de se viver nestes locais mas por motivos econocircmicos ou
por questotildees afetivas natildeo abrem matildeo da moradia nessas aacutereas A Constituiccedilatildeo Federal de
1988 promoveu a inter-relaccedilatildeo das questotildees sociais com as questotildees ambientais quando
colocou o meio ambiente como direito coletivo (BRASIL1988 SOUZA2010) Por este
motivo a decisatildeo por medidas draacutesticas que favoreccedilam apenas agrave preservaccedilatildeo do meio
ambiente natildeo eacute recomendada pois aleacutem de ser inconstitucional podem afetar a
sustentabilidade econocircmica do municiacutepio e gerar conflitos sociais consideraacuteveis
(CARLOS 1992 apud SOUZA 2010)
Segundo Bueno (2009) ldquonem tudo o que eacute irregular eacute precaacuteriordquo Esse fato se observa em
Santos Dumont uma vez que em boa parte da regiatildeo central se observa vaacuterias moradias
construiacutedas na faixa de APP de curso hiacutedrico o que natildeo eacute permitido pela legislaccedilatildeo
vigente e eacute um dos fatores que contribui para a ocorrecircncia de alagamentos nesta aacuterea da
cidade Para a resoluccedilatildeo deste problema o que seria mais viaacutevel seria a melhoria da
infraestrutura de drenagem urbana afim de que o escoamento da aacutegua das chuvas natildeo
sobrecarregasse o sistema (BUENO2009) A construccedilatildeo de bacias de contenccedilatildeo de
cheias ao longo do Ribeiratildeo das Posses tambeacutem seria uma alternativa mas para se verificar
a viabilidade necessita-se estudos mais aprofundados do ponto de vista hidroloacutegico
O grande problema a ser solucionado no entanto eacute o que diz respeito agraves aacutereas de risco
de deslizamento majoritariamente nos bairros A melhor alternativa seria o
remanejamento dos moradores para uma aacuterea proacutexima agrave que moram poreacutem longe do
risco Poreacutem esta alternativa de acordo com Rosa Filho amp Cortez (2008) encontra alguns
entraves pois estas pessoas na maioria das vezes natildeo tecircm condiccedilotildees financeiras de irem
para outro lugar ou pagar aluguel ou estatildeo de alguma forma sentimentalmente ligadas
agravequela regiatildeo que se recusam a deixaacute-lo
41
Por parte dos oacutergatildeos competentes no municiacutepio a criaccedilatildeo de um plano para se evitar
acidentes ocasionados por deslizamentos e alagamentos com um mapeamento detalhado
de toda a extensatildeo do municiacutepio eacute extremamente uacutetil Os estudos que seratildeo feitos para a
elaboraccedilatildeo deste plano poderatildeo definir quais as aacutereas satildeo potencialmente de risco para as
ocupaccedilotildees existentes ou para as potenciais ocupaccedilotildees que possam vir a ocorrer atraveacutes do
mapeamento das aacutereas de risco Tal planejamento seraacute auxiliar ao Plano Diretor
Municipal pois definiraacute o real uso do solo de determinada regiatildeo do municiacutepio
contribuindo para a adequaccedilatildeo do uso e ocupaccedilatildeo do solo afim de evitar ou reduzir o
nuacutemero de problemas relacionados a alagamentos e principalmente deslizamentos no
periacutemetro urbano (TOMINAGA 2009) A partir deste plano os gestores locais poderatildeo
tomar a melhor decisatildeo para a prevenccedilatildeo ou reduccedilatildeo dos riscos inerentes a tais problemas
Na seccedilatildeo 521 seraacute hierarquizado de forma preliminar a aacuterea urbana principal de acordo
com os resultados da tabela 51
521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta
O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos (PMRR) foi criado atraveacutes de accedilotildees
regularizadoras do Ministeacuterio das Cidades para ser o instrumento de gestatildeo e
gerenciamento de aacutereas de risco em um municiacutepio Eacute um documento que aleacutem de
estabelecer quais regiotildees satildeo consideradas de risco tambeacutem objetiva a proposta de
medidas estruturais ou natildeo para contenccedilatildeo eou prevenccedilatildeo de cataacutestrofes aleacutem de ser um
meio de captaccedilatildeo de recursos financeiros junto aos Governos Estadual e Federal Estes
recursos poderatildeo ser utilizados para a realizaccedilatildeo de obras que visem a melhoria da
qualidade de vida da populaccedilatildeo do entorno ou de recuperaccedilatildeo da aacuterea degradada Este
plano eacute realizado de forma participativa com as comunidades das aacutereas de risco e pode
ser realizado em sete fases conforme recomenda o Ministeacuterio das Cidades (ALHEIROS
2006)
O primeiro passo para a realizaccedilatildeo do PMRR eacute definir qual a metodologia seraacute empregada
levando-se em consideraccedilatildeo a realidade atual do municiacutepio e especificar de forma sucinta
um cronograma das atividades Eacute importante nesta fase a participaccedilatildeo tambeacutem dos
responsaacuteveis pelas mais variadas Secretarias Municipais afim de explicitar o tamanho da
importacircncia e o caraacuteter integrador deste plano A segunda fase deste plano objetiva a
criaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo da principal base de dados a ser utilizada nos passos posteriores o
mapeamento de risco em escala detalhe em torno de 13000 (SAtildeO PAULO 2014) A
elaboraccedilatildeo de um mapeamento detalhado propiciaraacute natildeo soacute a identificaccedilatildeo mais faacutecil das
aacutereas de risco como tambeacutem facilitaraacute aos gestores e agrave comunidade decidirem qual a
melhor intervenccedilatildeo para a soluccedilatildeo ou remediaccedilatildeo dos problemas em uma determinada
42
aacuterea hierarquizando o risco e definindo prioridades (SAtildeO PAULO 2014) Na tabela a
seguir apresenta-se alguns tipos de intervenccedilotildees que podem ser feitas em aacutereas de risco
sugeridas pelo Ministeacuterio das cidades (ALHEIROS 2006)
Quadro 5 1 - Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco
Tipo de intervenccedilatildeo Descriccedilatildeo
Serviccedilos de limpeza e Recuperaccedilatildeo
Remoccedilatildeo de entulho lixo etc
corte de aacutervores
remoccedilatildeo de bananeiras
recuperaccedilatildeo eou limpeza de sistemas de
drenagem esgotos e acessos
Limpeza de canais de drenagem
Proteccedilatildeo Vegetal
Proteccedilatildeo superficial vegetal (gramiacuteneas) em
taludes com solo exposto
Proteccedilatildeo vegetal de margens de canais de
drenagem
Barreiras vegetais para massas escorregadas
ou acumuladas pela erosatildeo
Drenagem Superficial e Acessos
Sistema de drenagem superficial (canaletas
raacutepidos caixas de transiccedilatildeo escadas drsquoaacutegua)
Acessos para pedestres (escadarias rampas
etc) integrados ao sistema de drenagem
Revestimento de Taludes Revestimento com materiais artificiais
cimentado cal-jet tela argamassada alvenaria
de tijolos ceracircmicos solo-cimento ensacado
Desmonte de blocos e matacotildees Desmonte de concreccedilotildees de grande porte
blocos rochosos e matacotildees
Obras de drenagem de subsuperfiacutecie Sistema de drenagem de subsuperfiacutecie
(trincheiras drenantes DHP poccedilos de
rebaixamento)
Estruturas de contenccedilatildeo (localizadas)
Muros de contenccedilatildeo de pequeno porte (solo-
cimento ensacado alvenaria de pedra-rachatildeo
concreto armado)
Estruturas de contenccedilatildeo localizadas
(chumbadores tirantes microestacas)
Contenccedilatildeo e proteccedilatildeo de margens de canais (
gabiotildees muros de concreto etc)
Estruturas de contenccedilatildeo (meacutedio e grande porte) Implantaccedilatildeo de estruturas de contenccedilatildeo de
meacutedio e grande porte envolvendo obras de
contenccedilatildeo passivas e ativas (muros de
gravidade cortinas etc)
Terraplanagem Execuccedilatildeo de serviccedilos de terraplanagem
combinados a obras de drenagem superficial e
proteccedilatildeo vegetal desvio e canalizaccedilatildeo de
coacuterregos
Remoccedilatildeo de moradias Remoccedilotildees definitivas para implantaccedilatildeo de
obras ou devido agrave localizaccedilatildeo improacutepria da
edificaccedilatildeo (Priorizar as relocaccedilotildees dentro da
proacutepria aacuterea em local seguro)
Fonte ALHEIROS 2006
43
Escolhidas as formas de intervenccedilatildeo para cada aacuterea eacute necessaacuterio realizar uma estimativa
dos custos afim de preparar o orccedilamento da prefeitura para a realizaccedilatildeo das obras e se
seraacute necessaacuterio a captaccedilatildeo de recursos externos para a execuccedilatildeo destas Feitas as
estimativas de custo o proacuteximo passo eacute definir as prioridades e para esta fase eacute tambeacutem
uacutetil o mapeamento feito nas etapas anteriores pois seraacute necessaacuterio hierarquizar tais
intervenccedilotildees nas aacutereas de risco O Ministeacuterio das Cidades (2007) sugere alguns criteacuterios
que podem ser avaliados pelo gestor dentre eles pode-se citar
Grau de risco
Populaccedilatildeo beneficiada
Custo da intervenccedilatildeo
Dimensatildeo da aacuterea a ser tratada
Demandas anteriores da populaccedilatildeo
Tempo de ocupaccedilatildeo
Viabilidade teacutecnica da intervenccedilatildeo
Viabilidade financeira
Inclusatildeo da aacuterea em outros projetos
A partir desta hierarquizaccedilatildeo inicia-se a identificaccedilatildeo de provaacuteveis fontes de captaccedilatildeo de
recursos para a execuccedilatildeo das intervenccedilotildees Estes recursos podem advir de programas dos
governos Federal e Estadual ou por meio de editais para captaccedilatildeo de recursos financeiros
tanto do setor puacuteblico como da iniciativa privada e podem ser tambeacutem associados agrave outras
Secretarias Municipais como a de Turismo ou Meio Ambiente e natildeo soacute as destinadas agrave
Defesa Civil (ALHEIROS 2006)
Eacute previsto tambeacutem no PMRR uma avaliaccedilatildeo da Defesa Civil municipal e como ela estaacute
estruturada fazendo inclusive sugestotildees para que sua atuaccedilatildeo esteja em consonacircncia com
a realidade das comunidades e da Administraccedilatildeo Puacuteblica do municiacutepio de forma a garantir
sua sustentabilidade e conquistar a credibilidade da populaccedilatildeo no que diz respeito a
prevenccedilatildeo de cataacutestrofes Para que a resposta a uma determinada situaccedilatildeo de risco seja
raacutepida eacute necessaacuterio a descentralizaccedilatildeo da Defesa Civil criando pequenos nuacutecleos
comunitaacuterios com a finalidade de se monitorar a aacuterea constantemente e promover as
intervenccedilotildees necessaacuterias em tempo haacutebil o que aumenta em muito a credibilidade da
populaccedilatildeo no PMRR e no trabalho desempenhado pela Defesa Civil no municiacutepio Apoacutes
esta etapa o PMRR passaraacute por audiecircncias puacuteblicas e posteriormente poderaacute ser aprovado
como Lei Municipal pelo Legislativo local (ALHEIROS 2006)
Com a realizaccedilatildeo deste plano o municiacutepio estaraacute munido de informaccedilotildees suficientes para
realizar accedilotildees efetivas de gestatildeo e gerenciamento de riscos bem como aliado a
levantamentos sociais realizar programas habitacionais que beneficiem prioritariamente
44
aos moradores das aacutereas de risco Aleacutem disso com o PMRR o municiacutepio poderaacute melhorar
a qualidade ambiental da populaccedilatildeo captando recursos para a recuperaccedilatildeo das aacutereas de
APP que foram degradadas pelas ocupaccedilotildees irregulares beneficiando todos os moradores
do municiacutepio com o aumento da qualidade de vida na cidade
A partir do disposto nesta seccedilatildeo acerca do Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos e de
uma maneira preliminar (levando-se em conta apenas o nuacutemero de registros de
alagamentos e deslizamentos na aacuterea urbana principal de Santos Dumont no periacuteodo de
1984 a 2014) identificou-se trecircs regiotildees distintas na aacuterea urbana do municiacutepio com
tempo de recorrecircncia desses eventos similares caracterizando trecircs prioridades de
intervenccedilatildeo em contenccedilatildeo de risco como pode ser visto nas figuras 515 e 516 Vale
ressaltar que eacute necessaacuterio um estudo mais detalhado inclusive com visitas teacutecnicas a
campo para que se confirme a real situaccedilatildeo destas e a real prioridade para investimentos
Figura 5 17 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de deslizamentos
Fonte Do Autor
45
Figura 5 18 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de alagamentos
Fonte Do Autor
46
6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees
A seguir apresenta-se as conclusotildees e as recomendaccedilotildees feitas a partir dos objetivos
especiacuteficos explicitados no iniacutecio deste trabalho
Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a
aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes
urbanos
A partir da revisatildeo da legislaccedilatildeo pertinente em acircmbito federal estadual e
municipal constatou-se que o Plano Diretor de Santos Dumont natildeo conflita com a
legislaccedilatildeo federal e estadual sobre Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente A legislaccedilatildeo
municipal foi entendida como mais conservadora que as federal e estadual uma
vez que considera implicitamente que declividades entre 47 e 100 satildeo
enquadradas como APPs aleacutem da faixa superior a 100
Parte consideraacutevel das ocupaccedilotildees em APP principalmente na regiatildeo do bairro
Santo Antocircnio (onde surgiu os primeiros nuacutecleos que deram origem ao municiacutepio)
e o centro da cidade ocorreram antes de que fosse elaborado qualquer legislaccedilatildeo
que versasse sobre o tema Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente bastando ao gestor
local tomar medidas de contenccedilatildeo de riscos que minimizem os impactos causados
por essas ocupaccedilotildees nessa regiatildeo
O ordenamento adequado do uso do solo no municiacutepio eacute necessaacuterio para que o
crescimento dos loteamentos criados anteriormente agrave esta Lei e o surgimento de
novos natildeo avance para Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente o que pode causar
inuacutemeros problemas aos moradores e agravar os jaacute existentes
Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las
com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)
As aacutereas onde houveram a maior quantidade de registros de deslizamentos satildeo os
bairros mais populosos de Santos Dumont podendo se estabelecer uma relaccedilatildeo
que quanto mais populoso o bairro maior a quantidade de problemas relacionados
a deslizamentos Tambeacutem pode-se notar uma relaccedilatildeo com as fronteiras das faixas
de declividades e os deslizamentos uma vez que boa parte deles aconteceram
nestas faixas
As aacutereas onde houve um grande nuacutemero de registros de alagamentos satildeo os bairros
que se desenvolveram agraves margens do Ribeiratildeo das Posses em especial na aacuterea que
47
compreende as APPs de curso hiacutedrico e em aacutereas onde a declividade eacute baixa Esse
fato aliado ao crescimento do nuacutemero de vias pavimentadas com material
impermeaacutevel e a natildeo expansatildeo e ou redimensionamento da rede de drenagem
urbana contribuiacuteram para a ocorrecircncia cada vez mais constante de alagamentos
nessas aacutereas
Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos
catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30
anos
A partir do levantamento histoacuterico realizado e da base de dados georeferenciada
gerada observou-se o aumento do nuacutemero de registros de deslizamentos e
alagamentos nos uacuteltimos 10 anos quando as ocorrecircncias comeccedilaram a se repetir
numa mesma aacuterea com frequecircncia incrementada as vezes com mais de uma
ocorrecircncia anual
Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do
solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental
Destaca-se a adequaccedilatildeo dos criteacuterios gerais estabelecidos pelo Plano Diretor de
Santos Dumont relativos a legislaccedilatildeo federal e estadual Entretanto o referido
Plano Diretor natildeo contempla todo o territoacuterio municipal sendo assim ele natildeo
cumpre o objetivo de proteger as APPs preservadas e recuperar as que foram
degradadas em todo o territoacuterio municipal Ressalta-se tambeacutem a sua natildeo
conformidade com o Estatuto das Cidades uma vez que o Plano Diretor
contempla apenas os novos loteamentos
Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais
negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea
impactada
Recomenda-se a implantaccedilatildeo no municiacutepio de uma Coordenadoria Municipal de
Defesa Civil atuante e integrada agraves Secretarias Municipais e agrave comunidade
visando uma atuaccedilatildeo eficaz nos problemas relacionados a deslizamentos e
alagamentos A elaboraccedilatildeo de um Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos eacute de
suma importacircncia pois atraveacutes dele pode-se predizer as aacutereas que passaratildeo por
problemas caso a expansatildeo aconteccedila ou se inicie uma ocupaccedilatildeo nova aleacutem de
prevenir acidentes nas aacutereas jaacute ocupadas e consideradas de risco
48
7 Anexos
49
71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont
50
51
72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)
52
53
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SKORUPA LA Aacutereas de preservaccedilatildeo permanente e desenvolvimento sustentaacutevel
Embrapa Meio Ambiente Jaguariuacutena-SP 2004 4p
SOUZA F P Ocupaccedilotildees irregulares em APP um estudo de caso no munciacutepio de
Campos de Goytacazes- RJ Boletim do Observatoacuterio Ambiental Alberto Ribeiro Lamego
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SPERFELD A S Identificaccedilatildeo e anaacutelise de demandas soacutecio ambientais de ordem
puacuteblica em aacutereas urbanas susceptiacuteveis a desastres naturais no municiacutepio de Joinville
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ZANON F N Uso e ocupaccedilatildeo da terra e vulnerabilidade a alagamento na aacuterea central
da cidade de Satildeo Paulo O caso da subprefeitura da Seacute Trabalho de Graduaccedilatildeo UNESP
Rio Claro 2013
28
Tabela 51 Ocorrecircncias de alagamentos e deslizamentos obtidos atraveacutes do
levantamento histoacuterico
Pontos de ocorrecircncia (1984-2014)
Bairros Alagamento Deslizamento
Aacutegua Espraiada 1 1
Antocircnio Afonso 1 0
Barra 0 1
Centro 7 1
Coacuterrego do Ouro 1 7
Flores 0 1
Graminha 1 0
Jardim Jaraguaacute 0 1
N Sra da Gloacuteria 0 4
N Sra das Graccedilas 1 0
Quarto Depoacutesito 3 2
Santo Antocircnio 4 2
Satildeo Sebastiatildeo 0 1
Vila Esperanccedila 0 1
Fonte Do autor
De acordo com o estudo realizado na elaboraccedilatildeo do Plano Diretor pela prefeitura
municipal observa-se que os bairros que possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a
deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do Ouro e Vila Esperanccedila enquanto que os que
possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a alagamento satildeo o Centro da cidade e os
bairros Satildeo Sebastiatildeo Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio por estarem agraves margens do
Ribeiratildeo das Posses um curso drsquoaacutegua que sofre com inundaccedilotildees perioacutedicas devido ao
severo assoreamento em algumas regiotildees e tambeacutem devido ao acuacutemulo de lixo descartado
pelos moradores do entorno irregularmente De acordo com o estudo realizado quando da
elaboraccedilatildeo do Plano Diretor do municiacutepio foram feitos estudos sobre as aacutereas propensas
a deslizamentos e alagamentos na regiatildeo urbana principal Tais aacutereas satildeo as destacadas
nas Figuras 55 e 56 No levantamento histoacuterico realizado pode-se identificar que os
bairros que possuem mais aacutereas propensas a deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do
Ouro Nossa Senhora da Gloacuteria Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio enquanto que os bairros
mais propensos a alagamentos satildeo os bairros Centro Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio
como observado na tabela 51
29
Figura 5 5 Aacutereas propensas a deslizamento de acordo com o Plano Diretor de
Santos Dumont
Fonte Google Earth e Lei 42412012
Figura 5 6 Aacutereas propensas a alagamento de acordo com o Plano Diretor de
Santos Dumont
Fonte Google Earth e Lei 42412012
30
Comparando-se os mapas obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico com o mapa gerado
pelo estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor nota-se que haacute semelhanccedilas em
algumas aacutereas mas ao se levar em conta o produto gerado pela pesquisa histoacuterica o
estudo necessitaria ser complementado haja vista que ele natildeo compreende por exemplo
o ponto de alagamento no bairro Antocircnio Afonso citado anteriormente e alguns pontos de
deslizamento importantes uma vez que satildeo regiotildees onde haacute ocupaccedilatildeo Esse fato evidencia
a necessidade de se buscar vaacuterias fontes primaacuterias e secundaacuterias para se detectar aacutereas de
risco em um municiacutepio incluindo arquivos da imprensa local afim de se produzir uma
base de dados consistente e com o menor nuacutemero de falhas possiacutevel (CEPED 2014) Com
a uniatildeo dos dois estudos foram gerados os mapas apresentados nas Figuras 57 e 58
Aleacutem do mais observando as figuras 57 e 58 pode-se notar que uma boa parte tanto dos
casos de alagamento quanto de deslizamento estatildeo na faixa de APP de curso hiacutedrico o
que ilustra a importacircncia da preservaccedilatildeo destas aacutereas
Figura 5 7 Aacutereas propensas a alagamento do estudo do Plano Diretor
complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento
Fonte Do Autor
31
Figura 5 8 Aacutereas propensas a deslizamento do estudo do Plano Diretor
complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento
Fonte Do Autor
Atraveacutes da combinaccedilatildeo entre estes dois levantamentos procurou-se alimentar a base de
dados e garantir uma consistecircncia maior desta no que diz respeito a aacutereas de deslizamento
e alagamento podendo inclusive se identificar a suscetibilidade de uma determinada
regiatildeo da cidade a um ou outro evento (CEPED2014)
512 O Plano diretor e as APPs
Nos uacuteltimos anos o Brasil experimentou um forte fenocircmeno de migraccedilatildeo do campo para
as aacutereas urbanas De acordo com o IBGE no periacuteodo de 1940 a 2000 houve um aumento
de cerca de 60 do nuacutemero de pessoas que vivem em cidades (SILVA JR 2006) O
processo de planejamento e ordenamento do uso do solo nessas aacutereas deveria ter
acompanhado esse crescimento ao longo dos anos a fim de garantir a qualidade de vida e
a seguranccedila dos migrantes ao se instalarem nas cidades o que natildeo ocorreu e o que se
observa atualmente satildeo ocupaccedilotildees em aacutereas improacuteprias para moradia sem a infraestrutura
baacutesica necessaacuteria e com risco iminente de deslizamentos eou inundaccedilotildees
O Plano Diretor do municiacutepio de Santos Dumont em seu capiacutetulo IV que versa sobre o
uso e ocupaccedilatildeo do solo explicita regras para o ordenamento do territoacuterio que compreende
o municiacutepio com base nos diferentes usos do solo de acordo com sua compatibilidade o
32
que acabou por resultar num zoneamento de todo o municiacutepio em macrozonas conforme
citado na seccedilatildeo 3231 de acordo com os usos atuais e futuros do solo Aleacutem de dividir
estas macrozonas em urbanas e rurais tambeacutem avaliou e classificou estas aacutereas com base
numa seacuterie de fatores ambientais geoloacutegicos culturais e sociais de forma a se fazer um
zoneamento coerente com os atuais usos do solo e seu potencial de uso futuro Apresenta-
se na Figura 59 este zoneamento na aacuterea urbana principal de Santos Dumont
Figura 5 9 Zoneamento urbano da aacuterea urbana principal
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Lei 42412012
Tomando como referecircncia o Novo Coacutedigo Florestal brasileiro em especial os paracircmetros
estabelecidos para a definiccedilatildeo de APP e utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento
atraveacutes do software Vista SAGA relacionou-se as APPs existentes na aacuterea em estudo com
as regiotildees propiacutecias a alagamentos e deslizamentos de acordo com o estudo feito quando
da elaboraccedilatildeo do Plano Diretor afim de se identificar qual ou quais aacutereas possuem estes
problemas e se estatildeo relacionados com o uso do solo irregular em APP
Ao se aplicar a metodologia proposta por Oliveira amp Fernandes Filho (2013) natildeo foram
identificadas dentro da aacuterea de estudo APPs de topos de morro sendo este tipo de APP
descartada portanto das anaacutelises subsequentes deste trabalho Foram consideradas as
APP de curso hiacutedrico (rios e nascentes) e de declividade visando relacionaacute-las as aacutereas
de risco identificadas pela Prefeitura afim de se verificar as possiacuteveis causas da ocorrecircncia
33
destas aacutereas na regiatildeo urbana do municiacutepio Por meio de combinaccedilotildees entre dois mapas
temaacuteticos utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento foi possiacutevel obter as
assinaturas ou seja tabelas que caracterizam quantitativamente a aacuterea afetada por cada
aspecto visto que a simples visualizaccedilatildeo do mapa gerado pelo geoprocessamento muitas
vezes eacute prejudicada por serem aacutereas de pequenas dimensotildees ou por qualquer outra
limitaccedilatildeo do software Ressalta-se que para a elaboraccedilatildeo do Plano Municipal de Reduccedilatildeo
de riscos a identificaccedilatildeo e detalhamento topograacutefico destas aacutereas eacute fundamental para o
desenvolvimento do referido Plano conforme seraacute abordado detalhadamente na seccedilatildeo
52
De posse do mapa que representa o zoneamento urbano de Santos Dumont primeiramente
procurou-se mensurar qualitativa e quantitativamente a presenccedila de APPs tanto de
declividade quanto de cursos hiacutedricos Essa identificaccedilatildeo eacute importante pois este
zoneamento eacute um dos instrumentos de planejamento municipal (BRASIL 2001) Saboya
(2007) aponta que os principais objetivos de um zoneamento satildeo o controle da expansatildeo
urbana e proteccedilatildeo de aacutereas inadequadas a ocupaccedilatildeo aleacutem de reduzir os conflitos inerentes
aos diferentes usos do solo Com o uso da ferramenta ldquoCombinarrdquo do Vista SAGA foram
feitas combinaccedilotildees entre o mapa de hidrografia com buffer de 30m para rios e coacuterregos e
de 50m para nascentes com o mapa do zoneamento para se verificar a importacircncia das
APPs de curso hiacutedrico em toda a aacuterea urbana principal do municiacutepio Tambeacutem foram
combinados o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) obtido atraveacutes do gvSIG com o mapa
de zoneamento afim de se verificar quantitativamente as APPs de declividade e onde se
localizam Vale ressaltar que as declividades entre 30 e 47 estatildeo presentes nesta
combinaccedilatildeo pois de acordo com o Plano Diretor de Santos Dumont terrenos com esta
faixa de declividade para fins de parcelamento devem possuir estudo teacutecnico que ateste
a viabilidade de se promover algum empreendimento imobiliaacuterio neste (SANTOS
DUMONT 2012) Como a legislaccedilatildeo municipal prevecirc estudo somente para a faixa de
declividade descrita anteriormente para fins de anaacutelise neste trabalho consideramos um
valor mais conservador para APP compreendendo a faixa de 47 a 100 aleacutem da
prevista pela legislaccedilatildeo federal (gt100) para que natildeo houvessem lacunas importantes na
geraccedilatildeo do produto
Apresenta-se na Figura 510 aacutereas com declividades consideradas de risco e consideradas
APP e em qual zona de planejamento elas estatildeo inseridas De um modo geral ao se
observar a Tabela 52 nota-se que a aacuterea que compreende declividades de risco e APP eacute
uma pequena parcela da aacuterea urbana principal representando 061 desta aacuterea Ao se
levar em conta somente a localizaccedilatildeo pode-se verificar que cerca de 84 das aacutereas com
declividade de risco e a totalidade das APPs de declividade estatildeo localizadas na ZAC1
zona que compreende a maior parte do municiacutepio e apesar de possuir infraestrutura baacutesica
para a ocupaccedilatildeo esta eacute restrita Sendo assim o fator declividade deve ser visto com cautela
nesta aacuterea para se evitar transtornos advindos de edificaccedilotildees nestas aacutereas
34
Figura 5 10 Combinaccedilatildeo entre as declividades importantes incluindo as APPs e o
zoneamento urbano
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Do autor
Tabela 52 Assinaturas da combinaccedilatildeo Declividade x Zoneamento
Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea
Natildeo APP 457972 9939
Declividade 30-47 em ZAC1 2368 051
Declividade 30-47 em ZE 284 006
Declividade 30-47 em ZAC2 128 003
Declividade 30-47 em ZPA 004 0001
APP Declividade em ZAC1 048 001
Total 460804 100
Fonte Do autor
Apresenta-se na Figura 511 as APPs de curso hiacutedrico (nascentes e rios) e em qual zona
de planejamento estatildeo localizadas Assim como a declividade a maior parte das APPs de
curso hiacutedrico estatildeo localizadas em ZAC1 representando 383 da aacuterea urbana em estudo
e 51 do total das APPs de curso hiacutedrico Esta questatildeo tambeacutem deve ser vista com
bastante criteacuterio pelos gestores locais uma vez que a ocupaccedilatildeo em faixas proacuteximas de
rios e coacuterregos podem causar uma gama de problemas ambientais e sociais na regiatildeo
(SANTANA2011) Tal cuidado tambeacutem deve ser tomado nas APPs compreendidas na
35
ZAC2 que compreende 001 da Aacuterea urbana principal e 14 do total das APPs de curso
hiacutedrico pois a infraestrutura baacutesica e acessibilidade presente nesta zona eacute precaacuteria e a
ocupaccedilatildeo as margens de cursos hiacutedricos pode gerar problemas seacuterios caso ocorra uma
expansatildeo nestas aacutereas
Figura 511 Combinaccedilatildeo entre APP de curso hiacutedrico e as zonas de planejamento
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Do autor
Outro ponto importante eacute a presenccedila da Zona de Proteccedilatildeo Ambiental (ZPA) no entorno
uma consideraacutevel parte dos cursos hiacutedricos Nesta zona estatildeo presentes 28 das APPs de
curso hiacutedrico e esta zona de acordo com o Plano Diretor deve ser restaurada ou
preservada por suas caracteriacutesticas geoloacutegicas topograacuteficas e bioloacutegicas
Afim de se verificar os usos do solo na regiatildeo em estudo foram utilizadas combinaccedilotildees
de imagens advindas do sateacutelite Landsat 8 nas bandas descritas no capiacutetulo 4 aleacutem da
banda pancromaacutetica O resultado eacute apresentado na figura 512 que mostra os principais
usos do solo na aacuterea urbana principal de Santos Dumont
36
Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x Zoneamento
Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea
Hidrografia 11168 239
Aacuterea Urbana Natildeo APP 421004 9008
APP Curso hiacutedrico em ZAC1 179 383
APP Curso hiacutedrico em ZPA 9776 209
APP Curso hiacutedrico em ZE 184 004
APP Curso hiacutedrico em ZA 1192 026
APP Curso hiacutedrico em ZAC2 5124 110
APP Curso hiacutedrico em ZPPH 248 005
APP Curso hiacutedrico em ZEIS 568 012
APP Curso hiacutedrico em ZCA 228 005
Total 467392 10000
Fonte Do autor
Figura 5 12 Mapa de usos do solo da aacuterea urbana principal de Santos Dumont
Fonte Do autor
Como jaacute era previsto a maior parte da aacuterea urbana se encontra ocupada e eacute nesta regiatildeo
ocupada que se observa a maior concentraccedilatildeo de problemas de deslizamentos e
alagamentos (Figuras 513 e 514) A grande ocupaccedilatildeo em aacutereas consideradas APP de
curso hiacutedrico de acordo com os mapas gerados pode ser a principal causa do aumento a
cada ano dos casos de alagamento principalmente na regiatildeo central da cidade Outro ponto
que se deve atentar eacute a existecircncia de uma consideraacutevel aacuterea de pastagem pouco vegetada
que caso estejam em aacutereas elevadas pode contribuir para deslizamentos e agraves margens de
37
rios e coacuterregos para o assoreamento destes corpos hiacutedricos o que pode causar
alagamentos (INAacuteCIO etal 2007)
Diante destes resultados pode-se ver que a cidade de Santos Dumont necessita alternativas
efetiva no que diz respeito agrave contenccedilatildeo de deslizamentos e a reduccedilatildeo de risco de
alagamento pois as aacutereas em que ocorrem tais eventos satildeo distintas e facilmente definidas
devido agrave repeticcedilatildeo destes nos uacuteltimos anos Um plano de accedilatildeo integrado entre as diferentes
secretarias municipais (Obras Meio Ambiente Assistecircncia Social entre outras) e a
Coordenadoria Municipal de Defesa Civil deve ser realizado afim de se tomar medidas
natildeo mais preventivas mas sim preditivas para que se possa conter o avanccedilo destes
problemas na aacuterea urbana principal bem como em toda a aacuterea do municiacutepio
Figura 5 13 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na aacuterea urbana
principal
Fonte Do autor
38
Figura 5 14 Aacutereas sujeitas a alagamento e os principais usos do solo na aacuterea
urbana principal
Fonte Do autor
Ao se associar os dados do estudo do Plano Diretor com os dados do levantamento
histoacuterico realizado com o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) pode-se notar que as aacutereas
propiacutecias a deslizamento estatildeo em regiotildees as quais haacute uma fronteira de declividades ou
seja eacute evidente que os deslizamentos ocorrem em encostas um pouco mais iacutengremes mas
natildeo necessariamente nas encostas de 30-47 as quais exigem estudo teacutecnico conforme o
plano diretor preconiza Quanto aos alagamentos nota-se que eles se localizam nas aacutereas
com menor ou nenhuma declividade podendo ser estas aacutereas talvez componentes da
planiacutecie de inundaccedilatildeo dos rios Estes resultados podem ser vistos nas figuras 515 e 516
a seguir
39
Figura5 15 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a deslizamentos na
regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
Fonte Lei 42412012 e Autor
Figura5 26 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a alagamentos na
regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
Fonte Lei 42412012 e Autor
40
52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis
O processo de ocupaccedilatildeo no municiacutepio de Santos Dumont comeccedilou muito antes de
qualquer legislaccedilatildeo relacionada a ordenamento urbano e de proteccedilatildeo do meio ambiente
fosse implementado no Brasil Esse fato aliado a poliacuteticas e fiscalizaccedilotildees falhas
contribuiacuteram para a ocupaccedilatildeo e expansatildeo da aacuterea urbana ao longo do Ribeiratildeo das Posses
e seus afluentes o que tem gerado o aumento da degradaccedilatildeo destes corpos hiacutedricos ao
longo de todos estes anos Observa-se tambeacutem que nas uacuteltimas deacutecadas ocorreu um
grande nuacutemero de migraccedilotildees do campo para a regiatildeo urbana da cidade fator que
contribuiu para o crescimento do nuacutemero de habitaccedilotildees em aacutereas de risco de deslizamento
e alagamentos por serem na maioria das vezes terrenos menos valorizados e por este
motivo acessiacuteveis a populaccedilatildeo com menor poder aquisitivo (ROSA amp CORTEZ 2008)
Vale ressaltar que esta questatildeo aleacutem de ser ambiental eacute muito mais social pois os
moradores entendem os riscos de se viver nestes locais mas por motivos econocircmicos ou
por questotildees afetivas natildeo abrem matildeo da moradia nessas aacutereas A Constituiccedilatildeo Federal de
1988 promoveu a inter-relaccedilatildeo das questotildees sociais com as questotildees ambientais quando
colocou o meio ambiente como direito coletivo (BRASIL1988 SOUZA2010) Por este
motivo a decisatildeo por medidas draacutesticas que favoreccedilam apenas agrave preservaccedilatildeo do meio
ambiente natildeo eacute recomendada pois aleacutem de ser inconstitucional podem afetar a
sustentabilidade econocircmica do municiacutepio e gerar conflitos sociais consideraacuteveis
(CARLOS 1992 apud SOUZA 2010)
Segundo Bueno (2009) ldquonem tudo o que eacute irregular eacute precaacuteriordquo Esse fato se observa em
Santos Dumont uma vez que em boa parte da regiatildeo central se observa vaacuterias moradias
construiacutedas na faixa de APP de curso hiacutedrico o que natildeo eacute permitido pela legislaccedilatildeo
vigente e eacute um dos fatores que contribui para a ocorrecircncia de alagamentos nesta aacuterea da
cidade Para a resoluccedilatildeo deste problema o que seria mais viaacutevel seria a melhoria da
infraestrutura de drenagem urbana afim de que o escoamento da aacutegua das chuvas natildeo
sobrecarregasse o sistema (BUENO2009) A construccedilatildeo de bacias de contenccedilatildeo de
cheias ao longo do Ribeiratildeo das Posses tambeacutem seria uma alternativa mas para se verificar
a viabilidade necessita-se estudos mais aprofundados do ponto de vista hidroloacutegico
O grande problema a ser solucionado no entanto eacute o que diz respeito agraves aacutereas de risco
de deslizamento majoritariamente nos bairros A melhor alternativa seria o
remanejamento dos moradores para uma aacuterea proacutexima agrave que moram poreacutem longe do
risco Poreacutem esta alternativa de acordo com Rosa Filho amp Cortez (2008) encontra alguns
entraves pois estas pessoas na maioria das vezes natildeo tecircm condiccedilotildees financeiras de irem
para outro lugar ou pagar aluguel ou estatildeo de alguma forma sentimentalmente ligadas
agravequela regiatildeo que se recusam a deixaacute-lo
41
Por parte dos oacutergatildeos competentes no municiacutepio a criaccedilatildeo de um plano para se evitar
acidentes ocasionados por deslizamentos e alagamentos com um mapeamento detalhado
de toda a extensatildeo do municiacutepio eacute extremamente uacutetil Os estudos que seratildeo feitos para a
elaboraccedilatildeo deste plano poderatildeo definir quais as aacutereas satildeo potencialmente de risco para as
ocupaccedilotildees existentes ou para as potenciais ocupaccedilotildees que possam vir a ocorrer atraveacutes do
mapeamento das aacutereas de risco Tal planejamento seraacute auxiliar ao Plano Diretor
Municipal pois definiraacute o real uso do solo de determinada regiatildeo do municiacutepio
contribuindo para a adequaccedilatildeo do uso e ocupaccedilatildeo do solo afim de evitar ou reduzir o
nuacutemero de problemas relacionados a alagamentos e principalmente deslizamentos no
periacutemetro urbano (TOMINAGA 2009) A partir deste plano os gestores locais poderatildeo
tomar a melhor decisatildeo para a prevenccedilatildeo ou reduccedilatildeo dos riscos inerentes a tais problemas
Na seccedilatildeo 521 seraacute hierarquizado de forma preliminar a aacuterea urbana principal de acordo
com os resultados da tabela 51
521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta
O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos (PMRR) foi criado atraveacutes de accedilotildees
regularizadoras do Ministeacuterio das Cidades para ser o instrumento de gestatildeo e
gerenciamento de aacutereas de risco em um municiacutepio Eacute um documento que aleacutem de
estabelecer quais regiotildees satildeo consideradas de risco tambeacutem objetiva a proposta de
medidas estruturais ou natildeo para contenccedilatildeo eou prevenccedilatildeo de cataacutestrofes aleacutem de ser um
meio de captaccedilatildeo de recursos financeiros junto aos Governos Estadual e Federal Estes
recursos poderatildeo ser utilizados para a realizaccedilatildeo de obras que visem a melhoria da
qualidade de vida da populaccedilatildeo do entorno ou de recuperaccedilatildeo da aacuterea degradada Este
plano eacute realizado de forma participativa com as comunidades das aacutereas de risco e pode
ser realizado em sete fases conforme recomenda o Ministeacuterio das Cidades (ALHEIROS
2006)
O primeiro passo para a realizaccedilatildeo do PMRR eacute definir qual a metodologia seraacute empregada
levando-se em consideraccedilatildeo a realidade atual do municiacutepio e especificar de forma sucinta
um cronograma das atividades Eacute importante nesta fase a participaccedilatildeo tambeacutem dos
responsaacuteveis pelas mais variadas Secretarias Municipais afim de explicitar o tamanho da
importacircncia e o caraacuteter integrador deste plano A segunda fase deste plano objetiva a
criaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo da principal base de dados a ser utilizada nos passos posteriores o
mapeamento de risco em escala detalhe em torno de 13000 (SAtildeO PAULO 2014) A
elaboraccedilatildeo de um mapeamento detalhado propiciaraacute natildeo soacute a identificaccedilatildeo mais faacutecil das
aacutereas de risco como tambeacutem facilitaraacute aos gestores e agrave comunidade decidirem qual a
melhor intervenccedilatildeo para a soluccedilatildeo ou remediaccedilatildeo dos problemas em uma determinada
42
aacuterea hierarquizando o risco e definindo prioridades (SAtildeO PAULO 2014) Na tabela a
seguir apresenta-se alguns tipos de intervenccedilotildees que podem ser feitas em aacutereas de risco
sugeridas pelo Ministeacuterio das cidades (ALHEIROS 2006)
Quadro 5 1 - Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco
Tipo de intervenccedilatildeo Descriccedilatildeo
Serviccedilos de limpeza e Recuperaccedilatildeo
Remoccedilatildeo de entulho lixo etc
corte de aacutervores
remoccedilatildeo de bananeiras
recuperaccedilatildeo eou limpeza de sistemas de
drenagem esgotos e acessos
Limpeza de canais de drenagem
Proteccedilatildeo Vegetal
Proteccedilatildeo superficial vegetal (gramiacuteneas) em
taludes com solo exposto
Proteccedilatildeo vegetal de margens de canais de
drenagem
Barreiras vegetais para massas escorregadas
ou acumuladas pela erosatildeo
Drenagem Superficial e Acessos
Sistema de drenagem superficial (canaletas
raacutepidos caixas de transiccedilatildeo escadas drsquoaacutegua)
Acessos para pedestres (escadarias rampas
etc) integrados ao sistema de drenagem
Revestimento de Taludes Revestimento com materiais artificiais
cimentado cal-jet tela argamassada alvenaria
de tijolos ceracircmicos solo-cimento ensacado
Desmonte de blocos e matacotildees Desmonte de concreccedilotildees de grande porte
blocos rochosos e matacotildees
Obras de drenagem de subsuperfiacutecie Sistema de drenagem de subsuperfiacutecie
(trincheiras drenantes DHP poccedilos de
rebaixamento)
Estruturas de contenccedilatildeo (localizadas)
Muros de contenccedilatildeo de pequeno porte (solo-
cimento ensacado alvenaria de pedra-rachatildeo
concreto armado)
Estruturas de contenccedilatildeo localizadas
(chumbadores tirantes microestacas)
Contenccedilatildeo e proteccedilatildeo de margens de canais (
gabiotildees muros de concreto etc)
Estruturas de contenccedilatildeo (meacutedio e grande porte) Implantaccedilatildeo de estruturas de contenccedilatildeo de
meacutedio e grande porte envolvendo obras de
contenccedilatildeo passivas e ativas (muros de
gravidade cortinas etc)
Terraplanagem Execuccedilatildeo de serviccedilos de terraplanagem
combinados a obras de drenagem superficial e
proteccedilatildeo vegetal desvio e canalizaccedilatildeo de
coacuterregos
Remoccedilatildeo de moradias Remoccedilotildees definitivas para implantaccedilatildeo de
obras ou devido agrave localizaccedilatildeo improacutepria da
edificaccedilatildeo (Priorizar as relocaccedilotildees dentro da
proacutepria aacuterea em local seguro)
Fonte ALHEIROS 2006
43
Escolhidas as formas de intervenccedilatildeo para cada aacuterea eacute necessaacuterio realizar uma estimativa
dos custos afim de preparar o orccedilamento da prefeitura para a realizaccedilatildeo das obras e se
seraacute necessaacuterio a captaccedilatildeo de recursos externos para a execuccedilatildeo destas Feitas as
estimativas de custo o proacuteximo passo eacute definir as prioridades e para esta fase eacute tambeacutem
uacutetil o mapeamento feito nas etapas anteriores pois seraacute necessaacuterio hierarquizar tais
intervenccedilotildees nas aacutereas de risco O Ministeacuterio das Cidades (2007) sugere alguns criteacuterios
que podem ser avaliados pelo gestor dentre eles pode-se citar
Grau de risco
Populaccedilatildeo beneficiada
Custo da intervenccedilatildeo
Dimensatildeo da aacuterea a ser tratada
Demandas anteriores da populaccedilatildeo
Tempo de ocupaccedilatildeo
Viabilidade teacutecnica da intervenccedilatildeo
Viabilidade financeira
Inclusatildeo da aacuterea em outros projetos
A partir desta hierarquizaccedilatildeo inicia-se a identificaccedilatildeo de provaacuteveis fontes de captaccedilatildeo de
recursos para a execuccedilatildeo das intervenccedilotildees Estes recursos podem advir de programas dos
governos Federal e Estadual ou por meio de editais para captaccedilatildeo de recursos financeiros
tanto do setor puacuteblico como da iniciativa privada e podem ser tambeacutem associados agrave outras
Secretarias Municipais como a de Turismo ou Meio Ambiente e natildeo soacute as destinadas agrave
Defesa Civil (ALHEIROS 2006)
Eacute previsto tambeacutem no PMRR uma avaliaccedilatildeo da Defesa Civil municipal e como ela estaacute
estruturada fazendo inclusive sugestotildees para que sua atuaccedilatildeo esteja em consonacircncia com
a realidade das comunidades e da Administraccedilatildeo Puacuteblica do municiacutepio de forma a garantir
sua sustentabilidade e conquistar a credibilidade da populaccedilatildeo no que diz respeito a
prevenccedilatildeo de cataacutestrofes Para que a resposta a uma determinada situaccedilatildeo de risco seja
raacutepida eacute necessaacuterio a descentralizaccedilatildeo da Defesa Civil criando pequenos nuacutecleos
comunitaacuterios com a finalidade de se monitorar a aacuterea constantemente e promover as
intervenccedilotildees necessaacuterias em tempo haacutebil o que aumenta em muito a credibilidade da
populaccedilatildeo no PMRR e no trabalho desempenhado pela Defesa Civil no municiacutepio Apoacutes
esta etapa o PMRR passaraacute por audiecircncias puacuteblicas e posteriormente poderaacute ser aprovado
como Lei Municipal pelo Legislativo local (ALHEIROS 2006)
Com a realizaccedilatildeo deste plano o municiacutepio estaraacute munido de informaccedilotildees suficientes para
realizar accedilotildees efetivas de gestatildeo e gerenciamento de riscos bem como aliado a
levantamentos sociais realizar programas habitacionais que beneficiem prioritariamente
44
aos moradores das aacutereas de risco Aleacutem disso com o PMRR o municiacutepio poderaacute melhorar
a qualidade ambiental da populaccedilatildeo captando recursos para a recuperaccedilatildeo das aacutereas de
APP que foram degradadas pelas ocupaccedilotildees irregulares beneficiando todos os moradores
do municiacutepio com o aumento da qualidade de vida na cidade
A partir do disposto nesta seccedilatildeo acerca do Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos e de
uma maneira preliminar (levando-se em conta apenas o nuacutemero de registros de
alagamentos e deslizamentos na aacuterea urbana principal de Santos Dumont no periacuteodo de
1984 a 2014) identificou-se trecircs regiotildees distintas na aacuterea urbana do municiacutepio com
tempo de recorrecircncia desses eventos similares caracterizando trecircs prioridades de
intervenccedilatildeo em contenccedilatildeo de risco como pode ser visto nas figuras 515 e 516 Vale
ressaltar que eacute necessaacuterio um estudo mais detalhado inclusive com visitas teacutecnicas a
campo para que se confirme a real situaccedilatildeo destas e a real prioridade para investimentos
Figura 5 17 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de deslizamentos
Fonte Do Autor
45
Figura 5 18 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de alagamentos
Fonte Do Autor
46
6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees
A seguir apresenta-se as conclusotildees e as recomendaccedilotildees feitas a partir dos objetivos
especiacuteficos explicitados no iniacutecio deste trabalho
Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a
aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes
urbanos
A partir da revisatildeo da legislaccedilatildeo pertinente em acircmbito federal estadual e
municipal constatou-se que o Plano Diretor de Santos Dumont natildeo conflita com a
legislaccedilatildeo federal e estadual sobre Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente A legislaccedilatildeo
municipal foi entendida como mais conservadora que as federal e estadual uma
vez que considera implicitamente que declividades entre 47 e 100 satildeo
enquadradas como APPs aleacutem da faixa superior a 100
Parte consideraacutevel das ocupaccedilotildees em APP principalmente na regiatildeo do bairro
Santo Antocircnio (onde surgiu os primeiros nuacutecleos que deram origem ao municiacutepio)
e o centro da cidade ocorreram antes de que fosse elaborado qualquer legislaccedilatildeo
que versasse sobre o tema Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente bastando ao gestor
local tomar medidas de contenccedilatildeo de riscos que minimizem os impactos causados
por essas ocupaccedilotildees nessa regiatildeo
O ordenamento adequado do uso do solo no municiacutepio eacute necessaacuterio para que o
crescimento dos loteamentos criados anteriormente agrave esta Lei e o surgimento de
novos natildeo avance para Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente o que pode causar
inuacutemeros problemas aos moradores e agravar os jaacute existentes
Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las
com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)
As aacutereas onde houveram a maior quantidade de registros de deslizamentos satildeo os
bairros mais populosos de Santos Dumont podendo se estabelecer uma relaccedilatildeo
que quanto mais populoso o bairro maior a quantidade de problemas relacionados
a deslizamentos Tambeacutem pode-se notar uma relaccedilatildeo com as fronteiras das faixas
de declividades e os deslizamentos uma vez que boa parte deles aconteceram
nestas faixas
As aacutereas onde houve um grande nuacutemero de registros de alagamentos satildeo os bairros
que se desenvolveram agraves margens do Ribeiratildeo das Posses em especial na aacuterea que
47
compreende as APPs de curso hiacutedrico e em aacutereas onde a declividade eacute baixa Esse
fato aliado ao crescimento do nuacutemero de vias pavimentadas com material
impermeaacutevel e a natildeo expansatildeo e ou redimensionamento da rede de drenagem
urbana contribuiacuteram para a ocorrecircncia cada vez mais constante de alagamentos
nessas aacutereas
Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos
catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30
anos
A partir do levantamento histoacuterico realizado e da base de dados georeferenciada
gerada observou-se o aumento do nuacutemero de registros de deslizamentos e
alagamentos nos uacuteltimos 10 anos quando as ocorrecircncias comeccedilaram a se repetir
numa mesma aacuterea com frequecircncia incrementada as vezes com mais de uma
ocorrecircncia anual
Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do
solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental
Destaca-se a adequaccedilatildeo dos criteacuterios gerais estabelecidos pelo Plano Diretor de
Santos Dumont relativos a legislaccedilatildeo federal e estadual Entretanto o referido
Plano Diretor natildeo contempla todo o territoacuterio municipal sendo assim ele natildeo
cumpre o objetivo de proteger as APPs preservadas e recuperar as que foram
degradadas em todo o territoacuterio municipal Ressalta-se tambeacutem a sua natildeo
conformidade com o Estatuto das Cidades uma vez que o Plano Diretor
contempla apenas os novos loteamentos
Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais
negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea
impactada
Recomenda-se a implantaccedilatildeo no municiacutepio de uma Coordenadoria Municipal de
Defesa Civil atuante e integrada agraves Secretarias Municipais e agrave comunidade
visando uma atuaccedilatildeo eficaz nos problemas relacionados a deslizamentos e
alagamentos A elaboraccedilatildeo de um Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos eacute de
suma importacircncia pois atraveacutes dele pode-se predizer as aacutereas que passaratildeo por
problemas caso a expansatildeo aconteccedila ou se inicie uma ocupaccedilatildeo nova aleacutem de
prevenir acidentes nas aacutereas jaacute ocupadas e consideradas de risco
48
7 Anexos
49
71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont
50
51
72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)
52
53
8 Referecircncias Bibliograacuteficas
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29
Figura 5 5 Aacutereas propensas a deslizamento de acordo com o Plano Diretor de
Santos Dumont
Fonte Google Earth e Lei 42412012
Figura 5 6 Aacutereas propensas a alagamento de acordo com o Plano Diretor de
Santos Dumont
Fonte Google Earth e Lei 42412012
30
Comparando-se os mapas obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico com o mapa gerado
pelo estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor nota-se que haacute semelhanccedilas em
algumas aacutereas mas ao se levar em conta o produto gerado pela pesquisa histoacuterica o
estudo necessitaria ser complementado haja vista que ele natildeo compreende por exemplo
o ponto de alagamento no bairro Antocircnio Afonso citado anteriormente e alguns pontos de
deslizamento importantes uma vez que satildeo regiotildees onde haacute ocupaccedilatildeo Esse fato evidencia
a necessidade de se buscar vaacuterias fontes primaacuterias e secundaacuterias para se detectar aacutereas de
risco em um municiacutepio incluindo arquivos da imprensa local afim de se produzir uma
base de dados consistente e com o menor nuacutemero de falhas possiacutevel (CEPED 2014) Com
a uniatildeo dos dois estudos foram gerados os mapas apresentados nas Figuras 57 e 58
Aleacutem do mais observando as figuras 57 e 58 pode-se notar que uma boa parte tanto dos
casos de alagamento quanto de deslizamento estatildeo na faixa de APP de curso hiacutedrico o
que ilustra a importacircncia da preservaccedilatildeo destas aacutereas
Figura 5 7 Aacutereas propensas a alagamento do estudo do Plano Diretor
complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento
Fonte Do Autor
31
Figura 5 8 Aacutereas propensas a deslizamento do estudo do Plano Diretor
complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento
Fonte Do Autor
Atraveacutes da combinaccedilatildeo entre estes dois levantamentos procurou-se alimentar a base de
dados e garantir uma consistecircncia maior desta no que diz respeito a aacutereas de deslizamento
e alagamento podendo inclusive se identificar a suscetibilidade de uma determinada
regiatildeo da cidade a um ou outro evento (CEPED2014)
512 O Plano diretor e as APPs
Nos uacuteltimos anos o Brasil experimentou um forte fenocircmeno de migraccedilatildeo do campo para
as aacutereas urbanas De acordo com o IBGE no periacuteodo de 1940 a 2000 houve um aumento
de cerca de 60 do nuacutemero de pessoas que vivem em cidades (SILVA JR 2006) O
processo de planejamento e ordenamento do uso do solo nessas aacutereas deveria ter
acompanhado esse crescimento ao longo dos anos a fim de garantir a qualidade de vida e
a seguranccedila dos migrantes ao se instalarem nas cidades o que natildeo ocorreu e o que se
observa atualmente satildeo ocupaccedilotildees em aacutereas improacuteprias para moradia sem a infraestrutura
baacutesica necessaacuteria e com risco iminente de deslizamentos eou inundaccedilotildees
O Plano Diretor do municiacutepio de Santos Dumont em seu capiacutetulo IV que versa sobre o
uso e ocupaccedilatildeo do solo explicita regras para o ordenamento do territoacuterio que compreende
o municiacutepio com base nos diferentes usos do solo de acordo com sua compatibilidade o
32
que acabou por resultar num zoneamento de todo o municiacutepio em macrozonas conforme
citado na seccedilatildeo 3231 de acordo com os usos atuais e futuros do solo Aleacutem de dividir
estas macrozonas em urbanas e rurais tambeacutem avaliou e classificou estas aacutereas com base
numa seacuterie de fatores ambientais geoloacutegicos culturais e sociais de forma a se fazer um
zoneamento coerente com os atuais usos do solo e seu potencial de uso futuro Apresenta-
se na Figura 59 este zoneamento na aacuterea urbana principal de Santos Dumont
Figura 5 9 Zoneamento urbano da aacuterea urbana principal
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Lei 42412012
Tomando como referecircncia o Novo Coacutedigo Florestal brasileiro em especial os paracircmetros
estabelecidos para a definiccedilatildeo de APP e utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento
atraveacutes do software Vista SAGA relacionou-se as APPs existentes na aacuterea em estudo com
as regiotildees propiacutecias a alagamentos e deslizamentos de acordo com o estudo feito quando
da elaboraccedilatildeo do Plano Diretor afim de se identificar qual ou quais aacutereas possuem estes
problemas e se estatildeo relacionados com o uso do solo irregular em APP
Ao se aplicar a metodologia proposta por Oliveira amp Fernandes Filho (2013) natildeo foram
identificadas dentro da aacuterea de estudo APPs de topos de morro sendo este tipo de APP
descartada portanto das anaacutelises subsequentes deste trabalho Foram consideradas as
APP de curso hiacutedrico (rios e nascentes) e de declividade visando relacionaacute-las as aacutereas
de risco identificadas pela Prefeitura afim de se verificar as possiacuteveis causas da ocorrecircncia
33
destas aacutereas na regiatildeo urbana do municiacutepio Por meio de combinaccedilotildees entre dois mapas
temaacuteticos utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento foi possiacutevel obter as
assinaturas ou seja tabelas que caracterizam quantitativamente a aacuterea afetada por cada
aspecto visto que a simples visualizaccedilatildeo do mapa gerado pelo geoprocessamento muitas
vezes eacute prejudicada por serem aacutereas de pequenas dimensotildees ou por qualquer outra
limitaccedilatildeo do software Ressalta-se que para a elaboraccedilatildeo do Plano Municipal de Reduccedilatildeo
de riscos a identificaccedilatildeo e detalhamento topograacutefico destas aacutereas eacute fundamental para o
desenvolvimento do referido Plano conforme seraacute abordado detalhadamente na seccedilatildeo
52
De posse do mapa que representa o zoneamento urbano de Santos Dumont primeiramente
procurou-se mensurar qualitativa e quantitativamente a presenccedila de APPs tanto de
declividade quanto de cursos hiacutedricos Essa identificaccedilatildeo eacute importante pois este
zoneamento eacute um dos instrumentos de planejamento municipal (BRASIL 2001) Saboya
(2007) aponta que os principais objetivos de um zoneamento satildeo o controle da expansatildeo
urbana e proteccedilatildeo de aacutereas inadequadas a ocupaccedilatildeo aleacutem de reduzir os conflitos inerentes
aos diferentes usos do solo Com o uso da ferramenta ldquoCombinarrdquo do Vista SAGA foram
feitas combinaccedilotildees entre o mapa de hidrografia com buffer de 30m para rios e coacuterregos e
de 50m para nascentes com o mapa do zoneamento para se verificar a importacircncia das
APPs de curso hiacutedrico em toda a aacuterea urbana principal do municiacutepio Tambeacutem foram
combinados o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) obtido atraveacutes do gvSIG com o mapa
de zoneamento afim de se verificar quantitativamente as APPs de declividade e onde se
localizam Vale ressaltar que as declividades entre 30 e 47 estatildeo presentes nesta
combinaccedilatildeo pois de acordo com o Plano Diretor de Santos Dumont terrenos com esta
faixa de declividade para fins de parcelamento devem possuir estudo teacutecnico que ateste
a viabilidade de se promover algum empreendimento imobiliaacuterio neste (SANTOS
DUMONT 2012) Como a legislaccedilatildeo municipal prevecirc estudo somente para a faixa de
declividade descrita anteriormente para fins de anaacutelise neste trabalho consideramos um
valor mais conservador para APP compreendendo a faixa de 47 a 100 aleacutem da
prevista pela legislaccedilatildeo federal (gt100) para que natildeo houvessem lacunas importantes na
geraccedilatildeo do produto
Apresenta-se na Figura 510 aacutereas com declividades consideradas de risco e consideradas
APP e em qual zona de planejamento elas estatildeo inseridas De um modo geral ao se
observar a Tabela 52 nota-se que a aacuterea que compreende declividades de risco e APP eacute
uma pequena parcela da aacuterea urbana principal representando 061 desta aacuterea Ao se
levar em conta somente a localizaccedilatildeo pode-se verificar que cerca de 84 das aacutereas com
declividade de risco e a totalidade das APPs de declividade estatildeo localizadas na ZAC1
zona que compreende a maior parte do municiacutepio e apesar de possuir infraestrutura baacutesica
para a ocupaccedilatildeo esta eacute restrita Sendo assim o fator declividade deve ser visto com cautela
nesta aacuterea para se evitar transtornos advindos de edificaccedilotildees nestas aacutereas
34
Figura 5 10 Combinaccedilatildeo entre as declividades importantes incluindo as APPs e o
zoneamento urbano
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Do autor
Tabela 52 Assinaturas da combinaccedilatildeo Declividade x Zoneamento
Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea
Natildeo APP 457972 9939
Declividade 30-47 em ZAC1 2368 051
Declividade 30-47 em ZE 284 006
Declividade 30-47 em ZAC2 128 003
Declividade 30-47 em ZPA 004 0001
APP Declividade em ZAC1 048 001
Total 460804 100
Fonte Do autor
Apresenta-se na Figura 511 as APPs de curso hiacutedrico (nascentes e rios) e em qual zona
de planejamento estatildeo localizadas Assim como a declividade a maior parte das APPs de
curso hiacutedrico estatildeo localizadas em ZAC1 representando 383 da aacuterea urbana em estudo
e 51 do total das APPs de curso hiacutedrico Esta questatildeo tambeacutem deve ser vista com
bastante criteacuterio pelos gestores locais uma vez que a ocupaccedilatildeo em faixas proacuteximas de
rios e coacuterregos podem causar uma gama de problemas ambientais e sociais na regiatildeo
(SANTANA2011) Tal cuidado tambeacutem deve ser tomado nas APPs compreendidas na
35
ZAC2 que compreende 001 da Aacuterea urbana principal e 14 do total das APPs de curso
hiacutedrico pois a infraestrutura baacutesica e acessibilidade presente nesta zona eacute precaacuteria e a
ocupaccedilatildeo as margens de cursos hiacutedricos pode gerar problemas seacuterios caso ocorra uma
expansatildeo nestas aacutereas
Figura 511 Combinaccedilatildeo entre APP de curso hiacutedrico e as zonas de planejamento
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Do autor
Outro ponto importante eacute a presenccedila da Zona de Proteccedilatildeo Ambiental (ZPA) no entorno
uma consideraacutevel parte dos cursos hiacutedricos Nesta zona estatildeo presentes 28 das APPs de
curso hiacutedrico e esta zona de acordo com o Plano Diretor deve ser restaurada ou
preservada por suas caracteriacutesticas geoloacutegicas topograacuteficas e bioloacutegicas
Afim de se verificar os usos do solo na regiatildeo em estudo foram utilizadas combinaccedilotildees
de imagens advindas do sateacutelite Landsat 8 nas bandas descritas no capiacutetulo 4 aleacutem da
banda pancromaacutetica O resultado eacute apresentado na figura 512 que mostra os principais
usos do solo na aacuterea urbana principal de Santos Dumont
36
Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x Zoneamento
Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea
Hidrografia 11168 239
Aacuterea Urbana Natildeo APP 421004 9008
APP Curso hiacutedrico em ZAC1 179 383
APP Curso hiacutedrico em ZPA 9776 209
APP Curso hiacutedrico em ZE 184 004
APP Curso hiacutedrico em ZA 1192 026
APP Curso hiacutedrico em ZAC2 5124 110
APP Curso hiacutedrico em ZPPH 248 005
APP Curso hiacutedrico em ZEIS 568 012
APP Curso hiacutedrico em ZCA 228 005
Total 467392 10000
Fonte Do autor
Figura 5 12 Mapa de usos do solo da aacuterea urbana principal de Santos Dumont
Fonte Do autor
Como jaacute era previsto a maior parte da aacuterea urbana se encontra ocupada e eacute nesta regiatildeo
ocupada que se observa a maior concentraccedilatildeo de problemas de deslizamentos e
alagamentos (Figuras 513 e 514) A grande ocupaccedilatildeo em aacutereas consideradas APP de
curso hiacutedrico de acordo com os mapas gerados pode ser a principal causa do aumento a
cada ano dos casos de alagamento principalmente na regiatildeo central da cidade Outro ponto
que se deve atentar eacute a existecircncia de uma consideraacutevel aacuterea de pastagem pouco vegetada
que caso estejam em aacutereas elevadas pode contribuir para deslizamentos e agraves margens de
37
rios e coacuterregos para o assoreamento destes corpos hiacutedricos o que pode causar
alagamentos (INAacuteCIO etal 2007)
Diante destes resultados pode-se ver que a cidade de Santos Dumont necessita alternativas
efetiva no que diz respeito agrave contenccedilatildeo de deslizamentos e a reduccedilatildeo de risco de
alagamento pois as aacutereas em que ocorrem tais eventos satildeo distintas e facilmente definidas
devido agrave repeticcedilatildeo destes nos uacuteltimos anos Um plano de accedilatildeo integrado entre as diferentes
secretarias municipais (Obras Meio Ambiente Assistecircncia Social entre outras) e a
Coordenadoria Municipal de Defesa Civil deve ser realizado afim de se tomar medidas
natildeo mais preventivas mas sim preditivas para que se possa conter o avanccedilo destes
problemas na aacuterea urbana principal bem como em toda a aacuterea do municiacutepio
Figura 5 13 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na aacuterea urbana
principal
Fonte Do autor
38
Figura 5 14 Aacutereas sujeitas a alagamento e os principais usos do solo na aacuterea
urbana principal
Fonte Do autor
Ao se associar os dados do estudo do Plano Diretor com os dados do levantamento
histoacuterico realizado com o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) pode-se notar que as aacutereas
propiacutecias a deslizamento estatildeo em regiotildees as quais haacute uma fronteira de declividades ou
seja eacute evidente que os deslizamentos ocorrem em encostas um pouco mais iacutengremes mas
natildeo necessariamente nas encostas de 30-47 as quais exigem estudo teacutecnico conforme o
plano diretor preconiza Quanto aos alagamentos nota-se que eles se localizam nas aacutereas
com menor ou nenhuma declividade podendo ser estas aacutereas talvez componentes da
planiacutecie de inundaccedilatildeo dos rios Estes resultados podem ser vistos nas figuras 515 e 516
a seguir
39
Figura5 15 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a deslizamentos na
regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
Fonte Lei 42412012 e Autor
Figura5 26 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a alagamentos na
regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
Fonte Lei 42412012 e Autor
40
52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis
O processo de ocupaccedilatildeo no municiacutepio de Santos Dumont comeccedilou muito antes de
qualquer legislaccedilatildeo relacionada a ordenamento urbano e de proteccedilatildeo do meio ambiente
fosse implementado no Brasil Esse fato aliado a poliacuteticas e fiscalizaccedilotildees falhas
contribuiacuteram para a ocupaccedilatildeo e expansatildeo da aacuterea urbana ao longo do Ribeiratildeo das Posses
e seus afluentes o que tem gerado o aumento da degradaccedilatildeo destes corpos hiacutedricos ao
longo de todos estes anos Observa-se tambeacutem que nas uacuteltimas deacutecadas ocorreu um
grande nuacutemero de migraccedilotildees do campo para a regiatildeo urbana da cidade fator que
contribuiu para o crescimento do nuacutemero de habitaccedilotildees em aacutereas de risco de deslizamento
e alagamentos por serem na maioria das vezes terrenos menos valorizados e por este
motivo acessiacuteveis a populaccedilatildeo com menor poder aquisitivo (ROSA amp CORTEZ 2008)
Vale ressaltar que esta questatildeo aleacutem de ser ambiental eacute muito mais social pois os
moradores entendem os riscos de se viver nestes locais mas por motivos econocircmicos ou
por questotildees afetivas natildeo abrem matildeo da moradia nessas aacutereas A Constituiccedilatildeo Federal de
1988 promoveu a inter-relaccedilatildeo das questotildees sociais com as questotildees ambientais quando
colocou o meio ambiente como direito coletivo (BRASIL1988 SOUZA2010) Por este
motivo a decisatildeo por medidas draacutesticas que favoreccedilam apenas agrave preservaccedilatildeo do meio
ambiente natildeo eacute recomendada pois aleacutem de ser inconstitucional podem afetar a
sustentabilidade econocircmica do municiacutepio e gerar conflitos sociais consideraacuteveis
(CARLOS 1992 apud SOUZA 2010)
Segundo Bueno (2009) ldquonem tudo o que eacute irregular eacute precaacuteriordquo Esse fato se observa em
Santos Dumont uma vez que em boa parte da regiatildeo central se observa vaacuterias moradias
construiacutedas na faixa de APP de curso hiacutedrico o que natildeo eacute permitido pela legislaccedilatildeo
vigente e eacute um dos fatores que contribui para a ocorrecircncia de alagamentos nesta aacuterea da
cidade Para a resoluccedilatildeo deste problema o que seria mais viaacutevel seria a melhoria da
infraestrutura de drenagem urbana afim de que o escoamento da aacutegua das chuvas natildeo
sobrecarregasse o sistema (BUENO2009) A construccedilatildeo de bacias de contenccedilatildeo de
cheias ao longo do Ribeiratildeo das Posses tambeacutem seria uma alternativa mas para se verificar
a viabilidade necessita-se estudos mais aprofundados do ponto de vista hidroloacutegico
O grande problema a ser solucionado no entanto eacute o que diz respeito agraves aacutereas de risco
de deslizamento majoritariamente nos bairros A melhor alternativa seria o
remanejamento dos moradores para uma aacuterea proacutexima agrave que moram poreacutem longe do
risco Poreacutem esta alternativa de acordo com Rosa Filho amp Cortez (2008) encontra alguns
entraves pois estas pessoas na maioria das vezes natildeo tecircm condiccedilotildees financeiras de irem
para outro lugar ou pagar aluguel ou estatildeo de alguma forma sentimentalmente ligadas
agravequela regiatildeo que se recusam a deixaacute-lo
41
Por parte dos oacutergatildeos competentes no municiacutepio a criaccedilatildeo de um plano para se evitar
acidentes ocasionados por deslizamentos e alagamentos com um mapeamento detalhado
de toda a extensatildeo do municiacutepio eacute extremamente uacutetil Os estudos que seratildeo feitos para a
elaboraccedilatildeo deste plano poderatildeo definir quais as aacutereas satildeo potencialmente de risco para as
ocupaccedilotildees existentes ou para as potenciais ocupaccedilotildees que possam vir a ocorrer atraveacutes do
mapeamento das aacutereas de risco Tal planejamento seraacute auxiliar ao Plano Diretor
Municipal pois definiraacute o real uso do solo de determinada regiatildeo do municiacutepio
contribuindo para a adequaccedilatildeo do uso e ocupaccedilatildeo do solo afim de evitar ou reduzir o
nuacutemero de problemas relacionados a alagamentos e principalmente deslizamentos no
periacutemetro urbano (TOMINAGA 2009) A partir deste plano os gestores locais poderatildeo
tomar a melhor decisatildeo para a prevenccedilatildeo ou reduccedilatildeo dos riscos inerentes a tais problemas
Na seccedilatildeo 521 seraacute hierarquizado de forma preliminar a aacuterea urbana principal de acordo
com os resultados da tabela 51
521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta
O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos (PMRR) foi criado atraveacutes de accedilotildees
regularizadoras do Ministeacuterio das Cidades para ser o instrumento de gestatildeo e
gerenciamento de aacutereas de risco em um municiacutepio Eacute um documento que aleacutem de
estabelecer quais regiotildees satildeo consideradas de risco tambeacutem objetiva a proposta de
medidas estruturais ou natildeo para contenccedilatildeo eou prevenccedilatildeo de cataacutestrofes aleacutem de ser um
meio de captaccedilatildeo de recursos financeiros junto aos Governos Estadual e Federal Estes
recursos poderatildeo ser utilizados para a realizaccedilatildeo de obras que visem a melhoria da
qualidade de vida da populaccedilatildeo do entorno ou de recuperaccedilatildeo da aacuterea degradada Este
plano eacute realizado de forma participativa com as comunidades das aacutereas de risco e pode
ser realizado em sete fases conforme recomenda o Ministeacuterio das Cidades (ALHEIROS
2006)
O primeiro passo para a realizaccedilatildeo do PMRR eacute definir qual a metodologia seraacute empregada
levando-se em consideraccedilatildeo a realidade atual do municiacutepio e especificar de forma sucinta
um cronograma das atividades Eacute importante nesta fase a participaccedilatildeo tambeacutem dos
responsaacuteveis pelas mais variadas Secretarias Municipais afim de explicitar o tamanho da
importacircncia e o caraacuteter integrador deste plano A segunda fase deste plano objetiva a
criaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo da principal base de dados a ser utilizada nos passos posteriores o
mapeamento de risco em escala detalhe em torno de 13000 (SAtildeO PAULO 2014) A
elaboraccedilatildeo de um mapeamento detalhado propiciaraacute natildeo soacute a identificaccedilatildeo mais faacutecil das
aacutereas de risco como tambeacutem facilitaraacute aos gestores e agrave comunidade decidirem qual a
melhor intervenccedilatildeo para a soluccedilatildeo ou remediaccedilatildeo dos problemas em uma determinada
42
aacuterea hierarquizando o risco e definindo prioridades (SAtildeO PAULO 2014) Na tabela a
seguir apresenta-se alguns tipos de intervenccedilotildees que podem ser feitas em aacutereas de risco
sugeridas pelo Ministeacuterio das cidades (ALHEIROS 2006)
Quadro 5 1 - Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco
Tipo de intervenccedilatildeo Descriccedilatildeo
Serviccedilos de limpeza e Recuperaccedilatildeo
Remoccedilatildeo de entulho lixo etc
corte de aacutervores
remoccedilatildeo de bananeiras
recuperaccedilatildeo eou limpeza de sistemas de
drenagem esgotos e acessos
Limpeza de canais de drenagem
Proteccedilatildeo Vegetal
Proteccedilatildeo superficial vegetal (gramiacuteneas) em
taludes com solo exposto
Proteccedilatildeo vegetal de margens de canais de
drenagem
Barreiras vegetais para massas escorregadas
ou acumuladas pela erosatildeo
Drenagem Superficial e Acessos
Sistema de drenagem superficial (canaletas
raacutepidos caixas de transiccedilatildeo escadas drsquoaacutegua)
Acessos para pedestres (escadarias rampas
etc) integrados ao sistema de drenagem
Revestimento de Taludes Revestimento com materiais artificiais
cimentado cal-jet tela argamassada alvenaria
de tijolos ceracircmicos solo-cimento ensacado
Desmonte de blocos e matacotildees Desmonte de concreccedilotildees de grande porte
blocos rochosos e matacotildees
Obras de drenagem de subsuperfiacutecie Sistema de drenagem de subsuperfiacutecie
(trincheiras drenantes DHP poccedilos de
rebaixamento)
Estruturas de contenccedilatildeo (localizadas)
Muros de contenccedilatildeo de pequeno porte (solo-
cimento ensacado alvenaria de pedra-rachatildeo
concreto armado)
Estruturas de contenccedilatildeo localizadas
(chumbadores tirantes microestacas)
Contenccedilatildeo e proteccedilatildeo de margens de canais (
gabiotildees muros de concreto etc)
Estruturas de contenccedilatildeo (meacutedio e grande porte) Implantaccedilatildeo de estruturas de contenccedilatildeo de
meacutedio e grande porte envolvendo obras de
contenccedilatildeo passivas e ativas (muros de
gravidade cortinas etc)
Terraplanagem Execuccedilatildeo de serviccedilos de terraplanagem
combinados a obras de drenagem superficial e
proteccedilatildeo vegetal desvio e canalizaccedilatildeo de
coacuterregos
Remoccedilatildeo de moradias Remoccedilotildees definitivas para implantaccedilatildeo de
obras ou devido agrave localizaccedilatildeo improacutepria da
edificaccedilatildeo (Priorizar as relocaccedilotildees dentro da
proacutepria aacuterea em local seguro)
Fonte ALHEIROS 2006
43
Escolhidas as formas de intervenccedilatildeo para cada aacuterea eacute necessaacuterio realizar uma estimativa
dos custos afim de preparar o orccedilamento da prefeitura para a realizaccedilatildeo das obras e se
seraacute necessaacuterio a captaccedilatildeo de recursos externos para a execuccedilatildeo destas Feitas as
estimativas de custo o proacuteximo passo eacute definir as prioridades e para esta fase eacute tambeacutem
uacutetil o mapeamento feito nas etapas anteriores pois seraacute necessaacuterio hierarquizar tais
intervenccedilotildees nas aacutereas de risco O Ministeacuterio das Cidades (2007) sugere alguns criteacuterios
que podem ser avaliados pelo gestor dentre eles pode-se citar
Grau de risco
Populaccedilatildeo beneficiada
Custo da intervenccedilatildeo
Dimensatildeo da aacuterea a ser tratada
Demandas anteriores da populaccedilatildeo
Tempo de ocupaccedilatildeo
Viabilidade teacutecnica da intervenccedilatildeo
Viabilidade financeira
Inclusatildeo da aacuterea em outros projetos
A partir desta hierarquizaccedilatildeo inicia-se a identificaccedilatildeo de provaacuteveis fontes de captaccedilatildeo de
recursos para a execuccedilatildeo das intervenccedilotildees Estes recursos podem advir de programas dos
governos Federal e Estadual ou por meio de editais para captaccedilatildeo de recursos financeiros
tanto do setor puacuteblico como da iniciativa privada e podem ser tambeacutem associados agrave outras
Secretarias Municipais como a de Turismo ou Meio Ambiente e natildeo soacute as destinadas agrave
Defesa Civil (ALHEIROS 2006)
Eacute previsto tambeacutem no PMRR uma avaliaccedilatildeo da Defesa Civil municipal e como ela estaacute
estruturada fazendo inclusive sugestotildees para que sua atuaccedilatildeo esteja em consonacircncia com
a realidade das comunidades e da Administraccedilatildeo Puacuteblica do municiacutepio de forma a garantir
sua sustentabilidade e conquistar a credibilidade da populaccedilatildeo no que diz respeito a
prevenccedilatildeo de cataacutestrofes Para que a resposta a uma determinada situaccedilatildeo de risco seja
raacutepida eacute necessaacuterio a descentralizaccedilatildeo da Defesa Civil criando pequenos nuacutecleos
comunitaacuterios com a finalidade de se monitorar a aacuterea constantemente e promover as
intervenccedilotildees necessaacuterias em tempo haacutebil o que aumenta em muito a credibilidade da
populaccedilatildeo no PMRR e no trabalho desempenhado pela Defesa Civil no municiacutepio Apoacutes
esta etapa o PMRR passaraacute por audiecircncias puacuteblicas e posteriormente poderaacute ser aprovado
como Lei Municipal pelo Legislativo local (ALHEIROS 2006)
Com a realizaccedilatildeo deste plano o municiacutepio estaraacute munido de informaccedilotildees suficientes para
realizar accedilotildees efetivas de gestatildeo e gerenciamento de riscos bem como aliado a
levantamentos sociais realizar programas habitacionais que beneficiem prioritariamente
44
aos moradores das aacutereas de risco Aleacutem disso com o PMRR o municiacutepio poderaacute melhorar
a qualidade ambiental da populaccedilatildeo captando recursos para a recuperaccedilatildeo das aacutereas de
APP que foram degradadas pelas ocupaccedilotildees irregulares beneficiando todos os moradores
do municiacutepio com o aumento da qualidade de vida na cidade
A partir do disposto nesta seccedilatildeo acerca do Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos e de
uma maneira preliminar (levando-se em conta apenas o nuacutemero de registros de
alagamentos e deslizamentos na aacuterea urbana principal de Santos Dumont no periacuteodo de
1984 a 2014) identificou-se trecircs regiotildees distintas na aacuterea urbana do municiacutepio com
tempo de recorrecircncia desses eventos similares caracterizando trecircs prioridades de
intervenccedilatildeo em contenccedilatildeo de risco como pode ser visto nas figuras 515 e 516 Vale
ressaltar que eacute necessaacuterio um estudo mais detalhado inclusive com visitas teacutecnicas a
campo para que se confirme a real situaccedilatildeo destas e a real prioridade para investimentos
Figura 5 17 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de deslizamentos
Fonte Do Autor
45
Figura 5 18 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de alagamentos
Fonte Do Autor
46
6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees
A seguir apresenta-se as conclusotildees e as recomendaccedilotildees feitas a partir dos objetivos
especiacuteficos explicitados no iniacutecio deste trabalho
Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a
aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes
urbanos
A partir da revisatildeo da legislaccedilatildeo pertinente em acircmbito federal estadual e
municipal constatou-se que o Plano Diretor de Santos Dumont natildeo conflita com a
legislaccedilatildeo federal e estadual sobre Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente A legislaccedilatildeo
municipal foi entendida como mais conservadora que as federal e estadual uma
vez que considera implicitamente que declividades entre 47 e 100 satildeo
enquadradas como APPs aleacutem da faixa superior a 100
Parte consideraacutevel das ocupaccedilotildees em APP principalmente na regiatildeo do bairro
Santo Antocircnio (onde surgiu os primeiros nuacutecleos que deram origem ao municiacutepio)
e o centro da cidade ocorreram antes de que fosse elaborado qualquer legislaccedilatildeo
que versasse sobre o tema Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente bastando ao gestor
local tomar medidas de contenccedilatildeo de riscos que minimizem os impactos causados
por essas ocupaccedilotildees nessa regiatildeo
O ordenamento adequado do uso do solo no municiacutepio eacute necessaacuterio para que o
crescimento dos loteamentos criados anteriormente agrave esta Lei e o surgimento de
novos natildeo avance para Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente o que pode causar
inuacutemeros problemas aos moradores e agravar os jaacute existentes
Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las
com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)
As aacutereas onde houveram a maior quantidade de registros de deslizamentos satildeo os
bairros mais populosos de Santos Dumont podendo se estabelecer uma relaccedilatildeo
que quanto mais populoso o bairro maior a quantidade de problemas relacionados
a deslizamentos Tambeacutem pode-se notar uma relaccedilatildeo com as fronteiras das faixas
de declividades e os deslizamentos uma vez que boa parte deles aconteceram
nestas faixas
As aacutereas onde houve um grande nuacutemero de registros de alagamentos satildeo os bairros
que se desenvolveram agraves margens do Ribeiratildeo das Posses em especial na aacuterea que
47
compreende as APPs de curso hiacutedrico e em aacutereas onde a declividade eacute baixa Esse
fato aliado ao crescimento do nuacutemero de vias pavimentadas com material
impermeaacutevel e a natildeo expansatildeo e ou redimensionamento da rede de drenagem
urbana contribuiacuteram para a ocorrecircncia cada vez mais constante de alagamentos
nessas aacutereas
Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos
catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30
anos
A partir do levantamento histoacuterico realizado e da base de dados georeferenciada
gerada observou-se o aumento do nuacutemero de registros de deslizamentos e
alagamentos nos uacuteltimos 10 anos quando as ocorrecircncias comeccedilaram a se repetir
numa mesma aacuterea com frequecircncia incrementada as vezes com mais de uma
ocorrecircncia anual
Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do
solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental
Destaca-se a adequaccedilatildeo dos criteacuterios gerais estabelecidos pelo Plano Diretor de
Santos Dumont relativos a legislaccedilatildeo federal e estadual Entretanto o referido
Plano Diretor natildeo contempla todo o territoacuterio municipal sendo assim ele natildeo
cumpre o objetivo de proteger as APPs preservadas e recuperar as que foram
degradadas em todo o territoacuterio municipal Ressalta-se tambeacutem a sua natildeo
conformidade com o Estatuto das Cidades uma vez que o Plano Diretor
contempla apenas os novos loteamentos
Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais
negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea
impactada
Recomenda-se a implantaccedilatildeo no municiacutepio de uma Coordenadoria Municipal de
Defesa Civil atuante e integrada agraves Secretarias Municipais e agrave comunidade
visando uma atuaccedilatildeo eficaz nos problemas relacionados a deslizamentos e
alagamentos A elaboraccedilatildeo de um Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos eacute de
suma importacircncia pois atraveacutes dele pode-se predizer as aacutereas que passaratildeo por
problemas caso a expansatildeo aconteccedila ou se inicie uma ocupaccedilatildeo nova aleacutem de
prevenir acidentes nas aacutereas jaacute ocupadas e consideradas de risco
48
7 Anexos
49
71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont
50
51
72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)
52
53
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da cidade de Satildeo Paulo O caso da subprefeitura da Seacute Trabalho de Graduaccedilatildeo UNESP
Rio Claro 2013
30
Comparando-se os mapas obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico com o mapa gerado
pelo estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor nota-se que haacute semelhanccedilas em
algumas aacutereas mas ao se levar em conta o produto gerado pela pesquisa histoacuterica o
estudo necessitaria ser complementado haja vista que ele natildeo compreende por exemplo
o ponto de alagamento no bairro Antocircnio Afonso citado anteriormente e alguns pontos de
deslizamento importantes uma vez que satildeo regiotildees onde haacute ocupaccedilatildeo Esse fato evidencia
a necessidade de se buscar vaacuterias fontes primaacuterias e secundaacuterias para se detectar aacutereas de
risco em um municiacutepio incluindo arquivos da imprensa local afim de se produzir uma
base de dados consistente e com o menor nuacutemero de falhas possiacutevel (CEPED 2014) Com
a uniatildeo dos dois estudos foram gerados os mapas apresentados nas Figuras 57 e 58
Aleacutem do mais observando as figuras 57 e 58 pode-se notar que uma boa parte tanto dos
casos de alagamento quanto de deslizamento estatildeo na faixa de APP de curso hiacutedrico o
que ilustra a importacircncia da preservaccedilatildeo destas aacutereas
Figura 5 7 Aacutereas propensas a alagamento do estudo do Plano Diretor
complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento
Fonte Do Autor
31
Figura 5 8 Aacutereas propensas a deslizamento do estudo do Plano Diretor
complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento
Fonte Do Autor
Atraveacutes da combinaccedilatildeo entre estes dois levantamentos procurou-se alimentar a base de
dados e garantir uma consistecircncia maior desta no que diz respeito a aacutereas de deslizamento
e alagamento podendo inclusive se identificar a suscetibilidade de uma determinada
regiatildeo da cidade a um ou outro evento (CEPED2014)
512 O Plano diretor e as APPs
Nos uacuteltimos anos o Brasil experimentou um forte fenocircmeno de migraccedilatildeo do campo para
as aacutereas urbanas De acordo com o IBGE no periacuteodo de 1940 a 2000 houve um aumento
de cerca de 60 do nuacutemero de pessoas que vivem em cidades (SILVA JR 2006) O
processo de planejamento e ordenamento do uso do solo nessas aacutereas deveria ter
acompanhado esse crescimento ao longo dos anos a fim de garantir a qualidade de vida e
a seguranccedila dos migrantes ao se instalarem nas cidades o que natildeo ocorreu e o que se
observa atualmente satildeo ocupaccedilotildees em aacutereas improacuteprias para moradia sem a infraestrutura
baacutesica necessaacuteria e com risco iminente de deslizamentos eou inundaccedilotildees
O Plano Diretor do municiacutepio de Santos Dumont em seu capiacutetulo IV que versa sobre o
uso e ocupaccedilatildeo do solo explicita regras para o ordenamento do territoacuterio que compreende
o municiacutepio com base nos diferentes usos do solo de acordo com sua compatibilidade o
32
que acabou por resultar num zoneamento de todo o municiacutepio em macrozonas conforme
citado na seccedilatildeo 3231 de acordo com os usos atuais e futuros do solo Aleacutem de dividir
estas macrozonas em urbanas e rurais tambeacutem avaliou e classificou estas aacutereas com base
numa seacuterie de fatores ambientais geoloacutegicos culturais e sociais de forma a se fazer um
zoneamento coerente com os atuais usos do solo e seu potencial de uso futuro Apresenta-
se na Figura 59 este zoneamento na aacuterea urbana principal de Santos Dumont
Figura 5 9 Zoneamento urbano da aacuterea urbana principal
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Lei 42412012
Tomando como referecircncia o Novo Coacutedigo Florestal brasileiro em especial os paracircmetros
estabelecidos para a definiccedilatildeo de APP e utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento
atraveacutes do software Vista SAGA relacionou-se as APPs existentes na aacuterea em estudo com
as regiotildees propiacutecias a alagamentos e deslizamentos de acordo com o estudo feito quando
da elaboraccedilatildeo do Plano Diretor afim de se identificar qual ou quais aacutereas possuem estes
problemas e se estatildeo relacionados com o uso do solo irregular em APP
Ao se aplicar a metodologia proposta por Oliveira amp Fernandes Filho (2013) natildeo foram
identificadas dentro da aacuterea de estudo APPs de topos de morro sendo este tipo de APP
descartada portanto das anaacutelises subsequentes deste trabalho Foram consideradas as
APP de curso hiacutedrico (rios e nascentes) e de declividade visando relacionaacute-las as aacutereas
de risco identificadas pela Prefeitura afim de se verificar as possiacuteveis causas da ocorrecircncia
33
destas aacutereas na regiatildeo urbana do municiacutepio Por meio de combinaccedilotildees entre dois mapas
temaacuteticos utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento foi possiacutevel obter as
assinaturas ou seja tabelas que caracterizam quantitativamente a aacuterea afetada por cada
aspecto visto que a simples visualizaccedilatildeo do mapa gerado pelo geoprocessamento muitas
vezes eacute prejudicada por serem aacutereas de pequenas dimensotildees ou por qualquer outra
limitaccedilatildeo do software Ressalta-se que para a elaboraccedilatildeo do Plano Municipal de Reduccedilatildeo
de riscos a identificaccedilatildeo e detalhamento topograacutefico destas aacutereas eacute fundamental para o
desenvolvimento do referido Plano conforme seraacute abordado detalhadamente na seccedilatildeo
52
De posse do mapa que representa o zoneamento urbano de Santos Dumont primeiramente
procurou-se mensurar qualitativa e quantitativamente a presenccedila de APPs tanto de
declividade quanto de cursos hiacutedricos Essa identificaccedilatildeo eacute importante pois este
zoneamento eacute um dos instrumentos de planejamento municipal (BRASIL 2001) Saboya
(2007) aponta que os principais objetivos de um zoneamento satildeo o controle da expansatildeo
urbana e proteccedilatildeo de aacutereas inadequadas a ocupaccedilatildeo aleacutem de reduzir os conflitos inerentes
aos diferentes usos do solo Com o uso da ferramenta ldquoCombinarrdquo do Vista SAGA foram
feitas combinaccedilotildees entre o mapa de hidrografia com buffer de 30m para rios e coacuterregos e
de 50m para nascentes com o mapa do zoneamento para se verificar a importacircncia das
APPs de curso hiacutedrico em toda a aacuterea urbana principal do municiacutepio Tambeacutem foram
combinados o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) obtido atraveacutes do gvSIG com o mapa
de zoneamento afim de se verificar quantitativamente as APPs de declividade e onde se
localizam Vale ressaltar que as declividades entre 30 e 47 estatildeo presentes nesta
combinaccedilatildeo pois de acordo com o Plano Diretor de Santos Dumont terrenos com esta
faixa de declividade para fins de parcelamento devem possuir estudo teacutecnico que ateste
a viabilidade de se promover algum empreendimento imobiliaacuterio neste (SANTOS
DUMONT 2012) Como a legislaccedilatildeo municipal prevecirc estudo somente para a faixa de
declividade descrita anteriormente para fins de anaacutelise neste trabalho consideramos um
valor mais conservador para APP compreendendo a faixa de 47 a 100 aleacutem da
prevista pela legislaccedilatildeo federal (gt100) para que natildeo houvessem lacunas importantes na
geraccedilatildeo do produto
Apresenta-se na Figura 510 aacutereas com declividades consideradas de risco e consideradas
APP e em qual zona de planejamento elas estatildeo inseridas De um modo geral ao se
observar a Tabela 52 nota-se que a aacuterea que compreende declividades de risco e APP eacute
uma pequena parcela da aacuterea urbana principal representando 061 desta aacuterea Ao se
levar em conta somente a localizaccedilatildeo pode-se verificar que cerca de 84 das aacutereas com
declividade de risco e a totalidade das APPs de declividade estatildeo localizadas na ZAC1
zona que compreende a maior parte do municiacutepio e apesar de possuir infraestrutura baacutesica
para a ocupaccedilatildeo esta eacute restrita Sendo assim o fator declividade deve ser visto com cautela
nesta aacuterea para se evitar transtornos advindos de edificaccedilotildees nestas aacutereas
34
Figura 5 10 Combinaccedilatildeo entre as declividades importantes incluindo as APPs e o
zoneamento urbano
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Do autor
Tabela 52 Assinaturas da combinaccedilatildeo Declividade x Zoneamento
Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea
Natildeo APP 457972 9939
Declividade 30-47 em ZAC1 2368 051
Declividade 30-47 em ZE 284 006
Declividade 30-47 em ZAC2 128 003
Declividade 30-47 em ZPA 004 0001
APP Declividade em ZAC1 048 001
Total 460804 100
Fonte Do autor
Apresenta-se na Figura 511 as APPs de curso hiacutedrico (nascentes e rios) e em qual zona
de planejamento estatildeo localizadas Assim como a declividade a maior parte das APPs de
curso hiacutedrico estatildeo localizadas em ZAC1 representando 383 da aacuterea urbana em estudo
e 51 do total das APPs de curso hiacutedrico Esta questatildeo tambeacutem deve ser vista com
bastante criteacuterio pelos gestores locais uma vez que a ocupaccedilatildeo em faixas proacuteximas de
rios e coacuterregos podem causar uma gama de problemas ambientais e sociais na regiatildeo
(SANTANA2011) Tal cuidado tambeacutem deve ser tomado nas APPs compreendidas na
35
ZAC2 que compreende 001 da Aacuterea urbana principal e 14 do total das APPs de curso
hiacutedrico pois a infraestrutura baacutesica e acessibilidade presente nesta zona eacute precaacuteria e a
ocupaccedilatildeo as margens de cursos hiacutedricos pode gerar problemas seacuterios caso ocorra uma
expansatildeo nestas aacutereas
Figura 511 Combinaccedilatildeo entre APP de curso hiacutedrico e as zonas de planejamento
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Do autor
Outro ponto importante eacute a presenccedila da Zona de Proteccedilatildeo Ambiental (ZPA) no entorno
uma consideraacutevel parte dos cursos hiacutedricos Nesta zona estatildeo presentes 28 das APPs de
curso hiacutedrico e esta zona de acordo com o Plano Diretor deve ser restaurada ou
preservada por suas caracteriacutesticas geoloacutegicas topograacuteficas e bioloacutegicas
Afim de se verificar os usos do solo na regiatildeo em estudo foram utilizadas combinaccedilotildees
de imagens advindas do sateacutelite Landsat 8 nas bandas descritas no capiacutetulo 4 aleacutem da
banda pancromaacutetica O resultado eacute apresentado na figura 512 que mostra os principais
usos do solo na aacuterea urbana principal de Santos Dumont
36
Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x Zoneamento
Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea
Hidrografia 11168 239
Aacuterea Urbana Natildeo APP 421004 9008
APP Curso hiacutedrico em ZAC1 179 383
APP Curso hiacutedrico em ZPA 9776 209
APP Curso hiacutedrico em ZE 184 004
APP Curso hiacutedrico em ZA 1192 026
APP Curso hiacutedrico em ZAC2 5124 110
APP Curso hiacutedrico em ZPPH 248 005
APP Curso hiacutedrico em ZEIS 568 012
APP Curso hiacutedrico em ZCA 228 005
Total 467392 10000
Fonte Do autor
Figura 5 12 Mapa de usos do solo da aacuterea urbana principal de Santos Dumont
Fonte Do autor
Como jaacute era previsto a maior parte da aacuterea urbana se encontra ocupada e eacute nesta regiatildeo
ocupada que se observa a maior concentraccedilatildeo de problemas de deslizamentos e
alagamentos (Figuras 513 e 514) A grande ocupaccedilatildeo em aacutereas consideradas APP de
curso hiacutedrico de acordo com os mapas gerados pode ser a principal causa do aumento a
cada ano dos casos de alagamento principalmente na regiatildeo central da cidade Outro ponto
que se deve atentar eacute a existecircncia de uma consideraacutevel aacuterea de pastagem pouco vegetada
que caso estejam em aacutereas elevadas pode contribuir para deslizamentos e agraves margens de
37
rios e coacuterregos para o assoreamento destes corpos hiacutedricos o que pode causar
alagamentos (INAacuteCIO etal 2007)
Diante destes resultados pode-se ver que a cidade de Santos Dumont necessita alternativas
efetiva no que diz respeito agrave contenccedilatildeo de deslizamentos e a reduccedilatildeo de risco de
alagamento pois as aacutereas em que ocorrem tais eventos satildeo distintas e facilmente definidas
devido agrave repeticcedilatildeo destes nos uacuteltimos anos Um plano de accedilatildeo integrado entre as diferentes
secretarias municipais (Obras Meio Ambiente Assistecircncia Social entre outras) e a
Coordenadoria Municipal de Defesa Civil deve ser realizado afim de se tomar medidas
natildeo mais preventivas mas sim preditivas para que se possa conter o avanccedilo destes
problemas na aacuterea urbana principal bem como em toda a aacuterea do municiacutepio
Figura 5 13 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na aacuterea urbana
principal
Fonte Do autor
38
Figura 5 14 Aacutereas sujeitas a alagamento e os principais usos do solo na aacuterea
urbana principal
Fonte Do autor
Ao se associar os dados do estudo do Plano Diretor com os dados do levantamento
histoacuterico realizado com o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) pode-se notar que as aacutereas
propiacutecias a deslizamento estatildeo em regiotildees as quais haacute uma fronteira de declividades ou
seja eacute evidente que os deslizamentos ocorrem em encostas um pouco mais iacutengremes mas
natildeo necessariamente nas encostas de 30-47 as quais exigem estudo teacutecnico conforme o
plano diretor preconiza Quanto aos alagamentos nota-se que eles se localizam nas aacutereas
com menor ou nenhuma declividade podendo ser estas aacutereas talvez componentes da
planiacutecie de inundaccedilatildeo dos rios Estes resultados podem ser vistos nas figuras 515 e 516
a seguir
39
Figura5 15 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a deslizamentos na
regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
Fonte Lei 42412012 e Autor
Figura5 26 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a alagamentos na
regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
Fonte Lei 42412012 e Autor
40
52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis
O processo de ocupaccedilatildeo no municiacutepio de Santos Dumont comeccedilou muito antes de
qualquer legislaccedilatildeo relacionada a ordenamento urbano e de proteccedilatildeo do meio ambiente
fosse implementado no Brasil Esse fato aliado a poliacuteticas e fiscalizaccedilotildees falhas
contribuiacuteram para a ocupaccedilatildeo e expansatildeo da aacuterea urbana ao longo do Ribeiratildeo das Posses
e seus afluentes o que tem gerado o aumento da degradaccedilatildeo destes corpos hiacutedricos ao
longo de todos estes anos Observa-se tambeacutem que nas uacuteltimas deacutecadas ocorreu um
grande nuacutemero de migraccedilotildees do campo para a regiatildeo urbana da cidade fator que
contribuiu para o crescimento do nuacutemero de habitaccedilotildees em aacutereas de risco de deslizamento
e alagamentos por serem na maioria das vezes terrenos menos valorizados e por este
motivo acessiacuteveis a populaccedilatildeo com menor poder aquisitivo (ROSA amp CORTEZ 2008)
Vale ressaltar que esta questatildeo aleacutem de ser ambiental eacute muito mais social pois os
moradores entendem os riscos de se viver nestes locais mas por motivos econocircmicos ou
por questotildees afetivas natildeo abrem matildeo da moradia nessas aacutereas A Constituiccedilatildeo Federal de
1988 promoveu a inter-relaccedilatildeo das questotildees sociais com as questotildees ambientais quando
colocou o meio ambiente como direito coletivo (BRASIL1988 SOUZA2010) Por este
motivo a decisatildeo por medidas draacutesticas que favoreccedilam apenas agrave preservaccedilatildeo do meio
ambiente natildeo eacute recomendada pois aleacutem de ser inconstitucional podem afetar a
sustentabilidade econocircmica do municiacutepio e gerar conflitos sociais consideraacuteveis
(CARLOS 1992 apud SOUZA 2010)
Segundo Bueno (2009) ldquonem tudo o que eacute irregular eacute precaacuteriordquo Esse fato se observa em
Santos Dumont uma vez que em boa parte da regiatildeo central se observa vaacuterias moradias
construiacutedas na faixa de APP de curso hiacutedrico o que natildeo eacute permitido pela legislaccedilatildeo
vigente e eacute um dos fatores que contribui para a ocorrecircncia de alagamentos nesta aacuterea da
cidade Para a resoluccedilatildeo deste problema o que seria mais viaacutevel seria a melhoria da
infraestrutura de drenagem urbana afim de que o escoamento da aacutegua das chuvas natildeo
sobrecarregasse o sistema (BUENO2009) A construccedilatildeo de bacias de contenccedilatildeo de
cheias ao longo do Ribeiratildeo das Posses tambeacutem seria uma alternativa mas para se verificar
a viabilidade necessita-se estudos mais aprofundados do ponto de vista hidroloacutegico
O grande problema a ser solucionado no entanto eacute o que diz respeito agraves aacutereas de risco
de deslizamento majoritariamente nos bairros A melhor alternativa seria o
remanejamento dos moradores para uma aacuterea proacutexima agrave que moram poreacutem longe do
risco Poreacutem esta alternativa de acordo com Rosa Filho amp Cortez (2008) encontra alguns
entraves pois estas pessoas na maioria das vezes natildeo tecircm condiccedilotildees financeiras de irem
para outro lugar ou pagar aluguel ou estatildeo de alguma forma sentimentalmente ligadas
agravequela regiatildeo que se recusam a deixaacute-lo
41
Por parte dos oacutergatildeos competentes no municiacutepio a criaccedilatildeo de um plano para se evitar
acidentes ocasionados por deslizamentos e alagamentos com um mapeamento detalhado
de toda a extensatildeo do municiacutepio eacute extremamente uacutetil Os estudos que seratildeo feitos para a
elaboraccedilatildeo deste plano poderatildeo definir quais as aacutereas satildeo potencialmente de risco para as
ocupaccedilotildees existentes ou para as potenciais ocupaccedilotildees que possam vir a ocorrer atraveacutes do
mapeamento das aacutereas de risco Tal planejamento seraacute auxiliar ao Plano Diretor
Municipal pois definiraacute o real uso do solo de determinada regiatildeo do municiacutepio
contribuindo para a adequaccedilatildeo do uso e ocupaccedilatildeo do solo afim de evitar ou reduzir o
nuacutemero de problemas relacionados a alagamentos e principalmente deslizamentos no
periacutemetro urbano (TOMINAGA 2009) A partir deste plano os gestores locais poderatildeo
tomar a melhor decisatildeo para a prevenccedilatildeo ou reduccedilatildeo dos riscos inerentes a tais problemas
Na seccedilatildeo 521 seraacute hierarquizado de forma preliminar a aacuterea urbana principal de acordo
com os resultados da tabela 51
521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta
O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos (PMRR) foi criado atraveacutes de accedilotildees
regularizadoras do Ministeacuterio das Cidades para ser o instrumento de gestatildeo e
gerenciamento de aacutereas de risco em um municiacutepio Eacute um documento que aleacutem de
estabelecer quais regiotildees satildeo consideradas de risco tambeacutem objetiva a proposta de
medidas estruturais ou natildeo para contenccedilatildeo eou prevenccedilatildeo de cataacutestrofes aleacutem de ser um
meio de captaccedilatildeo de recursos financeiros junto aos Governos Estadual e Federal Estes
recursos poderatildeo ser utilizados para a realizaccedilatildeo de obras que visem a melhoria da
qualidade de vida da populaccedilatildeo do entorno ou de recuperaccedilatildeo da aacuterea degradada Este
plano eacute realizado de forma participativa com as comunidades das aacutereas de risco e pode
ser realizado em sete fases conforme recomenda o Ministeacuterio das Cidades (ALHEIROS
2006)
O primeiro passo para a realizaccedilatildeo do PMRR eacute definir qual a metodologia seraacute empregada
levando-se em consideraccedilatildeo a realidade atual do municiacutepio e especificar de forma sucinta
um cronograma das atividades Eacute importante nesta fase a participaccedilatildeo tambeacutem dos
responsaacuteveis pelas mais variadas Secretarias Municipais afim de explicitar o tamanho da
importacircncia e o caraacuteter integrador deste plano A segunda fase deste plano objetiva a
criaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo da principal base de dados a ser utilizada nos passos posteriores o
mapeamento de risco em escala detalhe em torno de 13000 (SAtildeO PAULO 2014) A
elaboraccedilatildeo de um mapeamento detalhado propiciaraacute natildeo soacute a identificaccedilatildeo mais faacutecil das
aacutereas de risco como tambeacutem facilitaraacute aos gestores e agrave comunidade decidirem qual a
melhor intervenccedilatildeo para a soluccedilatildeo ou remediaccedilatildeo dos problemas em uma determinada
42
aacuterea hierarquizando o risco e definindo prioridades (SAtildeO PAULO 2014) Na tabela a
seguir apresenta-se alguns tipos de intervenccedilotildees que podem ser feitas em aacutereas de risco
sugeridas pelo Ministeacuterio das cidades (ALHEIROS 2006)
Quadro 5 1 - Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco
Tipo de intervenccedilatildeo Descriccedilatildeo
Serviccedilos de limpeza e Recuperaccedilatildeo
Remoccedilatildeo de entulho lixo etc
corte de aacutervores
remoccedilatildeo de bananeiras
recuperaccedilatildeo eou limpeza de sistemas de
drenagem esgotos e acessos
Limpeza de canais de drenagem
Proteccedilatildeo Vegetal
Proteccedilatildeo superficial vegetal (gramiacuteneas) em
taludes com solo exposto
Proteccedilatildeo vegetal de margens de canais de
drenagem
Barreiras vegetais para massas escorregadas
ou acumuladas pela erosatildeo
Drenagem Superficial e Acessos
Sistema de drenagem superficial (canaletas
raacutepidos caixas de transiccedilatildeo escadas drsquoaacutegua)
Acessos para pedestres (escadarias rampas
etc) integrados ao sistema de drenagem
Revestimento de Taludes Revestimento com materiais artificiais
cimentado cal-jet tela argamassada alvenaria
de tijolos ceracircmicos solo-cimento ensacado
Desmonte de blocos e matacotildees Desmonte de concreccedilotildees de grande porte
blocos rochosos e matacotildees
Obras de drenagem de subsuperfiacutecie Sistema de drenagem de subsuperfiacutecie
(trincheiras drenantes DHP poccedilos de
rebaixamento)
Estruturas de contenccedilatildeo (localizadas)
Muros de contenccedilatildeo de pequeno porte (solo-
cimento ensacado alvenaria de pedra-rachatildeo
concreto armado)
Estruturas de contenccedilatildeo localizadas
(chumbadores tirantes microestacas)
Contenccedilatildeo e proteccedilatildeo de margens de canais (
gabiotildees muros de concreto etc)
Estruturas de contenccedilatildeo (meacutedio e grande porte) Implantaccedilatildeo de estruturas de contenccedilatildeo de
meacutedio e grande porte envolvendo obras de
contenccedilatildeo passivas e ativas (muros de
gravidade cortinas etc)
Terraplanagem Execuccedilatildeo de serviccedilos de terraplanagem
combinados a obras de drenagem superficial e
proteccedilatildeo vegetal desvio e canalizaccedilatildeo de
coacuterregos
Remoccedilatildeo de moradias Remoccedilotildees definitivas para implantaccedilatildeo de
obras ou devido agrave localizaccedilatildeo improacutepria da
edificaccedilatildeo (Priorizar as relocaccedilotildees dentro da
proacutepria aacuterea em local seguro)
Fonte ALHEIROS 2006
43
Escolhidas as formas de intervenccedilatildeo para cada aacuterea eacute necessaacuterio realizar uma estimativa
dos custos afim de preparar o orccedilamento da prefeitura para a realizaccedilatildeo das obras e se
seraacute necessaacuterio a captaccedilatildeo de recursos externos para a execuccedilatildeo destas Feitas as
estimativas de custo o proacuteximo passo eacute definir as prioridades e para esta fase eacute tambeacutem
uacutetil o mapeamento feito nas etapas anteriores pois seraacute necessaacuterio hierarquizar tais
intervenccedilotildees nas aacutereas de risco O Ministeacuterio das Cidades (2007) sugere alguns criteacuterios
que podem ser avaliados pelo gestor dentre eles pode-se citar
Grau de risco
Populaccedilatildeo beneficiada
Custo da intervenccedilatildeo
Dimensatildeo da aacuterea a ser tratada
Demandas anteriores da populaccedilatildeo
Tempo de ocupaccedilatildeo
Viabilidade teacutecnica da intervenccedilatildeo
Viabilidade financeira
Inclusatildeo da aacuterea em outros projetos
A partir desta hierarquizaccedilatildeo inicia-se a identificaccedilatildeo de provaacuteveis fontes de captaccedilatildeo de
recursos para a execuccedilatildeo das intervenccedilotildees Estes recursos podem advir de programas dos
governos Federal e Estadual ou por meio de editais para captaccedilatildeo de recursos financeiros
tanto do setor puacuteblico como da iniciativa privada e podem ser tambeacutem associados agrave outras
Secretarias Municipais como a de Turismo ou Meio Ambiente e natildeo soacute as destinadas agrave
Defesa Civil (ALHEIROS 2006)
Eacute previsto tambeacutem no PMRR uma avaliaccedilatildeo da Defesa Civil municipal e como ela estaacute
estruturada fazendo inclusive sugestotildees para que sua atuaccedilatildeo esteja em consonacircncia com
a realidade das comunidades e da Administraccedilatildeo Puacuteblica do municiacutepio de forma a garantir
sua sustentabilidade e conquistar a credibilidade da populaccedilatildeo no que diz respeito a
prevenccedilatildeo de cataacutestrofes Para que a resposta a uma determinada situaccedilatildeo de risco seja
raacutepida eacute necessaacuterio a descentralizaccedilatildeo da Defesa Civil criando pequenos nuacutecleos
comunitaacuterios com a finalidade de se monitorar a aacuterea constantemente e promover as
intervenccedilotildees necessaacuterias em tempo haacutebil o que aumenta em muito a credibilidade da
populaccedilatildeo no PMRR e no trabalho desempenhado pela Defesa Civil no municiacutepio Apoacutes
esta etapa o PMRR passaraacute por audiecircncias puacuteblicas e posteriormente poderaacute ser aprovado
como Lei Municipal pelo Legislativo local (ALHEIROS 2006)
Com a realizaccedilatildeo deste plano o municiacutepio estaraacute munido de informaccedilotildees suficientes para
realizar accedilotildees efetivas de gestatildeo e gerenciamento de riscos bem como aliado a
levantamentos sociais realizar programas habitacionais que beneficiem prioritariamente
44
aos moradores das aacutereas de risco Aleacutem disso com o PMRR o municiacutepio poderaacute melhorar
a qualidade ambiental da populaccedilatildeo captando recursos para a recuperaccedilatildeo das aacutereas de
APP que foram degradadas pelas ocupaccedilotildees irregulares beneficiando todos os moradores
do municiacutepio com o aumento da qualidade de vida na cidade
A partir do disposto nesta seccedilatildeo acerca do Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos e de
uma maneira preliminar (levando-se em conta apenas o nuacutemero de registros de
alagamentos e deslizamentos na aacuterea urbana principal de Santos Dumont no periacuteodo de
1984 a 2014) identificou-se trecircs regiotildees distintas na aacuterea urbana do municiacutepio com
tempo de recorrecircncia desses eventos similares caracterizando trecircs prioridades de
intervenccedilatildeo em contenccedilatildeo de risco como pode ser visto nas figuras 515 e 516 Vale
ressaltar que eacute necessaacuterio um estudo mais detalhado inclusive com visitas teacutecnicas a
campo para que se confirme a real situaccedilatildeo destas e a real prioridade para investimentos
Figura 5 17 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de deslizamentos
Fonte Do Autor
45
Figura 5 18 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de alagamentos
Fonte Do Autor
46
6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees
A seguir apresenta-se as conclusotildees e as recomendaccedilotildees feitas a partir dos objetivos
especiacuteficos explicitados no iniacutecio deste trabalho
Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a
aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes
urbanos
A partir da revisatildeo da legislaccedilatildeo pertinente em acircmbito federal estadual e
municipal constatou-se que o Plano Diretor de Santos Dumont natildeo conflita com a
legislaccedilatildeo federal e estadual sobre Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente A legislaccedilatildeo
municipal foi entendida como mais conservadora que as federal e estadual uma
vez que considera implicitamente que declividades entre 47 e 100 satildeo
enquadradas como APPs aleacutem da faixa superior a 100
Parte consideraacutevel das ocupaccedilotildees em APP principalmente na regiatildeo do bairro
Santo Antocircnio (onde surgiu os primeiros nuacutecleos que deram origem ao municiacutepio)
e o centro da cidade ocorreram antes de que fosse elaborado qualquer legislaccedilatildeo
que versasse sobre o tema Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente bastando ao gestor
local tomar medidas de contenccedilatildeo de riscos que minimizem os impactos causados
por essas ocupaccedilotildees nessa regiatildeo
O ordenamento adequado do uso do solo no municiacutepio eacute necessaacuterio para que o
crescimento dos loteamentos criados anteriormente agrave esta Lei e o surgimento de
novos natildeo avance para Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente o que pode causar
inuacutemeros problemas aos moradores e agravar os jaacute existentes
Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las
com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)
As aacutereas onde houveram a maior quantidade de registros de deslizamentos satildeo os
bairros mais populosos de Santos Dumont podendo se estabelecer uma relaccedilatildeo
que quanto mais populoso o bairro maior a quantidade de problemas relacionados
a deslizamentos Tambeacutem pode-se notar uma relaccedilatildeo com as fronteiras das faixas
de declividades e os deslizamentos uma vez que boa parte deles aconteceram
nestas faixas
As aacutereas onde houve um grande nuacutemero de registros de alagamentos satildeo os bairros
que se desenvolveram agraves margens do Ribeiratildeo das Posses em especial na aacuterea que
47
compreende as APPs de curso hiacutedrico e em aacutereas onde a declividade eacute baixa Esse
fato aliado ao crescimento do nuacutemero de vias pavimentadas com material
impermeaacutevel e a natildeo expansatildeo e ou redimensionamento da rede de drenagem
urbana contribuiacuteram para a ocorrecircncia cada vez mais constante de alagamentos
nessas aacutereas
Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos
catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30
anos
A partir do levantamento histoacuterico realizado e da base de dados georeferenciada
gerada observou-se o aumento do nuacutemero de registros de deslizamentos e
alagamentos nos uacuteltimos 10 anos quando as ocorrecircncias comeccedilaram a se repetir
numa mesma aacuterea com frequecircncia incrementada as vezes com mais de uma
ocorrecircncia anual
Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do
solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental
Destaca-se a adequaccedilatildeo dos criteacuterios gerais estabelecidos pelo Plano Diretor de
Santos Dumont relativos a legislaccedilatildeo federal e estadual Entretanto o referido
Plano Diretor natildeo contempla todo o territoacuterio municipal sendo assim ele natildeo
cumpre o objetivo de proteger as APPs preservadas e recuperar as que foram
degradadas em todo o territoacuterio municipal Ressalta-se tambeacutem a sua natildeo
conformidade com o Estatuto das Cidades uma vez que o Plano Diretor
contempla apenas os novos loteamentos
Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais
negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea
impactada
Recomenda-se a implantaccedilatildeo no municiacutepio de uma Coordenadoria Municipal de
Defesa Civil atuante e integrada agraves Secretarias Municipais e agrave comunidade
visando uma atuaccedilatildeo eficaz nos problemas relacionados a deslizamentos e
alagamentos A elaboraccedilatildeo de um Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos eacute de
suma importacircncia pois atraveacutes dele pode-se predizer as aacutereas que passaratildeo por
problemas caso a expansatildeo aconteccedila ou se inicie uma ocupaccedilatildeo nova aleacutem de
prevenir acidentes nas aacutereas jaacute ocupadas e consideradas de risco
48
7 Anexos
49
71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont
50
51
72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)
52
53
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31
Figura 5 8 Aacutereas propensas a deslizamento do estudo do Plano Diretor
complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento
Fonte Do Autor
Atraveacutes da combinaccedilatildeo entre estes dois levantamentos procurou-se alimentar a base de
dados e garantir uma consistecircncia maior desta no que diz respeito a aacutereas de deslizamento
e alagamento podendo inclusive se identificar a suscetibilidade de uma determinada
regiatildeo da cidade a um ou outro evento (CEPED2014)
512 O Plano diretor e as APPs
Nos uacuteltimos anos o Brasil experimentou um forte fenocircmeno de migraccedilatildeo do campo para
as aacutereas urbanas De acordo com o IBGE no periacuteodo de 1940 a 2000 houve um aumento
de cerca de 60 do nuacutemero de pessoas que vivem em cidades (SILVA JR 2006) O
processo de planejamento e ordenamento do uso do solo nessas aacutereas deveria ter
acompanhado esse crescimento ao longo dos anos a fim de garantir a qualidade de vida e
a seguranccedila dos migrantes ao se instalarem nas cidades o que natildeo ocorreu e o que se
observa atualmente satildeo ocupaccedilotildees em aacutereas improacuteprias para moradia sem a infraestrutura
baacutesica necessaacuteria e com risco iminente de deslizamentos eou inundaccedilotildees
O Plano Diretor do municiacutepio de Santos Dumont em seu capiacutetulo IV que versa sobre o
uso e ocupaccedilatildeo do solo explicita regras para o ordenamento do territoacuterio que compreende
o municiacutepio com base nos diferentes usos do solo de acordo com sua compatibilidade o
32
que acabou por resultar num zoneamento de todo o municiacutepio em macrozonas conforme
citado na seccedilatildeo 3231 de acordo com os usos atuais e futuros do solo Aleacutem de dividir
estas macrozonas em urbanas e rurais tambeacutem avaliou e classificou estas aacutereas com base
numa seacuterie de fatores ambientais geoloacutegicos culturais e sociais de forma a se fazer um
zoneamento coerente com os atuais usos do solo e seu potencial de uso futuro Apresenta-
se na Figura 59 este zoneamento na aacuterea urbana principal de Santos Dumont
Figura 5 9 Zoneamento urbano da aacuterea urbana principal
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Lei 42412012
Tomando como referecircncia o Novo Coacutedigo Florestal brasileiro em especial os paracircmetros
estabelecidos para a definiccedilatildeo de APP e utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento
atraveacutes do software Vista SAGA relacionou-se as APPs existentes na aacuterea em estudo com
as regiotildees propiacutecias a alagamentos e deslizamentos de acordo com o estudo feito quando
da elaboraccedilatildeo do Plano Diretor afim de se identificar qual ou quais aacutereas possuem estes
problemas e se estatildeo relacionados com o uso do solo irregular em APP
Ao se aplicar a metodologia proposta por Oliveira amp Fernandes Filho (2013) natildeo foram
identificadas dentro da aacuterea de estudo APPs de topos de morro sendo este tipo de APP
descartada portanto das anaacutelises subsequentes deste trabalho Foram consideradas as
APP de curso hiacutedrico (rios e nascentes) e de declividade visando relacionaacute-las as aacutereas
de risco identificadas pela Prefeitura afim de se verificar as possiacuteveis causas da ocorrecircncia
33
destas aacutereas na regiatildeo urbana do municiacutepio Por meio de combinaccedilotildees entre dois mapas
temaacuteticos utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento foi possiacutevel obter as
assinaturas ou seja tabelas que caracterizam quantitativamente a aacuterea afetada por cada
aspecto visto que a simples visualizaccedilatildeo do mapa gerado pelo geoprocessamento muitas
vezes eacute prejudicada por serem aacutereas de pequenas dimensotildees ou por qualquer outra
limitaccedilatildeo do software Ressalta-se que para a elaboraccedilatildeo do Plano Municipal de Reduccedilatildeo
de riscos a identificaccedilatildeo e detalhamento topograacutefico destas aacutereas eacute fundamental para o
desenvolvimento do referido Plano conforme seraacute abordado detalhadamente na seccedilatildeo
52
De posse do mapa que representa o zoneamento urbano de Santos Dumont primeiramente
procurou-se mensurar qualitativa e quantitativamente a presenccedila de APPs tanto de
declividade quanto de cursos hiacutedricos Essa identificaccedilatildeo eacute importante pois este
zoneamento eacute um dos instrumentos de planejamento municipal (BRASIL 2001) Saboya
(2007) aponta que os principais objetivos de um zoneamento satildeo o controle da expansatildeo
urbana e proteccedilatildeo de aacutereas inadequadas a ocupaccedilatildeo aleacutem de reduzir os conflitos inerentes
aos diferentes usos do solo Com o uso da ferramenta ldquoCombinarrdquo do Vista SAGA foram
feitas combinaccedilotildees entre o mapa de hidrografia com buffer de 30m para rios e coacuterregos e
de 50m para nascentes com o mapa do zoneamento para se verificar a importacircncia das
APPs de curso hiacutedrico em toda a aacuterea urbana principal do municiacutepio Tambeacutem foram
combinados o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) obtido atraveacutes do gvSIG com o mapa
de zoneamento afim de se verificar quantitativamente as APPs de declividade e onde se
localizam Vale ressaltar que as declividades entre 30 e 47 estatildeo presentes nesta
combinaccedilatildeo pois de acordo com o Plano Diretor de Santos Dumont terrenos com esta
faixa de declividade para fins de parcelamento devem possuir estudo teacutecnico que ateste
a viabilidade de se promover algum empreendimento imobiliaacuterio neste (SANTOS
DUMONT 2012) Como a legislaccedilatildeo municipal prevecirc estudo somente para a faixa de
declividade descrita anteriormente para fins de anaacutelise neste trabalho consideramos um
valor mais conservador para APP compreendendo a faixa de 47 a 100 aleacutem da
prevista pela legislaccedilatildeo federal (gt100) para que natildeo houvessem lacunas importantes na
geraccedilatildeo do produto
Apresenta-se na Figura 510 aacutereas com declividades consideradas de risco e consideradas
APP e em qual zona de planejamento elas estatildeo inseridas De um modo geral ao se
observar a Tabela 52 nota-se que a aacuterea que compreende declividades de risco e APP eacute
uma pequena parcela da aacuterea urbana principal representando 061 desta aacuterea Ao se
levar em conta somente a localizaccedilatildeo pode-se verificar que cerca de 84 das aacutereas com
declividade de risco e a totalidade das APPs de declividade estatildeo localizadas na ZAC1
zona que compreende a maior parte do municiacutepio e apesar de possuir infraestrutura baacutesica
para a ocupaccedilatildeo esta eacute restrita Sendo assim o fator declividade deve ser visto com cautela
nesta aacuterea para se evitar transtornos advindos de edificaccedilotildees nestas aacutereas
34
Figura 5 10 Combinaccedilatildeo entre as declividades importantes incluindo as APPs e o
zoneamento urbano
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Do autor
Tabela 52 Assinaturas da combinaccedilatildeo Declividade x Zoneamento
Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea
Natildeo APP 457972 9939
Declividade 30-47 em ZAC1 2368 051
Declividade 30-47 em ZE 284 006
Declividade 30-47 em ZAC2 128 003
Declividade 30-47 em ZPA 004 0001
APP Declividade em ZAC1 048 001
Total 460804 100
Fonte Do autor
Apresenta-se na Figura 511 as APPs de curso hiacutedrico (nascentes e rios) e em qual zona
de planejamento estatildeo localizadas Assim como a declividade a maior parte das APPs de
curso hiacutedrico estatildeo localizadas em ZAC1 representando 383 da aacuterea urbana em estudo
e 51 do total das APPs de curso hiacutedrico Esta questatildeo tambeacutem deve ser vista com
bastante criteacuterio pelos gestores locais uma vez que a ocupaccedilatildeo em faixas proacuteximas de
rios e coacuterregos podem causar uma gama de problemas ambientais e sociais na regiatildeo
(SANTANA2011) Tal cuidado tambeacutem deve ser tomado nas APPs compreendidas na
35
ZAC2 que compreende 001 da Aacuterea urbana principal e 14 do total das APPs de curso
hiacutedrico pois a infraestrutura baacutesica e acessibilidade presente nesta zona eacute precaacuteria e a
ocupaccedilatildeo as margens de cursos hiacutedricos pode gerar problemas seacuterios caso ocorra uma
expansatildeo nestas aacutereas
Figura 511 Combinaccedilatildeo entre APP de curso hiacutedrico e as zonas de planejamento
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Do autor
Outro ponto importante eacute a presenccedila da Zona de Proteccedilatildeo Ambiental (ZPA) no entorno
uma consideraacutevel parte dos cursos hiacutedricos Nesta zona estatildeo presentes 28 das APPs de
curso hiacutedrico e esta zona de acordo com o Plano Diretor deve ser restaurada ou
preservada por suas caracteriacutesticas geoloacutegicas topograacuteficas e bioloacutegicas
Afim de se verificar os usos do solo na regiatildeo em estudo foram utilizadas combinaccedilotildees
de imagens advindas do sateacutelite Landsat 8 nas bandas descritas no capiacutetulo 4 aleacutem da
banda pancromaacutetica O resultado eacute apresentado na figura 512 que mostra os principais
usos do solo na aacuterea urbana principal de Santos Dumont
36
Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x Zoneamento
Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea
Hidrografia 11168 239
Aacuterea Urbana Natildeo APP 421004 9008
APP Curso hiacutedrico em ZAC1 179 383
APP Curso hiacutedrico em ZPA 9776 209
APP Curso hiacutedrico em ZE 184 004
APP Curso hiacutedrico em ZA 1192 026
APP Curso hiacutedrico em ZAC2 5124 110
APP Curso hiacutedrico em ZPPH 248 005
APP Curso hiacutedrico em ZEIS 568 012
APP Curso hiacutedrico em ZCA 228 005
Total 467392 10000
Fonte Do autor
Figura 5 12 Mapa de usos do solo da aacuterea urbana principal de Santos Dumont
Fonte Do autor
Como jaacute era previsto a maior parte da aacuterea urbana se encontra ocupada e eacute nesta regiatildeo
ocupada que se observa a maior concentraccedilatildeo de problemas de deslizamentos e
alagamentos (Figuras 513 e 514) A grande ocupaccedilatildeo em aacutereas consideradas APP de
curso hiacutedrico de acordo com os mapas gerados pode ser a principal causa do aumento a
cada ano dos casos de alagamento principalmente na regiatildeo central da cidade Outro ponto
que se deve atentar eacute a existecircncia de uma consideraacutevel aacuterea de pastagem pouco vegetada
que caso estejam em aacutereas elevadas pode contribuir para deslizamentos e agraves margens de
37
rios e coacuterregos para o assoreamento destes corpos hiacutedricos o que pode causar
alagamentos (INAacuteCIO etal 2007)
Diante destes resultados pode-se ver que a cidade de Santos Dumont necessita alternativas
efetiva no que diz respeito agrave contenccedilatildeo de deslizamentos e a reduccedilatildeo de risco de
alagamento pois as aacutereas em que ocorrem tais eventos satildeo distintas e facilmente definidas
devido agrave repeticcedilatildeo destes nos uacuteltimos anos Um plano de accedilatildeo integrado entre as diferentes
secretarias municipais (Obras Meio Ambiente Assistecircncia Social entre outras) e a
Coordenadoria Municipal de Defesa Civil deve ser realizado afim de se tomar medidas
natildeo mais preventivas mas sim preditivas para que se possa conter o avanccedilo destes
problemas na aacuterea urbana principal bem como em toda a aacuterea do municiacutepio
Figura 5 13 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na aacuterea urbana
principal
Fonte Do autor
38
Figura 5 14 Aacutereas sujeitas a alagamento e os principais usos do solo na aacuterea
urbana principal
Fonte Do autor
Ao se associar os dados do estudo do Plano Diretor com os dados do levantamento
histoacuterico realizado com o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) pode-se notar que as aacutereas
propiacutecias a deslizamento estatildeo em regiotildees as quais haacute uma fronteira de declividades ou
seja eacute evidente que os deslizamentos ocorrem em encostas um pouco mais iacutengremes mas
natildeo necessariamente nas encostas de 30-47 as quais exigem estudo teacutecnico conforme o
plano diretor preconiza Quanto aos alagamentos nota-se que eles se localizam nas aacutereas
com menor ou nenhuma declividade podendo ser estas aacutereas talvez componentes da
planiacutecie de inundaccedilatildeo dos rios Estes resultados podem ser vistos nas figuras 515 e 516
a seguir
39
Figura5 15 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a deslizamentos na
regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
Fonte Lei 42412012 e Autor
Figura5 26 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a alagamentos na
regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
Fonte Lei 42412012 e Autor
40
52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis
O processo de ocupaccedilatildeo no municiacutepio de Santos Dumont comeccedilou muito antes de
qualquer legislaccedilatildeo relacionada a ordenamento urbano e de proteccedilatildeo do meio ambiente
fosse implementado no Brasil Esse fato aliado a poliacuteticas e fiscalizaccedilotildees falhas
contribuiacuteram para a ocupaccedilatildeo e expansatildeo da aacuterea urbana ao longo do Ribeiratildeo das Posses
e seus afluentes o que tem gerado o aumento da degradaccedilatildeo destes corpos hiacutedricos ao
longo de todos estes anos Observa-se tambeacutem que nas uacuteltimas deacutecadas ocorreu um
grande nuacutemero de migraccedilotildees do campo para a regiatildeo urbana da cidade fator que
contribuiu para o crescimento do nuacutemero de habitaccedilotildees em aacutereas de risco de deslizamento
e alagamentos por serem na maioria das vezes terrenos menos valorizados e por este
motivo acessiacuteveis a populaccedilatildeo com menor poder aquisitivo (ROSA amp CORTEZ 2008)
Vale ressaltar que esta questatildeo aleacutem de ser ambiental eacute muito mais social pois os
moradores entendem os riscos de se viver nestes locais mas por motivos econocircmicos ou
por questotildees afetivas natildeo abrem matildeo da moradia nessas aacutereas A Constituiccedilatildeo Federal de
1988 promoveu a inter-relaccedilatildeo das questotildees sociais com as questotildees ambientais quando
colocou o meio ambiente como direito coletivo (BRASIL1988 SOUZA2010) Por este
motivo a decisatildeo por medidas draacutesticas que favoreccedilam apenas agrave preservaccedilatildeo do meio
ambiente natildeo eacute recomendada pois aleacutem de ser inconstitucional podem afetar a
sustentabilidade econocircmica do municiacutepio e gerar conflitos sociais consideraacuteveis
(CARLOS 1992 apud SOUZA 2010)
Segundo Bueno (2009) ldquonem tudo o que eacute irregular eacute precaacuteriordquo Esse fato se observa em
Santos Dumont uma vez que em boa parte da regiatildeo central se observa vaacuterias moradias
construiacutedas na faixa de APP de curso hiacutedrico o que natildeo eacute permitido pela legislaccedilatildeo
vigente e eacute um dos fatores que contribui para a ocorrecircncia de alagamentos nesta aacuterea da
cidade Para a resoluccedilatildeo deste problema o que seria mais viaacutevel seria a melhoria da
infraestrutura de drenagem urbana afim de que o escoamento da aacutegua das chuvas natildeo
sobrecarregasse o sistema (BUENO2009) A construccedilatildeo de bacias de contenccedilatildeo de
cheias ao longo do Ribeiratildeo das Posses tambeacutem seria uma alternativa mas para se verificar
a viabilidade necessita-se estudos mais aprofundados do ponto de vista hidroloacutegico
O grande problema a ser solucionado no entanto eacute o que diz respeito agraves aacutereas de risco
de deslizamento majoritariamente nos bairros A melhor alternativa seria o
remanejamento dos moradores para uma aacuterea proacutexima agrave que moram poreacutem longe do
risco Poreacutem esta alternativa de acordo com Rosa Filho amp Cortez (2008) encontra alguns
entraves pois estas pessoas na maioria das vezes natildeo tecircm condiccedilotildees financeiras de irem
para outro lugar ou pagar aluguel ou estatildeo de alguma forma sentimentalmente ligadas
agravequela regiatildeo que se recusam a deixaacute-lo
41
Por parte dos oacutergatildeos competentes no municiacutepio a criaccedilatildeo de um plano para se evitar
acidentes ocasionados por deslizamentos e alagamentos com um mapeamento detalhado
de toda a extensatildeo do municiacutepio eacute extremamente uacutetil Os estudos que seratildeo feitos para a
elaboraccedilatildeo deste plano poderatildeo definir quais as aacutereas satildeo potencialmente de risco para as
ocupaccedilotildees existentes ou para as potenciais ocupaccedilotildees que possam vir a ocorrer atraveacutes do
mapeamento das aacutereas de risco Tal planejamento seraacute auxiliar ao Plano Diretor
Municipal pois definiraacute o real uso do solo de determinada regiatildeo do municiacutepio
contribuindo para a adequaccedilatildeo do uso e ocupaccedilatildeo do solo afim de evitar ou reduzir o
nuacutemero de problemas relacionados a alagamentos e principalmente deslizamentos no
periacutemetro urbano (TOMINAGA 2009) A partir deste plano os gestores locais poderatildeo
tomar a melhor decisatildeo para a prevenccedilatildeo ou reduccedilatildeo dos riscos inerentes a tais problemas
Na seccedilatildeo 521 seraacute hierarquizado de forma preliminar a aacuterea urbana principal de acordo
com os resultados da tabela 51
521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta
O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos (PMRR) foi criado atraveacutes de accedilotildees
regularizadoras do Ministeacuterio das Cidades para ser o instrumento de gestatildeo e
gerenciamento de aacutereas de risco em um municiacutepio Eacute um documento que aleacutem de
estabelecer quais regiotildees satildeo consideradas de risco tambeacutem objetiva a proposta de
medidas estruturais ou natildeo para contenccedilatildeo eou prevenccedilatildeo de cataacutestrofes aleacutem de ser um
meio de captaccedilatildeo de recursos financeiros junto aos Governos Estadual e Federal Estes
recursos poderatildeo ser utilizados para a realizaccedilatildeo de obras que visem a melhoria da
qualidade de vida da populaccedilatildeo do entorno ou de recuperaccedilatildeo da aacuterea degradada Este
plano eacute realizado de forma participativa com as comunidades das aacutereas de risco e pode
ser realizado em sete fases conforme recomenda o Ministeacuterio das Cidades (ALHEIROS
2006)
O primeiro passo para a realizaccedilatildeo do PMRR eacute definir qual a metodologia seraacute empregada
levando-se em consideraccedilatildeo a realidade atual do municiacutepio e especificar de forma sucinta
um cronograma das atividades Eacute importante nesta fase a participaccedilatildeo tambeacutem dos
responsaacuteveis pelas mais variadas Secretarias Municipais afim de explicitar o tamanho da
importacircncia e o caraacuteter integrador deste plano A segunda fase deste plano objetiva a
criaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo da principal base de dados a ser utilizada nos passos posteriores o
mapeamento de risco em escala detalhe em torno de 13000 (SAtildeO PAULO 2014) A
elaboraccedilatildeo de um mapeamento detalhado propiciaraacute natildeo soacute a identificaccedilatildeo mais faacutecil das
aacutereas de risco como tambeacutem facilitaraacute aos gestores e agrave comunidade decidirem qual a
melhor intervenccedilatildeo para a soluccedilatildeo ou remediaccedilatildeo dos problemas em uma determinada
42
aacuterea hierarquizando o risco e definindo prioridades (SAtildeO PAULO 2014) Na tabela a
seguir apresenta-se alguns tipos de intervenccedilotildees que podem ser feitas em aacutereas de risco
sugeridas pelo Ministeacuterio das cidades (ALHEIROS 2006)
Quadro 5 1 - Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco
Tipo de intervenccedilatildeo Descriccedilatildeo
Serviccedilos de limpeza e Recuperaccedilatildeo
Remoccedilatildeo de entulho lixo etc
corte de aacutervores
remoccedilatildeo de bananeiras
recuperaccedilatildeo eou limpeza de sistemas de
drenagem esgotos e acessos
Limpeza de canais de drenagem
Proteccedilatildeo Vegetal
Proteccedilatildeo superficial vegetal (gramiacuteneas) em
taludes com solo exposto
Proteccedilatildeo vegetal de margens de canais de
drenagem
Barreiras vegetais para massas escorregadas
ou acumuladas pela erosatildeo
Drenagem Superficial e Acessos
Sistema de drenagem superficial (canaletas
raacutepidos caixas de transiccedilatildeo escadas drsquoaacutegua)
Acessos para pedestres (escadarias rampas
etc) integrados ao sistema de drenagem
Revestimento de Taludes Revestimento com materiais artificiais
cimentado cal-jet tela argamassada alvenaria
de tijolos ceracircmicos solo-cimento ensacado
Desmonte de blocos e matacotildees Desmonte de concreccedilotildees de grande porte
blocos rochosos e matacotildees
Obras de drenagem de subsuperfiacutecie Sistema de drenagem de subsuperfiacutecie
(trincheiras drenantes DHP poccedilos de
rebaixamento)
Estruturas de contenccedilatildeo (localizadas)
Muros de contenccedilatildeo de pequeno porte (solo-
cimento ensacado alvenaria de pedra-rachatildeo
concreto armado)
Estruturas de contenccedilatildeo localizadas
(chumbadores tirantes microestacas)
Contenccedilatildeo e proteccedilatildeo de margens de canais (
gabiotildees muros de concreto etc)
Estruturas de contenccedilatildeo (meacutedio e grande porte) Implantaccedilatildeo de estruturas de contenccedilatildeo de
meacutedio e grande porte envolvendo obras de
contenccedilatildeo passivas e ativas (muros de
gravidade cortinas etc)
Terraplanagem Execuccedilatildeo de serviccedilos de terraplanagem
combinados a obras de drenagem superficial e
proteccedilatildeo vegetal desvio e canalizaccedilatildeo de
coacuterregos
Remoccedilatildeo de moradias Remoccedilotildees definitivas para implantaccedilatildeo de
obras ou devido agrave localizaccedilatildeo improacutepria da
edificaccedilatildeo (Priorizar as relocaccedilotildees dentro da
proacutepria aacuterea em local seguro)
Fonte ALHEIROS 2006
43
Escolhidas as formas de intervenccedilatildeo para cada aacuterea eacute necessaacuterio realizar uma estimativa
dos custos afim de preparar o orccedilamento da prefeitura para a realizaccedilatildeo das obras e se
seraacute necessaacuterio a captaccedilatildeo de recursos externos para a execuccedilatildeo destas Feitas as
estimativas de custo o proacuteximo passo eacute definir as prioridades e para esta fase eacute tambeacutem
uacutetil o mapeamento feito nas etapas anteriores pois seraacute necessaacuterio hierarquizar tais
intervenccedilotildees nas aacutereas de risco O Ministeacuterio das Cidades (2007) sugere alguns criteacuterios
que podem ser avaliados pelo gestor dentre eles pode-se citar
Grau de risco
Populaccedilatildeo beneficiada
Custo da intervenccedilatildeo
Dimensatildeo da aacuterea a ser tratada
Demandas anteriores da populaccedilatildeo
Tempo de ocupaccedilatildeo
Viabilidade teacutecnica da intervenccedilatildeo
Viabilidade financeira
Inclusatildeo da aacuterea em outros projetos
A partir desta hierarquizaccedilatildeo inicia-se a identificaccedilatildeo de provaacuteveis fontes de captaccedilatildeo de
recursos para a execuccedilatildeo das intervenccedilotildees Estes recursos podem advir de programas dos
governos Federal e Estadual ou por meio de editais para captaccedilatildeo de recursos financeiros
tanto do setor puacuteblico como da iniciativa privada e podem ser tambeacutem associados agrave outras
Secretarias Municipais como a de Turismo ou Meio Ambiente e natildeo soacute as destinadas agrave
Defesa Civil (ALHEIROS 2006)
Eacute previsto tambeacutem no PMRR uma avaliaccedilatildeo da Defesa Civil municipal e como ela estaacute
estruturada fazendo inclusive sugestotildees para que sua atuaccedilatildeo esteja em consonacircncia com
a realidade das comunidades e da Administraccedilatildeo Puacuteblica do municiacutepio de forma a garantir
sua sustentabilidade e conquistar a credibilidade da populaccedilatildeo no que diz respeito a
prevenccedilatildeo de cataacutestrofes Para que a resposta a uma determinada situaccedilatildeo de risco seja
raacutepida eacute necessaacuterio a descentralizaccedilatildeo da Defesa Civil criando pequenos nuacutecleos
comunitaacuterios com a finalidade de se monitorar a aacuterea constantemente e promover as
intervenccedilotildees necessaacuterias em tempo haacutebil o que aumenta em muito a credibilidade da
populaccedilatildeo no PMRR e no trabalho desempenhado pela Defesa Civil no municiacutepio Apoacutes
esta etapa o PMRR passaraacute por audiecircncias puacuteblicas e posteriormente poderaacute ser aprovado
como Lei Municipal pelo Legislativo local (ALHEIROS 2006)
Com a realizaccedilatildeo deste plano o municiacutepio estaraacute munido de informaccedilotildees suficientes para
realizar accedilotildees efetivas de gestatildeo e gerenciamento de riscos bem como aliado a
levantamentos sociais realizar programas habitacionais que beneficiem prioritariamente
44
aos moradores das aacutereas de risco Aleacutem disso com o PMRR o municiacutepio poderaacute melhorar
a qualidade ambiental da populaccedilatildeo captando recursos para a recuperaccedilatildeo das aacutereas de
APP que foram degradadas pelas ocupaccedilotildees irregulares beneficiando todos os moradores
do municiacutepio com o aumento da qualidade de vida na cidade
A partir do disposto nesta seccedilatildeo acerca do Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos e de
uma maneira preliminar (levando-se em conta apenas o nuacutemero de registros de
alagamentos e deslizamentos na aacuterea urbana principal de Santos Dumont no periacuteodo de
1984 a 2014) identificou-se trecircs regiotildees distintas na aacuterea urbana do municiacutepio com
tempo de recorrecircncia desses eventos similares caracterizando trecircs prioridades de
intervenccedilatildeo em contenccedilatildeo de risco como pode ser visto nas figuras 515 e 516 Vale
ressaltar que eacute necessaacuterio um estudo mais detalhado inclusive com visitas teacutecnicas a
campo para que se confirme a real situaccedilatildeo destas e a real prioridade para investimentos
Figura 5 17 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de deslizamentos
Fonte Do Autor
45
Figura 5 18 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de alagamentos
Fonte Do Autor
46
6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees
A seguir apresenta-se as conclusotildees e as recomendaccedilotildees feitas a partir dos objetivos
especiacuteficos explicitados no iniacutecio deste trabalho
Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a
aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes
urbanos
A partir da revisatildeo da legislaccedilatildeo pertinente em acircmbito federal estadual e
municipal constatou-se que o Plano Diretor de Santos Dumont natildeo conflita com a
legislaccedilatildeo federal e estadual sobre Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente A legislaccedilatildeo
municipal foi entendida como mais conservadora que as federal e estadual uma
vez que considera implicitamente que declividades entre 47 e 100 satildeo
enquadradas como APPs aleacutem da faixa superior a 100
Parte consideraacutevel das ocupaccedilotildees em APP principalmente na regiatildeo do bairro
Santo Antocircnio (onde surgiu os primeiros nuacutecleos que deram origem ao municiacutepio)
e o centro da cidade ocorreram antes de que fosse elaborado qualquer legislaccedilatildeo
que versasse sobre o tema Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente bastando ao gestor
local tomar medidas de contenccedilatildeo de riscos que minimizem os impactos causados
por essas ocupaccedilotildees nessa regiatildeo
O ordenamento adequado do uso do solo no municiacutepio eacute necessaacuterio para que o
crescimento dos loteamentos criados anteriormente agrave esta Lei e o surgimento de
novos natildeo avance para Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente o que pode causar
inuacutemeros problemas aos moradores e agravar os jaacute existentes
Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las
com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)
As aacutereas onde houveram a maior quantidade de registros de deslizamentos satildeo os
bairros mais populosos de Santos Dumont podendo se estabelecer uma relaccedilatildeo
que quanto mais populoso o bairro maior a quantidade de problemas relacionados
a deslizamentos Tambeacutem pode-se notar uma relaccedilatildeo com as fronteiras das faixas
de declividades e os deslizamentos uma vez que boa parte deles aconteceram
nestas faixas
As aacutereas onde houve um grande nuacutemero de registros de alagamentos satildeo os bairros
que se desenvolveram agraves margens do Ribeiratildeo das Posses em especial na aacuterea que
47
compreende as APPs de curso hiacutedrico e em aacutereas onde a declividade eacute baixa Esse
fato aliado ao crescimento do nuacutemero de vias pavimentadas com material
impermeaacutevel e a natildeo expansatildeo e ou redimensionamento da rede de drenagem
urbana contribuiacuteram para a ocorrecircncia cada vez mais constante de alagamentos
nessas aacutereas
Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos
catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30
anos
A partir do levantamento histoacuterico realizado e da base de dados georeferenciada
gerada observou-se o aumento do nuacutemero de registros de deslizamentos e
alagamentos nos uacuteltimos 10 anos quando as ocorrecircncias comeccedilaram a se repetir
numa mesma aacuterea com frequecircncia incrementada as vezes com mais de uma
ocorrecircncia anual
Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do
solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental
Destaca-se a adequaccedilatildeo dos criteacuterios gerais estabelecidos pelo Plano Diretor de
Santos Dumont relativos a legislaccedilatildeo federal e estadual Entretanto o referido
Plano Diretor natildeo contempla todo o territoacuterio municipal sendo assim ele natildeo
cumpre o objetivo de proteger as APPs preservadas e recuperar as que foram
degradadas em todo o territoacuterio municipal Ressalta-se tambeacutem a sua natildeo
conformidade com o Estatuto das Cidades uma vez que o Plano Diretor
contempla apenas os novos loteamentos
Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais
negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea
impactada
Recomenda-se a implantaccedilatildeo no municiacutepio de uma Coordenadoria Municipal de
Defesa Civil atuante e integrada agraves Secretarias Municipais e agrave comunidade
visando uma atuaccedilatildeo eficaz nos problemas relacionados a deslizamentos e
alagamentos A elaboraccedilatildeo de um Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos eacute de
suma importacircncia pois atraveacutes dele pode-se predizer as aacutereas que passaratildeo por
problemas caso a expansatildeo aconteccedila ou se inicie uma ocupaccedilatildeo nova aleacutem de
prevenir acidentes nas aacutereas jaacute ocupadas e consideradas de risco
48
7 Anexos
49
71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont
50
51
72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)
52
53
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Ambiental IBEAS Londrina 2011
SANTOS DUMONT Lei Municipal 4241 de 19 de dezembro de 2012 Dispotildee sobre o
Plano Diretor Participativo do Municiacutepio de Santos Dumont nos termos da Lei nordm 10257
de 10 de julho de 2001 ndash Estatuto das Cidades e conteacutem outras providecircncias Santos
Dumont 2012
56
SAtildeO PAULO Mapeamento de riscos associados a escorregamentos inundaccedilatildeo erosotildees
e solapamento de margens de drenagens do municiacutepio de Campos do Jordatildeo-SP
Relatoacuterio Teacutecnico Campos do Jordatildeo 2014
SILVA JR J R amp PASSOS L A O negoacutecio eacute participar a importacircncia do plano
diretor para o desenvolvimento municipal CNM SEBRAE Brasiacutelia 2006
SKORUPA LA Aacutereas de preservaccedilatildeo permanente e desenvolvimento sustentaacutevel
Embrapa Meio Ambiente Jaguariuacutena-SP 2004 4p
SOUZA F P Ocupaccedilotildees irregulares em APP um estudo de caso no munciacutepio de
Campos de Goytacazes- RJ Boletim do Observatoacuterio Ambiental Alberto Ribeiro Lamego
v4 nordm 1 Campos de Goytacazes 2010
SPERFELD A S Identificaccedilatildeo e anaacutelise de demandas soacutecio ambientais de ordem
puacuteblica em aacutereas urbanas susceptiacuteveis a desastres naturais no municiacutepio de Joinville
SC Dissertaccedilatildeo de Mestrado UFSC Florianoacutepolis 2009
TAKEDA T O Uso e ocupaccedilatildeo do solo urbano Disponiacutevel em
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legenda expandida Centro Tecnoloacutegico de Minas Gerais FEAM Belo Horizonte 2010
ZANON F N Uso e ocupaccedilatildeo da terra e vulnerabilidade a alagamento na aacuterea central
da cidade de Satildeo Paulo O caso da subprefeitura da Seacute Trabalho de Graduaccedilatildeo UNESP
Rio Claro 2013
32
que acabou por resultar num zoneamento de todo o municiacutepio em macrozonas conforme
citado na seccedilatildeo 3231 de acordo com os usos atuais e futuros do solo Aleacutem de dividir
estas macrozonas em urbanas e rurais tambeacutem avaliou e classificou estas aacutereas com base
numa seacuterie de fatores ambientais geoloacutegicos culturais e sociais de forma a se fazer um
zoneamento coerente com os atuais usos do solo e seu potencial de uso futuro Apresenta-
se na Figura 59 este zoneamento na aacuterea urbana principal de Santos Dumont
Figura 5 9 Zoneamento urbano da aacuterea urbana principal
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Lei 42412012
Tomando como referecircncia o Novo Coacutedigo Florestal brasileiro em especial os paracircmetros
estabelecidos para a definiccedilatildeo de APP e utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento
atraveacutes do software Vista SAGA relacionou-se as APPs existentes na aacuterea em estudo com
as regiotildees propiacutecias a alagamentos e deslizamentos de acordo com o estudo feito quando
da elaboraccedilatildeo do Plano Diretor afim de se identificar qual ou quais aacutereas possuem estes
problemas e se estatildeo relacionados com o uso do solo irregular em APP
Ao se aplicar a metodologia proposta por Oliveira amp Fernandes Filho (2013) natildeo foram
identificadas dentro da aacuterea de estudo APPs de topos de morro sendo este tipo de APP
descartada portanto das anaacutelises subsequentes deste trabalho Foram consideradas as
APP de curso hiacutedrico (rios e nascentes) e de declividade visando relacionaacute-las as aacutereas
de risco identificadas pela Prefeitura afim de se verificar as possiacuteveis causas da ocorrecircncia
33
destas aacutereas na regiatildeo urbana do municiacutepio Por meio de combinaccedilotildees entre dois mapas
temaacuteticos utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento foi possiacutevel obter as
assinaturas ou seja tabelas que caracterizam quantitativamente a aacuterea afetada por cada
aspecto visto que a simples visualizaccedilatildeo do mapa gerado pelo geoprocessamento muitas
vezes eacute prejudicada por serem aacutereas de pequenas dimensotildees ou por qualquer outra
limitaccedilatildeo do software Ressalta-se que para a elaboraccedilatildeo do Plano Municipal de Reduccedilatildeo
de riscos a identificaccedilatildeo e detalhamento topograacutefico destas aacutereas eacute fundamental para o
desenvolvimento do referido Plano conforme seraacute abordado detalhadamente na seccedilatildeo
52
De posse do mapa que representa o zoneamento urbano de Santos Dumont primeiramente
procurou-se mensurar qualitativa e quantitativamente a presenccedila de APPs tanto de
declividade quanto de cursos hiacutedricos Essa identificaccedilatildeo eacute importante pois este
zoneamento eacute um dos instrumentos de planejamento municipal (BRASIL 2001) Saboya
(2007) aponta que os principais objetivos de um zoneamento satildeo o controle da expansatildeo
urbana e proteccedilatildeo de aacutereas inadequadas a ocupaccedilatildeo aleacutem de reduzir os conflitos inerentes
aos diferentes usos do solo Com o uso da ferramenta ldquoCombinarrdquo do Vista SAGA foram
feitas combinaccedilotildees entre o mapa de hidrografia com buffer de 30m para rios e coacuterregos e
de 50m para nascentes com o mapa do zoneamento para se verificar a importacircncia das
APPs de curso hiacutedrico em toda a aacuterea urbana principal do municiacutepio Tambeacutem foram
combinados o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) obtido atraveacutes do gvSIG com o mapa
de zoneamento afim de se verificar quantitativamente as APPs de declividade e onde se
localizam Vale ressaltar que as declividades entre 30 e 47 estatildeo presentes nesta
combinaccedilatildeo pois de acordo com o Plano Diretor de Santos Dumont terrenos com esta
faixa de declividade para fins de parcelamento devem possuir estudo teacutecnico que ateste
a viabilidade de se promover algum empreendimento imobiliaacuterio neste (SANTOS
DUMONT 2012) Como a legislaccedilatildeo municipal prevecirc estudo somente para a faixa de
declividade descrita anteriormente para fins de anaacutelise neste trabalho consideramos um
valor mais conservador para APP compreendendo a faixa de 47 a 100 aleacutem da
prevista pela legislaccedilatildeo federal (gt100) para que natildeo houvessem lacunas importantes na
geraccedilatildeo do produto
Apresenta-se na Figura 510 aacutereas com declividades consideradas de risco e consideradas
APP e em qual zona de planejamento elas estatildeo inseridas De um modo geral ao se
observar a Tabela 52 nota-se que a aacuterea que compreende declividades de risco e APP eacute
uma pequena parcela da aacuterea urbana principal representando 061 desta aacuterea Ao se
levar em conta somente a localizaccedilatildeo pode-se verificar que cerca de 84 das aacutereas com
declividade de risco e a totalidade das APPs de declividade estatildeo localizadas na ZAC1
zona que compreende a maior parte do municiacutepio e apesar de possuir infraestrutura baacutesica
para a ocupaccedilatildeo esta eacute restrita Sendo assim o fator declividade deve ser visto com cautela
nesta aacuterea para se evitar transtornos advindos de edificaccedilotildees nestas aacutereas
34
Figura 5 10 Combinaccedilatildeo entre as declividades importantes incluindo as APPs e o
zoneamento urbano
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Do autor
Tabela 52 Assinaturas da combinaccedilatildeo Declividade x Zoneamento
Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea
Natildeo APP 457972 9939
Declividade 30-47 em ZAC1 2368 051
Declividade 30-47 em ZE 284 006
Declividade 30-47 em ZAC2 128 003
Declividade 30-47 em ZPA 004 0001
APP Declividade em ZAC1 048 001
Total 460804 100
Fonte Do autor
Apresenta-se na Figura 511 as APPs de curso hiacutedrico (nascentes e rios) e em qual zona
de planejamento estatildeo localizadas Assim como a declividade a maior parte das APPs de
curso hiacutedrico estatildeo localizadas em ZAC1 representando 383 da aacuterea urbana em estudo
e 51 do total das APPs de curso hiacutedrico Esta questatildeo tambeacutem deve ser vista com
bastante criteacuterio pelos gestores locais uma vez que a ocupaccedilatildeo em faixas proacuteximas de
rios e coacuterregos podem causar uma gama de problemas ambientais e sociais na regiatildeo
(SANTANA2011) Tal cuidado tambeacutem deve ser tomado nas APPs compreendidas na
35
ZAC2 que compreende 001 da Aacuterea urbana principal e 14 do total das APPs de curso
hiacutedrico pois a infraestrutura baacutesica e acessibilidade presente nesta zona eacute precaacuteria e a
ocupaccedilatildeo as margens de cursos hiacutedricos pode gerar problemas seacuterios caso ocorra uma
expansatildeo nestas aacutereas
Figura 511 Combinaccedilatildeo entre APP de curso hiacutedrico e as zonas de planejamento
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Do autor
Outro ponto importante eacute a presenccedila da Zona de Proteccedilatildeo Ambiental (ZPA) no entorno
uma consideraacutevel parte dos cursos hiacutedricos Nesta zona estatildeo presentes 28 das APPs de
curso hiacutedrico e esta zona de acordo com o Plano Diretor deve ser restaurada ou
preservada por suas caracteriacutesticas geoloacutegicas topograacuteficas e bioloacutegicas
Afim de se verificar os usos do solo na regiatildeo em estudo foram utilizadas combinaccedilotildees
de imagens advindas do sateacutelite Landsat 8 nas bandas descritas no capiacutetulo 4 aleacutem da
banda pancromaacutetica O resultado eacute apresentado na figura 512 que mostra os principais
usos do solo na aacuterea urbana principal de Santos Dumont
36
Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x Zoneamento
Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea
Hidrografia 11168 239
Aacuterea Urbana Natildeo APP 421004 9008
APP Curso hiacutedrico em ZAC1 179 383
APP Curso hiacutedrico em ZPA 9776 209
APP Curso hiacutedrico em ZE 184 004
APP Curso hiacutedrico em ZA 1192 026
APP Curso hiacutedrico em ZAC2 5124 110
APP Curso hiacutedrico em ZPPH 248 005
APP Curso hiacutedrico em ZEIS 568 012
APP Curso hiacutedrico em ZCA 228 005
Total 467392 10000
Fonte Do autor
Figura 5 12 Mapa de usos do solo da aacuterea urbana principal de Santos Dumont
Fonte Do autor
Como jaacute era previsto a maior parte da aacuterea urbana se encontra ocupada e eacute nesta regiatildeo
ocupada que se observa a maior concentraccedilatildeo de problemas de deslizamentos e
alagamentos (Figuras 513 e 514) A grande ocupaccedilatildeo em aacutereas consideradas APP de
curso hiacutedrico de acordo com os mapas gerados pode ser a principal causa do aumento a
cada ano dos casos de alagamento principalmente na regiatildeo central da cidade Outro ponto
que se deve atentar eacute a existecircncia de uma consideraacutevel aacuterea de pastagem pouco vegetada
que caso estejam em aacutereas elevadas pode contribuir para deslizamentos e agraves margens de
37
rios e coacuterregos para o assoreamento destes corpos hiacutedricos o que pode causar
alagamentos (INAacuteCIO etal 2007)
Diante destes resultados pode-se ver que a cidade de Santos Dumont necessita alternativas
efetiva no que diz respeito agrave contenccedilatildeo de deslizamentos e a reduccedilatildeo de risco de
alagamento pois as aacutereas em que ocorrem tais eventos satildeo distintas e facilmente definidas
devido agrave repeticcedilatildeo destes nos uacuteltimos anos Um plano de accedilatildeo integrado entre as diferentes
secretarias municipais (Obras Meio Ambiente Assistecircncia Social entre outras) e a
Coordenadoria Municipal de Defesa Civil deve ser realizado afim de se tomar medidas
natildeo mais preventivas mas sim preditivas para que se possa conter o avanccedilo destes
problemas na aacuterea urbana principal bem como em toda a aacuterea do municiacutepio
Figura 5 13 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na aacuterea urbana
principal
Fonte Do autor
38
Figura 5 14 Aacutereas sujeitas a alagamento e os principais usos do solo na aacuterea
urbana principal
Fonte Do autor
Ao se associar os dados do estudo do Plano Diretor com os dados do levantamento
histoacuterico realizado com o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) pode-se notar que as aacutereas
propiacutecias a deslizamento estatildeo em regiotildees as quais haacute uma fronteira de declividades ou
seja eacute evidente que os deslizamentos ocorrem em encostas um pouco mais iacutengremes mas
natildeo necessariamente nas encostas de 30-47 as quais exigem estudo teacutecnico conforme o
plano diretor preconiza Quanto aos alagamentos nota-se que eles se localizam nas aacutereas
com menor ou nenhuma declividade podendo ser estas aacutereas talvez componentes da
planiacutecie de inundaccedilatildeo dos rios Estes resultados podem ser vistos nas figuras 515 e 516
a seguir
39
Figura5 15 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a deslizamentos na
regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
Fonte Lei 42412012 e Autor
Figura5 26 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a alagamentos na
regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
Fonte Lei 42412012 e Autor
40
52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis
O processo de ocupaccedilatildeo no municiacutepio de Santos Dumont comeccedilou muito antes de
qualquer legislaccedilatildeo relacionada a ordenamento urbano e de proteccedilatildeo do meio ambiente
fosse implementado no Brasil Esse fato aliado a poliacuteticas e fiscalizaccedilotildees falhas
contribuiacuteram para a ocupaccedilatildeo e expansatildeo da aacuterea urbana ao longo do Ribeiratildeo das Posses
e seus afluentes o que tem gerado o aumento da degradaccedilatildeo destes corpos hiacutedricos ao
longo de todos estes anos Observa-se tambeacutem que nas uacuteltimas deacutecadas ocorreu um
grande nuacutemero de migraccedilotildees do campo para a regiatildeo urbana da cidade fator que
contribuiu para o crescimento do nuacutemero de habitaccedilotildees em aacutereas de risco de deslizamento
e alagamentos por serem na maioria das vezes terrenos menos valorizados e por este
motivo acessiacuteveis a populaccedilatildeo com menor poder aquisitivo (ROSA amp CORTEZ 2008)
Vale ressaltar que esta questatildeo aleacutem de ser ambiental eacute muito mais social pois os
moradores entendem os riscos de se viver nestes locais mas por motivos econocircmicos ou
por questotildees afetivas natildeo abrem matildeo da moradia nessas aacutereas A Constituiccedilatildeo Federal de
1988 promoveu a inter-relaccedilatildeo das questotildees sociais com as questotildees ambientais quando
colocou o meio ambiente como direito coletivo (BRASIL1988 SOUZA2010) Por este
motivo a decisatildeo por medidas draacutesticas que favoreccedilam apenas agrave preservaccedilatildeo do meio
ambiente natildeo eacute recomendada pois aleacutem de ser inconstitucional podem afetar a
sustentabilidade econocircmica do municiacutepio e gerar conflitos sociais consideraacuteveis
(CARLOS 1992 apud SOUZA 2010)
Segundo Bueno (2009) ldquonem tudo o que eacute irregular eacute precaacuteriordquo Esse fato se observa em
Santos Dumont uma vez que em boa parte da regiatildeo central se observa vaacuterias moradias
construiacutedas na faixa de APP de curso hiacutedrico o que natildeo eacute permitido pela legislaccedilatildeo
vigente e eacute um dos fatores que contribui para a ocorrecircncia de alagamentos nesta aacuterea da
cidade Para a resoluccedilatildeo deste problema o que seria mais viaacutevel seria a melhoria da
infraestrutura de drenagem urbana afim de que o escoamento da aacutegua das chuvas natildeo
sobrecarregasse o sistema (BUENO2009) A construccedilatildeo de bacias de contenccedilatildeo de
cheias ao longo do Ribeiratildeo das Posses tambeacutem seria uma alternativa mas para se verificar
a viabilidade necessita-se estudos mais aprofundados do ponto de vista hidroloacutegico
O grande problema a ser solucionado no entanto eacute o que diz respeito agraves aacutereas de risco
de deslizamento majoritariamente nos bairros A melhor alternativa seria o
remanejamento dos moradores para uma aacuterea proacutexima agrave que moram poreacutem longe do
risco Poreacutem esta alternativa de acordo com Rosa Filho amp Cortez (2008) encontra alguns
entraves pois estas pessoas na maioria das vezes natildeo tecircm condiccedilotildees financeiras de irem
para outro lugar ou pagar aluguel ou estatildeo de alguma forma sentimentalmente ligadas
agravequela regiatildeo que se recusam a deixaacute-lo
41
Por parte dos oacutergatildeos competentes no municiacutepio a criaccedilatildeo de um plano para se evitar
acidentes ocasionados por deslizamentos e alagamentos com um mapeamento detalhado
de toda a extensatildeo do municiacutepio eacute extremamente uacutetil Os estudos que seratildeo feitos para a
elaboraccedilatildeo deste plano poderatildeo definir quais as aacutereas satildeo potencialmente de risco para as
ocupaccedilotildees existentes ou para as potenciais ocupaccedilotildees que possam vir a ocorrer atraveacutes do
mapeamento das aacutereas de risco Tal planejamento seraacute auxiliar ao Plano Diretor
Municipal pois definiraacute o real uso do solo de determinada regiatildeo do municiacutepio
contribuindo para a adequaccedilatildeo do uso e ocupaccedilatildeo do solo afim de evitar ou reduzir o
nuacutemero de problemas relacionados a alagamentos e principalmente deslizamentos no
periacutemetro urbano (TOMINAGA 2009) A partir deste plano os gestores locais poderatildeo
tomar a melhor decisatildeo para a prevenccedilatildeo ou reduccedilatildeo dos riscos inerentes a tais problemas
Na seccedilatildeo 521 seraacute hierarquizado de forma preliminar a aacuterea urbana principal de acordo
com os resultados da tabela 51
521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta
O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos (PMRR) foi criado atraveacutes de accedilotildees
regularizadoras do Ministeacuterio das Cidades para ser o instrumento de gestatildeo e
gerenciamento de aacutereas de risco em um municiacutepio Eacute um documento que aleacutem de
estabelecer quais regiotildees satildeo consideradas de risco tambeacutem objetiva a proposta de
medidas estruturais ou natildeo para contenccedilatildeo eou prevenccedilatildeo de cataacutestrofes aleacutem de ser um
meio de captaccedilatildeo de recursos financeiros junto aos Governos Estadual e Federal Estes
recursos poderatildeo ser utilizados para a realizaccedilatildeo de obras que visem a melhoria da
qualidade de vida da populaccedilatildeo do entorno ou de recuperaccedilatildeo da aacuterea degradada Este
plano eacute realizado de forma participativa com as comunidades das aacutereas de risco e pode
ser realizado em sete fases conforme recomenda o Ministeacuterio das Cidades (ALHEIROS
2006)
O primeiro passo para a realizaccedilatildeo do PMRR eacute definir qual a metodologia seraacute empregada
levando-se em consideraccedilatildeo a realidade atual do municiacutepio e especificar de forma sucinta
um cronograma das atividades Eacute importante nesta fase a participaccedilatildeo tambeacutem dos
responsaacuteveis pelas mais variadas Secretarias Municipais afim de explicitar o tamanho da
importacircncia e o caraacuteter integrador deste plano A segunda fase deste plano objetiva a
criaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo da principal base de dados a ser utilizada nos passos posteriores o
mapeamento de risco em escala detalhe em torno de 13000 (SAtildeO PAULO 2014) A
elaboraccedilatildeo de um mapeamento detalhado propiciaraacute natildeo soacute a identificaccedilatildeo mais faacutecil das
aacutereas de risco como tambeacutem facilitaraacute aos gestores e agrave comunidade decidirem qual a
melhor intervenccedilatildeo para a soluccedilatildeo ou remediaccedilatildeo dos problemas em uma determinada
42
aacuterea hierarquizando o risco e definindo prioridades (SAtildeO PAULO 2014) Na tabela a
seguir apresenta-se alguns tipos de intervenccedilotildees que podem ser feitas em aacutereas de risco
sugeridas pelo Ministeacuterio das cidades (ALHEIROS 2006)
Quadro 5 1 - Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco
Tipo de intervenccedilatildeo Descriccedilatildeo
Serviccedilos de limpeza e Recuperaccedilatildeo
Remoccedilatildeo de entulho lixo etc
corte de aacutervores
remoccedilatildeo de bananeiras
recuperaccedilatildeo eou limpeza de sistemas de
drenagem esgotos e acessos
Limpeza de canais de drenagem
Proteccedilatildeo Vegetal
Proteccedilatildeo superficial vegetal (gramiacuteneas) em
taludes com solo exposto
Proteccedilatildeo vegetal de margens de canais de
drenagem
Barreiras vegetais para massas escorregadas
ou acumuladas pela erosatildeo
Drenagem Superficial e Acessos
Sistema de drenagem superficial (canaletas
raacutepidos caixas de transiccedilatildeo escadas drsquoaacutegua)
Acessos para pedestres (escadarias rampas
etc) integrados ao sistema de drenagem
Revestimento de Taludes Revestimento com materiais artificiais
cimentado cal-jet tela argamassada alvenaria
de tijolos ceracircmicos solo-cimento ensacado
Desmonte de blocos e matacotildees Desmonte de concreccedilotildees de grande porte
blocos rochosos e matacotildees
Obras de drenagem de subsuperfiacutecie Sistema de drenagem de subsuperfiacutecie
(trincheiras drenantes DHP poccedilos de
rebaixamento)
Estruturas de contenccedilatildeo (localizadas)
Muros de contenccedilatildeo de pequeno porte (solo-
cimento ensacado alvenaria de pedra-rachatildeo
concreto armado)
Estruturas de contenccedilatildeo localizadas
(chumbadores tirantes microestacas)
Contenccedilatildeo e proteccedilatildeo de margens de canais (
gabiotildees muros de concreto etc)
Estruturas de contenccedilatildeo (meacutedio e grande porte) Implantaccedilatildeo de estruturas de contenccedilatildeo de
meacutedio e grande porte envolvendo obras de
contenccedilatildeo passivas e ativas (muros de
gravidade cortinas etc)
Terraplanagem Execuccedilatildeo de serviccedilos de terraplanagem
combinados a obras de drenagem superficial e
proteccedilatildeo vegetal desvio e canalizaccedilatildeo de
coacuterregos
Remoccedilatildeo de moradias Remoccedilotildees definitivas para implantaccedilatildeo de
obras ou devido agrave localizaccedilatildeo improacutepria da
edificaccedilatildeo (Priorizar as relocaccedilotildees dentro da
proacutepria aacuterea em local seguro)
Fonte ALHEIROS 2006
43
Escolhidas as formas de intervenccedilatildeo para cada aacuterea eacute necessaacuterio realizar uma estimativa
dos custos afim de preparar o orccedilamento da prefeitura para a realizaccedilatildeo das obras e se
seraacute necessaacuterio a captaccedilatildeo de recursos externos para a execuccedilatildeo destas Feitas as
estimativas de custo o proacuteximo passo eacute definir as prioridades e para esta fase eacute tambeacutem
uacutetil o mapeamento feito nas etapas anteriores pois seraacute necessaacuterio hierarquizar tais
intervenccedilotildees nas aacutereas de risco O Ministeacuterio das Cidades (2007) sugere alguns criteacuterios
que podem ser avaliados pelo gestor dentre eles pode-se citar
Grau de risco
Populaccedilatildeo beneficiada
Custo da intervenccedilatildeo
Dimensatildeo da aacuterea a ser tratada
Demandas anteriores da populaccedilatildeo
Tempo de ocupaccedilatildeo
Viabilidade teacutecnica da intervenccedilatildeo
Viabilidade financeira
Inclusatildeo da aacuterea em outros projetos
A partir desta hierarquizaccedilatildeo inicia-se a identificaccedilatildeo de provaacuteveis fontes de captaccedilatildeo de
recursos para a execuccedilatildeo das intervenccedilotildees Estes recursos podem advir de programas dos
governos Federal e Estadual ou por meio de editais para captaccedilatildeo de recursos financeiros
tanto do setor puacuteblico como da iniciativa privada e podem ser tambeacutem associados agrave outras
Secretarias Municipais como a de Turismo ou Meio Ambiente e natildeo soacute as destinadas agrave
Defesa Civil (ALHEIROS 2006)
Eacute previsto tambeacutem no PMRR uma avaliaccedilatildeo da Defesa Civil municipal e como ela estaacute
estruturada fazendo inclusive sugestotildees para que sua atuaccedilatildeo esteja em consonacircncia com
a realidade das comunidades e da Administraccedilatildeo Puacuteblica do municiacutepio de forma a garantir
sua sustentabilidade e conquistar a credibilidade da populaccedilatildeo no que diz respeito a
prevenccedilatildeo de cataacutestrofes Para que a resposta a uma determinada situaccedilatildeo de risco seja
raacutepida eacute necessaacuterio a descentralizaccedilatildeo da Defesa Civil criando pequenos nuacutecleos
comunitaacuterios com a finalidade de se monitorar a aacuterea constantemente e promover as
intervenccedilotildees necessaacuterias em tempo haacutebil o que aumenta em muito a credibilidade da
populaccedilatildeo no PMRR e no trabalho desempenhado pela Defesa Civil no municiacutepio Apoacutes
esta etapa o PMRR passaraacute por audiecircncias puacuteblicas e posteriormente poderaacute ser aprovado
como Lei Municipal pelo Legislativo local (ALHEIROS 2006)
Com a realizaccedilatildeo deste plano o municiacutepio estaraacute munido de informaccedilotildees suficientes para
realizar accedilotildees efetivas de gestatildeo e gerenciamento de riscos bem como aliado a
levantamentos sociais realizar programas habitacionais que beneficiem prioritariamente
44
aos moradores das aacutereas de risco Aleacutem disso com o PMRR o municiacutepio poderaacute melhorar
a qualidade ambiental da populaccedilatildeo captando recursos para a recuperaccedilatildeo das aacutereas de
APP que foram degradadas pelas ocupaccedilotildees irregulares beneficiando todos os moradores
do municiacutepio com o aumento da qualidade de vida na cidade
A partir do disposto nesta seccedilatildeo acerca do Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos e de
uma maneira preliminar (levando-se em conta apenas o nuacutemero de registros de
alagamentos e deslizamentos na aacuterea urbana principal de Santos Dumont no periacuteodo de
1984 a 2014) identificou-se trecircs regiotildees distintas na aacuterea urbana do municiacutepio com
tempo de recorrecircncia desses eventos similares caracterizando trecircs prioridades de
intervenccedilatildeo em contenccedilatildeo de risco como pode ser visto nas figuras 515 e 516 Vale
ressaltar que eacute necessaacuterio um estudo mais detalhado inclusive com visitas teacutecnicas a
campo para que se confirme a real situaccedilatildeo destas e a real prioridade para investimentos
Figura 5 17 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de deslizamentos
Fonte Do Autor
45
Figura 5 18 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de alagamentos
Fonte Do Autor
46
6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees
A seguir apresenta-se as conclusotildees e as recomendaccedilotildees feitas a partir dos objetivos
especiacuteficos explicitados no iniacutecio deste trabalho
Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a
aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes
urbanos
A partir da revisatildeo da legislaccedilatildeo pertinente em acircmbito federal estadual e
municipal constatou-se que o Plano Diretor de Santos Dumont natildeo conflita com a
legislaccedilatildeo federal e estadual sobre Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente A legislaccedilatildeo
municipal foi entendida como mais conservadora que as federal e estadual uma
vez que considera implicitamente que declividades entre 47 e 100 satildeo
enquadradas como APPs aleacutem da faixa superior a 100
Parte consideraacutevel das ocupaccedilotildees em APP principalmente na regiatildeo do bairro
Santo Antocircnio (onde surgiu os primeiros nuacutecleos que deram origem ao municiacutepio)
e o centro da cidade ocorreram antes de que fosse elaborado qualquer legislaccedilatildeo
que versasse sobre o tema Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente bastando ao gestor
local tomar medidas de contenccedilatildeo de riscos que minimizem os impactos causados
por essas ocupaccedilotildees nessa regiatildeo
O ordenamento adequado do uso do solo no municiacutepio eacute necessaacuterio para que o
crescimento dos loteamentos criados anteriormente agrave esta Lei e o surgimento de
novos natildeo avance para Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente o que pode causar
inuacutemeros problemas aos moradores e agravar os jaacute existentes
Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las
com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)
As aacutereas onde houveram a maior quantidade de registros de deslizamentos satildeo os
bairros mais populosos de Santos Dumont podendo se estabelecer uma relaccedilatildeo
que quanto mais populoso o bairro maior a quantidade de problemas relacionados
a deslizamentos Tambeacutem pode-se notar uma relaccedilatildeo com as fronteiras das faixas
de declividades e os deslizamentos uma vez que boa parte deles aconteceram
nestas faixas
As aacutereas onde houve um grande nuacutemero de registros de alagamentos satildeo os bairros
que se desenvolveram agraves margens do Ribeiratildeo das Posses em especial na aacuterea que
47
compreende as APPs de curso hiacutedrico e em aacutereas onde a declividade eacute baixa Esse
fato aliado ao crescimento do nuacutemero de vias pavimentadas com material
impermeaacutevel e a natildeo expansatildeo e ou redimensionamento da rede de drenagem
urbana contribuiacuteram para a ocorrecircncia cada vez mais constante de alagamentos
nessas aacutereas
Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos
catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30
anos
A partir do levantamento histoacuterico realizado e da base de dados georeferenciada
gerada observou-se o aumento do nuacutemero de registros de deslizamentos e
alagamentos nos uacuteltimos 10 anos quando as ocorrecircncias comeccedilaram a se repetir
numa mesma aacuterea com frequecircncia incrementada as vezes com mais de uma
ocorrecircncia anual
Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do
solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental
Destaca-se a adequaccedilatildeo dos criteacuterios gerais estabelecidos pelo Plano Diretor de
Santos Dumont relativos a legislaccedilatildeo federal e estadual Entretanto o referido
Plano Diretor natildeo contempla todo o territoacuterio municipal sendo assim ele natildeo
cumpre o objetivo de proteger as APPs preservadas e recuperar as que foram
degradadas em todo o territoacuterio municipal Ressalta-se tambeacutem a sua natildeo
conformidade com o Estatuto das Cidades uma vez que o Plano Diretor
contempla apenas os novos loteamentos
Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais
negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea
impactada
Recomenda-se a implantaccedilatildeo no municiacutepio de uma Coordenadoria Municipal de
Defesa Civil atuante e integrada agraves Secretarias Municipais e agrave comunidade
visando uma atuaccedilatildeo eficaz nos problemas relacionados a deslizamentos e
alagamentos A elaboraccedilatildeo de um Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos eacute de
suma importacircncia pois atraveacutes dele pode-se predizer as aacutereas que passaratildeo por
problemas caso a expansatildeo aconteccedila ou se inicie uma ocupaccedilatildeo nova aleacutem de
prevenir acidentes nas aacutereas jaacute ocupadas e consideradas de risco
48
7 Anexos
49
71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont
50
51
72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)
52
53
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33
destas aacutereas na regiatildeo urbana do municiacutepio Por meio de combinaccedilotildees entre dois mapas
temaacuteticos utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento foi possiacutevel obter as
assinaturas ou seja tabelas que caracterizam quantitativamente a aacuterea afetada por cada
aspecto visto que a simples visualizaccedilatildeo do mapa gerado pelo geoprocessamento muitas
vezes eacute prejudicada por serem aacutereas de pequenas dimensotildees ou por qualquer outra
limitaccedilatildeo do software Ressalta-se que para a elaboraccedilatildeo do Plano Municipal de Reduccedilatildeo
de riscos a identificaccedilatildeo e detalhamento topograacutefico destas aacutereas eacute fundamental para o
desenvolvimento do referido Plano conforme seraacute abordado detalhadamente na seccedilatildeo
52
De posse do mapa que representa o zoneamento urbano de Santos Dumont primeiramente
procurou-se mensurar qualitativa e quantitativamente a presenccedila de APPs tanto de
declividade quanto de cursos hiacutedricos Essa identificaccedilatildeo eacute importante pois este
zoneamento eacute um dos instrumentos de planejamento municipal (BRASIL 2001) Saboya
(2007) aponta que os principais objetivos de um zoneamento satildeo o controle da expansatildeo
urbana e proteccedilatildeo de aacutereas inadequadas a ocupaccedilatildeo aleacutem de reduzir os conflitos inerentes
aos diferentes usos do solo Com o uso da ferramenta ldquoCombinarrdquo do Vista SAGA foram
feitas combinaccedilotildees entre o mapa de hidrografia com buffer de 30m para rios e coacuterregos e
de 50m para nascentes com o mapa do zoneamento para se verificar a importacircncia das
APPs de curso hiacutedrico em toda a aacuterea urbana principal do municiacutepio Tambeacutem foram
combinados o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) obtido atraveacutes do gvSIG com o mapa
de zoneamento afim de se verificar quantitativamente as APPs de declividade e onde se
localizam Vale ressaltar que as declividades entre 30 e 47 estatildeo presentes nesta
combinaccedilatildeo pois de acordo com o Plano Diretor de Santos Dumont terrenos com esta
faixa de declividade para fins de parcelamento devem possuir estudo teacutecnico que ateste
a viabilidade de se promover algum empreendimento imobiliaacuterio neste (SANTOS
DUMONT 2012) Como a legislaccedilatildeo municipal prevecirc estudo somente para a faixa de
declividade descrita anteriormente para fins de anaacutelise neste trabalho consideramos um
valor mais conservador para APP compreendendo a faixa de 47 a 100 aleacutem da
prevista pela legislaccedilatildeo federal (gt100) para que natildeo houvessem lacunas importantes na
geraccedilatildeo do produto
Apresenta-se na Figura 510 aacutereas com declividades consideradas de risco e consideradas
APP e em qual zona de planejamento elas estatildeo inseridas De um modo geral ao se
observar a Tabela 52 nota-se que a aacuterea que compreende declividades de risco e APP eacute
uma pequena parcela da aacuterea urbana principal representando 061 desta aacuterea Ao se
levar em conta somente a localizaccedilatildeo pode-se verificar que cerca de 84 das aacutereas com
declividade de risco e a totalidade das APPs de declividade estatildeo localizadas na ZAC1
zona que compreende a maior parte do municiacutepio e apesar de possuir infraestrutura baacutesica
para a ocupaccedilatildeo esta eacute restrita Sendo assim o fator declividade deve ser visto com cautela
nesta aacuterea para se evitar transtornos advindos de edificaccedilotildees nestas aacutereas
34
Figura 5 10 Combinaccedilatildeo entre as declividades importantes incluindo as APPs e o
zoneamento urbano
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Do autor
Tabela 52 Assinaturas da combinaccedilatildeo Declividade x Zoneamento
Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea
Natildeo APP 457972 9939
Declividade 30-47 em ZAC1 2368 051
Declividade 30-47 em ZE 284 006
Declividade 30-47 em ZAC2 128 003
Declividade 30-47 em ZPA 004 0001
APP Declividade em ZAC1 048 001
Total 460804 100
Fonte Do autor
Apresenta-se na Figura 511 as APPs de curso hiacutedrico (nascentes e rios) e em qual zona
de planejamento estatildeo localizadas Assim como a declividade a maior parte das APPs de
curso hiacutedrico estatildeo localizadas em ZAC1 representando 383 da aacuterea urbana em estudo
e 51 do total das APPs de curso hiacutedrico Esta questatildeo tambeacutem deve ser vista com
bastante criteacuterio pelos gestores locais uma vez que a ocupaccedilatildeo em faixas proacuteximas de
rios e coacuterregos podem causar uma gama de problemas ambientais e sociais na regiatildeo
(SANTANA2011) Tal cuidado tambeacutem deve ser tomado nas APPs compreendidas na
35
ZAC2 que compreende 001 da Aacuterea urbana principal e 14 do total das APPs de curso
hiacutedrico pois a infraestrutura baacutesica e acessibilidade presente nesta zona eacute precaacuteria e a
ocupaccedilatildeo as margens de cursos hiacutedricos pode gerar problemas seacuterios caso ocorra uma
expansatildeo nestas aacutereas
Figura 511 Combinaccedilatildeo entre APP de curso hiacutedrico e as zonas de planejamento
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Do autor
Outro ponto importante eacute a presenccedila da Zona de Proteccedilatildeo Ambiental (ZPA) no entorno
uma consideraacutevel parte dos cursos hiacutedricos Nesta zona estatildeo presentes 28 das APPs de
curso hiacutedrico e esta zona de acordo com o Plano Diretor deve ser restaurada ou
preservada por suas caracteriacutesticas geoloacutegicas topograacuteficas e bioloacutegicas
Afim de se verificar os usos do solo na regiatildeo em estudo foram utilizadas combinaccedilotildees
de imagens advindas do sateacutelite Landsat 8 nas bandas descritas no capiacutetulo 4 aleacutem da
banda pancromaacutetica O resultado eacute apresentado na figura 512 que mostra os principais
usos do solo na aacuterea urbana principal de Santos Dumont
36
Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x Zoneamento
Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea
Hidrografia 11168 239
Aacuterea Urbana Natildeo APP 421004 9008
APP Curso hiacutedrico em ZAC1 179 383
APP Curso hiacutedrico em ZPA 9776 209
APP Curso hiacutedrico em ZE 184 004
APP Curso hiacutedrico em ZA 1192 026
APP Curso hiacutedrico em ZAC2 5124 110
APP Curso hiacutedrico em ZPPH 248 005
APP Curso hiacutedrico em ZEIS 568 012
APP Curso hiacutedrico em ZCA 228 005
Total 467392 10000
Fonte Do autor
Figura 5 12 Mapa de usos do solo da aacuterea urbana principal de Santos Dumont
Fonte Do autor
Como jaacute era previsto a maior parte da aacuterea urbana se encontra ocupada e eacute nesta regiatildeo
ocupada que se observa a maior concentraccedilatildeo de problemas de deslizamentos e
alagamentos (Figuras 513 e 514) A grande ocupaccedilatildeo em aacutereas consideradas APP de
curso hiacutedrico de acordo com os mapas gerados pode ser a principal causa do aumento a
cada ano dos casos de alagamento principalmente na regiatildeo central da cidade Outro ponto
que se deve atentar eacute a existecircncia de uma consideraacutevel aacuterea de pastagem pouco vegetada
que caso estejam em aacutereas elevadas pode contribuir para deslizamentos e agraves margens de
37
rios e coacuterregos para o assoreamento destes corpos hiacutedricos o que pode causar
alagamentos (INAacuteCIO etal 2007)
Diante destes resultados pode-se ver que a cidade de Santos Dumont necessita alternativas
efetiva no que diz respeito agrave contenccedilatildeo de deslizamentos e a reduccedilatildeo de risco de
alagamento pois as aacutereas em que ocorrem tais eventos satildeo distintas e facilmente definidas
devido agrave repeticcedilatildeo destes nos uacuteltimos anos Um plano de accedilatildeo integrado entre as diferentes
secretarias municipais (Obras Meio Ambiente Assistecircncia Social entre outras) e a
Coordenadoria Municipal de Defesa Civil deve ser realizado afim de se tomar medidas
natildeo mais preventivas mas sim preditivas para que se possa conter o avanccedilo destes
problemas na aacuterea urbana principal bem como em toda a aacuterea do municiacutepio
Figura 5 13 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na aacuterea urbana
principal
Fonte Do autor
38
Figura 5 14 Aacutereas sujeitas a alagamento e os principais usos do solo na aacuterea
urbana principal
Fonte Do autor
Ao se associar os dados do estudo do Plano Diretor com os dados do levantamento
histoacuterico realizado com o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) pode-se notar que as aacutereas
propiacutecias a deslizamento estatildeo em regiotildees as quais haacute uma fronteira de declividades ou
seja eacute evidente que os deslizamentos ocorrem em encostas um pouco mais iacutengremes mas
natildeo necessariamente nas encostas de 30-47 as quais exigem estudo teacutecnico conforme o
plano diretor preconiza Quanto aos alagamentos nota-se que eles se localizam nas aacutereas
com menor ou nenhuma declividade podendo ser estas aacutereas talvez componentes da
planiacutecie de inundaccedilatildeo dos rios Estes resultados podem ser vistos nas figuras 515 e 516
a seguir
39
Figura5 15 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a deslizamentos na
regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
Fonte Lei 42412012 e Autor
Figura5 26 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a alagamentos na
regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
Fonte Lei 42412012 e Autor
40
52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis
O processo de ocupaccedilatildeo no municiacutepio de Santos Dumont comeccedilou muito antes de
qualquer legislaccedilatildeo relacionada a ordenamento urbano e de proteccedilatildeo do meio ambiente
fosse implementado no Brasil Esse fato aliado a poliacuteticas e fiscalizaccedilotildees falhas
contribuiacuteram para a ocupaccedilatildeo e expansatildeo da aacuterea urbana ao longo do Ribeiratildeo das Posses
e seus afluentes o que tem gerado o aumento da degradaccedilatildeo destes corpos hiacutedricos ao
longo de todos estes anos Observa-se tambeacutem que nas uacuteltimas deacutecadas ocorreu um
grande nuacutemero de migraccedilotildees do campo para a regiatildeo urbana da cidade fator que
contribuiu para o crescimento do nuacutemero de habitaccedilotildees em aacutereas de risco de deslizamento
e alagamentos por serem na maioria das vezes terrenos menos valorizados e por este
motivo acessiacuteveis a populaccedilatildeo com menor poder aquisitivo (ROSA amp CORTEZ 2008)
Vale ressaltar que esta questatildeo aleacutem de ser ambiental eacute muito mais social pois os
moradores entendem os riscos de se viver nestes locais mas por motivos econocircmicos ou
por questotildees afetivas natildeo abrem matildeo da moradia nessas aacutereas A Constituiccedilatildeo Federal de
1988 promoveu a inter-relaccedilatildeo das questotildees sociais com as questotildees ambientais quando
colocou o meio ambiente como direito coletivo (BRASIL1988 SOUZA2010) Por este
motivo a decisatildeo por medidas draacutesticas que favoreccedilam apenas agrave preservaccedilatildeo do meio
ambiente natildeo eacute recomendada pois aleacutem de ser inconstitucional podem afetar a
sustentabilidade econocircmica do municiacutepio e gerar conflitos sociais consideraacuteveis
(CARLOS 1992 apud SOUZA 2010)
Segundo Bueno (2009) ldquonem tudo o que eacute irregular eacute precaacuteriordquo Esse fato se observa em
Santos Dumont uma vez que em boa parte da regiatildeo central se observa vaacuterias moradias
construiacutedas na faixa de APP de curso hiacutedrico o que natildeo eacute permitido pela legislaccedilatildeo
vigente e eacute um dos fatores que contribui para a ocorrecircncia de alagamentos nesta aacuterea da
cidade Para a resoluccedilatildeo deste problema o que seria mais viaacutevel seria a melhoria da
infraestrutura de drenagem urbana afim de que o escoamento da aacutegua das chuvas natildeo
sobrecarregasse o sistema (BUENO2009) A construccedilatildeo de bacias de contenccedilatildeo de
cheias ao longo do Ribeiratildeo das Posses tambeacutem seria uma alternativa mas para se verificar
a viabilidade necessita-se estudos mais aprofundados do ponto de vista hidroloacutegico
O grande problema a ser solucionado no entanto eacute o que diz respeito agraves aacutereas de risco
de deslizamento majoritariamente nos bairros A melhor alternativa seria o
remanejamento dos moradores para uma aacuterea proacutexima agrave que moram poreacutem longe do
risco Poreacutem esta alternativa de acordo com Rosa Filho amp Cortez (2008) encontra alguns
entraves pois estas pessoas na maioria das vezes natildeo tecircm condiccedilotildees financeiras de irem
para outro lugar ou pagar aluguel ou estatildeo de alguma forma sentimentalmente ligadas
agravequela regiatildeo que se recusam a deixaacute-lo
41
Por parte dos oacutergatildeos competentes no municiacutepio a criaccedilatildeo de um plano para se evitar
acidentes ocasionados por deslizamentos e alagamentos com um mapeamento detalhado
de toda a extensatildeo do municiacutepio eacute extremamente uacutetil Os estudos que seratildeo feitos para a
elaboraccedilatildeo deste plano poderatildeo definir quais as aacutereas satildeo potencialmente de risco para as
ocupaccedilotildees existentes ou para as potenciais ocupaccedilotildees que possam vir a ocorrer atraveacutes do
mapeamento das aacutereas de risco Tal planejamento seraacute auxiliar ao Plano Diretor
Municipal pois definiraacute o real uso do solo de determinada regiatildeo do municiacutepio
contribuindo para a adequaccedilatildeo do uso e ocupaccedilatildeo do solo afim de evitar ou reduzir o
nuacutemero de problemas relacionados a alagamentos e principalmente deslizamentos no
periacutemetro urbano (TOMINAGA 2009) A partir deste plano os gestores locais poderatildeo
tomar a melhor decisatildeo para a prevenccedilatildeo ou reduccedilatildeo dos riscos inerentes a tais problemas
Na seccedilatildeo 521 seraacute hierarquizado de forma preliminar a aacuterea urbana principal de acordo
com os resultados da tabela 51
521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta
O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos (PMRR) foi criado atraveacutes de accedilotildees
regularizadoras do Ministeacuterio das Cidades para ser o instrumento de gestatildeo e
gerenciamento de aacutereas de risco em um municiacutepio Eacute um documento que aleacutem de
estabelecer quais regiotildees satildeo consideradas de risco tambeacutem objetiva a proposta de
medidas estruturais ou natildeo para contenccedilatildeo eou prevenccedilatildeo de cataacutestrofes aleacutem de ser um
meio de captaccedilatildeo de recursos financeiros junto aos Governos Estadual e Federal Estes
recursos poderatildeo ser utilizados para a realizaccedilatildeo de obras que visem a melhoria da
qualidade de vida da populaccedilatildeo do entorno ou de recuperaccedilatildeo da aacuterea degradada Este
plano eacute realizado de forma participativa com as comunidades das aacutereas de risco e pode
ser realizado em sete fases conforme recomenda o Ministeacuterio das Cidades (ALHEIROS
2006)
O primeiro passo para a realizaccedilatildeo do PMRR eacute definir qual a metodologia seraacute empregada
levando-se em consideraccedilatildeo a realidade atual do municiacutepio e especificar de forma sucinta
um cronograma das atividades Eacute importante nesta fase a participaccedilatildeo tambeacutem dos
responsaacuteveis pelas mais variadas Secretarias Municipais afim de explicitar o tamanho da
importacircncia e o caraacuteter integrador deste plano A segunda fase deste plano objetiva a
criaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo da principal base de dados a ser utilizada nos passos posteriores o
mapeamento de risco em escala detalhe em torno de 13000 (SAtildeO PAULO 2014) A
elaboraccedilatildeo de um mapeamento detalhado propiciaraacute natildeo soacute a identificaccedilatildeo mais faacutecil das
aacutereas de risco como tambeacutem facilitaraacute aos gestores e agrave comunidade decidirem qual a
melhor intervenccedilatildeo para a soluccedilatildeo ou remediaccedilatildeo dos problemas em uma determinada
42
aacuterea hierarquizando o risco e definindo prioridades (SAtildeO PAULO 2014) Na tabela a
seguir apresenta-se alguns tipos de intervenccedilotildees que podem ser feitas em aacutereas de risco
sugeridas pelo Ministeacuterio das cidades (ALHEIROS 2006)
Quadro 5 1 - Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco
Tipo de intervenccedilatildeo Descriccedilatildeo
Serviccedilos de limpeza e Recuperaccedilatildeo
Remoccedilatildeo de entulho lixo etc
corte de aacutervores
remoccedilatildeo de bananeiras
recuperaccedilatildeo eou limpeza de sistemas de
drenagem esgotos e acessos
Limpeza de canais de drenagem
Proteccedilatildeo Vegetal
Proteccedilatildeo superficial vegetal (gramiacuteneas) em
taludes com solo exposto
Proteccedilatildeo vegetal de margens de canais de
drenagem
Barreiras vegetais para massas escorregadas
ou acumuladas pela erosatildeo
Drenagem Superficial e Acessos
Sistema de drenagem superficial (canaletas
raacutepidos caixas de transiccedilatildeo escadas drsquoaacutegua)
Acessos para pedestres (escadarias rampas
etc) integrados ao sistema de drenagem
Revestimento de Taludes Revestimento com materiais artificiais
cimentado cal-jet tela argamassada alvenaria
de tijolos ceracircmicos solo-cimento ensacado
Desmonte de blocos e matacotildees Desmonte de concreccedilotildees de grande porte
blocos rochosos e matacotildees
Obras de drenagem de subsuperfiacutecie Sistema de drenagem de subsuperfiacutecie
(trincheiras drenantes DHP poccedilos de
rebaixamento)
Estruturas de contenccedilatildeo (localizadas)
Muros de contenccedilatildeo de pequeno porte (solo-
cimento ensacado alvenaria de pedra-rachatildeo
concreto armado)
Estruturas de contenccedilatildeo localizadas
(chumbadores tirantes microestacas)
Contenccedilatildeo e proteccedilatildeo de margens de canais (
gabiotildees muros de concreto etc)
Estruturas de contenccedilatildeo (meacutedio e grande porte) Implantaccedilatildeo de estruturas de contenccedilatildeo de
meacutedio e grande porte envolvendo obras de
contenccedilatildeo passivas e ativas (muros de
gravidade cortinas etc)
Terraplanagem Execuccedilatildeo de serviccedilos de terraplanagem
combinados a obras de drenagem superficial e
proteccedilatildeo vegetal desvio e canalizaccedilatildeo de
coacuterregos
Remoccedilatildeo de moradias Remoccedilotildees definitivas para implantaccedilatildeo de
obras ou devido agrave localizaccedilatildeo improacutepria da
edificaccedilatildeo (Priorizar as relocaccedilotildees dentro da
proacutepria aacuterea em local seguro)
Fonte ALHEIROS 2006
43
Escolhidas as formas de intervenccedilatildeo para cada aacuterea eacute necessaacuterio realizar uma estimativa
dos custos afim de preparar o orccedilamento da prefeitura para a realizaccedilatildeo das obras e se
seraacute necessaacuterio a captaccedilatildeo de recursos externos para a execuccedilatildeo destas Feitas as
estimativas de custo o proacuteximo passo eacute definir as prioridades e para esta fase eacute tambeacutem
uacutetil o mapeamento feito nas etapas anteriores pois seraacute necessaacuterio hierarquizar tais
intervenccedilotildees nas aacutereas de risco O Ministeacuterio das Cidades (2007) sugere alguns criteacuterios
que podem ser avaliados pelo gestor dentre eles pode-se citar
Grau de risco
Populaccedilatildeo beneficiada
Custo da intervenccedilatildeo
Dimensatildeo da aacuterea a ser tratada
Demandas anteriores da populaccedilatildeo
Tempo de ocupaccedilatildeo
Viabilidade teacutecnica da intervenccedilatildeo
Viabilidade financeira
Inclusatildeo da aacuterea em outros projetos
A partir desta hierarquizaccedilatildeo inicia-se a identificaccedilatildeo de provaacuteveis fontes de captaccedilatildeo de
recursos para a execuccedilatildeo das intervenccedilotildees Estes recursos podem advir de programas dos
governos Federal e Estadual ou por meio de editais para captaccedilatildeo de recursos financeiros
tanto do setor puacuteblico como da iniciativa privada e podem ser tambeacutem associados agrave outras
Secretarias Municipais como a de Turismo ou Meio Ambiente e natildeo soacute as destinadas agrave
Defesa Civil (ALHEIROS 2006)
Eacute previsto tambeacutem no PMRR uma avaliaccedilatildeo da Defesa Civil municipal e como ela estaacute
estruturada fazendo inclusive sugestotildees para que sua atuaccedilatildeo esteja em consonacircncia com
a realidade das comunidades e da Administraccedilatildeo Puacuteblica do municiacutepio de forma a garantir
sua sustentabilidade e conquistar a credibilidade da populaccedilatildeo no que diz respeito a
prevenccedilatildeo de cataacutestrofes Para que a resposta a uma determinada situaccedilatildeo de risco seja
raacutepida eacute necessaacuterio a descentralizaccedilatildeo da Defesa Civil criando pequenos nuacutecleos
comunitaacuterios com a finalidade de se monitorar a aacuterea constantemente e promover as
intervenccedilotildees necessaacuterias em tempo haacutebil o que aumenta em muito a credibilidade da
populaccedilatildeo no PMRR e no trabalho desempenhado pela Defesa Civil no municiacutepio Apoacutes
esta etapa o PMRR passaraacute por audiecircncias puacuteblicas e posteriormente poderaacute ser aprovado
como Lei Municipal pelo Legislativo local (ALHEIROS 2006)
Com a realizaccedilatildeo deste plano o municiacutepio estaraacute munido de informaccedilotildees suficientes para
realizar accedilotildees efetivas de gestatildeo e gerenciamento de riscos bem como aliado a
levantamentos sociais realizar programas habitacionais que beneficiem prioritariamente
44
aos moradores das aacutereas de risco Aleacutem disso com o PMRR o municiacutepio poderaacute melhorar
a qualidade ambiental da populaccedilatildeo captando recursos para a recuperaccedilatildeo das aacutereas de
APP que foram degradadas pelas ocupaccedilotildees irregulares beneficiando todos os moradores
do municiacutepio com o aumento da qualidade de vida na cidade
A partir do disposto nesta seccedilatildeo acerca do Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos e de
uma maneira preliminar (levando-se em conta apenas o nuacutemero de registros de
alagamentos e deslizamentos na aacuterea urbana principal de Santos Dumont no periacuteodo de
1984 a 2014) identificou-se trecircs regiotildees distintas na aacuterea urbana do municiacutepio com
tempo de recorrecircncia desses eventos similares caracterizando trecircs prioridades de
intervenccedilatildeo em contenccedilatildeo de risco como pode ser visto nas figuras 515 e 516 Vale
ressaltar que eacute necessaacuterio um estudo mais detalhado inclusive com visitas teacutecnicas a
campo para que se confirme a real situaccedilatildeo destas e a real prioridade para investimentos
Figura 5 17 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de deslizamentos
Fonte Do Autor
45
Figura 5 18 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de alagamentos
Fonte Do Autor
46
6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees
A seguir apresenta-se as conclusotildees e as recomendaccedilotildees feitas a partir dos objetivos
especiacuteficos explicitados no iniacutecio deste trabalho
Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a
aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes
urbanos
A partir da revisatildeo da legislaccedilatildeo pertinente em acircmbito federal estadual e
municipal constatou-se que o Plano Diretor de Santos Dumont natildeo conflita com a
legislaccedilatildeo federal e estadual sobre Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente A legislaccedilatildeo
municipal foi entendida como mais conservadora que as federal e estadual uma
vez que considera implicitamente que declividades entre 47 e 100 satildeo
enquadradas como APPs aleacutem da faixa superior a 100
Parte consideraacutevel das ocupaccedilotildees em APP principalmente na regiatildeo do bairro
Santo Antocircnio (onde surgiu os primeiros nuacutecleos que deram origem ao municiacutepio)
e o centro da cidade ocorreram antes de que fosse elaborado qualquer legislaccedilatildeo
que versasse sobre o tema Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente bastando ao gestor
local tomar medidas de contenccedilatildeo de riscos que minimizem os impactos causados
por essas ocupaccedilotildees nessa regiatildeo
O ordenamento adequado do uso do solo no municiacutepio eacute necessaacuterio para que o
crescimento dos loteamentos criados anteriormente agrave esta Lei e o surgimento de
novos natildeo avance para Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente o que pode causar
inuacutemeros problemas aos moradores e agravar os jaacute existentes
Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las
com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)
As aacutereas onde houveram a maior quantidade de registros de deslizamentos satildeo os
bairros mais populosos de Santos Dumont podendo se estabelecer uma relaccedilatildeo
que quanto mais populoso o bairro maior a quantidade de problemas relacionados
a deslizamentos Tambeacutem pode-se notar uma relaccedilatildeo com as fronteiras das faixas
de declividades e os deslizamentos uma vez que boa parte deles aconteceram
nestas faixas
As aacutereas onde houve um grande nuacutemero de registros de alagamentos satildeo os bairros
que se desenvolveram agraves margens do Ribeiratildeo das Posses em especial na aacuterea que
47
compreende as APPs de curso hiacutedrico e em aacutereas onde a declividade eacute baixa Esse
fato aliado ao crescimento do nuacutemero de vias pavimentadas com material
impermeaacutevel e a natildeo expansatildeo e ou redimensionamento da rede de drenagem
urbana contribuiacuteram para a ocorrecircncia cada vez mais constante de alagamentos
nessas aacutereas
Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos
catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30
anos
A partir do levantamento histoacuterico realizado e da base de dados georeferenciada
gerada observou-se o aumento do nuacutemero de registros de deslizamentos e
alagamentos nos uacuteltimos 10 anos quando as ocorrecircncias comeccedilaram a se repetir
numa mesma aacuterea com frequecircncia incrementada as vezes com mais de uma
ocorrecircncia anual
Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do
solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental
Destaca-se a adequaccedilatildeo dos criteacuterios gerais estabelecidos pelo Plano Diretor de
Santos Dumont relativos a legislaccedilatildeo federal e estadual Entretanto o referido
Plano Diretor natildeo contempla todo o territoacuterio municipal sendo assim ele natildeo
cumpre o objetivo de proteger as APPs preservadas e recuperar as que foram
degradadas em todo o territoacuterio municipal Ressalta-se tambeacutem a sua natildeo
conformidade com o Estatuto das Cidades uma vez que o Plano Diretor
contempla apenas os novos loteamentos
Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais
negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea
impactada
Recomenda-se a implantaccedilatildeo no municiacutepio de uma Coordenadoria Municipal de
Defesa Civil atuante e integrada agraves Secretarias Municipais e agrave comunidade
visando uma atuaccedilatildeo eficaz nos problemas relacionados a deslizamentos e
alagamentos A elaboraccedilatildeo de um Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos eacute de
suma importacircncia pois atraveacutes dele pode-se predizer as aacutereas que passaratildeo por
problemas caso a expansatildeo aconteccedila ou se inicie uma ocupaccedilatildeo nova aleacutem de
prevenir acidentes nas aacutereas jaacute ocupadas e consideradas de risco
48
7 Anexos
49
71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont
50
51
72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)
52
53
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34
Figura 5 10 Combinaccedilatildeo entre as declividades importantes incluindo as APPs e o
zoneamento urbano
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Do autor
Tabela 52 Assinaturas da combinaccedilatildeo Declividade x Zoneamento
Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea
Natildeo APP 457972 9939
Declividade 30-47 em ZAC1 2368 051
Declividade 30-47 em ZE 284 006
Declividade 30-47 em ZAC2 128 003
Declividade 30-47 em ZPA 004 0001
APP Declividade em ZAC1 048 001
Total 460804 100
Fonte Do autor
Apresenta-se na Figura 511 as APPs de curso hiacutedrico (nascentes e rios) e em qual zona
de planejamento estatildeo localizadas Assim como a declividade a maior parte das APPs de
curso hiacutedrico estatildeo localizadas em ZAC1 representando 383 da aacuterea urbana em estudo
e 51 do total das APPs de curso hiacutedrico Esta questatildeo tambeacutem deve ser vista com
bastante criteacuterio pelos gestores locais uma vez que a ocupaccedilatildeo em faixas proacuteximas de
rios e coacuterregos podem causar uma gama de problemas ambientais e sociais na regiatildeo
(SANTANA2011) Tal cuidado tambeacutem deve ser tomado nas APPs compreendidas na
35
ZAC2 que compreende 001 da Aacuterea urbana principal e 14 do total das APPs de curso
hiacutedrico pois a infraestrutura baacutesica e acessibilidade presente nesta zona eacute precaacuteria e a
ocupaccedilatildeo as margens de cursos hiacutedricos pode gerar problemas seacuterios caso ocorra uma
expansatildeo nestas aacutereas
Figura 511 Combinaccedilatildeo entre APP de curso hiacutedrico e as zonas de planejamento
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Do autor
Outro ponto importante eacute a presenccedila da Zona de Proteccedilatildeo Ambiental (ZPA) no entorno
uma consideraacutevel parte dos cursos hiacutedricos Nesta zona estatildeo presentes 28 das APPs de
curso hiacutedrico e esta zona de acordo com o Plano Diretor deve ser restaurada ou
preservada por suas caracteriacutesticas geoloacutegicas topograacuteficas e bioloacutegicas
Afim de se verificar os usos do solo na regiatildeo em estudo foram utilizadas combinaccedilotildees
de imagens advindas do sateacutelite Landsat 8 nas bandas descritas no capiacutetulo 4 aleacutem da
banda pancromaacutetica O resultado eacute apresentado na figura 512 que mostra os principais
usos do solo na aacuterea urbana principal de Santos Dumont
36
Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x Zoneamento
Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea
Hidrografia 11168 239
Aacuterea Urbana Natildeo APP 421004 9008
APP Curso hiacutedrico em ZAC1 179 383
APP Curso hiacutedrico em ZPA 9776 209
APP Curso hiacutedrico em ZE 184 004
APP Curso hiacutedrico em ZA 1192 026
APP Curso hiacutedrico em ZAC2 5124 110
APP Curso hiacutedrico em ZPPH 248 005
APP Curso hiacutedrico em ZEIS 568 012
APP Curso hiacutedrico em ZCA 228 005
Total 467392 10000
Fonte Do autor
Figura 5 12 Mapa de usos do solo da aacuterea urbana principal de Santos Dumont
Fonte Do autor
Como jaacute era previsto a maior parte da aacuterea urbana se encontra ocupada e eacute nesta regiatildeo
ocupada que se observa a maior concentraccedilatildeo de problemas de deslizamentos e
alagamentos (Figuras 513 e 514) A grande ocupaccedilatildeo em aacutereas consideradas APP de
curso hiacutedrico de acordo com os mapas gerados pode ser a principal causa do aumento a
cada ano dos casos de alagamento principalmente na regiatildeo central da cidade Outro ponto
que se deve atentar eacute a existecircncia de uma consideraacutevel aacuterea de pastagem pouco vegetada
que caso estejam em aacutereas elevadas pode contribuir para deslizamentos e agraves margens de
37
rios e coacuterregos para o assoreamento destes corpos hiacutedricos o que pode causar
alagamentos (INAacuteCIO etal 2007)
Diante destes resultados pode-se ver que a cidade de Santos Dumont necessita alternativas
efetiva no que diz respeito agrave contenccedilatildeo de deslizamentos e a reduccedilatildeo de risco de
alagamento pois as aacutereas em que ocorrem tais eventos satildeo distintas e facilmente definidas
devido agrave repeticcedilatildeo destes nos uacuteltimos anos Um plano de accedilatildeo integrado entre as diferentes
secretarias municipais (Obras Meio Ambiente Assistecircncia Social entre outras) e a
Coordenadoria Municipal de Defesa Civil deve ser realizado afim de se tomar medidas
natildeo mais preventivas mas sim preditivas para que se possa conter o avanccedilo destes
problemas na aacuterea urbana principal bem como em toda a aacuterea do municiacutepio
Figura 5 13 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na aacuterea urbana
principal
Fonte Do autor
38
Figura 5 14 Aacutereas sujeitas a alagamento e os principais usos do solo na aacuterea
urbana principal
Fonte Do autor
Ao se associar os dados do estudo do Plano Diretor com os dados do levantamento
histoacuterico realizado com o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) pode-se notar que as aacutereas
propiacutecias a deslizamento estatildeo em regiotildees as quais haacute uma fronteira de declividades ou
seja eacute evidente que os deslizamentos ocorrem em encostas um pouco mais iacutengremes mas
natildeo necessariamente nas encostas de 30-47 as quais exigem estudo teacutecnico conforme o
plano diretor preconiza Quanto aos alagamentos nota-se que eles se localizam nas aacutereas
com menor ou nenhuma declividade podendo ser estas aacutereas talvez componentes da
planiacutecie de inundaccedilatildeo dos rios Estes resultados podem ser vistos nas figuras 515 e 516
a seguir
39
Figura5 15 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a deslizamentos na
regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
Fonte Lei 42412012 e Autor
Figura5 26 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a alagamentos na
regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
Fonte Lei 42412012 e Autor
40
52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis
O processo de ocupaccedilatildeo no municiacutepio de Santos Dumont comeccedilou muito antes de
qualquer legislaccedilatildeo relacionada a ordenamento urbano e de proteccedilatildeo do meio ambiente
fosse implementado no Brasil Esse fato aliado a poliacuteticas e fiscalizaccedilotildees falhas
contribuiacuteram para a ocupaccedilatildeo e expansatildeo da aacuterea urbana ao longo do Ribeiratildeo das Posses
e seus afluentes o que tem gerado o aumento da degradaccedilatildeo destes corpos hiacutedricos ao
longo de todos estes anos Observa-se tambeacutem que nas uacuteltimas deacutecadas ocorreu um
grande nuacutemero de migraccedilotildees do campo para a regiatildeo urbana da cidade fator que
contribuiu para o crescimento do nuacutemero de habitaccedilotildees em aacutereas de risco de deslizamento
e alagamentos por serem na maioria das vezes terrenos menos valorizados e por este
motivo acessiacuteveis a populaccedilatildeo com menor poder aquisitivo (ROSA amp CORTEZ 2008)
Vale ressaltar que esta questatildeo aleacutem de ser ambiental eacute muito mais social pois os
moradores entendem os riscos de se viver nestes locais mas por motivos econocircmicos ou
por questotildees afetivas natildeo abrem matildeo da moradia nessas aacutereas A Constituiccedilatildeo Federal de
1988 promoveu a inter-relaccedilatildeo das questotildees sociais com as questotildees ambientais quando
colocou o meio ambiente como direito coletivo (BRASIL1988 SOUZA2010) Por este
motivo a decisatildeo por medidas draacutesticas que favoreccedilam apenas agrave preservaccedilatildeo do meio
ambiente natildeo eacute recomendada pois aleacutem de ser inconstitucional podem afetar a
sustentabilidade econocircmica do municiacutepio e gerar conflitos sociais consideraacuteveis
(CARLOS 1992 apud SOUZA 2010)
Segundo Bueno (2009) ldquonem tudo o que eacute irregular eacute precaacuteriordquo Esse fato se observa em
Santos Dumont uma vez que em boa parte da regiatildeo central se observa vaacuterias moradias
construiacutedas na faixa de APP de curso hiacutedrico o que natildeo eacute permitido pela legislaccedilatildeo
vigente e eacute um dos fatores que contribui para a ocorrecircncia de alagamentos nesta aacuterea da
cidade Para a resoluccedilatildeo deste problema o que seria mais viaacutevel seria a melhoria da
infraestrutura de drenagem urbana afim de que o escoamento da aacutegua das chuvas natildeo
sobrecarregasse o sistema (BUENO2009) A construccedilatildeo de bacias de contenccedilatildeo de
cheias ao longo do Ribeiratildeo das Posses tambeacutem seria uma alternativa mas para se verificar
a viabilidade necessita-se estudos mais aprofundados do ponto de vista hidroloacutegico
O grande problema a ser solucionado no entanto eacute o que diz respeito agraves aacutereas de risco
de deslizamento majoritariamente nos bairros A melhor alternativa seria o
remanejamento dos moradores para uma aacuterea proacutexima agrave que moram poreacutem longe do
risco Poreacutem esta alternativa de acordo com Rosa Filho amp Cortez (2008) encontra alguns
entraves pois estas pessoas na maioria das vezes natildeo tecircm condiccedilotildees financeiras de irem
para outro lugar ou pagar aluguel ou estatildeo de alguma forma sentimentalmente ligadas
agravequela regiatildeo que se recusam a deixaacute-lo
41
Por parte dos oacutergatildeos competentes no municiacutepio a criaccedilatildeo de um plano para se evitar
acidentes ocasionados por deslizamentos e alagamentos com um mapeamento detalhado
de toda a extensatildeo do municiacutepio eacute extremamente uacutetil Os estudos que seratildeo feitos para a
elaboraccedilatildeo deste plano poderatildeo definir quais as aacutereas satildeo potencialmente de risco para as
ocupaccedilotildees existentes ou para as potenciais ocupaccedilotildees que possam vir a ocorrer atraveacutes do
mapeamento das aacutereas de risco Tal planejamento seraacute auxiliar ao Plano Diretor
Municipal pois definiraacute o real uso do solo de determinada regiatildeo do municiacutepio
contribuindo para a adequaccedilatildeo do uso e ocupaccedilatildeo do solo afim de evitar ou reduzir o
nuacutemero de problemas relacionados a alagamentos e principalmente deslizamentos no
periacutemetro urbano (TOMINAGA 2009) A partir deste plano os gestores locais poderatildeo
tomar a melhor decisatildeo para a prevenccedilatildeo ou reduccedilatildeo dos riscos inerentes a tais problemas
Na seccedilatildeo 521 seraacute hierarquizado de forma preliminar a aacuterea urbana principal de acordo
com os resultados da tabela 51
521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta
O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos (PMRR) foi criado atraveacutes de accedilotildees
regularizadoras do Ministeacuterio das Cidades para ser o instrumento de gestatildeo e
gerenciamento de aacutereas de risco em um municiacutepio Eacute um documento que aleacutem de
estabelecer quais regiotildees satildeo consideradas de risco tambeacutem objetiva a proposta de
medidas estruturais ou natildeo para contenccedilatildeo eou prevenccedilatildeo de cataacutestrofes aleacutem de ser um
meio de captaccedilatildeo de recursos financeiros junto aos Governos Estadual e Federal Estes
recursos poderatildeo ser utilizados para a realizaccedilatildeo de obras que visem a melhoria da
qualidade de vida da populaccedilatildeo do entorno ou de recuperaccedilatildeo da aacuterea degradada Este
plano eacute realizado de forma participativa com as comunidades das aacutereas de risco e pode
ser realizado em sete fases conforme recomenda o Ministeacuterio das Cidades (ALHEIROS
2006)
O primeiro passo para a realizaccedilatildeo do PMRR eacute definir qual a metodologia seraacute empregada
levando-se em consideraccedilatildeo a realidade atual do municiacutepio e especificar de forma sucinta
um cronograma das atividades Eacute importante nesta fase a participaccedilatildeo tambeacutem dos
responsaacuteveis pelas mais variadas Secretarias Municipais afim de explicitar o tamanho da
importacircncia e o caraacuteter integrador deste plano A segunda fase deste plano objetiva a
criaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo da principal base de dados a ser utilizada nos passos posteriores o
mapeamento de risco em escala detalhe em torno de 13000 (SAtildeO PAULO 2014) A
elaboraccedilatildeo de um mapeamento detalhado propiciaraacute natildeo soacute a identificaccedilatildeo mais faacutecil das
aacutereas de risco como tambeacutem facilitaraacute aos gestores e agrave comunidade decidirem qual a
melhor intervenccedilatildeo para a soluccedilatildeo ou remediaccedilatildeo dos problemas em uma determinada
42
aacuterea hierarquizando o risco e definindo prioridades (SAtildeO PAULO 2014) Na tabela a
seguir apresenta-se alguns tipos de intervenccedilotildees que podem ser feitas em aacutereas de risco
sugeridas pelo Ministeacuterio das cidades (ALHEIROS 2006)
Quadro 5 1 - Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco
Tipo de intervenccedilatildeo Descriccedilatildeo
Serviccedilos de limpeza e Recuperaccedilatildeo
Remoccedilatildeo de entulho lixo etc
corte de aacutervores
remoccedilatildeo de bananeiras
recuperaccedilatildeo eou limpeza de sistemas de
drenagem esgotos e acessos
Limpeza de canais de drenagem
Proteccedilatildeo Vegetal
Proteccedilatildeo superficial vegetal (gramiacuteneas) em
taludes com solo exposto
Proteccedilatildeo vegetal de margens de canais de
drenagem
Barreiras vegetais para massas escorregadas
ou acumuladas pela erosatildeo
Drenagem Superficial e Acessos
Sistema de drenagem superficial (canaletas
raacutepidos caixas de transiccedilatildeo escadas drsquoaacutegua)
Acessos para pedestres (escadarias rampas
etc) integrados ao sistema de drenagem
Revestimento de Taludes Revestimento com materiais artificiais
cimentado cal-jet tela argamassada alvenaria
de tijolos ceracircmicos solo-cimento ensacado
Desmonte de blocos e matacotildees Desmonte de concreccedilotildees de grande porte
blocos rochosos e matacotildees
Obras de drenagem de subsuperfiacutecie Sistema de drenagem de subsuperfiacutecie
(trincheiras drenantes DHP poccedilos de
rebaixamento)
Estruturas de contenccedilatildeo (localizadas)
Muros de contenccedilatildeo de pequeno porte (solo-
cimento ensacado alvenaria de pedra-rachatildeo
concreto armado)
Estruturas de contenccedilatildeo localizadas
(chumbadores tirantes microestacas)
Contenccedilatildeo e proteccedilatildeo de margens de canais (
gabiotildees muros de concreto etc)
Estruturas de contenccedilatildeo (meacutedio e grande porte) Implantaccedilatildeo de estruturas de contenccedilatildeo de
meacutedio e grande porte envolvendo obras de
contenccedilatildeo passivas e ativas (muros de
gravidade cortinas etc)
Terraplanagem Execuccedilatildeo de serviccedilos de terraplanagem
combinados a obras de drenagem superficial e
proteccedilatildeo vegetal desvio e canalizaccedilatildeo de
coacuterregos
Remoccedilatildeo de moradias Remoccedilotildees definitivas para implantaccedilatildeo de
obras ou devido agrave localizaccedilatildeo improacutepria da
edificaccedilatildeo (Priorizar as relocaccedilotildees dentro da
proacutepria aacuterea em local seguro)
Fonte ALHEIROS 2006
43
Escolhidas as formas de intervenccedilatildeo para cada aacuterea eacute necessaacuterio realizar uma estimativa
dos custos afim de preparar o orccedilamento da prefeitura para a realizaccedilatildeo das obras e se
seraacute necessaacuterio a captaccedilatildeo de recursos externos para a execuccedilatildeo destas Feitas as
estimativas de custo o proacuteximo passo eacute definir as prioridades e para esta fase eacute tambeacutem
uacutetil o mapeamento feito nas etapas anteriores pois seraacute necessaacuterio hierarquizar tais
intervenccedilotildees nas aacutereas de risco O Ministeacuterio das Cidades (2007) sugere alguns criteacuterios
que podem ser avaliados pelo gestor dentre eles pode-se citar
Grau de risco
Populaccedilatildeo beneficiada
Custo da intervenccedilatildeo
Dimensatildeo da aacuterea a ser tratada
Demandas anteriores da populaccedilatildeo
Tempo de ocupaccedilatildeo
Viabilidade teacutecnica da intervenccedilatildeo
Viabilidade financeira
Inclusatildeo da aacuterea em outros projetos
A partir desta hierarquizaccedilatildeo inicia-se a identificaccedilatildeo de provaacuteveis fontes de captaccedilatildeo de
recursos para a execuccedilatildeo das intervenccedilotildees Estes recursos podem advir de programas dos
governos Federal e Estadual ou por meio de editais para captaccedilatildeo de recursos financeiros
tanto do setor puacuteblico como da iniciativa privada e podem ser tambeacutem associados agrave outras
Secretarias Municipais como a de Turismo ou Meio Ambiente e natildeo soacute as destinadas agrave
Defesa Civil (ALHEIROS 2006)
Eacute previsto tambeacutem no PMRR uma avaliaccedilatildeo da Defesa Civil municipal e como ela estaacute
estruturada fazendo inclusive sugestotildees para que sua atuaccedilatildeo esteja em consonacircncia com
a realidade das comunidades e da Administraccedilatildeo Puacuteblica do municiacutepio de forma a garantir
sua sustentabilidade e conquistar a credibilidade da populaccedilatildeo no que diz respeito a
prevenccedilatildeo de cataacutestrofes Para que a resposta a uma determinada situaccedilatildeo de risco seja
raacutepida eacute necessaacuterio a descentralizaccedilatildeo da Defesa Civil criando pequenos nuacutecleos
comunitaacuterios com a finalidade de se monitorar a aacuterea constantemente e promover as
intervenccedilotildees necessaacuterias em tempo haacutebil o que aumenta em muito a credibilidade da
populaccedilatildeo no PMRR e no trabalho desempenhado pela Defesa Civil no municiacutepio Apoacutes
esta etapa o PMRR passaraacute por audiecircncias puacuteblicas e posteriormente poderaacute ser aprovado
como Lei Municipal pelo Legislativo local (ALHEIROS 2006)
Com a realizaccedilatildeo deste plano o municiacutepio estaraacute munido de informaccedilotildees suficientes para
realizar accedilotildees efetivas de gestatildeo e gerenciamento de riscos bem como aliado a
levantamentos sociais realizar programas habitacionais que beneficiem prioritariamente
44
aos moradores das aacutereas de risco Aleacutem disso com o PMRR o municiacutepio poderaacute melhorar
a qualidade ambiental da populaccedilatildeo captando recursos para a recuperaccedilatildeo das aacutereas de
APP que foram degradadas pelas ocupaccedilotildees irregulares beneficiando todos os moradores
do municiacutepio com o aumento da qualidade de vida na cidade
A partir do disposto nesta seccedilatildeo acerca do Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos e de
uma maneira preliminar (levando-se em conta apenas o nuacutemero de registros de
alagamentos e deslizamentos na aacuterea urbana principal de Santos Dumont no periacuteodo de
1984 a 2014) identificou-se trecircs regiotildees distintas na aacuterea urbana do municiacutepio com
tempo de recorrecircncia desses eventos similares caracterizando trecircs prioridades de
intervenccedilatildeo em contenccedilatildeo de risco como pode ser visto nas figuras 515 e 516 Vale
ressaltar que eacute necessaacuterio um estudo mais detalhado inclusive com visitas teacutecnicas a
campo para que se confirme a real situaccedilatildeo destas e a real prioridade para investimentos
Figura 5 17 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de deslizamentos
Fonte Do Autor
45
Figura 5 18 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de alagamentos
Fonte Do Autor
46
6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees
A seguir apresenta-se as conclusotildees e as recomendaccedilotildees feitas a partir dos objetivos
especiacuteficos explicitados no iniacutecio deste trabalho
Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a
aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes
urbanos
A partir da revisatildeo da legislaccedilatildeo pertinente em acircmbito federal estadual e
municipal constatou-se que o Plano Diretor de Santos Dumont natildeo conflita com a
legislaccedilatildeo federal e estadual sobre Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente A legislaccedilatildeo
municipal foi entendida como mais conservadora que as federal e estadual uma
vez que considera implicitamente que declividades entre 47 e 100 satildeo
enquadradas como APPs aleacutem da faixa superior a 100
Parte consideraacutevel das ocupaccedilotildees em APP principalmente na regiatildeo do bairro
Santo Antocircnio (onde surgiu os primeiros nuacutecleos que deram origem ao municiacutepio)
e o centro da cidade ocorreram antes de que fosse elaborado qualquer legislaccedilatildeo
que versasse sobre o tema Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente bastando ao gestor
local tomar medidas de contenccedilatildeo de riscos que minimizem os impactos causados
por essas ocupaccedilotildees nessa regiatildeo
O ordenamento adequado do uso do solo no municiacutepio eacute necessaacuterio para que o
crescimento dos loteamentos criados anteriormente agrave esta Lei e o surgimento de
novos natildeo avance para Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente o que pode causar
inuacutemeros problemas aos moradores e agravar os jaacute existentes
Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las
com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)
As aacutereas onde houveram a maior quantidade de registros de deslizamentos satildeo os
bairros mais populosos de Santos Dumont podendo se estabelecer uma relaccedilatildeo
que quanto mais populoso o bairro maior a quantidade de problemas relacionados
a deslizamentos Tambeacutem pode-se notar uma relaccedilatildeo com as fronteiras das faixas
de declividades e os deslizamentos uma vez que boa parte deles aconteceram
nestas faixas
As aacutereas onde houve um grande nuacutemero de registros de alagamentos satildeo os bairros
que se desenvolveram agraves margens do Ribeiratildeo das Posses em especial na aacuterea que
47
compreende as APPs de curso hiacutedrico e em aacutereas onde a declividade eacute baixa Esse
fato aliado ao crescimento do nuacutemero de vias pavimentadas com material
impermeaacutevel e a natildeo expansatildeo e ou redimensionamento da rede de drenagem
urbana contribuiacuteram para a ocorrecircncia cada vez mais constante de alagamentos
nessas aacutereas
Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos
catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30
anos
A partir do levantamento histoacuterico realizado e da base de dados georeferenciada
gerada observou-se o aumento do nuacutemero de registros de deslizamentos e
alagamentos nos uacuteltimos 10 anos quando as ocorrecircncias comeccedilaram a se repetir
numa mesma aacuterea com frequecircncia incrementada as vezes com mais de uma
ocorrecircncia anual
Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do
solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental
Destaca-se a adequaccedilatildeo dos criteacuterios gerais estabelecidos pelo Plano Diretor de
Santos Dumont relativos a legislaccedilatildeo federal e estadual Entretanto o referido
Plano Diretor natildeo contempla todo o territoacuterio municipal sendo assim ele natildeo
cumpre o objetivo de proteger as APPs preservadas e recuperar as que foram
degradadas em todo o territoacuterio municipal Ressalta-se tambeacutem a sua natildeo
conformidade com o Estatuto das Cidades uma vez que o Plano Diretor
contempla apenas os novos loteamentos
Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais
negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea
impactada
Recomenda-se a implantaccedilatildeo no municiacutepio de uma Coordenadoria Municipal de
Defesa Civil atuante e integrada agraves Secretarias Municipais e agrave comunidade
visando uma atuaccedilatildeo eficaz nos problemas relacionados a deslizamentos e
alagamentos A elaboraccedilatildeo de um Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos eacute de
suma importacircncia pois atraveacutes dele pode-se predizer as aacutereas que passaratildeo por
problemas caso a expansatildeo aconteccedila ou se inicie uma ocupaccedilatildeo nova aleacutem de
prevenir acidentes nas aacutereas jaacute ocupadas e consideradas de risco
48
7 Anexos
49
71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont
50
51
72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)
52
53
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naturais conhecer para prevenir Instituto Geoloacutegico Satildeo Paulo 2009 p 25-38
UFV ndash Universidade Federal de Viccedilosa Mapa de solos do Estado de Minas Gerais
legenda expandida Centro Tecnoloacutegico de Minas Gerais FEAM Belo Horizonte 2010
ZANON F N Uso e ocupaccedilatildeo da terra e vulnerabilidade a alagamento na aacuterea central
da cidade de Satildeo Paulo O caso da subprefeitura da Seacute Trabalho de Graduaccedilatildeo UNESP
Rio Claro 2013
35
ZAC2 que compreende 001 da Aacuterea urbana principal e 14 do total das APPs de curso
hiacutedrico pois a infraestrutura baacutesica e acessibilidade presente nesta zona eacute precaacuteria e a
ocupaccedilatildeo as margens de cursos hiacutedricos pode gerar problemas seacuterios caso ocorra uma
expansatildeo nestas aacutereas
Figura 511 Combinaccedilatildeo entre APP de curso hiacutedrico e as zonas de planejamento
ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento
Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo
Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1
Fonte Do autor
Outro ponto importante eacute a presenccedila da Zona de Proteccedilatildeo Ambiental (ZPA) no entorno
uma consideraacutevel parte dos cursos hiacutedricos Nesta zona estatildeo presentes 28 das APPs de
curso hiacutedrico e esta zona de acordo com o Plano Diretor deve ser restaurada ou
preservada por suas caracteriacutesticas geoloacutegicas topograacuteficas e bioloacutegicas
Afim de se verificar os usos do solo na regiatildeo em estudo foram utilizadas combinaccedilotildees
de imagens advindas do sateacutelite Landsat 8 nas bandas descritas no capiacutetulo 4 aleacutem da
banda pancromaacutetica O resultado eacute apresentado na figura 512 que mostra os principais
usos do solo na aacuterea urbana principal de Santos Dumont
36
Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x Zoneamento
Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea
Hidrografia 11168 239
Aacuterea Urbana Natildeo APP 421004 9008
APP Curso hiacutedrico em ZAC1 179 383
APP Curso hiacutedrico em ZPA 9776 209
APP Curso hiacutedrico em ZE 184 004
APP Curso hiacutedrico em ZA 1192 026
APP Curso hiacutedrico em ZAC2 5124 110
APP Curso hiacutedrico em ZPPH 248 005
APP Curso hiacutedrico em ZEIS 568 012
APP Curso hiacutedrico em ZCA 228 005
Total 467392 10000
Fonte Do autor
Figura 5 12 Mapa de usos do solo da aacuterea urbana principal de Santos Dumont
Fonte Do autor
Como jaacute era previsto a maior parte da aacuterea urbana se encontra ocupada e eacute nesta regiatildeo
ocupada que se observa a maior concentraccedilatildeo de problemas de deslizamentos e
alagamentos (Figuras 513 e 514) A grande ocupaccedilatildeo em aacutereas consideradas APP de
curso hiacutedrico de acordo com os mapas gerados pode ser a principal causa do aumento a
cada ano dos casos de alagamento principalmente na regiatildeo central da cidade Outro ponto
que se deve atentar eacute a existecircncia de uma consideraacutevel aacuterea de pastagem pouco vegetada
que caso estejam em aacutereas elevadas pode contribuir para deslizamentos e agraves margens de
37
rios e coacuterregos para o assoreamento destes corpos hiacutedricos o que pode causar
alagamentos (INAacuteCIO etal 2007)
Diante destes resultados pode-se ver que a cidade de Santos Dumont necessita alternativas
efetiva no que diz respeito agrave contenccedilatildeo de deslizamentos e a reduccedilatildeo de risco de
alagamento pois as aacutereas em que ocorrem tais eventos satildeo distintas e facilmente definidas
devido agrave repeticcedilatildeo destes nos uacuteltimos anos Um plano de accedilatildeo integrado entre as diferentes
secretarias municipais (Obras Meio Ambiente Assistecircncia Social entre outras) e a
Coordenadoria Municipal de Defesa Civil deve ser realizado afim de se tomar medidas
natildeo mais preventivas mas sim preditivas para que se possa conter o avanccedilo destes
problemas na aacuterea urbana principal bem como em toda a aacuterea do municiacutepio
Figura 5 13 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na aacuterea urbana
principal
Fonte Do autor
38
Figura 5 14 Aacutereas sujeitas a alagamento e os principais usos do solo na aacuterea
urbana principal
Fonte Do autor
Ao se associar os dados do estudo do Plano Diretor com os dados do levantamento
histoacuterico realizado com o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) pode-se notar que as aacutereas
propiacutecias a deslizamento estatildeo em regiotildees as quais haacute uma fronteira de declividades ou
seja eacute evidente que os deslizamentos ocorrem em encostas um pouco mais iacutengremes mas
natildeo necessariamente nas encostas de 30-47 as quais exigem estudo teacutecnico conforme o
plano diretor preconiza Quanto aos alagamentos nota-se que eles se localizam nas aacutereas
com menor ou nenhuma declividade podendo ser estas aacutereas talvez componentes da
planiacutecie de inundaccedilatildeo dos rios Estes resultados podem ser vistos nas figuras 515 e 516
a seguir
39
Figura5 15 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a deslizamentos na
regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
Fonte Lei 42412012 e Autor
Figura5 26 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a alagamentos na
regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
Fonte Lei 42412012 e Autor
40
52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis
O processo de ocupaccedilatildeo no municiacutepio de Santos Dumont comeccedilou muito antes de
qualquer legislaccedilatildeo relacionada a ordenamento urbano e de proteccedilatildeo do meio ambiente
fosse implementado no Brasil Esse fato aliado a poliacuteticas e fiscalizaccedilotildees falhas
contribuiacuteram para a ocupaccedilatildeo e expansatildeo da aacuterea urbana ao longo do Ribeiratildeo das Posses
e seus afluentes o que tem gerado o aumento da degradaccedilatildeo destes corpos hiacutedricos ao
longo de todos estes anos Observa-se tambeacutem que nas uacuteltimas deacutecadas ocorreu um
grande nuacutemero de migraccedilotildees do campo para a regiatildeo urbana da cidade fator que
contribuiu para o crescimento do nuacutemero de habitaccedilotildees em aacutereas de risco de deslizamento
e alagamentos por serem na maioria das vezes terrenos menos valorizados e por este
motivo acessiacuteveis a populaccedilatildeo com menor poder aquisitivo (ROSA amp CORTEZ 2008)
Vale ressaltar que esta questatildeo aleacutem de ser ambiental eacute muito mais social pois os
moradores entendem os riscos de se viver nestes locais mas por motivos econocircmicos ou
por questotildees afetivas natildeo abrem matildeo da moradia nessas aacutereas A Constituiccedilatildeo Federal de
1988 promoveu a inter-relaccedilatildeo das questotildees sociais com as questotildees ambientais quando
colocou o meio ambiente como direito coletivo (BRASIL1988 SOUZA2010) Por este
motivo a decisatildeo por medidas draacutesticas que favoreccedilam apenas agrave preservaccedilatildeo do meio
ambiente natildeo eacute recomendada pois aleacutem de ser inconstitucional podem afetar a
sustentabilidade econocircmica do municiacutepio e gerar conflitos sociais consideraacuteveis
(CARLOS 1992 apud SOUZA 2010)
Segundo Bueno (2009) ldquonem tudo o que eacute irregular eacute precaacuteriordquo Esse fato se observa em
Santos Dumont uma vez que em boa parte da regiatildeo central se observa vaacuterias moradias
construiacutedas na faixa de APP de curso hiacutedrico o que natildeo eacute permitido pela legislaccedilatildeo
vigente e eacute um dos fatores que contribui para a ocorrecircncia de alagamentos nesta aacuterea da
cidade Para a resoluccedilatildeo deste problema o que seria mais viaacutevel seria a melhoria da
infraestrutura de drenagem urbana afim de que o escoamento da aacutegua das chuvas natildeo
sobrecarregasse o sistema (BUENO2009) A construccedilatildeo de bacias de contenccedilatildeo de
cheias ao longo do Ribeiratildeo das Posses tambeacutem seria uma alternativa mas para se verificar
a viabilidade necessita-se estudos mais aprofundados do ponto de vista hidroloacutegico
O grande problema a ser solucionado no entanto eacute o que diz respeito agraves aacutereas de risco
de deslizamento majoritariamente nos bairros A melhor alternativa seria o
remanejamento dos moradores para uma aacuterea proacutexima agrave que moram poreacutem longe do
risco Poreacutem esta alternativa de acordo com Rosa Filho amp Cortez (2008) encontra alguns
entraves pois estas pessoas na maioria das vezes natildeo tecircm condiccedilotildees financeiras de irem
para outro lugar ou pagar aluguel ou estatildeo de alguma forma sentimentalmente ligadas
agravequela regiatildeo que se recusam a deixaacute-lo
41
Por parte dos oacutergatildeos competentes no municiacutepio a criaccedilatildeo de um plano para se evitar
acidentes ocasionados por deslizamentos e alagamentos com um mapeamento detalhado
de toda a extensatildeo do municiacutepio eacute extremamente uacutetil Os estudos que seratildeo feitos para a
elaboraccedilatildeo deste plano poderatildeo definir quais as aacutereas satildeo potencialmente de risco para as
ocupaccedilotildees existentes ou para as potenciais ocupaccedilotildees que possam vir a ocorrer atraveacutes do
mapeamento das aacutereas de risco Tal planejamento seraacute auxiliar ao Plano Diretor
Municipal pois definiraacute o real uso do solo de determinada regiatildeo do municiacutepio
contribuindo para a adequaccedilatildeo do uso e ocupaccedilatildeo do solo afim de evitar ou reduzir o
nuacutemero de problemas relacionados a alagamentos e principalmente deslizamentos no
periacutemetro urbano (TOMINAGA 2009) A partir deste plano os gestores locais poderatildeo
tomar a melhor decisatildeo para a prevenccedilatildeo ou reduccedilatildeo dos riscos inerentes a tais problemas
Na seccedilatildeo 521 seraacute hierarquizado de forma preliminar a aacuterea urbana principal de acordo
com os resultados da tabela 51
521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta
O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos (PMRR) foi criado atraveacutes de accedilotildees
regularizadoras do Ministeacuterio das Cidades para ser o instrumento de gestatildeo e
gerenciamento de aacutereas de risco em um municiacutepio Eacute um documento que aleacutem de
estabelecer quais regiotildees satildeo consideradas de risco tambeacutem objetiva a proposta de
medidas estruturais ou natildeo para contenccedilatildeo eou prevenccedilatildeo de cataacutestrofes aleacutem de ser um
meio de captaccedilatildeo de recursos financeiros junto aos Governos Estadual e Federal Estes
recursos poderatildeo ser utilizados para a realizaccedilatildeo de obras que visem a melhoria da
qualidade de vida da populaccedilatildeo do entorno ou de recuperaccedilatildeo da aacuterea degradada Este
plano eacute realizado de forma participativa com as comunidades das aacutereas de risco e pode
ser realizado em sete fases conforme recomenda o Ministeacuterio das Cidades (ALHEIROS
2006)
O primeiro passo para a realizaccedilatildeo do PMRR eacute definir qual a metodologia seraacute empregada
levando-se em consideraccedilatildeo a realidade atual do municiacutepio e especificar de forma sucinta
um cronograma das atividades Eacute importante nesta fase a participaccedilatildeo tambeacutem dos
responsaacuteveis pelas mais variadas Secretarias Municipais afim de explicitar o tamanho da
importacircncia e o caraacuteter integrador deste plano A segunda fase deste plano objetiva a
criaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo da principal base de dados a ser utilizada nos passos posteriores o
mapeamento de risco em escala detalhe em torno de 13000 (SAtildeO PAULO 2014) A
elaboraccedilatildeo de um mapeamento detalhado propiciaraacute natildeo soacute a identificaccedilatildeo mais faacutecil das
aacutereas de risco como tambeacutem facilitaraacute aos gestores e agrave comunidade decidirem qual a
melhor intervenccedilatildeo para a soluccedilatildeo ou remediaccedilatildeo dos problemas em uma determinada
42
aacuterea hierarquizando o risco e definindo prioridades (SAtildeO PAULO 2014) Na tabela a
seguir apresenta-se alguns tipos de intervenccedilotildees que podem ser feitas em aacutereas de risco
sugeridas pelo Ministeacuterio das cidades (ALHEIROS 2006)
Quadro 5 1 - Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco
Tipo de intervenccedilatildeo Descriccedilatildeo
Serviccedilos de limpeza e Recuperaccedilatildeo
Remoccedilatildeo de entulho lixo etc
corte de aacutervores
remoccedilatildeo de bananeiras
recuperaccedilatildeo eou limpeza de sistemas de
drenagem esgotos e acessos
Limpeza de canais de drenagem
Proteccedilatildeo Vegetal
Proteccedilatildeo superficial vegetal (gramiacuteneas) em
taludes com solo exposto
Proteccedilatildeo vegetal de margens de canais de
drenagem
Barreiras vegetais para massas escorregadas
ou acumuladas pela erosatildeo
Drenagem Superficial e Acessos
Sistema de drenagem superficial (canaletas
raacutepidos caixas de transiccedilatildeo escadas drsquoaacutegua)
Acessos para pedestres (escadarias rampas
etc) integrados ao sistema de drenagem
Revestimento de Taludes Revestimento com materiais artificiais
cimentado cal-jet tela argamassada alvenaria
de tijolos ceracircmicos solo-cimento ensacado
Desmonte de blocos e matacotildees Desmonte de concreccedilotildees de grande porte
blocos rochosos e matacotildees
Obras de drenagem de subsuperfiacutecie Sistema de drenagem de subsuperfiacutecie
(trincheiras drenantes DHP poccedilos de
rebaixamento)
Estruturas de contenccedilatildeo (localizadas)
Muros de contenccedilatildeo de pequeno porte (solo-
cimento ensacado alvenaria de pedra-rachatildeo
concreto armado)
Estruturas de contenccedilatildeo localizadas
(chumbadores tirantes microestacas)
Contenccedilatildeo e proteccedilatildeo de margens de canais (
gabiotildees muros de concreto etc)
Estruturas de contenccedilatildeo (meacutedio e grande porte) Implantaccedilatildeo de estruturas de contenccedilatildeo de
meacutedio e grande porte envolvendo obras de
contenccedilatildeo passivas e ativas (muros de
gravidade cortinas etc)
Terraplanagem Execuccedilatildeo de serviccedilos de terraplanagem
combinados a obras de drenagem superficial e
proteccedilatildeo vegetal desvio e canalizaccedilatildeo de
coacuterregos
Remoccedilatildeo de moradias Remoccedilotildees definitivas para implantaccedilatildeo de
obras ou devido agrave localizaccedilatildeo improacutepria da
edificaccedilatildeo (Priorizar as relocaccedilotildees dentro da
proacutepria aacuterea em local seguro)
Fonte ALHEIROS 2006
43
Escolhidas as formas de intervenccedilatildeo para cada aacuterea eacute necessaacuterio realizar uma estimativa
dos custos afim de preparar o orccedilamento da prefeitura para a realizaccedilatildeo das obras e se
seraacute necessaacuterio a captaccedilatildeo de recursos externos para a execuccedilatildeo destas Feitas as
estimativas de custo o proacuteximo passo eacute definir as prioridades e para esta fase eacute tambeacutem
uacutetil o mapeamento feito nas etapas anteriores pois seraacute necessaacuterio hierarquizar tais
intervenccedilotildees nas aacutereas de risco O Ministeacuterio das Cidades (2007) sugere alguns criteacuterios
que podem ser avaliados pelo gestor dentre eles pode-se citar
Grau de risco
Populaccedilatildeo beneficiada
Custo da intervenccedilatildeo
Dimensatildeo da aacuterea a ser tratada
Demandas anteriores da populaccedilatildeo
Tempo de ocupaccedilatildeo
Viabilidade teacutecnica da intervenccedilatildeo
Viabilidade financeira
Inclusatildeo da aacuterea em outros projetos
A partir desta hierarquizaccedilatildeo inicia-se a identificaccedilatildeo de provaacuteveis fontes de captaccedilatildeo de
recursos para a execuccedilatildeo das intervenccedilotildees Estes recursos podem advir de programas dos
governos Federal e Estadual ou por meio de editais para captaccedilatildeo de recursos financeiros
tanto do setor puacuteblico como da iniciativa privada e podem ser tambeacutem associados agrave outras
Secretarias Municipais como a de Turismo ou Meio Ambiente e natildeo soacute as destinadas agrave
Defesa Civil (ALHEIROS 2006)
Eacute previsto tambeacutem no PMRR uma avaliaccedilatildeo da Defesa Civil municipal e como ela estaacute
estruturada fazendo inclusive sugestotildees para que sua atuaccedilatildeo esteja em consonacircncia com
a realidade das comunidades e da Administraccedilatildeo Puacuteblica do municiacutepio de forma a garantir
sua sustentabilidade e conquistar a credibilidade da populaccedilatildeo no que diz respeito a
prevenccedilatildeo de cataacutestrofes Para que a resposta a uma determinada situaccedilatildeo de risco seja
raacutepida eacute necessaacuterio a descentralizaccedilatildeo da Defesa Civil criando pequenos nuacutecleos
comunitaacuterios com a finalidade de se monitorar a aacuterea constantemente e promover as
intervenccedilotildees necessaacuterias em tempo haacutebil o que aumenta em muito a credibilidade da
populaccedilatildeo no PMRR e no trabalho desempenhado pela Defesa Civil no municiacutepio Apoacutes
esta etapa o PMRR passaraacute por audiecircncias puacuteblicas e posteriormente poderaacute ser aprovado
como Lei Municipal pelo Legislativo local (ALHEIROS 2006)
Com a realizaccedilatildeo deste plano o municiacutepio estaraacute munido de informaccedilotildees suficientes para
realizar accedilotildees efetivas de gestatildeo e gerenciamento de riscos bem como aliado a
levantamentos sociais realizar programas habitacionais que beneficiem prioritariamente
44
aos moradores das aacutereas de risco Aleacutem disso com o PMRR o municiacutepio poderaacute melhorar
a qualidade ambiental da populaccedilatildeo captando recursos para a recuperaccedilatildeo das aacutereas de
APP que foram degradadas pelas ocupaccedilotildees irregulares beneficiando todos os moradores
do municiacutepio com o aumento da qualidade de vida na cidade
A partir do disposto nesta seccedilatildeo acerca do Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos e de
uma maneira preliminar (levando-se em conta apenas o nuacutemero de registros de
alagamentos e deslizamentos na aacuterea urbana principal de Santos Dumont no periacuteodo de
1984 a 2014) identificou-se trecircs regiotildees distintas na aacuterea urbana do municiacutepio com
tempo de recorrecircncia desses eventos similares caracterizando trecircs prioridades de
intervenccedilatildeo em contenccedilatildeo de risco como pode ser visto nas figuras 515 e 516 Vale
ressaltar que eacute necessaacuterio um estudo mais detalhado inclusive com visitas teacutecnicas a
campo para que se confirme a real situaccedilatildeo destas e a real prioridade para investimentos
Figura 5 17 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de deslizamentos
Fonte Do Autor
45
Figura 5 18 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de alagamentos
Fonte Do Autor
46
6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees
A seguir apresenta-se as conclusotildees e as recomendaccedilotildees feitas a partir dos objetivos
especiacuteficos explicitados no iniacutecio deste trabalho
Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a
aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes
urbanos
A partir da revisatildeo da legislaccedilatildeo pertinente em acircmbito federal estadual e
municipal constatou-se que o Plano Diretor de Santos Dumont natildeo conflita com a
legislaccedilatildeo federal e estadual sobre Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente A legislaccedilatildeo
municipal foi entendida como mais conservadora que as federal e estadual uma
vez que considera implicitamente que declividades entre 47 e 100 satildeo
enquadradas como APPs aleacutem da faixa superior a 100
Parte consideraacutevel das ocupaccedilotildees em APP principalmente na regiatildeo do bairro
Santo Antocircnio (onde surgiu os primeiros nuacutecleos que deram origem ao municiacutepio)
e o centro da cidade ocorreram antes de que fosse elaborado qualquer legislaccedilatildeo
que versasse sobre o tema Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente bastando ao gestor
local tomar medidas de contenccedilatildeo de riscos que minimizem os impactos causados
por essas ocupaccedilotildees nessa regiatildeo
O ordenamento adequado do uso do solo no municiacutepio eacute necessaacuterio para que o
crescimento dos loteamentos criados anteriormente agrave esta Lei e o surgimento de
novos natildeo avance para Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente o que pode causar
inuacutemeros problemas aos moradores e agravar os jaacute existentes
Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las
com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)
As aacutereas onde houveram a maior quantidade de registros de deslizamentos satildeo os
bairros mais populosos de Santos Dumont podendo se estabelecer uma relaccedilatildeo
que quanto mais populoso o bairro maior a quantidade de problemas relacionados
a deslizamentos Tambeacutem pode-se notar uma relaccedilatildeo com as fronteiras das faixas
de declividades e os deslizamentos uma vez que boa parte deles aconteceram
nestas faixas
As aacutereas onde houve um grande nuacutemero de registros de alagamentos satildeo os bairros
que se desenvolveram agraves margens do Ribeiratildeo das Posses em especial na aacuterea que
47
compreende as APPs de curso hiacutedrico e em aacutereas onde a declividade eacute baixa Esse
fato aliado ao crescimento do nuacutemero de vias pavimentadas com material
impermeaacutevel e a natildeo expansatildeo e ou redimensionamento da rede de drenagem
urbana contribuiacuteram para a ocorrecircncia cada vez mais constante de alagamentos
nessas aacutereas
Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos
catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30
anos
A partir do levantamento histoacuterico realizado e da base de dados georeferenciada
gerada observou-se o aumento do nuacutemero de registros de deslizamentos e
alagamentos nos uacuteltimos 10 anos quando as ocorrecircncias comeccedilaram a se repetir
numa mesma aacuterea com frequecircncia incrementada as vezes com mais de uma
ocorrecircncia anual
Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do
solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental
Destaca-se a adequaccedilatildeo dos criteacuterios gerais estabelecidos pelo Plano Diretor de
Santos Dumont relativos a legislaccedilatildeo federal e estadual Entretanto o referido
Plano Diretor natildeo contempla todo o territoacuterio municipal sendo assim ele natildeo
cumpre o objetivo de proteger as APPs preservadas e recuperar as que foram
degradadas em todo o territoacuterio municipal Ressalta-se tambeacutem a sua natildeo
conformidade com o Estatuto das Cidades uma vez que o Plano Diretor
contempla apenas os novos loteamentos
Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais
negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea
impactada
Recomenda-se a implantaccedilatildeo no municiacutepio de uma Coordenadoria Municipal de
Defesa Civil atuante e integrada agraves Secretarias Municipais e agrave comunidade
visando uma atuaccedilatildeo eficaz nos problemas relacionados a deslizamentos e
alagamentos A elaboraccedilatildeo de um Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos eacute de
suma importacircncia pois atraveacutes dele pode-se predizer as aacutereas que passaratildeo por
problemas caso a expansatildeo aconteccedila ou se inicie uma ocupaccedilatildeo nova aleacutem de
prevenir acidentes nas aacutereas jaacute ocupadas e consideradas de risco
48
7 Anexos
49
71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont
50
51
72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)
52
53
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36
Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x Zoneamento
Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea
Hidrografia 11168 239
Aacuterea Urbana Natildeo APP 421004 9008
APP Curso hiacutedrico em ZAC1 179 383
APP Curso hiacutedrico em ZPA 9776 209
APP Curso hiacutedrico em ZE 184 004
APP Curso hiacutedrico em ZA 1192 026
APP Curso hiacutedrico em ZAC2 5124 110
APP Curso hiacutedrico em ZPPH 248 005
APP Curso hiacutedrico em ZEIS 568 012
APP Curso hiacutedrico em ZCA 228 005
Total 467392 10000
Fonte Do autor
Figura 5 12 Mapa de usos do solo da aacuterea urbana principal de Santos Dumont
Fonte Do autor
Como jaacute era previsto a maior parte da aacuterea urbana se encontra ocupada e eacute nesta regiatildeo
ocupada que se observa a maior concentraccedilatildeo de problemas de deslizamentos e
alagamentos (Figuras 513 e 514) A grande ocupaccedilatildeo em aacutereas consideradas APP de
curso hiacutedrico de acordo com os mapas gerados pode ser a principal causa do aumento a
cada ano dos casos de alagamento principalmente na regiatildeo central da cidade Outro ponto
que se deve atentar eacute a existecircncia de uma consideraacutevel aacuterea de pastagem pouco vegetada
que caso estejam em aacutereas elevadas pode contribuir para deslizamentos e agraves margens de
37
rios e coacuterregos para o assoreamento destes corpos hiacutedricos o que pode causar
alagamentos (INAacuteCIO etal 2007)
Diante destes resultados pode-se ver que a cidade de Santos Dumont necessita alternativas
efetiva no que diz respeito agrave contenccedilatildeo de deslizamentos e a reduccedilatildeo de risco de
alagamento pois as aacutereas em que ocorrem tais eventos satildeo distintas e facilmente definidas
devido agrave repeticcedilatildeo destes nos uacuteltimos anos Um plano de accedilatildeo integrado entre as diferentes
secretarias municipais (Obras Meio Ambiente Assistecircncia Social entre outras) e a
Coordenadoria Municipal de Defesa Civil deve ser realizado afim de se tomar medidas
natildeo mais preventivas mas sim preditivas para que se possa conter o avanccedilo destes
problemas na aacuterea urbana principal bem como em toda a aacuterea do municiacutepio
Figura 5 13 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na aacuterea urbana
principal
Fonte Do autor
38
Figura 5 14 Aacutereas sujeitas a alagamento e os principais usos do solo na aacuterea
urbana principal
Fonte Do autor
Ao se associar os dados do estudo do Plano Diretor com os dados do levantamento
histoacuterico realizado com o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) pode-se notar que as aacutereas
propiacutecias a deslizamento estatildeo em regiotildees as quais haacute uma fronteira de declividades ou
seja eacute evidente que os deslizamentos ocorrem em encostas um pouco mais iacutengremes mas
natildeo necessariamente nas encostas de 30-47 as quais exigem estudo teacutecnico conforme o
plano diretor preconiza Quanto aos alagamentos nota-se que eles se localizam nas aacutereas
com menor ou nenhuma declividade podendo ser estas aacutereas talvez componentes da
planiacutecie de inundaccedilatildeo dos rios Estes resultados podem ser vistos nas figuras 515 e 516
a seguir
39
Figura5 15 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a deslizamentos na
regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
Fonte Lei 42412012 e Autor
Figura5 26 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a alagamentos na
regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
Fonte Lei 42412012 e Autor
40
52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis
O processo de ocupaccedilatildeo no municiacutepio de Santos Dumont comeccedilou muito antes de
qualquer legislaccedilatildeo relacionada a ordenamento urbano e de proteccedilatildeo do meio ambiente
fosse implementado no Brasil Esse fato aliado a poliacuteticas e fiscalizaccedilotildees falhas
contribuiacuteram para a ocupaccedilatildeo e expansatildeo da aacuterea urbana ao longo do Ribeiratildeo das Posses
e seus afluentes o que tem gerado o aumento da degradaccedilatildeo destes corpos hiacutedricos ao
longo de todos estes anos Observa-se tambeacutem que nas uacuteltimas deacutecadas ocorreu um
grande nuacutemero de migraccedilotildees do campo para a regiatildeo urbana da cidade fator que
contribuiu para o crescimento do nuacutemero de habitaccedilotildees em aacutereas de risco de deslizamento
e alagamentos por serem na maioria das vezes terrenos menos valorizados e por este
motivo acessiacuteveis a populaccedilatildeo com menor poder aquisitivo (ROSA amp CORTEZ 2008)
Vale ressaltar que esta questatildeo aleacutem de ser ambiental eacute muito mais social pois os
moradores entendem os riscos de se viver nestes locais mas por motivos econocircmicos ou
por questotildees afetivas natildeo abrem matildeo da moradia nessas aacutereas A Constituiccedilatildeo Federal de
1988 promoveu a inter-relaccedilatildeo das questotildees sociais com as questotildees ambientais quando
colocou o meio ambiente como direito coletivo (BRASIL1988 SOUZA2010) Por este
motivo a decisatildeo por medidas draacutesticas que favoreccedilam apenas agrave preservaccedilatildeo do meio
ambiente natildeo eacute recomendada pois aleacutem de ser inconstitucional podem afetar a
sustentabilidade econocircmica do municiacutepio e gerar conflitos sociais consideraacuteveis
(CARLOS 1992 apud SOUZA 2010)
Segundo Bueno (2009) ldquonem tudo o que eacute irregular eacute precaacuteriordquo Esse fato se observa em
Santos Dumont uma vez que em boa parte da regiatildeo central se observa vaacuterias moradias
construiacutedas na faixa de APP de curso hiacutedrico o que natildeo eacute permitido pela legislaccedilatildeo
vigente e eacute um dos fatores que contribui para a ocorrecircncia de alagamentos nesta aacuterea da
cidade Para a resoluccedilatildeo deste problema o que seria mais viaacutevel seria a melhoria da
infraestrutura de drenagem urbana afim de que o escoamento da aacutegua das chuvas natildeo
sobrecarregasse o sistema (BUENO2009) A construccedilatildeo de bacias de contenccedilatildeo de
cheias ao longo do Ribeiratildeo das Posses tambeacutem seria uma alternativa mas para se verificar
a viabilidade necessita-se estudos mais aprofundados do ponto de vista hidroloacutegico
O grande problema a ser solucionado no entanto eacute o que diz respeito agraves aacutereas de risco
de deslizamento majoritariamente nos bairros A melhor alternativa seria o
remanejamento dos moradores para uma aacuterea proacutexima agrave que moram poreacutem longe do
risco Poreacutem esta alternativa de acordo com Rosa Filho amp Cortez (2008) encontra alguns
entraves pois estas pessoas na maioria das vezes natildeo tecircm condiccedilotildees financeiras de irem
para outro lugar ou pagar aluguel ou estatildeo de alguma forma sentimentalmente ligadas
agravequela regiatildeo que se recusam a deixaacute-lo
41
Por parte dos oacutergatildeos competentes no municiacutepio a criaccedilatildeo de um plano para se evitar
acidentes ocasionados por deslizamentos e alagamentos com um mapeamento detalhado
de toda a extensatildeo do municiacutepio eacute extremamente uacutetil Os estudos que seratildeo feitos para a
elaboraccedilatildeo deste plano poderatildeo definir quais as aacutereas satildeo potencialmente de risco para as
ocupaccedilotildees existentes ou para as potenciais ocupaccedilotildees que possam vir a ocorrer atraveacutes do
mapeamento das aacutereas de risco Tal planejamento seraacute auxiliar ao Plano Diretor
Municipal pois definiraacute o real uso do solo de determinada regiatildeo do municiacutepio
contribuindo para a adequaccedilatildeo do uso e ocupaccedilatildeo do solo afim de evitar ou reduzir o
nuacutemero de problemas relacionados a alagamentos e principalmente deslizamentos no
periacutemetro urbano (TOMINAGA 2009) A partir deste plano os gestores locais poderatildeo
tomar a melhor decisatildeo para a prevenccedilatildeo ou reduccedilatildeo dos riscos inerentes a tais problemas
Na seccedilatildeo 521 seraacute hierarquizado de forma preliminar a aacuterea urbana principal de acordo
com os resultados da tabela 51
521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta
O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos (PMRR) foi criado atraveacutes de accedilotildees
regularizadoras do Ministeacuterio das Cidades para ser o instrumento de gestatildeo e
gerenciamento de aacutereas de risco em um municiacutepio Eacute um documento que aleacutem de
estabelecer quais regiotildees satildeo consideradas de risco tambeacutem objetiva a proposta de
medidas estruturais ou natildeo para contenccedilatildeo eou prevenccedilatildeo de cataacutestrofes aleacutem de ser um
meio de captaccedilatildeo de recursos financeiros junto aos Governos Estadual e Federal Estes
recursos poderatildeo ser utilizados para a realizaccedilatildeo de obras que visem a melhoria da
qualidade de vida da populaccedilatildeo do entorno ou de recuperaccedilatildeo da aacuterea degradada Este
plano eacute realizado de forma participativa com as comunidades das aacutereas de risco e pode
ser realizado em sete fases conforme recomenda o Ministeacuterio das Cidades (ALHEIROS
2006)
O primeiro passo para a realizaccedilatildeo do PMRR eacute definir qual a metodologia seraacute empregada
levando-se em consideraccedilatildeo a realidade atual do municiacutepio e especificar de forma sucinta
um cronograma das atividades Eacute importante nesta fase a participaccedilatildeo tambeacutem dos
responsaacuteveis pelas mais variadas Secretarias Municipais afim de explicitar o tamanho da
importacircncia e o caraacuteter integrador deste plano A segunda fase deste plano objetiva a
criaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo da principal base de dados a ser utilizada nos passos posteriores o
mapeamento de risco em escala detalhe em torno de 13000 (SAtildeO PAULO 2014) A
elaboraccedilatildeo de um mapeamento detalhado propiciaraacute natildeo soacute a identificaccedilatildeo mais faacutecil das
aacutereas de risco como tambeacutem facilitaraacute aos gestores e agrave comunidade decidirem qual a
melhor intervenccedilatildeo para a soluccedilatildeo ou remediaccedilatildeo dos problemas em uma determinada
42
aacuterea hierarquizando o risco e definindo prioridades (SAtildeO PAULO 2014) Na tabela a
seguir apresenta-se alguns tipos de intervenccedilotildees que podem ser feitas em aacutereas de risco
sugeridas pelo Ministeacuterio das cidades (ALHEIROS 2006)
Quadro 5 1 - Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco
Tipo de intervenccedilatildeo Descriccedilatildeo
Serviccedilos de limpeza e Recuperaccedilatildeo
Remoccedilatildeo de entulho lixo etc
corte de aacutervores
remoccedilatildeo de bananeiras
recuperaccedilatildeo eou limpeza de sistemas de
drenagem esgotos e acessos
Limpeza de canais de drenagem
Proteccedilatildeo Vegetal
Proteccedilatildeo superficial vegetal (gramiacuteneas) em
taludes com solo exposto
Proteccedilatildeo vegetal de margens de canais de
drenagem
Barreiras vegetais para massas escorregadas
ou acumuladas pela erosatildeo
Drenagem Superficial e Acessos
Sistema de drenagem superficial (canaletas
raacutepidos caixas de transiccedilatildeo escadas drsquoaacutegua)
Acessos para pedestres (escadarias rampas
etc) integrados ao sistema de drenagem
Revestimento de Taludes Revestimento com materiais artificiais
cimentado cal-jet tela argamassada alvenaria
de tijolos ceracircmicos solo-cimento ensacado
Desmonte de blocos e matacotildees Desmonte de concreccedilotildees de grande porte
blocos rochosos e matacotildees
Obras de drenagem de subsuperfiacutecie Sistema de drenagem de subsuperfiacutecie
(trincheiras drenantes DHP poccedilos de
rebaixamento)
Estruturas de contenccedilatildeo (localizadas)
Muros de contenccedilatildeo de pequeno porte (solo-
cimento ensacado alvenaria de pedra-rachatildeo
concreto armado)
Estruturas de contenccedilatildeo localizadas
(chumbadores tirantes microestacas)
Contenccedilatildeo e proteccedilatildeo de margens de canais (
gabiotildees muros de concreto etc)
Estruturas de contenccedilatildeo (meacutedio e grande porte) Implantaccedilatildeo de estruturas de contenccedilatildeo de
meacutedio e grande porte envolvendo obras de
contenccedilatildeo passivas e ativas (muros de
gravidade cortinas etc)
Terraplanagem Execuccedilatildeo de serviccedilos de terraplanagem
combinados a obras de drenagem superficial e
proteccedilatildeo vegetal desvio e canalizaccedilatildeo de
coacuterregos
Remoccedilatildeo de moradias Remoccedilotildees definitivas para implantaccedilatildeo de
obras ou devido agrave localizaccedilatildeo improacutepria da
edificaccedilatildeo (Priorizar as relocaccedilotildees dentro da
proacutepria aacuterea em local seguro)
Fonte ALHEIROS 2006
43
Escolhidas as formas de intervenccedilatildeo para cada aacuterea eacute necessaacuterio realizar uma estimativa
dos custos afim de preparar o orccedilamento da prefeitura para a realizaccedilatildeo das obras e se
seraacute necessaacuterio a captaccedilatildeo de recursos externos para a execuccedilatildeo destas Feitas as
estimativas de custo o proacuteximo passo eacute definir as prioridades e para esta fase eacute tambeacutem
uacutetil o mapeamento feito nas etapas anteriores pois seraacute necessaacuterio hierarquizar tais
intervenccedilotildees nas aacutereas de risco O Ministeacuterio das Cidades (2007) sugere alguns criteacuterios
que podem ser avaliados pelo gestor dentre eles pode-se citar
Grau de risco
Populaccedilatildeo beneficiada
Custo da intervenccedilatildeo
Dimensatildeo da aacuterea a ser tratada
Demandas anteriores da populaccedilatildeo
Tempo de ocupaccedilatildeo
Viabilidade teacutecnica da intervenccedilatildeo
Viabilidade financeira
Inclusatildeo da aacuterea em outros projetos
A partir desta hierarquizaccedilatildeo inicia-se a identificaccedilatildeo de provaacuteveis fontes de captaccedilatildeo de
recursos para a execuccedilatildeo das intervenccedilotildees Estes recursos podem advir de programas dos
governos Federal e Estadual ou por meio de editais para captaccedilatildeo de recursos financeiros
tanto do setor puacuteblico como da iniciativa privada e podem ser tambeacutem associados agrave outras
Secretarias Municipais como a de Turismo ou Meio Ambiente e natildeo soacute as destinadas agrave
Defesa Civil (ALHEIROS 2006)
Eacute previsto tambeacutem no PMRR uma avaliaccedilatildeo da Defesa Civil municipal e como ela estaacute
estruturada fazendo inclusive sugestotildees para que sua atuaccedilatildeo esteja em consonacircncia com
a realidade das comunidades e da Administraccedilatildeo Puacuteblica do municiacutepio de forma a garantir
sua sustentabilidade e conquistar a credibilidade da populaccedilatildeo no que diz respeito a
prevenccedilatildeo de cataacutestrofes Para que a resposta a uma determinada situaccedilatildeo de risco seja
raacutepida eacute necessaacuterio a descentralizaccedilatildeo da Defesa Civil criando pequenos nuacutecleos
comunitaacuterios com a finalidade de se monitorar a aacuterea constantemente e promover as
intervenccedilotildees necessaacuterias em tempo haacutebil o que aumenta em muito a credibilidade da
populaccedilatildeo no PMRR e no trabalho desempenhado pela Defesa Civil no municiacutepio Apoacutes
esta etapa o PMRR passaraacute por audiecircncias puacuteblicas e posteriormente poderaacute ser aprovado
como Lei Municipal pelo Legislativo local (ALHEIROS 2006)
Com a realizaccedilatildeo deste plano o municiacutepio estaraacute munido de informaccedilotildees suficientes para
realizar accedilotildees efetivas de gestatildeo e gerenciamento de riscos bem como aliado a
levantamentos sociais realizar programas habitacionais que beneficiem prioritariamente
44
aos moradores das aacutereas de risco Aleacutem disso com o PMRR o municiacutepio poderaacute melhorar
a qualidade ambiental da populaccedilatildeo captando recursos para a recuperaccedilatildeo das aacutereas de
APP que foram degradadas pelas ocupaccedilotildees irregulares beneficiando todos os moradores
do municiacutepio com o aumento da qualidade de vida na cidade
A partir do disposto nesta seccedilatildeo acerca do Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos e de
uma maneira preliminar (levando-se em conta apenas o nuacutemero de registros de
alagamentos e deslizamentos na aacuterea urbana principal de Santos Dumont no periacuteodo de
1984 a 2014) identificou-se trecircs regiotildees distintas na aacuterea urbana do municiacutepio com
tempo de recorrecircncia desses eventos similares caracterizando trecircs prioridades de
intervenccedilatildeo em contenccedilatildeo de risco como pode ser visto nas figuras 515 e 516 Vale
ressaltar que eacute necessaacuterio um estudo mais detalhado inclusive com visitas teacutecnicas a
campo para que se confirme a real situaccedilatildeo destas e a real prioridade para investimentos
Figura 5 17 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de deslizamentos
Fonte Do Autor
45
Figura 5 18 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de alagamentos
Fonte Do Autor
46
6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees
A seguir apresenta-se as conclusotildees e as recomendaccedilotildees feitas a partir dos objetivos
especiacuteficos explicitados no iniacutecio deste trabalho
Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a
aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes
urbanos
A partir da revisatildeo da legislaccedilatildeo pertinente em acircmbito federal estadual e
municipal constatou-se que o Plano Diretor de Santos Dumont natildeo conflita com a
legislaccedilatildeo federal e estadual sobre Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente A legislaccedilatildeo
municipal foi entendida como mais conservadora que as federal e estadual uma
vez que considera implicitamente que declividades entre 47 e 100 satildeo
enquadradas como APPs aleacutem da faixa superior a 100
Parte consideraacutevel das ocupaccedilotildees em APP principalmente na regiatildeo do bairro
Santo Antocircnio (onde surgiu os primeiros nuacutecleos que deram origem ao municiacutepio)
e o centro da cidade ocorreram antes de que fosse elaborado qualquer legislaccedilatildeo
que versasse sobre o tema Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente bastando ao gestor
local tomar medidas de contenccedilatildeo de riscos que minimizem os impactos causados
por essas ocupaccedilotildees nessa regiatildeo
O ordenamento adequado do uso do solo no municiacutepio eacute necessaacuterio para que o
crescimento dos loteamentos criados anteriormente agrave esta Lei e o surgimento de
novos natildeo avance para Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente o que pode causar
inuacutemeros problemas aos moradores e agravar os jaacute existentes
Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las
com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)
As aacutereas onde houveram a maior quantidade de registros de deslizamentos satildeo os
bairros mais populosos de Santos Dumont podendo se estabelecer uma relaccedilatildeo
que quanto mais populoso o bairro maior a quantidade de problemas relacionados
a deslizamentos Tambeacutem pode-se notar uma relaccedilatildeo com as fronteiras das faixas
de declividades e os deslizamentos uma vez que boa parte deles aconteceram
nestas faixas
As aacutereas onde houve um grande nuacutemero de registros de alagamentos satildeo os bairros
que se desenvolveram agraves margens do Ribeiratildeo das Posses em especial na aacuterea que
47
compreende as APPs de curso hiacutedrico e em aacutereas onde a declividade eacute baixa Esse
fato aliado ao crescimento do nuacutemero de vias pavimentadas com material
impermeaacutevel e a natildeo expansatildeo e ou redimensionamento da rede de drenagem
urbana contribuiacuteram para a ocorrecircncia cada vez mais constante de alagamentos
nessas aacutereas
Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos
catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30
anos
A partir do levantamento histoacuterico realizado e da base de dados georeferenciada
gerada observou-se o aumento do nuacutemero de registros de deslizamentos e
alagamentos nos uacuteltimos 10 anos quando as ocorrecircncias comeccedilaram a se repetir
numa mesma aacuterea com frequecircncia incrementada as vezes com mais de uma
ocorrecircncia anual
Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do
solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental
Destaca-se a adequaccedilatildeo dos criteacuterios gerais estabelecidos pelo Plano Diretor de
Santos Dumont relativos a legislaccedilatildeo federal e estadual Entretanto o referido
Plano Diretor natildeo contempla todo o territoacuterio municipal sendo assim ele natildeo
cumpre o objetivo de proteger as APPs preservadas e recuperar as que foram
degradadas em todo o territoacuterio municipal Ressalta-se tambeacutem a sua natildeo
conformidade com o Estatuto das Cidades uma vez que o Plano Diretor
contempla apenas os novos loteamentos
Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais
negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea
impactada
Recomenda-se a implantaccedilatildeo no municiacutepio de uma Coordenadoria Municipal de
Defesa Civil atuante e integrada agraves Secretarias Municipais e agrave comunidade
visando uma atuaccedilatildeo eficaz nos problemas relacionados a deslizamentos e
alagamentos A elaboraccedilatildeo de um Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos eacute de
suma importacircncia pois atraveacutes dele pode-se predizer as aacutereas que passaratildeo por
problemas caso a expansatildeo aconteccedila ou se inicie uma ocupaccedilatildeo nova aleacutem de
prevenir acidentes nas aacutereas jaacute ocupadas e consideradas de risco
48
7 Anexos
49
71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont
50
51
72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)
52
53
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37
rios e coacuterregos para o assoreamento destes corpos hiacutedricos o que pode causar
alagamentos (INAacuteCIO etal 2007)
Diante destes resultados pode-se ver que a cidade de Santos Dumont necessita alternativas
efetiva no que diz respeito agrave contenccedilatildeo de deslizamentos e a reduccedilatildeo de risco de
alagamento pois as aacutereas em que ocorrem tais eventos satildeo distintas e facilmente definidas
devido agrave repeticcedilatildeo destes nos uacuteltimos anos Um plano de accedilatildeo integrado entre as diferentes
secretarias municipais (Obras Meio Ambiente Assistecircncia Social entre outras) e a
Coordenadoria Municipal de Defesa Civil deve ser realizado afim de se tomar medidas
natildeo mais preventivas mas sim preditivas para que se possa conter o avanccedilo destes
problemas na aacuterea urbana principal bem como em toda a aacuterea do municiacutepio
Figura 5 13 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na aacuterea urbana
principal
Fonte Do autor
38
Figura 5 14 Aacutereas sujeitas a alagamento e os principais usos do solo na aacuterea
urbana principal
Fonte Do autor
Ao se associar os dados do estudo do Plano Diretor com os dados do levantamento
histoacuterico realizado com o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) pode-se notar que as aacutereas
propiacutecias a deslizamento estatildeo em regiotildees as quais haacute uma fronteira de declividades ou
seja eacute evidente que os deslizamentos ocorrem em encostas um pouco mais iacutengremes mas
natildeo necessariamente nas encostas de 30-47 as quais exigem estudo teacutecnico conforme o
plano diretor preconiza Quanto aos alagamentos nota-se que eles se localizam nas aacutereas
com menor ou nenhuma declividade podendo ser estas aacutereas talvez componentes da
planiacutecie de inundaccedilatildeo dos rios Estes resultados podem ser vistos nas figuras 515 e 516
a seguir
39
Figura5 15 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a deslizamentos na
regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
Fonte Lei 42412012 e Autor
Figura5 26 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a alagamentos na
regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
Fonte Lei 42412012 e Autor
40
52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis
O processo de ocupaccedilatildeo no municiacutepio de Santos Dumont comeccedilou muito antes de
qualquer legislaccedilatildeo relacionada a ordenamento urbano e de proteccedilatildeo do meio ambiente
fosse implementado no Brasil Esse fato aliado a poliacuteticas e fiscalizaccedilotildees falhas
contribuiacuteram para a ocupaccedilatildeo e expansatildeo da aacuterea urbana ao longo do Ribeiratildeo das Posses
e seus afluentes o que tem gerado o aumento da degradaccedilatildeo destes corpos hiacutedricos ao
longo de todos estes anos Observa-se tambeacutem que nas uacuteltimas deacutecadas ocorreu um
grande nuacutemero de migraccedilotildees do campo para a regiatildeo urbana da cidade fator que
contribuiu para o crescimento do nuacutemero de habitaccedilotildees em aacutereas de risco de deslizamento
e alagamentos por serem na maioria das vezes terrenos menos valorizados e por este
motivo acessiacuteveis a populaccedilatildeo com menor poder aquisitivo (ROSA amp CORTEZ 2008)
Vale ressaltar que esta questatildeo aleacutem de ser ambiental eacute muito mais social pois os
moradores entendem os riscos de se viver nestes locais mas por motivos econocircmicos ou
por questotildees afetivas natildeo abrem matildeo da moradia nessas aacutereas A Constituiccedilatildeo Federal de
1988 promoveu a inter-relaccedilatildeo das questotildees sociais com as questotildees ambientais quando
colocou o meio ambiente como direito coletivo (BRASIL1988 SOUZA2010) Por este
motivo a decisatildeo por medidas draacutesticas que favoreccedilam apenas agrave preservaccedilatildeo do meio
ambiente natildeo eacute recomendada pois aleacutem de ser inconstitucional podem afetar a
sustentabilidade econocircmica do municiacutepio e gerar conflitos sociais consideraacuteveis
(CARLOS 1992 apud SOUZA 2010)
Segundo Bueno (2009) ldquonem tudo o que eacute irregular eacute precaacuteriordquo Esse fato se observa em
Santos Dumont uma vez que em boa parte da regiatildeo central se observa vaacuterias moradias
construiacutedas na faixa de APP de curso hiacutedrico o que natildeo eacute permitido pela legislaccedilatildeo
vigente e eacute um dos fatores que contribui para a ocorrecircncia de alagamentos nesta aacuterea da
cidade Para a resoluccedilatildeo deste problema o que seria mais viaacutevel seria a melhoria da
infraestrutura de drenagem urbana afim de que o escoamento da aacutegua das chuvas natildeo
sobrecarregasse o sistema (BUENO2009) A construccedilatildeo de bacias de contenccedilatildeo de
cheias ao longo do Ribeiratildeo das Posses tambeacutem seria uma alternativa mas para se verificar
a viabilidade necessita-se estudos mais aprofundados do ponto de vista hidroloacutegico
O grande problema a ser solucionado no entanto eacute o que diz respeito agraves aacutereas de risco
de deslizamento majoritariamente nos bairros A melhor alternativa seria o
remanejamento dos moradores para uma aacuterea proacutexima agrave que moram poreacutem longe do
risco Poreacutem esta alternativa de acordo com Rosa Filho amp Cortez (2008) encontra alguns
entraves pois estas pessoas na maioria das vezes natildeo tecircm condiccedilotildees financeiras de irem
para outro lugar ou pagar aluguel ou estatildeo de alguma forma sentimentalmente ligadas
agravequela regiatildeo que se recusam a deixaacute-lo
41
Por parte dos oacutergatildeos competentes no municiacutepio a criaccedilatildeo de um plano para se evitar
acidentes ocasionados por deslizamentos e alagamentos com um mapeamento detalhado
de toda a extensatildeo do municiacutepio eacute extremamente uacutetil Os estudos que seratildeo feitos para a
elaboraccedilatildeo deste plano poderatildeo definir quais as aacutereas satildeo potencialmente de risco para as
ocupaccedilotildees existentes ou para as potenciais ocupaccedilotildees que possam vir a ocorrer atraveacutes do
mapeamento das aacutereas de risco Tal planejamento seraacute auxiliar ao Plano Diretor
Municipal pois definiraacute o real uso do solo de determinada regiatildeo do municiacutepio
contribuindo para a adequaccedilatildeo do uso e ocupaccedilatildeo do solo afim de evitar ou reduzir o
nuacutemero de problemas relacionados a alagamentos e principalmente deslizamentos no
periacutemetro urbano (TOMINAGA 2009) A partir deste plano os gestores locais poderatildeo
tomar a melhor decisatildeo para a prevenccedilatildeo ou reduccedilatildeo dos riscos inerentes a tais problemas
Na seccedilatildeo 521 seraacute hierarquizado de forma preliminar a aacuterea urbana principal de acordo
com os resultados da tabela 51
521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta
O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos (PMRR) foi criado atraveacutes de accedilotildees
regularizadoras do Ministeacuterio das Cidades para ser o instrumento de gestatildeo e
gerenciamento de aacutereas de risco em um municiacutepio Eacute um documento que aleacutem de
estabelecer quais regiotildees satildeo consideradas de risco tambeacutem objetiva a proposta de
medidas estruturais ou natildeo para contenccedilatildeo eou prevenccedilatildeo de cataacutestrofes aleacutem de ser um
meio de captaccedilatildeo de recursos financeiros junto aos Governos Estadual e Federal Estes
recursos poderatildeo ser utilizados para a realizaccedilatildeo de obras que visem a melhoria da
qualidade de vida da populaccedilatildeo do entorno ou de recuperaccedilatildeo da aacuterea degradada Este
plano eacute realizado de forma participativa com as comunidades das aacutereas de risco e pode
ser realizado em sete fases conforme recomenda o Ministeacuterio das Cidades (ALHEIROS
2006)
O primeiro passo para a realizaccedilatildeo do PMRR eacute definir qual a metodologia seraacute empregada
levando-se em consideraccedilatildeo a realidade atual do municiacutepio e especificar de forma sucinta
um cronograma das atividades Eacute importante nesta fase a participaccedilatildeo tambeacutem dos
responsaacuteveis pelas mais variadas Secretarias Municipais afim de explicitar o tamanho da
importacircncia e o caraacuteter integrador deste plano A segunda fase deste plano objetiva a
criaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo da principal base de dados a ser utilizada nos passos posteriores o
mapeamento de risco em escala detalhe em torno de 13000 (SAtildeO PAULO 2014) A
elaboraccedilatildeo de um mapeamento detalhado propiciaraacute natildeo soacute a identificaccedilatildeo mais faacutecil das
aacutereas de risco como tambeacutem facilitaraacute aos gestores e agrave comunidade decidirem qual a
melhor intervenccedilatildeo para a soluccedilatildeo ou remediaccedilatildeo dos problemas em uma determinada
42
aacuterea hierarquizando o risco e definindo prioridades (SAtildeO PAULO 2014) Na tabela a
seguir apresenta-se alguns tipos de intervenccedilotildees que podem ser feitas em aacutereas de risco
sugeridas pelo Ministeacuterio das cidades (ALHEIROS 2006)
Quadro 5 1 - Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco
Tipo de intervenccedilatildeo Descriccedilatildeo
Serviccedilos de limpeza e Recuperaccedilatildeo
Remoccedilatildeo de entulho lixo etc
corte de aacutervores
remoccedilatildeo de bananeiras
recuperaccedilatildeo eou limpeza de sistemas de
drenagem esgotos e acessos
Limpeza de canais de drenagem
Proteccedilatildeo Vegetal
Proteccedilatildeo superficial vegetal (gramiacuteneas) em
taludes com solo exposto
Proteccedilatildeo vegetal de margens de canais de
drenagem
Barreiras vegetais para massas escorregadas
ou acumuladas pela erosatildeo
Drenagem Superficial e Acessos
Sistema de drenagem superficial (canaletas
raacutepidos caixas de transiccedilatildeo escadas drsquoaacutegua)
Acessos para pedestres (escadarias rampas
etc) integrados ao sistema de drenagem
Revestimento de Taludes Revestimento com materiais artificiais
cimentado cal-jet tela argamassada alvenaria
de tijolos ceracircmicos solo-cimento ensacado
Desmonte de blocos e matacotildees Desmonte de concreccedilotildees de grande porte
blocos rochosos e matacotildees
Obras de drenagem de subsuperfiacutecie Sistema de drenagem de subsuperfiacutecie
(trincheiras drenantes DHP poccedilos de
rebaixamento)
Estruturas de contenccedilatildeo (localizadas)
Muros de contenccedilatildeo de pequeno porte (solo-
cimento ensacado alvenaria de pedra-rachatildeo
concreto armado)
Estruturas de contenccedilatildeo localizadas
(chumbadores tirantes microestacas)
Contenccedilatildeo e proteccedilatildeo de margens de canais (
gabiotildees muros de concreto etc)
Estruturas de contenccedilatildeo (meacutedio e grande porte) Implantaccedilatildeo de estruturas de contenccedilatildeo de
meacutedio e grande porte envolvendo obras de
contenccedilatildeo passivas e ativas (muros de
gravidade cortinas etc)
Terraplanagem Execuccedilatildeo de serviccedilos de terraplanagem
combinados a obras de drenagem superficial e
proteccedilatildeo vegetal desvio e canalizaccedilatildeo de
coacuterregos
Remoccedilatildeo de moradias Remoccedilotildees definitivas para implantaccedilatildeo de
obras ou devido agrave localizaccedilatildeo improacutepria da
edificaccedilatildeo (Priorizar as relocaccedilotildees dentro da
proacutepria aacuterea em local seguro)
Fonte ALHEIROS 2006
43
Escolhidas as formas de intervenccedilatildeo para cada aacuterea eacute necessaacuterio realizar uma estimativa
dos custos afim de preparar o orccedilamento da prefeitura para a realizaccedilatildeo das obras e se
seraacute necessaacuterio a captaccedilatildeo de recursos externos para a execuccedilatildeo destas Feitas as
estimativas de custo o proacuteximo passo eacute definir as prioridades e para esta fase eacute tambeacutem
uacutetil o mapeamento feito nas etapas anteriores pois seraacute necessaacuterio hierarquizar tais
intervenccedilotildees nas aacutereas de risco O Ministeacuterio das Cidades (2007) sugere alguns criteacuterios
que podem ser avaliados pelo gestor dentre eles pode-se citar
Grau de risco
Populaccedilatildeo beneficiada
Custo da intervenccedilatildeo
Dimensatildeo da aacuterea a ser tratada
Demandas anteriores da populaccedilatildeo
Tempo de ocupaccedilatildeo
Viabilidade teacutecnica da intervenccedilatildeo
Viabilidade financeira
Inclusatildeo da aacuterea em outros projetos
A partir desta hierarquizaccedilatildeo inicia-se a identificaccedilatildeo de provaacuteveis fontes de captaccedilatildeo de
recursos para a execuccedilatildeo das intervenccedilotildees Estes recursos podem advir de programas dos
governos Federal e Estadual ou por meio de editais para captaccedilatildeo de recursos financeiros
tanto do setor puacuteblico como da iniciativa privada e podem ser tambeacutem associados agrave outras
Secretarias Municipais como a de Turismo ou Meio Ambiente e natildeo soacute as destinadas agrave
Defesa Civil (ALHEIROS 2006)
Eacute previsto tambeacutem no PMRR uma avaliaccedilatildeo da Defesa Civil municipal e como ela estaacute
estruturada fazendo inclusive sugestotildees para que sua atuaccedilatildeo esteja em consonacircncia com
a realidade das comunidades e da Administraccedilatildeo Puacuteblica do municiacutepio de forma a garantir
sua sustentabilidade e conquistar a credibilidade da populaccedilatildeo no que diz respeito a
prevenccedilatildeo de cataacutestrofes Para que a resposta a uma determinada situaccedilatildeo de risco seja
raacutepida eacute necessaacuterio a descentralizaccedilatildeo da Defesa Civil criando pequenos nuacutecleos
comunitaacuterios com a finalidade de se monitorar a aacuterea constantemente e promover as
intervenccedilotildees necessaacuterias em tempo haacutebil o que aumenta em muito a credibilidade da
populaccedilatildeo no PMRR e no trabalho desempenhado pela Defesa Civil no municiacutepio Apoacutes
esta etapa o PMRR passaraacute por audiecircncias puacuteblicas e posteriormente poderaacute ser aprovado
como Lei Municipal pelo Legislativo local (ALHEIROS 2006)
Com a realizaccedilatildeo deste plano o municiacutepio estaraacute munido de informaccedilotildees suficientes para
realizar accedilotildees efetivas de gestatildeo e gerenciamento de riscos bem como aliado a
levantamentos sociais realizar programas habitacionais que beneficiem prioritariamente
44
aos moradores das aacutereas de risco Aleacutem disso com o PMRR o municiacutepio poderaacute melhorar
a qualidade ambiental da populaccedilatildeo captando recursos para a recuperaccedilatildeo das aacutereas de
APP que foram degradadas pelas ocupaccedilotildees irregulares beneficiando todos os moradores
do municiacutepio com o aumento da qualidade de vida na cidade
A partir do disposto nesta seccedilatildeo acerca do Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos e de
uma maneira preliminar (levando-se em conta apenas o nuacutemero de registros de
alagamentos e deslizamentos na aacuterea urbana principal de Santos Dumont no periacuteodo de
1984 a 2014) identificou-se trecircs regiotildees distintas na aacuterea urbana do municiacutepio com
tempo de recorrecircncia desses eventos similares caracterizando trecircs prioridades de
intervenccedilatildeo em contenccedilatildeo de risco como pode ser visto nas figuras 515 e 516 Vale
ressaltar que eacute necessaacuterio um estudo mais detalhado inclusive com visitas teacutecnicas a
campo para que se confirme a real situaccedilatildeo destas e a real prioridade para investimentos
Figura 5 17 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de deslizamentos
Fonte Do Autor
45
Figura 5 18 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de alagamentos
Fonte Do Autor
46
6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees
A seguir apresenta-se as conclusotildees e as recomendaccedilotildees feitas a partir dos objetivos
especiacuteficos explicitados no iniacutecio deste trabalho
Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a
aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes
urbanos
A partir da revisatildeo da legislaccedilatildeo pertinente em acircmbito federal estadual e
municipal constatou-se que o Plano Diretor de Santos Dumont natildeo conflita com a
legislaccedilatildeo federal e estadual sobre Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente A legislaccedilatildeo
municipal foi entendida como mais conservadora que as federal e estadual uma
vez que considera implicitamente que declividades entre 47 e 100 satildeo
enquadradas como APPs aleacutem da faixa superior a 100
Parte consideraacutevel das ocupaccedilotildees em APP principalmente na regiatildeo do bairro
Santo Antocircnio (onde surgiu os primeiros nuacutecleos que deram origem ao municiacutepio)
e o centro da cidade ocorreram antes de que fosse elaborado qualquer legislaccedilatildeo
que versasse sobre o tema Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente bastando ao gestor
local tomar medidas de contenccedilatildeo de riscos que minimizem os impactos causados
por essas ocupaccedilotildees nessa regiatildeo
O ordenamento adequado do uso do solo no municiacutepio eacute necessaacuterio para que o
crescimento dos loteamentos criados anteriormente agrave esta Lei e o surgimento de
novos natildeo avance para Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente o que pode causar
inuacutemeros problemas aos moradores e agravar os jaacute existentes
Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las
com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)
As aacutereas onde houveram a maior quantidade de registros de deslizamentos satildeo os
bairros mais populosos de Santos Dumont podendo se estabelecer uma relaccedilatildeo
que quanto mais populoso o bairro maior a quantidade de problemas relacionados
a deslizamentos Tambeacutem pode-se notar uma relaccedilatildeo com as fronteiras das faixas
de declividades e os deslizamentos uma vez que boa parte deles aconteceram
nestas faixas
As aacutereas onde houve um grande nuacutemero de registros de alagamentos satildeo os bairros
que se desenvolveram agraves margens do Ribeiratildeo das Posses em especial na aacuterea que
47
compreende as APPs de curso hiacutedrico e em aacutereas onde a declividade eacute baixa Esse
fato aliado ao crescimento do nuacutemero de vias pavimentadas com material
impermeaacutevel e a natildeo expansatildeo e ou redimensionamento da rede de drenagem
urbana contribuiacuteram para a ocorrecircncia cada vez mais constante de alagamentos
nessas aacutereas
Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos
catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30
anos
A partir do levantamento histoacuterico realizado e da base de dados georeferenciada
gerada observou-se o aumento do nuacutemero de registros de deslizamentos e
alagamentos nos uacuteltimos 10 anos quando as ocorrecircncias comeccedilaram a se repetir
numa mesma aacuterea com frequecircncia incrementada as vezes com mais de uma
ocorrecircncia anual
Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do
solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental
Destaca-se a adequaccedilatildeo dos criteacuterios gerais estabelecidos pelo Plano Diretor de
Santos Dumont relativos a legislaccedilatildeo federal e estadual Entretanto o referido
Plano Diretor natildeo contempla todo o territoacuterio municipal sendo assim ele natildeo
cumpre o objetivo de proteger as APPs preservadas e recuperar as que foram
degradadas em todo o territoacuterio municipal Ressalta-se tambeacutem a sua natildeo
conformidade com o Estatuto das Cidades uma vez que o Plano Diretor
contempla apenas os novos loteamentos
Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais
negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea
impactada
Recomenda-se a implantaccedilatildeo no municiacutepio de uma Coordenadoria Municipal de
Defesa Civil atuante e integrada agraves Secretarias Municipais e agrave comunidade
visando uma atuaccedilatildeo eficaz nos problemas relacionados a deslizamentos e
alagamentos A elaboraccedilatildeo de um Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos eacute de
suma importacircncia pois atraveacutes dele pode-se predizer as aacutereas que passaratildeo por
problemas caso a expansatildeo aconteccedila ou se inicie uma ocupaccedilatildeo nova aleacutem de
prevenir acidentes nas aacutereas jaacute ocupadas e consideradas de risco
48
7 Anexos
49
71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont
50
51
72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)
52
53
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38
Figura 5 14 Aacutereas sujeitas a alagamento e os principais usos do solo na aacuterea
urbana principal
Fonte Do autor
Ao se associar os dados do estudo do Plano Diretor com os dados do levantamento
histoacuterico realizado com o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) pode-se notar que as aacutereas
propiacutecias a deslizamento estatildeo em regiotildees as quais haacute uma fronteira de declividades ou
seja eacute evidente que os deslizamentos ocorrem em encostas um pouco mais iacutengremes mas
natildeo necessariamente nas encostas de 30-47 as quais exigem estudo teacutecnico conforme o
plano diretor preconiza Quanto aos alagamentos nota-se que eles se localizam nas aacutereas
com menor ou nenhuma declividade podendo ser estas aacutereas talvez componentes da
planiacutecie de inundaccedilatildeo dos rios Estes resultados podem ser vistos nas figuras 515 e 516
a seguir
39
Figura5 15 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a deslizamentos na
regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
Fonte Lei 42412012 e Autor
Figura5 26 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a alagamentos na
regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
Fonte Lei 42412012 e Autor
40
52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis
O processo de ocupaccedilatildeo no municiacutepio de Santos Dumont comeccedilou muito antes de
qualquer legislaccedilatildeo relacionada a ordenamento urbano e de proteccedilatildeo do meio ambiente
fosse implementado no Brasil Esse fato aliado a poliacuteticas e fiscalizaccedilotildees falhas
contribuiacuteram para a ocupaccedilatildeo e expansatildeo da aacuterea urbana ao longo do Ribeiratildeo das Posses
e seus afluentes o que tem gerado o aumento da degradaccedilatildeo destes corpos hiacutedricos ao
longo de todos estes anos Observa-se tambeacutem que nas uacuteltimas deacutecadas ocorreu um
grande nuacutemero de migraccedilotildees do campo para a regiatildeo urbana da cidade fator que
contribuiu para o crescimento do nuacutemero de habitaccedilotildees em aacutereas de risco de deslizamento
e alagamentos por serem na maioria das vezes terrenos menos valorizados e por este
motivo acessiacuteveis a populaccedilatildeo com menor poder aquisitivo (ROSA amp CORTEZ 2008)
Vale ressaltar que esta questatildeo aleacutem de ser ambiental eacute muito mais social pois os
moradores entendem os riscos de se viver nestes locais mas por motivos econocircmicos ou
por questotildees afetivas natildeo abrem matildeo da moradia nessas aacutereas A Constituiccedilatildeo Federal de
1988 promoveu a inter-relaccedilatildeo das questotildees sociais com as questotildees ambientais quando
colocou o meio ambiente como direito coletivo (BRASIL1988 SOUZA2010) Por este
motivo a decisatildeo por medidas draacutesticas que favoreccedilam apenas agrave preservaccedilatildeo do meio
ambiente natildeo eacute recomendada pois aleacutem de ser inconstitucional podem afetar a
sustentabilidade econocircmica do municiacutepio e gerar conflitos sociais consideraacuteveis
(CARLOS 1992 apud SOUZA 2010)
Segundo Bueno (2009) ldquonem tudo o que eacute irregular eacute precaacuteriordquo Esse fato se observa em
Santos Dumont uma vez que em boa parte da regiatildeo central se observa vaacuterias moradias
construiacutedas na faixa de APP de curso hiacutedrico o que natildeo eacute permitido pela legislaccedilatildeo
vigente e eacute um dos fatores que contribui para a ocorrecircncia de alagamentos nesta aacuterea da
cidade Para a resoluccedilatildeo deste problema o que seria mais viaacutevel seria a melhoria da
infraestrutura de drenagem urbana afim de que o escoamento da aacutegua das chuvas natildeo
sobrecarregasse o sistema (BUENO2009) A construccedilatildeo de bacias de contenccedilatildeo de
cheias ao longo do Ribeiratildeo das Posses tambeacutem seria uma alternativa mas para se verificar
a viabilidade necessita-se estudos mais aprofundados do ponto de vista hidroloacutegico
O grande problema a ser solucionado no entanto eacute o que diz respeito agraves aacutereas de risco
de deslizamento majoritariamente nos bairros A melhor alternativa seria o
remanejamento dos moradores para uma aacuterea proacutexima agrave que moram poreacutem longe do
risco Poreacutem esta alternativa de acordo com Rosa Filho amp Cortez (2008) encontra alguns
entraves pois estas pessoas na maioria das vezes natildeo tecircm condiccedilotildees financeiras de irem
para outro lugar ou pagar aluguel ou estatildeo de alguma forma sentimentalmente ligadas
agravequela regiatildeo que se recusam a deixaacute-lo
41
Por parte dos oacutergatildeos competentes no municiacutepio a criaccedilatildeo de um plano para se evitar
acidentes ocasionados por deslizamentos e alagamentos com um mapeamento detalhado
de toda a extensatildeo do municiacutepio eacute extremamente uacutetil Os estudos que seratildeo feitos para a
elaboraccedilatildeo deste plano poderatildeo definir quais as aacutereas satildeo potencialmente de risco para as
ocupaccedilotildees existentes ou para as potenciais ocupaccedilotildees que possam vir a ocorrer atraveacutes do
mapeamento das aacutereas de risco Tal planejamento seraacute auxiliar ao Plano Diretor
Municipal pois definiraacute o real uso do solo de determinada regiatildeo do municiacutepio
contribuindo para a adequaccedilatildeo do uso e ocupaccedilatildeo do solo afim de evitar ou reduzir o
nuacutemero de problemas relacionados a alagamentos e principalmente deslizamentos no
periacutemetro urbano (TOMINAGA 2009) A partir deste plano os gestores locais poderatildeo
tomar a melhor decisatildeo para a prevenccedilatildeo ou reduccedilatildeo dos riscos inerentes a tais problemas
Na seccedilatildeo 521 seraacute hierarquizado de forma preliminar a aacuterea urbana principal de acordo
com os resultados da tabela 51
521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta
O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos (PMRR) foi criado atraveacutes de accedilotildees
regularizadoras do Ministeacuterio das Cidades para ser o instrumento de gestatildeo e
gerenciamento de aacutereas de risco em um municiacutepio Eacute um documento que aleacutem de
estabelecer quais regiotildees satildeo consideradas de risco tambeacutem objetiva a proposta de
medidas estruturais ou natildeo para contenccedilatildeo eou prevenccedilatildeo de cataacutestrofes aleacutem de ser um
meio de captaccedilatildeo de recursos financeiros junto aos Governos Estadual e Federal Estes
recursos poderatildeo ser utilizados para a realizaccedilatildeo de obras que visem a melhoria da
qualidade de vida da populaccedilatildeo do entorno ou de recuperaccedilatildeo da aacuterea degradada Este
plano eacute realizado de forma participativa com as comunidades das aacutereas de risco e pode
ser realizado em sete fases conforme recomenda o Ministeacuterio das Cidades (ALHEIROS
2006)
O primeiro passo para a realizaccedilatildeo do PMRR eacute definir qual a metodologia seraacute empregada
levando-se em consideraccedilatildeo a realidade atual do municiacutepio e especificar de forma sucinta
um cronograma das atividades Eacute importante nesta fase a participaccedilatildeo tambeacutem dos
responsaacuteveis pelas mais variadas Secretarias Municipais afim de explicitar o tamanho da
importacircncia e o caraacuteter integrador deste plano A segunda fase deste plano objetiva a
criaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo da principal base de dados a ser utilizada nos passos posteriores o
mapeamento de risco em escala detalhe em torno de 13000 (SAtildeO PAULO 2014) A
elaboraccedilatildeo de um mapeamento detalhado propiciaraacute natildeo soacute a identificaccedilatildeo mais faacutecil das
aacutereas de risco como tambeacutem facilitaraacute aos gestores e agrave comunidade decidirem qual a
melhor intervenccedilatildeo para a soluccedilatildeo ou remediaccedilatildeo dos problemas em uma determinada
42
aacuterea hierarquizando o risco e definindo prioridades (SAtildeO PAULO 2014) Na tabela a
seguir apresenta-se alguns tipos de intervenccedilotildees que podem ser feitas em aacutereas de risco
sugeridas pelo Ministeacuterio das cidades (ALHEIROS 2006)
Quadro 5 1 - Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco
Tipo de intervenccedilatildeo Descriccedilatildeo
Serviccedilos de limpeza e Recuperaccedilatildeo
Remoccedilatildeo de entulho lixo etc
corte de aacutervores
remoccedilatildeo de bananeiras
recuperaccedilatildeo eou limpeza de sistemas de
drenagem esgotos e acessos
Limpeza de canais de drenagem
Proteccedilatildeo Vegetal
Proteccedilatildeo superficial vegetal (gramiacuteneas) em
taludes com solo exposto
Proteccedilatildeo vegetal de margens de canais de
drenagem
Barreiras vegetais para massas escorregadas
ou acumuladas pela erosatildeo
Drenagem Superficial e Acessos
Sistema de drenagem superficial (canaletas
raacutepidos caixas de transiccedilatildeo escadas drsquoaacutegua)
Acessos para pedestres (escadarias rampas
etc) integrados ao sistema de drenagem
Revestimento de Taludes Revestimento com materiais artificiais
cimentado cal-jet tela argamassada alvenaria
de tijolos ceracircmicos solo-cimento ensacado
Desmonte de blocos e matacotildees Desmonte de concreccedilotildees de grande porte
blocos rochosos e matacotildees
Obras de drenagem de subsuperfiacutecie Sistema de drenagem de subsuperfiacutecie
(trincheiras drenantes DHP poccedilos de
rebaixamento)
Estruturas de contenccedilatildeo (localizadas)
Muros de contenccedilatildeo de pequeno porte (solo-
cimento ensacado alvenaria de pedra-rachatildeo
concreto armado)
Estruturas de contenccedilatildeo localizadas
(chumbadores tirantes microestacas)
Contenccedilatildeo e proteccedilatildeo de margens de canais (
gabiotildees muros de concreto etc)
Estruturas de contenccedilatildeo (meacutedio e grande porte) Implantaccedilatildeo de estruturas de contenccedilatildeo de
meacutedio e grande porte envolvendo obras de
contenccedilatildeo passivas e ativas (muros de
gravidade cortinas etc)
Terraplanagem Execuccedilatildeo de serviccedilos de terraplanagem
combinados a obras de drenagem superficial e
proteccedilatildeo vegetal desvio e canalizaccedilatildeo de
coacuterregos
Remoccedilatildeo de moradias Remoccedilotildees definitivas para implantaccedilatildeo de
obras ou devido agrave localizaccedilatildeo improacutepria da
edificaccedilatildeo (Priorizar as relocaccedilotildees dentro da
proacutepria aacuterea em local seguro)
Fonte ALHEIROS 2006
43
Escolhidas as formas de intervenccedilatildeo para cada aacuterea eacute necessaacuterio realizar uma estimativa
dos custos afim de preparar o orccedilamento da prefeitura para a realizaccedilatildeo das obras e se
seraacute necessaacuterio a captaccedilatildeo de recursos externos para a execuccedilatildeo destas Feitas as
estimativas de custo o proacuteximo passo eacute definir as prioridades e para esta fase eacute tambeacutem
uacutetil o mapeamento feito nas etapas anteriores pois seraacute necessaacuterio hierarquizar tais
intervenccedilotildees nas aacutereas de risco O Ministeacuterio das Cidades (2007) sugere alguns criteacuterios
que podem ser avaliados pelo gestor dentre eles pode-se citar
Grau de risco
Populaccedilatildeo beneficiada
Custo da intervenccedilatildeo
Dimensatildeo da aacuterea a ser tratada
Demandas anteriores da populaccedilatildeo
Tempo de ocupaccedilatildeo
Viabilidade teacutecnica da intervenccedilatildeo
Viabilidade financeira
Inclusatildeo da aacuterea em outros projetos
A partir desta hierarquizaccedilatildeo inicia-se a identificaccedilatildeo de provaacuteveis fontes de captaccedilatildeo de
recursos para a execuccedilatildeo das intervenccedilotildees Estes recursos podem advir de programas dos
governos Federal e Estadual ou por meio de editais para captaccedilatildeo de recursos financeiros
tanto do setor puacuteblico como da iniciativa privada e podem ser tambeacutem associados agrave outras
Secretarias Municipais como a de Turismo ou Meio Ambiente e natildeo soacute as destinadas agrave
Defesa Civil (ALHEIROS 2006)
Eacute previsto tambeacutem no PMRR uma avaliaccedilatildeo da Defesa Civil municipal e como ela estaacute
estruturada fazendo inclusive sugestotildees para que sua atuaccedilatildeo esteja em consonacircncia com
a realidade das comunidades e da Administraccedilatildeo Puacuteblica do municiacutepio de forma a garantir
sua sustentabilidade e conquistar a credibilidade da populaccedilatildeo no que diz respeito a
prevenccedilatildeo de cataacutestrofes Para que a resposta a uma determinada situaccedilatildeo de risco seja
raacutepida eacute necessaacuterio a descentralizaccedilatildeo da Defesa Civil criando pequenos nuacutecleos
comunitaacuterios com a finalidade de se monitorar a aacuterea constantemente e promover as
intervenccedilotildees necessaacuterias em tempo haacutebil o que aumenta em muito a credibilidade da
populaccedilatildeo no PMRR e no trabalho desempenhado pela Defesa Civil no municiacutepio Apoacutes
esta etapa o PMRR passaraacute por audiecircncias puacuteblicas e posteriormente poderaacute ser aprovado
como Lei Municipal pelo Legislativo local (ALHEIROS 2006)
Com a realizaccedilatildeo deste plano o municiacutepio estaraacute munido de informaccedilotildees suficientes para
realizar accedilotildees efetivas de gestatildeo e gerenciamento de riscos bem como aliado a
levantamentos sociais realizar programas habitacionais que beneficiem prioritariamente
44
aos moradores das aacutereas de risco Aleacutem disso com o PMRR o municiacutepio poderaacute melhorar
a qualidade ambiental da populaccedilatildeo captando recursos para a recuperaccedilatildeo das aacutereas de
APP que foram degradadas pelas ocupaccedilotildees irregulares beneficiando todos os moradores
do municiacutepio com o aumento da qualidade de vida na cidade
A partir do disposto nesta seccedilatildeo acerca do Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos e de
uma maneira preliminar (levando-se em conta apenas o nuacutemero de registros de
alagamentos e deslizamentos na aacuterea urbana principal de Santos Dumont no periacuteodo de
1984 a 2014) identificou-se trecircs regiotildees distintas na aacuterea urbana do municiacutepio com
tempo de recorrecircncia desses eventos similares caracterizando trecircs prioridades de
intervenccedilatildeo em contenccedilatildeo de risco como pode ser visto nas figuras 515 e 516 Vale
ressaltar que eacute necessaacuterio um estudo mais detalhado inclusive com visitas teacutecnicas a
campo para que se confirme a real situaccedilatildeo destas e a real prioridade para investimentos
Figura 5 17 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de deslizamentos
Fonte Do Autor
45
Figura 5 18 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de alagamentos
Fonte Do Autor
46
6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees
A seguir apresenta-se as conclusotildees e as recomendaccedilotildees feitas a partir dos objetivos
especiacuteficos explicitados no iniacutecio deste trabalho
Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a
aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes
urbanos
A partir da revisatildeo da legislaccedilatildeo pertinente em acircmbito federal estadual e
municipal constatou-se que o Plano Diretor de Santos Dumont natildeo conflita com a
legislaccedilatildeo federal e estadual sobre Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente A legislaccedilatildeo
municipal foi entendida como mais conservadora que as federal e estadual uma
vez que considera implicitamente que declividades entre 47 e 100 satildeo
enquadradas como APPs aleacutem da faixa superior a 100
Parte consideraacutevel das ocupaccedilotildees em APP principalmente na regiatildeo do bairro
Santo Antocircnio (onde surgiu os primeiros nuacutecleos que deram origem ao municiacutepio)
e o centro da cidade ocorreram antes de que fosse elaborado qualquer legislaccedilatildeo
que versasse sobre o tema Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente bastando ao gestor
local tomar medidas de contenccedilatildeo de riscos que minimizem os impactos causados
por essas ocupaccedilotildees nessa regiatildeo
O ordenamento adequado do uso do solo no municiacutepio eacute necessaacuterio para que o
crescimento dos loteamentos criados anteriormente agrave esta Lei e o surgimento de
novos natildeo avance para Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente o que pode causar
inuacutemeros problemas aos moradores e agravar os jaacute existentes
Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las
com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)
As aacutereas onde houveram a maior quantidade de registros de deslizamentos satildeo os
bairros mais populosos de Santos Dumont podendo se estabelecer uma relaccedilatildeo
que quanto mais populoso o bairro maior a quantidade de problemas relacionados
a deslizamentos Tambeacutem pode-se notar uma relaccedilatildeo com as fronteiras das faixas
de declividades e os deslizamentos uma vez que boa parte deles aconteceram
nestas faixas
As aacutereas onde houve um grande nuacutemero de registros de alagamentos satildeo os bairros
que se desenvolveram agraves margens do Ribeiratildeo das Posses em especial na aacuterea que
47
compreende as APPs de curso hiacutedrico e em aacutereas onde a declividade eacute baixa Esse
fato aliado ao crescimento do nuacutemero de vias pavimentadas com material
impermeaacutevel e a natildeo expansatildeo e ou redimensionamento da rede de drenagem
urbana contribuiacuteram para a ocorrecircncia cada vez mais constante de alagamentos
nessas aacutereas
Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos
catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30
anos
A partir do levantamento histoacuterico realizado e da base de dados georeferenciada
gerada observou-se o aumento do nuacutemero de registros de deslizamentos e
alagamentos nos uacuteltimos 10 anos quando as ocorrecircncias comeccedilaram a se repetir
numa mesma aacuterea com frequecircncia incrementada as vezes com mais de uma
ocorrecircncia anual
Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do
solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental
Destaca-se a adequaccedilatildeo dos criteacuterios gerais estabelecidos pelo Plano Diretor de
Santos Dumont relativos a legislaccedilatildeo federal e estadual Entretanto o referido
Plano Diretor natildeo contempla todo o territoacuterio municipal sendo assim ele natildeo
cumpre o objetivo de proteger as APPs preservadas e recuperar as que foram
degradadas em todo o territoacuterio municipal Ressalta-se tambeacutem a sua natildeo
conformidade com o Estatuto das Cidades uma vez que o Plano Diretor
contempla apenas os novos loteamentos
Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais
negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea
impactada
Recomenda-se a implantaccedilatildeo no municiacutepio de uma Coordenadoria Municipal de
Defesa Civil atuante e integrada agraves Secretarias Municipais e agrave comunidade
visando uma atuaccedilatildeo eficaz nos problemas relacionados a deslizamentos e
alagamentos A elaboraccedilatildeo de um Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos eacute de
suma importacircncia pois atraveacutes dele pode-se predizer as aacutereas que passaratildeo por
problemas caso a expansatildeo aconteccedila ou se inicie uma ocupaccedilatildeo nova aleacutem de
prevenir acidentes nas aacutereas jaacute ocupadas e consideradas de risco
48
7 Anexos
49
71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont
50
51
72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)
52
53
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39
Figura5 15 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a deslizamentos na
regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
Fonte Lei 42412012 e Autor
Figura5 26 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a alagamentos na
regiatildeo urbana de Santos Dumont MG
Fonte Lei 42412012 e Autor
40
52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis
O processo de ocupaccedilatildeo no municiacutepio de Santos Dumont comeccedilou muito antes de
qualquer legislaccedilatildeo relacionada a ordenamento urbano e de proteccedilatildeo do meio ambiente
fosse implementado no Brasil Esse fato aliado a poliacuteticas e fiscalizaccedilotildees falhas
contribuiacuteram para a ocupaccedilatildeo e expansatildeo da aacuterea urbana ao longo do Ribeiratildeo das Posses
e seus afluentes o que tem gerado o aumento da degradaccedilatildeo destes corpos hiacutedricos ao
longo de todos estes anos Observa-se tambeacutem que nas uacuteltimas deacutecadas ocorreu um
grande nuacutemero de migraccedilotildees do campo para a regiatildeo urbana da cidade fator que
contribuiu para o crescimento do nuacutemero de habitaccedilotildees em aacutereas de risco de deslizamento
e alagamentos por serem na maioria das vezes terrenos menos valorizados e por este
motivo acessiacuteveis a populaccedilatildeo com menor poder aquisitivo (ROSA amp CORTEZ 2008)
Vale ressaltar que esta questatildeo aleacutem de ser ambiental eacute muito mais social pois os
moradores entendem os riscos de se viver nestes locais mas por motivos econocircmicos ou
por questotildees afetivas natildeo abrem matildeo da moradia nessas aacutereas A Constituiccedilatildeo Federal de
1988 promoveu a inter-relaccedilatildeo das questotildees sociais com as questotildees ambientais quando
colocou o meio ambiente como direito coletivo (BRASIL1988 SOUZA2010) Por este
motivo a decisatildeo por medidas draacutesticas que favoreccedilam apenas agrave preservaccedilatildeo do meio
ambiente natildeo eacute recomendada pois aleacutem de ser inconstitucional podem afetar a
sustentabilidade econocircmica do municiacutepio e gerar conflitos sociais consideraacuteveis
(CARLOS 1992 apud SOUZA 2010)
Segundo Bueno (2009) ldquonem tudo o que eacute irregular eacute precaacuteriordquo Esse fato se observa em
Santos Dumont uma vez que em boa parte da regiatildeo central se observa vaacuterias moradias
construiacutedas na faixa de APP de curso hiacutedrico o que natildeo eacute permitido pela legislaccedilatildeo
vigente e eacute um dos fatores que contribui para a ocorrecircncia de alagamentos nesta aacuterea da
cidade Para a resoluccedilatildeo deste problema o que seria mais viaacutevel seria a melhoria da
infraestrutura de drenagem urbana afim de que o escoamento da aacutegua das chuvas natildeo
sobrecarregasse o sistema (BUENO2009) A construccedilatildeo de bacias de contenccedilatildeo de
cheias ao longo do Ribeiratildeo das Posses tambeacutem seria uma alternativa mas para se verificar
a viabilidade necessita-se estudos mais aprofundados do ponto de vista hidroloacutegico
O grande problema a ser solucionado no entanto eacute o que diz respeito agraves aacutereas de risco
de deslizamento majoritariamente nos bairros A melhor alternativa seria o
remanejamento dos moradores para uma aacuterea proacutexima agrave que moram poreacutem longe do
risco Poreacutem esta alternativa de acordo com Rosa Filho amp Cortez (2008) encontra alguns
entraves pois estas pessoas na maioria das vezes natildeo tecircm condiccedilotildees financeiras de irem
para outro lugar ou pagar aluguel ou estatildeo de alguma forma sentimentalmente ligadas
agravequela regiatildeo que se recusam a deixaacute-lo
41
Por parte dos oacutergatildeos competentes no municiacutepio a criaccedilatildeo de um plano para se evitar
acidentes ocasionados por deslizamentos e alagamentos com um mapeamento detalhado
de toda a extensatildeo do municiacutepio eacute extremamente uacutetil Os estudos que seratildeo feitos para a
elaboraccedilatildeo deste plano poderatildeo definir quais as aacutereas satildeo potencialmente de risco para as
ocupaccedilotildees existentes ou para as potenciais ocupaccedilotildees que possam vir a ocorrer atraveacutes do
mapeamento das aacutereas de risco Tal planejamento seraacute auxiliar ao Plano Diretor
Municipal pois definiraacute o real uso do solo de determinada regiatildeo do municiacutepio
contribuindo para a adequaccedilatildeo do uso e ocupaccedilatildeo do solo afim de evitar ou reduzir o
nuacutemero de problemas relacionados a alagamentos e principalmente deslizamentos no
periacutemetro urbano (TOMINAGA 2009) A partir deste plano os gestores locais poderatildeo
tomar a melhor decisatildeo para a prevenccedilatildeo ou reduccedilatildeo dos riscos inerentes a tais problemas
Na seccedilatildeo 521 seraacute hierarquizado de forma preliminar a aacuterea urbana principal de acordo
com os resultados da tabela 51
521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta
O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos (PMRR) foi criado atraveacutes de accedilotildees
regularizadoras do Ministeacuterio das Cidades para ser o instrumento de gestatildeo e
gerenciamento de aacutereas de risco em um municiacutepio Eacute um documento que aleacutem de
estabelecer quais regiotildees satildeo consideradas de risco tambeacutem objetiva a proposta de
medidas estruturais ou natildeo para contenccedilatildeo eou prevenccedilatildeo de cataacutestrofes aleacutem de ser um
meio de captaccedilatildeo de recursos financeiros junto aos Governos Estadual e Federal Estes
recursos poderatildeo ser utilizados para a realizaccedilatildeo de obras que visem a melhoria da
qualidade de vida da populaccedilatildeo do entorno ou de recuperaccedilatildeo da aacuterea degradada Este
plano eacute realizado de forma participativa com as comunidades das aacutereas de risco e pode
ser realizado em sete fases conforme recomenda o Ministeacuterio das Cidades (ALHEIROS
2006)
O primeiro passo para a realizaccedilatildeo do PMRR eacute definir qual a metodologia seraacute empregada
levando-se em consideraccedilatildeo a realidade atual do municiacutepio e especificar de forma sucinta
um cronograma das atividades Eacute importante nesta fase a participaccedilatildeo tambeacutem dos
responsaacuteveis pelas mais variadas Secretarias Municipais afim de explicitar o tamanho da
importacircncia e o caraacuteter integrador deste plano A segunda fase deste plano objetiva a
criaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo da principal base de dados a ser utilizada nos passos posteriores o
mapeamento de risco em escala detalhe em torno de 13000 (SAtildeO PAULO 2014) A
elaboraccedilatildeo de um mapeamento detalhado propiciaraacute natildeo soacute a identificaccedilatildeo mais faacutecil das
aacutereas de risco como tambeacutem facilitaraacute aos gestores e agrave comunidade decidirem qual a
melhor intervenccedilatildeo para a soluccedilatildeo ou remediaccedilatildeo dos problemas em uma determinada
42
aacuterea hierarquizando o risco e definindo prioridades (SAtildeO PAULO 2014) Na tabela a
seguir apresenta-se alguns tipos de intervenccedilotildees que podem ser feitas em aacutereas de risco
sugeridas pelo Ministeacuterio das cidades (ALHEIROS 2006)
Quadro 5 1 - Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco
Tipo de intervenccedilatildeo Descriccedilatildeo
Serviccedilos de limpeza e Recuperaccedilatildeo
Remoccedilatildeo de entulho lixo etc
corte de aacutervores
remoccedilatildeo de bananeiras
recuperaccedilatildeo eou limpeza de sistemas de
drenagem esgotos e acessos
Limpeza de canais de drenagem
Proteccedilatildeo Vegetal
Proteccedilatildeo superficial vegetal (gramiacuteneas) em
taludes com solo exposto
Proteccedilatildeo vegetal de margens de canais de
drenagem
Barreiras vegetais para massas escorregadas
ou acumuladas pela erosatildeo
Drenagem Superficial e Acessos
Sistema de drenagem superficial (canaletas
raacutepidos caixas de transiccedilatildeo escadas drsquoaacutegua)
Acessos para pedestres (escadarias rampas
etc) integrados ao sistema de drenagem
Revestimento de Taludes Revestimento com materiais artificiais
cimentado cal-jet tela argamassada alvenaria
de tijolos ceracircmicos solo-cimento ensacado
Desmonte de blocos e matacotildees Desmonte de concreccedilotildees de grande porte
blocos rochosos e matacotildees
Obras de drenagem de subsuperfiacutecie Sistema de drenagem de subsuperfiacutecie
(trincheiras drenantes DHP poccedilos de
rebaixamento)
Estruturas de contenccedilatildeo (localizadas)
Muros de contenccedilatildeo de pequeno porte (solo-
cimento ensacado alvenaria de pedra-rachatildeo
concreto armado)
Estruturas de contenccedilatildeo localizadas
(chumbadores tirantes microestacas)
Contenccedilatildeo e proteccedilatildeo de margens de canais (
gabiotildees muros de concreto etc)
Estruturas de contenccedilatildeo (meacutedio e grande porte) Implantaccedilatildeo de estruturas de contenccedilatildeo de
meacutedio e grande porte envolvendo obras de
contenccedilatildeo passivas e ativas (muros de
gravidade cortinas etc)
Terraplanagem Execuccedilatildeo de serviccedilos de terraplanagem
combinados a obras de drenagem superficial e
proteccedilatildeo vegetal desvio e canalizaccedilatildeo de
coacuterregos
Remoccedilatildeo de moradias Remoccedilotildees definitivas para implantaccedilatildeo de
obras ou devido agrave localizaccedilatildeo improacutepria da
edificaccedilatildeo (Priorizar as relocaccedilotildees dentro da
proacutepria aacuterea em local seguro)
Fonte ALHEIROS 2006
43
Escolhidas as formas de intervenccedilatildeo para cada aacuterea eacute necessaacuterio realizar uma estimativa
dos custos afim de preparar o orccedilamento da prefeitura para a realizaccedilatildeo das obras e se
seraacute necessaacuterio a captaccedilatildeo de recursos externos para a execuccedilatildeo destas Feitas as
estimativas de custo o proacuteximo passo eacute definir as prioridades e para esta fase eacute tambeacutem
uacutetil o mapeamento feito nas etapas anteriores pois seraacute necessaacuterio hierarquizar tais
intervenccedilotildees nas aacutereas de risco O Ministeacuterio das Cidades (2007) sugere alguns criteacuterios
que podem ser avaliados pelo gestor dentre eles pode-se citar
Grau de risco
Populaccedilatildeo beneficiada
Custo da intervenccedilatildeo
Dimensatildeo da aacuterea a ser tratada
Demandas anteriores da populaccedilatildeo
Tempo de ocupaccedilatildeo
Viabilidade teacutecnica da intervenccedilatildeo
Viabilidade financeira
Inclusatildeo da aacuterea em outros projetos
A partir desta hierarquizaccedilatildeo inicia-se a identificaccedilatildeo de provaacuteveis fontes de captaccedilatildeo de
recursos para a execuccedilatildeo das intervenccedilotildees Estes recursos podem advir de programas dos
governos Federal e Estadual ou por meio de editais para captaccedilatildeo de recursos financeiros
tanto do setor puacuteblico como da iniciativa privada e podem ser tambeacutem associados agrave outras
Secretarias Municipais como a de Turismo ou Meio Ambiente e natildeo soacute as destinadas agrave
Defesa Civil (ALHEIROS 2006)
Eacute previsto tambeacutem no PMRR uma avaliaccedilatildeo da Defesa Civil municipal e como ela estaacute
estruturada fazendo inclusive sugestotildees para que sua atuaccedilatildeo esteja em consonacircncia com
a realidade das comunidades e da Administraccedilatildeo Puacuteblica do municiacutepio de forma a garantir
sua sustentabilidade e conquistar a credibilidade da populaccedilatildeo no que diz respeito a
prevenccedilatildeo de cataacutestrofes Para que a resposta a uma determinada situaccedilatildeo de risco seja
raacutepida eacute necessaacuterio a descentralizaccedilatildeo da Defesa Civil criando pequenos nuacutecleos
comunitaacuterios com a finalidade de se monitorar a aacuterea constantemente e promover as
intervenccedilotildees necessaacuterias em tempo haacutebil o que aumenta em muito a credibilidade da
populaccedilatildeo no PMRR e no trabalho desempenhado pela Defesa Civil no municiacutepio Apoacutes
esta etapa o PMRR passaraacute por audiecircncias puacuteblicas e posteriormente poderaacute ser aprovado
como Lei Municipal pelo Legislativo local (ALHEIROS 2006)
Com a realizaccedilatildeo deste plano o municiacutepio estaraacute munido de informaccedilotildees suficientes para
realizar accedilotildees efetivas de gestatildeo e gerenciamento de riscos bem como aliado a
levantamentos sociais realizar programas habitacionais que beneficiem prioritariamente
44
aos moradores das aacutereas de risco Aleacutem disso com o PMRR o municiacutepio poderaacute melhorar
a qualidade ambiental da populaccedilatildeo captando recursos para a recuperaccedilatildeo das aacutereas de
APP que foram degradadas pelas ocupaccedilotildees irregulares beneficiando todos os moradores
do municiacutepio com o aumento da qualidade de vida na cidade
A partir do disposto nesta seccedilatildeo acerca do Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos e de
uma maneira preliminar (levando-se em conta apenas o nuacutemero de registros de
alagamentos e deslizamentos na aacuterea urbana principal de Santos Dumont no periacuteodo de
1984 a 2014) identificou-se trecircs regiotildees distintas na aacuterea urbana do municiacutepio com
tempo de recorrecircncia desses eventos similares caracterizando trecircs prioridades de
intervenccedilatildeo em contenccedilatildeo de risco como pode ser visto nas figuras 515 e 516 Vale
ressaltar que eacute necessaacuterio um estudo mais detalhado inclusive com visitas teacutecnicas a
campo para que se confirme a real situaccedilatildeo destas e a real prioridade para investimentos
Figura 5 17 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de deslizamentos
Fonte Do Autor
45
Figura 5 18 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de alagamentos
Fonte Do Autor
46
6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees
A seguir apresenta-se as conclusotildees e as recomendaccedilotildees feitas a partir dos objetivos
especiacuteficos explicitados no iniacutecio deste trabalho
Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a
aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes
urbanos
A partir da revisatildeo da legislaccedilatildeo pertinente em acircmbito federal estadual e
municipal constatou-se que o Plano Diretor de Santos Dumont natildeo conflita com a
legislaccedilatildeo federal e estadual sobre Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente A legislaccedilatildeo
municipal foi entendida como mais conservadora que as federal e estadual uma
vez que considera implicitamente que declividades entre 47 e 100 satildeo
enquadradas como APPs aleacutem da faixa superior a 100
Parte consideraacutevel das ocupaccedilotildees em APP principalmente na regiatildeo do bairro
Santo Antocircnio (onde surgiu os primeiros nuacutecleos que deram origem ao municiacutepio)
e o centro da cidade ocorreram antes de que fosse elaborado qualquer legislaccedilatildeo
que versasse sobre o tema Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente bastando ao gestor
local tomar medidas de contenccedilatildeo de riscos que minimizem os impactos causados
por essas ocupaccedilotildees nessa regiatildeo
O ordenamento adequado do uso do solo no municiacutepio eacute necessaacuterio para que o
crescimento dos loteamentos criados anteriormente agrave esta Lei e o surgimento de
novos natildeo avance para Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente o que pode causar
inuacutemeros problemas aos moradores e agravar os jaacute existentes
Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las
com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)
As aacutereas onde houveram a maior quantidade de registros de deslizamentos satildeo os
bairros mais populosos de Santos Dumont podendo se estabelecer uma relaccedilatildeo
que quanto mais populoso o bairro maior a quantidade de problemas relacionados
a deslizamentos Tambeacutem pode-se notar uma relaccedilatildeo com as fronteiras das faixas
de declividades e os deslizamentos uma vez que boa parte deles aconteceram
nestas faixas
As aacutereas onde houve um grande nuacutemero de registros de alagamentos satildeo os bairros
que se desenvolveram agraves margens do Ribeiratildeo das Posses em especial na aacuterea que
47
compreende as APPs de curso hiacutedrico e em aacutereas onde a declividade eacute baixa Esse
fato aliado ao crescimento do nuacutemero de vias pavimentadas com material
impermeaacutevel e a natildeo expansatildeo e ou redimensionamento da rede de drenagem
urbana contribuiacuteram para a ocorrecircncia cada vez mais constante de alagamentos
nessas aacutereas
Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos
catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30
anos
A partir do levantamento histoacuterico realizado e da base de dados georeferenciada
gerada observou-se o aumento do nuacutemero de registros de deslizamentos e
alagamentos nos uacuteltimos 10 anos quando as ocorrecircncias comeccedilaram a se repetir
numa mesma aacuterea com frequecircncia incrementada as vezes com mais de uma
ocorrecircncia anual
Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do
solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental
Destaca-se a adequaccedilatildeo dos criteacuterios gerais estabelecidos pelo Plano Diretor de
Santos Dumont relativos a legislaccedilatildeo federal e estadual Entretanto o referido
Plano Diretor natildeo contempla todo o territoacuterio municipal sendo assim ele natildeo
cumpre o objetivo de proteger as APPs preservadas e recuperar as que foram
degradadas em todo o territoacuterio municipal Ressalta-se tambeacutem a sua natildeo
conformidade com o Estatuto das Cidades uma vez que o Plano Diretor
contempla apenas os novos loteamentos
Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais
negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea
impactada
Recomenda-se a implantaccedilatildeo no municiacutepio de uma Coordenadoria Municipal de
Defesa Civil atuante e integrada agraves Secretarias Municipais e agrave comunidade
visando uma atuaccedilatildeo eficaz nos problemas relacionados a deslizamentos e
alagamentos A elaboraccedilatildeo de um Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos eacute de
suma importacircncia pois atraveacutes dele pode-se predizer as aacutereas que passaratildeo por
problemas caso a expansatildeo aconteccedila ou se inicie uma ocupaccedilatildeo nova aleacutem de
prevenir acidentes nas aacutereas jaacute ocupadas e consideradas de risco
48
7 Anexos
49
71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont
50
51
72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)
52
53
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40
52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis
O processo de ocupaccedilatildeo no municiacutepio de Santos Dumont comeccedilou muito antes de
qualquer legislaccedilatildeo relacionada a ordenamento urbano e de proteccedilatildeo do meio ambiente
fosse implementado no Brasil Esse fato aliado a poliacuteticas e fiscalizaccedilotildees falhas
contribuiacuteram para a ocupaccedilatildeo e expansatildeo da aacuterea urbana ao longo do Ribeiratildeo das Posses
e seus afluentes o que tem gerado o aumento da degradaccedilatildeo destes corpos hiacutedricos ao
longo de todos estes anos Observa-se tambeacutem que nas uacuteltimas deacutecadas ocorreu um
grande nuacutemero de migraccedilotildees do campo para a regiatildeo urbana da cidade fator que
contribuiu para o crescimento do nuacutemero de habitaccedilotildees em aacutereas de risco de deslizamento
e alagamentos por serem na maioria das vezes terrenos menos valorizados e por este
motivo acessiacuteveis a populaccedilatildeo com menor poder aquisitivo (ROSA amp CORTEZ 2008)
Vale ressaltar que esta questatildeo aleacutem de ser ambiental eacute muito mais social pois os
moradores entendem os riscos de se viver nestes locais mas por motivos econocircmicos ou
por questotildees afetivas natildeo abrem matildeo da moradia nessas aacutereas A Constituiccedilatildeo Federal de
1988 promoveu a inter-relaccedilatildeo das questotildees sociais com as questotildees ambientais quando
colocou o meio ambiente como direito coletivo (BRASIL1988 SOUZA2010) Por este
motivo a decisatildeo por medidas draacutesticas que favoreccedilam apenas agrave preservaccedilatildeo do meio
ambiente natildeo eacute recomendada pois aleacutem de ser inconstitucional podem afetar a
sustentabilidade econocircmica do municiacutepio e gerar conflitos sociais consideraacuteveis
(CARLOS 1992 apud SOUZA 2010)
Segundo Bueno (2009) ldquonem tudo o que eacute irregular eacute precaacuteriordquo Esse fato se observa em
Santos Dumont uma vez que em boa parte da regiatildeo central se observa vaacuterias moradias
construiacutedas na faixa de APP de curso hiacutedrico o que natildeo eacute permitido pela legislaccedilatildeo
vigente e eacute um dos fatores que contribui para a ocorrecircncia de alagamentos nesta aacuterea da
cidade Para a resoluccedilatildeo deste problema o que seria mais viaacutevel seria a melhoria da
infraestrutura de drenagem urbana afim de que o escoamento da aacutegua das chuvas natildeo
sobrecarregasse o sistema (BUENO2009) A construccedilatildeo de bacias de contenccedilatildeo de
cheias ao longo do Ribeiratildeo das Posses tambeacutem seria uma alternativa mas para se verificar
a viabilidade necessita-se estudos mais aprofundados do ponto de vista hidroloacutegico
O grande problema a ser solucionado no entanto eacute o que diz respeito agraves aacutereas de risco
de deslizamento majoritariamente nos bairros A melhor alternativa seria o
remanejamento dos moradores para uma aacuterea proacutexima agrave que moram poreacutem longe do
risco Poreacutem esta alternativa de acordo com Rosa Filho amp Cortez (2008) encontra alguns
entraves pois estas pessoas na maioria das vezes natildeo tecircm condiccedilotildees financeiras de irem
para outro lugar ou pagar aluguel ou estatildeo de alguma forma sentimentalmente ligadas
agravequela regiatildeo que se recusam a deixaacute-lo
41
Por parte dos oacutergatildeos competentes no municiacutepio a criaccedilatildeo de um plano para se evitar
acidentes ocasionados por deslizamentos e alagamentos com um mapeamento detalhado
de toda a extensatildeo do municiacutepio eacute extremamente uacutetil Os estudos que seratildeo feitos para a
elaboraccedilatildeo deste plano poderatildeo definir quais as aacutereas satildeo potencialmente de risco para as
ocupaccedilotildees existentes ou para as potenciais ocupaccedilotildees que possam vir a ocorrer atraveacutes do
mapeamento das aacutereas de risco Tal planejamento seraacute auxiliar ao Plano Diretor
Municipal pois definiraacute o real uso do solo de determinada regiatildeo do municiacutepio
contribuindo para a adequaccedilatildeo do uso e ocupaccedilatildeo do solo afim de evitar ou reduzir o
nuacutemero de problemas relacionados a alagamentos e principalmente deslizamentos no
periacutemetro urbano (TOMINAGA 2009) A partir deste plano os gestores locais poderatildeo
tomar a melhor decisatildeo para a prevenccedilatildeo ou reduccedilatildeo dos riscos inerentes a tais problemas
Na seccedilatildeo 521 seraacute hierarquizado de forma preliminar a aacuterea urbana principal de acordo
com os resultados da tabela 51
521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta
O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos (PMRR) foi criado atraveacutes de accedilotildees
regularizadoras do Ministeacuterio das Cidades para ser o instrumento de gestatildeo e
gerenciamento de aacutereas de risco em um municiacutepio Eacute um documento que aleacutem de
estabelecer quais regiotildees satildeo consideradas de risco tambeacutem objetiva a proposta de
medidas estruturais ou natildeo para contenccedilatildeo eou prevenccedilatildeo de cataacutestrofes aleacutem de ser um
meio de captaccedilatildeo de recursos financeiros junto aos Governos Estadual e Federal Estes
recursos poderatildeo ser utilizados para a realizaccedilatildeo de obras que visem a melhoria da
qualidade de vida da populaccedilatildeo do entorno ou de recuperaccedilatildeo da aacuterea degradada Este
plano eacute realizado de forma participativa com as comunidades das aacutereas de risco e pode
ser realizado em sete fases conforme recomenda o Ministeacuterio das Cidades (ALHEIROS
2006)
O primeiro passo para a realizaccedilatildeo do PMRR eacute definir qual a metodologia seraacute empregada
levando-se em consideraccedilatildeo a realidade atual do municiacutepio e especificar de forma sucinta
um cronograma das atividades Eacute importante nesta fase a participaccedilatildeo tambeacutem dos
responsaacuteveis pelas mais variadas Secretarias Municipais afim de explicitar o tamanho da
importacircncia e o caraacuteter integrador deste plano A segunda fase deste plano objetiva a
criaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo da principal base de dados a ser utilizada nos passos posteriores o
mapeamento de risco em escala detalhe em torno de 13000 (SAtildeO PAULO 2014) A
elaboraccedilatildeo de um mapeamento detalhado propiciaraacute natildeo soacute a identificaccedilatildeo mais faacutecil das
aacutereas de risco como tambeacutem facilitaraacute aos gestores e agrave comunidade decidirem qual a
melhor intervenccedilatildeo para a soluccedilatildeo ou remediaccedilatildeo dos problemas em uma determinada
42
aacuterea hierarquizando o risco e definindo prioridades (SAtildeO PAULO 2014) Na tabela a
seguir apresenta-se alguns tipos de intervenccedilotildees que podem ser feitas em aacutereas de risco
sugeridas pelo Ministeacuterio das cidades (ALHEIROS 2006)
Quadro 5 1 - Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco
Tipo de intervenccedilatildeo Descriccedilatildeo
Serviccedilos de limpeza e Recuperaccedilatildeo
Remoccedilatildeo de entulho lixo etc
corte de aacutervores
remoccedilatildeo de bananeiras
recuperaccedilatildeo eou limpeza de sistemas de
drenagem esgotos e acessos
Limpeza de canais de drenagem
Proteccedilatildeo Vegetal
Proteccedilatildeo superficial vegetal (gramiacuteneas) em
taludes com solo exposto
Proteccedilatildeo vegetal de margens de canais de
drenagem
Barreiras vegetais para massas escorregadas
ou acumuladas pela erosatildeo
Drenagem Superficial e Acessos
Sistema de drenagem superficial (canaletas
raacutepidos caixas de transiccedilatildeo escadas drsquoaacutegua)
Acessos para pedestres (escadarias rampas
etc) integrados ao sistema de drenagem
Revestimento de Taludes Revestimento com materiais artificiais
cimentado cal-jet tela argamassada alvenaria
de tijolos ceracircmicos solo-cimento ensacado
Desmonte de blocos e matacotildees Desmonte de concreccedilotildees de grande porte
blocos rochosos e matacotildees
Obras de drenagem de subsuperfiacutecie Sistema de drenagem de subsuperfiacutecie
(trincheiras drenantes DHP poccedilos de
rebaixamento)
Estruturas de contenccedilatildeo (localizadas)
Muros de contenccedilatildeo de pequeno porte (solo-
cimento ensacado alvenaria de pedra-rachatildeo
concreto armado)
Estruturas de contenccedilatildeo localizadas
(chumbadores tirantes microestacas)
Contenccedilatildeo e proteccedilatildeo de margens de canais (
gabiotildees muros de concreto etc)
Estruturas de contenccedilatildeo (meacutedio e grande porte) Implantaccedilatildeo de estruturas de contenccedilatildeo de
meacutedio e grande porte envolvendo obras de
contenccedilatildeo passivas e ativas (muros de
gravidade cortinas etc)
Terraplanagem Execuccedilatildeo de serviccedilos de terraplanagem
combinados a obras de drenagem superficial e
proteccedilatildeo vegetal desvio e canalizaccedilatildeo de
coacuterregos
Remoccedilatildeo de moradias Remoccedilotildees definitivas para implantaccedilatildeo de
obras ou devido agrave localizaccedilatildeo improacutepria da
edificaccedilatildeo (Priorizar as relocaccedilotildees dentro da
proacutepria aacuterea em local seguro)
Fonte ALHEIROS 2006
43
Escolhidas as formas de intervenccedilatildeo para cada aacuterea eacute necessaacuterio realizar uma estimativa
dos custos afim de preparar o orccedilamento da prefeitura para a realizaccedilatildeo das obras e se
seraacute necessaacuterio a captaccedilatildeo de recursos externos para a execuccedilatildeo destas Feitas as
estimativas de custo o proacuteximo passo eacute definir as prioridades e para esta fase eacute tambeacutem
uacutetil o mapeamento feito nas etapas anteriores pois seraacute necessaacuterio hierarquizar tais
intervenccedilotildees nas aacutereas de risco O Ministeacuterio das Cidades (2007) sugere alguns criteacuterios
que podem ser avaliados pelo gestor dentre eles pode-se citar
Grau de risco
Populaccedilatildeo beneficiada
Custo da intervenccedilatildeo
Dimensatildeo da aacuterea a ser tratada
Demandas anteriores da populaccedilatildeo
Tempo de ocupaccedilatildeo
Viabilidade teacutecnica da intervenccedilatildeo
Viabilidade financeira
Inclusatildeo da aacuterea em outros projetos
A partir desta hierarquizaccedilatildeo inicia-se a identificaccedilatildeo de provaacuteveis fontes de captaccedilatildeo de
recursos para a execuccedilatildeo das intervenccedilotildees Estes recursos podem advir de programas dos
governos Federal e Estadual ou por meio de editais para captaccedilatildeo de recursos financeiros
tanto do setor puacuteblico como da iniciativa privada e podem ser tambeacutem associados agrave outras
Secretarias Municipais como a de Turismo ou Meio Ambiente e natildeo soacute as destinadas agrave
Defesa Civil (ALHEIROS 2006)
Eacute previsto tambeacutem no PMRR uma avaliaccedilatildeo da Defesa Civil municipal e como ela estaacute
estruturada fazendo inclusive sugestotildees para que sua atuaccedilatildeo esteja em consonacircncia com
a realidade das comunidades e da Administraccedilatildeo Puacuteblica do municiacutepio de forma a garantir
sua sustentabilidade e conquistar a credibilidade da populaccedilatildeo no que diz respeito a
prevenccedilatildeo de cataacutestrofes Para que a resposta a uma determinada situaccedilatildeo de risco seja
raacutepida eacute necessaacuterio a descentralizaccedilatildeo da Defesa Civil criando pequenos nuacutecleos
comunitaacuterios com a finalidade de se monitorar a aacuterea constantemente e promover as
intervenccedilotildees necessaacuterias em tempo haacutebil o que aumenta em muito a credibilidade da
populaccedilatildeo no PMRR e no trabalho desempenhado pela Defesa Civil no municiacutepio Apoacutes
esta etapa o PMRR passaraacute por audiecircncias puacuteblicas e posteriormente poderaacute ser aprovado
como Lei Municipal pelo Legislativo local (ALHEIROS 2006)
Com a realizaccedilatildeo deste plano o municiacutepio estaraacute munido de informaccedilotildees suficientes para
realizar accedilotildees efetivas de gestatildeo e gerenciamento de riscos bem como aliado a
levantamentos sociais realizar programas habitacionais que beneficiem prioritariamente
44
aos moradores das aacutereas de risco Aleacutem disso com o PMRR o municiacutepio poderaacute melhorar
a qualidade ambiental da populaccedilatildeo captando recursos para a recuperaccedilatildeo das aacutereas de
APP que foram degradadas pelas ocupaccedilotildees irregulares beneficiando todos os moradores
do municiacutepio com o aumento da qualidade de vida na cidade
A partir do disposto nesta seccedilatildeo acerca do Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos e de
uma maneira preliminar (levando-se em conta apenas o nuacutemero de registros de
alagamentos e deslizamentos na aacuterea urbana principal de Santos Dumont no periacuteodo de
1984 a 2014) identificou-se trecircs regiotildees distintas na aacuterea urbana do municiacutepio com
tempo de recorrecircncia desses eventos similares caracterizando trecircs prioridades de
intervenccedilatildeo em contenccedilatildeo de risco como pode ser visto nas figuras 515 e 516 Vale
ressaltar que eacute necessaacuterio um estudo mais detalhado inclusive com visitas teacutecnicas a
campo para que se confirme a real situaccedilatildeo destas e a real prioridade para investimentos
Figura 5 17 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de deslizamentos
Fonte Do Autor
45
Figura 5 18 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de alagamentos
Fonte Do Autor
46
6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees
A seguir apresenta-se as conclusotildees e as recomendaccedilotildees feitas a partir dos objetivos
especiacuteficos explicitados no iniacutecio deste trabalho
Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a
aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes
urbanos
A partir da revisatildeo da legislaccedilatildeo pertinente em acircmbito federal estadual e
municipal constatou-se que o Plano Diretor de Santos Dumont natildeo conflita com a
legislaccedilatildeo federal e estadual sobre Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente A legislaccedilatildeo
municipal foi entendida como mais conservadora que as federal e estadual uma
vez que considera implicitamente que declividades entre 47 e 100 satildeo
enquadradas como APPs aleacutem da faixa superior a 100
Parte consideraacutevel das ocupaccedilotildees em APP principalmente na regiatildeo do bairro
Santo Antocircnio (onde surgiu os primeiros nuacutecleos que deram origem ao municiacutepio)
e o centro da cidade ocorreram antes de que fosse elaborado qualquer legislaccedilatildeo
que versasse sobre o tema Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente bastando ao gestor
local tomar medidas de contenccedilatildeo de riscos que minimizem os impactos causados
por essas ocupaccedilotildees nessa regiatildeo
O ordenamento adequado do uso do solo no municiacutepio eacute necessaacuterio para que o
crescimento dos loteamentos criados anteriormente agrave esta Lei e o surgimento de
novos natildeo avance para Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente o que pode causar
inuacutemeros problemas aos moradores e agravar os jaacute existentes
Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las
com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)
As aacutereas onde houveram a maior quantidade de registros de deslizamentos satildeo os
bairros mais populosos de Santos Dumont podendo se estabelecer uma relaccedilatildeo
que quanto mais populoso o bairro maior a quantidade de problemas relacionados
a deslizamentos Tambeacutem pode-se notar uma relaccedilatildeo com as fronteiras das faixas
de declividades e os deslizamentos uma vez que boa parte deles aconteceram
nestas faixas
As aacutereas onde houve um grande nuacutemero de registros de alagamentos satildeo os bairros
que se desenvolveram agraves margens do Ribeiratildeo das Posses em especial na aacuterea que
47
compreende as APPs de curso hiacutedrico e em aacutereas onde a declividade eacute baixa Esse
fato aliado ao crescimento do nuacutemero de vias pavimentadas com material
impermeaacutevel e a natildeo expansatildeo e ou redimensionamento da rede de drenagem
urbana contribuiacuteram para a ocorrecircncia cada vez mais constante de alagamentos
nessas aacutereas
Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos
catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30
anos
A partir do levantamento histoacuterico realizado e da base de dados georeferenciada
gerada observou-se o aumento do nuacutemero de registros de deslizamentos e
alagamentos nos uacuteltimos 10 anos quando as ocorrecircncias comeccedilaram a se repetir
numa mesma aacuterea com frequecircncia incrementada as vezes com mais de uma
ocorrecircncia anual
Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do
solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental
Destaca-se a adequaccedilatildeo dos criteacuterios gerais estabelecidos pelo Plano Diretor de
Santos Dumont relativos a legislaccedilatildeo federal e estadual Entretanto o referido
Plano Diretor natildeo contempla todo o territoacuterio municipal sendo assim ele natildeo
cumpre o objetivo de proteger as APPs preservadas e recuperar as que foram
degradadas em todo o territoacuterio municipal Ressalta-se tambeacutem a sua natildeo
conformidade com o Estatuto das Cidades uma vez que o Plano Diretor
contempla apenas os novos loteamentos
Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais
negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea
impactada
Recomenda-se a implantaccedilatildeo no municiacutepio de uma Coordenadoria Municipal de
Defesa Civil atuante e integrada agraves Secretarias Municipais e agrave comunidade
visando uma atuaccedilatildeo eficaz nos problemas relacionados a deslizamentos e
alagamentos A elaboraccedilatildeo de um Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos eacute de
suma importacircncia pois atraveacutes dele pode-se predizer as aacutereas que passaratildeo por
problemas caso a expansatildeo aconteccedila ou se inicie uma ocupaccedilatildeo nova aleacutem de
prevenir acidentes nas aacutereas jaacute ocupadas e consideradas de risco
48
7 Anexos
49
71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont
50
51
72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)
52
53
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41
Por parte dos oacutergatildeos competentes no municiacutepio a criaccedilatildeo de um plano para se evitar
acidentes ocasionados por deslizamentos e alagamentos com um mapeamento detalhado
de toda a extensatildeo do municiacutepio eacute extremamente uacutetil Os estudos que seratildeo feitos para a
elaboraccedilatildeo deste plano poderatildeo definir quais as aacutereas satildeo potencialmente de risco para as
ocupaccedilotildees existentes ou para as potenciais ocupaccedilotildees que possam vir a ocorrer atraveacutes do
mapeamento das aacutereas de risco Tal planejamento seraacute auxiliar ao Plano Diretor
Municipal pois definiraacute o real uso do solo de determinada regiatildeo do municiacutepio
contribuindo para a adequaccedilatildeo do uso e ocupaccedilatildeo do solo afim de evitar ou reduzir o
nuacutemero de problemas relacionados a alagamentos e principalmente deslizamentos no
periacutemetro urbano (TOMINAGA 2009) A partir deste plano os gestores locais poderatildeo
tomar a melhor decisatildeo para a prevenccedilatildeo ou reduccedilatildeo dos riscos inerentes a tais problemas
Na seccedilatildeo 521 seraacute hierarquizado de forma preliminar a aacuterea urbana principal de acordo
com os resultados da tabela 51
521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta
O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos (PMRR) foi criado atraveacutes de accedilotildees
regularizadoras do Ministeacuterio das Cidades para ser o instrumento de gestatildeo e
gerenciamento de aacutereas de risco em um municiacutepio Eacute um documento que aleacutem de
estabelecer quais regiotildees satildeo consideradas de risco tambeacutem objetiva a proposta de
medidas estruturais ou natildeo para contenccedilatildeo eou prevenccedilatildeo de cataacutestrofes aleacutem de ser um
meio de captaccedilatildeo de recursos financeiros junto aos Governos Estadual e Federal Estes
recursos poderatildeo ser utilizados para a realizaccedilatildeo de obras que visem a melhoria da
qualidade de vida da populaccedilatildeo do entorno ou de recuperaccedilatildeo da aacuterea degradada Este
plano eacute realizado de forma participativa com as comunidades das aacutereas de risco e pode
ser realizado em sete fases conforme recomenda o Ministeacuterio das Cidades (ALHEIROS
2006)
O primeiro passo para a realizaccedilatildeo do PMRR eacute definir qual a metodologia seraacute empregada
levando-se em consideraccedilatildeo a realidade atual do municiacutepio e especificar de forma sucinta
um cronograma das atividades Eacute importante nesta fase a participaccedilatildeo tambeacutem dos
responsaacuteveis pelas mais variadas Secretarias Municipais afim de explicitar o tamanho da
importacircncia e o caraacuteter integrador deste plano A segunda fase deste plano objetiva a
criaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo da principal base de dados a ser utilizada nos passos posteriores o
mapeamento de risco em escala detalhe em torno de 13000 (SAtildeO PAULO 2014) A
elaboraccedilatildeo de um mapeamento detalhado propiciaraacute natildeo soacute a identificaccedilatildeo mais faacutecil das
aacutereas de risco como tambeacutem facilitaraacute aos gestores e agrave comunidade decidirem qual a
melhor intervenccedilatildeo para a soluccedilatildeo ou remediaccedilatildeo dos problemas em uma determinada
42
aacuterea hierarquizando o risco e definindo prioridades (SAtildeO PAULO 2014) Na tabela a
seguir apresenta-se alguns tipos de intervenccedilotildees que podem ser feitas em aacutereas de risco
sugeridas pelo Ministeacuterio das cidades (ALHEIROS 2006)
Quadro 5 1 - Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco
Tipo de intervenccedilatildeo Descriccedilatildeo
Serviccedilos de limpeza e Recuperaccedilatildeo
Remoccedilatildeo de entulho lixo etc
corte de aacutervores
remoccedilatildeo de bananeiras
recuperaccedilatildeo eou limpeza de sistemas de
drenagem esgotos e acessos
Limpeza de canais de drenagem
Proteccedilatildeo Vegetal
Proteccedilatildeo superficial vegetal (gramiacuteneas) em
taludes com solo exposto
Proteccedilatildeo vegetal de margens de canais de
drenagem
Barreiras vegetais para massas escorregadas
ou acumuladas pela erosatildeo
Drenagem Superficial e Acessos
Sistema de drenagem superficial (canaletas
raacutepidos caixas de transiccedilatildeo escadas drsquoaacutegua)
Acessos para pedestres (escadarias rampas
etc) integrados ao sistema de drenagem
Revestimento de Taludes Revestimento com materiais artificiais
cimentado cal-jet tela argamassada alvenaria
de tijolos ceracircmicos solo-cimento ensacado
Desmonte de blocos e matacotildees Desmonte de concreccedilotildees de grande porte
blocos rochosos e matacotildees
Obras de drenagem de subsuperfiacutecie Sistema de drenagem de subsuperfiacutecie
(trincheiras drenantes DHP poccedilos de
rebaixamento)
Estruturas de contenccedilatildeo (localizadas)
Muros de contenccedilatildeo de pequeno porte (solo-
cimento ensacado alvenaria de pedra-rachatildeo
concreto armado)
Estruturas de contenccedilatildeo localizadas
(chumbadores tirantes microestacas)
Contenccedilatildeo e proteccedilatildeo de margens de canais (
gabiotildees muros de concreto etc)
Estruturas de contenccedilatildeo (meacutedio e grande porte) Implantaccedilatildeo de estruturas de contenccedilatildeo de
meacutedio e grande porte envolvendo obras de
contenccedilatildeo passivas e ativas (muros de
gravidade cortinas etc)
Terraplanagem Execuccedilatildeo de serviccedilos de terraplanagem
combinados a obras de drenagem superficial e
proteccedilatildeo vegetal desvio e canalizaccedilatildeo de
coacuterregos
Remoccedilatildeo de moradias Remoccedilotildees definitivas para implantaccedilatildeo de
obras ou devido agrave localizaccedilatildeo improacutepria da
edificaccedilatildeo (Priorizar as relocaccedilotildees dentro da
proacutepria aacuterea em local seguro)
Fonte ALHEIROS 2006
43
Escolhidas as formas de intervenccedilatildeo para cada aacuterea eacute necessaacuterio realizar uma estimativa
dos custos afim de preparar o orccedilamento da prefeitura para a realizaccedilatildeo das obras e se
seraacute necessaacuterio a captaccedilatildeo de recursos externos para a execuccedilatildeo destas Feitas as
estimativas de custo o proacuteximo passo eacute definir as prioridades e para esta fase eacute tambeacutem
uacutetil o mapeamento feito nas etapas anteriores pois seraacute necessaacuterio hierarquizar tais
intervenccedilotildees nas aacutereas de risco O Ministeacuterio das Cidades (2007) sugere alguns criteacuterios
que podem ser avaliados pelo gestor dentre eles pode-se citar
Grau de risco
Populaccedilatildeo beneficiada
Custo da intervenccedilatildeo
Dimensatildeo da aacuterea a ser tratada
Demandas anteriores da populaccedilatildeo
Tempo de ocupaccedilatildeo
Viabilidade teacutecnica da intervenccedilatildeo
Viabilidade financeira
Inclusatildeo da aacuterea em outros projetos
A partir desta hierarquizaccedilatildeo inicia-se a identificaccedilatildeo de provaacuteveis fontes de captaccedilatildeo de
recursos para a execuccedilatildeo das intervenccedilotildees Estes recursos podem advir de programas dos
governos Federal e Estadual ou por meio de editais para captaccedilatildeo de recursos financeiros
tanto do setor puacuteblico como da iniciativa privada e podem ser tambeacutem associados agrave outras
Secretarias Municipais como a de Turismo ou Meio Ambiente e natildeo soacute as destinadas agrave
Defesa Civil (ALHEIROS 2006)
Eacute previsto tambeacutem no PMRR uma avaliaccedilatildeo da Defesa Civil municipal e como ela estaacute
estruturada fazendo inclusive sugestotildees para que sua atuaccedilatildeo esteja em consonacircncia com
a realidade das comunidades e da Administraccedilatildeo Puacuteblica do municiacutepio de forma a garantir
sua sustentabilidade e conquistar a credibilidade da populaccedilatildeo no que diz respeito a
prevenccedilatildeo de cataacutestrofes Para que a resposta a uma determinada situaccedilatildeo de risco seja
raacutepida eacute necessaacuterio a descentralizaccedilatildeo da Defesa Civil criando pequenos nuacutecleos
comunitaacuterios com a finalidade de se monitorar a aacuterea constantemente e promover as
intervenccedilotildees necessaacuterias em tempo haacutebil o que aumenta em muito a credibilidade da
populaccedilatildeo no PMRR e no trabalho desempenhado pela Defesa Civil no municiacutepio Apoacutes
esta etapa o PMRR passaraacute por audiecircncias puacuteblicas e posteriormente poderaacute ser aprovado
como Lei Municipal pelo Legislativo local (ALHEIROS 2006)
Com a realizaccedilatildeo deste plano o municiacutepio estaraacute munido de informaccedilotildees suficientes para
realizar accedilotildees efetivas de gestatildeo e gerenciamento de riscos bem como aliado a
levantamentos sociais realizar programas habitacionais que beneficiem prioritariamente
44
aos moradores das aacutereas de risco Aleacutem disso com o PMRR o municiacutepio poderaacute melhorar
a qualidade ambiental da populaccedilatildeo captando recursos para a recuperaccedilatildeo das aacutereas de
APP que foram degradadas pelas ocupaccedilotildees irregulares beneficiando todos os moradores
do municiacutepio com o aumento da qualidade de vida na cidade
A partir do disposto nesta seccedilatildeo acerca do Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos e de
uma maneira preliminar (levando-se em conta apenas o nuacutemero de registros de
alagamentos e deslizamentos na aacuterea urbana principal de Santos Dumont no periacuteodo de
1984 a 2014) identificou-se trecircs regiotildees distintas na aacuterea urbana do municiacutepio com
tempo de recorrecircncia desses eventos similares caracterizando trecircs prioridades de
intervenccedilatildeo em contenccedilatildeo de risco como pode ser visto nas figuras 515 e 516 Vale
ressaltar que eacute necessaacuterio um estudo mais detalhado inclusive com visitas teacutecnicas a
campo para que se confirme a real situaccedilatildeo destas e a real prioridade para investimentos
Figura 5 17 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de deslizamentos
Fonte Do Autor
45
Figura 5 18 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de alagamentos
Fonte Do Autor
46
6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees
A seguir apresenta-se as conclusotildees e as recomendaccedilotildees feitas a partir dos objetivos
especiacuteficos explicitados no iniacutecio deste trabalho
Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a
aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes
urbanos
A partir da revisatildeo da legislaccedilatildeo pertinente em acircmbito federal estadual e
municipal constatou-se que o Plano Diretor de Santos Dumont natildeo conflita com a
legislaccedilatildeo federal e estadual sobre Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente A legislaccedilatildeo
municipal foi entendida como mais conservadora que as federal e estadual uma
vez que considera implicitamente que declividades entre 47 e 100 satildeo
enquadradas como APPs aleacutem da faixa superior a 100
Parte consideraacutevel das ocupaccedilotildees em APP principalmente na regiatildeo do bairro
Santo Antocircnio (onde surgiu os primeiros nuacutecleos que deram origem ao municiacutepio)
e o centro da cidade ocorreram antes de que fosse elaborado qualquer legislaccedilatildeo
que versasse sobre o tema Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente bastando ao gestor
local tomar medidas de contenccedilatildeo de riscos que minimizem os impactos causados
por essas ocupaccedilotildees nessa regiatildeo
O ordenamento adequado do uso do solo no municiacutepio eacute necessaacuterio para que o
crescimento dos loteamentos criados anteriormente agrave esta Lei e o surgimento de
novos natildeo avance para Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente o que pode causar
inuacutemeros problemas aos moradores e agravar os jaacute existentes
Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las
com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)
As aacutereas onde houveram a maior quantidade de registros de deslizamentos satildeo os
bairros mais populosos de Santos Dumont podendo se estabelecer uma relaccedilatildeo
que quanto mais populoso o bairro maior a quantidade de problemas relacionados
a deslizamentos Tambeacutem pode-se notar uma relaccedilatildeo com as fronteiras das faixas
de declividades e os deslizamentos uma vez que boa parte deles aconteceram
nestas faixas
As aacutereas onde houve um grande nuacutemero de registros de alagamentos satildeo os bairros
que se desenvolveram agraves margens do Ribeiratildeo das Posses em especial na aacuterea que
47
compreende as APPs de curso hiacutedrico e em aacutereas onde a declividade eacute baixa Esse
fato aliado ao crescimento do nuacutemero de vias pavimentadas com material
impermeaacutevel e a natildeo expansatildeo e ou redimensionamento da rede de drenagem
urbana contribuiacuteram para a ocorrecircncia cada vez mais constante de alagamentos
nessas aacutereas
Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos
catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30
anos
A partir do levantamento histoacuterico realizado e da base de dados georeferenciada
gerada observou-se o aumento do nuacutemero de registros de deslizamentos e
alagamentos nos uacuteltimos 10 anos quando as ocorrecircncias comeccedilaram a se repetir
numa mesma aacuterea com frequecircncia incrementada as vezes com mais de uma
ocorrecircncia anual
Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do
solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental
Destaca-se a adequaccedilatildeo dos criteacuterios gerais estabelecidos pelo Plano Diretor de
Santos Dumont relativos a legislaccedilatildeo federal e estadual Entretanto o referido
Plano Diretor natildeo contempla todo o territoacuterio municipal sendo assim ele natildeo
cumpre o objetivo de proteger as APPs preservadas e recuperar as que foram
degradadas em todo o territoacuterio municipal Ressalta-se tambeacutem a sua natildeo
conformidade com o Estatuto das Cidades uma vez que o Plano Diretor
contempla apenas os novos loteamentos
Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais
negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea
impactada
Recomenda-se a implantaccedilatildeo no municiacutepio de uma Coordenadoria Municipal de
Defesa Civil atuante e integrada agraves Secretarias Municipais e agrave comunidade
visando uma atuaccedilatildeo eficaz nos problemas relacionados a deslizamentos e
alagamentos A elaboraccedilatildeo de um Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos eacute de
suma importacircncia pois atraveacutes dele pode-se predizer as aacutereas que passaratildeo por
problemas caso a expansatildeo aconteccedila ou se inicie uma ocupaccedilatildeo nova aleacutem de
prevenir acidentes nas aacutereas jaacute ocupadas e consideradas de risco
48
7 Anexos
49
71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont
50
51
72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)
52
53
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SANTANA M N R Identificaccedilatildeo dos impactos ambientais da ocupaccedilatildeo irregular na
APP do Coacuterrego Tamanduaacute em Aparecida de Goiacircnia II Congresso Brasileiro de Gestatildeo
Ambiental IBEAS Londrina 2011
SANTOS DUMONT Lei Municipal 4241 de 19 de dezembro de 2012 Dispotildee sobre o
Plano Diretor Participativo do Municiacutepio de Santos Dumont nos termos da Lei nordm 10257
de 10 de julho de 2001 ndash Estatuto das Cidades e conteacutem outras providecircncias Santos
Dumont 2012
56
SAtildeO PAULO Mapeamento de riscos associados a escorregamentos inundaccedilatildeo erosotildees
e solapamento de margens de drenagens do municiacutepio de Campos do Jordatildeo-SP
Relatoacuterio Teacutecnico Campos do Jordatildeo 2014
SILVA JR J R amp PASSOS L A O negoacutecio eacute participar a importacircncia do plano
diretor para o desenvolvimento municipal CNM SEBRAE Brasiacutelia 2006
SKORUPA LA Aacutereas de preservaccedilatildeo permanente e desenvolvimento sustentaacutevel
Embrapa Meio Ambiente Jaguariuacutena-SP 2004 4p
SOUZA F P Ocupaccedilotildees irregulares em APP um estudo de caso no munciacutepio de
Campos de Goytacazes- RJ Boletim do Observatoacuterio Ambiental Alberto Ribeiro Lamego
v4 nordm 1 Campos de Goytacazes 2010
SPERFELD A S Identificaccedilatildeo e anaacutelise de demandas soacutecio ambientais de ordem
puacuteblica em aacutereas urbanas susceptiacuteveis a desastres naturais no municiacutepio de Joinville
SC Dissertaccedilatildeo de Mestrado UFSC Florianoacutepolis 2009
TAKEDA T O Uso e ocupaccedilatildeo do solo urbano Disponiacutevel em
httpwwwjuriswayorgbrv2dhallaspid_dh=12363 Acesso em 02 de junho de 2015
TOMINAGA LK Escorregamentos In TOMINAGA L K et al(org) Desastres
naturais conhecer para prevenir Instituto Geoloacutegico Satildeo Paulo 2009 p 25-38
UFV ndash Universidade Federal de Viccedilosa Mapa de solos do Estado de Minas Gerais
legenda expandida Centro Tecnoloacutegico de Minas Gerais FEAM Belo Horizonte 2010
ZANON F N Uso e ocupaccedilatildeo da terra e vulnerabilidade a alagamento na aacuterea central
da cidade de Satildeo Paulo O caso da subprefeitura da Seacute Trabalho de Graduaccedilatildeo UNESP
Rio Claro 2013
42
aacuterea hierarquizando o risco e definindo prioridades (SAtildeO PAULO 2014) Na tabela a
seguir apresenta-se alguns tipos de intervenccedilotildees que podem ser feitas em aacutereas de risco
sugeridas pelo Ministeacuterio das cidades (ALHEIROS 2006)
Quadro 5 1 - Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco
Tipo de intervenccedilatildeo Descriccedilatildeo
Serviccedilos de limpeza e Recuperaccedilatildeo
Remoccedilatildeo de entulho lixo etc
corte de aacutervores
remoccedilatildeo de bananeiras
recuperaccedilatildeo eou limpeza de sistemas de
drenagem esgotos e acessos
Limpeza de canais de drenagem
Proteccedilatildeo Vegetal
Proteccedilatildeo superficial vegetal (gramiacuteneas) em
taludes com solo exposto
Proteccedilatildeo vegetal de margens de canais de
drenagem
Barreiras vegetais para massas escorregadas
ou acumuladas pela erosatildeo
Drenagem Superficial e Acessos
Sistema de drenagem superficial (canaletas
raacutepidos caixas de transiccedilatildeo escadas drsquoaacutegua)
Acessos para pedestres (escadarias rampas
etc) integrados ao sistema de drenagem
Revestimento de Taludes Revestimento com materiais artificiais
cimentado cal-jet tela argamassada alvenaria
de tijolos ceracircmicos solo-cimento ensacado
Desmonte de blocos e matacotildees Desmonte de concreccedilotildees de grande porte
blocos rochosos e matacotildees
Obras de drenagem de subsuperfiacutecie Sistema de drenagem de subsuperfiacutecie
(trincheiras drenantes DHP poccedilos de
rebaixamento)
Estruturas de contenccedilatildeo (localizadas)
Muros de contenccedilatildeo de pequeno porte (solo-
cimento ensacado alvenaria de pedra-rachatildeo
concreto armado)
Estruturas de contenccedilatildeo localizadas
(chumbadores tirantes microestacas)
Contenccedilatildeo e proteccedilatildeo de margens de canais (
gabiotildees muros de concreto etc)
Estruturas de contenccedilatildeo (meacutedio e grande porte) Implantaccedilatildeo de estruturas de contenccedilatildeo de
meacutedio e grande porte envolvendo obras de
contenccedilatildeo passivas e ativas (muros de
gravidade cortinas etc)
Terraplanagem Execuccedilatildeo de serviccedilos de terraplanagem
combinados a obras de drenagem superficial e
proteccedilatildeo vegetal desvio e canalizaccedilatildeo de
coacuterregos
Remoccedilatildeo de moradias Remoccedilotildees definitivas para implantaccedilatildeo de
obras ou devido agrave localizaccedilatildeo improacutepria da
edificaccedilatildeo (Priorizar as relocaccedilotildees dentro da
proacutepria aacuterea em local seguro)
Fonte ALHEIROS 2006
43
Escolhidas as formas de intervenccedilatildeo para cada aacuterea eacute necessaacuterio realizar uma estimativa
dos custos afim de preparar o orccedilamento da prefeitura para a realizaccedilatildeo das obras e se
seraacute necessaacuterio a captaccedilatildeo de recursos externos para a execuccedilatildeo destas Feitas as
estimativas de custo o proacuteximo passo eacute definir as prioridades e para esta fase eacute tambeacutem
uacutetil o mapeamento feito nas etapas anteriores pois seraacute necessaacuterio hierarquizar tais
intervenccedilotildees nas aacutereas de risco O Ministeacuterio das Cidades (2007) sugere alguns criteacuterios
que podem ser avaliados pelo gestor dentre eles pode-se citar
Grau de risco
Populaccedilatildeo beneficiada
Custo da intervenccedilatildeo
Dimensatildeo da aacuterea a ser tratada
Demandas anteriores da populaccedilatildeo
Tempo de ocupaccedilatildeo
Viabilidade teacutecnica da intervenccedilatildeo
Viabilidade financeira
Inclusatildeo da aacuterea em outros projetos
A partir desta hierarquizaccedilatildeo inicia-se a identificaccedilatildeo de provaacuteveis fontes de captaccedilatildeo de
recursos para a execuccedilatildeo das intervenccedilotildees Estes recursos podem advir de programas dos
governos Federal e Estadual ou por meio de editais para captaccedilatildeo de recursos financeiros
tanto do setor puacuteblico como da iniciativa privada e podem ser tambeacutem associados agrave outras
Secretarias Municipais como a de Turismo ou Meio Ambiente e natildeo soacute as destinadas agrave
Defesa Civil (ALHEIROS 2006)
Eacute previsto tambeacutem no PMRR uma avaliaccedilatildeo da Defesa Civil municipal e como ela estaacute
estruturada fazendo inclusive sugestotildees para que sua atuaccedilatildeo esteja em consonacircncia com
a realidade das comunidades e da Administraccedilatildeo Puacuteblica do municiacutepio de forma a garantir
sua sustentabilidade e conquistar a credibilidade da populaccedilatildeo no que diz respeito a
prevenccedilatildeo de cataacutestrofes Para que a resposta a uma determinada situaccedilatildeo de risco seja
raacutepida eacute necessaacuterio a descentralizaccedilatildeo da Defesa Civil criando pequenos nuacutecleos
comunitaacuterios com a finalidade de se monitorar a aacuterea constantemente e promover as
intervenccedilotildees necessaacuterias em tempo haacutebil o que aumenta em muito a credibilidade da
populaccedilatildeo no PMRR e no trabalho desempenhado pela Defesa Civil no municiacutepio Apoacutes
esta etapa o PMRR passaraacute por audiecircncias puacuteblicas e posteriormente poderaacute ser aprovado
como Lei Municipal pelo Legislativo local (ALHEIROS 2006)
Com a realizaccedilatildeo deste plano o municiacutepio estaraacute munido de informaccedilotildees suficientes para
realizar accedilotildees efetivas de gestatildeo e gerenciamento de riscos bem como aliado a
levantamentos sociais realizar programas habitacionais que beneficiem prioritariamente
44
aos moradores das aacutereas de risco Aleacutem disso com o PMRR o municiacutepio poderaacute melhorar
a qualidade ambiental da populaccedilatildeo captando recursos para a recuperaccedilatildeo das aacutereas de
APP que foram degradadas pelas ocupaccedilotildees irregulares beneficiando todos os moradores
do municiacutepio com o aumento da qualidade de vida na cidade
A partir do disposto nesta seccedilatildeo acerca do Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos e de
uma maneira preliminar (levando-se em conta apenas o nuacutemero de registros de
alagamentos e deslizamentos na aacuterea urbana principal de Santos Dumont no periacuteodo de
1984 a 2014) identificou-se trecircs regiotildees distintas na aacuterea urbana do municiacutepio com
tempo de recorrecircncia desses eventos similares caracterizando trecircs prioridades de
intervenccedilatildeo em contenccedilatildeo de risco como pode ser visto nas figuras 515 e 516 Vale
ressaltar que eacute necessaacuterio um estudo mais detalhado inclusive com visitas teacutecnicas a
campo para que se confirme a real situaccedilatildeo destas e a real prioridade para investimentos
Figura 5 17 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de deslizamentos
Fonte Do Autor
45
Figura 5 18 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de alagamentos
Fonte Do Autor
46
6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees
A seguir apresenta-se as conclusotildees e as recomendaccedilotildees feitas a partir dos objetivos
especiacuteficos explicitados no iniacutecio deste trabalho
Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a
aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes
urbanos
A partir da revisatildeo da legislaccedilatildeo pertinente em acircmbito federal estadual e
municipal constatou-se que o Plano Diretor de Santos Dumont natildeo conflita com a
legislaccedilatildeo federal e estadual sobre Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente A legislaccedilatildeo
municipal foi entendida como mais conservadora que as federal e estadual uma
vez que considera implicitamente que declividades entre 47 e 100 satildeo
enquadradas como APPs aleacutem da faixa superior a 100
Parte consideraacutevel das ocupaccedilotildees em APP principalmente na regiatildeo do bairro
Santo Antocircnio (onde surgiu os primeiros nuacutecleos que deram origem ao municiacutepio)
e o centro da cidade ocorreram antes de que fosse elaborado qualquer legislaccedilatildeo
que versasse sobre o tema Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente bastando ao gestor
local tomar medidas de contenccedilatildeo de riscos que minimizem os impactos causados
por essas ocupaccedilotildees nessa regiatildeo
O ordenamento adequado do uso do solo no municiacutepio eacute necessaacuterio para que o
crescimento dos loteamentos criados anteriormente agrave esta Lei e o surgimento de
novos natildeo avance para Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente o que pode causar
inuacutemeros problemas aos moradores e agravar os jaacute existentes
Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las
com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)
As aacutereas onde houveram a maior quantidade de registros de deslizamentos satildeo os
bairros mais populosos de Santos Dumont podendo se estabelecer uma relaccedilatildeo
que quanto mais populoso o bairro maior a quantidade de problemas relacionados
a deslizamentos Tambeacutem pode-se notar uma relaccedilatildeo com as fronteiras das faixas
de declividades e os deslizamentos uma vez que boa parte deles aconteceram
nestas faixas
As aacutereas onde houve um grande nuacutemero de registros de alagamentos satildeo os bairros
que se desenvolveram agraves margens do Ribeiratildeo das Posses em especial na aacuterea que
47
compreende as APPs de curso hiacutedrico e em aacutereas onde a declividade eacute baixa Esse
fato aliado ao crescimento do nuacutemero de vias pavimentadas com material
impermeaacutevel e a natildeo expansatildeo e ou redimensionamento da rede de drenagem
urbana contribuiacuteram para a ocorrecircncia cada vez mais constante de alagamentos
nessas aacutereas
Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos
catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30
anos
A partir do levantamento histoacuterico realizado e da base de dados georeferenciada
gerada observou-se o aumento do nuacutemero de registros de deslizamentos e
alagamentos nos uacuteltimos 10 anos quando as ocorrecircncias comeccedilaram a se repetir
numa mesma aacuterea com frequecircncia incrementada as vezes com mais de uma
ocorrecircncia anual
Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do
solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental
Destaca-se a adequaccedilatildeo dos criteacuterios gerais estabelecidos pelo Plano Diretor de
Santos Dumont relativos a legislaccedilatildeo federal e estadual Entretanto o referido
Plano Diretor natildeo contempla todo o territoacuterio municipal sendo assim ele natildeo
cumpre o objetivo de proteger as APPs preservadas e recuperar as que foram
degradadas em todo o territoacuterio municipal Ressalta-se tambeacutem a sua natildeo
conformidade com o Estatuto das Cidades uma vez que o Plano Diretor
contempla apenas os novos loteamentos
Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais
negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea
impactada
Recomenda-se a implantaccedilatildeo no municiacutepio de uma Coordenadoria Municipal de
Defesa Civil atuante e integrada agraves Secretarias Municipais e agrave comunidade
visando uma atuaccedilatildeo eficaz nos problemas relacionados a deslizamentos e
alagamentos A elaboraccedilatildeo de um Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos eacute de
suma importacircncia pois atraveacutes dele pode-se predizer as aacutereas que passaratildeo por
problemas caso a expansatildeo aconteccedila ou se inicie uma ocupaccedilatildeo nova aleacutem de
prevenir acidentes nas aacutereas jaacute ocupadas e consideradas de risco
48
7 Anexos
49
71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont
50
51
72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)
52
53
8 Referecircncias Bibliograacuteficas
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dezembro de 1996 e 11 428 de 22 de dezembro de 2006 revoga as Leis nos 4771 de
1 5 de setembro de 1965 e 7754 de 1 4 de abril de 1989 e a Medida Provisoacuteria no 21
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SANTOS DUMONT Lei Municipal 4241 de 19 de dezembro de 2012 Dispotildee sobre o
Plano Diretor Participativo do Municiacutepio de Santos Dumont nos termos da Lei nordm 10257
de 10 de julho de 2001 ndash Estatuto das Cidades e conteacutem outras providecircncias Santos
Dumont 2012
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SAtildeO PAULO Mapeamento de riscos associados a escorregamentos inundaccedilatildeo erosotildees
e solapamento de margens de drenagens do municiacutepio de Campos do Jordatildeo-SP
Relatoacuterio Teacutecnico Campos do Jordatildeo 2014
SILVA JR J R amp PASSOS L A O negoacutecio eacute participar a importacircncia do plano
diretor para o desenvolvimento municipal CNM SEBRAE Brasiacutelia 2006
SKORUPA LA Aacutereas de preservaccedilatildeo permanente e desenvolvimento sustentaacutevel
Embrapa Meio Ambiente Jaguariuacutena-SP 2004 4p
SOUZA F P Ocupaccedilotildees irregulares em APP um estudo de caso no munciacutepio de
Campos de Goytacazes- RJ Boletim do Observatoacuterio Ambiental Alberto Ribeiro Lamego
v4 nordm 1 Campos de Goytacazes 2010
SPERFELD A S Identificaccedilatildeo e anaacutelise de demandas soacutecio ambientais de ordem
puacuteblica em aacutereas urbanas susceptiacuteveis a desastres naturais no municiacutepio de Joinville
SC Dissertaccedilatildeo de Mestrado UFSC Florianoacutepolis 2009
TAKEDA T O Uso e ocupaccedilatildeo do solo urbano Disponiacutevel em
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TOMINAGA LK Escorregamentos In TOMINAGA L K et al(org) Desastres
naturais conhecer para prevenir Instituto Geoloacutegico Satildeo Paulo 2009 p 25-38
UFV ndash Universidade Federal de Viccedilosa Mapa de solos do Estado de Minas Gerais
legenda expandida Centro Tecnoloacutegico de Minas Gerais FEAM Belo Horizonte 2010
ZANON F N Uso e ocupaccedilatildeo da terra e vulnerabilidade a alagamento na aacuterea central
da cidade de Satildeo Paulo O caso da subprefeitura da Seacute Trabalho de Graduaccedilatildeo UNESP
Rio Claro 2013
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Escolhidas as formas de intervenccedilatildeo para cada aacuterea eacute necessaacuterio realizar uma estimativa
dos custos afim de preparar o orccedilamento da prefeitura para a realizaccedilatildeo das obras e se
seraacute necessaacuterio a captaccedilatildeo de recursos externos para a execuccedilatildeo destas Feitas as
estimativas de custo o proacuteximo passo eacute definir as prioridades e para esta fase eacute tambeacutem
uacutetil o mapeamento feito nas etapas anteriores pois seraacute necessaacuterio hierarquizar tais
intervenccedilotildees nas aacutereas de risco O Ministeacuterio das Cidades (2007) sugere alguns criteacuterios
que podem ser avaliados pelo gestor dentre eles pode-se citar
Grau de risco
Populaccedilatildeo beneficiada
Custo da intervenccedilatildeo
Dimensatildeo da aacuterea a ser tratada
Demandas anteriores da populaccedilatildeo
Tempo de ocupaccedilatildeo
Viabilidade teacutecnica da intervenccedilatildeo
Viabilidade financeira
Inclusatildeo da aacuterea em outros projetos
A partir desta hierarquizaccedilatildeo inicia-se a identificaccedilatildeo de provaacuteveis fontes de captaccedilatildeo de
recursos para a execuccedilatildeo das intervenccedilotildees Estes recursos podem advir de programas dos
governos Federal e Estadual ou por meio de editais para captaccedilatildeo de recursos financeiros
tanto do setor puacuteblico como da iniciativa privada e podem ser tambeacutem associados agrave outras
Secretarias Municipais como a de Turismo ou Meio Ambiente e natildeo soacute as destinadas agrave
Defesa Civil (ALHEIROS 2006)
Eacute previsto tambeacutem no PMRR uma avaliaccedilatildeo da Defesa Civil municipal e como ela estaacute
estruturada fazendo inclusive sugestotildees para que sua atuaccedilatildeo esteja em consonacircncia com
a realidade das comunidades e da Administraccedilatildeo Puacuteblica do municiacutepio de forma a garantir
sua sustentabilidade e conquistar a credibilidade da populaccedilatildeo no que diz respeito a
prevenccedilatildeo de cataacutestrofes Para que a resposta a uma determinada situaccedilatildeo de risco seja
raacutepida eacute necessaacuterio a descentralizaccedilatildeo da Defesa Civil criando pequenos nuacutecleos
comunitaacuterios com a finalidade de se monitorar a aacuterea constantemente e promover as
intervenccedilotildees necessaacuterias em tempo haacutebil o que aumenta em muito a credibilidade da
populaccedilatildeo no PMRR e no trabalho desempenhado pela Defesa Civil no municiacutepio Apoacutes
esta etapa o PMRR passaraacute por audiecircncias puacuteblicas e posteriormente poderaacute ser aprovado
como Lei Municipal pelo Legislativo local (ALHEIROS 2006)
Com a realizaccedilatildeo deste plano o municiacutepio estaraacute munido de informaccedilotildees suficientes para
realizar accedilotildees efetivas de gestatildeo e gerenciamento de riscos bem como aliado a
levantamentos sociais realizar programas habitacionais que beneficiem prioritariamente
44
aos moradores das aacutereas de risco Aleacutem disso com o PMRR o municiacutepio poderaacute melhorar
a qualidade ambiental da populaccedilatildeo captando recursos para a recuperaccedilatildeo das aacutereas de
APP que foram degradadas pelas ocupaccedilotildees irregulares beneficiando todos os moradores
do municiacutepio com o aumento da qualidade de vida na cidade
A partir do disposto nesta seccedilatildeo acerca do Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos e de
uma maneira preliminar (levando-se em conta apenas o nuacutemero de registros de
alagamentos e deslizamentos na aacuterea urbana principal de Santos Dumont no periacuteodo de
1984 a 2014) identificou-se trecircs regiotildees distintas na aacuterea urbana do municiacutepio com
tempo de recorrecircncia desses eventos similares caracterizando trecircs prioridades de
intervenccedilatildeo em contenccedilatildeo de risco como pode ser visto nas figuras 515 e 516 Vale
ressaltar que eacute necessaacuterio um estudo mais detalhado inclusive com visitas teacutecnicas a
campo para que se confirme a real situaccedilatildeo destas e a real prioridade para investimentos
Figura 5 17 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de deslizamentos
Fonte Do Autor
45
Figura 5 18 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de alagamentos
Fonte Do Autor
46
6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees
A seguir apresenta-se as conclusotildees e as recomendaccedilotildees feitas a partir dos objetivos
especiacuteficos explicitados no iniacutecio deste trabalho
Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a
aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes
urbanos
A partir da revisatildeo da legislaccedilatildeo pertinente em acircmbito federal estadual e
municipal constatou-se que o Plano Diretor de Santos Dumont natildeo conflita com a
legislaccedilatildeo federal e estadual sobre Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente A legislaccedilatildeo
municipal foi entendida como mais conservadora que as federal e estadual uma
vez que considera implicitamente que declividades entre 47 e 100 satildeo
enquadradas como APPs aleacutem da faixa superior a 100
Parte consideraacutevel das ocupaccedilotildees em APP principalmente na regiatildeo do bairro
Santo Antocircnio (onde surgiu os primeiros nuacutecleos que deram origem ao municiacutepio)
e o centro da cidade ocorreram antes de que fosse elaborado qualquer legislaccedilatildeo
que versasse sobre o tema Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente bastando ao gestor
local tomar medidas de contenccedilatildeo de riscos que minimizem os impactos causados
por essas ocupaccedilotildees nessa regiatildeo
O ordenamento adequado do uso do solo no municiacutepio eacute necessaacuterio para que o
crescimento dos loteamentos criados anteriormente agrave esta Lei e o surgimento de
novos natildeo avance para Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente o que pode causar
inuacutemeros problemas aos moradores e agravar os jaacute existentes
Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las
com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)
As aacutereas onde houveram a maior quantidade de registros de deslizamentos satildeo os
bairros mais populosos de Santos Dumont podendo se estabelecer uma relaccedilatildeo
que quanto mais populoso o bairro maior a quantidade de problemas relacionados
a deslizamentos Tambeacutem pode-se notar uma relaccedilatildeo com as fronteiras das faixas
de declividades e os deslizamentos uma vez que boa parte deles aconteceram
nestas faixas
As aacutereas onde houve um grande nuacutemero de registros de alagamentos satildeo os bairros
que se desenvolveram agraves margens do Ribeiratildeo das Posses em especial na aacuterea que
47
compreende as APPs de curso hiacutedrico e em aacutereas onde a declividade eacute baixa Esse
fato aliado ao crescimento do nuacutemero de vias pavimentadas com material
impermeaacutevel e a natildeo expansatildeo e ou redimensionamento da rede de drenagem
urbana contribuiacuteram para a ocorrecircncia cada vez mais constante de alagamentos
nessas aacutereas
Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos
catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30
anos
A partir do levantamento histoacuterico realizado e da base de dados georeferenciada
gerada observou-se o aumento do nuacutemero de registros de deslizamentos e
alagamentos nos uacuteltimos 10 anos quando as ocorrecircncias comeccedilaram a se repetir
numa mesma aacuterea com frequecircncia incrementada as vezes com mais de uma
ocorrecircncia anual
Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do
solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental
Destaca-se a adequaccedilatildeo dos criteacuterios gerais estabelecidos pelo Plano Diretor de
Santos Dumont relativos a legislaccedilatildeo federal e estadual Entretanto o referido
Plano Diretor natildeo contempla todo o territoacuterio municipal sendo assim ele natildeo
cumpre o objetivo de proteger as APPs preservadas e recuperar as que foram
degradadas em todo o territoacuterio municipal Ressalta-se tambeacutem a sua natildeo
conformidade com o Estatuto das Cidades uma vez que o Plano Diretor
contempla apenas os novos loteamentos
Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais
negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea
impactada
Recomenda-se a implantaccedilatildeo no municiacutepio de uma Coordenadoria Municipal de
Defesa Civil atuante e integrada agraves Secretarias Municipais e agrave comunidade
visando uma atuaccedilatildeo eficaz nos problemas relacionados a deslizamentos e
alagamentos A elaboraccedilatildeo de um Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos eacute de
suma importacircncia pois atraveacutes dele pode-se predizer as aacutereas que passaratildeo por
problemas caso a expansatildeo aconteccedila ou se inicie uma ocupaccedilatildeo nova aleacutem de
prevenir acidentes nas aacutereas jaacute ocupadas e consideradas de risco
48
7 Anexos
49
71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont
50
51
72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)
52
53
8 Referecircncias Bibliograacuteficas
ALHEIROS M M O Plano Municipal de Prevenccedilatildeo de Riscos In CARVALHO C S
amp GALVAtildeO T(org) Prevenccedilatildeo de riscos e deslizamentos em encostas Guia para
elaboraccedilatildeo de Poliacuteticas Municipais Ministeacuterio das Cidades Brasiacutelia 2006
AMARAL R amp RIBEIRO R R Inundaccedilatildeo e enchentes In TOMINAGA L K et al
Desastres naturais conhecer para prevenir Instituto Geoloacutegico Satildeo Paulo 2009 p 39-
52
BRASIL Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil de 1988 Brasiacutelia 1988
BRASIL Lei Federal 10257 de 10 de julho de 2001 Regulamenta os arts 182 e 183 da
CF estabelece as diretrizes gerais da poliacutetica urbana e daacute outras providecircncias Brasiacutelia
2001
BRASIL Lei Federal nordm 12651 de 25 de maio de 2012 Dispotildee sobre a proteccedilatildeo da
vegetaccedilatildeo nativa altera as Leis nos 6938 de 31 de agosto de 1981 9393 de 1 9 de
dezembro de 1996 e 11 428 de 22 de dezembro de 2006 revoga as Leis nos 4771 de
1 5 de setembro de 1965 e 7754 de 1 4 de abril de 1989 e a Medida Provisoacuteria no 21
66shy67 de 24 de agosto de 2001 e daacute outras providecircncias Brasiacutelia 2012
BRASIL Lei Federal nordm 4771 de 15 de Setembro de 1965 Institui o Novo Coacutedigo
Florestal Brasiacutelia 1965
BRASIL Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional Sistema Integrado de Informaccedilotildees sobre
desastres (S2ID) Disponiacutevel em https2idmigovbr Acesso em 15 de junho de 2015
BUENO L M M Anaacutelise da recuperaccedilatildeo urbana e ambiental em assentamentos de
interesse social na aacuterea de mananciais do ABC Paulista Cadernos PUC-SP v3 nordm 7 Satildeo
Paulo 2009
CARVALHO L A O Novo Coacutedigo Florestal comentado artigo por artigo 1ordfEd Ed
Juruaacute Curitiba-PR 2013 584p
CEPED ATLAS brasileiro de desastres naturais ndash 1991 a 2010 volume Minas Gerais
Florianoacutepolis Centro Universitaacuterio de Estudos e Pesquisas sobre Desastres ndash CEPED
UFSC 2011
CEPED Planejamento Nacional para Gestatildeo de Risco Caderno Percebendo Riscos
Reduzindo Perdas UFSC Florianoacutepolis 2014
54
CRISTO SSV Anaacutelise da susceptibilidade a riscos naturais relacionados a enchentes
e deslizamentos do setor leste da bacia hidrograacutefica do rio Itacorubi Florianoacutepolis-SC
Dissertaccedilatildeo de Mestrado UFSC 2002 211p
DAPPC- Departamento do Arquivo Puacuteblico e Patrimocircnio Cultural de Santos Dumont De
Joatildeo Gomes a Santos Dumont ndash Histoacuterico do Municiacutepio Santos Dumont 2008
DE MORAES H M As aacutereas de preservaccedilatildeo permanente nas zonas urbanas
Disponiacutevel em httpwwwjuriswayorgbrv2dhallaspid_dh=560 Acesso em 13 de
Novembro de 2014
FERNANDES R S Remoccedilatildeo de habitantes de aacutereas de risco soluccedilatildeo para evitar
trageacutedias Ed Do autor Campos do Jordatildeo-SP 2012 15p
FONTOURA L N J Planejamento urbano-ambiental o uso e ocupaccedilatildeo do solo no
Distrito Federal Revista Especialize On-Line IPOG 5ordf Ediccedilatildeo nordm 005 v012013
Goiacircnia-GO 2013
IBGE- Cidades Informaccedilotildees sobre o municiacutepio de Santos Dumont Disponiacutevel em
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grE1ficos-informaE7F5es-completas Acesso em 15 de Junho de 2015
IBGE Projeto Mudanccedila de Referencial Geodeacutesico Disponiacutevel em
httpwwwibgegovbrhomegeocienciasgeodesiapmrgdefault_pmrgshtm Acesso
em 20 de Novembro de 2014
IGAM ndash Instituto Mineiro de Gestatildeo das Aacuteguas Mapa das bacias hidrograacuteficas no
Estado de Minas Gerais Disponiacutevel em
httpaguasigammggovbr2008nacbhmapascbhshtml Acesso em 15 de junho de
2015
INACIO E S B et al Quantificaccedilatildeo da erosatildeo pastagem com diferentes declives na
microbacia do ribeiratildeo Salomea Revista Brasileira de Engenharia Agriacutecola e Ambiental
V11 nordm 4 p355-360 UFCG Campina Grande 2007
JORNAL MENSAGEM Santos Dumont-MG Ediccedilotildees de 1984 agrave 2014
MINAS GERAIS Lei Estadual 20922 de 16 de outubro de 2013 Dispotildee sobre as
poliacuteticas florestal e de proteccedilatildeo agrave biodiversidade no Estado Belo Horizonte 2013
55
MINISTEacuteRIO DAS CIDADES IPT-Instituto de Pesquisas Tecnoloacutegicas Mapeamento
de Riscos em encostas e margem de rios Celso Santos Carvalho Eduardo Soares de
Macedo e Agostinho Tadashi Ogura org Brasiacutelia 2007 176p
NASA ASTER Advanced Spaceborne Thermal Emission and Reflection Radiometer
Disponiacutevel em httpsasterwebjplnasagov Acesso em 22 de Novembro de 2014
ODM - Relatoacuterios dinacircmicos Municiacutepio de Santos Dumont Disponiacutevel em
httpwwwrelatoriosdinamicoscombrportalodmperfilBRA003031707santos-
dumont---mg Acesso em 15 de junho de 2015
OLIVEIRA G C amp FERNANDES FILHO E I Metodologia para delimitaccedilatildeo de topos
de morro segundo o Novo Coacutedigo Florestal brasileiro utilizando sistemas de informaccedilatildeo
geograacutefica In XVI Simpoacutesio Brasileiro de Sensoriamento Remoto INPE Foz do
Iguaccedilu 2013 Anais
ROCHA C H B Geoprocessamento tecnologia transdisciplinar 3ordfEd Ed Do Autor
Juiz de Fora-MG 2007 220p
ROSA FILHO A amp CORTEZ A T C Os deslizamentos de encostas nas favelas em
aacutereas de risco da ldquoSuiacuteccedila brasileirardquo Campos do Jordatildeo (SP) 1ordm Simpoacutesio de Poacutes
graduaccedilatildeo em Geografia do Estado de Satildeo Paulo UNESP Rio Claro 2008
ROSSBACH A C amp CARVALHO C S O Estatuto da Cidade comentado Alianccedila de
Cidades Satildeo Paulo 2010 120p
SABOYA R Zoneamento e Planos Diretores Disponiacutevel em
httpurbanidadesarqbr200711zoneamento-e-planos-diretores 2007 Acesso em 10
de Junho de 2015
SANTANA M N R Identificaccedilatildeo dos impactos ambientais da ocupaccedilatildeo irregular na
APP do Coacuterrego Tamanduaacute em Aparecida de Goiacircnia II Congresso Brasileiro de Gestatildeo
Ambiental IBEAS Londrina 2011
SANTOS DUMONT Lei Municipal 4241 de 19 de dezembro de 2012 Dispotildee sobre o
Plano Diretor Participativo do Municiacutepio de Santos Dumont nos termos da Lei nordm 10257
de 10 de julho de 2001 ndash Estatuto das Cidades e conteacutem outras providecircncias Santos
Dumont 2012
56
SAtildeO PAULO Mapeamento de riscos associados a escorregamentos inundaccedilatildeo erosotildees
e solapamento de margens de drenagens do municiacutepio de Campos do Jordatildeo-SP
Relatoacuterio Teacutecnico Campos do Jordatildeo 2014
SILVA JR J R amp PASSOS L A O negoacutecio eacute participar a importacircncia do plano
diretor para o desenvolvimento municipal CNM SEBRAE Brasiacutelia 2006
SKORUPA LA Aacutereas de preservaccedilatildeo permanente e desenvolvimento sustentaacutevel
Embrapa Meio Ambiente Jaguariuacutena-SP 2004 4p
SOUZA F P Ocupaccedilotildees irregulares em APP um estudo de caso no munciacutepio de
Campos de Goytacazes- RJ Boletim do Observatoacuterio Ambiental Alberto Ribeiro Lamego
v4 nordm 1 Campos de Goytacazes 2010
SPERFELD A S Identificaccedilatildeo e anaacutelise de demandas soacutecio ambientais de ordem
puacuteblica em aacutereas urbanas susceptiacuteveis a desastres naturais no municiacutepio de Joinville
SC Dissertaccedilatildeo de Mestrado UFSC Florianoacutepolis 2009
TAKEDA T O Uso e ocupaccedilatildeo do solo urbano Disponiacutevel em
httpwwwjuriswayorgbrv2dhallaspid_dh=12363 Acesso em 02 de junho de 2015
TOMINAGA LK Escorregamentos In TOMINAGA L K et al(org) Desastres
naturais conhecer para prevenir Instituto Geoloacutegico Satildeo Paulo 2009 p 25-38
UFV ndash Universidade Federal de Viccedilosa Mapa de solos do Estado de Minas Gerais
legenda expandida Centro Tecnoloacutegico de Minas Gerais FEAM Belo Horizonte 2010
ZANON F N Uso e ocupaccedilatildeo da terra e vulnerabilidade a alagamento na aacuterea central
da cidade de Satildeo Paulo O caso da subprefeitura da Seacute Trabalho de Graduaccedilatildeo UNESP
Rio Claro 2013
44
aos moradores das aacutereas de risco Aleacutem disso com o PMRR o municiacutepio poderaacute melhorar
a qualidade ambiental da populaccedilatildeo captando recursos para a recuperaccedilatildeo das aacutereas de
APP que foram degradadas pelas ocupaccedilotildees irregulares beneficiando todos os moradores
do municiacutepio com o aumento da qualidade de vida na cidade
A partir do disposto nesta seccedilatildeo acerca do Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos e de
uma maneira preliminar (levando-se em conta apenas o nuacutemero de registros de
alagamentos e deslizamentos na aacuterea urbana principal de Santos Dumont no periacuteodo de
1984 a 2014) identificou-se trecircs regiotildees distintas na aacuterea urbana do municiacutepio com
tempo de recorrecircncia desses eventos similares caracterizando trecircs prioridades de
intervenccedilatildeo em contenccedilatildeo de risco como pode ser visto nas figuras 515 e 516 Vale
ressaltar que eacute necessaacuterio um estudo mais detalhado inclusive com visitas teacutecnicas a
campo para que se confirme a real situaccedilatildeo destas e a real prioridade para investimentos
Figura 5 17 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de deslizamentos
Fonte Do Autor
45
Figura 5 18 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de alagamentos
Fonte Do Autor
46
6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees
A seguir apresenta-se as conclusotildees e as recomendaccedilotildees feitas a partir dos objetivos
especiacuteficos explicitados no iniacutecio deste trabalho
Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a
aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes
urbanos
A partir da revisatildeo da legislaccedilatildeo pertinente em acircmbito federal estadual e
municipal constatou-se que o Plano Diretor de Santos Dumont natildeo conflita com a
legislaccedilatildeo federal e estadual sobre Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente A legislaccedilatildeo
municipal foi entendida como mais conservadora que as federal e estadual uma
vez que considera implicitamente que declividades entre 47 e 100 satildeo
enquadradas como APPs aleacutem da faixa superior a 100
Parte consideraacutevel das ocupaccedilotildees em APP principalmente na regiatildeo do bairro
Santo Antocircnio (onde surgiu os primeiros nuacutecleos que deram origem ao municiacutepio)
e o centro da cidade ocorreram antes de que fosse elaborado qualquer legislaccedilatildeo
que versasse sobre o tema Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente bastando ao gestor
local tomar medidas de contenccedilatildeo de riscos que minimizem os impactos causados
por essas ocupaccedilotildees nessa regiatildeo
O ordenamento adequado do uso do solo no municiacutepio eacute necessaacuterio para que o
crescimento dos loteamentos criados anteriormente agrave esta Lei e o surgimento de
novos natildeo avance para Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente o que pode causar
inuacutemeros problemas aos moradores e agravar os jaacute existentes
Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las
com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)
As aacutereas onde houveram a maior quantidade de registros de deslizamentos satildeo os
bairros mais populosos de Santos Dumont podendo se estabelecer uma relaccedilatildeo
que quanto mais populoso o bairro maior a quantidade de problemas relacionados
a deslizamentos Tambeacutem pode-se notar uma relaccedilatildeo com as fronteiras das faixas
de declividades e os deslizamentos uma vez que boa parte deles aconteceram
nestas faixas
As aacutereas onde houve um grande nuacutemero de registros de alagamentos satildeo os bairros
que se desenvolveram agraves margens do Ribeiratildeo das Posses em especial na aacuterea que
47
compreende as APPs de curso hiacutedrico e em aacutereas onde a declividade eacute baixa Esse
fato aliado ao crescimento do nuacutemero de vias pavimentadas com material
impermeaacutevel e a natildeo expansatildeo e ou redimensionamento da rede de drenagem
urbana contribuiacuteram para a ocorrecircncia cada vez mais constante de alagamentos
nessas aacutereas
Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos
catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30
anos
A partir do levantamento histoacuterico realizado e da base de dados georeferenciada
gerada observou-se o aumento do nuacutemero de registros de deslizamentos e
alagamentos nos uacuteltimos 10 anos quando as ocorrecircncias comeccedilaram a se repetir
numa mesma aacuterea com frequecircncia incrementada as vezes com mais de uma
ocorrecircncia anual
Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do
solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental
Destaca-se a adequaccedilatildeo dos criteacuterios gerais estabelecidos pelo Plano Diretor de
Santos Dumont relativos a legislaccedilatildeo federal e estadual Entretanto o referido
Plano Diretor natildeo contempla todo o territoacuterio municipal sendo assim ele natildeo
cumpre o objetivo de proteger as APPs preservadas e recuperar as que foram
degradadas em todo o territoacuterio municipal Ressalta-se tambeacutem a sua natildeo
conformidade com o Estatuto das Cidades uma vez que o Plano Diretor
contempla apenas os novos loteamentos
Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais
negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea
impactada
Recomenda-se a implantaccedilatildeo no municiacutepio de uma Coordenadoria Municipal de
Defesa Civil atuante e integrada agraves Secretarias Municipais e agrave comunidade
visando uma atuaccedilatildeo eficaz nos problemas relacionados a deslizamentos e
alagamentos A elaboraccedilatildeo de um Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos eacute de
suma importacircncia pois atraveacutes dele pode-se predizer as aacutereas que passaratildeo por
problemas caso a expansatildeo aconteccedila ou se inicie uma ocupaccedilatildeo nova aleacutem de
prevenir acidentes nas aacutereas jaacute ocupadas e consideradas de risco
48
7 Anexos
49
71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont
50
51
72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)
52
53
8 Referecircncias Bibliograacuteficas
ALHEIROS M M O Plano Municipal de Prevenccedilatildeo de Riscos In CARVALHO C S
amp GALVAtildeO T(org) Prevenccedilatildeo de riscos e deslizamentos em encostas Guia para
elaboraccedilatildeo de Poliacuteticas Municipais Ministeacuterio das Cidades Brasiacutelia 2006
AMARAL R amp RIBEIRO R R Inundaccedilatildeo e enchentes In TOMINAGA L K et al
Desastres naturais conhecer para prevenir Instituto Geoloacutegico Satildeo Paulo 2009 p 39-
52
BRASIL Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil de 1988 Brasiacutelia 1988
BRASIL Lei Federal 10257 de 10 de julho de 2001 Regulamenta os arts 182 e 183 da
CF estabelece as diretrizes gerais da poliacutetica urbana e daacute outras providecircncias Brasiacutelia
2001
BRASIL Lei Federal nordm 12651 de 25 de maio de 2012 Dispotildee sobre a proteccedilatildeo da
vegetaccedilatildeo nativa altera as Leis nos 6938 de 31 de agosto de 1981 9393 de 1 9 de
dezembro de 1996 e 11 428 de 22 de dezembro de 2006 revoga as Leis nos 4771 de
1 5 de setembro de 1965 e 7754 de 1 4 de abril de 1989 e a Medida Provisoacuteria no 21
66shy67 de 24 de agosto de 2001 e daacute outras providecircncias Brasiacutelia 2012
BRASIL Lei Federal nordm 4771 de 15 de Setembro de 1965 Institui o Novo Coacutedigo
Florestal Brasiacutelia 1965
BRASIL Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional Sistema Integrado de Informaccedilotildees sobre
desastres (S2ID) Disponiacutevel em https2idmigovbr Acesso em 15 de junho de 2015
BUENO L M M Anaacutelise da recuperaccedilatildeo urbana e ambiental em assentamentos de
interesse social na aacuterea de mananciais do ABC Paulista Cadernos PUC-SP v3 nordm 7 Satildeo
Paulo 2009
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Reduzindo Perdas UFSC Florianoacutepolis 2014
54
CRISTO SSV Anaacutelise da susceptibilidade a riscos naturais relacionados a enchentes
e deslizamentos do setor leste da bacia hidrograacutefica do rio Itacorubi Florianoacutepolis-SC
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DAPPC- Departamento do Arquivo Puacuteblico e Patrimocircnio Cultural de Santos Dumont De
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Novembro de 2014
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em 20 de Novembro de 2014
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INACIO E S B et al Quantificaccedilatildeo da erosatildeo pastagem com diferentes declives na
microbacia do ribeiratildeo Salomea Revista Brasileira de Engenharia Agriacutecola e Ambiental
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JORNAL MENSAGEM Santos Dumont-MG Ediccedilotildees de 1984 agrave 2014
MINAS GERAIS Lei Estadual 20922 de 16 de outubro de 2013 Dispotildee sobre as
poliacuteticas florestal e de proteccedilatildeo agrave biodiversidade no Estado Belo Horizonte 2013
55
MINISTEacuteRIO DAS CIDADES IPT-Instituto de Pesquisas Tecnoloacutegicas Mapeamento
de Riscos em encostas e margem de rios Celso Santos Carvalho Eduardo Soares de
Macedo e Agostinho Tadashi Ogura org Brasiacutelia 2007 176p
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OLIVEIRA G C amp FERNANDES FILHO E I Metodologia para delimitaccedilatildeo de topos
de morro segundo o Novo Coacutedigo Florestal brasileiro utilizando sistemas de informaccedilatildeo
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ROCHA C H B Geoprocessamento tecnologia transdisciplinar 3ordfEd Ed Do Autor
Juiz de Fora-MG 2007 220p
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aacutereas de risco da ldquoSuiacuteccedila brasileirardquo Campos do Jordatildeo (SP) 1ordm Simpoacutesio de Poacutes
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de Junho de 2015
SANTANA M N R Identificaccedilatildeo dos impactos ambientais da ocupaccedilatildeo irregular na
APP do Coacuterrego Tamanduaacute em Aparecida de Goiacircnia II Congresso Brasileiro de Gestatildeo
Ambiental IBEAS Londrina 2011
SANTOS DUMONT Lei Municipal 4241 de 19 de dezembro de 2012 Dispotildee sobre o
Plano Diretor Participativo do Municiacutepio de Santos Dumont nos termos da Lei nordm 10257
de 10 de julho de 2001 ndash Estatuto das Cidades e conteacutem outras providecircncias Santos
Dumont 2012
56
SAtildeO PAULO Mapeamento de riscos associados a escorregamentos inundaccedilatildeo erosotildees
e solapamento de margens de drenagens do municiacutepio de Campos do Jordatildeo-SP
Relatoacuterio Teacutecnico Campos do Jordatildeo 2014
SILVA JR J R amp PASSOS L A O negoacutecio eacute participar a importacircncia do plano
diretor para o desenvolvimento municipal CNM SEBRAE Brasiacutelia 2006
SKORUPA LA Aacutereas de preservaccedilatildeo permanente e desenvolvimento sustentaacutevel
Embrapa Meio Ambiente Jaguariuacutena-SP 2004 4p
SOUZA F P Ocupaccedilotildees irregulares em APP um estudo de caso no munciacutepio de
Campos de Goytacazes- RJ Boletim do Observatoacuterio Ambiental Alberto Ribeiro Lamego
v4 nordm 1 Campos de Goytacazes 2010
SPERFELD A S Identificaccedilatildeo e anaacutelise de demandas soacutecio ambientais de ordem
puacuteblica em aacutereas urbanas susceptiacuteveis a desastres naturais no municiacutepio de Joinville
SC Dissertaccedilatildeo de Mestrado UFSC Florianoacutepolis 2009
TAKEDA T O Uso e ocupaccedilatildeo do solo urbano Disponiacutevel em
httpwwwjuriswayorgbrv2dhallaspid_dh=12363 Acesso em 02 de junho de 2015
TOMINAGA LK Escorregamentos In TOMINAGA L K et al(org) Desastres
naturais conhecer para prevenir Instituto Geoloacutegico Satildeo Paulo 2009 p 25-38
UFV ndash Universidade Federal de Viccedilosa Mapa de solos do Estado de Minas Gerais
legenda expandida Centro Tecnoloacutegico de Minas Gerais FEAM Belo Horizonte 2010
ZANON F N Uso e ocupaccedilatildeo da terra e vulnerabilidade a alagamento na aacuterea central
da cidade de Satildeo Paulo O caso da subprefeitura da Seacute Trabalho de Graduaccedilatildeo UNESP
Rio Claro 2013
45
Figura 5 18 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de alagamentos
Fonte Do Autor
46
6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees
A seguir apresenta-se as conclusotildees e as recomendaccedilotildees feitas a partir dos objetivos
especiacuteficos explicitados no iniacutecio deste trabalho
Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a
aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes
urbanos
A partir da revisatildeo da legislaccedilatildeo pertinente em acircmbito federal estadual e
municipal constatou-se que o Plano Diretor de Santos Dumont natildeo conflita com a
legislaccedilatildeo federal e estadual sobre Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente A legislaccedilatildeo
municipal foi entendida como mais conservadora que as federal e estadual uma
vez que considera implicitamente que declividades entre 47 e 100 satildeo
enquadradas como APPs aleacutem da faixa superior a 100
Parte consideraacutevel das ocupaccedilotildees em APP principalmente na regiatildeo do bairro
Santo Antocircnio (onde surgiu os primeiros nuacutecleos que deram origem ao municiacutepio)
e o centro da cidade ocorreram antes de que fosse elaborado qualquer legislaccedilatildeo
que versasse sobre o tema Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente bastando ao gestor
local tomar medidas de contenccedilatildeo de riscos que minimizem os impactos causados
por essas ocupaccedilotildees nessa regiatildeo
O ordenamento adequado do uso do solo no municiacutepio eacute necessaacuterio para que o
crescimento dos loteamentos criados anteriormente agrave esta Lei e o surgimento de
novos natildeo avance para Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente o que pode causar
inuacutemeros problemas aos moradores e agravar os jaacute existentes
Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las
com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)
As aacutereas onde houveram a maior quantidade de registros de deslizamentos satildeo os
bairros mais populosos de Santos Dumont podendo se estabelecer uma relaccedilatildeo
que quanto mais populoso o bairro maior a quantidade de problemas relacionados
a deslizamentos Tambeacutem pode-se notar uma relaccedilatildeo com as fronteiras das faixas
de declividades e os deslizamentos uma vez que boa parte deles aconteceram
nestas faixas
As aacutereas onde houve um grande nuacutemero de registros de alagamentos satildeo os bairros
que se desenvolveram agraves margens do Ribeiratildeo das Posses em especial na aacuterea que
47
compreende as APPs de curso hiacutedrico e em aacutereas onde a declividade eacute baixa Esse
fato aliado ao crescimento do nuacutemero de vias pavimentadas com material
impermeaacutevel e a natildeo expansatildeo e ou redimensionamento da rede de drenagem
urbana contribuiacuteram para a ocorrecircncia cada vez mais constante de alagamentos
nessas aacutereas
Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos
catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30
anos
A partir do levantamento histoacuterico realizado e da base de dados georeferenciada
gerada observou-se o aumento do nuacutemero de registros de deslizamentos e
alagamentos nos uacuteltimos 10 anos quando as ocorrecircncias comeccedilaram a se repetir
numa mesma aacuterea com frequecircncia incrementada as vezes com mais de uma
ocorrecircncia anual
Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do
solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental
Destaca-se a adequaccedilatildeo dos criteacuterios gerais estabelecidos pelo Plano Diretor de
Santos Dumont relativos a legislaccedilatildeo federal e estadual Entretanto o referido
Plano Diretor natildeo contempla todo o territoacuterio municipal sendo assim ele natildeo
cumpre o objetivo de proteger as APPs preservadas e recuperar as que foram
degradadas em todo o territoacuterio municipal Ressalta-se tambeacutem a sua natildeo
conformidade com o Estatuto das Cidades uma vez que o Plano Diretor
contempla apenas os novos loteamentos
Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais
negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea
impactada
Recomenda-se a implantaccedilatildeo no municiacutepio de uma Coordenadoria Municipal de
Defesa Civil atuante e integrada agraves Secretarias Municipais e agrave comunidade
visando uma atuaccedilatildeo eficaz nos problemas relacionados a deslizamentos e
alagamentos A elaboraccedilatildeo de um Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos eacute de
suma importacircncia pois atraveacutes dele pode-se predizer as aacutereas que passaratildeo por
problemas caso a expansatildeo aconteccedila ou se inicie uma ocupaccedilatildeo nova aleacutem de
prevenir acidentes nas aacutereas jaacute ocupadas e consideradas de risco
48
7 Anexos
49
71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont
50
51
72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)
52
53
8 Referecircncias Bibliograacuteficas
ALHEIROS M M O Plano Municipal de Prevenccedilatildeo de Riscos In CARVALHO C S
amp GALVAtildeO T(org) Prevenccedilatildeo de riscos e deslizamentos em encostas Guia para
elaboraccedilatildeo de Poliacuteticas Municipais Ministeacuterio das Cidades Brasiacutelia 2006
AMARAL R amp RIBEIRO R R Inundaccedilatildeo e enchentes In TOMINAGA L K et al
Desastres naturais conhecer para prevenir Instituto Geoloacutegico Satildeo Paulo 2009 p 39-
52
BRASIL Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil de 1988 Brasiacutelia 1988
BRASIL Lei Federal 10257 de 10 de julho de 2001 Regulamenta os arts 182 e 183 da
CF estabelece as diretrizes gerais da poliacutetica urbana e daacute outras providecircncias Brasiacutelia
2001
BRASIL Lei Federal nordm 12651 de 25 de maio de 2012 Dispotildee sobre a proteccedilatildeo da
vegetaccedilatildeo nativa altera as Leis nos 6938 de 31 de agosto de 1981 9393 de 1 9 de
dezembro de 1996 e 11 428 de 22 de dezembro de 2006 revoga as Leis nos 4771 de
1 5 de setembro de 1965 e 7754 de 1 4 de abril de 1989 e a Medida Provisoacuteria no 21
66shy67 de 24 de agosto de 2001 e daacute outras providecircncias Brasiacutelia 2012
BRASIL Lei Federal nordm 4771 de 15 de Setembro de 1965 Institui o Novo Coacutedigo
Florestal Brasiacutelia 1965
BRASIL Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional Sistema Integrado de Informaccedilotildees sobre
desastres (S2ID) Disponiacutevel em https2idmigovbr Acesso em 15 de junho de 2015
BUENO L M M Anaacutelise da recuperaccedilatildeo urbana e ambiental em assentamentos de
interesse social na aacuterea de mananciais do ABC Paulista Cadernos PUC-SP v3 nordm 7 Satildeo
Paulo 2009
CARVALHO L A O Novo Coacutedigo Florestal comentado artigo por artigo 1ordfEd Ed
Juruaacute Curitiba-PR 2013 584p
CEPED ATLAS brasileiro de desastres naturais ndash 1991 a 2010 volume Minas Gerais
Florianoacutepolis Centro Universitaacuterio de Estudos e Pesquisas sobre Desastres ndash CEPED
UFSC 2011
CEPED Planejamento Nacional para Gestatildeo de Risco Caderno Percebendo Riscos
Reduzindo Perdas UFSC Florianoacutepolis 2014
54
CRISTO SSV Anaacutelise da susceptibilidade a riscos naturais relacionados a enchentes
e deslizamentos do setor leste da bacia hidrograacutefica do rio Itacorubi Florianoacutepolis-SC
Dissertaccedilatildeo de Mestrado UFSC 2002 211p
DAPPC- Departamento do Arquivo Puacuteblico e Patrimocircnio Cultural de Santos Dumont De
Joatildeo Gomes a Santos Dumont ndash Histoacuterico do Municiacutepio Santos Dumont 2008
DE MORAES H M As aacutereas de preservaccedilatildeo permanente nas zonas urbanas
Disponiacutevel em httpwwwjuriswayorgbrv2dhallaspid_dh=560 Acesso em 13 de
Novembro de 2014
FERNANDES R S Remoccedilatildeo de habitantes de aacutereas de risco soluccedilatildeo para evitar
trageacutedias Ed Do autor Campos do Jordatildeo-SP 2012 15p
FONTOURA L N J Planejamento urbano-ambiental o uso e ocupaccedilatildeo do solo no
Distrito Federal Revista Especialize On-Line IPOG 5ordf Ediccedilatildeo nordm 005 v012013
Goiacircnia-GO 2013
IBGE- Cidades Informaccedilotildees sobre o municiacutepio de Santos Dumont Disponiacutevel em
httpwwwcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=316070ampsearch=||info
grE1ficos-informaE7F5es-completas Acesso em 15 de Junho de 2015
IBGE Projeto Mudanccedila de Referencial Geodeacutesico Disponiacutevel em
httpwwwibgegovbrhomegeocienciasgeodesiapmrgdefault_pmrgshtm Acesso
em 20 de Novembro de 2014
IGAM ndash Instituto Mineiro de Gestatildeo das Aacuteguas Mapa das bacias hidrograacuteficas no
Estado de Minas Gerais Disponiacutevel em
httpaguasigammggovbr2008nacbhmapascbhshtml Acesso em 15 de junho de
2015
INACIO E S B et al Quantificaccedilatildeo da erosatildeo pastagem com diferentes declives na
microbacia do ribeiratildeo Salomea Revista Brasileira de Engenharia Agriacutecola e Ambiental
V11 nordm 4 p355-360 UFCG Campina Grande 2007
JORNAL MENSAGEM Santos Dumont-MG Ediccedilotildees de 1984 agrave 2014
MINAS GERAIS Lei Estadual 20922 de 16 de outubro de 2013 Dispotildee sobre as
poliacuteticas florestal e de proteccedilatildeo agrave biodiversidade no Estado Belo Horizonte 2013
55
MINISTEacuteRIO DAS CIDADES IPT-Instituto de Pesquisas Tecnoloacutegicas Mapeamento
de Riscos em encostas e margem de rios Celso Santos Carvalho Eduardo Soares de
Macedo e Agostinho Tadashi Ogura org Brasiacutelia 2007 176p
NASA ASTER Advanced Spaceborne Thermal Emission and Reflection Radiometer
Disponiacutevel em httpsasterwebjplnasagov Acesso em 22 de Novembro de 2014
ODM - Relatoacuterios dinacircmicos Municiacutepio de Santos Dumont Disponiacutevel em
httpwwwrelatoriosdinamicoscombrportalodmperfilBRA003031707santos-
dumont---mg Acesso em 15 de junho de 2015
OLIVEIRA G C amp FERNANDES FILHO E I Metodologia para delimitaccedilatildeo de topos
de morro segundo o Novo Coacutedigo Florestal brasileiro utilizando sistemas de informaccedilatildeo
geograacutefica In XVI Simpoacutesio Brasileiro de Sensoriamento Remoto INPE Foz do
Iguaccedilu 2013 Anais
ROCHA C H B Geoprocessamento tecnologia transdisciplinar 3ordfEd Ed Do Autor
Juiz de Fora-MG 2007 220p
ROSA FILHO A amp CORTEZ A T C Os deslizamentos de encostas nas favelas em
aacutereas de risco da ldquoSuiacuteccedila brasileirardquo Campos do Jordatildeo (SP) 1ordm Simpoacutesio de Poacutes
graduaccedilatildeo em Geografia do Estado de Satildeo Paulo UNESP Rio Claro 2008
ROSSBACH A C amp CARVALHO C S O Estatuto da Cidade comentado Alianccedila de
Cidades Satildeo Paulo 2010 120p
SABOYA R Zoneamento e Planos Diretores Disponiacutevel em
httpurbanidadesarqbr200711zoneamento-e-planos-diretores 2007 Acesso em 10
de Junho de 2015
SANTANA M N R Identificaccedilatildeo dos impactos ambientais da ocupaccedilatildeo irregular na
APP do Coacuterrego Tamanduaacute em Aparecida de Goiacircnia II Congresso Brasileiro de Gestatildeo
Ambiental IBEAS Londrina 2011
SANTOS DUMONT Lei Municipal 4241 de 19 de dezembro de 2012 Dispotildee sobre o
Plano Diretor Participativo do Municiacutepio de Santos Dumont nos termos da Lei nordm 10257
de 10 de julho de 2001 ndash Estatuto das Cidades e conteacutem outras providecircncias Santos
Dumont 2012
56
SAtildeO PAULO Mapeamento de riscos associados a escorregamentos inundaccedilatildeo erosotildees
e solapamento de margens de drenagens do municiacutepio de Campos do Jordatildeo-SP
Relatoacuterio Teacutecnico Campos do Jordatildeo 2014
SILVA JR J R amp PASSOS L A O negoacutecio eacute participar a importacircncia do plano
diretor para o desenvolvimento municipal CNM SEBRAE Brasiacutelia 2006
SKORUPA LA Aacutereas de preservaccedilatildeo permanente e desenvolvimento sustentaacutevel
Embrapa Meio Ambiente Jaguariuacutena-SP 2004 4p
SOUZA F P Ocupaccedilotildees irregulares em APP um estudo de caso no munciacutepio de
Campos de Goytacazes- RJ Boletim do Observatoacuterio Ambiental Alberto Ribeiro Lamego
v4 nordm 1 Campos de Goytacazes 2010
SPERFELD A S Identificaccedilatildeo e anaacutelise de demandas soacutecio ambientais de ordem
puacuteblica em aacutereas urbanas susceptiacuteveis a desastres naturais no municiacutepio de Joinville
SC Dissertaccedilatildeo de Mestrado UFSC Florianoacutepolis 2009
TAKEDA T O Uso e ocupaccedilatildeo do solo urbano Disponiacutevel em
httpwwwjuriswayorgbrv2dhallaspid_dh=12363 Acesso em 02 de junho de 2015
TOMINAGA LK Escorregamentos In TOMINAGA L K et al(org) Desastres
naturais conhecer para prevenir Instituto Geoloacutegico Satildeo Paulo 2009 p 25-38
UFV ndash Universidade Federal de Viccedilosa Mapa de solos do Estado de Minas Gerais
legenda expandida Centro Tecnoloacutegico de Minas Gerais FEAM Belo Horizonte 2010
ZANON F N Uso e ocupaccedilatildeo da terra e vulnerabilidade a alagamento na aacuterea central
da cidade de Satildeo Paulo O caso da subprefeitura da Seacute Trabalho de Graduaccedilatildeo UNESP
Rio Claro 2013
46
6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees
A seguir apresenta-se as conclusotildees e as recomendaccedilotildees feitas a partir dos objetivos
especiacuteficos explicitados no iniacutecio deste trabalho
Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a
aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes
urbanos
A partir da revisatildeo da legislaccedilatildeo pertinente em acircmbito federal estadual e
municipal constatou-se que o Plano Diretor de Santos Dumont natildeo conflita com a
legislaccedilatildeo federal e estadual sobre Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente A legislaccedilatildeo
municipal foi entendida como mais conservadora que as federal e estadual uma
vez que considera implicitamente que declividades entre 47 e 100 satildeo
enquadradas como APPs aleacutem da faixa superior a 100
Parte consideraacutevel das ocupaccedilotildees em APP principalmente na regiatildeo do bairro
Santo Antocircnio (onde surgiu os primeiros nuacutecleos que deram origem ao municiacutepio)
e o centro da cidade ocorreram antes de que fosse elaborado qualquer legislaccedilatildeo
que versasse sobre o tema Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente bastando ao gestor
local tomar medidas de contenccedilatildeo de riscos que minimizem os impactos causados
por essas ocupaccedilotildees nessa regiatildeo
O ordenamento adequado do uso do solo no municiacutepio eacute necessaacuterio para que o
crescimento dos loteamentos criados anteriormente agrave esta Lei e o surgimento de
novos natildeo avance para Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente o que pode causar
inuacutemeros problemas aos moradores e agravar os jaacute existentes
Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las
com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)
As aacutereas onde houveram a maior quantidade de registros de deslizamentos satildeo os
bairros mais populosos de Santos Dumont podendo se estabelecer uma relaccedilatildeo
que quanto mais populoso o bairro maior a quantidade de problemas relacionados
a deslizamentos Tambeacutem pode-se notar uma relaccedilatildeo com as fronteiras das faixas
de declividades e os deslizamentos uma vez que boa parte deles aconteceram
nestas faixas
As aacutereas onde houve um grande nuacutemero de registros de alagamentos satildeo os bairros
que se desenvolveram agraves margens do Ribeiratildeo das Posses em especial na aacuterea que
47
compreende as APPs de curso hiacutedrico e em aacutereas onde a declividade eacute baixa Esse
fato aliado ao crescimento do nuacutemero de vias pavimentadas com material
impermeaacutevel e a natildeo expansatildeo e ou redimensionamento da rede de drenagem
urbana contribuiacuteram para a ocorrecircncia cada vez mais constante de alagamentos
nessas aacutereas
Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos
catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30
anos
A partir do levantamento histoacuterico realizado e da base de dados georeferenciada
gerada observou-se o aumento do nuacutemero de registros de deslizamentos e
alagamentos nos uacuteltimos 10 anos quando as ocorrecircncias comeccedilaram a se repetir
numa mesma aacuterea com frequecircncia incrementada as vezes com mais de uma
ocorrecircncia anual
Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do
solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental
Destaca-se a adequaccedilatildeo dos criteacuterios gerais estabelecidos pelo Plano Diretor de
Santos Dumont relativos a legislaccedilatildeo federal e estadual Entretanto o referido
Plano Diretor natildeo contempla todo o territoacuterio municipal sendo assim ele natildeo
cumpre o objetivo de proteger as APPs preservadas e recuperar as que foram
degradadas em todo o territoacuterio municipal Ressalta-se tambeacutem a sua natildeo
conformidade com o Estatuto das Cidades uma vez que o Plano Diretor
contempla apenas os novos loteamentos
Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais
negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea
impactada
Recomenda-se a implantaccedilatildeo no municiacutepio de uma Coordenadoria Municipal de
Defesa Civil atuante e integrada agraves Secretarias Municipais e agrave comunidade
visando uma atuaccedilatildeo eficaz nos problemas relacionados a deslizamentos e
alagamentos A elaboraccedilatildeo de um Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos eacute de
suma importacircncia pois atraveacutes dele pode-se predizer as aacutereas que passaratildeo por
problemas caso a expansatildeo aconteccedila ou se inicie uma ocupaccedilatildeo nova aleacutem de
prevenir acidentes nas aacutereas jaacute ocupadas e consideradas de risco
48
7 Anexos
49
71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont
50
51
72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)
52
53
8 Referecircncias Bibliograacuteficas
ALHEIROS M M O Plano Municipal de Prevenccedilatildeo de Riscos In CARVALHO C S
amp GALVAtildeO T(org) Prevenccedilatildeo de riscos e deslizamentos em encostas Guia para
elaboraccedilatildeo de Poliacuteticas Municipais Ministeacuterio das Cidades Brasiacutelia 2006
AMARAL R amp RIBEIRO R R Inundaccedilatildeo e enchentes In TOMINAGA L K et al
Desastres naturais conhecer para prevenir Instituto Geoloacutegico Satildeo Paulo 2009 p 39-
52
BRASIL Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil de 1988 Brasiacutelia 1988
BRASIL Lei Federal 10257 de 10 de julho de 2001 Regulamenta os arts 182 e 183 da
CF estabelece as diretrizes gerais da poliacutetica urbana e daacute outras providecircncias Brasiacutelia
2001
BRASIL Lei Federal nordm 12651 de 25 de maio de 2012 Dispotildee sobre a proteccedilatildeo da
vegetaccedilatildeo nativa altera as Leis nos 6938 de 31 de agosto de 1981 9393 de 1 9 de
dezembro de 1996 e 11 428 de 22 de dezembro de 2006 revoga as Leis nos 4771 de
1 5 de setembro de 1965 e 7754 de 1 4 de abril de 1989 e a Medida Provisoacuteria no 21
66shy67 de 24 de agosto de 2001 e daacute outras providecircncias Brasiacutelia 2012
BRASIL Lei Federal nordm 4771 de 15 de Setembro de 1965 Institui o Novo Coacutedigo
Florestal Brasiacutelia 1965
BRASIL Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional Sistema Integrado de Informaccedilotildees sobre
desastres (S2ID) Disponiacutevel em https2idmigovbr Acesso em 15 de junho de 2015
BUENO L M M Anaacutelise da recuperaccedilatildeo urbana e ambiental em assentamentos de
interesse social na aacuterea de mananciais do ABC Paulista Cadernos PUC-SP v3 nordm 7 Satildeo
Paulo 2009
CARVALHO L A O Novo Coacutedigo Florestal comentado artigo por artigo 1ordfEd Ed
Juruaacute Curitiba-PR 2013 584p
CEPED ATLAS brasileiro de desastres naturais ndash 1991 a 2010 volume Minas Gerais
Florianoacutepolis Centro Universitaacuterio de Estudos e Pesquisas sobre Desastres ndash CEPED
UFSC 2011
CEPED Planejamento Nacional para Gestatildeo de Risco Caderno Percebendo Riscos
Reduzindo Perdas UFSC Florianoacutepolis 2014
54
CRISTO SSV Anaacutelise da susceptibilidade a riscos naturais relacionados a enchentes
e deslizamentos do setor leste da bacia hidrograacutefica do rio Itacorubi Florianoacutepolis-SC
Dissertaccedilatildeo de Mestrado UFSC 2002 211p
DAPPC- Departamento do Arquivo Puacuteblico e Patrimocircnio Cultural de Santos Dumont De
Joatildeo Gomes a Santos Dumont ndash Histoacuterico do Municiacutepio Santos Dumont 2008
DE MORAES H M As aacutereas de preservaccedilatildeo permanente nas zonas urbanas
Disponiacutevel em httpwwwjuriswayorgbrv2dhallaspid_dh=560 Acesso em 13 de
Novembro de 2014
FERNANDES R S Remoccedilatildeo de habitantes de aacutereas de risco soluccedilatildeo para evitar
trageacutedias Ed Do autor Campos do Jordatildeo-SP 2012 15p
FONTOURA L N J Planejamento urbano-ambiental o uso e ocupaccedilatildeo do solo no
Distrito Federal Revista Especialize On-Line IPOG 5ordf Ediccedilatildeo nordm 005 v012013
Goiacircnia-GO 2013
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httpwwwcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=316070ampsearch=||info
grE1ficos-informaE7F5es-completas Acesso em 15 de Junho de 2015
IBGE Projeto Mudanccedila de Referencial Geodeacutesico Disponiacutevel em
httpwwwibgegovbrhomegeocienciasgeodesiapmrgdefault_pmrgshtm Acesso
em 20 de Novembro de 2014
IGAM ndash Instituto Mineiro de Gestatildeo das Aacuteguas Mapa das bacias hidrograacuteficas no
Estado de Minas Gerais Disponiacutevel em
httpaguasigammggovbr2008nacbhmapascbhshtml Acesso em 15 de junho de
2015
INACIO E S B et al Quantificaccedilatildeo da erosatildeo pastagem com diferentes declives na
microbacia do ribeiratildeo Salomea Revista Brasileira de Engenharia Agriacutecola e Ambiental
V11 nordm 4 p355-360 UFCG Campina Grande 2007
JORNAL MENSAGEM Santos Dumont-MG Ediccedilotildees de 1984 agrave 2014
MINAS GERAIS Lei Estadual 20922 de 16 de outubro de 2013 Dispotildee sobre as
poliacuteticas florestal e de proteccedilatildeo agrave biodiversidade no Estado Belo Horizonte 2013
55
MINISTEacuteRIO DAS CIDADES IPT-Instituto de Pesquisas Tecnoloacutegicas Mapeamento
de Riscos em encostas e margem de rios Celso Santos Carvalho Eduardo Soares de
Macedo e Agostinho Tadashi Ogura org Brasiacutelia 2007 176p
NASA ASTER Advanced Spaceborne Thermal Emission and Reflection Radiometer
Disponiacutevel em httpsasterwebjplnasagov Acesso em 22 de Novembro de 2014
ODM - Relatoacuterios dinacircmicos Municiacutepio de Santos Dumont Disponiacutevel em
httpwwwrelatoriosdinamicoscombrportalodmperfilBRA003031707santos-
dumont---mg Acesso em 15 de junho de 2015
OLIVEIRA G C amp FERNANDES FILHO E I Metodologia para delimitaccedilatildeo de topos
de morro segundo o Novo Coacutedigo Florestal brasileiro utilizando sistemas de informaccedilatildeo
geograacutefica In XVI Simpoacutesio Brasileiro de Sensoriamento Remoto INPE Foz do
Iguaccedilu 2013 Anais
ROCHA C H B Geoprocessamento tecnologia transdisciplinar 3ordfEd Ed Do Autor
Juiz de Fora-MG 2007 220p
ROSA FILHO A amp CORTEZ A T C Os deslizamentos de encostas nas favelas em
aacutereas de risco da ldquoSuiacuteccedila brasileirardquo Campos do Jordatildeo (SP) 1ordm Simpoacutesio de Poacutes
graduaccedilatildeo em Geografia do Estado de Satildeo Paulo UNESP Rio Claro 2008
ROSSBACH A C amp CARVALHO C S O Estatuto da Cidade comentado Alianccedila de
Cidades Satildeo Paulo 2010 120p
SABOYA R Zoneamento e Planos Diretores Disponiacutevel em
httpurbanidadesarqbr200711zoneamento-e-planos-diretores 2007 Acesso em 10
de Junho de 2015
SANTANA M N R Identificaccedilatildeo dos impactos ambientais da ocupaccedilatildeo irregular na
APP do Coacuterrego Tamanduaacute em Aparecida de Goiacircnia II Congresso Brasileiro de Gestatildeo
Ambiental IBEAS Londrina 2011
SANTOS DUMONT Lei Municipal 4241 de 19 de dezembro de 2012 Dispotildee sobre o
Plano Diretor Participativo do Municiacutepio de Santos Dumont nos termos da Lei nordm 10257
de 10 de julho de 2001 ndash Estatuto das Cidades e conteacutem outras providecircncias Santos
Dumont 2012
56
SAtildeO PAULO Mapeamento de riscos associados a escorregamentos inundaccedilatildeo erosotildees
e solapamento de margens de drenagens do municiacutepio de Campos do Jordatildeo-SP
Relatoacuterio Teacutecnico Campos do Jordatildeo 2014
SILVA JR J R amp PASSOS L A O negoacutecio eacute participar a importacircncia do plano
diretor para o desenvolvimento municipal CNM SEBRAE Brasiacutelia 2006
SKORUPA LA Aacutereas de preservaccedilatildeo permanente e desenvolvimento sustentaacutevel
Embrapa Meio Ambiente Jaguariuacutena-SP 2004 4p
SOUZA F P Ocupaccedilotildees irregulares em APP um estudo de caso no munciacutepio de
Campos de Goytacazes- RJ Boletim do Observatoacuterio Ambiental Alberto Ribeiro Lamego
v4 nordm 1 Campos de Goytacazes 2010
SPERFELD A S Identificaccedilatildeo e anaacutelise de demandas soacutecio ambientais de ordem
puacuteblica em aacutereas urbanas susceptiacuteveis a desastres naturais no municiacutepio de Joinville
SC Dissertaccedilatildeo de Mestrado UFSC Florianoacutepolis 2009
TAKEDA T O Uso e ocupaccedilatildeo do solo urbano Disponiacutevel em
httpwwwjuriswayorgbrv2dhallaspid_dh=12363 Acesso em 02 de junho de 2015
TOMINAGA LK Escorregamentos In TOMINAGA L K et al(org) Desastres
naturais conhecer para prevenir Instituto Geoloacutegico Satildeo Paulo 2009 p 25-38
UFV ndash Universidade Federal de Viccedilosa Mapa de solos do Estado de Minas Gerais
legenda expandida Centro Tecnoloacutegico de Minas Gerais FEAM Belo Horizonte 2010
ZANON F N Uso e ocupaccedilatildeo da terra e vulnerabilidade a alagamento na aacuterea central
da cidade de Satildeo Paulo O caso da subprefeitura da Seacute Trabalho de Graduaccedilatildeo UNESP
Rio Claro 2013
47
compreende as APPs de curso hiacutedrico e em aacutereas onde a declividade eacute baixa Esse
fato aliado ao crescimento do nuacutemero de vias pavimentadas com material
impermeaacutevel e a natildeo expansatildeo e ou redimensionamento da rede de drenagem
urbana contribuiacuteram para a ocorrecircncia cada vez mais constante de alagamentos
nessas aacutereas
Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos
catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30
anos
A partir do levantamento histoacuterico realizado e da base de dados georeferenciada
gerada observou-se o aumento do nuacutemero de registros de deslizamentos e
alagamentos nos uacuteltimos 10 anos quando as ocorrecircncias comeccedilaram a se repetir
numa mesma aacuterea com frequecircncia incrementada as vezes com mais de uma
ocorrecircncia anual
Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do
solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental
Destaca-se a adequaccedilatildeo dos criteacuterios gerais estabelecidos pelo Plano Diretor de
Santos Dumont relativos a legislaccedilatildeo federal e estadual Entretanto o referido
Plano Diretor natildeo contempla todo o territoacuterio municipal sendo assim ele natildeo
cumpre o objetivo de proteger as APPs preservadas e recuperar as que foram
degradadas em todo o territoacuterio municipal Ressalta-se tambeacutem a sua natildeo
conformidade com o Estatuto das Cidades uma vez que o Plano Diretor
contempla apenas os novos loteamentos
Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais
negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea
impactada
Recomenda-se a implantaccedilatildeo no municiacutepio de uma Coordenadoria Municipal de
Defesa Civil atuante e integrada agraves Secretarias Municipais e agrave comunidade
visando uma atuaccedilatildeo eficaz nos problemas relacionados a deslizamentos e
alagamentos A elaboraccedilatildeo de um Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos eacute de
suma importacircncia pois atraveacutes dele pode-se predizer as aacutereas que passaratildeo por
problemas caso a expansatildeo aconteccedila ou se inicie uma ocupaccedilatildeo nova aleacutem de
prevenir acidentes nas aacutereas jaacute ocupadas e consideradas de risco
48
7 Anexos
49
71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont
50
51
72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)
52
53
8 Referecircncias Bibliograacuteficas
ALHEIROS M M O Plano Municipal de Prevenccedilatildeo de Riscos In CARVALHO C S
amp GALVAtildeO T(org) Prevenccedilatildeo de riscos e deslizamentos em encostas Guia para
elaboraccedilatildeo de Poliacuteticas Municipais Ministeacuterio das Cidades Brasiacutelia 2006
AMARAL R amp RIBEIRO R R Inundaccedilatildeo e enchentes In TOMINAGA L K et al
Desastres naturais conhecer para prevenir Instituto Geoloacutegico Satildeo Paulo 2009 p 39-
52
BRASIL Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil de 1988 Brasiacutelia 1988
BRASIL Lei Federal 10257 de 10 de julho de 2001 Regulamenta os arts 182 e 183 da
CF estabelece as diretrizes gerais da poliacutetica urbana e daacute outras providecircncias Brasiacutelia
2001
BRASIL Lei Federal nordm 12651 de 25 de maio de 2012 Dispotildee sobre a proteccedilatildeo da
vegetaccedilatildeo nativa altera as Leis nos 6938 de 31 de agosto de 1981 9393 de 1 9 de
dezembro de 1996 e 11 428 de 22 de dezembro de 2006 revoga as Leis nos 4771 de
1 5 de setembro de 1965 e 7754 de 1 4 de abril de 1989 e a Medida Provisoacuteria no 21
66shy67 de 24 de agosto de 2001 e daacute outras providecircncias Brasiacutelia 2012
BRASIL Lei Federal nordm 4771 de 15 de Setembro de 1965 Institui o Novo Coacutedigo
Florestal Brasiacutelia 1965
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interesse social na aacuterea de mananciais do ABC Paulista Cadernos PUC-SP v3 nordm 7 Satildeo
Paulo 2009
CARVALHO L A O Novo Coacutedigo Florestal comentado artigo por artigo 1ordfEd Ed
Juruaacute Curitiba-PR 2013 584p
CEPED ATLAS brasileiro de desastres naturais ndash 1991 a 2010 volume Minas Gerais
Florianoacutepolis Centro Universitaacuterio de Estudos e Pesquisas sobre Desastres ndash CEPED
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CEPED Planejamento Nacional para Gestatildeo de Risco Caderno Percebendo Riscos
Reduzindo Perdas UFSC Florianoacutepolis 2014
54
CRISTO SSV Anaacutelise da susceptibilidade a riscos naturais relacionados a enchentes
e deslizamentos do setor leste da bacia hidrograacutefica do rio Itacorubi Florianoacutepolis-SC
Dissertaccedilatildeo de Mestrado UFSC 2002 211p
DAPPC- Departamento do Arquivo Puacuteblico e Patrimocircnio Cultural de Santos Dumont De
Joatildeo Gomes a Santos Dumont ndash Histoacuterico do Municiacutepio Santos Dumont 2008
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microbacia do ribeiratildeo Salomea Revista Brasileira de Engenharia Agriacutecola e Ambiental
V11 nordm 4 p355-360 UFCG Campina Grande 2007
JORNAL MENSAGEM Santos Dumont-MG Ediccedilotildees de 1984 agrave 2014
MINAS GERAIS Lei Estadual 20922 de 16 de outubro de 2013 Dispotildee sobre as
poliacuteticas florestal e de proteccedilatildeo agrave biodiversidade no Estado Belo Horizonte 2013
55
MINISTEacuteRIO DAS CIDADES IPT-Instituto de Pesquisas Tecnoloacutegicas Mapeamento
de Riscos em encostas e margem de rios Celso Santos Carvalho Eduardo Soares de
Macedo e Agostinho Tadashi Ogura org Brasiacutelia 2007 176p
NASA ASTER Advanced Spaceborne Thermal Emission and Reflection Radiometer
Disponiacutevel em httpsasterwebjplnasagov Acesso em 22 de Novembro de 2014
ODM - Relatoacuterios dinacircmicos Municiacutepio de Santos Dumont Disponiacutevel em
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Iguaccedilu 2013 Anais
ROCHA C H B Geoprocessamento tecnologia transdisciplinar 3ordfEd Ed Do Autor
Juiz de Fora-MG 2007 220p
ROSA FILHO A amp CORTEZ A T C Os deslizamentos de encostas nas favelas em
aacutereas de risco da ldquoSuiacuteccedila brasileirardquo Campos do Jordatildeo (SP) 1ordm Simpoacutesio de Poacutes
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ROSSBACH A C amp CARVALHO C S O Estatuto da Cidade comentado Alianccedila de
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SABOYA R Zoneamento e Planos Diretores Disponiacutevel em
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de Junho de 2015
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Ambiental IBEAS Londrina 2011
SANTOS DUMONT Lei Municipal 4241 de 19 de dezembro de 2012 Dispotildee sobre o
Plano Diretor Participativo do Municiacutepio de Santos Dumont nos termos da Lei nordm 10257
de 10 de julho de 2001 ndash Estatuto das Cidades e conteacutem outras providecircncias Santos
Dumont 2012
56
SAtildeO PAULO Mapeamento de riscos associados a escorregamentos inundaccedilatildeo erosotildees
e solapamento de margens de drenagens do municiacutepio de Campos do Jordatildeo-SP
Relatoacuterio Teacutecnico Campos do Jordatildeo 2014
SILVA JR J R amp PASSOS L A O negoacutecio eacute participar a importacircncia do plano
diretor para o desenvolvimento municipal CNM SEBRAE Brasiacutelia 2006
SKORUPA LA Aacutereas de preservaccedilatildeo permanente e desenvolvimento sustentaacutevel
Embrapa Meio Ambiente Jaguariuacutena-SP 2004 4p
SOUZA F P Ocupaccedilotildees irregulares em APP um estudo de caso no munciacutepio de
Campos de Goytacazes- RJ Boletim do Observatoacuterio Ambiental Alberto Ribeiro Lamego
v4 nordm 1 Campos de Goytacazes 2010
SPERFELD A S Identificaccedilatildeo e anaacutelise de demandas soacutecio ambientais de ordem
puacuteblica em aacutereas urbanas susceptiacuteveis a desastres naturais no municiacutepio de Joinville
SC Dissertaccedilatildeo de Mestrado UFSC Florianoacutepolis 2009
TAKEDA T O Uso e ocupaccedilatildeo do solo urbano Disponiacutevel em
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TOMINAGA LK Escorregamentos In TOMINAGA L K et al(org) Desastres
naturais conhecer para prevenir Instituto Geoloacutegico Satildeo Paulo 2009 p 25-38
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legenda expandida Centro Tecnoloacutegico de Minas Gerais FEAM Belo Horizonte 2010
ZANON F N Uso e ocupaccedilatildeo da terra e vulnerabilidade a alagamento na aacuterea central
da cidade de Satildeo Paulo O caso da subprefeitura da Seacute Trabalho de Graduaccedilatildeo UNESP
Rio Claro 2013
48
7 Anexos
49
71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont
50
51
72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)
52
53
8 Referecircncias Bibliograacuteficas
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elaboraccedilatildeo de Poliacuteticas Municipais Ministeacuterio das Cidades Brasiacutelia 2006
AMARAL R amp RIBEIRO R R Inundaccedilatildeo e enchentes In TOMINAGA L K et al
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52
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CF estabelece as diretrizes gerais da poliacutetica urbana e daacute outras providecircncias Brasiacutelia
2001
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vegetaccedilatildeo nativa altera as Leis nos 6938 de 31 de agosto de 1981 9393 de 1 9 de
dezembro de 1996 e 11 428 de 22 de dezembro de 2006 revoga as Leis nos 4771 de
1 5 de setembro de 1965 e 7754 de 1 4 de abril de 1989 e a Medida Provisoacuteria no 21
66shy67 de 24 de agosto de 2001 e daacute outras providecircncias Brasiacutelia 2012
BRASIL Lei Federal nordm 4771 de 15 de Setembro de 1965 Institui o Novo Coacutedigo
Florestal Brasiacutelia 1965
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Reduzindo Perdas UFSC Florianoacutepolis 2014
54
CRISTO SSV Anaacutelise da susceptibilidade a riscos naturais relacionados a enchentes
e deslizamentos do setor leste da bacia hidrograacutefica do rio Itacorubi Florianoacutepolis-SC
Dissertaccedilatildeo de Mestrado UFSC 2002 211p
DAPPC- Departamento do Arquivo Puacuteblico e Patrimocircnio Cultural de Santos Dumont De
Joatildeo Gomes a Santos Dumont ndash Histoacuterico do Municiacutepio Santos Dumont 2008
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Novembro de 2014
FERNANDES R S Remoccedilatildeo de habitantes de aacutereas de risco soluccedilatildeo para evitar
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FONTOURA L N J Planejamento urbano-ambiental o uso e ocupaccedilatildeo do solo no
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em 20 de Novembro de 2014
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2015
INACIO E S B et al Quantificaccedilatildeo da erosatildeo pastagem com diferentes declives na
microbacia do ribeiratildeo Salomea Revista Brasileira de Engenharia Agriacutecola e Ambiental
V11 nordm 4 p355-360 UFCG Campina Grande 2007
JORNAL MENSAGEM Santos Dumont-MG Ediccedilotildees de 1984 agrave 2014
MINAS GERAIS Lei Estadual 20922 de 16 de outubro de 2013 Dispotildee sobre as
poliacuteticas florestal e de proteccedilatildeo agrave biodiversidade no Estado Belo Horizonte 2013
55
MINISTEacuteRIO DAS CIDADES IPT-Instituto de Pesquisas Tecnoloacutegicas Mapeamento
de Riscos em encostas e margem de rios Celso Santos Carvalho Eduardo Soares de
Macedo e Agostinho Tadashi Ogura org Brasiacutelia 2007 176p
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Disponiacutevel em httpsasterwebjplnasagov Acesso em 22 de Novembro de 2014
ODM - Relatoacuterios dinacircmicos Municiacutepio de Santos Dumont Disponiacutevel em
httpwwwrelatoriosdinamicoscombrportalodmperfilBRA003031707santos-
dumont---mg Acesso em 15 de junho de 2015
OLIVEIRA G C amp FERNANDES FILHO E I Metodologia para delimitaccedilatildeo de topos
de morro segundo o Novo Coacutedigo Florestal brasileiro utilizando sistemas de informaccedilatildeo
geograacutefica In XVI Simpoacutesio Brasileiro de Sensoriamento Remoto INPE Foz do
Iguaccedilu 2013 Anais
ROCHA C H B Geoprocessamento tecnologia transdisciplinar 3ordfEd Ed Do Autor
Juiz de Fora-MG 2007 220p
ROSA FILHO A amp CORTEZ A T C Os deslizamentos de encostas nas favelas em
aacutereas de risco da ldquoSuiacuteccedila brasileirardquo Campos do Jordatildeo (SP) 1ordm Simpoacutesio de Poacutes
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Cidades Satildeo Paulo 2010 120p
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de Junho de 2015
SANTANA M N R Identificaccedilatildeo dos impactos ambientais da ocupaccedilatildeo irregular na
APP do Coacuterrego Tamanduaacute em Aparecida de Goiacircnia II Congresso Brasileiro de Gestatildeo
Ambiental IBEAS Londrina 2011
SANTOS DUMONT Lei Municipal 4241 de 19 de dezembro de 2012 Dispotildee sobre o
Plano Diretor Participativo do Municiacutepio de Santos Dumont nos termos da Lei nordm 10257
de 10 de julho de 2001 ndash Estatuto das Cidades e conteacutem outras providecircncias Santos
Dumont 2012
56
SAtildeO PAULO Mapeamento de riscos associados a escorregamentos inundaccedilatildeo erosotildees
e solapamento de margens de drenagens do municiacutepio de Campos do Jordatildeo-SP
Relatoacuterio Teacutecnico Campos do Jordatildeo 2014
SILVA JR J R amp PASSOS L A O negoacutecio eacute participar a importacircncia do plano
diretor para o desenvolvimento municipal CNM SEBRAE Brasiacutelia 2006
SKORUPA LA Aacutereas de preservaccedilatildeo permanente e desenvolvimento sustentaacutevel
Embrapa Meio Ambiente Jaguariuacutena-SP 2004 4p
SOUZA F P Ocupaccedilotildees irregulares em APP um estudo de caso no munciacutepio de
Campos de Goytacazes- RJ Boletim do Observatoacuterio Ambiental Alberto Ribeiro Lamego
v4 nordm 1 Campos de Goytacazes 2010
SPERFELD A S Identificaccedilatildeo e anaacutelise de demandas soacutecio ambientais de ordem
puacuteblica em aacutereas urbanas susceptiacuteveis a desastres naturais no municiacutepio de Joinville
SC Dissertaccedilatildeo de Mestrado UFSC Florianoacutepolis 2009
TAKEDA T O Uso e ocupaccedilatildeo do solo urbano Disponiacutevel em
httpwwwjuriswayorgbrv2dhallaspid_dh=12363 Acesso em 02 de junho de 2015
TOMINAGA LK Escorregamentos In TOMINAGA L K et al(org) Desastres
naturais conhecer para prevenir Instituto Geoloacutegico Satildeo Paulo 2009 p 25-38
UFV ndash Universidade Federal de Viccedilosa Mapa de solos do Estado de Minas Gerais
legenda expandida Centro Tecnoloacutegico de Minas Gerais FEAM Belo Horizonte 2010
ZANON F N Uso e ocupaccedilatildeo da terra e vulnerabilidade a alagamento na aacuterea central
da cidade de Satildeo Paulo O caso da subprefeitura da Seacute Trabalho de Graduaccedilatildeo UNESP
Rio Claro 2013
49
71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont
50
51
72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)
52
53
8 Referecircncias Bibliograacuteficas
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AMARAL R amp RIBEIRO R R Inundaccedilatildeo e enchentes In TOMINAGA L K et al
Desastres naturais conhecer para prevenir Instituto Geoloacutegico Satildeo Paulo 2009 p 39-
52
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BRASIL Lei Federal 10257 de 10 de julho de 2001 Regulamenta os arts 182 e 183 da
CF estabelece as diretrizes gerais da poliacutetica urbana e daacute outras providecircncias Brasiacutelia
2001
BRASIL Lei Federal nordm 12651 de 25 de maio de 2012 Dispotildee sobre a proteccedilatildeo da
vegetaccedilatildeo nativa altera as Leis nos 6938 de 31 de agosto de 1981 9393 de 1 9 de
dezembro de 1996 e 11 428 de 22 de dezembro de 2006 revoga as Leis nos 4771 de
1 5 de setembro de 1965 e 7754 de 1 4 de abril de 1989 e a Medida Provisoacuteria no 21
66shy67 de 24 de agosto de 2001 e daacute outras providecircncias Brasiacutelia 2012
BRASIL Lei Federal nordm 4771 de 15 de Setembro de 1965 Institui o Novo Coacutedigo
Florestal Brasiacutelia 1965
BRASIL Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional Sistema Integrado de Informaccedilotildees sobre
desastres (S2ID) Disponiacutevel em https2idmigovbr Acesso em 15 de junho de 2015
BUENO L M M Anaacutelise da recuperaccedilatildeo urbana e ambiental em assentamentos de
interesse social na aacuterea de mananciais do ABC Paulista Cadernos PUC-SP v3 nordm 7 Satildeo
Paulo 2009
CARVALHO L A O Novo Coacutedigo Florestal comentado artigo por artigo 1ordfEd Ed
Juruaacute Curitiba-PR 2013 584p
CEPED ATLAS brasileiro de desastres naturais ndash 1991 a 2010 volume Minas Gerais
Florianoacutepolis Centro Universitaacuterio de Estudos e Pesquisas sobre Desastres ndash CEPED
UFSC 2011
CEPED Planejamento Nacional para Gestatildeo de Risco Caderno Percebendo Riscos
Reduzindo Perdas UFSC Florianoacutepolis 2014
54
CRISTO SSV Anaacutelise da susceptibilidade a riscos naturais relacionados a enchentes
e deslizamentos do setor leste da bacia hidrograacutefica do rio Itacorubi Florianoacutepolis-SC
Dissertaccedilatildeo de Mestrado UFSC 2002 211p
DAPPC- Departamento do Arquivo Puacuteblico e Patrimocircnio Cultural de Santos Dumont De
Joatildeo Gomes a Santos Dumont ndash Histoacuterico do Municiacutepio Santos Dumont 2008
DE MORAES H M As aacutereas de preservaccedilatildeo permanente nas zonas urbanas
Disponiacutevel em httpwwwjuriswayorgbrv2dhallaspid_dh=560 Acesso em 13 de
Novembro de 2014
FERNANDES R S Remoccedilatildeo de habitantes de aacutereas de risco soluccedilatildeo para evitar
trageacutedias Ed Do autor Campos do Jordatildeo-SP 2012 15p
FONTOURA L N J Planejamento urbano-ambiental o uso e ocupaccedilatildeo do solo no
Distrito Federal Revista Especialize On-Line IPOG 5ordf Ediccedilatildeo nordm 005 v012013
Goiacircnia-GO 2013
IBGE- Cidades Informaccedilotildees sobre o municiacutepio de Santos Dumont Disponiacutevel em
httpwwwcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=316070ampsearch=||info
grE1ficos-informaE7F5es-completas Acesso em 15 de Junho de 2015
IBGE Projeto Mudanccedila de Referencial Geodeacutesico Disponiacutevel em
httpwwwibgegovbrhomegeocienciasgeodesiapmrgdefault_pmrgshtm Acesso
em 20 de Novembro de 2014
IGAM ndash Instituto Mineiro de Gestatildeo das Aacuteguas Mapa das bacias hidrograacuteficas no
Estado de Minas Gerais Disponiacutevel em
httpaguasigammggovbr2008nacbhmapascbhshtml Acesso em 15 de junho de
2015
INACIO E S B et al Quantificaccedilatildeo da erosatildeo pastagem com diferentes declives na
microbacia do ribeiratildeo Salomea Revista Brasileira de Engenharia Agriacutecola e Ambiental
V11 nordm 4 p355-360 UFCG Campina Grande 2007
JORNAL MENSAGEM Santos Dumont-MG Ediccedilotildees de 1984 agrave 2014
MINAS GERAIS Lei Estadual 20922 de 16 de outubro de 2013 Dispotildee sobre as
poliacuteticas florestal e de proteccedilatildeo agrave biodiversidade no Estado Belo Horizonte 2013
55
MINISTEacuteRIO DAS CIDADES IPT-Instituto de Pesquisas Tecnoloacutegicas Mapeamento
de Riscos em encostas e margem de rios Celso Santos Carvalho Eduardo Soares de
Macedo e Agostinho Tadashi Ogura org Brasiacutelia 2007 176p
NASA ASTER Advanced Spaceborne Thermal Emission and Reflection Radiometer
Disponiacutevel em httpsasterwebjplnasagov Acesso em 22 de Novembro de 2014
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SAtildeO PAULO Mapeamento de riscos associados a escorregamentos inundaccedilatildeo erosotildees
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1 5 de setembro de 1965 e 7754 de 1 4 de abril de 1989 e a Medida Provisoacuteria no 21
66shy67 de 24 de agosto de 2001 e daacute outras providecircncias Brasiacutelia 2012
BRASIL Lei Federal nordm 4771 de 15 de Setembro de 1965 Institui o Novo Coacutedigo
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FERNANDES R S Remoccedilatildeo de habitantes de aacutereas de risco soluccedilatildeo para evitar
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FONTOURA L N J Planejamento urbano-ambiental o uso e ocupaccedilatildeo do solo no
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INACIO E S B et al Quantificaccedilatildeo da erosatildeo pastagem com diferentes declives na
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V11 nordm 4 p355-360 UFCG Campina Grande 2007
JORNAL MENSAGEM Santos Dumont-MG Ediccedilotildees de 1984 agrave 2014
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Macedo e Agostinho Tadashi Ogura org Brasiacutelia 2007 176p
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