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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL E SANITÁRIA O USO DO SOLO URBANO EM ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE: ESTUDO DE CASO NO MUNICÍPIO DE SANTOS DUMONT - MG Igor Nogueira de Oliveira Juiz de Fora 2016

O USO DO SOLO URBANO EM ÁREAS DE PRESERVAÇÃO … · social que você tenha na vida, a mais alta ou a mais baixa, tenha sempre como meta muita força, muita determinação e sempre

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Page 1: O USO DO SOLO URBANO EM ÁREAS DE PRESERVAÇÃO … · social que você tenha na vida, a mais alta ou a mais baixa, tenha sempre como meta muita força, muita determinação e sempre

UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA

CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL E SANITAacuteRIA

O USO DO SOLO URBANO EM AacuteREAS DE

PRESERVACcedilAtildeO PERMANENTE

ESTUDO DE CASO NO MUNICIacutePIO DE

SANTOS DUMONT - MG

Igor Nogueira de Oliveira

Juiz de Fora

2016

i

O USO DO SOLO URBANO EM AacuteREAS DE

PRESERVACcedilAtildeO PERMANENTE

ESTUDO DE CASO NO MUNICIacutePIO DE SANTOS

DUMONT - MG

Igor Nogueira de Oliveira

ii

Igor Nogueira de Oliveira

O USO DO SOLO URBANO EM AacuteREAS DE

PRESERVACcedilAtildeO PERMANENTE

ESTUDO DE CASO NO MUNICIacutePIO DE SANTOS

DUMONT - MG

Trabalho Final de Curso apresentado ao Colegiado

do Curso de Engenharia Ambiental e Sanitaacuteria da

Universidade Federal de Juiz de Fora como

requisito parcial agrave obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Engenheiro

Ambiental e Sanitarista

Aacuterea de concentraccedilatildeo Engenharia Ambiental

Aacuterea de pesquisa Geoprocessamento Aplicado

Orientador Otaacutevio Eurico de Aquino Branco

Juiz de Fora

Faculdade de Engenharia da UFJF

2016

iii

AGRADECIMENTOS

Agradeccedilo agrave todos que colaboraram direta e indiretamente para a elaboraccedilatildeo deste

trabalho em primeiro lugar a Deus por ter dado a mim a oportunidade de viver esses

maravilhosos anos na Academia agrave minha famiacutelia de um modo especial agrave meu pai Geraldo

e minha matildee Maria das Dores e ao meu irmatildeo Iago pela paciecircncia e pelo apoio

incondicional ao longo de todos estes anos a todos os meus professores desde o Jardim

de Infacircncia ateacute a graduaccedilatildeo pelo carinho e dedicaccedilatildeo ao orientador professor e amigo

Otaacutevio Branco pela confianccedila e pelo incentivo aos colegas de turma e a todos que de

alguma forma cooperaram conosco para que este trabalho fosse realizado

iv

ldquoSeja vocecirc quem for seja qual for a posiccedilatildeo

social que vocecirc tenha na vida a mais alta ou

a mais baixa tenha sempre como meta muita

forccedila muita determinaccedilatildeo e sempre faccedila tudo

com muito amor e com muita feacute em Deus que

um dia vocecirc chega laacute

De alguma maneira vocecirc chega laacute rdquo

Ayrton Senna

v

RESUMO

As questotildees relacionadas a ocorrecircncia de deslizamentos e alagamentos eacute uma constante

no cotidiano urbano principalmente no periacuteodo chuvoso onde os problemas se tornam

evidentes Esses eventos nos uacuteltimos anos natildeo se restringiram somente a grandes cidades

mas tambeacutem a pequenos municiacutepios que sofrem por falta de recursos e de pessoal

especializado para prever e predizer trageacutedias advindas dos alagamentos e deslizamentos

de encostas provocados pela ocupaccedilatildeo desordenada em especial nas Aacutereas de

Preservaccedilatildeo Permanente Nos uacuteltimos 10 anos Santos Dumont tem sofrido

constantemente com o aumento do nuacutemero de casos de deslizamentos e principalmente

alagamentos por natildeo contar com um planejamento integrado e atuante na contenccedilatildeo de

tais eventos O objetivo geral desse trabalho eacute contribuir para a formulaccedilatildeo de poliacuteticas

puacuteblicas afim de corrigir e prevenir tais eventos na aacuterea urbana da cidade Para isso foi

gerado uma base de dados histoacutericos de um periacuteodo de 30 anos que associada ao

processamento de imagens obtidas atraveacutes de radares e sateacutelites proporcionou identificar

os pontos que merecem maior atenccedilatildeo e tambeacutem possibilitou atraveacutes de criteacuterio

quantitativo propor uma hierarquizaccedilatildeo dos bairros que merecem prioridade em

investimentos relacionados a contenccedilatildeo de riscos Com a combinaccedilatildeo de mapas e a

comparaccedilatildeo entre o estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor e o levantamento

histoacuterico feito a partir de dados primaacuterios pode-se observar que a maioria dos casos de

alagamentos e parte dos deslizamentos ocorrem na faixa de APP de curso hiacutedrico

Tambeacutem pode se estabelecer uma relaccedilatildeo entre o tamanho do bairro e o nuacutemero de

eventos relacionados a deslizamentos

vi

ABSTRACT

Issues related to the occurrence of landslides and flooding is a constant in urban daily life

particularly in the rainy season where the problems become evident These events in

recent years were not restricted only to large cities but also small towns which suffer

from lack of resources and specialized staff to anticipate and predict resulting tragedies

of the floods and landslides caused by the disorderly occupation especially in Permanent

Preservation areas Over the past 10 years Santos Dumont has been constantly increasing

number of cases of landslides and especially flooding for not having an integrated

planning and active in the containment of such events The aim of this study is to

contribute to the formulation of public policies in order to correct and prevent such events

in the urban area of the city For it was generated a historical data base for a period of 30

years associated with the processing of images obtained by radar and satellites provided

identify the points that deserve more attention and also made possible through

quantitative criterion propose a hierarchy of neighborhoods that deserve priority in

investments related to risk containment With the combination of maps and the

comparison between the study for the preparation of the Master Plan and the historical

survey from primary data can be observed that most of the cases of flooding and some

landslides occur in the course of APP range water You can also establish a relationship

between the neighborhood size and the number of related events to landslides

vii

SUMAacuteRIO

LISTA DE FIGURAS 2

LISTA DE TABELAS E QUADROS 4

1 INTRODUCcedilAtildeO 5

2 OBJETIVOS 6

21 Objetivo geral 6

22 Objetivos especiacuteficos 6

3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 7

31 Conceitos Fundamentais 7

311 Aacutereas de risco 7

312 Deslizamentos 8

313 Alagamentos 8

314 Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente 9

315 Uso e ocupaccedilatildeo do solo 9

32 Legislaccedilatildeo Pertinente 10

321 As adequaccedilotildees da legislaccedilatildeo ao longo dos anos 10

322 O Novo Coacutedigo Florestal e a legislaccedilatildeo mineira 11

323 O Plano Diretor 13

3231 O Plano Diretor de Santos Dumont 14

33 O Municiacutepio de Santos Dumont 16

331 De Arraial a cidade 16

332 Santos Dumont na atualidade 19

4 METODOLOGIA 20

41 Aacuterea de estudo 20

42 Levantamento e tratamento dos dados 21

5 RESULTADOS 23

51 Levantamento histoacuterico de alagamentos e deslizamentos 23

512 O Plano diretor e as APPs 31

52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis 40

521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta 41

6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees 46

7 Anexos 48

71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont 49

72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos

(1984-2014) 51

8 Referecircncias Bibliograacuteficas 53

2

LISTA DE FIGURAS

Paacuteg

Figura 31 Vista parcial do Arraial de Joatildeo Gomes 17

Figura 32 Municiacutepio de Palmyra na deacutecada de 1920 18

Figura 33 Municiacutepio de Santos Dumont em 2014 19

Figura 41 Localizaccedilatildeo da aacuterea urbana principal 20

Figura 42 Mapa da aacuterea urbana principal com a localizaccedilatildeo dos

bairros

21

Figura 51 Deslizamento no bairro Coacuterrego do Ouro 25

Figura 52 Alagamento na regiatildeo central de Santos Dumont em 2013 26

Figura 53 Pontos de Alagamento obtidos atraveacutes do levantamento

histoacuterico

27

Figura 54 Pontos de Deslizamento obtidos atraveacutes do levantamento

histoacuterico

27

Figura 55 Aacutereas propensas a deslizamento de acordo com o Plano

Diretor de Santos Dumont

29

Figura 56 Aacutereas propensas a alagamento de acordo com o Plano

Diretor de Santos Dumont

29

Figura 57 Aacutereas propensas a alagamento do estudo do Plano Diretor

complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do

levantamento

30

Figura 58 Aacutereas propensas a deslizamento do estudo do Plano

Diretor complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do

levantamento

31

Figura 59 Zoneamento urbano da aacuterea urbana principal 32

Figura 510 Combinaccedilatildeo entre as declividades importantes incluindo

as APPs e o zoneamento urbano

34

Figura 511 Combinaccedilatildeo entre as APPs de curso hiacutedrico e as zonas de

planejamento

35

Figura 512 Mapa de usos do solo da aacuterea urbana principal de Santos

Dumont

36

Figura 513 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na

aacuterea urbana principal

37

Figura 514 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na

aacuterea urbana principal

38

Figura 515 Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a

deslizamentos na regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

39

Figura 516 Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a

alagamentos na regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

39

3

Figura 517 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de

deslizamentos

44

Figura 518 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de

alagamentos

45

4

LISTA DE TABELAS E QUADROS

Paacuteg

Tabela 51 Ocorrecircncias de alagamento e deslizamento obtidos

atraveacutes do levantamento histoacuterico

28

Tabela 52 Assinaturas da combinaccedilatildeo Declividade x Zoneamento 34

Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x

Zoneamento

36

Quadro 51 Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco 42

5

1 INTRODUCcedilAtildeO

Quando o ser humano deixou de seguir uma vida nocircmade e passou a se fixar em locais

em geral proacuteximos a cursos drsquoaacutegua e de aacutereas propicias ao cultivo de alimentos iniciou-

se o processo de implantaccedilatildeo de pequenas comunidades e quando estas comunidades

comeccedilaram a crescer natildeo soacute em quantidade mas tambeacutem do ponto de vista

organizacional deu-se iniacutecio a formaccedilatildeo das cidades tal como conhecemos hoje Como

resultado deste processo um sem-fim de problemas relacionados agrave estas ocupaccedilotildees

surgiram tanto de cunho ambiental quanto social e dentre estes problemas estatildeo

incluiacutedos os desastres naturais relacionados a deslizamentos e alagamentos por conta da

ocupaccedilatildeo em aacutereas natildeo adequadas a este fim

Nos uacuteltimos anos o Brasil tem vivenciado grandes trageacutedias relacionadas a deslizamentos

e alagamentos Uma boa parte destes eventos teve como fator agravante as ocupaccedilotildees

sem criteacuterio e sem orientaccedilatildeo teacutecnica Um exemplo recente aconteceu no Vale do Itajaiacute

em Santa Catarina em novembro de 2008 durante um periacuteodo com chuvas intensas em

que vaacuterias cidades entraram em situaccedilatildeo de calamidade puacuteblica devido ao grande nuacutemero

de casos de alagamento e graves deslizamentos de encostas causando a morte de vaacuterias

pessoas na regiatildeo No Estado do Rio de Janeiro em 2010 o Morro do Bumba em Niteroacutei

sofreu com um grave deslizamento que deixou um grande nuacutemero de mortos As casas

foram construiacutedas sobre um antigo lixatildeo sem nenhuma orientaccedilatildeo e com as intensas

chuvas que assolaram a regiatildeo naquela eacutepoca a encosta veio a baixo causando o desastre

Outra trageacutedia relevante aconteceu na regiatildeo Serrana do Rio de Janeiro que foi

considerada ateacute entatildeo a maior trageacutedia climaacutetica da histoacuteria do paiacutes com pouco mais de

500 mortos e um prejuiacutezo material incalculaacutevel no ano de 2011 Em comum a todos estes

fatos estaacute a falta de um planejamento efetivo por parte dos oacutergatildeos municipais no que diz

respeito ao disciplinamento do uso e ocupaccedilatildeo do solo e a fiscalizaccedilatildeo do cumprimento

da legislaccedilatildeo vigente

A cidade de Santos Dumont Minas Gerais natildeo eacute exceccedilatildeo a esta regra Como a grande

maioria das comunidades estabelecidas ao longo da Estrada Real a cidade surgiu como

um pequeno rancho cujo objetivo era servir de pouso para os viajantes que faziam o

transporte de pedras e metais preciosos das minas de Ouro Preto ateacute o Rio de Janeiro

Posteriormente a regiatildeo se desenvolveu como importante entreposto industrial e

comercial a partir da instalaccedilatildeo da ferrovia D Pedro II ateacute que no final do seacuteculo XIX

se transforma em vila e logo apoacutes em municiacutepio O desenvolvimento da regiatildeo implicou

tambeacutem no crescimento populacional e como naquela eacutepoca ainda natildeo havia uma

legislaccedilatildeo especiacutefica para ordenamento e uso do solo os loteamentos foram surgindo agraves

margens do Ribeiratildeo das Posses e em aacutereas cuja declividade natildeo era favoraacutevel agrave ocupaccedilatildeo

6

o que consequentemente acarretou deslizamentos de terra e alagamentos inclusive com

o registro de algumas trageacutedias ao longo dos anos

Pretende-se que este trabalho sirva como subsidio ao gestor puacuteblico local visando o

estabelecimento de poliacuteticas puacuteblicas integradas aos setores de meio ambiente e defesa

civil com vistas a garantir a seguranccedila de todos os muniacutecipes e a qualidade de vida em

todo o territoacuterio municipal

2 OBJETIVOS

21 Objetivo geral

O objetivo geral deste trabalho eacute contribuir para o estabelecimento de poliacuteticas puacuteblicas

direcionadas ao disciplinamento do uso e ocupaccedilatildeo do solo urbano no municiacutepio de

Santos Dumont

22 Objetivos especiacuteficos

Satildeo objetivos especiacuteficos

Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a

aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes

urbanos

Caracterizar o uso irregular do solo urbano em Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente

Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las

com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)

Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos

catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30

anos

Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do

solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental

7

Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais

negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea

impactada

3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

A seguir eacute apresentada a revisatildeo bibliograacutefica que fundamenta o desenvolvimento e o

pleno entendimento deste trabalho O conhecimento do que satildeo aacutereas de risco

alagamentos e deslizamentos bem como o que eacute e qual a importacircncia de um Plano Diretor

eacute de suma importacircncia para se avaliar como um municiacutepio estaacute se desenvolvendo e qual

a qualidade de vida dos muniacutecipes Tambeacutem satildeo abordados neste capiacutetulo os aspectos

legais referentes agraves Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente seus limites e sua importacircncia para

o ambiente urbano

31 Conceitos Fundamentais

311 Aacutereas de risco

De acordo com o Instituto de Pesquisas Tecnoloacutegicas ndash IPT entende-se como aacuterea de

risco aquela ldquopassiacutevel de ser atingida por fenocircmenos ou processos naturais eou induzidos

que causem efeito adverso As pessoas que habitam essas aacutereas estatildeo sujeitas a danos agrave

integridade fiacutesica perdas materiais e patrimoniaisrdquo (MINISTEacuteRIO DAS CIDADES

2007)

Para Augusto Filho et al (1990) apud Cristo (2002) aacuterea de risco eacute caracterizada como

aquela em que ldquose encontra em situaccedilatildeo de perigo tanto socialmente quanto

economicamente por conta de alguma alteraccedilatildeo na constituiccedilatildeo do terreno ou com grande

probabilidade de ocorrer processos naturaisrdquo

Segundo Fernandes (2012) aacutereas de risco ldquosatildeo aacutereas consideradas improacuteprias ao

assentamento humano por estarem sujeitas a riscos naturaisrdquo

Diante das definiccedilotildees supracitadas pode-se dizer que aacuterea de risco satildeo aacutereas susceptiacuteveis

agrave accedilatildeo de eventos naturais extremos e por esse motivo natildeo eacute viaacutevel agrave ocupaccedilatildeo humana

nestes locais e pode ou natildeo estar associados agrave proximidade ou nos limites de uma APP

8

312 Deslizamentos

Segundo Tominaga (2009) deslizamento eacute o movimento de solo em uma vertente pela

accedilatildeo da gravidade e satildeo mais frequentes em regiotildees de relevo montanhoso e em periacuteodos

chuvosos sendo a pluviosidade um dos principais fatores condicionantes para a ocorrecircncia

do processo Os deslizamentos podem ocorrer naturalmente e eacute grande responsaacutevel pela

dinacircmica das vertentes e evoluccedilatildeo do relevo local mas no Brasil a falta de planejamento

urbano de uma boa parte dos municiacutepios a ocupaccedilatildeo desordenada e a construccedilatildeo de

domiciacutelios sem orientaccedilatildeo teacutecnica tecircm transformado um processo natural em um

problema que algumas vezes se tornam grandes trageacutedias Na regiatildeo Sudeste brasileira o

escorregamento do tipo rotacional eacute o mais comum e eacute caracterizado por uma ruptura

curva no solo que estaacute geralmente associada agrave realizaccedilatildeo de cortes na base do talude ou

por processos erosivos fluviais o que relaciona esse tipo de escorregamento agraves regiotildees

urbanas mal planejadas e coloca o homem como o principal agente efetivo associado com

a pluviosidade na ocorrecircncia de acidentes relacionados com deslizamentos

(FERNANDES amp AMARAL 1996 apud TOMINAGA 2009)

313 Alagamentos

De acordo com Amaral amp Ribeiro (2009) inundaccedilotildees e enchentes satildeo processos

intimamente relacionados com a pluviosidade pois satildeo frequentes em periacuteodos de chuvas

fortes e raacutepidas ou chuvas de longa duraccedilatildeo e estatildeo relacionados agrave intensidade e

distribuiccedilatildeo da precipitaccedilatildeo ao longo da bacia agrave capacidade do solo de reter e infiltrar

aacutegua e agraves caracteriacutesticas de forma da bacia de drenagem

O escoamento das aacuteguas pluviais na natureza eacute lento mas em aacutereas urbanizadas a accedilatildeo

antroacutepica relacionada a ocupaccedilatildeo de planiacutecies de inundaccedilatildeo que podem estar inclusive

em uma cota abaixo do leito do rio impermeabilizaccedilatildeo do solo e retificaccedilatildeo de corpos

drsquoaacutegua aleacutem de inuacutemeras atividades que promovem o assoreamento dos rios e coacuterregos

tem gerado resultados catastroacuteficos e grandes prejuiacutezos (AMARAL amp RIBEIRO 2009)

Quando se refere agraves regiotildees urbanas o termo ldquoalagamentordquo eacute o mais utilizado e segundo

o Ministeacuterio das Cidades (2006) define-se como o ldquoacuacutemulo momentacircneo de aacuteguas em

uma dada aacuterea por problemas no sistema de drenagem podendo ter ou natildeo relaccedilatildeo com

processos de natureza fluvialrdquo Tambeacutem o termo ldquoenxurradardquo eacute utilizado e define-se como

o ldquoescoamento superficial concentrado e com alta energia de transporte que pode ou natildeo

estar associado a aacutereas de domiacutenio dos processos fluviais Eacute comum a ocorrecircncia de

enxurradas ao longo de vias implantadas sobre antigos cursos drsquoaacutegua com alto gradiente

hidraacuteulico e em terrenos com alta declividade naturalrdquo

9

314 Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente

O Novo Coacutedigo Florestal Brasileiro define Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP) como

ldquoaacuterea protegida coberta ou natildeo por vegetaccedilatildeo nativa com a funccedilatildeo ambiental de

preservar os recursos hiacutedricos a paisagem a estabilidade geoloacutegica e a biodiversidade

facilitar o fluxo gecircnico de fauna e flora proteger o solo e assegurar o bem-estar das

populaccedilotildees humanasrdquo (BRASIL2012) Estas aacutereas satildeo muito importantes tanto no meio

urbano como no rural por garantir a estabilidade do solo em encostas iacutengremes contribuir

para a natildeo formaccedilatildeo de processos erosivos e o assoreamento de rios e coacuterregos aleacutem de

garantir a recarga de aquiacuteferos ao atuar como um amortecedor de chuvas retendo-a e

impedindo que ocorra um carreamento intenso de sedimentos ao longo dos morros e

margens de rios e coacuterregos (SKORUPA 2004) A Lei 126512012 apresenta os tipos de

APP e seus limites conforme seraacute visto no item 322

315 Uso e ocupaccedilatildeo do solo

Dentre os vaacuterios mecanismos de ordenamento urbano e instrumentos de planejamento

municipal previsto no Estatuto da Cidade (Lei Federal 102572001) o uso e ocupaccedilatildeo

do solo satildeo os mais utilizados pelas cidades para a formulaccedilatildeo das poliacuteticas urbanas

podendo definir o uso como a forma como esta parcela do solo eacute utilizada e a ocupaccedilatildeo

como sendo o modo como as edificaccedilotildees devem ser dispostas nesta mesma parcela do

solo urbano (TAKEDA 2015) O termo ldquoUso e ocupaccedilatildeo do solordquo tambeacutem pode ser

definido como o fator que determina como as mais diferentes regiotildees de um municiacutepio

deve se desenvolver (FONTOURA 2015)

A inserccedilatildeo de leis municipais de uso e ocupaccedilatildeo do solo objetivam ser uma referecircncia

para os gestores locais no processo de tomada de decisatildeo para que as cidades cresccedilam de

modo organizado enfatizando os potenciais e capacidades de cada regiatildeo aleacutem de tornar

o crescimento mais homogecircneo Com isso pretende-se evitar a formaccedilatildeo de grandes

adensamentos em pequenas aacutereas garantindo a mobilidade e a qualidade de vida de todos

os muniacutecipes tanto da regiatildeo urbana como da rural preservar e melhorar a qualidade

ambiental do municiacutepio aleacutem de evitar deslizamentos e alagamentos por conta da

ocupaccedilatildeo incorreta do solo (TAKEDA 2015)

10

32 Legislaccedilatildeo Pertinente

321 As adequaccedilotildees da legislaccedilatildeo ao longo dos anos

A problemaacutetica relacionada agraves APPs em aacutereas urbanas outrora era uma questatildeo complexa

e demandava uma larga discussatildeo do ponto de vista juriacutedico administrativo e teacutecnico Eacute

sabido que a maioria das cidades se formaram proacuteximos aos corpos hiacutedricos regiatildeo que

garantia o abastecimento de aacutegua e alimentos agrave populaccedilatildeo e tambeacutem facilitava o descarte

dos efluentes A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 225 daacute garantia aos

brasileiros de um meio ambiente em equiliacutebrio e concede agrave toda a sociedade o dever de

preservaacute-lo de acordo com os princiacutepios do desenvolvimento sustentaacutevel (BRASIL

1988) Antes desta Constituiccedilatildeo jaacute havia um texto que regulamentava a questatildeo da

preservaccedilatildeo de aacutereas verdes em todo o territoacuterio nacional A Lei Federal nordm 477165 que

trata do Coacutedigo Florestal estabelecia limites e regulamentava as Aacutereas de Preservaccedilatildeo

Permanente De acordo com Arauacutejo (2002) apud De Moraes (2014) essa Lei que fora

revogada e substituiacuteda pela Lei 126512012 era bastante falha no que diz respeito agraves

questotildees de APPS em aacutereas urbanas o que poderia ser um facilitador do natildeo cumprimento

do que foi proposto por aquela legislaccedilatildeo nestas aacutereas Isso se devia ao fato de o Coacutedigo

Florestal de 1965 ter deixado uma duacutevida sobre qual legislaccedilatildeo seguir uma vez que em

seu segundo artigo no paraacutegrafo uacutenico estava disposto que em aacutereas urbanas devia-se

atentar para a legislaccedilatildeo referente ao Plano Diretor e as referentes ao uso do solo na aacuterea

do municiacutepio (BRASIL 1965) Diante dessa conjuntura alguns municiacutepios optavam pela

natildeo aplicaccedilatildeo do Coacutedigo Florestal na regiatildeo urbana mesmo sabendo que a poliacutetica

conservacionista eacute extremamente importante visto o grande nuacutemero de problemas que

podem advir do uso irregular das APPs (DE MORAES 2009) Segundo o artigo 182 da

Constituiccedilatildeo Federal de 1988 as poliacuteticas relacionadas ao desenvolvimento urbano

devem ser elaboradas pelos municiacutepios e objetiva garantir o bem estar dos muniacutecipes e

tambeacutem o desenvolvimento do municiacutepio como um todo atraveacutes do atendimento agraves

exigecircncias do Plano Diretor (BRASIL 1988) O que podia gerar alguma divergecircncia seria

se o Plano Diretor Municipal propusesse uma faixa de APP menor que a prevista pelo

Coacutedigo Florestal Sendo assim essa legislaccedilatildeo perderia sua validade pelo fato de a

legislaccedilatildeo federal ser suplementar ou se seria cumprida devido ao disposto no artigo 182

da Constituiccedilatildeo Segundo De Moraes (2009) natildeo eacute aceitaacutevel que o Plano Diretor

Municipal legitime tal degradaccedilatildeo ambiental uma vez que um dos seus principais

objetivos eacute a proteccedilatildeo do bem estar puacuteblico estando incluiacutedo nesse a proteccedilatildeo do

ambiente natural A delimitaccedilatildeo e especificaccedilatildeo das APPs em Lei eacute necessaacuteria uma vez

que os limites miacutenimos destinados agrave preservaccedilatildeo satildeo importantes pois garantem a

proteccedilatildeo tanto da qualidade quanto da quantidade dos recursos hiacutedricos e evitam a

ocupaccedilatildeo em locais propiacutecios aos deslizamentos e zonas de recarga dos aquiacuteferos

11

subterracircneos assegurando tambeacutem de certa forma a integridade dos seres humanos que

potencialmente ocupariam tais locais (CARVALHO 2013)

Neste trabalho a legislaccedilatildeo tomada como referecircncia eacute a prevista pela Constituiccedilatildeo Federal

de 1988 o Novo Coacutedigo Florestal (Lei 126512012) e o Estatuto das Cidades (Lei

102572001) em acircmbito federal Na esfera estadual a Lei 209222013 versa sobre os

limites para APP em todo o territoacuterio de Minas A Lei Municipal 42412012 trata do

Plano Diretor Municipal da cidade de Santos Dumont onde se encontra as diretrizes para

o uso e ocupaccedilatildeo do solo e o zoneamento da cidade de acordo com as caracteriacutesticas do

solo entre outras

322 O Novo Coacutedigo Florestal e a legislaccedilatildeo mineira

O Novo Coacutedigo Florestal Lei Federal 126512012 substituiu a Lei Federal 47711965

Dentre os vaacuterios artigos que esta lei possui o que apresenta maior importacircncia para o

planejamento e o ordenamento das cidades tanto na aacuterea urbana como na rural eacute o artigo

4ordm em que constam as faixas de APP tanto para curso hiacutedrico como para declividade e

altitude aleacutem dos topos de morro a saber (BRASIL2012)

ldquoArt 4ordm Considera-se Aacuterea de Preservaccedilatildeo

Permanente em zonas rurais ou urbanas para os

efeitos desta Lei

I - as faixas marginais de qualquer curso drsquoaacutegua

natural perene e intermitente excluiacutedos os

efecircmeros desde a borda da calha do leito regular

em largura miacutenima de

a) 30 (trinta) metros para os cursos drsquoaacutegua de

menos de 10 (dez) metros de largura

b) 50 (cinquenta) metros para os cursos drsquoaacutegua

que tenham de 10 (dez) a 50 (cinquenta) metros de

largura

()

IV - as aacutereas no entorno das nascentes e dos olhos

drsquoaacutegua perenes qualquer que seja sua situaccedilatildeo

topograacutefica no raio miacutenimo de 50 (cinquenta)

metros

12

V - as encostas ou partes destas com declividade

superior a 45deg equivalente a 100 (cem por

cento) na linha de maior declive

()

IX - no topo de morros montes montanhas e

serras com altura miacutenima de 100 (cem) metros e

inclinaccedilatildeo meacutedia maior que 25deg as aacutereas

delimitadas a partir da curva de niacutevel

correspondente a 23 (dois terccedilos) da altura

miacutenima da elevaccedilatildeo sempre em relaccedilatildeo agrave base

sendo esta definida pelo plano horizontal

determinado por planiacutecie ou espelho drsquoaacutegua

adjacente ou nos relevos ondulados pela cota do

ponto de sela mais proacuteximo da elevaccedilatildeo

X - as aacutereas em altitude superior a 1800 (mil e

oitocentos) metros qualquer que seja a

vegetaccedilatildeo

()rdquo

A legislaccedilatildeo atual em seu artigo 4ordm evidencia que as faixas e aacutereas determinadas como

APP compreendem tanto as aacutereas rurais quanto urbanas (BRASIL 2012) retirando a

duacutevida anterior e sendo essa a Lei suplementar qualquer faixa de APP mais permissiva

na legislaccedilatildeo estadual e municipal satildeo invaacutelidas o que simplificou de certa forma a

aplicabilidade da Legislaccedilatildeo referente a Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente

No Estado de Minas Gerais a Lei Estadual 20922 de 16 de Outubro de 2013 trata do tema

em acircmbito estadual mas com os mesmos princiacutepios propostos pela Lei Federal sendo os

limites miacutenimos previstos para as APPs os mesmos propostos pelo Novo Coacutedigo

Florestal brasileiro (MINAS GERAIS2013)

ldquo Art 9ordm Para os efeitos desta Lei em zonas rurais

ou urbanas satildeo APPs

I as faixas marginais de cursos drsquoaacutegua naturais

perenes e intermitentes excluiacutedos

os efecircmeros medidas a partir da borda da calha

do leito regular em largura miacutenima de

13

a) 30m (trinta metros) para os cursos drsquoaacutegua de

menos de 10m (dez metros) de largura

b) 50m (cinquenta metros) para os cursos drsquoaacutegua

de 1 0m (dez metros) a 50m (cinquenta metros) de

largura

()

IV as aacutereas no entorno das nascentes e dos olhos

drsquoaacutegua perenes no raio miacutenimo de 50m

(cinquenta metros)

V as encostas ou partes destas com declividade

superior a 45ordm (quarenta e cinco graus)

equivalente a 100 (cem por cento) na linha de

maior declive

()

VII no topo de morros montes montanhas e

serras com altura miacutenima de 100m (cem metros)

e inclinaccedilatildeo meacutedia maior que 25ordm (vinte e cinco

graus) as aacutereas delimitadas a partir da curva de

niacutevel correspondente a 23 (dois terccedilos) da altura

miacutenima da elevaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave base sendo esta

definida pelo plano horizontal determinado por

planiacutecie ou espelho drsquoaacutegua adjacente ou nos

relevos ondulados pela cota do ponto de sela mais

proacuteximo da elevaccedilatildeo

VIII as aacutereas em altitude superior a 1 800m (mil

e oitocentos metros)

()rdquo

323 O Plano Diretor

O Estatuto das Cidades em seu artigo 40 prevecirc o plano diretor como um instrumento

capaz de promover a poliacutetica urbana englobando toda a cidade aleacutem de fornecer padrotildees

e limites para o uso do solo nas mais diversas regiotildees do municiacutepio com vistas a

harmonizar o desenvolvimento urbano com a preservaccedilatildeo do meio ambiente (SILVA JR

2006) Este instrumento eacute obrigatoacuterio para cidades com mais de 20 mil habitantes ou

14

aacutereas que integrem regiotildees metropolitanas ou de interesse turiacutestico O artigo 41 do

Estatuto das cidades tambeacutem prevecirc a obrigatoriedade do Plano Diretor para cidades que

possuem em sua aacuterea empreendimentos que caracterizem grandes impactos ambientais

de influecircncia regional ou nacional e cidades que possuem problemas com deslizamentos

de grande magnitude ou alagamentos repentinos (BRASIL 2001)

O Plano diretor de acordo com o Estatuto das Cidades deve ser aprovado como lei em

acircmbito municipal e revisto a cada dez anos Este documento eacute uacutenico pois cada cidade

possui suas peculiaridades infraestrutura vocaccedilotildees e problemas que por mais que sejam

parecidos entre si satildeo diferenciados pela intensidade e pela regionalizaccedilatildeo Sendo assim

a confecccedilatildeo do Plano Diretor deve conter a participaccedilatildeo de toda a comunidade local de

forma a reduzir as desigualdades sociais os gastos puacuteblicos desnecessaacuterios a degradaccedilatildeo

ambiental e combater os problemas relacionados a urbanizaccedilatildeo de forma conjunta

promovendo um processo de tomada de decisatildeo que garanta a qualidade de vida

preservaccedilatildeo e o desenvolvimento social do municiacutepio como um todo (ROSSBACH amp

CARVALHO 2010)

3231 O Plano Diretor de Santos Dumont

A Lei Municipal nordm 424112 que entrou em vigor no ano de 2014 trata do Plano Diretor

Municipal instrumento previsto no Estatuto das Cidades para garantir aos cidadatildeos um

desenvolvimento urbano organizado justo e sustentavelmente econocircmico (BRASIL

2001) Aleacutem de apontar as diretrizes para a elaboraccedilatildeo da Poliacutetica Municipal dos mais

variados setores o Plano Diretor divide o municiacutepio em macrozonas urbanas e rurais

Estas zonas tecircm por objetivo facilitar a identificaccedilatildeo dos setores que permitem ou natildeo o

desenvolvimento da cidade e em que magnitude pode ser feita a expansatildeo respeitando ao

meio ambiente e tambeacutem o que eacute previsto no tocante ao uso e ocupaccedilatildeo do solo nessas

aacutereas Aleacutem disso ela estabelece a forma como devem ser as edificaccedilotildees nas referidas

aacutereas As aacutereas definidas como macrozonas urbanas e foram subdivididas em (SANTOS

DUMONT2012)

ldquoZona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e

da Paisagem (ZPPH) satildeo as aacutereas cujos

equipamentos urbanos possuem interesse

histoacuterico ou paisagiacutestico de preservaccedilatildeo

Zona de Preservaccedilatildeo Ambiental satildeo aquelas em

que devem ser mantidas ou recuperadas a

15

vegetaccedilatildeo por conta da declividade altitude ou

presenccedila de recursos hiacutedricos

Zona de Adensamento Controlado (ZAC) satildeo as

aacutereas em que deve-se manter uma pequena

densidade populacional devido as limitaccedilotildees na

infraestrutura da localidade A ZAC se divide em

ZAC 1 quando a infraestrutura existente eacute

limitada e em ZAC 2 quando esta eacute precaacuteria ou

natildeo existe

Zona de Consolidaccedilatildeo de Adensamento (ZCA)

satildeo as aacutereas em que haacute interesse em ocupar os

lotes vagos haja visto que a regiatildeo possui toda a

infraestrutura para que isto aconteccedila

Zona Adensaacutevel (ZA) satildeo as aacutereas com

condiccedilotildees propiacutecias para ocorrer uma ocupaccedilatildeo

mais densa

Zona Especial de Interesse Social (ZEIS) satildeo as

aacutereas em que o Poder Puacuteblico almeja fazer

alguma forma de ocupaccedilatildeo Eacute dividida em ZEIS 1

e ZEIS 2 A ZEIS 1 satildeo regiotildees jaacute ocupadas mas

de forma irregular cujo interesse puacuteblico eacute

realizar obras e outras atividades para

regularizar as ocupaccedilotildees e urbanizar a aacuterea

enquanto que a ZEIS 2 satildeo aacutereas natildeo utilizadas ou

subutilizadas as quais o poder puacuteblico almeja

realizar algum empreendimento habitacional de

caraacuteter social

Zona de Grandes Equipamentos (ZE) satildeo aacutereas

cujo o interesse eacute a implantaccedilatildeo de

empreendimentos de grande porte ou grandes

equipamentos puacuteblicosrdquo

Esta divisatildeo espacial pode ser melhor vista no Anexo 71

O Plano Diretor natildeo estipula limites para APP mas prevecirc algumas diretrizes como na

Poliacutetica Municipal de Preservaccedilatildeo do Meio Ambiente sobre o uso do solo em

compatibilidade com praacuteticas conservacionistas A Poliacutetica Municipal de Expansatildeo

16

Urbana tem como uma de suas diretrizes fazer cumprir a legislaccedilatildeo vigente no que diz

respeito agraves intervenccedilotildees e investimentos que poderatildeo ser feitos nessas aacutereas Tambeacutem eacute

diretriz da mesma Poliacutetica o controle da ocupaccedilatildeo e do uso do solo em APPs e o auxiacutelio

aos oacutergatildeos estaduais e federais de meio ambiente no tocante agrave fiscalizaccedilatildeo da ocupaccedilatildeo

nestas aacutereas (SANTOS DUMONT 2012) O artigo 38 que trata das diretrizes da Poliacutetica

habitacional de interesse social exclui do processo de regularizaccedilatildeo fundiaacuteria os

assentamentos situados em aacutereas de risco o que na maioria das vezes estatildeo tambeacutem nas

aacutereas que deveriam estar vegetadas e protegidas (SANTOS DUMONT 2012) Na

legislaccedilatildeo referente ao parcelamento do solo eacute previsto que no parcelamento de glebas

com declividade entre 30 e 47 soacute poderaacute ser aprovado mediante projeto e laudo

assinado por um responsaacutevel teacutecnico favoraacutevel agrave construccedilatildeo nesse local (SANTOS

DUMONT 2012) Diante do proposto pelo Plano Diretor de Santos Dumont pode-se

dizer que natildeo haacute conflito com a legislaccedilatildeo federal e estadual em se tratando da

aplicabilidade do Coacutedigo Florestal uma vez que aquele natildeo explicita limites nem

permissivos e tampouco restritivos para faixas e aacutereas de preservaccedilatildeo permanente

33 O Municiacutepio de Santos Dumont

331 De Arraial a cidade

A aacuterea onde se situa hoje o municiacutepio de Santos Dumont teve sua ocupaccedilatildeo iniciada no

seacuteculo XVIII quando a Coroa Portuguesa solicitou ao entatildeo Governador do Rio de

Janeiro Artur de Saacute Menezes que abrisse um caminho que ligasse as Minas dos

Cataguases na regiatildeo de Ouro Preto (receacutem descobertas) ao Rio de Janeiro por onde

escoava os metais preciosos para a metroacutepole Surgiu assim o ldquoCaminho Novordquo e ao longo

deste caminho surgiram tambeacutem as Sesmarias aacutereas que tinham por principal objetivo

servir de pouso aos transportadores e exploradores e tambeacutem para garantir alimento a

estas pessoas Uma destas ocupaccedilotildees seria o ldquoArraial de Joatildeo Gomesrdquo (Figura 41)

primeiro nuacutecleo primitivo do municiacutepio em 1709 De iniacutecio prevaleciam somente

ranchos onde os viajantes se abrigavam mas em pouco tempo ergueu-se a Capela de Satildeo

Miguel e Almas e pequenos nuacutecleos urbanos comeccedilaram a surgir (DAPPC2008)

17

Figura 3 1 Vista parcial do Arraial de Joatildeo Gomes

Fonte Arquivo Histoacuterico de Santos Dumont-MG

Com a construccedilatildeo da Estrada de Ferro D Pedro II no final do seacuteculo XIX a regiatildeo teve

um consideraacutevel crescimento natildeo soacute populacional como tambeacutem econocircmico se tornando

a Vila Palmyra em 1889 Em 1890 Palmyra eacute elevada ao status de Municiacutepio (Figura 42)

e recebe um grande nuacutemero de melhorias no setor viaacuterio como a retificaccedilatildeo de ruas e

tambeacutem no setor de serviccedilos puacuteblicos como abastecimento de aacutegua iluminaccedilatildeo puacuteblica a

querosene e posteriormente energia eleacutetrica O desenvolvimento econocircmico na regiatildeo

tambeacutem teve seu momento aacuteureo nesse periacuteodo Induacutestrias de laticiacutenios graacuteficas e de

Carbureto de Caacutelcio fizeram parte do parque industrial de Palmyra o que atraiacutea pessoas

de outros lugares inclusive estrangeiros contribuindo para o aumento populacional da

regiatildeo Como ainda natildeo havia legislaccedilatildeo sobre uso e ocupaccedilatildeo do solo nessa eacutepoca

surgiram inuacutemeros loteamentos em aacutereas proacuteximas agrave rios e coacuterregos e tambeacutem em

encostas com declividade acentuada o que foi agravando o risco agrave medida que a ocupaccedilatildeo

aumentava (DAPPC2008)

18

Figura 3 2 Municiacutepio de Palmyra na deacutecada de 1920

Fonte Arquivo Histoacuterico de Santos Dumont-MG

O escoamento da produccedilatildeo industrial se dava pelo modal ferroviaacuterio setor que tambeacutem

movimentava a crescente cidade que era ponto importante no setor de transportes pois

possuiacutea um dos mais bem equipados depoacutesitos de locomotivas da Estrada de Ferro Central

do Brasil (DAPPC2008)

No ano de 1932 o municiacutepio de Palmyra passou a se chamar Santos Dumont (Figura 43)

em homenagem ao inventor do aviatildeo que nascera naquela cidade Nos uacuteltimos 40 anos

Santos Dumont tem experimentado uma acentuada desaceleraccedilatildeo econocircmica

consequecircncia do fechamento da grande maioria das induacutestrias principalmente as de

laticiacutenios que empregavam direta e indiretamente uma parte consideraacutevel da populaccedilatildeo

(DAPPC2008)

19

Figura 3 3 Municiacutepio de Santos Dumont em 2014

Fonte Arquivo do autor

332 Santos Dumont na atualidade

O municiacutepio de Santos Dumont localiza-se na regiatildeo da Zona da Mata mineira distante

cerca de 220 Km da capital Belo Horizonte e possui uma populaccedilatildeo de 47558 habitantes

(ODM 2015 projeccedilatildeo) numa aacuterea total de 637 kmsup2 Faz divisa com os municiacutepios de

Juiz de Fora Oliveira Fortes Bias Fortes Antocircnio Carlos Tabuleiro Piau e Ewbank da

Cacircmara

No que diz respeito agrave sua formaccedilatildeo fisiacuteco-geograacutefica a aacuterea que compreende o municiacutepio

eacute constituiacuteda predominantemente por Cambissolo Haacuteplico (70) com Latossolo

Vermelho-Amarelo (30) (UFV2010) A vegetaccedilatildeo eacute em sua maioria composta por

exemplares de Mata Atlacircntica De acordo com o IBGE(2015) Santos Dumont se localiza

a 839m de altitude O clima da regiatildeo eacute classificado como Tropical de Altitude (Cwb) e

possui uma temperatura meacutedia de 20ordmC Eacute banhado pela bacia hidrograacutefica do Paraiacuteba do

Sul e em sua maioria pertence agrave sub-bacia do Rio Pomba (IGAM) que fornece aacutegua para

abastecimento puacuteblico agrave 88 da populaccedilatildeo por meio da rede de distribuiccedilatildeo

(IBGE2010) Uma pequena parte da zona rural a sudoeste eacute banhada pela Sub-Bacia do

Rio Paraibuna mais precisamente na regiatildeo de fronteira com os municiacutepios de Juiz de

Fora e Ewbank da Cacircmara O sistema viaacuterio principal de acesso agrave cidade eacute a rodovia BR-

040 e a estrada de ferro Dom Pedro II atualmente utilizada somente para transporte de

cargas

Com a economia nos dias atuais baseada majoritariamente no setor de serviccedilos a cidade

possui um Iacutendice de Desenvolvimento humano (IDH) de 0741 (IBGE2010) Apesar do

decliacutenio econocircmico de Santos Dumont nota-se hoje um aumento no nuacutemero de

loteamentos populares e condomiacutenios horizontais e verticais entre outras edificaccedilotildees Eacute

de vital importacircncia que esse crescimento das ocupaccedilotildees seja ordenado e regulamentado

20

de forma a garantir a qualidade ambiental prevenindo deslizamentos e inundaccedilotildees Diante

dessa conjuntura o governo municipal aprovou em 2012 a Lei nordm 4241 que trata do Plano

Diretor Participativo instrumento baacutesico da poliacutetica de desenvolvimento e expansatildeo

urbana do municiacutepio de Santos Dumont

4 METODOLOGIA

41 Aacuterea de estudo

A regiatildeo dentro dos limites do municiacutepio que seraacute estudada neste trabalho eacute conforme

descrito nos anexos Plano Diretor e representada na figura 44 a aacuterea urbana principal

que possui 47 Kmsup2 e compreende a regiatildeo central da cidade e os bairros perifeacutericos regiatildeo

que concentra cerca de 90 da populaccedilatildeo total de Santos Dumont (IBGE 2015) A aacuterea

urbana principal representa 75 da aacuterea total dos 637 Kmsup2 que compreendem o

municiacutepio e eacute o local onde nos uacuteltimos 30 anos se verificou um maior crescimento

populacional e tambeacutem onde ocorre a maioria dos eventos relacionados a deslizamentos

e alagamentos por conta da ocupaccedilatildeo sem planejamento A figura 45 mostra a aacuterea

urbana principal e a localizaccedilatildeo dos bairros urbanos de Santos Dumont

Figura 4 1 Localizaccedilatildeo da aacuterea urbana principal

Fonte Google Earth

21

Figura 4 2 Mapa da aacuterea urbana principal com a localizaccedilatildeo dos bairros

Fonte Do Autor

42 Levantamento e tratamento dos dados

No desenvolvimento deste trabalho foi necessaacuterio se fazer um estudo detalhado sobre o

Plano Diretor de Santos Dumont principalmente dos seus anexos que compreendem os

mapas e a localizaccedilatildeo das aacutereas definidas pelo zoneamento proposto Para que isso fosse

possiacutevel a Secretaria Municipal de Obras e Serviccedilos Puacuteblicos forneceu todos os dados

secundaacuterios produto do estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor e do

zoneamento Estes dados incluem os arquivos Shapefile (shp) e outros documentos

integrantes do Plano Diretor Algumas informaccedilotildees foram complementadas tambeacutem com

dados adquiridos atraveacutes do site do IBGE e do Portal Objetivos do Milecircnio (ODM)

Os dados sobre as ocorrecircncias de deslizamentos e alagamentos foram obtidos atraveacutes da

Defesa Civil do municiacutepio atraveacutes do Sistema Integrado de Informaccedilotildees sobre Desastres

(S2ID) do Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional Tal sistema centraliza as informaccedilotildees sobre

desastres naturais ocorridos em todo o territoacuterio nacional facilitando a pesquisa sobre tais

eventos a qualquer cidadatildeo (BRASIL 2015)

Apesar do sistema ser bastante uacutetil os dados sobre o municiacutepio de Santos Dumont se

encontravam bastante falhos e escassos sendo necessaacuteria complementaccedilatildeo para que a

22

base de dados ficasse consistente Diante disso uma pesquisa atraveacutes dos arquivos do

Jornal Mensagem um jornal semanaacuterio local foi feita entre os anos de 1984 e 2014 e os

dados primaacuterios filtrados em uma planilha do Microsoft Excel para posterior utilizaccedilatildeo

De posse destes dados foi feita a localizaccedilatildeo em campo das coordenadas dos locais

atingidos por deslizamentos e alagamentos no periacuteodo compreendido pela pesquisa com

o auxiacutelio de um aparelho de GPS

A maioria dos arquivos shapefile utilizados para a confecccedilatildeo dos mapas satildeo parte

integrante dos anexos da Lei do Plano diretor do municiacutepio gerados no mecircs de dezembro

de 2011 pelo Instituto Nova Cidade e foram cedidos pela Secretaria Municipal de Obras

e Serviccedilos Puacuteblicos com Datum em UTM SAD 69 Com a finalidade de fornecer um

referenciamento atualizado e de acordo com os mais novos sistemas de coordenadas

utilizados no Brasil os arquivos foram convertidos para o Datum UTM SIRGAS 2000

que diferencia do SAD 69 pelo fato de ser um referencial geocecircntrico ou seja o centro

da Terra eacute o ponto de referecircncia neste sistema enquanto que o primeiro utiliza um

referencial na superfiacutecie da Terra (IBGE2014) Eacute interessante ressaltar tambeacutem que o

SIRGAS 2000 se tornou no ano de 2014 o sistema de coordenadas oficial do Sistema

Geodeacutesico Brasileiro e do Sistema Cartograacutefico Nacional ambos mantidos pelo IBGE A

combinaccedilatildeo dos shapefiles foi feita com o software livre gvSIG e com estas combinaccedilotildees

foram gerados mapas importantes resultados para a execuccedilatildeo deste trabalho A maioria

dos mapas representam a regiatildeo urbana principal de Santos Dumont e foram produzidos

numa escala em torno de 140000 que de acordo com Rocha (2007) eacute uma escala viaacutevel

pois as recomendaacuteveis para trabalhos de anaacutelise ambiental em niacutevel municipal podem ser

entre 150000 e 110000 Alguns mapas cujo detalhamento natildeo eacute necessaacuterio foram

gerados na escala 1100000

Para a geraccedilatildeo dos mapas aleacutem dos arquivos fornecidos pela Secretaria de Obras e

Serviccedilos Puacuteblicos foram utilizados para a geraccedilatildeo do modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE)

e da localizaccedilatildeo dos topos de morro dados gerados pelo sistema de radar Advanced

Spacebone Thermal Emission and Reflection Radiometer (ASTER) que geram as curvas

de niacutevel do terreno com uma resoluccedilatildeo de 30m (NASA2014) O processamento dessas

imagens foi feito pelo software livre gvSIG As imagens geradas pelos sateacutelites

LANDSAT foram adquiridas no site da United States Geological Survey (USGS) e essas

imagens possibilitaram obter um panorama preciso do uso do solo em toda a aacuterea urbana

de Santos Dumont numa resoluccedilatildeo de 15 metros uma vez que foi utilizada a banda

pancromaacutetica do sateacutelite LANDSAT 8 aleacutem da combinaccedilatildeo das bandas 65 e 4

respectivamente que eacute a combinaccedilatildeo recomendada pela mantenedora dos sateacutelites para

anaacutelises deste tipo

23

No que diz respeito a identificaccedilatildeo de APPs em topo de morro a metodologia de Oliveira

amp Fernandes Filho (2013) por utilizar as mesmas bases de dados ateacute entatildeo usadas neste

trabalho foi a mais indicada

A metodologia de anaacutelise dos mapas gerados eacute a proposta pelo professor Jorge Xavier da

Silva do Laboratoacuterio de Geoprocessamento (LAGEOP) da Universidade Federal do Rio

de Janeiro e citada por Rocha (2007) Tal metodologia analisa as variaacuteveis em questatildeo

presentes na aacuterea e permite avaliar as possibilidades de relaccedilotildees entre essas variaacuteveis De

uma maneira geral este meacutetodo verifica o estado atual da aacuterea em estudo bem como das

variaacuteveis gerando inventaacuterios que servem para a construccedilatildeo de dados planimeacutetricos sejam

com as variaacuteveis isoladas ou combinadas Estes dados planimeacutetricos geram assinaturas

que permitem inferir sobre a influecircncia dessas variaacuteveis De posse dos dados gerados pelo

processo anteriormente citado pode-se fazer algumas prospecccedilotildees sobre os riscos

ambientais que a aacuterea pode sofrer ou o seu potencial ambiental (ROCHA 2007)

5 RESULTADOS

51 Levantamento histoacuterico de alagamentos e

deslizamentos

O aumento da demanda pelo uso do solo na regiatildeo urbana de Santos Dumont

principalmente no tocante agrave formaccedilatildeo de novos loteamentos e condomiacutenios nos uacuteltimos

anos eacute consideraacutevel mas tambeacutem haacute de se observar o crescimento dos bairros jaacute existentes

com pouco ou nenhum ordenamento Em ambos os casos se observa ocupaccedilotildees

irregulares em APP o que tem ocasionado um aumento na frequecircncia de deslizamentos

e inundaccedilotildees Eacute evidente que quanto maior a densidade populacional do bairro maior a

quantidade de ocorrecircncias ao longo dos anos (SPERFELD 2009)

De acordo com as ocorrecircncias registradas pela Defesa Civil do municiacutepio obtidas atraveacutes

da literatura utilizada nos uacuteltimos 30 anos Santos Dumont chegou a decretar situaccedilatildeo de

emergecircncia por conta de desastres envolvendo deslizamentos eou alagamentos por duas

vezes num espaccedilo de 10 anos conforme pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho

(BRASIL 2014 CEPED 2011)

Segundo os dados obtidos atraveacutes de pesquisa nos arquivos do semanaacuterio entre os anos

de 1984 e 2014 pode-se verificar que nos uacuteltimos 20 anos a cidade tem experimentado

24

um aumento consideraacutevel nos eventos relacionados a deslizamentos e principalmente

alagamentos como pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho Isso pode ter sido causado

dentre outros fatores pelo aumento do nuacutemero de vias pavimentadas com material

impermeaacutevel o que tem sobrecarregado tanto a infraestrutura existente para drenagem

urbana como tambeacutem a calha dos cursos drsquoaacutegua que passam pela regiatildeo urbana do

municiacutepio (ZANON2013)

Na deacutecada de 1980 (1984-1990) de acordo com os dados obtidos natildeo foram noticiados

eventos consideraacuteveis relacionados a deslizamentos e alagamentos em Santos Dumont

mas isso natildeo exclui a possibilidade de natildeo ter ocorrido tais eventos em menor escala

Na deacutecada de 1990 aconteceram uma seacuterie de ocorrecircncias tanto de deslizamentos quanto

de alagamentos No ano de 1997 num periacuteodo chuvoso intenso aconteceram

deslizamentos consideraacuteveis em vaacuterios bairros da cidade inclusive com desabamento de

casas e de ruas principalmente nos bairros Nossa Senhora da Gloacuteria e Quarto Depoacutesito

Em 1999 ocorreram alguns pontos de alagamento nos bairros Quarto Depoacutesito e Santo

Antocircnio com grandes prejuiacutezos materiais

A deacutecada de 2000 iniciou com o registro de deslizamentos em vaacuterios bairros da cidade

inclusive com desabamento de casas e pontes e alagamentos em importantes vias do

centro da cidade Observa-se ao longo desse periacuteodo o crescimento nas ocorrecircncias de

deslizamentos e de aacutereas com risco de deslizamento em muitos bairros de Santos Dumont

Um dos fatores importantes para esse crescimento foi a grande expansatildeo sofrida pela

maioria dos bairros e a falta de planejamento e orientaccedilatildeo por parte da prefeitura uma

vez que uma boa parte do crescimento dos bairros da cidade ocorreu ou proacuteximo a cursos

drsquoaacutegua ou em aacutereas com declividade improacutepria para se fazer construccedilotildees O bairro

Coacuterrego do Ouro (Figura 51) foi o que mais sofreu com ocorrecircncias de deslizamentos

nesse periacuteodo enquanto o bairro Santo Antocircnio foi que teve mais ocorrecircncias de

alagamentos

25

Figura 5 1 Deslizamento no bairro Coacuterrego do Ouro

Fonte Portal Cabangu

No iniacutecio deacutecada de 2010 (2011-2014) o centro da cidade foi a regiatildeo que mais sofreu

com alagamentos sendo registrado pelo menos uma ocorrecircncia por ano nessa aacuterea (Figura

52) Isso pode ser relacionado dentre outros fatores com as obras de modificaccedilatildeo do

tipo de pavimentaccedilatildeo das estradas por um material impermeaacutevel gerando uma sobrecarga

nos sistemas de drenagem urbana que foram projetados para um tipo de pavimento mais

permeaacutevel implicando tambeacutem na sobrecarga calha do Ribeiratildeo das Posses o principal

curso drsquoaacutegua que corta o centro da cidade e que se encontra em quase sua totalidade

ocupada em ambas as margens que cortam o centro da cidade

26

Figura 5 2 Alagamento na regiatildeo central de Santos Dumont em 2013

Fonte Portal Cabangu

Quanto agraves ocorrecircncias de deslizamento ao longo da referida deacutecada elas estiveram

espalhadas pelos bairros do municiacutepio tendo um maior nuacutemero de ocorrecircncias nos bairros

Santo Antocircnio Nossa Senhora da Gloacuteria e Aacutegua Espraiada Nos dois primeiros bairros

citados as ocorrecircncias podem ter sido ocasionadas pelo crescimento desordenado e sem

planejamento destes e no terceiro as ocorrecircncias satildeo relacionadas ao processo de

assoreamento do Ribeiratildeo das Posses o que pode ter gerado um aumento da velocidade

desse curso drsquoaacutegua causando problemas decorrentes do transporte de sedimentos da aacuterea

onde as casas foram construiacutedas que teve como consequecircncia os deslizamentos

Em resumo como pode ser observado nas figuras 53 e 54 na tabela 51 no periacuteodo de

1984 a 2014 os bairros mais afetados por alagamentos e deslizamentos satildeo Quarto

Depoacutesito Nossa Senhora da Gloacuteria Santo Antocircnio Coacuterrego do Ouro Antocircnio Afonso

Graminha e Vila Esperanccedila sendo que o bairro Coacuterrego do Ouro possui o maior nuacutemero

de ocorrecircncias de deslizamentos e o centro da cidade possui o maior nuacutemero de

ocorrecircncias de alagamentos no periacuteodo pesquisado Vale destacar que a aacuterea propiacutecia a

alagamentos no bairro Antocircnio Afonso natildeo identificada no estudo realizado pela

prefeitura constitui-se efetivamente numa aacuterea de risco conforme levantamento histoacuterico

realizado Esta aacuterea de risco se deve agrave diferenccedila de niacutevel negativa entre o rio Pinho e a

aacuterea do bairro estando este em desniacutevel com um risco iminente de inundaccedilotildees resultantes

da cheia desse curso drsquoaacutegua causando inuacutemeros transtornos aos moradores do local

27

Figura 5 3 Pontos de Alagamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico

Fonte Do autor

Figura 5 4 Pontos de deslizamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico

Fonte Do autor

28

Tabela 51 Ocorrecircncias de alagamentos e deslizamentos obtidos atraveacutes do

levantamento histoacuterico

Pontos de ocorrecircncia (1984-2014)

Bairros Alagamento Deslizamento

Aacutegua Espraiada 1 1

Antocircnio Afonso 1 0

Barra 0 1

Centro 7 1

Coacuterrego do Ouro 1 7

Flores 0 1

Graminha 1 0

Jardim Jaraguaacute 0 1

N Sra da Gloacuteria 0 4

N Sra das Graccedilas 1 0

Quarto Depoacutesito 3 2

Santo Antocircnio 4 2

Satildeo Sebastiatildeo 0 1

Vila Esperanccedila 0 1

Fonte Do autor

De acordo com o estudo realizado na elaboraccedilatildeo do Plano Diretor pela prefeitura

municipal observa-se que os bairros que possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a

deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do Ouro e Vila Esperanccedila enquanto que os que

possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a alagamento satildeo o Centro da cidade e os

bairros Satildeo Sebastiatildeo Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio por estarem agraves margens do

Ribeiratildeo das Posses um curso drsquoaacutegua que sofre com inundaccedilotildees perioacutedicas devido ao

severo assoreamento em algumas regiotildees e tambeacutem devido ao acuacutemulo de lixo descartado

pelos moradores do entorno irregularmente De acordo com o estudo realizado quando da

elaboraccedilatildeo do Plano Diretor do municiacutepio foram feitos estudos sobre as aacutereas propensas

a deslizamentos e alagamentos na regiatildeo urbana principal Tais aacutereas satildeo as destacadas

nas Figuras 55 e 56 No levantamento histoacuterico realizado pode-se identificar que os

bairros que possuem mais aacutereas propensas a deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do

Ouro Nossa Senhora da Gloacuteria Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio enquanto que os bairros

mais propensos a alagamentos satildeo os bairros Centro Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio

como observado na tabela 51

29

Figura 5 5 Aacutereas propensas a deslizamento de acordo com o Plano Diretor de

Santos Dumont

Fonte Google Earth e Lei 42412012

Figura 5 6 Aacutereas propensas a alagamento de acordo com o Plano Diretor de

Santos Dumont

Fonte Google Earth e Lei 42412012

30

Comparando-se os mapas obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico com o mapa gerado

pelo estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor nota-se que haacute semelhanccedilas em

algumas aacutereas mas ao se levar em conta o produto gerado pela pesquisa histoacuterica o

estudo necessitaria ser complementado haja vista que ele natildeo compreende por exemplo

o ponto de alagamento no bairro Antocircnio Afonso citado anteriormente e alguns pontos de

deslizamento importantes uma vez que satildeo regiotildees onde haacute ocupaccedilatildeo Esse fato evidencia

a necessidade de se buscar vaacuterias fontes primaacuterias e secundaacuterias para se detectar aacutereas de

risco em um municiacutepio incluindo arquivos da imprensa local afim de se produzir uma

base de dados consistente e com o menor nuacutemero de falhas possiacutevel (CEPED 2014) Com

a uniatildeo dos dois estudos foram gerados os mapas apresentados nas Figuras 57 e 58

Aleacutem do mais observando as figuras 57 e 58 pode-se notar que uma boa parte tanto dos

casos de alagamento quanto de deslizamento estatildeo na faixa de APP de curso hiacutedrico o

que ilustra a importacircncia da preservaccedilatildeo destas aacutereas

Figura 5 7 Aacutereas propensas a alagamento do estudo do Plano Diretor

complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento

Fonte Do Autor

31

Figura 5 8 Aacutereas propensas a deslizamento do estudo do Plano Diretor

complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento

Fonte Do Autor

Atraveacutes da combinaccedilatildeo entre estes dois levantamentos procurou-se alimentar a base de

dados e garantir uma consistecircncia maior desta no que diz respeito a aacutereas de deslizamento

e alagamento podendo inclusive se identificar a suscetibilidade de uma determinada

regiatildeo da cidade a um ou outro evento (CEPED2014)

512 O Plano diretor e as APPs

Nos uacuteltimos anos o Brasil experimentou um forte fenocircmeno de migraccedilatildeo do campo para

as aacutereas urbanas De acordo com o IBGE no periacuteodo de 1940 a 2000 houve um aumento

de cerca de 60 do nuacutemero de pessoas que vivem em cidades (SILVA JR 2006) O

processo de planejamento e ordenamento do uso do solo nessas aacutereas deveria ter

acompanhado esse crescimento ao longo dos anos a fim de garantir a qualidade de vida e

a seguranccedila dos migrantes ao se instalarem nas cidades o que natildeo ocorreu e o que se

observa atualmente satildeo ocupaccedilotildees em aacutereas improacuteprias para moradia sem a infraestrutura

baacutesica necessaacuteria e com risco iminente de deslizamentos eou inundaccedilotildees

O Plano Diretor do municiacutepio de Santos Dumont em seu capiacutetulo IV que versa sobre o

uso e ocupaccedilatildeo do solo explicita regras para o ordenamento do territoacuterio que compreende

o municiacutepio com base nos diferentes usos do solo de acordo com sua compatibilidade o

32

que acabou por resultar num zoneamento de todo o municiacutepio em macrozonas conforme

citado na seccedilatildeo 3231 de acordo com os usos atuais e futuros do solo Aleacutem de dividir

estas macrozonas em urbanas e rurais tambeacutem avaliou e classificou estas aacutereas com base

numa seacuterie de fatores ambientais geoloacutegicos culturais e sociais de forma a se fazer um

zoneamento coerente com os atuais usos do solo e seu potencial de uso futuro Apresenta-

se na Figura 59 este zoneamento na aacuterea urbana principal de Santos Dumont

Figura 5 9 Zoneamento urbano da aacuterea urbana principal

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Lei 42412012

Tomando como referecircncia o Novo Coacutedigo Florestal brasileiro em especial os paracircmetros

estabelecidos para a definiccedilatildeo de APP e utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento

atraveacutes do software Vista SAGA relacionou-se as APPs existentes na aacuterea em estudo com

as regiotildees propiacutecias a alagamentos e deslizamentos de acordo com o estudo feito quando

da elaboraccedilatildeo do Plano Diretor afim de se identificar qual ou quais aacutereas possuem estes

problemas e se estatildeo relacionados com o uso do solo irregular em APP

Ao se aplicar a metodologia proposta por Oliveira amp Fernandes Filho (2013) natildeo foram

identificadas dentro da aacuterea de estudo APPs de topos de morro sendo este tipo de APP

descartada portanto das anaacutelises subsequentes deste trabalho Foram consideradas as

APP de curso hiacutedrico (rios e nascentes) e de declividade visando relacionaacute-las as aacutereas

de risco identificadas pela Prefeitura afim de se verificar as possiacuteveis causas da ocorrecircncia

33

destas aacutereas na regiatildeo urbana do municiacutepio Por meio de combinaccedilotildees entre dois mapas

temaacuteticos utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento foi possiacutevel obter as

assinaturas ou seja tabelas que caracterizam quantitativamente a aacuterea afetada por cada

aspecto visto que a simples visualizaccedilatildeo do mapa gerado pelo geoprocessamento muitas

vezes eacute prejudicada por serem aacutereas de pequenas dimensotildees ou por qualquer outra

limitaccedilatildeo do software Ressalta-se que para a elaboraccedilatildeo do Plano Municipal de Reduccedilatildeo

de riscos a identificaccedilatildeo e detalhamento topograacutefico destas aacutereas eacute fundamental para o

desenvolvimento do referido Plano conforme seraacute abordado detalhadamente na seccedilatildeo

52

De posse do mapa que representa o zoneamento urbano de Santos Dumont primeiramente

procurou-se mensurar qualitativa e quantitativamente a presenccedila de APPs tanto de

declividade quanto de cursos hiacutedricos Essa identificaccedilatildeo eacute importante pois este

zoneamento eacute um dos instrumentos de planejamento municipal (BRASIL 2001) Saboya

(2007) aponta que os principais objetivos de um zoneamento satildeo o controle da expansatildeo

urbana e proteccedilatildeo de aacutereas inadequadas a ocupaccedilatildeo aleacutem de reduzir os conflitos inerentes

aos diferentes usos do solo Com o uso da ferramenta ldquoCombinarrdquo do Vista SAGA foram

feitas combinaccedilotildees entre o mapa de hidrografia com buffer de 30m para rios e coacuterregos e

de 50m para nascentes com o mapa do zoneamento para se verificar a importacircncia das

APPs de curso hiacutedrico em toda a aacuterea urbana principal do municiacutepio Tambeacutem foram

combinados o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) obtido atraveacutes do gvSIG com o mapa

de zoneamento afim de se verificar quantitativamente as APPs de declividade e onde se

localizam Vale ressaltar que as declividades entre 30 e 47 estatildeo presentes nesta

combinaccedilatildeo pois de acordo com o Plano Diretor de Santos Dumont terrenos com esta

faixa de declividade para fins de parcelamento devem possuir estudo teacutecnico que ateste

a viabilidade de se promover algum empreendimento imobiliaacuterio neste (SANTOS

DUMONT 2012) Como a legislaccedilatildeo municipal prevecirc estudo somente para a faixa de

declividade descrita anteriormente para fins de anaacutelise neste trabalho consideramos um

valor mais conservador para APP compreendendo a faixa de 47 a 100 aleacutem da

prevista pela legislaccedilatildeo federal (gt100) para que natildeo houvessem lacunas importantes na

geraccedilatildeo do produto

Apresenta-se na Figura 510 aacutereas com declividades consideradas de risco e consideradas

APP e em qual zona de planejamento elas estatildeo inseridas De um modo geral ao se

observar a Tabela 52 nota-se que a aacuterea que compreende declividades de risco e APP eacute

uma pequena parcela da aacuterea urbana principal representando 061 desta aacuterea Ao se

levar em conta somente a localizaccedilatildeo pode-se verificar que cerca de 84 das aacutereas com

declividade de risco e a totalidade das APPs de declividade estatildeo localizadas na ZAC1

zona que compreende a maior parte do municiacutepio e apesar de possuir infraestrutura baacutesica

para a ocupaccedilatildeo esta eacute restrita Sendo assim o fator declividade deve ser visto com cautela

nesta aacuterea para se evitar transtornos advindos de edificaccedilotildees nestas aacutereas

34

Figura 5 10 Combinaccedilatildeo entre as declividades importantes incluindo as APPs e o

zoneamento urbano

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Do autor

Tabela 52 Assinaturas da combinaccedilatildeo Declividade x Zoneamento

Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea

Natildeo APP 457972 9939

Declividade 30-47 em ZAC1 2368 051

Declividade 30-47 em ZE 284 006

Declividade 30-47 em ZAC2 128 003

Declividade 30-47 em ZPA 004 0001

APP Declividade em ZAC1 048 001

Total 460804 100

Fonte Do autor

Apresenta-se na Figura 511 as APPs de curso hiacutedrico (nascentes e rios) e em qual zona

de planejamento estatildeo localizadas Assim como a declividade a maior parte das APPs de

curso hiacutedrico estatildeo localizadas em ZAC1 representando 383 da aacuterea urbana em estudo

e 51 do total das APPs de curso hiacutedrico Esta questatildeo tambeacutem deve ser vista com

bastante criteacuterio pelos gestores locais uma vez que a ocupaccedilatildeo em faixas proacuteximas de

rios e coacuterregos podem causar uma gama de problemas ambientais e sociais na regiatildeo

(SANTANA2011) Tal cuidado tambeacutem deve ser tomado nas APPs compreendidas na

35

ZAC2 que compreende 001 da Aacuterea urbana principal e 14 do total das APPs de curso

hiacutedrico pois a infraestrutura baacutesica e acessibilidade presente nesta zona eacute precaacuteria e a

ocupaccedilatildeo as margens de cursos hiacutedricos pode gerar problemas seacuterios caso ocorra uma

expansatildeo nestas aacutereas

Figura 511 Combinaccedilatildeo entre APP de curso hiacutedrico e as zonas de planejamento

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Do autor

Outro ponto importante eacute a presenccedila da Zona de Proteccedilatildeo Ambiental (ZPA) no entorno

uma consideraacutevel parte dos cursos hiacutedricos Nesta zona estatildeo presentes 28 das APPs de

curso hiacutedrico e esta zona de acordo com o Plano Diretor deve ser restaurada ou

preservada por suas caracteriacutesticas geoloacutegicas topograacuteficas e bioloacutegicas

Afim de se verificar os usos do solo na regiatildeo em estudo foram utilizadas combinaccedilotildees

de imagens advindas do sateacutelite Landsat 8 nas bandas descritas no capiacutetulo 4 aleacutem da

banda pancromaacutetica O resultado eacute apresentado na figura 512 que mostra os principais

usos do solo na aacuterea urbana principal de Santos Dumont

36

Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x Zoneamento

Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea

Hidrografia 11168 239

Aacuterea Urbana Natildeo APP 421004 9008

APP Curso hiacutedrico em ZAC1 179 383

APP Curso hiacutedrico em ZPA 9776 209

APP Curso hiacutedrico em ZE 184 004

APP Curso hiacutedrico em ZA 1192 026

APP Curso hiacutedrico em ZAC2 5124 110

APP Curso hiacutedrico em ZPPH 248 005

APP Curso hiacutedrico em ZEIS 568 012

APP Curso hiacutedrico em ZCA 228 005

Total 467392 10000

Fonte Do autor

Figura 5 12 Mapa de usos do solo da aacuterea urbana principal de Santos Dumont

Fonte Do autor

Como jaacute era previsto a maior parte da aacuterea urbana se encontra ocupada e eacute nesta regiatildeo

ocupada que se observa a maior concentraccedilatildeo de problemas de deslizamentos e

alagamentos (Figuras 513 e 514) A grande ocupaccedilatildeo em aacutereas consideradas APP de

curso hiacutedrico de acordo com os mapas gerados pode ser a principal causa do aumento a

cada ano dos casos de alagamento principalmente na regiatildeo central da cidade Outro ponto

que se deve atentar eacute a existecircncia de uma consideraacutevel aacuterea de pastagem pouco vegetada

que caso estejam em aacutereas elevadas pode contribuir para deslizamentos e agraves margens de

37

rios e coacuterregos para o assoreamento destes corpos hiacutedricos o que pode causar

alagamentos (INAacuteCIO etal 2007)

Diante destes resultados pode-se ver que a cidade de Santos Dumont necessita alternativas

efetiva no que diz respeito agrave contenccedilatildeo de deslizamentos e a reduccedilatildeo de risco de

alagamento pois as aacutereas em que ocorrem tais eventos satildeo distintas e facilmente definidas

devido agrave repeticcedilatildeo destes nos uacuteltimos anos Um plano de accedilatildeo integrado entre as diferentes

secretarias municipais (Obras Meio Ambiente Assistecircncia Social entre outras) e a

Coordenadoria Municipal de Defesa Civil deve ser realizado afim de se tomar medidas

natildeo mais preventivas mas sim preditivas para que se possa conter o avanccedilo destes

problemas na aacuterea urbana principal bem como em toda a aacuterea do municiacutepio

Figura 5 13 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na aacuterea urbana

principal

Fonte Do autor

38

Figura 5 14 Aacutereas sujeitas a alagamento e os principais usos do solo na aacuterea

urbana principal

Fonte Do autor

Ao se associar os dados do estudo do Plano Diretor com os dados do levantamento

histoacuterico realizado com o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) pode-se notar que as aacutereas

propiacutecias a deslizamento estatildeo em regiotildees as quais haacute uma fronteira de declividades ou

seja eacute evidente que os deslizamentos ocorrem em encostas um pouco mais iacutengremes mas

natildeo necessariamente nas encostas de 30-47 as quais exigem estudo teacutecnico conforme o

plano diretor preconiza Quanto aos alagamentos nota-se que eles se localizam nas aacutereas

com menor ou nenhuma declividade podendo ser estas aacutereas talvez componentes da

planiacutecie de inundaccedilatildeo dos rios Estes resultados podem ser vistos nas figuras 515 e 516

a seguir

39

Figura5 15 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a deslizamentos na

regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

Fonte Lei 42412012 e Autor

Figura5 26 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a alagamentos na

regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

Fonte Lei 42412012 e Autor

40

52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis

O processo de ocupaccedilatildeo no municiacutepio de Santos Dumont comeccedilou muito antes de

qualquer legislaccedilatildeo relacionada a ordenamento urbano e de proteccedilatildeo do meio ambiente

fosse implementado no Brasil Esse fato aliado a poliacuteticas e fiscalizaccedilotildees falhas

contribuiacuteram para a ocupaccedilatildeo e expansatildeo da aacuterea urbana ao longo do Ribeiratildeo das Posses

e seus afluentes o que tem gerado o aumento da degradaccedilatildeo destes corpos hiacutedricos ao

longo de todos estes anos Observa-se tambeacutem que nas uacuteltimas deacutecadas ocorreu um

grande nuacutemero de migraccedilotildees do campo para a regiatildeo urbana da cidade fator que

contribuiu para o crescimento do nuacutemero de habitaccedilotildees em aacutereas de risco de deslizamento

e alagamentos por serem na maioria das vezes terrenos menos valorizados e por este

motivo acessiacuteveis a populaccedilatildeo com menor poder aquisitivo (ROSA amp CORTEZ 2008)

Vale ressaltar que esta questatildeo aleacutem de ser ambiental eacute muito mais social pois os

moradores entendem os riscos de se viver nestes locais mas por motivos econocircmicos ou

por questotildees afetivas natildeo abrem matildeo da moradia nessas aacutereas A Constituiccedilatildeo Federal de

1988 promoveu a inter-relaccedilatildeo das questotildees sociais com as questotildees ambientais quando

colocou o meio ambiente como direito coletivo (BRASIL1988 SOUZA2010) Por este

motivo a decisatildeo por medidas draacutesticas que favoreccedilam apenas agrave preservaccedilatildeo do meio

ambiente natildeo eacute recomendada pois aleacutem de ser inconstitucional podem afetar a

sustentabilidade econocircmica do municiacutepio e gerar conflitos sociais consideraacuteveis

(CARLOS 1992 apud SOUZA 2010)

Segundo Bueno (2009) ldquonem tudo o que eacute irregular eacute precaacuteriordquo Esse fato se observa em

Santos Dumont uma vez que em boa parte da regiatildeo central se observa vaacuterias moradias

construiacutedas na faixa de APP de curso hiacutedrico o que natildeo eacute permitido pela legislaccedilatildeo

vigente e eacute um dos fatores que contribui para a ocorrecircncia de alagamentos nesta aacuterea da

cidade Para a resoluccedilatildeo deste problema o que seria mais viaacutevel seria a melhoria da

infraestrutura de drenagem urbana afim de que o escoamento da aacutegua das chuvas natildeo

sobrecarregasse o sistema (BUENO2009) A construccedilatildeo de bacias de contenccedilatildeo de

cheias ao longo do Ribeiratildeo das Posses tambeacutem seria uma alternativa mas para se verificar

a viabilidade necessita-se estudos mais aprofundados do ponto de vista hidroloacutegico

O grande problema a ser solucionado no entanto eacute o que diz respeito agraves aacutereas de risco

de deslizamento majoritariamente nos bairros A melhor alternativa seria o

remanejamento dos moradores para uma aacuterea proacutexima agrave que moram poreacutem longe do

risco Poreacutem esta alternativa de acordo com Rosa Filho amp Cortez (2008) encontra alguns

entraves pois estas pessoas na maioria das vezes natildeo tecircm condiccedilotildees financeiras de irem

para outro lugar ou pagar aluguel ou estatildeo de alguma forma sentimentalmente ligadas

agravequela regiatildeo que se recusam a deixaacute-lo

41

Por parte dos oacutergatildeos competentes no municiacutepio a criaccedilatildeo de um plano para se evitar

acidentes ocasionados por deslizamentos e alagamentos com um mapeamento detalhado

de toda a extensatildeo do municiacutepio eacute extremamente uacutetil Os estudos que seratildeo feitos para a

elaboraccedilatildeo deste plano poderatildeo definir quais as aacutereas satildeo potencialmente de risco para as

ocupaccedilotildees existentes ou para as potenciais ocupaccedilotildees que possam vir a ocorrer atraveacutes do

mapeamento das aacutereas de risco Tal planejamento seraacute auxiliar ao Plano Diretor

Municipal pois definiraacute o real uso do solo de determinada regiatildeo do municiacutepio

contribuindo para a adequaccedilatildeo do uso e ocupaccedilatildeo do solo afim de evitar ou reduzir o

nuacutemero de problemas relacionados a alagamentos e principalmente deslizamentos no

periacutemetro urbano (TOMINAGA 2009) A partir deste plano os gestores locais poderatildeo

tomar a melhor decisatildeo para a prevenccedilatildeo ou reduccedilatildeo dos riscos inerentes a tais problemas

Na seccedilatildeo 521 seraacute hierarquizado de forma preliminar a aacuterea urbana principal de acordo

com os resultados da tabela 51

521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta

O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos (PMRR) foi criado atraveacutes de accedilotildees

regularizadoras do Ministeacuterio das Cidades para ser o instrumento de gestatildeo e

gerenciamento de aacutereas de risco em um municiacutepio Eacute um documento que aleacutem de

estabelecer quais regiotildees satildeo consideradas de risco tambeacutem objetiva a proposta de

medidas estruturais ou natildeo para contenccedilatildeo eou prevenccedilatildeo de cataacutestrofes aleacutem de ser um

meio de captaccedilatildeo de recursos financeiros junto aos Governos Estadual e Federal Estes

recursos poderatildeo ser utilizados para a realizaccedilatildeo de obras que visem a melhoria da

qualidade de vida da populaccedilatildeo do entorno ou de recuperaccedilatildeo da aacuterea degradada Este

plano eacute realizado de forma participativa com as comunidades das aacutereas de risco e pode

ser realizado em sete fases conforme recomenda o Ministeacuterio das Cidades (ALHEIROS

2006)

O primeiro passo para a realizaccedilatildeo do PMRR eacute definir qual a metodologia seraacute empregada

levando-se em consideraccedilatildeo a realidade atual do municiacutepio e especificar de forma sucinta

um cronograma das atividades Eacute importante nesta fase a participaccedilatildeo tambeacutem dos

responsaacuteveis pelas mais variadas Secretarias Municipais afim de explicitar o tamanho da

importacircncia e o caraacuteter integrador deste plano A segunda fase deste plano objetiva a

criaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo da principal base de dados a ser utilizada nos passos posteriores o

mapeamento de risco em escala detalhe em torno de 13000 (SAtildeO PAULO 2014) A

elaboraccedilatildeo de um mapeamento detalhado propiciaraacute natildeo soacute a identificaccedilatildeo mais faacutecil das

aacutereas de risco como tambeacutem facilitaraacute aos gestores e agrave comunidade decidirem qual a

melhor intervenccedilatildeo para a soluccedilatildeo ou remediaccedilatildeo dos problemas em uma determinada

42

aacuterea hierarquizando o risco e definindo prioridades (SAtildeO PAULO 2014) Na tabela a

seguir apresenta-se alguns tipos de intervenccedilotildees que podem ser feitas em aacutereas de risco

sugeridas pelo Ministeacuterio das cidades (ALHEIROS 2006)

Quadro 5 1 - Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco

Tipo de intervenccedilatildeo Descriccedilatildeo

Serviccedilos de limpeza e Recuperaccedilatildeo

Remoccedilatildeo de entulho lixo etc

corte de aacutervores

remoccedilatildeo de bananeiras

recuperaccedilatildeo eou limpeza de sistemas de

drenagem esgotos e acessos

Limpeza de canais de drenagem

Proteccedilatildeo Vegetal

Proteccedilatildeo superficial vegetal (gramiacuteneas) em

taludes com solo exposto

Proteccedilatildeo vegetal de margens de canais de

drenagem

Barreiras vegetais para massas escorregadas

ou acumuladas pela erosatildeo

Drenagem Superficial e Acessos

Sistema de drenagem superficial (canaletas

raacutepidos caixas de transiccedilatildeo escadas drsquoaacutegua)

Acessos para pedestres (escadarias rampas

etc) integrados ao sistema de drenagem

Revestimento de Taludes Revestimento com materiais artificiais

cimentado cal-jet tela argamassada alvenaria

de tijolos ceracircmicos solo-cimento ensacado

Desmonte de blocos e matacotildees Desmonte de concreccedilotildees de grande porte

blocos rochosos e matacotildees

Obras de drenagem de subsuperfiacutecie Sistema de drenagem de subsuperfiacutecie

(trincheiras drenantes DHP poccedilos de

rebaixamento)

Estruturas de contenccedilatildeo (localizadas)

Muros de contenccedilatildeo de pequeno porte (solo-

cimento ensacado alvenaria de pedra-rachatildeo

concreto armado)

Estruturas de contenccedilatildeo localizadas

(chumbadores tirantes microestacas)

Contenccedilatildeo e proteccedilatildeo de margens de canais (

gabiotildees muros de concreto etc)

Estruturas de contenccedilatildeo (meacutedio e grande porte) Implantaccedilatildeo de estruturas de contenccedilatildeo de

meacutedio e grande porte envolvendo obras de

contenccedilatildeo passivas e ativas (muros de

gravidade cortinas etc)

Terraplanagem Execuccedilatildeo de serviccedilos de terraplanagem

combinados a obras de drenagem superficial e

proteccedilatildeo vegetal desvio e canalizaccedilatildeo de

coacuterregos

Remoccedilatildeo de moradias Remoccedilotildees definitivas para implantaccedilatildeo de

obras ou devido agrave localizaccedilatildeo improacutepria da

edificaccedilatildeo (Priorizar as relocaccedilotildees dentro da

proacutepria aacuterea em local seguro)

Fonte ALHEIROS 2006

43

Escolhidas as formas de intervenccedilatildeo para cada aacuterea eacute necessaacuterio realizar uma estimativa

dos custos afim de preparar o orccedilamento da prefeitura para a realizaccedilatildeo das obras e se

seraacute necessaacuterio a captaccedilatildeo de recursos externos para a execuccedilatildeo destas Feitas as

estimativas de custo o proacuteximo passo eacute definir as prioridades e para esta fase eacute tambeacutem

uacutetil o mapeamento feito nas etapas anteriores pois seraacute necessaacuterio hierarquizar tais

intervenccedilotildees nas aacutereas de risco O Ministeacuterio das Cidades (2007) sugere alguns criteacuterios

que podem ser avaliados pelo gestor dentre eles pode-se citar

Grau de risco

Populaccedilatildeo beneficiada

Custo da intervenccedilatildeo

Dimensatildeo da aacuterea a ser tratada

Demandas anteriores da populaccedilatildeo

Tempo de ocupaccedilatildeo

Viabilidade teacutecnica da intervenccedilatildeo

Viabilidade financeira

Inclusatildeo da aacuterea em outros projetos

A partir desta hierarquizaccedilatildeo inicia-se a identificaccedilatildeo de provaacuteveis fontes de captaccedilatildeo de

recursos para a execuccedilatildeo das intervenccedilotildees Estes recursos podem advir de programas dos

governos Federal e Estadual ou por meio de editais para captaccedilatildeo de recursos financeiros

tanto do setor puacuteblico como da iniciativa privada e podem ser tambeacutem associados agrave outras

Secretarias Municipais como a de Turismo ou Meio Ambiente e natildeo soacute as destinadas agrave

Defesa Civil (ALHEIROS 2006)

Eacute previsto tambeacutem no PMRR uma avaliaccedilatildeo da Defesa Civil municipal e como ela estaacute

estruturada fazendo inclusive sugestotildees para que sua atuaccedilatildeo esteja em consonacircncia com

a realidade das comunidades e da Administraccedilatildeo Puacuteblica do municiacutepio de forma a garantir

sua sustentabilidade e conquistar a credibilidade da populaccedilatildeo no que diz respeito a

prevenccedilatildeo de cataacutestrofes Para que a resposta a uma determinada situaccedilatildeo de risco seja

raacutepida eacute necessaacuterio a descentralizaccedilatildeo da Defesa Civil criando pequenos nuacutecleos

comunitaacuterios com a finalidade de se monitorar a aacuterea constantemente e promover as

intervenccedilotildees necessaacuterias em tempo haacutebil o que aumenta em muito a credibilidade da

populaccedilatildeo no PMRR e no trabalho desempenhado pela Defesa Civil no municiacutepio Apoacutes

esta etapa o PMRR passaraacute por audiecircncias puacuteblicas e posteriormente poderaacute ser aprovado

como Lei Municipal pelo Legislativo local (ALHEIROS 2006)

Com a realizaccedilatildeo deste plano o municiacutepio estaraacute munido de informaccedilotildees suficientes para

realizar accedilotildees efetivas de gestatildeo e gerenciamento de riscos bem como aliado a

levantamentos sociais realizar programas habitacionais que beneficiem prioritariamente

44

aos moradores das aacutereas de risco Aleacutem disso com o PMRR o municiacutepio poderaacute melhorar

a qualidade ambiental da populaccedilatildeo captando recursos para a recuperaccedilatildeo das aacutereas de

APP que foram degradadas pelas ocupaccedilotildees irregulares beneficiando todos os moradores

do municiacutepio com o aumento da qualidade de vida na cidade

A partir do disposto nesta seccedilatildeo acerca do Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos e de

uma maneira preliminar (levando-se em conta apenas o nuacutemero de registros de

alagamentos e deslizamentos na aacuterea urbana principal de Santos Dumont no periacuteodo de

1984 a 2014) identificou-se trecircs regiotildees distintas na aacuterea urbana do municiacutepio com

tempo de recorrecircncia desses eventos similares caracterizando trecircs prioridades de

intervenccedilatildeo em contenccedilatildeo de risco como pode ser visto nas figuras 515 e 516 Vale

ressaltar que eacute necessaacuterio um estudo mais detalhado inclusive com visitas teacutecnicas a

campo para que se confirme a real situaccedilatildeo destas e a real prioridade para investimentos

Figura 5 17 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de deslizamentos

Fonte Do Autor

45

Figura 5 18 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de alagamentos

Fonte Do Autor

46

6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees

A seguir apresenta-se as conclusotildees e as recomendaccedilotildees feitas a partir dos objetivos

especiacuteficos explicitados no iniacutecio deste trabalho

Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a

aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes

urbanos

A partir da revisatildeo da legislaccedilatildeo pertinente em acircmbito federal estadual e

municipal constatou-se que o Plano Diretor de Santos Dumont natildeo conflita com a

legislaccedilatildeo federal e estadual sobre Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente A legislaccedilatildeo

municipal foi entendida como mais conservadora que as federal e estadual uma

vez que considera implicitamente que declividades entre 47 e 100 satildeo

enquadradas como APPs aleacutem da faixa superior a 100

Parte consideraacutevel das ocupaccedilotildees em APP principalmente na regiatildeo do bairro

Santo Antocircnio (onde surgiu os primeiros nuacutecleos que deram origem ao municiacutepio)

e o centro da cidade ocorreram antes de que fosse elaborado qualquer legislaccedilatildeo

que versasse sobre o tema Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente bastando ao gestor

local tomar medidas de contenccedilatildeo de riscos que minimizem os impactos causados

por essas ocupaccedilotildees nessa regiatildeo

O ordenamento adequado do uso do solo no municiacutepio eacute necessaacuterio para que o

crescimento dos loteamentos criados anteriormente agrave esta Lei e o surgimento de

novos natildeo avance para Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente o que pode causar

inuacutemeros problemas aos moradores e agravar os jaacute existentes

Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las

com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)

As aacutereas onde houveram a maior quantidade de registros de deslizamentos satildeo os

bairros mais populosos de Santos Dumont podendo se estabelecer uma relaccedilatildeo

que quanto mais populoso o bairro maior a quantidade de problemas relacionados

a deslizamentos Tambeacutem pode-se notar uma relaccedilatildeo com as fronteiras das faixas

de declividades e os deslizamentos uma vez que boa parte deles aconteceram

nestas faixas

As aacutereas onde houve um grande nuacutemero de registros de alagamentos satildeo os bairros

que se desenvolveram agraves margens do Ribeiratildeo das Posses em especial na aacuterea que

47

compreende as APPs de curso hiacutedrico e em aacutereas onde a declividade eacute baixa Esse

fato aliado ao crescimento do nuacutemero de vias pavimentadas com material

impermeaacutevel e a natildeo expansatildeo e ou redimensionamento da rede de drenagem

urbana contribuiacuteram para a ocorrecircncia cada vez mais constante de alagamentos

nessas aacutereas

Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos

catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30

anos

A partir do levantamento histoacuterico realizado e da base de dados georeferenciada

gerada observou-se o aumento do nuacutemero de registros de deslizamentos e

alagamentos nos uacuteltimos 10 anos quando as ocorrecircncias comeccedilaram a se repetir

numa mesma aacuterea com frequecircncia incrementada as vezes com mais de uma

ocorrecircncia anual

Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do

solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental

Destaca-se a adequaccedilatildeo dos criteacuterios gerais estabelecidos pelo Plano Diretor de

Santos Dumont relativos a legislaccedilatildeo federal e estadual Entretanto o referido

Plano Diretor natildeo contempla todo o territoacuterio municipal sendo assim ele natildeo

cumpre o objetivo de proteger as APPs preservadas e recuperar as que foram

degradadas em todo o territoacuterio municipal Ressalta-se tambeacutem a sua natildeo

conformidade com o Estatuto das Cidades uma vez que o Plano Diretor

contempla apenas os novos loteamentos

Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais

negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea

impactada

Recomenda-se a implantaccedilatildeo no municiacutepio de uma Coordenadoria Municipal de

Defesa Civil atuante e integrada agraves Secretarias Municipais e agrave comunidade

visando uma atuaccedilatildeo eficaz nos problemas relacionados a deslizamentos e

alagamentos A elaboraccedilatildeo de um Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos eacute de

suma importacircncia pois atraveacutes dele pode-se predizer as aacutereas que passaratildeo por

problemas caso a expansatildeo aconteccedila ou se inicie uma ocupaccedilatildeo nova aleacutem de

prevenir acidentes nas aacutereas jaacute ocupadas e consideradas de risco

48

7 Anexos

49

71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont

50

51

72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)

52

53

8 Referecircncias Bibliograacuteficas

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BRASIL Lei Federal 10257 de 10 de julho de 2001 Regulamenta os arts 182 e 183 da

CF estabelece as diretrizes gerais da poliacutetica urbana e daacute outras providecircncias Brasiacutelia

2001

BRASIL Lei Federal nordm 12651 de 25 de maio de 2012 Dispotildee sobre a proteccedilatildeo da

vegetaccedilatildeo nativa altera as Leis nos 6938 de 31 de agosto de 1981 9393 de 1 9 de

dezembro de 1996 e 11 428 de 22 de dezembro de 2006 revoga as Leis nos 4771 de

1 5 de setembro de 1965 e 7754 de 1 4 de abril de 1989 e a Medida Provisoacuteria no 21

66shy67 de 24 de agosto de 2001 e daacute outras providecircncias Brasiacutelia 2012

BRASIL Lei Federal nordm 4771 de 15 de Setembro de 1965 Institui o Novo Coacutedigo

Florestal Brasiacutelia 1965

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55

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de 10 de julho de 2001 ndash Estatuto das Cidades e conteacutem outras providecircncias Santos

Dumont 2012

56

SAtildeO PAULO Mapeamento de riscos associados a escorregamentos inundaccedilatildeo erosotildees

e solapamento de margens de drenagens do municiacutepio de Campos do Jordatildeo-SP

Relatoacuterio Teacutecnico Campos do Jordatildeo 2014

SILVA JR J R amp PASSOS L A O negoacutecio eacute participar a importacircncia do plano

diretor para o desenvolvimento municipal CNM SEBRAE Brasiacutelia 2006

SKORUPA LA Aacutereas de preservaccedilatildeo permanente e desenvolvimento sustentaacutevel

Embrapa Meio Ambiente Jaguariuacutena-SP 2004 4p

SOUZA F P Ocupaccedilotildees irregulares em APP um estudo de caso no munciacutepio de

Campos de Goytacazes- RJ Boletim do Observatoacuterio Ambiental Alberto Ribeiro Lamego

v4 nordm 1 Campos de Goytacazes 2010

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puacuteblica em aacutereas urbanas susceptiacuteveis a desastres naturais no municiacutepio de Joinville

SC Dissertaccedilatildeo de Mestrado UFSC Florianoacutepolis 2009

TAKEDA T O Uso e ocupaccedilatildeo do solo urbano Disponiacutevel em

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TOMINAGA LK Escorregamentos In TOMINAGA L K et al(org) Desastres

naturais conhecer para prevenir Instituto Geoloacutegico Satildeo Paulo 2009 p 25-38

UFV ndash Universidade Federal de Viccedilosa Mapa de solos do Estado de Minas Gerais

legenda expandida Centro Tecnoloacutegico de Minas Gerais FEAM Belo Horizonte 2010

ZANON F N Uso e ocupaccedilatildeo da terra e vulnerabilidade a alagamento na aacuterea central

da cidade de Satildeo Paulo O caso da subprefeitura da Seacute Trabalho de Graduaccedilatildeo UNESP

Rio Claro 2013

Page 2: O USO DO SOLO URBANO EM ÁREAS DE PRESERVAÇÃO … · social que você tenha na vida, a mais alta ou a mais baixa, tenha sempre como meta muita força, muita determinação e sempre

i

O USO DO SOLO URBANO EM AacuteREAS DE

PRESERVACcedilAtildeO PERMANENTE

ESTUDO DE CASO NO MUNICIacutePIO DE SANTOS

DUMONT - MG

Igor Nogueira de Oliveira

ii

Igor Nogueira de Oliveira

O USO DO SOLO URBANO EM AacuteREAS DE

PRESERVACcedilAtildeO PERMANENTE

ESTUDO DE CASO NO MUNICIacutePIO DE SANTOS

DUMONT - MG

Trabalho Final de Curso apresentado ao Colegiado

do Curso de Engenharia Ambiental e Sanitaacuteria da

Universidade Federal de Juiz de Fora como

requisito parcial agrave obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Engenheiro

Ambiental e Sanitarista

Aacuterea de concentraccedilatildeo Engenharia Ambiental

Aacuterea de pesquisa Geoprocessamento Aplicado

Orientador Otaacutevio Eurico de Aquino Branco

Juiz de Fora

Faculdade de Engenharia da UFJF

2016

iii

AGRADECIMENTOS

Agradeccedilo agrave todos que colaboraram direta e indiretamente para a elaboraccedilatildeo deste

trabalho em primeiro lugar a Deus por ter dado a mim a oportunidade de viver esses

maravilhosos anos na Academia agrave minha famiacutelia de um modo especial agrave meu pai Geraldo

e minha matildee Maria das Dores e ao meu irmatildeo Iago pela paciecircncia e pelo apoio

incondicional ao longo de todos estes anos a todos os meus professores desde o Jardim

de Infacircncia ateacute a graduaccedilatildeo pelo carinho e dedicaccedilatildeo ao orientador professor e amigo

Otaacutevio Branco pela confianccedila e pelo incentivo aos colegas de turma e a todos que de

alguma forma cooperaram conosco para que este trabalho fosse realizado

iv

ldquoSeja vocecirc quem for seja qual for a posiccedilatildeo

social que vocecirc tenha na vida a mais alta ou

a mais baixa tenha sempre como meta muita

forccedila muita determinaccedilatildeo e sempre faccedila tudo

com muito amor e com muita feacute em Deus que

um dia vocecirc chega laacute

De alguma maneira vocecirc chega laacute rdquo

Ayrton Senna

v

RESUMO

As questotildees relacionadas a ocorrecircncia de deslizamentos e alagamentos eacute uma constante

no cotidiano urbano principalmente no periacuteodo chuvoso onde os problemas se tornam

evidentes Esses eventos nos uacuteltimos anos natildeo se restringiram somente a grandes cidades

mas tambeacutem a pequenos municiacutepios que sofrem por falta de recursos e de pessoal

especializado para prever e predizer trageacutedias advindas dos alagamentos e deslizamentos

de encostas provocados pela ocupaccedilatildeo desordenada em especial nas Aacutereas de

Preservaccedilatildeo Permanente Nos uacuteltimos 10 anos Santos Dumont tem sofrido

constantemente com o aumento do nuacutemero de casos de deslizamentos e principalmente

alagamentos por natildeo contar com um planejamento integrado e atuante na contenccedilatildeo de

tais eventos O objetivo geral desse trabalho eacute contribuir para a formulaccedilatildeo de poliacuteticas

puacuteblicas afim de corrigir e prevenir tais eventos na aacuterea urbana da cidade Para isso foi

gerado uma base de dados histoacutericos de um periacuteodo de 30 anos que associada ao

processamento de imagens obtidas atraveacutes de radares e sateacutelites proporcionou identificar

os pontos que merecem maior atenccedilatildeo e tambeacutem possibilitou atraveacutes de criteacuterio

quantitativo propor uma hierarquizaccedilatildeo dos bairros que merecem prioridade em

investimentos relacionados a contenccedilatildeo de riscos Com a combinaccedilatildeo de mapas e a

comparaccedilatildeo entre o estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor e o levantamento

histoacuterico feito a partir de dados primaacuterios pode-se observar que a maioria dos casos de

alagamentos e parte dos deslizamentos ocorrem na faixa de APP de curso hiacutedrico

Tambeacutem pode se estabelecer uma relaccedilatildeo entre o tamanho do bairro e o nuacutemero de

eventos relacionados a deslizamentos

vi

ABSTRACT

Issues related to the occurrence of landslides and flooding is a constant in urban daily life

particularly in the rainy season where the problems become evident These events in

recent years were not restricted only to large cities but also small towns which suffer

from lack of resources and specialized staff to anticipate and predict resulting tragedies

of the floods and landslides caused by the disorderly occupation especially in Permanent

Preservation areas Over the past 10 years Santos Dumont has been constantly increasing

number of cases of landslides and especially flooding for not having an integrated

planning and active in the containment of such events The aim of this study is to

contribute to the formulation of public policies in order to correct and prevent such events

in the urban area of the city For it was generated a historical data base for a period of 30

years associated with the processing of images obtained by radar and satellites provided

identify the points that deserve more attention and also made possible through

quantitative criterion propose a hierarchy of neighborhoods that deserve priority in

investments related to risk containment With the combination of maps and the

comparison between the study for the preparation of the Master Plan and the historical

survey from primary data can be observed that most of the cases of flooding and some

landslides occur in the course of APP range water You can also establish a relationship

between the neighborhood size and the number of related events to landslides

vii

SUMAacuteRIO

LISTA DE FIGURAS 2

LISTA DE TABELAS E QUADROS 4

1 INTRODUCcedilAtildeO 5

2 OBJETIVOS 6

21 Objetivo geral 6

22 Objetivos especiacuteficos 6

3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 7

31 Conceitos Fundamentais 7

311 Aacutereas de risco 7

312 Deslizamentos 8

313 Alagamentos 8

314 Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente 9

315 Uso e ocupaccedilatildeo do solo 9

32 Legislaccedilatildeo Pertinente 10

321 As adequaccedilotildees da legislaccedilatildeo ao longo dos anos 10

322 O Novo Coacutedigo Florestal e a legislaccedilatildeo mineira 11

323 O Plano Diretor 13

3231 O Plano Diretor de Santos Dumont 14

33 O Municiacutepio de Santos Dumont 16

331 De Arraial a cidade 16

332 Santos Dumont na atualidade 19

4 METODOLOGIA 20

41 Aacuterea de estudo 20

42 Levantamento e tratamento dos dados 21

5 RESULTADOS 23

51 Levantamento histoacuterico de alagamentos e deslizamentos 23

512 O Plano diretor e as APPs 31

52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis 40

521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta 41

6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees 46

7 Anexos 48

71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont 49

72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos

(1984-2014) 51

8 Referecircncias Bibliograacuteficas 53

2

LISTA DE FIGURAS

Paacuteg

Figura 31 Vista parcial do Arraial de Joatildeo Gomes 17

Figura 32 Municiacutepio de Palmyra na deacutecada de 1920 18

Figura 33 Municiacutepio de Santos Dumont em 2014 19

Figura 41 Localizaccedilatildeo da aacuterea urbana principal 20

Figura 42 Mapa da aacuterea urbana principal com a localizaccedilatildeo dos

bairros

21

Figura 51 Deslizamento no bairro Coacuterrego do Ouro 25

Figura 52 Alagamento na regiatildeo central de Santos Dumont em 2013 26

Figura 53 Pontos de Alagamento obtidos atraveacutes do levantamento

histoacuterico

27

Figura 54 Pontos de Deslizamento obtidos atraveacutes do levantamento

histoacuterico

27

Figura 55 Aacutereas propensas a deslizamento de acordo com o Plano

Diretor de Santos Dumont

29

Figura 56 Aacutereas propensas a alagamento de acordo com o Plano

Diretor de Santos Dumont

29

Figura 57 Aacutereas propensas a alagamento do estudo do Plano Diretor

complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do

levantamento

30

Figura 58 Aacutereas propensas a deslizamento do estudo do Plano

Diretor complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do

levantamento

31

Figura 59 Zoneamento urbano da aacuterea urbana principal 32

Figura 510 Combinaccedilatildeo entre as declividades importantes incluindo

as APPs e o zoneamento urbano

34

Figura 511 Combinaccedilatildeo entre as APPs de curso hiacutedrico e as zonas de

planejamento

35

Figura 512 Mapa de usos do solo da aacuterea urbana principal de Santos

Dumont

36

Figura 513 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na

aacuterea urbana principal

37

Figura 514 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na

aacuterea urbana principal

38

Figura 515 Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a

deslizamentos na regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

39

Figura 516 Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a

alagamentos na regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

39

3

Figura 517 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de

deslizamentos

44

Figura 518 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de

alagamentos

45

4

LISTA DE TABELAS E QUADROS

Paacuteg

Tabela 51 Ocorrecircncias de alagamento e deslizamento obtidos

atraveacutes do levantamento histoacuterico

28

Tabela 52 Assinaturas da combinaccedilatildeo Declividade x Zoneamento 34

Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x

Zoneamento

36

Quadro 51 Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco 42

5

1 INTRODUCcedilAtildeO

Quando o ser humano deixou de seguir uma vida nocircmade e passou a se fixar em locais

em geral proacuteximos a cursos drsquoaacutegua e de aacutereas propicias ao cultivo de alimentos iniciou-

se o processo de implantaccedilatildeo de pequenas comunidades e quando estas comunidades

comeccedilaram a crescer natildeo soacute em quantidade mas tambeacutem do ponto de vista

organizacional deu-se iniacutecio a formaccedilatildeo das cidades tal como conhecemos hoje Como

resultado deste processo um sem-fim de problemas relacionados agrave estas ocupaccedilotildees

surgiram tanto de cunho ambiental quanto social e dentre estes problemas estatildeo

incluiacutedos os desastres naturais relacionados a deslizamentos e alagamentos por conta da

ocupaccedilatildeo em aacutereas natildeo adequadas a este fim

Nos uacuteltimos anos o Brasil tem vivenciado grandes trageacutedias relacionadas a deslizamentos

e alagamentos Uma boa parte destes eventos teve como fator agravante as ocupaccedilotildees

sem criteacuterio e sem orientaccedilatildeo teacutecnica Um exemplo recente aconteceu no Vale do Itajaiacute

em Santa Catarina em novembro de 2008 durante um periacuteodo com chuvas intensas em

que vaacuterias cidades entraram em situaccedilatildeo de calamidade puacuteblica devido ao grande nuacutemero

de casos de alagamento e graves deslizamentos de encostas causando a morte de vaacuterias

pessoas na regiatildeo No Estado do Rio de Janeiro em 2010 o Morro do Bumba em Niteroacutei

sofreu com um grave deslizamento que deixou um grande nuacutemero de mortos As casas

foram construiacutedas sobre um antigo lixatildeo sem nenhuma orientaccedilatildeo e com as intensas

chuvas que assolaram a regiatildeo naquela eacutepoca a encosta veio a baixo causando o desastre

Outra trageacutedia relevante aconteceu na regiatildeo Serrana do Rio de Janeiro que foi

considerada ateacute entatildeo a maior trageacutedia climaacutetica da histoacuteria do paiacutes com pouco mais de

500 mortos e um prejuiacutezo material incalculaacutevel no ano de 2011 Em comum a todos estes

fatos estaacute a falta de um planejamento efetivo por parte dos oacutergatildeos municipais no que diz

respeito ao disciplinamento do uso e ocupaccedilatildeo do solo e a fiscalizaccedilatildeo do cumprimento

da legislaccedilatildeo vigente

A cidade de Santos Dumont Minas Gerais natildeo eacute exceccedilatildeo a esta regra Como a grande

maioria das comunidades estabelecidas ao longo da Estrada Real a cidade surgiu como

um pequeno rancho cujo objetivo era servir de pouso para os viajantes que faziam o

transporte de pedras e metais preciosos das minas de Ouro Preto ateacute o Rio de Janeiro

Posteriormente a regiatildeo se desenvolveu como importante entreposto industrial e

comercial a partir da instalaccedilatildeo da ferrovia D Pedro II ateacute que no final do seacuteculo XIX

se transforma em vila e logo apoacutes em municiacutepio O desenvolvimento da regiatildeo implicou

tambeacutem no crescimento populacional e como naquela eacutepoca ainda natildeo havia uma

legislaccedilatildeo especiacutefica para ordenamento e uso do solo os loteamentos foram surgindo agraves

margens do Ribeiratildeo das Posses e em aacutereas cuja declividade natildeo era favoraacutevel agrave ocupaccedilatildeo

6

o que consequentemente acarretou deslizamentos de terra e alagamentos inclusive com

o registro de algumas trageacutedias ao longo dos anos

Pretende-se que este trabalho sirva como subsidio ao gestor puacuteblico local visando o

estabelecimento de poliacuteticas puacuteblicas integradas aos setores de meio ambiente e defesa

civil com vistas a garantir a seguranccedila de todos os muniacutecipes e a qualidade de vida em

todo o territoacuterio municipal

2 OBJETIVOS

21 Objetivo geral

O objetivo geral deste trabalho eacute contribuir para o estabelecimento de poliacuteticas puacuteblicas

direcionadas ao disciplinamento do uso e ocupaccedilatildeo do solo urbano no municiacutepio de

Santos Dumont

22 Objetivos especiacuteficos

Satildeo objetivos especiacuteficos

Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a

aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes

urbanos

Caracterizar o uso irregular do solo urbano em Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente

Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las

com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)

Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos

catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30

anos

Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do

solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental

7

Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais

negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea

impactada

3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

A seguir eacute apresentada a revisatildeo bibliograacutefica que fundamenta o desenvolvimento e o

pleno entendimento deste trabalho O conhecimento do que satildeo aacutereas de risco

alagamentos e deslizamentos bem como o que eacute e qual a importacircncia de um Plano Diretor

eacute de suma importacircncia para se avaliar como um municiacutepio estaacute se desenvolvendo e qual

a qualidade de vida dos muniacutecipes Tambeacutem satildeo abordados neste capiacutetulo os aspectos

legais referentes agraves Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente seus limites e sua importacircncia para

o ambiente urbano

31 Conceitos Fundamentais

311 Aacutereas de risco

De acordo com o Instituto de Pesquisas Tecnoloacutegicas ndash IPT entende-se como aacuterea de

risco aquela ldquopassiacutevel de ser atingida por fenocircmenos ou processos naturais eou induzidos

que causem efeito adverso As pessoas que habitam essas aacutereas estatildeo sujeitas a danos agrave

integridade fiacutesica perdas materiais e patrimoniaisrdquo (MINISTEacuteRIO DAS CIDADES

2007)

Para Augusto Filho et al (1990) apud Cristo (2002) aacuterea de risco eacute caracterizada como

aquela em que ldquose encontra em situaccedilatildeo de perigo tanto socialmente quanto

economicamente por conta de alguma alteraccedilatildeo na constituiccedilatildeo do terreno ou com grande

probabilidade de ocorrer processos naturaisrdquo

Segundo Fernandes (2012) aacutereas de risco ldquosatildeo aacutereas consideradas improacuteprias ao

assentamento humano por estarem sujeitas a riscos naturaisrdquo

Diante das definiccedilotildees supracitadas pode-se dizer que aacuterea de risco satildeo aacutereas susceptiacuteveis

agrave accedilatildeo de eventos naturais extremos e por esse motivo natildeo eacute viaacutevel agrave ocupaccedilatildeo humana

nestes locais e pode ou natildeo estar associados agrave proximidade ou nos limites de uma APP

8

312 Deslizamentos

Segundo Tominaga (2009) deslizamento eacute o movimento de solo em uma vertente pela

accedilatildeo da gravidade e satildeo mais frequentes em regiotildees de relevo montanhoso e em periacuteodos

chuvosos sendo a pluviosidade um dos principais fatores condicionantes para a ocorrecircncia

do processo Os deslizamentos podem ocorrer naturalmente e eacute grande responsaacutevel pela

dinacircmica das vertentes e evoluccedilatildeo do relevo local mas no Brasil a falta de planejamento

urbano de uma boa parte dos municiacutepios a ocupaccedilatildeo desordenada e a construccedilatildeo de

domiciacutelios sem orientaccedilatildeo teacutecnica tecircm transformado um processo natural em um

problema que algumas vezes se tornam grandes trageacutedias Na regiatildeo Sudeste brasileira o

escorregamento do tipo rotacional eacute o mais comum e eacute caracterizado por uma ruptura

curva no solo que estaacute geralmente associada agrave realizaccedilatildeo de cortes na base do talude ou

por processos erosivos fluviais o que relaciona esse tipo de escorregamento agraves regiotildees

urbanas mal planejadas e coloca o homem como o principal agente efetivo associado com

a pluviosidade na ocorrecircncia de acidentes relacionados com deslizamentos

(FERNANDES amp AMARAL 1996 apud TOMINAGA 2009)

313 Alagamentos

De acordo com Amaral amp Ribeiro (2009) inundaccedilotildees e enchentes satildeo processos

intimamente relacionados com a pluviosidade pois satildeo frequentes em periacuteodos de chuvas

fortes e raacutepidas ou chuvas de longa duraccedilatildeo e estatildeo relacionados agrave intensidade e

distribuiccedilatildeo da precipitaccedilatildeo ao longo da bacia agrave capacidade do solo de reter e infiltrar

aacutegua e agraves caracteriacutesticas de forma da bacia de drenagem

O escoamento das aacuteguas pluviais na natureza eacute lento mas em aacutereas urbanizadas a accedilatildeo

antroacutepica relacionada a ocupaccedilatildeo de planiacutecies de inundaccedilatildeo que podem estar inclusive

em uma cota abaixo do leito do rio impermeabilizaccedilatildeo do solo e retificaccedilatildeo de corpos

drsquoaacutegua aleacutem de inuacutemeras atividades que promovem o assoreamento dos rios e coacuterregos

tem gerado resultados catastroacuteficos e grandes prejuiacutezos (AMARAL amp RIBEIRO 2009)

Quando se refere agraves regiotildees urbanas o termo ldquoalagamentordquo eacute o mais utilizado e segundo

o Ministeacuterio das Cidades (2006) define-se como o ldquoacuacutemulo momentacircneo de aacuteguas em

uma dada aacuterea por problemas no sistema de drenagem podendo ter ou natildeo relaccedilatildeo com

processos de natureza fluvialrdquo Tambeacutem o termo ldquoenxurradardquo eacute utilizado e define-se como

o ldquoescoamento superficial concentrado e com alta energia de transporte que pode ou natildeo

estar associado a aacutereas de domiacutenio dos processos fluviais Eacute comum a ocorrecircncia de

enxurradas ao longo de vias implantadas sobre antigos cursos drsquoaacutegua com alto gradiente

hidraacuteulico e em terrenos com alta declividade naturalrdquo

9

314 Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente

O Novo Coacutedigo Florestal Brasileiro define Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP) como

ldquoaacuterea protegida coberta ou natildeo por vegetaccedilatildeo nativa com a funccedilatildeo ambiental de

preservar os recursos hiacutedricos a paisagem a estabilidade geoloacutegica e a biodiversidade

facilitar o fluxo gecircnico de fauna e flora proteger o solo e assegurar o bem-estar das

populaccedilotildees humanasrdquo (BRASIL2012) Estas aacutereas satildeo muito importantes tanto no meio

urbano como no rural por garantir a estabilidade do solo em encostas iacutengremes contribuir

para a natildeo formaccedilatildeo de processos erosivos e o assoreamento de rios e coacuterregos aleacutem de

garantir a recarga de aquiacuteferos ao atuar como um amortecedor de chuvas retendo-a e

impedindo que ocorra um carreamento intenso de sedimentos ao longo dos morros e

margens de rios e coacuterregos (SKORUPA 2004) A Lei 126512012 apresenta os tipos de

APP e seus limites conforme seraacute visto no item 322

315 Uso e ocupaccedilatildeo do solo

Dentre os vaacuterios mecanismos de ordenamento urbano e instrumentos de planejamento

municipal previsto no Estatuto da Cidade (Lei Federal 102572001) o uso e ocupaccedilatildeo

do solo satildeo os mais utilizados pelas cidades para a formulaccedilatildeo das poliacuteticas urbanas

podendo definir o uso como a forma como esta parcela do solo eacute utilizada e a ocupaccedilatildeo

como sendo o modo como as edificaccedilotildees devem ser dispostas nesta mesma parcela do

solo urbano (TAKEDA 2015) O termo ldquoUso e ocupaccedilatildeo do solordquo tambeacutem pode ser

definido como o fator que determina como as mais diferentes regiotildees de um municiacutepio

deve se desenvolver (FONTOURA 2015)

A inserccedilatildeo de leis municipais de uso e ocupaccedilatildeo do solo objetivam ser uma referecircncia

para os gestores locais no processo de tomada de decisatildeo para que as cidades cresccedilam de

modo organizado enfatizando os potenciais e capacidades de cada regiatildeo aleacutem de tornar

o crescimento mais homogecircneo Com isso pretende-se evitar a formaccedilatildeo de grandes

adensamentos em pequenas aacutereas garantindo a mobilidade e a qualidade de vida de todos

os muniacutecipes tanto da regiatildeo urbana como da rural preservar e melhorar a qualidade

ambiental do municiacutepio aleacutem de evitar deslizamentos e alagamentos por conta da

ocupaccedilatildeo incorreta do solo (TAKEDA 2015)

10

32 Legislaccedilatildeo Pertinente

321 As adequaccedilotildees da legislaccedilatildeo ao longo dos anos

A problemaacutetica relacionada agraves APPs em aacutereas urbanas outrora era uma questatildeo complexa

e demandava uma larga discussatildeo do ponto de vista juriacutedico administrativo e teacutecnico Eacute

sabido que a maioria das cidades se formaram proacuteximos aos corpos hiacutedricos regiatildeo que

garantia o abastecimento de aacutegua e alimentos agrave populaccedilatildeo e tambeacutem facilitava o descarte

dos efluentes A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 225 daacute garantia aos

brasileiros de um meio ambiente em equiliacutebrio e concede agrave toda a sociedade o dever de

preservaacute-lo de acordo com os princiacutepios do desenvolvimento sustentaacutevel (BRASIL

1988) Antes desta Constituiccedilatildeo jaacute havia um texto que regulamentava a questatildeo da

preservaccedilatildeo de aacutereas verdes em todo o territoacuterio nacional A Lei Federal nordm 477165 que

trata do Coacutedigo Florestal estabelecia limites e regulamentava as Aacutereas de Preservaccedilatildeo

Permanente De acordo com Arauacutejo (2002) apud De Moraes (2014) essa Lei que fora

revogada e substituiacuteda pela Lei 126512012 era bastante falha no que diz respeito agraves

questotildees de APPS em aacutereas urbanas o que poderia ser um facilitador do natildeo cumprimento

do que foi proposto por aquela legislaccedilatildeo nestas aacutereas Isso se devia ao fato de o Coacutedigo

Florestal de 1965 ter deixado uma duacutevida sobre qual legislaccedilatildeo seguir uma vez que em

seu segundo artigo no paraacutegrafo uacutenico estava disposto que em aacutereas urbanas devia-se

atentar para a legislaccedilatildeo referente ao Plano Diretor e as referentes ao uso do solo na aacuterea

do municiacutepio (BRASIL 1965) Diante dessa conjuntura alguns municiacutepios optavam pela

natildeo aplicaccedilatildeo do Coacutedigo Florestal na regiatildeo urbana mesmo sabendo que a poliacutetica

conservacionista eacute extremamente importante visto o grande nuacutemero de problemas que

podem advir do uso irregular das APPs (DE MORAES 2009) Segundo o artigo 182 da

Constituiccedilatildeo Federal de 1988 as poliacuteticas relacionadas ao desenvolvimento urbano

devem ser elaboradas pelos municiacutepios e objetiva garantir o bem estar dos muniacutecipes e

tambeacutem o desenvolvimento do municiacutepio como um todo atraveacutes do atendimento agraves

exigecircncias do Plano Diretor (BRASIL 1988) O que podia gerar alguma divergecircncia seria

se o Plano Diretor Municipal propusesse uma faixa de APP menor que a prevista pelo

Coacutedigo Florestal Sendo assim essa legislaccedilatildeo perderia sua validade pelo fato de a

legislaccedilatildeo federal ser suplementar ou se seria cumprida devido ao disposto no artigo 182

da Constituiccedilatildeo Segundo De Moraes (2009) natildeo eacute aceitaacutevel que o Plano Diretor

Municipal legitime tal degradaccedilatildeo ambiental uma vez que um dos seus principais

objetivos eacute a proteccedilatildeo do bem estar puacuteblico estando incluiacutedo nesse a proteccedilatildeo do

ambiente natural A delimitaccedilatildeo e especificaccedilatildeo das APPs em Lei eacute necessaacuteria uma vez

que os limites miacutenimos destinados agrave preservaccedilatildeo satildeo importantes pois garantem a

proteccedilatildeo tanto da qualidade quanto da quantidade dos recursos hiacutedricos e evitam a

ocupaccedilatildeo em locais propiacutecios aos deslizamentos e zonas de recarga dos aquiacuteferos

11

subterracircneos assegurando tambeacutem de certa forma a integridade dos seres humanos que

potencialmente ocupariam tais locais (CARVALHO 2013)

Neste trabalho a legislaccedilatildeo tomada como referecircncia eacute a prevista pela Constituiccedilatildeo Federal

de 1988 o Novo Coacutedigo Florestal (Lei 126512012) e o Estatuto das Cidades (Lei

102572001) em acircmbito federal Na esfera estadual a Lei 209222013 versa sobre os

limites para APP em todo o territoacuterio de Minas A Lei Municipal 42412012 trata do

Plano Diretor Municipal da cidade de Santos Dumont onde se encontra as diretrizes para

o uso e ocupaccedilatildeo do solo e o zoneamento da cidade de acordo com as caracteriacutesticas do

solo entre outras

322 O Novo Coacutedigo Florestal e a legislaccedilatildeo mineira

O Novo Coacutedigo Florestal Lei Federal 126512012 substituiu a Lei Federal 47711965

Dentre os vaacuterios artigos que esta lei possui o que apresenta maior importacircncia para o

planejamento e o ordenamento das cidades tanto na aacuterea urbana como na rural eacute o artigo

4ordm em que constam as faixas de APP tanto para curso hiacutedrico como para declividade e

altitude aleacutem dos topos de morro a saber (BRASIL2012)

ldquoArt 4ordm Considera-se Aacuterea de Preservaccedilatildeo

Permanente em zonas rurais ou urbanas para os

efeitos desta Lei

I - as faixas marginais de qualquer curso drsquoaacutegua

natural perene e intermitente excluiacutedos os

efecircmeros desde a borda da calha do leito regular

em largura miacutenima de

a) 30 (trinta) metros para os cursos drsquoaacutegua de

menos de 10 (dez) metros de largura

b) 50 (cinquenta) metros para os cursos drsquoaacutegua

que tenham de 10 (dez) a 50 (cinquenta) metros de

largura

()

IV - as aacutereas no entorno das nascentes e dos olhos

drsquoaacutegua perenes qualquer que seja sua situaccedilatildeo

topograacutefica no raio miacutenimo de 50 (cinquenta)

metros

12

V - as encostas ou partes destas com declividade

superior a 45deg equivalente a 100 (cem por

cento) na linha de maior declive

()

IX - no topo de morros montes montanhas e

serras com altura miacutenima de 100 (cem) metros e

inclinaccedilatildeo meacutedia maior que 25deg as aacutereas

delimitadas a partir da curva de niacutevel

correspondente a 23 (dois terccedilos) da altura

miacutenima da elevaccedilatildeo sempre em relaccedilatildeo agrave base

sendo esta definida pelo plano horizontal

determinado por planiacutecie ou espelho drsquoaacutegua

adjacente ou nos relevos ondulados pela cota do

ponto de sela mais proacuteximo da elevaccedilatildeo

X - as aacutereas em altitude superior a 1800 (mil e

oitocentos) metros qualquer que seja a

vegetaccedilatildeo

()rdquo

A legislaccedilatildeo atual em seu artigo 4ordm evidencia que as faixas e aacutereas determinadas como

APP compreendem tanto as aacutereas rurais quanto urbanas (BRASIL 2012) retirando a

duacutevida anterior e sendo essa a Lei suplementar qualquer faixa de APP mais permissiva

na legislaccedilatildeo estadual e municipal satildeo invaacutelidas o que simplificou de certa forma a

aplicabilidade da Legislaccedilatildeo referente a Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente

No Estado de Minas Gerais a Lei Estadual 20922 de 16 de Outubro de 2013 trata do tema

em acircmbito estadual mas com os mesmos princiacutepios propostos pela Lei Federal sendo os

limites miacutenimos previstos para as APPs os mesmos propostos pelo Novo Coacutedigo

Florestal brasileiro (MINAS GERAIS2013)

ldquo Art 9ordm Para os efeitos desta Lei em zonas rurais

ou urbanas satildeo APPs

I as faixas marginais de cursos drsquoaacutegua naturais

perenes e intermitentes excluiacutedos

os efecircmeros medidas a partir da borda da calha

do leito regular em largura miacutenima de

13

a) 30m (trinta metros) para os cursos drsquoaacutegua de

menos de 10m (dez metros) de largura

b) 50m (cinquenta metros) para os cursos drsquoaacutegua

de 1 0m (dez metros) a 50m (cinquenta metros) de

largura

()

IV as aacutereas no entorno das nascentes e dos olhos

drsquoaacutegua perenes no raio miacutenimo de 50m

(cinquenta metros)

V as encostas ou partes destas com declividade

superior a 45ordm (quarenta e cinco graus)

equivalente a 100 (cem por cento) na linha de

maior declive

()

VII no topo de morros montes montanhas e

serras com altura miacutenima de 100m (cem metros)

e inclinaccedilatildeo meacutedia maior que 25ordm (vinte e cinco

graus) as aacutereas delimitadas a partir da curva de

niacutevel correspondente a 23 (dois terccedilos) da altura

miacutenima da elevaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave base sendo esta

definida pelo plano horizontal determinado por

planiacutecie ou espelho drsquoaacutegua adjacente ou nos

relevos ondulados pela cota do ponto de sela mais

proacuteximo da elevaccedilatildeo

VIII as aacutereas em altitude superior a 1 800m (mil

e oitocentos metros)

()rdquo

323 O Plano Diretor

O Estatuto das Cidades em seu artigo 40 prevecirc o plano diretor como um instrumento

capaz de promover a poliacutetica urbana englobando toda a cidade aleacutem de fornecer padrotildees

e limites para o uso do solo nas mais diversas regiotildees do municiacutepio com vistas a

harmonizar o desenvolvimento urbano com a preservaccedilatildeo do meio ambiente (SILVA JR

2006) Este instrumento eacute obrigatoacuterio para cidades com mais de 20 mil habitantes ou

14

aacutereas que integrem regiotildees metropolitanas ou de interesse turiacutestico O artigo 41 do

Estatuto das cidades tambeacutem prevecirc a obrigatoriedade do Plano Diretor para cidades que

possuem em sua aacuterea empreendimentos que caracterizem grandes impactos ambientais

de influecircncia regional ou nacional e cidades que possuem problemas com deslizamentos

de grande magnitude ou alagamentos repentinos (BRASIL 2001)

O Plano diretor de acordo com o Estatuto das Cidades deve ser aprovado como lei em

acircmbito municipal e revisto a cada dez anos Este documento eacute uacutenico pois cada cidade

possui suas peculiaridades infraestrutura vocaccedilotildees e problemas que por mais que sejam

parecidos entre si satildeo diferenciados pela intensidade e pela regionalizaccedilatildeo Sendo assim

a confecccedilatildeo do Plano Diretor deve conter a participaccedilatildeo de toda a comunidade local de

forma a reduzir as desigualdades sociais os gastos puacuteblicos desnecessaacuterios a degradaccedilatildeo

ambiental e combater os problemas relacionados a urbanizaccedilatildeo de forma conjunta

promovendo um processo de tomada de decisatildeo que garanta a qualidade de vida

preservaccedilatildeo e o desenvolvimento social do municiacutepio como um todo (ROSSBACH amp

CARVALHO 2010)

3231 O Plano Diretor de Santos Dumont

A Lei Municipal nordm 424112 que entrou em vigor no ano de 2014 trata do Plano Diretor

Municipal instrumento previsto no Estatuto das Cidades para garantir aos cidadatildeos um

desenvolvimento urbano organizado justo e sustentavelmente econocircmico (BRASIL

2001) Aleacutem de apontar as diretrizes para a elaboraccedilatildeo da Poliacutetica Municipal dos mais

variados setores o Plano Diretor divide o municiacutepio em macrozonas urbanas e rurais

Estas zonas tecircm por objetivo facilitar a identificaccedilatildeo dos setores que permitem ou natildeo o

desenvolvimento da cidade e em que magnitude pode ser feita a expansatildeo respeitando ao

meio ambiente e tambeacutem o que eacute previsto no tocante ao uso e ocupaccedilatildeo do solo nessas

aacutereas Aleacutem disso ela estabelece a forma como devem ser as edificaccedilotildees nas referidas

aacutereas As aacutereas definidas como macrozonas urbanas e foram subdivididas em (SANTOS

DUMONT2012)

ldquoZona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e

da Paisagem (ZPPH) satildeo as aacutereas cujos

equipamentos urbanos possuem interesse

histoacuterico ou paisagiacutestico de preservaccedilatildeo

Zona de Preservaccedilatildeo Ambiental satildeo aquelas em

que devem ser mantidas ou recuperadas a

15

vegetaccedilatildeo por conta da declividade altitude ou

presenccedila de recursos hiacutedricos

Zona de Adensamento Controlado (ZAC) satildeo as

aacutereas em que deve-se manter uma pequena

densidade populacional devido as limitaccedilotildees na

infraestrutura da localidade A ZAC se divide em

ZAC 1 quando a infraestrutura existente eacute

limitada e em ZAC 2 quando esta eacute precaacuteria ou

natildeo existe

Zona de Consolidaccedilatildeo de Adensamento (ZCA)

satildeo as aacutereas em que haacute interesse em ocupar os

lotes vagos haja visto que a regiatildeo possui toda a

infraestrutura para que isto aconteccedila

Zona Adensaacutevel (ZA) satildeo as aacutereas com

condiccedilotildees propiacutecias para ocorrer uma ocupaccedilatildeo

mais densa

Zona Especial de Interesse Social (ZEIS) satildeo as

aacutereas em que o Poder Puacuteblico almeja fazer

alguma forma de ocupaccedilatildeo Eacute dividida em ZEIS 1

e ZEIS 2 A ZEIS 1 satildeo regiotildees jaacute ocupadas mas

de forma irregular cujo interesse puacuteblico eacute

realizar obras e outras atividades para

regularizar as ocupaccedilotildees e urbanizar a aacuterea

enquanto que a ZEIS 2 satildeo aacutereas natildeo utilizadas ou

subutilizadas as quais o poder puacuteblico almeja

realizar algum empreendimento habitacional de

caraacuteter social

Zona de Grandes Equipamentos (ZE) satildeo aacutereas

cujo o interesse eacute a implantaccedilatildeo de

empreendimentos de grande porte ou grandes

equipamentos puacuteblicosrdquo

Esta divisatildeo espacial pode ser melhor vista no Anexo 71

O Plano Diretor natildeo estipula limites para APP mas prevecirc algumas diretrizes como na

Poliacutetica Municipal de Preservaccedilatildeo do Meio Ambiente sobre o uso do solo em

compatibilidade com praacuteticas conservacionistas A Poliacutetica Municipal de Expansatildeo

16

Urbana tem como uma de suas diretrizes fazer cumprir a legislaccedilatildeo vigente no que diz

respeito agraves intervenccedilotildees e investimentos que poderatildeo ser feitos nessas aacutereas Tambeacutem eacute

diretriz da mesma Poliacutetica o controle da ocupaccedilatildeo e do uso do solo em APPs e o auxiacutelio

aos oacutergatildeos estaduais e federais de meio ambiente no tocante agrave fiscalizaccedilatildeo da ocupaccedilatildeo

nestas aacutereas (SANTOS DUMONT 2012) O artigo 38 que trata das diretrizes da Poliacutetica

habitacional de interesse social exclui do processo de regularizaccedilatildeo fundiaacuteria os

assentamentos situados em aacutereas de risco o que na maioria das vezes estatildeo tambeacutem nas

aacutereas que deveriam estar vegetadas e protegidas (SANTOS DUMONT 2012) Na

legislaccedilatildeo referente ao parcelamento do solo eacute previsto que no parcelamento de glebas

com declividade entre 30 e 47 soacute poderaacute ser aprovado mediante projeto e laudo

assinado por um responsaacutevel teacutecnico favoraacutevel agrave construccedilatildeo nesse local (SANTOS

DUMONT 2012) Diante do proposto pelo Plano Diretor de Santos Dumont pode-se

dizer que natildeo haacute conflito com a legislaccedilatildeo federal e estadual em se tratando da

aplicabilidade do Coacutedigo Florestal uma vez que aquele natildeo explicita limites nem

permissivos e tampouco restritivos para faixas e aacutereas de preservaccedilatildeo permanente

33 O Municiacutepio de Santos Dumont

331 De Arraial a cidade

A aacuterea onde se situa hoje o municiacutepio de Santos Dumont teve sua ocupaccedilatildeo iniciada no

seacuteculo XVIII quando a Coroa Portuguesa solicitou ao entatildeo Governador do Rio de

Janeiro Artur de Saacute Menezes que abrisse um caminho que ligasse as Minas dos

Cataguases na regiatildeo de Ouro Preto (receacutem descobertas) ao Rio de Janeiro por onde

escoava os metais preciosos para a metroacutepole Surgiu assim o ldquoCaminho Novordquo e ao longo

deste caminho surgiram tambeacutem as Sesmarias aacutereas que tinham por principal objetivo

servir de pouso aos transportadores e exploradores e tambeacutem para garantir alimento a

estas pessoas Uma destas ocupaccedilotildees seria o ldquoArraial de Joatildeo Gomesrdquo (Figura 41)

primeiro nuacutecleo primitivo do municiacutepio em 1709 De iniacutecio prevaleciam somente

ranchos onde os viajantes se abrigavam mas em pouco tempo ergueu-se a Capela de Satildeo

Miguel e Almas e pequenos nuacutecleos urbanos comeccedilaram a surgir (DAPPC2008)

17

Figura 3 1 Vista parcial do Arraial de Joatildeo Gomes

Fonte Arquivo Histoacuterico de Santos Dumont-MG

Com a construccedilatildeo da Estrada de Ferro D Pedro II no final do seacuteculo XIX a regiatildeo teve

um consideraacutevel crescimento natildeo soacute populacional como tambeacutem econocircmico se tornando

a Vila Palmyra em 1889 Em 1890 Palmyra eacute elevada ao status de Municiacutepio (Figura 42)

e recebe um grande nuacutemero de melhorias no setor viaacuterio como a retificaccedilatildeo de ruas e

tambeacutem no setor de serviccedilos puacuteblicos como abastecimento de aacutegua iluminaccedilatildeo puacuteblica a

querosene e posteriormente energia eleacutetrica O desenvolvimento econocircmico na regiatildeo

tambeacutem teve seu momento aacuteureo nesse periacuteodo Induacutestrias de laticiacutenios graacuteficas e de

Carbureto de Caacutelcio fizeram parte do parque industrial de Palmyra o que atraiacutea pessoas

de outros lugares inclusive estrangeiros contribuindo para o aumento populacional da

regiatildeo Como ainda natildeo havia legislaccedilatildeo sobre uso e ocupaccedilatildeo do solo nessa eacutepoca

surgiram inuacutemeros loteamentos em aacutereas proacuteximas agrave rios e coacuterregos e tambeacutem em

encostas com declividade acentuada o que foi agravando o risco agrave medida que a ocupaccedilatildeo

aumentava (DAPPC2008)

18

Figura 3 2 Municiacutepio de Palmyra na deacutecada de 1920

Fonte Arquivo Histoacuterico de Santos Dumont-MG

O escoamento da produccedilatildeo industrial se dava pelo modal ferroviaacuterio setor que tambeacutem

movimentava a crescente cidade que era ponto importante no setor de transportes pois

possuiacutea um dos mais bem equipados depoacutesitos de locomotivas da Estrada de Ferro Central

do Brasil (DAPPC2008)

No ano de 1932 o municiacutepio de Palmyra passou a se chamar Santos Dumont (Figura 43)

em homenagem ao inventor do aviatildeo que nascera naquela cidade Nos uacuteltimos 40 anos

Santos Dumont tem experimentado uma acentuada desaceleraccedilatildeo econocircmica

consequecircncia do fechamento da grande maioria das induacutestrias principalmente as de

laticiacutenios que empregavam direta e indiretamente uma parte consideraacutevel da populaccedilatildeo

(DAPPC2008)

19

Figura 3 3 Municiacutepio de Santos Dumont em 2014

Fonte Arquivo do autor

332 Santos Dumont na atualidade

O municiacutepio de Santos Dumont localiza-se na regiatildeo da Zona da Mata mineira distante

cerca de 220 Km da capital Belo Horizonte e possui uma populaccedilatildeo de 47558 habitantes

(ODM 2015 projeccedilatildeo) numa aacuterea total de 637 kmsup2 Faz divisa com os municiacutepios de

Juiz de Fora Oliveira Fortes Bias Fortes Antocircnio Carlos Tabuleiro Piau e Ewbank da

Cacircmara

No que diz respeito agrave sua formaccedilatildeo fisiacuteco-geograacutefica a aacuterea que compreende o municiacutepio

eacute constituiacuteda predominantemente por Cambissolo Haacuteplico (70) com Latossolo

Vermelho-Amarelo (30) (UFV2010) A vegetaccedilatildeo eacute em sua maioria composta por

exemplares de Mata Atlacircntica De acordo com o IBGE(2015) Santos Dumont se localiza

a 839m de altitude O clima da regiatildeo eacute classificado como Tropical de Altitude (Cwb) e

possui uma temperatura meacutedia de 20ordmC Eacute banhado pela bacia hidrograacutefica do Paraiacuteba do

Sul e em sua maioria pertence agrave sub-bacia do Rio Pomba (IGAM) que fornece aacutegua para

abastecimento puacuteblico agrave 88 da populaccedilatildeo por meio da rede de distribuiccedilatildeo

(IBGE2010) Uma pequena parte da zona rural a sudoeste eacute banhada pela Sub-Bacia do

Rio Paraibuna mais precisamente na regiatildeo de fronteira com os municiacutepios de Juiz de

Fora e Ewbank da Cacircmara O sistema viaacuterio principal de acesso agrave cidade eacute a rodovia BR-

040 e a estrada de ferro Dom Pedro II atualmente utilizada somente para transporte de

cargas

Com a economia nos dias atuais baseada majoritariamente no setor de serviccedilos a cidade

possui um Iacutendice de Desenvolvimento humano (IDH) de 0741 (IBGE2010) Apesar do

decliacutenio econocircmico de Santos Dumont nota-se hoje um aumento no nuacutemero de

loteamentos populares e condomiacutenios horizontais e verticais entre outras edificaccedilotildees Eacute

de vital importacircncia que esse crescimento das ocupaccedilotildees seja ordenado e regulamentado

20

de forma a garantir a qualidade ambiental prevenindo deslizamentos e inundaccedilotildees Diante

dessa conjuntura o governo municipal aprovou em 2012 a Lei nordm 4241 que trata do Plano

Diretor Participativo instrumento baacutesico da poliacutetica de desenvolvimento e expansatildeo

urbana do municiacutepio de Santos Dumont

4 METODOLOGIA

41 Aacuterea de estudo

A regiatildeo dentro dos limites do municiacutepio que seraacute estudada neste trabalho eacute conforme

descrito nos anexos Plano Diretor e representada na figura 44 a aacuterea urbana principal

que possui 47 Kmsup2 e compreende a regiatildeo central da cidade e os bairros perifeacutericos regiatildeo

que concentra cerca de 90 da populaccedilatildeo total de Santos Dumont (IBGE 2015) A aacuterea

urbana principal representa 75 da aacuterea total dos 637 Kmsup2 que compreendem o

municiacutepio e eacute o local onde nos uacuteltimos 30 anos se verificou um maior crescimento

populacional e tambeacutem onde ocorre a maioria dos eventos relacionados a deslizamentos

e alagamentos por conta da ocupaccedilatildeo sem planejamento A figura 45 mostra a aacuterea

urbana principal e a localizaccedilatildeo dos bairros urbanos de Santos Dumont

Figura 4 1 Localizaccedilatildeo da aacuterea urbana principal

Fonte Google Earth

21

Figura 4 2 Mapa da aacuterea urbana principal com a localizaccedilatildeo dos bairros

Fonte Do Autor

42 Levantamento e tratamento dos dados

No desenvolvimento deste trabalho foi necessaacuterio se fazer um estudo detalhado sobre o

Plano Diretor de Santos Dumont principalmente dos seus anexos que compreendem os

mapas e a localizaccedilatildeo das aacutereas definidas pelo zoneamento proposto Para que isso fosse

possiacutevel a Secretaria Municipal de Obras e Serviccedilos Puacuteblicos forneceu todos os dados

secundaacuterios produto do estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor e do

zoneamento Estes dados incluem os arquivos Shapefile (shp) e outros documentos

integrantes do Plano Diretor Algumas informaccedilotildees foram complementadas tambeacutem com

dados adquiridos atraveacutes do site do IBGE e do Portal Objetivos do Milecircnio (ODM)

Os dados sobre as ocorrecircncias de deslizamentos e alagamentos foram obtidos atraveacutes da

Defesa Civil do municiacutepio atraveacutes do Sistema Integrado de Informaccedilotildees sobre Desastres

(S2ID) do Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional Tal sistema centraliza as informaccedilotildees sobre

desastres naturais ocorridos em todo o territoacuterio nacional facilitando a pesquisa sobre tais

eventos a qualquer cidadatildeo (BRASIL 2015)

Apesar do sistema ser bastante uacutetil os dados sobre o municiacutepio de Santos Dumont se

encontravam bastante falhos e escassos sendo necessaacuteria complementaccedilatildeo para que a

22

base de dados ficasse consistente Diante disso uma pesquisa atraveacutes dos arquivos do

Jornal Mensagem um jornal semanaacuterio local foi feita entre os anos de 1984 e 2014 e os

dados primaacuterios filtrados em uma planilha do Microsoft Excel para posterior utilizaccedilatildeo

De posse destes dados foi feita a localizaccedilatildeo em campo das coordenadas dos locais

atingidos por deslizamentos e alagamentos no periacuteodo compreendido pela pesquisa com

o auxiacutelio de um aparelho de GPS

A maioria dos arquivos shapefile utilizados para a confecccedilatildeo dos mapas satildeo parte

integrante dos anexos da Lei do Plano diretor do municiacutepio gerados no mecircs de dezembro

de 2011 pelo Instituto Nova Cidade e foram cedidos pela Secretaria Municipal de Obras

e Serviccedilos Puacuteblicos com Datum em UTM SAD 69 Com a finalidade de fornecer um

referenciamento atualizado e de acordo com os mais novos sistemas de coordenadas

utilizados no Brasil os arquivos foram convertidos para o Datum UTM SIRGAS 2000

que diferencia do SAD 69 pelo fato de ser um referencial geocecircntrico ou seja o centro

da Terra eacute o ponto de referecircncia neste sistema enquanto que o primeiro utiliza um

referencial na superfiacutecie da Terra (IBGE2014) Eacute interessante ressaltar tambeacutem que o

SIRGAS 2000 se tornou no ano de 2014 o sistema de coordenadas oficial do Sistema

Geodeacutesico Brasileiro e do Sistema Cartograacutefico Nacional ambos mantidos pelo IBGE A

combinaccedilatildeo dos shapefiles foi feita com o software livre gvSIG e com estas combinaccedilotildees

foram gerados mapas importantes resultados para a execuccedilatildeo deste trabalho A maioria

dos mapas representam a regiatildeo urbana principal de Santos Dumont e foram produzidos

numa escala em torno de 140000 que de acordo com Rocha (2007) eacute uma escala viaacutevel

pois as recomendaacuteveis para trabalhos de anaacutelise ambiental em niacutevel municipal podem ser

entre 150000 e 110000 Alguns mapas cujo detalhamento natildeo eacute necessaacuterio foram

gerados na escala 1100000

Para a geraccedilatildeo dos mapas aleacutem dos arquivos fornecidos pela Secretaria de Obras e

Serviccedilos Puacuteblicos foram utilizados para a geraccedilatildeo do modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE)

e da localizaccedilatildeo dos topos de morro dados gerados pelo sistema de radar Advanced

Spacebone Thermal Emission and Reflection Radiometer (ASTER) que geram as curvas

de niacutevel do terreno com uma resoluccedilatildeo de 30m (NASA2014) O processamento dessas

imagens foi feito pelo software livre gvSIG As imagens geradas pelos sateacutelites

LANDSAT foram adquiridas no site da United States Geological Survey (USGS) e essas

imagens possibilitaram obter um panorama preciso do uso do solo em toda a aacuterea urbana

de Santos Dumont numa resoluccedilatildeo de 15 metros uma vez que foi utilizada a banda

pancromaacutetica do sateacutelite LANDSAT 8 aleacutem da combinaccedilatildeo das bandas 65 e 4

respectivamente que eacute a combinaccedilatildeo recomendada pela mantenedora dos sateacutelites para

anaacutelises deste tipo

23

No que diz respeito a identificaccedilatildeo de APPs em topo de morro a metodologia de Oliveira

amp Fernandes Filho (2013) por utilizar as mesmas bases de dados ateacute entatildeo usadas neste

trabalho foi a mais indicada

A metodologia de anaacutelise dos mapas gerados eacute a proposta pelo professor Jorge Xavier da

Silva do Laboratoacuterio de Geoprocessamento (LAGEOP) da Universidade Federal do Rio

de Janeiro e citada por Rocha (2007) Tal metodologia analisa as variaacuteveis em questatildeo

presentes na aacuterea e permite avaliar as possibilidades de relaccedilotildees entre essas variaacuteveis De

uma maneira geral este meacutetodo verifica o estado atual da aacuterea em estudo bem como das

variaacuteveis gerando inventaacuterios que servem para a construccedilatildeo de dados planimeacutetricos sejam

com as variaacuteveis isoladas ou combinadas Estes dados planimeacutetricos geram assinaturas

que permitem inferir sobre a influecircncia dessas variaacuteveis De posse dos dados gerados pelo

processo anteriormente citado pode-se fazer algumas prospecccedilotildees sobre os riscos

ambientais que a aacuterea pode sofrer ou o seu potencial ambiental (ROCHA 2007)

5 RESULTADOS

51 Levantamento histoacuterico de alagamentos e

deslizamentos

O aumento da demanda pelo uso do solo na regiatildeo urbana de Santos Dumont

principalmente no tocante agrave formaccedilatildeo de novos loteamentos e condomiacutenios nos uacuteltimos

anos eacute consideraacutevel mas tambeacutem haacute de se observar o crescimento dos bairros jaacute existentes

com pouco ou nenhum ordenamento Em ambos os casos se observa ocupaccedilotildees

irregulares em APP o que tem ocasionado um aumento na frequecircncia de deslizamentos

e inundaccedilotildees Eacute evidente que quanto maior a densidade populacional do bairro maior a

quantidade de ocorrecircncias ao longo dos anos (SPERFELD 2009)

De acordo com as ocorrecircncias registradas pela Defesa Civil do municiacutepio obtidas atraveacutes

da literatura utilizada nos uacuteltimos 30 anos Santos Dumont chegou a decretar situaccedilatildeo de

emergecircncia por conta de desastres envolvendo deslizamentos eou alagamentos por duas

vezes num espaccedilo de 10 anos conforme pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho

(BRASIL 2014 CEPED 2011)

Segundo os dados obtidos atraveacutes de pesquisa nos arquivos do semanaacuterio entre os anos

de 1984 e 2014 pode-se verificar que nos uacuteltimos 20 anos a cidade tem experimentado

24

um aumento consideraacutevel nos eventos relacionados a deslizamentos e principalmente

alagamentos como pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho Isso pode ter sido causado

dentre outros fatores pelo aumento do nuacutemero de vias pavimentadas com material

impermeaacutevel o que tem sobrecarregado tanto a infraestrutura existente para drenagem

urbana como tambeacutem a calha dos cursos drsquoaacutegua que passam pela regiatildeo urbana do

municiacutepio (ZANON2013)

Na deacutecada de 1980 (1984-1990) de acordo com os dados obtidos natildeo foram noticiados

eventos consideraacuteveis relacionados a deslizamentos e alagamentos em Santos Dumont

mas isso natildeo exclui a possibilidade de natildeo ter ocorrido tais eventos em menor escala

Na deacutecada de 1990 aconteceram uma seacuterie de ocorrecircncias tanto de deslizamentos quanto

de alagamentos No ano de 1997 num periacuteodo chuvoso intenso aconteceram

deslizamentos consideraacuteveis em vaacuterios bairros da cidade inclusive com desabamento de

casas e de ruas principalmente nos bairros Nossa Senhora da Gloacuteria e Quarto Depoacutesito

Em 1999 ocorreram alguns pontos de alagamento nos bairros Quarto Depoacutesito e Santo

Antocircnio com grandes prejuiacutezos materiais

A deacutecada de 2000 iniciou com o registro de deslizamentos em vaacuterios bairros da cidade

inclusive com desabamento de casas e pontes e alagamentos em importantes vias do

centro da cidade Observa-se ao longo desse periacuteodo o crescimento nas ocorrecircncias de

deslizamentos e de aacutereas com risco de deslizamento em muitos bairros de Santos Dumont

Um dos fatores importantes para esse crescimento foi a grande expansatildeo sofrida pela

maioria dos bairros e a falta de planejamento e orientaccedilatildeo por parte da prefeitura uma

vez que uma boa parte do crescimento dos bairros da cidade ocorreu ou proacuteximo a cursos

drsquoaacutegua ou em aacutereas com declividade improacutepria para se fazer construccedilotildees O bairro

Coacuterrego do Ouro (Figura 51) foi o que mais sofreu com ocorrecircncias de deslizamentos

nesse periacuteodo enquanto o bairro Santo Antocircnio foi que teve mais ocorrecircncias de

alagamentos

25

Figura 5 1 Deslizamento no bairro Coacuterrego do Ouro

Fonte Portal Cabangu

No iniacutecio deacutecada de 2010 (2011-2014) o centro da cidade foi a regiatildeo que mais sofreu

com alagamentos sendo registrado pelo menos uma ocorrecircncia por ano nessa aacuterea (Figura

52) Isso pode ser relacionado dentre outros fatores com as obras de modificaccedilatildeo do

tipo de pavimentaccedilatildeo das estradas por um material impermeaacutevel gerando uma sobrecarga

nos sistemas de drenagem urbana que foram projetados para um tipo de pavimento mais

permeaacutevel implicando tambeacutem na sobrecarga calha do Ribeiratildeo das Posses o principal

curso drsquoaacutegua que corta o centro da cidade e que se encontra em quase sua totalidade

ocupada em ambas as margens que cortam o centro da cidade

26

Figura 5 2 Alagamento na regiatildeo central de Santos Dumont em 2013

Fonte Portal Cabangu

Quanto agraves ocorrecircncias de deslizamento ao longo da referida deacutecada elas estiveram

espalhadas pelos bairros do municiacutepio tendo um maior nuacutemero de ocorrecircncias nos bairros

Santo Antocircnio Nossa Senhora da Gloacuteria e Aacutegua Espraiada Nos dois primeiros bairros

citados as ocorrecircncias podem ter sido ocasionadas pelo crescimento desordenado e sem

planejamento destes e no terceiro as ocorrecircncias satildeo relacionadas ao processo de

assoreamento do Ribeiratildeo das Posses o que pode ter gerado um aumento da velocidade

desse curso drsquoaacutegua causando problemas decorrentes do transporte de sedimentos da aacuterea

onde as casas foram construiacutedas que teve como consequecircncia os deslizamentos

Em resumo como pode ser observado nas figuras 53 e 54 na tabela 51 no periacuteodo de

1984 a 2014 os bairros mais afetados por alagamentos e deslizamentos satildeo Quarto

Depoacutesito Nossa Senhora da Gloacuteria Santo Antocircnio Coacuterrego do Ouro Antocircnio Afonso

Graminha e Vila Esperanccedila sendo que o bairro Coacuterrego do Ouro possui o maior nuacutemero

de ocorrecircncias de deslizamentos e o centro da cidade possui o maior nuacutemero de

ocorrecircncias de alagamentos no periacuteodo pesquisado Vale destacar que a aacuterea propiacutecia a

alagamentos no bairro Antocircnio Afonso natildeo identificada no estudo realizado pela

prefeitura constitui-se efetivamente numa aacuterea de risco conforme levantamento histoacuterico

realizado Esta aacuterea de risco se deve agrave diferenccedila de niacutevel negativa entre o rio Pinho e a

aacuterea do bairro estando este em desniacutevel com um risco iminente de inundaccedilotildees resultantes

da cheia desse curso drsquoaacutegua causando inuacutemeros transtornos aos moradores do local

27

Figura 5 3 Pontos de Alagamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico

Fonte Do autor

Figura 5 4 Pontos de deslizamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico

Fonte Do autor

28

Tabela 51 Ocorrecircncias de alagamentos e deslizamentos obtidos atraveacutes do

levantamento histoacuterico

Pontos de ocorrecircncia (1984-2014)

Bairros Alagamento Deslizamento

Aacutegua Espraiada 1 1

Antocircnio Afonso 1 0

Barra 0 1

Centro 7 1

Coacuterrego do Ouro 1 7

Flores 0 1

Graminha 1 0

Jardim Jaraguaacute 0 1

N Sra da Gloacuteria 0 4

N Sra das Graccedilas 1 0

Quarto Depoacutesito 3 2

Santo Antocircnio 4 2

Satildeo Sebastiatildeo 0 1

Vila Esperanccedila 0 1

Fonte Do autor

De acordo com o estudo realizado na elaboraccedilatildeo do Plano Diretor pela prefeitura

municipal observa-se que os bairros que possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a

deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do Ouro e Vila Esperanccedila enquanto que os que

possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a alagamento satildeo o Centro da cidade e os

bairros Satildeo Sebastiatildeo Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio por estarem agraves margens do

Ribeiratildeo das Posses um curso drsquoaacutegua que sofre com inundaccedilotildees perioacutedicas devido ao

severo assoreamento em algumas regiotildees e tambeacutem devido ao acuacutemulo de lixo descartado

pelos moradores do entorno irregularmente De acordo com o estudo realizado quando da

elaboraccedilatildeo do Plano Diretor do municiacutepio foram feitos estudos sobre as aacutereas propensas

a deslizamentos e alagamentos na regiatildeo urbana principal Tais aacutereas satildeo as destacadas

nas Figuras 55 e 56 No levantamento histoacuterico realizado pode-se identificar que os

bairros que possuem mais aacutereas propensas a deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do

Ouro Nossa Senhora da Gloacuteria Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio enquanto que os bairros

mais propensos a alagamentos satildeo os bairros Centro Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio

como observado na tabela 51

29

Figura 5 5 Aacutereas propensas a deslizamento de acordo com o Plano Diretor de

Santos Dumont

Fonte Google Earth e Lei 42412012

Figura 5 6 Aacutereas propensas a alagamento de acordo com o Plano Diretor de

Santos Dumont

Fonte Google Earth e Lei 42412012

30

Comparando-se os mapas obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico com o mapa gerado

pelo estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor nota-se que haacute semelhanccedilas em

algumas aacutereas mas ao se levar em conta o produto gerado pela pesquisa histoacuterica o

estudo necessitaria ser complementado haja vista que ele natildeo compreende por exemplo

o ponto de alagamento no bairro Antocircnio Afonso citado anteriormente e alguns pontos de

deslizamento importantes uma vez que satildeo regiotildees onde haacute ocupaccedilatildeo Esse fato evidencia

a necessidade de se buscar vaacuterias fontes primaacuterias e secundaacuterias para se detectar aacutereas de

risco em um municiacutepio incluindo arquivos da imprensa local afim de se produzir uma

base de dados consistente e com o menor nuacutemero de falhas possiacutevel (CEPED 2014) Com

a uniatildeo dos dois estudos foram gerados os mapas apresentados nas Figuras 57 e 58

Aleacutem do mais observando as figuras 57 e 58 pode-se notar que uma boa parte tanto dos

casos de alagamento quanto de deslizamento estatildeo na faixa de APP de curso hiacutedrico o

que ilustra a importacircncia da preservaccedilatildeo destas aacutereas

Figura 5 7 Aacutereas propensas a alagamento do estudo do Plano Diretor

complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento

Fonte Do Autor

31

Figura 5 8 Aacutereas propensas a deslizamento do estudo do Plano Diretor

complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento

Fonte Do Autor

Atraveacutes da combinaccedilatildeo entre estes dois levantamentos procurou-se alimentar a base de

dados e garantir uma consistecircncia maior desta no que diz respeito a aacutereas de deslizamento

e alagamento podendo inclusive se identificar a suscetibilidade de uma determinada

regiatildeo da cidade a um ou outro evento (CEPED2014)

512 O Plano diretor e as APPs

Nos uacuteltimos anos o Brasil experimentou um forte fenocircmeno de migraccedilatildeo do campo para

as aacutereas urbanas De acordo com o IBGE no periacuteodo de 1940 a 2000 houve um aumento

de cerca de 60 do nuacutemero de pessoas que vivem em cidades (SILVA JR 2006) O

processo de planejamento e ordenamento do uso do solo nessas aacutereas deveria ter

acompanhado esse crescimento ao longo dos anos a fim de garantir a qualidade de vida e

a seguranccedila dos migrantes ao se instalarem nas cidades o que natildeo ocorreu e o que se

observa atualmente satildeo ocupaccedilotildees em aacutereas improacuteprias para moradia sem a infraestrutura

baacutesica necessaacuteria e com risco iminente de deslizamentos eou inundaccedilotildees

O Plano Diretor do municiacutepio de Santos Dumont em seu capiacutetulo IV que versa sobre o

uso e ocupaccedilatildeo do solo explicita regras para o ordenamento do territoacuterio que compreende

o municiacutepio com base nos diferentes usos do solo de acordo com sua compatibilidade o

32

que acabou por resultar num zoneamento de todo o municiacutepio em macrozonas conforme

citado na seccedilatildeo 3231 de acordo com os usos atuais e futuros do solo Aleacutem de dividir

estas macrozonas em urbanas e rurais tambeacutem avaliou e classificou estas aacutereas com base

numa seacuterie de fatores ambientais geoloacutegicos culturais e sociais de forma a se fazer um

zoneamento coerente com os atuais usos do solo e seu potencial de uso futuro Apresenta-

se na Figura 59 este zoneamento na aacuterea urbana principal de Santos Dumont

Figura 5 9 Zoneamento urbano da aacuterea urbana principal

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Lei 42412012

Tomando como referecircncia o Novo Coacutedigo Florestal brasileiro em especial os paracircmetros

estabelecidos para a definiccedilatildeo de APP e utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento

atraveacutes do software Vista SAGA relacionou-se as APPs existentes na aacuterea em estudo com

as regiotildees propiacutecias a alagamentos e deslizamentos de acordo com o estudo feito quando

da elaboraccedilatildeo do Plano Diretor afim de se identificar qual ou quais aacutereas possuem estes

problemas e se estatildeo relacionados com o uso do solo irregular em APP

Ao se aplicar a metodologia proposta por Oliveira amp Fernandes Filho (2013) natildeo foram

identificadas dentro da aacuterea de estudo APPs de topos de morro sendo este tipo de APP

descartada portanto das anaacutelises subsequentes deste trabalho Foram consideradas as

APP de curso hiacutedrico (rios e nascentes) e de declividade visando relacionaacute-las as aacutereas

de risco identificadas pela Prefeitura afim de se verificar as possiacuteveis causas da ocorrecircncia

33

destas aacutereas na regiatildeo urbana do municiacutepio Por meio de combinaccedilotildees entre dois mapas

temaacuteticos utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento foi possiacutevel obter as

assinaturas ou seja tabelas que caracterizam quantitativamente a aacuterea afetada por cada

aspecto visto que a simples visualizaccedilatildeo do mapa gerado pelo geoprocessamento muitas

vezes eacute prejudicada por serem aacutereas de pequenas dimensotildees ou por qualquer outra

limitaccedilatildeo do software Ressalta-se que para a elaboraccedilatildeo do Plano Municipal de Reduccedilatildeo

de riscos a identificaccedilatildeo e detalhamento topograacutefico destas aacutereas eacute fundamental para o

desenvolvimento do referido Plano conforme seraacute abordado detalhadamente na seccedilatildeo

52

De posse do mapa que representa o zoneamento urbano de Santos Dumont primeiramente

procurou-se mensurar qualitativa e quantitativamente a presenccedila de APPs tanto de

declividade quanto de cursos hiacutedricos Essa identificaccedilatildeo eacute importante pois este

zoneamento eacute um dos instrumentos de planejamento municipal (BRASIL 2001) Saboya

(2007) aponta que os principais objetivos de um zoneamento satildeo o controle da expansatildeo

urbana e proteccedilatildeo de aacutereas inadequadas a ocupaccedilatildeo aleacutem de reduzir os conflitos inerentes

aos diferentes usos do solo Com o uso da ferramenta ldquoCombinarrdquo do Vista SAGA foram

feitas combinaccedilotildees entre o mapa de hidrografia com buffer de 30m para rios e coacuterregos e

de 50m para nascentes com o mapa do zoneamento para se verificar a importacircncia das

APPs de curso hiacutedrico em toda a aacuterea urbana principal do municiacutepio Tambeacutem foram

combinados o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) obtido atraveacutes do gvSIG com o mapa

de zoneamento afim de se verificar quantitativamente as APPs de declividade e onde se

localizam Vale ressaltar que as declividades entre 30 e 47 estatildeo presentes nesta

combinaccedilatildeo pois de acordo com o Plano Diretor de Santos Dumont terrenos com esta

faixa de declividade para fins de parcelamento devem possuir estudo teacutecnico que ateste

a viabilidade de se promover algum empreendimento imobiliaacuterio neste (SANTOS

DUMONT 2012) Como a legislaccedilatildeo municipal prevecirc estudo somente para a faixa de

declividade descrita anteriormente para fins de anaacutelise neste trabalho consideramos um

valor mais conservador para APP compreendendo a faixa de 47 a 100 aleacutem da

prevista pela legislaccedilatildeo federal (gt100) para que natildeo houvessem lacunas importantes na

geraccedilatildeo do produto

Apresenta-se na Figura 510 aacutereas com declividades consideradas de risco e consideradas

APP e em qual zona de planejamento elas estatildeo inseridas De um modo geral ao se

observar a Tabela 52 nota-se que a aacuterea que compreende declividades de risco e APP eacute

uma pequena parcela da aacuterea urbana principal representando 061 desta aacuterea Ao se

levar em conta somente a localizaccedilatildeo pode-se verificar que cerca de 84 das aacutereas com

declividade de risco e a totalidade das APPs de declividade estatildeo localizadas na ZAC1

zona que compreende a maior parte do municiacutepio e apesar de possuir infraestrutura baacutesica

para a ocupaccedilatildeo esta eacute restrita Sendo assim o fator declividade deve ser visto com cautela

nesta aacuterea para se evitar transtornos advindos de edificaccedilotildees nestas aacutereas

34

Figura 5 10 Combinaccedilatildeo entre as declividades importantes incluindo as APPs e o

zoneamento urbano

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Do autor

Tabela 52 Assinaturas da combinaccedilatildeo Declividade x Zoneamento

Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea

Natildeo APP 457972 9939

Declividade 30-47 em ZAC1 2368 051

Declividade 30-47 em ZE 284 006

Declividade 30-47 em ZAC2 128 003

Declividade 30-47 em ZPA 004 0001

APP Declividade em ZAC1 048 001

Total 460804 100

Fonte Do autor

Apresenta-se na Figura 511 as APPs de curso hiacutedrico (nascentes e rios) e em qual zona

de planejamento estatildeo localizadas Assim como a declividade a maior parte das APPs de

curso hiacutedrico estatildeo localizadas em ZAC1 representando 383 da aacuterea urbana em estudo

e 51 do total das APPs de curso hiacutedrico Esta questatildeo tambeacutem deve ser vista com

bastante criteacuterio pelos gestores locais uma vez que a ocupaccedilatildeo em faixas proacuteximas de

rios e coacuterregos podem causar uma gama de problemas ambientais e sociais na regiatildeo

(SANTANA2011) Tal cuidado tambeacutem deve ser tomado nas APPs compreendidas na

35

ZAC2 que compreende 001 da Aacuterea urbana principal e 14 do total das APPs de curso

hiacutedrico pois a infraestrutura baacutesica e acessibilidade presente nesta zona eacute precaacuteria e a

ocupaccedilatildeo as margens de cursos hiacutedricos pode gerar problemas seacuterios caso ocorra uma

expansatildeo nestas aacutereas

Figura 511 Combinaccedilatildeo entre APP de curso hiacutedrico e as zonas de planejamento

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Do autor

Outro ponto importante eacute a presenccedila da Zona de Proteccedilatildeo Ambiental (ZPA) no entorno

uma consideraacutevel parte dos cursos hiacutedricos Nesta zona estatildeo presentes 28 das APPs de

curso hiacutedrico e esta zona de acordo com o Plano Diretor deve ser restaurada ou

preservada por suas caracteriacutesticas geoloacutegicas topograacuteficas e bioloacutegicas

Afim de se verificar os usos do solo na regiatildeo em estudo foram utilizadas combinaccedilotildees

de imagens advindas do sateacutelite Landsat 8 nas bandas descritas no capiacutetulo 4 aleacutem da

banda pancromaacutetica O resultado eacute apresentado na figura 512 que mostra os principais

usos do solo na aacuterea urbana principal de Santos Dumont

36

Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x Zoneamento

Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea

Hidrografia 11168 239

Aacuterea Urbana Natildeo APP 421004 9008

APP Curso hiacutedrico em ZAC1 179 383

APP Curso hiacutedrico em ZPA 9776 209

APP Curso hiacutedrico em ZE 184 004

APP Curso hiacutedrico em ZA 1192 026

APP Curso hiacutedrico em ZAC2 5124 110

APP Curso hiacutedrico em ZPPH 248 005

APP Curso hiacutedrico em ZEIS 568 012

APP Curso hiacutedrico em ZCA 228 005

Total 467392 10000

Fonte Do autor

Figura 5 12 Mapa de usos do solo da aacuterea urbana principal de Santos Dumont

Fonte Do autor

Como jaacute era previsto a maior parte da aacuterea urbana se encontra ocupada e eacute nesta regiatildeo

ocupada que se observa a maior concentraccedilatildeo de problemas de deslizamentos e

alagamentos (Figuras 513 e 514) A grande ocupaccedilatildeo em aacutereas consideradas APP de

curso hiacutedrico de acordo com os mapas gerados pode ser a principal causa do aumento a

cada ano dos casos de alagamento principalmente na regiatildeo central da cidade Outro ponto

que se deve atentar eacute a existecircncia de uma consideraacutevel aacuterea de pastagem pouco vegetada

que caso estejam em aacutereas elevadas pode contribuir para deslizamentos e agraves margens de

37

rios e coacuterregos para o assoreamento destes corpos hiacutedricos o que pode causar

alagamentos (INAacuteCIO etal 2007)

Diante destes resultados pode-se ver que a cidade de Santos Dumont necessita alternativas

efetiva no que diz respeito agrave contenccedilatildeo de deslizamentos e a reduccedilatildeo de risco de

alagamento pois as aacutereas em que ocorrem tais eventos satildeo distintas e facilmente definidas

devido agrave repeticcedilatildeo destes nos uacuteltimos anos Um plano de accedilatildeo integrado entre as diferentes

secretarias municipais (Obras Meio Ambiente Assistecircncia Social entre outras) e a

Coordenadoria Municipal de Defesa Civil deve ser realizado afim de se tomar medidas

natildeo mais preventivas mas sim preditivas para que se possa conter o avanccedilo destes

problemas na aacuterea urbana principal bem como em toda a aacuterea do municiacutepio

Figura 5 13 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na aacuterea urbana

principal

Fonte Do autor

38

Figura 5 14 Aacutereas sujeitas a alagamento e os principais usos do solo na aacuterea

urbana principal

Fonte Do autor

Ao se associar os dados do estudo do Plano Diretor com os dados do levantamento

histoacuterico realizado com o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) pode-se notar que as aacutereas

propiacutecias a deslizamento estatildeo em regiotildees as quais haacute uma fronteira de declividades ou

seja eacute evidente que os deslizamentos ocorrem em encostas um pouco mais iacutengremes mas

natildeo necessariamente nas encostas de 30-47 as quais exigem estudo teacutecnico conforme o

plano diretor preconiza Quanto aos alagamentos nota-se que eles se localizam nas aacutereas

com menor ou nenhuma declividade podendo ser estas aacutereas talvez componentes da

planiacutecie de inundaccedilatildeo dos rios Estes resultados podem ser vistos nas figuras 515 e 516

a seguir

39

Figura5 15 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a deslizamentos na

regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

Fonte Lei 42412012 e Autor

Figura5 26 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a alagamentos na

regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

Fonte Lei 42412012 e Autor

40

52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis

O processo de ocupaccedilatildeo no municiacutepio de Santos Dumont comeccedilou muito antes de

qualquer legislaccedilatildeo relacionada a ordenamento urbano e de proteccedilatildeo do meio ambiente

fosse implementado no Brasil Esse fato aliado a poliacuteticas e fiscalizaccedilotildees falhas

contribuiacuteram para a ocupaccedilatildeo e expansatildeo da aacuterea urbana ao longo do Ribeiratildeo das Posses

e seus afluentes o que tem gerado o aumento da degradaccedilatildeo destes corpos hiacutedricos ao

longo de todos estes anos Observa-se tambeacutem que nas uacuteltimas deacutecadas ocorreu um

grande nuacutemero de migraccedilotildees do campo para a regiatildeo urbana da cidade fator que

contribuiu para o crescimento do nuacutemero de habitaccedilotildees em aacutereas de risco de deslizamento

e alagamentos por serem na maioria das vezes terrenos menos valorizados e por este

motivo acessiacuteveis a populaccedilatildeo com menor poder aquisitivo (ROSA amp CORTEZ 2008)

Vale ressaltar que esta questatildeo aleacutem de ser ambiental eacute muito mais social pois os

moradores entendem os riscos de se viver nestes locais mas por motivos econocircmicos ou

por questotildees afetivas natildeo abrem matildeo da moradia nessas aacutereas A Constituiccedilatildeo Federal de

1988 promoveu a inter-relaccedilatildeo das questotildees sociais com as questotildees ambientais quando

colocou o meio ambiente como direito coletivo (BRASIL1988 SOUZA2010) Por este

motivo a decisatildeo por medidas draacutesticas que favoreccedilam apenas agrave preservaccedilatildeo do meio

ambiente natildeo eacute recomendada pois aleacutem de ser inconstitucional podem afetar a

sustentabilidade econocircmica do municiacutepio e gerar conflitos sociais consideraacuteveis

(CARLOS 1992 apud SOUZA 2010)

Segundo Bueno (2009) ldquonem tudo o que eacute irregular eacute precaacuteriordquo Esse fato se observa em

Santos Dumont uma vez que em boa parte da regiatildeo central se observa vaacuterias moradias

construiacutedas na faixa de APP de curso hiacutedrico o que natildeo eacute permitido pela legislaccedilatildeo

vigente e eacute um dos fatores que contribui para a ocorrecircncia de alagamentos nesta aacuterea da

cidade Para a resoluccedilatildeo deste problema o que seria mais viaacutevel seria a melhoria da

infraestrutura de drenagem urbana afim de que o escoamento da aacutegua das chuvas natildeo

sobrecarregasse o sistema (BUENO2009) A construccedilatildeo de bacias de contenccedilatildeo de

cheias ao longo do Ribeiratildeo das Posses tambeacutem seria uma alternativa mas para se verificar

a viabilidade necessita-se estudos mais aprofundados do ponto de vista hidroloacutegico

O grande problema a ser solucionado no entanto eacute o que diz respeito agraves aacutereas de risco

de deslizamento majoritariamente nos bairros A melhor alternativa seria o

remanejamento dos moradores para uma aacuterea proacutexima agrave que moram poreacutem longe do

risco Poreacutem esta alternativa de acordo com Rosa Filho amp Cortez (2008) encontra alguns

entraves pois estas pessoas na maioria das vezes natildeo tecircm condiccedilotildees financeiras de irem

para outro lugar ou pagar aluguel ou estatildeo de alguma forma sentimentalmente ligadas

agravequela regiatildeo que se recusam a deixaacute-lo

41

Por parte dos oacutergatildeos competentes no municiacutepio a criaccedilatildeo de um plano para se evitar

acidentes ocasionados por deslizamentos e alagamentos com um mapeamento detalhado

de toda a extensatildeo do municiacutepio eacute extremamente uacutetil Os estudos que seratildeo feitos para a

elaboraccedilatildeo deste plano poderatildeo definir quais as aacutereas satildeo potencialmente de risco para as

ocupaccedilotildees existentes ou para as potenciais ocupaccedilotildees que possam vir a ocorrer atraveacutes do

mapeamento das aacutereas de risco Tal planejamento seraacute auxiliar ao Plano Diretor

Municipal pois definiraacute o real uso do solo de determinada regiatildeo do municiacutepio

contribuindo para a adequaccedilatildeo do uso e ocupaccedilatildeo do solo afim de evitar ou reduzir o

nuacutemero de problemas relacionados a alagamentos e principalmente deslizamentos no

periacutemetro urbano (TOMINAGA 2009) A partir deste plano os gestores locais poderatildeo

tomar a melhor decisatildeo para a prevenccedilatildeo ou reduccedilatildeo dos riscos inerentes a tais problemas

Na seccedilatildeo 521 seraacute hierarquizado de forma preliminar a aacuterea urbana principal de acordo

com os resultados da tabela 51

521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta

O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos (PMRR) foi criado atraveacutes de accedilotildees

regularizadoras do Ministeacuterio das Cidades para ser o instrumento de gestatildeo e

gerenciamento de aacutereas de risco em um municiacutepio Eacute um documento que aleacutem de

estabelecer quais regiotildees satildeo consideradas de risco tambeacutem objetiva a proposta de

medidas estruturais ou natildeo para contenccedilatildeo eou prevenccedilatildeo de cataacutestrofes aleacutem de ser um

meio de captaccedilatildeo de recursos financeiros junto aos Governos Estadual e Federal Estes

recursos poderatildeo ser utilizados para a realizaccedilatildeo de obras que visem a melhoria da

qualidade de vida da populaccedilatildeo do entorno ou de recuperaccedilatildeo da aacuterea degradada Este

plano eacute realizado de forma participativa com as comunidades das aacutereas de risco e pode

ser realizado em sete fases conforme recomenda o Ministeacuterio das Cidades (ALHEIROS

2006)

O primeiro passo para a realizaccedilatildeo do PMRR eacute definir qual a metodologia seraacute empregada

levando-se em consideraccedilatildeo a realidade atual do municiacutepio e especificar de forma sucinta

um cronograma das atividades Eacute importante nesta fase a participaccedilatildeo tambeacutem dos

responsaacuteveis pelas mais variadas Secretarias Municipais afim de explicitar o tamanho da

importacircncia e o caraacuteter integrador deste plano A segunda fase deste plano objetiva a

criaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo da principal base de dados a ser utilizada nos passos posteriores o

mapeamento de risco em escala detalhe em torno de 13000 (SAtildeO PAULO 2014) A

elaboraccedilatildeo de um mapeamento detalhado propiciaraacute natildeo soacute a identificaccedilatildeo mais faacutecil das

aacutereas de risco como tambeacutem facilitaraacute aos gestores e agrave comunidade decidirem qual a

melhor intervenccedilatildeo para a soluccedilatildeo ou remediaccedilatildeo dos problemas em uma determinada

42

aacuterea hierarquizando o risco e definindo prioridades (SAtildeO PAULO 2014) Na tabela a

seguir apresenta-se alguns tipos de intervenccedilotildees que podem ser feitas em aacutereas de risco

sugeridas pelo Ministeacuterio das cidades (ALHEIROS 2006)

Quadro 5 1 - Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco

Tipo de intervenccedilatildeo Descriccedilatildeo

Serviccedilos de limpeza e Recuperaccedilatildeo

Remoccedilatildeo de entulho lixo etc

corte de aacutervores

remoccedilatildeo de bananeiras

recuperaccedilatildeo eou limpeza de sistemas de

drenagem esgotos e acessos

Limpeza de canais de drenagem

Proteccedilatildeo Vegetal

Proteccedilatildeo superficial vegetal (gramiacuteneas) em

taludes com solo exposto

Proteccedilatildeo vegetal de margens de canais de

drenagem

Barreiras vegetais para massas escorregadas

ou acumuladas pela erosatildeo

Drenagem Superficial e Acessos

Sistema de drenagem superficial (canaletas

raacutepidos caixas de transiccedilatildeo escadas drsquoaacutegua)

Acessos para pedestres (escadarias rampas

etc) integrados ao sistema de drenagem

Revestimento de Taludes Revestimento com materiais artificiais

cimentado cal-jet tela argamassada alvenaria

de tijolos ceracircmicos solo-cimento ensacado

Desmonte de blocos e matacotildees Desmonte de concreccedilotildees de grande porte

blocos rochosos e matacotildees

Obras de drenagem de subsuperfiacutecie Sistema de drenagem de subsuperfiacutecie

(trincheiras drenantes DHP poccedilos de

rebaixamento)

Estruturas de contenccedilatildeo (localizadas)

Muros de contenccedilatildeo de pequeno porte (solo-

cimento ensacado alvenaria de pedra-rachatildeo

concreto armado)

Estruturas de contenccedilatildeo localizadas

(chumbadores tirantes microestacas)

Contenccedilatildeo e proteccedilatildeo de margens de canais (

gabiotildees muros de concreto etc)

Estruturas de contenccedilatildeo (meacutedio e grande porte) Implantaccedilatildeo de estruturas de contenccedilatildeo de

meacutedio e grande porte envolvendo obras de

contenccedilatildeo passivas e ativas (muros de

gravidade cortinas etc)

Terraplanagem Execuccedilatildeo de serviccedilos de terraplanagem

combinados a obras de drenagem superficial e

proteccedilatildeo vegetal desvio e canalizaccedilatildeo de

coacuterregos

Remoccedilatildeo de moradias Remoccedilotildees definitivas para implantaccedilatildeo de

obras ou devido agrave localizaccedilatildeo improacutepria da

edificaccedilatildeo (Priorizar as relocaccedilotildees dentro da

proacutepria aacuterea em local seguro)

Fonte ALHEIROS 2006

43

Escolhidas as formas de intervenccedilatildeo para cada aacuterea eacute necessaacuterio realizar uma estimativa

dos custos afim de preparar o orccedilamento da prefeitura para a realizaccedilatildeo das obras e se

seraacute necessaacuterio a captaccedilatildeo de recursos externos para a execuccedilatildeo destas Feitas as

estimativas de custo o proacuteximo passo eacute definir as prioridades e para esta fase eacute tambeacutem

uacutetil o mapeamento feito nas etapas anteriores pois seraacute necessaacuterio hierarquizar tais

intervenccedilotildees nas aacutereas de risco O Ministeacuterio das Cidades (2007) sugere alguns criteacuterios

que podem ser avaliados pelo gestor dentre eles pode-se citar

Grau de risco

Populaccedilatildeo beneficiada

Custo da intervenccedilatildeo

Dimensatildeo da aacuterea a ser tratada

Demandas anteriores da populaccedilatildeo

Tempo de ocupaccedilatildeo

Viabilidade teacutecnica da intervenccedilatildeo

Viabilidade financeira

Inclusatildeo da aacuterea em outros projetos

A partir desta hierarquizaccedilatildeo inicia-se a identificaccedilatildeo de provaacuteveis fontes de captaccedilatildeo de

recursos para a execuccedilatildeo das intervenccedilotildees Estes recursos podem advir de programas dos

governos Federal e Estadual ou por meio de editais para captaccedilatildeo de recursos financeiros

tanto do setor puacuteblico como da iniciativa privada e podem ser tambeacutem associados agrave outras

Secretarias Municipais como a de Turismo ou Meio Ambiente e natildeo soacute as destinadas agrave

Defesa Civil (ALHEIROS 2006)

Eacute previsto tambeacutem no PMRR uma avaliaccedilatildeo da Defesa Civil municipal e como ela estaacute

estruturada fazendo inclusive sugestotildees para que sua atuaccedilatildeo esteja em consonacircncia com

a realidade das comunidades e da Administraccedilatildeo Puacuteblica do municiacutepio de forma a garantir

sua sustentabilidade e conquistar a credibilidade da populaccedilatildeo no que diz respeito a

prevenccedilatildeo de cataacutestrofes Para que a resposta a uma determinada situaccedilatildeo de risco seja

raacutepida eacute necessaacuterio a descentralizaccedilatildeo da Defesa Civil criando pequenos nuacutecleos

comunitaacuterios com a finalidade de se monitorar a aacuterea constantemente e promover as

intervenccedilotildees necessaacuterias em tempo haacutebil o que aumenta em muito a credibilidade da

populaccedilatildeo no PMRR e no trabalho desempenhado pela Defesa Civil no municiacutepio Apoacutes

esta etapa o PMRR passaraacute por audiecircncias puacuteblicas e posteriormente poderaacute ser aprovado

como Lei Municipal pelo Legislativo local (ALHEIROS 2006)

Com a realizaccedilatildeo deste plano o municiacutepio estaraacute munido de informaccedilotildees suficientes para

realizar accedilotildees efetivas de gestatildeo e gerenciamento de riscos bem como aliado a

levantamentos sociais realizar programas habitacionais que beneficiem prioritariamente

44

aos moradores das aacutereas de risco Aleacutem disso com o PMRR o municiacutepio poderaacute melhorar

a qualidade ambiental da populaccedilatildeo captando recursos para a recuperaccedilatildeo das aacutereas de

APP que foram degradadas pelas ocupaccedilotildees irregulares beneficiando todos os moradores

do municiacutepio com o aumento da qualidade de vida na cidade

A partir do disposto nesta seccedilatildeo acerca do Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos e de

uma maneira preliminar (levando-se em conta apenas o nuacutemero de registros de

alagamentos e deslizamentos na aacuterea urbana principal de Santos Dumont no periacuteodo de

1984 a 2014) identificou-se trecircs regiotildees distintas na aacuterea urbana do municiacutepio com

tempo de recorrecircncia desses eventos similares caracterizando trecircs prioridades de

intervenccedilatildeo em contenccedilatildeo de risco como pode ser visto nas figuras 515 e 516 Vale

ressaltar que eacute necessaacuterio um estudo mais detalhado inclusive com visitas teacutecnicas a

campo para que se confirme a real situaccedilatildeo destas e a real prioridade para investimentos

Figura 5 17 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de deslizamentos

Fonte Do Autor

45

Figura 5 18 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de alagamentos

Fonte Do Autor

46

6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees

A seguir apresenta-se as conclusotildees e as recomendaccedilotildees feitas a partir dos objetivos

especiacuteficos explicitados no iniacutecio deste trabalho

Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a

aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes

urbanos

A partir da revisatildeo da legislaccedilatildeo pertinente em acircmbito federal estadual e

municipal constatou-se que o Plano Diretor de Santos Dumont natildeo conflita com a

legislaccedilatildeo federal e estadual sobre Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente A legislaccedilatildeo

municipal foi entendida como mais conservadora que as federal e estadual uma

vez que considera implicitamente que declividades entre 47 e 100 satildeo

enquadradas como APPs aleacutem da faixa superior a 100

Parte consideraacutevel das ocupaccedilotildees em APP principalmente na regiatildeo do bairro

Santo Antocircnio (onde surgiu os primeiros nuacutecleos que deram origem ao municiacutepio)

e o centro da cidade ocorreram antes de que fosse elaborado qualquer legislaccedilatildeo

que versasse sobre o tema Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente bastando ao gestor

local tomar medidas de contenccedilatildeo de riscos que minimizem os impactos causados

por essas ocupaccedilotildees nessa regiatildeo

O ordenamento adequado do uso do solo no municiacutepio eacute necessaacuterio para que o

crescimento dos loteamentos criados anteriormente agrave esta Lei e o surgimento de

novos natildeo avance para Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente o que pode causar

inuacutemeros problemas aos moradores e agravar os jaacute existentes

Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las

com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)

As aacutereas onde houveram a maior quantidade de registros de deslizamentos satildeo os

bairros mais populosos de Santos Dumont podendo se estabelecer uma relaccedilatildeo

que quanto mais populoso o bairro maior a quantidade de problemas relacionados

a deslizamentos Tambeacutem pode-se notar uma relaccedilatildeo com as fronteiras das faixas

de declividades e os deslizamentos uma vez que boa parte deles aconteceram

nestas faixas

As aacutereas onde houve um grande nuacutemero de registros de alagamentos satildeo os bairros

que se desenvolveram agraves margens do Ribeiratildeo das Posses em especial na aacuterea que

47

compreende as APPs de curso hiacutedrico e em aacutereas onde a declividade eacute baixa Esse

fato aliado ao crescimento do nuacutemero de vias pavimentadas com material

impermeaacutevel e a natildeo expansatildeo e ou redimensionamento da rede de drenagem

urbana contribuiacuteram para a ocorrecircncia cada vez mais constante de alagamentos

nessas aacutereas

Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos

catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30

anos

A partir do levantamento histoacuterico realizado e da base de dados georeferenciada

gerada observou-se o aumento do nuacutemero de registros de deslizamentos e

alagamentos nos uacuteltimos 10 anos quando as ocorrecircncias comeccedilaram a se repetir

numa mesma aacuterea com frequecircncia incrementada as vezes com mais de uma

ocorrecircncia anual

Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do

solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental

Destaca-se a adequaccedilatildeo dos criteacuterios gerais estabelecidos pelo Plano Diretor de

Santos Dumont relativos a legislaccedilatildeo federal e estadual Entretanto o referido

Plano Diretor natildeo contempla todo o territoacuterio municipal sendo assim ele natildeo

cumpre o objetivo de proteger as APPs preservadas e recuperar as que foram

degradadas em todo o territoacuterio municipal Ressalta-se tambeacutem a sua natildeo

conformidade com o Estatuto das Cidades uma vez que o Plano Diretor

contempla apenas os novos loteamentos

Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais

negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea

impactada

Recomenda-se a implantaccedilatildeo no municiacutepio de uma Coordenadoria Municipal de

Defesa Civil atuante e integrada agraves Secretarias Municipais e agrave comunidade

visando uma atuaccedilatildeo eficaz nos problemas relacionados a deslizamentos e

alagamentos A elaboraccedilatildeo de um Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos eacute de

suma importacircncia pois atraveacutes dele pode-se predizer as aacutereas que passaratildeo por

problemas caso a expansatildeo aconteccedila ou se inicie uma ocupaccedilatildeo nova aleacutem de

prevenir acidentes nas aacutereas jaacute ocupadas e consideradas de risco

48

7 Anexos

49

71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont

50

51

72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)

52

53

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56

SAtildeO PAULO Mapeamento de riscos associados a escorregamentos inundaccedilatildeo erosotildees

e solapamento de margens de drenagens do municiacutepio de Campos do Jordatildeo-SP

Relatoacuterio Teacutecnico Campos do Jordatildeo 2014

SILVA JR J R amp PASSOS L A O negoacutecio eacute participar a importacircncia do plano

diretor para o desenvolvimento municipal CNM SEBRAE Brasiacutelia 2006

SKORUPA LA Aacutereas de preservaccedilatildeo permanente e desenvolvimento sustentaacutevel

Embrapa Meio Ambiente Jaguariuacutena-SP 2004 4p

SOUZA F P Ocupaccedilotildees irregulares em APP um estudo de caso no munciacutepio de

Campos de Goytacazes- RJ Boletim do Observatoacuterio Ambiental Alberto Ribeiro Lamego

v4 nordm 1 Campos de Goytacazes 2010

SPERFELD A S Identificaccedilatildeo e anaacutelise de demandas soacutecio ambientais de ordem

puacuteblica em aacutereas urbanas susceptiacuteveis a desastres naturais no municiacutepio de Joinville

SC Dissertaccedilatildeo de Mestrado UFSC Florianoacutepolis 2009

TAKEDA T O Uso e ocupaccedilatildeo do solo urbano Disponiacutevel em

httpwwwjuriswayorgbrv2dhallaspid_dh=12363 Acesso em 02 de junho de 2015

TOMINAGA LK Escorregamentos In TOMINAGA L K et al(org) Desastres

naturais conhecer para prevenir Instituto Geoloacutegico Satildeo Paulo 2009 p 25-38

UFV ndash Universidade Federal de Viccedilosa Mapa de solos do Estado de Minas Gerais

legenda expandida Centro Tecnoloacutegico de Minas Gerais FEAM Belo Horizonte 2010

ZANON F N Uso e ocupaccedilatildeo da terra e vulnerabilidade a alagamento na aacuterea central

da cidade de Satildeo Paulo O caso da subprefeitura da Seacute Trabalho de Graduaccedilatildeo UNESP

Rio Claro 2013

Page 3: O USO DO SOLO URBANO EM ÁREAS DE PRESERVAÇÃO … · social que você tenha na vida, a mais alta ou a mais baixa, tenha sempre como meta muita força, muita determinação e sempre

ii

Igor Nogueira de Oliveira

O USO DO SOLO URBANO EM AacuteREAS DE

PRESERVACcedilAtildeO PERMANENTE

ESTUDO DE CASO NO MUNICIacutePIO DE SANTOS

DUMONT - MG

Trabalho Final de Curso apresentado ao Colegiado

do Curso de Engenharia Ambiental e Sanitaacuteria da

Universidade Federal de Juiz de Fora como

requisito parcial agrave obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Engenheiro

Ambiental e Sanitarista

Aacuterea de concentraccedilatildeo Engenharia Ambiental

Aacuterea de pesquisa Geoprocessamento Aplicado

Orientador Otaacutevio Eurico de Aquino Branco

Juiz de Fora

Faculdade de Engenharia da UFJF

2016

iii

AGRADECIMENTOS

Agradeccedilo agrave todos que colaboraram direta e indiretamente para a elaboraccedilatildeo deste

trabalho em primeiro lugar a Deus por ter dado a mim a oportunidade de viver esses

maravilhosos anos na Academia agrave minha famiacutelia de um modo especial agrave meu pai Geraldo

e minha matildee Maria das Dores e ao meu irmatildeo Iago pela paciecircncia e pelo apoio

incondicional ao longo de todos estes anos a todos os meus professores desde o Jardim

de Infacircncia ateacute a graduaccedilatildeo pelo carinho e dedicaccedilatildeo ao orientador professor e amigo

Otaacutevio Branco pela confianccedila e pelo incentivo aos colegas de turma e a todos que de

alguma forma cooperaram conosco para que este trabalho fosse realizado

iv

ldquoSeja vocecirc quem for seja qual for a posiccedilatildeo

social que vocecirc tenha na vida a mais alta ou

a mais baixa tenha sempre como meta muita

forccedila muita determinaccedilatildeo e sempre faccedila tudo

com muito amor e com muita feacute em Deus que

um dia vocecirc chega laacute

De alguma maneira vocecirc chega laacute rdquo

Ayrton Senna

v

RESUMO

As questotildees relacionadas a ocorrecircncia de deslizamentos e alagamentos eacute uma constante

no cotidiano urbano principalmente no periacuteodo chuvoso onde os problemas se tornam

evidentes Esses eventos nos uacuteltimos anos natildeo se restringiram somente a grandes cidades

mas tambeacutem a pequenos municiacutepios que sofrem por falta de recursos e de pessoal

especializado para prever e predizer trageacutedias advindas dos alagamentos e deslizamentos

de encostas provocados pela ocupaccedilatildeo desordenada em especial nas Aacutereas de

Preservaccedilatildeo Permanente Nos uacuteltimos 10 anos Santos Dumont tem sofrido

constantemente com o aumento do nuacutemero de casos de deslizamentos e principalmente

alagamentos por natildeo contar com um planejamento integrado e atuante na contenccedilatildeo de

tais eventos O objetivo geral desse trabalho eacute contribuir para a formulaccedilatildeo de poliacuteticas

puacuteblicas afim de corrigir e prevenir tais eventos na aacuterea urbana da cidade Para isso foi

gerado uma base de dados histoacutericos de um periacuteodo de 30 anos que associada ao

processamento de imagens obtidas atraveacutes de radares e sateacutelites proporcionou identificar

os pontos que merecem maior atenccedilatildeo e tambeacutem possibilitou atraveacutes de criteacuterio

quantitativo propor uma hierarquizaccedilatildeo dos bairros que merecem prioridade em

investimentos relacionados a contenccedilatildeo de riscos Com a combinaccedilatildeo de mapas e a

comparaccedilatildeo entre o estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor e o levantamento

histoacuterico feito a partir de dados primaacuterios pode-se observar que a maioria dos casos de

alagamentos e parte dos deslizamentos ocorrem na faixa de APP de curso hiacutedrico

Tambeacutem pode se estabelecer uma relaccedilatildeo entre o tamanho do bairro e o nuacutemero de

eventos relacionados a deslizamentos

vi

ABSTRACT

Issues related to the occurrence of landslides and flooding is a constant in urban daily life

particularly in the rainy season where the problems become evident These events in

recent years were not restricted only to large cities but also small towns which suffer

from lack of resources and specialized staff to anticipate and predict resulting tragedies

of the floods and landslides caused by the disorderly occupation especially in Permanent

Preservation areas Over the past 10 years Santos Dumont has been constantly increasing

number of cases of landslides and especially flooding for not having an integrated

planning and active in the containment of such events The aim of this study is to

contribute to the formulation of public policies in order to correct and prevent such events

in the urban area of the city For it was generated a historical data base for a period of 30

years associated with the processing of images obtained by radar and satellites provided

identify the points that deserve more attention and also made possible through

quantitative criterion propose a hierarchy of neighborhoods that deserve priority in

investments related to risk containment With the combination of maps and the

comparison between the study for the preparation of the Master Plan and the historical

survey from primary data can be observed that most of the cases of flooding and some

landslides occur in the course of APP range water You can also establish a relationship

between the neighborhood size and the number of related events to landslides

vii

SUMAacuteRIO

LISTA DE FIGURAS 2

LISTA DE TABELAS E QUADROS 4

1 INTRODUCcedilAtildeO 5

2 OBJETIVOS 6

21 Objetivo geral 6

22 Objetivos especiacuteficos 6

3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 7

31 Conceitos Fundamentais 7

311 Aacutereas de risco 7

312 Deslizamentos 8

313 Alagamentos 8

314 Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente 9

315 Uso e ocupaccedilatildeo do solo 9

32 Legislaccedilatildeo Pertinente 10

321 As adequaccedilotildees da legislaccedilatildeo ao longo dos anos 10

322 O Novo Coacutedigo Florestal e a legislaccedilatildeo mineira 11

323 O Plano Diretor 13

3231 O Plano Diretor de Santos Dumont 14

33 O Municiacutepio de Santos Dumont 16

331 De Arraial a cidade 16

332 Santos Dumont na atualidade 19

4 METODOLOGIA 20

41 Aacuterea de estudo 20

42 Levantamento e tratamento dos dados 21

5 RESULTADOS 23

51 Levantamento histoacuterico de alagamentos e deslizamentos 23

512 O Plano diretor e as APPs 31

52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis 40

521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta 41

6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees 46

7 Anexos 48

71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont 49

72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos

(1984-2014) 51

8 Referecircncias Bibliograacuteficas 53

2

LISTA DE FIGURAS

Paacuteg

Figura 31 Vista parcial do Arraial de Joatildeo Gomes 17

Figura 32 Municiacutepio de Palmyra na deacutecada de 1920 18

Figura 33 Municiacutepio de Santos Dumont em 2014 19

Figura 41 Localizaccedilatildeo da aacuterea urbana principal 20

Figura 42 Mapa da aacuterea urbana principal com a localizaccedilatildeo dos

bairros

21

Figura 51 Deslizamento no bairro Coacuterrego do Ouro 25

Figura 52 Alagamento na regiatildeo central de Santos Dumont em 2013 26

Figura 53 Pontos de Alagamento obtidos atraveacutes do levantamento

histoacuterico

27

Figura 54 Pontos de Deslizamento obtidos atraveacutes do levantamento

histoacuterico

27

Figura 55 Aacutereas propensas a deslizamento de acordo com o Plano

Diretor de Santos Dumont

29

Figura 56 Aacutereas propensas a alagamento de acordo com o Plano

Diretor de Santos Dumont

29

Figura 57 Aacutereas propensas a alagamento do estudo do Plano Diretor

complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do

levantamento

30

Figura 58 Aacutereas propensas a deslizamento do estudo do Plano

Diretor complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do

levantamento

31

Figura 59 Zoneamento urbano da aacuterea urbana principal 32

Figura 510 Combinaccedilatildeo entre as declividades importantes incluindo

as APPs e o zoneamento urbano

34

Figura 511 Combinaccedilatildeo entre as APPs de curso hiacutedrico e as zonas de

planejamento

35

Figura 512 Mapa de usos do solo da aacuterea urbana principal de Santos

Dumont

36

Figura 513 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na

aacuterea urbana principal

37

Figura 514 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na

aacuterea urbana principal

38

Figura 515 Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a

deslizamentos na regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

39

Figura 516 Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a

alagamentos na regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

39

3

Figura 517 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de

deslizamentos

44

Figura 518 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de

alagamentos

45

4

LISTA DE TABELAS E QUADROS

Paacuteg

Tabela 51 Ocorrecircncias de alagamento e deslizamento obtidos

atraveacutes do levantamento histoacuterico

28

Tabela 52 Assinaturas da combinaccedilatildeo Declividade x Zoneamento 34

Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x

Zoneamento

36

Quadro 51 Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco 42

5

1 INTRODUCcedilAtildeO

Quando o ser humano deixou de seguir uma vida nocircmade e passou a se fixar em locais

em geral proacuteximos a cursos drsquoaacutegua e de aacutereas propicias ao cultivo de alimentos iniciou-

se o processo de implantaccedilatildeo de pequenas comunidades e quando estas comunidades

comeccedilaram a crescer natildeo soacute em quantidade mas tambeacutem do ponto de vista

organizacional deu-se iniacutecio a formaccedilatildeo das cidades tal como conhecemos hoje Como

resultado deste processo um sem-fim de problemas relacionados agrave estas ocupaccedilotildees

surgiram tanto de cunho ambiental quanto social e dentre estes problemas estatildeo

incluiacutedos os desastres naturais relacionados a deslizamentos e alagamentos por conta da

ocupaccedilatildeo em aacutereas natildeo adequadas a este fim

Nos uacuteltimos anos o Brasil tem vivenciado grandes trageacutedias relacionadas a deslizamentos

e alagamentos Uma boa parte destes eventos teve como fator agravante as ocupaccedilotildees

sem criteacuterio e sem orientaccedilatildeo teacutecnica Um exemplo recente aconteceu no Vale do Itajaiacute

em Santa Catarina em novembro de 2008 durante um periacuteodo com chuvas intensas em

que vaacuterias cidades entraram em situaccedilatildeo de calamidade puacuteblica devido ao grande nuacutemero

de casos de alagamento e graves deslizamentos de encostas causando a morte de vaacuterias

pessoas na regiatildeo No Estado do Rio de Janeiro em 2010 o Morro do Bumba em Niteroacutei

sofreu com um grave deslizamento que deixou um grande nuacutemero de mortos As casas

foram construiacutedas sobre um antigo lixatildeo sem nenhuma orientaccedilatildeo e com as intensas

chuvas que assolaram a regiatildeo naquela eacutepoca a encosta veio a baixo causando o desastre

Outra trageacutedia relevante aconteceu na regiatildeo Serrana do Rio de Janeiro que foi

considerada ateacute entatildeo a maior trageacutedia climaacutetica da histoacuteria do paiacutes com pouco mais de

500 mortos e um prejuiacutezo material incalculaacutevel no ano de 2011 Em comum a todos estes

fatos estaacute a falta de um planejamento efetivo por parte dos oacutergatildeos municipais no que diz

respeito ao disciplinamento do uso e ocupaccedilatildeo do solo e a fiscalizaccedilatildeo do cumprimento

da legislaccedilatildeo vigente

A cidade de Santos Dumont Minas Gerais natildeo eacute exceccedilatildeo a esta regra Como a grande

maioria das comunidades estabelecidas ao longo da Estrada Real a cidade surgiu como

um pequeno rancho cujo objetivo era servir de pouso para os viajantes que faziam o

transporte de pedras e metais preciosos das minas de Ouro Preto ateacute o Rio de Janeiro

Posteriormente a regiatildeo se desenvolveu como importante entreposto industrial e

comercial a partir da instalaccedilatildeo da ferrovia D Pedro II ateacute que no final do seacuteculo XIX

se transforma em vila e logo apoacutes em municiacutepio O desenvolvimento da regiatildeo implicou

tambeacutem no crescimento populacional e como naquela eacutepoca ainda natildeo havia uma

legislaccedilatildeo especiacutefica para ordenamento e uso do solo os loteamentos foram surgindo agraves

margens do Ribeiratildeo das Posses e em aacutereas cuja declividade natildeo era favoraacutevel agrave ocupaccedilatildeo

6

o que consequentemente acarretou deslizamentos de terra e alagamentos inclusive com

o registro de algumas trageacutedias ao longo dos anos

Pretende-se que este trabalho sirva como subsidio ao gestor puacuteblico local visando o

estabelecimento de poliacuteticas puacuteblicas integradas aos setores de meio ambiente e defesa

civil com vistas a garantir a seguranccedila de todos os muniacutecipes e a qualidade de vida em

todo o territoacuterio municipal

2 OBJETIVOS

21 Objetivo geral

O objetivo geral deste trabalho eacute contribuir para o estabelecimento de poliacuteticas puacuteblicas

direcionadas ao disciplinamento do uso e ocupaccedilatildeo do solo urbano no municiacutepio de

Santos Dumont

22 Objetivos especiacuteficos

Satildeo objetivos especiacuteficos

Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a

aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes

urbanos

Caracterizar o uso irregular do solo urbano em Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente

Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las

com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)

Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos

catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30

anos

Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do

solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental

7

Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais

negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea

impactada

3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

A seguir eacute apresentada a revisatildeo bibliograacutefica que fundamenta o desenvolvimento e o

pleno entendimento deste trabalho O conhecimento do que satildeo aacutereas de risco

alagamentos e deslizamentos bem como o que eacute e qual a importacircncia de um Plano Diretor

eacute de suma importacircncia para se avaliar como um municiacutepio estaacute se desenvolvendo e qual

a qualidade de vida dos muniacutecipes Tambeacutem satildeo abordados neste capiacutetulo os aspectos

legais referentes agraves Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente seus limites e sua importacircncia para

o ambiente urbano

31 Conceitos Fundamentais

311 Aacutereas de risco

De acordo com o Instituto de Pesquisas Tecnoloacutegicas ndash IPT entende-se como aacuterea de

risco aquela ldquopassiacutevel de ser atingida por fenocircmenos ou processos naturais eou induzidos

que causem efeito adverso As pessoas que habitam essas aacutereas estatildeo sujeitas a danos agrave

integridade fiacutesica perdas materiais e patrimoniaisrdquo (MINISTEacuteRIO DAS CIDADES

2007)

Para Augusto Filho et al (1990) apud Cristo (2002) aacuterea de risco eacute caracterizada como

aquela em que ldquose encontra em situaccedilatildeo de perigo tanto socialmente quanto

economicamente por conta de alguma alteraccedilatildeo na constituiccedilatildeo do terreno ou com grande

probabilidade de ocorrer processos naturaisrdquo

Segundo Fernandes (2012) aacutereas de risco ldquosatildeo aacutereas consideradas improacuteprias ao

assentamento humano por estarem sujeitas a riscos naturaisrdquo

Diante das definiccedilotildees supracitadas pode-se dizer que aacuterea de risco satildeo aacutereas susceptiacuteveis

agrave accedilatildeo de eventos naturais extremos e por esse motivo natildeo eacute viaacutevel agrave ocupaccedilatildeo humana

nestes locais e pode ou natildeo estar associados agrave proximidade ou nos limites de uma APP

8

312 Deslizamentos

Segundo Tominaga (2009) deslizamento eacute o movimento de solo em uma vertente pela

accedilatildeo da gravidade e satildeo mais frequentes em regiotildees de relevo montanhoso e em periacuteodos

chuvosos sendo a pluviosidade um dos principais fatores condicionantes para a ocorrecircncia

do processo Os deslizamentos podem ocorrer naturalmente e eacute grande responsaacutevel pela

dinacircmica das vertentes e evoluccedilatildeo do relevo local mas no Brasil a falta de planejamento

urbano de uma boa parte dos municiacutepios a ocupaccedilatildeo desordenada e a construccedilatildeo de

domiciacutelios sem orientaccedilatildeo teacutecnica tecircm transformado um processo natural em um

problema que algumas vezes se tornam grandes trageacutedias Na regiatildeo Sudeste brasileira o

escorregamento do tipo rotacional eacute o mais comum e eacute caracterizado por uma ruptura

curva no solo que estaacute geralmente associada agrave realizaccedilatildeo de cortes na base do talude ou

por processos erosivos fluviais o que relaciona esse tipo de escorregamento agraves regiotildees

urbanas mal planejadas e coloca o homem como o principal agente efetivo associado com

a pluviosidade na ocorrecircncia de acidentes relacionados com deslizamentos

(FERNANDES amp AMARAL 1996 apud TOMINAGA 2009)

313 Alagamentos

De acordo com Amaral amp Ribeiro (2009) inundaccedilotildees e enchentes satildeo processos

intimamente relacionados com a pluviosidade pois satildeo frequentes em periacuteodos de chuvas

fortes e raacutepidas ou chuvas de longa duraccedilatildeo e estatildeo relacionados agrave intensidade e

distribuiccedilatildeo da precipitaccedilatildeo ao longo da bacia agrave capacidade do solo de reter e infiltrar

aacutegua e agraves caracteriacutesticas de forma da bacia de drenagem

O escoamento das aacuteguas pluviais na natureza eacute lento mas em aacutereas urbanizadas a accedilatildeo

antroacutepica relacionada a ocupaccedilatildeo de planiacutecies de inundaccedilatildeo que podem estar inclusive

em uma cota abaixo do leito do rio impermeabilizaccedilatildeo do solo e retificaccedilatildeo de corpos

drsquoaacutegua aleacutem de inuacutemeras atividades que promovem o assoreamento dos rios e coacuterregos

tem gerado resultados catastroacuteficos e grandes prejuiacutezos (AMARAL amp RIBEIRO 2009)

Quando se refere agraves regiotildees urbanas o termo ldquoalagamentordquo eacute o mais utilizado e segundo

o Ministeacuterio das Cidades (2006) define-se como o ldquoacuacutemulo momentacircneo de aacuteguas em

uma dada aacuterea por problemas no sistema de drenagem podendo ter ou natildeo relaccedilatildeo com

processos de natureza fluvialrdquo Tambeacutem o termo ldquoenxurradardquo eacute utilizado e define-se como

o ldquoescoamento superficial concentrado e com alta energia de transporte que pode ou natildeo

estar associado a aacutereas de domiacutenio dos processos fluviais Eacute comum a ocorrecircncia de

enxurradas ao longo de vias implantadas sobre antigos cursos drsquoaacutegua com alto gradiente

hidraacuteulico e em terrenos com alta declividade naturalrdquo

9

314 Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente

O Novo Coacutedigo Florestal Brasileiro define Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP) como

ldquoaacuterea protegida coberta ou natildeo por vegetaccedilatildeo nativa com a funccedilatildeo ambiental de

preservar os recursos hiacutedricos a paisagem a estabilidade geoloacutegica e a biodiversidade

facilitar o fluxo gecircnico de fauna e flora proteger o solo e assegurar o bem-estar das

populaccedilotildees humanasrdquo (BRASIL2012) Estas aacutereas satildeo muito importantes tanto no meio

urbano como no rural por garantir a estabilidade do solo em encostas iacutengremes contribuir

para a natildeo formaccedilatildeo de processos erosivos e o assoreamento de rios e coacuterregos aleacutem de

garantir a recarga de aquiacuteferos ao atuar como um amortecedor de chuvas retendo-a e

impedindo que ocorra um carreamento intenso de sedimentos ao longo dos morros e

margens de rios e coacuterregos (SKORUPA 2004) A Lei 126512012 apresenta os tipos de

APP e seus limites conforme seraacute visto no item 322

315 Uso e ocupaccedilatildeo do solo

Dentre os vaacuterios mecanismos de ordenamento urbano e instrumentos de planejamento

municipal previsto no Estatuto da Cidade (Lei Federal 102572001) o uso e ocupaccedilatildeo

do solo satildeo os mais utilizados pelas cidades para a formulaccedilatildeo das poliacuteticas urbanas

podendo definir o uso como a forma como esta parcela do solo eacute utilizada e a ocupaccedilatildeo

como sendo o modo como as edificaccedilotildees devem ser dispostas nesta mesma parcela do

solo urbano (TAKEDA 2015) O termo ldquoUso e ocupaccedilatildeo do solordquo tambeacutem pode ser

definido como o fator que determina como as mais diferentes regiotildees de um municiacutepio

deve se desenvolver (FONTOURA 2015)

A inserccedilatildeo de leis municipais de uso e ocupaccedilatildeo do solo objetivam ser uma referecircncia

para os gestores locais no processo de tomada de decisatildeo para que as cidades cresccedilam de

modo organizado enfatizando os potenciais e capacidades de cada regiatildeo aleacutem de tornar

o crescimento mais homogecircneo Com isso pretende-se evitar a formaccedilatildeo de grandes

adensamentos em pequenas aacutereas garantindo a mobilidade e a qualidade de vida de todos

os muniacutecipes tanto da regiatildeo urbana como da rural preservar e melhorar a qualidade

ambiental do municiacutepio aleacutem de evitar deslizamentos e alagamentos por conta da

ocupaccedilatildeo incorreta do solo (TAKEDA 2015)

10

32 Legislaccedilatildeo Pertinente

321 As adequaccedilotildees da legislaccedilatildeo ao longo dos anos

A problemaacutetica relacionada agraves APPs em aacutereas urbanas outrora era uma questatildeo complexa

e demandava uma larga discussatildeo do ponto de vista juriacutedico administrativo e teacutecnico Eacute

sabido que a maioria das cidades se formaram proacuteximos aos corpos hiacutedricos regiatildeo que

garantia o abastecimento de aacutegua e alimentos agrave populaccedilatildeo e tambeacutem facilitava o descarte

dos efluentes A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 225 daacute garantia aos

brasileiros de um meio ambiente em equiliacutebrio e concede agrave toda a sociedade o dever de

preservaacute-lo de acordo com os princiacutepios do desenvolvimento sustentaacutevel (BRASIL

1988) Antes desta Constituiccedilatildeo jaacute havia um texto que regulamentava a questatildeo da

preservaccedilatildeo de aacutereas verdes em todo o territoacuterio nacional A Lei Federal nordm 477165 que

trata do Coacutedigo Florestal estabelecia limites e regulamentava as Aacutereas de Preservaccedilatildeo

Permanente De acordo com Arauacutejo (2002) apud De Moraes (2014) essa Lei que fora

revogada e substituiacuteda pela Lei 126512012 era bastante falha no que diz respeito agraves

questotildees de APPS em aacutereas urbanas o que poderia ser um facilitador do natildeo cumprimento

do que foi proposto por aquela legislaccedilatildeo nestas aacutereas Isso se devia ao fato de o Coacutedigo

Florestal de 1965 ter deixado uma duacutevida sobre qual legislaccedilatildeo seguir uma vez que em

seu segundo artigo no paraacutegrafo uacutenico estava disposto que em aacutereas urbanas devia-se

atentar para a legislaccedilatildeo referente ao Plano Diretor e as referentes ao uso do solo na aacuterea

do municiacutepio (BRASIL 1965) Diante dessa conjuntura alguns municiacutepios optavam pela

natildeo aplicaccedilatildeo do Coacutedigo Florestal na regiatildeo urbana mesmo sabendo que a poliacutetica

conservacionista eacute extremamente importante visto o grande nuacutemero de problemas que

podem advir do uso irregular das APPs (DE MORAES 2009) Segundo o artigo 182 da

Constituiccedilatildeo Federal de 1988 as poliacuteticas relacionadas ao desenvolvimento urbano

devem ser elaboradas pelos municiacutepios e objetiva garantir o bem estar dos muniacutecipes e

tambeacutem o desenvolvimento do municiacutepio como um todo atraveacutes do atendimento agraves

exigecircncias do Plano Diretor (BRASIL 1988) O que podia gerar alguma divergecircncia seria

se o Plano Diretor Municipal propusesse uma faixa de APP menor que a prevista pelo

Coacutedigo Florestal Sendo assim essa legislaccedilatildeo perderia sua validade pelo fato de a

legislaccedilatildeo federal ser suplementar ou se seria cumprida devido ao disposto no artigo 182

da Constituiccedilatildeo Segundo De Moraes (2009) natildeo eacute aceitaacutevel que o Plano Diretor

Municipal legitime tal degradaccedilatildeo ambiental uma vez que um dos seus principais

objetivos eacute a proteccedilatildeo do bem estar puacuteblico estando incluiacutedo nesse a proteccedilatildeo do

ambiente natural A delimitaccedilatildeo e especificaccedilatildeo das APPs em Lei eacute necessaacuteria uma vez

que os limites miacutenimos destinados agrave preservaccedilatildeo satildeo importantes pois garantem a

proteccedilatildeo tanto da qualidade quanto da quantidade dos recursos hiacutedricos e evitam a

ocupaccedilatildeo em locais propiacutecios aos deslizamentos e zonas de recarga dos aquiacuteferos

11

subterracircneos assegurando tambeacutem de certa forma a integridade dos seres humanos que

potencialmente ocupariam tais locais (CARVALHO 2013)

Neste trabalho a legislaccedilatildeo tomada como referecircncia eacute a prevista pela Constituiccedilatildeo Federal

de 1988 o Novo Coacutedigo Florestal (Lei 126512012) e o Estatuto das Cidades (Lei

102572001) em acircmbito federal Na esfera estadual a Lei 209222013 versa sobre os

limites para APP em todo o territoacuterio de Minas A Lei Municipal 42412012 trata do

Plano Diretor Municipal da cidade de Santos Dumont onde se encontra as diretrizes para

o uso e ocupaccedilatildeo do solo e o zoneamento da cidade de acordo com as caracteriacutesticas do

solo entre outras

322 O Novo Coacutedigo Florestal e a legislaccedilatildeo mineira

O Novo Coacutedigo Florestal Lei Federal 126512012 substituiu a Lei Federal 47711965

Dentre os vaacuterios artigos que esta lei possui o que apresenta maior importacircncia para o

planejamento e o ordenamento das cidades tanto na aacuterea urbana como na rural eacute o artigo

4ordm em que constam as faixas de APP tanto para curso hiacutedrico como para declividade e

altitude aleacutem dos topos de morro a saber (BRASIL2012)

ldquoArt 4ordm Considera-se Aacuterea de Preservaccedilatildeo

Permanente em zonas rurais ou urbanas para os

efeitos desta Lei

I - as faixas marginais de qualquer curso drsquoaacutegua

natural perene e intermitente excluiacutedos os

efecircmeros desde a borda da calha do leito regular

em largura miacutenima de

a) 30 (trinta) metros para os cursos drsquoaacutegua de

menos de 10 (dez) metros de largura

b) 50 (cinquenta) metros para os cursos drsquoaacutegua

que tenham de 10 (dez) a 50 (cinquenta) metros de

largura

()

IV - as aacutereas no entorno das nascentes e dos olhos

drsquoaacutegua perenes qualquer que seja sua situaccedilatildeo

topograacutefica no raio miacutenimo de 50 (cinquenta)

metros

12

V - as encostas ou partes destas com declividade

superior a 45deg equivalente a 100 (cem por

cento) na linha de maior declive

()

IX - no topo de morros montes montanhas e

serras com altura miacutenima de 100 (cem) metros e

inclinaccedilatildeo meacutedia maior que 25deg as aacutereas

delimitadas a partir da curva de niacutevel

correspondente a 23 (dois terccedilos) da altura

miacutenima da elevaccedilatildeo sempre em relaccedilatildeo agrave base

sendo esta definida pelo plano horizontal

determinado por planiacutecie ou espelho drsquoaacutegua

adjacente ou nos relevos ondulados pela cota do

ponto de sela mais proacuteximo da elevaccedilatildeo

X - as aacutereas em altitude superior a 1800 (mil e

oitocentos) metros qualquer que seja a

vegetaccedilatildeo

()rdquo

A legislaccedilatildeo atual em seu artigo 4ordm evidencia que as faixas e aacutereas determinadas como

APP compreendem tanto as aacutereas rurais quanto urbanas (BRASIL 2012) retirando a

duacutevida anterior e sendo essa a Lei suplementar qualquer faixa de APP mais permissiva

na legislaccedilatildeo estadual e municipal satildeo invaacutelidas o que simplificou de certa forma a

aplicabilidade da Legislaccedilatildeo referente a Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente

No Estado de Minas Gerais a Lei Estadual 20922 de 16 de Outubro de 2013 trata do tema

em acircmbito estadual mas com os mesmos princiacutepios propostos pela Lei Federal sendo os

limites miacutenimos previstos para as APPs os mesmos propostos pelo Novo Coacutedigo

Florestal brasileiro (MINAS GERAIS2013)

ldquo Art 9ordm Para os efeitos desta Lei em zonas rurais

ou urbanas satildeo APPs

I as faixas marginais de cursos drsquoaacutegua naturais

perenes e intermitentes excluiacutedos

os efecircmeros medidas a partir da borda da calha

do leito regular em largura miacutenima de

13

a) 30m (trinta metros) para os cursos drsquoaacutegua de

menos de 10m (dez metros) de largura

b) 50m (cinquenta metros) para os cursos drsquoaacutegua

de 1 0m (dez metros) a 50m (cinquenta metros) de

largura

()

IV as aacutereas no entorno das nascentes e dos olhos

drsquoaacutegua perenes no raio miacutenimo de 50m

(cinquenta metros)

V as encostas ou partes destas com declividade

superior a 45ordm (quarenta e cinco graus)

equivalente a 100 (cem por cento) na linha de

maior declive

()

VII no topo de morros montes montanhas e

serras com altura miacutenima de 100m (cem metros)

e inclinaccedilatildeo meacutedia maior que 25ordm (vinte e cinco

graus) as aacutereas delimitadas a partir da curva de

niacutevel correspondente a 23 (dois terccedilos) da altura

miacutenima da elevaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave base sendo esta

definida pelo plano horizontal determinado por

planiacutecie ou espelho drsquoaacutegua adjacente ou nos

relevos ondulados pela cota do ponto de sela mais

proacuteximo da elevaccedilatildeo

VIII as aacutereas em altitude superior a 1 800m (mil

e oitocentos metros)

()rdquo

323 O Plano Diretor

O Estatuto das Cidades em seu artigo 40 prevecirc o plano diretor como um instrumento

capaz de promover a poliacutetica urbana englobando toda a cidade aleacutem de fornecer padrotildees

e limites para o uso do solo nas mais diversas regiotildees do municiacutepio com vistas a

harmonizar o desenvolvimento urbano com a preservaccedilatildeo do meio ambiente (SILVA JR

2006) Este instrumento eacute obrigatoacuterio para cidades com mais de 20 mil habitantes ou

14

aacutereas que integrem regiotildees metropolitanas ou de interesse turiacutestico O artigo 41 do

Estatuto das cidades tambeacutem prevecirc a obrigatoriedade do Plano Diretor para cidades que

possuem em sua aacuterea empreendimentos que caracterizem grandes impactos ambientais

de influecircncia regional ou nacional e cidades que possuem problemas com deslizamentos

de grande magnitude ou alagamentos repentinos (BRASIL 2001)

O Plano diretor de acordo com o Estatuto das Cidades deve ser aprovado como lei em

acircmbito municipal e revisto a cada dez anos Este documento eacute uacutenico pois cada cidade

possui suas peculiaridades infraestrutura vocaccedilotildees e problemas que por mais que sejam

parecidos entre si satildeo diferenciados pela intensidade e pela regionalizaccedilatildeo Sendo assim

a confecccedilatildeo do Plano Diretor deve conter a participaccedilatildeo de toda a comunidade local de

forma a reduzir as desigualdades sociais os gastos puacuteblicos desnecessaacuterios a degradaccedilatildeo

ambiental e combater os problemas relacionados a urbanizaccedilatildeo de forma conjunta

promovendo um processo de tomada de decisatildeo que garanta a qualidade de vida

preservaccedilatildeo e o desenvolvimento social do municiacutepio como um todo (ROSSBACH amp

CARVALHO 2010)

3231 O Plano Diretor de Santos Dumont

A Lei Municipal nordm 424112 que entrou em vigor no ano de 2014 trata do Plano Diretor

Municipal instrumento previsto no Estatuto das Cidades para garantir aos cidadatildeos um

desenvolvimento urbano organizado justo e sustentavelmente econocircmico (BRASIL

2001) Aleacutem de apontar as diretrizes para a elaboraccedilatildeo da Poliacutetica Municipal dos mais

variados setores o Plano Diretor divide o municiacutepio em macrozonas urbanas e rurais

Estas zonas tecircm por objetivo facilitar a identificaccedilatildeo dos setores que permitem ou natildeo o

desenvolvimento da cidade e em que magnitude pode ser feita a expansatildeo respeitando ao

meio ambiente e tambeacutem o que eacute previsto no tocante ao uso e ocupaccedilatildeo do solo nessas

aacutereas Aleacutem disso ela estabelece a forma como devem ser as edificaccedilotildees nas referidas

aacutereas As aacutereas definidas como macrozonas urbanas e foram subdivididas em (SANTOS

DUMONT2012)

ldquoZona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e

da Paisagem (ZPPH) satildeo as aacutereas cujos

equipamentos urbanos possuem interesse

histoacuterico ou paisagiacutestico de preservaccedilatildeo

Zona de Preservaccedilatildeo Ambiental satildeo aquelas em

que devem ser mantidas ou recuperadas a

15

vegetaccedilatildeo por conta da declividade altitude ou

presenccedila de recursos hiacutedricos

Zona de Adensamento Controlado (ZAC) satildeo as

aacutereas em que deve-se manter uma pequena

densidade populacional devido as limitaccedilotildees na

infraestrutura da localidade A ZAC se divide em

ZAC 1 quando a infraestrutura existente eacute

limitada e em ZAC 2 quando esta eacute precaacuteria ou

natildeo existe

Zona de Consolidaccedilatildeo de Adensamento (ZCA)

satildeo as aacutereas em que haacute interesse em ocupar os

lotes vagos haja visto que a regiatildeo possui toda a

infraestrutura para que isto aconteccedila

Zona Adensaacutevel (ZA) satildeo as aacutereas com

condiccedilotildees propiacutecias para ocorrer uma ocupaccedilatildeo

mais densa

Zona Especial de Interesse Social (ZEIS) satildeo as

aacutereas em que o Poder Puacuteblico almeja fazer

alguma forma de ocupaccedilatildeo Eacute dividida em ZEIS 1

e ZEIS 2 A ZEIS 1 satildeo regiotildees jaacute ocupadas mas

de forma irregular cujo interesse puacuteblico eacute

realizar obras e outras atividades para

regularizar as ocupaccedilotildees e urbanizar a aacuterea

enquanto que a ZEIS 2 satildeo aacutereas natildeo utilizadas ou

subutilizadas as quais o poder puacuteblico almeja

realizar algum empreendimento habitacional de

caraacuteter social

Zona de Grandes Equipamentos (ZE) satildeo aacutereas

cujo o interesse eacute a implantaccedilatildeo de

empreendimentos de grande porte ou grandes

equipamentos puacuteblicosrdquo

Esta divisatildeo espacial pode ser melhor vista no Anexo 71

O Plano Diretor natildeo estipula limites para APP mas prevecirc algumas diretrizes como na

Poliacutetica Municipal de Preservaccedilatildeo do Meio Ambiente sobre o uso do solo em

compatibilidade com praacuteticas conservacionistas A Poliacutetica Municipal de Expansatildeo

16

Urbana tem como uma de suas diretrizes fazer cumprir a legislaccedilatildeo vigente no que diz

respeito agraves intervenccedilotildees e investimentos que poderatildeo ser feitos nessas aacutereas Tambeacutem eacute

diretriz da mesma Poliacutetica o controle da ocupaccedilatildeo e do uso do solo em APPs e o auxiacutelio

aos oacutergatildeos estaduais e federais de meio ambiente no tocante agrave fiscalizaccedilatildeo da ocupaccedilatildeo

nestas aacutereas (SANTOS DUMONT 2012) O artigo 38 que trata das diretrizes da Poliacutetica

habitacional de interesse social exclui do processo de regularizaccedilatildeo fundiaacuteria os

assentamentos situados em aacutereas de risco o que na maioria das vezes estatildeo tambeacutem nas

aacutereas que deveriam estar vegetadas e protegidas (SANTOS DUMONT 2012) Na

legislaccedilatildeo referente ao parcelamento do solo eacute previsto que no parcelamento de glebas

com declividade entre 30 e 47 soacute poderaacute ser aprovado mediante projeto e laudo

assinado por um responsaacutevel teacutecnico favoraacutevel agrave construccedilatildeo nesse local (SANTOS

DUMONT 2012) Diante do proposto pelo Plano Diretor de Santos Dumont pode-se

dizer que natildeo haacute conflito com a legislaccedilatildeo federal e estadual em se tratando da

aplicabilidade do Coacutedigo Florestal uma vez que aquele natildeo explicita limites nem

permissivos e tampouco restritivos para faixas e aacutereas de preservaccedilatildeo permanente

33 O Municiacutepio de Santos Dumont

331 De Arraial a cidade

A aacuterea onde se situa hoje o municiacutepio de Santos Dumont teve sua ocupaccedilatildeo iniciada no

seacuteculo XVIII quando a Coroa Portuguesa solicitou ao entatildeo Governador do Rio de

Janeiro Artur de Saacute Menezes que abrisse um caminho que ligasse as Minas dos

Cataguases na regiatildeo de Ouro Preto (receacutem descobertas) ao Rio de Janeiro por onde

escoava os metais preciosos para a metroacutepole Surgiu assim o ldquoCaminho Novordquo e ao longo

deste caminho surgiram tambeacutem as Sesmarias aacutereas que tinham por principal objetivo

servir de pouso aos transportadores e exploradores e tambeacutem para garantir alimento a

estas pessoas Uma destas ocupaccedilotildees seria o ldquoArraial de Joatildeo Gomesrdquo (Figura 41)

primeiro nuacutecleo primitivo do municiacutepio em 1709 De iniacutecio prevaleciam somente

ranchos onde os viajantes se abrigavam mas em pouco tempo ergueu-se a Capela de Satildeo

Miguel e Almas e pequenos nuacutecleos urbanos comeccedilaram a surgir (DAPPC2008)

17

Figura 3 1 Vista parcial do Arraial de Joatildeo Gomes

Fonte Arquivo Histoacuterico de Santos Dumont-MG

Com a construccedilatildeo da Estrada de Ferro D Pedro II no final do seacuteculo XIX a regiatildeo teve

um consideraacutevel crescimento natildeo soacute populacional como tambeacutem econocircmico se tornando

a Vila Palmyra em 1889 Em 1890 Palmyra eacute elevada ao status de Municiacutepio (Figura 42)

e recebe um grande nuacutemero de melhorias no setor viaacuterio como a retificaccedilatildeo de ruas e

tambeacutem no setor de serviccedilos puacuteblicos como abastecimento de aacutegua iluminaccedilatildeo puacuteblica a

querosene e posteriormente energia eleacutetrica O desenvolvimento econocircmico na regiatildeo

tambeacutem teve seu momento aacuteureo nesse periacuteodo Induacutestrias de laticiacutenios graacuteficas e de

Carbureto de Caacutelcio fizeram parte do parque industrial de Palmyra o que atraiacutea pessoas

de outros lugares inclusive estrangeiros contribuindo para o aumento populacional da

regiatildeo Como ainda natildeo havia legislaccedilatildeo sobre uso e ocupaccedilatildeo do solo nessa eacutepoca

surgiram inuacutemeros loteamentos em aacutereas proacuteximas agrave rios e coacuterregos e tambeacutem em

encostas com declividade acentuada o que foi agravando o risco agrave medida que a ocupaccedilatildeo

aumentava (DAPPC2008)

18

Figura 3 2 Municiacutepio de Palmyra na deacutecada de 1920

Fonte Arquivo Histoacuterico de Santos Dumont-MG

O escoamento da produccedilatildeo industrial se dava pelo modal ferroviaacuterio setor que tambeacutem

movimentava a crescente cidade que era ponto importante no setor de transportes pois

possuiacutea um dos mais bem equipados depoacutesitos de locomotivas da Estrada de Ferro Central

do Brasil (DAPPC2008)

No ano de 1932 o municiacutepio de Palmyra passou a se chamar Santos Dumont (Figura 43)

em homenagem ao inventor do aviatildeo que nascera naquela cidade Nos uacuteltimos 40 anos

Santos Dumont tem experimentado uma acentuada desaceleraccedilatildeo econocircmica

consequecircncia do fechamento da grande maioria das induacutestrias principalmente as de

laticiacutenios que empregavam direta e indiretamente uma parte consideraacutevel da populaccedilatildeo

(DAPPC2008)

19

Figura 3 3 Municiacutepio de Santos Dumont em 2014

Fonte Arquivo do autor

332 Santos Dumont na atualidade

O municiacutepio de Santos Dumont localiza-se na regiatildeo da Zona da Mata mineira distante

cerca de 220 Km da capital Belo Horizonte e possui uma populaccedilatildeo de 47558 habitantes

(ODM 2015 projeccedilatildeo) numa aacuterea total de 637 kmsup2 Faz divisa com os municiacutepios de

Juiz de Fora Oliveira Fortes Bias Fortes Antocircnio Carlos Tabuleiro Piau e Ewbank da

Cacircmara

No que diz respeito agrave sua formaccedilatildeo fisiacuteco-geograacutefica a aacuterea que compreende o municiacutepio

eacute constituiacuteda predominantemente por Cambissolo Haacuteplico (70) com Latossolo

Vermelho-Amarelo (30) (UFV2010) A vegetaccedilatildeo eacute em sua maioria composta por

exemplares de Mata Atlacircntica De acordo com o IBGE(2015) Santos Dumont se localiza

a 839m de altitude O clima da regiatildeo eacute classificado como Tropical de Altitude (Cwb) e

possui uma temperatura meacutedia de 20ordmC Eacute banhado pela bacia hidrograacutefica do Paraiacuteba do

Sul e em sua maioria pertence agrave sub-bacia do Rio Pomba (IGAM) que fornece aacutegua para

abastecimento puacuteblico agrave 88 da populaccedilatildeo por meio da rede de distribuiccedilatildeo

(IBGE2010) Uma pequena parte da zona rural a sudoeste eacute banhada pela Sub-Bacia do

Rio Paraibuna mais precisamente na regiatildeo de fronteira com os municiacutepios de Juiz de

Fora e Ewbank da Cacircmara O sistema viaacuterio principal de acesso agrave cidade eacute a rodovia BR-

040 e a estrada de ferro Dom Pedro II atualmente utilizada somente para transporte de

cargas

Com a economia nos dias atuais baseada majoritariamente no setor de serviccedilos a cidade

possui um Iacutendice de Desenvolvimento humano (IDH) de 0741 (IBGE2010) Apesar do

decliacutenio econocircmico de Santos Dumont nota-se hoje um aumento no nuacutemero de

loteamentos populares e condomiacutenios horizontais e verticais entre outras edificaccedilotildees Eacute

de vital importacircncia que esse crescimento das ocupaccedilotildees seja ordenado e regulamentado

20

de forma a garantir a qualidade ambiental prevenindo deslizamentos e inundaccedilotildees Diante

dessa conjuntura o governo municipal aprovou em 2012 a Lei nordm 4241 que trata do Plano

Diretor Participativo instrumento baacutesico da poliacutetica de desenvolvimento e expansatildeo

urbana do municiacutepio de Santos Dumont

4 METODOLOGIA

41 Aacuterea de estudo

A regiatildeo dentro dos limites do municiacutepio que seraacute estudada neste trabalho eacute conforme

descrito nos anexos Plano Diretor e representada na figura 44 a aacuterea urbana principal

que possui 47 Kmsup2 e compreende a regiatildeo central da cidade e os bairros perifeacutericos regiatildeo

que concentra cerca de 90 da populaccedilatildeo total de Santos Dumont (IBGE 2015) A aacuterea

urbana principal representa 75 da aacuterea total dos 637 Kmsup2 que compreendem o

municiacutepio e eacute o local onde nos uacuteltimos 30 anos se verificou um maior crescimento

populacional e tambeacutem onde ocorre a maioria dos eventos relacionados a deslizamentos

e alagamentos por conta da ocupaccedilatildeo sem planejamento A figura 45 mostra a aacuterea

urbana principal e a localizaccedilatildeo dos bairros urbanos de Santos Dumont

Figura 4 1 Localizaccedilatildeo da aacuterea urbana principal

Fonte Google Earth

21

Figura 4 2 Mapa da aacuterea urbana principal com a localizaccedilatildeo dos bairros

Fonte Do Autor

42 Levantamento e tratamento dos dados

No desenvolvimento deste trabalho foi necessaacuterio se fazer um estudo detalhado sobre o

Plano Diretor de Santos Dumont principalmente dos seus anexos que compreendem os

mapas e a localizaccedilatildeo das aacutereas definidas pelo zoneamento proposto Para que isso fosse

possiacutevel a Secretaria Municipal de Obras e Serviccedilos Puacuteblicos forneceu todos os dados

secundaacuterios produto do estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor e do

zoneamento Estes dados incluem os arquivos Shapefile (shp) e outros documentos

integrantes do Plano Diretor Algumas informaccedilotildees foram complementadas tambeacutem com

dados adquiridos atraveacutes do site do IBGE e do Portal Objetivos do Milecircnio (ODM)

Os dados sobre as ocorrecircncias de deslizamentos e alagamentos foram obtidos atraveacutes da

Defesa Civil do municiacutepio atraveacutes do Sistema Integrado de Informaccedilotildees sobre Desastres

(S2ID) do Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional Tal sistema centraliza as informaccedilotildees sobre

desastres naturais ocorridos em todo o territoacuterio nacional facilitando a pesquisa sobre tais

eventos a qualquer cidadatildeo (BRASIL 2015)

Apesar do sistema ser bastante uacutetil os dados sobre o municiacutepio de Santos Dumont se

encontravam bastante falhos e escassos sendo necessaacuteria complementaccedilatildeo para que a

22

base de dados ficasse consistente Diante disso uma pesquisa atraveacutes dos arquivos do

Jornal Mensagem um jornal semanaacuterio local foi feita entre os anos de 1984 e 2014 e os

dados primaacuterios filtrados em uma planilha do Microsoft Excel para posterior utilizaccedilatildeo

De posse destes dados foi feita a localizaccedilatildeo em campo das coordenadas dos locais

atingidos por deslizamentos e alagamentos no periacuteodo compreendido pela pesquisa com

o auxiacutelio de um aparelho de GPS

A maioria dos arquivos shapefile utilizados para a confecccedilatildeo dos mapas satildeo parte

integrante dos anexos da Lei do Plano diretor do municiacutepio gerados no mecircs de dezembro

de 2011 pelo Instituto Nova Cidade e foram cedidos pela Secretaria Municipal de Obras

e Serviccedilos Puacuteblicos com Datum em UTM SAD 69 Com a finalidade de fornecer um

referenciamento atualizado e de acordo com os mais novos sistemas de coordenadas

utilizados no Brasil os arquivos foram convertidos para o Datum UTM SIRGAS 2000

que diferencia do SAD 69 pelo fato de ser um referencial geocecircntrico ou seja o centro

da Terra eacute o ponto de referecircncia neste sistema enquanto que o primeiro utiliza um

referencial na superfiacutecie da Terra (IBGE2014) Eacute interessante ressaltar tambeacutem que o

SIRGAS 2000 se tornou no ano de 2014 o sistema de coordenadas oficial do Sistema

Geodeacutesico Brasileiro e do Sistema Cartograacutefico Nacional ambos mantidos pelo IBGE A

combinaccedilatildeo dos shapefiles foi feita com o software livre gvSIG e com estas combinaccedilotildees

foram gerados mapas importantes resultados para a execuccedilatildeo deste trabalho A maioria

dos mapas representam a regiatildeo urbana principal de Santos Dumont e foram produzidos

numa escala em torno de 140000 que de acordo com Rocha (2007) eacute uma escala viaacutevel

pois as recomendaacuteveis para trabalhos de anaacutelise ambiental em niacutevel municipal podem ser

entre 150000 e 110000 Alguns mapas cujo detalhamento natildeo eacute necessaacuterio foram

gerados na escala 1100000

Para a geraccedilatildeo dos mapas aleacutem dos arquivos fornecidos pela Secretaria de Obras e

Serviccedilos Puacuteblicos foram utilizados para a geraccedilatildeo do modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE)

e da localizaccedilatildeo dos topos de morro dados gerados pelo sistema de radar Advanced

Spacebone Thermal Emission and Reflection Radiometer (ASTER) que geram as curvas

de niacutevel do terreno com uma resoluccedilatildeo de 30m (NASA2014) O processamento dessas

imagens foi feito pelo software livre gvSIG As imagens geradas pelos sateacutelites

LANDSAT foram adquiridas no site da United States Geological Survey (USGS) e essas

imagens possibilitaram obter um panorama preciso do uso do solo em toda a aacuterea urbana

de Santos Dumont numa resoluccedilatildeo de 15 metros uma vez que foi utilizada a banda

pancromaacutetica do sateacutelite LANDSAT 8 aleacutem da combinaccedilatildeo das bandas 65 e 4

respectivamente que eacute a combinaccedilatildeo recomendada pela mantenedora dos sateacutelites para

anaacutelises deste tipo

23

No que diz respeito a identificaccedilatildeo de APPs em topo de morro a metodologia de Oliveira

amp Fernandes Filho (2013) por utilizar as mesmas bases de dados ateacute entatildeo usadas neste

trabalho foi a mais indicada

A metodologia de anaacutelise dos mapas gerados eacute a proposta pelo professor Jorge Xavier da

Silva do Laboratoacuterio de Geoprocessamento (LAGEOP) da Universidade Federal do Rio

de Janeiro e citada por Rocha (2007) Tal metodologia analisa as variaacuteveis em questatildeo

presentes na aacuterea e permite avaliar as possibilidades de relaccedilotildees entre essas variaacuteveis De

uma maneira geral este meacutetodo verifica o estado atual da aacuterea em estudo bem como das

variaacuteveis gerando inventaacuterios que servem para a construccedilatildeo de dados planimeacutetricos sejam

com as variaacuteveis isoladas ou combinadas Estes dados planimeacutetricos geram assinaturas

que permitem inferir sobre a influecircncia dessas variaacuteveis De posse dos dados gerados pelo

processo anteriormente citado pode-se fazer algumas prospecccedilotildees sobre os riscos

ambientais que a aacuterea pode sofrer ou o seu potencial ambiental (ROCHA 2007)

5 RESULTADOS

51 Levantamento histoacuterico de alagamentos e

deslizamentos

O aumento da demanda pelo uso do solo na regiatildeo urbana de Santos Dumont

principalmente no tocante agrave formaccedilatildeo de novos loteamentos e condomiacutenios nos uacuteltimos

anos eacute consideraacutevel mas tambeacutem haacute de se observar o crescimento dos bairros jaacute existentes

com pouco ou nenhum ordenamento Em ambos os casos se observa ocupaccedilotildees

irregulares em APP o que tem ocasionado um aumento na frequecircncia de deslizamentos

e inundaccedilotildees Eacute evidente que quanto maior a densidade populacional do bairro maior a

quantidade de ocorrecircncias ao longo dos anos (SPERFELD 2009)

De acordo com as ocorrecircncias registradas pela Defesa Civil do municiacutepio obtidas atraveacutes

da literatura utilizada nos uacuteltimos 30 anos Santos Dumont chegou a decretar situaccedilatildeo de

emergecircncia por conta de desastres envolvendo deslizamentos eou alagamentos por duas

vezes num espaccedilo de 10 anos conforme pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho

(BRASIL 2014 CEPED 2011)

Segundo os dados obtidos atraveacutes de pesquisa nos arquivos do semanaacuterio entre os anos

de 1984 e 2014 pode-se verificar que nos uacuteltimos 20 anos a cidade tem experimentado

24

um aumento consideraacutevel nos eventos relacionados a deslizamentos e principalmente

alagamentos como pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho Isso pode ter sido causado

dentre outros fatores pelo aumento do nuacutemero de vias pavimentadas com material

impermeaacutevel o que tem sobrecarregado tanto a infraestrutura existente para drenagem

urbana como tambeacutem a calha dos cursos drsquoaacutegua que passam pela regiatildeo urbana do

municiacutepio (ZANON2013)

Na deacutecada de 1980 (1984-1990) de acordo com os dados obtidos natildeo foram noticiados

eventos consideraacuteveis relacionados a deslizamentos e alagamentos em Santos Dumont

mas isso natildeo exclui a possibilidade de natildeo ter ocorrido tais eventos em menor escala

Na deacutecada de 1990 aconteceram uma seacuterie de ocorrecircncias tanto de deslizamentos quanto

de alagamentos No ano de 1997 num periacuteodo chuvoso intenso aconteceram

deslizamentos consideraacuteveis em vaacuterios bairros da cidade inclusive com desabamento de

casas e de ruas principalmente nos bairros Nossa Senhora da Gloacuteria e Quarto Depoacutesito

Em 1999 ocorreram alguns pontos de alagamento nos bairros Quarto Depoacutesito e Santo

Antocircnio com grandes prejuiacutezos materiais

A deacutecada de 2000 iniciou com o registro de deslizamentos em vaacuterios bairros da cidade

inclusive com desabamento de casas e pontes e alagamentos em importantes vias do

centro da cidade Observa-se ao longo desse periacuteodo o crescimento nas ocorrecircncias de

deslizamentos e de aacutereas com risco de deslizamento em muitos bairros de Santos Dumont

Um dos fatores importantes para esse crescimento foi a grande expansatildeo sofrida pela

maioria dos bairros e a falta de planejamento e orientaccedilatildeo por parte da prefeitura uma

vez que uma boa parte do crescimento dos bairros da cidade ocorreu ou proacuteximo a cursos

drsquoaacutegua ou em aacutereas com declividade improacutepria para se fazer construccedilotildees O bairro

Coacuterrego do Ouro (Figura 51) foi o que mais sofreu com ocorrecircncias de deslizamentos

nesse periacuteodo enquanto o bairro Santo Antocircnio foi que teve mais ocorrecircncias de

alagamentos

25

Figura 5 1 Deslizamento no bairro Coacuterrego do Ouro

Fonte Portal Cabangu

No iniacutecio deacutecada de 2010 (2011-2014) o centro da cidade foi a regiatildeo que mais sofreu

com alagamentos sendo registrado pelo menos uma ocorrecircncia por ano nessa aacuterea (Figura

52) Isso pode ser relacionado dentre outros fatores com as obras de modificaccedilatildeo do

tipo de pavimentaccedilatildeo das estradas por um material impermeaacutevel gerando uma sobrecarga

nos sistemas de drenagem urbana que foram projetados para um tipo de pavimento mais

permeaacutevel implicando tambeacutem na sobrecarga calha do Ribeiratildeo das Posses o principal

curso drsquoaacutegua que corta o centro da cidade e que se encontra em quase sua totalidade

ocupada em ambas as margens que cortam o centro da cidade

26

Figura 5 2 Alagamento na regiatildeo central de Santos Dumont em 2013

Fonte Portal Cabangu

Quanto agraves ocorrecircncias de deslizamento ao longo da referida deacutecada elas estiveram

espalhadas pelos bairros do municiacutepio tendo um maior nuacutemero de ocorrecircncias nos bairros

Santo Antocircnio Nossa Senhora da Gloacuteria e Aacutegua Espraiada Nos dois primeiros bairros

citados as ocorrecircncias podem ter sido ocasionadas pelo crescimento desordenado e sem

planejamento destes e no terceiro as ocorrecircncias satildeo relacionadas ao processo de

assoreamento do Ribeiratildeo das Posses o que pode ter gerado um aumento da velocidade

desse curso drsquoaacutegua causando problemas decorrentes do transporte de sedimentos da aacuterea

onde as casas foram construiacutedas que teve como consequecircncia os deslizamentos

Em resumo como pode ser observado nas figuras 53 e 54 na tabela 51 no periacuteodo de

1984 a 2014 os bairros mais afetados por alagamentos e deslizamentos satildeo Quarto

Depoacutesito Nossa Senhora da Gloacuteria Santo Antocircnio Coacuterrego do Ouro Antocircnio Afonso

Graminha e Vila Esperanccedila sendo que o bairro Coacuterrego do Ouro possui o maior nuacutemero

de ocorrecircncias de deslizamentos e o centro da cidade possui o maior nuacutemero de

ocorrecircncias de alagamentos no periacuteodo pesquisado Vale destacar que a aacuterea propiacutecia a

alagamentos no bairro Antocircnio Afonso natildeo identificada no estudo realizado pela

prefeitura constitui-se efetivamente numa aacuterea de risco conforme levantamento histoacuterico

realizado Esta aacuterea de risco se deve agrave diferenccedila de niacutevel negativa entre o rio Pinho e a

aacuterea do bairro estando este em desniacutevel com um risco iminente de inundaccedilotildees resultantes

da cheia desse curso drsquoaacutegua causando inuacutemeros transtornos aos moradores do local

27

Figura 5 3 Pontos de Alagamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico

Fonte Do autor

Figura 5 4 Pontos de deslizamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico

Fonte Do autor

28

Tabela 51 Ocorrecircncias de alagamentos e deslizamentos obtidos atraveacutes do

levantamento histoacuterico

Pontos de ocorrecircncia (1984-2014)

Bairros Alagamento Deslizamento

Aacutegua Espraiada 1 1

Antocircnio Afonso 1 0

Barra 0 1

Centro 7 1

Coacuterrego do Ouro 1 7

Flores 0 1

Graminha 1 0

Jardim Jaraguaacute 0 1

N Sra da Gloacuteria 0 4

N Sra das Graccedilas 1 0

Quarto Depoacutesito 3 2

Santo Antocircnio 4 2

Satildeo Sebastiatildeo 0 1

Vila Esperanccedila 0 1

Fonte Do autor

De acordo com o estudo realizado na elaboraccedilatildeo do Plano Diretor pela prefeitura

municipal observa-se que os bairros que possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a

deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do Ouro e Vila Esperanccedila enquanto que os que

possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a alagamento satildeo o Centro da cidade e os

bairros Satildeo Sebastiatildeo Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio por estarem agraves margens do

Ribeiratildeo das Posses um curso drsquoaacutegua que sofre com inundaccedilotildees perioacutedicas devido ao

severo assoreamento em algumas regiotildees e tambeacutem devido ao acuacutemulo de lixo descartado

pelos moradores do entorno irregularmente De acordo com o estudo realizado quando da

elaboraccedilatildeo do Plano Diretor do municiacutepio foram feitos estudos sobre as aacutereas propensas

a deslizamentos e alagamentos na regiatildeo urbana principal Tais aacutereas satildeo as destacadas

nas Figuras 55 e 56 No levantamento histoacuterico realizado pode-se identificar que os

bairros que possuem mais aacutereas propensas a deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do

Ouro Nossa Senhora da Gloacuteria Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio enquanto que os bairros

mais propensos a alagamentos satildeo os bairros Centro Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio

como observado na tabela 51

29

Figura 5 5 Aacutereas propensas a deslizamento de acordo com o Plano Diretor de

Santos Dumont

Fonte Google Earth e Lei 42412012

Figura 5 6 Aacutereas propensas a alagamento de acordo com o Plano Diretor de

Santos Dumont

Fonte Google Earth e Lei 42412012

30

Comparando-se os mapas obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico com o mapa gerado

pelo estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor nota-se que haacute semelhanccedilas em

algumas aacutereas mas ao se levar em conta o produto gerado pela pesquisa histoacuterica o

estudo necessitaria ser complementado haja vista que ele natildeo compreende por exemplo

o ponto de alagamento no bairro Antocircnio Afonso citado anteriormente e alguns pontos de

deslizamento importantes uma vez que satildeo regiotildees onde haacute ocupaccedilatildeo Esse fato evidencia

a necessidade de se buscar vaacuterias fontes primaacuterias e secundaacuterias para se detectar aacutereas de

risco em um municiacutepio incluindo arquivos da imprensa local afim de se produzir uma

base de dados consistente e com o menor nuacutemero de falhas possiacutevel (CEPED 2014) Com

a uniatildeo dos dois estudos foram gerados os mapas apresentados nas Figuras 57 e 58

Aleacutem do mais observando as figuras 57 e 58 pode-se notar que uma boa parte tanto dos

casos de alagamento quanto de deslizamento estatildeo na faixa de APP de curso hiacutedrico o

que ilustra a importacircncia da preservaccedilatildeo destas aacutereas

Figura 5 7 Aacutereas propensas a alagamento do estudo do Plano Diretor

complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento

Fonte Do Autor

31

Figura 5 8 Aacutereas propensas a deslizamento do estudo do Plano Diretor

complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento

Fonte Do Autor

Atraveacutes da combinaccedilatildeo entre estes dois levantamentos procurou-se alimentar a base de

dados e garantir uma consistecircncia maior desta no que diz respeito a aacutereas de deslizamento

e alagamento podendo inclusive se identificar a suscetibilidade de uma determinada

regiatildeo da cidade a um ou outro evento (CEPED2014)

512 O Plano diretor e as APPs

Nos uacuteltimos anos o Brasil experimentou um forte fenocircmeno de migraccedilatildeo do campo para

as aacutereas urbanas De acordo com o IBGE no periacuteodo de 1940 a 2000 houve um aumento

de cerca de 60 do nuacutemero de pessoas que vivem em cidades (SILVA JR 2006) O

processo de planejamento e ordenamento do uso do solo nessas aacutereas deveria ter

acompanhado esse crescimento ao longo dos anos a fim de garantir a qualidade de vida e

a seguranccedila dos migrantes ao se instalarem nas cidades o que natildeo ocorreu e o que se

observa atualmente satildeo ocupaccedilotildees em aacutereas improacuteprias para moradia sem a infraestrutura

baacutesica necessaacuteria e com risco iminente de deslizamentos eou inundaccedilotildees

O Plano Diretor do municiacutepio de Santos Dumont em seu capiacutetulo IV que versa sobre o

uso e ocupaccedilatildeo do solo explicita regras para o ordenamento do territoacuterio que compreende

o municiacutepio com base nos diferentes usos do solo de acordo com sua compatibilidade o

32

que acabou por resultar num zoneamento de todo o municiacutepio em macrozonas conforme

citado na seccedilatildeo 3231 de acordo com os usos atuais e futuros do solo Aleacutem de dividir

estas macrozonas em urbanas e rurais tambeacutem avaliou e classificou estas aacutereas com base

numa seacuterie de fatores ambientais geoloacutegicos culturais e sociais de forma a se fazer um

zoneamento coerente com os atuais usos do solo e seu potencial de uso futuro Apresenta-

se na Figura 59 este zoneamento na aacuterea urbana principal de Santos Dumont

Figura 5 9 Zoneamento urbano da aacuterea urbana principal

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Lei 42412012

Tomando como referecircncia o Novo Coacutedigo Florestal brasileiro em especial os paracircmetros

estabelecidos para a definiccedilatildeo de APP e utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento

atraveacutes do software Vista SAGA relacionou-se as APPs existentes na aacuterea em estudo com

as regiotildees propiacutecias a alagamentos e deslizamentos de acordo com o estudo feito quando

da elaboraccedilatildeo do Plano Diretor afim de se identificar qual ou quais aacutereas possuem estes

problemas e se estatildeo relacionados com o uso do solo irregular em APP

Ao se aplicar a metodologia proposta por Oliveira amp Fernandes Filho (2013) natildeo foram

identificadas dentro da aacuterea de estudo APPs de topos de morro sendo este tipo de APP

descartada portanto das anaacutelises subsequentes deste trabalho Foram consideradas as

APP de curso hiacutedrico (rios e nascentes) e de declividade visando relacionaacute-las as aacutereas

de risco identificadas pela Prefeitura afim de se verificar as possiacuteveis causas da ocorrecircncia

33

destas aacutereas na regiatildeo urbana do municiacutepio Por meio de combinaccedilotildees entre dois mapas

temaacuteticos utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento foi possiacutevel obter as

assinaturas ou seja tabelas que caracterizam quantitativamente a aacuterea afetada por cada

aspecto visto que a simples visualizaccedilatildeo do mapa gerado pelo geoprocessamento muitas

vezes eacute prejudicada por serem aacutereas de pequenas dimensotildees ou por qualquer outra

limitaccedilatildeo do software Ressalta-se que para a elaboraccedilatildeo do Plano Municipal de Reduccedilatildeo

de riscos a identificaccedilatildeo e detalhamento topograacutefico destas aacutereas eacute fundamental para o

desenvolvimento do referido Plano conforme seraacute abordado detalhadamente na seccedilatildeo

52

De posse do mapa que representa o zoneamento urbano de Santos Dumont primeiramente

procurou-se mensurar qualitativa e quantitativamente a presenccedila de APPs tanto de

declividade quanto de cursos hiacutedricos Essa identificaccedilatildeo eacute importante pois este

zoneamento eacute um dos instrumentos de planejamento municipal (BRASIL 2001) Saboya

(2007) aponta que os principais objetivos de um zoneamento satildeo o controle da expansatildeo

urbana e proteccedilatildeo de aacutereas inadequadas a ocupaccedilatildeo aleacutem de reduzir os conflitos inerentes

aos diferentes usos do solo Com o uso da ferramenta ldquoCombinarrdquo do Vista SAGA foram

feitas combinaccedilotildees entre o mapa de hidrografia com buffer de 30m para rios e coacuterregos e

de 50m para nascentes com o mapa do zoneamento para se verificar a importacircncia das

APPs de curso hiacutedrico em toda a aacuterea urbana principal do municiacutepio Tambeacutem foram

combinados o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) obtido atraveacutes do gvSIG com o mapa

de zoneamento afim de se verificar quantitativamente as APPs de declividade e onde se

localizam Vale ressaltar que as declividades entre 30 e 47 estatildeo presentes nesta

combinaccedilatildeo pois de acordo com o Plano Diretor de Santos Dumont terrenos com esta

faixa de declividade para fins de parcelamento devem possuir estudo teacutecnico que ateste

a viabilidade de se promover algum empreendimento imobiliaacuterio neste (SANTOS

DUMONT 2012) Como a legislaccedilatildeo municipal prevecirc estudo somente para a faixa de

declividade descrita anteriormente para fins de anaacutelise neste trabalho consideramos um

valor mais conservador para APP compreendendo a faixa de 47 a 100 aleacutem da

prevista pela legislaccedilatildeo federal (gt100) para que natildeo houvessem lacunas importantes na

geraccedilatildeo do produto

Apresenta-se na Figura 510 aacutereas com declividades consideradas de risco e consideradas

APP e em qual zona de planejamento elas estatildeo inseridas De um modo geral ao se

observar a Tabela 52 nota-se que a aacuterea que compreende declividades de risco e APP eacute

uma pequena parcela da aacuterea urbana principal representando 061 desta aacuterea Ao se

levar em conta somente a localizaccedilatildeo pode-se verificar que cerca de 84 das aacutereas com

declividade de risco e a totalidade das APPs de declividade estatildeo localizadas na ZAC1

zona que compreende a maior parte do municiacutepio e apesar de possuir infraestrutura baacutesica

para a ocupaccedilatildeo esta eacute restrita Sendo assim o fator declividade deve ser visto com cautela

nesta aacuterea para se evitar transtornos advindos de edificaccedilotildees nestas aacutereas

34

Figura 5 10 Combinaccedilatildeo entre as declividades importantes incluindo as APPs e o

zoneamento urbano

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Do autor

Tabela 52 Assinaturas da combinaccedilatildeo Declividade x Zoneamento

Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea

Natildeo APP 457972 9939

Declividade 30-47 em ZAC1 2368 051

Declividade 30-47 em ZE 284 006

Declividade 30-47 em ZAC2 128 003

Declividade 30-47 em ZPA 004 0001

APP Declividade em ZAC1 048 001

Total 460804 100

Fonte Do autor

Apresenta-se na Figura 511 as APPs de curso hiacutedrico (nascentes e rios) e em qual zona

de planejamento estatildeo localizadas Assim como a declividade a maior parte das APPs de

curso hiacutedrico estatildeo localizadas em ZAC1 representando 383 da aacuterea urbana em estudo

e 51 do total das APPs de curso hiacutedrico Esta questatildeo tambeacutem deve ser vista com

bastante criteacuterio pelos gestores locais uma vez que a ocupaccedilatildeo em faixas proacuteximas de

rios e coacuterregos podem causar uma gama de problemas ambientais e sociais na regiatildeo

(SANTANA2011) Tal cuidado tambeacutem deve ser tomado nas APPs compreendidas na

35

ZAC2 que compreende 001 da Aacuterea urbana principal e 14 do total das APPs de curso

hiacutedrico pois a infraestrutura baacutesica e acessibilidade presente nesta zona eacute precaacuteria e a

ocupaccedilatildeo as margens de cursos hiacutedricos pode gerar problemas seacuterios caso ocorra uma

expansatildeo nestas aacutereas

Figura 511 Combinaccedilatildeo entre APP de curso hiacutedrico e as zonas de planejamento

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Do autor

Outro ponto importante eacute a presenccedila da Zona de Proteccedilatildeo Ambiental (ZPA) no entorno

uma consideraacutevel parte dos cursos hiacutedricos Nesta zona estatildeo presentes 28 das APPs de

curso hiacutedrico e esta zona de acordo com o Plano Diretor deve ser restaurada ou

preservada por suas caracteriacutesticas geoloacutegicas topograacuteficas e bioloacutegicas

Afim de se verificar os usos do solo na regiatildeo em estudo foram utilizadas combinaccedilotildees

de imagens advindas do sateacutelite Landsat 8 nas bandas descritas no capiacutetulo 4 aleacutem da

banda pancromaacutetica O resultado eacute apresentado na figura 512 que mostra os principais

usos do solo na aacuterea urbana principal de Santos Dumont

36

Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x Zoneamento

Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea

Hidrografia 11168 239

Aacuterea Urbana Natildeo APP 421004 9008

APP Curso hiacutedrico em ZAC1 179 383

APP Curso hiacutedrico em ZPA 9776 209

APP Curso hiacutedrico em ZE 184 004

APP Curso hiacutedrico em ZA 1192 026

APP Curso hiacutedrico em ZAC2 5124 110

APP Curso hiacutedrico em ZPPH 248 005

APP Curso hiacutedrico em ZEIS 568 012

APP Curso hiacutedrico em ZCA 228 005

Total 467392 10000

Fonte Do autor

Figura 5 12 Mapa de usos do solo da aacuterea urbana principal de Santos Dumont

Fonte Do autor

Como jaacute era previsto a maior parte da aacuterea urbana se encontra ocupada e eacute nesta regiatildeo

ocupada que se observa a maior concentraccedilatildeo de problemas de deslizamentos e

alagamentos (Figuras 513 e 514) A grande ocupaccedilatildeo em aacutereas consideradas APP de

curso hiacutedrico de acordo com os mapas gerados pode ser a principal causa do aumento a

cada ano dos casos de alagamento principalmente na regiatildeo central da cidade Outro ponto

que se deve atentar eacute a existecircncia de uma consideraacutevel aacuterea de pastagem pouco vegetada

que caso estejam em aacutereas elevadas pode contribuir para deslizamentos e agraves margens de

37

rios e coacuterregos para o assoreamento destes corpos hiacutedricos o que pode causar

alagamentos (INAacuteCIO etal 2007)

Diante destes resultados pode-se ver que a cidade de Santos Dumont necessita alternativas

efetiva no que diz respeito agrave contenccedilatildeo de deslizamentos e a reduccedilatildeo de risco de

alagamento pois as aacutereas em que ocorrem tais eventos satildeo distintas e facilmente definidas

devido agrave repeticcedilatildeo destes nos uacuteltimos anos Um plano de accedilatildeo integrado entre as diferentes

secretarias municipais (Obras Meio Ambiente Assistecircncia Social entre outras) e a

Coordenadoria Municipal de Defesa Civil deve ser realizado afim de se tomar medidas

natildeo mais preventivas mas sim preditivas para que se possa conter o avanccedilo destes

problemas na aacuterea urbana principal bem como em toda a aacuterea do municiacutepio

Figura 5 13 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na aacuterea urbana

principal

Fonte Do autor

38

Figura 5 14 Aacutereas sujeitas a alagamento e os principais usos do solo na aacuterea

urbana principal

Fonte Do autor

Ao se associar os dados do estudo do Plano Diretor com os dados do levantamento

histoacuterico realizado com o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) pode-se notar que as aacutereas

propiacutecias a deslizamento estatildeo em regiotildees as quais haacute uma fronteira de declividades ou

seja eacute evidente que os deslizamentos ocorrem em encostas um pouco mais iacutengremes mas

natildeo necessariamente nas encostas de 30-47 as quais exigem estudo teacutecnico conforme o

plano diretor preconiza Quanto aos alagamentos nota-se que eles se localizam nas aacutereas

com menor ou nenhuma declividade podendo ser estas aacutereas talvez componentes da

planiacutecie de inundaccedilatildeo dos rios Estes resultados podem ser vistos nas figuras 515 e 516

a seguir

39

Figura5 15 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a deslizamentos na

regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

Fonte Lei 42412012 e Autor

Figura5 26 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a alagamentos na

regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

Fonte Lei 42412012 e Autor

40

52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis

O processo de ocupaccedilatildeo no municiacutepio de Santos Dumont comeccedilou muito antes de

qualquer legislaccedilatildeo relacionada a ordenamento urbano e de proteccedilatildeo do meio ambiente

fosse implementado no Brasil Esse fato aliado a poliacuteticas e fiscalizaccedilotildees falhas

contribuiacuteram para a ocupaccedilatildeo e expansatildeo da aacuterea urbana ao longo do Ribeiratildeo das Posses

e seus afluentes o que tem gerado o aumento da degradaccedilatildeo destes corpos hiacutedricos ao

longo de todos estes anos Observa-se tambeacutem que nas uacuteltimas deacutecadas ocorreu um

grande nuacutemero de migraccedilotildees do campo para a regiatildeo urbana da cidade fator que

contribuiu para o crescimento do nuacutemero de habitaccedilotildees em aacutereas de risco de deslizamento

e alagamentos por serem na maioria das vezes terrenos menos valorizados e por este

motivo acessiacuteveis a populaccedilatildeo com menor poder aquisitivo (ROSA amp CORTEZ 2008)

Vale ressaltar que esta questatildeo aleacutem de ser ambiental eacute muito mais social pois os

moradores entendem os riscos de se viver nestes locais mas por motivos econocircmicos ou

por questotildees afetivas natildeo abrem matildeo da moradia nessas aacutereas A Constituiccedilatildeo Federal de

1988 promoveu a inter-relaccedilatildeo das questotildees sociais com as questotildees ambientais quando

colocou o meio ambiente como direito coletivo (BRASIL1988 SOUZA2010) Por este

motivo a decisatildeo por medidas draacutesticas que favoreccedilam apenas agrave preservaccedilatildeo do meio

ambiente natildeo eacute recomendada pois aleacutem de ser inconstitucional podem afetar a

sustentabilidade econocircmica do municiacutepio e gerar conflitos sociais consideraacuteveis

(CARLOS 1992 apud SOUZA 2010)

Segundo Bueno (2009) ldquonem tudo o que eacute irregular eacute precaacuteriordquo Esse fato se observa em

Santos Dumont uma vez que em boa parte da regiatildeo central se observa vaacuterias moradias

construiacutedas na faixa de APP de curso hiacutedrico o que natildeo eacute permitido pela legislaccedilatildeo

vigente e eacute um dos fatores que contribui para a ocorrecircncia de alagamentos nesta aacuterea da

cidade Para a resoluccedilatildeo deste problema o que seria mais viaacutevel seria a melhoria da

infraestrutura de drenagem urbana afim de que o escoamento da aacutegua das chuvas natildeo

sobrecarregasse o sistema (BUENO2009) A construccedilatildeo de bacias de contenccedilatildeo de

cheias ao longo do Ribeiratildeo das Posses tambeacutem seria uma alternativa mas para se verificar

a viabilidade necessita-se estudos mais aprofundados do ponto de vista hidroloacutegico

O grande problema a ser solucionado no entanto eacute o que diz respeito agraves aacutereas de risco

de deslizamento majoritariamente nos bairros A melhor alternativa seria o

remanejamento dos moradores para uma aacuterea proacutexima agrave que moram poreacutem longe do

risco Poreacutem esta alternativa de acordo com Rosa Filho amp Cortez (2008) encontra alguns

entraves pois estas pessoas na maioria das vezes natildeo tecircm condiccedilotildees financeiras de irem

para outro lugar ou pagar aluguel ou estatildeo de alguma forma sentimentalmente ligadas

agravequela regiatildeo que se recusam a deixaacute-lo

41

Por parte dos oacutergatildeos competentes no municiacutepio a criaccedilatildeo de um plano para se evitar

acidentes ocasionados por deslizamentos e alagamentos com um mapeamento detalhado

de toda a extensatildeo do municiacutepio eacute extremamente uacutetil Os estudos que seratildeo feitos para a

elaboraccedilatildeo deste plano poderatildeo definir quais as aacutereas satildeo potencialmente de risco para as

ocupaccedilotildees existentes ou para as potenciais ocupaccedilotildees que possam vir a ocorrer atraveacutes do

mapeamento das aacutereas de risco Tal planejamento seraacute auxiliar ao Plano Diretor

Municipal pois definiraacute o real uso do solo de determinada regiatildeo do municiacutepio

contribuindo para a adequaccedilatildeo do uso e ocupaccedilatildeo do solo afim de evitar ou reduzir o

nuacutemero de problemas relacionados a alagamentos e principalmente deslizamentos no

periacutemetro urbano (TOMINAGA 2009) A partir deste plano os gestores locais poderatildeo

tomar a melhor decisatildeo para a prevenccedilatildeo ou reduccedilatildeo dos riscos inerentes a tais problemas

Na seccedilatildeo 521 seraacute hierarquizado de forma preliminar a aacuterea urbana principal de acordo

com os resultados da tabela 51

521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta

O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos (PMRR) foi criado atraveacutes de accedilotildees

regularizadoras do Ministeacuterio das Cidades para ser o instrumento de gestatildeo e

gerenciamento de aacutereas de risco em um municiacutepio Eacute um documento que aleacutem de

estabelecer quais regiotildees satildeo consideradas de risco tambeacutem objetiva a proposta de

medidas estruturais ou natildeo para contenccedilatildeo eou prevenccedilatildeo de cataacutestrofes aleacutem de ser um

meio de captaccedilatildeo de recursos financeiros junto aos Governos Estadual e Federal Estes

recursos poderatildeo ser utilizados para a realizaccedilatildeo de obras que visem a melhoria da

qualidade de vida da populaccedilatildeo do entorno ou de recuperaccedilatildeo da aacuterea degradada Este

plano eacute realizado de forma participativa com as comunidades das aacutereas de risco e pode

ser realizado em sete fases conforme recomenda o Ministeacuterio das Cidades (ALHEIROS

2006)

O primeiro passo para a realizaccedilatildeo do PMRR eacute definir qual a metodologia seraacute empregada

levando-se em consideraccedilatildeo a realidade atual do municiacutepio e especificar de forma sucinta

um cronograma das atividades Eacute importante nesta fase a participaccedilatildeo tambeacutem dos

responsaacuteveis pelas mais variadas Secretarias Municipais afim de explicitar o tamanho da

importacircncia e o caraacuteter integrador deste plano A segunda fase deste plano objetiva a

criaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo da principal base de dados a ser utilizada nos passos posteriores o

mapeamento de risco em escala detalhe em torno de 13000 (SAtildeO PAULO 2014) A

elaboraccedilatildeo de um mapeamento detalhado propiciaraacute natildeo soacute a identificaccedilatildeo mais faacutecil das

aacutereas de risco como tambeacutem facilitaraacute aos gestores e agrave comunidade decidirem qual a

melhor intervenccedilatildeo para a soluccedilatildeo ou remediaccedilatildeo dos problemas em uma determinada

42

aacuterea hierarquizando o risco e definindo prioridades (SAtildeO PAULO 2014) Na tabela a

seguir apresenta-se alguns tipos de intervenccedilotildees que podem ser feitas em aacutereas de risco

sugeridas pelo Ministeacuterio das cidades (ALHEIROS 2006)

Quadro 5 1 - Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco

Tipo de intervenccedilatildeo Descriccedilatildeo

Serviccedilos de limpeza e Recuperaccedilatildeo

Remoccedilatildeo de entulho lixo etc

corte de aacutervores

remoccedilatildeo de bananeiras

recuperaccedilatildeo eou limpeza de sistemas de

drenagem esgotos e acessos

Limpeza de canais de drenagem

Proteccedilatildeo Vegetal

Proteccedilatildeo superficial vegetal (gramiacuteneas) em

taludes com solo exposto

Proteccedilatildeo vegetal de margens de canais de

drenagem

Barreiras vegetais para massas escorregadas

ou acumuladas pela erosatildeo

Drenagem Superficial e Acessos

Sistema de drenagem superficial (canaletas

raacutepidos caixas de transiccedilatildeo escadas drsquoaacutegua)

Acessos para pedestres (escadarias rampas

etc) integrados ao sistema de drenagem

Revestimento de Taludes Revestimento com materiais artificiais

cimentado cal-jet tela argamassada alvenaria

de tijolos ceracircmicos solo-cimento ensacado

Desmonte de blocos e matacotildees Desmonte de concreccedilotildees de grande porte

blocos rochosos e matacotildees

Obras de drenagem de subsuperfiacutecie Sistema de drenagem de subsuperfiacutecie

(trincheiras drenantes DHP poccedilos de

rebaixamento)

Estruturas de contenccedilatildeo (localizadas)

Muros de contenccedilatildeo de pequeno porte (solo-

cimento ensacado alvenaria de pedra-rachatildeo

concreto armado)

Estruturas de contenccedilatildeo localizadas

(chumbadores tirantes microestacas)

Contenccedilatildeo e proteccedilatildeo de margens de canais (

gabiotildees muros de concreto etc)

Estruturas de contenccedilatildeo (meacutedio e grande porte) Implantaccedilatildeo de estruturas de contenccedilatildeo de

meacutedio e grande porte envolvendo obras de

contenccedilatildeo passivas e ativas (muros de

gravidade cortinas etc)

Terraplanagem Execuccedilatildeo de serviccedilos de terraplanagem

combinados a obras de drenagem superficial e

proteccedilatildeo vegetal desvio e canalizaccedilatildeo de

coacuterregos

Remoccedilatildeo de moradias Remoccedilotildees definitivas para implantaccedilatildeo de

obras ou devido agrave localizaccedilatildeo improacutepria da

edificaccedilatildeo (Priorizar as relocaccedilotildees dentro da

proacutepria aacuterea em local seguro)

Fonte ALHEIROS 2006

43

Escolhidas as formas de intervenccedilatildeo para cada aacuterea eacute necessaacuterio realizar uma estimativa

dos custos afim de preparar o orccedilamento da prefeitura para a realizaccedilatildeo das obras e se

seraacute necessaacuterio a captaccedilatildeo de recursos externos para a execuccedilatildeo destas Feitas as

estimativas de custo o proacuteximo passo eacute definir as prioridades e para esta fase eacute tambeacutem

uacutetil o mapeamento feito nas etapas anteriores pois seraacute necessaacuterio hierarquizar tais

intervenccedilotildees nas aacutereas de risco O Ministeacuterio das Cidades (2007) sugere alguns criteacuterios

que podem ser avaliados pelo gestor dentre eles pode-se citar

Grau de risco

Populaccedilatildeo beneficiada

Custo da intervenccedilatildeo

Dimensatildeo da aacuterea a ser tratada

Demandas anteriores da populaccedilatildeo

Tempo de ocupaccedilatildeo

Viabilidade teacutecnica da intervenccedilatildeo

Viabilidade financeira

Inclusatildeo da aacuterea em outros projetos

A partir desta hierarquizaccedilatildeo inicia-se a identificaccedilatildeo de provaacuteveis fontes de captaccedilatildeo de

recursos para a execuccedilatildeo das intervenccedilotildees Estes recursos podem advir de programas dos

governos Federal e Estadual ou por meio de editais para captaccedilatildeo de recursos financeiros

tanto do setor puacuteblico como da iniciativa privada e podem ser tambeacutem associados agrave outras

Secretarias Municipais como a de Turismo ou Meio Ambiente e natildeo soacute as destinadas agrave

Defesa Civil (ALHEIROS 2006)

Eacute previsto tambeacutem no PMRR uma avaliaccedilatildeo da Defesa Civil municipal e como ela estaacute

estruturada fazendo inclusive sugestotildees para que sua atuaccedilatildeo esteja em consonacircncia com

a realidade das comunidades e da Administraccedilatildeo Puacuteblica do municiacutepio de forma a garantir

sua sustentabilidade e conquistar a credibilidade da populaccedilatildeo no que diz respeito a

prevenccedilatildeo de cataacutestrofes Para que a resposta a uma determinada situaccedilatildeo de risco seja

raacutepida eacute necessaacuterio a descentralizaccedilatildeo da Defesa Civil criando pequenos nuacutecleos

comunitaacuterios com a finalidade de se monitorar a aacuterea constantemente e promover as

intervenccedilotildees necessaacuterias em tempo haacutebil o que aumenta em muito a credibilidade da

populaccedilatildeo no PMRR e no trabalho desempenhado pela Defesa Civil no municiacutepio Apoacutes

esta etapa o PMRR passaraacute por audiecircncias puacuteblicas e posteriormente poderaacute ser aprovado

como Lei Municipal pelo Legislativo local (ALHEIROS 2006)

Com a realizaccedilatildeo deste plano o municiacutepio estaraacute munido de informaccedilotildees suficientes para

realizar accedilotildees efetivas de gestatildeo e gerenciamento de riscos bem como aliado a

levantamentos sociais realizar programas habitacionais que beneficiem prioritariamente

44

aos moradores das aacutereas de risco Aleacutem disso com o PMRR o municiacutepio poderaacute melhorar

a qualidade ambiental da populaccedilatildeo captando recursos para a recuperaccedilatildeo das aacutereas de

APP que foram degradadas pelas ocupaccedilotildees irregulares beneficiando todos os moradores

do municiacutepio com o aumento da qualidade de vida na cidade

A partir do disposto nesta seccedilatildeo acerca do Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos e de

uma maneira preliminar (levando-se em conta apenas o nuacutemero de registros de

alagamentos e deslizamentos na aacuterea urbana principal de Santos Dumont no periacuteodo de

1984 a 2014) identificou-se trecircs regiotildees distintas na aacuterea urbana do municiacutepio com

tempo de recorrecircncia desses eventos similares caracterizando trecircs prioridades de

intervenccedilatildeo em contenccedilatildeo de risco como pode ser visto nas figuras 515 e 516 Vale

ressaltar que eacute necessaacuterio um estudo mais detalhado inclusive com visitas teacutecnicas a

campo para que se confirme a real situaccedilatildeo destas e a real prioridade para investimentos

Figura 5 17 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de deslizamentos

Fonte Do Autor

45

Figura 5 18 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de alagamentos

Fonte Do Autor

46

6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees

A seguir apresenta-se as conclusotildees e as recomendaccedilotildees feitas a partir dos objetivos

especiacuteficos explicitados no iniacutecio deste trabalho

Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a

aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes

urbanos

A partir da revisatildeo da legislaccedilatildeo pertinente em acircmbito federal estadual e

municipal constatou-se que o Plano Diretor de Santos Dumont natildeo conflita com a

legislaccedilatildeo federal e estadual sobre Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente A legislaccedilatildeo

municipal foi entendida como mais conservadora que as federal e estadual uma

vez que considera implicitamente que declividades entre 47 e 100 satildeo

enquadradas como APPs aleacutem da faixa superior a 100

Parte consideraacutevel das ocupaccedilotildees em APP principalmente na regiatildeo do bairro

Santo Antocircnio (onde surgiu os primeiros nuacutecleos que deram origem ao municiacutepio)

e o centro da cidade ocorreram antes de que fosse elaborado qualquer legislaccedilatildeo

que versasse sobre o tema Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente bastando ao gestor

local tomar medidas de contenccedilatildeo de riscos que minimizem os impactos causados

por essas ocupaccedilotildees nessa regiatildeo

O ordenamento adequado do uso do solo no municiacutepio eacute necessaacuterio para que o

crescimento dos loteamentos criados anteriormente agrave esta Lei e o surgimento de

novos natildeo avance para Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente o que pode causar

inuacutemeros problemas aos moradores e agravar os jaacute existentes

Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las

com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)

As aacutereas onde houveram a maior quantidade de registros de deslizamentos satildeo os

bairros mais populosos de Santos Dumont podendo se estabelecer uma relaccedilatildeo

que quanto mais populoso o bairro maior a quantidade de problemas relacionados

a deslizamentos Tambeacutem pode-se notar uma relaccedilatildeo com as fronteiras das faixas

de declividades e os deslizamentos uma vez que boa parte deles aconteceram

nestas faixas

As aacutereas onde houve um grande nuacutemero de registros de alagamentos satildeo os bairros

que se desenvolveram agraves margens do Ribeiratildeo das Posses em especial na aacuterea que

47

compreende as APPs de curso hiacutedrico e em aacutereas onde a declividade eacute baixa Esse

fato aliado ao crescimento do nuacutemero de vias pavimentadas com material

impermeaacutevel e a natildeo expansatildeo e ou redimensionamento da rede de drenagem

urbana contribuiacuteram para a ocorrecircncia cada vez mais constante de alagamentos

nessas aacutereas

Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos

catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30

anos

A partir do levantamento histoacuterico realizado e da base de dados georeferenciada

gerada observou-se o aumento do nuacutemero de registros de deslizamentos e

alagamentos nos uacuteltimos 10 anos quando as ocorrecircncias comeccedilaram a se repetir

numa mesma aacuterea com frequecircncia incrementada as vezes com mais de uma

ocorrecircncia anual

Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do

solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental

Destaca-se a adequaccedilatildeo dos criteacuterios gerais estabelecidos pelo Plano Diretor de

Santos Dumont relativos a legislaccedilatildeo federal e estadual Entretanto o referido

Plano Diretor natildeo contempla todo o territoacuterio municipal sendo assim ele natildeo

cumpre o objetivo de proteger as APPs preservadas e recuperar as que foram

degradadas em todo o territoacuterio municipal Ressalta-se tambeacutem a sua natildeo

conformidade com o Estatuto das Cidades uma vez que o Plano Diretor

contempla apenas os novos loteamentos

Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais

negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea

impactada

Recomenda-se a implantaccedilatildeo no municiacutepio de uma Coordenadoria Municipal de

Defesa Civil atuante e integrada agraves Secretarias Municipais e agrave comunidade

visando uma atuaccedilatildeo eficaz nos problemas relacionados a deslizamentos e

alagamentos A elaboraccedilatildeo de um Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos eacute de

suma importacircncia pois atraveacutes dele pode-se predizer as aacutereas que passaratildeo por

problemas caso a expansatildeo aconteccedila ou se inicie uma ocupaccedilatildeo nova aleacutem de

prevenir acidentes nas aacutereas jaacute ocupadas e consideradas de risco

48

7 Anexos

49

71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont

50

51

72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)

52

53

8 Referecircncias Bibliograacuteficas

ALHEIROS M M O Plano Municipal de Prevenccedilatildeo de Riscos In CARVALHO C S

amp GALVAtildeO T(org) Prevenccedilatildeo de riscos e deslizamentos em encostas Guia para

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52

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BRASIL Lei Federal 10257 de 10 de julho de 2001 Regulamenta os arts 182 e 183 da

CF estabelece as diretrizes gerais da poliacutetica urbana e daacute outras providecircncias Brasiacutelia

2001

BRASIL Lei Federal nordm 12651 de 25 de maio de 2012 Dispotildee sobre a proteccedilatildeo da

vegetaccedilatildeo nativa altera as Leis nos 6938 de 31 de agosto de 1981 9393 de 1 9 de

dezembro de 1996 e 11 428 de 22 de dezembro de 2006 revoga as Leis nos 4771 de

1 5 de setembro de 1965 e 7754 de 1 4 de abril de 1989 e a Medida Provisoacuteria no 21

66shy67 de 24 de agosto de 2001 e daacute outras providecircncias Brasiacutelia 2012

BRASIL Lei Federal nordm 4771 de 15 de Setembro de 1965 Institui o Novo Coacutedigo

Florestal Brasiacutelia 1965

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CARVALHO L A O Novo Coacutedigo Florestal comentado artigo por artigo 1ordfEd Ed

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Reduzindo Perdas UFSC Florianoacutepolis 2014

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MINAS GERAIS Lei Estadual 20922 de 16 de outubro de 2013 Dispotildee sobre as

poliacuteticas florestal e de proteccedilatildeo agrave biodiversidade no Estado Belo Horizonte 2013

55

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Plano Diretor Participativo do Municiacutepio de Santos Dumont nos termos da Lei nordm 10257

de 10 de julho de 2001 ndash Estatuto das Cidades e conteacutem outras providecircncias Santos

Dumont 2012

56

SAtildeO PAULO Mapeamento de riscos associados a escorregamentos inundaccedilatildeo erosotildees

e solapamento de margens de drenagens do municiacutepio de Campos do Jordatildeo-SP

Relatoacuterio Teacutecnico Campos do Jordatildeo 2014

SILVA JR J R amp PASSOS L A O negoacutecio eacute participar a importacircncia do plano

diretor para o desenvolvimento municipal CNM SEBRAE Brasiacutelia 2006

SKORUPA LA Aacutereas de preservaccedilatildeo permanente e desenvolvimento sustentaacutevel

Embrapa Meio Ambiente Jaguariuacutena-SP 2004 4p

SOUZA F P Ocupaccedilotildees irregulares em APP um estudo de caso no munciacutepio de

Campos de Goytacazes- RJ Boletim do Observatoacuterio Ambiental Alberto Ribeiro Lamego

v4 nordm 1 Campos de Goytacazes 2010

SPERFELD A S Identificaccedilatildeo e anaacutelise de demandas soacutecio ambientais de ordem

puacuteblica em aacutereas urbanas susceptiacuteveis a desastres naturais no municiacutepio de Joinville

SC Dissertaccedilatildeo de Mestrado UFSC Florianoacutepolis 2009

TAKEDA T O Uso e ocupaccedilatildeo do solo urbano Disponiacutevel em

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TOMINAGA LK Escorregamentos In TOMINAGA L K et al(org) Desastres

naturais conhecer para prevenir Instituto Geoloacutegico Satildeo Paulo 2009 p 25-38

UFV ndash Universidade Federal de Viccedilosa Mapa de solos do Estado de Minas Gerais

legenda expandida Centro Tecnoloacutegico de Minas Gerais FEAM Belo Horizonte 2010

ZANON F N Uso e ocupaccedilatildeo da terra e vulnerabilidade a alagamento na aacuterea central

da cidade de Satildeo Paulo O caso da subprefeitura da Seacute Trabalho de Graduaccedilatildeo UNESP

Rio Claro 2013

Page 4: O USO DO SOLO URBANO EM ÁREAS DE PRESERVAÇÃO … · social que você tenha na vida, a mais alta ou a mais baixa, tenha sempre como meta muita força, muita determinação e sempre

iii

AGRADECIMENTOS

Agradeccedilo agrave todos que colaboraram direta e indiretamente para a elaboraccedilatildeo deste

trabalho em primeiro lugar a Deus por ter dado a mim a oportunidade de viver esses

maravilhosos anos na Academia agrave minha famiacutelia de um modo especial agrave meu pai Geraldo

e minha matildee Maria das Dores e ao meu irmatildeo Iago pela paciecircncia e pelo apoio

incondicional ao longo de todos estes anos a todos os meus professores desde o Jardim

de Infacircncia ateacute a graduaccedilatildeo pelo carinho e dedicaccedilatildeo ao orientador professor e amigo

Otaacutevio Branco pela confianccedila e pelo incentivo aos colegas de turma e a todos que de

alguma forma cooperaram conosco para que este trabalho fosse realizado

iv

ldquoSeja vocecirc quem for seja qual for a posiccedilatildeo

social que vocecirc tenha na vida a mais alta ou

a mais baixa tenha sempre como meta muita

forccedila muita determinaccedilatildeo e sempre faccedila tudo

com muito amor e com muita feacute em Deus que

um dia vocecirc chega laacute

De alguma maneira vocecirc chega laacute rdquo

Ayrton Senna

v

RESUMO

As questotildees relacionadas a ocorrecircncia de deslizamentos e alagamentos eacute uma constante

no cotidiano urbano principalmente no periacuteodo chuvoso onde os problemas se tornam

evidentes Esses eventos nos uacuteltimos anos natildeo se restringiram somente a grandes cidades

mas tambeacutem a pequenos municiacutepios que sofrem por falta de recursos e de pessoal

especializado para prever e predizer trageacutedias advindas dos alagamentos e deslizamentos

de encostas provocados pela ocupaccedilatildeo desordenada em especial nas Aacutereas de

Preservaccedilatildeo Permanente Nos uacuteltimos 10 anos Santos Dumont tem sofrido

constantemente com o aumento do nuacutemero de casos de deslizamentos e principalmente

alagamentos por natildeo contar com um planejamento integrado e atuante na contenccedilatildeo de

tais eventos O objetivo geral desse trabalho eacute contribuir para a formulaccedilatildeo de poliacuteticas

puacuteblicas afim de corrigir e prevenir tais eventos na aacuterea urbana da cidade Para isso foi

gerado uma base de dados histoacutericos de um periacuteodo de 30 anos que associada ao

processamento de imagens obtidas atraveacutes de radares e sateacutelites proporcionou identificar

os pontos que merecem maior atenccedilatildeo e tambeacutem possibilitou atraveacutes de criteacuterio

quantitativo propor uma hierarquizaccedilatildeo dos bairros que merecem prioridade em

investimentos relacionados a contenccedilatildeo de riscos Com a combinaccedilatildeo de mapas e a

comparaccedilatildeo entre o estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor e o levantamento

histoacuterico feito a partir de dados primaacuterios pode-se observar que a maioria dos casos de

alagamentos e parte dos deslizamentos ocorrem na faixa de APP de curso hiacutedrico

Tambeacutem pode se estabelecer uma relaccedilatildeo entre o tamanho do bairro e o nuacutemero de

eventos relacionados a deslizamentos

vi

ABSTRACT

Issues related to the occurrence of landslides and flooding is a constant in urban daily life

particularly in the rainy season where the problems become evident These events in

recent years were not restricted only to large cities but also small towns which suffer

from lack of resources and specialized staff to anticipate and predict resulting tragedies

of the floods and landslides caused by the disorderly occupation especially in Permanent

Preservation areas Over the past 10 years Santos Dumont has been constantly increasing

number of cases of landslides and especially flooding for not having an integrated

planning and active in the containment of such events The aim of this study is to

contribute to the formulation of public policies in order to correct and prevent such events

in the urban area of the city For it was generated a historical data base for a period of 30

years associated with the processing of images obtained by radar and satellites provided

identify the points that deserve more attention and also made possible through

quantitative criterion propose a hierarchy of neighborhoods that deserve priority in

investments related to risk containment With the combination of maps and the

comparison between the study for the preparation of the Master Plan and the historical

survey from primary data can be observed that most of the cases of flooding and some

landslides occur in the course of APP range water You can also establish a relationship

between the neighborhood size and the number of related events to landslides

vii

SUMAacuteRIO

LISTA DE FIGURAS 2

LISTA DE TABELAS E QUADROS 4

1 INTRODUCcedilAtildeO 5

2 OBJETIVOS 6

21 Objetivo geral 6

22 Objetivos especiacuteficos 6

3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 7

31 Conceitos Fundamentais 7

311 Aacutereas de risco 7

312 Deslizamentos 8

313 Alagamentos 8

314 Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente 9

315 Uso e ocupaccedilatildeo do solo 9

32 Legislaccedilatildeo Pertinente 10

321 As adequaccedilotildees da legislaccedilatildeo ao longo dos anos 10

322 O Novo Coacutedigo Florestal e a legislaccedilatildeo mineira 11

323 O Plano Diretor 13

3231 O Plano Diretor de Santos Dumont 14

33 O Municiacutepio de Santos Dumont 16

331 De Arraial a cidade 16

332 Santos Dumont na atualidade 19

4 METODOLOGIA 20

41 Aacuterea de estudo 20

42 Levantamento e tratamento dos dados 21

5 RESULTADOS 23

51 Levantamento histoacuterico de alagamentos e deslizamentos 23

512 O Plano diretor e as APPs 31

52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis 40

521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta 41

6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees 46

7 Anexos 48

71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont 49

72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos

(1984-2014) 51

8 Referecircncias Bibliograacuteficas 53

2

LISTA DE FIGURAS

Paacuteg

Figura 31 Vista parcial do Arraial de Joatildeo Gomes 17

Figura 32 Municiacutepio de Palmyra na deacutecada de 1920 18

Figura 33 Municiacutepio de Santos Dumont em 2014 19

Figura 41 Localizaccedilatildeo da aacuterea urbana principal 20

Figura 42 Mapa da aacuterea urbana principal com a localizaccedilatildeo dos

bairros

21

Figura 51 Deslizamento no bairro Coacuterrego do Ouro 25

Figura 52 Alagamento na regiatildeo central de Santos Dumont em 2013 26

Figura 53 Pontos de Alagamento obtidos atraveacutes do levantamento

histoacuterico

27

Figura 54 Pontos de Deslizamento obtidos atraveacutes do levantamento

histoacuterico

27

Figura 55 Aacutereas propensas a deslizamento de acordo com o Plano

Diretor de Santos Dumont

29

Figura 56 Aacutereas propensas a alagamento de acordo com o Plano

Diretor de Santos Dumont

29

Figura 57 Aacutereas propensas a alagamento do estudo do Plano Diretor

complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do

levantamento

30

Figura 58 Aacutereas propensas a deslizamento do estudo do Plano

Diretor complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do

levantamento

31

Figura 59 Zoneamento urbano da aacuterea urbana principal 32

Figura 510 Combinaccedilatildeo entre as declividades importantes incluindo

as APPs e o zoneamento urbano

34

Figura 511 Combinaccedilatildeo entre as APPs de curso hiacutedrico e as zonas de

planejamento

35

Figura 512 Mapa de usos do solo da aacuterea urbana principal de Santos

Dumont

36

Figura 513 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na

aacuterea urbana principal

37

Figura 514 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na

aacuterea urbana principal

38

Figura 515 Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a

deslizamentos na regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

39

Figura 516 Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a

alagamentos na regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

39

3

Figura 517 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de

deslizamentos

44

Figura 518 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de

alagamentos

45

4

LISTA DE TABELAS E QUADROS

Paacuteg

Tabela 51 Ocorrecircncias de alagamento e deslizamento obtidos

atraveacutes do levantamento histoacuterico

28

Tabela 52 Assinaturas da combinaccedilatildeo Declividade x Zoneamento 34

Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x

Zoneamento

36

Quadro 51 Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco 42

5

1 INTRODUCcedilAtildeO

Quando o ser humano deixou de seguir uma vida nocircmade e passou a se fixar em locais

em geral proacuteximos a cursos drsquoaacutegua e de aacutereas propicias ao cultivo de alimentos iniciou-

se o processo de implantaccedilatildeo de pequenas comunidades e quando estas comunidades

comeccedilaram a crescer natildeo soacute em quantidade mas tambeacutem do ponto de vista

organizacional deu-se iniacutecio a formaccedilatildeo das cidades tal como conhecemos hoje Como

resultado deste processo um sem-fim de problemas relacionados agrave estas ocupaccedilotildees

surgiram tanto de cunho ambiental quanto social e dentre estes problemas estatildeo

incluiacutedos os desastres naturais relacionados a deslizamentos e alagamentos por conta da

ocupaccedilatildeo em aacutereas natildeo adequadas a este fim

Nos uacuteltimos anos o Brasil tem vivenciado grandes trageacutedias relacionadas a deslizamentos

e alagamentos Uma boa parte destes eventos teve como fator agravante as ocupaccedilotildees

sem criteacuterio e sem orientaccedilatildeo teacutecnica Um exemplo recente aconteceu no Vale do Itajaiacute

em Santa Catarina em novembro de 2008 durante um periacuteodo com chuvas intensas em

que vaacuterias cidades entraram em situaccedilatildeo de calamidade puacuteblica devido ao grande nuacutemero

de casos de alagamento e graves deslizamentos de encostas causando a morte de vaacuterias

pessoas na regiatildeo No Estado do Rio de Janeiro em 2010 o Morro do Bumba em Niteroacutei

sofreu com um grave deslizamento que deixou um grande nuacutemero de mortos As casas

foram construiacutedas sobre um antigo lixatildeo sem nenhuma orientaccedilatildeo e com as intensas

chuvas que assolaram a regiatildeo naquela eacutepoca a encosta veio a baixo causando o desastre

Outra trageacutedia relevante aconteceu na regiatildeo Serrana do Rio de Janeiro que foi

considerada ateacute entatildeo a maior trageacutedia climaacutetica da histoacuteria do paiacutes com pouco mais de

500 mortos e um prejuiacutezo material incalculaacutevel no ano de 2011 Em comum a todos estes

fatos estaacute a falta de um planejamento efetivo por parte dos oacutergatildeos municipais no que diz

respeito ao disciplinamento do uso e ocupaccedilatildeo do solo e a fiscalizaccedilatildeo do cumprimento

da legislaccedilatildeo vigente

A cidade de Santos Dumont Minas Gerais natildeo eacute exceccedilatildeo a esta regra Como a grande

maioria das comunidades estabelecidas ao longo da Estrada Real a cidade surgiu como

um pequeno rancho cujo objetivo era servir de pouso para os viajantes que faziam o

transporte de pedras e metais preciosos das minas de Ouro Preto ateacute o Rio de Janeiro

Posteriormente a regiatildeo se desenvolveu como importante entreposto industrial e

comercial a partir da instalaccedilatildeo da ferrovia D Pedro II ateacute que no final do seacuteculo XIX

se transforma em vila e logo apoacutes em municiacutepio O desenvolvimento da regiatildeo implicou

tambeacutem no crescimento populacional e como naquela eacutepoca ainda natildeo havia uma

legislaccedilatildeo especiacutefica para ordenamento e uso do solo os loteamentos foram surgindo agraves

margens do Ribeiratildeo das Posses e em aacutereas cuja declividade natildeo era favoraacutevel agrave ocupaccedilatildeo

6

o que consequentemente acarretou deslizamentos de terra e alagamentos inclusive com

o registro de algumas trageacutedias ao longo dos anos

Pretende-se que este trabalho sirva como subsidio ao gestor puacuteblico local visando o

estabelecimento de poliacuteticas puacuteblicas integradas aos setores de meio ambiente e defesa

civil com vistas a garantir a seguranccedila de todos os muniacutecipes e a qualidade de vida em

todo o territoacuterio municipal

2 OBJETIVOS

21 Objetivo geral

O objetivo geral deste trabalho eacute contribuir para o estabelecimento de poliacuteticas puacuteblicas

direcionadas ao disciplinamento do uso e ocupaccedilatildeo do solo urbano no municiacutepio de

Santos Dumont

22 Objetivos especiacuteficos

Satildeo objetivos especiacuteficos

Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a

aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes

urbanos

Caracterizar o uso irregular do solo urbano em Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente

Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las

com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)

Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos

catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30

anos

Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do

solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental

7

Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais

negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea

impactada

3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

A seguir eacute apresentada a revisatildeo bibliograacutefica que fundamenta o desenvolvimento e o

pleno entendimento deste trabalho O conhecimento do que satildeo aacutereas de risco

alagamentos e deslizamentos bem como o que eacute e qual a importacircncia de um Plano Diretor

eacute de suma importacircncia para se avaliar como um municiacutepio estaacute se desenvolvendo e qual

a qualidade de vida dos muniacutecipes Tambeacutem satildeo abordados neste capiacutetulo os aspectos

legais referentes agraves Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente seus limites e sua importacircncia para

o ambiente urbano

31 Conceitos Fundamentais

311 Aacutereas de risco

De acordo com o Instituto de Pesquisas Tecnoloacutegicas ndash IPT entende-se como aacuterea de

risco aquela ldquopassiacutevel de ser atingida por fenocircmenos ou processos naturais eou induzidos

que causem efeito adverso As pessoas que habitam essas aacutereas estatildeo sujeitas a danos agrave

integridade fiacutesica perdas materiais e patrimoniaisrdquo (MINISTEacuteRIO DAS CIDADES

2007)

Para Augusto Filho et al (1990) apud Cristo (2002) aacuterea de risco eacute caracterizada como

aquela em que ldquose encontra em situaccedilatildeo de perigo tanto socialmente quanto

economicamente por conta de alguma alteraccedilatildeo na constituiccedilatildeo do terreno ou com grande

probabilidade de ocorrer processos naturaisrdquo

Segundo Fernandes (2012) aacutereas de risco ldquosatildeo aacutereas consideradas improacuteprias ao

assentamento humano por estarem sujeitas a riscos naturaisrdquo

Diante das definiccedilotildees supracitadas pode-se dizer que aacuterea de risco satildeo aacutereas susceptiacuteveis

agrave accedilatildeo de eventos naturais extremos e por esse motivo natildeo eacute viaacutevel agrave ocupaccedilatildeo humana

nestes locais e pode ou natildeo estar associados agrave proximidade ou nos limites de uma APP

8

312 Deslizamentos

Segundo Tominaga (2009) deslizamento eacute o movimento de solo em uma vertente pela

accedilatildeo da gravidade e satildeo mais frequentes em regiotildees de relevo montanhoso e em periacuteodos

chuvosos sendo a pluviosidade um dos principais fatores condicionantes para a ocorrecircncia

do processo Os deslizamentos podem ocorrer naturalmente e eacute grande responsaacutevel pela

dinacircmica das vertentes e evoluccedilatildeo do relevo local mas no Brasil a falta de planejamento

urbano de uma boa parte dos municiacutepios a ocupaccedilatildeo desordenada e a construccedilatildeo de

domiciacutelios sem orientaccedilatildeo teacutecnica tecircm transformado um processo natural em um

problema que algumas vezes se tornam grandes trageacutedias Na regiatildeo Sudeste brasileira o

escorregamento do tipo rotacional eacute o mais comum e eacute caracterizado por uma ruptura

curva no solo que estaacute geralmente associada agrave realizaccedilatildeo de cortes na base do talude ou

por processos erosivos fluviais o que relaciona esse tipo de escorregamento agraves regiotildees

urbanas mal planejadas e coloca o homem como o principal agente efetivo associado com

a pluviosidade na ocorrecircncia de acidentes relacionados com deslizamentos

(FERNANDES amp AMARAL 1996 apud TOMINAGA 2009)

313 Alagamentos

De acordo com Amaral amp Ribeiro (2009) inundaccedilotildees e enchentes satildeo processos

intimamente relacionados com a pluviosidade pois satildeo frequentes em periacuteodos de chuvas

fortes e raacutepidas ou chuvas de longa duraccedilatildeo e estatildeo relacionados agrave intensidade e

distribuiccedilatildeo da precipitaccedilatildeo ao longo da bacia agrave capacidade do solo de reter e infiltrar

aacutegua e agraves caracteriacutesticas de forma da bacia de drenagem

O escoamento das aacuteguas pluviais na natureza eacute lento mas em aacutereas urbanizadas a accedilatildeo

antroacutepica relacionada a ocupaccedilatildeo de planiacutecies de inundaccedilatildeo que podem estar inclusive

em uma cota abaixo do leito do rio impermeabilizaccedilatildeo do solo e retificaccedilatildeo de corpos

drsquoaacutegua aleacutem de inuacutemeras atividades que promovem o assoreamento dos rios e coacuterregos

tem gerado resultados catastroacuteficos e grandes prejuiacutezos (AMARAL amp RIBEIRO 2009)

Quando se refere agraves regiotildees urbanas o termo ldquoalagamentordquo eacute o mais utilizado e segundo

o Ministeacuterio das Cidades (2006) define-se como o ldquoacuacutemulo momentacircneo de aacuteguas em

uma dada aacuterea por problemas no sistema de drenagem podendo ter ou natildeo relaccedilatildeo com

processos de natureza fluvialrdquo Tambeacutem o termo ldquoenxurradardquo eacute utilizado e define-se como

o ldquoescoamento superficial concentrado e com alta energia de transporte que pode ou natildeo

estar associado a aacutereas de domiacutenio dos processos fluviais Eacute comum a ocorrecircncia de

enxurradas ao longo de vias implantadas sobre antigos cursos drsquoaacutegua com alto gradiente

hidraacuteulico e em terrenos com alta declividade naturalrdquo

9

314 Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente

O Novo Coacutedigo Florestal Brasileiro define Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP) como

ldquoaacuterea protegida coberta ou natildeo por vegetaccedilatildeo nativa com a funccedilatildeo ambiental de

preservar os recursos hiacutedricos a paisagem a estabilidade geoloacutegica e a biodiversidade

facilitar o fluxo gecircnico de fauna e flora proteger o solo e assegurar o bem-estar das

populaccedilotildees humanasrdquo (BRASIL2012) Estas aacutereas satildeo muito importantes tanto no meio

urbano como no rural por garantir a estabilidade do solo em encostas iacutengremes contribuir

para a natildeo formaccedilatildeo de processos erosivos e o assoreamento de rios e coacuterregos aleacutem de

garantir a recarga de aquiacuteferos ao atuar como um amortecedor de chuvas retendo-a e

impedindo que ocorra um carreamento intenso de sedimentos ao longo dos morros e

margens de rios e coacuterregos (SKORUPA 2004) A Lei 126512012 apresenta os tipos de

APP e seus limites conforme seraacute visto no item 322

315 Uso e ocupaccedilatildeo do solo

Dentre os vaacuterios mecanismos de ordenamento urbano e instrumentos de planejamento

municipal previsto no Estatuto da Cidade (Lei Federal 102572001) o uso e ocupaccedilatildeo

do solo satildeo os mais utilizados pelas cidades para a formulaccedilatildeo das poliacuteticas urbanas

podendo definir o uso como a forma como esta parcela do solo eacute utilizada e a ocupaccedilatildeo

como sendo o modo como as edificaccedilotildees devem ser dispostas nesta mesma parcela do

solo urbano (TAKEDA 2015) O termo ldquoUso e ocupaccedilatildeo do solordquo tambeacutem pode ser

definido como o fator que determina como as mais diferentes regiotildees de um municiacutepio

deve se desenvolver (FONTOURA 2015)

A inserccedilatildeo de leis municipais de uso e ocupaccedilatildeo do solo objetivam ser uma referecircncia

para os gestores locais no processo de tomada de decisatildeo para que as cidades cresccedilam de

modo organizado enfatizando os potenciais e capacidades de cada regiatildeo aleacutem de tornar

o crescimento mais homogecircneo Com isso pretende-se evitar a formaccedilatildeo de grandes

adensamentos em pequenas aacutereas garantindo a mobilidade e a qualidade de vida de todos

os muniacutecipes tanto da regiatildeo urbana como da rural preservar e melhorar a qualidade

ambiental do municiacutepio aleacutem de evitar deslizamentos e alagamentos por conta da

ocupaccedilatildeo incorreta do solo (TAKEDA 2015)

10

32 Legislaccedilatildeo Pertinente

321 As adequaccedilotildees da legislaccedilatildeo ao longo dos anos

A problemaacutetica relacionada agraves APPs em aacutereas urbanas outrora era uma questatildeo complexa

e demandava uma larga discussatildeo do ponto de vista juriacutedico administrativo e teacutecnico Eacute

sabido que a maioria das cidades se formaram proacuteximos aos corpos hiacutedricos regiatildeo que

garantia o abastecimento de aacutegua e alimentos agrave populaccedilatildeo e tambeacutem facilitava o descarte

dos efluentes A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 225 daacute garantia aos

brasileiros de um meio ambiente em equiliacutebrio e concede agrave toda a sociedade o dever de

preservaacute-lo de acordo com os princiacutepios do desenvolvimento sustentaacutevel (BRASIL

1988) Antes desta Constituiccedilatildeo jaacute havia um texto que regulamentava a questatildeo da

preservaccedilatildeo de aacutereas verdes em todo o territoacuterio nacional A Lei Federal nordm 477165 que

trata do Coacutedigo Florestal estabelecia limites e regulamentava as Aacutereas de Preservaccedilatildeo

Permanente De acordo com Arauacutejo (2002) apud De Moraes (2014) essa Lei que fora

revogada e substituiacuteda pela Lei 126512012 era bastante falha no que diz respeito agraves

questotildees de APPS em aacutereas urbanas o que poderia ser um facilitador do natildeo cumprimento

do que foi proposto por aquela legislaccedilatildeo nestas aacutereas Isso se devia ao fato de o Coacutedigo

Florestal de 1965 ter deixado uma duacutevida sobre qual legislaccedilatildeo seguir uma vez que em

seu segundo artigo no paraacutegrafo uacutenico estava disposto que em aacutereas urbanas devia-se

atentar para a legislaccedilatildeo referente ao Plano Diretor e as referentes ao uso do solo na aacuterea

do municiacutepio (BRASIL 1965) Diante dessa conjuntura alguns municiacutepios optavam pela

natildeo aplicaccedilatildeo do Coacutedigo Florestal na regiatildeo urbana mesmo sabendo que a poliacutetica

conservacionista eacute extremamente importante visto o grande nuacutemero de problemas que

podem advir do uso irregular das APPs (DE MORAES 2009) Segundo o artigo 182 da

Constituiccedilatildeo Federal de 1988 as poliacuteticas relacionadas ao desenvolvimento urbano

devem ser elaboradas pelos municiacutepios e objetiva garantir o bem estar dos muniacutecipes e

tambeacutem o desenvolvimento do municiacutepio como um todo atraveacutes do atendimento agraves

exigecircncias do Plano Diretor (BRASIL 1988) O que podia gerar alguma divergecircncia seria

se o Plano Diretor Municipal propusesse uma faixa de APP menor que a prevista pelo

Coacutedigo Florestal Sendo assim essa legislaccedilatildeo perderia sua validade pelo fato de a

legislaccedilatildeo federal ser suplementar ou se seria cumprida devido ao disposto no artigo 182

da Constituiccedilatildeo Segundo De Moraes (2009) natildeo eacute aceitaacutevel que o Plano Diretor

Municipal legitime tal degradaccedilatildeo ambiental uma vez que um dos seus principais

objetivos eacute a proteccedilatildeo do bem estar puacuteblico estando incluiacutedo nesse a proteccedilatildeo do

ambiente natural A delimitaccedilatildeo e especificaccedilatildeo das APPs em Lei eacute necessaacuteria uma vez

que os limites miacutenimos destinados agrave preservaccedilatildeo satildeo importantes pois garantem a

proteccedilatildeo tanto da qualidade quanto da quantidade dos recursos hiacutedricos e evitam a

ocupaccedilatildeo em locais propiacutecios aos deslizamentos e zonas de recarga dos aquiacuteferos

11

subterracircneos assegurando tambeacutem de certa forma a integridade dos seres humanos que

potencialmente ocupariam tais locais (CARVALHO 2013)

Neste trabalho a legislaccedilatildeo tomada como referecircncia eacute a prevista pela Constituiccedilatildeo Federal

de 1988 o Novo Coacutedigo Florestal (Lei 126512012) e o Estatuto das Cidades (Lei

102572001) em acircmbito federal Na esfera estadual a Lei 209222013 versa sobre os

limites para APP em todo o territoacuterio de Minas A Lei Municipal 42412012 trata do

Plano Diretor Municipal da cidade de Santos Dumont onde se encontra as diretrizes para

o uso e ocupaccedilatildeo do solo e o zoneamento da cidade de acordo com as caracteriacutesticas do

solo entre outras

322 O Novo Coacutedigo Florestal e a legislaccedilatildeo mineira

O Novo Coacutedigo Florestal Lei Federal 126512012 substituiu a Lei Federal 47711965

Dentre os vaacuterios artigos que esta lei possui o que apresenta maior importacircncia para o

planejamento e o ordenamento das cidades tanto na aacuterea urbana como na rural eacute o artigo

4ordm em que constam as faixas de APP tanto para curso hiacutedrico como para declividade e

altitude aleacutem dos topos de morro a saber (BRASIL2012)

ldquoArt 4ordm Considera-se Aacuterea de Preservaccedilatildeo

Permanente em zonas rurais ou urbanas para os

efeitos desta Lei

I - as faixas marginais de qualquer curso drsquoaacutegua

natural perene e intermitente excluiacutedos os

efecircmeros desde a borda da calha do leito regular

em largura miacutenima de

a) 30 (trinta) metros para os cursos drsquoaacutegua de

menos de 10 (dez) metros de largura

b) 50 (cinquenta) metros para os cursos drsquoaacutegua

que tenham de 10 (dez) a 50 (cinquenta) metros de

largura

()

IV - as aacutereas no entorno das nascentes e dos olhos

drsquoaacutegua perenes qualquer que seja sua situaccedilatildeo

topograacutefica no raio miacutenimo de 50 (cinquenta)

metros

12

V - as encostas ou partes destas com declividade

superior a 45deg equivalente a 100 (cem por

cento) na linha de maior declive

()

IX - no topo de morros montes montanhas e

serras com altura miacutenima de 100 (cem) metros e

inclinaccedilatildeo meacutedia maior que 25deg as aacutereas

delimitadas a partir da curva de niacutevel

correspondente a 23 (dois terccedilos) da altura

miacutenima da elevaccedilatildeo sempre em relaccedilatildeo agrave base

sendo esta definida pelo plano horizontal

determinado por planiacutecie ou espelho drsquoaacutegua

adjacente ou nos relevos ondulados pela cota do

ponto de sela mais proacuteximo da elevaccedilatildeo

X - as aacutereas em altitude superior a 1800 (mil e

oitocentos) metros qualquer que seja a

vegetaccedilatildeo

()rdquo

A legislaccedilatildeo atual em seu artigo 4ordm evidencia que as faixas e aacutereas determinadas como

APP compreendem tanto as aacutereas rurais quanto urbanas (BRASIL 2012) retirando a

duacutevida anterior e sendo essa a Lei suplementar qualquer faixa de APP mais permissiva

na legislaccedilatildeo estadual e municipal satildeo invaacutelidas o que simplificou de certa forma a

aplicabilidade da Legislaccedilatildeo referente a Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente

No Estado de Minas Gerais a Lei Estadual 20922 de 16 de Outubro de 2013 trata do tema

em acircmbito estadual mas com os mesmos princiacutepios propostos pela Lei Federal sendo os

limites miacutenimos previstos para as APPs os mesmos propostos pelo Novo Coacutedigo

Florestal brasileiro (MINAS GERAIS2013)

ldquo Art 9ordm Para os efeitos desta Lei em zonas rurais

ou urbanas satildeo APPs

I as faixas marginais de cursos drsquoaacutegua naturais

perenes e intermitentes excluiacutedos

os efecircmeros medidas a partir da borda da calha

do leito regular em largura miacutenima de

13

a) 30m (trinta metros) para os cursos drsquoaacutegua de

menos de 10m (dez metros) de largura

b) 50m (cinquenta metros) para os cursos drsquoaacutegua

de 1 0m (dez metros) a 50m (cinquenta metros) de

largura

()

IV as aacutereas no entorno das nascentes e dos olhos

drsquoaacutegua perenes no raio miacutenimo de 50m

(cinquenta metros)

V as encostas ou partes destas com declividade

superior a 45ordm (quarenta e cinco graus)

equivalente a 100 (cem por cento) na linha de

maior declive

()

VII no topo de morros montes montanhas e

serras com altura miacutenima de 100m (cem metros)

e inclinaccedilatildeo meacutedia maior que 25ordm (vinte e cinco

graus) as aacutereas delimitadas a partir da curva de

niacutevel correspondente a 23 (dois terccedilos) da altura

miacutenima da elevaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave base sendo esta

definida pelo plano horizontal determinado por

planiacutecie ou espelho drsquoaacutegua adjacente ou nos

relevos ondulados pela cota do ponto de sela mais

proacuteximo da elevaccedilatildeo

VIII as aacutereas em altitude superior a 1 800m (mil

e oitocentos metros)

()rdquo

323 O Plano Diretor

O Estatuto das Cidades em seu artigo 40 prevecirc o plano diretor como um instrumento

capaz de promover a poliacutetica urbana englobando toda a cidade aleacutem de fornecer padrotildees

e limites para o uso do solo nas mais diversas regiotildees do municiacutepio com vistas a

harmonizar o desenvolvimento urbano com a preservaccedilatildeo do meio ambiente (SILVA JR

2006) Este instrumento eacute obrigatoacuterio para cidades com mais de 20 mil habitantes ou

14

aacutereas que integrem regiotildees metropolitanas ou de interesse turiacutestico O artigo 41 do

Estatuto das cidades tambeacutem prevecirc a obrigatoriedade do Plano Diretor para cidades que

possuem em sua aacuterea empreendimentos que caracterizem grandes impactos ambientais

de influecircncia regional ou nacional e cidades que possuem problemas com deslizamentos

de grande magnitude ou alagamentos repentinos (BRASIL 2001)

O Plano diretor de acordo com o Estatuto das Cidades deve ser aprovado como lei em

acircmbito municipal e revisto a cada dez anos Este documento eacute uacutenico pois cada cidade

possui suas peculiaridades infraestrutura vocaccedilotildees e problemas que por mais que sejam

parecidos entre si satildeo diferenciados pela intensidade e pela regionalizaccedilatildeo Sendo assim

a confecccedilatildeo do Plano Diretor deve conter a participaccedilatildeo de toda a comunidade local de

forma a reduzir as desigualdades sociais os gastos puacuteblicos desnecessaacuterios a degradaccedilatildeo

ambiental e combater os problemas relacionados a urbanizaccedilatildeo de forma conjunta

promovendo um processo de tomada de decisatildeo que garanta a qualidade de vida

preservaccedilatildeo e o desenvolvimento social do municiacutepio como um todo (ROSSBACH amp

CARVALHO 2010)

3231 O Plano Diretor de Santos Dumont

A Lei Municipal nordm 424112 que entrou em vigor no ano de 2014 trata do Plano Diretor

Municipal instrumento previsto no Estatuto das Cidades para garantir aos cidadatildeos um

desenvolvimento urbano organizado justo e sustentavelmente econocircmico (BRASIL

2001) Aleacutem de apontar as diretrizes para a elaboraccedilatildeo da Poliacutetica Municipal dos mais

variados setores o Plano Diretor divide o municiacutepio em macrozonas urbanas e rurais

Estas zonas tecircm por objetivo facilitar a identificaccedilatildeo dos setores que permitem ou natildeo o

desenvolvimento da cidade e em que magnitude pode ser feita a expansatildeo respeitando ao

meio ambiente e tambeacutem o que eacute previsto no tocante ao uso e ocupaccedilatildeo do solo nessas

aacutereas Aleacutem disso ela estabelece a forma como devem ser as edificaccedilotildees nas referidas

aacutereas As aacutereas definidas como macrozonas urbanas e foram subdivididas em (SANTOS

DUMONT2012)

ldquoZona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e

da Paisagem (ZPPH) satildeo as aacutereas cujos

equipamentos urbanos possuem interesse

histoacuterico ou paisagiacutestico de preservaccedilatildeo

Zona de Preservaccedilatildeo Ambiental satildeo aquelas em

que devem ser mantidas ou recuperadas a

15

vegetaccedilatildeo por conta da declividade altitude ou

presenccedila de recursos hiacutedricos

Zona de Adensamento Controlado (ZAC) satildeo as

aacutereas em que deve-se manter uma pequena

densidade populacional devido as limitaccedilotildees na

infraestrutura da localidade A ZAC se divide em

ZAC 1 quando a infraestrutura existente eacute

limitada e em ZAC 2 quando esta eacute precaacuteria ou

natildeo existe

Zona de Consolidaccedilatildeo de Adensamento (ZCA)

satildeo as aacutereas em que haacute interesse em ocupar os

lotes vagos haja visto que a regiatildeo possui toda a

infraestrutura para que isto aconteccedila

Zona Adensaacutevel (ZA) satildeo as aacutereas com

condiccedilotildees propiacutecias para ocorrer uma ocupaccedilatildeo

mais densa

Zona Especial de Interesse Social (ZEIS) satildeo as

aacutereas em que o Poder Puacuteblico almeja fazer

alguma forma de ocupaccedilatildeo Eacute dividida em ZEIS 1

e ZEIS 2 A ZEIS 1 satildeo regiotildees jaacute ocupadas mas

de forma irregular cujo interesse puacuteblico eacute

realizar obras e outras atividades para

regularizar as ocupaccedilotildees e urbanizar a aacuterea

enquanto que a ZEIS 2 satildeo aacutereas natildeo utilizadas ou

subutilizadas as quais o poder puacuteblico almeja

realizar algum empreendimento habitacional de

caraacuteter social

Zona de Grandes Equipamentos (ZE) satildeo aacutereas

cujo o interesse eacute a implantaccedilatildeo de

empreendimentos de grande porte ou grandes

equipamentos puacuteblicosrdquo

Esta divisatildeo espacial pode ser melhor vista no Anexo 71

O Plano Diretor natildeo estipula limites para APP mas prevecirc algumas diretrizes como na

Poliacutetica Municipal de Preservaccedilatildeo do Meio Ambiente sobre o uso do solo em

compatibilidade com praacuteticas conservacionistas A Poliacutetica Municipal de Expansatildeo

16

Urbana tem como uma de suas diretrizes fazer cumprir a legislaccedilatildeo vigente no que diz

respeito agraves intervenccedilotildees e investimentos que poderatildeo ser feitos nessas aacutereas Tambeacutem eacute

diretriz da mesma Poliacutetica o controle da ocupaccedilatildeo e do uso do solo em APPs e o auxiacutelio

aos oacutergatildeos estaduais e federais de meio ambiente no tocante agrave fiscalizaccedilatildeo da ocupaccedilatildeo

nestas aacutereas (SANTOS DUMONT 2012) O artigo 38 que trata das diretrizes da Poliacutetica

habitacional de interesse social exclui do processo de regularizaccedilatildeo fundiaacuteria os

assentamentos situados em aacutereas de risco o que na maioria das vezes estatildeo tambeacutem nas

aacutereas que deveriam estar vegetadas e protegidas (SANTOS DUMONT 2012) Na

legislaccedilatildeo referente ao parcelamento do solo eacute previsto que no parcelamento de glebas

com declividade entre 30 e 47 soacute poderaacute ser aprovado mediante projeto e laudo

assinado por um responsaacutevel teacutecnico favoraacutevel agrave construccedilatildeo nesse local (SANTOS

DUMONT 2012) Diante do proposto pelo Plano Diretor de Santos Dumont pode-se

dizer que natildeo haacute conflito com a legislaccedilatildeo federal e estadual em se tratando da

aplicabilidade do Coacutedigo Florestal uma vez que aquele natildeo explicita limites nem

permissivos e tampouco restritivos para faixas e aacutereas de preservaccedilatildeo permanente

33 O Municiacutepio de Santos Dumont

331 De Arraial a cidade

A aacuterea onde se situa hoje o municiacutepio de Santos Dumont teve sua ocupaccedilatildeo iniciada no

seacuteculo XVIII quando a Coroa Portuguesa solicitou ao entatildeo Governador do Rio de

Janeiro Artur de Saacute Menezes que abrisse um caminho que ligasse as Minas dos

Cataguases na regiatildeo de Ouro Preto (receacutem descobertas) ao Rio de Janeiro por onde

escoava os metais preciosos para a metroacutepole Surgiu assim o ldquoCaminho Novordquo e ao longo

deste caminho surgiram tambeacutem as Sesmarias aacutereas que tinham por principal objetivo

servir de pouso aos transportadores e exploradores e tambeacutem para garantir alimento a

estas pessoas Uma destas ocupaccedilotildees seria o ldquoArraial de Joatildeo Gomesrdquo (Figura 41)

primeiro nuacutecleo primitivo do municiacutepio em 1709 De iniacutecio prevaleciam somente

ranchos onde os viajantes se abrigavam mas em pouco tempo ergueu-se a Capela de Satildeo

Miguel e Almas e pequenos nuacutecleos urbanos comeccedilaram a surgir (DAPPC2008)

17

Figura 3 1 Vista parcial do Arraial de Joatildeo Gomes

Fonte Arquivo Histoacuterico de Santos Dumont-MG

Com a construccedilatildeo da Estrada de Ferro D Pedro II no final do seacuteculo XIX a regiatildeo teve

um consideraacutevel crescimento natildeo soacute populacional como tambeacutem econocircmico se tornando

a Vila Palmyra em 1889 Em 1890 Palmyra eacute elevada ao status de Municiacutepio (Figura 42)

e recebe um grande nuacutemero de melhorias no setor viaacuterio como a retificaccedilatildeo de ruas e

tambeacutem no setor de serviccedilos puacuteblicos como abastecimento de aacutegua iluminaccedilatildeo puacuteblica a

querosene e posteriormente energia eleacutetrica O desenvolvimento econocircmico na regiatildeo

tambeacutem teve seu momento aacuteureo nesse periacuteodo Induacutestrias de laticiacutenios graacuteficas e de

Carbureto de Caacutelcio fizeram parte do parque industrial de Palmyra o que atraiacutea pessoas

de outros lugares inclusive estrangeiros contribuindo para o aumento populacional da

regiatildeo Como ainda natildeo havia legislaccedilatildeo sobre uso e ocupaccedilatildeo do solo nessa eacutepoca

surgiram inuacutemeros loteamentos em aacutereas proacuteximas agrave rios e coacuterregos e tambeacutem em

encostas com declividade acentuada o que foi agravando o risco agrave medida que a ocupaccedilatildeo

aumentava (DAPPC2008)

18

Figura 3 2 Municiacutepio de Palmyra na deacutecada de 1920

Fonte Arquivo Histoacuterico de Santos Dumont-MG

O escoamento da produccedilatildeo industrial se dava pelo modal ferroviaacuterio setor que tambeacutem

movimentava a crescente cidade que era ponto importante no setor de transportes pois

possuiacutea um dos mais bem equipados depoacutesitos de locomotivas da Estrada de Ferro Central

do Brasil (DAPPC2008)

No ano de 1932 o municiacutepio de Palmyra passou a se chamar Santos Dumont (Figura 43)

em homenagem ao inventor do aviatildeo que nascera naquela cidade Nos uacuteltimos 40 anos

Santos Dumont tem experimentado uma acentuada desaceleraccedilatildeo econocircmica

consequecircncia do fechamento da grande maioria das induacutestrias principalmente as de

laticiacutenios que empregavam direta e indiretamente uma parte consideraacutevel da populaccedilatildeo

(DAPPC2008)

19

Figura 3 3 Municiacutepio de Santos Dumont em 2014

Fonte Arquivo do autor

332 Santos Dumont na atualidade

O municiacutepio de Santos Dumont localiza-se na regiatildeo da Zona da Mata mineira distante

cerca de 220 Km da capital Belo Horizonte e possui uma populaccedilatildeo de 47558 habitantes

(ODM 2015 projeccedilatildeo) numa aacuterea total de 637 kmsup2 Faz divisa com os municiacutepios de

Juiz de Fora Oliveira Fortes Bias Fortes Antocircnio Carlos Tabuleiro Piau e Ewbank da

Cacircmara

No que diz respeito agrave sua formaccedilatildeo fisiacuteco-geograacutefica a aacuterea que compreende o municiacutepio

eacute constituiacuteda predominantemente por Cambissolo Haacuteplico (70) com Latossolo

Vermelho-Amarelo (30) (UFV2010) A vegetaccedilatildeo eacute em sua maioria composta por

exemplares de Mata Atlacircntica De acordo com o IBGE(2015) Santos Dumont se localiza

a 839m de altitude O clima da regiatildeo eacute classificado como Tropical de Altitude (Cwb) e

possui uma temperatura meacutedia de 20ordmC Eacute banhado pela bacia hidrograacutefica do Paraiacuteba do

Sul e em sua maioria pertence agrave sub-bacia do Rio Pomba (IGAM) que fornece aacutegua para

abastecimento puacuteblico agrave 88 da populaccedilatildeo por meio da rede de distribuiccedilatildeo

(IBGE2010) Uma pequena parte da zona rural a sudoeste eacute banhada pela Sub-Bacia do

Rio Paraibuna mais precisamente na regiatildeo de fronteira com os municiacutepios de Juiz de

Fora e Ewbank da Cacircmara O sistema viaacuterio principal de acesso agrave cidade eacute a rodovia BR-

040 e a estrada de ferro Dom Pedro II atualmente utilizada somente para transporte de

cargas

Com a economia nos dias atuais baseada majoritariamente no setor de serviccedilos a cidade

possui um Iacutendice de Desenvolvimento humano (IDH) de 0741 (IBGE2010) Apesar do

decliacutenio econocircmico de Santos Dumont nota-se hoje um aumento no nuacutemero de

loteamentos populares e condomiacutenios horizontais e verticais entre outras edificaccedilotildees Eacute

de vital importacircncia que esse crescimento das ocupaccedilotildees seja ordenado e regulamentado

20

de forma a garantir a qualidade ambiental prevenindo deslizamentos e inundaccedilotildees Diante

dessa conjuntura o governo municipal aprovou em 2012 a Lei nordm 4241 que trata do Plano

Diretor Participativo instrumento baacutesico da poliacutetica de desenvolvimento e expansatildeo

urbana do municiacutepio de Santos Dumont

4 METODOLOGIA

41 Aacuterea de estudo

A regiatildeo dentro dos limites do municiacutepio que seraacute estudada neste trabalho eacute conforme

descrito nos anexos Plano Diretor e representada na figura 44 a aacuterea urbana principal

que possui 47 Kmsup2 e compreende a regiatildeo central da cidade e os bairros perifeacutericos regiatildeo

que concentra cerca de 90 da populaccedilatildeo total de Santos Dumont (IBGE 2015) A aacuterea

urbana principal representa 75 da aacuterea total dos 637 Kmsup2 que compreendem o

municiacutepio e eacute o local onde nos uacuteltimos 30 anos se verificou um maior crescimento

populacional e tambeacutem onde ocorre a maioria dos eventos relacionados a deslizamentos

e alagamentos por conta da ocupaccedilatildeo sem planejamento A figura 45 mostra a aacuterea

urbana principal e a localizaccedilatildeo dos bairros urbanos de Santos Dumont

Figura 4 1 Localizaccedilatildeo da aacuterea urbana principal

Fonte Google Earth

21

Figura 4 2 Mapa da aacuterea urbana principal com a localizaccedilatildeo dos bairros

Fonte Do Autor

42 Levantamento e tratamento dos dados

No desenvolvimento deste trabalho foi necessaacuterio se fazer um estudo detalhado sobre o

Plano Diretor de Santos Dumont principalmente dos seus anexos que compreendem os

mapas e a localizaccedilatildeo das aacutereas definidas pelo zoneamento proposto Para que isso fosse

possiacutevel a Secretaria Municipal de Obras e Serviccedilos Puacuteblicos forneceu todos os dados

secundaacuterios produto do estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor e do

zoneamento Estes dados incluem os arquivos Shapefile (shp) e outros documentos

integrantes do Plano Diretor Algumas informaccedilotildees foram complementadas tambeacutem com

dados adquiridos atraveacutes do site do IBGE e do Portal Objetivos do Milecircnio (ODM)

Os dados sobre as ocorrecircncias de deslizamentos e alagamentos foram obtidos atraveacutes da

Defesa Civil do municiacutepio atraveacutes do Sistema Integrado de Informaccedilotildees sobre Desastres

(S2ID) do Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional Tal sistema centraliza as informaccedilotildees sobre

desastres naturais ocorridos em todo o territoacuterio nacional facilitando a pesquisa sobre tais

eventos a qualquer cidadatildeo (BRASIL 2015)

Apesar do sistema ser bastante uacutetil os dados sobre o municiacutepio de Santos Dumont se

encontravam bastante falhos e escassos sendo necessaacuteria complementaccedilatildeo para que a

22

base de dados ficasse consistente Diante disso uma pesquisa atraveacutes dos arquivos do

Jornal Mensagem um jornal semanaacuterio local foi feita entre os anos de 1984 e 2014 e os

dados primaacuterios filtrados em uma planilha do Microsoft Excel para posterior utilizaccedilatildeo

De posse destes dados foi feita a localizaccedilatildeo em campo das coordenadas dos locais

atingidos por deslizamentos e alagamentos no periacuteodo compreendido pela pesquisa com

o auxiacutelio de um aparelho de GPS

A maioria dos arquivos shapefile utilizados para a confecccedilatildeo dos mapas satildeo parte

integrante dos anexos da Lei do Plano diretor do municiacutepio gerados no mecircs de dezembro

de 2011 pelo Instituto Nova Cidade e foram cedidos pela Secretaria Municipal de Obras

e Serviccedilos Puacuteblicos com Datum em UTM SAD 69 Com a finalidade de fornecer um

referenciamento atualizado e de acordo com os mais novos sistemas de coordenadas

utilizados no Brasil os arquivos foram convertidos para o Datum UTM SIRGAS 2000

que diferencia do SAD 69 pelo fato de ser um referencial geocecircntrico ou seja o centro

da Terra eacute o ponto de referecircncia neste sistema enquanto que o primeiro utiliza um

referencial na superfiacutecie da Terra (IBGE2014) Eacute interessante ressaltar tambeacutem que o

SIRGAS 2000 se tornou no ano de 2014 o sistema de coordenadas oficial do Sistema

Geodeacutesico Brasileiro e do Sistema Cartograacutefico Nacional ambos mantidos pelo IBGE A

combinaccedilatildeo dos shapefiles foi feita com o software livre gvSIG e com estas combinaccedilotildees

foram gerados mapas importantes resultados para a execuccedilatildeo deste trabalho A maioria

dos mapas representam a regiatildeo urbana principal de Santos Dumont e foram produzidos

numa escala em torno de 140000 que de acordo com Rocha (2007) eacute uma escala viaacutevel

pois as recomendaacuteveis para trabalhos de anaacutelise ambiental em niacutevel municipal podem ser

entre 150000 e 110000 Alguns mapas cujo detalhamento natildeo eacute necessaacuterio foram

gerados na escala 1100000

Para a geraccedilatildeo dos mapas aleacutem dos arquivos fornecidos pela Secretaria de Obras e

Serviccedilos Puacuteblicos foram utilizados para a geraccedilatildeo do modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE)

e da localizaccedilatildeo dos topos de morro dados gerados pelo sistema de radar Advanced

Spacebone Thermal Emission and Reflection Radiometer (ASTER) que geram as curvas

de niacutevel do terreno com uma resoluccedilatildeo de 30m (NASA2014) O processamento dessas

imagens foi feito pelo software livre gvSIG As imagens geradas pelos sateacutelites

LANDSAT foram adquiridas no site da United States Geological Survey (USGS) e essas

imagens possibilitaram obter um panorama preciso do uso do solo em toda a aacuterea urbana

de Santos Dumont numa resoluccedilatildeo de 15 metros uma vez que foi utilizada a banda

pancromaacutetica do sateacutelite LANDSAT 8 aleacutem da combinaccedilatildeo das bandas 65 e 4

respectivamente que eacute a combinaccedilatildeo recomendada pela mantenedora dos sateacutelites para

anaacutelises deste tipo

23

No que diz respeito a identificaccedilatildeo de APPs em topo de morro a metodologia de Oliveira

amp Fernandes Filho (2013) por utilizar as mesmas bases de dados ateacute entatildeo usadas neste

trabalho foi a mais indicada

A metodologia de anaacutelise dos mapas gerados eacute a proposta pelo professor Jorge Xavier da

Silva do Laboratoacuterio de Geoprocessamento (LAGEOP) da Universidade Federal do Rio

de Janeiro e citada por Rocha (2007) Tal metodologia analisa as variaacuteveis em questatildeo

presentes na aacuterea e permite avaliar as possibilidades de relaccedilotildees entre essas variaacuteveis De

uma maneira geral este meacutetodo verifica o estado atual da aacuterea em estudo bem como das

variaacuteveis gerando inventaacuterios que servem para a construccedilatildeo de dados planimeacutetricos sejam

com as variaacuteveis isoladas ou combinadas Estes dados planimeacutetricos geram assinaturas

que permitem inferir sobre a influecircncia dessas variaacuteveis De posse dos dados gerados pelo

processo anteriormente citado pode-se fazer algumas prospecccedilotildees sobre os riscos

ambientais que a aacuterea pode sofrer ou o seu potencial ambiental (ROCHA 2007)

5 RESULTADOS

51 Levantamento histoacuterico de alagamentos e

deslizamentos

O aumento da demanda pelo uso do solo na regiatildeo urbana de Santos Dumont

principalmente no tocante agrave formaccedilatildeo de novos loteamentos e condomiacutenios nos uacuteltimos

anos eacute consideraacutevel mas tambeacutem haacute de se observar o crescimento dos bairros jaacute existentes

com pouco ou nenhum ordenamento Em ambos os casos se observa ocupaccedilotildees

irregulares em APP o que tem ocasionado um aumento na frequecircncia de deslizamentos

e inundaccedilotildees Eacute evidente que quanto maior a densidade populacional do bairro maior a

quantidade de ocorrecircncias ao longo dos anos (SPERFELD 2009)

De acordo com as ocorrecircncias registradas pela Defesa Civil do municiacutepio obtidas atraveacutes

da literatura utilizada nos uacuteltimos 30 anos Santos Dumont chegou a decretar situaccedilatildeo de

emergecircncia por conta de desastres envolvendo deslizamentos eou alagamentos por duas

vezes num espaccedilo de 10 anos conforme pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho

(BRASIL 2014 CEPED 2011)

Segundo os dados obtidos atraveacutes de pesquisa nos arquivos do semanaacuterio entre os anos

de 1984 e 2014 pode-se verificar que nos uacuteltimos 20 anos a cidade tem experimentado

24

um aumento consideraacutevel nos eventos relacionados a deslizamentos e principalmente

alagamentos como pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho Isso pode ter sido causado

dentre outros fatores pelo aumento do nuacutemero de vias pavimentadas com material

impermeaacutevel o que tem sobrecarregado tanto a infraestrutura existente para drenagem

urbana como tambeacutem a calha dos cursos drsquoaacutegua que passam pela regiatildeo urbana do

municiacutepio (ZANON2013)

Na deacutecada de 1980 (1984-1990) de acordo com os dados obtidos natildeo foram noticiados

eventos consideraacuteveis relacionados a deslizamentos e alagamentos em Santos Dumont

mas isso natildeo exclui a possibilidade de natildeo ter ocorrido tais eventos em menor escala

Na deacutecada de 1990 aconteceram uma seacuterie de ocorrecircncias tanto de deslizamentos quanto

de alagamentos No ano de 1997 num periacuteodo chuvoso intenso aconteceram

deslizamentos consideraacuteveis em vaacuterios bairros da cidade inclusive com desabamento de

casas e de ruas principalmente nos bairros Nossa Senhora da Gloacuteria e Quarto Depoacutesito

Em 1999 ocorreram alguns pontos de alagamento nos bairros Quarto Depoacutesito e Santo

Antocircnio com grandes prejuiacutezos materiais

A deacutecada de 2000 iniciou com o registro de deslizamentos em vaacuterios bairros da cidade

inclusive com desabamento de casas e pontes e alagamentos em importantes vias do

centro da cidade Observa-se ao longo desse periacuteodo o crescimento nas ocorrecircncias de

deslizamentos e de aacutereas com risco de deslizamento em muitos bairros de Santos Dumont

Um dos fatores importantes para esse crescimento foi a grande expansatildeo sofrida pela

maioria dos bairros e a falta de planejamento e orientaccedilatildeo por parte da prefeitura uma

vez que uma boa parte do crescimento dos bairros da cidade ocorreu ou proacuteximo a cursos

drsquoaacutegua ou em aacutereas com declividade improacutepria para se fazer construccedilotildees O bairro

Coacuterrego do Ouro (Figura 51) foi o que mais sofreu com ocorrecircncias de deslizamentos

nesse periacuteodo enquanto o bairro Santo Antocircnio foi que teve mais ocorrecircncias de

alagamentos

25

Figura 5 1 Deslizamento no bairro Coacuterrego do Ouro

Fonte Portal Cabangu

No iniacutecio deacutecada de 2010 (2011-2014) o centro da cidade foi a regiatildeo que mais sofreu

com alagamentos sendo registrado pelo menos uma ocorrecircncia por ano nessa aacuterea (Figura

52) Isso pode ser relacionado dentre outros fatores com as obras de modificaccedilatildeo do

tipo de pavimentaccedilatildeo das estradas por um material impermeaacutevel gerando uma sobrecarga

nos sistemas de drenagem urbana que foram projetados para um tipo de pavimento mais

permeaacutevel implicando tambeacutem na sobrecarga calha do Ribeiratildeo das Posses o principal

curso drsquoaacutegua que corta o centro da cidade e que se encontra em quase sua totalidade

ocupada em ambas as margens que cortam o centro da cidade

26

Figura 5 2 Alagamento na regiatildeo central de Santos Dumont em 2013

Fonte Portal Cabangu

Quanto agraves ocorrecircncias de deslizamento ao longo da referida deacutecada elas estiveram

espalhadas pelos bairros do municiacutepio tendo um maior nuacutemero de ocorrecircncias nos bairros

Santo Antocircnio Nossa Senhora da Gloacuteria e Aacutegua Espraiada Nos dois primeiros bairros

citados as ocorrecircncias podem ter sido ocasionadas pelo crescimento desordenado e sem

planejamento destes e no terceiro as ocorrecircncias satildeo relacionadas ao processo de

assoreamento do Ribeiratildeo das Posses o que pode ter gerado um aumento da velocidade

desse curso drsquoaacutegua causando problemas decorrentes do transporte de sedimentos da aacuterea

onde as casas foram construiacutedas que teve como consequecircncia os deslizamentos

Em resumo como pode ser observado nas figuras 53 e 54 na tabela 51 no periacuteodo de

1984 a 2014 os bairros mais afetados por alagamentos e deslizamentos satildeo Quarto

Depoacutesito Nossa Senhora da Gloacuteria Santo Antocircnio Coacuterrego do Ouro Antocircnio Afonso

Graminha e Vila Esperanccedila sendo que o bairro Coacuterrego do Ouro possui o maior nuacutemero

de ocorrecircncias de deslizamentos e o centro da cidade possui o maior nuacutemero de

ocorrecircncias de alagamentos no periacuteodo pesquisado Vale destacar que a aacuterea propiacutecia a

alagamentos no bairro Antocircnio Afonso natildeo identificada no estudo realizado pela

prefeitura constitui-se efetivamente numa aacuterea de risco conforme levantamento histoacuterico

realizado Esta aacuterea de risco se deve agrave diferenccedila de niacutevel negativa entre o rio Pinho e a

aacuterea do bairro estando este em desniacutevel com um risco iminente de inundaccedilotildees resultantes

da cheia desse curso drsquoaacutegua causando inuacutemeros transtornos aos moradores do local

27

Figura 5 3 Pontos de Alagamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico

Fonte Do autor

Figura 5 4 Pontos de deslizamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico

Fonte Do autor

28

Tabela 51 Ocorrecircncias de alagamentos e deslizamentos obtidos atraveacutes do

levantamento histoacuterico

Pontos de ocorrecircncia (1984-2014)

Bairros Alagamento Deslizamento

Aacutegua Espraiada 1 1

Antocircnio Afonso 1 0

Barra 0 1

Centro 7 1

Coacuterrego do Ouro 1 7

Flores 0 1

Graminha 1 0

Jardim Jaraguaacute 0 1

N Sra da Gloacuteria 0 4

N Sra das Graccedilas 1 0

Quarto Depoacutesito 3 2

Santo Antocircnio 4 2

Satildeo Sebastiatildeo 0 1

Vila Esperanccedila 0 1

Fonte Do autor

De acordo com o estudo realizado na elaboraccedilatildeo do Plano Diretor pela prefeitura

municipal observa-se que os bairros que possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a

deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do Ouro e Vila Esperanccedila enquanto que os que

possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a alagamento satildeo o Centro da cidade e os

bairros Satildeo Sebastiatildeo Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio por estarem agraves margens do

Ribeiratildeo das Posses um curso drsquoaacutegua que sofre com inundaccedilotildees perioacutedicas devido ao

severo assoreamento em algumas regiotildees e tambeacutem devido ao acuacutemulo de lixo descartado

pelos moradores do entorno irregularmente De acordo com o estudo realizado quando da

elaboraccedilatildeo do Plano Diretor do municiacutepio foram feitos estudos sobre as aacutereas propensas

a deslizamentos e alagamentos na regiatildeo urbana principal Tais aacutereas satildeo as destacadas

nas Figuras 55 e 56 No levantamento histoacuterico realizado pode-se identificar que os

bairros que possuem mais aacutereas propensas a deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do

Ouro Nossa Senhora da Gloacuteria Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio enquanto que os bairros

mais propensos a alagamentos satildeo os bairros Centro Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio

como observado na tabela 51

29

Figura 5 5 Aacutereas propensas a deslizamento de acordo com o Plano Diretor de

Santos Dumont

Fonte Google Earth e Lei 42412012

Figura 5 6 Aacutereas propensas a alagamento de acordo com o Plano Diretor de

Santos Dumont

Fonte Google Earth e Lei 42412012

30

Comparando-se os mapas obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico com o mapa gerado

pelo estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor nota-se que haacute semelhanccedilas em

algumas aacutereas mas ao se levar em conta o produto gerado pela pesquisa histoacuterica o

estudo necessitaria ser complementado haja vista que ele natildeo compreende por exemplo

o ponto de alagamento no bairro Antocircnio Afonso citado anteriormente e alguns pontos de

deslizamento importantes uma vez que satildeo regiotildees onde haacute ocupaccedilatildeo Esse fato evidencia

a necessidade de se buscar vaacuterias fontes primaacuterias e secundaacuterias para se detectar aacutereas de

risco em um municiacutepio incluindo arquivos da imprensa local afim de se produzir uma

base de dados consistente e com o menor nuacutemero de falhas possiacutevel (CEPED 2014) Com

a uniatildeo dos dois estudos foram gerados os mapas apresentados nas Figuras 57 e 58

Aleacutem do mais observando as figuras 57 e 58 pode-se notar que uma boa parte tanto dos

casos de alagamento quanto de deslizamento estatildeo na faixa de APP de curso hiacutedrico o

que ilustra a importacircncia da preservaccedilatildeo destas aacutereas

Figura 5 7 Aacutereas propensas a alagamento do estudo do Plano Diretor

complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento

Fonte Do Autor

31

Figura 5 8 Aacutereas propensas a deslizamento do estudo do Plano Diretor

complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento

Fonte Do Autor

Atraveacutes da combinaccedilatildeo entre estes dois levantamentos procurou-se alimentar a base de

dados e garantir uma consistecircncia maior desta no que diz respeito a aacutereas de deslizamento

e alagamento podendo inclusive se identificar a suscetibilidade de uma determinada

regiatildeo da cidade a um ou outro evento (CEPED2014)

512 O Plano diretor e as APPs

Nos uacuteltimos anos o Brasil experimentou um forte fenocircmeno de migraccedilatildeo do campo para

as aacutereas urbanas De acordo com o IBGE no periacuteodo de 1940 a 2000 houve um aumento

de cerca de 60 do nuacutemero de pessoas que vivem em cidades (SILVA JR 2006) O

processo de planejamento e ordenamento do uso do solo nessas aacutereas deveria ter

acompanhado esse crescimento ao longo dos anos a fim de garantir a qualidade de vida e

a seguranccedila dos migrantes ao se instalarem nas cidades o que natildeo ocorreu e o que se

observa atualmente satildeo ocupaccedilotildees em aacutereas improacuteprias para moradia sem a infraestrutura

baacutesica necessaacuteria e com risco iminente de deslizamentos eou inundaccedilotildees

O Plano Diretor do municiacutepio de Santos Dumont em seu capiacutetulo IV que versa sobre o

uso e ocupaccedilatildeo do solo explicita regras para o ordenamento do territoacuterio que compreende

o municiacutepio com base nos diferentes usos do solo de acordo com sua compatibilidade o

32

que acabou por resultar num zoneamento de todo o municiacutepio em macrozonas conforme

citado na seccedilatildeo 3231 de acordo com os usos atuais e futuros do solo Aleacutem de dividir

estas macrozonas em urbanas e rurais tambeacutem avaliou e classificou estas aacutereas com base

numa seacuterie de fatores ambientais geoloacutegicos culturais e sociais de forma a se fazer um

zoneamento coerente com os atuais usos do solo e seu potencial de uso futuro Apresenta-

se na Figura 59 este zoneamento na aacuterea urbana principal de Santos Dumont

Figura 5 9 Zoneamento urbano da aacuterea urbana principal

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Lei 42412012

Tomando como referecircncia o Novo Coacutedigo Florestal brasileiro em especial os paracircmetros

estabelecidos para a definiccedilatildeo de APP e utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento

atraveacutes do software Vista SAGA relacionou-se as APPs existentes na aacuterea em estudo com

as regiotildees propiacutecias a alagamentos e deslizamentos de acordo com o estudo feito quando

da elaboraccedilatildeo do Plano Diretor afim de se identificar qual ou quais aacutereas possuem estes

problemas e se estatildeo relacionados com o uso do solo irregular em APP

Ao se aplicar a metodologia proposta por Oliveira amp Fernandes Filho (2013) natildeo foram

identificadas dentro da aacuterea de estudo APPs de topos de morro sendo este tipo de APP

descartada portanto das anaacutelises subsequentes deste trabalho Foram consideradas as

APP de curso hiacutedrico (rios e nascentes) e de declividade visando relacionaacute-las as aacutereas

de risco identificadas pela Prefeitura afim de se verificar as possiacuteveis causas da ocorrecircncia

33

destas aacutereas na regiatildeo urbana do municiacutepio Por meio de combinaccedilotildees entre dois mapas

temaacuteticos utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento foi possiacutevel obter as

assinaturas ou seja tabelas que caracterizam quantitativamente a aacuterea afetada por cada

aspecto visto que a simples visualizaccedilatildeo do mapa gerado pelo geoprocessamento muitas

vezes eacute prejudicada por serem aacutereas de pequenas dimensotildees ou por qualquer outra

limitaccedilatildeo do software Ressalta-se que para a elaboraccedilatildeo do Plano Municipal de Reduccedilatildeo

de riscos a identificaccedilatildeo e detalhamento topograacutefico destas aacutereas eacute fundamental para o

desenvolvimento do referido Plano conforme seraacute abordado detalhadamente na seccedilatildeo

52

De posse do mapa que representa o zoneamento urbano de Santos Dumont primeiramente

procurou-se mensurar qualitativa e quantitativamente a presenccedila de APPs tanto de

declividade quanto de cursos hiacutedricos Essa identificaccedilatildeo eacute importante pois este

zoneamento eacute um dos instrumentos de planejamento municipal (BRASIL 2001) Saboya

(2007) aponta que os principais objetivos de um zoneamento satildeo o controle da expansatildeo

urbana e proteccedilatildeo de aacutereas inadequadas a ocupaccedilatildeo aleacutem de reduzir os conflitos inerentes

aos diferentes usos do solo Com o uso da ferramenta ldquoCombinarrdquo do Vista SAGA foram

feitas combinaccedilotildees entre o mapa de hidrografia com buffer de 30m para rios e coacuterregos e

de 50m para nascentes com o mapa do zoneamento para se verificar a importacircncia das

APPs de curso hiacutedrico em toda a aacuterea urbana principal do municiacutepio Tambeacutem foram

combinados o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) obtido atraveacutes do gvSIG com o mapa

de zoneamento afim de se verificar quantitativamente as APPs de declividade e onde se

localizam Vale ressaltar que as declividades entre 30 e 47 estatildeo presentes nesta

combinaccedilatildeo pois de acordo com o Plano Diretor de Santos Dumont terrenos com esta

faixa de declividade para fins de parcelamento devem possuir estudo teacutecnico que ateste

a viabilidade de se promover algum empreendimento imobiliaacuterio neste (SANTOS

DUMONT 2012) Como a legislaccedilatildeo municipal prevecirc estudo somente para a faixa de

declividade descrita anteriormente para fins de anaacutelise neste trabalho consideramos um

valor mais conservador para APP compreendendo a faixa de 47 a 100 aleacutem da

prevista pela legislaccedilatildeo federal (gt100) para que natildeo houvessem lacunas importantes na

geraccedilatildeo do produto

Apresenta-se na Figura 510 aacutereas com declividades consideradas de risco e consideradas

APP e em qual zona de planejamento elas estatildeo inseridas De um modo geral ao se

observar a Tabela 52 nota-se que a aacuterea que compreende declividades de risco e APP eacute

uma pequena parcela da aacuterea urbana principal representando 061 desta aacuterea Ao se

levar em conta somente a localizaccedilatildeo pode-se verificar que cerca de 84 das aacutereas com

declividade de risco e a totalidade das APPs de declividade estatildeo localizadas na ZAC1

zona que compreende a maior parte do municiacutepio e apesar de possuir infraestrutura baacutesica

para a ocupaccedilatildeo esta eacute restrita Sendo assim o fator declividade deve ser visto com cautela

nesta aacuterea para se evitar transtornos advindos de edificaccedilotildees nestas aacutereas

34

Figura 5 10 Combinaccedilatildeo entre as declividades importantes incluindo as APPs e o

zoneamento urbano

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Do autor

Tabela 52 Assinaturas da combinaccedilatildeo Declividade x Zoneamento

Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea

Natildeo APP 457972 9939

Declividade 30-47 em ZAC1 2368 051

Declividade 30-47 em ZE 284 006

Declividade 30-47 em ZAC2 128 003

Declividade 30-47 em ZPA 004 0001

APP Declividade em ZAC1 048 001

Total 460804 100

Fonte Do autor

Apresenta-se na Figura 511 as APPs de curso hiacutedrico (nascentes e rios) e em qual zona

de planejamento estatildeo localizadas Assim como a declividade a maior parte das APPs de

curso hiacutedrico estatildeo localizadas em ZAC1 representando 383 da aacuterea urbana em estudo

e 51 do total das APPs de curso hiacutedrico Esta questatildeo tambeacutem deve ser vista com

bastante criteacuterio pelos gestores locais uma vez que a ocupaccedilatildeo em faixas proacuteximas de

rios e coacuterregos podem causar uma gama de problemas ambientais e sociais na regiatildeo

(SANTANA2011) Tal cuidado tambeacutem deve ser tomado nas APPs compreendidas na

35

ZAC2 que compreende 001 da Aacuterea urbana principal e 14 do total das APPs de curso

hiacutedrico pois a infraestrutura baacutesica e acessibilidade presente nesta zona eacute precaacuteria e a

ocupaccedilatildeo as margens de cursos hiacutedricos pode gerar problemas seacuterios caso ocorra uma

expansatildeo nestas aacutereas

Figura 511 Combinaccedilatildeo entre APP de curso hiacutedrico e as zonas de planejamento

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Do autor

Outro ponto importante eacute a presenccedila da Zona de Proteccedilatildeo Ambiental (ZPA) no entorno

uma consideraacutevel parte dos cursos hiacutedricos Nesta zona estatildeo presentes 28 das APPs de

curso hiacutedrico e esta zona de acordo com o Plano Diretor deve ser restaurada ou

preservada por suas caracteriacutesticas geoloacutegicas topograacuteficas e bioloacutegicas

Afim de se verificar os usos do solo na regiatildeo em estudo foram utilizadas combinaccedilotildees

de imagens advindas do sateacutelite Landsat 8 nas bandas descritas no capiacutetulo 4 aleacutem da

banda pancromaacutetica O resultado eacute apresentado na figura 512 que mostra os principais

usos do solo na aacuterea urbana principal de Santos Dumont

36

Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x Zoneamento

Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea

Hidrografia 11168 239

Aacuterea Urbana Natildeo APP 421004 9008

APP Curso hiacutedrico em ZAC1 179 383

APP Curso hiacutedrico em ZPA 9776 209

APP Curso hiacutedrico em ZE 184 004

APP Curso hiacutedrico em ZA 1192 026

APP Curso hiacutedrico em ZAC2 5124 110

APP Curso hiacutedrico em ZPPH 248 005

APP Curso hiacutedrico em ZEIS 568 012

APP Curso hiacutedrico em ZCA 228 005

Total 467392 10000

Fonte Do autor

Figura 5 12 Mapa de usos do solo da aacuterea urbana principal de Santos Dumont

Fonte Do autor

Como jaacute era previsto a maior parte da aacuterea urbana se encontra ocupada e eacute nesta regiatildeo

ocupada que se observa a maior concentraccedilatildeo de problemas de deslizamentos e

alagamentos (Figuras 513 e 514) A grande ocupaccedilatildeo em aacutereas consideradas APP de

curso hiacutedrico de acordo com os mapas gerados pode ser a principal causa do aumento a

cada ano dos casos de alagamento principalmente na regiatildeo central da cidade Outro ponto

que se deve atentar eacute a existecircncia de uma consideraacutevel aacuterea de pastagem pouco vegetada

que caso estejam em aacutereas elevadas pode contribuir para deslizamentos e agraves margens de

37

rios e coacuterregos para o assoreamento destes corpos hiacutedricos o que pode causar

alagamentos (INAacuteCIO etal 2007)

Diante destes resultados pode-se ver que a cidade de Santos Dumont necessita alternativas

efetiva no que diz respeito agrave contenccedilatildeo de deslizamentos e a reduccedilatildeo de risco de

alagamento pois as aacutereas em que ocorrem tais eventos satildeo distintas e facilmente definidas

devido agrave repeticcedilatildeo destes nos uacuteltimos anos Um plano de accedilatildeo integrado entre as diferentes

secretarias municipais (Obras Meio Ambiente Assistecircncia Social entre outras) e a

Coordenadoria Municipal de Defesa Civil deve ser realizado afim de se tomar medidas

natildeo mais preventivas mas sim preditivas para que se possa conter o avanccedilo destes

problemas na aacuterea urbana principal bem como em toda a aacuterea do municiacutepio

Figura 5 13 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na aacuterea urbana

principal

Fonte Do autor

38

Figura 5 14 Aacutereas sujeitas a alagamento e os principais usos do solo na aacuterea

urbana principal

Fonte Do autor

Ao se associar os dados do estudo do Plano Diretor com os dados do levantamento

histoacuterico realizado com o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) pode-se notar que as aacutereas

propiacutecias a deslizamento estatildeo em regiotildees as quais haacute uma fronteira de declividades ou

seja eacute evidente que os deslizamentos ocorrem em encostas um pouco mais iacutengremes mas

natildeo necessariamente nas encostas de 30-47 as quais exigem estudo teacutecnico conforme o

plano diretor preconiza Quanto aos alagamentos nota-se que eles se localizam nas aacutereas

com menor ou nenhuma declividade podendo ser estas aacutereas talvez componentes da

planiacutecie de inundaccedilatildeo dos rios Estes resultados podem ser vistos nas figuras 515 e 516

a seguir

39

Figura5 15 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a deslizamentos na

regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

Fonte Lei 42412012 e Autor

Figura5 26 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a alagamentos na

regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

Fonte Lei 42412012 e Autor

40

52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis

O processo de ocupaccedilatildeo no municiacutepio de Santos Dumont comeccedilou muito antes de

qualquer legislaccedilatildeo relacionada a ordenamento urbano e de proteccedilatildeo do meio ambiente

fosse implementado no Brasil Esse fato aliado a poliacuteticas e fiscalizaccedilotildees falhas

contribuiacuteram para a ocupaccedilatildeo e expansatildeo da aacuterea urbana ao longo do Ribeiratildeo das Posses

e seus afluentes o que tem gerado o aumento da degradaccedilatildeo destes corpos hiacutedricos ao

longo de todos estes anos Observa-se tambeacutem que nas uacuteltimas deacutecadas ocorreu um

grande nuacutemero de migraccedilotildees do campo para a regiatildeo urbana da cidade fator que

contribuiu para o crescimento do nuacutemero de habitaccedilotildees em aacutereas de risco de deslizamento

e alagamentos por serem na maioria das vezes terrenos menos valorizados e por este

motivo acessiacuteveis a populaccedilatildeo com menor poder aquisitivo (ROSA amp CORTEZ 2008)

Vale ressaltar que esta questatildeo aleacutem de ser ambiental eacute muito mais social pois os

moradores entendem os riscos de se viver nestes locais mas por motivos econocircmicos ou

por questotildees afetivas natildeo abrem matildeo da moradia nessas aacutereas A Constituiccedilatildeo Federal de

1988 promoveu a inter-relaccedilatildeo das questotildees sociais com as questotildees ambientais quando

colocou o meio ambiente como direito coletivo (BRASIL1988 SOUZA2010) Por este

motivo a decisatildeo por medidas draacutesticas que favoreccedilam apenas agrave preservaccedilatildeo do meio

ambiente natildeo eacute recomendada pois aleacutem de ser inconstitucional podem afetar a

sustentabilidade econocircmica do municiacutepio e gerar conflitos sociais consideraacuteveis

(CARLOS 1992 apud SOUZA 2010)

Segundo Bueno (2009) ldquonem tudo o que eacute irregular eacute precaacuteriordquo Esse fato se observa em

Santos Dumont uma vez que em boa parte da regiatildeo central se observa vaacuterias moradias

construiacutedas na faixa de APP de curso hiacutedrico o que natildeo eacute permitido pela legislaccedilatildeo

vigente e eacute um dos fatores que contribui para a ocorrecircncia de alagamentos nesta aacuterea da

cidade Para a resoluccedilatildeo deste problema o que seria mais viaacutevel seria a melhoria da

infraestrutura de drenagem urbana afim de que o escoamento da aacutegua das chuvas natildeo

sobrecarregasse o sistema (BUENO2009) A construccedilatildeo de bacias de contenccedilatildeo de

cheias ao longo do Ribeiratildeo das Posses tambeacutem seria uma alternativa mas para se verificar

a viabilidade necessita-se estudos mais aprofundados do ponto de vista hidroloacutegico

O grande problema a ser solucionado no entanto eacute o que diz respeito agraves aacutereas de risco

de deslizamento majoritariamente nos bairros A melhor alternativa seria o

remanejamento dos moradores para uma aacuterea proacutexima agrave que moram poreacutem longe do

risco Poreacutem esta alternativa de acordo com Rosa Filho amp Cortez (2008) encontra alguns

entraves pois estas pessoas na maioria das vezes natildeo tecircm condiccedilotildees financeiras de irem

para outro lugar ou pagar aluguel ou estatildeo de alguma forma sentimentalmente ligadas

agravequela regiatildeo que se recusam a deixaacute-lo

41

Por parte dos oacutergatildeos competentes no municiacutepio a criaccedilatildeo de um plano para se evitar

acidentes ocasionados por deslizamentos e alagamentos com um mapeamento detalhado

de toda a extensatildeo do municiacutepio eacute extremamente uacutetil Os estudos que seratildeo feitos para a

elaboraccedilatildeo deste plano poderatildeo definir quais as aacutereas satildeo potencialmente de risco para as

ocupaccedilotildees existentes ou para as potenciais ocupaccedilotildees que possam vir a ocorrer atraveacutes do

mapeamento das aacutereas de risco Tal planejamento seraacute auxiliar ao Plano Diretor

Municipal pois definiraacute o real uso do solo de determinada regiatildeo do municiacutepio

contribuindo para a adequaccedilatildeo do uso e ocupaccedilatildeo do solo afim de evitar ou reduzir o

nuacutemero de problemas relacionados a alagamentos e principalmente deslizamentos no

periacutemetro urbano (TOMINAGA 2009) A partir deste plano os gestores locais poderatildeo

tomar a melhor decisatildeo para a prevenccedilatildeo ou reduccedilatildeo dos riscos inerentes a tais problemas

Na seccedilatildeo 521 seraacute hierarquizado de forma preliminar a aacuterea urbana principal de acordo

com os resultados da tabela 51

521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta

O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos (PMRR) foi criado atraveacutes de accedilotildees

regularizadoras do Ministeacuterio das Cidades para ser o instrumento de gestatildeo e

gerenciamento de aacutereas de risco em um municiacutepio Eacute um documento que aleacutem de

estabelecer quais regiotildees satildeo consideradas de risco tambeacutem objetiva a proposta de

medidas estruturais ou natildeo para contenccedilatildeo eou prevenccedilatildeo de cataacutestrofes aleacutem de ser um

meio de captaccedilatildeo de recursos financeiros junto aos Governos Estadual e Federal Estes

recursos poderatildeo ser utilizados para a realizaccedilatildeo de obras que visem a melhoria da

qualidade de vida da populaccedilatildeo do entorno ou de recuperaccedilatildeo da aacuterea degradada Este

plano eacute realizado de forma participativa com as comunidades das aacutereas de risco e pode

ser realizado em sete fases conforme recomenda o Ministeacuterio das Cidades (ALHEIROS

2006)

O primeiro passo para a realizaccedilatildeo do PMRR eacute definir qual a metodologia seraacute empregada

levando-se em consideraccedilatildeo a realidade atual do municiacutepio e especificar de forma sucinta

um cronograma das atividades Eacute importante nesta fase a participaccedilatildeo tambeacutem dos

responsaacuteveis pelas mais variadas Secretarias Municipais afim de explicitar o tamanho da

importacircncia e o caraacuteter integrador deste plano A segunda fase deste plano objetiva a

criaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo da principal base de dados a ser utilizada nos passos posteriores o

mapeamento de risco em escala detalhe em torno de 13000 (SAtildeO PAULO 2014) A

elaboraccedilatildeo de um mapeamento detalhado propiciaraacute natildeo soacute a identificaccedilatildeo mais faacutecil das

aacutereas de risco como tambeacutem facilitaraacute aos gestores e agrave comunidade decidirem qual a

melhor intervenccedilatildeo para a soluccedilatildeo ou remediaccedilatildeo dos problemas em uma determinada

42

aacuterea hierarquizando o risco e definindo prioridades (SAtildeO PAULO 2014) Na tabela a

seguir apresenta-se alguns tipos de intervenccedilotildees que podem ser feitas em aacutereas de risco

sugeridas pelo Ministeacuterio das cidades (ALHEIROS 2006)

Quadro 5 1 - Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco

Tipo de intervenccedilatildeo Descriccedilatildeo

Serviccedilos de limpeza e Recuperaccedilatildeo

Remoccedilatildeo de entulho lixo etc

corte de aacutervores

remoccedilatildeo de bananeiras

recuperaccedilatildeo eou limpeza de sistemas de

drenagem esgotos e acessos

Limpeza de canais de drenagem

Proteccedilatildeo Vegetal

Proteccedilatildeo superficial vegetal (gramiacuteneas) em

taludes com solo exposto

Proteccedilatildeo vegetal de margens de canais de

drenagem

Barreiras vegetais para massas escorregadas

ou acumuladas pela erosatildeo

Drenagem Superficial e Acessos

Sistema de drenagem superficial (canaletas

raacutepidos caixas de transiccedilatildeo escadas drsquoaacutegua)

Acessos para pedestres (escadarias rampas

etc) integrados ao sistema de drenagem

Revestimento de Taludes Revestimento com materiais artificiais

cimentado cal-jet tela argamassada alvenaria

de tijolos ceracircmicos solo-cimento ensacado

Desmonte de blocos e matacotildees Desmonte de concreccedilotildees de grande porte

blocos rochosos e matacotildees

Obras de drenagem de subsuperfiacutecie Sistema de drenagem de subsuperfiacutecie

(trincheiras drenantes DHP poccedilos de

rebaixamento)

Estruturas de contenccedilatildeo (localizadas)

Muros de contenccedilatildeo de pequeno porte (solo-

cimento ensacado alvenaria de pedra-rachatildeo

concreto armado)

Estruturas de contenccedilatildeo localizadas

(chumbadores tirantes microestacas)

Contenccedilatildeo e proteccedilatildeo de margens de canais (

gabiotildees muros de concreto etc)

Estruturas de contenccedilatildeo (meacutedio e grande porte) Implantaccedilatildeo de estruturas de contenccedilatildeo de

meacutedio e grande porte envolvendo obras de

contenccedilatildeo passivas e ativas (muros de

gravidade cortinas etc)

Terraplanagem Execuccedilatildeo de serviccedilos de terraplanagem

combinados a obras de drenagem superficial e

proteccedilatildeo vegetal desvio e canalizaccedilatildeo de

coacuterregos

Remoccedilatildeo de moradias Remoccedilotildees definitivas para implantaccedilatildeo de

obras ou devido agrave localizaccedilatildeo improacutepria da

edificaccedilatildeo (Priorizar as relocaccedilotildees dentro da

proacutepria aacuterea em local seguro)

Fonte ALHEIROS 2006

43

Escolhidas as formas de intervenccedilatildeo para cada aacuterea eacute necessaacuterio realizar uma estimativa

dos custos afim de preparar o orccedilamento da prefeitura para a realizaccedilatildeo das obras e se

seraacute necessaacuterio a captaccedilatildeo de recursos externos para a execuccedilatildeo destas Feitas as

estimativas de custo o proacuteximo passo eacute definir as prioridades e para esta fase eacute tambeacutem

uacutetil o mapeamento feito nas etapas anteriores pois seraacute necessaacuterio hierarquizar tais

intervenccedilotildees nas aacutereas de risco O Ministeacuterio das Cidades (2007) sugere alguns criteacuterios

que podem ser avaliados pelo gestor dentre eles pode-se citar

Grau de risco

Populaccedilatildeo beneficiada

Custo da intervenccedilatildeo

Dimensatildeo da aacuterea a ser tratada

Demandas anteriores da populaccedilatildeo

Tempo de ocupaccedilatildeo

Viabilidade teacutecnica da intervenccedilatildeo

Viabilidade financeira

Inclusatildeo da aacuterea em outros projetos

A partir desta hierarquizaccedilatildeo inicia-se a identificaccedilatildeo de provaacuteveis fontes de captaccedilatildeo de

recursos para a execuccedilatildeo das intervenccedilotildees Estes recursos podem advir de programas dos

governos Federal e Estadual ou por meio de editais para captaccedilatildeo de recursos financeiros

tanto do setor puacuteblico como da iniciativa privada e podem ser tambeacutem associados agrave outras

Secretarias Municipais como a de Turismo ou Meio Ambiente e natildeo soacute as destinadas agrave

Defesa Civil (ALHEIROS 2006)

Eacute previsto tambeacutem no PMRR uma avaliaccedilatildeo da Defesa Civil municipal e como ela estaacute

estruturada fazendo inclusive sugestotildees para que sua atuaccedilatildeo esteja em consonacircncia com

a realidade das comunidades e da Administraccedilatildeo Puacuteblica do municiacutepio de forma a garantir

sua sustentabilidade e conquistar a credibilidade da populaccedilatildeo no que diz respeito a

prevenccedilatildeo de cataacutestrofes Para que a resposta a uma determinada situaccedilatildeo de risco seja

raacutepida eacute necessaacuterio a descentralizaccedilatildeo da Defesa Civil criando pequenos nuacutecleos

comunitaacuterios com a finalidade de se monitorar a aacuterea constantemente e promover as

intervenccedilotildees necessaacuterias em tempo haacutebil o que aumenta em muito a credibilidade da

populaccedilatildeo no PMRR e no trabalho desempenhado pela Defesa Civil no municiacutepio Apoacutes

esta etapa o PMRR passaraacute por audiecircncias puacuteblicas e posteriormente poderaacute ser aprovado

como Lei Municipal pelo Legislativo local (ALHEIROS 2006)

Com a realizaccedilatildeo deste plano o municiacutepio estaraacute munido de informaccedilotildees suficientes para

realizar accedilotildees efetivas de gestatildeo e gerenciamento de riscos bem como aliado a

levantamentos sociais realizar programas habitacionais que beneficiem prioritariamente

44

aos moradores das aacutereas de risco Aleacutem disso com o PMRR o municiacutepio poderaacute melhorar

a qualidade ambiental da populaccedilatildeo captando recursos para a recuperaccedilatildeo das aacutereas de

APP que foram degradadas pelas ocupaccedilotildees irregulares beneficiando todos os moradores

do municiacutepio com o aumento da qualidade de vida na cidade

A partir do disposto nesta seccedilatildeo acerca do Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos e de

uma maneira preliminar (levando-se em conta apenas o nuacutemero de registros de

alagamentos e deslizamentos na aacuterea urbana principal de Santos Dumont no periacuteodo de

1984 a 2014) identificou-se trecircs regiotildees distintas na aacuterea urbana do municiacutepio com

tempo de recorrecircncia desses eventos similares caracterizando trecircs prioridades de

intervenccedilatildeo em contenccedilatildeo de risco como pode ser visto nas figuras 515 e 516 Vale

ressaltar que eacute necessaacuterio um estudo mais detalhado inclusive com visitas teacutecnicas a

campo para que se confirme a real situaccedilatildeo destas e a real prioridade para investimentos

Figura 5 17 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de deslizamentos

Fonte Do Autor

45

Figura 5 18 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de alagamentos

Fonte Do Autor

46

6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees

A seguir apresenta-se as conclusotildees e as recomendaccedilotildees feitas a partir dos objetivos

especiacuteficos explicitados no iniacutecio deste trabalho

Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a

aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes

urbanos

A partir da revisatildeo da legislaccedilatildeo pertinente em acircmbito federal estadual e

municipal constatou-se que o Plano Diretor de Santos Dumont natildeo conflita com a

legislaccedilatildeo federal e estadual sobre Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente A legislaccedilatildeo

municipal foi entendida como mais conservadora que as federal e estadual uma

vez que considera implicitamente que declividades entre 47 e 100 satildeo

enquadradas como APPs aleacutem da faixa superior a 100

Parte consideraacutevel das ocupaccedilotildees em APP principalmente na regiatildeo do bairro

Santo Antocircnio (onde surgiu os primeiros nuacutecleos que deram origem ao municiacutepio)

e o centro da cidade ocorreram antes de que fosse elaborado qualquer legislaccedilatildeo

que versasse sobre o tema Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente bastando ao gestor

local tomar medidas de contenccedilatildeo de riscos que minimizem os impactos causados

por essas ocupaccedilotildees nessa regiatildeo

O ordenamento adequado do uso do solo no municiacutepio eacute necessaacuterio para que o

crescimento dos loteamentos criados anteriormente agrave esta Lei e o surgimento de

novos natildeo avance para Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente o que pode causar

inuacutemeros problemas aos moradores e agravar os jaacute existentes

Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las

com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)

As aacutereas onde houveram a maior quantidade de registros de deslizamentos satildeo os

bairros mais populosos de Santos Dumont podendo se estabelecer uma relaccedilatildeo

que quanto mais populoso o bairro maior a quantidade de problemas relacionados

a deslizamentos Tambeacutem pode-se notar uma relaccedilatildeo com as fronteiras das faixas

de declividades e os deslizamentos uma vez que boa parte deles aconteceram

nestas faixas

As aacutereas onde houve um grande nuacutemero de registros de alagamentos satildeo os bairros

que se desenvolveram agraves margens do Ribeiratildeo das Posses em especial na aacuterea que

47

compreende as APPs de curso hiacutedrico e em aacutereas onde a declividade eacute baixa Esse

fato aliado ao crescimento do nuacutemero de vias pavimentadas com material

impermeaacutevel e a natildeo expansatildeo e ou redimensionamento da rede de drenagem

urbana contribuiacuteram para a ocorrecircncia cada vez mais constante de alagamentos

nessas aacutereas

Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos

catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30

anos

A partir do levantamento histoacuterico realizado e da base de dados georeferenciada

gerada observou-se o aumento do nuacutemero de registros de deslizamentos e

alagamentos nos uacuteltimos 10 anos quando as ocorrecircncias comeccedilaram a se repetir

numa mesma aacuterea com frequecircncia incrementada as vezes com mais de uma

ocorrecircncia anual

Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do

solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental

Destaca-se a adequaccedilatildeo dos criteacuterios gerais estabelecidos pelo Plano Diretor de

Santos Dumont relativos a legislaccedilatildeo federal e estadual Entretanto o referido

Plano Diretor natildeo contempla todo o territoacuterio municipal sendo assim ele natildeo

cumpre o objetivo de proteger as APPs preservadas e recuperar as que foram

degradadas em todo o territoacuterio municipal Ressalta-se tambeacutem a sua natildeo

conformidade com o Estatuto das Cidades uma vez que o Plano Diretor

contempla apenas os novos loteamentos

Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais

negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea

impactada

Recomenda-se a implantaccedilatildeo no municiacutepio de uma Coordenadoria Municipal de

Defesa Civil atuante e integrada agraves Secretarias Municipais e agrave comunidade

visando uma atuaccedilatildeo eficaz nos problemas relacionados a deslizamentos e

alagamentos A elaboraccedilatildeo de um Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos eacute de

suma importacircncia pois atraveacutes dele pode-se predizer as aacutereas que passaratildeo por

problemas caso a expansatildeo aconteccedila ou se inicie uma ocupaccedilatildeo nova aleacutem de

prevenir acidentes nas aacutereas jaacute ocupadas e consideradas de risco

48

7 Anexos

49

71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont

50

51

72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)

52

53

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56

SAtildeO PAULO Mapeamento de riscos associados a escorregamentos inundaccedilatildeo erosotildees

e solapamento de margens de drenagens do municiacutepio de Campos do Jordatildeo-SP

Relatoacuterio Teacutecnico Campos do Jordatildeo 2014

SILVA JR J R amp PASSOS L A O negoacutecio eacute participar a importacircncia do plano

diretor para o desenvolvimento municipal CNM SEBRAE Brasiacutelia 2006

SKORUPA LA Aacutereas de preservaccedilatildeo permanente e desenvolvimento sustentaacutevel

Embrapa Meio Ambiente Jaguariuacutena-SP 2004 4p

SOUZA F P Ocupaccedilotildees irregulares em APP um estudo de caso no munciacutepio de

Campos de Goytacazes- RJ Boletim do Observatoacuterio Ambiental Alberto Ribeiro Lamego

v4 nordm 1 Campos de Goytacazes 2010

SPERFELD A S Identificaccedilatildeo e anaacutelise de demandas soacutecio ambientais de ordem

puacuteblica em aacutereas urbanas susceptiacuteveis a desastres naturais no municiacutepio de Joinville

SC Dissertaccedilatildeo de Mestrado UFSC Florianoacutepolis 2009

TAKEDA T O Uso e ocupaccedilatildeo do solo urbano Disponiacutevel em

httpwwwjuriswayorgbrv2dhallaspid_dh=12363 Acesso em 02 de junho de 2015

TOMINAGA LK Escorregamentos In TOMINAGA L K et al(org) Desastres

naturais conhecer para prevenir Instituto Geoloacutegico Satildeo Paulo 2009 p 25-38

UFV ndash Universidade Federal de Viccedilosa Mapa de solos do Estado de Minas Gerais

legenda expandida Centro Tecnoloacutegico de Minas Gerais FEAM Belo Horizonte 2010

ZANON F N Uso e ocupaccedilatildeo da terra e vulnerabilidade a alagamento na aacuterea central

da cidade de Satildeo Paulo O caso da subprefeitura da Seacute Trabalho de Graduaccedilatildeo UNESP

Rio Claro 2013

Page 5: O USO DO SOLO URBANO EM ÁREAS DE PRESERVAÇÃO … · social que você tenha na vida, a mais alta ou a mais baixa, tenha sempre como meta muita força, muita determinação e sempre

iv

ldquoSeja vocecirc quem for seja qual for a posiccedilatildeo

social que vocecirc tenha na vida a mais alta ou

a mais baixa tenha sempre como meta muita

forccedila muita determinaccedilatildeo e sempre faccedila tudo

com muito amor e com muita feacute em Deus que

um dia vocecirc chega laacute

De alguma maneira vocecirc chega laacute rdquo

Ayrton Senna

v

RESUMO

As questotildees relacionadas a ocorrecircncia de deslizamentos e alagamentos eacute uma constante

no cotidiano urbano principalmente no periacuteodo chuvoso onde os problemas se tornam

evidentes Esses eventos nos uacuteltimos anos natildeo se restringiram somente a grandes cidades

mas tambeacutem a pequenos municiacutepios que sofrem por falta de recursos e de pessoal

especializado para prever e predizer trageacutedias advindas dos alagamentos e deslizamentos

de encostas provocados pela ocupaccedilatildeo desordenada em especial nas Aacutereas de

Preservaccedilatildeo Permanente Nos uacuteltimos 10 anos Santos Dumont tem sofrido

constantemente com o aumento do nuacutemero de casos de deslizamentos e principalmente

alagamentos por natildeo contar com um planejamento integrado e atuante na contenccedilatildeo de

tais eventos O objetivo geral desse trabalho eacute contribuir para a formulaccedilatildeo de poliacuteticas

puacuteblicas afim de corrigir e prevenir tais eventos na aacuterea urbana da cidade Para isso foi

gerado uma base de dados histoacutericos de um periacuteodo de 30 anos que associada ao

processamento de imagens obtidas atraveacutes de radares e sateacutelites proporcionou identificar

os pontos que merecem maior atenccedilatildeo e tambeacutem possibilitou atraveacutes de criteacuterio

quantitativo propor uma hierarquizaccedilatildeo dos bairros que merecem prioridade em

investimentos relacionados a contenccedilatildeo de riscos Com a combinaccedilatildeo de mapas e a

comparaccedilatildeo entre o estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor e o levantamento

histoacuterico feito a partir de dados primaacuterios pode-se observar que a maioria dos casos de

alagamentos e parte dos deslizamentos ocorrem na faixa de APP de curso hiacutedrico

Tambeacutem pode se estabelecer uma relaccedilatildeo entre o tamanho do bairro e o nuacutemero de

eventos relacionados a deslizamentos

vi

ABSTRACT

Issues related to the occurrence of landslides and flooding is a constant in urban daily life

particularly in the rainy season where the problems become evident These events in

recent years were not restricted only to large cities but also small towns which suffer

from lack of resources and specialized staff to anticipate and predict resulting tragedies

of the floods and landslides caused by the disorderly occupation especially in Permanent

Preservation areas Over the past 10 years Santos Dumont has been constantly increasing

number of cases of landslides and especially flooding for not having an integrated

planning and active in the containment of such events The aim of this study is to

contribute to the formulation of public policies in order to correct and prevent such events

in the urban area of the city For it was generated a historical data base for a period of 30

years associated with the processing of images obtained by radar and satellites provided

identify the points that deserve more attention and also made possible through

quantitative criterion propose a hierarchy of neighborhoods that deserve priority in

investments related to risk containment With the combination of maps and the

comparison between the study for the preparation of the Master Plan and the historical

survey from primary data can be observed that most of the cases of flooding and some

landslides occur in the course of APP range water You can also establish a relationship

between the neighborhood size and the number of related events to landslides

vii

SUMAacuteRIO

LISTA DE FIGURAS 2

LISTA DE TABELAS E QUADROS 4

1 INTRODUCcedilAtildeO 5

2 OBJETIVOS 6

21 Objetivo geral 6

22 Objetivos especiacuteficos 6

3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 7

31 Conceitos Fundamentais 7

311 Aacutereas de risco 7

312 Deslizamentos 8

313 Alagamentos 8

314 Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente 9

315 Uso e ocupaccedilatildeo do solo 9

32 Legislaccedilatildeo Pertinente 10

321 As adequaccedilotildees da legislaccedilatildeo ao longo dos anos 10

322 O Novo Coacutedigo Florestal e a legislaccedilatildeo mineira 11

323 O Plano Diretor 13

3231 O Plano Diretor de Santos Dumont 14

33 O Municiacutepio de Santos Dumont 16

331 De Arraial a cidade 16

332 Santos Dumont na atualidade 19

4 METODOLOGIA 20

41 Aacuterea de estudo 20

42 Levantamento e tratamento dos dados 21

5 RESULTADOS 23

51 Levantamento histoacuterico de alagamentos e deslizamentos 23

512 O Plano diretor e as APPs 31

52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis 40

521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta 41

6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees 46

7 Anexos 48

71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont 49

72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos

(1984-2014) 51

8 Referecircncias Bibliograacuteficas 53

2

LISTA DE FIGURAS

Paacuteg

Figura 31 Vista parcial do Arraial de Joatildeo Gomes 17

Figura 32 Municiacutepio de Palmyra na deacutecada de 1920 18

Figura 33 Municiacutepio de Santos Dumont em 2014 19

Figura 41 Localizaccedilatildeo da aacuterea urbana principal 20

Figura 42 Mapa da aacuterea urbana principal com a localizaccedilatildeo dos

bairros

21

Figura 51 Deslizamento no bairro Coacuterrego do Ouro 25

Figura 52 Alagamento na regiatildeo central de Santos Dumont em 2013 26

Figura 53 Pontos de Alagamento obtidos atraveacutes do levantamento

histoacuterico

27

Figura 54 Pontos de Deslizamento obtidos atraveacutes do levantamento

histoacuterico

27

Figura 55 Aacutereas propensas a deslizamento de acordo com o Plano

Diretor de Santos Dumont

29

Figura 56 Aacutereas propensas a alagamento de acordo com o Plano

Diretor de Santos Dumont

29

Figura 57 Aacutereas propensas a alagamento do estudo do Plano Diretor

complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do

levantamento

30

Figura 58 Aacutereas propensas a deslizamento do estudo do Plano

Diretor complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do

levantamento

31

Figura 59 Zoneamento urbano da aacuterea urbana principal 32

Figura 510 Combinaccedilatildeo entre as declividades importantes incluindo

as APPs e o zoneamento urbano

34

Figura 511 Combinaccedilatildeo entre as APPs de curso hiacutedrico e as zonas de

planejamento

35

Figura 512 Mapa de usos do solo da aacuterea urbana principal de Santos

Dumont

36

Figura 513 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na

aacuterea urbana principal

37

Figura 514 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na

aacuterea urbana principal

38

Figura 515 Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a

deslizamentos na regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

39

Figura 516 Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a

alagamentos na regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

39

3

Figura 517 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de

deslizamentos

44

Figura 518 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de

alagamentos

45

4

LISTA DE TABELAS E QUADROS

Paacuteg

Tabela 51 Ocorrecircncias de alagamento e deslizamento obtidos

atraveacutes do levantamento histoacuterico

28

Tabela 52 Assinaturas da combinaccedilatildeo Declividade x Zoneamento 34

Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x

Zoneamento

36

Quadro 51 Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco 42

5

1 INTRODUCcedilAtildeO

Quando o ser humano deixou de seguir uma vida nocircmade e passou a se fixar em locais

em geral proacuteximos a cursos drsquoaacutegua e de aacutereas propicias ao cultivo de alimentos iniciou-

se o processo de implantaccedilatildeo de pequenas comunidades e quando estas comunidades

comeccedilaram a crescer natildeo soacute em quantidade mas tambeacutem do ponto de vista

organizacional deu-se iniacutecio a formaccedilatildeo das cidades tal como conhecemos hoje Como

resultado deste processo um sem-fim de problemas relacionados agrave estas ocupaccedilotildees

surgiram tanto de cunho ambiental quanto social e dentre estes problemas estatildeo

incluiacutedos os desastres naturais relacionados a deslizamentos e alagamentos por conta da

ocupaccedilatildeo em aacutereas natildeo adequadas a este fim

Nos uacuteltimos anos o Brasil tem vivenciado grandes trageacutedias relacionadas a deslizamentos

e alagamentos Uma boa parte destes eventos teve como fator agravante as ocupaccedilotildees

sem criteacuterio e sem orientaccedilatildeo teacutecnica Um exemplo recente aconteceu no Vale do Itajaiacute

em Santa Catarina em novembro de 2008 durante um periacuteodo com chuvas intensas em

que vaacuterias cidades entraram em situaccedilatildeo de calamidade puacuteblica devido ao grande nuacutemero

de casos de alagamento e graves deslizamentos de encostas causando a morte de vaacuterias

pessoas na regiatildeo No Estado do Rio de Janeiro em 2010 o Morro do Bumba em Niteroacutei

sofreu com um grave deslizamento que deixou um grande nuacutemero de mortos As casas

foram construiacutedas sobre um antigo lixatildeo sem nenhuma orientaccedilatildeo e com as intensas

chuvas que assolaram a regiatildeo naquela eacutepoca a encosta veio a baixo causando o desastre

Outra trageacutedia relevante aconteceu na regiatildeo Serrana do Rio de Janeiro que foi

considerada ateacute entatildeo a maior trageacutedia climaacutetica da histoacuteria do paiacutes com pouco mais de

500 mortos e um prejuiacutezo material incalculaacutevel no ano de 2011 Em comum a todos estes

fatos estaacute a falta de um planejamento efetivo por parte dos oacutergatildeos municipais no que diz

respeito ao disciplinamento do uso e ocupaccedilatildeo do solo e a fiscalizaccedilatildeo do cumprimento

da legislaccedilatildeo vigente

A cidade de Santos Dumont Minas Gerais natildeo eacute exceccedilatildeo a esta regra Como a grande

maioria das comunidades estabelecidas ao longo da Estrada Real a cidade surgiu como

um pequeno rancho cujo objetivo era servir de pouso para os viajantes que faziam o

transporte de pedras e metais preciosos das minas de Ouro Preto ateacute o Rio de Janeiro

Posteriormente a regiatildeo se desenvolveu como importante entreposto industrial e

comercial a partir da instalaccedilatildeo da ferrovia D Pedro II ateacute que no final do seacuteculo XIX

se transforma em vila e logo apoacutes em municiacutepio O desenvolvimento da regiatildeo implicou

tambeacutem no crescimento populacional e como naquela eacutepoca ainda natildeo havia uma

legislaccedilatildeo especiacutefica para ordenamento e uso do solo os loteamentos foram surgindo agraves

margens do Ribeiratildeo das Posses e em aacutereas cuja declividade natildeo era favoraacutevel agrave ocupaccedilatildeo

6

o que consequentemente acarretou deslizamentos de terra e alagamentos inclusive com

o registro de algumas trageacutedias ao longo dos anos

Pretende-se que este trabalho sirva como subsidio ao gestor puacuteblico local visando o

estabelecimento de poliacuteticas puacuteblicas integradas aos setores de meio ambiente e defesa

civil com vistas a garantir a seguranccedila de todos os muniacutecipes e a qualidade de vida em

todo o territoacuterio municipal

2 OBJETIVOS

21 Objetivo geral

O objetivo geral deste trabalho eacute contribuir para o estabelecimento de poliacuteticas puacuteblicas

direcionadas ao disciplinamento do uso e ocupaccedilatildeo do solo urbano no municiacutepio de

Santos Dumont

22 Objetivos especiacuteficos

Satildeo objetivos especiacuteficos

Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a

aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes

urbanos

Caracterizar o uso irregular do solo urbano em Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente

Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las

com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)

Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos

catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30

anos

Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do

solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental

7

Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais

negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea

impactada

3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

A seguir eacute apresentada a revisatildeo bibliograacutefica que fundamenta o desenvolvimento e o

pleno entendimento deste trabalho O conhecimento do que satildeo aacutereas de risco

alagamentos e deslizamentos bem como o que eacute e qual a importacircncia de um Plano Diretor

eacute de suma importacircncia para se avaliar como um municiacutepio estaacute se desenvolvendo e qual

a qualidade de vida dos muniacutecipes Tambeacutem satildeo abordados neste capiacutetulo os aspectos

legais referentes agraves Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente seus limites e sua importacircncia para

o ambiente urbano

31 Conceitos Fundamentais

311 Aacutereas de risco

De acordo com o Instituto de Pesquisas Tecnoloacutegicas ndash IPT entende-se como aacuterea de

risco aquela ldquopassiacutevel de ser atingida por fenocircmenos ou processos naturais eou induzidos

que causem efeito adverso As pessoas que habitam essas aacutereas estatildeo sujeitas a danos agrave

integridade fiacutesica perdas materiais e patrimoniaisrdquo (MINISTEacuteRIO DAS CIDADES

2007)

Para Augusto Filho et al (1990) apud Cristo (2002) aacuterea de risco eacute caracterizada como

aquela em que ldquose encontra em situaccedilatildeo de perigo tanto socialmente quanto

economicamente por conta de alguma alteraccedilatildeo na constituiccedilatildeo do terreno ou com grande

probabilidade de ocorrer processos naturaisrdquo

Segundo Fernandes (2012) aacutereas de risco ldquosatildeo aacutereas consideradas improacuteprias ao

assentamento humano por estarem sujeitas a riscos naturaisrdquo

Diante das definiccedilotildees supracitadas pode-se dizer que aacuterea de risco satildeo aacutereas susceptiacuteveis

agrave accedilatildeo de eventos naturais extremos e por esse motivo natildeo eacute viaacutevel agrave ocupaccedilatildeo humana

nestes locais e pode ou natildeo estar associados agrave proximidade ou nos limites de uma APP

8

312 Deslizamentos

Segundo Tominaga (2009) deslizamento eacute o movimento de solo em uma vertente pela

accedilatildeo da gravidade e satildeo mais frequentes em regiotildees de relevo montanhoso e em periacuteodos

chuvosos sendo a pluviosidade um dos principais fatores condicionantes para a ocorrecircncia

do processo Os deslizamentos podem ocorrer naturalmente e eacute grande responsaacutevel pela

dinacircmica das vertentes e evoluccedilatildeo do relevo local mas no Brasil a falta de planejamento

urbano de uma boa parte dos municiacutepios a ocupaccedilatildeo desordenada e a construccedilatildeo de

domiciacutelios sem orientaccedilatildeo teacutecnica tecircm transformado um processo natural em um

problema que algumas vezes se tornam grandes trageacutedias Na regiatildeo Sudeste brasileira o

escorregamento do tipo rotacional eacute o mais comum e eacute caracterizado por uma ruptura

curva no solo que estaacute geralmente associada agrave realizaccedilatildeo de cortes na base do talude ou

por processos erosivos fluviais o que relaciona esse tipo de escorregamento agraves regiotildees

urbanas mal planejadas e coloca o homem como o principal agente efetivo associado com

a pluviosidade na ocorrecircncia de acidentes relacionados com deslizamentos

(FERNANDES amp AMARAL 1996 apud TOMINAGA 2009)

313 Alagamentos

De acordo com Amaral amp Ribeiro (2009) inundaccedilotildees e enchentes satildeo processos

intimamente relacionados com a pluviosidade pois satildeo frequentes em periacuteodos de chuvas

fortes e raacutepidas ou chuvas de longa duraccedilatildeo e estatildeo relacionados agrave intensidade e

distribuiccedilatildeo da precipitaccedilatildeo ao longo da bacia agrave capacidade do solo de reter e infiltrar

aacutegua e agraves caracteriacutesticas de forma da bacia de drenagem

O escoamento das aacuteguas pluviais na natureza eacute lento mas em aacutereas urbanizadas a accedilatildeo

antroacutepica relacionada a ocupaccedilatildeo de planiacutecies de inundaccedilatildeo que podem estar inclusive

em uma cota abaixo do leito do rio impermeabilizaccedilatildeo do solo e retificaccedilatildeo de corpos

drsquoaacutegua aleacutem de inuacutemeras atividades que promovem o assoreamento dos rios e coacuterregos

tem gerado resultados catastroacuteficos e grandes prejuiacutezos (AMARAL amp RIBEIRO 2009)

Quando se refere agraves regiotildees urbanas o termo ldquoalagamentordquo eacute o mais utilizado e segundo

o Ministeacuterio das Cidades (2006) define-se como o ldquoacuacutemulo momentacircneo de aacuteguas em

uma dada aacuterea por problemas no sistema de drenagem podendo ter ou natildeo relaccedilatildeo com

processos de natureza fluvialrdquo Tambeacutem o termo ldquoenxurradardquo eacute utilizado e define-se como

o ldquoescoamento superficial concentrado e com alta energia de transporte que pode ou natildeo

estar associado a aacutereas de domiacutenio dos processos fluviais Eacute comum a ocorrecircncia de

enxurradas ao longo de vias implantadas sobre antigos cursos drsquoaacutegua com alto gradiente

hidraacuteulico e em terrenos com alta declividade naturalrdquo

9

314 Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente

O Novo Coacutedigo Florestal Brasileiro define Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP) como

ldquoaacuterea protegida coberta ou natildeo por vegetaccedilatildeo nativa com a funccedilatildeo ambiental de

preservar os recursos hiacutedricos a paisagem a estabilidade geoloacutegica e a biodiversidade

facilitar o fluxo gecircnico de fauna e flora proteger o solo e assegurar o bem-estar das

populaccedilotildees humanasrdquo (BRASIL2012) Estas aacutereas satildeo muito importantes tanto no meio

urbano como no rural por garantir a estabilidade do solo em encostas iacutengremes contribuir

para a natildeo formaccedilatildeo de processos erosivos e o assoreamento de rios e coacuterregos aleacutem de

garantir a recarga de aquiacuteferos ao atuar como um amortecedor de chuvas retendo-a e

impedindo que ocorra um carreamento intenso de sedimentos ao longo dos morros e

margens de rios e coacuterregos (SKORUPA 2004) A Lei 126512012 apresenta os tipos de

APP e seus limites conforme seraacute visto no item 322

315 Uso e ocupaccedilatildeo do solo

Dentre os vaacuterios mecanismos de ordenamento urbano e instrumentos de planejamento

municipal previsto no Estatuto da Cidade (Lei Federal 102572001) o uso e ocupaccedilatildeo

do solo satildeo os mais utilizados pelas cidades para a formulaccedilatildeo das poliacuteticas urbanas

podendo definir o uso como a forma como esta parcela do solo eacute utilizada e a ocupaccedilatildeo

como sendo o modo como as edificaccedilotildees devem ser dispostas nesta mesma parcela do

solo urbano (TAKEDA 2015) O termo ldquoUso e ocupaccedilatildeo do solordquo tambeacutem pode ser

definido como o fator que determina como as mais diferentes regiotildees de um municiacutepio

deve se desenvolver (FONTOURA 2015)

A inserccedilatildeo de leis municipais de uso e ocupaccedilatildeo do solo objetivam ser uma referecircncia

para os gestores locais no processo de tomada de decisatildeo para que as cidades cresccedilam de

modo organizado enfatizando os potenciais e capacidades de cada regiatildeo aleacutem de tornar

o crescimento mais homogecircneo Com isso pretende-se evitar a formaccedilatildeo de grandes

adensamentos em pequenas aacutereas garantindo a mobilidade e a qualidade de vida de todos

os muniacutecipes tanto da regiatildeo urbana como da rural preservar e melhorar a qualidade

ambiental do municiacutepio aleacutem de evitar deslizamentos e alagamentos por conta da

ocupaccedilatildeo incorreta do solo (TAKEDA 2015)

10

32 Legislaccedilatildeo Pertinente

321 As adequaccedilotildees da legislaccedilatildeo ao longo dos anos

A problemaacutetica relacionada agraves APPs em aacutereas urbanas outrora era uma questatildeo complexa

e demandava uma larga discussatildeo do ponto de vista juriacutedico administrativo e teacutecnico Eacute

sabido que a maioria das cidades se formaram proacuteximos aos corpos hiacutedricos regiatildeo que

garantia o abastecimento de aacutegua e alimentos agrave populaccedilatildeo e tambeacutem facilitava o descarte

dos efluentes A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 225 daacute garantia aos

brasileiros de um meio ambiente em equiliacutebrio e concede agrave toda a sociedade o dever de

preservaacute-lo de acordo com os princiacutepios do desenvolvimento sustentaacutevel (BRASIL

1988) Antes desta Constituiccedilatildeo jaacute havia um texto que regulamentava a questatildeo da

preservaccedilatildeo de aacutereas verdes em todo o territoacuterio nacional A Lei Federal nordm 477165 que

trata do Coacutedigo Florestal estabelecia limites e regulamentava as Aacutereas de Preservaccedilatildeo

Permanente De acordo com Arauacutejo (2002) apud De Moraes (2014) essa Lei que fora

revogada e substituiacuteda pela Lei 126512012 era bastante falha no que diz respeito agraves

questotildees de APPS em aacutereas urbanas o que poderia ser um facilitador do natildeo cumprimento

do que foi proposto por aquela legislaccedilatildeo nestas aacutereas Isso se devia ao fato de o Coacutedigo

Florestal de 1965 ter deixado uma duacutevida sobre qual legislaccedilatildeo seguir uma vez que em

seu segundo artigo no paraacutegrafo uacutenico estava disposto que em aacutereas urbanas devia-se

atentar para a legislaccedilatildeo referente ao Plano Diretor e as referentes ao uso do solo na aacuterea

do municiacutepio (BRASIL 1965) Diante dessa conjuntura alguns municiacutepios optavam pela

natildeo aplicaccedilatildeo do Coacutedigo Florestal na regiatildeo urbana mesmo sabendo que a poliacutetica

conservacionista eacute extremamente importante visto o grande nuacutemero de problemas que

podem advir do uso irregular das APPs (DE MORAES 2009) Segundo o artigo 182 da

Constituiccedilatildeo Federal de 1988 as poliacuteticas relacionadas ao desenvolvimento urbano

devem ser elaboradas pelos municiacutepios e objetiva garantir o bem estar dos muniacutecipes e

tambeacutem o desenvolvimento do municiacutepio como um todo atraveacutes do atendimento agraves

exigecircncias do Plano Diretor (BRASIL 1988) O que podia gerar alguma divergecircncia seria

se o Plano Diretor Municipal propusesse uma faixa de APP menor que a prevista pelo

Coacutedigo Florestal Sendo assim essa legislaccedilatildeo perderia sua validade pelo fato de a

legislaccedilatildeo federal ser suplementar ou se seria cumprida devido ao disposto no artigo 182

da Constituiccedilatildeo Segundo De Moraes (2009) natildeo eacute aceitaacutevel que o Plano Diretor

Municipal legitime tal degradaccedilatildeo ambiental uma vez que um dos seus principais

objetivos eacute a proteccedilatildeo do bem estar puacuteblico estando incluiacutedo nesse a proteccedilatildeo do

ambiente natural A delimitaccedilatildeo e especificaccedilatildeo das APPs em Lei eacute necessaacuteria uma vez

que os limites miacutenimos destinados agrave preservaccedilatildeo satildeo importantes pois garantem a

proteccedilatildeo tanto da qualidade quanto da quantidade dos recursos hiacutedricos e evitam a

ocupaccedilatildeo em locais propiacutecios aos deslizamentos e zonas de recarga dos aquiacuteferos

11

subterracircneos assegurando tambeacutem de certa forma a integridade dos seres humanos que

potencialmente ocupariam tais locais (CARVALHO 2013)

Neste trabalho a legislaccedilatildeo tomada como referecircncia eacute a prevista pela Constituiccedilatildeo Federal

de 1988 o Novo Coacutedigo Florestal (Lei 126512012) e o Estatuto das Cidades (Lei

102572001) em acircmbito federal Na esfera estadual a Lei 209222013 versa sobre os

limites para APP em todo o territoacuterio de Minas A Lei Municipal 42412012 trata do

Plano Diretor Municipal da cidade de Santos Dumont onde se encontra as diretrizes para

o uso e ocupaccedilatildeo do solo e o zoneamento da cidade de acordo com as caracteriacutesticas do

solo entre outras

322 O Novo Coacutedigo Florestal e a legislaccedilatildeo mineira

O Novo Coacutedigo Florestal Lei Federal 126512012 substituiu a Lei Federal 47711965

Dentre os vaacuterios artigos que esta lei possui o que apresenta maior importacircncia para o

planejamento e o ordenamento das cidades tanto na aacuterea urbana como na rural eacute o artigo

4ordm em que constam as faixas de APP tanto para curso hiacutedrico como para declividade e

altitude aleacutem dos topos de morro a saber (BRASIL2012)

ldquoArt 4ordm Considera-se Aacuterea de Preservaccedilatildeo

Permanente em zonas rurais ou urbanas para os

efeitos desta Lei

I - as faixas marginais de qualquer curso drsquoaacutegua

natural perene e intermitente excluiacutedos os

efecircmeros desde a borda da calha do leito regular

em largura miacutenima de

a) 30 (trinta) metros para os cursos drsquoaacutegua de

menos de 10 (dez) metros de largura

b) 50 (cinquenta) metros para os cursos drsquoaacutegua

que tenham de 10 (dez) a 50 (cinquenta) metros de

largura

()

IV - as aacutereas no entorno das nascentes e dos olhos

drsquoaacutegua perenes qualquer que seja sua situaccedilatildeo

topograacutefica no raio miacutenimo de 50 (cinquenta)

metros

12

V - as encostas ou partes destas com declividade

superior a 45deg equivalente a 100 (cem por

cento) na linha de maior declive

()

IX - no topo de morros montes montanhas e

serras com altura miacutenima de 100 (cem) metros e

inclinaccedilatildeo meacutedia maior que 25deg as aacutereas

delimitadas a partir da curva de niacutevel

correspondente a 23 (dois terccedilos) da altura

miacutenima da elevaccedilatildeo sempre em relaccedilatildeo agrave base

sendo esta definida pelo plano horizontal

determinado por planiacutecie ou espelho drsquoaacutegua

adjacente ou nos relevos ondulados pela cota do

ponto de sela mais proacuteximo da elevaccedilatildeo

X - as aacutereas em altitude superior a 1800 (mil e

oitocentos) metros qualquer que seja a

vegetaccedilatildeo

()rdquo

A legislaccedilatildeo atual em seu artigo 4ordm evidencia que as faixas e aacutereas determinadas como

APP compreendem tanto as aacutereas rurais quanto urbanas (BRASIL 2012) retirando a

duacutevida anterior e sendo essa a Lei suplementar qualquer faixa de APP mais permissiva

na legislaccedilatildeo estadual e municipal satildeo invaacutelidas o que simplificou de certa forma a

aplicabilidade da Legislaccedilatildeo referente a Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente

No Estado de Minas Gerais a Lei Estadual 20922 de 16 de Outubro de 2013 trata do tema

em acircmbito estadual mas com os mesmos princiacutepios propostos pela Lei Federal sendo os

limites miacutenimos previstos para as APPs os mesmos propostos pelo Novo Coacutedigo

Florestal brasileiro (MINAS GERAIS2013)

ldquo Art 9ordm Para os efeitos desta Lei em zonas rurais

ou urbanas satildeo APPs

I as faixas marginais de cursos drsquoaacutegua naturais

perenes e intermitentes excluiacutedos

os efecircmeros medidas a partir da borda da calha

do leito regular em largura miacutenima de

13

a) 30m (trinta metros) para os cursos drsquoaacutegua de

menos de 10m (dez metros) de largura

b) 50m (cinquenta metros) para os cursos drsquoaacutegua

de 1 0m (dez metros) a 50m (cinquenta metros) de

largura

()

IV as aacutereas no entorno das nascentes e dos olhos

drsquoaacutegua perenes no raio miacutenimo de 50m

(cinquenta metros)

V as encostas ou partes destas com declividade

superior a 45ordm (quarenta e cinco graus)

equivalente a 100 (cem por cento) na linha de

maior declive

()

VII no topo de morros montes montanhas e

serras com altura miacutenima de 100m (cem metros)

e inclinaccedilatildeo meacutedia maior que 25ordm (vinte e cinco

graus) as aacutereas delimitadas a partir da curva de

niacutevel correspondente a 23 (dois terccedilos) da altura

miacutenima da elevaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave base sendo esta

definida pelo plano horizontal determinado por

planiacutecie ou espelho drsquoaacutegua adjacente ou nos

relevos ondulados pela cota do ponto de sela mais

proacuteximo da elevaccedilatildeo

VIII as aacutereas em altitude superior a 1 800m (mil

e oitocentos metros)

()rdquo

323 O Plano Diretor

O Estatuto das Cidades em seu artigo 40 prevecirc o plano diretor como um instrumento

capaz de promover a poliacutetica urbana englobando toda a cidade aleacutem de fornecer padrotildees

e limites para o uso do solo nas mais diversas regiotildees do municiacutepio com vistas a

harmonizar o desenvolvimento urbano com a preservaccedilatildeo do meio ambiente (SILVA JR

2006) Este instrumento eacute obrigatoacuterio para cidades com mais de 20 mil habitantes ou

14

aacutereas que integrem regiotildees metropolitanas ou de interesse turiacutestico O artigo 41 do

Estatuto das cidades tambeacutem prevecirc a obrigatoriedade do Plano Diretor para cidades que

possuem em sua aacuterea empreendimentos que caracterizem grandes impactos ambientais

de influecircncia regional ou nacional e cidades que possuem problemas com deslizamentos

de grande magnitude ou alagamentos repentinos (BRASIL 2001)

O Plano diretor de acordo com o Estatuto das Cidades deve ser aprovado como lei em

acircmbito municipal e revisto a cada dez anos Este documento eacute uacutenico pois cada cidade

possui suas peculiaridades infraestrutura vocaccedilotildees e problemas que por mais que sejam

parecidos entre si satildeo diferenciados pela intensidade e pela regionalizaccedilatildeo Sendo assim

a confecccedilatildeo do Plano Diretor deve conter a participaccedilatildeo de toda a comunidade local de

forma a reduzir as desigualdades sociais os gastos puacuteblicos desnecessaacuterios a degradaccedilatildeo

ambiental e combater os problemas relacionados a urbanizaccedilatildeo de forma conjunta

promovendo um processo de tomada de decisatildeo que garanta a qualidade de vida

preservaccedilatildeo e o desenvolvimento social do municiacutepio como um todo (ROSSBACH amp

CARVALHO 2010)

3231 O Plano Diretor de Santos Dumont

A Lei Municipal nordm 424112 que entrou em vigor no ano de 2014 trata do Plano Diretor

Municipal instrumento previsto no Estatuto das Cidades para garantir aos cidadatildeos um

desenvolvimento urbano organizado justo e sustentavelmente econocircmico (BRASIL

2001) Aleacutem de apontar as diretrizes para a elaboraccedilatildeo da Poliacutetica Municipal dos mais

variados setores o Plano Diretor divide o municiacutepio em macrozonas urbanas e rurais

Estas zonas tecircm por objetivo facilitar a identificaccedilatildeo dos setores que permitem ou natildeo o

desenvolvimento da cidade e em que magnitude pode ser feita a expansatildeo respeitando ao

meio ambiente e tambeacutem o que eacute previsto no tocante ao uso e ocupaccedilatildeo do solo nessas

aacutereas Aleacutem disso ela estabelece a forma como devem ser as edificaccedilotildees nas referidas

aacutereas As aacutereas definidas como macrozonas urbanas e foram subdivididas em (SANTOS

DUMONT2012)

ldquoZona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e

da Paisagem (ZPPH) satildeo as aacutereas cujos

equipamentos urbanos possuem interesse

histoacuterico ou paisagiacutestico de preservaccedilatildeo

Zona de Preservaccedilatildeo Ambiental satildeo aquelas em

que devem ser mantidas ou recuperadas a

15

vegetaccedilatildeo por conta da declividade altitude ou

presenccedila de recursos hiacutedricos

Zona de Adensamento Controlado (ZAC) satildeo as

aacutereas em que deve-se manter uma pequena

densidade populacional devido as limitaccedilotildees na

infraestrutura da localidade A ZAC se divide em

ZAC 1 quando a infraestrutura existente eacute

limitada e em ZAC 2 quando esta eacute precaacuteria ou

natildeo existe

Zona de Consolidaccedilatildeo de Adensamento (ZCA)

satildeo as aacutereas em que haacute interesse em ocupar os

lotes vagos haja visto que a regiatildeo possui toda a

infraestrutura para que isto aconteccedila

Zona Adensaacutevel (ZA) satildeo as aacutereas com

condiccedilotildees propiacutecias para ocorrer uma ocupaccedilatildeo

mais densa

Zona Especial de Interesse Social (ZEIS) satildeo as

aacutereas em que o Poder Puacuteblico almeja fazer

alguma forma de ocupaccedilatildeo Eacute dividida em ZEIS 1

e ZEIS 2 A ZEIS 1 satildeo regiotildees jaacute ocupadas mas

de forma irregular cujo interesse puacuteblico eacute

realizar obras e outras atividades para

regularizar as ocupaccedilotildees e urbanizar a aacuterea

enquanto que a ZEIS 2 satildeo aacutereas natildeo utilizadas ou

subutilizadas as quais o poder puacuteblico almeja

realizar algum empreendimento habitacional de

caraacuteter social

Zona de Grandes Equipamentos (ZE) satildeo aacutereas

cujo o interesse eacute a implantaccedilatildeo de

empreendimentos de grande porte ou grandes

equipamentos puacuteblicosrdquo

Esta divisatildeo espacial pode ser melhor vista no Anexo 71

O Plano Diretor natildeo estipula limites para APP mas prevecirc algumas diretrizes como na

Poliacutetica Municipal de Preservaccedilatildeo do Meio Ambiente sobre o uso do solo em

compatibilidade com praacuteticas conservacionistas A Poliacutetica Municipal de Expansatildeo

16

Urbana tem como uma de suas diretrizes fazer cumprir a legislaccedilatildeo vigente no que diz

respeito agraves intervenccedilotildees e investimentos que poderatildeo ser feitos nessas aacutereas Tambeacutem eacute

diretriz da mesma Poliacutetica o controle da ocupaccedilatildeo e do uso do solo em APPs e o auxiacutelio

aos oacutergatildeos estaduais e federais de meio ambiente no tocante agrave fiscalizaccedilatildeo da ocupaccedilatildeo

nestas aacutereas (SANTOS DUMONT 2012) O artigo 38 que trata das diretrizes da Poliacutetica

habitacional de interesse social exclui do processo de regularizaccedilatildeo fundiaacuteria os

assentamentos situados em aacutereas de risco o que na maioria das vezes estatildeo tambeacutem nas

aacutereas que deveriam estar vegetadas e protegidas (SANTOS DUMONT 2012) Na

legislaccedilatildeo referente ao parcelamento do solo eacute previsto que no parcelamento de glebas

com declividade entre 30 e 47 soacute poderaacute ser aprovado mediante projeto e laudo

assinado por um responsaacutevel teacutecnico favoraacutevel agrave construccedilatildeo nesse local (SANTOS

DUMONT 2012) Diante do proposto pelo Plano Diretor de Santos Dumont pode-se

dizer que natildeo haacute conflito com a legislaccedilatildeo federal e estadual em se tratando da

aplicabilidade do Coacutedigo Florestal uma vez que aquele natildeo explicita limites nem

permissivos e tampouco restritivos para faixas e aacutereas de preservaccedilatildeo permanente

33 O Municiacutepio de Santos Dumont

331 De Arraial a cidade

A aacuterea onde se situa hoje o municiacutepio de Santos Dumont teve sua ocupaccedilatildeo iniciada no

seacuteculo XVIII quando a Coroa Portuguesa solicitou ao entatildeo Governador do Rio de

Janeiro Artur de Saacute Menezes que abrisse um caminho que ligasse as Minas dos

Cataguases na regiatildeo de Ouro Preto (receacutem descobertas) ao Rio de Janeiro por onde

escoava os metais preciosos para a metroacutepole Surgiu assim o ldquoCaminho Novordquo e ao longo

deste caminho surgiram tambeacutem as Sesmarias aacutereas que tinham por principal objetivo

servir de pouso aos transportadores e exploradores e tambeacutem para garantir alimento a

estas pessoas Uma destas ocupaccedilotildees seria o ldquoArraial de Joatildeo Gomesrdquo (Figura 41)

primeiro nuacutecleo primitivo do municiacutepio em 1709 De iniacutecio prevaleciam somente

ranchos onde os viajantes se abrigavam mas em pouco tempo ergueu-se a Capela de Satildeo

Miguel e Almas e pequenos nuacutecleos urbanos comeccedilaram a surgir (DAPPC2008)

17

Figura 3 1 Vista parcial do Arraial de Joatildeo Gomes

Fonte Arquivo Histoacuterico de Santos Dumont-MG

Com a construccedilatildeo da Estrada de Ferro D Pedro II no final do seacuteculo XIX a regiatildeo teve

um consideraacutevel crescimento natildeo soacute populacional como tambeacutem econocircmico se tornando

a Vila Palmyra em 1889 Em 1890 Palmyra eacute elevada ao status de Municiacutepio (Figura 42)

e recebe um grande nuacutemero de melhorias no setor viaacuterio como a retificaccedilatildeo de ruas e

tambeacutem no setor de serviccedilos puacuteblicos como abastecimento de aacutegua iluminaccedilatildeo puacuteblica a

querosene e posteriormente energia eleacutetrica O desenvolvimento econocircmico na regiatildeo

tambeacutem teve seu momento aacuteureo nesse periacuteodo Induacutestrias de laticiacutenios graacuteficas e de

Carbureto de Caacutelcio fizeram parte do parque industrial de Palmyra o que atraiacutea pessoas

de outros lugares inclusive estrangeiros contribuindo para o aumento populacional da

regiatildeo Como ainda natildeo havia legislaccedilatildeo sobre uso e ocupaccedilatildeo do solo nessa eacutepoca

surgiram inuacutemeros loteamentos em aacutereas proacuteximas agrave rios e coacuterregos e tambeacutem em

encostas com declividade acentuada o que foi agravando o risco agrave medida que a ocupaccedilatildeo

aumentava (DAPPC2008)

18

Figura 3 2 Municiacutepio de Palmyra na deacutecada de 1920

Fonte Arquivo Histoacuterico de Santos Dumont-MG

O escoamento da produccedilatildeo industrial se dava pelo modal ferroviaacuterio setor que tambeacutem

movimentava a crescente cidade que era ponto importante no setor de transportes pois

possuiacutea um dos mais bem equipados depoacutesitos de locomotivas da Estrada de Ferro Central

do Brasil (DAPPC2008)

No ano de 1932 o municiacutepio de Palmyra passou a se chamar Santos Dumont (Figura 43)

em homenagem ao inventor do aviatildeo que nascera naquela cidade Nos uacuteltimos 40 anos

Santos Dumont tem experimentado uma acentuada desaceleraccedilatildeo econocircmica

consequecircncia do fechamento da grande maioria das induacutestrias principalmente as de

laticiacutenios que empregavam direta e indiretamente uma parte consideraacutevel da populaccedilatildeo

(DAPPC2008)

19

Figura 3 3 Municiacutepio de Santos Dumont em 2014

Fonte Arquivo do autor

332 Santos Dumont na atualidade

O municiacutepio de Santos Dumont localiza-se na regiatildeo da Zona da Mata mineira distante

cerca de 220 Km da capital Belo Horizonte e possui uma populaccedilatildeo de 47558 habitantes

(ODM 2015 projeccedilatildeo) numa aacuterea total de 637 kmsup2 Faz divisa com os municiacutepios de

Juiz de Fora Oliveira Fortes Bias Fortes Antocircnio Carlos Tabuleiro Piau e Ewbank da

Cacircmara

No que diz respeito agrave sua formaccedilatildeo fisiacuteco-geograacutefica a aacuterea que compreende o municiacutepio

eacute constituiacuteda predominantemente por Cambissolo Haacuteplico (70) com Latossolo

Vermelho-Amarelo (30) (UFV2010) A vegetaccedilatildeo eacute em sua maioria composta por

exemplares de Mata Atlacircntica De acordo com o IBGE(2015) Santos Dumont se localiza

a 839m de altitude O clima da regiatildeo eacute classificado como Tropical de Altitude (Cwb) e

possui uma temperatura meacutedia de 20ordmC Eacute banhado pela bacia hidrograacutefica do Paraiacuteba do

Sul e em sua maioria pertence agrave sub-bacia do Rio Pomba (IGAM) que fornece aacutegua para

abastecimento puacuteblico agrave 88 da populaccedilatildeo por meio da rede de distribuiccedilatildeo

(IBGE2010) Uma pequena parte da zona rural a sudoeste eacute banhada pela Sub-Bacia do

Rio Paraibuna mais precisamente na regiatildeo de fronteira com os municiacutepios de Juiz de

Fora e Ewbank da Cacircmara O sistema viaacuterio principal de acesso agrave cidade eacute a rodovia BR-

040 e a estrada de ferro Dom Pedro II atualmente utilizada somente para transporte de

cargas

Com a economia nos dias atuais baseada majoritariamente no setor de serviccedilos a cidade

possui um Iacutendice de Desenvolvimento humano (IDH) de 0741 (IBGE2010) Apesar do

decliacutenio econocircmico de Santos Dumont nota-se hoje um aumento no nuacutemero de

loteamentos populares e condomiacutenios horizontais e verticais entre outras edificaccedilotildees Eacute

de vital importacircncia que esse crescimento das ocupaccedilotildees seja ordenado e regulamentado

20

de forma a garantir a qualidade ambiental prevenindo deslizamentos e inundaccedilotildees Diante

dessa conjuntura o governo municipal aprovou em 2012 a Lei nordm 4241 que trata do Plano

Diretor Participativo instrumento baacutesico da poliacutetica de desenvolvimento e expansatildeo

urbana do municiacutepio de Santos Dumont

4 METODOLOGIA

41 Aacuterea de estudo

A regiatildeo dentro dos limites do municiacutepio que seraacute estudada neste trabalho eacute conforme

descrito nos anexos Plano Diretor e representada na figura 44 a aacuterea urbana principal

que possui 47 Kmsup2 e compreende a regiatildeo central da cidade e os bairros perifeacutericos regiatildeo

que concentra cerca de 90 da populaccedilatildeo total de Santos Dumont (IBGE 2015) A aacuterea

urbana principal representa 75 da aacuterea total dos 637 Kmsup2 que compreendem o

municiacutepio e eacute o local onde nos uacuteltimos 30 anos se verificou um maior crescimento

populacional e tambeacutem onde ocorre a maioria dos eventos relacionados a deslizamentos

e alagamentos por conta da ocupaccedilatildeo sem planejamento A figura 45 mostra a aacuterea

urbana principal e a localizaccedilatildeo dos bairros urbanos de Santos Dumont

Figura 4 1 Localizaccedilatildeo da aacuterea urbana principal

Fonte Google Earth

21

Figura 4 2 Mapa da aacuterea urbana principal com a localizaccedilatildeo dos bairros

Fonte Do Autor

42 Levantamento e tratamento dos dados

No desenvolvimento deste trabalho foi necessaacuterio se fazer um estudo detalhado sobre o

Plano Diretor de Santos Dumont principalmente dos seus anexos que compreendem os

mapas e a localizaccedilatildeo das aacutereas definidas pelo zoneamento proposto Para que isso fosse

possiacutevel a Secretaria Municipal de Obras e Serviccedilos Puacuteblicos forneceu todos os dados

secundaacuterios produto do estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor e do

zoneamento Estes dados incluem os arquivos Shapefile (shp) e outros documentos

integrantes do Plano Diretor Algumas informaccedilotildees foram complementadas tambeacutem com

dados adquiridos atraveacutes do site do IBGE e do Portal Objetivos do Milecircnio (ODM)

Os dados sobre as ocorrecircncias de deslizamentos e alagamentos foram obtidos atraveacutes da

Defesa Civil do municiacutepio atraveacutes do Sistema Integrado de Informaccedilotildees sobre Desastres

(S2ID) do Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional Tal sistema centraliza as informaccedilotildees sobre

desastres naturais ocorridos em todo o territoacuterio nacional facilitando a pesquisa sobre tais

eventos a qualquer cidadatildeo (BRASIL 2015)

Apesar do sistema ser bastante uacutetil os dados sobre o municiacutepio de Santos Dumont se

encontravam bastante falhos e escassos sendo necessaacuteria complementaccedilatildeo para que a

22

base de dados ficasse consistente Diante disso uma pesquisa atraveacutes dos arquivos do

Jornal Mensagem um jornal semanaacuterio local foi feita entre os anos de 1984 e 2014 e os

dados primaacuterios filtrados em uma planilha do Microsoft Excel para posterior utilizaccedilatildeo

De posse destes dados foi feita a localizaccedilatildeo em campo das coordenadas dos locais

atingidos por deslizamentos e alagamentos no periacuteodo compreendido pela pesquisa com

o auxiacutelio de um aparelho de GPS

A maioria dos arquivos shapefile utilizados para a confecccedilatildeo dos mapas satildeo parte

integrante dos anexos da Lei do Plano diretor do municiacutepio gerados no mecircs de dezembro

de 2011 pelo Instituto Nova Cidade e foram cedidos pela Secretaria Municipal de Obras

e Serviccedilos Puacuteblicos com Datum em UTM SAD 69 Com a finalidade de fornecer um

referenciamento atualizado e de acordo com os mais novos sistemas de coordenadas

utilizados no Brasil os arquivos foram convertidos para o Datum UTM SIRGAS 2000

que diferencia do SAD 69 pelo fato de ser um referencial geocecircntrico ou seja o centro

da Terra eacute o ponto de referecircncia neste sistema enquanto que o primeiro utiliza um

referencial na superfiacutecie da Terra (IBGE2014) Eacute interessante ressaltar tambeacutem que o

SIRGAS 2000 se tornou no ano de 2014 o sistema de coordenadas oficial do Sistema

Geodeacutesico Brasileiro e do Sistema Cartograacutefico Nacional ambos mantidos pelo IBGE A

combinaccedilatildeo dos shapefiles foi feita com o software livre gvSIG e com estas combinaccedilotildees

foram gerados mapas importantes resultados para a execuccedilatildeo deste trabalho A maioria

dos mapas representam a regiatildeo urbana principal de Santos Dumont e foram produzidos

numa escala em torno de 140000 que de acordo com Rocha (2007) eacute uma escala viaacutevel

pois as recomendaacuteveis para trabalhos de anaacutelise ambiental em niacutevel municipal podem ser

entre 150000 e 110000 Alguns mapas cujo detalhamento natildeo eacute necessaacuterio foram

gerados na escala 1100000

Para a geraccedilatildeo dos mapas aleacutem dos arquivos fornecidos pela Secretaria de Obras e

Serviccedilos Puacuteblicos foram utilizados para a geraccedilatildeo do modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE)

e da localizaccedilatildeo dos topos de morro dados gerados pelo sistema de radar Advanced

Spacebone Thermal Emission and Reflection Radiometer (ASTER) que geram as curvas

de niacutevel do terreno com uma resoluccedilatildeo de 30m (NASA2014) O processamento dessas

imagens foi feito pelo software livre gvSIG As imagens geradas pelos sateacutelites

LANDSAT foram adquiridas no site da United States Geological Survey (USGS) e essas

imagens possibilitaram obter um panorama preciso do uso do solo em toda a aacuterea urbana

de Santos Dumont numa resoluccedilatildeo de 15 metros uma vez que foi utilizada a banda

pancromaacutetica do sateacutelite LANDSAT 8 aleacutem da combinaccedilatildeo das bandas 65 e 4

respectivamente que eacute a combinaccedilatildeo recomendada pela mantenedora dos sateacutelites para

anaacutelises deste tipo

23

No que diz respeito a identificaccedilatildeo de APPs em topo de morro a metodologia de Oliveira

amp Fernandes Filho (2013) por utilizar as mesmas bases de dados ateacute entatildeo usadas neste

trabalho foi a mais indicada

A metodologia de anaacutelise dos mapas gerados eacute a proposta pelo professor Jorge Xavier da

Silva do Laboratoacuterio de Geoprocessamento (LAGEOP) da Universidade Federal do Rio

de Janeiro e citada por Rocha (2007) Tal metodologia analisa as variaacuteveis em questatildeo

presentes na aacuterea e permite avaliar as possibilidades de relaccedilotildees entre essas variaacuteveis De

uma maneira geral este meacutetodo verifica o estado atual da aacuterea em estudo bem como das

variaacuteveis gerando inventaacuterios que servem para a construccedilatildeo de dados planimeacutetricos sejam

com as variaacuteveis isoladas ou combinadas Estes dados planimeacutetricos geram assinaturas

que permitem inferir sobre a influecircncia dessas variaacuteveis De posse dos dados gerados pelo

processo anteriormente citado pode-se fazer algumas prospecccedilotildees sobre os riscos

ambientais que a aacuterea pode sofrer ou o seu potencial ambiental (ROCHA 2007)

5 RESULTADOS

51 Levantamento histoacuterico de alagamentos e

deslizamentos

O aumento da demanda pelo uso do solo na regiatildeo urbana de Santos Dumont

principalmente no tocante agrave formaccedilatildeo de novos loteamentos e condomiacutenios nos uacuteltimos

anos eacute consideraacutevel mas tambeacutem haacute de se observar o crescimento dos bairros jaacute existentes

com pouco ou nenhum ordenamento Em ambos os casos se observa ocupaccedilotildees

irregulares em APP o que tem ocasionado um aumento na frequecircncia de deslizamentos

e inundaccedilotildees Eacute evidente que quanto maior a densidade populacional do bairro maior a

quantidade de ocorrecircncias ao longo dos anos (SPERFELD 2009)

De acordo com as ocorrecircncias registradas pela Defesa Civil do municiacutepio obtidas atraveacutes

da literatura utilizada nos uacuteltimos 30 anos Santos Dumont chegou a decretar situaccedilatildeo de

emergecircncia por conta de desastres envolvendo deslizamentos eou alagamentos por duas

vezes num espaccedilo de 10 anos conforme pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho

(BRASIL 2014 CEPED 2011)

Segundo os dados obtidos atraveacutes de pesquisa nos arquivos do semanaacuterio entre os anos

de 1984 e 2014 pode-se verificar que nos uacuteltimos 20 anos a cidade tem experimentado

24

um aumento consideraacutevel nos eventos relacionados a deslizamentos e principalmente

alagamentos como pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho Isso pode ter sido causado

dentre outros fatores pelo aumento do nuacutemero de vias pavimentadas com material

impermeaacutevel o que tem sobrecarregado tanto a infraestrutura existente para drenagem

urbana como tambeacutem a calha dos cursos drsquoaacutegua que passam pela regiatildeo urbana do

municiacutepio (ZANON2013)

Na deacutecada de 1980 (1984-1990) de acordo com os dados obtidos natildeo foram noticiados

eventos consideraacuteveis relacionados a deslizamentos e alagamentos em Santos Dumont

mas isso natildeo exclui a possibilidade de natildeo ter ocorrido tais eventos em menor escala

Na deacutecada de 1990 aconteceram uma seacuterie de ocorrecircncias tanto de deslizamentos quanto

de alagamentos No ano de 1997 num periacuteodo chuvoso intenso aconteceram

deslizamentos consideraacuteveis em vaacuterios bairros da cidade inclusive com desabamento de

casas e de ruas principalmente nos bairros Nossa Senhora da Gloacuteria e Quarto Depoacutesito

Em 1999 ocorreram alguns pontos de alagamento nos bairros Quarto Depoacutesito e Santo

Antocircnio com grandes prejuiacutezos materiais

A deacutecada de 2000 iniciou com o registro de deslizamentos em vaacuterios bairros da cidade

inclusive com desabamento de casas e pontes e alagamentos em importantes vias do

centro da cidade Observa-se ao longo desse periacuteodo o crescimento nas ocorrecircncias de

deslizamentos e de aacutereas com risco de deslizamento em muitos bairros de Santos Dumont

Um dos fatores importantes para esse crescimento foi a grande expansatildeo sofrida pela

maioria dos bairros e a falta de planejamento e orientaccedilatildeo por parte da prefeitura uma

vez que uma boa parte do crescimento dos bairros da cidade ocorreu ou proacuteximo a cursos

drsquoaacutegua ou em aacutereas com declividade improacutepria para se fazer construccedilotildees O bairro

Coacuterrego do Ouro (Figura 51) foi o que mais sofreu com ocorrecircncias de deslizamentos

nesse periacuteodo enquanto o bairro Santo Antocircnio foi que teve mais ocorrecircncias de

alagamentos

25

Figura 5 1 Deslizamento no bairro Coacuterrego do Ouro

Fonte Portal Cabangu

No iniacutecio deacutecada de 2010 (2011-2014) o centro da cidade foi a regiatildeo que mais sofreu

com alagamentos sendo registrado pelo menos uma ocorrecircncia por ano nessa aacuterea (Figura

52) Isso pode ser relacionado dentre outros fatores com as obras de modificaccedilatildeo do

tipo de pavimentaccedilatildeo das estradas por um material impermeaacutevel gerando uma sobrecarga

nos sistemas de drenagem urbana que foram projetados para um tipo de pavimento mais

permeaacutevel implicando tambeacutem na sobrecarga calha do Ribeiratildeo das Posses o principal

curso drsquoaacutegua que corta o centro da cidade e que se encontra em quase sua totalidade

ocupada em ambas as margens que cortam o centro da cidade

26

Figura 5 2 Alagamento na regiatildeo central de Santos Dumont em 2013

Fonte Portal Cabangu

Quanto agraves ocorrecircncias de deslizamento ao longo da referida deacutecada elas estiveram

espalhadas pelos bairros do municiacutepio tendo um maior nuacutemero de ocorrecircncias nos bairros

Santo Antocircnio Nossa Senhora da Gloacuteria e Aacutegua Espraiada Nos dois primeiros bairros

citados as ocorrecircncias podem ter sido ocasionadas pelo crescimento desordenado e sem

planejamento destes e no terceiro as ocorrecircncias satildeo relacionadas ao processo de

assoreamento do Ribeiratildeo das Posses o que pode ter gerado um aumento da velocidade

desse curso drsquoaacutegua causando problemas decorrentes do transporte de sedimentos da aacuterea

onde as casas foram construiacutedas que teve como consequecircncia os deslizamentos

Em resumo como pode ser observado nas figuras 53 e 54 na tabela 51 no periacuteodo de

1984 a 2014 os bairros mais afetados por alagamentos e deslizamentos satildeo Quarto

Depoacutesito Nossa Senhora da Gloacuteria Santo Antocircnio Coacuterrego do Ouro Antocircnio Afonso

Graminha e Vila Esperanccedila sendo que o bairro Coacuterrego do Ouro possui o maior nuacutemero

de ocorrecircncias de deslizamentos e o centro da cidade possui o maior nuacutemero de

ocorrecircncias de alagamentos no periacuteodo pesquisado Vale destacar que a aacuterea propiacutecia a

alagamentos no bairro Antocircnio Afonso natildeo identificada no estudo realizado pela

prefeitura constitui-se efetivamente numa aacuterea de risco conforme levantamento histoacuterico

realizado Esta aacuterea de risco se deve agrave diferenccedila de niacutevel negativa entre o rio Pinho e a

aacuterea do bairro estando este em desniacutevel com um risco iminente de inundaccedilotildees resultantes

da cheia desse curso drsquoaacutegua causando inuacutemeros transtornos aos moradores do local

27

Figura 5 3 Pontos de Alagamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico

Fonte Do autor

Figura 5 4 Pontos de deslizamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico

Fonte Do autor

28

Tabela 51 Ocorrecircncias de alagamentos e deslizamentos obtidos atraveacutes do

levantamento histoacuterico

Pontos de ocorrecircncia (1984-2014)

Bairros Alagamento Deslizamento

Aacutegua Espraiada 1 1

Antocircnio Afonso 1 0

Barra 0 1

Centro 7 1

Coacuterrego do Ouro 1 7

Flores 0 1

Graminha 1 0

Jardim Jaraguaacute 0 1

N Sra da Gloacuteria 0 4

N Sra das Graccedilas 1 0

Quarto Depoacutesito 3 2

Santo Antocircnio 4 2

Satildeo Sebastiatildeo 0 1

Vila Esperanccedila 0 1

Fonte Do autor

De acordo com o estudo realizado na elaboraccedilatildeo do Plano Diretor pela prefeitura

municipal observa-se que os bairros que possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a

deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do Ouro e Vila Esperanccedila enquanto que os que

possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a alagamento satildeo o Centro da cidade e os

bairros Satildeo Sebastiatildeo Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio por estarem agraves margens do

Ribeiratildeo das Posses um curso drsquoaacutegua que sofre com inundaccedilotildees perioacutedicas devido ao

severo assoreamento em algumas regiotildees e tambeacutem devido ao acuacutemulo de lixo descartado

pelos moradores do entorno irregularmente De acordo com o estudo realizado quando da

elaboraccedilatildeo do Plano Diretor do municiacutepio foram feitos estudos sobre as aacutereas propensas

a deslizamentos e alagamentos na regiatildeo urbana principal Tais aacutereas satildeo as destacadas

nas Figuras 55 e 56 No levantamento histoacuterico realizado pode-se identificar que os

bairros que possuem mais aacutereas propensas a deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do

Ouro Nossa Senhora da Gloacuteria Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio enquanto que os bairros

mais propensos a alagamentos satildeo os bairros Centro Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio

como observado na tabela 51

29

Figura 5 5 Aacutereas propensas a deslizamento de acordo com o Plano Diretor de

Santos Dumont

Fonte Google Earth e Lei 42412012

Figura 5 6 Aacutereas propensas a alagamento de acordo com o Plano Diretor de

Santos Dumont

Fonte Google Earth e Lei 42412012

30

Comparando-se os mapas obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico com o mapa gerado

pelo estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor nota-se que haacute semelhanccedilas em

algumas aacutereas mas ao se levar em conta o produto gerado pela pesquisa histoacuterica o

estudo necessitaria ser complementado haja vista que ele natildeo compreende por exemplo

o ponto de alagamento no bairro Antocircnio Afonso citado anteriormente e alguns pontos de

deslizamento importantes uma vez que satildeo regiotildees onde haacute ocupaccedilatildeo Esse fato evidencia

a necessidade de se buscar vaacuterias fontes primaacuterias e secundaacuterias para se detectar aacutereas de

risco em um municiacutepio incluindo arquivos da imprensa local afim de se produzir uma

base de dados consistente e com o menor nuacutemero de falhas possiacutevel (CEPED 2014) Com

a uniatildeo dos dois estudos foram gerados os mapas apresentados nas Figuras 57 e 58

Aleacutem do mais observando as figuras 57 e 58 pode-se notar que uma boa parte tanto dos

casos de alagamento quanto de deslizamento estatildeo na faixa de APP de curso hiacutedrico o

que ilustra a importacircncia da preservaccedilatildeo destas aacutereas

Figura 5 7 Aacutereas propensas a alagamento do estudo do Plano Diretor

complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento

Fonte Do Autor

31

Figura 5 8 Aacutereas propensas a deslizamento do estudo do Plano Diretor

complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento

Fonte Do Autor

Atraveacutes da combinaccedilatildeo entre estes dois levantamentos procurou-se alimentar a base de

dados e garantir uma consistecircncia maior desta no que diz respeito a aacutereas de deslizamento

e alagamento podendo inclusive se identificar a suscetibilidade de uma determinada

regiatildeo da cidade a um ou outro evento (CEPED2014)

512 O Plano diretor e as APPs

Nos uacuteltimos anos o Brasil experimentou um forte fenocircmeno de migraccedilatildeo do campo para

as aacutereas urbanas De acordo com o IBGE no periacuteodo de 1940 a 2000 houve um aumento

de cerca de 60 do nuacutemero de pessoas que vivem em cidades (SILVA JR 2006) O

processo de planejamento e ordenamento do uso do solo nessas aacutereas deveria ter

acompanhado esse crescimento ao longo dos anos a fim de garantir a qualidade de vida e

a seguranccedila dos migrantes ao se instalarem nas cidades o que natildeo ocorreu e o que se

observa atualmente satildeo ocupaccedilotildees em aacutereas improacuteprias para moradia sem a infraestrutura

baacutesica necessaacuteria e com risco iminente de deslizamentos eou inundaccedilotildees

O Plano Diretor do municiacutepio de Santos Dumont em seu capiacutetulo IV que versa sobre o

uso e ocupaccedilatildeo do solo explicita regras para o ordenamento do territoacuterio que compreende

o municiacutepio com base nos diferentes usos do solo de acordo com sua compatibilidade o

32

que acabou por resultar num zoneamento de todo o municiacutepio em macrozonas conforme

citado na seccedilatildeo 3231 de acordo com os usos atuais e futuros do solo Aleacutem de dividir

estas macrozonas em urbanas e rurais tambeacutem avaliou e classificou estas aacutereas com base

numa seacuterie de fatores ambientais geoloacutegicos culturais e sociais de forma a se fazer um

zoneamento coerente com os atuais usos do solo e seu potencial de uso futuro Apresenta-

se na Figura 59 este zoneamento na aacuterea urbana principal de Santos Dumont

Figura 5 9 Zoneamento urbano da aacuterea urbana principal

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Lei 42412012

Tomando como referecircncia o Novo Coacutedigo Florestal brasileiro em especial os paracircmetros

estabelecidos para a definiccedilatildeo de APP e utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento

atraveacutes do software Vista SAGA relacionou-se as APPs existentes na aacuterea em estudo com

as regiotildees propiacutecias a alagamentos e deslizamentos de acordo com o estudo feito quando

da elaboraccedilatildeo do Plano Diretor afim de se identificar qual ou quais aacutereas possuem estes

problemas e se estatildeo relacionados com o uso do solo irregular em APP

Ao se aplicar a metodologia proposta por Oliveira amp Fernandes Filho (2013) natildeo foram

identificadas dentro da aacuterea de estudo APPs de topos de morro sendo este tipo de APP

descartada portanto das anaacutelises subsequentes deste trabalho Foram consideradas as

APP de curso hiacutedrico (rios e nascentes) e de declividade visando relacionaacute-las as aacutereas

de risco identificadas pela Prefeitura afim de se verificar as possiacuteveis causas da ocorrecircncia

33

destas aacutereas na regiatildeo urbana do municiacutepio Por meio de combinaccedilotildees entre dois mapas

temaacuteticos utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento foi possiacutevel obter as

assinaturas ou seja tabelas que caracterizam quantitativamente a aacuterea afetada por cada

aspecto visto que a simples visualizaccedilatildeo do mapa gerado pelo geoprocessamento muitas

vezes eacute prejudicada por serem aacutereas de pequenas dimensotildees ou por qualquer outra

limitaccedilatildeo do software Ressalta-se que para a elaboraccedilatildeo do Plano Municipal de Reduccedilatildeo

de riscos a identificaccedilatildeo e detalhamento topograacutefico destas aacutereas eacute fundamental para o

desenvolvimento do referido Plano conforme seraacute abordado detalhadamente na seccedilatildeo

52

De posse do mapa que representa o zoneamento urbano de Santos Dumont primeiramente

procurou-se mensurar qualitativa e quantitativamente a presenccedila de APPs tanto de

declividade quanto de cursos hiacutedricos Essa identificaccedilatildeo eacute importante pois este

zoneamento eacute um dos instrumentos de planejamento municipal (BRASIL 2001) Saboya

(2007) aponta que os principais objetivos de um zoneamento satildeo o controle da expansatildeo

urbana e proteccedilatildeo de aacutereas inadequadas a ocupaccedilatildeo aleacutem de reduzir os conflitos inerentes

aos diferentes usos do solo Com o uso da ferramenta ldquoCombinarrdquo do Vista SAGA foram

feitas combinaccedilotildees entre o mapa de hidrografia com buffer de 30m para rios e coacuterregos e

de 50m para nascentes com o mapa do zoneamento para se verificar a importacircncia das

APPs de curso hiacutedrico em toda a aacuterea urbana principal do municiacutepio Tambeacutem foram

combinados o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) obtido atraveacutes do gvSIG com o mapa

de zoneamento afim de se verificar quantitativamente as APPs de declividade e onde se

localizam Vale ressaltar que as declividades entre 30 e 47 estatildeo presentes nesta

combinaccedilatildeo pois de acordo com o Plano Diretor de Santos Dumont terrenos com esta

faixa de declividade para fins de parcelamento devem possuir estudo teacutecnico que ateste

a viabilidade de se promover algum empreendimento imobiliaacuterio neste (SANTOS

DUMONT 2012) Como a legislaccedilatildeo municipal prevecirc estudo somente para a faixa de

declividade descrita anteriormente para fins de anaacutelise neste trabalho consideramos um

valor mais conservador para APP compreendendo a faixa de 47 a 100 aleacutem da

prevista pela legislaccedilatildeo federal (gt100) para que natildeo houvessem lacunas importantes na

geraccedilatildeo do produto

Apresenta-se na Figura 510 aacutereas com declividades consideradas de risco e consideradas

APP e em qual zona de planejamento elas estatildeo inseridas De um modo geral ao se

observar a Tabela 52 nota-se que a aacuterea que compreende declividades de risco e APP eacute

uma pequena parcela da aacuterea urbana principal representando 061 desta aacuterea Ao se

levar em conta somente a localizaccedilatildeo pode-se verificar que cerca de 84 das aacutereas com

declividade de risco e a totalidade das APPs de declividade estatildeo localizadas na ZAC1

zona que compreende a maior parte do municiacutepio e apesar de possuir infraestrutura baacutesica

para a ocupaccedilatildeo esta eacute restrita Sendo assim o fator declividade deve ser visto com cautela

nesta aacuterea para se evitar transtornos advindos de edificaccedilotildees nestas aacutereas

34

Figura 5 10 Combinaccedilatildeo entre as declividades importantes incluindo as APPs e o

zoneamento urbano

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Do autor

Tabela 52 Assinaturas da combinaccedilatildeo Declividade x Zoneamento

Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea

Natildeo APP 457972 9939

Declividade 30-47 em ZAC1 2368 051

Declividade 30-47 em ZE 284 006

Declividade 30-47 em ZAC2 128 003

Declividade 30-47 em ZPA 004 0001

APP Declividade em ZAC1 048 001

Total 460804 100

Fonte Do autor

Apresenta-se na Figura 511 as APPs de curso hiacutedrico (nascentes e rios) e em qual zona

de planejamento estatildeo localizadas Assim como a declividade a maior parte das APPs de

curso hiacutedrico estatildeo localizadas em ZAC1 representando 383 da aacuterea urbana em estudo

e 51 do total das APPs de curso hiacutedrico Esta questatildeo tambeacutem deve ser vista com

bastante criteacuterio pelos gestores locais uma vez que a ocupaccedilatildeo em faixas proacuteximas de

rios e coacuterregos podem causar uma gama de problemas ambientais e sociais na regiatildeo

(SANTANA2011) Tal cuidado tambeacutem deve ser tomado nas APPs compreendidas na

35

ZAC2 que compreende 001 da Aacuterea urbana principal e 14 do total das APPs de curso

hiacutedrico pois a infraestrutura baacutesica e acessibilidade presente nesta zona eacute precaacuteria e a

ocupaccedilatildeo as margens de cursos hiacutedricos pode gerar problemas seacuterios caso ocorra uma

expansatildeo nestas aacutereas

Figura 511 Combinaccedilatildeo entre APP de curso hiacutedrico e as zonas de planejamento

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Do autor

Outro ponto importante eacute a presenccedila da Zona de Proteccedilatildeo Ambiental (ZPA) no entorno

uma consideraacutevel parte dos cursos hiacutedricos Nesta zona estatildeo presentes 28 das APPs de

curso hiacutedrico e esta zona de acordo com o Plano Diretor deve ser restaurada ou

preservada por suas caracteriacutesticas geoloacutegicas topograacuteficas e bioloacutegicas

Afim de se verificar os usos do solo na regiatildeo em estudo foram utilizadas combinaccedilotildees

de imagens advindas do sateacutelite Landsat 8 nas bandas descritas no capiacutetulo 4 aleacutem da

banda pancromaacutetica O resultado eacute apresentado na figura 512 que mostra os principais

usos do solo na aacuterea urbana principal de Santos Dumont

36

Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x Zoneamento

Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea

Hidrografia 11168 239

Aacuterea Urbana Natildeo APP 421004 9008

APP Curso hiacutedrico em ZAC1 179 383

APP Curso hiacutedrico em ZPA 9776 209

APP Curso hiacutedrico em ZE 184 004

APP Curso hiacutedrico em ZA 1192 026

APP Curso hiacutedrico em ZAC2 5124 110

APP Curso hiacutedrico em ZPPH 248 005

APP Curso hiacutedrico em ZEIS 568 012

APP Curso hiacutedrico em ZCA 228 005

Total 467392 10000

Fonte Do autor

Figura 5 12 Mapa de usos do solo da aacuterea urbana principal de Santos Dumont

Fonte Do autor

Como jaacute era previsto a maior parte da aacuterea urbana se encontra ocupada e eacute nesta regiatildeo

ocupada que se observa a maior concentraccedilatildeo de problemas de deslizamentos e

alagamentos (Figuras 513 e 514) A grande ocupaccedilatildeo em aacutereas consideradas APP de

curso hiacutedrico de acordo com os mapas gerados pode ser a principal causa do aumento a

cada ano dos casos de alagamento principalmente na regiatildeo central da cidade Outro ponto

que se deve atentar eacute a existecircncia de uma consideraacutevel aacuterea de pastagem pouco vegetada

que caso estejam em aacutereas elevadas pode contribuir para deslizamentos e agraves margens de

37

rios e coacuterregos para o assoreamento destes corpos hiacutedricos o que pode causar

alagamentos (INAacuteCIO etal 2007)

Diante destes resultados pode-se ver que a cidade de Santos Dumont necessita alternativas

efetiva no que diz respeito agrave contenccedilatildeo de deslizamentos e a reduccedilatildeo de risco de

alagamento pois as aacutereas em que ocorrem tais eventos satildeo distintas e facilmente definidas

devido agrave repeticcedilatildeo destes nos uacuteltimos anos Um plano de accedilatildeo integrado entre as diferentes

secretarias municipais (Obras Meio Ambiente Assistecircncia Social entre outras) e a

Coordenadoria Municipal de Defesa Civil deve ser realizado afim de se tomar medidas

natildeo mais preventivas mas sim preditivas para que se possa conter o avanccedilo destes

problemas na aacuterea urbana principal bem como em toda a aacuterea do municiacutepio

Figura 5 13 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na aacuterea urbana

principal

Fonte Do autor

38

Figura 5 14 Aacutereas sujeitas a alagamento e os principais usos do solo na aacuterea

urbana principal

Fonte Do autor

Ao se associar os dados do estudo do Plano Diretor com os dados do levantamento

histoacuterico realizado com o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) pode-se notar que as aacutereas

propiacutecias a deslizamento estatildeo em regiotildees as quais haacute uma fronteira de declividades ou

seja eacute evidente que os deslizamentos ocorrem em encostas um pouco mais iacutengremes mas

natildeo necessariamente nas encostas de 30-47 as quais exigem estudo teacutecnico conforme o

plano diretor preconiza Quanto aos alagamentos nota-se que eles se localizam nas aacutereas

com menor ou nenhuma declividade podendo ser estas aacutereas talvez componentes da

planiacutecie de inundaccedilatildeo dos rios Estes resultados podem ser vistos nas figuras 515 e 516

a seguir

39

Figura5 15 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a deslizamentos na

regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

Fonte Lei 42412012 e Autor

Figura5 26 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a alagamentos na

regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

Fonte Lei 42412012 e Autor

40

52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis

O processo de ocupaccedilatildeo no municiacutepio de Santos Dumont comeccedilou muito antes de

qualquer legislaccedilatildeo relacionada a ordenamento urbano e de proteccedilatildeo do meio ambiente

fosse implementado no Brasil Esse fato aliado a poliacuteticas e fiscalizaccedilotildees falhas

contribuiacuteram para a ocupaccedilatildeo e expansatildeo da aacuterea urbana ao longo do Ribeiratildeo das Posses

e seus afluentes o que tem gerado o aumento da degradaccedilatildeo destes corpos hiacutedricos ao

longo de todos estes anos Observa-se tambeacutem que nas uacuteltimas deacutecadas ocorreu um

grande nuacutemero de migraccedilotildees do campo para a regiatildeo urbana da cidade fator que

contribuiu para o crescimento do nuacutemero de habitaccedilotildees em aacutereas de risco de deslizamento

e alagamentos por serem na maioria das vezes terrenos menos valorizados e por este

motivo acessiacuteveis a populaccedilatildeo com menor poder aquisitivo (ROSA amp CORTEZ 2008)

Vale ressaltar que esta questatildeo aleacutem de ser ambiental eacute muito mais social pois os

moradores entendem os riscos de se viver nestes locais mas por motivos econocircmicos ou

por questotildees afetivas natildeo abrem matildeo da moradia nessas aacutereas A Constituiccedilatildeo Federal de

1988 promoveu a inter-relaccedilatildeo das questotildees sociais com as questotildees ambientais quando

colocou o meio ambiente como direito coletivo (BRASIL1988 SOUZA2010) Por este

motivo a decisatildeo por medidas draacutesticas que favoreccedilam apenas agrave preservaccedilatildeo do meio

ambiente natildeo eacute recomendada pois aleacutem de ser inconstitucional podem afetar a

sustentabilidade econocircmica do municiacutepio e gerar conflitos sociais consideraacuteveis

(CARLOS 1992 apud SOUZA 2010)

Segundo Bueno (2009) ldquonem tudo o que eacute irregular eacute precaacuteriordquo Esse fato se observa em

Santos Dumont uma vez que em boa parte da regiatildeo central se observa vaacuterias moradias

construiacutedas na faixa de APP de curso hiacutedrico o que natildeo eacute permitido pela legislaccedilatildeo

vigente e eacute um dos fatores que contribui para a ocorrecircncia de alagamentos nesta aacuterea da

cidade Para a resoluccedilatildeo deste problema o que seria mais viaacutevel seria a melhoria da

infraestrutura de drenagem urbana afim de que o escoamento da aacutegua das chuvas natildeo

sobrecarregasse o sistema (BUENO2009) A construccedilatildeo de bacias de contenccedilatildeo de

cheias ao longo do Ribeiratildeo das Posses tambeacutem seria uma alternativa mas para se verificar

a viabilidade necessita-se estudos mais aprofundados do ponto de vista hidroloacutegico

O grande problema a ser solucionado no entanto eacute o que diz respeito agraves aacutereas de risco

de deslizamento majoritariamente nos bairros A melhor alternativa seria o

remanejamento dos moradores para uma aacuterea proacutexima agrave que moram poreacutem longe do

risco Poreacutem esta alternativa de acordo com Rosa Filho amp Cortez (2008) encontra alguns

entraves pois estas pessoas na maioria das vezes natildeo tecircm condiccedilotildees financeiras de irem

para outro lugar ou pagar aluguel ou estatildeo de alguma forma sentimentalmente ligadas

agravequela regiatildeo que se recusam a deixaacute-lo

41

Por parte dos oacutergatildeos competentes no municiacutepio a criaccedilatildeo de um plano para se evitar

acidentes ocasionados por deslizamentos e alagamentos com um mapeamento detalhado

de toda a extensatildeo do municiacutepio eacute extremamente uacutetil Os estudos que seratildeo feitos para a

elaboraccedilatildeo deste plano poderatildeo definir quais as aacutereas satildeo potencialmente de risco para as

ocupaccedilotildees existentes ou para as potenciais ocupaccedilotildees que possam vir a ocorrer atraveacutes do

mapeamento das aacutereas de risco Tal planejamento seraacute auxiliar ao Plano Diretor

Municipal pois definiraacute o real uso do solo de determinada regiatildeo do municiacutepio

contribuindo para a adequaccedilatildeo do uso e ocupaccedilatildeo do solo afim de evitar ou reduzir o

nuacutemero de problemas relacionados a alagamentos e principalmente deslizamentos no

periacutemetro urbano (TOMINAGA 2009) A partir deste plano os gestores locais poderatildeo

tomar a melhor decisatildeo para a prevenccedilatildeo ou reduccedilatildeo dos riscos inerentes a tais problemas

Na seccedilatildeo 521 seraacute hierarquizado de forma preliminar a aacuterea urbana principal de acordo

com os resultados da tabela 51

521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta

O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos (PMRR) foi criado atraveacutes de accedilotildees

regularizadoras do Ministeacuterio das Cidades para ser o instrumento de gestatildeo e

gerenciamento de aacutereas de risco em um municiacutepio Eacute um documento que aleacutem de

estabelecer quais regiotildees satildeo consideradas de risco tambeacutem objetiva a proposta de

medidas estruturais ou natildeo para contenccedilatildeo eou prevenccedilatildeo de cataacutestrofes aleacutem de ser um

meio de captaccedilatildeo de recursos financeiros junto aos Governos Estadual e Federal Estes

recursos poderatildeo ser utilizados para a realizaccedilatildeo de obras que visem a melhoria da

qualidade de vida da populaccedilatildeo do entorno ou de recuperaccedilatildeo da aacuterea degradada Este

plano eacute realizado de forma participativa com as comunidades das aacutereas de risco e pode

ser realizado em sete fases conforme recomenda o Ministeacuterio das Cidades (ALHEIROS

2006)

O primeiro passo para a realizaccedilatildeo do PMRR eacute definir qual a metodologia seraacute empregada

levando-se em consideraccedilatildeo a realidade atual do municiacutepio e especificar de forma sucinta

um cronograma das atividades Eacute importante nesta fase a participaccedilatildeo tambeacutem dos

responsaacuteveis pelas mais variadas Secretarias Municipais afim de explicitar o tamanho da

importacircncia e o caraacuteter integrador deste plano A segunda fase deste plano objetiva a

criaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo da principal base de dados a ser utilizada nos passos posteriores o

mapeamento de risco em escala detalhe em torno de 13000 (SAtildeO PAULO 2014) A

elaboraccedilatildeo de um mapeamento detalhado propiciaraacute natildeo soacute a identificaccedilatildeo mais faacutecil das

aacutereas de risco como tambeacutem facilitaraacute aos gestores e agrave comunidade decidirem qual a

melhor intervenccedilatildeo para a soluccedilatildeo ou remediaccedilatildeo dos problemas em uma determinada

42

aacuterea hierarquizando o risco e definindo prioridades (SAtildeO PAULO 2014) Na tabela a

seguir apresenta-se alguns tipos de intervenccedilotildees que podem ser feitas em aacutereas de risco

sugeridas pelo Ministeacuterio das cidades (ALHEIROS 2006)

Quadro 5 1 - Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco

Tipo de intervenccedilatildeo Descriccedilatildeo

Serviccedilos de limpeza e Recuperaccedilatildeo

Remoccedilatildeo de entulho lixo etc

corte de aacutervores

remoccedilatildeo de bananeiras

recuperaccedilatildeo eou limpeza de sistemas de

drenagem esgotos e acessos

Limpeza de canais de drenagem

Proteccedilatildeo Vegetal

Proteccedilatildeo superficial vegetal (gramiacuteneas) em

taludes com solo exposto

Proteccedilatildeo vegetal de margens de canais de

drenagem

Barreiras vegetais para massas escorregadas

ou acumuladas pela erosatildeo

Drenagem Superficial e Acessos

Sistema de drenagem superficial (canaletas

raacutepidos caixas de transiccedilatildeo escadas drsquoaacutegua)

Acessos para pedestres (escadarias rampas

etc) integrados ao sistema de drenagem

Revestimento de Taludes Revestimento com materiais artificiais

cimentado cal-jet tela argamassada alvenaria

de tijolos ceracircmicos solo-cimento ensacado

Desmonte de blocos e matacotildees Desmonte de concreccedilotildees de grande porte

blocos rochosos e matacotildees

Obras de drenagem de subsuperfiacutecie Sistema de drenagem de subsuperfiacutecie

(trincheiras drenantes DHP poccedilos de

rebaixamento)

Estruturas de contenccedilatildeo (localizadas)

Muros de contenccedilatildeo de pequeno porte (solo-

cimento ensacado alvenaria de pedra-rachatildeo

concreto armado)

Estruturas de contenccedilatildeo localizadas

(chumbadores tirantes microestacas)

Contenccedilatildeo e proteccedilatildeo de margens de canais (

gabiotildees muros de concreto etc)

Estruturas de contenccedilatildeo (meacutedio e grande porte) Implantaccedilatildeo de estruturas de contenccedilatildeo de

meacutedio e grande porte envolvendo obras de

contenccedilatildeo passivas e ativas (muros de

gravidade cortinas etc)

Terraplanagem Execuccedilatildeo de serviccedilos de terraplanagem

combinados a obras de drenagem superficial e

proteccedilatildeo vegetal desvio e canalizaccedilatildeo de

coacuterregos

Remoccedilatildeo de moradias Remoccedilotildees definitivas para implantaccedilatildeo de

obras ou devido agrave localizaccedilatildeo improacutepria da

edificaccedilatildeo (Priorizar as relocaccedilotildees dentro da

proacutepria aacuterea em local seguro)

Fonte ALHEIROS 2006

43

Escolhidas as formas de intervenccedilatildeo para cada aacuterea eacute necessaacuterio realizar uma estimativa

dos custos afim de preparar o orccedilamento da prefeitura para a realizaccedilatildeo das obras e se

seraacute necessaacuterio a captaccedilatildeo de recursos externos para a execuccedilatildeo destas Feitas as

estimativas de custo o proacuteximo passo eacute definir as prioridades e para esta fase eacute tambeacutem

uacutetil o mapeamento feito nas etapas anteriores pois seraacute necessaacuterio hierarquizar tais

intervenccedilotildees nas aacutereas de risco O Ministeacuterio das Cidades (2007) sugere alguns criteacuterios

que podem ser avaliados pelo gestor dentre eles pode-se citar

Grau de risco

Populaccedilatildeo beneficiada

Custo da intervenccedilatildeo

Dimensatildeo da aacuterea a ser tratada

Demandas anteriores da populaccedilatildeo

Tempo de ocupaccedilatildeo

Viabilidade teacutecnica da intervenccedilatildeo

Viabilidade financeira

Inclusatildeo da aacuterea em outros projetos

A partir desta hierarquizaccedilatildeo inicia-se a identificaccedilatildeo de provaacuteveis fontes de captaccedilatildeo de

recursos para a execuccedilatildeo das intervenccedilotildees Estes recursos podem advir de programas dos

governos Federal e Estadual ou por meio de editais para captaccedilatildeo de recursos financeiros

tanto do setor puacuteblico como da iniciativa privada e podem ser tambeacutem associados agrave outras

Secretarias Municipais como a de Turismo ou Meio Ambiente e natildeo soacute as destinadas agrave

Defesa Civil (ALHEIROS 2006)

Eacute previsto tambeacutem no PMRR uma avaliaccedilatildeo da Defesa Civil municipal e como ela estaacute

estruturada fazendo inclusive sugestotildees para que sua atuaccedilatildeo esteja em consonacircncia com

a realidade das comunidades e da Administraccedilatildeo Puacuteblica do municiacutepio de forma a garantir

sua sustentabilidade e conquistar a credibilidade da populaccedilatildeo no que diz respeito a

prevenccedilatildeo de cataacutestrofes Para que a resposta a uma determinada situaccedilatildeo de risco seja

raacutepida eacute necessaacuterio a descentralizaccedilatildeo da Defesa Civil criando pequenos nuacutecleos

comunitaacuterios com a finalidade de se monitorar a aacuterea constantemente e promover as

intervenccedilotildees necessaacuterias em tempo haacutebil o que aumenta em muito a credibilidade da

populaccedilatildeo no PMRR e no trabalho desempenhado pela Defesa Civil no municiacutepio Apoacutes

esta etapa o PMRR passaraacute por audiecircncias puacuteblicas e posteriormente poderaacute ser aprovado

como Lei Municipal pelo Legislativo local (ALHEIROS 2006)

Com a realizaccedilatildeo deste plano o municiacutepio estaraacute munido de informaccedilotildees suficientes para

realizar accedilotildees efetivas de gestatildeo e gerenciamento de riscos bem como aliado a

levantamentos sociais realizar programas habitacionais que beneficiem prioritariamente

44

aos moradores das aacutereas de risco Aleacutem disso com o PMRR o municiacutepio poderaacute melhorar

a qualidade ambiental da populaccedilatildeo captando recursos para a recuperaccedilatildeo das aacutereas de

APP que foram degradadas pelas ocupaccedilotildees irregulares beneficiando todos os moradores

do municiacutepio com o aumento da qualidade de vida na cidade

A partir do disposto nesta seccedilatildeo acerca do Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos e de

uma maneira preliminar (levando-se em conta apenas o nuacutemero de registros de

alagamentos e deslizamentos na aacuterea urbana principal de Santos Dumont no periacuteodo de

1984 a 2014) identificou-se trecircs regiotildees distintas na aacuterea urbana do municiacutepio com

tempo de recorrecircncia desses eventos similares caracterizando trecircs prioridades de

intervenccedilatildeo em contenccedilatildeo de risco como pode ser visto nas figuras 515 e 516 Vale

ressaltar que eacute necessaacuterio um estudo mais detalhado inclusive com visitas teacutecnicas a

campo para que se confirme a real situaccedilatildeo destas e a real prioridade para investimentos

Figura 5 17 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de deslizamentos

Fonte Do Autor

45

Figura 5 18 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de alagamentos

Fonte Do Autor

46

6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees

A seguir apresenta-se as conclusotildees e as recomendaccedilotildees feitas a partir dos objetivos

especiacuteficos explicitados no iniacutecio deste trabalho

Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a

aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes

urbanos

A partir da revisatildeo da legislaccedilatildeo pertinente em acircmbito federal estadual e

municipal constatou-se que o Plano Diretor de Santos Dumont natildeo conflita com a

legislaccedilatildeo federal e estadual sobre Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente A legislaccedilatildeo

municipal foi entendida como mais conservadora que as federal e estadual uma

vez que considera implicitamente que declividades entre 47 e 100 satildeo

enquadradas como APPs aleacutem da faixa superior a 100

Parte consideraacutevel das ocupaccedilotildees em APP principalmente na regiatildeo do bairro

Santo Antocircnio (onde surgiu os primeiros nuacutecleos que deram origem ao municiacutepio)

e o centro da cidade ocorreram antes de que fosse elaborado qualquer legislaccedilatildeo

que versasse sobre o tema Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente bastando ao gestor

local tomar medidas de contenccedilatildeo de riscos que minimizem os impactos causados

por essas ocupaccedilotildees nessa regiatildeo

O ordenamento adequado do uso do solo no municiacutepio eacute necessaacuterio para que o

crescimento dos loteamentos criados anteriormente agrave esta Lei e o surgimento de

novos natildeo avance para Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente o que pode causar

inuacutemeros problemas aos moradores e agravar os jaacute existentes

Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las

com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)

As aacutereas onde houveram a maior quantidade de registros de deslizamentos satildeo os

bairros mais populosos de Santos Dumont podendo se estabelecer uma relaccedilatildeo

que quanto mais populoso o bairro maior a quantidade de problemas relacionados

a deslizamentos Tambeacutem pode-se notar uma relaccedilatildeo com as fronteiras das faixas

de declividades e os deslizamentos uma vez que boa parte deles aconteceram

nestas faixas

As aacutereas onde houve um grande nuacutemero de registros de alagamentos satildeo os bairros

que se desenvolveram agraves margens do Ribeiratildeo das Posses em especial na aacuterea que

47

compreende as APPs de curso hiacutedrico e em aacutereas onde a declividade eacute baixa Esse

fato aliado ao crescimento do nuacutemero de vias pavimentadas com material

impermeaacutevel e a natildeo expansatildeo e ou redimensionamento da rede de drenagem

urbana contribuiacuteram para a ocorrecircncia cada vez mais constante de alagamentos

nessas aacutereas

Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos

catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30

anos

A partir do levantamento histoacuterico realizado e da base de dados georeferenciada

gerada observou-se o aumento do nuacutemero de registros de deslizamentos e

alagamentos nos uacuteltimos 10 anos quando as ocorrecircncias comeccedilaram a se repetir

numa mesma aacuterea com frequecircncia incrementada as vezes com mais de uma

ocorrecircncia anual

Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do

solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental

Destaca-se a adequaccedilatildeo dos criteacuterios gerais estabelecidos pelo Plano Diretor de

Santos Dumont relativos a legislaccedilatildeo federal e estadual Entretanto o referido

Plano Diretor natildeo contempla todo o territoacuterio municipal sendo assim ele natildeo

cumpre o objetivo de proteger as APPs preservadas e recuperar as que foram

degradadas em todo o territoacuterio municipal Ressalta-se tambeacutem a sua natildeo

conformidade com o Estatuto das Cidades uma vez que o Plano Diretor

contempla apenas os novos loteamentos

Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais

negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea

impactada

Recomenda-se a implantaccedilatildeo no municiacutepio de uma Coordenadoria Municipal de

Defesa Civil atuante e integrada agraves Secretarias Municipais e agrave comunidade

visando uma atuaccedilatildeo eficaz nos problemas relacionados a deslizamentos e

alagamentos A elaboraccedilatildeo de um Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos eacute de

suma importacircncia pois atraveacutes dele pode-se predizer as aacutereas que passaratildeo por

problemas caso a expansatildeo aconteccedila ou se inicie uma ocupaccedilatildeo nova aleacutem de

prevenir acidentes nas aacutereas jaacute ocupadas e consideradas de risco

48

7 Anexos

49

71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont

50

51

72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)

52

53

8 Referecircncias Bibliograacuteficas

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amp GALVAtildeO T(org) Prevenccedilatildeo de riscos e deslizamentos em encostas Guia para

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52

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BRASIL Lei Federal 10257 de 10 de julho de 2001 Regulamenta os arts 182 e 183 da

CF estabelece as diretrizes gerais da poliacutetica urbana e daacute outras providecircncias Brasiacutelia

2001

BRASIL Lei Federal nordm 12651 de 25 de maio de 2012 Dispotildee sobre a proteccedilatildeo da

vegetaccedilatildeo nativa altera as Leis nos 6938 de 31 de agosto de 1981 9393 de 1 9 de

dezembro de 1996 e 11 428 de 22 de dezembro de 2006 revoga as Leis nos 4771 de

1 5 de setembro de 1965 e 7754 de 1 4 de abril de 1989 e a Medida Provisoacuteria no 21

66shy67 de 24 de agosto de 2001 e daacute outras providecircncias Brasiacutelia 2012

BRASIL Lei Federal nordm 4771 de 15 de Setembro de 1965 Institui o Novo Coacutedigo

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55

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Dumont 2012

56

SAtildeO PAULO Mapeamento de riscos associados a escorregamentos inundaccedilatildeo erosotildees

e solapamento de margens de drenagens do municiacutepio de Campos do Jordatildeo-SP

Relatoacuterio Teacutecnico Campos do Jordatildeo 2014

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diretor para o desenvolvimento municipal CNM SEBRAE Brasiacutelia 2006

SKORUPA LA Aacutereas de preservaccedilatildeo permanente e desenvolvimento sustentaacutevel

Embrapa Meio Ambiente Jaguariuacutena-SP 2004 4p

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Campos de Goytacazes- RJ Boletim do Observatoacuterio Ambiental Alberto Ribeiro Lamego

v4 nordm 1 Campos de Goytacazes 2010

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puacuteblica em aacutereas urbanas susceptiacuteveis a desastres naturais no municiacutepio de Joinville

SC Dissertaccedilatildeo de Mestrado UFSC Florianoacutepolis 2009

TAKEDA T O Uso e ocupaccedilatildeo do solo urbano Disponiacutevel em

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naturais conhecer para prevenir Instituto Geoloacutegico Satildeo Paulo 2009 p 25-38

UFV ndash Universidade Federal de Viccedilosa Mapa de solos do Estado de Minas Gerais

legenda expandida Centro Tecnoloacutegico de Minas Gerais FEAM Belo Horizonte 2010

ZANON F N Uso e ocupaccedilatildeo da terra e vulnerabilidade a alagamento na aacuterea central

da cidade de Satildeo Paulo O caso da subprefeitura da Seacute Trabalho de Graduaccedilatildeo UNESP

Rio Claro 2013

Page 6: O USO DO SOLO URBANO EM ÁREAS DE PRESERVAÇÃO … · social que você tenha na vida, a mais alta ou a mais baixa, tenha sempre como meta muita força, muita determinação e sempre

v

RESUMO

As questotildees relacionadas a ocorrecircncia de deslizamentos e alagamentos eacute uma constante

no cotidiano urbano principalmente no periacuteodo chuvoso onde os problemas se tornam

evidentes Esses eventos nos uacuteltimos anos natildeo se restringiram somente a grandes cidades

mas tambeacutem a pequenos municiacutepios que sofrem por falta de recursos e de pessoal

especializado para prever e predizer trageacutedias advindas dos alagamentos e deslizamentos

de encostas provocados pela ocupaccedilatildeo desordenada em especial nas Aacutereas de

Preservaccedilatildeo Permanente Nos uacuteltimos 10 anos Santos Dumont tem sofrido

constantemente com o aumento do nuacutemero de casos de deslizamentos e principalmente

alagamentos por natildeo contar com um planejamento integrado e atuante na contenccedilatildeo de

tais eventos O objetivo geral desse trabalho eacute contribuir para a formulaccedilatildeo de poliacuteticas

puacuteblicas afim de corrigir e prevenir tais eventos na aacuterea urbana da cidade Para isso foi

gerado uma base de dados histoacutericos de um periacuteodo de 30 anos que associada ao

processamento de imagens obtidas atraveacutes de radares e sateacutelites proporcionou identificar

os pontos que merecem maior atenccedilatildeo e tambeacutem possibilitou atraveacutes de criteacuterio

quantitativo propor uma hierarquizaccedilatildeo dos bairros que merecem prioridade em

investimentos relacionados a contenccedilatildeo de riscos Com a combinaccedilatildeo de mapas e a

comparaccedilatildeo entre o estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor e o levantamento

histoacuterico feito a partir de dados primaacuterios pode-se observar que a maioria dos casos de

alagamentos e parte dos deslizamentos ocorrem na faixa de APP de curso hiacutedrico

Tambeacutem pode se estabelecer uma relaccedilatildeo entre o tamanho do bairro e o nuacutemero de

eventos relacionados a deslizamentos

vi

ABSTRACT

Issues related to the occurrence of landslides and flooding is a constant in urban daily life

particularly in the rainy season where the problems become evident These events in

recent years were not restricted only to large cities but also small towns which suffer

from lack of resources and specialized staff to anticipate and predict resulting tragedies

of the floods and landslides caused by the disorderly occupation especially in Permanent

Preservation areas Over the past 10 years Santos Dumont has been constantly increasing

number of cases of landslides and especially flooding for not having an integrated

planning and active in the containment of such events The aim of this study is to

contribute to the formulation of public policies in order to correct and prevent such events

in the urban area of the city For it was generated a historical data base for a period of 30

years associated with the processing of images obtained by radar and satellites provided

identify the points that deserve more attention and also made possible through

quantitative criterion propose a hierarchy of neighborhoods that deserve priority in

investments related to risk containment With the combination of maps and the

comparison between the study for the preparation of the Master Plan and the historical

survey from primary data can be observed that most of the cases of flooding and some

landslides occur in the course of APP range water You can also establish a relationship

between the neighborhood size and the number of related events to landslides

vii

SUMAacuteRIO

LISTA DE FIGURAS 2

LISTA DE TABELAS E QUADROS 4

1 INTRODUCcedilAtildeO 5

2 OBJETIVOS 6

21 Objetivo geral 6

22 Objetivos especiacuteficos 6

3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 7

31 Conceitos Fundamentais 7

311 Aacutereas de risco 7

312 Deslizamentos 8

313 Alagamentos 8

314 Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente 9

315 Uso e ocupaccedilatildeo do solo 9

32 Legislaccedilatildeo Pertinente 10

321 As adequaccedilotildees da legislaccedilatildeo ao longo dos anos 10

322 O Novo Coacutedigo Florestal e a legislaccedilatildeo mineira 11

323 O Plano Diretor 13

3231 O Plano Diretor de Santos Dumont 14

33 O Municiacutepio de Santos Dumont 16

331 De Arraial a cidade 16

332 Santos Dumont na atualidade 19

4 METODOLOGIA 20

41 Aacuterea de estudo 20

42 Levantamento e tratamento dos dados 21

5 RESULTADOS 23

51 Levantamento histoacuterico de alagamentos e deslizamentos 23

512 O Plano diretor e as APPs 31

52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis 40

521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta 41

6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees 46

7 Anexos 48

71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont 49

72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos

(1984-2014) 51

8 Referecircncias Bibliograacuteficas 53

2

LISTA DE FIGURAS

Paacuteg

Figura 31 Vista parcial do Arraial de Joatildeo Gomes 17

Figura 32 Municiacutepio de Palmyra na deacutecada de 1920 18

Figura 33 Municiacutepio de Santos Dumont em 2014 19

Figura 41 Localizaccedilatildeo da aacuterea urbana principal 20

Figura 42 Mapa da aacuterea urbana principal com a localizaccedilatildeo dos

bairros

21

Figura 51 Deslizamento no bairro Coacuterrego do Ouro 25

Figura 52 Alagamento na regiatildeo central de Santos Dumont em 2013 26

Figura 53 Pontos de Alagamento obtidos atraveacutes do levantamento

histoacuterico

27

Figura 54 Pontos de Deslizamento obtidos atraveacutes do levantamento

histoacuterico

27

Figura 55 Aacutereas propensas a deslizamento de acordo com o Plano

Diretor de Santos Dumont

29

Figura 56 Aacutereas propensas a alagamento de acordo com o Plano

Diretor de Santos Dumont

29

Figura 57 Aacutereas propensas a alagamento do estudo do Plano Diretor

complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do

levantamento

30

Figura 58 Aacutereas propensas a deslizamento do estudo do Plano

Diretor complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do

levantamento

31

Figura 59 Zoneamento urbano da aacuterea urbana principal 32

Figura 510 Combinaccedilatildeo entre as declividades importantes incluindo

as APPs e o zoneamento urbano

34

Figura 511 Combinaccedilatildeo entre as APPs de curso hiacutedrico e as zonas de

planejamento

35

Figura 512 Mapa de usos do solo da aacuterea urbana principal de Santos

Dumont

36

Figura 513 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na

aacuterea urbana principal

37

Figura 514 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na

aacuterea urbana principal

38

Figura 515 Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a

deslizamentos na regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

39

Figura 516 Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a

alagamentos na regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

39

3

Figura 517 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de

deslizamentos

44

Figura 518 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de

alagamentos

45

4

LISTA DE TABELAS E QUADROS

Paacuteg

Tabela 51 Ocorrecircncias de alagamento e deslizamento obtidos

atraveacutes do levantamento histoacuterico

28

Tabela 52 Assinaturas da combinaccedilatildeo Declividade x Zoneamento 34

Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x

Zoneamento

36

Quadro 51 Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco 42

5

1 INTRODUCcedilAtildeO

Quando o ser humano deixou de seguir uma vida nocircmade e passou a se fixar em locais

em geral proacuteximos a cursos drsquoaacutegua e de aacutereas propicias ao cultivo de alimentos iniciou-

se o processo de implantaccedilatildeo de pequenas comunidades e quando estas comunidades

comeccedilaram a crescer natildeo soacute em quantidade mas tambeacutem do ponto de vista

organizacional deu-se iniacutecio a formaccedilatildeo das cidades tal como conhecemos hoje Como

resultado deste processo um sem-fim de problemas relacionados agrave estas ocupaccedilotildees

surgiram tanto de cunho ambiental quanto social e dentre estes problemas estatildeo

incluiacutedos os desastres naturais relacionados a deslizamentos e alagamentos por conta da

ocupaccedilatildeo em aacutereas natildeo adequadas a este fim

Nos uacuteltimos anos o Brasil tem vivenciado grandes trageacutedias relacionadas a deslizamentos

e alagamentos Uma boa parte destes eventos teve como fator agravante as ocupaccedilotildees

sem criteacuterio e sem orientaccedilatildeo teacutecnica Um exemplo recente aconteceu no Vale do Itajaiacute

em Santa Catarina em novembro de 2008 durante um periacuteodo com chuvas intensas em

que vaacuterias cidades entraram em situaccedilatildeo de calamidade puacuteblica devido ao grande nuacutemero

de casos de alagamento e graves deslizamentos de encostas causando a morte de vaacuterias

pessoas na regiatildeo No Estado do Rio de Janeiro em 2010 o Morro do Bumba em Niteroacutei

sofreu com um grave deslizamento que deixou um grande nuacutemero de mortos As casas

foram construiacutedas sobre um antigo lixatildeo sem nenhuma orientaccedilatildeo e com as intensas

chuvas que assolaram a regiatildeo naquela eacutepoca a encosta veio a baixo causando o desastre

Outra trageacutedia relevante aconteceu na regiatildeo Serrana do Rio de Janeiro que foi

considerada ateacute entatildeo a maior trageacutedia climaacutetica da histoacuteria do paiacutes com pouco mais de

500 mortos e um prejuiacutezo material incalculaacutevel no ano de 2011 Em comum a todos estes

fatos estaacute a falta de um planejamento efetivo por parte dos oacutergatildeos municipais no que diz

respeito ao disciplinamento do uso e ocupaccedilatildeo do solo e a fiscalizaccedilatildeo do cumprimento

da legislaccedilatildeo vigente

A cidade de Santos Dumont Minas Gerais natildeo eacute exceccedilatildeo a esta regra Como a grande

maioria das comunidades estabelecidas ao longo da Estrada Real a cidade surgiu como

um pequeno rancho cujo objetivo era servir de pouso para os viajantes que faziam o

transporte de pedras e metais preciosos das minas de Ouro Preto ateacute o Rio de Janeiro

Posteriormente a regiatildeo se desenvolveu como importante entreposto industrial e

comercial a partir da instalaccedilatildeo da ferrovia D Pedro II ateacute que no final do seacuteculo XIX

se transforma em vila e logo apoacutes em municiacutepio O desenvolvimento da regiatildeo implicou

tambeacutem no crescimento populacional e como naquela eacutepoca ainda natildeo havia uma

legislaccedilatildeo especiacutefica para ordenamento e uso do solo os loteamentos foram surgindo agraves

margens do Ribeiratildeo das Posses e em aacutereas cuja declividade natildeo era favoraacutevel agrave ocupaccedilatildeo

6

o que consequentemente acarretou deslizamentos de terra e alagamentos inclusive com

o registro de algumas trageacutedias ao longo dos anos

Pretende-se que este trabalho sirva como subsidio ao gestor puacuteblico local visando o

estabelecimento de poliacuteticas puacuteblicas integradas aos setores de meio ambiente e defesa

civil com vistas a garantir a seguranccedila de todos os muniacutecipes e a qualidade de vida em

todo o territoacuterio municipal

2 OBJETIVOS

21 Objetivo geral

O objetivo geral deste trabalho eacute contribuir para o estabelecimento de poliacuteticas puacuteblicas

direcionadas ao disciplinamento do uso e ocupaccedilatildeo do solo urbano no municiacutepio de

Santos Dumont

22 Objetivos especiacuteficos

Satildeo objetivos especiacuteficos

Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a

aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes

urbanos

Caracterizar o uso irregular do solo urbano em Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente

Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las

com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)

Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos

catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30

anos

Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do

solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental

7

Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais

negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea

impactada

3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

A seguir eacute apresentada a revisatildeo bibliograacutefica que fundamenta o desenvolvimento e o

pleno entendimento deste trabalho O conhecimento do que satildeo aacutereas de risco

alagamentos e deslizamentos bem como o que eacute e qual a importacircncia de um Plano Diretor

eacute de suma importacircncia para se avaliar como um municiacutepio estaacute se desenvolvendo e qual

a qualidade de vida dos muniacutecipes Tambeacutem satildeo abordados neste capiacutetulo os aspectos

legais referentes agraves Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente seus limites e sua importacircncia para

o ambiente urbano

31 Conceitos Fundamentais

311 Aacutereas de risco

De acordo com o Instituto de Pesquisas Tecnoloacutegicas ndash IPT entende-se como aacuterea de

risco aquela ldquopassiacutevel de ser atingida por fenocircmenos ou processos naturais eou induzidos

que causem efeito adverso As pessoas que habitam essas aacutereas estatildeo sujeitas a danos agrave

integridade fiacutesica perdas materiais e patrimoniaisrdquo (MINISTEacuteRIO DAS CIDADES

2007)

Para Augusto Filho et al (1990) apud Cristo (2002) aacuterea de risco eacute caracterizada como

aquela em que ldquose encontra em situaccedilatildeo de perigo tanto socialmente quanto

economicamente por conta de alguma alteraccedilatildeo na constituiccedilatildeo do terreno ou com grande

probabilidade de ocorrer processos naturaisrdquo

Segundo Fernandes (2012) aacutereas de risco ldquosatildeo aacutereas consideradas improacuteprias ao

assentamento humano por estarem sujeitas a riscos naturaisrdquo

Diante das definiccedilotildees supracitadas pode-se dizer que aacuterea de risco satildeo aacutereas susceptiacuteveis

agrave accedilatildeo de eventos naturais extremos e por esse motivo natildeo eacute viaacutevel agrave ocupaccedilatildeo humana

nestes locais e pode ou natildeo estar associados agrave proximidade ou nos limites de uma APP

8

312 Deslizamentos

Segundo Tominaga (2009) deslizamento eacute o movimento de solo em uma vertente pela

accedilatildeo da gravidade e satildeo mais frequentes em regiotildees de relevo montanhoso e em periacuteodos

chuvosos sendo a pluviosidade um dos principais fatores condicionantes para a ocorrecircncia

do processo Os deslizamentos podem ocorrer naturalmente e eacute grande responsaacutevel pela

dinacircmica das vertentes e evoluccedilatildeo do relevo local mas no Brasil a falta de planejamento

urbano de uma boa parte dos municiacutepios a ocupaccedilatildeo desordenada e a construccedilatildeo de

domiciacutelios sem orientaccedilatildeo teacutecnica tecircm transformado um processo natural em um

problema que algumas vezes se tornam grandes trageacutedias Na regiatildeo Sudeste brasileira o

escorregamento do tipo rotacional eacute o mais comum e eacute caracterizado por uma ruptura

curva no solo que estaacute geralmente associada agrave realizaccedilatildeo de cortes na base do talude ou

por processos erosivos fluviais o que relaciona esse tipo de escorregamento agraves regiotildees

urbanas mal planejadas e coloca o homem como o principal agente efetivo associado com

a pluviosidade na ocorrecircncia de acidentes relacionados com deslizamentos

(FERNANDES amp AMARAL 1996 apud TOMINAGA 2009)

313 Alagamentos

De acordo com Amaral amp Ribeiro (2009) inundaccedilotildees e enchentes satildeo processos

intimamente relacionados com a pluviosidade pois satildeo frequentes em periacuteodos de chuvas

fortes e raacutepidas ou chuvas de longa duraccedilatildeo e estatildeo relacionados agrave intensidade e

distribuiccedilatildeo da precipitaccedilatildeo ao longo da bacia agrave capacidade do solo de reter e infiltrar

aacutegua e agraves caracteriacutesticas de forma da bacia de drenagem

O escoamento das aacuteguas pluviais na natureza eacute lento mas em aacutereas urbanizadas a accedilatildeo

antroacutepica relacionada a ocupaccedilatildeo de planiacutecies de inundaccedilatildeo que podem estar inclusive

em uma cota abaixo do leito do rio impermeabilizaccedilatildeo do solo e retificaccedilatildeo de corpos

drsquoaacutegua aleacutem de inuacutemeras atividades que promovem o assoreamento dos rios e coacuterregos

tem gerado resultados catastroacuteficos e grandes prejuiacutezos (AMARAL amp RIBEIRO 2009)

Quando se refere agraves regiotildees urbanas o termo ldquoalagamentordquo eacute o mais utilizado e segundo

o Ministeacuterio das Cidades (2006) define-se como o ldquoacuacutemulo momentacircneo de aacuteguas em

uma dada aacuterea por problemas no sistema de drenagem podendo ter ou natildeo relaccedilatildeo com

processos de natureza fluvialrdquo Tambeacutem o termo ldquoenxurradardquo eacute utilizado e define-se como

o ldquoescoamento superficial concentrado e com alta energia de transporte que pode ou natildeo

estar associado a aacutereas de domiacutenio dos processos fluviais Eacute comum a ocorrecircncia de

enxurradas ao longo de vias implantadas sobre antigos cursos drsquoaacutegua com alto gradiente

hidraacuteulico e em terrenos com alta declividade naturalrdquo

9

314 Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente

O Novo Coacutedigo Florestal Brasileiro define Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP) como

ldquoaacuterea protegida coberta ou natildeo por vegetaccedilatildeo nativa com a funccedilatildeo ambiental de

preservar os recursos hiacutedricos a paisagem a estabilidade geoloacutegica e a biodiversidade

facilitar o fluxo gecircnico de fauna e flora proteger o solo e assegurar o bem-estar das

populaccedilotildees humanasrdquo (BRASIL2012) Estas aacutereas satildeo muito importantes tanto no meio

urbano como no rural por garantir a estabilidade do solo em encostas iacutengremes contribuir

para a natildeo formaccedilatildeo de processos erosivos e o assoreamento de rios e coacuterregos aleacutem de

garantir a recarga de aquiacuteferos ao atuar como um amortecedor de chuvas retendo-a e

impedindo que ocorra um carreamento intenso de sedimentos ao longo dos morros e

margens de rios e coacuterregos (SKORUPA 2004) A Lei 126512012 apresenta os tipos de

APP e seus limites conforme seraacute visto no item 322

315 Uso e ocupaccedilatildeo do solo

Dentre os vaacuterios mecanismos de ordenamento urbano e instrumentos de planejamento

municipal previsto no Estatuto da Cidade (Lei Federal 102572001) o uso e ocupaccedilatildeo

do solo satildeo os mais utilizados pelas cidades para a formulaccedilatildeo das poliacuteticas urbanas

podendo definir o uso como a forma como esta parcela do solo eacute utilizada e a ocupaccedilatildeo

como sendo o modo como as edificaccedilotildees devem ser dispostas nesta mesma parcela do

solo urbano (TAKEDA 2015) O termo ldquoUso e ocupaccedilatildeo do solordquo tambeacutem pode ser

definido como o fator que determina como as mais diferentes regiotildees de um municiacutepio

deve se desenvolver (FONTOURA 2015)

A inserccedilatildeo de leis municipais de uso e ocupaccedilatildeo do solo objetivam ser uma referecircncia

para os gestores locais no processo de tomada de decisatildeo para que as cidades cresccedilam de

modo organizado enfatizando os potenciais e capacidades de cada regiatildeo aleacutem de tornar

o crescimento mais homogecircneo Com isso pretende-se evitar a formaccedilatildeo de grandes

adensamentos em pequenas aacutereas garantindo a mobilidade e a qualidade de vida de todos

os muniacutecipes tanto da regiatildeo urbana como da rural preservar e melhorar a qualidade

ambiental do municiacutepio aleacutem de evitar deslizamentos e alagamentos por conta da

ocupaccedilatildeo incorreta do solo (TAKEDA 2015)

10

32 Legislaccedilatildeo Pertinente

321 As adequaccedilotildees da legislaccedilatildeo ao longo dos anos

A problemaacutetica relacionada agraves APPs em aacutereas urbanas outrora era uma questatildeo complexa

e demandava uma larga discussatildeo do ponto de vista juriacutedico administrativo e teacutecnico Eacute

sabido que a maioria das cidades se formaram proacuteximos aos corpos hiacutedricos regiatildeo que

garantia o abastecimento de aacutegua e alimentos agrave populaccedilatildeo e tambeacutem facilitava o descarte

dos efluentes A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 225 daacute garantia aos

brasileiros de um meio ambiente em equiliacutebrio e concede agrave toda a sociedade o dever de

preservaacute-lo de acordo com os princiacutepios do desenvolvimento sustentaacutevel (BRASIL

1988) Antes desta Constituiccedilatildeo jaacute havia um texto que regulamentava a questatildeo da

preservaccedilatildeo de aacutereas verdes em todo o territoacuterio nacional A Lei Federal nordm 477165 que

trata do Coacutedigo Florestal estabelecia limites e regulamentava as Aacutereas de Preservaccedilatildeo

Permanente De acordo com Arauacutejo (2002) apud De Moraes (2014) essa Lei que fora

revogada e substituiacuteda pela Lei 126512012 era bastante falha no que diz respeito agraves

questotildees de APPS em aacutereas urbanas o que poderia ser um facilitador do natildeo cumprimento

do que foi proposto por aquela legislaccedilatildeo nestas aacutereas Isso se devia ao fato de o Coacutedigo

Florestal de 1965 ter deixado uma duacutevida sobre qual legislaccedilatildeo seguir uma vez que em

seu segundo artigo no paraacutegrafo uacutenico estava disposto que em aacutereas urbanas devia-se

atentar para a legislaccedilatildeo referente ao Plano Diretor e as referentes ao uso do solo na aacuterea

do municiacutepio (BRASIL 1965) Diante dessa conjuntura alguns municiacutepios optavam pela

natildeo aplicaccedilatildeo do Coacutedigo Florestal na regiatildeo urbana mesmo sabendo que a poliacutetica

conservacionista eacute extremamente importante visto o grande nuacutemero de problemas que

podem advir do uso irregular das APPs (DE MORAES 2009) Segundo o artigo 182 da

Constituiccedilatildeo Federal de 1988 as poliacuteticas relacionadas ao desenvolvimento urbano

devem ser elaboradas pelos municiacutepios e objetiva garantir o bem estar dos muniacutecipes e

tambeacutem o desenvolvimento do municiacutepio como um todo atraveacutes do atendimento agraves

exigecircncias do Plano Diretor (BRASIL 1988) O que podia gerar alguma divergecircncia seria

se o Plano Diretor Municipal propusesse uma faixa de APP menor que a prevista pelo

Coacutedigo Florestal Sendo assim essa legislaccedilatildeo perderia sua validade pelo fato de a

legislaccedilatildeo federal ser suplementar ou se seria cumprida devido ao disposto no artigo 182

da Constituiccedilatildeo Segundo De Moraes (2009) natildeo eacute aceitaacutevel que o Plano Diretor

Municipal legitime tal degradaccedilatildeo ambiental uma vez que um dos seus principais

objetivos eacute a proteccedilatildeo do bem estar puacuteblico estando incluiacutedo nesse a proteccedilatildeo do

ambiente natural A delimitaccedilatildeo e especificaccedilatildeo das APPs em Lei eacute necessaacuteria uma vez

que os limites miacutenimos destinados agrave preservaccedilatildeo satildeo importantes pois garantem a

proteccedilatildeo tanto da qualidade quanto da quantidade dos recursos hiacutedricos e evitam a

ocupaccedilatildeo em locais propiacutecios aos deslizamentos e zonas de recarga dos aquiacuteferos

11

subterracircneos assegurando tambeacutem de certa forma a integridade dos seres humanos que

potencialmente ocupariam tais locais (CARVALHO 2013)

Neste trabalho a legislaccedilatildeo tomada como referecircncia eacute a prevista pela Constituiccedilatildeo Federal

de 1988 o Novo Coacutedigo Florestal (Lei 126512012) e o Estatuto das Cidades (Lei

102572001) em acircmbito federal Na esfera estadual a Lei 209222013 versa sobre os

limites para APP em todo o territoacuterio de Minas A Lei Municipal 42412012 trata do

Plano Diretor Municipal da cidade de Santos Dumont onde se encontra as diretrizes para

o uso e ocupaccedilatildeo do solo e o zoneamento da cidade de acordo com as caracteriacutesticas do

solo entre outras

322 O Novo Coacutedigo Florestal e a legislaccedilatildeo mineira

O Novo Coacutedigo Florestal Lei Federal 126512012 substituiu a Lei Federal 47711965

Dentre os vaacuterios artigos que esta lei possui o que apresenta maior importacircncia para o

planejamento e o ordenamento das cidades tanto na aacuterea urbana como na rural eacute o artigo

4ordm em que constam as faixas de APP tanto para curso hiacutedrico como para declividade e

altitude aleacutem dos topos de morro a saber (BRASIL2012)

ldquoArt 4ordm Considera-se Aacuterea de Preservaccedilatildeo

Permanente em zonas rurais ou urbanas para os

efeitos desta Lei

I - as faixas marginais de qualquer curso drsquoaacutegua

natural perene e intermitente excluiacutedos os

efecircmeros desde a borda da calha do leito regular

em largura miacutenima de

a) 30 (trinta) metros para os cursos drsquoaacutegua de

menos de 10 (dez) metros de largura

b) 50 (cinquenta) metros para os cursos drsquoaacutegua

que tenham de 10 (dez) a 50 (cinquenta) metros de

largura

()

IV - as aacutereas no entorno das nascentes e dos olhos

drsquoaacutegua perenes qualquer que seja sua situaccedilatildeo

topograacutefica no raio miacutenimo de 50 (cinquenta)

metros

12

V - as encostas ou partes destas com declividade

superior a 45deg equivalente a 100 (cem por

cento) na linha de maior declive

()

IX - no topo de morros montes montanhas e

serras com altura miacutenima de 100 (cem) metros e

inclinaccedilatildeo meacutedia maior que 25deg as aacutereas

delimitadas a partir da curva de niacutevel

correspondente a 23 (dois terccedilos) da altura

miacutenima da elevaccedilatildeo sempre em relaccedilatildeo agrave base

sendo esta definida pelo plano horizontal

determinado por planiacutecie ou espelho drsquoaacutegua

adjacente ou nos relevos ondulados pela cota do

ponto de sela mais proacuteximo da elevaccedilatildeo

X - as aacutereas em altitude superior a 1800 (mil e

oitocentos) metros qualquer que seja a

vegetaccedilatildeo

()rdquo

A legislaccedilatildeo atual em seu artigo 4ordm evidencia que as faixas e aacutereas determinadas como

APP compreendem tanto as aacutereas rurais quanto urbanas (BRASIL 2012) retirando a

duacutevida anterior e sendo essa a Lei suplementar qualquer faixa de APP mais permissiva

na legislaccedilatildeo estadual e municipal satildeo invaacutelidas o que simplificou de certa forma a

aplicabilidade da Legislaccedilatildeo referente a Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente

No Estado de Minas Gerais a Lei Estadual 20922 de 16 de Outubro de 2013 trata do tema

em acircmbito estadual mas com os mesmos princiacutepios propostos pela Lei Federal sendo os

limites miacutenimos previstos para as APPs os mesmos propostos pelo Novo Coacutedigo

Florestal brasileiro (MINAS GERAIS2013)

ldquo Art 9ordm Para os efeitos desta Lei em zonas rurais

ou urbanas satildeo APPs

I as faixas marginais de cursos drsquoaacutegua naturais

perenes e intermitentes excluiacutedos

os efecircmeros medidas a partir da borda da calha

do leito regular em largura miacutenima de

13

a) 30m (trinta metros) para os cursos drsquoaacutegua de

menos de 10m (dez metros) de largura

b) 50m (cinquenta metros) para os cursos drsquoaacutegua

de 1 0m (dez metros) a 50m (cinquenta metros) de

largura

()

IV as aacutereas no entorno das nascentes e dos olhos

drsquoaacutegua perenes no raio miacutenimo de 50m

(cinquenta metros)

V as encostas ou partes destas com declividade

superior a 45ordm (quarenta e cinco graus)

equivalente a 100 (cem por cento) na linha de

maior declive

()

VII no topo de morros montes montanhas e

serras com altura miacutenima de 100m (cem metros)

e inclinaccedilatildeo meacutedia maior que 25ordm (vinte e cinco

graus) as aacutereas delimitadas a partir da curva de

niacutevel correspondente a 23 (dois terccedilos) da altura

miacutenima da elevaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave base sendo esta

definida pelo plano horizontal determinado por

planiacutecie ou espelho drsquoaacutegua adjacente ou nos

relevos ondulados pela cota do ponto de sela mais

proacuteximo da elevaccedilatildeo

VIII as aacutereas em altitude superior a 1 800m (mil

e oitocentos metros)

()rdquo

323 O Plano Diretor

O Estatuto das Cidades em seu artigo 40 prevecirc o plano diretor como um instrumento

capaz de promover a poliacutetica urbana englobando toda a cidade aleacutem de fornecer padrotildees

e limites para o uso do solo nas mais diversas regiotildees do municiacutepio com vistas a

harmonizar o desenvolvimento urbano com a preservaccedilatildeo do meio ambiente (SILVA JR

2006) Este instrumento eacute obrigatoacuterio para cidades com mais de 20 mil habitantes ou

14

aacutereas que integrem regiotildees metropolitanas ou de interesse turiacutestico O artigo 41 do

Estatuto das cidades tambeacutem prevecirc a obrigatoriedade do Plano Diretor para cidades que

possuem em sua aacuterea empreendimentos que caracterizem grandes impactos ambientais

de influecircncia regional ou nacional e cidades que possuem problemas com deslizamentos

de grande magnitude ou alagamentos repentinos (BRASIL 2001)

O Plano diretor de acordo com o Estatuto das Cidades deve ser aprovado como lei em

acircmbito municipal e revisto a cada dez anos Este documento eacute uacutenico pois cada cidade

possui suas peculiaridades infraestrutura vocaccedilotildees e problemas que por mais que sejam

parecidos entre si satildeo diferenciados pela intensidade e pela regionalizaccedilatildeo Sendo assim

a confecccedilatildeo do Plano Diretor deve conter a participaccedilatildeo de toda a comunidade local de

forma a reduzir as desigualdades sociais os gastos puacuteblicos desnecessaacuterios a degradaccedilatildeo

ambiental e combater os problemas relacionados a urbanizaccedilatildeo de forma conjunta

promovendo um processo de tomada de decisatildeo que garanta a qualidade de vida

preservaccedilatildeo e o desenvolvimento social do municiacutepio como um todo (ROSSBACH amp

CARVALHO 2010)

3231 O Plano Diretor de Santos Dumont

A Lei Municipal nordm 424112 que entrou em vigor no ano de 2014 trata do Plano Diretor

Municipal instrumento previsto no Estatuto das Cidades para garantir aos cidadatildeos um

desenvolvimento urbano organizado justo e sustentavelmente econocircmico (BRASIL

2001) Aleacutem de apontar as diretrizes para a elaboraccedilatildeo da Poliacutetica Municipal dos mais

variados setores o Plano Diretor divide o municiacutepio em macrozonas urbanas e rurais

Estas zonas tecircm por objetivo facilitar a identificaccedilatildeo dos setores que permitem ou natildeo o

desenvolvimento da cidade e em que magnitude pode ser feita a expansatildeo respeitando ao

meio ambiente e tambeacutem o que eacute previsto no tocante ao uso e ocupaccedilatildeo do solo nessas

aacutereas Aleacutem disso ela estabelece a forma como devem ser as edificaccedilotildees nas referidas

aacutereas As aacutereas definidas como macrozonas urbanas e foram subdivididas em (SANTOS

DUMONT2012)

ldquoZona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e

da Paisagem (ZPPH) satildeo as aacutereas cujos

equipamentos urbanos possuem interesse

histoacuterico ou paisagiacutestico de preservaccedilatildeo

Zona de Preservaccedilatildeo Ambiental satildeo aquelas em

que devem ser mantidas ou recuperadas a

15

vegetaccedilatildeo por conta da declividade altitude ou

presenccedila de recursos hiacutedricos

Zona de Adensamento Controlado (ZAC) satildeo as

aacutereas em que deve-se manter uma pequena

densidade populacional devido as limitaccedilotildees na

infraestrutura da localidade A ZAC se divide em

ZAC 1 quando a infraestrutura existente eacute

limitada e em ZAC 2 quando esta eacute precaacuteria ou

natildeo existe

Zona de Consolidaccedilatildeo de Adensamento (ZCA)

satildeo as aacutereas em que haacute interesse em ocupar os

lotes vagos haja visto que a regiatildeo possui toda a

infraestrutura para que isto aconteccedila

Zona Adensaacutevel (ZA) satildeo as aacutereas com

condiccedilotildees propiacutecias para ocorrer uma ocupaccedilatildeo

mais densa

Zona Especial de Interesse Social (ZEIS) satildeo as

aacutereas em que o Poder Puacuteblico almeja fazer

alguma forma de ocupaccedilatildeo Eacute dividida em ZEIS 1

e ZEIS 2 A ZEIS 1 satildeo regiotildees jaacute ocupadas mas

de forma irregular cujo interesse puacuteblico eacute

realizar obras e outras atividades para

regularizar as ocupaccedilotildees e urbanizar a aacuterea

enquanto que a ZEIS 2 satildeo aacutereas natildeo utilizadas ou

subutilizadas as quais o poder puacuteblico almeja

realizar algum empreendimento habitacional de

caraacuteter social

Zona de Grandes Equipamentos (ZE) satildeo aacutereas

cujo o interesse eacute a implantaccedilatildeo de

empreendimentos de grande porte ou grandes

equipamentos puacuteblicosrdquo

Esta divisatildeo espacial pode ser melhor vista no Anexo 71

O Plano Diretor natildeo estipula limites para APP mas prevecirc algumas diretrizes como na

Poliacutetica Municipal de Preservaccedilatildeo do Meio Ambiente sobre o uso do solo em

compatibilidade com praacuteticas conservacionistas A Poliacutetica Municipal de Expansatildeo

16

Urbana tem como uma de suas diretrizes fazer cumprir a legislaccedilatildeo vigente no que diz

respeito agraves intervenccedilotildees e investimentos que poderatildeo ser feitos nessas aacutereas Tambeacutem eacute

diretriz da mesma Poliacutetica o controle da ocupaccedilatildeo e do uso do solo em APPs e o auxiacutelio

aos oacutergatildeos estaduais e federais de meio ambiente no tocante agrave fiscalizaccedilatildeo da ocupaccedilatildeo

nestas aacutereas (SANTOS DUMONT 2012) O artigo 38 que trata das diretrizes da Poliacutetica

habitacional de interesse social exclui do processo de regularizaccedilatildeo fundiaacuteria os

assentamentos situados em aacutereas de risco o que na maioria das vezes estatildeo tambeacutem nas

aacutereas que deveriam estar vegetadas e protegidas (SANTOS DUMONT 2012) Na

legislaccedilatildeo referente ao parcelamento do solo eacute previsto que no parcelamento de glebas

com declividade entre 30 e 47 soacute poderaacute ser aprovado mediante projeto e laudo

assinado por um responsaacutevel teacutecnico favoraacutevel agrave construccedilatildeo nesse local (SANTOS

DUMONT 2012) Diante do proposto pelo Plano Diretor de Santos Dumont pode-se

dizer que natildeo haacute conflito com a legislaccedilatildeo federal e estadual em se tratando da

aplicabilidade do Coacutedigo Florestal uma vez que aquele natildeo explicita limites nem

permissivos e tampouco restritivos para faixas e aacutereas de preservaccedilatildeo permanente

33 O Municiacutepio de Santos Dumont

331 De Arraial a cidade

A aacuterea onde se situa hoje o municiacutepio de Santos Dumont teve sua ocupaccedilatildeo iniciada no

seacuteculo XVIII quando a Coroa Portuguesa solicitou ao entatildeo Governador do Rio de

Janeiro Artur de Saacute Menezes que abrisse um caminho que ligasse as Minas dos

Cataguases na regiatildeo de Ouro Preto (receacutem descobertas) ao Rio de Janeiro por onde

escoava os metais preciosos para a metroacutepole Surgiu assim o ldquoCaminho Novordquo e ao longo

deste caminho surgiram tambeacutem as Sesmarias aacutereas que tinham por principal objetivo

servir de pouso aos transportadores e exploradores e tambeacutem para garantir alimento a

estas pessoas Uma destas ocupaccedilotildees seria o ldquoArraial de Joatildeo Gomesrdquo (Figura 41)

primeiro nuacutecleo primitivo do municiacutepio em 1709 De iniacutecio prevaleciam somente

ranchos onde os viajantes se abrigavam mas em pouco tempo ergueu-se a Capela de Satildeo

Miguel e Almas e pequenos nuacutecleos urbanos comeccedilaram a surgir (DAPPC2008)

17

Figura 3 1 Vista parcial do Arraial de Joatildeo Gomes

Fonte Arquivo Histoacuterico de Santos Dumont-MG

Com a construccedilatildeo da Estrada de Ferro D Pedro II no final do seacuteculo XIX a regiatildeo teve

um consideraacutevel crescimento natildeo soacute populacional como tambeacutem econocircmico se tornando

a Vila Palmyra em 1889 Em 1890 Palmyra eacute elevada ao status de Municiacutepio (Figura 42)

e recebe um grande nuacutemero de melhorias no setor viaacuterio como a retificaccedilatildeo de ruas e

tambeacutem no setor de serviccedilos puacuteblicos como abastecimento de aacutegua iluminaccedilatildeo puacuteblica a

querosene e posteriormente energia eleacutetrica O desenvolvimento econocircmico na regiatildeo

tambeacutem teve seu momento aacuteureo nesse periacuteodo Induacutestrias de laticiacutenios graacuteficas e de

Carbureto de Caacutelcio fizeram parte do parque industrial de Palmyra o que atraiacutea pessoas

de outros lugares inclusive estrangeiros contribuindo para o aumento populacional da

regiatildeo Como ainda natildeo havia legislaccedilatildeo sobre uso e ocupaccedilatildeo do solo nessa eacutepoca

surgiram inuacutemeros loteamentos em aacutereas proacuteximas agrave rios e coacuterregos e tambeacutem em

encostas com declividade acentuada o que foi agravando o risco agrave medida que a ocupaccedilatildeo

aumentava (DAPPC2008)

18

Figura 3 2 Municiacutepio de Palmyra na deacutecada de 1920

Fonte Arquivo Histoacuterico de Santos Dumont-MG

O escoamento da produccedilatildeo industrial se dava pelo modal ferroviaacuterio setor que tambeacutem

movimentava a crescente cidade que era ponto importante no setor de transportes pois

possuiacutea um dos mais bem equipados depoacutesitos de locomotivas da Estrada de Ferro Central

do Brasil (DAPPC2008)

No ano de 1932 o municiacutepio de Palmyra passou a se chamar Santos Dumont (Figura 43)

em homenagem ao inventor do aviatildeo que nascera naquela cidade Nos uacuteltimos 40 anos

Santos Dumont tem experimentado uma acentuada desaceleraccedilatildeo econocircmica

consequecircncia do fechamento da grande maioria das induacutestrias principalmente as de

laticiacutenios que empregavam direta e indiretamente uma parte consideraacutevel da populaccedilatildeo

(DAPPC2008)

19

Figura 3 3 Municiacutepio de Santos Dumont em 2014

Fonte Arquivo do autor

332 Santos Dumont na atualidade

O municiacutepio de Santos Dumont localiza-se na regiatildeo da Zona da Mata mineira distante

cerca de 220 Km da capital Belo Horizonte e possui uma populaccedilatildeo de 47558 habitantes

(ODM 2015 projeccedilatildeo) numa aacuterea total de 637 kmsup2 Faz divisa com os municiacutepios de

Juiz de Fora Oliveira Fortes Bias Fortes Antocircnio Carlos Tabuleiro Piau e Ewbank da

Cacircmara

No que diz respeito agrave sua formaccedilatildeo fisiacuteco-geograacutefica a aacuterea que compreende o municiacutepio

eacute constituiacuteda predominantemente por Cambissolo Haacuteplico (70) com Latossolo

Vermelho-Amarelo (30) (UFV2010) A vegetaccedilatildeo eacute em sua maioria composta por

exemplares de Mata Atlacircntica De acordo com o IBGE(2015) Santos Dumont se localiza

a 839m de altitude O clima da regiatildeo eacute classificado como Tropical de Altitude (Cwb) e

possui uma temperatura meacutedia de 20ordmC Eacute banhado pela bacia hidrograacutefica do Paraiacuteba do

Sul e em sua maioria pertence agrave sub-bacia do Rio Pomba (IGAM) que fornece aacutegua para

abastecimento puacuteblico agrave 88 da populaccedilatildeo por meio da rede de distribuiccedilatildeo

(IBGE2010) Uma pequena parte da zona rural a sudoeste eacute banhada pela Sub-Bacia do

Rio Paraibuna mais precisamente na regiatildeo de fronteira com os municiacutepios de Juiz de

Fora e Ewbank da Cacircmara O sistema viaacuterio principal de acesso agrave cidade eacute a rodovia BR-

040 e a estrada de ferro Dom Pedro II atualmente utilizada somente para transporte de

cargas

Com a economia nos dias atuais baseada majoritariamente no setor de serviccedilos a cidade

possui um Iacutendice de Desenvolvimento humano (IDH) de 0741 (IBGE2010) Apesar do

decliacutenio econocircmico de Santos Dumont nota-se hoje um aumento no nuacutemero de

loteamentos populares e condomiacutenios horizontais e verticais entre outras edificaccedilotildees Eacute

de vital importacircncia que esse crescimento das ocupaccedilotildees seja ordenado e regulamentado

20

de forma a garantir a qualidade ambiental prevenindo deslizamentos e inundaccedilotildees Diante

dessa conjuntura o governo municipal aprovou em 2012 a Lei nordm 4241 que trata do Plano

Diretor Participativo instrumento baacutesico da poliacutetica de desenvolvimento e expansatildeo

urbana do municiacutepio de Santos Dumont

4 METODOLOGIA

41 Aacuterea de estudo

A regiatildeo dentro dos limites do municiacutepio que seraacute estudada neste trabalho eacute conforme

descrito nos anexos Plano Diretor e representada na figura 44 a aacuterea urbana principal

que possui 47 Kmsup2 e compreende a regiatildeo central da cidade e os bairros perifeacutericos regiatildeo

que concentra cerca de 90 da populaccedilatildeo total de Santos Dumont (IBGE 2015) A aacuterea

urbana principal representa 75 da aacuterea total dos 637 Kmsup2 que compreendem o

municiacutepio e eacute o local onde nos uacuteltimos 30 anos se verificou um maior crescimento

populacional e tambeacutem onde ocorre a maioria dos eventos relacionados a deslizamentos

e alagamentos por conta da ocupaccedilatildeo sem planejamento A figura 45 mostra a aacuterea

urbana principal e a localizaccedilatildeo dos bairros urbanos de Santos Dumont

Figura 4 1 Localizaccedilatildeo da aacuterea urbana principal

Fonte Google Earth

21

Figura 4 2 Mapa da aacuterea urbana principal com a localizaccedilatildeo dos bairros

Fonte Do Autor

42 Levantamento e tratamento dos dados

No desenvolvimento deste trabalho foi necessaacuterio se fazer um estudo detalhado sobre o

Plano Diretor de Santos Dumont principalmente dos seus anexos que compreendem os

mapas e a localizaccedilatildeo das aacutereas definidas pelo zoneamento proposto Para que isso fosse

possiacutevel a Secretaria Municipal de Obras e Serviccedilos Puacuteblicos forneceu todos os dados

secundaacuterios produto do estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor e do

zoneamento Estes dados incluem os arquivos Shapefile (shp) e outros documentos

integrantes do Plano Diretor Algumas informaccedilotildees foram complementadas tambeacutem com

dados adquiridos atraveacutes do site do IBGE e do Portal Objetivos do Milecircnio (ODM)

Os dados sobre as ocorrecircncias de deslizamentos e alagamentos foram obtidos atraveacutes da

Defesa Civil do municiacutepio atraveacutes do Sistema Integrado de Informaccedilotildees sobre Desastres

(S2ID) do Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional Tal sistema centraliza as informaccedilotildees sobre

desastres naturais ocorridos em todo o territoacuterio nacional facilitando a pesquisa sobre tais

eventos a qualquer cidadatildeo (BRASIL 2015)

Apesar do sistema ser bastante uacutetil os dados sobre o municiacutepio de Santos Dumont se

encontravam bastante falhos e escassos sendo necessaacuteria complementaccedilatildeo para que a

22

base de dados ficasse consistente Diante disso uma pesquisa atraveacutes dos arquivos do

Jornal Mensagem um jornal semanaacuterio local foi feita entre os anos de 1984 e 2014 e os

dados primaacuterios filtrados em uma planilha do Microsoft Excel para posterior utilizaccedilatildeo

De posse destes dados foi feita a localizaccedilatildeo em campo das coordenadas dos locais

atingidos por deslizamentos e alagamentos no periacuteodo compreendido pela pesquisa com

o auxiacutelio de um aparelho de GPS

A maioria dos arquivos shapefile utilizados para a confecccedilatildeo dos mapas satildeo parte

integrante dos anexos da Lei do Plano diretor do municiacutepio gerados no mecircs de dezembro

de 2011 pelo Instituto Nova Cidade e foram cedidos pela Secretaria Municipal de Obras

e Serviccedilos Puacuteblicos com Datum em UTM SAD 69 Com a finalidade de fornecer um

referenciamento atualizado e de acordo com os mais novos sistemas de coordenadas

utilizados no Brasil os arquivos foram convertidos para o Datum UTM SIRGAS 2000

que diferencia do SAD 69 pelo fato de ser um referencial geocecircntrico ou seja o centro

da Terra eacute o ponto de referecircncia neste sistema enquanto que o primeiro utiliza um

referencial na superfiacutecie da Terra (IBGE2014) Eacute interessante ressaltar tambeacutem que o

SIRGAS 2000 se tornou no ano de 2014 o sistema de coordenadas oficial do Sistema

Geodeacutesico Brasileiro e do Sistema Cartograacutefico Nacional ambos mantidos pelo IBGE A

combinaccedilatildeo dos shapefiles foi feita com o software livre gvSIG e com estas combinaccedilotildees

foram gerados mapas importantes resultados para a execuccedilatildeo deste trabalho A maioria

dos mapas representam a regiatildeo urbana principal de Santos Dumont e foram produzidos

numa escala em torno de 140000 que de acordo com Rocha (2007) eacute uma escala viaacutevel

pois as recomendaacuteveis para trabalhos de anaacutelise ambiental em niacutevel municipal podem ser

entre 150000 e 110000 Alguns mapas cujo detalhamento natildeo eacute necessaacuterio foram

gerados na escala 1100000

Para a geraccedilatildeo dos mapas aleacutem dos arquivos fornecidos pela Secretaria de Obras e

Serviccedilos Puacuteblicos foram utilizados para a geraccedilatildeo do modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE)

e da localizaccedilatildeo dos topos de morro dados gerados pelo sistema de radar Advanced

Spacebone Thermal Emission and Reflection Radiometer (ASTER) que geram as curvas

de niacutevel do terreno com uma resoluccedilatildeo de 30m (NASA2014) O processamento dessas

imagens foi feito pelo software livre gvSIG As imagens geradas pelos sateacutelites

LANDSAT foram adquiridas no site da United States Geological Survey (USGS) e essas

imagens possibilitaram obter um panorama preciso do uso do solo em toda a aacuterea urbana

de Santos Dumont numa resoluccedilatildeo de 15 metros uma vez que foi utilizada a banda

pancromaacutetica do sateacutelite LANDSAT 8 aleacutem da combinaccedilatildeo das bandas 65 e 4

respectivamente que eacute a combinaccedilatildeo recomendada pela mantenedora dos sateacutelites para

anaacutelises deste tipo

23

No que diz respeito a identificaccedilatildeo de APPs em topo de morro a metodologia de Oliveira

amp Fernandes Filho (2013) por utilizar as mesmas bases de dados ateacute entatildeo usadas neste

trabalho foi a mais indicada

A metodologia de anaacutelise dos mapas gerados eacute a proposta pelo professor Jorge Xavier da

Silva do Laboratoacuterio de Geoprocessamento (LAGEOP) da Universidade Federal do Rio

de Janeiro e citada por Rocha (2007) Tal metodologia analisa as variaacuteveis em questatildeo

presentes na aacuterea e permite avaliar as possibilidades de relaccedilotildees entre essas variaacuteveis De

uma maneira geral este meacutetodo verifica o estado atual da aacuterea em estudo bem como das

variaacuteveis gerando inventaacuterios que servem para a construccedilatildeo de dados planimeacutetricos sejam

com as variaacuteveis isoladas ou combinadas Estes dados planimeacutetricos geram assinaturas

que permitem inferir sobre a influecircncia dessas variaacuteveis De posse dos dados gerados pelo

processo anteriormente citado pode-se fazer algumas prospecccedilotildees sobre os riscos

ambientais que a aacuterea pode sofrer ou o seu potencial ambiental (ROCHA 2007)

5 RESULTADOS

51 Levantamento histoacuterico de alagamentos e

deslizamentos

O aumento da demanda pelo uso do solo na regiatildeo urbana de Santos Dumont

principalmente no tocante agrave formaccedilatildeo de novos loteamentos e condomiacutenios nos uacuteltimos

anos eacute consideraacutevel mas tambeacutem haacute de se observar o crescimento dos bairros jaacute existentes

com pouco ou nenhum ordenamento Em ambos os casos se observa ocupaccedilotildees

irregulares em APP o que tem ocasionado um aumento na frequecircncia de deslizamentos

e inundaccedilotildees Eacute evidente que quanto maior a densidade populacional do bairro maior a

quantidade de ocorrecircncias ao longo dos anos (SPERFELD 2009)

De acordo com as ocorrecircncias registradas pela Defesa Civil do municiacutepio obtidas atraveacutes

da literatura utilizada nos uacuteltimos 30 anos Santos Dumont chegou a decretar situaccedilatildeo de

emergecircncia por conta de desastres envolvendo deslizamentos eou alagamentos por duas

vezes num espaccedilo de 10 anos conforme pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho

(BRASIL 2014 CEPED 2011)

Segundo os dados obtidos atraveacutes de pesquisa nos arquivos do semanaacuterio entre os anos

de 1984 e 2014 pode-se verificar que nos uacuteltimos 20 anos a cidade tem experimentado

24

um aumento consideraacutevel nos eventos relacionados a deslizamentos e principalmente

alagamentos como pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho Isso pode ter sido causado

dentre outros fatores pelo aumento do nuacutemero de vias pavimentadas com material

impermeaacutevel o que tem sobrecarregado tanto a infraestrutura existente para drenagem

urbana como tambeacutem a calha dos cursos drsquoaacutegua que passam pela regiatildeo urbana do

municiacutepio (ZANON2013)

Na deacutecada de 1980 (1984-1990) de acordo com os dados obtidos natildeo foram noticiados

eventos consideraacuteveis relacionados a deslizamentos e alagamentos em Santos Dumont

mas isso natildeo exclui a possibilidade de natildeo ter ocorrido tais eventos em menor escala

Na deacutecada de 1990 aconteceram uma seacuterie de ocorrecircncias tanto de deslizamentos quanto

de alagamentos No ano de 1997 num periacuteodo chuvoso intenso aconteceram

deslizamentos consideraacuteveis em vaacuterios bairros da cidade inclusive com desabamento de

casas e de ruas principalmente nos bairros Nossa Senhora da Gloacuteria e Quarto Depoacutesito

Em 1999 ocorreram alguns pontos de alagamento nos bairros Quarto Depoacutesito e Santo

Antocircnio com grandes prejuiacutezos materiais

A deacutecada de 2000 iniciou com o registro de deslizamentos em vaacuterios bairros da cidade

inclusive com desabamento de casas e pontes e alagamentos em importantes vias do

centro da cidade Observa-se ao longo desse periacuteodo o crescimento nas ocorrecircncias de

deslizamentos e de aacutereas com risco de deslizamento em muitos bairros de Santos Dumont

Um dos fatores importantes para esse crescimento foi a grande expansatildeo sofrida pela

maioria dos bairros e a falta de planejamento e orientaccedilatildeo por parte da prefeitura uma

vez que uma boa parte do crescimento dos bairros da cidade ocorreu ou proacuteximo a cursos

drsquoaacutegua ou em aacutereas com declividade improacutepria para se fazer construccedilotildees O bairro

Coacuterrego do Ouro (Figura 51) foi o que mais sofreu com ocorrecircncias de deslizamentos

nesse periacuteodo enquanto o bairro Santo Antocircnio foi que teve mais ocorrecircncias de

alagamentos

25

Figura 5 1 Deslizamento no bairro Coacuterrego do Ouro

Fonte Portal Cabangu

No iniacutecio deacutecada de 2010 (2011-2014) o centro da cidade foi a regiatildeo que mais sofreu

com alagamentos sendo registrado pelo menos uma ocorrecircncia por ano nessa aacuterea (Figura

52) Isso pode ser relacionado dentre outros fatores com as obras de modificaccedilatildeo do

tipo de pavimentaccedilatildeo das estradas por um material impermeaacutevel gerando uma sobrecarga

nos sistemas de drenagem urbana que foram projetados para um tipo de pavimento mais

permeaacutevel implicando tambeacutem na sobrecarga calha do Ribeiratildeo das Posses o principal

curso drsquoaacutegua que corta o centro da cidade e que se encontra em quase sua totalidade

ocupada em ambas as margens que cortam o centro da cidade

26

Figura 5 2 Alagamento na regiatildeo central de Santos Dumont em 2013

Fonte Portal Cabangu

Quanto agraves ocorrecircncias de deslizamento ao longo da referida deacutecada elas estiveram

espalhadas pelos bairros do municiacutepio tendo um maior nuacutemero de ocorrecircncias nos bairros

Santo Antocircnio Nossa Senhora da Gloacuteria e Aacutegua Espraiada Nos dois primeiros bairros

citados as ocorrecircncias podem ter sido ocasionadas pelo crescimento desordenado e sem

planejamento destes e no terceiro as ocorrecircncias satildeo relacionadas ao processo de

assoreamento do Ribeiratildeo das Posses o que pode ter gerado um aumento da velocidade

desse curso drsquoaacutegua causando problemas decorrentes do transporte de sedimentos da aacuterea

onde as casas foram construiacutedas que teve como consequecircncia os deslizamentos

Em resumo como pode ser observado nas figuras 53 e 54 na tabela 51 no periacuteodo de

1984 a 2014 os bairros mais afetados por alagamentos e deslizamentos satildeo Quarto

Depoacutesito Nossa Senhora da Gloacuteria Santo Antocircnio Coacuterrego do Ouro Antocircnio Afonso

Graminha e Vila Esperanccedila sendo que o bairro Coacuterrego do Ouro possui o maior nuacutemero

de ocorrecircncias de deslizamentos e o centro da cidade possui o maior nuacutemero de

ocorrecircncias de alagamentos no periacuteodo pesquisado Vale destacar que a aacuterea propiacutecia a

alagamentos no bairro Antocircnio Afonso natildeo identificada no estudo realizado pela

prefeitura constitui-se efetivamente numa aacuterea de risco conforme levantamento histoacuterico

realizado Esta aacuterea de risco se deve agrave diferenccedila de niacutevel negativa entre o rio Pinho e a

aacuterea do bairro estando este em desniacutevel com um risco iminente de inundaccedilotildees resultantes

da cheia desse curso drsquoaacutegua causando inuacutemeros transtornos aos moradores do local

27

Figura 5 3 Pontos de Alagamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico

Fonte Do autor

Figura 5 4 Pontos de deslizamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico

Fonte Do autor

28

Tabela 51 Ocorrecircncias de alagamentos e deslizamentos obtidos atraveacutes do

levantamento histoacuterico

Pontos de ocorrecircncia (1984-2014)

Bairros Alagamento Deslizamento

Aacutegua Espraiada 1 1

Antocircnio Afonso 1 0

Barra 0 1

Centro 7 1

Coacuterrego do Ouro 1 7

Flores 0 1

Graminha 1 0

Jardim Jaraguaacute 0 1

N Sra da Gloacuteria 0 4

N Sra das Graccedilas 1 0

Quarto Depoacutesito 3 2

Santo Antocircnio 4 2

Satildeo Sebastiatildeo 0 1

Vila Esperanccedila 0 1

Fonte Do autor

De acordo com o estudo realizado na elaboraccedilatildeo do Plano Diretor pela prefeitura

municipal observa-se que os bairros que possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a

deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do Ouro e Vila Esperanccedila enquanto que os que

possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a alagamento satildeo o Centro da cidade e os

bairros Satildeo Sebastiatildeo Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio por estarem agraves margens do

Ribeiratildeo das Posses um curso drsquoaacutegua que sofre com inundaccedilotildees perioacutedicas devido ao

severo assoreamento em algumas regiotildees e tambeacutem devido ao acuacutemulo de lixo descartado

pelos moradores do entorno irregularmente De acordo com o estudo realizado quando da

elaboraccedilatildeo do Plano Diretor do municiacutepio foram feitos estudos sobre as aacutereas propensas

a deslizamentos e alagamentos na regiatildeo urbana principal Tais aacutereas satildeo as destacadas

nas Figuras 55 e 56 No levantamento histoacuterico realizado pode-se identificar que os

bairros que possuem mais aacutereas propensas a deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do

Ouro Nossa Senhora da Gloacuteria Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio enquanto que os bairros

mais propensos a alagamentos satildeo os bairros Centro Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio

como observado na tabela 51

29

Figura 5 5 Aacutereas propensas a deslizamento de acordo com o Plano Diretor de

Santos Dumont

Fonte Google Earth e Lei 42412012

Figura 5 6 Aacutereas propensas a alagamento de acordo com o Plano Diretor de

Santos Dumont

Fonte Google Earth e Lei 42412012

30

Comparando-se os mapas obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico com o mapa gerado

pelo estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor nota-se que haacute semelhanccedilas em

algumas aacutereas mas ao se levar em conta o produto gerado pela pesquisa histoacuterica o

estudo necessitaria ser complementado haja vista que ele natildeo compreende por exemplo

o ponto de alagamento no bairro Antocircnio Afonso citado anteriormente e alguns pontos de

deslizamento importantes uma vez que satildeo regiotildees onde haacute ocupaccedilatildeo Esse fato evidencia

a necessidade de se buscar vaacuterias fontes primaacuterias e secundaacuterias para se detectar aacutereas de

risco em um municiacutepio incluindo arquivos da imprensa local afim de se produzir uma

base de dados consistente e com o menor nuacutemero de falhas possiacutevel (CEPED 2014) Com

a uniatildeo dos dois estudos foram gerados os mapas apresentados nas Figuras 57 e 58

Aleacutem do mais observando as figuras 57 e 58 pode-se notar que uma boa parte tanto dos

casos de alagamento quanto de deslizamento estatildeo na faixa de APP de curso hiacutedrico o

que ilustra a importacircncia da preservaccedilatildeo destas aacutereas

Figura 5 7 Aacutereas propensas a alagamento do estudo do Plano Diretor

complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento

Fonte Do Autor

31

Figura 5 8 Aacutereas propensas a deslizamento do estudo do Plano Diretor

complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento

Fonte Do Autor

Atraveacutes da combinaccedilatildeo entre estes dois levantamentos procurou-se alimentar a base de

dados e garantir uma consistecircncia maior desta no que diz respeito a aacutereas de deslizamento

e alagamento podendo inclusive se identificar a suscetibilidade de uma determinada

regiatildeo da cidade a um ou outro evento (CEPED2014)

512 O Plano diretor e as APPs

Nos uacuteltimos anos o Brasil experimentou um forte fenocircmeno de migraccedilatildeo do campo para

as aacutereas urbanas De acordo com o IBGE no periacuteodo de 1940 a 2000 houve um aumento

de cerca de 60 do nuacutemero de pessoas que vivem em cidades (SILVA JR 2006) O

processo de planejamento e ordenamento do uso do solo nessas aacutereas deveria ter

acompanhado esse crescimento ao longo dos anos a fim de garantir a qualidade de vida e

a seguranccedila dos migrantes ao se instalarem nas cidades o que natildeo ocorreu e o que se

observa atualmente satildeo ocupaccedilotildees em aacutereas improacuteprias para moradia sem a infraestrutura

baacutesica necessaacuteria e com risco iminente de deslizamentos eou inundaccedilotildees

O Plano Diretor do municiacutepio de Santos Dumont em seu capiacutetulo IV que versa sobre o

uso e ocupaccedilatildeo do solo explicita regras para o ordenamento do territoacuterio que compreende

o municiacutepio com base nos diferentes usos do solo de acordo com sua compatibilidade o

32

que acabou por resultar num zoneamento de todo o municiacutepio em macrozonas conforme

citado na seccedilatildeo 3231 de acordo com os usos atuais e futuros do solo Aleacutem de dividir

estas macrozonas em urbanas e rurais tambeacutem avaliou e classificou estas aacutereas com base

numa seacuterie de fatores ambientais geoloacutegicos culturais e sociais de forma a se fazer um

zoneamento coerente com os atuais usos do solo e seu potencial de uso futuro Apresenta-

se na Figura 59 este zoneamento na aacuterea urbana principal de Santos Dumont

Figura 5 9 Zoneamento urbano da aacuterea urbana principal

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Lei 42412012

Tomando como referecircncia o Novo Coacutedigo Florestal brasileiro em especial os paracircmetros

estabelecidos para a definiccedilatildeo de APP e utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento

atraveacutes do software Vista SAGA relacionou-se as APPs existentes na aacuterea em estudo com

as regiotildees propiacutecias a alagamentos e deslizamentos de acordo com o estudo feito quando

da elaboraccedilatildeo do Plano Diretor afim de se identificar qual ou quais aacutereas possuem estes

problemas e se estatildeo relacionados com o uso do solo irregular em APP

Ao se aplicar a metodologia proposta por Oliveira amp Fernandes Filho (2013) natildeo foram

identificadas dentro da aacuterea de estudo APPs de topos de morro sendo este tipo de APP

descartada portanto das anaacutelises subsequentes deste trabalho Foram consideradas as

APP de curso hiacutedrico (rios e nascentes) e de declividade visando relacionaacute-las as aacutereas

de risco identificadas pela Prefeitura afim de se verificar as possiacuteveis causas da ocorrecircncia

33

destas aacutereas na regiatildeo urbana do municiacutepio Por meio de combinaccedilotildees entre dois mapas

temaacuteticos utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento foi possiacutevel obter as

assinaturas ou seja tabelas que caracterizam quantitativamente a aacuterea afetada por cada

aspecto visto que a simples visualizaccedilatildeo do mapa gerado pelo geoprocessamento muitas

vezes eacute prejudicada por serem aacutereas de pequenas dimensotildees ou por qualquer outra

limitaccedilatildeo do software Ressalta-se que para a elaboraccedilatildeo do Plano Municipal de Reduccedilatildeo

de riscos a identificaccedilatildeo e detalhamento topograacutefico destas aacutereas eacute fundamental para o

desenvolvimento do referido Plano conforme seraacute abordado detalhadamente na seccedilatildeo

52

De posse do mapa que representa o zoneamento urbano de Santos Dumont primeiramente

procurou-se mensurar qualitativa e quantitativamente a presenccedila de APPs tanto de

declividade quanto de cursos hiacutedricos Essa identificaccedilatildeo eacute importante pois este

zoneamento eacute um dos instrumentos de planejamento municipal (BRASIL 2001) Saboya

(2007) aponta que os principais objetivos de um zoneamento satildeo o controle da expansatildeo

urbana e proteccedilatildeo de aacutereas inadequadas a ocupaccedilatildeo aleacutem de reduzir os conflitos inerentes

aos diferentes usos do solo Com o uso da ferramenta ldquoCombinarrdquo do Vista SAGA foram

feitas combinaccedilotildees entre o mapa de hidrografia com buffer de 30m para rios e coacuterregos e

de 50m para nascentes com o mapa do zoneamento para se verificar a importacircncia das

APPs de curso hiacutedrico em toda a aacuterea urbana principal do municiacutepio Tambeacutem foram

combinados o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) obtido atraveacutes do gvSIG com o mapa

de zoneamento afim de se verificar quantitativamente as APPs de declividade e onde se

localizam Vale ressaltar que as declividades entre 30 e 47 estatildeo presentes nesta

combinaccedilatildeo pois de acordo com o Plano Diretor de Santos Dumont terrenos com esta

faixa de declividade para fins de parcelamento devem possuir estudo teacutecnico que ateste

a viabilidade de se promover algum empreendimento imobiliaacuterio neste (SANTOS

DUMONT 2012) Como a legislaccedilatildeo municipal prevecirc estudo somente para a faixa de

declividade descrita anteriormente para fins de anaacutelise neste trabalho consideramos um

valor mais conservador para APP compreendendo a faixa de 47 a 100 aleacutem da

prevista pela legislaccedilatildeo federal (gt100) para que natildeo houvessem lacunas importantes na

geraccedilatildeo do produto

Apresenta-se na Figura 510 aacutereas com declividades consideradas de risco e consideradas

APP e em qual zona de planejamento elas estatildeo inseridas De um modo geral ao se

observar a Tabela 52 nota-se que a aacuterea que compreende declividades de risco e APP eacute

uma pequena parcela da aacuterea urbana principal representando 061 desta aacuterea Ao se

levar em conta somente a localizaccedilatildeo pode-se verificar que cerca de 84 das aacutereas com

declividade de risco e a totalidade das APPs de declividade estatildeo localizadas na ZAC1

zona que compreende a maior parte do municiacutepio e apesar de possuir infraestrutura baacutesica

para a ocupaccedilatildeo esta eacute restrita Sendo assim o fator declividade deve ser visto com cautela

nesta aacuterea para se evitar transtornos advindos de edificaccedilotildees nestas aacutereas

34

Figura 5 10 Combinaccedilatildeo entre as declividades importantes incluindo as APPs e o

zoneamento urbano

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Do autor

Tabela 52 Assinaturas da combinaccedilatildeo Declividade x Zoneamento

Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea

Natildeo APP 457972 9939

Declividade 30-47 em ZAC1 2368 051

Declividade 30-47 em ZE 284 006

Declividade 30-47 em ZAC2 128 003

Declividade 30-47 em ZPA 004 0001

APP Declividade em ZAC1 048 001

Total 460804 100

Fonte Do autor

Apresenta-se na Figura 511 as APPs de curso hiacutedrico (nascentes e rios) e em qual zona

de planejamento estatildeo localizadas Assim como a declividade a maior parte das APPs de

curso hiacutedrico estatildeo localizadas em ZAC1 representando 383 da aacuterea urbana em estudo

e 51 do total das APPs de curso hiacutedrico Esta questatildeo tambeacutem deve ser vista com

bastante criteacuterio pelos gestores locais uma vez que a ocupaccedilatildeo em faixas proacuteximas de

rios e coacuterregos podem causar uma gama de problemas ambientais e sociais na regiatildeo

(SANTANA2011) Tal cuidado tambeacutem deve ser tomado nas APPs compreendidas na

35

ZAC2 que compreende 001 da Aacuterea urbana principal e 14 do total das APPs de curso

hiacutedrico pois a infraestrutura baacutesica e acessibilidade presente nesta zona eacute precaacuteria e a

ocupaccedilatildeo as margens de cursos hiacutedricos pode gerar problemas seacuterios caso ocorra uma

expansatildeo nestas aacutereas

Figura 511 Combinaccedilatildeo entre APP de curso hiacutedrico e as zonas de planejamento

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Do autor

Outro ponto importante eacute a presenccedila da Zona de Proteccedilatildeo Ambiental (ZPA) no entorno

uma consideraacutevel parte dos cursos hiacutedricos Nesta zona estatildeo presentes 28 das APPs de

curso hiacutedrico e esta zona de acordo com o Plano Diretor deve ser restaurada ou

preservada por suas caracteriacutesticas geoloacutegicas topograacuteficas e bioloacutegicas

Afim de se verificar os usos do solo na regiatildeo em estudo foram utilizadas combinaccedilotildees

de imagens advindas do sateacutelite Landsat 8 nas bandas descritas no capiacutetulo 4 aleacutem da

banda pancromaacutetica O resultado eacute apresentado na figura 512 que mostra os principais

usos do solo na aacuterea urbana principal de Santos Dumont

36

Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x Zoneamento

Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea

Hidrografia 11168 239

Aacuterea Urbana Natildeo APP 421004 9008

APP Curso hiacutedrico em ZAC1 179 383

APP Curso hiacutedrico em ZPA 9776 209

APP Curso hiacutedrico em ZE 184 004

APP Curso hiacutedrico em ZA 1192 026

APP Curso hiacutedrico em ZAC2 5124 110

APP Curso hiacutedrico em ZPPH 248 005

APP Curso hiacutedrico em ZEIS 568 012

APP Curso hiacutedrico em ZCA 228 005

Total 467392 10000

Fonte Do autor

Figura 5 12 Mapa de usos do solo da aacuterea urbana principal de Santos Dumont

Fonte Do autor

Como jaacute era previsto a maior parte da aacuterea urbana se encontra ocupada e eacute nesta regiatildeo

ocupada que se observa a maior concentraccedilatildeo de problemas de deslizamentos e

alagamentos (Figuras 513 e 514) A grande ocupaccedilatildeo em aacutereas consideradas APP de

curso hiacutedrico de acordo com os mapas gerados pode ser a principal causa do aumento a

cada ano dos casos de alagamento principalmente na regiatildeo central da cidade Outro ponto

que se deve atentar eacute a existecircncia de uma consideraacutevel aacuterea de pastagem pouco vegetada

que caso estejam em aacutereas elevadas pode contribuir para deslizamentos e agraves margens de

37

rios e coacuterregos para o assoreamento destes corpos hiacutedricos o que pode causar

alagamentos (INAacuteCIO etal 2007)

Diante destes resultados pode-se ver que a cidade de Santos Dumont necessita alternativas

efetiva no que diz respeito agrave contenccedilatildeo de deslizamentos e a reduccedilatildeo de risco de

alagamento pois as aacutereas em que ocorrem tais eventos satildeo distintas e facilmente definidas

devido agrave repeticcedilatildeo destes nos uacuteltimos anos Um plano de accedilatildeo integrado entre as diferentes

secretarias municipais (Obras Meio Ambiente Assistecircncia Social entre outras) e a

Coordenadoria Municipal de Defesa Civil deve ser realizado afim de se tomar medidas

natildeo mais preventivas mas sim preditivas para que se possa conter o avanccedilo destes

problemas na aacuterea urbana principal bem como em toda a aacuterea do municiacutepio

Figura 5 13 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na aacuterea urbana

principal

Fonte Do autor

38

Figura 5 14 Aacutereas sujeitas a alagamento e os principais usos do solo na aacuterea

urbana principal

Fonte Do autor

Ao se associar os dados do estudo do Plano Diretor com os dados do levantamento

histoacuterico realizado com o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) pode-se notar que as aacutereas

propiacutecias a deslizamento estatildeo em regiotildees as quais haacute uma fronteira de declividades ou

seja eacute evidente que os deslizamentos ocorrem em encostas um pouco mais iacutengremes mas

natildeo necessariamente nas encostas de 30-47 as quais exigem estudo teacutecnico conforme o

plano diretor preconiza Quanto aos alagamentos nota-se que eles se localizam nas aacutereas

com menor ou nenhuma declividade podendo ser estas aacutereas talvez componentes da

planiacutecie de inundaccedilatildeo dos rios Estes resultados podem ser vistos nas figuras 515 e 516

a seguir

39

Figura5 15 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a deslizamentos na

regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

Fonte Lei 42412012 e Autor

Figura5 26 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a alagamentos na

regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

Fonte Lei 42412012 e Autor

40

52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis

O processo de ocupaccedilatildeo no municiacutepio de Santos Dumont comeccedilou muito antes de

qualquer legislaccedilatildeo relacionada a ordenamento urbano e de proteccedilatildeo do meio ambiente

fosse implementado no Brasil Esse fato aliado a poliacuteticas e fiscalizaccedilotildees falhas

contribuiacuteram para a ocupaccedilatildeo e expansatildeo da aacuterea urbana ao longo do Ribeiratildeo das Posses

e seus afluentes o que tem gerado o aumento da degradaccedilatildeo destes corpos hiacutedricos ao

longo de todos estes anos Observa-se tambeacutem que nas uacuteltimas deacutecadas ocorreu um

grande nuacutemero de migraccedilotildees do campo para a regiatildeo urbana da cidade fator que

contribuiu para o crescimento do nuacutemero de habitaccedilotildees em aacutereas de risco de deslizamento

e alagamentos por serem na maioria das vezes terrenos menos valorizados e por este

motivo acessiacuteveis a populaccedilatildeo com menor poder aquisitivo (ROSA amp CORTEZ 2008)

Vale ressaltar que esta questatildeo aleacutem de ser ambiental eacute muito mais social pois os

moradores entendem os riscos de se viver nestes locais mas por motivos econocircmicos ou

por questotildees afetivas natildeo abrem matildeo da moradia nessas aacutereas A Constituiccedilatildeo Federal de

1988 promoveu a inter-relaccedilatildeo das questotildees sociais com as questotildees ambientais quando

colocou o meio ambiente como direito coletivo (BRASIL1988 SOUZA2010) Por este

motivo a decisatildeo por medidas draacutesticas que favoreccedilam apenas agrave preservaccedilatildeo do meio

ambiente natildeo eacute recomendada pois aleacutem de ser inconstitucional podem afetar a

sustentabilidade econocircmica do municiacutepio e gerar conflitos sociais consideraacuteveis

(CARLOS 1992 apud SOUZA 2010)

Segundo Bueno (2009) ldquonem tudo o que eacute irregular eacute precaacuteriordquo Esse fato se observa em

Santos Dumont uma vez que em boa parte da regiatildeo central se observa vaacuterias moradias

construiacutedas na faixa de APP de curso hiacutedrico o que natildeo eacute permitido pela legislaccedilatildeo

vigente e eacute um dos fatores que contribui para a ocorrecircncia de alagamentos nesta aacuterea da

cidade Para a resoluccedilatildeo deste problema o que seria mais viaacutevel seria a melhoria da

infraestrutura de drenagem urbana afim de que o escoamento da aacutegua das chuvas natildeo

sobrecarregasse o sistema (BUENO2009) A construccedilatildeo de bacias de contenccedilatildeo de

cheias ao longo do Ribeiratildeo das Posses tambeacutem seria uma alternativa mas para se verificar

a viabilidade necessita-se estudos mais aprofundados do ponto de vista hidroloacutegico

O grande problema a ser solucionado no entanto eacute o que diz respeito agraves aacutereas de risco

de deslizamento majoritariamente nos bairros A melhor alternativa seria o

remanejamento dos moradores para uma aacuterea proacutexima agrave que moram poreacutem longe do

risco Poreacutem esta alternativa de acordo com Rosa Filho amp Cortez (2008) encontra alguns

entraves pois estas pessoas na maioria das vezes natildeo tecircm condiccedilotildees financeiras de irem

para outro lugar ou pagar aluguel ou estatildeo de alguma forma sentimentalmente ligadas

agravequela regiatildeo que se recusam a deixaacute-lo

41

Por parte dos oacutergatildeos competentes no municiacutepio a criaccedilatildeo de um plano para se evitar

acidentes ocasionados por deslizamentos e alagamentos com um mapeamento detalhado

de toda a extensatildeo do municiacutepio eacute extremamente uacutetil Os estudos que seratildeo feitos para a

elaboraccedilatildeo deste plano poderatildeo definir quais as aacutereas satildeo potencialmente de risco para as

ocupaccedilotildees existentes ou para as potenciais ocupaccedilotildees que possam vir a ocorrer atraveacutes do

mapeamento das aacutereas de risco Tal planejamento seraacute auxiliar ao Plano Diretor

Municipal pois definiraacute o real uso do solo de determinada regiatildeo do municiacutepio

contribuindo para a adequaccedilatildeo do uso e ocupaccedilatildeo do solo afim de evitar ou reduzir o

nuacutemero de problemas relacionados a alagamentos e principalmente deslizamentos no

periacutemetro urbano (TOMINAGA 2009) A partir deste plano os gestores locais poderatildeo

tomar a melhor decisatildeo para a prevenccedilatildeo ou reduccedilatildeo dos riscos inerentes a tais problemas

Na seccedilatildeo 521 seraacute hierarquizado de forma preliminar a aacuterea urbana principal de acordo

com os resultados da tabela 51

521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta

O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos (PMRR) foi criado atraveacutes de accedilotildees

regularizadoras do Ministeacuterio das Cidades para ser o instrumento de gestatildeo e

gerenciamento de aacutereas de risco em um municiacutepio Eacute um documento que aleacutem de

estabelecer quais regiotildees satildeo consideradas de risco tambeacutem objetiva a proposta de

medidas estruturais ou natildeo para contenccedilatildeo eou prevenccedilatildeo de cataacutestrofes aleacutem de ser um

meio de captaccedilatildeo de recursos financeiros junto aos Governos Estadual e Federal Estes

recursos poderatildeo ser utilizados para a realizaccedilatildeo de obras que visem a melhoria da

qualidade de vida da populaccedilatildeo do entorno ou de recuperaccedilatildeo da aacuterea degradada Este

plano eacute realizado de forma participativa com as comunidades das aacutereas de risco e pode

ser realizado em sete fases conforme recomenda o Ministeacuterio das Cidades (ALHEIROS

2006)

O primeiro passo para a realizaccedilatildeo do PMRR eacute definir qual a metodologia seraacute empregada

levando-se em consideraccedilatildeo a realidade atual do municiacutepio e especificar de forma sucinta

um cronograma das atividades Eacute importante nesta fase a participaccedilatildeo tambeacutem dos

responsaacuteveis pelas mais variadas Secretarias Municipais afim de explicitar o tamanho da

importacircncia e o caraacuteter integrador deste plano A segunda fase deste plano objetiva a

criaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo da principal base de dados a ser utilizada nos passos posteriores o

mapeamento de risco em escala detalhe em torno de 13000 (SAtildeO PAULO 2014) A

elaboraccedilatildeo de um mapeamento detalhado propiciaraacute natildeo soacute a identificaccedilatildeo mais faacutecil das

aacutereas de risco como tambeacutem facilitaraacute aos gestores e agrave comunidade decidirem qual a

melhor intervenccedilatildeo para a soluccedilatildeo ou remediaccedilatildeo dos problemas em uma determinada

42

aacuterea hierarquizando o risco e definindo prioridades (SAtildeO PAULO 2014) Na tabela a

seguir apresenta-se alguns tipos de intervenccedilotildees que podem ser feitas em aacutereas de risco

sugeridas pelo Ministeacuterio das cidades (ALHEIROS 2006)

Quadro 5 1 - Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco

Tipo de intervenccedilatildeo Descriccedilatildeo

Serviccedilos de limpeza e Recuperaccedilatildeo

Remoccedilatildeo de entulho lixo etc

corte de aacutervores

remoccedilatildeo de bananeiras

recuperaccedilatildeo eou limpeza de sistemas de

drenagem esgotos e acessos

Limpeza de canais de drenagem

Proteccedilatildeo Vegetal

Proteccedilatildeo superficial vegetal (gramiacuteneas) em

taludes com solo exposto

Proteccedilatildeo vegetal de margens de canais de

drenagem

Barreiras vegetais para massas escorregadas

ou acumuladas pela erosatildeo

Drenagem Superficial e Acessos

Sistema de drenagem superficial (canaletas

raacutepidos caixas de transiccedilatildeo escadas drsquoaacutegua)

Acessos para pedestres (escadarias rampas

etc) integrados ao sistema de drenagem

Revestimento de Taludes Revestimento com materiais artificiais

cimentado cal-jet tela argamassada alvenaria

de tijolos ceracircmicos solo-cimento ensacado

Desmonte de blocos e matacotildees Desmonte de concreccedilotildees de grande porte

blocos rochosos e matacotildees

Obras de drenagem de subsuperfiacutecie Sistema de drenagem de subsuperfiacutecie

(trincheiras drenantes DHP poccedilos de

rebaixamento)

Estruturas de contenccedilatildeo (localizadas)

Muros de contenccedilatildeo de pequeno porte (solo-

cimento ensacado alvenaria de pedra-rachatildeo

concreto armado)

Estruturas de contenccedilatildeo localizadas

(chumbadores tirantes microestacas)

Contenccedilatildeo e proteccedilatildeo de margens de canais (

gabiotildees muros de concreto etc)

Estruturas de contenccedilatildeo (meacutedio e grande porte) Implantaccedilatildeo de estruturas de contenccedilatildeo de

meacutedio e grande porte envolvendo obras de

contenccedilatildeo passivas e ativas (muros de

gravidade cortinas etc)

Terraplanagem Execuccedilatildeo de serviccedilos de terraplanagem

combinados a obras de drenagem superficial e

proteccedilatildeo vegetal desvio e canalizaccedilatildeo de

coacuterregos

Remoccedilatildeo de moradias Remoccedilotildees definitivas para implantaccedilatildeo de

obras ou devido agrave localizaccedilatildeo improacutepria da

edificaccedilatildeo (Priorizar as relocaccedilotildees dentro da

proacutepria aacuterea em local seguro)

Fonte ALHEIROS 2006

43

Escolhidas as formas de intervenccedilatildeo para cada aacuterea eacute necessaacuterio realizar uma estimativa

dos custos afim de preparar o orccedilamento da prefeitura para a realizaccedilatildeo das obras e se

seraacute necessaacuterio a captaccedilatildeo de recursos externos para a execuccedilatildeo destas Feitas as

estimativas de custo o proacuteximo passo eacute definir as prioridades e para esta fase eacute tambeacutem

uacutetil o mapeamento feito nas etapas anteriores pois seraacute necessaacuterio hierarquizar tais

intervenccedilotildees nas aacutereas de risco O Ministeacuterio das Cidades (2007) sugere alguns criteacuterios

que podem ser avaliados pelo gestor dentre eles pode-se citar

Grau de risco

Populaccedilatildeo beneficiada

Custo da intervenccedilatildeo

Dimensatildeo da aacuterea a ser tratada

Demandas anteriores da populaccedilatildeo

Tempo de ocupaccedilatildeo

Viabilidade teacutecnica da intervenccedilatildeo

Viabilidade financeira

Inclusatildeo da aacuterea em outros projetos

A partir desta hierarquizaccedilatildeo inicia-se a identificaccedilatildeo de provaacuteveis fontes de captaccedilatildeo de

recursos para a execuccedilatildeo das intervenccedilotildees Estes recursos podem advir de programas dos

governos Federal e Estadual ou por meio de editais para captaccedilatildeo de recursos financeiros

tanto do setor puacuteblico como da iniciativa privada e podem ser tambeacutem associados agrave outras

Secretarias Municipais como a de Turismo ou Meio Ambiente e natildeo soacute as destinadas agrave

Defesa Civil (ALHEIROS 2006)

Eacute previsto tambeacutem no PMRR uma avaliaccedilatildeo da Defesa Civil municipal e como ela estaacute

estruturada fazendo inclusive sugestotildees para que sua atuaccedilatildeo esteja em consonacircncia com

a realidade das comunidades e da Administraccedilatildeo Puacuteblica do municiacutepio de forma a garantir

sua sustentabilidade e conquistar a credibilidade da populaccedilatildeo no que diz respeito a

prevenccedilatildeo de cataacutestrofes Para que a resposta a uma determinada situaccedilatildeo de risco seja

raacutepida eacute necessaacuterio a descentralizaccedilatildeo da Defesa Civil criando pequenos nuacutecleos

comunitaacuterios com a finalidade de se monitorar a aacuterea constantemente e promover as

intervenccedilotildees necessaacuterias em tempo haacutebil o que aumenta em muito a credibilidade da

populaccedilatildeo no PMRR e no trabalho desempenhado pela Defesa Civil no municiacutepio Apoacutes

esta etapa o PMRR passaraacute por audiecircncias puacuteblicas e posteriormente poderaacute ser aprovado

como Lei Municipal pelo Legislativo local (ALHEIROS 2006)

Com a realizaccedilatildeo deste plano o municiacutepio estaraacute munido de informaccedilotildees suficientes para

realizar accedilotildees efetivas de gestatildeo e gerenciamento de riscos bem como aliado a

levantamentos sociais realizar programas habitacionais que beneficiem prioritariamente

44

aos moradores das aacutereas de risco Aleacutem disso com o PMRR o municiacutepio poderaacute melhorar

a qualidade ambiental da populaccedilatildeo captando recursos para a recuperaccedilatildeo das aacutereas de

APP que foram degradadas pelas ocupaccedilotildees irregulares beneficiando todos os moradores

do municiacutepio com o aumento da qualidade de vida na cidade

A partir do disposto nesta seccedilatildeo acerca do Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos e de

uma maneira preliminar (levando-se em conta apenas o nuacutemero de registros de

alagamentos e deslizamentos na aacuterea urbana principal de Santos Dumont no periacuteodo de

1984 a 2014) identificou-se trecircs regiotildees distintas na aacuterea urbana do municiacutepio com

tempo de recorrecircncia desses eventos similares caracterizando trecircs prioridades de

intervenccedilatildeo em contenccedilatildeo de risco como pode ser visto nas figuras 515 e 516 Vale

ressaltar que eacute necessaacuterio um estudo mais detalhado inclusive com visitas teacutecnicas a

campo para que se confirme a real situaccedilatildeo destas e a real prioridade para investimentos

Figura 5 17 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de deslizamentos

Fonte Do Autor

45

Figura 5 18 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de alagamentos

Fonte Do Autor

46

6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees

A seguir apresenta-se as conclusotildees e as recomendaccedilotildees feitas a partir dos objetivos

especiacuteficos explicitados no iniacutecio deste trabalho

Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a

aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes

urbanos

A partir da revisatildeo da legislaccedilatildeo pertinente em acircmbito federal estadual e

municipal constatou-se que o Plano Diretor de Santos Dumont natildeo conflita com a

legislaccedilatildeo federal e estadual sobre Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente A legislaccedilatildeo

municipal foi entendida como mais conservadora que as federal e estadual uma

vez que considera implicitamente que declividades entre 47 e 100 satildeo

enquadradas como APPs aleacutem da faixa superior a 100

Parte consideraacutevel das ocupaccedilotildees em APP principalmente na regiatildeo do bairro

Santo Antocircnio (onde surgiu os primeiros nuacutecleos que deram origem ao municiacutepio)

e o centro da cidade ocorreram antes de que fosse elaborado qualquer legislaccedilatildeo

que versasse sobre o tema Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente bastando ao gestor

local tomar medidas de contenccedilatildeo de riscos que minimizem os impactos causados

por essas ocupaccedilotildees nessa regiatildeo

O ordenamento adequado do uso do solo no municiacutepio eacute necessaacuterio para que o

crescimento dos loteamentos criados anteriormente agrave esta Lei e o surgimento de

novos natildeo avance para Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente o que pode causar

inuacutemeros problemas aos moradores e agravar os jaacute existentes

Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las

com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)

As aacutereas onde houveram a maior quantidade de registros de deslizamentos satildeo os

bairros mais populosos de Santos Dumont podendo se estabelecer uma relaccedilatildeo

que quanto mais populoso o bairro maior a quantidade de problemas relacionados

a deslizamentos Tambeacutem pode-se notar uma relaccedilatildeo com as fronteiras das faixas

de declividades e os deslizamentos uma vez que boa parte deles aconteceram

nestas faixas

As aacutereas onde houve um grande nuacutemero de registros de alagamentos satildeo os bairros

que se desenvolveram agraves margens do Ribeiratildeo das Posses em especial na aacuterea que

47

compreende as APPs de curso hiacutedrico e em aacutereas onde a declividade eacute baixa Esse

fato aliado ao crescimento do nuacutemero de vias pavimentadas com material

impermeaacutevel e a natildeo expansatildeo e ou redimensionamento da rede de drenagem

urbana contribuiacuteram para a ocorrecircncia cada vez mais constante de alagamentos

nessas aacutereas

Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos

catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30

anos

A partir do levantamento histoacuterico realizado e da base de dados georeferenciada

gerada observou-se o aumento do nuacutemero de registros de deslizamentos e

alagamentos nos uacuteltimos 10 anos quando as ocorrecircncias comeccedilaram a se repetir

numa mesma aacuterea com frequecircncia incrementada as vezes com mais de uma

ocorrecircncia anual

Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do

solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental

Destaca-se a adequaccedilatildeo dos criteacuterios gerais estabelecidos pelo Plano Diretor de

Santos Dumont relativos a legislaccedilatildeo federal e estadual Entretanto o referido

Plano Diretor natildeo contempla todo o territoacuterio municipal sendo assim ele natildeo

cumpre o objetivo de proteger as APPs preservadas e recuperar as que foram

degradadas em todo o territoacuterio municipal Ressalta-se tambeacutem a sua natildeo

conformidade com o Estatuto das Cidades uma vez que o Plano Diretor

contempla apenas os novos loteamentos

Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais

negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea

impactada

Recomenda-se a implantaccedilatildeo no municiacutepio de uma Coordenadoria Municipal de

Defesa Civil atuante e integrada agraves Secretarias Municipais e agrave comunidade

visando uma atuaccedilatildeo eficaz nos problemas relacionados a deslizamentos e

alagamentos A elaboraccedilatildeo de um Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos eacute de

suma importacircncia pois atraveacutes dele pode-se predizer as aacutereas que passaratildeo por

problemas caso a expansatildeo aconteccedila ou se inicie uma ocupaccedilatildeo nova aleacutem de

prevenir acidentes nas aacutereas jaacute ocupadas e consideradas de risco

48

7 Anexos

49

71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont

50

51

72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)

52

53

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Page 7: O USO DO SOLO URBANO EM ÁREAS DE PRESERVAÇÃO … · social que você tenha na vida, a mais alta ou a mais baixa, tenha sempre como meta muita força, muita determinação e sempre

vi

ABSTRACT

Issues related to the occurrence of landslides and flooding is a constant in urban daily life

particularly in the rainy season where the problems become evident These events in

recent years were not restricted only to large cities but also small towns which suffer

from lack of resources and specialized staff to anticipate and predict resulting tragedies

of the floods and landslides caused by the disorderly occupation especially in Permanent

Preservation areas Over the past 10 years Santos Dumont has been constantly increasing

number of cases of landslides and especially flooding for not having an integrated

planning and active in the containment of such events The aim of this study is to

contribute to the formulation of public policies in order to correct and prevent such events

in the urban area of the city For it was generated a historical data base for a period of 30

years associated with the processing of images obtained by radar and satellites provided

identify the points that deserve more attention and also made possible through

quantitative criterion propose a hierarchy of neighborhoods that deserve priority in

investments related to risk containment With the combination of maps and the

comparison between the study for the preparation of the Master Plan and the historical

survey from primary data can be observed that most of the cases of flooding and some

landslides occur in the course of APP range water You can also establish a relationship

between the neighborhood size and the number of related events to landslides

vii

SUMAacuteRIO

LISTA DE FIGURAS 2

LISTA DE TABELAS E QUADROS 4

1 INTRODUCcedilAtildeO 5

2 OBJETIVOS 6

21 Objetivo geral 6

22 Objetivos especiacuteficos 6

3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 7

31 Conceitos Fundamentais 7

311 Aacutereas de risco 7

312 Deslizamentos 8

313 Alagamentos 8

314 Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente 9

315 Uso e ocupaccedilatildeo do solo 9

32 Legislaccedilatildeo Pertinente 10

321 As adequaccedilotildees da legislaccedilatildeo ao longo dos anos 10

322 O Novo Coacutedigo Florestal e a legislaccedilatildeo mineira 11

323 O Plano Diretor 13

3231 O Plano Diretor de Santos Dumont 14

33 O Municiacutepio de Santos Dumont 16

331 De Arraial a cidade 16

332 Santos Dumont na atualidade 19

4 METODOLOGIA 20

41 Aacuterea de estudo 20

42 Levantamento e tratamento dos dados 21

5 RESULTADOS 23

51 Levantamento histoacuterico de alagamentos e deslizamentos 23

512 O Plano diretor e as APPs 31

52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis 40

521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta 41

6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees 46

7 Anexos 48

71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont 49

72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos

(1984-2014) 51

8 Referecircncias Bibliograacuteficas 53

2

LISTA DE FIGURAS

Paacuteg

Figura 31 Vista parcial do Arraial de Joatildeo Gomes 17

Figura 32 Municiacutepio de Palmyra na deacutecada de 1920 18

Figura 33 Municiacutepio de Santos Dumont em 2014 19

Figura 41 Localizaccedilatildeo da aacuterea urbana principal 20

Figura 42 Mapa da aacuterea urbana principal com a localizaccedilatildeo dos

bairros

21

Figura 51 Deslizamento no bairro Coacuterrego do Ouro 25

Figura 52 Alagamento na regiatildeo central de Santos Dumont em 2013 26

Figura 53 Pontos de Alagamento obtidos atraveacutes do levantamento

histoacuterico

27

Figura 54 Pontos de Deslizamento obtidos atraveacutes do levantamento

histoacuterico

27

Figura 55 Aacutereas propensas a deslizamento de acordo com o Plano

Diretor de Santos Dumont

29

Figura 56 Aacutereas propensas a alagamento de acordo com o Plano

Diretor de Santos Dumont

29

Figura 57 Aacutereas propensas a alagamento do estudo do Plano Diretor

complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do

levantamento

30

Figura 58 Aacutereas propensas a deslizamento do estudo do Plano

Diretor complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do

levantamento

31

Figura 59 Zoneamento urbano da aacuterea urbana principal 32

Figura 510 Combinaccedilatildeo entre as declividades importantes incluindo

as APPs e o zoneamento urbano

34

Figura 511 Combinaccedilatildeo entre as APPs de curso hiacutedrico e as zonas de

planejamento

35

Figura 512 Mapa de usos do solo da aacuterea urbana principal de Santos

Dumont

36

Figura 513 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na

aacuterea urbana principal

37

Figura 514 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na

aacuterea urbana principal

38

Figura 515 Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a

deslizamentos na regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

39

Figura 516 Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a

alagamentos na regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

39

3

Figura 517 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de

deslizamentos

44

Figura 518 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de

alagamentos

45

4

LISTA DE TABELAS E QUADROS

Paacuteg

Tabela 51 Ocorrecircncias de alagamento e deslizamento obtidos

atraveacutes do levantamento histoacuterico

28

Tabela 52 Assinaturas da combinaccedilatildeo Declividade x Zoneamento 34

Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x

Zoneamento

36

Quadro 51 Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco 42

5

1 INTRODUCcedilAtildeO

Quando o ser humano deixou de seguir uma vida nocircmade e passou a se fixar em locais

em geral proacuteximos a cursos drsquoaacutegua e de aacutereas propicias ao cultivo de alimentos iniciou-

se o processo de implantaccedilatildeo de pequenas comunidades e quando estas comunidades

comeccedilaram a crescer natildeo soacute em quantidade mas tambeacutem do ponto de vista

organizacional deu-se iniacutecio a formaccedilatildeo das cidades tal como conhecemos hoje Como

resultado deste processo um sem-fim de problemas relacionados agrave estas ocupaccedilotildees

surgiram tanto de cunho ambiental quanto social e dentre estes problemas estatildeo

incluiacutedos os desastres naturais relacionados a deslizamentos e alagamentos por conta da

ocupaccedilatildeo em aacutereas natildeo adequadas a este fim

Nos uacuteltimos anos o Brasil tem vivenciado grandes trageacutedias relacionadas a deslizamentos

e alagamentos Uma boa parte destes eventos teve como fator agravante as ocupaccedilotildees

sem criteacuterio e sem orientaccedilatildeo teacutecnica Um exemplo recente aconteceu no Vale do Itajaiacute

em Santa Catarina em novembro de 2008 durante um periacuteodo com chuvas intensas em

que vaacuterias cidades entraram em situaccedilatildeo de calamidade puacuteblica devido ao grande nuacutemero

de casos de alagamento e graves deslizamentos de encostas causando a morte de vaacuterias

pessoas na regiatildeo No Estado do Rio de Janeiro em 2010 o Morro do Bumba em Niteroacutei

sofreu com um grave deslizamento que deixou um grande nuacutemero de mortos As casas

foram construiacutedas sobre um antigo lixatildeo sem nenhuma orientaccedilatildeo e com as intensas

chuvas que assolaram a regiatildeo naquela eacutepoca a encosta veio a baixo causando o desastre

Outra trageacutedia relevante aconteceu na regiatildeo Serrana do Rio de Janeiro que foi

considerada ateacute entatildeo a maior trageacutedia climaacutetica da histoacuteria do paiacutes com pouco mais de

500 mortos e um prejuiacutezo material incalculaacutevel no ano de 2011 Em comum a todos estes

fatos estaacute a falta de um planejamento efetivo por parte dos oacutergatildeos municipais no que diz

respeito ao disciplinamento do uso e ocupaccedilatildeo do solo e a fiscalizaccedilatildeo do cumprimento

da legislaccedilatildeo vigente

A cidade de Santos Dumont Minas Gerais natildeo eacute exceccedilatildeo a esta regra Como a grande

maioria das comunidades estabelecidas ao longo da Estrada Real a cidade surgiu como

um pequeno rancho cujo objetivo era servir de pouso para os viajantes que faziam o

transporte de pedras e metais preciosos das minas de Ouro Preto ateacute o Rio de Janeiro

Posteriormente a regiatildeo se desenvolveu como importante entreposto industrial e

comercial a partir da instalaccedilatildeo da ferrovia D Pedro II ateacute que no final do seacuteculo XIX

se transforma em vila e logo apoacutes em municiacutepio O desenvolvimento da regiatildeo implicou

tambeacutem no crescimento populacional e como naquela eacutepoca ainda natildeo havia uma

legislaccedilatildeo especiacutefica para ordenamento e uso do solo os loteamentos foram surgindo agraves

margens do Ribeiratildeo das Posses e em aacutereas cuja declividade natildeo era favoraacutevel agrave ocupaccedilatildeo

6

o que consequentemente acarretou deslizamentos de terra e alagamentos inclusive com

o registro de algumas trageacutedias ao longo dos anos

Pretende-se que este trabalho sirva como subsidio ao gestor puacuteblico local visando o

estabelecimento de poliacuteticas puacuteblicas integradas aos setores de meio ambiente e defesa

civil com vistas a garantir a seguranccedila de todos os muniacutecipes e a qualidade de vida em

todo o territoacuterio municipal

2 OBJETIVOS

21 Objetivo geral

O objetivo geral deste trabalho eacute contribuir para o estabelecimento de poliacuteticas puacuteblicas

direcionadas ao disciplinamento do uso e ocupaccedilatildeo do solo urbano no municiacutepio de

Santos Dumont

22 Objetivos especiacuteficos

Satildeo objetivos especiacuteficos

Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a

aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes

urbanos

Caracterizar o uso irregular do solo urbano em Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente

Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las

com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)

Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos

catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30

anos

Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do

solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental

7

Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais

negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea

impactada

3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

A seguir eacute apresentada a revisatildeo bibliograacutefica que fundamenta o desenvolvimento e o

pleno entendimento deste trabalho O conhecimento do que satildeo aacutereas de risco

alagamentos e deslizamentos bem como o que eacute e qual a importacircncia de um Plano Diretor

eacute de suma importacircncia para se avaliar como um municiacutepio estaacute se desenvolvendo e qual

a qualidade de vida dos muniacutecipes Tambeacutem satildeo abordados neste capiacutetulo os aspectos

legais referentes agraves Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente seus limites e sua importacircncia para

o ambiente urbano

31 Conceitos Fundamentais

311 Aacutereas de risco

De acordo com o Instituto de Pesquisas Tecnoloacutegicas ndash IPT entende-se como aacuterea de

risco aquela ldquopassiacutevel de ser atingida por fenocircmenos ou processos naturais eou induzidos

que causem efeito adverso As pessoas que habitam essas aacutereas estatildeo sujeitas a danos agrave

integridade fiacutesica perdas materiais e patrimoniaisrdquo (MINISTEacuteRIO DAS CIDADES

2007)

Para Augusto Filho et al (1990) apud Cristo (2002) aacuterea de risco eacute caracterizada como

aquela em que ldquose encontra em situaccedilatildeo de perigo tanto socialmente quanto

economicamente por conta de alguma alteraccedilatildeo na constituiccedilatildeo do terreno ou com grande

probabilidade de ocorrer processos naturaisrdquo

Segundo Fernandes (2012) aacutereas de risco ldquosatildeo aacutereas consideradas improacuteprias ao

assentamento humano por estarem sujeitas a riscos naturaisrdquo

Diante das definiccedilotildees supracitadas pode-se dizer que aacuterea de risco satildeo aacutereas susceptiacuteveis

agrave accedilatildeo de eventos naturais extremos e por esse motivo natildeo eacute viaacutevel agrave ocupaccedilatildeo humana

nestes locais e pode ou natildeo estar associados agrave proximidade ou nos limites de uma APP

8

312 Deslizamentos

Segundo Tominaga (2009) deslizamento eacute o movimento de solo em uma vertente pela

accedilatildeo da gravidade e satildeo mais frequentes em regiotildees de relevo montanhoso e em periacuteodos

chuvosos sendo a pluviosidade um dos principais fatores condicionantes para a ocorrecircncia

do processo Os deslizamentos podem ocorrer naturalmente e eacute grande responsaacutevel pela

dinacircmica das vertentes e evoluccedilatildeo do relevo local mas no Brasil a falta de planejamento

urbano de uma boa parte dos municiacutepios a ocupaccedilatildeo desordenada e a construccedilatildeo de

domiciacutelios sem orientaccedilatildeo teacutecnica tecircm transformado um processo natural em um

problema que algumas vezes se tornam grandes trageacutedias Na regiatildeo Sudeste brasileira o

escorregamento do tipo rotacional eacute o mais comum e eacute caracterizado por uma ruptura

curva no solo que estaacute geralmente associada agrave realizaccedilatildeo de cortes na base do talude ou

por processos erosivos fluviais o que relaciona esse tipo de escorregamento agraves regiotildees

urbanas mal planejadas e coloca o homem como o principal agente efetivo associado com

a pluviosidade na ocorrecircncia de acidentes relacionados com deslizamentos

(FERNANDES amp AMARAL 1996 apud TOMINAGA 2009)

313 Alagamentos

De acordo com Amaral amp Ribeiro (2009) inundaccedilotildees e enchentes satildeo processos

intimamente relacionados com a pluviosidade pois satildeo frequentes em periacuteodos de chuvas

fortes e raacutepidas ou chuvas de longa duraccedilatildeo e estatildeo relacionados agrave intensidade e

distribuiccedilatildeo da precipitaccedilatildeo ao longo da bacia agrave capacidade do solo de reter e infiltrar

aacutegua e agraves caracteriacutesticas de forma da bacia de drenagem

O escoamento das aacuteguas pluviais na natureza eacute lento mas em aacutereas urbanizadas a accedilatildeo

antroacutepica relacionada a ocupaccedilatildeo de planiacutecies de inundaccedilatildeo que podem estar inclusive

em uma cota abaixo do leito do rio impermeabilizaccedilatildeo do solo e retificaccedilatildeo de corpos

drsquoaacutegua aleacutem de inuacutemeras atividades que promovem o assoreamento dos rios e coacuterregos

tem gerado resultados catastroacuteficos e grandes prejuiacutezos (AMARAL amp RIBEIRO 2009)

Quando se refere agraves regiotildees urbanas o termo ldquoalagamentordquo eacute o mais utilizado e segundo

o Ministeacuterio das Cidades (2006) define-se como o ldquoacuacutemulo momentacircneo de aacuteguas em

uma dada aacuterea por problemas no sistema de drenagem podendo ter ou natildeo relaccedilatildeo com

processos de natureza fluvialrdquo Tambeacutem o termo ldquoenxurradardquo eacute utilizado e define-se como

o ldquoescoamento superficial concentrado e com alta energia de transporte que pode ou natildeo

estar associado a aacutereas de domiacutenio dos processos fluviais Eacute comum a ocorrecircncia de

enxurradas ao longo de vias implantadas sobre antigos cursos drsquoaacutegua com alto gradiente

hidraacuteulico e em terrenos com alta declividade naturalrdquo

9

314 Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente

O Novo Coacutedigo Florestal Brasileiro define Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP) como

ldquoaacuterea protegida coberta ou natildeo por vegetaccedilatildeo nativa com a funccedilatildeo ambiental de

preservar os recursos hiacutedricos a paisagem a estabilidade geoloacutegica e a biodiversidade

facilitar o fluxo gecircnico de fauna e flora proteger o solo e assegurar o bem-estar das

populaccedilotildees humanasrdquo (BRASIL2012) Estas aacutereas satildeo muito importantes tanto no meio

urbano como no rural por garantir a estabilidade do solo em encostas iacutengremes contribuir

para a natildeo formaccedilatildeo de processos erosivos e o assoreamento de rios e coacuterregos aleacutem de

garantir a recarga de aquiacuteferos ao atuar como um amortecedor de chuvas retendo-a e

impedindo que ocorra um carreamento intenso de sedimentos ao longo dos morros e

margens de rios e coacuterregos (SKORUPA 2004) A Lei 126512012 apresenta os tipos de

APP e seus limites conforme seraacute visto no item 322

315 Uso e ocupaccedilatildeo do solo

Dentre os vaacuterios mecanismos de ordenamento urbano e instrumentos de planejamento

municipal previsto no Estatuto da Cidade (Lei Federal 102572001) o uso e ocupaccedilatildeo

do solo satildeo os mais utilizados pelas cidades para a formulaccedilatildeo das poliacuteticas urbanas

podendo definir o uso como a forma como esta parcela do solo eacute utilizada e a ocupaccedilatildeo

como sendo o modo como as edificaccedilotildees devem ser dispostas nesta mesma parcela do

solo urbano (TAKEDA 2015) O termo ldquoUso e ocupaccedilatildeo do solordquo tambeacutem pode ser

definido como o fator que determina como as mais diferentes regiotildees de um municiacutepio

deve se desenvolver (FONTOURA 2015)

A inserccedilatildeo de leis municipais de uso e ocupaccedilatildeo do solo objetivam ser uma referecircncia

para os gestores locais no processo de tomada de decisatildeo para que as cidades cresccedilam de

modo organizado enfatizando os potenciais e capacidades de cada regiatildeo aleacutem de tornar

o crescimento mais homogecircneo Com isso pretende-se evitar a formaccedilatildeo de grandes

adensamentos em pequenas aacutereas garantindo a mobilidade e a qualidade de vida de todos

os muniacutecipes tanto da regiatildeo urbana como da rural preservar e melhorar a qualidade

ambiental do municiacutepio aleacutem de evitar deslizamentos e alagamentos por conta da

ocupaccedilatildeo incorreta do solo (TAKEDA 2015)

10

32 Legislaccedilatildeo Pertinente

321 As adequaccedilotildees da legislaccedilatildeo ao longo dos anos

A problemaacutetica relacionada agraves APPs em aacutereas urbanas outrora era uma questatildeo complexa

e demandava uma larga discussatildeo do ponto de vista juriacutedico administrativo e teacutecnico Eacute

sabido que a maioria das cidades se formaram proacuteximos aos corpos hiacutedricos regiatildeo que

garantia o abastecimento de aacutegua e alimentos agrave populaccedilatildeo e tambeacutem facilitava o descarte

dos efluentes A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 225 daacute garantia aos

brasileiros de um meio ambiente em equiliacutebrio e concede agrave toda a sociedade o dever de

preservaacute-lo de acordo com os princiacutepios do desenvolvimento sustentaacutevel (BRASIL

1988) Antes desta Constituiccedilatildeo jaacute havia um texto que regulamentava a questatildeo da

preservaccedilatildeo de aacutereas verdes em todo o territoacuterio nacional A Lei Federal nordm 477165 que

trata do Coacutedigo Florestal estabelecia limites e regulamentava as Aacutereas de Preservaccedilatildeo

Permanente De acordo com Arauacutejo (2002) apud De Moraes (2014) essa Lei que fora

revogada e substituiacuteda pela Lei 126512012 era bastante falha no que diz respeito agraves

questotildees de APPS em aacutereas urbanas o que poderia ser um facilitador do natildeo cumprimento

do que foi proposto por aquela legislaccedilatildeo nestas aacutereas Isso se devia ao fato de o Coacutedigo

Florestal de 1965 ter deixado uma duacutevida sobre qual legislaccedilatildeo seguir uma vez que em

seu segundo artigo no paraacutegrafo uacutenico estava disposto que em aacutereas urbanas devia-se

atentar para a legislaccedilatildeo referente ao Plano Diretor e as referentes ao uso do solo na aacuterea

do municiacutepio (BRASIL 1965) Diante dessa conjuntura alguns municiacutepios optavam pela

natildeo aplicaccedilatildeo do Coacutedigo Florestal na regiatildeo urbana mesmo sabendo que a poliacutetica

conservacionista eacute extremamente importante visto o grande nuacutemero de problemas que

podem advir do uso irregular das APPs (DE MORAES 2009) Segundo o artigo 182 da

Constituiccedilatildeo Federal de 1988 as poliacuteticas relacionadas ao desenvolvimento urbano

devem ser elaboradas pelos municiacutepios e objetiva garantir o bem estar dos muniacutecipes e

tambeacutem o desenvolvimento do municiacutepio como um todo atraveacutes do atendimento agraves

exigecircncias do Plano Diretor (BRASIL 1988) O que podia gerar alguma divergecircncia seria

se o Plano Diretor Municipal propusesse uma faixa de APP menor que a prevista pelo

Coacutedigo Florestal Sendo assim essa legislaccedilatildeo perderia sua validade pelo fato de a

legislaccedilatildeo federal ser suplementar ou se seria cumprida devido ao disposto no artigo 182

da Constituiccedilatildeo Segundo De Moraes (2009) natildeo eacute aceitaacutevel que o Plano Diretor

Municipal legitime tal degradaccedilatildeo ambiental uma vez que um dos seus principais

objetivos eacute a proteccedilatildeo do bem estar puacuteblico estando incluiacutedo nesse a proteccedilatildeo do

ambiente natural A delimitaccedilatildeo e especificaccedilatildeo das APPs em Lei eacute necessaacuteria uma vez

que os limites miacutenimos destinados agrave preservaccedilatildeo satildeo importantes pois garantem a

proteccedilatildeo tanto da qualidade quanto da quantidade dos recursos hiacutedricos e evitam a

ocupaccedilatildeo em locais propiacutecios aos deslizamentos e zonas de recarga dos aquiacuteferos

11

subterracircneos assegurando tambeacutem de certa forma a integridade dos seres humanos que

potencialmente ocupariam tais locais (CARVALHO 2013)

Neste trabalho a legislaccedilatildeo tomada como referecircncia eacute a prevista pela Constituiccedilatildeo Federal

de 1988 o Novo Coacutedigo Florestal (Lei 126512012) e o Estatuto das Cidades (Lei

102572001) em acircmbito federal Na esfera estadual a Lei 209222013 versa sobre os

limites para APP em todo o territoacuterio de Minas A Lei Municipal 42412012 trata do

Plano Diretor Municipal da cidade de Santos Dumont onde se encontra as diretrizes para

o uso e ocupaccedilatildeo do solo e o zoneamento da cidade de acordo com as caracteriacutesticas do

solo entre outras

322 O Novo Coacutedigo Florestal e a legislaccedilatildeo mineira

O Novo Coacutedigo Florestal Lei Federal 126512012 substituiu a Lei Federal 47711965

Dentre os vaacuterios artigos que esta lei possui o que apresenta maior importacircncia para o

planejamento e o ordenamento das cidades tanto na aacuterea urbana como na rural eacute o artigo

4ordm em que constam as faixas de APP tanto para curso hiacutedrico como para declividade e

altitude aleacutem dos topos de morro a saber (BRASIL2012)

ldquoArt 4ordm Considera-se Aacuterea de Preservaccedilatildeo

Permanente em zonas rurais ou urbanas para os

efeitos desta Lei

I - as faixas marginais de qualquer curso drsquoaacutegua

natural perene e intermitente excluiacutedos os

efecircmeros desde a borda da calha do leito regular

em largura miacutenima de

a) 30 (trinta) metros para os cursos drsquoaacutegua de

menos de 10 (dez) metros de largura

b) 50 (cinquenta) metros para os cursos drsquoaacutegua

que tenham de 10 (dez) a 50 (cinquenta) metros de

largura

()

IV - as aacutereas no entorno das nascentes e dos olhos

drsquoaacutegua perenes qualquer que seja sua situaccedilatildeo

topograacutefica no raio miacutenimo de 50 (cinquenta)

metros

12

V - as encostas ou partes destas com declividade

superior a 45deg equivalente a 100 (cem por

cento) na linha de maior declive

()

IX - no topo de morros montes montanhas e

serras com altura miacutenima de 100 (cem) metros e

inclinaccedilatildeo meacutedia maior que 25deg as aacutereas

delimitadas a partir da curva de niacutevel

correspondente a 23 (dois terccedilos) da altura

miacutenima da elevaccedilatildeo sempre em relaccedilatildeo agrave base

sendo esta definida pelo plano horizontal

determinado por planiacutecie ou espelho drsquoaacutegua

adjacente ou nos relevos ondulados pela cota do

ponto de sela mais proacuteximo da elevaccedilatildeo

X - as aacutereas em altitude superior a 1800 (mil e

oitocentos) metros qualquer que seja a

vegetaccedilatildeo

()rdquo

A legislaccedilatildeo atual em seu artigo 4ordm evidencia que as faixas e aacutereas determinadas como

APP compreendem tanto as aacutereas rurais quanto urbanas (BRASIL 2012) retirando a

duacutevida anterior e sendo essa a Lei suplementar qualquer faixa de APP mais permissiva

na legislaccedilatildeo estadual e municipal satildeo invaacutelidas o que simplificou de certa forma a

aplicabilidade da Legislaccedilatildeo referente a Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente

No Estado de Minas Gerais a Lei Estadual 20922 de 16 de Outubro de 2013 trata do tema

em acircmbito estadual mas com os mesmos princiacutepios propostos pela Lei Federal sendo os

limites miacutenimos previstos para as APPs os mesmos propostos pelo Novo Coacutedigo

Florestal brasileiro (MINAS GERAIS2013)

ldquo Art 9ordm Para os efeitos desta Lei em zonas rurais

ou urbanas satildeo APPs

I as faixas marginais de cursos drsquoaacutegua naturais

perenes e intermitentes excluiacutedos

os efecircmeros medidas a partir da borda da calha

do leito regular em largura miacutenima de

13

a) 30m (trinta metros) para os cursos drsquoaacutegua de

menos de 10m (dez metros) de largura

b) 50m (cinquenta metros) para os cursos drsquoaacutegua

de 1 0m (dez metros) a 50m (cinquenta metros) de

largura

()

IV as aacutereas no entorno das nascentes e dos olhos

drsquoaacutegua perenes no raio miacutenimo de 50m

(cinquenta metros)

V as encostas ou partes destas com declividade

superior a 45ordm (quarenta e cinco graus)

equivalente a 100 (cem por cento) na linha de

maior declive

()

VII no topo de morros montes montanhas e

serras com altura miacutenima de 100m (cem metros)

e inclinaccedilatildeo meacutedia maior que 25ordm (vinte e cinco

graus) as aacutereas delimitadas a partir da curva de

niacutevel correspondente a 23 (dois terccedilos) da altura

miacutenima da elevaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave base sendo esta

definida pelo plano horizontal determinado por

planiacutecie ou espelho drsquoaacutegua adjacente ou nos

relevos ondulados pela cota do ponto de sela mais

proacuteximo da elevaccedilatildeo

VIII as aacutereas em altitude superior a 1 800m (mil

e oitocentos metros)

()rdquo

323 O Plano Diretor

O Estatuto das Cidades em seu artigo 40 prevecirc o plano diretor como um instrumento

capaz de promover a poliacutetica urbana englobando toda a cidade aleacutem de fornecer padrotildees

e limites para o uso do solo nas mais diversas regiotildees do municiacutepio com vistas a

harmonizar o desenvolvimento urbano com a preservaccedilatildeo do meio ambiente (SILVA JR

2006) Este instrumento eacute obrigatoacuterio para cidades com mais de 20 mil habitantes ou

14

aacutereas que integrem regiotildees metropolitanas ou de interesse turiacutestico O artigo 41 do

Estatuto das cidades tambeacutem prevecirc a obrigatoriedade do Plano Diretor para cidades que

possuem em sua aacuterea empreendimentos que caracterizem grandes impactos ambientais

de influecircncia regional ou nacional e cidades que possuem problemas com deslizamentos

de grande magnitude ou alagamentos repentinos (BRASIL 2001)

O Plano diretor de acordo com o Estatuto das Cidades deve ser aprovado como lei em

acircmbito municipal e revisto a cada dez anos Este documento eacute uacutenico pois cada cidade

possui suas peculiaridades infraestrutura vocaccedilotildees e problemas que por mais que sejam

parecidos entre si satildeo diferenciados pela intensidade e pela regionalizaccedilatildeo Sendo assim

a confecccedilatildeo do Plano Diretor deve conter a participaccedilatildeo de toda a comunidade local de

forma a reduzir as desigualdades sociais os gastos puacuteblicos desnecessaacuterios a degradaccedilatildeo

ambiental e combater os problemas relacionados a urbanizaccedilatildeo de forma conjunta

promovendo um processo de tomada de decisatildeo que garanta a qualidade de vida

preservaccedilatildeo e o desenvolvimento social do municiacutepio como um todo (ROSSBACH amp

CARVALHO 2010)

3231 O Plano Diretor de Santos Dumont

A Lei Municipal nordm 424112 que entrou em vigor no ano de 2014 trata do Plano Diretor

Municipal instrumento previsto no Estatuto das Cidades para garantir aos cidadatildeos um

desenvolvimento urbano organizado justo e sustentavelmente econocircmico (BRASIL

2001) Aleacutem de apontar as diretrizes para a elaboraccedilatildeo da Poliacutetica Municipal dos mais

variados setores o Plano Diretor divide o municiacutepio em macrozonas urbanas e rurais

Estas zonas tecircm por objetivo facilitar a identificaccedilatildeo dos setores que permitem ou natildeo o

desenvolvimento da cidade e em que magnitude pode ser feita a expansatildeo respeitando ao

meio ambiente e tambeacutem o que eacute previsto no tocante ao uso e ocupaccedilatildeo do solo nessas

aacutereas Aleacutem disso ela estabelece a forma como devem ser as edificaccedilotildees nas referidas

aacutereas As aacutereas definidas como macrozonas urbanas e foram subdivididas em (SANTOS

DUMONT2012)

ldquoZona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e

da Paisagem (ZPPH) satildeo as aacutereas cujos

equipamentos urbanos possuem interesse

histoacuterico ou paisagiacutestico de preservaccedilatildeo

Zona de Preservaccedilatildeo Ambiental satildeo aquelas em

que devem ser mantidas ou recuperadas a

15

vegetaccedilatildeo por conta da declividade altitude ou

presenccedila de recursos hiacutedricos

Zona de Adensamento Controlado (ZAC) satildeo as

aacutereas em que deve-se manter uma pequena

densidade populacional devido as limitaccedilotildees na

infraestrutura da localidade A ZAC se divide em

ZAC 1 quando a infraestrutura existente eacute

limitada e em ZAC 2 quando esta eacute precaacuteria ou

natildeo existe

Zona de Consolidaccedilatildeo de Adensamento (ZCA)

satildeo as aacutereas em que haacute interesse em ocupar os

lotes vagos haja visto que a regiatildeo possui toda a

infraestrutura para que isto aconteccedila

Zona Adensaacutevel (ZA) satildeo as aacutereas com

condiccedilotildees propiacutecias para ocorrer uma ocupaccedilatildeo

mais densa

Zona Especial de Interesse Social (ZEIS) satildeo as

aacutereas em que o Poder Puacuteblico almeja fazer

alguma forma de ocupaccedilatildeo Eacute dividida em ZEIS 1

e ZEIS 2 A ZEIS 1 satildeo regiotildees jaacute ocupadas mas

de forma irregular cujo interesse puacuteblico eacute

realizar obras e outras atividades para

regularizar as ocupaccedilotildees e urbanizar a aacuterea

enquanto que a ZEIS 2 satildeo aacutereas natildeo utilizadas ou

subutilizadas as quais o poder puacuteblico almeja

realizar algum empreendimento habitacional de

caraacuteter social

Zona de Grandes Equipamentos (ZE) satildeo aacutereas

cujo o interesse eacute a implantaccedilatildeo de

empreendimentos de grande porte ou grandes

equipamentos puacuteblicosrdquo

Esta divisatildeo espacial pode ser melhor vista no Anexo 71

O Plano Diretor natildeo estipula limites para APP mas prevecirc algumas diretrizes como na

Poliacutetica Municipal de Preservaccedilatildeo do Meio Ambiente sobre o uso do solo em

compatibilidade com praacuteticas conservacionistas A Poliacutetica Municipal de Expansatildeo

16

Urbana tem como uma de suas diretrizes fazer cumprir a legislaccedilatildeo vigente no que diz

respeito agraves intervenccedilotildees e investimentos que poderatildeo ser feitos nessas aacutereas Tambeacutem eacute

diretriz da mesma Poliacutetica o controle da ocupaccedilatildeo e do uso do solo em APPs e o auxiacutelio

aos oacutergatildeos estaduais e federais de meio ambiente no tocante agrave fiscalizaccedilatildeo da ocupaccedilatildeo

nestas aacutereas (SANTOS DUMONT 2012) O artigo 38 que trata das diretrizes da Poliacutetica

habitacional de interesse social exclui do processo de regularizaccedilatildeo fundiaacuteria os

assentamentos situados em aacutereas de risco o que na maioria das vezes estatildeo tambeacutem nas

aacutereas que deveriam estar vegetadas e protegidas (SANTOS DUMONT 2012) Na

legislaccedilatildeo referente ao parcelamento do solo eacute previsto que no parcelamento de glebas

com declividade entre 30 e 47 soacute poderaacute ser aprovado mediante projeto e laudo

assinado por um responsaacutevel teacutecnico favoraacutevel agrave construccedilatildeo nesse local (SANTOS

DUMONT 2012) Diante do proposto pelo Plano Diretor de Santos Dumont pode-se

dizer que natildeo haacute conflito com a legislaccedilatildeo federal e estadual em se tratando da

aplicabilidade do Coacutedigo Florestal uma vez que aquele natildeo explicita limites nem

permissivos e tampouco restritivos para faixas e aacutereas de preservaccedilatildeo permanente

33 O Municiacutepio de Santos Dumont

331 De Arraial a cidade

A aacuterea onde se situa hoje o municiacutepio de Santos Dumont teve sua ocupaccedilatildeo iniciada no

seacuteculo XVIII quando a Coroa Portuguesa solicitou ao entatildeo Governador do Rio de

Janeiro Artur de Saacute Menezes que abrisse um caminho que ligasse as Minas dos

Cataguases na regiatildeo de Ouro Preto (receacutem descobertas) ao Rio de Janeiro por onde

escoava os metais preciosos para a metroacutepole Surgiu assim o ldquoCaminho Novordquo e ao longo

deste caminho surgiram tambeacutem as Sesmarias aacutereas que tinham por principal objetivo

servir de pouso aos transportadores e exploradores e tambeacutem para garantir alimento a

estas pessoas Uma destas ocupaccedilotildees seria o ldquoArraial de Joatildeo Gomesrdquo (Figura 41)

primeiro nuacutecleo primitivo do municiacutepio em 1709 De iniacutecio prevaleciam somente

ranchos onde os viajantes se abrigavam mas em pouco tempo ergueu-se a Capela de Satildeo

Miguel e Almas e pequenos nuacutecleos urbanos comeccedilaram a surgir (DAPPC2008)

17

Figura 3 1 Vista parcial do Arraial de Joatildeo Gomes

Fonte Arquivo Histoacuterico de Santos Dumont-MG

Com a construccedilatildeo da Estrada de Ferro D Pedro II no final do seacuteculo XIX a regiatildeo teve

um consideraacutevel crescimento natildeo soacute populacional como tambeacutem econocircmico se tornando

a Vila Palmyra em 1889 Em 1890 Palmyra eacute elevada ao status de Municiacutepio (Figura 42)

e recebe um grande nuacutemero de melhorias no setor viaacuterio como a retificaccedilatildeo de ruas e

tambeacutem no setor de serviccedilos puacuteblicos como abastecimento de aacutegua iluminaccedilatildeo puacuteblica a

querosene e posteriormente energia eleacutetrica O desenvolvimento econocircmico na regiatildeo

tambeacutem teve seu momento aacuteureo nesse periacuteodo Induacutestrias de laticiacutenios graacuteficas e de

Carbureto de Caacutelcio fizeram parte do parque industrial de Palmyra o que atraiacutea pessoas

de outros lugares inclusive estrangeiros contribuindo para o aumento populacional da

regiatildeo Como ainda natildeo havia legislaccedilatildeo sobre uso e ocupaccedilatildeo do solo nessa eacutepoca

surgiram inuacutemeros loteamentos em aacutereas proacuteximas agrave rios e coacuterregos e tambeacutem em

encostas com declividade acentuada o que foi agravando o risco agrave medida que a ocupaccedilatildeo

aumentava (DAPPC2008)

18

Figura 3 2 Municiacutepio de Palmyra na deacutecada de 1920

Fonte Arquivo Histoacuterico de Santos Dumont-MG

O escoamento da produccedilatildeo industrial se dava pelo modal ferroviaacuterio setor que tambeacutem

movimentava a crescente cidade que era ponto importante no setor de transportes pois

possuiacutea um dos mais bem equipados depoacutesitos de locomotivas da Estrada de Ferro Central

do Brasil (DAPPC2008)

No ano de 1932 o municiacutepio de Palmyra passou a se chamar Santos Dumont (Figura 43)

em homenagem ao inventor do aviatildeo que nascera naquela cidade Nos uacuteltimos 40 anos

Santos Dumont tem experimentado uma acentuada desaceleraccedilatildeo econocircmica

consequecircncia do fechamento da grande maioria das induacutestrias principalmente as de

laticiacutenios que empregavam direta e indiretamente uma parte consideraacutevel da populaccedilatildeo

(DAPPC2008)

19

Figura 3 3 Municiacutepio de Santos Dumont em 2014

Fonte Arquivo do autor

332 Santos Dumont na atualidade

O municiacutepio de Santos Dumont localiza-se na regiatildeo da Zona da Mata mineira distante

cerca de 220 Km da capital Belo Horizonte e possui uma populaccedilatildeo de 47558 habitantes

(ODM 2015 projeccedilatildeo) numa aacuterea total de 637 kmsup2 Faz divisa com os municiacutepios de

Juiz de Fora Oliveira Fortes Bias Fortes Antocircnio Carlos Tabuleiro Piau e Ewbank da

Cacircmara

No que diz respeito agrave sua formaccedilatildeo fisiacuteco-geograacutefica a aacuterea que compreende o municiacutepio

eacute constituiacuteda predominantemente por Cambissolo Haacuteplico (70) com Latossolo

Vermelho-Amarelo (30) (UFV2010) A vegetaccedilatildeo eacute em sua maioria composta por

exemplares de Mata Atlacircntica De acordo com o IBGE(2015) Santos Dumont se localiza

a 839m de altitude O clima da regiatildeo eacute classificado como Tropical de Altitude (Cwb) e

possui uma temperatura meacutedia de 20ordmC Eacute banhado pela bacia hidrograacutefica do Paraiacuteba do

Sul e em sua maioria pertence agrave sub-bacia do Rio Pomba (IGAM) que fornece aacutegua para

abastecimento puacuteblico agrave 88 da populaccedilatildeo por meio da rede de distribuiccedilatildeo

(IBGE2010) Uma pequena parte da zona rural a sudoeste eacute banhada pela Sub-Bacia do

Rio Paraibuna mais precisamente na regiatildeo de fronteira com os municiacutepios de Juiz de

Fora e Ewbank da Cacircmara O sistema viaacuterio principal de acesso agrave cidade eacute a rodovia BR-

040 e a estrada de ferro Dom Pedro II atualmente utilizada somente para transporte de

cargas

Com a economia nos dias atuais baseada majoritariamente no setor de serviccedilos a cidade

possui um Iacutendice de Desenvolvimento humano (IDH) de 0741 (IBGE2010) Apesar do

decliacutenio econocircmico de Santos Dumont nota-se hoje um aumento no nuacutemero de

loteamentos populares e condomiacutenios horizontais e verticais entre outras edificaccedilotildees Eacute

de vital importacircncia que esse crescimento das ocupaccedilotildees seja ordenado e regulamentado

20

de forma a garantir a qualidade ambiental prevenindo deslizamentos e inundaccedilotildees Diante

dessa conjuntura o governo municipal aprovou em 2012 a Lei nordm 4241 que trata do Plano

Diretor Participativo instrumento baacutesico da poliacutetica de desenvolvimento e expansatildeo

urbana do municiacutepio de Santos Dumont

4 METODOLOGIA

41 Aacuterea de estudo

A regiatildeo dentro dos limites do municiacutepio que seraacute estudada neste trabalho eacute conforme

descrito nos anexos Plano Diretor e representada na figura 44 a aacuterea urbana principal

que possui 47 Kmsup2 e compreende a regiatildeo central da cidade e os bairros perifeacutericos regiatildeo

que concentra cerca de 90 da populaccedilatildeo total de Santos Dumont (IBGE 2015) A aacuterea

urbana principal representa 75 da aacuterea total dos 637 Kmsup2 que compreendem o

municiacutepio e eacute o local onde nos uacuteltimos 30 anos se verificou um maior crescimento

populacional e tambeacutem onde ocorre a maioria dos eventos relacionados a deslizamentos

e alagamentos por conta da ocupaccedilatildeo sem planejamento A figura 45 mostra a aacuterea

urbana principal e a localizaccedilatildeo dos bairros urbanos de Santos Dumont

Figura 4 1 Localizaccedilatildeo da aacuterea urbana principal

Fonte Google Earth

21

Figura 4 2 Mapa da aacuterea urbana principal com a localizaccedilatildeo dos bairros

Fonte Do Autor

42 Levantamento e tratamento dos dados

No desenvolvimento deste trabalho foi necessaacuterio se fazer um estudo detalhado sobre o

Plano Diretor de Santos Dumont principalmente dos seus anexos que compreendem os

mapas e a localizaccedilatildeo das aacutereas definidas pelo zoneamento proposto Para que isso fosse

possiacutevel a Secretaria Municipal de Obras e Serviccedilos Puacuteblicos forneceu todos os dados

secundaacuterios produto do estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor e do

zoneamento Estes dados incluem os arquivos Shapefile (shp) e outros documentos

integrantes do Plano Diretor Algumas informaccedilotildees foram complementadas tambeacutem com

dados adquiridos atraveacutes do site do IBGE e do Portal Objetivos do Milecircnio (ODM)

Os dados sobre as ocorrecircncias de deslizamentos e alagamentos foram obtidos atraveacutes da

Defesa Civil do municiacutepio atraveacutes do Sistema Integrado de Informaccedilotildees sobre Desastres

(S2ID) do Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional Tal sistema centraliza as informaccedilotildees sobre

desastres naturais ocorridos em todo o territoacuterio nacional facilitando a pesquisa sobre tais

eventos a qualquer cidadatildeo (BRASIL 2015)

Apesar do sistema ser bastante uacutetil os dados sobre o municiacutepio de Santos Dumont se

encontravam bastante falhos e escassos sendo necessaacuteria complementaccedilatildeo para que a

22

base de dados ficasse consistente Diante disso uma pesquisa atraveacutes dos arquivos do

Jornal Mensagem um jornal semanaacuterio local foi feita entre os anos de 1984 e 2014 e os

dados primaacuterios filtrados em uma planilha do Microsoft Excel para posterior utilizaccedilatildeo

De posse destes dados foi feita a localizaccedilatildeo em campo das coordenadas dos locais

atingidos por deslizamentos e alagamentos no periacuteodo compreendido pela pesquisa com

o auxiacutelio de um aparelho de GPS

A maioria dos arquivos shapefile utilizados para a confecccedilatildeo dos mapas satildeo parte

integrante dos anexos da Lei do Plano diretor do municiacutepio gerados no mecircs de dezembro

de 2011 pelo Instituto Nova Cidade e foram cedidos pela Secretaria Municipal de Obras

e Serviccedilos Puacuteblicos com Datum em UTM SAD 69 Com a finalidade de fornecer um

referenciamento atualizado e de acordo com os mais novos sistemas de coordenadas

utilizados no Brasil os arquivos foram convertidos para o Datum UTM SIRGAS 2000

que diferencia do SAD 69 pelo fato de ser um referencial geocecircntrico ou seja o centro

da Terra eacute o ponto de referecircncia neste sistema enquanto que o primeiro utiliza um

referencial na superfiacutecie da Terra (IBGE2014) Eacute interessante ressaltar tambeacutem que o

SIRGAS 2000 se tornou no ano de 2014 o sistema de coordenadas oficial do Sistema

Geodeacutesico Brasileiro e do Sistema Cartograacutefico Nacional ambos mantidos pelo IBGE A

combinaccedilatildeo dos shapefiles foi feita com o software livre gvSIG e com estas combinaccedilotildees

foram gerados mapas importantes resultados para a execuccedilatildeo deste trabalho A maioria

dos mapas representam a regiatildeo urbana principal de Santos Dumont e foram produzidos

numa escala em torno de 140000 que de acordo com Rocha (2007) eacute uma escala viaacutevel

pois as recomendaacuteveis para trabalhos de anaacutelise ambiental em niacutevel municipal podem ser

entre 150000 e 110000 Alguns mapas cujo detalhamento natildeo eacute necessaacuterio foram

gerados na escala 1100000

Para a geraccedilatildeo dos mapas aleacutem dos arquivos fornecidos pela Secretaria de Obras e

Serviccedilos Puacuteblicos foram utilizados para a geraccedilatildeo do modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE)

e da localizaccedilatildeo dos topos de morro dados gerados pelo sistema de radar Advanced

Spacebone Thermal Emission and Reflection Radiometer (ASTER) que geram as curvas

de niacutevel do terreno com uma resoluccedilatildeo de 30m (NASA2014) O processamento dessas

imagens foi feito pelo software livre gvSIG As imagens geradas pelos sateacutelites

LANDSAT foram adquiridas no site da United States Geological Survey (USGS) e essas

imagens possibilitaram obter um panorama preciso do uso do solo em toda a aacuterea urbana

de Santos Dumont numa resoluccedilatildeo de 15 metros uma vez que foi utilizada a banda

pancromaacutetica do sateacutelite LANDSAT 8 aleacutem da combinaccedilatildeo das bandas 65 e 4

respectivamente que eacute a combinaccedilatildeo recomendada pela mantenedora dos sateacutelites para

anaacutelises deste tipo

23

No que diz respeito a identificaccedilatildeo de APPs em topo de morro a metodologia de Oliveira

amp Fernandes Filho (2013) por utilizar as mesmas bases de dados ateacute entatildeo usadas neste

trabalho foi a mais indicada

A metodologia de anaacutelise dos mapas gerados eacute a proposta pelo professor Jorge Xavier da

Silva do Laboratoacuterio de Geoprocessamento (LAGEOP) da Universidade Federal do Rio

de Janeiro e citada por Rocha (2007) Tal metodologia analisa as variaacuteveis em questatildeo

presentes na aacuterea e permite avaliar as possibilidades de relaccedilotildees entre essas variaacuteveis De

uma maneira geral este meacutetodo verifica o estado atual da aacuterea em estudo bem como das

variaacuteveis gerando inventaacuterios que servem para a construccedilatildeo de dados planimeacutetricos sejam

com as variaacuteveis isoladas ou combinadas Estes dados planimeacutetricos geram assinaturas

que permitem inferir sobre a influecircncia dessas variaacuteveis De posse dos dados gerados pelo

processo anteriormente citado pode-se fazer algumas prospecccedilotildees sobre os riscos

ambientais que a aacuterea pode sofrer ou o seu potencial ambiental (ROCHA 2007)

5 RESULTADOS

51 Levantamento histoacuterico de alagamentos e

deslizamentos

O aumento da demanda pelo uso do solo na regiatildeo urbana de Santos Dumont

principalmente no tocante agrave formaccedilatildeo de novos loteamentos e condomiacutenios nos uacuteltimos

anos eacute consideraacutevel mas tambeacutem haacute de se observar o crescimento dos bairros jaacute existentes

com pouco ou nenhum ordenamento Em ambos os casos se observa ocupaccedilotildees

irregulares em APP o que tem ocasionado um aumento na frequecircncia de deslizamentos

e inundaccedilotildees Eacute evidente que quanto maior a densidade populacional do bairro maior a

quantidade de ocorrecircncias ao longo dos anos (SPERFELD 2009)

De acordo com as ocorrecircncias registradas pela Defesa Civil do municiacutepio obtidas atraveacutes

da literatura utilizada nos uacuteltimos 30 anos Santos Dumont chegou a decretar situaccedilatildeo de

emergecircncia por conta de desastres envolvendo deslizamentos eou alagamentos por duas

vezes num espaccedilo de 10 anos conforme pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho

(BRASIL 2014 CEPED 2011)

Segundo os dados obtidos atraveacutes de pesquisa nos arquivos do semanaacuterio entre os anos

de 1984 e 2014 pode-se verificar que nos uacuteltimos 20 anos a cidade tem experimentado

24

um aumento consideraacutevel nos eventos relacionados a deslizamentos e principalmente

alagamentos como pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho Isso pode ter sido causado

dentre outros fatores pelo aumento do nuacutemero de vias pavimentadas com material

impermeaacutevel o que tem sobrecarregado tanto a infraestrutura existente para drenagem

urbana como tambeacutem a calha dos cursos drsquoaacutegua que passam pela regiatildeo urbana do

municiacutepio (ZANON2013)

Na deacutecada de 1980 (1984-1990) de acordo com os dados obtidos natildeo foram noticiados

eventos consideraacuteveis relacionados a deslizamentos e alagamentos em Santos Dumont

mas isso natildeo exclui a possibilidade de natildeo ter ocorrido tais eventos em menor escala

Na deacutecada de 1990 aconteceram uma seacuterie de ocorrecircncias tanto de deslizamentos quanto

de alagamentos No ano de 1997 num periacuteodo chuvoso intenso aconteceram

deslizamentos consideraacuteveis em vaacuterios bairros da cidade inclusive com desabamento de

casas e de ruas principalmente nos bairros Nossa Senhora da Gloacuteria e Quarto Depoacutesito

Em 1999 ocorreram alguns pontos de alagamento nos bairros Quarto Depoacutesito e Santo

Antocircnio com grandes prejuiacutezos materiais

A deacutecada de 2000 iniciou com o registro de deslizamentos em vaacuterios bairros da cidade

inclusive com desabamento de casas e pontes e alagamentos em importantes vias do

centro da cidade Observa-se ao longo desse periacuteodo o crescimento nas ocorrecircncias de

deslizamentos e de aacutereas com risco de deslizamento em muitos bairros de Santos Dumont

Um dos fatores importantes para esse crescimento foi a grande expansatildeo sofrida pela

maioria dos bairros e a falta de planejamento e orientaccedilatildeo por parte da prefeitura uma

vez que uma boa parte do crescimento dos bairros da cidade ocorreu ou proacuteximo a cursos

drsquoaacutegua ou em aacutereas com declividade improacutepria para se fazer construccedilotildees O bairro

Coacuterrego do Ouro (Figura 51) foi o que mais sofreu com ocorrecircncias de deslizamentos

nesse periacuteodo enquanto o bairro Santo Antocircnio foi que teve mais ocorrecircncias de

alagamentos

25

Figura 5 1 Deslizamento no bairro Coacuterrego do Ouro

Fonte Portal Cabangu

No iniacutecio deacutecada de 2010 (2011-2014) o centro da cidade foi a regiatildeo que mais sofreu

com alagamentos sendo registrado pelo menos uma ocorrecircncia por ano nessa aacuterea (Figura

52) Isso pode ser relacionado dentre outros fatores com as obras de modificaccedilatildeo do

tipo de pavimentaccedilatildeo das estradas por um material impermeaacutevel gerando uma sobrecarga

nos sistemas de drenagem urbana que foram projetados para um tipo de pavimento mais

permeaacutevel implicando tambeacutem na sobrecarga calha do Ribeiratildeo das Posses o principal

curso drsquoaacutegua que corta o centro da cidade e que se encontra em quase sua totalidade

ocupada em ambas as margens que cortam o centro da cidade

26

Figura 5 2 Alagamento na regiatildeo central de Santos Dumont em 2013

Fonte Portal Cabangu

Quanto agraves ocorrecircncias de deslizamento ao longo da referida deacutecada elas estiveram

espalhadas pelos bairros do municiacutepio tendo um maior nuacutemero de ocorrecircncias nos bairros

Santo Antocircnio Nossa Senhora da Gloacuteria e Aacutegua Espraiada Nos dois primeiros bairros

citados as ocorrecircncias podem ter sido ocasionadas pelo crescimento desordenado e sem

planejamento destes e no terceiro as ocorrecircncias satildeo relacionadas ao processo de

assoreamento do Ribeiratildeo das Posses o que pode ter gerado um aumento da velocidade

desse curso drsquoaacutegua causando problemas decorrentes do transporte de sedimentos da aacuterea

onde as casas foram construiacutedas que teve como consequecircncia os deslizamentos

Em resumo como pode ser observado nas figuras 53 e 54 na tabela 51 no periacuteodo de

1984 a 2014 os bairros mais afetados por alagamentos e deslizamentos satildeo Quarto

Depoacutesito Nossa Senhora da Gloacuteria Santo Antocircnio Coacuterrego do Ouro Antocircnio Afonso

Graminha e Vila Esperanccedila sendo que o bairro Coacuterrego do Ouro possui o maior nuacutemero

de ocorrecircncias de deslizamentos e o centro da cidade possui o maior nuacutemero de

ocorrecircncias de alagamentos no periacuteodo pesquisado Vale destacar que a aacuterea propiacutecia a

alagamentos no bairro Antocircnio Afonso natildeo identificada no estudo realizado pela

prefeitura constitui-se efetivamente numa aacuterea de risco conforme levantamento histoacuterico

realizado Esta aacuterea de risco se deve agrave diferenccedila de niacutevel negativa entre o rio Pinho e a

aacuterea do bairro estando este em desniacutevel com um risco iminente de inundaccedilotildees resultantes

da cheia desse curso drsquoaacutegua causando inuacutemeros transtornos aos moradores do local

27

Figura 5 3 Pontos de Alagamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico

Fonte Do autor

Figura 5 4 Pontos de deslizamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico

Fonte Do autor

28

Tabela 51 Ocorrecircncias de alagamentos e deslizamentos obtidos atraveacutes do

levantamento histoacuterico

Pontos de ocorrecircncia (1984-2014)

Bairros Alagamento Deslizamento

Aacutegua Espraiada 1 1

Antocircnio Afonso 1 0

Barra 0 1

Centro 7 1

Coacuterrego do Ouro 1 7

Flores 0 1

Graminha 1 0

Jardim Jaraguaacute 0 1

N Sra da Gloacuteria 0 4

N Sra das Graccedilas 1 0

Quarto Depoacutesito 3 2

Santo Antocircnio 4 2

Satildeo Sebastiatildeo 0 1

Vila Esperanccedila 0 1

Fonte Do autor

De acordo com o estudo realizado na elaboraccedilatildeo do Plano Diretor pela prefeitura

municipal observa-se que os bairros que possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a

deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do Ouro e Vila Esperanccedila enquanto que os que

possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a alagamento satildeo o Centro da cidade e os

bairros Satildeo Sebastiatildeo Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio por estarem agraves margens do

Ribeiratildeo das Posses um curso drsquoaacutegua que sofre com inundaccedilotildees perioacutedicas devido ao

severo assoreamento em algumas regiotildees e tambeacutem devido ao acuacutemulo de lixo descartado

pelos moradores do entorno irregularmente De acordo com o estudo realizado quando da

elaboraccedilatildeo do Plano Diretor do municiacutepio foram feitos estudos sobre as aacutereas propensas

a deslizamentos e alagamentos na regiatildeo urbana principal Tais aacutereas satildeo as destacadas

nas Figuras 55 e 56 No levantamento histoacuterico realizado pode-se identificar que os

bairros que possuem mais aacutereas propensas a deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do

Ouro Nossa Senhora da Gloacuteria Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio enquanto que os bairros

mais propensos a alagamentos satildeo os bairros Centro Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio

como observado na tabela 51

29

Figura 5 5 Aacutereas propensas a deslizamento de acordo com o Plano Diretor de

Santos Dumont

Fonte Google Earth e Lei 42412012

Figura 5 6 Aacutereas propensas a alagamento de acordo com o Plano Diretor de

Santos Dumont

Fonte Google Earth e Lei 42412012

30

Comparando-se os mapas obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico com o mapa gerado

pelo estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor nota-se que haacute semelhanccedilas em

algumas aacutereas mas ao se levar em conta o produto gerado pela pesquisa histoacuterica o

estudo necessitaria ser complementado haja vista que ele natildeo compreende por exemplo

o ponto de alagamento no bairro Antocircnio Afonso citado anteriormente e alguns pontos de

deslizamento importantes uma vez que satildeo regiotildees onde haacute ocupaccedilatildeo Esse fato evidencia

a necessidade de se buscar vaacuterias fontes primaacuterias e secundaacuterias para se detectar aacutereas de

risco em um municiacutepio incluindo arquivos da imprensa local afim de se produzir uma

base de dados consistente e com o menor nuacutemero de falhas possiacutevel (CEPED 2014) Com

a uniatildeo dos dois estudos foram gerados os mapas apresentados nas Figuras 57 e 58

Aleacutem do mais observando as figuras 57 e 58 pode-se notar que uma boa parte tanto dos

casos de alagamento quanto de deslizamento estatildeo na faixa de APP de curso hiacutedrico o

que ilustra a importacircncia da preservaccedilatildeo destas aacutereas

Figura 5 7 Aacutereas propensas a alagamento do estudo do Plano Diretor

complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento

Fonte Do Autor

31

Figura 5 8 Aacutereas propensas a deslizamento do estudo do Plano Diretor

complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento

Fonte Do Autor

Atraveacutes da combinaccedilatildeo entre estes dois levantamentos procurou-se alimentar a base de

dados e garantir uma consistecircncia maior desta no que diz respeito a aacutereas de deslizamento

e alagamento podendo inclusive se identificar a suscetibilidade de uma determinada

regiatildeo da cidade a um ou outro evento (CEPED2014)

512 O Plano diretor e as APPs

Nos uacuteltimos anos o Brasil experimentou um forte fenocircmeno de migraccedilatildeo do campo para

as aacutereas urbanas De acordo com o IBGE no periacuteodo de 1940 a 2000 houve um aumento

de cerca de 60 do nuacutemero de pessoas que vivem em cidades (SILVA JR 2006) O

processo de planejamento e ordenamento do uso do solo nessas aacutereas deveria ter

acompanhado esse crescimento ao longo dos anos a fim de garantir a qualidade de vida e

a seguranccedila dos migrantes ao se instalarem nas cidades o que natildeo ocorreu e o que se

observa atualmente satildeo ocupaccedilotildees em aacutereas improacuteprias para moradia sem a infraestrutura

baacutesica necessaacuteria e com risco iminente de deslizamentos eou inundaccedilotildees

O Plano Diretor do municiacutepio de Santos Dumont em seu capiacutetulo IV que versa sobre o

uso e ocupaccedilatildeo do solo explicita regras para o ordenamento do territoacuterio que compreende

o municiacutepio com base nos diferentes usos do solo de acordo com sua compatibilidade o

32

que acabou por resultar num zoneamento de todo o municiacutepio em macrozonas conforme

citado na seccedilatildeo 3231 de acordo com os usos atuais e futuros do solo Aleacutem de dividir

estas macrozonas em urbanas e rurais tambeacutem avaliou e classificou estas aacutereas com base

numa seacuterie de fatores ambientais geoloacutegicos culturais e sociais de forma a se fazer um

zoneamento coerente com os atuais usos do solo e seu potencial de uso futuro Apresenta-

se na Figura 59 este zoneamento na aacuterea urbana principal de Santos Dumont

Figura 5 9 Zoneamento urbano da aacuterea urbana principal

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Lei 42412012

Tomando como referecircncia o Novo Coacutedigo Florestal brasileiro em especial os paracircmetros

estabelecidos para a definiccedilatildeo de APP e utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento

atraveacutes do software Vista SAGA relacionou-se as APPs existentes na aacuterea em estudo com

as regiotildees propiacutecias a alagamentos e deslizamentos de acordo com o estudo feito quando

da elaboraccedilatildeo do Plano Diretor afim de se identificar qual ou quais aacutereas possuem estes

problemas e se estatildeo relacionados com o uso do solo irregular em APP

Ao se aplicar a metodologia proposta por Oliveira amp Fernandes Filho (2013) natildeo foram

identificadas dentro da aacuterea de estudo APPs de topos de morro sendo este tipo de APP

descartada portanto das anaacutelises subsequentes deste trabalho Foram consideradas as

APP de curso hiacutedrico (rios e nascentes) e de declividade visando relacionaacute-las as aacutereas

de risco identificadas pela Prefeitura afim de se verificar as possiacuteveis causas da ocorrecircncia

33

destas aacutereas na regiatildeo urbana do municiacutepio Por meio de combinaccedilotildees entre dois mapas

temaacuteticos utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento foi possiacutevel obter as

assinaturas ou seja tabelas que caracterizam quantitativamente a aacuterea afetada por cada

aspecto visto que a simples visualizaccedilatildeo do mapa gerado pelo geoprocessamento muitas

vezes eacute prejudicada por serem aacutereas de pequenas dimensotildees ou por qualquer outra

limitaccedilatildeo do software Ressalta-se que para a elaboraccedilatildeo do Plano Municipal de Reduccedilatildeo

de riscos a identificaccedilatildeo e detalhamento topograacutefico destas aacutereas eacute fundamental para o

desenvolvimento do referido Plano conforme seraacute abordado detalhadamente na seccedilatildeo

52

De posse do mapa que representa o zoneamento urbano de Santos Dumont primeiramente

procurou-se mensurar qualitativa e quantitativamente a presenccedila de APPs tanto de

declividade quanto de cursos hiacutedricos Essa identificaccedilatildeo eacute importante pois este

zoneamento eacute um dos instrumentos de planejamento municipal (BRASIL 2001) Saboya

(2007) aponta que os principais objetivos de um zoneamento satildeo o controle da expansatildeo

urbana e proteccedilatildeo de aacutereas inadequadas a ocupaccedilatildeo aleacutem de reduzir os conflitos inerentes

aos diferentes usos do solo Com o uso da ferramenta ldquoCombinarrdquo do Vista SAGA foram

feitas combinaccedilotildees entre o mapa de hidrografia com buffer de 30m para rios e coacuterregos e

de 50m para nascentes com o mapa do zoneamento para se verificar a importacircncia das

APPs de curso hiacutedrico em toda a aacuterea urbana principal do municiacutepio Tambeacutem foram

combinados o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) obtido atraveacutes do gvSIG com o mapa

de zoneamento afim de se verificar quantitativamente as APPs de declividade e onde se

localizam Vale ressaltar que as declividades entre 30 e 47 estatildeo presentes nesta

combinaccedilatildeo pois de acordo com o Plano Diretor de Santos Dumont terrenos com esta

faixa de declividade para fins de parcelamento devem possuir estudo teacutecnico que ateste

a viabilidade de se promover algum empreendimento imobiliaacuterio neste (SANTOS

DUMONT 2012) Como a legislaccedilatildeo municipal prevecirc estudo somente para a faixa de

declividade descrita anteriormente para fins de anaacutelise neste trabalho consideramos um

valor mais conservador para APP compreendendo a faixa de 47 a 100 aleacutem da

prevista pela legislaccedilatildeo federal (gt100) para que natildeo houvessem lacunas importantes na

geraccedilatildeo do produto

Apresenta-se na Figura 510 aacutereas com declividades consideradas de risco e consideradas

APP e em qual zona de planejamento elas estatildeo inseridas De um modo geral ao se

observar a Tabela 52 nota-se que a aacuterea que compreende declividades de risco e APP eacute

uma pequena parcela da aacuterea urbana principal representando 061 desta aacuterea Ao se

levar em conta somente a localizaccedilatildeo pode-se verificar que cerca de 84 das aacutereas com

declividade de risco e a totalidade das APPs de declividade estatildeo localizadas na ZAC1

zona que compreende a maior parte do municiacutepio e apesar de possuir infraestrutura baacutesica

para a ocupaccedilatildeo esta eacute restrita Sendo assim o fator declividade deve ser visto com cautela

nesta aacuterea para se evitar transtornos advindos de edificaccedilotildees nestas aacutereas

34

Figura 5 10 Combinaccedilatildeo entre as declividades importantes incluindo as APPs e o

zoneamento urbano

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Do autor

Tabela 52 Assinaturas da combinaccedilatildeo Declividade x Zoneamento

Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea

Natildeo APP 457972 9939

Declividade 30-47 em ZAC1 2368 051

Declividade 30-47 em ZE 284 006

Declividade 30-47 em ZAC2 128 003

Declividade 30-47 em ZPA 004 0001

APP Declividade em ZAC1 048 001

Total 460804 100

Fonte Do autor

Apresenta-se na Figura 511 as APPs de curso hiacutedrico (nascentes e rios) e em qual zona

de planejamento estatildeo localizadas Assim como a declividade a maior parte das APPs de

curso hiacutedrico estatildeo localizadas em ZAC1 representando 383 da aacuterea urbana em estudo

e 51 do total das APPs de curso hiacutedrico Esta questatildeo tambeacutem deve ser vista com

bastante criteacuterio pelos gestores locais uma vez que a ocupaccedilatildeo em faixas proacuteximas de

rios e coacuterregos podem causar uma gama de problemas ambientais e sociais na regiatildeo

(SANTANA2011) Tal cuidado tambeacutem deve ser tomado nas APPs compreendidas na

35

ZAC2 que compreende 001 da Aacuterea urbana principal e 14 do total das APPs de curso

hiacutedrico pois a infraestrutura baacutesica e acessibilidade presente nesta zona eacute precaacuteria e a

ocupaccedilatildeo as margens de cursos hiacutedricos pode gerar problemas seacuterios caso ocorra uma

expansatildeo nestas aacutereas

Figura 511 Combinaccedilatildeo entre APP de curso hiacutedrico e as zonas de planejamento

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Do autor

Outro ponto importante eacute a presenccedila da Zona de Proteccedilatildeo Ambiental (ZPA) no entorno

uma consideraacutevel parte dos cursos hiacutedricos Nesta zona estatildeo presentes 28 das APPs de

curso hiacutedrico e esta zona de acordo com o Plano Diretor deve ser restaurada ou

preservada por suas caracteriacutesticas geoloacutegicas topograacuteficas e bioloacutegicas

Afim de se verificar os usos do solo na regiatildeo em estudo foram utilizadas combinaccedilotildees

de imagens advindas do sateacutelite Landsat 8 nas bandas descritas no capiacutetulo 4 aleacutem da

banda pancromaacutetica O resultado eacute apresentado na figura 512 que mostra os principais

usos do solo na aacuterea urbana principal de Santos Dumont

36

Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x Zoneamento

Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea

Hidrografia 11168 239

Aacuterea Urbana Natildeo APP 421004 9008

APP Curso hiacutedrico em ZAC1 179 383

APP Curso hiacutedrico em ZPA 9776 209

APP Curso hiacutedrico em ZE 184 004

APP Curso hiacutedrico em ZA 1192 026

APP Curso hiacutedrico em ZAC2 5124 110

APP Curso hiacutedrico em ZPPH 248 005

APP Curso hiacutedrico em ZEIS 568 012

APP Curso hiacutedrico em ZCA 228 005

Total 467392 10000

Fonte Do autor

Figura 5 12 Mapa de usos do solo da aacuterea urbana principal de Santos Dumont

Fonte Do autor

Como jaacute era previsto a maior parte da aacuterea urbana se encontra ocupada e eacute nesta regiatildeo

ocupada que se observa a maior concentraccedilatildeo de problemas de deslizamentos e

alagamentos (Figuras 513 e 514) A grande ocupaccedilatildeo em aacutereas consideradas APP de

curso hiacutedrico de acordo com os mapas gerados pode ser a principal causa do aumento a

cada ano dos casos de alagamento principalmente na regiatildeo central da cidade Outro ponto

que se deve atentar eacute a existecircncia de uma consideraacutevel aacuterea de pastagem pouco vegetada

que caso estejam em aacutereas elevadas pode contribuir para deslizamentos e agraves margens de

37

rios e coacuterregos para o assoreamento destes corpos hiacutedricos o que pode causar

alagamentos (INAacuteCIO etal 2007)

Diante destes resultados pode-se ver que a cidade de Santos Dumont necessita alternativas

efetiva no que diz respeito agrave contenccedilatildeo de deslizamentos e a reduccedilatildeo de risco de

alagamento pois as aacutereas em que ocorrem tais eventos satildeo distintas e facilmente definidas

devido agrave repeticcedilatildeo destes nos uacuteltimos anos Um plano de accedilatildeo integrado entre as diferentes

secretarias municipais (Obras Meio Ambiente Assistecircncia Social entre outras) e a

Coordenadoria Municipal de Defesa Civil deve ser realizado afim de se tomar medidas

natildeo mais preventivas mas sim preditivas para que se possa conter o avanccedilo destes

problemas na aacuterea urbana principal bem como em toda a aacuterea do municiacutepio

Figura 5 13 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na aacuterea urbana

principal

Fonte Do autor

38

Figura 5 14 Aacutereas sujeitas a alagamento e os principais usos do solo na aacuterea

urbana principal

Fonte Do autor

Ao se associar os dados do estudo do Plano Diretor com os dados do levantamento

histoacuterico realizado com o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) pode-se notar que as aacutereas

propiacutecias a deslizamento estatildeo em regiotildees as quais haacute uma fronteira de declividades ou

seja eacute evidente que os deslizamentos ocorrem em encostas um pouco mais iacutengremes mas

natildeo necessariamente nas encostas de 30-47 as quais exigem estudo teacutecnico conforme o

plano diretor preconiza Quanto aos alagamentos nota-se que eles se localizam nas aacutereas

com menor ou nenhuma declividade podendo ser estas aacutereas talvez componentes da

planiacutecie de inundaccedilatildeo dos rios Estes resultados podem ser vistos nas figuras 515 e 516

a seguir

39

Figura5 15 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a deslizamentos na

regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

Fonte Lei 42412012 e Autor

Figura5 26 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a alagamentos na

regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

Fonte Lei 42412012 e Autor

40

52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis

O processo de ocupaccedilatildeo no municiacutepio de Santos Dumont comeccedilou muito antes de

qualquer legislaccedilatildeo relacionada a ordenamento urbano e de proteccedilatildeo do meio ambiente

fosse implementado no Brasil Esse fato aliado a poliacuteticas e fiscalizaccedilotildees falhas

contribuiacuteram para a ocupaccedilatildeo e expansatildeo da aacuterea urbana ao longo do Ribeiratildeo das Posses

e seus afluentes o que tem gerado o aumento da degradaccedilatildeo destes corpos hiacutedricos ao

longo de todos estes anos Observa-se tambeacutem que nas uacuteltimas deacutecadas ocorreu um

grande nuacutemero de migraccedilotildees do campo para a regiatildeo urbana da cidade fator que

contribuiu para o crescimento do nuacutemero de habitaccedilotildees em aacutereas de risco de deslizamento

e alagamentos por serem na maioria das vezes terrenos menos valorizados e por este

motivo acessiacuteveis a populaccedilatildeo com menor poder aquisitivo (ROSA amp CORTEZ 2008)

Vale ressaltar que esta questatildeo aleacutem de ser ambiental eacute muito mais social pois os

moradores entendem os riscos de se viver nestes locais mas por motivos econocircmicos ou

por questotildees afetivas natildeo abrem matildeo da moradia nessas aacutereas A Constituiccedilatildeo Federal de

1988 promoveu a inter-relaccedilatildeo das questotildees sociais com as questotildees ambientais quando

colocou o meio ambiente como direito coletivo (BRASIL1988 SOUZA2010) Por este

motivo a decisatildeo por medidas draacutesticas que favoreccedilam apenas agrave preservaccedilatildeo do meio

ambiente natildeo eacute recomendada pois aleacutem de ser inconstitucional podem afetar a

sustentabilidade econocircmica do municiacutepio e gerar conflitos sociais consideraacuteveis

(CARLOS 1992 apud SOUZA 2010)

Segundo Bueno (2009) ldquonem tudo o que eacute irregular eacute precaacuteriordquo Esse fato se observa em

Santos Dumont uma vez que em boa parte da regiatildeo central se observa vaacuterias moradias

construiacutedas na faixa de APP de curso hiacutedrico o que natildeo eacute permitido pela legislaccedilatildeo

vigente e eacute um dos fatores que contribui para a ocorrecircncia de alagamentos nesta aacuterea da

cidade Para a resoluccedilatildeo deste problema o que seria mais viaacutevel seria a melhoria da

infraestrutura de drenagem urbana afim de que o escoamento da aacutegua das chuvas natildeo

sobrecarregasse o sistema (BUENO2009) A construccedilatildeo de bacias de contenccedilatildeo de

cheias ao longo do Ribeiratildeo das Posses tambeacutem seria uma alternativa mas para se verificar

a viabilidade necessita-se estudos mais aprofundados do ponto de vista hidroloacutegico

O grande problema a ser solucionado no entanto eacute o que diz respeito agraves aacutereas de risco

de deslizamento majoritariamente nos bairros A melhor alternativa seria o

remanejamento dos moradores para uma aacuterea proacutexima agrave que moram poreacutem longe do

risco Poreacutem esta alternativa de acordo com Rosa Filho amp Cortez (2008) encontra alguns

entraves pois estas pessoas na maioria das vezes natildeo tecircm condiccedilotildees financeiras de irem

para outro lugar ou pagar aluguel ou estatildeo de alguma forma sentimentalmente ligadas

agravequela regiatildeo que se recusam a deixaacute-lo

41

Por parte dos oacutergatildeos competentes no municiacutepio a criaccedilatildeo de um plano para se evitar

acidentes ocasionados por deslizamentos e alagamentos com um mapeamento detalhado

de toda a extensatildeo do municiacutepio eacute extremamente uacutetil Os estudos que seratildeo feitos para a

elaboraccedilatildeo deste plano poderatildeo definir quais as aacutereas satildeo potencialmente de risco para as

ocupaccedilotildees existentes ou para as potenciais ocupaccedilotildees que possam vir a ocorrer atraveacutes do

mapeamento das aacutereas de risco Tal planejamento seraacute auxiliar ao Plano Diretor

Municipal pois definiraacute o real uso do solo de determinada regiatildeo do municiacutepio

contribuindo para a adequaccedilatildeo do uso e ocupaccedilatildeo do solo afim de evitar ou reduzir o

nuacutemero de problemas relacionados a alagamentos e principalmente deslizamentos no

periacutemetro urbano (TOMINAGA 2009) A partir deste plano os gestores locais poderatildeo

tomar a melhor decisatildeo para a prevenccedilatildeo ou reduccedilatildeo dos riscos inerentes a tais problemas

Na seccedilatildeo 521 seraacute hierarquizado de forma preliminar a aacuterea urbana principal de acordo

com os resultados da tabela 51

521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta

O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos (PMRR) foi criado atraveacutes de accedilotildees

regularizadoras do Ministeacuterio das Cidades para ser o instrumento de gestatildeo e

gerenciamento de aacutereas de risco em um municiacutepio Eacute um documento que aleacutem de

estabelecer quais regiotildees satildeo consideradas de risco tambeacutem objetiva a proposta de

medidas estruturais ou natildeo para contenccedilatildeo eou prevenccedilatildeo de cataacutestrofes aleacutem de ser um

meio de captaccedilatildeo de recursos financeiros junto aos Governos Estadual e Federal Estes

recursos poderatildeo ser utilizados para a realizaccedilatildeo de obras que visem a melhoria da

qualidade de vida da populaccedilatildeo do entorno ou de recuperaccedilatildeo da aacuterea degradada Este

plano eacute realizado de forma participativa com as comunidades das aacutereas de risco e pode

ser realizado em sete fases conforme recomenda o Ministeacuterio das Cidades (ALHEIROS

2006)

O primeiro passo para a realizaccedilatildeo do PMRR eacute definir qual a metodologia seraacute empregada

levando-se em consideraccedilatildeo a realidade atual do municiacutepio e especificar de forma sucinta

um cronograma das atividades Eacute importante nesta fase a participaccedilatildeo tambeacutem dos

responsaacuteveis pelas mais variadas Secretarias Municipais afim de explicitar o tamanho da

importacircncia e o caraacuteter integrador deste plano A segunda fase deste plano objetiva a

criaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo da principal base de dados a ser utilizada nos passos posteriores o

mapeamento de risco em escala detalhe em torno de 13000 (SAtildeO PAULO 2014) A

elaboraccedilatildeo de um mapeamento detalhado propiciaraacute natildeo soacute a identificaccedilatildeo mais faacutecil das

aacutereas de risco como tambeacutem facilitaraacute aos gestores e agrave comunidade decidirem qual a

melhor intervenccedilatildeo para a soluccedilatildeo ou remediaccedilatildeo dos problemas em uma determinada

42

aacuterea hierarquizando o risco e definindo prioridades (SAtildeO PAULO 2014) Na tabela a

seguir apresenta-se alguns tipos de intervenccedilotildees que podem ser feitas em aacutereas de risco

sugeridas pelo Ministeacuterio das cidades (ALHEIROS 2006)

Quadro 5 1 - Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco

Tipo de intervenccedilatildeo Descriccedilatildeo

Serviccedilos de limpeza e Recuperaccedilatildeo

Remoccedilatildeo de entulho lixo etc

corte de aacutervores

remoccedilatildeo de bananeiras

recuperaccedilatildeo eou limpeza de sistemas de

drenagem esgotos e acessos

Limpeza de canais de drenagem

Proteccedilatildeo Vegetal

Proteccedilatildeo superficial vegetal (gramiacuteneas) em

taludes com solo exposto

Proteccedilatildeo vegetal de margens de canais de

drenagem

Barreiras vegetais para massas escorregadas

ou acumuladas pela erosatildeo

Drenagem Superficial e Acessos

Sistema de drenagem superficial (canaletas

raacutepidos caixas de transiccedilatildeo escadas drsquoaacutegua)

Acessos para pedestres (escadarias rampas

etc) integrados ao sistema de drenagem

Revestimento de Taludes Revestimento com materiais artificiais

cimentado cal-jet tela argamassada alvenaria

de tijolos ceracircmicos solo-cimento ensacado

Desmonte de blocos e matacotildees Desmonte de concreccedilotildees de grande porte

blocos rochosos e matacotildees

Obras de drenagem de subsuperfiacutecie Sistema de drenagem de subsuperfiacutecie

(trincheiras drenantes DHP poccedilos de

rebaixamento)

Estruturas de contenccedilatildeo (localizadas)

Muros de contenccedilatildeo de pequeno porte (solo-

cimento ensacado alvenaria de pedra-rachatildeo

concreto armado)

Estruturas de contenccedilatildeo localizadas

(chumbadores tirantes microestacas)

Contenccedilatildeo e proteccedilatildeo de margens de canais (

gabiotildees muros de concreto etc)

Estruturas de contenccedilatildeo (meacutedio e grande porte) Implantaccedilatildeo de estruturas de contenccedilatildeo de

meacutedio e grande porte envolvendo obras de

contenccedilatildeo passivas e ativas (muros de

gravidade cortinas etc)

Terraplanagem Execuccedilatildeo de serviccedilos de terraplanagem

combinados a obras de drenagem superficial e

proteccedilatildeo vegetal desvio e canalizaccedilatildeo de

coacuterregos

Remoccedilatildeo de moradias Remoccedilotildees definitivas para implantaccedilatildeo de

obras ou devido agrave localizaccedilatildeo improacutepria da

edificaccedilatildeo (Priorizar as relocaccedilotildees dentro da

proacutepria aacuterea em local seguro)

Fonte ALHEIROS 2006

43

Escolhidas as formas de intervenccedilatildeo para cada aacuterea eacute necessaacuterio realizar uma estimativa

dos custos afim de preparar o orccedilamento da prefeitura para a realizaccedilatildeo das obras e se

seraacute necessaacuterio a captaccedilatildeo de recursos externos para a execuccedilatildeo destas Feitas as

estimativas de custo o proacuteximo passo eacute definir as prioridades e para esta fase eacute tambeacutem

uacutetil o mapeamento feito nas etapas anteriores pois seraacute necessaacuterio hierarquizar tais

intervenccedilotildees nas aacutereas de risco O Ministeacuterio das Cidades (2007) sugere alguns criteacuterios

que podem ser avaliados pelo gestor dentre eles pode-se citar

Grau de risco

Populaccedilatildeo beneficiada

Custo da intervenccedilatildeo

Dimensatildeo da aacuterea a ser tratada

Demandas anteriores da populaccedilatildeo

Tempo de ocupaccedilatildeo

Viabilidade teacutecnica da intervenccedilatildeo

Viabilidade financeira

Inclusatildeo da aacuterea em outros projetos

A partir desta hierarquizaccedilatildeo inicia-se a identificaccedilatildeo de provaacuteveis fontes de captaccedilatildeo de

recursos para a execuccedilatildeo das intervenccedilotildees Estes recursos podem advir de programas dos

governos Federal e Estadual ou por meio de editais para captaccedilatildeo de recursos financeiros

tanto do setor puacuteblico como da iniciativa privada e podem ser tambeacutem associados agrave outras

Secretarias Municipais como a de Turismo ou Meio Ambiente e natildeo soacute as destinadas agrave

Defesa Civil (ALHEIROS 2006)

Eacute previsto tambeacutem no PMRR uma avaliaccedilatildeo da Defesa Civil municipal e como ela estaacute

estruturada fazendo inclusive sugestotildees para que sua atuaccedilatildeo esteja em consonacircncia com

a realidade das comunidades e da Administraccedilatildeo Puacuteblica do municiacutepio de forma a garantir

sua sustentabilidade e conquistar a credibilidade da populaccedilatildeo no que diz respeito a

prevenccedilatildeo de cataacutestrofes Para que a resposta a uma determinada situaccedilatildeo de risco seja

raacutepida eacute necessaacuterio a descentralizaccedilatildeo da Defesa Civil criando pequenos nuacutecleos

comunitaacuterios com a finalidade de se monitorar a aacuterea constantemente e promover as

intervenccedilotildees necessaacuterias em tempo haacutebil o que aumenta em muito a credibilidade da

populaccedilatildeo no PMRR e no trabalho desempenhado pela Defesa Civil no municiacutepio Apoacutes

esta etapa o PMRR passaraacute por audiecircncias puacuteblicas e posteriormente poderaacute ser aprovado

como Lei Municipal pelo Legislativo local (ALHEIROS 2006)

Com a realizaccedilatildeo deste plano o municiacutepio estaraacute munido de informaccedilotildees suficientes para

realizar accedilotildees efetivas de gestatildeo e gerenciamento de riscos bem como aliado a

levantamentos sociais realizar programas habitacionais que beneficiem prioritariamente

44

aos moradores das aacutereas de risco Aleacutem disso com o PMRR o municiacutepio poderaacute melhorar

a qualidade ambiental da populaccedilatildeo captando recursos para a recuperaccedilatildeo das aacutereas de

APP que foram degradadas pelas ocupaccedilotildees irregulares beneficiando todos os moradores

do municiacutepio com o aumento da qualidade de vida na cidade

A partir do disposto nesta seccedilatildeo acerca do Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos e de

uma maneira preliminar (levando-se em conta apenas o nuacutemero de registros de

alagamentos e deslizamentos na aacuterea urbana principal de Santos Dumont no periacuteodo de

1984 a 2014) identificou-se trecircs regiotildees distintas na aacuterea urbana do municiacutepio com

tempo de recorrecircncia desses eventos similares caracterizando trecircs prioridades de

intervenccedilatildeo em contenccedilatildeo de risco como pode ser visto nas figuras 515 e 516 Vale

ressaltar que eacute necessaacuterio um estudo mais detalhado inclusive com visitas teacutecnicas a

campo para que se confirme a real situaccedilatildeo destas e a real prioridade para investimentos

Figura 5 17 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de deslizamentos

Fonte Do Autor

45

Figura 5 18 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de alagamentos

Fonte Do Autor

46

6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees

A seguir apresenta-se as conclusotildees e as recomendaccedilotildees feitas a partir dos objetivos

especiacuteficos explicitados no iniacutecio deste trabalho

Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a

aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes

urbanos

A partir da revisatildeo da legislaccedilatildeo pertinente em acircmbito federal estadual e

municipal constatou-se que o Plano Diretor de Santos Dumont natildeo conflita com a

legislaccedilatildeo federal e estadual sobre Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente A legislaccedilatildeo

municipal foi entendida como mais conservadora que as federal e estadual uma

vez que considera implicitamente que declividades entre 47 e 100 satildeo

enquadradas como APPs aleacutem da faixa superior a 100

Parte consideraacutevel das ocupaccedilotildees em APP principalmente na regiatildeo do bairro

Santo Antocircnio (onde surgiu os primeiros nuacutecleos que deram origem ao municiacutepio)

e o centro da cidade ocorreram antes de que fosse elaborado qualquer legislaccedilatildeo

que versasse sobre o tema Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente bastando ao gestor

local tomar medidas de contenccedilatildeo de riscos que minimizem os impactos causados

por essas ocupaccedilotildees nessa regiatildeo

O ordenamento adequado do uso do solo no municiacutepio eacute necessaacuterio para que o

crescimento dos loteamentos criados anteriormente agrave esta Lei e o surgimento de

novos natildeo avance para Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente o que pode causar

inuacutemeros problemas aos moradores e agravar os jaacute existentes

Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las

com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)

As aacutereas onde houveram a maior quantidade de registros de deslizamentos satildeo os

bairros mais populosos de Santos Dumont podendo se estabelecer uma relaccedilatildeo

que quanto mais populoso o bairro maior a quantidade de problemas relacionados

a deslizamentos Tambeacutem pode-se notar uma relaccedilatildeo com as fronteiras das faixas

de declividades e os deslizamentos uma vez que boa parte deles aconteceram

nestas faixas

As aacutereas onde houve um grande nuacutemero de registros de alagamentos satildeo os bairros

que se desenvolveram agraves margens do Ribeiratildeo das Posses em especial na aacuterea que

47

compreende as APPs de curso hiacutedrico e em aacutereas onde a declividade eacute baixa Esse

fato aliado ao crescimento do nuacutemero de vias pavimentadas com material

impermeaacutevel e a natildeo expansatildeo e ou redimensionamento da rede de drenagem

urbana contribuiacuteram para a ocorrecircncia cada vez mais constante de alagamentos

nessas aacutereas

Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos

catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30

anos

A partir do levantamento histoacuterico realizado e da base de dados georeferenciada

gerada observou-se o aumento do nuacutemero de registros de deslizamentos e

alagamentos nos uacuteltimos 10 anos quando as ocorrecircncias comeccedilaram a se repetir

numa mesma aacuterea com frequecircncia incrementada as vezes com mais de uma

ocorrecircncia anual

Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do

solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental

Destaca-se a adequaccedilatildeo dos criteacuterios gerais estabelecidos pelo Plano Diretor de

Santos Dumont relativos a legislaccedilatildeo federal e estadual Entretanto o referido

Plano Diretor natildeo contempla todo o territoacuterio municipal sendo assim ele natildeo

cumpre o objetivo de proteger as APPs preservadas e recuperar as que foram

degradadas em todo o territoacuterio municipal Ressalta-se tambeacutem a sua natildeo

conformidade com o Estatuto das Cidades uma vez que o Plano Diretor

contempla apenas os novos loteamentos

Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais

negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea

impactada

Recomenda-se a implantaccedilatildeo no municiacutepio de uma Coordenadoria Municipal de

Defesa Civil atuante e integrada agraves Secretarias Municipais e agrave comunidade

visando uma atuaccedilatildeo eficaz nos problemas relacionados a deslizamentos e

alagamentos A elaboraccedilatildeo de um Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos eacute de

suma importacircncia pois atraveacutes dele pode-se predizer as aacutereas que passaratildeo por

problemas caso a expansatildeo aconteccedila ou se inicie uma ocupaccedilatildeo nova aleacutem de

prevenir acidentes nas aacutereas jaacute ocupadas e consideradas de risco

48

7 Anexos

49

71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont

50

51

72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)

52

53

8 Referecircncias Bibliograacuteficas

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CF estabelece as diretrizes gerais da poliacutetica urbana e daacute outras providecircncias Brasiacutelia

2001

BRASIL Lei Federal nordm 12651 de 25 de maio de 2012 Dispotildee sobre a proteccedilatildeo da

vegetaccedilatildeo nativa altera as Leis nos 6938 de 31 de agosto de 1981 9393 de 1 9 de

dezembro de 1996 e 11 428 de 22 de dezembro de 2006 revoga as Leis nos 4771 de

1 5 de setembro de 1965 e 7754 de 1 4 de abril de 1989 e a Medida Provisoacuteria no 21

66shy67 de 24 de agosto de 2001 e daacute outras providecircncias Brasiacutelia 2012

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Reduzindo Perdas UFSC Florianoacutepolis 2014

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Plano Diretor Participativo do Municiacutepio de Santos Dumont nos termos da Lei nordm 10257

de 10 de julho de 2001 ndash Estatuto das Cidades e conteacutem outras providecircncias Santos

Dumont 2012

56

SAtildeO PAULO Mapeamento de riscos associados a escorregamentos inundaccedilatildeo erosotildees

e solapamento de margens de drenagens do municiacutepio de Campos do Jordatildeo-SP

Relatoacuterio Teacutecnico Campos do Jordatildeo 2014

SILVA JR J R amp PASSOS L A O negoacutecio eacute participar a importacircncia do plano

diretor para o desenvolvimento municipal CNM SEBRAE Brasiacutelia 2006

SKORUPA LA Aacutereas de preservaccedilatildeo permanente e desenvolvimento sustentaacutevel

Embrapa Meio Ambiente Jaguariuacutena-SP 2004 4p

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Campos de Goytacazes- RJ Boletim do Observatoacuterio Ambiental Alberto Ribeiro Lamego

v4 nordm 1 Campos de Goytacazes 2010

SPERFELD A S Identificaccedilatildeo e anaacutelise de demandas soacutecio ambientais de ordem

puacuteblica em aacutereas urbanas susceptiacuteveis a desastres naturais no municiacutepio de Joinville

SC Dissertaccedilatildeo de Mestrado UFSC Florianoacutepolis 2009

TAKEDA T O Uso e ocupaccedilatildeo do solo urbano Disponiacutevel em

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naturais conhecer para prevenir Instituto Geoloacutegico Satildeo Paulo 2009 p 25-38

UFV ndash Universidade Federal de Viccedilosa Mapa de solos do Estado de Minas Gerais

legenda expandida Centro Tecnoloacutegico de Minas Gerais FEAM Belo Horizonte 2010

ZANON F N Uso e ocupaccedilatildeo da terra e vulnerabilidade a alagamento na aacuterea central

da cidade de Satildeo Paulo O caso da subprefeitura da Seacute Trabalho de Graduaccedilatildeo UNESP

Rio Claro 2013

Page 8: O USO DO SOLO URBANO EM ÁREAS DE PRESERVAÇÃO … · social que você tenha na vida, a mais alta ou a mais baixa, tenha sempre como meta muita força, muita determinação e sempre

vii

SUMAacuteRIO

LISTA DE FIGURAS 2

LISTA DE TABELAS E QUADROS 4

1 INTRODUCcedilAtildeO 5

2 OBJETIVOS 6

21 Objetivo geral 6

22 Objetivos especiacuteficos 6

3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 7

31 Conceitos Fundamentais 7

311 Aacutereas de risco 7

312 Deslizamentos 8

313 Alagamentos 8

314 Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente 9

315 Uso e ocupaccedilatildeo do solo 9

32 Legislaccedilatildeo Pertinente 10

321 As adequaccedilotildees da legislaccedilatildeo ao longo dos anos 10

322 O Novo Coacutedigo Florestal e a legislaccedilatildeo mineira 11

323 O Plano Diretor 13

3231 O Plano Diretor de Santos Dumont 14

33 O Municiacutepio de Santos Dumont 16

331 De Arraial a cidade 16

332 Santos Dumont na atualidade 19

4 METODOLOGIA 20

41 Aacuterea de estudo 20

42 Levantamento e tratamento dos dados 21

5 RESULTADOS 23

51 Levantamento histoacuterico de alagamentos e deslizamentos 23

512 O Plano diretor e as APPs 31

52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis 40

521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta 41

6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees 46

7 Anexos 48

71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont 49

72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos

(1984-2014) 51

8 Referecircncias Bibliograacuteficas 53

2

LISTA DE FIGURAS

Paacuteg

Figura 31 Vista parcial do Arraial de Joatildeo Gomes 17

Figura 32 Municiacutepio de Palmyra na deacutecada de 1920 18

Figura 33 Municiacutepio de Santos Dumont em 2014 19

Figura 41 Localizaccedilatildeo da aacuterea urbana principal 20

Figura 42 Mapa da aacuterea urbana principal com a localizaccedilatildeo dos

bairros

21

Figura 51 Deslizamento no bairro Coacuterrego do Ouro 25

Figura 52 Alagamento na regiatildeo central de Santos Dumont em 2013 26

Figura 53 Pontos de Alagamento obtidos atraveacutes do levantamento

histoacuterico

27

Figura 54 Pontos de Deslizamento obtidos atraveacutes do levantamento

histoacuterico

27

Figura 55 Aacutereas propensas a deslizamento de acordo com o Plano

Diretor de Santos Dumont

29

Figura 56 Aacutereas propensas a alagamento de acordo com o Plano

Diretor de Santos Dumont

29

Figura 57 Aacutereas propensas a alagamento do estudo do Plano Diretor

complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do

levantamento

30

Figura 58 Aacutereas propensas a deslizamento do estudo do Plano

Diretor complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do

levantamento

31

Figura 59 Zoneamento urbano da aacuterea urbana principal 32

Figura 510 Combinaccedilatildeo entre as declividades importantes incluindo

as APPs e o zoneamento urbano

34

Figura 511 Combinaccedilatildeo entre as APPs de curso hiacutedrico e as zonas de

planejamento

35

Figura 512 Mapa de usos do solo da aacuterea urbana principal de Santos

Dumont

36

Figura 513 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na

aacuterea urbana principal

37

Figura 514 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na

aacuterea urbana principal

38

Figura 515 Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a

deslizamentos na regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

39

Figura 516 Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a

alagamentos na regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

39

3

Figura 517 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de

deslizamentos

44

Figura 518 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de

alagamentos

45

4

LISTA DE TABELAS E QUADROS

Paacuteg

Tabela 51 Ocorrecircncias de alagamento e deslizamento obtidos

atraveacutes do levantamento histoacuterico

28

Tabela 52 Assinaturas da combinaccedilatildeo Declividade x Zoneamento 34

Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x

Zoneamento

36

Quadro 51 Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco 42

5

1 INTRODUCcedilAtildeO

Quando o ser humano deixou de seguir uma vida nocircmade e passou a se fixar em locais

em geral proacuteximos a cursos drsquoaacutegua e de aacutereas propicias ao cultivo de alimentos iniciou-

se o processo de implantaccedilatildeo de pequenas comunidades e quando estas comunidades

comeccedilaram a crescer natildeo soacute em quantidade mas tambeacutem do ponto de vista

organizacional deu-se iniacutecio a formaccedilatildeo das cidades tal como conhecemos hoje Como

resultado deste processo um sem-fim de problemas relacionados agrave estas ocupaccedilotildees

surgiram tanto de cunho ambiental quanto social e dentre estes problemas estatildeo

incluiacutedos os desastres naturais relacionados a deslizamentos e alagamentos por conta da

ocupaccedilatildeo em aacutereas natildeo adequadas a este fim

Nos uacuteltimos anos o Brasil tem vivenciado grandes trageacutedias relacionadas a deslizamentos

e alagamentos Uma boa parte destes eventos teve como fator agravante as ocupaccedilotildees

sem criteacuterio e sem orientaccedilatildeo teacutecnica Um exemplo recente aconteceu no Vale do Itajaiacute

em Santa Catarina em novembro de 2008 durante um periacuteodo com chuvas intensas em

que vaacuterias cidades entraram em situaccedilatildeo de calamidade puacuteblica devido ao grande nuacutemero

de casos de alagamento e graves deslizamentos de encostas causando a morte de vaacuterias

pessoas na regiatildeo No Estado do Rio de Janeiro em 2010 o Morro do Bumba em Niteroacutei

sofreu com um grave deslizamento que deixou um grande nuacutemero de mortos As casas

foram construiacutedas sobre um antigo lixatildeo sem nenhuma orientaccedilatildeo e com as intensas

chuvas que assolaram a regiatildeo naquela eacutepoca a encosta veio a baixo causando o desastre

Outra trageacutedia relevante aconteceu na regiatildeo Serrana do Rio de Janeiro que foi

considerada ateacute entatildeo a maior trageacutedia climaacutetica da histoacuteria do paiacutes com pouco mais de

500 mortos e um prejuiacutezo material incalculaacutevel no ano de 2011 Em comum a todos estes

fatos estaacute a falta de um planejamento efetivo por parte dos oacutergatildeos municipais no que diz

respeito ao disciplinamento do uso e ocupaccedilatildeo do solo e a fiscalizaccedilatildeo do cumprimento

da legislaccedilatildeo vigente

A cidade de Santos Dumont Minas Gerais natildeo eacute exceccedilatildeo a esta regra Como a grande

maioria das comunidades estabelecidas ao longo da Estrada Real a cidade surgiu como

um pequeno rancho cujo objetivo era servir de pouso para os viajantes que faziam o

transporte de pedras e metais preciosos das minas de Ouro Preto ateacute o Rio de Janeiro

Posteriormente a regiatildeo se desenvolveu como importante entreposto industrial e

comercial a partir da instalaccedilatildeo da ferrovia D Pedro II ateacute que no final do seacuteculo XIX

se transforma em vila e logo apoacutes em municiacutepio O desenvolvimento da regiatildeo implicou

tambeacutem no crescimento populacional e como naquela eacutepoca ainda natildeo havia uma

legislaccedilatildeo especiacutefica para ordenamento e uso do solo os loteamentos foram surgindo agraves

margens do Ribeiratildeo das Posses e em aacutereas cuja declividade natildeo era favoraacutevel agrave ocupaccedilatildeo

6

o que consequentemente acarretou deslizamentos de terra e alagamentos inclusive com

o registro de algumas trageacutedias ao longo dos anos

Pretende-se que este trabalho sirva como subsidio ao gestor puacuteblico local visando o

estabelecimento de poliacuteticas puacuteblicas integradas aos setores de meio ambiente e defesa

civil com vistas a garantir a seguranccedila de todos os muniacutecipes e a qualidade de vida em

todo o territoacuterio municipal

2 OBJETIVOS

21 Objetivo geral

O objetivo geral deste trabalho eacute contribuir para o estabelecimento de poliacuteticas puacuteblicas

direcionadas ao disciplinamento do uso e ocupaccedilatildeo do solo urbano no municiacutepio de

Santos Dumont

22 Objetivos especiacuteficos

Satildeo objetivos especiacuteficos

Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a

aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes

urbanos

Caracterizar o uso irregular do solo urbano em Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente

Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las

com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)

Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos

catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30

anos

Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do

solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental

7

Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais

negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea

impactada

3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

A seguir eacute apresentada a revisatildeo bibliograacutefica que fundamenta o desenvolvimento e o

pleno entendimento deste trabalho O conhecimento do que satildeo aacutereas de risco

alagamentos e deslizamentos bem como o que eacute e qual a importacircncia de um Plano Diretor

eacute de suma importacircncia para se avaliar como um municiacutepio estaacute se desenvolvendo e qual

a qualidade de vida dos muniacutecipes Tambeacutem satildeo abordados neste capiacutetulo os aspectos

legais referentes agraves Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente seus limites e sua importacircncia para

o ambiente urbano

31 Conceitos Fundamentais

311 Aacutereas de risco

De acordo com o Instituto de Pesquisas Tecnoloacutegicas ndash IPT entende-se como aacuterea de

risco aquela ldquopassiacutevel de ser atingida por fenocircmenos ou processos naturais eou induzidos

que causem efeito adverso As pessoas que habitam essas aacutereas estatildeo sujeitas a danos agrave

integridade fiacutesica perdas materiais e patrimoniaisrdquo (MINISTEacuteRIO DAS CIDADES

2007)

Para Augusto Filho et al (1990) apud Cristo (2002) aacuterea de risco eacute caracterizada como

aquela em que ldquose encontra em situaccedilatildeo de perigo tanto socialmente quanto

economicamente por conta de alguma alteraccedilatildeo na constituiccedilatildeo do terreno ou com grande

probabilidade de ocorrer processos naturaisrdquo

Segundo Fernandes (2012) aacutereas de risco ldquosatildeo aacutereas consideradas improacuteprias ao

assentamento humano por estarem sujeitas a riscos naturaisrdquo

Diante das definiccedilotildees supracitadas pode-se dizer que aacuterea de risco satildeo aacutereas susceptiacuteveis

agrave accedilatildeo de eventos naturais extremos e por esse motivo natildeo eacute viaacutevel agrave ocupaccedilatildeo humana

nestes locais e pode ou natildeo estar associados agrave proximidade ou nos limites de uma APP

8

312 Deslizamentos

Segundo Tominaga (2009) deslizamento eacute o movimento de solo em uma vertente pela

accedilatildeo da gravidade e satildeo mais frequentes em regiotildees de relevo montanhoso e em periacuteodos

chuvosos sendo a pluviosidade um dos principais fatores condicionantes para a ocorrecircncia

do processo Os deslizamentos podem ocorrer naturalmente e eacute grande responsaacutevel pela

dinacircmica das vertentes e evoluccedilatildeo do relevo local mas no Brasil a falta de planejamento

urbano de uma boa parte dos municiacutepios a ocupaccedilatildeo desordenada e a construccedilatildeo de

domiciacutelios sem orientaccedilatildeo teacutecnica tecircm transformado um processo natural em um

problema que algumas vezes se tornam grandes trageacutedias Na regiatildeo Sudeste brasileira o

escorregamento do tipo rotacional eacute o mais comum e eacute caracterizado por uma ruptura

curva no solo que estaacute geralmente associada agrave realizaccedilatildeo de cortes na base do talude ou

por processos erosivos fluviais o que relaciona esse tipo de escorregamento agraves regiotildees

urbanas mal planejadas e coloca o homem como o principal agente efetivo associado com

a pluviosidade na ocorrecircncia de acidentes relacionados com deslizamentos

(FERNANDES amp AMARAL 1996 apud TOMINAGA 2009)

313 Alagamentos

De acordo com Amaral amp Ribeiro (2009) inundaccedilotildees e enchentes satildeo processos

intimamente relacionados com a pluviosidade pois satildeo frequentes em periacuteodos de chuvas

fortes e raacutepidas ou chuvas de longa duraccedilatildeo e estatildeo relacionados agrave intensidade e

distribuiccedilatildeo da precipitaccedilatildeo ao longo da bacia agrave capacidade do solo de reter e infiltrar

aacutegua e agraves caracteriacutesticas de forma da bacia de drenagem

O escoamento das aacuteguas pluviais na natureza eacute lento mas em aacutereas urbanizadas a accedilatildeo

antroacutepica relacionada a ocupaccedilatildeo de planiacutecies de inundaccedilatildeo que podem estar inclusive

em uma cota abaixo do leito do rio impermeabilizaccedilatildeo do solo e retificaccedilatildeo de corpos

drsquoaacutegua aleacutem de inuacutemeras atividades que promovem o assoreamento dos rios e coacuterregos

tem gerado resultados catastroacuteficos e grandes prejuiacutezos (AMARAL amp RIBEIRO 2009)

Quando se refere agraves regiotildees urbanas o termo ldquoalagamentordquo eacute o mais utilizado e segundo

o Ministeacuterio das Cidades (2006) define-se como o ldquoacuacutemulo momentacircneo de aacuteguas em

uma dada aacuterea por problemas no sistema de drenagem podendo ter ou natildeo relaccedilatildeo com

processos de natureza fluvialrdquo Tambeacutem o termo ldquoenxurradardquo eacute utilizado e define-se como

o ldquoescoamento superficial concentrado e com alta energia de transporte que pode ou natildeo

estar associado a aacutereas de domiacutenio dos processos fluviais Eacute comum a ocorrecircncia de

enxurradas ao longo de vias implantadas sobre antigos cursos drsquoaacutegua com alto gradiente

hidraacuteulico e em terrenos com alta declividade naturalrdquo

9

314 Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente

O Novo Coacutedigo Florestal Brasileiro define Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP) como

ldquoaacuterea protegida coberta ou natildeo por vegetaccedilatildeo nativa com a funccedilatildeo ambiental de

preservar os recursos hiacutedricos a paisagem a estabilidade geoloacutegica e a biodiversidade

facilitar o fluxo gecircnico de fauna e flora proteger o solo e assegurar o bem-estar das

populaccedilotildees humanasrdquo (BRASIL2012) Estas aacutereas satildeo muito importantes tanto no meio

urbano como no rural por garantir a estabilidade do solo em encostas iacutengremes contribuir

para a natildeo formaccedilatildeo de processos erosivos e o assoreamento de rios e coacuterregos aleacutem de

garantir a recarga de aquiacuteferos ao atuar como um amortecedor de chuvas retendo-a e

impedindo que ocorra um carreamento intenso de sedimentos ao longo dos morros e

margens de rios e coacuterregos (SKORUPA 2004) A Lei 126512012 apresenta os tipos de

APP e seus limites conforme seraacute visto no item 322

315 Uso e ocupaccedilatildeo do solo

Dentre os vaacuterios mecanismos de ordenamento urbano e instrumentos de planejamento

municipal previsto no Estatuto da Cidade (Lei Federal 102572001) o uso e ocupaccedilatildeo

do solo satildeo os mais utilizados pelas cidades para a formulaccedilatildeo das poliacuteticas urbanas

podendo definir o uso como a forma como esta parcela do solo eacute utilizada e a ocupaccedilatildeo

como sendo o modo como as edificaccedilotildees devem ser dispostas nesta mesma parcela do

solo urbano (TAKEDA 2015) O termo ldquoUso e ocupaccedilatildeo do solordquo tambeacutem pode ser

definido como o fator que determina como as mais diferentes regiotildees de um municiacutepio

deve se desenvolver (FONTOURA 2015)

A inserccedilatildeo de leis municipais de uso e ocupaccedilatildeo do solo objetivam ser uma referecircncia

para os gestores locais no processo de tomada de decisatildeo para que as cidades cresccedilam de

modo organizado enfatizando os potenciais e capacidades de cada regiatildeo aleacutem de tornar

o crescimento mais homogecircneo Com isso pretende-se evitar a formaccedilatildeo de grandes

adensamentos em pequenas aacutereas garantindo a mobilidade e a qualidade de vida de todos

os muniacutecipes tanto da regiatildeo urbana como da rural preservar e melhorar a qualidade

ambiental do municiacutepio aleacutem de evitar deslizamentos e alagamentos por conta da

ocupaccedilatildeo incorreta do solo (TAKEDA 2015)

10

32 Legislaccedilatildeo Pertinente

321 As adequaccedilotildees da legislaccedilatildeo ao longo dos anos

A problemaacutetica relacionada agraves APPs em aacutereas urbanas outrora era uma questatildeo complexa

e demandava uma larga discussatildeo do ponto de vista juriacutedico administrativo e teacutecnico Eacute

sabido que a maioria das cidades se formaram proacuteximos aos corpos hiacutedricos regiatildeo que

garantia o abastecimento de aacutegua e alimentos agrave populaccedilatildeo e tambeacutem facilitava o descarte

dos efluentes A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 225 daacute garantia aos

brasileiros de um meio ambiente em equiliacutebrio e concede agrave toda a sociedade o dever de

preservaacute-lo de acordo com os princiacutepios do desenvolvimento sustentaacutevel (BRASIL

1988) Antes desta Constituiccedilatildeo jaacute havia um texto que regulamentava a questatildeo da

preservaccedilatildeo de aacutereas verdes em todo o territoacuterio nacional A Lei Federal nordm 477165 que

trata do Coacutedigo Florestal estabelecia limites e regulamentava as Aacutereas de Preservaccedilatildeo

Permanente De acordo com Arauacutejo (2002) apud De Moraes (2014) essa Lei que fora

revogada e substituiacuteda pela Lei 126512012 era bastante falha no que diz respeito agraves

questotildees de APPS em aacutereas urbanas o que poderia ser um facilitador do natildeo cumprimento

do que foi proposto por aquela legislaccedilatildeo nestas aacutereas Isso se devia ao fato de o Coacutedigo

Florestal de 1965 ter deixado uma duacutevida sobre qual legislaccedilatildeo seguir uma vez que em

seu segundo artigo no paraacutegrafo uacutenico estava disposto que em aacutereas urbanas devia-se

atentar para a legislaccedilatildeo referente ao Plano Diretor e as referentes ao uso do solo na aacuterea

do municiacutepio (BRASIL 1965) Diante dessa conjuntura alguns municiacutepios optavam pela

natildeo aplicaccedilatildeo do Coacutedigo Florestal na regiatildeo urbana mesmo sabendo que a poliacutetica

conservacionista eacute extremamente importante visto o grande nuacutemero de problemas que

podem advir do uso irregular das APPs (DE MORAES 2009) Segundo o artigo 182 da

Constituiccedilatildeo Federal de 1988 as poliacuteticas relacionadas ao desenvolvimento urbano

devem ser elaboradas pelos municiacutepios e objetiva garantir o bem estar dos muniacutecipes e

tambeacutem o desenvolvimento do municiacutepio como um todo atraveacutes do atendimento agraves

exigecircncias do Plano Diretor (BRASIL 1988) O que podia gerar alguma divergecircncia seria

se o Plano Diretor Municipal propusesse uma faixa de APP menor que a prevista pelo

Coacutedigo Florestal Sendo assim essa legislaccedilatildeo perderia sua validade pelo fato de a

legislaccedilatildeo federal ser suplementar ou se seria cumprida devido ao disposto no artigo 182

da Constituiccedilatildeo Segundo De Moraes (2009) natildeo eacute aceitaacutevel que o Plano Diretor

Municipal legitime tal degradaccedilatildeo ambiental uma vez que um dos seus principais

objetivos eacute a proteccedilatildeo do bem estar puacuteblico estando incluiacutedo nesse a proteccedilatildeo do

ambiente natural A delimitaccedilatildeo e especificaccedilatildeo das APPs em Lei eacute necessaacuteria uma vez

que os limites miacutenimos destinados agrave preservaccedilatildeo satildeo importantes pois garantem a

proteccedilatildeo tanto da qualidade quanto da quantidade dos recursos hiacutedricos e evitam a

ocupaccedilatildeo em locais propiacutecios aos deslizamentos e zonas de recarga dos aquiacuteferos

11

subterracircneos assegurando tambeacutem de certa forma a integridade dos seres humanos que

potencialmente ocupariam tais locais (CARVALHO 2013)

Neste trabalho a legislaccedilatildeo tomada como referecircncia eacute a prevista pela Constituiccedilatildeo Federal

de 1988 o Novo Coacutedigo Florestal (Lei 126512012) e o Estatuto das Cidades (Lei

102572001) em acircmbito federal Na esfera estadual a Lei 209222013 versa sobre os

limites para APP em todo o territoacuterio de Minas A Lei Municipal 42412012 trata do

Plano Diretor Municipal da cidade de Santos Dumont onde se encontra as diretrizes para

o uso e ocupaccedilatildeo do solo e o zoneamento da cidade de acordo com as caracteriacutesticas do

solo entre outras

322 O Novo Coacutedigo Florestal e a legislaccedilatildeo mineira

O Novo Coacutedigo Florestal Lei Federal 126512012 substituiu a Lei Federal 47711965

Dentre os vaacuterios artigos que esta lei possui o que apresenta maior importacircncia para o

planejamento e o ordenamento das cidades tanto na aacuterea urbana como na rural eacute o artigo

4ordm em que constam as faixas de APP tanto para curso hiacutedrico como para declividade e

altitude aleacutem dos topos de morro a saber (BRASIL2012)

ldquoArt 4ordm Considera-se Aacuterea de Preservaccedilatildeo

Permanente em zonas rurais ou urbanas para os

efeitos desta Lei

I - as faixas marginais de qualquer curso drsquoaacutegua

natural perene e intermitente excluiacutedos os

efecircmeros desde a borda da calha do leito regular

em largura miacutenima de

a) 30 (trinta) metros para os cursos drsquoaacutegua de

menos de 10 (dez) metros de largura

b) 50 (cinquenta) metros para os cursos drsquoaacutegua

que tenham de 10 (dez) a 50 (cinquenta) metros de

largura

()

IV - as aacutereas no entorno das nascentes e dos olhos

drsquoaacutegua perenes qualquer que seja sua situaccedilatildeo

topograacutefica no raio miacutenimo de 50 (cinquenta)

metros

12

V - as encostas ou partes destas com declividade

superior a 45deg equivalente a 100 (cem por

cento) na linha de maior declive

()

IX - no topo de morros montes montanhas e

serras com altura miacutenima de 100 (cem) metros e

inclinaccedilatildeo meacutedia maior que 25deg as aacutereas

delimitadas a partir da curva de niacutevel

correspondente a 23 (dois terccedilos) da altura

miacutenima da elevaccedilatildeo sempre em relaccedilatildeo agrave base

sendo esta definida pelo plano horizontal

determinado por planiacutecie ou espelho drsquoaacutegua

adjacente ou nos relevos ondulados pela cota do

ponto de sela mais proacuteximo da elevaccedilatildeo

X - as aacutereas em altitude superior a 1800 (mil e

oitocentos) metros qualquer que seja a

vegetaccedilatildeo

()rdquo

A legislaccedilatildeo atual em seu artigo 4ordm evidencia que as faixas e aacutereas determinadas como

APP compreendem tanto as aacutereas rurais quanto urbanas (BRASIL 2012) retirando a

duacutevida anterior e sendo essa a Lei suplementar qualquer faixa de APP mais permissiva

na legislaccedilatildeo estadual e municipal satildeo invaacutelidas o que simplificou de certa forma a

aplicabilidade da Legislaccedilatildeo referente a Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente

No Estado de Minas Gerais a Lei Estadual 20922 de 16 de Outubro de 2013 trata do tema

em acircmbito estadual mas com os mesmos princiacutepios propostos pela Lei Federal sendo os

limites miacutenimos previstos para as APPs os mesmos propostos pelo Novo Coacutedigo

Florestal brasileiro (MINAS GERAIS2013)

ldquo Art 9ordm Para os efeitos desta Lei em zonas rurais

ou urbanas satildeo APPs

I as faixas marginais de cursos drsquoaacutegua naturais

perenes e intermitentes excluiacutedos

os efecircmeros medidas a partir da borda da calha

do leito regular em largura miacutenima de

13

a) 30m (trinta metros) para os cursos drsquoaacutegua de

menos de 10m (dez metros) de largura

b) 50m (cinquenta metros) para os cursos drsquoaacutegua

de 1 0m (dez metros) a 50m (cinquenta metros) de

largura

()

IV as aacutereas no entorno das nascentes e dos olhos

drsquoaacutegua perenes no raio miacutenimo de 50m

(cinquenta metros)

V as encostas ou partes destas com declividade

superior a 45ordm (quarenta e cinco graus)

equivalente a 100 (cem por cento) na linha de

maior declive

()

VII no topo de morros montes montanhas e

serras com altura miacutenima de 100m (cem metros)

e inclinaccedilatildeo meacutedia maior que 25ordm (vinte e cinco

graus) as aacutereas delimitadas a partir da curva de

niacutevel correspondente a 23 (dois terccedilos) da altura

miacutenima da elevaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave base sendo esta

definida pelo plano horizontal determinado por

planiacutecie ou espelho drsquoaacutegua adjacente ou nos

relevos ondulados pela cota do ponto de sela mais

proacuteximo da elevaccedilatildeo

VIII as aacutereas em altitude superior a 1 800m (mil

e oitocentos metros)

()rdquo

323 O Plano Diretor

O Estatuto das Cidades em seu artigo 40 prevecirc o plano diretor como um instrumento

capaz de promover a poliacutetica urbana englobando toda a cidade aleacutem de fornecer padrotildees

e limites para o uso do solo nas mais diversas regiotildees do municiacutepio com vistas a

harmonizar o desenvolvimento urbano com a preservaccedilatildeo do meio ambiente (SILVA JR

2006) Este instrumento eacute obrigatoacuterio para cidades com mais de 20 mil habitantes ou

14

aacutereas que integrem regiotildees metropolitanas ou de interesse turiacutestico O artigo 41 do

Estatuto das cidades tambeacutem prevecirc a obrigatoriedade do Plano Diretor para cidades que

possuem em sua aacuterea empreendimentos que caracterizem grandes impactos ambientais

de influecircncia regional ou nacional e cidades que possuem problemas com deslizamentos

de grande magnitude ou alagamentos repentinos (BRASIL 2001)

O Plano diretor de acordo com o Estatuto das Cidades deve ser aprovado como lei em

acircmbito municipal e revisto a cada dez anos Este documento eacute uacutenico pois cada cidade

possui suas peculiaridades infraestrutura vocaccedilotildees e problemas que por mais que sejam

parecidos entre si satildeo diferenciados pela intensidade e pela regionalizaccedilatildeo Sendo assim

a confecccedilatildeo do Plano Diretor deve conter a participaccedilatildeo de toda a comunidade local de

forma a reduzir as desigualdades sociais os gastos puacuteblicos desnecessaacuterios a degradaccedilatildeo

ambiental e combater os problemas relacionados a urbanizaccedilatildeo de forma conjunta

promovendo um processo de tomada de decisatildeo que garanta a qualidade de vida

preservaccedilatildeo e o desenvolvimento social do municiacutepio como um todo (ROSSBACH amp

CARVALHO 2010)

3231 O Plano Diretor de Santos Dumont

A Lei Municipal nordm 424112 que entrou em vigor no ano de 2014 trata do Plano Diretor

Municipal instrumento previsto no Estatuto das Cidades para garantir aos cidadatildeos um

desenvolvimento urbano organizado justo e sustentavelmente econocircmico (BRASIL

2001) Aleacutem de apontar as diretrizes para a elaboraccedilatildeo da Poliacutetica Municipal dos mais

variados setores o Plano Diretor divide o municiacutepio em macrozonas urbanas e rurais

Estas zonas tecircm por objetivo facilitar a identificaccedilatildeo dos setores que permitem ou natildeo o

desenvolvimento da cidade e em que magnitude pode ser feita a expansatildeo respeitando ao

meio ambiente e tambeacutem o que eacute previsto no tocante ao uso e ocupaccedilatildeo do solo nessas

aacutereas Aleacutem disso ela estabelece a forma como devem ser as edificaccedilotildees nas referidas

aacutereas As aacutereas definidas como macrozonas urbanas e foram subdivididas em (SANTOS

DUMONT2012)

ldquoZona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e

da Paisagem (ZPPH) satildeo as aacutereas cujos

equipamentos urbanos possuem interesse

histoacuterico ou paisagiacutestico de preservaccedilatildeo

Zona de Preservaccedilatildeo Ambiental satildeo aquelas em

que devem ser mantidas ou recuperadas a

15

vegetaccedilatildeo por conta da declividade altitude ou

presenccedila de recursos hiacutedricos

Zona de Adensamento Controlado (ZAC) satildeo as

aacutereas em que deve-se manter uma pequena

densidade populacional devido as limitaccedilotildees na

infraestrutura da localidade A ZAC se divide em

ZAC 1 quando a infraestrutura existente eacute

limitada e em ZAC 2 quando esta eacute precaacuteria ou

natildeo existe

Zona de Consolidaccedilatildeo de Adensamento (ZCA)

satildeo as aacutereas em que haacute interesse em ocupar os

lotes vagos haja visto que a regiatildeo possui toda a

infraestrutura para que isto aconteccedila

Zona Adensaacutevel (ZA) satildeo as aacutereas com

condiccedilotildees propiacutecias para ocorrer uma ocupaccedilatildeo

mais densa

Zona Especial de Interesse Social (ZEIS) satildeo as

aacutereas em que o Poder Puacuteblico almeja fazer

alguma forma de ocupaccedilatildeo Eacute dividida em ZEIS 1

e ZEIS 2 A ZEIS 1 satildeo regiotildees jaacute ocupadas mas

de forma irregular cujo interesse puacuteblico eacute

realizar obras e outras atividades para

regularizar as ocupaccedilotildees e urbanizar a aacuterea

enquanto que a ZEIS 2 satildeo aacutereas natildeo utilizadas ou

subutilizadas as quais o poder puacuteblico almeja

realizar algum empreendimento habitacional de

caraacuteter social

Zona de Grandes Equipamentos (ZE) satildeo aacutereas

cujo o interesse eacute a implantaccedilatildeo de

empreendimentos de grande porte ou grandes

equipamentos puacuteblicosrdquo

Esta divisatildeo espacial pode ser melhor vista no Anexo 71

O Plano Diretor natildeo estipula limites para APP mas prevecirc algumas diretrizes como na

Poliacutetica Municipal de Preservaccedilatildeo do Meio Ambiente sobre o uso do solo em

compatibilidade com praacuteticas conservacionistas A Poliacutetica Municipal de Expansatildeo

16

Urbana tem como uma de suas diretrizes fazer cumprir a legislaccedilatildeo vigente no que diz

respeito agraves intervenccedilotildees e investimentos que poderatildeo ser feitos nessas aacutereas Tambeacutem eacute

diretriz da mesma Poliacutetica o controle da ocupaccedilatildeo e do uso do solo em APPs e o auxiacutelio

aos oacutergatildeos estaduais e federais de meio ambiente no tocante agrave fiscalizaccedilatildeo da ocupaccedilatildeo

nestas aacutereas (SANTOS DUMONT 2012) O artigo 38 que trata das diretrizes da Poliacutetica

habitacional de interesse social exclui do processo de regularizaccedilatildeo fundiaacuteria os

assentamentos situados em aacutereas de risco o que na maioria das vezes estatildeo tambeacutem nas

aacutereas que deveriam estar vegetadas e protegidas (SANTOS DUMONT 2012) Na

legislaccedilatildeo referente ao parcelamento do solo eacute previsto que no parcelamento de glebas

com declividade entre 30 e 47 soacute poderaacute ser aprovado mediante projeto e laudo

assinado por um responsaacutevel teacutecnico favoraacutevel agrave construccedilatildeo nesse local (SANTOS

DUMONT 2012) Diante do proposto pelo Plano Diretor de Santos Dumont pode-se

dizer que natildeo haacute conflito com a legislaccedilatildeo federal e estadual em se tratando da

aplicabilidade do Coacutedigo Florestal uma vez que aquele natildeo explicita limites nem

permissivos e tampouco restritivos para faixas e aacutereas de preservaccedilatildeo permanente

33 O Municiacutepio de Santos Dumont

331 De Arraial a cidade

A aacuterea onde se situa hoje o municiacutepio de Santos Dumont teve sua ocupaccedilatildeo iniciada no

seacuteculo XVIII quando a Coroa Portuguesa solicitou ao entatildeo Governador do Rio de

Janeiro Artur de Saacute Menezes que abrisse um caminho que ligasse as Minas dos

Cataguases na regiatildeo de Ouro Preto (receacutem descobertas) ao Rio de Janeiro por onde

escoava os metais preciosos para a metroacutepole Surgiu assim o ldquoCaminho Novordquo e ao longo

deste caminho surgiram tambeacutem as Sesmarias aacutereas que tinham por principal objetivo

servir de pouso aos transportadores e exploradores e tambeacutem para garantir alimento a

estas pessoas Uma destas ocupaccedilotildees seria o ldquoArraial de Joatildeo Gomesrdquo (Figura 41)

primeiro nuacutecleo primitivo do municiacutepio em 1709 De iniacutecio prevaleciam somente

ranchos onde os viajantes se abrigavam mas em pouco tempo ergueu-se a Capela de Satildeo

Miguel e Almas e pequenos nuacutecleos urbanos comeccedilaram a surgir (DAPPC2008)

17

Figura 3 1 Vista parcial do Arraial de Joatildeo Gomes

Fonte Arquivo Histoacuterico de Santos Dumont-MG

Com a construccedilatildeo da Estrada de Ferro D Pedro II no final do seacuteculo XIX a regiatildeo teve

um consideraacutevel crescimento natildeo soacute populacional como tambeacutem econocircmico se tornando

a Vila Palmyra em 1889 Em 1890 Palmyra eacute elevada ao status de Municiacutepio (Figura 42)

e recebe um grande nuacutemero de melhorias no setor viaacuterio como a retificaccedilatildeo de ruas e

tambeacutem no setor de serviccedilos puacuteblicos como abastecimento de aacutegua iluminaccedilatildeo puacuteblica a

querosene e posteriormente energia eleacutetrica O desenvolvimento econocircmico na regiatildeo

tambeacutem teve seu momento aacuteureo nesse periacuteodo Induacutestrias de laticiacutenios graacuteficas e de

Carbureto de Caacutelcio fizeram parte do parque industrial de Palmyra o que atraiacutea pessoas

de outros lugares inclusive estrangeiros contribuindo para o aumento populacional da

regiatildeo Como ainda natildeo havia legislaccedilatildeo sobre uso e ocupaccedilatildeo do solo nessa eacutepoca

surgiram inuacutemeros loteamentos em aacutereas proacuteximas agrave rios e coacuterregos e tambeacutem em

encostas com declividade acentuada o que foi agravando o risco agrave medida que a ocupaccedilatildeo

aumentava (DAPPC2008)

18

Figura 3 2 Municiacutepio de Palmyra na deacutecada de 1920

Fonte Arquivo Histoacuterico de Santos Dumont-MG

O escoamento da produccedilatildeo industrial se dava pelo modal ferroviaacuterio setor que tambeacutem

movimentava a crescente cidade que era ponto importante no setor de transportes pois

possuiacutea um dos mais bem equipados depoacutesitos de locomotivas da Estrada de Ferro Central

do Brasil (DAPPC2008)

No ano de 1932 o municiacutepio de Palmyra passou a se chamar Santos Dumont (Figura 43)

em homenagem ao inventor do aviatildeo que nascera naquela cidade Nos uacuteltimos 40 anos

Santos Dumont tem experimentado uma acentuada desaceleraccedilatildeo econocircmica

consequecircncia do fechamento da grande maioria das induacutestrias principalmente as de

laticiacutenios que empregavam direta e indiretamente uma parte consideraacutevel da populaccedilatildeo

(DAPPC2008)

19

Figura 3 3 Municiacutepio de Santos Dumont em 2014

Fonte Arquivo do autor

332 Santos Dumont na atualidade

O municiacutepio de Santos Dumont localiza-se na regiatildeo da Zona da Mata mineira distante

cerca de 220 Km da capital Belo Horizonte e possui uma populaccedilatildeo de 47558 habitantes

(ODM 2015 projeccedilatildeo) numa aacuterea total de 637 kmsup2 Faz divisa com os municiacutepios de

Juiz de Fora Oliveira Fortes Bias Fortes Antocircnio Carlos Tabuleiro Piau e Ewbank da

Cacircmara

No que diz respeito agrave sua formaccedilatildeo fisiacuteco-geograacutefica a aacuterea que compreende o municiacutepio

eacute constituiacuteda predominantemente por Cambissolo Haacuteplico (70) com Latossolo

Vermelho-Amarelo (30) (UFV2010) A vegetaccedilatildeo eacute em sua maioria composta por

exemplares de Mata Atlacircntica De acordo com o IBGE(2015) Santos Dumont se localiza

a 839m de altitude O clima da regiatildeo eacute classificado como Tropical de Altitude (Cwb) e

possui uma temperatura meacutedia de 20ordmC Eacute banhado pela bacia hidrograacutefica do Paraiacuteba do

Sul e em sua maioria pertence agrave sub-bacia do Rio Pomba (IGAM) que fornece aacutegua para

abastecimento puacuteblico agrave 88 da populaccedilatildeo por meio da rede de distribuiccedilatildeo

(IBGE2010) Uma pequena parte da zona rural a sudoeste eacute banhada pela Sub-Bacia do

Rio Paraibuna mais precisamente na regiatildeo de fronteira com os municiacutepios de Juiz de

Fora e Ewbank da Cacircmara O sistema viaacuterio principal de acesso agrave cidade eacute a rodovia BR-

040 e a estrada de ferro Dom Pedro II atualmente utilizada somente para transporte de

cargas

Com a economia nos dias atuais baseada majoritariamente no setor de serviccedilos a cidade

possui um Iacutendice de Desenvolvimento humano (IDH) de 0741 (IBGE2010) Apesar do

decliacutenio econocircmico de Santos Dumont nota-se hoje um aumento no nuacutemero de

loteamentos populares e condomiacutenios horizontais e verticais entre outras edificaccedilotildees Eacute

de vital importacircncia que esse crescimento das ocupaccedilotildees seja ordenado e regulamentado

20

de forma a garantir a qualidade ambiental prevenindo deslizamentos e inundaccedilotildees Diante

dessa conjuntura o governo municipal aprovou em 2012 a Lei nordm 4241 que trata do Plano

Diretor Participativo instrumento baacutesico da poliacutetica de desenvolvimento e expansatildeo

urbana do municiacutepio de Santos Dumont

4 METODOLOGIA

41 Aacuterea de estudo

A regiatildeo dentro dos limites do municiacutepio que seraacute estudada neste trabalho eacute conforme

descrito nos anexos Plano Diretor e representada na figura 44 a aacuterea urbana principal

que possui 47 Kmsup2 e compreende a regiatildeo central da cidade e os bairros perifeacutericos regiatildeo

que concentra cerca de 90 da populaccedilatildeo total de Santos Dumont (IBGE 2015) A aacuterea

urbana principal representa 75 da aacuterea total dos 637 Kmsup2 que compreendem o

municiacutepio e eacute o local onde nos uacuteltimos 30 anos se verificou um maior crescimento

populacional e tambeacutem onde ocorre a maioria dos eventos relacionados a deslizamentos

e alagamentos por conta da ocupaccedilatildeo sem planejamento A figura 45 mostra a aacuterea

urbana principal e a localizaccedilatildeo dos bairros urbanos de Santos Dumont

Figura 4 1 Localizaccedilatildeo da aacuterea urbana principal

Fonte Google Earth

21

Figura 4 2 Mapa da aacuterea urbana principal com a localizaccedilatildeo dos bairros

Fonte Do Autor

42 Levantamento e tratamento dos dados

No desenvolvimento deste trabalho foi necessaacuterio se fazer um estudo detalhado sobre o

Plano Diretor de Santos Dumont principalmente dos seus anexos que compreendem os

mapas e a localizaccedilatildeo das aacutereas definidas pelo zoneamento proposto Para que isso fosse

possiacutevel a Secretaria Municipal de Obras e Serviccedilos Puacuteblicos forneceu todos os dados

secundaacuterios produto do estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor e do

zoneamento Estes dados incluem os arquivos Shapefile (shp) e outros documentos

integrantes do Plano Diretor Algumas informaccedilotildees foram complementadas tambeacutem com

dados adquiridos atraveacutes do site do IBGE e do Portal Objetivos do Milecircnio (ODM)

Os dados sobre as ocorrecircncias de deslizamentos e alagamentos foram obtidos atraveacutes da

Defesa Civil do municiacutepio atraveacutes do Sistema Integrado de Informaccedilotildees sobre Desastres

(S2ID) do Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional Tal sistema centraliza as informaccedilotildees sobre

desastres naturais ocorridos em todo o territoacuterio nacional facilitando a pesquisa sobre tais

eventos a qualquer cidadatildeo (BRASIL 2015)

Apesar do sistema ser bastante uacutetil os dados sobre o municiacutepio de Santos Dumont se

encontravam bastante falhos e escassos sendo necessaacuteria complementaccedilatildeo para que a

22

base de dados ficasse consistente Diante disso uma pesquisa atraveacutes dos arquivos do

Jornal Mensagem um jornal semanaacuterio local foi feita entre os anos de 1984 e 2014 e os

dados primaacuterios filtrados em uma planilha do Microsoft Excel para posterior utilizaccedilatildeo

De posse destes dados foi feita a localizaccedilatildeo em campo das coordenadas dos locais

atingidos por deslizamentos e alagamentos no periacuteodo compreendido pela pesquisa com

o auxiacutelio de um aparelho de GPS

A maioria dos arquivos shapefile utilizados para a confecccedilatildeo dos mapas satildeo parte

integrante dos anexos da Lei do Plano diretor do municiacutepio gerados no mecircs de dezembro

de 2011 pelo Instituto Nova Cidade e foram cedidos pela Secretaria Municipal de Obras

e Serviccedilos Puacuteblicos com Datum em UTM SAD 69 Com a finalidade de fornecer um

referenciamento atualizado e de acordo com os mais novos sistemas de coordenadas

utilizados no Brasil os arquivos foram convertidos para o Datum UTM SIRGAS 2000

que diferencia do SAD 69 pelo fato de ser um referencial geocecircntrico ou seja o centro

da Terra eacute o ponto de referecircncia neste sistema enquanto que o primeiro utiliza um

referencial na superfiacutecie da Terra (IBGE2014) Eacute interessante ressaltar tambeacutem que o

SIRGAS 2000 se tornou no ano de 2014 o sistema de coordenadas oficial do Sistema

Geodeacutesico Brasileiro e do Sistema Cartograacutefico Nacional ambos mantidos pelo IBGE A

combinaccedilatildeo dos shapefiles foi feita com o software livre gvSIG e com estas combinaccedilotildees

foram gerados mapas importantes resultados para a execuccedilatildeo deste trabalho A maioria

dos mapas representam a regiatildeo urbana principal de Santos Dumont e foram produzidos

numa escala em torno de 140000 que de acordo com Rocha (2007) eacute uma escala viaacutevel

pois as recomendaacuteveis para trabalhos de anaacutelise ambiental em niacutevel municipal podem ser

entre 150000 e 110000 Alguns mapas cujo detalhamento natildeo eacute necessaacuterio foram

gerados na escala 1100000

Para a geraccedilatildeo dos mapas aleacutem dos arquivos fornecidos pela Secretaria de Obras e

Serviccedilos Puacuteblicos foram utilizados para a geraccedilatildeo do modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE)

e da localizaccedilatildeo dos topos de morro dados gerados pelo sistema de radar Advanced

Spacebone Thermal Emission and Reflection Radiometer (ASTER) que geram as curvas

de niacutevel do terreno com uma resoluccedilatildeo de 30m (NASA2014) O processamento dessas

imagens foi feito pelo software livre gvSIG As imagens geradas pelos sateacutelites

LANDSAT foram adquiridas no site da United States Geological Survey (USGS) e essas

imagens possibilitaram obter um panorama preciso do uso do solo em toda a aacuterea urbana

de Santos Dumont numa resoluccedilatildeo de 15 metros uma vez que foi utilizada a banda

pancromaacutetica do sateacutelite LANDSAT 8 aleacutem da combinaccedilatildeo das bandas 65 e 4

respectivamente que eacute a combinaccedilatildeo recomendada pela mantenedora dos sateacutelites para

anaacutelises deste tipo

23

No que diz respeito a identificaccedilatildeo de APPs em topo de morro a metodologia de Oliveira

amp Fernandes Filho (2013) por utilizar as mesmas bases de dados ateacute entatildeo usadas neste

trabalho foi a mais indicada

A metodologia de anaacutelise dos mapas gerados eacute a proposta pelo professor Jorge Xavier da

Silva do Laboratoacuterio de Geoprocessamento (LAGEOP) da Universidade Federal do Rio

de Janeiro e citada por Rocha (2007) Tal metodologia analisa as variaacuteveis em questatildeo

presentes na aacuterea e permite avaliar as possibilidades de relaccedilotildees entre essas variaacuteveis De

uma maneira geral este meacutetodo verifica o estado atual da aacuterea em estudo bem como das

variaacuteveis gerando inventaacuterios que servem para a construccedilatildeo de dados planimeacutetricos sejam

com as variaacuteveis isoladas ou combinadas Estes dados planimeacutetricos geram assinaturas

que permitem inferir sobre a influecircncia dessas variaacuteveis De posse dos dados gerados pelo

processo anteriormente citado pode-se fazer algumas prospecccedilotildees sobre os riscos

ambientais que a aacuterea pode sofrer ou o seu potencial ambiental (ROCHA 2007)

5 RESULTADOS

51 Levantamento histoacuterico de alagamentos e

deslizamentos

O aumento da demanda pelo uso do solo na regiatildeo urbana de Santos Dumont

principalmente no tocante agrave formaccedilatildeo de novos loteamentos e condomiacutenios nos uacuteltimos

anos eacute consideraacutevel mas tambeacutem haacute de se observar o crescimento dos bairros jaacute existentes

com pouco ou nenhum ordenamento Em ambos os casos se observa ocupaccedilotildees

irregulares em APP o que tem ocasionado um aumento na frequecircncia de deslizamentos

e inundaccedilotildees Eacute evidente que quanto maior a densidade populacional do bairro maior a

quantidade de ocorrecircncias ao longo dos anos (SPERFELD 2009)

De acordo com as ocorrecircncias registradas pela Defesa Civil do municiacutepio obtidas atraveacutes

da literatura utilizada nos uacuteltimos 30 anos Santos Dumont chegou a decretar situaccedilatildeo de

emergecircncia por conta de desastres envolvendo deslizamentos eou alagamentos por duas

vezes num espaccedilo de 10 anos conforme pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho

(BRASIL 2014 CEPED 2011)

Segundo os dados obtidos atraveacutes de pesquisa nos arquivos do semanaacuterio entre os anos

de 1984 e 2014 pode-se verificar que nos uacuteltimos 20 anos a cidade tem experimentado

24

um aumento consideraacutevel nos eventos relacionados a deslizamentos e principalmente

alagamentos como pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho Isso pode ter sido causado

dentre outros fatores pelo aumento do nuacutemero de vias pavimentadas com material

impermeaacutevel o que tem sobrecarregado tanto a infraestrutura existente para drenagem

urbana como tambeacutem a calha dos cursos drsquoaacutegua que passam pela regiatildeo urbana do

municiacutepio (ZANON2013)

Na deacutecada de 1980 (1984-1990) de acordo com os dados obtidos natildeo foram noticiados

eventos consideraacuteveis relacionados a deslizamentos e alagamentos em Santos Dumont

mas isso natildeo exclui a possibilidade de natildeo ter ocorrido tais eventos em menor escala

Na deacutecada de 1990 aconteceram uma seacuterie de ocorrecircncias tanto de deslizamentos quanto

de alagamentos No ano de 1997 num periacuteodo chuvoso intenso aconteceram

deslizamentos consideraacuteveis em vaacuterios bairros da cidade inclusive com desabamento de

casas e de ruas principalmente nos bairros Nossa Senhora da Gloacuteria e Quarto Depoacutesito

Em 1999 ocorreram alguns pontos de alagamento nos bairros Quarto Depoacutesito e Santo

Antocircnio com grandes prejuiacutezos materiais

A deacutecada de 2000 iniciou com o registro de deslizamentos em vaacuterios bairros da cidade

inclusive com desabamento de casas e pontes e alagamentos em importantes vias do

centro da cidade Observa-se ao longo desse periacuteodo o crescimento nas ocorrecircncias de

deslizamentos e de aacutereas com risco de deslizamento em muitos bairros de Santos Dumont

Um dos fatores importantes para esse crescimento foi a grande expansatildeo sofrida pela

maioria dos bairros e a falta de planejamento e orientaccedilatildeo por parte da prefeitura uma

vez que uma boa parte do crescimento dos bairros da cidade ocorreu ou proacuteximo a cursos

drsquoaacutegua ou em aacutereas com declividade improacutepria para se fazer construccedilotildees O bairro

Coacuterrego do Ouro (Figura 51) foi o que mais sofreu com ocorrecircncias de deslizamentos

nesse periacuteodo enquanto o bairro Santo Antocircnio foi que teve mais ocorrecircncias de

alagamentos

25

Figura 5 1 Deslizamento no bairro Coacuterrego do Ouro

Fonte Portal Cabangu

No iniacutecio deacutecada de 2010 (2011-2014) o centro da cidade foi a regiatildeo que mais sofreu

com alagamentos sendo registrado pelo menos uma ocorrecircncia por ano nessa aacuterea (Figura

52) Isso pode ser relacionado dentre outros fatores com as obras de modificaccedilatildeo do

tipo de pavimentaccedilatildeo das estradas por um material impermeaacutevel gerando uma sobrecarga

nos sistemas de drenagem urbana que foram projetados para um tipo de pavimento mais

permeaacutevel implicando tambeacutem na sobrecarga calha do Ribeiratildeo das Posses o principal

curso drsquoaacutegua que corta o centro da cidade e que se encontra em quase sua totalidade

ocupada em ambas as margens que cortam o centro da cidade

26

Figura 5 2 Alagamento na regiatildeo central de Santos Dumont em 2013

Fonte Portal Cabangu

Quanto agraves ocorrecircncias de deslizamento ao longo da referida deacutecada elas estiveram

espalhadas pelos bairros do municiacutepio tendo um maior nuacutemero de ocorrecircncias nos bairros

Santo Antocircnio Nossa Senhora da Gloacuteria e Aacutegua Espraiada Nos dois primeiros bairros

citados as ocorrecircncias podem ter sido ocasionadas pelo crescimento desordenado e sem

planejamento destes e no terceiro as ocorrecircncias satildeo relacionadas ao processo de

assoreamento do Ribeiratildeo das Posses o que pode ter gerado um aumento da velocidade

desse curso drsquoaacutegua causando problemas decorrentes do transporte de sedimentos da aacuterea

onde as casas foram construiacutedas que teve como consequecircncia os deslizamentos

Em resumo como pode ser observado nas figuras 53 e 54 na tabela 51 no periacuteodo de

1984 a 2014 os bairros mais afetados por alagamentos e deslizamentos satildeo Quarto

Depoacutesito Nossa Senhora da Gloacuteria Santo Antocircnio Coacuterrego do Ouro Antocircnio Afonso

Graminha e Vila Esperanccedila sendo que o bairro Coacuterrego do Ouro possui o maior nuacutemero

de ocorrecircncias de deslizamentos e o centro da cidade possui o maior nuacutemero de

ocorrecircncias de alagamentos no periacuteodo pesquisado Vale destacar que a aacuterea propiacutecia a

alagamentos no bairro Antocircnio Afonso natildeo identificada no estudo realizado pela

prefeitura constitui-se efetivamente numa aacuterea de risco conforme levantamento histoacuterico

realizado Esta aacuterea de risco se deve agrave diferenccedila de niacutevel negativa entre o rio Pinho e a

aacuterea do bairro estando este em desniacutevel com um risco iminente de inundaccedilotildees resultantes

da cheia desse curso drsquoaacutegua causando inuacutemeros transtornos aos moradores do local

27

Figura 5 3 Pontos de Alagamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico

Fonte Do autor

Figura 5 4 Pontos de deslizamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico

Fonte Do autor

28

Tabela 51 Ocorrecircncias de alagamentos e deslizamentos obtidos atraveacutes do

levantamento histoacuterico

Pontos de ocorrecircncia (1984-2014)

Bairros Alagamento Deslizamento

Aacutegua Espraiada 1 1

Antocircnio Afonso 1 0

Barra 0 1

Centro 7 1

Coacuterrego do Ouro 1 7

Flores 0 1

Graminha 1 0

Jardim Jaraguaacute 0 1

N Sra da Gloacuteria 0 4

N Sra das Graccedilas 1 0

Quarto Depoacutesito 3 2

Santo Antocircnio 4 2

Satildeo Sebastiatildeo 0 1

Vila Esperanccedila 0 1

Fonte Do autor

De acordo com o estudo realizado na elaboraccedilatildeo do Plano Diretor pela prefeitura

municipal observa-se que os bairros que possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a

deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do Ouro e Vila Esperanccedila enquanto que os que

possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a alagamento satildeo o Centro da cidade e os

bairros Satildeo Sebastiatildeo Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio por estarem agraves margens do

Ribeiratildeo das Posses um curso drsquoaacutegua que sofre com inundaccedilotildees perioacutedicas devido ao

severo assoreamento em algumas regiotildees e tambeacutem devido ao acuacutemulo de lixo descartado

pelos moradores do entorno irregularmente De acordo com o estudo realizado quando da

elaboraccedilatildeo do Plano Diretor do municiacutepio foram feitos estudos sobre as aacutereas propensas

a deslizamentos e alagamentos na regiatildeo urbana principal Tais aacutereas satildeo as destacadas

nas Figuras 55 e 56 No levantamento histoacuterico realizado pode-se identificar que os

bairros que possuem mais aacutereas propensas a deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do

Ouro Nossa Senhora da Gloacuteria Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio enquanto que os bairros

mais propensos a alagamentos satildeo os bairros Centro Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio

como observado na tabela 51

29

Figura 5 5 Aacutereas propensas a deslizamento de acordo com o Plano Diretor de

Santos Dumont

Fonte Google Earth e Lei 42412012

Figura 5 6 Aacutereas propensas a alagamento de acordo com o Plano Diretor de

Santos Dumont

Fonte Google Earth e Lei 42412012

30

Comparando-se os mapas obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico com o mapa gerado

pelo estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor nota-se que haacute semelhanccedilas em

algumas aacutereas mas ao se levar em conta o produto gerado pela pesquisa histoacuterica o

estudo necessitaria ser complementado haja vista que ele natildeo compreende por exemplo

o ponto de alagamento no bairro Antocircnio Afonso citado anteriormente e alguns pontos de

deslizamento importantes uma vez que satildeo regiotildees onde haacute ocupaccedilatildeo Esse fato evidencia

a necessidade de se buscar vaacuterias fontes primaacuterias e secundaacuterias para se detectar aacutereas de

risco em um municiacutepio incluindo arquivos da imprensa local afim de se produzir uma

base de dados consistente e com o menor nuacutemero de falhas possiacutevel (CEPED 2014) Com

a uniatildeo dos dois estudos foram gerados os mapas apresentados nas Figuras 57 e 58

Aleacutem do mais observando as figuras 57 e 58 pode-se notar que uma boa parte tanto dos

casos de alagamento quanto de deslizamento estatildeo na faixa de APP de curso hiacutedrico o

que ilustra a importacircncia da preservaccedilatildeo destas aacutereas

Figura 5 7 Aacutereas propensas a alagamento do estudo do Plano Diretor

complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento

Fonte Do Autor

31

Figura 5 8 Aacutereas propensas a deslizamento do estudo do Plano Diretor

complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento

Fonte Do Autor

Atraveacutes da combinaccedilatildeo entre estes dois levantamentos procurou-se alimentar a base de

dados e garantir uma consistecircncia maior desta no que diz respeito a aacutereas de deslizamento

e alagamento podendo inclusive se identificar a suscetibilidade de uma determinada

regiatildeo da cidade a um ou outro evento (CEPED2014)

512 O Plano diretor e as APPs

Nos uacuteltimos anos o Brasil experimentou um forte fenocircmeno de migraccedilatildeo do campo para

as aacutereas urbanas De acordo com o IBGE no periacuteodo de 1940 a 2000 houve um aumento

de cerca de 60 do nuacutemero de pessoas que vivem em cidades (SILVA JR 2006) O

processo de planejamento e ordenamento do uso do solo nessas aacutereas deveria ter

acompanhado esse crescimento ao longo dos anos a fim de garantir a qualidade de vida e

a seguranccedila dos migrantes ao se instalarem nas cidades o que natildeo ocorreu e o que se

observa atualmente satildeo ocupaccedilotildees em aacutereas improacuteprias para moradia sem a infraestrutura

baacutesica necessaacuteria e com risco iminente de deslizamentos eou inundaccedilotildees

O Plano Diretor do municiacutepio de Santos Dumont em seu capiacutetulo IV que versa sobre o

uso e ocupaccedilatildeo do solo explicita regras para o ordenamento do territoacuterio que compreende

o municiacutepio com base nos diferentes usos do solo de acordo com sua compatibilidade o

32

que acabou por resultar num zoneamento de todo o municiacutepio em macrozonas conforme

citado na seccedilatildeo 3231 de acordo com os usos atuais e futuros do solo Aleacutem de dividir

estas macrozonas em urbanas e rurais tambeacutem avaliou e classificou estas aacutereas com base

numa seacuterie de fatores ambientais geoloacutegicos culturais e sociais de forma a se fazer um

zoneamento coerente com os atuais usos do solo e seu potencial de uso futuro Apresenta-

se na Figura 59 este zoneamento na aacuterea urbana principal de Santos Dumont

Figura 5 9 Zoneamento urbano da aacuterea urbana principal

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Lei 42412012

Tomando como referecircncia o Novo Coacutedigo Florestal brasileiro em especial os paracircmetros

estabelecidos para a definiccedilatildeo de APP e utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento

atraveacutes do software Vista SAGA relacionou-se as APPs existentes na aacuterea em estudo com

as regiotildees propiacutecias a alagamentos e deslizamentos de acordo com o estudo feito quando

da elaboraccedilatildeo do Plano Diretor afim de se identificar qual ou quais aacutereas possuem estes

problemas e se estatildeo relacionados com o uso do solo irregular em APP

Ao se aplicar a metodologia proposta por Oliveira amp Fernandes Filho (2013) natildeo foram

identificadas dentro da aacuterea de estudo APPs de topos de morro sendo este tipo de APP

descartada portanto das anaacutelises subsequentes deste trabalho Foram consideradas as

APP de curso hiacutedrico (rios e nascentes) e de declividade visando relacionaacute-las as aacutereas

de risco identificadas pela Prefeitura afim de se verificar as possiacuteveis causas da ocorrecircncia

33

destas aacutereas na regiatildeo urbana do municiacutepio Por meio de combinaccedilotildees entre dois mapas

temaacuteticos utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento foi possiacutevel obter as

assinaturas ou seja tabelas que caracterizam quantitativamente a aacuterea afetada por cada

aspecto visto que a simples visualizaccedilatildeo do mapa gerado pelo geoprocessamento muitas

vezes eacute prejudicada por serem aacutereas de pequenas dimensotildees ou por qualquer outra

limitaccedilatildeo do software Ressalta-se que para a elaboraccedilatildeo do Plano Municipal de Reduccedilatildeo

de riscos a identificaccedilatildeo e detalhamento topograacutefico destas aacutereas eacute fundamental para o

desenvolvimento do referido Plano conforme seraacute abordado detalhadamente na seccedilatildeo

52

De posse do mapa que representa o zoneamento urbano de Santos Dumont primeiramente

procurou-se mensurar qualitativa e quantitativamente a presenccedila de APPs tanto de

declividade quanto de cursos hiacutedricos Essa identificaccedilatildeo eacute importante pois este

zoneamento eacute um dos instrumentos de planejamento municipal (BRASIL 2001) Saboya

(2007) aponta que os principais objetivos de um zoneamento satildeo o controle da expansatildeo

urbana e proteccedilatildeo de aacutereas inadequadas a ocupaccedilatildeo aleacutem de reduzir os conflitos inerentes

aos diferentes usos do solo Com o uso da ferramenta ldquoCombinarrdquo do Vista SAGA foram

feitas combinaccedilotildees entre o mapa de hidrografia com buffer de 30m para rios e coacuterregos e

de 50m para nascentes com o mapa do zoneamento para se verificar a importacircncia das

APPs de curso hiacutedrico em toda a aacuterea urbana principal do municiacutepio Tambeacutem foram

combinados o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) obtido atraveacutes do gvSIG com o mapa

de zoneamento afim de se verificar quantitativamente as APPs de declividade e onde se

localizam Vale ressaltar que as declividades entre 30 e 47 estatildeo presentes nesta

combinaccedilatildeo pois de acordo com o Plano Diretor de Santos Dumont terrenos com esta

faixa de declividade para fins de parcelamento devem possuir estudo teacutecnico que ateste

a viabilidade de se promover algum empreendimento imobiliaacuterio neste (SANTOS

DUMONT 2012) Como a legislaccedilatildeo municipal prevecirc estudo somente para a faixa de

declividade descrita anteriormente para fins de anaacutelise neste trabalho consideramos um

valor mais conservador para APP compreendendo a faixa de 47 a 100 aleacutem da

prevista pela legislaccedilatildeo federal (gt100) para que natildeo houvessem lacunas importantes na

geraccedilatildeo do produto

Apresenta-se na Figura 510 aacutereas com declividades consideradas de risco e consideradas

APP e em qual zona de planejamento elas estatildeo inseridas De um modo geral ao se

observar a Tabela 52 nota-se que a aacuterea que compreende declividades de risco e APP eacute

uma pequena parcela da aacuterea urbana principal representando 061 desta aacuterea Ao se

levar em conta somente a localizaccedilatildeo pode-se verificar que cerca de 84 das aacutereas com

declividade de risco e a totalidade das APPs de declividade estatildeo localizadas na ZAC1

zona que compreende a maior parte do municiacutepio e apesar de possuir infraestrutura baacutesica

para a ocupaccedilatildeo esta eacute restrita Sendo assim o fator declividade deve ser visto com cautela

nesta aacuterea para se evitar transtornos advindos de edificaccedilotildees nestas aacutereas

34

Figura 5 10 Combinaccedilatildeo entre as declividades importantes incluindo as APPs e o

zoneamento urbano

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Do autor

Tabela 52 Assinaturas da combinaccedilatildeo Declividade x Zoneamento

Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea

Natildeo APP 457972 9939

Declividade 30-47 em ZAC1 2368 051

Declividade 30-47 em ZE 284 006

Declividade 30-47 em ZAC2 128 003

Declividade 30-47 em ZPA 004 0001

APP Declividade em ZAC1 048 001

Total 460804 100

Fonte Do autor

Apresenta-se na Figura 511 as APPs de curso hiacutedrico (nascentes e rios) e em qual zona

de planejamento estatildeo localizadas Assim como a declividade a maior parte das APPs de

curso hiacutedrico estatildeo localizadas em ZAC1 representando 383 da aacuterea urbana em estudo

e 51 do total das APPs de curso hiacutedrico Esta questatildeo tambeacutem deve ser vista com

bastante criteacuterio pelos gestores locais uma vez que a ocupaccedilatildeo em faixas proacuteximas de

rios e coacuterregos podem causar uma gama de problemas ambientais e sociais na regiatildeo

(SANTANA2011) Tal cuidado tambeacutem deve ser tomado nas APPs compreendidas na

35

ZAC2 que compreende 001 da Aacuterea urbana principal e 14 do total das APPs de curso

hiacutedrico pois a infraestrutura baacutesica e acessibilidade presente nesta zona eacute precaacuteria e a

ocupaccedilatildeo as margens de cursos hiacutedricos pode gerar problemas seacuterios caso ocorra uma

expansatildeo nestas aacutereas

Figura 511 Combinaccedilatildeo entre APP de curso hiacutedrico e as zonas de planejamento

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Do autor

Outro ponto importante eacute a presenccedila da Zona de Proteccedilatildeo Ambiental (ZPA) no entorno

uma consideraacutevel parte dos cursos hiacutedricos Nesta zona estatildeo presentes 28 das APPs de

curso hiacutedrico e esta zona de acordo com o Plano Diretor deve ser restaurada ou

preservada por suas caracteriacutesticas geoloacutegicas topograacuteficas e bioloacutegicas

Afim de se verificar os usos do solo na regiatildeo em estudo foram utilizadas combinaccedilotildees

de imagens advindas do sateacutelite Landsat 8 nas bandas descritas no capiacutetulo 4 aleacutem da

banda pancromaacutetica O resultado eacute apresentado na figura 512 que mostra os principais

usos do solo na aacuterea urbana principal de Santos Dumont

36

Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x Zoneamento

Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea

Hidrografia 11168 239

Aacuterea Urbana Natildeo APP 421004 9008

APP Curso hiacutedrico em ZAC1 179 383

APP Curso hiacutedrico em ZPA 9776 209

APP Curso hiacutedrico em ZE 184 004

APP Curso hiacutedrico em ZA 1192 026

APP Curso hiacutedrico em ZAC2 5124 110

APP Curso hiacutedrico em ZPPH 248 005

APP Curso hiacutedrico em ZEIS 568 012

APP Curso hiacutedrico em ZCA 228 005

Total 467392 10000

Fonte Do autor

Figura 5 12 Mapa de usos do solo da aacuterea urbana principal de Santos Dumont

Fonte Do autor

Como jaacute era previsto a maior parte da aacuterea urbana se encontra ocupada e eacute nesta regiatildeo

ocupada que se observa a maior concentraccedilatildeo de problemas de deslizamentos e

alagamentos (Figuras 513 e 514) A grande ocupaccedilatildeo em aacutereas consideradas APP de

curso hiacutedrico de acordo com os mapas gerados pode ser a principal causa do aumento a

cada ano dos casos de alagamento principalmente na regiatildeo central da cidade Outro ponto

que se deve atentar eacute a existecircncia de uma consideraacutevel aacuterea de pastagem pouco vegetada

que caso estejam em aacutereas elevadas pode contribuir para deslizamentos e agraves margens de

37

rios e coacuterregos para o assoreamento destes corpos hiacutedricos o que pode causar

alagamentos (INAacuteCIO etal 2007)

Diante destes resultados pode-se ver que a cidade de Santos Dumont necessita alternativas

efetiva no que diz respeito agrave contenccedilatildeo de deslizamentos e a reduccedilatildeo de risco de

alagamento pois as aacutereas em que ocorrem tais eventos satildeo distintas e facilmente definidas

devido agrave repeticcedilatildeo destes nos uacuteltimos anos Um plano de accedilatildeo integrado entre as diferentes

secretarias municipais (Obras Meio Ambiente Assistecircncia Social entre outras) e a

Coordenadoria Municipal de Defesa Civil deve ser realizado afim de se tomar medidas

natildeo mais preventivas mas sim preditivas para que se possa conter o avanccedilo destes

problemas na aacuterea urbana principal bem como em toda a aacuterea do municiacutepio

Figura 5 13 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na aacuterea urbana

principal

Fonte Do autor

38

Figura 5 14 Aacutereas sujeitas a alagamento e os principais usos do solo na aacuterea

urbana principal

Fonte Do autor

Ao se associar os dados do estudo do Plano Diretor com os dados do levantamento

histoacuterico realizado com o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) pode-se notar que as aacutereas

propiacutecias a deslizamento estatildeo em regiotildees as quais haacute uma fronteira de declividades ou

seja eacute evidente que os deslizamentos ocorrem em encostas um pouco mais iacutengremes mas

natildeo necessariamente nas encostas de 30-47 as quais exigem estudo teacutecnico conforme o

plano diretor preconiza Quanto aos alagamentos nota-se que eles se localizam nas aacutereas

com menor ou nenhuma declividade podendo ser estas aacutereas talvez componentes da

planiacutecie de inundaccedilatildeo dos rios Estes resultados podem ser vistos nas figuras 515 e 516

a seguir

39

Figura5 15 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a deslizamentos na

regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

Fonte Lei 42412012 e Autor

Figura5 26 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a alagamentos na

regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

Fonte Lei 42412012 e Autor

40

52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis

O processo de ocupaccedilatildeo no municiacutepio de Santos Dumont comeccedilou muito antes de

qualquer legislaccedilatildeo relacionada a ordenamento urbano e de proteccedilatildeo do meio ambiente

fosse implementado no Brasil Esse fato aliado a poliacuteticas e fiscalizaccedilotildees falhas

contribuiacuteram para a ocupaccedilatildeo e expansatildeo da aacuterea urbana ao longo do Ribeiratildeo das Posses

e seus afluentes o que tem gerado o aumento da degradaccedilatildeo destes corpos hiacutedricos ao

longo de todos estes anos Observa-se tambeacutem que nas uacuteltimas deacutecadas ocorreu um

grande nuacutemero de migraccedilotildees do campo para a regiatildeo urbana da cidade fator que

contribuiu para o crescimento do nuacutemero de habitaccedilotildees em aacutereas de risco de deslizamento

e alagamentos por serem na maioria das vezes terrenos menos valorizados e por este

motivo acessiacuteveis a populaccedilatildeo com menor poder aquisitivo (ROSA amp CORTEZ 2008)

Vale ressaltar que esta questatildeo aleacutem de ser ambiental eacute muito mais social pois os

moradores entendem os riscos de se viver nestes locais mas por motivos econocircmicos ou

por questotildees afetivas natildeo abrem matildeo da moradia nessas aacutereas A Constituiccedilatildeo Federal de

1988 promoveu a inter-relaccedilatildeo das questotildees sociais com as questotildees ambientais quando

colocou o meio ambiente como direito coletivo (BRASIL1988 SOUZA2010) Por este

motivo a decisatildeo por medidas draacutesticas que favoreccedilam apenas agrave preservaccedilatildeo do meio

ambiente natildeo eacute recomendada pois aleacutem de ser inconstitucional podem afetar a

sustentabilidade econocircmica do municiacutepio e gerar conflitos sociais consideraacuteveis

(CARLOS 1992 apud SOUZA 2010)

Segundo Bueno (2009) ldquonem tudo o que eacute irregular eacute precaacuteriordquo Esse fato se observa em

Santos Dumont uma vez que em boa parte da regiatildeo central se observa vaacuterias moradias

construiacutedas na faixa de APP de curso hiacutedrico o que natildeo eacute permitido pela legislaccedilatildeo

vigente e eacute um dos fatores que contribui para a ocorrecircncia de alagamentos nesta aacuterea da

cidade Para a resoluccedilatildeo deste problema o que seria mais viaacutevel seria a melhoria da

infraestrutura de drenagem urbana afim de que o escoamento da aacutegua das chuvas natildeo

sobrecarregasse o sistema (BUENO2009) A construccedilatildeo de bacias de contenccedilatildeo de

cheias ao longo do Ribeiratildeo das Posses tambeacutem seria uma alternativa mas para se verificar

a viabilidade necessita-se estudos mais aprofundados do ponto de vista hidroloacutegico

O grande problema a ser solucionado no entanto eacute o que diz respeito agraves aacutereas de risco

de deslizamento majoritariamente nos bairros A melhor alternativa seria o

remanejamento dos moradores para uma aacuterea proacutexima agrave que moram poreacutem longe do

risco Poreacutem esta alternativa de acordo com Rosa Filho amp Cortez (2008) encontra alguns

entraves pois estas pessoas na maioria das vezes natildeo tecircm condiccedilotildees financeiras de irem

para outro lugar ou pagar aluguel ou estatildeo de alguma forma sentimentalmente ligadas

agravequela regiatildeo que se recusam a deixaacute-lo

41

Por parte dos oacutergatildeos competentes no municiacutepio a criaccedilatildeo de um plano para se evitar

acidentes ocasionados por deslizamentos e alagamentos com um mapeamento detalhado

de toda a extensatildeo do municiacutepio eacute extremamente uacutetil Os estudos que seratildeo feitos para a

elaboraccedilatildeo deste plano poderatildeo definir quais as aacutereas satildeo potencialmente de risco para as

ocupaccedilotildees existentes ou para as potenciais ocupaccedilotildees que possam vir a ocorrer atraveacutes do

mapeamento das aacutereas de risco Tal planejamento seraacute auxiliar ao Plano Diretor

Municipal pois definiraacute o real uso do solo de determinada regiatildeo do municiacutepio

contribuindo para a adequaccedilatildeo do uso e ocupaccedilatildeo do solo afim de evitar ou reduzir o

nuacutemero de problemas relacionados a alagamentos e principalmente deslizamentos no

periacutemetro urbano (TOMINAGA 2009) A partir deste plano os gestores locais poderatildeo

tomar a melhor decisatildeo para a prevenccedilatildeo ou reduccedilatildeo dos riscos inerentes a tais problemas

Na seccedilatildeo 521 seraacute hierarquizado de forma preliminar a aacuterea urbana principal de acordo

com os resultados da tabela 51

521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta

O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos (PMRR) foi criado atraveacutes de accedilotildees

regularizadoras do Ministeacuterio das Cidades para ser o instrumento de gestatildeo e

gerenciamento de aacutereas de risco em um municiacutepio Eacute um documento que aleacutem de

estabelecer quais regiotildees satildeo consideradas de risco tambeacutem objetiva a proposta de

medidas estruturais ou natildeo para contenccedilatildeo eou prevenccedilatildeo de cataacutestrofes aleacutem de ser um

meio de captaccedilatildeo de recursos financeiros junto aos Governos Estadual e Federal Estes

recursos poderatildeo ser utilizados para a realizaccedilatildeo de obras que visem a melhoria da

qualidade de vida da populaccedilatildeo do entorno ou de recuperaccedilatildeo da aacuterea degradada Este

plano eacute realizado de forma participativa com as comunidades das aacutereas de risco e pode

ser realizado em sete fases conforme recomenda o Ministeacuterio das Cidades (ALHEIROS

2006)

O primeiro passo para a realizaccedilatildeo do PMRR eacute definir qual a metodologia seraacute empregada

levando-se em consideraccedilatildeo a realidade atual do municiacutepio e especificar de forma sucinta

um cronograma das atividades Eacute importante nesta fase a participaccedilatildeo tambeacutem dos

responsaacuteveis pelas mais variadas Secretarias Municipais afim de explicitar o tamanho da

importacircncia e o caraacuteter integrador deste plano A segunda fase deste plano objetiva a

criaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo da principal base de dados a ser utilizada nos passos posteriores o

mapeamento de risco em escala detalhe em torno de 13000 (SAtildeO PAULO 2014) A

elaboraccedilatildeo de um mapeamento detalhado propiciaraacute natildeo soacute a identificaccedilatildeo mais faacutecil das

aacutereas de risco como tambeacutem facilitaraacute aos gestores e agrave comunidade decidirem qual a

melhor intervenccedilatildeo para a soluccedilatildeo ou remediaccedilatildeo dos problemas em uma determinada

42

aacuterea hierarquizando o risco e definindo prioridades (SAtildeO PAULO 2014) Na tabela a

seguir apresenta-se alguns tipos de intervenccedilotildees que podem ser feitas em aacutereas de risco

sugeridas pelo Ministeacuterio das cidades (ALHEIROS 2006)

Quadro 5 1 - Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco

Tipo de intervenccedilatildeo Descriccedilatildeo

Serviccedilos de limpeza e Recuperaccedilatildeo

Remoccedilatildeo de entulho lixo etc

corte de aacutervores

remoccedilatildeo de bananeiras

recuperaccedilatildeo eou limpeza de sistemas de

drenagem esgotos e acessos

Limpeza de canais de drenagem

Proteccedilatildeo Vegetal

Proteccedilatildeo superficial vegetal (gramiacuteneas) em

taludes com solo exposto

Proteccedilatildeo vegetal de margens de canais de

drenagem

Barreiras vegetais para massas escorregadas

ou acumuladas pela erosatildeo

Drenagem Superficial e Acessos

Sistema de drenagem superficial (canaletas

raacutepidos caixas de transiccedilatildeo escadas drsquoaacutegua)

Acessos para pedestres (escadarias rampas

etc) integrados ao sistema de drenagem

Revestimento de Taludes Revestimento com materiais artificiais

cimentado cal-jet tela argamassada alvenaria

de tijolos ceracircmicos solo-cimento ensacado

Desmonte de blocos e matacotildees Desmonte de concreccedilotildees de grande porte

blocos rochosos e matacotildees

Obras de drenagem de subsuperfiacutecie Sistema de drenagem de subsuperfiacutecie

(trincheiras drenantes DHP poccedilos de

rebaixamento)

Estruturas de contenccedilatildeo (localizadas)

Muros de contenccedilatildeo de pequeno porte (solo-

cimento ensacado alvenaria de pedra-rachatildeo

concreto armado)

Estruturas de contenccedilatildeo localizadas

(chumbadores tirantes microestacas)

Contenccedilatildeo e proteccedilatildeo de margens de canais (

gabiotildees muros de concreto etc)

Estruturas de contenccedilatildeo (meacutedio e grande porte) Implantaccedilatildeo de estruturas de contenccedilatildeo de

meacutedio e grande porte envolvendo obras de

contenccedilatildeo passivas e ativas (muros de

gravidade cortinas etc)

Terraplanagem Execuccedilatildeo de serviccedilos de terraplanagem

combinados a obras de drenagem superficial e

proteccedilatildeo vegetal desvio e canalizaccedilatildeo de

coacuterregos

Remoccedilatildeo de moradias Remoccedilotildees definitivas para implantaccedilatildeo de

obras ou devido agrave localizaccedilatildeo improacutepria da

edificaccedilatildeo (Priorizar as relocaccedilotildees dentro da

proacutepria aacuterea em local seguro)

Fonte ALHEIROS 2006

43

Escolhidas as formas de intervenccedilatildeo para cada aacuterea eacute necessaacuterio realizar uma estimativa

dos custos afim de preparar o orccedilamento da prefeitura para a realizaccedilatildeo das obras e se

seraacute necessaacuterio a captaccedilatildeo de recursos externos para a execuccedilatildeo destas Feitas as

estimativas de custo o proacuteximo passo eacute definir as prioridades e para esta fase eacute tambeacutem

uacutetil o mapeamento feito nas etapas anteriores pois seraacute necessaacuterio hierarquizar tais

intervenccedilotildees nas aacutereas de risco O Ministeacuterio das Cidades (2007) sugere alguns criteacuterios

que podem ser avaliados pelo gestor dentre eles pode-se citar

Grau de risco

Populaccedilatildeo beneficiada

Custo da intervenccedilatildeo

Dimensatildeo da aacuterea a ser tratada

Demandas anteriores da populaccedilatildeo

Tempo de ocupaccedilatildeo

Viabilidade teacutecnica da intervenccedilatildeo

Viabilidade financeira

Inclusatildeo da aacuterea em outros projetos

A partir desta hierarquizaccedilatildeo inicia-se a identificaccedilatildeo de provaacuteveis fontes de captaccedilatildeo de

recursos para a execuccedilatildeo das intervenccedilotildees Estes recursos podem advir de programas dos

governos Federal e Estadual ou por meio de editais para captaccedilatildeo de recursos financeiros

tanto do setor puacuteblico como da iniciativa privada e podem ser tambeacutem associados agrave outras

Secretarias Municipais como a de Turismo ou Meio Ambiente e natildeo soacute as destinadas agrave

Defesa Civil (ALHEIROS 2006)

Eacute previsto tambeacutem no PMRR uma avaliaccedilatildeo da Defesa Civil municipal e como ela estaacute

estruturada fazendo inclusive sugestotildees para que sua atuaccedilatildeo esteja em consonacircncia com

a realidade das comunidades e da Administraccedilatildeo Puacuteblica do municiacutepio de forma a garantir

sua sustentabilidade e conquistar a credibilidade da populaccedilatildeo no que diz respeito a

prevenccedilatildeo de cataacutestrofes Para que a resposta a uma determinada situaccedilatildeo de risco seja

raacutepida eacute necessaacuterio a descentralizaccedilatildeo da Defesa Civil criando pequenos nuacutecleos

comunitaacuterios com a finalidade de se monitorar a aacuterea constantemente e promover as

intervenccedilotildees necessaacuterias em tempo haacutebil o que aumenta em muito a credibilidade da

populaccedilatildeo no PMRR e no trabalho desempenhado pela Defesa Civil no municiacutepio Apoacutes

esta etapa o PMRR passaraacute por audiecircncias puacuteblicas e posteriormente poderaacute ser aprovado

como Lei Municipal pelo Legislativo local (ALHEIROS 2006)

Com a realizaccedilatildeo deste plano o municiacutepio estaraacute munido de informaccedilotildees suficientes para

realizar accedilotildees efetivas de gestatildeo e gerenciamento de riscos bem como aliado a

levantamentos sociais realizar programas habitacionais que beneficiem prioritariamente

44

aos moradores das aacutereas de risco Aleacutem disso com o PMRR o municiacutepio poderaacute melhorar

a qualidade ambiental da populaccedilatildeo captando recursos para a recuperaccedilatildeo das aacutereas de

APP que foram degradadas pelas ocupaccedilotildees irregulares beneficiando todos os moradores

do municiacutepio com o aumento da qualidade de vida na cidade

A partir do disposto nesta seccedilatildeo acerca do Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos e de

uma maneira preliminar (levando-se em conta apenas o nuacutemero de registros de

alagamentos e deslizamentos na aacuterea urbana principal de Santos Dumont no periacuteodo de

1984 a 2014) identificou-se trecircs regiotildees distintas na aacuterea urbana do municiacutepio com

tempo de recorrecircncia desses eventos similares caracterizando trecircs prioridades de

intervenccedilatildeo em contenccedilatildeo de risco como pode ser visto nas figuras 515 e 516 Vale

ressaltar que eacute necessaacuterio um estudo mais detalhado inclusive com visitas teacutecnicas a

campo para que se confirme a real situaccedilatildeo destas e a real prioridade para investimentos

Figura 5 17 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de deslizamentos

Fonte Do Autor

45

Figura 5 18 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de alagamentos

Fonte Do Autor

46

6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees

A seguir apresenta-se as conclusotildees e as recomendaccedilotildees feitas a partir dos objetivos

especiacuteficos explicitados no iniacutecio deste trabalho

Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a

aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes

urbanos

A partir da revisatildeo da legislaccedilatildeo pertinente em acircmbito federal estadual e

municipal constatou-se que o Plano Diretor de Santos Dumont natildeo conflita com a

legislaccedilatildeo federal e estadual sobre Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente A legislaccedilatildeo

municipal foi entendida como mais conservadora que as federal e estadual uma

vez que considera implicitamente que declividades entre 47 e 100 satildeo

enquadradas como APPs aleacutem da faixa superior a 100

Parte consideraacutevel das ocupaccedilotildees em APP principalmente na regiatildeo do bairro

Santo Antocircnio (onde surgiu os primeiros nuacutecleos que deram origem ao municiacutepio)

e o centro da cidade ocorreram antes de que fosse elaborado qualquer legislaccedilatildeo

que versasse sobre o tema Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente bastando ao gestor

local tomar medidas de contenccedilatildeo de riscos que minimizem os impactos causados

por essas ocupaccedilotildees nessa regiatildeo

O ordenamento adequado do uso do solo no municiacutepio eacute necessaacuterio para que o

crescimento dos loteamentos criados anteriormente agrave esta Lei e o surgimento de

novos natildeo avance para Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente o que pode causar

inuacutemeros problemas aos moradores e agravar os jaacute existentes

Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las

com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)

As aacutereas onde houveram a maior quantidade de registros de deslizamentos satildeo os

bairros mais populosos de Santos Dumont podendo se estabelecer uma relaccedilatildeo

que quanto mais populoso o bairro maior a quantidade de problemas relacionados

a deslizamentos Tambeacutem pode-se notar uma relaccedilatildeo com as fronteiras das faixas

de declividades e os deslizamentos uma vez que boa parte deles aconteceram

nestas faixas

As aacutereas onde houve um grande nuacutemero de registros de alagamentos satildeo os bairros

que se desenvolveram agraves margens do Ribeiratildeo das Posses em especial na aacuterea que

47

compreende as APPs de curso hiacutedrico e em aacutereas onde a declividade eacute baixa Esse

fato aliado ao crescimento do nuacutemero de vias pavimentadas com material

impermeaacutevel e a natildeo expansatildeo e ou redimensionamento da rede de drenagem

urbana contribuiacuteram para a ocorrecircncia cada vez mais constante de alagamentos

nessas aacutereas

Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos

catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30

anos

A partir do levantamento histoacuterico realizado e da base de dados georeferenciada

gerada observou-se o aumento do nuacutemero de registros de deslizamentos e

alagamentos nos uacuteltimos 10 anos quando as ocorrecircncias comeccedilaram a se repetir

numa mesma aacuterea com frequecircncia incrementada as vezes com mais de uma

ocorrecircncia anual

Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do

solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental

Destaca-se a adequaccedilatildeo dos criteacuterios gerais estabelecidos pelo Plano Diretor de

Santos Dumont relativos a legislaccedilatildeo federal e estadual Entretanto o referido

Plano Diretor natildeo contempla todo o territoacuterio municipal sendo assim ele natildeo

cumpre o objetivo de proteger as APPs preservadas e recuperar as que foram

degradadas em todo o territoacuterio municipal Ressalta-se tambeacutem a sua natildeo

conformidade com o Estatuto das Cidades uma vez que o Plano Diretor

contempla apenas os novos loteamentos

Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais

negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea

impactada

Recomenda-se a implantaccedilatildeo no municiacutepio de uma Coordenadoria Municipal de

Defesa Civil atuante e integrada agraves Secretarias Municipais e agrave comunidade

visando uma atuaccedilatildeo eficaz nos problemas relacionados a deslizamentos e

alagamentos A elaboraccedilatildeo de um Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos eacute de

suma importacircncia pois atraveacutes dele pode-se predizer as aacutereas que passaratildeo por

problemas caso a expansatildeo aconteccedila ou se inicie uma ocupaccedilatildeo nova aleacutem de

prevenir acidentes nas aacutereas jaacute ocupadas e consideradas de risco

48

7 Anexos

49

71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont

50

51

72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)

52

53

8 Referecircncias Bibliograacuteficas

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CF estabelece as diretrizes gerais da poliacutetica urbana e daacute outras providecircncias Brasiacutelia

2001

BRASIL Lei Federal nordm 12651 de 25 de maio de 2012 Dispotildee sobre a proteccedilatildeo da

vegetaccedilatildeo nativa altera as Leis nos 6938 de 31 de agosto de 1981 9393 de 1 9 de

dezembro de 1996 e 11 428 de 22 de dezembro de 2006 revoga as Leis nos 4771 de

1 5 de setembro de 1965 e 7754 de 1 4 de abril de 1989 e a Medida Provisoacuteria no 21

66shy67 de 24 de agosto de 2001 e daacute outras providecircncias Brasiacutelia 2012

BRASIL Lei Federal nordm 4771 de 15 de Setembro de 1965 Institui o Novo Coacutedigo

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56

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Relatoacuterio Teacutecnico Campos do Jordatildeo 2014

SILVA JR J R amp PASSOS L A O negoacutecio eacute participar a importacircncia do plano

diretor para o desenvolvimento municipal CNM SEBRAE Brasiacutelia 2006

SKORUPA LA Aacutereas de preservaccedilatildeo permanente e desenvolvimento sustentaacutevel

Embrapa Meio Ambiente Jaguariuacutena-SP 2004 4p

SOUZA F P Ocupaccedilotildees irregulares em APP um estudo de caso no munciacutepio de

Campos de Goytacazes- RJ Boletim do Observatoacuterio Ambiental Alberto Ribeiro Lamego

v4 nordm 1 Campos de Goytacazes 2010

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UFV ndash Universidade Federal de Viccedilosa Mapa de solos do Estado de Minas Gerais

legenda expandida Centro Tecnoloacutegico de Minas Gerais FEAM Belo Horizonte 2010

ZANON F N Uso e ocupaccedilatildeo da terra e vulnerabilidade a alagamento na aacuterea central

da cidade de Satildeo Paulo O caso da subprefeitura da Seacute Trabalho de Graduaccedilatildeo UNESP

Rio Claro 2013

Page 9: O USO DO SOLO URBANO EM ÁREAS DE PRESERVAÇÃO … · social que você tenha na vida, a mais alta ou a mais baixa, tenha sempre como meta muita força, muita determinação e sempre

SUMAacuteRIO

LISTA DE FIGURAS 2

LISTA DE TABELAS E QUADROS 4

1 INTRODUCcedilAtildeO 5

2 OBJETIVOS 6

21 Objetivo geral 6

22 Objetivos especiacuteficos 6

3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 7

31 Conceitos Fundamentais 7

311 Aacutereas de risco 7

312 Deslizamentos 8

313 Alagamentos 8

314 Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente 9

315 Uso e ocupaccedilatildeo do solo 9

32 Legislaccedilatildeo Pertinente 10

321 As adequaccedilotildees da legislaccedilatildeo ao longo dos anos 10

322 O Novo Coacutedigo Florestal e a legislaccedilatildeo mineira 11

323 O Plano Diretor 13

3231 O Plano Diretor de Santos Dumont 14

33 O Municiacutepio de Santos Dumont 16

331 De Arraial a cidade 16

332 Santos Dumont na atualidade 19

4 METODOLOGIA 20

41 Aacuterea de estudo 20

42 Levantamento e tratamento dos dados 21

5 RESULTADOS 23

51 Levantamento histoacuterico de alagamentos e deslizamentos 23

512 O Plano diretor e as APPs 31

52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis 40

521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta 41

6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees 46

7 Anexos 48

71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont 49

72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos

(1984-2014) 51

8 Referecircncias Bibliograacuteficas 53

2

LISTA DE FIGURAS

Paacuteg

Figura 31 Vista parcial do Arraial de Joatildeo Gomes 17

Figura 32 Municiacutepio de Palmyra na deacutecada de 1920 18

Figura 33 Municiacutepio de Santos Dumont em 2014 19

Figura 41 Localizaccedilatildeo da aacuterea urbana principal 20

Figura 42 Mapa da aacuterea urbana principal com a localizaccedilatildeo dos

bairros

21

Figura 51 Deslizamento no bairro Coacuterrego do Ouro 25

Figura 52 Alagamento na regiatildeo central de Santos Dumont em 2013 26

Figura 53 Pontos de Alagamento obtidos atraveacutes do levantamento

histoacuterico

27

Figura 54 Pontos de Deslizamento obtidos atraveacutes do levantamento

histoacuterico

27

Figura 55 Aacutereas propensas a deslizamento de acordo com o Plano

Diretor de Santos Dumont

29

Figura 56 Aacutereas propensas a alagamento de acordo com o Plano

Diretor de Santos Dumont

29

Figura 57 Aacutereas propensas a alagamento do estudo do Plano Diretor

complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do

levantamento

30

Figura 58 Aacutereas propensas a deslizamento do estudo do Plano

Diretor complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do

levantamento

31

Figura 59 Zoneamento urbano da aacuterea urbana principal 32

Figura 510 Combinaccedilatildeo entre as declividades importantes incluindo

as APPs e o zoneamento urbano

34

Figura 511 Combinaccedilatildeo entre as APPs de curso hiacutedrico e as zonas de

planejamento

35

Figura 512 Mapa de usos do solo da aacuterea urbana principal de Santos

Dumont

36

Figura 513 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na

aacuterea urbana principal

37

Figura 514 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na

aacuterea urbana principal

38

Figura 515 Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a

deslizamentos na regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

39

Figura 516 Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a

alagamentos na regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

39

3

Figura 517 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de

deslizamentos

44

Figura 518 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de

alagamentos

45

4

LISTA DE TABELAS E QUADROS

Paacuteg

Tabela 51 Ocorrecircncias de alagamento e deslizamento obtidos

atraveacutes do levantamento histoacuterico

28

Tabela 52 Assinaturas da combinaccedilatildeo Declividade x Zoneamento 34

Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x

Zoneamento

36

Quadro 51 Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco 42

5

1 INTRODUCcedilAtildeO

Quando o ser humano deixou de seguir uma vida nocircmade e passou a se fixar em locais

em geral proacuteximos a cursos drsquoaacutegua e de aacutereas propicias ao cultivo de alimentos iniciou-

se o processo de implantaccedilatildeo de pequenas comunidades e quando estas comunidades

comeccedilaram a crescer natildeo soacute em quantidade mas tambeacutem do ponto de vista

organizacional deu-se iniacutecio a formaccedilatildeo das cidades tal como conhecemos hoje Como

resultado deste processo um sem-fim de problemas relacionados agrave estas ocupaccedilotildees

surgiram tanto de cunho ambiental quanto social e dentre estes problemas estatildeo

incluiacutedos os desastres naturais relacionados a deslizamentos e alagamentos por conta da

ocupaccedilatildeo em aacutereas natildeo adequadas a este fim

Nos uacuteltimos anos o Brasil tem vivenciado grandes trageacutedias relacionadas a deslizamentos

e alagamentos Uma boa parte destes eventos teve como fator agravante as ocupaccedilotildees

sem criteacuterio e sem orientaccedilatildeo teacutecnica Um exemplo recente aconteceu no Vale do Itajaiacute

em Santa Catarina em novembro de 2008 durante um periacuteodo com chuvas intensas em

que vaacuterias cidades entraram em situaccedilatildeo de calamidade puacuteblica devido ao grande nuacutemero

de casos de alagamento e graves deslizamentos de encostas causando a morte de vaacuterias

pessoas na regiatildeo No Estado do Rio de Janeiro em 2010 o Morro do Bumba em Niteroacutei

sofreu com um grave deslizamento que deixou um grande nuacutemero de mortos As casas

foram construiacutedas sobre um antigo lixatildeo sem nenhuma orientaccedilatildeo e com as intensas

chuvas que assolaram a regiatildeo naquela eacutepoca a encosta veio a baixo causando o desastre

Outra trageacutedia relevante aconteceu na regiatildeo Serrana do Rio de Janeiro que foi

considerada ateacute entatildeo a maior trageacutedia climaacutetica da histoacuteria do paiacutes com pouco mais de

500 mortos e um prejuiacutezo material incalculaacutevel no ano de 2011 Em comum a todos estes

fatos estaacute a falta de um planejamento efetivo por parte dos oacutergatildeos municipais no que diz

respeito ao disciplinamento do uso e ocupaccedilatildeo do solo e a fiscalizaccedilatildeo do cumprimento

da legislaccedilatildeo vigente

A cidade de Santos Dumont Minas Gerais natildeo eacute exceccedilatildeo a esta regra Como a grande

maioria das comunidades estabelecidas ao longo da Estrada Real a cidade surgiu como

um pequeno rancho cujo objetivo era servir de pouso para os viajantes que faziam o

transporte de pedras e metais preciosos das minas de Ouro Preto ateacute o Rio de Janeiro

Posteriormente a regiatildeo se desenvolveu como importante entreposto industrial e

comercial a partir da instalaccedilatildeo da ferrovia D Pedro II ateacute que no final do seacuteculo XIX

se transforma em vila e logo apoacutes em municiacutepio O desenvolvimento da regiatildeo implicou

tambeacutem no crescimento populacional e como naquela eacutepoca ainda natildeo havia uma

legislaccedilatildeo especiacutefica para ordenamento e uso do solo os loteamentos foram surgindo agraves

margens do Ribeiratildeo das Posses e em aacutereas cuja declividade natildeo era favoraacutevel agrave ocupaccedilatildeo

6

o que consequentemente acarretou deslizamentos de terra e alagamentos inclusive com

o registro de algumas trageacutedias ao longo dos anos

Pretende-se que este trabalho sirva como subsidio ao gestor puacuteblico local visando o

estabelecimento de poliacuteticas puacuteblicas integradas aos setores de meio ambiente e defesa

civil com vistas a garantir a seguranccedila de todos os muniacutecipes e a qualidade de vida em

todo o territoacuterio municipal

2 OBJETIVOS

21 Objetivo geral

O objetivo geral deste trabalho eacute contribuir para o estabelecimento de poliacuteticas puacuteblicas

direcionadas ao disciplinamento do uso e ocupaccedilatildeo do solo urbano no municiacutepio de

Santos Dumont

22 Objetivos especiacuteficos

Satildeo objetivos especiacuteficos

Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a

aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes

urbanos

Caracterizar o uso irregular do solo urbano em Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente

Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las

com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)

Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos

catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30

anos

Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do

solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental

7

Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais

negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea

impactada

3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

A seguir eacute apresentada a revisatildeo bibliograacutefica que fundamenta o desenvolvimento e o

pleno entendimento deste trabalho O conhecimento do que satildeo aacutereas de risco

alagamentos e deslizamentos bem como o que eacute e qual a importacircncia de um Plano Diretor

eacute de suma importacircncia para se avaliar como um municiacutepio estaacute se desenvolvendo e qual

a qualidade de vida dos muniacutecipes Tambeacutem satildeo abordados neste capiacutetulo os aspectos

legais referentes agraves Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente seus limites e sua importacircncia para

o ambiente urbano

31 Conceitos Fundamentais

311 Aacutereas de risco

De acordo com o Instituto de Pesquisas Tecnoloacutegicas ndash IPT entende-se como aacuterea de

risco aquela ldquopassiacutevel de ser atingida por fenocircmenos ou processos naturais eou induzidos

que causem efeito adverso As pessoas que habitam essas aacutereas estatildeo sujeitas a danos agrave

integridade fiacutesica perdas materiais e patrimoniaisrdquo (MINISTEacuteRIO DAS CIDADES

2007)

Para Augusto Filho et al (1990) apud Cristo (2002) aacuterea de risco eacute caracterizada como

aquela em que ldquose encontra em situaccedilatildeo de perigo tanto socialmente quanto

economicamente por conta de alguma alteraccedilatildeo na constituiccedilatildeo do terreno ou com grande

probabilidade de ocorrer processos naturaisrdquo

Segundo Fernandes (2012) aacutereas de risco ldquosatildeo aacutereas consideradas improacuteprias ao

assentamento humano por estarem sujeitas a riscos naturaisrdquo

Diante das definiccedilotildees supracitadas pode-se dizer que aacuterea de risco satildeo aacutereas susceptiacuteveis

agrave accedilatildeo de eventos naturais extremos e por esse motivo natildeo eacute viaacutevel agrave ocupaccedilatildeo humana

nestes locais e pode ou natildeo estar associados agrave proximidade ou nos limites de uma APP

8

312 Deslizamentos

Segundo Tominaga (2009) deslizamento eacute o movimento de solo em uma vertente pela

accedilatildeo da gravidade e satildeo mais frequentes em regiotildees de relevo montanhoso e em periacuteodos

chuvosos sendo a pluviosidade um dos principais fatores condicionantes para a ocorrecircncia

do processo Os deslizamentos podem ocorrer naturalmente e eacute grande responsaacutevel pela

dinacircmica das vertentes e evoluccedilatildeo do relevo local mas no Brasil a falta de planejamento

urbano de uma boa parte dos municiacutepios a ocupaccedilatildeo desordenada e a construccedilatildeo de

domiciacutelios sem orientaccedilatildeo teacutecnica tecircm transformado um processo natural em um

problema que algumas vezes se tornam grandes trageacutedias Na regiatildeo Sudeste brasileira o

escorregamento do tipo rotacional eacute o mais comum e eacute caracterizado por uma ruptura

curva no solo que estaacute geralmente associada agrave realizaccedilatildeo de cortes na base do talude ou

por processos erosivos fluviais o que relaciona esse tipo de escorregamento agraves regiotildees

urbanas mal planejadas e coloca o homem como o principal agente efetivo associado com

a pluviosidade na ocorrecircncia de acidentes relacionados com deslizamentos

(FERNANDES amp AMARAL 1996 apud TOMINAGA 2009)

313 Alagamentos

De acordo com Amaral amp Ribeiro (2009) inundaccedilotildees e enchentes satildeo processos

intimamente relacionados com a pluviosidade pois satildeo frequentes em periacuteodos de chuvas

fortes e raacutepidas ou chuvas de longa duraccedilatildeo e estatildeo relacionados agrave intensidade e

distribuiccedilatildeo da precipitaccedilatildeo ao longo da bacia agrave capacidade do solo de reter e infiltrar

aacutegua e agraves caracteriacutesticas de forma da bacia de drenagem

O escoamento das aacuteguas pluviais na natureza eacute lento mas em aacutereas urbanizadas a accedilatildeo

antroacutepica relacionada a ocupaccedilatildeo de planiacutecies de inundaccedilatildeo que podem estar inclusive

em uma cota abaixo do leito do rio impermeabilizaccedilatildeo do solo e retificaccedilatildeo de corpos

drsquoaacutegua aleacutem de inuacutemeras atividades que promovem o assoreamento dos rios e coacuterregos

tem gerado resultados catastroacuteficos e grandes prejuiacutezos (AMARAL amp RIBEIRO 2009)

Quando se refere agraves regiotildees urbanas o termo ldquoalagamentordquo eacute o mais utilizado e segundo

o Ministeacuterio das Cidades (2006) define-se como o ldquoacuacutemulo momentacircneo de aacuteguas em

uma dada aacuterea por problemas no sistema de drenagem podendo ter ou natildeo relaccedilatildeo com

processos de natureza fluvialrdquo Tambeacutem o termo ldquoenxurradardquo eacute utilizado e define-se como

o ldquoescoamento superficial concentrado e com alta energia de transporte que pode ou natildeo

estar associado a aacutereas de domiacutenio dos processos fluviais Eacute comum a ocorrecircncia de

enxurradas ao longo de vias implantadas sobre antigos cursos drsquoaacutegua com alto gradiente

hidraacuteulico e em terrenos com alta declividade naturalrdquo

9

314 Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente

O Novo Coacutedigo Florestal Brasileiro define Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP) como

ldquoaacuterea protegida coberta ou natildeo por vegetaccedilatildeo nativa com a funccedilatildeo ambiental de

preservar os recursos hiacutedricos a paisagem a estabilidade geoloacutegica e a biodiversidade

facilitar o fluxo gecircnico de fauna e flora proteger o solo e assegurar o bem-estar das

populaccedilotildees humanasrdquo (BRASIL2012) Estas aacutereas satildeo muito importantes tanto no meio

urbano como no rural por garantir a estabilidade do solo em encostas iacutengremes contribuir

para a natildeo formaccedilatildeo de processos erosivos e o assoreamento de rios e coacuterregos aleacutem de

garantir a recarga de aquiacuteferos ao atuar como um amortecedor de chuvas retendo-a e

impedindo que ocorra um carreamento intenso de sedimentos ao longo dos morros e

margens de rios e coacuterregos (SKORUPA 2004) A Lei 126512012 apresenta os tipos de

APP e seus limites conforme seraacute visto no item 322

315 Uso e ocupaccedilatildeo do solo

Dentre os vaacuterios mecanismos de ordenamento urbano e instrumentos de planejamento

municipal previsto no Estatuto da Cidade (Lei Federal 102572001) o uso e ocupaccedilatildeo

do solo satildeo os mais utilizados pelas cidades para a formulaccedilatildeo das poliacuteticas urbanas

podendo definir o uso como a forma como esta parcela do solo eacute utilizada e a ocupaccedilatildeo

como sendo o modo como as edificaccedilotildees devem ser dispostas nesta mesma parcela do

solo urbano (TAKEDA 2015) O termo ldquoUso e ocupaccedilatildeo do solordquo tambeacutem pode ser

definido como o fator que determina como as mais diferentes regiotildees de um municiacutepio

deve se desenvolver (FONTOURA 2015)

A inserccedilatildeo de leis municipais de uso e ocupaccedilatildeo do solo objetivam ser uma referecircncia

para os gestores locais no processo de tomada de decisatildeo para que as cidades cresccedilam de

modo organizado enfatizando os potenciais e capacidades de cada regiatildeo aleacutem de tornar

o crescimento mais homogecircneo Com isso pretende-se evitar a formaccedilatildeo de grandes

adensamentos em pequenas aacutereas garantindo a mobilidade e a qualidade de vida de todos

os muniacutecipes tanto da regiatildeo urbana como da rural preservar e melhorar a qualidade

ambiental do municiacutepio aleacutem de evitar deslizamentos e alagamentos por conta da

ocupaccedilatildeo incorreta do solo (TAKEDA 2015)

10

32 Legislaccedilatildeo Pertinente

321 As adequaccedilotildees da legislaccedilatildeo ao longo dos anos

A problemaacutetica relacionada agraves APPs em aacutereas urbanas outrora era uma questatildeo complexa

e demandava uma larga discussatildeo do ponto de vista juriacutedico administrativo e teacutecnico Eacute

sabido que a maioria das cidades se formaram proacuteximos aos corpos hiacutedricos regiatildeo que

garantia o abastecimento de aacutegua e alimentos agrave populaccedilatildeo e tambeacutem facilitava o descarte

dos efluentes A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 225 daacute garantia aos

brasileiros de um meio ambiente em equiliacutebrio e concede agrave toda a sociedade o dever de

preservaacute-lo de acordo com os princiacutepios do desenvolvimento sustentaacutevel (BRASIL

1988) Antes desta Constituiccedilatildeo jaacute havia um texto que regulamentava a questatildeo da

preservaccedilatildeo de aacutereas verdes em todo o territoacuterio nacional A Lei Federal nordm 477165 que

trata do Coacutedigo Florestal estabelecia limites e regulamentava as Aacutereas de Preservaccedilatildeo

Permanente De acordo com Arauacutejo (2002) apud De Moraes (2014) essa Lei que fora

revogada e substituiacuteda pela Lei 126512012 era bastante falha no que diz respeito agraves

questotildees de APPS em aacutereas urbanas o que poderia ser um facilitador do natildeo cumprimento

do que foi proposto por aquela legislaccedilatildeo nestas aacutereas Isso se devia ao fato de o Coacutedigo

Florestal de 1965 ter deixado uma duacutevida sobre qual legislaccedilatildeo seguir uma vez que em

seu segundo artigo no paraacutegrafo uacutenico estava disposto que em aacutereas urbanas devia-se

atentar para a legislaccedilatildeo referente ao Plano Diretor e as referentes ao uso do solo na aacuterea

do municiacutepio (BRASIL 1965) Diante dessa conjuntura alguns municiacutepios optavam pela

natildeo aplicaccedilatildeo do Coacutedigo Florestal na regiatildeo urbana mesmo sabendo que a poliacutetica

conservacionista eacute extremamente importante visto o grande nuacutemero de problemas que

podem advir do uso irregular das APPs (DE MORAES 2009) Segundo o artigo 182 da

Constituiccedilatildeo Federal de 1988 as poliacuteticas relacionadas ao desenvolvimento urbano

devem ser elaboradas pelos municiacutepios e objetiva garantir o bem estar dos muniacutecipes e

tambeacutem o desenvolvimento do municiacutepio como um todo atraveacutes do atendimento agraves

exigecircncias do Plano Diretor (BRASIL 1988) O que podia gerar alguma divergecircncia seria

se o Plano Diretor Municipal propusesse uma faixa de APP menor que a prevista pelo

Coacutedigo Florestal Sendo assim essa legislaccedilatildeo perderia sua validade pelo fato de a

legislaccedilatildeo federal ser suplementar ou se seria cumprida devido ao disposto no artigo 182

da Constituiccedilatildeo Segundo De Moraes (2009) natildeo eacute aceitaacutevel que o Plano Diretor

Municipal legitime tal degradaccedilatildeo ambiental uma vez que um dos seus principais

objetivos eacute a proteccedilatildeo do bem estar puacuteblico estando incluiacutedo nesse a proteccedilatildeo do

ambiente natural A delimitaccedilatildeo e especificaccedilatildeo das APPs em Lei eacute necessaacuteria uma vez

que os limites miacutenimos destinados agrave preservaccedilatildeo satildeo importantes pois garantem a

proteccedilatildeo tanto da qualidade quanto da quantidade dos recursos hiacutedricos e evitam a

ocupaccedilatildeo em locais propiacutecios aos deslizamentos e zonas de recarga dos aquiacuteferos

11

subterracircneos assegurando tambeacutem de certa forma a integridade dos seres humanos que

potencialmente ocupariam tais locais (CARVALHO 2013)

Neste trabalho a legislaccedilatildeo tomada como referecircncia eacute a prevista pela Constituiccedilatildeo Federal

de 1988 o Novo Coacutedigo Florestal (Lei 126512012) e o Estatuto das Cidades (Lei

102572001) em acircmbito federal Na esfera estadual a Lei 209222013 versa sobre os

limites para APP em todo o territoacuterio de Minas A Lei Municipal 42412012 trata do

Plano Diretor Municipal da cidade de Santos Dumont onde se encontra as diretrizes para

o uso e ocupaccedilatildeo do solo e o zoneamento da cidade de acordo com as caracteriacutesticas do

solo entre outras

322 O Novo Coacutedigo Florestal e a legislaccedilatildeo mineira

O Novo Coacutedigo Florestal Lei Federal 126512012 substituiu a Lei Federal 47711965

Dentre os vaacuterios artigos que esta lei possui o que apresenta maior importacircncia para o

planejamento e o ordenamento das cidades tanto na aacuterea urbana como na rural eacute o artigo

4ordm em que constam as faixas de APP tanto para curso hiacutedrico como para declividade e

altitude aleacutem dos topos de morro a saber (BRASIL2012)

ldquoArt 4ordm Considera-se Aacuterea de Preservaccedilatildeo

Permanente em zonas rurais ou urbanas para os

efeitos desta Lei

I - as faixas marginais de qualquer curso drsquoaacutegua

natural perene e intermitente excluiacutedos os

efecircmeros desde a borda da calha do leito regular

em largura miacutenima de

a) 30 (trinta) metros para os cursos drsquoaacutegua de

menos de 10 (dez) metros de largura

b) 50 (cinquenta) metros para os cursos drsquoaacutegua

que tenham de 10 (dez) a 50 (cinquenta) metros de

largura

()

IV - as aacutereas no entorno das nascentes e dos olhos

drsquoaacutegua perenes qualquer que seja sua situaccedilatildeo

topograacutefica no raio miacutenimo de 50 (cinquenta)

metros

12

V - as encostas ou partes destas com declividade

superior a 45deg equivalente a 100 (cem por

cento) na linha de maior declive

()

IX - no topo de morros montes montanhas e

serras com altura miacutenima de 100 (cem) metros e

inclinaccedilatildeo meacutedia maior que 25deg as aacutereas

delimitadas a partir da curva de niacutevel

correspondente a 23 (dois terccedilos) da altura

miacutenima da elevaccedilatildeo sempre em relaccedilatildeo agrave base

sendo esta definida pelo plano horizontal

determinado por planiacutecie ou espelho drsquoaacutegua

adjacente ou nos relevos ondulados pela cota do

ponto de sela mais proacuteximo da elevaccedilatildeo

X - as aacutereas em altitude superior a 1800 (mil e

oitocentos) metros qualquer que seja a

vegetaccedilatildeo

()rdquo

A legislaccedilatildeo atual em seu artigo 4ordm evidencia que as faixas e aacutereas determinadas como

APP compreendem tanto as aacutereas rurais quanto urbanas (BRASIL 2012) retirando a

duacutevida anterior e sendo essa a Lei suplementar qualquer faixa de APP mais permissiva

na legislaccedilatildeo estadual e municipal satildeo invaacutelidas o que simplificou de certa forma a

aplicabilidade da Legislaccedilatildeo referente a Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente

No Estado de Minas Gerais a Lei Estadual 20922 de 16 de Outubro de 2013 trata do tema

em acircmbito estadual mas com os mesmos princiacutepios propostos pela Lei Federal sendo os

limites miacutenimos previstos para as APPs os mesmos propostos pelo Novo Coacutedigo

Florestal brasileiro (MINAS GERAIS2013)

ldquo Art 9ordm Para os efeitos desta Lei em zonas rurais

ou urbanas satildeo APPs

I as faixas marginais de cursos drsquoaacutegua naturais

perenes e intermitentes excluiacutedos

os efecircmeros medidas a partir da borda da calha

do leito regular em largura miacutenima de

13

a) 30m (trinta metros) para os cursos drsquoaacutegua de

menos de 10m (dez metros) de largura

b) 50m (cinquenta metros) para os cursos drsquoaacutegua

de 1 0m (dez metros) a 50m (cinquenta metros) de

largura

()

IV as aacutereas no entorno das nascentes e dos olhos

drsquoaacutegua perenes no raio miacutenimo de 50m

(cinquenta metros)

V as encostas ou partes destas com declividade

superior a 45ordm (quarenta e cinco graus)

equivalente a 100 (cem por cento) na linha de

maior declive

()

VII no topo de morros montes montanhas e

serras com altura miacutenima de 100m (cem metros)

e inclinaccedilatildeo meacutedia maior que 25ordm (vinte e cinco

graus) as aacutereas delimitadas a partir da curva de

niacutevel correspondente a 23 (dois terccedilos) da altura

miacutenima da elevaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave base sendo esta

definida pelo plano horizontal determinado por

planiacutecie ou espelho drsquoaacutegua adjacente ou nos

relevos ondulados pela cota do ponto de sela mais

proacuteximo da elevaccedilatildeo

VIII as aacutereas em altitude superior a 1 800m (mil

e oitocentos metros)

()rdquo

323 O Plano Diretor

O Estatuto das Cidades em seu artigo 40 prevecirc o plano diretor como um instrumento

capaz de promover a poliacutetica urbana englobando toda a cidade aleacutem de fornecer padrotildees

e limites para o uso do solo nas mais diversas regiotildees do municiacutepio com vistas a

harmonizar o desenvolvimento urbano com a preservaccedilatildeo do meio ambiente (SILVA JR

2006) Este instrumento eacute obrigatoacuterio para cidades com mais de 20 mil habitantes ou

14

aacutereas que integrem regiotildees metropolitanas ou de interesse turiacutestico O artigo 41 do

Estatuto das cidades tambeacutem prevecirc a obrigatoriedade do Plano Diretor para cidades que

possuem em sua aacuterea empreendimentos que caracterizem grandes impactos ambientais

de influecircncia regional ou nacional e cidades que possuem problemas com deslizamentos

de grande magnitude ou alagamentos repentinos (BRASIL 2001)

O Plano diretor de acordo com o Estatuto das Cidades deve ser aprovado como lei em

acircmbito municipal e revisto a cada dez anos Este documento eacute uacutenico pois cada cidade

possui suas peculiaridades infraestrutura vocaccedilotildees e problemas que por mais que sejam

parecidos entre si satildeo diferenciados pela intensidade e pela regionalizaccedilatildeo Sendo assim

a confecccedilatildeo do Plano Diretor deve conter a participaccedilatildeo de toda a comunidade local de

forma a reduzir as desigualdades sociais os gastos puacuteblicos desnecessaacuterios a degradaccedilatildeo

ambiental e combater os problemas relacionados a urbanizaccedilatildeo de forma conjunta

promovendo um processo de tomada de decisatildeo que garanta a qualidade de vida

preservaccedilatildeo e o desenvolvimento social do municiacutepio como um todo (ROSSBACH amp

CARVALHO 2010)

3231 O Plano Diretor de Santos Dumont

A Lei Municipal nordm 424112 que entrou em vigor no ano de 2014 trata do Plano Diretor

Municipal instrumento previsto no Estatuto das Cidades para garantir aos cidadatildeos um

desenvolvimento urbano organizado justo e sustentavelmente econocircmico (BRASIL

2001) Aleacutem de apontar as diretrizes para a elaboraccedilatildeo da Poliacutetica Municipal dos mais

variados setores o Plano Diretor divide o municiacutepio em macrozonas urbanas e rurais

Estas zonas tecircm por objetivo facilitar a identificaccedilatildeo dos setores que permitem ou natildeo o

desenvolvimento da cidade e em que magnitude pode ser feita a expansatildeo respeitando ao

meio ambiente e tambeacutem o que eacute previsto no tocante ao uso e ocupaccedilatildeo do solo nessas

aacutereas Aleacutem disso ela estabelece a forma como devem ser as edificaccedilotildees nas referidas

aacutereas As aacutereas definidas como macrozonas urbanas e foram subdivididas em (SANTOS

DUMONT2012)

ldquoZona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e

da Paisagem (ZPPH) satildeo as aacutereas cujos

equipamentos urbanos possuem interesse

histoacuterico ou paisagiacutestico de preservaccedilatildeo

Zona de Preservaccedilatildeo Ambiental satildeo aquelas em

que devem ser mantidas ou recuperadas a

15

vegetaccedilatildeo por conta da declividade altitude ou

presenccedila de recursos hiacutedricos

Zona de Adensamento Controlado (ZAC) satildeo as

aacutereas em que deve-se manter uma pequena

densidade populacional devido as limitaccedilotildees na

infraestrutura da localidade A ZAC se divide em

ZAC 1 quando a infraestrutura existente eacute

limitada e em ZAC 2 quando esta eacute precaacuteria ou

natildeo existe

Zona de Consolidaccedilatildeo de Adensamento (ZCA)

satildeo as aacutereas em que haacute interesse em ocupar os

lotes vagos haja visto que a regiatildeo possui toda a

infraestrutura para que isto aconteccedila

Zona Adensaacutevel (ZA) satildeo as aacutereas com

condiccedilotildees propiacutecias para ocorrer uma ocupaccedilatildeo

mais densa

Zona Especial de Interesse Social (ZEIS) satildeo as

aacutereas em que o Poder Puacuteblico almeja fazer

alguma forma de ocupaccedilatildeo Eacute dividida em ZEIS 1

e ZEIS 2 A ZEIS 1 satildeo regiotildees jaacute ocupadas mas

de forma irregular cujo interesse puacuteblico eacute

realizar obras e outras atividades para

regularizar as ocupaccedilotildees e urbanizar a aacuterea

enquanto que a ZEIS 2 satildeo aacutereas natildeo utilizadas ou

subutilizadas as quais o poder puacuteblico almeja

realizar algum empreendimento habitacional de

caraacuteter social

Zona de Grandes Equipamentos (ZE) satildeo aacutereas

cujo o interesse eacute a implantaccedilatildeo de

empreendimentos de grande porte ou grandes

equipamentos puacuteblicosrdquo

Esta divisatildeo espacial pode ser melhor vista no Anexo 71

O Plano Diretor natildeo estipula limites para APP mas prevecirc algumas diretrizes como na

Poliacutetica Municipal de Preservaccedilatildeo do Meio Ambiente sobre o uso do solo em

compatibilidade com praacuteticas conservacionistas A Poliacutetica Municipal de Expansatildeo

16

Urbana tem como uma de suas diretrizes fazer cumprir a legislaccedilatildeo vigente no que diz

respeito agraves intervenccedilotildees e investimentos que poderatildeo ser feitos nessas aacutereas Tambeacutem eacute

diretriz da mesma Poliacutetica o controle da ocupaccedilatildeo e do uso do solo em APPs e o auxiacutelio

aos oacutergatildeos estaduais e federais de meio ambiente no tocante agrave fiscalizaccedilatildeo da ocupaccedilatildeo

nestas aacutereas (SANTOS DUMONT 2012) O artigo 38 que trata das diretrizes da Poliacutetica

habitacional de interesse social exclui do processo de regularizaccedilatildeo fundiaacuteria os

assentamentos situados em aacutereas de risco o que na maioria das vezes estatildeo tambeacutem nas

aacutereas que deveriam estar vegetadas e protegidas (SANTOS DUMONT 2012) Na

legislaccedilatildeo referente ao parcelamento do solo eacute previsto que no parcelamento de glebas

com declividade entre 30 e 47 soacute poderaacute ser aprovado mediante projeto e laudo

assinado por um responsaacutevel teacutecnico favoraacutevel agrave construccedilatildeo nesse local (SANTOS

DUMONT 2012) Diante do proposto pelo Plano Diretor de Santos Dumont pode-se

dizer que natildeo haacute conflito com a legislaccedilatildeo federal e estadual em se tratando da

aplicabilidade do Coacutedigo Florestal uma vez que aquele natildeo explicita limites nem

permissivos e tampouco restritivos para faixas e aacutereas de preservaccedilatildeo permanente

33 O Municiacutepio de Santos Dumont

331 De Arraial a cidade

A aacuterea onde se situa hoje o municiacutepio de Santos Dumont teve sua ocupaccedilatildeo iniciada no

seacuteculo XVIII quando a Coroa Portuguesa solicitou ao entatildeo Governador do Rio de

Janeiro Artur de Saacute Menezes que abrisse um caminho que ligasse as Minas dos

Cataguases na regiatildeo de Ouro Preto (receacutem descobertas) ao Rio de Janeiro por onde

escoava os metais preciosos para a metroacutepole Surgiu assim o ldquoCaminho Novordquo e ao longo

deste caminho surgiram tambeacutem as Sesmarias aacutereas que tinham por principal objetivo

servir de pouso aos transportadores e exploradores e tambeacutem para garantir alimento a

estas pessoas Uma destas ocupaccedilotildees seria o ldquoArraial de Joatildeo Gomesrdquo (Figura 41)

primeiro nuacutecleo primitivo do municiacutepio em 1709 De iniacutecio prevaleciam somente

ranchos onde os viajantes se abrigavam mas em pouco tempo ergueu-se a Capela de Satildeo

Miguel e Almas e pequenos nuacutecleos urbanos comeccedilaram a surgir (DAPPC2008)

17

Figura 3 1 Vista parcial do Arraial de Joatildeo Gomes

Fonte Arquivo Histoacuterico de Santos Dumont-MG

Com a construccedilatildeo da Estrada de Ferro D Pedro II no final do seacuteculo XIX a regiatildeo teve

um consideraacutevel crescimento natildeo soacute populacional como tambeacutem econocircmico se tornando

a Vila Palmyra em 1889 Em 1890 Palmyra eacute elevada ao status de Municiacutepio (Figura 42)

e recebe um grande nuacutemero de melhorias no setor viaacuterio como a retificaccedilatildeo de ruas e

tambeacutem no setor de serviccedilos puacuteblicos como abastecimento de aacutegua iluminaccedilatildeo puacuteblica a

querosene e posteriormente energia eleacutetrica O desenvolvimento econocircmico na regiatildeo

tambeacutem teve seu momento aacuteureo nesse periacuteodo Induacutestrias de laticiacutenios graacuteficas e de

Carbureto de Caacutelcio fizeram parte do parque industrial de Palmyra o que atraiacutea pessoas

de outros lugares inclusive estrangeiros contribuindo para o aumento populacional da

regiatildeo Como ainda natildeo havia legislaccedilatildeo sobre uso e ocupaccedilatildeo do solo nessa eacutepoca

surgiram inuacutemeros loteamentos em aacutereas proacuteximas agrave rios e coacuterregos e tambeacutem em

encostas com declividade acentuada o que foi agravando o risco agrave medida que a ocupaccedilatildeo

aumentava (DAPPC2008)

18

Figura 3 2 Municiacutepio de Palmyra na deacutecada de 1920

Fonte Arquivo Histoacuterico de Santos Dumont-MG

O escoamento da produccedilatildeo industrial se dava pelo modal ferroviaacuterio setor que tambeacutem

movimentava a crescente cidade que era ponto importante no setor de transportes pois

possuiacutea um dos mais bem equipados depoacutesitos de locomotivas da Estrada de Ferro Central

do Brasil (DAPPC2008)

No ano de 1932 o municiacutepio de Palmyra passou a se chamar Santos Dumont (Figura 43)

em homenagem ao inventor do aviatildeo que nascera naquela cidade Nos uacuteltimos 40 anos

Santos Dumont tem experimentado uma acentuada desaceleraccedilatildeo econocircmica

consequecircncia do fechamento da grande maioria das induacutestrias principalmente as de

laticiacutenios que empregavam direta e indiretamente uma parte consideraacutevel da populaccedilatildeo

(DAPPC2008)

19

Figura 3 3 Municiacutepio de Santos Dumont em 2014

Fonte Arquivo do autor

332 Santos Dumont na atualidade

O municiacutepio de Santos Dumont localiza-se na regiatildeo da Zona da Mata mineira distante

cerca de 220 Km da capital Belo Horizonte e possui uma populaccedilatildeo de 47558 habitantes

(ODM 2015 projeccedilatildeo) numa aacuterea total de 637 kmsup2 Faz divisa com os municiacutepios de

Juiz de Fora Oliveira Fortes Bias Fortes Antocircnio Carlos Tabuleiro Piau e Ewbank da

Cacircmara

No que diz respeito agrave sua formaccedilatildeo fisiacuteco-geograacutefica a aacuterea que compreende o municiacutepio

eacute constituiacuteda predominantemente por Cambissolo Haacuteplico (70) com Latossolo

Vermelho-Amarelo (30) (UFV2010) A vegetaccedilatildeo eacute em sua maioria composta por

exemplares de Mata Atlacircntica De acordo com o IBGE(2015) Santos Dumont se localiza

a 839m de altitude O clima da regiatildeo eacute classificado como Tropical de Altitude (Cwb) e

possui uma temperatura meacutedia de 20ordmC Eacute banhado pela bacia hidrograacutefica do Paraiacuteba do

Sul e em sua maioria pertence agrave sub-bacia do Rio Pomba (IGAM) que fornece aacutegua para

abastecimento puacuteblico agrave 88 da populaccedilatildeo por meio da rede de distribuiccedilatildeo

(IBGE2010) Uma pequena parte da zona rural a sudoeste eacute banhada pela Sub-Bacia do

Rio Paraibuna mais precisamente na regiatildeo de fronteira com os municiacutepios de Juiz de

Fora e Ewbank da Cacircmara O sistema viaacuterio principal de acesso agrave cidade eacute a rodovia BR-

040 e a estrada de ferro Dom Pedro II atualmente utilizada somente para transporte de

cargas

Com a economia nos dias atuais baseada majoritariamente no setor de serviccedilos a cidade

possui um Iacutendice de Desenvolvimento humano (IDH) de 0741 (IBGE2010) Apesar do

decliacutenio econocircmico de Santos Dumont nota-se hoje um aumento no nuacutemero de

loteamentos populares e condomiacutenios horizontais e verticais entre outras edificaccedilotildees Eacute

de vital importacircncia que esse crescimento das ocupaccedilotildees seja ordenado e regulamentado

20

de forma a garantir a qualidade ambiental prevenindo deslizamentos e inundaccedilotildees Diante

dessa conjuntura o governo municipal aprovou em 2012 a Lei nordm 4241 que trata do Plano

Diretor Participativo instrumento baacutesico da poliacutetica de desenvolvimento e expansatildeo

urbana do municiacutepio de Santos Dumont

4 METODOLOGIA

41 Aacuterea de estudo

A regiatildeo dentro dos limites do municiacutepio que seraacute estudada neste trabalho eacute conforme

descrito nos anexos Plano Diretor e representada na figura 44 a aacuterea urbana principal

que possui 47 Kmsup2 e compreende a regiatildeo central da cidade e os bairros perifeacutericos regiatildeo

que concentra cerca de 90 da populaccedilatildeo total de Santos Dumont (IBGE 2015) A aacuterea

urbana principal representa 75 da aacuterea total dos 637 Kmsup2 que compreendem o

municiacutepio e eacute o local onde nos uacuteltimos 30 anos se verificou um maior crescimento

populacional e tambeacutem onde ocorre a maioria dos eventos relacionados a deslizamentos

e alagamentos por conta da ocupaccedilatildeo sem planejamento A figura 45 mostra a aacuterea

urbana principal e a localizaccedilatildeo dos bairros urbanos de Santos Dumont

Figura 4 1 Localizaccedilatildeo da aacuterea urbana principal

Fonte Google Earth

21

Figura 4 2 Mapa da aacuterea urbana principal com a localizaccedilatildeo dos bairros

Fonte Do Autor

42 Levantamento e tratamento dos dados

No desenvolvimento deste trabalho foi necessaacuterio se fazer um estudo detalhado sobre o

Plano Diretor de Santos Dumont principalmente dos seus anexos que compreendem os

mapas e a localizaccedilatildeo das aacutereas definidas pelo zoneamento proposto Para que isso fosse

possiacutevel a Secretaria Municipal de Obras e Serviccedilos Puacuteblicos forneceu todos os dados

secundaacuterios produto do estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor e do

zoneamento Estes dados incluem os arquivos Shapefile (shp) e outros documentos

integrantes do Plano Diretor Algumas informaccedilotildees foram complementadas tambeacutem com

dados adquiridos atraveacutes do site do IBGE e do Portal Objetivos do Milecircnio (ODM)

Os dados sobre as ocorrecircncias de deslizamentos e alagamentos foram obtidos atraveacutes da

Defesa Civil do municiacutepio atraveacutes do Sistema Integrado de Informaccedilotildees sobre Desastres

(S2ID) do Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional Tal sistema centraliza as informaccedilotildees sobre

desastres naturais ocorridos em todo o territoacuterio nacional facilitando a pesquisa sobre tais

eventos a qualquer cidadatildeo (BRASIL 2015)

Apesar do sistema ser bastante uacutetil os dados sobre o municiacutepio de Santos Dumont se

encontravam bastante falhos e escassos sendo necessaacuteria complementaccedilatildeo para que a

22

base de dados ficasse consistente Diante disso uma pesquisa atraveacutes dos arquivos do

Jornal Mensagem um jornal semanaacuterio local foi feita entre os anos de 1984 e 2014 e os

dados primaacuterios filtrados em uma planilha do Microsoft Excel para posterior utilizaccedilatildeo

De posse destes dados foi feita a localizaccedilatildeo em campo das coordenadas dos locais

atingidos por deslizamentos e alagamentos no periacuteodo compreendido pela pesquisa com

o auxiacutelio de um aparelho de GPS

A maioria dos arquivos shapefile utilizados para a confecccedilatildeo dos mapas satildeo parte

integrante dos anexos da Lei do Plano diretor do municiacutepio gerados no mecircs de dezembro

de 2011 pelo Instituto Nova Cidade e foram cedidos pela Secretaria Municipal de Obras

e Serviccedilos Puacuteblicos com Datum em UTM SAD 69 Com a finalidade de fornecer um

referenciamento atualizado e de acordo com os mais novos sistemas de coordenadas

utilizados no Brasil os arquivos foram convertidos para o Datum UTM SIRGAS 2000

que diferencia do SAD 69 pelo fato de ser um referencial geocecircntrico ou seja o centro

da Terra eacute o ponto de referecircncia neste sistema enquanto que o primeiro utiliza um

referencial na superfiacutecie da Terra (IBGE2014) Eacute interessante ressaltar tambeacutem que o

SIRGAS 2000 se tornou no ano de 2014 o sistema de coordenadas oficial do Sistema

Geodeacutesico Brasileiro e do Sistema Cartograacutefico Nacional ambos mantidos pelo IBGE A

combinaccedilatildeo dos shapefiles foi feita com o software livre gvSIG e com estas combinaccedilotildees

foram gerados mapas importantes resultados para a execuccedilatildeo deste trabalho A maioria

dos mapas representam a regiatildeo urbana principal de Santos Dumont e foram produzidos

numa escala em torno de 140000 que de acordo com Rocha (2007) eacute uma escala viaacutevel

pois as recomendaacuteveis para trabalhos de anaacutelise ambiental em niacutevel municipal podem ser

entre 150000 e 110000 Alguns mapas cujo detalhamento natildeo eacute necessaacuterio foram

gerados na escala 1100000

Para a geraccedilatildeo dos mapas aleacutem dos arquivos fornecidos pela Secretaria de Obras e

Serviccedilos Puacuteblicos foram utilizados para a geraccedilatildeo do modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE)

e da localizaccedilatildeo dos topos de morro dados gerados pelo sistema de radar Advanced

Spacebone Thermal Emission and Reflection Radiometer (ASTER) que geram as curvas

de niacutevel do terreno com uma resoluccedilatildeo de 30m (NASA2014) O processamento dessas

imagens foi feito pelo software livre gvSIG As imagens geradas pelos sateacutelites

LANDSAT foram adquiridas no site da United States Geological Survey (USGS) e essas

imagens possibilitaram obter um panorama preciso do uso do solo em toda a aacuterea urbana

de Santos Dumont numa resoluccedilatildeo de 15 metros uma vez que foi utilizada a banda

pancromaacutetica do sateacutelite LANDSAT 8 aleacutem da combinaccedilatildeo das bandas 65 e 4

respectivamente que eacute a combinaccedilatildeo recomendada pela mantenedora dos sateacutelites para

anaacutelises deste tipo

23

No que diz respeito a identificaccedilatildeo de APPs em topo de morro a metodologia de Oliveira

amp Fernandes Filho (2013) por utilizar as mesmas bases de dados ateacute entatildeo usadas neste

trabalho foi a mais indicada

A metodologia de anaacutelise dos mapas gerados eacute a proposta pelo professor Jorge Xavier da

Silva do Laboratoacuterio de Geoprocessamento (LAGEOP) da Universidade Federal do Rio

de Janeiro e citada por Rocha (2007) Tal metodologia analisa as variaacuteveis em questatildeo

presentes na aacuterea e permite avaliar as possibilidades de relaccedilotildees entre essas variaacuteveis De

uma maneira geral este meacutetodo verifica o estado atual da aacuterea em estudo bem como das

variaacuteveis gerando inventaacuterios que servem para a construccedilatildeo de dados planimeacutetricos sejam

com as variaacuteveis isoladas ou combinadas Estes dados planimeacutetricos geram assinaturas

que permitem inferir sobre a influecircncia dessas variaacuteveis De posse dos dados gerados pelo

processo anteriormente citado pode-se fazer algumas prospecccedilotildees sobre os riscos

ambientais que a aacuterea pode sofrer ou o seu potencial ambiental (ROCHA 2007)

5 RESULTADOS

51 Levantamento histoacuterico de alagamentos e

deslizamentos

O aumento da demanda pelo uso do solo na regiatildeo urbana de Santos Dumont

principalmente no tocante agrave formaccedilatildeo de novos loteamentos e condomiacutenios nos uacuteltimos

anos eacute consideraacutevel mas tambeacutem haacute de se observar o crescimento dos bairros jaacute existentes

com pouco ou nenhum ordenamento Em ambos os casos se observa ocupaccedilotildees

irregulares em APP o que tem ocasionado um aumento na frequecircncia de deslizamentos

e inundaccedilotildees Eacute evidente que quanto maior a densidade populacional do bairro maior a

quantidade de ocorrecircncias ao longo dos anos (SPERFELD 2009)

De acordo com as ocorrecircncias registradas pela Defesa Civil do municiacutepio obtidas atraveacutes

da literatura utilizada nos uacuteltimos 30 anos Santos Dumont chegou a decretar situaccedilatildeo de

emergecircncia por conta de desastres envolvendo deslizamentos eou alagamentos por duas

vezes num espaccedilo de 10 anos conforme pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho

(BRASIL 2014 CEPED 2011)

Segundo os dados obtidos atraveacutes de pesquisa nos arquivos do semanaacuterio entre os anos

de 1984 e 2014 pode-se verificar que nos uacuteltimos 20 anos a cidade tem experimentado

24

um aumento consideraacutevel nos eventos relacionados a deslizamentos e principalmente

alagamentos como pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho Isso pode ter sido causado

dentre outros fatores pelo aumento do nuacutemero de vias pavimentadas com material

impermeaacutevel o que tem sobrecarregado tanto a infraestrutura existente para drenagem

urbana como tambeacutem a calha dos cursos drsquoaacutegua que passam pela regiatildeo urbana do

municiacutepio (ZANON2013)

Na deacutecada de 1980 (1984-1990) de acordo com os dados obtidos natildeo foram noticiados

eventos consideraacuteveis relacionados a deslizamentos e alagamentos em Santos Dumont

mas isso natildeo exclui a possibilidade de natildeo ter ocorrido tais eventos em menor escala

Na deacutecada de 1990 aconteceram uma seacuterie de ocorrecircncias tanto de deslizamentos quanto

de alagamentos No ano de 1997 num periacuteodo chuvoso intenso aconteceram

deslizamentos consideraacuteveis em vaacuterios bairros da cidade inclusive com desabamento de

casas e de ruas principalmente nos bairros Nossa Senhora da Gloacuteria e Quarto Depoacutesito

Em 1999 ocorreram alguns pontos de alagamento nos bairros Quarto Depoacutesito e Santo

Antocircnio com grandes prejuiacutezos materiais

A deacutecada de 2000 iniciou com o registro de deslizamentos em vaacuterios bairros da cidade

inclusive com desabamento de casas e pontes e alagamentos em importantes vias do

centro da cidade Observa-se ao longo desse periacuteodo o crescimento nas ocorrecircncias de

deslizamentos e de aacutereas com risco de deslizamento em muitos bairros de Santos Dumont

Um dos fatores importantes para esse crescimento foi a grande expansatildeo sofrida pela

maioria dos bairros e a falta de planejamento e orientaccedilatildeo por parte da prefeitura uma

vez que uma boa parte do crescimento dos bairros da cidade ocorreu ou proacuteximo a cursos

drsquoaacutegua ou em aacutereas com declividade improacutepria para se fazer construccedilotildees O bairro

Coacuterrego do Ouro (Figura 51) foi o que mais sofreu com ocorrecircncias de deslizamentos

nesse periacuteodo enquanto o bairro Santo Antocircnio foi que teve mais ocorrecircncias de

alagamentos

25

Figura 5 1 Deslizamento no bairro Coacuterrego do Ouro

Fonte Portal Cabangu

No iniacutecio deacutecada de 2010 (2011-2014) o centro da cidade foi a regiatildeo que mais sofreu

com alagamentos sendo registrado pelo menos uma ocorrecircncia por ano nessa aacuterea (Figura

52) Isso pode ser relacionado dentre outros fatores com as obras de modificaccedilatildeo do

tipo de pavimentaccedilatildeo das estradas por um material impermeaacutevel gerando uma sobrecarga

nos sistemas de drenagem urbana que foram projetados para um tipo de pavimento mais

permeaacutevel implicando tambeacutem na sobrecarga calha do Ribeiratildeo das Posses o principal

curso drsquoaacutegua que corta o centro da cidade e que se encontra em quase sua totalidade

ocupada em ambas as margens que cortam o centro da cidade

26

Figura 5 2 Alagamento na regiatildeo central de Santos Dumont em 2013

Fonte Portal Cabangu

Quanto agraves ocorrecircncias de deslizamento ao longo da referida deacutecada elas estiveram

espalhadas pelos bairros do municiacutepio tendo um maior nuacutemero de ocorrecircncias nos bairros

Santo Antocircnio Nossa Senhora da Gloacuteria e Aacutegua Espraiada Nos dois primeiros bairros

citados as ocorrecircncias podem ter sido ocasionadas pelo crescimento desordenado e sem

planejamento destes e no terceiro as ocorrecircncias satildeo relacionadas ao processo de

assoreamento do Ribeiratildeo das Posses o que pode ter gerado um aumento da velocidade

desse curso drsquoaacutegua causando problemas decorrentes do transporte de sedimentos da aacuterea

onde as casas foram construiacutedas que teve como consequecircncia os deslizamentos

Em resumo como pode ser observado nas figuras 53 e 54 na tabela 51 no periacuteodo de

1984 a 2014 os bairros mais afetados por alagamentos e deslizamentos satildeo Quarto

Depoacutesito Nossa Senhora da Gloacuteria Santo Antocircnio Coacuterrego do Ouro Antocircnio Afonso

Graminha e Vila Esperanccedila sendo que o bairro Coacuterrego do Ouro possui o maior nuacutemero

de ocorrecircncias de deslizamentos e o centro da cidade possui o maior nuacutemero de

ocorrecircncias de alagamentos no periacuteodo pesquisado Vale destacar que a aacuterea propiacutecia a

alagamentos no bairro Antocircnio Afonso natildeo identificada no estudo realizado pela

prefeitura constitui-se efetivamente numa aacuterea de risco conforme levantamento histoacuterico

realizado Esta aacuterea de risco se deve agrave diferenccedila de niacutevel negativa entre o rio Pinho e a

aacuterea do bairro estando este em desniacutevel com um risco iminente de inundaccedilotildees resultantes

da cheia desse curso drsquoaacutegua causando inuacutemeros transtornos aos moradores do local

27

Figura 5 3 Pontos de Alagamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico

Fonte Do autor

Figura 5 4 Pontos de deslizamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico

Fonte Do autor

28

Tabela 51 Ocorrecircncias de alagamentos e deslizamentos obtidos atraveacutes do

levantamento histoacuterico

Pontos de ocorrecircncia (1984-2014)

Bairros Alagamento Deslizamento

Aacutegua Espraiada 1 1

Antocircnio Afonso 1 0

Barra 0 1

Centro 7 1

Coacuterrego do Ouro 1 7

Flores 0 1

Graminha 1 0

Jardim Jaraguaacute 0 1

N Sra da Gloacuteria 0 4

N Sra das Graccedilas 1 0

Quarto Depoacutesito 3 2

Santo Antocircnio 4 2

Satildeo Sebastiatildeo 0 1

Vila Esperanccedila 0 1

Fonte Do autor

De acordo com o estudo realizado na elaboraccedilatildeo do Plano Diretor pela prefeitura

municipal observa-se que os bairros que possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a

deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do Ouro e Vila Esperanccedila enquanto que os que

possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a alagamento satildeo o Centro da cidade e os

bairros Satildeo Sebastiatildeo Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio por estarem agraves margens do

Ribeiratildeo das Posses um curso drsquoaacutegua que sofre com inundaccedilotildees perioacutedicas devido ao

severo assoreamento em algumas regiotildees e tambeacutem devido ao acuacutemulo de lixo descartado

pelos moradores do entorno irregularmente De acordo com o estudo realizado quando da

elaboraccedilatildeo do Plano Diretor do municiacutepio foram feitos estudos sobre as aacutereas propensas

a deslizamentos e alagamentos na regiatildeo urbana principal Tais aacutereas satildeo as destacadas

nas Figuras 55 e 56 No levantamento histoacuterico realizado pode-se identificar que os

bairros que possuem mais aacutereas propensas a deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do

Ouro Nossa Senhora da Gloacuteria Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio enquanto que os bairros

mais propensos a alagamentos satildeo os bairros Centro Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio

como observado na tabela 51

29

Figura 5 5 Aacutereas propensas a deslizamento de acordo com o Plano Diretor de

Santos Dumont

Fonte Google Earth e Lei 42412012

Figura 5 6 Aacutereas propensas a alagamento de acordo com o Plano Diretor de

Santos Dumont

Fonte Google Earth e Lei 42412012

30

Comparando-se os mapas obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico com o mapa gerado

pelo estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor nota-se que haacute semelhanccedilas em

algumas aacutereas mas ao se levar em conta o produto gerado pela pesquisa histoacuterica o

estudo necessitaria ser complementado haja vista que ele natildeo compreende por exemplo

o ponto de alagamento no bairro Antocircnio Afonso citado anteriormente e alguns pontos de

deslizamento importantes uma vez que satildeo regiotildees onde haacute ocupaccedilatildeo Esse fato evidencia

a necessidade de se buscar vaacuterias fontes primaacuterias e secundaacuterias para se detectar aacutereas de

risco em um municiacutepio incluindo arquivos da imprensa local afim de se produzir uma

base de dados consistente e com o menor nuacutemero de falhas possiacutevel (CEPED 2014) Com

a uniatildeo dos dois estudos foram gerados os mapas apresentados nas Figuras 57 e 58

Aleacutem do mais observando as figuras 57 e 58 pode-se notar que uma boa parte tanto dos

casos de alagamento quanto de deslizamento estatildeo na faixa de APP de curso hiacutedrico o

que ilustra a importacircncia da preservaccedilatildeo destas aacutereas

Figura 5 7 Aacutereas propensas a alagamento do estudo do Plano Diretor

complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento

Fonte Do Autor

31

Figura 5 8 Aacutereas propensas a deslizamento do estudo do Plano Diretor

complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento

Fonte Do Autor

Atraveacutes da combinaccedilatildeo entre estes dois levantamentos procurou-se alimentar a base de

dados e garantir uma consistecircncia maior desta no que diz respeito a aacutereas de deslizamento

e alagamento podendo inclusive se identificar a suscetibilidade de uma determinada

regiatildeo da cidade a um ou outro evento (CEPED2014)

512 O Plano diretor e as APPs

Nos uacuteltimos anos o Brasil experimentou um forte fenocircmeno de migraccedilatildeo do campo para

as aacutereas urbanas De acordo com o IBGE no periacuteodo de 1940 a 2000 houve um aumento

de cerca de 60 do nuacutemero de pessoas que vivem em cidades (SILVA JR 2006) O

processo de planejamento e ordenamento do uso do solo nessas aacutereas deveria ter

acompanhado esse crescimento ao longo dos anos a fim de garantir a qualidade de vida e

a seguranccedila dos migrantes ao se instalarem nas cidades o que natildeo ocorreu e o que se

observa atualmente satildeo ocupaccedilotildees em aacutereas improacuteprias para moradia sem a infraestrutura

baacutesica necessaacuteria e com risco iminente de deslizamentos eou inundaccedilotildees

O Plano Diretor do municiacutepio de Santos Dumont em seu capiacutetulo IV que versa sobre o

uso e ocupaccedilatildeo do solo explicita regras para o ordenamento do territoacuterio que compreende

o municiacutepio com base nos diferentes usos do solo de acordo com sua compatibilidade o

32

que acabou por resultar num zoneamento de todo o municiacutepio em macrozonas conforme

citado na seccedilatildeo 3231 de acordo com os usos atuais e futuros do solo Aleacutem de dividir

estas macrozonas em urbanas e rurais tambeacutem avaliou e classificou estas aacutereas com base

numa seacuterie de fatores ambientais geoloacutegicos culturais e sociais de forma a se fazer um

zoneamento coerente com os atuais usos do solo e seu potencial de uso futuro Apresenta-

se na Figura 59 este zoneamento na aacuterea urbana principal de Santos Dumont

Figura 5 9 Zoneamento urbano da aacuterea urbana principal

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Lei 42412012

Tomando como referecircncia o Novo Coacutedigo Florestal brasileiro em especial os paracircmetros

estabelecidos para a definiccedilatildeo de APP e utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento

atraveacutes do software Vista SAGA relacionou-se as APPs existentes na aacuterea em estudo com

as regiotildees propiacutecias a alagamentos e deslizamentos de acordo com o estudo feito quando

da elaboraccedilatildeo do Plano Diretor afim de se identificar qual ou quais aacutereas possuem estes

problemas e se estatildeo relacionados com o uso do solo irregular em APP

Ao se aplicar a metodologia proposta por Oliveira amp Fernandes Filho (2013) natildeo foram

identificadas dentro da aacuterea de estudo APPs de topos de morro sendo este tipo de APP

descartada portanto das anaacutelises subsequentes deste trabalho Foram consideradas as

APP de curso hiacutedrico (rios e nascentes) e de declividade visando relacionaacute-las as aacutereas

de risco identificadas pela Prefeitura afim de se verificar as possiacuteveis causas da ocorrecircncia

33

destas aacutereas na regiatildeo urbana do municiacutepio Por meio de combinaccedilotildees entre dois mapas

temaacuteticos utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento foi possiacutevel obter as

assinaturas ou seja tabelas que caracterizam quantitativamente a aacuterea afetada por cada

aspecto visto que a simples visualizaccedilatildeo do mapa gerado pelo geoprocessamento muitas

vezes eacute prejudicada por serem aacutereas de pequenas dimensotildees ou por qualquer outra

limitaccedilatildeo do software Ressalta-se que para a elaboraccedilatildeo do Plano Municipal de Reduccedilatildeo

de riscos a identificaccedilatildeo e detalhamento topograacutefico destas aacutereas eacute fundamental para o

desenvolvimento do referido Plano conforme seraacute abordado detalhadamente na seccedilatildeo

52

De posse do mapa que representa o zoneamento urbano de Santos Dumont primeiramente

procurou-se mensurar qualitativa e quantitativamente a presenccedila de APPs tanto de

declividade quanto de cursos hiacutedricos Essa identificaccedilatildeo eacute importante pois este

zoneamento eacute um dos instrumentos de planejamento municipal (BRASIL 2001) Saboya

(2007) aponta que os principais objetivos de um zoneamento satildeo o controle da expansatildeo

urbana e proteccedilatildeo de aacutereas inadequadas a ocupaccedilatildeo aleacutem de reduzir os conflitos inerentes

aos diferentes usos do solo Com o uso da ferramenta ldquoCombinarrdquo do Vista SAGA foram

feitas combinaccedilotildees entre o mapa de hidrografia com buffer de 30m para rios e coacuterregos e

de 50m para nascentes com o mapa do zoneamento para se verificar a importacircncia das

APPs de curso hiacutedrico em toda a aacuterea urbana principal do municiacutepio Tambeacutem foram

combinados o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) obtido atraveacutes do gvSIG com o mapa

de zoneamento afim de se verificar quantitativamente as APPs de declividade e onde se

localizam Vale ressaltar que as declividades entre 30 e 47 estatildeo presentes nesta

combinaccedilatildeo pois de acordo com o Plano Diretor de Santos Dumont terrenos com esta

faixa de declividade para fins de parcelamento devem possuir estudo teacutecnico que ateste

a viabilidade de se promover algum empreendimento imobiliaacuterio neste (SANTOS

DUMONT 2012) Como a legislaccedilatildeo municipal prevecirc estudo somente para a faixa de

declividade descrita anteriormente para fins de anaacutelise neste trabalho consideramos um

valor mais conservador para APP compreendendo a faixa de 47 a 100 aleacutem da

prevista pela legislaccedilatildeo federal (gt100) para que natildeo houvessem lacunas importantes na

geraccedilatildeo do produto

Apresenta-se na Figura 510 aacutereas com declividades consideradas de risco e consideradas

APP e em qual zona de planejamento elas estatildeo inseridas De um modo geral ao se

observar a Tabela 52 nota-se que a aacuterea que compreende declividades de risco e APP eacute

uma pequena parcela da aacuterea urbana principal representando 061 desta aacuterea Ao se

levar em conta somente a localizaccedilatildeo pode-se verificar que cerca de 84 das aacutereas com

declividade de risco e a totalidade das APPs de declividade estatildeo localizadas na ZAC1

zona que compreende a maior parte do municiacutepio e apesar de possuir infraestrutura baacutesica

para a ocupaccedilatildeo esta eacute restrita Sendo assim o fator declividade deve ser visto com cautela

nesta aacuterea para se evitar transtornos advindos de edificaccedilotildees nestas aacutereas

34

Figura 5 10 Combinaccedilatildeo entre as declividades importantes incluindo as APPs e o

zoneamento urbano

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Do autor

Tabela 52 Assinaturas da combinaccedilatildeo Declividade x Zoneamento

Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea

Natildeo APP 457972 9939

Declividade 30-47 em ZAC1 2368 051

Declividade 30-47 em ZE 284 006

Declividade 30-47 em ZAC2 128 003

Declividade 30-47 em ZPA 004 0001

APP Declividade em ZAC1 048 001

Total 460804 100

Fonte Do autor

Apresenta-se na Figura 511 as APPs de curso hiacutedrico (nascentes e rios) e em qual zona

de planejamento estatildeo localizadas Assim como a declividade a maior parte das APPs de

curso hiacutedrico estatildeo localizadas em ZAC1 representando 383 da aacuterea urbana em estudo

e 51 do total das APPs de curso hiacutedrico Esta questatildeo tambeacutem deve ser vista com

bastante criteacuterio pelos gestores locais uma vez que a ocupaccedilatildeo em faixas proacuteximas de

rios e coacuterregos podem causar uma gama de problemas ambientais e sociais na regiatildeo

(SANTANA2011) Tal cuidado tambeacutem deve ser tomado nas APPs compreendidas na

35

ZAC2 que compreende 001 da Aacuterea urbana principal e 14 do total das APPs de curso

hiacutedrico pois a infraestrutura baacutesica e acessibilidade presente nesta zona eacute precaacuteria e a

ocupaccedilatildeo as margens de cursos hiacutedricos pode gerar problemas seacuterios caso ocorra uma

expansatildeo nestas aacutereas

Figura 511 Combinaccedilatildeo entre APP de curso hiacutedrico e as zonas de planejamento

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Do autor

Outro ponto importante eacute a presenccedila da Zona de Proteccedilatildeo Ambiental (ZPA) no entorno

uma consideraacutevel parte dos cursos hiacutedricos Nesta zona estatildeo presentes 28 das APPs de

curso hiacutedrico e esta zona de acordo com o Plano Diretor deve ser restaurada ou

preservada por suas caracteriacutesticas geoloacutegicas topograacuteficas e bioloacutegicas

Afim de se verificar os usos do solo na regiatildeo em estudo foram utilizadas combinaccedilotildees

de imagens advindas do sateacutelite Landsat 8 nas bandas descritas no capiacutetulo 4 aleacutem da

banda pancromaacutetica O resultado eacute apresentado na figura 512 que mostra os principais

usos do solo na aacuterea urbana principal de Santos Dumont

36

Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x Zoneamento

Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea

Hidrografia 11168 239

Aacuterea Urbana Natildeo APP 421004 9008

APP Curso hiacutedrico em ZAC1 179 383

APP Curso hiacutedrico em ZPA 9776 209

APP Curso hiacutedrico em ZE 184 004

APP Curso hiacutedrico em ZA 1192 026

APP Curso hiacutedrico em ZAC2 5124 110

APP Curso hiacutedrico em ZPPH 248 005

APP Curso hiacutedrico em ZEIS 568 012

APP Curso hiacutedrico em ZCA 228 005

Total 467392 10000

Fonte Do autor

Figura 5 12 Mapa de usos do solo da aacuterea urbana principal de Santos Dumont

Fonte Do autor

Como jaacute era previsto a maior parte da aacuterea urbana se encontra ocupada e eacute nesta regiatildeo

ocupada que se observa a maior concentraccedilatildeo de problemas de deslizamentos e

alagamentos (Figuras 513 e 514) A grande ocupaccedilatildeo em aacutereas consideradas APP de

curso hiacutedrico de acordo com os mapas gerados pode ser a principal causa do aumento a

cada ano dos casos de alagamento principalmente na regiatildeo central da cidade Outro ponto

que se deve atentar eacute a existecircncia de uma consideraacutevel aacuterea de pastagem pouco vegetada

que caso estejam em aacutereas elevadas pode contribuir para deslizamentos e agraves margens de

37

rios e coacuterregos para o assoreamento destes corpos hiacutedricos o que pode causar

alagamentos (INAacuteCIO etal 2007)

Diante destes resultados pode-se ver que a cidade de Santos Dumont necessita alternativas

efetiva no que diz respeito agrave contenccedilatildeo de deslizamentos e a reduccedilatildeo de risco de

alagamento pois as aacutereas em que ocorrem tais eventos satildeo distintas e facilmente definidas

devido agrave repeticcedilatildeo destes nos uacuteltimos anos Um plano de accedilatildeo integrado entre as diferentes

secretarias municipais (Obras Meio Ambiente Assistecircncia Social entre outras) e a

Coordenadoria Municipal de Defesa Civil deve ser realizado afim de se tomar medidas

natildeo mais preventivas mas sim preditivas para que se possa conter o avanccedilo destes

problemas na aacuterea urbana principal bem como em toda a aacuterea do municiacutepio

Figura 5 13 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na aacuterea urbana

principal

Fonte Do autor

38

Figura 5 14 Aacutereas sujeitas a alagamento e os principais usos do solo na aacuterea

urbana principal

Fonte Do autor

Ao se associar os dados do estudo do Plano Diretor com os dados do levantamento

histoacuterico realizado com o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) pode-se notar que as aacutereas

propiacutecias a deslizamento estatildeo em regiotildees as quais haacute uma fronteira de declividades ou

seja eacute evidente que os deslizamentos ocorrem em encostas um pouco mais iacutengremes mas

natildeo necessariamente nas encostas de 30-47 as quais exigem estudo teacutecnico conforme o

plano diretor preconiza Quanto aos alagamentos nota-se que eles se localizam nas aacutereas

com menor ou nenhuma declividade podendo ser estas aacutereas talvez componentes da

planiacutecie de inundaccedilatildeo dos rios Estes resultados podem ser vistos nas figuras 515 e 516

a seguir

39

Figura5 15 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a deslizamentos na

regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

Fonte Lei 42412012 e Autor

Figura5 26 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a alagamentos na

regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

Fonte Lei 42412012 e Autor

40

52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis

O processo de ocupaccedilatildeo no municiacutepio de Santos Dumont comeccedilou muito antes de

qualquer legislaccedilatildeo relacionada a ordenamento urbano e de proteccedilatildeo do meio ambiente

fosse implementado no Brasil Esse fato aliado a poliacuteticas e fiscalizaccedilotildees falhas

contribuiacuteram para a ocupaccedilatildeo e expansatildeo da aacuterea urbana ao longo do Ribeiratildeo das Posses

e seus afluentes o que tem gerado o aumento da degradaccedilatildeo destes corpos hiacutedricos ao

longo de todos estes anos Observa-se tambeacutem que nas uacuteltimas deacutecadas ocorreu um

grande nuacutemero de migraccedilotildees do campo para a regiatildeo urbana da cidade fator que

contribuiu para o crescimento do nuacutemero de habitaccedilotildees em aacutereas de risco de deslizamento

e alagamentos por serem na maioria das vezes terrenos menos valorizados e por este

motivo acessiacuteveis a populaccedilatildeo com menor poder aquisitivo (ROSA amp CORTEZ 2008)

Vale ressaltar que esta questatildeo aleacutem de ser ambiental eacute muito mais social pois os

moradores entendem os riscos de se viver nestes locais mas por motivos econocircmicos ou

por questotildees afetivas natildeo abrem matildeo da moradia nessas aacutereas A Constituiccedilatildeo Federal de

1988 promoveu a inter-relaccedilatildeo das questotildees sociais com as questotildees ambientais quando

colocou o meio ambiente como direito coletivo (BRASIL1988 SOUZA2010) Por este

motivo a decisatildeo por medidas draacutesticas que favoreccedilam apenas agrave preservaccedilatildeo do meio

ambiente natildeo eacute recomendada pois aleacutem de ser inconstitucional podem afetar a

sustentabilidade econocircmica do municiacutepio e gerar conflitos sociais consideraacuteveis

(CARLOS 1992 apud SOUZA 2010)

Segundo Bueno (2009) ldquonem tudo o que eacute irregular eacute precaacuteriordquo Esse fato se observa em

Santos Dumont uma vez que em boa parte da regiatildeo central se observa vaacuterias moradias

construiacutedas na faixa de APP de curso hiacutedrico o que natildeo eacute permitido pela legislaccedilatildeo

vigente e eacute um dos fatores que contribui para a ocorrecircncia de alagamentos nesta aacuterea da

cidade Para a resoluccedilatildeo deste problema o que seria mais viaacutevel seria a melhoria da

infraestrutura de drenagem urbana afim de que o escoamento da aacutegua das chuvas natildeo

sobrecarregasse o sistema (BUENO2009) A construccedilatildeo de bacias de contenccedilatildeo de

cheias ao longo do Ribeiratildeo das Posses tambeacutem seria uma alternativa mas para se verificar

a viabilidade necessita-se estudos mais aprofundados do ponto de vista hidroloacutegico

O grande problema a ser solucionado no entanto eacute o que diz respeito agraves aacutereas de risco

de deslizamento majoritariamente nos bairros A melhor alternativa seria o

remanejamento dos moradores para uma aacuterea proacutexima agrave que moram poreacutem longe do

risco Poreacutem esta alternativa de acordo com Rosa Filho amp Cortez (2008) encontra alguns

entraves pois estas pessoas na maioria das vezes natildeo tecircm condiccedilotildees financeiras de irem

para outro lugar ou pagar aluguel ou estatildeo de alguma forma sentimentalmente ligadas

agravequela regiatildeo que se recusam a deixaacute-lo

41

Por parte dos oacutergatildeos competentes no municiacutepio a criaccedilatildeo de um plano para se evitar

acidentes ocasionados por deslizamentos e alagamentos com um mapeamento detalhado

de toda a extensatildeo do municiacutepio eacute extremamente uacutetil Os estudos que seratildeo feitos para a

elaboraccedilatildeo deste plano poderatildeo definir quais as aacutereas satildeo potencialmente de risco para as

ocupaccedilotildees existentes ou para as potenciais ocupaccedilotildees que possam vir a ocorrer atraveacutes do

mapeamento das aacutereas de risco Tal planejamento seraacute auxiliar ao Plano Diretor

Municipal pois definiraacute o real uso do solo de determinada regiatildeo do municiacutepio

contribuindo para a adequaccedilatildeo do uso e ocupaccedilatildeo do solo afim de evitar ou reduzir o

nuacutemero de problemas relacionados a alagamentos e principalmente deslizamentos no

periacutemetro urbano (TOMINAGA 2009) A partir deste plano os gestores locais poderatildeo

tomar a melhor decisatildeo para a prevenccedilatildeo ou reduccedilatildeo dos riscos inerentes a tais problemas

Na seccedilatildeo 521 seraacute hierarquizado de forma preliminar a aacuterea urbana principal de acordo

com os resultados da tabela 51

521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta

O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos (PMRR) foi criado atraveacutes de accedilotildees

regularizadoras do Ministeacuterio das Cidades para ser o instrumento de gestatildeo e

gerenciamento de aacutereas de risco em um municiacutepio Eacute um documento que aleacutem de

estabelecer quais regiotildees satildeo consideradas de risco tambeacutem objetiva a proposta de

medidas estruturais ou natildeo para contenccedilatildeo eou prevenccedilatildeo de cataacutestrofes aleacutem de ser um

meio de captaccedilatildeo de recursos financeiros junto aos Governos Estadual e Federal Estes

recursos poderatildeo ser utilizados para a realizaccedilatildeo de obras que visem a melhoria da

qualidade de vida da populaccedilatildeo do entorno ou de recuperaccedilatildeo da aacuterea degradada Este

plano eacute realizado de forma participativa com as comunidades das aacutereas de risco e pode

ser realizado em sete fases conforme recomenda o Ministeacuterio das Cidades (ALHEIROS

2006)

O primeiro passo para a realizaccedilatildeo do PMRR eacute definir qual a metodologia seraacute empregada

levando-se em consideraccedilatildeo a realidade atual do municiacutepio e especificar de forma sucinta

um cronograma das atividades Eacute importante nesta fase a participaccedilatildeo tambeacutem dos

responsaacuteveis pelas mais variadas Secretarias Municipais afim de explicitar o tamanho da

importacircncia e o caraacuteter integrador deste plano A segunda fase deste plano objetiva a

criaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo da principal base de dados a ser utilizada nos passos posteriores o

mapeamento de risco em escala detalhe em torno de 13000 (SAtildeO PAULO 2014) A

elaboraccedilatildeo de um mapeamento detalhado propiciaraacute natildeo soacute a identificaccedilatildeo mais faacutecil das

aacutereas de risco como tambeacutem facilitaraacute aos gestores e agrave comunidade decidirem qual a

melhor intervenccedilatildeo para a soluccedilatildeo ou remediaccedilatildeo dos problemas em uma determinada

42

aacuterea hierarquizando o risco e definindo prioridades (SAtildeO PAULO 2014) Na tabela a

seguir apresenta-se alguns tipos de intervenccedilotildees que podem ser feitas em aacutereas de risco

sugeridas pelo Ministeacuterio das cidades (ALHEIROS 2006)

Quadro 5 1 - Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco

Tipo de intervenccedilatildeo Descriccedilatildeo

Serviccedilos de limpeza e Recuperaccedilatildeo

Remoccedilatildeo de entulho lixo etc

corte de aacutervores

remoccedilatildeo de bananeiras

recuperaccedilatildeo eou limpeza de sistemas de

drenagem esgotos e acessos

Limpeza de canais de drenagem

Proteccedilatildeo Vegetal

Proteccedilatildeo superficial vegetal (gramiacuteneas) em

taludes com solo exposto

Proteccedilatildeo vegetal de margens de canais de

drenagem

Barreiras vegetais para massas escorregadas

ou acumuladas pela erosatildeo

Drenagem Superficial e Acessos

Sistema de drenagem superficial (canaletas

raacutepidos caixas de transiccedilatildeo escadas drsquoaacutegua)

Acessos para pedestres (escadarias rampas

etc) integrados ao sistema de drenagem

Revestimento de Taludes Revestimento com materiais artificiais

cimentado cal-jet tela argamassada alvenaria

de tijolos ceracircmicos solo-cimento ensacado

Desmonte de blocos e matacotildees Desmonte de concreccedilotildees de grande porte

blocos rochosos e matacotildees

Obras de drenagem de subsuperfiacutecie Sistema de drenagem de subsuperfiacutecie

(trincheiras drenantes DHP poccedilos de

rebaixamento)

Estruturas de contenccedilatildeo (localizadas)

Muros de contenccedilatildeo de pequeno porte (solo-

cimento ensacado alvenaria de pedra-rachatildeo

concreto armado)

Estruturas de contenccedilatildeo localizadas

(chumbadores tirantes microestacas)

Contenccedilatildeo e proteccedilatildeo de margens de canais (

gabiotildees muros de concreto etc)

Estruturas de contenccedilatildeo (meacutedio e grande porte) Implantaccedilatildeo de estruturas de contenccedilatildeo de

meacutedio e grande porte envolvendo obras de

contenccedilatildeo passivas e ativas (muros de

gravidade cortinas etc)

Terraplanagem Execuccedilatildeo de serviccedilos de terraplanagem

combinados a obras de drenagem superficial e

proteccedilatildeo vegetal desvio e canalizaccedilatildeo de

coacuterregos

Remoccedilatildeo de moradias Remoccedilotildees definitivas para implantaccedilatildeo de

obras ou devido agrave localizaccedilatildeo improacutepria da

edificaccedilatildeo (Priorizar as relocaccedilotildees dentro da

proacutepria aacuterea em local seguro)

Fonte ALHEIROS 2006

43

Escolhidas as formas de intervenccedilatildeo para cada aacuterea eacute necessaacuterio realizar uma estimativa

dos custos afim de preparar o orccedilamento da prefeitura para a realizaccedilatildeo das obras e se

seraacute necessaacuterio a captaccedilatildeo de recursos externos para a execuccedilatildeo destas Feitas as

estimativas de custo o proacuteximo passo eacute definir as prioridades e para esta fase eacute tambeacutem

uacutetil o mapeamento feito nas etapas anteriores pois seraacute necessaacuterio hierarquizar tais

intervenccedilotildees nas aacutereas de risco O Ministeacuterio das Cidades (2007) sugere alguns criteacuterios

que podem ser avaliados pelo gestor dentre eles pode-se citar

Grau de risco

Populaccedilatildeo beneficiada

Custo da intervenccedilatildeo

Dimensatildeo da aacuterea a ser tratada

Demandas anteriores da populaccedilatildeo

Tempo de ocupaccedilatildeo

Viabilidade teacutecnica da intervenccedilatildeo

Viabilidade financeira

Inclusatildeo da aacuterea em outros projetos

A partir desta hierarquizaccedilatildeo inicia-se a identificaccedilatildeo de provaacuteveis fontes de captaccedilatildeo de

recursos para a execuccedilatildeo das intervenccedilotildees Estes recursos podem advir de programas dos

governos Federal e Estadual ou por meio de editais para captaccedilatildeo de recursos financeiros

tanto do setor puacuteblico como da iniciativa privada e podem ser tambeacutem associados agrave outras

Secretarias Municipais como a de Turismo ou Meio Ambiente e natildeo soacute as destinadas agrave

Defesa Civil (ALHEIROS 2006)

Eacute previsto tambeacutem no PMRR uma avaliaccedilatildeo da Defesa Civil municipal e como ela estaacute

estruturada fazendo inclusive sugestotildees para que sua atuaccedilatildeo esteja em consonacircncia com

a realidade das comunidades e da Administraccedilatildeo Puacuteblica do municiacutepio de forma a garantir

sua sustentabilidade e conquistar a credibilidade da populaccedilatildeo no que diz respeito a

prevenccedilatildeo de cataacutestrofes Para que a resposta a uma determinada situaccedilatildeo de risco seja

raacutepida eacute necessaacuterio a descentralizaccedilatildeo da Defesa Civil criando pequenos nuacutecleos

comunitaacuterios com a finalidade de se monitorar a aacuterea constantemente e promover as

intervenccedilotildees necessaacuterias em tempo haacutebil o que aumenta em muito a credibilidade da

populaccedilatildeo no PMRR e no trabalho desempenhado pela Defesa Civil no municiacutepio Apoacutes

esta etapa o PMRR passaraacute por audiecircncias puacuteblicas e posteriormente poderaacute ser aprovado

como Lei Municipal pelo Legislativo local (ALHEIROS 2006)

Com a realizaccedilatildeo deste plano o municiacutepio estaraacute munido de informaccedilotildees suficientes para

realizar accedilotildees efetivas de gestatildeo e gerenciamento de riscos bem como aliado a

levantamentos sociais realizar programas habitacionais que beneficiem prioritariamente

44

aos moradores das aacutereas de risco Aleacutem disso com o PMRR o municiacutepio poderaacute melhorar

a qualidade ambiental da populaccedilatildeo captando recursos para a recuperaccedilatildeo das aacutereas de

APP que foram degradadas pelas ocupaccedilotildees irregulares beneficiando todos os moradores

do municiacutepio com o aumento da qualidade de vida na cidade

A partir do disposto nesta seccedilatildeo acerca do Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos e de

uma maneira preliminar (levando-se em conta apenas o nuacutemero de registros de

alagamentos e deslizamentos na aacuterea urbana principal de Santos Dumont no periacuteodo de

1984 a 2014) identificou-se trecircs regiotildees distintas na aacuterea urbana do municiacutepio com

tempo de recorrecircncia desses eventos similares caracterizando trecircs prioridades de

intervenccedilatildeo em contenccedilatildeo de risco como pode ser visto nas figuras 515 e 516 Vale

ressaltar que eacute necessaacuterio um estudo mais detalhado inclusive com visitas teacutecnicas a

campo para que se confirme a real situaccedilatildeo destas e a real prioridade para investimentos

Figura 5 17 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de deslizamentos

Fonte Do Autor

45

Figura 5 18 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de alagamentos

Fonte Do Autor

46

6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees

A seguir apresenta-se as conclusotildees e as recomendaccedilotildees feitas a partir dos objetivos

especiacuteficos explicitados no iniacutecio deste trabalho

Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a

aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes

urbanos

A partir da revisatildeo da legislaccedilatildeo pertinente em acircmbito federal estadual e

municipal constatou-se que o Plano Diretor de Santos Dumont natildeo conflita com a

legislaccedilatildeo federal e estadual sobre Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente A legislaccedilatildeo

municipal foi entendida como mais conservadora que as federal e estadual uma

vez que considera implicitamente que declividades entre 47 e 100 satildeo

enquadradas como APPs aleacutem da faixa superior a 100

Parte consideraacutevel das ocupaccedilotildees em APP principalmente na regiatildeo do bairro

Santo Antocircnio (onde surgiu os primeiros nuacutecleos que deram origem ao municiacutepio)

e o centro da cidade ocorreram antes de que fosse elaborado qualquer legislaccedilatildeo

que versasse sobre o tema Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente bastando ao gestor

local tomar medidas de contenccedilatildeo de riscos que minimizem os impactos causados

por essas ocupaccedilotildees nessa regiatildeo

O ordenamento adequado do uso do solo no municiacutepio eacute necessaacuterio para que o

crescimento dos loteamentos criados anteriormente agrave esta Lei e o surgimento de

novos natildeo avance para Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente o que pode causar

inuacutemeros problemas aos moradores e agravar os jaacute existentes

Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las

com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)

As aacutereas onde houveram a maior quantidade de registros de deslizamentos satildeo os

bairros mais populosos de Santos Dumont podendo se estabelecer uma relaccedilatildeo

que quanto mais populoso o bairro maior a quantidade de problemas relacionados

a deslizamentos Tambeacutem pode-se notar uma relaccedilatildeo com as fronteiras das faixas

de declividades e os deslizamentos uma vez que boa parte deles aconteceram

nestas faixas

As aacutereas onde houve um grande nuacutemero de registros de alagamentos satildeo os bairros

que se desenvolveram agraves margens do Ribeiratildeo das Posses em especial na aacuterea que

47

compreende as APPs de curso hiacutedrico e em aacutereas onde a declividade eacute baixa Esse

fato aliado ao crescimento do nuacutemero de vias pavimentadas com material

impermeaacutevel e a natildeo expansatildeo e ou redimensionamento da rede de drenagem

urbana contribuiacuteram para a ocorrecircncia cada vez mais constante de alagamentos

nessas aacutereas

Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos

catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30

anos

A partir do levantamento histoacuterico realizado e da base de dados georeferenciada

gerada observou-se o aumento do nuacutemero de registros de deslizamentos e

alagamentos nos uacuteltimos 10 anos quando as ocorrecircncias comeccedilaram a se repetir

numa mesma aacuterea com frequecircncia incrementada as vezes com mais de uma

ocorrecircncia anual

Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do

solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental

Destaca-se a adequaccedilatildeo dos criteacuterios gerais estabelecidos pelo Plano Diretor de

Santos Dumont relativos a legislaccedilatildeo federal e estadual Entretanto o referido

Plano Diretor natildeo contempla todo o territoacuterio municipal sendo assim ele natildeo

cumpre o objetivo de proteger as APPs preservadas e recuperar as que foram

degradadas em todo o territoacuterio municipal Ressalta-se tambeacutem a sua natildeo

conformidade com o Estatuto das Cidades uma vez que o Plano Diretor

contempla apenas os novos loteamentos

Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais

negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea

impactada

Recomenda-se a implantaccedilatildeo no municiacutepio de uma Coordenadoria Municipal de

Defesa Civil atuante e integrada agraves Secretarias Municipais e agrave comunidade

visando uma atuaccedilatildeo eficaz nos problemas relacionados a deslizamentos e

alagamentos A elaboraccedilatildeo de um Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos eacute de

suma importacircncia pois atraveacutes dele pode-se predizer as aacutereas que passaratildeo por

problemas caso a expansatildeo aconteccedila ou se inicie uma ocupaccedilatildeo nova aleacutem de

prevenir acidentes nas aacutereas jaacute ocupadas e consideradas de risco

48

7 Anexos

49

71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont

50

51

72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)

52

53

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SANTANA M N R Identificaccedilatildeo dos impactos ambientais da ocupaccedilatildeo irregular na

APP do Coacuterrego Tamanduaacute em Aparecida de Goiacircnia II Congresso Brasileiro de Gestatildeo

Ambiental IBEAS Londrina 2011

SANTOS DUMONT Lei Municipal 4241 de 19 de dezembro de 2012 Dispotildee sobre o

Plano Diretor Participativo do Municiacutepio de Santos Dumont nos termos da Lei nordm 10257

de 10 de julho de 2001 ndash Estatuto das Cidades e conteacutem outras providecircncias Santos

Dumont 2012

56

SAtildeO PAULO Mapeamento de riscos associados a escorregamentos inundaccedilatildeo erosotildees

e solapamento de margens de drenagens do municiacutepio de Campos do Jordatildeo-SP

Relatoacuterio Teacutecnico Campos do Jordatildeo 2014

SILVA JR J R amp PASSOS L A O negoacutecio eacute participar a importacircncia do plano

diretor para o desenvolvimento municipal CNM SEBRAE Brasiacutelia 2006

SKORUPA LA Aacutereas de preservaccedilatildeo permanente e desenvolvimento sustentaacutevel

Embrapa Meio Ambiente Jaguariuacutena-SP 2004 4p

SOUZA F P Ocupaccedilotildees irregulares em APP um estudo de caso no munciacutepio de

Campos de Goytacazes- RJ Boletim do Observatoacuterio Ambiental Alberto Ribeiro Lamego

v4 nordm 1 Campos de Goytacazes 2010

SPERFELD A S Identificaccedilatildeo e anaacutelise de demandas soacutecio ambientais de ordem

puacuteblica em aacutereas urbanas susceptiacuteveis a desastres naturais no municiacutepio de Joinville

SC Dissertaccedilatildeo de Mestrado UFSC Florianoacutepolis 2009

TAKEDA T O Uso e ocupaccedilatildeo do solo urbano Disponiacutevel em

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TOMINAGA LK Escorregamentos In TOMINAGA L K et al(org) Desastres

naturais conhecer para prevenir Instituto Geoloacutegico Satildeo Paulo 2009 p 25-38

UFV ndash Universidade Federal de Viccedilosa Mapa de solos do Estado de Minas Gerais

legenda expandida Centro Tecnoloacutegico de Minas Gerais FEAM Belo Horizonte 2010

ZANON F N Uso e ocupaccedilatildeo da terra e vulnerabilidade a alagamento na aacuterea central

da cidade de Satildeo Paulo O caso da subprefeitura da Seacute Trabalho de Graduaccedilatildeo UNESP

Rio Claro 2013

Page 10: O USO DO SOLO URBANO EM ÁREAS DE PRESERVAÇÃO … · social que você tenha na vida, a mais alta ou a mais baixa, tenha sempre como meta muita força, muita determinação e sempre

2

LISTA DE FIGURAS

Paacuteg

Figura 31 Vista parcial do Arraial de Joatildeo Gomes 17

Figura 32 Municiacutepio de Palmyra na deacutecada de 1920 18

Figura 33 Municiacutepio de Santos Dumont em 2014 19

Figura 41 Localizaccedilatildeo da aacuterea urbana principal 20

Figura 42 Mapa da aacuterea urbana principal com a localizaccedilatildeo dos

bairros

21

Figura 51 Deslizamento no bairro Coacuterrego do Ouro 25

Figura 52 Alagamento na regiatildeo central de Santos Dumont em 2013 26

Figura 53 Pontos de Alagamento obtidos atraveacutes do levantamento

histoacuterico

27

Figura 54 Pontos de Deslizamento obtidos atraveacutes do levantamento

histoacuterico

27

Figura 55 Aacutereas propensas a deslizamento de acordo com o Plano

Diretor de Santos Dumont

29

Figura 56 Aacutereas propensas a alagamento de acordo com o Plano

Diretor de Santos Dumont

29

Figura 57 Aacutereas propensas a alagamento do estudo do Plano Diretor

complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do

levantamento

30

Figura 58 Aacutereas propensas a deslizamento do estudo do Plano

Diretor complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do

levantamento

31

Figura 59 Zoneamento urbano da aacuterea urbana principal 32

Figura 510 Combinaccedilatildeo entre as declividades importantes incluindo

as APPs e o zoneamento urbano

34

Figura 511 Combinaccedilatildeo entre as APPs de curso hiacutedrico e as zonas de

planejamento

35

Figura 512 Mapa de usos do solo da aacuterea urbana principal de Santos

Dumont

36

Figura 513 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na

aacuterea urbana principal

37

Figura 514 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na

aacuterea urbana principal

38

Figura 515 Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a

deslizamentos na regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

39

Figura 516 Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a

alagamentos na regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

39

3

Figura 517 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de

deslizamentos

44

Figura 518 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de

alagamentos

45

4

LISTA DE TABELAS E QUADROS

Paacuteg

Tabela 51 Ocorrecircncias de alagamento e deslizamento obtidos

atraveacutes do levantamento histoacuterico

28

Tabela 52 Assinaturas da combinaccedilatildeo Declividade x Zoneamento 34

Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x

Zoneamento

36

Quadro 51 Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco 42

5

1 INTRODUCcedilAtildeO

Quando o ser humano deixou de seguir uma vida nocircmade e passou a se fixar em locais

em geral proacuteximos a cursos drsquoaacutegua e de aacutereas propicias ao cultivo de alimentos iniciou-

se o processo de implantaccedilatildeo de pequenas comunidades e quando estas comunidades

comeccedilaram a crescer natildeo soacute em quantidade mas tambeacutem do ponto de vista

organizacional deu-se iniacutecio a formaccedilatildeo das cidades tal como conhecemos hoje Como

resultado deste processo um sem-fim de problemas relacionados agrave estas ocupaccedilotildees

surgiram tanto de cunho ambiental quanto social e dentre estes problemas estatildeo

incluiacutedos os desastres naturais relacionados a deslizamentos e alagamentos por conta da

ocupaccedilatildeo em aacutereas natildeo adequadas a este fim

Nos uacuteltimos anos o Brasil tem vivenciado grandes trageacutedias relacionadas a deslizamentos

e alagamentos Uma boa parte destes eventos teve como fator agravante as ocupaccedilotildees

sem criteacuterio e sem orientaccedilatildeo teacutecnica Um exemplo recente aconteceu no Vale do Itajaiacute

em Santa Catarina em novembro de 2008 durante um periacuteodo com chuvas intensas em

que vaacuterias cidades entraram em situaccedilatildeo de calamidade puacuteblica devido ao grande nuacutemero

de casos de alagamento e graves deslizamentos de encostas causando a morte de vaacuterias

pessoas na regiatildeo No Estado do Rio de Janeiro em 2010 o Morro do Bumba em Niteroacutei

sofreu com um grave deslizamento que deixou um grande nuacutemero de mortos As casas

foram construiacutedas sobre um antigo lixatildeo sem nenhuma orientaccedilatildeo e com as intensas

chuvas que assolaram a regiatildeo naquela eacutepoca a encosta veio a baixo causando o desastre

Outra trageacutedia relevante aconteceu na regiatildeo Serrana do Rio de Janeiro que foi

considerada ateacute entatildeo a maior trageacutedia climaacutetica da histoacuteria do paiacutes com pouco mais de

500 mortos e um prejuiacutezo material incalculaacutevel no ano de 2011 Em comum a todos estes

fatos estaacute a falta de um planejamento efetivo por parte dos oacutergatildeos municipais no que diz

respeito ao disciplinamento do uso e ocupaccedilatildeo do solo e a fiscalizaccedilatildeo do cumprimento

da legislaccedilatildeo vigente

A cidade de Santos Dumont Minas Gerais natildeo eacute exceccedilatildeo a esta regra Como a grande

maioria das comunidades estabelecidas ao longo da Estrada Real a cidade surgiu como

um pequeno rancho cujo objetivo era servir de pouso para os viajantes que faziam o

transporte de pedras e metais preciosos das minas de Ouro Preto ateacute o Rio de Janeiro

Posteriormente a regiatildeo se desenvolveu como importante entreposto industrial e

comercial a partir da instalaccedilatildeo da ferrovia D Pedro II ateacute que no final do seacuteculo XIX

se transforma em vila e logo apoacutes em municiacutepio O desenvolvimento da regiatildeo implicou

tambeacutem no crescimento populacional e como naquela eacutepoca ainda natildeo havia uma

legislaccedilatildeo especiacutefica para ordenamento e uso do solo os loteamentos foram surgindo agraves

margens do Ribeiratildeo das Posses e em aacutereas cuja declividade natildeo era favoraacutevel agrave ocupaccedilatildeo

6

o que consequentemente acarretou deslizamentos de terra e alagamentos inclusive com

o registro de algumas trageacutedias ao longo dos anos

Pretende-se que este trabalho sirva como subsidio ao gestor puacuteblico local visando o

estabelecimento de poliacuteticas puacuteblicas integradas aos setores de meio ambiente e defesa

civil com vistas a garantir a seguranccedila de todos os muniacutecipes e a qualidade de vida em

todo o territoacuterio municipal

2 OBJETIVOS

21 Objetivo geral

O objetivo geral deste trabalho eacute contribuir para o estabelecimento de poliacuteticas puacuteblicas

direcionadas ao disciplinamento do uso e ocupaccedilatildeo do solo urbano no municiacutepio de

Santos Dumont

22 Objetivos especiacuteficos

Satildeo objetivos especiacuteficos

Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a

aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes

urbanos

Caracterizar o uso irregular do solo urbano em Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente

Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las

com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)

Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos

catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30

anos

Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do

solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental

7

Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais

negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea

impactada

3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

A seguir eacute apresentada a revisatildeo bibliograacutefica que fundamenta o desenvolvimento e o

pleno entendimento deste trabalho O conhecimento do que satildeo aacutereas de risco

alagamentos e deslizamentos bem como o que eacute e qual a importacircncia de um Plano Diretor

eacute de suma importacircncia para se avaliar como um municiacutepio estaacute se desenvolvendo e qual

a qualidade de vida dos muniacutecipes Tambeacutem satildeo abordados neste capiacutetulo os aspectos

legais referentes agraves Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente seus limites e sua importacircncia para

o ambiente urbano

31 Conceitos Fundamentais

311 Aacutereas de risco

De acordo com o Instituto de Pesquisas Tecnoloacutegicas ndash IPT entende-se como aacuterea de

risco aquela ldquopassiacutevel de ser atingida por fenocircmenos ou processos naturais eou induzidos

que causem efeito adverso As pessoas que habitam essas aacutereas estatildeo sujeitas a danos agrave

integridade fiacutesica perdas materiais e patrimoniaisrdquo (MINISTEacuteRIO DAS CIDADES

2007)

Para Augusto Filho et al (1990) apud Cristo (2002) aacuterea de risco eacute caracterizada como

aquela em que ldquose encontra em situaccedilatildeo de perigo tanto socialmente quanto

economicamente por conta de alguma alteraccedilatildeo na constituiccedilatildeo do terreno ou com grande

probabilidade de ocorrer processos naturaisrdquo

Segundo Fernandes (2012) aacutereas de risco ldquosatildeo aacutereas consideradas improacuteprias ao

assentamento humano por estarem sujeitas a riscos naturaisrdquo

Diante das definiccedilotildees supracitadas pode-se dizer que aacuterea de risco satildeo aacutereas susceptiacuteveis

agrave accedilatildeo de eventos naturais extremos e por esse motivo natildeo eacute viaacutevel agrave ocupaccedilatildeo humana

nestes locais e pode ou natildeo estar associados agrave proximidade ou nos limites de uma APP

8

312 Deslizamentos

Segundo Tominaga (2009) deslizamento eacute o movimento de solo em uma vertente pela

accedilatildeo da gravidade e satildeo mais frequentes em regiotildees de relevo montanhoso e em periacuteodos

chuvosos sendo a pluviosidade um dos principais fatores condicionantes para a ocorrecircncia

do processo Os deslizamentos podem ocorrer naturalmente e eacute grande responsaacutevel pela

dinacircmica das vertentes e evoluccedilatildeo do relevo local mas no Brasil a falta de planejamento

urbano de uma boa parte dos municiacutepios a ocupaccedilatildeo desordenada e a construccedilatildeo de

domiciacutelios sem orientaccedilatildeo teacutecnica tecircm transformado um processo natural em um

problema que algumas vezes se tornam grandes trageacutedias Na regiatildeo Sudeste brasileira o

escorregamento do tipo rotacional eacute o mais comum e eacute caracterizado por uma ruptura

curva no solo que estaacute geralmente associada agrave realizaccedilatildeo de cortes na base do talude ou

por processos erosivos fluviais o que relaciona esse tipo de escorregamento agraves regiotildees

urbanas mal planejadas e coloca o homem como o principal agente efetivo associado com

a pluviosidade na ocorrecircncia de acidentes relacionados com deslizamentos

(FERNANDES amp AMARAL 1996 apud TOMINAGA 2009)

313 Alagamentos

De acordo com Amaral amp Ribeiro (2009) inundaccedilotildees e enchentes satildeo processos

intimamente relacionados com a pluviosidade pois satildeo frequentes em periacuteodos de chuvas

fortes e raacutepidas ou chuvas de longa duraccedilatildeo e estatildeo relacionados agrave intensidade e

distribuiccedilatildeo da precipitaccedilatildeo ao longo da bacia agrave capacidade do solo de reter e infiltrar

aacutegua e agraves caracteriacutesticas de forma da bacia de drenagem

O escoamento das aacuteguas pluviais na natureza eacute lento mas em aacutereas urbanizadas a accedilatildeo

antroacutepica relacionada a ocupaccedilatildeo de planiacutecies de inundaccedilatildeo que podem estar inclusive

em uma cota abaixo do leito do rio impermeabilizaccedilatildeo do solo e retificaccedilatildeo de corpos

drsquoaacutegua aleacutem de inuacutemeras atividades que promovem o assoreamento dos rios e coacuterregos

tem gerado resultados catastroacuteficos e grandes prejuiacutezos (AMARAL amp RIBEIRO 2009)

Quando se refere agraves regiotildees urbanas o termo ldquoalagamentordquo eacute o mais utilizado e segundo

o Ministeacuterio das Cidades (2006) define-se como o ldquoacuacutemulo momentacircneo de aacuteguas em

uma dada aacuterea por problemas no sistema de drenagem podendo ter ou natildeo relaccedilatildeo com

processos de natureza fluvialrdquo Tambeacutem o termo ldquoenxurradardquo eacute utilizado e define-se como

o ldquoescoamento superficial concentrado e com alta energia de transporte que pode ou natildeo

estar associado a aacutereas de domiacutenio dos processos fluviais Eacute comum a ocorrecircncia de

enxurradas ao longo de vias implantadas sobre antigos cursos drsquoaacutegua com alto gradiente

hidraacuteulico e em terrenos com alta declividade naturalrdquo

9

314 Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente

O Novo Coacutedigo Florestal Brasileiro define Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP) como

ldquoaacuterea protegida coberta ou natildeo por vegetaccedilatildeo nativa com a funccedilatildeo ambiental de

preservar os recursos hiacutedricos a paisagem a estabilidade geoloacutegica e a biodiversidade

facilitar o fluxo gecircnico de fauna e flora proteger o solo e assegurar o bem-estar das

populaccedilotildees humanasrdquo (BRASIL2012) Estas aacutereas satildeo muito importantes tanto no meio

urbano como no rural por garantir a estabilidade do solo em encostas iacutengremes contribuir

para a natildeo formaccedilatildeo de processos erosivos e o assoreamento de rios e coacuterregos aleacutem de

garantir a recarga de aquiacuteferos ao atuar como um amortecedor de chuvas retendo-a e

impedindo que ocorra um carreamento intenso de sedimentos ao longo dos morros e

margens de rios e coacuterregos (SKORUPA 2004) A Lei 126512012 apresenta os tipos de

APP e seus limites conforme seraacute visto no item 322

315 Uso e ocupaccedilatildeo do solo

Dentre os vaacuterios mecanismos de ordenamento urbano e instrumentos de planejamento

municipal previsto no Estatuto da Cidade (Lei Federal 102572001) o uso e ocupaccedilatildeo

do solo satildeo os mais utilizados pelas cidades para a formulaccedilatildeo das poliacuteticas urbanas

podendo definir o uso como a forma como esta parcela do solo eacute utilizada e a ocupaccedilatildeo

como sendo o modo como as edificaccedilotildees devem ser dispostas nesta mesma parcela do

solo urbano (TAKEDA 2015) O termo ldquoUso e ocupaccedilatildeo do solordquo tambeacutem pode ser

definido como o fator que determina como as mais diferentes regiotildees de um municiacutepio

deve se desenvolver (FONTOURA 2015)

A inserccedilatildeo de leis municipais de uso e ocupaccedilatildeo do solo objetivam ser uma referecircncia

para os gestores locais no processo de tomada de decisatildeo para que as cidades cresccedilam de

modo organizado enfatizando os potenciais e capacidades de cada regiatildeo aleacutem de tornar

o crescimento mais homogecircneo Com isso pretende-se evitar a formaccedilatildeo de grandes

adensamentos em pequenas aacutereas garantindo a mobilidade e a qualidade de vida de todos

os muniacutecipes tanto da regiatildeo urbana como da rural preservar e melhorar a qualidade

ambiental do municiacutepio aleacutem de evitar deslizamentos e alagamentos por conta da

ocupaccedilatildeo incorreta do solo (TAKEDA 2015)

10

32 Legislaccedilatildeo Pertinente

321 As adequaccedilotildees da legislaccedilatildeo ao longo dos anos

A problemaacutetica relacionada agraves APPs em aacutereas urbanas outrora era uma questatildeo complexa

e demandava uma larga discussatildeo do ponto de vista juriacutedico administrativo e teacutecnico Eacute

sabido que a maioria das cidades se formaram proacuteximos aos corpos hiacutedricos regiatildeo que

garantia o abastecimento de aacutegua e alimentos agrave populaccedilatildeo e tambeacutem facilitava o descarte

dos efluentes A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 225 daacute garantia aos

brasileiros de um meio ambiente em equiliacutebrio e concede agrave toda a sociedade o dever de

preservaacute-lo de acordo com os princiacutepios do desenvolvimento sustentaacutevel (BRASIL

1988) Antes desta Constituiccedilatildeo jaacute havia um texto que regulamentava a questatildeo da

preservaccedilatildeo de aacutereas verdes em todo o territoacuterio nacional A Lei Federal nordm 477165 que

trata do Coacutedigo Florestal estabelecia limites e regulamentava as Aacutereas de Preservaccedilatildeo

Permanente De acordo com Arauacutejo (2002) apud De Moraes (2014) essa Lei que fora

revogada e substituiacuteda pela Lei 126512012 era bastante falha no que diz respeito agraves

questotildees de APPS em aacutereas urbanas o que poderia ser um facilitador do natildeo cumprimento

do que foi proposto por aquela legislaccedilatildeo nestas aacutereas Isso se devia ao fato de o Coacutedigo

Florestal de 1965 ter deixado uma duacutevida sobre qual legislaccedilatildeo seguir uma vez que em

seu segundo artigo no paraacutegrafo uacutenico estava disposto que em aacutereas urbanas devia-se

atentar para a legislaccedilatildeo referente ao Plano Diretor e as referentes ao uso do solo na aacuterea

do municiacutepio (BRASIL 1965) Diante dessa conjuntura alguns municiacutepios optavam pela

natildeo aplicaccedilatildeo do Coacutedigo Florestal na regiatildeo urbana mesmo sabendo que a poliacutetica

conservacionista eacute extremamente importante visto o grande nuacutemero de problemas que

podem advir do uso irregular das APPs (DE MORAES 2009) Segundo o artigo 182 da

Constituiccedilatildeo Federal de 1988 as poliacuteticas relacionadas ao desenvolvimento urbano

devem ser elaboradas pelos municiacutepios e objetiva garantir o bem estar dos muniacutecipes e

tambeacutem o desenvolvimento do municiacutepio como um todo atraveacutes do atendimento agraves

exigecircncias do Plano Diretor (BRASIL 1988) O que podia gerar alguma divergecircncia seria

se o Plano Diretor Municipal propusesse uma faixa de APP menor que a prevista pelo

Coacutedigo Florestal Sendo assim essa legislaccedilatildeo perderia sua validade pelo fato de a

legislaccedilatildeo federal ser suplementar ou se seria cumprida devido ao disposto no artigo 182

da Constituiccedilatildeo Segundo De Moraes (2009) natildeo eacute aceitaacutevel que o Plano Diretor

Municipal legitime tal degradaccedilatildeo ambiental uma vez que um dos seus principais

objetivos eacute a proteccedilatildeo do bem estar puacuteblico estando incluiacutedo nesse a proteccedilatildeo do

ambiente natural A delimitaccedilatildeo e especificaccedilatildeo das APPs em Lei eacute necessaacuteria uma vez

que os limites miacutenimos destinados agrave preservaccedilatildeo satildeo importantes pois garantem a

proteccedilatildeo tanto da qualidade quanto da quantidade dos recursos hiacutedricos e evitam a

ocupaccedilatildeo em locais propiacutecios aos deslizamentos e zonas de recarga dos aquiacuteferos

11

subterracircneos assegurando tambeacutem de certa forma a integridade dos seres humanos que

potencialmente ocupariam tais locais (CARVALHO 2013)

Neste trabalho a legislaccedilatildeo tomada como referecircncia eacute a prevista pela Constituiccedilatildeo Federal

de 1988 o Novo Coacutedigo Florestal (Lei 126512012) e o Estatuto das Cidades (Lei

102572001) em acircmbito federal Na esfera estadual a Lei 209222013 versa sobre os

limites para APP em todo o territoacuterio de Minas A Lei Municipal 42412012 trata do

Plano Diretor Municipal da cidade de Santos Dumont onde se encontra as diretrizes para

o uso e ocupaccedilatildeo do solo e o zoneamento da cidade de acordo com as caracteriacutesticas do

solo entre outras

322 O Novo Coacutedigo Florestal e a legislaccedilatildeo mineira

O Novo Coacutedigo Florestal Lei Federal 126512012 substituiu a Lei Federal 47711965

Dentre os vaacuterios artigos que esta lei possui o que apresenta maior importacircncia para o

planejamento e o ordenamento das cidades tanto na aacuterea urbana como na rural eacute o artigo

4ordm em que constam as faixas de APP tanto para curso hiacutedrico como para declividade e

altitude aleacutem dos topos de morro a saber (BRASIL2012)

ldquoArt 4ordm Considera-se Aacuterea de Preservaccedilatildeo

Permanente em zonas rurais ou urbanas para os

efeitos desta Lei

I - as faixas marginais de qualquer curso drsquoaacutegua

natural perene e intermitente excluiacutedos os

efecircmeros desde a borda da calha do leito regular

em largura miacutenima de

a) 30 (trinta) metros para os cursos drsquoaacutegua de

menos de 10 (dez) metros de largura

b) 50 (cinquenta) metros para os cursos drsquoaacutegua

que tenham de 10 (dez) a 50 (cinquenta) metros de

largura

()

IV - as aacutereas no entorno das nascentes e dos olhos

drsquoaacutegua perenes qualquer que seja sua situaccedilatildeo

topograacutefica no raio miacutenimo de 50 (cinquenta)

metros

12

V - as encostas ou partes destas com declividade

superior a 45deg equivalente a 100 (cem por

cento) na linha de maior declive

()

IX - no topo de morros montes montanhas e

serras com altura miacutenima de 100 (cem) metros e

inclinaccedilatildeo meacutedia maior que 25deg as aacutereas

delimitadas a partir da curva de niacutevel

correspondente a 23 (dois terccedilos) da altura

miacutenima da elevaccedilatildeo sempre em relaccedilatildeo agrave base

sendo esta definida pelo plano horizontal

determinado por planiacutecie ou espelho drsquoaacutegua

adjacente ou nos relevos ondulados pela cota do

ponto de sela mais proacuteximo da elevaccedilatildeo

X - as aacutereas em altitude superior a 1800 (mil e

oitocentos) metros qualquer que seja a

vegetaccedilatildeo

()rdquo

A legislaccedilatildeo atual em seu artigo 4ordm evidencia que as faixas e aacutereas determinadas como

APP compreendem tanto as aacutereas rurais quanto urbanas (BRASIL 2012) retirando a

duacutevida anterior e sendo essa a Lei suplementar qualquer faixa de APP mais permissiva

na legislaccedilatildeo estadual e municipal satildeo invaacutelidas o que simplificou de certa forma a

aplicabilidade da Legislaccedilatildeo referente a Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente

No Estado de Minas Gerais a Lei Estadual 20922 de 16 de Outubro de 2013 trata do tema

em acircmbito estadual mas com os mesmos princiacutepios propostos pela Lei Federal sendo os

limites miacutenimos previstos para as APPs os mesmos propostos pelo Novo Coacutedigo

Florestal brasileiro (MINAS GERAIS2013)

ldquo Art 9ordm Para os efeitos desta Lei em zonas rurais

ou urbanas satildeo APPs

I as faixas marginais de cursos drsquoaacutegua naturais

perenes e intermitentes excluiacutedos

os efecircmeros medidas a partir da borda da calha

do leito regular em largura miacutenima de

13

a) 30m (trinta metros) para os cursos drsquoaacutegua de

menos de 10m (dez metros) de largura

b) 50m (cinquenta metros) para os cursos drsquoaacutegua

de 1 0m (dez metros) a 50m (cinquenta metros) de

largura

()

IV as aacutereas no entorno das nascentes e dos olhos

drsquoaacutegua perenes no raio miacutenimo de 50m

(cinquenta metros)

V as encostas ou partes destas com declividade

superior a 45ordm (quarenta e cinco graus)

equivalente a 100 (cem por cento) na linha de

maior declive

()

VII no topo de morros montes montanhas e

serras com altura miacutenima de 100m (cem metros)

e inclinaccedilatildeo meacutedia maior que 25ordm (vinte e cinco

graus) as aacutereas delimitadas a partir da curva de

niacutevel correspondente a 23 (dois terccedilos) da altura

miacutenima da elevaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave base sendo esta

definida pelo plano horizontal determinado por

planiacutecie ou espelho drsquoaacutegua adjacente ou nos

relevos ondulados pela cota do ponto de sela mais

proacuteximo da elevaccedilatildeo

VIII as aacutereas em altitude superior a 1 800m (mil

e oitocentos metros)

()rdquo

323 O Plano Diretor

O Estatuto das Cidades em seu artigo 40 prevecirc o plano diretor como um instrumento

capaz de promover a poliacutetica urbana englobando toda a cidade aleacutem de fornecer padrotildees

e limites para o uso do solo nas mais diversas regiotildees do municiacutepio com vistas a

harmonizar o desenvolvimento urbano com a preservaccedilatildeo do meio ambiente (SILVA JR

2006) Este instrumento eacute obrigatoacuterio para cidades com mais de 20 mil habitantes ou

14

aacutereas que integrem regiotildees metropolitanas ou de interesse turiacutestico O artigo 41 do

Estatuto das cidades tambeacutem prevecirc a obrigatoriedade do Plano Diretor para cidades que

possuem em sua aacuterea empreendimentos que caracterizem grandes impactos ambientais

de influecircncia regional ou nacional e cidades que possuem problemas com deslizamentos

de grande magnitude ou alagamentos repentinos (BRASIL 2001)

O Plano diretor de acordo com o Estatuto das Cidades deve ser aprovado como lei em

acircmbito municipal e revisto a cada dez anos Este documento eacute uacutenico pois cada cidade

possui suas peculiaridades infraestrutura vocaccedilotildees e problemas que por mais que sejam

parecidos entre si satildeo diferenciados pela intensidade e pela regionalizaccedilatildeo Sendo assim

a confecccedilatildeo do Plano Diretor deve conter a participaccedilatildeo de toda a comunidade local de

forma a reduzir as desigualdades sociais os gastos puacuteblicos desnecessaacuterios a degradaccedilatildeo

ambiental e combater os problemas relacionados a urbanizaccedilatildeo de forma conjunta

promovendo um processo de tomada de decisatildeo que garanta a qualidade de vida

preservaccedilatildeo e o desenvolvimento social do municiacutepio como um todo (ROSSBACH amp

CARVALHO 2010)

3231 O Plano Diretor de Santos Dumont

A Lei Municipal nordm 424112 que entrou em vigor no ano de 2014 trata do Plano Diretor

Municipal instrumento previsto no Estatuto das Cidades para garantir aos cidadatildeos um

desenvolvimento urbano organizado justo e sustentavelmente econocircmico (BRASIL

2001) Aleacutem de apontar as diretrizes para a elaboraccedilatildeo da Poliacutetica Municipal dos mais

variados setores o Plano Diretor divide o municiacutepio em macrozonas urbanas e rurais

Estas zonas tecircm por objetivo facilitar a identificaccedilatildeo dos setores que permitem ou natildeo o

desenvolvimento da cidade e em que magnitude pode ser feita a expansatildeo respeitando ao

meio ambiente e tambeacutem o que eacute previsto no tocante ao uso e ocupaccedilatildeo do solo nessas

aacutereas Aleacutem disso ela estabelece a forma como devem ser as edificaccedilotildees nas referidas

aacutereas As aacutereas definidas como macrozonas urbanas e foram subdivididas em (SANTOS

DUMONT2012)

ldquoZona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e

da Paisagem (ZPPH) satildeo as aacutereas cujos

equipamentos urbanos possuem interesse

histoacuterico ou paisagiacutestico de preservaccedilatildeo

Zona de Preservaccedilatildeo Ambiental satildeo aquelas em

que devem ser mantidas ou recuperadas a

15

vegetaccedilatildeo por conta da declividade altitude ou

presenccedila de recursos hiacutedricos

Zona de Adensamento Controlado (ZAC) satildeo as

aacutereas em que deve-se manter uma pequena

densidade populacional devido as limitaccedilotildees na

infraestrutura da localidade A ZAC se divide em

ZAC 1 quando a infraestrutura existente eacute

limitada e em ZAC 2 quando esta eacute precaacuteria ou

natildeo existe

Zona de Consolidaccedilatildeo de Adensamento (ZCA)

satildeo as aacutereas em que haacute interesse em ocupar os

lotes vagos haja visto que a regiatildeo possui toda a

infraestrutura para que isto aconteccedila

Zona Adensaacutevel (ZA) satildeo as aacutereas com

condiccedilotildees propiacutecias para ocorrer uma ocupaccedilatildeo

mais densa

Zona Especial de Interesse Social (ZEIS) satildeo as

aacutereas em que o Poder Puacuteblico almeja fazer

alguma forma de ocupaccedilatildeo Eacute dividida em ZEIS 1

e ZEIS 2 A ZEIS 1 satildeo regiotildees jaacute ocupadas mas

de forma irregular cujo interesse puacuteblico eacute

realizar obras e outras atividades para

regularizar as ocupaccedilotildees e urbanizar a aacuterea

enquanto que a ZEIS 2 satildeo aacutereas natildeo utilizadas ou

subutilizadas as quais o poder puacuteblico almeja

realizar algum empreendimento habitacional de

caraacuteter social

Zona de Grandes Equipamentos (ZE) satildeo aacutereas

cujo o interesse eacute a implantaccedilatildeo de

empreendimentos de grande porte ou grandes

equipamentos puacuteblicosrdquo

Esta divisatildeo espacial pode ser melhor vista no Anexo 71

O Plano Diretor natildeo estipula limites para APP mas prevecirc algumas diretrizes como na

Poliacutetica Municipal de Preservaccedilatildeo do Meio Ambiente sobre o uso do solo em

compatibilidade com praacuteticas conservacionistas A Poliacutetica Municipal de Expansatildeo

16

Urbana tem como uma de suas diretrizes fazer cumprir a legislaccedilatildeo vigente no que diz

respeito agraves intervenccedilotildees e investimentos que poderatildeo ser feitos nessas aacutereas Tambeacutem eacute

diretriz da mesma Poliacutetica o controle da ocupaccedilatildeo e do uso do solo em APPs e o auxiacutelio

aos oacutergatildeos estaduais e federais de meio ambiente no tocante agrave fiscalizaccedilatildeo da ocupaccedilatildeo

nestas aacutereas (SANTOS DUMONT 2012) O artigo 38 que trata das diretrizes da Poliacutetica

habitacional de interesse social exclui do processo de regularizaccedilatildeo fundiaacuteria os

assentamentos situados em aacutereas de risco o que na maioria das vezes estatildeo tambeacutem nas

aacutereas que deveriam estar vegetadas e protegidas (SANTOS DUMONT 2012) Na

legislaccedilatildeo referente ao parcelamento do solo eacute previsto que no parcelamento de glebas

com declividade entre 30 e 47 soacute poderaacute ser aprovado mediante projeto e laudo

assinado por um responsaacutevel teacutecnico favoraacutevel agrave construccedilatildeo nesse local (SANTOS

DUMONT 2012) Diante do proposto pelo Plano Diretor de Santos Dumont pode-se

dizer que natildeo haacute conflito com a legislaccedilatildeo federal e estadual em se tratando da

aplicabilidade do Coacutedigo Florestal uma vez que aquele natildeo explicita limites nem

permissivos e tampouco restritivos para faixas e aacutereas de preservaccedilatildeo permanente

33 O Municiacutepio de Santos Dumont

331 De Arraial a cidade

A aacuterea onde se situa hoje o municiacutepio de Santos Dumont teve sua ocupaccedilatildeo iniciada no

seacuteculo XVIII quando a Coroa Portuguesa solicitou ao entatildeo Governador do Rio de

Janeiro Artur de Saacute Menezes que abrisse um caminho que ligasse as Minas dos

Cataguases na regiatildeo de Ouro Preto (receacutem descobertas) ao Rio de Janeiro por onde

escoava os metais preciosos para a metroacutepole Surgiu assim o ldquoCaminho Novordquo e ao longo

deste caminho surgiram tambeacutem as Sesmarias aacutereas que tinham por principal objetivo

servir de pouso aos transportadores e exploradores e tambeacutem para garantir alimento a

estas pessoas Uma destas ocupaccedilotildees seria o ldquoArraial de Joatildeo Gomesrdquo (Figura 41)

primeiro nuacutecleo primitivo do municiacutepio em 1709 De iniacutecio prevaleciam somente

ranchos onde os viajantes se abrigavam mas em pouco tempo ergueu-se a Capela de Satildeo

Miguel e Almas e pequenos nuacutecleos urbanos comeccedilaram a surgir (DAPPC2008)

17

Figura 3 1 Vista parcial do Arraial de Joatildeo Gomes

Fonte Arquivo Histoacuterico de Santos Dumont-MG

Com a construccedilatildeo da Estrada de Ferro D Pedro II no final do seacuteculo XIX a regiatildeo teve

um consideraacutevel crescimento natildeo soacute populacional como tambeacutem econocircmico se tornando

a Vila Palmyra em 1889 Em 1890 Palmyra eacute elevada ao status de Municiacutepio (Figura 42)

e recebe um grande nuacutemero de melhorias no setor viaacuterio como a retificaccedilatildeo de ruas e

tambeacutem no setor de serviccedilos puacuteblicos como abastecimento de aacutegua iluminaccedilatildeo puacuteblica a

querosene e posteriormente energia eleacutetrica O desenvolvimento econocircmico na regiatildeo

tambeacutem teve seu momento aacuteureo nesse periacuteodo Induacutestrias de laticiacutenios graacuteficas e de

Carbureto de Caacutelcio fizeram parte do parque industrial de Palmyra o que atraiacutea pessoas

de outros lugares inclusive estrangeiros contribuindo para o aumento populacional da

regiatildeo Como ainda natildeo havia legislaccedilatildeo sobre uso e ocupaccedilatildeo do solo nessa eacutepoca

surgiram inuacutemeros loteamentos em aacutereas proacuteximas agrave rios e coacuterregos e tambeacutem em

encostas com declividade acentuada o que foi agravando o risco agrave medida que a ocupaccedilatildeo

aumentava (DAPPC2008)

18

Figura 3 2 Municiacutepio de Palmyra na deacutecada de 1920

Fonte Arquivo Histoacuterico de Santos Dumont-MG

O escoamento da produccedilatildeo industrial se dava pelo modal ferroviaacuterio setor que tambeacutem

movimentava a crescente cidade que era ponto importante no setor de transportes pois

possuiacutea um dos mais bem equipados depoacutesitos de locomotivas da Estrada de Ferro Central

do Brasil (DAPPC2008)

No ano de 1932 o municiacutepio de Palmyra passou a se chamar Santos Dumont (Figura 43)

em homenagem ao inventor do aviatildeo que nascera naquela cidade Nos uacuteltimos 40 anos

Santos Dumont tem experimentado uma acentuada desaceleraccedilatildeo econocircmica

consequecircncia do fechamento da grande maioria das induacutestrias principalmente as de

laticiacutenios que empregavam direta e indiretamente uma parte consideraacutevel da populaccedilatildeo

(DAPPC2008)

19

Figura 3 3 Municiacutepio de Santos Dumont em 2014

Fonte Arquivo do autor

332 Santos Dumont na atualidade

O municiacutepio de Santos Dumont localiza-se na regiatildeo da Zona da Mata mineira distante

cerca de 220 Km da capital Belo Horizonte e possui uma populaccedilatildeo de 47558 habitantes

(ODM 2015 projeccedilatildeo) numa aacuterea total de 637 kmsup2 Faz divisa com os municiacutepios de

Juiz de Fora Oliveira Fortes Bias Fortes Antocircnio Carlos Tabuleiro Piau e Ewbank da

Cacircmara

No que diz respeito agrave sua formaccedilatildeo fisiacuteco-geograacutefica a aacuterea que compreende o municiacutepio

eacute constituiacuteda predominantemente por Cambissolo Haacuteplico (70) com Latossolo

Vermelho-Amarelo (30) (UFV2010) A vegetaccedilatildeo eacute em sua maioria composta por

exemplares de Mata Atlacircntica De acordo com o IBGE(2015) Santos Dumont se localiza

a 839m de altitude O clima da regiatildeo eacute classificado como Tropical de Altitude (Cwb) e

possui uma temperatura meacutedia de 20ordmC Eacute banhado pela bacia hidrograacutefica do Paraiacuteba do

Sul e em sua maioria pertence agrave sub-bacia do Rio Pomba (IGAM) que fornece aacutegua para

abastecimento puacuteblico agrave 88 da populaccedilatildeo por meio da rede de distribuiccedilatildeo

(IBGE2010) Uma pequena parte da zona rural a sudoeste eacute banhada pela Sub-Bacia do

Rio Paraibuna mais precisamente na regiatildeo de fronteira com os municiacutepios de Juiz de

Fora e Ewbank da Cacircmara O sistema viaacuterio principal de acesso agrave cidade eacute a rodovia BR-

040 e a estrada de ferro Dom Pedro II atualmente utilizada somente para transporte de

cargas

Com a economia nos dias atuais baseada majoritariamente no setor de serviccedilos a cidade

possui um Iacutendice de Desenvolvimento humano (IDH) de 0741 (IBGE2010) Apesar do

decliacutenio econocircmico de Santos Dumont nota-se hoje um aumento no nuacutemero de

loteamentos populares e condomiacutenios horizontais e verticais entre outras edificaccedilotildees Eacute

de vital importacircncia que esse crescimento das ocupaccedilotildees seja ordenado e regulamentado

20

de forma a garantir a qualidade ambiental prevenindo deslizamentos e inundaccedilotildees Diante

dessa conjuntura o governo municipal aprovou em 2012 a Lei nordm 4241 que trata do Plano

Diretor Participativo instrumento baacutesico da poliacutetica de desenvolvimento e expansatildeo

urbana do municiacutepio de Santos Dumont

4 METODOLOGIA

41 Aacuterea de estudo

A regiatildeo dentro dos limites do municiacutepio que seraacute estudada neste trabalho eacute conforme

descrito nos anexos Plano Diretor e representada na figura 44 a aacuterea urbana principal

que possui 47 Kmsup2 e compreende a regiatildeo central da cidade e os bairros perifeacutericos regiatildeo

que concentra cerca de 90 da populaccedilatildeo total de Santos Dumont (IBGE 2015) A aacuterea

urbana principal representa 75 da aacuterea total dos 637 Kmsup2 que compreendem o

municiacutepio e eacute o local onde nos uacuteltimos 30 anos se verificou um maior crescimento

populacional e tambeacutem onde ocorre a maioria dos eventos relacionados a deslizamentos

e alagamentos por conta da ocupaccedilatildeo sem planejamento A figura 45 mostra a aacuterea

urbana principal e a localizaccedilatildeo dos bairros urbanos de Santos Dumont

Figura 4 1 Localizaccedilatildeo da aacuterea urbana principal

Fonte Google Earth

21

Figura 4 2 Mapa da aacuterea urbana principal com a localizaccedilatildeo dos bairros

Fonte Do Autor

42 Levantamento e tratamento dos dados

No desenvolvimento deste trabalho foi necessaacuterio se fazer um estudo detalhado sobre o

Plano Diretor de Santos Dumont principalmente dos seus anexos que compreendem os

mapas e a localizaccedilatildeo das aacutereas definidas pelo zoneamento proposto Para que isso fosse

possiacutevel a Secretaria Municipal de Obras e Serviccedilos Puacuteblicos forneceu todos os dados

secundaacuterios produto do estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor e do

zoneamento Estes dados incluem os arquivos Shapefile (shp) e outros documentos

integrantes do Plano Diretor Algumas informaccedilotildees foram complementadas tambeacutem com

dados adquiridos atraveacutes do site do IBGE e do Portal Objetivos do Milecircnio (ODM)

Os dados sobre as ocorrecircncias de deslizamentos e alagamentos foram obtidos atraveacutes da

Defesa Civil do municiacutepio atraveacutes do Sistema Integrado de Informaccedilotildees sobre Desastres

(S2ID) do Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional Tal sistema centraliza as informaccedilotildees sobre

desastres naturais ocorridos em todo o territoacuterio nacional facilitando a pesquisa sobre tais

eventos a qualquer cidadatildeo (BRASIL 2015)

Apesar do sistema ser bastante uacutetil os dados sobre o municiacutepio de Santos Dumont se

encontravam bastante falhos e escassos sendo necessaacuteria complementaccedilatildeo para que a

22

base de dados ficasse consistente Diante disso uma pesquisa atraveacutes dos arquivos do

Jornal Mensagem um jornal semanaacuterio local foi feita entre os anos de 1984 e 2014 e os

dados primaacuterios filtrados em uma planilha do Microsoft Excel para posterior utilizaccedilatildeo

De posse destes dados foi feita a localizaccedilatildeo em campo das coordenadas dos locais

atingidos por deslizamentos e alagamentos no periacuteodo compreendido pela pesquisa com

o auxiacutelio de um aparelho de GPS

A maioria dos arquivos shapefile utilizados para a confecccedilatildeo dos mapas satildeo parte

integrante dos anexos da Lei do Plano diretor do municiacutepio gerados no mecircs de dezembro

de 2011 pelo Instituto Nova Cidade e foram cedidos pela Secretaria Municipal de Obras

e Serviccedilos Puacuteblicos com Datum em UTM SAD 69 Com a finalidade de fornecer um

referenciamento atualizado e de acordo com os mais novos sistemas de coordenadas

utilizados no Brasil os arquivos foram convertidos para o Datum UTM SIRGAS 2000

que diferencia do SAD 69 pelo fato de ser um referencial geocecircntrico ou seja o centro

da Terra eacute o ponto de referecircncia neste sistema enquanto que o primeiro utiliza um

referencial na superfiacutecie da Terra (IBGE2014) Eacute interessante ressaltar tambeacutem que o

SIRGAS 2000 se tornou no ano de 2014 o sistema de coordenadas oficial do Sistema

Geodeacutesico Brasileiro e do Sistema Cartograacutefico Nacional ambos mantidos pelo IBGE A

combinaccedilatildeo dos shapefiles foi feita com o software livre gvSIG e com estas combinaccedilotildees

foram gerados mapas importantes resultados para a execuccedilatildeo deste trabalho A maioria

dos mapas representam a regiatildeo urbana principal de Santos Dumont e foram produzidos

numa escala em torno de 140000 que de acordo com Rocha (2007) eacute uma escala viaacutevel

pois as recomendaacuteveis para trabalhos de anaacutelise ambiental em niacutevel municipal podem ser

entre 150000 e 110000 Alguns mapas cujo detalhamento natildeo eacute necessaacuterio foram

gerados na escala 1100000

Para a geraccedilatildeo dos mapas aleacutem dos arquivos fornecidos pela Secretaria de Obras e

Serviccedilos Puacuteblicos foram utilizados para a geraccedilatildeo do modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE)

e da localizaccedilatildeo dos topos de morro dados gerados pelo sistema de radar Advanced

Spacebone Thermal Emission and Reflection Radiometer (ASTER) que geram as curvas

de niacutevel do terreno com uma resoluccedilatildeo de 30m (NASA2014) O processamento dessas

imagens foi feito pelo software livre gvSIG As imagens geradas pelos sateacutelites

LANDSAT foram adquiridas no site da United States Geological Survey (USGS) e essas

imagens possibilitaram obter um panorama preciso do uso do solo em toda a aacuterea urbana

de Santos Dumont numa resoluccedilatildeo de 15 metros uma vez que foi utilizada a banda

pancromaacutetica do sateacutelite LANDSAT 8 aleacutem da combinaccedilatildeo das bandas 65 e 4

respectivamente que eacute a combinaccedilatildeo recomendada pela mantenedora dos sateacutelites para

anaacutelises deste tipo

23

No que diz respeito a identificaccedilatildeo de APPs em topo de morro a metodologia de Oliveira

amp Fernandes Filho (2013) por utilizar as mesmas bases de dados ateacute entatildeo usadas neste

trabalho foi a mais indicada

A metodologia de anaacutelise dos mapas gerados eacute a proposta pelo professor Jorge Xavier da

Silva do Laboratoacuterio de Geoprocessamento (LAGEOP) da Universidade Federal do Rio

de Janeiro e citada por Rocha (2007) Tal metodologia analisa as variaacuteveis em questatildeo

presentes na aacuterea e permite avaliar as possibilidades de relaccedilotildees entre essas variaacuteveis De

uma maneira geral este meacutetodo verifica o estado atual da aacuterea em estudo bem como das

variaacuteveis gerando inventaacuterios que servem para a construccedilatildeo de dados planimeacutetricos sejam

com as variaacuteveis isoladas ou combinadas Estes dados planimeacutetricos geram assinaturas

que permitem inferir sobre a influecircncia dessas variaacuteveis De posse dos dados gerados pelo

processo anteriormente citado pode-se fazer algumas prospecccedilotildees sobre os riscos

ambientais que a aacuterea pode sofrer ou o seu potencial ambiental (ROCHA 2007)

5 RESULTADOS

51 Levantamento histoacuterico de alagamentos e

deslizamentos

O aumento da demanda pelo uso do solo na regiatildeo urbana de Santos Dumont

principalmente no tocante agrave formaccedilatildeo de novos loteamentos e condomiacutenios nos uacuteltimos

anos eacute consideraacutevel mas tambeacutem haacute de se observar o crescimento dos bairros jaacute existentes

com pouco ou nenhum ordenamento Em ambos os casos se observa ocupaccedilotildees

irregulares em APP o que tem ocasionado um aumento na frequecircncia de deslizamentos

e inundaccedilotildees Eacute evidente que quanto maior a densidade populacional do bairro maior a

quantidade de ocorrecircncias ao longo dos anos (SPERFELD 2009)

De acordo com as ocorrecircncias registradas pela Defesa Civil do municiacutepio obtidas atraveacutes

da literatura utilizada nos uacuteltimos 30 anos Santos Dumont chegou a decretar situaccedilatildeo de

emergecircncia por conta de desastres envolvendo deslizamentos eou alagamentos por duas

vezes num espaccedilo de 10 anos conforme pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho

(BRASIL 2014 CEPED 2011)

Segundo os dados obtidos atraveacutes de pesquisa nos arquivos do semanaacuterio entre os anos

de 1984 e 2014 pode-se verificar que nos uacuteltimos 20 anos a cidade tem experimentado

24

um aumento consideraacutevel nos eventos relacionados a deslizamentos e principalmente

alagamentos como pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho Isso pode ter sido causado

dentre outros fatores pelo aumento do nuacutemero de vias pavimentadas com material

impermeaacutevel o que tem sobrecarregado tanto a infraestrutura existente para drenagem

urbana como tambeacutem a calha dos cursos drsquoaacutegua que passam pela regiatildeo urbana do

municiacutepio (ZANON2013)

Na deacutecada de 1980 (1984-1990) de acordo com os dados obtidos natildeo foram noticiados

eventos consideraacuteveis relacionados a deslizamentos e alagamentos em Santos Dumont

mas isso natildeo exclui a possibilidade de natildeo ter ocorrido tais eventos em menor escala

Na deacutecada de 1990 aconteceram uma seacuterie de ocorrecircncias tanto de deslizamentos quanto

de alagamentos No ano de 1997 num periacuteodo chuvoso intenso aconteceram

deslizamentos consideraacuteveis em vaacuterios bairros da cidade inclusive com desabamento de

casas e de ruas principalmente nos bairros Nossa Senhora da Gloacuteria e Quarto Depoacutesito

Em 1999 ocorreram alguns pontos de alagamento nos bairros Quarto Depoacutesito e Santo

Antocircnio com grandes prejuiacutezos materiais

A deacutecada de 2000 iniciou com o registro de deslizamentos em vaacuterios bairros da cidade

inclusive com desabamento de casas e pontes e alagamentos em importantes vias do

centro da cidade Observa-se ao longo desse periacuteodo o crescimento nas ocorrecircncias de

deslizamentos e de aacutereas com risco de deslizamento em muitos bairros de Santos Dumont

Um dos fatores importantes para esse crescimento foi a grande expansatildeo sofrida pela

maioria dos bairros e a falta de planejamento e orientaccedilatildeo por parte da prefeitura uma

vez que uma boa parte do crescimento dos bairros da cidade ocorreu ou proacuteximo a cursos

drsquoaacutegua ou em aacutereas com declividade improacutepria para se fazer construccedilotildees O bairro

Coacuterrego do Ouro (Figura 51) foi o que mais sofreu com ocorrecircncias de deslizamentos

nesse periacuteodo enquanto o bairro Santo Antocircnio foi que teve mais ocorrecircncias de

alagamentos

25

Figura 5 1 Deslizamento no bairro Coacuterrego do Ouro

Fonte Portal Cabangu

No iniacutecio deacutecada de 2010 (2011-2014) o centro da cidade foi a regiatildeo que mais sofreu

com alagamentos sendo registrado pelo menos uma ocorrecircncia por ano nessa aacuterea (Figura

52) Isso pode ser relacionado dentre outros fatores com as obras de modificaccedilatildeo do

tipo de pavimentaccedilatildeo das estradas por um material impermeaacutevel gerando uma sobrecarga

nos sistemas de drenagem urbana que foram projetados para um tipo de pavimento mais

permeaacutevel implicando tambeacutem na sobrecarga calha do Ribeiratildeo das Posses o principal

curso drsquoaacutegua que corta o centro da cidade e que se encontra em quase sua totalidade

ocupada em ambas as margens que cortam o centro da cidade

26

Figura 5 2 Alagamento na regiatildeo central de Santos Dumont em 2013

Fonte Portal Cabangu

Quanto agraves ocorrecircncias de deslizamento ao longo da referida deacutecada elas estiveram

espalhadas pelos bairros do municiacutepio tendo um maior nuacutemero de ocorrecircncias nos bairros

Santo Antocircnio Nossa Senhora da Gloacuteria e Aacutegua Espraiada Nos dois primeiros bairros

citados as ocorrecircncias podem ter sido ocasionadas pelo crescimento desordenado e sem

planejamento destes e no terceiro as ocorrecircncias satildeo relacionadas ao processo de

assoreamento do Ribeiratildeo das Posses o que pode ter gerado um aumento da velocidade

desse curso drsquoaacutegua causando problemas decorrentes do transporte de sedimentos da aacuterea

onde as casas foram construiacutedas que teve como consequecircncia os deslizamentos

Em resumo como pode ser observado nas figuras 53 e 54 na tabela 51 no periacuteodo de

1984 a 2014 os bairros mais afetados por alagamentos e deslizamentos satildeo Quarto

Depoacutesito Nossa Senhora da Gloacuteria Santo Antocircnio Coacuterrego do Ouro Antocircnio Afonso

Graminha e Vila Esperanccedila sendo que o bairro Coacuterrego do Ouro possui o maior nuacutemero

de ocorrecircncias de deslizamentos e o centro da cidade possui o maior nuacutemero de

ocorrecircncias de alagamentos no periacuteodo pesquisado Vale destacar que a aacuterea propiacutecia a

alagamentos no bairro Antocircnio Afonso natildeo identificada no estudo realizado pela

prefeitura constitui-se efetivamente numa aacuterea de risco conforme levantamento histoacuterico

realizado Esta aacuterea de risco se deve agrave diferenccedila de niacutevel negativa entre o rio Pinho e a

aacuterea do bairro estando este em desniacutevel com um risco iminente de inundaccedilotildees resultantes

da cheia desse curso drsquoaacutegua causando inuacutemeros transtornos aos moradores do local

27

Figura 5 3 Pontos de Alagamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico

Fonte Do autor

Figura 5 4 Pontos de deslizamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico

Fonte Do autor

28

Tabela 51 Ocorrecircncias de alagamentos e deslizamentos obtidos atraveacutes do

levantamento histoacuterico

Pontos de ocorrecircncia (1984-2014)

Bairros Alagamento Deslizamento

Aacutegua Espraiada 1 1

Antocircnio Afonso 1 0

Barra 0 1

Centro 7 1

Coacuterrego do Ouro 1 7

Flores 0 1

Graminha 1 0

Jardim Jaraguaacute 0 1

N Sra da Gloacuteria 0 4

N Sra das Graccedilas 1 0

Quarto Depoacutesito 3 2

Santo Antocircnio 4 2

Satildeo Sebastiatildeo 0 1

Vila Esperanccedila 0 1

Fonte Do autor

De acordo com o estudo realizado na elaboraccedilatildeo do Plano Diretor pela prefeitura

municipal observa-se que os bairros que possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a

deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do Ouro e Vila Esperanccedila enquanto que os que

possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a alagamento satildeo o Centro da cidade e os

bairros Satildeo Sebastiatildeo Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio por estarem agraves margens do

Ribeiratildeo das Posses um curso drsquoaacutegua que sofre com inundaccedilotildees perioacutedicas devido ao

severo assoreamento em algumas regiotildees e tambeacutem devido ao acuacutemulo de lixo descartado

pelos moradores do entorno irregularmente De acordo com o estudo realizado quando da

elaboraccedilatildeo do Plano Diretor do municiacutepio foram feitos estudos sobre as aacutereas propensas

a deslizamentos e alagamentos na regiatildeo urbana principal Tais aacutereas satildeo as destacadas

nas Figuras 55 e 56 No levantamento histoacuterico realizado pode-se identificar que os

bairros que possuem mais aacutereas propensas a deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do

Ouro Nossa Senhora da Gloacuteria Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio enquanto que os bairros

mais propensos a alagamentos satildeo os bairros Centro Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio

como observado na tabela 51

29

Figura 5 5 Aacutereas propensas a deslizamento de acordo com o Plano Diretor de

Santos Dumont

Fonte Google Earth e Lei 42412012

Figura 5 6 Aacutereas propensas a alagamento de acordo com o Plano Diretor de

Santos Dumont

Fonte Google Earth e Lei 42412012

30

Comparando-se os mapas obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico com o mapa gerado

pelo estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor nota-se que haacute semelhanccedilas em

algumas aacutereas mas ao se levar em conta o produto gerado pela pesquisa histoacuterica o

estudo necessitaria ser complementado haja vista que ele natildeo compreende por exemplo

o ponto de alagamento no bairro Antocircnio Afonso citado anteriormente e alguns pontos de

deslizamento importantes uma vez que satildeo regiotildees onde haacute ocupaccedilatildeo Esse fato evidencia

a necessidade de se buscar vaacuterias fontes primaacuterias e secundaacuterias para se detectar aacutereas de

risco em um municiacutepio incluindo arquivos da imprensa local afim de se produzir uma

base de dados consistente e com o menor nuacutemero de falhas possiacutevel (CEPED 2014) Com

a uniatildeo dos dois estudos foram gerados os mapas apresentados nas Figuras 57 e 58

Aleacutem do mais observando as figuras 57 e 58 pode-se notar que uma boa parte tanto dos

casos de alagamento quanto de deslizamento estatildeo na faixa de APP de curso hiacutedrico o

que ilustra a importacircncia da preservaccedilatildeo destas aacutereas

Figura 5 7 Aacutereas propensas a alagamento do estudo do Plano Diretor

complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento

Fonte Do Autor

31

Figura 5 8 Aacutereas propensas a deslizamento do estudo do Plano Diretor

complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento

Fonte Do Autor

Atraveacutes da combinaccedilatildeo entre estes dois levantamentos procurou-se alimentar a base de

dados e garantir uma consistecircncia maior desta no que diz respeito a aacutereas de deslizamento

e alagamento podendo inclusive se identificar a suscetibilidade de uma determinada

regiatildeo da cidade a um ou outro evento (CEPED2014)

512 O Plano diretor e as APPs

Nos uacuteltimos anos o Brasil experimentou um forte fenocircmeno de migraccedilatildeo do campo para

as aacutereas urbanas De acordo com o IBGE no periacuteodo de 1940 a 2000 houve um aumento

de cerca de 60 do nuacutemero de pessoas que vivem em cidades (SILVA JR 2006) O

processo de planejamento e ordenamento do uso do solo nessas aacutereas deveria ter

acompanhado esse crescimento ao longo dos anos a fim de garantir a qualidade de vida e

a seguranccedila dos migrantes ao se instalarem nas cidades o que natildeo ocorreu e o que se

observa atualmente satildeo ocupaccedilotildees em aacutereas improacuteprias para moradia sem a infraestrutura

baacutesica necessaacuteria e com risco iminente de deslizamentos eou inundaccedilotildees

O Plano Diretor do municiacutepio de Santos Dumont em seu capiacutetulo IV que versa sobre o

uso e ocupaccedilatildeo do solo explicita regras para o ordenamento do territoacuterio que compreende

o municiacutepio com base nos diferentes usos do solo de acordo com sua compatibilidade o

32

que acabou por resultar num zoneamento de todo o municiacutepio em macrozonas conforme

citado na seccedilatildeo 3231 de acordo com os usos atuais e futuros do solo Aleacutem de dividir

estas macrozonas em urbanas e rurais tambeacutem avaliou e classificou estas aacutereas com base

numa seacuterie de fatores ambientais geoloacutegicos culturais e sociais de forma a se fazer um

zoneamento coerente com os atuais usos do solo e seu potencial de uso futuro Apresenta-

se na Figura 59 este zoneamento na aacuterea urbana principal de Santos Dumont

Figura 5 9 Zoneamento urbano da aacuterea urbana principal

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Lei 42412012

Tomando como referecircncia o Novo Coacutedigo Florestal brasileiro em especial os paracircmetros

estabelecidos para a definiccedilatildeo de APP e utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento

atraveacutes do software Vista SAGA relacionou-se as APPs existentes na aacuterea em estudo com

as regiotildees propiacutecias a alagamentos e deslizamentos de acordo com o estudo feito quando

da elaboraccedilatildeo do Plano Diretor afim de se identificar qual ou quais aacutereas possuem estes

problemas e se estatildeo relacionados com o uso do solo irregular em APP

Ao se aplicar a metodologia proposta por Oliveira amp Fernandes Filho (2013) natildeo foram

identificadas dentro da aacuterea de estudo APPs de topos de morro sendo este tipo de APP

descartada portanto das anaacutelises subsequentes deste trabalho Foram consideradas as

APP de curso hiacutedrico (rios e nascentes) e de declividade visando relacionaacute-las as aacutereas

de risco identificadas pela Prefeitura afim de se verificar as possiacuteveis causas da ocorrecircncia

33

destas aacutereas na regiatildeo urbana do municiacutepio Por meio de combinaccedilotildees entre dois mapas

temaacuteticos utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento foi possiacutevel obter as

assinaturas ou seja tabelas que caracterizam quantitativamente a aacuterea afetada por cada

aspecto visto que a simples visualizaccedilatildeo do mapa gerado pelo geoprocessamento muitas

vezes eacute prejudicada por serem aacutereas de pequenas dimensotildees ou por qualquer outra

limitaccedilatildeo do software Ressalta-se que para a elaboraccedilatildeo do Plano Municipal de Reduccedilatildeo

de riscos a identificaccedilatildeo e detalhamento topograacutefico destas aacutereas eacute fundamental para o

desenvolvimento do referido Plano conforme seraacute abordado detalhadamente na seccedilatildeo

52

De posse do mapa que representa o zoneamento urbano de Santos Dumont primeiramente

procurou-se mensurar qualitativa e quantitativamente a presenccedila de APPs tanto de

declividade quanto de cursos hiacutedricos Essa identificaccedilatildeo eacute importante pois este

zoneamento eacute um dos instrumentos de planejamento municipal (BRASIL 2001) Saboya

(2007) aponta que os principais objetivos de um zoneamento satildeo o controle da expansatildeo

urbana e proteccedilatildeo de aacutereas inadequadas a ocupaccedilatildeo aleacutem de reduzir os conflitos inerentes

aos diferentes usos do solo Com o uso da ferramenta ldquoCombinarrdquo do Vista SAGA foram

feitas combinaccedilotildees entre o mapa de hidrografia com buffer de 30m para rios e coacuterregos e

de 50m para nascentes com o mapa do zoneamento para se verificar a importacircncia das

APPs de curso hiacutedrico em toda a aacuterea urbana principal do municiacutepio Tambeacutem foram

combinados o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) obtido atraveacutes do gvSIG com o mapa

de zoneamento afim de se verificar quantitativamente as APPs de declividade e onde se

localizam Vale ressaltar que as declividades entre 30 e 47 estatildeo presentes nesta

combinaccedilatildeo pois de acordo com o Plano Diretor de Santos Dumont terrenos com esta

faixa de declividade para fins de parcelamento devem possuir estudo teacutecnico que ateste

a viabilidade de se promover algum empreendimento imobiliaacuterio neste (SANTOS

DUMONT 2012) Como a legislaccedilatildeo municipal prevecirc estudo somente para a faixa de

declividade descrita anteriormente para fins de anaacutelise neste trabalho consideramos um

valor mais conservador para APP compreendendo a faixa de 47 a 100 aleacutem da

prevista pela legislaccedilatildeo federal (gt100) para que natildeo houvessem lacunas importantes na

geraccedilatildeo do produto

Apresenta-se na Figura 510 aacutereas com declividades consideradas de risco e consideradas

APP e em qual zona de planejamento elas estatildeo inseridas De um modo geral ao se

observar a Tabela 52 nota-se que a aacuterea que compreende declividades de risco e APP eacute

uma pequena parcela da aacuterea urbana principal representando 061 desta aacuterea Ao se

levar em conta somente a localizaccedilatildeo pode-se verificar que cerca de 84 das aacutereas com

declividade de risco e a totalidade das APPs de declividade estatildeo localizadas na ZAC1

zona que compreende a maior parte do municiacutepio e apesar de possuir infraestrutura baacutesica

para a ocupaccedilatildeo esta eacute restrita Sendo assim o fator declividade deve ser visto com cautela

nesta aacuterea para se evitar transtornos advindos de edificaccedilotildees nestas aacutereas

34

Figura 5 10 Combinaccedilatildeo entre as declividades importantes incluindo as APPs e o

zoneamento urbano

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Do autor

Tabela 52 Assinaturas da combinaccedilatildeo Declividade x Zoneamento

Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea

Natildeo APP 457972 9939

Declividade 30-47 em ZAC1 2368 051

Declividade 30-47 em ZE 284 006

Declividade 30-47 em ZAC2 128 003

Declividade 30-47 em ZPA 004 0001

APP Declividade em ZAC1 048 001

Total 460804 100

Fonte Do autor

Apresenta-se na Figura 511 as APPs de curso hiacutedrico (nascentes e rios) e em qual zona

de planejamento estatildeo localizadas Assim como a declividade a maior parte das APPs de

curso hiacutedrico estatildeo localizadas em ZAC1 representando 383 da aacuterea urbana em estudo

e 51 do total das APPs de curso hiacutedrico Esta questatildeo tambeacutem deve ser vista com

bastante criteacuterio pelos gestores locais uma vez que a ocupaccedilatildeo em faixas proacuteximas de

rios e coacuterregos podem causar uma gama de problemas ambientais e sociais na regiatildeo

(SANTANA2011) Tal cuidado tambeacutem deve ser tomado nas APPs compreendidas na

35

ZAC2 que compreende 001 da Aacuterea urbana principal e 14 do total das APPs de curso

hiacutedrico pois a infraestrutura baacutesica e acessibilidade presente nesta zona eacute precaacuteria e a

ocupaccedilatildeo as margens de cursos hiacutedricos pode gerar problemas seacuterios caso ocorra uma

expansatildeo nestas aacutereas

Figura 511 Combinaccedilatildeo entre APP de curso hiacutedrico e as zonas de planejamento

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Do autor

Outro ponto importante eacute a presenccedila da Zona de Proteccedilatildeo Ambiental (ZPA) no entorno

uma consideraacutevel parte dos cursos hiacutedricos Nesta zona estatildeo presentes 28 das APPs de

curso hiacutedrico e esta zona de acordo com o Plano Diretor deve ser restaurada ou

preservada por suas caracteriacutesticas geoloacutegicas topograacuteficas e bioloacutegicas

Afim de se verificar os usos do solo na regiatildeo em estudo foram utilizadas combinaccedilotildees

de imagens advindas do sateacutelite Landsat 8 nas bandas descritas no capiacutetulo 4 aleacutem da

banda pancromaacutetica O resultado eacute apresentado na figura 512 que mostra os principais

usos do solo na aacuterea urbana principal de Santos Dumont

36

Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x Zoneamento

Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea

Hidrografia 11168 239

Aacuterea Urbana Natildeo APP 421004 9008

APP Curso hiacutedrico em ZAC1 179 383

APP Curso hiacutedrico em ZPA 9776 209

APP Curso hiacutedrico em ZE 184 004

APP Curso hiacutedrico em ZA 1192 026

APP Curso hiacutedrico em ZAC2 5124 110

APP Curso hiacutedrico em ZPPH 248 005

APP Curso hiacutedrico em ZEIS 568 012

APP Curso hiacutedrico em ZCA 228 005

Total 467392 10000

Fonte Do autor

Figura 5 12 Mapa de usos do solo da aacuterea urbana principal de Santos Dumont

Fonte Do autor

Como jaacute era previsto a maior parte da aacuterea urbana se encontra ocupada e eacute nesta regiatildeo

ocupada que se observa a maior concentraccedilatildeo de problemas de deslizamentos e

alagamentos (Figuras 513 e 514) A grande ocupaccedilatildeo em aacutereas consideradas APP de

curso hiacutedrico de acordo com os mapas gerados pode ser a principal causa do aumento a

cada ano dos casos de alagamento principalmente na regiatildeo central da cidade Outro ponto

que se deve atentar eacute a existecircncia de uma consideraacutevel aacuterea de pastagem pouco vegetada

que caso estejam em aacutereas elevadas pode contribuir para deslizamentos e agraves margens de

37

rios e coacuterregos para o assoreamento destes corpos hiacutedricos o que pode causar

alagamentos (INAacuteCIO etal 2007)

Diante destes resultados pode-se ver que a cidade de Santos Dumont necessita alternativas

efetiva no que diz respeito agrave contenccedilatildeo de deslizamentos e a reduccedilatildeo de risco de

alagamento pois as aacutereas em que ocorrem tais eventos satildeo distintas e facilmente definidas

devido agrave repeticcedilatildeo destes nos uacuteltimos anos Um plano de accedilatildeo integrado entre as diferentes

secretarias municipais (Obras Meio Ambiente Assistecircncia Social entre outras) e a

Coordenadoria Municipal de Defesa Civil deve ser realizado afim de se tomar medidas

natildeo mais preventivas mas sim preditivas para que se possa conter o avanccedilo destes

problemas na aacuterea urbana principal bem como em toda a aacuterea do municiacutepio

Figura 5 13 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na aacuterea urbana

principal

Fonte Do autor

38

Figura 5 14 Aacutereas sujeitas a alagamento e os principais usos do solo na aacuterea

urbana principal

Fonte Do autor

Ao se associar os dados do estudo do Plano Diretor com os dados do levantamento

histoacuterico realizado com o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) pode-se notar que as aacutereas

propiacutecias a deslizamento estatildeo em regiotildees as quais haacute uma fronteira de declividades ou

seja eacute evidente que os deslizamentos ocorrem em encostas um pouco mais iacutengremes mas

natildeo necessariamente nas encostas de 30-47 as quais exigem estudo teacutecnico conforme o

plano diretor preconiza Quanto aos alagamentos nota-se que eles se localizam nas aacutereas

com menor ou nenhuma declividade podendo ser estas aacutereas talvez componentes da

planiacutecie de inundaccedilatildeo dos rios Estes resultados podem ser vistos nas figuras 515 e 516

a seguir

39

Figura5 15 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a deslizamentos na

regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

Fonte Lei 42412012 e Autor

Figura5 26 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a alagamentos na

regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

Fonte Lei 42412012 e Autor

40

52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis

O processo de ocupaccedilatildeo no municiacutepio de Santos Dumont comeccedilou muito antes de

qualquer legislaccedilatildeo relacionada a ordenamento urbano e de proteccedilatildeo do meio ambiente

fosse implementado no Brasil Esse fato aliado a poliacuteticas e fiscalizaccedilotildees falhas

contribuiacuteram para a ocupaccedilatildeo e expansatildeo da aacuterea urbana ao longo do Ribeiratildeo das Posses

e seus afluentes o que tem gerado o aumento da degradaccedilatildeo destes corpos hiacutedricos ao

longo de todos estes anos Observa-se tambeacutem que nas uacuteltimas deacutecadas ocorreu um

grande nuacutemero de migraccedilotildees do campo para a regiatildeo urbana da cidade fator que

contribuiu para o crescimento do nuacutemero de habitaccedilotildees em aacutereas de risco de deslizamento

e alagamentos por serem na maioria das vezes terrenos menos valorizados e por este

motivo acessiacuteveis a populaccedilatildeo com menor poder aquisitivo (ROSA amp CORTEZ 2008)

Vale ressaltar que esta questatildeo aleacutem de ser ambiental eacute muito mais social pois os

moradores entendem os riscos de se viver nestes locais mas por motivos econocircmicos ou

por questotildees afetivas natildeo abrem matildeo da moradia nessas aacutereas A Constituiccedilatildeo Federal de

1988 promoveu a inter-relaccedilatildeo das questotildees sociais com as questotildees ambientais quando

colocou o meio ambiente como direito coletivo (BRASIL1988 SOUZA2010) Por este

motivo a decisatildeo por medidas draacutesticas que favoreccedilam apenas agrave preservaccedilatildeo do meio

ambiente natildeo eacute recomendada pois aleacutem de ser inconstitucional podem afetar a

sustentabilidade econocircmica do municiacutepio e gerar conflitos sociais consideraacuteveis

(CARLOS 1992 apud SOUZA 2010)

Segundo Bueno (2009) ldquonem tudo o que eacute irregular eacute precaacuteriordquo Esse fato se observa em

Santos Dumont uma vez que em boa parte da regiatildeo central se observa vaacuterias moradias

construiacutedas na faixa de APP de curso hiacutedrico o que natildeo eacute permitido pela legislaccedilatildeo

vigente e eacute um dos fatores que contribui para a ocorrecircncia de alagamentos nesta aacuterea da

cidade Para a resoluccedilatildeo deste problema o que seria mais viaacutevel seria a melhoria da

infraestrutura de drenagem urbana afim de que o escoamento da aacutegua das chuvas natildeo

sobrecarregasse o sistema (BUENO2009) A construccedilatildeo de bacias de contenccedilatildeo de

cheias ao longo do Ribeiratildeo das Posses tambeacutem seria uma alternativa mas para se verificar

a viabilidade necessita-se estudos mais aprofundados do ponto de vista hidroloacutegico

O grande problema a ser solucionado no entanto eacute o que diz respeito agraves aacutereas de risco

de deslizamento majoritariamente nos bairros A melhor alternativa seria o

remanejamento dos moradores para uma aacuterea proacutexima agrave que moram poreacutem longe do

risco Poreacutem esta alternativa de acordo com Rosa Filho amp Cortez (2008) encontra alguns

entraves pois estas pessoas na maioria das vezes natildeo tecircm condiccedilotildees financeiras de irem

para outro lugar ou pagar aluguel ou estatildeo de alguma forma sentimentalmente ligadas

agravequela regiatildeo que se recusam a deixaacute-lo

41

Por parte dos oacutergatildeos competentes no municiacutepio a criaccedilatildeo de um plano para se evitar

acidentes ocasionados por deslizamentos e alagamentos com um mapeamento detalhado

de toda a extensatildeo do municiacutepio eacute extremamente uacutetil Os estudos que seratildeo feitos para a

elaboraccedilatildeo deste plano poderatildeo definir quais as aacutereas satildeo potencialmente de risco para as

ocupaccedilotildees existentes ou para as potenciais ocupaccedilotildees que possam vir a ocorrer atraveacutes do

mapeamento das aacutereas de risco Tal planejamento seraacute auxiliar ao Plano Diretor

Municipal pois definiraacute o real uso do solo de determinada regiatildeo do municiacutepio

contribuindo para a adequaccedilatildeo do uso e ocupaccedilatildeo do solo afim de evitar ou reduzir o

nuacutemero de problemas relacionados a alagamentos e principalmente deslizamentos no

periacutemetro urbano (TOMINAGA 2009) A partir deste plano os gestores locais poderatildeo

tomar a melhor decisatildeo para a prevenccedilatildeo ou reduccedilatildeo dos riscos inerentes a tais problemas

Na seccedilatildeo 521 seraacute hierarquizado de forma preliminar a aacuterea urbana principal de acordo

com os resultados da tabela 51

521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta

O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos (PMRR) foi criado atraveacutes de accedilotildees

regularizadoras do Ministeacuterio das Cidades para ser o instrumento de gestatildeo e

gerenciamento de aacutereas de risco em um municiacutepio Eacute um documento que aleacutem de

estabelecer quais regiotildees satildeo consideradas de risco tambeacutem objetiva a proposta de

medidas estruturais ou natildeo para contenccedilatildeo eou prevenccedilatildeo de cataacutestrofes aleacutem de ser um

meio de captaccedilatildeo de recursos financeiros junto aos Governos Estadual e Federal Estes

recursos poderatildeo ser utilizados para a realizaccedilatildeo de obras que visem a melhoria da

qualidade de vida da populaccedilatildeo do entorno ou de recuperaccedilatildeo da aacuterea degradada Este

plano eacute realizado de forma participativa com as comunidades das aacutereas de risco e pode

ser realizado em sete fases conforme recomenda o Ministeacuterio das Cidades (ALHEIROS

2006)

O primeiro passo para a realizaccedilatildeo do PMRR eacute definir qual a metodologia seraacute empregada

levando-se em consideraccedilatildeo a realidade atual do municiacutepio e especificar de forma sucinta

um cronograma das atividades Eacute importante nesta fase a participaccedilatildeo tambeacutem dos

responsaacuteveis pelas mais variadas Secretarias Municipais afim de explicitar o tamanho da

importacircncia e o caraacuteter integrador deste plano A segunda fase deste plano objetiva a

criaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo da principal base de dados a ser utilizada nos passos posteriores o

mapeamento de risco em escala detalhe em torno de 13000 (SAtildeO PAULO 2014) A

elaboraccedilatildeo de um mapeamento detalhado propiciaraacute natildeo soacute a identificaccedilatildeo mais faacutecil das

aacutereas de risco como tambeacutem facilitaraacute aos gestores e agrave comunidade decidirem qual a

melhor intervenccedilatildeo para a soluccedilatildeo ou remediaccedilatildeo dos problemas em uma determinada

42

aacuterea hierarquizando o risco e definindo prioridades (SAtildeO PAULO 2014) Na tabela a

seguir apresenta-se alguns tipos de intervenccedilotildees que podem ser feitas em aacutereas de risco

sugeridas pelo Ministeacuterio das cidades (ALHEIROS 2006)

Quadro 5 1 - Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco

Tipo de intervenccedilatildeo Descriccedilatildeo

Serviccedilos de limpeza e Recuperaccedilatildeo

Remoccedilatildeo de entulho lixo etc

corte de aacutervores

remoccedilatildeo de bananeiras

recuperaccedilatildeo eou limpeza de sistemas de

drenagem esgotos e acessos

Limpeza de canais de drenagem

Proteccedilatildeo Vegetal

Proteccedilatildeo superficial vegetal (gramiacuteneas) em

taludes com solo exposto

Proteccedilatildeo vegetal de margens de canais de

drenagem

Barreiras vegetais para massas escorregadas

ou acumuladas pela erosatildeo

Drenagem Superficial e Acessos

Sistema de drenagem superficial (canaletas

raacutepidos caixas de transiccedilatildeo escadas drsquoaacutegua)

Acessos para pedestres (escadarias rampas

etc) integrados ao sistema de drenagem

Revestimento de Taludes Revestimento com materiais artificiais

cimentado cal-jet tela argamassada alvenaria

de tijolos ceracircmicos solo-cimento ensacado

Desmonte de blocos e matacotildees Desmonte de concreccedilotildees de grande porte

blocos rochosos e matacotildees

Obras de drenagem de subsuperfiacutecie Sistema de drenagem de subsuperfiacutecie

(trincheiras drenantes DHP poccedilos de

rebaixamento)

Estruturas de contenccedilatildeo (localizadas)

Muros de contenccedilatildeo de pequeno porte (solo-

cimento ensacado alvenaria de pedra-rachatildeo

concreto armado)

Estruturas de contenccedilatildeo localizadas

(chumbadores tirantes microestacas)

Contenccedilatildeo e proteccedilatildeo de margens de canais (

gabiotildees muros de concreto etc)

Estruturas de contenccedilatildeo (meacutedio e grande porte) Implantaccedilatildeo de estruturas de contenccedilatildeo de

meacutedio e grande porte envolvendo obras de

contenccedilatildeo passivas e ativas (muros de

gravidade cortinas etc)

Terraplanagem Execuccedilatildeo de serviccedilos de terraplanagem

combinados a obras de drenagem superficial e

proteccedilatildeo vegetal desvio e canalizaccedilatildeo de

coacuterregos

Remoccedilatildeo de moradias Remoccedilotildees definitivas para implantaccedilatildeo de

obras ou devido agrave localizaccedilatildeo improacutepria da

edificaccedilatildeo (Priorizar as relocaccedilotildees dentro da

proacutepria aacuterea em local seguro)

Fonte ALHEIROS 2006

43

Escolhidas as formas de intervenccedilatildeo para cada aacuterea eacute necessaacuterio realizar uma estimativa

dos custos afim de preparar o orccedilamento da prefeitura para a realizaccedilatildeo das obras e se

seraacute necessaacuterio a captaccedilatildeo de recursos externos para a execuccedilatildeo destas Feitas as

estimativas de custo o proacuteximo passo eacute definir as prioridades e para esta fase eacute tambeacutem

uacutetil o mapeamento feito nas etapas anteriores pois seraacute necessaacuterio hierarquizar tais

intervenccedilotildees nas aacutereas de risco O Ministeacuterio das Cidades (2007) sugere alguns criteacuterios

que podem ser avaliados pelo gestor dentre eles pode-se citar

Grau de risco

Populaccedilatildeo beneficiada

Custo da intervenccedilatildeo

Dimensatildeo da aacuterea a ser tratada

Demandas anteriores da populaccedilatildeo

Tempo de ocupaccedilatildeo

Viabilidade teacutecnica da intervenccedilatildeo

Viabilidade financeira

Inclusatildeo da aacuterea em outros projetos

A partir desta hierarquizaccedilatildeo inicia-se a identificaccedilatildeo de provaacuteveis fontes de captaccedilatildeo de

recursos para a execuccedilatildeo das intervenccedilotildees Estes recursos podem advir de programas dos

governos Federal e Estadual ou por meio de editais para captaccedilatildeo de recursos financeiros

tanto do setor puacuteblico como da iniciativa privada e podem ser tambeacutem associados agrave outras

Secretarias Municipais como a de Turismo ou Meio Ambiente e natildeo soacute as destinadas agrave

Defesa Civil (ALHEIROS 2006)

Eacute previsto tambeacutem no PMRR uma avaliaccedilatildeo da Defesa Civil municipal e como ela estaacute

estruturada fazendo inclusive sugestotildees para que sua atuaccedilatildeo esteja em consonacircncia com

a realidade das comunidades e da Administraccedilatildeo Puacuteblica do municiacutepio de forma a garantir

sua sustentabilidade e conquistar a credibilidade da populaccedilatildeo no que diz respeito a

prevenccedilatildeo de cataacutestrofes Para que a resposta a uma determinada situaccedilatildeo de risco seja

raacutepida eacute necessaacuterio a descentralizaccedilatildeo da Defesa Civil criando pequenos nuacutecleos

comunitaacuterios com a finalidade de se monitorar a aacuterea constantemente e promover as

intervenccedilotildees necessaacuterias em tempo haacutebil o que aumenta em muito a credibilidade da

populaccedilatildeo no PMRR e no trabalho desempenhado pela Defesa Civil no municiacutepio Apoacutes

esta etapa o PMRR passaraacute por audiecircncias puacuteblicas e posteriormente poderaacute ser aprovado

como Lei Municipal pelo Legislativo local (ALHEIROS 2006)

Com a realizaccedilatildeo deste plano o municiacutepio estaraacute munido de informaccedilotildees suficientes para

realizar accedilotildees efetivas de gestatildeo e gerenciamento de riscos bem como aliado a

levantamentos sociais realizar programas habitacionais que beneficiem prioritariamente

44

aos moradores das aacutereas de risco Aleacutem disso com o PMRR o municiacutepio poderaacute melhorar

a qualidade ambiental da populaccedilatildeo captando recursos para a recuperaccedilatildeo das aacutereas de

APP que foram degradadas pelas ocupaccedilotildees irregulares beneficiando todos os moradores

do municiacutepio com o aumento da qualidade de vida na cidade

A partir do disposto nesta seccedilatildeo acerca do Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos e de

uma maneira preliminar (levando-se em conta apenas o nuacutemero de registros de

alagamentos e deslizamentos na aacuterea urbana principal de Santos Dumont no periacuteodo de

1984 a 2014) identificou-se trecircs regiotildees distintas na aacuterea urbana do municiacutepio com

tempo de recorrecircncia desses eventos similares caracterizando trecircs prioridades de

intervenccedilatildeo em contenccedilatildeo de risco como pode ser visto nas figuras 515 e 516 Vale

ressaltar que eacute necessaacuterio um estudo mais detalhado inclusive com visitas teacutecnicas a

campo para que se confirme a real situaccedilatildeo destas e a real prioridade para investimentos

Figura 5 17 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de deslizamentos

Fonte Do Autor

45

Figura 5 18 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de alagamentos

Fonte Do Autor

46

6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees

A seguir apresenta-se as conclusotildees e as recomendaccedilotildees feitas a partir dos objetivos

especiacuteficos explicitados no iniacutecio deste trabalho

Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a

aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes

urbanos

A partir da revisatildeo da legislaccedilatildeo pertinente em acircmbito federal estadual e

municipal constatou-se que o Plano Diretor de Santos Dumont natildeo conflita com a

legislaccedilatildeo federal e estadual sobre Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente A legislaccedilatildeo

municipal foi entendida como mais conservadora que as federal e estadual uma

vez que considera implicitamente que declividades entre 47 e 100 satildeo

enquadradas como APPs aleacutem da faixa superior a 100

Parte consideraacutevel das ocupaccedilotildees em APP principalmente na regiatildeo do bairro

Santo Antocircnio (onde surgiu os primeiros nuacutecleos que deram origem ao municiacutepio)

e o centro da cidade ocorreram antes de que fosse elaborado qualquer legislaccedilatildeo

que versasse sobre o tema Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente bastando ao gestor

local tomar medidas de contenccedilatildeo de riscos que minimizem os impactos causados

por essas ocupaccedilotildees nessa regiatildeo

O ordenamento adequado do uso do solo no municiacutepio eacute necessaacuterio para que o

crescimento dos loteamentos criados anteriormente agrave esta Lei e o surgimento de

novos natildeo avance para Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente o que pode causar

inuacutemeros problemas aos moradores e agravar os jaacute existentes

Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las

com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)

As aacutereas onde houveram a maior quantidade de registros de deslizamentos satildeo os

bairros mais populosos de Santos Dumont podendo se estabelecer uma relaccedilatildeo

que quanto mais populoso o bairro maior a quantidade de problemas relacionados

a deslizamentos Tambeacutem pode-se notar uma relaccedilatildeo com as fronteiras das faixas

de declividades e os deslizamentos uma vez que boa parte deles aconteceram

nestas faixas

As aacutereas onde houve um grande nuacutemero de registros de alagamentos satildeo os bairros

que se desenvolveram agraves margens do Ribeiratildeo das Posses em especial na aacuterea que

47

compreende as APPs de curso hiacutedrico e em aacutereas onde a declividade eacute baixa Esse

fato aliado ao crescimento do nuacutemero de vias pavimentadas com material

impermeaacutevel e a natildeo expansatildeo e ou redimensionamento da rede de drenagem

urbana contribuiacuteram para a ocorrecircncia cada vez mais constante de alagamentos

nessas aacutereas

Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos

catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30

anos

A partir do levantamento histoacuterico realizado e da base de dados georeferenciada

gerada observou-se o aumento do nuacutemero de registros de deslizamentos e

alagamentos nos uacuteltimos 10 anos quando as ocorrecircncias comeccedilaram a se repetir

numa mesma aacuterea com frequecircncia incrementada as vezes com mais de uma

ocorrecircncia anual

Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do

solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental

Destaca-se a adequaccedilatildeo dos criteacuterios gerais estabelecidos pelo Plano Diretor de

Santos Dumont relativos a legislaccedilatildeo federal e estadual Entretanto o referido

Plano Diretor natildeo contempla todo o territoacuterio municipal sendo assim ele natildeo

cumpre o objetivo de proteger as APPs preservadas e recuperar as que foram

degradadas em todo o territoacuterio municipal Ressalta-se tambeacutem a sua natildeo

conformidade com o Estatuto das Cidades uma vez que o Plano Diretor

contempla apenas os novos loteamentos

Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais

negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea

impactada

Recomenda-se a implantaccedilatildeo no municiacutepio de uma Coordenadoria Municipal de

Defesa Civil atuante e integrada agraves Secretarias Municipais e agrave comunidade

visando uma atuaccedilatildeo eficaz nos problemas relacionados a deslizamentos e

alagamentos A elaboraccedilatildeo de um Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos eacute de

suma importacircncia pois atraveacutes dele pode-se predizer as aacutereas que passaratildeo por

problemas caso a expansatildeo aconteccedila ou se inicie uma ocupaccedilatildeo nova aleacutem de

prevenir acidentes nas aacutereas jaacute ocupadas e consideradas de risco

48

7 Anexos

49

71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont

50

51

72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)

52

53

8 Referecircncias Bibliograacuteficas

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CF estabelece as diretrizes gerais da poliacutetica urbana e daacute outras providecircncias Brasiacutelia

2001

BRASIL Lei Federal nordm 12651 de 25 de maio de 2012 Dispotildee sobre a proteccedilatildeo da

vegetaccedilatildeo nativa altera as Leis nos 6938 de 31 de agosto de 1981 9393 de 1 9 de

dezembro de 1996 e 11 428 de 22 de dezembro de 2006 revoga as Leis nos 4771 de

1 5 de setembro de 1965 e 7754 de 1 4 de abril de 1989 e a Medida Provisoacuteria no 21

66shy67 de 24 de agosto de 2001 e daacute outras providecircncias Brasiacutelia 2012

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de 10 de julho de 2001 ndash Estatuto das Cidades e conteacutem outras providecircncias Santos

Dumont 2012

56

SAtildeO PAULO Mapeamento de riscos associados a escorregamentos inundaccedilatildeo erosotildees

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Relatoacuterio Teacutecnico Campos do Jordatildeo 2014

SILVA JR J R amp PASSOS L A O negoacutecio eacute participar a importacircncia do plano

diretor para o desenvolvimento municipal CNM SEBRAE Brasiacutelia 2006

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v4 nordm 1 Campos de Goytacazes 2010

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puacuteblica em aacutereas urbanas susceptiacuteveis a desastres naturais no municiacutepio de Joinville

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UFV ndash Universidade Federal de Viccedilosa Mapa de solos do Estado de Minas Gerais

legenda expandida Centro Tecnoloacutegico de Minas Gerais FEAM Belo Horizonte 2010

ZANON F N Uso e ocupaccedilatildeo da terra e vulnerabilidade a alagamento na aacuterea central

da cidade de Satildeo Paulo O caso da subprefeitura da Seacute Trabalho de Graduaccedilatildeo UNESP

Rio Claro 2013

Page 11: O USO DO SOLO URBANO EM ÁREAS DE PRESERVAÇÃO … · social que você tenha na vida, a mais alta ou a mais baixa, tenha sempre como meta muita força, muita determinação e sempre

3

Figura 517 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de

deslizamentos

44

Figura 518 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de

alagamentos

45

4

LISTA DE TABELAS E QUADROS

Paacuteg

Tabela 51 Ocorrecircncias de alagamento e deslizamento obtidos

atraveacutes do levantamento histoacuterico

28

Tabela 52 Assinaturas da combinaccedilatildeo Declividade x Zoneamento 34

Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x

Zoneamento

36

Quadro 51 Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco 42

5

1 INTRODUCcedilAtildeO

Quando o ser humano deixou de seguir uma vida nocircmade e passou a se fixar em locais

em geral proacuteximos a cursos drsquoaacutegua e de aacutereas propicias ao cultivo de alimentos iniciou-

se o processo de implantaccedilatildeo de pequenas comunidades e quando estas comunidades

comeccedilaram a crescer natildeo soacute em quantidade mas tambeacutem do ponto de vista

organizacional deu-se iniacutecio a formaccedilatildeo das cidades tal como conhecemos hoje Como

resultado deste processo um sem-fim de problemas relacionados agrave estas ocupaccedilotildees

surgiram tanto de cunho ambiental quanto social e dentre estes problemas estatildeo

incluiacutedos os desastres naturais relacionados a deslizamentos e alagamentos por conta da

ocupaccedilatildeo em aacutereas natildeo adequadas a este fim

Nos uacuteltimos anos o Brasil tem vivenciado grandes trageacutedias relacionadas a deslizamentos

e alagamentos Uma boa parte destes eventos teve como fator agravante as ocupaccedilotildees

sem criteacuterio e sem orientaccedilatildeo teacutecnica Um exemplo recente aconteceu no Vale do Itajaiacute

em Santa Catarina em novembro de 2008 durante um periacuteodo com chuvas intensas em

que vaacuterias cidades entraram em situaccedilatildeo de calamidade puacuteblica devido ao grande nuacutemero

de casos de alagamento e graves deslizamentos de encostas causando a morte de vaacuterias

pessoas na regiatildeo No Estado do Rio de Janeiro em 2010 o Morro do Bumba em Niteroacutei

sofreu com um grave deslizamento que deixou um grande nuacutemero de mortos As casas

foram construiacutedas sobre um antigo lixatildeo sem nenhuma orientaccedilatildeo e com as intensas

chuvas que assolaram a regiatildeo naquela eacutepoca a encosta veio a baixo causando o desastre

Outra trageacutedia relevante aconteceu na regiatildeo Serrana do Rio de Janeiro que foi

considerada ateacute entatildeo a maior trageacutedia climaacutetica da histoacuteria do paiacutes com pouco mais de

500 mortos e um prejuiacutezo material incalculaacutevel no ano de 2011 Em comum a todos estes

fatos estaacute a falta de um planejamento efetivo por parte dos oacutergatildeos municipais no que diz

respeito ao disciplinamento do uso e ocupaccedilatildeo do solo e a fiscalizaccedilatildeo do cumprimento

da legislaccedilatildeo vigente

A cidade de Santos Dumont Minas Gerais natildeo eacute exceccedilatildeo a esta regra Como a grande

maioria das comunidades estabelecidas ao longo da Estrada Real a cidade surgiu como

um pequeno rancho cujo objetivo era servir de pouso para os viajantes que faziam o

transporte de pedras e metais preciosos das minas de Ouro Preto ateacute o Rio de Janeiro

Posteriormente a regiatildeo se desenvolveu como importante entreposto industrial e

comercial a partir da instalaccedilatildeo da ferrovia D Pedro II ateacute que no final do seacuteculo XIX

se transforma em vila e logo apoacutes em municiacutepio O desenvolvimento da regiatildeo implicou

tambeacutem no crescimento populacional e como naquela eacutepoca ainda natildeo havia uma

legislaccedilatildeo especiacutefica para ordenamento e uso do solo os loteamentos foram surgindo agraves

margens do Ribeiratildeo das Posses e em aacutereas cuja declividade natildeo era favoraacutevel agrave ocupaccedilatildeo

6

o que consequentemente acarretou deslizamentos de terra e alagamentos inclusive com

o registro de algumas trageacutedias ao longo dos anos

Pretende-se que este trabalho sirva como subsidio ao gestor puacuteblico local visando o

estabelecimento de poliacuteticas puacuteblicas integradas aos setores de meio ambiente e defesa

civil com vistas a garantir a seguranccedila de todos os muniacutecipes e a qualidade de vida em

todo o territoacuterio municipal

2 OBJETIVOS

21 Objetivo geral

O objetivo geral deste trabalho eacute contribuir para o estabelecimento de poliacuteticas puacuteblicas

direcionadas ao disciplinamento do uso e ocupaccedilatildeo do solo urbano no municiacutepio de

Santos Dumont

22 Objetivos especiacuteficos

Satildeo objetivos especiacuteficos

Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a

aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes

urbanos

Caracterizar o uso irregular do solo urbano em Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente

Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las

com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)

Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos

catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30

anos

Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do

solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental

7

Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais

negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea

impactada

3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

A seguir eacute apresentada a revisatildeo bibliograacutefica que fundamenta o desenvolvimento e o

pleno entendimento deste trabalho O conhecimento do que satildeo aacutereas de risco

alagamentos e deslizamentos bem como o que eacute e qual a importacircncia de um Plano Diretor

eacute de suma importacircncia para se avaliar como um municiacutepio estaacute se desenvolvendo e qual

a qualidade de vida dos muniacutecipes Tambeacutem satildeo abordados neste capiacutetulo os aspectos

legais referentes agraves Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente seus limites e sua importacircncia para

o ambiente urbano

31 Conceitos Fundamentais

311 Aacutereas de risco

De acordo com o Instituto de Pesquisas Tecnoloacutegicas ndash IPT entende-se como aacuterea de

risco aquela ldquopassiacutevel de ser atingida por fenocircmenos ou processos naturais eou induzidos

que causem efeito adverso As pessoas que habitam essas aacutereas estatildeo sujeitas a danos agrave

integridade fiacutesica perdas materiais e patrimoniaisrdquo (MINISTEacuteRIO DAS CIDADES

2007)

Para Augusto Filho et al (1990) apud Cristo (2002) aacuterea de risco eacute caracterizada como

aquela em que ldquose encontra em situaccedilatildeo de perigo tanto socialmente quanto

economicamente por conta de alguma alteraccedilatildeo na constituiccedilatildeo do terreno ou com grande

probabilidade de ocorrer processos naturaisrdquo

Segundo Fernandes (2012) aacutereas de risco ldquosatildeo aacutereas consideradas improacuteprias ao

assentamento humano por estarem sujeitas a riscos naturaisrdquo

Diante das definiccedilotildees supracitadas pode-se dizer que aacuterea de risco satildeo aacutereas susceptiacuteveis

agrave accedilatildeo de eventos naturais extremos e por esse motivo natildeo eacute viaacutevel agrave ocupaccedilatildeo humana

nestes locais e pode ou natildeo estar associados agrave proximidade ou nos limites de uma APP

8

312 Deslizamentos

Segundo Tominaga (2009) deslizamento eacute o movimento de solo em uma vertente pela

accedilatildeo da gravidade e satildeo mais frequentes em regiotildees de relevo montanhoso e em periacuteodos

chuvosos sendo a pluviosidade um dos principais fatores condicionantes para a ocorrecircncia

do processo Os deslizamentos podem ocorrer naturalmente e eacute grande responsaacutevel pela

dinacircmica das vertentes e evoluccedilatildeo do relevo local mas no Brasil a falta de planejamento

urbano de uma boa parte dos municiacutepios a ocupaccedilatildeo desordenada e a construccedilatildeo de

domiciacutelios sem orientaccedilatildeo teacutecnica tecircm transformado um processo natural em um

problema que algumas vezes se tornam grandes trageacutedias Na regiatildeo Sudeste brasileira o

escorregamento do tipo rotacional eacute o mais comum e eacute caracterizado por uma ruptura

curva no solo que estaacute geralmente associada agrave realizaccedilatildeo de cortes na base do talude ou

por processos erosivos fluviais o que relaciona esse tipo de escorregamento agraves regiotildees

urbanas mal planejadas e coloca o homem como o principal agente efetivo associado com

a pluviosidade na ocorrecircncia de acidentes relacionados com deslizamentos

(FERNANDES amp AMARAL 1996 apud TOMINAGA 2009)

313 Alagamentos

De acordo com Amaral amp Ribeiro (2009) inundaccedilotildees e enchentes satildeo processos

intimamente relacionados com a pluviosidade pois satildeo frequentes em periacuteodos de chuvas

fortes e raacutepidas ou chuvas de longa duraccedilatildeo e estatildeo relacionados agrave intensidade e

distribuiccedilatildeo da precipitaccedilatildeo ao longo da bacia agrave capacidade do solo de reter e infiltrar

aacutegua e agraves caracteriacutesticas de forma da bacia de drenagem

O escoamento das aacuteguas pluviais na natureza eacute lento mas em aacutereas urbanizadas a accedilatildeo

antroacutepica relacionada a ocupaccedilatildeo de planiacutecies de inundaccedilatildeo que podem estar inclusive

em uma cota abaixo do leito do rio impermeabilizaccedilatildeo do solo e retificaccedilatildeo de corpos

drsquoaacutegua aleacutem de inuacutemeras atividades que promovem o assoreamento dos rios e coacuterregos

tem gerado resultados catastroacuteficos e grandes prejuiacutezos (AMARAL amp RIBEIRO 2009)

Quando se refere agraves regiotildees urbanas o termo ldquoalagamentordquo eacute o mais utilizado e segundo

o Ministeacuterio das Cidades (2006) define-se como o ldquoacuacutemulo momentacircneo de aacuteguas em

uma dada aacuterea por problemas no sistema de drenagem podendo ter ou natildeo relaccedilatildeo com

processos de natureza fluvialrdquo Tambeacutem o termo ldquoenxurradardquo eacute utilizado e define-se como

o ldquoescoamento superficial concentrado e com alta energia de transporte que pode ou natildeo

estar associado a aacutereas de domiacutenio dos processos fluviais Eacute comum a ocorrecircncia de

enxurradas ao longo de vias implantadas sobre antigos cursos drsquoaacutegua com alto gradiente

hidraacuteulico e em terrenos com alta declividade naturalrdquo

9

314 Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente

O Novo Coacutedigo Florestal Brasileiro define Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP) como

ldquoaacuterea protegida coberta ou natildeo por vegetaccedilatildeo nativa com a funccedilatildeo ambiental de

preservar os recursos hiacutedricos a paisagem a estabilidade geoloacutegica e a biodiversidade

facilitar o fluxo gecircnico de fauna e flora proteger o solo e assegurar o bem-estar das

populaccedilotildees humanasrdquo (BRASIL2012) Estas aacutereas satildeo muito importantes tanto no meio

urbano como no rural por garantir a estabilidade do solo em encostas iacutengremes contribuir

para a natildeo formaccedilatildeo de processos erosivos e o assoreamento de rios e coacuterregos aleacutem de

garantir a recarga de aquiacuteferos ao atuar como um amortecedor de chuvas retendo-a e

impedindo que ocorra um carreamento intenso de sedimentos ao longo dos morros e

margens de rios e coacuterregos (SKORUPA 2004) A Lei 126512012 apresenta os tipos de

APP e seus limites conforme seraacute visto no item 322

315 Uso e ocupaccedilatildeo do solo

Dentre os vaacuterios mecanismos de ordenamento urbano e instrumentos de planejamento

municipal previsto no Estatuto da Cidade (Lei Federal 102572001) o uso e ocupaccedilatildeo

do solo satildeo os mais utilizados pelas cidades para a formulaccedilatildeo das poliacuteticas urbanas

podendo definir o uso como a forma como esta parcela do solo eacute utilizada e a ocupaccedilatildeo

como sendo o modo como as edificaccedilotildees devem ser dispostas nesta mesma parcela do

solo urbano (TAKEDA 2015) O termo ldquoUso e ocupaccedilatildeo do solordquo tambeacutem pode ser

definido como o fator que determina como as mais diferentes regiotildees de um municiacutepio

deve se desenvolver (FONTOURA 2015)

A inserccedilatildeo de leis municipais de uso e ocupaccedilatildeo do solo objetivam ser uma referecircncia

para os gestores locais no processo de tomada de decisatildeo para que as cidades cresccedilam de

modo organizado enfatizando os potenciais e capacidades de cada regiatildeo aleacutem de tornar

o crescimento mais homogecircneo Com isso pretende-se evitar a formaccedilatildeo de grandes

adensamentos em pequenas aacutereas garantindo a mobilidade e a qualidade de vida de todos

os muniacutecipes tanto da regiatildeo urbana como da rural preservar e melhorar a qualidade

ambiental do municiacutepio aleacutem de evitar deslizamentos e alagamentos por conta da

ocupaccedilatildeo incorreta do solo (TAKEDA 2015)

10

32 Legislaccedilatildeo Pertinente

321 As adequaccedilotildees da legislaccedilatildeo ao longo dos anos

A problemaacutetica relacionada agraves APPs em aacutereas urbanas outrora era uma questatildeo complexa

e demandava uma larga discussatildeo do ponto de vista juriacutedico administrativo e teacutecnico Eacute

sabido que a maioria das cidades se formaram proacuteximos aos corpos hiacutedricos regiatildeo que

garantia o abastecimento de aacutegua e alimentos agrave populaccedilatildeo e tambeacutem facilitava o descarte

dos efluentes A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 225 daacute garantia aos

brasileiros de um meio ambiente em equiliacutebrio e concede agrave toda a sociedade o dever de

preservaacute-lo de acordo com os princiacutepios do desenvolvimento sustentaacutevel (BRASIL

1988) Antes desta Constituiccedilatildeo jaacute havia um texto que regulamentava a questatildeo da

preservaccedilatildeo de aacutereas verdes em todo o territoacuterio nacional A Lei Federal nordm 477165 que

trata do Coacutedigo Florestal estabelecia limites e regulamentava as Aacutereas de Preservaccedilatildeo

Permanente De acordo com Arauacutejo (2002) apud De Moraes (2014) essa Lei que fora

revogada e substituiacuteda pela Lei 126512012 era bastante falha no que diz respeito agraves

questotildees de APPS em aacutereas urbanas o que poderia ser um facilitador do natildeo cumprimento

do que foi proposto por aquela legislaccedilatildeo nestas aacutereas Isso se devia ao fato de o Coacutedigo

Florestal de 1965 ter deixado uma duacutevida sobre qual legislaccedilatildeo seguir uma vez que em

seu segundo artigo no paraacutegrafo uacutenico estava disposto que em aacutereas urbanas devia-se

atentar para a legislaccedilatildeo referente ao Plano Diretor e as referentes ao uso do solo na aacuterea

do municiacutepio (BRASIL 1965) Diante dessa conjuntura alguns municiacutepios optavam pela

natildeo aplicaccedilatildeo do Coacutedigo Florestal na regiatildeo urbana mesmo sabendo que a poliacutetica

conservacionista eacute extremamente importante visto o grande nuacutemero de problemas que

podem advir do uso irregular das APPs (DE MORAES 2009) Segundo o artigo 182 da

Constituiccedilatildeo Federal de 1988 as poliacuteticas relacionadas ao desenvolvimento urbano

devem ser elaboradas pelos municiacutepios e objetiva garantir o bem estar dos muniacutecipes e

tambeacutem o desenvolvimento do municiacutepio como um todo atraveacutes do atendimento agraves

exigecircncias do Plano Diretor (BRASIL 1988) O que podia gerar alguma divergecircncia seria

se o Plano Diretor Municipal propusesse uma faixa de APP menor que a prevista pelo

Coacutedigo Florestal Sendo assim essa legislaccedilatildeo perderia sua validade pelo fato de a

legislaccedilatildeo federal ser suplementar ou se seria cumprida devido ao disposto no artigo 182

da Constituiccedilatildeo Segundo De Moraes (2009) natildeo eacute aceitaacutevel que o Plano Diretor

Municipal legitime tal degradaccedilatildeo ambiental uma vez que um dos seus principais

objetivos eacute a proteccedilatildeo do bem estar puacuteblico estando incluiacutedo nesse a proteccedilatildeo do

ambiente natural A delimitaccedilatildeo e especificaccedilatildeo das APPs em Lei eacute necessaacuteria uma vez

que os limites miacutenimos destinados agrave preservaccedilatildeo satildeo importantes pois garantem a

proteccedilatildeo tanto da qualidade quanto da quantidade dos recursos hiacutedricos e evitam a

ocupaccedilatildeo em locais propiacutecios aos deslizamentos e zonas de recarga dos aquiacuteferos

11

subterracircneos assegurando tambeacutem de certa forma a integridade dos seres humanos que

potencialmente ocupariam tais locais (CARVALHO 2013)

Neste trabalho a legislaccedilatildeo tomada como referecircncia eacute a prevista pela Constituiccedilatildeo Federal

de 1988 o Novo Coacutedigo Florestal (Lei 126512012) e o Estatuto das Cidades (Lei

102572001) em acircmbito federal Na esfera estadual a Lei 209222013 versa sobre os

limites para APP em todo o territoacuterio de Minas A Lei Municipal 42412012 trata do

Plano Diretor Municipal da cidade de Santos Dumont onde se encontra as diretrizes para

o uso e ocupaccedilatildeo do solo e o zoneamento da cidade de acordo com as caracteriacutesticas do

solo entre outras

322 O Novo Coacutedigo Florestal e a legislaccedilatildeo mineira

O Novo Coacutedigo Florestal Lei Federal 126512012 substituiu a Lei Federal 47711965

Dentre os vaacuterios artigos que esta lei possui o que apresenta maior importacircncia para o

planejamento e o ordenamento das cidades tanto na aacuterea urbana como na rural eacute o artigo

4ordm em que constam as faixas de APP tanto para curso hiacutedrico como para declividade e

altitude aleacutem dos topos de morro a saber (BRASIL2012)

ldquoArt 4ordm Considera-se Aacuterea de Preservaccedilatildeo

Permanente em zonas rurais ou urbanas para os

efeitos desta Lei

I - as faixas marginais de qualquer curso drsquoaacutegua

natural perene e intermitente excluiacutedos os

efecircmeros desde a borda da calha do leito regular

em largura miacutenima de

a) 30 (trinta) metros para os cursos drsquoaacutegua de

menos de 10 (dez) metros de largura

b) 50 (cinquenta) metros para os cursos drsquoaacutegua

que tenham de 10 (dez) a 50 (cinquenta) metros de

largura

()

IV - as aacutereas no entorno das nascentes e dos olhos

drsquoaacutegua perenes qualquer que seja sua situaccedilatildeo

topograacutefica no raio miacutenimo de 50 (cinquenta)

metros

12

V - as encostas ou partes destas com declividade

superior a 45deg equivalente a 100 (cem por

cento) na linha de maior declive

()

IX - no topo de morros montes montanhas e

serras com altura miacutenima de 100 (cem) metros e

inclinaccedilatildeo meacutedia maior que 25deg as aacutereas

delimitadas a partir da curva de niacutevel

correspondente a 23 (dois terccedilos) da altura

miacutenima da elevaccedilatildeo sempre em relaccedilatildeo agrave base

sendo esta definida pelo plano horizontal

determinado por planiacutecie ou espelho drsquoaacutegua

adjacente ou nos relevos ondulados pela cota do

ponto de sela mais proacuteximo da elevaccedilatildeo

X - as aacutereas em altitude superior a 1800 (mil e

oitocentos) metros qualquer que seja a

vegetaccedilatildeo

()rdquo

A legislaccedilatildeo atual em seu artigo 4ordm evidencia que as faixas e aacutereas determinadas como

APP compreendem tanto as aacutereas rurais quanto urbanas (BRASIL 2012) retirando a

duacutevida anterior e sendo essa a Lei suplementar qualquer faixa de APP mais permissiva

na legislaccedilatildeo estadual e municipal satildeo invaacutelidas o que simplificou de certa forma a

aplicabilidade da Legislaccedilatildeo referente a Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente

No Estado de Minas Gerais a Lei Estadual 20922 de 16 de Outubro de 2013 trata do tema

em acircmbito estadual mas com os mesmos princiacutepios propostos pela Lei Federal sendo os

limites miacutenimos previstos para as APPs os mesmos propostos pelo Novo Coacutedigo

Florestal brasileiro (MINAS GERAIS2013)

ldquo Art 9ordm Para os efeitos desta Lei em zonas rurais

ou urbanas satildeo APPs

I as faixas marginais de cursos drsquoaacutegua naturais

perenes e intermitentes excluiacutedos

os efecircmeros medidas a partir da borda da calha

do leito regular em largura miacutenima de

13

a) 30m (trinta metros) para os cursos drsquoaacutegua de

menos de 10m (dez metros) de largura

b) 50m (cinquenta metros) para os cursos drsquoaacutegua

de 1 0m (dez metros) a 50m (cinquenta metros) de

largura

()

IV as aacutereas no entorno das nascentes e dos olhos

drsquoaacutegua perenes no raio miacutenimo de 50m

(cinquenta metros)

V as encostas ou partes destas com declividade

superior a 45ordm (quarenta e cinco graus)

equivalente a 100 (cem por cento) na linha de

maior declive

()

VII no topo de morros montes montanhas e

serras com altura miacutenima de 100m (cem metros)

e inclinaccedilatildeo meacutedia maior que 25ordm (vinte e cinco

graus) as aacutereas delimitadas a partir da curva de

niacutevel correspondente a 23 (dois terccedilos) da altura

miacutenima da elevaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave base sendo esta

definida pelo plano horizontal determinado por

planiacutecie ou espelho drsquoaacutegua adjacente ou nos

relevos ondulados pela cota do ponto de sela mais

proacuteximo da elevaccedilatildeo

VIII as aacutereas em altitude superior a 1 800m (mil

e oitocentos metros)

()rdquo

323 O Plano Diretor

O Estatuto das Cidades em seu artigo 40 prevecirc o plano diretor como um instrumento

capaz de promover a poliacutetica urbana englobando toda a cidade aleacutem de fornecer padrotildees

e limites para o uso do solo nas mais diversas regiotildees do municiacutepio com vistas a

harmonizar o desenvolvimento urbano com a preservaccedilatildeo do meio ambiente (SILVA JR

2006) Este instrumento eacute obrigatoacuterio para cidades com mais de 20 mil habitantes ou

14

aacutereas que integrem regiotildees metropolitanas ou de interesse turiacutestico O artigo 41 do

Estatuto das cidades tambeacutem prevecirc a obrigatoriedade do Plano Diretor para cidades que

possuem em sua aacuterea empreendimentos que caracterizem grandes impactos ambientais

de influecircncia regional ou nacional e cidades que possuem problemas com deslizamentos

de grande magnitude ou alagamentos repentinos (BRASIL 2001)

O Plano diretor de acordo com o Estatuto das Cidades deve ser aprovado como lei em

acircmbito municipal e revisto a cada dez anos Este documento eacute uacutenico pois cada cidade

possui suas peculiaridades infraestrutura vocaccedilotildees e problemas que por mais que sejam

parecidos entre si satildeo diferenciados pela intensidade e pela regionalizaccedilatildeo Sendo assim

a confecccedilatildeo do Plano Diretor deve conter a participaccedilatildeo de toda a comunidade local de

forma a reduzir as desigualdades sociais os gastos puacuteblicos desnecessaacuterios a degradaccedilatildeo

ambiental e combater os problemas relacionados a urbanizaccedilatildeo de forma conjunta

promovendo um processo de tomada de decisatildeo que garanta a qualidade de vida

preservaccedilatildeo e o desenvolvimento social do municiacutepio como um todo (ROSSBACH amp

CARVALHO 2010)

3231 O Plano Diretor de Santos Dumont

A Lei Municipal nordm 424112 que entrou em vigor no ano de 2014 trata do Plano Diretor

Municipal instrumento previsto no Estatuto das Cidades para garantir aos cidadatildeos um

desenvolvimento urbano organizado justo e sustentavelmente econocircmico (BRASIL

2001) Aleacutem de apontar as diretrizes para a elaboraccedilatildeo da Poliacutetica Municipal dos mais

variados setores o Plano Diretor divide o municiacutepio em macrozonas urbanas e rurais

Estas zonas tecircm por objetivo facilitar a identificaccedilatildeo dos setores que permitem ou natildeo o

desenvolvimento da cidade e em que magnitude pode ser feita a expansatildeo respeitando ao

meio ambiente e tambeacutem o que eacute previsto no tocante ao uso e ocupaccedilatildeo do solo nessas

aacutereas Aleacutem disso ela estabelece a forma como devem ser as edificaccedilotildees nas referidas

aacutereas As aacutereas definidas como macrozonas urbanas e foram subdivididas em (SANTOS

DUMONT2012)

ldquoZona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e

da Paisagem (ZPPH) satildeo as aacutereas cujos

equipamentos urbanos possuem interesse

histoacuterico ou paisagiacutestico de preservaccedilatildeo

Zona de Preservaccedilatildeo Ambiental satildeo aquelas em

que devem ser mantidas ou recuperadas a

15

vegetaccedilatildeo por conta da declividade altitude ou

presenccedila de recursos hiacutedricos

Zona de Adensamento Controlado (ZAC) satildeo as

aacutereas em que deve-se manter uma pequena

densidade populacional devido as limitaccedilotildees na

infraestrutura da localidade A ZAC se divide em

ZAC 1 quando a infraestrutura existente eacute

limitada e em ZAC 2 quando esta eacute precaacuteria ou

natildeo existe

Zona de Consolidaccedilatildeo de Adensamento (ZCA)

satildeo as aacutereas em que haacute interesse em ocupar os

lotes vagos haja visto que a regiatildeo possui toda a

infraestrutura para que isto aconteccedila

Zona Adensaacutevel (ZA) satildeo as aacutereas com

condiccedilotildees propiacutecias para ocorrer uma ocupaccedilatildeo

mais densa

Zona Especial de Interesse Social (ZEIS) satildeo as

aacutereas em que o Poder Puacuteblico almeja fazer

alguma forma de ocupaccedilatildeo Eacute dividida em ZEIS 1

e ZEIS 2 A ZEIS 1 satildeo regiotildees jaacute ocupadas mas

de forma irregular cujo interesse puacuteblico eacute

realizar obras e outras atividades para

regularizar as ocupaccedilotildees e urbanizar a aacuterea

enquanto que a ZEIS 2 satildeo aacutereas natildeo utilizadas ou

subutilizadas as quais o poder puacuteblico almeja

realizar algum empreendimento habitacional de

caraacuteter social

Zona de Grandes Equipamentos (ZE) satildeo aacutereas

cujo o interesse eacute a implantaccedilatildeo de

empreendimentos de grande porte ou grandes

equipamentos puacuteblicosrdquo

Esta divisatildeo espacial pode ser melhor vista no Anexo 71

O Plano Diretor natildeo estipula limites para APP mas prevecirc algumas diretrizes como na

Poliacutetica Municipal de Preservaccedilatildeo do Meio Ambiente sobre o uso do solo em

compatibilidade com praacuteticas conservacionistas A Poliacutetica Municipal de Expansatildeo

16

Urbana tem como uma de suas diretrizes fazer cumprir a legislaccedilatildeo vigente no que diz

respeito agraves intervenccedilotildees e investimentos que poderatildeo ser feitos nessas aacutereas Tambeacutem eacute

diretriz da mesma Poliacutetica o controle da ocupaccedilatildeo e do uso do solo em APPs e o auxiacutelio

aos oacutergatildeos estaduais e federais de meio ambiente no tocante agrave fiscalizaccedilatildeo da ocupaccedilatildeo

nestas aacutereas (SANTOS DUMONT 2012) O artigo 38 que trata das diretrizes da Poliacutetica

habitacional de interesse social exclui do processo de regularizaccedilatildeo fundiaacuteria os

assentamentos situados em aacutereas de risco o que na maioria das vezes estatildeo tambeacutem nas

aacutereas que deveriam estar vegetadas e protegidas (SANTOS DUMONT 2012) Na

legislaccedilatildeo referente ao parcelamento do solo eacute previsto que no parcelamento de glebas

com declividade entre 30 e 47 soacute poderaacute ser aprovado mediante projeto e laudo

assinado por um responsaacutevel teacutecnico favoraacutevel agrave construccedilatildeo nesse local (SANTOS

DUMONT 2012) Diante do proposto pelo Plano Diretor de Santos Dumont pode-se

dizer que natildeo haacute conflito com a legislaccedilatildeo federal e estadual em se tratando da

aplicabilidade do Coacutedigo Florestal uma vez que aquele natildeo explicita limites nem

permissivos e tampouco restritivos para faixas e aacutereas de preservaccedilatildeo permanente

33 O Municiacutepio de Santos Dumont

331 De Arraial a cidade

A aacuterea onde se situa hoje o municiacutepio de Santos Dumont teve sua ocupaccedilatildeo iniciada no

seacuteculo XVIII quando a Coroa Portuguesa solicitou ao entatildeo Governador do Rio de

Janeiro Artur de Saacute Menezes que abrisse um caminho que ligasse as Minas dos

Cataguases na regiatildeo de Ouro Preto (receacutem descobertas) ao Rio de Janeiro por onde

escoava os metais preciosos para a metroacutepole Surgiu assim o ldquoCaminho Novordquo e ao longo

deste caminho surgiram tambeacutem as Sesmarias aacutereas que tinham por principal objetivo

servir de pouso aos transportadores e exploradores e tambeacutem para garantir alimento a

estas pessoas Uma destas ocupaccedilotildees seria o ldquoArraial de Joatildeo Gomesrdquo (Figura 41)

primeiro nuacutecleo primitivo do municiacutepio em 1709 De iniacutecio prevaleciam somente

ranchos onde os viajantes se abrigavam mas em pouco tempo ergueu-se a Capela de Satildeo

Miguel e Almas e pequenos nuacutecleos urbanos comeccedilaram a surgir (DAPPC2008)

17

Figura 3 1 Vista parcial do Arraial de Joatildeo Gomes

Fonte Arquivo Histoacuterico de Santos Dumont-MG

Com a construccedilatildeo da Estrada de Ferro D Pedro II no final do seacuteculo XIX a regiatildeo teve

um consideraacutevel crescimento natildeo soacute populacional como tambeacutem econocircmico se tornando

a Vila Palmyra em 1889 Em 1890 Palmyra eacute elevada ao status de Municiacutepio (Figura 42)

e recebe um grande nuacutemero de melhorias no setor viaacuterio como a retificaccedilatildeo de ruas e

tambeacutem no setor de serviccedilos puacuteblicos como abastecimento de aacutegua iluminaccedilatildeo puacuteblica a

querosene e posteriormente energia eleacutetrica O desenvolvimento econocircmico na regiatildeo

tambeacutem teve seu momento aacuteureo nesse periacuteodo Induacutestrias de laticiacutenios graacuteficas e de

Carbureto de Caacutelcio fizeram parte do parque industrial de Palmyra o que atraiacutea pessoas

de outros lugares inclusive estrangeiros contribuindo para o aumento populacional da

regiatildeo Como ainda natildeo havia legislaccedilatildeo sobre uso e ocupaccedilatildeo do solo nessa eacutepoca

surgiram inuacutemeros loteamentos em aacutereas proacuteximas agrave rios e coacuterregos e tambeacutem em

encostas com declividade acentuada o que foi agravando o risco agrave medida que a ocupaccedilatildeo

aumentava (DAPPC2008)

18

Figura 3 2 Municiacutepio de Palmyra na deacutecada de 1920

Fonte Arquivo Histoacuterico de Santos Dumont-MG

O escoamento da produccedilatildeo industrial se dava pelo modal ferroviaacuterio setor que tambeacutem

movimentava a crescente cidade que era ponto importante no setor de transportes pois

possuiacutea um dos mais bem equipados depoacutesitos de locomotivas da Estrada de Ferro Central

do Brasil (DAPPC2008)

No ano de 1932 o municiacutepio de Palmyra passou a se chamar Santos Dumont (Figura 43)

em homenagem ao inventor do aviatildeo que nascera naquela cidade Nos uacuteltimos 40 anos

Santos Dumont tem experimentado uma acentuada desaceleraccedilatildeo econocircmica

consequecircncia do fechamento da grande maioria das induacutestrias principalmente as de

laticiacutenios que empregavam direta e indiretamente uma parte consideraacutevel da populaccedilatildeo

(DAPPC2008)

19

Figura 3 3 Municiacutepio de Santos Dumont em 2014

Fonte Arquivo do autor

332 Santos Dumont na atualidade

O municiacutepio de Santos Dumont localiza-se na regiatildeo da Zona da Mata mineira distante

cerca de 220 Km da capital Belo Horizonte e possui uma populaccedilatildeo de 47558 habitantes

(ODM 2015 projeccedilatildeo) numa aacuterea total de 637 kmsup2 Faz divisa com os municiacutepios de

Juiz de Fora Oliveira Fortes Bias Fortes Antocircnio Carlos Tabuleiro Piau e Ewbank da

Cacircmara

No que diz respeito agrave sua formaccedilatildeo fisiacuteco-geograacutefica a aacuterea que compreende o municiacutepio

eacute constituiacuteda predominantemente por Cambissolo Haacuteplico (70) com Latossolo

Vermelho-Amarelo (30) (UFV2010) A vegetaccedilatildeo eacute em sua maioria composta por

exemplares de Mata Atlacircntica De acordo com o IBGE(2015) Santos Dumont se localiza

a 839m de altitude O clima da regiatildeo eacute classificado como Tropical de Altitude (Cwb) e

possui uma temperatura meacutedia de 20ordmC Eacute banhado pela bacia hidrograacutefica do Paraiacuteba do

Sul e em sua maioria pertence agrave sub-bacia do Rio Pomba (IGAM) que fornece aacutegua para

abastecimento puacuteblico agrave 88 da populaccedilatildeo por meio da rede de distribuiccedilatildeo

(IBGE2010) Uma pequena parte da zona rural a sudoeste eacute banhada pela Sub-Bacia do

Rio Paraibuna mais precisamente na regiatildeo de fronteira com os municiacutepios de Juiz de

Fora e Ewbank da Cacircmara O sistema viaacuterio principal de acesso agrave cidade eacute a rodovia BR-

040 e a estrada de ferro Dom Pedro II atualmente utilizada somente para transporte de

cargas

Com a economia nos dias atuais baseada majoritariamente no setor de serviccedilos a cidade

possui um Iacutendice de Desenvolvimento humano (IDH) de 0741 (IBGE2010) Apesar do

decliacutenio econocircmico de Santos Dumont nota-se hoje um aumento no nuacutemero de

loteamentos populares e condomiacutenios horizontais e verticais entre outras edificaccedilotildees Eacute

de vital importacircncia que esse crescimento das ocupaccedilotildees seja ordenado e regulamentado

20

de forma a garantir a qualidade ambiental prevenindo deslizamentos e inundaccedilotildees Diante

dessa conjuntura o governo municipal aprovou em 2012 a Lei nordm 4241 que trata do Plano

Diretor Participativo instrumento baacutesico da poliacutetica de desenvolvimento e expansatildeo

urbana do municiacutepio de Santos Dumont

4 METODOLOGIA

41 Aacuterea de estudo

A regiatildeo dentro dos limites do municiacutepio que seraacute estudada neste trabalho eacute conforme

descrito nos anexos Plano Diretor e representada na figura 44 a aacuterea urbana principal

que possui 47 Kmsup2 e compreende a regiatildeo central da cidade e os bairros perifeacutericos regiatildeo

que concentra cerca de 90 da populaccedilatildeo total de Santos Dumont (IBGE 2015) A aacuterea

urbana principal representa 75 da aacuterea total dos 637 Kmsup2 que compreendem o

municiacutepio e eacute o local onde nos uacuteltimos 30 anos se verificou um maior crescimento

populacional e tambeacutem onde ocorre a maioria dos eventos relacionados a deslizamentos

e alagamentos por conta da ocupaccedilatildeo sem planejamento A figura 45 mostra a aacuterea

urbana principal e a localizaccedilatildeo dos bairros urbanos de Santos Dumont

Figura 4 1 Localizaccedilatildeo da aacuterea urbana principal

Fonte Google Earth

21

Figura 4 2 Mapa da aacuterea urbana principal com a localizaccedilatildeo dos bairros

Fonte Do Autor

42 Levantamento e tratamento dos dados

No desenvolvimento deste trabalho foi necessaacuterio se fazer um estudo detalhado sobre o

Plano Diretor de Santos Dumont principalmente dos seus anexos que compreendem os

mapas e a localizaccedilatildeo das aacutereas definidas pelo zoneamento proposto Para que isso fosse

possiacutevel a Secretaria Municipal de Obras e Serviccedilos Puacuteblicos forneceu todos os dados

secundaacuterios produto do estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor e do

zoneamento Estes dados incluem os arquivos Shapefile (shp) e outros documentos

integrantes do Plano Diretor Algumas informaccedilotildees foram complementadas tambeacutem com

dados adquiridos atraveacutes do site do IBGE e do Portal Objetivos do Milecircnio (ODM)

Os dados sobre as ocorrecircncias de deslizamentos e alagamentos foram obtidos atraveacutes da

Defesa Civil do municiacutepio atraveacutes do Sistema Integrado de Informaccedilotildees sobre Desastres

(S2ID) do Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional Tal sistema centraliza as informaccedilotildees sobre

desastres naturais ocorridos em todo o territoacuterio nacional facilitando a pesquisa sobre tais

eventos a qualquer cidadatildeo (BRASIL 2015)

Apesar do sistema ser bastante uacutetil os dados sobre o municiacutepio de Santos Dumont se

encontravam bastante falhos e escassos sendo necessaacuteria complementaccedilatildeo para que a

22

base de dados ficasse consistente Diante disso uma pesquisa atraveacutes dos arquivos do

Jornal Mensagem um jornal semanaacuterio local foi feita entre os anos de 1984 e 2014 e os

dados primaacuterios filtrados em uma planilha do Microsoft Excel para posterior utilizaccedilatildeo

De posse destes dados foi feita a localizaccedilatildeo em campo das coordenadas dos locais

atingidos por deslizamentos e alagamentos no periacuteodo compreendido pela pesquisa com

o auxiacutelio de um aparelho de GPS

A maioria dos arquivos shapefile utilizados para a confecccedilatildeo dos mapas satildeo parte

integrante dos anexos da Lei do Plano diretor do municiacutepio gerados no mecircs de dezembro

de 2011 pelo Instituto Nova Cidade e foram cedidos pela Secretaria Municipal de Obras

e Serviccedilos Puacuteblicos com Datum em UTM SAD 69 Com a finalidade de fornecer um

referenciamento atualizado e de acordo com os mais novos sistemas de coordenadas

utilizados no Brasil os arquivos foram convertidos para o Datum UTM SIRGAS 2000

que diferencia do SAD 69 pelo fato de ser um referencial geocecircntrico ou seja o centro

da Terra eacute o ponto de referecircncia neste sistema enquanto que o primeiro utiliza um

referencial na superfiacutecie da Terra (IBGE2014) Eacute interessante ressaltar tambeacutem que o

SIRGAS 2000 se tornou no ano de 2014 o sistema de coordenadas oficial do Sistema

Geodeacutesico Brasileiro e do Sistema Cartograacutefico Nacional ambos mantidos pelo IBGE A

combinaccedilatildeo dos shapefiles foi feita com o software livre gvSIG e com estas combinaccedilotildees

foram gerados mapas importantes resultados para a execuccedilatildeo deste trabalho A maioria

dos mapas representam a regiatildeo urbana principal de Santos Dumont e foram produzidos

numa escala em torno de 140000 que de acordo com Rocha (2007) eacute uma escala viaacutevel

pois as recomendaacuteveis para trabalhos de anaacutelise ambiental em niacutevel municipal podem ser

entre 150000 e 110000 Alguns mapas cujo detalhamento natildeo eacute necessaacuterio foram

gerados na escala 1100000

Para a geraccedilatildeo dos mapas aleacutem dos arquivos fornecidos pela Secretaria de Obras e

Serviccedilos Puacuteblicos foram utilizados para a geraccedilatildeo do modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE)

e da localizaccedilatildeo dos topos de morro dados gerados pelo sistema de radar Advanced

Spacebone Thermal Emission and Reflection Radiometer (ASTER) que geram as curvas

de niacutevel do terreno com uma resoluccedilatildeo de 30m (NASA2014) O processamento dessas

imagens foi feito pelo software livre gvSIG As imagens geradas pelos sateacutelites

LANDSAT foram adquiridas no site da United States Geological Survey (USGS) e essas

imagens possibilitaram obter um panorama preciso do uso do solo em toda a aacuterea urbana

de Santos Dumont numa resoluccedilatildeo de 15 metros uma vez que foi utilizada a banda

pancromaacutetica do sateacutelite LANDSAT 8 aleacutem da combinaccedilatildeo das bandas 65 e 4

respectivamente que eacute a combinaccedilatildeo recomendada pela mantenedora dos sateacutelites para

anaacutelises deste tipo

23

No que diz respeito a identificaccedilatildeo de APPs em topo de morro a metodologia de Oliveira

amp Fernandes Filho (2013) por utilizar as mesmas bases de dados ateacute entatildeo usadas neste

trabalho foi a mais indicada

A metodologia de anaacutelise dos mapas gerados eacute a proposta pelo professor Jorge Xavier da

Silva do Laboratoacuterio de Geoprocessamento (LAGEOP) da Universidade Federal do Rio

de Janeiro e citada por Rocha (2007) Tal metodologia analisa as variaacuteveis em questatildeo

presentes na aacuterea e permite avaliar as possibilidades de relaccedilotildees entre essas variaacuteveis De

uma maneira geral este meacutetodo verifica o estado atual da aacuterea em estudo bem como das

variaacuteveis gerando inventaacuterios que servem para a construccedilatildeo de dados planimeacutetricos sejam

com as variaacuteveis isoladas ou combinadas Estes dados planimeacutetricos geram assinaturas

que permitem inferir sobre a influecircncia dessas variaacuteveis De posse dos dados gerados pelo

processo anteriormente citado pode-se fazer algumas prospecccedilotildees sobre os riscos

ambientais que a aacuterea pode sofrer ou o seu potencial ambiental (ROCHA 2007)

5 RESULTADOS

51 Levantamento histoacuterico de alagamentos e

deslizamentos

O aumento da demanda pelo uso do solo na regiatildeo urbana de Santos Dumont

principalmente no tocante agrave formaccedilatildeo de novos loteamentos e condomiacutenios nos uacuteltimos

anos eacute consideraacutevel mas tambeacutem haacute de se observar o crescimento dos bairros jaacute existentes

com pouco ou nenhum ordenamento Em ambos os casos se observa ocupaccedilotildees

irregulares em APP o que tem ocasionado um aumento na frequecircncia de deslizamentos

e inundaccedilotildees Eacute evidente que quanto maior a densidade populacional do bairro maior a

quantidade de ocorrecircncias ao longo dos anos (SPERFELD 2009)

De acordo com as ocorrecircncias registradas pela Defesa Civil do municiacutepio obtidas atraveacutes

da literatura utilizada nos uacuteltimos 30 anos Santos Dumont chegou a decretar situaccedilatildeo de

emergecircncia por conta de desastres envolvendo deslizamentos eou alagamentos por duas

vezes num espaccedilo de 10 anos conforme pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho

(BRASIL 2014 CEPED 2011)

Segundo os dados obtidos atraveacutes de pesquisa nos arquivos do semanaacuterio entre os anos

de 1984 e 2014 pode-se verificar que nos uacuteltimos 20 anos a cidade tem experimentado

24

um aumento consideraacutevel nos eventos relacionados a deslizamentos e principalmente

alagamentos como pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho Isso pode ter sido causado

dentre outros fatores pelo aumento do nuacutemero de vias pavimentadas com material

impermeaacutevel o que tem sobrecarregado tanto a infraestrutura existente para drenagem

urbana como tambeacutem a calha dos cursos drsquoaacutegua que passam pela regiatildeo urbana do

municiacutepio (ZANON2013)

Na deacutecada de 1980 (1984-1990) de acordo com os dados obtidos natildeo foram noticiados

eventos consideraacuteveis relacionados a deslizamentos e alagamentos em Santos Dumont

mas isso natildeo exclui a possibilidade de natildeo ter ocorrido tais eventos em menor escala

Na deacutecada de 1990 aconteceram uma seacuterie de ocorrecircncias tanto de deslizamentos quanto

de alagamentos No ano de 1997 num periacuteodo chuvoso intenso aconteceram

deslizamentos consideraacuteveis em vaacuterios bairros da cidade inclusive com desabamento de

casas e de ruas principalmente nos bairros Nossa Senhora da Gloacuteria e Quarto Depoacutesito

Em 1999 ocorreram alguns pontos de alagamento nos bairros Quarto Depoacutesito e Santo

Antocircnio com grandes prejuiacutezos materiais

A deacutecada de 2000 iniciou com o registro de deslizamentos em vaacuterios bairros da cidade

inclusive com desabamento de casas e pontes e alagamentos em importantes vias do

centro da cidade Observa-se ao longo desse periacuteodo o crescimento nas ocorrecircncias de

deslizamentos e de aacutereas com risco de deslizamento em muitos bairros de Santos Dumont

Um dos fatores importantes para esse crescimento foi a grande expansatildeo sofrida pela

maioria dos bairros e a falta de planejamento e orientaccedilatildeo por parte da prefeitura uma

vez que uma boa parte do crescimento dos bairros da cidade ocorreu ou proacuteximo a cursos

drsquoaacutegua ou em aacutereas com declividade improacutepria para se fazer construccedilotildees O bairro

Coacuterrego do Ouro (Figura 51) foi o que mais sofreu com ocorrecircncias de deslizamentos

nesse periacuteodo enquanto o bairro Santo Antocircnio foi que teve mais ocorrecircncias de

alagamentos

25

Figura 5 1 Deslizamento no bairro Coacuterrego do Ouro

Fonte Portal Cabangu

No iniacutecio deacutecada de 2010 (2011-2014) o centro da cidade foi a regiatildeo que mais sofreu

com alagamentos sendo registrado pelo menos uma ocorrecircncia por ano nessa aacuterea (Figura

52) Isso pode ser relacionado dentre outros fatores com as obras de modificaccedilatildeo do

tipo de pavimentaccedilatildeo das estradas por um material impermeaacutevel gerando uma sobrecarga

nos sistemas de drenagem urbana que foram projetados para um tipo de pavimento mais

permeaacutevel implicando tambeacutem na sobrecarga calha do Ribeiratildeo das Posses o principal

curso drsquoaacutegua que corta o centro da cidade e que se encontra em quase sua totalidade

ocupada em ambas as margens que cortam o centro da cidade

26

Figura 5 2 Alagamento na regiatildeo central de Santos Dumont em 2013

Fonte Portal Cabangu

Quanto agraves ocorrecircncias de deslizamento ao longo da referida deacutecada elas estiveram

espalhadas pelos bairros do municiacutepio tendo um maior nuacutemero de ocorrecircncias nos bairros

Santo Antocircnio Nossa Senhora da Gloacuteria e Aacutegua Espraiada Nos dois primeiros bairros

citados as ocorrecircncias podem ter sido ocasionadas pelo crescimento desordenado e sem

planejamento destes e no terceiro as ocorrecircncias satildeo relacionadas ao processo de

assoreamento do Ribeiratildeo das Posses o que pode ter gerado um aumento da velocidade

desse curso drsquoaacutegua causando problemas decorrentes do transporte de sedimentos da aacuterea

onde as casas foram construiacutedas que teve como consequecircncia os deslizamentos

Em resumo como pode ser observado nas figuras 53 e 54 na tabela 51 no periacuteodo de

1984 a 2014 os bairros mais afetados por alagamentos e deslizamentos satildeo Quarto

Depoacutesito Nossa Senhora da Gloacuteria Santo Antocircnio Coacuterrego do Ouro Antocircnio Afonso

Graminha e Vila Esperanccedila sendo que o bairro Coacuterrego do Ouro possui o maior nuacutemero

de ocorrecircncias de deslizamentos e o centro da cidade possui o maior nuacutemero de

ocorrecircncias de alagamentos no periacuteodo pesquisado Vale destacar que a aacuterea propiacutecia a

alagamentos no bairro Antocircnio Afonso natildeo identificada no estudo realizado pela

prefeitura constitui-se efetivamente numa aacuterea de risco conforme levantamento histoacuterico

realizado Esta aacuterea de risco se deve agrave diferenccedila de niacutevel negativa entre o rio Pinho e a

aacuterea do bairro estando este em desniacutevel com um risco iminente de inundaccedilotildees resultantes

da cheia desse curso drsquoaacutegua causando inuacutemeros transtornos aos moradores do local

27

Figura 5 3 Pontos de Alagamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico

Fonte Do autor

Figura 5 4 Pontos de deslizamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico

Fonte Do autor

28

Tabela 51 Ocorrecircncias de alagamentos e deslizamentos obtidos atraveacutes do

levantamento histoacuterico

Pontos de ocorrecircncia (1984-2014)

Bairros Alagamento Deslizamento

Aacutegua Espraiada 1 1

Antocircnio Afonso 1 0

Barra 0 1

Centro 7 1

Coacuterrego do Ouro 1 7

Flores 0 1

Graminha 1 0

Jardim Jaraguaacute 0 1

N Sra da Gloacuteria 0 4

N Sra das Graccedilas 1 0

Quarto Depoacutesito 3 2

Santo Antocircnio 4 2

Satildeo Sebastiatildeo 0 1

Vila Esperanccedila 0 1

Fonte Do autor

De acordo com o estudo realizado na elaboraccedilatildeo do Plano Diretor pela prefeitura

municipal observa-se que os bairros que possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a

deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do Ouro e Vila Esperanccedila enquanto que os que

possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a alagamento satildeo o Centro da cidade e os

bairros Satildeo Sebastiatildeo Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio por estarem agraves margens do

Ribeiratildeo das Posses um curso drsquoaacutegua que sofre com inundaccedilotildees perioacutedicas devido ao

severo assoreamento em algumas regiotildees e tambeacutem devido ao acuacutemulo de lixo descartado

pelos moradores do entorno irregularmente De acordo com o estudo realizado quando da

elaboraccedilatildeo do Plano Diretor do municiacutepio foram feitos estudos sobre as aacutereas propensas

a deslizamentos e alagamentos na regiatildeo urbana principal Tais aacutereas satildeo as destacadas

nas Figuras 55 e 56 No levantamento histoacuterico realizado pode-se identificar que os

bairros que possuem mais aacutereas propensas a deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do

Ouro Nossa Senhora da Gloacuteria Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio enquanto que os bairros

mais propensos a alagamentos satildeo os bairros Centro Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio

como observado na tabela 51

29

Figura 5 5 Aacutereas propensas a deslizamento de acordo com o Plano Diretor de

Santos Dumont

Fonte Google Earth e Lei 42412012

Figura 5 6 Aacutereas propensas a alagamento de acordo com o Plano Diretor de

Santos Dumont

Fonte Google Earth e Lei 42412012

30

Comparando-se os mapas obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico com o mapa gerado

pelo estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor nota-se que haacute semelhanccedilas em

algumas aacutereas mas ao se levar em conta o produto gerado pela pesquisa histoacuterica o

estudo necessitaria ser complementado haja vista que ele natildeo compreende por exemplo

o ponto de alagamento no bairro Antocircnio Afonso citado anteriormente e alguns pontos de

deslizamento importantes uma vez que satildeo regiotildees onde haacute ocupaccedilatildeo Esse fato evidencia

a necessidade de se buscar vaacuterias fontes primaacuterias e secundaacuterias para se detectar aacutereas de

risco em um municiacutepio incluindo arquivos da imprensa local afim de se produzir uma

base de dados consistente e com o menor nuacutemero de falhas possiacutevel (CEPED 2014) Com

a uniatildeo dos dois estudos foram gerados os mapas apresentados nas Figuras 57 e 58

Aleacutem do mais observando as figuras 57 e 58 pode-se notar que uma boa parte tanto dos

casos de alagamento quanto de deslizamento estatildeo na faixa de APP de curso hiacutedrico o

que ilustra a importacircncia da preservaccedilatildeo destas aacutereas

Figura 5 7 Aacutereas propensas a alagamento do estudo do Plano Diretor

complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento

Fonte Do Autor

31

Figura 5 8 Aacutereas propensas a deslizamento do estudo do Plano Diretor

complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento

Fonte Do Autor

Atraveacutes da combinaccedilatildeo entre estes dois levantamentos procurou-se alimentar a base de

dados e garantir uma consistecircncia maior desta no que diz respeito a aacutereas de deslizamento

e alagamento podendo inclusive se identificar a suscetibilidade de uma determinada

regiatildeo da cidade a um ou outro evento (CEPED2014)

512 O Plano diretor e as APPs

Nos uacuteltimos anos o Brasil experimentou um forte fenocircmeno de migraccedilatildeo do campo para

as aacutereas urbanas De acordo com o IBGE no periacuteodo de 1940 a 2000 houve um aumento

de cerca de 60 do nuacutemero de pessoas que vivem em cidades (SILVA JR 2006) O

processo de planejamento e ordenamento do uso do solo nessas aacutereas deveria ter

acompanhado esse crescimento ao longo dos anos a fim de garantir a qualidade de vida e

a seguranccedila dos migrantes ao se instalarem nas cidades o que natildeo ocorreu e o que se

observa atualmente satildeo ocupaccedilotildees em aacutereas improacuteprias para moradia sem a infraestrutura

baacutesica necessaacuteria e com risco iminente de deslizamentos eou inundaccedilotildees

O Plano Diretor do municiacutepio de Santos Dumont em seu capiacutetulo IV que versa sobre o

uso e ocupaccedilatildeo do solo explicita regras para o ordenamento do territoacuterio que compreende

o municiacutepio com base nos diferentes usos do solo de acordo com sua compatibilidade o

32

que acabou por resultar num zoneamento de todo o municiacutepio em macrozonas conforme

citado na seccedilatildeo 3231 de acordo com os usos atuais e futuros do solo Aleacutem de dividir

estas macrozonas em urbanas e rurais tambeacutem avaliou e classificou estas aacutereas com base

numa seacuterie de fatores ambientais geoloacutegicos culturais e sociais de forma a se fazer um

zoneamento coerente com os atuais usos do solo e seu potencial de uso futuro Apresenta-

se na Figura 59 este zoneamento na aacuterea urbana principal de Santos Dumont

Figura 5 9 Zoneamento urbano da aacuterea urbana principal

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Lei 42412012

Tomando como referecircncia o Novo Coacutedigo Florestal brasileiro em especial os paracircmetros

estabelecidos para a definiccedilatildeo de APP e utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento

atraveacutes do software Vista SAGA relacionou-se as APPs existentes na aacuterea em estudo com

as regiotildees propiacutecias a alagamentos e deslizamentos de acordo com o estudo feito quando

da elaboraccedilatildeo do Plano Diretor afim de se identificar qual ou quais aacutereas possuem estes

problemas e se estatildeo relacionados com o uso do solo irregular em APP

Ao se aplicar a metodologia proposta por Oliveira amp Fernandes Filho (2013) natildeo foram

identificadas dentro da aacuterea de estudo APPs de topos de morro sendo este tipo de APP

descartada portanto das anaacutelises subsequentes deste trabalho Foram consideradas as

APP de curso hiacutedrico (rios e nascentes) e de declividade visando relacionaacute-las as aacutereas

de risco identificadas pela Prefeitura afim de se verificar as possiacuteveis causas da ocorrecircncia

33

destas aacutereas na regiatildeo urbana do municiacutepio Por meio de combinaccedilotildees entre dois mapas

temaacuteticos utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento foi possiacutevel obter as

assinaturas ou seja tabelas que caracterizam quantitativamente a aacuterea afetada por cada

aspecto visto que a simples visualizaccedilatildeo do mapa gerado pelo geoprocessamento muitas

vezes eacute prejudicada por serem aacutereas de pequenas dimensotildees ou por qualquer outra

limitaccedilatildeo do software Ressalta-se que para a elaboraccedilatildeo do Plano Municipal de Reduccedilatildeo

de riscos a identificaccedilatildeo e detalhamento topograacutefico destas aacutereas eacute fundamental para o

desenvolvimento do referido Plano conforme seraacute abordado detalhadamente na seccedilatildeo

52

De posse do mapa que representa o zoneamento urbano de Santos Dumont primeiramente

procurou-se mensurar qualitativa e quantitativamente a presenccedila de APPs tanto de

declividade quanto de cursos hiacutedricos Essa identificaccedilatildeo eacute importante pois este

zoneamento eacute um dos instrumentos de planejamento municipal (BRASIL 2001) Saboya

(2007) aponta que os principais objetivos de um zoneamento satildeo o controle da expansatildeo

urbana e proteccedilatildeo de aacutereas inadequadas a ocupaccedilatildeo aleacutem de reduzir os conflitos inerentes

aos diferentes usos do solo Com o uso da ferramenta ldquoCombinarrdquo do Vista SAGA foram

feitas combinaccedilotildees entre o mapa de hidrografia com buffer de 30m para rios e coacuterregos e

de 50m para nascentes com o mapa do zoneamento para se verificar a importacircncia das

APPs de curso hiacutedrico em toda a aacuterea urbana principal do municiacutepio Tambeacutem foram

combinados o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) obtido atraveacutes do gvSIG com o mapa

de zoneamento afim de se verificar quantitativamente as APPs de declividade e onde se

localizam Vale ressaltar que as declividades entre 30 e 47 estatildeo presentes nesta

combinaccedilatildeo pois de acordo com o Plano Diretor de Santos Dumont terrenos com esta

faixa de declividade para fins de parcelamento devem possuir estudo teacutecnico que ateste

a viabilidade de se promover algum empreendimento imobiliaacuterio neste (SANTOS

DUMONT 2012) Como a legislaccedilatildeo municipal prevecirc estudo somente para a faixa de

declividade descrita anteriormente para fins de anaacutelise neste trabalho consideramos um

valor mais conservador para APP compreendendo a faixa de 47 a 100 aleacutem da

prevista pela legislaccedilatildeo federal (gt100) para que natildeo houvessem lacunas importantes na

geraccedilatildeo do produto

Apresenta-se na Figura 510 aacutereas com declividades consideradas de risco e consideradas

APP e em qual zona de planejamento elas estatildeo inseridas De um modo geral ao se

observar a Tabela 52 nota-se que a aacuterea que compreende declividades de risco e APP eacute

uma pequena parcela da aacuterea urbana principal representando 061 desta aacuterea Ao se

levar em conta somente a localizaccedilatildeo pode-se verificar que cerca de 84 das aacutereas com

declividade de risco e a totalidade das APPs de declividade estatildeo localizadas na ZAC1

zona que compreende a maior parte do municiacutepio e apesar de possuir infraestrutura baacutesica

para a ocupaccedilatildeo esta eacute restrita Sendo assim o fator declividade deve ser visto com cautela

nesta aacuterea para se evitar transtornos advindos de edificaccedilotildees nestas aacutereas

34

Figura 5 10 Combinaccedilatildeo entre as declividades importantes incluindo as APPs e o

zoneamento urbano

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Do autor

Tabela 52 Assinaturas da combinaccedilatildeo Declividade x Zoneamento

Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea

Natildeo APP 457972 9939

Declividade 30-47 em ZAC1 2368 051

Declividade 30-47 em ZE 284 006

Declividade 30-47 em ZAC2 128 003

Declividade 30-47 em ZPA 004 0001

APP Declividade em ZAC1 048 001

Total 460804 100

Fonte Do autor

Apresenta-se na Figura 511 as APPs de curso hiacutedrico (nascentes e rios) e em qual zona

de planejamento estatildeo localizadas Assim como a declividade a maior parte das APPs de

curso hiacutedrico estatildeo localizadas em ZAC1 representando 383 da aacuterea urbana em estudo

e 51 do total das APPs de curso hiacutedrico Esta questatildeo tambeacutem deve ser vista com

bastante criteacuterio pelos gestores locais uma vez que a ocupaccedilatildeo em faixas proacuteximas de

rios e coacuterregos podem causar uma gama de problemas ambientais e sociais na regiatildeo

(SANTANA2011) Tal cuidado tambeacutem deve ser tomado nas APPs compreendidas na

35

ZAC2 que compreende 001 da Aacuterea urbana principal e 14 do total das APPs de curso

hiacutedrico pois a infraestrutura baacutesica e acessibilidade presente nesta zona eacute precaacuteria e a

ocupaccedilatildeo as margens de cursos hiacutedricos pode gerar problemas seacuterios caso ocorra uma

expansatildeo nestas aacutereas

Figura 511 Combinaccedilatildeo entre APP de curso hiacutedrico e as zonas de planejamento

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Do autor

Outro ponto importante eacute a presenccedila da Zona de Proteccedilatildeo Ambiental (ZPA) no entorno

uma consideraacutevel parte dos cursos hiacutedricos Nesta zona estatildeo presentes 28 das APPs de

curso hiacutedrico e esta zona de acordo com o Plano Diretor deve ser restaurada ou

preservada por suas caracteriacutesticas geoloacutegicas topograacuteficas e bioloacutegicas

Afim de se verificar os usos do solo na regiatildeo em estudo foram utilizadas combinaccedilotildees

de imagens advindas do sateacutelite Landsat 8 nas bandas descritas no capiacutetulo 4 aleacutem da

banda pancromaacutetica O resultado eacute apresentado na figura 512 que mostra os principais

usos do solo na aacuterea urbana principal de Santos Dumont

36

Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x Zoneamento

Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea

Hidrografia 11168 239

Aacuterea Urbana Natildeo APP 421004 9008

APP Curso hiacutedrico em ZAC1 179 383

APP Curso hiacutedrico em ZPA 9776 209

APP Curso hiacutedrico em ZE 184 004

APP Curso hiacutedrico em ZA 1192 026

APP Curso hiacutedrico em ZAC2 5124 110

APP Curso hiacutedrico em ZPPH 248 005

APP Curso hiacutedrico em ZEIS 568 012

APP Curso hiacutedrico em ZCA 228 005

Total 467392 10000

Fonte Do autor

Figura 5 12 Mapa de usos do solo da aacuterea urbana principal de Santos Dumont

Fonte Do autor

Como jaacute era previsto a maior parte da aacuterea urbana se encontra ocupada e eacute nesta regiatildeo

ocupada que se observa a maior concentraccedilatildeo de problemas de deslizamentos e

alagamentos (Figuras 513 e 514) A grande ocupaccedilatildeo em aacutereas consideradas APP de

curso hiacutedrico de acordo com os mapas gerados pode ser a principal causa do aumento a

cada ano dos casos de alagamento principalmente na regiatildeo central da cidade Outro ponto

que se deve atentar eacute a existecircncia de uma consideraacutevel aacuterea de pastagem pouco vegetada

que caso estejam em aacutereas elevadas pode contribuir para deslizamentos e agraves margens de

37

rios e coacuterregos para o assoreamento destes corpos hiacutedricos o que pode causar

alagamentos (INAacuteCIO etal 2007)

Diante destes resultados pode-se ver que a cidade de Santos Dumont necessita alternativas

efetiva no que diz respeito agrave contenccedilatildeo de deslizamentos e a reduccedilatildeo de risco de

alagamento pois as aacutereas em que ocorrem tais eventos satildeo distintas e facilmente definidas

devido agrave repeticcedilatildeo destes nos uacuteltimos anos Um plano de accedilatildeo integrado entre as diferentes

secretarias municipais (Obras Meio Ambiente Assistecircncia Social entre outras) e a

Coordenadoria Municipal de Defesa Civil deve ser realizado afim de se tomar medidas

natildeo mais preventivas mas sim preditivas para que se possa conter o avanccedilo destes

problemas na aacuterea urbana principal bem como em toda a aacuterea do municiacutepio

Figura 5 13 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na aacuterea urbana

principal

Fonte Do autor

38

Figura 5 14 Aacutereas sujeitas a alagamento e os principais usos do solo na aacuterea

urbana principal

Fonte Do autor

Ao se associar os dados do estudo do Plano Diretor com os dados do levantamento

histoacuterico realizado com o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) pode-se notar que as aacutereas

propiacutecias a deslizamento estatildeo em regiotildees as quais haacute uma fronteira de declividades ou

seja eacute evidente que os deslizamentos ocorrem em encostas um pouco mais iacutengremes mas

natildeo necessariamente nas encostas de 30-47 as quais exigem estudo teacutecnico conforme o

plano diretor preconiza Quanto aos alagamentos nota-se que eles se localizam nas aacutereas

com menor ou nenhuma declividade podendo ser estas aacutereas talvez componentes da

planiacutecie de inundaccedilatildeo dos rios Estes resultados podem ser vistos nas figuras 515 e 516

a seguir

39

Figura5 15 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a deslizamentos na

regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

Fonte Lei 42412012 e Autor

Figura5 26 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a alagamentos na

regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

Fonte Lei 42412012 e Autor

40

52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis

O processo de ocupaccedilatildeo no municiacutepio de Santos Dumont comeccedilou muito antes de

qualquer legislaccedilatildeo relacionada a ordenamento urbano e de proteccedilatildeo do meio ambiente

fosse implementado no Brasil Esse fato aliado a poliacuteticas e fiscalizaccedilotildees falhas

contribuiacuteram para a ocupaccedilatildeo e expansatildeo da aacuterea urbana ao longo do Ribeiratildeo das Posses

e seus afluentes o que tem gerado o aumento da degradaccedilatildeo destes corpos hiacutedricos ao

longo de todos estes anos Observa-se tambeacutem que nas uacuteltimas deacutecadas ocorreu um

grande nuacutemero de migraccedilotildees do campo para a regiatildeo urbana da cidade fator que

contribuiu para o crescimento do nuacutemero de habitaccedilotildees em aacutereas de risco de deslizamento

e alagamentos por serem na maioria das vezes terrenos menos valorizados e por este

motivo acessiacuteveis a populaccedilatildeo com menor poder aquisitivo (ROSA amp CORTEZ 2008)

Vale ressaltar que esta questatildeo aleacutem de ser ambiental eacute muito mais social pois os

moradores entendem os riscos de se viver nestes locais mas por motivos econocircmicos ou

por questotildees afetivas natildeo abrem matildeo da moradia nessas aacutereas A Constituiccedilatildeo Federal de

1988 promoveu a inter-relaccedilatildeo das questotildees sociais com as questotildees ambientais quando

colocou o meio ambiente como direito coletivo (BRASIL1988 SOUZA2010) Por este

motivo a decisatildeo por medidas draacutesticas que favoreccedilam apenas agrave preservaccedilatildeo do meio

ambiente natildeo eacute recomendada pois aleacutem de ser inconstitucional podem afetar a

sustentabilidade econocircmica do municiacutepio e gerar conflitos sociais consideraacuteveis

(CARLOS 1992 apud SOUZA 2010)

Segundo Bueno (2009) ldquonem tudo o que eacute irregular eacute precaacuteriordquo Esse fato se observa em

Santos Dumont uma vez que em boa parte da regiatildeo central se observa vaacuterias moradias

construiacutedas na faixa de APP de curso hiacutedrico o que natildeo eacute permitido pela legislaccedilatildeo

vigente e eacute um dos fatores que contribui para a ocorrecircncia de alagamentos nesta aacuterea da

cidade Para a resoluccedilatildeo deste problema o que seria mais viaacutevel seria a melhoria da

infraestrutura de drenagem urbana afim de que o escoamento da aacutegua das chuvas natildeo

sobrecarregasse o sistema (BUENO2009) A construccedilatildeo de bacias de contenccedilatildeo de

cheias ao longo do Ribeiratildeo das Posses tambeacutem seria uma alternativa mas para se verificar

a viabilidade necessita-se estudos mais aprofundados do ponto de vista hidroloacutegico

O grande problema a ser solucionado no entanto eacute o que diz respeito agraves aacutereas de risco

de deslizamento majoritariamente nos bairros A melhor alternativa seria o

remanejamento dos moradores para uma aacuterea proacutexima agrave que moram poreacutem longe do

risco Poreacutem esta alternativa de acordo com Rosa Filho amp Cortez (2008) encontra alguns

entraves pois estas pessoas na maioria das vezes natildeo tecircm condiccedilotildees financeiras de irem

para outro lugar ou pagar aluguel ou estatildeo de alguma forma sentimentalmente ligadas

agravequela regiatildeo que se recusam a deixaacute-lo

41

Por parte dos oacutergatildeos competentes no municiacutepio a criaccedilatildeo de um plano para se evitar

acidentes ocasionados por deslizamentos e alagamentos com um mapeamento detalhado

de toda a extensatildeo do municiacutepio eacute extremamente uacutetil Os estudos que seratildeo feitos para a

elaboraccedilatildeo deste plano poderatildeo definir quais as aacutereas satildeo potencialmente de risco para as

ocupaccedilotildees existentes ou para as potenciais ocupaccedilotildees que possam vir a ocorrer atraveacutes do

mapeamento das aacutereas de risco Tal planejamento seraacute auxiliar ao Plano Diretor

Municipal pois definiraacute o real uso do solo de determinada regiatildeo do municiacutepio

contribuindo para a adequaccedilatildeo do uso e ocupaccedilatildeo do solo afim de evitar ou reduzir o

nuacutemero de problemas relacionados a alagamentos e principalmente deslizamentos no

periacutemetro urbano (TOMINAGA 2009) A partir deste plano os gestores locais poderatildeo

tomar a melhor decisatildeo para a prevenccedilatildeo ou reduccedilatildeo dos riscos inerentes a tais problemas

Na seccedilatildeo 521 seraacute hierarquizado de forma preliminar a aacuterea urbana principal de acordo

com os resultados da tabela 51

521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta

O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos (PMRR) foi criado atraveacutes de accedilotildees

regularizadoras do Ministeacuterio das Cidades para ser o instrumento de gestatildeo e

gerenciamento de aacutereas de risco em um municiacutepio Eacute um documento que aleacutem de

estabelecer quais regiotildees satildeo consideradas de risco tambeacutem objetiva a proposta de

medidas estruturais ou natildeo para contenccedilatildeo eou prevenccedilatildeo de cataacutestrofes aleacutem de ser um

meio de captaccedilatildeo de recursos financeiros junto aos Governos Estadual e Federal Estes

recursos poderatildeo ser utilizados para a realizaccedilatildeo de obras que visem a melhoria da

qualidade de vida da populaccedilatildeo do entorno ou de recuperaccedilatildeo da aacuterea degradada Este

plano eacute realizado de forma participativa com as comunidades das aacutereas de risco e pode

ser realizado em sete fases conforme recomenda o Ministeacuterio das Cidades (ALHEIROS

2006)

O primeiro passo para a realizaccedilatildeo do PMRR eacute definir qual a metodologia seraacute empregada

levando-se em consideraccedilatildeo a realidade atual do municiacutepio e especificar de forma sucinta

um cronograma das atividades Eacute importante nesta fase a participaccedilatildeo tambeacutem dos

responsaacuteveis pelas mais variadas Secretarias Municipais afim de explicitar o tamanho da

importacircncia e o caraacuteter integrador deste plano A segunda fase deste plano objetiva a

criaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo da principal base de dados a ser utilizada nos passos posteriores o

mapeamento de risco em escala detalhe em torno de 13000 (SAtildeO PAULO 2014) A

elaboraccedilatildeo de um mapeamento detalhado propiciaraacute natildeo soacute a identificaccedilatildeo mais faacutecil das

aacutereas de risco como tambeacutem facilitaraacute aos gestores e agrave comunidade decidirem qual a

melhor intervenccedilatildeo para a soluccedilatildeo ou remediaccedilatildeo dos problemas em uma determinada

42

aacuterea hierarquizando o risco e definindo prioridades (SAtildeO PAULO 2014) Na tabela a

seguir apresenta-se alguns tipos de intervenccedilotildees que podem ser feitas em aacutereas de risco

sugeridas pelo Ministeacuterio das cidades (ALHEIROS 2006)

Quadro 5 1 - Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco

Tipo de intervenccedilatildeo Descriccedilatildeo

Serviccedilos de limpeza e Recuperaccedilatildeo

Remoccedilatildeo de entulho lixo etc

corte de aacutervores

remoccedilatildeo de bananeiras

recuperaccedilatildeo eou limpeza de sistemas de

drenagem esgotos e acessos

Limpeza de canais de drenagem

Proteccedilatildeo Vegetal

Proteccedilatildeo superficial vegetal (gramiacuteneas) em

taludes com solo exposto

Proteccedilatildeo vegetal de margens de canais de

drenagem

Barreiras vegetais para massas escorregadas

ou acumuladas pela erosatildeo

Drenagem Superficial e Acessos

Sistema de drenagem superficial (canaletas

raacutepidos caixas de transiccedilatildeo escadas drsquoaacutegua)

Acessos para pedestres (escadarias rampas

etc) integrados ao sistema de drenagem

Revestimento de Taludes Revestimento com materiais artificiais

cimentado cal-jet tela argamassada alvenaria

de tijolos ceracircmicos solo-cimento ensacado

Desmonte de blocos e matacotildees Desmonte de concreccedilotildees de grande porte

blocos rochosos e matacotildees

Obras de drenagem de subsuperfiacutecie Sistema de drenagem de subsuperfiacutecie

(trincheiras drenantes DHP poccedilos de

rebaixamento)

Estruturas de contenccedilatildeo (localizadas)

Muros de contenccedilatildeo de pequeno porte (solo-

cimento ensacado alvenaria de pedra-rachatildeo

concreto armado)

Estruturas de contenccedilatildeo localizadas

(chumbadores tirantes microestacas)

Contenccedilatildeo e proteccedilatildeo de margens de canais (

gabiotildees muros de concreto etc)

Estruturas de contenccedilatildeo (meacutedio e grande porte) Implantaccedilatildeo de estruturas de contenccedilatildeo de

meacutedio e grande porte envolvendo obras de

contenccedilatildeo passivas e ativas (muros de

gravidade cortinas etc)

Terraplanagem Execuccedilatildeo de serviccedilos de terraplanagem

combinados a obras de drenagem superficial e

proteccedilatildeo vegetal desvio e canalizaccedilatildeo de

coacuterregos

Remoccedilatildeo de moradias Remoccedilotildees definitivas para implantaccedilatildeo de

obras ou devido agrave localizaccedilatildeo improacutepria da

edificaccedilatildeo (Priorizar as relocaccedilotildees dentro da

proacutepria aacuterea em local seguro)

Fonte ALHEIROS 2006

43

Escolhidas as formas de intervenccedilatildeo para cada aacuterea eacute necessaacuterio realizar uma estimativa

dos custos afim de preparar o orccedilamento da prefeitura para a realizaccedilatildeo das obras e se

seraacute necessaacuterio a captaccedilatildeo de recursos externos para a execuccedilatildeo destas Feitas as

estimativas de custo o proacuteximo passo eacute definir as prioridades e para esta fase eacute tambeacutem

uacutetil o mapeamento feito nas etapas anteriores pois seraacute necessaacuterio hierarquizar tais

intervenccedilotildees nas aacutereas de risco O Ministeacuterio das Cidades (2007) sugere alguns criteacuterios

que podem ser avaliados pelo gestor dentre eles pode-se citar

Grau de risco

Populaccedilatildeo beneficiada

Custo da intervenccedilatildeo

Dimensatildeo da aacuterea a ser tratada

Demandas anteriores da populaccedilatildeo

Tempo de ocupaccedilatildeo

Viabilidade teacutecnica da intervenccedilatildeo

Viabilidade financeira

Inclusatildeo da aacuterea em outros projetos

A partir desta hierarquizaccedilatildeo inicia-se a identificaccedilatildeo de provaacuteveis fontes de captaccedilatildeo de

recursos para a execuccedilatildeo das intervenccedilotildees Estes recursos podem advir de programas dos

governos Federal e Estadual ou por meio de editais para captaccedilatildeo de recursos financeiros

tanto do setor puacuteblico como da iniciativa privada e podem ser tambeacutem associados agrave outras

Secretarias Municipais como a de Turismo ou Meio Ambiente e natildeo soacute as destinadas agrave

Defesa Civil (ALHEIROS 2006)

Eacute previsto tambeacutem no PMRR uma avaliaccedilatildeo da Defesa Civil municipal e como ela estaacute

estruturada fazendo inclusive sugestotildees para que sua atuaccedilatildeo esteja em consonacircncia com

a realidade das comunidades e da Administraccedilatildeo Puacuteblica do municiacutepio de forma a garantir

sua sustentabilidade e conquistar a credibilidade da populaccedilatildeo no que diz respeito a

prevenccedilatildeo de cataacutestrofes Para que a resposta a uma determinada situaccedilatildeo de risco seja

raacutepida eacute necessaacuterio a descentralizaccedilatildeo da Defesa Civil criando pequenos nuacutecleos

comunitaacuterios com a finalidade de se monitorar a aacuterea constantemente e promover as

intervenccedilotildees necessaacuterias em tempo haacutebil o que aumenta em muito a credibilidade da

populaccedilatildeo no PMRR e no trabalho desempenhado pela Defesa Civil no municiacutepio Apoacutes

esta etapa o PMRR passaraacute por audiecircncias puacuteblicas e posteriormente poderaacute ser aprovado

como Lei Municipal pelo Legislativo local (ALHEIROS 2006)

Com a realizaccedilatildeo deste plano o municiacutepio estaraacute munido de informaccedilotildees suficientes para

realizar accedilotildees efetivas de gestatildeo e gerenciamento de riscos bem como aliado a

levantamentos sociais realizar programas habitacionais que beneficiem prioritariamente

44

aos moradores das aacutereas de risco Aleacutem disso com o PMRR o municiacutepio poderaacute melhorar

a qualidade ambiental da populaccedilatildeo captando recursos para a recuperaccedilatildeo das aacutereas de

APP que foram degradadas pelas ocupaccedilotildees irregulares beneficiando todos os moradores

do municiacutepio com o aumento da qualidade de vida na cidade

A partir do disposto nesta seccedilatildeo acerca do Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos e de

uma maneira preliminar (levando-se em conta apenas o nuacutemero de registros de

alagamentos e deslizamentos na aacuterea urbana principal de Santos Dumont no periacuteodo de

1984 a 2014) identificou-se trecircs regiotildees distintas na aacuterea urbana do municiacutepio com

tempo de recorrecircncia desses eventos similares caracterizando trecircs prioridades de

intervenccedilatildeo em contenccedilatildeo de risco como pode ser visto nas figuras 515 e 516 Vale

ressaltar que eacute necessaacuterio um estudo mais detalhado inclusive com visitas teacutecnicas a

campo para que se confirme a real situaccedilatildeo destas e a real prioridade para investimentos

Figura 5 17 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de deslizamentos

Fonte Do Autor

45

Figura 5 18 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de alagamentos

Fonte Do Autor

46

6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees

A seguir apresenta-se as conclusotildees e as recomendaccedilotildees feitas a partir dos objetivos

especiacuteficos explicitados no iniacutecio deste trabalho

Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a

aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes

urbanos

A partir da revisatildeo da legislaccedilatildeo pertinente em acircmbito federal estadual e

municipal constatou-se que o Plano Diretor de Santos Dumont natildeo conflita com a

legislaccedilatildeo federal e estadual sobre Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente A legislaccedilatildeo

municipal foi entendida como mais conservadora que as federal e estadual uma

vez que considera implicitamente que declividades entre 47 e 100 satildeo

enquadradas como APPs aleacutem da faixa superior a 100

Parte consideraacutevel das ocupaccedilotildees em APP principalmente na regiatildeo do bairro

Santo Antocircnio (onde surgiu os primeiros nuacutecleos que deram origem ao municiacutepio)

e o centro da cidade ocorreram antes de que fosse elaborado qualquer legislaccedilatildeo

que versasse sobre o tema Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente bastando ao gestor

local tomar medidas de contenccedilatildeo de riscos que minimizem os impactos causados

por essas ocupaccedilotildees nessa regiatildeo

O ordenamento adequado do uso do solo no municiacutepio eacute necessaacuterio para que o

crescimento dos loteamentos criados anteriormente agrave esta Lei e o surgimento de

novos natildeo avance para Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente o que pode causar

inuacutemeros problemas aos moradores e agravar os jaacute existentes

Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las

com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)

As aacutereas onde houveram a maior quantidade de registros de deslizamentos satildeo os

bairros mais populosos de Santos Dumont podendo se estabelecer uma relaccedilatildeo

que quanto mais populoso o bairro maior a quantidade de problemas relacionados

a deslizamentos Tambeacutem pode-se notar uma relaccedilatildeo com as fronteiras das faixas

de declividades e os deslizamentos uma vez que boa parte deles aconteceram

nestas faixas

As aacutereas onde houve um grande nuacutemero de registros de alagamentos satildeo os bairros

que se desenvolveram agraves margens do Ribeiratildeo das Posses em especial na aacuterea que

47

compreende as APPs de curso hiacutedrico e em aacutereas onde a declividade eacute baixa Esse

fato aliado ao crescimento do nuacutemero de vias pavimentadas com material

impermeaacutevel e a natildeo expansatildeo e ou redimensionamento da rede de drenagem

urbana contribuiacuteram para a ocorrecircncia cada vez mais constante de alagamentos

nessas aacutereas

Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos

catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30

anos

A partir do levantamento histoacuterico realizado e da base de dados georeferenciada

gerada observou-se o aumento do nuacutemero de registros de deslizamentos e

alagamentos nos uacuteltimos 10 anos quando as ocorrecircncias comeccedilaram a se repetir

numa mesma aacuterea com frequecircncia incrementada as vezes com mais de uma

ocorrecircncia anual

Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do

solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental

Destaca-se a adequaccedilatildeo dos criteacuterios gerais estabelecidos pelo Plano Diretor de

Santos Dumont relativos a legislaccedilatildeo federal e estadual Entretanto o referido

Plano Diretor natildeo contempla todo o territoacuterio municipal sendo assim ele natildeo

cumpre o objetivo de proteger as APPs preservadas e recuperar as que foram

degradadas em todo o territoacuterio municipal Ressalta-se tambeacutem a sua natildeo

conformidade com o Estatuto das Cidades uma vez que o Plano Diretor

contempla apenas os novos loteamentos

Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais

negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea

impactada

Recomenda-se a implantaccedilatildeo no municiacutepio de uma Coordenadoria Municipal de

Defesa Civil atuante e integrada agraves Secretarias Municipais e agrave comunidade

visando uma atuaccedilatildeo eficaz nos problemas relacionados a deslizamentos e

alagamentos A elaboraccedilatildeo de um Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos eacute de

suma importacircncia pois atraveacutes dele pode-se predizer as aacutereas que passaratildeo por

problemas caso a expansatildeo aconteccedila ou se inicie uma ocupaccedilatildeo nova aleacutem de

prevenir acidentes nas aacutereas jaacute ocupadas e consideradas de risco

48

7 Anexos

49

71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont

50

51

72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)

52

53

8 Referecircncias Bibliograacuteficas

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BRASIL Lei Federal 10257 de 10 de julho de 2001 Regulamenta os arts 182 e 183 da

CF estabelece as diretrizes gerais da poliacutetica urbana e daacute outras providecircncias Brasiacutelia

2001

BRASIL Lei Federal nordm 12651 de 25 de maio de 2012 Dispotildee sobre a proteccedilatildeo da

vegetaccedilatildeo nativa altera as Leis nos 6938 de 31 de agosto de 1981 9393 de 1 9 de

dezembro de 1996 e 11 428 de 22 de dezembro de 2006 revoga as Leis nos 4771 de

1 5 de setembro de 1965 e 7754 de 1 4 de abril de 1989 e a Medida Provisoacuteria no 21

66shy67 de 24 de agosto de 2001 e daacute outras providecircncias Brasiacutelia 2012

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de 10 de julho de 2001 ndash Estatuto das Cidades e conteacutem outras providecircncias Santos

Dumont 2012

56

SAtildeO PAULO Mapeamento de riscos associados a escorregamentos inundaccedilatildeo erosotildees

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Relatoacuterio Teacutecnico Campos do Jordatildeo 2014

SILVA JR J R amp PASSOS L A O negoacutecio eacute participar a importacircncia do plano

diretor para o desenvolvimento municipal CNM SEBRAE Brasiacutelia 2006

SKORUPA LA Aacutereas de preservaccedilatildeo permanente e desenvolvimento sustentaacutevel

Embrapa Meio Ambiente Jaguariuacutena-SP 2004 4p

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Campos de Goytacazes- RJ Boletim do Observatoacuterio Ambiental Alberto Ribeiro Lamego

v4 nordm 1 Campos de Goytacazes 2010

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puacuteblica em aacutereas urbanas susceptiacuteveis a desastres naturais no municiacutepio de Joinville

SC Dissertaccedilatildeo de Mestrado UFSC Florianoacutepolis 2009

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UFV ndash Universidade Federal de Viccedilosa Mapa de solos do Estado de Minas Gerais

legenda expandida Centro Tecnoloacutegico de Minas Gerais FEAM Belo Horizonte 2010

ZANON F N Uso e ocupaccedilatildeo da terra e vulnerabilidade a alagamento na aacuterea central

da cidade de Satildeo Paulo O caso da subprefeitura da Seacute Trabalho de Graduaccedilatildeo UNESP

Rio Claro 2013

Page 12: O USO DO SOLO URBANO EM ÁREAS DE PRESERVAÇÃO … · social que você tenha na vida, a mais alta ou a mais baixa, tenha sempre como meta muita força, muita determinação e sempre

4

LISTA DE TABELAS E QUADROS

Paacuteg

Tabela 51 Ocorrecircncias de alagamento e deslizamento obtidos

atraveacutes do levantamento histoacuterico

28

Tabela 52 Assinaturas da combinaccedilatildeo Declividade x Zoneamento 34

Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x

Zoneamento

36

Quadro 51 Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco 42

5

1 INTRODUCcedilAtildeO

Quando o ser humano deixou de seguir uma vida nocircmade e passou a se fixar em locais

em geral proacuteximos a cursos drsquoaacutegua e de aacutereas propicias ao cultivo de alimentos iniciou-

se o processo de implantaccedilatildeo de pequenas comunidades e quando estas comunidades

comeccedilaram a crescer natildeo soacute em quantidade mas tambeacutem do ponto de vista

organizacional deu-se iniacutecio a formaccedilatildeo das cidades tal como conhecemos hoje Como

resultado deste processo um sem-fim de problemas relacionados agrave estas ocupaccedilotildees

surgiram tanto de cunho ambiental quanto social e dentre estes problemas estatildeo

incluiacutedos os desastres naturais relacionados a deslizamentos e alagamentos por conta da

ocupaccedilatildeo em aacutereas natildeo adequadas a este fim

Nos uacuteltimos anos o Brasil tem vivenciado grandes trageacutedias relacionadas a deslizamentos

e alagamentos Uma boa parte destes eventos teve como fator agravante as ocupaccedilotildees

sem criteacuterio e sem orientaccedilatildeo teacutecnica Um exemplo recente aconteceu no Vale do Itajaiacute

em Santa Catarina em novembro de 2008 durante um periacuteodo com chuvas intensas em

que vaacuterias cidades entraram em situaccedilatildeo de calamidade puacuteblica devido ao grande nuacutemero

de casos de alagamento e graves deslizamentos de encostas causando a morte de vaacuterias

pessoas na regiatildeo No Estado do Rio de Janeiro em 2010 o Morro do Bumba em Niteroacutei

sofreu com um grave deslizamento que deixou um grande nuacutemero de mortos As casas

foram construiacutedas sobre um antigo lixatildeo sem nenhuma orientaccedilatildeo e com as intensas

chuvas que assolaram a regiatildeo naquela eacutepoca a encosta veio a baixo causando o desastre

Outra trageacutedia relevante aconteceu na regiatildeo Serrana do Rio de Janeiro que foi

considerada ateacute entatildeo a maior trageacutedia climaacutetica da histoacuteria do paiacutes com pouco mais de

500 mortos e um prejuiacutezo material incalculaacutevel no ano de 2011 Em comum a todos estes

fatos estaacute a falta de um planejamento efetivo por parte dos oacutergatildeos municipais no que diz

respeito ao disciplinamento do uso e ocupaccedilatildeo do solo e a fiscalizaccedilatildeo do cumprimento

da legislaccedilatildeo vigente

A cidade de Santos Dumont Minas Gerais natildeo eacute exceccedilatildeo a esta regra Como a grande

maioria das comunidades estabelecidas ao longo da Estrada Real a cidade surgiu como

um pequeno rancho cujo objetivo era servir de pouso para os viajantes que faziam o

transporte de pedras e metais preciosos das minas de Ouro Preto ateacute o Rio de Janeiro

Posteriormente a regiatildeo se desenvolveu como importante entreposto industrial e

comercial a partir da instalaccedilatildeo da ferrovia D Pedro II ateacute que no final do seacuteculo XIX

se transforma em vila e logo apoacutes em municiacutepio O desenvolvimento da regiatildeo implicou

tambeacutem no crescimento populacional e como naquela eacutepoca ainda natildeo havia uma

legislaccedilatildeo especiacutefica para ordenamento e uso do solo os loteamentos foram surgindo agraves

margens do Ribeiratildeo das Posses e em aacutereas cuja declividade natildeo era favoraacutevel agrave ocupaccedilatildeo

6

o que consequentemente acarretou deslizamentos de terra e alagamentos inclusive com

o registro de algumas trageacutedias ao longo dos anos

Pretende-se que este trabalho sirva como subsidio ao gestor puacuteblico local visando o

estabelecimento de poliacuteticas puacuteblicas integradas aos setores de meio ambiente e defesa

civil com vistas a garantir a seguranccedila de todos os muniacutecipes e a qualidade de vida em

todo o territoacuterio municipal

2 OBJETIVOS

21 Objetivo geral

O objetivo geral deste trabalho eacute contribuir para o estabelecimento de poliacuteticas puacuteblicas

direcionadas ao disciplinamento do uso e ocupaccedilatildeo do solo urbano no municiacutepio de

Santos Dumont

22 Objetivos especiacuteficos

Satildeo objetivos especiacuteficos

Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a

aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes

urbanos

Caracterizar o uso irregular do solo urbano em Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente

Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las

com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)

Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos

catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30

anos

Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do

solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental

7

Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais

negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea

impactada

3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

A seguir eacute apresentada a revisatildeo bibliograacutefica que fundamenta o desenvolvimento e o

pleno entendimento deste trabalho O conhecimento do que satildeo aacutereas de risco

alagamentos e deslizamentos bem como o que eacute e qual a importacircncia de um Plano Diretor

eacute de suma importacircncia para se avaliar como um municiacutepio estaacute se desenvolvendo e qual

a qualidade de vida dos muniacutecipes Tambeacutem satildeo abordados neste capiacutetulo os aspectos

legais referentes agraves Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente seus limites e sua importacircncia para

o ambiente urbano

31 Conceitos Fundamentais

311 Aacutereas de risco

De acordo com o Instituto de Pesquisas Tecnoloacutegicas ndash IPT entende-se como aacuterea de

risco aquela ldquopassiacutevel de ser atingida por fenocircmenos ou processos naturais eou induzidos

que causem efeito adverso As pessoas que habitam essas aacutereas estatildeo sujeitas a danos agrave

integridade fiacutesica perdas materiais e patrimoniaisrdquo (MINISTEacuteRIO DAS CIDADES

2007)

Para Augusto Filho et al (1990) apud Cristo (2002) aacuterea de risco eacute caracterizada como

aquela em que ldquose encontra em situaccedilatildeo de perigo tanto socialmente quanto

economicamente por conta de alguma alteraccedilatildeo na constituiccedilatildeo do terreno ou com grande

probabilidade de ocorrer processos naturaisrdquo

Segundo Fernandes (2012) aacutereas de risco ldquosatildeo aacutereas consideradas improacuteprias ao

assentamento humano por estarem sujeitas a riscos naturaisrdquo

Diante das definiccedilotildees supracitadas pode-se dizer que aacuterea de risco satildeo aacutereas susceptiacuteveis

agrave accedilatildeo de eventos naturais extremos e por esse motivo natildeo eacute viaacutevel agrave ocupaccedilatildeo humana

nestes locais e pode ou natildeo estar associados agrave proximidade ou nos limites de uma APP

8

312 Deslizamentos

Segundo Tominaga (2009) deslizamento eacute o movimento de solo em uma vertente pela

accedilatildeo da gravidade e satildeo mais frequentes em regiotildees de relevo montanhoso e em periacuteodos

chuvosos sendo a pluviosidade um dos principais fatores condicionantes para a ocorrecircncia

do processo Os deslizamentos podem ocorrer naturalmente e eacute grande responsaacutevel pela

dinacircmica das vertentes e evoluccedilatildeo do relevo local mas no Brasil a falta de planejamento

urbano de uma boa parte dos municiacutepios a ocupaccedilatildeo desordenada e a construccedilatildeo de

domiciacutelios sem orientaccedilatildeo teacutecnica tecircm transformado um processo natural em um

problema que algumas vezes se tornam grandes trageacutedias Na regiatildeo Sudeste brasileira o

escorregamento do tipo rotacional eacute o mais comum e eacute caracterizado por uma ruptura

curva no solo que estaacute geralmente associada agrave realizaccedilatildeo de cortes na base do talude ou

por processos erosivos fluviais o que relaciona esse tipo de escorregamento agraves regiotildees

urbanas mal planejadas e coloca o homem como o principal agente efetivo associado com

a pluviosidade na ocorrecircncia de acidentes relacionados com deslizamentos

(FERNANDES amp AMARAL 1996 apud TOMINAGA 2009)

313 Alagamentos

De acordo com Amaral amp Ribeiro (2009) inundaccedilotildees e enchentes satildeo processos

intimamente relacionados com a pluviosidade pois satildeo frequentes em periacuteodos de chuvas

fortes e raacutepidas ou chuvas de longa duraccedilatildeo e estatildeo relacionados agrave intensidade e

distribuiccedilatildeo da precipitaccedilatildeo ao longo da bacia agrave capacidade do solo de reter e infiltrar

aacutegua e agraves caracteriacutesticas de forma da bacia de drenagem

O escoamento das aacuteguas pluviais na natureza eacute lento mas em aacutereas urbanizadas a accedilatildeo

antroacutepica relacionada a ocupaccedilatildeo de planiacutecies de inundaccedilatildeo que podem estar inclusive

em uma cota abaixo do leito do rio impermeabilizaccedilatildeo do solo e retificaccedilatildeo de corpos

drsquoaacutegua aleacutem de inuacutemeras atividades que promovem o assoreamento dos rios e coacuterregos

tem gerado resultados catastroacuteficos e grandes prejuiacutezos (AMARAL amp RIBEIRO 2009)

Quando se refere agraves regiotildees urbanas o termo ldquoalagamentordquo eacute o mais utilizado e segundo

o Ministeacuterio das Cidades (2006) define-se como o ldquoacuacutemulo momentacircneo de aacuteguas em

uma dada aacuterea por problemas no sistema de drenagem podendo ter ou natildeo relaccedilatildeo com

processos de natureza fluvialrdquo Tambeacutem o termo ldquoenxurradardquo eacute utilizado e define-se como

o ldquoescoamento superficial concentrado e com alta energia de transporte que pode ou natildeo

estar associado a aacutereas de domiacutenio dos processos fluviais Eacute comum a ocorrecircncia de

enxurradas ao longo de vias implantadas sobre antigos cursos drsquoaacutegua com alto gradiente

hidraacuteulico e em terrenos com alta declividade naturalrdquo

9

314 Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente

O Novo Coacutedigo Florestal Brasileiro define Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP) como

ldquoaacuterea protegida coberta ou natildeo por vegetaccedilatildeo nativa com a funccedilatildeo ambiental de

preservar os recursos hiacutedricos a paisagem a estabilidade geoloacutegica e a biodiversidade

facilitar o fluxo gecircnico de fauna e flora proteger o solo e assegurar o bem-estar das

populaccedilotildees humanasrdquo (BRASIL2012) Estas aacutereas satildeo muito importantes tanto no meio

urbano como no rural por garantir a estabilidade do solo em encostas iacutengremes contribuir

para a natildeo formaccedilatildeo de processos erosivos e o assoreamento de rios e coacuterregos aleacutem de

garantir a recarga de aquiacuteferos ao atuar como um amortecedor de chuvas retendo-a e

impedindo que ocorra um carreamento intenso de sedimentos ao longo dos morros e

margens de rios e coacuterregos (SKORUPA 2004) A Lei 126512012 apresenta os tipos de

APP e seus limites conforme seraacute visto no item 322

315 Uso e ocupaccedilatildeo do solo

Dentre os vaacuterios mecanismos de ordenamento urbano e instrumentos de planejamento

municipal previsto no Estatuto da Cidade (Lei Federal 102572001) o uso e ocupaccedilatildeo

do solo satildeo os mais utilizados pelas cidades para a formulaccedilatildeo das poliacuteticas urbanas

podendo definir o uso como a forma como esta parcela do solo eacute utilizada e a ocupaccedilatildeo

como sendo o modo como as edificaccedilotildees devem ser dispostas nesta mesma parcela do

solo urbano (TAKEDA 2015) O termo ldquoUso e ocupaccedilatildeo do solordquo tambeacutem pode ser

definido como o fator que determina como as mais diferentes regiotildees de um municiacutepio

deve se desenvolver (FONTOURA 2015)

A inserccedilatildeo de leis municipais de uso e ocupaccedilatildeo do solo objetivam ser uma referecircncia

para os gestores locais no processo de tomada de decisatildeo para que as cidades cresccedilam de

modo organizado enfatizando os potenciais e capacidades de cada regiatildeo aleacutem de tornar

o crescimento mais homogecircneo Com isso pretende-se evitar a formaccedilatildeo de grandes

adensamentos em pequenas aacutereas garantindo a mobilidade e a qualidade de vida de todos

os muniacutecipes tanto da regiatildeo urbana como da rural preservar e melhorar a qualidade

ambiental do municiacutepio aleacutem de evitar deslizamentos e alagamentos por conta da

ocupaccedilatildeo incorreta do solo (TAKEDA 2015)

10

32 Legislaccedilatildeo Pertinente

321 As adequaccedilotildees da legislaccedilatildeo ao longo dos anos

A problemaacutetica relacionada agraves APPs em aacutereas urbanas outrora era uma questatildeo complexa

e demandava uma larga discussatildeo do ponto de vista juriacutedico administrativo e teacutecnico Eacute

sabido que a maioria das cidades se formaram proacuteximos aos corpos hiacutedricos regiatildeo que

garantia o abastecimento de aacutegua e alimentos agrave populaccedilatildeo e tambeacutem facilitava o descarte

dos efluentes A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 225 daacute garantia aos

brasileiros de um meio ambiente em equiliacutebrio e concede agrave toda a sociedade o dever de

preservaacute-lo de acordo com os princiacutepios do desenvolvimento sustentaacutevel (BRASIL

1988) Antes desta Constituiccedilatildeo jaacute havia um texto que regulamentava a questatildeo da

preservaccedilatildeo de aacutereas verdes em todo o territoacuterio nacional A Lei Federal nordm 477165 que

trata do Coacutedigo Florestal estabelecia limites e regulamentava as Aacutereas de Preservaccedilatildeo

Permanente De acordo com Arauacutejo (2002) apud De Moraes (2014) essa Lei que fora

revogada e substituiacuteda pela Lei 126512012 era bastante falha no que diz respeito agraves

questotildees de APPS em aacutereas urbanas o que poderia ser um facilitador do natildeo cumprimento

do que foi proposto por aquela legislaccedilatildeo nestas aacutereas Isso se devia ao fato de o Coacutedigo

Florestal de 1965 ter deixado uma duacutevida sobre qual legislaccedilatildeo seguir uma vez que em

seu segundo artigo no paraacutegrafo uacutenico estava disposto que em aacutereas urbanas devia-se

atentar para a legislaccedilatildeo referente ao Plano Diretor e as referentes ao uso do solo na aacuterea

do municiacutepio (BRASIL 1965) Diante dessa conjuntura alguns municiacutepios optavam pela

natildeo aplicaccedilatildeo do Coacutedigo Florestal na regiatildeo urbana mesmo sabendo que a poliacutetica

conservacionista eacute extremamente importante visto o grande nuacutemero de problemas que

podem advir do uso irregular das APPs (DE MORAES 2009) Segundo o artigo 182 da

Constituiccedilatildeo Federal de 1988 as poliacuteticas relacionadas ao desenvolvimento urbano

devem ser elaboradas pelos municiacutepios e objetiva garantir o bem estar dos muniacutecipes e

tambeacutem o desenvolvimento do municiacutepio como um todo atraveacutes do atendimento agraves

exigecircncias do Plano Diretor (BRASIL 1988) O que podia gerar alguma divergecircncia seria

se o Plano Diretor Municipal propusesse uma faixa de APP menor que a prevista pelo

Coacutedigo Florestal Sendo assim essa legislaccedilatildeo perderia sua validade pelo fato de a

legislaccedilatildeo federal ser suplementar ou se seria cumprida devido ao disposto no artigo 182

da Constituiccedilatildeo Segundo De Moraes (2009) natildeo eacute aceitaacutevel que o Plano Diretor

Municipal legitime tal degradaccedilatildeo ambiental uma vez que um dos seus principais

objetivos eacute a proteccedilatildeo do bem estar puacuteblico estando incluiacutedo nesse a proteccedilatildeo do

ambiente natural A delimitaccedilatildeo e especificaccedilatildeo das APPs em Lei eacute necessaacuteria uma vez

que os limites miacutenimos destinados agrave preservaccedilatildeo satildeo importantes pois garantem a

proteccedilatildeo tanto da qualidade quanto da quantidade dos recursos hiacutedricos e evitam a

ocupaccedilatildeo em locais propiacutecios aos deslizamentos e zonas de recarga dos aquiacuteferos

11

subterracircneos assegurando tambeacutem de certa forma a integridade dos seres humanos que

potencialmente ocupariam tais locais (CARVALHO 2013)

Neste trabalho a legislaccedilatildeo tomada como referecircncia eacute a prevista pela Constituiccedilatildeo Federal

de 1988 o Novo Coacutedigo Florestal (Lei 126512012) e o Estatuto das Cidades (Lei

102572001) em acircmbito federal Na esfera estadual a Lei 209222013 versa sobre os

limites para APP em todo o territoacuterio de Minas A Lei Municipal 42412012 trata do

Plano Diretor Municipal da cidade de Santos Dumont onde se encontra as diretrizes para

o uso e ocupaccedilatildeo do solo e o zoneamento da cidade de acordo com as caracteriacutesticas do

solo entre outras

322 O Novo Coacutedigo Florestal e a legislaccedilatildeo mineira

O Novo Coacutedigo Florestal Lei Federal 126512012 substituiu a Lei Federal 47711965

Dentre os vaacuterios artigos que esta lei possui o que apresenta maior importacircncia para o

planejamento e o ordenamento das cidades tanto na aacuterea urbana como na rural eacute o artigo

4ordm em que constam as faixas de APP tanto para curso hiacutedrico como para declividade e

altitude aleacutem dos topos de morro a saber (BRASIL2012)

ldquoArt 4ordm Considera-se Aacuterea de Preservaccedilatildeo

Permanente em zonas rurais ou urbanas para os

efeitos desta Lei

I - as faixas marginais de qualquer curso drsquoaacutegua

natural perene e intermitente excluiacutedos os

efecircmeros desde a borda da calha do leito regular

em largura miacutenima de

a) 30 (trinta) metros para os cursos drsquoaacutegua de

menos de 10 (dez) metros de largura

b) 50 (cinquenta) metros para os cursos drsquoaacutegua

que tenham de 10 (dez) a 50 (cinquenta) metros de

largura

()

IV - as aacutereas no entorno das nascentes e dos olhos

drsquoaacutegua perenes qualquer que seja sua situaccedilatildeo

topograacutefica no raio miacutenimo de 50 (cinquenta)

metros

12

V - as encostas ou partes destas com declividade

superior a 45deg equivalente a 100 (cem por

cento) na linha de maior declive

()

IX - no topo de morros montes montanhas e

serras com altura miacutenima de 100 (cem) metros e

inclinaccedilatildeo meacutedia maior que 25deg as aacutereas

delimitadas a partir da curva de niacutevel

correspondente a 23 (dois terccedilos) da altura

miacutenima da elevaccedilatildeo sempre em relaccedilatildeo agrave base

sendo esta definida pelo plano horizontal

determinado por planiacutecie ou espelho drsquoaacutegua

adjacente ou nos relevos ondulados pela cota do

ponto de sela mais proacuteximo da elevaccedilatildeo

X - as aacutereas em altitude superior a 1800 (mil e

oitocentos) metros qualquer que seja a

vegetaccedilatildeo

()rdquo

A legislaccedilatildeo atual em seu artigo 4ordm evidencia que as faixas e aacutereas determinadas como

APP compreendem tanto as aacutereas rurais quanto urbanas (BRASIL 2012) retirando a

duacutevida anterior e sendo essa a Lei suplementar qualquer faixa de APP mais permissiva

na legislaccedilatildeo estadual e municipal satildeo invaacutelidas o que simplificou de certa forma a

aplicabilidade da Legislaccedilatildeo referente a Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente

No Estado de Minas Gerais a Lei Estadual 20922 de 16 de Outubro de 2013 trata do tema

em acircmbito estadual mas com os mesmos princiacutepios propostos pela Lei Federal sendo os

limites miacutenimos previstos para as APPs os mesmos propostos pelo Novo Coacutedigo

Florestal brasileiro (MINAS GERAIS2013)

ldquo Art 9ordm Para os efeitos desta Lei em zonas rurais

ou urbanas satildeo APPs

I as faixas marginais de cursos drsquoaacutegua naturais

perenes e intermitentes excluiacutedos

os efecircmeros medidas a partir da borda da calha

do leito regular em largura miacutenima de

13

a) 30m (trinta metros) para os cursos drsquoaacutegua de

menos de 10m (dez metros) de largura

b) 50m (cinquenta metros) para os cursos drsquoaacutegua

de 1 0m (dez metros) a 50m (cinquenta metros) de

largura

()

IV as aacutereas no entorno das nascentes e dos olhos

drsquoaacutegua perenes no raio miacutenimo de 50m

(cinquenta metros)

V as encostas ou partes destas com declividade

superior a 45ordm (quarenta e cinco graus)

equivalente a 100 (cem por cento) na linha de

maior declive

()

VII no topo de morros montes montanhas e

serras com altura miacutenima de 100m (cem metros)

e inclinaccedilatildeo meacutedia maior que 25ordm (vinte e cinco

graus) as aacutereas delimitadas a partir da curva de

niacutevel correspondente a 23 (dois terccedilos) da altura

miacutenima da elevaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave base sendo esta

definida pelo plano horizontal determinado por

planiacutecie ou espelho drsquoaacutegua adjacente ou nos

relevos ondulados pela cota do ponto de sela mais

proacuteximo da elevaccedilatildeo

VIII as aacutereas em altitude superior a 1 800m (mil

e oitocentos metros)

()rdquo

323 O Plano Diretor

O Estatuto das Cidades em seu artigo 40 prevecirc o plano diretor como um instrumento

capaz de promover a poliacutetica urbana englobando toda a cidade aleacutem de fornecer padrotildees

e limites para o uso do solo nas mais diversas regiotildees do municiacutepio com vistas a

harmonizar o desenvolvimento urbano com a preservaccedilatildeo do meio ambiente (SILVA JR

2006) Este instrumento eacute obrigatoacuterio para cidades com mais de 20 mil habitantes ou

14

aacutereas que integrem regiotildees metropolitanas ou de interesse turiacutestico O artigo 41 do

Estatuto das cidades tambeacutem prevecirc a obrigatoriedade do Plano Diretor para cidades que

possuem em sua aacuterea empreendimentos que caracterizem grandes impactos ambientais

de influecircncia regional ou nacional e cidades que possuem problemas com deslizamentos

de grande magnitude ou alagamentos repentinos (BRASIL 2001)

O Plano diretor de acordo com o Estatuto das Cidades deve ser aprovado como lei em

acircmbito municipal e revisto a cada dez anos Este documento eacute uacutenico pois cada cidade

possui suas peculiaridades infraestrutura vocaccedilotildees e problemas que por mais que sejam

parecidos entre si satildeo diferenciados pela intensidade e pela regionalizaccedilatildeo Sendo assim

a confecccedilatildeo do Plano Diretor deve conter a participaccedilatildeo de toda a comunidade local de

forma a reduzir as desigualdades sociais os gastos puacuteblicos desnecessaacuterios a degradaccedilatildeo

ambiental e combater os problemas relacionados a urbanizaccedilatildeo de forma conjunta

promovendo um processo de tomada de decisatildeo que garanta a qualidade de vida

preservaccedilatildeo e o desenvolvimento social do municiacutepio como um todo (ROSSBACH amp

CARVALHO 2010)

3231 O Plano Diretor de Santos Dumont

A Lei Municipal nordm 424112 que entrou em vigor no ano de 2014 trata do Plano Diretor

Municipal instrumento previsto no Estatuto das Cidades para garantir aos cidadatildeos um

desenvolvimento urbano organizado justo e sustentavelmente econocircmico (BRASIL

2001) Aleacutem de apontar as diretrizes para a elaboraccedilatildeo da Poliacutetica Municipal dos mais

variados setores o Plano Diretor divide o municiacutepio em macrozonas urbanas e rurais

Estas zonas tecircm por objetivo facilitar a identificaccedilatildeo dos setores que permitem ou natildeo o

desenvolvimento da cidade e em que magnitude pode ser feita a expansatildeo respeitando ao

meio ambiente e tambeacutem o que eacute previsto no tocante ao uso e ocupaccedilatildeo do solo nessas

aacutereas Aleacutem disso ela estabelece a forma como devem ser as edificaccedilotildees nas referidas

aacutereas As aacutereas definidas como macrozonas urbanas e foram subdivididas em (SANTOS

DUMONT2012)

ldquoZona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e

da Paisagem (ZPPH) satildeo as aacutereas cujos

equipamentos urbanos possuem interesse

histoacuterico ou paisagiacutestico de preservaccedilatildeo

Zona de Preservaccedilatildeo Ambiental satildeo aquelas em

que devem ser mantidas ou recuperadas a

15

vegetaccedilatildeo por conta da declividade altitude ou

presenccedila de recursos hiacutedricos

Zona de Adensamento Controlado (ZAC) satildeo as

aacutereas em que deve-se manter uma pequena

densidade populacional devido as limitaccedilotildees na

infraestrutura da localidade A ZAC se divide em

ZAC 1 quando a infraestrutura existente eacute

limitada e em ZAC 2 quando esta eacute precaacuteria ou

natildeo existe

Zona de Consolidaccedilatildeo de Adensamento (ZCA)

satildeo as aacutereas em que haacute interesse em ocupar os

lotes vagos haja visto que a regiatildeo possui toda a

infraestrutura para que isto aconteccedila

Zona Adensaacutevel (ZA) satildeo as aacutereas com

condiccedilotildees propiacutecias para ocorrer uma ocupaccedilatildeo

mais densa

Zona Especial de Interesse Social (ZEIS) satildeo as

aacutereas em que o Poder Puacuteblico almeja fazer

alguma forma de ocupaccedilatildeo Eacute dividida em ZEIS 1

e ZEIS 2 A ZEIS 1 satildeo regiotildees jaacute ocupadas mas

de forma irregular cujo interesse puacuteblico eacute

realizar obras e outras atividades para

regularizar as ocupaccedilotildees e urbanizar a aacuterea

enquanto que a ZEIS 2 satildeo aacutereas natildeo utilizadas ou

subutilizadas as quais o poder puacuteblico almeja

realizar algum empreendimento habitacional de

caraacuteter social

Zona de Grandes Equipamentos (ZE) satildeo aacutereas

cujo o interesse eacute a implantaccedilatildeo de

empreendimentos de grande porte ou grandes

equipamentos puacuteblicosrdquo

Esta divisatildeo espacial pode ser melhor vista no Anexo 71

O Plano Diretor natildeo estipula limites para APP mas prevecirc algumas diretrizes como na

Poliacutetica Municipal de Preservaccedilatildeo do Meio Ambiente sobre o uso do solo em

compatibilidade com praacuteticas conservacionistas A Poliacutetica Municipal de Expansatildeo

16

Urbana tem como uma de suas diretrizes fazer cumprir a legislaccedilatildeo vigente no que diz

respeito agraves intervenccedilotildees e investimentos que poderatildeo ser feitos nessas aacutereas Tambeacutem eacute

diretriz da mesma Poliacutetica o controle da ocupaccedilatildeo e do uso do solo em APPs e o auxiacutelio

aos oacutergatildeos estaduais e federais de meio ambiente no tocante agrave fiscalizaccedilatildeo da ocupaccedilatildeo

nestas aacutereas (SANTOS DUMONT 2012) O artigo 38 que trata das diretrizes da Poliacutetica

habitacional de interesse social exclui do processo de regularizaccedilatildeo fundiaacuteria os

assentamentos situados em aacutereas de risco o que na maioria das vezes estatildeo tambeacutem nas

aacutereas que deveriam estar vegetadas e protegidas (SANTOS DUMONT 2012) Na

legislaccedilatildeo referente ao parcelamento do solo eacute previsto que no parcelamento de glebas

com declividade entre 30 e 47 soacute poderaacute ser aprovado mediante projeto e laudo

assinado por um responsaacutevel teacutecnico favoraacutevel agrave construccedilatildeo nesse local (SANTOS

DUMONT 2012) Diante do proposto pelo Plano Diretor de Santos Dumont pode-se

dizer que natildeo haacute conflito com a legislaccedilatildeo federal e estadual em se tratando da

aplicabilidade do Coacutedigo Florestal uma vez que aquele natildeo explicita limites nem

permissivos e tampouco restritivos para faixas e aacutereas de preservaccedilatildeo permanente

33 O Municiacutepio de Santos Dumont

331 De Arraial a cidade

A aacuterea onde se situa hoje o municiacutepio de Santos Dumont teve sua ocupaccedilatildeo iniciada no

seacuteculo XVIII quando a Coroa Portuguesa solicitou ao entatildeo Governador do Rio de

Janeiro Artur de Saacute Menezes que abrisse um caminho que ligasse as Minas dos

Cataguases na regiatildeo de Ouro Preto (receacutem descobertas) ao Rio de Janeiro por onde

escoava os metais preciosos para a metroacutepole Surgiu assim o ldquoCaminho Novordquo e ao longo

deste caminho surgiram tambeacutem as Sesmarias aacutereas que tinham por principal objetivo

servir de pouso aos transportadores e exploradores e tambeacutem para garantir alimento a

estas pessoas Uma destas ocupaccedilotildees seria o ldquoArraial de Joatildeo Gomesrdquo (Figura 41)

primeiro nuacutecleo primitivo do municiacutepio em 1709 De iniacutecio prevaleciam somente

ranchos onde os viajantes se abrigavam mas em pouco tempo ergueu-se a Capela de Satildeo

Miguel e Almas e pequenos nuacutecleos urbanos comeccedilaram a surgir (DAPPC2008)

17

Figura 3 1 Vista parcial do Arraial de Joatildeo Gomes

Fonte Arquivo Histoacuterico de Santos Dumont-MG

Com a construccedilatildeo da Estrada de Ferro D Pedro II no final do seacuteculo XIX a regiatildeo teve

um consideraacutevel crescimento natildeo soacute populacional como tambeacutem econocircmico se tornando

a Vila Palmyra em 1889 Em 1890 Palmyra eacute elevada ao status de Municiacutepio (Figura 42)

e recebe um grande nuacutemero de melhorias no setor viaacuterio como a retificaccedilatildeo de ruas e

tambeacutem no setor de serviccedilos puacuteblicos como abastecimento de aacutegua iluminaccedilatildeo puacuteblica a

querosene e posteriormente energia eleacutetrica O desenvolvimento econocircmico na regiatildeo

tambeacutem teve seu momento aacuteureo nesse periacuteodo Induacutestrias de laticiacutenios graacuteficas e de

Carbureto de Caacutelcio fizeram parte do parque industrial de Palmyra o que atraiacutea pessoas

de outros lugares inclusive estrangeiros contribuindo para o aumento populacional da

regiatildeo Como ainda natildeo havia legislaccedilatildeo sobre uso e ocupaccedilatildeo do solo nessa eacutepoca

surgiram inuacutemeros loteamentos em aacutereas proacuteximas agrave rios e coacuterregos e tambeacutem em

encostas com declividade acentuada o que foi agravando o risco agrave medida que a ocupaccedilatildeo

aumentava (DAPPC2008)

18

Figura 3 2 Municiacutepio de Palmyra na deacutecada de 1920

Fonte Arquivo Histoacuterico de Santos Dumont-MG

O escoamento da produccedilatildeo industrial se dava pelo modal ferroviaacuterio setor que tambeacutem

movimentava a crescente cidade que era ponto importante no setor de transportes pois

possuiacutea um dos mais bem equipados depoacutesitos de locomotivas da Estrada de Ferro Central

do Brasil (DAPPC2008)

No ano de 1932 o municiacutepio de Palmyra passou a se chamar Santos Dumont (Figura 43)

em homenagem ao inventor do aviatildeo que nascera naquela cidade Nos uacuteltimos 40 anos

Santos Dumont tem experimentado uma acentuada desaceleraccedilatildeo econocircmica

consequecircncia do fechamento da grande maioria das induacutestrias principalmente as de

laticiacutenios que empregavam direta e indiretamente uma parte consideraacutevel da populaccedilatildeo

(DAPPC2008)

19

Figura 3 3 Municiacutepio de Santos Dumont em 2014

Fonte Arquivo do autor

332 Santos Dumont na atualidade

O municiacutepio de Santos Dumont localiza-se na regiatildeo da Zona da Mata mineira distante

cerca de 220 Km da capital Belo Horizonte e possui uma populaccedilatildeo de 47558 habitantes

(ODM 2015 projeccedilatildeo) numa aacuterea total de 637 kmsup2 Faz divisa com os municiacutepios de

Juiz de Fora Oliveira Fortes Bias Fortes Antocircnio Carlos Tabuleiro Piau e Ewbank da

Cacircmara

No que diz respeito agrave sua formaccedilatildeo fisiacuteco-geograacutefica a aacuterea que compreende o municiacutepio

eacute constituiacuteda predominantemente por Cambissolo Haacuteplico (70) com Latossolo

Vermelho-Amarelo (30) (UFV2010) A vegetaccedilatildeo eacute em sua maioria composta por

exemplares de Mata Atlacircntica De acordo com o IBGE(2015) Santos Dumont se localiza

a 839m de altitude O clima da regiatildeo eacute classificado como Tropical de Altitude (Cwb) e

possui uma temperatura meacutedia de 20ordmC Eacute banhado pela bacia hidrograacutefica do Paraiacuteba do

Sul e em sua maioria pertence agrave sub-bacia do Rio Pomba (IGAM) que fornece aacutegua para

abastecimento puacuteblico agrave 88 da populaccedilatildeo por meio da rede de distribuiccedilatildeo

(IBGE2010) Uma pequena parte da zona rural a sudoeste eacute banhada pela Sub-Bacia do

Rio Paraibuna mais precisamente na regiatildeo de fronteira com os municiacutepios de Juiz de

Fora e Ewbank da Cacircmara O sistema viaacuterio principal de acesso agrave cidade eacute a rodovia BR-

040 e a estrada de ferro Dom Pedro II atualmente utilizada somente para transporte de

cargas

Com a economia nos dias atuais baseada majoritariamente no setor de serviccedilos a cidade

possui um Iacutendice de Desenvolvimento humano (IDH) de 0741 (IBGE2010) Apesar do

decliacutenio econocircmico de Santos Dumont nota-se hoje um aumento no nuacutemero de

loteamentos populares e condomiacutenios horizontais e verticais entre outras edificaccedilotildees Eacute

de vital importacircncia que esse crescimento das ocupaccedilotildees seja ordenado e regulamentado

20

de forma a garantir a qualidade ambiental prevenindo deslizamentos e inundaccedilotildees Diante

dessa conjuntura o governo municipal aprovou em 2012 a Lei nordm 4241 que trata do Plano

Diretor Participativo instrumento baacutesico da poliacutetica de desenvolvimento e expansatildeo

urbana do municiacutepio de Santos Dumont

4 METODOLOGIA

41 Aacuterea de estudo

A regiatildeo dentro dos limites do municiacutepio que seraacute estudada neste trabalho eacute conforme

descrito nos anexos Plano Diretor e representada na figura 44 a aacuterea urbana principal

que possui 47 Kmsup2 e compreende a regiatildeo central da cidade e os bairros perifeacutericos regiatildeo

que concentra cerca de 90 da populaccedilatildeo total de Santos Dumont (IBGE 2015) A aacuterea

urbana principal representa 75 da aacuterea total dos 637 Kmsup2 que compreendem o

municiacutepio e eacute o local onde nos uacuteltimos 30 anos se verificou um maior crescimento

populacional e tambeacutem onde ocorre a maioria dos eventos relacionados a deslizamentos

e alagamentos por conta da ocupaccedilatildeo sem planejamento A figura 45 mostra a aacuterea

urbana principal e a localizaccedilatildeo dos bairros urbanos de Santos Dumont

Figura 4 1 Localizaccedilatildeo da aacuterea urbana principal

Fonte Google Earth

21

Figura 4 2 Mapa da aacuterea urbana principal com a localizaccedilatildeo dos bairros

Fonte Do Autor

42 Levantamento e tratamento dos dados

No desenvolvimento deste trabalho foi necessaacuterio se fazer um estudo detalhado sobre o

Plano Diretor de Santos Dumont principalmente dos seus anexos que compreendem os

mapas e a localizaccedilatildeo das aacutereas definidas pelo zoneamento proposto Para que isso fosse

possiacutevel a Secretaria Municipal de Obras e Serviccedilos Puacuteblicos forneceu todos os dados

secundaacuterios produto do estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor e do

zoneamento Estes dados incluem os arquivos Shapefile (shp) e outros documentos

integrantes do Plano Diretor Algumas informaccedilotildees foram complementadas tambeacutem com

dados adquiridos atraveacutes do site do IBGE e do Portal Objetivos do Milecircnio (ODM)

Os dados sobre as ocorrecircncias de deslizamentos e alagamentos foram obtidos atraveacutes da

Defesa Civil do municiacutepio atraveacutes do Sistema Integrado de Informaccedilotildees sobre Desastres

(S2ID) do Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional Tal sistema centraliza as informaccedilotildees sobre

desastres naturais ocorridos em todo o territoacuterio nacional facilitando a pesquisa sobre tais

eventos a qualquer cidadatildeo (BRASIL 2015)

Apesar do sistema ser bastante uacutetil os dados sobre o municiacutepio de Santos Dumont se

encontravam bastante falhos e escassos sendo necessaacuteria complementaccedilatildeo para que a

22

base de dados ficasse consistente Diante disso uma pesquisa atraveacutes dos arquivos do

Jornal Mensagem um jornal semanaacuterio local foi feita entre os anos de 1984 e 2014 e os

dados primaacuterios filtrados em uma planilha do Microsoft Excel para posterior utilizaccedilatildeo

De posse destes dados foi feita a localizaccedilatildeo em campo das coordenadas dos locais

atingidos por deslizamentos e alagamentos no periacuteodo compreendido pela pesquisa com

o auxiacutelio de um aparelho de GPS

A maioria dos arquivos shapefile utilizados para a confecccedilatildeo dos mapas satildeo parte

integrante dos anexos da Lei do Plano diretor do municiacutepio gerados no mecircs de dezembro

de 2011 pelo Instituto Nova Cidade e foram cedidos pela Secretaria Municipal de Obras

e Serviccedilos Puacuteblicos com Datum em UTM SAD 69 Com a finalidade de fornecer um

referenciamento atualizado e de acordo com os mais novos sistemas de coordenadas

utilizados no Brasil os arquivos foram convertidos para o Datum UTM SIRGAS 2000

que diferencia do SAD 69 pelo fato de ser um referencial geocecircntrico ou seja o centro

da Terra eacute o ponto de referecircncia neste sistema enquanto que o primeiro utiliza um

referencial na superfiacutecie da Terra (IBGE2014) Eacute interessante ressaltar tambeacutem que o

SIRGAS 2000 se tornou no ano de 2014 o sistema de coordenadas oficial do Sistema

Geodeacutesico Brasileiro e do Sistema Cartograacutefico Nacional ambos mantidos pelo IBGE A

combinaccedilatildeo dos shapefiles foi feita com o software livre gvSIG e com estas combinaccedilotildees

foram gerados mapas importantes resultados para a execuccedilatildeo deste trabalho A maioria

dos mapas representam a regiatildeo urbana principal de Santos Dumont e foram produzidos

numa escala em torno de 140000 que de acordo com Rocha (2007) eacute uma escala viaacutevel

pois as recomendaacuteveis para trabalhos de anaacutelise ambiental em niacutevel municipal podem ser

entre 150000 e 110000 Alguns mapas cujo detalhamento natildeo eacute necessaacuterio foram

gerados na escala 1100000

Para a geraccedilatildeo dos mapas aleacutem dos arquivos fornecidos pela Secretaria de Obras e

Serviccedilos Puacuteblicos foram utilizados para a geraccedilatildeo do modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE)

e da localizaccedilatildeo dos topos de morro dados gerados pelo sistema de radar Advanced

Spacebone Thermal Emission and Reflection Radiometer (ASTER) que geram as curvas

de niacutevel do terreno com uma resoluccedilatildeo de 30m (NASA2014) O processamento dessas

imagens foi feito pelo software livre gvSIG As imagens geradas pelos sateacutelites

LANDSAT foram adquiridas no site da United States Geological Survey (USGS) e essas

imagens possibilitaram obter um panorama preciso do uso do solo em toda a aacuterea urbana

de Santos Dumont numa resoluccedilatildeo de 15 metros uma vez que foi utilizada a banda

pancromaacutetica do sateacutelite LANDSAT 8 aleacutem da combinaccedilatildeo das bandas 65 e 4

respectivamente que eacute a combinaccedilatildeo recomendada pela mantenedora dos sateacutelites para

anaacutelises deste tipo

23

No que diz respeito a identificaccedilatildeo de APPs em topo de morro a metodologia de Oliveira

amp Fernandes Filho (2013) por utilizar as mesmas bases de dados ateacute entatildeo usadas neste

trabalho foi a mais indicada

A metodologia de anaacutelise dos mapas gerados eacute a proposta pelo professor Jorge Xavier da

Silva do Laboratoacuterio de Geoprocessamento (LAGEOP) da Universidade Federal do Rio

de Janeiro e citada por Rocha (2007) Tal metodologia analisa as variaacuteveis em questatildeo

presentes na aacuterea e permite avaliar as possibilidades de relaccedilotildees entre essas variaacuteveis De

uma maneira geral este meacutetodo verifica o estado atual da aacuterea em estudo bem como das

variaacuteveis gerando inventaacuterios que servem para a construccedilatildeo de dados planimeacutetricos sejam

com as variaacuteveis isoladas ou combinadas Estes dados planimeacutetricos geram assinaturas

que permitem inferir sobre a influecircncia dessas variaacuteveis De posse dos dados gerados pelo

processo anteriormente citado pode-se fazer algumas prospecccedilotildees sobre os riscos

ambientais que a aacuterea pode sofrer ou o seu potencial ambiental (ROCHA 2007)

5 RESULTADOS

51 Levantamento histoacuterico de alagamentos e

deslizamentos

O aumento da demanda pelo uso do solo na regiatildeo urbana de Santos Dumont

principalmente no tocante agrave formaccedilatildeo de novos loteamentos e condomiacutenios nos uacuteltimos

anos eacute consideraacutevel mas tambeacutem haacute de se observar o crescimento dos bairros jaacute existentes

com pouco ou nenhum ordenamento Em ambos os casos se observa ocupaccedilotildees

irregulares em APP o que tem ocasionado um aumento na frequecircncia de deslizamentos

e inundaccedilotildees Eacute evidente que quanto maior a densidade populacional do bairro maior a

quantidade de ocorrecircncias ao longo dos anos (SPERFELD 2009)

De acordo com as ocorrecircncias registradas pela Defesa Civil do municiacutepio obtidas atraveacutes

da literatura utilizada nos uacuteltimos 30 anos Santos Dumont chegou a decretar situaccedilatildeo de

emergecircncia por conta de desastres envolvendo deslizamentos eou alagamentos por duas

vezes num espaccedilo de 10 anos conforme pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho

(BRASIL 2014 CEPED 2011)

Segundo os dados obtidos atraveacutes de pesquisa nos arquivos do semanaacuterio entre os anos

de 1984 e 2014 pode-se verificar que nos uacuteltimos 20 anos a cidade tem experimentado

24

um aumento consideraacutevel nos eventos relacionados a deslizamentos e principalmente

alagamentos como pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho Isso pode ter sido causado

dentre outros fatores pelo aumento do nuacutemero de vias pavimentadas com material

impermeaacutevel o que tem sobrecarregado tanto a infraestrutura existente para drenagem

urbana como tambeacutem a calha dos cursos drsquoaacutegua que passam pela regiatildeo urbana do

municiacutepio (ZANON2013)

Na deacutecada de 1980 (1984-1990) de acordo com os dados obtidos natildeo foram noticiados

eventos consideraacuteveis relacionados a deslizamentos e alagamentos em Santos Dumont

mas isso natildeo exclui a possibilidade de natildeo ter ocorrido tais eventos em menor escala

Na deacutecada de 1990 aconteceram uma seacuterie de ocorrecircncias tanto de deslizamentos quanto

de alagamentos No ano de 1997 num periacuteodo chuvoso intenso aconteceram

deslizamentos consideraacuteveis em vaacuterios bairros da cidade inclusive com desabamento de

casas e de ruas principalmente nos bairros Nossa Senhora da Gloacuteria e Quarto Depoacutesito

Em 1999 ocorreram alguns pontos de alagamento nos bairros Quarto Depoacutesito e Santo

Antocircnio com grandes prejuiacutezos materiais

A deacutecada de 2000 iniciou com o registro de deslizamentos em vaacuterios bairros da cidade

inclusive com desabamento de casas e pontes e alagamentos em importantes vias do

centro da cidade Observa-se ao longo desse periacuteodo o crescimento nas ocorrecircncias de

deslizamentos e de aacutereas com risco de deslizamento em muitos bairros de Santos Dumont

Um dos fatores importantes para esse crescimento foi a grande expansatildeo sofrida pela

maioria dos bairros e a falta de planejamento e orientaccedilatildeo por parte da prefeitura uma

vez que uma boa parte do crescimento dos bairros da cidade ocorreu ou proacuteximo a cursos

drsquoaacutegua ou em aacutereas com declividade improacutepria para se fazer construccedilotildees O bairro

Coacuterrego do Ouro (Figura 51) foi o que mais sofreu com ocorrecircncias de deslizamentos

nesse periacuteodo enquanto o bairro Santo Antocircnio foi que teve mais ocorrecircncias de

alagamentos

25

Figura 5 1 Deslizamento no bairro Coacuterrego do Ouro

Fonte Portal Cabangu

No iniacutecio deacutecada de 2010 (2011-2014) o centro da cidade foi a regiatildeo que mais sofreu

com alagamentos sendo registrado pelo menos uma ocorrecircncia por ano nessa aacuterea (Figura

52) Isso pode ser relacionado dentre outros fatores com as obras de modificaccedilatildeo do

tipo de pavimentaccedilatildeo das estradas por um material impermeaacutevel gerando uma sobrecarga

nos sistemas de drenagem urbana que foram projetados para um tipo de pavimento mais

permeaacutevel implicando tambeacutem na sobrecarga calha do Ribeiratildeo das Posses o principal

curso drsquoaacutegua que corta o centro da cidade e que se encontra em quase sua totalidade

ocupada em ambas as margens que cortam o centro da cidade

26

Figura 5 2 Alagamento na regiatildeo central de Santos Dumont em 2013

Fonte Portal Cabangu

Quanto agraves ocorrecircncias de deslizamento ao longo da referida deacutecada elas estiveram

espalhadas pelos bairros do municiacutepio tendo um maior nuacutemero de ocorrecircncias nos bairros

Santo Antocircnio Nossa Senhora da Gloacuteria e Aacutegua Espraiada Nos dois primeiros bairros

citados as ocorrecircncias podem ter sido ocasionadas pelo crescimento desordenado e sem

planejamento destes e no terceiro as ocorrecircncias satildeo relacionadas ao processo de

assoreamento do Ribeiratildeo das Posses o que pode ter gerado um aumento da velocidade

desse curso drsquoaacutegua causando problemas decorrentes do transporte de sedimentos da aacuterea

onde as casas foram construiacutedas que teve como consequecircncia os deslizamentos

Em resumo como pode ser observado nas figuras 53 e 54 na tabela 51 no periacuteodo de

1984 a 2014 os bairros mais afetados por alagamentos e deslizamentos satildeo Quarto

Depoacutesito Nossa Senhora da Gloacuteria Santo Antocircnio Coacuterrego do Ouro Antocircnio Afonso

Graminha e Vila Esperanccedila sendo que o bairro Coacuterrego do Ouro possui o maior nuacutemero

de ocorrecircncias de deslizamentos e o centro da cidade possui o maior nuacutemero de

ocorrecircncias de alagamentos no periacuteodo pesquisado Vale destacar que a aacuterea propiacutecia a

alagamentos no bairro Antocircnio Afonso natildeo identificada no estudo realizado pela

prefeitura constitui-se efetivamente numa aacuterea de risco conforme levantamento histoacuterico

realizado Esta aacuterea de risco se deve agrave diferenccedila de niacutevel negativa entre o rio Pinho e a

aacuterea do bairro estando este em desniacutevel com um risco iminente de inundaccedilotildees resultantes

da cheia desse curso drsquoaacutegua causando inuacutemeros transtornos aos moradores do local

27

Figura 5 3 Pontos de Alagamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico

Fonte Do autor

Figura 5 4 Pontos de deslizamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico

Fonte Do autor

28

Tabela 51 Ocorrecircncias de alagamentos e deslizamentos obtidos atraveacutes do

levantamento histoacuterico

Pontos de ocorrecircncia (1984-2014)

Bairros Alagamento Deslizamento

Aacutegua Espraiada 1 1

Antocircnio Afonso 1 0

Barra 0 1

Centro 7 1

Coacuterrego do Ouro 1 7

Flores 0 1

Graminha 1 0

Jardim Jaraguaacute 0 1

N Sra da Gloacuteria 0 4

N Sra das Graccedilas 1 0

Quarto Depoacutesito 3 2

Santo Antocircnio 4 2

Satildeo Sebastiatildeo 0 1

Vila Esperanccedila 0 1

Fonte Do autor

De acordo com o estudo realizado na elaboraccedilatildeo do Plano Diretor pela prefeitura

municipal observa-se que os bairros que possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a

deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do Ouro e Vila Esperanccedila enquanto que os que

possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a alagamento satildeo o Centro da cidade e os

bairros Satildeo Sebastiatildeo Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio por estarem agraves margens do

Ribeiratildeo das Posses um curso drsquoaacutegua que sofre com inundaccedilotildees perioacutedicas devido ao

severo assoreamento em algumas regiotildees e tambeacutem devido ao acuacutemulo de lixo descartado

pelos moradores do entorno irregularmente De acordo com o estudo realizado quando da

elaboraccedilatildeo do Plano Diretor do municiacutepio foram feitos estudos sobre as aacutereas propensas

a deslizamentos e alagamentos na regiatildeo urbana principal Tais aacutereas satildeo as destacadas

nas Figuras 55 e 56 No levantamento histoacuterico realizado pode-se identificar que os

bairros que possuem mais aacutereas propensas a deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do

Ouro Nossa Senhora da Gloacuteria Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio enquanto que os bairros

mais propensos a alagamentos satildeo os bairros Centro Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio

como observado na tabela 51

29

Figura 5 5 Aacutereas propensas a deslizamento de acordo com o Plano Diretor de

Santos Dumont

Fonte Google Earth e Lei 42412012

Figura 5 6 Aacutereas propensas a alagamento de acordo com o Plano Diretor de

Santos Dumont

Fonte Google Earth e Lei 42412012

30

Comparando-se os mapas obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico com o mapa gerado

pelo estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor nota-se que haacute semelhanccedilas em

algumas aacutereas mas ao se levar em conta o produto gerado pela pesquisa histoacuterica o

estudo necessitaria ser complementado haja vista que ele natildeo compreende por exemplo

o ponto de alagamento no bairro Antocircnio Afonso citado anteriormente e alguns pontos de

deslizamento importantes uma vez que satildeo regiotildees onde haacute ocupaccedilatildeo Esse fato evidencia

a necessidade de se buscar vaacuterias fontes primaacuterias e secundaacuterias para se detectar aacutereas de

risco em um municiacutepio incluindo arquivos da imprensa local afim de se produzir uma

base de dados consistente e com o menor nuacutemero de falhas possiacutevel (CEPED 2014) Com

a uniatildeo dos dois estudos foram gerados os mapas apresentados nas Figuras 57 e 58

Aleacutem do mais observando as figuras 57 e 58 pode-se notar que uma boa parte tanto dos

casos de alagamento quanto de deslizamento estatildeo na faixa de APP de curso hiacutedrico o

que ilustra a importacircncia da preservaccedilatildeo destas aacutereas

Figura 5 7 Aacutereas propensas a alagamento do estudo do Plano Diretor

complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento

Fonte Do Autor

31

Figura 5 8 Aacutereas propensas a deslizamento do estudo do Plano Diretor

complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento

Fonte Do Autor

Atraveacutes da combinaccedilatildeo entre estes dois levantamentos procurou-se alimentar a base de

dados e garantir uma consistecircncia maior desta no que diz respeito a aacutereas de deslizamento

e alagamento podendo inclusive se identificar a suscetibilidade de uma determinada

regiatildeo da cidade a um ou outro evento (CEPED2014)

512 O Plano diretor e as APPs

Nos uacuteltimos anos o Brasil experimentou um forte fenocircmeno de migraccedilatildeo do campo para

as aacutereas urbanas De acordo com o IBGE no periacuteodo de 1940 a 2000 houve um aumento

de cerca de 60 do nuacutemero de pessoas que vivem em cidades (SILVA JR 2006) O

processo de planejamento e ordenamento do uso do solo nessas aacutereas deveria ter

acompanhado esse crescimento ao longo dos anos a fim de garantir a qualidade de vida e

a seguranccedila dos migrantes ao se instalarem nas cidades o que natildeo ocorreu e o que se

observa atualmente satildeo ocupaccedilotildees em aacutereas improacuteprias para moradia sem a infraestrutura

baacutesica necessaacuteria e com risco iminente de deslizamentos eou inundaccedilotildees

O Plano Diretor do municiacutepio de Santos Dumont em seu capiacutetulo IV que versa sobre o

uso e ocupaccedilatildeo do solo explicita regras para o ordenamento do territoacuterio que compreende

o municiacutepio com base nos diferentes usos do solo de acordo com sua compatibilidade o

32

que acabou por resultar num zoneamento de todo o municiacutepio em macrozonas conforme

citado na seccedilatildeo 3231 de acordo com os usos atuais e futuros do solo Aleacutem de dividir

estas macrozonas em urbanas e rurais tambeacutem avaliou e classificou estas aacutereas com base

numa seacuterie de fatores ambientais geoloacutegicos culturais e sociais de forma a se fazer um

zoneamento coerente com os atuais usos do solo e seu potencial de uso futuro Apresenta-

se na Figura 59 este zoneamento na aacuterea urbana principal de Santos Dumont

Figura 5 9 Zoneamento urbano da aacuterea urbana principal

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Lei 42412012

Tomando como referecircncia o Novo Coacutedigo Florestal brasileiro em especial os paracircmetros

estabelecidos para a definiccedilatildeo de APP e utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento

atraveacutes do software Vista SAGA relacionou-se as APPs existentes na aacuterea em estudo com

as regiotildees propiacutecias a alagamentos e deslizamentos de acordo com o estudo feito quando

da elaboraccedilatildeo do Plano Diretor afim de se identificar qual ou quais aacutereas possuem estes

problemas e se estatildeo relacionados com o uso do solo irregular em APP

Ao se aplicar a metodologia proposta por Oliveira amp Fernandes Filho (2013) natildeo foram

identificadas dentro da aacuterea de estudo APPs de topos de morro sendo este tipo de APP

descartada portanto das anaacutelises subsequentes deste trabalho Foram consideradas as

APP de curso hiacutedrico (rios e nascentes) e de declividade visando relacionaacute-las as aacutereas

de risco identificadas pela Prefeitura afim de se verificar as possiacuteveis causas da ocorrecircncia

33

destas aacutereas na regiatildeo urbana do municiacutepio Por meio de combinaccedilotildees entre dois mapas

temaacuteticos utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento foi possiacutevel obter as

assinaturas ou seja tabelas que caracterizam quantitativamente a aacuterea afetada por cada

aspecto visto que a simples visualizaccedilatildeo do mapa gerado pelo geoprocessamento muitas

vezes eacute prejudicada por serem aacutereas de pequenas dimensotildees ou por qualquer outra

limitaccedilatildeo do software Ressalta-se que para a elaboraccedilatildeo do Plano Municipal de Reduccedilatildeo

de riscos a identificaccedilatildeo e detalhamento topograacutefico destas aacutereas eacute fundamental para o

desenvolvimento do referido Plano conforme seraacute abordado detalhadamente na seccedilatildeo

52

De posse do mapa que representa o zoneamento urbano de Santos Dumont primeiramente

procurou-se mensurar qualitativa e quantitativamente a presenccedila de APPs tanto de

declividade quanto de cursos hiacutedricos Essa identificaccedilatildeo eacute importante pois este

zoneamento eacute um dos instrumentos de planejamento municipal (BRASIL 2001) Saboya

(2007) aponta que os principais objetivos de um zoneamento satildeo o controle da expansatildeo

urbana e proteccedilatildeo de aacutereas inadequadas a ocupaccedilatildeo aleacutem de reduzir os conflitos inerentes

aos diferentes usos do solo Com o uso da ferramenta ldquoCombinarrdquo do Vista SAGA foram

feitas combinaccedilotildees entre o mapa de hidrografia com buffer de 30m para rios e coacuterregos e

de 50m para nascentes com o mapa do zoneamento para se verificar a importacircncia das

APPs de curso hiacutedrico em toda a aacuterea urbana principal do municiacutepio Tambeacutem foram

combinados o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) obtido atraveacutes do gvSIG com o mapa

de zoneamento afim de se verificar quantitativamente as APPs de declividade e onde se

localizam Vale ressaltar que as declividades entre 30 e 47 estatildeo presentes nesta

combinaccedilatildeo pois de acordo com o Plano Diretor de Santos Dumont terrenos com esta

faixa de declividade para fins de parcelamento devem possuir estudo teacutecnico que ateste

a viabilidade de se promover algum empreendimento imobiliaacuterio neste (SANTOS

DUMONT 2012) Como a legislaccedilatildeo municipal prevecirc estudo somente para a faixa de

declividade descrita anteriormente para fins de anaacutelise neste trabalho consideramos um

valor mais conservador para APP compreendendo a faixa de 47 a 100 aleacutem da

prevista pela legislaccedilatildeo federal (gt100) para que natildeo houvessem lacunas importantes na

geraccedilatildeo do produto

Apresenta-se na Figura 510 aacutereas com declividades consideradas de risco e consideradas

APP e em qual zona de planejamento elas estatildeo inseridas De um modo geral ao se

observar a Tabela 52 nota-se que a aacuterea que compreende declividades de risco e APP eacute

uma pequena parcela da aacuterea urbana principal representando 061 desta aacuterea Ao se

levar em conta somente a localizaccedilatildeo pode-se verificar que cerca de 84 das aacutereas com

declividade de risco e a totalidade das APPs de declividade estatildeo localizadas na ZAC1

zona que compreende a maior parte do municiacutepio e apesar de possuir infraestrutura baacutesica

para a ocupaccedilatildeo esta eacute restrita Sendo assim o fator declividade deve ser visto com cautela

nesta aacuterea para se evitar transtornos advindos de edificaccedilotildees nestas aacutereas

34

Figura 5 10 Combinaccedilatildeo entre as declividades importantes incluindo as APPs e o

zoneamento urbano

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Do autor

Tabela 52 Assinaturas da combinaccedilatildeo Declividade x Zoneamento

Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea

Natildeo APP 457972 9939

Declividade 30-47 em ZAC1 2368 051

Declividade 30-47 em ZE 284 006

Declividade 30-47 em ZAC2 128 003

Declividade 30-47 em ZPA 004 0001

APP Declividade em ZAC1 048 001

Total 460804 100

Fonte Do autor

Apresenta-se na Figura 511 as APPs de curso hiacutedrico (nascentes e rios) e em qual zona

de planejamento estatildeo localizadas Assim como a declividade a maior parte das APPs de

curso hiacutedrico estatildeo localizadas em ZAC1 representando 383 da aacuterea urbana em estudo

e 51 do total das APPs de curso hiacutedrico Esta questatildeo tambeacutem deve ser vista com

bastante criteacuterio pelos gestores locais uma vez que a ocupaccedilatildeo em faixas proacuteximas de

rios e coacuterregos podem causar uma gama de problemas ambientais e sociais na regiatildeo

(SANTANA2011) Tal cuidado tambeacutem deve ser tomado nas APPs compreendidas na

35

ZAC2 que compreende 001 da Aacuterea urbana principal e 14 do total das APPs de curso

hiacutedrico pois a infraestrutura baacutesica e acessibilidade presente nesta zona eacute precaacuteria e a

ocupaccedilatildeo as margens de cursos hiacutedricos pode gerar problemas seacuterios caso ocorra uma

expansatildeo nestas aacutereas

Figura 511 Combinaccedilatildeo entre APP de curso hiacutedrico e as zonas de planejamento

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Do autor

Outro ponto importante eacute a presenccedila da Zona de Proteccedilatildeo Ambiental (ZPA) no entorno

uma consideraacutevel parte dos cursos hiacutedricos Nesta zona estatildeo presentes 28 das APPs de

curso hiacutedrico e esta zona de acordo com o Plano Diretor deve ser restaurada ou

preservada por suas caracteriacutesticas geoloacutegicas topograacuteficas e bioloacutegicas

Afim de se verificar os usos do solo na regiatildeo em estudo foram utilizadas combinaccedilotildees

de imagens advindas do sateacutelite Landsat 8 nas bandas descritas no capiacutetulo 4 aleacutem da

banda pancromaacutetica O resultado eacute apresentado na figura 512 que mostra os principais

usos do solo na aacuterea urbana principal de Santos Dumont

36

Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x Zoneamento

Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea

Hidrografia 11168 239

Aacuterea Urbana Natildeo APP 421004 9008

APP Curso hiacutedrico em ZAC1 179 383

APP Curso hiacutedrico em ZPA 9776 209

APP Curso hiacutedrico em ZE 184 004

APP Curso hiacutedrico em ZA 1192 026

APP Curso hiacutedrico em ZAC2 5124 110

APP Curso hiacutedrico em ZPPH 248 005

APP Curso hiacutedrico em ZEIS 568 012

APP Curso hiacutedrico em ZCA 228 005

Total 467392 10000

Fonte Do autor

Figura 5 12 Mapa de usos do solo da aacuterea urbana principal de Santos Dumont

Fonte Do autor

Como jaacute era previsto a maior parte da aacuterea urbana se encontra ocupada e eacute nesta regiatildeo

ocupada que se observa a maior concentraccedilatildeo de problemas de deslizamentos e

alagamentos (Figuras 513 e 514) A grande ocupaccedilatildeo em aacutereas consideradas APP de

curso hiacutedrico de acordo com os mapas gerados pode ser a principal causa do aumento a

cada ano dos casos de alagamento principalmente na regiatildeo central da cidade Outro ponto

que se deve atentar eacute a existecircncia de uma consideraacutevel aacuterea de pastagem pouco vegetada

que caso estejam em aacutereas elevadas pode contribuir para deslizamentos e agraves margens de

37

rios e coacuterregos para o assoreamento destes corpos hiacutedricos o que pode causar

alagamentos (INAacuteCIO etal 2007)

Diante destes resultados pode-se ver que a cidade de Santos Dumont necessita alternativas

efetiva no que diz respeito agrave contenccedilatildeo de deslizamentos e a reduccedilatildeo de risco de

alagamento pois as aacutereas em que ocorrem tais eventos satildeo distintas e facilmente definidas

devido agrave repeticcedilatildeo destes nos uacuteltimos anos Um plano de accedilatildeo integrado entre as diferentes

secretarias municipais (Obras Meio Ambiente Assistecircncia Social entre outras) e a

Coordenadoria Municipal de Defesa Civil deve ser realizado afim de se tomar medidas

natildeo mais preventivas mas sim preditivas para que se possa conter o avanccedilo destes

problemas na aacuterea urbana principal bem como em toda a aacuterea do municiacutepio

Figura 5 13 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na aacuterea urbana

principal

Fonte Do autor

38

Figura 5 14 Aacutereas sujeitas a alagamento e os principais usos do solo na aacuterea

urbana principal

Fonte Do autor

Ao se associar os dados do estudo do Plano Diretor com os dados do levantamento

histoacuterico realizado com o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) pode-se notar que as aacutereas

propiacutecias a deslizamento estatildeo em regiotildees as quais haacute uma fronteira de declividades ou

seja eacute evidente que os deslizamentos ocorrem em encostas um pouco mais iacutengremes mas

natildeo necessariamente nas encostas de 30-47 as quais exigem estudo teacutecnico conforme o

plano diretor preconiza Quanto aos alagamentos nota-se que eles se localizam nas aacutereas

com menor ou nenhuma declividade podendo ser estas aacutereas talvez componentes da

planiacutecie de inundaccedilatildeo dos rios Estes resultados podem ser vistos nas figuras 515 e 516

a seguir

39

Figura5 15 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a deslizamentos na

regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

Fonte Lei 42412012 e Autor

Figura5 26 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a alagamentos na

regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

Fonte Lei 42412012 e Autor

40

52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis

O processo de ocupaccedilatildeo no municiacutepio de Santos Dumont comeccedilou muito antes de

qualquer legislaccedilatildeo relacionada a ordenamento urbano e de proteccedilatildeo do meio ambiente

fosse implementado no Brasil Esse fato aliado a poliacuteticas e fiscalizaccedilotildees falhas

contribuiacuteram para a ocupaccedilatildeo e expansatildeo da aacuterea urbana ao longo do Ribeiratildeo das Posses

e seus afluentes o que tem gerado o aumento da degradaccedilatildeo destes corpos hiacutedricos ao

longo de todos estes anos Observa-se tambeacutem que nas uacuteltimas deacutecadas ocorreu um

grande nuacutemero de migraccedilotildees do campo para a regiatildeo urbana da cidade fator que

contribuiu para o crescimento do nuacutemero de habitaccedilotildees em aacutereas de risco de deslizamento

e alagamentos por serem na maioria das vezes terrenos menos valorizados e por este

motivo acessiacuteveis a populaccedilatildeo com menor poder aquisitivo (ROSA amp CORTEZ 2008)

Vale ressaltar que esta questatildeo aleacutem de ser ambiental eacute muito mais social pois os

moradores entendem os riscos de se viver nestes locais mas por motivos econocircmicos ou

por questotildees afetivas natildeo abrem matildeo da moradia nessas aacutereas A Constituiccedilatildeo Federal de

1988 promoveu a inter-relaccedilatildeo das questotildees sociais com as questotildees ambientais quando

colocou o meio ambiente como direito coletivo (BRASIL1988 SOUZA2010) Por este

motivo a decisatildeo por medidas draacutesticas que favoreccedilam apenas agrave preservaccedilatildeo do meio

ambiente natildeo eacute recomendada pois aleacutem de ser inconstitucional podem afetar a

sustentabilidade econocircmica do municiacutepio e gerar conflitos sociais consideraacuteveis

(CARLOS 1992 apud SOUZA 2010)

Segundo Bueno (2009) ldquonem tudo o que eacute irregular eacute precaacuteriordquo Esse fato se observa em

Santos Dumont uma vez que em boa parte da regiatildeo central se observa vaacuterias moradias

construiacutedas na faixa de APP de curso hiacutedrico o que natildeo eacute permitido pela legislaccedilatildeo

vigente e eacute um dos fatores que contribui para a ocorrecircncia de alagamentos nesta aacuterea da

cidade Para a resoluccedilatildeo deste problema o que seria mais viaacutevel seria a melhoria da

infraestrutura de drenagem urbana afim de que o escoamento da aacutegua das chuvas natildeo

sobrecarregasse o sistema (BUENO2009) A construccedilatildeo de bacias de contenccedilatildeo de

cheias ao longo do Ribeiratildeo das Posses tambeacutem seria uma alternativa mas para se verificar

a viabilidade necessita-se estudos mais aprofundados do ponto de vista hidroloacutegico

O grande problema a ser solucionado no entanto eacute o que diz respeito agraves aacutereas de risco

de deslizamento majoritariamente nos bairros A melhor alternativa seria o

remanejamento dos moradores para uma aacuterea proacutexima agrave que moram poreacutem longe do

risco Poreacutem esta alternativa de acordo com Rosa Filho amp Cortez (2008) encontra alguns

entraves pois estas pessoas na maioria das vezes natildeo tecircm condiccedilotildees financeiras de irem

para outro lugar ou pagar aluguel ou estatildeo de alguma forma sentimentalmente ligadas

agravequela regiatildeo que se recusam a deixaacute-lo

41

Por parte dos oacutergatildeos competentes no municiacutepio a criaccedilatildeo de um plano para se evitar

acidentes ocasionados por deslizamentos e alagamentos com um mapeamento detalhado

de toda a extensatildeo do municiacutepio eacute extremamente uacutetil Os estudos que seratildeo feitos para a

elaboraccedilatildeo deste plano poderatildeo definir quais as aacutereas satildeo potencialmente de risco para as

ocupaccedilotildees existentes ou para as potenciais ocupaccedilotildees que possam vir a ocorrer atraveacutes do

mapeamento das aacutereas de risco Tal planejamento seraacute auxiliar ao Plano Diretor

Municipal pois definiraacute o real uso do solo de determinada regiatildeo do municiacutepio

contribuindo para a adequaccedilatildeo do uso e ocupaccedilatildeo do solo afim de evitar ou reduzir o

nuacutemero de problemas relacionados a alagamentos e principalmente deslizamentos no

periacutemetro urbano (TOMINAGA 2009) A partir deste plano os gestores locais poderatildeo

tomar a melhor decisatildeo para a prevenccedilatildeo ou reduccedilatildeo dos riscos inerentes a tais problemas

Na seccedilatildeo 521 seraacute hierarquizado de forma preliminar a aacuterea urbana principal de acordo

com os resultados da tabela 51

521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta

O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos (PMRR) foi criado atraveacutes de accedilotildees

regularizadoras do Ministeacuterio das Cidades para ser o instrumento de gestatildeo e

gerenciamento de aacutereas de risco em um municiacutepio Eacute um documento que aleacutem de

estabelecer quais regiotildees satildeo consideradas de risco tambeacutem objetiva a proposta de

medidas estruturais ou natildeo para contenccedilatildeo eou prevenccedilatildeo de cataacutestrofes aleacutem de ser um

meio de captaccedilatildeo de recursos financeiros junto aos Governos Estadual e Federal Estes

recursos poderatildeo ser utilizados para a realizaccedilatildeo de obras que visem a melhoria da

qualidade de vida da populaccedilatildeo do entorno ou de recuperaccedilatildeo da aacuterea degradada Este

plano eacute realizado de forma participativa com as comunidades das aacutereas de risco e pode

ser realizado em sete fases conforme recomenda o Ministeacuterio das Cidades (ALHEIROS

2006)

O primeiro passo para a realizaccedilatildeo do PMRR eacute definir qual a metodologia seraacute empregada

levando-se em consideraccedilatildeo a realidade atual do municiacutepio e especificar de forma sucinta

um cronograma das atividades Eacute importante nesta fase a participaccedilatildeo tambeacutem dos

responsaacuteveis pelas mais variadas Secretarias Municipais afim de explicitar o tamanho da

importacircncia e o caraacuteter integrador deste plano A segunda fase deste plano objetiva a

criaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo da principal base de dados a ser utilizada nos passos posteriores o

mapeamento de risco em escala detalhe em torno de 13000 (SAtildeO PAULO 2014) A

elaboraccedilatildeo de um mapeamento detalhado propiciaraacute natildeo soacute a identificaccedilatildeo mais faacutecil das

aacutereas de risco como tambeacutem facilitaraacute aos gestores e agrave comunidade decidirem qual a

melhor intervenccedilatildeo para a soluccedilatildeo ou remediaccedilatildeo dos problemas em uma determinada

42

aacuterea hierarquizando o risco e definindo prioridades (SAtildeO PAULO 2014) Na tabela a

seguir apresenta-se alguns tipos de intervenccedilotildees que podem ser feitas em aacutereas de risco

sugeridas pelo Ministeacuterio das cidades (ALHEIROS 2006)

Quadro 5 1 - Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco

Tipo de intervenccedilatildeo Descriccedilatildeo

Serviccedilos de limpeza e Recuperaccedilatildeo

Remoccedilatildeo de entulho lixo etc

corte de aacutervores

remoccedilatildeo de bananeiras

recuperaccedilatildeo eou limpeza de sistemas de

drenagem esgotos e acessos

Limpeza de canais de drenagem

Proteccedilatildeo Vegetal

Proteccedilatildeo superficial vegetal (gramiacuteneas) em

taludes com solo exposto

Proteccedilatildeo vegetal de margens de canais de

drenagem

Barreiras vegetais para massas escorregadas

ou acumuladas pela erosatildeo

Drenagem Superficial e Acessos

Sistema de drenagem superficial (canaletas

raacutepidos caixas de transiccedilatildeo escadas drsquoaacutegua)

Acessos para pedestres (escadarias rampas

etc) integrados ao sistema de drenagem

Revestimento de Taludes Revestimento com materiais artificiais

cimentado cal-jet tela argamassada alvenaria

de tijolos ceracircmicos solo-cimento ensacado

Desmonte de blocos e matacotildees Desmonte de concreccedilotildees de grande porte

blocos rochosos e matacotildees

Obras de drenagem de subsuperfiacutecie Sistema de drenagem de subsuperfiacutecie

(trincheiras drenantes DHP poccedilos de

rebaixamento)

Estruturas de contenccedilatildeo (localizadas)

Muros de contenccedilatildeo de pequeno porte (solo-

cimento ensacado alvenaria de pedra-rachatildeo

concreto armado)

Estruturas de contenccedilatildeo localizadas

(chumbadores tirantes microestacas)

Contenccedilatildeo e proteccedilatildeo de margens de canais (

gabiotildees muros de concreto etc)

Estruturas de contenccedilatildeo (meacutedio e grande porte) Implantaccedilatildeo de estruturas de contenccedilatildeo de

meacutedio e grande porte envolvendo obras de

contenccedilatildeo passivas e ativas (muros de

gravidade cortinas etc)

Terraplanagem Execuccedilatildeo de serviccedilos de terraplanagem

combinados a obras de drenagem superficial e

proteccedilatildeo vegetal desvio e canalizaccedilatildeo de

coacuterregos

Remoccedilatildeo de moradias Remoccedilotildees definitivas para implantaccedilatildeo de

obras ou devido agrave localizaccedilatildeo improacutepria da

edificaccedilatildeo (Priorizar as relocaccedilotildees dentro da

proacutepria aacuterea em local seguro)

Fonte ALHEIROS 2006

43

Escolhidas as formas de intervenccedilatildeo para cada aacuterea eacute necessaacuterio realizar uma estimativa

dos custos afim de preparar o orccedilamento da prefeitura para a realizaccedilatildeo das obras e se

seraacute necessaacuterio a captaccedilatildeo de recursos externos para a execuccedilatildeo destas Feitas as

estimativas de custo o proacuteximo passo eacute definir as prioridades e para esta fase eacute tambeacutem

uacutetil o mapeamento feito nas etapas anteriores pois seraacute necessaacuterio hierarquizar tais

intervenccedilotildees nas aacutereas de risco O Ministeacuterio das Cidades (2007) sugere alguns criteacuterios

que podem ser avaliados pelo gestor dentre eles pode-se citar

Grau de risco

Populaccedilatildeo beneficiada

Custo da intervenccedilatildeo

Dimensatildeo da aacuterea a ser tratada

Demandas anteriores da populaccedilatildeo

Tempo de ocupaccedilatildeo

Viabilidade teacutecnica da intervenccedilatildeo

Viabilidade financeira

Inclusatildeo da aacuterea em outros projetos

A partir desta hierarquizaccedilatildeo inicia-se a identificaccedilatildeo de provaacuteveis fontes de captaccedilatildeo de

recursos para a execuccedilatildeo das intervenccedilotildees Estes recursos podem advir de programas dos

governos Federal e Estadual ou por meio de editais para captaccedilatildeo de recursos financeiros

tanto do setor puacuteblico como da iniciativa privada e podem ser tambeacutem associados agrave outras

Secretarias Municipais como a de Turismo ou Meio Ambiente e natildeo soacute as destinadas agrave

Defesa Civil (ALHEIROS 2006)

Eacute previsto tambeacutem no PMRR uma avaliaccedilatildeo da Defesa Civil municipal e como ela estaacute

estruturada fazendo inclusive sugestotildees para que sua atuaccedilatildeo esteja em consonacircncia com

a realidade das comunidades e da Administraccedilatildeo Puacuteblica do municiacutepio de forma a garantir

sua sustentabilidade e conquistar a credibilidade da populaccedilatildeo no que diz respeito a

prevenccedilatildeo de cataacutestrofes Para que a resposta a uma determinada situaccedilatildeo de risco seja

raacutepida eacute necessaacuterio a descentralizaccedilatildeo da Defesa Civil criando pequenos nuacutecleos

comunitaacuterios com a finalidade de se monitorar a aacuterea constantemente e promover as

intervenccedilotildees necessaacuterias em tempo haacutebil o que aumenta em muito a credibilidade da

populaccedilatildeo no PMRR e no trabalho desempenhado pela Defesa Civil no municiacutepio Apoacutes

esta etapa o PMRR passaraacute por audiecircncias puacuteblicas e posteriormente poderaacute ser aprovado

como Lei Municipal pelo Legislativo local (ALHEIROS 2006)

Com a realizaccedilatildeo deste plano o municiacutepio estaraacute munido de informaccedilotildees suficientes para

realizar accedilotildees efetivas de gestatildeo e gerenciamento de riscos bem como aliado a

levantamentos sociais realizar programas habitacionais que beneficiem prioritariamente

44

aos moradores das aacutereas de risco Aleacutem disso com o PMRR o municiacutepio poderaacute melhorar

a qualidade ambiental da populaccedilatildeo captando recursos para a recuperaccedilatildeo das aacutereas de

APP que foram degradadas pelas ocupaccedilotildees irregulares beneficiando todos os moradores

do municiacutepio com o aumento da qualidade de vida na cidade

A partir do disposto nesta seccedilatildeo acerca do Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos e de

uma maneira preliminar (levando-se em conta apenas o nuacutemero de registros de

alagamentos e deslizamentos na aacuterea urbana principal de Santos Dumont no periacuteodo de

1984 a 2014) identificou-se trecircs regiotildees distintas na aacuterea urbana do municiacutepio com

tempo de recorrecircncia desses eventos similares caracterizando trecircs prioridades de

intervenccedilatildeo em contenccedilatildeo de risco como pode ser visto nas figuras 515 e 516 Vale

ressaltar que eacute necessaacuterio um estudo mais detalhado inclusive com visitas teacutecnicas a

campo para que se confirme a real situaccedilatildeo destas e a real prioridade para investimentos

Figura 5 17 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de deslizamentos

Fonte Do Autor

45

Figura 5 18 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de alagamentos

Fonte Do Autor

46

6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees

A seguir apresenta-se as conclusotildees e as recomendaccedilotildees feitas a partir dos objetivos

especiacuteficos explicitados no iniacutecio deste trabalho

Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a

aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes

urbanos

A partir da revisatildeo da legislaccedilatildeo pertinente em acircmbito federal estadual e

municipal constatou-se que o Plano Diretor de Santos Dumont natildeo conflita com a

legislaccedilatildeo federal e estadual sobre Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente A legislaccedilatildeo

municipal foi entendida como mais conservadora que as federal e estadual uma

vez que considera implicitamente que declividades entre 47 e 100 satildeo

enquadradas como APPs aleacutem da faixa superior a 100

Parte consideraacutevel das ocupaccedilotildees em APP principalmente na regiatildeo do bairro

Santo Antocircnio (onde surgiu os primeiros nuacutecleos que deram origem ao municiacutepio)

e o centro da cidade ocorreram antes de que fosse elaborado qualquer legislaccedilatildeo

que versasse sobre o tema Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente bastando ao gestor

local tomar medidas de contenccedilatildeo de riscos que minimizem os impactos causados

por essas ocupaccedilotildees nessa regiatildeo

O ordenamento adequado do uso do solo no municiacutepio eacute necessaacuterio para que o

crescimento dos loteamentos criados anteriormente agrave esta Lei e o surgimento de

novos natildeo avance para Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente o que pode causar

inuacutemeros problemas aos moradores e agravar os jaacute existentes

Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las

com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)

As aacutereas onde houveram a maior quantidade de registros de deslizamentos satildeo os

bairros mais populosos de Santos Dumont podendo se estabelecer uma relaccedilatildeo

que quanto mais populoso o bairro maior a quantidade de problemas relacionados

a deslizamentos Tambeacutem pode-se notar uma relaccedilatildeo com as fronteiras das faixas

de declividades e os deslizamentos uma vez que boa parte deles aconteceram

nestas faixas

As aacutereas onde houve um grande nuacutemero de registros de alagamentos satildeo os bairros

que se desenvolveram agraves margens do Ribeiratildeo das Posses em especial na aacuterea que

47

compreende as APPs de curso hiacutedrico e em aacutereas onde a declividade eacute baixa Esse

fato aliado ao crescimento do nuacutemero de vias pavimentadas com material

impermeaacutevel e a natildeo expansatildeo e ou redimensionamento da rede de drenagem

urbana contribuiacuteram para a ocorrecircncia cada vez mais constante de alagamentos

nessas aacutereas

Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos

catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30

anos

A partir do levantamento histoacuterico realizado e da base de dados georeferenciada

gerada observou-se o aumento do nuacutemero de registros de deslizamentos e

alagamentos nos uacuteltimos 10 anos quando as ocorrecircncias comeccedilaram a se repetir

numa mesma aacuterea com frequecircncia incrementada as vezes com mais de uma

ocorrecircncia anual

Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do

solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental

Destaca-se a adequaccedilatildeo dos criteacuterios gerais estabelecidos pelo Plano Diretor de

Santos Dumont relativos a legislaccedilatildeo federal e estadual Entretanto o referido

Plano Diretor natildeo contempla todo o territoacuterio municipal sendo assim ele natildeo

cumpre o objetivo de proteger as APPs preservadas e recuperar as que foram

degradadas em todo o territoacuterio municipal Ressalta-se tambeacutem a sua natildeo

conformidade com o Estatuto das Cidades uma vez que o Plano Diretor

contempla apenas os novos loteamentos

Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais

negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea

impactada

Recomenda-se a implantaccedilatildeo no municiacutepio de uma Coordenadoria Municipal de

Defesa Civil atuante e integrada agraves Secretarias Municipais e agrave comunidade

visando uma atuaccedilatildeo eficaz nos problemas relacionados a deslizamentos e

alagamentos A elaboraccedilatildeo de um Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos eacute de

suma importacircncia pois atraveacutes dele pode-se predizer as aacutereas que passaratildeo por

problemas caso a expansatildeo aconteccedila ou se inicie uma ocupaccedilatildeo nova aleacutem de

prevenir acidentes nas aacutereas jaacute ocupadas e consideradas de risco

48

7 Anexos

49

71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont

50

51

72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)

52

53

8 Referecircncias Bibliograacuteficas

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BRASIL Lei Federal 10257 de 10 de julho de 2001 Regulamenta os arts 182 e 183 da

CF estabelece as diretrizes gerais da poliacutetica urbana e daacute outras providecircncias Brasiacutelia

2001

BRASIL Lei Federal nordm 12651 de 25 de maio de 2012 Dispotildee sobre a proteccedilatildeo da

vegetaccedilatildeo nativa altera as Leis nos 6938 de 31 de agosto de 1981 9393 de 1 9 de

dezembro de 1996 e 11 428 de 22 de dezembro de 2006 revoga as Leis nos 4771 de

1 5 de setembro de 1965 e 7754 de 1 4 de abril de 1989 e a Medida Provisoacuteria no 21

66shy67 de 24 de agosto de 2001 e daacute outras providecircncias Brasiacutelia 2012

BRASIL Lei Federal nordm 4771 de 15 de Setembro de 1965 Institui o Novo Coacutedigo

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56

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Relatoacuterio Teacutecnico Campos do Jordatildeo 2014

SILVA JR J R amp PASSOS L A O negoacutecio eacute participar a importacircncia do plano

diretor para o desenvolvimento municipal CNM SEBRAE Brasiacutelia 2006

SKORUPA LA Aacutereas de preservaccedilatildeo permanente e desenvolvimento sustentaacutevel

Embrapa Meio Ambiente Jaguariuacutena-SP 2004 4p

SOUZA F P Ocupaccedilotildees irregulares em APP um estudo de caso no munciacutepio de

Campos de Goytacazes- RJ Boletim do Observatoacuterio Ambiental Alberto Ribeiro Lamego

v4 nordm 1 Campos de Goytacazes 2010

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puacuteblica em aacutereas urbanas susceptiacuteveis a desastres naturais no municiacutepio de Joinville

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naturais conhecer para prevenir Instituto Geoloacutegico Satildeo Paulo 2009 p 25-38

UFV ndash Universidade Federal de Viccedilosa Mapa de solos do Estado de Minas Gerais

legenda expandida Centro Tecnoloacutegico de Minas Gerais FEAM Belo Horizonte 2010

ZANON F N Uso e ocupaccedilatildeo da terra e vulnerabilidade a alagamento na aacuterea central

da cidade de Satildeo Paulo O caso da subprefeitura da Seacute Trabalho de Graduaccedilatildeo UNESP

Rio Claro 2013

Page 13: O USO DO SOLO URBANO EM ÁREAS DE PRESERVAÇÃO … · social que você tenha na vida, a mais alta ou a mais baixa, tenha sempre como meta muita força, muita determinação e sempre

5

1 INTRODUCcedilAtildeO

Quando o ser humano deixou de seguir uma vida nocircmade e passou a se fixar em locais

em geral proacuteximos a cursos drsquoaacutegua e de aacutereas propicias ao cultivo de alimentos iniciou-

se o processo de implantaccedilatildeo de pequenas comunidades e quando estas comunidades

comeccedilaram a crescer natildeo soacute em quantidade mas tambeacutem do ponto de vista

organizacional deu-se iniacutecio a formaccedilatildeo das cidades tal como conhecemos hoje Como

resultado deste processo um sem-fim de problemas relacionados agrave estas ocupaccedilotildees

surgiram tanto de cunho ambiental quanto social e dentre estes problemas estatildeo

incluiacutedos os desastres naturais relacionados a deslizamentos e alagamentos por conta da

ocupaccedilatildeo em aacutereas natildeo adequadas a este fim

Nos uacuteltimos anos o Brasil tem vivenciado grandes trageacutedias relacionadas a deslizamentos

e alagamentos Uma boa parte destes eventos teve como fator agravante as ocupaccedilotildees

sem criteacuterio e sem orientaccedilatildeo teacutecnica Um exemplo recente aconteceu no Vale do Itajaiacute

em Santa Catarina em novembro de 2008 durante um periacuteodo com chuvas intensas em

que vaacuterias cidades entraram em situaccedilatildeo de calamidade puacuteblica devido ao grande nuacutemero

de casos de alagamento e graves deslizamentos de encostas causando a morte de vaacuterias

pessoas na regiatildeo No Estado do Rio de Janeiro em 2010 o Morro do Bumba em Niteroacutei

sofreu com um grave deslizamento que deixou um grande nuacutemero de mortos As casas

foram construiacutedas sobre um antigo lixatildeo sem nenhuma orientaccedilatildeo e com as intensas

chuvas que assolaram a regiatildeo naquela eacutepoca a encosta veio a baixo causando o desastre

Outra trageacutedia relevante aconteceu na regiatildeo Serrana do Rio de Janeiro que foi

considerada ateacute entatildeo a maior trageacutedia climaacutetica da histoacuteria do paiacutes com pouco mais de

500 mortos e um prejuiacutezo material incalculaacutevel no ano de 2011 Em comum a todos estes

fatos estaacute a falta de um planejamento efetivo por parte dos oacutergatildeos municipais no que diz

respeito ao disciplinamento do uso e ocupaccedilatildeo do solo e a fiscalizaccedilatildeo do cumprimento

da legislaccedilatildeo vigente

A cidade de Santos Dumont Minas Gerais natildeo eacute exceccedilatildeo a esta regra Como a grande

maioria das comunidades estabelecidas ao longo da Estrada Real a cidade surgiu como

um pequeno rancho cujo objetivo era servir de pouso para os viajantes que faziam o

transporte de pedras e metais preciosos das minas de Ouro Preto ateacute o Rio de Janeiro

Posteriormente a regiatildeo se desenvolveu como importante entreposto industrial e

comercial a partir da instalaccedilatildeo da ferrovia D Pedro II ateacute que no final do seacuteculo XIX

se transforma em vila e logo apoacutes em municiacutepio O desenvolvimento da regiatildeo implicou

tambeacutem no crescimento populacional e como naquela eacutepoca ainda natildeo havia uma

legislaccedilatildeo especiacutefica para ordenamento e uso do solo os loteamentos foram surgindo agraves

margens do Ribeiratildeo das Posses e em aacutereas cuja declividade natildeo era favoraacutevel agrave ocupaccedilatildeo

6

o que consequentemente acarretou deslizamentos de terra e alagamentos inclusive com

o registro de algumas trageacutedias ao longo dos anos

Pretende-se que este trabalho sirva como subsidio ao gestor puacuteblico local visando o

estabelecimento de poliacuteticas puacuteblicas integradas aos setores de meio ambiente e defesa

civil com vistas a garantir a seguranccedila de todos os muniacutecipes e a qualidade de vida em

todo o territoacuterio municipal

2 OBJETIVOS

21 Objetivo geral

O objetivo geral deste trabalho eacute contribuir para o estabelecimento de poliacuteticas puacuteblicas

direcionadas ao disciplinamento do uso e ocupaccedilatildeo do solo urbano no municiacutepio de

Santos Dumont

22 Objetivos especiacuteficos

Satildeo objetivos especiacuteficos

Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a

aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes

urbanos

Caracterizar o uso irregular do solo urbano em Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente

Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las

com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)

Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos

catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30

anos

Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do

solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental

7

Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais

negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea

impactada

3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

A seguir eacute apresentada a revisatildeo bibliograacutefica que fundamenta o desenvolvimento e o

pleno entendimento deste trabalho O conhecimento do que satildeo aacutereas de risco

alagamentos e deslizamentos bem como o que eacute e qual a importacircncia de um Plano Diretor

eacute de suma importacircncia para se avaliar como um municiacutepio estaacute se desenvolvendo e qual

a qualidade de vida dos muniacutecipes Tambeacutem satildeo abordados neste capiacutetulo os aspectos

legais referentes agraves Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente seus limites e sua importacircncia para

o ambiente urbano

31 Conceitos Fundamentais

311 Aacutereas de risco

De acordo com o Instituto de Pesquisas Tecnoloacutegicas ndash IPT entende-se como aacuterea de

risco aquela ldquopassiacutevel de ser atingida por fenocircmenos ou processos naturais eou induzidos

que causem efeito adverso As pessoas que habitam essas aacutereas estatildeo sujeitas a danos agrave

integridade fiacutesica perdas materiais e patrimoniaisrdquo (MINISTEacuteRIO DAS CIDADES

2007)

Para Augusto Filho et al (1990) apud Cristo (2002) aacuterea de risco eacute caracterizada como

aquela em que ldquose encontra em situaccedilatildeo de perigo tanto socialmente quanto

economicamente por conta de alguma alteraccedilatildeo na constituiccedilatildeo do terreno ou com grande

probabilidade de ocorrer processos naturaisrdquo

Segundo Fernandes (2012) aacutereas de risco ldquosatildeo aacutereas consideradas improacuteprias ao

assentamento humano por estarem sujeitas a riscos naturaisrdquo

Diante das definiccedilotildees supracitadas pode-se dizer que aacuterea de risco satildeo aacutereas susceptiacuteveis

agrave accedilatildeo de eventos naturais extremos e por esse motivo natildeo eacute viaacutevel agrave ocupaccedilatildeo humana

nestes locais e pode ou natildeo estar associados agrave proximidade ou nos limites de uma APP

8

312 Deslizamentos

Segundo Tominaga (2009) deslizamento eacute o movimento de solo em uma vertente pela

accedilatildeo da gravidade e satildeo mais frequentes em regiotildees de relevo montanhoso e em periacuteodos

chuvosos sendo a pluviosidade um dos principais fatores condicionantes para a ocorrecircncia

do processo Os deslizamentos podem ocorrer naturalmente e eacute grande responsaacutevel pela

dinacircmica das vertentes e evoluccedilatildeo do relevo local mas no Brasil a falta de planejamento

urbano de uma boa parte dos municiacutepios a ocupaccedilatildeo desordenada e a construccedilatildeo de

domiciacutelios sem orientaccedilatildeo teacutecnica tecircm transformado um processo natural em um

problema que algumas vezes se tornam grandes trageacutedias Na regiatildeo Sudeste brasileira o

escorregamento do tipo rotacional eacute o mais comum e eacute caracterizado por uma ruptura

curva no solo que estaacute geralmente associada agrave realizaccedilatildeo de cortes na base do talude ou

por processos erosivos fluviais o que relaciona esse tipo de escorregamento agraves regiotildees

urbanas mal planejadas e coloca o homem como o principal agente efetivo associado com

a pluviosidade na ocorrecircncia de acidentes relacionados com deslizamentos

(FERNANDES amp AMARAL 1996 apud TOMINAGA 2009)

313 Alagamentos

De acordo com Amaral amp Ribeiro (2009) inundaccedilotildees e enchentes satildeo processos

intimamente relacionados com a pluviosidade pois satildeo frequentes em periacuteodos de chuvas

fortes e raacutepidas ou chuvas de longa duraccedilatildeo e estatildeo relacionados agrave intensidade e

distribuiccedilatildeo da precipitaccedilatildeo ao longo da bacia agrave capacidade do solo de reter e infiltrar

aacutegua e agraves caracteriacutesticas de forma da bacia de drenagem

O escoamento das aacuteguas pluviais na natureza eacute lento mas em aacutereas urbanizadas a accedilatildeo

antroacutepica relacionada a ocupaccedilatildeo de planiacutecies de inundaccedilatildeo que podem estar inclusive

em uma cota abaixo do leito do rio impermeabilizaccedilatildeo do solo e retificaccedilatildeo de corpos

drsquoaacutegua aleacutem de inuacutemeras atividades que promovem o assoreamento dos rios e coacuterregos

tem gerado resultados catastroacuteficos e grandes prejuiacutezos (AMARAL amp RIBEIRO 2009)

Quando se refere agraves regiotildees urbanas o termo ldquoalagamentordquo eacute o mais utilizado e segundo

o Ministeacuterio das Cidades (2006) define-se como o ldquoacuacutemulo momentacircneo de aacuteguas em

uma dada aacuterea por problemas no sistema de drenagem podendo ter ou natildeo relaccedilatildeo com

processos de natureza fluvialrdquo Tambeacutem o termo ldquoenxurradardquo eacute utilizado e define-se como

o ldquoescoamento superficial concentrado e com alta energia de transporte que pode ou natildeo

estar associado a aacutereas de domiacutenio dos processos fluviais Eacute comum a ocorrecircncia de

enxurradas ao longo de vias implantadas sobre antigos cursos drsquoaacutegua com alto gradiente

hidraacuteulico e em terrenos com alta declividade naturalrdquo

9

314 Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente

O Novo Coacutedigo Florestal Brasileiro define Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP) como

ldquoaacuterea protegida coberta ou natildeo por vegetaccedilatildeo nativa com a funccedilatildeo ambiental de

preservar os recursos hiacutedricos a paisagem a estabilidade geoloacutegica e a biodiversidade

facilitar o fluxo gecircnico de fauna e flora proteger o solo e assegurar o bem-estar das

populaccedilotildees humanasrdquo (BRASIL2012) Estas aacutereas satildeo muito importantes tanto no meio

urbano como no rural por garantir a estabilidade do solo em encostas iacutengremes contribuir

para a natildeo formaccedilatildeo de processos erosivos e o assoreamento de rios e coacuterregos aleacutem de

garantir a recarga de aquiacuteferos ao atuar como um amortecedor de chuvas retendo-a e

impedindo que ocorra um carreamento intenso de sedimentos ao longo dos morros e

margens de rios e coacuterregos (SKORUPA 2004) A Lei 126512012 apresenta os tipos de

APP e seus limites conforme seraacute visto no item 322

315 Uso e ocupaccedilatildeo do solo

Dentre os vaacuterios mecanismos de ordenamento urbano e instrumentos de planejamento

municipal previsto no Estatuto da Cidade (Lei Federal 102572001) o uso e ocupaccedilatildeo

do solo satildeo os mais utilizados pelas cidades para a formulaccedilatildeo das poliacuteticas urbanas

podendo definir o uso como a forma como esta parcela do solo eacute utilizada e a ocupaccedilatildeo

como sendo o modo como as edificaccedilotildees devem ser dispostas nesta mesma parcela do

solo urbano (TAKEDA 2015) O termo ldquoUso e ocupaccedilatildeo do solordquo tambeacutem pode ser

definido como o fator que determina como as mais diferentes regiotildees de um municiacutepio

deve se desenvolver (FONTOURA 2015)

A inserccedilatildeo de leis municipais de uso e ocupaccedilatildeo do solo objetivam ser uma referecircncia

para os gestores locais no processo de tomada de decisatildeo para que as cidades cresccedilam de

modo organizado enfatizando os potenciais e capacidades de cada regiatildeo aleacutem de tornar

o crescimento mais homogecircneo Com isso pretende-se evitar a formaccedilatildeo de grandes

adensamentos em pequenas aacutereas garantindo a mobilidade e a qualidade de vida de todos

os muniacutecipes tanto da regiatildeo urbana como da rural preservar e melhorar a qualidade

ambiental do municiacutepio aleacutem de evitar deslizamentos e alagamentos por conta da

ocupaccedilatildeo incorreta do solo (TAKEDA 2015)

10

32 Legislaccedilatildeo Pertinente

321 As adequaccedilotildees da legislaccedilatildeo ao longo dos anos

A problemaacutetica relacionada agraves APPs em aacutereas urbanas outrora era uma questatildeo complexa

e demandava uma larga discussatildeo do ponto de vista juriacutedico administrativo e teacutecnico Eacute

sabido que a maioria das cidades se formaram proacuteximos aos corpos hiacutedricos regiatildeo que

garantia o abastecimento de aacutegua e alimentos agrave populaccedilatildeo e tambeacutem facilitava o descarte

dos efluentes A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 225 daacute garantia aos

brasileiros de um meio ambiente em equiliacutebrio e concede agrave toda a sociedade o dever de

preservaacute-lo de acordo com os princiacutepios do desenvolvimento sustentaacutevel (BRASIL

1988) Antes desta Constituiccedilatildeo jaacute havia um texto que regulamentava a questatildeo da

preservaccedilatildeo de aacutereas verdes em todo o territoacuterio nacional A Lei Federal nordm 477165 que

trata do Coacutedigo Florestal estabelecia limites e regulamentava as Aacutereas de Preservaccedilatildeo

Permanente De acordo com Arauacutejo (2002) apud De Moraes (2014) essa Lei que fora

revogada e substituiacuteda pela Lei 126512012 era bastante falha no que diz respeito agraves

questotildees de APPS em aacutereas urbanas o que poderia ser um facilitador do natildeo cumprimento

do que foi proposto por aquela legislaccedilatildeo nestas aacutereas Isso se devia ao fato de o Coacutedigo

Florestal de 1965 ter deixado uma duacutevida sobre qual legislaccedilatildeo seguir uma vez que em

seu segundo artigo no paraacutegrafo uacutenico estava disposto que em aacutereas urbanas devia-se

atentar para a legislaccedilatildeo referente ao Plano Diretor e as referentes ao uso do solo na aacuterea

do municiacutepio (BRASIL 1965) Diante dessa conjuntura alguns municiacutepios optavam pela

natildeo aplicaccedilatildeo do Coacutedigo Florestal na regiatildeo urbana mesmo sabendo que a poliacutetica

conservacionista eacute extremamente importante visto o grande nuacutemero de problemas que

podem advir do uso irregular das APPs (DE MORAES 2009) Segundo o artigo 182 da

Constituiccedilatildeo Federal de 1988 as poliacuteticas relacionadas ao desenvolvimento urbano

devem ser elaboradas pelos municiacutepios e objetiva garantir o bem estar dos muniacutecipes e

tambeacutem o desenvolvimento do municiacutepio como um todo atraveacutes do atendimento agraves

exigecircncias do Plano Diretor (BRASIL 1988) O que podia gerar alguma divergecircncia seria

se o Plano Diretor Municipal propusesse uma faixa de APP menor que a prevista pelo

Coacutedigo Florestal Sendo assim essa legislaccedilatildeo perderia sua validade pelo fato de a

legislaccedilatildeo federal ser suplementar ou se seria cumprida devido ao disposto no artigo 182

da Constituiccedilatildeo Segundo De Moraes (2009) natildeo eacute aceitaacutevel que o Plano Diretor

Municipal legitime tal degradaccedilatildeo ambiental uma vez que um dos seus principais

objetivos eacute a proteccedilatildeo do bem estar puacuteblico estando incluiacutedo nesse a proteccedilatildeo do

ambiente natural A delimitaccedilatildeo e especificaccedilatildeo das APPs em Lei eacute necessaacuteria uma vez

que os limites miacutenimos destinados agrave preservaccedilatildeo satildeo importantes pois garantem a

proteccedilatildeo tanto da qualidade quanto da quantidade dos recursos hiacutedricos e evitam a

ocupaccedilatildeo em locais propiacutecios aos deslizamentos e zonas de recarga dos aquiacuteferos

11

subterracircneos assegurando tambeacutem de certa forma a integridade dos seres humanos que

potencialmente ocupariam tais locais (CARVALHO 2013)

Neste trabalho a legislaccedilatildeo tomada como referecircncia eacute a prevista pela Constituiccedilatildeo Federal

de 1988 o Novo Coacutedigo Florestal (Lei 126512012) e o Estatuto das Cidades (Lei

102572001) em acircmbito federal Na esfera estadual a Lei 209222013 versa sobre os

limites para APP em todo o territoacuterio de Minas A Lei Municipal 42412012 trata do

Plano Diretor Municipal da cidade de Santos Dumont onde se encontra as diretrizes para

o uso e ocupaccedilatildeo do solo e o zoneamento da cidade de acordo com as caracteriacutesticas do

solo entre outras

322 O Novo Coacutedigo Florestal e a legislaccedilatildeo mineira

O Novo Coacutedigo Florestal Lei Federal 126512012 substituiu a Lei Federal 47711965

Dentre os vaacuterios artigos que esta lei possui o que apresenta maior importacircncia para o

planejamento e o ordenamento das cidades tanto na aacuterea urbana como na rural eacute o artigo

4ordm em que constam as faixas de APP tanto para curso hiacutedrico como para declividade e

altitude aleacutem dos topos de morro a saber (BRASIL2012)

ldquoArt 4ordm Considera-se Aacuterea de Preservaccedilatildeo

Permanente em zonas rurais ou urbanas para os

efeitos desta Lei

I - as faixas marginais de qualquer curso drsquoaacutegua

natural perene e intermitente excluiacutedos os

efecircmeros desde a borda da calha do leito regular

em largura miacutenima de

a) 30 (trinta) metros para os cursos drsquoaacutegua de

menos de 10 (dez) metros de largura

b) 50 (cinquenta) metros para os cursos drsquoaacutegua

que tenham de 10 (dez) a 50 (cinquenta) metros de

largura

()

IV - as aacutereas no entorno das nascentes e dos olhos

drsquoaacutegua perenes qualquer que seja sua situaccedilatildeo

topograacutefica no raio miacutenimo de 50 (cinquenta)

metros

12

V - as encostas ou partes destas com declividade

superior a 45deg equivalente a 100 (cem por

cento) na linha de maior declive

()

IX - no topo de morros montes montanhas e

serras com altura miacutenima de 100 (cem) metros e

inclinaccedilatildeo meacutedia maior que 25deg as aacutereas

delimitadas a partir da curva de niacutevel

correspondente a 23 (dois terccedilos) da altura

miacutenima da elevaccedilatildeo sempre em relaccedilatildeo agrave base

sendo esta definida pelo plano horizontal

determinado por planiacutecie ou espelho drsquoaacutegua

adjacente ou nos relevos ondulados pela cota do

ponto de sela mais proacuteximo da elevaccedilatildeo

X - as aacutereas em altitude superior a 1800 (mil e

oitocentos) metros qualquer que seja a

vegetaccedilatildeo

()rdquo

A legislaccedilatildeo atual em seu artigo 4ordm evidencia que as faixas e aacutereas determinadas como

APP compreendem tanto as aacutereas rurais quanto urbanas (BRASIL 2012) retirando a

duacutevida anterior e sendo essa a Lei suplementar qualquer faixa de APP mais permissiva

na legislaccedilatildeo estadual e municipal satildeo invaacutelidas o que simplificou de certa forma a

aplicabilidade da Legislaccedilatildeo referente a Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente

No Estado de Minas Gerais a Lei Estadual 20922 de 16 de Outubro de 2013 trata do tema

em acircmbito estadual mas com os mesmos princiacutepios propostos pela Lei Federal sendo os

limites miacutenimos previstos para as APPs os mesmos propostos pelo Novo Coacutedigo

Florestal brasileiro (MINAS GERAIS2013)

ldquo Art 9ordm Para os efeitos desta Lei em zonas rurais

ou urbanas satildeo APPs

I as faixas marginais de cursos drsquoaacutegua naturais

perenes e intermitentes excluiacutedos

os efecircmeros medidas a partir da borda da calha

do leito regular em largura miacutenima de

13

a) 30m (trinta metros) para os cursos drsquoaacutegua de

menos de 10m (dez metros) de largura

b) 50m (cinquenta metros) para os cursos drsquoaacutegua

de 1 0m (dez metros) a 50m (cinquenta metros) de

largura

()

IV as aacutereas no entorno das nascentes e dos olhos

drsquoaacutegua perenes no raio miacutenimo de 50m

(cinquenta metros)

V as encostas ou partes destas com declividade

superior a 45ordm (quarenta e cinco graus)

equivalente a 100 (cem por cento) na linha de

maior declive

()

VII no topo de morros montes montanhas e

serras com altura miacutenima de 100m (cem metros)

e inclinaccedilatildeo meacutedia maior que 25ordm (vinte e cinco

graus) as aacutereas delimitadas a partir da curva de

niacutevel correspondente a 23 (dois terccedilos) da altura

miacutenima da elevaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave base sendo esta

definida pelo plano horizontal determinado por

planiacutecie ou espelho drsquoaacutegua adjacente ou nos

relevos ondulados pela cota do ponto de sela mais

proacuteximo da elevaccedilatildeo

VIII as aacutereas em altitude superior a 1 800m (mil

e oitocentos metros)

()rdquo

323 O Plano Diretor

O Estatuto das Cidades em seu artigo 40 prevecirc o plano diretor como um instrumento

capaz de promover a poliacutetica urbana englobando toda a cidade aleacutem de fornecer padrotildees

e limites para o uso do solo nas mais diversas regiotildees do municiacutepio com vistas a

harmonizar o desenvolvimento urbano com a preservaccedilatildeo do meio ambiente (SILVA JR

2006) Este instrumento eacute obrigatoacuterio para cidades com mais de 20 mil habitantes ou

14

aacutereas que integrem regiotildees metropolitanas ou de interesse turiacutestico O artigo 41 do

Estatuto das cidades tambeacutem prevecirc a obrigatoriedade do Plano Diretor para cidades que

possuem em sua aacuterea empreendimentos que caracterizem grandes impactos ambientais

de influecircncia regional ou nacional e cidades que possuem problemas com deslizamentos

de grande magnitude ou alagamentos repentinos (BRASIL 2001)

O Plano diretor de acordo com o Estatuto das Cidades deve ser aprovado como lei em

acircmbito municipal e revisto a cada dez anos Este documento eacute uacutenico pois cada cidade

possui suas peculiaridades infraestrutura vocaccedilotildees e problemas que por mais que sejam

parecidos entre si satildeo diferenciados pela intensidade e pela regionalizaccedilatildeo Sendo assim

a confecccedilatildeo do Plano Diretor deve conter a participaccedilatildeo de toda a comunidade local de

forma a reduzir as desigualdades sociais os gastos puacuteblicos desnecessaacuterios a degradaccedilatildeo

ambiental e combater os problemas relacionados a urbanizaccedilatildeo de forma conjunta

promovendo um processo de tomada de decisatildeo que garanta a qualidade de vida

preservaccedilatildeo e o desenvolvimento social do municiacutepio como um todo (ROSSBACH amp

CARVALHO 2010)

3231 O Plano Diretor de Santos Dumont

A Lei Municipal nordm 424112 que entrou em vigor no ano de 2014 trata do Plano Diretor

Municipal instrumento previsto no Estatuto das Cidades para garantir aos cidadatildeos um

desenvolvimento urbano organizado justo e sustentavelmente econocircmico (BRASIL

2001) Aleacutem de apontar as diretrizes para a elaboraccedilatildeo da Poliacutetica Municipal dos mais

variados setores o Plano Diretor divide o municiacutepio em macrozonas urbanas e rurais

Estas zonas tecircm por objetivo facilitar a identificaccedilatildeo dos setores que permitem ou natildeo o

desenvolvimento da cidade e em que magnitude pode ser feita a expansatildeo respeitando ao

meio ambiente e tambeacutem o que eacute previsto no tocante ao uso e ocupaccedilatildeo do solo nessas

aacutereas Aleacutem disso ela estabelece a forma como devem ser as edificaccedilotildees nas referidas

aacutereas As aacutereas definidas como macrozonas urbanas e foram subdivididas em (SANTOS

DUMONT2012)

ldquoZona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e

da Paisagem (ZPPH) satildeo as aacutereas cujos

equipamentos urbanos possuem interesse

histoacuterico ou paisagiacutestico de preservaccedilatildeo

Zona de Preservaccedilatildeo Ambiental satildeo aquelas em

que devem ser mantidas ou recuperadas a

15

vegetaccedilatildeo por conta da declividade altitude ou

presenccedila de recursos hiacutedricos

Zona de Adensamento Controlado (ZAC) satildeo as

aacutereas em que deve-se manter uma pequena

densidade populacional devido as limitaccedilotildees na

infraestrutura da localidade A ZAC se divide em

ZAC 1 quando a infraestrutura existente eacute

limitada e em ZAC 2 quando esta eacute precaacuteria ou

natildeo existe

Zona de Consolidaccedilatildeo de Adensamento (ZCA)

satildeo as aacutereas em que haacute interesse em ocupar os

lotes vagos haja visto que a regiatildeo possui toda a

infraestrutura para que isto aconteccedila

Zona Adensaacutevel (ZA) satildeo as aacutereas com

condiccedilotildees propiacutecias para ocorrer uma ocupaccedilatildeo

mais densa

Zona Especial de Interesse Social (ZEIS) satildeo as

aacutereas em que o Poder Puacuteblico almeja fazer

alguma forma de ocupaccedilatildeo Eacute dividida em ZEIS 1

e ZEIS 2 A ZEIS 1 satildeo regiotildees jaacute ocupadas mas

de forma irregular cujo interesse puacuteblico eacute

realizar obras e outras atividades para

regularizar as ocupaccedilotildees e urbanizar a aacuterea

enquanto que a ZEIS 2 satildeo aacutereas natildeo utilizadas ou

subutilizadas as quais o poder puacuteblico almeja

realizar algum empreendimento habitacional de

caraacuteter social

Zona de Grandes Equipamentos (ZE) satildeo aacutereas

cujo o interesse eacute a implantaccedilatildeo de

empreendimentos de grande porte ou grandes

equipamentos puacuteblicosrdquo

Esta divisatildeo espacial pode ser melhor vista no Anexo 71

O Plano Diretor natildeo estipula limites para APP mas prevecirc algumas diretrizes como na

Poliacutetica Municipal de Preservaccedilatildeo do Meio Ambiente sobre o uso do solo em

compatibilidade com praacuteticas conservacionistas A Poliacutetica Municipal de Expansatildeo

16

Urbana tem como uma de suas diretrizes fazer cumprir a legislaccedilatildeo vigente no que diz

respeito agraves intervenccedilotildees e investimentos que poderatildeo ser feitos nessas aacutereas Tambeacutem eacute

diretriz da mesma Poliacutetica o controle da ocupaccedilatildeo e do uso do solo em APPs e o auxiacutelio

aos oacutergatildeos estaduais e federais de meio ambiente no tocante agrave fiscalizaccedilatildeo da ocupaccedilatildeo

nestas aacutereas (SANTOS DUMONT 2012) O artigo 38 que trata das diretrizes da Poliacutetica

habitacional de interesse social exclui do processo de regularizaccedilatildeo fundiaacuteria os

assentamentos situados em aacutereas de risco o que na maioria das vezes estatildeo tambeacutem nas

aacutereas que deveriam estar vegetadas e protegidas (SANTOS DUMONT 2012) Na

legislaccedilatildeo referente ao parcelamento do solo eacute previsto que no parcelamento de glebas

com declividade entre 30 e 47 soacute poderaacute ser aprovado mediante projeto e laudo

assinado por um responsaacutevel teacutecnico favoraacutevel agrave construccedilatildeo nesse local (SANTOS

DUMONT 2012) Diante do proposto pelo Plano Diretor de Santos Dumont pode-se

dizer que natildeo haacute conflito com a legislaccedilatildeo federal e estadual em se tratando da

aplicabilidade do Coacutedigo Florestal uma vez que aquele natildeo explicita limites nem

permissivos e tampouco restritivos para faixas e aacutereas de preservaccedilatildeo permanente

33 O Municiacutepio de Santos Dumont

331 De Arraial a cidade

A aacuterea onde se situa hoje o municiacutepio de Santos Dumont teve sua ocupaccedilatildeo iniciada no

seacuteculo XVIII quando a Coroa Portuguesa solicitou ao entatildeo Governador do Rio de

Janeiro Artur de Saacute Menezes que abrisse um caminho que ligasse as Minas dos

Cataguases na regiatildeo de Ouro Preto (receacutem descobertas) ao Rio de Janeiro por onde

escoava os metais preciosos para a metroacutepole Surgiu assim o ldquoCaminho Novordquo e ao longo

deste caminho surgiram tambeacutem as Sesmarias aacutereas que tinham por principal objetivo

servir de pouso aos transportadores e exploradores e tambeacutem para garantir alimento a

estas pessoas Uma destas ocupaccedilotildees seria o ldquoArraial de Joatildeo Gomesrdquo (Figura 41)

primeiro nuacutecleo primitivo do municiacutepio em 1709 De iniacutecio prevaleciam somente

ranchos onde os viajantes se abrigavam mas em pouco tempo ergueu-se a Capela de Satildeo

Miguel e Almas e pequenos nuacutecleos urbanos comeccedilaram a surgir (DAPPC2008)

17

Figura 3 1 Vista parcial do Arraial de Joatildeo Gomes

Fonte Arquivo Histoacuterico de Santos Dumont-MG

Com a construccedilatildeo da Estrada de Ferro D Pedro II no final do seacuteculo XIX a regiatildeo teve

um consideraacutevel crescimento natildeo soacute populacional como tambeacutem econocircmico se tornando

a Vila Palmyra em 1889 Em 1890 Palmyra eacute elevada ao status de Municiacutepio (Figura 42)

e recebe um grande nuacutemero de melhorias no setor viaacuterio como a retificaccedilatildeo de ruas e

tambeacutem no setor de serviccedilos puacuteblicos como abastecimento de aacutegua iluminaccedilatildeo puacuteblica a

querosene e posteriormente energia eleacutetrica O desenvolvimento econocircmico na regiatildeo

tambeacutem teve seu momento aacuteureo nesse periacuteodo Induacutestrias de laticiacutenios graacuteficas e de

Carbureto de Caacutelcio fizeram parte do parque industrial de Palmyra o que atraiacutea pessoas

de outros lugares inclusive estrangeiros contribuindo para o aumento populacional da

regiatildeo Como ainda natildeo havia legislaccedilatildeo sobre uso e ocupaccedilatildeo do solo nessa eacutepoca

surgiram inuacutemeros loteamentos em aacutereas proacuteximas agrave rios e coacuterregos e tambeacutem em

encostas com declividade acentuada o que foi agravando o risco agrave medida que a ocupaccedilatildeo

aumentava (DAPPC2008)

18

Figura 3 2 Municiacutepio de Palmyra na deacutecada de 1920

Fonte Arquivo Histoacuterico de Santos Dumont-MG

O escoamento da produccedilatildeo industrial se dava pelo modal ferroviaacuterio setor que tambeacutem

movimentava a crescente cidade que era ponto importante no setor de transportes pois

possuiacutea um dos mais bem equipados depoacutesitos de locomotivas da Estrada de Ferro Central

do Brasil (DAPPC2008)

No ano de 1932 o municiacutepio de Palmyra passou a se chamar Santos Dumont (Figura 43)

em homenagem ao inventor do aviatildeo que nascera naquela cidade Nos uacuteltimos 40 anos

Santos Dumont tem experimentado uma acentuada desaceleraccedilatildeo econocircmica

consequecircncia do fechamento da grande maioria das induacutestrias principalmente as de

laticiacutenios que empregavam direta e indiretamente uma parte consideraacutevel da populaccedilatildeo

(DAPPC2008)

19

Figura 3 3 Municiacutepio de Santos Dumont em 2014

Fonte Arquivo do autor

332 Santos Dumont na atualidade

O municiacutepio de Santos Dumont localiza-se na regiatildeo da Zona da Mata mineira distante

cerca de 220 Km da capital Belo Horizonte e possui uma populaccedilatildeo de 47558 habitantes

(ODM 2015 projeccedilatildeo) numa aacuterea total de 637 kmsup2 Faz divisa com os municiacutepios de

Juiz de Fora Oliveira Fortes Bias Fortes Antocircnio Carlos Tabuleiro Piau e Ewbank da

Cacircmara

No que diz respeito agrave sua formaccedilatildeo fisiacuteco-geograacutefica a aacuterea que compreende o municiacutepio

eacute constituiacuteda predominantemente por Cambissolo Haacuteplico (70) com Latossolo

Vermelho-Amarelo (30) (UFV2010) A vegetaccedilatildeo eacute em sua maioria composta por

exemplares de Mata Atlacircntica De acordo com o IBGE(2015) Santos Dumont se localiza

a 839m de altitude O clima da regiatildeo eacute classificado como Tropical de Altitude (Cwb) e

possui uma temperatura meacutedia de 20ordmC Eacute banhado pela bacia hidrograacutefica do Paraiacuteba do

Sul e em sua maioria pertence agrave sub-bacia do Rio Pomba (IGAM) que fornece aacutegua para

abastecimento puacuteblico agrave 88 da populaccedilatildeo por meio da rede de distribuiccedilatildeo

(IBGE2010) Uma pequena parte da zona rural a sudoeste eacute banhada pela Sub-Bacia do

Rio Paraibuna mais precisamente na regiatildeo de fronteira com os municiacutepios de Juiz de

Fora e Ewbank da Cacircmara O sistema viaacuterio principal de acesso agrave cidade eacute a rodovia BR-

040 e a estrada de ferro Dom Pedro II atualmente utilizada somente para transporte de

cargas

Com a economia nos dias atuais baseada majoritariamente no setor de serviccedilos a cidade

possui um Iacutendice de Desenvolvimento humano (IDH) de 0741 (IBGE2010) Apesar do

decliacutenio econocircmico de Santos Dumont nota-se hoje um aumento no nuacutemero de

loteamentos populares e condomiacutenios horizontais e verticais entre outras edificaccedilotildees Eacute

de vital importacircncia que esse crescimento das ocupaccedilotildees seja ordenado e regulamentado

20

de forma a garantir a qualidade ambiental prevenindo deslizamentos e inundaccedilotildees Diante

dessa conjuntura o governo municipal aprovou em 2012 a Lei nordm 4241 que trata do Plano

Diretor Participativo instrumento baacutesico da poliacutetica de desenvolvimento e expansatildeo

urbana do municiacutepio de Santos Dumont

4 METODOLOGIA

41 Aacuterea de estudo

A regiatildeo dentro dos limites do municiacutepio que seraacute estudada neste trabalho eacute conforme

descrito nos anexos Plano Diretor e representada na figura 44 a aacuterea urbana principal

que possui 47 Kmsup2 e compreende a regiatildeo central da cidade e os bairros perifeacutericos regiatildeo

que concentra cerca de 90 da populaccedilatildeo total de Santos Dumont (IBGE 2015) A aacuterea

urbana principal representa 75 da aacuterea total dos 637 Kmsup2 que compreendem o

municiacutepio e eacute o local onde nos uacuteltimos 30 anos se verificou um maior crescimento

populacional e tambeacutem onde ocorre a maioria dos eventos relacionados a deslizamentos

e alagamentos por conta da ocupaccedilatildeo sem planejamento A figura 45 mostra a aacuterea

urbana principal e a localizaccedilatildeo dos bairros urbanos de Santos Dumont

Figura 4 1 Localizaccedilatildeo da aacuterea urbana principal

Fonte Google Earth

21

Figura 4 2 Mapa da aacuterea urbana principal com a localizaccedilatildeo dos bairros

Fonte Do Autor

42 Levantamento e tratamento dos dados

No desenvolvimento deste trabalho foi necessaacuterio se fazer um estudo detalhado sobre o

Plano Diretor de Santos Dumont principalmente dos seus anexos que compreendem os

mapas e a localizaccedilatildeo das aacutereas definidas pelo zoneamento proposto Para que isso fosse

possiacutevel a Secretaria Municipal de Obras e Serviccedilos Puacuteblicos forneceu todos os dados

secundaacuterios produto do estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor e do

zoneamento Estes dados incluem os arquivos Shapefile (shp) e outros documentos

integrantes do Plano Diretor Algumas informaccedilotildees foram complementadas tambeacutem com

dados adquiridos atraveacutes do site do IBGE e do Portal Objetivos do Milecircnio (ODM)

Os dados sobre as ocorrecircncias de deslizamentos e alagamentos foram obtidos atraveacutes da

Defesa Civil do municiacutepio atraveacutes do Sistema Integrado de Informaccedilotildees sobre Desastres

(S2ID) do Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional Tal sistema centraliza as informaccedilotildees sobre

desastres naturais ocorridos em todo o territoacuterio nacional facilitando a pesquisa sobre tais

eventos a qualquer cidadatildeo (BRASIL 2015)

Apesar do sistema ser bastante uacutetil os dados sobre o municiacutepio de Santos Dumont se

encontravam bastante falhos e escassos sendo necessaacuteria complementaccedilatildeo para que a

22

base de dados ficasse consistente Diante disso uma pesquisa atraveacutes dos arquivos do

Jornal Mensagem um jornal semanaacuterio local foi feita entre os anos de 1984 e 2014 e os

dados primaacuterios filtrados em uma planilha do Microsoft Excel para posterior utilizaccedilatildeo

De posse destes dados foi feita a localizaccedilatildeo em campo das coordenadas dos locais

atingidos por deslizamentos e alagamentos no periacuteodo compreendido pela pesquisa com

o auxiacutelio de um aparelho de GPS

A maioria dos arquivos shapefile utilizados para a confecccedilatildeo dos mapas satildeo parte

integrante dos anexos da Lei do Plano diretor do municiacutepio gerados no mecircs de dezembro

de 2011 pelo Instituto Nova Cidade e foram cedidos pela Secretaria Municipal de Obras

e Serviccedilos Puacuteblicos com Datum em UTM SAD 69 Com a finalidade de fornecer um

referenciamento atualizado e de acordo com os mais novos sistemas de coordenadas

utilizados no Brasil os arquivos foram convertidos para o Datum UTM SIRGAS 2000

que diferencia do SAD 69 pelo fato de ser um referencial geocecircntrico ou seja o centro

da Terra eacute o ponto de referecircncia neste sistema enquanto que o primeiro utiliza um

referencial na superfiacutecie da Terra (IBGE2014) Eacute interessante ressaltar tambeacutem que o

SIRGAS 2000 se tornou no ano de 2014 o sistema de coordenadas oficial do Sistema

Geodeacutesico Brasileiro e do Sistema Cartograacutefico Nacional ambos mantidos pelo IBGE A

combinaccedilatildeo dos shapefiles foi feita com o software livre gvSIG e com estas combinaccedilotildees

foram gerados mapas importantes resultados para a execuccedilatildeo deste trabalho A maioria

dos mapas representam a regiatildeo urbana principal de Santos Dumont e foram produzidos

numa escala em torno de 140000 que de acordo com Rocha (2007) eacute uma escala viaacutevel

pois as recomendaacuteveis para trabalhos de anaacutelise ambiental em niacutevel municipal podem ser

entre 150000 e 110000 Alguns mapas cujo detalhamento natildeo eacute necessaacuterio foram

gerados na escala 1100000

Para a geraccedilatildeo dos mapas aleacutem dos arquivos fornecidos pela Secretaria de Obras e

Serviccedilos Puacuteblicos foram utilizados para a geraccedilatildeo do modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE)

e da localizaccedilatildeo dos topos de morro dados gerados pelo sistema de radar Advanced

Spacebone Thermal Emission and Reflection Radiometer (ASTER) que geram as curvas

de niacutevel do terreno com uma resoluccedilatildeo de 30m (NASA2014) O processamento dessas

imagens foi feito pelo software livre gvSIG As imagens geradas pelos sateacutelites

LANDSAT foram adquiridas no site da United States Geological Survey (USGS) e essas

imagens possibilitaram obter um panorama preciso do uso do solo em toda a aacuterea urbana

de Santos Dumont numa resoluccedilatildeo de 15 metros uma vez que foi utilizada a banda

pancromaacutetica do sateacutelite LANDSAT 8 aleacutem da combinaccedilatildeo das bandas 65 e 4

respectivamente que eacute a combinaccedilatildeo recomendada pela mantenedora dos sateacutelites para

anaacutelises deste tipo

23

No que diz respeito a identificaccedilatildeo de APPs em topo de morro a metodologia de Oliveira

amp Fernandes Filho (2013) por utilizar as mesmas bases de dados ateacute entatildeo usadas neste

trabalho foi a mais indicada

A metodologia de anaacutelise dos mapas gerados eacute a proposta pelo professor Jorge Xavier da

Silva do Laboratoacuterio de Geoprocessamento (LAGEOP) da Universidade Federal do Rio

de Janeiro e citada por Rocha (2007) Tal metodologia analisa as variaacuteveis em questatildeo

presentes na aacuterea e permite avaliar as possibilidades de relaccedilotildees entre essas variaacuteveis De

uma maneira geral este meacutetodo verifica o estado atual da aacuterea em estudo bem como das

variaacuteveis gerando inventaacuterios que servem para a construccedilatildeo de dados planimeacutetricos sejam

com as variaacuteveis isoladas ou combinadas Estes dados planimeacutetricos geram assinaturas

que permitem inferir sobre a influecircncia dessas variaacuteveis De posse dos dados gerados pelo

processo anteriormente citado pode-se fazer algumas prospecccedilotildees sobre os riscos

ambientais que a aacuterea pode sofrer ou o seu potencial ambiental (ROCHA 2007)

5 RESULTADOS

51 Levantamento histoacuterico de alagamentos e

deslizamentos

O aumento da demanda pelo uso do solo na regiatildeo urbana de Santos Dumont

principalmente no tocante agrave formaccedilatildeo de novos loteamentos e condomiacutenios nos uacuteltimos

anos eacute consideraacutevel mas tambeacutem haacute de se observar o crescimento dos bairros jaacute existentes

com pouco ou nenhum ordenamento Em ambos os casos se observa ocupaccedilotildees

irregulares em APP o que tem ocasionado um aumento na frequecircncia de deslizamentos

e inundaccedilotildees Eacute evidente que quanto maior a densidade populacional do bairro maior a

quantidade de ocorrecircncias ao longo dos anos (SPERFELD 2009)

De acordo com as ocorrecircncias registradas pela Defesa Civil do municiacutepio obtidas atraveacutes

da literatura utilizada nos uacuteltimos 30 anos Santos Dumont chegou a decretar situaccedilatildeo de

emergecircncia por conta de desastres envolvendo deslizamentos eou alagamentos por duas

vezes num espaccedilo de 10 anos conforme pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho

(BRASIL 2014 CEPED 2011)

Segundo os dados obtidos atraveacutes de pesquisa nos arquivos do semanaacuterio entre os anos

de 1984 e 2014 pode-se verificar que nos uacuteltimos 20 anos a cidade tem experimentado

24

um aumento consideraacutevel nos eventos relacionados a deslizamentos e principalmente

alagamentos como pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho Isso pode ter sido causado

dentre outros fatores pelo aumento do nuacutemero de vias pavimentadas com material

impermeaacutevel o que tem sobrecarregado tanto a infraestrutura existente para drenagem

urbana como tambeacutem a calha dos cursos drsquoaacutegua que passam pela regiatildeo urbana do

municiacutepio (ZANON2013)

Na deacutecada de 1980 (1984-1990) de acordo com os dados obtidos natildeo foram noticiados

eventos consideraacuteveis relacionados a deslizamentos e alagamentos em Santos Dumont

mas isso natildeo exclui a possibilidade de natildeo ter ocorrido tais eventos em menor escala

Na deacutecada de 1990 aconteceram uma seacuterie de ocorrecircncias tanto de deslizamentos quanto

de alagamentos No ano de 1997 num periacuteodo chuvoso intenso aconteceram

deslizamentos consideraacuteveis em vaacuterios bairros da cidade inclusive com desabamento de

casas e de ruas principalmente nos bairros Nossa Senhora da Gloacuteria e Quarto Depoacutesito

Em 1999 ocorreram alguns pontos de alagamento nos bairros Quarto Depoacutesito e Santo

Antocircnio com grandes prejuiacutezos materiais

A deacutecada de 2000 iniciou com o registro de deslizamentos em vaacuterios bairros da cidade

inclusive com desabamento de casas e pontes e alagamentos em importantes vias do

centro da cidade Observa-se ao longo desse periacuteodo o crescimento nas ocorrecircncias de

deslizamentos e de aacutereas com risco de deslizamento em muitos bairros de Santos Dumont

Um dos fatores importantes para esse crescimento foi a grande expansatildeo sofrida pela

maioria dos bairros e a falta de planejamento e orientaccedilatildeo por parte da prefeitura uma

vez que uma boa parte do crescimento dos bairros da cidade ocorreu ou proacuteximo a cursos

drsquoaacutegua ou em aacutereas com declividade improacutepria para se fazer construccedilotildees O bairro

Coacuterrego do Ouro (Figura 51) foi o que mais sofreu com ocorrecircncias de deslizamentos

nesse periacuteodo enquanto o bairro Santo Antocircnio foi que teve mais ocorrecircncias de

alagamentos

25

Figura 5 1 Deslizamento no bairro Coacuterrego do Ouro

Fonte Portal Cabangu

No iniacutecio deacutecada de 2010 (2011-2014) o centro da cidade foi a regiatildeo que mais sofreu

com alagamentos sendo registrado pelo menos uma ocorrecircncia por ano nessa aacuterea (Figura

52) Isso pode ser relacionado dentre outros fatores com as obras de modificaccedilatildeo do

tipo de pavimentaccedilatildeo das estradas por um material impermeaacutevel gerando uma sobrecarga

nos sistemas de drenagem urbana que foram projetados para um tipo de pavimento mais

permeaacutevel implicando tambeacutem na sobrecarga calha do Ribeiratildeo das Posses o principal

curso drsquoaacutegua que corta o centro da cidade e que se encontra em quase sua totalidade

ocupada em ambas as margens que cortam o centro da cidade

26

Figura 5 2 Alagamento na regiatildeo central de Santos Dumont em 2013

Fonte Portal Cabangu

Quanto agraves ocorrecircncias de deslizamento ao longo da referida deacutecada elas estiveram

espalhadas pelos bairros do municiacutepio tendo um maior nuacutemero de ocorrecircncias nos bairros

Santo Antocircnio Nossa Senhora da Gloacuteria e Aacutegua Espraiada Nos dois primeiros bairros

citados as ocorrecircncias podem ter sido ocasionadas pelo crescimento desordenado e sem

planejamento destes e no terceiro as ocorrecircncias satildeo relacionadas ao processo de

assoreamento do Ribeiratildeo das Posses o que pode ter gerado um aumento da velocidade

desse curso drsquoaacutegua causando problemas decorrentes do transporte de sedimentos da aacuterea

onde as casas foram construiacutedas que teve como consequecircncia os deslizamentos

Em resumo como pode ser observado nas figuras 53 e 54 na tabela 51 no periacuteodo de

1984 a 2014 os bairros mais afetados por alagamentos e deslizamentos satildeo Quarto

Depoacutesito Nossa Senhora da Gloacuteria Santo Antocircnio Coacuterrego do Ouro Antocircnio Afonso

Graminha e Vila Esperanccedila sendo que o bairro Coacuterrego do Ouro possui o maior nuacutemero

de ocorrecircncias de deslizamentos e o centro da cidade possui o maior nuacutemero de

ocorrecircncias de alagamentos no periacuteodo pesquisado Vale destacar que a aacuterea propiacutecia a

alagamentos no bairro Antocircnio Afonso natildeo identificada no estudo realizado pela

prefeitura constitui-se efetivamente numa aacuterea de risco conforme levantamento histoacuterico

realizado Esta aacuterea de risco se deve agrave diferenccedila de niacutevel negativa entre o rio Pinho e a

aacuterea do bairro estando este em desniacutevel com um risco iminente de inundaccedilotildees resultantes

da cheia desse curso drsquoaacutegua causando inuacutemeros transtornos aos moradores do local

27

Figura 5 3 Pontos de Alagamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico

Fonte Do autor

Figura 5 4 Pontos de deslizamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico

Fonte Do autor

28

Tabela 51 Ocorrecircncias de alagamentos e deslizamentos obtidos atraveacutes do

levantamento histoacuterico

Pontos de ocorrecircncia (1984-2014)

Bairros Alagamento Deslizamento

Aacutegua Espraiada 1 1

Antocircnio Afonso 1 0

Barra 0 1

Centro 7 1

Coacuterrego do Ouro 1 7

Flores 0 1

Graminha 1 0

Jardim Jaraguaacute 0 1

N Sra da Gloacuteria 0 4

N Sra das Graccedilas 1 0

Quarto Depoacutesito 3 2

Santo Antocircnio 4 2

Satildeo Sebastiatildeo 0 1

Vila Esperanccedila 0 1

Fonte Do autor

De acordo com o estudo realizado na elaboraccedilatildeo do Plano Diretor pela prefeitura

municipal observa-se que os bairros que possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a

deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do Ouro e Vila Esperanccedila enquanto que os que

possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a alagamento satildeo o Centro da cidade e os

bairros Satildeo Sebastiatildeo Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio por estarem agraves margens do

Ribeiratildeo das Posses um curso drsquoaacutegua que sofre com inundaccedilotildees perioacutedicas devido ao

severo assoreamento em algumas regiotildees e tambeacutem devido ao acuacutemulo de lixo descartado

pelos moradores do entorno irregularmente De acordo com o estudo realizado quando da

elaboraccedilatildeo do Plano Diretor do municiacutepio foram feitos estudos sobre as aacutereas propensas

a deslizamentos e alagamentos na regiatildeo urbana principal Tais aacutereas satildeo as destacadas

nas Figuras 55 e 56 No levantamento histoacuterico realizado pode-se identificar que os

bairros que possuem mais aacutereas propensas a deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do

Ouro Nossa Senhora da Gloacuteria Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio enquanto que os bairros

mais propensos a alagamentos satildeo os bairros Centro Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio

como observado na tabela 51

29

Figura 5 5 Aacutereas propensas a deslizamento de acordo com o Plano Diretor de

Santos Dumont

Fonte Google Earth e Lei 42412012

Figura 5 6 Aacutereas propensas a alagamento de acordo com o Plano Diretor de

Santos Dumont

Fonte Google Earth e Lei 42412012

30

Comparando-se os mapas obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico com o mapa gerado

pelo estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor nota-se que haacute semelhanccedilas em

algumas aacutereas mas ao se levar em conta o produto gerado pela pesquisa histoacuterica o

estudo necessitaria ser complementado haja vista que ele natildeo compreende por exemplo

o ponto de alagamento no bairro Antocircnio Afonso citado anteriormente e alguns pontos de

deslizamento importantes uma vez que satildeo regiotildees onde haacute ocupaccedilatildeo Esse fato evidencia

a necessidade de se buscar vaacuterias fontes primaacuterias e secundaacuterias para se detectar aacutereas de

risco em um municiacutepio incluindo arquivos da imprensa local afim de se produzir uma

base de dados consistente e com o menor nuacutemero de falhas possiacutevel (CEPED 2014) Com

a uniatildeo dos dois estudos foram gerados os mapas apresentados nas Figuras 57 e 58

Aleacutem do mais observando as figuras 57 e 58 pode-se notar que uma boa parte tanto dos

casos de alagamento quanto de deslizamento estatildeo na faixa de APP de curso hiacutedrico o

que ilustra a importacircncia da preservaccedilatildeo destas aacutereas

Figura 5 7 Aacutereas propensas a alagamento do estudo do Plano Diretor

complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento

Fonte Do Autor

31

Figura 5 8 Aacutereas propensas a deslizamento do estudo do Plano Diretor

complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento

Fonte Do Autor

Atraveacutes da combinaccedilatildeo entre estes dois levantamentos procurou-se alimentar a base de

dados e garantir uma consistecircncia maior desta no que diz respeito a aacutereas de deslizamento

e alagamento podendo inclusive se identificar a suscetibilidade de uma determinada

regiatildeo da cidade a um ou outro evento (CEPED2014)

512 O Plano diretor e as APPs

Nos uacuteltimos anos o Brasil experimentou um forte fenocircmeno de migraccedilatildeo do campo para

as aacutereas urbanas De acordo com o IBGE no periacuteodo de 1940 a 2000 houve um aumento

de cerca de 60 do nuacutemero de pessoas que vivem em cidades (SILVA JR 2006) O

processo de planejamento e ordenamento do uso do solo nessas aacutereas deveria ter

acompanhado esse crescimento ao longo dos anos a fim de garantir a qualidade de vida e

a seguranccedila dos migrantes ao se instalarem nas cidades o que natildeo ocorreu e o que se

observa atualmente satildeo ocupaccedilotildees em aacutereas improacuteprias para moradia sem a infraestrutura

baacutesica necessaacuteria e com risco iminente de deslizamentos eou inundaccedilotildees

O Plano Diretor do municiacutepio de Santos Dumont em seu capiacutetulo IV que versa sobre o

uso e ocupaccedilatildeo do solo explicita regras para o ordenamento do territoacuterio que compreende

o municiacutepio com base nos diferentes usos do solo de acordo com sua compatibilidade o

32

que acabou por resultar num zoneamento de todo o municiacutepio em macrozonas conforme

citado na seccedilatildeo 3231 de acordo com os usos atuais e futuros do solo Aleacutem de dividir

estas macrozonas em urbanas e rurais tambeacutem avaliou e classificou estas aacutereas com base

numa seacuterie de fatores ambientais geoloacutegicos culturais e sociais de forma a se fazer um

zoneamento coerente com os atuais usos do solo e seu potencial de uso futuro Apresenta-

se na Figura 59 este zoneamento na aacuterea urbana principal de Santos Dumont

Figura 5 9 Zoneamento urbano da aacuterea urbana principal

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Lei 42412012

Tomando como referecircncia o Novo Coacutedigo Florestal brasileiro em especial os paracircmetros

estabelecidos para a definiccedilatildeo de APP e utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento

atraveacutes do software Vista SAGA relacionou-se as APPs existentes na aacuterea em estudo com

as regiotildees propiacutecias a alagamentos e deslizamentos de acordo com o estudo feito quando

da elaboraccedilatildeo do Plano Diretor afim de se identificar qual ou quais aacutereas possuem estes

problemas e se estatildeo relacionados com o uso do solo irregular em APP

Ao se aplicar a metodologia proposta por Oliveira amp Fernandes Filho (2013) natildeo foram

identificadas dentro da aacuterea de estudo APPs de topos de morro sendo este tipo de APP

descartada portanto das anaacutelises subsequentes deste trabalho Foram consideradas as

APP de curso hiacutedrico (rios e nascentes) e de declividade visando relacionaacute-las as aacutereas

de risco identificadas pela Prefeitura afim de se verificar as possiacuteveis causas da ocorrecircncia

33

destas aacutereas na regiatildeo urbana do municiacutepio Por meio de combinaccedilotildees entre dois mapas

temaacuteticos utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento foi possiacutevel obter as

assinaturas ou seja tabelas que caracterizam quantitativamente a aacuterea afetada por cada

aspecto visto que a simples visualizaccedilatildeo do mapa gerado pelo geoprocessamento muitas

vezes eacute prejudicada por serem aacutereas de pequenas dimensotildees ou por qualquer outra

limitaccedilatildeo do software Ressalta-se que para a elaboraccedilatildeo do Plano Municipal de Reduccedilatildeo

de riscos a identificaccedilatildeo e detalhamento topograacutefico destas aacutereas eacute fundamental para o

desenvolvimento do referido Plano conforme seraacute abordado detalhadamente na seccedilatildeo

52

De posse do mapa que representa o zoneamento urbano de Santos Dumont primeiramente

procurou-se mensurar qualitativa e quantitativamente a presenccedila de APPs tanto de

declividade quanto de cursos hiacutedricos Essa identificaccedilatildeo eacute importante pois este

zoneamento eacute um dos instrumentos de planejamento municipal (BRASIL 2001) Saboya

(2007) aponta que os principais objetivos de um zoneamento satildeo o controle da expansatildeo

urbana e proteccedilatildeo de aacutereas inadequadas a ocupaccedilatildeo aleacutem de reduzir os conflitos inerentes

aos diferentes usos do solo Com o uso da ferramenta ldquoCombinarrdquo do Vista SAGA foram

feitas combinaccedilotildees entre o mapa de hidrografia com buffer de 30m para rios e coacuterregos e

de 50m para nascentes com o mapa do zoneamento para se verificar a importacircncia das

APPs de curso hiacutedrico em toda a aacuterea urbana principal do municiacutepio Tambeacutem foram

combinados o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) obtido atraveacutes do gvSIG com o mapa

de zoneamento afim de se verificar quantitativamente as APPs de declividade e onde se

localizam Vale ressaltar que as declividades entre 30 e 47 estatildeo presentes nesta

combinaccedilatildeo pois de acordo com o Plano Diretor de Santos Dumont terrenos com esta

faixa de declividade para fins de parcelamento devem possuir estudo teacutecnico que ateste

a viabilidade de se promover algum empreendimento imobiliaacuterio neste (SANTOS

DUMONT 2012) Como a legislaccedilatildeo municipal prevecirc estudo somente para a faixa de

declividade descrita anteriormente para fins de anaacutelise neste trabalho consideramos um

valor mais conservador para APP compreendendo a faixa de 47 a 100 aleacutem da

prevista pela legislaccedilatildeo federal (gt100) para que natildeo houvessem lacunas importantes na

geraccedilatildeo do produto

Apresenta-se na Figura 510 aacutereas com declividades consideradas de risco e consideradas

APP e em qual zona de planejamento elas estatildeo inseridas De um modo geral ao se

observar a Tabela 52 nota-se que a aacuterea que compreende declividades de risco e APP eacute

uma pequena parcela da aacuterea urbana principal representando 061 desta aacuterea Ao se

levar em conta somente a localizaccedilatildeo pode-se verificar que cerca de 84 das aacutereas com

declividade de risco e a totalidade das APPs de declividade estatildeo localizadas na ZAC1

zona que compreende a maior parte do municiacutepio e apesar de possuir infraestrutura baacutesica

para a ocupaccedilatildeo esta eacute restrita Sendo assim o fator declividade deve ser visto com cautela

nesta aacuterea para se evitar transtornos advindos de edificaccedilotildees nestas aacutereas

34

Figura 5 10 Combinaccedilatildeo entre as declividades importantes incluindo as APPs e o

zoneamento urbano

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Do autor

Tabela 52 Assinaturas da combinaccedilatildeo Declividade x Zoneamento

Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea

Natildeo APP 457972 9939

Declividade 30-47 em ZAC1 2368 051

Declividade 30-47 em ZE 284 006

Declividade 30-47 em ZAC2 128 003

Declividade 30-47 em ZPA 004 0001

APP Declividade em ZAC1 048 001

Total 460804 100

Fonte Do autor

Apresenta-se na Figura 511 as APPs de curso hiacutedrico (nascentes e rios) e em qual zona

de planejamento estatildeo localizadas Assim como a declividade a maior parte das APPs de

curso hiacutedrico estatildeo localizadas em ZAC1 representando 383 da aacuterea urbana em estudo

e 51 do total das APPs de curso hiacutedrico Esta questatildeo tambeacutem deve ser vista com

bastante criteacuterio pelos gestores locais uma vez que a ocupaccedilatildeo em faixas proacuteximas de

rios e coacuterregos podem causar uma gama de problemas ambientais e sociais na regiatildeo

(SANTANA2011) Tal cuidado tambeacutem deve ser tomado nas APPs compreendidas na

35

ZAC2 que compreende 001 da Aacuterea urbana principal e 14 do total das APPs de curso

hiacutedrico pois a infraestrutura baacutesica e acessibilidade presente nesta zona eacute precaacuteria e a

ocupaccedilatildeo as margens de cursos hiacutedricos pode gerar problemas seacuterios caso ocorra uma

expansatildeo nestas aacutereas

Figura 511 Combinaccedilatildeo entre APP de curso hiacutedrico e as zonas de planejamento

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Do autor

Outro ponto importante eacute a presenccedila da Zona de Proteccedilatildeo Ambiental (ZPA) no entorno

uma consideraacutevel parte dos cursos hiacutedricos Nesta zona estatildeo presentes 28 das APPs de

curso hiacutedrico e esta zona de acordo com o Plano Diretor deve ser restaurada ou

preservada por suas caracteriacutesticas geoloacutegicas topograacuteficas e bioloacutegicas

Afim de se verificar os usos do solo na regiatildeo em estudo foram utilizadas combinaccedilotildees

de imagens advindas do sateacutelite Landsat 8 nas bandas descritas no capiacutetulo 4 aleacutem da

banda pancromaacutetica O resultado eacute apresentado na figura 512 que mostra os principais

usos do solo na aacuterea urbana principal de Santos Dumont

36

Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x Zoneamento

Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea

Hidrografia 11168 239

Aacuterea Urbana Natildeo APP 421004 9008

APP Curso hiacutedrico em ZAC1 179 383

APP Curso hiacutedrico em ZPA 9776 209

APP Curso hiacutedrico em ZE 184 004

APP Curso hiacutedrico em ZA 1192 026

APP Curso hiacutedrico em ZAC2 5124 110

APP Curso hiacutedrico em ZPPH 248 005

APP Curso hiacutedrico em ZEIS 568 012

APP Curso hiacutedrico em ZCA 228 005

Total 467392 10000

Fonte Do autor

Figura 5 12 Mapa de usos do solo da aacuterea urbana principal de Santos Dumont

Fonte Do autor

Como jaacute era previsto a maior parte da aacuterea urbana se encontra ocupada e eacute nesta regiatildeo

ocupada que se observa a maior concentraccedilatildeo de problemas de deslizamentos e

alagamentos (Figuras 513 e 514) A grande ocupaccedilatildeo em aacutereas consideradas APP de

curso hiacutedrico de acordo com os mapas gerados pode ser a principal causa do aumento a

cada ano dos casos de alagamento principalmente na regiatildeo central da cidade Outro ponto

que se deve atentar eacute a existecircncia de uma consideraacutevel aacuterea de pastagem pouco vegetada

que caso estejam em aacutereas elevadas pode contribuir para deslizamentos e agraves margens de

37

rios e coacuterregos para o assoreamento destes corpos hiacutedricos o que pode causar

alagamentos (INAacuteCIO etal 2007)

Diante destes resultados pode-se ver que a cidade de Santos Dumont necessita alternativas

efetiva no que diz respeito agrave contenccedilatildeo de deslizamentos e a reduccedilatildeo de risco de

alagamento pois as aacutereas em que ocorrem tais eventos satildeo distintas e facilmente definidas

devido agrave repeticcedilatildeo destes nos uacuteltimos anos Um plano de accedilatildeo integrado entre as diferentes

secretarias municipais (Obras Meio Ambiente Assistecircncia Social entre outras) e a

Coordenadoria Municipal de Defesa Civil deve ser realizado afim de se tomar medidas

natildeo mais preventivas mas sim preditivas para que se possa conter o avanccedilo destes

problemas na aacuterea urbana principal bem como em toda a aacuterea do municiacutepio

Figura 5 13 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na aacuterea urbana

principal

Fonte Do autor

38

Figura 5 14 Aacutereas sujeitas a alagamento e os principais usos do solo na aacuterea

urbana principal

Fonte Do autor

Ao se associar os dados do estudo do Plano Diretor com os dados do levantamento

histoacuterico realizado com o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) pode-se notar que as aacutereas

propiacutecias a deslizamento estatildeo em regiotildees as quais haacute uma fronteira de declividades ou

seja eacute evidente que os deslizamentos ocorrem em encostas um pouco mais iacutengremes mas

natildeo necessariamente nas encostas de 30-47 as quais exigem estudo teacutecnico conforme o

plano diretor preconiza Quanto aos alagamentos nota-se que eles se localizam nas aacutereas

com menor ou nenhuma declividade podendo ser estas aacutereas talvez componentes da

planiacutecie de inundaccedilatildeo dos rios Estes resultados podem ser vistos nas figuras 515 e 516

a seguir

39

Figura5 15 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a deslizamentos na

regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

Fonte Lei 42412012 e Autor

Figura5 26 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a alagamentos na

regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

Fonte Lei 42412012 e Autor

40

52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis

O processo de ocupaccedilatildeo no municiacutepio de Santos Dumont comeccedilou muito antes de

qualquer legislaccedilatildeo relacionada a ordenamento urbano e de proteccedilatildeo do meio ambiente

fosse implementado no Brasil Esse fato aliado a poliacuteticas e fiscalizaccedilotildees falhas

contribuiacuteram para a ocupaccedilatildeo e expansatildeo da aacuterea urbana ao longo do Ribeiratildeo das Posses

e seus afluentes o que tem gerado o aumento da degradaccedilatildeo destes corpos hiacutedricos ao

longo de todos estes anos Observa-se tambeacutem que nas uacuteltimas deacutecadas ocorreu um

grande nuacutemero de migraccedilotildees do campo para a regiatildeo urbana da cidade fator que

contribuiu para o crescimento do nuacutemero de habitaccedilotildees em aacutereas de risco de deslizamento

e alagamentos por serem na maioria das vezes terrenos menos valorizados e por este

motivo acessiacuteveis a populaccedilatildeo com menor poder aquisitivo (ROSA amp CORTEZ 2008)

Vale ressaltar que esta questatildeo aleacutem de ser ambiental eacute muito mais social pois os

moradores entendem os riscos de se viver nestes locais mas por motivos econocircmicos ou

por questotildees afetivas natildeo abrem matildeo da moradia nessas aacutereas A Constituiccedilatildeo Federal de

1988 promoveu a inter-relaccedilatildeo das questotildees sociais com as questotildees ambientais quando

colocou o meio ambiente como direito coletivo (BRASIL1988 SOUZA2010) Por este

motivo a decisatildeo por medidas draacutesticas que favoreccedilam apenas agrave preservaccedilatildeo do meio

ambiente natildeo eacute recomendada pois aleacutem de ser inconstitucional podem afetar a

sustentabilidade econocircmica do municiacutepio e gerar conflitos sociais consideraacuteveis

(CARLOS 1992 apud SOUZA 2010)

Segundo Bueno (2009) ldquonem tudo o que eacute irregular eacute precaacuteriordquo Esse fato se observa em

Santos Dumont uma vez que em boa parte da regiatildeo central se observa vaacuterias moradias

construiacutedas na faixa de APP de curso hiacutedrico o que natildeo eacute permitido pela legislaccedilatildeo

vigente e eacute um dos fatores que contribui para a ocorrecircncia de alagamentos nesta aacuterea da

cidade Para a resoluccedilatildeo deste problema o que seria mais viaacutevel seria a melhoria da

infraestrutura de drenagem urbana afim de que o escoamento da aacutegua das chuvas natildeo

sobrecarregasse o sistema (BUENO2009) A construccedilatildeo de bacias de contenccedilatildeo de

cheias ao longo do Ribeiratildeo das Posses tambeacutem seria uma alternativa mas para se verificar

a viabilidade necessita-se estudos mais aprofundados do ponto de vista hidroloacutegico

O grande problema a ser solucionado no entanto eacute o que diz respeito agraves aacutereas de risco

de deslizamento majoritariamente nos bairros A melhor alternativa seria o

remanejamento dos moradores para uma aacuterea proacutexima agrave que moram poreacutem longe do

risco Poreacutem esta alternativa de acordo com Rosa Filho amp Cortez (2008) encontra alguns

entraves pois estas pessoas na maioria das vezes natildeo tecircm condiccedilotildees financeiras de irem

para outro lugar ou pagar aluguel ou estatildeo de alguma forma sentimentalmente ligadas

agravequela regiatildeo que se recusam a deixaacute-lo

41

Por parte dos oacutergatildeos competentes no municiacutepio a criaccedilatildeo de um plano para se evitar

acidentes ocasionados por deslizamentos e alagamentos com um mapeamento detalhado

de toda a extensatildeo do municiacutepio eacute extremamente uacutetil Os estudos que seratildeo feitos para a

elaboraccedilatildeo deste plano poderatildeo definir quais as aacutereas satildeo potencialmente de risco para as

ocupaccedilotildees existentes ou para as potenciais ocupaccedilotildees que possam vir a ocorrer atraveacutes do

mapeamento das aacutereas de risco Tal planejamento seraacute auxiliar ao Plano Diretor

Municipal pois definiraacute o real uso do solo de determinada regiatildeo do municiacutepio

contribuindo para a adequaccedilatildeo do uso e ocupaccedilatildeo do solo afim de evitar ou reduzir o

nuacutemero de problemas relacionados a alagamentos e principalmente deslizamentos no

periacutemetro urbano (TOMINAGA 2009) A partir deste plano os gestores locais poderatildeo

tomar a melhor decisatildeo para a prevenccedilatildeo ou reduccedilatildeo dos riscos inerentes a tais problemas

Na seccedilatildeo 521 seraacute hierarquizado de forma preliminar a aacuterea urbana principal de acordo

com os resultados da tabela 51

521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta

O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos (PMRR) foi criado atraveacutes de accedilotildees

regularizadoras do Ministeacuterio das Cidades para ser o instrumento de gestatildeo e

gerenciamento de aacutereas de risco em um municiacutepio Eacute um documento que aleacutem de

estabelecer quais regiotildees satildeo consideradas de risco tambeacutem objetiva a proposta de

medidas estruturais ou natildeo para contenccedilatildeo eou prevenccedilatildeo de cataacutestrofes aleacutem de ser um

meio de captaccedilatildeo de recursos financeiros junto aos Governos Estadual e Federal Estes

recursos poderatildeo ser utilizados para a realizaccedilatildeo de obras que visem a melhoria da

qualidade de vida da populaccedilatildeo do entorno ou de recuperaccedilatildeo da aacuterea degradada Este

plano eacute realizado de forma participativa com as comunidades das aacutereas de risco e pode

ser realizado em sete fases conforme recomenda o Ministeacuterio das Cidades (ALHEIROS

2006)

O primeiro passo para a realizaccedilatildeo do PMRR eacute definir qual a metodologia seraacute empregada

levando-se em consideraccedilatildeo a realidade atual do municiacutepio e especificar de forma sucinta

um cronograma das atividades Eacute importante nesta fase a participaccedilatildeo tambeacutem dos

responsaacuteveis pelas mais variadas Secretarias Municipais afim de explicitar o tamanho da

importacircncia e o caraacuteter integrador deste plano A segunda fase deste plano objetiva a

criaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo da principal base de dados a ser utilizada nos passos posteriores o

mapeamento de risco em escala detalhe em torno de 13000 (SAtildeO PAULO 2014) A

elaboraccedilatildeo de um mapeamento detalhado propiciaraacute natildeo soacute a identificaccedilatildeo mais faacutecil das

aacutereas de risco como tambeacutem facilitaraacute aos gestores e agrave comunidade decidirem qual a

melhor intervenccedilatildeo para a soluccedilatildeo ou remediaccedilatildeo dos problemas em uma determinada

42

aacuterea hierarquizando o risco e definindo prioridades (SAtildeO PAULO 2014) Na tabela a

seguir apresenta-se alguns tipos de intervenccedilotildees que podem ser feitas em aacutereas de risco

sugeridas pelo Ministeacuterio das cidades (ALHEIROS 2006)

Quadro 5 1 - Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco

Tipo de intervenccedilatildeo Descriccedilatildeo

Serviccedilos de limpeza e Recuperaccedilatildeo

Remoccedilatildeo de entulho lixo etc

corte de aacutervores

remoccedilatildeo de bananeiras

recuperaccedilatildeo eou limpeza de sistemas de

drenagem esgotos e acessos

Limpeza de canais de drenagem

Proteccedilatildeo Vegetal

Proteccedilatildeo superficial vegetal (gramiacuteneas) em

taludes com solo exposto

Proteccedilatildeo vegetal de margens de canais de

drenagem

Barreiras vegetais para massas escorregadas

ou acumuladas pela erosatildeo

Drenagem Superficial e Acessos

Sistema de drenagem superficial (canaletas

raacutepidos caixas de transiccedilatildeo escadas drsquoaacutegua)

Acessos para pedestres (escadarias rampas

etc) integrados ao sistema de drenagem

Revestimento de Taludes Revestimento com materiais artificiais

cimentado cal-jet tela argamassada alvenaria

de tijolos ceracircmicos solo-cimento ensacado

Desmonte de blocos e matacotildees Desmonte de concreccedilotildees de grande porte

blocos rochosos e matacotildees

Obras de drenagem de subsuperfiacutecie Sistema de drenagem de subsuperfiacutecie

(trincheiras drenantes DHP poccedilos de

rebaixamento)

Estruturas de contenccedilatildeo (localizadas)

Muros de contenccedilatildeo de pequeno porte (solo-

cimento ensacado alvenaria de pedra-rachatildeo

concreto armado)

Estruturas de contenccedilatildeo localizadas

(chumbadores tirantes microestacas)

Contenccedilatildeo e proteccedilatildeo de margens de canais (

gabiotildees muros de concreto etc)

Estruturas de contenccedilatildeo (meacutedio e grande porte) Implantaccedilatildeo de estruturas de contenccedilatildeo de

meacutedio e grande porte envolvendo obras de

contenccedilatildeo passivas e ativas (muros de

gravidade cortinas etc)

Terraplanagem Execuccedilatildeo de serviccedilos de terraplanagem

combinados a obras de drenagem superficial e

proteccedilatildeo vegetal desvio e canalizaccedilatildeo de

coacuterregos

Remoccedilatildeo de moradias Remoccedilotildees definitivas para implantaccedilatildeo de

obras ou devido agrave localizaccedilatildeo improacutepria da

edificaccedilatildeo (Priorizar as relocaccedilotildees dentro da

proacutepria aacuterea em local seguro)

Fonte ALHEIROS 2006

43

Escolhidas as formas de intervenccedilatildeo para cada aacuterea eacute necessaacuterio realizar uma estimativa

dos custos afim de preparar o orccedilamento da prefeitura para a realizaccedilatildeo das obras e se

seraacute necessaacuterio a captaccedilatildeo de recursos externos para a execuccedilatildeo destas Feitas as

estimativas de custo o proacuteximo passo eacute definir as prioridades e para esta fase eacute tambeacutem

uacutetil o mapeamento feito nas etapas anteriores pois seraacute necessaacuterio hierarquizar tais

intervenccedilotildees nas aacutereas de risco O Ministeacuterio das Cidades (2007) sugere alguns criteacuterios

que podem ser avaliados pelo gestor dentre eles pode-se citar

Grau de risco

Populaccedilatildeo beneficiada

Custo da intervenccedilatildeo

Dimensatildeo da aacuterea a ser tratada

Demandas anteriores da populaccedilatildeo

Tempo de ocupaccedilatildeo

Viabilidade teacutecnica da intervenccedilatildeo

Viabilidade financeira

Inclusatildeo da aacuterea em outros projetos

A partir desta hierarquizaccedilatildeo inicia-se a identificaccedilatildeo de provaacuteveis fontes de captaccedilatildeo de

recursos para a execuccedilatildeo das intervenccedilotildees Estes recursos podem advir de programas dos

governos Federal e Estadual ou por meio de editais para captaccedilatildeo de recursos financeiros

tanto do setor puacuteblico como da iniciativa privada e podem ser tambeacutem associados agrave outras

Secretarias Municipais como a de Turismo ou Meio Ambiente e natildeo soacute as destinadas agrave

Defesa Civil (ALHEIROS 2006)

Eacute previsto tambeacutem no PMRR uma avaliaccedilatildeo da Defesa Civil municipal e como ela estaacute

estruturada fazendo inclusive sugestotildees para que sua atuaccedilatildeo esteja em consonacircncia com

a realidade das comunidades e da Administraccedilatildeo Puacuteblica do municiacutepio de forma a garantir

sua sustentabilidade e conquistar a credibilidade da populaccedilatildeo no que diz respeito a

prevenccedilatildeo de cataacutestrofes Para que a resposta a uma determinada situaccedilatildeo de risco seja

raacutepida eacute necessaacuterio a descentralizaccedilatildeo da Defesa Civil criando pequenos nuacutecleos

comunitaacuterios com a finalidade de se monitorar a aacuterea constantemente e promover as

intervenccedilotildees necessaacuterias em tempo haacutebil o que aumenta em muito a credibilidade da

populaccedilatildeo no PMRR e no trabalho desempenhado pela Defesa Civil no municiacutepio Apoacutes

esta etapa o PMRR passaraacute por audiecircncias puacuteblicas e posteriormente poderaacute ser aprovado

como Lei Municipal pelo Legislativo local (ALHEIROS 2006)

Com a realizaccedilatildeo deste plano o municiacutepio estaraacute munido de informaccedilotildees suficientes para

realizar accedilotildees efetivas de gestatildeo e gerenciamento de riscos bem como aliado a

levantamentos sociais realizar programas habitacionais que beneficiem prioritariamente

44

aos moradores das aacutereas de risco Aleacutem disso com o PMRR o municiacutepio poderaacute melhorar

a qualidade ambiental da populaccedilatildeo captando recursos para a recuperaccedilatildeo das aacutereas de

APP que foram degradadas pelas ocupaccedilotildees irregulares beneficiando todos os moradores

do municiacutepio com o aumento da qualidade de vida na cidade

A partir do disposto nesta seccedilatildeo acerca do Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos e de

uma maneira preliminar (levando-se em conta apenas o nuacutemero de registros de

alagamentos e deslizamentos na aacuterea urbana principal de Santos Dumont no periacuteodo de

1984 a 2014) identificou-se trecircs regiotildees distintas na aacuterea urbana do municiacutepio com

tempo de recorrecircncia desses eventos similares caracterizando trecircs prioridades de

intervenccedilatildeo em contenccedilatildeo de risco como pode ser visto nas figuras 515 e 516 Vale

ressaltar que eacute necessaacuterio um estudo mais detalhado inclusive com visitas teacutecnicas a

campo para que se confirme a real situaccedilatildeo destas e a real prioridade para investimentos

Figura 5 17 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de deslizamentos

Fonte Do Autor

45

Figura 5 18 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de alagamentos

Fonte Do Autor

46

6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees

A seguir apresenta-se as conclusotildees e as recomendaccedilotildees feitas a partir dos objetivos

especiacuteficos explicitados no iniacutecio deste trabalho

Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a

aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes

urbanos

A partir da revisatildeo da legislaccedilatildeo pertinente em acircmbito federal estadual e

municipal constatou-se que o Plano Diretor de Santos Dumont natildeo conflita com a

legislaccedilatildeo federal e estadual sobre Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente A legislaccedilatildeo

municipal foi entendida como mais conservadora que as federal e estadual uma

vez que considera implicitamente que declividades entre 47 e 100 satildeo

enquadradas como APPs aleacutem da faixa superior a 100

Parte consideraacutevel das ocupaccedilotildees em APP principalmente na regiatildeo do bairro

Santo Antocircnio (onde surgiu os primeiros nuacutecleos que deram origem ao municiacutepio)

e o centro da cidade ocorreram antes de que fosse elaborado qualquer legislaccedilatildeo

que versasse sobre o tema Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente bastando ao gestor

local tomar medidas de contenccedilatildeo de riscos que minimizem os impactos causados

por essas ocupaccedilotildees nessa regiatildeo

O ordenamento adequado do uso do solo no municiacutepio eacute necessaacuterio para que o

crescimento dos loteamentos criados anteriormente agrave esta Lei e o surgimento de

novos natildeo avance para Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente o que pode causar

inuacutemeros problemas aos moradores e agravar os jaacute existentes

Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las

com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)

As aacutereas onde houveram a maior quantidade de registros de deslizamentos satildeo os

bairros mais populosos de Santos Dumont podendo se estabelecer uma relaccedilatildeo

que quanto mais populoso o bairro maior a quantidade de problemas relacionados

a deslizamentos Tambeacutem pode-se notar uma relaccedilatildeo com as fronteiras das faixas

de declividades e os deslizamentos uma vez que boa parte deles aconteceram

nestas faixas

As aacutereas onde houve um grande nuacutemero de registros de alagamentos satildeo os bairros

que se desenvolveram agraves margens do Ribeiratildeo das Posses em especial na aacuterea que

47

compreende as APPs de curso hiacutedrico e em aacutereas onde a declividade eacute baixa Esse

fato aliado ao crescimento do nuacutemero de vias pavimentadas com material

impermeaacutevel e a natildeo expansatildeo e ou redimensionamento da rede de drenagem

urbana contribuiacuteram para a ocorrecircncia cada vez mais constante de alagamentos

nessas aacutereas

Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos

catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30

anos

A partir do levantamento histoacuterico realizado e da base de dados georeferenciada

gerada observou-se o aumento do nuacutemero de registros de deslizamentos e

alagamentos nos uacuteltimos 10 anos quando as ocorrecircncias comeccedilaram a se repetir

numa mesma aacuterea com frequecircncia incrementada as vezes com mais de uma

ocorrecircncia anual

Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do

solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental

Destaca-se a adequaccedilatildeo dos criteacuterios gerais estabelecidos pelo Plano Diretor de

Santos Dumont relativos a legislaccedilatildeo federal e estadual Entretanto o referido

Plano Diretor natildeo contempla todo o territoacuterio municipal sendo assim ele natildeo

cumpre o objetivo de proteger as APPs preservadas e recuperar as que foram

degradadas em todo o territoacuterio municipal Ressalta-se tambeacutem a sua natildeo

conformidade com o Estatuto das Cidades uma vez que o Plano Diretor

contempla apenas os novos loteamentos

Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais

negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea

impactada

Recomenda-se a implantaccedilatildeo no municiacutepio de uma Coordenadoria Municipal de

Defesa Civil atuante e integrada agraves Secretarias Municipais e agrave comunidade

visando uma atuaccedilatildeo eficaz nos problemas relacionados a deslizamentos e

alagamentos A elaboraccedilatildeo de um Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos eacute de

suma importacircncia pois atraveacutes dele pode-se predizer as aacutereas que passaratildeo por

problemas caso a expansatildeo aconteccedila ou se inicie uma ocupaccedilatildeo nova aleacutem de

prevenir acidentes nas aacutereas jaacute ocupadas e consideradas de risco

48

7 Anexos

49

71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont

50

51

72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)

52

53

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1 5 de setembro de 1965 e 7754 de 1 4 de abril de 1989 e a Medida Provisoacuteria no 21

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Page 14: O USO DO SOLO URBANO EM ÁREAS DE PRESERVAÇÃO … · social que você tenha na vida, a mais alta ou a mais baixa, tenha sempre como meta muita força, muita determinação e sempre

6

o que consequentemente acarretou deslizamentos de terra e alagamentos inclusive com

o registro de algumas trageacutedias ao longo dos anos

Pretende-se que este trabalho sirva como subsidio ao gestor puacuteblico local visando o

estabelecimento de poliacuteticas puacuteblicas integradas aos setores de meio ambiente e defesa

civil com vistas a garantir a seguranccedila de todos os muniacutecipes e a qualidade de vida em

todo o territoacuterio municipal

2 OBJETIVOS

21 Objetivo geral

O objetivo geral deste trabalho eacute contribuir para o estabelecimento de poliacuteticas puacuteblicas

direcionadas ao disciplinamento do uso e ocupaccedilatildeo do solo urbano no municiacutepio de

Santos Dumont

22 Objetivos especiacuteficos

Satildeo objetivos especiacuteficos

Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a

aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes

urbanos

Caracterizar o uso irregular do solo urbano em Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente

Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las

com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)

Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos

catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30

anos

Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do

solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental

7

Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais

negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea

impactada

3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

A seguir eacute apresentada a revisatildeo bibliograacutefica que fundamenta o desenvolvimento e o

pleno entendimento deste trabalho O conhecimento do que satildeo aacutereas de risco

alagamentos e deslizamentos bem como o que eacute e qual a importacircncia de um Plano Diretor

eacute de suma importacircncia para se avaliar como um municiacutepio estaacute se desenvolvendo e qual

a qualidade de vida dos muniacutecipes Tambeacutem satildeo abordados neste capiacutetulo os aspectos

legais referentes agraves Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente seus limites e sua importacircncia para

o ambiente urbano

31 Conceitos Fundamentais

311 Aacutereas de risco

De acordo com o Instituto de Pesquisas Tecnoloacutegicas ndash IPT entende-se como aacuterea de

risco aquela ldquopassiacutevel de ser atingida por fenocircmenos ou processos naturais eou induzidos

que causem efeito adverso As pessoas que habitam essas aacutereas estatildeo sujeitas a danos agrave

integridade fiacutesica perdas materiais e patrimoniaisrdquo (MINISTEacuteRIO DAS CIDADES

2007)

Para Augusto Filho et al (1990) apud Cristo (2002) aacuterea de risco eacute caracterizada como

aquela em que ldquose encontra em situaccedilatildeo de perigo tanto socialmente quanto

economicamente por conta de alguma alteraccedilatildeo na constituiccedilatildeo do terreno ou com grande

probabilidade de ocorrer processos naturaisrdquo

Segundo Fernandes (2012) aacutereas de risco ldquosatildeo aacutereas consideradas improacuteprias ao

assentamento humano por estarem sujeitas a riscos naturaisrdquo

Diante das definiccedilotildees supracitadas pode-se dizer que aacuterea de risco satildeo aacutereas susceptiacuteveis

agrave accedilatildeo de eventos naturais extremos e por esse motivo natildeo eacute viaacutevel agrave ocupaccedilatildeo humana

nestes locais e pode ou natildeo estar associados agrave proximidade ou nos limites de uma APP

8

312 Deslizamentos

Segundo Tominaga (2009) deslizamento eacute o movimento de solo em uma vertente pela

accedilatildeo da gravidade e satildeo mais frequentes em regiotildees de relevo montanhoso e em periacuteodos

chuvosos sendo a pluviosidade um dos principais fatores condicionantes para a ocorrecircncia

do processo Os deslizamentos podem ocorrer naturalmente e eacute grande responsaacutevel pela

dinacircmica das vertentes e evoluccedilatildeo do relevo local mas no Brasil a falta de planejamento

urbano de uma boa parte dos municiacutepios a ocupaccedilatildeo desordenada e a construccedilatildeo de

domiciacutelios sem orientaccedilatildeo teacutecnica tecircm transformado um processo natural em um

problema que algumas vezes se tornam grandes trageacutedias Na regiatildeo Sudeste brasileira o

escorregamento do tipo rotacional eacute o mais comum e eacute caracterizado por uma ruptura

curva no solo que estaacute geralmente associada agrave realizaccedilatildeo de cortes na base do talude ou

por processos erosivos fluviais o que relaciona esse tipo de escorregamento agraves regiotildees

urbanas mal planejadas e coloca o homem como o principal agente efetivo associado com

a pluviosidade na ocorrecircncia de acidentes relacionados com deslizamentos

(FERNANDES amp AMARAL 1996 apud TOMINAGA 2009)

313 Alagamentos

De acordo com Amaral amp Ribeiro (2009) inundaccedilotildees e enchentes satildeo processos

intimamente relacionados com a pluviosidade pois satildeo frequentes em periacuteodos de chuvas

fortes e raacutepidas ou chuvas de longa duraccedilatildeo e estatildeo relacionados agrave intensidade e

distribuiccedilatildeo da precipitaccedilatildeo ao longo da bacia agrave capacidade do solo de reter e infiltrar

aacutegua e agraves caracteriacutesticas de forma da bacia de drenagem

O escoamento das aacuteguas pluviais na natureza eacute lento mas em aacutereas urbanizadas a accedilatildeo

antroacutepica relacionada a ocupaccedilatildeo de planiacutecies de inundaccedilatildeo que podem estar inclusive

em uma cota abaixo do leito do rio impermeabilizaccedilatildeo do solo e retificaccedilatildeo de corpos

drsquoaacutegua aleacutem de inuacutemeras atividades que promovem o assoreamento dos rios e coacuterregos

tem gerado resultados catastroacuteficos e grandes prejuiacutezos (AMARAL amp RIBEIRO 2009)

Quando se refere agraves regiotildees urbanas o termo ldquoalagamentordquo eacute o mais utilizado e segundo

o Ministeacuterio das Cidades (2006) define-se como o ldquoacuacutemulo momentacircneo de aacuteguas em

uma dada aacuterea por problemas no sistema de drenagem podendo ter ou natildeo relaccedilatildeo com

processos de natureza fluvialrdquo Tambeacutem o termo ldquoenxurradardquo eacute utilizado e define-se como

o ldquoescoamento superficial concentrado e com alta energia de transporte que pode ou natildeo

estar associado a aacutereas de domiacutenio dos processos fluviais Eacute comum a ocorrecircncia de

enxurradas ao longo de vias implantadas sobre antigos cursos drsquoaacutegua com alto gradiente

hidraacuteulico e em terrenos com alta declividade naturalrdquo

9

314 Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente

O Novo Coacutedigo Florestal Brasileiro define Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP) como

ldquoaacuterea protegida coberta ou natildeo por vegetaccedilatildeo nativa com a funccedilatildeo ambiental de

preservar os recursos hiacutedricos a paisagem a estabilidade geoloacutegica e a biodiversidade

facilitar o fluxo gecircnico de fauna e flora proteger o solo e assegurar o bem-estar das

populaccedilotildees humanasrdquo (BRASIL2012) Estas aacutereas satildeo muito importantes tanto no meio

urbano como no rural por garantir a estabilidade do solo em encostas iacutengremes contribuir

para a natildeo formaccedilatildeo de processos erosivos e o assoreamento de rios e coacuterregos aleacutem de

garantir a recarga de aquiacuteferos ao atuar como um amortecedor de chuvas retendo-a e

impedindo que ocorra um carreamento intenso de sedimentos ao longo dos morros e

margens de rios e coacuterregos (SKORUPA 2004) A Lei 126512012 apresenta os tipos de

APP e seus limites conforme seraacute visto no item 322

315 Uso e ocupaccedilatildeo do solo

Dentre os vaacuterios mecanismos de ordenamento urbano e instrumentos de planejamento

municipal previsto no Estatuto da Cidade (Lei Federal 102572001) o uso e ocupaccedilatildeo

do solo satildeo os mais utilizados pelas cidades para a formulaccedilatildeo das poliacuteticas urbanas

podendo definir o uso como a forma como esta parcela do solo eacute utilizada e a ocupaccedilatildeo

como sendo o modo como as edificaccedilotildees devem ser dispostas nesta mesma parcela do

solo urbano (TAKEDA 2015) O termo ldquoUso e ocupaccedilatildeo do solordquo tambeacutem pode ser

definido como o fator que determina como as mais diferentes regiotildees de um municiacutepio

deve se desenvolver (FONTOURA 2015)

A inserccedilatildeo de leis municipais de uso e ocupaccedilatildeo do solo objetivam ser uma referecircncia

para os gestores locais no processo de tomada de decisatildeo para que as cidades cresccedilam de

modo organizado enfatizando os potenciais e capacidades de cada regiatildeo aleacutem de tornar

o crescimento mais homogecircneo Com isso pretende-se evitar a formaccedilatildeo de grandes

adensamentos em pequenas aacutereas garantindo a mobilidade e a qualidade de vida de todos

os muniacutecipes tanto da regiatildeo urbana como da rural preservar e melhorar a qualidade

ambiental do municiacutepio aleacutem de evitar deslizamentos e alagamentos por conta da

ocupaccedilatildeo incorreta do solo (TAKEDA 2015)

10

32 Legislaccedilatildeo Pertinente

321 As adequaccedilotildees da legislaccedilatildeo ao longo dos anos

A problemaacutetica relacionada agraves APPs em aacutereas urbanas outrora era uma questatildeo complexa

e demandava uma larga discussatildeo do ponto de vista juriacutedico administrativo e teacutecnico Eacute

sabido que a maioria das cidades se formaram proacuteximos aos corpos hiacutedricos regiatildeo que

garantia o abastecimento de aacutegua e alimentos agrave populaccedilatildeo e tambeacutem facilitava o descarte

dos efluentes A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 225 daacute garantia aos

brasileiros de um meio ambiente em equiliacutebrio e concede agrave toda a sociedade o dever de

preservaacute-lo de acordo com os princiacutepios do desenvolvimento sustentaacutevel (BRASIL

1988) Antes desta Constituiccedilatildeo jaacute havia um texto que regulamentava a questatildeo da

preservaccedilatildeo de aacutereas verdes em todo o territoacuterio nacional A Lei Federal nordm 477165 que

trata do Coacutedigo Florestal estabelecia limites e regulamentava as Aacutereas de Preservaccedilatildeo

Permanente De acordo com Arauacutejo (2002) apud De Moraes (2014) essa Lei que fora

revogada e substituiacuteda pela Lei 126512012 era bastante falha no que diz respeito agraves

questotildees de APPS em aacutereas urbanas o que poderia ser um facilitador do natildeo cumprimento

do que foi proposto por aquela legislaccedilatildeo nestas aacutereas Isso se devia ao fato de o Coacutedigo

Florestal de 1965 ter deixado uma duacutevida sobre qual legislaccedilatildeo seguir uma vez que em

seu segundo artigo no paraacutegrafo uacutenico estava disposto que em aacutereas urbanas devia-se

atentar para a legislaccedilatildeo referente ao Plano Diretor e as referentes ao uso do solo na aacuterea

do municiacutepio (BRASIL 1965) Diante dessa conjuntura alguns municiacutepios optavam pela

natildeo aplicaccedilatildeo do Coacutedigo Florestal na regiatildeo urbana mesmo sabendo que a poliacutetica

conservacionista eacute extremamente importante visto o grande nuacutemero de problemas que

podem advir do uso irregular das APPs (DE MORAES 2009) Segundo o artigo 182 da

Constituiccedilatildeo Federal de 1988 as poliacuteticas relacionadas ao desenvolvimento urbano

devem ser elaboradas pelos municiacutepios e objetiva garantir o bem estar dos muniacutecipes e

tambeacutem o desenvolvimento do municiacutepio como um todo atraveacutes do atendimento agraves

exigecircncias do Plano Diretor (BRASIL 1988) O que podia gerar alguma divergecircncia seria

se o Plano Diretor Municipal propusesse uma faixa de APP menor que a prevista pelo

Coacutedigo Florestal Sendo assim essa legislaccedilatildeo perderia sua validade pelo fato de a

legislaccedilatildeo federal ser suplementar ou se seria cumprida devido ao disposto no artigo 182

da Constituiccedilatildeo Segundo De Moraes (2009) natildeo eacute aceitaacutevel que o Plano Diretor

Municipal legitime tal degradaccedilatildeo ambiental uma vez que um dos seus principais

objetivos eacute a proteccedilatildeo do bem estar puacuteblico estando incluiacutedo nesse a proteccedilatildeo do

ambiente natural A delimitaccedilatildeo e especificaccedilatildeo das APPs em Lei eacute necessaacuteria uma vez

que os limites miacutenimos destinados agrave preservaccedilatildeo satildeo importantes pois garantem a

proteccedilatildeo tanto da qualidade quanto da quantidade dos recursos hiacutedricos e evitam a

ocupaccedilatildeo em locais propiacutecios aos deslizamentos e zonas de recarga dos aquiacuteferos

11

subterracircneos assegurando tambeacutem de certa forma a integridade dos seres humanos que

potencialmente ocupariam tais locais (CARVALHO 2013)

Neste trabalho a legislaccedilatildeo tomada como referecircncia eacute a prevista pela Constituiccedilatildeo Federal

de 1988 o Novo Coacutedigo Florestal (Lei 126512012) e o Estatuto das Cidades (Lei

102572001) em acircmbito federal Na esfera estadual a Lei 209222013 versa sobre os

limites para APP em todo o territoacuterio de Minas A Lei Municipal 42412012 trata do

Plano Diretor Municipal da cidade de Santos Dumont onde se encontra as diretrizes para

o uso e ocupaccedilatildeo do solo e o zoneamento da cidade de acordo com as caracteriacutesticas do

solo entre outras

322 O Novo Coacutedigo Florestal e a legislaccedilatildeo mineira

O Novo Coacutedigo Florestal Lei Federal 126512012 substituiu a Lei Federal 47711965

Dentre os vaacuterios artigos que esta lei possui o que apresenta maior importacircncia para o

planejamento e o ordenamento das cidades tanto na aacuterea urbana como na rural eacute o artigo

4ordm em que constam as faixas de APP tanto para curso hiacutedrico como para declividade e

altitude aleacutem dos topos de morro a saber (BRASIL2012)

ldquoArt 4ordm Considera-se Aacuterea de Preservaccedilatildeo

Permanente em zonas rurais ou urbanas para os

efeitos desta Lei

I - as faixas marginais de qualquer curso drsquoaacutegua

natural perene e intermitente excluiacutedos os

efecircmeros desde a borda da calha do leito regular

em largura miacutenima de

a) 30 (trinta) metros para os cursos drsquoaacutegua de

menos de 10 (dez) metros de largura

b) 50 (cinquenta) metros para os cursos drsquoaacutegua

que tenham de 10 (dez) a 50 (cinquenta) metros de

largura

()

IV - as aacutereas no entorno das nascentes e dos olhos

drsquoaacutegua perenes qualquer que seja sua situaccedilatildeo

topograacutefica no raio miacutenimo de 50 (cinquenta)

metros

12

V - as encostas ou partes destas com declividade

superior a 45deg equivalente a 100 (cem por

cento) na linha de maior declive

()

IX - no topo de morros montes montanhas e

serras com altura miacutenima de 100 (cem) metros e

inclinaccedilatildeo meacutedia maior que 25deg as aacutereas

delimitadas a partir da curva de niacutevel

correspondente a 23 (dois terccedilos) da altura

miacutenima da elevaccedilatildeo sempre em relaccedilatildeo agrave base

sendo esta definida pelo plano horizontal

determinado por planiacutecie ou espelho drsquoaacutegua

adjacente ou nos relevos ondulados pela cota do

ponto de sela mais proacuteximo da elevaccedilatildeo

X - as aacutereas em altitude superior a 1800 (mil e

oitocentos) metros qualquer que seja a

vegetaccedilatildeo

()rdquo

A legislaccedilatildeo atual em seu artigo 4ordm evidencia que as faixas e aacutereas determinadas como

APP compreendem tanto as aacutereas rurais quanto urbanas (BRASIL 2012) retirando a

duacutevida anterior e sendo essa a Lei suplementar qualquer faixa de APP mais permissiva

na legislaccedilatildeo estadual e municipal satildeo invaacutelidas o que simplificou de certa forma a

aplicabilidade da Legislaccedilatildeo referente a Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente

No Estado de Minas Gerais a Lei Estadual 20922 de 16 de Outubro de 2013 trata do tema

em acircmbito estadual mas com os mesmos princiacutepios propostos pela Lei Federal sendo os

limites miacutenimos previstos para as APPs os mesmos propostos pelo Novo Coacutedigo

Florestal brasileiro (MINAS GERAIS2013)

ldquo Art 9ordm Para os efeitos desta Lei em zonas rurais

ou urbanas satildeo APPs

I as faixas marginais de cursos drsquoaacutegua naturais

perenes e intermitentes excluiacutedos

os efecircmeros medidas a partir da borda da calha

do leito regular em largura miacutenima de

13

a) 30m (trinta metros) para os cursos drsquoaacutegua de

menos de 10m (dez metros) de largura

b) 50m (cinquenta metros) para os cursos drsquoaacutegua

de 1 0m (dez metros) a 50m (cinquenta metros) de

largura

()

IV as aacutereas no entorno das nascentes e dos olhos

drsquoaacutegua perenes no raio miacutenimo de 50m

(cinquenta metros)

V as encostas ou partes destas com declividade

superior a 45ordm (quarenta e cinco graus)

equivalente a 100 (cem por cento) na linha de

maior declive

()

VII no topo de morros montes montanhas e

serras com altura miacutenima de 100m (cem metros)

e inclinaccedilatildeo meacutedia maior que 25ordm (vinte e cinco

graus) as aacutereas delimitadas a partir da curva de

niacutevel correspondente a 23 (dois terccedilos) da altura

miacutenima da elevaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave base sendo esta

definida pelo plano horizontal determinado por

planiacutecie ou espelho drsquoaacutegua adjacente ou nos

relevos ondulados pela cota do ponto de sela mais

proacuteximo da elevaccedilatildeo

VIII as aacutereas em altitude superior a 1 800m (mil

e oitocentos metros)

()rdquo

323 O Plano Diretor

O Estatuto das Cidades em seu artigo 40 prevecirc o plano diretor como um instrumento

capaz de promover a poliacutetica urbana englobando toda a cidade aleacutem de fornecer padrotildees

e limites para o uso do solo nas mais diversas regiotildees do municiacutepio com vistas a

harmonizar o desenvolvimento urbano com a preservaccedilatildeo do meio ambiente (SILVA JR

2006) Este instrumento eacute obrigatoacuterio para cidades com mais de 20 mil habitantes ou

14

aacutereas que integrem regiotildees metropolitanas ou de interesse turiacutestico O artigo 41 do

Estatuto das cidades tambeacutem prevecirc a obrigatoriedade do Plano Diretor para cidades que

possuem em sua aacuterea empreendimentos que caracterizem grandes impactos ambientais

de influecircncia regional ou nacional e cidades que possuem problemas com deslizamentos

de grande magnitude ou alagamentos repentinos (BRASIL 2001)

O Plano diretor de acordo com o Estatuto das Cidades deve ser aprovado como lei em

acircmbito municipal e revisto a cada dez anos Este documento eacute uacutenico pois cada cidade

possui suas peculiaridades infraestrutura vocaccedilotildees e problemas que por mais que sejam

parecidos entre si satildeo diferenciados pela intensidade e pela regionalizaccedilatildeo Sendo assim

a confecccedilatildeo do Plano Diretor deve conter a participaccedilatildeo de toda a comunidade local de

forma a reduzir as desigualdades sociais os gastos puacuteblicos desnecessaacuterios a degradaccedilatildeo

ambiental e combater os problemas relacionados a urbanizaccedilatildeo de forma conjunta

promovendo um processo de tomada de decisatildeo que garanta a qualidade de vida

preservaccedilatildeo e o desenvolvimento social do municiacutepio como um todo (ROSSBACH amp

CARVALHO 2010)

3231 O Plano Diretor de Santos Dumont

A Lei Municipal nordm 424112 que entrou em vigor no ano de 2014 trata do Plano Diretor

Municipal instrumento previsto no Estatuto das Cidades para garantir aos cidadatildeos um

desenvolvimento urbano organizado justo e sustentavelmente econocircmico (BRASIL

2001) Aleacutem de apontar as diretrizes para a elaboraccedilatildeo da Poliacutetica Municipal dos mais

variados setores o Plano Diretor divide o municiacutepio em macrozonas urbanas e rurais

Estas zonas tecircm por objetivo facilitar a identificaccedilatildeo dos setores que permitem ou natildeo o

desenvolvimento da cidade e em que magnitude pode ser feita a expansatildeo respeitando ao

meio ambiente e tambeacutem o que eacute previsto no tocante ao uso e ocupaccedilatildeo do solo nessas

aacutereas Aleacutem disso ela estabelece a forma como devem ser as edificaccedilotildees nas referidas

aacutereas As aacutereas definidas como macrozonas urbanas e foram subdivididas em (SANTOS

DUMONT2012)

ldquoZona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e

da Paisagem (ZPPH) satildeo as aacutereas cujos

equipamentos urbanos possuem interesse

histoacuterico ou paisagiacutestico de preservaccedilatildeo

Zona de Preservaccedilatildeo Ambiental satildeo aquelas em

que devem ser mantidas ou recuperadas a

15

vegetaccedilatildeo por conta da declividade altitude ou

presenccedila de recursos hiacutedricos

Zona de Adensamento Controlado (ZAC) satildeo as

aacutereas em que deve-se manter uma pequena

densidade populacional devido as limitaccedilotildees na

infraestrutura da localidade A ZAC se divide em

ZAC 1 quando a infraestrutura existente eacute

limitada e em ZAC 2 quando esta eacute precaacuteria ou

natildeo existe

Zona de Consolidaccedilatildeo de Adensamento (ZCA)

satildeo as aacutereas em que haacute interesse em ocupar os

lotes vagos haja visto que a regiatildeo possui toda a

infraestrutura para que isto aconteccedila

Zona Adensaacutevel (ZA) satildeo as aacutereas com

condiccedilotildees propiacutecias para ocorrer uma ocupaccedilatildeo

mais densa

Zona Especial de Interesse Social (ZEIS) satildeo as

aacutereas em que o Poder Puacuteblico almeja fazer

alguma forma de ocupaccedilatildeo Eacute dividida em ZEIS 1

e ZEIS 2 A ZEIS 1 satildeo regiotildees jaacute ocupadas mas

de forma irregular cujo interesse puacuteblico eacute

realizar obras e outras atividades para

regularizar as ocupaccedilotildees e urbanizar a aacuterea

enquanto que a ZEIS 2 satildeo aacutereas natildeo utilizadas ou

subutilizadas as quais o poder puacuteblico almeja

realizar algum empreendimento habitacional de

caraacuteter social

Zona de Grandes Equipamentos (ZE) satildeo aacutereas

cujo o interesse eacute a implantaccedilatildeo de

empreendimentos de grande porte ou grandes

equipamentos puacuteblicosrdquo

Esta divisatildeo espacial pode ser melhor vista no Anexo 71

O Plano Diretor natildeo estipula limites para APP mas prevecirc algumas diretrizes como na

Poliacutetica Municipal de Preservaccedilatildeo do Meio Ambiente sobre o uso do solo em

compatibilidade com praacuteticas conservacionistas A Poliacutetica Municipal de Expansatildeo

16

Urbana tem como uma de suas diretrizes fazer cumprir a legislaccedilatildeo vigente no que diz

respeito agraves intervenccedilotildees e investimentos que poderatildeo ser feitos nessas aacutereas Tambeacutem eacute

diretriz da mesma Poliacutetica o controle da ocupaccedilatildeo e do uso do solo em APPs e o auxiacutelio

aos oacutergatildeos estaduais e federais de meio ambiente no tocante agrave fiscalizaccedilatildeo da ocupaccedilatildeo

nestas aacutereas (SANTOS DUMONT 2012) O artigo 38 que trata das diretrizes da Poliacutetica

habitacional de interesse social exclui do processo de regularizaccedilatildeo fundiaacuteria os

assentamentos situados em aacutereas de risco o que na maioria das vezes estatildeo tambeacutem nas

aacutereas que deveriam estar vegetadas e protegidas (SANTOS DUMONT 2012) Na

legislaccedilatildeo referente ao parcelamento do solo eacute previsto que no parcelamento de glebas

com declividade entre 30 e 47 soacute poderaacute ser aprovado mediante projeto e laudo

assinado por um responsaacutevel teacutecnico favoraacutevel agrave construccedilatildeo nesse local (SANTOS

DUMONT 2012) Diante do proposto pelo Plano Diretor de Santos Dumont pode-se

dizer que natildeo haacute conflito com a legislaccedilatildeo federal e estadual em se tratando da

aplicabilidade do Coacutedigo Florestal uma vez que aquele natildeo explicita limites nem

permissivos e tampouco restritivos para faixas e aacutereas de preservaccedilatildeo permanente

33 O Municiacutepio de Santos Dumont

331 De Arraial a cidade

A aacuterea onde se situa hoje o municiacutepio de Santos Dumont teve sua ocupaccedilatildeo iniciada no

seacuteculo XVIII quando a Coroa Portuguesa solicitou ao entatildeo Governador do Rio de

Janeiro Artur de Saacute Menezes que abrisse um caminho que ligasse as Minas dos

Cataguases na regiatildeo de Ouro Preto (receacutem descobertas) ao Rio de Janeiro por onde

escoava os metais preciosos para a metroacutepole Surgiu assim o ldquoCaminho Novordquo e ao longo

deste caminho surgiram tambeacutem as Sesmarias aacutereas que tinham por principal objetivo

servir de pouso aos transportadores e exploradores e tambeacutem para garantir alimento a

estas pessoas Uma destas ocupaccedilotildees seria o ldquoArraial de Joatildeo Gomesrdquo (Figura 41)

primeiro nuacutecleo primitivo do municiacutepio em 1709 De iniacutecio prevaleciam somente

ranchos onde os viajantes se abrigavam mas em pouco tempo ergueu-se a Capela de Satildeo

Miguel e Almas e pequenos nuacutecleos urbanos comeccedilaram a surgir (DAPPC2008)

17

Figura 3 1 Vista parcial do Arraial de Joatildeo Gomes

Fonte Arquivo Histoacuterico de Santos Dumont-MG

Com a construccedilatildeo da Estrada de Ferro D Pedro II no final do seacuteculo XIX a regiatildeo teve

um consideraacutevel crescimento natildeo soacute populacional como tambeacutem econocircmico se tornando

a Vila Palmyra em 1889 Em 1890 Palmyra eacute elevada ao status de Municiacutepio (Figura 42)

e recebe um grande nuacutemero de melhorias no setor viaacuterio como a retificaccedilatildeo de ruas e

tambeacutem no setor de serviccedilos puacuteblicos como abastecimento de aacutegua iluminaccedilatildeo puacuteblica a

querosene e posteriormente energia eleacutetrica O desenvolvimento econocircmico na regiatildeo

tambeacutem teve seu momento aacuteureo nesse periacuteodo Induacutestrias de laticiacutenios graacuteficas e de

Carbureto de Caacutelcio fizeram parte do parque industrial de Palmyra o que atraiacutea pessoas

de outros lugares inclusive estrangeiros contribuindo para o aumento populacional da

regiatildeo Como ainda natildeo havia legislaccedilatildeo sobre uso e ocupaccedilatildeo do solo nessa eacutepoca

surgiram inuacutemeros loteamentos em aacutereas proacuteximas agrave rios e coacuterregos e tambeacutem em

encostas com declividade acentuada o que foi agravando o risco agrave medida que a ocupaccedilatildeo

aumentava (DAPPC2008)

18

Figura 3 2 Municiacutepio de Palmyra na deacutecada de 1920

Fonte Arquivo Histoacuterico de Santos Dumont-MG

O escoamento da produccedilatildeo industrial se dava pelo modal ferroviaacuterio setor que tambeacutem

movimentava a crescente cidade que era ponto importante no setor de transportes pois

possuiacutea um dos mais bem equipados depoacutesitos de locomotivas da Estrada de Ferro Central

do Brasil (DAPPC2008)

No ano de 1932 o municiacutepio de Palmyra passou a se chamar Santos Dumont (Figura 43)

em homenagem ao inventor do aviatildeo que nascera naquela cidade Nos uacuteltimos 40 anos

Santos Dumont tem experimentado uma acentuada desaceleraccedilatildeo econocircmica

consequecircncia do fechamento da grande maioria das induacutestrias principalmente as de

laticiacutenios que empregavam direta e indiretamente uma parte consideraacutevel da populaccedilatildeo

(DAPPC2008)

19

Figura 3 3 Municiacutepio de Santos Dumont em 2014

Fonte Arquivo do autor

332 Santos Dumont na atualidade

O municiacutepio de Santos Dumont localiza-se na regiatildeo da Zona da Mata mineira distante

cerca de 220 Km da capital Belo Horizonte e possui uma populaccedilatildeo de 47558 habitantes

(ODM 2015 projeccedilatildeo) numa aacuterea total de 637 kmsup2 Faz divisa com os municiacutepios de

Juiz de Fora Oliveira Fortes Bias Fortes Antocircnio Carlos Tabuleiro Piau e Ewbank da

Cacircmara

No que diz respeito agrave sua formaccedilatildeo fisiacuteco-geograacutefica a aacuterea que compreende o municiacutepio

eacute constituiacuteda predominantemente por Cambissolo Haacuteplico (70) com Latossolo

Vermelho-Amarelo (30) (UFV2010) A vegetaccedilatildeo eacute em sua maioria composta por

exemplares de Mata Atlacircntica De acordo com o IBGE(2015) Santos Dumont se localiza

a 839m de altitude O clima da regiatildeo eacute classificado como Tropical de Altitude (Cwb) e

possui uma temperatura meacutedia de 20ordmC Eacute banhado pela bacia hidrograacutefica do Paraiacuteba do

Sul e em sua maioria pertence agrave sub-bacia do Rio Pomba (IGAM) que fornece aacutegua para

abastecimento puacuteblico agrave 88 da populaccedilatildeo por meio da rede de distribuiccedilatildeo

(IBGE2010) Uma pequena parte da zona rural a sudoeste eacute banhada pela Sub-Bacia do

Rio Paraibuna mais precisamente na regiatildeo de fronteira com os municiacutepios de Juiz de

Fora e Ewbank da Cacircmara O sistema viaacuterio principal de acesso agrave cidade eacute a rodovia BR-

040 e a estrada de ferro Dom Pedro II atualmente utilizada somente para transporte de

cargas

Com a economia nos dias atuais baseada majoritariamente no setor de serviccedilos a cidade

possui um Iacutendice de Desenvolvimento humano (IDH) de 0741 (IBGE2010) Apesar do

decliacutenio econocircmico de Santos Dumont nota-se hoje um aumento no nuacutemero de

loteamentos populares e condomiacutenios horizontais e verticais entre outras edificaccedilotildees Eacute

de vital importacircncia que esse crescimento das ocupaccedilotildees seja ordenado e regulamentado

20

de forma a garantir a qualidade ambiental prevenindo deslizamentos e inundaccedilotildees Diante

dessa conjuntura o governo municipal aprovou em 2012 a Lei nordm 4241 que trata do Plano

Diretor Participativo instrumento baacutesico da poliacutetica de desenvolvimento e expansatildeo

urbana do municiacutepio de Santos Dumont

4 METODOLOGIA

41 Aacuterea de estudo

A regiatildeo dentro dos limites do municiacutepio que seraacute estudada neste trabalho eacute conforme

descrito nos anexos Plano Diretor e representada na figura 44 a aacuterea urbana principal

que possui 47 Kmsup2 e compreende a regiatildeo central da cidade e os bairros perifeacutericos regiatildeo

que concentra cerca de 90 da populaccedilatildeo total de Santos Dumont (IBGE 2015) A aacuterea

urbana principal representa 75 da aacuterea total dos 637 Kmsup2 que compreendem o

municiacutepio e eacute o local onde nos uacuteltimos 30 anos se verificou um maior crescimento

populacional e tambeacutem onde ocorre a maioria dos eventos relacionados a deslizamentos

e alagamentos por conta da ocupaccedilatildeo sem planejamento A figura 45 mostra a aacuterea

urbana principal e a localizaccedilatildeo dos bairros urbanos de Santos Dumont

Figura 4 1 Localizaccedilatildeo da aacuterea urbana principal

Fonte Google Earth

21

Figura 4 2 Mapa da aacuterea urbana principal com a localizaccedilatildeo dos bairros

Fonte Do Autor

42 Levantamento e tratamento dos dados

No desenvolvimento deste trabalho foi necessaacuterio se fazer um estudo detalhado sobre o

Plano Diretor de Santos Dumont principalmente dos seus anexos que compreendem os

mapas e a localizaccedilatildeo das aacutereas definidas pelo zoneamento proposto Para que isso fosse

possiacutevel a Secretaria Municipal de Obras e Serviccedilos Puacuteblicos forneceu todos os dados

secundaacuterios produto do estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor e do

zoneamento Estes dados incluem os arquivos Shapefile (shp) e outros documentos

integrantes do Plano Diretor Algumas informaccedilotildees foram complementadas tambeacutem com

dados adquiridos atraveacutes do site do IBGE e do Portal Objetivos do Milecircnio (ODM)

Os dados sobre as ocorrecircncias de deslizamentos e alagamentos foram obtidos atraveacutes da

Defesa Civil do municiacutepio atraveacutes do Sistema Integrado de Informaccedilotildees sobre Desastres

(S2ID) do Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional Tal sistema centraliza as informaccedilotildees sobre

desastres naturais ocorridos em todo o territoacuterio nacional facilitando a pesquisa sobre tais

eventos a qualquer cidadatildeo (BRASIL 2015)

Apesar do sistema ser bastante uacutetil os dados sobre o municiacutepio de Santos Dumont se

encontravam bastante falhos e escassos sendo necessaacuteria complementaccedilatildeo para que a

22

base de dados ficasse consistente Diante disso uma pesquisa atraveacutes dos arquivos do

Jornal Mensagem um jornal semanaacuterio local foi feita entre os anos de 1984 e 2014 e os

dados primaacuterios filtrados em uma planilha do Microsoft Excel para posterior utilizaccedilatildeo

De posse destes dados foi feita a localizaccedilatildeo em campo das coordenadas dos locais

atingidos por deslizamentos e alagamentos no periacuteodo compreendido pela pesquisa com

o auxiacutelio de um aparelho de GPS

A maioria dos arquivos shapefile utilizados para a confecccedilatildeo dos mapas satildeo parte

integrante dos anexos da Lei do Plano diretor do municiacutepio gerados no mecircs de dezembro

de 2011 pelo Instituto Nova Cidade e foram cedidos pela Secretaria Municipal de Obras

e Serviccedilos Puacuteblicos com Datum em UTM SAD 69 Com a finalidade de fornecer um

referenciamento atualizado e de acordo com os mais novos sistemas de coordenadas

utilizados no Brasil os arquivos foram convertidos para o Datum UTM SIRGAS 2000

que diferencia do SAD 69 pelo fato de ser um referencial geocecircntrico ou seja o centro

da Terra eacute o ponto de referecircncia neste sistema enquanto que o primeiro utiliza um

referencial na superfiacutecie da Terra (IBGE2014) Eacute interessante ressaltar tambeacutem que o

SIRGAS 2000 se tornou no ano de 2014 o sistema de coordenadas oficial do Sistema

Geodeacutesico Brasileiro e do Sistema Cartograacutefico Nacional ambos mantidos pelo IBGE A

combinaccedilatildeo dos shapefiles foi feita com o software livre gvSIG e com estas combinaccedilotildees

foram gerados mapas importantes resultados para a execuccedilatildeo deste trabalho A maioria

dos mapas representam a regiatildeo urbana principal de Santos Dumont e foram produzidos

numa escala em torno de 140000 que de acordo com Rocha (2007) eacute uma escala viaacutevel

pois as recomendaacuteveis para trabalhos de anaacutelise ambiental em niacutevel municipal podem ser

entre 150000 e 110000 Alguns mapas cujo detalhamento natildeo eacute necessaacuterio foram

gerados na escala 1100000

Para a geraccedilatildeo dos mapas aleacutem dos arquivos fornecidos pela Secretaria de Obras e

Serviccedilos Puacuteblicos foram utilizados para a geraccedilatildeo do modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE)

e da localizaccedilatildeo dos topos de morro dados gerados pelo sistema de radar Advanced

Spacebone Thermal Emission and Reflection Radiometer (ASTER) que geram as curvas

de niacutevel do terreno com uma resoluccedilatildeo de 30m (NASA2014) O processamento dessas

imagens foi feito pelo software livre gvSIG As imagens geradas pelos sateacutelites

LANDSAT foram adquiridas no site da United States Geological Survey (USGS) e essas

imagens possibilitaram obter um panorama preciso do uso do solo em toda a aacuterea urbana

de Santos Dumont numa resoluccedilatildeo de 15 metros uma vez que foi utilizada a banda

pancromaacutetica do sateacutelite LANDSAT 8 aleacutem da combinaccedilatildeo das bandas 65 e 4

respectivamente que eacute a combinaccedilatildeo recomendada pela mantenedora dos sateacutelites para

anaacutelises deste tipo

23

No que diz respeito a identificaccedilatildeo de APPs em topo de morro a metodologia de Oliveira

amp Fernandes Filho (2013) por utilizar as mesmas bases de dados ateacute entatildeo usadas neste

trabalho foi a mais indicada

A metodologia de anaacutelise dos mapas gerados eacute a proposta pelo professor Jorge Xavier da

Silva do Laboratoacuterio de Geoprocessamento (LAGEOP) da Universidade Federal do Rio

de Janeiro e citada por Rocha (2007) Tal metodologia analisa as variaacuteveis em questatildeo

presentes na aacuterea e permite avaliar as possibilidades de relaccedilotildees entre essas variaacuteveis De

uma maneira geral este meacutetodo verifica o estado atual da aacuterea em estudo bem como das

variaacuteveis gerando inventaacuterios que servem para a construccedilatildeo de dados planimeacutetricos sejam

com as variaacuteveis isoladas ou combinadas Estes dados planimeacutetricos geram assinaturas

que permitem inferir sobre a influecircncia dessas variaacuteveis De posse dos dados gerados pelo

processo anteriormente citado pode-se fazer algumas prospecccedilotildees sobre os riscos

ambientais que a aacuterea pode sofrer ou o seu potencial ambiental (ROCHA 2007)

5 RESULTADOS

51 Levantamento histoacuterico de alagamentos e

deslizamentos

O aumento da demanda pelo uso do solo na regiatildeo urbana de Santos Dumont

principalmente no tocante agrave formaccedilatildeo de novos loteamentos e condomiacutenios nos uacuteltimos

anos eacute consideraacutevel mas tambeacutem haacute de se observar o crescimento dos bairros jaacute existentes

com pouco ou nenhum ordenamento Em ambos os casos se observa ocupaccedilotildees

irregulares em APP o que tem ocasionado um aumento na frequecircncia de deslizamentos

e inundaccedilotildees Eacute evidente que quanto maior a densidade populacional do bairro maior a

quantidade de ocorrecircncias ao longo dos anos (SPERFELD 2009)

De acordo com as ocorrecircncias registradas pela Defesa Civil do municiacutepio obtidas atraveacutes

da literatura utilizada nos uacuteltimos 30 anos Santos Dumont chegou a decretar situaccedilatildeo de

emergecircncia por conta de desastres envolvendo deslizamentos eou alagamentos por duas

vezes num espaccedilo de 10 anos conforme pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho

(BRASIL 2014 CEPED 2011)

Segundo os dados obtidos atraveacutes de pesquisa nos arquivos do semanaacuterio entre os anos

de 1984 e 2014 pode-se verificar que nos uacuteltimos 20 anos a cidade tem experimentado

24

um aumento consideraacutevel nos eventos relacionados a deslizamentos e principalmente

alagamentos como pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho Isso pode ter sido causado

dentre outros fatores pelo aumento do nuacutemero de vias pavimentadas com material

impermeaacutevel o que tem sobrecarregado tanto a infraestrutura existente para drenagem

urbana como tambeacutem a calha dos cursos drsquoaacutegua que passam pela regiatildeo urbana do

municiacutepio (ZANON2013)

Na deacutecada de 1980 (1984-1990) de acordo com os dados obtidos natildeo foram noticiados

eventos consideraacuteveis relacionados a deslizamentos e alagamentos em Santos Dumont

mas isso natildeo exclui a possibilidade de natildeo ter ocorrido tais eventos em menor escala

Na deacutecada de 1990 aconteceram uma seacuterie de ocorrecircncias tanto de deslizamentos quanto

de alagamentos No ano de 1997 num periacuteodo chuvoso intenso aconteceram

deslizamentos consideraacuteveis em vaacuterios bairros da cidade inclusive com desabamento de

casas e de ruas principalmente nos bairros Nossa Senhora da Gloacuteria e Quarto Depoacutesito

Em 1999 ocorreram alguns pontos de alagamento nos bairros Quarto Depoacutesito e Santo

Antocircnio com grandes prejuiacutezos materiais

A deacutecada de 2000 iniciou com o registro de deslizamentos em vaacuterios bairros da cidade

inclusive com desabamento de casas e pontes e alagamentos em importantes vias do

centro da cidade Observa-se ao longo desse periacuteodo o crescimento nas ocorrecircncias de

deslizamentos e de aacutereas com risco de deslizamento em muitos bairros de Santos Dumont

Um dos fatores importantes para esse crescimento foi a grande expansatildeo sofrida pela

maioria dos bairros e a falta de planejamento e orientaccedilatildeo por parte da prefeitura uma

vez que uma boa parte do crescimento dos bairros da cidade ocorreu ou proacuteximo a cursos

drsquoaacutegua ou em aacutereas com declividade improacutepria para se fazer construccedilotildees O bairro

Coacuterrego do Ouro (Figura 51) foi o que mais sofreu com ocorrecircncias de deslizamentos

nesse periacuteodo enquanto o bairro Santo Antocircnio foi que teve mais ocorrecircncias de

alagamentos

25

Figura 5 1 Deslizamento no bairro Coacuterrego do Ouro

Fonte Portal Cabangu

No iniacutecio deacutecada de 2010 (2011-2014) o centro da cidade foi a regiatildeo que mais sofreu

com alagamentos sendo registrado pelo menos uma ocorrecircncia por ano nessa aacuterea (Figura

52) Isso pode ser relacionado dentre outros fatores com as obras de modificaccedilatildeo do

tipo de pavimentaccedilatildeo das estradas por um material impermeaacutevel gerando uma sobrecarga

nos sistemas de drenagem urbana que foram projetados para um tipo de pavimento mais

permeaacutevel implicando tambeacutem na sobrecarga calha do Ribeiratildeo das Posses o principal

curso drsquoaacutegua que corta o centro da cidade e que se encontra em quase sua totalidade

ocupada em ambas as margens que cortam o centro da cidade

26

Figura 5 2 Alagamento na regiatildeo central de Santos Dumont em 2013

Fonte Portal Cabangu

Quanto agraves ocorrecircncias de deslizamento ao longo da referida deacutecada elas estiveram

espalhadas pelos bairros do municiacutepio tendo um maior nuacutemero de ocorrecircncias nos bairros

Santo Antocircnio Nossa Senhora da Gloacuteria e Aacutegua Espraiada Nos dois primeiros bairros

citados as ocorrecircncias podem ter sido ocasionadas pelo crescimento desordenado e sem

planejamento destes e no terceiro as ocorrecircncias satildeo relacionadas ao processo de

assoreamento do Ribeiratildeo das Posses o que pode ter gerado um aumento da velocidade

desse curso drsquoaacutegua causando problemas decorrentes do transporte de sedimentos da aacuterea

onde as casas foram construiacutedas que teve como consequecircncia os deslizamentos

Em resumo como pode ser observado nas figuras 53 e 54 na tabela 51 no periacuteodo de

1984 a 2014 os bairros mais afetados por alagamentos e deslizamentos satildeo Quarto

Depoacutesito Nossa Senhora da Gloacuteria Santo Antocircnio Coacuterrego do Ouro Antocircnio Afonso

Graminha e Vila Esperanccedila sendo que o bairro Coacuterrego do Ouro possui o maior nuacutemero

de ocorrecircncias de deslizamentos e o centro da cidade possui o maior nuacutemero de

ocorrecircncias de alagamentos no periacuteodo pesquisado Vale destacar que a aacuterea propiacutecia a

alagamentos no bairro Antocircnio Afonso natildeo identificada no estudo realizado pela

prefeitura constitui-se efetivamente numa aacuterea de risco conforme levantamento histoacuterico

realizado Esta aacuterea de risco se deve agrave diferenccedila de niacutevel negativa entre o rio Pinho e a

aacuterea do bairro estando este em desniacutevel com um risco iminente de inundaccedilotildees resultantes

da cheia desse curso drsquoaacutegua causando inuacutemeros transtornos aos moradores do local

27

Figura 5 3 Pontos de Alagamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico

Fonte Do autor

Figura 5 4 Pontos de deslizamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico

Fonte Do autor

28

Tabela 51 Ocorrecircncias de alagamentos e deslizamentos obtidos atraveacutes do

levantamento histoacuterico

Pontos de ocorrecircncia (1984-2014)

Bairros Alagamento Deslizamento

Aacutegua Espraiada 1 1

Antocircnio Afonso 1 0

Barra 0 1

Centro 7 1

Coacuterrego do Ouro 1 7

Flores 0 1

Graminha 1 0

Jardim Jaraguaacute 0 1

N Sra da Gloacuteria 0 4

N Sra das Graccedilas 1 0

Quarto Depoacutesito 3 2

Santo Antocircnio 4 2

Satildeo Sebastiatildeo 0 1

Vila Esperanccedila 0 1

Fonte Do autor

De acordo com o estudo realizado na elaboraccedilatildeo do Plano Diretor pela prefeitura

municipal observa-se que os bairros que possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a

deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do Ouro e Vila Esperanccedila enquanto que os que

possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a alagamento satildeo o Centro da cidade e os

bairros Satildeo Sebastiatildeo Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio por estarem agraves margens do

Ribeiratildeo das Posses um curso drsquoaacutegua que sofre com inundaccedilotildees perioacutedicas devido ao

severo assoreamento em algumas regiotildees e tambeacutem devido ao acuacutemulo de lixo descartado

pelos moradores do entorno irregularmente De acordo com o estudo realizado quando da

elaboraccedilatildeo do Plano Diretor do municiacutepio foram feitos estudos sobre as aacutereas propensas

a deslizamentos e alagamentos na regiatildeo urbana principal Tais aacutereas satildeo as destacadas

nas Figuras 55 e 56 No levantamento histoacuterico realizado pode-se identificar que os

bairros que possuem mais aacutereas propensas a deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do

Ouro Nossa Senhora da Gloacuteria Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio enquanto que os bairros

mais propensos a alagamentos satildeo os bairros Centro Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio

como observado na tabela 51

29

Figura 5 5 Aacutereas propensas a deslizamento de acordo com o Plano Diretor de

Santos Dumont

Fonte Google Earth e Lei 42412012

Figura 5 6 Aacutereas propensas a alagamento de acordo com o Plano Diretor de

Santos Dumont

Fonte Google Earth e Lei 42412012

30

Comparando-se os mapas obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico com o mapa gerado

pelo estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor nota-se que haacute semelhanccedilas em

algumas aacutereas mas ao se levar em conta o produto gerado pela pesquisa histoacuterica o

estudo necessitaria ser complementado haja vista que ele natildeo compreende por exemplo

o ponto de alagamento no bairro Antocircnio Afonso citado anteriormente e alguns pontos de

deslizamento importantes uma vez que satildeo regiotildees onde haacute ocupaccedilatildeo Esse fato evidencia

a necessidade de se buscar vaacuterias fontes primaacuterias e secundaacuterias para se detectar aacutereas de

risco em um municiacutepio incluindo arquivos da imprensa local afim de se produzir uma

base de dados consistente e com o menor nuacutemero de falhas possiacutevel (CEPED 2014) Com

a uniatildeo dos dois estudos foram gerados os mapas apresentados nas Figuras 57 e 58

Aleacutem do mais observando as figuras 57 e 58 pode-se notar que uma boa parte tanto dos

casos de alagamento quanto de deslizamento estatildeo na faixa de APP de curso hiacutedrico o

que ilustra a importacircncia da preservaccedilatildeo destas aacutereas

Figura 5 7 Aacutereas propensas a alagamento do estudo do Plano Diretor

complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento

Fonte Do Autor

31

Figura 5 8 Aacutereas propensas a deslizamento do estudo do Plano Diretor

complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento

Fonte Do Autor

Atraveacutes da combinaccedilatildeo entre estes dois levantamentos procurou-se alimentar a base de

dados e garantir uma consistecircncia maior desta no que diz respeito a aacutereas de deslizamento

e alagamento podendo inclusive se identificar a suscetibilidade de uma determinada

regiatildeo da cidade a um ou outro evento (CEPED2014)

512 O Plano diretor e as APPs

Nos uacuteltimos anos o Brasil experimentou um forte fenocircmeno de migraccedilatildeo do campo para

as aacutereas urbanas De acordo com o IBGE no periacuteodo de 1940 a 2000 houve um aumento

de cerca de 60 do nuacutemero de pessoas que vivem em cidades (SILVA JR 2006) O

processo de planejamento e ordenamento do uso do solo nessas aacutereas deveria ter

acompanhado esse crescimento ao longo dos anos a fim de garantir a qualidade de vida e

a seguranccedila dos migrantes ao se instalarem nas cidades o que natildeo ocorreu e o que se

observa atualmente satildeo ocupaccedilotildees em aacutereas improacuteprias para moradia sem a infraestrutura

baacutesica necessaacuteria e com risco iminente de deslizamentos eou inundaccedilotildees

O Plano Diretor do municiacutepio de Santos Dumont em seu capiacutetulo IV que versa sobre o

uso e ocupaccedilatildeo do solo explicita regras para o ordenamento do territoacuterio que compreende

o municiacutepio com base nos diferentes usos do solo de acordo com sua compatibilidade o

32

que acabou por resultar num zoneamento de todo o municiacutepio em macrozonas conforme

citado na seccedilatildeo 3231 de acordo com os usos atuais e futuros do solo Aleacutem de dividir

estas macrozonas em urbanas e rurais tambeacutem avaliou e classificou estas aacutereas com base

numa seacuterie de fatores ambientais geoloacutegicos culturais e sociais de forma a se fazer um

zoneamento coerente com os atuais usos do solo e seu potencial de uso futuro Apresenta-

se na Figura 59 este zoneamento na aacuterea urbana principal de Santos Dumont

Figura 5 9 Zoneamento urbano da aacuterea urbana principal

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Lei 42412012

Tomando como referecircncia o Novo Coacutedigo Florestal brasileiro em especial os paracircmetros

estabelecidos para a definiccedilatildeo de APP e utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento

atraveacutes do software Vista SAGA relacionou-se as APPs existentes na aacuterea em estudo com

as regiotildees propiacutecias a alagamentos e deslizamentos de acordo com o estudo feito quando

da elaboraccedilatildeo do Plano Diretor afim de se identificar qual ou quais aacutereas possuem estes

problemas e se estatildeo relacionados com o uso do solo irregular em APP

Ao se aplicar a metodologia proposta por Oliveira amp Fernandes Filho (2013) natildeo foram

identificadas dentro da aacuterea de estudo APPs de topos de morro sendo este tipo de APP

descartada portanto das anaacutelises subsequentes deste trabalho Foram consideradas as

APP de curso hiacutedrico (rios e nascentes) e de declividade visando relacionaacute-las as aacutereas

de risco identificadas pela Prefeitura afim de se verificar as possiacuteveis causas da ocorrecircncia

33

destas aacutereas na regiatildeo urbana do municiacutepio Por meio de combinaccedilotildees entre dois mapas

temaacuteticos utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento foi possiacutevel obter as

assinaturas ou seja tabelas que caracterizam quantitativamente a aacuterea afetada por cada

aspecto visto que a simples visualizaccedilatildeo do mapa gerado pelo geoprocessamento muitas

vezes eacute prejudicada por serem aacutereas de pequenas dimensotildees ou por qualquer outra

limitaccedilatildeo do software Ressalta-se que para a elaboraccedilatildeo do Plano Municipal de Reduccedilatildeo

de riscos a identificaccedilatildeo e detalhamento topograacutefico destas aacutereas eacute fundamental para o

desenvolvimento do referido Plano conforme seraacute abordado detalhadamente na seccedilatildeo

52

De posse do mapa que representa o zoneamento urbano de Santos Dumont primeiramente

procurou-se mensurar qualitativa e quantitativamente a presenccedila de APPs tanto de

declividade quanto de cursos hiacutedricos Essa identificaccedilatildeo eacute importante pois este

zoneamento eacute um dos instrumentos de planejamento municipal (BRASIL 2001) Saboya

(2007) aponta que os principais objetivos de um zoneamento satildeo o controle da expansatildeo

urbana e proteccedilatildeo de aacutereas inadequadas a ocupaccedilatildeo aleacutem de reduzir os conflitos inerentes

aos diferentes usos do solo Com o uso da ferramenta ldquoCombinarrdquo do Vista SAGA foram

feitas combinaccedilotildees entre o mapa de hidrografia com buffer de 30m para rios e coacuterregos e

de 50m para nascentes com o mapa do zoneamento para se verificar a importacircncia das

APPs de curso hiacutedrico em toda a aacuterea urbana principal do municiacutepio Tambeacutem foram

combinados o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) obtido atraveacutes do gvSIG com o mapa

de zoneamento afim de se verificar quantitativamente as APPs de declividade e onde se

localizam Vale ressaltar que as declividades entre 30 e 47 estatildeo presentes nesta

combinaccedilatildeo pois de acordo com o Plano Diretor de Santos Dumont terrenos com esta

faixa de declividade para fins de parcelamento devem possuir estudo teacutecnico que ateste

a viabilidade de se promover algum empreendimento imobiliaacuterio neste (SANTOS

DUMONT 2012) Como a legislaccedilatildeo municipal prevecirc estudo somente para a faixa de

declividade descrita anteriormente para fins de anaacutelise neste trabalho consideramos um

valor mais conservador para APP compreendendo a faixa de 47 a 100 aleacutem da

prevista pela legislaccedilatildeo federal (gt100) para que natildeo houvessem lacunas importantes na

geraccedilatildeo do produto

Apresenta-se na Figura 510 aacutereas com declividades consideradas de risco e consideradas

APP e em qual zona de planejamento elas estatildeo inseridas De um modo geral ao se

observar a Tabela 52 nota-se que a aacuterea que compreende declividades de risco e APP eacute

uma pequena parcela da aacuterea urbana principal representando 061 desta aacuterea Ao se

levar em conta somente a localizaccedilatildeo pode-se verificar que cerca de 84 das aacutereas com

declividade de risco e a totalidade das APPs de declividade estatildeo localizadas na ZAC1

zona que compreende a maior parte do municiacutepio e apesar de possuir infraestrutura baacutesica

para a ocupaccedilatildeo esta eacute restrita Sendo assim o fator declividade deve ser visto com cautela

nesta aacuterea para se evitar transtornos advindos de edificaccedilotildees nestas aacutereas

34

Figura 5 10 Combinaccedilatildeo entre as declividades importantes incluindo as APPs e o

zoneamento urbano

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Do autor

Tabela 52 Assinaturas da combinaccedilatildeo Declividade x Zoneamento

Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea

Natildeo APP 457972 9939

Declividade 30-47 em ZAC1 2368 051

Declividade 30-47 em ZE 284 006

Declividade 30-47 em ZAC2 128 003

Declividade 30-47 em ZPA 004 0001

APP Declividade em ZAC1 048 001

Total 460804 100

Fonte Do autor

Apresenta-se na Figura 511 as APPs de curso hiacutedrico (nascentes e rios) e em qual zona

de planejamento estatildeo localizadas Assim como a declividade a maior parte das APPs de

curso hiacutedrico estatildeo localizadas em ZAC1 representando 383 da aacuterea urbana em estudo

e 51 do total das APPs de curso hiacutedrico Esta questatildeo tambeacutem deve ser vista com

bastante criteacuterio pelos gestores locais uma vez que a ocupaccedilatildeo em faixas proacuteximas de

rios e coacuterregos podem causar uma gama de problemas ambientais e sociais na regiatildeo

(SANTANA2011) Tal cuidado tambeacutem deve ser tomado nas APPs compreendidas na

35

ZAC2 que compreende 001 da Aacuterea urbana principal e 14 do total das APPs de curso

hiacutedrico pois a infraestrutura baacutesica e acessibilidade presente nesta zona eacute precaacuteria e a

ocupaccedilatildeo as margens de cursos hiacutedricos pode gerar problemas seacuterios caso ocorra uma

expansatildeo nestas aacutereas

Figura 511 Combinaccedilatildeo entre APP de curso hiacutedrico e as zonas de planejamento

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Do autor

Outro ponto importante eacute a presenccedila da Zona de Proteccedilatildeo Ambiental (ZPA) no entorno

uma consideraacutevel parte dos cursos hiacutedricos Nesta zona estatildeo presentes 28 das APPs de

curso hiacutedrico e esta zona de acordo com o Plano Diretor deve ser restaurada ou

preservada por suas caracteriacutesticas geoloacutegicas topograacuteficas e bioloacutegicas

Afim de se verificar os usos do solo na regiatildeo em estudo foram utilizadas combinaccedilotildees

de imagens advindas do sateacutelite Landsat 8 nas bandas descritas no capiacutetulo 4 aleacutem da

banda pancromaacutetica O resultado eacute apresentado na figura 512 que mostra os principais

usos do solo na aacuterea urbana principal de Santos Dumont

36

Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x Zoneamento

Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea

Hidrografia 11168 239

Aacuterea Urbana Natildeo APP 421004 9008

APP Curso hiacutedrico em ZAC1 179 383

APP Curso hiacutedrico em ZPA 9776 209

APP Curso hiacutedrico em ZE 184 004

APP Curso hiacutedrico em ZA 1192 026

APP Curso hiacutedrico em ZAC2 5124 110

APP Curso hiacutedrico em ZPPH 248 005

APP Curso hiacutedrico em ZEIS 568 012

APP Curso hiacutedrico em ZCA 228 005

Total 467392 10000

Fonte Do autor

Figura 5 12 Mapa de usos do solo da aacuterea urbana principal de Santos Dumont

Fonte Do autor

Como jaacute era previsto a maior parte da aacuterea urbana se encontra ocupada e eacute nesta regiatildeo

ocupada que se observa a maior concentraccedilatildeo de problemas de deslizamentos e

alagamentos (Figuras 513 e 514) A grande ocupaccedilatildeo em aacutereas consideradas APP de

curso hiacutedrico de acordo com os mapas gerados pode ser a principal causa do aumento a

cada ano dos casos de alagamento principalmente na regiatildeo central da cidade Outro ponto

que se deve atentar eacute a existecircncia de uma consideraacutevel aacuterea de pastagem pouco vegetada

que caso estejam em aacutereas elevadas pode contribuir para deslizamentos e agraves margens de

37

rios e coacuterregos para o assoreamento destes corpos hiacutedricos o que pode causar

alagamentos (INAacuteCIO etal 2007)

Diante destes resultados pode-se ver que a cidade de Santos Dumont necessita alternativas

efetiva no que diz respeito agrave contenccedilatildeo de deslizamentos e a reduccedilatildeo de risco de

alagamento pois as aacutereas em que ocorrem tais eventos satildeo distintas e facilmente definidas

devido agrave repeticcedilatildeo destes nos uacuteltimos anos Um plano de accedilatildeo integrado entre as diferentes

secretarias municipais (Obras Meio Ambiente Assistecircncia Social entre outras) e a

Coordenadoria Municipal de Defesa Civil deve ser realizado afim de se tomar medidas

natildeo mais preventivas mas sim preditivas para que se possa conter o avanccedilo destes

problemas na aacuterea urbana principal bem como em toda a aacuterea do municiacutepio

Figura 5 13 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na aacuterea urbana

principal

Fonte Do autor

38

Figura 5 14 Aacutereas sujeitas a alagamento e os principais usos do solo na aacuterea

urbana principal

Fonte Do autor

Ao se associar os dados do estudo do Plano Diretor com os dados do levantamento

histoacuterico realizado com o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) pode-se notar que as aacutereas

propiacutecias a deslizamento estatildeo em regiotildees as quais haacute uma fronteira de declividades ou

seja eacute evidente que os deslizamentos ocorrem em encostas um pouco mais iacutengremes mas

natildeo necessariamente nas encostas de 30-47 as quais exigem estudo teacutecnico conforme o

plano diretor preconiza Quanto aos alagamentos nota-se que eles se localizam nas aacutereas

com menor ou nenhuma declividade podendo ser estas aacutereas talvez componentes da

planiacutecie de inundaccedilatildeo dos rios Estes resultados podem ser vistos nas figuras 515 e 516

a seguir

39

Figura5 15 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a deslizamentos na

regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

Fonte Lei 42412012 e Autor

Figura5 26 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a alagamentos na

regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

Fonte Lei 42412012 e Autor

40

52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis

O processo de ocupaccedilatildeo no municiacutepio de Santos Dumont comeccedilou muito antes de

qualquer legislaccedilatildeo relacionada a ordenamento urbano e de proteccedilatildeo do meio ambiente

fosse implementado no Brasil Esse fato aliado a poliacuteticas e fiscalizaccedilotildees falhas

contribuiacuteram para a ocupaccedilatildeo e expansatildeo da aacuterea urbana ao longo do Ribeiratildeo das Posses

e seus afluentes o que tem gerado o aumento da degradaccedilatildeo destes corpos hiacutedricos ao

longo de todos estes anos Observa-se tambeacutem que nas uacuteltimas deacutecadas ocorreu um

grande nuacutemero de migraccedilotildees do campo para a regiatildeo urbana da cidade fator que

contribuiu para o crescimento do nuacutemero de habitaccedilotildees em aacutereas de risco de deslizamento

e alagamentos por serem na maioria das vezes terrenos menos valorizados e por este

motivo acessiacuteveis a populaccedilatildeo com menor poder aquisitivo (ROSA amp CORTEZ 2008)

Vale ressaltar que esta questatildeo aleacutem de ser ambiental eacute muito mais social pois os

moradores entendem os riscos de se viver nestes locais mas por motivos econocircmicos ou

por questotildees afetivas natildeo abrem matildeo da moradia nessas aacutereas A Constituiccedilatildeo Federal de

1988 promoveu a inter-relaccedilatildeo das questotildees sociais com as questotildees ambientais quando

colocou o meio ambiente como direito coletivo (BRASIL1988 SOUZA2010) Por este

motivo a decisatildeo por medidas draacutesticas que favoreccedilam apenas agrave preservaccedilatildeo do meio

ambiente natildeo eacute recomendada pois aleacutem de ser inconstitucional podem afetar a

sustentabilidade econocircmica do municiacutepio e gerar conflitos sociais consideraacuteveis

(CARLOS 1992 apud SOUZA 2010)

Segundo Bueno (2009) ldquonem tudo o que eacute irregular eacute precaacuteriordquo Esse fato se observa em

Santos Dumont uma vez que em boa parte da regiatildeo central se observa vaacuterias moradias

construiacutedas na faixa de APP de curso hiacutedrico o que natildeo eacute permitido pela legislaccedilatildeo

vigente e eacute um dos fatores que contribui para a ocorrecircncia de alagamentos nesta aacuterea da

cidade Para a resoluccedilatildeo deste problema o que seria mais viaacutevel seria a melhoria da

infraestrutura de drenagem urbana afim de que o escoamento da aacutegua das chuvas natildeo

sobrecarregasse o sistema (BUENO2009) A construccedilatildeo de bacias de contenccedilatildeo de

cheias ao longo do Ribeiratildeo das Posses tambeacutem seria uma alternativa mas para se verificar

a viabilidade necessita-se estudos mais aprofundados do ponto de vista hidroloacutegico

O grande problema a ser solucionado no entanto eacute o que diz respeito agraves aacutereas de risco

de deslizamento majoritariamente nos bairros A melhor alternativa seria o

remanejamento dos moradores para uma aacuterea proacutexima agrave que moram poreacutem longe do

risco Poreacutem esta alternativa de acordo com Rosa Filho amp Cortez (2008) encontra alguns

entraves pois estas pessoas na maioria das vezes natildeo tecircm condiccedilotildees financeiras de irem

para outro lugar ou pagar aluguel ou estatildeo de alguma forma sentimentalmente ligadas

agravequela regiatildeo que se recusam a deixaacute-lo

41

Por parte dos oacutergatildeos competentes no municiacutepio a criaccedilatildeo de um plano para se evitar

acidentes ocasionados por deslizamentos e alagamentos com um mapeamento detalhado

de toda a extensatildeo do municiacutepio eacute extremamente uacutetil Os estudos que seratildeo feitos para a

elaboraccedilatildeo deste plano poderatildeo definir quais as aacutereas satildeo potencialmente de risco para as

ocupaccedilotildees existentes ou para as potenciais ocupaccedilotildees que possam vir a ocorrer atraveacutes do

mapeamento das aacutereas de risco Tal planejamento seraacute auxiliar ao Plano Diretor

Municipal pois definiraacute o real uso do solo de determinada regiatildeo do municiacutepio

contribuindo para a adequaccedilatildeo do uso e ocupaccedilatildeo do solo afim de evitar ou reduzir o

nuacutemero de problemas relacionados a alagamentos e principalmente deslizamentos no

periacutemetro urbano (TOMINAGA 2009) A partir deste plano os gestores locais poderatildeo

tomar a melhor decisatildeo para a prevenccedilatildeo ou reduccedilatildeo dos riscos inerentes a tais problemas

Na seccedilatildeo 521 seraacute hierarquizado de forma preliminar a aacuterea urbana principal de acordo

com os resultados da tabela 51

521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta

O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos (PMRR) foi criado atraveacutes de accedilotildees

regularizadoras do Ministeacuterio das Cidades para ser o instrumento de gestatildeo e

gerenciamento de aacutereas de risco em um municiacutepio Eacute um documento que aleacutem de

estabelecer quais regiotildees satildeo consideradas de risco tambeacutem objetiva a proposta de

medidas estruturais ou natildeo para contenccedilatildeo eou prevenccedilatildeo de cataacutestrofes aleacutem de ser um

meio de captaccedilatildeo de recursos financeiros junto aos Governos Estadual e Federal Estes

recursos poderatildeo ser utilizados para a realizaccedilatildeo de obras que visem a melhoria da

qualidade de vida da populaccedilatildeo do entorno ou de recuperaccedilatildeo da aacuterea degradada Este

plano eacute realizado de forma participativa com as comunidades das aacutereas de risco e pode

ser realizado em sete fases conforme recomenda o Ministeacuterio das Cidades (ALHEIROS

2006)

O primeiro passo para a realizaccedilatildeo do PMRR eacute definir qual a metodologia seraacute empregada

levando-se em consideraccedilatildeo a realidade atual do municiacutepio e especificar de forma sucinta

um cronograma das atividades Eacute importante nesta fase a participaccedilatildeo tambeacutem dos

responsaacuteveis pelas mais variadas Secretarias Municipais afim de explicitar o tamanho da

importacircncia e o caraacuteter integrador deste plano A segunda fase deste plano objetiva a

criaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo da principal base de dados a ser utilizada nos passos posteriores o

mapeamento de risco em escala detalhe em torno de 13000 (SAtildeO PAULO 2014) A

elaboraccedilatildeo de um mapeamento detalhado propiciaraacute natildeo soacute a identificaccedilatildeo mais faacutecil das

aacutereas de risco como tambeacutem facilitaraacute aos gestores e agrave comunidade decidirem qual a

melhor intervenccedilatildeo para a soluccedilatildeo ou remediaccedilatildeo dos problemas em uma determinada

42

aacuterea hierarquizando o risco e definindo prioridades (SAtildeO PAULO 2014) Na tabela a

seguir apresenta-se alguns tipos de intervenccedilotildees que podem ser feitas em aacutereas de risco

sugeridas pelo Ministeacuterio das cidades (ALHEIROS 2006)

Quadro 5 1 - Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco

Tipo de intervenccedilatildeo Descriccedilatildeo

Serviccedilos de limpeza e Recuperaccedilatildeo

Remoccedilatildeo de entulho lixo etc

corte de aacutervores

remoccedilatildeo de bananeiras

recuperaccedilatildeo eou limpeza de sistemas de

drenagem esgotos e acessos

Limpeza de canais de drenagem

Proteccedilatildeo Vegetal

Proteccedilatildeo superficial vegetal (gramiacuteneas) em

taludes com solo exposto

Proteccedilatildeo vegetal de margens de canais de

drenagem

Barreiras vegetais para massas escorregadas

ou acumuladas pela erosatildeo

Drenagem Superficial e Acessos

Sistema de drenagem superficial (canaletas

raacutepidos caixas de transiccedilatildeo escadas drsquoaacutegua)

Acessos para pedestres (escadarias rampas

etc) integrados ao sistema de drenagem

Revestimento de Taludes Revestimento com materiais artificiais

cimentado cal-jet tela argamassada alvenaria

de tijolos ceracircmicos solo-cimento ensacado

Desmonte de blocos e matacotildees Desmonte de concreccedilotildees de grande porte

blocos rochosos e matacotildees

Obras de drenagem de subsuperfiacutecie Sistema de drenagem de subsuperfiacutecie

(trincheiras drenantes DHP poccedilos de

rebaixamento)

Estruturas de contenccedilatildeo (localizadas)

Muros de contenccedilatildeo de pequeno porte (solo-

cimento ensacado alvenaria de pedra-rachatildeo

concreto armado)

Estruturas de contenccedilatildeo localizadas

(chumbadores tirantes microestacas)

Contenccedilatildeo e proteccedilatildeo de margens de canais (

gabiotildees muros de concreto etc)

Estruturas de contenccedilatildeo (meacutedio e grande porte) Implantaccedilatildeo de estruturas de contenccedilatildeo de

meacutedio e grande porte envolvendo obras de

contenccedilatildeo passivas e ativas (muros de

gravidade cortinas etc)

Terraplanagem Execuccedilatildeo de serviccedilos de terraplanagem

combinados a obras de drenagem superficial e

proteccedilatildeo vegetal desvio e canalizaccedilatildeo de

coacuterregos

Remoccedilatildeo de moradias Remoccedilotildees definitivas para implantaccedilatildeo de

obras ou devido agrave localizaccedilatildeo improacutepria da

edificaccedilatildeo (Priorizar as relocaccedilotildees dentro da

proacutepria aacuterea em local seguro)

Fonte ALHEIROS 2006

43

Escolhidas as formas de intervenccedilatildeo para cada aacuterea eacute necessaacuterio realizar uma estimativa

dos custos afim de preparar o orccedilamento da prefeitura para a realizaccedilatildeo das obras e se

seraacute necessaacuterio a captaccedilatildeo de recursos externos para a execuccedilatildeo destas Feitas as

estimativas de custo o proacuteximo passo eacute definir as prioridades e para esta fase eacute tambeacutem

uacutetil o mapeamento feito nas etapas anteriores pois seraacute necessaacuterio hierarquizar tais

intervenccedilotildees nas aacutereas de risco O Ministeacuterio das Cidades (2007) sugere alguns criteacuterios

que podem ser avaliados pelo gestor dentre eles pode-se citar

Grau de risco

Populaccedilatildeo beneficiada

Custo da intervenccedilatildeo

Dimensatildeo da aacuterea a ser tratada

Demandas anteriores da populaccedilatildeo

Tempo de ocupaccedilatildeo

Viabilidade teacutecnica da intervenccedilatildeo

Viabilidade financeira

Inclusatildeo da aacuterea em outros projetos

A partir desta hierarquizaccedilatildeo inicia-se a identificaccedilatildeo de provaacuteveis fontes de captaccedilatildeo de

recursos para a execuccedilatildeo das intervenccedilotildees Estes recursos podem advir de programas dos

governos Federal e Estadual ou por meio de editais para captaccedilatildeo de recursos financeiros

tanto do setor puacuteblico como da iniciativa privada e podem ser tambeacutem associados agrave outras

Secretarias Municipais como a de Turismo ou Meio Ambiente e natildeo soacute as destinadas agrave

Defesa Civil (ALHEIROS 2006)

Eacute previsto tambeacutem no PMRR uma avaliaccedilatildeo da Defesa Civil municipal e como ela estaacute

estruturada fazendo inclusive sugestotildees para que sua atuaccedilatildeo esteja em consonacircncia com

a realidade das comunidades e da Administraccedilatildeo Puacuteblica do municiacutepio de forma a garantir

sua sustentabilidade e conquistar a credibilidade da populaccedilatildeo no que diz respeito a

prevenccedilatildeo de cataacutestrofes Para que a resposta a uma determinada situaccedilatildeo de risco seja

raacutepida eacute necessaacuterio a descentralizaccedilatildeo da Defesa Civil criando pequenos nuacutecleos

comunitaacuterios com a finalidade de se monitorar a aacuterea constantemente e promover as

intervenccedilotildees necessaacuterias em tempo haacutebil o que aumenta em muito a credibilidade da

populaccedilatildeo no PMRR e no trabalho desempenhado pela Defesa Civil no municiacutepio Apoacutes

esta etapa o PMRR passaraacute por audiecircncias puacuteblicas e posteriormente poderaacute ser aprovado

como Lei Municipal pelo Legislativo local (ALHEIROS 2006)

Com a realizaccedilatildeo deste plano o municiacutepio estaraacute munido de informaccedilotildees suficientes para

realizar accedilotildees efetivas de gestatildeo e gerenciamento de riscos bem como aliado a

levantamentos sociais realizar programas habitacionais que beneficiem prioritariamente

44

aos moradores das aacutereas de risco Aleacutem disso com o PMRR o municiacutepio poderaacute melhorar

a qualidade ambiental da populaccedilatildeo captando recursos para a recuperaccedilatildeo das aacutereas de

APP que foram degradadas pelas ocupaccedilotildees irregulares beneficiando todos os moradores

do municiacutepio com o aumento da qualidade de vida na cidade

A partir do disposto nesta seccedilatildeo acerca do Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos e de

uma maneira preliminar (levando-se em conta apenas o nuacutemero de registros de

alagamentos e deslizamentos na aacuterea urbana principal de Santos Dumont no periacuteodo de

1984 a 2014) identificou-se trecircs regiotildees distintas na aacuterea urbana do municiacutepio com

tempo de recorrecircncia desses eventos similares caracterizando trecircs prioridades de

intervenccedilatildeo em contenccedilatildeo de risco como pode ser visto nas figuras 515 e 516 Vale

ressaltar que eacute necessaacuterio um estudo mais detalhado inclusive com visitas teacutecnicas a

campo para que se confirme a real situaccedilatildeo destas e a real prioridade para investimentos

Figura 5 17 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de deslizamentos

Fonte Do Autor

45

Figura 5 18 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de alagamentos

Fonte Do Autor

46

6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees

A seguir apresenta-se as conclusotildees e as recomendaccedilotildees feitas a partir dos objetivos

especiacuteficos explicitados no iniacutecio deste trabalho

Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a

aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes

urbanos

A partir da revisatildeo da legislaccedilatildeo pertinente em acircmbito federal estadual e

municipal constatou-se que o Plano Diretor de Santos Dumont natildeo conflita com a

legislaccedilatildeo federal e estadual sobre Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente A legislaccedilatildeo

municipal foi entendida como mais conservadora que as federal e estadual uma

vez que considera implicitamente que declividades entre 47 e 100 satildeo

enquadradas como APPs aleacutem da faixa superior a 100

Parte consideraacutevel das ocupaccedilotildees em APP principalmente na regiatildeo do bairro

Santo Antocircnio (onde surgiu os primeiros nuacutecleos que deram origem ao municiacutepio)

e o centro da cidade ocorreram antes de que fosse elaborado qualquer legislaccedilatildeo

que versasse sobre o tema Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente bastando ao gestor

local tomar medidas de contenccedilatildeo de riscos que minimizem os impactos causados

por essas ocupaccedilotildees nessa regiatildeo

O ordenamento adequado do uso do solo no municiacutepio eacute necessaacuterio para que o

crescimento dos loteamentos criados anteriormente agrave esta Lei e o surgimento de

novos natildeo avance para Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente o que pode causar

inuacutemeros problemas aos moradores e agravar os jaacute existentes

Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las

com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)

As aacutereas onde houveram a maior quantidade de registros de deslizamentos satildeo os

bairros mais populosos de Santos Dumont podendo se estabelecer uma relaccedilatildeo

que quanto mais populoso o bairro maior a quantidade de problemas relacionados

a deslizamentos Tambeacutem pode-se notar uma relaccedilatildeo com as fronteiras das faixas

de declividades e os deslizamentos uma vez que boa parte deles aconteceram

nestas faixas

As aacutereas onde houve um grande nuacutemero de registros de alagamentos satildeo os bairros

que se desenvolveram agraves margens do Ribeiratildeo das Posses em especial na aacuterea que

47

compreende as APPs de curso hiacutedrico e em aacutereas onde a declividade eacute baixa Esse

fato aliado ao crescimento do nuacutemero de vias pavimentadas com material

impermeaacutevel e a natildeo expansatildeo e ou redimensionamento da rede de drenagem

urbana contribuiacuteram para a ocorrecircncia cada vez mais constante de alagamentos

nessas aacutereas

Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos

catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30

anos

A partir do levantamento histoacuterico realizado e da base de dados georeferenciada

gerada observou-se o aumento do nuacutemero de registros de deslizamentos e

alagamentos nos uacuteltimos 10 anos quando as ocorrecircncias comeccedilaram a se repetir

numa mesma aacuterea com frequecircncia incrementada as vezes com mais de uma

ocorrecircncia anual

Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do

solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental

Destaca-se a adequaccedilatildeo dos criteacuterios gerais estabelecidos pelo Plano Diretor de

Santos Dumont relativos a legislaccedilatildeo federal e estadual Entretanto o referido

Plano Diretor natildeo contempla todo o territoacuterio municipal sendo assim ele natildeo

cumpre o objetivo de proteger as APPs preservadas e recuperar as que foram

degradadas em todo o territoacuterio municipal Ressalta-se tambeacutem a sua natildeo

conformidade com o Estatuto das Cidades uma vez que o Plano Diretor

contempla apenas os novos loteamentos

Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais

negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea

impactada

Recomenda-se a implantaccedilatildeo no municiacutepio de uma Coordenadoria Municipal de

Defesa Civil atuante e integrada agraves Secretarias Municipais e agrave comunidade

visando uma atuaccedilatildeo eficaz nos problemas relacionados a deslizamentos e

alagamentos A elaboraccedilatildeo de um Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos eacute de

suma importacircncia pois atraveacutes dele pode-se predizer as aacutereas que passaratildeo por

problemas caso a expansatildeo aconteccedila ou se inicie uma ocupaccedilatildeo nova aleacutem de

prevenir acidentes nas aacutereas jaacute ocupadas e consideradas de risco

48

7 Anexos

49

71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont

50

51

72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)

52

53

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SPERFELD A S Identificaccedilatildeo e anaacutelise de demandas soacutecio ambientais de ordem

puacuteblica em aacutereas urbanas susceptiacuteveis a desastres naturais no municiacutepio de Joinville

SC Dissertaccedilatildeo de Mestrado UFSC Florianoacutepolis 2009

TAKEDA T O Uso e ocupaccedilatildeo do solo urbano Disponiacutevel em

httpwwwjuriswayorgbrv2dhallaspid_dh=12363 Acesso em 02 de junho de 2015

TOMINAGA LK Escorregamentos In TOMINAGA L K et al(org) Desastres

naturais conhecer para prevenir Instituto Geoloacutegico Satildeo Paulo 2009 p 25-38

UFV ndash Universidade Federal de Viccedilosa Mapa de solos do Estado de Minas Gerais

legenda expandida Centro Tecnoloacutegico de Minas Gerais FEAM Belo Horizonte 2010

ZANON F N Uso e ocupaccedilatildeo da terra e vulnerabilidade a alagamento na aacuterea central

da cidade de Satildeo Paulo O caso da subprefeitura da Seacute Trabalho de Graduaccedilatildeo UNESP

Rio Claro 2013

Page 15: O USO DO SOLO URBANO EM ÁREAS DE PRESERVAÇÃO … · social que você tenha na vida, a mais alta ou a mais baixa, tenha sempre como meta muita força, muita determinação e sempre

7

Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais

negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea

impactada

3 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA

A seguir eacute apresentada a revisatildeo bibliograacutefica que fundamenta o desenvolvimento e o

pleno entendimento deste trabalho O conhecimento do que satildeo aacutereas de risco

alagamentos e deslizamentos bem como o que eacute e qual a importacircncia de um Plano Diretor

eacute de suma importacircncia para se avaliar como um municiacutepio estaacute se desenvolvendo e qual

a qualidade de vida dos muniacutecipes Tambeacutem satildeo abordados neste capiacutetulo os aspectos

legais referentes agraves Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente seus limites e sua importacircncia para

o ambiente urbano

31 Conceitos Fundamentais

311 Aacutereas de risco

De acordo com o Instituto de Pesquisas Tecnoloacutegicas ndash IPT entende-se como aacuterea de

risco aquela ldquopassiacutevel de ser atingida por fenocircmenos ou processos naturais eou induzidos

que causem efeito adverso As pessoas que habitam essas aacutereas estatildeo sujeitas a danos agrave

integridade fiacutesica perdas materiais e patrimoniaisrdquo (MINISTEacuteRIO DAS CIDADES

2007)

Para Augusto Filho et al (1990) apud Cristo (2002) aacuterea de risco eacute caracterizada como

aquela em que ldquose encontra em situaccedilatildeo de perigo tanto socialmente quanto

economicamente por conta de alguma alteraccedilatildeo na constituiccedilatildeo do terreno ou com grande

probabilidade de ocorrer processos naturaisrdquo

Segundo Fernandes (2012) aacutereas de risco ldquosatildeo aacutereas consideradas improacuteprias ao

assentamento humano por estarem sujeitas a riscos naturaisrdquo

Diante das definiccedilotildees supracitadas pode-se dizer que aacuterea de risco satildeo aacutereas susceptiacuteveis

agrave accedilatildeo de eventos naturais extremos e por esse motivo natildeo eacute viaacutevel agrave ocupaccedilatildeo humana

nestes locais e pode ou natildeo estar associados agrave proximidade ou nos limites de uma APP

8

312 Deslizamentos

Segundo Tominaga (2009) deslizamento eacute o movimento de solo em uma vertente pela

accedilatildeo da gravidade e satildeo mais frequentes em regiotildees de relevo montanhoso e em periacuteodos

chuvosos sendo a pluviosidade um dos principais fatores condicionantes para a ocorrecircncia

do processo Os deslizamentos podem ocorrer naturalmente e eacute grande responsaacutevel pela

dinacircmica das vertentes e evoluccedilatildeo do relevo local mas no Brasil a falta de planejamento

urbano de uma boa parte dos municiacutepios a ocupaccedilatildeo desordenada e a construccedilatildeo de

domiciacutelios sem orientaccedilatildeo teacutecnica tecircm transformado um processo natural em um

problema que algumas vezes se tornam grandes trageacutedias Na regiatildeo Sudeste brasileira o

escorregamento do tipo rotacional eacute o mais comum e eacute caracterizado por uma ruptura

curva no solo que estaacute geralmente associada agrave realizaccedilatildeo de cortes na base do talude ou

por processos erosivos fluviais o que relaciona esse tipo de escorregamento agraves regiotildees

urbanas mal planejadas e coloca o homem como o principal agente efetivo associado com

a pluviosidade na ocorrecircncia de acidentes relacionados com deslizamentos

(FERNANDES amp AMARAL 1996 apud TOMINAGA 2009)

313 Alagamentos

De acordo com Amaral amp Ribeiro (2009) inundaccedilotildees e enchentes satildeo processos

intimamente relacionados com a pluviosidade pois satildeo frequentes em periacuteodos de chuvas

fortes e raacutepidas ou chuvas de longa duraccedilatildeo e estatildeo relacionados agrave intensidade e

distribuiccedilatildeo da precipitaccedilatildeo ao longo da bacia agrave capacidade do solo de reter e infiltrar

aacutegua e agraves caracteriacutesticas de forma da bacia de drenagem

O escoamento das aacuteguas pluviais na natureza eacute lento mas em aacutereas urbanizadas a accedilatildeo

antroacutepica relacionada a ocupaccedilatildeo de planiacutecies de inundaccedilatildeo que podem estar inclusive

em uma cota abaixo do leito do rio impermeabilizaccedilatildeo do solo e retificaccedilatildeo de corpos

drsquoaacutegua aleacutem de inuacutemeras atividades que promovem o assoreamento dos rios e coacuterregos

tem gerado resultados catastroacuteficos e grandes prejuiacutezos (AMARAL amp RIBEIRO 2009)

Quando se refere agraves regiotildees urbanas o termo ldquoalagamentordquo eacute o mais utilizado e segundo

o Ministeacuterio das Cidades (2006) define-se como o ldquoacuacutemulo momentacircneo de aacuteguas em

uma dada aacuterea por problemas no sistema de drenagem podendo ter ou natildeo relaccedilatildeo com

processos de natureza fluvialrdquo Tambeacutem o termo ldquoenxurradardquo eacute utilizado e define-se como

o ldquoescoamento superficial concentrado e com alta energia de transporte que pode ou natildeo

estar associado a aacutereas de domiacutenio dos processos fluviais Eacute comum a ocorrecircncia de

enxurradas ao longo de vias implantadas sobre antigos cursos drsquoaacutegua com alto gradiente

hidraacuteulico e em terrenos com alta declividade naturalrdquo

9

314 Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente

O Novo Coacutedigo Florestal Brasileiro define Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP) como

ldquoaacuterea protegida coberta ou natildeo por vegetaccedilatildeo nativa com a funccedilatildeo ambiental de

preservar os recursos hiacutedricos a paisagem a estabilidade geoloacutegica e a biodiversidade

facilitar o fluxo gecircnico de fauna e flora proteger o solo e assegurar o bem-estar das

populaccedilotildees humanasrdquo (BRASIL2012) Estas aacutereas satildeo muito importantes tanto no meio

urbano como no rural por garantir a estabilidade do solo em encostas iacutengremes contribuir

para a natildeo formaccedilatildeo de processos erosivos e o assoreamento de rios e coacuterregos aleacutem de

garantir a recarga de aquiacuteferos ao atuar como um amortecedor de chuvas retendo-a e

impedindo que ocorra um carreamento intenso de sedimentos ao longo dos morros e

margens de rios e coacuterregos (SKORUPA 2004) A Lei 126512012 apresenta os tipos de

APP e seus limites conforme seraacute visto no item 322

315 Uso e ocupaccedilatildeo do solo

Dentre os vaacuterios mecanismos de ordenamento urbano e instrumentos de planejamento

municipal previsto no Estatuto da Cidade (Lei Federal 102572001) o uso e ocupaccedilatildeo

do solo satildeo os mais utilizados pelas cidades para a formulaccedilatildeo das poliacuteticas urbanas

podendo definir o uso como a forma como esta parcela do solo eacute utilizada e a ocupaccedilatildeo

como sendo o modo como as edificaccedilotildees devem ser dispostas nesta mesma parcela do

solo urbano (TAKEDA 2015) O termo ldquoUso e ocupaccedilatildeo do solordquo tambeacutem pode ser

definido como o fator que determina como as mais diferentes regiotildees de um municiacutepio

deve se desenvolver (FONTOURA 2015)

A inserccedilatildeo de leis municipais de uso e ocupaccedilatildeo do solo objetivam ser uma referecircncia

para os gestores locais no processo de tomada de decisatildeo para que as cidades cresccedilam de

modo organizado enfatizando os potenciais e capacidades de cada regiatildeo aleacutem de tornar

o crescimento mais homogecircneo Com isso pretende-se evitar a formaccedilatildeo de grandes

adensamentos em pequenas aacutereas garantindo a mobilidade e a qualidade de vida de todos

os muniacutecipes tanto da regiatildeo urbana como da rural preservar e melhorar a qualidade

ambiental do municiacutepio aleacutem de evitar deslizamentos e alagamentos por conta da

ocupaccedilatildeo incorreta do solo (TAKEDA 2015)

10

32 Legislaccedilatildeo Pertinente

321 As adequaccedilotildees da legislaccedilatildeo ao longo dos anos

A problemaacutetica relacionada agraves APPs em aacutereas urbanas outrora era uma questatildeo complexa

e demandava uma larga discussatildeo do ponto de vista juriacutedico administrativo e teacutecnico Eacute

sabido que a maioria das cidades se formaram proacuteximos aos corpos hiacutedricos regiatildeo que

garantia o abastecimento de aacutegua e alimentos agrave populaccedilatildeo e tambeacutem facilitava o descarte

dos efluentes A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 225 daacute garantia aos

brasileiros de um meio ambiente em equiliacutebrio e concede agrave toda a sociedade o dever de

preservaacute-lo de acordo com os princiacutepios do desenvolvimento sustentaacutevel (BRASIL

1988) Antes desta Constituiccedilatildeo jaacute havia um texto que regulamentava a questatildeo da

preservaccedilatildeo de aacutereas verdes em todo o territoacuterio nacional A Lei Federal nordm 477165 que

trata do Coacutedigo Florestal estabelecia limites e regulamentava as Aacutereas de Preservaccedilatildeo

Permanente De acordo com Arauacutejo (2002) apud De Moraes (2014) essa Lei que fora

revogada e substituiacuteda pela Lei 126512012 era bastante falha no que diz respeito agraves

questotildees de APPS em aacutereas urbanas o que poderia ser um facilitador do natildeo cumprimento

do que foi proposto por aquela legislaccedilatildeo nestas aacutereas Isso se devia ao fato de o Coacutedigo

Florestal de 1965 ter deixado uma duacutevida sobre qual legislaccedilatildeo seguir uma vez que em

seu segundo artigo no paraacutegrafo uacutenico estava disposto que em aacutereas urbanas devia-se

atentar para a legislaccedilatildeo referente ao Plano Diretor e as referentes ao uso do solo na aacuterea

do municiacutepio (BRASIL 1965) Diante dessa conjuntura alguns municiacutepios optavam pela

natildeo aplicaccedilatildeo do Coacutedigo Florestal na regiatildeo urbana mesmo sabendo que a poliacutetica

conservacionista eacute extremamente importante visto o grande nuacutemero de problemas que

podem advir do uso irregular das APPs (DE MORAES 2009) Segundo o artigo 182 da

Constituiccedilatildeo Federal de 1988 as poliacuteticas relacionadas ao desenvolvimento urbano

devem ser elaboradas pelos municiacutepios e objetiva garantir o bem estar dos muniacutecipes e

tambeacutem o desenvolvimento do municiacutepio como um todo atraveacutes do atendimento agraves

exigecircncias do Plano Diretor (BRASIL 1988) O que podia gerar alguma divergecircncia seria

se o Plano Diretor Municipal propusesse uma faixa de APP menor que a prevista pelo

Coacutedigo Florestal Sendo assim essa legislaccedilatildeo perderia sua validade pelo fato de a

legislaccedilatildeo federal ser suplementar ou se seria cumprida devido ao disposto no artigo 182

da Constituiccedilatildeo Segundo De Moraes (2009) natildeo eacute aceitaacutevel que o Plano Diretor

Municipal legitime tal degradaccedilatildeo ambiental uma vez que um dos seus principais

objetivos eacute a proteccedilatildeo do bem estar puacuteblico estando incluiacutedo nesse a proteccedilatildeo do

ambiente natural A delimitaccedilatildeo e especificaccedilatildeo das APPs em Lei eacute necessaacuteria uma vez

que os limites miacutenimos destinados agrave preservaccedilatildeo satildeo importantes pois garantem a

proteccedilatildeo tanto da qualidade quanto da quantidade dos recursos hiacutedricos e evitam a

ocupaccedilatildeo em locais propiacutecios aos deslizamentos e zonas de recarga dos aquiacuteferos

11

subterracircneos assegurando tambeacutem de certa forma a integridade dos seres humanos que

potencialmente ocupariam tais locais (CARVALHO 2013)

Neste trabalho a legislaccedilatildeo tomada como referecircncia eacute a prevista pela Constituiccedilatildeo Federal

de 1988 o Novo Coacutedigo Florestal (Lei 126512012) e o Estatuto das Cidades (Lei

102572001) em acircmbito federal Na esfera estadual a Lei 209222013 versa sobre os

limites para APP em todo o territoacuterio de Minas A Lei Municipal 42412012 trata do

Plano Diretor Municipal da cidade de Santos Dumont onde se encontra as diretrizes para

o uso e ocupaccedilatildeo do solo e o zoneamento da cidade de acordo com as caracteriacutesticas do

solo entre outras

322 O Novo Coacutedigo Florestal e a legislaccedilatildeo mineira

O Novo Coacutedigo Florestal Lei Federal 126512012 substituiu a Lei Federal 47711965

Dentre os vaacuterios artigos que esta lei possui o que apresenta maior importacircncia para o

planejamento e o ordenamento das cidades tanto na aacuterea urbana como na rural eacute o artigo

4ordm em que constam as faixas de APP tanto para curso hiacutedrico como para declividade e

altitude aleacutem dos topos de morro a saber (BRASIL2012)

ldquoArt 4ordm Considera-se Aacuterea de Preservaccedilatildeo

Permanente em zonas rurais ou urbanas para os

efeitos desta Lei

I - as faixas marginais de qualquer curso drsquoaacutegua

natural perene e intermitente excluiacutedos os

efecircmeros desde a borda da calha do leito regular

em largura miacutenima de

a) 30 (trinta) metros para os cursos drsquoaacutegua de

menos de 10 (dez) metros de largura

b) 50 (cinquenta) metros para os cursos drsquoaacutegua

que tenham de 10 (dez) a 50 (cinquenta) metros de

largura

()

IV - as aacutereas no entorno das nascentes e dos olhos

drsquoaacutegua perenes qualquer que seja sua situaccedilatildeo

topograacutefica no raio miacutenimo de 50 (cinquenta)

metros

12

V - as encostas ou partes destas com declividade

superior a 45deg equivalente a 100 (cem por

cento) na linha de maior declive

()

IX - no topo de morros montes montanhas e

serras com altura miacutenima de 100 (cem) metros e

inclinaccedilatildeo meacutedia maior que 25deg as aacutereas

delimitadas a partir da curva de niacutevel

correspondente a 23 (dois terccedilos) da altura

miacutenima da elevaccedilatildeo sempre em relaccedilatildeo agrave base

sendo esta definida pelo plano horizontal

determinado por planiacutecie ou espelho drsquoaacutegua

adjacente ou nos relevos ondulados pela cota do

ponto de sela mais proacuteximo da elevaccedilatildeo

X - as aacutereas em altitude superior a 1800 (mil e

oitocentos) metros qualquer que seja a

vegetaccedilatildeo

()rdquo

A legislaccedilatildeo atual em seu artigo 4ordm evidencia que as faixas e aacutereas determinadas como

APP compreendem tanto as aacutereas rurais quanto urbanas (BRASIL 2012) retirando a

duacutevida anterior e sendo essa a Lei suplementar qualquer faixa de APP mais permissiva

na legislaccedilatildeo estadual e municipal satildeo invaacutelidas o que simplificou de certa forma a

aplicabilidade da Legislaccedilatildeo referente a Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente

No Estado de Minas Gerais a Lei Estadual 20922 de 16 de Outubro de 2013 trata do tema

em acircmbito estadual mas com os mesmos princiacutepios propostos pela Lei Federal sendo os

limites miacutenimos previstos para as APPs os mesmos propostos pelo Novo Coacutedigo

Florestal brasileiro (MINAS GERAIS2013)

ldquo Art 9ordm Para os efeitos desta Lei em zonas rurais

ou urbanas satildeo APPs

I as faixas marginais de cursos drsquoaacutegua naturais

perenes e intermitentes excluiacutedos

os efecircmeros medidas a partir da borda da calha

do leito regular em largura miacutenima de

13

a) 30m (trinta metros) para os cursos drsquoaacutegua de

menos de 10m (dez metros) de largura

b) 50m (cinquenta metros) para os cursos drsquoaacutegua

de 1 0m (dez metros) a 50m (cinquenta metros) de

largura

()

IV as aacutereas no entorno das nascentes e dos olhos

drsquoaacutegua perenes no raio miacutenimo de 50m

(cinquenta metros)

V as encostas ou partes destas com declividade

superior a 45ordm (quarenta e cinco graus)

equivalente a 100 (cem por cento) na linha de

maior declive

()

VII no topo de morros montes montanhas e

serras com altura miacutenima de 100m (cem metros)

e inclinaccedilatildeo meacutedia maior que 25ordm (vinte e cinco

graus) as aacutereas delimitadas a partir da curva de

niacutevel correspondente a 23 (dois terccedilos) da altura

miacutenima da elevaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave base sendo esta

definida pelo plano horizontal determinado por

planiacutecie ou espelho drsquoaacutegua adjacente ou nos

relevos ondulados pela cota do ponto de sela mais

proacuteximo da elevaccedilatildeo

VIII as aacutereas em altitude superior a 1 800m (mil

e oitocentos metros)

()rdquo

323 O Plano Diretor

O Estatuto das Cidades em seu artigo 40 prevecirc o plano diretor como um instrumento

capaz de promover a poliacutetica urbana englobando toda a cidade aleacutem de fornecer padrotildees

e limites para o uso do solo nas mais diversas regiotildees do municiacutepio com vistas a

harmonizar o desenvolvimento urbano com a preservaccedilatildeo do meio ambiente (SILVA JR

2006) Este instrumento eacute obrigatoacuterio para cidades com mais de 20 mil habitantes ou

14

aacutereas que integrem regiotildees metropolitanas ou de interesse turiacutestico O artigo 41 do

Estatuto das cidades tambeacutem prevecirc a obrigatoriedade do Plano Diretor para cidades que

possuem em sua aacuterea empreendimentos que caracterizem grandes impactos ambientais

de influecircncia regional ou nacional e cidades que possuem problemas com deslizamentos

de grande magnitude ou alagamentos repentinos (BRASIL 2001)

O Plano diretor de acordo com o Estatuto das Cidades deve ser aprovado como lei em

acircmbito municipal e revisto a cada dez anos Este documento eacute uacutenico pois cada cidade

possui suas peculiaridades infraestrutura vocaccedilotildees e problemas que por mais que sejam

parecidos entre si satildeo diferenciados pela intensidade e pela regionalizaccedilatildeo Sendo assim

a confecccedilatildeo do Plano Diretor deve conter a participaccedilatildeo de toda a comunidade local de

forma a reduzir as desigualdades sociais os gastos puacuteblicos desnecessaacuterios a degradaccedilatildeo

ambiental e combater os problemas relacionados a urbanizaccedilatildeo de forma conjunta

promovendo um processo de tomada de decisatildeo que garanta a qualidade de vida

preservaccedilatildeo e o desenvolvimento social do municiacutepio como um todo (ROSSBACH amp

CARVALHO 2010)

3231 O Plano Diretor de Santos Dumont

A Lei Municipal nordm 424112 que entrou em vigor no ano de 2014 trata do Plano Diretor

Municipal instrumento previsto no Estatuto das Cidades para garantir aos cidadatildeos um

desenvolvimento urbano organizado justo e sustentavelmente econocircmico (BRASIL

2001) Aleacutem de apontar as diretrizes para a elaboraccedilatildeo da Poliacutetica Municipal dos mais

variados setores o Plano Diretor divide o municiacutepio em macrozonas urbanas e rurais

Estas zonas tecircm por objetivo facilitar a identificaccedilatildeo dos setores que permitem ou natildeo o

desenvolvimento da cidade e em que magnitude pode ser feita a expansatildeo respeitando ao

meio ambiente e tambeacutem o que eacute previsto no tocante ao uso e ocupaccedilatildeo do solo nessas

aacutereas Aleacutem disso ela estabelece a forma como devem ser as edificaccedilotildees nas referidas

aacutereas As aacutereas definidas como macrozonas urbanas e foram subdivididas em (SANTOS

DUMONT2012)

ldquoZona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e

da Paisagem (ZPPH) satildeo as aacutereas cujos

equipamentos urbanos possuem interesse

histoacuterico ou paisagiacutestico de preservaccedilatildeo

Zona de Preservaccedilatildeo Ambiental satildeo aquelas em

que devem ser mantidas ou recuperadas a

15

vegetaccedilatildeo por conta da declividade altitude ou

presenccedila de recursos hiacutedricos

Zona de Adensamento Controlado (ZAC) satildeo as

aacutereas em que deve-se manter uma pequena

densidade populacional devido as limitaccedilotildees na

infraestrutura da localidade A ZAC se divide em

ZAC 1 quando a infraestrutura existente eacute

limitada e em ZAC 2 quando esta eacute precaacuteria ou

natildeo existe

Zona de Consolidaccedilatildeo de Adensamento (ZCA)

satildeo as aacutereas em que haacute interesse em ocupar os

lotes vagos haja visto que a regiatildeo possui toda a

infraestrutura para que isto aconteccedila

Zona Adensaacutevel (ZA) satildeo as aacutereas com

condiccedilotildees propiacutecias para ocorrer uma ocupaccedilatildeo

mais densa

Zona Especial de Interesse Social (ZEIS) satildeo as

aacutereas em que o Poder Puacuteblico almeja fazer

alguma forma de ocupaccedilatildeo Eacute dividida em ZEIS 1

e ZEIS 2 A ZEIS 1 satildeo regiotildees jaacute ocupadas mas

de forma irregular cujo interesse puacuteblico eacute

realizar obras e outras atividades para

regularizar as ocupaccedilotildees e urbanizar a aacuterea

enquanto que a ZEIS 2 satildeo aacutereas natildeo utilizadas ou

subutilizadas as quais o poder puacuteblico almeja

realizar algum empreendimento habitacional de

caraacuteter social

Zona de Grandes Equipamentos (ZE) satildeo aacutereas

cujo o interesse eacute a implantaccedilatildeo de

empreendimentos de grande porte ou grandes

equipamentos puacuteblicosrdquo

Esta divisatildeo espacial pode ser melhor vista no Anexo 71

O Plano Diretor natildeo estipula limites para APP mas prevecirc algumas diretrizes como na

Poliacutetica Municipal de Preservaccedilatildeo do Meio Ambiente sobre o uso do solo em

compatibilidade com praacuteticas conservacionistas A Poliacutetica Municipal de Expansatildeo

16

Urbana tem como uma de suas diretrizes fazer cumprir a legislaccedilatildeo vigente no que diz

respeito agraves intervenccedilotildees e investimentos que poderatildeo ser feitos nessas aacutereas Tambeacutem eacute

diretriz da mesma Poliacutetica o controle da ocupaccedilatildeo e do uso do solo em APPs e o auxiacutelio

aos oacutergatildeos estaduais e federais de meio ambiente no tocante agrave fiscalizaccedilatildeo da ocupaccedilatildeo

nestas aacutereas (SANTOS DUMONT 2012) O artigo 38 que trata das diretrizes da Poliacutetica

habitacional de interesse social exclui do processo de regularizaccedilatildeo fundiaacuteria os

assentamentos situados em aacutereas de risco o que na maioria das vezes estatildeo tambeacutem nas

aacutereas que deveriam estar vegetadas e protegidas (SANTOS DUMONT 2012) Na

legislaccedilatildeo referente ao parcelamento do solo eacute previsto que no parcelamento de glebas

com declividade entre 30 e 47 soacute poderaacute ser aprovado mediante projeto e laudo

assinado por um responsaacutevel teacutecnico favoraacutevel agrave construccedilatildeo nesse local (SANTOS

DUMONT 2012) Diante do proposto pelo Plano Diretor de Santos Dumont pode-se

dizer que natildeo haacute conflito com a legislaccedilatildeo federal e estadual em se tratando da

aplicabilidade do Coacutedigo Florestal uma vez que aquele natildeo explicita limites nem

permissivos e tampouco restritivos para faixas e aacutereas de preservaccedilatildeo permanente

33 O Municiacutepio de Santos Dumont

331 De Arraial a cidade

A aacuterea onde se situa hoje o municiacutepio de Santos Dumont teve sua ocupaccedilatildeo iniciada no

seacuteculo XVIII quando a Coroa Portuguesa solicitou ao entatildeo Governador do Rio de

Janeiro Artur de Saacute Menezes que abrisse um caminho que ligasse as Minas dos

Cataguases na regiatildeo de Ouro Preto (receacutem descobertas) ao Rio de Janeiro por onde

escoava os metais preciosos para a metroacutepole Surgiu assim o ldquoCaminho Novordquo e ao longo

deste caminho surgiram tambeacutem as Sesmarias aacutereas que tinham por principal objetivo

servir de pouso aos transportadores e exploradores e tambeacutem para garantir alimento a

estas pessoas Uma destas ocupaccedilotildees seria o ldquoArraial de Joatildeo Gomesrdquo (Figura 41)

primeiro nuacutecleo primitivo do municiacutepio em 1709 De iniacutecio prevaleciam somente

ranchos onde os viajantes se abrigavam mas em pouco tempo ergueu-se a Capela de Satildeo

Miguel e Almas e pequenos nuacutecleos urbanos comeccedilaram a surgir (DAPPC2008)

17

Figura 3 1 Vista parcial do Arraial de Joatildeo Gomes

Fonte Arquivo Histoacuterico de Santos Dumont-MG

Com a construccedilatildeo da Estrada de Ferro D Pedro II no final do seacuteculo XIX a regiatildeo teve

um consideraacutevel crescimento natildeo soacute populacional como tambeacutem econocircmico se tornando

a Vila Palmyra em 1889 Em 1890 Palmyra eacute elevada ao status de Municiacutepio (Figura 42)

e recebe um grande nuacutemero de melhorias no setor viaacuterio como a retificaccedilatildeo de ruas e

tambeacutem no setor de serviccedilos puacuteblicos como abastecimento de aacutegua iluminaccedilatildeo puacuteblica a

querosene e posteriormente energia eleacutetrica O desenvolvimento econocircmico na regiatildeo

tambeacutem teve seu momento aacuteureo nesse periacuteodo Induacutestrias de laticiacutenios graacuteficas e de

Carbureto de Caacutelcio fizeram parte do parque industrial de Palmyra o que atraiacutea pessoas

de outros lugares inclusive estrangeiros contribuindo para o aumento populacional da

regiatildeo Como ainda natildeo havia legislaccedilatildeo sobre uso e ocupaccedilatildeo do solo nessa eacutepoca

surgiram inuacutemeros loteamentos em aacutereas proacuteximas agrave rios e coacuterregos e tambeacutem em

encostas com declividade acentuada o que foi agravando o risco agrave medida que a ocupaccedilatildeo

aumentava (DAPPC2008)

18

Figura 3 2 Municiacutepio de Palmyra na deacutecada de 1920

Fonte Arquivo Histoacuterico de Santos Dumont-MG

O escoamento da produccedilatildeo industrial se dava pelo modal ferroviaacuterio setor que tambeacutem

movimentava a crescente cidade que era ponto importante no setor de transportes pois

possuiacutea um dos mais bem equipados depoacutesitos de locomotivas da Estrada de Ferro Central

do Brasil (DAPPC2008)

No ano de 1932 o municiacutepio de Palmyra passou a se chamar Santos Dumont (Figura 43)

em homenagem ao inventor do aviatildeo que nascera naquela cidade Nos uacuteltimos 40 anos

Santos Dumont tem experimentado uma acentuada desaceleraccedilatildeo econocircmica

consequecircncia do fechamento da grande maioria das induacutestrias principalmente as de

laticiacutenios que empregavam direta e indiretamente uma parte consideraacutevel da populaccedilatildeo

(DAPPC2008)

19

Figura 3 3 Municiacutepio de Santos Dumont em 2014

Fonte Arquivo do autor

332 Santos Dumont na atualidade

O municiacutepio de Santos Dumont localiza-se na regiatildeo da Zona da Mata mineira distante

cerca de 220 Km da capital Belo Horizonte e possui uma populaccedilatildeo de 47558 habitantes

(ODM 2015 projeccedilatildeo) numa aacuterea total de 637 kmsup2 Faz divisa com os municiacutepios de

Juiz de Fora Oliveira Fortes Bias Fortes Antocircnio Carlos Tabuleiro Piau e Ewbank da

Cacircmara

No que diz respeito agrave sua formaccedilatildeo fisiacuteco-geograacutefica a aacuterea que compreende o municiacutepio

eacute constituiacuteda predominantemente por Cambissolo Haacuteplico (70) com Latossolo

Vermelho-Amarelo (30) (UFV2010) A vegetaccedilatildeo eacute em sua maioria composta por

exemplares de Mata Atlacircntica De acordo com o IBGE(2015) Santos Dumont se localiza

a 839m de altitude O clima da regiatildeo eacute classificado como Tropical de Altitude (Cwb) e

possui uma temperatura meacutedia de 20ordmC Eacute banhado pela bacia hidrograacutefica do Paraiacuteba do

Sul e em sua maioria pertence agrave sub-bacia do Rio Pomba (IGAM) que fornece aacutegua para

abastecimento puacuteblico agrave 88 da populaccedilatildeo por meio da rede de distribuiccedilatildeo

(IBGE2010) Uma pequena parte da zona rural a sudoeste eacute banhada pela Sub-Bacia do

Rio Paraibuna mais precisamente na regiatildeo de fronteira com os municiacutepios de Juiz de

Fora e Ewbank da Cacircmara O sistema viaacuterio principal de acesso agrave cidade eacute a rodovia BR-

040 e a estrada de ferro Dom Pedro II atualmente utilizada somente para transporte de

cargas

Com a economia nos dias atuais baseada majoritariamente no setor de serviccedilos a cidade

possui um Iacutendice de Desenvolvimento humano (IDH) de 0741 (IBGE2010) Apesar do

decliacutenio econocircmico de Santos Dumont nota-se hoje um aumento no nuacutemero de

loteamentos populares e condomiacutenios horizontais e verticais entre outras edificaccedilotildees Eacute

de vital importacircncia que esse crescimento das ocupaccedilotildees seja ordenado e regulamentado

20

de forma a garantir a qualidade ambiental prevenindo deslizamentos e inundaccedilotildees Diante

dessa conjuntura o governo municipal aprovou em 2012 a Lei nordm 4241 que trata do Plano

Diretor Participativo instrumento baacutesico da poliacutetica de desenvolvimento e expansatildeo

urbana do municiacutepio de Santos Dumont

4 METODOLOGIA

41 Aacuterea de estudo

A regiatildeo dentro dos limites do municiacutepio que seraacute estudada neste trabalho eacute conforme

descrito nos anexos Plano Diretor e representada na figura 44 a aacuterea urbana principal

que possui 47 Kmsup2 e compreende a regiatildeo central da cidade e os bairros perifeacutericos regiatildeo

que concentra cerca de 90 da populaccedilatildeo total de Santos Dumont (IBGE 2015) A aacuterea

urbana principal representa 75 da aacuterea total dos 637 Kmsup2 que compreendem o

municiacutepio e eacute o local onde nos uacuteltimos 30 anos se verificou um maior crescimento

populacional e tambeacutem onde ocorre a maioria dos eventos relacionados a deslizamentos

e alagamentos por conta da ocupaccedilatildeo sem planejamento A figura 45 mostra a aacuterea

urbana principal e a localizaccedilatildeo dos bairros urbanos de Santos Dumont

Figura 4 1 Localizaccedilatildeo da aacuterea urbana principal

Fonte Google Earth

21

Figura 4 2 Mapa da aacuterea urbana principal com a localizaccedilatildeo dos bairros

Fonte Do Autor

42 Levantamento e tratamento dos dados

No desenvolvimento deste trabalho foi necessaacuterio se fazer um estudo detalhado sobre o

Plano Diretor de Santos Dumont principalmente dos seus anexos que compreendem os

mapas e a localizaccedilatildeo das aacutereas definidas pelo zoneamento proposto Para que isso fosse

possiacutevel a Secretaria Municipal de Obras e Serviccedilos Puacuteblicos forneceu todos os dados

secundaacuterios produto do estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor e do

zoneamento Estes dados incluem os arquivos Shapefile (shp) e outros documentos

integrantes do Plano Diretor Algumas informaccedilotildees foram complementadas tambeacutem com

dados adquiridos atraveacutes do site do IBGE e do Portal Objetivos do Milecircnio (ODM)

Os dados sobre as ocorrecircncias de deslizamentos e alagamentos foram obtidos atraveacutes da

Defesa Civil do municiacutepio atraveacutes do Sistema Integrado de Informaccedilotildees sobre Desastres

(S2ID) do Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional Tal sistema centraliza as informaccedilotildees sobre

desastres naturais ocorridos em todo o territoacuterio nacional facilitando a pesquisa sobre tais

eventos a qualquer cidadatildeo (BRASIL 2015)

Apesar do sistema ser bastante uacutetil os dados sobre o municiacutepio de Santos Dumont se

encontravam bastante falhos e escassos sendo necessaacuteria complementaccedilatildeo para que a

22

base de dados ficasse consistente Diante disso uma pesquisa atraveacutes dos arquivos do

Jornal Mensagem um jornal semanaacuterio local foi feita entre os anos de 1984 e 2014 e os

dados primaacuterios filtrados em uma planilha do Microsoft Excel para posterior utilizaccedilatildeo

De posse destes dados foi feita a localizaccedilatildeo em campo das coordenadas dos locais

atingidos por deslizamentos e alagamentos no periacuteodo compreendido pela pesquisa com

o auxiacutelio de um aparelho de GPS

A maioria dos arquivos shapefile utilizados para a confecccedilatildeo dos mapas satildeo parte

integrante dos anexos da Lei do Plano diretor do municiacutepio gerados no mecircs de dezembro

de 2011 pelo Instituto Nova Cidade e foram cedidos pela Secretaria Municipal de Obras

e Serviccedilos Puacuteblicos com Datum em UTM SAD 69 Com a finalidade de fornecer um

referenciamento atualizado e de acordo com os mais novos sistemas de coordenadas

utilizados no Brasil os arquivos foram convertidos para o Datum UTM SIRGAS 2000

que diferencia do SAD 69 pelo fato de ser um referencial geocecircntrico ou seja o centro

da Terra eacute o ponto de referecircncia neste sistema enquanto que o primeiro utiliza um

referencial na superfiacutecie da Terra (IBGE2014) Eacute interessante ressaltar tambeacutem que o

SIRGAS 2000 se tornou no ano de 2014 o sistema de coordenadas oficial do Sistema

Geodeacutesico Brasileiro e do Sistema Cartograacutefico Nacional ambos mantidos pelo IBGE A

combinaccedilatildeo dos shapefiles foi feita com o software livre gvSIG e com estas combinaccedilotildees

foram gerados mapas importantes resultados para a execuccedilatildeo deste trabalho A maioria

dos mapas representam a regiatildeo urbana principal de Santos Dumont e foram produzidos

numa escala em torno de 140000 que de acordo com Rocha (2007) eacute uma escala viaacutevel

pois as recomendaacuteveis para trabalhos de anaacutelise ambiental em niacutevel municipal podem ser

entre 150000 e 110000 Alguns mapas cujo detalhamento natildeo eacute necessaacuterio foram

gerados na escala 1100000

Para a geraccedilatildeo dos mapas aleacutem dos arquivos fornecidos pela Secretaria de Obras e

Serviccedilos Puacuteblicos foram utilizados para a geraccedilatildeo do modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE)

e da localizaccedilatildeo dos topos de morro dados gerados pelo sistema de radar Advanced

Spacebone Thermal Emission and Reflection Radiometer (ASTER) que geram as curvas

de niacutevel do terreno com uma resoluccedilatildeo de 30m (NASA2014) O processamento dessas

imagens foi feito pelo software livre gvSIG As imagens geradas pelos sateacutelites

LANDSAT foram adquiridas no site da United States Geological Survey (USGS) e essas

imagens possibilitaram obter um panorama preciso do uso do solo em toda a aacuterea urbana

de Santos Dumont numa resoluccedilatildeo de 15 metros uma vez que foi utilizada a banda

pancromaacutetica do sateacutelite LANDSAT 8 aleacutem da combinaccedilatildeo das bandas 65 e 4

respectivamente que eacute a combinaccedilatildeo recomendada pela mantenedora dos sateacutelites para

anaacutelises deste tipo

23

No que diz respeito a identificaccedilatildeo de APPs em topo de morro a metodologia de Oliveira

amp Fernandes Filho (2013) por utilizar as mesmas bases de dados ateacute entatildeo usadas neste

trabalho foi a mais indicada

A metodologia de anaacutelise dos mapas gerados eacute a proposta pelo professor Jorge Xavier da

Silva do Laboratoacuterio de Geoprocessamento (LAGEOP) da Universidade Federal do Rio

de Janeiro e citada por Rocha (2007) Tal metodologia analisa as variaacuteveis em questatildeo

presentes na aacuterea e permite avaliar as possibilidades de relaccedilotildees entre essas variaacuteveis De

uma maneira geral este meacutetodo verifica o estado atual da aacuterea em estudo bem como das

variaacuteveis gerando inventaacuterios que servem para a construccedilatildeo de dados planimeacutetricos sejam

com as variaacuteveis isoladas ou combinadas Estes dados planimeacutetricos geram assinaturas

que permitem inferir sobre a influecircncia dessas variaacuteveis De posse dos dados gerados pelo

processo anteriormente citado pode-se fazer algumas prospecccedilotildees sobre os riscos

ambientais que a aacuterea pode sofrer ou o seu potencial ambiental (ROCHA 2007)

5 RESULTADOS

51 Levantamento histoacuterico de alagamentos e

deslizamentos

O aumento da demanda pelo uso do solo na regiatildeo urbana de Santos Dumont

principalmente no tocante agrave formaccedilatildeo de novos loteamentos e condomiacutenios nos uacuteltimos

anos eacute consideraacutevel mas tambeacutem haacute de se observar o crescimento dos bairros jaacute existentes

com pouco ou nenhum ordenamento Em ambos os casos se observa ocupaccedilotildees

irregulares em APP o que tem ocasionado um aumento na frequecircncia de deslizamentos

e inundaccedilotildees Eacute evidente que quanto maior a densidade populacional do bairro maior a

quantidade de ocorrecircncias ao longo dos anos (SPERFELD 2009)

De acordo com as ocorrecircncias registradas pela Defesa Civil do municiacutepio obtidas atraveacutes

da literatura utilizada nos uacuteltimos 30 anos Santos Dumont chegou a decretar situaccedilatildeo de

emergecircncia por conta de desastres envolvendo deslizamentos eou alagamentos por duas

vezes num espaccedilo de 10 anos conforme pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho

(BRASIL 2014 CEPED 2011)

Segundo os dados obtidos atraveacutes de pesquisa nos arquivos do semanaacuterio entre os anos

de 1984 e 2014 pode-se verificar que nos uacuteltimos 20 anos a cidade tem experimentado

24

um aumento consideraacutevel nos eventos relacionados a deslizamentos e principalmente

alagamentos como pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho Isso pode ter sido causado

dentre outros fatores pelo aumento do nuacutemero de vias pavimentadas com material

impermeaacutevel o que tem sobrecarregado tanto a infraestrutura existente para drenagem

urbana como tambeacutem a calha dos cursos drsquoaacutegua que passam pela regiatildeo urbana do

municiacutepio (ZANON2013)

Na deacutecada de 1980 (1984-1990) de acordo com os dados obtidos natildeo foram noticiados

eventos consideraacuteveis relacionados a deslizamentos e alagamentos em Santos Dumont

mas isso natildeo exclui a possibilidade de natildeo ter ocorrido tais eventos em menor escala

Na deacutecada de 1990 aconteceram uma seacuterie de ocorrecircncias tanto de deslizamentos quanto

de alagamentos No ano de 1997 num periacuteodo chuvoso intenso aconteceram

deslizamentos consideraacuteveis em vaacuterios bairros da cidade inclusive com desabamento de

casas e de ruas principalmente nos bairros Nossa Senhora da Gloacuteria e Quarto Depoacutesito

Em 1999 ocorreram alguns pontos de alagamento nos bairros Quarto Depoacutesito e Santo

Antocircnio com grandes prejuiacutezos materiais

A deacutecada de 2000 iniciou com o registro de deslizamentos em vaacuterios bairros da cidade

inclusive com desabamento de casas e pontes e alagamentos em importantes vias do

centro da cidade Observa-se ao longo desse periacuteodo o crescimento nas ocorrecircncias de

deslizamentos e de aacutereas com risco de deslizamento em muitos bairros de Santos Dumont

Um dos fatores importantes para esse crescimento foi a grande expansatildeo sofrida pela

maioria dos bairros e a falta de planejamento e orientaccedilatildeo por parte da prefeitura uma

vez que uma boa parte do crescimento dos bairros da cidade ocorreu ou proacuteximo a cursos

drsquoaacutegua ou em aacutereas com declividade improacutepria para se fazer construccedilotildees O bairro

Coacuterrego do Ouro (Figura 51) foi o que mais sofreu com ocorrecircncias de deslizamentos

nesse periacuteodo enquanto o bairro Santo Antocircnio foi que teve mais ocorrecircncias de

alagamentos

25

Figura 5 1 Deslizamento no bairro Coacuterrego do Ouro

Fonte Portal Cabangu

No iniacutecio deacutecada de 2010 (2011-2014) o centro da cidade foi a regiatildeo que mais sofreu

com alagamentos sendo registrado pelo menos uma ocorrecircncia por ano nessa aacuterea (Figura

52) Isso pode ser relacionado dentre outros fatores com as obras de modificaccedilatildeo do

tipo de pavimentaccedilatildeo das estradas por um material impermeaacutevel gerando uma sobrecarga

nos sistemas de drenagem urbana que foram projetados para um tipo de pavimento mais

permeaacutevel implicando tambeacutem na sobrecarga calha do Ribeiratildeo das Posses o principal

curso drsquoaacutegua que corta o centro da cidade e que se encontra em quase sua totalidade

ocupada em ambas as margens que cortam o centro da cidade

26

Figura 5 2 Alagamento na regiatildeo central de Santos Dumont em 2013

Fonte Portal Cabangu

Quanto agraves ocorrecircncias de deslizamento ao longo da referida deacutecada elas estiveram

espalhadas pelos bairros do municiacutepio tendo um maior nuacutemero de ocorrecircncias nos bairros

Santo Antocircnio Nossa Senhora da Gloacuteria e Aacutegua Espraiada Nos dois primeiros bairros

citados as ocorrecircncias podem ter sido ocasionadas pelo crescimento desordenado e sem

planejamento destes e no terceiro as ocorrecircncias satildeo relacionadas ao processo de

assoreamento do Ribeiratildeo das Posses o que pode ter gerado um aumento da velocidade

desse curso drsquoaacutegua causando problemas decorrentes do transporte de sedimentos da aacuterea

onde as casas foram construiacutedas que teve como consequecircncia os deslizamentos

Em resumo como pode ser observado nas figuras 53 e 54 na tabela 51 no periacuteodo de

1984 a 2014 os bairros mais afetados por alagamentos e deslizamentos satildeo Quarto

Depoacutesito Nossa Senhora da Gloacuteria Santo Antocircnio Coacuterrego do Ouro Antocircnio Afonso

Graminha e Vila Esperanccedila sendo que o bairro Coacuterrego do Ouro possui o maior nuacutemero

de ocorrecircncias de deslizamentos e o centro da cidade possui o maior nuacutemero de

ocorrecircncias de alagamentos no periacuteodo pesquisado Vale destacar que a aacuterea propiacutecia a

alagamentos no bairro Antocircnio Afonso natildeo identificada no estudo realizado pela

prefeitura constitui-se efetivamente numa aacuterea de risco conforme levantamento histoacuterico

realizado Esta aacuterea de risco se deve agrave diferenccedila de niacutevel negativa entre o rio Pinho e a

aacuterea do bairro estando este em desniacutevel com um risco iminente de inundaccedilotildees resultantes

da cheia desse curso drsquoaacutegua causando inuacutemeros transtornos aos moradores do local

27

Figura 5 3 Pontos de Alagamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico

Fonte Do autor

Figura 5 4 Pontos de deslizamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico

Fonte Do autor

28

Tabela 51 Ocorrecircncias de alagamentos e deslizamentos obtidos atraveacutes do

levantamento histoacuterico

Pontos de ocorrecircncia (1984-2014)

Bairros Alagamento Deslizamento

Aacutegua Espraiada 1 1

Antocircnio Afonso 1 0

Barra 0 1

Centro 7 1

Coacuterrego do Ouro 1 7

Flores 0 1

Graminha 1 0

Jardim Jaraguaacute 0 1

N Sra da Gloacuteria 0 4

N Sra das Graccedilas 1 0

Quarto Depoacutesito 3 2

Santo Antocircnio 4 2

Satildeo Sebastiatildeo 0 1

Vila Esperanccedila 0 1

Fonte Do autor

De acordo com o estudo realizado na elaboraccedilatildeo do Plano Diretor pela prefeitura

municipal observa-se que os bairros que possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a

deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do Ouro e Vila Esperanccedila enquanto que os que

possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a alagamento satildeo o Centro da cidade e os

bairros Satildeo Sebastiatildeo Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio por estarem agraves margens do

Ribeiratildeo das Posses um curso drsquoaacutegua que sofre com inundaccedilotildees perioacutedicas devido ao

severo assoreamento em algumas regiotildees e tambeacutem devido ao acuacutemulo de lixo descartado

pelos moradores do entorno irregularmente De acordo com o estudo realizado quando da

elaboraccedilatildeo do Plano Diretor do municiacutepio foram feitos estudos sobre as aacutereas propensas

a deslizamentos e alagamentos na regiatildeo urbana principal Tais aacutereas satildeo as destacadas

nas Figuras 55 e 56 No levantamento histoacuterico realizado pode-se identificar que os

bairros que possuem mais aacutereas propensas a deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do

Ouro Nossa Senhora da Gloacuteria Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio enquanto que os bairros

mais propensos a alagamentos satildeo os bairros Centro Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio

como observado na tabela 51

29

Figura 5 5 Aacutereas propensas a deslizamento de acordo com o Plano Diretor de

Santos Dumont

Fonte Google Earth e Lei 42412012

Figura 5 6 Aacutereas propensas a alagamento de acordo com o Plano Diretor de

Santos Dumont

Fonte Google Earth e Lei 42412012

30

Comparando-se os mapas obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico com o mapa gerado

pelo estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor nota-se que haacute semelhanccedilas em

algumas aacutereas mas ao se levar em conta o produto gerado pela pesquisa histoacuterica o

estudo necessitaria ser complementado haja vista que ele natildeo compreende por exemplo

o ponto de alagamento no bairro Antocircnio Afonso citado anteriormente e alguns pontos de

deslizamento importantes uma vez que satildeo regiotildees onde haacute ocupaccedilatildeo Esse fato evidencia

a necessidade de se buscar vaacuterias fontes primaacuterias e secundaacuterias para se detectar aacutereas de

risco em um municiacutepio incluindo arquivos da imprensa local afim de se produzir uma

base de dados consistente e com o menor nuacutemero de falhas possiacutevel (CEPED 2014) Com

a uniatildeo dos dois estudos foram gerados os mapas apresentados nas Figuras 57 e 58

Aleacutem do mais observando as figuras 57 e 58 pode-se notar que uma boa parte tanto dos

casos de alagamento quanto de deslizamento estatildeo na faixa de APP de curso hiacutedrico o

que ilustra a importacircncia da preservaccedilatildeo destas aacutereas

Figura 5 7 Aacutereas propensas a alagamento do estudo do Plano Diretor

complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento

Fonte Do Autor

31

Figura 5 8 Aacutereas propensas a deslizamento do estudo do Plano Diretor

complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento

Fonte Do Autor

Atraveacutes da combinaccedilatildeo entre estes dois levantamentos procurou-se alimentar a base de

dados e garantir uma consistecircncia maior desta no que diz respeito a aacutereas de deslizamento

e alagamento podendo inclusive se identificar a suscetibilidade de uma determinada

regiatildeo da cidade a um ou outro evento (CEPED2014)

512 O Plano diretor e as APPs

Nos uacuteltimos anos o Brasil experimentou um forte fenocircmeno de migraccedilatildeo do campo para

as aacutereas urbanas De acordo com o IBGE no periacuteodo de 1940 a 2000 houve um aumento

de cerca de 60 do nuacutemero de pessoas que vivem em cidades (SILVA JR 2006) O

processo de planejamento e ordenamento do uso do solo nessas aacutereas deveria ter

acompanhado esse crescimento ao longo dos anos a fim de garantir a qualidade de vida e

a seguranccedila dos migrantes ao se instalarem nas cidades o que natildeo ocorreu e o que se

observa atualmente satildeo ocupaccedilotildees em aacutereas improacuteprias para moradia sem a infraestrutura

baacutesica necessaacuteria e com risco iminente de deslizamentos eou inundaccedilotildees

O Plano Diretor do municiacutepio de Santos Dumont em seu capiacutetulo IV que versa sobre o

uso e ocupaccedilatildeo do solo explicita regras para o ordenamento do territoacuterio que compreende

o municiacutepio com base nos diferentes usos do solo de acordo com sua compatibilidade o

32

que acabou por resultar num zoneamento de todo o municiacutepio em macrozonas conforme

citado na seccedilatildeo 3231 de acordo com os usos atuais e futuros do solo Aleacutem de dividir

estas macrozonas em urbanas e rurais tambeacutem avaliou e classificou estas aacutereas com base

numa seacuterie de fatores ambientais geoloacutegicos culturais e sociais de forma a se fazer um

zoneamento coerente com os atuais usos do solo e seu potencial de uso futuro Apresenta-

se na Figura 59 este zoneamento na aacuterea urbana principal de Santos Dumont

Figura 5 9 Zoneamento urbano da aacuterea urbana principal

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Lei 42412012

Tomando como referecircncia o Novo Coacutedigo Florestal brasileiro em especial os paracircmetros

estabelecidos para a definiccedilatildeo de APP e utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento

atraveacutes do software Vista SAGA relacionou-se as APPs existentes na aacuterea em estudo com

as regiotildees propiacutecias a alagamentos e deslizamentos de acordo com o estudo feito quando

da elaboraccedilatildeo do Plano Diretor afim de se identificar qual ou quais aacutereas possuem estes

problemas e se estatildeo relacionados com o uso do solo irregular em APP

Ao se aplicar a metodologia proposta por Oliveira amp Fernandes Filho (2013) natildeo foram

identificadas dentro da aacuterea de estudo APPs de topos de morro sendo este tipo de APP

descartada portanto das anaacutelises subsequentes deste trabalho Foram consideradas as

APP de curso hiacutedrico (rios e nascentes) e de declividade visando relacionaacute-las as aacutereas

de risco identificadas pela Prefeitura afim de se verificar as possiacuteveis causas da ocorrecircncia

33

destas aacutereas na regiatildeo urbana do municiacutepio Por meio de combinaccedilotildees entre dois mapas

temaacuteticos utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento foi possiacutevel obter as

assinaturas ou seja tabelas que caracterizam quantitativamente a aacuterea afetada por cada

aspecto visto que a simples visualizaccedilatildeo do mapa gerado pelo geoprocessamento muitas

vezes eacute prejudicada por serem aacutereas de pequenas dimensotildees ou por qualquer outra

limitaccedilatildeo do software Ressalta-se que para a elaboraccedilatildeo do Plano Municipal de Reduccedilatildeo

de riscos a identificaccedilatildeo e detalhamento topograacutefico destas aacutereas eacute fundamental para o

desenvolvimento do referido Plano conforme seraacute abordado detalhadamente na seccedilatildeo

52

De posse do mapa que representa o zoneamento urbano de Santos Dumont primeiramente

procurou-se mensurar qualitativa e quantitativamente a presenccedila de APPs tanto de

declividade quanto de cursos hiacutedricos Essa identificaccedilatildeo eacute importante pois este

zoneamento eacute um dos instrumentos de planejamento municipal (BRASIL 2001) Saboya

(2007) aponta que os principais objetivos de um zoneamento satildeo o controle da expansatildeo

urbana e proteccedilatildeo de aacutereas inadequadas a ocupaccedilatildeo aleacutem de reduzir os conflitos inerentes

aos diferentes usos do solo Com o uso da ferramenta ldquoCombinarrdquo do Vista SAGA foram

feitas combinaccedilotildees entre o mapa de hidrografia com buffer de 30m para rios e coacuterregos e

de 50m para nascentes com o mapa do zoneamento para se verificar a importacircncia das

APPs de curso hiacutedrico em toda a aacuterea urbana principal do municiacutepio Tambeacutem foram

combinados o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) obtido atraveacutes do gvSIG com o mapa

de zoneamento afim de se verificar quantitativamente as APPs de declividade e onde se

localizam Vale ressaltar que as declividades entre 30 e 47 estatildeo presentes nesta

combinaccedilatildeo pois de acordo com o Plano Diretor de Santos Dumont terrenos com esta

faixa de declividade para fins de parcelamento devem possuir estudo teacutecnico que ateste

a viabilidade de se promover algum empreendimento imobiliaacuterio neste (SANTOS

DUMONT 2012) Como a legislaccedilatildeo municipal prevecirc estudo somente para a faixa de

declividade descrita anteriormente para fins de anaacutelise neste trabalho consideramos um

valor mais conservador para APP compreendendo a faixa de 47 a 100 aleacutem da

prevista pela legislaccedilatildeo federal (gt100) para que natildeo houvessem lacunas importantes na

geraccedilatildeo do produto

Apresenta-se na Figura 510 aacutereas com declividades consideradas de risco e consideradas

APP e em qual zona de planejamento elas estatildeo inseridas De um modo geral ao se

observar a Tabela 52 nota-se que a aacuterea que compreende declividades de risco e APP eacute

uma pequena parcela da aacuterea urbana principal representando 061 desta aacuterea Ao se

levar em conta somente a localizaccedilatildeo pode-se verificar que cerca de 84 das aacutereas com

declividade de risco e a totalidade das APPs de declividade estatildeo localizadas na ZAC1

zona que compreende a maior parte do municiacutepio e apesar de possuir infraestrutura baacutesica

para a ocupaccedilatildeo esta eacute restrita Sendo assim o fator declividade deve ser visto com cautela

nesta aacuterea para se evitar transtornos advindos de edificaccedilotildees nestas aacutereas

34

Figura 5 10 Combinaccedilatildeo entre as declividades importantes incluindo as APPs e o

zoneamento urbano

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Do autor

Tabela 52 Assinaturas da combinaccedilatildeo Declividade x Zoneamento

Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea

Natildeo APP 457972 9939

Declividade 30-47 em ZAC1 2368 051

Declividade 30-47 em ZE 284 006

Declividade 30-47 em ZAC2 128 003

Declividade 30-47 em ZPA 004 0001

APP Declividade em ZAC1 048 001

Total 460804 100

Fonte Do autor

Apresenta-se na Figura 511 as APPs de curso hiacutedrico (nascentes e rios) e em qual zona

de planejamento estatildeo localizadas Assim como a declividade a maior parte das APPs de

curso hiacutedrico estatildeo localizadas em ZAC1 representando 383 da aacuterea urbana em estudo

e 51 do total das APPs de curso hiacutedrico Esta questatildeo tambeacutem deve ser vista com

bastante criteacuterio pelos gestores locais uma vez que a ocupaccedilatildeo em faixas proacuteximas de

rios e coacuterregos podem causar uma gama de problemas ambientais e sociais na regiatildeo

(SANTANA2011) Tal cuidado tambeacutem deve ser tomado nas APPs compreendidas na

35

ZAC2 que compreende 001 da Aacuterea urbana principal e 14 do total das APPs de curso

hiacutedrico pois a infraestrutura baacutesica e acessibilidade presente nesta zona eacute precaacuteria e a

ocupaccedilatildeo as margens de cursos hiacutedricos pode gerar problemas seacuterios caso ocorra uma

expansatildeo nestas aacutereas

Figura 511 Combinaccedilatildeo entre APP de curso hiacutedrico e as zonas de planejamento

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Do autor

Outro ponto importante eacute a presenccedila da Zona de Proteccedilatildeo Ambiental (ZPA) no entorno

uma consideraacutevel parte dos cursos hiacutedricos Nesta zona estatildeo presentes 28 das APPs de

curso hiacutedrico e esta zona de acordo com o Plano Diretor deve ser restaurada ou

preservada por suas caracteriacutesticas geoloacutegicas topograacuteficas e bioloacutegicas

Afim de se verificar os usos do solo na regiatildeo em estudo foram utilizadas combinaccedilotildees

de imagens advindas do sateacutelite Landsat 8 nas bandas descritas no capiacutetulo 4 aleacutem da

banda pancromaacutetica O resultado eacute apresentado na figura 512 que mostra os principais

usos do solo na aacuterea urbana principal de Santos Dumont

36

Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x Zoneamento

Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea

Hidrografia 11168 239

Aacuterea Urbana Natildeo APP 421004 9008

APP Curso hiacutedrico em ZAC1 179 383

APP Curso hiacutedrico em ZPA 9776 209

APP Curso hiacutedrico em ZE 184 004

APP Curso hiacutedrico em ZA 1192 026

APP Curso hiacutedrico em ZAC2 5124 110

APP Curso hiacutedrico em ZPPH 248 005

APP Curso hiacutedrico em ZEIS 568 012

APP Curso hiacutedrico em ZCA 228 005

Total 467392 10000

Fonte Do autor

Figura 5 12 Mapa de usos do solo da aacuterea urbana principal de Santos Dumont

Fonte Do autor

Como jaacute era previsto a maior parte da aacuterea urbana se encontra ocupada e eacute nesta regiatildeo

ocupada que se observa a maior concentraccedilatildeo de problemas de deslizamentos e

alagamentos (Figuras 513 e 514) A grande ocupaccedilatildeo em aacutereas consideradas APP de

curso hiacutedrico de acordo com os mapas gerados pode ser a principal causa do aumento a

cada ano dos casos de alagamento principalmente na regiatildeo central da cidade Outro ponto

que se deve atentar eacute a existecircncia de uma consideraacutevel aacuterea de pastagem pouco vegetada

que caso estejam em aacutereas elevadas pode contribuir para deslizamentos e agraves margens de

37

rios e coacuterregos para o assoreamento destes corpos hiacutedricos o que pode causar

alagamentos (INAacuteCIO etal 2007)

Diante destes resultados pode-se ver que a cidade de Santos Dumont necessita alternativas

efetiva no que diz respeito agrave contenccedilatildeo de deslizamentos e a reduccedilatildeo de risco de

alagamento pois as aacutereas em que ocorrem tais eventos satildeo distintas e facilmente definidas

devido agrave repeticcedilatildeo destes nos uacuteltimos anos Um plano de accedilatildeo integrado entre as diferentes

secretarias municipais (Obras Meio Ambiente Assistecircncia Social entre outras) e a

Coordenadoria Municipal de Defesa Civil deve ser realizado afim de se tomar medidas

natildeo mais preventivas mas sim preditivas para que se possa conter o avanccedilo destes

problemas na aacuterea urbana principal bem como em toda a aacuterea do municiacutepio

Figura 5 13 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na aacuterea urbana

principal

Fonte Do autor

38

Figura 5 14 Aacutereas sujeitas a alagamento e os principais usos do solo na aacuterea

urbana principal

Fonte Do autor

Ao se associar os dados do estudo do Plano Diretor com os dados do levantamento

histoacuterico realizado com o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) pode-se notar que as aacutereas

propiacutecias a deslizamento estatildeo em regiotildees as quais haacute uma fronteira de declividades ou

seja eacute evidente que os deslizamentos ocorrem em encostas um pouco mais iacutengremes mas

natildeo necessariamente nas encostas de 30-47 as quais exigem estudo teacutecnico conforme o

plano diretor preconiza Quanto aos alagamentos nota-se que eles se localizam nas aacutereas

com menor ou nenhuma declividade podendo ser estas aacutereas talvez componentes da

planiacutecie de inundaccedilatildeo dos rios Estes resultados podem ser vistos nas figuras 515 e 516

a seguir

39

Figura5 15 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a deslizamentos na

regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

Fonte Lei 42412012 e Autor

Figura5 26 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a alagamentos na

regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

Fonte Lei 42412012 e Autor

40

52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis

O processo de ocupaccedilatildeo no municiacutepio de Santos Dumont comeccedilou muito antes de

qualquer legislaccedilatildeo relacionada a ordenamento urbano e de proteccedilatildeo do meio ambiente

fosse implementado no Brasil Esse fato aliado a poliacuteticas e fiscalizaccedilotildees falhas

contribuiacuteram para a ocupaccedilatildeo e expansatildeo da aacuterea urbana ao longo do Ribeiratildeo das Posses

e seus afluentes o que tem gerado o aumento da degradaccedilatildeo destes corpos hiacutedricos ao

longo de todos estes anos Observa-se tambeacutem que nas uacuteltimas deacutecadas ocorreu um

grande nuacutemero de migraccedilotildees do campo para a regiatildeo urbana da cidade fator que

contribuiu para o crescimento do nuacutemero de habitaccedilotildees em aacutereas de risco de deslizamento

e alagamentos por serem na maioria das vezes terrenos menos valorizados e por este

motivo acessiacuteveis a populaccedilatildeo com menor poder aquisitivo (ROSA amp CORTEZ 2008)

Vale ressaltar que esta questatildeo aleacutem de ser ambiental eacute muito mais social pois os

moradores entendem os riscos de se viver nestes locais mas por motivos econocircmicos ou

por questotildees afetivas natildeo abrem matildeo da moradia nessas aacutereas A Constituiccedilatildeo Federal de

1988 promoveu a inter-relaccedilatildeo das questotildees sociais com as questotildees ambientais quando

colocou o meio ambiente como direito coletivo (BRASIL1988 SOUZA2010) Por este

motivo a decisatildeo por medidas draacutesticas que favoreccedilam apenas agrave preservaccedilatildeo do meio

ambiente natildeo eacute recomendada pois aleacutem de ser inconstitucional podem afetar a

sustentabilidade econocircmica do municiacutepio e gerar conflitos sociais consideraacuteveis

(CARLOS 1992 apud SOUZA 2010)

Segundo Bueno (2009) ldquonem tudo o que eacute irregular eacute precaacuteriordquo Esse fato se observa em

Santos Dumont uma vez que em boa parte da regiatildeo central se observa vaacuterias moradias

construiacutedas na faixa de APP de curso hiacutedrico o que natildeo eacute permitido pela legislaccedilatildeo

vigente e eacute um dos fatores que contribui para a ocorrecircncia de alagamentos nesta aacuterea da

cidade Para a resoluccedilatildeo deste problema o que seria mais viaacutevel seria a melhoria da

infraestrutura de drenagem urbana afim de que o escoamento da aacutegua das chuvas natildeo

sobrecarregasse o sistema (BUENO2009) A construccedilatildeo de bacias de contenccedilatildeo de

cheias ao longo do Ribeiratildeo das Posses tambeacutem seria uma alternativa mas para se verificar

a viabilidade necessita-se estudos mais aprofundados do ponto de vista hidroloacutegico

O grande problema a ser solucionado no entanto eacute o que diz respeito agraves aacutereas de risco

de deslizamento majoritariamente nos bairros A melhor alternativa seria o

remanejamento dos moradores para uma aacuterea proacutexima agrave que moram poreacutem longe do

risco Poreacutem esta alternativa de acordo com Rosa Filho amp Cortez (2008) encontra alguns

entraves pois estas pessoas na maioria das vezes natildeo tecircm condiccedilotildees financeiras de irem

para outro lugar ou pagar aluguel ou estatildeo de alguma forma sentimentalmente ligadas

agravequela regiatildeo que se recusam a deixaacute-lo

41

Por parte dos oacutergatildeos competentes no municiacutepio a criaccedilatildeo de um plano para se evitar

acidentes ocasionados por deslizamentos e alagamentos com um mapeamento detalhado

de toda a extensatildeo do municiacutepio eacute extremamente uacutetil Os estudos que seratildeo feitos para a

elaboraccedilatildeo deste plano poderatildeo definir quais as aacutereas satildeo potencialmente de risco para as

ocupaccedilotildees existentes ou para as potenciais ocupaccedilotildees que possam vir a ocorrer atraveacutes do

mapeamento das aacutereas de risco Tal planejamento seraacute auxiliar ao Plano Diretor

Municipal pois definiraacute o real uso do solo de determinada regiatildeo do municiacutepio

contribuindo para a adequaccedilatildeo do uso e ocupaccedilatildeo do solo afim de evitar ou reduzir o

nuacutemero de problemas relacionados a alagamentos e principalmente deslizamentos no

periacutemetro urbano (TOMINAGA 2009) A partir deste plano os gestores locais poderatildeo

tomar a melhor decisatildeo para a prevenccedilatildeo ou reduccedilatildeo dos riscos inerentes a tais problemas

Na seccedilatildeo 521 seraacute hierarquizado de forma preliminar a aacuterea urbana principal de acordo

com os resultados da tabela 51

521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta

O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos (PMRR) foi criado atraveacutes de accedilotildees

regularizadoras do Ministeacuterio das Cidades para ser o instrumento de gestatildeo e

gerenciamento de aacutereas de risco em um municiacutepio Eacute um documento que aleacutem de

estabelecer quais regiotildees satildeo consideradas de risco tambeacutem objetiva a proposta de

medidas estruturais ou natildeo para contenccedilatildeo eou prevenccedilatildeo de cataacutestrofes aleacutem de ser um

meio de captaccedilatildeo de recursos financeiros junto aos Governos Estadual e Federal Estes

recursos poderatildeo ser utilizados para a realizaccedilatildeo de obras que visem a melhoria da

qualidade de vida da populaccedilatildeo do entorno ou de recuperaccedilatildeo da aacuterea degradada Este

plano eacute realizado de forma participativa com as comunidades das aacutereas de risco e pode

ser realizado em sete fases conforme recomenda o Ministeacuterio das Cidades (ALHEIROS

2006)

O primeiro passo para a realizaccedilatildeo do PMRR eacute definir qual a metodologia seraacute empregada

levando-se em consideraccedilatildeo a realidade atual do municiacutepio e especificar de forma sucinta

um cronograma das atividades Eacute importante nesta fase a participaccedilatildeo tambeacutem dos

responsaacuteveis pelas mais variadas Secretarias Municipais afim de explicitar o tamanho da

importacircncia e o caraacuteter integrador deste plano A segunda fase deste plano objetiva a

criaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo da principal base de dados a ser utilizada nos passos posteriores o

mapeamento de risco em escala detalhe em torno de 13000 (SAtildeO PAULO 2014) A

elaboraccedilatildeo de um mapeamento detalhado propiciaraacute natildeo soacute a identificaccedilatildeo mais faacutecil das

aacutereas de risco como tambeacutem facilitaraacute aos gestores e agrave comunidade decidirem qual a

melhor intervenccedilatildeo para a soluccedilatildeo ou remediaccedilatildeo dos problemas em uma determinada

42

aacuterea hierarquizando o risco e definindo prioridades (SAtildeO PAULO 2014) Na tabela a

seguir apresenta-se alguns tipos de intervenccedilotildees que podem ser feitas em aacutereas de risco

sugeridas pelo Ministeacuterio das cidades (ALHEIROS 2006)

Quadro 5 1 - Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco

Tipo de intervenccedilatildeo Descriccedilatildeo

Serviccedilos de limpeza e Recuperaccedilatildeo

Remoccedilatildeo de entulho lixo etc

corte de aacutervores

remoccedilatildeo de bananeiras

recuperaccedilatildeo eou limpeza de sistemas de

drenagem esgotos e acessos

Limpeza de canais de drenagem

Proteccedilatildeo Vegetal

Proteccedilatildeo superficial vegetal (gramiacuteneas) em

taludes com solo exposto

Proteccedilatildeo vegetal de margens de canais de

drenagem

Barreiras vegetais para massas escorregadas

ou acumuladas pela erosatildeo

Drenagem Superficial e Acessos

Sistema de drenagem superficial (canaletas

raacutepidos caixas de transiccedilatildeo escadas drsquoaacutegua)

Acessos para pedestres (escadarias rampas

etc) integrados ao sistema de drenagem

Revestimento de Taludes Revestimento com materiais artificiais

cimentado cal-jet tela argamassada alvenaria

de tijolos ceracircmicos solo-cimento ensacado

Desmonte de blocos e matacotildees Desmonte de concreccedilotildees de grande porte

blocos rochosos e matacotildees

Obras de drenagem de subsuperfiacutecie Sistema de drenagem de subsuperfiacutecie

(trincheiras drenantes DHP poccedilos de

rebaixamento)

Estruturas de contenccedilatildeo (localizadas)

Muros de contenccedilatildeo de pequeno porte (solo-

cimento ensacado alvenaria de pedra-rachatildeo

concreto armado)

Estruturas de contenccedilatildeo localizadas

(chumbadores tirantes microestacas)

Contenccedilatildeo e proteccedilatildeo de margens de canais (

gabiotildees muros de concreto etc)

Estruturas de contenccedilatildeo (meacutedio e grande porte) Implantaccedilatildeo de estruturas de contenccedilatildeo de

meacutedio e grande porte envolvendo obras de

contenccedilatildeo passivas e ativas (muros de

gravidade cortinas etc)

Terraplanagem Execuccedilatildeo de serviccedilos de terraplanagem

combinados a obras de drenagem superficial e

proteccedilatildeo vegetal desvio e canalizaccedilatildeo de

coacuterregos

Remoccedilatildeo de moradias Remoccedilotildees definitivas para implantaccedilatildeo de

obras ou devido agrave localizaccedilatildeo improacutepria da

edificaccedilatildeo (Priorizar as relocaccedilotildees dentro da

proacutepria aacuterea em local seguro)

Fonte ALHEIROS 2006

43

Escolhidas as formas de intervenccedilatildeo para cada aacuterea eacute necessaacuterio realizar uma estimativa

dos custos afim de preparar o orccedilamento da prefeitura para a realizaccedilatildeo das obras e se

seraacute necessaacuterio a captaccedilatildeo de recursos externos para a execuccedilatildeo destas Feitas as

estimativas de custo o proacuteximo passo eacute definir as prioridades e para esta fase eacute tambeacutem

uacutetil o mapeamento feito nas etapas anteriores pois seraacute necessaacuterio hierarquizar tais

intervenccedilotildees nas aacutereas de risco O Ministeacuterio das Cidades (2007) sugere alguns criteacuterios

que podem ser avaliados pelo gestor dentre eles pode-se citar

Grau de risco

Populaccedilatildeo beneficiada

Custo da intervenccedilatildeo

Dimensatildeo da aacuterea a ser tratada

Demandas anteriores da populaccedilatildeo

Tempo de ocupaccedilatildeo

Viabilidade teacutecnica da intervenccedilatildeo

Viabilidade financeira

Inclusatildeo da aacuterea em outros projetos

A partir desta hierarquizaccedilatildeo inicia-se a identificaccedilatildeo de provaacuteveis fontes de captaccedilatildeo de

recursos para a execuccedilatildeo das intervenccedilotildees Estes recursos podem advir de programas dos

governos Federal e Estadual ou por meio de editais para captaccedilatildeo de recursos financeiros

tanto do setor puacuteblico como da iniciativa privada e podem ser tambeacutem associados agrave outras

Secretarias Municipais como a de Turismo ou Meio Ambiente e natildeo soacute as destinadas agrave

Defesa Civil (ALHEIROS 2006)

Eacute previsto tambeacutem no PMRR uma avaliaccedilatildeo da Defesa Civil municipal e como ela estaacute

estruturada fazendo inclusive sugestotildees para que sua atuaccedilatildeo esteja em consonacircncia com

a realidade das comunidades e da Administraccedilatildeo Puacuteblica do municiacutepio de forma a garantir

sua sustentabilidade e conquistar a credibilidade da populaccedilatildeo no que diz respeito a

prevenccedilatildeo de cataacutestrofes Para que a resposta a uma determinada situaccedilatildeo de risco seja

raacutepida eacute necessaacuterio a descentralizaccedilatildeo da Defesa Civil criando pequenos nuacutecleos

comunitaacuterios com a finalidade de se monitorar a aacuterea constantemente e promover as

intervenccedilotildees necessaacuterias em tempo haacutebil o que aumenta em muito a credibilidade da

populaccedilatildeo no PMRR e no trabalho desempenhado pela Defesa Civil no municiacutepio Apoacutes

esta etapa o PMRR passaraacute por audiecircncias puacuteblicas e posteriormente poderaacute ser aprovado

como Lei Municipal pelo Legislativo local (ALHEIROS 2006)

Com a realizaccedilatildeo deste plano o municiacutepio estaraacute munido de informaccedilotildees suficientes para

realizar accedilotildees efetivas de gestatildeo e gerenciamento de riscos bem como aliado a

levantamentos sociais realizar programas habitacionais que beneficiem prioritariamente

44

aos moradores das aacutereas de risco Aleacutem disso com o PMRR o municiacutepio poderaacute melhorar

a qualidade ambiental da populaccedilatildeo captando recursos para a recuperaccedilatildeo das aacutereas de

APP que foram degradadas pelas ocupaccedilotildees irregulares beneficiando todos os moradores

do municiacutepio com o aumento da qualidade de vida na cidade

A partir do disposto nesta seccedilatildeo acerca do Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos e de

uma maneira preliminar (levando-se em conta apenas o nuacutemero de registros de

alagamentos e deslizamentos na aacuterea urbana principal de Santos Dumont no periacuteodo de

1984 a 2014) identificou-se trecircs regiotildees distintas na aacuterea urbana do municiacutepio com

tempo de recorrecircncia desses eventos similares caracterizando trecircs prioridades de

intervenccedilatildeo em contenccedilatildeo de risco como pode ser visto nas figuras 515 e 516 Vale

ressaltar que eacute necessaacuterio um estudo mais detalhado inclusive com visitas teacutecnicas a

campo para que se confirme a real situaccedilatildeo destas e a real prioridade para investimentos

Figura 5 17 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de deslizamentos

Fonte Do Autor

45

Figura 5 18 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de alagamentos

Fonte Do Autor

46

6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees

A seguir apresenta-se as conclusotildees e as recomendaccedilotildees feitas a partir dos objetivos

especiacuteficos explicitados no iniacutecio deste trabalho

Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a

aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes

urbanos

A partir da revisatildeo da legislaccedilatildeo pertinente em acircmbito federal estadual e

municipal constatou-se que o Plano Diretor de Santos Dumont natildeo conflita com a

legislaccedilatildeo federal e estadual sobre Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente A legislaccedilatildeo

municipal foi entendida como mais conservadora que as federal e estadual uma

vez que considera implicitamente que declividades entre 47 e 100 satildeo

enquadradas como APPs aleacutem da faixa superior a 100

Parte consideraacutevel das ocupaccedilotildees em APP principalmente na regiatildeo do bairro

Santo Antocircnio (onde surgiu os primeiros nuacutecleos que deram origem ao municiacutepio)

e o centro da cidade ocorreram antes de que fosse elaborado qualquer legislaccedilatildeo

que versasse sobre o tema Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente bastando ao gestor

local tomar medidas de contenccedilatildeo de riscos que minimizem os impactos causados

por essas ocupaccedilotildees nessa regiatildeo

O ordenamento adequado do uso do solo no municiacutepio eacute necessaacuterio para que o

crescimento dos loteamentos criados anteriormente agrave esta Lei e o surgimento de

novos natildeo avance para Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente o que pode causar

inuacutemeros problemas aos moradores e agravar os jaacute existentes

Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las

com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)

As aacutereas onde houveram a maior quantidade de registros de deslizamentos satildeo os

bairros mais populosos de Santos Dumont podendo se estabelecer uma relaccedilatildeo

que quanto mais populoso o bairro maior a quantidade de problemas relacionados

a deslizamentos Tambeacutem pode-se notar uma relaccedilatildeo com as fronteiras das faixas

de declividades e os deslizamentos uma vez que boa parte deles aconteceram

nestas faixas

As aacutereas onde houve um grande nuacutemero de registros de alagamentos satildeo os bairros

que se desenvolveram agraves margens do Ribeiratildeo das Posses em especial na aacuterea que

47

compreende as APPs de curso hiacutedrico e em aacutereas onde a declividade eacute baixa Esse

fato aliado ao crescimento do nuacutemero de vias pavimentadas com material

impermeaacutevel e a natildeo expansatildeo e ou redimensionamento da rede de drenagem

urbana contribuiacuteram para a ocorrecircncia cada vez mais constante de alagamentos

nessas aacutereas

Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos

catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30

anos

A partir do levantamento histoacuterico realizado e da base de dados georeferenciada

gerada observou-se o aumento do nuacutemero de registros de deslizamentos e

alagamentos nos uacuteltimos 10 anos quando as ocorrecircncias comeccedilaram a se repetir

numa mesma aacuterea com frequecircncia incrementada as vezes com mais de uma

ocorrecircncia anual

Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do

solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental

Destaca-se a adequaccedilatildeo dos criteacuterios gerais estabelecidos pelo Plano Diretor de

Santos Dumont relativos a legislaccedilatildeo federal e estadual Entretanto o referido

Plano Diretor natildeo contempla todo o territoacuterio municipal sendo assim ele natildeo

cumpre o objetivo de proteger as APPs preservadas e recuperar as que foram

degradadas em todo o territoacuterio municipal Ressalta-se tambeacutem a sua natildeo

conformidade com o Estatuto das Cidades uma vez que o Plano Diretor

contempla apenas os novos loteamentos

Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais

negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea

impactada

Recomenda-se a implantaccedilatildeo no municiacutepio de uma Coordenadoria Municipal de

Defesa Civil atuante e integrada agraves Secretarias Municipais e agrave comunidade

visando uma atuaccedilatildeo eficaz nos problemas relacionados a deslizamentos e

alagamentos A elaboraccedilatildeo de um Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos eacute de

suma importacircncia pois atraveacutes dele pode-se predizer as aacutereas que passaratildeo por

problemas caso a expansatildeo aconteccedila ou se inicie uma ocupaccedilatildeo nova aleacutem de

prevenir acidentes nas aacutereas jaacute ocupadas e consideradas de risco

48

7 Anexos

49

71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont

50

51

72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)

52

53

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e solapamento de margens de drenagens do municiacutepio de Campos do Jordatildeo-SP

Relatoacuterio Teacutecnico Campos do Jordatildeo 2014

SILVA JR J R amp PASSOS L A O negoacutecio eacute participar a importacircncia do plano

diretor para o desenvolvimento municipal CNM SEBRAE Brasiacutelia 2006

SKORUPA LA Aacutereas de preservaccedilatildeo permanente e desenvolvimento sustentaacutevel

Embrapa Meio Ambiente Jaguariuacutena-SP 2004 4p

SOUZA F P Ocupaccedilotildees irregulares em APP um estudo de caso no munciacutepio de

Campos de Goytacazes- RJ Boletim do Observatoacuterio Ambiental Alberto Ribeiro Lamego

v4 nordm 1 Campos de Goytacazes 2010

SPERFELD A S Identificaccedilatildeo e anaacutelise de demandas soacutecio ambientais de ordem

puacuteblica em aacutereas urbanas susceptiacuteveis a desastres naturais no municiacutepio de Joinville

SC Dissertaccedilatildeo de Mestrado UFSC Florianoacutepolis 2009

TAKEDA T O Uso e ocupaccedilatildeo do solo urbano Disponiacutevel em

httpwwwjuriswayorgbrv2dhallaspid_dh=12363 Acesso em 02 de junho de 2015

TOMINAGA LK Escorregamentos In TOMINAGA L K et al(org) Desastres

naturais conhecer para prevenir Instituto Geoloacutegico Satildeo Paulo 2009 p 25-38

UFV ndash Universidade Federal de Viccedilosa Mapa de solos do Estado de Minas Gerais

legenda expandida Centro Tecnoloacutegico de Minas Gerais FEAM Belo Horizonte 2010

ZANON F N Uso e ocupaccedilatildeo da terra e vulnerabilidade a alagamento na aacuterea central

da cidade de Satildeo Paulo O caso da subprefeitura da Seacute Trabalho de Graduaccedilatildeo UNESP

Rio Claro 2013

Page 16: O USO DO SOLO URBANO EM ÁREAS DE PRESERVAÇÃO … · social que você tenha na vida, a mais alta ou a mais baixa, tenha sempre como meta muita força, muita determinação e sempre

8

312 Deslizamentos

Segundo Tominaga (2009) deslizamento eacute o movimento de solo em uma vertente pela

accedilatildeo da gravidade e satildeo mais frequentes em regiotildees de relevo montanhoso e em periacuteodos

chuvosos sendo a pluviosidade um dos principais fatores condicionantes para a ocorrecircncia

do processo Os deslizamentos podem ocorrer naturalmente e eacute grande responsaacutevel pela

dinacircmica das vertentes e evoluccedilatildeo do relevo local mas no Brasil a falta de planejamento

urbano de uma boa parte dos municiacutepios a ocupaccedilatildeo desordenada e a construccedilatildeo de

domiciacutelios sem orientaccedilatildeo teacutecnica tecircm transformado um processo natural em um

problema que algumas vezes se tornam grandes trageacutedias Na regiatildeo Sudeste brasileira o

escorregamento do tipo rotacional eacute o mais comum e eacute caracterizado por uma ruptura

curva no solo que estaacute geralmente associada agrave realizaccedilatildeo de cortes na base do talude ou

por processos erosivos fluviais o que relaciona esse tipo de escorregamento agraves regiotildees

urbanas mal planejadas e coloca o homem como o principal agente efetivo associado com

a pluviosidade na ocorrecircncia de acidentes relacionados com deslizamentos

(FERNANDES amp AMARAL 1996 apud TOMINAGA 2009)

313 Alagamentos

De acordo com Amaral amp Ribeiro (2009) inundaccedilotildees e enchentes satildeo processos

intimamente relacionados com a pluviosidade pois satildeo frequentes em periacuteodos de chuvas

fortes e raacutepidas ou chuvas de longa duraccedilatildeo e estatildeo relacionados agrave intensidade e

distribuiccedilatildeo da precipitaccedilatildeo ao longo da bacia agrave capacidade do solo de reter e infiltrar

aacutegua e agraves caracteriacutesticas de forma da bacia de drenagem

O escoamento das aacuteguas pluviais na natureza eacute lento mas em aacutereas urbanizadas a accedilatildeo

antroacutepica relacionada a ocupaccedilatildeo de planiacutecies de inundaccedilatildeo que podem estar inclusive

em uma cota abaixo do leito do rio impermeabilizaccedilatildeo do solo e retificaccedilatildeo de corpos

drsquoaacutegua aleacutem de inuacutemeras atividades que promovem o assoreamento dos rios e coacuterregos

tem gerado resultados catastroacuteficos e grandes prejuiacutezos (AMARAL amp RIBEIRO 2009)

Quando se refere agraves regiotildees urbanas o termo ldquoalagamentordquo eacute o mais utilizado e segundo

o Ministeacuterio das Cidades (2006) define-se como o ldquoacuacutemulo momentacircneo de aacuteguas em

uma dada aacuterea por problemas no sistema de drenagem podendo ter ou natildeo relaccedilatildeo com

processos de natureza fluvialrdquo Tambeacutem o termo ldquoenxurradardquo eacute utilizado e define-se como

o ldquoescoamento superficial concentrado e com alta energia de transporte que pode ou natildeo

estar associado a aacutereas de domiacutenio dos processos fluviais Eacute comum a ocorrecircncia de

enxurradas ao longo de vias implantadas sobre antigos cursos drsquoaacutegua com alto gradiente

hidraacuteulico e em terrenos com alta declividade naturalrdquo

9

314 Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente

O Novo Coacutedigo Florestal Brasileiro define Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP) como

ldquoaacuterea protegida coberta ou natildeo por vegetaccedilatildeo nativa com a funccedilatildeo ambiental de

preservar os recursos hiacutedricos a paisagem a estabilidade geoloacutegica e a biodiversidade

facilitar o fluxo gecircnico de fauna e flora proteger o solo e assegurar o bem-estar das

populaccedilotildees humanasrdquo (BRASIL2012) Estas aacutereas satildeo muito importantes tanto no meio

urbano como no rural por garantir a estabilidade do solo em encostas iacutengremes contribuir

para a natildeo formaccedilatildeo de processos erosivos e o assoreamento de rios e coacuterregos aleacutem de

garantir a recarga de aquiacuteferos ao atuar como um amortecedor de chuvas retendo-a e

impedindo que ocorra um carreamento intenso de sedimentos ao longo dos morros e

margens de rios e coacuterregos (SKORUPA 2004) A Lei 126512012 apresenta os tipos de

APP e seus limites conforme seraacute visto no item 322

315 Uso e ocupaccedilatildeo do solo

Dentre os vaacuterios mecanismos de ordenamento urbano e instrumentos de planejamento

municipal previsto no Estatuto da Cidade (Lei Federal 102572001) o uso e ocupaccedilatildeo

do solo satildeo os mais utilizados pelas cidades para a formulaccedilatildeo das poliacuteticas urbanas

podendo definir o uso como a forma como esta parcela do solo eacute utilizada e a ocupaccedilatildeo

como sendo o modo como as edificaccedilotildees devem ser dispostas nesta mesma parcela do

solo urbano (TAKEDA 2015) O termo ldquoUso e ocupaccedilatildeo do solordquo tambeacutem pode ser

definido como o fator que determina como as mais diferentes regiotildees de um municiacutepio

deve se desenvolver (FONTOURA 2015)

A inserccedilatildeo de leis municipais de uso e ocupaccedilatildeo do solo objetivam ser uma referecircncia

para os gestores locais no processo de tomada de decisatildeo para que as cidades cresccedilam de

modo organizado enfatizando os potenciais e capacidades de cada regiatildeo aleacutem de tornar

o crescimento mais homogecircneo Com isso pretende-se evitar a formaccedilatildeo de grandes

adensamentos em pequenas aacutereas garantindo a mobilidade e a qualidade de vida de todos

os muniacutecipes tanto da regiatildeo urbana como da rural preservar e melhorar a qualidade

ambiental do municiacutepio aleacutem de evitar deslizamentos e alagamentos por conta da

ocupaccedilatildeo incorreta do solo (TAKEDA 2015)

10

32 Legislaccedilatildeo Pertinente

321 As adequaccedilotildees da legislaccedilatildeo ao longo dos anos

A problemaacutetica relacionada agraves APPs em aacutereas urbanas outrora era uma questatildeo complexa

e demandava uma larga discussatildeo do ponto de vista juriacutedico administrativo e teacutecnico Eacute

sabido que a maioria das cidades se formaram proacuteximos aos corpos hiacutedricos regiatildeo que

garantia o abastecimento de aacutegua e alimentos agrave populaccedilatildeo e tambeacutem facilitava o descarte

dos efluentes A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 225 daacute garantia aos

brasileiros de um meio ambiente em equiliacutebrio e concede agrave toda a sociedade o dever de

preservaacute-lo de acordo com os princiacutepios do desenvolvimento sustentaacutevel (BRASIL

1988) Antes desta Constituiccedilatildeo jaacute havia um texto que regulamentava a questatildeo da

preservaccedilatildeo de aacutereas verdes em todo o territoacuterio nacional A Lei Federal nordm 477165 que

trata do Coacutedigo Florestal estabelecia limites e regulamentava as Aacutereas de Preservaccedilatildeo

Permanente De acordo com Arauacutejo (2002) apud De Moraes (2014) essa Lei que fora

revogada e substituiacuteda pela Lei 126512012 era bastante falha no que diz respeito agraves

questotildees de APPS em aacutereas urbanas o que poderia ser um facilitador do natildeo cumprimento

do que foi proposto por aquela legislaccedilatildeo nestas aacutereas Isso se devia ao fato de o Coacutedigo

Florestal de 1965 ter deixado uma duacutevida sobre qual legislaccedilatildeo seguir uma vez que em

seu segundo artigo no paraacutegrafo uacutenico estava disposto que em aacutereas urbanas devia-se

atentar para a legislaccedilatildeo referente ao Plano Diretor e as referentes ao uso do solo na aacuterea

do municiacutepio (BRASIL 1965) Diante dessa conjuntura alguns municiacutepios optavam pela

natildeo aplicaccedilatildeo do Coacutedigo Florestal na regiatildeo urbana mesmo sabendo que a poliacutetica

conservacionista eacute extremamente importante visto o grande nuacutemero de problemas que

podem advir do uso irregular das APPs (DE MORAES 2009) Segundo o artigo 182 da

Constituiccedilatildeo Federal de 1988 as poliacuteticas relacionadas ao desenvolvimento urbano

devem ser elaboradas pelos municiacutepios e objetiva garantir o bem estar dos muniacutecipes e

tambeacutem o desenvolvimento do municiacutepio como um todo atraveacutes do atendimento agraves

exigecircncias do Plano Diretor (BRASIL 1988) O que podia gerar alguma divergecircncia seria

se o Plano Diretor Municipal propusesse uma faixa de APP menor que a prevista pelo

Coacutedigo Florestal Sendo assim essa legislaccedilatildeo perderia sua validade pelo fato de a

legislaccedilatildeo federal ser suplementar ou se seria cumprida devido ao disposto no artigo 182

da Constituiccedilatildeo Segundo De Moraes (2009) natildeo eacute aceitaacutevel que o Plano Diretor

Municipal legitime tal degradaccedilatildeo ambiental uma vez que um dos seus principais

objetivos eacute a proteccedilatildeo do bem estar puacuteblico estando incluiacutedo nesse a proteccedilatildeo do

ambiente natural A delimitaccedilatildeo e especificaccedilatildeo das APPs em Lei eacute necessaacuteria uma vez

que os limites miacutenimos destinados agrave preservaccedilatildeo satildeo importantes pois garantem a

proteccedilatildeo tanto da qualidade quanto da quantidade dos recursos hiacutedricos e evitam a

ocupaccedilatildeo em locais propiacutecios aos deslizamentos e zonas de recarga dos aquiacuteferos

11

subterracircneos assegurando tambeacutem de certa forma a integridade dos seres humanos que

potencialmente ocupariam tais locais (CARVALHO 2013)

Neste trabalho a legislaccedilatildeo tomada como referecircncia eacute a prevista pela Constituiccedilatildeo Federal

de 1988 o Novo Coacutedigo Florestal (Lei 126512012) e o Estatuto das Cidades (Lei

102572001) em acircmbito federal Na esfera estadual a Lei 209222013 versa sobre os

limites para APP em todo o territoacuterio de Minas A Lei Municipal 42412012 trata do

Plano Diretor Municipal da cidade de Santos Dumont onde se encontra as diretrizes para

o uso e ocupaccedilatildeo do solo e o zoneamento da cidade de acordo com as caracteriacutesticas do

solo entre outras

322 O Novo Coacutedigo Florestal e a legislaccedilatildeo mineira

O Novo Coacutedigo Florestal Lei Federal 126512012 substituiu a Lei Federal 47711965

Dentre os vaacuterios artigos que esta lei possui o que apresenta maior importacircncia para o

planejamento e o ordenamento das cidades tanto na aacuterea urbana como na rural eacute o artigo

4ordm em que constam as faixas de APP tanto para curso hiacutedrico como para declividade e

altitude aleacutem dos topos de morro a saber (BRASIL2012)

ldquoArt 4ordm Considera-se Aacuterea de Preservaccedilatildeo

Permanente em zonas rurais ou urbanas para os

efeitos desta Lei

I - as faixas marginais de qualquer curso drsquoaacutegua

natural perene e intermitente excluiacutedos os

efecircmeros desde a borda da calha do leito regular

em largura miacutenima de

a) 30 (trinta) metros para os cursos drsquoaacutegua de

menos de 10 (dez) metros de largura

b) 50 (cinquenta) metros para os cursos drsquoaacutegua

que tenham de 10 (dez) a 50 (cinquenta) metros de

largura

()

IV - as aacutereas no entorno das nascentes e dos olhos

drsquoaacutegua perenes qualquer que seja sua situaccedilatildeo

topograacutefica no raio miacutenimo de 50 (cinquenta)

metros

12

V - as encostas ou partes destas com declividade

superior a 45deg equivalente a 100 (cem por

cento) na linha de maior declive

()

IX - no topo de morros montes montanhas e

serras com altura miacutenima de 100 (cem) metros e

inclinaccedilatildeo meacutedia maior que 25deg as aacutereas

delimitadas a partir da curva de niacutevel

correspondente a 23 (dois terccedilos) da altura

miacutenima da elevaccedilatildeo sempre em relaccedilatildeo agrave base

sendo esta definida pelo plano horizontal

determinado por planiacutecie ou espelho drsquoaacutegua

adjacente ou nos relevos ondulados pela cota do

ponto de sela mais proacuteximo da elevaccedilatildeo

X - as aacutereas em altitude superior a 1800 (mil e

oitocentos) metros qualquer que seja a

vegetaccedilatildeo

()rdquo

A legislaccedilatildeo atual em seu artigo 4ordm evidencia que as faixas e aacutereas determinadas como

APP compreendem tanto as aacutereas rurais quanto urbanas (BRASIL 2012) retirando a

duacutevida anterior e sendo essa a Lei suplementar qualquer faixa de APP mais permissiva

na legislaccedilatildeo estadual e municipal satildeo invaacutelidas o que simplificou de certa forma a

aplicabilidade da Legislaccedilatildeo referente a Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente

No Estado de Minas Gerais a Lei Estadual 20922 de 16 de Outubro de 2013 trata do tema

em acircmbito estadual mas com os mesmos princiacutepios propostos pela Lei Federal sendo os

limites miacutenimos previstos para as APPs os mesmos propostos pelo Novo Coacutedigo

Florestal brasileiro (MINAS GERAIS2013)

ldquo Art 9ordm Para os efeitos desta Lei em zonas rurais

ou urbanas satildeo APPs

I as faixas marginais de cursos drsquoaacutegua naturais

perenes e intermitentes excluiacutedos

os efecircmeros medidas a partir da borda da calha

do leito regular em largura miacutenima de

13

a) 30m (trinta metros) para os cursos drsquoaacutegua de

menos de 10m (dez metros) de largura

b) 50m (cinquenta metros) para os cursos drsquoaacutegua

de 1 0m (dez metros) a 50m (cinquenta metros) de

largura

()

IV as aacutereas no entorno das nascentes e dos olhos

drsquoaacutegua perenes no raio miacutenimo de 50m

(cinquenta metros)

V as encostas ou partes destas com declividade

superior a 45ordm (quarenta e cinco graus)

equivalente a 100 (cem por cento) na linha de

maior declive

()

VII no topo de morros montes montanhas e

serras com altura miacutenima de 100m (cem metros)

e inclinaccedilatildeo meacutedia maior que 25ordm (vinte e cinco

graus) as aacutereas delimitadas a partir da curva de

niacutevel correspondente a 23 (dois terccedilos) da altura

miacutenima da elevaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave base sendo esta

definida pelo plano horizontal determinado por

planiacutecie ou espelho drsquoaacutegua adjacente ou nos

relevos ondulados pela cota do ponto de sela mais

proacuteximo da elevaccedilatildeo

VIII as aacutereas em altitude superior a 1 800m (mil

e oitocentos metros)

()rdquo

323 O Plano Diretor

O Estatuto das Cidades em seu artigo 40 prevecirc o plano diretor como um instrumento

capaz de promover a poliacutetica urbana englobando toda a cidade aleacutem de fornecer padrotildees

e limites para o uso do solo nas mais diversas regiotildees do municiacutepio com vistas a

harmonizar o desenvolvimento urbano com a preservaccedilatildeo do meio ambiente (SILVA JR

2006) Este instrumento eacute obrigatoacuterio para cidades com mais de 20 mil habitantes ou

14

aacutereas que integrem regiotildees metropolitanas ou de interesse turiacutestico O artigo 41 do

Estatuto das cidades tambeacutem prevecirc a obrigatoriedade do Plano Diretor para cidades que

possuem em sua aacuterea empreendimentos que caracterizem grandes impactos ambientais

de influecircncia regional ou nacional e cidades que possuem problemas com deslizamentos

de grande magnitude ou alagamentos repentinos (BRASIL 2001)

O Plano diretor de acordo com o Estatuto das Cidades deve ser aprovado como lei em

acircmbito municipal e revisto a cada dez anos Este documento eacute uacutenico pois cada cidade

possui suas peculiaridades infraestrutura vocaccedilotildees e problemas que por mais que sejam

parecidos entre si satildeo diferenciados pela intensidade e pela regionalizaccedilatildeo Sendo assim

a confecccedilatildeo do Plano Diretor deve conter a participaccedilatildeo de toda a comunidade local de

forma a reduzir as desigualdades sociais os gastos puacuteblicos desnecessaacuterios a degradaccedilatildeo

ambiental e combater os problemas relacionados a urbanizaccedilatildeo de forma conjunta

promovendo um processo de tomada de decisatildeo que garanta a qualidade de vida

preservaccedilatildeo e o desenvolvimento social do municiacutepio como um todo (ROSSBACH amp

CARVALHO 2010)

3231 O Plano Diretor de Santos Dumont

A Lei Municipal nordm 424112 que entrou em vigor no ano de 2014 trata do Plano Diretor

Municipal instrumento previsto no Estatuto das Cidades para garantir aos cidadatildeos um

desenvolvimento urbano organizado justo e sustentavelmente econocircmico (BRASIL

2001) Aleacutem de apontar as diretrizes para a elaboraccedilatildeo da Poliacutetica Municipal dos mais

variados setores o Plano Diretor divide o municiacutepio em macrozonas urbanas e rurais

Estas zonas tecircm por objetivo facilitar a identificaccedilatildeo dos setores que permitem ou natildeo o

desenvolvimento da cidade e em que magnitude pode ser feita a expansatildeo respeitando ao

meio ambiente e tambeacutem o que eacute previsto no tocante ao uso e ocupaccedilatildeo do solo nessas

aacutereas Aleacutem disso ela estabelece a forma como devem ser as edificaccedilotildees nas referidas

aacutereas As aacutereas definidas como macrozonas urbanas e foram subdivididas em (SANTOS

DUMONT2012)

ldquoZona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e

da Paisagem (ZPPH) satildeo as aacutereas cujos

equipamentos urbanos possuem interesse

histoacuterico ou paisagiacutestico de preservaccedilatildeo

Zona de Preservaccedilatildeo Ambiental satildeo aquelas em

que devem ser mantidas ou recuperadas a

15

vegetaccedilatildeo por conta da declividade altitude ou

presenccedila de recursos hiacutedricos

Zona de Adensamento Controlado (ZAC) satildeo as

aacutereas em que deve-se manter uma pequena

densidade populacional devido as limitaccedilotildees na

infraestrutura da localidade A ZAC se divide em

ZAC 1 quando a infraestrutura existente eacute

limitada e em ZAC 2 quando esta eacute precaacuteria ou

natildeo existe

Zona de Consolidaccedilatildeo de Adensamento (ZCA)

satildeo as aacutereas em que haacute interesse em ocupar os

lotes vagos haja visto que a regiatildeo possui toda a

infraestrutura para que isto aconteccedila

Zona Adensaacutevel (ZA) satildeo as aacutereas com

condiccedilotildees propiacutecias para ocorrer uma ocupaccedilatildeo

mais densa

Zona Especial de Interesse Social (ZEIS) satildeo as

aacutereas em que o Poder Puacuteblico almeja fazer

alguma forma de ocupaccedilatildeo Eacute dividida em ZEIS 1

e ZEIS 2 A ZEIS 1 satildeo regiotildees jaacute ocupadas mas

de forma irregular cujo interesse puacuteblico eacute

realizar obras e outras atividades para

regularizar as ocupaccedilotildees e urbanizar a aacuterea

enquanto que a ZEIS 2 satildeo aacutereas natildeo utilizadas ou

subutilizadas as quais o poder puacuteblico almeja

realizar algum empreendimento habitacional de

caraacuteter social

Zona de Grandes Equipamentos (ZE) satildeo aacutereas

cujo o interesse eacute a implantaccedilatildeo de

empreendimentos de grande porte ou grandes

equipamentos puacuteblicosrdquo

Esta divisatildeo espacial pode ser melhor vista no Anexo 71

O Plano Diretor natildeo estipula limites para APP mas prevecirc algumas diretrizes como na

Poliacutetica Municipal de Preservaccedilatildeo do Meio Ambiente sobre o uso do solo em

compatibilidade com praacuteticas conservacionistas A Poliacutetica Municipal de Expansatildeo

16

Urbana tem como uma de suas diretrizes fazer cumprir a legislaccedilatildeo vigente no que diz

respeito agraves intervenccedilotildees e investimentos que poderatildeo ser feitos nessas aacutereas Tambeacutem eacute

diretriz da mesma Poliacutetica o controle da ocupaccedilatildeo e do uso do solo em APPs e o auxiacutelio

aos oacutergatildeos estaduais e federais de meio ambiente no tocante agrave fiscalizaccedilatildeo da ocupaccedilatildeo

nestas aacutereas (SANTOS DUMONT 2012) O artigo 38 que trata das diretrizes da Poliacutetica

habitacional de interesse social exclui do processo de regularizaccedilatildeo fundiaacuteria os

assentamentos situados em aacutereas de risco o que na maioria das vezes estatildeo tambeacutem nas

aacutereas que deveriam estar vegetadas e protegidas (SANTOS DUMONT 2012) Na

legislaccedilatildeo referente ao parcelamento do solo eacute previsto que no parcelamento de glebas

com declividade entre 30 e 47 soacute poderaacute ser aprovado mediante projeto e laudo

assinado por um responsaacutevel teacutecnico favoraacutevel agrave construccedilatildeo nesse local (SANTOS

DUMONT 2012) Diante do proposto pelo Plano Diretor de Santos Dumont pode-se

dizer que natildeo haacute conflito com a legislaccedilatildeo federal e estadual em se tratando da

aplicabilidade do Coacutedigo Florestal uma vez que aquele natildeo explicita limites nem

permissivos e tampouco restritivos para faixas e aacutereas de preservaccedilatildeo permanente

33 O Municiacutepio de Santos Dumont

331 De Arraial a cidade

A aacuterea onde se situa hoje o municiacutepio de Santos Dumont teve sua ocupaccedilatildeo iniciada no

seacuteculo XVIII quando a Coroa Portuguesa solicitou ao entatildeo Governador do Rio de

Janeiro Artur de Saacute Menezes que abrisse um caminho que ligasse as Minas dos

Cataguases na regiatildeo de Ouro Preto (receacutem descobertas) ao Rio de Janeiro por onde

escoava os metais preciosos para a metroacutepole Surgiu assim o ldquoCaminho Novordquo e ao longo

deste caminho surgiram tambeacutem as Sesmarias aacutereas que tinham por principal objetivo

servir de pouso aos transportadores e exploradores e tambeacutem para garantir alimento a

estas pessoas Uma destas ocupaccedilotildees seria o ldquoArraial de Joatildeo Gomesrdquo (Figura 41)

primeiro nuacutecleo primitivo do municiacutepio em 1709 De iniacutecio prevaleciam somente

ranchos onde os viajantes se abrigavam mas em pouco tempo ergueu-se a Capela de Satildeo

Miguel e Almas e pequenos nuacutecleos urbanos comeccedilaram a surgir (DAPPC2008)

17

Figura 3 1 Vista parcial do Arraial de Joatildeo Gomes

Fonte Arquivo Histoacuterico de Santos Dumont-MG

Com a construccedilatildeo da Estrada de Ferro D Pedro II no final do seacuteculo XIX a regiatildeo teve

um consideraacutevel crescimento natildeo soacute populacional como tambeacutem econocircmico se tornando

a Vila Palmyra em 1889 Em 1890 Palmyra eacute elevada ao status de Municiacutepio (Figura 42)

e recebe um grande nuacutemero de melhorias no setor viaacuterio como a retificaccedilatildeo de ruas e

tambeacutem no setor de serviccedilos puacuteblicos como abastecimento de aacutegua iluminaccedilatildeo puacuteblica a

querosene e posteriormente energia eleacutetrica O desenvolvimento econocircmico na regiatildeo

tambeacutem teve seu momento aacuteureo nesse periacuteodo Induacutestrias de laticiacutenios graacuteficas e de

Carbureto de Caacutelcio fizeram parte do parque industrial de Palmyra o que atraiacutea pessoas

de outros lugares inclusive estrangeiros contribuindo para o aumento populacional da

regiatildeo Como ainda natildeo havia legislaccedilatildeo sobre uso e ocupaccedilatildeo do solo nessa eacutepoca

surgiram inuacutemeros loteamentos em aacutereas proacuteximas agrave rios e coacuterregos e tambeacutem em

encostas com declividade acentuada o que foi agravando o risco agrave medida que a ocupaccedilatildeo

aumentava (DAPPC2008)

18

Figura 3 2 Municiacutepio de Palmyra na deacutecada de 1920

Fonte Arquivo Histoacuterico de Santos Dumont-MG

O escoamento da produccedilatildeo industrial se dava pelo modal ferroviaacuterio setor que tambeacutem

movimentava a crescente cidade que era ponto importante no setor de transportes pois

possuiacutea um dos mais bem equipados depoacutesitos de locomotivas da Estrada de Ferro Central

do Brasil (DAPPC2008)

No ano de 1932 o municiacutepio de Palmyra passou a se chamar Santos Dumont (Figura 43)

em homenagem ao inventor do aviatildeo que nascera naquela cidade Nos uacuteltimos 40 anos

Santos Dumont tem experimentado uma acentuada desaceleraccedilatildeo econocircmica

consequecircncia do fechamento da grande maioria das induacutestrias principalmente as de

laticiacutenios que empregavam direta e indiretamente uma parte consideraacutevel da populaccedilatildeo

(DAPPC2008)

19

Figura 3 3 Municiacutepio de Santos Dumont em 2014

Fonte Arquivo do autor

332 Santos Dumont na atualidade

O municiacutepio de Santos Dumont localiza-se na regiatildeo da Zona da Mata mineira distante

cerca de 220 Km da capital Belo Horizonte e possui uma populaccedilatildeo de 47558 habitantes

(ODM 2015 projeccedilatildeo) numa aacuterea total de 637 kmsup2 Faz divisa com os municiacutepios de

Juiz de Fora Oliveira Fortes Bias Fortes Antocircnio Carlos Tabuleiro Piau e Ewbank da

Cacircmara

No que diz respeito agrave sua formaccedilatildeo fisiacuteco-geograacutefica a aacuterea que compreende o municiacutepio

eacute constituiacuteda predominantemente por Cambissolo Haacuteplico (70) com Latossolo

Vermelho-Amarelo (30) (UFV2010) A vegetaccedilatildeo eacute em sua maioria composta por

exemplares de Mata Atlacircntica De acordo com o IBGE(2015) Santos Dumont se localiza

a 839m de altitude O clima da regiatildeo eacute classificado como Tropical de Altitude (Cwb) e

possui uma temperatura meacutedia de 20ordmC Eacute banhado pela bacia hidrograacutefica do Paraiacuteba do

Sul e em sua maioria pertence agrave sub-bacia do Rio Pomba (IGAM) que fornece aacutegua para

abastecimento puacuteblico agrave 88 da populaccedilatildeo por meio da rede de distribuiccedilatildeo

(IBGE2010) Uma pequena parte da zona rural a sudoeste eacute banhada pela Sub-Bacia do

Rio Paraibuna mais precisamente na regiatildeo de fronteira com os municiacutepios de Juiz de

Fora e Ewbank da Cacircmara O sistema viaacuterio principal de acesso agrave cidade eacute a rodovia BR-

040 e a estrada de ferro Dom Pedro II atualmente utilizada somente para transporte de

cargas

Com a economia nos dias atuais baseada majoritariamente no setor de serviccedilos a cidade

possui um Iacutendice de Desenvolvimento humano (IDH) de 0741 (IBGE2010) Apesar do

decliacutenio econocircmico de Santos Dumont nota-se hoje um aumento no nuacutemero de

loteamentos populares e condomiacutenios horizontais e verticais entre outras edificaccedilotildees Eacute

de vital importacircncia que esse crescimento das ocupaccedilotildees seja ordenado e regulamentado

20

de forma a garantir a qualidade ambiental prevenindo deslizamentos e inundaccedilotildees Diante

dessa conjuntura o governo municipal aprovou em 2012 a Lei nordm 4241 que trata do Plano

Diretor Participativo instrumento baacutesico da poliacutetica de desenvolvimento e expansatildeo

urbana do municiacutepio de Santos Dumont

4 METODOLOGIA

41 Aacuterea de estudo

A regiatildeo dentro dos limites do municiacutepio que seraacute estudada neste trabalho eacute conforme

descrito nos anexos Plano Diretor e representada na figura 44 a aacuterea urbana principal

que possui 47 Kmsup2 e compreende a regiatildeo central da cidade e os bairros perifeacutericos regiatildeo

que concentra cerca de 90 da populaccedilatildeo total de Santos Dumont (IBGE 2015) A aacuterea

urbana principal representa 75 da aacuterea total dos 637 Kmsup2 que compreendem o

municiacutepio e eacute o local onde nos uacuteltimos 30 anos se verificou um maior crescimento

populacional e tambeacutem onde ocorre a maioria dos eventos relacionados a deslizamentos

e alagamentos por conta da ocupaccedilatildeo sem planejamento A figura 45 mostra a aacuterea

urbana principal e a localizaccedilatildeo dos bairros urbanos de Santos Dumont

Figura 4 1 Localizaccedilatildeo da aacuterea urbana principal

Fonte Google Earth

21

Figura 4 2 Mapa da aacuterea urbana principal com a localizaccedilatildeo dos bairros

Fonte Do Autor

42 Levantamento e tratamento dos dados

No desenvolvimento deste trabalho foi necessaacuterio se fazer um estudo detalhado sobre o

Plano Diretor de Santos Dumont principalmente dos seus anexos que compreendem os

mapas e a localizaccedilatildeo das aacutereas definidas pelo zoneamento proposto Para que isso fosse

possiacutevel a Secretaria Municipal de Obras e Serviccedilos Puacuteblicos forneceu todos os dados

secundaacuterios produto do estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor e do

zoneamento Estes dados incluem os arquivos Shapefile (shp) e outros documentos

integrantes do Plano Diretor Algumas informaccedilotildees foram complementadas tambeacutem com

dados adquiridos atraveacutes do site do IBGE e do Portal Objetivos do Milecircnio (ODM)

Os dados sobre as ocorrecircncias de deslizamentos e alagamentos foram obtidos atraveacutes da

Defesa Civil do municiacutepio atraveacutes do Sistema Integrado de Informaccedilotildees sobre Desastres

(S2ID) do Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional Tal sistema centraliza as informaccedilotildees sobre

desastres naturais ocorridos em todo o territoacuterio nacional facilitando a pesquisa sobre tais

eventos a qualquer cidadatildeo (BRASIL 2015)

Apesar do sistema ser bastante uacutetil os dados sobre o municiacutepio de Santos Dumont se

encontravam bastante falhos e escassos sendo necessaacuteria complementaccedilatildeo para que a

22

base de dados ficasse consistente Diante disso uma pesquisa atraveacutes dos arquivos do

Jornal Mensagem um jornal semanaacuterio local foi feita entre os anos de 1984 e 2014 e os

dados primaacuterios filtrados em uma planilha do Microsoft Excel para posterior utilizaccedilatildeo

De posse destes dados foi feita a localizaccedilatildeo em campo das coordenadas dos locais

atingidos por deslizamentos e alagamentos no periacuteodo compreendido pela pesquisa com

o auxiacutelio de um aparelho de GPS

A maioria dos arquivos shapefile utilizados para a confecccedilatildeo dos mapas satildeo parte

integrante dos anexos da Lei do Plano diretor do municiacutepio gerados no mecircs de dezembro

de 2011 pelo Instituto Nova Cidade e foram cedidos pela Secretaria Municipal de Obras

e Serviccedilos Puacuteblicos com Datum em UTM SAD 69 Com a finalidade de fornecer um

referenciamento atualizado e de acordo com os mais novos sistemas de coordenadas

utilizados no Brasil os arquivos foram convertidos para o Datum UTM SIRGAS 2000

que diferencia do SAD 69 pelo fato de ser um referencial geocecircntrico ou seja o centro

da Terra eacute o ponto de referecircncia neste sistema enquanto que o primeiro utiliza um

referencial na superfiacutecie da Terra (IBGE2014) Eacute interessante ressaltar tambeacutem que o

SIRGAS 2000 se tornou no ano de 2014 o sistema de coordenadas oficial do Sistema

Geodeacutesico Brasileiro e do Sistema Cartograacutefico Nacional ambos mantidos pelo IBGE A

combinaccedilatildeo dos shapefiles foi feita com o software livre gvSIG e com estas combinaccedilotildees

foram gerados mapas importantes resultados para a execuccedilatildeo deste trabalho A maioria

dos mapas representam a regiatildeo urbana principal de Santos Dumont e foram produzidos

numa escala em torno de 140000 que de acordo com Rocha (2007) eacute uma escala viaacutevel

pois as recomendaacuteveis para trabalhos de anaacutelise ambiental em niacutevel municipal podem ser

entre 150000 e 110000 Alguns mapas cujo detalhamento natildeo eacute necessaacuterio foram

gerados na escala 1100000

Para a geraccedilatildeo dos mapas aleacutem dos arquivos fornecidos pela Secretaria de Obras e

Serviccedilos Puacuteblicos foram utilizados para a geraccedilatildeo do modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE)

e da localizaccedilatildeo dos topos de morro dados gerados pelo sistema de radar Advanced

Spacebone Thermal Emission and Reflection Radiometer (ASTER) que geram as curvas

de niacutevel do terreno com uma resoluccedilatildeo de 30m (NASA2014) O processamento dessas

imagens foi feito pelo software livre gvSIG As imagens geradas pelos sateacutelites

LANDSAT foram adquiridas no site da United States Geological Survey (USGS) e essas

imagens possibilitaram obter um panorama preciso do uso do solo em toda a aacuterea urbana

de Santos Dumont numa resoluccedilatildeo de 15 metros uma vez que foi utilizada a banda

pancromaacutetica do sateacutelite LANDSAT 8 aleacutem da combinaccedilatildeo das bandas 65 e 4

respectivamente que eacute a combinaccedilatildeo recomendada pela mantenedora dos sateacutelites para

anaacutelises deste tipo

23

No que diz respeito a identificaccedilatildeo de APPs em topo de morro a metodologia de Oliveira

amp Fernandes Filho (2013) por utilizar as mesmas bases de dados ateacute entatildeo usadas neste

trabalho foi a mais indicada

A metodologia de anaacutelise dos mapas gerados eacute a proposta pelo professor Jorge Xavier da

Silva do Laboratoacuterio de Geoprocessamento (LAGEOP) da Universidade Federal do Rio

de Janeiro e citada por Rocha (2007) Tal metodologia analisa as variaacuteveis em questatildeo

presentes na aacuterea e permite avaliar as possibilidades de relaccedilotildees entre essas variaacuteveis De

uma maneira geral este meacutetodo verifica o estado atual da aacuterea em estudo bem como das

variaacuteveis gerando inventaacuterios que servem para a construccedilatildeo de dados planimeacutetricos sejam

com as variaacuteveis isoladas ou combinadas Estes dados planimeacutetricos geram assinaturas

que permitem inferir sobre a influecircncia dessas variaacuteveis De posse dos dados gerados pelo

processo anteriormente citado pode-se fazer algumas prospecccedilotildees sobre os riscos

ambientais que a aacuterea pode sofrer ou o seu potencial ambiental (ROCHA 2007)

5 RESULTADOS

51 Levantamento histoacuterico de alagamentos e

deslizamentos

O aumento da demanda pelo uso do solo na regiatildeo urbana de Santos Dumont

principalmente no tocante agrave formaccedilatildeo de novos loteamentos e condomiacutenios nos uacuteltimos

anos eacute consideraacutevel mas tambeacutem haacute de se observar o crescimento dos bairros jaacute existentes

com pouco ou nenhum ordenamento Em ambos os casos se observa ocupaccedilotildees

irregulares em APP o que tem ocasionado um aumento na frequecircncia de deslizamentos

e inundaccedilotildees Eacute evidente que quanto maior a densidade populacional do bairro maior a

quantidade de ocorrecircncias ao longo dos anos (SPERFELD 2009)

De acordo com as ocorrecircncias registradas pela Defesa Civil do municiacutepio obtidas atraveacutes

da literatura utilizada nos uacuteltimos 30 anos Santos Dumont chegou a decretar situaccedilatildeo de

emergecircncia por conta de desastres envolvendo deslizamentos eou alagamentos por duas

vezes num espaccedilo de 10 anos conforme pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho

(BRASIL 2014 CEPED 2011)

Segundo os dados obtidos atraveacutes de pesquisa nos arquivos do semanaacuterio entre os anos

de 1984 e 2014 pode-se verificar que nos uacuteltimos 20 anos a cidade tem experimentado

24

um aumento consideraacutevel nos eventos relacionados a deslizamentos e principalmente

alagamentos como pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho Isso pode ter sido causado

dentre outros fatores pelo aumento do nuacutemero de vias pavimentadas com material

impermeaacutevel o que tem sobrecarregado tanto a infraestrutura existente para drenagem

urbana como tambeacutem a calha dos cursos drsquoaacutegua que passam pela regiatildeo urbana do

municiacutepio (ZANON2013)

Na deacutecada de 1980 (1984-1990) de acordo com os dados obtidos natildeo foram noticiados

eventos consideraacuteveis relacionados a deslizamentos e alagamentos em Santos Dumont

mas isso natildeo exclui a possibilidade de natildeo ter ocorrido tais eventos em menor escala

Na deacutecada de 1990 aconteceram uma seacuterie de ocorrecircncias tanto de deslizamentos quanto

de alagamentos No ano de 1997 num periacuteodo chuvoso intenso aconteceram

deslizamentos consideraacuteveis em vaacuterios bairros da cidade inclusive com desabamento de

casas e de ruas principalmente nos bairros Nossa Senhora da Gloacuteria e Quarto Depoacutesito

Em 1999 ocorreram alguns pontos de alagamento nos bairros Quarto Depoacutesito e Santo

Antocircnio com grandes prejuiacutezos materiais

A deacutecada de 2000 iniciou com o registro de deslizamentos em vaacuterios bairros da cidade

inclusive com desabamento de casas e pontes e alagamentos em importantes vias do

centro da cidade Observa-se ao longo desse periacuteodo o crescimento nas ocorrecircncias de

deslizamentos e de aacutereas com risco de deslizamento em muitos bairros de Santos Dumont

Um dos fatores importantes para esse crescimento foi a grande expansatildeo sofrida pela

maioria dos bairros e a falta de planejamento e orientaccedilatildeo por parte da prefeitura uma

vez que uma boa parte do crescimento dos bairros da cidade ocorreu ou proacuteximo a cursos

drsquoaacutegua ou em aacutereas com declividade improacutepria para se fazer construccedilotildees O bairro

Coacuterrego do Ouro (Figura 51) foi o que mais sofreu com ocorrecircncias de deslizamentos

nesse periacuteodo enquanto o bairro Santo Antocircnio foi que teve mais ocorrecircncias de

alagamentos

25

Figura 5 1 Deslizamento no bairro Coacuterrego do Ouro

Fonte Portal Cabangu

No iniacutecio deacutecada de 2010 (2011-2014) o centro da cidade foi a regiatildeo que mais sofreu

com alagamentos sendo registrado pelo menos uma ocorrecircncia por ano nessa aacuterea (Figura

52) Isso pode ser relacionado dentre outros fatores com as obras de modificaccedilatildeo do

tipo de pavimentaccedilatildeo das estradas por um material impermeaacutevel gerando uma sobrecarga

nos sistemas de drenagem urbana que foram projetados para um tipo de pavimento mais

permeaacutevel implicando tambeacutem na sobrecarga calha do Ribeiratildeo das Posses o principal

curso drsquoaacutegua que corta o centro da cidade e que se encontra em quase sua totalidade

ocupada em ambas as margens que cortam o centro da cidade

26

Figura 5 2 Alagamento na regiatildeo central de Santos Dumont em 2013

Fonte Portal Cabangu

Quanto agraves ocorrecircncias de deslizamento ao longo da referida deacutecada elas estiveram

espalhadas pelos bairros do municiacutepio tendo um maior nuacutemero de ocorrecircncias nos bairros

Santo Antocircnio Nossa Senhora da Gloacuteria e Aacutegua Espraiada Nos dois primeiros bairros

citados as ocorrecircncias podem ter sido ocasionadas pelo crescimento desordenado e sem

planejamento destes e no terceiro as ocorrecircncias satildeo relacionadas ao processo de

assoreamento do Ribeiratildeo das Posses o que pode ter gerado um aumento da velocidade

desse curso drsquoaacutegua causando problemas decorrentes do transporte de sedimentos da aacuterea

onde as casas foram construiacutedas que teve como consequecircncia os deslizamentos

Em resumo como pode ser observado nas figuras 53 e 54 na tabela 51 no periacuteodo de

1984 a 2014 os bairros mais afetados por alagamentos e deslizamentos satildeo Quarto

Depoacutesito Nossa Senhora da Gloacuteria Santo Antocircnio Coacuterrego do Ouro Antocircnio Afonso

Graminha e Vila Esperanccedila sendo que o bairro Coacuterrego do Ouro possui o maior nuacutemero

de ocorrecircncias de deslizamentos e o centro da cidade possui o maior nuacutemero de

ocorrecircncias de alagamentos no periacuteodo pesquisado Vale destacar que a aacuterea propiacutecia a

alagamentos no bairro Antocircnio Afonso natildeo identificada no estudo realizado pela

prefeitura constitui-se efetivamente numa aacuterea de risco conforme levantamento histoacuterico

realizado Esta aacuterea de risco se deve agrave diferenccedila de niacutevel negativa entre o rio Pinho e a

aacuterea do bairro estando este em desniacutevel com um risco iminente de inundaccedilotildees resultantes

da cheia desse curso drsquoaacutegua causando inuacutemeros transtornos aos moradores do local

27

Figura 5 3 Pontos de Alagamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico

Fonte Do autor

Figura 5 4 Pontos de deslizamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico

Fonte Do autor

28

Tabela 51 Ocorrecircncias de alagamentos e deslizamentos obtidos atraveacutes do

levantamento histoacuterico

Pontos de ocorrecircncia (1984-2014)

Bairros Alagamento Deslizamento

Aacutegua Espraiada 1 1

Antocircnio Afonso 1 0

Barra 0 1

Centro 7 1

Coacuterrego do Ouro 1 7

Flores 0 1

Graminha 1 0

Jardim Jaraguaacute 0 1

N Sra da Gloacuteria 0 4

N Sra das Graccedilas 1 0

Quarto Depoacutesito 3 2

Santo Antocircnio 4 2

Satildeo Sebastiatildeo 0 1

Vila Esperanccedila 0 1

Fonte Do autor

De acordo com o estudo realizado na elaboraccedilatildeo do Plano Diretor pela prefeitura

municipal observa-se que os bairros que possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a

deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do Ouro e Vila Esperanccedila enquanto que os que

possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a alagamento satildeo o Centro da cidade e os

bairros Satildeo Sebastiatildeo Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio por estarem agraves margens do

Ribeiratildeo das Posses um curso drsquoaacutegua que sofre com inundaccedilotildees perioacutedicas devido ao

severo assoreamento em algumas regiotildees e tambeacutem devido ao acuacutemulo de lixo descartado

pelos moradores do entorno irregularmente De acordo com o estudo realizado quando da

elaboraccedilatildeo do Plano Diretor do municiacutepio foram feitos estudos sobre as aacutereas propensas

a deslizamentos e alagamentos na regiatildeo urbana principal Tais aacutereas satildeo as destacadas

nas Figuras 55 e 56 No levantamento histoacuterico realizado pode-se identificar que os

bairros que possuem mais aacutereas propensas a deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do

Ouro Nossa Senhora da Gloacuteria Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio enquanto que os bairros

mais propensos a alagamentos satildeo os bairros Centro Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio

como observado na tabela 51

29

Figura 5 5 Aacutereas propensas a deslizamento de acordo com o Plano Diretor de

Santos Dumont

Fonte Google Earth e Lei 42412012

Figura 5 6 Aacutereas propensas a alagamento de acordo com o Plano Diretor de

Santos Dumont

Fonte Google Earth e Lei 42412012

30

Comparando-se os mapas obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico com o mapa gerado

pelo estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor nota-se que haacute semelhanccedilas em

algumas aacutereas mas ao se levar em conta o produto gerado pela pesquisa histoacuterica o

estudo necessitaria ser complementado haja vista que ele natildeo compreende por exemplo

o ponto de alagamento no bairro Antocircnio Afonso citado anteriormente e alguns pontos de

deslizamento importantes uma vez que satildeo regiotildees onde haacute ocupaccedilatildeo Esse fato evidencia

a necessidade de se buscar vaacuterias fontes primaacuterias e secundaacuterias para se detectar aacutereas de

risco em um municiacutepio incluindo arquivos da imprensa local afim de se produzir uma

base de dados consistente e com o menor nuacutemero de falhas possiacutevel (CEPED 2014) Com

a uniatildeo dos dois estudos foram gerados os mapas apresentados nas Figuras 57 e 58

Aleacutem do mais observando as figuras 57 e 58 pode-se notar que uma boa parte tanto dos

casos de alagamento quanto de deslizamento estatildeo na faixa de APP de curso hiacutedrico o

que ilustra a importacircncia da preservaccedilatildeo destas aacutereas

Figura 5 7 Aacutereas propensas a alagamento do estudo do Plano Diretor

complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento

Fonte Do Autor

31

Figura 5 8 Aacutereas propensas a deslizamento do estudo do Plano Diretor

complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento

Fonte Do Autor

Atraveacutes da combinaccedilatildeo entre estes dois levantamentos procurou-se alimentar a base de

dados e garantir uma consistecircncia maior desta no que diz respeito a aacutereas de deslizamento

e alagamento podendo inclusive se identificar a suscetibilidade de uma determinada

regiatildeo da cidade a um ou outro evento (CEPED2014)

512 O Plano diretor e as APPs

Nos uacuteltimos anos o Brasil experimentou um forte fenocircmeno de migraccedilatildeo do campo para

as aacutereas urbanas De acordo com o IBGE no periacuteodo de 1940 a 2000 houve um aumento

de cerca de 60 do nuacutemero de pessoas que vivem em cidades (SILVA JR 2006) O

processo de planejamento e ordenamento do uso do solo nessas aacutereas deveria ter

acompanhado esse crescimento ao longo dos anos a fim de garantir a qualidade de vida e

a seguranccedila dos migrantes ao se instalarem nas cidades o que natildeo ocorreu e o que se

observa atualmente satildeo ocupaccedilotildees em aacutereas improacuteprias para moradia sem a infraestrutura

baacutesica necessaacuteria e com risco iminente de deslizamentos eou inundaccedilotildees

O Plano Diretor do municiacutepio de Santos Dumont em seu capiacutetulo IV que versa sobre o

uso e ocupaccedilatildeo do solo explicita regras para o ordenamento do territoacuterio que compreende

o municiacutepio com base nos diferentes usos do solo de acordo com sua compatibilidade o

32

que acabou por resultar num zoneamento de todo o municiacutepio em macrozonas conforme

citado na seccedilatildeo 3231 de acordo com os usos atuais e futuros do solo Aleacutem de dividir

estas macrozonas em urbanas e rurais tambeacutem avaliou e classificou estas aacutereas com base

numa seacuterie de fatores ambientais geoloacutegicos culturais e sociais de forma a se fazer um

zoneamento coerente com os atuais usos do solo e seu potencial de uso futuro Apresenta-

se na Figura 59 este zoneamento na aacuterea urbana principal de Santos Dumont

Figura 5 9 Zoneamento urbano da aacuterea urbana principal

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Lei 42412012

Tomando como referecircncia o Novo Coacutedigo Florestal brasileiro em especial os paracircmetros

estabelecidos para a definiccedilatildeo de APP e utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento

atraveacutes do software Vista SAGA relacionou-se as APPs existentes na aacuterea em estudo com

as regiotildees propiacutecias a alagamentos e deslizamentos de acordo com o estudo feito quando

da elaboraccedilatildeo do Plano Diretor afim de se identificar qual ou quais aacutereas possuem estes

problemas e se estatildeo relacionados com o uso do solo irregular em APP

Ao se aplicar a metodologia proposta por Oliveira amp Fernandes Filho (2013) natildeo foram

identificadas dentro da aacuterea de estudo APPs de topos de morro sendo este tipo de APP

descartada portanto das anaacutelises subsequentes deste trabalho Foram consideradas as

APP de curso hiacutedrico (rios e nascentes) e de declividade visando relacionaacute-las as aacutereas

de risco identificadas pela Prefeitura afim de se verificar as possiacuteveis causas da ocorrecircncia

33

destas aacutereas na regiatildeo urbana do municiacutepio Por meio de combinaccedilotildees entre dois mapas

temaacuteticos utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento foi possiacutevel obter as

assinaturas ou seja tabelas que caracterizam quantitativamente a aacuterea afetada por cada

aspecto visto que a simples visualizaccedilatildeo do mapa gerado pelo geoprocessamento muitas

vezes eacute prejudicada por serem aacutereas de pequenas dimensotildees ou por qualquer outra

limitaccedilatildeo do software Ressalta-se que para a elaboraccedilatildeo do Plano Municipal de Reduccedilatildeo

de riscos a identificaccedilatildeo e detalhamento topograacutefico destas aacutereas eacute fundamental para o

desenvolvimento do referido Plano conforme seraacute abordado detalhadamente na seccedilatildeo

52

De posse do mapa que representa o zoneamento urbano de Santos Dumont primeiramente

procurou-se mensurar qualitativa e quantitativamente a presenccedila de APPs tanto de

declividade quanto de cursos hiacutedricos Essa identificaccedilatildeo eacute importante pois este

zoneamento eacute um dos instrumentos de planejamento municipal (BRASIL 2001) Saboya

(2007) aponta que os principais objetivos de um zoneamento satildeo o controle da expansatildeo

urbana e proteccedilatildeo de aacutereas inadequadas a ocupaccedilatildeo aleacutem de reduzir os conflitos inerentes

aos diferentes usos do solo Com o uso da ferramenta ldquoCombinarrdquo do Vista SAGA foram

feitas combinaccedilotildees entre o mapa de hidrografia com buffer de 30m para rios e coacuterregos e

de 50m para nascentes com o mapa do zoneamento para se verificar a importacircncia das

APPs de curso hiacutedrico em toda a aacuterea urbana principal do municiacutepio Tambeacutem foram

combinados o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) obtido atraveacutes do gvSIG com o mapa

de zoneamento afim de se verificar quantitativamente as APPs de declividade e onde se

localizam Vale ressaltar que as declividades entre 30 e 47 estatildeo presentes nesta

combinaccedilatildeo pois de acordo com o Plano Diretor de Santos Dumont terrenos com esta

faixa de declividade para fins de parcelamento devem possuir estudo teacutecnico que ateste

a viabilidade de se promover algum empreendimento imobiliaacuterio neste (SANTOS

DUMONT 2012) Como a legislaccedilatildeo municipal prevecirc estudo somente para a faixa de

declividade descrita anteriormente para fins de anaacutelise neste trabalho consideramos um

valor mais conservador para APP compreendendo a faixa de 47 a 100 aleacutem da

prevista pela legislaccedilatildeo federal (gt100) para que natildeo houvessem lacunas importantes na

geraccedilatildeo do produto

Apresenta-se na Figura 510 aacutereas com declividades consideradas de risco e consideradas

APP e em qual zona de planejamento elas estatildeo inseridas De um modo geral ao se

observar a Tabela 52 nota-se que a aacuterea que compreende declividades de risco e APP eacute

uma pequena parcela da aacuterea urbana principal representando 061 desta aacuterea Ao se

levar em conta somente a localizaccedilatildeo pode-se verificar que cerca de 84 das aacutereas com

declividade de risco e a totalidade das APPs de declividade estatildeo localizadas na ZAC1

zona que compreende a maior parte do municiacutepio e apesar de possuir infraestrutura baacutesica

para a ocupaccedilatildeo esta eacute restrita Sendo assim o fator declividade deve ser visto com cautela

nesta aacuterea para se evitar transtornos advindos de edificaccedilotildees nestas aacutereas

34

Figura 5 10 Combinaccedilatildeo entre as declividades importantes incluindo as APPs e o

zoneamento urbano

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Do autor

Tabela 52 Assinaturas da combinaccedilatildeo Declividade x Zoneamento

Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea

Natildeo APP 457972 9939

Declividade 30-47 em ZAC1 2368 051

Declividade 30-47 em ZE 284 006

Declividade 30-47 em ZAC2 128 003

Declividade 30-47 em ZPA 004 0001

APP Declividade em ZAC1 048 001

Total 460804 100

Fonte Do autor

Apresenta-se na Figura 511 as APPs de curso hiacutedrico (nascentes e rios) e em qual zona

de planejamento estatildeo localizadas Assim como a declividade a maior parte das APPs de

curso hiacutedrico estatildeo localizadas em ZAC1 representando 383 da aacuterea urbana em estudo

e 51 do total das APPs de curso hiacutedrico Esta questatildeo tambeacutem deve ser vista com

bastante criteacuterio pelos gestores locais uma vez que a ocupaccedilatildeo em faixas proacuteximas de

rios e coacuterregos podem causar uma gama de problemas ambientais e sociais na regiatildeo

(SANTANA2011) Tal cuidado tambeacutem deve ser tomado nas APPs compreendidas na

35

ZAC2 que compreende 001 da Aacuterea urbana principal e 14 do total das APPs de curso

hiacutedrico pois a infraestrutura baacutesica e acessibilidade presente nesta zona eacute precaacuteria e a

ocupaccedilatildeo as margens de cursos hiacutedricos pode gerar problemas seacuterios caso ocorra uma

expansatildeo nestas aacutereas

Figura 511 Combinaccedilatildeo entre APP de curso hiacutedrico e as zonas de planejamento

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Do autor

Outro ponto importante eacute a presenccedila da Zona de Proteccedilatildeo Ambiental (ZPA) no entorno

uma consideraacutevel parte dos cursos hiacutedricos Nesta zona estatildeo presentes 28 das APPs de

curso hiacutedrico e esta zona de acordo com o Plano Diretor deve ser restaurada ou

preservada por suas caracteriacutesticas geoloacutegicas topograacuteficas e bioloacutegicas

Afim de se verificar os usos do solo na regiatildeo em estudo foram utilizadas combinaccedilotildees

de imagens advindas do sateacutelite Landsat 8 nas bandas descritas no capiacutetulo 4 aleacutem da

banda pancromaacutetica O resultado eacute apresentado na figura 512 que mostra os principais

usos do solo na aacuterea urbana principal de Santos Dumont

36

Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x Zoneamento

Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea

Hidrografia 11168 239

Aacuterea Urbana Natildeo APP 421004 9008

APP Curso hiacutedrico em ZAC1 179 383

APP Curso hiacutedrico em ZPA 9776 209

APP Curso hiacutedrico em ZE 184 004

APP Curso hiacutedrico em ZA 1192 026

APP Curso hiacutedrico em ZAC2 5124 110

APP Curso hiacutedrico em ZPPH 248 005

APP Curso hiacutedrico em ZEIS 568 012

APP Curso hiacutedrico em ZCA 228 005

Total 467392 10000

Fonte Do autor

Figura 5 12 Mapa de usos do solo da aacuterea urbana principal de Santos Dumont

Fonte Do autor

Como jaacute era previsto a maior parte da aacuterea urbana se encontra ocupada e eacute nesta regiatildeo

ocupada que se observa a maior concentraccedilatildeo de problemas de deslizamentos e

alagamentos (Figuras 513 e 514) A grande ocupaccedilatildeo em aacutereas consideradas APP de

curso hiacutedrico de acordo com os mapas gerados pode ser a principal causa do aumento a

cada ano dos casos de alagamento principalmente na regiatildeo central da cidade Outro ponto

que se deve atentar eacute a existecircncia de uma consideraacutevel aacuterea de pastagem pouco vegetada

que caso estejam em aacutereas elevadas pode contribuir para deslizamentos e agraves margens de

37

rios e coacuterregos para o assoreamento destes corpos hiacutedricos o que pode causar

alagamentos (INAacuteCIO etal 2007)

Diante destes resultados pode-se ver que a cidade de Santos Dumont necessita alternativas

efetiva no que diz respeito agrave contenccedilatildeo de deslizamentos e a reduccedilatildeo de risco de

alagamento pois as aacutereas em que ocorrem tais eventos satildeo distintas e facilmente definidas

devido agrave repeticcedilatildeo destes nos uacuteltimos anos Um plano de accedilatildeo integrado entre as diferentes

secretarias municipais (Obras Meio Ambiente Assistecircncia Social entre outras) e a

Coordenadoria Municipal de Defesa Civil deve ser realizado afim de se tomar medidas

natildeo mais preventivas mas sim preditivas para que se possa conter o avanccedilo destes

problemas na aacuterea urbana principal bem como em toda a aacuterea do municiacutepio

Figura 5 13 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na aacuterea urbana

principal

Fonte Do autor

38

Figura 5 14 Aacutereas sujeitas a alagamento e os principais usos do solo na aacuterea

urbana principal

Fonte Do autor

Ao se associar os dados do estudo do Plano Diretor com os dados do levantamento

histoacuterico realizado com o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) pode-se notar que as aacutereas

propiacutecias a deslizamento estatildeo em regiotildees as quais haacute uma fronteira de declividades ou

seja eacute evidente que os deslizamentos ocorrem em encostas um pouco mais iacutengremes mas

natildeo necessariamente nas encostas de 30-47 as quais exigem estudo teacutecnico conforme o

plano diretor preconiza Quanto aos alagamentos nota-se que eles se localizam nas aacutereas

com menor ou nenhuma declividade podendo ser estas aacutereas talvez componentes da

planiacutecie de inundaccedilatildeo dos rios Estes resultados podem ser vistos nas figuras 515 e 516

a seguir

39

Figura5 15 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a deslizamentos na

regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

Fonte Lei 42412012 e Autor

Figura5 26 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a alagamentos na

regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

Fonte Lei 42412012 e Autor

40

52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis

O processo de ocupaccedilatildeo no municiacutepio de Santos Dumont comeccedilou muito antes de

qualquer legislaccedilatildeo relacionada a ordenamento urbano e de proteccedilatildeo do meio ambiente

fosse implementado no Brasil Esse fato aliado a poliacuteticas e fiscalizaccedilotildees falhas

contribuiacuteram para a ocupaccedilatildeo e expansatildeo da aacuterea urbana ao longo do Ribeiratildeo das Posses

e seus afluentes o que tem gerado o aumento da degradaccedilatildeo destes corpos hiacutedricos ao

longo de todos estes anos Observa-se tambeacutem que nas uacuteltimas deacutecadas ocorreu um

grande nuacutemero de migraccedilotildees do campo para a regiatildeo urbana da cidade fator que

contribuiu para o crescimento do nuacutemero de habitaccedilotildees em aacutereas de risco de deslizamento

e alagamentos por serem na maioria das vezes terrenos menos valorizados e por este

motivo acessiacuteveis a populaccedilatildeo com menor poder aquisitivo (ROSA amp CORTEZ 2008)

Vale ressaltar que esta questatildeo aleacutem de ser ambiental eacute muito mais social pois os

moradores entendem os riscos de se viver nestes locais mas por motivos econocircmicos ou

por questotildees afetivas natildeo abrem matildeo da moradia nessas aacutereas A Constituiccedilatildeo Federal de

1988 promoveu a inter-relaccedilatildeo das questotildees sociais com as questotildees ambientais quando

colocou o meio ambiente como direito coletivo (BRASIL1988 SOUZA2010) Por este

motivo a decisatildeo por medidas draacutesticas que favoreccedilam apenas agrave preservaccedilatildeo do meio

ambiente natildeo eacute recomendada pois aleacutem de ser inconstitucional podem afetar a

sustentabilidade econocircmica do municiacutepio e gerar conflitos sociais consideraacuteveis

(CARLOS 1992 apud SOUZA 2010)

Segundo Bueno (2009) ldquonem tudo o que eacute irregular eacute precaacuteriordquo Esse fato se observa em

Santos Dumont uma vez que em boa parte da regiatildeo central se observa vaacuterias moradias

construiacutedas na faixa de APP de curso hiacutedrico o que natildeo eacute permitido pela legislaccedilatildeo

vigente e eacute um dos fatores que contribui para a ocorrecircncia de alagamentos nesta aacuterea da

cidade Para a resoluccedilatildeo deste problema o que seria mais viaacutevel seria a melhoria da

infraestrutura de drenagem urbana afim de que o escoamento da aacutegua das chuvas natildeo

sobrecarregasse o sistema (BUENO2009) A construccedilatildeo de bacias de contenccedilatildeo de

cheias ao longo do Ribeiratildeo das Posses tambeacutem seria uma alternativa mas para se verificar

a viabilidade necessita-se estudos mais aprofundados do ponto de vista hidroloacutegico

O grande problema a ser solucionado no entanto eacute o que diz respeito agraves aacutereas de risco

de deslizamento majoritariamente nos bairros A melhor alternativa seria o

remanejamento dos moradores para uma aacuterea proacutexima agrave que moram poreacutem longe do

risco Poreacutem esta alternativa de acordo com Rosa Filho amp Cortez (2008) encontra alguns

entraves pois estas pessoas na maioria das vezes natildeo tecircm condiccedilotildees financeiras de irem

para outro lugar ou pagar aluguel ou estatildeo de alguma forma sentimentalmente ligadas

agravequela regiatildeo que se recusam a deixaacute-lo

41

Por parte dos oacutergatildeos competentes no municiacutepio a criaccedilatildeo de um plano para se evitar

acidentes ocasionados por deslizamentos e alagamentos com um mapeamento detalhado

de toda a extensatildeo do municiacutepio eacute extremamente uacutetil Os estudos que seratildeo feitos para a

elaboraccedilatildeo deste plano poderatildeo definir quais as aacutereas satildeo potencialmente de risco para as

ocupaccedilotildees existentes ou para as potenciais ocupaccedilotildees que possam vir a ocorrer atraveacutes do

mapeamento das aacutereas de risco Tal planejamento seraacute auxiliar ao Plano Diretor

Municipal pois definiraacute o real uso do solo de determinada regiatildeo do municiacutepio

contribuindo para a adequaccedilatildeo do uso e ocupaccedilatildeo do solo afim de evitar ou reduzir o

nuacutemero de problemas relacionados a alagamentos e principalmente deslizamentos no

periacutemetro urbano (TOMINAGA 2009) A partir deste plano os gestores locais poderatildeo

tomar a melhor decisatildeo para a prevenccedilatildeo ou reduccedilatildeo dos riscos inerentes a tais problemas

Na seccedilatildeo 521 seraacute hierarquizado de forma preliminar a aacuterea urbana principal de acordo

com os resultados da tabela 51

521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta

O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos (PMRR) foi criado atraveacutes de accedilotildees

regularizadoras do Ministeacuterio das Cidades para ser o instrumento de gestatildeo e

gerenciamento de aacutereas de risco em um municiacutepio Eacute um documento que aleacutem de

estabelecer quais regiotildees satildeo consideradas de risco tambeacutem objetiva a proposta de

medidas estruturais ou natildeo para contenccedilatildeo eou prevenccedilatildeo de cataacutestrofes aleacutem de ser um

meio de captaccedilatildeo de recursos financeiros junto aos Governos Estadual e Federal Estes

recursos poderatildeo ser utilizados para a realizaccedilatildeo de obras que visem a melhoria da

qualidade de vida da populaccedilatildeo do entorno ou de recuperaccedilatildeo da aacuterea degradada Este

plano eacute realizado de forma participativa com as comunidades das aacutereas de risco e pode

ser realizado em sete fases conforme recomenda o Ministeacuterio das Cidades (ALHEIROS

2006)

O primeiro passo para a realizaccedilatildeo do PMRR eacute definir qual a metodologia seraacute empregada

levando-se em consideraccedilatildeo a realidade atual do municiacutepio e especificar de forma sucinta

um cronograma das atividades Eacute importante nesta fase a participaccedilatildeo tambeacutem dos

responsaacuteveis pelas mais variadas Secretarias Municipais afim de explicitar o tamanho da

importacircncia e o caraacuteter integrador deste plano A segunda fase deste plano objetiva a

criaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo da principal base de dados a ser utilizada nos passos posteriores o

mapeamento de risco em escala detalhe em torno de 13000 (SAtildeO PAULO 2014) A

elaboraccedilatildeo de um mapeamento detalhado propiciaraacute natildeo soacute a identificaccedilatildeo mais faacutecil das

aacutereas de risco como tambeacutem facilitaraacute aos gestores e agrave comunidade decidirem qual a

melhor intervenccedilatildeo para a soluccedilatildeo ou remediaccedilatildeo dos problemas em uma determinada

42

aacuterea hierarquizando o risco e definindo prioridades (SAtildeO PAULO 2014) Na tabela a

seguir apresenta-se alguns tipos de intervenccedilotildees que podem ser feitas em aacutereas de risco

sugeridas pelo Ministeacuterio das cidades (ALHEIROS 2006)

Quadro 5 1 - Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco

Tipo de intervenccedilatildeo Descriccedilatildeo

Serviccedilos de limpeza e Recuperaccedilatildeo

Remoccedilatildeo de entulho lixo etc

corte de aacutervores

remoccedilatildeo de bananeiras

recuperaccedilatildeo eou limpeza de sistemas de

drenagem esgotos e acessos

Limpeza de canais de drenagem

Proteccedilatildeo Vegetal

Proteccedilatildeo superficial vegetal (gramiacuteneas) em

taludes com solo exposto

Proteccedilatildeo vegetal de margens de canais de

drenagem

Barreiras vegetais para massas escorregadas

ou acumuladas pela erosatildeo

Drenagem Superficial e Acessos

Sistema de drenagem superficial (canaletas

raacutepidos caixas de transiccedilatildeo escadas drsquoaacutegua)

Acessos para pedestres (escadarias rampas

etc) integrados ao sistema de drenagem

Revestimento de Taludes Revestimento com materiais artificiais

cimentado cal-jet tela argamassada alvenaria

de tijolos ceracircmicos solo-cimento ensacado

Desmonte de blocos e matacotildees Desmonte de concreccedilotildees de grande porte

blocos rochosos e matacotildees

Obras de drenagem de subsuperfiacutecie Sistema de drenagem de subsuperfiacutecie

(trincheiras drenantes DHP poccedilos de

rebaixamento)

Estruturas de contenccedilatildeo (localizadas)

Muros de contenccedilatildeo de pequeno porte (solo-

cimento ensacado alvenaria de pedra-rachatildeo

concreto armado)

Estruturas de contenccedilatildeo localizadas

(chumbadores tirantes microestacas)

Contenccedilatildeo e proteccedilatildeo de margens de canais (

gabiotildees muros de concreto etc)

Estruturas de contenccedilatildeo (meacutedio e grande porte) Implantaccedilatildeo de estruturas de contenccedilatildeo de

meacutedio e grande porte envolvendo obras de

contenccedilatildeo passivas e ativas (muros de

gravidade cortinas etc)

Terraplanagem Execuccedilatildeo de serviccedilos de terraplanagem

combinados a obras de drenagem superficial e

proteccedilatildeo vegetal desvio e canalizaccedilatildeo de

coacuterregos

Remoccedilatildeo de moradias Remoccedilotildees definitivas para implantaccedilatildeo de

obras ou devido agrave localizaccedilatildeo improacutepria da

edificaccedilatildeo (Priorizar as relocaccedilotildees dentro da

proacutepria aacuterea em local seguro)

Fonte ALHEIROS 2006

43

Escolhidas as formas de intervenccedilatildeo para cada aacuterea eacute necessaacuterio realizar uma estimativa

dos custos afim de preparar o orccedilamento da prefeitura para a realizaccedilatildeo das obras e se

seraacute necessaacuterio a captaccedilatildeo de recursos externos para a execuccedilatildeo destas Feitas as

estimativas de custo o proacuteximo passo eacute definir as prioridades e para esta fase eacute tambeacutem

uacutetil o mapeamento feito nas etapas anteriores pois seraacute necessaacuterio hierarquizar tais

intervenccedilotildees nas aacutereas de risco O Ministeacuterio das Cidades (2007) sugere alguns criteacuterios

que podem ser avaliados pelo gestor dentre eles pode-se citar

Grau de risco

Populaccedilatildeo beneficiada

Custo da intervenccedilatildeo

Dimensatildeo da aacuterea a ser tratada

Demandas anteriores da populaccedilatildeo

Tempo de ocupaccedilatildeo

Viabilidade teacutecnica da intervenccedilatildeo

Viabilidade financeira

Inclusatildeo da aacuterea em outros projetos

A partir desta hierarquizaccedilatildeo inicia-se a identificaccedilatildeo de provaacuteveis fontes de captaccedilatildeo de

recursos para a execuccedilatildeo das intervenccedilotildees Estes recursos podem advir de programas dos

governos Federal e Estadual ou por meio de editais para captaccedilatildeo de recursos financeiros

tanto do setor puacuteblico como da iniciativa privada e podem ser tambeacutem associados agrave outras

Secretarias Municipais como a de Turismo ou Meio Ambiente e natildeo soacute as destinadas agrave

Defesa Civil (ALHEIROS 2006)

Eacute previsto tambeacutem no PMRR uma avaliaccedilatildeo da Defesa Civil municipal e como ela estaacute

estruturada fazendo inclusive sugestotildees para que sua atuaccedilatildeo esteja em consonacircncia com

a realidade das comunidades e da Administraccedilatildeo Puacuteblica do municiacutepio de forma a garantir

sua sustentabilidade e conquistar a credibilidade da populaccedilatildeo no que diz respeito a

prevenccedilatildeo de cataacutestrofes Para que a resposta a uma determinada situaccedilatildeo de risco seja

raacutepida eacute necessaacuterio a descentralizaccedilatildeo da Defesa Civil criando pequenos nuacutecleos

comunitaacuterios com a finalidade de se monitorar a aacuterea constantemente e promover as

intervenccedilotildees necessaacuterias em tempo haacutebil o que aumenta em muito a credibilidade da

populaccedilatildeo no PMRR e no trabalho desempenhado pela Defesa Civil no municiacutepio Apoacutes

esta etapa o PMRR passaraacute por audiecircncias puacuteblicas e posteriormente poderaacute ser aprovado

como Lei Municipal pelo Legislativo local (ALHEIROS 2006)

Com a realizaccedilatildeo deste plano o municiacutepio estaraacute munido de informaccedilotildees suficientes para

realizar accedilotildees efetivas de gestatildeo e gerenciamento de riscos bem como aliado a

levantamentos sociais realizar programas habitacionais que beneficiem prioritariamente

44

aos moradores das aacutereas de risco Aleacutem disso com o PMRR o municiacutepio poderaacute melhorar

a qualidade ambiental da populaccedilatildeo captando recursos para a recuperaccedilatildeo das aacutereas de

APP que foram degradadas pelas ocupaccedilotildees irregulares beneficiando todos os moradores

do municiacutepio com o aumento da qualidade de vida na cidade

A partir do disposto nesta seccedilatildeo acerca do Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos e de

uma maneira preliminar (levando-se em conta apenas o nuacutemero de registros de

alagamentos e deslizamentos na aacuterea urbana principal de Santos Dumont no periacuteodo de

1984 a 2014) identificou-se trecircs regiotildees distintas na aacuterea urbana do municiacutepio com

tempo de recorrecircncia desses eventos similares caracterizando trecircs prioridades de

intervenccedilatildeo em contenccedilatildeo de risco como pode ser visto nas figuras 515 e 516 Vale

ressaltar que eacute necessaacuterio um estudo mais detalhado inclusive com visitas teacutecnicas a

campo para que se confirme a real situaccedilatildeo destas e a real prioridade para investimentos

Figura 5 17 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de deslizamentos

Fonte Do Autor

45

Figura 5 18 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de alagamentos

Fonte Do Autor

46

6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees

A seguir apresenta-se as conclusotildees e as recomendaccedilotildees feitas a partir dos objetivos

especiacuteficos explicitados no iniacutecio deste trabalho

Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a

aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes

urbanos

A partir da revisatildeo da legislaccedilatildeo pertinente em acircmbito federal estadual e

municipal constatou-se que o Plano Diretor de Santos Dumont natildeo conflita com a

legislaccedilatildeo federal e estadual sobre Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente A legislaccedilatildeo

municipal foi entendida como mais conservadora que as federal e estadual uma

vez que considera implicitamente que declividades entre 47 e 100 satildeo

enquadradas como APPs aleacutem da faixa superior a 100

Parte consideraacutevel das ocupaccedilotildees em APP principalmente na regiatildeo do bairro

Santo Antocircnio (onde surgiu os primeiros nuacutecleos que deram origem ao municiacutepio)

e o centro da cidade ocorreram antes de que fosse elaborado qualquer legislaccedilatildeo

que versasse sobre o tema Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente bastando ao gestor

local tomar medidas de contenccedilatildeo de riscos que minimizem os impactos causados

por essas ocupaccedilotildees nessa regiatildeo

O ordenamento adequado do uso do solo no municiacutepio eacute necessaacuterio para que o

crescimento dos loteamentos criados anteriormente agrave esta Lei e o surgimento de

novos natildeo avance para Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente o que pode causar

inuacutemeros problemas aos moradores e agravar os jaacute existentes

Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las

com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)

As aacutereas onde houveram a maior quantidade de registros de deslizamentos satildeo os

bairros mais populosos de Santos Dumont podendo se estabelecer uma relaccedilatildeo

que quanto mais populoso o bairro maior a quantidade de problemas relacionados

a deslizamentos Tambeacutem pode-se notar uma relaccedilatildeo com as fronteiras das faixas

de declividades e os deslizamentos uma vez que boa parte deles aconteceram

nestas faixas

As aacutereas onde houve um grande nuacutemero de registros de alagamentos satildeo os bairros

que se desenvolveram agraves margens do Ribeiratildeo das Posses em especial na aacuterea que

47

compreende as APPs de curso hiacutedrico e em aacutereas onde a declividade eacute baixa Esse

fato aliado ao crescimento do nuacutemero de vias pavimentadas com material

impermeaacutevel e a natildeo expansatildeo e ou redimensionamento da rede de drenagem

urbana contribuiacuteram para a ocorrecircncia cada vez mais constante de alagamentos

nessas aacutereas

Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos

catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30

anos

A partir do levantamento histoacuterico realizado e da base de dados georeferenciada

gerada observou-se o aumento do nuacutemero de registros de deslizamentos e

alagamentos nos uacuteltimos 10 anos quando as ocorrecircncias comeccedilaram a se repetir

numa mesma aacuterea com frequecircncia incrementada as vezes com mais de uma

ocorrecircncia anual

Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do

solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental

Destaca-se a adequaccedilatildeo dos criteacuterios gerais estabelecidos pelo Plano Diretor de

Santos Dumont relativos a legislaccedilatildeo federal e estadual Entretanto o referido

Plano Diretor natildeo contempla todo o territoacuterio municipal sendo assim ele natildeo

cumpre o objetivo de proteger as APPs preservadas e recuperar as que foram

degradadas em todo o territoacuterio municipal Ressalta-se tambeacutem a sua natildeo

conformidade com o Estatuto das Cidades uma vez que o Plano Diretor

contempla apenas os novos loteamentos

Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais

negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea

impactada

Recomenda-se a implantaccedilatildeo no municiacutepio de uma Coordenadoria Municipal de

Defesa Civil atuante e integrada agraves Secretarias Municipais e agrave comunidade

visando uma atuaccedilatildeo eficaz nos problemas relacionados a deslizamentos e

alagamentos A elaboraccedilatildeo de um Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos eacute de

suma importacircncia pois atraveacutes dele pode-se predizer as aacutereas que passaratildeo por

problemas caso a expansatildeo aconteccedila ou se inicie uma ocupaccedilatildeo nova aleacutem de

prevenir acidentes nas aacutereas jaacute ocupadas e consideradas de risco

48

7 Anexos

49

71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont

50

51

72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)

52

53

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UFV ndash Universidade Federal de Viccedilosa Mapa de solos do Estado de Minas Gerais

legenda expandida Centro Tecnoloacutegico de Minas Gerais FEAM Belo Horizonte 2010

ZANON F N Uso e ocupaccedilatildeo da terra e vulnerabilidade a alagamento na aacuterea central

da cidade de Satildeo Paulo O caso da subprefeitura da Seacute Trabalho de Graduaccedilatildeo UNESP

Rio Claro 2013

Page 17: O USO DO SOLO URBANO EM ÁREAS DE PRESERVAÇÃO … · social que você tenha na vida, a mais alta ou a mais baixa, tenha sempre como meta muita força, muita determinação e sempre

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314 Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente

O Novo Coacutedigo Florestal Brasileiro define Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP) como

ldquoaacuterea protegida coberta ou natildeo por vegetaccedilatildeo nativa com a funccedilatildeo ambiental de

preservar os recursos hiacutedricos a paisagem a estabilidade geoloacutegica e a biodiversidade

facilitar o fluxo gecircnico de fauna e flora proteger o solo e assegurar o bem-estar das

populaccedilotildees humanasrdquo (BRASIL2012) Estas aacutereas satildeo muito importantes tanto no meio

urbano como no rural por garantir a estabilidade do solo em encostas iacutengremes contribuir

para a natildeo formaccedilatildeo de processos erosivos e o assoreamento de rios e coacuterregos aleacutem de

garantir a recarga de aquiacuteferos ao atuar como um amortecedor de chuvas retendo-a e

impedindo que ocorra um carreamento intenso de sedimentos ao longo dos morros e

margens de rios e coacuterregos (SKORUPA 2004) A Lei 126512012 apresenta os tipos de

APP e seus limites conforme seraacute visto no item 322

315 Uso e ocupaccedilatildeo do solo

Dentre os vaacuterios mecanismos de ordenamento urbano e instrumentos de planejamento

municipal previsto no Estatuto da Cidade (Lei Federal 102572001) o uso e ocupaccedilatildeo

do solo satildeo os mais utilizados pelas cidades para a formulaccedilatildeo das poliacuteticas urbanas

podendo definir o uso como a forma como esta parcela do solo eacute utilizada e a ocupaccedilatildeo

como sendo o modo como as edificaccedilotildees devem ser dispostas nesta mesma parcela do

solo urbano (TAKEDA 2015) O termo ldquoUso e ocupaccedilatildeo do solordquo tambeacutem pode ser

definido como o fator que determina como as mais diferentes regiotildees de um municiacutepio

deve se desenvolver (FONTOURA 2015)

A inserccedilatildeo de leis municipais de uso e ocupaccedilatildeo do solo objetivam ser uma referecircncia

para os gestores locais no processo de tomada de decisatildeo para que as cidades cresccedilam de

modo organizado enfatizando os potenciais e capacidades de cada regiatildeo aleacutem de tornar

o crescimento mais homogecircneo Com isso pretende-se evitar a formaccedilatildeo de grandes

adensamentos em pequenas aacutereas garantindo a mobilidade e a qualidade de vida de todos

os muniacutecipes tanto da regiatildeo urbana como da rural preservar e melhorar a qualidade

ambiental do municiacutepio aleacutem de evitar deslizamentos e alagamentos por conta da

ocupaccedilatildeo incorreta do solo (TAKEDA 2015)

10

32 Legislaccedilatildeo Pertinente

321 As adequaccedilotildees da legislaccedilatildeo ao longo dos anos

A problemaacutetica relacionada agraves APPs em aacutereas urbanas outrora era uma questatildeo complexa

e demandava uma larga discussatildeo do ponto de vista juriacutedico administrativo e teacutecnico Eacute

sabido que a maioria das cidades se formaram proacuteximos aos corpos hiacutedricos regiatildeo que

garantia o abastecimento de aacutegua e alimentos agrave populaccedilatildeo e tambeacutem facilitava o descarte

dos efluentes A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 225 daacute garantia aos

brasileiros de um meio ambiente em equiliacutebrio e concede agrave toda a sociedade o dever de

preservaacute-lo de acordo com os princiacutepios do desenvolvimento sustentaacutevel (BRASIL

1988) Antes desta Constituiccedilatildeo jaacute havia um texto que regulamentava a questatildeo da

preservaccedilatildeo de aacutereas verdes em todo o territoacuterio nacional A Lei Federal nordm 477165 que

trata do Coacutedigo Florestal estabelecia limites e regulamentava as Aacutereas de Preservaccedilatildeo

Permanente De acordo com Arauacutejo (2002) apud De Moraes (2014) essa Lei que fora

revogada e substituiacuteda pela Lei 126512012 era bastante falha no que diz respeito agraves

questotildees de APPS em aacutereas urbanas o que poderia ser um facilitador do natildeo cumprimento

do que foi proposto por aquela legislaccedilatildeo nestas aacutereas Isso se devia ao fato de o Coacutedigo

Florestal de 1965 ter deixado uma duacutevida sobre qual legislaccedilatildeo seguir uma vez que em

seu segundo artigo no paraacutegrafo uacutenico estava disposto que em aacutereas urbanas devia-se

atentar para a legislaccedilatildeo referente ao Plano Diretor e as referentes ao uso do solo na aacuterea

do municiacutepio (BRASIL 1965) Diante dessa conjuntura alguns municiacutepios optavam pela

natildeo aplicaccedilatildeo do Coacutedigo Florestal na regiatildeo urbana mesmo sabendo que a poliacutetica

conservacionista eacute extremamente importante visto o grande nuacutemero de problemas que

podem advir do uso irregular das APPs (DE MORAES 2009) Segundo o artigo 182 da

Constituiccedilatildeo Federal de 1988 as poliacuteticas relacionadas ao desenvolvimento urbano

devem ser elaboradas pelos municiacutepios e objetiva garantir o bem estar dos muniacutecipes e

tambeacutem o desenvolvimento do municiacutepio como um todo atraveacutes do atendimento agraves

exigecircncias do Plano Diretor (BRASIL 1988) O que podia gerar alguma divergecircncia seria

se o Plano Diretor Municipal propusesse uma faixa de APP menor que a prevista pelo

Coacutedigo Florestal Sendo assim essa legislaccedilatildeo perderia sua validade pelo fato de a

legislaccedilatildeo federal ser suplementar ou se seria cumprida devido ao disposto no artigo 182

da Constituiccedilatildeo Segundo De Moraes (2009) natildeo eacute aceitaacutevel que o Plano Diretor

Municipal legitime tal degradaccedilatildeo ambiental uma vez que um dos seus principais

objetivos eacute a proteccedilatildeo do bem estar puacuteblico estando incluiacutedo nesse a proteccedilatildeo do

ambiente natural A delimitaccedilatildeo e especificaccedilatildeo das APPs em Lei eacute necessaacuteria uma vez

que os limites miacutenimos destinados agrave preservaccedilatildeo satildeo importantes pois garantem a

proteccedilatildeo tanto da qualidade quanto da quantidade dos recursos hiacutedricos e evitam a

ocupaccedilatildeo em locais propiacutecios aos deslizamentos e zonas de recarga dos aquiacuteferos

11

subterracircneos assegurando tambeacutem de certa forma a integridade dos seres humanos que

potencialmente ocupariam tais locais (CARVALHO 2013)

Neste trabalho a legislaccedilatildeo tomada como referecircncia eacute a prevista pela Constituiccedilatildeo Federal

de 1988 o Novo Coacutedigo Florestal (Lei 126512012) e o Estatuto das Cidades (Lei

102572001) em acircmbito federal Na esfera estadual a Lei 209222013 versa sobre os

limites para APP em todo o territoacuterio de Minas A Lei Municipal 42412012 trata do

Plano Diretor Municipal da cidade de Santos Dumont onde se encontra as diretrizes para

o uso e ocupaccedilatildeo do solo e o zoneamento da cidade de acordo com as caracteriacutesticas do

solo entre outras

322 O Novo Coacutedigo Florestal e a legislaccedilatildeo mineira

O Novo Coacutedigo Florestal Lei Federal 126512012 substituiu a Lei Federal 47711965

Dentre os vaacuterios artigos que esta lei possui o que apresenta maior importacircncia para o

planejamento e o ordenamento das cidades tanto na aacuterea urbana como na rural eacute o artigo

4ordm em que constam as faixas de APP tanto para curso hiacutedrico como para declividade e

altitude aleacutem dos topos de morro a saber (BRASIL2012)

ldquoArt 4ordm Considera-se Aacuterea de Preservaccedilatildeo

Permanente em zonas rurais ou urbanas para os

efeitos desta Lei

I - as faixas marginais de qualquer curso drsquoaacutegua

natural perene e intermitente excluiacutedos os

efecircmeros desde a borda da calha do leito regular

em largura miacutenima de

a) 30 (trinta) metros para os cursos drsquoaacutegua de

menos de 10 (dez) metros de largura

b) 50 (cinquenta) metros para os cursos drsquoaacutegua

que tenham de 10 (dez) a 50 (cinquenta) metros de

largura

()

IV - as aacutereas no entorno das nascentes e dos olhos

drsquoaacutegua perenes qualquer que seja sua situaccedilatildeo

topograacutefica no raio miacutenimo de 50 (cinquenta)

metros

12

V - as encostas ou partes destas com declividade

superior a 45deg equivalente a 100 (cem por

cento) na linha de maior declive

()

IX - no topo de morros montes montanhas e

serras com altura miacutenima de 100 (cem) metros e

inclinaccedilatildeo meacutedia maior que 25deg as aacutereas

delimitadas a partir da curva de niacutevel

correspondente a 23 (dois terccedilos) da altura

miacutenima da elevaccedilatildeo sempre em relaccedilatildeo agrave base

sendo esta definida pelo plano horizontal

determinado por planiacutecie ou espelho drsquoaacutegua

adjacente ou nos relevos ondulados pela cota do

ponto de sela mais proacuteximo da elevaccedilatildeo

X - as aacutereas em altitude superior a 1800 (mil e

oitocentos) metros qualquer que seja a

vegetaccedilatildeo

()rdquo

A legislaccedilatildeo atual em seu artigo 4ordm evidencia que as faixas e aacutereas determinadas como

APP compreendem tanto as aacutereas rurais quanto urbanas (BRASIL 2012) retirando a

duacutevida anterior e sendo essa a Lei suplementar qualquer faixa de APP mais permissiva

na legislaccedilatildeo estadual e municipal satildeo invaacutelidas o que simplificou de certa forma a

aplicabilidade da Legislaccedilatildeo referente a Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente

No Estado de Minas Gerais a Lei Estadual 20922 de 16 de Outubro de 2013 trata do tema

em acircmbito estadual mas com os mesmos princiacutepios propostos pela Lei Federal sendo os

limites miacutenimos previstos para as APPs os mesmos propostos pelo Novo Coacutedigo

Florestal brasileiro (MINAS GERAIS2013)

ldquo Art 9ordm Para os efeitos desta Lei em zonas rurais

ou urbanas satildeo APPs

I as faixas marginais de cursos drsquoaacutegua naturais

perenes e intermitentes excluiacutedos

os efecircmeros medidas a partir da borda da calha

do leito regular em largura miacutenima de

13

a) 30m (trinta metros) para os cursos drsquoaacutegua de

menos de 10m (dez metros) de largura

b) 50m (cinquenta metros) para os cursos drsquoaacutegua

de 1 0m (dez metros) a 50m (cinquenta metros) de

largura

()

IV as aacutereas no entorno das nascentes e dos olhos

drsquoaacutegua perenes no raio miacutenimo de 50m

(cinquenta metros)

V as encostas ou partes destas com declividade

superior a 45ordm (quarenta e cinco graus)

equivalente a 100 (cem por cento) na linha de

maior declive

()

VII no topo de morros montes montanhas e

serras com altura miacutenima de 100m (cem metros)

e inclinaccedilatildeo meacutedia maior que 25ordm (vinte e cinco

graus) as aacutereas delimitadas a partir da curva de

niacutevel correspondente a 23 (dois terccedilos) da altura

miacutenima da elevaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave base sendo esta

definida pelo plano horizontal determinado por

planiacutecie ou espelho drsquoaacutegua adjacente ou nos

relevos ondulados pela cota do ponto de sela mais

proacuteximo da elevaccedilatildeo

VIII as aacutereas em altitude superior a 1 800m (mil

e oitocentos metros)

()rdquo

323 O Plano Diretor

O Estatuto das Cidades em seu artigo 40 prevecirc o plano diretor como um instrumento

capaz de promover a poliacutetica urbana englobando toda a cidade aleacutem de fornecer padrotildees

e limites para o uso do solo nas mais diversas regiotildees do municiacutepio com vistas a

harmonizar o desenvolvimento urbano com a preservaccedilatildeo do meio ambiente (SILVA JR

2006) Este instrumento eacute obrigatoacuterio para cidades com mais de 20 mil habitantes ou

14

aacutereas que integrem regiotildees metropolitanas ou de interesse turiacutestico O artigo 41 do

Estatuto das cidades tambeacutem prevecirc a obrigatoriedade do Plano Diretor para cidades que

possuem em sua aacuterea empreendimentos que caracterizem grandes impactos ambientais

de influecircncia regional ou nacional e cidades que possuem problemas com deslizamentos

de grande magnitude ou alagamentos repentinos (BRASIL 2001)

O Plano diretor de acordo com o Estatuto das Cidades deve ser aprovado como lei em

acircmbito municipal e revisto a cada dez anos Este documento eacute uacutenico pois cada cidade

possui suas peculiaridades infraestrutura vocaccedilotildees e problemas que por mais que sejam

parecidos entre si satildeo diferenciados pela intensidade e pela regionalizaccedilatildeo Sendo assim

a confecccedilatildeo do Plano Diretor deve conter a participaccedilatildeo de toda a comunidade local de

forma a reduzir as desigualdades sociais os gastos puacuteblicos desnecessaacuterios a degradaccedilatildeo

ambiental e combater os problemas relacionados a urbanizaccedilatildeo de forma conjunta

promovendo um processo de tomada de decisatildeo que garanta a qualidade de vida

preservaccedilatildeo e o desenvolvimento social do municiacutepio como um todo (ROSSBACH amp

CARVALHO 2010)

3231 O Plano Diretor de Santos Dumont

A Lei Municipal nordm 424112 que entrou em vigor no ano de 2014 trata do Plano Diretor

Municipal instrumento previsto no Estatuto das Cidades para garantir aos cidadatildeos um

desenvolvimento urbano organizado justo e sustentavelmente econocircmico (BRASIL

2001) Aleacutem de apontar as diretrizes para a elaboraccedilatildeo da Poliacutetica Municipal dos mais

variados setores o Plano Diretor divide o municiacutepio em macrozonas urbanas e rurais

Estas zonas tecircm por objetivo facilitar a identificaccedilatildeo dos setores que permitem ou natildeo o

desenvolvimento da cidade e em que magnitude pode ser feita a expansatildeo respeitando ao

meio ambiente e tambeacutem o que eacute previsto no tocante ao uso e ocupaccedilatildeo do solo nessas

aacutereas Aleacutem disso ela estabelece a forma como devem ser as edificaccedilotildees nas referidas

aacutereas As aacutereas definidas como macrozonas urbanas e foram subdivididas em (SANTOS

DUMONT2012)

ldquoZona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e

da Paisagem (ZPPH) satildeo as aacutereas cujos

equipamentos urbanos possuem interesse

histoacuterico ou paisagiacutestico de preservaccedilatildeo

Zona de Preservaccedilatildeo Ambiental satildeo aquelas em

que devem ser mantidas ou recuperadas a

15

vegetaccedilatildeo por conta da declividade altitude ou

presenccedila de recursos hiacutedricos

Zona de Adensamento Controlado (ZAC) satildeo as

aacutereas em que deve-se manter uma pequena

densidade populacional devido as limitaccedilotildees na

infraestrutura da localidade A ZAC se divide em

ZAC 1 quando a infraestrutura existente eacute

limitada e em ZAC 2 quando esta eacute precaacuteria ou

natildeo existe

Zona de Consolidaccedilatildeo de Adensamento (ZCA)

satildeo as aacutereas em que haacute interesse em ocupar os

lotes vagos haja visto que a regiatildeo possui toda a

infraestrutura para que isto aconteccedila

Zona Adensaacutevel (ZA) satildeo as aacutereas com

condiccedilotildees propiacutecias para ocorrer uma ocupaccedilatildeo

mais densa

Zona Especial de Interesse Social (ZEIS) satildeo as

aacutereas em que o Poder Puacuteblico almeja fazer

alguma forma de ocupaccedilatildeo Eacute dividida em ZEIS 1

e ZEIS 2 A ZEIS 1 satildeo regiotildees jaacute ocupadas mas

de forma irregular cujo interesse puacuteblico eacute

realizar obras e outras atividades para

regularizar as ocupaccedilotildees e urbanizar a aacuterea

enquanto que a ZEIS 2 satildeo aacutereas natildeo utilizadas ou

subutilizadas as quais o poder puacuteblico almeja

realizar algum empreendimento habitacional de

caraacuteter social

Zona de Grandes Equipamentos (ZE) satildeo aacutereas

cujo o interesse eacute a implantaccedilatildeo de

empreendimentos de grande porte ou grandes

equipamentos puacuteblicosrdquo

Esta divisatildeo espacial pode ser melhor vista no Anexo 71

O Plano Diretor natildeo estipula limites para APP mas prevecirc algumas diretrizes como na

Poliacutetica Municipal de Preservaccedilatildeo do Meio Ambiente sobre o uso do solo em

compatibilidade com praacuteticas conservacionistas A Poliacutetica Municipal de Expansatildeo

16

Urbana tem como uma de suas diretrizes fazer cumprir a legislaccedilatildeo vigente no que diz

respeito agraves intervenccedilotildees e investimentos que poderatildeo ser feitos nessas aacutereas Tambeacutem eacute

diretriz da mesma Poliacutetica o controle da ocupaccedilatildeo e do uso do solo em APPs e o auxiacutelio

aos oacutergatildeos estaduais e federais de meio ambiente no tocante agrave fiscalizaccedilatildeo da ocupaccedilatildeo

nestas aacutereas (SANTOS DUMONT 2012) O artigo 38 que trata das diretrizes da Poliacutetica

habitacional de interesse social exclui do processo de regularizaccedilatildeo fundiaacuteria os

assentamentos situados em aacutereas de risco o que na maioria das vezes estatildeo tambeacutem nas

aacutereas que deveriam estar vegetadas e protegidas (SANTOS DUMONT 2012) Na

legislaccedilatildeo referente ao parcelamento do solo eacute previsto que no parcelamento de glebas

com declividade entre 30 e 47 soacute poderaacute ser aprovado mediante projeto e laudo

assinado por um responsaacutevel teacutecnico favoraacutevel agrave construccedilatildeo nesse local (SANTOS

DUMONT 2012) Diante do proposto pelo Plano Diretor de Santos Dumont pode-se

dizer que natildeo haacute conflito com a legislaccedilatildeo federal e estadual em se tratando da

aplicabilidade do Coacutedigo Florestal uma vez que aquele natildeo explicita limites nem

permissivos e tampouco restritivos para faixas e aacutereas de preservaccedilatildeo permanente

33 O Municiacutepio de Santos Dumont

331 De Arraial a cidade

A aacuterea onde se situa hoje o municiacutepio de Santos Dumont teve sua ocupaccedilatildeo iniciada no

seacuteculo XVIII quando a Coroa Portuguesa solicitou ao entatildeo Governador do Rio de

Janeiro Artur de Saacute Menezes que abrisse um caminho que ligasse as Minas dos

Cataguases na regiatildeo de Ouro Preto (receacutem descobertas) ao Rio de Janeiro por onde

escoava os metais preciosos para a metroacutepole Surgiu assim o ldquoCaminho Novordquo e ao longo

deste caminho surgiram tambeacutem as Sesmarias aacutereas que tinham por principal objetivo

servir de pouso aos transportadores e exploradores e tambeacutem para garantir alimento a

estas pessoas Uma destas ocupaccedilotildees seria o ldquoArraial de Joatildeo Gomesrdquo (Figura 41)

primeiro nuacutecleo primitivo do municiacutepio em 1709 De iniacutecio prevaleciam somente

ranchos onde os viajantes se abrigavam mas em pouco tempo ergueu-se a Capela de Satildeo

Miguel e Almas e pequenos nuacutecleos urbanos comeccedilaram a surgir (DAPPC2008)

17

Figura 3 1 Vista parcial do Arraial de Joatildeo Gomes

Fonte Arquivo Histoacuterico de Santos Dumont-MG

Com a construccedilatildeo da Estrada de Ferro D Pedro II no final do seacuteculo XIX a regiatildeo teve

um consideraacutevel crescimento natildeo soacute populacional como tambeacutem econocircmico se tornando

a Vila Palmyra em 1889 Em 1890 Palmyra eacute elevada ao status de Municiacutepio (Figura 42)

e recebe um grande nuacutemero de melhorias no setor viaacuterio como a retificaccedilatildeo de ruas e

tambeacutem no setor de serviccedilos puacuteblicos como abastecimento de aacutegua iluminaccedilatildeo puacuteblica a

querosene e posteriormente energia eleacutetrica O desenvolvimento econocircmico na regiatildeo

tambeacutem teve seu momento aacuteureo nesse periacuteodo Induacutestrias de laticiacutenios graacuteficas e de

Carbureto de Caacutelcio fizeram parte do parque industrial de Palmyra o que atraiacutea pessoas

de outros lugares inclusive estrangeiros contribuindo para o aumento populacional da

regiatildeo Como ainda natildeo havia legislaccedilatildeo sobre uso e ocupaccedilatildeo do solo nessa eacutepoca

surgiram inuacutemeros loteamentos em aacutereas proacuteximas agrave rios e coacuterregos e tambeacutem em

encostas com declividade acentuada o que foi agravando o risco agrave medida que a ocupaccedilatildeo

aumentava (DAPPC2008)

18

Figura 3 2 Municiacutepio de Palmyra na deacutecada de 1920

Fonte Arquivo Histoacuterico de Santos Dumont-MG

O escoamento da produccedilatildeo industrial se dava pelo modal ferroviaacuterio setor que tambeacutem

movimentava a crescente cidade que era ponto importante no setor de transportes pois

possuiacutea um dos mais bem equipados depoacutesitos de locomotivas da Estrada de Ferro Central

do Brasil (DAPPC2008)

No ano de 1932 o municiacutepio de Palmyra passou a se chamar Santos Dumont (Figura 43)

em homenagem ao inventor do aviatildeo que nascera naquela cidade Nos uacuteltimos 40 anos

Santos Dumont tem experimentado uma acentuada desaceleraccedilatildeo econocircmica

consequecircncia do fechamento da grande maioria das induacutestrias principalmente as de

laticiacutenios que empregavam direta e indiretamente uma parte consideraacutevel da populaccedilatildeo

(DAPPC2008)

19

Figura 3 3 Municiacutepio de Santos Dumont em 2014

Fonte Arquivo do autor

332 Santos Dumont na atualidade

O municiacutepio de Santos Dumont localiza-se na regiatildeo da Zona da Mata mineira distante

cerca de 220 Km da capital Belo Horizonte e possui uma populaccedilatildeo de 47558 habitantes

(ODM 2015 projeccedilatildeo) numa aacuterea total de 637 kmsup2 Faz divisa com os municiacutepios de

Juiz de Fora Oliveira Fortes Bias Fortes Antocircnio Carlos Tabuleiro Piau e Ewbank da

Cacircmara

No que diz respeito agrave sua formaccedilatildeo fisiacuteco-geograacutefica a aacuterea que compreende o municiacutepio

eacute constituiacuteda predominantemente por Cambissolo Haacuteplico (70) com Latossolo

Vermelho-Amarelo (30) (UFV2010) A vegetaccedilatildeo eacute em sua maioria composta por

exemplares de Mata Atlacircntica De acordo com o IBGE(2015) Santos Dumont se localiza

a 839m de altitude O clima da regiatildeo eacute classificado como Tropical de Altitude (Cwb) e

possui uma temperatura meacutedia de 20ordmC Eacute banhado pela bacia hidrograacutefica do Paraiacuteba do

Sul e em sua maioria pertence agrave sub-bacia do Rio Pomba (IGAM) que fornece aacutegua para

abastecimento puacuteblico agrave 88 da populaccedilatildeo por meio da rede de distribuiccedilatildeo

(IBGE2010) Uma pequena parte da zona rural a sudoeste eacute banhada pela Sub-Bacia do

Rio Paraibuna mais precisamente na regiatildeo de fronteira com os municiacutepios de Juiz de

Fora e Ewbank da Cacircmara O sistema viaacuterio principal de acesso agrave cidade eacute a rodovia BR-

040 e a estrada de ferro Dom Pedro II atualmente utilizada somente para transporte de

cargas

Com a economia nos dias atuais baseada majoritariamente no setor de serviccedilos a cidade

possui um Iacutendice de Desenvolvimento humano (IDH) de 0741 (IBGE2010) Apesar do

decliacutenio econocircmico de Santos Dumont nota-se hoje um aumento no nuacutemero de

loteamentos populares e condomiacutenios horizontais e verticais entre outras edificaccedilotildees Eacute

de vital importacircncia que esse crescimento das ocupaccedilotildees seja ordenado e regulamentado

20

de forma a garantir a qualidade ambiental prevenindo deslizamentos e inundaccedilotildees Diante

dessa conjuntura o governo municipal aprovou em 2012 a Lei nordm 4241 que trata do Plano

Diretor Participativo instrumento baacutesico da poliacutetica de desenvolvimento e expansatildeo

urbana do municiacutepio de Santos Dumont

4 METODOLOGIA

41 Aacuterea de estudo

A regiatildeo dentro dos limites do municiacutepio que seraacute estudada neste trabalho eacute conforme

descrito nos anexos Plano Diretor e representada na figura 44 a aacuterea urbana principal

que possui 47 Kmsup2 e compreende a regiatildeo central da cidade e os bairros perifeacutericos regiatildeo

que concentra cerca de 90 da populaccedilatildeo total de Santos Dumont (IBGE 2015) A aacuterea

urbana principal representa 75 da aacuterea total dos 637 Kmsup2 que compreendem o

municiacutepio e eacute o local onde nos uacuteltimos 30 anos se verificou um maior crescimento

populacional e tambeacutem onde ocorre a maioria dos eventos relacionados a deslizamentos

e alagamentos por conta da ocupaccedilatildeo sem planejamento A figura 45 mostra a aacuterea

urbana principal e a localizaccedilatildeo dos bairros urbanos de Santos Dumont

Figura 4 1 Localizaccedilatildeo da aacuterea urbana principal

Fonte Google Earth

21

Figura 4 2 Mapa da aacuterea urbana principal com a localizaccedilatildeo dos bairros

Fonte Do Autor

42 Levantamento e tratamento dos dados

No desenvolvimento deste trabalho foi necessaacuterio se fazer um estudo detalhado sobre o

Plano Diretor de Santos Dumont principalmente dos seus anexos que compreendem os

mapas e a localizaccedilatildeo das aacutereas definidas pelo zoneamento proposto Para que isso fosse

possiacutevel a Secretaria Municipal de Obras e Serviccedilos Puacuteblicos forneceu todos os dados

secundaacuterios produto do estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor e do

zoneamento Estes dados incluem os arquivos Shapefile (shp) e outros documentos

integrantes do Plano Diretor Algumas informaccedilotildees foram complementadas tambeacutem com

dados adquiridos atraveacutes do site do IBGE e do Portal Objetivos do Milecircnio (ODM)

Os dados sobre as ocorrecircncias de deslizamentos e alagamentos foram obtidos atraveacutes da

Defesa Civil do municiacutepio atraveacutes do Sistema Integrado de Informaccedilotildees sobre Desastres

(S2ID) do Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional Tal sistema centraliza as informaccedilotildees sobre

desastres naturais ocorridos em todo o territoacuterio nacional facilitando a pesquisa sobre tais

eventos a qualquer cidadatildeo (BRASIL 2015)

Apesar do sistema ser bastante uacutetil os dados sobre o municiacutepio de Santos Dumont se

encontravam bastante falhos e escassos sendo necessaacuteria complementaccedilatildeo para que a

22

base de dados ficasse consistente Diante disso uma pesquisa atraveacutes dos arquivos do

Jornal Mensagem um jornal semanaacuterio local foi feita entre os anos de 1984 e 2014 e os

dados primaacuterios filtrados em uma planilha do Microsoft Excel para posterior utilizaccedilatildeo

De posse destes dados foi feita a localizaccedilatildeo em campo das coordenadas dos locais

atingidos por deslizamentos e alagamentos no periacuteodo compreendido pela pesquisa com

o auxiacutelio de um aparelho de GPS

A maioria dos arquivos shapefile utilizados para a confecccedilatildeo dos mapas satildeo parte

integrante dos anexos da Lei do Plano diretor do municiacutepio gerados no mecircs de dezembro

de 2011 pelo Instituto Nova Cidade e foram cedidos pela Secretaria Municipal de Obras

e Serviccedilos Puacuteblicos com Datum em UTM SAD 69 Com a finalidade de fornecer um

referenciamento atualizado e de acordo com os mais novos sistemas de coordenadas

utilizados no Brasil os arquivos foram convertidos para o Datum UTM SIRGAS 2000

que diferencia do SAD 69 pelo fato de ser um referencial geocecircntrico ou seja o centro

da Terra eacute o ponto de referecircncia neste sistema enquanto que o primeiro utiliza um

referencial na superfiacutecie da Terra (IBGE2014) Eacute interessante ressaltar tambeacutem que o

SIRGAS 2000 se tornou no ano de 2014 o sistema de coordenadas oficial do Sistema

Geodeacutesico Brasileiro e do Sistema Cartograacutefico Nacional ambos mantidos pelo IBGE A

combinaccedilatildeo dos shapefiles foi feita com o software livre gvSIG e com estas combinaccedilotildees

foram gerados mapas importantes resultados para a execuccedilatildeo deste trabalho A maioria

dos mapas representam a regiatildeo urbana principal de Santos Dumont e foram produzidos

numa escala em torno de 140000 que de acordo com Rocha (2007) eacute uma escala viaacutevel

pois as recomendaacuteveis para trabalhos de anaacutelise ambiental em niacutevel municipal podem ser

entre 150000 e 110000 Alguns mapas cujo detalhamento natildeo eacute necessaacuterio foram

gerados na escala 1100000

Para a geraccedilatildeo dos mapas aleacutem dos arquivos fornecidos pela Secretaria de Obras e

Serviccedilos Puacuteblicos foram utilizados para a geraccedilatildeo do modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE)

e da localizaccedilatildeo dos topos de morro dados gerados pelo sistema de radar Advanced

Spacebone Thermal Emission and Reflection Radiometer (ASTER) que geram as curvas

de niacutevel do terreno com uma resoluccedilatildeo de 30m (NASA2014) O processamento dessas

imagens foi feito pelo software livre gvSIG As imagens geradas pelos sateacutelites

LANDSAT foram adquiridas no site da United States Geological Survey (USGS) e essas

imagens possibilitaram obter um panorama preciso do uso do solo em toda a aacuterea urbana

de Santos Dumont numa resoluccedilatildeo de 15 metros uma vez que foi utilizada a banda

pancromaacutetica do sateacutelite LANDSAT 8 aleacutem da combinaccedilatildeo das bandas 65 e 4

respectivamente que eacute a combinaccedilatildeo recomendada pela mantenedora dos sateacutelites para

anaacutelises deste tipo

23

No que diz respeito a identificaccedilatildeo de APPs em topo de morro a metodologia de Oliveira

amp Fernandes Filho (2013) por utilizar as mesmas bases de dados ateacute entatildeo usadas neste

trabalho foi a mais indicada

A metodologia de anaacutelise dos mapas gerados eacute a proposta pelo professor Jorge Xavier da

Silva do Laboratoacuterio de Geoprocessamento (LAGEOP) da Universidade Federal do Rio

de Janeiro e citada por Rocha (2007) Tal metodologia analisa as variaacuteveis em questatildeo

presentes na aacuterea e permite avaliar as possibilidades de relaccedilotildees entre essas variaacuteveis De

uma maneira geral este meacutetodo verifica o estado atual da aacuterea em estudo bem como das

variaacuteveis gerando inventaacuterios que servem para a construccedilatildeo de dados planimeacutetricos sejam

com as variaacuteveis isoladas ou combinadas Estes dados planimeacutetricos geram assinaturas

que permitem inferir sobre a influecircncia dessas variaacuteveis De posse dos dados gerados pelo

processo anteriormente citado pode-se fazer algumas prospecccedilotildees sobre os riscos

ambientais que a aacuterea pode sofrer ou o seu potencial ambiental (ROCHA 2007)

5 RESULTADOS

51 Levantamento histoacuterico de alagamentos e

deslizamentos

O aumento da demanda pelo uso do solo na regiatildeo urbana de Santos Dumont

principalmente no tocante agrave formaccedilatildeo de novos loteamentos e condomiacutenios nos uacuteltimos

anos eacute consideraacutevel mas tambeacutem haacute de se observar o crescimento dos bairros jaacute existentes

com pouco ou nenhum ordenamento Em ambos os casos se observa ocupaccedilotildees

irregulares em APP o que tem ocasionado um aumento na frequecircncia de deslizamentos

e inundaccedilotildees Eacute evidente que quanto maior a densidade populacional do bairro maior a

quantidade de ocorrecircncias ao longo dos anos (SPERFELD 2009)

De acordo com as ocorrecircncias registradas pela Defesa Civil do municiacutepio obtidas atraveacutes

da literatura utilizada nos uacuteltimos 30 anos Santos Dumont chegou a decretar situaccedilatildeo de

emergecircncia por conta de desastres envolvendo deslizamentos eou alagamentos por duas

vezes num espaccedilo de 10 anos conforme pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho

(BRASIL 2014 CEPED 2011)

Segundo os dados obtidos atraveacutes de pesquisa nos arquivos do semanaacuterio entre os anos

de 1984 e 2014 pode-se verificar que nos uacuteltimos 20 anos a cidade tem experimentado

24

um aumento consideraacutevel nos eventos relacionados a deslizamentos e principalmente

alagamentos como pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho Isso pode ter sido causado

dentre outros fatores pelo aumento do nuacutemero de vias pavimentadas com material

impermeaacutevel o que tem sobrecarregado tanto a infraestrutura existente para drenagem

urbana como tambeacutem a calha dos cursos drsquoaacutegua que passam pela regiatildeo urbana do

municiacutepio (ZANON2013)

Na deacutecada de 1980 (1984-1990) de acordo com os dados obtidos natildeo foram noticiados

eventos consideraacuteveis relacionados a deslizamentos e alagamentos em Santos Dumont

mas isso natildeo exclui a possibilidade de natildeo ter ocorrido tais eventos em menor escala

Na deacutecada de 1990 aconteceram uma seacuterie de ocorrecircncias tanto de deslizamentos quanto

de alagamentos No ano de 1997 num periacuteodo chuvoso intenso aconteceram

deslizamentos consideraacuteveis em vaacuterios bairros da cidade inclusive com desabamento de

casas e de ruas principalmente nos bairros Nossa Senhora da Gloacuteria e Quarto Depoacutesito

Em 1999 ocorreram alguns pontos de alagamento nos bairros Quarto Depoacutesito e Santo

Antocircnio com grandes prejuiacutezos materiais

A deacutecada de 2000 iniciou com o registro de deslizamentos em vaacuterios bairros da cidade

inclusive com desabamento de casas e pontes e alagamentos em importantes vias do

centro da cidade Observa-se ao longo desse periacuteodo o crescimento nas ocorrecircncias de

deslizamentos e de aacutereas com risco de deslizamento em muitos bairros de Santos Dumont

Um dos fatores importantes para esse crescimento foi a grande expansatildeo sofrida pela

maioria dos bairros e a falta de planejamento e orientaccedilatildeo por parte da prefeitura uma

vez que uma boa parte do crescimento dos bairros da cidade ocorreu ou proacuteximo a cursos

drsquoaacutegua ou em aacutereas com declividade improacutepria para se fazer construccedilotildees O bairro

Coacuterrego do Ouro (Figura 51) foi o que mais sofreu com ocorrecircncias de deslizamentos

nesse periacuteodo enquanto o bairro Santo Antocircnio foi que teve mais ocorrecircncias de

alagamentos

25

Figura 5 1 Deslizamento no bairro Coacuterrego do Ouro

Fonte Portal Cabangu

No iniacutecio deacutecada de 2010 (2011-2014) o centro da cidade foi a regiatildeo que mais sofreu

com alagamentos sendo registrado pelo menos uma ocorrecircncia por ano nessa aacuterea (Figura

52) Isso pode ser relacionado dentre outros fatores com as obras de modificaccedilatildeo do

tipo de pavimentaccedilatildeo das estradas por um material impermeaacutevel gerando uma sobrecarga

nos sistemas de drenagem urbana que foram projetados para um tipo de pavimento mais

permeaacutevel implicando tambeacutem na sobrecarga calha do Ribeiratildeo das Posses o principal

curso drsquoaacutegua que corta o centro da cidade e que se encontra em quase sua totalidade

ocupada em ambas as margens que cortam o centro da cidade

26

Figura 5 2 Alagamento na regiatildeo central de Santos Dumont em 2013

Fonte Portal Cabangu

Quanto agraves ocorrecircncias de deslizamento ao longo da referida deacutecada elas estiveram

espalhadas pelos bairros do municiacutepio tendo um maior nuacutemero de ocorrecircncias nos bairros

Santo Antocircnio Nossa Senhora da Gloacuteria e Aacutegua Espraiada Nos dois primeiros bairros

citados as ocorrecircncias podem ter sido ocasionadas pelo crescimento desordenado e sem

planejamento destes e no terceiro as ocorrecircncias satildeo relacionadas ao processo de

assoreamento do Ribeiratildeo das Posses o que pode ter gerado um aumento da velocidade

desse curso drsquoaacutegua causando problemas decorrentes do transporte de sedimentos da aacuterea

onde as casas foram construiacutedas que teve como consequecircncia os deslizamentos

Em resumo como pode ser observado nas figuras 53 e 54 na tabela 51 no periacuteodo de

1984 a 2014 os bairros mais afetados por alagamentos e deslizamentos satildeo Quarto

Depoacutesito Nossa Senhora da Gloacuteria Santo Antocircnio Coacuterrego do Ouro Antocircnio Afonso

Graminha e Vila Esperanccedila sendo que o bairro Coacuterrego do Ouro possui o maior nuacutemero

de ocorrecircncias de deslizamentos e o centro da cidade possui o maior nuacutemero de

ocorrecircncias de alagamentos no periacuteodo pesquisado Vale destacar que a aacuterea propiacutecia a

alagamentos no bairro Antocircnio Afonso natildeo identificada no estudo realizado pela

prefeitura constitui-se efetivamente numa aacuterea de risco conforme levantamento histoacuterico

realizado Esta aacuterea de risco se deve agrave diferenccedila de niacutevel negativa entre o rio Pinho e a

aacuterea do bairro estando este em desniacutevel com um risco iminente de inundaccedilotildees resultantes

da cheia desse curso drsquoaacutegua causando inuacutemeros transtornos aos moradores do local

27

Figura 5 3 Pontos de Alagamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico

Fonte Do autor

Figura 5 4 Pontos de deslizamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico

Fonte Do autor

28

Tabela 51 Ocorrecircncias de alagamentos e deslizamentos obtidos atraveacutes do

levantamento histoacuterico

Pontos de ocorrecircncia (1984-2014)

Bairros Alagamento Deslizamento

Aacutegua Espraiada 1 1

Antocircnio Afonso 1 0

Barra 0 1

Centro 7 1

Coacuterrego do Ouro 1 7

Flores 0 1

Graminha 1 0

Jardim Jaraguaacute 0 1

N Sra da Gloacuteria 0 4

N Sra das Graccedilas 1 0

Quarto Depoacutesito 3 2

Santo Antocircnio 4 2

Satildeo Sebastiatildeo 0 1

Vila Esperanccedila 0 1

Fonte Do autor

De acordo com o estudo realizado na elaboraccedilatildeo do Plano Diretor pela prefeitura

municipal observa-se que os bairros que possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a

deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do Ouro e Vila Esperanccedila enquanto que os que

possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a alagamento satildeo o Centro da cidade e os

bairros Satildeo Sebastiatildeo Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio por estarem agraves margens do

Ribeiratildeo das Posses um curso drsquoaacutegua que sofre com inundaccedilotildees perioacutedicas devido ao

severo assoreamento em algumas regiotildees e tambeacutem devido ao acuacutemulo de lixo descartado

pelos moradores do entorno irregularmente De acordo com o estudo realizado quando da

elaboraccedilatildeo do Plano Diretor do municiacutepio foram feitos estudos sobre as aacutereas propensas

a deslizamentos e alagamentos na regiatildeo urbana principal Tais aacutereas satildeo as destacadas

nas Figuras 55 e 56 No levantamento histoacuterico realizado pode-se identificar que os

bairros que possuem mais aacutereas propensas a deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do

Ouro Nossa Senhora da Gloacuteria Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio enquanto que os bairros

mais propensos a alagamentos satildeo os bairros Centro Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio

como observado na tabela 51

29

Figura 5 5 Aacutereas propensas a deslizamento de acordo com o Plano Diretor de

Santos Dumont

Fonte Google Earth e Lei 42412012

Figura 5 6 Aacutereas propensas a alagamento de acordo com o Plano Diretor de

Santos Dumont

Fonte Google Earth e Lei 42412012

30

Comparando-se os mapas obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico com o mapa gerado

pelo estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor nota-se que haacute semelhanccedilas em

algumas aacutereas mas ao se levar em conta o produto gerado pela pesquisa histoacuterica o

estudo necessitaria ser complementado haja vista que ele natildeo compreende por exemplo

o ponto de alagamento no bairro Antocircnio Afonso citado anteriormente e alguns pontos de

deslizamento importantes uma vez que satildeo regiotildees onde haacute ocupaccedilatildeo Esse fato evidencia

a necessidade de se buscar vaacuterias fontes primaacuterias e secundaacuterias para se detectar aacutereas de

risco em um municiacutepio incluindo arquivos da imprensa local afim de se produzir uma

base de dados consistente e com o menor nuacutemero de falhas possiacutevel (CEPED 2014) Com

a uniatildeo dos dois estudos foram gerados os mapas apresentados nas Figuras 57 e 58

Aleacutem do mais observando as figuras 57 e 58 pode-se notar que uma boa parte tanto dos

casos de alagamento quanto de deslizamento estatildeo na faixa de APP de curso hiacutedrico o

que ilustra a importacircncia da preservaccedilatildeo destas aacutereas

Figura 5 7 Aacutereas propensas a alagamento do estudo do Plano Diretor

complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento

Fonte Do Autor

31

Figura 5 8 Aacutereas propensas a deslizamento do estudo do Plano Diretor

complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento

Fonte Do Autor

Atraveacutes da combinaccedilatildeo entre estes dois levantamentos procurou-se alimentar a base de

dados e garantir uma consistecircncia maior desta no que diz respeito a aacutereas de deslizamento

e alagamento podendo inclusive se identificar a suscetibilidade de uma determinada

regiatildeo da cidade a um ou outro evento (CEPED2014)

512 O Plano diretor e as APPs

Nos uacuteltimos anos o Brasil experimentou um forte fenocircmeno de migraccedilatildeo do campo para

as aacutereas urbanas De acordo com o IBGE no periacuteodo de 1940 a 2000 houve um aumento

de cerca de 60 do nuacutemero de pessoas que vivem em cidades (SILVA JR 2006) O

processo de planejamento e ordenamento do uso do solo nessas aacutereas deveria ter

acompanhado esse crescimento ao longo dos anos a fim de garantir a qualidade de vida e

a seguranccedila dos migrantes ao se instalarem nas cidades o que natildeo ocorreu e o que se

observa atualmente satildeo ocupaccedilotildees em aacutereas improacuteprias para moradia sem a infraestrutura

baacutesica necessaacuteria e com risco iminente de deslizamentos eou inundaccedilotildees

O Plano Diretor do municiacutepio de Santos Dumont em seu capiacutetulo IV que versa sobre o

uso e ocupaccedilatildeo do solo explicita regras para o ordenamento do territoacuterio que compreende

o municiacutepio com base nos diferentes usos do solo de acordo com sua compatibilidade o

32

que acabou por resultar num zoneamento de todo o municiacutepio em macrozonas conforme

citado na seccedilatildeo 3231 de acordo com os usos atuais e futuros do solo Aleacutem de dividir

estas macrozonas em urbanas e rurais tambeacutem avaliou e classificou estas aacutereas com base

numa seacuterie de fatores ambientais geoloacutegicos culturais e sociais de forma a se fazer um

zoneamento coerente com os atuais usos do solo e seu potencial de uso futuro Apresenta-

se na Figura 59 este zoneamento na aacuterea urbana principal de Santos Dumont

Figura 5 9 Zoneamento urbano da aacuterea urbana principal

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Lei 42412012

Tomando como referecircncia o Novo Coacutedigo Florestal brasileiro em especial os paracircmetros

estabelecidos para a definiccedilatildeo de APP e utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento

atraveacutes do software Vista SAGA relacionou-se as APPs existentes na aacuterea em estudo com

as regiotildees propiacutecias a alagamentos e deslizamentos de acordo com o estudo feito quando

da elaboraccedilatildeo do Plano Diretor afim de se identificar qual ou quais aacutereas possuem estes

problemas e se estatildeo relacionados com o uso do solo irregular em APP

Ao se aplicar a metodologia proposta por Oliveira amp Fernandes Filho (2013) natildeo foram

identificadas dentro da aacuterea de estudo APPs de topos de morro sendo este tipo de APP

descartada portanto das anaacutelises subsequentes deste trabalho Foram consideradas as

APP de curso hiacutedrico (rios e nascentes) e de declividade visando relacionaacute-las as aacutereas

de risco identificadas pela Prefeitura afim de se verificar as possiacuteveis causas da ocorrecircncia

33

destas aacutereas na regiatildeo urbana do municiacutepio Por meio de combinaccedilotildees entre dois mapas

temaacuteticos utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento foi possiacutevel obter as

assinaturas ou seja tabelas que caracterizam quantitativamente a aacuterea afetada por cada

aspecto visto que a simples visualizaccedilatildeo do mapa gerado pelo geoprocessamento muitas

vezes eacute prejudicada por serem aacutereas de pequenas dimensotildees ou por qualquer outra

limitaccedilatildeo do software Ressalta-se que para a elaboraccedilatildeo do Plano Municipal de Reduccedilatildeo

de riscos a identificaccedilatildeo e detalhamento topograacutefico destas aacutereas eacute fundamental para o

desenvolvimento do referido Plano conforme seraacute abordado detalhadamente na seccedilatildeo

52

De posse do mapa que representa o zoneamento urbano de Santos Dumont primeiramente

procurou-se mensurar qualitativa e quantitativamente a presenccedila de APPs tanto de

declividade quanto de cursos hiacutedricos Essa identificaccedilatildeo eacute importante pois este

zoneamento eacute um dos instrumentos de planejamento municipal (BRASIL 2001) Saboya

(2007) aponta que os principais objetivos de um zoneamento satildeo o controle da expansatildeo

urbana e proteccedilatildeo de aacutereas inadequadas a ocupaccedilatildeo aleacutem de reduzir os conflitos inerentes

aos diferentes usos do solo Com o uso da ferramenta ldquoCombinarrdquo do Vista SAGA foram

feitas combinaccedilotildees entre o mapa de hidrografia com buffer de 30m para rios e coacuterregos e

de 50m para nascentes com o mapa do zoneamento para se verificar a importacircncia das

APPs de curso hiacutedrico em toda a aacuterea urbana principal do municiacutepio Tambeacutem foram

combinados o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) obtido atraveacutes do gvSIG com o mapa

de zoneamento afim de se verificar quantitativamente as APPs de declividade e onde se

localizam Vale ressaltar que as declividades entre 30 e 47 estatildeo presentes nesta

combinaccedilatildeo pois de acordo com o Plano Diretor de Santos Dumont terrenos com esta

faixa de declividade para fins de parcelamento devem possuir estudo teacutecnico que ateste

a viabilidade de se promover algum empreendimento imobiliaacuterio neste (SANTOS

DUMONT 2012) Como a legislaccedilatildeo municipal prevecirc estudo somente para a faixa de

declividade descrita anteriormente para fins de anaacutelise neste trabalho consideramos um

valor mais conservador para APP compreendendo a faixa de 47 a 100 aleacutem da

prevista pela legislaccedilatildeo federal (gt100) para que natildeo houvessem lacunas importantes na

geraccedilatildeo do produto

Apresenta-se na Figura 510 aacutereas com declividades consideradas de risco e consideradas

APP e em qual zona de planejamento elas estatildeo inseridas De um modo geral ao se

observar a Tabela 52 nota-se que a aacuterea que compreende declividades de risco e APP eacute

uma pequena parcela da aacuterea urbana principal representando 061 desta aacuterea Ao se

levar em conta somente a localizaccedilatildeo pode-se verificar que cerca de 84 das aacutereas com

declividade de risco e a totalidade das APPs de declividade estatildeo localizadas na ZAC1

zona que compreende a maior parte do municiacutepio e apesar de possuir infraestrutura baacutesica

para a ocupaccedilatildeo esta eacute restrita Sendo assim o fator declividade deve ser visto com cautela

nesta aacuterea para se evitar transtornos advindos de edificaccedilotildees nestas aacutereas

34

Figura 5 10 Combinaccedilatildeo entre as declividades importantes incluindo as APPs e o

zoneamento urbano

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Do autor

Tabela 52 Assinaturas da combinaccedilatildeo Declividade x Zoneamento

Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea

Natildeo APP 457972 9939

Declividade 30-47 em ZAC1 2368 051

Declividade 30-47 em ZE 284 006

Declividade 30-47 em ZAC2 128 003

Declividade 30-47 em ZPA 004 0001

APP Declividade em ZAC1 048 001

Total 460804 100

Fonte Do autor

Apresenta-se na Figura 511 as APPs de curso hiacutedrico (nascentes e rios) e em qual zona

de planejamento estatildeo localizadas Assim como a declividade a maior parte das APPs de

curso hiacutedrico estatildeo localizadas em ZAC1 representando 383 da aacuterea urbana em estudo

e 51 do total das APPs de curso hiacutedrico Esta questatildeo tambeacutem deve ser vista com

bastante criteacuterio pelos gestores locais uma vez que a ocupaccedilatildeo em faixas proacuteximas de

rios e coacuterregos podem causar uma gama de problemas ambientais e sociais na regiatildeo

(SANTANA2011) Tal cuidado tambeacutem deve ser tomado nas APPs compreendidas na

35

ZAC2 que compreende 001 da Aacuterea urbana principal e 14 do total das APPs de curso

hiacutedrico pois a infraestrutura baacutesica e acessibilidade presente nesta zona eacute precaacuteria e a

ocupaccedilatildeo as margens de cursos hiacutedricos pode gerar problemas seacuterios caso ocorra uma

expansatildeo nestas aacutereas

Figura 511 Combinaccedilatildeo entre APP de curso hiacutedrico e as zonas de planejamento

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Do autor

Outro ponto importante eacute a presenccedila da Zona de Proteccedilatildeo Ambiental (ZPA) no entorno

uma consideraacutevel parte dos cursos hiacutedricos Nesta zona estatildeo presentes 28 das APPs de

curso hiacutedrico e esta zona de acordo com o Plano Diretor deve ser restaurada ou

preservada por suas caracteriacutesticas geoloacutegicas topograacuteficas e bioloacutegicas

Afim de se verificar os usos do solo na regiatildeo em estudo foram utilizadas combinaccedilotildees

de imagens advindas do sateacutelite Landsat 8 nas bandas descritas no capiacutetulo 4 aleacutem da

banda pancromaacutetica O resultado eacute apresentado na figura 512 que mostra os principais

usos do solo na aacuterea urbana principal de Santos Dumont

36

Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x Zoneamento

Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea

Hidrografia 11168 239

Aacuterea Urbana Natildeo APP 421004 9008

APP Curso hiacutedrico em ZAC1 179 383

APP Curso hiacutedrico em ZPA 9776 209

APP Curso hiacutedrico em ZE 184 004

APP Curso hiacutedrico em ZA 1192 026

APP Curso hiacutedrico em ZAC2 5124 110

APP Curso hiacutedrico em ZPPH 248 005

APP Curso hiacutedrico em ZEIS 568 012

APP Curso hiacutedrico em ZCA 228 005

Total 467392 10000

Fonte Do autor

Figura 5 12 Mapa de usos do solo da aacuterea urbana principal de Santos Dumont

Fonte Do autor

Como jaacute era previsto a maior parte da aacuterea urbana se encontra ocupada e eacute nesta regiatildeo

ocupada que se observa a maior concentraccedilatildeo de problemas de deslizamentos e

alagamentos (Figuras 513 e 514) A grande ocupaccedilatildeo em aacutereas consideradas APP de

curso hiacutedrico de acordo com os mapas gerados pode ser a principal causa do aumento a

cada ano dos casos de alagamento principalmente na regiatildeo central da cidade Outro ponto

que se deve atentar eacute a existecircncia de uma consideraacutevel aacuterea de pastagem pouco vegetada

que caso estejam em aacutereas elevadas pode contribuir para deslizamentos e agraves margens de

37

rios e coacuterregos para o assoreamento destes corpos hiacutedricos o que pode causar

alagamentos (INAacuteCIO etal 2007)

Diante destes resultados pode-se ver que a cidade de Santos Dumont necessita alternativas

efetiva no que diz respeito agrave contenccedilatildeo de deslizamentos e a reduccedilatildeo de risco de

alagamento pois as aacutereas em que ocorrem tais eventos satildeo distintas e facilmente definidas

devido agrave repeticcedilatildeo destes nos uacuteltimos anos Um plano de accedilatildeo integrado entre as diferentes

secretarias municipais (Obras Meio Ambiente Assistecircncia Social entre outras) e a

Coordenadoria Municipal de Defesa Civil deve ser realizado afim de se tomar medidas

natildeo mais preventivas mas sim preditivas para que se possa conter o avanccedilo destes

problemas na aacuterea urbana principal bem como em toda a aacuterea do municiacutepio

Figura 5 13 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na aacuterea urbana

principal

Fonte Do autor

38

Figura 5 14 Aacutereas sujeitas a alagamento e os principais usos do solo na aacuterea

urbana principal

Fonte Do autor

Ao se associar os dados do estudo do Plano Diretor com os dados do levantamento

histoacuterico realizado com o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) pode-se notar que as aacutereas

propiacutecias a deslizamento estatildeo em regiotildees as quais haacute uma fronteira de declividades ou

seja eacute evidente que os deslizamentos ocorrem em encostas um pouco mais iacutengremes mas

natildeo necessariamente nas encostas de 30-47 as quais exigem estudo teacutecnico conforme o

plano diretor preconiza Quanto aos alagamentos nota-se que eles se localizam nas aacutereas

com menor ou nenhuma declividade podendo ser estas aacutereas talvez componentes da

planiacutecie de inundaccedilatildeo dos rios Estes resultados podem ser vistos nas figuras 515 e 516

a seguir

39

Figura5 15 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a deslizamentos na

regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

Fonte Lei 42412012 e Autor

Figura5 26 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a alagamentos na

regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

Fonte Lei 42412012 e Autor

40

52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis

O processo de ocupaccedilatildeo no municiacutepio de Santos Dumont comeccedilou muito antes de

qualquer legislaccedilatildeo relacionada a ordenamento urbano e de proteccedilatildeo do meio ambiente

fosse implementado no Brasil Esse fato aliado a poliacuteticas e fiscalizaccedilotildees falhas

contribuiacuteram para a ocupaccedilatildeo e expansatildeo da aacuterea urbana ao longo do Ribeiratildeo das Posses

e seus afluentes o que tem gerado o aumento da degradaccedilatildeo destes corpos hiacutedricos ao

longo de todos estes anos Observa-se tambeacutem que nas uacuteltimas deacutecadas ocorreu um

grande nuacutemero de migraccedilotildees do campo para a regiatildeo urbana da cidade fator que

contribuiu para o crescimento do nuacutemero de habitaccedilotildees em aacutereas de risco de deslizamento

e alagamentos por serem na maioria das vezes terrenos menos valorizados e por este

motivo acessiacuteveis a populaccedilatildeo com menor poder aquisitivo (ROSA amp CORTEZ 2008)

Vale ressaltar que esta questatildeo aleacutem de ser ambiental eacute muito mais social pois os

moradores entendem os riscos de se viver nestes locais mas por motivos econocircmicos ou

por questotildees afetivas natildeo abrem matildeo da moradia nessas aacutereas A Constituiccedilatildeo Federal de

1988 promoveu a inter-relaccedilatildeo das questotildees sociais com as questotildees ambientais quando

colocou o meio ambiente como direito coletivo (BRASIL1988 SOUZA2010) Por este

motivo a decisatildeo por medidas draacutesticas que favoreccedilam apenas agrave preservaccedilatildeo do meio

ambiente natildeo eacute recomendada pois aleacutem de ser inconstitucional podem afetar a

sustentabilidade econocircmica do municiacutepio e gerar conflitos sociais consideraacuteveis

(CARLOS 1992 apud SOUZA 2010)

Segundo Bueno (2009) ldquonem tudo o que eacute irregular eacute precaacuteriordquo Esse fato se observa em

Santos Dumont uma vez que em boa parte da regiatildeo central se observa vaacuterias moradias

construiacutedas na faixa de APP de curso hiacutedrico o que natildeo eacute permitido pela legislaccedilatildeo

vigente e eacute um dos fatores que contribui para a ocorrecircncia de alagamentos nesta aacuterea da

cidade Para a resoluccedilatildeo deste problema o que seria mais viaacutevel seria a melhoria da

infraestrutura de drenagem urbana afim de que o escoamento da aacutegua das chuvas natildeo

sobrecarregasse o sistema (BUENO2009) A construccedilatildeo de bacias de contenccedilatildeo de

cheias ao longo do Ribeiratildeo das Posses tambeacutem seria uma alternativa mas para se verificar

a viabilidade necessita-se estudos mais aprofundados do ponto de vista hidroloacutegico

O grande problema a ser solucionado no entanto eacute o que diz respeito agraves aacutereas de risco

de deslizamento majoritariamente nos bairros A melhor alternativa seria o

remanejamento dos moradores para uma aacuterea proacutexima agrave que moram poreacutem longe do

risco Poreacutem esta alternativa de acordo com Rosa Filho amp Cortez (2008) encontra alguns

entraves pois estas pessoas na maioria das vezes natildeo tecircm condiccedilotildees financeiras de irem

para outro lugar ou pagar aluguel ou estatildeo de alguma forma sentimentalmente ligadas

agravequela regiatildeo que se recusam a deixaacute-lo

41

Por parte dos oacutergatildeos competentes no municiacutepio a criaccedilatildeo de um plano para se evitar

acidentes ocasionados por deslizamentos e alagamentos com um mapeamento detalhado

de toda a extensatildeo do municiacutepio eacute extremamente uacutetil Os estudos que seratildeo feitos para a

elaboraccedilatildeo deste plano poderatildeo definir quais as aacutereas satildeo potencialmente de risco para as

ocupaccedilotildees existentes ou para as potenciais ocupaccedilotildees que possam vir a ocorrer atraveacutes do

mapeamento das aacutereas de risco Tal planejamento seraacute auxiliar ao Plano Diretor

Municipal pois definiraacute o real uso do solo de determinada regiatildeo do municiacutepio

contribuindo para a adequaccedilatildeo do uso e ocupaccedilatildeo do solo afim de evitar ou reduzir o

nuacutemero de problemas relacionados a alagamentos e principalmente deslizamentos no

periacutemetro urbano (TOMINAGA 2009) A partir deste plano os gestores locais poderatildeo

tomar a melhor decisatildeo para a prevenccedilatildeo ou reduccedilatildeo dos riscos inerentes a tais problemas

Na seccedilatildeo 521 seraacute hierarquizado de forma preliminar a aacuterea urbana principal de acordo

com os resultados da tabela 51

521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta

O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos (PMRR) foi criado atraveacutes de accedilotildees

regularizadoras do Ministeacuterio das Cidades para ser o instrumento de gestatildeo e

gerenciamento de aacutereas de risco em um municiacutepio Eacute um documento que aleacutem de

estabelecer quais regiotildees satildeo consideradas de risco tambeacutem objetiva a proposta de

medidas estruturais ou natildeo para contenccedilatildeo eou prevenccedilatildeo de cataacutestrofes aleacutem de ser um

meio de captaccedilatildeo de recursos financeiros junto aos Governos Estadual e Federal Estes

recursos poderatildeo ser utilizados para a realizaccedilatildeo de obras que visem a melhoria da

qualidade de vida da populaccedilatildeo do entorno ou de recuperaccedilatildeo da aacuterea degradada Este

plano eacute realizado de forma participativa com as comunidades das aacutereas de risco e pode

ser realizado em sete fases conforme recomenda o Ministeacuterio das Cidades (ALHEIROS

2006)

O primeiro passo para a realizaccedilatildeo do PMRR eacute definir qual a metodologia seraacute empregada

levando-se em consideraccedilatildeo a realidade atual do municiacutepio e especificar de forma sucinta

um cronograma das atividades Eacute importante nesta fase a participaccedilatildeo tambeacutem dos

responsaacuteveis pelas mais variadas Secretarias Municipais afim de explicitar o tamanho da

importacircncia e o caraacuteter integrador deste plano A segunda fase deste plano objetiva a

criaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo da principal base de dados a ser utilizada nos passos posteriores o

mapeamento de risco em escala detalhe em torno de 13000 (SAtildeO PAULO 2014) A

elaboraccedilatildeo de um mapeamento detalhado propiciaraacute natildeo soacute a identificaccedilatildeo mais faacutecil das

aacutereas de risco como tambeacutem facilitaraacute aos gestores e agrave comunidade decidirem qual a

melhor intervenccedilatildeo para a soluccedilatildeo ou remediaccedilatildeo dos problemas em uma determinada

42

aacuterea hierarquizando o risco e definindo prioridades (SAtildeO PAULO 2014) Na tabela a

seguir apresenta-se alguns tipos de intervenccedilotildees que podem ser feitas em aacutereas de risco

sugeridas pelo Ministeacuterio das cidades (ALHEIROS 2006)

Quadro 5 1 - Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco

Tipo de intervenccedilatildeo Descriccedilatildeo

Serviccedilos de limpeza e Recuperaccedilatildeo

Remoccedilatildeo de entulho lixo etc

corte de aacutervores

remoccedilatildeo de bananeiras

recuperaccedilatildeo eou limpeza de sistemas de

drenagem esgotos e acessos

Limpeza de canais de drenagem

Proteccedilatildeo Vegetal

Proteccedilatildeo superficial vegetal (gramiacuteneas) em

taludes com solo exposto

Proteccedilatildeo vegetal de margens de canais de

drenagem

Barreiras vegetais para massas escorregadas

ou acumuladas pela erosatildeo

Drenagem Superficial e Acessos

Sistema de drenagem superficial (canaletas

raacutepidos caixas de transiccedilatildeo escadas drsquoaacutegua)

Acessos para pedestres (escadarias rampas

etc) integrados ao sistema de drenagem

Revestimento de Taludes Revestimento com materiais artificiais

cimentado cal-jet tela argamassada alvenaria

de tijolos ceracircmicos solo-cimento ensacado

Desmonte de blocos e matacotildees Desmonte de concreccedilotildees de grande porte

blocos rochosos e matacotildees

Obras de drenagem de subsuperfiacutecie Sistema de drenagem de subsuperfiacutecie

(trincheiras drenantes DHP poccedilos de

rebaixamento)

Estruturas de contenccedilatildeo (localizadas)

Muros de contenccedilatildeo de pequeno porte (solo-

cimento ensacado alvenaria de pedra-rachatildeo

concreto armado)

Estruturas de contenccedilatildeo localizadas

(chumbadores tirantes microestacas)

Contenccedilatildeo e proteccedilatildeo de margens de canais (

gabiotildees muros de concreto etc)

Estruturas de contenccedilatildeo (meacutedio e grande porte) Implantaccedilatildeo de estruturas de contenccedilatildeo de

meacutedio e grande porte envolvendo obras de

contenccedilatildeo passivas e ativas (muros de

gravidade cortinas etc)

Terraplanagem Execuccedilatildeo de serviccedilos de terraplanagem

combinados a obras de drenagem superficial e

proteccedilatildeo vegetal desvio e canalizaccedilatildeo de

coacuterregos

Remoccedilatildeo de moradias Remoccedilotildees definitivas para implantaccedilatildeo de

obras ou devido agrave localizaccedilatildeo improacutepria da

edificaccedilatildeo (Priorizar as relocaccedilotildees dentro da

proacutepria aacuterea em local seguro)

Fonte ALHEIROS 2006

43

Escolhidas as formas de intervenccedilatildeo para cada aacuterea eacute necessaacuterio realizar uma estimativa

dos custos afim de preparar o orccedilamento da prefeitura para a realizaccedilatildeo das obras e se

seraacute necessaacuterio a captaccedilatildeo de recursos externos para a execuccedilatildeo destas Feitas as

estimativas de custo o proacuteximo passo eacute definir as prioridades e para esta fase eacute tambeacutem

uacutetil o mapeamento feito nas etapas anteriores pois seraacute necessaacuterio hierarquizar tais

intervenccedilotildees nas aacutereas de risco O Ministeacuterio das Cidades (2007) sugere alguns criteacuterios

que podem ser avaliados pelo gestor dentre eles pode-se citar

Grau de risco

Populaccedilatildeo beneficiada

Custo da intervenccedilatildeo

Dimensatildeo da aacuterea a ser tratada

Demandas anteriores da populaccedilatildeo

Tempo de ocupaccedilatildeo

Viabilidade teacutecnica da intervenccedilatildeo

Viabilidade financeira

Inclusatildeo da aacuterea em outros projetos

A partir desta hierarquizaccedilatildeo inicia-se a identificaccedilatildeo de provaacuteveis fontes de captaccedilatildeo de

recursos para a execuccedilatildeo das intervenccedilotildees Estes recursos podem advir de programas dos

governos Federal e Estadual ou por meio de editais para captaccedilatildeo de recursos financeiros

tanto do setor puacuteblico como da iniciativa privada e podem ser tambeacutem associados agrave outras

Secretarias Municipais como a de Turismo ou Meio Ambiente e natildeo soacute as destinadas agrave

Defesa Civil (ALHEIROS 2006)

Eacute previsto tambeacutem no PMRR uma avaliaccedilatildeo da Defesa Civil municipal e como ela estaacute

estruturada fazendo inclusive sugestotildees para que sua atuaccedilatildeo esteja em consonacircncia com

a realidade das comunidades e da Administraccedilatildeo Puacuteblica do municiacutepio de forma a garantir

sua sustentabilidade e conquistar a credibilidade da populaccedilatildeo no que diz respeito a

prevenccedilatildeo de cataacutestrofes Para que a resposta a uma determinada situaccedilatildeo de risco seja

raacutepida eacute necessaacuterio a descentralizaccedilatildeo da Defesa Civil criando pequenos nuacutecleos

comunitaacuterios com a finalidade de se monitorar a aacuterea constantemente e promover as

intervenccedilotildees necessaacuterias em tempo haacutebil o que aumenta em muito a credibilidade da

populaccedilatildeo no PMRR e no trabalho desempenhado pela Defesa Civil no municiacutepio Apoacutes

esta etapa o PMRR passaraacute por audiecircncias puacuteblicas e posteriormente poderaacute ser aprovado

como Lei Municipal pelo Legislativo local (ALHEIROS 2006)

Com a realizaccedilatildeo deste plano o municiacutepio estaraacute munido de informaccedilotildees suficientes para

realizar accedilotildees efetivas de gestatildeo e gerenciamento de riscos bem como aliado a

levantamentos sociais realizar programas habitacionais que beneficiem prioritariamente

44

aos moradores das aacutereas de risco Aleacutem disso com o PMRR o municiacutepio poderaacute melhorar

a qualidade ambiental da populaccedilatildeo captando recursos para a recuperaccedilatildeo das aacutereas de

APP que foram degradadas pelas ocupaccedilotildees irregulares beneficiando todos os moradores

do municiacutepio com o aumento da qualidade de vida na cidade

A partir do disposto nesta seccedilatildeo acerca do Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos e de

uma maneira preliminar (levando-se em conta apenas o nuacutemero de registros de

alagamentos e deslizamentos na aacuterea urbana principal de Santos Dumont no periacuteodo de

1984 a 2014) identificou-se trecircs regiotildees distintas na aacuterea urbana do municiacutepio com

tempo de recorrecircncia desses eventos similares caracterizando trecircs prioridades de

intervenccedilatildeo em contenccedilatildeo de risco como pode ser visto nas figuras 515 e 516 Vale

ressaltar que eacute necessaacuterio um estudo mais detalhado inclusive com visitas teacutecnicas a

campo para que se confirme a real situaccedilatildeo destas e a real prioridade para investimentos

Figura 5 17 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de deslizamentos

Fonte Do Autor

45

Figura 5 18 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de alagamentos

Fonte Do Autor

46

6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees

A seguir apresenta-se as conclusotildees e as recomendaccedilotildees feitas a partir dos objetivos

especiacuteficos explicitados no iniacutecio deste trabalho

Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a

aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes

urbanos

A partir da revisatildeo da legislaccedilatildeo pertinente em acircmbito federal estadual e

municipal constatou-se que o Plano Diretor de Santos Dumont natildeo conflita com a

legislaccedilatildeo federal e estadual sobre Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente A legislaccedilatildeo

municipal foi entendida como mais conservadora que as federal e estadual uma

vez que considera implicitamente que declividades entre 47 e 100 satildeo

enquadradas como APPs aleacutem da faixa superior a 100

Parte consideraacutevel das ocupaccedilotildees em APP principalmente na regiatildeo do bairro

Santo Antocircnio (onde surgiu os primeiros nuacutecleos que deram origem ao municiacutepio)

e o centro da cidade ocorreram antes de que fosse elaborado qualquer legislaccedilatildeo

que versasse sobre o tema Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente bastando ao gestor

local tomar medidas de contenccedilatildeo de riscos que minimizem os impactos causados

por essas ocupaccedilotildees nessa regiatildeo

O ordenamento adequado do uso do solo no municiacutepio eacute necessaacuterio para que o

crescimento dos loteamentos criados anteriormente agrave esta Lei e o surgimento de

novos natildeo avance para Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente o que pode causar

inuacutemeros problemas aos moradores e agravar os jaacute existentes

Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las

com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)

As aacutereas onde houveram a maior quantidade de registros de deslizamentos satildeo os

bairros mais populosos de Santos Dumont podendo se estabelecer uma relaccedilatildeo

que quanto mais populoso o bairro maior a quantidade de problemas relacionados

a deslizamentos Tambeacutem pode-se notar uma relaccedilatildeo com as fronteiras das faixas

de declividades e os deslizamentos uma vez que boa parte deles aconteceram

nestas faixas

As aacutereas onde houve um grande nuacutemero de registros de alagamentos satildeo os bairros

que se desenvolveram agraves margens do Ribeiratildeo das Posses em especial na aacuterea que

47

compreende as APPs de curso hiacutedrico e em aacutereas onde a declividade eacute baixa Esse

fato aliado ao crescimento do nuacutemero de vias pavimentadas com material

impermeaacutevel e a natildeo expansatildeo e ou redimensionamento da rede de drenagem

urbana contribuiacuteram para a ocorrecircncia cada vez mais constante de alagamentos

nessas aacutereas

Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos

catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30

anos

A partir do levantamento histoacuterico realizado e da base de dados georeferenciada

gerada observou-se o aumento do nuacutemero de registros de deslizamentos e

alagamentos nos uacuteltimos 10 anos quando as ocorrecircncias comeccedilaram a se repetir

numa mesma aacuterea com frequecircncia incrementada as vezes com mais de uma

ocorrecircncia anual

Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do

solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental

Destaca-se a adequaccedilatildeo dos criteacuterios gerais estabelecidos pelo Plano Diretor de

Santos Dumont relativos a legislaccedilatildeo federal e estadual Entretanto o referido

Plano Diretor natildeo contempla todo o territoacuterio municipal sendo assim ele natildeo

cumpre o objetivo de proteger as APPs preservadas e recuperar as que foram

degradadas em todo o territoacuterio municipal Ressalta-se tambeacutem a sua natildeo

conformidade com o Estatuto das Cidades uma vez que o Plano Diretor

contempla apenas os novos loteamentos

Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais

negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea

impactada

Recomenda-se a implantaccedilatildeo no municiacutepio de uma Coordenadoria Municipal de

Defesa Civil atuante e integrada agraves Secretarias Municipais e agrave comunidade

visando uma atuaccedilatildeo eficaz nos problemas relacionados a deslizamentos e

alagamentos A elaboraccedilatildeo de um Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos eacute de

suma importacircncia pois atraveacutes dele pode-se predizer as aacutereas que passaratildeo por

problemas caso a expansatildeo aconteccedila ou se inicie uma ocupaccedilatildeo nova aleacutem de

prevenir acidentes nas aacutereas jaacute ocupadas e consideradas de risco

48

7 Anexos

49

71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont

50

51

72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)

52

53

8 Referecircncias Bibliograacuteficas

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CF estabelece as diretrizes gerais da poliacutetica urbana e daacute outras providecircncias Brasiacutelia

2001

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vegetaccedilatildeo nativa altera as Leis nos 6938 de 31 de agosto de 1981 9393 de 1 9 de

dezembro de 1996 e 11 428 de 22 de dezembro de 2006 revoga as Leis nos 4771 de

1 5 de setembro de 1965 e 7754 de 1 4 de abril de 1989 e a Medida Provisoacuteria no 21

66shy67 de 24 de agosto de 2001 e daacute outras providecircncias Brasiacutelia 2012

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56

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da cidade de Satildeo Paulo O caso da subprefeitura da Seacute Trabalho de Graduaccedilatildeo UNESP

Rio Claro 2013

Page 18: O USO DO SOLO URBANO EM ÁREAS DE PRESERVAÇÃO … · social que você tenha na vida, a mais alta ou a mais baixa, tenha sempre como meta muita força, muita determinação e sempre

10

32 Legislaccedilatildeo Pertinente

321 As adequaccedilotildees da legislaccedilatildeo ao longo dos anos

A problemaacutetica relacionada agraves APPs em aacutereas urbanas outrora era uma questatildeo complexa

e demandava uma larga discussatildeo do ponto de vista juriacutedico administrativo e teacutecnico Eacute

sabido que a maioria das cidades se formaram proacuteximos aos corpos hiacutedricos regiatildeo que

garantia o abastecimento de aacutegua e alimentos agrave populaccedilatildeo e tambeacutem facilitava o descarte

dos efluentes A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 225 daacute garantia aos

brasileiros de um meio ambiente em equiliacutebrio e concede agrave toda a sociedade o dever de

preservaacute-lo de acordo com os princiacutepios do desenvolvimento sustentaacutevel (BRASIL

1988) Antes desta Constituiccedilatildeo jaacute havia um texto que regulamentava a questatildeo da

preservaccedilatildeo de aacutereas verdes em todo o territoacuterio nacional A Lei Federal nordm 477165 que

trata do Coacutedigo Florestal estabelecia limites e regulamentava as Aacutereas de Preservaccedilatildeo

Permanente De acordo com Arauacutejo (2002) apud De Moraes (2014) essa Lei que fora

revogada e substituiacuteda pela Lei 126512012 era bastante falha no que diz respeito agraves

questotildees de APPS em aacutereas urbanas o que poderia ser um facilitador do natildeo cumprimento

do que foi proposto por aquela legislaccedilatildeo nestas aacutereas Isso se devia ao fato de o Coacutedigo

Florestal de 1965 ter deixado uma duacutevida sobre qual legislaccedilatildeo seguir uma vez que em

seu segundo artigo no paraacutegrafo uacutenico estava disposto que em aacutereas urbanas devia-se

atentar para a legislaccedilatildeo referente ao Plano Diretor e as referentes ao uso do solo na aacuterea

do municiacutepio (BRASIL 1965) Diante dessa conjuntura alguns municiacutepios optavam pela

natildeo aplicaccedilatildeo do Coacutedigo Florestal na regiatildeo urbana mesmo sabendo que a poliacutetica

conservacionista eacute extremamente importante visto o grande nuacutemero de problemas que

podem advir do uso irregular das APPs (DE MORAES 2009) Segundo o artigo 182 da

Constituiccedilatildeo Federal de 1988 as poliacuteticas relacionadas ao desenvolvimento urbano

devem ser elaboradas pelos municiacutepios e objetiva garantir o bem estar dos muniacutecipes e

tambeacutem o desenvolvimento do municiacutepio como um todo atraveacutes do atendimento agraves

exigecircncias do Plano Diretor (BRASIL 1988) O que podia gerar alguma divergecircncia seria

se o Plano Diretor Municipal propusesse uma faixa de APP menor que a prevista pelo

Coacutedigo Florestal Sendo assim essa legislaccedilatildeo perderia sua validade pelo fato de a

legislaccedilatildeo federal ser suplementar ou se seria cumprida devido ao disposto no artigo 182

da Constituiccedilatildeo Segundo De Moraes (2009) natildeo eacute aceitaacutevel que o Plano Diretor

Municipal legitime tal degradaccedilatildeo ambiental uma vez que um dos seus principais

objetivos eacute a proteccedilatildeo do bem estar puacuteblico estando incluiacutedo nesse a proteccedilatildeo do

ambiente natural A delimitaccedilatildeo e especificaccedilatildeo das APPs em Lei eacute necessaacuteria uma vez

que os limites miacutenimos destinados agrave preservaccedilatildeo satildeo importantes pois garantem a

proteccedilatildeo tanto da qualidade quanto da quantidade dos recursos hiacutedricos e evitam a

ocupaccedilatildeo em locais propiacutecios aos deslizamentos e zonas de recarga dos aquiacuteferos

11

subterracircneos assegurando tambeacutem de certa forma a integridade dos seres humanos que

potencialmente ocupariam tais locais (CARVALHO 2013)

Neste trabalho a legislaccedilatildeo tomada como referecircncia eacute a prevista pela Constituiccedilatildeo Federal

de 1988 o Novo Coacutedigo Florestal (Lei 126512012) e o Estatuto das Cidades (Lei

102572001) em acircmbito federal Na esfera estadual a Lei 209222013 versa sobre os

limites para APP em todo o territoacuterio de Minas A Lei Municipal 42412012 trata do

Plano Diretor Municipal da cidade de Santos Dumont onde se encontra as diretrizes para

o uso e ocupaccedilatildeo do solo e o zoneamento da cidade de acordo com as caracteriacutesticas do

solo entre outras

322 O Novo Coacutedigo Florestal e a legislaccedilatildeo mineira

O Novo Coacutedigo Florestal Lei Federal 126512012 substituiu a Lei Federal 47711965

Dentre os vaacuterios artigos que esta lei possui o que apresenta maior importacircncia para o

planejamento e o ordenamento das cidades tanto na aacuterea urbana como na rural eacute o artigo

4ordm em que constam as faixas de APP tanto para curso hiacutedrico como para declividade e

altitude aleacutem dos topos de morro a saber (BRASIL2012)

ldquoArt 4ordm Considera-se Aacuterea de Preservaccedilatildeo

Permanente em zonas rurais ou urbanas para os

efeitos desta Lei

I - as faixas marginais de qualquer curso drsquoaacutegua

natural perene e intermitente excluiacutedos os

efecircmeros desde a borda da calha do leito regular

em largura miacutenima de

a) 30 (trinta) metros para os cursos drsquoaacutegua de

menos de 10 (dez) metros de largura

b) 50 (cinquenta) metros para os cursos drsquoaacutegua

que tenham de 10 (dez) a 50 (cinquenta) metros de

largura

()

IV - as aacutereas no entorno das nascentes e dos olhos

drsquoaacutegua perenes qualquer que seja sua situaccedilatildeo

topograacutefica no raio miacutenimo de 50 (cinquenta)

metros

12

V - as encostas ou partes destas com declividade

superior a 45deg equivalente a 100 (cem por

cento) na linha de maior declive

()

IX - no topo de morros montes montanhas e

serras com altura miacutenima de 100 (cem) metros e

inclinaccedilatildeo meacutedia maior que 25deg as aacutereas

delimitadas a partir da curva de niacutevel

correspondente a 23 (dois terccedilos) da altura

miacutenima da elevaccedilatildeo sempre em relaccedilatildeo agrave base

sendo esta definida pelo plano horizontal

determinado por planiacutecie ou espelho drsquoaacutegua

adjacente ou nos relevos ondulados pela cota do

ponto de sela mais proacuteximo da elevaccedilatildeo

X - as aacutereas em altitude superior a 1800 (mil e

oitocentos) metros qualquer que seja a

vegetaccedilatildeo

()rdquo

A legislaccedilatildeo atual em seu artigo 4ordm evidencia que as faixas e aacutereas determinadas como

APP compreendem tanto as aacutereas rurais quanto urbanas (BRASIL 2012) retirando a

duacutevida anterior e sendo essa a Lei suplementar qualquer faixa de APP mais permissiva

na legislaccedilatildeo estadual e municipal satildeo invaacutelidas o que simplificou de certa forma a

aplicabilidade da Legislaccedilatildeo referente a Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente

No Estado de Minas Gerais a Lei Estadual 20922 de 16 de Outubro de 2013 trata do tema

em acircmbito estadual mas com os mesmos princiacutepios propostos pela Lei Federal sendo os

limites miacutenimos previstos para as APPs os mesmos propostos pelo Novo Coacutedigo

Florestal brasileiro (MINAS GERAIS2013)

ldquo Art 9ordm Para os efeitos desta Lei em zonas rurais

ou urbanas satildeo APPs

I as faixas marginais de cursos drsquoaacutegua naturais

perenes e intermitentes excluiacutedos

os efecircmeros medidas a partir da borda da calha

do leito regular em largura miacutenima de

13

a) 30m (trinta metros) para os cursos drsquoaacutegua de

menos de 10m (dez metros) de largura

b) 50m (cinquenta metros) para os cursos drsquoaacutegua

de 1 0m (dez metros) a 50m (cinquenta metros) de

largura

()

IV as aacutereas no entorno das nascentes e dos olhos

drsquoaacutegua perenes no raio miacutenimo de 50m

(cinquenta metros)

V as encostas ou partes destas com declividade

superior a 45ordm (quarenta e cinco graus)

equivalente a 100 (cem por cento) na linha de

maior declive

()

VII no topo de morros montes montanhas e

serras com altura miacutenima de 100m (cem metros)

e inclinaccedilatildeo meacutedia maior que 25ordm (vinte e cinco

graus) as aacutereas delimitadas a partir da curva de

niacutevel correspondente a 23 (dois terccedilos) da altura

miacutenima da elevaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave base sendo esta

definida pelo plano horizontal determinado por

planiacutecie ou espelho drsquoaacutegua adjacente ou nos

relevos ondulados pela cota do ponto de sela mais

proacuteximo da elevaccedilatildeo

VIII as aacutereas em altitude superior a 1 800m (mil

e oitocentos metros)

()rdquo

323 O Plano Diretor

O Estatuto das Cidades em seu artigo 40 prevecirc o plano diretor como um instrumento

capaz de promover a poliacutetica urbana englobando toda a cidade aleacutem de fornecer padrotildees

e limites para o uso do solo nas mais diversas regiotildees do municiacutepio com vistas a

harmonizar o desenvolvimento urbano com a preservaccedilatildeo do meio ambiente (SILVA JR

2006) Este instrumento eacute obrigatoacuterio para cidades com mais de 20 mil habitantes ou

14

aacutereas que integrem regiotildees metropolitanas ou de interesse turiacutestico O artigo 41 do

Estatuto das cidades tambeacutem prevecirc a obrigatoriedade do Plano Diretor para cidades que

possuem em sua aacuterea empreendimentos que caracterizem grandes impactos ambientais

de influecircncia regional ou nacional e cidades que possuem problemas com deslizamentos

de grande magnitude ou alagamentos repentinos (BRASIL 2001)

O Plano diretor de acordo com o Estatuto das Cidades deve ser aprovado como lei em

acircmbito municipal e revisto a cada dez anos Este documento eacute uacutenico pois cada cidade

possui suas peculiaridades infraestrutura vocaccedilotildees e problemas que por mais que sejam

parecidos entre si satildeo diferenciados pela intensidade e pela regionalizaccedilatildeo Sendo assim

a confecccedilatildeo do Plano Diretor deve conter a participaccedilatildeo de toda a comunidade local de

forma a reduzir as desigualdades sociais os gastos puacuteblicos desnecessaacuterios a degradaccedilatildeo

ambiental e combater os problemas relacionados a urbanizaccedilatildeo de forma conjunta

promovendo um processo de tomada de decisatildeo que garanta a qualidade de vida

preservaccedilatildeo e o desenvolvimento social do municiacutepio como um todo (ROSSBACH amp

CARVALHO 2010)

3231 O Plano Diretor de Santos Dumont

A Lei Municipal nordm 424112 que entrou em vigor no ano de 2014 trata do Plano Diretor

Municipal instrumento previsto no Estatuto das Cidades para garantir aos cidadatildeos um

desenvolvimento urbano organizado justo e sustentavelmente econocircmico (BRASIL

2001) Aleacutem de apontar as diretrizes para a elaboraccedilatildeo da Poliacutetica Municipal dos mais

variados setores o Plano Diretor divide o municiacutepio em macrozonas urbanas e rurais

Estas zonas tecircm por objetivo facilitar a identificaccedilatildeo dos setores que permitem ou natildeo o

desenvolvimento da cidade e em que magnitude pode ser feita a expansatildeo respeitando ao

meio ambiente e tambeacutem o que eacute previsto no tocante ao uso e ocupaccedilatildeo do solo nessas

aacutereas Aleacutem disso ela estabelece a forma como devem ser as edificaccedilotildees nas referidas

aacutereas As aacutereas definidas como macrozonas urbanas e foram subdivididas em (SANTOS

DUMONT2012)

ldquoZona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e

da Paisagem (ZPPH) satildeo as aacutereas cujos

equipamentos urbanos possuem interesse

histoacuterico ou paisagiacutestico de preservaccedilatildeo

Zona de Preservaccedilatildeo Ambiental satildeo aquelas em

que devem ser mantidas ou recuperadas a

15

vegetaccedilatildeo por conta da declividade altitude ou

presenccedila de recursos hiacutedricos

Zona de Adensamento Controlado (ZAC) satildeo as

aacutereas em que deve-se manter uma pequena

densidade populacional devido as limitaccedilotildees na

infraestrutura da localidade A ZAC se divide em

ZAC 1 quando a infraestrutura existente eacute

limitada e em ZAC 2 quando esta eacute precaacuteria ou

natildeo existe

Zona de Consolidaccedilatildeo de Adensamento (ZCA)

satildeo as aacutereas em que haacute interesse em ocupar os

lotes vagos haja visto que a regiatildeo possui toda a

infraestrutura para que isto aconteccedila

Zona Adensaacutevel (ZA) satildeo as aacutereas com

condiccedilotildees propiacutecias para ocorrer uma ocupaccedilatildeo

mais densa

Zona Especial de Interesse Social (ZEIS) satildeo as

aacutereas em que o Poder Puacuteblico almeja fazer

alguma forma de ocupaccedilatildeo Eacute dividida em ZEIS 1

e ZEIS 2 A ZEIS 1 satildeo regiotildees jaacute ocupadas mas

de forma irregular cujo interesse puacuteblico eacute

realizar obras e outras atividades para

regularizar as ocupaccedilotildees e urbanizar a aacuterea

enquanto que a ZEIS 2 satildeo aacutereas natildeo utilizadas ou

subutilizadas as quais o poder puacuteblico almeja

realizar algum empreendimento habitacional de

caraacuteter social

Zona de Grandes Equipamentos (ZE) satildeo aacutereas

cujo o interesse eacute a implantaccedilatildeo de

empreendimentos de grande porte ou grandes

equipamentos puacuteblicosrdquo

Esta divisatildeo espacial pode ser melhor vista no Anexo 71

O Plano Diretor natildeo estipula limites para APP mas prevecirc algumas diretrizes como na

Poliacutetica Municipal de Preservaccedilatildeo do Meio Ambiente sobre o uso do solo em

compatibilidade com praacuteticas conservacionistas A Poliacutetica Municipal de Expansatildeo

16

Urbana tem como uma de suas diretrizes fazer cumprir a legislaccedilatildeo vigente no que diz

respeito agraves intervenccedilotildees e investimentos que poderatildeo ser feitos nessas aacutereas Tambeacutem eacute

diretriz da mesma Poliacutetica o controle da ocupaccedilatildeo e do uso do solo em APPs e o auxiacutelio

aos oacutergatildeos estaduais e federais de meio ambiente no tocante agrave fiscalizaccedilatildeo da ocupaccedilatildeo

nestas aacutereas (SANTOS DUMONT 2012) O artigo 38 que trata das diretrizes da Poliacutetica

habitacional de interesse social exclui do processo de regularizaccedilatildeo fundiaacuteria os

assentamentos situados em aacutereas de risco o que na maioria das vezes estatildeo tambeacutem nas

aacutereas que deveriam estar vegetadas e protegidas (SANTOS DUMONT 2012) Na

legislaccedilatildeo referente ao parcelamento do solo eacute previsto que no parcelamento de glebas

com declividade entre 30 e 47 soacute poderaacute ser aprovado mediante projeto e laudo

assinado por um responsaacutevel teacutecnico favoraacutevel agrave construccedilatildeo nesse local (SANTOS

DUMONT 2012) Diante do proposto pelo Plano Diretor de Santos Dumont pode-se

dizer que natildeo haacute conflito com a legislaccedilatildeo federal e estadual em se tratando da

aplicabilidade do Coacutedigo Florestal uma vez que aquele natildeo explicita limites nem

permissivos e tampouco restritivos para faixas e aacutereas de preservaccedilatildeo permanente

33 O Municiacutepio de Santos Dumont

331 De Arraial a cidade

A aacuterea onde se situa hoje o municiacutepio de Santos Dumont teve sua ocupaccedilatildeo iniciada no

seacuteculo XVIII quando a Coroa Portuguesa solicitou ao entatildeo Governador do Rio de

Janeiro Artur de Saacute Menezes que abrisse um caminho que ligasse as Minas dos

Cataguases na regiatildeo de Ouro Preto (receacutem descobertas) ao Rio de Janeiro por onde

escoava os metais preciosos para a metroacutepole Surgiu assim o ldquoCaminho Novordquo e ao longo

deste caminho surgiram tambeacutem as Sesmarias aacutereas que tinham por principal objetivo

servir de pouso aos transportadores e exploradores e tambeacutem para garantir alimento a

estas pessoas Uma destas ocupaccedilotildees seria o ldquoArraial de Joatildeo Gomesrdquo (Figura 41)

primeiro nuacutecleo primitivo do municiacutepio em 1709 De iniacutecio prevaleciam somente

ranchos onde os viajantes se abrigavam mas em pouco tempo ergueu-se a Capela de Satildeo

Miguel e Almas e pequenos nuacutecleos urbanos comeccedilaram a surgir (DAPPC2008)

17

Figura 3 1 Vista parcial do Arraial de Joatildeo Gomes

Fonte Arquivo Histoacuterico de Santos Dumont-MG

Com a construccedilatildeo da Estrada de Ferro D Pedro II no final do seacuteculo XIX a regiatildeo teve

um consideraacutevel crescimento natildeo soacute populacional como tambeacutem econocircmico se tornando

a Vila Palmyra em 1889 Em 1890 Palmyra eacute elevada ao status de Municiacutepio (Figura 42)

e recebe um grande nuacutemero de melhorias no setor viaacuterio como a retificaccedilatildeo de ruas e

tambeacutem no setor de serviccedilos puacuteblicos como abastecimento de aacutegua iluminaccedilatildeo puacuteblica a

querosene e posteriormente energia eleacutetrica O desenvolvimento econocircmico na regiatildeo

tambeacutem teve seu momento aacuteureo nesse periacuteodo Induacutestrias de laticiacutenios graacuteficas e de

Carbureto de Caacutelcio fizeram parte do parque industrial de Palmyra o que atraiacutea pessoas

de outros lugares inclusive estrangeiros contribuindo para o aumento populacional da

regiatildeo Como ainda natildeo havia legislaccedilatildeo sobre uso e ocupaccedilatildeo do solo nessa eacutepoca

surgiram inuacutemeros loteamentos em aacutereas proacuteximas agrave rios e coacuterregos e tambeacutem em

encostas com declividade acentuada o que foi agravando o risco agrave medida que a ocupaccedilatildeo

aumentava (DAPPC2008)

18

Figura 3 2 Municiacutepio de Palmyra na deacutecada de 1920

Fonte Arquivo Histoacuterico de Santos Dumont-MG

O escoamento da produccedilatildeo industrial se dava pelo modal ferroviaacuterio setor que tambeacutem

movimentava a crescente cidade que era ponto importante no setor de transportes pois

possuiacutea um dos mais bem equipados depoacutesitos de locomotivas da Estrada de Ferro Central

do Brasil (DAPPC2008)

No ano de 1932 o municiacutepio de Palmyra passou a se chamar Santos Dumont (Figura 43)

em homenagem ao inventor do aviatildeo que nascera naquela cidade Nos uacuteltimos 40 anos

Santos Dumont tem experimentado uma acentuada desaceleraccedilatildeo econocircmica

consequecircncia do fechamento da grande maioria das induacutestrias principalmente as de

laticiacutenios que empregavam direta e indiretamente uma parte consideraacutevel da populaccedilatildeo

(DAPPC2008)

19

Figura 3 3 Municiacutepio de Santos Dumont em 2014

Fonte Arquivo do autor

332 Santos Dumont na atualidade

O municiacutepio de Santos Dumont localiza-se na regiatildeo da Zona da Mata mineira distante

cerca de 220 Km da capital Belo Horizonte e possui uma populaccedilatildeo de 47558 habitantes

(ODM 2015 projeccedilatildeo) numa aacuterea total de 637 kmsup2 Faz divisa com os municiacutepios de

Juiz de Fora Oliveira Fortes Bias Fortes Antocircnio Carlos Tabuleiro Piau e Ewbank da

Cacircmara

No que diz respeito agrave sua formaccedilatildeo fisiacuteco-geograacutefica a aacuterea que compreende o municiacutepio

eacute constituiacuteda predominantemente por Cambissolo Haacuteplico (70) com Latossolo

Vermelho-Amarelo (30) (UFV2010) A vegetaccedilatildeo eacute em sua maioria composta por

exemplares de Mata Atlacircntica De acordo com o IBGE(2015) Santos Dumont se localiza

a 839m de altitude O clima da regiatildeo eacute classificado como Tropical de Altitude (Cwb) e

possui uma temperatura meacutedia de 20ordmC Eacute banhado pela bacia hidrograacutefica do Paraiacuteba do

Sul e em sua maioria pertence agrave sub-bacia do Rio Pomba (IGAM) que fornece aacutegua para

abastecimento puacuteblico agrave 88 da populaccedilatildeo por meio da rede de distribuiccedilatildeo

(IBGE2010) Uma pequena parte da zona rural a sudoeste eacute banhada pela Sub-Bacia do

Rio Paraibuna mais precisamente na regiatildeo de fronteira com os municiacutepios de Juiz de

Fora e Ewbank da Cacircmara O sistema viaacuterio principal de acesso agrave cidade eacute a rodovia BR-

040 e a estrada de ferro Dom Pedro II atualmente utilizada somente para transporte de

cargas

Com a economia nos dias atuais baseada majoritariamente no setor de serviccedilos a cidade

possui um Iacutendice de Desenvolvimento humano (IDH) de 0741 (IBGE2010) Apesar do

decliacutenio econocircmico de Santos Dumont nota-se hoje um aumento no nuacutemero de

loteamentos populares e condomiacutenios horizontais e verticais entre outras edificaccedilotildees Eacute

de vital importacircncia que esse crescimento das ocupaccedilotildees seja ordenado e regulamentado

20

de forma a garantir a qualidade ambiental prevenindo deslizamentos e inundaccedilotildees Diante

dessa conjuntura o governo municipal aprovou em 2012 a Lei nordm 4241 que trata do Plano

Diretor Participativo instrumento baacutesico da poliacutetica de desenvolvimento e expansatildeo

urbana do municiacutepio de Santos Dumont

4 METODOLOGIA

41 Aacuterea de estudo

A regiatildeo dentro dos limites do municiacutepio que seraacute estudada neste trabalho eacute conforme

descrito nos anexos Plano Diretor e representada na figura 44 a aacuterea urbana principal

que possui 47 Kmsup2 e compreende a regiatildeo central da cidade e os bairros perifeacutericos regiatildeo

que concentra cerca de 90 da populaccedilatildeo total de Santos Dumont (IBGE 2015) A aacuterea

urbana principal representa 75 da aacuterea total dos 637 Kmsup2 que compreendem o

municiacutepio e eacute o local onde nos uacuteltimos 30 anos se verificou um maior crescimento

populacional e tambeacutem onde ocorre a maioria dos eventos relacionados a deslizamentos

e alagamentos por conta da ocupaccedilatildeo sem planejamento A figura 45 mostra a aacuterea

urbana principal e a localizaccedilatildeo dos bairros urbanos de Santos Dumont

Figura 4 1 Localizaccedilatildeo da aacuterea urbana principal

Fonte Google Earth

21

Figura 4 2 Mapa da aacuterea urbana principal com a localizaccedilatildeo dos bairros

Fonte Do Autor

42 Levantamento e tratamento dos dados

No desenvolvimento deste trabalho foi necessaacuterio se fazer um estudo detalhado sobre o

Plano Diretor de Santos Dumont principalmente dos seus anexos que compreendem os

mapas e a localizaccedilatildeo das aacutereas definidas pelo zoneamento proposto Para que isso fosse

possiacutevel a Secretaria Municipal de Obras e Serviccedilos Puacuteblicos forneceu todos os dados

secundaacuterios produto do estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor e do

zoneamento Estes dados incluem os arquivos Shapefile (shp) e outros documentos

integrantes do Plano Diretor Algumas informaccedilotildees foram complementadas tambeacutem com

dados adquiridos atraveacutes do site do IBGE e do Portal Objetivos do Milecircnio (ODM)

Os dados sobre as ocorrecircncias de deslizamentos e alagamentos foram obtidos atraveacutes da

Defesa Civil do municiacutepio atraveacutes do Sistema Integrado de Informaccedilotildees sobre Desastres

(S2ID) do Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional Tal sistema centraliza as informaccedilotildees sobre

desastres naturais ocorridos em todo o territoacuterio nacional facilitando a pesquisa sobre tais

eventos a qualquer cidadatildeo (BRASIL 2015)

Apesar do sistema ser bastante uacutetil os dados sobre o municiacutepio de Santos Dumont se

encontravam bastante falhos e escassos sendo necessaacuteria complementaccedilatildeo para que a

22

base de dados ficasse consistente Diante disso uma pesquisa atraveacutes dos arquivos do

Jornal Mensagem um jornal semanaacuterio local foi feita entre os anos de 1984 e 2014 e os

dados primaacuterios filtrados em uma planilha do Microsoft Excel para posterior utilizaccedilatildeo

De posse destes dados foi feita a localizaccedilatildeo em campo das coordenadas dos locais

atingidos por deslizamentos e alagamentos no periacuteodo compreendido pela pesquisa com

o auxiacutelio de um aparelho de GPS

A maioria dos arquivos shapefile utilizados para a confecccedilatildeo dos mapas satildeo parte

integrante dos anexos da Lei do Plano diretor do municiacutepio gerados no mecircs de dezembro

de 2011 pelo Instituto Nova Cidade e foram cedidos pela Secretaria Municipal de Obras

e Serviccedilos Puacuteblicos com Datum em UTM SAD 69 Com a finalidade de fornecer um

referenciamento atualizado e de acordo com os mais novos sistemas de coordenadas

utilizados no Brasil os arquivos foram convertidos para o Datum UTM SIRGAS 2000

que diferencia do SAD 69 pelo fato de ser um referencial geocecircntrico ou seja o centro

da Terra eacute o ponto de referecircncia neste sistema enquanto que o primeiro utiliza um

referencial na superfiacutecie da Terra (IBGE2014) Eacute interessante ressaltar tambeacutem que o

SIRGAS 2000 se tornou no ano de 2014 o sistema de coordenadas oficial do Sistema

Geodeacutesico Brasileiro e do Sistema Cartograacutefico Nacional ambos mantidos pelo IBGE A

combinaccedilatildeo dos shapefiles foi feita com o software livre gvSIG e com estas combinaccedilotildees

foram gerados mapas importantes resultados para a execuccedilatildeo deste trabalho A maioria

dos mapas representam a regiatildeo urbana principal de Santos Dumont e foram produzidos

numa escala em torno de 140000 que de acordo com Rocha (2007) eacute uma escala viaacutevel

pois as recomendaacuteveis para trabalhos de anaacutelise ambiental em niacutevel municipal podem ser

entre 150000 e 110000 Alguns mapas cujo detalhamento natildeo eacute necessaacuterio foram

gerados na escala 1100000

Para a geraccedilatildeo dos mapas aleacutem dos arquivos fornecidos pela Secretaria de Obras e

Serviccedilos Puacuteblicos foram utilizados para a geraccedilatildeo do modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE)

e da localizaccedilatildeo dos topos de morro dados gerados pelo sistema de radar Advanced

Spacebone Thermal Emission and Reflection Radiometer (ASTER) que geram as curvas

de niacutevel do terreno com uma resoluccedilatildeo de 30m (NASA2014) O processamento dessas

imagens foi feito pelo software livre gvSIG As imagens geradas pelos sateacutelites

LANDSAT foram adquiridas no site da United States Geological Survey (USGS) e essas

imagens possibilitaram obter um panorama preciso do uso do solo em toda a aacuterea urbana

de Santos Dumont numa resoluccedilatildeo de 15 metros uma vez que foi utilizada a banda

pancromaacutetica do sateacutelite LANDSAT 8 aleacutem da combinaccedilatildeo das bandas 65 e 4

respectivamente que eacute a combinaccedilatildeo recomendada pela mantenedora dos sateacutelites para

anaacutelises deste tipo

23

No que diz respeito a identificaccedilatildeo de APPs em topo de morro a metodologia de Oliveira

amp Fernandes Filho (2013) por utilizar as mesmas bases de dados ateacute entatildeo usadas neste

trabalho foi a mais indicada

A metodologia de anaacutelise dos mapas gerados eacute a proposta pelo professor Jorge Xavier da

Silva do Laboratoacuterio de Geoprocessamento (LAGEOP) da Universidade Federal do Rio

de Janeiro e citada por Rocha (2007) Tal metodologia analisa as variaacuteveis em questatildeo

presentes na aacuterea e permite avaliar as possibilidades de relaccedilotildees entre essas variaacuteveis De

uma maneira geral este meacutetodo verifica o estado atual da aacuterea em estudo bem como das

variaacuteveis gerando inventaacuterios que servem para a construccedilatildeo de dados planimeacutetricos sejam

com as variaacuteveis isoladas ou combinadas Estes dados planimeacutetricos geram assinaturas

que permitem inferir sobre a influecircncia dessas variaacuteveis De posse dos dados gerados pelo

processo anteriormente citado pode-se fazer algumas prospecccedilotildees sobre os riscos

ambientais que a aacuterea pode sofrer ou o seu potencial ambiental (ROCHA 2007)

5 RESULTADOS

51 Levantamento histoacuterico de alagamentos e

deslizamentos

O aumento da demanda pelo uso do solo na regiatildeo urbana de Santos Dumont

principalmente no tocante agrave formaccedilatildeo de novos loteamentos e condomiacutenios nos uacuteltimos

anos eacute consideraacutevel mas tambeacutem haacute de se observar o crescimento dos bairros jaacute existentes

com pouco ou nenhum ordenamento Em ambos os casos se observa ocupaccedilotildees

irregulares em APP o que tem ocasionado um aumento na frequecircncia de deslizamentos

e inundaccedilotildees Eacute evidente que quanto maior a densidade populacional do bairro maior a

quantidade de ocorrecircncias ao longo dos anos (SPERFELD 2009)

De acordo com as ocorrecircncias registradas pela Defesa Civil do municiacutepio obtidas atraveacutes

da literatura utilizada nos uacuteltimos 30 anos Santos Dumont chegou a decretar situaccedilatildeo de

emergecircncia por conta de desastres envolvendo deslizamentos eou alagamentos por duas

vezes num espaccedilo de 10 anos conforme pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho

(BRASIL 2014 CEPED 2011)

Segundo os dados obtidos atraveacutes de pesquisa nos arquivos do semanaacuterio entre os anos

de 1984 e 2014 pode-se verificar que nos uacuteltimos 20 anos a cidade tem experimentado

24

um aumento consideraacutevel nos eventos relacionados a deslizamentos e principalmente

alagamentos como pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho Isso pode ter sido causado

dentre outros fatores pelo aumento do nuacutemero de vias pavimentadas com material

impermeaacutevel o que tem sobrecarregado tanto a infraestrutura existente para drenagem

urbana como tambeacutem a calha dos cursos drsquoaacutegua que passam pela regiatildeo urbana do

municiacutepio (ZANON2013)

Na deacutecada de 1980 (1984-1990) de acordo com os dados obtidos natildeo foram noticiados

eventos consideraacuteveis relacionados a deslizamentos e alagamentos em Santos Dumont

mas isso natildeo exclui a possibilidade de natildeo ter ocorrido tais eventos em menor escala

Na deacutecada de 1990 aconteceram uma seacuterie de ocorrecircncias tanto de deslizamentos quanto

de alagamentos No ano de 1997 num periacuteodo chuvoso intenso aconteceram

deslizamentos consideraacuteveis em vaacuterios bairros da cidade inclusive com desabamento de

casas e de ruas principalmente nos bairros Nossa Senhora da Gloacuteria e Quarto Depoacutesito

Em 1999 ocorreram alguns pontos de alagamento nos bairros Quarto Depoacutesito e Santo

Antocircnio com grandes prejuiacutezos materiais

A deacutecada de 2000 iniciou com o registro de deslizamentos em vaacuterios bairros da cidade

inclusive com desabamento de casas e pontes e alagamentos em importantes vias do

centro da cidade Observa-se ao longo desse periacuteodo o crescimento nas ocorrecircncias de

deslizamentos e de aacutereas com risco de deslizamento em muitos bairros de Santos Dumont

Um dos fatores importantes para esse crescimento foi a grande expansatildeo sofrida pela

maioria dos bairros e a falta de planejamento e orientaccedilatildeo por parte da prefeitura uma

vez que uma boa parte do crescimento dos bairros da cidade ocorreu ou proacuteximo a cursos

drsquoaacutegua ou em aacutereas com declividade improacutepria para se fazer construccedilotildees O bairro

Coacuterrego do Ouro (Figura 51) foi o que mais sofreu com ocorrecircncias de deslizamentos

nesse periacuteodo enquanto o bairro Santo Antocircnio foi que teve mais ocorrecircncias de

alagamentos

25

Figura 5 1 Deslizamento no bairro Coacuterrego do Ouro

Fonte Portal Cabangu

No iniacutecio deacutecada de 2010 (2011-2014) o centro da cidade foi a regiatildeo que mais sofreu

com alagamentos sendo registrado pelo menos uma ocorrecircncia por ano nessa aacuterea (Figura

52) Isso pode ser relacionado dentre outros fatores com as obras de modificaccedilatildeo do

tipo de pavimentaccedilatildeo das estradas por um material impermeaacutevel gerando uma sobrecarga

nos sistemas de drenagem urbana que foram projetados para um tipo de pavimento mais

permeaacutevel implicando tambeacutem na sobrecarga calha do Ribeiratildeo das Posses o principal

curso drsquoaacutegua que corta o centro da cidade e que se encontra em quase sua totalidade

ocupada em ambas as margens que cortam o centro da cidade

26

Figura 5 2 Alagamento na regiatildeo central de Santos Dumont em 2013

Fonte Portal Cabangu

Quanto agraves ocorrecircncias de deslizamento ao longo da referida deacutecada elas estiveram

espalhadas pelos bairros do municiacutepio tendo um maior nuacutemero de ocorrecircncias nos bairros

Santo Antocircnio Nossa Senhora da Gloacuteria e Aacutegua Espraiada Nos dois primeiros bairros

citados as ocorrecircncias podem ter sido ocasionadas pelo crescimento desordenado e sem

planejamento destes e no terceiro as ocorrecircncias satildeo relacionadas ao processo de

assoreamento do Ribeiratildeo das Posses o que pode ter gerado um aumento da velocidade

desse curso drsquoaacutegua causando problemas decorrentes do transporte de sedimentos da aacuterea

onde as casas foram construiacutedas que teve como consequecircncia os deslizamentos

Em resumo como pode ser observado nas figuras 53 e 54 na tabela 51 no periacuteodo de

1984 a 2014 os bairros mais afetados por alagamentos e deslizamentos satildeo Quarto

Depoacutesito Nossa Senhora da Gloacuteria Santo Antocircnio Coacuterrego do Ouro Antocircnio Afonso

Graminha e Vila Esperanccedila sendo que o bairro Coacuterrego do Ouro possui o maior nuacutemero

de ocorrecircncias de deslizamentos e o centro da cidade possui o maior nuacutemero de

ocorrecircncias de alagamentos no periacuteodo pesquisado Vale destacar que a aacuterea propiacutecia a

alagamentos no bairro Antocircnio Afonso natildeo identificada no estudo realizado pela

prefeitura constitui-se efetivamente numa aacuterea de risco conforme levantamento histoacuterico

realizado Esta aacuterea de risco se deve agrave diferenccedila de niacutevel negativa entre o rio Pinho e a

aacuterea do bairro estando este em desniacutevel com um risco iminente de inundaccedilotildees resultantes

da cheia desse curso drsquoaacutegua causando inuacutemeros transtornos aos moradores do local

27

Figura 5 3 Pontos de Alagamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico

Fonte Do autor

Figura 5 4 Pontos de deslizamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico

Fonte Do autor

28

Tabela 51 Ocorrecircncias de alagamentos e deslizamentos obtidos atraveacutes do

levantamento histoacuterico

Pontos de ocorrecircncia (1984-2014)

Bairros Alagamento Deslizamento

Aacutegua Espraiada 1 1

Antocircnio Afonso 1 0

Barra 0 1

Centro 7 1

Coacuterrego do Ouro 1 7

Flores 0 1

Graminha 1 0

Jardim Jaraguaacute 0 1

N Sra da Gloacuteria 0 4

N Sra das Graccedilas 1 0

Quarto Depoacutesito 3 2

Santo Antocircnio 4 2

Satildeo Sebastiatildeo 0 1

Vila Esperanccedila 0 1

Fonte Do autor

De acordo com o estudo realizado na elaboraccedilatildeo do Plano Diretor pela prefeitura

municipal observa-se que os bairros que possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a

deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do Ouro e Vila Esperanccedila enquanto que os que

possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a alagamento satildeo o Centro da cidade e os

bairros Satildeo Sebastiatildeo Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio por estarem agraves margens do

Ribeiratildeo das Posses um curso drsquoaacutegua que sofre com inundaccedilotildees perioacutedicas devido ao

severo assoreamento em algumas regiotildees e tambeacutem devido ao acuacutemulo de lixo descartado

pelos moradores do entorno irregularmente De acordo com o estudo realizado quando da

elaboraccedilatildeo do Plano Diretor do municiacutepio foram feitos estudos sobre as aacutereas propensas

a deslizamentos e alagamentos na regiatildeo urbana principal Tais aacutereas satildeo as destacadas

nas Figuras 55 e 56 No levantamento histoacuterico realizado pode-se identificar que os

bairros que possuem mais aacutereas propensas a deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do

Ouro Nossa Senhora da Gloacuteria Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio enquanto que os bairros

mais propensos a alagamentos satildeo os bairros Centro Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio

como observado na tabela 51

29

Figura 5 5 Aacutereas propensas a deslizamento de acordo com o Plano Diretor de

Santos Dumont

Fonte Google Earth e Lei 42412012

Figura 5 6 Aacutereas propensas a alagamento de acordo com o Plano Diretor de

Santos Dumont

Fonte Google Earth e Lei 42412012

30

Comparando-se os mapas obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico com o mapa gerado

pelo estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor nota-se que haacute semelhanccedilas em

algumas aacutereas mas ao se levar em conta o produto gerado pela pesquisa histoacuterica o

estudo necessitaria ser complementado haja vista que ele natildeo compreende por exemplo

o ponto de alagamento no bairro Antocircnio Afonso citado anteriormente e alguns pontos de

deslizamento importantes uma vez que satildeo regiotildees onde haacute ocupaccedilatildeo Esse fato evidencia

a necessidade de se buscar vaacuterias fontes primaacuterias e secundaacuterias para se detectar aacutereas de

risco em um municiacutepio incluindo arquivos da imprensa local afim de se produzir uma

base de dados consistente e com o menor nuacutemero de falhas possiacutevel (CEPED 2014) Com

a uniatildeo dos dois estudos foram gerados os mapas apresentados nas Figuras 57 e 58

Aleacutem do mais observando as figuras 57 e 58 pode-se notar que uma boa parte tanto dos

casos de alagamento quanto de deslizamento estatildeo na faixa de APP de curso hiacutedrico o

que ilustra a importacircncia da preservaccedilatildeo destas aacutereas

Figura 5 7 Aacutereas propensas a alagamento do estudo do Plano Diretor

complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento

Fonte Do Autor

31

Figura 5 8 Aacutereas propensas a deslizamento do estudo do Plano Diretor

complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento

Fonte Do Autor

Atraveacutes da combinaccedilatildeo entre estes dois levantamentos procurou-se alimentar a base de

dados e garantir uma consistecircncia maior desta no que diz respeito a aacutereas de deslizamento

e alagamento podendo inclusive se identificar a suscetibilidade de uma determinada

regiatildeo da cidade a um ou outro evento (CEPED2014)

512 O Plano diretor e as APPs

Nos uacuteltimos anos o Brasil experimentou um forte fenocircmeno de migraccedilatildeo do campo para

as aacutereas urbanas De acordo com o IBGE no periacuteodo de 1940 a 2000 houve um aumento

de cerca de 60 do nuacutemero de pessoas que vivem em cidades (SILVA JR 2006) O

processo de planejamento e ordenamento do uso do solo nessas aacutereas deveria ter

acompanhado esse crescimento ao longo dos anos a fim de garantir a qualidade de vida e

a seguranccedila dos migrantes ao se instalarem nas cidades o que natildeo ocorreu e o que se

observa atualmente satildeo ocupaccedilotildees em aacutereas improacuteprias para moradia sem a infraestrutura

baacutesica necessaacuteria e com risco iminente de deslizamentos eou inundaccedilotildees

O Plano Diretor do municiacutepio de Santos Dumont em seu capiacutetulo IV que versa sobre o

uso e ocupaccedilatildeo do solo explicita regras para o ordenamento do territoacuterio que compreende

o municiacutepio com base nos diferentes usos do solo de acordo com sua compatibilidade o

32

que acabou por resultar num zoneamento de todo o municiacutepio em macrozonas conforme

citado na seccedilatildeo 3231 de acordo com os usos atuais e futuros do solo Aleacutem de dividir

estas macrozonas em urbanas e rurais tambeacutem avaliou e classificou estas aacutereas com base

numa seacuterie de fatores ambientais geoloacutegicos culturais e sociais de forma a se fazer um

zoneamento coerente com os atuais usos do solo e seu potencial de uso futuro Apresenta-

se na Figura 59 este zoneamento na aacuterea urbana principal de Santos Dumont

Figura 5 9 Zoneamento urbano da aacuterea urbana principal

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Lei 42412012

Tomando como referecircncia o Novo Coacutedigo Florestal brasileiro em especial os paracircmetros

estabelecidos para a definiccedilatildeo de APP e utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento

atraveacutes do software Vista SAGA relacionou-se as APPs existentes na aacuterea em estudo com

as regiotildees propiacutecias a alagamentos e deslizamentos de acordo com o estudo feito quando

da elaboraccedilatildeo do Plano Diretor afim de se identificar qual ou quais aacutereas possuem estes

problemas e se estatildeo relacionados com o uso do solo irregular em APP

Ao se aplicar a metodologia proposta por Oliveira amp Fernandes Filho (2013) natildeo foram

identificadas dentro da aacuterea de estudo APPs de topos de morro sendo este tipo de APP

descartada portanto das anaacutelises subsequentes deste trabalho Foram consideradas as

APP de curso hiacutedrico (rios e nascentes) e de declividade visando relacionaacute-las as aacutereas

de risco identificadas pela Prefeitura afim de se verificar as possiacuteveis causas da ocorrecircncia

33

destas aacutereas na regiatildeo urbana do municiacutepio Por meio de combinaccedilotildees entre dois mapas

temaacuteticos utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento foi possiacutevel obter as

assinaturas ou seja tabelas que caracterizam quantitativamente a aacuterea afetada por cada

aspecto visto que a simples visualizaccedilatildeo do mapa gerado pelo geoprocessamento muitas

vezes eacute prejudicada por serem aacutereas de pequenas dimensotildees ou por qualquer outra

limitaccedilatildeo do software Ressalta-se que para a elaboraccedilatildeo do Plano Municipal de Reduccedilatildeo

de riscos a identificaccedilatildeo e detalhamento topograacutefico destas aacutereas eacute fundamental para o

desenvolvimento do referido Plano conforme seraacute abordado detalhadamente na seccedilatildeo

52

De posse do mapa que representa o zoneamento urbano de Santos Dumont primeiramente

procurou-se mensurar qualitativa e quantitativamente a presenccedila de APPs tanto de

declividade quanto de cursos hiacutedricos Essa identificaccedilatildeo eacute importante pois este

zoneamento eacute um dos instrumentos de planejamento municipal (BRASIL 2001) Saboya

(2007) aponta que os principais objetivos de um zoneamento satildeo o controle da expansatildeo

urbana e proteccedilatildeo de aacutereas inadequadas a ocupaccedilatildeo aleacutem de reduzir os conflitos inerentes

aos diferentes usos do solo Com o uso da ferramenta ldquoCombinarrdquo do Vista SAGA foram

feitas combinaccedilotildees entre o mapa de hidrografia com buffer de 30m para rios e coacuterregos e

de 50m para nascentes com o mapa do zoneamento para se verificar a importacircncia das

APPs de curso hiacutedrico em toda a aacuterea urbana principal do municiacutepio Tambeacutem foram

combinados o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) obtido atraveacutes do gvSIG com o mapa

de zoneamento afim de se verificar quantitativamente as APPs de declividade e onde se

localizam Vale ressaltar que as declividades entre 30 e 47 estatildeo presentes nesta

combinaccedilatildeo pois de acordo com o Plano Diretor de Santos Dumont terrenos com esta

faixa de declividade para fins de parcelamento devem possuir estudo teacutecnico que ateste

a viabilidade de se promover algum empreendimento imobiliaacuterio neste (SANTOS

DUMONT 2012) Como a legislaccedilatildeo municipal prevecirc estudo somente para a faixa de

declividade descrita anteriormente para fins de anaacutelise neste trabalho consideramos um

valor mais conservador para APP compreendendo a faixa de 47 a 100 aleacutem da

prevista pela legislaccedilatildeo federal (gt100) para que natildeo houvessem lacunas importantes na

geraccedilatildeo do produto

Apresenta-se na Figura 510 aacutereas com declividades consideradas de risco e consideradas

APP e em qual zona de planejamento elas estatildeo inseridas De um modo geral ao se

observar a Tabela 52 nota-se que a aacuterea que compreende declividades de risco e APP eacute

uma pequena parcela da aacuterea urbana principal representando 061 desta aacuterea Ao se

levar em conta somente a localizaccedilatildeo pode-se verificar que cerca de 84 das aacutereas com

declividade de risco e a totalidade das APPs de declividade estatildeo localizadas na ZAC1

zona que compreende a maior parte do municiacutepio e apesar de possuir infraestrutura baacutesica

para a ocupaccedilatildeo esta eacute restrita Sendo assim o fator declividade deve ser visto com cautela

nesta aacuterea para se evitar transtornos advindos de edificaccedilotildees nestas aacutereas

34

Figura 5 10 Combinaccedilatildeo entre as declividades importantes incluindo as APPs e o

zoneamento urbano

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Do autor

Tabela 52 Assinaturas da combinaccedilatildeo Declividade x Zoneamento

Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea

Natildeo APP 457972 9939

Declividade 30-47 em ZAC1 2368 051

Declividade 30-47 em ZE 284 006

Declividade 30-47 em ZAC2 128 003

Declividade 30-47 em ZPA 004 0001

APP Declividade em ZAC1 048 001

Total 460804 100

Fonte Do autor

Apresenta-se na Figura 511 as APPs de curso hiacutedrico (nascentes e rios) e em qual zona

de planejamento estatildeo localizadas Assim como a declividade a maior parte das APPs de

curso hiacutedrico estatildeo localizadas em ZAC1 representando 383 da aacuterea urbana em estudo

e 51 do total das APPs de curso hiacutedrico Esta questatildeo tambeacutem deve ser vista com

bastante criteacuterio pelos gestores locais uma vez que a ocupaccedilatildeo em faixas proacuteximas de

rios e coacuterregos podem causar uma gama de problemas ambientais e sociais na regiatildeo

(SANTANA2011) Tal cuidado tambeacutem deve ser tomado nas APPs compreendidas na

35

ZAC2 que compreende 001 da Aacuterea urbana principal e 14 do total das APPs de curso

hiacutedrico pois a infraestrutura baacutesica e acessibilidade presente nesta zona eacute precaacuteria e a

ocupaccedilatildeo as margens de cursos hiacutedricos pode gerar problemas seacuterios caso ocorra uma

expansatildeo nestas aacutereas

Figura 511 Combinaccedilatildeo entre APP de curso hiacutedrico e as zonas de planejamento

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Do autor

Outro ponto importante eacute a presenccedila da Zona de Proteccedilatildeo Ambiental (ZPA) no entorno

uma consideraacutevel parte dos cursos hiacutedricos Nesta zona estatildeo presentes 28 das APPs de

curso hiacutedrico e esta zona de acordo com o Plano Diretor deve ser restaurada ou

preservada por suas caracteriacutesticas geoloacutegicas topograacuteficas e bioloacutegicas

Afim de se verificar os usos do solo na regiatildeo em estudo foram utilizadas combinaccedilotildees

de imagens advindas do sateacutelite Landsat 8 nas bandas descritas no capiacutetulo 4 aleacutem da

banda pancromaacutetica O resultado eacute apresentado na figura 512 que mostra os principais

usos do solo na aacuterea urbana principal de Santos Dumont

36

Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x Zoneamento

Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea

Hidrografia 11168 239

Aacuterea Urbana Natildeo APP 421004 9008

APP Curso hiacutedrico em ZAC1 179 383

APP Curso hiacutedrico em ZPA 9776 209

APP Curso hiacutedrico em ZE 184 004

APP Curso hiacutedrico em ZA 1192 026

APP Curso hiacutedrico em ZAC2 5124 110

APP Curso hiacutedrico em ZPPH 248 005

APP Curso hiacutedrico em ZEIS 568 012

APP Curso hiacutedrico em ZCA 228 005

Total 467392 10000

Fonte Do autor

Figura 5 12 Mapa de usos do solo da aacuterea urbana principal de Santos Dumont

Fonte Do autor

Como jaacute era previsto a maior parte da aacuterea urbana se encontra ocupada e eacute nesta regiatildeo

ocupada que se observa a maior concentraccedilatildeo de problemas de deslizamentos e

alagamentos (Figuras 513 e 514) A grande ocupaccedilatildeo em aacutereas consideradas APP de

curso hiacutedrico de acordo com os mapas gerados pode ser a principal causa do aumento a

cada ano dos casos de alagamento principalmente na regiatildeo central da cidade Outro ponto

que se deve atentar eacute a existecircncia de uma consideraacutevel aacuterea de pastagem pouco vegetada

que caso estejam em aacutereas elevadas pode contribuir para deslizamentos e agraves margens de

37

rios e coacuterregos para o assoreamento destes corpos hiacutedricos o que pode causar

alagamentos (INAacuteCIO etal 2007)

Diante destes resultados pode-se ver que a cidade de Santos Dumont necessita alternativas

efetiva no que diz respeito agrave contenccedilatildeo de deslizamentos e a reduccedilatildeo de risco de

alagamento pois as aacutereas em que ocorrem tais eventos satildeo distintas e facilmente definidas

devido agrave repeticcedilatildeo destes nos uacuteltimos anos Um plano de accedilatildeo integrado entre as diferentes

secretarias municipais (Obras Meio Ambiente Assistecircncia Social entre outras) e a

Coordenadoria Municipal de Defesa Civil deve ser realizado afim de se tomar medidas

natildeo mais preventivas mas sim preditivas para que se possa conter o avanccedilo destes

problemas na aacuterea urbana principal bem como em toda a aacuterea do municiacutepio

Figura 5 13 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na aacuterea urbana

principal

Fonte Do autor

38

Figura 5 14 Aacutereas sujeitas a alagamento e os principais usos do solo na aacuterea

urbana principal

Fonte Do autor

Ao se associar os dados do estudo do Plano Diretor com os dados do levantamento

histoacuterico realizado com o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) pode-se notar que as aacutereas

propiacutecias a deslizamento estatildeo em regiotildees as quais haacute uma fronteira de declividades ou

seja eacute evidente que os deslizamentos ocorrem em encostas um pouco mais iacutengremes mas

natildeo necessariamente nas encostas de 30-47 as quais exigem estudo teacutecnico conforme o

plano diretor preconiza Quanto aos alagamentos nota-se que eles se localizam nas aacutereas

com menor ou nenhuma declividade podendo ser estas aacutereas talvez componentes da

planiacutecie de inundaccedilatildeo dos rios Estes resultados podem ser vistos nas figuras 515 e 516

a seguir

39

Figura5 15 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a deslizamentos na

regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

Fonte Lei 42412012 e Autor

Figura5 26 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a alagamentos na

regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

Fonte Lei 42412012 e Autor

40

52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis

O processo de ocupaccedilatildeo no municiacutepio de Santos Dumont comeccedilou muito antes de

qualquer legislaccedilatildeo relacionada a ordenamento urbano e de proteccedilatildeo do meio ambiente

fosse implementado no Brasil Esse fato aliado a poliacuteticas e fiscalizaccedilotildees falhas

contribuiacuteram para a ocupaccedilatildeo e expansatildeo da aacuterea urbana ao longo do Ribeiratildeo das Posses

e seus afluentes o que tem gerado o aumento da degradaccedilatildeo destes corpos hiacutedricos ao

longo de todos estes anos Observa-se tambeacutem que nas uacuteltimas deacutecadas ocorreu um

grande nuacutemero de migraccedilotildees do campo para a regiatildeo urbana da cidade fator que

contribuiu para o crescimento do nuacutemero de habitaccedilotildees em aacutereas de risco de deslizamento

e alagamentos por serem na maioria das vezes terrenos menos valorizados e por este

motivo acessiacuteveis a populaccedilatildeo com menor poder aquisitivo (ROSA amp CORTEZ 2008)

Vale ressaltar que esta questatildeo aleacutem de ser ambiental eacute muito mais social pois os

moradores entendem os riscos de se viver nestes locais mas por motivos econocircmicos ou

por questotildees afetivas natildeo abrem matildeo da moradia nessas aacutereas A Constituiccedilatildeo Federal de

1988 promoveu a inter-relaccedilatildeo das questotildees sociais com as questotildees ambientais quando

colocou o meio ambiente como direito coletivo (BRASIL1988 SOUZA2010) Por este

motivo a decisatildeo por medidas draacutesticas que favoreccedilam apenas agrave preservaccedilatildeo do meio

ambiente natildeo eacute recomendada pois aleacutem de ser inconstitucional podem afetar a

sustentabilidade econocircmica do municiacutepio e gerar conflitos sociais consideraacuteveis

(CARLOS 1992 apud SOUZA 2010)

Segundo Bueno (2009) ldquonem tudo o que eacute irregular eacute precaacuteriordquo Esse fato se observa em

Santos Dumont uma vez que em boa parte da regiatildeo central se observa vaacuterias moradias

construiacutedas na faixa de APP de curso hiacutedrico o que natildeo eacute permitido pela legislaccedilatildeo

vigente e eacute um dos fatores que contribui para a ocorrecircncia de alagamentos nesta aacuterea da

cidade Para a resoluccedilatildeo deste problema o que seria mais viaacutevel seria a melhoria da

infraestrutura de drenagem urbana afim de que o escoamento da aacutegua das chuvas natildeo

sobrecarregasse o sistema (BUENO2009) A construccedilatildeo de bacias de contenccedilatildeo de

cheias ao longo do Ribeiratildeo das Posses tambeacutem seria uma alternativa mas para se verificar

a viabilidade necessita-se estudos mais aprofundados do ponto de vista hidroloacutegico

O grande problema a ser solucionado no entanto eacute o que diz respeito agraves aacutereas de risco

de deslizamento majoritariamente nos bairros A melhor alternativa seria o

remanejamento dos moradores para uma aacuterea proacutexima agrave que moram poreacutem longe do

risco Poreacutem esta alternativa de acordo com Rosa Filho amp Cortez (2008) encontra alguns

entraves pois estas pessoas na maioria das vezes natildeo tecircm condiccedilotildees financeiras de irem

para outro lugar ou pagar aluguel ou estatildeo de alguma forma sentimentalmente ligadas

agravequela regiatildeo que se recusam a deixaacute-lo

41

Por parte dos oacutergatildeos competentes no municiacutepio a criaccedilatildeo de um plano para se evitar

acidentes ocasionados por deslizamentos e alagamentos com um mapeamento detalhado

de toda a extensatildeo do municiacutepio eacute extremamente uacutetil Os estudos que seratildeo feitos para a

elaboraccedilatildeo deste plano poderatildeo definir quais as aacutereas satildeo potencialmente de risco para as

ocupaccedilotildees existentes ou para as potenciais ocupaccedilotildees que possam vir a ocorrer atraveacutes do

mapeamento das aacutereas de risco Tal planejamento seraacute auxiliar ao Plano Diretor

Municipal pois definiraacute o real uso do solo de determinada regiatildeo do municiacutepio

contribuindo para a adequaccedilatildeo do uso e ocupaccedilatildeo do solo afim de evitar ou reduzir o

nuacutemero de problemas relacionados a alagamentos e principalmente deslizamentos no

periacutemetro urbano (TOMINAGA 2009) A partir deste plano os gestores locais poderatildeo

tomar a melhor decisatildeo para a prevenccedilatildeo ou reduccedilatildeo dos riscos inerentes a tais problemas

Na seccedilatildeo 521 seraacute hierarquizado de forma preliminar a aacuterea urbana principal de acordo

com os resultados da tabela 51

521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta

O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos (PMRR) foi criado atraveacutes de accedilotildees

regularizadoras do Ministeacuterio das Cidades para ser o instrumento de gestatildeo e

gerenciamento de aacutereas de risco em um municiacutepio Eacute um documento que aleacutem de

estabelecer quais regiotildees satildeo consideradas de risco tambeacutem objetiva a proposta de

medidas estruturais ou natildeo para contenccedilatildeo eou prevenccedilatildeo de cataacutestrofes aleacutem de ser um

meio de captaccedilatildeo de recursos financeiros junto aos Governos Estadual e Federal Estes

recursos poderatildeo ser utilizados para a realizaccedilatildeo de obras que visem a melhoria da

qualidade de vida da populaccedilatildeo do entorno ou de recuperaccedilatildeo da aacuterea degradada Este

plano eacute realizado de forma participativa com as comunidades das aacutereas de risco e pode

ser realizado em sete fases conforme recomenda o Ministeacuterio das Cidades (ALHEIROS

2006)

O primeiro passo para a realizaccedilatildeo do PMRR eacute definir qual a metodologia seraacute empregada

levando-se em consideraccedilatildeo a realidade atual do municiacutepio e especificar de forma sucinta

um cronograma das atividades Eacute importante nesta fase a participaccedilatildeo tambeacutem dos

responsaacuteveis pelas mais variadas Secretarias Municipais afim de explicitar o tamanho da

importacircncia e o caraacuteter integrador deste plano A segunda fase deste plano objetiva a

criaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo da principal base de dados a ser utilizada nos passos posteriores o

mapeamento de risco em escala detalhe em torno de 13000 (SAtildeO PAULO 2014) A

elaboraccedilatildeo de um mapeamento detalhado propiciaraacute natildeo soacute a identificaccedilatildeo mais faacutecil das

aacutereas de risco como tambeacutem facilitaraacute aos gestores e agrave comunidade decidirem qual a

melhor intervenccedilatildeo para a soluccedilatildeo ou remediaccedilatildeo dos problemas em uma determinada

42

aacuterea hierarquizando o risco e definindo prioridades (SAtildeO PAULO 2014) Na tabela a

seguir apresenta-se alguns tipos de intervenccedilotildees que podem ser feitas em aacutereas de risco

sugeridas pelo Ministeacuterio das cidades (ALHEIROS 2006)

Quadro 5 1 - Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco

Tipo de intervenccedilatildeo Descriccedilatildeo

Serviccedilos de limpeza e Recuperaccedilatildeo

Remoccedilatildeo de entulho lixo etc

corte de aacutervores

remoccedilatildeo de bananeiras

recuperaccedilatildeo eou limpeza de sistemas de

drenagem esgotos e acessos

Limpeza de canais de drenagem

Proteccedilatildeo Vegetal

Proteccedilatildeo superficial vegetal (gramiacuteneas) em

taludes com solo exposto

Proteccedilatildeo vegetal de margens de canais de

drenagem

Barreiras vegetais para massas escorregadas

ou acumuladas pela erosatildeo

Drenagem Superficial e Acessos

Sistema de drenagem superficial (canaletas

raacutepidos caixas de transiccedilatildeo escadas drsquoaacutegua)

Acessos para pedestres (escadarias rampas

etc) integrados ao sistema de drenagem

Revestimento de Taludes Revestimento com materiais artificiais

cimentado cal-jet tela argamassada alvenaria

de tijolos ceracircmicos solo-cimento ensacado

Desmonte de blocos e matacotildees Desmonte de concreccedilotildees de grande porte

blocos rochosos e matacotildees

Obras de drenagem de subsuperfiacutecie Sistema de drenagem de subsuperfiacutecie

(trincheiras drenantes DHP poccedilos de

rebaixamento)

Estruturas de contenccedilatildeo (localizadas)

Muros de contenccedilatildeo de pequeno porte (solo-

cimento ensacado alvenaria de pedra-rachatildeo

concreto armado)

Estruturas de contenccedilatildeo localizadas

(chumbadores tirantes microestacas)

Contenccedilatildeo e proteccedilatildeo de margens de canais (

gabiotildees muros de concreto etc)

Estruturas de contenccedilatildeo (meacutedio e grande porte) Implantaccedilatildeo de estruturas de contenccedilatildeo de

meacutedio e grande porte envolvendo obras de

contenccedilatildeo passivas e ativas (muros de

gravidade cortinas etc)

Terraplanagem Execuccedilatildeo de serviccedilos de terraplanagem

combinados a obras de drenagem superficial e

proteccedilatildeo vegetal desvio e canalizaccedilatildeo de

coacuterregos

Remoccedilatildeo de moradias Remoccedilotildees definitivas para implantaccedilatildeo de

obras ou devido agrave localizaccedilatildeo improacutepria da

edificaccedilatildeo (Priorizar as relocaccedilotildees dentro da

proacutepria aacuterea em local seguro)

Fonte ALHEIROS 2006

43

Escolhidas as formas de intervenccedilatildeo para cada aacuterea eacute necessaacuterio realizar uma estimativa

dos custos afim de preparar o orccedilamento da prefeitura para a realizaccedilatildeo das obras e se

seraacute necessaacuterio a captaccedilatildeo de recursos externos para a execuccedilatildeo destas Feitas as

estimativas de custo o proacuteximo passo eacute definir as prioridades e para esta fase eacute tambeacutem

uacutetil o mapeamento feito nas etapas anteriores pois seraacute necessaacuterio hierarquizar tais

intervenccedilotildees nas aacutereas de risco O Ministeacuterio das Cidades (2007) sugere alguns criteacuterios

que podem ser avaliados pelo gestor dentre eles pode-se citar

Grau de risco

Populaccedilatildeo beneficiada

Custo da intervenccedilatildeo

Dimensatildeo da aacuterea a ser tratada

Demandas anteriores da populaccedilatildeo

Tempo de ocupaccedilatildeo

Viabilidade teacutecnica da intervenccedilatildeo

Viabilidade financeira

Inclusatildeo da aacuterea em outros projetos

A partir desta hierarquizaccedilatildeo inicia-se a identificaccedilatildeo de provaacuteveis fontes de captaccedilatildeo de

recursos para a execuccedilatildeo das intervenccedilotildees Estes recursos podem advir de programas dos

governos Federal e Estadual ou por meio de editais para captaccedilatildeo de recursos financeiros

tanto do setor puacuteblico como da iniciativa privada e podem ser tambeacutem associados agrave outras

Secretarias Municipais como a de Turismo ou Meio Ambiente e natildeo soacute as destinadas agrave

Defesa Civil (ALHEIROS 2006)

Eacute previsto tambeacutem no PMRR uma avaliaccedilatildeo da Defesa Civil municipal e como ela estaacute

estruturada fazendo inclusive sugestotildees para que sua atuaccedilatildeo esteja em consonacircncia com

a realidade das comunidades e da Administraccedilatildeo Puacuteblica do municiacutepio de forma a garantir

sua sustentabilidade e conquistar a credibilidade da populaccedilatildeo no que diz respeito a

prevenccedilatildeo de cataacutestrofes Para que a resposta a uma determinada situaccedilatildeo de risco seja

raacutepida eacute necessaacuterio a descentralizaccedilatildeo da Defesa Civil criando pequenos nuacutecleos

comunitaacuterios com a finalidade de se monitorar a aacuterea constantemente e promover as

intervenccedilotildees necessaacuterias em tempo haacutebil o que aumenta em muito a credibilidade da

populaccedilatildeo no PMRR e no trabalho desempenhado pela Defesa Civil no municiacutepio Apoacutes

esta etapa o PMRR passaraacute por audiecircncias puacuteblicas e posteriormente poderaacute ser aprovado

como Lei Municipal pelo Legislativo local (ALHEIROS 2006)

Com a realizaccedilatildeo deste plano o municiacutepio estaraacute munido de informaccedilotildees suficientes para

realizar accedilotildees efetivas de gestatildeo e gerenciamento de riscos bem como aliado a

levantamentos sociais realizar programas habitacionais que beneficiem prioritariamente

44

aos moradores das aacutereas de risco Aleacutem disso com o PMRR o municiacutepio poderaacute melhorar

a qualidade ambiental da populaccedilatildeo captando recursos para a recuperaccedilatildeo das aacutereas de

APP que foram degradadas pelas ocupaccedilotildees irregulares beneficiando todos os moradores

do municiacutepio com o aumento da qualidade de vida na cidade

A partir do disposto nesta seccedilatildeo acerca do Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos e de

uma maneira preliminar (levando-se em conta apenas o nuacutemero de registros de

alagamentos e deslizamentos na aacuterea urbana principal de Santos Dumont no periacuteodo de

1984 a 2014) identificou-se trecircs regiotildees distintas na aacuterea urbana do municiacutepio com

tempo de recorrecircncia desses eventos similares caracterizando trecircs prioridades de

intervenccedilatildeo em contenccedilatildeo de risco como pode ser visto nas figuras 515 e 516 Vale

ressaltar que eacute necessaacuterio um estudo mais detalhado inclusive com visitas teacutecnicas a

campo para que se confirme a real situaccedilatildeo destas e a real prioridade para investimentos

Figura 5 17 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de deslizamentos

Fonte Do Autor

45

Figura 5 18 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de alagamentos

Fonte Do Autor

46

6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees

A seguir apresenta-se as conclusotildees e as recomendaccedilotildees feitas a partir dos objetivos

especiacuteficos explicitados no iniacutecio deste trabalho

Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a

aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes

urbanos

A partir da revisatildeo da legislaccedilatildeo pertinente em acircmbito federal estadual e

municipal constatou-se que o Plano Diretor de Santos Dumont natildeo conflita com a

legislaccedilatildeo federal e estadual sobre Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente A legislaccedilatildeo

municipal foi entendida como mais conservadora que as federal e estadual uma

vez que considera implicitamente que declividades entre 47 e 100 satildeo

enquadradas como APPs aleacutem da faixa superior a 100

Parte consideraacutevel das ocupaccedilotildees em APP principalmente na regiatildeo do bairro

Santo Antocircnio (onde surgiu os primeiros nuacutecleos que deram origem ao municiacutepio)

e o centro da cidade ocorreram antes de que fosse elaborado qualquer legislaccedilatildeo

que versasse sobre o tema Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente bastando ao gestor

local tomar medidas de contenccedilatildeo de riscos que minimizem os impactos causados

por essas ocupaccedilotildees nessa regiatildeo

O ordenamento adequado do uso do solo no municiacutepio eacute necessaacuterio para que o

crescimento dos loteamentos criados anteriormente agrave esta Lei e o surgimento de

novos natildeo avance para Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente o que pode causar

inuacutemeros problemas aos moradores e agravar os jaacute existentes

Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las

com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)

As aacutereas onde houveram a maior quantidade de registros de deslizamentos satildeo os

bairros mais populosos de Santos Dumont podendo se estabelecer uma relaccedilatildeo

que quanto mais populoso o bairro maior a quantidade de problemas relacionados

a deslizamentos Tambeacutem pode-se notar uma relaccedilatildeo com as fronteiras das faixas

de declividades e os deslizamentos uma vez que boa parte deles aconteceram

nestas faixas

As aacutereas onde houve um grande nuacutemero de registros de alagamentos satildeo os bairros

que se desenvolveram agraves margens do Ribeiratildeo das Posses em especial na aacuterea que

47

compreende as APPs de curso hiacutedrico e em aacutereas onde a declividade eacute baixa Esse

fato aliado ao crescimento do nuacutemero de vias pavimentadas com material

impermeaacutevel e a natildeo expansatildeo e ou redimensionamento da rede de drenagem

urbana contribuiacuteram para a ocorrecircncia cada vez mais constante de alagamentos

nessas aacutereas

Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos

catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30

anos

A partir do levantamento histoacuterico realizado e da base de dados georeferenciada

gerada observou-se o aumento do nuacutemero de registros de deslizamentos e

alagamentos nos uacuteltimos 10 anos quando as ocorrecircncias comeccedilaram a se repetir

numa mesma aacuterea com frequecircncia incrementada as vezes com mais de uma

ocorrecircncia anual

Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do

solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental

Destaca-se a adequaccedilatildeo dos criteacuterios gerais estabelecidos pelo Plano Diretor de

Santos Dumont relativos a legislaccedilatildeo federal e estadual Entretanto o referido

Plano Diretor natildeo contempla todo o territoacuterio municipal sendo assim ele natildeo

cumpre o objetivo de proteger as APPs preservadas e recuperar as que foram

degradadas em todo o territoacuterio municipal Ressalta-se tambeacutem a sua natildeo

conformidade com o Estatuto das Cidades uma vez que o Plano Diretor

contempla apenas os novos loteamentos

Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais

negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea

impactada

Recomenda-se a implantaccedilatildeo no municiacutepio de uma Coordenadoria Municipal de

Defesa Civil atuante e integrada agraves Secretarias Municipais e agrave comunidade

visando uma atuaccedilatildeo eficaz nos problemas relacionados a deslizamentos e

alagamentos A elaboraccedilatildeo de um Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos eacute de

suma importacircncia pois atraveacutes dele pode-se predizer as aacutereas que passaratildeo por

problemas caso a expansatildeo aconteccedila ou se inicie uma ocupaccedilatildeo nova aleacutem de

prevenir acidentes nas aacutereas jaacute ocupadas e consideradas de risco

48

7 Anexos

49

71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont

50

51

72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)

52

53

8 Referecircncias Bibliograacuteficas

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BRASIL Lei Federal 10257 de 10 de julho de 2001 Regulamenta os arts 182 e 183 da

CF estabelece as diretrizes gerais da poliacutetica urbana e daacute outras providecircncias Brasiacutelia

2001

BRASIL Lei Federal nordm 12651 de 25 de maio de 2012 Dispotildee sobre a proteccedilatildeo da

vegetaccedilatildeo nativa altera as Leis nos 6938 de 31 de agosto de 1981 9393 de 1 9 de

dezembro de 1996 e 11 428 de 22 de dezembro de 2006 revoga as Leis nos 4771 de

1 5 de setembro de 1965 e 7754 de 1 4 de abril de 1989 e a Medida Provisoacuteria no 21

66shy67 de 24 de agosto de 2001 e daacute outras providecircncias Brasiacutelia 2012

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56

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Relatoacuterio Teacutecnico Campos do Jordatildeo 2014

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Campos de Goytacazes- RJ Boletim do Observatoacuterio Ambiental Alberto Ribeiro Lamego

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legenda expandida Centro Tecnoloacutegico de Minas Gerais FEAM Belo Horizonte 2010

ZANON F N Uso e ocupaccedilatildeo da terra e vulnerabilidade a alagamento na aacuterea central

da cidade de Satildeo Paulo O caso da subprefeitura da Seacute Trabalho de Graduaccedilatildeo UNESP

Rio Claro 2013

Page 19: O USO DO SOLO URBANO EM ÁREAS DE PRESERVAÇÃO … · social que você tenha na vida, a mais alta ou a mais baixa, tenha sempre como meta muita força, muita determinação e sempre

11

subterracircneos assegurando tambeacutem de certa forma a integridade dos seres humanos que

potencialmente ocupariam tais locais (CARVALHO 2013)

Neste trabalho a legislaccedilatildeo tomada como referecircncia eacute a prevista pela Constituiccedilatildeo Federal

de 1988 o Novo Coacutedigo Florestal (Lei 126512012) e o Estatuto das Cidades (Lei

102572001) em acircmbito federal Na esfera estadual a Lei 209222013 versa sobre os

limites para APP em todo o territoacuterio de Minas A Lei Municipal 42412012 trata do

Plano Diretor Municipal da cidade de Santos Dumont onde se encontra as diretrizes para

o uso e ocupaccedilatildeo do solo e o zoneamento da cidade de acordo com as caracteriacutesticas do

solo entre outras

322 O Novo Coacutedigo Florestal e a legislaccedilatildeo mineira

O Novo Coacutedigo Florestal Lei Federal 126512012 substituiu a Lei Federal 47711965

Dentre os vaacuterios artigos que esta lei possui o que apresenta maior importacircncia para o

planejamento e o ordenamento das cidades tanto na aacuterea urbana como na rural eacute o artigo

4ordm em que constam as faixas de APP tanto para curso hiacutedrico como para declividade e

altitude aleacutem dos topos de morro a saber (BRASIL2012)

ldquoArt 4ordm Considera-se Aacuterea de Preservaccedilatildeo

Permanente em zonas rurais ou urbanas para os

efeitos desta Lei

I - as faixas marginais de qualquer curso drsquoaacutegua

natural perene e intermitente excluiacutedos os

efecircmeros desde a borda da calha do leito regular

em largura miacutenima de

a) 30 (trinta) metros para os cursos drsquoaacutegua de

menos de 10 (dez) metros de largura

b) 50 (cinquenta) metros para os cursos drsquoaacutegua

que tenham de 10 (dez) a 50 (cinquenta) metros de

largura

()

IV - as aacutereas no entorno das nascentes e dos olhos

drsquoaacutegua perenes qualquer que seja sua situaccedilatildeo

topograacutefica no raio miacutenimo de 50 (cinquenta)

metros

12

V - as encostas ou partes destas com declividade

superior a 45deg equivalente a 100 (cem por

cento) na linha de maior declive

()

IX - no topo de morros montes montanhas e

serras com altura miacutenima de 100 (cem) metros e

inclinaccedilatildeo meacutedia maior que 25deg as aacutereas

delimitadas a partir da curva de niacutevel

correspondente a 23 (dois terccedilos) da altura

miacutenima da elevaccedilatildeo sempre em relaccedilatildeo agrave base

sendo esta definida pelo plano horizontal

determinado por planiacutecie ou espelho drsquoaacutegua

adjacente ou nos relevos ondulados pela cota do

ponto de sela mais proacuteximo da elevaccedilatildeo

X - as aacutereas em altitude superior a 1800 (mil e

oitocentos) metros qualquer que seja a

vegetaccedilatildeo

()rdquo

A legislaccedilatildeo atual em seu artigo 4ordm evidencia que as faixas e aacutereas determinadas como

APP compreendem tanto as aacutereas rurais quanto urbanas (BRASIL 2012) retirando a

duacutevida anterior e sendo essa a Lei suplementar qualquer faixa de APP mais permissiva

na legislaccedilatildeo estadual e municipal satildeo invaacutelidas o que simplificou de certa forma a

aplicabilidade da Legislaccedilatildeo referente a Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente

No Estado de Minas Gerais a Lei Estadual 20922 de 16 de Outubro de 2013 trata do tema

em acircmbito estadual mas com os mesmos princiacutepios propostos pela Lei Federal sendo os

limites miacutenimos previstos para as APPs os mesmos propostos pelo Novo Coacutedigo

Florestal brasileiro (MINAS GERAIS2013)

ldquo Art 9ordm Para os efeitos desta Lei em zonas rurais

ou urbanas satildeo APPs

I as faixas marginais de cursos drsquoaacutegua naturais

perenes e intermitentes excluiacutedos

os efecircmeros medidas a partir da borda da calha

do leito regular em largura miacutenima de

13

a) 30m (trinta metros) para os cursos drsquoaacutegua de

menos de 10m (dez metros) de largura

b) 50m (cinquenta metros) para os cursos drsquoaacutegua

de 1 0m (dez metros) a 50m (cinquenta metros) de

largura

()

IV as aacutereas no entorno das nascentes e dos olhos

drsquoaacutegua perenes no raio miacutenimo de 50m

(cinquenta metros)

V as encostas ou partes destas com declividade

superior a 45ordm (quarenta e cinco graus)

equivalente a 100 (cem por cento) na linha de

maior declive

()

VII no topo de morros montes montanhas e

serras com altura miacutenima de 100m (cem metros)

e inclinaccedilatildeo meacutedia maior que 25ordm (vinte e cinco

graus) as aacutereas delimitadas a partir da curva de

niacutevel correspondente a 23 (dois terccedilos) da altura

miacutenima da elevaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave base sendo esta

definida pelo plano horizontal determinado por

planiacutecie ou espelho drsquoaacutegua adjacente ou nos

relevos ondulados pela cota do ponto de sela mais

proacuteximo da elevaccedilatildeo

VIII as aacutereas em altitude superior a 1 800m (mil

e oitocentos metros)

()rdquo

323 O Plano Diretor

O Estatuto das Cidades em seu artigo 40 prevecirc o plano diretor como um instrumento

capaz de promover a poliacutetica urbana englobando toda a cidade aleacutem de fornecer padrotildees

e limites para o uso do solo nas mais diversas regiotildees do municiacutepio com vistas a

harmonizar o desenvolvimento urbano com a preservaccedilatildeo do meio ambiente (SILVA JR

2006) Este instrumento eacute obrigatoacuterio para cidades com mais de 20 mil habitantes ou

14

aacutereas que integrem regiotildees metropolitanas ou de interesse turiacutestico O artigo 41 do

Estatuto das cidades tambeacutem prevecirc a obrigatoriedade do Plano Diretor para cidades que

possuem em sua aacuterea empreendimentos que caracterizem grandes impactos ambientais

de influecircncia regional ou nacional e cidades que possuem problemas com deslizamentos

de grande magnitude ou alagamentos repentinos (BRASIL 2001)

O Plano diretor de acordo com o Estatuto das Cidades deve ser aprovado como lei em

acircmbito municipal e revisto a cada dez anos Este documento eacute uacutenico pois cada cidade

possui suas peculiaridades infraestrutura vocaccedilotildees e problemas que por mais que sejam

parecidos entre si satildeo diferenciados pela intensidade e pela regionalizaccedilatildeo Sendo assim

a confecccedilatildeo do Plano Diretor deve conter a participaccedilatildeo de toda a comunidade local de

forma a reduzir as desigualdades sociais os gastos puacuteblicos desnecessaacuterios a degradaccedilatildeo

ambiental e combater os problemas relacionados a urbanizaccedilatildeo de forma conjunta

promovendo um processo de tomada de decisatildeo que garanta a qualidade de vida

preservaccedilatildeo e o desenvolvimento social do municiacutepio como um todo (ROSSBACH amp

CARVALHO 2010)

3231 O Plano Diretor de Santos Dumont

A Lei Municipal nordm 424112 que entrou em vigor no ano de 2014 trata do Plano Diretor

Municipal instrumento previsto no Estatuto das Cidades para garantir aos cidadatildeos um

desenvolvimento urbano organizado justo e sustentavelmente econocircmico (BRASIL

2001) Aleacutem de apontar as diretrizes para a elaboraccedilatildeo da Poliacutetica Municipal dos mais

variados setores o Plano Diretor divide o municiacutepio em macrozonas urbanas e rurais

Estas zonas tecircm por objetivo facilitar a identificaccedilatildeo dos setores que permitem ou natildeo o

desenvolvimento da cidade e em que magnitude pode ser feita a expansatildeo respeitando ao

meio ambiente e tambeacutem o que eacute previsto no tocante ao uso e ocupaccedilatildeo do solo nessas

aacutereas Aleacutem disso ela estabelece a forma como devem ser as edificaccedilotildees nas referidas

aacutereas As aacutereas definidas como macrozonas urbanas e foram subdivididas em (SANTOS

DUMONT2012)

ldquoZona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e

da Paisagem (ZPPH) satildeo as aacutereas cujos

equipamentos urbanos possuem interesse

histoacuterico ou paisagiacutestico de preservaccedilatildeo

Zona de Preservaccedilatildeo Ambiental satildeo aquelas em

que devem ser mantidas ou recuperadas a

15

vegetaccedilatildeo por conta da declividade altitude ou

presenccedila de recursos hiacutedricos

Zona de Adensamento Controlado (ZAC) satildeo as

aacutereas em que deve-se manter uma pequena

densidade populacional devido as limitaccedilotildees na

infraestrutura da localidade A ZAC se divide em

ZAC 1 quando a infraestrutura existente eacute

limitada e em ZAC 2 quando esta eacute precaacuteria ou

natildeo existe

Zona de Consolidaccedilatildeo de Adensamento (ZCA)

satildeo as aacutereas em que haacute interesse em ocupar os

lotes vagos haja visto que a regiatildeo possui toda a

infraestrutura para que isto aconteccedila

Zona Adensaacutevel (ZA) satildeo as aacutereas com

condiccedilotildees propiacutecias para ocorrer uma ocupaccedilatildeo

mais densa

Zona Especial de Interesse Social (ZEIS) satildeo as

aacutereas em que o Poder Puacuteblico almeja fazer

alguma forma de ocupaccedilatildeo Eacute dividida em ZEIS 1

e ZEIS 2 A ZEIS 1 satildeo regiotildees jaacute ocupadas mas

de forma irregular cujo interesse puacuteblico eacute

realizar obras e outras atividades para

regularizar as ocupaccedilotildees e urbanizar a aacuterea

enquanto que a ZEIS 2 satildeo aacutereas natildeo utilizadas ou

subutilizadas as quais o poder puacuteblico almeja

realizar algum empreendimento habitacional de

caraacuteter social

Zona de Grandes Equipamentos (ZE) satildeo aacutereas

cujo o interesse eacute a implantaccedilatildeo de

empreendimentos de grande porte ou grandes

equipamentos puacuteblicosrdquo

Esta divisatildeo espacial pode ser melhor vista no Anexo 71

O Plano Diretor natildeo estipula limites para APP mas prevecirc algumas diretrizes como na

Poliacutetica Municipal de Preservaccedilatildeo do Meio Ambiente sobre o uso do solo em

compatibilidade com praacuteticas conservacionistas A Poliacutetica Municipal de Expansatildeo

16

Urbana tem como uma de suas diretrizes fazer cumprir a legislaccedilatildeo vigente no que diz

respeito agraves intervenccedilotildees e investimentos que poderatildeo ser feitos nessas aacutereas Tambeacutem eacute

diretriz da mesma Poliacutetica o controle da ocupaccedilatildeo e do uso do solo em APPs e o auxiacutelio

aos oacutergatildeos estaduais e federais de meio ambiente no tocante agrave fiscalizaccedilatildeo da ocupaccedilatildeo

nestas aacutereas (SANTOS DUMONT 2012) O artigo 38 que trata das diretrizes da Poliacutetica

habitacional de interesse social exclui do processo de regularizaccedilatildeo fundiaacuteria os

assentamentos situados em aacutereas de risco o que na maioria das vezes estatildeo tambeacutem nas

aacutereas que deveriam estar vegetadas e protegidas (SANTOS DUMONT 2012) Na

legislaccedilatildeo referente ao parcelamento do solo eacute previsto que no parcelamento de glebas

com declividade entre 30 e 47 soacute poderaacute ser aprovado mediante projeto e laudo

assinado por um responsaacutevel teacutecnico favoraacutevel agrave construccedilatildeo nesse local (SANTOS

DUMONT 2012) Diante do proposto pelo Plano Diretor de Santos Dumont pode-se

dizer que natildeo haacute conflito com a legislaccedilatildeo federal e estadual em se tratando da

aplicabilidade do Coacutedigo Florestal uma vez que aquele natildeo explicita limites nem

permissivos e tampouco restritivos para faixas e aacutereas de preservaccedilatildeo permanente

33 O Municiacutepio de Santos Dumont

331 De Arraial a cidade

A aacuterea onde se situa hoje o municiacutepio de Santos Dumont teve sua ocupaccedilatildeo iniciada no

seacuteculo XVIII quando a Coroa Portuguesa solicitou ao entatildeo Governador do Rio de

Janeiro Artur de Saacute Menezes que abrisse um caminho que ligasse as Minas dos

Cataguases na regiatildeo de Ouro Preto (receacutem descobertas) ao Rio de Janeiro por onde

escoava os metais preciosos para a metroacutepole Surgiu assim o ldquoCaminho Novordquo e ao longo

deste caminho surgiram tambeacutem as Sesmarias aacutereas que tinham por principal objetivo

servir de pouso aos transportadores e exploradores e tambeacutem para garantir alimento a

estas pessoas Uma destas ocupaccedilotildees seria o ldquoArraial de Joatildeo Gomesrdquo (Figura 41)

primeiro nuacutecleo primitivo do municiacutepio em 1709 De iniacutecio prevaleciam somente

ranchos onde os viajantes se abrigavam mas em pouco tempo ergueu-se a Capela de Satildeo

Miguel e Almas e pequenos nuacutecleos urbanos comeccedilaram a surgir (DAPPC2008)

17

Figura 3 1 Vista parcial do Arraial de Joatildeo Gomes

Fonte Arquivo Histoacuterico de Santos Dumont-MG

Com a construccedilatildeo da Estrada de Ferro D Pedro II no final do seacuteculo XIX a regiatildeo teve

um consideraacutevel crescimento natildeo soacute populacional como tambeacutem econocircmico se tornando

a Vila Palmyra em 1889 Em 1890 Palmyra eacute elevada ao status de Municiacutepio (Figura 42)

e recebe um grande nuacutemero de melhorias no setor viaacuterio como a retificaccedilatildeo de ruas e

tambeacutem no setor de serviccedilos puacuteblicos como abastecimento de aacutegua iluminaccedilatildeo puacuteblica a

querosene e posteriormente energia eleacutetrica O desenvolvimento econocircmico na regiatildeo

tambeacutem teve seu momento aacuteureo nesse periacuteodo Induacutestrias de laticiacutenios graacuteficas e de

Carbureto de Caacutelcio fizeram parte do parque industrial de Palmyra o que atraiacutea pessoas

de outros lugares inclusive estrangeiros contribuindo para o aumento populacional da

regiatildeo Como ainda natildeo havia legislaccedilatildeo sobre uso e ocupaccedilatildeo do solo nessa eacutepoca

surgiram inuacutemeros loteamentos em aacutereas proacuteximas agrave rios e coacuterregos e tambeacutem em

encostas com declividade acentuada o que foi agravando o risco agrave medida que a ocupaccedilatildeo

aumentava (DAPPC2008)

18

Figura 3 2 Municiacutepio de Palmyra na deacutecada de 1920

Fonte Arquivo Histoacuterico de Santos Dumont-MG

O escoamento da produccedilatildeo industrial se dava pelo modal ferroviaacuterio setor que tambeacutem

movimentava a crescente cidade que era ponto importante no setor de transportes pois

possuiacutea um dos mais bem equipados depoacutesitos de locomotivas da Estrada de Ferro Central

do Brasil (DAPPC2008)

No ano de 1932 o municiacutepio de Palmyra passou a se chamar Santos Dumont (Figura 43)

em homenagem ao inventor do aviatildeo que nascera naquela cidade Nos uacuteltimos 40 anos

Santos Dumont tem experimentado uma acentuada desaceleraccedilatildeo econocircmica

consequecircncia do fechamento da grande maioria das induacutestrias principalmente as de

laticiacutenios que empregavam direta e indiretamente uma parte consideraacutevel da populaccedilatildeo

(DAPPC2008)

19

Figura 3 3 Municiacutepio de Santos Dumont em 2014

Fonte Arquivo do autor

332 Santos Dumont na atualidade

O municiacutepio de Santos Dumont localiza-se na regiatildeo da Zona da Mata mineira distante

cerca de 220 Km da capital Belo Horizonte e possui uma populaccedilatildeo de 47558 habitantes

(ODM 2015 projeccedilatildeo) numa aacuterea total de 637 kmsup2 Faz divisa com os municiacutepios de

Juiz de Fora Oliveira Fortes Bias Fortes Antocircnio Carlos Tabuleiro Piau e Ewbank da

Cacircmara

No que diz respeito agrave sua formaccedilatildeo fisiacuteco-geograacutefica a aacuterea que compreende o municiacutepio

eacute constituiacuteda predominantemente por Cambissolo Haacuteplico (70) com Latossolo

Vermelho-Amarelo (30) (UFV2010) A vegetaccedilatildeo eacute em sua maioria composta por

exemplares de Mata Atlacircntica De acordo com o IBGE(2015) Santos Dumont se localiza

a 839m de altitude O clima da regiatildeo eacute classificado como Tropical de Altitude (Cwb) e

possui uma temperatura meacutedia de 20ordmC Eacute banhado pela bacia hidrograacutefica do Paraiacuteba do

Sul e em sua maioria pertence agrave sub-bacia do Rio Pomba (IGAM) que fornece aacutegua para

abastecimento puacuteblico agrave 88 da populaccedilatildeo por meio da rede de distribuiccedilatildeo

(IBGE2010) Uma pequena parte da zona rural a sudoeste eacute banhada pela Sub-Bacia do

Rio Paraibuna mais precisamente na regiatildeo de fronteira com os municiacutepios de Juiz de

Fora e Ewbank da Cacircmara O sistema viaacuterio principal de acesso agrave cidade eacute a rodovia BR-

040 e a estrada de ferro Dom Pedro II atualmente utilizada somente para transporte de

cargas

Com a economia nos dias atuais baseada majoritariamente no setor de serviccedilos a cidade

possui um Iacutendice de Desenvolvimento humano (IDH) de 0741 (IBGE2010) Apesar do

decliacutenio econocircmico de Santos Dumont nota-se hoje um aumento no nuacutemero de

loteamentos populares e condomiacutenios horizontais e verticais entre outras edificaccedilotildees Eacute

de vital importacircncia que esse crescimento das ocupaccedilotildees seja ordenado e regulamentado

20

de forma a garantir a qualidade ambiental prevenindo deslizamentos e inundaccedilotildees Diante

dessa conjuntura o governo municipal aprovou em 2012 a Lei nordm 4241 que trata do Plano

Diretor Participativo instrumento baacutesico da poliacutetica de desenvolvimento e expansatildeo

urbana do municiacutepio de Santos Dumont

4 METODOLOGIA

41 Aacuterea de estudo

A regiatildeo dentro dos limites do municiacutepio que seraacute estudada neste trabalho eacute conforme

descrito nos anexos Plano Diretor e representada na figura 44 a aacuterea urbana principal

que possui 47 Kmsup2 e compreende a regiatildeo central da cidade e os bairros perifeacutericos regiatildeo

que concentra cerca de 90 da populaccedilatildeo total de Santos Dumont (IBGE 2015) A aacuterea

urbana principal representa 75 da aacuterea total dos 637 Kmsup2 que compreendem o

municiacutepio e eacute o local onde nos uacuteltimos 30 anos se verificou um maior crescimento

populacional e tambeacutem onde ocorre a maioria dos eventos relacionados a deslizamentos

e alagamentos por conta da ocupaccedilatildeo sem planejamento A figura 45 mostra a aacuterea

urbana principal e a localizaccedilatildeo dos bairros urbanos de Santos Dumont

Figura 4 1 Localizaccedilatildeo da aacuterea urbana principal

Fonte Google Earth

21

Figura 4 2 Mapa da aacuterea urbana principal com a localizaccedilatildeo dos bairros

Fonte Do Autor

42 Levantamento e tratamento dos dados

No desenvolvimento deste trabalho foi necessaacuterio se fazer um estudo detalhado sobre o

Plano Diretor de Santos Dumont principalmente dos seus anexos que compreendem os

mapas e a localizaccedilatildeo das aacutereas definidas pelo zoneamento proposto Para que isso fosse

possiacutevel a Secretaria Municipal de Obras e Serviccedilos Puacuteblicos forneceu todos os dados

secundaacuterios produto do estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor e do

zoneamento Estes dados incluem os arquivos Shapefile (shp) e outros documentos

integrantes do Plano Diretor Algumas informaccedilotildees foram complementadas tambeacutem com

dados adquiridos atraveacutes do site do IBGE e do Portal Objetivos do Milecircnio (ODM)

Os dados sobre as ocorrecircncias de deslizamentos e alagamentos foram obtidos atraveacutes da

Defesa Civil do municiacutepio atraveacutes do Sistema Integrado de Informaccedilotildees sobre Desastres

(S2ID) do Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional Tal sistema centraliza as informaccedilotildees sobre

desastres naturais ocorridos em todo o territoacuterio nacional facilitando a pesquisa sobre tais

eventos a qualquer cidadatildeo (BRASIL 2015)

Apesar do sistema ser bastante uacutetil os dados sobre o municiacutepio de Santos Dumont se

encontravam bastante falhos e escassos sendo necessaacuteria complementaccedilatildeo para que a

22

base de dados ficasse consistente Diante disso uma pesquisa atraveacutes dos arquivos do

Jornal Mensagem um jornal semanaacuterio local foi feita entre os anos de 1984 e 2014 e os

dados primaacuterios filtrados em uma planilha do Microsoft Excel para posterior utilizaccedilatildeo

De posse destes dados foi feita a localizaccedilatildeo em campo das coordenadas dos locais

atingidos por deslizamentos e alagamentos no periacuteodo compreendido pela pesquisa com

o auxiacutelio de um aparelho de GPS

A maioria dos arquivos shapefile utilizados para a confecccedilatildeo dos mapas satildeo parte

integrante dos anexos da Lei do Plano diretor do municiacutepio gerados no mecircs de dezembro

de 2011 pelo Instituto Nova Cidade e foram cedidos pela Secretaria Municipal de Obras

e Serviccedilos Puacuteblicos com Datum em UTM SAD 69 Com a finalidade de fornecer um

referenciamento atualizado e de acordo com os mais novos sistemas de coordenadas

utilizados no Brasil os arquivos foram convertidos para o Datum UTM SIRGAS 2000

que diferencia do SAD 69 pelo fato de ser um referencial geocecircntrico ou seja o centro

da Terra eacute o ponto de referecircncia neste sistema enquanto que o primeiro utiliza um

referencial na superfiacutecie da Terra (IBGE2014) Eacute interessante ressaltar tambeacutem que o

SIRGAS 2000 se tornou no ano de 2014 o sistema de coordenadas oficial do Sistema

Geodeacutesico Brasileiro e do Sistema Cartograacutefico Nacional ambos mantidos pelo IBGE A

combinaccedilatildeo dos shapefiles foi feita com o software livre gvSIG e com estas combinaccedilotildees

foram gerados mapas importantes resultados para a execuccedilatildeo deste trabalho A maioria

dos mapas representam a regiatildeo urbana principal de Santos Dumont e foram produzidos

numa escala em torno de 140000 que de acordo com Rocha (2007) eacute uma escala viaacutevel

pois as recomendaacuteveis para trabalhos de anaacutelise ambiental em niacutevel municipal podem ser

entre 150000 e 110000 Alguns mapas cujo detalhamento natildeo eacute necessaacuterio foram

gerados na escala 1100000

Para a geraccedilatildeo dos mapas aleacutem dos arquivos fornecidos pela Secretaria de Obras e

Serviccedilos Puacuteblicos foram utilizados para a geraccedilatildeo do modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE)

e da localizaccedilatildeo dos topos de morro dados gerados pelo sistema de radar Advanced

Spacebone Thermal Emission and Reflection Radiometer (ASTER) que geram as curvas

de niacutevel do terreno com uma resoluccedilatildeo de 30m (NASA2014) O processamento dessas

imagens foi feito pelo software livre gvSIG As imagens geradas pelos sateacutelites

LANDSAT foram adquiridas no site da United States Geological Survey (USGS) e essas

imagens possibilitaram obter um panorama preciso do uso do solo em toda a aacuterea urbana

de Santos Dumont numa resoluccedilatildeo de 15 metros uma vez que foi utilizada a banda

pancromaacutetica do sateacutelite LANDSAT 8 aleacutem da combinaccedilatildeo das bandas 65 e 4

respectivamente que eacute a combinaccedilatildeo recomendada pela mantenedora dos sateacutelites para

anaacutelises deste tipo

23

No que diz respeito a identificaccedilatildeo de APPs em topo de morro a metodologia de Oliveira

amp Fernandes Filho (2013) por utilizar as mesmas bases de dados ateacute entatildeo usadas neste

trabalho foi a mais indicada

A metodologia de anaacutelise dos mapas gerados eacute a proposta pelo professor Jorge Xavier da

Silva do Laboratoacuterio de Geoprocessamento (LAGEOP) da Universidade Federal do Rio

de Janeiro e citada por Rocha (2007) Tal metodologia analisa as variaacuteveis em questatildeo

presentes na aacuterea e permite avaliar as possibilidades de relaccedilotildees entre essas variaacuteveis De

uma maneira geral este meacutetodo verifica o estado atual da aacuterea em estudo bem como das

variaacuteveis gerando inventaacuterios que servem para a construccedilatildeo de dados planimeacutetricos sejam

com as variaacuteveis isoladas ou combinadas Estes dados planimeacutetricos geram assinaturas

que permitem inferir sobre a influecircncia dessas variaacuteveis De posse dos dados gerados pelo

processo anteriormente citado pode-se fazer algumas prospecccedilotildees sobre os riscos

ambientais que a aacuterea pode sofrer ou o seu potencial ambiental (ROCHA 2007)

5 RESULTADOS

51 Levantamento histoacuterico de alagamentos e

deslizamentos

O aumento da demanda pelo uso do solo na regiatildeo urbana de Santos Dumont

principalmente no tocante agrave formaccedilatildeo de novos loteamentos e condomiacutenios nos uacuteltimos

anos eacute consideraacutevel mas tambeacutem haacute de se observar o crescimento dos bairros jaacute existentes

com pouco ou nenhum ordenamento Em ambos os casos se observa ocupaccedilotildees

irregulares em APP o que tem ocasionado um aumento na frequecircncia de deslizamentos

e inundaccedilotildees Eacute evidente que quanto maior a densidade populacional do bairro maior a

quantidade de ocorrecircncias ao longo dos anos (SPERFELD 2009)

De acordo com as ocorrecircncias registradas pela Defesa Civil do municiacutepio obtidas atraveacutes

da literatura utilizada nos uacuteltimos 30 anos Santos Dumont chegou a decretar situaccedilatildeo de

emergecircncia por conta de desastres envolvendo deslizamentos eou alagamentos por duas

vezes num espaccedilo de 10 anos conforme pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho

(BRASIL 2014 CEPED 2011)

Segundo os dados obtidos atraveacutes de pesquisa nos arquivos do semanaacuterio entre os anos

de 1984 e 2014 pode-se verificar que nos uacuteltimos 20 anos a cidade tem experimentado

24

um aumento consideraacutevel nos eventos relacionados a deslizamentos e principalmente

alagamentos como pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho Isso pode ter sido causado

dentre outros fatores pelo aumento do nuacutemero de vias pavimentadas com material

impermeaacutevel o que tem sobrecarregado tanto a infraestrutura existente para drenagem

urbana como tambeacutem a calha dos cursos drsquoaacutegua que passam pela regiatildeo urbana do

municiacutepio (ZANON2013)

Na deacutecada de 1980 (1984-1990) de acordo com os dados obtidos natildeo foram noticiados

eventos consideraacuteveis relacionados a deslizamentos e alagamentos em Santos Dumont

mas isso natildeo exclui a possibilidade de natildeo ter ocorrido tais eventos em menor escala

Na deacutecada de 1990 aconteceram uma seacuterie de ocorrecircncias tanto de deslizamentos quanto

de alagamentos No ano de 1997 num periacuteodo chuvoso intenso aconteceram

deslizamentos consideraacuteveis em vaacuterios bairros da cidade inclusive com desabamento de

casas e de ruas principalmente nos bairros Nossa Senhora da Gloacuteria e Quarto Depoacutesito

Em 1999 ocorreram alguns pontos de alagamento nos bairros Quarto Depoacutesito e Santo

Antocircnio com grandes prejuiacutezos materiais

A deacutecada de 2000 iniciou com o registro de deslizamentos em vaacuterios bairros da cidade

inclusive com desabamento de casas e pontes e alagamentos em importantes vias do

centro da cidade Observa-se ao longo desse periacuteodo o crescimento nas ocorrecircncias de

deslizamentos e de aacutereas com risco de deslizamento em muitos bairros de Santos Dumont

Um dos fatores importantes para esse crescimento foi a grande expansatildeo sofrida pela

maioria dos bairros e a falta de planejamento e orientaccedilatildeo por parte da prefeitura uma

vez que uma boa parte do crescimento dos bairros da cidade ocorreu ou proacuteximo a cursos

drsquoaacutegua ou em aacutereas com declividade improacutepria para se fazer construccedilotildees O bairro

Coacuterrego do Ouro (Figura 51) foi o que mais sofreu com ocorrecircncias de deslizamentos

nesse periacuteodo enquanto o bairro Santo Antocircnio foi que teve mais ocorrecircncias de

alagamentos

25

Figura 5 1 Deslizamento no bairro Coacuterrego do Ouro

Fonte Portal Cabangu

No iniacutecio deacutecada de 2010 (2011-2014) o centro da cidade foi a regiatildeo que mais sofreu

com alagamentos sendo registrado pelo menos uma ocorrecircncia por ano nessa aacuterea (Figura

52) Isso pode ser relacionado dentre outros fatores com as obras de modificaccedilatildeo do

tipo de pavimentaccedilatildeo das estradas por um material impermeaacutevel gerando uma sobrecarga

nos sistemas de drenagem urbana que foram projetados para um tipo de pavimento mais

permeaacutevel implicando tambeacutem na sobrecarga calha do Ribeiratildeo das Posses o principal

curso drsquoaacutegua que corta o centro da cidade e que se encontra em quase sua totalidade

ocupada em ambas as margens que cortam o centro da cidade

26

Figura 5 2 Alagamento na regiatildeo central de Santos Dumont em 2013

Fonte Portal Cabangu

Quanto agraves ocorrecircncias de deslizamento ao longo da referida deacutecada elas estiveram

espalhadas pelos bairros do municiacutepio tendo um maior nuacutemero de ocorrecircncias nos bairros

Santo Antocircnio Nossa Senhora da Gloacuteria e Aacutegua Espraiada Nos dois primeiros bairros

citados as ocorrecircncias podem ter sido ocasionadas pelo crescimento desordenado e sem

planejamento destes e no terceiro as ocorrecircncias satildeo relacionadas ao processo de

assoreamento do Ribeiratildeo das Posses o que pode ter gerado um aumento da velocidade

desse curso drsquoaacutegua causando problemas decorrentes do transporte de sedimentos da aacuterea

onde as casas foram construiacutedas que teve como consequecircncia os deslizamentos

Em resumo como pode ser observado nas figuras 53 e 54 na tabela 51 no periacuteodo de

1984 a 2014 os bairros mais afetados por alagamentos e deslizamentos satildeo Quarto

Depoacutesito Nossa Senhora da Gloacuteria Santo Antocircnio Coacuterrego do Ouro Antocircnio Afonso

Graminha e Vila Esperanccedila sendo que o bairro Coacuterrego do Ouro possui o maior nuacutemero

de ocorrecircncias de deslizamentos e o centro da cidade possui o maior nuacutemero de

ocorrecircncias de alagamentos no periacuteodo pesquisado Vale destacar que a aacuterea propiacutecia a

alagamentos no bairro Antocircnio Afonso natildeo identificada no estudo realizado pela

prefeitura constitui-se efetivamente numa aacuterea de risco conforme levantamento histoacuterico

realizado Esta aacuterea de risco se deve agrave diferenccedila de niacutevel negativa entre o rio Pinho e a

aacuterea do bairro estando este em desniacutevel com um risco iminente de inundaccedilotildees resultantes

da cheia desse curso drsquoaacutegua causando inuacutemeros transtornos aos moradores do local

27

Figura 5 3 Pontos de Alagamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico

Fonte Do autor

Figura 5 4 Pontos de deslizamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico

Fonte Do autor

28

Tabela 51 Ocorrecircncias de alagamentos e deslizamentos obtidos atraveacutes do

levantamento histoacuterico

Pontos de ocorrecircncia (1984-2014)

Bairros Alagamento Deslizamento

Aacutegua Espraiada 1 1

Antocircnio Afonso 1 0

Barra 0 1

Centro 7 1

Coacuterrego do Ouro 1 7

Flores 0 1

Graminha 1 0

Jardim Jaraguaacute 0 1

N Sra da Gloacuteria 0 4

N Sra das Graccedilas 1 0

Quarto Depoacutesito 3 2

Santo Antocircnio 4 2

Satildeo Sebastiatildeo 0 1

Vila Esperanccedila 0 1

Fonte Do autor

De acordo com o estudo realizado na elaboraccedilatildeo do Plano Diretor pela prefeitura

municipal observa-se que os bairros que possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a

deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do Ouro e Vila Esperanccedila enquanto que os que

possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a alagamento satildeo o Centro da cidade e os

bairros Satildeo Sebastiatildeo Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio por estarem agraves margens do

Ribeiratildeo das Posses um curso drsquoaacutegua que sofre com inundaccedilotildees perioacutedicas devido ao

severo assoreamento em algumas regiotildees e tambeacutem devido ao acuacutemulo de lixo descartado

pelos moradores do entorno irregularmente De acordo com o estudo realizado quando da

elaboraccedilatildeo do Plano Diretor do municiacutepio foram feitos estudos sobre as aacutereas propensas

a deslizamentos e alagamentos na regiatildeo urbana principal Tais aacutereas satildeo as destacadas

nas Figuras 55 e 56 No levantamento histoacuterico realizado pode-se identificar que os

bairros que possuem mais aacutereas propensas a deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do

Ouro Nossa Senhora da Gloacuteria Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio enquanto que os bairros

mais propensos a alagamentos satildeo os bairros Centro Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio

como observado na tabela 51

29

Figura 5 5 Aacutereas propensas a deslizamento de acordo com o Plano Diretor de

Santos Dumont

Fonte Google Earth e Lei 42412012

Figura 5 6 Aacutereas propensas a alagamento de acordo com o Plano Diretor de

Santos Dumont

Fonte Google Earth e Lei 42412012

30

Comparando-se os mapas obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico com o mapa gerado

pelo estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor nota-se que haacute semelhanccedilas em

algumas aacutereas mas ao se levar em conta o produto gerado pela pesquisa histoacuterica o

estudo necessitaria ser complementado haja vista que ele natildeo compreende por exemplo

o ponto de alagamento no bairro Antocircnio Afonso citado anteriormente e alguns pontos de

deslizamento importantes uma vez que satildeo regiotildees onde haacute ocupaccedilatildeo Esse fato evidencia

a necessidade de se buscar vaacuterias fontes primaacuterias e secundaacuterias para se detectar aacutereas de

risco em um municiacutepio incluindo arquivos da imprensa local afim de se produzir uma

base de dados consistente e com o menor nuacutemero de falhas possiacutevel (CEPED 2014) Com

a uniatildeo dos dois estudos foram gerados os mapas apresentados nas Figuras 57 e 58

Aleacutem do mais observando as figuras 57 e 58 pode-se notar que uma boa parte tanto dos

casos de alagamento quanto de deslizamento estatildeo na faixa de APP de curso hiacutedrico o

que ilustra a importacircncia da preservaccedilatildeo destas aacutereas

Figura 5 7 Aacutereas propensas a alagamento do estudo do Plano Diretor

complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento

Fonte Do Autor

31

Figura 5 8 Aacutereas propensas a deslizamento do estudo do Plano Diretor

complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento

Fonte Do Autor

Atraveacutes da combinaccedilatildeo entre estes dois levantamentos procurou-se alimentar a base de

dados e garantir uma consistecircncia maior desta no que diz respeito a aacutereas de deslizamento

e alagamento podendo inclusive se identificar a suscetibilidade de uma determinada

regiatildeo da cidade a um ou outro evento (CEPED2014)

512 O Plano diretor e as APPs

Nos uacuteltimos anos o Brasil experimentou um forte fenocircmeno de migraccedilatildeo do campo para

as aacutereas urbanas De acordo com o IBGE no periacuteodo de 1940 a 2000 houve um aumento

de cerca de 60 do nuacutemero de pessoas que vivem em cidades (SILVA JR 2006) O

processo de planejamento e ordenamento do uso do solo nessas aacutereas deveria ter

acompanhado esse crescimento ao longo dos anos a fim de garantir a qualidade de vida e

a seguranccedila dos migrantes ao se instalarem nas cidades o que natildeo ocorreu e o que se

observa atualmente satildeo ocupaccedilotildees em aacutereas improacuteprias para moradia sem a infraestrutura

baacutesica necessaacuteria e com risco iminente de deslizamentos eou inundaccedilotildees

O Plano Diretor do municiacutepio de Santos Dumont em seu capiacutetulo IV que versa sobre o

uso e ocupaccedilatildeo do solo explicita regras para o ordenamento do territoacuterio que compreende

o municiacutepio com base nos diferentes usos do solo de acordo com sua compatibilidade o

32

que acabou por resultar num zoneamento de todo o municiacutepio em macrozonas conforme

citado na seccedilatildeo 3231 de acordo com os usos atuais e futuros do solo Aleacutem de dividir

estas macrozonas em urbanas e rurais tambeacutem avaliou e classificou estas aacutereas com base

numa seacuterie de fatores ambientais geoloacutegicos culturais e sociais de forma a se fazer um

zoneamento coerente com os atuais usos do solo e seu potencial de uso futuro Apresenta-

se na Figura 59 este zoneamento na aacuterea urbana principal de Santos Dumont

Figura 5 9 Zoneamento urbano da aacuterea urbana principal

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Lei 42412012

Tomando como referecircncia o Novo Coacutedigo Florestal brasileiro em especial os paracircmetros

estabelecidos para a definiccedilatildeo de APP e utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento

atraveacutes do software Vista SAGA relacionou-se as APPs existentes na aacuterea em estudo com

as regiotildees propiacutecias a alagamentos e deslizamentos de acordo com o estudo feito quando

da elaboraccedilatildeo do Plano Diretor afim de se identificar qual ou quais aacutereas possuem estes

problemas e se estatildeo relacionados com o uso do solo irregular em APP

Ao se aplicar a metodologia proposta por Oliveira amp Fernandes Filho (2013) natildeo foram

identificadas dentro da aacuterea de estudo APPs de topos de morro sendo este tipo de APP

descartada portanto das anaacutelises subsequentes deste trabalho Foram consideradas as

APP de curso hiacutedrico (rios e nascentes) e de declividade visando relacionaacute-las as aacutereas

de risco identificadas pela Prefeitura afim de se verificar as possiacuteveis causas da ocorrecircncia

33

destas aacutereas na regiatildeo urbana do municiacutepio Por meio de combinaccedilotildees entre dois mapas

temaacuteticos utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento foi possiacutevel obter as

assinaturas ou seja tabelas que caracterizam quantitativamente a aacuterea afetada por cada

aspecto visto que a simples visualizaccedilatildeo do mapa gerado pelo geoprocessamento muitas

vezes eacute prejudicada por serem aacutereas de pequenas dimensotildees ou por qualquer outra

limitaccedilatildeo do software Ressalta-se que para a elaboraccedilatildeo do Plano Municipal de Reduccedilatildeo

de riscos a identificaccedilatildeo e detalhamento topograacutefico destas aacutereas eacute fundamental para o

desenvolvimento do referido Plano conforme seraacute abordado detalhadamente na seccedilatildeo

52

De posse do mapa que representa o zoneamento urbano de Santos Dumont primeiramente

procurou-se mensurar qualitativa e quantitativamente a presenccedila de APPs tanto de

declividade quanto de cursos hiacutedricos Essa identificaccedilatildeo eacute importante pois este

zoneamento eacute um dos instrumentos de planejamento municipal (BRASIL 2001) Saboya

(2007) aponta que os principais objetivos de um zoneamento satildeo o controle da expansatildeo

urbana e proteccedilatildeo de aacutereas inadequadas a ocupaccedilatildeo aleacutem de reduzir os conflitos inerentes

aos diferentes usos do solo Com o uso da ferramenta ldquoCombinarrdquo do Vista SAGA foram

feitas combinaccedilotildees entre o mapa de hidrografia com buffer de 30m para rios e coacuterregos e

de 50m para nascentes com o mapa do zoneamento para se verificar a importacircncia das

APPs de curso hiacutedrico em toda a aacuterea urbana principal do municiacutepio Tambeacutem foram

combinados o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) obtido atraveacutes do gvSIG com o mapa

de zoneamento afim de se verificar quantitativamente as APPs de declividade e onde se

localizam Vale ressaltar que as declividades entre 30 e 47 estatildeo presentes nesta

combinaccedilatildeo pois de acordo com o Plano Diretor de Santos Dumont terrenos com esta

faixa de declividade para fins de parcelamento devem possuir estudo teacutecnico que ateste

a viabilidade de se promover algum empreendimento imobiliaacuterio neste (SANTOS

DUMONT 2012) Como a legislaccedilatildeo municipal prevecirc estudo somente para a faixa de

declividade descrita anteriormente para fins de anaacutelise neste trabalho consideramos um

valor mais conservador para APP compreendendo a faixa de 47 a 100 aleacutem da

prevista pela legislaccedilatildeo federal (gt100) para que natildeo houvessem lacunas importantes na

geraccedilatildeo do produto

Apresenta-se na Figura 510 aacutereas com declividades consideradas de risco e consideradas

APP e em qual zona de planejamento elas estatildeo inseridas De um modo geral ao se

observar a Tabela 52 nota-se que a aacuterea que compreende declividades de risco e APP eacute

uma pequena parcela da aacuterea urbana principal representando 061 desta aacuterea Ao se

levar em conta somente a localizaccedilatildeo pode-se verificar que cerca de 84 das aacutereas com

declividade de risco e a totalidade das APPs de declividade estatildeo localizadas na ZAC1

zona que compreende a maior parte do municiacutepio e apesar de possuir infraestrutura baacutesica

para a ocupaccedilatildeo esta eacute restrita Sendo assim o fator declividade deve ser visto com cautela

nesta aacuterea para se evitar transtornos advindos de edificaccedilotildees nestas aacutereas

34

Figura 5 10 Combinaccedilatildeo entre as declividades importantes incluindo as APPs e o

zoneamento urbano

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Do autor

Tabela 52 Assinaturas da combinaccedilatildeo Declividade x Zoneamento

Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea

Natildeo APP 457972 9939

Declividade 30-47 em ZAC1 2368 051

Declividade 30-47 em ZE 284 006

Declividade 30-47 em ZAC2 128 003

Declividade 30-47 em ZPA 004 0001

APP Declividade em ZAC1 048 001

Total 460804 100

Fonte Do autor

Apresenta-se na Figura 511 as APPs de curso hiacutedrico (nascentes e rios) e em qual zona

de planejamento estatildeo localizadas Assim como a declividade a maior parte das APPs de

curso hiacutedrico estatildeo localizadas em ZAC1 representando 383 da aacuterea urbana em estudo

e 51 do total das APPs de curso hiacutedrico Esta questatildeo tambeacutem deve ser vista com

bastante criteacuterio pelos gestores locais uma vez que a ocupaccedilatildeo em faixas proacuteximas de

rios e coacuterregos podem causar uma gama de problemas ambientais e sociais na regiatildeo

(SANTANA2011) Tal cuidado tambeacutem deve ser tomado nas APPs compreendidas na

35

ZAC2 que compreende 001 da Aacuterea urbana principal e 14 do total das APPs de curso

hiacutedrico pois a infraestrutura baacutesica e acessibilidade presente nesta zona eacute precaacuteria e a

ocupaccedilatildeo as margens de cursos hiacutedricos pode gerar problemas seacuterios caso ocorra uma

expansatildeo nestas aacutereas

Figura 511 Combinaccedilatildeo entre APP de curso hiacutedrico e as zonas de planejamento

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Do autor

Outro ponto importante eacute a presenccedila da Zona de Proteccedilatildeo Ambiental (ZPA) no entorno

uma consideraacutevel parte dos cursos hiacutedricos Nesta zona estatildeo presentes 28 das APPs de

curso hiacutedrico e esta zona de acordo com o Plano Diretor deve ser restaurada ou

preservada por suas caracteriacutesticas geoloacutegicas topograacuteficas e bioloacutegicas

Afim de se verificar os usos do solo na regiatildeo em estudo foram utilizadas combinaccedilotildees

de imagens advindas do sateacutelite Landsat 8 nas bandas descritas no capiacutetulo 4 aleacutem da

banda pancromaacutetica O resultado eacute apresentado na figura 512 que mostra os principais

usos do solo na aacuterea urbana principal de Santos Dumont

36

Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x Zoneamento

Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea

Hidrografia 11168 239

Aacuterea Urbana Natildeo APP 421004 9008

APP Curso hiacutedrico em ZAC1 179 383

APP Curso hiacutedrico em ZPA 9776 209

APP Curso hiacutedrico em ZE 184 004

APP Curso hiacutedrico em ZA 1192 026

APP Curso hiacutedrico em ZAC2 5124 110

APP Curso hiacutedrico em ZPPH 248 005

APP Curso hiacutedrico em ZEIS 568 012

APP Curso hiacutedrico em ZCA 228 005

Total 467392 10000

Fonte Do autor

Figura 5 12 Mapa de usos do solo da aacuterea urbana principal de Santos Dumont

Fonte Do autor

Como jaacute era previsto a maior parte da aacuterea urbana se encontra ocupada e eacute nesta regiatildeo

ocupada que se observa a maior concentraccedilatildeo de problemas de deslizamentos e

alagamentos (Figuras 513 e 514) A grande ocupaccedilatildeo em aacutereas consideradas APP de

curso hiacutedrico de acordo com os mapas gerados pode ser a principal causa do aumento a

cada ano dos casos de alagamento principalmente na regiatildeo central da cidade Outro ponto

que se deve atentar eacute a existecircncia de uma consideraacutevel aacuterea de pastagem pouco vegetada

que caso estejam em aacutereas elevadas pode contribuir para deslizamentos e agraves margens de

37

rios e coacuterregos para o assoreamento destes corpos hiacutedricos o que pode causar

alagamentos (INAacuteCIO etal 2007)

Diante destes resultados pode-se ver que a cidade de Santos Dumont necessita alternativas

efetiva no que diz respeito agrave contenccedilatildeo de deslizamentos e a reduccedilatildeo de risco de

alagamento pois as aacutereas em que ocorrem tais eventos satildeo distintas e facilmente definidas

devido agrave repeticcedilatildeo destes nos uacuteltimos anos Um plano de accedilatildeo integrado entre as diferentes

secretarias municipais (Obras Meio Ambiente Assistecircncia Social entre outras) e a

Coordenadoria Municipal de Defesa Civil deve ser realizado afim de se tomar medidas

natildeo mais preventivas mas sim preditivas para que se possa conter o avanccedilo destes

problemas na aacuterea urbana principal bem como em toda a aacuterea do municiacutepio

Figura 5 13 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na aacuterea urbana

principal

Fonte Do autor

38

Figura 5 14 Aacutereas sujeitas a alagamento e os principais usos do solo na aacuterea

urbana principal

Fonte Do autor

Ao se associar os dados do estudo do Plano Diretor com os dados do levantamento

histoacuterico realizado com o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) pode-se notar que as aacutereas

propiacutecias a deslizamento estatildeo em regiotildees as quais haacute uma fronteira de declividades ou

seja eacute evidente que os deslizamentos ocorrem em encostas um pouco mais iacutengremes mas

natildeo necessariamente nas encostas de 30-47 as quais exigem estudo teacutecnico conforme o

plano diretor preconiza Quanto aos alagamentos nota-se que eles se localizam nas aacutereas

com menor ou nenhuma declividade podendo ser estas aacutereas talvez componentes da

planiacutecie de inundaccedilatildeo dos rios Estes resultados podem ser vistos nas figuras 515 e 516

a seguir

39

Figura5 15 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a deslizamentos na

regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

Fonte Lei 42412012 e Autor

Figura5 26 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a alagamentos na

regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

Fonte Lei 42412012 e Autor

40

52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis

O processo de ocupaccedilatildeo no municiacutepio de Santos Dumont comeccedilou muito antes de

qualquer legislaccedilatildeo relacionada a ordenamento urbano e de proteccedilatildeo do meio ambiente

fosse implementado no Brasil Esse fato aliado a poliacuteticas e fiscalizaccedilotildees falhas

contribuiacuteram para a ocupaccedilatildeo e expansatildeo da aacuterea urbana ao longo do Ribeiratildeo das Posses

e seus afluentes o que tem gerado o aumento da degradaccedilatildeo destes corpos hiacutedricos ao

longo de todos estes anos Observa-se tambeacutem que nas uacuteltimas deacutecadas ocorreu um

grande nuacutemero de migraccedilotildees do campo para a regiatildeo urbana da cidade fator que

contribuiu para o crescimento do nuacutemero de habitaccedilotildees em aacutereas de risco de deslizamento

e alagamentos por serem na maioria das vezes terrenos menos valorizados e por este

motivo acessiacuteveis a populaccedilatildeo com menor poder aquisitivo (ROSA amp CORTEZ 2008)

Vale ressaltar que esta questatildeo aleacutem de ser ambiental eacute muito mais social pois os

moradores entendem os riscos de se viver nestes locais mas por motivos econocircmicos ou

por questotildees afetivas natildeo abrem matildeo da moradia nessas aacutereas A Constituiccedilatildeo Federal de

1988 promoveu a inter-relaccedilatildeo das questotildees sociais com as questotildees ambientais quando

colocou o meio ambiente como direito coletivo (BRASIL1988 SOUZA2010) Por este

motivo a decisatildeo por medidas draacutesticas que favoreccedilam apenas agrave preservaccedilatildeo do meio

ambiente natildeo eacute recomendada pois aleacutem de ser inconstitucional podem afetar a

sustentabilidade econocircmica do municiacutepio e gerar conflitos sociais consideraacuteveis

(CARLOS 1992 apud SOUZA 2010)

Segundo Bueno (2009) ldquonem tudo o que eacute irregular eacute precaacuteriordquo Esse fato se observa em

Santos Dumont uma vez que em boa parte da regiatildeo central se observa vaacuterias moradias

construiacutedas na faixa de APP de curso hiacutedrico o que natildeo eacute permitido pela legislaccedilatildeo

vigente e eacute um dos fatores que contribui para a ocorrecircncia de alagamentos nesta aacuterea da

cidade Para a resoluccedilatildeo deste problema o que seria mais viaacutevel seria a melhoria da

infraestrutura de drenagem urbana afim de que o escoamento da aacutegua das chuvas natildeo

sobrecarregasse o sistema (BUENO2009) A construccedilatildeo de bacias de contenccedilatildeo de

cheias ao longo do Ribeiratildeo das Posses tambeacutem seria uma alternativa mas para se verificar

a viabilidade necessita-se estudos mais aprofundados do ponto de vista hidroloacutegico

O grande problema a ser solucionado no entanto eacute o que diz respeito agraves aacutereas de risco

de deslizamento majoritariamente nos bairros A melhor alternativa seria o

remanejamento dos moradores para uma aacuterea proacutexima agrave que moram poreacutem longe do

risco Poreacutem esta alternativa de acordo com Rosa Filho amp Cortez (2008) encontra alguns

entraves pois estas pessoas na maioria das vezes natildeo tecircm condiccedilotildees financeiras de irem

para outro lugar ou pagar aluguel ou estatildeo de alguma forma sentimentalmente ligadas

agravequela regiatildeo que se recusam a deixaacute-lo

41

Por parte dos oacutergatildeos competentes no municiacutepio a criaccedilatildeo de um plano para se evitar

acidentes ocasionados por deslizamentos e alagamentos com um mapeamento detalhado

de toda a extensatildeo do municiacutepio eacute extremamente uacutetil Os estudos que seratildeo feitos para a

elaboraccedilatildeo deste plano poderatildeo definir quais as aacutereas satildeo potencialmente de risco para as

ocupaccedilotildees existentes ou para as potenciais ocupaccedilotildees que possam vir a ocorrer atraveacutes do

mapeamento das aacutereas de risco Tal planejamento seraacute auxiliar ao Plano Diretor

Municipal pois definiraacute o real uso do solo de determinada regiatildeo do municiacutepio

contribuindo para a adequaccedilatildeo do uso e ocupaccedilatildeo do solo afim de evitar ou reduzir o

nuacutemero de problemas relacionados a alagamentos e principalmente deslizamentos no

periacutemetro urbano (TOMINAGA 2009) A partir deste plano os gestores locais poderatildeo

tomar a melhor decisatildeo para a prevenccedilatildeo ou reduccedilatildeo dos riscos inerentes a tais problemas

Na seccedilatildeo 521 seraacute hierarquizado de forma preliminar a aacuterea urbana principal de acordo

com os resultados da tabela 51

521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta

O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos (PMRR) foi criado atraveacutes de accedilotildees

regularizadoras do Ministeacuterio das Cidades para ser o instrumento de gestatildeo e

gerenciamento de aacutereas de risco em um municiacutepio Eacute um documento que aleacutem de

estabelecer quais regiotildees satildeo consideradas de risco tambeacutem objetiva a proposta de

medidas estruturais ou natildeo para contenccedilatildeo eou prevenccedilatildeo de cataacutestrofes aleacutem de ser um

meio de captaccedilatildeo de recursos financeiros junto aos Governos Estadual e Federal Estes

recursos poderatildeo ser utilizados para a realizaccedilatildeo de obras que visem a melhoria da

qualidade de vida da populaccedilatildeo do entorno ou de recuperaccedilatildeo da aacuterea degradada Este

plano eacute realizado de forma participativa com as comunidades das aacutereas de risco e pode

ser realizado em sete fases conforme recomenda o Ministeacuterio das Cidades (ALHEIROS

2006)

O primeiro passo para a realizaccedilatildeo do PMRR eacute definir qual a metodologia seraacute empregada

levando-se em consideraccedilatildeo a realidade atual do municiacutepio e especificar de forma sucinta

um cronograma das atividades Eacute importante nesta fase a participaccedilatildeo tambeacutem dos

responsaacuteveis pelas mais variadas Secretarias Municipais afim de explicitar o tamanho da

importacircncia e o caraacuteter integrador deste plano A segunda fase deste plano objetiva a

criaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo da principal base de dados a ser utilizada nos passos posteriores o

mapeamento de risco em escala detalhe em torno de 13000 (SAtildeO PAULO 2014) A

elaboraccedilatildeo de um mapeamento detalhado propiciaraacute natildeo soacute a identificaccedilatildeo mais faacutecil das

aacutereas de risco como tambeacutem facilitaraacute aos gestores e agrave comunidade decidirem qual a

melhor intervenccedilatildeo para a soluccedilatildeo ou remediaccedilatildeo dos problemas em uma determinada

42

aacuterea hierarquizando o risco e definindo prioridades (SAtildeO PAULO 2014) Na tabela a

seguir apresenta-se alguns tipos de intervenccedilotildees que podem ser feitas em aacutereas de risco

sugeridas pelo Ministeacuterio das cidades (ALHEIROS 2006)

Quadro 5 1 - Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco

Tipo de intervenccedilatildeo Descriccedilatildeo

Serviccedilos de limpeza e Recuperaccedilatildeo

Remoccedilatildeo de entulho lixo etc

corte de aacutervores

remoccedilatildeo de bananeiras

recuperaccedilatildeo eou limpeza de sistemas de

drenagem esgotos e acessos

Limpeza de canais de drenagem

Proteccedilatildeo Vegetal

Proteccedilatildeo superficial vegetal (gramiacuteneas) em

taludes com solo exposto

Proteccedilatildeo vegetal de margens de canais de

drenagem

Barreiras vegetais para massas escorregadas

ou acumuladas pela erosatildeo

Drenagem Superficial e Acessos

Sistema de drenagem superficial (canaletas

raacutepidos caixas de transiccedilatildeo escadas drsquoaacutegua)

Acessos para pedestres (escadarias rampas

etc) integrados ao sistema de drenagem

Revestimento de Taludes Revestimento com materiais artificiais

cimentado cal-jet tela argamassada alvenaria

de tijolos ceracircmicos solo-cimento ensacado

Desmonte de blocos e matacotildees Desmonte de concreccedilotildees de grande porte

blocos rochosos e matacotildees

Obras de drenagem de subsuperfiacutecie Sistema de drenagem de subsuperfiacutecie

(trincheiras drenantes DHP poccedilos de

rebaixamento)

Estruturas de contenccedilatildeo (localizadas)

Muros de contenccedilatildeo de pequeno porte (solo-

cimento ensacado alvenaria de pedra-rachatildeo

concreto armado)

Estruturas de contenccedilatildeo localizadas

(chumbadores tirantes microestacas)

Contenccedilatildeo e proteccedilatildeo de margens de canais (

gabiotildees muros de concreto etc)

Estruturas de contenccedilatildeo (meacutedio e grande porte) Implantaccedilatildeo de estruturas de contenccedilatildeo de

meacutedio e grande porte envolvendo obras de

contenccedilatildeo passivas e ativas (muros de

gravidade cortinas etc)

Terraplanagem Execuccedilatildeo de serviccedilos de terraplanagem

combinados a obras de drenagem superficial e

proteccedilatildeo vegetal desvio e canalizaccedilatildeo de

coacuterregos

Remoccedilatildeo de moradias Remoccedilotildees definitivas para implantaccedilatildeo de

obras ou devido agrave localizaccedilatildeo improacutepria da

edificaccedilatildeo (Priorizar as relocaccedilotildees dentro da

proacutepria aacuterea em local seguro)

Fonte ALHEIROS 2006

43

Escolhidas as formas de intervenccedilatildeo para cada aacuterea eacute necessaacuterio realizar uma estimativa

dos custos afim de preparar o orccedilamento da prefeitura para a realizaccedilatildeo das obras e se

seraacute necessaacuterio a captaccedilatildeo de recursos externos para a execuccedilatildeo destas Feitas as

estimativas de custo o proacuteximo passo eacute definir as prioridades e para esta fase eacute tambeacutem

uacutetil o mapeamento feito nas etapas anteriores pois seraacute necessaacuterio hierarquizar tais

intervenccedilotildees nas aacutereas de risco O Ministeacuterio das Cidades (2007) sugere alguns criteacuterios

que podem ser avaliados pelo gestor dentre eles pode-se citar

Grau de risco

Populaccedilatildeo beneficiada

Custo da intervenccedilatildeo

Dimensatildeo da aacuterea a ser tratada

Demandas anteriores da populaccedilatildeo

Tempo de ocupaccedilatildeo

Viabilidade teacutecnica da intervenccedilatildeo

Viabilidade financeira

Inclusatildeo da aacuterea em outros projetos

A partir desta hierarquizaccedilatildeo inicia-se a identificaccedilatildeo de provaacuteveis fontes de captaccedilatildeo de

recursos para a execuccedilatildeo das intervenccedilotildees Estes recursos podem advir de programas dos

governos Federal e Estadual ou por meio de editais para captaccedilatildeo de recursos financeiros

tanto do setor puacuteblico como da iniciativa privada e podem ser tambeacutem associados agrave outras

Secretarias Municipais como a de Turismo ou Meio Ambiente e natildeo soacute as destinadas agrave

Defesa Civil (ALHEIROS 2006)

Eacute previsto tambeacutem no PMRR uma avaliaccedilatildeo da Defesa Civil municipal e como ela estaacute

estruturada fazendo inclusive sugestotildees para que sua atuaccedilatildeo esteja em consonacircncia com

a realidade das comunidades e da Administraccedilatildeo Puacuteblica do municiacutepio de forma a garantir

sua sustentabilidade e conquistar a credibilidade da populaccedilatildeo no que diz respeito a

prevenccedilatildeo de cataacutestrofes Para que a resposta a uma determinada situaccedilatildeo de risco seja

raacutepida eacute necessaacuterio a descentralizaccedilatildeo da Defesa Civil criando pequenos nuacutecleos

comunitaacuterios com a finalidade de se monitorar a aacuterea constantemente e promover as

intervenccedilotildees necessaacuterias em tempo haacutebil o que aumenta em muito a credibilidade da

populaccedilatildeo no PMRR e no trabalho desempenhado pela Defesa Civil no municiacutepio Apoacutes

esta etapa o PMRR passaraacute por audiecircncias puacuteblicas e posteriormente poderaacute ser aprovado

como Lei Municipal pelo Legislativo local (ALHEIROS 2006)

Com a realizaccedilatildeo deste plano o municiacutepio estaraacute munido de informaccedilotildees suficientes para

realizar accedilotildees efetivas de gestatildeo e gerenciamento de riscos bem como aliado a

levantamentos sociais realizar programas habitacionais que beneficiem prioritariamente

44

aos moradores das aacutereas de risco Aleacutem disso com o PMRR o municiacutepio poderaacute melhorar

a qualidade ambiental da populaccedilatildeo captando recursos para a recuperaccedilatildeo das aacutereas de

APP que foram degradadas pelas ocupaccedilotildees irregulares beneficiando todos os moradores

do municiacutepio com o aumento da qualidade de vida na cidade

A partir do disposto nesta seccedilatildeo acerca do Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos e de

uma maneira preliminar (levando-se em conta apenas o nuacutemero de registros de

alagamentos e deslizamentos na aacuterea urbana principal de Santos Dumont no periacuteodo de

1984 a 2014) identificou-se trecircs regiotildees distintas na aacuterea urbana do municiacutepio com

tempo de recorrecircncia desses eventos similares caracterizando trecircs prioridades de

intervenccedilatildeo em contenccedilatildeo de risco como pode ser visto nas figuras 515 e 516 Vale

ressaltar que eacute necessaacuterio um estudo mais detalhado inclusive com visitas teacutecnicas a

campo para que se confirme a real situaccedilatildeo destas e a real prioridade para investimentos

Figura 5 17 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de deslizamentos

Fonte Do Autor

45

Figura 5 18 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de alagamentos

Fonte Do Autor

46

6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees

A seguir apresenta-se as conclusotildees e as recomendaccedilotildees feitas a partir dos objetivos

especiacuteficos explicitados no iniacutecio deste trabalho

Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a

aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes

urbanos

A partir da revisatildeo da legislaccedilatildeo pertinente em acircmbito federal estadual e

municipal constatou-se que o Plano Diretor de Santos Dumont natildeo conflita com a

legislaccedilatildeo federal e estadual sobre Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente A legislaccedilatildeo

municipal foi entendida como mais conservadora que as federal e estadual uma

vez que considera implicitamente que declividades entre 47 e 100 satildeo

enquadradas como APPs aleacutem da faixa superior a 100

Parte consideraacutevel das ocupaccedilotildees em APP principalmente na regiatildeo do bairro

Santo Antocircnio (onde surgiu os primeiros nuacutecleos que deram origem ao municiacutepio)

e o centro da cidade ocorreram antes de que fosse elaborado qualquer legislaccedilatildeo

que versasse sobre o tema Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente bastando ao gestor

local tomar medidas de contenccedilatildeo de riscos que minimizem os impactos causados

por essas ocupaccedilotildees nessa regiatildeo

O ordenamento adequado do uso do solo no municiacutepio eacute necessaacuterio para que o

crescimento dos loteamentos criados anteriormente agrave esta Lei e o surgimento de

novos natildeo avance para Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente o que pode causar

inuacutemeros problemas aos moradores e agravar os jaacute existentes

Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las

com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)

As aacutereas onde houveram a maior quantidade de registros de deslizamentos satildeo os

bairros mais populosos de Santos Dumont podendo se estabelecer uma relaccedilatildeo

que quanto mais populoso o bairro maior a quantidade de problemas relacionados

a deslizamentos Tambeacutem pode-se notar uma relaccedilatildeo com as fronteiras das faixas

de declividades e os deslizamentos uma vez que boa parte deles aconteceram

nestas faixas

As aacutereas onde houve um grande nuacutemero de registros de alagamentos satildeo os bairros

que se desenvolveram agraves margens do Ribeiratildeo das Posses em especial na aacuterea que

47

compreende as APPs de curso hiacutedrico e em aacutereas onde a declividade eacute baixa Esse

fato aliado ao crescimento do nuacutemero de vias pavimentadas com material

impermeaacutevel e a natildeo expansatildeo e ou redimensionamento da rede de drenagem

urbana contribuiacuteram para a ocorrecircncia cada vez mais constante de alagamentos

nessas aacutereas

Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos

catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30

anos

A partir do levantamento histoacuterico realizado e da base de dados georeferenciada

gerada observou-se o aumento do nuacutemero de registros de deslizamentos e

alagamentos nos uacuteltimos 10 anos quando as ocorrecircncias comeccedilaram a se repetir

numa mesma aacuterea com frequecircncia incrementada as vezes com mais de uma

ocorrecircncia anual

Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do

solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental

Destaca-se a adequaccedilatildeo dos criteacuterios gerais estabelecidos pelo Plano Diretor de

Santos Dumont relativos a legislaccedilatildeo federal e estadual Entretanto o referido

Plano Diretor natildeo contempla todo o territoacuterio municipal sendo assim ele natildeo

cumpre o objetivo de proteger as APPs preservadas e recuperar as que foram

degradadas em todo o territoacuterio municipal Ressalta-se tambeacutem a sua natildeo

conformidade com o Estatuto das Cidades uma vez que o Plano Diretor

contempla apenas os novos loteamentos

Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais

negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea

impactada

Recomenda-se a implantaccedilatildeo no municiacutepio de uma Coordenadoria Municipal de

Defesa Civil atuante e integrada agraves Secretarias Municipais e agrave comunidade

visando uma atuaccedilatildeo eficaz nos problemas relacionados a deslizamentos e

alagamentos A elaboraccedilatildeo de um Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos eacute de

suma importacircncia pois atraveacutes dele pode-se predizer as aacutereas que passaratildeo por

problemas caso a expansatildeo aconteccedila ou se inicie uma ocupaccedilatildeo nova aleacutem de

prevenir acidentes nas aacutereas jaacute ocupadas e consideradas de risco

48

7 Anexos

49

71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont

50

51

72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)

52

53

8 Referecircncias Bibliograacuteficas

ALHEIROS M M O Plano Municipal de Prevenccedilatildeo de Riscos In CARVALHO C S

amp GALVAtildeO T(org) Prevenccedilatildeo de riscos e deslizamentos em encostas Guia para

elaboraccedilatildeo de Poliacuteticas Municipais Ministeacuterio das Cidades Brasiacutelia 2006

AMARAL R amp RIBEIRO R R Inundaccedilatildeo e enchentes In TOMINAGA L K et al

Desastres naturais conhecer para prevenir Instituto Geoloacutegico Satildeo Paulo 2009 p 39-

52

BRASIL Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil de 1988 Brasiacutelia 1988

BRASIL Lei Federal 10257 de 10 de julho de 2001 Regulamenta os arts 182 e 183 da

CF estabelece as diretrizes gerais da poliacutetica urbana e daacute outras providecircncias Brasiacutelia

2001

BRASIL Lei Federal nordm 12651 de 25 de maio de 2012 Dispotildee sobre a proteccedilatildeo da

vegetaccedilatildeo nativa altera as Leis nos 6938 de 31 de agosto de 1981 9393 de 1 9 de

dezembro de 1996 e 11 428 de 22 de dezembro de 2006 revoga as Leis nos 4771 de

1 5 de setembro de 1965 e 7754 de 1 4 de abril de 1989 e a Medida Provisoacuteria no 21

66shy67 de 24 de agosto de 2001 e daacute outras providecircncias Brasiacutelia 2012

BRASIL Lei Federal nordm 4771 de 15 de Setembro de 1965 Institui o Novo Coacutedigo

Florestal Brasiacutelia 1965

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Page 20: O USO DO SOLO URBANO EM ÁREAS DE PRESERVAÇÃO … · social que você tenha na vida, a mais alta ou a mais baixa, tenha sempre como meta muita força, muita determinação e sempre

12

V - as encostas ou partes destas com declividade

superior a 45deg equivalente a 100 (cem por

cento) na linha de maior declive

()

IX - no topo de morros montes montanhas e

serras com altura miacutenima de 100 (cem) metros e

inclinaccedilatildeo meacutedia maior que 25deg as aacutereas

delimitadas a partir da curva de niacutevel

correspondente a 23 (dois terccedilos) da altura

miacutenima da elevaccedilatildeo sempre em relaccedilatildeo agrave base

sendo esta definida pelo plano horizontal

determinado por planiacutecie ou espelho drsquoaacutegua

adjacente ou nos relevos ondulados pela cota do

ponto de sela mais proacuteximo da elevaccedilatildeo

X - as aacutereas em altitude superior a 1800 (mil e

oitocentos) metros qualquer que seja a

vegetaccedilatildeo

()rdquo

A legislaccedilatildeo atual em seu artigo 4ordm evidencia que as faixas e aacutereas determinadas como

APP compreendem tanto as aacutereas rurais quanto urbanas (BRASIL 2012) retirando a

duacutevida anterior e sendo essa a Lei suplementar qualquer faixa de APP mais permissiva

na legislaccedilatildeo estadual e municipal satildeo invaacutelidas o que simplificou de certa forma a

aplicabilidade da Legislaccedilatildeo referente a Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente

No Estado de Minas Gerais a Lei Estadual 20922 de 16 de Outubro de 2013 trata do tema

em acircmbito estadual mas com os mesmos princiacutepios propostos pela Lei Federal sendo os

limites miacutenimos previstos para as APPs os mesmos propostos pelo Novo Coacutedigo

Florestal brasileiro (MINAS GERAIS2013)

ldquo Art 9ordm Para os efeitos desta Lei em zonas rurais

ou urbanas satildeo APPs

I as faixas marginais de cursos drsquoaacutegua naturais

perenes e intermitentes excluiacutedos

os efecircmeros medidas a partir da borda da calha

do leito regular em largura miacutenima de

13

a) 30m (trinta metros) para os cursos drsquoaacutegua de

menos de 10m (dez metros) de largura

b) 50m (cinquenta metros) para os cursos drsquoaacutegua

de 1 0m (dez metros) a 50m (cinquenta metros) de

largura

()

IV as aacutereas no entorno das nascentes e dos olhos

drsquoaacutegua perenes no raio miacutenimo de 50m

(cinquenta metros)

V as encostas ou partes destas com declividade

superior a 45ordm (quarenta e cinco graus)

equivalente a 100 (cem por cento) na linha de

maior declive

()

VII no topo de morros montes montanhas e

serras com altura miacutenima de 100m (cem metros)

e inclinaccedilatildeo meacutedia maior que 25ordm (vinte e cinco

graus) as aacutereas delimitadas a partir da curva de

niacutevel correspondente a 23 (dois terccedilos) da altura

miacutenima da elevaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave base sendo esta

definida pelo plano horizontal determinado por

planiacutecie ou espelho drsquoaacutegua adjacente ou nos

relevos ondulados pela cota do ponto de sela mais

proacuteximo da elevaccedilatildeo

VIII as aacutereas em altitude superior a 1 800m (mil

e oitocentos metros)

()rdquo

323 O Plano Diretor

O Estatuto das Cidades em seu artigo 40 prevecirc o plano diretor como um instrumento

capaz de promover a poliacutetica urbana englobando toda a cidade aleacutem de fornecer padrotildees

e limites para o uso do solo nas mais diversas regiotildees do municiacutepio com vistas a

harmonizar o desenvolvimento urbano com a preservaccedilatildeo do meio ambiente (SILVA JR

2006) Este instrumento eacute obrigatoacuterio para cidades com mais de 20 mil habitantes ou

14

aacutereas que integrem regiotildees metropolitanas ou de interesse turiacutestico O artigo 41 do

Estatuto das cidades tambeacutem prevecirc a obrigatoriedade do Plano Diretor para cidades que

possuem em sua aacuterea empreendimentos que caracterizem grandes impactos ambientais

de influecircncia regional ou nacional e cidades que possuem problemas com deslizamentos

de grande magnitude ou alagamentos repentinos (BRASIL 2001)

O Plano diretor de acordo com o Estatuto das Cidades deve ser aprovado como lei em

acircmbito municipal e revisto a cada dez anos Este documento eacute uacutenico pois cada cidade

possui suas peculiaridades infraestrutura vocaccedilotildees e problemas que por mais que sejam

parecidos entre si satildeo diferenciados pela intensidade e pela regionalizaccedilatildeo Sendo assim

a confecccedilatildeo do Plano Diretor deve conter a participaccedilatildeo de toda a comunidade local de

forma a reduzir as desigualdades sociais os gastos puacuteblicos desnecessaacuterios a degradaccedilatildeo

ambiental e combater os problemas relacionados a urbanizaccedilatildeo de forma conjunta

promovendo um processo de tomada de decisatildeo que garanta a qualidade de vida

preservaccedilatildeo e o desenvolvimento social do municiacutepio como um todo (ROSSBACH amp

CARVALHO 2010)

3231 O Plano Diretor de Santos Dumont

A Lei Municipal nordm 424112 que entrou em vigor no ano de 2014 trata do Plano Diretor

Municipal instrumento previsto no Estatuto das Cidades para garantir aos cidadatildeos um

desenvolvimento urbano organizado justo e sustentavelmente econocircmico (BRASIL

2001) Aleacutem de apontar as diretrizes para a elaboraccedilatildeo da Poliacutetica Municipal dos mais

variados setores o Plano Diretor divide o municiacutepio em macrozonas urbanas e rurais

Estas zonas tecircm por objetivo facilitar a identificaccedilatildeo dos setores que permitem ou natildeo o

desenvolvimento da cidade e em que magnitude pode ser feita a expansatildeo respeitando ao

meio ambiente e tambeacutem o que eacute previsto no tocante ao uso e ocupaccedilatildeo do solo nessas

aacutereas Aleacutem disso ela estabelece a forma como devem ser as edificaccedilotildees nas referidas

aacutereas As aacutereas definidas como macrozonas urbanas e foram subdivididas em (SANTOS

DUMONT2012)

ldquoZona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e

da Paisagem (ZPPH) satildeo as aacutereas cujos

equipamentos urbanos possuem interesse

histoacuterico ou paisagiacutestico de preservaccedilatildeo

Zona de Preservaccedilatildeo Ambiental satildeo aquelas em

que devem ser mantidas ou recuperadas a

15

vegetaccedilatildeo por conta da declividade altitude ou

presenccedila de recursos hiacutedricos

Zona de Adensamento Controlado (ZAC) satildeo as

aacutereas em que deve-se manter uma pequena

densidade populacional devido as limitaccedilotildees na

infraestrutura da localidade A ZAC se divide em

ZAC 1 quando a infraestrutura existente eacute

limitada e em ZAC 2 quando esta eacute precaacuteria ou

natildeo existe

Zona de Consolidaccedilatildeo de Adensamento (ZCA)

satildeo as aacutereas em que haacute interesse em ocupar os

lotes vagos haja visto que a regiatildeo possui toda a

infraestrutura para que isto aconteccedila

Zona Adensaacutevel (ZA) satildeo as aacutereas com

condiccedilotildees propiacutecias para ocorrer uma ocupaccedilatildeo

mais densa

Zona Especial de Interesse Social (ZEIS) satildeo as

aacutereas em que o Poder Puacuteblico almeja fazer

alguma forma de ocupaccedilatildeo Eacute dividida em ZEIS 1

e ZEIS 2 A ZEIS 1 satildeo regiotildees jaacute ocupadas mas

de forma irregular cujo interesse puacuteblico eacute

realizar obras e outras atividades para

regularizar as ocupaccedilotildees e urbanizar a aacuterea

enquanto que a ZEIS 2 satildeo aacutereas natildeo utilizadas ou

subutilizadas as quais o poder puacuteblico almeja

realizar algum empreendimento habitacional de

caraacuteter social

Zona de Grandes Equipamentos (ZE) satildeo aacutereas

cujo o interesse eacute a implantaccedilatildeo de

empreendimentos de grande porte ou grandes

equipamentos puacuteblicosrdquo

Esta divisatildeo espacial pode ser melhor vista no Anexo 71

O Plano Diretor natildeo estipula limites para APP mas prevecirc algumas diretrizes como na

Poliacutetica Municipal de Preservaccedilatildeo do Meio Ambiente sobre o uso do solo em

compatibilidade com praacuteticas conservacionistas A Poliacutetica Municipal de Expansatildeo

16

Urbana tem como uma de suas diretrizes fazer cumprir a legislaccedilatildeo vigente no que diz

respeito agraves intervenccedilotildees e investimentos que poderatildeo ser feitos nessas aacutereas Tambeacutem eacute

diretriz da mesma Poliacutetica o controle da ocupaccedilatildeo e do uso do solo em APPs e o auxiacutelio

aos oacutergatildeos estaduais e federais de meio ambiente no tocante agrave fiscalizaccedilatildeo da ocupaccedilatildeo

nestas aacutereas (SANTOS DUMONT 2012) O artigo 38 que trata das diretrizes da Poliacutetica

habitacional de interesse social exclui do processo de regularizaccedilatildeo fundiaacuteria os

assentamentos situados em aacutereas de risco o que na maioria das vezes estatildeo tambeacutem nas

aacutereas que deveriam estar vegetadas e protegidas (SANTOS DUMONT 2012) Na

legislaccedilatildeo referente ao parcelamento do solo eacute previsto que no parcelamento de glebas

com declividade entre 30 e 47 soacute poderaacute ser aprovado mediante projeto e laudo

assinado por um responsaacutevel teacutecnico favoraacutevel agrave construccedilatildeo nesse local (SANTOS

DUMONT 2012) Diante do proposto pelo Plano Diretor de Santos Dumont pode-se

dizer que natildeo haacute conflito com a legislaccedilatildeo federal e estadual em se tratando da

aplicabilidade do Coacutedigo Florestal uma vez que aquele natildeo explicita limites nem

permissivos e tampouco restritivos para faixas e aacutereas de preservaccedilatildeo permanente

33 O Municiacutepio de Santos Dumont

331 De Arraial a cidade

A aacuterea onde se situa hoje o municiacutepio de Santos Dumont teve sua ocupaccedilatildeo iniciada no

seacuteculo XVIII quando a Coroa Portuguesa solicitou ao entatildeo Governador do Rio de

Janeiro Artur de Saacute Menezes que abrisse um caminho que ligasse as Minas dos

Cataguases na regiatildeo de Ouro Preto (receacutem descobertas) ao Rio de Janeiro por onde

escoava os metais preciosos para a metroacutepole Surgiu assim o ldquoCaminho Novordquo e ao longo

deste caminho surgiram tambeacutem as Sesmarias aacutereas que tinham por principal objetivo

servir de pouso aos transportadores e exploradores e tambeacutem para garantir alimento a

estas pessoas Uma destas ocupaccedilotildees seria o ldquoArraial de Joatildeo Gomesrdquo (Figura 41)

primeiro nuacutecleo primitivo do municiacutepio em 1709 De iniacutecio prevaleciam somente

ranchos onde os viajantes se abrigavam mas em pouco tempo ergueu-se a Capela de Satildeo

Miguel e Almas e pequenos nuacutecleos urbanos comeccedilaram a surgir (DAPPC2008)

17

Figura 3 1 Vista parcial do Arraial de Joatildeo Gomes

Fonte Arquivo Histoacuterico de Santos Dumont-MG

Com a construccedilatildeo da Estrada de Ferro D Pedro II no final do seacuteculo XIX a regiatildeo teve

um consideraacutevel crescimento natildeo soacute populacional como tambeacutem econocircmico se tornando

a Vila Palmyra em 1889 Em 1890 Palmyra eacute elevada ao status de Municiacutepio (Figura 42)

e recebe um grande nuacutemero de melhorias no setor viaacuterio como a retificaccedilatildeo de ruas e

tambeacutem no setor de serviccedilos puacuteblicos como abastecimento de aacutegua iluminaccedilatildeo puacuteblica a

querosene e posteriormente energia eleacutetrica O desenvolvimento econocircmico na regiatildeo

tambeacutem teve seu momento aacuteureo nesse periacuteodo Induacutestrias de laticiacutenios graacuteficas e de

Carbureto de Caacutelcio fizeram parte do parque industrial de Palmyra o que atraiacutea pessoas

de outros lugares inclusive estrangeiros contribuindo para o aumento populacional da

regiatildeo Como ainda natildeo havia legislaccedilatildeo sobre uso e ocupaccedilatildeo do solo nessa eacutepoca

surgiram inuacutemeros loteamentos em aacutereas proacuteximas agrave rios e coacuterregos e tambeacutem em

encostas com declividade acentuada o que foi agravando o risco agrave medida que a ocupaccedilatildeo

aumentava (DAPPC2008)

18

Figura 3 2 Municiacutepio de Palmyra na deacutecada de 1920

Fonte Arquivo Histoacuterico de Santos Dumont-MG

O escoamento da produccedilatildeo industrial se dava pelo modal ferroviaacuterio setor que tambeacutem

movimentava a crescente cidade que era ponto importante no setor de transportes pois

possuiacutea um dos mais bem equipados depoacutesitos de locomotivas da Estrada de Ferro Central

do Brasil (DAPPC2008)

No ano de 1932 o municiacutepio de Palmyra passou a se chamar Santos Dumont (Figura 43)

em homenagem ao inventor do aviatildeo que nascera naquela cidade Nos uacuteltimos 40 anos

Santos Dumont tem experimentado uma acentuada desaceleraccedilatildeo econocircmica

consequecircncia do fechamento da grande maioria das induacutestrias principalmente as de

laticiacutenios que empregavam direta e indiretamente uma parte consideraacutevel da populaccedilatildeo

(DAPPC2008)

19

Figura 3 3 Municiacutepio de Santos Dumont em 2014

Fonte Arquivo do autor

332 Santos Dumont na atualidade

O municiacutepio de Santos Dumont localiza-se na regiatildeo da Zona da Mata mineira distante

cerca de 220 Km da capital Belo Horizonte e possui uma populaccedilatildeo de 47558 habitantes

(ODM 2015 projeccedilatildeo) numa aacuterea total de 637 kmsup2 Faz divisa com os municiacutepios de

Juiz de Fora Oliveira Fortes Bias Fortes Antocircnio Carlos Tabuleiro Piau e Ewbank da

Cacircmara

No que diz respeito agrave sua formaccedilatildeo fisiacuteco-geograacutefica a aacuterea que compreende o municiacutepio

eacute constituiacuteda predominantemente por Cambissolo Haacuteplico (70) com Latossolo

Vermelho-Amarelo (30) (UFV2010) A vegetaccedilatildeo eacute em sua maioria composta por

exemplares de Mata Atlacircntica De acordo com o IBGE(2015) Santos Dumont se localiza

a 839m de altitude O clima da regiatildeo eacute classificado como Tropical de Altitude (Cwb) e

possui uma temperatura meacutedia de 20ordmC Eacute banhado pela bacia hidrograacutefica do Paraiacuteba do

Sul e em sua maioria pertence agrave sub-bacia do Rio Pomba (IGAM) que fornece aacutegua para

abastecimento puacuteblico agrave 88 da populaccedilatildeo por meio da rede de distribuiccedilatildeo

(IBGE2010) Uma pequena parte da zona rural a sudoeste eacute banhada pela Sub-Bacia do

Rio Paraibuna mais precisamente na regiatildeo de fronteira com os municiacutepios de Juiz de

Fora e Ewbank da Cacircmara O sistema viaacuterio principal de acesso agrave cidade eacute a rodovia BR-

040 e a estrada de ferro Dom Pedro II atualmente utilizada somente para transporte de

cargas

Com a economia nos dias atuais baseada majoritariamente no setor de serviccedilos a cidade

possui um Iacutendice de Desenvolvimento humano (IDH) de 0741 (IBGE2010) Apesar do

decliacutenio econocircmico de Santos Dumont nota-se hoje um aumento no nuacutemero de

loteamentos populares e condomiacutenios horizontais e verticais entre outras edificaccedilotildees Eacute

de vital importacircncia que esse crescimento das ocupaccedilotildees seja ordenado e regulamentado

20

de forma a garantir a qualidade ambiental prevenindo deslizamentos e inundaccedilotildees Diante

dessa conjuntura o governo municipal aprovou em 2012 a Lei nordm 4241 que trata do Plano

Diretor Participativo instrumento baacutesico da poliacutetica de desenvolvimento e expansatildeo

urbana do municiacutepio de Santos Dumont

4 METODOLOGIA

41 Aacuterea de estudo

A regiatildeo dentro dos limites do municiacutepio que seraacute estudada neste trabalho eacute conforme

descrito nos anexos Plano Diretor e representada na figura 44 a aacuterea urbana principal

que possui 47 Kmsup2 e compreende a regiatildeo central da cidade e os bairros perifeacutericos regiatildeo

que concentra cerca de 90 da populaccedilatildeo total de Santos Dumont (IBGE 2015) A aacuterea

urbana principal representa 75 da aacuterea total dos 637 Kmsup2 que compreendem o

municiacutepio e eacute o local onde nos uacuteltimos 30 anos se verificou um maior crescimento

populacional e tambeacutem onde ocorre a maioria dos eventos relacionados a deslizamentos

e alagamentos por conta da ocupaccedilatildeo sem planejamento A figura 45 mostra a aacuterea

urbana principal e a localizaccedilatildeo dos bairros urbanos de Santos Dumont

Figura 4 1 Localizaccedilatildeo da aacuterea urbana principal

Fonte Google Earth

21

Figura 4 2 Mapa da aacuterea urbana principal com a localizaccedilatildeo dos bairros

Fonte Do Autor

42 Levantamento e tratamento dos dados

No desenvolvimento deste trabalho foi necessaacuterio se fazer um estudo detalhado sobre o

Plano Diretor de Santos Dumont principalmente dos seus anexos que compreendem os

mapas e a localizaccedilatildeo das aacutereas definidas pelo zoneamento proposto Para que isso fosse

possiacutevel a Secretaria Municipal de Obras e Serviccedilos Puacuteblicos forneceu todos os dados

secundaacuterios produto do estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor e do

zoneamento Estes dados incluem os arquivos Shapefile (shp) e outros documentos

integrantes do Plano Diretor Algumas informaccedilotildees foram complementadas tambeacutem com

dados adquiridos atraveacutes do site do IBGE e do Portal Objetivos do Milecircnio (ODM)

Os dados sobre as ocorrecircncias de deslizamentos e alagamentos foram obtidos atraveacutes da

Defesa Civil do municiacutepio atraveacutes do Sistema Integrado de Informaccedilotildees sobre Desastres

(S2ID) do Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional Tal sistema centraliza as informaccedilotildees sobre

desastres naturais ocorridos em todo o territoacuterio nacional facilitando a pesquisa sobre tais

eventos a qualquer cidadatildeo (BRASIL 2015)

Apesar do sistema ser bastante uacutetil os dados sobre o municiacutepio de Santos Dumont se

encontravam bastante falhos e escassos sendo necessaacuteria complementaccedilatildeo para que a

22

base de dados ficasse consistente Diante disso uma pesquisa atraveacutes dos arquivos do

Jornal Mensagem um jornal semanaacuterio local foi feita entre os anos de 1984 e 2014 e os

dados primaacuterios filtrados em uma planilha do Microsoft Excel para posterior utilizaccedilatildeo

De posse destes dados foi feita a localizaccedilatildeo em campo das coordenadas dos locais

atingidos por deslizamentos e alagamentos no periacuteodo compreendido pela pesquisa com

o auxiacutelio de um aparelho de GPS

A maioria dos arquivos shapefile utilizados para a confecccedilatildeo dos mapas satildeo parte

integrante dos anexos da Lei do Plano diretor do municiacutepio gerados no mecircs de dezembro

de 2011 pelo Instituto Nova Cidade e foram cedidos pela Secretaria Municipal de Obras

e Serviccedilos Puacuteblicos com Datum em UTM SAD 69 Com a finalidade de fornecer um

referenciamento atualizado e de acordo com os mais novos sistemas de coordenadas

utilizados no Brasil os arquivos foram convertidos para o Datum UTM SIRGAS 2000

que diferencia do SAD 69 pelo fato de ser um referencial geocecircntrico ou seja o centro

da Terra eacute o ponto de referecircncia neste sistema enquanto que o primeiro utiliza um

referencial na superfiacutecie da Terra (IBGE2014) Eacute interessante ressaltar tambeacutem que o

SIRGAS 2000 se tornou no ano de 2014 o sistema de coordenadas oficial do Sistema

Geodeacutesico Brasileiro e do Sistema Cartograacutefico Nacional ambos mantidos pelo IBGE A

combinaccedilatildeo dos shapefiles foi feita com o software livre gvSIG e com estas combinaccedilotildees

foram gerados mapas importantes resultados para a execuccedilatildeo deste trabalho A maioria

dos mapas representam a regiatildeo urbana principal de Santos Dumont e foram produzidos

numa escala em torno de 140000 que de acordo com Rocha (2007) eacute uma escala viaacutevel

pois as recomendaacuteveis para trabalhos de anaacutelise ambiental em niacutevel municipal podem ser

entre 150000 e 110000 Alguns mapas cujo detalhamento natildeo eacute necessaacuterio foram

gerados na escala 1100000

Para a geraccedilatildeo dos mapas aleacutem dos arquivos fornecidos pela Secretaria de Obras e

Serviccedilos Puacuteblicos foram utilizados para a geraccedilatildeo do modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE)

e da localizaccedilatildeo dos topos de morro dados gerados pelo sistema de radar Advanced

Spacebone Thermal Emission and Reflection Radiometer (ASTER) que geram as curvas

de niacutevel do terreno com uma resoluccedilatildeo de 30m (NASA2014) O processamento dessas

imagens foi feito pelo software livre gvSIG As imagens geradas pelos sateacutelites

LANDSAT foram adquiridas no site da United States Geological Survey (USGS) e essas

imagens possibilitaram obter um panorama preciso do uso do solo em toda a aacuterea urbana

de Santos Dumont numa resoluccedilatildeo de 15 metros uma vez que foi utilizada a banda

pancromaacutetica do sateacutelite LANDSAT 8 aleacutem da combinaccedilatildeo das bandas 65 e 4

respectivamente que eacute a combinaccedilatildeo recomendada pela mantenedora dos sateacutelites para

anaacutelises deste tipo

23

No que diz respeito a identificaccedilatildeo de APPs em topo de morro a metodologia de Oliveira

amp Fernandes Filho (2013) por utilizar as mesmas bases de dados ateacute entatildeo usadas neste

trabalho foi a mais indicada

A metodologia de anaacutelise dos mapas gerados eacute a proposta pelo professor Jorge Xavier da

Silva do Laboratoacuterio de Geoprocessamento (LAGEOP) da Universidade Federal do Rio

de Janeiro e citada por Rocha (2007) Tal metodologia analisa as variaacuteveis em questatildeo

presentes na aacuterea e permite avaliar as possibilidades de relaccedilotildees entre essas variaacuteveis De

uma maneira geral este meacutetodo verifica o estado atual da aacuterea em estudo bem como das

variaacuteveis gerando inventaacuterios que servem para a construccedilatildeo de dados planimeacutetricos sejam

com as variaacuteveis isoladas ou combinadas Estes dados planimeacutetricos geram assinaturas

que permitem inferir sobre a influecircncia dessas variaacuteveis De posse dos dados gerados pelo

processo anteriormente citado pode-se fazer algumas prospecccedilotildees sobre os riscos

ambientais que a aacuterea pode sofrer ou o seu potencial ambiental (ROCHA 2007)

5 RESULTADOS

51 Levantamento histoacuterico de alagamentos e

deslizamentos

O aumento da demanda pelo uso do solo na regiatildeo urbana de Santos Dumont

principalmente no tocante agrave formaccedilatildeo de novos loteamentos e condomiacutenios nos uacuteltimos

anos eacute consideraacutevel mas tambeacutem haacute de se observar o crescimento dos bairros jaacute existentes

com pouco ou nenhum ordenamento Em ambos os casos se observa ocupaccedilotildees

irregulares em APP o que tem ocasionado um aumento na frequecircncia de deslizamentos

e inundaccedilotildees Eacute evidente que quanto maior a densidade populacional do bairro maior a

quantidade de ocorrecircncias ao longo dos anos (SPERFELD 2009)

De acordo com as ocorrecircncias registradas pela Defesa Civil do municiacutepio obtidas atraveacutes

da literatura utilizada nos uacuteltimos 30 anos Santos Dumont chegou a decretar situaccedilatildeo de

emergecircncia por conta de desastres envolvendo deslizamentos eou alagamentos por duas

vezes num espaccedilo de 10 anos conforme pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho

(BRASIL 2014 CEPED 2011)

Segundo os dados obtidos atraveacutes de pesquisa nos arquivos do semanaacuterio entre os anos

de 1984 e 2014 pode-se verificar que nos uacuteltimos 20 anos a cidade tem experimentado

24

um aumento consideraacutevel nos eventos relacionados a deslizamentos e principalmente

alagamentos como pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho Isso pode ter sido causado

dentre outros fatores pelo aumento do nuacutemero de vias pavimentadas com material

impermeaacutevel o que tem sobrecarregado tanto a infraestrutura existente para drenagem

urbana como tambeacutem a calha dos cursos drsquoaacutegua que passam pela regiatildeo urbana do

municiacutepio (ZANON2013)

Na deacutecada de 1980 (1984-1990) de acordo com os dados obtidos natildeo foram noticiados

eventos consideraacuteveis relacionados a deslizamentos e alagamentos em Santos Dumont

mas isso natildeo exclui a possibilidade de natildeo ter ocorrido tais eventos em menor escala

Na deacutecada de 1990 aconteceram uma seacuterie de ocorrecircncias tanto de deslizamentos quanto

de alagamentos No ano de 1997 num periacuteodo chuvoso intenso aconteceram

deslizamentos consideraacuteveis em vaacuterios bairros da cidade inclusive com desabamento de

casas e de ruas principalmente nos bairros Nossa Senhora da Gloacuteria e Quarto Depoacutesito

Em 1999 ocorreram alguns pontos de alagamento nos bairros Quarto Depoacutesito e Santo

Antocircnio com grandes prejuiacutezos materiais

A deacutecada de 2000 iniciou com o registro de deslizamentos em vaacuterios bairros da cidade

inclusive com desabamento de casas e pontes e alagamentos em importantes vias do

centro da cidade Observa-se ao longo desse periacuteodo o crescimento nas ocorrecircncias de

deslizamentos e de aacutereas com risco de deslizamento em muitos bairros de Santos Dumont

Um dos fatores importantes para esse crescimento foi a grande expansatildeo sofrida pela

maioria dos bairros e a falta de planejamento e orientaccedilatildeo por parte da prefeitura uma

vez que uma boa parte do crescimento dos bairros da cidade ocorreu ou proacuteximo a cursos

drsquoaacutegua ou em aacutereas com declividade improacutepria para se fazer construccedilotildees O bairro

Coacuterrego do Ouro (Figura 51) foi o que mais sofreu com ocorrecircncias de deslizamentos

nesse periacuteodo enquanto o bairro Santo Antocircnio foi que teve mais ocorrecircncias de

alagamentos

25

Figura 5 1 Deslizamento no bairro Coacuterrego do Ouro

Fonte Portal Cabangu

No iniacutecio deacutecada de 2010 (2011-2014) o centro da cidade foi a regiatildeo que mais sofreu

com alagamentos sendo registrado pelo menos uma ocorrecircncia por ano nessa aacuterea (Figura

52) Isso pode ser relacionado dentre outros fatores com as obras de modificaccedilatildeo do

tipo de pavimentaccedilatildeo das estradas por um material impermeaacutevel gerando uma sobrecarga

nos sistemas de drenagem urbana que foram projetados para um tipo de pavimento mais

permeaacutevel implicando tambeacutem na sobrecarga calha do Ribeiratildeo das Posses o principal

curso drsquoaacutegua que corta o centro da cidade e que se encontra em quase sua totalidade

ocupada em ambas as margens que cortam o centro da cidade

26

Figura 5 2 Alagamento na regiatildeo central de Santos Dumont em 2013

Fonte Portal Cabangu

Quanto agraves ocorrecircncias de deslizamento ao longo da referida deacutecada elas estiveram

espalhadas pelos bairros do municiacutepio tendo um maior nuacutemero de ocorrecircncias nos bairros

Santo Antocircnio Nossa Senhora da Gloacuteria e Aacutegua Espraiada Nos dois primeiros bairros

citados as ocorrecircncias podem ter sido ocasionadas pelo crescimento desordenado e sem

planejamento destes e no terceiro as ocorrecircncias satildeo relacionadas ao processo de

assoreamento do Ribeiratildeo das Posses o que pode ter gerado um aumento da velocidade

desse curso drsquoaacutegua causando problemas decorrentes do transporte de sedimentos da aacuterea

onde as casas foram construiacutedas que teve como consequecircncia os deslizamentos

Em resumo como pode ser observado nas figuras 53 e 54 na tabela 51 no periacuteodo de

1984 a 2014 os bairros mais afetados por alagamentos e deslizamentos satildeo Quarto

Depoacutesito Nossa Senhora da Gloacuteria Santo Antocircnio Coacuterrego do Ouro Antocircnio Afonso

Graminha e Vila Esperanccedila sendo que o bairro Coacuterrego do Ouro possui o maior nuacutemero

de ocorrecircncias de deslizamentos e o centro da cidade possui o maior nuacutemero de

ocorrecircncias de alagamentos no periacuteodo pesquisado Vale destacar que a aacuterea propiacutecia a

alagamentos no bairro Antocircnio Afonso natildeo identificada no estudo realizado pela

prefeitura constitui-se efetivamente numa aacuterea de risco conforme levantamento histoacuterico

realizado Esta aacuterea de risco se deve agrave diferenccedila de niacutevel negativa entre o rio Pinho e a

aacuterea do bairro estando este em desniacutevel com um risco iminente de inundaccedilotildees resultantes

da cheia desse curso drsquoaacutegua causando inuacutemeros transtornos aos moradores do local

27

Figura 5 3 Pontos de Alagamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico

Fonte Do autor

Figura 5 4 Pontos de deslizamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico

Fonte Do autor

28

Tabela 51 Ocorrecircncias de alagamentos e deslizamentos obtidos atraveacutes do

levantamento histoacuterico

Pontos de ocorrecircncia (1984-2014)

Bairros Alagamento Deslizamento

Aacutegua Espraiada 1 1

Antocircnio Afonso 1 0

Barra 0 1

Centro 7 1

Coacuterrego do Ouro 1 7

Flores 0 1

Graminha 1 0

Jardim Jaraguaacute 0 1

N Sra da Gloacuteria 0 4

N Sra das Graccedilas 1 0

Quarto Depoacutesito 3 2

Santo Antocircnio 4 2

Satildeo Sebastiatildeo 0 1

Vila Esperanccedila 0 1

Fonte Do autor

De acordo com o estudo realizado na elaboraccedilatildeo do Plano Diretor pela prefeitura

municipal observa-se que os bairros que possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a

deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do Ouro e Vila Esperanccedila enquanto que os que

possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a alagamento satildeo o Centro da cidade e os

bairros Satildeo Sebastiatildeo Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio por estarem agraves margens do

Ribeiratildeo das Posses um curso drsquoaacutegua que sofre com inundaccedilotildees perioacutedicas devido ao

severo assoreamento em algumas regiotildees e tambeacutem devido ao acuacutemulo de lixo descartado

pelos moradores do entorno irregularmente De acordo com o estudo realizado quando da

elaboraccedilatildeo do Plano Diretor do municiacutepio foram feitos estudos sobre as aacutereas propensas

a deslizamentos e alagamentos na regiatildeo urbana principal Tais aacutereas satildeo as destacadas

nas Figuras 55 e 56 No levantamento histoacuterico realizado pode-se identificar que os

bairros que possuem mais aacutereas propensas a deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do

Ouro Nossa Senhora da Gloacuteria Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio enquanto que os bairros

mais propensos a alagamentos satildeo os bairros Centro Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio

como observado na tabela 51

29

Figura 5 5 Aacutereas propensas a deslizamento de acordo com o Plano Diretor de

Santos Dumont

Fonte Google Earth e Lei 42412012

Figura 5 6 Aacutereas propensas a alagamento de acordo com o Plano Diretor de

Santos Dumont

Fonte Google Earth e Lei 42412012

30

Comparando-se os mapas obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico com o mapa gerado

pelo estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor nota-se que haacute semelhanccedilas em

algumas aacutereas mas ao se levar em conta o produto gerado pela pesquisa histoacuterica o

estudo necessitaria ser complementado haja vista que ele natildeo compreende por exemplo

o ponto de alagamento no bairro Antocircnio Afonso citado anteriormente e alguns pontos de

deslizamento importantes uma vez que satildeo regiotildees onde haacute ocupaccedilatildeo Esse fato evidencia

a necessidade de se buscar vaacuterias fontes primaacuterias e secundaacuterias para se detectar aacutereas de

risco em um municiacutepio incluindo arquivos da imprensa local afim de se produzir uma

base de dados consistente e com o menor nuacutemero de falhas possiacutevel (CEPED 2014) Com

a uniatildeo dos dois estudos foram gerados os mapas apresentados nas Figuras 57 e 58

Aleacutem do mais observando as figuras 57 e 58 pode-se notar que uma boa parte tanto dos

casos de alagamento quanto de deslizamento estatildeo na faixa de APP de curso hiacutedrico o

que ilustra a importacircncia da preservaccedilatildeo destas aacutereas

Figura 5 7 Aacutereas propensas a alagamento do estudo do Plano Diretor

complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento

Fonte Do Autor

31

Figura 5 8 Aacutereas propensas a deslizamento do estudo do Plano Diretor

complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento

Fonte Do Autor

Atraveacutes da combinaccedilatildeo entre estes dois levantamentos procurou-se alimentar a base de

dados e garantir uma consistecircncia maior desta no que diz respeito a aacutereas de deslizamento

e alagamento podendo inclusive se identificar a suscetibilidade de uma determinada

regiatildeo da cidade a um ou outro evento (CEPED2014)

512 O Plano diretor e as APPs

Nos uacuteltimos anos o Brasil experimentou um forte fenocircmeno de migraccedilatildeo do campo para

as aacutereas urbanas De acordo com o IBGE no periacuteodo de 1940 a 2000 houve um aumento

de cerca de 60 do nuacutemero de pessoas que vivem em cidades (SILVA JR 2006) O

processo de planejamento e ordenamento do uso do solo nessas aacutereas deveria ter

acompanhado esse crescimento ao longo dos anos a fim de garantir a qualidade de vida e

a seguranccedila dos migrantes ao se instalarem nas cidades o que natildeo ocorreu e o que se

observa atualmente satildeo ocupaccedilotildees em aacutereas improacuteprias para moradia sem a infraestrutura

baacutesica necessaacuteria e com risco iminente de deslizamentos eou inundaccedilotildees

O Plano Diretor do municiacutepio de Santos Dumont em seu capiacutetulo IV que versa sobre o

uso e ocupaccedilatildeo do solo explicita regras para o ordenamento do territoacuterio que compreende

o municiacutepio com base nos diferentes usos do solo de acordo com sua compatibilidade o

32

que acabou por resultar num zoneamento de todo o municiacutepio em macrozonas conforme

citado na seccedilatildeo 3231 de acordo com os usos atuais e futuros do solo Aleacutem de dividir

estas macrozonas em urbanas e rurais tambeacutem avaliou e classificou estas aacutereas com base

numa seacuterie de fatores ambientais geoloacutegicos culturais e sociais de forma a se fazer um

zoneamento coerente com os atuais usos do solo e seu potencial de uso futuro Apresenta-

se na Figura 59 este zoneamento na aacuterea urbana principal de Santos Dumont

Figura 5 9 Zoneamento urbano da aacuterea urbana principal

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Lei 42412012

Tomando como referecircncia o Novo Coacutedigo Florestal brasileiro em especial os paracircmetros

estabelecidos para a definiccedilatildeo de APP e utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento

atraveacutes do software Vista SAGA relacionou-se as APPs existentes na aacuterea em estudo com

as regiotildees propiacutecias a alagamentos e deslizamentos de acordo com o estudo feito quando

da elaboraccedilatildeo do Plano Diretor afim de se identificar qual ou quais aacutereas possuem estes

problemas e se estatildeo relacionados com o uso do solo irregular em APP

Ao se aplicar a metodologia proposta por Oliveira amp Fernandes Filho (2013) natildeo foram

identificadas dentro da aacuterea de estudo APPs de topos de morro sendo este tipo de APP

descartada portanto das anaacutelises subsequentes deste trabalho Foram consideradas as

APP de curso hiacutedrico (rios e nascentes) e de declividade visando relacionaacute-las as aacutereas

de risco identificadas pela Prefeitura afim de se verificar as possiacuteveis causas da ocorrecircncia

33

destas aacutereas na regiatildeo urbana do municiacutepio Por meio de combinaccedilotildees entre dois mapas

temaacuteticos utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento foi possiacutevel obter as

assinaturas ou seja tabelas que caracterizam quantitativamente a aacuterea afetada por cada

aspecto visto que a simples visualizaccedilatildeo do mapa gerado pelo geoprocessamento muitas

vezes eacute prejudicada por serem aacutereas de pequenas dimensotildees ou por qualquer outra

limitaccedilatildeo do software Ressalta-se que para a elaboraccedilatildeo do Plano Municipal de Reduccedilatildeo

de riscos a identificaccedilatildeo e detalhamento topograacutefico destas aacutereas eacute fundamental para o

desenvolvimento do referido Plano conforme seraacute abordado detalhadamente na seccedilatildeo

52

De posse do mapa que representa o zoneamento urbano de Santos Dumont primeiramente

procurou-se mensurar qualitativa e quantitativamente a presenccedila de APPs tanto de

declividade quanto de cursos hiacutedricos Essa identificaccedilatildeo eacute importante pois este

zoneamento eacute um dos instrumentos de planejamento municipal (BRASIL 2001) Saboya

(2007) aponta que os principais objetivos de um zoneamento satildeo o controle da expansatildeo

urbana e proteccedilatildeo de aacutereas inadequadas a ocupaccedilatildeo aleacutem de reduzir os conflitos inerentes

aos diferentes usos do solo Com o uso da ferramenta ldquoCombinarrdquo do Vista SAGA foram

feitas combinaccedilotildees entre o mapa de hidrografia com buffer de 30m para rios e coacuterregos e

de 50m para nascentes com o mapa do zoneamento para se verificar a importacircncia das

APPs de curso hiacutedrico em toda a aacuterea urbana principal do municiacutepio Tambeacutem foram

combinados o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) obtido atraveacutes do gvSIG com o mapa

de zoneamento afim de se verificar quantitativamente as APPs de declividade e onde se

localizam Vale ressaltar que as declividades entre 30 e 47 estatildeo presentes nesta

combinaccedilatildeo pois de acordo com o Plano Diretor de Santos Dumont terrenos com esta

faixa de declividade para fins de parcelamento devem possuir estudo teacutecnico que ateste

a viabilidade de se promover algum empreendimento imobiliaacuterio neste (SANTOS

DUMONT 2012) Como a legislaccedilatildeo municipal prevecirc estudo somente para a faixa de

declividade descrita anteriormente para fins de anaacutelise neste trabalho consideramos um

valor mais conservador para APP compreendendo a faixa de 47 a 100 aleacutem da

prevista pela legislaccedilatildeo federal (gt100) para que natildeo houvessem lacunas importantes na

geraccedilatildeo do produto

Apresenta-se na Figura 510 aacutereas com declividades consideradas de risco e consideradas

APP e em qual zona de planejamento elas estatildeo inseridas De um modo geral ao se

observar a Tabela 52 nota-se que a aacuterea que compreende declividades de risco e APP eacute

uma pequena parcela da aacuterea urbana principal representando 061 desta aacuterea Ao se

levar em conta somente a localizaccedilatildeo pode-se verificar que cerca de 84 das aacutereas com

declividade de risco e a totalidade das APPs de declividade estatildeo localizadas na ZAC1

zona que compreende a maior parte do municiacutepio e apesar de possuir infraestrutura baacutesica

para a ocupaccedilatildeo esta eacute restrita Sendo assim o fator declividade deve ser visto com cautela

nesta aacuterea para se evitar transtornos advindos de edificaccedilotildees nestas aacutereas

34

Figura 5 10 Combinaccedilatildeo entre as declividades importantes incluindo as APPs e o

zoneamento urbano

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Do autor

Tabela 52 Assinaturas da combinaccedilatildeo Declividade x Zoneamento

Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea

Natildeo APP 457972 9939

Declividade 30-47 em ZAC1 2368 051

Declividade 30-47 em ZE 284 006

Declividade 30-47 em ZAC2 128 003

Declividade 30-47 em ZPA 004 0001

APP Declividade em ZAC1 048 001

Total 460804 100

Fonte Do autor

Apresenta-se na Figura 511 as APPs de curso hiacutedrico (nascentes e rios) e em qual zona

de planejamento estatildeo localizadas Assim como a declividade a maior parte das APPs de

curso hiacutedrico estatildeo localizadas em ZAC1 representando 383 da aacuterea urbana em estudo

e 51 do total das APPs de curso hiacutedrico Esta questatildeo tambeacutem deve ser vista com

bastante criteacuterio pelos gestores locais uma vez que a ocupaccedilatildeo em faixas proacuteximas de

rios e coacuterregos podem causar uma gama de problemas ambientais e sociais na regiatildeo

(SANTANA2011) Tal cuidado tambeacutem deve ser tomado nas APPs compreendidas na

35

ZAC2 que compreende 001 da Aacuterea urbana principal e 14 do total das APPs de curso

hiacutedrico pois a infraestrutura baacutesica e acessibilidade presente nesta zona eacute precaacuteria e a

ocupaccedilatildeo as margens de cursos hiacutedricos pode gerar problemas seacuterios caso ocorra uma

expansatildeo nestas aacutereas

Figura 511 Combinaccedilatildeo entre APP de curso hiacutedrico e as zonas de planejamento

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Do autor

Outro ponto importante eacute a presenccedila da Zona de Proteccedilatildeo Ambiental (ZPA) no entorno

uma consideraacutevel parte dos cursos hiacutedricos Nesta zona estatildeo presentes 28 das APPs de

curso hiacutedrico e esta zona de acordo com o Plano Diretor deve ser restaurada ou

preservada por suas caracteriacutesticas geoloacutegicas topograacuteficas e bioloacutegicas

Afim de se verificar os usos do solo na regiatildeo em estudo foram utilizadas combinaccedilotildees

de imagens advindas do sateacutelite Landsat 8 nas bandas descritas no capiacutetulo 4 aleacutem da

banda pancromaacutetica O resultado eacute apresentado na figura 512 que mostra os principais

usos do solo na aacuterea urbana principal de Santos Dumont

36

Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x Zoneamento

Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea

Hidrografia 11168 239

Aacuterea Urbana Natildeo APP 421004 9008

APP Curso hiacutedrico em ZAC1 179 383

APP Curso hiacutedrico em ZPA 9776 209

APP Curso hiacutedrico em ZE 184 004

APP Curso hiacutedrico em ZA 1192 026

APP Curso hiacutedrico em ZAC2 5124 110

APP Curso hiacutedrico em ZPPH 248 005

APP Curso hiacutedrico em ZEIS 568 012

APP Curso hiacutedrico em ZCA 228 005

Total 467392 10000

Fonte Do autor

Figura 5 12 Mapa de usos do solo da aacuterea urbana principal de Santos Dumont

Fonte Do autor

Como jaacute era previsto a maior parte da aacuterea urbana se encontra ocupada e eacute nesta regiatildeo

ocupada que se observa a maior concentraccedilatildeo de problemas de deslizamentos e

alagamentos (Figuras 513 e 514) A grande ocupaccedilatildeo em aacutereas consideradas APP de

curso hiacutedrico de acordo com os mapas gerados pode ser a principal causa do aumento a

cada ano dos casos de alagamento principalmente na regiatildeo central da cidade Outro ponto

que se deve atentar eacute a existecircncia de uma consideraacutevel aacuterea de pastagem pouco vegetada

que caso estejam em aacutereas elevadas pode contribuir para deslizamentos e agraves margens de

37

rios e coacuterregos para o assoreamento destes corpos hiacutedricos o que pode causar

alagamentos (INAacuteCIO etal 2007)

Diante destes resultados pode-se ver que a cidade de Santos Dumont necessita alternativas

efetiva no que diz respeito agrave contenccedilatildeo de deslizamentos e a reduccedilatildeo de risco de

alagamento pois as aacutereas em que ocorrem tais eventos satildeo distintas e facilmente definidas

devido agrave repeticcedilatildeo destes nos uacuteltimos anos Um plano de accedilatildeo integrado entre as diferentes

secretarias municipais (Obras Meio Ambiente Assistecircncia Social entre outras) e a

Coordenadoria Municipal de Defesa Civil deve ser realizado afim de se tomar medidas

natildeo mais preventivas mas sim preditivas para que se possa conter o avanccedilo destes

problemas na aacuterea urbana principal bem como em toda a aacuterea do municiacutepio

Figura 5 13 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na aacuterea urbana

principal

Fonte Do autor

38

Figura 5 14 Aacutereas sujeitas a alagamento e os principais usos do solo na aacuterea

urbana principal

Fonte Do autor

Ao se associar os dados do estudo do Plano Diretor com os dados do levantamento

histoacuterico realizado com o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) pode-se notar que as aacutereas

propiacutecias a deslizamento estatildeo em regiotildees as quais haacute uma fronteira de declividades ou

seja eacute evidente que os deslizamentos ocorrem em encostas um pouco mais iacutengremes mas

natildeo necessariamente nas encostas de 30-47 as quais exigem estudo teacutecnico conforme o

plano diretor preconiza Quanto aos alagamentos nota-se que eles se localizam nas aacutereas

com menor ou nenhuma declividade podendo ser estas aacutereas talvez componentes da

planiacutecie de inundaccedilatildeo dos rios Estes resultados podem ser vistos nas figuras 515 e 516

a seguir

39

Figura5 15 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a deslizamentos na

regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

Fonte Lei 42412012 e Autor

Figura5 26 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a alagamentos na

regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

Fonte Lei 42412012 e Autor

40

52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis

O processo de ocupaccedilatildeo no municiacutepio de Santos Dumont comeccedilou muito antes de

qualquer legislaccedilatildeo relacionada a ordenamento urbano e de proteccedilatildeo do meio ambiente

fosse implementado no Brasil Esse fato aliado a poliacuteticas e fiscalizaccedilotildees falhas

contribuiacuteram para a ocupaccedilatildeo e expansatildeo da aacuterea urbana ao longo do Ribeiratildeo das Posses

e seus afluentes o que tem gerado o aumento da degradaccedilatildeo destes corpos hiacutedricos ao

longo de todos estes anos Observa-se tambeacutem que nas uacuteltimas deacutecadas ocorreu um

grande nuacutemero de migraccedilotildees do campo para a regiatildeo urbana da cidade fator que

contribuiu para o crescimento do nuacutemero de habitaccedilotildees em aacutereas de risco de deslizamento

e alagamentos por serem na maioria das vezes terrenos menos valorizados e por este

motivo acessiacuteveis a populaccedilatildeo com menor poder aquisitivo (ROSA amp CORTEZ 2008)

Vale ressaltar que esta questatildeo aleacutem de ser ambiental eacute muito mais social pois os

moradores entendem os riscos de se viver nestes locais mas por motivos econocircmicos ou

por questotildees afetivas natildeo abrem matildeo da moradia nessas aacutereas A Constituiccedilatildeo Federal de

1988 promoveu a inter-relaccedilatildeo das questotildees sociais com as questotildees ambientais quando

colocou o meio ambiente como direito coletivo (BRASIL1988 SOUZA2010) Por este

motivo a decisatildeo por medidas draacutesticas que favoreccedilam apenas agrave preservaccedilatildeo do meio

ambiente natildeo eacute recomendada pois aleacutem de ser inconstitucional podem afetar a

sustentabilidade econocircmica do municiacutepio e gerar conflitos sociais consideraacuteveis

(CARLOS 1992 apud SOUZA 2010)

Segundo Bueno (2009) ldquonem tudo o que eacute irregular eacute precaacuteriordquo Esse fato se observa em

Santos Dumont uma vez que em boa parte da regiatildeo central se observa vaacuterias moradias

construiacutedas na faixa de APP de curso hiacutedrico o que natildeo eacute permitido pela legislaccedilatildeo

vigente e eacute um dos fatores que contribui para a ocorrecircncia de alagamentos nesta aacuterea da

cidade Para a resoluccedilatildeo deste problema o que seria mais viaacutevel seria a melhoria da

infraestrutura de drenagem urbana afim de que o escoamento da aacutegua das chuvas natildeo

sobrecarregasse o sistema (BUENO2009) A construccedilatildeo de bacias de contenccedilatildeo de

cheias ao longo do Ribeiratildeo das Posses tambeacutem seria uma alternativa mas para se verificar

a viabilidade necessita-se estudos mais aprofundados do ponto de vista hidroloacutegico

O grande problema a ser solucionado no entanto eacute o que diz respeito agraves aacutereas de risco

de deslizamento majoritariamente nos bairros A melhor alternativa seria o

remanejamento dos moradores para uma aacuterea proacutexima agrave que moram poreacutem longe do

risco Poreacutem esta alternativa de acordo com Rosa Filho amp Cortez (2008) encontra alguns

entraves pois estas pessoas na maioria das vezes natildeo tecircm condiccedilotildees financeiras de irem

para outro lugar ou pagar aluguel ou estatildeo de alguma forma sentimentalmente ligadas

agravequela regiatildeo que se recusam a deixaacute-lo

41

Por parte dos oacutergatildeos competentes no municiacutepio a criaccedilatildeo de um plano para se evitar

acidentes ocasionados por deslizamentos e alagamentos com um mapeamento detalhado

de toda a extensatildeo do municiacutepio eacute extremamente uacutetil Os estudos que seratildeo feitos para a

elaboraccedilatildeo deste plano poderatildeo definir quais as aacutereas satildeo potencialmente de risco para as

ocupaccedilotildees existentes ou para as potenciais ocupaccedilotildees que possam vir a ocorrer atraveacutes do

mapeamento das aacutereas de risco Tal planejamento seraacute auxiliar ao Plano Diretor

Municipal pois definiraacute o real uso do solo de determinada regiatildeo do municiacutepio

contribuindo para a adequaccedilatildeo do uso e ocupaccedilatildeo do solo afim de evitar ou reduzir o

nuacutemero de problemas relacionados a alagamentos e principalmente deslizamentos no

periacutemetro urbano (TOMINAGA 2009) A partir deste plano os gestores locais poderatildeo

tomar a melhor decisatildeo para a prevenccedilatildeo ou reduccedilatildeo dos riscos inerentes a tais problemas

Na seccedilatildeo 521 seraacute hierarquizado de forma preliminar a aacuterea urbana principal de acordo

com os resultados da tabela 51

521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta

O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos (PMRR) foi criado atraveacutes de accedilotildees

regularizadoras do Ministeacuterio das Cidades para ser o instrumento de gestatildeo e

gerenciamento de aacutereas de risco em um municiacutepio Eacute um documento que aleacutem de

estabelecer quais regiotildees satildeo consideradas de risco tambeacutem objetiva a proposta de

medidas estruturais ou natildeo para contenccedilatildeo eou prevenccedilatildeo de cataacutestrofes aleacutem de ser um

meio de captaccedilatildeo de recursos financeiros junto aos Governos Estadual e Federal Estes

recursos poderatildeo ser utilizados para a realizaccedilatildeo de obras que visem a melhoria da

qualidade de vida da populaccedilatildeo do entorno ou de recuperaccedilatildeo da aacuterea degradada Este

plano eacute realizado de forma participativa com as comunidades das aacutereas de risco e pode

ser realizado em sete fases conforme recomenda o Ministeacuterio das Cidades (ALHEIROS

2006)

O primeiro passo para a realizaccedilatildeo do PMRR eacute definir qual a metodologia seraacute empregada

levando-se em consideraccedilatildeo a realidade atual do municiacutepio e especificar de forma sucinta

um cronograma das atividades Eacute importante nesta fase a participaccedilatildeo tambeacutem dos

responsaacuteveis pelas mais variadas Secretarias Municipais afim de explicitar o tamanho da

importacircncia e o caraacuteter integrador deste plano A segunda fase deste plano objetiva a

criaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo da principal base de dados a ser utilizada nos passos posteriores o

mapeamento de risco em escala detalhe em torno de 13000 (SAtildeO PAULO 2014) A

elaboraccedilatildeo de um mapeamento detalhado propiciaraacute natildeo soacute a identificaccedilatildeo mais faacutecil das

aacutereas de risco como tambeacutem facilitaraacute aos gestores e agrave comunidade decidirem qual a

melhor intervenccedilatildeo para a soluccedilatildeo ou remediaccedilatildeo dos problemas em uma determinada

42

aacuterea hierarquizando o risco e definindo prioridades (SAtildeO PAULO 2014) Na tabela a

seguir apresenta-se alguns tipos de intervenccedilotildees que podem ser feitas em aacutereas de risco

sugeridas pelo Ministeacuterio das cidades (ALHEIROS 2006)

Quadro 5 1 - Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco

Tipo de intervenccedilatildeo Descriccedilatildeo

Serviccedilos de limpeza e Recuperaccedilatildeo

Remoccedilatildeo de entulho lixo etc

corte de aacutervores

remoccedilatildeo de bananeiras

recuperaccedilatildeo eou limpeza de sistemas de

drenagem esgotos e acessos

Limpeza de canais de drenagem

Proteccedilatildeo Vegetal

Proteccedilatildeo superficial vegetal (gramiacuteneas) em

taludes com solo exposto

Proteccedilatildeo vegetal de margens de canais de

drenagem

Barreiras vegetais para massas escorregadas

ou acumuladas pela erosatildeo

Drenagem Superficial e Acessos

Sistema de drenagem superficial (canaletas

raacutepidos caixas de transiccedilatildeo escadas drsquoaacutegua)

Acessos para pedestres (escadarias rampas

etc) integrados ao sistema de drenagem

Revestimento de Taludes Revestimento com materiais artificiais

cimentado cal-jet tela argamassada alvenaria

de tijolos ceracircmicos solo-cimento ensacado

Desmonte de blocos e matacotildees Desmonte de concreccedilotildees de grande porte

blocos rochosos e matacotildees

Obras de drenagem de subsuperfiacutecie Sistema de drenagem de subsuperfiacutecie

(trincheiras drenantes DHP poccedilos de

rebaixamento)

Estruturas de contenccedilatildeo (localizadas)

Muros de contenccedilatildeo de pequeno porte (solo-

cimento ensacado alvenaria de pedra-rachatildeo

concreto armado)

Estruturas de contenccedilatildeo localizadas

(chumbadores tirantes microestacas)

Contenccedilatildeo e proteccedilatildeo de margens de canais (

gabiotildees muros de concreto etc)

Estruturas de contenccedilatildeo (meacutedio e grande porte) Implantaccedilatildeo de estruturas de contenccedilatildeo de

meacutedio e grande porte envolvendo obras de

contenccedilatildeo passivas e ativas (muros de

gravidade cortinas etc)

Terraplanagem Execuccedilatildeo de serviccedilos de terraplanagem

combinados a obras de drenagem superficial e

proteccedilatildeo vegetal desvio e canalizaccedilatildeo de

coacuterregos

Remoccedilatildeo de moradias Remoccedilotildees definitivas para implantaccedilatildeo de

obras ou devido agrave localizaccedilatildeo improacutepria da

edificaccedilatildeo (Priorizar as relocaccedilotildees dentro da

proacutepria aacuterea em local seguro)

Fonte ALHEIROS 2006

43

Escolhidas as formas de intervenccedilatildeo para cada aacuterea eacute necessaacuterio realizar uma estimativa

dos custos afim de preparar o orccedilamento da prefeitura para a realizaccedilatildeo das obras e se

seraacute necessaacuterio a captaccedilatildeo de recursos externos para a execuccedilatildeo destas Feitas as

estimativas de custo o proacuteximo passo eacute definir as prioridades e para esta fase eacute tambeacutem

uacutetil o mapeamento feito nas etapas anteriores pois seraacute necessaacuterio hierarquizar tais

intervenccedilotildees nas aacutereas de risco O Ministeacuterio das Cidades (2007) sugere alguns criteacuterios

que podem ser avaliados pelo gestor dentre eles pode-se citar

Grau de risco

Populaccedilatildeo beneficiada

Custo da intervenccedilatildeo

Dimensatildeo da aacuterea a ser tratada

Demandas anteriores da populaccedilatildeo

Tempo de ocupaccedilatildeo

Viabilidade teacutecnica da intervenccedilatildeo

Viabilidade financeira

Inclusatildeo da aacuterea em outros projetos

A partir desta hierarquizaccedilatildeo inicia-se a identificaccedilatildeo de provaacuteveis fontes de captaccedilatildeo de

recursos para a execuccedilatildeo das intervenccedilotildees Estes recursos podem advir de programas dos

governos Federal e Estadual ou por meio de editais para captaccedilatildeo de recursos financeiros

tanto do setor puacuteblico como da iniciativa privada e podem ser tambeacutem associados agrave outras

Secretarias Municipais como a de Turismo ou Meio Ambiente e natildeo soacute as destinadas agrave

Defesa Civil (ALHEIROS 2006)

Eacute previsto tambeacutem no PMRR uma avaliaccedilatildeo da Defesa Civil municipal e como ela estaacute

estruturada fazendo inclusive sugestotildees para que sua atuaccedilatildeo esteja em consonacircncia com

a realidade das comunidades e da Administraccedilatildeo Puacuteblica do municiacutepio de forma a garantir

sua sustentabilidade e conquistar a credibilidade da populaccedilatildeo no que diz respeito a

prevenccedilatildeo de cataacutestrofes Para que a resposta a uma determinada situaccedilatildeo de risco seja

raacutepida eacute necessaacuterio a descentralizaccedilatildeo da Defesa Civil criando pequenos nuacutecleos

comunitaacuterios com a finalidade de se monitorar a aacuterea constantemente e promover as

intervenccedilotildees necessaacuterias em tempo haacutebil o que aumenta em muito a credibilidade da

populaccedilatildeo no PMRR e no trabalho desempenhado pela Defesa Civil no municiacutepio Apoacutes

esta etapa o PMRR passaraacute por audiecircncias puacuteblicas e posteriormente poderaacute ser aprovado

como Lei Municipal pelo Legislativo local (ALHEIROS 2006)

Com a realizaccedilatildeo deste plano o municiacutepio estaraacute munido de informaccedilotildees suficientes para

realizar accedilotildees efetivas de gestatildeo e gerenciamento de riscos bem como aliado a

levantamentos sociais realizar programas habitacionais que beneficiem prioritariamente

44

aos moradores das aacutereas de risco Aleacutem disso com o PMRR o municiacutepio poderaacute melhorar

a qualidade ambiental da populaccedilatildeo captando recursos para a recuperaccedilatildeo das aacutereas de

APP que foram degradadas pelas ocupaccedilotildees irregulares beneficiando todos os moradores

do municiacutepio com o aumento da qualidade de vida na cidade

A partir do disposto nesta seccedilatildeo acerca do Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos e de

uma maneira preliminar (levando-se em conta apenas o nuacutemero de registros de

alagamentos e deslizamentos na aacuterea urbana principal de Santos Dumont no periacuteodo de

1984 a 2014) identificou-se trecircs regiotildees distintas na aacuterea urbana do municiacutepio com

tempo de recorrecircncia desses eventos similares caracterizando trecircs prioridades de

intervenccedilatildeo em contenccedilatildeo de risco como pode ser visto nas figuras 515 e 516 Vale

ressaltar que eacute necessaacuterio um estudo mais detalhado inclusive com visitas teacutecnicas a

campo para que se confirme a real situaccedilatildeo destas e a real prioridade para investimentos

Figura 5 17 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de deslizamentos

Fonte Do Autor

45

Figura 5 18 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de alagamentos

Fonte Do Autor

46

6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees

A seguir apresenta-se as conclusotildees e as recomendaccedilotildees feitas a partir dos objetivos

especiacuteficos explicitados no iniacutecio deste trabalho

Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a

aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes

urbanos

A partir da revisatildeo da legislaccedilatildeo pertinente em acircmbito federal estadual e

municipal constatou-se que o Plano Diretor de Santos Dumont natildeo conflita com a

legislaccedilatildeo federal e estadual sobre Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente A legislaccedilatildeo

municipal foi entendida como mais conservadora que as federal e estadual uma

vez que considera implicitamente que declividades entre 47 e 100 satildeo

enquadradas como APPs aleacutem da faixa superior a 100

Parte consideraacutevel das ocupaccedilotildees em APP principalmente na regiatildeo do bairro

Santo Antocircnio (onde surgiu os primeiros nuacutecleos que deram origem ao municiacutepio)

e o centro da cidade ocorreram antes de que fosse elaborado qualquer legislaccedilatildeo

que versasse sobre o tema Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente bastando ao gestor

local tomar medidas de contenccedilatildeo de riscos que minimizem os impactos causados

por essas ocupaccedilotildees nessa regiatildeo

O ordenamento adequado do uso do solo no municiacutepio eacute necessaacuterio para que o

crescimento dos loteamentos criados anteriormente agrave esta Lei e o surgimento de

novos natildeo avance para Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente o que pode causar

inuacutemeros problemas aos moradores e agravar os jaacute existentes

Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las

com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)

As aacutereas onde houveram a maior quantidade de registros de deslizamentos satildeo os

bairros mais populosos de Santos Dumont podendo se estabelecer uma relaccedilatildeo

que quanto mais populoso o bairro maior a quantidade de problemas relacionados

a deslizamentos Tambeacutem pode-se notar uma relaccedilatildeo com as fronteiras das faixas

de declividades e os deslizamentos uma vez que boa parte deles aconteceram

nestas faixas

As aacutereas onde houve um grande nuacutemero de registros de alagamentos satildeo os bairros

que se desenvolveram agraves margens do Ribeiratildeo das Posses em especial na aacuterea que

47

compreende as APPs de curso hiacutedrico e em aacutereas onde a declividade eacute baixa Esse

fato aliado ao crescimento do nuacutemero de vias pavimentadas com material

impermeaacutevel e a natildeo expansatildeo e ou redimensionamento da rede de drenagem

urbana contribuiacuteram para a ocorrecircncia cada vez mais constante de alagamentos

nessas aacutereas

Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos

catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30

anos

A partir do levantamento histoacuterico realizado e da base de dados georeferenciada

gerada observou-se o aumento do nuacutemero de registros de deslizamentos e

alagamentos nos uacuteltimos 10 anos quando as ocorrecircncias comeccedilaram a se repetir

numa mesma aacuterea com frequecircncia incrementada as vezes com mais de uma

ocorrecircncia anual

Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do

solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental

Destaca-se a adequaccedilatildeo dos criteacuterios gerais estabelecidos pelo Plano Diretor de

Santos Dumont relativos a legislaccedilatildeo federal e estadual Entretanto o referido

Plano Diretor natildeo contempla todo o territoacuterio municipal sendo assim ele natildeo

cumpre o objetivo de proteger as APPs preservadas e recuperar as que foram

degradadas em todo o territoacuterio municipal Ressalta-se tambeacutem a sua natildeo

conformidade com o Estatuto das Cidades uma vez que o Plano Diretor

contempla apenas os novos loteamentos

Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais

negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea

impactada

Recomenda-se a implantaccedilatildeo no municiacutepio de uma Coordenadoria Municipal de

Defesa Civil atuante e integrada agraves Secretarias Municipais e agrave comunidade

visando uma atuaccedilatildeo eficaz nos problemas relacionados a deslizamentos e

alagamentos A elaboraccedilatildeo de um Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos eacute de

suma importacircncia pois atraveacutes dele pode-se predizer as aacutereas que passaratildeo por

problemas caso a expansatildeo aconteccedila ou se inicie uma ocupaccedilatildeo nova aleacutem de

prevenir acidentes nas aacutereas jaacute ocupadas e consideradas de risco

48

7 Anexos

49

71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont

50

51

72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)

52

53

8 Referecircncias Bibliograacuteficas

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2001

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vegetaccedilatildeo nativa altera as Leis nos 6938 de 31 de agosto de 1981 9393 de 1 9 de

dezembro de 1996 e 11 428 de 22 de dezembro de 2006 revoga as Leis nos 4771 de

1 5 de setembro de 1965 e 7754 de 1 4 de abril de 1989 e a Medida Provisoacuteria no 21

66shy67 de 24 de agosto de 2001 e daacute outras providecircncias Brasiacutelia 2012

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56

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da cidade de Satildeo Paulo O caso da subprefeitura da Seacute Trabalho de Graduaccedilatildeo UNESP

Rio Claro 2013

Page 21: O USO DO SOLO URBANO EM ÁREAS DE PRESERVAÇÃO … · social que você tenha na vida, a mais alta ou a mais baixa, tenha sempre como meta muita força, muita determinação e sempre

13

a) 30m (trinta metros) para os cursos drsquoaacutegua de

menos de 10m (dez metros) de largura

b) 50m (cinquenta metros) para os cursos drsquoaacutegua

de 1 0m (dez metros) a 50m (cinquenta metros) de

largura

()

IV as aacutereas no entorno das nascentes e dos olhos

drsquoaacutegua perenes no raio miacutenimo de 50m

(cinquenta metros)

V as encostas ou partes destas com declividade

superior a 45ordm (quarenta e cinco graus)

equivalente a 100 (cem por cento) na linha de

maior declive

()

VII no topo de morros montes montanhas e

serras com altura miacutenima de 100m (cem metros)

e inclinaccedilatildeo meacutedia maior que 25ordm (vinte e cinco

graus) as aacutereas delimitadas a partir da curva de

niacutevel correspondente a 23 (dois terccedilos) da altura

miacutenima da elevaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave base sendo esta

definida pelo plano horizontal determinado por

planiacutecie ou espelho drsquoaacutegua adjacente ou nos

relevos ondulados pela cota do ponto de sela mais

proacuteximo da elevaccedilatildeo

VIII as aacutereas em altitude superior a 1 800m (mil

e oitocentos metros)

()rdquo

323 O Plano Diretor

O Estatuto das Cidades em seu artigo 40 prevecirc o plano diretor como um instrumento

capaz de promover a poliacutetica urbana englobando toda a cidade aleacutem de fornecer padrotildees

e limites para o uso do solo nas mais diversas regiotildees do municiacutepio com vistas a

harmonizar o desenvolvimento urbano com a preservaccedilatildeo do meio ambiente (SILVA JR

2006) Este instrumento eacute obrigatoacuterio para cidades com mais de 20 mil habitantes ou

14

aacutereas que integrem regiotildees metropolitanas ou de interesse turiacutestico O artigo 41 do

Estatuto das cidades tambeacutem prevecirc a obrigatoriedade do Plano Diretor para cidades que

possuem em sua aacuterea empreendimentos que caracterizem grandes impactos ambientais

de influecircncia regional ou nacional e cidades que possuem problemas com deslizamentos

de grande magnitude ou alagamentos repentinos (BRASIL 2001)

O Plano diretor de acordo com o Estatuto das Cidades deve ser aprovado como lei em

acircmbito municipal e revisto a cada dez anos Este documento eacute uacutenico pois cada cidade

possui suas peculiaridades infraestrutura vocaccedilotildees e problemas que por mais que sejam

parecidos entre si satildeo diferenciados pela intensidade e pela regionalizaccedilatildeo Sendo assim

a confecccedilatildeo do Plano Diretor deve conter a participaccedilatildeo de toda a comunidade local de

forma a reduzir as desigualdades sociais os gastos puacuteblicos desnecessaacuterios a degradaccedilatildeo

ambiental e combater os problemas relacionados a urbanizaccedilatildeo de forma conjunta

promovendo um processo de tomada de decisatildeo que garanta a qualidade de vida

preservaccedilatildeo e o desenvolvimento social do municiacutepio como um todo (ROSSBACH amp

CARVALHO 2010)

3231 O Plano Diretor de Santos Dumont

A Lei Municipal nordm 424112 que entrou em vigor no ano de 2014 trata do Plano Diretor

Municipal instrumento previsto no Estatuto das Cidades para garantir aos cidadatildeos um

desenvolvimento urbano organizado justo e sustentavelmente econocircmico (BRASIL

2001) Aleacutem de apontar as diretrizes para a elaboraccedilatildeo da Poliacutetica Municipal dos mais

variados setores o Plano Diretor divide o municiacutepio em macrozonas urbanas e rurais

Estas zonas tecircm por objetivo facilitar a identificaccedilatildeo dos setores que permitem ou natildeo o

desenvolvimento da cidade e em que magnitude pode ser feita a expansatildeo respeitando ao

meio ambiente e tambeacutem o que eacute previsto no tocante ao uso e ocupaccedilatildeo do solo nessas

aacutereas Aleacutem disso ela estabelece a forma como devem ser as edificaccedilotildees nas referidas

aacutereas As aacutereas definidas como macrozonas urbanas e foram subdivididas em (SANTOS

DUMONT2012)

ldquoZona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e

da Paisagem (ZPPH) satildeo as aacutereas cujos

equipamentos urbanos possuem interesse

histoacuterico ou paisagiacutestico de preservaccedilatildeo

Zona de Preservaccedilatildeo Ambiental satildeo aquelas em

que devem ser mantidas ou recuperadas a

15

vegetaccedilatildeo por conta da declividade altitude ou

presenccedila de recursos hiacutedricos

Zona de Adensamento Controlado (ZAC) satildeo as

aacutereas em que deve-se manter uma pequena

densidade populacional devido as limitaccedilotildees na

infraestrutura da localidade A ZAC se divide em

ZAC 1 quando a infraestrutura existente eacute

limitada e em ZAC 2 quando esta eacute precaacuteria ou

natildeo existe

Zona de Consolidaccedilatildeo de Adensamento (ZCA)

satildeo as aacutereas em que haacute interesse em ocupar os

lotes vagos haja visto que a regiatildeo possui toda a

infraestrutura para que isto aconteccedila

Zona Adensaacutevel (ZA) satildeo as aacutereas com

condiccedilotildees propiacutecias para ocorrer uma ocupaccedilatildeo

mais densa

Zona Especial de Interesse Social (ZEIS) satildeo as

aacutereas em que o Poder Puacuteblico almeja fazer

alguma forma de ocupaccedilatildeo Eacute dividida em ZEIS 1

e ZEIS 2 A ZEIS 1 satildeo regiotildees jaacute ocupadas mas

de forma irregular cujo interesse puacuteblico eacute

realizar obras e outras atividades para

regularizar as ocupaccedilotildees e urbanizar a aacuterea

enquanto que a ZEIS 2 satildeo aacutereas natildeo utilizadas ou

subutilizadas as quais o poder puacuteblico almeja

realizar algum empreendimento habitacional de

caraacuteter social

Zona de Grandes Equipamentos (ZE) satildeo aacutereas

cujo o interesse eacute a implantaccedilatildeo de

empreendimentos de grande porte ou grandes

equipamentos puacuteblicosrdquo

Esta divisatildeo espacial pode ser melhor vista no Anexo 71

O Plano Diretor natildeo estipula limites para APP mas prevecirc algumas diretrizes como na

Poliacutetica Municipal de Preservaccedilatildeo do Meio Ambiente sobre o uso do solo em

compatibilidade com praacuteticas conservacionistas A Poliacutetica Municipal de Expansatildeo

16

Urbana tem como uma de suas diretrizes fazer cumprir a legislaccedilatildeo vigente no que diz

respeito agraves intervenccedilotildees e investimentos que poderatildeo ser feitos nessas aacutereas Tambeacutem eacute

diretriz da mesma Poliacutetica o controle da ocupaccedilatildeo e do uso do solo em APPs e o auxiacutelio

aos oacutergatildeos estaduais e federais de meio ambiente no tocante agrave fiscalizaccedilatildeo da ocupaccedilatildeo

nestas aacutereas (SANTOS DUMONT 2012) O artigo 38 que trata das diretrizes da Poliacutetica

habitacional de interesse social exclui do processo de regularizaccedilatildeo fundiaacuteria os

assentamentos situados em aacutereas de risco o que na maioria das vezes estatildeo tambeacutem nas

aacutereas que deveriam estar vegetadas e protegidas (SANTOS DUMONT 2012) Na

legislaccedilatildeo referente ao parcelamento do solo eacute previsto que no parcelamento de glebas

com declividade entre 30 e 47 soacute poderaacute ser aprovado mediante projeto e laudo

assinado por um responsaacutevel teacutecnico favoraacutevel agrave construccedilatildeo nesse local (SANTOS

DUMONT 2012) Diante do proposto pelo Plano Diretor de Santos Dumont pode-se

dizer que natildeo haacute conflito com a legislaccedilatildeo federal e estadual em se tratando da

aplicabilidade do Coacutedigo Florestal uma vez que aquele natildeo explicita limites nem

permissivos e tampouco restritivos para faixas e aacutereas de preservaccedilatildeo permanente

33 O Municiacutepio de Santos Dumont

331 De Arraial a cidade

A aacuterea onde se situa hoje o municiacutepio de Santos Dumont teve sua ocupaccedilatildeo iniciada no

seacuteculo XVIII quando a Coroa Portuguesa solicitou ao entatildeo Governador do Rio de

Janeiro Artur de Saacute Menezes que abrisse um caminho que ligasse as Minas dos

Cataguases na regiatildeo de Ouro Preto (receacutem descobertas) ao Rio de Janeiro por onde

escoava os metais preciosos para a metroacutepole Surgiu assim o ldquoCaminho Novordquo e ao longo

deste caminho surgiram tambeacutem as Sesmarias aacutereas que tinham por principal objetivo

servir de pouso aos transportadores e exploradores e tambeacutem para garantir alimento a

estas pessoas Uma destas ocupaccedilotildees seria o ldquoArraial de Joatildeo Gomesrdquo (Figura 41)

primeiro nuacutecleo primitivo do municiacutepio em 1709 De iniacutecio prevaleciam somente

ranchos onde os viajantes se abrigavam mas em pouco tempo ergueu-se a Capela de Satildeo

Miguel e Almas e pequenos nuacutecleos urbanos comeccedilaram a surgir (DAPPC2008)

17

Figura 3 1 Vista parcial do Arraial de Joatildeo Gomes

Fonte Arquivo Histoacuterico de Santos Dumont-MG

Com a construccedilatildeo da Estrada de Ferro D Pedro II no final do seacuteculo XIX a regiatildeo teve

um consideraacutevel crescimento natildeo soacute populacional como tambeacutem econocircmico se tornando

a Vila Palmyra em 1889 Em 1890 Palmyra eacute elevada ao status de Municiacutepio (Figura 42)

e recebe um grande nuacutemero de melhorias no setor viaacuterio como a retificaccedilatildeo de ruas e

tambeacutem no setor de serviccedilos puacuteblicos como abastecimento de aacutegua iluminaccedilatildeo puacuteblica a

querosene e posteriormente energia eleacutetrica O desenvolvimento econocircmico na regiatildeo

tambeacutem teve seu momento aacuteureo nesse periacuteodo Induacutestrias de laticiacutenios graacuteficas e de

Carbureto de Caacutelcio fizeram parte do parque industrial de Palmyra o que atraiacutea pessoas

de outros lugares inclusive estrangeiros contribuindo para o aumento populacional da

regiatildeo Como ainda natildeo havia legislaccedilatildeo sobre uso e ocupaccedilatildeo do solo nessa eacutepoca

surgiram inuacutemeros loteamentos em aacutereas proacuteximas agrave rios e coacuterregos e tambeacutem em

encostas com declividade acentuada o que foi agravando o risco agrave medida que a ocupaccedilatildeo

aumentava (DAPPC2008)

18

Figura 3 2 Municiacutepio de Palmyra na deacutecada de 1920

Fonte Arquivo Histoacuterico de Santos Dumont-MG

O escoamento da produccedilatildeo industrial se dava pelo modal ferroviaacuterio setor que tambeacutem

movimentava a crescente cidade que era ponto importante no setor de transportes pois

possuiacutea um dos mais bem equipados depoacutesitos de locomotivas da Estrada de Ferro Central

do Brasil (DAPPC2008)

No ano de 1932 o municiacutepio de Palmyra passou a se chamar Santos Dumont (Figura 43)

em homenagem ao inventor do aviatildeo que nascera naquela cidade Nos uacuteltimos 40 anos

Santos Dumont tem experimentado uma acentuada desaceleraccedilatildeo econocircmica

consequecircncia do fechamento da grande maioria das induacutestrias principalmente as de

laticiacutenios que empregavam direta e indiretamente uma parte consideraacutevel da populaccedilatildeo

(DAPPC2008)

19

Figura 3 3 Municiacutepio de Santos Dumont em 2014

Fonte Arquivo do autor

332 Santos Dumont na atualidade

O municiacutepio de Santos Dumont localiza-se na regiatildeo da Zona da Mata mineira distante

cerca de 220 Km da capital Belo Horizonte e possui uma populaccedilatildeo de 47558 habitantes

(ODM 2015 projeccedilatildeo) numa aacuterea total de 637 kmsup2 Faz divisa com os municiacutepios de

Juiz de Fora Oliveira Fortes Bias Fortes Antocircnio Carlos Tabuleiro Piau e Ewbank da

Cacircmara

No que diz respeito agrave sua formaccedilatildeo fisiacuteco-geograacutefica a aacuterea que compreende o municiacutepio

eacute constituiacuteda predominantemente por Cambissolo Haacuteplico (70) com Latossolo

Vermelho-Amarelo (30) (UFV2010) A vegetaccedilatildeo eacute em sua maioria composta por

exemplares de Mata Atlacircntica De acordo com o IBGE(2015) Santos Dumont se localiza

a 839m de altitude O clima da regiatildeo eacute classificado como Tropical de Altitude (Cwb) e

possui uma temperatura meacutedia de 20ordmC Eacute banhado pela bacia hidrograacutefica do Paraiacuteba do

Sul e em sua maioria pertence agrave sub-bacia do Rio Pomba (IGAM) que fornece aacutegua para

abastecimento puacuteblico agrave 88 da populaccedilatildeo por meio da rede de distribuiccedilatildeo

(IBGE2010) Uma pequena parte da zona rural a sudoeste eacute banhada pela Sub-Bacia do

Rio Paraibuna mais precisamente na regiatildeo de fronteira com os municiacutepios de Juiz de

Fora e Ewbank da Cacircmara O sistema viaacuterio principal de acesso agrave cidade eacute a rodovia BR-

040 e a estrada de ferro Dom Pedro II atualmente utilizada somente para transporte de

cargas

Com a economia nos dias atuais baseada majoritariamente no setor de serviccedilos a cidade

possui um Iacutendice de Desenvolvimento humano (IDH) de 0741 (IBGE2010) Apesar do

decliacutenio econocircmico de Santos Dumont nota-se hoje um aumento no nuacutemero de

loteamentos populares e condomiacutenios horizontais e verticais entre outras edificaccedilotildees Eacute

de vital importacircncia que esse crescimento das ocupaccedilotildees seja ordenado e regulamentado

20

de forma a garantir a qualidade ambiental prevenindo deslizamentos e inundaccedilotildees Diante

dessa conjuntura o governo municipal aprovou em 2012 a Lei nordm 4241 que trata do Plano

Diretor Participativo instrumento baacutesico da poliacutetica de desenvolvimento e expansatildeo

urbana do municiacutepio de Santos Dumont

4 METODOLOGIA

41 Aacuterea de estudo

A regiatildeo dentro dos limites do municiacutepio que seraacute estudada neste trabalho eacute conforme

descrito nos anexos Plano Diretor e representada na figura 44 a aacuterea urbana principal

que possui 47 Kmsup2 e compreende a regiatildeo central da cidade e os bairros perifeacutericos regiatildeo

que concentra cerca de 90 da populaccedilatildeo total de Santos Dumont (IBGE 2015) A aacuterea

urbana principal representa 75 da aacuterea total dos 637 Kmsup2 que compreendem o

municiacutepio e eacute o local onde nos uacuteltimos 30 anos se verificou um maior crescimento

populacional e tambeacutem onde ocorre a maioria dos eventos relacionados a deslizamentos

e alagamentos por conta da ocupaccedilatildeo sem planejamento A figura 45 mostra a aacuterea

urbana principal e a localizaccedilatildeo dos bairros urbanos de Santos Dumont

Figura 4 1 Localizaccedilatildeo da aacuterea urbana principal

Fonte Google Earth

21

Figura 4 2 Mapa da aacuterea urbana principal com a localizaccedilatildeo dos bairros

Fonte Do Autor

42 Levantamento e tratamento dos dados

No desenvolvimento deste trabalho foi necessaacuterio se fazer um estudo detalhado sobre o

Plano Diretor de Santos Dumont principalmente dos seus anexos que compreendem os

mapas e a localizaccedilatildeo das aacutereas definidas pelo zoneamento proposto Para que isso fosse

possiacutevel a Secretaria Municipal de Obras e Serviccedilos Puacuteblicos forneceu todos os dados

secundaacuterios produto do estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor e do

zoneamento Estes dados incluem os arquivos Shapefile (shp) e outros documentos

integrantes do Plano Diretor Algumas informaccedilotildees foram complementadas tambeacutem com

dados adquiridos atraveacutes do site do IBGE e do Portal Objetivos do Milecircnio (ODM)

Os dados sobre as ocorrecircncias de deslizamentos e alagamentos foram obtidos atraveacutes da

Defesa Civil do municiacutepio atraveacutes do Sistema Integrado de Informaccedilotildees sobre Desastres

(S2ID) do Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional Tal sistema centraliza as informaccedilotildees sobre

desastres naturais ocorridos em todo o territoacuterio nacional facilitando a pesquisa sobre tais

eventos a qualquer cidadatildeo (BRASIL 2015)

Apesar do sistema ser bastante uacutetil os dados sobre o municiacutepio de Santos Dumont se

encontravam bastante falhos e escassos sendo necessaacuteria complementaccedilatildeo para que a

22

base de dados ficasse consistente Diante disso uma pesquisa atraveacutes dos arquivos do

Jornal Mensagem um jornal semanaacuterio local foi feita entre os anos de 1984 e 2014 e os

dados primaacuterios filtrados em uma planilha do Microsoft Excel para posterior utilizaccedilatildeo

De posse destes dados foi feita a localizaccedilatildeo em campo das coordenadas dos locais

atingidos por deslizamentos e alagamentos no periacuteodo compreendido pela pesquisa com

o auxiacutelio de um aparelho de GPS

A maioria dos arquivos shapefile utilizados para a confecccedilatildeo dos mapas satildeo parte

integrante dos anexos da Lei do Plano diretor do municiacutepio gerados no mecircs de dezembro

de 2011 pelo Instituto Nova Cidade e foram cedidos pela Secretaria Municipal de Obras

e Serviccedilos Puacuteblicos com Datum em UTM SAD 69 Com a finalidade de fornecer um

referenciamento atualizado e de acordo com os mais novos sistemas de coordenadas

utilizados no Brasil os arquivos foram convertidos para o Datum UTM SIRGAS 2000

que diferencia do SAD 69 pelo fato de ser um referencial geocecircntrico ou seja o centro

da Terra eacute o ponto de referecircncia neste sistema enquanto que o primeiro utiliza um

referencial na superfiacutecie da Terra (IBGE2014) Eacute interessante ressaltar tambeacutem que o

SIRGAS 2000 se tornou no ano de 2014 o sistema de coordenadas oficial do Sistema

Geodeacutesico Brasileiro e do Sistema Cartograacutefico Nacional ambos mantidos pelo IBGE A

combinaccedilatildeo dos shapefiles foi feita com o software livre gvSIG e com estas combinaccedilotildees

foram gerados mapas importantes resultados para a execuccedilatildeo deste trabalho A maioria

dos mapas representam a regiatildeo urbana principal de Santos Dumont e foram produzidos

numa escala em torno de 140000 que de acordo com Rocha (2007) eacute uma escala viaacutevel

pois as recomendaacuteveis para trabalhos de anaacutelise ambiental em niacutevel municipal podem ser

entre 150000 e 110000 Alguns mapas cujo detalhamento natildeo eacute necessaacuterio foram

gerados na escala 1100000

Para a geraccedilatildeo dos mapas aleacutem dos arquivos fornecidos pela Secretaria de Obras e

Serviccedilos Puacuteblicos foram utilizados para a geraccedilatildeo do modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE)

e da localizaccedilatildeo dos topos de morro dados gerados pelo sistema de radar Advanced

Spacebone Thermal Emission and Reflection Radiometer (ASTER) que geram as curvas

de niacutevel do terreno com uma resoluccedilatildeo de 30m (NASA2014) O processamento dessas

imagens foi feito pelo software livre gvSIG As imagens geradas pelos sateacutelites

LANDSAT foram adquiridas no site da United States Geological Survey (USGS) e essas

imagens possibilitaram obter um panorama preciso do uso do solo em toda a aacuterea urbana

de Santos Dumont numa resoluccedilatildeo de 15 metros uma vez que foi utilizada a banda

pancromaacutetica do sateacutelite LANDSAT 8 aleacutem da combinaccedilatildeo das bandas 65 e 4

respectivamente que eacute a combinaccedilatildeo recomendada pela mantenedora dos sateacutelites para

anaacutelises deste tipo

23

No que diz respeito a identificaccedilatildeo de APPs em topo de morro a metodologia de Oliveira

amp Fernandes Filho (2013) por utilizar as mesmas bases de dados ateacute entatildeo usadas neste

trabalho foi a mais indicada

A metodologia de anaacutelise dos mapas gerados eacute a proposta pelo professor Jorge Xavier da

Silva do Laboratoacuterio de Geoprocessamento (LAGEOP) da Universidade Federal do Rio

de Janeiro e citada por Rocha (2007) Tal metodologia analisa as variaacuteveis em questatildeo

presentes na aacuterea e permite avaliar as possibilidades de relaccedilotildees entre essas variaacuteveis De

uma maneira geral este meacutetodo verifica o estado atual da aacuterea em estudo bem como das

variaacuteveis gerando inventaacuterios que servem para a construccedilatildeo de dados planimeacutetricos sejam

com as variaacuteveis isoladas ou combinadas Estes dados planimeacutetricos geram assinaturas

que permitem inferir sobre a influecircncia dessas variaacuteveis De posse dos dados gerados pelo

processo anteriormente citado pode-se fazer algumas prospecccedilotildees sobre os riscos

ambientais que a aacuterea pode sofrer ou o seu potencial ambiental (ROCHA 2007)

5 RESULTADOS

51 Levantamento histoacuterico de alagamentos e

deslizamentos

O aumento da demanda pelo uso do solo na regiatildeo urbana de Santos Dumont

principalmente no tocante agrave formaccedilatildeo de novos loteamentos e condomiacutenios nos uacuteltimos

anos eacute consideraacutevel mas tambeacutem haacute de se observar o crescimento dos bairros jaacute existentes

com pouco ou nenhum ordenamento Em ambos os casos se observa ocupaccedilotildees

irregulares em APP o que tem ocasionado um aumento na frequecircncia de deslizamentos

e inundaccedilotildees Eacute evidente que quanto maior a densidade populacional do bairro maior a

quantidade de ocorrecircncias ao longo dos anos (SPERFELD 2009)

De acordo com as ocorrecircncias registradas pela Defesa Civil do municiacutepio obtidas atraveacutes

da literatura utilizada nos uacuteltimos 30 anos Santos Dumont chegou a decretar situaccedilatildeo de

emergecircncia por conta de desastres envolvendo deslizamentos eou alagamentos por duas

vezes num espaccedilo de 10 anos conforme pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho

(BRASIL 2014 CEPED 2011)

Segundo os dados obtidos atraveacutes de pesquisa nos arquivos do semanaacuterio entre os anos

de 1984 e 2014 pode-se verificar que nos uacuteltimos 20 anos a cidade tem experimentado

24

um aumento consideraacutevel nos eventos relacionados a deslizamentos e principalmente

alagamentos como pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho Isso pode ter sido causado

dentre outros fatores pelo aumento do nuacutemero de vias pavimentadas com material

impermeaacutevel o que tem sobrecarregado tanto a infraestrutura existente para drenagem

urbana como tambeacutem a calha dos cursos drsquoaacutegua que passam pela regiatildeo urbana do

municiacutepio (ZANON2013)

Na deacutecada de 1980 (1984-1990) de acordo com os dados obtidos natildeo foram noticiados

eventos consideraacuteveis relacionados a deslizamentos e alagamentos em Santos Dumont

mas isso natildeo exclui a possibilidade de natildeo ter ocorrido tais eventos em menor escala

Na deacutecada de 1990 aconteceram uma seacuterie de ocorrecircncias tanto de deslizamentos quanto

de alagamentos No ano de 1997 num periacuteodo chuvoso intenso aconteceram

deslizamentos consideraacuteveis em vaacuterios bairros da cidade inclusive com desabamento de

casas e de ruas principalmente nos bairros Nossa Senhora da Gloacuteria e Quarto Depoacutesito

Em 1999 ocorreram alguns pontos de alagamento nos bairros Quarto Depoacutesito e Santo

Antocircnio com grandes prejuiacutezos materiais

A deacutecada de 2000 iniciou com o registro de deslizamentos em vaacuterios bairros da cidade

inclusive com desabamento de casas e pontes e alagamentos em importantes vias do

centro da cidade Observa-se ao longo desse periacuteodo o crescimento nas ocorrecircncias de

deslizamentos e de aacutereas com risco de deslizamento em muitos bairros de Santos Dumont

Um dos fatores importantes para esse crescimento foi a grande expansatildeo sofrida pela

maioria dos bairros e a falta de planejamento e orientaccedilatildeo por parte da prefeitura uma

vez que uma boa parte do crescimento dos bairros da cidade ocorreu ou proacuteximo a cursos

drsquoaacutegua ou em aacutereas com declividade improacutepria para se fazer construccedilotildees O bairro

Coacuterrego do Ouro (Figura 51) foi o que mais sofreu com ocorrecircncias de deslizamentos

nesse periacuteodo enquanto o bairro Santo Antocircnio foi que teve mais ocorrecircncias de

alagamentos

25

Figura 5 1 Deslizamento no bairro Coacuterrego do Ouro

Fonte Portal Cabangu

No iniacutecio deacutecada de 2010 (2011-2014) o centro da cidade foi a regiatildeo que mais sofreu

com alagamentos sendo registrado pelo menos uma ocorrecircncia por ano nessa aacuterea (Figura

52) Isso pode ser relacionado dentre outros fatores com as obras de modificaccedilatildeo do

tipo de pavimentaccedilatildeo das estradas por um material impermeaacutevel gerando uma sobrecarga

nos sistemas de drenagem urbana que foram projetados para um tipo de pavimento mais

permeaacutevel implicando tambeacutem na sobrecarga calha do Ribeiratildeo das Posses o principal

curso drsquoaacutegua que corta o centro da cidade e que se encontra em quase sua totalidade

ocupada em ambas as margens que cortam o centro da cidade

26

Figura 5 2 Alagamento na regiatildeo central de Santos Dumont em 2013

Fonte Portal Cabangu

Quanto agraves ocorrecircncias de deslizamento ao longo da referida deacutecada elas estiveram

espalhadas pelos bairros do municiacutepio tendo um maior nuacutemero de ocorrecircncias nos bairros

Santo Antocircnio Nossa Senhora da Gloacuteria e Aacutegua Espraiada Nos dois primeiros bairros

citados as ocorrecircncias podem ter sido ocasionadas pelo crescimento desordenado e sem

planejamento destes e no terceiro as ocorrecircncias satildeo relacionadas ao processo de

assoreamento do Ribeiratildeo das Posses o que pode ter gerado um aumento da velocidade

desse curso drsquoaacutegua causando problemas decorrentes do transporte de sedimentos da aacuterea

onde as casas foram construiacutedas que teve como consequecircncia os deslizamentos

Em resumo como pode ser observado nas figuras 53 e 54 na tabela 51 no periacuteodo de

1984 a 2014 os bairros mais afetados por alagamentos e deslizamentos satildeo Quarto

Depoacutesito Nossa Senhora da Gloacuteria Santo Antocircnio Coacuterrego do Ouro Antocircnio Afonso

Graminha e Vila Esperanccedila sendo que o bairro Coacuterrego do Ouro possui o maior nuacutemero

de ocorrecircncias de deslizamentos e o centro da cidade possui o maior nuacutemero de

ocorrecircncias de alagamentos no periacuteodo pesquisado Vale destacar que a aacuterea propiacutecia a

alagamentos no bairro Antocircnio Afonso natildeo identificada no estudo realizado pela

prefeitura constitui-se efetivamente numa aacuterea de risco conforme levantamento histoacuterico

realizado Esta aacuterea de risco se deve agrave diferenccedila de niacutevel negativa entre o rio Pinho e a

aacuterea do bairro estando este em desniacutevel com um risco iminente de inundaccedilotildees resultantes

da cheia desse curso drsquoaacutegua causando inuacutemeros transtornos aos moradores do local

27

Figura 5 3 Pontos de Alagamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico

Fonte Do autor

Figura 5 4 Pontos de deslizamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico

Fonte Do autor

28

Tabela 51 Ocorrecircncias de alagamentos e deslizamentos obtidos atraveacutes do

levantamento histoacuterico

Pontos de ocorrecircncia (1984-2014)

Bairros Alagamento Deslizamento

Aacutegua Espraiada 1 1

Antocircnio Afonso 1 0

Barra 0 1

Centro 7 1

Coacuterrego do Ouro 1 7

Flores 0 1

Graminha 1 0

Jardim Jaraguaacute 0 1

N Sra da Gloacuteria 0 4

N Sra das Graccedilas 1 0

Quarto Depoacutesito 3 2

Santo Antocircnio 4 2

Satildeo Sebastiatildeo 0 1

Vila Esperanccedila 0 1

Fonte Do autor

De acordo com o estudo realizado na elaboraccedilatildeo do Plano Diretor pela prefeitura

municipal observa-se que os bairros que possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a

deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do Ouro e Vila Esperanccedila enquanto que os que

possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a alagamento satildeo o Centro da cidade e os

bairros Satildeo Sebastiatildeo Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio por estarem agraves margens do

Ribeiratildeo das Posses um curso drsquoaacutegua que sofre com inundaccedilotildees perioacutedicas devido ao

severo assoreamento em algumas regiotildees e tambeacutem devido ao acuacutemulo de lixo descartado

pelos moradores do entorno irregularmente De acordo com o estudo realizado quando da

elaboraccedilatildeo do Plano Diretor do municiacutepio foram feitos estudos sobre as aacutereas propensas

a deslizamentos e alagamentos na regiatildeo urbana principal Tais aacutereas satildeo as destacadas

nas Figuras 55 e 56 No levantamento histoacuterico realizado pode-se identificar que os

bairros que possuem mais aacutereas propensas a deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do

Ouro Nossa Senhora da Gloacuteria Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio enquanto que os bairros

mais propensos a alagamentos satildeo os bairros Centro Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio

como observado na tabela 51

29

Figura 5 5 Aacutereas propensas a deslizamento de acordo com o Plano Diretor de

Santos Dumont

Fonte Google Earth e Lei 42412012

Figura 5 6 Aacutereas propensas a alagamento de acordo com o Plano Diretor de

Santos Dumont

Fonte Google Earth e Lei 42412012

30

Comparando-se os mapas obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico com o mapa gerado

pelo estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor nota-se que haacute semelhanccedilas em

algumas aacutereas mas ao se levar em conta o produto gerado pela pesquisa histoacuterica o

estudo necessitaria ser complementado haja vista que ele natildeo compreende por exemplo

o ponto de alagamento no bairro Antocircnio Afonso citado anteriormente e alguns pontos de

deslizamento importantes uma vez que satildeo regiotildees onde haacute ocupaccedilatildeo Esse fato evidencia

a necessidade de se buscar vaacuterias fontes primaacuterias e secundaacuterias para se detectar aacutereas de

risco em um municiacutepio incluindo arquivos da imprensa local afim de se produzir uma

base de dados consistente e com o menor nuacutemero de falhas possiacutevel (CEPED 2014) Com

a uniatildeo dos dois estudos foram gerados os mapas apresentados nas Figuras 57 e 58

Aleacutem do mais observando as figuras 57 e 58 pode-se notar que uma boa parte tanto dos

casos de alagamento quanto de deslizamento estatildeo na faixa de APP de curso hiacutedrico o

que ilustra a importacircncia da preservaccedilatildeo destas aacutereas

Figura 5 7 Aacutereas propensas a alagamento do estudo do Plano Diretor

complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento

Fonte Do Autor

31

Figura 5 8 Aacutereas propensas a deslizamento do estudo do Plano Diretor

complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento

Fonte Do Autor

Atraveacutes da combinaccedilatildeo entre estes dois levantamentos procurou-se alimentar a base de

dados e garantir uma consistecircncia maior desta no que diz respeito a aacutereas de deslizamento

e alagamento podendo inclusive se identificar a suscetibilidade de uma determinada

regiatildeo da cidade a um ou outro evento (CEPED2014)

512 O Plano diretor e as APPs

Nos uacuteltimos anos o Brasil experimentou um forte fenocircmeno de migraccedilatildeo do campo para

as aacutereas urbanas De acordo com o IBGE no periacuteodo de 1940 a 2000 houve um aumento

de cerca de 60 do nuacutemero de pessoas que vivem em cidades (SILVA JR 2006) O

processo de planejamento e ordenamento do uso do solo nessas aacutereas deveria ter

acompanhado esse crescimento ao longo dos anos a fim de garantir a qualidade de vida e

a seguranccedila dos migrantes ao se instalarem nas cidades o que natildeo ocorreu e o que se

observa atualmente satildeo ocupaccedilotildees em aacutereas improacuteprias para moradia sem a infraestrutura

baacutesica necessaacuteria e com risco iminente de deslizamentos eou inundaccedilotildees

O Plano Diretor do municiacutepio de Santos Dumont em seu capiacutetulo IV que versa sobre o

uso e ocupaccedilatildeo do solo explicita regras para o ordenamento do territoacuterio que compreende

o municiacutepio com base nos diferentes usos do solo de acordo com sua compatibilidade o

32

que acabou por resultar num zoneamento de todo o municiacutepio em macrozonas conforme

citado na seccedilatildeo 3231 de acordo com os usos atuais e futuros do solo Aleacutem de dividir

estas macrozonas em urbanas e rurais tambeacutem avaliou e classificou estas aacutereas com base

numa seacuterie de fatores ambientais geoloacutegicos culturais e sociais de forma a se fazer um

zoneamento coerente com os atuais usos do solo e seu potencial de uso futuro Apresenta-

se na Figura 59 este zoneamento na aacuterea urbana principal de Santos Dumont

Figura 5 9 Zoneamento urbano da aacuterea urbana principal

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Lei 42412012

Tomando como referecircncia o Novo Coacutedigo Florestal brasileiro em especial os paracircmetros

estabelecidos para a definiccedilatildeo de APP e utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento

atraveacutes do software Vista SAGA relacionou-se as APPs existentes na aacuterea em estudo com

as regiotildees propiacutecias a alagamentos e deslizamentos de acordo com o estudo feito quando

da elaboraccedilatildeo do Plano Diretor afim de se identificar qual ou quais aacutereas possuem estes

problemas e se estatildeo relacionados com o uso do solo irregular em APP

Ao se aplicar a metodologia proposta por Oliveira amp Fernandes Filho (2013) natildeo foram

identificadas dentro da aacuterea de estudo APPs de topos de morro sendo este tipo de APP

descartada portanto das anaacutelises subsequentes deste trabalho Foram consideradas as

APP de curso hiacutedrico (rios e nascentes) e de declividade visando relacionaacute-las as aacutereas

de risco identificadas pela Prefeitura afim de se verificar as possiacuteveis causas da ocorrecircncia

33

destas aacutereas na regiatildeo urbana do municiacutepio Por meio de combinaccedilotildees entre dois mapas

temaacuteticos utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento foi possiacutevel obter as

assinaturas ou seja tabelas que caracterizam quantitativamente a aacuterea afetada por cada

aspecto visto que a simples visualizaccedilatildeo do mapa gerado pelo geoprocessamento muitas

vezes eacute prejudicada por serem aacutereas de pequenas dimensotildees ou por qualquer outra

limitaccedilatildeo do software Ressalta-se que para a elaboraccedilatildeo do Plano Municipal de Reduccedilatildeo

de riscos a identificaccedilatildeo e detalhamento topograacutefico destas aacutereas eacute fundamental para o

desenvolvimento do referido Plano conforme seraacute abordado detalhadamente na seccedilatildeo

52

De posse do mapa que representa o zoneamento urbano de Santos Dumont primeiramente

procurou-se mensurar qualitativa e quantitativamente a presenccedila de APPs tanto de

declividade quanto de cursos hiacutedricos Essa identificaccedilatildeo eacute importante pois este

zoneamento eacute um dos instrumentos de planejamento municipal (BRASIL 2001) Saboya

(2007) aponta que os principais objetivos de um zoneamento satildeo o controle da expansatildeo

urbana e proteccedilatildeo de aacutereas inadequadas a ocupaccedilatildeo aleacutem de reduzir os conflitos inerentes

aos diferentes usos do solo Com o uso da ferramenta ldquoCombinarrdquo do Vista SAGA foram

feitas combinaccedilotildees entre o mapa de hidrografia com buffer de 30m para rios e coacuterregos e

de 50m para nascentes com o mapa do zoneamento para se verificar a importacircncia das

APPs de curso hiacutedrico em toda a aacuterea urbana principal do municiacutepio Tambeacutem foram

combinados o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) obtido atraveacutes do gvSIG com o mapa

de zoneamento afim de se verificar quantitativamente as APPs de declividade e onde se

localizam Vale ressaltar que as declividades entre 30 e 47 estatildeo presentes nesta

combinaccedilatildeo pois de acordo com o Plano Diretor de Santos Dumont terrenos com esta

faixa de declividade para fins de parcelamento devem possuir estudo teacutecnico que ateste

a viabilidade de se promover algum empreendimento imobiliaacuterio neste (SANTOS

DUMONT 2012) Como a legislaccedilatildeo municipal prevecirc estudo somente para a faixa de

declividade descrita anteriormente para fins de anaacutelise neste trabalho consideramos um

valor mais conservador para APP compreendendo a faixa de 47 a 100 aleacutem da

prevista pela legislaccedilatildeo federal (gt100) para que natildeo houvessem lacunas importantes na

geraccedilatildeo do produto

Apresenta-se na Figura 510 aacutereas com declividades consideradas de risco e consideradas

APP e em qual zona de planejamento elas estatildeo inseridas De um modo geral ao se

observar a Tabela 52 nota-se que a aacuterea que compreende declividades de risco e APP eacute

uma pequena parcela da aacuterea urbana principal representando 061 desta aacuterea Ao se

levar em conta somente a localizaccedilatildeo pode-se verificar que cerca de 84 das aacutereas com

declividade de risco e a totalidade das APPs de declividade estatildeo localizadas na ZAC1

zona que compreende a maior parte do municiacutepio e apesar de possuir infraestrutura baacutesica

para a ocupaccedilatildeo esta eacute restrita Sendo assim o fator declividade deve ser visto com cautela

nesta aacuterea para se evitar transtornos advindos de edificaccedilotildees nestas aacutereas

34

Figura 5 10 Combinaccedilatildeo entre as declividades importantes incluindo as APPs e o

zoneamento urbano

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Do autor

Tabela 52 Assinaturas da combinaccedilatildeo Declividade x Zoneamento

Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea

Natildeo APP 457972 9939

Declividade 30-47 em ZAC1 2368 051

Declividade 30-47 em ZE 284 006

Declividade 30-47 em ZAC2 128 003

Declividade 30-47 em ZPA 004 0001

APP Declividade em ZAC1 048 001

Total 460804 100

Fonte Do autor

Apresenta-se na Figura 511 as APPs de curso hiacutedrico (nascentes e rios) e em qual zona

de planejamento estatildeo localizadas Assim como a declividade a maior parte das APPs de

curso hiacutedrico estatildeo localizadas em ZAC1 representando 383 da aacuterea urbana em estudo

e 51 do total das APPs de curso hiacutedrico Esta questatildeo tambeacutem deve ser vista com

bastante criteacuterio pelos gestores locais uma vez que a ocupaccedilatildeo em faixas proacuteximas de

rios e coacuterregos podem causar uma gama de problemas ambientais e sociais na regiatildeo

(SANTANA2011) Tal cuidado tambeacutem deve ser tomado nas APPs compreendidas na

35

ZAC2 que compreende 001 da Aacuterea urbana principal e 14 do total das APPs de curso

hiacutedrico pois a infraestrutura baacutesica e acessibilidade presente nesta zona eacute precaacuteria e a

ocupaccedilatildeo as margens de cursos hiacutedricos pode gerar problemas seacuterios caso ocorra uma

expansatildeo nestas aacutereas

Figura 511 Combinaccedilatildeo entre APP de curso hiacutedrico e as zonas de planejamento

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Do autor

Outro ponto importante eacute a presenccedila da Zona de Proteccedilatildeo Ambiental (ZPA) no entorno

uma consideraacutevel parte dos cursos hiacutedricos Nesta zona estatildeo presentes 28 das APPs de

curso hiacutedrico e esta zona de acordo com o Plano Diretor deve ser restaurada ou

preservada por suas caracteriacutesticas geoloacutegicas topograacuteficas e bioloacutegicas

Afim de se verificar os usos do solo na regiatildeo em estudo foram utilizadas combinaccedilotildees

de imagens advindas do sateacutelite Landsat 8 nas bandas descritas no capiacutetulo 4 aleacutem da

banda pancromaacutetica O resultado eacute apresentado na figura 512 que mostra os principais

usos do solo na aacuterea urbana principal de Santos Dumont

36

Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x Zoneamento

Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea

Hidrografia 11168 239

Aacuterea Urbana Natildeo APP 421004 9008

APP Curso hiacutedrico em ZAC1 179 383

APP Curso hiacutedrico em ZPA 9776 209

APP Curso hiacutedrico em ZE 184 004

APP Curso hiacutedrico em ZA 1192 026

APP Curso hiacutedrico em ZAC2 5124 110

APP Curso hiacutedrico em ZPPH 248 005

APP Curso hiacutedrico em ZEIS 568 012

APP Curso hiacutedrico em ZCA 228 005

Total 467392 10000

Fonte Do autor

Figura 5 12 Mapa de usos do solo da aacuterea urbana principal de Santos Dumont

Fonte Do autor

Como jaacute era previsto a maior parte da aacuterea urbana se encontra ocupada e eacute nesta regiatildeo

ocupada que se observa a maior concentraccedilatildeo de problemas de deslizamentos e

alagamentos (Figuras 513 e 514) A grande ocupaccedilatildeo em aacutereas consideradas APP de

curso hiacutedrico de acordo com os mapas gerados pode ser a principal causa do aumento a

cada ano dos casos de alagamento principalmente na regiatildeo central da cidade Outro ponto

que se deve atentar eacute a existecircncia de uma consideraacutevel aacuterea de pastagem pouco vegetada

que caso estejam em aacutereas elevadas pode contribuir para deslizamentos e agraves margens de

37

rios e coacuterregos para o assoreamento destes corpos hiacutedricos o que pode causar

alagamentos (INAacuteCIO etal 2007)

Diante destes resultados pode-se ver que a cidade de Santos Dumont necessita alternativas

efetiva no que diz respeito agrave contenccedilatildeo de deslizamentos e a reduccedilatildeo de risco de

alagamento pois as aacutereas em que ocorrem tais eventos satildeo distintas e facilmente definidas

devido agrave repeticcedilatildeo destes nos uacuteltimos anos Um plano de accedilatildeo integrado entre as diferentes

secretarias municipais (Obras Meio Ambiente Assistecircncia Social entre outras) e a

Coordenadoria Municipal de Defesa Civil deve ser realizado afim de se tomar medidas

natildeo mais preventivas mas sim preditivas para que se possa conter o avanccedilo destes

problemas na aacuterea urbana principal bem como em toda a aacuterea do municiacutepio

Figura 5 13 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na aacuterea urbana

principal

Fonte Do autor

38

Figura 5 14 Aacutereas sujeitas a alagamento e os principais usos do solo na aacuterea

urbana principal

Fonte Do autor

Ao se associar os dados do estudo do Plano Diretor com os dados do levantamento

histoacuterico realizado com o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) pode-se notar que as aacutereas

propiacutecias a deslizamento estatildeo em regiotildees as quais haacute uma fronteira de declividades ou

seja eacute evidente que os deslizamentos ocorrem em encostas um pouco mais iacutengremes mas

natildeo necessariamente nas encostas de 30-47 as quais exigem estudo teacutecnico conforme o

plano diretor preconiza Quanto aos alagamentos nota-se que eles se localizam nas aacutereas

com menor ou nenhuma declividade podendo ser estas aacutereas talvez componentes da

planiacutecie de inundaccedilatildeo dos rios Estes resultados podem ser vistos nas figuras 515 e 516

a seguir

39

Figura5 15 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a deslizamentos na

regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

Fonte Lei 42412012 e Autor

Figura5 26 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a alagamentos na

regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

Fonte Lei 42412012 e Autor

40

52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis

O processo de ocupaccedilatildeo no municiacutepio de Santos Dumont comeccedilou muito antes de

qualquer legislaccedilatildeo relacionada a ordenamento urbano e de proteccedilatildeo do meio ambiente

fosse implementado no Brasil Esse fato aliado a poliacuteticas e fiscalizaccedilotildees falhas

contribuiacuteram para a ocupaccedilatildeo e expansatildeo da aacuterea urbana ao longo do Ribeiratildeo das Posses

e seus afluentes o que tem gerado o aumento da degradaccedilatildeo destes corpos hiacutedricos ao

longo de todos estes anos Observa-se tambeacutem que nas uacuteltimas deacutecadas ocorreu um

grande nuacutemero de migraccedilotildees do campo para a regiatildeo urbana da cidade fator que

contribuiu para o crescimento do nuacutemero de habitaccedilotildees em aacutereas de risco de deslizamento

e alagamentos por serem na maioria das vezes terrenos menos valorizados e por este

motivo acessiacuteveis a populaccedilatildeo com menor poder aquisitivo (ROSA amp CORTEZ 2008)

Vale ressaltar que esta questatildeo aleacutem de ser ambiental eacute muito mais social pois os

moradores entendem os riscos de se viver nestes locais mas por motivos econocircmicos ou

por questotildees afetivas natildeo abrem matildeo da moradia nessas aacutereas A Constituiccedilatildeo Federal de

1988 promoveu a inter-relaccedilatildeo das questotildees sociais com as questotildees ambientais quando

colocou o meio ambiente como direito coletivo (BRASIL1988 SOUZA2010) Por este

motivo a decisatildeo por medidas draacutesticas que favoreccedilam apenas agrave preservaccedilatildeo do meio

ambiente natildeo eacute recomendada pois aleacutem de ser inconstitucional podem afetar a

sustentabilidade econocircmica do municiacutepio e gerar conflitos sociais consideraacuteveis

(CARLOS 1992 apud SOUZA 2010)

Segundo Bueno (2009) ldquonem tudo o que eacute irregular eacute precaacuteriordquo Esse fato se observa em

Santos Dumont uma vez que em boa parte da regiatildeo central se observa vaacuterias moradias

construiacutedas na faixa de APP de curso hiacutedrico o que natildeo eacute permitido pela legislaccedilatildeo

vigente e eacute um dos fatores que contribui para a ocorrecircncia de alagamentos nesta aacuterea da

cidade Para a resoluccedilatildeo deste problema o que seria mais viaacutevel seria a melhoria da

infraestrutura de drenagem urbana afim de que o escoamento da aacutegua das chuvas natildeo

sobrecarregasse o sistema (BUENO2009) A construccedilatildeo de bacias de contenccedilatildeo de

cheias ao longo do Ribeiratildeo das Posses tambeacutem seria uma alternativa mas para se verificar

a viabilidade necessita-se estudos mais aprofundados do ponto de vista hidroloacutegico

O grande problema a ser solucionado no entanto eacute o que diz respeito agraves aacutereas de risco

de deslizamento majoritariamente nos bairros A melhor alternativa seria o

remanejamento dos moradores para uma aacuterea proacutexima agrave que moram poreacutem longe do

risco Poreacutem esta alternativa de acordo com Rosa Filho amp Cortez (2008) encontra alguns

entraves pois estas pessoas na maioria das vezes natildeo tecircm condiccedilotildees financeiras de irem

para outro lugar ou pagar aluguel ou estatildeo de alguma forma sentimentalmente ligadas

agravequela regiatildeo que se recusam a deixaacute-lo

41

Por parte dos oacutergatildeos competentes no municiacutepio a criaccedilatildeo de um plano para se evitar

acidentes ocasionados por deslizamentos e alagamentos com um mapeamento detalhado

de toda a extensatildeo do municiacutepio eacute extremamente uacutetil Os estudos que seratildeo feitos para a

elaboraccedilatildeo deste plano poderatildeo definir quais as aacutereas satildeo potencialmente de risco para as

ocupaccedilotildees existentes ou para as potenciais ocupaccedilotildees que possam vir a ocorrer atraveacutes do

mapeamento das aacutereas de risco Tal planejamento seraacute auxiliar ao Plano Diretor

Municipal pois definiraacute o real uso do solo de determinada regiatildeo do municiacutepio

contribuindo para a adequaccedilatildeo do uso e ocupaccedilatildeo do solo afim de evitar ou reduzir o

nuacutemero de problemas relacionados a alagamentos e principalmente deslizamentos no

periacutemetro urbano (TOMINAGA 2009) A partir deste plano os gestores locais poderatildeo

tomar a melhor decisatildeo para a prevenccedilatildeo ou reduccedilatildeo dos riscos inerentes a tais problemas

Na seccedilatildeo 521 seraacute hierarquizado de forma preliminar a aacuterea urbana principal de acordo

com os resultados da tabela 51

521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta

O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos (PMRR) foi criado atraveacutes de accedilotildees

regularizadoras do Ministeacuterio das Cidades para ser o instrumento de gestatildeo e

gerenciamento de aacutereas de risco em um municiacutepio Eacute um documento que aleacutem de

estabelecer quais regiotildees satildeo consideradas de risco tambeacutem objetiva a proposta de

medidas estruturais ou natildeo para contenccedilatildeo eou prevenccedilatildeo de cataacutestrofes aleacutem de ser um

meio de captaccedilatildeo de recursos financeiros junto aos Governos Estadual e Federal Estes

recursos poderatildeo ser utilizados para a realizaccedilatildeo de obras que visem a melhoria da

qualidade de vida da populaccedilatildeo do entorno ou de recuperaccedilatildeo da aacuterea degradada Este

plano eacute realizado de forma participativa com as comunidades das aacutereas de risco e pode

ser realizado em sete fases conforme recomenda o Ministeacuterio das Cidades (ALHEIROS

2006)

O primeiro passo para a realizaccedilatildeo do PMRR eacute definir qual a metodologia seraacute empregada

levando-se em consideraccedilatildeo a realidade atual do municiacutepio e especificar de forma sucinta

um cronograma das atividades Eacute importante nesta fase a participaccedilatildeo tambeacutem dos

responsaacuteveis pelas mais variadas Secretarias Municipais afim de explicitar o tamanho da

importacircncia e o caraacuteter integrador deste plano A segunda fase deste plano objetiva a

criaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo da principal base de dados a ser utilizada nos passos posteriores o

mapeamento de risco em escala detalhe em torno de 13000 (SAtildeO PAULO 2014) A

elaboraccedilatildeo de um mapeamento detalhado propiciaraacute natildeo soacute a identificaccedilatildeo mais faacutecil das

aacutereas de risco como tambeacutem facilitaraacute aos gestores e agrave comunidade decidirem qual a

melhor intervenccedilatildeo para a soluccedilatildeo ou remediaccedilatildeo dos problemas em uma determinada

42

aacuterea hierarquizando o risco e definindo prioridades (SAtildeO PAULO 2014) Na tabela a

seguir apresenta-se alguns tipos de intervenccedilotildees que podem ser feitas em aacutereas de risco

sugeridas pelo Ministeacuterio das cidades (ALHEIROS 2006)

Quadro 5 1 - Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco

Tipo de intervenccedilatildeo Descriccedilatildeo

Serviccedilos de limpeza e Recuperaccedilatildeo

Remoccedilatildeo de entulho lixo etc

corte de aacutervores

remoccedilatildeo de bananeiras

recuperaccedilatildeo eou limpeza de sistemas de

drenagem esgotos e acessos

Limpeza de canais de drenagem

Proteccedilatildeo Vegetal

Proteccedilatildeo superficial vegetal (gramiacuteneas) em

taludes com solo exposto

Proteccedilatildeo vegetal de margens de canais de

drenagem

Barreiras vegetais para massas escorregadas

ou acumuladas pela erosatildeo

Drenagem Superficial e Acessos

Sistema de drenagem superficial (canaletas

raacutepidos caixas de transiccedilatildeo escadas drsquoaacutegua)

Acessos para pedestres (escadarias rampas

etc) integrados ao sistema de drenagem

Revestimento de Taludes Revestimento com materiais artificiais

cimentado cal-jet tela argamassada alvenaria

de tijolos ceracircmicos solo-cimento ensacado

Desmonte de blocos e matacotildees Desmonte de concreccedilotildees de grande porte

blocos rochosos e matacotildees

Obras de drenagem de subsuperfiacutecie Sistema de drenagem de subsuperfiacutecie

(trincheiras drenantes DHP poccedilos de

rebaixamento)

Estruturas de contenccedilatildeo (localizadas)

Muros de contenccedilatildeo de pequeno porte (solo-

cimento ensacado alvenaria de pedra-rachatildeo

concreto armado)

Estruturas de contenccedilatildeo localizadas

(chumbadores tirantes microestacas)

Contenccedilatildeo e proteccedilatildeo de margens de canais (

gabiotildees muros de concreto etc)

Estruturas de contenccedilatildeo (meacutedio e grande porte) Implantaccedilatildeo de estruturas de contenccedilatildeo de

meacutedio e grande porte envolvendo obras de

contenccedilatildeo passivas e ativas (muros de

gravidade cortinas etc)

Terraplanagem Execuccedilatildeo de serviccedilos de terraplanagem

combinados a obras de drenagem superficial e

proteccedilatildeo vegetal desvio e canalizaccedilatildeo de

coacuterregos

Remoccedilatildeo de moradias Remoccedilotildees definitivas para implantaccedilatildeo de

obras ou devido agrave localizaccedilatildeo improacutepria da

edificaccedilatildeo (Priorizar as relocaccedilotildees dentro da

proacutepria aacuterea em local seguro)

Fonte ALHEIROS 2006

43

Escolhidas as formas de intervenccedilatildeo para cada aacuterea eacute necessaacuterio realizar uma estimativa

dos custos afim de preparar o orccedilamento da prefeitura para a realizaccedilatildeo das obras e se

seraacute necessaacuterio a captaccedilatildeo de recursos externos para a execuccedilatildeo destas Feitas as

estimativas de custo o proacuteximo passo eacute definir as prioridades e para esta fase eacute tambeacutem

uacutetil o mapeamento feito nas etapas anteriores pois seraacute necessaacuterio hierarquizar tais

intervenccedilotildees nas aacutereas de risco O Ministeacuterio das Cidades (2007) sugere alguns criteacuterios

que podem ser avaliados pelo gestor dentre eles pode-se citar

Grau de risco

Populaccedilatildeo beneficiada

Custo da intervenccedilatildeo

Dimensatildeo da aacuterea a ser tratada

Demandas anteriores da populaccedilatildeo

Tempo de ocupaccedilatildeo

Viabilidade teacutecnica da intervenccedilatildeo

Viabilidade financeira

Inclusatildeo da aacuterea em outros projetos

A partir desta hierarquizaccedilatildeo inicia-se a identificaccedilatildeo de provaacuteveis fontes de captaccedilatildeo de

recursos para a execuccedilatildeo das intervenccedilotildees Estes recursos podem advir de programas dos

governos Federal e Estadual ou por meio de editais para captaccedilatildeo de recursos financeiros

tanto do setor puacuteblico como da iniciativa privada e podem ser tambeacutem associados agrave outras

Secretarias Municipais como a de Turismo ou Meio Ambiente e natildeo soacute as destinadas agrave

Defesa Civil (ALHEIROS 2006)

Eacute previsto tambeacutem no PMRR uma avaliaccedilatildeo da Defesa Civil municipal e como ela estaacute

estruturada fazendo inclusive sugestotildees para que sua atuaccedilatildeo esteja em consonacircncia com

a realidade das comunidades e da Administraccedilatildeo Puacuteblica do municiacutepio de forma a garantir

sua sustentabilidade e conquistar a credibilidade da populaccedilatildeo no que diz respeito a

prevenccedilatildeo de cataacutestrofes Para que a resposta a uma determinada situaccedilatildeo de risco seja

raacutepida eacute necessaacuterio a descentralizaccedilatildeo da Defesa Civil criando pequenos nuacutecleos

comunitaacuterios com a finalidade de se monitorar a aacuterea constantemente e promover as

intervenccedilotildees necessaacuterias em tempo haacutebil o que aumenta em muito a credibilidade da

populaccedilatildeo no PMRR e no trabalho desempenhado pela Defesa Civil no municiacutepio Apoacutes

esta etapa o PMRR passaraacute por audiecircncias puacuteblicas e posteriormente poderaacute ser aprovado

como Lei Municipal pelo Legislativo local (ALHEIROS 2006)

Com a realizaccedilatildeo deste plano o municiacutepio estaraacute munido de informaccedilotildees suficientes para

realizar accedilotildees efetivas de gestatildeo e gerenciamento de riscos bem como aliado a

levantamentos sociais realizar programas habitacionais que beneficiem prioritariamente

44

aos moradores das aacutereas de risco Aleacutem disso com o PMRR o municiacutepio poderaacute melhorar

a qualidade ambiental da populaccedilatildeo captando recursos para a recuperaccedilatildeo das aacutereas de

APP que foram degradadas pelas ocupaccedilotildees irregulares beneficiando todos os moradores

do municiacutepio com o aumento da qualidade de vida na cidade

A partir do disposto nesta seccedilatildeo acerca do Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos e de

uma maneira preliminar (levando-se em conta apenas o nuacutemero de registros de

alagamentos e deslizamentos na aacuterea urbana principal de Santos Dumont no periacuteodo de

1984 a 2014) identificou-se trecircs regiotildees distintas na aacuterea urbana do municiacutepio com

tempo de recorrecircncia desses eventos similares caracterizando trecircs prioridades de

intervenccedilatildeo em contenccedilatildeo de risco como pode ser visto nas figuras 515 e 516 Vale

ressaltar que eacute necessaacuterio um estudo mais detalhado inclusive com visitas teacutecnicas a

campo para que se confirme a real situaccedilatildeo destas e a real prioridade para investimentos

Figura 5 17 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de deslizamentos

Fonte Do Autor

45

Figura 5 18 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de alagamentos

Fonte Do Autor

46

6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees

A seguir apresenta-se as conclusotildees e as recomendaccedilotildees feitas a partir dos objetivos

especiacuteficos explicitados no iniacutecio deste trabalho

Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a

aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes

urbanos

A partir da revisatildeo da legislaccedilatildeo pertinente em acircmbito federal estadual e

municipal constatou-se que o Plano Diretor de Santos Dumont natildeo conflita com a

legislaccedilatildeo federal e estadual sobre Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente A legislaccedilatildeo

municipal foi entendida como mais conservadora que as federal e estadual uma

vez que considera implicitamente que declividades entre 47 e 100 satildeo

enquadradas como APPs aleacutem da faixa superior a 100

Parte consideraacutevel das ocupaccedilotildees em APP principalmente na regiatildeo do bairro

Santo Antocircnio (onde surgiu os primeiros nuacutecleos que deram origem ao municiacutepio)

e o centro da cidade ocorreram antes de que fosse elaborado qualquer legislaccedilatildeo

que versasse sobre o tema Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente bastando ao gestor

local tomar medidas de contenccedilatildeo de riscos que minimizem os impactos causados

por essas ocupaccedilotildees nessa regiatildeo

O ordenamento adequado do uso do solo no municiacutepio eacute necessaacuterio para que o

crescimento dos loteamentos criados anteriormente agrave esta Lei e o surgimento de

novos natildeo avance para Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente o que pode causar

inuacutemeros problemas aos moradores e agravar os jaacute existentes

Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las

com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)

As aacutereas onde houveram a maior quantidade de registros de deslizamentos satildeo os

bairros mais populosos de Santos Dumont podendo se estabelecer uma relaccedilatildeo

que quanto mais populoso o bairro maior a quantidade de problemas relacionados

a deslizamentos Tambeacutem pode-se notar uma relaccedilatildeo com as fronteiras das faixas

de declividades e os deslizamentos uma vez que boa parte deles aconteceram

nestas faixas

As aacutereas onde houve um grande nuacutemero de registros de alagamentos satildeo os bairros

que se desenvolveram agraves margens do Ribeiratildeo das Posses em especial na aacuterea que

47

compreende as APPs de curso hiacutedrico e em aacutereas onde a declividade eacute baixa Esse

fato aliado ao crescimento do nuacutemero de vias pavimentadas com material

impermeaacutevel e a natildeo expansatildeo e ou redimensionamento da rede de drenagem

urbana contribuiacuteram para a ocorrecircncia cada vez mais constante de alagamentos

nessas aacutereas

Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos

catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30

anos

A partir do levantamento histoacuterico realizado e da base de dados georeferenciada

gerada observou-se o aumento do nuacutemero de registros de deslizamentos e

alagamentos nos uacuteltimos 10 anos quando as ocorrecircncias comeccedilaram a se repetir

numa mesma aacuterea com frequecircncia incrementada as vezes com mais de uma

ocorrecircncia anual

Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do

solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental

Destaca-se a adequaccedilatildeo dos criteacuterios gerais estabelecidos pelo Plano Diretor de

Santos Dumont relativos a legislaccedilatildeo federal e estadual Entretanto o referido

Plano Diretor natildeo contempla todo o territoacuterio municipal sendo assim ele natildeo

cumpre o objetivo de proteger as APPs preservadas e recuperar as que foram

degradadas em todo o territoacuterio municipal Ressalta-se tambeacutem a sua natildeo

conformidade com o Estatuto das Cidades uma vez que o Plano Diretor

contempla apenas os novos loteamentos

Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais

negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea

impactada

Recomenda-se a implantaccedilatildeo no municiacutepio de uma Coordenadoria Municipal de

Defesa Civil atuante e integrada agraves Secretarias Municipais e agrave comunidade

visando uma atuaccedilatildeo eficaz nos problemas relacionados a deslizamentos e

alagamentos A elaboraccedilatildeo de um Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos eacute de

suma importacircncia pois atraveacutes dele pode-se predizer as aacutereas que passaratildeo por

problemas caso a expansatildeo aconteccedila ou se inicie uma ocupaccedilatildeo nova aleacutem de

prevenir acidentes nas aacutereas jaacute ocupadas e consideradas de risco

48

7 Anexos

49

71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont

50

51

72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)

52

53

8 Referecircncias Bibliograacuteficas

ALHEIROS M M O Plano Municipal de Prevenccedilatildeo de Riscos In CARVALHO C S

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Rio Claro 2013

Page 22: O USO DO SOLO URBANO EM ÁREAS DE PRESERVAÇÃO … · social que você tenha na vida, a mais alta ou a mais baixa, tenha sempre como meta muita força, muita determinação e sempre

14

aacutereas que integrem regiotildees metropolitanas ou de interesse turiacutestico O artigo 41 do

Estatuto das cidades tambeacutem prevecirc a obrigatoriedade do Plano Diretor para cidades que

possuem em sua aacuterea empreendimentos que caracterizem grandes impactos ambientais

de influecircncia regional ou nacional e cidades que possuem problemas com deslizamentos

de grande magnitude ou alagamentos repentinos (BRASIL 2001)

O Plano diretor de acordo com o Estatuto das Cidades deve ser aprovado como lei em

acircmbito municipal e revisto a cada dez anos Este documento eacute uacutenico pois cada cidade

possui suas peculiaridades infraestrutura vocaccedilotildees e problemas que por mais que sejam

parecidos entre si satildeo diferenciados pela intensidade e pela regionalizaccedilatildeo Sendo assim

a confecccedilatildeo do Plano Diretor deve conter a participaccedilatildeo de toda a comunidade local de

forma a reduzir as desigualdades sociais os gastos puacuteblicos desnecessaacuterios a degradaccedilatildeo

ambiental e combater os problemas relacionados a urbanizaccedilatildeo de forma conjunta

promovendo um processo de tomada de decisatildeo que garanta a qualidade de vida

preservaccedilatildeo e o desenvolvimento social do municiacutepio como um todo (ROSSBACH amp

CARVALHO 2010)

3231 O Plano Diretor de Santos Dumont

A Lei Municipal nordm 424112 que entrou em vigor no ano de 2014 trata do Plano Diretor

Municipal instrumento previsto no Estatuto das Cidades para garantir aos cidadatildeos um

desenvolvimento urbano organizado justo e sustentavelmente econocircmico (BRASIL

2001) Aleacutem de apontar as diretrizes para a elaboraccedilatildeo da Poliacutetica Municipal dos mais

variados setores o Plano Diretor divide o municiacutepio em macrozonas urbanas e rurais

Estas zonas tecircm por objetivo facilitar a identificaccedilatildeo dos setores que permitem ou natildeo o

desenvolvimento da cidade e em que magnitude pode ser feita a expansatildeo respeitando ao

meio ambiente e tambeacutem o que eacute previsto no tocante ao uso e ocupaccedilatildeo do solo nessas

aacutereas Aleacutem disso ela estabelece a forma como devem ser as edificaccedilotildees nas referidas

aacutereas As aacutereas definidas como macrozonas urbanas e foram subdivididas em (SANTOS

DUMONT2012)

ldquoZona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e

da Paisagem (ZPPH) satildeo as aacutereas cujos

equipamentos urbanos possuem interesse

histoacuterico ou paisagiacutestico de preservaccedilatildeo

Zona de Preservaccedilatildeo Ambiental satildeo aquelas em

que devem ser mantidas ou recuperadas a

15

vegetaccedilatildeo por conta da declividade altitude ou

presenccedila de recursos hiacutedricos

Zona de Adensamento Controlado (ZAC) satildeo as

aacutereas em que deve-se manter uma pequena

densidade populacional devido as limitaccedilotildees na

infraestrutura da localidade A ZAC se divide em

ZAC 1 quando a infraestrutura existente eacute

limitada e em ZAC 2 quando esta eacute precaacuteria ou

natildeo existe

Zona de Consolidaccedilatildeo de Adensamento (ZCA)

satildeo as aacutereas em que haacute interesse em ocupar os

lotes vagos haja visto que a regiatildeo possui toda a

infraestrutura para que isto aconteccedila

Zona Adensaacutevel (ZA) satildeo as aacutereas com

condiccedilotildees propiacutecias para ocorrer uma ocupaccedilatildeo

mais densa

Zona Especial de Interesse Social (ZEIS) satildeo as

aacutereas em que o Poder Puacuteblico almeja fazer

alguma forma de ocupaccedilatildeo Eacute dividida em ZEIS 1

e ZEIS 2 A ZEIS 1 satildeo regiotildees jaacute ocupadas mas

de forma irregular cujo interesse puacuteblico eacute

realizar obras e outras atividades para

regularizar as ocupaccedilotildees e urbanizar a aacuterea

enquanto que a ZEIS 2 satildeo aacutereas natildeo utilizadas ou

subutilizadas as quais o poder puacuteblico almeja

realizar algum empreendimento habitacional de

caraacuteter social

Zona de Grandes Equipamentos (ZE) satildeo aacutereas

cujo o interesse eacute a implantaccedilatildeo de

empreendimentos de grande porte ou grandes

equipamentos puacuteblicosrdquo

Esta divisatildeo espacial pode ser melhor vista no Anexo 71

O Plano Diretor natildeo estipula limites para APP mas prevecirc algumas diretrizes como na

Poliacutetica Municipal de Preservaccedilatildeo do Meio Ambiente sobre o uso do solo em

compatibilidade com praacuteticas conservacionistas A Poliacutetica Municipal de Expansatildeo

16

Urbana tem como uma de suas diretrizes fazer cumprir a legislaccedilatildeo vigente no que diz

respeito agraves intervenccedilotildees e investimentos que poderatildeo ser feitos nessas aacutereas Tambeacutem eacute

diretriz da mesma Poliacutetica o controle da ocupaccedilatildeo e do uso do solo em APPs e o auxiacutelio

aos oacutergatildeos estaduais e federais de meio ambiente no tocante agrave fiscalizaccedilatildeo da ocupaccedilatildeo

nestas aacutereas (SANTOS DUMONT 2012) O artigo 38 que trata das diretrizes da Poliacutetica

habitacional de interesse social exclui do processo de regularizaccedilatildeo fundiaacuteria os

assentamentos situados em aacutereas de risco o que na maioria das vezes estatildeo tambeacutem nas

aacutereas que deveriam estar vegetadas e protegidas (SANTOS DUMONT 2012) Na

legislaccedilatildeo referente ao parcelamento do solo eacute previsto que no parcelamento de glebas

com declividade entre 30 e 47 soacute poderaacute ser aprovado mediante projeto e laudo

assinado por um responsaacutevel teacutecnico favoraacutevel agrave construccedilatildeo nesse local (SANTOS

DUMONT 2012) Diante do proposto pelo Plano Diretor de Santos Dumont pode-se

dizer que natildeo haacute conflito com a legislaccedilatildeo federal e estadual em se tratando da

aplicabilidade do Coacutedigo Florestal uma vez que aquele natildeo explicita limites nem

permissivos e tampouco restritivos para faixas e aacutereas de preservaccedilatildeo permanente

33 O Municiacutepio de Santos Dumont

331 De Arraial a cidade

A aacuterea onde se situa hoje o municiacutepio de Santos Dumont teve sua ocupaccedilatildeo iniciada no

seacuteculo XVIII quando a Coroa Portuguesa solicitou ao entatildeo Governador do Rio de

Janeiro Artur de Saacute Menezes que abrisse um caminho que ligasse as Minas dos

Cataguases na regiatildeo de Ouro Preto (receacutem descobertas) ao Rio de Janeiro por onde

escoava os metais preciosos para a metroacutepole Surgiu assim o ldquoCaminho Novordquo e ao longo

deste caminho surgiram tambeacutem as Sesmarias aacutereas que tinham por principal objetivo

servir de pouso aos transportadores e exploradores e tambeacutem para garantir alimento a

estas pessoas Uma destas ocupaccedilotildees seria o ldquoArraial de Joatildeo Gomesrdquo (Figura 41)

primeiro nuacutecleo primitivo do municiacutepio em 1709 De iniacutecio prevaleciam somente

ranchos onde os viajantes se abrigavam mas em pouco tempo ergueu-se a Capela de Satildeo

Miguel e Almas e pequenos nuacutecleos urbanos comeccedilaram a surgir (DAPPC2008)

17

Figura 3 1 Vista parcial do Arraial de Joatildeo Gomes

Fonte Arquivo Histoacuterico de Santos Dumont-MG

Com a construccedilatildeo da Estrada de Ferro D Pedro II no final do seacuteculo XIX a regiatildeo teve

um consideraacutevel crescimento natildeo soacute populacional como tambeacutem econocircmico se tornando

a Vila Palmyra em 1889 Em 1890 Palmyra eacute elevada ao status de Municiacutepio (Figura 42)

e recebe um grande nuacutemero de melhorias no setor viaacuterio como a retificaccedilatildeo de ruas e

tambeacutem no setor de serviccedilos puacuteblicos como abastecimento de aacutegua iluminaccedilatildeo puacuteblica a

querosene e posteriormente energia eleacutetrica O desenvolvimento econocircmico na regiatildeo

tambeacutem teve seu momento aacuteureo nesse periacuteodo Induacutestrias de laticiacutenios graacuteficas e de

Carbureto de Caacutelcio fizeram parte do parque industrial de Palmyra o que atraiacutea pessoas

de outros lugares inclusive estrangeiros contribuindo para o aumento populacional da

regiatildeo Como ainda natildeo havia legislaccedilatildeo sobre uso e ocupaccedilatildeo do solo nessa eacutepoca

surgiram inuacutemeros loteamentos em aacutereas proacuteximas agrave rios e coacuterregos e tambeacutem em

encostas com declividade acentuada o que foi agravando o risco agrave medida que a ocupaccedilatildeo

aumentava (DAPPC2008)

18

Figura 3 2 Municiacutepio de Palmyra na deacutecada de 1920

Fonte Arquivo Histoacuterico de Santos Dumont-MG

O escoamento da produccedilatildeo industrial se dava pelo modal ferroviaacuterio setor que tambeacutem

movimentava a crescente cidade que era ponto importante no setor de transportes pois

possuiacutea um dos mais bem equipados depoacutesitos de locomotivas da Estrada de Ferro Central

do Brasil (DAPPC2008)

No ano de 1932 o municiacutepio de Palmyra passou a se chamar Santos Dumont (Figura 43)

em homenagem ao inventor do aviatildeo que nascera naquela cidade Nos uacuteltimos 40 anos

Santos Dumont tem experimentado uma acentuada desaceleraccedilatildeo econocircmica

consequecircncia do fechamento da grande maioria das induacutestrias principalmente as de

laticiacutenios que empregavam direta e indiretamente uma parte consideraacutevel da populaccedilatildeo

(DAPPC2008)

19

Figura 3 3 Municiacutepio de Santos Dumont em 2014

Fonte Arquivo do autor

332 Santos Dumont na atualidade

O municiacutepio de Santos Dumont localiza-se na regiatildeo da Zona da Mata mineira distante

cerca de 220 Km da capital Belo Horizonte e possui uma populaccedilatildeo de 47558 habitantes

(ODM 2015 projeccedilatildeo) numa aacuterea total de 637 kmsup2 Faz divisa com os municiacutepios de

Juiz de Fora Oliveira Fortes Bias Fortes Antocircnio Carlos Tabuleiro Piau e Ewbank da

Cacircmara

No que diz respeito agrave sua formaccedilatildeo fisiacuteco-geograacutefica a aacuterea que compreende o municiacutepio

eacute constituiacuteda predominantemente por Cambissolo Haacuteplico (70) com Latossolo

Vermelho-Amarelo (30) (UFV2010) A vegetaccedilatildeo eacute em sua maioria composta por

exemplares de Mata Atlacircntica De acordo com o IBGE(2015) Santos Dumont se localiza

a 839m de altitude O clima da regiatildeo eacute classificado como Tropical de Altitude (Cwb) e

possui uma temperatura meacutedia de 20ordmC Eacute banhado pela bacia hidrograacutefica do Paraiacuteba do

Sul e em sua maioria pertence agrave sub-bacia do Rio Pomba (IGAM) que fornece aacutegua para

abastecimento puacuteblico agrave 88 da populaccedilatildeo por meio da rede de distribuiccedilatildeo

(IBGE2010) Uma pequena parte da zona rural a sudoeste eacute banhada pela Sub-Bacia do

Rio Paraibuna mais precisamente na regiatildeo de fronteira com os municiacutepios de Juiz de

Fora e Ewbank da Cacircmara O sistema viaacuterio principal de acesso agrave cidade eacute a rodovia BR-

040 e a estrada de ferro Dom Pedro II atualmente utilizada somente para transporte de

cargas

Com a economia nos dias atuais baseada majoritariamente no setor de serviccedilos a cidade

possui um Iacutendice de Desenvolvimento humano (IDH) de 0741 (IBGE2010) Apesar do

decliacutenio econocircmico de Santos Dumont nota-se hoje um aumento no nuacutemero de

loteamentos populares e condomiacutenios horizontais e verticais entre outras edificaccedilotildees Eacute

de vital importacircncia que esse crescimento das ocupaccedilotildees seja ordenado e regulamentado

20

de forma a garantir a qualidade ambiental prevenindo deslizamentos e inundaccedilotildees Diante

dessa conjuntura o governo municipal aprovou em 2012 a Lei nordm 4241 que trata do Plano

Diretor Participativo instrumento baacutesico da poliacutetica de desenvolvimento e expansatildeo

urbana do municiacutepio de Santos Dumont

4 METODOLOGIA

41 Aacuterea de estudo

A regiatildeo dentro dos limites do municiacutepio que seraacute estudada neste trabalho eacute conforme

descrito nos anexos Plano Diretor e representada na figura 44 a aacuterea urbana principal

que possui 47 Kmsup2 e compreende a regiatildeo central da cidade e os bairros perifeacutericos regiatildeo

que concentra cerca de 90 da populaccedilatildeo total de Santos Dumont (IBGE 2015) A aacuterea

urbana principal representa 75 da aacuterea total dos 637 Kmsup2 que compreendem o

municiacutepio e eacute o local onde nos uacuteltimos 30 anos se verificou um maior crescimento

populacional e tambeacutem onde ocorre a maioria dos eventos relacionados a deslizamentos

e alagamentos por conta da ocupaccedilatildeo sem planejamento A figura 45 mostra a aacuterea

urbana principal e a localizaccedilatildeo dos bairros urbanos de Santos Dumont

Figura 4 1 Localizaccedilatildeo da aacuterea urbana principal

Fonte Google Earth

21

Figura 4 2 Mapa da aacuterea urbana principal com a localizaccedilatildeo dos bairros

Fonte Do Autor

42 Levantamento e tratamento dos dados

No desenvolvimento deste trabalho foi necessaacuterio se fazer um estudo detalhado sobre o

Plano Diretor de Santos Dumont principalmente dos seus anexos que compreendem os

mapas e a localizaccedilatildeo das aacutereas definidas pelo zoneamento proposto Para que isso fosse

possiacutevel a Secretaria Municipal de Obras e Serviccedilos Puacuteblicos forneceu todos os dados

secundaacuterios produto do estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor e do

zoneamento Estes dados incluem os arquivos Shapefile (shp) e outros documentos

integrantes do Plano Diretor Algumas informaccedilotildees foram complementadas tambeacutem com

dados adquiridos atraveacutes do site do IBGE e do Portal Objetivos do Milecircnio (ODM)

Os dados sobre as ocorrecircncias de deslizamentos e alagamentos foram obtidos atraveacutes da

Defesa Civil do municiacutepio atraveacutes do Sistema Integrado de Informaccedilotildees sobre Desastres

(S2ID) do Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional Tal sistema centraliza as informaccedilotildees sobre

desastres naturais ocorridos em todo o territoacuterio nacional facilitando a pesquisa sobre tais

eventos a qualquer cidadatildeo (BRASIL 2015)

Apesar do sistema ser bastante uacutetil os dados sobre o municiacutepio de Santos Dumont se

encontravam bastante falhos e escassos sendo necessaacuteria complementaccedilatildeo para que a

22

base de dados ficasse consistente Diante disso uma pesquisa atraveacutes dos arquivos do

Jornal Mensagem um jornal semanaacuterio local foi feita entre os anos de 1984 e 2014 e os

dados primaacuterios filtrados em uma planilha do Microsoft Excel para posterior utilizaccedilatildeo

De posse destes dados foi feita a localizaccedilatildeo em campo das coordenadas dos locais

atingidos por deslizamentos e alagamentos no periacuteodo compreendido pela pesquisa com

o auxiacutelio de um aparelho de GPS

A maioria dos arquivos shapefile utilizados para a confecccedilatildeo dos mapas satildeo parte

integrante dos anexos da Lei do Plano diretor do municiacutepio gerados no mecircs de dezembro

de 2011 pelo Instituto Nova Cidade e foram cedidos pela Secretaria Municipal de Obras

e Serviccedilos Puacuteblicos com Datum em UTM SAD 69 Com a finalidade de fornecer um

referenciamento atualizado e de acordo com os mais novos sistemas de coordenadas

utilizados no Brasil os arquivos foram convertidos para o Datum UTM SIRGAS 2000

que diferencia do SAD 69 pelo fato de ser um referencial geocecircntrico ou seja o centro

da Terra eacute o ponto de referecircncia neste sistema enquanto que o primeiro utiliza um

referencial na superfiacutecie da Terra (IBGE2014) Eacute interessante ressaltar tambeacutem que o

SIRGAS 2000 se tornou no ano de 2014 o sistema de coordenadas oficial do Sistema

Geodeacutesico Brasileiro e do Sistema Cartograacutefico Nacional ambos mantidos pelo IBGE A

combinaccedilatildeo dos shapefiles foi feita com o software livre gvSIG e com estas combinaccedilotildees

foram gerados mapas importantes resultados para a execuccedilatildeo deste trabalho A maioria

dos mapas representam a regiatildeo urbana principal de Santos Dumont e foram produzidos

numa escala em torno de 140000 que de acordo com Rocha (2007) eacute uma escala viaacutevel

pois as recomendaacuteveis para trabalhos de anaacutelise ambiental em niacutevel municipal podem ser

entre 150000 e 110000 Alguns mapas cujo detalhamento natildeo eacute necessaacuterio foram

gerados na escala 1100000

Para a geraccedilatildeo dos mapas aleacutem dos arquivos fornecidos pela Secretaria de Obras e

Serviccedilos Puacuteblicos foram utilizados para a geraccedilatildeo do modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE)

e da localizaccedilatildeo dos topos de morro dados gerados pelo sistema de radar Advanced

Spacebone Thermal Emission and Reflection Radiometer (ASTER) que geram as curvas

de niacutevel do terreno com uma resoluccedilatildeo de 30m (NASA2014) O processamento dessas

imagens foi feito pelo software livre gvSIG As imagens geradas pelos sateacutelites

LANDSAT foram adquiridas no site da United States Geological Survey (USGS) e essas

imagens possibilitaram obter um panorama preciso do uso do solo em toda a aacuterea urbana

de Santos Dumont numa resoluccedilatildeo de 15 metros uma vez que foi utilizada a banda

pancromaacutetica do sateacutelite LANDSAT 8 aleacutem da combinaccedilatildeo das bandas 65 e 4

respectivamente que eacute a combinaccedilatildeo recomendada pela mantenedora dos sateacutelites para

anaacutelises deste tipo

23

No que diz respeito a identificaccedilatildeo de APPs em topo de morro a metodologia de Oliveira

amp Fernandes Filho (2013) por utilizar as mesmas bases de dados ateacute entatildeo usadas neste

trabalho foi a mais indicada

A metodologia de anaacutelise dos mapas gerados eacute a proposta pelo professor Jorge Xavier da

Silva do Laboratoacuterio de Geoprocessamento (LAGEOP) da Universidade Federal do Rio

de Janeiro e citada por Rocha (2007) Tal metodologia analisa as variaacuteveis em questatildeo

presentes na aacuterea e permite avaliar as possibilidades de relaccedilotildees entre essas variaacuteveis De

uma maneira geral este meacutetodo verifica o estado atual da aacuterea em estudo bem como das

variaacuteveis gerando inventaacuterios que servem para a construccedilatildeo de dados planimeacutetricos sejam

com as variaacuteveis isoladas ou combinadas Estes dados planimeacutetricos geram assinaturas

que permitem inferir sobre a influecircncia dessas variaacuteveis De posse dos dados gerados pelo

processo anteriormente citado pode-se fazer algumas prospecccedilotildees sobre os riscos

ambientais que a aacuterea pode sofrer ou o seu potencial ambiental (ROCHA 2007)

5 RESULTADOS

51 Levantamento histoacuterico de alagamentos e

deslizamentos

O aumento da demanda pelo uso do solo na regiatildeo urbana de Santos Dumont

principalmente no tocante agrave formaccedilatildeo de novos loteamentos e condomiacutenios nos uacuteltimos

anos eacute consideraacutevel mas tambeacutem haacute de se observar o crescimento dos bairros jaacute existentes

com pouco ou nenhum ordenamento Em ambos os casos se observa ocupaccedilotildees

irregulares em APP o que tem ocasionado um aumento na frequecircncia de deslizamentos

e inundaccedilotildees Eacute evidente que quanto maior a densidade populacional do bairro maior a

quantidade de ocorrecircncias ao longo dos anos (SPERFELD 2009)

De acordo com as ocorrecircncias registradas pela Defesa Civil do municiacutepio obtidas atraveacutes

da literatura utilizada nos uacuteltimos 30 anos Santos Dumont chegou a decretar situaccedilatildeo de

emergecircncia por conta de desastres envolvendo deslizamentos eou alagamentos por duas

vezes num espaccedilo de 10 anos conforme pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho

(BRASIL 2014 CEPED 2011)

Segundo os dados obtidos atraveacutes de pesquisa nos arquivos do semanaacuterio entre os anos

de 1984 e 2014 pode-se verificar que nos uacuteltimos 20 anos a cidade tem experimentado

24

um aumento consideraacutevel nos eventos relacionados a deslizamentos e principalmente

alagamentos como pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho Isso pode ter sido causado

dentre outros fatores pelo aumento do nuacutemero de vias pavimentadas com material

impermeaacutevel o que tem sobrecarregado tanto a infraestrutura existente para drenagem

urbana como tambeacutem a calha dos cursos drsquoaacutegua que passam pela regiatildeo urbana do

municiacutepio (ZANON2013)

Na deacutecada de 1980 (1984-1990) de acordo com os dados obtidos natildeo foram noticiados

eventos consideraacuteveis relacionados a deslizamentos e alagamentos em Santos Dumont

mas isso natildeo exclui a possibilidade de natildeo ter ocorrido tais eventos em menor escala

Na deacutecada de 1990 aconteceram uma seacuterie de ocorrecircncias tanto de deslizamentos quanto

de alagamentos No ano de 1997 num periacuteodo chuvoso intenso aconteceram

deslizamentos consideraacuteveis em vaacuterios bairros da cidade inclusive com desabamento de

casas e de ruas principalmente nos bairros Nossa Senhora da Gloacuteria e Quarto Depoacutesito

Em 1999 ocorreram alguns pontos de alagamento nos bairros Quarto Depoacutesito e Santo

Antocircnio com grandes prejuiacutezos materiais

A deacutecada de 2000 iniciou com o registro de deslizamentos em vaacuterios bairros da cidade

inclusive com desabamento de casas e pontes e alagamentos em importantes vias do

centro da cidade Observa-se ao longo desse periacuteodo o crescimento nas ocorrecircncias de

deslizamentos e de aacutereas com risco de deslizamento em muitos bairros de Santos Dumont

Um dos fatores importantes para esse crescimento foi a grande expansatildeo sofrida pela

maioria dos bairros e a falta de planejamento e orientaccedilatildeo por parte da prefeitura uma

vez que uma boa parte do crescimento dos bairros da cidade ocorreu ou proacuteximo a cursos

drsquoaacutegua ou em aacutereas com declividade improacutepria para se fazer construccedilotildees O bairro

Coacuterrego do Ouro (Figura 51) foi o que mais sofreu com ocorrecircncias de deslizamentos

nesse periacuteodo enquanto o bairro Santo Antocircnio foi que teve mais ocorrecircncias de

alagamentos

25

Figura 5 1 Deslizamento no bairro Coacuterrego do Ouro

Fonte Portal Cabangu

No iniacutecio deacutecada de 2010 (2011-2014) o centro da cidade foi a regiatildeo que mais sofreu

com alagamentos sendo registrado pelo menos uma ocorrecircncia por ano nessa aacuterea (Figura

52) Isso pode ser relacionado dentre outros fatores com as obras de modificaccedilatildeo do

tipo de pavimentaccedilatildeo das estradas por um material impermeaacutevel gerando uma sobrecarga

nos sistemas de drenagem urbana que foram projetados para um tipo de pavimento mais

permeaacutevel implicando tambeacutem na sobrecarga calha do Ribeiratildeo das Posses o principal

curso drsquoaacutegua que corta o centro da cidade e que se encontra em quase sua totalidade

ocupada em ambas as margens que cortam o centro da cidade

26

Figura 5 2 Alagamento na regiatildeo central de Santos Dumont em 2013

Fonte Portal Cabangu

Quanto agraves ocorrecircncias de deslizamento ao longo da referida deacutecada elas estiveram

espalhadas pelos bairros do municiacutepio tendo um maior nuacutemero de ocorrecircncias nos bairros

Santo Antocircnio Nossa Senhora da Gloacuteria e Aacutegua Espraiada Nos dois primeiros bairros

citados as ocorrecircncias podem ter sido ocasionadas pelo crescimento desordenado e sem

planejamento destes e no terceiro as ocorrecircncias satildeo relacionadas ao processo de

assoreamento do Ribeiratildeo das Posses o que pode ter gerado um aumento da velocidade

desse curso drsquoaacutegua causando problemas decorrentes do transporte de sedimentos da aacuterea

onde as casas foram construiacutedas que teve como consequecircncia os deslizamentos

Em resumo como pode ser observado nas figuras 53 e 54 na tabela 51 no periacuteodo de

1984 a 2014 os bairros mais afetados por alagamentos e deslizamentos satildeo Quarto

Depoacutesito Nossa Senhora da Gloacuteria Santo Antocircnio Coacuterrego do Ouro Antocircnio Afonso

Graminha e Vila Esperanccedila sendo que o bairro Coacuterrego do Ouro possui o maior nuacutemero

de ocorrecircncias de deslizamentos e o centro da cidade possui o maior nuacutemero de

ocorrecircncias de alagamentos no periacuteodo pesquisado Vale destacar que a aacuterea propiacutecia a

alagamentos no bairro Antocircnio Afonso natildeo identificada no estudo realizado pela

prefeitura constitui-se efetivamente numa aacuterea de risco conforme levantamento histoacuterico

realizado Esta aacuterea de risco se deve agrave diferenccedila de niacutevel negativa entre o rio Pinho e a

aacuterea do bairro estando este em desniacutevel com um risco iminente de inundaccedilotildees resultantes

da cheia desse curso drsquoaacutegua causando inuacutemeros transtornos aos moradores do local

27

Figura 5 3 Pontos de Alagamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico

Fonte Do autor

Figura 5 4 Pontos de deslizamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico

Fonte Do autor

28

Tabela 51 Ocorrecircncias de alagamentos e deslizamentos obtidos atraveacutes do

levantamento histoacuterico

Pontos de ocorrecircncia (1984-2014)

Bairros Alagamento Deslizamento

Aacutegua Espraiada 1 1

Antocircnio Afonso 1 0

Barra 0 1

Centro 7 1

Coacuterrego do Ouro 1 7

Flores 0 1

Graminha 1 0

Jardim Jaraguaacute 0 1

N Sra da Gloacuteria 0 4

N Sra das Graccedilas 1 0

Quarto Depoacutesito 3 2

Santo Antocircnio 4 2

Satildeo Sebastiatildeo 0 1

Vila Esperanccedila 0 1

Fonte Do autor

De acordo com o estudo realizado na elaboraccedilatildeo do Plano Diretor pela prefeitura

municipal observa-se que os bairros que possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a

deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do Ouro e Vila Esperanccedila enquanto que os que

possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a alagamento satildeo o Centro da cidade e os

bairros Satildeo Sebastiatildeo Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio por estarem agraves margens do

Ribeiratildeo das Posses um curso drsquoaacutegua que sofre com inundaccedilotildees perioacutedicas devido ao

severo assoreamento em algumas regiotildees e tambeacutem devido ao acuacutemulo de lixo descartado

pelos moradores do entorno irregularmente De acordo com o estudo realizado quando da

elaboraccedilatildeo do Plano Diretor do municiacutepio foram feitos estudos sobre as aacutereas propensas

a deslizamentos e alagamentos na regiatildeo urbana principal Tais aacutereas satildeo as destacadas

nas Figuras 55 e 56 No levantamento histoacuterico realizado pode-se identificar que os

bairros que possuem mais aacutereas propensas a deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do

Ouro Nossa Senhora da Gloacuteria Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio enquanto que os bairros

mais propensos a alagamentos satildeo os bairros Centro Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio

como observado na tabela 51

29

Figura 5 5 Aacutereas propensas a deslizamento de acordo com o Plano Diretor de

Santos Dumont

Fonte Google Earth e Lei 42412012

Figura 5 6 Aacutereas propensas a alagamento de acordo com o Plano Diretor de

Santos Dumont

Fonte Google Earth e Lei 42412012

30

Comparando-se os mapas obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico com o mapa gerado

pelo estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor nota-se que haacute semelhanccedilas em

algumas aacutereas mas ao se levar em conta o produto gerado pela pesquisa histoacuterica o

estudo necessitaria ser complementado haja vista que ele natildeo compreende por exemplo

o ponto de alagamento no bairro Antocircnio Afonso citado anteriormente e alguns pontos de

deslizamento importantes uma vez que satildeo regiotildees onde haacute ocupaccedilatildeo Esse fato evidencia

a necessidade de se buscar vaacuterias fontes primaacuterias e secundaacuterias para se detectar aacutereas de

risco em um municiacutepio incluindo arquivos da imprensa local afim de se produzir uma

base de dados consistente e com o menor nuacutemero de falhas possiacutevel (CEPED 2014) Com

a uniatildeo dos dois estudos foram gerados os mapas apresentados nas Figuras 57 e 58

Aleacutem do mais observando as figuras 57 e 58 pode-se notar que uma boa parte tanto dos

casos de alagamento quanto de deslizamento estatildeo na faixa de APP de curso hiacutedrico o

que ilustra a importacircncia da preservaccedilatildeo destas aacutereas

Figura 5 7 Aacutereas propensas a alagamento do estudo do Plano Diretor

complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento

Fonte Do Autor

31

Figura 5 8 Aacutereas propensas a deslizamento do estudo do Plano Diretor

complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento

Fonte Do Autor

Atraveacutes da combinaccedilatildeo entre estes dois levantamentos procurou-se alimentar a base de

dados e garantir uma consistecircncia maior desta no que diz respeito a aacutereas de deslizamento

e alagamento podendo inclusive se identificar a suscetibilidade de uma determinada

regiatildeo da cidade a um ou outro evento (CEPED2014)

512 O Plano diretor e as APPs

Nos uacuteltimos anos o Brasil experimentou um forte fenocircmeno de migraccedilatildeo do campo para

as aacutereas urbanas De acordo com o IBGE no periacuteodo de 1940 a 2000 houve um aumento

de cerca de 60 do nuacutemero de pessoas que vivem em cidades (SILVA JR 2006) O

processo de planejamento e ordenamento do uso do solo nessas aacutereas deveria ter

acompanhado esse crescimento ao longo dos anos a fim de garantir a qualidade de vida e

a seguranccedila dos migrantes ao se instalarem nas cidades o que natildeo ocorreu e o que se

observa atualmente satildeo ocupaccedilotildees em aacutereas improacuteprias para moradia sem a infraestrutura

baacutesica necessaacuteria e com risco iminente de deslizamentos eou inundaccedilotildees

O Plano Diretor do municiacutepio de Santos Dumont em seu capiacutetulo IV que versa sobre o

uso e ocupaccedilatildeo do solo explicita regras para o ordenamento do territoacuterio que compreende

o municiacutepio com base nos diferentes usos do solo de acordo com sua compatibilidade o

32

que acabou por resultar num zoneamento de todo o municiacutepio em macrozonas conforme

citado na seccedilatildeo 3231 de acordo com os usos atuais e futuros do solo Aleacutem de dividir

estas macrozonas em urbanas e rurais tambeacutem avaliou e classificou estas aacutereas com base

numa seacuterie de fatores ambientais geoloacutegicos culturais e sociais de forma a se fazer um

zoneamento coerente com os atuais usos do solo e seu potencial de uso futuro Apresenta-

se na Figura 59 este zoneamento na aacuterea urbana principal de Santos Dumont

Figura 5 9 Zoneamento urbano da aacuterea urbana principal

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Lei 42412012

Tomando como referecircncia o Novo Coacutedigo Florestal brasileiro em especial os paracircmetros

estabelecidos para a definiccedilatildeo de APP e utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento

atraveacutes do software Vista SAGA relacionou-se as APPs existentes na aacuterea em estudo com

as regiotildees propiacutecias a alagamentos e deslizamentos de acordo com o estudo feito quando

da elaboraccedilatildeo do Plano Diretor afim de se identificar qual ou quais aacutereas possuem estes

problemas e se estatildeo relacionados com o uso do solo irregular em APP

Ao se aplicar a metodologia proposta por Oliveira amp Fernandes Filho (2013) natildeo foram

identificadas dentro da aacuterea de estudo APPs de topos de morro sendo este tipo de APP

descartada portanto das anaacutelises subsequentes deste trabalho Foram consideradas as

APP de curso hiacutedrico (rios e nascentes) e de declividade visando relacionaacute-las as aacutereas

de risco identificadas pela Prefeitura afim de se verificar as possiacuteveis causas da ocorrecircncia

33

destas aacutereas na regiatildeo urbana do municiacutepio Por meio de combinaccedilotildees entre dois mapas

temaacuteticos utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento foi possiacutevel obter as

assinaturas ou seja tabelas que caracterizam quantitativamente a aacuterea afetada por cada

aspecto visto que a simples visualizaccedilatildeo do mapa gerado pelo geoprocessamento muitas

vezes eacute prejudicada por serem aacutereas de pequenas dimensotildees ou por qualquer outra

limitaccedilatildeo do software Ressalta-se que para a elaboraccedilatildeo do Plano Municipal de Reduccedilatildeo

de riscos a identificaccedilatildeo e detalhamento topograacutefico destas aacutereas eacute fundamental para o

desenvolvimento do referido Plano conforme seraacute abordado detalhadamente na seccedilatildeo

52

De posse do mapa que representa o zoneamento urbano de Santos Dumont primeiramente

procurou-se mensurar qualitativa e quantitativamente a presenccedila de APPs tanto de

declividade quanto de cursos hiacutedricos Essa identificaccedilatildeo eacute importante pois este

zoneamento eacute um dos instrumentos de planejamento municipal (BRASIL 2001) Saboya

(2007) aponta que os principais objetivos de um zoneamento satildeo o controle da expansatildeo

urbana e proteccedilatildeo de aacutereas inadequadas a ocupaccedilatildeo aleacutem de reduzir os conflitos inerentes

aos diferentes usos do solo Com o uso da ferramenta ldquoCombinarrdquo do Vista SAGA foram

feitas combinaccedilotildees entre o mapa de hidrografia com buffer de 30m para rios e coacuterregos e

de 50m para nascentes com o mapa do zoneamento para se verificar a importacircncia das

APPs de curso hiacutedrico em toda a aacuterea urbana principal do municiacutepio Tambeacutem foram

combinados o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) obtido atraveacutes do gvSIG com o mapa

de zoneamento afim de se verificar quantitativamente as APPs de declividade e onde se

localizam Vale ressaltar que as declividades entre 30 e 47 estatildeo presentes nesta

combinaccedilatildeo pois de acordo com o Plano Diretor de Santos Dumont terrenos com esta

faixa de declividade para fins de parcelamento devem possuir estudo teacutecnico que ateste

a viabilidade de se promover algum empreendimento imobiliaacuterio neste (SANTOS

DUMONT 2012) Como a legislaccedilatildeo municipal prevecirc estudo somente para a faixa de

declividade descrita anteriormente para fins de anaacutelise neste trabalho consideramos um

valor mais conservador para APP compreendendo a faixa de 47 a 100 aleacutem da

prevista pela legislaccedilatildeo federal (gt100) para que natildeo houvessem lacunas importantes na

geraccedilatildeo do produto

Apresenta-se na Figura 510 aacutereas com declividades consideradas de risco e consideradas

APP e em qual zona de planejamento elas estatildeo inseridas De um modo geral ao se

observar a Tabela 52 nota-se que a aacuterea que compreende declividades de risco e APP eacute

uma pequena parcela da aacuterea urbana principal representando 061 desta aacuterea Ao se

levar em conta somente a localizaccedilatildeo pode-se verificar que cerca de 84 das aacutereas com

declividade de risco e a totalidade das APPs de declividade estatildeo localizadas na ZAC1

zona que compreende a maior parte do municiacutepio e apesar de possuir infraestrutura baacutesica

para a ocupaccedilatildeo esta eacute restrita Sendo assim o fator declividade deve ser visto com cautela

nesta aacuterea para se evitar transtornos advindos de edificaccedilotildees nestas aacutereas

34

Figura 5 10 Combinaccedilatildeo entre as declividades importantes incluindo as APPs e o

zoneamento urbano

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Do autor

Tabela 52 Assinaturas da combinaccedilatildeo Declividade x Zoneamento

Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea

Natildeo APP 457972 9939

Declividade 30-47 em ZAC1 2368 051

Declividade 30-47 em ZE 284 006

Declividade 30-47 em ZAC2 128 003

Declividade 30-47 em ZPA 004 0001

APP Declividade em ZAC1 048 001

Total 460804 100

Fonte Do autor

Apresenta-se na Figura 511 as APPs de curso hiacutedrico (nascentes e rios) e em qual zona

de planejamento estatildeo localizadas Assim como a declividade a maior parte das APPs de

curso hiacutedrico estatildeo localizadas em ZAC1 representando 383 da aacuterea urbana em estudo

e 51 do total das APPs de curso hiacutedrico Esta questatildeo tambeacutem deve ser vista com

bastante criteacuterio pelos gestores locais uma vez que a ocupaccedilatildeo em faixas proacuteximas de

rios e coacuterregos podem causar uma gama de problemas ambientais e sociais na regiatildeo

(SANTANA2011) Tal cuidado tambeacutem deve ser tomado nas APPs compreendidas na

35

ZAC2 que compreende 001 da Aacuterea urbana principal e 14 do total das APPs de curso

hiacutedrico pois a infraestrutura baacutesica e acessibilidade presente nesta zona eacute precaacuteria e a

ocupaccedilatildeo as margens de cursos hiacutedricos pode gerar problemas seacuterios caso ocorra uma

expansatildeo nestas aacutereas

Figura 511 Combinaccedilatildeo entre APP de curso hiacutedrico e as zonas de planejamento

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Do autor

Outro ponto importante eacute a presenccedila da Zona de Proteccedilatildeo Ambiental (ZPA) no entorno

uma consideraacutevel parte dos cursos hiacutedricos Nesta zona estatildeo presentes 28 das APPs de

curso hiacutedrico e esta zona de acordo com o Plano Diretor deve ser restaurada ou

preservada por suas caracteriacutesticas geoloacutegicas topograacuteficas e bioloacutegicas

Afim de se verificar os usos do solo na regiatildeo em estudo foram utilizadas combinaccedilotildees

de imagens advindas do sateacutelite Landsat 8 nas bandas descritas no capiacutetulo 4 aleacutem da

banda pancromaacutetica O resultado eacute apresentado na figura 512 que mostra os principais

usos do solo na aacuterea urbana principal de Santos Dumont

36

Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x Zoneamento

Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea

Hidrografia 11168 239

Aacuterea Urbana Natildeo APP 421004 9008

APP Curso hiacutedrico em ZAC1 179 383

APP Curso hiacutedrico em ZPA 9776 209

APP Curso hiacutedrico em ZE 184 004

APP Curso hiacutedrico em ZA 1192 026

APP Curso hiacutedrico em ZAC2 5124 110

APP Curso hiacutedrico em ZPPH 248 005

APP Curso hiacutedrico em ZEIS 568 012

APP Curso hiacutedrico em ZCA 228 005

Total 467392 10000

Fonte Do autor

Figura 5 12 Mapa de usos do solo da aacuterea urbana principal de Santos Dumont

Fonte Do autor

Como jaacute era previsto a maior parte da aacuterea urbana se encontra ocupada e eacute nesta regiatildeo

ocupada que se observa a maior concentraccedilatildeo de problemas de deslizamentos e

alagamentos (Figuras 513 e 514) A grande ocupaccedilatildeo em aacutereas consideradas APP de

curso hiacutedrico de acordo com os mapas gerados pode ser a principal causa do aumento a

cada ano dos casos de alagamento principalmente na regiatildeo central da cidade Outro ponto

que se deve atentar eacute a existecircncia de uma consideraacutevel aacuterea de pastagem pouco vegetada

que caso estejam em aacutereas elevadas pode contribuir para deslizamentos e agraves margens de

37

rios e coacuterregos para o assoreamento destes corpos hiacutedricos o que pode causar

alagamentos (INAacuteCIO etal 2007)

Diante destes resultados pode-se ver que a cidade de Santos Dumont necessita alternativas

efetiva no que diz respeito agrave contenccedilatildeo de deslizamentos e a reduccedilatildeo de risco de

alagamento pois as aacutereas em que ocorrem tais eventos satildeo distintas e facilmente definidas

devido agrave repeticcedilatildeo destes nos uacuteltimos anos Um plano de accedilatildeo integrado entre as diferentes

secretarias municipais (Obras Meio Ambiente Assistecircncia Social entre outras) e a

Coordenadoria Municipal de Defesa Civil deve ser realizado afim de se tomar medidas

natildeo mais preventivas mas sim preditivas para que se possa conter o avanccedilo destes

problemas na aacuterea urbana principal bem como em toda a aacuterea do municiacutepio

Figura 5 13 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na aacuterea urbana

principal

Fonte Do autor

38

Figura 5 14 Aacutereas sujeitas a alagamento e os principais usos do solo na aacuterea

urbana principal

Fonte Do autor

Ao se associar os dados do estudo do Plano Diretor com os dados do levantamento

histoacuterico realizado com o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) pode-se notar que as aacutereas

propiacutecias a deslizamento estatildeo em regiotildees as quais haacute uma fronteira de declividades ou

seja eacute evidente que os deslizamentos ocorrem em encostas um pouco mais iacutengremes mas

natildeo necessariamente nas encostas de 30-47 as quais exigem estudo teacutecnico conforme o

plano diretor preconiza Quanto aos alagamentos nota-se que eles se localizam nas aacutereas

com menor ou nenhuma declividade podendo ser estas aacutereas talvez componentes da

planiacutecie de inundaccedilatildeo dos rios Estes resultados podem ser vistos nas figuras 515 e 516

a seguir

39

Figura5 15 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a deslizamentos na

regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

Fonte Lei 42412012 e Autor

Figura5 26 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a alagamentos na

regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

Fonte Lei 42412012 e Autor

40

52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis

O processo de ocupaccedilatildeo no municiacutepio de Santos Dumont comeccedilou muito antes de

qualquer legislaccedilatildeo relacionada a ordenamento urbano e de proteccedilatildeo do meio ambiente

fosse implementado no Brasil Esse fato aliado a poliacuteticas e fiscalizaccedilotildees falhas

contribuiacuteram para a ocupaccedilatildeo e expansatildeo da aacuterea urbana ao longo do Ribeiratildeo das Posses

e seus afluentes o que tem gerado o aumento da degradaccedilatildeo destes corpos hiacutedricos ao

longo de todos estes anos Observa-se tambeacutem que nas uacuteltimas deacutecadas ocorreu um

grande nuacutemero de migraccedilotildees do campo para a regiatildeo urbana da cidade fator que

contribuiu para o crescimento do nuacutemero de habitaccedilotildees em aacutereas de risco de deslizamento

e alagamentos por serem na maioria das vezes terrenos menos valorizados e por este

motivo acessiacuteveis a populaccedilatildeo com menor poder aquisitivo (ROSA amp CORTEZ 2008)

Vale ressaltar que esta questatildeo aleacutem de ser ambiental eacute muito mais social pois os

moradores entendem os riscos de se viver nestes locais mas por motivos econocircmicos ou

por questotildees afetivas natildeo abrem matildeo da moradia nessas aacutereas A Constituiccedilatildeo Federal de

1988 promoveu a inter-relaccedilatildeo das questotildees sociais com as questotildees ambientais quando

colocou o meio ambiente como direito coletivo (BRASIL1988 SOUZA2010) Por este

motivo a decisatildeo por medidas draacutesticas que favoreccedilam apenas agrave preservaccedilatildeo do meio

ambiente natildeo eacute recomendada pois aleacutem de ser inconstitucional podem afetar a

sustentabilidade econocircmica do municiacutepio e gerar conflitos sociais consideraacuteveis

(CARLOS 1992 apud SOUZA 2010)

Segundo Bueno (2009) ldquonem tudo o que eacute irregular eacute precaacuteriordquo Esse fato se observa em

Santos Dumont uma vez que em boa parte da regiatildeo central se observa vaacuterias moradias

construiacutedas na faixa de APP de curso hiacutedrico o que natildeo eacute permitido pela legislaccedilatildeo

vigente e eacute um dos fatores que contribui para a ocorrecircncia de alagamentos nesta aacuterea da

cidade Para a resoluccedilatildeo deste problema o que seria mais viaacutevel seria a melhoria da

infraestrutura de drenagem urbana afim de que o escoamento da aacutegua das chuvas natildeo

sobrecarregasse o sistema (BUENO2009) A construccedilatildeo de bacias de contenccedilatildeo de

cheias ao longo do Ribeiratildeo das Posses tambeacutem seria uma alternativa mas para se verificar

a viabilidade necessita-se estudos mais aprofundados do ponto de vista hidroloacutegico

O grande problema a ser solucionado no entanto eacute o que diz respeito agraves aacutereas de risco

de deslizamento majoritariamente nos bairros A melhor alternativa seria o

remanejamento dos moradores para uma aacuterea proacutexima agrave que moram poreacutem longe do

risco Poreacutem esta alternativa de acordo com Rosa Filho amp Cortez (2008) encontra alguns

entraves pois estas pessoas na maioria das vezes natildeo tecircm condiccedilotildees financeiras de irem

para outro lugar ou pagar aluguel ou estatildeo de alguma forma sentimentalmente ligadas

agravequela regiatildeo que se recusam a deixaacute-lo

41

Por parte dos oacutergatildeos competentes no municiacutepio a criaccedilatildeo de um plano para se evitar

acidentes ocasionados por deslizamentos e alagamentos com um mapeamento detalhado

de toda a extensatildeo do municiacutepio eacute extremamente uacutetil Os estudos que seratildeo feitos para a

elaboraccedilatildeo deste plano poderatildeo definir quais as aacutereas satildeo potencialmente de risco para as

ocupaccedilotildees existentes ou para as potenciais ocupaccedilotildees que possam vir a ocorrer atraveacutes do

mapeamento das aacutereas de risco Tal planejamento seraacute auxiliar ao Plano Diretor

Municipal pois definiraacute o real uso do solo de determinada regiatildeo do municiacutepio

contribuindo para a adequaccedilatildeo do uso e ocupaccedilatildeo do solo afim de evitar ou reduzir o

nuacutemero de problemas relacionados a alagamentos e principalmente deslizamentos no

periacutemetro urbano (TOMINAGA 2009) A partir deste plano os gestores locais poderatildeo

tomar a melhor decisatildeo para a prevenccedilatildeo ou reduccedilatildeo dos riscos inerentes a tais problemas

Na seccedilatildeo 521 seraacute hierarquizado de forma preliminar a aacuterea urbana principal de acordo

com os resultados da tabela 51

521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta

O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos (PMRR) foi criado atraveacutes de accedilotildees

regularizadoras do Ministeacuterio das Cidades para ser o instrumento de gestatildeo e

gerenciamento de aacutereas de risco em um municiacutepio Eacute um documento que aleacutem de

estabelecer quais regiotildees satildeo consideradas de risco tambeacutem objetiva a proposta de

medidas estruturais ou natildeo para contenccedilatildeo eou prevenccedilatildeo de cataacutestrofes aleacutem de ser um

meio de captaccedilatildeo de recursos financeiros junto aos Governos Estadual e Federal Estes

recursos poderatildeo ser utilizados para a realizaccedilatildeo de obras que visem a melhoria da

qualidade de vida da populaccedilatildeo do entorno ou de recuperaccedilatildeo da aacuterea degradada Este

plano eacute realizado de forma participativa com as comunidades das aacutereas de risco e pode

ser realizado em sete fases conforme recomenda o Ministeacuterio das Cidades (ALHEIROS

2006)

O primeiro passo para a realizaccedilatildeo do PMRR eacute definir qual a metodologia seraacute empregada

levando-se em consideraccedilatildeo a realidade atual do municiacutepio e especificar de forma sucinta

um cronograma das atividades Eacute importante nesta fase a participaccedilatildeo tambeacutem dos

responsaacuteveis pelas mais variadas Secretarias Municipais afim de explicitar o tamanho da

importacircncia e o caraacuteter integrador deste plano A segunda fase deste plano objetiva a

criaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo da principal base de dados a ser utilizada nos passos posteriores o

mapeamento de risco em escala detalhe em torno de 13000 (SAtildeO PAULO 2014) A

elaboraccedilatildeo de um mapeamento detalhado propiciaraacute natildeo soacute a identificaccedilatildeo mais faacutecil das

aacutereas de risco como tambeacutem facilitaraacute aos gestores e agrave comunidade decidirem qual a

melhor intervenccedilatildeo para a soluccedilatildeo ou remediaccedilatildeo dos problemas em uma determinada

42

aacuterea hierarquizando o risco e definindo prioridades (SAtildeO PAULO 2014) Na tabela a

seguir apresenta-se alguns tipos de intervenccedilotildees que podem ser feitas em aacutereas de risco

sugeridas pelo Ministeacuterio das cidades (ALHEIROS 2006)

Quadro 5 1 - Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco

Tipo de intervenccedilatildeo Descriccedilatildeo

Serviccedilos de limpeza e Recuperaccedilatildeo

Remoccedilatildeo de entulho lixo etc

corte de aacutervores

remoccedilatildeo de bananeiras

recuperaccedilatildeo eou limpeza de sistemas de

drenagem esgotos e acessos

Limpeza de canais de drenagem

Proteccedilatildeo Vegetal

Proteccedilatildeo superficial vegetal (gramiacuteneas) em

taludes com solo exposto

Proteccedilatildeo vegetal de margens de canais de

drenagem

Barreiras vegetais para massas escorregadas

ou acumuladas pela erosatildeo

Drenagem Superficial e Acessos

Sistema de drenagem superficial (canaletas

raacutepidos caixas de transiccedilatildeo escadas drsquoaacutegua)

Acessos para pedestres (escadarias rampas

etc) integrados ao sistema de drenagem

Revestimento de Taludes Revestimento com materiais artificiais

cimentado cal-jet tela argamassada alvenaria

de tijolos ceracircmicos solo-cimento ensacado

Desmonte de blocos e matacotildees Desmonte de concreccedilotildees de grande porte

blocos rochosos e matacotildees

Obras de drenagem de subsuperfiacutecie Sistema de drenagem de subsuperfiacutecie

(trincheiras drenantes DHP poccedilos de

rebaixamento)

Estruturas de contenccedilatildeo (localizadas)

Muros de contenccedilatildeo de pequeno porte (solo-

cimento ensacado alvenaria de pedra-rachatildeo

concreto armado)

Estruturas de contenccedilatildeo localizadas

(chumbadores tirantes microestacas)

Contenccedilatildeo e proteccedilatildeo de margens de canais (

gabiotildees muros de concreto etc)

Estruturas de contenccedilatildeo (meacutedio e grande porte) Implantaccedilatildeo de estruturas de contenccedilatildeo de

meacutedio e grande porte envolvendo obras de

contenccedilatildeo passivas e ativas (muros de

gravidade cortinas etc)

Terraplanagem Execuccedilatildeo de serviccedilos de terraplanagem

combinados a obras de drenagem superficial e

proteccedilatildeo vegetal desvio e canalizaccedilatildeo de

coacuterregos

Remoccedilatildeo de moradias Remoccedilotildees definitivas para implantaccedilatildeo de

obras ou devido agrave localizaccedilatildeo improacutepria da

edificaccedilatildeo (Priorizar as relocaccedilotildees dentro da

proacutepria aacuterea em local seguro)

Fonte ALHEIROS 2006

43

Escolhidas as formas de intervenccedilatildeo para cada aacuterea eacute necessaacuterio realizar uma estimativa

dos custos afim de preparar o orccedilamento da prefeitura para a realizaccedilatildeo das obras e se

seraacute necessaacuterio a captaccedilatildeo de recursos externos para a execuccedilatildeo destas Feitas as

estimativas de custo o proacuteximo passo eacute definir as prioridades e para esta fase eacute tambeacutem

uacutetil o mapeamento feito nas etapas anteriores pois seraacute necessaacuterio hierarquizar tais

intervenccedilotildees nas aacutereas de risco O Ministeacuterio das Cidades (2007) sugere alguns criteacuterios

que podem ser avaliados pelo gestor dentre eles pode-se citar

Grau de risco

Populaccedilatildeo beneficiada

Custo da intervenccedilatildeo

Dimensatildeo da aacuterea a ser tratada

Demandas anteriores da populaccedilatildeo

Tempo de ocupaccedilatildeo

Viabilidade teacutecnica da intervenccedilatildeo

Viabilidade financeira

Inclusatildeo da aacuterea em outros projetos

A partir desta hierarquizaccedilatildeo inicia-se a identificaccedilatildeo de provaacuteveis fontes de captaccedilatildeo de

recursos para a execuccedilatildeo das intervenccedilotildees Estes recursos podem advir de programas dos

governos Federal e Estadual ou por meio de editais para captaccedilatildeo de recursos financeiros

tanto do setor puacuteblico como da iniciativa privada e podem ser tambeacutem associados agrave outras

Secretarias Municipais como a de Turismo ou Meio Ambiente e natildeo soacute as destinadas agrave

Defesa Civil (ALHEIROS 2006)

Eacute previsto tambeacutem no PMRR uma avaliaccedilatildeo da Defesa Civil municipal e como ela estaacute

estruturada fazendo inclusive sugestotildees para que sua atuaccedilatildeo esteja em consonacircncia com

a realidade das comunidades e da Administraccedilatildeo Puacuteblica do municiacutepio de forma a garantir

sua sustentabilidade e conquistar a credibilidade da populaccedilatildeo no que diz respeito a

prevenccedilatildeo de cataacutestrofes Para que a resposta a uma determinada situaccedilatildeo de risco seja

raacutepida eacute necessaacuterio a descentralizaccedilatildeo da Defesa Civil criando pequenos nuacutecleos

comunitaacuterios com a finalidade de se monitorar a aacuterea constantemente e promover as

intervenccedilotildees necessaacuterias em tempo haacutebil o que aumenta em muito a credibilidade da

populaccedilatildeo no PMRR e no trabalho desempenhado pela Defesa Civil no municiacutepio Apoacutes

esta etapa o PMRR passaraacute por audiecircncias puacuteblicas e posteriormente poderaacute ser aprovado

como Lei Municipal pelo Legislativo local (ALHEIROS 2006)

Com a realizaccedilatildeo deste plano o municiacutepio estaraacute munido de informaccedilotildees suficientes para

realizar accedilotildees efetivas de gestatildeo e gerenciamento de riscos bem como aliado a

levantamentos sociais realizar programas habitacionais que beneficiem prioritariamente

44

aos moradores das aacutereas de risco Aleacutem disso com o PMRR o municiacutepio poderaacute melhorar

a qualidade ambiental da populaccedilatildeo captando recursos para a recuperaccedilatildeo das aacutereas de

APP que foram degradadas pelas ocupaccedilotildees irregulares beneficiando todos os moradores

do municiacutepio com o aumento da qualidade de vida na cidade

A partir do disposto nesta seccedilatildeo acerca do Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos e de

uma maneira preliminar (levando-se em conta apenas o nuacutemero de registros de

alagamentos e deslizamentos na aacuterea urbana principal de Santos Dumont no periacuteodo de

1984 a 2014) identificou-se trecircs regiotildees distintas na aacuterea urbana do municiacutepio com

tempo de recorrecircncia desses eventos similares caracterizando trecircs prioridades de

intervenccedilatildeo em contenccedilatildeo de risco como pode ser visto nas figuras 515 e 516 Vale

ressaltar que eacute necessaacuterio um estudo mais detalhado inclusive com visitas teacutecnicas a

campo para que se confirme a real situaccedilatildeo destas e a real prioridade para investimentos

Figura 5 17 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de deslizamentos

Fonte Do Autor

45

Figura 5 18 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de alagamentos

Fonte Do Autor

46

6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees

A seguir apresenta-se as conclusotildees e as recomendaccedilotildees feitas a partir dos objetivos

especiacuteficos explicitados no iniacutecio deste trabalho

Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a

aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes

urbanos

A partir da revisatildeo da legislaccedilatildeo pertinente em acircmbito federal estadual e

municipal constatou-se que o Plano Diretor de Santos Dumont natildeo conflita com a

legislaccedilatildeo federal e estadual sobre Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente A legislaccedilatildeo

municipal foi entendida como mais conservadora que as federal e estadual uma

vez que considera implicitamente que declividades entre 47 e 100 satildeo

enquadradas como APPs aleacutem da faixa superior a 100

Parte consideraacutevel das ocupaccedilotildees em APP principalmente na regiatildeo do bairro

Santo Antocircnio (onde surgiu os primeiros nuacutecleos que deram origem ao municiacutepio)

e o centro da cidade ocorreram antes de que fosse elaborado qualquer legislaccedilatildeo

que versasse sobre o tema Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente bastando ao gestor

local tomar medidas de contenccedilatildeo de riscos que minimizem os impactos causados

por essas ocupaccedilotildees nessa regiatildeo

O ordenamento adequado do uso do solo no municiacutepio eacute necessaacuterio para que o

crescimento dos loteamentos criados anteriormente agrave esta Lei e o surgimento de

novos natildeo avance para Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente o que pode causar

inuacutemeros problemas aos moradores e agravar os jaacute existentes

Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las

com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)

As aacutereas onde houveram a maior quantidade de registros de deslizamentos satildeo os

bairros mais populosos de Santos Dumont podendo se estabelecer uma relaccedilatildeo

que quanto mais populoso o bairro maior a quantidade de problemas relacionados

a deslizamentos Tambeacutem pode-se notar uma relaccedilatildeo com as fronteiras das faixas

de declividades e os deslizamentos uma vez que boa parte deles aconteceram

nestas faixas

As aacutereas onde houve um grande nuacutemero de registros de alagamentos satildeo os bairros

que se desenvolveram agraves margens do Ribeiratildeo das Posses em especial na aacuterea que

47

compreende as APPs de curso hiacutedrico e em aacutereas onde a declividade eacute baixa Esse

fato aliado ao crescimento do nuacutemero de vias pavimentadas com material

impermeaacutevel e a natildeo expansatildeo e ou redimensionamento da rede de drenagem

urbana contribuiacuteram para a ocorrecircncia cada vez mais constante de alagamentos

nessas aacutereas

Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos

catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30

anos

A partir do levantamento histoacuterico realizado e da base de dados georeferenciada

gerada observou-se o aumento do nuacutemero de registros de deslizamentos e

alagamentos nos uacuteltimos 10 anos quando as ocorrecircncias comeccedilaram a se repetir

numa mesma aacuterea com frequecircncia incrementada as vezes com mais de uma

ocorrecircncia anual

Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do

solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental

Destaca-se a adequaccedilatildeo dos criteacuterios gerais estabelecidos pelo Plano Diretor de

Santos Dumont relativos a legislaccedilatildeo federal e estadual Entretanto o referido

Plano Diretor natildeo contempla todo o territoacuterio municipal sendo assim ele natildeo

cumpre o objetivo de proteger as APPs preservadas e recuperar as que foram

degradadas em todo o territoacuterio municipal Ressalta-se tambeacutem a sua natildeo

conformidade com o Estatuto das Cidades uma vez que o Plano Diretor

contempla apenas os novos loteamentos

Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais

negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea

impactada

Recomenda-se a implantaccedilatildeo no municiacutepio de uma Coordenadoria Municipal de

Defesa Civil atuante e integrada agraves Secretarias Municipais e agrave comunidade

visando uma atuaccedilatildeo eficaz nos problemas relacionados a deslizamentos e

alagamentos A elaboraccedilatildeo de um Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos eacute de

suma importacircncia pois atraveacutes dele pode-se predizer as aacutereas que passaratildeo por

problemas caso a expansatildeo aconteccedila ou se inicie uma ocupaccedilatildeo nova aleacutem de

prevenir acidentes nas aacutereas jaacute ocupadas e consideradas de risco

48

7 Anexos

49

71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont

50

51

72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)

52

53

8 Referecircncias Bibliograacuteficas

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2001

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vegetaccedilatildeo nativa altera as Leis nos 6938 de 31 de agosto de 1981 9393 de 1 9 de

dezembro de 1996 e 11 428 de 22 de dezembro de 2006 revoga as Leis nos 4771 de

1 5 de setembro de 1965 e 7754 de 1 4 de abril de 1989 e a Medida Provisoacuteria no 21

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56

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da cidade de Satildeo Paulo O caso da subprefeitura da Seacute Trabalho de Graduaccedilatildeo UNESP

Rio Claro 2013

Page 23: O USO DO SOLO URBANO EM ÁREAS DE PRESERVAÇÃO … · social que você tenha na vida, a mais alta ou a mais baixa, tenha sempre como meta muita força, muita determinação e sempre

15

vegetaccedilatildeo por conta da declividade altitude ou

presenccedila de recursos hiacutedricos

Zona de Adensamento Controlado (ZAC) satildeo as

aacutereas em que deve-se manter uma pequena

densidade populacional devido as limitaccedilotildees na

infraestrutura da localidade A ZAC se divide em

ZAC 1 quando a infraestrutura existente eacute

limitada e em ZAC 2 quando esta eacute precaacuteria ou

natildeo existe

Zona de Consolidaccedilatildeo de Adensamento (ZCA)

satildeo as aacutereas em que haacute interesse em ocupar os

lotes vagos haja visto que a regiatildeo possui toda a

infraestrutura para que isto aconteccedila

Zona Adensaacutevel (ZA) satildeo as aacutereas com

condiccedilotildees propiacutecias para ocorrer uma ocupaccedilatildeo

mais densa

Zona Especial de Interesse Social (ZEIS) satildeo as

aacutereas em que o Poder Puacuteblico almeja fazer

alguma forma de ocupaccedilatildeo Eacute dividida em ZEIS 1

e ZEIS 2 A ZEIS 1 satildeo regiotildees jaacute ocupadas mas

de forma irregular cujo interesse puacuteblico eacute

realizar obras e outras atividades para

regularizar as ocupaccedilotildees e urbanizar a aacuterea

enquanto que a ZEIS 2 satildeo aacutereas natildeo utilizadas ou

subutilizadas as quais o poder puacuteblico almeja

realizar algum empreendimento habitacional de

caraacuteter social

Zona de Grandes Equipamentos (ZE) satildeo aacutereas

cujo o interesse eacute a implantaccedilatildeo de

empreendimentos de grande porte ou grandes

equipamentos puacuteblicosrdquo

Esta divisatildeo espacial pode ser melhor vista no Anexo 71

O Plano Diretor natildeo estipula limites para APP mas prevecirc algumas diretrizes como na

Poliacutetica Municipal de Preservaccedilatildeo do Meio Ambiente sobre o uso do solo em

compatibilidade com praacuteticas conservacionistas A Poliacutetica Municipal de Expansatildeo

16

Urbana tem como uma de suas diretrizes fazer cumprir a legislaccedilatildeo vigente no que diz

respeito agraves intervenccedilotildees e investimentos que poderatildeo ser feitos nessas aacutereas Tambeacutem eacute

diretriz da mesma Poliacutetica o controle da ocupaccedilatildeo e do uso do solo em APPs e o auxiacutelio

aos oacutergatildeos estaduais e federais de meio ambiente no tocante agrave fiscalizaccedilatildeo da ocupaccedilatildeo

nestas aacutereas (SANTOS DUMONT 2012) O artigo 38 que trata das diretrizes da Poliacutetica

habitacional de interesse social exclui do processo de regularizaccedilatildeo fundiaacuteria os

assentamentos situados em aacutereas de risco o que na maioria das vezes estatildeo tambeacutem nas

aacutereas que deveriam estar vegetadas e protegidas (SANTOS DUMONT 2012) Na

legislaccedilatildeo referente ao parcelamento do solo eacute previsto que no parcelamento de glebas

com declividade entre 30 e 47 soacute poderaacute ser aprovado mediante projeto e laudo

assinado por um responsaacutevel teacutecnico favoraacutevel agrave construccedilatildeo nesse local (SANTOS

DUMONT 2012) Diante do proposto pelo Plano Diretor de Santos Dumont pode-se

dizer que natildeo haacute conflito com a legislaccedilatildeo federal e estadual em se tratando da

aplicabilidade do Coacutedigo Florestal uma vez que aquele natildeo explicita limites nem

permissivos e tampouco restritivos para faixas e aacutereas de preservaccedilatildeo permanente

33 O Municiacutepio de Santos Dumont

331 De Arraial a cidade

A aacuterea onde se situa hoje o municiacutepio de Santos Dumont teve sua ocupaccedilatildeo iniciada no

seacuteculo XVIII quando a Coroa Portuguesa solicitou ao entatildeo Governador do Rio de

Janeiro Artur de Saacute Menezes que abrisse um caminho que ligasse as Minas dos

Cataguases na regiatildeo de Ouro Preto (receacutem descobertas) ao Rio de Janeiro por onde

escoava os metais preciosos para a metroacutepole Surgiu assim o ldquoCaminho Novordquo e ao longo

deste caminho surgiram tambeacutem as Sesmarias aacutereas que tinham por principal objetivo

servir de pouso aos transportadores e exploradores e tambeacutem para garantir alimento a

estas pessoas Uma destas ocupaccedilotildees seria o ldquoArraial de Joatildeo Gomesrdquo (Figura 41)

primeiro nuacutecleo primitivo do municiacutepio em 1709 De iniacutecio prevaleciam somente

ranchos onde os viajantes se abrigavam mas em pouco tempo ergueu-se a Capela de Satildeo

Miguel e Almas e pequenos nuacutecleos urbanos comeccedilaram a surgir (DAPPC2008)

17

Figura 3 1 Vista parcial do Arraial de Joatildeo Gomes

Fonte Arquivo Histoacuterico de Santos Dumont-MG

Com a construccedilatildeo da Estrada de Ferro D Pedro II no final do seacuteculo XIX a regiatildeo teve

um consideraacutevel crescimento natildeo soacute populacional como tambeacutem econocircmico se tornando

a Vila Palmyra em 1889 Em 1890 Palmyra eacute elevada ao status de Municiacutepio (Figura 42)

e recebe um grande nuacutemero de melhorias no setor viaacuterio como a retificaccedilatildeo de ruas e

tambeacutem no setor de serviccedilos puacuteblicos como abastecimento de aacutegua iluminaccedilatildeo puacuteblica a

querosene e posteriormente energia eleacutetrica O desenvolvimento econocircmico na regiatildeo

tambeacutem teve seu momento aacuteureo nesse periacuteodo Induacutestrias de laticiacutenios graacuteficas e de

Carbureto de Caacutelcio fizeram parte do parque industrial de Palmyra o que atraiacutea pessoas

de outros lugares inclusive estrangeiros contribuindo para o aumento populacional da

regiatildeo Como ainda natildeo havia legislaccedilatildeo sobre uso e ocupaccedilatildeo do solo nessa eacutepoca

surgiram inuacutemeros loteamentos em aacutereas proacuteximas agrave rios e coacuterregos e tambeacutem em

encostas com declividade acentuada o que foi agravando o risco agrave medida que a ocupaccedilatildeo

aumentava (DAPPC2008)

18

Figura 3 2 Municiacutepio de Palmyra na deacutecada de 1920

Fonte Arquivo Histoacuterico de Santos Dumont-MG

O escoamento da produccedilatildeo industrial se dava pelo modal ferroviaacuterio setor que tambeacutem

movimentava a crescente cidade que era ponto importante no setor de transportes pois

possuiacutea um dos mais bem equipados depoacutesitos de locomotivas da Estrada de Ferro Central

do Brasil (DAPPC2008)

No ano de 1932 o municiacutepio de Palmyra passou a se chamar Santos Dumont (Figura 43)

em homenagem ao inventor do aviatildeo que nascera naquela cidade Nos uacuteltimos 40 anos

Santos Dumont tem experimentado uma acentuada desaceleraccedilatildeo econocircmica

consequecircncia do fechamento da grande maioria das induacutestrias principalmente as de

laticiacutenios que empregavam direta e indiretamente uma parte consideraacutevel da populaccedilatildeo

(DAPPC2008)

19

Figura 3 3 Municiacutepio de Santos Dumont em 2014

Fonte Arquivo do autor

332 Santos Dumont na atualidade

O municiacutepio de Santos Dumont localiza-se na regiatildeo da Zona da Mata mineira distante

cerca de 220 Km da capital Belo Horizonte e possui uma populaccedilatildeo de 47558 habitantes

(ODM 2015 projeccedilatildeo) numa aacuterea total de 637 kmsup2 Faz divisa com os municiacutepios de

Juiz de Fora Oliveira Fortes Bias Fortes Antocircnio Carlos Tabuleiro Piau e Ewbank da

Cacircmara

No que diz respeito agrave sua formaccedilatildeo fisiacuteco-geograacutefica a aacuterea que compreende o municiacutepio

eacute constituiacuteda predominantemente por Cambissolo Haacuteplico (70) com Latossolo

Vermelho-Amarelo (30) (UFV2010) A vegetaccedilatildeo eacute em sua maioria composta por

exemplares de Mata Atlacircntica De acordo com o IBGE(2015) Santos Dumont se localiza

a 839m de altitude O clima da regiatildeo eacute classificado como Tropical de Altitude (Cwb) e

possui uma temperatura meacutedia de 20ordmC Eacute banhado pela bacia hidrograacutefica do Paraiacuteba do

Sul e em sua maioria pertence agrave sub-bacia do Rio Pomba (IGAM) que fornece aacutegua para

abastecimento puacuteblico agrave 88 da populaccedilatildeo por meio da rede de distribuiccedilatildeo

(IBGE2010) Uma pequena parte da zona rural a sudoeste eacute banhada pela Sub-Bacia do

Rio Paraibuna mais precisamente na regiatildeo de fronteira com os municiacutepios de Juiz de

Fora e Ewbank da Cacircmara O sistema viaacuterio principal de acesso agrave cidade eacute a rodovia BR-

040 e a estrada de ferro Dom Pedro II atualmente utilizada somente para transporte de

cargas

Com a economia nos dias atuais baseada majoritariamente no setor de serviccedilos a cidade

possui um Iacutendice de Desenvolvimento humano (IDH) de 0741 (IBGE2010) Apesar do

decliacutenio econocircmico de Santos Dumont nota-se hoje um aumento no nuacutemero de

loteamentos populares e condomiacutenios horizontais e verticais entre outras edificaccedilotildees Eacute

de vital importacircncia que esse crescimento das ocupaccedilotildees seja ordenado e regulamentado

20

de forma a garantir a qualidade ambiental prevenindo deslizamentos e inundaccedilotildees Diante

dessa conjuntura o governo municipal aprovou em 2012 a Lei nordm 4241 que trata do Plano

Diretor Participativo instrumento baacutesico da poliacutetica de desenvolvimento e expansatildeo

urbana do municiacutepio de Santos Dumont

4 METODOLOGIA

41 Aacuterea de estudo

A regiatildeo dentro dos limites do municiacutepio que seraacute estudada neste trabalho eacute conforme

descrito nos anexos Plano Diretor e representada na figura 44 a aacuterea urbana principal

que possui 47 Kmsup2 e compreende a regiatildeo central da cidade e os bairros perifeacutericos regiatildeo

que concentra cerca de 90 da populaccedilatildeo total de Santos Dumont (IBGE 2015) A aacuterea

urbana principal representa 75 da aacuterea total dos 637 Kmsup2 que compreendem o

municiacutepio e eacute o local onde nos uacuteltimos 30 anos se verificou um maior crescimento

populacional e tambeacutem onde ocorre a maioria dos eventos relacionados a deslizamentos

e alagamentos por conta da ocupaccedilatildeo sem planejamento A figura 45 mostra a aacuterea

urbana principal e a localizaccedilatildeo dos bairros urbanos de Santos Dumont

Figura 4 1 Localizaccedilatildeo da aacuterea urbana principal

Fonte Google Earth

21

Figura 4 2 Mapa da aacuterea urbana principal com a localizaccedilatildeo dos bairros

Fonte Do Autor

42 Levantamento e tratamento dos dados

No desenvolvimento deste trabalho foi necessaacuterio se fazer um estudo detalhado sobre o

Plano Diretor de Santos Dumont principalmente dos seus anexos que compreendem os

mapas e a localizaccedilatildeo das aacutereas definidas pelo zoneamento proposto Para que isso fosse

possiacutevel a Secretaria Municipal de Obras e Serviccedilos Puacuteblicos forneceu todos os dados

secundaacuterios produto do estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor e do

zoneamento Estes dados incluem os arquivos Shapefile (shp) e outros documentos

integrantes do Plano Diretor Algumas informaccedilotildees foram complementadas tambeacutem com

dados adquiridos atraveacutes do site do IBGE e do Portal Objetivos do Milecircnio (ODM)

Os dados sobre as ocorrecircncias de deslizamentos e alagamentos foram obtidos atraveacutes da

Defesa Civil do municiacutepio atraveacutes do Sistema Integrado de Informaccedilotildees sobre Desastres

(S2ID) do Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional Tal sistema centraliza as informaccedilotildees sobre

desastres naturais ocorridos em todo o territoacuterio nacional facilitando a pesquisa sobre tais

eventos a qualquer cidadatildeo (BRASIL 2015)

Apesar do sistema ser bastante uacutetil os dados sobre o municiacutepio de Santos Dumont se

encontravam bastante falhos e escassos sendo necessaacuteria complementaccedilatildeo para que a

22

base de dados ficasse consistente Diante disso uma pesquisa atraveacutes dos arquivos do

Jornal Mensagem um jornal semanaacuterio local foi feita entre os anos de 1984 e 2014 e os

dados primaacuterios filtrados em uma planilha do Microsoft Excel para posterior utilizaccedilatildeo

De posse destes dados foi feita a localizaccedilatildeo em campo das coordenadas dos locais

atingidos por deslizamentos e alagamentos no periacuteodo compreendido pela pesquisa com

o auxiacutelio de um aparelho de GPS

A maioria dos arquivos shapefile utilizados para a confecccedilatildeo dos mapas satildeo parte

integrante dos anexos da Lei do Plano diretor do municiacutepio gerados no mecircs de dezembro

de 2011 pelo Instituto Nova Cidade e foram cedidos pela Secretaria Municipal de Obras

e Serviccedilos Puacuteblicos com Datum em UTM SAD 69 Com a finalidade de fornecer um

referenciamento atualizado e de acordo com os mais novos sistemas de coordenadas

utilizados no Brasil os arquivos foram convertidos para o Datum UTM SIRGAS 2000

que diferencia do SAD 69 pelo fato de ser um referencial geocecircntrico ou seja o centro

da Terra eacute o ponto de referecircncia neste sistema enquanto que o primeiro utiliza um

referencial na superfiacutecie da Terra (IBGE2014) Eacute interessante ressaltar tambeacutem que o

SIRGAS 2000 se tornou no ano de 2014 o sistema de coordenadas oficial do Sistema

Geodeacutesico Brasileiro e do Sistema Cartograacutefico Nacional ambos mantidos pelo IBGE A

combinaccedilatildeo dos shapefiles foi feita com o software livre gvSIG e com estas combinaccedilotildees

foram gerados mapas importantes resultados para a execuccedilatildeo deste trabalho A maioria

dos mapas representam a regiatildeo urbana principal de Santos Dumont e foram produzidos

numa escala em torno de 140000 que de acordo com Rocha (2007) eacute uma escala viaacutevel

pois as recomendaacuteveis para trabalhos de anaacutelise ambiental em niacutevel municipal podem ser

entre 150000 e 110000 Alguns mapas cujo detalhamento natildeo eacute necessaacuterio foram

gerados na escala 1100000

Para a geraccedilatildeo dos mapas aleacutem dos arquivos fornecidos pela Secretaria de Obras e

Serviccedilos Puacuteblicos foram utilizados para a geraccedilatildeo do modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE)

e da localizaccedilatildeo dos topos de morro dados gerados pelo sistema de radar Advanced

Spacebone Thermal Emission and Reflection Radiometer (ASTER) que geram as curvas

de niacutevel do terreno com uma resoluccedilatildeo de 30m (NASA2014) O processamento dessas

imagens foi feito pelo software livre gvSIG As imagens geradas pelos sateacutelites

LANDSAT foram adquiridas no site da United States Geological Survey (USGS) e essas

imagens possibilitaram obter um panorama preciso do uso do solo em toda a aacuterea urbana

de Santos Dumont numa resoluccedilatildeo de 15 metros uma vez que foi utilizada a banda

pancromaacutetica do sateacutelite LANDSAT 8 aleacutem da combinaccedilatildeo das bandas 65 e 4

respectivamente que eacute a combinaccedilatildeo recomendada pela mantenedora dos sateacutelites para

anaacutelises deste tipo

23

No que diz respeito a identificaccedilatildeo de APPs em topo de morro a metodologia de Oliveira

amp Fernandes Filho (2013) por utilizar as mesmas bases de dados ateacute entatildeo usadas neste

trabalho foi a mais indicada

A metodologia de anaacutelise dos mapas gerados eacute a proposta pelo professor Jorge Xavier da

Silva do Laboratoacuterio de Geoprocessamento (LAGEOP) da Universidade Federal do Rio

de Janeiro e citada por Rocha (2007) Tal metodologia analisa as variaacuteveis em questatildeo

presentes na aacuterea e permite avaliar as possibilidades de relaccedilotildees entre essas variaacuteveis De

uma maneira geral este meacutetodo verifica o estado atual da aacuterea em estudo bem como das

variaacuteveis gerando inventaacuterios que servem para a construccedilatildeo de dados planimeacutetricos sejam

com as variaacuteveis isoladas ou combinadas Estes dados planimeacutetricos geram assinaturas

que permitem inferir sobre a influecircncia dessas variaacuteveis De posse dos dados gerados pelo

processo anteriormente citado pode-se fazer algumas prospecccedilotildees sobre os riscos

ambientais que a aacuterea pode sofrer ou o seu potencial ambiental (ROCHA 2007)

5 RESULTADOS

51 Levantamento histoacuterico de alagamentos e

deslizamentos

O aumento da demanda pelo uso do solo na regiatildeo urbana de Santos Dumont

principalmente no tocante agrave formaccedilatildeo de novos loteamentos e condomiacutenios nos uacuteltimos

anos eacute consideraacutevel mas tambeacutem haacute de se observar o crescimento dos bairros jaacute existentes

com pouco ou nenhum ordenamento Em ambos os casos se observa ocupaccedilotildees

irregulares em APP o que tem ocasionado um aumento na frequecircncia de deslizamentos

e inundaccedilotildees Eacute evidente que quanto maior a densidade populacional do bairro maior a

quantidade de ocorrecircncias ao longo dos anos (SPERFELD 2009)

De acordo com as ocorrecircncias registradas pela Defesa Civil do municiacutepio obtidas atraveacutes

da literatura utilizada nos uacuteltimos 30 anos Santos Dumont chegou a decretar situaccedilatildeo de

emergecircncia por conta de desastres envolvendo deslizamentos eou alagamentos por duas

vezes num espaccedilo de 10 anos conforme pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho

(BRASIL 2014 CEPED 2011)

Segundo os dados obtidos atraveacutes de pesquisa nos arquivos do semanaacuterio entre os anos

de 1984 e 2014 pode-se verificar que nos uacuteltimos 20 anos a cidade tem experimentado

24

um aumento consideraacutevel nos eventos relacionados a deslizamentos e principalmente

alagamentos como pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho Isso pode ter sido causado

dentre outros fatores pelo aumento do nuacutemero de vias pavimentadas com material

impermeaacutevel o que tem sobrecarregado tanto a infraestrutura existente para drenagem

urbana como tambeacutem a calha dos cursos drsquoaacutegua que passam pela regiatildeo urbana do

municiacutepio (ZANON2013)

Na deacutecada de 1980 (1984-1990) de acordo com os dados obtidos natildeo foram noticiados

eventos consideraacuteveis relacionados a deslizamentos e alagamentos em Santos Dumont

mas isso natildeo exclui a possibilidade de natildeo ter ocorrido tais eventos em menor escala

Na deacutecada de 1990 aconteceram uma seacuterie de ocorrecircncias tanto de deslizamentos quanto

de alagamentos No ano de 1997 num periacuteodo chuvoso intenso aconteceram

deslizamentos consideraacuteveis em vaacuterios bairros da cidade inclusive com desabamento de

casas e de ruas principalmente nos bairros Nossa Senhora da Gloacuteria e Quarto Depoacutesito

Em 1999 ocorreram alguns pontos de alagamento nos bairros Quarto Depoacutesito e Santo

Antocircnio com grandes prejuiacutezos materiais

A deacutecada de 2000 iniciou com o registro de deslizamentos em vaacuterios bairros da cidade

inclusive com desabamento de casas e pontes e alagamentos em importantes vias do

centro da cidade Observa-se ao longo desse periacuteodo o crescimento nas ocorrecircncias de

deslizamentos e de aacutereas com risco de deslizamento em muitos bairros de Santos Dumont

Um dos fatores importantes para esse crescimento foi a grande expansatildeo sofrida pela

maioria dos bairros e a falta de planejamento e orientaccedilatildeo por parte da prefeitura uma

vez que uma boa parte do crescimento dos bairros da cidade ocorreu ou proacuteximo a cursos

drsquoaacutegua ou em aacutereas com declividade improacutepria para se fazer construccedilotildees O bairro

Coacuterrego do Ouro (Figura 51) foi o que mais sofreu com ocorrecircncias de deslizamentos

nesse periacuteodo enquanto o bairro Santo Antocircnio foi que teve mais ocorrecircncias de

alagamentos

25

Figura 5 1 Deslizamento no bairro Coacuterrego do Ouro

Fonte Portal Cabangu

No iniacutecio deacutecada de 2010 (2011-2014) o centro da cidade foi a regiatildeo que mais sofreu

com alagamentos sendo registrado pelo menos uma ocorrecircncia por ano nessa aacuterea (Figura

52) Isso pode ser relacionado dentre outros fatores com as obras de modificaccedilatildeo do

tipo de pavimentaccedilatildeo das estradas por um material impermeaacutevel gerando uma sobrecarga

nos sistemas de drenagem urbana que foram projetados para um tipo de pavimento mais

permeaacutevel implicando tambeacutem na sobrecarga calha do Ribeiratildeo das Posses o principal

curso drsquoaacutegua que corta o centro da cidade e que se encontra em quase sua totalidade

ocupada em ambas as margens que cortam o centro da cidade

26

Figura 5 2 Alagamento na regiatildeo central de Santos Dumont em 2013

Fonte Portal Cabangu

Quanto agraves ocorrecircncias de deslizamento ao longo da referida deacutecada elas estiveram

espalhadas pelos bairros do municiacutepio tendo um maior nuacutemero de ocorrecircncias nos bairros

Santo Antocircnio Nossa Senhora da Gloacuteria e Aacutegua Espraiada Nos dois primeiros bairros

citados as ocorrecircncias podem ter sido ocasionadas pelo crescimento desordenado e sem

planejamento destes e no terceiro as ocorrecircncias satildeo relacionadas ao processo de

assoreamento do Ribeiratildeo das Posses o que pode ter gerado um aumento da velocidade

desse curso drsquoaacutegua causando problemas decorrentes do transporte de sedimentos da aacuterea

onde as casas foram construiacutedas que teve como consequecircncia os deslizamentos

Em resumo como pode ser observado nas figuras 53 e 54 na tabela 51 no periacuteodo de

1984 a 2014 os bairros mais afetados por alagamentos e deslizamentos satildeo Quarto

Depoacutesito Nossa Senhora da Gloacuteria Santo Antocircnio Coacuterrego do Ouro Antocircnio Afonso

Graminha e Vila Esperanccedila sendo que o bairro Coacuterrego do Ouro possui o maior nuacutemero

de ocorrecircncias de deslizamentos e o centro da cidade possui o maior nuacutemero de

ocorrecircncias de alagamentos no periacuteodo pesquisado Vale destacar que a aacuterea propiacutecia a

alagamentos no bairro Antocircnio Afonso natildeo identificada no estudo realizado pela

prefeitura constitui-se efetivamente numa aacuterea de risco conforme levantamento histoacuterico

realizado Esta aacuterea de risco se deve agrave diferenccedila de niacutevel negativa entre o rio Pinho e a

aacuterea do bairro estando este em desniacutevel com um risco iminente de inundaccedilotildees resultantes

da cheia desse curso drsquoaacutegua causando inuacutemeros transtornos aos moradores do local

27

Figura 5 3 Pontos de Alagamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico

Fonte Do autor

Figura 5 4 Pontos de deslizamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico

Fonte Do autor

28

Tabela 51 Ocorrecircncias de alagamentos e deslizamentos obtidos atraveacutes do

levantamento histoacuterico

Pontos de ocorrecircncia (1984-2014)

Bairros Alagamento Deslizamento

Aacutegua Espraiada 1 1

Antocircnio Afonso 1 0

Barra 0 1

Centro 7 1

Coacuterrego do Ouro 1 7

Flores 0 1

Graminha 1 0

Jardim Jaraguaacute 0 1

N Sra da Gloacuteria 0 4

N Sra das Graccedilas 1 0

Quarto Depoacutesito 3 2

Santo Antocircnio 4 2

Satildeo Sebastiatildeo 0 1

Vila Esperanccedila 0 1

Fonte Do autor

De acordo com o estudo realizado na elaboraccedilatildeo do Plano Diretor pela prefeitura

municipal observa-se que os bairros que possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a

deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do Ouro e Vila Esperanccedila enquanto que os que

possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a alagamento satildeo o Centro da cidade e os

bairros Satildeo Sebastiatildeo Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio por estarem agraves margens do

Ribeiratildeo das Posses um curso drsquoaacutegua que sofre com inundaccedilotildees perioacutedicas devido ao

severo assoreamento em algumas regiotildees e tambeacutem devido ao acuacutemulo de lixo descartado

pelos moradores do entorno irregularmente De acordo com o estudo realizado quando da

elaboraccedilatildeo do Plano Diretor do municiacutepio foram feitos estudos sobre as aacutereas propensas

a deslizamentos e alagamentos na regiatildeo urbana principal Tais aacutereas satildeo as destacadas

nas Figuras 55 e 56 No levantamento histoacuterico realizado pode-se identificar que os

bairros que possuem mais aacutereas propensas a deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do

Ouro Nossa Senhora da Gloacuteria Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio enquanto que os bairros

mais propensos a alagamentos satildeo os bairros Centro Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio

como observado na tabela 51

29

Figura 5 5 Aacutereas propensas a deslizamento de acordo com o Plano Diretor de

Santos Dumont

Fonte Google Earth e Lei 42412012

Figura 5 6 Aacutereas propensas a alagamento de acordo com o Plano Diretor de

Santos Dumont

Fonte Google Earth e Lei 42412012

30

Comparando-se os mapas obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico com o mapa gerado

pelo estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor nota-se que haacute semelhanccedilas em

algumas aacutereas mas ao se levar em conta o produto gerado pela pesquisa histoacuterica o

estudo necessitaria ser complementado haja vista que ele natildeo compreende por exemplo

o ponto de alagamento no bairro Antocircnio Afonso citado anteriormente e alguns pontos de

deslizamento importantes uma vez que satildeo regiotildees onde haacute ocupaccedilatildeo Esse fato evidencia

a necessidade de se buscar vaacuterias fontes primaacuterias e secundaacuterias para se detectar aacutereas de

risco em um municiacutepio incluindo arquivos da imprensa local afim de se produzir uma

base de dados consistente e com o menor nuacutemero de falhas possiacutevel (CEPED 2014) Com

a uniatildeo dos dois estudos foram gerados os mapas apresentados nas Figuras 57 e 58

Aleacutem do mais observando as figuras 57 e 58 pode-se notar que uma boa parte tanto dos

casos de alagamento quanto de deslizamento estatildeo na faixa de APP de curso hiacutedrico o

que ilustra a importacircncia da preservaccedilatildeo destas aacutereas

Figura 5 7 Aacutereas propensas a alagamento do estudo do Plano Diretor

complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento

Fonte Do Autor

31

Figura 5 8 Aacutereas propensas a deslizamento do estudo do Plano Diretor

complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento

Fonte Do Autor

Atraveacutes da combinaccedilatildeo entre estes dois levantamentos procurou-se alimentar a base de

dados e garantir uma consistecircncia maior desta no que diz respeito a aacutereas de deslizamento

e alagamento podendo inclusive se identificar a suscetibilidade de uma determinada

regiatildeo da cidade a um ou outro evento (CEPED2014)

512 O Plano diretor e as APPs

Nos uacuteltimos anos o Brasil experimentou um forte fenocircmeno de migraccedilatildeo do campo para

as aacutereas urbanas De acordo com o IBGE no periacuteodo de 1940 a 2000 houve um aumento

de cerca de 60 do nuacutemero de pessoas que vivem em cidades (SILVA JR 2006) O

processo de planejamento e ordenamento do uso do solo nessas aacutereas deveria ter

acompanhado esse crescimento ao longo dos anos a fim de garantir a qualidade de vida e

a seguranccedila dos migrantes ao se instalarem nas cidades o que natildeo ocorreu e o que se

observa atualmente satildeo ocupaccedilotildees em aacutereas improacuteprias para moradia sem a infraestrutura

baacutesica necessaacuteria e com risco iminente de deslizamentos eou inundaccedilotildees

O Plano Diretor do municiacutepio de Santos Dumont em seu capiacutetulo IV que versa sobre o

uso e ocupaccedilatildeo do solo explicita regras para o ordenamento do territoacuterio que compreende

o municiacutepio com base nos diferentes usos do solo de acordo com sua compatibilidade o

32

que acabou por resultar num zoneamento de todo o municiacutepio em macrozonas conforme

citado na seccedilatildeo 3231 de acordo com os usos atuais e futuros do solo Aleacutem de dividir

estas macrozonas em urbanas e rurais tambeacutem avaliou e classificou estas aacutereas com base

numa seacuterie de fatores ambientais geoloacutegicos culturais e sociais de forma a se fazer um

zoneamento coerente com os atuais usos do solo e seu potencial de uso futuro Apresenta-

se na Figura 59 este zoneamento na aacuterea urbana principal de Santos Dumont

Figura 5 9 Zoneamento urbano da aacuterea urbana principal

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Lei 42412012

Tomando como referecircncia o Novo Coacutedigo Florestal brasileiro em especial os paracircmetros

estabelecidos para a definiccedilatildeo de APP e utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento

atraveacutes do software Vista SAGA relacionou-se as APPs existentes na aacuterea em estudo com

as regiotildees propiacutecias a alagamentos e deslizamentos de acordo com o estudo feito quando

da elaboraccedilatildeo do Plano Diretor afim de se identificar qual ou quais aacutereas possuem estes

problemas e se estatildeo relacionados com o uso do solo irregular em APP

Ao se aplicar a metodologia proposta por Oliveira amp Fernandes Filho (2013) natildeo foram

identificadas dentro da aacuterea de estudo APPs de topos de morro sendo este tipo de APP

descartada portanto das anaacutelises subsequentes deste trabalho Foram consideradas as

APP de curso hiacutedrico (rios e nascentes) e de declividade visando relacionaacute-las as aacutereas

de risco identificadas pela Prefeitura afim de se verificar as possiacuteveis causas da ocorrecircncia

33

destas aacutereas na regiatildeo urbana do municiacutepio Por meio de combinaccedilotildees entre dois mapas

temaacuteticos utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento foi possiacutevel obter as

assinaturas ou seja tabelas que caracterizam quantitativamente a aacuterea afetada por cada

aspecto visto que a simples visualizaccedilatildeo do mapa gerado pelo geoprocessamento muitas

vezes eacute prejudicada por serem aacutereas de pequenas dimensotildees ou por qualquer outra

limitaccedilatildeo do software Ressalta-se que para a elaboraccedilatildeo do Plano Municipal de Reduccedilatildeo

de riscos a identificaccedilatildeo e detalhamento topograacutefico destas aacutereas eacute fundamental para o

desenvolvimento do referido Plano conforme seraacute abordado detalhadamente na seccedilatildeo

52

De posse do mapa que representa o zoneamento urbano de Santos Dumont primeiramente

procurou-se mensurar qualitativa e quantitativamente a presenccedila de APPs tanto de

declividade quanto de cursos hiacutedricos Essa identificaccedilatildeo eacute importante pois este

zoneamento eacute um dos instrumentos de planejamento municipal (BRASIL 2001) Saboya

(2007) aponta que os principais objetivos de um zoneamento satildeo o controle da expansatildeo

urbana e proteccedilatildeo de aacutereas inadequadas a ocupaccedilatildeo aleacutem de reduzir os conflitos inerentes

aos diferentes usos do solo Com o uso da ferramenta ldquoCombinarrdquo do Vista SAGA foram

feitas combinaccedilotildees entre o mapa de hidrografia com buffer de 30m para rios e coacuterregos e

de 50m para nascentes com o mapa do zoneamento para se verificar a importacircncia das

APPs de curso hiacutedrico em toda a aacuterea urbana principal do municiacutepio Tambeacutem foram

combinados o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) obtido atraveacutes do gvSIG com o mapa

de zoneamento afim de se verificar quantitativamente as APPs de declividade e onde se

localizam Vale ressaltar que as declividades entre 30 e 47 estatildeo presentes nesta

combinaccedilatildeo pois de acordo com o Plano Diretor de Santos Dumont terrenos com esta

faixa de declividade para fins de parcelamento devem possuir estudo teacutecnico que ateste

a viabilidade de se promover algum empreendimento imobiliaacuterio neste (SANTOS

DUMONT 2012) Como a legislaccedilatildeo municipal prevecirc estudo somente para a faixa de

declividade descrita anteriormente para fins de anaacutelise neste trabalho consideramos um

valor mais conservador para APP compreendendo a faixa de 47 a 100 aleacutem da

prevista pela legislaccedilatildeo federal (gt100) para que natildeo houvessem lacunas importantes na

geraccedilatildeo do produto

Apresenta-se na Figura 510 aacutereas com declividades consideradas de risco e consideradas

APP e em qual zona de planejamento elas estatildeo inseridas De um modo geral ao se

observar a Tabela 52 nota-se que a aacuterea que compreende declividades de risco e APP eacute

uma pequena parcela da aacuterea urbana principal representando 061 desta aacuterea Ao se

levar em conta somente a localizaccedilatildeo pode-se verificar que cerca de 84 das aacutereas com

declividade de risco e a totalidade das APPs de declividade estatildeo localizadas na ZAC1

zona que compreende a maior parte do municiacutepio e apesar de possuir infraestrutura baacutesica

para a ocupaccedilatildeo esta eacute restrita Sendo assim o fator declividade deve ser visto com cautela

nesta aacuterea para se evitar transtornos advindos de edificaccedilotildees nestas aacutereas

34

Figura 5 10 Combinaccedilatildeo entre as declividades importantes incluindo as APPs e o

zoneamento urbano

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Do autor

Tabela 52 Assinaturas da combinaccedilatildeo Declividade x Zoneamento

Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea

Natildeo APP 457972 9939

Declividade 30-47 em ZAC1 2368 051

Declividade 30-47 em ZE 284 006

Declividade 30-47 em ZAC2 128 003

Declividade 30-47 em ZPA 004 0001

APP Declividade em ZAC1 048 001

Total 460804 100

Fonte Do autor

Apresenta-se na Figura 511 as APPs de curso hiacutedrico (nascentes e rios) e em qual zona

de planejamento estatildeo localizadas Assim como a declividade a maior parte das APPs de

curso hiacutedrico estatildeo localizadas em ZAC1 representando 383 da aacuterea urbana em estudo

e 51 do total das APPs de curso hiacutedrico Esta questatildeo tambeacutem deve ser vista com

bastante criteacuterio pelos gestores locais uma vez que a ocupaccedilatildeo em faixas proacuteximas de

rios e coacuterregos podem causar uma gama de problemas ambientais e sociais na regiatildeo

(SANTANA2011) Tal cuidado tambeacutem deve ser tomado nas APPs compreendidas na

35

ZAC2 que compreende 001 da Aacuterea urbana principal e 14 do total das APPs de curso

hiacutedrico pois a infraestrutura baacutesica e acessibilidade presente nesta zona eacute precaacuteria e a

ocupaccedilatildeo as margens de cursos hiacutedricos pode gerar problemas seacuterios caso ocorra uma

expansatildeo nestas aacutereas

Figura 511 Combinaccedilatildeo entre APP de curso hiacutedrico e as zonas de planejamento

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Do autor

Outro ponto importante eacute a presenccedila da Zona de Proteccedilatildeo Ambiental (ZPA) no entorno

uma consideraacutevel parte dos cursos hiacutedricos Nesta zona estatildeo presentes 28 das APPs de

curso hiacutedrico e esta zona de acordo com o Plano Diretor deve ser restaurada ou

preservada por suas caracteriacutesticas geoloacutegicas topograacuteficas e bioloacutegicas

Afim de se verificar os usos do solo na regiatildeo em estudo foram utilizadas combinaccedilotildees

de imagens advindas do sateacutelite Landsat 8 nas bandas descritas no capiacutetulo 4 aleacutem da

banda pancromaacutetica O resultado eacute apresentado na figura 512 que mostra os principais

usos do solo na aacuterea urbana principal de Santos Dumont

36

Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x Zoneamento

Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea

Hidrografia 11168 239

Aacuterea Urbana Natildeo APP 421004 9008

APP Curso hiacutedrico em ZAC1 179 383

APP Curso hiacutedrico em ZPA 9776 209

APP Curso hiacutedrico em ZE 184 004

APP Curso hiacutedrico em ZA 1192 026

APP Curso hiacutedrico em ZAC2 5124 110

APP Curso hiacutedrico em ZPPH 248 005

APP Curso hiacutedrico em ZEIS 568 012

APP Curso hiacutedrico em ZCA 228 005

Total 467392 10000

Fonte Do autor

Figura 5 12 Mapa de usos do solo da aacuterea urbana principal de Santos Dumont

Fonte Do autor

Como jaacute era previsto a maior parte da aacuterea urbana se encontra ocupada e eacute nesta regiatildeo

ocupada que se observa a maior concentraccedilatildeo de problemas de deslizamentos e

alagamentos (Figuras 513 e 514) A grande ocupaccedilatildeo em aacutereas consideradas APP de

curso hiacutedrico de acordo com os mapas gerados pode ser a principal causa do aumento a

cada ano dos casos de alagamento principalmente na regiatildeo central da cidade Outro ponto

que se deve atentar eacute a existecircncia de uma consideraacutevel aacuterea de pastagem pouco vegetada

que caso estejam em aacutereas elevadas pode contribuir para deslizamentos e agraves margens de

37

rios e coacuterregos para o assoreamento destes corpos hiacutedricos o que pode causar

alagamentos (INAacuteCIO etal 2007)

Diante destes resultados pode-se ver que a cidade de Santos Dumont necessita alternativas

efetiva no que diz respeito agrave contenccedilatildeo de deslizamentos e a reduccedilatildeo de risco de

alagamento pois as aacutereas em que ocorrem tais eventos satildeo distintas e facilmente definidas

devido agrave repeticcedilatildeo destes nos uacuteltimos anos Um plano de accedilatildeo integrado entre as diferentes

secretarias municipais (Obras Meio Ambiente Assistecircncia Social entre outras) e a

Coordenadoria Municipal de Defesa Civil deve ser realizado afim de se tomar medidas

natildeo mais preventivas mas sim preditivas para que se possa conter o avanccedilo destes

problemas na aacuterea urbana principal bem como em toda a aacuterea do municiacutepio

Figura 5 13 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na aacuterea urbana

principal

Fonte Do autor

38

Figura 5 14 Aacutereas sujeitas a alagamento e os principais usos do solo na aacuterea

urbana principal

Fonte Do autor

Ao se associar os dados do estudo do Plano Diretor com os dados do levantamento

histoacuterico realizado com o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) pode-se notar que as aacutereas

propiacutecias a deslizamento estatildeo em regiotildees as quais haacute uma fronteira de declividades ou

seja eacute evidente que os deslizamentos ocorrem em encostas um pouco mais iacutengremes mas

natildeo necessariamente nas encostas de 30-47 as quais exigem estudo teacutecnico conforme o

plano diretor preconiza Quanto aos alagamentos nota-se que eles se localizam nas aacutereas

com menor ou nenhuma declividade podendo ser estas aacutereas talvez componentes da

planiacutecie de inundaccedilatildeo dos rios Estes resultados podem ser vistos nas figuras 515 e 516

a seguir

39

Figura5 15 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a deslizamentos na

regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

Fonte Lei 42412012 e Autor

Figura5 26 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a alagamentos na

regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

Fonte Lei 42412012 e Autor

40

52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis

O processo de ocupaccedilatildeo no municiacutepio de Santos Dumont comeccedilou muito antes de

qualquer legislaccedilatildeo relacionada a ordenamento urbano e de proteccedilatildeo do meio ambiente

fosse implementado no Brasil Esse fato aliado a poliacuteticas e fiscalizaccedilotildees falhas

contribuiacuteram para a ocupaccedilatildeo e expansatildeo da aacuterea urbana ao longo do Ribeiratildeo das Posses

e seus afluentes o que tem gerado o aumento da degradaccedilatildeo destes corpos hiacutedricos ao

longo de todos estes anos Observa-se tambeacutem que nas uacuteltimas deacutecadas ocorreu um

grande nuacutemero de migraccedilotildees do campo para a regiatildeo urbana da cidade fator que

contribuiu para o crescimento do nuacutemero de habitaccedilotildees em aacutereas de risco de deslizamento

e alagamentos por serem na maioria das vezes terrenos menos valorizados e por este

motivo acessiacuteveis a populaccedilatildeo com menor poder aquisitivo (ROSA amp CORTEZ 2008)

Vale ressaltar que esta questatildeo aleacutem de ser ambiental eacute muito mais social pois os

moradores entendem os riscos de se viver nestes locais mas por motivos econocircmicos ou

por questotildees afetivas natildeo abrem matildeo da moradia nessas aacutereas A Constituiccedilatildeo Federal de

1988 promoveu a inter-relaccedilatildeo das questotildees sociais com as questotildees ambientais quando

colocou o meio ambiente como direito coletivo (BRASIL1988 SOUZA2010) Por este

motivo a decisatildeo por medidas draacutesticas que favoreccedilam apenas agrave preservaccedilatildeo do meio

ambiente natildeo eacute recomendada pois aleacutem de ser inconstitucional podem afetar a

sustentabilidade econocircmica do municiacutepio e gerar conflitos sociais consideraacuteveis

(CARLOS 1992 apud SOUZA 2010)

Segundo Bueno (2009) ldquonem tudo o que eacute irregular eacute precaacuteriordquo Esse fato se observa em

Santos Dumont uma vez que em boa parte da regiatildeo central se observa vaacuterias moradias

construiacutedas na faixa de APP de curso hiacutedrico o que natildeo eacute permitido pela legislaccedilatildeo

vigente e eacute um dos fatores que contribui para a ocorrecircncia de alagamentos nesta aacuterea da

cidade Para a resoluccedilatildeo deste problema o que seria mais viaacutevel seria a melhoria da

infraestrutura de drenagem urbana afim de que o escoamento da aacutegua das chuvas natildeo

sobrecarregasse o sistema (BUENO2009) A construccedilatildeo de bacias de contenccedilatildeo de

cheias ao longo do Ribeiratildeo das Posses tambeacutem seria uma alternativa mas para se verificar

a viabilidade necessita-se estudos mais aprofundados do ponto de vista hidroloacutegico

O grande problema a ser solucionado no entanto eacute o que diz respeito agraves aacutereas de risco

de deslizamento majoritariamente nos bairros A melhor alternativa seria o

remanejamento dos moradores para uma aacuterea proacutexima agrave que moram poreacutem longe do

risco Poreacutem esta alternativa de acordo com Rosa Filho amp Cortez (2008) encontra alguns

entraves pois estas pessoas na maioria das vezes natildeo tecircm condiccedilotildees financeiras de irem

para outro lugar ou pagar aluguel ou estatildeo de alguma forma sentimentalmente ligadas

agravequela regiatildeo que se recusam a deixaacute-lo

41

Por parte dos oacutergatildeos competentes no municiacutepio a criaccedilatildeo de um plano para se evitar

acidentes ocasionados por deslizamentos e alagamentos com um mapeamento detalhado

de toda a extensatildeo do municiacutepio eacute extremamente uacutetil Os estudos que seratildeo feitos para a

elaboraccedilatildeo deste plano poderatildeo definir quais as aacutereas satildeo potencialmente de risco para as

ocupaccedilotildees existentes ou para as potenciais ocupaccedilotildees que possam vir a ocorrer atraveacutes do

mapeamento das aacutereas de risco Tal planejamento seraacute auxiliar ao Plano Diretor

Municipal pois definiraacute o real uso do solo de determinada regiatildeo do municiacutepio

contribuindo para a adequaccedilatildeo do uso e ocupaccedilatildeo do solo afim de evitar ou reduzir o

nuacutemero de problemas relacionados a alagamentos e principalmente deslizamentos no

periacutemetro urbano (TOMINAGA 2009) A partir deste plano os gestores locais poderatildeo

tomar a melhor decisatildeo para a prevenccedilatildeo ou reduccedilatildeo dos riscos inerentes a tais problemas

Na seccedilatildeo 521 seraacute hierarquizado de forma preliminar a aacuterea urbana principal de acordo

com os resultados da tabela 51

521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta

O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos (PMRR) foi criado atraveacutes de accedilotildees

regularizadoras do Ministeacuterio das Cidades para ser o instrumento de gestatildeo e

gerenciamento de aacutereas de risco em um municiacutepio Eacute um documento que aleacutem de

estabelecer quais regiotildees satildeo consideradas de risco tambeacutem objetiva a proposta de

medidas estruturais ou natildeo para contenccedilatildeo eou prevenccedilatildeo de cataacutestrofes aleacutem de ser um

meio de captaccedilatildeo de recursos financeiros junto aos Governos Estadual e Federal Estes

recursos poderatildeo ser utilizados para a realizaccedilatildeo de obras que visem a melhoria da

qualidade de vida da populaccedilatildeo do entorno ou de recuperaccedilatildeo da aacuterea degradada Este

plano eacute realizado de forma participativa com as comunidades das aacutereas de risco e pode

ser realizado em sete fases conforme recomenda o Ministeacuterio das Cidades (ALHEIROS

2006)

O primeiro passo para a realizaccedilatildeo do PMRR eacute definir qual a metodologia seraacute empregada

levando-se em consideraccedilatildeo a realidade atual do municiacutepio e especificar de forma sucinta

um cronograma das atividades Eacute importante nesta fase a participaccedilatildeo tambeacutem dos

responsaacuteveis pelas mais variadas Secretarias Municipais afim de explicitar o tamanho da

importacircncia e o caraacuteter integrador deste plano A segunda fase deste plano objetiva a

criaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo da principal base de dados a ser utilizada nos passos posteriores o

mapeamento de risco em escala detalhe em torno de 13000 (SAtildeO PAULO 2014) A

elaboraccedilatildeo de um mapeamento detalhado propiciaraacute natildeo soacute a identificaccedilatildeo mais faacutecil das

aacutereas de risco como tambeacutem facilitaraacute aos gestores e agrave comunidade decidirem qual a

melhor intervenccedilatildeo para a soluccedilatildeo ou remediaccedilatildeo dos problemas em uma determinada

42

aacuterea hierarquizando o risco e definindo prioridades (SAtildeO PAULO 2014) Na tabela a

seguir apresenta-se alguns tipos de intervenccedilotildees que podem ser feitas em aacutereas de risco

sugeridas pelo Ministeacuterio das cidades (ALHEIROS 2006)

Quadro 5 1 - Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco

Tipo de intervenccedilatildeo Descriccedilatildeo

Serviccedilos de limpeza e Recuperaccedilatildeo

Remoccedilatildeo de entulho lixo etc

corte de aacutervores

remoccedilatildeo de bananeiras

recuperaccedilatildeo eou limpeza de sistemas de

drenagem esgotos e acessos

Limpeza de canais de drenagem

Proteccedilatildeo Vegetal

Proteccedilatildeo superficial vegetal (gramiacuteneas) em

taludes com solo exposto

Proteccedilatildeo vegetal de margens de canais de

drenagem

Barreiras vegetais para massas escorregadas

ou acumuladas pela erosatildeo

Drenagem Superficial e Acessos

Sistema de drenagem superficial (canaletas

raacutepidos caixas de transiccedilatildeo escadas drsquoaacutegua)

Acessos para pedestres (escadarias rampas

etc) integrados ao sistema de drenagem

Revestimento de Taludes Revestimento com materiais artificiais

cimentado cal-jet tela argamassada alvenaria

de tijolos ceracircmicos solo-cimento ensacado

Desmonte de blocos e matacotildees Desmonte de concreccedilotildees de grande porte

blocos rochosos e matacotildees

Obras de drenagem de subsuperfiacutecie Sistema de drenagem de subsuperfiacutecie

(trincheiras drenantes DHP poccedilos de

rebaixamento)

Estruturas de contenccedilatildeo (localizadas)

Muros de contenccedilatildeo de pequeno porte (solo-

cimento ensacado alvenaria de pedra-rachatildeo

concreto armado)

Estruturas de contenccedilatildeo localizadas

(chumbadores tirantes microestacas)

Contenccedilatildeo e proteccedilatildeo de margens de canais (

gabiotildees muros de concreto etc)

Estruturas de contenccedilatildeo (meacutedio e grande porte) Implantaccedilatildeo de estruturas de contenccedilatildeo de

meacutedio e grande porte envolvendo obras de

contenccedilatildeo passivas e ativas (muros de

gravidade cortinas etc)

Terraplanagem Execuccedilatildeo de serviccedilos de terraplanagem

combinados a obras de drenagem superficial e

proteccedilatildeo vegetal desvio e canalizaccedilatildeo de

coacuterregos

Remoccedilatildeo de moradias Remoccedilotildees definitivas para implantaccedilatildeo de

obras ou devido agrave localizaccedilatildeo improacutepria da

edificaccedilatildeo (Priorizar as relocaccedilotildees dentro da

proacutepria aacuterea em local seguro)

Fonte ALHEIROS 2006

43

Escolhidas as formas de intervenccedilatildeo para cada aacuterea eacute necessaacuterio realizar uma estimativa

dos custos afim de preparar o orccedilamento da prefeitura para a realizaccedilatildeo das obras e se

seraacute necessaacuterio a captaccedilatildeo de recursos externos para a execuccedilatildeo destas Feitas as

estimativas de custo o proacuteximo passo eacute definir as prioridades e para esta fase eacute tambeacutem

uacutetil o mapeamento feito nas etapas anteriores pois seraacute necessaacuterio hierarquizar tais

intervenccedilotildees nas aacutereas de risco O Ministeacuterio das Cidades (2007) sugere alguns criteacuterios

que podem ser avaliados pelo gestor dentre eles pode-se citar

Grau de risco

Populaccedilatildeo beneficiada

Custo da intervenccedilatildeo

Dimensatildeo da aacuterea a ser tratada

Demandas anteriores da populaccedilatildeo

Tempo de ocupaccedilatildeo

Viabilidade teacutecnica da intervenccedilatildeo

Viabilidade financeira

Inclusatildeo da aacuterea em outros projetos

A partir desta hierarquizaccedilatildeo inicia-se a identificaccedilatildeo de provaacuteveis fontes de captaccedilatildeo de

recursos para a execuccedilatildeo das intervenccedilotildees Estes recursos podem advir de programas dos

governos Federal e Estadual ou por meio de editais para captaccedilatildeo de recursos financeiros

tanto do setor puacuteblico como da iniciativa privada e podem ser tambeacutem associados agrave outras

Secretarias Municipais como a de Turismo ou Meio Ambiente e natildeo soacute as destinadas agrave

Defesa Civil (ALHEIROS 2006)

Eacute previsto tambeacutem no PMRR uma avaliaccedilatildeo da Defesa Civil municipal e como ela estaacute

estruturada fazendo inclusive sugestotildees para que sua atuaccedilatildeo esteja em consonacircncia com

a realidade das comunidades e da Administraccedilatildeo Puacuteblica do municiacutepio de forma a garantir

sua sustentabilidade e conquistar a credibilidade da populaccedilatildeo no que diz respeito a

prevenccedilatildeo de cataacutestrofes Para que a resposta a uma determinada situaccedilatildeo de risco seja

raacutepida eacute necessaacuterio a descentralizaccedilatildeo da Defesa Civil criando pequenos nuacutecleos

comunitaacuterios com a finalidade de se monitorar a aacuterea constantemente e promover as

intervenccedilotildees necessaacuterias em tempo haacutebil o que aumenta em muito a credibilidade da

populaccedilatildeo no PMRR e no trabalho desempenhado pela Defesa Civil no municiacutepio Apoacutes

esta etapa o PMRR passaraacute por audiecircncias puacuteblicas e posteriormente poderaacute ser aprovado

como Lei Municipal pelo Legislativo local (ALHEIROS 2006)

Com a realizaccedilatildeo deste plano o municiacutepio estaraacute munido de informaccedilotildees suficientes para

realizar accedilotildees efetivas de gestatildeo e gerenciamento de riscos bem como aliado a

levantamentos sociais realizar programas habitacionais que beneficiem prioritariamente

44

aos moradores das aacutereas de risco Aleacutem disso com o PMRR o municiacutepio poderaacute melhorar

a qualidade ambiental da populaccedilatildeo captando recursos para a recuperaccedilatildeo das aacutereas de

APP que foram degradadas pelas ocupaccedilotildees irregulares beneficiando todos os moradores

do municiacutepio com o aumento da qualidade de vida na cidade

A partir do disposto nesta seccedilatildeo acerca do Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos e de

uma maneira preliminar (levando-se em conta apenas o nuacutemero de registros de

alagamentos e deslizamentos na aacuterea urbana principal de Santos Dumont no periacuteodo de

1984 a 2014) identificou-se trecircs regiotildees distintas na aacuterea urbana do municiacutepio com

tempo de recorrecircncia desses eventos similares caracterizando trecircs prioridades de

intervenccedilatildeo em contenccedilatildeo de risco como pode ser visto nas figuras 515 e 516 Vale

ressaltar que eacute necessaacuterio um estudo mais detalhado inclusive com visitas teacutecnicas a

campo para que se confirme a real situaccedilatildeo destas e a real prioridade para investimentos

Figura 5 17 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de deslizamentos

Fonte Do Autor

45

Figura 5 18 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de alagamentos

Fonte Do Autor

46

6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees

A seguir apresenta-se as conclusotildees e as recomendaccedilotildees feitas a partir dos objetivos

especiacuteficos explicitados no iniacutecio deste trabalho

Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a

aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes

urbanos

A partir da revisatildeo da legislaccedilatildeo pertinente em acircmbito federal estadual e

municipal constatou-se que o Plano Diretor de Santos Dumont natildeo conflita com a

legislaccedilatildeo federal e estadual sobre Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente A legislaccedilatildeo

municipal foi entendida como mais conservadora que as federal e estadual uma

vez que considera implicitamente que declividades entre 47 e 100 satildeo

enquadradas como APPs aleacutem da faixa superior a 100

Parte consideraacutevel das ocupaccedilotildees em APP principalmente na regiatildeo do bairro

Santo Antocircnio (onde surgiu os primeiros nuacutecleos que deram origem ao municiacutepio)

e o centro da cidade ocorreram antes de que fosse elaborado qualquer legislaccedilatildeo

que versasse sobre o tema Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente bastando ao gestor

local tomar medidas de contenccedilatildeo de riscos que minimizem os impactos causados

por essas ocupaccedilotildees nessa regiatildeo

O ordenamento adequado do uso do solo no municiacutepio eacute necessaacuterio para que o

crescimento dos loteamentos criados anteriormente agrave esta Lei e o surgimento de

novos natildeo avance para Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente o que pode causar

inuacutemeros problemas aos moradores e agravar os jaacute existentes

Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las

com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)

As aacutereas onde houveram a maior quantidade de registros de deslizamentos satildeo os

bairros mais populosos de Santos Dumont podendo se estabelecer uma relaccedilatildeo

que quanto mais populoso o bairro maior a quantidade de problemas relacionados

a deslizamentos Tambeacutem pode-se notar uma relaccedilatildeo com as fronteiras das faixas

de declividades e os deslizamentos uma vez que boa parte deles aconteceram

nestas faixas

As aacutereas onde houve um grande nuacutemero de registros de alagamentos satildeo os bairros

que se desenvolveram agraves margens do Ribeiratildeo das Posses em especial na aacuterea que

47

compreende as APPs de curso hiacutedrico e em aacutereas onde a declividade eacute baixa Esse

fato aliado ao crescimento do nuacutemero de vias pavimentadas com material

impermeaacutevel e a natildeo expansatildeo e ou redimensionamento da rede de drenagem

urbana contribuiacuteram para a ocorrecircncia cada vez mais constante de alagamentos

nessas aacutereas

Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos

catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30

anos

A partir do levantamento histoacuterico realizado e da base de dados georeferenciada

gerada observou-se o aumento do nuacutemero de registros de deslizamentos e

alagamentos nos uacuteltimos 10 anos quando as ocorrecircncias comeccedilaram a se repetir

numa mesma aacuterea com frequecircncia incrementada as vezes com mais de uma

ocorrecircncia anual

Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do

solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental

Destaca-se a adequaccedilatildeo dos criteacuterios gerais estabelecidos pelo Plano Diretor de

Santos Dumont relativos a legislaccedilatildeo federal e estadual Entretanto o referido

Plano Diretor natildeo contempla todo o territoacuterio municipal sendo assim ele natildeo

cumpre o objetivo de proteger as APPs preservadas e recuperar as que foram

degradadas em todo o territoacuterio municipal Ressalta-se tambeacutem a sua natildeo

conformidade com o Estatuto das Cidades uma vez que o Plano Diretor

contempla apenas os novos loteamentos

Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais

negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea

impactada

Recomenda-se a implantaccedilatildeo no municiacutepio de uma Coordenadoria Municipal de

Defesa Civil atuante e integrada agraves Secretarias Municipais e agrave comunidade

visando uma atuaccedilatildeo eficaz nos problemas relacionados a deslizamentos e

alagamentos A elaboraccedilatildeo de um Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos eacute de

suma importacircncia pois atraveacutes dele pode-se predizer as aacutereas que passaratildeo por

problemas caso a expansatildeo aconteccedila ou se inicie uma ocupaccedilatildeo nova aleacutem de

prevenir acidentes nas aacutereas jaacute ocupadas e consideradas de risco

48

7 Anexos

49

71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont

50

51

72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)

52

53

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SANTANA M N R Identificaccedilatildeo dos impactos ambientais da ocupaccedilatildeo irregular na

APP do Coacuterrego Tamanduaacute em Aparecida de Goiacircnia II Congresso Brasileiro de Gestatildeo

Ambiental IBEAS Londrina 2011

SANTOS DUMONT Lei Municipal 4241 de 19 de dezembro de 2012 Dispotildee sobre o

Plano Diretor Participativo do Municiacutepio de Santos Dumont nos termos da Lei nordm 10257

de 10 de julho de 2001 ndash Estatuto das Cidades e conteacutem outras providecircncias Santos

Dumont 2012

56

SAtildeO PAULO Mapeamento de riscos associados a escorregamentos inundaccedilatildeo erosotildees

e solapamento de margens de drenagens do municiacutepio de Campos do Jordatildeo-SP

Relatoacuterio Teacutecnico Campos do Jordatildeo 2014

SILVA JR J R amp PASSOS L A O negoacutecio eacute participar a importacircncia do plano

diretor para o desenvolvimento municipal CNM SEBRAE Brasiacutelia 2006

SKORUPA LA Aacutereas de preservaccedilatildeo permanente e desenvolvimento sustentaacutevel

Embrapa Meio Ambiente Jaguariuacutena-SP 2004 4p

SOUZA F P Ocupaccedilotildees irregulares em APP um estudo de caso no munciacutepio de

Campos de Goytacazes- RJ Boletim do Observatoacuterio Ambiental Alberto Ribeiro Lamego

v4 nordm 1 Campos de Goytacazes 2010

SPERFELD A S Identificaccedilatildeo e anaacutelise de demandas soacutecio ambientais de ordem

puacuteblica em aacutereas urbanas susceptiacuteveis a desastres naturais no municiacutepio de Joinville

SC Dissertaccedilatildeo de Mestrado UFSC Florianoacutepolis 2009

TAKEDA T O Uso e ocupaccedilatildeo do solo urbano Disponiacutevel em

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UFV ndash Universidade Federal de Viccedilosa Mapa de solos do Estado de Minas Gerais

legenda expandida Centro Tecnoloacutegico de Minas Gerais FEAM Belo Horizonte 2010

ZANON F N Uso e ocupaccedilatildeo da terra e vulnerabilidade a alagamento na aacuterea central

da cidade de Satildeo Paulo O caso da subprefeitura da Seacute Trabalho de Graduaccedilatildeo UNESP

Rio Claro 2013

Page 24: O USO DO SOLO URBANO EM ÁREAS DE PRESERVAÇÃO … · social que você tenha na vida, a mais alta ou a mais baixa, tenha sempre como meta muita força, muita determinação e sempre

16

Urbana tem como uma de suas diretrizes fazer cumprir a legislaccedilatildeo vigente no que diz

respeito agraves intervenccedilotildees e investimentos que poderatildeo ser feitos nessas aacutereas Tambeacutem eacute

diretriz da mesma Poliacutetica o controle da ocupaccedilatildeo e do uso do solo em APPs e o auxiacutelio

aos oacutergatildeos estaduais e federais de meio ambiente no tocante agrave fiscalizaccedilatildeo da ocupaccedilatildeo

nestas aacutereas (SANTOS DUMONT 2012) O artigo 38 que trata das diretrizes da Poliacutetica

habitacional de interesse social exclui do processo de regularizaccedilatildeo fundiaacuteria os

assentamentos situados em aacutereas de risco o que na maioria das vezes estatildeo tambeacutem nas

aacutereas que deveriam estar vegetadas e protegidas (SANTOS DUMONT 2012) Na

legislaccedilatildeo referente ao parcelamento do solo eacute previsto que no parcelamento de glebas

com declividade entre 30 e 47 soacute poderaacute ser aprovado mediante projeto e laudo

assinado por um responsaacutevel teacutecnico favoraacutevel agrave construccedilatildeo nesse local (SANTOS

DUMONT 2012) Diante do proposto pelo Plano Diretor de Santos Dumont pode-se

dizer que natildeo haacute conflito com a legislaccedilatildeo federal e estadual em se tratando da

aplicabilidade do Coacutedigo Florestal uma vez que aquele natildeo explicita limites nem

permissivos e tampouco restritivos para faixas e aacutereas de preservaccedilatildeo permanente

33 O Municiacutepio de Santos Dumont

331 De Arraial a cidade

A aacuterea onde se situa hoje o municiacutepio de Santos Dumont teve sua ocupaccedilatildeo iniciada no

seacuteculo XVIII quando a Coroa Portuguesa solicitou ao entatildeo Governador do Rio de

Janeiro Artur de Saacute Menezes que abrisse um caminho que ligasse as Minas dos

Cataguases na regiatildeo de Ouro Preto (receacutem descobertas) ao Rio de Janeiro por onde

escoava os metais preciosos para a metroacutepole Surgiu assim o ldquoCaminho Novordquo e ao longo

deste caminho surgiram tambeacutem as Sesmarias aacutereas que tinham por principal objetivo

servir de pouso aos transportadores e exploradores e tambeacutem para garantir alimento a

estas pessoas Uma destas ocupaccedilotildees seria o ldquoArraial de Joatildeo Gomesrdquo (Figura 41)

primeiro nuacutecleo primitivo do municiacutepio em 1709 De iniacutecio prevaleciam somente

ranchos onde os viajantes se abrigavam mas em pouco tempo ergueu-se a Capela de Satildeo

Miguel e Almas e pequenos nuacutecleos urbanos comeccedilaram a surgir (DAPPC2008)

17

Figura 3 1 Vista parcial do Arraial de Joatildeo Gomes

Fonte Arquivo Histoacuterico de Santos Dumont-MG

Com a construccedilatildeo da Estrada de Ferro D Pedro II no final do seacuteculo XIX a regiatildeo teve

um consideraacutevel crescimento natildeo soacute populacional como tambeacutem econocircmico se tornando

a Vila Palmyra em 1889 Em 1890 Palmyra eacute elevada ao status de Municiacutepio (Figura 42)

e recebe um grande nuacutemero de melhorias no setor viaacuterio como a retificaccedilatildeo de ruas e

tambeacutem no setor de serviccedilos puacuteblicos como abastecimento de aacutegua iluminaccedilatildeo puacuteblica a

querosene e posteriormente energia eleacutetrica O desenvolvimento econocircmico na regiatildeo

tambeacutem teve seu momento aacuteureo nesse periacuteodo Induacutestrias de laticiacutenios graacuteficas e de

Carbureto de Caacutelcio fizeram parte do parque industrial de Palmyra o que atraiacutea pessoas

de outros lugares inclusive estrangeiros contribuindo para o aumento populacional da

regiatildeo Como ainda natildeo havia legislaccedilatildeo sobre uso e ocupaccedilatildeo do solo nessa eacutepoca

surgiram inuacutemeros loteamentos em aacutereas proacuteximas agrave rios e coacuterregos e tambeacutem em

encostas com declividade acentuada o que foi agravando o risco agrave medida que a ocupaccedilatildeo

aumentava (DAPPC2008)

18

Figura 3 2 Municiacutepio de Palmyra na deacutecada de 1920

Fonte Arquivo Histoacuterico de Santos Dumont-MG

O escoamento da produccedilatildeo industrial se dava pelo modal ferroviaacuterio setor que tambeacutem

movimentava a crescente cidade que era ponto importante no setor de transportes pois

possuiacutea um dos mais bem equipados depoacutesitos de locomotivas da Estrada de Ferro Central

do Brasil (DAPPC2008)

No ano de 1932 o municiacutepio de Palmyra passou a se chamar Santos Dumont (Figura 43)

em homenagem ao inventor do aviatildeo que nascera naquela cidade Nos uacuteltimos 40 anos

Santos Dumont tem experimentado uma acentuada desaceleraccedilatildeo econocircmica

consequecircncia do fechamento da grande maioria das induacutestrias principalmente as de

laticiacutenios que empregavam direta e indiretamente uma parte consideraacutevel da populaccedilatildeo

(DAPPC2008)

19

Figura 3 3 Municiacutepio de Santos Dumont em 2014

Fonte Arquivo do autor

332 Santos Dumont na atualidade

O municiacutepio de Santos Dumont localiza-se na regiatildeo da Zona da Mata mineira distante

cerca de 220 Km da capital Belo Horizonte e possui uma populaccedilatildeo de 47558 habitantes

(ODM 2015 projeccedilatildeo) numa aacuterea total de 637 kmsup2 Faz divisa com os municiacutepios de

Juiz de Fora Oliveira Fortes Bias Fortes Antocircnio Carlos Tabuleiro Piau e Ewbank da

Cacircmara

No que diz respeito agrave sua formaccedilatildeo fisiacuteco-geograacutefica a aacuterea que compreende o municiacutepio

eacute constituiacuteda predominantemente por Cambissolo Haacuteplico (70) com Latossolo

Vermelho-Amarelo (30) (UFV2010) A vegetaccedilatildeo eacute em sua maioria composta por

exemplares de Mata Atlacircntica De acordo com o IBGE(2015) Santos Dumont se localiza

a 839m de altitude O clima da regiatildeo eacute classificado como Tropical de Altitude (Cwb) e

possui uma temperatura meacutedia de 20ordmC Eacute banhado pela bacia hidrograacutefica do Paraiacuteba do

Sul e em sua maioria pertence agrave sub-bacia do Rio Pomba (IGAM) que fornece aacutegua para

abastecimento puacuteblico agrave 88 da populaccedilatildeo por meio da rede de distribuiccedilatildeo

(IBGE2010) Uma pequena parte da zona rural a sudoeste eacute banhada pela Sub-Bacia do

Rio Paraibuna mais precisamente na regiatildeo de fronteira com os municiacutepios de Juiz de

Fora e Ewbank da Cacircmara O sistema viaacuterio principal de acesso agrave cidade eacute a rodovia BR-

040 e a estrada de ferro Dom Pedro II atualmente utilizada somente para transporte de

cargas

Com a economia nos dias atuais baseada majoritariamente no setor de serviccedilos a cidade

possui um Iacutendice de Desenvolvimento humano (IDH) de 0741 (IBGE2010) Apesar do

decliacutenio econocircmico de Santos Dumont nota-se hoje um aumento no nuacutemero de

loteamentos populares e condomiacutenios horizontais e verticais entre outras edificaccedilotildees Eacute

de vital importacircncia que esse crescimento das ocupaccedilotildees seja ordenado e regulamentado

20

de forma a garantir a qualidade ambiental prevenindo deslizamentos e inundaccedilotildees Diante

dessa conjuntura o governo municipal aprovou em 2012 a Lei nordm 4241 que trata do Plano

Diretor Participativo instrumento baacutesico da poliacutetica de desenvolvimento e expansatildeo

urbana do municiacutepio de Santos Dumont

4 METODOLOGIA

41 Aacuterea de estudo

A regiatildeo dentro dos limites do municiacutepio que seraacute estudada neste trabalho eacute conforme

descrito nos anexos Plano Diretor e representada na figura 44 a aacuterea urbana principal

que possui 47 Kmsup2 e compreende a regiatildeo central da cidade e os bairros perifeacutericos regiatildeo

que concentra cerca de 90 da populaccedilatildeo total de Santos Dumont (IBGE 2015) A aacuterea

urbana principal representa 75 da aacuterea total dos 637 Kmsup2 que compreendem o

municiacutepio e eacute o local onde nos uacuteltimos 30 anos se verificou um maior crescimento

populacional e tambeacutem onde ocorre a maioria dos eventos relacionados a deslizamentos

e alagamentos por conta da ocupaccedilatildeo sem planejamento A figura 45 mostra a aacuterea

urbana principal e a localizaccedilatildeo dos bairros urbanos de Santos Dumont

Figura 4 1 Localizaccedilatildeo da aacuterea urbana principal

Fonte Google Earth

21

Figura 4 2 Mapa da aacuterea urbana principal com a localizaccedilatildeo dos bairros

Fonte Do Autor

42 Levantamento e tratamento dos dados

No desenvolvimento deste trabalho foi necessaacuterio se fazer um estudo detalhado sobre o

Plano Diretor de Santos Dumont principalmente dos seus anexos que compreendem os

mapas e a localizaccedilatildeo das aacutereas definidas pelo zoneamento proposto Para que isso fosse

possiacutevel a Secretaria Municipal de Obras e Serviccedilos Puacuteblicos forneceu todos os dados

secundaacuterios produto do estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor e do

zoneamento Estes dados incluem os arquivos Shapefile (shp) e outros documentos

integrantes do Plano Diretor Algumas informaccedilotildees foram complementadas tambeacutem com

dados adquiridos atraveacutes do site do IBGE e do Portal Objetivos do Milecircnio (ODM)

Os dados sobre as ocorrecircncias de deslizamentos e alagamentos foram obtidos atraveacutes da

Defesa Civil do municiacutepio atraveacutes do Sistema Integrado de Informaccedilotildees sobre Desastres

(S2ID) do Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional Tal sistema centraliza as informaccedilotildees sobre

desastres naturais ocorridos em todo o territoacuterio nacional facilitando a pesquisa sobre tais

eventos a qualquer cidadatildeo (BRASIL 2015)

Apesar do sistema ser bastante uacutetil os dados sobre o municiacutepio de Santos Dumont se

encontravam bastante falhos e escassos sendo necessaacuteria complementaccedilatildeo para que a

22

base de dados ficasse consistente Diante disso uma pesquisa atraveacutes dos arquivos do

Jornal Mensagem um jornal semanaacuterio local foi feita entre os anos de 1984 e 2014 e os

dados primaacuterios filtrados em uma planilha do Microsoft Excel para posterior utilizaccedilatildeo

De posse destes dados foi feita a localizaccedilatildeo em campo das coordenadas dos locais

atingidos por deslizamentos e alagamentos no periacuteodo compreendido pela pesquisa com

o auxiacutelio de um aparelho de GPS

A maioria dos arquivos shapefile utilizados para a confecccedilatildeo dos mapas satildeo parte

integrante dos anexos da Lei do Plano diretor do municiacutepio gerados no mecircs de dezembro

de 2011 pelo Instituto Nova Cidade e foram cedidos pela Secretaria Municipal de Obras

e Serviccedilos Puacuteblicos com Datum em UTM SAD 69 Com a finalidade de fornecer um

referenciamento atualizado e de acordo com os mais novos sistemas de coordenadas

utilizados no Brasil os arquivos foram convertidos para o Datum UTM SIRGAS 2000

que diferencia do SAD 69 pelo fato de ser um referencial geocecircntrico ou seja o centro

da Terra eacute o ponto de referecircncia neste sistema enquanto que o primeiro utiliza um

referencial na superfiacutecie da Terra (IBGE2014) Eacute interessante ressaltar tambeacutem que o

SIRGAS 2000 se tornou no ano de 2014 o sistema de coordenadas oficial do Sistema

Geodeacutesico Brasileiro e do Sistema Cartograacutefico Nacional ambos mantidos pelo IBGE A

combinaccedilatildeo dos shapefiles foi feita com o software livre gvSIG e com estas combinaccedilotildees

foram gerados mapas importantes resultados para a execuccedilatildeo deste trabalho A maioria

dos mapas representam a regiatildeo urbana principal de Santos Dumont e foram produzidos

numa escala em torno de 140000 que de acordo com Rocha (2007) eacute uma escala viaacutevel

pois as recomendaacuteveis para trabalhos de anaacutelise ambiental em niacutevel municipal podem ser

entre 150000 e 110000 Alguns mapas cujo detalhamento natildeo eacute necessaacuterio foram

gerados na escala 1100000

Para a geraccedilatildeo dos mapas aleacutem dos arquivos fornecidos pela Secretaria de Obras e

Serviccedilos Puacuteblicos foram utilizados para a geraccedilatildeo do modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE)

e da localizaccedilatildeo dos topos de morro dados gerados pelo sistema de radar Advanced

Spacebone Thermal Emission and Reflection Radiometer (ASTER) que geram as curvas

de niacutevel do terreno com uma resoluccedilatildeo de 30m (NASA2014) O processamento dessas

imagens foi feito pelo software livre gvSIG As imagens geradas pelos sateacutelites

LANDSAT foram adquiridas no site da United States Geological Survey (USGS) e essas

imagens possibilitaram obter um panorama preciso do uso do solo em toda a aacuterea urbana

de Santos Dumont numa resoluccedilatildeo de 15 metros uma vez que foi utilizada a banda

pancromaacutetica do sateacutelite LANDSAT 8 aleacutem da combinaccedilatildeo das bandas 65 e 4

respectivamente que eacute a combinaccedilatildeo recomendada pela mantenedora dos sateacutelites para

anaacutelises deste tipo

23

No que diz respeito a identificaccedilatildeo de APPs em topo de morro a metodologia de Oliveira

amp Fernandes Filho (2013) por utilizar as mesmas bases de dados ateacute entatildeo usadas neste

trabalho foi a mais indicada

A metodologia de anaacutelise dos mapas gerados eacute a proposta pelo professor Jorge Xavier da

Silva do Laboratoacuterio de Geoprocessamento (LAGEOP) da Universidade Federal do Rio

de Janeiro e citada por Rocha (2007) Tal metodologia analisa as variaacuteveis em questatildeo

presentes na aacuterea e permite avaliar as possibilidades de relaccedilotildees entre essas variaacuteveis De

uma maneira geral este meacutetodo verifica o estado atual da aacuterea em estudo bem como das

variaacuteveis gerando inventaacuterios que servem para a construccedilatildeo de dados planimeacutetricos sejam

com as variaacuteveis isoladas ou combinadas Estes dados planimeacutetricos geram assinaturas

que permitem inferir sobre a influecircncia dessas variaacuteveis De posse dos dados gerados pelo

processo anteriormente citado pode-se fazer algumas prospecccedilotildees sobre os riscos

ambientais que a aacuterea pode sofrer ou o seu potencial ambiental (ROCHA 2007)

5 RESULTADOS

51 Levantamento histoacuterico de alagamentos e

deslizamentos

O aumento da demanda pelo uso do solo na regiatildeo urbana de Santos Dumont

principalmente no tocante agrave formaccedilatildeo de novos loteamentos e condomiacutenios nos uacuteltimos

anos eacute consideraacutevel mas tambeacutem haacute de se observar o crescimento dos bairros jaacute existentes

com pouco ou nenhum ordenamento Em ambos os casos se observa ocupaccedilotildees

irregulares em APP o que tem ocasionado um aumento na frequecircncia de deslizamentos

e inundaccedilotildees Eacute evidente que quanto maior a densidade populacional do bairro maior a

quantidade de ocorrecircncias ao longo dos anos (SPERFELD 2009)

De acordo com as ocorrecircncias registradas pela Defesa Civil do municiacutepio obtidas atraveacutes

da literatura utilizada nos uacuteltimos 30 anos Santos Dumont chegou a decretar situaccedilatildeo de

emergecircncia por conta de desastres envolvendo deslizamentos eou alagamentos por duas

vezes num espaccedilo de 10 anos conforme pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho

(BRASIL 2014 CEPED 2011)

Segundo os dados obtidos atraveacutes de pesquisa nos arquivos do semanaacuterio entre os anos

de 1984 e 2014 pode-se verificar que nos uacuteltimos 20 anos a cidade tem experimentado

24

um aumento consideraacutevel nos eventos relacionados a deslizamentos e principalmente

alagamentos como pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho Isso pode ter sido causado

dentre outros fatores pelo aumento do nuacutemero de vias pavimentadas com material

impermeaacutevel o que tem sobrecarregado tanto a infraestrutura existente para drenagem

urbana como tambeacutem a calha dos cursos drsquoaacutegua que passam pela regiatildeo urbana do

municiacutepio (ZANON2013)

Na deacutecada de 1980 (1984-1990) de acordo com os dados obtidos natildeo foram noticiados

eventos consideraacuteveis relacionados a deslizamentos e alagamentos em Santos Dumont

mas isso natildeo exclui a possibilidade de natildeo ter ocorrido tais eventos em menor escala

Na deacutecada de 1990 aconteceram uma seacuterie de ocorrecircncias tanto de deslizamentos quanto

de alagamentos No ano de 1997 num periacuteodo chuvoso intenso aconteceram

deslizamentos consideraacuteveis em vaacuterios bairros da cidade inclusive com desabamento de

casas e de ruas principalmente nos bairros Nossa Senhora da Gloacuteria e Quarto Depoacutesito

Em 1999 ocorreram alguns pontos de alagamento nos bairros Quarto Depoacutesito e Santo

Antocircnio com grandes prejuiacutezos materiais

A deacutecada de 2000 iniciou com o registro de deslizamentos em vaacuterios bairros da cidade

inclusive com desabamento de casas e pontes e alagamentos em importantes vias do

centro da cidade Observa-se ao longo desse periacuteodo o crescimento nas ocorrecircncias de

deslizamentos e de aacutereas com risco de deslizamento em muitos bairros de Santos Dumont

Um dos fatores importantes para esse crescimento foi a grande expansatildeo sofrida pela

maioria dos bairros e a falta de planejamento e orientaccedilatildeo por parte da prefeitura uma

vez que uma boa parte do crescimento dos bairros da cidade ocorreu ou proacuteximo a cursos

drsquoaacutegua ou em aacutereas com declividade improacutepria para se fazer construccedilotildees O bairro

Coacuterrego do Ouro (Figura 51) foi o que mais sofreu com ocorrecircncias de deslizamentos

nesse periacuteodo enquanto o bairro Santo Antocircnio foi que teve mais ocorrecircncias de

alagamentos

25

Figura 5 1 Deslizamento no bairro Coacuterrego do Ouro

Fonte Portal Cabangu

No iniacutecio deacutecada de 2010 (2011-2014) o centro da cidade foi a regiatildeo que mais sofreu

com alagamentos sendo registrado pelo menos uma ocorrecircncia por ano nessa aacuterea (Figura

52) Isso pode ser relacionado dentre outros fatores com as obras de modificaccedilatildeo do

tipo de pavimentaccedilatildeo das estradas por um material impermeaacutevel gerando uma sobrecarga

nos sistemas de drenagem urbana que foram projetados para um tipo de pavimento mais

permeaacutevel implicando tambeacutem na sobrecarga calha do Ribeiratildeo das Posses o principal

curso drsquoaacutegua que corta o centro da cidade e que se encontra em quase sua totalidade

ocupada em ambas as margens que cortam o centro da cidade

26

Figura 5 2 Alagamento na regiatildeo central de Santos Dumont em 2013

Fonte Portal Cabangu

Quanto agraves ocorrecircncias de deslizamento ao longo da referida deacutecada elas estiveram

espalhadas pelos bairros do municiacutepio tendo um maior nuacutemero de ocorrecircncias nos bairros

Santo Antocircnio Nossa Senhora da Gloacuteria e Aacutegua Espraiada Nos dois primeiros bairros

citados as ocorrecircncias podem ter sido ocasionadas pelo crescimento desordenado e sem

planejamento destes e no terceiro as ocorrecircncias satildeo relacionadas ao processo de

assoreamento do Ribeiratildeo das Posses o que pode ter gerado um aumento da velocidade

desse curso drsquoaacutegua causando problemas decorrentes do transporte de sedimentos da aacuterea

onde as casas foram construiacutedas que teve como consequecircncia os deslizamentos

Em resumo como pode ser observado nas figuras 53 e 54 na tabela 51 no periacuteodo de

1984 a 2014 os bairros mais afetados por alagamentos e deslizamentos satildeo Quarto

Depoacutesito Nossa Senhora da Gloacuteria Santo Antocircnio Coacuterrego do Ouro Antocircnio Afonso

Graminha e Vila Esperanccedila sendo que o bairro Coacuterrego do Ouro possui o maior nuacutemero

de ocorrecircncias de deslizamentos e o centro da cidade possui o maior nuacutemero de

ocorrecircncias de alagamentos no periacuteodo pesquisado Vale destacar que a aacuterea propiacutecia a

alagamentos no bairro Antocircnio Afonso natildeo identificada no estudo realizado pela

prefeitura constitui-se efetivamente numa aacuterea de risco conforme levantamento histoacuterico

realizado Esta aacuterea de risco se deve agrave diferenccedila de niacutevel negativa entre o rio Pinho e a

aacuterea do bairro estando este em desniacutevel com um risco iminente de inundaccedilotildees resultantes

da cheia desse curso drsquoaacutegua causando inuacutemeros transtornos aos moradores do local

27

Figura 5 3 Pontos de Alagamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico

Fonte Do autor

Figura 5 4 Pontos de deslizamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico

Fonte Do autor

28

Tabela 51 Ocorrecircncias de alagamentos e deslizamentos obtidos atraveacutes do

levantamento histoacuterico

Pontos de ocorrecircncia (1984-2014)

Bairros Alagamento Deslizamento

Aacutegua Espraiada 1 1

Antocircnio Afonso 1 0

Barra 0 1

Centro 7 1

Coacuterrego do Ouro 1 7

Flores 0 1

Graminha 1 0

Jardim Jaraguaacute 0 1

N Sra da Gloacuteria 0 4

N Sra das Graccedilas 1 0

Quarto Depoacutesito 3 2

Santo Antocircnio 4 2

Satildeo Sebastiatildeo 0 1

Vila Esperanccedila 0 1

Fonte Do autor

De acordo com o estudo realizado na elaboraccedilatildeo do Plano Diretor pela prefeitura

municipal observa-se que os bairros que possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a

deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do Ouro e Vila Esperanccedila enquanto que os que

possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a alagamento satildeo o Centro da cidade e os

bairros Satildeo Sebastiatildeo Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio por estarem agraves margens do

Ribeiratildeo das Posses um curso drsquoaacutegua que sofre com inundaccedilotildees perioacutedicas devido ao

severo assoreamento em algumas regiotildees e tambeacutem devido ao acuacutemulo de lixo descartado

pelos moradores do entorno irregularmente De acordo com o estudo realizado quando da

elaboraccedilatildeo do Plano Diretor do municiacutepio foram feitos estudos sobre as aacutereas propensas

a deslizamentos e alagamentos na regiatildeo urbana principal Tais aacutereas satildeo as destacadas

nas Figuras 55 e 56 No levantamento histoacuterico realizado pode-se identificar que os

bairros que possuem mais aacutereas propensas a deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do

Ouro Nossa Senhora da Gloacuteria Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio enquanto que os bairros

mais propensos a alagamentos satildeo os bairros Centro Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio

como observado na tabela 51

29

Figura 5 5 Aacutereas propensas a deslizamento de acordo com o Plano Diretor de

Santos Dumont

Fonte Google Earth e Lei 42412012

Figura 5 6 Aacutereas propensas a alagamento de acordo com o Plano Diretor de

Santos Dumont

Fonte Google Earth e Lei 42412012

30

Comparando-se os mapas obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico com o mapa gerado

pelo estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor nota-se que haacute semelhanccedilas em

algumas aacutereas mas ao se levar em conta o produto gerado pela pesquisa histoacuterica o

estudo necessitaria ser complementado haja vista que ele natildeo compreende por exemplo

o ponto de alagamento no bairro Antocircnio Afonso citado anteriormente e alguns pontos de

deslizamento importantes uma vez que satildeo regiotildees onde haacute ocupaccedilatildeo Esse fato evidencia

a necessidade de se buscar vaacuterias fontes primaacuterias e secundaacuterias para se detectar aacutereas de

risco em um municiacutepio incluindo arquivos da imprensa local afim de se produzir uma

base de dados consistente e com o menor nuacutemero de falhas possiacutevel (CEPED 2014) Com

a uniatildeo dos dois estudos foram gerados os mapas apresentados nas Figuras 57 e 58

Aleacutem do mais observando as figuras 57 e 58 pode-se notar que uma boa parte tanto dos

casos de alagamento quanto de deslizamento estatildeo na faixa de APP de curso hiacutedrico o

que ilustra a importacircncia da preservaccedilatildeo destas aacutereas

Figura 5 7 Aacutereas propensas a alagamento do estudo do Plano Diretor

complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento

Fonte Do Autor

31

Figura 5 8 Aacutereas propensas a deslizamento do estudo do Plano Diretor

complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento

Fonte Do Autor

Atraveacutes da combinaccedilatildeo entre estes dois levantamentos procurou-se alimentar a base de

dados e garantir uma consistecircncia maior desta no que diz respeito a aacutereas de deslizamento

e alagamento podendo inclusive se identificar a suscetibilidade de uma determinada

regiatildeo da cidade a um ou outro evento (CEPED2014)

512 O Plano diretor e as APPs

Nos uacuteltimos anos o Brasil experimentou um forte fenocircmeno de migraccedilatildeo do campo para

as aacutereas urbanas De acordo com o IBGE no periacuteodo de 1940 a 2000 houve um aumento

de cerca de 60 do nuacutemero de pessoas que vivem em cidades (SILVA JR 2006) O

processo de planejamento e ordenamento do uso do solo nessas aacutereas deveria ter

acompanhado esse crescimento ao longo dos anos a fim de garantir a qualidade de vida e

a seguranccedila dos migrantes ao se instalarem nas cidades o que natildeo ocorreu e o que se

observa atualmente satildeo ocupaccedilotildees em aacutereas improacuteprias para moradia sem a infraestrutura

baacutesica necessaacuteria e com risco iminente de deslizamentos eou inundaccedilotildees

O Plano Diretor do municiacutepio de Santos Dumont em seu capiacutetulo IV que versa sobre o

uso e ocupaccedilatildeo do solo explicita regras para o ordenamento do territoacuterio que compreende

o municiacutepio com base nos diferentes usos do solo de acordo com sua compatibilidade o

32

que acabou por resultar num zoneamento de todo o municiacutepio em macrozonas conforme

citado na seccedilatildeo 3231 de acordo com os usos atuais e futuros do solo Aleacutem de dividir

estas macrozonas em urbanas e rurais tambeacutem avaliou e classificou estas aacutereas com base

numa seacuterie de fatores ambientais geoloacutegicos culturais e sociais de forma a se fazer um

zoneamento coerente com os atuais usos do solo e seu potencial de uso futuro Apresenta-

se na Figura 59 este zoneamento na aacuterea urbana principal de Santos Dumont

Figura 5 9 Zoneamento urbano da aacuterea urbana principal

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Lei 42412012

Tomando como referecircncia o Novo Coacutedigo Florestal brasileiro em especial os paracircmetros

estabelecidos para a definiccedilatildeo de APP e utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento

atraveacutes do software Vista SAGA relacionou-se as APPs existentes na aacuterea em estudo com

as regiotildees propiacutecias a alagamentos e deslizamentos de acordo com o estudo feito quando

da elaboraccedilatildeo do Plano Diretor afim de se identificar qual ou quais aacutereas possuem estes

problemas e se estatildeo relacionados com o uso do solo irregular em APP

Ao se aplicar a metodologia proposta por Oliveira amp Fernandes Filho (2013) natildeo foram

identificadas dentro da aacuterea de estudo APPs de topos de morro sendo este tipo de APP

descartada portanto das anaacutelises subsequentes deste trabalho Foram consideradas as

APP de curso hiacutedrico (rios e nascentes) e de declividade visando relacionaacute-las as aacutereas

de risco identificadas pela Prefeitura afim de se verificar as possiacuteveis causas da ocorrecircncia

33

destas aacutereas na regiatildeo urbana do municiacutepio Por meio de combinaccedilotildees entre dois mapas

temaacuteticos utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento foi possiacutevel obter as

assinaturas ou seja tabelas que caracterizam quantitativamente a aacuterea afetada por cada

aspecto visto que a simples visualizaccedilatildeo do mapa gerado pelo geoprocessamento muitas

vezes eacute prejudicada por serem aacutereas de pequenas dimensotildees ou por qualquer outra

limitaccedilatildeo do software Ressalta-se que para a elaboraccedilatildeo do Plano Municipal de Reduccedilatildeo

de riscos a identificaccedilatildeo e detalhamento topograacutefico destas aacutereas eacute fundamental para o

desenvolvimento do referido Plano conforme seraacute abordado detalhadamente na seccedilatildeo

52

De posse do mapa que representa o zoneamento urbano de Santos Dumont primeiramente

procurou-se mensurar qualitativa e quantitativamente a presenccedila de APPs tanto de

declividade quanto de cursos hiacutedricos Essa identificaccedilatildeo eacute importante pois este

zoneamento eacute um dos instrumentos de planejamento municipal (BRASIL 2001) Saboya

(2007) aponta que os principais objetivos de um zoneamento satildeo o controle da expansatildeo

urbana e proteccedilatildeo de aacutereas inadequadas a ocupaccedilatildeo aleacutem de reduzir os conflitos inerentes

aos diferentes usos do solo Com o uso da ferramenta ldquoCombinarrdquo do Vista SAGA foram

feitas combinaccedilotildees entre o mapa de hidrografia com buffer de 30m para rios e coacuterregos e

de 50m para nascentes com o mapa do zoneamento para se verificar a importacircncia das

APPs de curso hiacutedrico em toda a aacuterea urbana principal do municiacutepio Tambeacutem foram

combinados o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) obtido atraveacutes do gvSIG com o mapa

de zoneamento afim de se verificar quantitativamente as APPs de declividade e onde se

localizam Vale ressaltar que as declividades entre 30 e 47 estatildeo presentes nesta

combinaccedilatildeo pois de acordo com o Plano Diretor de Santos Dumont terrenos com esta

faixa de declividade para fins de parcelamento devem possuir estudo teacutecnico que ateste

a viabilidade de se promover algum empreendimento imobiliaacuterio neste (SANTOS

DUMONT 2012) Como a legislaccedilatildeo municipal prevecirc estudo somente para a faixa de

declividade descrita anteriormente para fins de anaacutelise neste trabalho consideramos um

valor mais conservador para APP compreendendo a faixa de 47 a 100 aleacutem da

prevista pela legislaccedilatildeo federal (gt100) para que natildeo houvessem lacunas importantes na

geraccedilatildeo do produto

Apresenta-se na Figura 510 aacutereas com declividades consideradas de risco e consideradas

APP e em qual zona de planejamento elas estatildeo inseridas De um modo geral ao se

observar a Tabela 52 nota-se que a aacuterea que compreende declividades de risco e APP eacute

uma pequena parcela da aacuterea urbana principal representando 061 desta aacuterea Ao se

levar em conta somente a localizaccedilatildeo pode-se verificar que cerca de 84 das aacutereas com

declividade de risco e a totalidade das APPs de declividade estatildeo localizadas na ZAC1

zona que compreende a maior parte do municiacutepio e apesar de possuir infraestrutura baacutesica

para a ocupaccedilatildeo esta eacute restrita Sendo assim o fator declividade deve ser visto com cautela

nesta aacuterea para se evitar transtornos advindos de edificaccedilotildees nestas aacutereas

34

Figura 5 10 Combinaccedilatildeo entre as declividades importantes incluindo as APPs e o

zoneamento urbano

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Do autor

Tabela 52 Assinaturas da combinaccedilatildeo Declividade x Zoneamento

Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea

Natildeo APP 457972 9939

Declividade 30-47 em ZAC1 2368 051

Declividade 30-47 em ZE 284 006

Declividade 30-47 em ZAC2 128 003

Declividade 30-47 em ZPA 004 0001

APP Declividade em ZAC1 048 001

Total 460804 100

Fonte Do autor

Apresenta-se na Figura 511 as APPs de curso hiacutedrico (nascentes e rios) e em qual zona

de planejamento estatildeo localizadas Assim como a declividade a maior parte das APPs de

curso hiacutedrico estatildeo localizadas em ZAC1 representando 383 da aacuterea urbana em estudo

e 51 do total das APPs de curso hiacutedrico Esta questatildeo tambeacutem deve ser vista com

bastante criteacuterio pelos gestores locais uma vez que a ocupaccedilatildeo em faixas proacuteximas de

rios e coacuterregos podem causar uma gama de problemas ambientais e sociais na regiatildeo

(SANTANA2011) Tal cuidado tambeacutem deve ser tomado nas APPs compreendidas na

35

ZAC2 que compreende 001 da Aacuterea urbana principal e 14 do total das APPs de curso

hiacutedrico pois a infraestrutura baacutesica e acessibilidade presente nesta zona eacute precaacuteria e a

ocupaccedilatildeo as margens de cursos hiacutedricos pode gerar problemas seacuterios caso ocorra uma

expansatildeo nestas aacutereas

Figura 511 Combinaccedilatildeo entre APP de curso hiacutedrico e as zonas de planejamento

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Do autor

Outro ponto importante eacute a presenccedila da Zona de Proteccedilatildeo Ambiental (ZPA) no entorno

uma consideraacutevel parte dos cursos hiacutedricos Nesta zona estatildeo presentes 28 das APPs de

curso hiacutedrico e esta zona de acordo com o Plano Diretor deve ser restaurada ou

preservada por suas caracteriacutesticas geoloacutegicas topograacuteficas e bioloacutegicas

Afim de se verificar os usos do solo na regiatildeo em estudo foram utilizadas combinaccedilotildees

de imagens advindas do sateacutelite Landsat 8 nas bandas descritas no capiacutetulo 4 aleacutem da

banda pancromaacutetica O resultado eacute apresentado na figura 512 que mostra os principais

usos do solo na aacuterea urbana principal de Santos Dumont

36

Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x Zoneamento

Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea

Hidrografia 11168 239

Aacuterea Urbana Natildeo APP 421004 9008

APP Curso hiacutedrico em ZAC1 179 383

APP Curso hiacutedrico em ZPA 9776 209

APP Curso hiacutedrico em ZE 184 004

APP Curso hiacutedrico em ZA 1192 026

APP Curso hiacutedrico em ZAC2 5124 110

APP Curso hiacutedrico em ZPPH 248 005

APP Curso hiacutedrico em ZEIS 568 012

APP Curso hiacutedrico em ZCA 228 005

Total 467392 10000

Fonte Do autor

Figura 5 12 Mapa de usos do solo da aacuterea urbana principal de Santos Dumont

Fonte Do autor

Como jaacute era previsto a maior parte da aacuterea urbana se encontra ocupada e eacute nesta regiatildeo

ocupada que se observa a maior concentraccedilatildeo de problemas de deslizamentos e

alagamentos (Figuras 513 e 514) A grande ocupaccedilatildeo em aacutereas consideradas APP de

curso hiacutedrico de acordo com os mapas gerados pode ser a principal causa do aumento a

cada ano dos casos de alagamento principalmente na regiatildeo central da cidade Outro ponto

que se deve atentar eacute a existecircncia de uma consideraacutevel aacuterea de pastagem pouco vegetada

que caso estejam em aacutereas elevadas pode contribuir para deslizamentos e agraves margens de

37

rios e coacuterregos para o assoreamento destes corpos hiacutedricos o que pode causar

alagamentos (INAacuteCIO etal 2007)

Diante destes resultados pode-se ver que a cidade de Santos Dumont necessita alternativas

efetiva no que diz respeito agrave contenccedilatildeo de deslizamentos e a reduccedilatildeo de risco de

alagamento pois as aacutereas em que ocorrem tais eventos satildeo distintas e facilmente definidas

devido agrave repeticcedilatildeo destes nos uacuteltimos anos Um plano de accedilatildeo integrado entre as diferentes

secretarias municipais (Obras Meio Ambiente Assistecircncia Social entre outras) e a

Coordenadoria Municipal de Defesa Civil deve ser realizado afim de se tomar medidas

natildeo mais preventivas mas sim preditivas para que se possa conter o avanccedilo destes

problemas na aacuterea urbana principal bem como em toda a aacuterea do municiacutepio

Figura 5 13 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na aacuterea urbana

principal

Fonte Do autor

38

Figura 5 14 Aacutereas sujeitas a alagamento e os principais usos do solo na aacuterea

urbana principal

Fonte Do autor

Ao se associar os dados do estudo do Plano Diretor com os dados do levantamento

histoacuterico realizado com o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) pode-se notar que as aacutereas

propiacutecias a deslizamento estatildeo em regiotildees as quais haacute uma fronteira de declividades ou

seja eacute evidente que os deslizamentos ocorrem em encostas um pouco mais iacutengremes mas

natildeo necessariamente nas encostas de 30-47 as quais exigem estudo teacutecnico conforme o

plano diretor preconiza Quanto aos alagamentos nota-se que eles se localizam nas aacutereas

com menor ou nenhuma declividade podendo ser estas aacutereas talvez componentes da

planiacutecie de inundaccedilatildeo dos rios Estes resultados podem ser vistos nas figuras 515 e 516

a seguir

39

Figura5 15 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a deslizamentos na

regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

Fonte Lei 42412012 e Autor

Figura5 26 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a alagamentos na

regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

Fonte Lei 42412012 e Autor

40

52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis

O processo de ocupaccedilatildeo no municiacutepio de Santos Dumont comeccedilou muito antes de

qualquer legislaccedilatildeo relacionada a ordenamento urbano e de proteccedilatildeo do meio ambiente

fosse implementado no Brasil Esse fato aliado a poliacuteticas e fiscalizaccedilotildees falhas

contribuiacuteram para a ocupaccedilatildeo e expansatildeo da aacuterea urbana ao longo do Ribeiratildeo das Posses

e seus afluentes o que tem gerado o aumento da degradaccedilatildeo destes corpos hiacutedricos ao

longo de todos estes anos Observa-se tambeacutem que nas uacuteltimas deacutecadas ocorreu um

grande nuacutemero de migraccedilotildees do campo para a regiatildeo urbana da cidade fator que

contribuiu para o crescimento do nuacutemero de habitaccedilotildees em aacutereas de risco de deslizamento

e alagamentos por serem na maioria das vezes terrenos menos valorizados e por este

motivo acessiacuteveis a populaccedilatildeo com menor poder aquisitivo (ROSA amp CORTEZ 2008)

Vale ressaltar que esta questatildeo aleacutem de ser ambiental eacute muito mais social pois os

moradores entendem os riscos de se viver nestes locais mas por motivos econocircmicos ou

por questotildees afetivas natildeo abrem matildeo da moradia nessas aacutereas A Constituiccedilatildeo Federal de

1988 promoveu a inter-relaccedilatildeo das questotildees sociais com as questotildees ambientais quando

colocou o meio ambiente como direito coletivo (BRASIL1988 SOUZA2010) Por este

motivo a decisatildeo por medidas draacutesticas que favoreccedilam apenas agrave preservaccedilatildeo do meio

ambiente natildeo eacute recomendada pois aleacutem de ser inconstitucional podem afetar a

sustentabilidade econocircmica do municiacutepio e gerar conflitos sociais consideraacuteveis

(CARLOS 1992 apud SOUZA 2010)

Segundo Bueno (2009) ldquonem tudo o que eacute irregular eacute precaacuteriordquo Esse fato se observa em

Santos Dumont uma vez que em boa parte da regiatildeo central se observa vaacuterias moradias

construiacutedas na faixa de APP de curso hiacutedrico o que natildeo eacute permitido pela legislaccedilatildeo

vigente e eacute um dos fatores que contribui para a ocorrecircncia de alagamentos nesta aacuterea da

cidade Para a resoluccedilatildeo deste problema o que seria mais viaacutevel seria a melhoria da

infraestrutura de drenagem urbana afim de que o escoamento da aacutegua das chuvas natildeo

sobrecarregasse o sistema (BUENO2009) A construccedilatildeo de bacias de contenccedilatildeo de

cheias ao longo do Ribeiratildeo das Posses tambeacutem seria uma alternativa mas para se verificar

a viabilidade necessita-se estudos mais aprofundados do ponto de vista hidroloacutegico

O grande problema a ser solucionado no entanto eacute o que diz respeito agraves aacutereas de risco

de deslizamento majoritariamente nos bairros A melhor alternativa seria o

remanejamento dos moradores para uma aacuterea proacutexima agrave que moram poreacutem longe do

risco Poreacutem esta alternativa de acordo com Rosa Filho amp Cortez (2008) encontra alguns

entraves pois estas pessoas na maioria das vezes natildeo tecircm condiccedilotildees financeiras de irem

para outro lugar ou pagar aluguel ou estatildeo de alguma forma sentimentalmente ligadas

agravequela regiatildeo que se recusam a deixaacute-lo

41

Por parte dos oacutergatildeos competentes no municiacutepio a criaccedilatildeo de um plano para se evitar

acidentes ocasionados por deslizamentos e alagamentos com um mapeamento detalhado

de toda a extensatildeo do municiacutepio eacute extremamente uacutetil Os estudos que seratildeo feitos para a

elaboraccedilatildeo deste plano poderatildeo definir quais as aacutereas satildeo potencialmente de risco para as

ocupaccedilotildees existentes ou para as potenciais ocupaccedilotildees que possam vir a ocorrer atraveacutes do

mapeamento das aacutereas de risco Tal planejamento seraacute auxiliar ao Plano Diretor

Municipal pois definiraacute o real uso do solo de determinada regiatildeo do municiacutepio

contribuindo para a adequaccedilatildeo do uso e ocupaccedilatildeo do solo afim de evitar ou reduzir o

nuacutemero de problemas relacionados a alagamentos e principalmente deslizamentos no

periacutemetro urbano (TOMINAGA 2009) A partir deste plano os gestores locais poderatildeo

tomar a melhor decisatildeo para a prevenccedilatildeo ou reduccedilatildeo dos riscos inerentes a tais problemas

Na seccedilatildeo 521 seraacute hierarquizado de forma preliminar a aacuterea urbana principal de acordo

com os resultados da tabela 51

521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta

O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos (PMRR) foi criado atraveacutes de accedilotildees

regularizadoras do Ministeacuterio das Cidades para ser o instrumento de gestatildeo e

gerenciamento de aacutereas de risco em um municiacutepio Eacute um documento que aleacutem de

estabelecer quais regiotildees satildeo consideradas de risco tambeacutem objetiva a proposta de

medidas estruturais ou natildeo para contenccedilatildeo eou prevenccedilatildeo de cataacutestrofes aleacutem de ser um

meio de captaccedilatildeo de recursos financeiros junto aos Governos Estadual e Federal Estes

recursos poderatildeo ser utilizados para a realizaccedilatildeo de obras que visem a melhoria da

qualidade de vida da populaccedilatildeo do entorno ou de recuperaccedilatildeo da aacuterea degradada Este

plano eacute realizado de forma participativa com as comunidades das aacutereas de risco e pode

ser realizado em sete fases conforme recomenda o Ministeacuterio das Cidades (ALHEIROS

2006)

O primeiro passo para a realizaccedilatildeo do PMRR eacute definir qual a metodologia seraacute empregada

levando-se em consideraccedilatildeo a realidade atual do municiacutepio e especificar de forma sucinta

um cronograma das atividades Eacute importante nesta fase a participaccedilatildeo tambeacutem dos

responsaacuteveis pelas mais variadas Secretarias Municipais afim de explicitar o tamanho da

importacircncia e o caraacuteter integrador deste plano A segunda fase deste plano objetiva a

criaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo da principal base de dados a ser utilizada nos passos posteriores o

mapeamento de risco em escala detalhe em torno de 13000 (SAtildeO PAULO 2014) A

elaboraccedilatildeo de um mapeamento detalhado propiciaraacute natildeo soacute a identificaccedilatildeo mais faacutecil das

aacutereas de risco como tambeacutem facilitaraacute aos gestores e agrave comunidade decidirem qual a

melhor intervenccedilatildeo para a soluccedilatildeo ou remediaccedilatildeo dos problemas em uma determinada

42

aacuterea hierarquizando o risco e definindo prioridades (SAtildeO PAULO 2014) Na tabela a

seguir apresenta-se alguns tipos de intervenccedilotildees que podem ser feitas em aacutereas de risco

sugeridas pelo Ministeacuterio das cidades (ALHEIROS 2006)

Quadro 5 1 - Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco

Tipo de intervenccedilatildeo Descriccedilatildeo

Serviccedilos de limpeza e Recuperaccedilatildeo

Remoccedilatildeo de entulho lixo etc

corte de aacutervores

remoccedilatildeo de bananeiras

recuperaccedilatildeo eou limpeza de sistemas de

drenagem esgotos e acessos

Limpeza de canais de drenagem

Proteccedilatildeo Vegetal

Proteccedilatildeo superficial vegetal (gramiacuteneas) em

taludes com solo exposto

Proteccedilatildeo vegetal de margens de canais de

drenagem

Barreiras vegetais para massas escorregadas

ou acumuladas pela erosatildeo

Drenagem Superficial e Acessos

Sistema de drenagem superficial (canaletas

raacutepidos caixas de transiccedilatildeo escadas drsquoaacutegua)

Acessos para pedestres (escadarias rampas

etc) integrados ao sistema de drenagem

Revestimento de Taludes Revestimento com materiais artificiais

cimentado cal-jet tela argamassada alvenaria

de tijolos ceracircmicos solo-cimento ensacado

Desmonte de blocos e matacotildees Desmonte de concreccedilotildees de grande porte

blocos rochosos e matacotildees

Obras de drenagem de subsuperfiacutecie Sistema de drenagem de subsuperfiacutecie

(trincheiras drenantes DHP poccedilos de

rebaixamento)

Estruturas de contenccedilatildeo (localizadas)

Muros de contenccedilatildeo de pequeno porte (solo-

cimento ensacado alvenaria de pedra-rachatildeo

concreto armado)

Estruturas de contenccedilatildeo localizadas

(chumbadores tirantes microestacas)

Contenccedilatildeo e proteccedilatildeo de margens de canais (

gabiotildees muros de concreto etc)

Estruturas de contenccedilatildeo (meacutedio e grande porte) Implantaccedilatildeo de estruturas de contenccedilatildeo de

meacutedio e grande porte envolvendo obras de

contenccedilatildeo passivas e ativas (muros de

gravidade cortinas etc)

Terraplanagem Execuccedilatildeo de serviccedilos de terraplanagem

combinados a obras de drenagem superficial e

proteccedilatildeo vegetal desvio e canalizaccedilatildeo de

coacuterregos

Remoccedilatildeo de moradias Remoccedilotildees definitivas para implantaccedilatildeo de

obras ou devido agrave localizaccedilatildeo improacutepria da

edificaccedilatildeo (Priorizar as relocaccedilotildees dentro da

proacutepria aacuterea em local seguro)

Fonte ALHEIROS 2006

43

Escolhidas as formas de intervenccedilatildeo para cada aacuterea eacute necessaacuterio realizar uma estimativa

dos custos afim de preparar o orccedilamento da prefeitura para a realizaccedilatildeo das obras e se

seraacute necessaacuterio a captaccedilatildeo de recursos externos para a execuccedilatildeo destas Feitas as

estimativas de custo o proacuteximo passo eacute definir as prioridades e para esta fase eacute tambeacutem

uacutetil o mapeamento feito nas etapas anteriores pois seraacute necessaacuterio hierarquizar tais

intervenccedilotildees nas aacutereas de risco O Ministeacuterio das Cidades (2007) sugere alguns criteacuterios

que podem ser avaliados pelo gestor dentre eles pode-se citar

Grau de risco

Populaccedilatildeo beneficiada

Custo da intervenccedilatildeo

Dimensatildeo da aacuterea a ser tratada

Demandas anteriores da populaccedilatildeo

Tempo de ocupaccedilatildeo

Viabilidade teacutecnica da intervenccedilatildeo

Viabilidade financeira

Inclusatildeo da aacuterea em outros projetos

A partir desta hierarquizaccedilatildeo inicia-se a identificaccedilatildeo de provaacuteveis fontes de captaccedilatildeo de

recursos para a execuccedilatildeo das intervenccedilotildees Estes recursos podem advir de programas dos

governos Federal e Estadual ou por meio de editais para captaccedilatildeo de recursos financeiros

tanto do setor puacuteblico como da iniciativa privada e podem ser tambeacutem associados agrave outras

Secretarias Municipais como a de Turismo ou Meio Ambiente e natildeo soacute as destinadas agrave

Defesa Civil (ALHEIROS 2006)

Eacute previsto tambeacutem no PMRR uma avaliaccedilatildeo da Defesa Civil municipal e como ela estaacute

estruturada fazendo inclusive sugestotildees para que sua atuaccedilatildeo esteja em consonacircncia com

a realidade das comunidades e da Administraccedilatildeo Puacuteblica do municiacutepio de forma a garantir

sua sustentabilidade e conquistar a credibilidade da populaccedilatildeo no que diz respeito a

prevenccedilatildeo de cataacutestrofes Para que a resposta a uma determinada situaccedilatildeo de risco seja

raacutepida eacute necessaacuterio a descentralizaccedilatildeo da Defesa Civil criando pequenos nuacutecleos

comunitaacuterios com a finalidade de se monitorar a aacuterea constantemente e promover as

intervenccedilotildees necessaacuterias em tempo haacutebil o que aumenta em muito a credibilidade da

populaccedilatildeo no PMRR e no trabalho desempenhado pela Defesa Civil no municiacutepio Apoacutes

esta etapa o PMRR passaraacute por audiecircncias puacuteblicas e posteriormente poderaacute ser aprovado

como Lei Municipal pelo Legislativo local (ALHEIROS 2006)

Com a realizaccedilatildeo deste plano o municiacutepio estaraacute munido de informaccedilotildees suficientes para

realizar accedilotildees efetivas de gestatildeo e gerenciamento de riscos bem como aliado a

levantamentos sociais realizar programas habitacionais que beneficiem prioritariamente

44

aos moradores das aacutereas de risco Aleacutem disso com o PMRR o municiacutepio poderaacute melhorar

a qualidade ambiental da populaccedilatildeo captando recursos para a recuperaccedilatildeo das aacutereas de

APP que foram degradadas pelas ocupaccedilotildees irregulares beneficiando todos os moradores

do municiacutepio com o aumento da qualidade de vida na cidade

A partir do disposto nesta seccedilatildeo acerca do Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos e de

uma maneira preliminar (levando-se em conta apenas o nuacutemero de registros de

alagamentos e deslizamentos na aacuterea urbana principal de Santos Dumont no periacuteodo de

1984 a 2014) identificou-se trecircs regiotildees distintas na aacuterea urbana do municiacutepio com

tempo de recorrecircncia desses eventos similares caracterizando trecircs prioridades de

intervenccedilatildeo em contenccedilatildeo de risco como pode ser visto nas figuras 515 e 516 Vale

ressaltar que eacute necessaacuterio um estudo mais detalhado inclusive com visitas teacutecnicas a

campo para que se confirme a real situaccedilatildeo destas e a real prioridade para investimentos

Figura 5 17 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de deslizamentos

Fonte Do Autor

45

Figura 5 18 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de alagamentos

Fonte Do Autor

46

6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees

A seguir apresenta-se as conclusotildees e as recomendaccedilotildees feitas a partir dos objetivos

especiacuteficos explicitados no iniacutecio deste trabalho

Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a

aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes

urbanos

A partir da revisatildeo da legislaccedilatildeo pertinente em acircmbito federal estadual e

municipal constatou-se que o Plano Diretor de Santos Dumont natildeo conflita com a

legislaccedilatildeo federal e estadual sobre Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente A legislaccedilatildeo

municipal foi entendida como mais conservadora que as federal e estadual uma

vez que considera implicitamente que declividades entre 47 e 100 satildeo

enquadradas como APPs aleacutem da faixa superior a 100

Parte consideraacutevel das ocupaccedilotildees em APP principalmente na regiatildeo do bairro

Santo Antocircnio (onde surgiu os primeiros nuacutecleos que deram origem ao municiacutepio)

e o centro da cidade ocorreram antes de que fosse elaborado qualquer legislaccedilatildeo

que versasse sobre o tema Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente bastando ao gestor

local tomar medidas de contenccedilatildeo de riscos que minimizem os impactos causados

por essas ocupaccedilotildees nessa regiatildeo

O ordenamento adequado do uso do solo no municiacutepio eacute necessaacuterio para que o

crescimento dos loteamentos criados anteriormente agrave esta Lei e o surgimento de

novos natildeo avance para Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente o que pode causar

inuacutemeros problemas aos moradores e agravar os jaacute existentes

Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las

com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)

As aacutereas onde houveram a maior quantidade de registros de deslizamentos satildeo os

bairros mais populosos de Santos Dumont podendo se estabelecer uma relaccedilatildeo

que quanto mais populoso o bairro maior a quantidade de problemas relacionados

a deslizamentos Tambeacutem pode-se notar uma relaccedilatildeo com as fronteiras das faixas

de declividades e os deslizamentos uma vez que boa parte deles aconteceram

nestas faixas

As aacutereas onde houve um grande nuacutemero de registros de alagamentos satildeo os bairros

que se desenvolveram agraves margens do Ribeiratildeo das Posses em especial na aacuterea que

47

compreende as APPs de curso hiacutedrico e em aacutereas onde a declividade eacute baixa Esse

fato aliado ao crescimento do nuacutemero de vias pavimentadas com material

impermeaacutevel e a natildeo expansatildeo e ou redimensionamento da rede de drenagem

urbana contribuiacuteram para a ocorrecircncia cada vez mais constante de alagamentos

nessas aacutereas

Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos

catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30

anos

A partir do levantamento histoacuterico realizado e da base de dados georeferenciada

gerada observou-se o aumento do nuacutemero de registros de deslizamentos e

alagamentos nos uacuteltimos 10 anos quando as ocorrecircncias comeccedilaram a se repetir

numa mesma aacuterea com frequecircncia incrementada as vezes com mais de uma

ocorrecircncia anual

Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do

solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental

Destaca-se a adequaccedilatildeo dos criteacuterios gerais estabelecidos pelo Plano Diretor de

Santos Dumont relativos a legislaccedilatildeo federal e estadual Entretanto o referido

Plano Diretor natildeo contempla todo o territoacuterio municipal sendo assim ele natildeo

cumpre o objetivo de proteger as APPs preservadas e recuperar as que foram

degradadas em todo o territoacuterio municipal Ressalta-se tambeacutem a sua natildeo

conformidade com o Estatuto das Cidades uma vez que o Plano Diretor

contempla apenas os novos loteamentos

Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais

negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea

impactada

Recomenda-se a implantaccedilatildeo no municiacutepio de uma Coordenadoria Municipal de

Defesa Civil atuante e integrada agraves Secretarias Municipais e agrave comunidade

visando uma atuaccedilatildeo eficaz nos problemas relacionados a deslizamentos e

alagamentos A elaboraccedilatildeo de um Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos eacute de

suma importacircncia pois atraveacutes dele pode-se predizer as aacutereas que passaratildeo por

problemas caso a expansatildeo aconteccedila ou se inicie uma ocupaccedilatildeo nova aleacutem de

prevenir acidentes nas aacutereas jaacute ocupadas e consideradas de risco

48

7 Anexos

49

71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont

50

51

72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)

52

53

8 Referecircncias Bibliograacuteficas

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CF estabelece as diretrizes gerais da poliacutetica urbana e daacute outras providecircncias Brasiacutelia

2001

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vegetaccedilatildeo nativa altera as Leis nos 6938 de 31 de agosto de 1981 9393 de 1 9 de

dezembro de 1996 e 11 428 de 22 de dezembro de 2006 revoga as Leis nos 4771 de

1 5 de setembro de 1965 e 7754 de 1 4 de abril de 1989 e a Medida Provisoacuteria no 21

66shy67 de 24 de agosto de 2001 e daacute outras providecircncias Brasiacutelia 2012

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56

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Relatoacuterio Teacutecnico Campos do Jordatildeo 2014

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legenda expandida Centro Tecnoloacutegico de Minas Gerais FEAM Belo Horizonte 2010

ZANON F N Uso e ocupaccedilatildeo da terra e vulnerabilidade a alagamento na aacuterea central

da cidade de Satildeo Paulo O caso da subprefeitura da Seacute Trabalho de Graduaccedilatildeo UNESP

Rio Claro 2013

Page 25: O USO DO SOLO URBANO EM ÁREAS DE PRESERVAÇÃO … · social que você tenha na vida, a mais alta ou a mais baixa, tenha sempre como meta muita força, muita determinação e sempre

17

Figura 3 1 Vista parcial do Arraial de Joatildeo Gomes

Fonte Arquivo Histoacuterico de Santos Dumont-MG

Com a construccedilatildeo da Estrada de Ferro D Pedro II no final do seacuteculo XIX a regiatildeo teve

um consideraacutevel crescimento natildeo soacute populacional como tambeacutem econocircmico se tornando

a Vila Palmyra em 1889 Em 1890 Palmyra eacute elevada ao status de Municiacutepio (Figura 42)

e recebe um grande nuacutemero de melhorias no setor viaacuterio como a retificaccedilatildeo de ruas e

tambeacutem no setor de serviccedilos puacuteblicos como abastecimento de aacutegua iluminaccedilatildeo puacuteblica a

querosene e posteriormente energia eleacutetrica O desenvolvimento econocircmico na regiatildeo

tambeacutem teve seu momento aacuteureo nesse periacuteodo Induacutestrias de laticiacutenios graacuteficas e de

Carbureto de Caacutelcio fizeram parte do parque industrial de Palmyra o que atraiacutea pessoas

de outros lugares inclusive estrangeiros contribuindo para o aumento populacional da

regiatildeo Como ainda natildeo havia legislaccedilatildeo sobre uso e ocupaccedilatildeo do solo nessa eacutepoca

surgiram inuacutemeros loteamentos em aacutereas proacuteximas agrave rios e coacuterregos e tambeacutem em

encostas com declividade acentuada o que foi agravando o risco agrave medida que a ocupaccedilatildeo

aumentava (DAPPC2008)

18

Figura 3 2 Municiacutepio de Palmyra na deacutecada de 1920

Fonte Arquivo Histoacuterico de Santos Dumont-MG

O escoamento da produccedilatildeo industrial se dava pelo modal ferroviaacuterio setor que tambeacutem

movimentava a crescente cidade que era ponto importante no setor de transportes pois

possuiacutea um dos mais bem equipados depoacutesitos de locomotivas da Estrada de Ferro Central

do Brasil (DAPPC2008)

No ano de 1932 o municiacutepio de Palmyra passou a se chamar Santos Dumont (Figura 43)

em homenagem ao inventor do aviatildeo que nascera naquela cidade Nos uacuteltimos 40 anos

Santos Dumont tem experimentado uma acentuada desaceleraccedilatildeo econocircmica

consequecircncia do fechamento da grande maioria das induacutestrias principalmente as de

laticiacutenios que empregavam direta e indiretamente uma parte consideraacutevel da populaccedilatildeo

(DAPPC2008)

19

Figura 3 3 Municiacutepio de Santos Dumont em 2014

Fonte Arquivo do autor

332 Santos Dumont na atualidade

O municiacutepio de Santos Dumont localiza-se na regiatildeo da Zona da Mata mineira distante

cerca de 220 Km da capital Belo Horizonte e possui uma populaccedilatildeo de 47558 habitantes

(ODM 2015 projeccedilatildeo) numa aacuterea total de 637 kmsup2 Faz divisa com os municiacutepios de

Juiz de Fora Oliveira Fortes Bias Fortes Antocircnio Carlos Tabuleiro Piau e Ewbank da

Cacircmara

No que diz respeito agrave sua formaccedilatildeo fisiacuteco-geograacutefica a aacuterea que compreende o municiacutepio

eacute constituiacuteda predominantemente por Cambissolo Haacuteplico (70) com Latossolo

Vermelho-Amarelo (30) (UFV2010) A vegetaccedilatildeo eacute em sua maioria composta por

exemplares de Mata Atlacircntica De acordo com o IBGE(2015) Santos Dumont se localiza

a 839m de altitude O clima da regiatildeo eacute classificado como Tropical de Altitude (Cwb) e

possui uma temperatura meacutedia de 20ordmC Eacute banhado pela bacia hidrograacutefica do Paraiacuteba do

Sul e em sua maioria pertence agrave sub-bacia do Rio Pomba (IGAM) que fornece aacutegua para

abastecimento puacuteblico agrave 88 da populaccedilatildeo por meio da rede de distribuiccedilatildeo

(IBGE2010) Uma pequena parte da zona rural a sudoeste eacute banhada pela Sub-Bacia do

Rio Paraibuna mais precisamente na regiatildeo de fronteira com os municiacutepios de Juiz de

Fora e Ewbank da Cacircmara O sistema viaacuterio principal de acesso agrave cidade eacute a rodovia BR-

040 e a estrada de ferro Dom Pedro II atualmente utilizada somente para transporte de

cargas

Com a economia nos dias atuais baseada majoritariamente no setor de serviccedilos a cidade

possui um Iacutendice de Desenvolvimento humano (IDH) de 0741 (IBGE2010) Apesar do

decliacutenio econocircmico de Santos Dumont nota-se hoje um aumento no nuacutemero de

loteamentos populares e condomiacutenios horizontais e verticais entre outras edificaccedilotildees Eacute

de vital importacircncia que esse crescimento das ocupaccedilotildees seja ordenado e regulamentado

20

de forma a garantir a qualidade ambiental prevenindo deslizamentos e inundaccedilotildees Diante

dessa conjuntura o governo municipal aprovou em 2012 a Lei nordm 4241 que trata do Plano

Diretor Participativo instrumento baacutesico da poliacutetica de desenvolvimento e expansatildeo

urbana do municiacutepio de Santos Dumont

4 METODOLOGIA

41 Aacuterea de estudo

A regiatildeo dentro dos limites do municiacutepio que seraacute estudada neste trabalho eacute conforme

descrito nos anexos Plano Diretor e representada na figura 44 a aacuterea urbana principal

que possui 47 Kmsup2 e compreende a regiatildeo central da cidade e os bairros perifeacutericos regiatildeo

que concentra cerca de 90 da populaccedilatildeo total de Santos Dumont (IBGE 2015) A aacuterea

urbana principal representa 75 da aacuterea total dos 637 Kmsup2 que compreendem o

municiacutepio e eacute o local onde nos uacuteltimos 30 anos se verificou um maior crescimento

populacional e tambeacutem onde ocorre a maioria dos eventos relacionados a deslizamentos

e alagamentos por conta da ocupaccedilatildeo sem planejamento A figura 45 mostra a aacuterea

urbana principal e a localizaccedilatildeo dos bairros urbanos de Santos Dumont

Figura 4 1 Localizaccedilatildeo da aacuterea urbana principal

Fonte Google Earth

21

Figura 4 2 Mapa da aacuterea urbana principal com a localizaccedilatildeo dos bairros

Fonte Do Autor

42 Levantamento e tratamento dos dados

No desenvolvimento deste trabalho foi necessaacuterio se fazer um estudo detalhado sobre o

Plano Diretor de Santos Dumont principalmente dos seus anexos que compreendem os

mapas e a localizaccedilatildeo das aacutereas definidas pelo zoneamento proposto Para que isso fosse

possiacutevel a Secretaria Municipal de Obras e Serviccedilos Puacuteblicos forneceu todos os dados

secundaacuterios produto do estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor e do

zoneamento Estes dados incluem os arquivos Shapefile (shp) e outros documentos

integrantes do Plano Diretor Algumas informaccedilotildees foram complementadas tambeacutem com

dados adquiridos atraveacutes do site do IBGE e do Portal Objetivos do Milecircnio (ODM)

Os dados sobre as ocorrecircncias de deslizamentos e alagamentos foram obtidos atraveacutes da

Defesa Civil do municiacutepio atraveacutes do Sistema Integrado de Informaccedilotildees sobre Desastres

(S2ID) do Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional Tal sistema centraliza as informaccedilotildees sobre

desastres naturais ocorridos em todo o territoacuterio nacional facilitando a pesquisa sobre tais

eventos a qualquer cidadatildeo (BRASIL 2015)

Apesar do sistema ser bastante uacutetil os dados sobre o municiacutepio de Santos Dumont se

encontravam bastante falhos e escassos sendo necessaacuteria complementaccedilatildeo para que a

22

base de dados ficasse consistente Diante disso uma pesquisa atraveacutes dos arquivos do

Jornal Mensagem um jornal semanaacuterio local foi feita entre os anos de 1984 e 2014 e os

dados primaacuterios filtrados em uma planilha do Microsoft Excel para posterior utilizaccedilatildeo

De posse destes dados foi feita a localizaccedilatildeo em campo das coordenadas dos locais

atingidos por deslizamentos e alagamentos no periacuteodo compreendido pela pesquisa com

o auxiacutelio de um aparelho de GPS

A maioria dos arquivos shapefile utilizados para a confecccedilatildeo dos mapas satildeo parte

integrante dos anexos da Lei do Plano diretor do municiacutepio gerados no mecircs de dezembro

de 2011 pelo Instituto Nova Cidade e foram cedidos pela Secretaria Municipal de Obras

e Serviccedilos Puacuteblicos com Datum em UTM SAD 69 Com a finalidade de fornecer um

referenciamento atualizado e de acordo com os mais novos sistemas de coordenadas

utilizados no Brasil os arquivos foram convertidos para o Datum UTM SIRGAS 2000

que diferencia do SAD 69 pelo fato de ser um referencial geocecircntrico ou seja o centro

da Terra eacute o ponto de referecircncia neste sistema enquanto que o primeiro utiliza um

referencial na superfiacutecie da Terra (IBGE2014) Eacute interessante ressaltar tambeacutem que o

SIRGAS 2000 se tornou no ano de 2014 o sistema de coordenadas oficial do Sistema

Geodeacutesico Brasileiro e do Sistema Cartograacutefico Nacional ambos mantidos pelo IBGE A

combinaccedilatildeo dos shapefiles foi feita com o software livre gvSIG e com estas combinaccedilotildees

foram gerados mapas importantes resultados para a execuccedilatildeo deste trabalho A maioria

dos mapas representam a regiatildeo urbana principal de Santos Dumont e foram produzidos

numa escala em torno de 140000 que de acordo com Rocha (2007) eacute uma escala viaacutevel

pois as recomendaacuteveis para trabalhos de anaacutelise ambiental em niacutevel municipal podem ser

entre 150000 e 110000 Alguns mapas cujo detalhamento natildeo eacute necessaacuterio foram

gerados na escala 1100000

Para a geraccedilatildeo dos mapas aleacutem dos arquivos fornecidos pela Secretaria de Obras e

Serviccedilos Puacuteblicos foram utilizados para a geraccedilatildeo do modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE)

e da localizaccedilatildeo dos topos de morro dados gerados pelo sistema de radar Advanced

Spacebone Thermal Emission and Reflection Radiometer (ASTER) que geram as curvas

de niacutevel do terreno com uma resoluccedilatildeo de 30m (NASA2014) O processamento dessas

imagens foi feito pelo software livre gvSIG As imagens geradas pelos sateacutelites

LANDSAT foram adquiridas no site da United States Geological Survey (USGS) e essas

imagens possibilitaram obter um panorama preciso do uso do solo em toda a aacuterea urbana

de Santos Dumont numa resoluccedilatildeo de 15 metros uma vez que foi utilizada a banda

pancromaacutetica do sateacutelite LANDSAT 8 aleacutem da combinaccedilatildeo das bandas 65 e 4

respectivamente que eacute a combinaccedilatildeo recomendada pela mantenedora dos sateacutelites para

anaacutelises deste tipo

23

No que diz respeito a identificaccedilatildeo de APPs em topo de morro a metodologia de Oliveira

amp Fernandes Filho (2013) por utilizar as mesmas bases de dados ateacute entatildeo usadas neste

trabalho foi a mais indicada

A metodologia de anaacutelise dos mapas gerados eacute a proposta pelo professor Jorge Xavier da

Silva do Laboratoacuterio de Geoprocessamento (LAGEOP) da Universidade Federal do Rio

de Janeiro e citada por Rocha (2007) Tal metodologia analisa as variaacuteveis em questatildeo

presentes na aacuterea e permite avaliar as possibilidades de relaccedilotildees entre essas variaacuteveis De

uma maneira geral este meacutetodo verifica o estado atual da aacuterea em estudo bem como das

variaacuteveis gerando inventaacuterios que servem para a construccedilatildeo de dados planimeacutetricos sejam

com as variaacuteveis isoladas ou combinadas Estes dados planimeacutetricos geram assinaturas

que permitem inferir sobre a influecircncia dessas variaacuteveis De posse dos dados gerados pelo

processo anteriormente citado pode-se fazer algumas prospecccedilotildees sobre os riscos

ambientais que a aacuterea pode sofrer ou o seu potencial ambiental (ROCHA 2007)

5 RESULTADOS

51 Levantamento histoacuterico de alagamentos e

deslizamentos

O aumento da demanda pelo uso do solo na regiatildeo urbana de Santos Dumont

principalmente no tocante agrave formaccedilatildeo de novos loteamentos e condomiacutenios nos uacuteltimos

anos eacute consideraacutevel mas tambeacutem haacute de se observar o crescimento dos bairros jaacute existentes

com pouco ou nenhum ordenamento Em ambos os casos se observa ocupaccedilotildees

irregulares em APP o que tem ocasionado um aumento na frequecircncia de deslizamentos

e inundaccedilotildees Eacute evidente que quanto maior a densidade populacional do bairro maior a

quantidade de ocorrecircncias ao longo dos anos (SPERFELD 2009)

De acordo com as ocorrecircncias registradas pela Defesa Civil do municiacutepio obtidas atraveacutes

da literatura utilizada nos uacuteltimos 30 anos Santos Dumont chegou a decretar situaccedilatildeo de

emergecircncia por conta de desastres envolvendo deslizamentos eou alagamentos por duas

vezes num espaccedilo de 10 anos conforme pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho

(BRASIL 2014 CEPED 2011)

Segundo os dados obtidos atraveacutes de pesquisa nos arquivos do semanaacuterio entre os anos

de 1984 e 2014 pode-se verificar que nos uacuteltimos 20 anos a cidade tem experimentado

24

um aumento consideraacutevel nos eventos relacionados a deslizamentos e principalmente

alagamentos como pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho Isso pode ter sido causado

dentre outros fatores pelo aumento do nuacutemero de vias pavimentadas com material

impermeaacutevel o que tem sobrecarregado tanto a infraestrutura existente para drenagem

urbana como tambeacutem a calha dos cursos drsquoaacutegua que passam pela regiatildeo urbana do

municiacutepio (ZANON2013)

Na deacutecada de 1980 (1984-1990) de acordo com os dados obtidos natildeo foram noticiados

eventos consideraacuteveis relacionados a deslizamentos e alagamentos em Santos Dumont

mas isso natildeo exclui a possibilidade de natildeo ter ocorrido tais eventos em menor escala

Na deacutecada de 1990 aconteceram uma seacuterie de ocorrecircncias tanto de deslizamentos quanto

de alagamentos No ano de 1997 num periacuteodo chuvoso intenso aconteceram

deslizamentos consideraacuteveis em vaacuterios bairros da cidade inclusive com desabamento de

casas e de ruas principalmente nos bairros Nossa Senhora da Gloacuteria e Quarto Depoacutesito

Em 1999 ocorreram alguns pontos de alagamento nos bairros Quarto Depoacutesito e Santo

Antocircnio com grandes prejuiacutezos materiais

A deacutecada de 2000 iniciou com o registro de deslizamentos em vaacuterios bairros da cidade

inclusive com desabamento de casas e pontes e alagamentos em importantes vias do

centro da cidade Observa-se ao longo desse periacuteodo o crescimento nas ocorrecircncias de

deslizamentos e de aacutereas com risco de deslizamento em muitos bairros de Santos Dumont

Um dos fatores importantes para esse crescimento foi a grande expansatildeo sofrida pela

maioria dos bairros e a falta de planejamento e orientaccedilatildeo por parte da prefeitura uma

vez que uma boa parte do crescimento dos bairros da cidade ocorreu ou proacuteximo a cursos

drsquoaacutegua ou em aacutereas com declividade improacutepria para se fazer construccedilotildees O bairro

Coacuterrego do Ouro (Figura 51) foi o que mais sofreu com ocorrecircncias de deslizamentos

nesse periacuteodo enquanto o bairro Santo Antocircnio foi que teve mais ocorrecircncias de

alagamentos

25

Figura 5 1 Deslizamento no bairro Coacuterrego do Ouro

Fonte Portal Cabangu

No iniacutecio deacutecada de 2010 (2011-2014) o centro da cidade foi a regiatildeo que mais sofreu

com alagamentos sendo registrado pelo menos uma ocorrecircncia por ano nessa aacuterea (Figura

52) Isso pode ser relacionado dentre outros fatores com as obras de modificaccedilatildeo do

tipo de pavimentaccedilatildeo das estradas por um material impermeaacutevel gerando uma sobrecarga

nos sistemas de drenagem urbana que foram projetados para um tipo de pavimento mais

permeaacutevel implicando tambeacutem na sobrecarga calha do Ribeiratildeo das Posses o principal

curso drsquoaacutegua que corta o centro da cidade e que se encontra em quase sua totalidade

ocupada em ambas as margens que cortam o centro da cidade

26

Figura 5 2 Alagamento na regiatildeo central de Santos Dumont em 2013

Fonte Portal Cabangu

Quanto agraves ocorrecircncias de deslizamento ao longo da referida deacutecada elas estiveram

espalhadas pelos bairros do municiacutepio tendo um maior nuacutemero de ocorrecircncias nos bairros

Santo Antocircnio Nossa Senhora da Gloacuteria e Aacutegua Espraiada Nos dois primeiros bairros

citados as ocorrecircncias podem ter sido ocasionadas pelo crescimento desordenado e sem

planejamento destes e no terceiro as ocorrecircncias satildeo relacionadas ao processo de

assoreamento do Ribeiratildeo das Posses o que pode ter gerado um aumento da velocidade

desse curso drsquoaacutegua causando problemas decorrentes do transporte de sedimentos da aacuterea

onde as casas foram construiacutedas que teve como consequecircncia os deslizamentos

Em resumo como pode ser observado nas figuras 53 e 54 na tabela 51 no periacuteodo de

1984 a 2014 os bairros mais afetados por alagamentos e deslizamentos satildeo Quarto

Depoacutesito Nossa Senhora da Gloacuteria Santo Antocircnio Coacuterrego do Ouro Antocircnio Afonso

Graminha e Vila Esperanccedila sendo que o bairro Coacuterrego do Ouro possui o maior nuacutemero

de ocorrecircncias de deslizamentos e o centro da cidade possui o maior nuacutemero de

ocorrecircncias de alagamentos no periacuteodo pesquisado Vale destacar que a aacuterea propiacutecia a

alagamentos no bairro Antocircnio Afonso natildeo identificada no estudo realizado pela

prefeitura constitui-se efetivamente numa aacuterea de risco conforme levantamento histoacuterico

realizado Esta aacuterea de risco se deve agrave diferenccedila de niacutevel negativa entre o rio Pinho e a

aacuterea do bairro estando este em desniacutevel com um risco iminente de inundaccedilotildees resultantes

da cheia desse curso drsquoaacutegua causando inuacutemeros transtornos aos moradores do local

27

Figura 5 3 Pontos de Alagamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico

Fonte Do autor

Figura 5 4 Pontos de deslizamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico

Fonte Do autor

28

Tabela 51 Ocorrecircncias de alagamentos e deslizamentos obtidos atraveacutes do

levantamento histoacuterico

Pontos de ocorrecircncia (1984-2014)

Bairros Alagamento Deslizamento

Aacutegua Espraiada 1 1

Antocircnio Afonso 1 0

Barra 0 1

Centro 7 1

Coacuterrego do Ouro 1 7

Flores 0 1

Graminha 1 0

Jardim Jaraguaacute 0 1

N Sra da Gloacuteria 0 4

N Sra das Graccedilas 1 0

Quarto Depoacutesito 3 2

Santo Antocircnio 4 2

Satildeo Sebastiatildeo 0 1

Vila Esperanccedila 0 1

Fonte Do autor

De acordo com o estudo realizado na elaboraccedilatildeo do Plano Diretor pela prefeitura

municipal observa-se que os bairros que possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a

deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do Ouro e Vila Esperanccedila enquanto que os que

possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a alagamento satildeo o Centro da cidade e os

bairros Satildeo Sebastiatildeo Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio por estarem agraves margens do

Ribeiratildeo das Posses um curso drsquoaacutegua que sofre com inundaccedilotildees perioacutedicas devido ao

severo assoreamento em algumas regiotildees e tambeacutem devido ao acuacutemulo de lixo descartado

pelos moradores do entorno irregularmente De acordo com o estudo realizado quando da

elaboraccedilatildeo do Plano Diretor do municiacutepio foram feitos estudos sobre as aacutereas propensas

a deslizamentos e alagamentos na regiatildeo urbana principal Tais aacutereas satildeo as destacadas

nas Figuras 55 e 56 No levantamento histoacuterico realizado pode-se identificar que os

bairros que possuem mais aacutereas propensas a deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do

Ouro Nossa Senhora da Gloacuteria Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio enquanto que os bairros

mais propensos a alagamentos satildeo os bairros Centro Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio

como observado na tabela 51

29

Figura 5 5 Aacutereas propensas a deslizamento de acordo com o Plano Diretor de

Santos Dumont

Fonte Google Earth e Lei 42412012

Figura 5 6 Aacutereas propensas a alagamento de acordo com o Plano Diretor de

Santos Dumont

Fonte Google Earth e Lei 42412012

30

Comparando-se os mapas obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico com o mapa gerado

pelo estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor nota-se que haacute semelhanccedilas em

algumas aacutereas mas ao se levar em conta o produto gerado pela pesquisa histoacuterica o

estudo necessitaria ser complementado haja vista que ele natildeo compreende por exemplo

o ponto de alagamento no bairro Antocircnio Afonso citado anteriormente e alguns pontos de

deslizamento importantes uma vez que satildeo regiotildees onde haacute ocupaccedilatildeo Esse fato evidencia

a necessidade de se buscar vaacuterias fontes primaacuterias e secundaacuterias para se detectar aacutereas de

risco em um municiacutepio incluindo arquivos da imprensa local afim de se produzir uma

base de dados consistente e com o menor nuacutemero de falhas possiacutevel (CEPED 2014) Com

a uniatildeo dos dois estudos foram gerados os mapas apresentados nas Figuras 57 e 58

Aleacutem do mais observando as figuras 57 e 58 pode-se notar que uma boa parte tanto dos

casos de alagamento quanto de deslizamento estatildeo na faixa de APP de curso hiacutedrico o

que ilustra a importacircncia da preservaccedilatildeo destas aacutereas

Figura 5 7 Aacutereas propensas a alagamento do estudo do Plano Diretor

complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento

Fonte Do Autor

31

Figura 5 8 Aacutereas propensas a deslizamento do estudo do Plano Diretor

complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento

Fonte Do Autor

Atraveacutes da combinaccedilatildeo entre estes dois levantamentos procurou-se alimentar a base de

dados e garantir uma consistecircncia maior desta no que diz respeito a aacutereas de deslizamento

e alagamento podendo inclusive se identificar a suscetibilidade de uma determinada

regiatildeo da cidade a um ou outro evento (CEPED2014)

512 O Plano diretor e as APPs

Nos uacuteltimos anos o Brasil experimentou um forte fenocircmeno de migraccedilatildeo do campo para

as aacutereas urbanas De acordo com o IBGE no periacuteodo de 1940 a 2000 houve um aumento

de cerca de 60 do nuacutemero de pessoas que vivem em cidades (SILVA JR 2006) O

processo de planejamento e ordenamento do uso do solo nessas aacutereas deveria ter

acompanhado esse crescimento ao longo dos anos a fim de garantir a qualidade de vida e

a seguranccedila dos migrantes ao se instalarem nas cidades o que natildeo ocorreu e o que se

observa atualmente satildeo ocupaccedilotildees em aacutereas improacuteprias para moradia sem a infraestrutura

baacutesica necessaacuteria e com risco iminente de deslizamentos eou inundaccedilotildees

O Plano Diretor do municiacutepio de Santos Dumont em seu capiacutetulo IV que versa sobre o

uso e ocupaccedilatildeo do solo explicita regras para o ordenamento do territoacuterio que compreende

o municiacutepio com base nos diferentes usos do solo de acordo com sua compatibilidade o

32

que acabou por resultar num zoneamento de todo o municiacutepio em macrozonas conforme

citado na seccedilatildeo 3231 de acordo com os usos atuais e futuros do solo Aleacutem de dividir

estas macrozonas em urbanas e rurais tambeacutem avaliou e classificou estas aacutereas com base

numa seacuterie de fatores ambientais geoloacutegicos culturais e sociais de forma a se fazer um

zoneamento coerente com os atuais usos do solo e seu potencial de uso futuro Apresenta-

se na Figura 59 este zoneamento na aacuterea urbana principal de Santos Dumont

Figura 5 9 Zoneamento urbano da aacuterea urbana principal

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Lei 42412012

Tomando como referecircncia o Novo Coacutedigo Florestal brasileiro em especial os paracircmetros

estabelecidos para a definiccedilatildeo de APP e utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento

atraveacutes do software Vista SAGA relacionou-se as APPs existentes na aacuterea em estudo com

as regiotildees propiacutecias a alagamentos e deslizamentos de acordo com o estudo feito quando

da elaboraccedilatildeo do Plano Diretor afim de se identificar qual ou quais aacutereas possuem estes

problemas e se estatildeo relacionados com o uso do solo irregular em APP

Ao se aplicar a metodologia proposta por Oliveira amp Fernandes Filho (2013) natildeo foram

identificadas dentro da aacuterea de estudo APPs de topos de morro sendo este tipo de APP

descartada portanto das anaacutelises subsequentes deste trabalho Foram consideradas as

APP de curso hiacutedrico (rios e nascentes) e de declividade visando relacionaacute-las as aacutereas

de risco identificadas pela Prefeitura afim de se verificar as possiacuteveis causas da ocorrecircncia

33

destas aacutereas na regiatildeo urbana do municiacutepio Por meio de combinaccedilotildees entre dois mapas

temaacuteticos utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento foi possiacutevel obter as

assinaturas ou seja tabelas que caracterizam quantitativamente a aacuterea afetada por cada

aspecto visto que a simples visualizaccedilatildeo do mapa gerado pelo geoprocessamento muitas

vezes eacute prejudicada por serem aacutereas de pequenas dimensotildees ou por qualquer outra

limitaccedilatildeo do software Ressalta-se que para a elaboraccedilatildeo do Plano Municipal de Reduccedilatildeo

de riscos a identificaccedilatildeo e detalhamento topograacutefico destas aacutereas eacute fundamental para o

desenvolvimento do referido Plano conforme seraacute abordado detalhadamente na seccedilatildeo

52

De posse do mapa que representa o zoneamento urbano de Santos Dumont primeiramente

procurou-se mensurar qualitativa e quantitativamente a presenccedila de APPs tanto de

declividade quanto de cursos hiacutedricos Essa identificaccedilatildeo eacute importante pois este

zoneamento eacute um dos instrumentos de planejamento municipal (BRASIL 2001) Saboya

(2007) aponta que os principais objetivos de um zoneamento satildeo o controle da expansatildeo

urbana e proteccedilatildeo de aacutereas inadequadas a ocupaccedilatildeo aleacutem de reduzir os conflitos inerentes

aos diferentes usos do solo Com o uso da ferramenta ldquoCombinarrdquo do Vista SAGA foram

feitas combinaccedilotildees entre o mapa de hidrografia com buffer de 30m para rios e coacuterregos e

de 50m para nascentes com o mapa do zoneamento para se verificar a importacircncia das

APPs de curso hiacutedrico em toda a aacuterea urbana principal do municiacutepio Tambeacutem foram

combinados o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) obtido atraveacutes do gvSIG com o mapa

de zoneamento afim de se verificar quantitativamente as APPs de declividade e onde se

localizam Vale ressaltar que as declividades entre 30 e 47 estatildeo presentes nesta

combinaccedilatildeo pois de acordo com o Plano Diretor de Santos Dumont terrenos com esta

faixa de declividade para fins de parcelamento devem possuir estudo teacutecnico que ateste

a viabilidade de se promover algum empreendimento imobiliaacuterio neste (SANTOS

DUMONT 2012) Como a legislaccedilatildeo municipal prevecirc estudo somente para a faixa de

declividade descrita anteriormente para fins de anaacutelise neste trabalho consideramos um

valor mais conservador para APP compreendendo a faixa de 47 a 100 aleacutem da

prevista pela legislaccedilatildeo federal (gt100) para que natildeo houvessem lacunas importantes na

geraccedilatildeo do produto

Apresenta-se na Figura 510 aacutereas com declividades consideradas de risco e consideradas

APP e em qual zona de planejamento elas estatildeo inseridas De um modo geral ao se

observar a Tabela 52 nota-se que a aacuterea que compreende declividades de risco e APP eacute

uma pequena parcela da aacuterea urbana principal representando 061 desta aacuterea Ao se

levar em conta somente a localizaccedilatildeo pode-se verificar que cerca de 84 das aacutereas com

declividade de risco e a totalidade das APPs de declividade estatildeo localizadas na ZAC1

zona que compreende a maior parte do municiacutepio e apesar de possuir infraestrutura baacutesica

para a ocupaccedilatildeo esta eacute restrita Sendo assim o fator declividade deve ser visto com cautela

nesta aacuterea para se evitar transtornos advindos de edificaccedilotildees nestas aacutereas

34

Figura 5 10 Combinaccedilatildeo entre as declividades importantes incluindo as APPs e o

zoneamento urbano

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Do autor

Tabela 52 Assinaturas da combinaccedilatildeo Declividade x Zoneamento

Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea

Natildeo APP 457972 9939

Declividade 30-47 em ZAC1 2368 051

Declividade 30-47 em ZE 284 006

Declividade 30-47 em ZAC2 128 003

Declividade 30-47 em ZPA 004 0001

APP Declividade em ZAC1 048 001

Total 460804 100

Fonte Do autor

Apresenta-se na Figura 511 as APPs de curso hiacutedrico (nascentes e rios) e em qual zona

de planejamento estatildeo localizadas Assim como a declividade a maior parte das APPs de

curso hiacutedrico estatildeo localizadas em ZAC1 representando 383 da aacuterea urbana em estudo

e 51 do total das APPs de curso hiacutedrico Esta questatildeo tambeacutem deve ser vista com

bastante criteacuterio pelos gestores locais uma vez que a ocupaccedilatildeo em faixas proacuteximas de

rios e coacuterregos podem causar uma gama de problemas ambientais e sociais na regiatildeo

(SANTANA2011) Tal cuidado tambeacutem deve ser tomado nas APPs compreendidas na

35

ZAC2 que compreende 001 da Aacuterea urbana principal e 14 do total das APPs de curso

hiacutedrico pois a infraestrutura baacutesica e acessibilidade presente nesta zona eacute precaacuteria e a

ocupaccedilatildeo as margens de cursos hiacutedricos pode gerar problemas seacuterios caso ocorra uma

expansatildeo nestas aacutereas

Figura 511 Combinaccedilatildeo entre APP de curso hiacutedrico e as zonas de planejamento

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Do autor

Outro ponto importante eacute a presenccedila da Zona de Proteccedilatildeo Ambiental (ZPA) no entorno

uma consideraacutevel parte dos cursos hiacutedricos Nesta zona estatildeo presentes 28 das APPs de

curso hiacutedrico e esta zona de acordo com o Plano Diretor deve ser restaurada ou

preservada por suas caracteriacutesticas geoloacutegicas topograacuteficas e bioloacutegicas

Afim de se verificar os usos do solo na regiatildeo em estudo foram utilizadas combinaccedilotildees

de imagens advindas do sateacutelite Landsat 8 nas bandas descritas no capiacutetulo 4 aleacutem da

banda pancromaacutetica O resultado eacute apresentado na figura 512 que mostra os principais

usos do solo na aacuterea urbana principal de Santos Dumont

36

Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x Zoneamento

Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea

Hidrografia 11168 239

Aacuterea Urbana Natildeo APP 421004 9008

APP Curso hiacutedrico em ZAC1 179 383

APP Curso hiacutedrico em ZPA 9776 209

APP Curso hiacutedrico em ZE 184 004

APP Curso hiacutedrico em ZA 1192 026

APP Curso hiacutedrico em ZAC2 5124 110

APP Curso hiacutedrico em ZPPH 248 005

APP Curso hiacutedrico em ZEIS 568 012

APP Curso hiacutedrico em ZCA 228 005

Total 467392 10000

Fonte Do autor

Figura 5 12 Mapa de usos do solo da aacuterea urbana principal de Santos Dumont

Fonte Do autor

Como jaacute era previsto a maior parte da aacuterea urbana se encontra ocupada e eacute nesta regiatildeo

ocupada que se observa a maior concentraccedilatildeo de problemas de deslizamentos e

alagamentos (Figuras 513 e 514) A grande ocupaccedilatildeo em aacutereas consideradas APP de

curso hiacutedrico de acordo com os mapas gerados pode ser a principal causa do aumento a

cada ano dos casos de alagamento principalmente na regiatildeo central da cidade Outro ponto

que se deve atentar eacute a existecircncia de uma consideraacutevel aacuterea de pastagem pouco vegetada

que caso estejam em aacutereas elevadas pode contribuir para deslizamentos e agraves margens de

37

rios e coacuterregos para o assoreamento destes corpos hiacutedricos o que pode causar

alagamentos (INAacuteCIO etal 2007)

Diante destes resultados pode-se ver que a cidade de Santos Dumont necessita alternativas

efetiva no que diz respeito agrave contenccedilatildeo de deslizamentos e a reduccedilatildeo de risco de

alagamento pois as aacutereas em que ocorrem tais eventos satildeo distintas e facilmente definidas

devido agrave repeticcedilatildeo destes nos uacuteltimos anos Um plano de accedilatildeo integrado entre as diferentes

secretarias municipais (Obras Meio Ambiente Assistecircncia Social entre outras) e a

Coordenadoria Municipal de Defesa Civil deve ser realizado afim de se tomar medidas

natildeo mais preventivas mas sim preditivas para que se possa conter o avanccedilo destes

problemas na aacuterea urbana principal bem como em toda a aacuterea do municiacutepio

Figura 5 13 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na aacuterea urbana

principal

Fonte Do autor

38

Figura 5 14 Aacutereas sujeitas a alagamento e os principais usos do solo na aacuterea

urbana principal

Fonte Do autor

Ao se associar os dados do estudo do Plano Diretor com os dados do levantamento

histoacuterico realizado com o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) pode-se notar que as aacutereas

propiacutecias a deslizamento estatildeo em regiotildees as quais haacute uma fronteira de declividades ou

seja eacute evidente que os deslizamentos ocorrem em encostas um pouco mais iacutengremes mas

natildeo necessariamente nas encostas de 30-47 as quais exigem estudo teacutecnico conforme o

plano diretor preconiza Quanto aos alagamentos nota-se que eles se localizam nas aacutereas

com menor ou nenhuma declividade podendo ser estas aacutereas talvez componentes da

planiacutecie de inundaccedilatildeo dos rios Estes resultados podem ser vistos nas figuras 515 e 516

a seguir

39

Figura5 15 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a deslizamentos na

regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

Fonte Lei 42412012 e Autor

Figura5 26 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a alagamentos na

regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

Fonte Lei 42412012 e Autor

40

52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis

O processo de ocupaccedilatildeo no municiacutepio de Santos Dumont comeccedilou muito antes de

qualquer legislaccedilatildeo relacionada a ordenamento urbano e de proteccedilatildeo do meio ambiente

fosse implementado no Brasil Esse fato aliado a poliacuteticas e fiscalizaccedilotildees falhas

contribuiacuteram para a ocupaccedilatildeo e expansatildeo da aacuterea urbana ao longo do Ribeiratildeo das Posses

e seus afluentes o que tem gerado o aumento da degradaccedilatildeo destes corpos hiacutedricos ao

longo de todos estes anos Observa-se tambeacutem que nas uacuteltimas deacutecadas ocorreu um

grande nuacutemero de migraccedilotildees do campo para a regiatildeo urbana da cidade fator que

contribuiu para o crescimento do nuacutemero de habitaccedilotildees em aacutereas de risco de deslizamento

e alagamentos por serem na maioria das vezes terrenos menos valorizados e por este

motivo acessiacuteveis a populaccedilatildeo com menor poder aquisitivo (ROSA amp CORTEZ 2008)

Vale ressaltar que esta questatildeo aleacutem de ser ambiental eacute muito mais social pois os

moradores entendem os riscos de se viver nestes locais mas por motivos econocircmicos ou

por questotildees afetivas natildeo abrem matildeo da moradia nessas aacutereas A Constituiccedilatildeo Federal de

1988 promoveu a inter-relaccedilatildeo das questotildees sociais com as questotildees ambientais quando

colocou o meio ambiente como direito coletivo (BRASIL1988 SOUZA2010) Por este

motivo a decisatildeo por medidas draacutesticas que favoreccedilam apenas agrave preservaccedilatildeo do meio

ambiente natildeo eacute recomendada pois aleacutem de ser inconstitucional podem afetar a

sustentabilidade econocircmica do municiacutepio e gerar conflitos sociais consideraacuteveis

(CARLOS 1992 apud SOUZA 2010)

Segundo Bueno (2009) ldquonem tudo o que eacute irregular eacute precaacuteriordquo Esse fato se observa em

Santos Dumont uma vez que em boa parte da regiatildeo central se observa vaacuterias moradias

construiacutedas na faixa de APP de curso hiacutedrico o que natildeo eacute permitido pela legislaccedilatildeo

vigente e eacute um dos fatores que contribui para a ocorrecircncia de alagamentos nesta aacuterea da

cidade Para a resoluccedilatildeo deste problema o que seria mais viaacutevel seria a melhoria da

infraestrutura de drenagem urbana afim de que o escoamento da aacutegua das chuvas natildeo

sobrecarregasse o sistema (BUENO2009) A construccedilatildeo de bacias de contenccedilatildeo de

cheias ao longo do Ribeiratildeo das Posses tambeacutem seria uma alternativa mas para se verificar

a viabilidade necessita-se estudos mais aprofundados do ponto de vista hidroloacutegico

O grande problema a ser solucionado no entanto eacute o que diz respeito agraves aacutereas de risco

de deslizamento majoritariamente nos bairros A melhor alternativa seria o

remanejamento dos moradores para uma aacuterea proacutexima agrave que moram poreacutem longe do

risco Poreacutem esta alternativa de acordo com Rosa Filho amp Cortez (2008) encontra alguns

entraves pois estas pessoas na maioria das vezes natildeo tecircm condiccedilotildees financeiras de irem

para outro lugar ou pagar aluguel ou estatildeo de alguma forma sentimentalmente ligadas

agravequela regiatildeo que se recusam a deixaacute-lo

41

Por parte dos oacutergatildeos competentes no municiacutepio a criaccedilatildeo de um plano para se evitar

acidentes ocasionados por deslizamentos e alagamentos com um mapeamento detalhado

de toda a extensatildeo do municiacutepio eacute extremamente uacutetil Os estudos que seratildeo feitos para a

elaboraccedilatildeo deste plano poderatildeo definir quais as aacutereas satildeo potencialmente de risco para as

ocupaccedilotildees existentes ou para as potenciais ocupaccedilotildees que possam vir a ocorrer atraveacutes do

mapeamento das aacutereas de risco Tal planejamento seraacute auxiliar ao Plano Diretor

Municipal pois definiraacute o real uso do solo de determinada regiatildeo do municiacutepio

contribuindo para a adequaccedilatildeo do uso e ocupaccedilatildeo do solo afim de evitar ou reduzir o

nuacutemero de problemas relacionados a alagamentos e principalmente deslizamentos no

periacutemetro urbano (TOMINAGA 2009) A partir deste plano os gestores locais poderatildeo

tomar a melhor decisatildeo para a prevenccedilatildeo ou reduccedilatildeo dos riscos inerentes a tais problemas

Na seccedilatildeo 521 seraacute hierarquizado de forma preliminar a aacuterea urbana principal de acordo

com os resultados da tabela 51

521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta

O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos (PMRR) foi criado atraveacutes de accedilotildees

regularizadoras do Ministeacuterio das Cidades para ser o instrumento de gestatildeo e

gerenciamento de aacutereas de risco em um municiacutepio Eacute um documento que aleacutem de

estabelecer quais regiotildees satildeo consideradas de risco tambeacutem objetiva a proposta de

medidas estruturais ou natildeo para contenccedilatildeo eou prevenccedilatildeo de cataacutestrofes aleacutem de ser um

meio de captaccedilatildeo de recursos financeiros junto aos Governos Estadual e Federal Estes

recursos poderatildeo ser utilizados para a realizaccedilatildeo de obras que visem a melhoria da

qualidade de vida da populaccedilatildeo do entorno ou de recuperaccedilatildeo da aacuterea degradada Este

plano eacute realizado de forma participativa com as comunidades das aacutereas de risco e pode

ser realizado em sete fases conforme recomenda o Ministeacuterio das Cidades (ALHEIROS

2006)

O primeiro passo para a realizaccedilatildeo do PMRR eacute definir qual a metodologia seraacute empregada

levando-se em consideraccedilatildeo a realidade atual do municiacutepio e especificar de forma sucinta

um cronograma das atividades Eacute importante nesta fase a participaccedilatildeo tambeacutem dos

responsaacuteveis pelas mais variadas Secretarias Municipais afim de explicitar o tamanho da

importacircncia e o caraacuteter integrador deste plano A segunda fase deste plano objetiva a

criaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo da principal base de dados a ser utilizada nos passos posteriores o

mapeamento de risco em escala detalhe em torno de 13000 (SAtildeO PAULO 2014) A

elaboraccedilatildeo de um mapeamento detalhado propiciaraacute natildeo soacute a identificaccedilatildeo mais faacutecil das

aacutereas de risco como tambeacutem facilitaraacute aos gestores e agrave comunidade decidirem qual a

melhor intervenccedilatildeo para a soluccedilatildeo ou remediaccedilatildeo dos problemas em uma determinada

42

aacuterea hierarquizando o risco e definindo prioridades (SAtildeO PAULO 2014) Na tabela a

seguir apresenta-se alguns tipos de intervenccedilotildees que podem ser feitas em aacutereas de risco

sugeridas pelo Ministeacuterio das cidades (ALHEIROS 2006)

Quadro 5 1 - Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco

Tipo de intervenccedilatildeo Descriccedilatildeo

Serviccedilos de limpeza e Recuperaccedilatildeo

Remoccedilatildeo de entulho lixo etc

corte de aacutervores

remoccedilatildeo de bananeiras

recuperaccedilatildeo eou limpeza de sistemas de

drenagem esgotos e acessos

Limpeza de canais de drenagem

Proteccedilatildeo Vegetal

Proteccedilatildeo superficial vegetal (gramiacuteneas) em

taludes com solo exposto

Proteccedilatildeo vegetal de margens de canais de

drenagem

Barreiras vegetais para massas escorregadas

ou acumuladas pela erosatildeo

Drenagem Superficial e Acessos

Sistema de drenagem superficial (canaletas

raacutepidos caixas de transiccedilatildeo escadas drsquoaacutegua)

Acessos para pedestres (escadarias rampas

etc) integrados ao sistema de drenagem

Revestimento de Taludes Revestimento com materiais artificiais

cimentado cal-jet tela argamassada alvenaria

de tijolos ceracircmicos solo-cimento ensacado

Desmonte de blocos e matacotildees Desmonte de concreccedilotildees de grande porte

blocos rochosos e matacotildees

Obras de drenagem de subsuperfiacutecie Sistema de drenagem de subsuperfiacutecie

(trincheiras drenantes DHP poccedilos de

rebaixamento)

Estruturas de contenccedilatildeo (localizadas)

Muros de contenccedilatildeo de pequeno porte (solo-

cimento ensacado alvenaria de pedra-rachatildeo

concreto armado)

Estruturas de contenccedilatildeo localizadas

(chumbadores tirantes microestacas)

Contenccedilatildeo e proteccedilatildeo de margens de canais (

gabiotildees muros de concreto etc)

Estruturas de contenccedilatildeo (meacutedio e grande porte) Implantaccedilatildeo de estruturas de contenccedilatildeo de

meacutedio e grande porte envolvendo obras de

contenccedilatildeo passivas e ativas (muros de

gravidade cortinas etc)

Terraplanagem Execuccedilatildeo de serviccedilos de terraplanagem

combinados a obras de drenagem superficial e

proteccedilatildeo vegetal desvio e canalizaccedilatildeo de

coacuterregos

Remoccedilatildeo de moradias Remoccedilotildees definitivas para implantaccedilatildeo de

obras ou devido agrave localizaccedilatildeo improacutepria da

edificaccedilatildeo (Priorizar as relocaccedilotildees dentro da

proacutepria aacuterea em local seguro)

Fonte ALHEIROS 2006

43

Escolhidas as formas de intervenccedilatildeo para cada aacuterea eacute necessaacuterio realizar uma estimativa

dos custos afim de preparar o orccedilamento da prefeitura para a realizaccedilatildeo das obras e se

seraacute necessaacuterio a captaccedilatildeo de recursos externos para a execuccedilatildeo destas Feitas as

estimativas de custo o proacuteximo passo eacute definir as prioridades e para esta fase eacute tambeacutem

uacutetil o mapeamento feito nas etapas anteriores pois seraacute necessaacuterio hierarquizar tais

intervenccedilotildees nas aacutereas de risco O Ministeacuterio das Cidades (2007) sugere alguns criteacuterios

que podem ser avaliados pelo gestor dentre eles pode-se citar

Grau de risco

Populaccedilatildeo beneficiada

Custo da intervenccedilatildeo

Dimensatildeo da aacuterea a ser tratada

Demandas anteriores da populaccedilatildeo

Tempo de ocupaccedilatildeo

Viabilidade teacutecnica da intervenccedilatildeo

Viabilidade financeira

Inclusatildeo da aacuterea em outros projetos

A partir desta hierarquizaccedilatildeo inicia-se a identificaccedilatildeo de provaacuteveis fontes de captaccedilatildeo de

recursos para a execuccedilatildeo das intervenccedilotildees Estes recursos podem advir de programas dos

governos Federal e Estadual ou por meio de editais para captaccedilatildeo de recursos financeiros

tanto do setor puacuteblico como da iniciativa privada e podem ser tambeacutem associados agrave outras

Secretarias Municipais como a de Turismo ou Meio Ambiente e natildeo soacute as destinadas agrave

Defesa Civil (ALHEIROS 2006)

Eacute previsto tambeacutem no PMRR uma avaliaccedilatildeo da Defesa Civil municipal e como ela estaacute

estruturada fazendo inclusive sugestotildees para que sua atuaccedilatildeo esteja em consonacircncia com

a realidade das comunidades e da Administraccedilatildeo Puacuteblica do municiacutepio de forma a garantir

sua sustentabilidade e conquistar a credibilidade da populaccedilatildeo no que diz respeito a

prevenccedilatildeo de cataacutestrofes Para que a resposta a uma determinada situaccedilatildeo de risco seja

raacutepida eacute necessaacuterio a descentralizaccedilatildeo da Defesa Civil criando pequenos nuacutecleos

comunitaacuterios com a finalidade de se monitorar a aacuterea constantemente e promover as

intervenccedilotildees necessaacuterias em tempo haacutebil o que aumenta em muito a credibilidade da

populaccedilatildeo no PMRR e no trabalho desempenhado pela Defesa Civil no municiacutepio Apoacutes

esta etapa o PMRR passaraacute por audiecircncias puacuteblicas e posteriormente poderaacute ser aprovado

como Lei Municipal pelo Legislativo local (ALHEIROS 2006)

Com a realizaccedilatildeo deste plano o municiacutepio estaraacute munido de informaccedilotildees suficientes para

realizar accedilotildees efetivas de gestatildeo e gerenciamento de riscos bem como aliado a

levantamentos sociais realizar programas habitacionais que beneficiem prioritariamente

44

aos moradores das aacutereas de risco Aleacutem disso com o PMRR o municiacutepio poderaacute melhorar

a qualidade ambiental da populaccedilatildeo captando recursos para a recuperaccedilatildeo das aacutereas de

APP que foram degradadas pelas ocupaccedilotildees irregulares beneficiando todos os moradores

do municiacutepio com o aumento da qualidade de vida na cidade

A partir do disposto nesta seccedilatildeo acerca do Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos e de

uma maneira preliminar (levando-se em conta apenas o nuacutemero de registros de

alagamentos e deslizamentos na aacuterea urbana principal de Santos Dumont no periacuteodo de

1984 a 2014) identificou-se trecircs regiotildees distintas na aacuterea urbana do municiacutepio com

tempo de recorrecircncia desses eventos similares caracterizando trecircs prioridades de

intervenccedilatildeo em contenccedilatildeo de risco como pode ser visto nas figuras 515 e 516 Vale

ressaltar que eacute necessaacuterio um estudo mais detalhado inclusive com visitas teacutecnicas a

campo para que se confirme a real situaccedilatildeo destas e a real prioridade para investimentos

Figura 5 17 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de deslizamentos

Fonte Do Autor

45

Figura 5 18 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de alagamentos

Fonte Do Autor

46

6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees

A seguir apresenta-se as conclusotildees e as recomendaccedilotildees feitas a partir dos objetivos

especiacuteficos explicitados no iniacutecio deste trabalho

Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a

aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes

urbanos

A partir da revisatildeo da legislaccedilatildeo pertinente em acircmbito federal estadual e

municipal constatou-se que o Plano Diretor de Santos Dumont natildeo conflita com a

legislaccedilatildeo federal e estadual sobre Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente A legislaccedilatildeo

municipal foi entendida como mais conservadora que as federal e estadual uma

vez que considera implicitamente que declividades entre 47 e 100 satildeo

enquadradas como APPs aleacutem da faixa superior a 100

Parte consideraacutevel das ocupaccedilotildees em APP principalmente na regiatildeo do bairro

Santo Antocircnio (onde surgiu os primeiros nuacutecleos que deram origem ao municiacutepio)

e o centro da cidade ocorreram antes de que fosse elaborado qualquer legislaccedilatildeo

que versasse sobre o tema Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente bastando ao gestor

local tomar medidas de contenccedilatildeo de riscos que minimizem os impactos causados

por essas ocupaccedilotildees nessa regiatildeo

O ordenamento adequado do uso do solo no municiacutepio eacute necessaacuterio para que o

crescimento dos loteamentos criados anteriormente agrave esta Lei e o surgimento de

novos natildeo avance para Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente o que pode causar

inuacutemeros problemas aos moradores e agravar os jaacute existentes

Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las

com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)

As aacutereas onde houveram a maior quantidade de registros de deslizamentos satildeo os

bairros mais populosos de Santos Dumont podendo se estabelecer uma relaccedilatildeo

que quanto mais populoso o bairro maior a quantidade de problemas relacionados

a deslizamentos Tambeacutem pode-se notar uma relaccedilatildeo com as fronteiras das faixas

de declividades e os deslizamentos uma vez que boa parte deles aconteceram

nestas faixas

As aacutereas onde houve um grande nuacutemero de registros de alagamentos satildeo os bairros

que se desenvolveram agraves margens do Ribeiratildeo das Posses em especial na aacuterea que

47

compreende as APPs de curso hiacutedrico e em aacutereas onde a declividade eacute baixa Esse

fato aliado ao crescimento do nuacutemero de vias pavimentadas com material

impermeaacutevel e a natildeo expansatildeo e ou redimensionamento da rede de drenagem

urbana contribuiacuteram para a ocorrecircncia cada vez mais constante de alagamentos

nessas aacutereas

Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos

catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30

anos

A partir do levantamento histoacuterico realizado e da base de dados georeferenciada

gerada observou-se o aumento do nuacutemero de registros de deslizamentos e

alagamentos nos uacuteltimos 10 anos quando as ocorrecircncias comeccedilaram a se repetir

numa mesma aacuterea com frequecircncia incrementada as vezes com mais de uma

ocorrecircncia anual

Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do

solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental

Destaca-se a adequaccedilatildeo dos criteacuterios gerais estabelecidos pelo Plano Diretor de

Santos Dumont relativos a legislaccedilatildeo federal e estadual Entretanto o referido

Plano Diretor natildeo contempla todo o territoacuterio municipal sendo assim ele natildeo

cumpre o objetivo de proteger as APPs preservadas e recuperar as que foram

degradadas em todo o territoacuterio municipal Ressalta-se tambeacutem a sua natildeo

conformidade com o Estatuto das Cidades uma vez que o Plano Diretor

contempla apenas os novos loteamentos

Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais

negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea

impactada

Recomenda-se a implantaccedilatildeo no municiacutepio de uma Coordenadoria Municipal de

Defesa Civil atuante e integrada agraves Secretarias Municipais e agrave comunidade

visando uma atuaccedilatildeo eficaz nos problemas relacionados a deslizamentos e

alagamentos A elaboraccedilatildeo de um Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos eacute de

suma importacircncia pois atraveacutes dele pode-se predizer as aacutereas que passaratildeo por

problemas caso a expansatildeo aconteccedila ou se inicie uma ocupaccedilatildeo nova aleacutem de

prevenir acidentes nas aacutereas jaacute ocupadas e consideradas de risco

48

7 Anexos

49

71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont

50

51

72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)

52

53

8 Referecircncias Bibliograacuteficas

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CF estabelece as diretrizes gerais da poliacutetica urbana e daacute outras providecircncias Brasiacutelia

2001

BRASIL Lei Federal nordm 12651 de 25 de maio de 2012 Dispotildee sobre a proteccedilatildeo da

vegetaccedilatildeo nativa altera as Leis nos 6938 de 31 de agosto de 1981 9393 de 1 9 de

dezembro de 1996 e 11 428 de 22 de dezembro de 2006 revoga as Leis nos 4771 de

1 5 de setembro de 1965 e 7754 de 1 4 de abril de 1989 e a Medida Provisoacuteria no 21

66shy67 de 24 de agosto de 2001 e daacute outras providecircncias Brasiacutelia 2012

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56

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ZANON F N Uso e ocupaccedilatildeo da terra e vulnerabilidade a alagamento na aacuterea central

da cidade de Satildeo Paulo O caso da subprefeitura da Seacute Trabalho de Graduaccedilatildeo UNESP

Rio Claro 2013

Page 26: O USO DO SOLO URBANO EM ÁREAS DE PRESERVAÇÃO … · social que você tenha na vida, a mais alta ou a mais baixa, tenha sempre como meta muita força, muita determinação e sempre

18

Figura 3 2 Municiacutepio de Palmyra na deacutecada de 1920

Fonte Arquivo Histoacuterico de Santos Dumont-MG

O escoamento da produccedilatildeo industrial se dava pelo modal ferroviaacuterio setor que tambeacutem

movimentava a crescente cidade que era ponto importante no setor de transportes pois

possuiacutea um dos mais bem equipados depoacutesitos de locomotivas da Estrada de Ferro Central

do Brasil (DAPPC2008)

No ano de 1932 o municiacutepio de Palmyra passou a se chamar Santos Dumont (Figura 43)

em homenagem ao inventor do aviatildeo que nascera naquela cidade Nos uacuteltimos 40 anos

Santos Dumont tem experimentado uma acentuada desaceleraccedilatildeo econocircmica

consequecircncia do fechamento da grande maioria das induacutestrias principalmente as de

laticiacutenios que empregavam direta e indiretamente uma parte consideraacutevel da populaccedilatildeo

(DAPPC2008)

19

Figura 3 3 Municiacutepio de Santos Dumont em 2014

Fonte Arquivo do autor

332 Santos Dumont na atualidade

O municiacutepio de Santos Dumont localiza-se na regiatildeo da Zona da Mata mineira distante

cerca de 220 Km da capital Belo Horizonte e possui uma populaccedilatildeo de 47558 habitantes

(ODM 2015 projeccedilatildeo) numa aacuterea total de 637 kmsup2 Faz divisa com os municiacutepios de

Juiz de Fora Oliveira Fortes Bias Fortes Antocircnio Carlos Tabuleiro Piau e Ewbank da

Cacircmara

No que diz respeito agrave sua formaccedilatildeo fisiacuteco-geograacutefica a aacuterea que compreende o municiacutepio

eacute constituiacuteda predominantemente por Cambissolo Haacuteplico (70) com Latossolo

Vermelho-Amarelo (30) (UFV2010) A vegetaccedilatildeo eacute em sua maioria composta por

exemplares de Mata Atlacircntica De acordo com o IBGE(2015) Santos Dumont se localiza

a 839m de altitude O clima da regiatildeo eacute classificado como Tropical de Altitude (Cwb) e

possui uma temperatura meacutedia de 20ordmC Eacute banhado pela bacia hidrograacutefica do Paraiacuteba do

Sul e em sua maioria pertence agrave sub-bacia do Rio Pomba (IGAM) que fornece aacutegua para

abastecimento puacuteblico agrave 88 da populaccedilatildeo por meio da rede de distribuiccedilatildeo

(IBGE2010) Uma pequena parte da zona rural a sudoeste eacute banhada pela Sub-Bacia do

Rio Paraibuna mais precisamente na regiatildeo de fronteira com os municiacutepios de Juiz de

Fora e Ewbank da Cacircmara O sistema viaacuterio principal de acesso agrave cidade eacute a rodovia BR-

040 e a estrada de ferro Dom Pedro II atualmente utilizada somente para transporte de

cargas

Com a economia nos dias atuais baseada majoritariamente no setor de serviccedilos a cidade

possui um Iacutendice de Desenvolvimento humano (IDH) de 0741 (IBGE2010) Apesar do

decliacutenio econocircmico de Santos Dumont nota-se hoje um aumento no nuacutemero de

loteamentos populares e condomiacutenios horizontais e verticais entre outras edificaccedilotildees Eacute

de vital importacircncia que esse crescimento das ocupaccedilotildees seja ordenado e regulamentado

20

de forma a garantir a qualidade ambiental prevenindo deslizamentos e inundaccedilotildees Diante

dessa conjuntura o governo municipal aprovou em 2012 a Lei nordm 4241 que trata do Plano

Diretor Participativo instrumento baacutesico da poliacutetica de desenvolvimento e expansatildeo

urbana do municiacutepio de Santos Dumont

4 METODOLOGIA

41 Aacuterea de estudo

A regiatildeo dentro dos limites do municiacutepio que seraacute estudada neste trabalho eacute conforme

descrito nos anexos Plano Diretor e representada na figura 44 a aacuterea urbana principal

que possui 47 Kmsup2 e compreende a regiatildeo central da cidade e os bairros perifeacutericos regiatildeo

que concentra cerca de 90 da populaccedilatildeo total de Santos Dumont (IBGE 2015) A aacuterea

urbana principal representa 75 da aacuterea total dos 637 Kmsup2 que compreendem o

municiacutepio e eacute o local onde nos uacuteltimos 30 anos se verificou um maior crescimento

populacional e tambeacutem onde ocorre a maioria dos eventos relacionados a deslizamentos

e alagamentos por conta da ocupaccedilatildeo sem planejamento A figura 45 mostra a aacuterea

urbana principal e a localizaccedilatildeo dos bairros urbanos de Santos Dumont

Figura 4 1 Localizaccedilatildeo da aacuterea urbana principal

Fonte Google Earth

21

Figura 4 2 Mapa da aacuterea urbana principal com a localizaccedilatildeo dos bairros

Fonte Do Autor

42 Levantamento e tratamento dos dados

No desenvolvimento deste trabalho foi necessaacuterio se fazer um estudo detalhado sobre o

Plano Diretor de Santos Dumont principalmente dos seus anexos que compreendem os

mapas e a localizaccedilatildeo das aacutereas definidas pelo zoneamento proposto Para que isso fosse

possiacutevel a Secretaria Municipal de Obras e Serviccedilos Puacuteblicos forneceu todos os dados

secundaacuterios produto do estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor e do

zoneamento Estes dados incluem os arquivos Shapefile (shp) e outros documentos

integrantes do Plano Diretor Algumas informaccedilotildees foram complementadas tambeacutem com

dados adquiridos atraveacutes do site do IBGE e do Portal Objetivos do Milecircnio (ODM)

Os dados sobre as ocorrecircncias de deslizamentos e alagamentos foram obtidos atraveacutes da

Defesa Civil do municiacutepio atraveacutes do Sistema Integrado de Informaccedilotildees sobre Desastres

(S2ID) do Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional Tal sistema centraliza as informaccedilotildees sobre

desastres naturais ocorridos em todo o territoacuterio nacional facilitando a pesquisa sobre tais

eventos a qualquer cidadatildeo (BRASIL 2015)

Apesar do sistema ser bastante uacutetil os dados sobre o municiacutepio de Santos Dumont se

encontravam bastante falhos e escassos sendo necessaacuteria complementaccedilatildeo para que a

22

base de dados ficasse consistente Diante disso uma pesquisa atraveacutes dos arquivos do

Jornal Mensagem um jornal semanaacuterio local foi feita entre os anos de 1984 e 2014 e os

dados primaacuterios filtrados em uma planilha do Microsoft Excel para posterior utilizaccedilatildeo

De posse destes dados foi feita a localizaccedilatildeo em campo das coordenadas dos locais

atingidos por deslizamentos e alagamentos no periacuteodo compreendido pela pesquisa com

o auxiacutelio de um aparelho de GPS

A maioria dos arquivos shapefile utilizados para a confecccedilatildeo dos mapas satildeo parte

integrante dos anexos da Lei do Plano diretor do municiacutepio gerados no mecircs de dezembro

de 2011 pelo Instituto Nova Cidade e foram cedidos pela Secretaria Municipal de Obras

e Serviccedilos Puacuteblicos com Datum em UTM SAD 69 Com a finalidade de fornecer um

referenciamento atualizado e de acordo com os mais novos sistemas de coordenadas

utilizados no Brasil os arquivos foram convertidos para o Datum UTM SIRGAS 2000

que diferencia do SAD 69 pelo fato de ser um referencial geocecircntrico ou seja o centro

da Terra eacute o ponto de referecircncia neste sistema enquanto que o primeiro utiliza um

referencial na superfiacutecie da Terra (IBGE2014) Eacute interessante ressaltar tambeacutem que o

SIRGAS 2000 se tornou no ano de 2014 o sistema de coordenadas oficial do Sistema

Geodeacutesico Brasileiro e do Sistema Cartograacutefico Nacional ambos mantidos pelo IBGE A

combinaccedilatildeo dos shapefiles foi feita com o software livre gvSIG e com estas combinaccedilotildees

foram gerados mapas importantes resultados para a execuccedilatildeo deste trabalho A maioria

dos mapas representam a regiatildeo urbana principal de Santos Dumont e foram produzidos

numa escala em torno de 140000 que de acordo com Rocha (2007) eacute uma escala viaacutevel

pois as recomendaacuteveis para trabalhos de anaacutelise ambiental em niacutevel municipal podem ser

entre 150000 e 110000 Alguns mapas cujo detalhamento natildeo eacute necessaacuterio foram

gerados na escala 1100000

Para a geraccedilatildeo dos mapas aleacutem dos arquivos fornecidos pela Secretaria de Obras e

Serviccedilos Puacuteblicos foram utilizados para a geraccedilatildeo do modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE)

e da localizaccedilatildeo dos topos de morro dados gerados pelo sistema de radar Advanced

Spacebone Thermal Emission and Reflection Radiometer (ASTER) que geram as curvas

de niacutevel do terreno com uma resoluccedilatildeo de 30m (NASA2014) O processamento dessas

imagens foi feito pelo software livre gvSIG As imagens geradas pelos sateacutelites

LANDSAT foram adquiridas no site da United States Geological Survey (USGS) e essas

imagens possibilitaram obter um panorama preciso do uso do solo em toda a aacuterea urbana

de Santos Dumont numa resoluccedilatildeo de 15 metros uma vez que foi utilizada a banda

pancromaacutetica do sateacutelite LANDSAT 8 aleacutem da combinaccedilatildeo das bandas 65 e 4

respectivamente que eacute a combinaccedilatildeo recomendada pela mantenedora dos sateacutelites para

anaacutelises deste tipo

23

No que diz respeito a identificaccedilatildeo de APPs em topo de morro a metodologia de Oliveira

amp Fernandes Filho (2013) por utilizar as mesmas bases de dados ateacute entatildeo usadas neste

trabalho foi a mais indicada

A metodologia de anaacutelise dos mapas gerados eacute a proposta pelo professor Jorge Xavier da

Silva do Laboratoacuterio de Geoprocessamento (LAGEOP) da Universidade Federal do Rio

de Janeiro e citada por Rocha (2007) Tal metodologia analisa as variaacuteveis em questatildeo

presentes na aacuterea e permite avaliar as possibilidades de relaccedilotildees entre essas variaacuteveis De

uma maneira geral este meacutetodo verifica o estado atual da aacuterea em estudo bem como das

variaacuteveis gerando inventaacuterios que servem para a construccedilatildeo de dados planimeacutetricos sejam

com as variaacuteveis isoladas ou combinadas Estes dados planimeacutetricos geram assinaturas

que permitem inferir sobre a influecircncia dessas variaacuteveis De posse dos dados gerados pelo

processo anteriormente citado pode-se fazer algumas prospecccedilotildees sobre os riscos

ambientais que a aacuterea pode sofrer ou o seu potencial ambiental (ROCHA 2007)

5 RESULTADOS

51 Levantamento histoacuterico de alagamentos e

deslizamentos

O aumento da demanda pelo uso do solo na regiatildeo urbana de Santos Dumont

principalmente no tocante agrave formaccedilatildeo de novos loteamentos e condomiacutenios nos uacuteltimos

anos eacute consideraacutevel mas tambeacutem haacute de se observar o crescimento dos bairros jaacute existentes

com pouco ou nenhum ordenamento Em ambos os casos se observa ocupaccedilotildees

irregulares em APP o que tem ocasionado um aumento na frequecircncia de deslizamentos

e inundaccedilotildees Eacute evidente que quanto maior a densidade populacional do bairro maior a

quantidade de ocorrecircncias ao longo dos anos (SPERFELD 2009)

De acordo com as ocorrecircncias registradas pela Defesa Civil do municiacutepio obtidas atraveacutes

da literatura utilizada nos uacuteltimos 30 anos Santos Dumont chegou a decretar situaccedilatildeo de

emergecircncia por conta de desastres envolvendo deslizamentos eou alagamentos por duas

vezes num espaccedilo de 10 anos conforme pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho

(BRASIL 2014 CEPED 2011)

Segundo os dados obtidos atraveacutes de pesquisa nos arquivos do semanaacuterio entre os anos

de 1984 e 2014 pode-se verificar que nos uacuteltimos 20 anos a cidade tem experimentado

24

um aumento consideraacutevel nos eventos relacionados a deslizamentos e principalmente

alagamentos como pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho Isso pode ter sido causado

dentre outros fatores pelo aumento do nuacutemero de vias pavimentadas com material

impermeaacutevel o que tem sobrecarregado tanto a infraestrutura existente para drenagem

urbana como tambeacutem a calha dos cursos drsquoaacutegua que passam pela regiatildeo urbana do

municiacutepio (ZANON2013)

Na deacutecada de 1980 (1984-1990) de acordo com os dados obtidos natildeo foram noticiados

eventos consideraacuteveis relacionados a deslizamentos e alagamentos em Santos Dumont

mas isso natildeo exclui a possibilidade de natildeo ter ocorrido tais eventos em menor escala

Na deacutecada de 1990 aconteceram uma seacuterie de ocorrecircncias tanto de deslizamentos quanto

de alagamentos No ano de 1997 num periacuteodo chuvoso intenso aconteceram

deslizamentos consideraacuteveis em vaacuterios bairros da cidade inclusive com desabamento de

casas e de ruas principalmente nos bairros Nossa Senhora da Gloacuteria e Quarto Depoacutesito

Em 1999 ocorreram alguns pontos de alagamento nos bairros Quarto Depoacutesito e Santo

Antocircnio com grandes prejuiacutezos materiais

A deacutecada de 2000 iniciou com o registro de deslizamentos em vaacuterios bairros da cidade

inclusive com desabamento de casas e pontes e alagamentos em importantes vias do

centro da cidade Observa-se ao longo desse periacuteodo o crescimento nas ocorrecircncias de

deslizamentos e de aacutereas com risco de deslizamento em muitos bairros de Santos Dumont

Um dos fatores importantes para esse crescimento foi a grande expansatildeo sofrida pela

maioria dos bairros e a falta de planejamento e orientaccedilatildeo por parte da prefeitura uma

vez que uma boa parte do crescimento dos bairros da cidade ocorreu ou proacuteximo a cursos

drsquoaacutegua ou em aacutereas com declividade improacutepria para se fazer construccedilotildees O bairro

Coacuterrego do Ouro (Figura 51) foi o que mais sofreu com ocorrecircncias de deslizamentos

nesse periacuteodo enquanto o bairro Santo Antocircnio foi que teve mais ocorrecircncias de

alagamentos

25

Figura 5 1 Deslizamento no bairro Coacuterrego do Ouro

Fonte Portal Cabangu

No iniacutecio deacutecada de 2010 (2011-2014) o centro da cidade foi a regiatildeo que mais sofreu

com alagamentos sendo registrado pelo menos uma ocorrecircncia por ano nessa aacuterea (Figura

52) Isso pode ser relacionado dentre outros fatores com as obras de modificaccedilatildeo do

tipo de pavimentaccedilatildeo das estradas por um material impermeaacutevel gerando uma sobrecarga

nos sistemas de drenagem urbana que foram projetados para um tipo de pavimento mais

permeaacutevel implicando tambeacutem na sobrecarga calha do Ribeiratildeo das Posses o principal

curso drsquoaacutegua que corta o centro da cidade e que se encontra em quase sua totalidade

ocupada em ambas as margens que cortam o centro da cidade

26

Figura 5 2 Alagamento na regiatildeo central de Santos Dumont em 2013

Fonte Portal Cabangu

Quanto agraves ocorrecircncias de deslizamento ao longo da referida deacutecada elas estiveram

espalhadas pelos bairros do municiacutepio tendo um maior nuacutemero de ocorrecircncias nos bairros

Santo Antocircnio Nossa Senhora da Gloacuteria e Aacutegua Espraiada Nos dois primeiros bairros

citados as ocorrecircncias podem ter sido ocasionadas pelo crescimento desordenado e sem

planejamento destes e no terceiro as ocorrecircncias satildeo relacionadas ao processo de

assoreamento do Ribeiratildeo das Posses o que pode ter gerado um aumento da velocidade

desse curso drsquoaacutegua causando problemas decorrentes do transporte de sedimentos da aacuterea

onde as casas foram construiacutedas que teve como consequecircncia os deslizamentos

Em resumo como pode ser observado nas figuras 53 e 54 na tabela 51 no periacuteodo de

1984 a 2014 os bairros mais afetados por alagamentos e deslizamentos satildeo Quarto

Depoacutesito Nossa Senhora da Gloacuteria Santo Antocircnio Coacuterrego do Ouro Antocircnio Afonso

Graminha e Vila Esperanccedila sendo que o bairro Coacuterrego do Ouro possui o maior nuacutemero

de ocorrecircncias de deslizamentos e o centro da cidade possui o maior nuacutemero de

ocorrecircncias de alagamentos no periacuteodo pesquisado Vale destacar que a aacuterea propiacutecia a

alagamentos no bairro Antocircnio Afonso natildeo identificada no estudo realizado pela

prefeitura constitui-se efetivamente numa aacuterea de risco conforme levantamento histoacuterico

realizado Esta aacuterea de risco se deve agrave diferenccedila de niacutevel negativa entre o rio Pinho e a

aacuterea do bairro estando este em desniacutevel com um risco iminente de inundaccedilotildees resultantes

da cheia desse curso drsquoaacutegua causando inuacutemeros transtornos aos moradores do local

27

Figura 5 3 Pontos de Alagamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico

Fonte Do autor

Figura 5 4 Pontos de deslizamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico

Fonte Do autor

28

Tabela 51 Ocorrecircncias de alagamentos e deslizamentos obtidos atraveacutes do

levantamento histoacuterico

Pontos de ocorrecircncia (1984-2014)

Bairros Alagamento Deslizamento

Aacutegua Espraiada 1 1

Antocircnio Afonso 1 0

Barra 0 1

Centro 7 1

Coacuterrego do Ouro 1 7

Flores 0 1

Graminha 1 0

Jardim Jaraguaacute 0 1

N Sra da Gloacuteria 0 4

N Sra das Graccedilas 1 0

Quarto Depoacutesito 3 2

Santo Antocircnio 4 2

Satildeo Sebastiatildeo 0 1

Vila Esperanccedila 0 1

Fonte Do autor

De acordo com o estudo realizado na elaboraccedilatildeo do Plano Diretor pela prefeitura

municipal observa-se que os bairros que possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a

deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do Ouro e Vila Esperanccedila enquanto que os que

possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a alagamento satildeo o Centro da cidade e os

bairros Satildeo Sebastiatildeo Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio por estarem agraves margens do

Ribeiratildeo das Posses um curso drsquoaacutegua que sofre com inundaccedilotildees perioacutedicas devido ao

severo assoreamento em algumas regiotildees e tambeacutem devido ao acuacutemulo de lixo descartado

pelos moradores do entorno irregularmente De acordo com o estudo realizado quando da

elaboraccedilatildeo do Plano Diretor do municiacutepio foram feitos estudos sobre as aacutereas propensas

a deslizamentos e alagamentos na regiatildeo urbana principal Tais aacutereas satildeo as destacadas

nas Figuras 55 e 56 No levantamento histoacuterico realizado pode-se identificar que os

bairros que possuem mais aacutereas propensas a deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do

Ouro Nossa Senhora da Gloacuteria Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio enquanto que os bairros

mais propensos a alagamentos satildeo os bairros Centro Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio

como observado na tabela 51

29

Figura 5 5 Aacutereas propensas a deslizamento de acordo com o Plano Diretor de

Santos Dumont

Fonte Google Earth e Lei 42412012

Figura 5 6 Aacutereas propensas a alagamento de acordo com o Plano Diretor de

Santos Dumont

Fonte Google Earth e Lei 42412012

30

Comparando-se os mapas obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico com o mapa gerado

pelo estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor nota-se que haacute semelhanccedilas em

algumas aacutereas mas ao se levar em conta o produto gerado pela pesquisa histoacuterica o

estudo necessitaria ser complementado haja vista que ele natildeo compreende por exemplo

o ponto de alagamento no bairro Antocircnio Afonso citado anteriormente e alguns pontos de

deslizamento importantes uma vez que satildeo regiotildees onde haacute ocupaccedilatildeo Esse fato evidencia

a necessidade de se buscar vaacuterias fontes primaacuterias e secundaacuterias para se detectar aacutereas de

risco em um municiacutepio incluindo arquivos da imprensa local afim de se produzir uma

base de dados consistente e com o menor nuacutemero de falhas possiacutevel (CEPED 2014) Com

a uniatildeo dos dois estudos foram gerados os mapas apresentados nas Figuras 57 e 58

Aleacutem do mais observando as figuras 57 e 58 pode-se notar que uma boa parte tanto dos

casos de alagamento quanto de deslizamento estatildeo na faixa de APP de curso hiacutedrico o

que ilustra a importacircncia da preservaccedilatildeo destas aacutereas

Figura 5 7 Aacutereas propensas a alagamento do estudo do Plano Diretor

complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento

Fonte Do Autor

31

Figura 5 8 Aacutereas propensas a deslizamento do estudo do Plano Diretor

complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento

Fonte Do Autor

Atraveacutes da combinaccedilatildeo entre estes dois levantamentos procurou-se alimentar a base de

dados e garantir uma consistecircncia maior desta no que diz respeito a aacutereas de deslizamento

e alagamento podendo inclusive se identificar a suscetibilidade de uma determinada

regiatildeo da cidade a um ou outro evento (CEPED2014)

512 O Plano diretor e as APPs

Nos uacuteltimos anos o Brasil experimentou um forte fenocircmeno de migraccedilatildeo do campo para

as aacutereas urbanas De acordo com o IBGE no periacuteodo de 1940 a 2000 houve um aumento

de cerca de 60 do nuacutemero de pessoas que vivem em cidades (SILVA JR 2006) O

processo de planejamento e ordenamento do uso do solo nessas aacutereas deveria ter

acompanhado esse crescimento ao longo dos anos a fim de garantir a qualidade de vida e

a seguranccedila dos migrantes ao se instalarem nas cidades o que natildeo ocorreu e o que se

observa atualmente satildeo ocupaccedilotildees em aacutereas improacuteprias para moradia sem a infraestrutura

baacutesica necessaacuteria e com risco iminente de deslizamentos eou inundaccedilotildees

O Plano Diretor do municiacutepio de Santos Dumont em seu capiacutetulo IV que versa sobre o

uso e ocupaccedilatildeo do solo explicita regras para o ordenamento do territoacuterio que compreende

o municiacutepio com base nos diferentes usos do solo de acordo com sua compatibilidade o

32

que acabou por resultar num zoneamento de todo o municiacutepio em macrozonas conforme

citado na seccedilatildeo 3231 de acordo com os usos atuais e futuros do solo Aleacutem de dividir

estas macrozonas em urbanas e rurais tambeacutem avaliou e classificou estas aacutereas com base

numa seacuterie de fatores ambientais geoloacutegicos culturais e sociais de forma a se fazer um

zoneamento coerente com os atuais usos do solo e seu potencial de uso futuro Apresenta-

se na Figura 59 este zoneamento na aacuterea urbana principal de Santos Dumont

Figura 5 9 Zoneamento urbano da aacuterea urbana principal

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Lei 42412012

Tomando como referecircncia o Novo Coacutedigo Florestal brasileiro em especial os paracircmetros

estabelecidos para a definiccedilatildeo de APP e utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento

atraveacutes do software Vista SAGA relacionou-se as APPs existentes na aacuterea em estudo com

as regiotildees propiacutecias a alagamentos e deslizamentos de acordo com o estudo feito quando

da elaboraccedilatildeo do Plano Diretor afim de se identificar qual ou quais aacutereas possuem estes

problemas e se estatildeo relacionados com o uso do solo irregular em APP

Ao se aplicar a metodologia proposta por Oliveira amp Fernandes Filho (2013) natildeo foram

identificadas dentro da aacuterea de estudo APPs de topos de morro sendo este tipo de APP

descartada portanto das anaacutelises subsequentes deste trabalho Foram consideradas as

APP de curso hiacutedrico (rios e nascentes) e de declividade visando relacionaacute-las as aacutereas

de risco identificadas pela Prefeitura afim de se verificar as possiacuteveis causas da ocorrecircncia

33

destas aacutereas na regiatildeo urbana do municiacutepio Por meio de combinaccedilotildees entre dois mapas

temaacuteticos utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento foi possiacutevel obter as

assinaturas ou seja tabelas que caracterizam quantitativamente a aacuterea afetada por cada

aspecto visto que a simples visualizaccedilatildeo do mapa gerado pelo geoprocessamento muitas

vezes eacute prejudicada por serem aacutereas de pequenas dimensotildees ou por qualquer outra

limitaccedilatildeo do software Ressalta-se que para a elaboraccedilatildeo do Plano Municipal de Reduccedilatildeo

de riscos a identificaccedilatildeo e detalhamento topograacutefico destas aacutereas eacute fundamental para o

desenvolvimento do referido Plano conforme seraacute abordado detalhadamente na seccedilatildeo

52

De posse do mapa que representa o zoneamento urbano de Santos Dumont primeiramente

procurou-se mensurar qualitativa e quantitativamente a presenccedila de APPs tanto de

declividade quanto de cursos hiacutedricos Essa identificaccedilatildeo eacute importante pois este

zoneamento eacute um dos instrumentos de planejamento municipal (BRASIL 2001) Saboya

(2007) aponta que os principais objetivos de um zoneamento satildeo o controle da expansatildeo

urbana e proteccedilatildeo de aacutereas inadequadas a ocupaccedilatildeo aleacutem de reduzir os conflitos inerentes

aos diferentes usos do solo Com o uso da ferramenta ldquoCombinarrdquo do Vista SAGA foram

feitas combinaccedilotildees entre o mapa de hidrografia com buffer de 30m para rios e coacuterregos e

de 50m para nascentes com o mapa do zoneamento para se verificar a importacircncia das

APPs de curso hiacutedrico em toda a aacuterea urbana principal do municiacutepio Tambeacutem foram

combinados o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) obtido atraveacutes do gvSIG com o mapa

de zoneamento afim de se verificar quantitativamente as APPs de declividade e onde se

localizam Vale ressaltar que as declividades entre 30 e 47 estatildeo presentes nesta

combinaccedilatildeo pois de acordo com o Plano Diretor de Santos Dumont terrenos com esta

faixa de declividade para fins de parcelamento devem possuir estudo teacutecnico que ateste

a viabilidade de se promover algum empreendimento imobiliaacuterio neste (SANTOS

DUMONT 2012) Como a legislaccedilatildeo municipal prevecirc estudo somente para a faixa de

declividade descrita anteriormente para fins de anaacutelise neste trabalho consideramos um

valor mais conservador para APP compreendendo a faixa de 47 a 100 aleacutem da

prevista pela legislaccedilatildeo federal (gt100) para que natildeo houvessem lacunas importantes na

geraccedilatildeo do produto

Apresenta-se na Figura 510 aacutereas com declividades consideradas de risco e consideradas

APP e em qual zona de planejamento elas estatildeo inseridas De um modo geral ao se

observar a Tabela 52 nota-se que a aacuterea que compreende declividades de risco e APP eacute

uma pequena parcela da aacuterea urbana principal representando 061 desta aacuterea Ao se

levar em conta somente a localizaccedilatildeo pode-se verificar que cerca de 84 das aacutereas com

declividade de risco e a totalidade das APPs de declividade estatildeo localizadas na ZAC1

zona que compreende a maior parte do municiacutepio e apesar de possuir infraestrutura baacutesica

para a ocupaccedilatildeo esta eacute restrita Sendo assim o fator declividade deve ser visto com cautela

nesta aacuterea para se evitar transtornos advindos de edificaccedilotildees nestas aacutereas

34

Figura 5 10 Combinaccedilatildeo entre as declividades importantes incluindo as APPs e o

zoneamento urbano

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Do autor

Tabela 52 Assinaturas da combinaccedilatildeo Declividade x Zoneamento

Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea

Natildeo APP 457972 9939

Declividade 30-47 em ZAC1 2368 051

Declividade 30-47 em ZE 284 006

Declividade 30-47 em ZAC2 128 003

Declividade 30-47 em ZPA 004 0001

APP Declividade em ZAC1 048 001

Total 460804 100

Fonte Do autor

Apresenta-se na Figura 511 as APPs de curso hiacutedrico (nascentes e rios) e em qual zona

de planejamento estatildeo localizadas Assim como a declividade a maior parte das APPs de

curso hiacutedrico estatildeo localizadas em ZAC1 representando 383 da aacuterea urbana em estudo

e 51 do total das APPs de curso hiacutedrico Esta questatildeo tambeacutem deve ser vista com

bastante criteacuterio pelos gestores locais uma vez que a ocupaccedilatildeo em faixas proacuteximas de

rios e coacuterregos podem causar uma gama de problemas ambientais e sociais na regiatildeo

(SANTANA2011) Tal cuidado tambeacutem deve ser tomado nas APPs compreendidas na

35

ZAC2 que compreende 001 da Aacuterea urbana principal e 14 do total das APPs de curso

hiacutedrico pois a infraestrutura baacutesica e acessibilidade presente nesta zona eacute precaacuteria e a

ocupaccedilatildeo as margens de cursos hiacutedricos pode gerar problemas seacuterios caso ocorra uma

expansatildeo nestas aacutereas

Figura 511 Combinaccedilatildeo entre APP de curso hiacutedrico e as zonas de planejamento

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Do autor

Outro ponto importante eacute a presenccedila da Zona de Proteccedilatildeo Ambiental (ZPA) no entorno

uma consideraacutevel parte dos cursos hiacutedricos Nesta zona estatildeo presentes 28 das APPs de

curso hiacutedrico e esta zona de acordo com o Plano Diretor deve ser restaurada ou

preservada por suas caracteriacutesticas geoloacutegicas topograacuteficas e bioloacutegicas

Afim de se verificar os usos do solo na regiatildeo em estudo foram utilizadas combinaccedilotildees

de imagens advindas do sateacutelite Landsat 8 nas bandas descritas no capiacutetulo 4 aleacutem da

banda pancromaacutetica O resultado eacute apresentado na figura 512 que mostra os principais

usos do solo na aacuterea urbana principal de Santos Dumont

36

Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x Zoneamento

Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea

Hidrografia 11168 239

Aacuterea Urbana Natildeo APP 421004 9008

APP Curso hiacutedrico em ZAC1 179 383

APP Curso hiacutedrico em ZPA 9776 209

APP Curso hiacutedrico em ZE 184 004

APP Curso hiacutedrico em ZA 1192 026

APP Curso hiacutedrico em ZAC2 5124 110

APP Curso hiacutedrico em ZPPH 248 005

APP Curso hiacutedrico em ZEIS 568 012

APP Curso hiacutedrico em ZCA 228 005

Total 467392 10000

Fonte Do autor

Figura 5 12 Mapa de usos do solo da aacuterea urbana principal de Santos Dumont

Fonte Do autor

Como jaacute era previsto a maior parte da aacuterea urbana se encontra ocupada e eacute nesta regiatildeo

ocupada que se observa a maior concentraccedilatildeo de problemas de deslizamentos e

alagamentos (Figuras 513 e 514) A grande ocupaccedilatildeo em aacutereas consideradas APP de

curso hiacutedrico de acordo com os mapas gerados pode ser a principal causa do aumento a

cada ano dos casos de alagamento principalmente na regiatildeo central da cidade Outro ponto

que se deve atentar eacute a existecircncia de uma consideraacutevel aacuterea de pastagem pouco vegetada

que caso estejam em aacutereas elevadas pode contribuir para deslizamentos e agraves margens de

37

rios e coacuterregos para o assoreamento destes corpos hiacutedricos o que pode causar

alagamentos (INAacuteCIO etal 2007)

Diante destes resultados pode-se ver que a cidade de Santos Dumont necessita alternativas

efetiva no que diz respeito agrave contenccedilatildeo de deslizamentos e a reduccedilatildeo de risco de

alagamento pois as aacutereas em que ocorrem tais eventos satildeo distintas e facilmente definidas

devido agrave repeticcedilatildeo destes nos uacuteltimos anos Um plano de accedilatildeo integrado entre as diferentes

secretarias municipais (Obras Meio Ambiente Assistecircncia Social entre outras) e a

Coordenadoria Municipal de Defesa Civil deve ser realizado afim de se tomar medidas

natildeo mais preventivas mas sim preditivas para que se possa conter o avanccedilo destes

problemas na aacuterea urbana principal bem como em toda a aacuterea do municiacutepio

Figura 5 13 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na aacuterea urbana

principal

Fonte Do autor

38

Figura 5 14 Aacutereas sujeitas a alagamento e os principais usos do solo na aacuterea

urbana principal

Fonte Do autor

Ao se associar os dados do estudo do Plano Diretor com os dados do levantamento

histoacuterico realizado com o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) pode-se notar que as aacutereas

propiacutecias a deslizamento estatildeo em regiotildees as quais haacute uma fronteira de declividades ou

seja eacute evidente que os deslizamentos ocorrem em encostas um pouco mais iacutengremes mas

natildeo necessariamente nas encostas de 30-47 as quais exigem estudo teacutecnico conforme o

plano diretor preconiza Quanto aos alagamentos nota-se que eles se localizam nas aacutereas

com menor ou nenhuma declividade podendo ser estas aacutereas talvez componentes da

planiacutecie de inundaccedilatildeo dos rios Estes resultados podem ser vistos nas figuras 515 e 516

a seguir

39

Figura5 15 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a deslizamentos na

regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

Fonte Lei 42412012 e Autor

Figura5 26 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a alagamentos na

regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

Fonte Lei 42412012 e Autor

40

52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis

O processo de ocupaccedilatildeo no municiacutepio de Santos Dumont comeccedilou muito antes de

qualquer legislaccedilatildeo relacionada a ordenamento urbano e de proteccedilatildeo do meio ambiente

fosse implementado no Brasil Esse fato aliado a poliacuteticas e fiscalizaccedilotildees falhas

contribuiacuteram para a ocupaccedilatildeo e expansatildeo da aacuterea urbana ao longo do Ribeiratildeo das Posses

e seus afluentes o que tem gerado o aumento da degradaccedilatildeo destes corpos hiacutedricos ao

longo de todos estes anos Observa-se tambeacutem que nas uacuteltimas deacutecadas ocorreu um

grande nuacutemero de migraccedilotildees do campo para a regiatildeo urbana da cidade fator que

contribuiu para o crescimento do nuacutemero de habitaccedilotildees em aacutereas de risco de deslizamento

e alagamentos por serem na maioria das vezes terrenos menos valorizados e por este

motivo acessiacuteveis a populaccedilatildeo com menor poder aquisitivo (ROSA amp CORTEZ 2008)

Vale ressaltar que esta questatildeo aleacutem de ser ambiental eacute muito mais social pois os

moradores entendem os riscos de se viver nestes locais mas por motivos econocircmicos ou

por questotildees afetivas natildeo abrem matildeo da moradia nessas aacutereas A Constituiccedilatildeo Federal de

1988 promoveu a inter-relaccedilatildeo das questotildees sociais com as questotildees ambientais quando

colocou o meio ambiente como direito coletivo (BRASIL1988 SOUZA2010) Por este

motivo a decisatildeo por medidas draacutesticas que favoreccedilam apenas agrave preservaccedilatildeo do meio

ambiente natildeo eacute recomendada pois aleacutem de ser inconstitucional podem afetar a

sustentabilidade econocircmica do municiacutepio e gerar conflitos sociais consideraacuteveis

(CARLOS 1992 apud SOUZA 2010)

Segundo Bueno (2009) ldquonem tudo o que eacute irregular eacute precaacuteriordquo Esse fato se observa em

Santos Dumont uma vez que em boa parte da regiatildeo central se observa vaacuterias moradias

construiacutedas na faixa de APP de curso hiacutedrico o que natildeo eacute permitido pela legislaccedilatildeo

vigente e eacute um dos fatores que contribui para a ocorrecircncia de alagamentos nesta aacuterea da

cidade Para a resoluccedilatildeo deste problema o que seria mais viaacutevel seria a melhoria da

infraestrutura de drenagem urbana afim de que o escoamento da aacutegua das chuvas natildeo

sobrecarregasse o sistema (BUENO2009) A construccedilatildeo de bacias de contenccedilatildeo de

cheias ao longo do Ribeiratildeo das Posses tambeacutem seria uma alternativa mas para se verificar

a viabilidade necessita-se estudos mais aprofundados do ponto de vista hidroloacutegico

O grande problema a ser solucionado no entanto eacute o que diz respeito agraves aacutereas de risco

de deslizamento majoritariamente nos bairros A melhor alternativa seria o

remanejamento dos moradores para uma aacuterea proacutexima agrave que moram poreacutem longe do

risco Poreacutem esta alternativa de acordo com Rosa Filho amp Cortez (2008) encontra alguns

entraves pois estas pessoas na maioria das vezes natildeo tecircm condiccedilotildees financeiras de irem

para outro lugar ou pagar aluguel ou estatildeo de alguma forma sentimentalmente ligadas

agravequela regiatildeo que se recusam a deixaacute-lo

41

Por parte dos oacutergatildeos competentes no municiacutepio a criaccedilatildeo de um plano para se evitar

acidentes ocasionados por deslizamentos e alagamentos com um mapeamento detalhado

de toda a extensatildeo do municiacutepio eacute extremamente uacutetil Os estudos que seratildeo feitos para a

elaboraccedilatildeo deste plano poderatildeo definir quais as aacutereas satildeo potencialmente de risco para as

ocupaccedilotildees existentes ou para as potenciais ocupaccedilotildees que possam vir a ocorrer atraveacutes do

mapeamento das aacutereas de risco Tal planejamento seraacute auxiliar ao Plano Diretor

Municipal pois definiraacute o real uso do solo de determinada regiatildeo do municiacutepio

contribuindo para a adequaccedilatildeo do uso e ocupaccedilatildeo do solo afim de evitar ou reduzir o

nuacutemero de problemas relacionados a alagamentos e principalmente deslizamentos no

periacutemetro urbano (TOMINAGA 2009) A partir deste plano os gestores locais poderatildeo

tomar a melhor decisatildeo para a prevenccedilatildeo ou reduccedilatildeo dos riscos inerentes a tais problemas

Na seccedilatildeo 521 seraacute hierarquizado de forma preliminar a aacuterea urbana principal de acordo

com os resultados da tabela 51

521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta

O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos (PMRR) foi criado atraveacutes de accedilotildees

regularizadoras do Ministeacuterio das Cidades para ser o instrumento de gestatildeo e

gerenciamento de aacutereas de risco em um municiacutepio Eacute um documento que aleacutem de

estabelecer quais regiotildees satildeo consideradas de risco tambeacutem objetiva a proposta de

medidas estruturais ou natildeo para contenccedilatildeo eou prevenccedilatildeo de cataacutestrofes aleacutem de ser um

meio de captaccedilatildeo de recursos financeiros junto aos Governos Estadual e Federal Estes

recursos poderatildeo ser utilizados para a realizaccedilatildeo de obras que visem a melhoria da

qualidade de vida da populaccedilatildeo do entorno ou de recuperaccedilatildeo da aacuterea degradada Este

plano eacute realizado de forma participativa com as comunidades das aacutereas de risco e pode

ser realizado em sete fases conforme recomenda o Ministeacuterio das Cidades (ALHEIROS

2006)

O primeiro passo para a realizaccedilatildeo do PMRR eacute definir qual a metodologia seraacute empregada

levando-se em consideraccedilatildeo a realidade atual do municiacutepio e especificar de forma sucinta

um cronograma das atividades Eacute importante nesta fase a participaccedilatildeo tambeacutem dos

responsaacuteveis pelas mais variadas Secretarias Municipais afim de explicitar o tamanho da

importacircncia e o caraacuteter integrador deste plano A segunda fase deste plano objetiva a

criaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo da principal base de dados a ser utilizada nos passos posteriores o

mapeamento de risco em escala detalhe em torno de 13000 (SAtildeO PAULO 2014) A

elaboraccedilatildeo de um mapeamento detalhado propiciaraacute natildeo soacute a identificaccedilatildeo mais faacutecil das

aacutereas de risco como tambeacutem facilitaraacute aos gestores e agrave comunidade decidirem qual a

melhor intervenccedilatildeo para a soluccedilatildeo ou remediaccedilatildeo dos problemas em uma determinada

42

aacuterea hierarquizando o risco e definindo prioridades (SAtildeO PAULO 2014) Na tabela a

seguir apresenta-se alguns tipos de intervenccedilotildees que podem ser feitas em aacutereas de risco

sugeridas pelo Ministeacuterio das cidades (ALHEIROS 2006)

Quadro 5 1 - Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco

Tipo de intervenccedilatildeo Descriccedilatildeo

Serviccedilos de limpeza e Recuperaccedilatildeo

Remoccedilatildeo de entulho lixo etc

corte de aacutervores

remoccedilatildeo de bananeiras

recuperaccedilatildeo eou limpeza de sistemas de

drenagem esgotos e acessos

Limpeza de canais de drenagem

Proteccedilatildeo Vegetal

Proteccedilatildeo superficial vegetal (gramiacuteneas) em

taludes com solo exposto

Proteccedilatildeo vegetal de margens de canais de

drenagem

Barreiras vegetais para massas escorregadas

ou acumuladas pela erosatildeo

Drenagem Superficial e Acessos

Sistema de drenagem superficial (canaletas

raacutepidos caixas de transiccedilatildeo escadas drsquoaacutegua)

Acessos para pedestres (escadarias rampas

etc) integrados ao sistema de drenagem

Revestimento de Taludes Revestimento com materiais artificiais

cimentado cal-jet tela argamassada alvenaria

de tijolos ceracircmicos solo-cimento ensacado

Desmonte de blocos e matacotildees Desmonte de concreccedilotildees de grande porte

blocos rochosos e matacotildees

Obras de drenagem de subsuperfiacutecie Sistema de drenagem de subsuperfiacutecie

(trincheiras drenantes DHP poccedilos de

rebaixamento)

Estruturas de contenccedilatildeo (localizadas)

Muros de contenccedilatildeo de pequeno porte (solo-

cimento ensacado alvenaria de pedra-rachatildeo

concreto armado)

Estruturas de contenccedilatildeo localizadas

(chumbadores tirantes microestacas)

Contenccedilatildeo e proteccedilatildeo de margens de canais (

gabiotildees muros de concreto etc)

Estruturas de contenccedilatildeo (meacutedio e grande porte) Implantaccedilatildeo de estruturas de contenccedilatildeo de

meacutedio e grande porte envolvendo obras de

contenccedilatildeo passivas e ativas (muros de

gravidade cortinas etc)

Terraplanagem Execuccedilatildeo de serviccedilos de terraplanagem

combinados a obras de drenagem superficial e

proteccedilatildeo vegetal desvio e canalizaccedilatildeo de

coacuterregos

Remoccedilatildeo de moradias Remoccedilotildees definitivas para implantaccedilatildeo de

obras ou devido agrave localizaccedilatildeo improacutepria da

edificaccedilatildeo (Priorizar as relocaccedilotildees dentro da

proacutepria aacuterea em local seguro)

Fonte ALHEIROS 2006

43

Escolhidas as formas de intervenccedilatildeo para cada aacuterea eacute necessaacuterio realizar uma estimativa

dos custos afim de preparar o orccedilamento da prefeitura para a realizaccedilatildeo das obras e se

seraacute necessaacuterio a captaccedilatildeo de recursos externos para a execuccedilatildeo destas Feitas as

estimativas de custo o proacuteximo passo eacute definir as prioridades e para esta fase eacute tambeacutem

uacutetil o mapeamento feito nas etapas anteriores pois seraacute necessaacuterio hierarquizar tais

intervenccedilotildees nas aacutereas de risco O Ministeacuterio das Cidades (2007) sugere alguns criteacuterios

que podem ser avaliados pelo gestor dentre eles pode-se citar

Grau de risco

Populaccedilatildeo beneficiada

Custo da intervenccedilatildeo

Dimensatildeo da aacuterea a ser tratada

Demandas anteriores da populaccedilatildeo

Tempo de ocupaccedilatildeo

Viabilidade teacutecnica da intervenccedilatildeo

Viabilidade financeira

Inclusatildeo da aacuterea em outros projetos

A partir desta hierarquizaccedilatildeo inicia-se a identificaccedilatildeo de provaacuteveis fontes de captaccedilatildeo de

recursos para a execuccedilatildeo das intervenccedilotildees Estes recursos podem advir de programas dos

governos Federal e Estadual ou por meio de editais para captaccedilatildeo de recursos financeiros

tanto do setor puacuteblico como da iniciativa privada e podem ser tambeacutem associados agrave outras

Secretarias Municipais como a de Turismo ou Meio Ambiente e natildeo soacute as destinadas agrave

Defesa Civil (ALHEIROS 2006)

Eacute previsto tambeacutem no PMRR uma avaliaccedilatildeo da Defesa Civil municipal e como ela estaacute

estruturada fazendo inclusive sugestotildees para que sua atuaccedilatildeo esteja em consonacircncia com

a realidade das comunidades e da Administraccedilatildeo Puacuteblica do municiacutepio de forma a garantir

sua sustentabilidade e conquistar a credibilidade da populaccedilatildeo no que diz respeito a

prevenccedilatildeo de cataacutestrofes Para que a resposta a uma determinada situaccedilatildeo de risco seja

raacutepida eacute necessaacuterio a descentralizaccedilatildeo da Defesa Civil criando pequenos nuacutecleos

comunitaacuterios com a finalidade de se monitorar a aacuterea constantemente e promover as

intervenccedilotildees necessaacuterias em tempo haacutebil o que aumenta em muito a credibilidade da

populaccedilatildeo no PMRR e no trabalho desempenhado pela Defesa Civil no municiacutepio Apoacutes

esta etapa o PMRR passaraacute por audiecircncias puacuteblicas e posteriormente poderaacute ser aprovado

como Lei Municipal pelo Legislativo local (ALHEIROS 2006)

Com a realizaccedilatildeo deste plano o municiacutepio estaraacute munido de informaccedilotildees suficientes para

realizar accedilotildees efetivas de gestatildeo e gerenciamento de riscos bem como aliado a

levantamentos sociais realizar programas habitacionais que beneficiem prioritariamente

44

aos moradores das aacutereas de risco Aleacutem disso com o PMRR o municiacutepio poderaacute melhorar

a qualidade ambiental da populaccedilatildeo captando recursos para a recuperaccedilatildeo das aacutereas de

APP que foram degradadas pelas ocupaccedilotildees irregulares beneficiando todos os moradores

do municiacutepio com o aumento da qualidade de vida na cidade

A partir do disposto nesta seccedilatildeo acerca do Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos e de

uma maneira preliminar (levando-se em conta apenas o nuacutemero de registros de

alagamentos e deslizamentos na aacuterea urbana principal de Santos Dumont no periacuteodo de

1984 a 2014) identificou-se trecircs regiotildees distintas na aacuterea urbana do municiacutepio com

tempo de recorrecircncia desses eventos similares caracterizando trecircs prioridades de

intervenccedilatildeo em contenccedilatildeo de risco como pode ser visto nas figuras 515 e 516 Vale

ressaltar que eacute necessaacuterio um estudo mais detalhado inclusive com visitas teacutecnicas a

campo para que se confirme a real situaccedilatildeo destas e a real prioridade para investimentos

Figura 5 17 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de deslizamentos

Fonte Do Autor

45

Figura 5 18 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de alagamentos

Fonte Do Autor

46

6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees

A seguir apresenta-se as conclusotildees e as recomendaccedilotildees feitas a partir dos objetivos

especiacuteficos explicitados no iniacutecio deste trabalho

Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a

aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes

urbanos

A partir da revisatildeo da legislaccedilatildeo pertinente em acircmbito federal estadual e

municipal constatou-se que o Plano Diretor de Santos Dumont natildeo conflita com a

legislaccedilatildeo federal e estadual sobre Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente A legislaccedilatildeo

municipal foi entendida como mais conservadora que as federal e estadual uma

vez que considera implicitamente que declividades entre 47 e 100 satildeo

enquadradas como APPs aleacutem da faixa superior a 100

Parte consideraacutevel das ocupaccedilotildees em APP principalmente na regiatildeo do bairro

Santo Antocircnio (onde surgiu os primeiros nuacutecleos que deram origem ao municiacutepio)

e o centro da cidade ocorreram antes de que fosse elaborado qualquer legislaccedilatildeo

que versasse sobre o tema Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente bastando ao gestor

local tomar medidas de contenccedilatildeo de riscos que minimizem os impactos causados

por essas ocupaccedilotildees nessa regiatildeo

O ordenamento adequado do uso do solo no municiacutepio eacute necessaacuterio para que o

crescimento dos loteamentos criados anteriormente agrave esta Lei e o surgimento de

novos natildeo avance para Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente o que pode causar

inuacutemeros problemas aos moradores e agravar os jaacute existentes

Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las

com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)

As aacutereas onde houveram a maior quantidade de registros de deslizamentos satildeo os

bairros mais populosos de Santos Dumont podendo se estabelecer uma relaccedilatildeo

que quanto mais populoso o bairro maior a quantidade de problemas relacionados

a deslizamentos Tambeacutem pode-se notar uma relaccedilatildeo com as fronteiras das faixas

de declividades e os deslizamentos uma vez que boa parte deles aconteceram

nestas faixas

As aacutereas onde houve um grande nuacutemero de registros de alagamentos satildeo os bairros

que se desenvolveram agraves margens do Ribeiratildeo das Posses em especial na aacuterea que

47

compreende as APPs de curso hiacutedrico e em aacutereas onde a declividade eacute baixa Esse

fato aliado ao crescimento do nuacutemero de vias pavimentadas com material

impermeaacutevel e a natildeo expansatildeo e ou redimensionamento da rede de drenagem

urbana contribuiacuteram para a ocorrecircncia cada vez mais constante de alagamentos

nessas aacutereas

Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos

catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30

anos

A partir do levantamento histoacuterico realizado e da base de dados georeferenciada

gerada observou-se o aumento do nuacutemero de registros de deslizamentos e

alagamentos nos uacuteltimos 10 anos quando as ocorrecircncias comeccedilaram a se repetir

numa mesma aacuterea com frequecircncia incrementada as vezes com mais de uma

ocorrecircncia anual

Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do

solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental

Destaca-se a adequaccedilatildeo dos criteacuterios gerais estabelecidos pelo Plano Diretor de

Santos Dumont relativos a legislaccedilatildeo federal e estadual Entretanto o referido

Plano Diretor natildeo contempla todo o territoacuterio municipal sendo assim ele natildeo

cumpre o objetivo de proteger as APPs preservadas e recuperar as que foram

degradadas em todo o territoacuterio municipal Ressalta-se tambeacutem a sua natildeo

conformidade com o Estatuto das Cidades uma vez que o Plano Diretor

contempla apenas os novos loteamentos

Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais

negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea

impactada

Recomenda-se a implantaccedilatildeo no municiacutepio de uma Coordenadoria Municipal de

Defesa Civil atuante e integrada agraves Secretarias Municipais e agrave comunidade

visando uma atuaccedilatildeo eficaz nos problemas relacionados a deslizamentos e

alagamentos A elaboraccedilatildeo de um Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos eacute de

suma importacircncia pois atraveacutes dele pode-se predizer as aacutereas que passaratildeo por

problemas caso a expansatildeo aconteccedila ou se inicie uma ocupaccedilatildeo nova aleacutem de

prevenir acidentes nas aacutereas jaacute ocupadas e consideradas de risco

48

7 Anexos

49

71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont

50

51

72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)

52

53

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2001

BRASIL Lei Federal nordm 12651 de 25 de maio de 2012 Dispotildee sobre a proteccedilatildeo da

vegetaccedilatildeo nativa altera as Leis nos 6938 de 31 de agosto de 1981 9393 de 1 9 de

dezembro de 1996 e 11 428 de 22 de dezembro de 2006 revoga as Leis nos 4771 de

1 5 de setembro de 1965 e 7754 de 1 4 de abril de 1989 e a Medida Provisoacuteria no 21

66shy67 de 24 de agosto de 2001 e daacute outras providecircncias Brasiacutelia 2012

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56

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Rio Claro 2013

Page 27: O USO DO SOLO URBANO EM ÁREAS DE PRESERVAÇÃO … · social que você tenha na vida, a mais alta ou a mais baixa, tenha sempre como meta muita força, muita determinação e sempre

19

Figura 3 3 Municiacutepio de Santos Dumont em 2014

Fonte Arquivo do autor

332 Santos Dumont na atualidade

O municiacutepio de Santos Dumont localiza-se na regiatildeo da Zona da Mata mineira distante

cerca de 220 Km da capital Belo Horizonte e possui uma populaccedilatildeo de 47558 habitantes

(ODM 2015 projeccedilatildeo) numa aacuterea total de 637 kmsup2 Faz divisa com os municiacutepios de

Juiz de Fora Oliveira Fortes Bias Fortes Antocircnio Carlos Tabuleiro Piau e Ewbank da

Cacircmara

No que diz respeito agrave sua formaccedilatildeo fisiacuteco-geograacutefica a aacuterea que compreende o municiacutepio

eacute constituiacuteda predominantemente por Cambissolo Haacuteplico (70) com Latossolo

Vermelho-Amarelo (30) (UFV2010) A vegetaccedilatildeo eacute em sua maioria composta por

exemplares de Mata Atlacircntica De acordo com o IBGE(2015) Santos Dumont se localiza

a 839m de altitude O clima da regiatildeo eacute classificado como Tropical de Altitude (Cwb) e

possui uma temperatura meacutedia de 20ordmC Eacute banhado pela bacia hidrograacutefica do Paraiacuteba do

Sul e em sua maioria pertence agrave sub-bacia do Rio Pomba (IGAM) que fornece aacutegua para

abastecimento puacuteblico agrave 88 da populaccedilatildeo por meio da rede de distribuiccedilatildeo

(IBGE2010) Uma pequena parte da zona rural a sudoeste eacute banhada pela Sub-Bacia do

Rio Paraibuna mais precisamente na regiatildeo de fronteira com os municiacutepios de Juiz de

Fora e Ewbank da Cacircmara O sistema viaacuterio principal de acesso agrave cidade eacute a rodovia BR-

040 e a estrada de ferro Dom Pedro II atualmente utilizada somente para transporte de

cargas

Com a economia nos dias atuais baseada majoritariamente no setor de serviccedilos a cidade

possui um Iacutendice de Desenvolvimento humano (IDH) de 0741 (IBGE2010) Apesar do

decliacutenio econocircmico de Santos Dumont nota-se hoje um aumento no nuacutemero de

loteamentos populares e condomiacutenios horizontais e verticais entre outras edificaccedilotildees Eacute

de vital importacircncia que esse crescimento das ocupaccedilotildees seja ordenado e regulamentado

20

de forma a garantir a qualidade ambiental prevenindo deslizamentos e inundaccedilotildees Diante

dessa conjuntura o governo municipal aprovou em 2012 a Lei nordm 4241 que trata do Plano

Diretor Participativo instrumento baacutesico da poliacutetica de desenvolvimento e expansatildeo

urbana do municiacutepio de Santos Dumont

4 METODOLOGIA

41 Aacuterea de estudo

A regiatildeo dentro dos limites do municiacutepio que seraacute estudada neste trabalho eacute conforme

descrito nos anexos Plano Diretor e representada na figura 44 a aacuterea urbana principal

que possui 47 Kmsup2 e compreende a regiatildeo central da cidade e os bairros perifeacutericos regiatildeo

que concentra cerca de 90 da populaccedilatildeo total de Santos Dumont (IBGE 2015) A aacuterea

urbana principal representa 75 da aacuterea total dos 637 Kmsup2 que compreendem o

municiacutepio e eacute o local onde nos uacuteltimos 30 anos se verificou um maior crescimento

populacional e tambeacutem onde ocorre a maioria dos eventos relacionados a deslizamentos

e alagamentos por conta da ocupaccedilatildeo sem planejamento A figura 45 mostra a aacuterea

urbana principal e a localizaccedilatildeo dos bairros urbanos de Santos Dumont

Figura 4 1 Localizaccedilatildeo da aacuterea urbana principal

Fonte Google Earth

21

Figura 4 2 Mapa da aacuterea urbana principal com a localizaccedilatildeo dos bairros

Fonte Do Autor

42 Levantamento e tratamento dos dados

No desenvolvimento deste trabalho foi necessaacuterio se fazer um estudo detalhado sobre o

Plano Diretor de Santos Dumont principalmente dos seus anexos que compreendem os

mapas e a localizaccedilatildeo das aacutereas definidas pelo zoneamento proposto Para que isso fosse

possiacutevel a Secretaria Municipal de Obras e Serviccedilos Puacuteblicos forneceu todos os dados

secundaacuterios produto do estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor e do

zoneamento Estes dados incluem os arquivos Shapefile (shp) e outros documentos

integrantes do Plano Diretor Algumas informaccedilotildees foram complementadas tambeacutem com

dados adquiridos atraveacutes do site do IBGE e do Portal Objetivos do Milecircnio (ODM)

Os dados sobre as ocorrecircncias de deslizamentos e alagamentos foram obtidos atraveacutes da

Defesa Civil do municiacutepio atraveacutes do Sistema Integrado de Informaccedilotildees sobre Desastres

(S2ID) do Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional Tal sistema centraliza as informaccedilotildees sobre

desastres naturais ocorridos em todo o territoacuterio nacional facilitando a pesquisa sobre tais

eventos a qualquer cidadatildeo (BRASIL 2015)

Apesar do sistema ser bastante uacutetil os dados sobre o municiacutepio de Santos Dumont se

encontravam bastante falhos e escassos sendo necessaacuteria complementaccedilatildeo para que a

22

base de dados ficasse consistente Diante disso uma pesquisa atraveacutes dos arquivos do

Jornal Mensagem um jornal semanaacuterio local foi feita entre os anos de 1984 e 2014 e os

dados primaacuterios filtrados em uma planilha do Microsoft Excel para posterior utilizaccedilatildeo

De posse destes dados foi feita a localizaccedilatildeo em campo das coordenadas dos locais

atingidos por deslizamentos e alagamentos no periacuteodo compreendido pela pesquisa com

o auxiacutelio de um aparelho de GPS

A maioria dos arquivos shapefile utilizados para a confecccedilatildeo dos mapas satildeo parte

integrante dos anexos da Lei do Plano diretor do municiacutepio gerados no mecircs de dezembro

de 2011 pelo Instituto Nova Cidade e foram cedidos pela Secretaria Municipal de Obras

e Serviccedilos Puacuteblicos com Datum em UTM SAD 69 Com a finalidade de fornecer um

referenciamento atualizado e de acordo com os mais novos sistemas de coordenadas

utilizados no Brasil os arquivos foram convertidos para o Datum UTM SIRGAS 2000

que diferencia do SAD 69 pelo fato de ser um referencial geocecircntrico ou seja o centro

da Terra eacute o ponto de referecircncia neste sistema enquanto que o primeiro utiliza um

referencial na superfiacutecie da Terra (IBGE2014) Eacute interessante ressaltar tambeacutem que o

SIRGAS 2000 se tornou no ano de 2014 o sistema de coordenadas oficial do Sistema

Geodeacutesico Brasileiro e do Sistema Cartograacutefico Nacional ambos mantidos pelo IBGE A

combinaccedilatildeo dos shapefiles foi feita com o software livre gvSIG e com estas combinaccedilotildees

foram gerados mapas importantes resultados para a execuccedilatildeo deste trabalho A maioria

dos mapas representam a regiatildeo urbana principal de Santos Dumont e foram produzidos

numa escala em torno de 140000 que de acordo com Rocha (2007) eacute uma escala viaacutevel

pois as recomendaacuteveis para trabalhos de anaacutelise ambiental em niacutevel municipal podem ser

entre 150000 e 110000 Alguns mapas cujo detalhamento natildeo eacute necessaacuterio foram

gerados na escala 1100000

Para a geraccedilatildeo dos mapas aleacutem dos arquivos fornecidos pela Secretaria de Obras e

Serviccedilos Puacuteblicos foram utilizados para a geraccedilatildeo do modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE)

e da localizaccedilatildeo dos topos de morro dados gerados pelo sistema de radar Advanced

Spacebone Thermal Emission and Reflection Radiometer (ASTER) que geram as curvas

de niacutevel do terreno com uma resoluccedilatildeo de 30m (NASA2014) O processamento dessas

imagens foi feito pelo software livre gvSIG As imagens geradas pelos sateacutelites

LANDSAT foram adquiridas no site da United States Geological Survey (USGS) e essas

imagens possibilitaram obter um panorama preciso do uso do solo em toda a aacuterea urbana

de Santos Dumont numa resoluccedilatildeo de 15 metros uma vez que foi utilizada a banda

pancromaacutetica do sateacutelite LANDSAT 8 aleacutem da combinaccedilatildeo das bandas 65 e 4

respectivamente que eacute a combinaccedilatildeo recomendada pela mantenedora dos sateacutelites para

anaacutelises deste tipo

23

No que diz respeito a identificaccedilatildeo de APPs em topo de morro a metodologia de Oliveira

amp Fernandes Filho (2013) por utilizar as mesmas bases de dados ateacute entatildeo usadas neste

trabalho foi a mais indicada

A metodologia de anaacutelise dos mapas gerados eacute a proposta pelo professor Jorge Xavier da

Silva do Laboratoacuterio de Geoprocessamento (LAGEOP) da Universidade Federal do Rio

de Janeiro e citada por Rocha (2007) Tal metodologia analisa as variaacuteveis em questatildeo

presentes na aacuterea e permite avaliar as possibilidades de relaccedilotildees entre essas variaacuteveis De

uma maneira geral este meacutetodo verifica o estado atual da aacuterea em estudo bem como das

variaacuteveis gerando inventaacuterios que servem para a construccedilatildeo de dados planimeacutetricos sejam

com as variaacuteveis isoladas ou combinadas Estes dados planimeacutetricos geram assinaturas

que permitem inferir sobre a influecircncia dessas variaacuteveis De posse dos dados gerados pelo

processo anteriormente citado pode-se fazer algumas prospecccedilotildees sobre os riscos

ambientais que a aacuterea pode sofrer ou o seu potencial ambiental (ROCHA 2007)

5 RESULTADOS

51 Levantamento histoacuterico de alagamentos e

deslizamentos

O aumento da demanda pelo uso do solo na regiatildeo urbana de Santos Dumont

principalmente no tocante agrave formaccedilatildeo de novos loteamentos e condomiacutenios nos uacuteltimos

anos eacute consideraacutevel mas tambeacutem haacute de se observar o crescimento dos bairros jaacute existentes

com pouco ou nenhum ordenamento Em ambos os casos se observa ocupaccedilotildees

irregulares em APP o que tem ocasionado um aumento na frequecircncia de deslizamentos

e inundaccedilotildees Eacute evidente que quanto maior a densidade populacional do bairro maior a

quantidade de ocorrecircncias ao longo dos anos (SPERFELD 2009)

De acordo com as ocorrecircncias registradas pela Defesa Civil do municiacutepio obtidas atraveacutes

da literatura utilizada nos uacuteltimos 30 anos Santos Dumont chegou a decretar situaccedilatildeo de

emergecircncia por conta de desastres envolvendo deslizamentos eou alagamentos por duas

vezes num espaccedilo de 10 anos conforme pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho

(BRASIL 2014 CEPED 2011)

Segundo os dados obtidos atraveacutes de pesquisa nos arquivos do semanaacuterio entre os anos

de 1984 e 2014 pode-se verificar que nos uacuteltimos 20 anos a cidade tem experimentado

24

um aumento consideraacutevel nos eventos relacionados a deslizamentos e principalmente

alagamentos como pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho Isso pode ter sido causado

dentre outros fatores pelo aumento do nuacutemero de vias pavimentadas com material

impermeaacutevel o que tem sobrecarregado tanto a infraestrutura existente para drenagem

urbana como tambeacutem a calha dos cursos drsquoaacutegua que passam pela regiatildeo urbana do

municiacutepio (ZANON2013)

Na deacutecada de 1980 (1984-1990) de acordo com os dados obtidos natildeo foram noticiados

eventos consideraacuteveis relacionados a deslizamentos e alagamentos em Santos Dumont

mas isso natildeo exclui a possibilidade de natildeo ter ocorrido tais eventos em menor escala

Na deacutecada de 1990 aconteceram uma seacuterie de ocorrecircncias tanto de deslizamentos quanto

de alagamentos No ano de 1997 num periacuteodo chuvoso intenso aconteceram

deslizamentos consideraacuteveis em vaacuterios bairros da cidade inclusive com desabamento de

casas e de ruas principalmente nos bairros Nossa Senhora da Gloacuteria e Quarto Depoacutesito

Em 1999 ocorreram alguns pontos de alagamento nos bairros Quarto Depoacutesito e Santo

Antocircnio com grandes prejuiacutezos materiais

A deacutecada de 2000 iniciou com o registro de deslizamentos em vaacuterios bairros da cidade

inclusive com desabamento de casas e pontes e alagamentos em importantes vias do

centro da cidade Observa-se ao longo desse periacuteodo o crescimento nas ocorrecircncias de

deslizamentos e de aacutereas com risco de deslizamento em muitos bairros de Santos Dumont

Um dos fatores importantes para esse crescimento foi a grande expansatildeo sofrida pela

maioria dos bairros e a falta de planejamento e orientaccedilatildeo por parte da prefeitura uma

vez que uma boa parte do crescimento dos bairros da cidade ocorreu ou proacuteximo a cursos

drsquoaacutegua ou em aacutereas com declividade improacutepria para se fazer construccedilotildees O bairro

Coacuterrego do Ouro (Figura 51) foi o que mais sofreu com ocorrecircncias de deslizamentos

nesse periacuteodo enquanto o bairro Santo Antocircnio foi que teve mais ocorrecircncias de

alagamentos

25

Figura 5 1 Deslizamento no bairro Coacuterrego do Ouro

Fonte Portal Cabangu

No iniacutecio deacutecada de 2010 (2011-2014) o centro da cidade foi a regiatildeo que mais sofreu

com alagamentos sendo registrado pelo menos uma ocorrecircncia por ano nessa aacuterea (Figura

52) Isso pode ser relacionado dentre outros fatores com as obras de modificaccedilatildeo do

tipo de pavimentaccedilatildeo das estradas por um material impermeaacutevel gerando uma sobrecarga

nos sistemas de drenagem urbana que foram projetados para um tipo de pavimento mais

permeaacutevel implicando tambeacutem na sobrecarga calha do Ribeiratildeo das Posses o principal

curso drsquoaacutegua que corta o centro da cidade e que se encontra em quase sua totalidade

ocupada em ambas as margens que cortam o centro da cidade

26

Figura 5 2 Alagamento na regiatildeo central de Santos Dumont em 2013

Fonte Portal Cabangu

Quanto agraves ocorrecircncias de deslizamento ao longo da referida deacutecada elas estiveram

espalhadas pelos bairros do municiacutepio tendo um maior nuacutemero de ocorrecircncias nos bairros

Santo Antocircnio Nossa Senhora da Gloacuteria e Aacutegua Espraiada Nos dois primeiros bairros

citados as ocorrecircncias podem ter sido ocasionadas pelo crescimento desordenado e sem

planejamento destes e no terceiro as ocorrecircncias satildeo relacionadas ao processo de

assoreamento do Ribeiratildeo das Posses o que pode ter gerado um aumento da velocidade

desse curso drsquoaacutegua causando problemas decorrentes do transporte de sedimentos da aacuterea

onde as casas foram construiacutedas que teve como consequecircncia os deslizamentos

Em resumo como pode ser observado nas figuras 53 e 54 na tabela 51 no periacuteodo de

1984 a 2014 os bairros mais afetados por alagamentos e deslizamentos satildeo Quarto

Depoacutesito Nossa Senhora da Gloacuteria Santo Antocircnio Coacuterrego do Ouro Antocircnio Afonso

Graminha e Vila Esperanccedila sendo que o bairro Coacuterrego do Ouro possui o maior nuacutemero

de ocorrecircncias de deslizamentos e o centro da cidade possui o maior nuacutemero de

ocorrecircncias de alagamentos no periacuteodo pesquisado Vale destacar que a aacuterea propiacutecia a

alagamentos no bairro Antocircnio Afonso natildeo identificada no estudo realizado pela

prefeitura constitui-se efetivamente numa aacuterea de risco conforme levantamento histoacuterico

realizado Esta aacuterea de risco se deve agrave diferenccedila de niacutevel negativa entre o rio Pinho e a

aacuterea do bairro estando este em desniacutevel com um risco iminente de inundaccedilotildees resultantes

da cheia desse curso drsquoaacutegua causando inuacutemeros transtornos aos moradores do local

27

Figura 5 3 Pontos de Alagamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico

Fonte Do autor

Figura 5 4 Pontos de deslizamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico

Fonte Do autor

28

Tabela 51 Ocorrecircncias de alagamentos e deslizamentos obtidos atraveacutes do

levantamento histoacuterico

Pontos de ocorrecircncia (1984-2014)

Bairros Alagamento Deslizamento

Aacutegua Espraiada 1 1

Antocircnio Afonso 1 0

Barra 0 1

Centro 7 1

Coacuterrego do Ouro 1 7

Flores 0 1

Graminha 1 0

Jardim Jaraguaacute 0 1

N Sra da Gloacuteria 0 4

N Sra das Graccedilas 1 0

Quarto Depoacutesito 3 2

Santo Antocircnio 4 2

Satildeo Sebastiatildeo 0 1

Vila Esperanccedila 0 1

Fonte Do autor

De acordo com o estudo realizado na elaboraccedilatildeo do Plano Diretor pela prefeitura

municipal observa-se que os bairros que possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a

deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do Ouro e Vila Esperanccedila enquanto que os que

possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a alagamento satildeo o Centro da cidade e os

bairros Satildeo Sebastiatildeo Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio por estarem agraves margens do

Ribeiratildeo das Posses um curso drsquoaacutegua que sofre com inundaccedilotildees perioacutedicas devido ao

severo assoreamento em algumas regiotildees e tambeacutem devido ao acuacutemulo de lixo descartado

pelos moradores do entorno irregularmente De acordo com o estudo realizado quando da

elaboraccedilatildeo do Plano Diretor do municiacutepio foram feitos estudos sobre as aacutereas propensas

a deslizamentos e alagamentos na regiatildeo urbana principal Tais aacutereas satildeo as destacadas

nas Figuras 55 e 56 No levantamento histoacuterico realizado pode-se identificar que os

bairros que possuem mais aacutereas propensas a deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do

Ouro Nossa Senhora da Gloacuteria Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio enquanto que os bairros

mais propensos a alagamentos satildeo os bairros Centro Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio

como observado na tabela 51

29

Figura 5 5 Aacutereas propensas a deslizamento de acordo com o Plano Diretor de

Santos Dumont

Fonte Google Earth e Lei 42412012

Figura 5 6 Aacutereas propensas a alagamento de acordo com o Plano Diretor de

Santos Dumont

Fonte Google Earth e Lei 42412012

30

Comparando-se os mapas obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico com o mapa gerado

pelo estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor nota-se que haacute semelhanccedilas em

algumas aacutereas mas ao se levar em conta o produto gerado pela pesquisa histoacuterica o

estudo necessitaria ser complementado haja vista que ele natildeo compreende por exemplo

o ponto de alagamento no bairro Antocircnio Afonso citado anteriormente e alguns pontos de

deslizamento importantes uma vez que satildeo regiotildees onde haacute ocupaccedilatildeo Esse fato evidencia

a necessidade de se buscar vaacuterias fontes primaacuterias e secundaacuterias para se detectar aacutereas de

risco em um municiacutepio incluindo arquivos da imprensa local afim de se produzir uma

base de dados consistente e com o menor nuacutemero de falhas possiacutevel (CEPED 2014) Com

a uniatildeo dos dois estudos foram gerados os mapas apresentados nas Figuras 57 e 58

Aleacutem do mais observando as figuras 57 e 58 pode-se notar que uma boa parte tanto dos

casos de alagamento quanto de deslizamento estatildeo na faixa de APP de curso hiacutedrico o

que ilustra a importacircncia da preservaccedilatildeo destas aacutereas

Figura 5 7 Aacutereas propensas a alagamento do estudo do Plano Diretor

complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento

Fonte Do Autor

31

Figura 5 8 Aacutereas propensas a deslizamento do estudo do Plano Diretor

complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento

Fonte Do Autor

Atraveacutes da combinaccedilatildeo entre estes dois levantamentos procurou-se alimentar a base de

dados e garantir uma consistecircncia maior desta no que diz respeito a aacutereas de deslizamento

e alagamento podendo inclusive se identificar a suscetibilidade de uma determinada

regiatildeo da cidade a um ou outro evento (CEPED2014)

512 O Plano diretor e as APPs

Nos uacuteltimos anos o Brasil experimentou um forte fenocircmeno de migraccedilatildeo do campo para

as aacutereas urbanas De acordo com o IBGE no periacuteodo de 1940 a 2000 houve um aumento

de cerca de 60 do nuacutemero de pessoas que vivem em cidades (SILVA JR 2006) O

processo de planejamento e ordenamento do uso do solo nessas aacutereas deveria ter

acompanhado esse crescimento ao longo dos anos a fim de garantir a qualidade de vida e

a seguranccedila dos migrantes ao se instalarem nas cidades o que natildeo ocorreu e o que se

observa atualmente satildeo ocupaccedilotildees em aacutereas improacuteprias para moradia sem a infraestrutura

baacutesica necessaacuteria e com risco iminente de deslizamentos eou inundaccedilotildees

O Plano Diretor do municiacutepio de Santos Dumont em seu capiacutetulo IV que versa sobre o

uso e ocupaccedilatildeo do solo explicita regras para o ordenamento do territoacuterio que compreende

o municiacutepio com base nos diferentes usos do solo de acordo com sua compatibilidade o

32

que acabou por resultar num zoneamento de todo o municiacutepio em macrozonas conforme

citado na seccedilatildeo 3231 de acordo com os usos atuais e futuros do solo Aleacutem de dividir

estas macrozonas em urbanas e rurais tambeacutem avaliou e classificou estas aacutereas com base

numa seacuterie de fatores ambientais geoloacutegicos culturais e sociais de forma a se fazer um

zoneamento coerente com os atuais usos do solo e seu potencial de uso futuro Apresenta-

se na Figura 59 este zoneamento na aacuterea urbana principal de Santos Dumont

Figura 5 9 Zoneamento urbano da aacuterea urbana principal

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Lei 42412012

Tomando como referecircncia o Novo Coacutedigo Florestal brasileiro em especial os paracircmetros

estabelecidos para a definiccedilatildeo de APP e utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento

atraveacutes do software Vista SAGA relacionou-se as APPs existentes na aacuterea em estudo com

as regiotildees propiacutecias a alagamentos e deslizamentos de acordo com o estudo feito quando

da elaboraccedilatildeo do Plano Diretor afim de se identificar qual ou quais aacutereas possuem estes

problemas e se estatildeo relacionados com o uso do solo irregular em APP

Ao se aplicar a metodologia proposta por Oliveira amp Fernandes Filho (2013) natildeo foram

identificadas dentro da aacuterea de estudo APPs de topos de morro sendo este tipo de APP

descartada portanto das anaacutelises subsequentes deste trabalho Foram consideradas as

APP de curso hiacutedrico (rios e nascentes) e de declividade visando relacionaacute-las as aacutereas

de risco identificadas pela Prefeitura afim de se verificar as possiacuteveis causas da ocorrecircncia

33

destas aacutereas na regiatildeo urbana do municiacutepio Por meio de combinaccedilotildees entre dois mapas

temaacuteticos utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento foi possiacutevel obter as

assinaturas ou seja tabelas que caracterizam quantitativamente a aacuterea afetada por cada

aspecto visto que a simples visualizaccedilatildeo do mapa gerado pelo geoprocessamento muitas

vezes eacute prejudicada por serem aacutereas de pequenas dimensotildees ou por qualquer outra

limitaccedilatildeo do software Ressalta-se que para a elaboraccedilatildeo do Plano Municipal de Reduccedilatildeo

de riscos a identificaccedilatildeo e detalhamento topograacutefico destas aacutereas eacute fundamental para o

desenvolvimento do referido Plano conforme seraacute abordado detalhadamente na seccedilatildeo

52

De posse do mapa que representa o zoneamento urbano de Santos Dumont primeiramente

procurou-se mensurar qualitativa e quantitativamente a presenccedila de APPs tanto de

declividade quanto de cursos hiacutedricos Essa identificaccedilatildeo eacute importante pois este

zoneamento eacute um dos instrumentos de planejamento municipal (BRASIL 2001) Saboya

(2007) aponta que os principais objetivos de um zoneamento satildeo o controle da expansatildeo

urbana e proteccedilatildeo de aacutereas inadequadas a ocupaccedilatildeo aleacutem de reduzir os conflitos inerentes

aos diferentes usos do solo Com o uso da ferramenta ldquoCombinarrdquo do Vista SAGA foram

feitas combinaccedilotildees entre o mapa de hidrografia com buffer de 30m para rios e coacuterregos e

de 50m para nascentes com o mapa do zoneamento para se verificar a importacircncia das

APPs de curso hiacutedrico em toda a aacuterea urbana principal do municiacutepio Tambeacutem foram

combinados o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) obtido atraveacutes do gvSIG com o mapa

de zoneamento afim de se verificar quantitativamente as APPs de declividade e onde se

localizam Vale ressaltar que as declividades entre 30 e 47 estatildeo presentes nesta

combinaccedilatildeo pois de acordo com o Plano Diretor de Santos Dumont terrenos com esta

faixa de declividade para fins de parcelamento devem possuir estudo teacutecnico que ateste

a viabilidade de se promover algum empreendimento imobiliaacuterio neste (SANTOS

DUMONT 2012) Como a legislaccedilatildeo municipal prevecirc estudo somente para a faixa de

declividade descrita anteriormente para fins de anaacutelise neste trabalho consideramos um

valor mais conservador para APP compreendendo a faixa de 47 a 100 aleacutem da

prevista pela legislaccedilatildeo federal (gt100) para que natildeo houvessem lacunas importantes na

geraccedilatildeo do produto

Apresenta-se na Figura 510 aacutereas com declividades consideradas de risco e consideradas

APP e em qual zona de planejamento elas estatildeo inseridas De um modo geral ao se

observar a Tabela 52 nota-se que a aacuterea que compreende declividades de risco e APP eacute

uma pequena parcela da aacuterea urbana principal representando 061 desta aacuterea Ao se

levar em conta somente a localizaccedilatildeo pode-se verificar que cerca de 84 das aacutereas com

declividade de risco e a totalidade das APPs de declividade estatildeo localizadas na ZAC1

zona que compreende a maior parte do municiacutepio e apesar de possuir infraestrutura baacutesica

para a ocupaccedilatildeo esta eacute restrita Sendo assim o fator declividade deve ser visto com cautela

nesta aacuterea para se evitar transtornos advindos de edificaccedilotildees nestas aacutereas

34

Figura 5 10 Combinaccedilatildeo entre as declividades importantes incluindo as APPs e o

zoneamento urbano

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Do autor

Tabela 52 Assinaturas da combinaccedilatildeo Declividade x Zoneamento

Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea

Natildeo APP 457972 9939

Declividade 30-47 em ZAC1 2368 051

Declividade 30-47 em ZE 284 006

Declividade 30-47 em ZAC2 128 003

Declividade 30-47 em ZPA 004 0001

APP Declividade em ZAC1 048 001

Total 460804 100

Fonte Do autor

Apresenta-se na Figura 511 as APPs de curso hiacutedrico (nascentes e rios) e em qual zona

de planejamento estatildeo localizadas Assim como a declividade a maior parte das APPs de

curso hiacutedrico estatildeo localizadas em ZAC1 representando 383 da aacuterea urbana em estudo

e 51 do total das APPs de curso hiacutedrico Esta questatildeo tambeacutem deve ser vista com

bastante criteacuterio pelos gestores locais uma vez que a ocupaccedilatildeo em faixas proacuteximas de

rios e coacuterregos podem causar uma gama de problemas ambientais e sociais na regiatildeo

(SANTANA2011) Tal cuidado tambeacutem deve ser tomado nas APPs compreendidas na

35

ZAC2 que compreende 001 da Aacuterea urbana principal e 14 do total das APPs de curso

hiacutedrico pois a infraestrutura baacutesica e acessibilidade presente nesta zona eacute precaacuteria e a

ocupaccedilatildeo as margens de cursos hiacutedricos pode gerar problemas seacuterios caso ocorra uma

expansatildeo nestas aacutereas

Figura 511 Combinaccedilatildeo entre APP de curso hiacutedrico e as zonas de planejamento

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Do autor

Outro ponto importante eacute a presenccedila da Zona de Proteccedilatildeo Ambiental (ZPA) no entorno

uma consideraacutevel parte dos cursos hiacutedricos Nesta zona estatildeo presentes 28 das APPs de

curso hiacutedrico e esta zona de acordo com o Plano Diretor deve ser restaurada ou

preservada por suas caracteriacutesticas geoloacutegicas topograacuteficas e bioloacutegicas

Afim de se verificar os usos do solo na regiatildeo em estudo foram utilizadas combinaccedilotildees

de imagens advindas do sateacutelite Landsat 8 nas bandas descritas no capiacutetulo 4 aleacutem da

banda pancromaacutetica O resultado eacute apresentado na figura 512 que mostra os principais

usos do solo na aacuterea urbana principal de Santos Dumont

36

Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x Zoneamento

Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea

Hidrografia 11168 239

Aacuterea Urbana Natildeo APP 421004 9008

APP Curso hiacutedrico em ZAC1 179 383

APP Curso hiacutedrico em ZPA 9776 209

APP Curso hiacutedrico em ZE 184 004

APP Curso hiacutedrico em ZA 1192 026

APP Curso hiacutedrico em ZAC2 5124 110

APP Curso hiacutedrico em ZPPH 248 005

APP Curso hiacutedrico em ZEIS 568 012

APP Curso hiacutedrico em ZCA 228 005

Total 467392 10000

Fonte Do autor

Figura 5 12 Mapa de usos do solo da aacuterea urbana principal de Santos Dumont

Fonte Do autor

Como jaacute era previsto a maior parte da aacuterea urbana se encontra ocupada e eacute nesta regiatildeo

ocupada que se observa a maior concentraccedilatildeo de problemas de deslizamentos e

alagamentos (Figuras 513 e 514) A grande ocupaccedilatildeo em aacutereas consideradas APP de

curso hiacutedrico de acordo com os mapas gerados pode ser a principal causa do aumento a

cada ano dos casos de alagamento principalmente na regiatildeo central da cidade Outro ponto

que se deve atentar eacute a existecircncia de uma consideraacutevel aacuterea de pastagem pouco vegetada

que caso estejam em aacutereas elevadas pode contribuir para deslizamentos e agraves margens de

37

rios e coacuterregos para o assoreamento destes corpos hiacutedricos o que pode causar

alagamentos (INAacuteCIO etal 2007)

Diante destes resultados pode-se ver que a cidade de Santos Dumont necessita alternativas

efetiva no que diz respeito agrave contenccedilatildeo de deslizamentos e a reduccedilatildeo de risco de

alagamento pois as aacutereas em que ocorrem tais eventos satildeo distintas e facilmente definidas

devido agrave repeticcedilatildeo destes nos uacuteltimos anos Um plano de accedilatildeo integrado entre as diferentes

secretarias municipais (Obras Meio Ambiente Assistecircncia Social entre outras) e a

Coordenadoria Municipal de Defesa Civil deve ser realizado afim de se tomar medidas

natildeo mais preventivas mas sim preditivas para que se possa conter o avanccedilo destes

problemas na aacuterea urbana principal bem como em toda a aacuterea do municiacutepio

Figura 5 13 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na aacuterea urbana

principal

Fonte Do autor

38

Figura 5 14 Aacutereas sujeitas a alagamento e os principais usos do solo na aacuterea

urbana principal

Fonte Do autor

Ao se associar os dados do estudo do Plano Diretor com os dados do levantamento

histoacuterico realizado com o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) pode-se notar que as aacutereas

propiacutecias a deslizamento estatildeo em regiotildees as quais haacute uma fronteira de declividades ou

seja eacute evidente que os deslizamentos ocorrem em encostas um pouco mais iacutengremes mas

natildeo necessariamente nas encostas de 30-47 as quais exigem estudo teacutecnico conforme o

plano diretor preconiza Quanto aos alagamentos nota-se que eles se localizam nas aacutereas

com menor ou nenhuma declividade podendo ser estas aacutereas talvez componentes da

planiacutecie de inundaccedilatildeo dos rios Estes resultados podem ser vistos nas figuras 515 e 516

a seguir

39

Figura5 15 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a deslizamentos na

regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

Fonte Lei 42412012 e Autor

Figura5 26 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a alagamentos na

regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

Fonte Lei 42412012 e Autor

40

52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis

O processo de ocupaccedilatildeo no municiacutepio de Santos Dumont comeccedilou muito antes de

qualquer legislaccedilatildeo relacionada a ordenamento urbano e de proteccedilatildeo do meio ambiente

fosse implementado no Brasil Esse fato aliado a poliacuteticas e fiscalizaccedilotildees falhas

contribuiacuteram para a ocupaccedilatildeo e expansatildeo da aacuterea urbana ao longo do Ribeiratildeo das Posses

e seus afluentes o que tem gerado o aumento da degradaccedilatildeo destes corpos hiacutedricos ao

longo de todos estes anos Observa-se tambeacutem que nas uacuteltimas deacutecadas ocorreu um

grande nuacutemero de migraccedilotildees do campo para a regiatildeo urbana da cidade fator que

contribuiu para o crescimento do nuacutemero de habitaccedilotildees em aacutereas de risco de deslizamento

e alagamentos por serem na maioria das vezes terrenos menos valorizados e por este

motivo acessiacuteveis a populaccedilatildeo com menor poder aquisitivo (ROSA amp CORTEZ 2008)

Vale ressaltar que esta questatildeo aleacutem de ser ambiental eacute muito mais social pois os

moradores entendem os riscos de se viver nestes locais mas por motivos econocircmicos ou

por questotildees afetivas natildeo abrem matildeo da moradia nessas aacutereas A Constituiccedilatildeo Federal de

1988 promoveu a inter-relaccedilatildeo das questotildees sociais com as questotildees ambientais quando

colocou o meio ambiente como direito coletivo (BRASIL1988 SOUZA2010) Por este

motivo a decisatildeo por medidas draacutesticas que favoreccedilam apenas agrave preservaccedilatildeo do meio

ambiente natildeo eacute recomendada pois aleacutem de ser inconstitucional podem afetar a

sustentabilidade econocircmica do municiacutepio e gerar conflitos sociais consideraacuteveis

(CARLOS 1992 apud SOUZA 2010)

Segundo Bueno (2009) ldquonem tudo o que eacute irregular eacute precaacuteriordquo Esse fato se observa em

Santos Dumont uma vez que em boa parte da regiatildeo central se observa vaacuterias moradias

construiacutedas na faixa de APP de curso hiacutedrico o que natildeo eacute permitido pela legislaccedilatildeo

vigente e eacute um dos fatores que contribui para a ocorrecircncia de alagamentos nesta aacuterea da

cidade Para a resoluccedilatildeo deste problema o que seria mais viaacutevel seria a melhoria da

infraestrutura de drenagem urbana afim de que o escoamento da aacutegua das chuvas natildeo

sobrecarregasse o sistema (BUENO2009) A construccedilatildeo de bacias de contenccedilatildeo de

cheias ao longo do Ribeiratildeo das Posses tambeacutem seria uma alternativa mas para se verificar

a viabilidade necessita-se estudos mais aprofundados do ponto de vista hidroloacutegico

O grande problema a ser solucionado no entanto eacute o que diz respeito agraves aacutereas de risco

de deslizamento majoritariamente nos bairros A melhor alternativa seria o

remanejamento dos moradores para uma aacuterea proacutexima agrave que moram poreacutem longe do

risco Poreacutem esta alternativa de acordo com Rosa Filho amp Cortez (2008) encontra alguns

entraves pois estas pessoas na maioria das vezes natildeo tecircm condiccedilotildees financeiras de irem

para outro lugar ou pagar aluguel ou estatildeo de alguma forma sentimentalmente ligadas

agravequela regiatildeo que se recusam a deixaacute-lo

41

Por parte dos oacutergatildeos competentes no municiacutepio a criaccedilatildeo de um plano para se evitar

acidentes ocasionados por deslizamentos e alagamentos com um mapeamento detalhado

de toda a extensatildeo do municiacutepio eacute extremamente uacutetil Os estudos que seratildeo feitos para a

elaboraccedilatildeo deste plano poderatildeo definir quais as aacutereas satildeo potencialmente de risco para as

ocupaccedilotildees existentes ou para as potenciais ocupaccedilotildees que possam vir a ocorrer atraveacutes do

mapeamento das aacutereas de risco Tal planejamento seraacute auxiliar ao Plano Diretor

Municipal pois definiraacute o real uso do solo de determinada regiatildeo do municiacutepio

contribuindo para a adequaccedilatildeo do uso e ocupaccedilatildeo do solo afim de evitar ou reduzir o

nuacutemero de problemas relacionados a alagamentos e principalmente deslizamentos no

periacutemetro urbano (TOMINAGA 2009) A partir deste plano os gestores locais poderatildeo

tomar a melhor decisatildeo para a prevenccedilatildeo ou reduccedilatildeo dos riscos inerentes a tais problemas

Na seccedilatildeo 521 seraacute hierarquizado de forma preliminar a aacuterea urbana principal de acordo

com os resultados da tabela 51

521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta

O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos (PMRR) foi criado atraveacutes de accedilotildees

regularizadoras do Ministeacuterio das Cidades para ser o instrumento de gestatildeo e

gerenciamento de aacutereas de risco em um municiacutepio Eacute um documento que aleacutem de

estabelecer quais regiotildees satildeo consideradas de risco tambeacutem objetiva a proposta de

medidas estruturais ou natildeo para contenccedilatildeo eou prevenccedilatildeo de cataacutestrofes aleacutem de ser um

meio de captaccedilatildeo de recursos financeiros junto aos Governos Estadual e Federal Estes

recursos poderatildeo ser utilizados para a realizaccedilatildeo de obras que visem a melhoria da

qualidade de vida da populaccedilatildeo do entorno ou de recuperaccedilatildeo da aacuterea degradada Este

plano eacute realizado de forma participativa com as comunidades das aacutereas de risco e pode

ser realizado em sete fases conforme recomenda o Ministeacuterio das Cidades (ALHEIROS

2006)

O primeiro passo para a realizaccedilatildeo do PMRR eacute definir qual a metodologia seraacute empregada

levando-se em consideraccedilatildeo a realidade atual do municiacutepio e especificar de forma sucinta

um cronograma das atividades Eacute importante nesta fase a participaccedilatildeo tambeacutem dos

responsaacuteveis pelas mais variadas Secretarias Municipais afim de explicitar o tamanho da

importacircncia e o caraacuteter integrador deste plano A segunda fase deste plano objetiva a

criaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo da principal base de dados a ser utilizada nos passos posteriores o

mapeamento de risco em escala detalhe em torno de 13000 (SAtildeO PAULO 2014) A

elaboraccedilatildeo de um mapeamento detalhado propiciaraacute natildeo soacute a identificaccedilatildeo mais faacutecil das

aacutereas de risco como tambeacutem facilitaraacute aos gestores e agrave comunidade decidirem qual a

melhor intervenccedilatildeo para a soluccedilatildeo ou remediaccedilatildeo dos problemas em uma determinada

42

aacuterea hierarquizando o risco e definindo prioridades (SAtildeO PAULO 2014) Na tabela a

seguir apresenta-se alguns tipos de intervenccedilotildees que podem ser feitas em aacutereas de risco

sugeridas pelo Ministeacuterio das cidades (ALHEIROS 2006)

Quadro 5 1 - Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco

Tipo de intervenccedilatildeo Descriccedilatildeo

Serviccedilos de limpeza e Recuperaccedilatildeo

Remoccedilatildeo de entulho lixo etc

corte de aacutervores

remoccedilatildeo de bananeiras

recuperaccedilatildeo eou limpeza de sistemas de

drenagem esgotos e acessos

Limpeza de canais de drenagem

Proteccedilatildeo Vegetal

Proteccedilatildeo superficial vegetal (gramiacuteneas) em

taludes com solo exposto

Proteccedilatildeo vegetal de margens de canais de

drenagem

Barreiras vegetais para massas escorregadas

ou acumuladas pela erosatildeo

Drenagem Superficial e Acessos

Sistema de drenagem superficial (canaletas

raacutepidos caixas de transiccedilatildeo escadas drsquoaacutegua)

Acessos para pedestres (escadarias rampas

etc) integrados ao sistema de drenagem

Revestimento de Taludes Revestimento com materiais artificiais

cimentado cal-jet tela argamassada alvenaria

de tijolos ceracircmicos solo-cimento ensacado

Desmonte de blocos e matacotildees Desmonte de concreccedilotildees de grande porte

blocos rochosos e matacotildees

Obras de drenagem de subsuperfiacutecie Sistema de drenagem de subsuperfiacutecie

(trincheiras drenantes DHP poccedilos de

rebaixamento)

Estruturas de contenccedilatildeo (localizadas)

Muros de contenccedilatildeo de pequeno porte (solo-

cimento ensacado alvenaria de pedra-rachatildeo

concreto armado)

Estruturas de contenccedilatildeo localizadas

(chumbadores tirantes microestacas)

Contenccedilatildeo e proteccedilatildeo de margens de canais (

gabiotildees muros de concreto etc)

Estruturas de contenccedilatildeo (meacutedio e grande porte) Implantaccedilatildeo de estruturas de contenccedilatildeo de

meacutedio e grande porte envolvendo obras de

contenccedilatildeo passivas e ativas (muros de

gravidade cortinas etc)

Terraplanagem Execuccedilatildeo de serviccedilos de terraplanagem

combinados a obras de drenagem superficial e

proteccedilatildeo vegetal desvio e canalizaccedilatildeo de

coacuterregos

Remoccedilatildeo de moradias Remoccedilotildees definitivas para implantaccedilatildeo de

obras ou devido agrave localizaccedilatildeo improacutepria da

edificaccedilatildeo (Priorizar as relocaccedilotildees dentro da

proacutepria aacuterea em local seguro)

Fonte ALHEIROS 2006

43

Escolhidas as formas de intervenccedilatildeo para cada aacuterea eacute necessaacuterio realizar uma estimativa

dos custos afim de preparar o orccedilamento da prefeitura para a realizaccedilatildeo das obras e se

seraacute necessaacuterio a captaccedilatildeo de recursos externos para a execuccedilatildeo destas Feitas as

estimativas de custo o proacuteximo passo eacute definir as prioridades e para esta fase eacute tambeacutem

uacutetil o mapeamento feito nas etapas anteriores pois seraacute necessaacuterio hierarquizar tais

intervenccedilotildees nas aacutereas de risco O Ministeacuterio das Cidades (2007) sugere alguns criteacuterios

que podem ser avaliados pelo gestor dentre eles pode-se citar

Grau de risco

Populaccedilatildeo beneficiada

Custo da intervenccedilatildeo

Dimensatildeo da aacuterea a ser tratada

Demandas anteriores da populaccedilatildeo

Tempo de ocupaccedilatildeo

Viabilidade teacutecnica da intervenccedilatildeo

Viabilidade financeira

Inclusatildeo da aacuterea em outros projetos

A partir desta hierarquizaccedilatildeo inicia-se a identificaccedilatildeo de provaacuteveis fontes de captaccedilatildeo de

recursos para a execuccedilatildeo das intervenccedilotildees Estes recursos podem advir de programas dos

governos Federal e Estadual ou por meio de editais para captaccedilatildeo de recursos financeiros

tanto do setor puacuteblico como da iniciativa privada e podem ser tambeacutem associados agrave outras

Secretarias Municipais como a de Turismo ou Meio Ambiente e natildeo soacute as destinadas agrave

Defesa Civil (ALHEIROS 2006)

Eacute previsto tambeacutem no PMRR uma avaliaccedilatildeo da Defesa Civil municipal e como ela estaacute

estruturada fazendo inclusive sugestotildees para que sua atuaccedilatildeo esteja em consonacircncia com

a realidade das comunidades e da Administraccedilatildeo Puacuteblica do municiacutepio de forma a garantir

sua sustentabilidade e conquistar a credibilidade da populaccedilatildeo no que diz respeito a

prevenccedilatildeo de cataacutestrofes Para que a resposta a uma determinada situaccedilatildeo de risco seja

raacutepida eacute necessaacuterio a descentralizaccedilatildeo da Defesa Civil criando pequenos nuacutecleos

comunitaacuterios com a finalidade de se monitorar a aacuterea constantemente e promover as

intervenccedilotildees necessaacuterias em tempo haacutebil o que aumenta em muito a credibilidade da

populaccedilatildeo no PMRR e no trabalho desempenhado pela Defesa Civil no municiacutepio Apoacutes

esta etapa o PMRR passaraacute por audiecircncias puacuteblicas e posteriormente poderaacute ser aprovado

como Lei Municipal pelo Legislativo local (ALHEIROS 2006)

Com a realizaccedilatildeo deste plano o municiacutepio estaraacute munido de informaccedilotildees suficientes para

realizar accedilotildees efetivas de gestatildeo e gerenciamento de riscos bem como aliado a

levantamentos sociais realizar programas habitacionais que beneficiem prioritariamente

44

aos moradores das aacutereas de risco Aleacutem disso com o PMRR o municiacutepio poderaacute melhorar

a qualidade ambiental da populaccedilatildeo captando recursos para a recuperaccedilatildeo das aacutereas de

APP que foram degradadas pelas ocupaccedilotildees irregulares beneficiando todos os moradores

do municiacutepio com o aumento da qualidade de vida na cidade

A partir do disposto nesta seccedilatildeo acerca do Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos e de

uma maneira preliminar (levando-se em conta apenas o nuacutemero de registros de

alagamentos e deslizamentos na aacuterea urbana principal de Santos Dumont no periacuteodo de

1984 a 2014) identificou-se trecircs regiotildees distintas na aacuterea urbana do municiacutepio com

tempo de recorrecircncia desses eventos similares caracterizando trecircs prioridades de

intervenccedilatildeo em contenccedilatildeo de risco como pode ser visto nas figuras 515 e 516 Vale

ressaltar que eacute necessaacuterio um estudo mais detalhado inclusive com visitas teacutecnicas a

campo para que se confirme a real situaccedilatildeo destas e a real prioridade para investimentos

Figura 5 17 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de deslizamentos

Fonte Do Autor

45

Figura 5 18 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de alagamentos

Fonte Do Autor

46

6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees

A seguir apresenta-se as conclusotildees e as recomendaccedilotildees feitas a partir dos objetivos

especiacuteficos explicitados no iniacutecio deste trabalho

Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a

aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes

urbanos

A partir da revisatildeo da legislaccedilatildeo pertinente em acircmbito federal estadual e

municipal constatou-se que o Plano Diretor de Santos Dumont natildeo conflita com a

legislaccedilatildeo federal e estadual sobre Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente A legislaccedilatildeo

municipal foi entendida como mais conservadora que as federal e estadual uma

vez que considera implicitamente que declividades entre 47 e 100 satildeo

enquadradas como APPs aleacutem da faixa superior a 100

Parte consideraacutevel das ocupaccedilotildees em APP principalmente na regiatildeo do bairro

Santo Antocircnio (onde surgiu os primeiros nuacutecleos que deram origem ao municiacutepio)

e o centro da cidade ocorreram antes de que fosse elaborado qualquer legislaccedilatildeo

que versasse sobre o tema Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente bastando ao gestor

local tomar medidas de contenccedilatildeo de riscos que minimizem os impactos causados

por essas ocupaccedilotildees nessa regiatildeo

O ordenamento adequado do uso do solo no municiacutepio eacute necessaacuterio para que o

crescimento dos loteamentos criados anteriormente agrave esta Lei e o surgimento de

novos natildeo avance para Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente o que pode causar

inuacutemeros problemas aos moradores e agravar os jaacute existentes

Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las

com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)

As aacutereas onde houveram a maior quantidade de registros de deslizamentos satildeo os

bairros mais populosos de Santos Dumont podendo se estabelecer uma relaccedilatildeo

que quanto mais populoso o bairro maior a quantidade de problemas relacionados

a deslizamentos Tambeacutem pode-se notar uma relaccedilatildeo com as fronteiras das faixas

de declividades e os deslizamentos uma vez que boa parte deles aconteceram

nestas faixas

As aacutereas onde houve um grande nuacutemero de registros de alagamentos satildeo os bairros

que se desenvolveram agraves margens do Ribeiratildeo das Posses em especial na aacuterea que

47

compreende as APPs de curso hiacutedrico e em aacutereas onde a declividade eacute baixa Esse

fato aliado ao crescimento do nuacutemero de vias pavimentadas com material

impermeaacutevel e a natildeo expansatildeo e ou redimensionamento da rede de drenagem

urbana contribuiacuteram para a ocorrecircncia cada vez mais constante de alagamentos

nessas aacutereas

Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos

catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30

anos

A partir do levantamento histoacuterico realizado e da base de dados georeferenciada

gerada observou-se o aumento do nuacutemero de registros de deslizamentos e

alagamentos nos uacuteltimos 10 anos quando as ocorrecircncias comeccedilaram a se repetir

numa mesma aacuterea com frequecircncia incrementada as vezes com mais de uma

ocorrecircncia anual

Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do

solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental

Destaca-se a adequaccedilatildeo dos criteacuterios gerais estabelecidos pelo Plano Diretor de

Santos Dumont relativos a legislaccedilatildeo federal e estadual Entretanto o referido

Plano Diretor natildeo contempla todo o territoacuterio municipal sendo assim ele natildeo

cumpre o objetivo de proteger as APPs preservadas e recuperar as que foram

degradadas em todo o territoacuterio municipal Ressalta-se tambeacutem a sua natildeo

conformidade com o Estatuto das Cidades uma vez que o Plano Diretor

contempla apenas os novos loteamentos

Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais

negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea

impactada

Recomenda-se a implantaccedilatildeo no municiacutepio de uma Coordenadoria Municipal de

Defesa Civil atuante e integrada agraves Secretarias Municipais e agrave comunidade

visando uma atuaccedilatildeo eficaz nos problemas relacionados a deslizamentos e

alagamentos A elaboraccedilatildeo de um Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos eacute de

suma importacircncia pois atraveacutes dele pode-se predizer as aacutereas que passaratildeo por

problemas caso a expansatildeo aconteccedila ou se inicie uma ocupaccedilatildeo nova aleacutem de

prevenir acidentes nas aacutereas jaacute ocupadas e consideradas de risco

48

7 Anexos

49

71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont

50

51

72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)

52

53

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CF estabelece as diretrizes gerais da poliacutetica urbana e daacute outras providecircncias Brasiacutelia

2001

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dezembro de 1996 e 11 428 de 22 de dezembro de 2006 revoga as Leis nos 4771 de

1 5 de setembro de 1965 e 7754 de 1 4 de abril de 1989 e a Medida Provisoacuteria no 21

66shy67 de 24 de agosto de 2001 e daacute outras providecircncias Brasiacutelia 2012

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56

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Embrapa Meio Ambiente Jaguariuacutena-SP 2004 4p

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legenda expandida Centro Tecnoloacutegico de Minas Gerais FEAM Belo Horizonte 2010

ZANON F N Uso e ocupaccedilatildeo da terra e vulnerabilidade a alagamento na aacuterea central

da cidade de Satildeo Paulo O caso da subprefeitura da Seacute Trabalho de Graduaccedilatildeo UNESP

Rio Claro 2013

Page 28: O USO DO SOLO URBANO EM ÁREAS DE PRESERVAÇÃO … · social que você tenha na vida, a mais alta ou a mais baixa, tenha sempre como meta muita força, muita determinação e sempre

20

de forma a garantir a qualidade ambiental prevenindo deslizamentos e inundaccedilotildees Diante

dessa conjuntura o governo municipal aprovou em 2012 a Lei nordm 4241 que trata do Plano

Diretor Participativo instrumento baacutesico da poliacutetica de desenvolvimento e expansatildeo

urbana do municiacutepio de Santos Dumont

4 METODOLOGIA

41 Aacuterea de estudo

A regiatildeo dentro dos limites do municiacutepio que seraacute estudada neste trabalho eacute conforme

descrito nos anexos Plano Diretor e representada na figura 44 a aacuterea urbana principal

que possui 47 Kmsup2 e compreende a regiatildeo central da cidade e os bairros perifeacutericos regiatildeo

que concentra cerca de 90 da populaccedilatildeo total de Santos Dumont (IBGE 2015) A aacuterea

urbana principal representa 75 da aacuterea total dos 637 Kmsup2 que compreendem o

municiacutepio e eacute o local onde nos uacuteltimos 30 anos se verificou um maior crescimento

populacional e tambeacutem onde ocorre a maioria dos eventos relacionados a deslizamentos

e alagamentos por conta da ocupaccedilatildeo sem planejamento A figura 45 mostra a aacuterea

urbana principal e a localizaccedilatildeo dos bairros urbanos de Santos Dumont

Figura 4 1 Localizaccedilatildeo da aacuterea urbana principal

Fonte Google Earth

21

Figura 4 2 Mapa da aacuterea urbana principal com a localizaccedilatildeo dos bairros

Fonte Do Autor

42 Levantamento e tratamento dos dados

No desenvolvimento deste trabalho foi necessaacuterio se fazer um estudo detalhado sobre o

Plano Diretor de Santos Dumont principalmente dos seus anexos que compreendem os

mapas e a localizaccedilatildeo das aacutereas definidas pelo zoneamento proposto Para que isso fosse

possiacutevel a Secretaria Municipal de Obras e Serviccedilos Puacuteblicos forneceu todos os dados

secundaacuterios produto do estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor e do

zoneamento Estes dados incluem os arquivos Shapefile (shp) e outros documentos

integrantes do Plano Diretor Algumas informaccedilotildees foram complementadas tambeacutem com

dados adquiridos atraveacutes do site do IBGE e do Portal Objetivos do Milecircnio (ODM)

Os dados sobre as ocorrecircncias de deslizamentos e alagamentos foram obtidos atraveacutes da

Defesa Civil do municiacutepio atraveacutes do Sistema Integrado de Informaccedilotildees sobre Desastres

(S2ID) do Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional Tal sistema centraliza as informaccedilotildees sobre

desastres naturais ocorridos em todo o territoacuterio nacional facilitando a pesquisa sobre tais

eventos a qualquer cidadatildeo (BRASIL 2015)

Apesar do sistema ser bastante uacutetil os dados sobre o municiacutepio de Santos Dumont se

encontravam bastante falhos e escassos sendo necessaacuteria complementaccedilatildeo para que a

22

base de dados ficasse consistente Diante disso uma pesquisa atraveacutes dos arquivos do

Jornal Mensagem um jornal semanaacuterio local foi feita entre os anos de 1984 e 2014 e os

dados primaacuterios filtrados em uma planilha do Microsoft Excel para posterior utilizaccedilatildeo

De posse destes dados foi feita a localizaccedilatildeo em campo das coordenadas dos locais

atingidos por deslizamentos e alagamentos no periacuteodo compreendido pela pesquisa com

o auxiacutelio de um aparelho de GPS

A maioria dos arquivos shapefile utilizados para a confecccedilatildeo dos mapas satildeo parte

integrante dos anexos da Lei do Plano diretor do municiacutepio gerados no mecircs de dezembro

de 2011 pelo Instituto Nova Cidade e foram cedidos pela Secretaria Municipal de Obras

e Serviccedilos Puacuteblicos com Datum em UTM SAD 69 Com a finalidade de fornecer um

referenciamento atualizado e de acordo com os mais novos sistemas de coordenadas

utilizados no Brasil os arquivos foram convertidos para o Datum UTM SIRGAS 2000

que diferencia do SAD 69 pelo fato de ser um referencial geocecircntrico ou seja o centro

da Terra eacute o ponto de referecircncia neste sistema enquanto que o primeiro utiliza um

referencial na superfiacutecie da Terra (IBGE2014) Eacute interessante ressaltar tambeacutem que o

SIRGAS 2000 se tornou no ano de 2014 o sistema de coordenadas oficial do Sistema

Geodeacutesico Brasileiro e do Sistema Cartograacutefico Nacional ambos mantidos pelo IBGE A

combinaccedilatildeo dos shapefiles foi feita com o software livre gvSIG e com estas combinaccedilotildees

foram gerados mapas importantes resultados para a execuccedilatildeo deste trabalho A maioria

dos mapas representam a regiatildeo urbana principal de Santos Dumont e foram produzidos

numa escala em torno de 140000 que de acordo com Rocha (2007) eacute uma escala viaacutevel

pois as recomendaacuteveis para trabalhos de anaacutelise ambiental em niacutevel municipal podem ser

entre 150000 e 110000 Alguns mapas cujo detalhamento natildeo eacute necessaacuterio foram

gerados na escala 1100000

Para a geraccedilatildeo dos mapas aleacutem dos arquivos fornecidos pela Secretaria de Obras e

Serviccedilos Puacuteblicos foram utilizados para a geraccedilatildeo do modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE)

e da localizaccedilatildeo dos topos de morro dados gerados pelo sistema de radar Advanced

Spacebone Thermal Emission and Reflection Radiometer (ASTER) que geram as curvas

de niacutevel do terreno com uma resoluccedilatildeo de 30m (NASA2014) O processamento dessas

imagens foi feito pelo software livre gvSIG As imagens geradas pelos sateacutelites

LANDSAT foram adquiridas no site da United States Geological Survey (USGS) e essas

imagens possibilitaram obter um panorama preciso do uso do solo em toda a aacuterea urbana

de Santos Dumont numa resoluccedilatildeo de 15 metros uma vez que foi utilizada a banda

pancromaacutetica do sateacutelite LANDSAT 8 aleacutem da combinaccedilatildeo das bandas 65 e 4

respectivamente que eacute a combinaccedilatildeo recomendada pela mantenedora dos sateacutelites para

anaacutelises deste tipo

23

No que diz respeito a identificaccedilatildeo de APPs em topo de morro a metodologia de Oliveira

amp Fernandes Filho (2013) por utilizar as mesmas bases de dados ateacute entatildeo usadas neste

trabalho foi a mais indicada

A metodologia de anaacutelise dos mapas gerados eacute a proposta pelo professor Jorge Xavier da

Silva do Laboratoacuterio de Geoprocessamento (LAGEOP) da Universidade Federal do Rio

de Janeiro e citada por Rocha (2007) Tal metodologia analisa as variaacuteveis em questatildeo

presentes na aacuterea e permite avaliar as possibilidades de relaccedilotildees entre essas variaacuteveis De

uma maneira geral este meacutetodo verifica o estado atual da aacuterea em estudo bem como das

variaacuteveis gerando inventaacuterios que servem para a construccedilatildeo de dados planimeacutetricos sejam

com as variaacuteveis isoladas ou combinadas Estes dados planimeacutetricos geram assinaturas

que permitem inferir sobre a influecircncia dessas variaacuteveis De posse dos dados gerados pelo

processo anteriormente citado pode-se fazer algumas prospecccedilotildees sobre os riscos

ambientais que a aacuterea pode sofrer ou o seu potencial ambiental (ROCHA 2007)

5 RESULTADOS

51 Levantamento histoacuterico de alagamentos e

deslizamentos

O aumento da demanda pelo uso do solo na regiatildeo urbana de Santos Dumont

principalmente no tocante agrave formaccedilatildeo de novos loteamentos e condomiacutenios nos uacuteltimos

anos eacute consideraacutevel mas tambeacutem haacute de se observar o crescimento dos bairros jaacute existentes

com pouco ou nenhum ordenamento Em ambos os casos se observa ocupaccedilotildees

irregulares em APP o que tem ocasionado um aumento na frequecircncia de deslizamentos

e inundaccedilotildees Eacute evidente que quanto maior a densidade populacional do bairro maior a

quantidade de ocorrecircncias ao longo dos anos (SPERFELD 2009)

De acordo com as ocorrecircncias registradas pela Defesa Civil do municiacutepio obtidas atraveacutes

da literatura utilizada nos uacuteltimos 30 anos Santos Dumont chegou a decretar situaccedilatildeo de

emergecircncia por conta de desastres envolvendo deslizamentos eou alagamentos por duas

vezes num espaccedilo de 10 anos conforme pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho

(BRASIL 2014 CEPED 2011)

Segundo os dados obtidos atraveacutes de pesquisa nos arquivos do semanaacuterio entre os anos

de 1984 e 2014 pode-se verificar que nos uacuteltimos 20 anos a cidade tem experimentado

24

um aumento consideraacutevel nos eventos relacionados a deslizamentos e principalmente

alagamentos como pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho Isso pode ter sido causado

dentre outros fatores pelo aumento do nuacutemero de vias pavimentadas com material

impermeaacutevel o que tem sobrecarregado tanto a infraestrutura existente para drenagem

urbana como tambeacutem a calha dos cursos drsquoaacutegua que passam pela regiatildeo urbana do

municiacutepio (ZANON2013)

Na deacutecada de 1980 (1984-1990) de acordo com os dados obtidos natildeo foram noticiados

eventos consideraacuteveis relacionados a deslizamentos e alagamentos em Santos Dumont

mas isso natildeo exclui a possibilidade de natildeo ter ocorrido tais eventos em menor escala

Na deacutecada de 1990 aconteceram uma seacuterie de ocorrecircncias tanto de deslizamentos quanto

de alagamentos No ano de 1997 num periacuteodo chuvoso intenso aconteceram

deslizamentos consideraacuteveis em vaacuterios bairros da cidade inclusive com desabamento de

casas e de ruas principalmente nos bairros Nossa Senhora da Gloacuteria e Quarto Depoacutesito

Em 1999 ocorreram alguns pontos de alagamento nos bairros Quarto Depoacutesito e Santo

Antocircnio com grandes prejuiacutezos materiais

A deacutecada de 2000 iniciou com o registro de deslizamentos em vaacuterios bairros da cidade

inclusive com desabamento de casas e pontes e alagamentos em importantes vias do

centro da cidade Observa-se ao longo desse periacuteodo o crescimento nas ocorrecircncias de

deslizamentos e de aacutereas com risco de deslizamento em muitos bairros de Santos Dumont

Um dos fatores importantes para esse crescimento foi a grande expansatildeo sofrida pela

maioria dos bairros e a falta de planejamento e orientaccedilatildeo por parte da prefeitura uma

vez que uma boa parte do crescimento dos bairros da cidade ocorreu ou proacuteximo a cursos

drsquoaacutegua ou em aacutereas com declividade improacutepria para se fazer construccedilotildees O bairro

Coacuterrego do Ouro (Figura 51) foi o que mais sofreu com ocorrecircncias de deslizamentos

nesse periacuteodo enquanto o bairro Santo Antocircnio foi que teve mais ocorrecircncias de

alagamentos

25

Figura 5 1 Deslizamento no bairro Coacuterrego do Ouro

Fonte Portal Cabangu

No iniacutecio deacutecada de 2010 (2011-2014) o centro da cidade foi a regiatildeo que mais sofreu

com alagamentos sendo registrado pelo menos uma ocorrecircncia por ano nessa aacuterea (Figura

52) Isso pode ser relacionado dentre outros fatores com as obras de modificaccedilatildeo do

tipo de pavimentaccedilatildeo das estradas por um material impermeaacutevel gerando uma sobrecarga

nos sistemas de drenagem urbana que foram projetados para um tipo de pavimento mais

permeaacutevel implicando tambeacutem na sobrecarga calha do Ribeiratildeo das Posses o principal

curso drsquoaacutegua que corta o centro da cidade e que se encontra em quase sua totalidade

ocupada em ambas as margens que cortam o centro da cidade

26

Figura 5 2 Alagamento na regiatildeo central de Santos Dumont em 2013

Fonte Portal Cabangu

Quanto agraves ocorrecircncias de deslizamento ao longo da referida deacutecada elas estiveram

espalhadas pelos bairros do municiacutepio tendo um maior nuacutemero de ocorrecircncias nos bairros

Santo Antocircnio Nossa Senhora da Gloacuteria e Aacutegua Espraiada Nos dois primeiros bairros

citados as ocorrecircncias podem ter sido ocasionadas pelo crescimento desordenado e sem

planejamento destes e no terceiro as ocorrecircncias satildeo relacionadas ao processo de

assoreamento do Ribeiratildeo das Posses o que pode ter gerado um aumento da velocidade

desse curso drsquoaacutegua causando problemas decorrentes do transporte de sedimentos da aacuterea

onde as casas foram construiacutedas que teve como consequecircncia os deslizamentos

Em resumo como pode ser observado nas figuras 53 e 54 na tabela 51 no periacuteodo de

1984 a 2014 os bairros mais afetados por alagamentos e deslizamentos satildeo Quarto

Depoacutesito Nossa Senhora da Gloacuteria Santo Antocircnio Coacuterrego do Ouro Antocircnio Afonso

Graminha e Vila Esperanccedila sendo que o bairro Coacuterrego do Ouro possui o maior nuacutemero

de ocorrecircncias de deslizamentos e o centro da cidade possui o maior nuacutemero de

ocorrecircncias de alagamentos no periacuteodo pesquisado Vale destacar que a aacuterea propiacutecia a

alagamentos no bairro Antocircnio Afonso natildeo identificada no estudo realizado pela

prefeitura constitui-se efetivamente numa aacuterea de risco conforme levantamento histoacuterico

realizado Esta aacuterea de risco se deve agrave diferenccedila de niacutevel negativa entre o rio Pinho e a

aacuterea do bairro estando este em desniacutevel com um risco iminente de inundaccedilotildees resultantes

da cheia desse curso drsquoaacutegua causando inuacutemeros transtornos aos moradores do local

27

Figura 5 3 Pontos de Alagamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico

Fonte Do autor

Figura 5 4 Pontos de deslizamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico

Fonte Do autor

28

Tabela 51 Ocorrecircncias de alagamentos e deslizamentos obtidos atraveacutes do

levantamento histoacuterico

Pontos de ocorrecircncia (1984-2014)

Bairros Alagamento Deslizamento

Aacutegua Espraiada 1 1

Antocircnio Afonso 1 0

Barra 0 1

Centro 7 1

Coacuterrego do Ouro 1 7

Flores 0 1

Graminha 1 0

Jardim Jaraguaacute 0 1

N Sra da Gloacuteria 0 4

N Sra das Graccedilas 1 0

Quarto Depoacutesito 3 2

Santo Antocircnio 4 2

Satildeo Sebastiatildeo 0 1

Vila Esperanccedila 0 1

Fonte Do autor

De acordo com o estudo realizado na elaboraccedilatildeo do Plano Diretor pela prefeitura

municipal observa-se que os bairros que possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a

deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do Ouro e Vila Esperanccedila enquanto que os que

possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a alagamento satildeo o Centro da cidade e os

bairros Satildeo Sebastiatildeo Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio por estarem agraves margens do

Ribeiratildeo das Posses um curso drsquoaacutegua que sofre com inundaccedilotildees perioacutedicas devido ao

severo assoreamento em algumas regiotildees e tambeacutem devido ao acuacutemulo de lixo descartado

pelos moradores do entorno irregularmente De acordo com o estudo realizado quando da

elaboraccedilatildeo do Plano Diretor do municiacutepio foram feitos estudos sobre as aacutereas propensas

a deslizamentos e alagamentos na regiatildeo urbana principal Tais aacutereas satildeo as destacadas

nas Figuras 55 e 56 No levantamento histoacuterico realizado pode-se identificar que os

bairros que possuem mais aacutereas propensas a deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do

Ouro Nossa Senhora da Gloacuteria Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio enquanto que os bairros

mais propensos a alagamentos satildeo os bairros Centro Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio

como observado na tabela 51

29

Figura 5 5 Aacutereas propensas a deslizamento de acordo com o Plano Diretor de

Santos Dumont

Fonte Google Earth e Lei 42412012

Figura 5 6 Aacutereas propensas a alagamento de acordo com o Plano Diretor de

Santos Dumont

Fonte Google Earth e Lei 42412012

30

Comparando-se os mapas obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico com o mapa gerado

pelo estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor nota-se que haacute semelhanccedilas em

algumas aacutereas mas ao se levar em conta o produto gerado pela pesquisa histoacuterica o

estudo necessitaria ser complementado haja vista que ele natildeo compreende por exemplo

o ponto de alagamento no bairro Antocircnio Afonso citado anteriormente e alguns pontos de

deslizamento importantes uma vez que satildeo regiotildees onde haacute ocupaccedilatildeo Esse fato evidencia

a necessidade de se buscar vaacuterias fontes primaacuterias e secundaacuterias para se detectar aacutereas de

risco em um municiacutepio incluindo arquivos da imprensa local afim de se produzir uma

base de dados consistente e com o menor nuacutemero de falhas possiacutevel (CEPED 2014) Com

a uniatildeo dos dois estudos foram gerados os mapas apresentados nas Figuras 57 e 58

Aleacutem do mais observando as figuras 57 e 58 pode-se notar que uma boa parte tanto dos

casos de alagamento quanto de deslizamento estatildeo na faixa de APP de curso hiacutedrico o

que ilustra a importacircncia da preservaccedilatildeo destas aacutereas

Figura 5 7 Aacutereas propensas a alagamento do estudo do Plano Diretor

complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento

Fonte Do Autor

31

Figura 5 8 Aacutereas propensas a deslizamento do estudo do Plano Diretor

complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento

Fonte Do Autor

Atraveacutes da combinaccedilatildeo entre estes dois levantamentos procurou-se alimentar a base de

dados e garantir uma consistecircncia maior desta no que diz respeito a aacutereas de deslizamento

e alagamento podendo inclusive se identificar a suscetibilidade de uma determinada

regiatildeo da cidade a um ou outro evento (CEPED2014)

512 O Plano diretor e as APPs

Nos uacuteltimos anos o Brasil experimentou um forte fenocircmeno de migraccedilatildeo do campo para

as aacutereas urbanas De acordo com o IBGE no periacuteodo de 1940 a 2000 houve um aumento

de cerca de 60 do nuacutemero de pessoas que vivem em cidades (SILVA JR 2006) O

processo de planejamento e ordenamento do uso do solo nessas aacutereas deveria ter

acompanhado esse crescimento ao longo dos anos a fim de garantir a qualidade de vida e

a seguranccedila dos migrantes ao se instalarem nas cidades o que natildeo ocorreu e o que se

observa atualmente satildeo ocupaccedilotildees em aacutereas improacuteprias para moradia sem a infraestrutura

baacutesica necessaacuteria e com risco iminente de deslizamentos eou inundaccedilotildees

O Plano Diretor do municiacutepio de Santos Dumont em seu capiacutetulo IV que versa sobre o

uso e ocupaccedilatildeo do solo explicita regras para o ordenamento do territoacuterio que compreende

o municiacutepio com base nos diferentes usos do solo de acordo com sua compatibilidade o

32

que acabou por resultar num zoneamento de todo o municiacutepio em macrozonas conforme

citado na seccedilatildeo 3231 de acordo com os usos atuais e futuros do solo Aleacutem de dividir

estas macrozonas em urbanas e rurais tambeacutem avaliou e classificou estas aacutereas com base

numa seacuterie de fatores ambientais geoloacutegicos culturais e sociais de forma a se fazer um

zoneamento coerente com os atuais usos do solo e seu potencial de uso futuro Apresenta-

se na Figura 59 este zoneamento na aacuterea urbana principal de Santos Dumont

Figura 5 9 Zoneamento urbano da aacuterea urbana principal

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Lei 42412012

Tomando como referecircncia o Novo Coacutedigo Florestal brasileiro em especial os paracircmetros

estabelecidos para a definiccedilatildeo de APP e utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento

atraveacutes do software Vista SAGA relacionou-se as APPs existentes na aacuterea em estudo com

as regiotildees propiacutecias a alagamentos e deslizamentos de acordo com o estudo feito quando

da elaboraccedilatildeo do Plano Diretor afim de se identificar qual ou quais aacutereas possuem estes

problemas e se estatildeo relacionados com o uso do solo irregular em APP

Ao se aplicar a metodologia proposta por Oliveira amp Fernandes Filho (2013) natildeo foram

identificadas dentro da aacuterea de estudo APPs de topos de morro sendo este tipo de APP

descartada portanto das anaacutelises subsequentes deste trabalho Foram consideradas as

APP de curso hiacutedrico (rios e nascentes) e de declividade visando relacionaacute-las as aacutereas

de risco identificadas pela Prefeitura afim de se verificar as possiacuteveis causas da ocorrecircncia

33

destas aacutereas na regiatildeo urbana do municiacutepio Por meio de combinaccedilotildees entre dois mapas

temaacuteticos utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento foi possiacutevel obter as

assinaturas ou seja tabelas que caracterizam quantitativamente a aacuterea afetada por cada

aspecto visto que a simples visualizaccedilatildeo do mapa gerado pelo geoprocessamento muitas

vezes eacute prejudicada por serem aacutereas de pequenas dimensotildees ou por qualquer outra

limitaccedilatildeo do software Ressalta-se que para a elaboraccedilatildeo do Plano Municipal de Reduccedilatildeo

de riscos a identificaccedilatildeo e detalhamento topograacutefico destas aacutereas eacute fundamental para o

desenvolvimento do referido Plano conforme seraacute abordado detalhadamente na seccedilatildeo

52

De posse do mapa que representa o zoneamento urbano de Santos Dumont primeiramente

procurou-se mensurar qualitativa e quantitativamente a presenccedila de APPs tanto de

declividade quanto de cursos hiacutedricos Essa identificaccedilatildeo eacute importante pois este

zoneamento eacute um dos instrumentos de planejamento municipal (BRASIL 2001) Saboya

(2007) aponta que os principais objetivos de um zoneamento satildeo o controle da expansatildeo

urbana e proteccedilatildeo de aacutereas inadequadas a ocupaccedilatildeo aleacutem de reduzir os conflitos inerentes

aos diferentes usos do solo Com o uso da ferramenta ldquoCombinarrdquo do Vista SAGA foram

feitas combinaccedilotildees entre o mapa de hidrografia com buffer de 30m para rios e coacuterregos e

de 50m para nascentes com o mapa do zoneamento para se verificar a importacircncia das

APPs de curso hiacutedrico em toda a aacuterea urbana principal do municiacutepio Tambeacutem foram

combinados o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) obtido atraveacutes do gvSIG com o mapa

de zoneamento afim de se verificar quantitativamente as APPs de declividade e onde se

localizam Vale ressaltar que as declividades entre 30 e 47 estatildeo presentes nesta

combinaccedilatildeo pois de acordo com o Plano Diretor de Santos Dumont terrenos com esta

faixa de declividade para fins de parcelamento devem possuir estudo teacutecnico que ateste

a viabilidade de se promover algum empreendimento imobiliaacuterio neste (SANTOS

DUMONT 2012) Como a legislaccedilatildeo municipal prevecirc estudo somente para a faixa de

declividade descrita anteriormente para fins de anaacutelise neste trabalho consideramos um

valor mais conservador para APP compreendendo a faixa de 47 a 100 aleacutem da

prevista pela legislaccedilatildeo federal (gt100) para que natildeo houvessem lacunas importantes na

geraccedilatildeo do produto

Apresenta-se na Figura 510 aacutereas com declividades consideradas de risco e consideradas

APP e em qual zona de planejamento elas estatildeo inseridas De um modo geral ao se

observar a Tabela 52 nota-se que a aacuterea que compreende declividades de risco e APP eacute

uma pequena parcela da aacuterea urbana principal representando 061 desta aacuterea Ao se

levar em conta somente a localizaccedilatildeo pode-se verificar que cerca de 84 das aacutereas com

declividade de risco e a totalidade das APPs de declividade estatildeo localizadas na ZAC1

zona que compreende a maior parte do municiacutepio e apesar de possuir infraestrutura baacutesica

para a ocupaccedilatildeo esta eacute restrita Sendo assim o fator declividade deve ser visto com cautela

nesta aacuterea para se evitar transtornos advindos de edificaccedilotildees nestas aacutereas

34

Figura 5 10 Combinaccedilatildeo entre as declividades importantes incluindo as APPs e o

zoneamento urbano

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Do autor

Tabela 52 Assinaturas da combinaccedilatildeo Declividade x Zoneamento

Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea

Natildeo APP 457972 9939

Declividade 30-47 em ZAC1 2368 051

Declividade 30-47 em ZE 284 006

Declividade 30-47 em ZAC2 128 003

Declividade 30-47 em ZPA 004 0001

APP Declividade em ZAC1 048 001

Total 460804 100

Fonte Do autor

Apresenta-se na Figura 511 as APPs de curso hiacutedrico (nascentes e rios) e em qual zona

de planejamento estatildeo localizadas Assim como a declividade a maior parte das APPs de

curso hiacutedrico estatildeo localizadas em ZAC1 representando 383 da aacuterea urbana em estudo

e 51 do total das APPs de curso hiacutedrico Esta questatildeo tambeacutem deve ser vista com

bastante criteacuterio pelos gestores locais uma vez que a ocupaccedilatildeo em faixas proacuteximas de

rios e coacuterregos podem causar uma gama de problemas ambientais e sociais na regiatildeo

(SANTANA2011) Tal cuidado tambeacutem deve ser tomado nas APPs compreendidas na

35

ZAC2 que compreende 001 da Aacuterea urbana principal e 14 do total das APPs de curso

hiacutedrico pois a infraestrutura baacutesica e acessibilidade presente nesta zona eacute precaacuteria e a

ocupaccedilatildeo as margens de cursos hiacutedricos pode gerar problemas seacuterios caso ocorra uma

expansatildeo nestas aacutereas

Figura 511 Combinaccedilatildeo entre APP de curso hiacutedrico e as zonas de planejamento

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Do autor

Outro ponto importante eacute a presenccedila da Zona de Proteccedilatildeo Ambiental (ZPA) no entorno

uma consideraacutevel parte dos cursos hiacutedricos Nesta zona estatildeo presentes 28 das APPs de

curso hiacutedrico e esta zona de acordo com o Plano Diretor deve ser restaurada ou

preservada por suas caracteriacutesticas geoloacutegicas topograacuteficas e bioloacutegicas

Afim de se verificar os usos do solo na regiatildeo em estudo foram utilizadas combinaccedilotildees

de imagens advindas do sateacutelite Landsat 8 nas bandas descritas no capiacutetulo 4 aleacutem da

banda pancromaacutetica O resultado eacute apresentado na figura 512 que mostra os principais

usos do solo na aacuterea urbana principal de Santos Dumont

36

Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x Zoneamento

Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea

Hidrografia 11168 239

Aacuterea Urbana Natildeo APP 421004 9008

APP Curso hiacutedrico em ZAC1 179 383

APP Curso hiacutedrico em ZPA 9776 209

APP Curso hiacutedrico em ZE 184 004

APP Curso hiacutedrico em ZA 1192 026

APP Curso hiacutedrico em ZAC2 5124 110

APP Curso hiacutedrico em ZPPH 248 005

APP Curso hiacutedrico em ZEIS 568 012

APP Curso hiacutedrico em ZCA 228 005

Total 467392 10000

Fonte Do autor

Figura 5 12 Mapa de usos do solo da aacuterea urbana principal de Santos Dumont

Fonte Do autor

Como jaacute era previsto a maior parte da aacuterea urbana se encontra ocupada e eacute nesta regiatildeo

ocupada que se observa a maior concentraccedilatildeo de problemas de deslizamentos e

alagamentos (Figuras 513 e 514) A grande ocupaccedilatildeo em aacutereas consideradas APP de

curso hiacutedrico de acordo com os mapas gerados pode ser a principal causa do aumento a

cada ano dos casos de alagamento principalmente na regiatildeo central da cidade Outro ponto

que se deve atentar eacute a existecircncia de uma consideraacutevel aacuterea de pastagem pouco vegetada

que caso estejam em aacutereas elevadas pode contribuir para deslizamentos e agraves margens de

37

rios e coacuterregos para o assoreamento destes corpos hiacutedricos o que pode causar

alagamentos (INAacuteCIO etal 2007)

Diante destes resultados pode-se ver que a cidade de Santos Dumont necessita alternativas

efetiva no que diz respeito agrave contenccedilatildeo de deslizamentos e a reduccedilatildeo de risco de

alagamento pois as aacutereas em que ocorrem tais eventos satildeo distintas e facilmente definidas

devido agrave repeticcedilatildeo destes nos uacuteltimos anos Um plano de accedilatildeo integrado entre as diferentes

secretarias municipais (Obras Meio Ambiente Assistecircncia Social entre outras) e a

Coordenadoria Municipal de Defesa Civil deve ser realizado afim de se tomar medidas

natildeo mais preventivas mas sim preditivas para que se possa conter o avanccedilo destes

problemas na aacuterea urbana principal bem como em toda a aacuterea do municiacutepio

Figura 5 13 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na aacuterea urbana

principal

Fonte Do autor

38

Figura 5 14 Aacutereas sujeitas a alagamento e os principais usos do solo na aacuterea

urbana principal

Fonte Do autor

Ao se associar os dados do estudo do Plano Diretor com os dados do levantamento

histoacuterico realizado com o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) pode-se notar que as aacutereas

propiacutecias a deslizamento estatildeo em regiotildees as quais haacute uma fronteira de declividades ou

seja eacute evidente que os deslizamentos ocorrem em encostas um pouco mais iacutengremes mas

natildeo necessariamente nas encostas de 30-47 as quais exigem estudo teacutecnico conforme o

plano diretor preconiza Quanto aos alagamentos nota-se que eles se localizam nas aacutereas

com menor ou nenhuma declividade podendo ser estas aacutereas talvez componentes da

planiacutecie de inundaccedilatildeo dos rios Estes resultados podem ser vistos nas figuras 515 e 516

a seguir

39

Figura5 15 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a deslizamentos na

regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

Fonte Lei 42412012 e Autor

Figura5 26 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a alagamentos na

regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

Fonte Lei 42412012 e Autor

40

52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis

O processo de ocupaccedilatildeo no municiacutepio de Santos Dumont comeccedilou muito antes de

qualquer legislaccedilatildeo relacionada a ordenamento urbano e de proteccedilatildeo do meio ambiente

fosse implementado no Brasil Esse fato aliado a poliacuteticas e fiscalizaccedilotildees falhas

contribuiacuteram para a ocupaccedilatildeo e expansatildeo da aacuterea urbana ao longo do Ribeiratildeo das Posses

e seus afluentes o que tem gerado o aumento da degradaccedilatildeo destes corpos hiacutedricos ao

longo de todos estes anos Observa-se tambeacutem que nas uacuteltimas deacutecadas ocorreu um

grande nuacutemero de migraccedilotildees do campo para a regiatildeo urbana da cidade fator que

contribuiu para o crescimento do nuacutemero de habitaccedilotildees em aacutereas de risco de deslizamento

e alagamentos por serem na maioria das vezes terrenos menos valorizados e por este

motivo acessiacuteveis a populaccedilatildeo com menor poder aquisitivo (ROSA amp CORTEZ 2008)

Vale ressaltar que esta questatildeo aleacutem de ser ambiental eacute muito mais social pois os

moradores entendem os riscos de se viver nestes locais mas por motivos econocircmicos ou

por questotildees afetivas natildeo abrem matildeo da moradia nessas aacutereas A Constituiccedilatildeo Federal de

1988 promoveu a inter-relaccedilatildeo das questotildees sociais com as questotildees ambientais quando

colocou o meio ambiente como direito coletivo (BRASIL1988 SOUZA2010) Por este

motivo a decisatildeo por medidas draacutesticas que favoreccedilam apenas agrave preservaccedilatildeo do meio

ambiente natildeo eacute recomendada pois aleacutem de ser inconstitucional podem afetar a

sustentabilidade econocircmica do municiacutepio e gerar conflitos sociais consideraacuteveis

(CARLOS 1992 apud SOUZA 2010)

Segundo Bueno (2009) ldquonem tudo o que eacute irregular eacute precaacuteriordquo Esse fato se observa em

Santos Dumont uma vez que em boa parte da regiatildeo central se observa vaacuterias moradias

construiacutedas na faixa de APP de curso hiacutedrico o que natildeo eacute permitido pela legislaccedilatildeo

vigente e eacute um dos fatores que contribui para a ocorrecircncia de alagamentos nesta aacuterea da

cidade Para a resoluccedilatildeo deste problema o que seria mais viaacutevel seria a melhoria da

infraestrutura de drenagem urbana afim de que o escoamento da aacutegua das chuvas natildeo

sobrecarregasse o sistema (BUENO2009) A construccedilatildeo de bacias de contenccedilatildeo de

cheias ao longo do Ribeiratildeo das Posses tambeacutem seria uma alternativa mas para se verificar

a viabilidade necessita-se estudos mais aprofundados do ponto de vista hidroloacutegico

O grande problema a ser solucionado no entanto eacute o que diz respeito agraves aacutereas de risco

de deslizamento majoritariamente nos bairros A melhor alternativa seria o

remanejamento dos moradores para uma aacuterea proacutexima agrave que moram poreacutem longe do

risco Poreacutem esta alternativa de acordo com Rosa Filho amp Cortez (2008) encontra alguns

entraves pois estas pessoas na maioria das vezes natildeo tecircm condiccedilotildees financeiras de irem

para outro lugar ou pagar aluguel ou estatildeo de alguma forma sentimentalmente ligadas

agravequela regiatildeo que se recusam a deixaacute-lo

41

Por parte dos oacutergatildeos competentes no municiacutepio a criaccedilatildeo de um plano para se evitar

acidentes ocasionados por deslizamentos e alagamentos com um mapeamento detalhado

de toda a extensatildeo do municiacutepio eacute extremamente uacutetil Os estudos que seratildeo feitos para a

elaboraccedilatildeo deste plano poderatildeo definir quais as aacutereas satildeo potencialmente de risco para as

ocupaccedilotildees existentes ou para as potenciais ocupaccedilotildees que possam vir a ocorrer atraveacutes do

mapeamento das aacutereas de risco Tal planejamento seraacute auxiliar ao Plano Diretor

Municipal pois definiraacute o real uso do solo de determinada regiatildeo do municiacutepio

contribuindo para a adequaccedilatildeo do uso e ocupaccedilatildeo do solo afim de evitar ou reduzir o

nuacutemero de problemas relacionados a alagamentos e principalmente deslizamentos no

periacutemetro urbano (TOMINAGA 2009) A partir deste plano os gestores locais poderatildeo

tomar a melhor decisatildeo para a prevenccedilatildeo ou reduccedilatildeo dos riscos inerentes a tais problemas

Na seccedilatildeo 521 seraacute hierarquizado de forma preliminar a aacuterea urbana principal de acordo

com os resultados da tabela 51

521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta

O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos (PMRR) foi criado atraveacutes de accedilotildees

regularizadoras do Ministeacuterio das Cidades para ser o instrumento de gestatildeo e

gerenciamento de aacutereas de risco em um municiacutepio Eacute um documento que aleacutem de

estabelecer quais regiotildees satildeo consideradas de risco tambeacutem objetiva a proposta de

medidas estruturais ou natildeo para contenccedilatildeo eou prevenccedilatildeo de cataacutestrofes aleacutem de ser um

meio de captaccedilatildeo de recursos financeiros junto aos Governos Estadual e Federal Estes

recursos poderatildeo ser utilizados para a realizaccedilatildeo de obras que visem a melhoria da

qualidade de vida da populaccedilatildeo do entorno ou de recuperaccedilatildeo da aacuterea degradada Este

plano eacute realizado de forma participativa com as comunidades das aacutereas de risco e pode

ser realizado em sete fases conforme recomenda o Ministeacuterio das Cidades (ALHEIROS

2006)

O primeiro passo para a realizaccedilatildeo do PMRR eacute definir qual a metodologia seraacute empregada

levando-se em consideraccedilatildeo a realidade atual do municiacutepio e especificar de forma sucinta

um cronograma das atividades Eacute importante nesta fase a participaccedilatildeo tambeacutem dos

responsaacuteveis pelas mais variadas Secretarias Municipais afim de explicitar o tamanho da

importacircncia e o caraacuteter integrador deste plano A segunda fase deste plano objetiva a

criaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo da principal base de dados a ser utilizada nos passos posteriores o

mapeamento de risco em escala detalhe em torno de 13000 (SAtildeO PAULO 2014) A

elaboraccedilatildeo de um mapeamento detalhado propiciaraacute natildeo soacute a identificaccedilatildeo mais faacutecil das

aacutereas de risco como tambeacutem facilitaraacute aos gestores e agrave comunidade decidirem qual a

melhor intervenccedilatildeo para a soluccedilatildeo ou remediaccedilatildeo dos problemas em uma determinada

42

aacuterea hierarquizando o risco e definindo prioridades (SAtildeO PAULO 2014) Na tabela a

seguir apresenta-se alguns tipos de intervenccedilotildees que podem ser feitas em aacutereas de risco

sugeridas pelo Ministeacuterio das cidades (ALHEIROS 2006)

Quadro 5 1 - Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco

Tipo de intervenccedilatildeo Descriccedilatildeo

Serviccedilos de limpeza e Recuperaccedilatildeo

Remoccedilatildeo de entulho lixo etc

corte de aacutervores

remoccedilatildeo de bananeiras

recuperaccedilatildeo eou limpeza de sistemas de

drenagem esgotos e acessos

Limpeza de canais de drenagem

Proteccedilatildeo Vegetal

Proteccedilatildeo superficial vegetal (gramiacuteneas) em

taludes com solo exposto

Proteccedilatildeo vegetal de margens de canais de

drenagem

Barreiras vegetais para massas escorregadas

ou acumuladas pela erosatildeo

Drenagem Superficial e Acessos

Sistema de drenagem superficial (canaletas

raacutepidos caixas de transiccedilatildeo escadas drsquoaacutegua)

Acessos para pedestres (escadarias rampas

etc) integrados ao sistema de drenagem

Revestimento de Taludes Revestimento com materiais artificiais

cimentado cal-jet tela argamassada alvenaria

de tijolos ceracircmicos solo-cimento ensacado

Desmonte de blocos e matacotildees Desmonte de concreccedilotildees de grande porte

blocos rochosos e matacotildees

Obras de drenagem de subsuperfiacutecie Sistema de drenagem de subsuperfiacutecie

(trincheiras drenantes DHP poccedilos de

rebaixamento)

Estruturas de contenccedilatildeo (localizadas)

Muros de contenccedilatildeo de pequeno porte (solo-

cimento ensacado alvenaria de pedra-rachatildeo

concreto armado)

Estruturas de contenccedilatildeo localizadas

(chumbadores tirantes microestacas)

Contenccedilatildeo e proteccedilatildeo de margens de canais (

gabiotildees muros de concreto etc)

Estruturas de contenccedilatildeo (meacutedio e grande porte) Implantaccedilatildeo de estruturas de contenccedilatildeo de

meacutedio e grande porte envolvendo obras de

contenccedilatildeo passivas e ativas (muros de

gravidade cortinas etc)

Terraplanagem Execuccedilatildeo de serviccedilos de terraplanagem

combinados a obras de drenagem superficial e

proteccedilatildeo vegetal desvio e canalizaccedilatildeo de

coacuterregos

Remoccedilatildeo de moradias Remoccedilotildees definitivas para implantaccedilatildeo de

obras ou devido agrave localizaccedilatildeo improacutepria da

edificaccedilatildeo (Priorizar as relocaccedilotildees dentro da

proacutepria aacuterea em local seguro)

Fonte ALHEIROS 2006

43

Escolhidas as formas de intervenccedilatildeo para cada aacuterea eacute necessaacuterio realizar uma estimativa

dos custos afim de preparar o orccedilamento da prefeitura para a realizaccedilatildeo das obras e se

seraacute necessaacuterio a captaccedilatildeo de recursos externos para a execuccedilatildeo destas Feitas as

estimativas de custo o proacuteximo passo eacute definir as prioridades e para esta fase eacute tambeacutem

uacutetil o mapeamento feito nas etapas anteriores pois seraacute necessaacuterio hierarquizar tais

intervenccedilotildees nas aacutereas de risco O Ministeacuterio das Cidades (2007) sugere alguns criteacuterios

que podem ser avaliados pelo gestor dentre eles pode-se citar

Grau de risco

Populaccedilatildeo beneficiada

Custo da intervenccedilatildeo

Dimensatildeo da aacuterea a ser tratada

Demandas anteriores da populaccedilatildeo

Tempo de ocupaccedilatildeo

Viabilidade teacutecnica da intervenccedilatildeo

Viabilidade financeira

Inclusatildeo da aacuterea em outros projetos

A partir desta hierarquizaccedilatildeo inicia-se a identificaccedilatildeo de provaacuteveis fontes de captaccedilatildeo de

recursos para a execuccedilatildeo das intervenccedilotildees Estes recursos podem advir de programas dos

governos Federal e Estadual ou por meio de editais para captaccedilatildeo de recursos financeiros

tanto do setor puacuteblico como da iniciativa privada e podem ser tambeacutem associados agrave outras

Secretarias Municipais como a de Turismo ou Meio Ambiente e natildeo soacute as destinadas agrave

Defesa Civil (ALHEIROS 2006)

Eacute previsto tambeacutem no PMRR uma avaliaccedilatildeo da Defesa Civil municipal e como ela estaacute

estruturada fazendo inclusive sugestotildees para que sua atuaccedilatildeo esteja em consonacircncia com

a realidade das comunidades e da Administraccedilatildeo Puacuteblica do municiacutepio de forma a garantir

sua sustentabilidade e conquistar a credibilidade da populaccedilatildeo no que diz respeito a

prevenccedilatildeo de cataacutestrofes Para que a resposta a uma determinada situaccedilatildeo de risco seja

raacutepida eacute necessaacuterio a descentralizaccedilatildeo da Defesa Civil criando pequenos nuacutecleos

comunitaacuterios com a finalidade de se monitorar a aacuterea constantemente e promover as

intervenccedilotildees necessaacuterias em tempo haacutebil o que aumenta em muito a credibilidade da

populaccedilatildeo no PMRR e no trabalho desempenhado pela Defesa Civil no municiacutepio Apoacutes

esta etapa o PMRR passaraacute por audiecircncias puacuteblicas e posteriormente poderaacute ser aprovado

como Lei Municipal pelo Legislativo local (ALHEIROS 2006)

Com a realizaccedilatildeo deste plano o municiacutepio estaraacute munido de informaccedilotildees suficientes para

realizar accedilotildees efetivas de gestatildeo e gerenciamento de riscos bem como aliado a

levantamentos sociais realizar programas habitacionais que beneficiem prioritariamente

44

aos moradores das aacutereas de risco Aleacutem disso com o PMRR o municiacutepio poderaacute melhorar

a qualidade ambiental da populaccedilatildeo captando recursos para a recuperaccedilatildeo das aacutereas de

APP que foram degradadas pelas ocupaccedilotildees irregulares beneficiando todos os moradores

do municiacutepio com o aumento da qualidade de vida na cidade

A partir do disposto nesta seccedilatildeo acerca do Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos e de

uma maneira preliminar (levando-se em conta apenas o nuacutemero de registros de

alagamentos e deslizamentos na aacuterea urbana principal de Santos Dumont no periacuteodo de

1984 a 2014) identificou-se trecircs regiotildees distintas na aacuterea urbana do municiacutepio com

tempo de recorrecircncia desses eventos similares caracterizando trecircs prioridades de

intervenccedilatildeo em contenccedilatildeo de risco como pode ser visto nas figuras 515 e 516 Vale

ressaltar que eacute necessaacuterio um estudo mais detalhado inclusive com visitas teacutecnicas a

campo para que se confirme a real situaccedilatildeo destas e a real prioridade para investimentos

Figura 5 17 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de deslizamentos

Fonte Do Autor

45

Figura 5 18 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de alagamentos

Fonte Do Autor

46

6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees

A seguir apresenta-se as conclusotildees e as recomendaccedilotildees feitas a partir dos objetivos

especiacuteficos explicitados no iniacutecio deste trabalho

Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a

aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes

urbanos

A partir da revisatildeo da legislaccedilatildeo pertinente em acircmbito federal estadual e

municipal constatou-se que o Plano Diretor de Santos Dumont natildeo conflita com a

legislaccedilatildeo federal e estadual sobre Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente A legislaccedilatildeo

municipal foi entendida como mais conservadora que as federal e estadual uma

vez que considera implicitamente que declividades entre 47 e 100 satildeo

enquadradas como APPs aleacutem da faixa superior a 100

Parte consideraacutevel das ocupaccedilotildees em APP principalmente na regiatildeo do bairro

Santo Antocircnio (onde surgiu os primeiros nuacutecleos que deram origem ao municiacutepio)

e o centro da cidade ocorreram antes de que fosse elaborado qualquer legislaccedilatildeo

que versasse sobre o tema Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente bastando ao gestor

local tomar medidas de contenccedilatildeo de riscos que minimizem os impactos causados

por essas ocupaccedilotildees nessa regiatildeo

O ordenamento adequado do uso do solo no municiacutepio eacute necessaacuterio para que o

crescimento dos loteamentos criados anteriormente agrave esta Lei e o surgimento de

novos natildeo avance para Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente o que pode causar

inuacutemeros problemas aos moradores e agravar os jaacute existentes

Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las

com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)

As aacutereas onde houveram a maior quantidade de registros de deslizamentos satildeo os

bairros mais populosos de Santos Dumont podendo se estabelecer uma relaccedilatildeo

que quanto mais populoso o bairro maior a quantidade de problemas relacionados

a deslizamentos Tambeacutem pode-se notar uma relaccedilatildeo com as fronteiras das faixas

de declividades e os deslizamentos uma vez que boa parte deles aconteceram

nestas faixas

As aacutereas onde houve um grande nuacutemero de registros de alagamentos satildeo os bairros

que se desenvolveram agraves margens do Ribeiratildeo das Posses em especial na aacuterea que

47

compreende as APPs de curso hiacutedrico e em aacutereas onde a declividade eacute baixa Esse

fato aliado ao crescimento do nuacutemero de vias pavimentadas com material

impermeaacutevel e a natildeo expansatildeo e ou redimensionamento da rede de drenagem

urbana contribuiacuteram para a ocorrecircncia cada vez mais constante de alagamentos

nessas aacutereas

Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos

catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30

anos

A partir do levantamento histoacuterico realizado e da base de dados georeferenciada

gerada observou-se o aumento do nuacutemero de registros de deslizamentos e

alagamentos nos uacuteltimos 10 anos quando as ocorrecircncias comeccedilaram a se repetir

numa mesma aacuterea com frequecircncia incrementada as vezes com mais de uma

ocorrecircncia anual

Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do

solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental

Destaca-se a adequaccedilatildeo dos criteacuterios gerais estabelecidos pelo Plano Diretor de

Santos Dumont relativos a legislaccedilatildeo federal e estadual Entretanto o referido

Plano Diretor natildeo contempla todo o territoacuterio municipal sendo assim ele natildeo

cumpre o objetivo de proteger as APPs preservadas e recuperar as que foram

degradadas em todo o territoacuterio municipal Ressalta-se tambeacutem a sua natildeo

conformidade com o Estatuto das Cidades uma vez que o Plano Diretor

contempla apenas os novos loteamentos

Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais

negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea

impactada

Recomenda-se a implantaccedilatildeo no municiacutepio de uma Coordenadoria Municipal de

Defesa Civil atuante e integrada agraves Secretarias Municipais e agrave comunidade

visando uma atuaccedilatildeo eficaz nos problemas relacionados a deslizamentos e

alagamentos A elaboraccedilatildeo de um Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos eacute de

suma importacircncia pois atraveacutes dele pode-se predizer as aacutereas que passaratildeo por

problemas caso a expansatildeo aconteccedila ou se inicie uma ocupaccedilatildeo nova aleacutem de

prevenir acidentes nas aacutereas jaacute ocupadas e consideradas de risco

48

7 Anexos

49

71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont

50

51

72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)

52

53

8 Referecircncias Bibliograacuteficas

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CF estabelece as diretrizes gerais da poliacutetica urbana e daacute outras providecircncias Brasiacutelia

2001

BRASIL Lei Federal nordm 12651 de 25 de maio de 2012 Dispotildee sobre a proteccedilatildeo da

vegetaccedilatildeo nativa altera as Leis nos 6938 de 31 de agosto de 1981 9393 de 1 9 de

dezembro de 1996 e 11 428 de 22 de dezembro de 2006 revoga as Leis nos 4771 de

1 5 de setembro de 1965 e 7754 de 1 4 de abril de 1989 e a Medida Provisoacuteria no 21

66shy67 de 24 de agosto de 2001 e daacute outras providecircncias Brasiacutelia 2012

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56

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Embrapa Meio Ambiente Jaguariuacutena-SP 2004 4p

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legenda expandida Centro Tecnoloacutegico de Minas Gerais FEAM Belo Horizonte 2010

ZANON F N Uso e ocupaccedilatildeo da terra e vulnerabilidade a alagamento na aacuterea central

da cidade de Satildeo Paulo O caso da subprefeitura da Seacute Trabalho de Graduaccedilatildeo UNESP

Rio Claro 2013

Page 29: O USO DO SOLO URBANO EM ÁREAS DE PRESERVAÇÃO … · social que você tenha na vida, a mais alta ou a mais baixa, tenha sempre como meta muita força, muita determinação e sempre

21

Figura 4 2 Mapa da aacuterea urbana principal com a localizaccedilatildeo dos bairros

Fonte Do Autor

42 Levantamento e tratamento dos dados

No desenvolvimento deste trabalho foi necessaacuterio se fazer um estudo detalhado sobre o

Plano Diretor de Santos Dumont principalmente dos seus anexos que compreendem os

mapas e a localizaccedilatildeo das aacutereas definidas pelo zoneamento proposto Para que isso fosse

possiacutevel a Secretaria Municipal de Obras e Serviccedilos Puacuteblicos forneceu todos os dados

secundaacuterios produto do estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor e do

zoneamento Estes dados incluem os arquivos Shapefile (shp) e outros documentos

integrantes do Plano Diretor Algumas informaccedilotildees foram complementadas tambeacutem com

dados adquiridos atraveacutes do site do IBGE e do Portal Objetivos do Milecircnio (ODM)

Os dados sobre as ocorrecircncias de deslizamentos e alagamentos foram obtidos atraveacutes da

Defesa Civil do municiacutepio atraveacutes do Sistema Integrado de Informaccedilotildees sobre Desastres

(S2ID) do Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional Tal sistema centraliza as informaccedilotildees sobre

desastres naturais ocorridos em todo o territoacuterio nacional facilitando a pesquisa sobre tais

eventos a qualquer cidadatildeo (BRASIL 2015)

Apesar do sistema ser bastante uacutetil os dados sobre o municiacutepio de Santos Dumont se

encontravam bastante falhos e escassos sendo necessaacuteria complementaccedilatildeo para que a

22

base de dados ficasse consistente Diante disso uma pesquisa atraveacutes dos arquivos do

Jornal Mensagem um jornal semanaacuterio local foi feita entre os anos de 1984 e 2014 e os

dados primaacuterios filtrados em uma planilha do Microsoft Excel para posterior utilizaccedilatildeo

De posse destes dados foi feita a localizaccedilatildeo em campo das coordenadas dos locais

atingidos por deslizamentos e alagamentos no periacuteodo compreendido pela pesquisa com

o auxiacutelio de um aparelho de GPS

A maioria dos arquivos shapefile utilizados para a confecccedilatildeo dos mapas satildeo parte

integrante dos anexos da Lei do Plano diretor do municiacutepio gerados no mecircs de dezembro

de 2011 pelo Instituto Nova Cidade e foram cedidos pela Secretaria Municipal de Obras

e Serviccedilos Puacuteblicos com Datum em UTM SAD 69 Com a finalidade de fornecer um

referenciamento atualizado e de acordo com os mais novos sistemas de coordenadas

utilizados no Brasil os arquivos foram convertidos para o Datum UTM SIRGAS 2000

que diferencia do SAD 69 pelo fato de ser um referencial geocecircntrico ou seja o centro

da Terra eacute o ponto de referecircncia neste sistema enquanto que o primeiro utiliza um

referencial na superfiacutecie da Terra (IBGE2014) Eacute interessante ressaltar tambeacutem que o

SIRGAS 2000 se tornou no ano de 2014 o sistema de coordenadas oficial do Sistema

Geodeacutesico Brasileiro e do Sistema Cartograacutefico Nacional ambos mantidos pelo IBGE A

combinaccedilatildeo dos shapefiles foi feita com o software livre gvSIG e com estas combinaccedilotildees

foram gerados mapas importantes resultados para a execuccedilatildeo deste trabalho A maioria

dos mapas representam a regiatildeo urbana principal de Santos Dumont e foram produzidos

numa escala em torno de 140000 que de acordo com Rocha (2007) eacute uma escala viaacutevel

pois as recomendaacuteveis para trabalhos de anaacutelise ambiental em niacutevel municipal podem ser

entre 150000 e 110000 Alguns mapas cujo detalhamento natildeo eacute necessaacuterio foram

gerados na escala 1100000

Para a geraccedilatildeo dos mapas aleacutem dos arquivos fornecidos pela Secretaria de Obras e

Serviccedilos Puacuteblicos foram utilizados para a geraccedilatildeo do modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE)

e da localizaccedilatildeo dos topos de morro dados gerados pelo sistema de radar Advanced

Spacebone Thermal Emission and Reflection Radiometer (ASTER) que geram as curvas

de niacutevel do terreno com uma resoluccedilatildeo de 30m (NASA2014) O processamento dessas

imagens foi feito pelo software livre gvSIG As imagens geradas pelos sateacutelites

LANDSAT foram adquiridas no site da United States Geological Survey (USGS) e essas

imagens possibilitaram obter um panorama preciso do uso do solo em toda a aacuterea urbana

de Santos Dumont numa resoluccedilatildeo de 15 metros uma vez que foi utilizada a banda

pancromaacutetica do sateacutelite LANDSAT 8 aleacutem da combinaccedilatildeo das bandas 65 e 4

respectivamente que eacute a combinaccedilatildeo recomendada pela mantenedora dos sateacutelites para

anaacutelises deste tipo

23

No que diz respeito a identificaccedilatildeo de APPs em topo de morro a metodologia de Oliveira

amp Fernandes Filho (2013) por utilizar as mesmas bases de dados ateacute entatildeo usadas neste

trabalho foi a mais indicada

A metodologia de anaacutelise dos mapas gerados eacute a proposta pelo professor Jorge Xavier da

Silva do Laboratoacuterio de Geoprocessamento (LAGEOP) da Universidade Federal do Rio

de Janeiro e citada por Rocha (2007) Tal metodologia analisa as variaacuteveis em questatildeo

presentes na aacuterea e permite avaliar as possibilidades de relaccedilotildees entre essas variaacuteveis De

uma maneira geral este meacutetodo verifica o estado atual da aacuterea em estudo bem como das

variaacuteveis gerando inventaacuterios que servem para a construccedilatildeo de dados planimeacutetricos sejam

com as variaacuteveis isoladas ou combinadas Estes dados planimeacutetricos geram assinaturas

que permitem inferir sobre a influecircncia dessas variaacuteveis De posse dos dados gerados pelo

processo anteriormente citado pode-se fazer algumas prospecccedilotildees sobre os riscos

ambientais que a aacuterea pode sofrer ou o seu potencial ambiental (ROCHA 2007)

5 RESULTADOS

51 Levantamento histoacuterico de alagamentos e

deslizamentos

O aumento da demanda pelo uso do solo na regiatildeo urbana de Santos Dumont

principalmente no tocante agrave formaccedilatildeo de novos loteamentos e condomiacutenios nos uacuteltimos

anos eacute consideraacutevel mas tambeacutem haacute de se observar o crescimento dos bairros jaacute existentes

com pouco ou nenhum ordenamento Em ambos os casos se observa ocupaccedilotildees

irregulares em APP o que tem ocasionado um aumento na frequecircncia de deslizamentos

e inundaccedilotildees Eacute evidente que quanto maior a densidade populacional do bairro maior a

quantidade de ocorrecircncias ao longo dos anos (SPERFELD 2009)

De acordo com as ocorrecircncias registradas pela Defesa Civil do municiacutepio obtidas atraveacutes

da literatura utilizada nos uacuteltimos 30 anos Santos Dumont chegou a decretar situaccedilatildeo de

emergecircncia por conta de desastres envolvendo deslizamentos eou alagamentos por duas

vezes num espaccedilo de 10 anos conforme pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho

(BRASIL 2014 CEPED 2011)

Segundo os dados obtidos atraveacutes de pesquisa nos arquivos do semanaacuterio entre os anos

de 1984 e 2014 pode-se verificar que nos uacuteltimos 20 anos a cidade tem experimentado

24

um aumento consideraacutevel nos eventos relacionados a deslizamentos e principalmente

alagamentos como pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho Isso pode ter sido causado

dentre outros fatores pelo aumento do nuacutemero de vias pavimentadas com material

impermeaacutevel o que tem sobrecarregado tanto a infraestrutura existente para drenagem

urbana como tambeacutem a calha dos cursos drsquoaacutegua que passam pela regiatildeo urbana do

municiacutepio (ZANON2013)

Na deacutecada de 1980 (1984-1990) de acordo com os dados obtidos natildeo foram noticiados

eventos consideraacuteveis relacionados a deslizamentos e alagamentos em Santos Dumont

mas isso natildeo exclui a possibilidade de natildeo ter ocorrido tais eventos em menor escala

Na deacutecada de 1990 aconteceram uma seacuterie de ocorrecircncias tanto de deslizamentos quanto

de alagamentos No ano de 1997 num periacuteodo chuvoso intenso aconteceram

deslizamentos consideraacuteveis em vaacuterios bairros da cidade inclusive com desabamento de

casas e de ruas principalmente nos bairros Nossa Senhora da Gloacuteria e Quarto Depoacutesito

Em 1999 ocorreram alguns pontos de alagamento nos bairros Quarto Depoacutesito e Santo

Antocircnio com grandes prejuiacutezos materiais

A deacutecada de 2000 iniciou com o registro de deslizamentos em vaacuterios bairros da cidade

inclusive com desabamento de casas e pontes e alagamentos em importantes vias do

centro da cidade Observa-se ao longo desse periacuteodo o crescimento nas ocorrecircncias de

deslizamentos e de aacutereas com risco de deslizamento em muitos bairros de Santos Dumont

Um dos fatores importantes para esse crescimento foi a grande expansatildeo sofrida pela

maioria dos bairros e a falta de planejamento e orientaccedilatildeo por parte da prefeitura uma

vez que uma boa parte do crescimento dos bairros da cidade ocorreu ou proacuteximo a cursos

drsquoaacutegua ou em aacutereas com declividade improacutepria para se fazer construccedilotildees O bairro

Coacuterrego do Ouro (Figura 51) foi o que mais sofreu com ocorrecircncias de deslizamentos

nesse periacuteodo enquanto o bairro Santo Antocircnio foi que teve mais ocorrecircncias de

alagamentos

25

Figura 5 1 Deslizamento no bairro Coacuterrego do Ouro

Fonte Portal Cabangu

No iniacutecio deacutecada de 2010 (2011-2014) o centro da cidade foi a regiatildeo que mais sofreu

com alagamentos sendo registrado pelo menos uma ocorrecircncia por ano nessa aacuterea (Figura

52) Isso pode ser relacionado dentre outros fatores com as obras de modificaccedilatildeo do

tipo de pavimentaccedilatildeo das estradas por um material impermeaacutevel gerando uma sobrecarga

nos sistemas de drenagem urbana que foram projetados para um tipo de pavimento mais

permeaacutevel implicando tambeacutem na sobrecarga calha do Ribeiratildeo das Posses o principal

curso drsquoaacutegua que corta o centro da cidade e que se encontra em quase sua totalidade

ocupada em ambas as margens que cortam o centro da cidade

26

Figura 5 2 Alagamento na regiatildeo central de Santos Dumont em 2013

Fonte Portal Cabangu

Quanto agraves ocorrecircncias de deslizamento ao longo da referida deacutecada elas estiveram

espalhadas pelos bairros do municiacutepio tendo um maior nuacutemero de ocorrecircncias nos bairros

Santo Antocircnio Nossa Senhora da Gloacuteria e Aacutegua Espraiada Nos dois primeiros bairros

citados as ocorrecircncias podem ter sido ocasionadas pelo crescimento desordenado e sem

planejamento destes e no terceiro as ocorrecircncias satildeo relacionadas ao processo de

assoreamento do Ribeiratildeo das Posses o que pode ter gerado um aumento da velocidade

desse curso drsquoaacutegua causando problemas decorrentes do transporte de sedimentos da aacuterea

onde as casas foram construiacutedas que teve como consequecircncia os deslizamentos

Em resumo como pode ser observado nas figuras 53 e 54 na tabela 51 no periacuteodo de

1984 a 2014 os bairros mais afetados por alagamentos e deslizamentos satildeo Quarto

Depoacutesito Nossa Senhora da Gloacuteria Santo Antocircnio Coacuterrego do Ouro Antocircnio Afonso

Graminha e Vila Esperanccedila sendo que o bairro Coacuterrego do Ouro possui o maior nuacutemero

de ocorrecircncias de deslizamentos e o centro da cidade possui o maior nuacutemero de

ocorrecircncias de alagamentos no periacuteodo pesquisado Vale destacar que a aacuterea propiacutecia a

alagamentos no bairro Antocircnio Afonso natildeo identificada no estudo realizado pela

prefeitura constitui-se efetivamente numa aacuterea de risco conforme levantamento histoacuterico

realizado Esta aacuterea de risco se deve agrave diferenccedila de niacutevel negativa entre o rio Pinho e a

aacuterea do bairro estando este em desniacutevel com um risco iminente de inundaccedilotildees resultantes

da cheia desse curso drsquoaacutegua causando inuacutemeros transtornos aos moradores do local

27

Figura 5 3 Pontos de Alagamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico

Fonte Do autor

Figura 5 4 Pontos de deslizamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico

Fonte Do autor

28

Tabela 51 Ocorrecircncias de alagamentos e deslizamentos obtidos atraveacutes do

levantamento histoacuterico

Pontos de ocorrecircncia (1984-2014)

Bairros Alagamento Deslizamento

Aacutegua Espraiada 1 1

Antocircnio Afonso 1 0

Barra 0 1

Centro 7 1

Coacuterrego do Ouro 1 7

Flores 0 1

Graminha 1 0

Jardim Jaraguaacute 0 1

N Sra da Gloacuteria 0 4

N Sra das Graccedilas 1 0

Quarto Depoacutesito 3 2

Santo Antocircnio 4 2

Satildeo Sebastiatildeo 0 1

Vila Esperanccedila 0 1

Fonte Do autor

De acordo com o estudo realizado na elaboraccedilatildeo do Plano Diretor pela prefeitura

municipal observa-se que os bairros que possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a

deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do Ouro e Vila Esperanccedila enquanto que os que

possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a alagamento satildeo o Centro da cidade e os

bairros Satildeo Sebastiatildeo Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio por estarem agraves margens do

Ribeiratildeo das Posses um curso drsquoaacutegua que sofre com inundaccedilotildees perioacutedicas devido ao

severo assoreamento em algumas regiotildees e tambeacutem devido ao acuacutemulo de lixo descartado

pelos moradores do entorno irregularmente De acordo com o estudo realizado quando da

elaboraccedilatildeo do Plano Diretor do municiacutepio foram feitos estudos sobre as aacutereas propensas

a deslizamentos e alagamentos na regiatildeo urbana principal Tais aacutereas satildeo as destacadas

nas Figuras 55 e 56 No levantamento histoacuterico realizado pode-se identificar que os

bairros que possuem mais aacutereas propensas a deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do

Ouro Nossa Senhora da Gloacuteria Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio enquanto que os bairros

mais propensos a alagamentos satildeo os bairros Centro Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio

como observado na tabela 51

29

Figura 5 5 Aacutereas propensas a deslizamento de acordo com o Plano Diretor de

Santos Dumont

Fonte Google Earth e Lei 42412012

Figura 5 6 Aacutereas propensas a alagamento de acordo com o Plano Diretor de

Santos Dumont

Fonte Google Earth e Lei 42412012

30

Comparando-se os mapas obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico com o mapa gerado

pelo estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor nota-se que haacute semelhanccedilas em

algumas aacutereas mas ao se levar em conta o produto gerado pela pesquisa histoacuterica o

estudo necessitaria ser complementado haja vista que ele natildeo compreende por exemplo

o ponto de alagamento no bairro Antocircnio Afonso citado anteriormente e alguns pontos de

deslizamento importantes uma vez que satildeo regiotildees onde haacute ocupaccedilatildeo Esse fato evidencia

a necessidade de se buscar vaacuterias fontes primaacuterias e secundaacuterias para se detectar aacutereas de

risco em um municiacutepio incluindo arquivos da imprensa local afim de se produzir uma

base de dados consistente e com o menor nuacutemero de falhas possiacutevel (CEPED 2014) Com

a uniatildeo dos dois estudos foram gerados os mapas apresentados nas Figuras 57 e 58

Aleacutem do mais observando as figuras 57 e 58 pode-se notar que uma boa parte tanto dos

casos de alagamento quanto de deslizamento estatildeo na faixa de APP de curso hiacutedrico o

que ilustra a importacircncia da preservaccedilatildeo destas aacutereas

Figura 5 7 Aacutereas propensas a alagamento do estudo do Plano Diretor

complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento

Fonte Do Autor

31

Figura 5 8 Aacutereas propensas a deslizamento do estudo do Plano Diretor

complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento

Fonte Do Autor

Atraveacutes da combinaccedilatildeo entre estes dois levantamentos procurou-se alimentar a base de

dados e garantir uma consistecircncia maior desta no que diz respeito a aacutereas de deslizamento

e alagamento podendo inclusive se identificar a suscetibilidade de uma determinada

regiatildeo da cidade a um ou outro evento (CEPED2014)

512 O Plano diretor e as APPs

Nos uacuteltimos anos o Brasil experimentou um forte fenocircmeno de migraccedilatildeo do campo para

as aacutereas urbanas De acordo com o IBGE no periacuteodo de 1940 a 2000 houve um aumento

de cerca de 60 do nuacutemero de pessoas que vivem em cidades (SILVA JR 2006) O

processo de planejamento e ordenamento do uso do solo nessas aacutereas deveria ter

acompanhado esse crescimento ao longo dos anos a fim de garantir a qualidade de vida e

a seguranccedila dos migrantes ao se instalarem nas cidades o que natildeo ocorreu e o que se

observa atualmente satildeo ocupaccedilotildees em aacutereas improacuteprias para moradia sem a infraestrutura

baacutesica necessaacuteria e com risco iminente de deslizamentos eou inundaccedilotildees

O Plano Diretor do municiacutepio de Santos Dumont em seu capiacutetulo IV que versa sobre o

uso e ocupaccedilatildeo do solo explicita regras para o ordenamento do territoacuterio que compreende

o municiacutepio com base nos diferentes usos do solo de acordo com sua compatibilidade o

32

que acabou por resultar num zoneamento de todo o municiacutepio em macrozonas conforme

citado na seccedilatildeo 3231 de acordo com os usos atuais e futuros do solo Aleacutem de dividir

estas macrozonas em urbanas e rurais tambeacutem avaliou e classificou estas aacutereas com base

numa seacuterie de fatores ambientais geoloacutegicos culturais e sociais de forma a se fazer um

zoneamento coerente com os atuais usos do solo e seu potencial de uso futuro Apresenta-

se na Figura 59 este zoneamento na aacuterea urbana principal de Santos Dumont

Figura 5 9 Zoneamento urbano da aacuterea urbana principal

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Lei 42412012

Tomando como referecircncia o Novo Coacutedigo Florestal brasileiro em especial os paracircmetros

estabelecidos para a definiccedilatildeo de APP e utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento

atraveacutes do software Vista SAGA relacionou-se as APPs existentes na aacuterea em estudo com

as regiotildees propiacutecias a alagamentos e deslizamentos de acordo com o estudo feito quando

da elaboraccedilatildeo do Plano Diretor afim de se identificar qual ou quais aacutereas possuem estes

problemas e se estatildeo relacionados com o uso do solo irregular em APP

Ao se aplicar a metodologia proposta por Oliveira amp Fernandes Filho (2013) natildeo foram

identificadas dentro da aacuterea de estudo APPs de topos de morro sendo este tipo de APP

descartada portanto das anaacutelises subsequentes deste trabalho Foram consideradas as

APP de curso hiacutedrico (rios e nascentes) e de declividade visando relacionaacute-las as aacutereas

de risco identificadas pela Prefeitura afim de se verificar as possiacuteveis causas da ocorrecircncia

33

destas aacutereas na regiatildeo urbana do municiacutepio Por meio de combinaccedilotildees entre dois mapas

temaacuteticos utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento foi possiacutevel obter as

assinaturas ou seja tabelas que caracterizam quantitativamente a aacuterea afetada por cada

aspecto visto que a simples visualizaccedilatildeo do mapa gerado pelo geoprocessamento muitas

vezes eacute prejudicada por serem aacutereas de pequenas dimensotildees ou por qualquer outra

limitaccedilatildeo do software Ressalta-se que para a elaboraccedilatildeo do Plano Municipal de Reduccedilatildeo

de riscos a identificaccedilatildeo e detalhamento topograacutefico destas aacutereas eacute fundamental para o

desenvolvimento do referido Plano conforme seraacute abordado detalhadamente na seccedilatildeo

52

De posse do mapa que representa o zoneamento urbano de Santos Dumont primeiramente

procurou-se mensurar qualitativa e quantitativamente a presenccedila de APPs tanto de

declividade quanto de cursos hiacutedricos Essa identificaccedilatildeo eacute importante pois este

zoneamento eacute um dos instrumentos de planejamento municipal (BRASIL 2001) Saboya

(2007) aponta que os principais objetivos de um zoneamento satildeo o controle da expansatildeo

urbana e proteccedilatildeo de aacutereas inadequadas a ocupaccedilatildeo aleacutem de reduzir os conflitos inerentes

aos diferentes usos do solo Com o uso da ferramenta ldquoCombinarrdquo do Vista SAGA foram

feitas combinaccedilotildees entre o mapa de hidrografia com buffer de 30m para rios e coacuterregos e

de 50m para nascentes com o mapa do zoneamento para se verificar a importacircncia das

APPs de curso hiacutedrico em toda a aacuterea urbana principal do municiacutepio Tambeacutem foram

combinados o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) obtido atraveacutes do gvSIG com o mapa

de zoneamento afim de se verificar quantitativamente as APPs de declividade e onde se

localizam Vale ressaltar que as declividades entre 30 e 47 estatildeo presentes nesta

combinaccedilatildeo pois de acordo com o Plano Diretor de Santos Dumont terrenos com esta

faixa de declividade para fins de parcelamento devem possuir estudo teacutecnico que ateste

a viabilidade de se promover algum empreendimento imobiliaacuterio neste (SANTOS

DUMONT 2012) Como a legislaccedilatildeo municipal prevecirc estudo somente para a faixa de

declividade descrita anteriormente para fins de anaacutelise neste trabalho consideramos um

valor mais conservador para APP compreendendo a faixa de 47 a 100 aleacutem da

prevista pela legislaccedilatildeo federal (gt100) para que natildeo houvessem lacunas importantes na

geraccedilatildeo do produto

Apresenta-se na Figura 510 aacutereas com declividades consideradas de risco e consideradas

APP e em qual zona de planejamento elas estatildeo inseridas De um modo geral ao se

observar a Tabela 52 nota-se que a aacuterea que compreende declividades de risco e APP eacute

uma pequena parcela da aacuterea urbana principal representando 061 desta aacuterea Ao se

levar em conta somente a localizaccedilatildeo pode-se verificar que cerca de 84 das aacutereas com

declividade de risco e a totalidade das APPs de declividade estatildeo localizadas na ZAC1

zona que compreende a maior parte do municiacutepio e apesar de possuir infraestrutura baacutesica

para a ocupaccedilatildeo esta eacute restrita Sendo assim o fator declividade deve ser visto com cautela

nesta aacuterea para se evitar transtornos advindos de edificaccedilotildees nestas aacutereas

34

Figura 5 10 Combinaccedilatildeo entre as declividades importantes incluindo as APPs e o

zoneamento urbano

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Do autor

Tabela 52 Assinaturas da combinaccedilatildeo Declividade x Zoneamento

Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea

Natildeo APP 457972 9939

Declividade 30-47 em ZAC1 2368 051

Declividade 30-47 em ZE 284 006

Declividade 30-47 em ZAC2 128 003

Declividade 30-47 em ZPA 004 0001

APP Declividade em ZAC1 048 001

Total 460804 100

Fonte Do autor

Apresenta-se na Figura 511 as APPs de curso hiacutedrico (nascentes e rios) e em qual zona

de planejamento estatildeo localizadas Assim como a declividade a maior parte das APPs de

curso hiacutedrico estatildeo localizadas em ZAC1 representando 383 da aacuterea urbana em estudo

e 51 do total das APPs de curso hiacutedrico Esta questatildeo tambeacutem deve ser vista com

bastante criteacuterio pelos gestores locais uma vez que a ocupaccedilatildeo em faixas proacuteximas de

rios e coacuterregos podem causar uma gama de problemas ambientais e sociais na regiatildeo

(SANTANA2011) Tal cuidado tambeacutem deve ser tomado nas APPs compreendidas na

35

ZAC2 que compreende 001 da Aacuterea urbana principal e 14 do total das APPs de curso

hiacutedrico pois a infraestrutura baacutesica e acessibilidade presente nesta zona eacute precaacuteria e a

ocupaccedilatildeo as margens de cursos hiacutedricos pode gerar problemas seacuterios caso ocorra uma

expansatildeo nestas aacutereas

Figura 511 Combinaccedilatildeo entre APP de curso hiacutedrico e as zonas de planejamento

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Do autor

Outro ponto importante eacute a presenccedila da Zona de Proteccedilatildeo Ambiental (ZPA) no entorno

uma consideraacutevel parte dos cursos hiacutedricos Nesta zona estatildeo presentes 28 das APPs de

curso hiacutedrico e esta zona de acordo com o Plano Diretor deve ser restaurada ou

preservada por suas caracteriacutesticas geoloacutegicas topograacuteficas e bioloacutegicas

Afim de se verificar os usos do solo na regiatildeo em estudo foram utilizadas combinaccedilotildees

de imagens advindas do sateacutelite Landsat 8 nas bandas descritas no capiacutetulo 4 aleacutem da

banda pancromaacutetica O resultado eacute apresentado na figura 512 que mostra os principais

usos do solo na aacuterea urbana principal de Santos Dumont

36

Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x Zoneamento

Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea

Hidrografia 11168 239

Aacuterea Urbana Natildeo APP 421004 9008

APP Curso hiacutedrico em ZAC1 179 383

APP Curso hiacutedrico em ZPA 9776 209

APP Curso hiacutedrico em ZE 184 004

APP Curso hiacutedrico em ZA 1192 026

APP Curso hiacutedrico em ZAC2 5124 110

APP Curso hiacutedrico em ZPPH 248 005

APP Curso hiacutedrico em ZEIS 568 012

APP Curso hiacutedrico em ZCA 228 005

Total 467392 10000

Fonte Do autor

Figura 5 12 Mapa de usos do solo da aacuterea urbana principal de Santos Dumont

Fonte Do autor

Como jaacute era previsto a maior parte da aacuterea urbana se encontra ocupada e eacute nesta regiatildeo

ocupada que se observa a maior concentraccedilatildeo de problemas de deslizamentos e

alagamentos (Figuras 513 e 514) A grande ocupaccedilatildeo em aacutereas consideradas APP de

curso hiacutedrico de acordo com os mapas gerados pode ser a principal causa do aumento a

cada ano dos casos de alagamento principalmente na regiatildeo central da cidade Outro ponto

que se deve atentar eacute a existecircncia de uma consideraacutevel aacuterea de pastagem pouco vegetada

que caso estejam em aacutereas elevadas pode contribuir para deslizamentos e agraves margens de

37

rios e coacuterregos para o assoreamento destes corpos hiacutedricos o que pode causar

alagamentos (INAacuteCIO etal 2007)

Diante destes resultados pode-se ver que a cidade de Santos Dumont necessita alternativas

efetiva no que diz respeito agrave contenccedilatildeo de deslizamentos e a reduccedilatildeo de risco de

alagamento pois as aacutereas em que ocorrem tais eventos satildeo distintas e facilmente definidas

devido agrave repeticcedilatildeo destes nos uacuteltimos anos Um plano de accedilatildeo integrado entre as diferentes

secretarias municipais (Obras Meio Ambiente Assistecircncia Social entre outras) e a

Coordenadoria Municipal de Defesa Civil deve ser realizado afim de se tomar medidas

natildeo mais preventivas mas sim preditivas para que se possa conter o avanccedilo destes

problemas na aacuterea urbana principal bem como em toda a aacuterea do municiacutepio

Figura 5 13 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na aacuterea urbana

principal

Fonte Do autor

38

Figura 5 14 Aacutereas sujeitas a alagamento e os principais usos do solo na aacuterea

urbana principal

Fonte Do autor

Ao se associar os dados do estudo do Plano Diretor com os dados do levantamento

histoacuterico realizado com o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) pode-se notar que as aacutereas

propiacutecias a deslizamento estatildeo em regiotildees as quais haacute uma fronteira de declividades ou

seja eacute evidente que os deslizamentos ocorrem em encostas um pouco mais iacutengremes mas

natildeo necessariamente nas encostas de 30-47 as quais exigem estudo teacutecnico conforme o

plano diretor preconiza Quanto aos alagamentos nota-se que eles se localizam nas aacutereas

com menor ou nenhuma declividade podendo ser estas aacutereas talvez componentes da

planiacutecie de inundaccedilatildeo dos rios Estes resultados podem ser vistos nas figuras 515 e 516

a seguir

39

Figura5 15 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a deslizamentos na

regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

Fonte Lei 42412012 e Autor

Figura5 26 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a alagamentos na

regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

Fonte Lei 42412012 e Autor

40

52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis

O processo de ocupaccedilatildeo no municiacutepio de Santos Dumont comeccedilou muito antes de

qualquer legislaccedilatildeo relacionada a ordenamento urbano e de proteccedilatildeo do meio ambiente

fosse implementado no Brasil Esse fato aliado a poliacuteticas e fiscalizaccedilotildees falhas

contribuiacuteram para a ocupaccedilatildeo e expansatildeo da aacuterea urbana ao longo do Ribeiratildeo das Posses

e seus afluentes o que tem gerado o aumento da degradaccedilatildeo destes corpos hiacutedricos ao

longo de todos estes anos Observa-se tambeacutem que nas uacuteltimas deacutecadas ocorreu um

grande nuacutemero de migraccedilotildees do campo para a regiatildeo urbana da cidade fator que

contribuiu para o crescimento do nuacutemero de habitaccedilotildees em aacutereas de risco de deslizamento

e alagamentos por serem na maioria das vezes terrenos menos valorizados e por este

motivo acessiacuteveis a populaccedilatildeo com menor poder aquisitivo (ROSA amp CORTEZ 2008)

Vale ressaltar que esta questatildeo aleacutem de ser ambiental eacute muito mais social pois os

moradores entendem os riscos de se viver nestes locais mas por motivos econocircmicos ou

por questotildees afetivas natildeo abrem matildeo da moradia nessas aacutereas A Constituiccedilatildeo Federal de

1988 promoveu a inter-relaccedilatildeo das questotildees sociais com as questotildees ambientais quando

colocou o meio ambiente como direito coletivo (BRASIL1988 SOUZA2010) Por este

motivo a decisatildeo por medidas draacutesticas que favoreccedilam apenas agrave preservaccedilatildeo do meio

ambiente natildeo eacute recomendada pois aleacutem de ser inconstitucional podem afetar a

sustentabilidade econocircmica do municiacutepio e gerar conflitos sociais consideraacuteveis

(CARLOS 1992 apud SOUZA 2010)

Segundo Bueno (2009) ldquonem tudo o que eacute irregular eacute precaacuteriordquo Esse fato se observa em

Santos Dumont uma vez que em boa parte da regiatildeo central se observa vaacuterias moradias

construiacutedas na faixa de APP de curso hiacutedrico o que natildeo eacute permitido pela legislaccedilatildeo

vigente e eacute um dos fatores que contribui para a ocorrecircncia de alagamentos nesta aacuterea da

cidade Para a resoluccedilatildeo deste problema o que seria mais viaacutevel seria a melhoria da

infraestrutura de drenagem urbana afim de que o escoamento da aacutegua das chuvas natildeo

sobrecarregasse o sistema (BUENO2009) A construccedilatildeo de bacias de contenccedilatildeo de

cheias ao longo do Ribeiratildeo das Posses tambeacutem seria uma alternativa mas para se verificar

a viabilidade necessita-se estudos mais aprofundados do ponto de vista hidroloacutegico

O grande problema a ser solucionado no entanto eacute o que diz respeito agraves aacutereas de risco

de deslizamento majoritariamente nos bairros A melhor alternativa seria o

remanejamento dos moradores para uma aacuterea proacutexima agrave que moram poreacutem longe do

risco Poreacutem esta alternativa de acordo com Rosa Filho amp Cortez (2008) encontra alguns

entraves pois estas pessoas na maioria das vezes natildeo tecircm condiccedilotildees financeiras de irem

para outro lugar ou pagar aluguel ou estatildeo de alguma forma sentimentalmente ligadas

agravequela regiatildeo que se recusam a deixaacute-lo

41

Por parte dos oacutergatildeos competentes no municiacutepio a criaccedilatildeo de um plano para se evitar

acidentes ocasionados por deslizamentos e alagamentos com um mapeamento detalhado

de toda a extensatildeo do municiacutepio eacute extremamente uacutetil Os estudos que seratildeo feitos para a

elaboraccedilatildeo deste plano poderatildeo definir quais as aacutereas satildeo potencialmente de risco para as

ocupaccedilotildees existentes ou para as potenciais ocupaccedilotildees que possam vir a ocorrer atraveacutes do

mapeamento das aacutereas de risco Tal planejamento seraacute auxiliar ao Plano Diretor

Municipal pois definiraacute o real uso do solo de determinada regiatildeo do municiacutepio

contribuindo para a adequaccedilatildeo do uso e ocupaccedilatildeo do solo afim de evitar ou reduzir o

nuacutemero de problemas relacionados a alagamentos e principalmente deslizamentos no

periacutemetro urbano (TOMINAGA 2009) A partir deste plano os gestores locais poderatildeo

tomar a melhor decisatildeo para a prevenccedilatildeo ou reduccedilatildeo dos riscos inerentes a tais problemas

Na seccedilatildeo 521 seraacute hierarquizado de forma preliminar a aacuterea urbana principal de acordo

com os resultados da tabela 51

521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta

O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos (PMRR) foi criado atraveacutes de accedilotildees

regularizadoras do Ministeacuterio das Cidades para ser o instrumento de gestatildeo e

gerenciamento de aacutereas de risco em um municiacutepio Eacute um documento que aleacutem de

estabelecer quais regiotildees satildeo consideradas de risco tambeacutem objetiva a proposta de

medidas estruturais ou natildeo para contenccedilatildeo eou prevenccedilatildeo de cataacutestrofes aleacutem de ser um

meio de captaccedilatildeo de recursos financeiros junto aos Governos Estadual e Federal Estes

recursos poderatildeo ser utilizados para a realizaccedilatildeo de obras que visem a melhoria da

qualidade de vida da populaccedilatildeo do entorno ou de recuperaccedilatildeo da aacuterea degradada Este

plano eacute realizado de forma participativa com as comunidades das aacutereas de risco e pode

ser realizado em sete fases conforme recomenda o Ministeacuterio das Cidades (ALHEIROS

2006)

O primeiro passo para a realizaccedilatildeo do PMRR eacute definir qual a metodologia seraacute empregada

levando-se em consideraccedilatildeo a realidade atual do municiacutepio e especificar de forma sucinta

um cronograma das atividades Eacute importante nesta fase a participaccedilatildeo tambeacutem dos

responsaacuteveis pelas mais variadas Secretarias Municipais afim de explicitar o tamanho da

importacircncia e o caraacuteter integrador deste plano A segunda fase deste plano objetiva a

criaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo da principal base de dados a ser utilizada nos passos posteriores o

mapeamento de risco em escala detalhe em torno de 13000 (SAtildeO PAULO 2014) A

elaboraccedilatildeo de um mapeamento detalhado propiciaraacute natildeo soacute a identificaccedilatildeo mais faacutecil das

aacutereas de risco como tambeacutem facilitaraacute aos gestores e agrave comunidade decidirem qual a

melhor intervenccedilatildeo para a soluccedilatildeo ou remediaccedilatildeo dos problemas em uma determinada

42

aacuterea hierarquizando o risco e definindo prioridades (SAtildeO PAULO 2014) Na tabela a

seguir apresenta-se alguns tipos de intervenccedilotildees que podem ser feitas em aacutereas de risco

sugeridas pelo Ministeacuterio das cidades (ALHEIROS 2006)

Quadro 5 1 - Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco

Tipo de intervenccedilatildeo Descriccedilatildeo

Serviccedilos de limpeza e Recuperaccedilatildeo

Remoccedilatildeo de entulho lixo etc

corte de aacutervores

remoccedilatildeo de bananeiras

recuperaccedilatildeo eou limpeza de sistemas de

drenagem esgotos e acessos

Limpeza de canais de drenagem

Proteccedilatildeo Vegetal

Proteccedilatildeo superficial vegetal (gramiacuteneas) em

taludes com solo exposto

Proteccedilatildeo vegetal de margens de canais de

drenagem

Barreiras vegetais para massas escorregadas

ou acumuladas pela erosatildeo

Drenagem Superficial e Acessos

Sistema de drenagem superficial (canaletas

raacutepidos caixas de transiccedilatildeo escadas drsquoaacutegua)

Acessos para pedestres (escadarias rampas

etc) integrados ao sistema de drenagem

Revestimento de Taludes Revestimento com materiais artificiais

cimentado cal-jet tela argamassada alvenaria

de tijolos ceracircmicos solo-cimento ensacado

Desmonte de blocos e matacotildees Desmonte de concreccedilotildees de grande porte

blocos rochosos e matacotildees

Obras de drenagem de subsuperfiacutecie Sistema de drenagem de subsuperfiacutecie

(trincheiras drenantes DHP poccedilos de

rebaixamento)

Estruturas de contenccedilatildeo (localizadas)

Muros de contenccedilatildeo de pequeno porte (solo-

cimento ensacado alvenaria de pedra-rachatildeo

concreto armado)

Estruturas de contenccedilatildeo localizadas

(chumbadores tirantes microestacas)

Contenccedilatildeo e proteccedilatildeo de margens de canais (

gabiotildees muros de concreto etc)

Estruturas de contenccedilatildeo (meacutedio e grande porte) Implantaccedilatildeo de estruturas de contenccedilatildeo de

meacutedio e grande porte envolvendo obras de

contenccedilatildeo passivas e ativas (muros de

gravidade cortinas etc)

Terraplanagem Execuccedilatildeo de serviccedilos de terraplanagem

combinados a obras de drenagem superficial e

proteccedilatildeo vegetal desvio e canalizaccedilatildeo de

coacuterregos

Remoccedilatildeo de moradias Remoccedilotildees definitivas para implantaccedilatildeo de

obras ou devido agrave localizaccedilatildeo improacutepria da

edificaccedilatildeo (Priorizar as relocaccedilotildees dentro da

proacutepria aacuterea em local seguro)

Fonte ALHEIROS 2006

43

Escolhidas as formas de intervenccedilatildeo para cada aacuterea eacute necessaacuterio realizar uma estimativa

dos custos afim de preparar o orccedilamento da prefeitura para a realizaccedilatildeo das obras e se

seraacute necessaacuterio a captaccedilatildeo de recursos externos para a execuccedilatildeo destas Feitas as

estimativas de custo o proacuteximo passo eacute definir as prioridades e para esta fase eacute tambeacutem

uacutetil o mapeamento feito nas etapas anteriores pois seraacute necessaacuterio hierarquizar tais

intervenccedilotildees nas aacutereas de risco O Ministeacuterio das Cidades (2007) sugere alguns criteacuterios

que podem ser avaliados pelo gestor dentre eles pode-se citar

Grau de risco

Populaccedilatildeo beneficiada

Custo da intervenccedilatildeo

Dimensatildeo da aacuterea a ser tratada

Demandas anteriores da populaccedilatildeo

Tempo de ocupaccedilatildeo

Viabilidade teacutecnica da intervenccedilatildeo

Viabilidade financeira

Inclusatildeo da aacuterea em outros projetos

A partir desta hierarquizaccedilatildeo inicia-se a identificaccedilatildeo de provaacuteveis fontes de captaccedilatildeo de

recursos para a execuccedilatildeo das intervenccedilotildees Estes recursos podem advir de programas dos

governos Federal e Estadual ou por meio de editais para captaccedilatildeo de recursos financeiros

tanto do setor puacuteblico como da iniciativa privada e podem ser tambeacutem associados agrave outras

Secretarias Municipais como a de Turismo ou Meio Ambiente e natildeo soacute as destinadas agrave

Defesa Civil (ALHEIROS 2006)

Eacute previsto tambeacutem no PMRR uma avaliaccedilatildeo da Defesa Civil municipal e como ela estaacute

estruturada fazendo inclusive sugestotildees para que sua atuaccedilatildeo esteja em consonacircncia com

a realidade das comunidades e da Administraccedilatildeo Puacuteblica do municiacutepio de forma a garantir

sua sustentabilidade e conquistar a credibilidade da populaccedilatildeo no que diz respeito a

prevenccedilatildeo de cataacutestrofes Para que a resposta a uma determinada situaccedilatildeo de risco seja

raacutepida eacute necessaacuterio a descentralizaccedilatildeo da Defesa Civil criando pequenos nuacutecleos

comunitaacuterios com a finalidade de se monitorar a aacuterea constantemente e promover as

intervenccedilotildees necessaacuterias em tempo haacutebil o que aumenta em muito a credibilidade da

populaccedilatildeo no PMRR e no trabalho desempenhado pela Defesa Civil no municiacutepio Apoacutes

esta etapa o PMRR passaraacute por audiecircncias puacuteblicas e posteriormente poderaacute ser aprovado

como Lei Municipal pelo Legislativo local (ALHEIROS 2006)

Com a realizaccedilatildeo deste plano o municiacutepio estaraacute munido de informaccedilotildees suficientes para

realizar accedilotildees efetivas de gestatildeo e gerenciamento de riscos bem como aliado a

levantamentos sociais realizar programas habitacionais que beneficiem prioritariamente

44

aos moradores das aacutereas de risco Aleacutem disso com o PMRR o municiacutepio poderaacute melhorar

a qualidade ambiental da populaccedilatildeo captando recursos para a recuperaccedilatildeo das aacutereas de

APP que foram degradadas pelas ocupaccedilotildees irregulares beneficiando todos os moradores

do municiacutepio com o aumento da qualidade de vida na cidade

A partir do disposto nesta seccedilatildeo acerca do Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos e de

uma maneira preliminar (levando-se em conta apenas o nuacutemero de registros de

alagamentos e deslizamentos na aacuterea urbana principal de Santos Dumont no periacuteodo de

1984 a 2014) identificou-se trecircs regiotildees distintas na aacuterea urbana do municiacutepio com

tempo de recorrecircncia desses eventos similares caracterizando trecircs prioridades de

intervenccedilatildeo em contenccedilatildeo de risco como pode ser visto nas figuras 515 e 516 Vale

ressaltar que eacute necessaacuterio um estudo mais detalhado inclusive com visitas teacutecnicas a

campo para que se confirme a real situaccedilatildeo destas e a real prioridade para investimentos

Figura 5 17 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de deslizamentos

Fonte Do Autor

45

Figura 5 18 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de alagamentos

Fonte Do Autor

46

6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees

A seguir apresenta-se as conclusotildees e as recomendaccedilotildees feitas a partir dos objetivos

especiacuteficos explicitados no iniacutecio deste trabalho

Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a

aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes

urbanos

A partir da revisatildeo da legislaccedilatildeo pertinente em acircmbito federal estadual e

municipal constatou-se que o Plano Diretor de Santos Dumont natildeo conflita com a

legislaccedilatildeo federal e estadual sobre Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente A legislaccedilatildeo

municipal foi entendida como mais conservadora que as federal e estadual uma

vez que considera implicitamente que declividades entre 47 e 100 satildeo

enquadradas como APPs aleacutem da faixa superior a 100

Parte consideraacutevel das ocupaccedilotildees em APP principalmente na regiatildeo do bairro

Santo Antocircnio (onde surgiu os primeiros nuacutecleos que deram origem ao municiacutepio)

e o centro da cidade ocorreram antes de que fosse elaborado qualquer legislaccedilatildeo

que versasse sobre o tema Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente bastando ao gestor

local tomar medidas de contenccedilatildeo de riscos que minimizem os impactos causados

por essas ocupaccedilotildees nessa regiatildeo

O ordenamento adequado do uso do solo no municiacutepio eacute necessaacuterio para que o

crescimento dos loteamentos criados anteriormente agrave esta Lei e o surgimento de

novos natildeo avance para Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente o que pode causar

inuacutemeros problemas aos moradores e agravar os jaacute existentes

Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las

com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)

As aacutereas onde houveram a maior quantidade de registros de deslizamentos satildeo os

bairros mais populosos de Santos Dumont podendo se estabelecer uma relaccedilatildeo

que quanto mais populoso o bairro maior a quantidade de problemas relacionados

a deslizamentos Tambeacutem pode-se notar uma relaccedilatildeo com as fronteiras das faixas

de declividades e os deslizamentos uma vez que boa parte deles aconteceram

nestas faixas

As aacutereas onde houve um grande nuacutemero de registros de alagamentos satildeo os bairros

que se desenvolveram agraves margens do Ribeiratildeo das Posses em especial na aacuterea que

47

compreende as APPs de curso hiacutedrico e em aacutereas onde a declividade eacute baixa Esse

fato aliado ao crescimento do nuacutemero de vias pavimentadas com material

impermeaacutevel e a natildeo expansatildeo e ou redimensionamento da rede de drenagem

urbana contribuiacuteram para a ocorrecircncia cada vez mais constante de alagamentos

nessas aacutereas

Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos

catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30

anos

A partir do levantamento histoacuterico realizado e da base de dados georeferenciada

gerada observou-se o aumento do nuacutemero de registros de deslizamentos e

alagamentos nos uacuteltimos 10 anos quando as ocorrecircncias comeccedilaram a se repetir

numa mesma aacuterea com frequecircncia incrementada as vezes com mais de uma

ocorrecircncia anual

Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do

solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental

Destaca-se a adequaccedilatildeo dos criteacuterios gerais estabelecidos pelo Plano Diretor de

Santos Dumont relativos a legislaccedilatildeo federal e estadual Entretanto o referido

Plano Diretor natildeo contempla todo o territoacuterio municipal sendo assim ele natildeo

cumpre o objetivo de proteger as APPs preservadas e recuperar as que foram

degradadas em todo o territoacuterio municipal Ressalta-se tambeacutem a sua natildeo

conformidade com o Estatuto das Cidades uma vez que o Plano Diretor

contempla apenas os novos loteamentos

Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais

negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea

impactada

Recomenda-se a implantaccedilatildeo no municiacutepio de uma Coordenadoria Municipal de

Defesa Civil atuante e integrada agraves Secretarias Municipais e agrave comunidade

visando uma atuaccedilatildeo eficaz nos problemas relacionados a deslizamentos e

alagamentos A elaboraccedilatildeo de um Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos eacute de

suma importacircncia pois atraveacutes dele pode-se predizer as aacutereas que passaratildeo por

problemas caso a expansatildeo aconteccedila ou se inicie uma ocupaccedilatildeo nova aleacutem de

prevenir acidentes nas aacutereas jaacute ocupadas e consideradas de risco

48

7 Anexos

49

71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont

50

51

72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)

52

53

8 Referecircncias Bibliograacuteficas

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CF estabelece as diretrizes gerais da poliacutetica urbana e daacute outras providecircncias Brasiacutelia

2001

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dezembro de 1996 e 11 428 de 22 de dezembro de 2006 revoga as Leis nos 4771 de

1 5 de setembro de 1965 e 7754 de 1 4 de abril de 1989 e a Medida Provisoacuteria no 21

66shy67 de 24 de agosto de 2001 e daacute outras providecircncias Brasiacutelia 2012

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56

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da cidade de Satildeo Paulo O caso da subprefeitura da Seacute Trabalho de Graduaccedilatildeo UNESP

Rio Claro 2013

Page 30: O USO DO SOLO URBANO EM ÁREAS DE PRESERVAÇÃO … · social que você tenha na vida, a mais alta ou a mais baixa, tenha sempre como meta muita força, muita determinação e sempre

22

base de dados ficasse consistente Diante disso uma pesquisa atraveacutes dos arquivos do

Jornal Mensagem um jornal semanaacuterio local foi feita entre os anos de 1984 e 2014 e os

dados primaacuterios filtrados em uma planilha do Microsoft Excel para posterior utilizaccedilatildeo

De posse destes dados foi feita a localizaccedilatildeo em campo das coordenadas dos locais

atingidos por deslizamentos e alagamentos no periacuteodo compreendido pela pesquisa com

o auxiacutelio de um aparelho de GPS

A maioria dos arquivos shapefile utilizados para a confecccedilatildeo dos mapas satildeo parte

integrante dos anexos da Lei do Plano diretor do municiacutepio gerados no mecircs de dezembro

de 2011 pelo Instituto Nova Cidade e foram cedidos pela Secretaria Municipal de Obras

e Serviccedilos Puacuteblicos com Datum em UTM SAD 69 Com a finalidade de fornecer um

referenciamento atualizado e de acordo com os mais novos sistemas de coordenadas

utilizados no Brasil os arquivos foram convertidos para o Datum UTM SIRGAS 2000

que diferencia do SAD 69 pelo fato de ser um referencial geocecircntrico ou seja o centro

da Terra eacute o ponto de referecircncia neste sistema enquanto que o primeiro utiliza um

referencial na superfiacutecie da Terra (IBGE2014) Eacute interessante ressaltar tambeacutem que o

SIRGAS 2000 se tornou no ano de 2014 o sistema de coordenadas oficial do Sistema

Geodeacutesico Brasileiro e do Sistema Cartograacutefico Nacional ambos mantidos pelo IBGE A

combinaccedilatildeo dos shapefiles foi feita com o software livre gvSIG e com estas combinaccedilotildees

foram gerados mapas importantes resultados para a execuccedilatildeo deste trabalho A maioria

dos mapas representam a regiatildeo urbana principal de Santos Dumont e foram produzidos

numa escala em torno de 140000 que de acordo com Rocha (2007) eacute uma escala viaacutevel

pois as recomendaacuteveis para trabalhos de anaacutelise ambiental em niacutevel municipal podem ser

entre 150000 e 110000 Alguns mapas cujo detalhamento natildeo eacute necessaacuterio foram

gerados na escala 1100000

Para a geraccedilatildeo dos mapas aleacutem dos arquivos fornecidos pela Secretaria de Obras e

Serviccedilos Puacuteblicos foram utilizados para a geraccedilatildeo do modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE)

e da localizaccedilatildeo dos topos de morro dados gerados pelo sistema de radar Advanced

Spacebone Thermal Emission and Reflection Radiometer (ASTER) que geram as curvas

de niacutevel do terreno com uma resoluccedilatildeo de 30m (NASA2014) O processamento dessas

imagens foi feito pelo software livre gvSIG As imagens geradas pelos sateacutelites

LANDSAT foram adquiridas no site da United States Geological Survey (USGS) e essas

imagens possibilitaram obter um panorama preciso do uso do solo em toda a aacuterea urbana

de Santos Dumont numa resoluccedilatildeo de 15 metros uma vez que foi utilizada a banda

pancromaacutetica do sateacutelite LANDSAT 8 aleacutem da combinaccedilatildeo das bandas 65 e 4

respectivamente que eacute a combinaccedilatildeo recomendada pela mantenedora dos sateacutelites para

anaacutelises deste tipo

23

No que diz respeito a identificaccedilatildeo de APPs em topo de morro a metodologia de Oliveira

amp Fernandes Filho (2013) por utilizar as mesmas bases de dados ateacute entatildeo usadas neste

trabalho foi a mais indicada

A metodologia de anaacutelise dos mapas gerados eacute a proposta pelo professor Jorge Xavier da

Silva do Laboratoacuterio de Geoprocessamento (LAGEOP) da Universidade Federal do Rio

de Janeiro e citada por Rocha (2007) Tal metodologia analisa as variaacuteveis em questatildeo

presentes na aacuterea e permite avaliar as possibilidades de relaccedilotildees entre essas variaacuteveis De

uma maneira geral este meacutetodo verifica o estado atual da aacuterea em estudo bem como das

variaacuteveis gerando inventaacuterios que servem para a construccedilatildeo de dados planimeacutetricos sejam

com as variaacuteveis isoladas ou combinadas Estes dados planimeacutetricos geram assinaturas

que permitem inferir sobre a influecircncia dessas variaacuteveis De posse dos dados gerados pelo

processo anteriormente citado pode-se fazer algumas prospecccedilotildees sobre os riscos

ambientais que a aacuterea pode sofrer ou o seu potencial ambiental (ROCHA 2007)

5 RESULTADOS

51 Levantamento histoacuterico de alagamentos e

deslizamentos

O aumento da demanda pelo uso do solo na regiatildeo urbana de Santos Dumont

principalmente no tocante agrave formaccedilatildeo de novos loteamentos e condomiacutenios nos uacuteltimos

anos eacute consideraacutevel mas tambeacutem haacute de se observar o crescimento dos bairros jaacute existentes

com pouco ou nenhum ordenamento Em ambos os casos se observa ocupaccedilotildees

irregulares em APP o que tem ocasionado um aumento na frequecircncia de deslizamentos

e inundaccedilotildees Eacute evidente que quanto maior a densidade populacional do bairro maior a

quantidade de ocorrecircncias ao longo dos anos (SPERFELD 2009)

De acordo com as ocorrecircncias registradas pela Defesa Civil do municiacutepio obtidas atraveacutes

da literatura utilizada nos uacuteltimos 30 anos Santos Dumont chegou a decretar situaccedilatildeo de

emergecircncia por conta de desastres envolvendo deslizamentos eou alagamentos por duas

vezes num espaccedilo de 10 anos conforme pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho

(BRASIL 2014 CEPED 2011)

Segundo os dados obtidos atraveacutes de pesquisa nos arquivos do semanaacuterio entre os anos

de 1984 e 2014 pode-se verificar que nos uacuteltimos 20 anos a cidade tem experimentado

24

um aumento consideraacutevel nos eventos relacionados a deslizamentos e principalmente

alagamentos como pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho Isso pode ter sido causado

dentre outros fatores pelo aumento do nuacutemero de vias pavimentadas com material

impermeaacutevel o que tem sobrecarregado tanto a infraestrutura existente para drenagem

urbana como tambeacutem a calha dos cursos drsquoaacutegua que passam pela regiatildeo urbana do

municiacutepio (ZANON2013)

Na deacutecada de 1980 (1984-1990) de acordo com os dados obtidos natildeo foram noticiados

eventos consideraacuteveis relacionados a deslizamentos e alagamentos em Santos Dumont

mas isso natildeo exclui a possibilidade de natildeo ter ocorrido tais eventos em menor escala

Na deacutecada de 1990 aconteceram uma seacuterie de ocorrecircncias tanto de deslizamentos quanto

de alagamentos No ano de 1997 num periacuteodo chuvoso intenso aconteceram

deslizamentos consideraacuteveis em vaacuterios bairros da cidade inclusive com desabamento de

casas e de ruas principalmente nos bairros Nossa Senhora da Gloacuteria e Quarto Depoacutesito

Em 1999 ocorreram alguns pontos de alagamento nos bairros Quarto Depoacutesito e Santo

Antocircnio com grandes prejuiacutezos materiais

A deacutecada de 2000 iniciou com o registro de deslizamentos em vaacuterios bairros da cidade

inclusive com desabamento de casas e pontes e alagamentos em importantes vias do

centro da cidade Observa-se ao longo desse periacuteodo o crescimento nas ocorrecircncias de

deslizamentos e de aacutereas com risco de deslizamento em muitos bairros de Santos Dumont

Um dos fatores importantes para esse crescimento foi a grande expansatildeo sofrida pela

maioria dos bairros e a falta de planejamento e orientaccedilatildeo por parte da prefeitura uma

vez que uma boa parte do crescimento dos bairros da cidade ocorreu ou proacuteximo a cursos

drsquoaacutegua ou em aacutereas com declividade improacutepria para se fazer construccedilotildees O bairro

Coacuterrego do Ouro (Figura 51) foi o que mais sofreu com ocorrecircncias de deslizamentos

nesse periacuteodo enquanto o bairro Santo Antocircnio foi que teve mais ocorrecircncias de

alagamentos

25

Figura 5 1 Deslizamento no bairro Coacuterrego do Ouro

Fonte Portal Cabangu

No iniacutecio deacutecada de 2010 (2011-2014) o centro da cidade foi a regiatildeo que mais sofreu

com alagamentos sendo registrado pelo menos uma ocorrecircncia por ano nessa aacuterea (Figura

52) Isso pode ser relacionado dentre outros fatores com as obras de modificaccedilatildeo do

tipo de pavimentaccedilatildeo das estradas por um material impermeaacutevel gerando uma sobrecarga

nos sistemas de drenagem urbana que foram projetados para um tipo de pavimento mais

permeaacutevel implicando tambeacutem na sobrecarga calha do Ribeiratildeo das Posses o principal

curso drsquoaacutegua que corta o centro da cidade e que se encontra em quase sua totalidade

ocupada em ambas as margens que cortam o centro da cidade

26

Figura 5 2 Alagamento na regiatildeo central de Santos Dumont em 2013

Fonte Portal Cabangu

Quanto agraves ocorrecircncias de deslizamento ao longo da referida deacutecada elas estiveram

espalhadas pelos bairros do municiacutepio tendo um maior nuacutemero de ocorrecircncias nos bairros

Santo Antocircnio Nossa Senhora da Gloacuteria e Aacutegua Espraiada Nos dois primeiros bairros

citados as ocorrecircncias podem ter sido ocasionadas pelo crescimento desordenado e sem

planejamento destes e no terceiro as ocorrecircncias satildeo relacionadas ao processo de

assoreamento do Ribeiratildeo das Posses o que pode ter gerado um aumento da velocidade

desse curso drsquoaacutegua causando problemas decorrentes do transporte de sedimentos da aacuterea

onde as casas foram construiacutedas que teve como consequecircncia os deslizamentos

Em resumo como pode ser observado nas figuras 53 e 54 na tabela 51 no periacuteodo de

1984 a 2014 os bairros mais afetados por alagamentos e deslizamentos satildeo Quarto

Depoacutesito Nossa Senhora da Gloacuteria Santo Antocircnio Coacuterrego do Ouro Antocircnio Afonso

Graminha e Vila Esperanccedila sendo que o bairro Coacuterrego do Ouro possui o maior nuacutemero

de ocorrecircncias de deslizamentos e o centro da cidade possui o maior nuacutemero de

ocorrecircncias de alagamentos no periacuteodo pesquisado Vale destacar que a aacuterea propiacutecia a

alagamentos no bairro Antocircnio Afonso natildeo identificada no estudo realizado pela

prefeitura constitui-se efetivamente numa aacuterea de risco conforme levantamento histoacuterico

realizado Esta aacuterea de risco se deve agrave diferenccedila de niacutevel negativa entre o rio Pinho e a

aacuterea do bairro estando este em desniacutevel com um risco iminente de inundaccedilotildees resultantes

da cheia desse curso drsquoaacutegua causando inuacutemeros transtornos aos moradores do local

27

Figura 5 3 Pontos de Alagamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico

Fonte Do autor

Figura 5 4 Pontos de deslizamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico

Fonte Do autor

28

Tabela 51 Ocorrecircncias de alagamentos e deslizamentos obtidos atraveacutes do

levantamento histoacuterico

Pontos de ocorrecircncia (1984-2014)

Bairros Alagamento Deslizamento

Aacutegua Espraiada 1 1

Antocircnio Afonso 1 0

Barra 0 1

Centro 7 1

Coacuterrego do Ouro 1 7

Flores 0 1

Graminha 1 0

Jardim Jaraguaacute 0 1

N Sra da Gloacuteria 0 4

N Sra das Graccedilas 1 0

Quarto Depoacutesito 3 2

Santo Antocircnio 4 2

Satildeo Sebastiatildeo 0 1

Vila Esperanccedila 0 1

Fonte Do autor

De acordo com o estudo realizado na elaboraccedilatildeo do Plano Diretor pela prefeitura

municipal observa-se que os bairros que possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a

deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do Ouro e Vila Esperanccedila enquanto que os que

possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a alagamento satildeo o Centro da cidade e os

bairros Satildeo Sebastiatildeo Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio por estarem agraves margens do

Ribeiratildeo das Posses um curso drsquoaacutegua que sofre com inundaccedilotildees perioacutedicas devido ao

severo assoreamento em algumas regiotildees e tambeacutem devido ao acuacutemulo de lixo descartado

pelos moradores do entorno irregularmente De acordo com o estudo realizado quando da

elaboraccedilatildeo do Plano Diretor do municiacutepio foram feitos estudos sobre as aacutereas propensas

a deslizamentos e alagamentos na regiatildeo urbana principal Tais aacutereas satildeo as destacadas

nas Figuras 55 e 56 No levantamento histoacuterico realizado pode-se identificar que os

bairros que possuem mais aacutereas propensas a deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do

Ouro Nossa Senhora da Gloacuteria Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio enquanto que os bairros

mais propensos a alagamentos satildeo os bairros Centro Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio

como observado na tabela 51

29

Figura 5 5 Aacutereas propensas a deslizamento de acordo com o Plano Diretor de

Santos Dumont

Fonte Google Earth e Lei 42412012

Figura 5 6 Aacutereas propensas a alagamento de acordo com o Plano Diretor de

Santos Dumont

Fonte Google Earth e Lei 42412012

30

Comparando-se os mapas obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico com o mapa gerado

pelo estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor nota-se que haacute semelhanccedilas em

algumas aacutereas mas ao se levar em conta o produto gerado pela pesquisa histoacuterica o

estudo necessitaria ser complementado haja vista que ele natildeo compreende por exemplo

o ponto de alagamento no bairro Antocircnio Afonso citado anteriormente e alguns pontos de

deslizamento importantes uma vez que satildeo regiotildees onde haacute ocupaccedilatildeo Esse fato evidencia

a necessidade de se buscar vaacuterias fontes primaacuterias e secundaacuterias para se detectar aacutereas de

risco em um municiacutepio incluindo arquivos da imprensa local afim de se produzir uma

base de dados consistente e com o menor nuacutemero de falhas possiacutevel (CEPED 2014) Com

a uniatildeo dos dois estudos foram gerados os mapas apresentados nas Figuras 57 e 58

Aleacutem do mais observando as figuras 57 e 58 pode-se notar que uma boa parte tanto dos

casos de alagamento quanto de deslizamento estatildeo na faixa de APP de curso hiacutedrico o

que ilustra a importacircncia da preservaccedilatildeo destas aacutereas

Figura 5 7 Aacutereas propensas a alagamento do estudo do Plano Diretor

complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento

Fonte Do Autor

31

Figura 5 8 Aacutereas propensas a deslizamento do estudo do Plano Diretor

complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento

Fonte Do Autor

Atraveacutes da combinaccedilatildeo entre estes dois levantamentos procurou-se alimentar a base de

dados e garantir uma consistecircncia maior desta no que diz respeito a aacutereas de deslizamento

e alagamento podendo inclusive se identificar a suscetibilidade de uma determinada

regiatildeo da cidade a um ou outro evento (CEPED2014)

512 O Plano diretor e as APPs

Nos uacuteltimos anos o Brasil experimentou um forte fenocircmeno de migraccedilatildeo do campo para

as aacutereas urbanas De acordo com o IBGE no periacuteodo de 1940 a 2000 houve um aumento

de cerca de 60 do nuacutemero de pessoas que vivem em cidades (SILVA JR 2006) O

processo de planejamento e ordenamento do uso do solo nessas aacutereas deveria ter

acompanhado esse crescimento ao longo dos anos a fim de garantir a qualidade de vida e

a seguranccedila dos migrantes ao se instalarem nas cidades o que natildeo ocorreu e o que se

observa atualmente satildeo ocupaccedilotildees em aacutereas improacuteprias para moradia sem a infraestrutura

baacutesica necessaacuteria e com risco iminente de deslizamentos eou inundaccedilotildees

O Plano Diretor do municiacutepio de Santos Dumont em seu capiacutetulo IV que versa sobre o

uso e ocupaccedilatildeo do solo explicita regras para o ordenamento do territoacuterio que compreende

o municiacutepio com base nos diferentes usos do solo de acordo com sua compatibilidade o

32

que acabou por resultar num zoneamento de todo o municiacutepio em macrozonas conforme

citado na seccedilatildeo 3231 de acordo com os usos atuais e futuros do solo Aleacutem de dividir

estas macrozonas em urbanas e rurais tambeacutem avaliou e classificou estas aacutereas com base

numa seacuterie de fatores ambientais geoloacutegicos culturais e sociais de forma a se fazer um

zoneamento coerente com os atuais usos do solo e seu potencial de uso futuro Apresenta-

se na Figura 59 este zoneamento na aacuterea urbana principal de Santos Dumont

Figura 5 9 Zoneamento urbano da aacuterea urbana principal

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Lei 42412012

Tomando como referecircncia o Novo Coacutedigo Florestal brasileiro em especial os paracircmetros

estabelecidos para a definiccedilatildeo de APP e utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento

atraveacutes do software Vista SAGA relacionou-se as APPs existentes na aacuterea em estudo com

as regiotildees propiacutecias a alagamentos e deslizamentos de acordo com o estudo feito quando

da elaboraccedilatildeo do Plano Diretor afim de se identificar qual ou quais aacutereas possuem estes

problemas e se estatildeo relacionados com o uso do solo irregular em APP

Ao se aplicar a metodologia proposta por Oliveira amp Fernandes Filho (2013) natildeo foram

identificadas dentro da aacuterea de estudo APPs de topos de morro sendo este tipo de APP

descartada portanto das anaacutelises subsequentes deste trabalho Foram consideradas as

APP de curso hiacutedrico (rios e nascentes) e de declividade visando relacionaacute-las as aacutereas

de risco identificadas pela Prefeitura afim de se verificar as possiacuteveis causas da ocorrecircncia

33

destas aacutereas na regiatildeo urbana do municiacutepio Por meio de combinaccedilotildees entre dois mapas

temaacuteticos utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento foi possiacutevel obter as

assinaturas ou seja tabelas que caracterizam quantitativamente a aacuterea afetada por cada

aspecto visto que a simples visualizaccedilatildeo do mapa gerado pelo geoprocessamento muitas

vezes eacute prejudicada por serem aacutereas de pequenas dimensotildees ou por qualquer outra

limitaccedilatildeo do software Ressalta-se que para a elaboraccedilatildeo do Plano Municipal de Reduccedilatildeo

de riscos a identificaccedilatildeo e detalhamento topograacutefico destas aacutereas eacute fundamental para o

desenvolvimento do referido Plano conforme seraacute abordado detalhadamente na seccedilatildeo

52

De posse do mapa que representa o zoneamento urbano de Santos Dumont primeiramente

procurou-se mensurar qualitativa e quantitativamente a presenccedila de APPs tanto de

declividade quanto de cursos hiacutedricos Essa identificaccedilatildeo eacute importante pois este

zoneamento eacute um dos instrumentos de planejamento municipal (BRASIL 2001) Saboya

(2007) aponta que os principais objetivos de um zoneamento satildeo o controle da expansatildeo

urbana e proteccedilatildeo de aacutereas inadequadas a ocupaccedilatildeo aleacutem de reduzir os conflitos inerentes

aos diferentes usos do solo Com o uso da ferramenta ldquoCombinarrdquo do Vista SAGA foram

feitas combinaccedilotildees entre o mapa de hidrografia com buffer de 30m para rios e coacuterregos e

de 50m para nascentes com o mapa do zoneamento para se verificar a importacircncia das

APPs de curso hiacutedrico em toda a aacuterea urbana principal do municiacutepio Tambeacutem foram

combinados o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) obtido atraveacutes do gvSIG com o mapa

de zoneamento afim de se verificar quantitativamente as APPs de declividade e onde se

localizam Vale ressaltar que as declividades entre 30 e 47 estatildeo presentes nesta

combinaccedilatildeo pois de acordo com o Plano Diretor de Santos Dumont terrenos com esta

faixa de declividade para fins de parcelamento devem possuir estudo teacutecnico que ateste

a viabilidade de se promover algum empreendimento imobiliaacuterio neste (SANTOS

DUMONT 2012) Como a legislaccedilatildeo municipal prevecirc estudo somente para a faixa de

declividade descrita anteriormente para fins de anaacutelise neste trabalho consideramos um

valor mais conservador para APP compreendendo a faixa de 47 a 100 aleacutem da

prevista pela legislaccedilatildeo federal (gt100) para que natildeo houvessem lacunas importantes na

geraccedilatildeo do produto

Apresenta-se na Figura 510 aacutereas com declividades consideradas de risco e consideradas

APP e em qual zona de planejamento elas estatildeo inseridas De um modo geral ao se

observar a Tabela 52 nota-se que a aacuterea que compreende declividades de risco e APP eacute

uma pequena parcela da aacuterea urbana principal representando 061 desta aacuterea Ao se

levar em conta somente a localizaccedilatildeo pode-se verificar que cerca de 84 das aacutereas com

declividade de risco e a totalidade das APPs de declividade estatildeo localizadas na ZAC1

zona que compreende a maior parte do municiacutepio e apesar de possuir infraestrutura baacutesica

para a ocupaccedilatildeo esta eacute restrita Sendo assim o fator declividade deve ser visto com cautela

nesta aacuterea para se evitar transtornos advindos de edificaccedilotildees nestas aacutereas

34

Figura 5 10 Combinaccedilatildeo entre as declividades importantes incluindo as APPs e o

zoneamento urbano

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Do autor

Tabela 52 Assinaturas da combinaccedilatildeo Declividade x Zoneamento

Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea

Natildeo APP 457972 9939

Declividade 30-47 em ZAC1 2368 051

Declividade 30-47 em ZE 284 006

Declividade 30-47 em ZAC2 128 003

Declividade 30-47 em ZPA 004 0001

APP Declividade em ZAC1 048 001

Total 460804 100

Fonte Do autor

Apresenta-se na Figura 511 as APPs de curso hiacutedrico (nascentes e rios) e em qual zona

de planejamento estatildeo localizadas Assim como a declividade a maior parte das APPs de

curso hiacutedrico estatildeo localizadas em ZAC1 representando 383 da aacuterea urbana em estudo

e 51 do total das APPs de curso hiacutedrico Esta questatildeo tambeacutem deve ser vista com

bastante criteacuterio pelos gestores locais uma vez que a ocupaccedilatildeo em faixas proacuteximas de

rios e coacuterregos podem causar uma gama de problemas ambientais e sociais na regiatildeo

(SANTANA2011) Tal cuidado tambeacutem deve ser tomado nas APPs compreendidas na

35

ZAC2 que compreende 001 da Aacuterea urbana principal e 14 do total das APPs de curso

hiacutedrico pois a infraestrutura baacutesica e acessibilidade presente nesta zona eacute precaacuteria e a

ocupaccedilatildeo as margens de cursos hiacutedricos pode gerar problemas seacuterios caso ocorra uma

expansatildeo nestas aacutereas

Figura 511 Combinaccedilatildeo entre APP de curso hiacutedrico e as zonas de planejamento

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Do autor

Outro ponto importante eacute a presenccedila da Zona de Proteccedilatildeo Ambiental (ZPA) no entorno

uma consideraacutevel parte dos cursos hiacutedricos Nesta zona estatildeo presentes 28 das APPs de

curso hiacutedrico e esta zona de acordo com o Plano Diretor deve ser restaurada ou

preservada por suas caracteriacutesticas geoloacutegicas topograacuteficas e bioloacutegicas

Afim de se verificar os usos do solo na regiatildeo em estudo foram utilizadas combinaccedilotildees

de imagens advindas do sateacutelite Landsat 8 nas bandas descritas no capiacutetulo 4 aleacutem da

banda pancromaacutetica O resultado eacute apresentado na figura 512 que mostra os principais

usos do solo na aacuterea urbana principal de Santos Dumont

36

Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x Zoneamento

Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea

Hidrografia 11168 239

Aacuterea Urbana Natildeo APP 421004 9008

APP Curso hiacutedrico em ZAC1 179 383

APP Curso hiacutedrico em ZPA 9776 209

APP Curso hiacutedrico em ZE 184 004

APP Curso hiacutedrico em ZA 1192 026

APP Curso hiacutedrico em ZAC2 5124 110

APP Curso hiacutedrico em ZPPH 248 005

APP Curso hiacutedrico em ZEIS 568 012

APP Curso hiacutedrico em ZCA 228 005

Total 467392 10000

Fonte Do autor

Figura 5 12 Mapa de usos do solo da aacuterea urbana principal de Santos Dumont

Fonte Do autor

Como jaacute era previsto a maior parte da aacuterea urbana se encontra ocupada e eacute nesta regiatildeo

ocupada que se observa a maior concentraccedilatildeo de problemas de deslizamentos e

alagamentos (Figuras 513 e 514) A grande ocupaccedilatildeo em aacutereas consideradas APP de

curso hiacutedrico de acordo com os mapas gerados pode ser a principal causa do aumento a

cada ano dos casos de alagamento principalmente na regiatildeo central da cidade Outro ponto

que se deve atentar eacute a existecircncia de uma consideraacutevel aacuterea de pastagem pouco vegetada

que caso estejam em aacutereas elevadas pode contribuir para deslizamentos e agraves margens de

37

rios e coacuterregos para o assoreamento destes corpos hiacutedricos o que pode causar

alagamentos (INAacuteCIO etal 2007)

Diante destes resultados pode-se ver que a cidade de Santos Dumont necessita alternativas

efetiva no que diz respeito agrave contenccedilatildeo de deslizamentos e a reduccedilatildeo de risco de

alagamento pois as aacutereas em que ocorrem tais eventos satildeo distintas e facilmente definidas

devido agrave repeticcedilatildeo destes nos uacuteltimos anos Um plano de accedilatildeo integrado entre as diferentes

secretarias municipais (Obras Meio Ambiente Assistecircncia Social entre outras) e a

Coordenadoria Municipal de Defesa Civil deve ser realizado afim de se tomar medidas

natildeo mais preventivas mas sim preditivas para que se possa conter o avanccedilo destes

problemas na aacuterea urbana principal bem como em toda a aacuterea do municiacutepio

Figura 5 13 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na aacuterea urbana

principal

Fonte Do autor

38

Figura 5 14 Aacutereas sujeitas a alagamento e os principais usos do solo na aacuterea

urbana principal

Fonte Do autor

Ao se associar os dados do estudo do Plano Diretor com os dados do levantamento

histoacuterico realizado com o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) pode-se notar que as aacutereas

propiacutecias a deslizamento estatildeo em regiotildees as quais haacute uma fronteira de declividades ou

seja eacute evidente que os deslizamentos ocorrem em encostas um pouco mais iacutengremes mas

natildeo necessariamente nas encostas de 30-47 as quais exigem estudo teacutecnico conforme o

plano diretor preconiza Quanto aos alagamentos nota-se que eles se localizam nas aacutereas

com menor ou nenhuma declividade podendo ser estas aacutereas talvez componentes da

planiacutecie de inundaccedilatildeo dos rios Estes resultados podem ser vistos nas figuras 515 e 516

a seguir

39

Figura5 15 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a deslizamentos na

regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

Fonte Lei 42412012 e Autor

Figura5 26 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a alagamentos na

regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

Fonte Lei 42412012 e Autor

40

52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis

O processo de ocupaccedilatildeo no municiacutepio de Santos Dumont comeccedilou muito antes de

qualquer legislaccedilatildeo relacionada a ordenamento urbano e de proteccedilatildeo do meio ambiente

fosse implementado no Brasil Esse fato aliado a poliacuteticas e fiscalizaccedilotildees falhas

contribuiacuteram para a ocupaccedilatildeo e expansatildeo da aacuterea urbana ao longo do Ribeiratildeo das Posses

e seus afluentes o que tem gerado o aumento da degradaccedilatildeo destes corpos hiacutedricos ao

longo de todos estes anos Observa-se tambeacutem que nas uacuteltimas deacutecadas ocorreu um

grande nuacutemero de migraccedilotildees do campo para a regiatildeo urbana da cidade fator que

contribuiu para o crescimento do nuacutemero de habitaccedilotildees em aacutereas de risco de deslizamento

e alagamentos por serem na maioria das vezes terrenos menos valorizados e por este

motivo acessiacuteveis a populaccedilatildeo com menor poder aquisitivo (ROSA amp CORTEZ 2008)

Vale ressaltar que esta questatildeo aleacutem de ser ambiental eacute muito mais social pois os

moradores entendem os riscos de se viver nestes locais mas por motivos econocircmicos ou

por questotildees afetivas natildeo abrem matildeo da moradia nessas aacutereas A Constituiccedilatildeo Federal de

1988 promoveu a inter-relaccedilatildeo das questotildees sociais com as questotildees ambientais quando

colocou o meio ambiente como direito coletivo (BRASIL1988 SOUZA2010) Por este

motivo a decisatildeo por medidas draacutesticas que favoreccedilam apenas agrave preservaccedilatildeo do meio

ambiente natildeo eacute recomendada pois aleacutem de ser inconstitucional podem afetar a

sustentabilidade econocircmica do municiacutepio e gerar conflitos sociais consideraacuteveis

(CARLOS 1992 apud SOUZA 2010)

Segundo Bueno (2009) ldquonem tudo o que eacute irregular eacute precaacuteriordquo Esse fato se observa em

Santos Dumont uma vez que em boa parte da regiatildeo central se observa vaacuterias moradias

construiacutedas na faixa de APP de curso hiacutedrico o que natildeo eacute permitido pela legislaccedilatildeo

vigente e eacute um dos fatores que contribui para a ocorrecircncia de alagamentos nesta aacuterea da

cidade Para a resoluccedilatildeo deste problema o que seria mais viaacutevel seria a melhoria da

infraestrutura de drenagem urbana afim de que o escoamento da aacutegua das chuvas natildeo

sobrecarregasse o sistema (BUENO2009) A construccedilatildeo de bacias de contenccedilatildeo de

cheias ao longo do Ribeiratildeo das Posses tambeacutem seria uma alternativa mas para se verificar

a viabilidade necessita-se estudos mais aprofundados do ponto de vista hidroloacutegico

O grande problema a ser solucionado no entanto eacute o que diz respeito agraves aacutereas de risco

de deslizamento majoritariamente nos bairros A melhor alternativa seria o

remanejamento dos moradores para uma aacuterea proacutexima agrave que moram poreacutem longe do

risco Poreacutem esta alternativa de acordo com Rosa Filho amp Cortez (2008) encontra alguns

entraves pois estas pessoas na maioria das vezes natildeo tecircm condiccedilotildees financeiras de irem

para outro lugar ou pagar aluguel ou estatildeo de alguma forma sentimentalmente ligadas

agravequela regiatildeo que se recusam a deixaacute-lo

41

Por parte dos oacutergatildeos competentes no municiacutepio a criaccedilatildeo de um plano para se evitar

acidentes ocasionados por deslizamentos e alagamentos com um mapeamento detalhado

de toda a extensatildeo do municiacutepio eacute extremamente uacutetil Os estudos que seratildeo feitos para a

elaboraccedilatildeo deste plano poderatildeo definir quais as aacutereas satildeo potencialmente de risco para as

ocupaccedilotildees existentes ou para as potenciais ocupaccedilotildees que possam vir a ocorrer atraveacutes do

mapeamento das aacutereas de risco Tal planejamento seraacute auxiliar ao Plano Diretor

Municipal pois definiraacute o real uso do solo de determinada regiatildeo do municiacutepio

contribuindo para a adequaccedilatildeo do uso e ocupaccedilatildeo do solo afim de evitar ou reduzir o

nuacutemero de problemas relacionados a alagamentos e principalmente deslizamentos no

periacutemetro urbano (TOMINAGA 2009) A partir deste plano os gestores locais poderatildeo

tomar a melhor decisatildeo para a prevenccedilatildeo ou reduccedilatildeo dos riscos inerentes a tais problemas

Na seccedilatildeo 521 seraacute hierarquizado de forma preliminar a aacuterea urbana principal de acordo

com os resultados da tabela 51

521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta

O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos (PMRR) foi criado atraveacutes de accedilotildees

regularizadoras do Ministeacuterio das Cidades para ser o instrumento de gestatildeo e

gerenciamento de aacutereas de risco em um municiacutepio Eacute um documento que aleacutem de

estabelecer quais regiotildees satildeo consideradas de risco tambeacutem objetiva a proposta de

medidas estruturais ou natildeo para contenccedilatildeo eou prevenccedilatildeo de cataacutestrofes aleacutem de ser um

meio de captaccedilatildeo de recursos financeiros junto aos Governos Estadual e Federal Estes

recursos poderatildeo ser utilizados para a realizaccedilatildeo de obras que visem a melhoria da

qualidade de vida da populaccedilatildeo do entorno ou de recuperaccedilatildeo da aacuterea degradada Este

plano eacute realizado de forma participativa com as comunidades das aacutereas de risco e pode

ser realizado em sete fases conforme recomenda o Ministeacuterio das Cidades (ALHEIROS

2006)

O primeiro passo para a realizaccedilatildeo do PMRR eacute definir qual a metodologia seraacute empregada

levando-se em consideraccedilatildeo a realidade atual do municiacutepio e especificar de forma sucinta

um cronograma das atividades Eacute importante nesta fase a participaccedilatildeo tambeacutem dos

responsaacuteveis pelas mais variadas Secretarias Municipais afim de explicitar o tamanho da

importacircncia e o caraacuteter integrador deste plano A segunda fase deste plano objetiva a

criaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo da principal base de dados a ser utilizada nos passos posteriores o

mapeamento de risco em escala detalhe em torno de 13000 (SAtildeO PAULO 2014) A

elaboraccedilatildeo de um mapeamento detalhado propiciaraacute natildeo soacute a identificaccedilatildeo mais faacutecil das

aacutereas de risco como tambeacutem facilitaraacute aos gestores e agrave comunidade decidirem qual a

melhor intervenccedilatildeo para a soluccedilatildeo ou remediaccedilatildeo dos problemas em uma determinada

42

aacuterea hierarquizando o risco e definindo prioridades (SAtildeO PAULO 2014) Na tabela a

seguir apresenta-se alguns tipos de intervenccedilotildees que podem ser feitas em aacutereas de risco

sugeridas pelo Ministeacuterio das cidades (ALHEIROS 2006)

Quadro 5 1 - Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco

Tipo de intervenccedilatildeo Descriccedilatildeo

Serviccedilos de limpeza e Recuperaccedilatildeo

Remoccedilatildeo de entulho lixo etc

corte de aacutervores

remoccedilatildeo de bananeiras

recuperaccedilatildeo eou limpeza de sistemas de

drenagem esgotos e acessos

Limpeza de canais de drenagem

Proteccedilatildeo Vegetal

Proteccedilatildeo superficial vegetal (gramiacuteneas) em

taludes com solo exposto

Proteccedilatildeo vegetal de margens de canais de

drenagem

Barreiras vegetais para massas escorregadas

ou acumuladas pela erosatildeo

Drenagem Superficial e Acessos

Sistema de drenagem superficial (canaletas

raacutepidos caixas de transiccedilatildeo escadas drsquoaacutegua)

Acessos para pedestres (escadarias rampas

etc) integrados ao sistema de drenagem

Revestimento de Taludes Revestimento com materiais artificiais

cimentado cal-jet tela argamassada alvenaria

de tijolos ceracircmicos solo-cimento ensacado

Desmonte de blocos e matacotildees Desmonte de concreccedilotildees de grande porte

blocos rochosos e matacotildees

Obras de drenagem de subsuperfiacutecie Sistema de drenagem de subsuperfiacutecie

(trincheiras drenantes DHP poccedilos de

rebaixamento)

Estruturas de contenccedilatildeo (localizadas)

Muros de contenccedilatildeo de pequeno porte (solo-

cimento ensacado alvenaria de pedra-rachatildeo

concreto armado)

Estruturas de contenccedilatildeo localizadas

(chumbadores tirantes microestacas)

Contenccedilatildeo e proteccedilatildeo de margens de canais (

gabiotildees muros de concreto etc)

Estruturas de contenccedilatildeo (meacutedio e grande porte) Implantaccedilatildeo de estruturas de contenccedilatildeo de

meacutedio e grande porte envolvendo obras de

contenccedilatildeo passivas e ativas (muros de

gravidade cortinas etc)

Terraplanagem Execuccedilatildeo de serviccedilos de terraplanagem

combinados a obras de drenagem superficial e

proteccedilatildeo vegetal desvio e canalizaccedilatildeo de

coacuterregos

Remoccedilatildeo de moradias Remoccedilotildees definitivas para implantaccedilatildeo de

obras ou devido agrave localizaccedilatildeo improacutepria da

edificaccedilatildeo (Priorizar as relocaccedilotildees dentro da

proacutepria aacuterea em local seguro)

Fonte ALHEIROS 2006

43

Escolhidas as formas de intervenccedilatildeo para cada aacuterea eacute necessaacuterio realizar uma estimativa

dos custos afim de preparar o orccedilamento da prefeitura para a realizaccedilatildeo das obras e se

seraacute necessaacuterio a captaccedilatildeo de recursos externos para a execuccedilatildeo destas Feitas as

estimativas de custo o proacuteximo passo eacute definir as prioridades e para esta fase eacute tambeacutem

uacutetil o mapeamento feito nas etapas anteriores pois seraacute necessaacuterio hierarquizar tais

intervenccedilotildees nas aacutereas de risco O Ministeacuterio das Cidades (2007) sugere alguns criteacuterios

que podem ser avaliados pelo gestor dentre eles pode-se citar

Grau de risco

Populaccedilatildeo beneficiada

Custo da intervenccedilatildeo

Dimensatildeo da aacuterea a ser tratada

Demandas anteriores da populaccedilatildeo

Tempo de ocupaccedilatildeo

Viabilidade teacutecnica da intervenccedilatildeo

Viabilidade financeira

Inclusatildeo da aacuterea em outros projetos

A partir desta hierarquizaccedilatildeo inicia-se a identificaccedilatildeo de provaacuteveis fontes de captaccedilatildeo de

recursos para a execuccedilatildeo das intervenccedilotildees Estes recursos podem advir de programas dos

governos Federal e Estadual ou por meio de editais para captaccedilatildeo de recursos financeiros

tanto do setor puacuteblico como da iniciativa privada e podem ser tambeacutem associados agrave outras

Secretarias Municipais como a de Turismo ou Meio Ambiente e natildeo soacute as destinadas agrave

Defesa Civil (ALHEIROS 2006)

Eacute previsto tambeacutem no PMRR uma avaliaccedilatildeo da Defesa Civil municipal e como ela estaacute

estruturada fazendo inclusive sugestotildees para que sua atuaccedilatildeo esteja em consonacircncia com

a realidade das comunidades e da Administraccedilatildeo Puacuteblica do municiacutepio de forma a garantir

sua sustentabilidade e conquistar a credibilidade da populaccedilatildeo no que diz respeito a

prevenccedilatildeo de cataacutestrofes Para que a resposta a uma determinada situaccedilatildeo de risco seja

raacutepida eacute necessaacuterio a descentralizaccedilatildeo da Defesa Civil criando pequenos nuacutecleos

comunitaacuterios com a finalidade de se monitorar a aacuterea constantemente e promover as

intervenccedilotildees necessaacuterias em tempo haacutebil o que aumenta em muito a credibilidade da

populaccedilatildeo no PMRR e no trabalho desempenhado pela Defesa Civil no municiacutepio Apoacutes

esta etapa o PMRR passaraacute por audiecircncias puacuteblicas e posteriormente poderaacute ser aprovado

como Lei Municipal pelo Legislativo local (ALHEIROS 2006)

Com a realizaccedilatildeo deste plano o municiacutepio estaraacute munido de informaccedilotildees suficientes para

realizar accedilotildees efetivas de gestatildeo e gerenciamento de riscos bem como aliado a

levantamentos sociais realizar programas habitacionais que beneficiem prioritariamente

44

aos moradores das aacutereas de risco Aleacutem disso com o PMRR o municiacutepio poderaacute melhorar

a qualidade ambiental da populaccedilatildeo captando recursos para a recuperaccedilatildeo das aacutereas de

APP que foram degradadas pelas ocupaccedilotildees irregulares beneficiando todos os moradores

do municiacutepio com o aumento da qualidade de vida na cidade

A partir do disposto nesta seccedilatildeo acerca do Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos e de

uma maneira preliminar (levando-se em conta apenas o nuacutemero de registros de

alagamentos e deslizamentos na aacuterea urbana principal de Santos Dumont no periacuteodo de

1984 a 2014) identificou-se trecircs regiotildees distintas na aacuterea urbana do municiacutepio com

tempo de recorrecircncia desses eventos similares caracterizando trecircs prioridades de

intervenccedilatildeo em contenccedilatildeo de risco como pode ser visto nas figuras 515 e 516 Vale

ressaltar que eacute necessaacuterio um estudo mais detalhado inclusive com visitas teacutecnicas a

campo para que se confirme a real situaccedilatildeo destas e a real prioridade para investimentos

Figura 5 17 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de deslizamentos

Fonte Do Autor

45

Figura 5 18 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de alagamentos

Fonte Do Autor

46

6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees

A seguir apresenta-se as conclusotildees e as recomendaccedilotildees feitas a partir dos objetivos

especiacuteficos explicitados no iniacutecio deste trabalho

Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a

aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes

urbanos

A partir da revisatildeo da legislaccedilatildeo pertinente em acircmbito federal estadual e

municipal constatou-se que o Plano Diretor de Santos Dumont natildeo conflita com a

legislaccedilatildeo federal e estadual sobre Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente A legislaccedilatildeo

municipal foi entendida como mais conservadora que as federal e estadual uma

vez que considera implicitamente que declividades entre 47 e 100 satildeo

enquadradas como APPs aleacutem da faixa superior a 100

Parte consideraacutevel das ocupaccedilotildees em APP principalmente na regiatildeo do bairro

Santo Antocircnio (onde surgiu os primeiros nuacutecleos que deram origem ao municiacutepio)

e o centro da cidade ocorreram antes de que fosse elaborado qualquer legislaccedilatildeo

que versasse sobre o tema Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente bastando ao gestor

local tomar medidas de contenccedilatildeo de riscos que minimizem os impactos causados

por essas ocupaccedilotildees nessa regiatildeo

O ordenamento adequado do uso do solo no municiacutepio eacute necessaacuterio para que o

crescimento dos loteamentos criados anteriormente agrave esta Lei e o surgimento de

novos natildeo avance para Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente o que pode causar

inuacutemeros problemas aos moradores e agravar os jaacute existentes

Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las

com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)

As aacutereas onde houveram a maior quantidade de registros de deslizamentos satildeo os

bairros mais populosos de Santos Dumont podendo se estabelecer uma relaccedilatildeo

que quanto mais populoso o bairro maior a quantidade de problemas relacionados

a deslizamentos Tambeacutem pode-se notar uma relaccedilatildeo com as fronteiras das faixas

de declividades e os deslizamentos uma vez que boa parte deles aconteceram

nestas faixas

As aacutereas onde houve um grande nuacutemero de registros de alagamentos satildeo os bairros

que se desenvolveram agraves margens do Ribeiratildeo das Posses em especial na aacuterea que

47

compreende as APPs de curso hiacutedrico e em aacutereas onde a declividade eacute baixa Esse

fato aliado ao crescimento do nuacutemero de vias pavimentadas com material

impermeaacutevel e a natildeo expansatildeo e ou redimensionamento da rede de drenagem

urbana contribuiacuteram para a ocorrecircncia cada vez mais constante de alagamentos

nessas aacutereas

Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos

catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30

anos

A partir do levantamento histoacuterico realizado e da base de dados georeferenciada

gerada observou-se o aumento do nuacutemero de registros de deslizamentos e

alagamentos nos uacuteltimos 10 anos quando as ocorrecircncias comeccedilaram a se repetir

numa mesma aacuterea com frequecircncia incrementada as vezes com mais de uma

ocorrecircncia anual

Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do

solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental

Destaca-se a adequaccedilatildeo dos criteacuterios gerais estabelecidos pelo Plano Diretor de

Santos Dumont relativos a legislaccedilatildeo federal e estadual Entretanto o referido

Plano Diretor natildeo contempla todo o territoacuterio municipal sendo assim ele natildeo

cumpre o objetivo de proteger as APPs preservadas e recuperar as que foram

degradadas em todo o territoacuterio municipal Ressalta-se tambeacutem a sua natildeo

conformidade com o Estatuto das Cidades uma vez que o Plano Diretor

contempla apenas os novos loteamentos

Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais

negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea

impactada

Recomenda-se a implantaccedilatildeo no municiacutepio de uma Coordenadoria Municipal de

Defesa Civil atuante e integrada agraves Secretarias Municipais e agrave comunidade

visando uma atuaccedilatildeo eficaz nos problemas relacionados a deslizamentos e

alagamentos A elaboraccedilatildeo de um Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos eacute de

suma importacircncia pois atraveacutes dele pode-se predizer as aacutereas que passaratildeo por

problemas caso a expansatildeo aconteccedila ou se inicie uma ocupaccedilatildeo nova aleacutem de

prevenir acidentes nas aacutereas jaacute ocupadas e consideradas de risco

48

7 Anexos

49

71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont

50

51

72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)

52

53

8 Referecircncias Bibliograacuteficas

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CF estabelece as diretrizes gerais da poliacutetica urbana e daacute outras providecircncias Brasiacutelia

2001

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dezembro de 1996 e 11 428 de 22 de dezembro de 2006 revoga as Leis nos 4771 de

1 5 de setembro de 1965 e 7754 de 1 4 de abril de 1989 e a Medida Provisoacuteria no 21

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56

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da cidade de Satildeo Paulo O caso da subprefeitura da Seacute Trabalho de Graduaccedilatildeo UNESP

Rio Claro 2013

Page 31: O USO DO SOLO URBANO EM ÁREAS DE PRESERVAÇÃO … · social que você tenha na vida, a mais alta ou a mais baixa, tenha sempre como meta muita força, muita determinação e sempre

23

No que diz respeito a identificaccedilatildeo de APPs em topo de morro a metodologia de Oliveira

amp Fernandes Filho (2013) por utilizar as mesmas bases de dados ateacute entatildeo usadas neste

trabalho foi a mais indicada

A metodologia de anaacutelise dos mapas gerados eacute a proposta pelo professor Jorge Xavier da

Silva do Laboratoacuterio de Geoprocessamento (LAGEOP) da Universidade Federal do Rio

de Janeiro e citada por Rocha (2007) Tal metodologia analisa as variaacuteveis em questatildeo

presentes na aacuterea e permite avaliar as possibilidades de relaccedilotildees entre essas variaacuteveis De

uma maneira geral este meacutetodo verifica o estado atual da aacuterea em estudo bem como das

variaacuteveis gerando inventaacuterios que servem para a construccedilatildeo de dados planimeacutetricos sejam

com as variaacuteveis isoladas ou combinadas Estes dados planimeacutetricos geram assinaturas

que permitem inferir sobre a influecircncia dessas variaacuteveis De posse dos dados gerados pelo

processo anteriormente citado pode-se fazer algumas prospecccedilotildees sobre os riscos

ambientais que a aacuterea pode sofrer ou o seu potencial ambiental (ROCHA 2007)

5 RESULTADOS

51 Levantamento histoacuterico de alagamentos e

deslizamentos

O aumento da demanda pelo uso do solo na regiatildeo urbana de Santos Dumont

principalmente no tocante agrave formaccedilatildeo de novos loteamentos e condomiacutenios nos uacuteltimos

anos eacute consideraacutevel mas tambeacutem haacute de se observar o crescimento dos bairros jaacute existentes

com pouco ou nenhum ordenamento Em ambos os casos se observa ocupaccedilotildees

irregulares em APP o que tem ocasionado um aumento na frequecircncia de deslizamentos

e inundaccedilotildees Eacute evidente que quanto maior a densidade populacional do bairro maior a

quantidade de ocorrecircncias ao longo dos anos (SPERFELD 2009)

De acordo com as ocorrecircncias registradas pela Defesa Civil do municiacutepio obtidas atraveacutes

da literatura utilizada nos uacuteltimos 30 anos Santos Dumont chegou a decretar situaccedilatildeo de

emergecircncia por conta de desastres envolvendo deslizamentos eou alagamentos por duas

vezes num espaccedilo de 10 anos conforme pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho

(BRASIL 2014 CEPED 2011)

Segundo os dados obtidos atraveacutes de pesquisa nos arquivos do semanaacuterio entre os anos

de 1984 e 2014 pode-se verificar que nos uacuteltimos 20 anos a cidade tem experimentado

24

um aumento consideraacutevel nos eventos relacionados a deslizamentos e principalmente

alagamentos como pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho Isso pode ter sido causado

dentre outros fatores pelo aumento do nuacutemero de vias pavimentadas com material

impermeaacutevel o que tem sobrecarregado tanto a infraestrutura existente para drenagem

urbana como tambeacutem a calha dos cursos drsquoaacutegua que passam pela regiatildeo urbana do

municiacutepio (ZANON2013)

Na deacutecada de 1980 (1984-1990) de acordo com os dados obtidos natildeo foram noticiados

eventos consideraacuteveis relacionados a deslizamentos e alagamentos em Santos Dumont

mas isso natildeo exclui a possibilidade de natildeo ter ocorrido tais eventos em menor escala

Na deacutecada de 1990 aconteceram uma seacuterie de ocorrecircncias tanto de deslizamentos quanto

de alagamentos No ano de 1997 num periacuteodo chuvoso intenso aconteceram

deslizamentos consideraacuteveis em vaacuterios bairros da cidade inclusive com desabamento de

casas e de ruas principalmente nos bairros Nossa Senhora da Gloacuteria e Quarto Depoacutesito

Em 1999 ocorreram alguns pontos de alagamento nos bairros Quarto Depoacutesito e Santo

Antocircnio com grandes prejuiacutezos materiais

A deacutecada de 2000 iniciou com o registro de deslizamentos em vaacuterios bairros da cidade

inclusive com desabamento de casas e pontes e alagamentos em importantes vias do

centro da cidade Observa-se ao longo desse periacuteodo o crescimento nas ocorrecircncias de

deslizamentos e de aacutereas com risco de deslizamento em muitos bairros de Santos Dumont

Um dos fatores importantes para esse crescimento foi a grande expansatildeo sofrida pela

maioria dos bairros e a falta de planejamento e orientaccedilatildeo por parte da prefeitura uma

vez que uma boa parte do crescimento dos bairros da cidade ocorreu ou proacuteximo a cursos

drsquoaacutegua ou em aacutereas com declividade improacutepria para se fazer construccedilotildees O bairro

Coacuterrego do Ouro (Figura 51) foi o que mais sofreu com ocorrecircncias de deslizamentos

nesse periacuteodo enquanto o bairro Santo Antocircnio foi que teve mais ocorrecircncias de

alagamentos

25

Figura 5 1 Deslizamento no bairro Coacuterrego do Ouro

Fonte Portal Cabangu

No iniacutecio deacutecada de 2010 (2011-2014) o centro da cidade foi a regiatildeo que mais sofreu

com alagamentos sendo registrado pelo menos uma ocorrecircncia por ano nessa aacuterea (Figura

52) Isso pode ser relacionado dentre outros fatores com as obras de modificaccedilatildeo do

tipo de pavimentaccedilatildeo das estradas por um material impermeaacutevel gerando uma sobrecarga

nos sistemas de drenagem urbana que foram projetados para um tipo de pavimento mais

permeaacutevel implicando tambeacutem na sobrecarga calha do Ribeiratildeo das Posses o principal

curso drsquoaacutegua que corta o centro da cidade e que se encontra em quase sua totalidade

ocupada em ambas as margens que cortam o centro da cidade

26

Figura 5 2 Alagamento na regiatildeo central de Santos Dumont em 2013

Fonte Portal Cabangu

Quanto agraves ocorrecircncias de deslizamento ao longo da referida deacutecada elas estiveram

espalhadas pelos bairros do municiacutepio tendo um maior nuacutemero de ocorrecircncias nos bairros

Santo Antocircnio Nossa Senhora da Gloacuteria e Aacutegua Espraiada Nos dois primeiros bairros

citados as ocorrecircncias podem ter sido ocasionadas pelo crescimento desordenado e sem

planejamento destes e no terceiro as ocorrecircncias satildeo relacionadas ao processo de

assoreamento do Ribeiratildeo das Posses o que pode ter gerado um aumento da velocidade

desse curso drsquoaacutegua causando problemas decorrentes do transporte de sedimentos da aacuterea

onde as casas foram construiacutedas que teve como consequecircncia os deslizamentos

Em resumo como pode ser observado nas figuras 53 e 54 na tabela 51 no periacuteodo de

1984 a 2014 os bairros mais afetados por alagamentos e deslizamentos satildeo Quarto

Depoacutesito Nossa Senhora da Gloacuteria Santo Antocircnio Coacuterrego do Ouro Antocircnio Afonso

Graminha e Vila Esperanccedila sendo que o bairro Coacuterrego do Ouro possui o maior nuacutemero

de ocorrecircncias de deslizamentos e o centro da cidade possui o maior nuacutemero de

ocorrecircncias de alagamentos no periacuteodo pesquisado Vale destacar que a aacuterea propiacutecia a

alagamentos no bairro Antocircnio Afonso natildeo identificada no estudo realizado pela

prefeitura constitui-se efetivamente numa aacuterea de risco conforme levantamento histoacuterico

realizado Esta aacuterea de risco se deve agrave diferenccedila de niacutevel negativa entre o rio Pinho e a

aacuterea do bairro estando este em desniacutevel com um risco iminente de inundaccedilotildees resultantes

da cheia desse curso drsquoaacutegua causando inuacutemeros transtornos aos moradores do local

27

Figura 5 3 Pontos de Alagamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico

Fonte Do autor

Figura 5 4 Pontos de deslizamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico

Fonte Do autor

28

Tabela 51 Ocorrecircncias de alagamentos e deslizamentos obtidos atraveacutes do

levantamento histoacuterico

Pontos de ocorrecircncia (1984-2014)

Bairros Alagamento Deslizamento

Aacutegua Espraiada 1 1

Antocircnio Afonso 1 0

Barra 0 1

Centro 7 1

Coacuterrego do Ouro 1 7

Flores 0 1

Graminha 1 0

Jardim Jaraguaacute 0 1

N Sra da Gloacuteria 0 4

N Sra das Graccedilas 1 0

Quarto Depoacutesito 3 2

Santo Antocircnio 4 2

Satildeo Sebastiatildeo 0 1

Vila Esperanccedila 0 1

Fonte Do autor

De acordo com o estudo realizado na elaboraccedilatildeo do Plano Diretor pela prefeitura

municipal observa-se que os bairros que possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a

deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do Ouro e Vila Esperanccedila enquanto que os que

possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a alagamento satildeo o Centro da cidade e os

bairros Satildeo Sebastiatildeo Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio por estarem agraves margens do

Ribeiratildeo das Posses um curso drsquoaacutegua que sofre com inundaccedilotildees perioacutedicas devido ao

severo assoreamento em algumas regiotildees e tambeacutem devido ao acuacutemulo de lixo descartado

pelos moradores do entorno irregularmente De acordo com o estudo realizado quando da

elaboraccedilatildeo do Plano Diretor do municiacutepio foram feitos estudos sobre as aacutereas propensas

a deslizamentos e alagamentos na regiatildeo urbana principal Tais aacutereas satildeo as destacadas

nas Figuras 55 e 56 No levantamento histoacuterico realizado pode-se identificar que os

bairros que possuem mais aacutereas propensas a deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do

Ouro Nossa Senhora da Gloacuteria Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio enquanto que os bairros

mais propensos a alagamentos satildeo os bairros Centro Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio

como observado na tabela 51

29

Figura 5 5 Aacutereas propensas a deslizamento de acordo com o Plano Diretor de

Santos Dumont

Fonte Google Earth e Lei 42412012

Figura 5 6 Aacutereas propensas a alagamento de acordo com o Plano Diretor de

Santos Dumont

Fonte Google Earth e Lei 42412012

30

Comparando-se os mapas obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico com o mapa gerado

pelo estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor nota-se que haacute semelhanccedilas em

algumas aacutereas mas ao se levar em conta o produto gerado pela pesquisa histoacuterica o

estudo necessitaria ser complementado haja vista que ele natildeo compreende por exemplo

o ponto de alagamento no bairro Antocircnio Afonso citado anteriormente e alguns pontos de

deslizamento importantes uma vez que satildeo regiotildees onde haacute ocupaccedilatildeo Esse fato evidencia

a necessidade de se buscar vaacuterias fontes primaacuterias e secundaacuterias para se detectar aacutereas de

risco em um municiacutepio incluindo arquivos da imprensa local afim de se produzir uma

base de dados consistente e com o menor nuacutemero de falhas possiacutevel (CEPED 2014) Com

a uniatildeo dos dois estudos foram gerados os mapas apresentados nas Figuras 57 e 58

Aleacutem do mais observando as figuras 57 e 58 pode-se notar que uma boa parte tanto dos

casos de alagamento quanto de deslizamento estatildeo na faixa de APP de curso hiacutedrico o

que ilustra a importacircncia da preservaccedilatildeo destas aacutereas

Figura 5 7 Aacutereas propensas a alagamento do estudo do Plano Diretor

complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento

Fonte Do Autor

31

Figura 5 8 Aacutereas propensas a deslizamento do estudo do Plano Diretor

complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento

Fonte Do Autor

Atraveacutes da combinaccedilatildeo entre estes dois levantamentos procurou-se alimentar a base de

dados e garantir uma consistecircncia maior desta no que diz respeito a aacutereas de deslizamento

e alagamento podendo inclusive se identificar a suscetibilidade de uma determinada

regiatildeo da cidade a um ou outro evento (CEPED2014)

512 O Plano diretor e as APPs

Nos uacuteltimos anos o Brasil experimentou um forte fenocircmeno de migraccedilatildeo do campo para

as aacutereas urbanas De acordo com o IBGE no periacuteodo de 1940 a 2000 houve um aumento

de cerca de 60 do nuacutemero de pessoas que vivem em cidades (SILVA JR 2006) O

processo de planejamento e ordenamento do uso do solo nessas aacutereas deveria ter

acompanhado esse crescimento ao longo dos anos a fim de garantir a qualidade de vida e

a seguranccedila dos migrantes ao se instalarem nas cidades o que natildeo ocorreu e o que se

observa atualmente satildeo ocupaccedilotildees em aacutereas improacuteprias para moradia sem a infraestrutura

baacutesica necessaacuteria e com risco iminente de deslizamentos eou inundaccedilotildees

O Plano Diretor do municiacutepio de Santos Dumont em seu capiacutetulo IV que versa sobre o

uso e ocupaccedilatildeo do solo explicita regras para o ordenamento do territoacuterio que compreende

o municiacutepio com base nos diferentes usos do solo de acordo com sua compatibilidade o

32

que acabou por resultar num zoneamento de todo o municiacutepio em macrozonas conforme

citado na seccedilatildeo 3231 de acordo com os usos atuais e futuros do solo Aleacutem de dividir

estas macrozonas em urbanas e rurais tambeacutem avaliou e classificou estas aacutereas com base

numa seacuterie de fatores ambientais geoloacutegicos culturais e sociais de forma a se fazer um

zoneamento coerente com os atuais usos do solo e seu potencial de uso futuro Apresenta-

se na Figura 59 este zoneamento na aacuterea urbana principal de Santos Dumont

Figura 5 9 Zoneamento urbano da aacuterea urbana principal

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Lei 42412012

Tomando como referecircncia o Novo Coacutedigo Florestal brasileiro em especial os paracircmetros

estabelecidos para a definiccedilatildeo de APP e utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento

atraveacutes do software Vista SAGA relacionou-se as APPs existentes na aacuterea em estudo com

as regiotildees propiacutecias a alagamentos e deslizamentos de acordo com o estudo feito quando

da elaboraccedilatildeo do Plano Diretor afim de se identificar qual ou quais aacutereas possuem estes

problemas e se estatildeo relacionados com o uso do solo irregular em APP

Ao se aplicar a metodologia proposta por Oliveira amp Fernandes Filho (2013) natildeo foram

identificadas dentro da aacuterea de estudo APPs de topos de morro sendo este tipo de APP

descartada portanto das anaacutelises subsequentes deste trabalho Foram consideradas as

APP de curso hiacutedrico (rios e nascentes) e de declividade visando relacionaacute-las as aacutereas

de risco identificadas pela Prefeitura afim de se verificar as possiacuteveis causas da ocorrecircncia

33

destas aacutereas na regiatildeo urbana do municiacutepio Por meio de combinaccedilotildees entre dois mapas

temaacuteticos utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento foi possiacutevel obter as

assinaturas ou seja tabelas que caracterizam quantitativamente a aacuterea afetada por cada

aspecto visto que a simples visualizaccedilatildeo do mapa gerado pelo geoprocessamento muitas

vezes eacute prejudicada por serem aacutereas de pequenas dimensotildees ou por qualquer outra

limitaccedilatildeo do software Ressalta-se que para a elaboraccedilatildeo do Plano Municipal de Reduccedilatildeo

de riscos a identificaccedilatildeo e detalhamento topograacutefico destas aacutereas eacute fundamental para o

desenvolvimento do referido Plano conforme seraacute abordado detalhadamente na seccedilatildeo

52

De posse do mapa que representa o zoneamento urbano de Santos Dumont primeiramente

procurou-se mensurar qualitativa e quantitativamente a presenccedila de APPs tanto de

declividade quanto de cursos hiacutedricos Essa identificaccedilatildeo eacute importante pois este

zoneamento eacute um dos instrumentos de planejamento municipal (BRASIL 2001) Saboya

(2007) aponta que os principais objetivos de um zoneamento satildeo o controle da expansatildeo

urbana e proteccedilatildeo de aacutereas inadequadas a ocupaccedilatildeo aleacutem de reduzir os conflitos inerentes

aos diferentes usos do solo Com o uso da ferramenta ldquoCombinarrdquo do Vista SAGA foram

feitas combinaccedilotildees entre o mapa de hidrografia com buffer de 30m para rios e coacuterregos e

de 50m para nascentes com o mapa do zoneamento para se verificar a importacircncia das

APPs de curso hiacutedrico em toda a aacuterea urbana principal do municiacutepio Tambeacutem foram

combinados o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) obtido atraveacutes do gvSIG com o mapa

de zoneamento afim de se verificar quantitativamente as APPs de declividade e onde se

localizam Vale ressaltar que as declividades entre 30 e 47 estatildeo presentes nesta

combinaccedilatildeo pois de acordo com o Plano Diretor de Santos Dumont terrenos com esta

faixa de declividade para fins de parcelamento devem possuir estudo teacutecnico que ateste

a viabilidade de se promover algum empreendimento imobiliaacuterio neste (SANTOS

DUMONT 2012) Como a legislaccedilatildeo municipal prevecirc estudo somente para a faixa de

declividade descrita anteriormente para fins de anaacutelise neste trabalho consideramos um

valor mais conservador para APP compreendendo a faixa de 47 a 100 aleacutem da

prevista pela legislaccedilatildeo federal (gt100) para que natildeo houvessem lacunas importantes na

geraccedilatildeo do produto

Apresenta-se na Figura 510 aacutereas com declividades consideradas de risco e consideradas

APP e em qual zona de planejamento elas estatildeo inseridas De um modo geral ao se

observar a Tabela 52 nota-se que a aacuterea que compreende declividades de risco e APP eacute

uma pequena parcela da aacuterea urbana principal representando 061 desta aacuterea Ao se

levar em conta somente a localizaccedilatildeo pode-se verificar que cerca de 84 das aacutereas com

declividade de risco e a totalidade das APPs de declividade estatildeo localizadas na ZAC1

zona que compreende a maior parte do municiacutepio e apesar de possuir infraestrutura baacutesica

para a ocupaccedilatildeo esta eacute restrita Sendo assim o fator declividade deve ser visto com cautela

nesta aacuterea para se evitar transtornos advindos de edificaccedilotildees nestas aacutereas

34

Figura 5 10 Combinaccedilatildeo entre as declividades importantes incluindo as APPs e o

zoneamento urbano

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Do autor

Tabela 52 Assinaturas da combinaccedilatildeo Declividade x Zoneamento

Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea

Natildeo APP 457972 9939

Declividade 30-47 em ZAC1 2368 051

Declividade 30-47 em ZE 284 006

Declividade 30-47 em ZAC2 128 003

Declividade 30-47 em ZPA 004 0001

APP Declividade em ZAC1 048 001

Total 460804 100

Fonte Do autor

Apresenta-se na Figura 511 as APPs de curso hiacutedrico (nascentes e rios) e em qual zona

de planejamento estatildeo localizadas Assim como a declividade a maior parte das APPs de

curso hiacutedrico estatildeo localizadas em ZAC1 representando 383 da aacuterea urbana em estudo

e 51 do total das APPs de curso hiacutedrico Esta questatildeo tambeacutem deve ser vista com

bastante criteacuterio pelos gestores locais uma vez que a ocupaccedilatildeo em faixas proacuteximas de

rios e coacuterregos podem causar uma gama de problemas ambientais e sociais na regiatildeo

(SANTANA2011) Tal cuidado tambeacutem deve ser tomado nas APPs compreendidas na

35

ZAC2 que compreende 001 da Aacuterea urbana principal e 14 do total das APPs de curso

hiacutedrico pois a infraestrutura baacutesica e acessibilidade presente nesta zona eacute precaacuteria e a

ocupaccedilatildeo as margens de cursos hiacutedricos pode gerar problemas seacuterios caso ocorra uma

expansatildeo nestas aacutereas

Figura 511 Combinaccedilatildeo entre APP de curso hiacutedrico e as zonas de planejamento

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Do autor

Outro ponto importante eacute a presenccedila da Zona de Proteccedilatildeo Ambiental (ZPA) no entorno

uma consideraacutevel parte dos cursos hiacutedricos Nesta zona estatildeo presentes 28 das APPs de

curso hiacutedrico e esta zona de acordo com o Plano Diretor deve ser restaurada ou

preservada por suas caracteriacutesticas geoloacutegicas topograacuteficas e bioloacutegicas

Afim de se verificar os usos do solo na regiatildeo em estudo foram utilizadas combinaccedilotildees

de imagens advindas do sateacutelite Landsat 8 nas bandas descritas no capiacutetulo 4 aleacutem da

banda pancromaacutetica O resultado eacute apresentado na figura 512 que mostra os principais

usos do solo na aacuterea urbana principal de Santos Dumont

36

Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x Zoneamento

Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea

Hidrografia 11168 239

Aacuterea Urbana Natildeo APP 421004 9008

APP Curso hiacutedrico em ZAC1 179 383

APP Curso hiacutedrico em ZPA 9776 209

APP Curso hiacutedrico em ZE 184 004

APP Curso hiacutedrico em ZA 1192 026

APP Curso hiacutedrico em ZAC2 5124 110

APP Curso hiacutedrico em ZPPH 248 005

APP Curso hiacutedrico em ZEIS 568 012

APP Curso hiacutedrico em ZCA 228 005

Total 467392 10000

Fonte Do autor

Figura 5 12 Mapa de usos do solo da aacuterea urbana principal de Santos Dumont

Fonte Do autor

Como jaacute era previsto a maior parte da aacuterea urbana se encontra ocupada e eacute nesta regiatildeo

ocupada que se observa a maior concentraccedilatildeo de problemas de deslizamentos e

alagamentos (Figuras 513 e 514) A grande ocupaccedilatildeo em aacutereas consideradas APP de

curso hiacutedrico de acordo com os mapas gerados pode ser a principal causa do aumento a

cada ano dos casos de alagamento principalmente na regiatildeo central da cidade Outro ponto

que se deve atentar eacute a existecircncia de uma consideraacutevel aacuterea de pastagem pouco vegetada

que caso estejam em aacutereas elevadas pode contribuir para deslizamentos e agraves margens de

37

rios e coacuterregos para o assoreamento destes corpos hiacutedricos o que pode causar

alagamentos (INAacuteCIO etal 2007)

Diante destes resultados pode-se ver que a cidade de Santos Dumont necessita alternativas

efetiva no que diz respeito agrave contenccedilatildeo de deslizamentos e a reduccedilatildeo de risco de

alagamento pois as aacutereas em que ocorrem tais eventos satildeo distintas e facilmente definidas

devido agrave repeticcedilatildeo destes nos uacuteltimos anos Um plano de accedilatildeo integrado entre as diferentes

secretarias municipais (Obras Meio Ambiente Assistecircncia Social entre outras) e a

Coordenadoria Municipal de Defesa Civil deve ser realizado afim de se tomar medidas

natildeo mais preventivas mas sim preditivas para que se possa conter o avanccedilo destes

problemas na aacuterea urbana principal bem como em toda a aacuterea do municiacutepio

Figura 5 13 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na aacuterea urbana

principal

Fonte Do autor

38

Figura 5 14 Aacutereas sujeitas a alagamento e os principais usos do solo na aacuterea

urbana principal

Fonte Do autor

Ao se associar os dados do estudo do Plano Diretor com os dados do levantamento

histoacuterico realizado com o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) pode-se notar que as aacutereas

propiacutecias a deslizamento estatildeo em regiotildees as quais haacute uma fronteira de declividades ou

seja eacute evidente que os deslizamentos ocorrem em encostas um pouco mais iacutengremes mas

natildeo necessariamente nas encostas de 30-47 as quais exigem estudo teacutecnico conforme o

plano diretor preconiza Quanto aos alagamentos nota-se que eles se localizam nas aacutereas

com menor ou nenhuma declividade podendo ser estas aacutereas talvez componentes da

planiacutecie de inundaccedilatildeo dos rios Estes resultados podem ser vistos nas figuras 515 e 516

a seguir

39

Figura5 15 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a deslizamentos na

regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

Fonte Lei 42412012 e Autor

Figura5 26 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a alagamentos na

regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

Fonte Lei 42412012 e Autor

40

52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis

O processo de ocupaccedilatildeo no municiacutepio de Santos Dumont comeccedilou muito antes de

qualquer legislaccedilatildeo relacionada a ordenamento urbano e de proteccedilatildeo do meio ambiente

fosse implementado no Brasil Esse fato aliado a poliacuteticas e fiscalizaccedilotildees falhas

contribuiacuteram para a ocupaccedilatildeo e expansatildeo da aacuterea urbana ao longo do Ribeiratildeo das Posses

e seus afluentes o que tem gerado o aumento da degradaccedilatildeo destes corpos hiacutedricos ao

longo de todos estes anos Observa-se tambeacutem que nas uacuteltimas deacutecadas ocorreu um

grande nuacutemero de migraccedilotildees do campo para a regiatildeo urbana da cidade fator que

contribuiu para o crescimento do nuacutemero de habitaccedilotildees em aacutereas de risco de deslizamento

e alagamentos por serem na maioria das vezes terrenos menos valorizados e por este

motivo acessiacuteveis a populaccedilatildeo com menor poder aquisitivo (ROSA amp CORTEZ 2008)

Vale ressaltar que esta questatildeo aleacutem de ser ambiental eacute muito mais social pois os

moradores entendem os riscos de se viver nestes locais mas por motivos econocircmicos ou

por questotildees afetivas natildeo abrem matildeo da moradia nessas aacutereas A Constituiccedilatildeo Federal de

1988 promoveu a inter-relaccedilatildeo das questotildees sociais com as questotildees ambientais quando

colocou o meio ambiente como direito coletivo (BRASIL1988 SOUZA2010) Por este

motivo a decisatildeo por medidas draacutesticas que favoreccedilam apenas agrave preservaccedilatildeo do meio

ambiente natildeo eacute recomendada pois aleacutem de ser inconstitucional podem afetar a

sustentabilidade econocircmica do municiacutepio e gerar conflitos sociais consideraacuteveis

(CARLOS 1992 apud SOUZA 2010)

Segundo Bueno (2009) ldquonem tudo o que eacute irregular eacute precaacuteriordquo Esse fato se observa em

Santos Dumont uma vez que em boa parte da regiatildeo central se observa vaacuterias moradias

construiacutedas na faixa de APP de curso hiacutedrico o que natildeo eacute permitido pela legislaccedilatildeo

vigente e eacute um dos fatores que contribui para a ocorrecircncia de alagamentos nesta aacuterea da

cidade Para a resoluccedilatildeo deste problema o que seria mais viaacutevel seria a melhoria da

infraestrutura de drenagem urbana afim de que o escoamento da aacutegua das chuvas natildeo

sobrecarregasse o sistema (BUENO2009) A construccedilatildeo de bacias de contenccedilatildeo de

cheias ao longo do Ribeiratildeo das Posses tambeacutem seria uma alternativa mas para se verificar

a viabilidade necessita-se estudos mais aprofundados do ponto de vista hidroloacutegico

O grande problema a ser solucionado no entanto eacute o que diz respeito agraves aacutereas de risco

de deslizamento majoritariamente nos bairros A melhor alternativa seria o

remanejamento dos moradores para uma aacuterea proacutexima agrave que moram poreacutem longe do

risco Poreacutem esta alternativa de acordo com Rosa Filho amp Cortez (2008) encontra alguns

entraves pois estas pessoas na maioria das vezes natildeo tecircm condiccedilotildees financeiras de irem

para outro lugar ou pagar aluguel ou estatildeo de alguma forma sentimentalmente ligadas

agravequela regiatildeo que se recusam a deixaacute-lo

41

Por parte dos oacutergatildeos competentes no municiacutepio a criaccedilatildeo de um plano para se evitar

acidentes ocasionados por deslizamentos e alagamentos com um mapeamento detalhado

de toda a extensatildeo do municiacutepio eacute extremamente uacutetil Os estudos que seratildeo feitos para a

elaboraccedilatildeo deste plano poderatildeo definir quais as aacutereas satildeo potencialmente de risco para as

ocupaccedilotildees existentes ou para as potenciais ocupaccedilotildees que possam vir a ocorrer atraveacutes do

mapeamento das aacutereas de risco Tal planejamento seraacute auxiliar ao Plano Diretor

Municipal pois definiraacute o real uso do solo de determinada regiatildeo do municiacutepio

contribuindo para a adequaccedilatildeo do uso e ocupaccedilatildeo do solo afim de evitar ou reduzir o

nuacutemero de problemas relacionados a alagamentos e principalmente deslizamentos no

periacutemetro urbano (TOMINAGA 2009) A partir deste plano os gestores locais poderatildeo

tomar a melhor decisatildeo para a prevenccedilatildeo ou reduccedilatildeo dos riscos inerentes a tais problemas

Na seccedilatildeo 521 seraacute hierarquizado de forma preliminar a aacuterea urbana principal de acordo

com os resultados da tabela 51

521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta

O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos (PMRR) foi criado atraveacutes de accedilotildees

regularizadoras do Ministeacuterio das Cidades para ser o instrumento de gestatildeo e

gerenciamento de aacutereas de risco em um municiacutepio Eacute um documento que aleacutem de

estabelecer quais regiotildees satildeo consideradas de risco tambeacutem objetiva a proposta de

medidas estruturais ou natildeo para contenccedilatildeo eou prevenccedilatildeo de cataacutestrofes aleacutem de ser um

meio de captaccedilatildeo de recursos financeiros junto aos Governos Estadual e Federal Estes

recursos poderatildeo ser utilizados para a realizaccedilatildeo de obras que visem a melhoria da

qualidade de vida da populaccedilatildeo do entorno ou de recuperaccedilatildeo da aacuterea degradada Este

plano eacute realizado de forma participativa com as comunidades das aacutereas de risco e pode

ser realizado em sete fases conforme recomenda o Ministeacuterio das Cidades (ALHEIROS

2006)

O primeiro passo para a realizaccedilatildeo do PMRR eacute definir qual a metodologia seraacute empregada

levando-se em consideraccedilatildeo a realidade atual do municiacutepio e especificar de forma sucinta

um cronograma das atividades Eacute importante nesta fase a participaccedilatildeo tambeacutem dos

responsaacuteveis pelas mais variadas Secretarias Municipais afim de explicitar o tamanho da

importacircncia e o caraacuteter integrador deste plano A segunda fase deste plano objetiva a

criaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo da principal base de dados a ser utilizada nos passos posteriores o

mapeamento de risco em escala detalhe em torno de 13000 (SAtildeO PAULO 2014) A

elaboraccedilatildeo de um mapeamento detalhado propiciaraacute natildeo soacute a identificaccedilatildeo mais faacutecil das

aacutereas de risco como tambeacutem facilitaraacute aos gestores e agrave comunidade decidirem qual a

melhor intervenccedilatildeo para a soluccedilatildeo ou remediaccedilatildeo dos problemas em uma determinada

42

aacuterea hierarquizando o risco e definindo prioridades (SAtildeO PAULO 2014) Na tabela a

seguir apresenta-se alguns tipos de intervenccedilotildees que podem ser feitas em aacutereas de risco

sugeridas pelo Ministeacuterio das cidades (ALHEIROS 2006)

Quadro 5 1 - Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco

Tipo de intervenccedilatildeo Descriccedilatildeo

Serviccedilos de limpeza e Recuperaccedilatildeo

Remoccedilatildeo de entulho lixo etc

corte de aacutervores

remoccedilatildeo de bananeiras

recuperaccedilatildeo eou limpeza de sistemas de

drenagem esgotos e acessos

Limpeza de canais de drenagem

Proteccedilatildeo Vegetal

Proteccedilatildeo superficial vegetal (gramiacuteneas) em

taludes com solo exposto

Proteccedilatildeo vegetal de margens de canais de

drenagem

Barreiras vegetais para massas escorregadas

ou acumuladas pela erosatildeo

Drenagem Superficial e Acessos

Sistema de drenagem superficial (canaletas

raacutepidos caixas de transiccedilatildeo escadas drsquoaacutegua)

Acessos para pedestres (escadarias rampas

etc) integrados ao sistema de drenagem

Revestimento de Taludes Revestimento com materiais artificiais

cimentado cal-jet tela argamassada alvenaria

de tijolos ceracircmicos solo-cimento ensacado

Desmonte de blocos e matacotildees Desmonte de concreccedilotildees de grande porte

blocos rochosos e matacotildees

Obras de drenagem de subsuperfiacutecie Sistema de drenagem de subsuperfiacutecie

(trincheiras drenantes DHP poccedilos de

rebaixamento)

Estruturas de contenccedilatildeo (localizadas)

Muros de contenccedilatildeo de pequeno porte (solo-

cimento ensacado alvenaria de pedra-rachatildeo

concreto armado)

Estruturas de contenccedilatildeo localizadas

(chumbadores tirantes microestacas)

Contenccedilatildeo e proteccedilatildeo de margens de canais (

gabiotildees muros de concreto etc)

Estruturas de contenccedilatildeo (meacutedio e grande porte) Implantaccedilatildeo de estruturas de contenccedilatildeo de

meacutedio e grande porte envolvendo obras de

contenccedilatildeo passivas e ativas (muros de

gravidade cortinas etc)

Terraplanagem Execuccedilatildeo de serviccedilos de terraplanagem

combinados a obras de drenagem superficial e

proteccedilatildeo vegetal desvio e canalizaccedilatildeo de

coacuterregos

Remoccedilatildeo de moradias Remoccedilotildees definitivas para implantaccedilatildeo de

obras ou devido agrave localizaccedilatildeo improacutepria da

edificaccedilatildeo (Priorizar as relocaccedilotildees dentro da

proacutepria aacuterea em local seguro)

Fonte ALHEIROS 2006

43

Escolhidas as formas de intervenccedilatildeo para cada aacuterea eacute necessaacuterio realizar uma estimativa

dos custos afim de preparar o orccedilamento da prefeitura para a realizaccedilatildeo das obras e se

seraacute necessaacuterio a captaccedilatildeo de recursos externos para a execuccedilatildeo destas Feitas as

estimativas de custo o proacuteximo passo eacute definir as prioridades e para esta fase eacute tambeacutem

uacutetil o mapeamento feito nas etapas anteriores pois seraacute necessaacuterio hierarquizar tais

intervenccedilotildees nas aacutereas de risco O Ministeacuterio das Cidades (2007) sugere alguns criteacuterios

que podem ser avaliados pelo gestor dentre eles pode-se citar

Grau de risco

Populaccedilatildeo beneficiada

Custo da intervenccedilatildeo

Dimensatildeo da aacuterea a ser tratada

Demandas anteriores da populaccedilatildeo

Tempo de ocupaccedilatildeo

Viabilidade teacutecnica da intervenccedilatildeo

Viabilidade financeira

Inclusatildeo da aacuterea em outros projetos

A partir desta hierarquizaccedilatildeo inicia-se a identificaccedilatildeo de provaacuteveis fontes de captaccedilatildeo de

recursos para a execuccedilatildeo das intervenccedilotildees Estes recursos podem advir de programas dos

governos Federal e Estadual ou por meio de editais para captaccedilatildeo de recursos financeiros

tanto do setor puacuteblico como da iniciativa privada e podem ser tambeacutem associados agrave outras

Secretarias Municipais como a de Turismo ou Meio Ambiente e natildeo soacute as destinadas agrave

Defesa Civil (ALHEIROS 2006)

Eacute previsto tambeacutem no PMRR uma avaliaccedilatildeo da Defesa Civil municipal e como ela estaacute

estruturada fazendo inclusive sugestotildees para que sua atuaccedilatildeo esteja em consonacircncia com

a realidade das comunidades e da Administraccedilatildeo Puacuteblica do municiacutepio de forma a garantir

sua sustentabilidade e conquistar a credibilidade da populaccedilatildeo no que diz respeito a

prevenccedilatildeo de cataacutestrofes Para que a resposta a uma determinada situaccedilatildeo de risco seja

raacutepida eacute necessaacuterio a descentralizaccedilatildeo da Defesa Civil criando pequenos nuacutecleos

comunitaacuterios com a finalidade de se monitorar a aacuterea constantemente e promover as

intervenccedilotildees necessaacuterias em tempo haacutebil o que aumenta em muito a credibilidade da

populaccedilatildeo no PMRR e no trabalho desempenhado pela Defesa Civil no municiacutepio Apoacutes

esta etapa o PMRR passaraacute por audiecircncias puacuteblicas e posteriormente poderaacute ser aprovado

como Lei Municipal pelo Legislativo local (ALHEIROS 2006)

Com a realizaccedilatildeo deste plano o municiacutepio estaraacute munido de informaccedilotildees suficientes para

realizar accedilotildees efetivas de gestatildeo e gerenciamento de riscos bem como aliado a

levantamentos sociais realizar programas habitacionais que beneficiem prioritariamente

44

aos moradores das aacutereas de risco Aleacutem disso com o PMRR o municiacutepio poderaacute melhorar

a qualidade ambiental da populaccedilatildeo captando recursos para a recuperaccedilatildeo das aacutereas de

APP que foram degradadas pelas ocupaccedilotildees irregulares beneficiando todos os moradores

do municiacutepio com o aumento da qualidade de vida na cidade

A partir do disposto nesta seccedilatildeo acerca do Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos e de

uma maneira preliminar (levando-se em conta apenas o nuacutemero de registros de

alagamentos e deslizamentos na aacuterea urbana principal de Santos Dumont no periacuteodo de

1984 a 2014) identificou-se trecircs regiotildees distintas na aacuterea urbana do municiacutepio com

tempo de recorrecircncia desses eventos similares caracterizando trecircs prioridades de

intervenccedilatildeo em contenccedilatildeo de risco como pode ser visto nas figuras 515 e 516 Vale

ressaltar que eacute necessaacuterio um estudo mais detalhado inclusive com visitas teacutecnicas a

campo para que se confirme a real situaccedilatildeo destas e a real prioridade para investimentos

Figura 5 17 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de deslizamentos

Fonte Do Autor

45

Figura 5 18 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de alagamentos

Fonte Do Autor

46

6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees

A seguir apresenta-se as conclusotildees e as recomendaccedilotildees feitas a partir dos objetivos

especiacuteficos explicitados no iniacutecio deste trabalho

Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a

aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes

urbanos

A partir da revisatildeo da legislaccedilatildeo pertinente em acircmbito federal estadual e

municipal constatou-se que o Plano Diretor de Santos Dumont natildeo conflita com a

legislaccedilatildeo federal e estadual sobre Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente A legislaccedilatildeo

municipal foi entendida como mais conservadora que as federal e estadual uma

vez que considera implicitamente que declividades entre 47 e 100 satildeo

enquadradas como APPs aleacutem da faixa superior a 100

Parte consideraacutevel das ocupaccedilotildees em APP principalmente na regiatildeo do bairro

Santo Antocircnio (onde surgiu os primeiros nuacutecleos que deram origem ao municiacutepio)

e o centro da cidade ocorreram antes de que fosse elaborado qualquer legislaccedilatildeo

que versasse sobre o tema Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente bastando ao gestor

local tomar medidas de contenccedilatildeo de riscos que minimizem os impactos causados

por essas ocupaccedilotildees nessa regiatildeo

O ordenamento adequado do uso do solo no municiacutepio eacute necessaacuterio para que o

crescimento dos loteamentos criados anteriormente agrave esta Lei e o surgimento de

novos natildeo avance para Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente o que pode causar

inuacutemeros problemas aos moradores e agravar os jaacute existentes

Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las

com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)

As aacutereas onde houveram a maior quantidade de registros de deslizamentos satildeo os

bairros mais populosos de Santos Dumont podendo se estabelecer uma relaccedilatildeo

que quanto mais populoso o bairro maior a quantidade de problemas relacionados

a deslizamentos Tambeacutem pode-se notar uma relaccedilatildeo com as fronteiras das faixas

de declividades e os deslizamentos uma vez que boa parte deles aconteceram

nestas faixas

As aacutereas onde houve um grande nuacutemero de registros de alagamentos satildeo os bairros

que se desenvolveram agraves margens do Ribeiratildeo das Posses em especial na aacuterea que

47

compreende as APPs de curso hiacutedrico e em aacutereas onde a declividade eacute baixa Esse

fato aliado ao crescimento do nuacutemero de vias pavimentadas com material

impermeaacutevel e a natildeo expansatildeo e ou redimensionamento da rede de drenagem

urbana contribuiacuteram para a ocorrecircncia cada vez mais constante de alagamentos

nessas aacutereas

Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos

catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30

anos

A partir do levantamento histoacuterico realizado e da base de dados georeferenciada

gerada observou-se o aumento do nuacutemero de registros de deslizamentos e

alagamentos nos uacuteltimos 10 anos quando as ocorrecircncias comeccedilaram a se repetir

numa mesma aacuterea com frequecircncia incrementada as vezes com mais de uma

ocorrecircncia anual

Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do

solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental

Destaca-se a adequaccedilatildeo dos criteacuterios gerais estabelecidos pelo Plano Diretor de

Santos Dumont relativos a legislaccedilatildeo federal e estadual Entretanto o referido

Plano Diretor natildeo contempla todo o territoacuterio municipal sendo assim ele natildeo

cumpre o objetivo de proteger as APPs preservadas e recuperar as que foram

degradadas em todo o territoacuterio municipal Ressalta-se tambeacutem a sua natildeo

conformidade com o Estatuto das Cidades uma vez que o Plano Diretor

contempla apenas os novos loteamentos

Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais

negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea

impactada

Recomenda-se a implantaccedilatildeo no municiacutepio de uma Coordenadoria Municipal de

Defesa Civil atuante e integrada agraves Secretarias Municipais e agrave comunidade

visando uma atuaccedilatildeo eficaz nos problemas relacionados a deslizamentos e

alagamentos A elaboraccedilatildeo de um Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos eacute de

suma importacircncia pois atraveacutes dele pode-se predizer as aacutereas que passaratildeo por

problemas caso a expansatildeo aconteccedila ou se inicie uma ocupaccedilatildeo nova aleacutem de

prevenir acidentes nas aacutereas jaacute ocupadas e consideradas de risco

48

7 Anexos

49

71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont

50

51

72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)

52

53

8 Referecircncias Bibliograacuteficas

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BRASIL Lei Federal 10257 de 10 de julho de 2001 Regulamenta os arts 182 e 183 da

CF estabelece as diretrizes gerais da poliacutetica urbana e daacute outras providecircncias Brasiacutelia

2001

BRASIL Lei Federal nordm 12651 de 25 de maio de 2012 Dispotildee sobre a proteccedilatildeo da

vegetaccedilatildeo nativa altera as Leis nos 6938 de 31 de agosto de 1981 9393 de 1 9 de

dezembro de 1996 e 11 428 de 22 de dezembro de 2006 revoga as Leis nos 4771 de

1 5 de setembro de 1965 e 7754 de 1 4 de abril de 1989 e a Medida Provisoacuteria no 21

66shy67 de 24 de agosto de 2001 e daacute outras providecircncias Brasiacutelia 2012

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56

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Relatoacuterio Teacutecnico Campos do Jordatildeo 2014

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diretor para o desenvolvimento municipal CNM SEBRAE Brasiacutelia 2006

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Embrapa Meio Ambiente Jaguariuacutena-SP 2004 4p

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Campos de Goytacazes- RJ Boletim do Observatoacuterio Ambiental Alberto Ribeiro Lamego

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puacuteblica em aacutereas urbanas susceptiacuteveis a desastres naturais no municiacutepio de Joinville

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UFV ndash Universidade Federal de Viccedilosa Mapa de solos do Estado de Minas Gerais

legenda expandida Centro Tecnoloacutegico de Minas Gerais FEAM Belo Horizonte 2010

ZANON F N Uso e ocupaccedilatildeo da terra e vulnerabilidade a alagamento na aacuterea central

da cidade de Satildeo Paulo O caso da subprefeitura da Seacute Trabalho de Graduaccedilatildeo UNESP

Rio Claro 2013

Page 32: O USO DO SOLO URBANO EM ÁREAS DE PRESERVAÇÃO … · social que você tenha na vida, a mais alta ou a mais baixa, tenha sempre como meta muita força, muita determinação e sempre

24

um aumento consideraacutevel nos eventos relacionados a deslizamentos e principalmente

alagamentos como pode ser visto no Anexo 72 deste trabalho Isso pode ter sido causado

dentre outros fatores pelo aumento do nuacutemero de vias pavimentadas com material

impermeaacutevel o que tem sobrecarregado tanto a infraestrutura existente para drenagem

urbana como tambeacutem a calha dos cursos drsquoaacutegua que passam pela regiatildeo urbana do

municiacutepio (ZANON2013)

Na deacutecada de 1980 (1984-1990) de acordo com os dados obtidos natildeo foram noticiados

eventos consideraacuteveis relacionados a deslizamentos e alagamentos em Santos Dumont

mas isso natildeo exclui a possibilidade de natildeo ter ocorrido tais eventos em menor escala

Na deacutecada de 1990 aconteceram uma seacuterie de ocorrecircncias tanto de deslizamentos quanto

de alagamentos No ano de 1997 num periacuteodo chuvoso intenso aconteceram

deslizamentos consideraacuteveis em vaacuterios bairros da cidade inclusive com desabamento de

casas e de ruas principalmente nos bairros Nossa Senhora da Gloacuteria e Quarto Depoacutesito

Em 1999 ocorreram alguns pontos de alagamento nos bairros Quarto Depoacutesito e Santo

Antocircnio com grandes prejuiacutezos materiais

A deacutecada de 2000 iniciou com o registro de deslizamentos em vaacuterios bairros da cidade

inclusive com desabamento de casas e pontes e alagamentos em importantes vias do

centro da cidade Observa-se ao longo desse periacuteodo o crescimento nas ocorrecircncias de

deslizamentos e de aacutereas com risco de deslizamento em muitos bairros de Santos Dumont

Um dos fatores importantes para esse crescimento foi a grande expansatildeo sofrida pela

maioria dos bairros e a falta de planejamento e orientaccedilatildeo por parte da prefeitura uma

vez que uma boa parte do crescimento dos bairros da cidade ocorreu ou proacuteximo a cursos

drsquoaacutegua ou em aacutereas com declividade improacutepria para se fazer construccedilotildees O bairro

Coacuterrego do Ouro (Figura 51) foi o que mais sofreu com ocorrecircncias de deslizamentos

nesse periacuteodo enquanto o bairro Santo Antocircnio foi que teve mais ocorrecircncias de

alagamentos

25

Figura 5 1 Deslizamento no bairro Coacuterrego do Ouro

Fonte Portal Cabangu

No iniacutecio deacutecada de 2010 (2011-2014) o centro da cidade foi a regiatildeo que mais sofreu

com alagamentos sendo registrado pelo menos uma ocorrecircncia por ano nessa aacuterea (Figura

52) Isso pode ser relacionado dentre outros fatores com as obras de modificaccedilatildeo do

tipo de pavimentaccedilatildeo das estradas por um material impermeaacutevel gerando uma sobrecarga

nos sistemas de drenagem urbana que foram projetados para um tipo de pavimento mais

permeaacutevel implicando tambeacutem na sobrecarga calha do Ribeiratildeo das Posses o principal

curso drsquoaacutegua que corta o centro da cidade e que se encontra em quase sua totalidade

ocupada em ambas as margens que cortam o centro da cidade

26

Figura 5 2 Alagamento na regiatildeo central de Santos Dumont em 2013

Fonte Portal Cabangu

Quanto agraves ocorrecircncias de deslizamento ao longo da referida deacutecada elas estiveram

espalhadas pelos bairros do municiacutepio tendo um maior nuacutemero de ocorrecircncias nos bairros

Santo Antocircnio Nossa Senhora da Gloacuteria e Aacutegua Espraiada Nos dois primeiros bairros

citados as ocorrecircncias podem ter sido ocasionadas pelo crescimento desordenado e sem

planejamento destes e no terceiro as ocorrecircncias satildeo relacionadas ao processo de

assoreamento do Ribeiratildeo das Posses o que pode ter gerado um aumento da velocidade

desse curso drsquoaacutegua causando problemas decorrentes do transporte de sedimentos da aacuterea

onde as casas foram construiacutedas que teve como consequecircncia os deslizamentos

Em resumo como pode ser observado nas figuras 53 e 54 na tabela 51 no periacuteodo de

1984 a 2014 os bairros mais afetados por alagamentos e deslizamentos satildeo Quarto

Depoacutesito Nossa Senhora da Gloacuteria Santo Antocircnio Coacuterrego do Ouro Antocircnio Afonso

Graminha e Vila Esperanccedila sendo que o bairro Coacuterrego do Ouro possui o maior nuacutemero

de ocorrecircncias de deslizamentos e o centro da cidade possui o maior nuacutemero de

ocorrecircncias de alagamentos no periacuteodo pesquisado Vale destacar que a aacuterea propiacutecia a

alagamentos no bairro Antocircnio Afonso natildeo identificada no estudo realizado pela

prefeitura constitui-se efetivamente numa aacuterea de risco conforme levantamento histoacuterico

realizado Esta aacuterea de risco se deve agrave diferenccedila de niacutevel negativa entre o rio Pinho e a

aacuterea do bairro estando este em desniacutevel com um risco iminente de inundaccedilotildees resultantes

da cheia desse curso drsquoaacutegua causando inuacutemeros transtornos aos moradores do local

27

Figura 5 3 Pontos de Alagamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico

Fonte Do autor

Figura 5 4 Pontos de deslizamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico

Fonte Do autor

28

Tabela 51 Ocorrecircncias de alagamentos e deslizamentos obtidos atraveacutes do

levantamento histoacuterico

Pontos de ocorrecircncia (1984-2014)

Bairros Alagamento Deslizamento

Aacutegua Espraiada 1 1

Antocircnio Afonso 1 0

Barra 0 1

Centro 7 1

Coacuterrego do Ouro 1 7

Flores 0 1

Graminha 1 0

Jardim Jaraguaacute 0 1

N Sra da Gloacuteria 0 4

N Sra das Graccedilas 1 0

Quarto Depoacutesito 3 2

Santo Antocircnio 4 2

Satildeo Sebastiatildeo 0 1

Vila Esperanccedila 0 1

Fonte Do autor

De acordo com o estudo realizado na elaboraccedilatildeo do Plano Diretor pela prefeitura

municipal observa-se que os bairros que possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a

deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do Ouro e Vila Esperanccedila enquanto que os que

possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a alagamento satildeo o Centro da cidade e os

bairros Satildeo Sebastiatildeo Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio por estarem agraves margens do

Ribeiratildeo das Posses um curso drsquoaacutegua que sofre com inundaccedilotildees perioacutedicas devido ao

severo assoreamento em algumas regiotildees e tambeacutem devido ao acuacutemulo de lixo descartado

pelos moradores do entorno irregularmente De acordo com o estudo realizado quando da

elaboraccedilatildeo do Plano Diretor do municiacutepio foram feitos estudos sobre as aacutereas propensas

a deslizamentos e alagamentos na regiatildeo urbana principal Tais aacutereas satildeo as destacadas

nas Figuras 55 e 56 No levantamento histoacuterico realizado pode-se identificar que os

bairros que possuem mais aacutereas propensas a deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do

Ouro Nossa Senhora da Gloacuteria Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio enquanto que os bairros

mais propensos a alagamentos satildeo os bairros Centro Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio

como observado na tabela 51

29

Figura 5 5 Aacutereas propensas a deslizamento de acordo com o Plano Diretor de

Santos Dumont

Fonte Google Earth e Lei 42412012

Figura 5 6 Aacutereas propensas a alagamento de acordo com o Plano Diretor de

Santos Dumont

Fonte Google Earth e Lei 42412012

30

Comparando-se os mapas obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico com o mapa gerado

pelo estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor nota-se que haacute semelhanccedilas em

algumas aacutereas mas ao se levar em conta o produto gerado pela pesquisa histoacuterica o

estudo necessitaria ser complementado haja vista que ele natildeo compreende por exemplo

o ponto de alagamento no bairro Antocircnio Afonso citado anteriormente e alguns pontos de

deslizamento importantes uma vez que satildeo regiotildees onde haacute ocupaccedilatildeo Esse fato evidencia

a necessidade de se buscar vaacuterias fontes primaacuterias e secundaacuterias para se detectar aacutereas de

risco em um municiacutepio incluindo arquivos da imprensa local afim de se produzir uma

base de dados consistente e com o menor nuacutemero de falhas possiacutevel (CEPED 2014) Com

a uniatildeo dos dois estudos foram gerados os mapas apresentados nas Figuras 57 e 58

Aleacutem do mais observando as figuras 57 e 58 pode-se notar que uma boa parte tanto dos

casos de alagamento quanto de deslizamento estatildeo na faixa de APP de curso hiacutedrico o

que ilustra a importacircncia da preservaccedilatildeo destas aacutereas

Figura 5 7 Aacutereas propensas a alagamento do estudo do Plano Diretor

complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento

Fonte Do Autor

31

Figura 5 8 Aacutereas propensas a deslizamento do estudo do Plano Diretor

complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento

Fonte Do Autor

Atraveacutes da combinaccedilatildeo entre estes dois levantamentos procurou-se alimentar a base de

dados e garantir uma consistecircncia maior desta no que diz respeito a aacutereas de deslizamento

e alagamento podendo inclusive se identificar a suscetibilidade de uma determinada

regiatildeo da cidade a um ou outro evento (CEPED2014)

512 O Plano diretor e as APPs

Nos uacuteltimos anos o Brasil experimentou um forte fenocircmeno de migraccedilatildeo do campo para

as aacutereas urbanas De acordo com o IBGE no periacuteodo de 1940 a 2000 houve um aumento

de cerca de 60 do nuacutemero de pessoas que vivem em cidades (SILVA JR 2006) O

processo de planejamento e ordenamento do uso do solo nessas aacutereas deveria ter

acompanhado esse crescimento ao longo dos anos a fim de garantir a qualidade de vida e

a seguranccedila dos migrantes ao se instalarem nas cidades o que natildeo ocorreu e o que se

observa atualmente satildeo ocupaccedilotildees em aacutereas improacuteprias para moradia sem a infraestrutura

baacutesica necessaacuteria e com risco iminente de deslizamentos eou inundaccedilotildees

O Plano Diretor do municiacutepio de Santos Dumont em seu capiacutetulo IV que versa sobre o

uso e ocupaccedilatildeo do solo explicita regras para o ordenamento do territoacuterio que compreende

o municiacutepio com base nos diferentes usos do solo de acordo com sua compatibilidade o

32

que acabou por resultar num zoneamento de todo o municiacutepio em macrozonas conforme

citado na seccedilatildeo 3231 de acordo com os usos atuais e futuros do solo Aleacutem de dividir

estas macrozonas em urbanas e rurais tambeacutem avaliou e classificou estas aacutereas com base

numa seacuterie de fatores ambientais geoloacutegicos culturais e sociais de forma a se fazer um

zoneamento coerente com os atuais usos do solo e seu potencial de uso futuro Apresenta-

se na Figura 59 este zoneamento na aacuterea urbana principal de Santos Dumont

Figura 5 9 Zoneamento urbano da aacuterea urbana principal

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Lei 42412012

Tomando como referecircncia o Novo Coacutedigo Florestal brasileiro em especial os paracircmetros

estabelecidos para a definiccedilatildeo de APP e utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento

atraveacutes do software Vista SAGA relacionou-se as APPs existentes na aacuterea em estudo com

as regiotildees propiacutecias a alagamentos e deslizamentos de acordo com o estudo feito quando

da elaboraccedilatildeo do Plano Diretor afim de se identificar qual ou quais aacutereas possuem estes

problemas e se estatildeo relacionados com o uso do solo irregular em APP

Ao se aplicar a metodologia proposta por Oliveira amp Fernandes Filho (2013) natildeo foram

identificadas dentro da aacuterea de estudo APPs de topos de morro sendo este tipo de APP

descartada portanto das anaacutelises subsequentes deste trabalho Foram consideradas as

APP de curso hiacutedrico (rios e nascentes) e de declividade visando relacionaacute-las as aacutereas

de risco identificadas pela Prefeitura afim de se verificar as possiacuteveis causas da ocorrecircncia

33

destas aacutereas na regiatildeo urbana do municiacutepio Por meio de combinaccedilotildees entre dois mapas

temaacuteticos utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento foi possiacutevel obter as

assinaturas ou seja tabelas que caracterizam quantitativamente a aacuterea afetada por cada

aspecto visto que a simples visualizaccedilatildeo do mapa gerado pelo geoprocessamento muitas

vezes eacute prejudicada por serem aacutereas de pequenas dimensotildees ou por qualquer outra

limitaccedilatildeo do software Ressalta-se que para a elaboraccedilatildeo do Plano Municipal de Reduccedilatildeo

de riscos a identificaccedilatildeo e detalhamento topograacutefico destas aacutereas eacute fundamental para o

desenvolvimento do referido Plano conforme seraacute abordado detalhadamente na seccedilatildeo

52

De posse do mapa que representa o zoneamento urbano de Santos Dumont primeiramente

procurou-se mensurar qualitativa e quantitativamente a presenccedila de APPs tanto de

declividade quanto de cursos hiacutedricos Essa identificaccedilatildeo eacute importante pois este

zoneamento eacute um dos instrumentos de planejamento municipal (BRASIL 2001) Saboya

(2007) aponta que os principais objetivos de um zoneamento satildeo o controle da expansatildeo

urbana e proteccedilatildeo de aacutereas inadequadas a ocupaccedilatildeo aleacutem de reduzir os conflitos inerentes

aos diferentes usos do solo Com o uso da ferramenta ldquoCombinarrdquo do Vista SAGA foram

feitas combinaccedilotildees entre o mapa de hidrografia com buffer de 30m para rios e coacuterregos e

de 50m para nascentes com o mapa do zoneamento para se verificar a importacircncia das

APPs de curso hiacutedrico em toda a aacuterea urbana principal do municiacutepio Tambeacutem foram

combinados o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) obtido atraveacutes do gvSIG com o mapa

de zoneamento afim de se verificar quantitativamente as APPs de declividade e onde se

localizam Vale ressaltar que as declividades entre 30 e 47 estatildeo presentes nesta

combinaccedilatildeo pois de acordo com o Plano Diretor de Santos Dumont terrenos com esta

faixa de declividade para fins de parcelamento devem possuir estudo teacutecnico que ateste

a viabilidade de se promover algum empreendimento imobiliaacuterio neste (SANTOS

DUMONT 2012) Como a legislaccedilatildeo municipal prevecirc estudo somente para a faixa de

declividade descrita anteriormente para fins de anaacutelise neste trabalho consideramos um

valor mais conservador para APP compreendendo a faixa de 47 a 100 aleacutem da

prevista pela legislaccedilatildeo federal (gt100) para que natildeo houvessem lacunas importantes na

geraccedilatildeo do produto

Apresenta-se na Figura 510 aacutereas com declividades consideradas de risco e consideradas

APP e em qual zona de planejamento elas estatildeo inseridas De um modo geral ao se

observar a Tabela 52 nota-se que a aacuterea que compreende declividades de risco e APP eacute

uma pequena parcela da aacuterea urbana principal representando 061 desta aacuterea Ao se

levar em conta somente a localizaccedilatildeo pode-se verificar que cerca de 84 das aacutereas com

declividade de risco e a totalidade das APPs de declividade estatildeo localizadas na ZAC1

zona que compreende a maior parte do municiacutepio e apesar de possuir infraestrutura baacutesica

para a ocupaccedilatildeo esta eacute restrita Sendo assim o fator declividade deve ser visto com cautela

nesta aacuterea para se evitar transtornos advindos de edificaccedilotildees nestas aacutereas

34

Figura 5 10 Combinaccedilatildeo entre as declividades importantes incluindo as APPs e o

zoneamento urbano

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Do autor

Tabela 52 Assinaturas da combinaccedilatildeo Declividade x Zoneamento

Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea

Natildeo APP 457972 9939

Declividade 30-47 em ZAC1 2368 051

Declividade 30-47 em ZE 284 006

Declividade 30-47 em ZAC2 128 003

Declividade 30-47 em ZPA 004 0001

APP Declividade em ZAC1 048 001

Total 460804 100

Fonte Do autor

Apresenta-se na Figura 511 as APPs de curso hiacutedrico (nascentes e rios) e em qual zona

de planejamento estatildeo localizadas Assim como a declividade a maior parte das APPs de

curso hiacutedrico estatildeo localizadas em ZAC1 representando 383 da aacuterea urbana em estudo

e 51 do total das APPs de curso hiacutedrico Esta questatildeo tambeacutem deve ser vista com

bastante criteacuterio pelos gestores locais uma vez que a ocupaccedilatildeo em faixas proacuteximas de

rios e coacuterregos podem causar uma gama de problemas ambientais e sociais na regiatildeo

(SANTANA2011) Tal cuidado tambeacutem deve ser tomado nas APPs compreendidas na

35

ZAC2 que compreende 001 da Aacuterea urbana principal e 14 do total das APPs de curso

hiacutedrico pois a infraestrutura baacutesica e acessibilidade presente nesta zona eacute precaacuteria e a

ocupaccedilatildeo as margens de cursos hiacutedricos pode gerar problemas seacuterios caso ocorra uma

expansatildeo nestas aacutereas

Figura 511 Combinaccedilatildeo entre APP de curso hiacutedrico e as zonas de planejamento

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Do autor

Outro ponto importante eacute a presenccedila da Zona de Proteccedilatildeo Ambiental (ZPA) no entorno

uma consideraacutevel parte dos cursos hiacutedricos Nesta zona estatildeo presentes 28 das APPs de

curso hiacutedrico e esta zona de acordo com o Plano Diretor deve ser restaurada ou

preservada por suas caracteriacutesticas geoloacutegicas topograacuteficas e bioloacutegicas

Afim de se verificar os usos do solo na regiatildeo em estudo foram utilizadas combinaccedilotildees

de imagens advindas do sateacutelite Landsat 8 nas bandas descritas no capiacutetulo 4 aleacutem da

banda pancromaacutetica O resultado eacute apresentado na figura 512 que mostra os principais

usos do solo na aacuterea urbana principal de Santos Dumont

36

Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x Zoneamento

Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea

Hidrografia 11168 239

Aacuterea Urbana Natildeo APP 421004 9008

APP Curso hiacutedrico em ZAC1 179 383

APP Curso hiacutedrico em ZPA 9776 209

APP Curso hiacutedrico em ZE 184 004

APP Curso hiacutedrico em ZA 1192 026

APP Curso hiacutedrico em ZAC2 5124 110

APP Curso hiacutedrico em ZPPH 248 005

APP Curso hiacutedrico em ZEIS 568 012

APP Curso hiacutedrico em ZCA 228 005

Total 467392 10000

Fonte Do autor

Figura 5 12 Mapa de usos do solo da aacuterea urbana principal de Santos Dumont

Fonte Do autor

Como jaacute era previsto a maior parte da aacuterea urbana se encontra ocupada e eacute nesta regiatildeo

ocupada que se observa a maior concentraccedilatildeo de problemas de deslizamentos e

alagamentos (Figuras 513 e 514) A grande ocupaccedilatildeo em aacutereas consideradas APP de

curso hiacutedrico de acordo com os mapas gerados pode ser a principal causa do aumento a

cada ano dos casos de alagamento principalmente na regiatildeo central da cidade Outro ponto

que se deve atentar eacute a existecircncia de uma consideraacutevel aacuterea de pastagem pouco vegetada

que caso estejam em aacutereas elevadas pode contribuir para deslizamentos e agraves margens de

37

rios e coacuterregos para o assoreamento destes corpos hiacutedricos o que pode causar

alagamentos (INAacuteCIO etal 2007)

Diante destes resultados pode-se ver que a cidade de Santos Dumont necessita alternativas

efetiva no que diz respeito agrave contenccedilatildeo de deslizamentos e a reduccedilatildeo de risco de

alagamento pois as aacutereas em que ocorrem tais eventos satildeo distintas e facilmente definidas

devido agrave repeticcedilatildeo destes nos uacuteltimos anos Um plano de accedilatildeo integrado entre as diferentes

secretarias municipais (Obras Meio Ambiente Assistecircncia Social entre outras) e a

Coordenadoria Municipal de Defesa Civil deve ser realizado afim de se tomar medidas

natildeo mais preventivas mas sim preditivas para que se possa conter o avanccedilo destes

problemas na aacuterea urbana principal bem como em toda a aacuterea do municiacutepio

Figura 5 13 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na aacuterea urbana

principal

Fonte Do autor

38

Figura 5 14 Aacutereas sujeitas a alagamento e os principais usos do solo na aacuterea

urbana principal

Fonte Do autor

Ao se associar os dados do estudo do Plano Diretor com os dados do levantamento

histoacuterico realizado com o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) pode-se notar que as aacutereas

propiacutecias a deslizamento estatildeo em regiotildees as quais haacute uma fronteira de declividades ou

seja eacute evidente que os deslizamentos ocorrem em encostas um pouco mais iacutengremes mas

natildeo necessariamente nas encostas de 30-47 as quais exigem estudo teacutecnico conforme o

plano diretor preconiza Quanto aos alagamentos nota-se que eles se localizam nas aacutereas

com menor ou nenhuma declividade podendo ser estas aacutereas talvez componentes da

planiacutecie de inundaccedilatildeo dos rios Estes resultados podem ser vistos nas figuras 515 e 516

a seguir

39

Figura5 15 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a deslizamentos na

regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

Fonte Lei 42412012 e Autor

Figura5 26 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a alagamentos na

regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

Fonte Lei 42412012 e Autor

40

52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis

O processo de ocupaccedilatildeo no municiacutepio de Santos Dumont comeccedilou muito antes de

qualquer legislaccedilatildeo relacionada a ordenamento urbano e de proteccedilatildeo do meio ambiente

fosse implementado no Brasil Esse fato aliado a poliacuteticas e fiscalizaccedilotildees falhas

contribuiacuteram para a ocupaccedilatildeo e expansatildeo da aacuterea urbana ao longo do Ribeiratildeo das Posses

e seus afluentes o que tem gerado o aumento da degradaccedilatildeo destes corpos hiacutedricos ao

longo de todos estes anos Observa-se tambeacutem que nas uacuteltimas deacutecadas ocorreu um

grande nuacutemero de migraccedilotildees do campo para a regiatildeo urbana da cidade fator que

contribuiu para o crescimento do nuacutemero de habitaccedilotildees em aacutereas de risco de deslizamento

e alagamentos por serem na maioria das vezes terrenos menos valorizados e por este

motivo acessiacuteveis a populaccedilatildeo com menor poder aquisitivo (ROSA amp CORTEZ 2008)

Vale ressaltar que esta questatildeo aleacutem de ser ambiental eacute muito mais social pois os

moradores entendem os riscos de se viver nestes locais mas por motivos econocircmicos ou

por questotildees afetivas natildeo abrem matildeo da moradia nessas aacutereas A Constituiccedilatildeo Federal de

1988 promoveu a inter-relaccedilatildeo das questotildees sociais com as questotildees ambientais quando

colocou o meio ambiente como direito coletivo (BRASIL1988 SOUZA2010) Por este

motivo a decisatildeo por medidas draacutesticas que favoreccedilam apenas agrave preservaccedilatildeo do meio

ambiente natildeo eacute recomendada pois aleacutem de ser inconstitucional podem afetar a

sustentabilidade econocircmica do municiacutepio e gerar conflitos sociais consideraacuteveis

(CARLOS 1992 apud SOUZA 2010)

Segundo Bueno (2009) ldquonem tudo o que eacute irregular eacute precaacuteriordquo Esse fato se observa em

Santos Dumont uma vez que em boa parte da regiatildeo central se observa vaacuterias moradias

construiacutedas na faixa de APP de curso hiacutedrico o que natildeo eacute permitido pela legislaccedilatildeo

vigente e eacute um dos fatores que contribui para a ocorrecircncia de alagamentos nesta aacuterea da

cidade Para a resoluccedilatildeo deste problema o que seria mais viaacutevel seria a melhoria da

infraestrutura de drenagem urbana afim de que o escoamento da aacutegua das chuvas natildeo

sobrecarregasse o sistema (BUENO2009) A construccedilatildeo de bacias de contenccedilatildeo de

cheias ao longo do Ribeiratildeo das Posses tambeacutem seria uma alternativa mas para se verificar

a viabilidade necessita-se estudos mais aprofundados do ponto de vista hidroloacutegico

O grande problema a ser solucionado no entanto eacute o que diz respeito agraves aacutereas de risco

de deslizamento majoritariamente nos bairros A melhor alternativa seria o

remanejamento dos moradores para uma aacuterea proacutexima agrave que moram poreacutem longe do

risco Poreacutem esta alternativa de acordo com Rosa Filho amp Cortez (2008) encontra alguns

entraves pois estas pessoas na maioria das vezes natildeo tecircm condiccedilotildees financeiras de irem

para outro lugar ou pagar aluguel ou estatildeo de alguma forma sentimentalmente ligadas

agravequela regiatildeo que se recusam a deixaacute-lo

41

Por parte dos oacutergatildeos competentes no municiacutepio a criaccedilatildeo de um plano para se evitar

acidentes ocasionados por deslizamentos e alagamentos com um mapeamento detalhado

de toda a extensatildeo do municiacutepio eacute extremamente uacutetil Os estudos que seratildeo feitos para a

elaboraccedilatildeo deste plano poderatildeo definir quais as aacutereas satildeo potencialmente de risco para as

ocupaccedilotildees existentes ou para as potenciais ocupaccedilotildees que possam vir a ocorrer atraveacutes do

mapeamento das aacutereas de risco Tal planejamento seraacute auxiliar ao Plano Diretor

Municipal pois definiraacute o real uso do solo de determinada regiatildeo do municiacutepio

contribuindo para a adequaccedilatildeo do uso e ocupaccedilatildeo do solo afim de evitar ou reduzir o

nuacutemero de problemas relacionados a alagamentos e principalmente deslizamentos no

periacutemetro urbano (TOMINAGA 2009) A partir deste plano os gestores locais poderatildeo

tomar a melhor decisatildeo para a prevenccedilatildeo ou reduccedilatildeo dos riscos inerentes a tais problemas

Na seccedilatildeo 521 seraacute hierarquizado de forma preliminar a aacuterea urbana principal de acordo

com os resultados da tabela 51

521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta

O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos (PMRR) foi criado atraveacutes de accedilotildees

regularizadoras do Ministeacuterio das Cidades para ser o instrumento de gestatildeo e

gerenciamento de aacutereas de risco em um municiacutepio Eacute um documento que aleacutem de

estabelecer quais regiotildees satildeo consideradas de risco tambeacutem objetiva a proposta de

medidas estruturais ou natildeo para contenccedilatildeo eou prevenccedilatildeo de cataacutestrofes aleacutem de ser um

meio de captaccedilatildeo de recursos financeiros junto aos Governos Estadual e Federal Estes

recursos poderatildeo ser utilizados para a realizaccedilatildeo de obras que visem a melhoria da

qualidade de vida da populaccedilatildeo do entorno ou de recuperaccedilatildeo da aacuterea degradada Este

plano eacute realizado de forma participativa com as comunidades das aacutereas de risco e pode

ser realizado em sete fases conforme recomenda o Ministeacuterio das Cidades (ALHEIROS

2006)

O primeiro passo para a realizaccedilatildeo do PMRR eacute definir qual a metodologia seraacute empregada

levando-se em consideraccedilatildeo a realidade atual do municiacutepio e especificar de forma sucinta

um cronograma das atividades Eacute importante nesta fase a participaccedilatildeo tambeacutem dos

responsaacuteveis pelas mais variadas Secretarias Municipais afim de explicitar o tamanho da

importacircncia e o caraacuteter integrador deste plano A segunda fase deste plano objetiva a

criaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo da principal base de dados a ser utilizada nos passos posteriores o

mapeamento de risco em escala detalhe em torno de 13000 (SAtildeO PAULO 2014) A

elaboraccedilatildeo de um mapeamento detalhado propiciaraacute natildeo soacute a identificaccedilatildeo mais faacutecil das

aacutereas de risco como tambeacutem facilitaraacute aos gestores e agrave comunidade decidirem qual a

melhor intervenccedilatildeo para a soluccedilatildeo ou remediaccedilatildeo dos problemas em uma determinada

42

aacuterea hierarquizando o risco e definindo prioridades (SAtildeO PAULO 2014) Na tabela a

seguir apresenta-se alguns tipos de intervenccedilotildees que podem ser feitas em aacutereas de risco

sugeridas pelo Ministeacuterio das cidades (ALHEIROS 2006)

Quadro 5 1 - Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco

Tipo de intervenccedilatildeo Descriccedilatildeo

Serviccedilos de limpeza e Recuperaccedilatildeo

Remoccedilatildeo de entulho lixo etc

corte de aacutervores

remoccedilatildeo de bananeiras

recuperaccedilatildeo eou limpeza de sistemas de

drenagem esgotos e acessos

Limpeza de canais de drenagem

Proteccedilatildeo Vegetal

Proteccedilatildeo superficial vegetal (gramiacuteneas) em

taludes com solo exposto

Proteccedilatildeo vegetal de margens de canais de

drenagem

Barreiras vegetais para massas escorregadas

ou acumuladas pela erosatildeo

Drenagem Superficial e Acessos

Sistema de drenagem superficial (canaletas

raacutepidos caixas de transiccedilatildeo escadas drsquoaacutegua)

Acessos para pedestres (escadarias rampas

etc) integrados ao sistema de drenagem

Revestimento de Taludes Revestimento com materiais artificiais

cimentado cal-jet tela argamassada alvenaria

de tijolos ceracircmicos solo-cimento ensacado

Desmonte de blocos e matacotildees Desmonte de concreccedilotildees de grande porte

blocos rochosos e matacotildees

Obras de drenagem de subsuperfiacutecie Sistema de drenagem de subsuperfiacutecie

(trincheiras drenantes DHP poccedilos de

rebaixamento)

Estruturas de contenccedilatildeo (localizadas)

Muros de contenccedilatildeo de pequeno porte (solo-

cimento ensacado alvenaria de pedra-rachatildeo

concreto armado)

Estruturas de contenccedilatildeo localizadas

(chumbadores tirantes microestacas)

Contenccedilatildeo e proteccedilatildeo de margens de canais (

gabiotildees muros de concreto etc)

Estruturas de contenccedilatildeo (meacutedio e grande porte) Implantaccedilatildeo de estruturas de contenccedilatildeo de

meacutedio e grande porte envolvendo obras de

contenccedilatildeo passivas e ativas (muros de

gravidade cortinas etc)

Terraplanagem Execuccedilatildeo de serviccedilos de terraplanagem

combinados a obras de drenagem superficial e

proteccedilatildeo vegetal desvio e canalizaccedilatildeo de

coacuterregos

Remoccedilatildeo de moradias Remoccedilotildees definitivas para implantaccedilatildeo de

obras ou devido agrave localizaccedilatildeo improacutepria da

edificaccedilatildeo (Priorizar as relocaccedilotildees dentro da

proacutepria aacuterea em local seguro)

Fonte ALHEIROS 2006

43

Escolhidas as formas de intervenccedilatildeo para cada aacuterea eacute necessaacuterio realizar uma estimativa

dos custos afim de preparar o orccedilamento da prefeitura para a realizaccedilatildeo das obras e se

seraacute necessaacuterio a captaccedilatildeo de recursos externos para a execuccedilatildeo destas Feitas as

estimativas de custo o proacuteximo passo eacute definir as prioridades e para esta fase eacute tambeacutem

uacutetil o mapeamento feito nas etapas anteriores pois seraacute necessaacuterio hierarquizar tais

intervenccedilotildees nas aacutereas de risco O Ministeacuterio das Cidades (2007) sugere alguns criteacuterios

que podem ser avaliados pelo gestor dentre eles pode-se citar

Grau de risco

Populaccedilatildeo beneficiada

Custo da intervenccedilatildeo

Dimensatildeo da aacuterea a ser tratada

Demandas anteriores da populaccedilatildeo

Tempo de ocupaccedilatildeo

Viabilidade teacutecnica da intervenccedilatildeo

Viabilidade financeira

Inclusatildeo da aacuterea em outros projetos

A partir desta hierarquizaccedilatildeo inicia-se a identificaccedilatildeo de provaacuteveis fontes de captaccedilatildeo de

recursos para a execuccedilatildeo das intervenccedilotildees Estes recursos podem advir de programas dos

governos Federal e Estadual ou por meio de editais para captaccedilatildeo de recursos financeiros

tanto do setor puacuteblico como da iniciativa privada e podem ser tambeacutem associados agrave outras

Secretarias Municipais como a de Turismo ou Meio Ambiente e natildeo soacute as destinadas agrave

Defesa Civil (ALHEIROS 2006)

Eacute previsto tambeacutem no PMRR uma avaliaccedilatildeo da Defesa Civil municipal e como ela estaacute

estruturada fazendo inclusive sugestotildees para que sua atuaccedilatildeo esteja em consonacircncia com

a realidade das comunidades e da Administraccedilatildeo Puacuteblica do municiacutepio de forma a garantir

sua sustentabilidade e conquistar a credibilidade da populaccedilatildeo no que diz respeito a

prevenccedilatildeo de cataacutestrofes Para que a resposta a uma determinada situaccedilatildeo de risco seja

raacutepida eacute necessaacuterio a descentralizaccedilatildeo da Defesa Civil criando pequenos nuacutecleos

comunitaacuterios com a finalidade de se monitorar a aacuterea constantemente e promover as

intervenccedilotildees necessaacuterias em tempo haacutebil o que aumenta em muito a credibilidade da

populaccedilatildeo no PMRR e no trabalho desempenhado pela Defesa Civil no municiacutepio Apoacutes

esta etapa o PMRR passaraacute por audiecircncias puacuteblicas e posteriormente poderaacute ser aprovado

como Lei Municipal pelo Legislativo local (ALHEIROS 2006)

Com a realizaccedilatildeo deste plano o municiacutepio estaraacute munido de informaccedilotildees suficientes para

realizar accedilotildees efetivas de gestatildeo e gerenciamento de riscos bem como aliado a

levantamentos sociais realizar programas habitacionais que beneficiem prioritariamente

44

aos moradores das aacutereas de risco Aleacutem disso com o PMRR o municiacutepio poderaacute melhorar

a qualidade ambiental da populaccedilatildeo captando recursos para a recuperaccedilatildeo das aacutereas de

APP que foram degradadas pelas ocupaccedilotildees irregulares beneficiando todos os moradores

do municiacutepio com o aumento da qualidade de vida na cidade

A partir do disposto nesta seccedilatildeo acerca do Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos e de

uma maneira preliminar (levando-se em conta apenas o nuacutemero de registros de

alagamentos e deslizamentos na aacuterea urbana principal de Santos Dumont no periacuteodo de

1984 a 2014) identificou-se trecircs regiotildees distintas na aacuterea urbana do municiacutepio com

tempo de recorrecircncia desses eventos similares caracterizando trecircs prioridades de

intervenccedilatildeo em contenccedilatildeo de risco como pode ser visto nas figuras 515 e 516 Vale

ressaltar que eacute necessaacuterio um estudo mais detalhado inclusive com visitas teacutecnicas a

campo para que se confirme a real situaccedilatildeo destas e a real prioridade para investimentos

Figura 5 17 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de deslizamentos

Fonte Do Autor

45

Figura 5 18 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de alagamentos

Fonte Do Autor

46

6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees

A seguir apresenta-se as conclusotildees e as recomendaccedilotildees feitas a partir dos objetivos

especiacuteficos explicitados no iniacutecio deste trabalho

Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a

aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes

urbanos

A partir da revisatildeo da legislaccedilatildeo pertinente em acircmbito federal estadual e

municipal constatou-se que o Plano Diretor de Santos Dumont natildeo conflita com a

legislaccedilatildeo federal e estadual sobre Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente A legislaccedilatildeo

municipal foi entendida como mais conservadora que as federal e estadual uma

vez que considera implicitamente que declividades entre 47 e 100 satildeo

enquadradas como APPs aleacutem da faixa superior a 100

Parte consideraacutevel das ocupaccedilotildees em APP principalmente na regiatildeo do bairro

Santo Antocircnio (onde surgiu os primeiros nuacutecleos que deram origem ao municiacutepio)

e o centro da cidade ocorreram antes de que fosse elaborado qualquer legislaccedilatildeo

que versasse sobre o tema Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente bastando ao gestor

local tomar medidas de contenccedilatildeo de riscos que minimizem os impactos causados

por essas ocupaccedilotildees nessa regiatildeo

O ordenamento adequado do uso do solo no municiacutepio eacute necessaacuterio para que o

crescimento dos loteamentos criados anteriormente agrave esta Lei e o surgimento de

novos natildeo avance para Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente o que pode causar

inuacutemeros problemas aos moradores e agravar os jaacute existentes

Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las

com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)

As aacutereas onde houveram a maior quantidade de registros de deslizamentos satildeo os

bairros mais populosos de Santos Dumont podendo se estabelecer uma relaccedilatildeo

que quanto mais populoso o bairro maior a quantidade de problemas relacionados

a deslizamentos Tambeacutem pode-se notar uma relaccedilatildeo com as fronteiras das faixas

de declividades e os deslizamentos uma vez que boa parte deles aconteceram

nestas faixas

As aacutereas onde houve um grande nuacutemero de registros de alagamentos satildeo os bairros

que se desenvolveram agraves margens do Ribeiratildeo das Posses em especial na aacuterea que

47

compreende as APPs de curso hiacutedrico e em aacutereas onde a declividade eacute baixa Esse

fato aliado ao crescimento do nuacutemero de vias pavimentadas com material

impermeaacutevel e a natildeo expansatildeo e ou redimensionamento da rede de drenagem

urbana contribuiacuteram para a ocorrecircncia cada vez mais constante de alagamentos

nessas aacutereas

Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos

catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30

anos

A partir do levantamento histoacuterico realizado e da base de dados georeferenciada

gerada observou-se o aumento do nuacutemero de registros de deslizamentos e

alagamentos nos uacuteltimos 10 anos quando as ocorrecircncias comeccedilaram a se repetir

numa mesma aacuterea com frequecircncia incrementada as vezes com mais de uma

ocorrecircncia anual

Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do

solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental

Destaca-se a adequaccedilatildeo dos criteacuterios gerais estabelecidos pelo Plano Diretor de

Santos Dumont relativos a legislaccedilatildeo federal e estadual Entretanto o referido

Plano Diretor natildeo contempla todo o territoacuterio municipal sendo assim ele natildeo

cumpre o objetivo de proteger as APPs preservadas e recuperar as que foram

degradadas em todo o territoacuterio municipal Ressalta-se tambeacutem a sua natildeo

conformidade com o Estatuto das Cidades uma vez que o Plano Diretor

contempla apenas os novos loteamentos

Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais

negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea

impactada

Recomenda-se a implantaccedilatildeo no municiacutepio de uma Coordenadoria Municipal de

Defesa Civil atuante e integrada agraves Secretarias Municipais e agrave comunidade

visando uma atuaccedilatildeo eficaz nos problemas relacionados a deslizamentos e

alagamentos A elaboraccedilatildeo de um Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos eacute de

suma importacircncia pois atraveacutes dele pode-se predizer as aacutereas que passaratildeo por

problemas caso a expansatildeo aconteccedila ou se inicie uma ocupaccedilatildeo nova aleacutem de

prevenir acidentes nas aacutereas jaacute ocupadas e consideradas de risco

48

7 Anexos

49

71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont

50

51

72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)

52

53

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dezembro de 1996 e 11 428 de 22 de dezembro de 2006 revoga as Leis nos 4771 de

1 5 de setembro de 1965 e 7754 de 1 4 de abril de 1989 e a Medida Provisoacuteria no 21

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56

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legenda expandida Centro Tecnoloacutegico de Minas Gerais FEAM Belo Horizonte 2010

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da cidade de Satildeo Paulo O caso da subprefeitura da Seacute Trabalho de Graduaccedilatildeo UNESP

Rio Claro 2013

Page 33: O USO DO SOLO URBANO EM ÁREAS DE PRESERVAÇÃO … · social que você tenha na vida, a mais alta ou a mais baixa, tenha sempre como meta muita força, muita determinação e sempre

25

Figura 5 1 Deslizamento no bairro Coacuterrego do Ouro

Fonte Portal Cabangu

No iniacutecio deacutecada de 2010 (2011-2014) o centro da cidade foi a regiatildeo que mais sofreu

com alagamentos sendo registrado pelo menos uma ocorrecircncia por ano nessa aacuterea (Figura

52) Isso pode ser relacionado dentre outros fatores com as obras de modificaccedilatildeo do

tipo de pavimentaccedilatildeo das estradas por um material impermeaacutevel gerando uma sobrecarga

nos sistemas de drenagem urbana que foram projetados para um tipo de pavimento mais

permeaacutevel implicando tambeacutem na sobrecarga calha do Ribeiratildeo das Posses o principal

curso drsquoaacutegua que corta o centro da cidade e que se encontra em quase sua totalidade

ocupada em ambas as margens que cortam o centro da cidade

26

Figura 5 2 Alagamento na regiatildeo central de Santos Dumont em 2013

Fonte Portal Cabangu

Quanto agraves ocorrecircncias de deslizamento ao longo da referida deacutecada elas estiveram

espalhadas pelos bairros do municiacutepio tendo um maior nuacutemero de ocorrecircncias nos bairros

Santo Antocircnio Nossa Senhora da Gloacuteria e Aacutegua Espraiada Nos dois primeiros bairros

citados as ocorrecircncias podem ter sido ocasionadas pelo crescimento desordenado e sem

planejamento destes e no terceiro as ocorrecircncias satildeo relacionadas ao processo de

assoreamento do Ribeiratildeo das Posses o que pode ter gerado um aumento da velocidade

desse curso drsquoaacutegua causando problemas decorrentes do transporte de sedimentos da aacuterea

onde as casas foram construiacutedas que teve como consequecircncia os deslizamentos

Em resumo como pode ser observado nas figuras 53 e 54 na tabela 51 no periacuteodo de

1984 a 2014 os bairros mais afetados por alagamentos e deslizamentos satildeo Quarto

Depoacutesito Nossa Senhora da Gloacuteria Santo Antocircnio Coacuterrego do Ouro Antocircnio Afonso

Graminha e Vila Esperanccedila sendo que o bairro Coacuterrego do Ouro possui o maior nuacutemero

de ocorrecircncias de deslizamentos e o centro da cidade possui o maior nuacutemero de

ocorrecircncias de alagamentos no periacuteodo pesquisado Vale destacar que a aacuterea propiacutecia a

alagamentos no bairro Antocircnio Afonso natildeo identificada no estudo realizado pela

prefeitura constitui-se efetivamente numa aacuterea de risco conforme levantamento histoacuterico

realizado Esta aacuterea de risco se deve agrave diferenccedila de niacutevel negativa entre o rio Pinho e a

aacuterea do bairro estando este em desniacutevel com um risco iminente de inundaccedilotildees resultantes

da cheia desse curso drsquoaacutegua causando inuacutemeros transtornos aos moradores do local

27

Figura 5 3 Pontos de Alagamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico

Fonte Do autor

Figura 5 4 Pontos de deslizamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico

Fonte Do autor

28

Tabela 51 Ocorrecircncias de alagamentos e deslizamentos obtidos atraveacutes do

levantamento histoacuterico

Pontos de ocorrecircncia (1984-2014)

Bairros Alagamento Deslizamento

Aacutegua Espraiada 1 1

Antocircnio Afonso 1 0

Barra 0 1

Centro 7 1

Coacuterrego do Ouro 1 7

Flores 0 1

Graminha 1 0

Jardim Jaraguaacute 0 1

N Sra da Gloacuteria 0 4

N Sra das Graccedilas 1 0

Quarto Depoacutesito 3 2

Santo Antocircnio 4 2

Satildeo Sebastiatildeo 0 1

Vila Esperanccedila 0 1

Fonte Do autor

De acordo com o estudo realizado na elaboraccedilatildeo do Plano Diretor pela prefeitura

municipal observa-se que os bairros que possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a

deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do Ouro e Vila Esperanccedila enquanto que os que

possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a alagamento satildeo o Centro da cidade e os

bairros Satildeo Sebastiatildeo Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio por estarem agraves margens do

Ribeiratildeo das Posses um curso drsquoaacutegua que sofre com inundaccedilotildees perioacutedicas devido ao

severo assoreamento em algumas regiotildees e tambeacutem devido ao acuacutemulo de lixo descartado

pelos moradores do entorno irregularmente De acordo com o estudo realizado quando da

elaboraccedilatildeo do Plano Diretor do municiacutepio foram feitos estudos sobre as aacutereas propensas

a deslizamentos e alagamentos na regiatildeo urbana principal Tais aacutereas satildeo as destacadas

nas Figuras 55 e 56 No levantamento histoacuterico realizado pode-se identificar que os

bairros que possuem mais aacutereas propensas a deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do

Ouro Nossa Senhora da Gloacuteria Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio enquanto que os bairros

mais propensos a alagamentos satildeo os bairros Centro Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio

como observado na tabela 51

29

Figura 5 5 Aacutereas propensas a deslizamento de acordo com o Plano Diretor de

Santos Dumont

Fonte Google Earth e Lei 42412012

Figura 5 6 Aacutereas propensas a alagamento de acordo com o Plano Diretor de

Santos Dumont

Fonte Google Earth e Lei 42412012

30

Comparando-se os mapas obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico com o mapa gerado

pelo estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor nota-se que haacute semelhanccedilas em

algumas aacutereas mas ao se levar em conta o produto gerado pela pesquisa histoacuterica o

estudo necessitaria ser complementado haja vista que ele natildeo compreende por exemplo

o ponto de alagamento no bairro Antocircnio Afonso citado anteriormente e alguns pontos de

deslizamento importantes uma vez que satildeo regiotildees onde haacute ocupaccedilatildeo Esse fato evidencia

a necessidade de se buscar vaacuterias fontes primaacuterias e secundaacuterias para se detectar aacutereas de

risco em um municiacutepio incluindo arquivos da imprensa local afim de se produzir uma

base de dados consistente e com o menor nuacutemero de falhas possiacutevel (CEPED 2014) Com

a uniatildeo dos dois estudos foram gerados os mapas apresentados nas Figuras 57 e 58

Aleacutem do mais observando as figuras 57 e 58 pode-se notar que uma boa parte tanto dos

casos de alagamento quanto de deslizamento estatildeo na faixa de APP de curso hiacutedrico o

que ilustra a importacircncia da preservaccedilatildeo destas aacutereas

Figura 5 7 Aacutereas propensas a alagamento do estudo do Plano Diretor

complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento

Fonte Do Autor

31

Figura 5 8 Aacutereas propensas a deslizamento do estudo do Plano Diretor

complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento

Fonte Do Autor

Atraveacutes da combinaccedilatildeo entre estes dois levantamentos procurou-se alimentar a base de

dados e garantir uma consistecircncia maior desta no que diz respeito a aacutereas de deslizamento

e alagamento podendo inclusive se identificar a suscetibilidade de uma determinada

regiatildeo da cidade a um ou outro evento (CEPED2014)

512 O Plano diretor e as APPs

Nos uacuteltimos anos o Brasil experimentou um forte fenocircmeno de migraccedilatildeo do campo para

as aacutereas urbanas De acordo com o IBGE no periacuteodo de 1940 a 2000 houve um aumento

de cerca de 60 do nuacutemero de pessoas que vivem em cidades (SILVA JR 2006) O

processo de planejamento e ordenamento do uso do solo nessas aacutereas deveria ter

acompanhado esse crescimento ao longo dos anos a fim de garantir a qualidade de vida e

a seguranccedila dos migrantes ao se instalarem nas cidades o que natildeo ocorreu e o que se

observa atualmente satildeo ocupaccedilotildees em aacutereas improacuteprias para moradia sem a infraestrutura

baacutesica necessaacuteria e com risco iminente de deslizamentos eou inundaccedilotildees

O Plano Diretor do municiacutepio de Santos Dumont em seu capiacutetulo IV que versa sobre o

uso e ocupaccedilatildeo do solo explicita regras para o ordenamento do territoacuterio que compreende

o municiacutepio com base nos diferentes usos do solo de acordo com sua compatibilidade o

32

que acabou por resultar num zoneamento de todo o municiacutepio em macrozonas conforme

citado na seccedilatildeo 3231 de acordo com os usos atuais e futuros do solo Aleacutem de dividir

estas macrozonas em urbanas e rurais tambeacutem avaliou e classificou estas aacutereas com base

numa seacuterie de fatores ambientais geoloacutegicos culturais e sociais de forma a se fazer um

zoneamento coerente com os atuais usos do solo e seu potencial de uso futuro Apresenta-

se na Figura 59 este zoneamento na aacuterea urbana principal de Santos Dumont

Figura 5 9 Zoneamento urbano da aacuterea urbana principal

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Lei 42412012

Tomando como referecircncia o Novo Coacutedigo Florestal brasileiro em especial os paracircmetros

estabelecidos para a definiccedilatildeo de APP e utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento

atraveacutes do software Vista SAGA relacionou-se as APPs existentes na aacuterea em estudo com

as regiotildees propiacutecias a alagamentos e deslizamentos de acordo com o estudo feito quando

da elaboraccedilatildeo do Plano Diretor afim de se identificar qual ou quais aacutereas possuem estes

problemas e se estatildeo relacionados com o uso do solo irregular em APP

Ao se aplicar a metodologia proposta por Oliveira amp Fernandes Filho (2013) natildeo foram

identificadas dentro da aacuterea de estudo APPs de topos de morro sendo este tipo de APP

descartada portanto das anaacutelises subsequentes deste trabalho Foram consideradas as

APP de curso hiacutedrico (rios e nascentes) e de declividade visando relacionaacute-las as aacutereas

de risco identificadas pela Prefeitura afim de se verificar as possiacuteveis causas da ocorrecircncia

33

destas aacutereas na regiatildeo urbana do municiacutepio Por meio de combinaccedilotildees entre dois mapas

temaacuteticos utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento foi possiacutevel obter as

assinaturas ou seja tabelas que caracterizam quantitativamente a aacuterea afetada por cada

aspecto visto que a simples visualizaccedilatildeo do mapa gerado pelo geoprocessamento muitas

vezes eacute prejudicada por serem aacutereas de pequenas dimensotildees ou por qualquer outra

limitaccedilatildeo do software Ressalta-se que para a elaboraccedilatildeo do Plano Municipal de Reduccedilatildeo

de riscos a identificaccedilatildeo e detalhamento topograacutefico destas aacutereas eacute fundamental para o

desenvolvimento do referido Plano conforme seraacute abordado detalhadamente na seccedilatildeo

52

De posse do mapa que representa o zoneamento urbano de Santos Dumont primeiramente

procurou-se mensurar qualitativa e quantitativamente a presenccedila de APPs tanto de

declividade quanto de cursos hiacutedricos Essa identificaccedilatildeo eacute importante pois este

zoneamento eacute um dos instrumentos de planejamento municipal (BRASIL 2001) Saboya

(2007) aponta que os principais objetivos de um zoneamento satildeo o controle da expansatildeo

urbana e proteccedilatildeo de aacutereas inadequadas a ocupaccedilatildeo aleacutem de reduzir os conflitos inerentes

aos diferentes usos do solo Com o uso da ferramenta ldquoCombinarrdquo do Vista SAGA foram

feitas combinaccedilotildees entre o mapa de hidrografia com buffer de 30m para rios e coacuterregos e

de 50m para nascentes com o mapa do zoneamento para se verificar a importacircncia das

APPs de curso hiacutedrico em toda a aacuterea urbana principal do municiacutepio Tambeacutem foram

combinados o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) obtido atraveacutes do gvSIG com o mapa

de zoneamento afim de se verificar quantitativamente as APPs de declividade e onde se

localizam Vale ressaltar que as declividades entre 30 e 47 estatildeo presentes nesta

combinaccedilatildeo pois de acordo com o Plano Diretor de Santos Dumont terrenos com esta

faixa de declividade para fins de parcelamento devem possuir estudo teacutecnico que ateste

a viabilidade de se promover algum empreendimento imobiliaacuterio neste (SANTOS

DUMONT 2012) Como a legislaccedilatildeo municipal prevecirc estudo somente para a faixa de

declividade descrita anteriormente para fins de anaacutelise neste trabalho consideramos um

valor mais conservador para APP compreendendo a faixa de 47 a 100 aleacutem da

prevista pela legislaccedilatildeo federal (gt100) para que natildeo houvessem lacunas importantes na

geraccedilatildeo do produto

Apresenta-se na Figura 510 aacutereas com declividades consideradas de risco e consideradas

APP e em qual zona de planejamento elas estatildeo inseridas De um modo geral ao se

observar a Tabela 52 nota-se que a aacuterea que compreende declividades de risco e APP eacute

uma pequena parcela da aacuterea urbana principal representando 061 desta aacuterea Ao se

levar em conta somente a localizaccedilatildeo pode-se verificar que cerca de 84 das aacutereas com

declividade de risco e a totalidade das APPs de declividade estatildeo localizadas na ZAC1

zona que compreende a maior parte do municiacutepio e apesar de possuir infraestrutura baacutesica

para a ocupaccedilatildeo esta eacute restrita Sendo assim o fator declividade deve ser visto com cautela

nesta aacuterea para se evitar transtornos advindos de edificaccedilotildees nestas aacutereas

34

Figura 5 10 Combinaccedilatildeo entre as declividades importantes incluindo as APPs e o

zoneamento urbano

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Do autor

Tabela 52 Assinaturas da combinaccedilatildeo Declividade x Zoneamento

Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea

Natildeo APP 457972 9939

Declividade 30-47 em ZAC1 2368 051

Declividade 30-47 em ZE 284 006

Declividade 30-47 em ZAC2 128 003

Declividade 30-47 em ZPA 004 0001

APP Declividade em ZAC1 048 001

Total 460804 100

Fonte Do autor

Apresenta-se na Figura 511 as APPs de curso hiacutedrico (nascentes e rios) e em qual zona

de planejamento estatildeo localizadas Assim como a declividade a maior parte das APPs de

curso hiacutedrico estatildeo localizadas em ZAC1 representando 383 da aacuterea urbana em estudo

e 51 do total das APPs de curso hiacutedrico Esta questatildeo tambeacutem deve ser vista com

bastante criteacuterio pelos gestores locais uma vez que a ocupaccedilatildeo em faixas proacuteximas de

rios e coacuterregos podem causar uma gama de problemas ambientais e sociais na regiatildeo

(SANTANA2011) Tal cuidado tambeacutem deve ser tomado nas APPs compreendidas na

35

ZAC2 que compreende 001 da Aacuterea urbana principal e 14 do total das APPs de curso

hiacutedrico pois a infraestrutura baacutesica e acessibilidade presente nesta zona eacute precaacuteria e a

ocupaccedilatildeo as margens de cursos hiacutedricos pode gerar problemas seacuterios caso ocorra uma

expansatildeo nestas aacutereas

Figura 511 Combinaccedilatildeo entre APP de curso hiacutedrico e as zonas de planejamento

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Do autor

Outro ponto importante eacute a presenccedila da Zona de Proteccedilatildeo Ambiental (ZPA) no entorno

uma consideraacutevel parte dos cursos hiacutedricos Nesta zona estatildeo presentes 28 das APPs de

curso hiacutedrico e esta zona de acordo com o Plano Diretor deve ser restaurada ou

preservada por suas caracteriacutesticas geoloacutegicas topograacuteficas e bioloacutegicas

Afim de se verificar os usos do solo na regiatildeo em estudo foram utilizadas combinaccedilotildees

de imagens advindas do sateacutelite Landsat 8 nas bandas descritas no capiacutetulo 4 aleacutem da

banda pancromaacutetica O resultado eacute apresentado na figura 512 que mostra os principais

usos do solo na aacuterea urbana principal de Santos Dumont

36

Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x Zoneamento

Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea

Hidrografia 11168 239

Aacuterea Urbana Natildeo APP 421004 9008

APP Curso hiacutedrico em ZAC1 179 383

APP Curso hiacutedrico em ZPA 9776 209

APP Curso hiacutedrico em ZE 184 004

APP Curso hiacutedrico em ZA 1192 026

APP Curso hiacutedrico em ZAC2 5124 110

APP Curso hiacutedrico em ZPPH 248 005

APP Curso hiacutedrico em ZEIS 568 012

APP Curso hiacutedrico em ZCA 228 005

Total 467392 10000

Fonte Do autor

Figura 5 12 Mapa de usos do solo da aacuterea urbana principal de Santos Dumont

Fonte Do autor

Como jaacute era previsto a maior parte da aacuterea urbana se encontra ocupada e eacute nesta regiatildeo

ocupada que se observa a maior concentraccedilatildeo de problemas de deslizamentos e

alagamentos (Figuras 513 e 514) A grande ocupaccedilatildeo em aacutereas consideradas APP de

curso hiacutedrico de acordo com os mapas gerados pode ser a principal causa do aumento a

cada ano dos casos de alagamento principalmente na regiatildeo central da cidade Outro ponto

que se deve atentar eacute a existecircncia de uma consideraacutevel aacuterea de pastagem pouco vegetada

que caso estejam em aacutereas elevadas pode contribuir para deslizamentos e agraves margens de

37

rios e coacuterregos para o assoreamento destes corpos hiacutedricos o que pode causar

alagamentos (INAacuteCIO etal 2007)

Diante destes resultados pode-se ver que a cidade de Santos Dumont necessita alternativas

efetiva no que diz respeito agrave contenccedilatildeo de deslizamentos e a reduccedilatildeo de risco de

alagamento pois as aacutereas em que ocorrem tais eventos satildeo distintas e facilmente definidas

devido agrave repeticcedilatildeo destes nos uacuteltimos anos Um plano de accedilatildeo integrado entre as diferentes

secretarias municipais (Obras Meio Ambiente Assistecircncia Social entre outras) e a

Coordenadoria Municipal de Defesa Civil deve ser realizado afim de se tomar medidas

natildeo mais preventivas mas sim preditivas para que se possa conter o avanccedilo destes

problemas na aacuterea urbana principal bem como em toda a aacuterea do municiacutepio

Figura 5 13 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na aacuterea urbana

principal

Fonte Do autor

38

Figura 5 14 Aacutereas sujeitas a alagamento e os principais usos do solo na aacuterea

urbana principal

Fonte Do autor

Ao se associar os dados do estudo do Plano Diretor com os dados do levantamento

histoacuterico realizado com o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) pode-se notar que as aacutereas

propiacutecias a deslizamento estatildeo em regiotildees as quais haacute uma fronteira de declividades ou

seja eacute evidente que os deslizamentos ocorrem em encostas um pouco mais iacutengremes mas

natildeo necessariamente nas encostas de 30-47 as quais exigem estudo teacutecnico conforme o

plano diretor preconiza Quanto aos alagamentos nota-se que eles se localizam nas aacutereas

com menor ou nenhuma declividade podendo ser estas aacutereas talvez componentes da

planiacutecie de inundaccedilatildeo dos rios Estes resultados podem ser vistos nas figuras 515 e 516

a seguir

39

Figura5 15 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a deslizamentos na

regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

Fonte Lei 42412012 e Autor

Figura5 26 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a alagamentos na

regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

Fonte Lei 42412012 e Autor

40

52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis

O processo de ocupaccedilatildeo no municiacutepio de Santos Dumont comeccedilou muito antes de

qualquer legislaccedilatildeo relacionada a ordenamento urbano e de proteccedilatildeo do meio ambiente

fosse implementado no Brasil Esse fato aliado a poliacuteticas e fiscalizaccedilotildees falhas

contribuiacuteram para a ocupaccedilatildeo e expansatildeo da aacuterea urbana ao longo do Ribeiratildeo das Posses

e seus afluentes o que tem gerado o aumento da degradaccedilatildeo destes corpos hiacutedricos ao

longo de todos estes anos Observa-se tambeacutem que nas uacuteltimas deacutecadas ocorreu um

grande nuacutemero de migraccedilotildees do campo para a regiatildeo urbana da cidade fator que

contribuiu para o crescimento do nuacutemero de habitaccedilotildees em aacutereas de risco de deslizamento

e alagamentos por serem na maioria das vezes terrenos menos valorizados e por este

motivo acessiacuteveis a populaccedilatildeo com menor poder aquisitivo (ROSA amp CORTEZ 2008)

Vale ressaltar que esta questatildeo aleacutem de ser ambiental eacute muito mais social pois os

moradores entendem os riscos de se viver nestes locais mas por motivos econocircmicos ou

por questotildees afetivas natildeo abrem matildeo da moradia nessas aacutereas A Constituiccedilatildeo Federal de

1988 promoveu a inter-relaccedilatildeo das questotildees sociais com as questotildees ambientais quando

colocou o meio ambiente como direito coletivo (BRASIL1988 SOUZA2010) Por este

motivo a decisatildeo por medidas draacutesticas que favoreccedilam apenas agrave preservaccedilatildeo do meio

ambiente natildeo eacute recomendada pois aleacutem de ser inconstitucional podem afetar a

sustentabilidade econocircmica do municiacutepio e gerar conflitos sociais consideraacuteveis

(CARLOS 1992 apud SOUZA 2010)

Segundo Bueno (2009) ldquonem tudo o que eacute irregular eacute precaacuteriordquo Esse fato se observa em

Santos Dumont uma vez que em boa parte da regiatildeo central se observa vaacuterias moradias

construiacutedas na faixa de APP de curso hiacutedrico o que natildeo eacute permitido pela legislaccedilatildeo

vigente e eacute um dos fatores que contribui para a ocorrecircncia de alagamentos nesta aacuterea da

cidade Para a resoluccedilatildeo deste problema o que seria mais viaacutevel seria a melhoria da

infraestrutura de drenagem urbana afim de que o escoamento da aacutegua das chuvas natildeo

sobrecarregasse o sistema (BUENO2009) A construccedilatildeo de bacias de contenccedilatildeo de

cheias ao longo do Ribeiratildeo das Posses tambeacutem seria uma alternativa mas para se verificar

a viabilidade necessita-se estudos mais aprofundados do ponto de vista hidroloacutegico

O grande problema a ser solucionado no entanto eacute o que diz respeito agraves aacutereas de risco

de deslizamento majoritariamente nos bairros A melhor alternativa seria o

remanejamento dos moradores para uma aacuterea proacutexima agrave que moram poreacutem longe do

risco Poreacutem esta alternativa de acordo com Rosa Filho amp Cortez (2008) encontra alguns

entraves pois estas pessoas na maioria das vezes natildeo tecircm condiccedilotildees financeiras de irem

para outro lugar ou pagar aluguel ou estatildeo de alguma forma sentimentalmente ligadas

agravequela regiatildeo que se recusam a deixaacute-lo

41

Por parte dos oacutergatildeos competentes no municiacutepio a criaccedilatildeo de um plano para se evitar

acidentes ocasionados por deslizamentos e alagamentos com um mapeamento detalhado

de toda a extensatildeo do municiacutepio eacute extremamente uacutetil Os estudos que seratildeo feitos para a

elaboraccedilatildeo deste plano poderatildeo definir quais as aacutereas satildeo potencialmente de risco para as

ocupaccedilotildees existentes ou para as potenciais ocupaccedilotildees que possam vir a ocorrer atraveacutes do

mapeamento das aacutereas de risco Tal planejamento seraacute auxiliar ao Plano Diretor

Municipal pois definiraacute o real uso do solo de determinada regiatildeo do municiacutepio

contribuindo para a adequaccedilatildeo do uso e ocupaccedilatildeo do solo afim de evitar ou reduzir o

nuacutemero de problemas relacionados a alagamentos e principalmente deslizamentos no

periacutemetro urbano (TOMINAGA 2009) A partir deste plano os gestores locais poderatildeo

tomar a melhor decisatildeo para a prevenccedilatildeo ou reduccedilatildeo dos riscos inerentes a tais problemas

Na seccedilatildeo 521 seraacute hierarquizado de forma preliminar a aacuterea urbana principal de acordo

com os resultados da tabela 51

521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta

O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos (PMRR) foi criado atraveacutes de accedilotildees

regularizadoras do Ministeacuterio das Cidades para ser o instrumento de gestatildeo e

gerenciamento de aacutereas de risco em um municiacutepio Eacute um documento que aleacutem de

estabelecer quais regiotildees satildeo consideradas de risco tambeacutem objetiva a proposta de

medidas estruturais ou natildeo para contenccedilatildeo eou prevenccedilatildeo de cataacutestrofes aleacutem de ser um

meio de captaccedilatildeo de recursos financeiros junto aos Governos Estadual e Federal Estes

recursos poderatildeo ser utilizados para a realizaccedilatildeo de obras que visem a melhoria da

qualidade de vida da populaccedilatildeo do entorno ou de recuperaccedilatildeo da aacuterea degradada Este

plano eacute realizado de forma participativa com as comunidades das aacutereas de risco e pode

ser realizado em sete fases conforme recomenda o Ministeacuterio das Cidades (ALHEIROS

2006)

O primeiro passo para a realizaccedilatildeo do PMRR eacute definir qual a metodologia seraacute empregada

levando-se em consideraccedilatildeo a realidade atual do municiacutepio e especificar de forma sucinta

um cronograma das atividades Eacute importante nesta fase a participaccedilatildeo tambeacutem dos

responsaacuteveis pelas mais variadas Secretarias Municipais afim de explicitar o tamanho da

importacircncia e o caraacuteter integrador deste plano A segunda fase deste plano objetiva a

criaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo da principal base de dados a ser utilizada nos passos posteriores o

mapeamento de risco em escala detalhe em torno de 13000 (SAtildeO PAULO 2014) A

elaboraccedilatildeo de um mapeamento detalhado propiciaraacute natildeo soacute a identificaccedilatildeo mais faacutecil das

aacutereas de risco como tambeacutem facilitaraacute aos gestores e agrave comunidade decidirem qual a

melhor intervenccedilatildeo para a soluccedilatildeo ou remediaccedilatildeo dos problemas em uma determinada

42

aacuterea hierarquizando o risco e definindo prioridades (SAtildeO PAULO 2014) Na tabela a

seguir apresenta-se alguns tipos de intervenccedilotildees que podem ser feitas em aacutereas de risco

sugeridas pelo Ministeacuterio das cidades (ALHEIROS 2006)

Quadro 5 1 - Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco

Tipo de intervenccedilatildeo Descriccedilatildeo

Serviccedilos de limpeza e Recuperaccedilatildeo

Remoccedilatildeo de entulho lixo etc

corte de aacutervores

remoccedilatildeo de bananeiras

recuperaccedilatildeo eou limpeza de sistemas de

drenagem esgotos e acessos

Limpeza de canais de drenagem

Proteccedilatildeo Vegetal

Proteccedilatildeo superficial vegetal (gramiacuteneas) em

taludes com solo exposto

Proteccedilatildeo vegetal de margens de canais de

drenagem

Barreiras vegetais para massas escorregadas

ou acumuladas pela erosatildeo

Drenagem Superficial e Acessos

Sistema de drenagem superficial (canaletas

raacutepidos caixas de transiccedilatildeo escadas drsquoaacutegua)

Acessos para pedestres (escadarias rampas

etc) integrados ao sistema de drenagem

Revestimento de Taludes Revestimento com materiais artificiais

cimentado cal-jet tela argamassada alvenaria

de tijolos ceracircmicos solo-cimento ensacado

Desmonte de blocos e matacotildees Desmonte de concreccedilotildees de grande porte

blocos rochosos e matacotildees

Obras de drenagem de subsuperfiacutecie Sistema de drenagem de subsuperfiacutecie

(trincheiras drenantes DHP poccedilos de

rebaixamento)

Estruturas de contenccedilatildeo (localizadas)

Muros de contenccedilatildeo de pequeno porte (solo-

cimento ensacado alvenaria de pedra-rachatildeo

concreto armado)

Estruturas de contenccedilatildeo localizadas

(chumbadores tirantes microestacas)

Contenccedilatildeo e proteccedilatildeo de margens de canais (

gabiotildees muros de concreto etc)

Estruturas de contenccedilatildeo (meacutedio e grande porte) Implantaccedilatildeo de estruturas de contenccedilatildeo de

meacutedio e grande porte envolvendo obras de

contenccedilatildeo passivas e ativas (muros de

gravidade cortinas etc)

Terraplanagem Execuccedilatildeo de serviccedilos de terraplanagem

combinados a obras de drenagem superficial e

proteccedilatildeo vegetal desvio e canalizaccedilatildeo de

coacuterregos

Remoccedilatildeo de moradias Remoccedilotildees definitivas para implantaccedilatildeo de

obras ou devido agrave localizaccedilatildeo improacutepria da

edificaccedilatildeo (Priorizar as relocaccedilotildees dentro da

proacutepria aacuterea em local seguro)

Fonte ALHEIROS 2006

43

Escolhidas as formas de intervenccedilatildeo para cada aacuterea eacute necessaacuterio realizar uma estimativa

dos custos afim de preparar o orccedilamento da prefeitura para a realizaccedilatildeo das obras e se

seraacute necessaacuterio a captaccedilatildeo de recursos externos para a execuccedilatildeo destas Feitas as

estimativas de custo o proacuteximo passo eacute definir as prioridades e para esta fase eacute tambeacutem

uacutetil o mapeamento feito nas etapas anteriores pois seraacute necessaacuterio hierarquizar tais

intervenccedilotildees nas aacutereas de risco O Ministeacuterio das Cidades (2007) sugere alguns criteacuterios

que podem ser avaliados pelo gestor dentre eles pode-se citar

Grau de risco

Populaccedilatildeo beneficiada

Custo da intervenccedilatildeo

Dimensatildeo da aacuterea a ser tratada

Demandas anteriores da populaccedilatildeo

Tempo de ocupaccedilatildeo

Viabilidade teacutecnica da intervenccedilatildeo

Viabilidade financeira

Inclusatildeo da aacuterea em outros projetos

A partir desta hierarquizaccedilatildeo inicia-se a identificaccedilatildeo de provaacuteveis fontes de captaccedilatildeo de

recursos para a execuccedilatildeo das intervenccedilotildees Estes recursos podem advir de programas dos

governos Federal e Estadual ou por meio de editais para captaccedilatildeo de recursos financeiros

tanto do setor puacuteblico como da iniciativa privada e podem ser tambeacutem associados agrave outras

Secretarias Municipais como a de Turismo ou Meio Ambiente e natildeo soacute as destinadas agrave

Defesa Civil (ALHEIROS 2006)

Eacute previsto tambeacutem no PMRR uma avaliaccedilatildeo da Defesa Civil municipal e como ela estaacute

estruturada fazendo inclusive sugestotildees para que sua atuaccedilatildeo esteja em consonacircncia com

a realidade das comunidades e da Administraccedilatildeo Puacuteblica do municiacutepio de forma a garantir

sua sustentabilidade e conquistar a credibilidade da populaccedilatildeo no que diz respeito a

prevenccedilatildeo de cataacutestrofes Para que a resposta a uma determinada situaccedilatildeo de risco seja

raacutepida eacute necessaacuterio a descentralizaccedilatildeo da Defesa Civil criando pequenos nuacutecleos

comunitaacuterios com a finalidade de se monitorar a aacuterea constantemente e promover as

intervenccedilotildees necessaacuterias em tempo haacutebil o que aumenta em muito a credibilidade da

populaccedilatildeo no PMRR e no trabalho desempenhado pela Defesa Civil no municiacutepio Apoacutes

esta etapa o PMRR passaraacute por audiecircncias puacuteblicas e posteriormente poderaacute ser aprovado

como Lei Municipal pelo Legislativo local (ALHEIROS 2006)

Com a realizaccedilatildeo deste plano o municiacutepio estaraacute munido de informaccedilotildees suficientes para

realizar accedilotildees efetivas de gestatildeo e gerenciamento de riscos bem como aliado a

levantamentos sociais realizar programas habitacionais que beneficiem prioritariamente

44

aos moradores das aacutereas de risco Aleacutem disso com o PMRR o municiacutepio poderaacute melhorar

a qualidade ambiental da populaccedilatildeo captando recursos para a recuperaccedilatildeo das aacutereas de

APP que foram degradadas pelas ocupaccedilotildees irregulares beneficiando todos os moradores

do municiacutepio com o aumento da qualidade de vida na cidade

A partir do disposto nesta seccedilatildeo acerca do Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos e de

uma maneira preliminar (levando-se em conta apenas o nuacutemero de registros de

alagamentos e deslizamentos na aacuterea urbana principal de Santos Dumont no periacuteodo de

1984 a 2014) identificou-se trecircs regiotildees distintas na aacuterea urbana do municiacutepio com

tempo de recorrecircncia desses eventos similares caracterizando trecircs prioridades de

intervenccedilatildeo em contenccedilatildeo de risco como pode ser visto nas figuras 515 e 516 Vale

ressaltar que eacute necessaacuterio um estudo mais detalhado inclusive com visitas teacutecnicas a

campo para que se confirme a real situaccedilatildeo destas e a real prioridade para investimentos

Figura 5 17 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de deslizamentos

Fonte Do Autor

45

Figura 5 18 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de alagamentos

Fonte Do Autor

46

6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees

A seguir apresenta-se as conclusotildees e as recomendaccedilotildees feitas a partir dos objetivos

especiacuteficos explicitados no iniacutecio deste trabalho

Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a

aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes

urbanos

A partir da revisatildeo da legislaccedilatildeo pertinente em acircmbito federal estadual e

municipal constatou-se que o Plano Diretor de Santos Dumont natildeo conflita com a

legislaccedilatildeo federal e estadual sobre Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente A legislaccedilatildeo

municipal foi entendida como mais conservadora que as federal e estadual uma

vez que considera implicitamente que declividades entre 47 e 100 satildeo

enquadradas como APPs aleacutem da faixa superior a 100

Parte consideraacutevel das ocupaccedilotildees em APP principalmente na regiatildeo do bairro

Santo Antocircnio (onde surgiu os primeiros nuacutecleos que deram origem ao municiacutepio)

e o centro da cidade ocorreram antes de que fosse elaborado qualquer legislaccedilatildeo

que versasse sobre o tema Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente bastando ao gestor

local tomar medidas de contenccedilatildeo de riscos que minimizem os impactos causados

por essas ocupaccedilotildees nessa regiatildeo

O ordenamento adequado do uso do solo no municiacutepio eacute necessaacuterio para que o

crescimento dos loteamentos criados anteriormente agrave esta Lei e o surgimento de

novos natildeo avance para Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente o que pode causar

inuacutemeros problemas aos moradores e agravar os jaacute existentes

Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las

com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)

As aacutereas onde houveram a maior quantidade de registros de deslizamentos satildeo os

bairros mais populosos de Santos Dumont podendo se estabelecer uma relaccedilatildeo

que quanto mais populoso o bairro maior a quantidade de problemas relacionados

a deslizamentos Tambeacutem pode-se notar uma relaccedilatildeo com as fronteiras das faixas

de declividades e os deslizamentos uma vez que boa parte deles aconteceram

nestas faixas

As aacutereas onde houve um grande nuacutemero de registros de alagamentos satildeo os bairros

que se desenvolveram agraves margens do Ribeiratildeo das Posses em especial na aacuterea que

47

compreende as APPs de curso hiacutedrico e em aacutereas onde a declividade eacute baixa Esse

fato aliado ao crescimento do nuacutemero de vias pavimentadas com material

impermeaacutevel e a natildeo expansatildeo e ou redimensionamento da rede de drenagem

urbana contribuiacuteram para a ocorrecircncia cada vez mais constante de alagamentos

nessas aacutereas

Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos

catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30

anos

A partir do levantamento histoacuterico realizado e da base de dados georeferenciada

gerada observou-se o aumento do nuacutemero de registros de deslizamentos e

alagamentos nos uacuteltimos 10 anos quando as ocorrecircncias comeccedilaram a se repetir

numa mesma aacuterea com frequecircncia incrementada as vezes com mais de uma

ocorrecircncia anual

Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do

solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental

Destaca-se a adequaccedilatildeo dos criteacuterios gerais estabelecidos pelo Plano Diretor de

Santos Dumont relativos a legislaccedilatildeo federal e estadual Entretanto o referido

Plano Diretor natildeo contempla todo o territoacuterio municipal sendo assim ele natildeo

cumpre o objetivo de proteger as APPs preservadas e recuperar as que foram

degradadas em todo o territoacuterio municipal Ressalta-se tambeacutem a sua natildeo

conformidade com o Estatuto das Cidades uma vez que o Plano Diretor

contempla apenas os novos loteamentos

Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais

negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea

impactada

Recomenda-se a implantaccedilatildeo no municiacutepio de uma Coordenadoria Municipal de

Defesa Civil atuante e integrada agraves Secretarias Municipais e agrave comunidade

visando uma atuaccedilatildeo eficaz nos problemas relacionados a deslizamentos e

alagamentos A elaboraccedilatildeo de um Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos eacute de

suma importacircncia pois atraveacutes dele pode-se predizer as aacutereas que passaratildeo por

problemas caso a expansatildeo aconteccedila ou se inicie uma ocupaccedilatildeo nova aleacutem de

prevenir acidentes nas aacutereas jaacute ocupadas e consideradas de risco

48

7 Anexos

49

71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont

50

51

72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)

52

53

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SOUZA F P Ocupaccedilotildees irregulares em APP um estudo de caso no munciacutepio de

Campos de Goytacazes- RJ Boletim do Observatoacuterio Ambiental Alberto Ribeiro Lamego

v4 nordm 1 Campos de Goytacazes 2010

SPERFELD A S Identificaccedilatildeo e anaacutelise de demandas soacutecio ambientais de ordem

puacuteblica em aacutereas urbanas susceptiacuteveis a desastres naturais no municiacutepio de Joinville

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legenda expandida Centro Tecnoloacutegico de Minas Gerais FEAM Belo Horizonte 2010

ZANON F N Uso e ocupaccedilatildeo da terra e vulnerabilidade a alagamento na aacuterea central

da cidade de Satildeo Paulo O caso da subprefeitura da Seacute Trabalho de Graduaccedilatildeo UNESP

Rio Claro 2013

Page 34: O USO DO SOLO URBANO EM ÁREAS DE PRESERVAÇÃO … · social que você tenha na vida, a mais alta ou a mais baixa, tenha sempre como meta muita força, muita determinação e sempre

26

Figura 5 2 Alagamento na regiatildeo central de Santos Dumont em 2013

Fonte Portal Cabangu

Quanto agraves ocorrecircncias de deslizamento ao longo da referida deacutecada elas estiveram

espalhadas pelos bairros do municiacutepio tendo um maior nuacutemero de ocorrecircncias nos bairros

Santo Antocircnio Nossa Senhora da Gloacuteria e Aacutegua Espraiada Nos dois primeiros bairros

citados as ocorrecircncias podem ter sido ocasionadas pelo crescimento desordenado e sem

planejamento destes e no terceiro as ocorrecircncias satildeo relacionadas ao processo de

assoreamento do Ribeiratildeo das Posses o que pode ter gerado um aumento da velocidade

desse curso drsquoaacutegua causando problemas decorrentes do transporte de sedimentos da aacuterea

onde as casas foram construiacutedas que teve como consequecircncia os deslizamentos

Em resumo como pode ser observado nas figuras 53 e 54 na tabela 51 no periacuteodo de

1984 a 2014 os bairros mais afetados por alagamentos e deslizamentos satildeo Quarto

Depoacutesito Nossa Senhora da Gloacuteria Santo Antocircnio Coacuterrego do Ouro Antocircnio Afonso

Graminha e Vila Esperanccedila sendo que o bairro Coacuterrego do Ouro possui o maior nuacutemero

de ocorrecircncias de deslizamentos e o centro da cidade possui o maior nuacutemero de

ocorrecircncias de alagamentos no periacuteodo pesquisado Vale destacar que a aacuterea propiacutecia a

alagamentos no bairro Antocircnio Afonso natildeo identificada no estudo realizado pela

prefeitura constitui-se efetivamente numa aacuterea de risco conforme levantamento histoacuterico

realizado Esta aacuterea de risco se deve agrave diferenccedila de niacutevel negativa entre o rio Pinho e a

aacuterea do bairro estando este em desniacutevel com um risco iminente de inundaccedilotildees resultantes

da cheia desse curso drsquoaacutegua causando inuacutemeros transtornos aos moradores do local

27

Figura 5 3 Pontos de Alagamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico

Fonte Do autor

Figura 5 4 Pontos de deslizamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico

Fonte Do autor

28

Tabela 51 Ocorrecircncias de alagamentos e deslizamentos obtidos atraveacutes do

levantamento histoacuterico

Pontos de ocorrecircncia (1984-2014)

Bairros Alagamento Deslizamento

Aacutegua Espraiada 1 1

Antocircnio Afonso 1 0

Barra 0 1

Centro 7 1

Coacuterrego do Ouro 1 7

Flores 0 1

Graminha 1 0

Jardim Jaraguaacute 0 1

N Sra da Gloacuteria 0 4

N Sra das Graccedilas 1 0

Quarto Depoacutesito 3 2

Santo Antocircnio 4 2

Satildeo Sebastiatildeo 0 1

Vila Esperanccedila 0 1

Fonte Do autor

De acordo com o estudo realizado na elaboraccedilatildeo do Plano Diretor pela prefeitura

municipal observa-se que os bairros que possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a

deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do Ouro e Vila Esperanccedila enquanto que os que

possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a alagamento satildeo o Centro da cidade e os

bairros Satildeo Sebastiatildeo Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio por estarem agraves margens do

Ribeiratildeo das Posses um curso drsquoaacutegua que sofre com inundaccedilotildees perioacutedicas devido ao

severo assoreamento em algumas regiotildees e tambeacutem devido ao acuacutemulo de lixo descartado

pelos moradores do entorno irregularmente De acordo com o estudo realizado quando da

elaboraccedilatildeo do Plano Diretor do municiacutepio foram feitos estudos sobre as aacutereas propensas

a deslizamentos e alagamentos na regiatildeo urbana principal Tais aacutereas satildeo as destacadas

nas Figuras 55 e 56 No levantamento histoacuterico realizado pode-se identificar que os

bairros que possuem mais aacutereas propensas a deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do

Ouro Nossa Senhora da Gloacuteria Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio enquanto que os bairros

mais propensos a alagamentos satildeo os bairros Centro Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio

como observado na tabela 51

29

Figura 5 5 Aacutereas propensas a deslizamento de acordo com o Plano Diretor de

Santos Dumont

Fonte Google Earth e Lei 42412012

Figura 5 6 Aacutereas propensas a alagamento de acordo com o Plano Diretor de

Santos Dumont

Fonte Google Earth e Lei 42412012

30

Comparando-se os mapas obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico com o mapa gerado

pelo estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor nota-se que haacute semelhanccedilas em

algumas aacutereas mas ao se levar em conta o produto gerado pela pesquisa histoacuterica o

estudo necessitaria ser complementado haja vista que ele natildeo compreende por exemplo

o ponto de alagamento no bairro Antocircnio Afonso citado anteriormente e alguns pontos de

deslizamento importantes uma vez que satildeo regiotildees onde haacute ocupaccedilatildeo Esse fato evidencia

a necessidade de se buscar vaacuterias fontes primaacuterias e secundaacuterias para se detectar aacutereas de

risco em um municiacutepio incluindo arquivos da imprensa local afim de se produzir uma

base de dados consistente e com o menor nuacutemero de falhas possiacutevel (CEPED 2014) Com

a uniatildeo dos dois estudos foram gerados os mapas apresentados nas Figuras 57 e 58

Aleacutem do mais observando as figuras 57 e 58 pode-se notar que uma boa parte tanto dos

casos de alagamento quanto de deslizamento estatildeo na faixa de APP de curso hiacutedrico o

que ilustra a importacircncia da preservaccedilatildeo destas aacutereas

Figura 5 7 Aacutereas propensas a alagamento do estudo do Plano Diretor

complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento

Fonte Do Autor

31

Figura 5 8 Aacutereas propensas a deslizamento do estudo do Plano Diretor

complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento

Fonte Do Autor

Atraveacutes da combinaccedilatildeo entre estes dois levantamentos procurou-se alimentar a base de

dados e garantir uma consistecircncia maior desta no que diz respeito a aacutereas de deslizamento

e alagamento podendo inclusive se identificar a suscetibilidade de uma determinada

regiatildeo da cidade a um ou outro evento (CEPED2014)

512 O Plano diretor e as APPs

Nos uacuteltimos anos o Brasil experimentou um forte fenocircmeno de migraccedilatildeo do campo para

as aacutereas urbanas De acordo com o IBGE no periacuteodo de 1940 a 2000 houve um aumento

de cerca de 60 do nuacutemero de pessoas que vivem em cidades (SILVA JR 2006) O

processo de planejamento e ordenamento do uso do solo nessas aacutereas deveria ter

acompanhado esse crescimento ao longo dos anos a fim de garantir a qualidade de vida e

a seguranccedila dos migrantes ao se instalarem nas cidades o que natildeo ocorreu e o que se

observa atualmente satildeo ocupaccedilotildees em aacutereas improacuteprias para moradia sem a infraestrutura

baacutesica necessaacuteria e com risco iminente de deslizamentos eou inundaccedilotildees

O Plano Diretor do municiacutepio de Santos Dumont em seu capiacutetulo IV que versa sobre o

uso e ocupaccedilatildeo do solo explicita regras para o ordenamento do territoacuterio que compreende

o municiacutepio com base nos diferentes usos do solo de acordo com sua compatibilidade o

32

que acabou por resultar num zoneamento de todo o municiacutepio em macrozonas conforme

citado na seccedilatildeo 3231 de acordo com os usos atuais e futuros do solo Aleacutem de dividir

estas macrozonas em urbanas e rurais tambeacutem avaliou e classificou estas aacutereas com base

numa seacuterie de fatores ambientais geoloacutegicos culturais e sociais de forma a se fazer um

zoneamento coerente com os atuais usos do solo e seu potencial de uso futuro Apresenta-

se na Figura 59 este zoneamento na aacuterea urbana principal de Santos Dumont

Figura 5 9 Zoneamento urbano da aacuterea urbana principal

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Lei 42412012

Tomando como referecircncia o Novo Coacutedigo Florestal brasileiro em especial os paracircmetros

estabelecidos para a definiccedilatildeo de APP e utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento

atraveacutes do software Vista SAGA relacionou-se as APPs existentes na aacuterea em estudo com

as regiotildees propiacutecias a alagamentos e deslizamentos de acordo com o estudo feito quando

da elaboraccedilatildeo do Plano Diretor afim de se identificar qual ou quais aacutereas possuem estes

problemas e se estatildeo relacionados com o uso do solo irregular em APP

Ao se aplicar a metodologia proposta por Oliveira amp Fernandes Filho (2013) natildeo foram

identificadas dentro da aacuterea de estudo APPs de topos de morro sendo este tipo de APP

descartada portanto das anaacutelises subsequentes deste trabalho Foram consideradas as

APP de curso hiacutedrico (rios e nascentes) e de declividade visando relacionaacute-las as aacutereas

de risco identificadas pela Prefeitura afim de se verificar as possiacuteveis causas da ocorrecircncia

33

destas aacutereas na regiatildeo urbana do municiacutepio Por meio de combinaccedilotildees entre dois mapas

temaacuteticos utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento foi possiacutevel obter as

assinaturas ou seja tabelas que caracterizam quantitativamente a aacuterea afetada por cada

aspecto visto que a simples visualizaccedilatildeo do mapa gerado pelo geoprocessamento muitas

vezes eacute prejudicada por serem aacutereas de pequenas dimensotildees ou por qualquer outra

limitaccedilatildeo do software Ressalta-se que para a elaboraccedilatildeo do Plano Municipal de Reduccedilatildeo

de riscos a identificaccedilatildeo e detalhamento topograacutefico destas aacutereas eacute fundamental para o

desenvolvimento do referido Plano conforme seraacute abordado detalhadamente na seccedilatildeo

52

De posse do mapa que representa o zoneamento urbano de Santos Dumont primeiramente

procurou-se mensurar qualitativa e quantitativamente a presenccedila de APPs tanto de

declividade quanto de cursos hiacutedricos Essa identificaccedilatildeo eacute importante pois este

zoneamento eacute um dos instrumentos de planejamento municipal (BRASIL 2001) Saboya

(2007) aponta que os principais objetivos de um zoneamento satildeo o controle da expansatildeo

urbana e proteccedilatildeo de aacutereas inadequadas a ocupaccedilatildeo aleacutem de reduzir os conflitos inerentes

aos diferentes usos do solo Com o uso da ferramenta ldquoCombinarrdquo do Vista SAGA foram

feitas combinaccedilotildees entre o mapa de hidrografia com buffer de 30m para rios e coacuterregos e

de 50m para nascentes com o mapa do zoneamento para se verificar a importacircncia das

APPs de curso hiacutedrico em toda a aacuterea urbana principal do municiacutepio Tambeacutem foram

combinados o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) obtido atraveacutes do gvSIG com o mapa

de zoneamento afim de se verificar quantitativamente as APPs de declividade e onde se

localizam Vale ressaltar que as declividades entre 30 e 47 estatildeo presentes nesta

combinaccedilatildeo pois de acordo com o Plano Diretor de Santos Dumont terrenos com esta

faixa de declividade para fins de parcelamento devem possuir estudo teacutecnico que ateste

a viabilidade de se promover algum empreendimento imobiliaacuterio neste (SANTOS

DUMONT 2012) Como a legislaccedilatildeo municipal prevecirc estudo somente para a faixa de

declividade descrita anteriormente para fins de anaacutelise neste trabalho consideramos um

valor mais conservador para APP compreendendo a faixa de 47 a 100 aleacutem da

prevista pela legislaccedilatildeo federal (gt100) para que natildeo houvessem lacunas importantes na

geraccedilatildeo do produto

Apresenta-se na Figura 510 aacutereas com declividades consideradas de risco e consideradas

APP e em qual zona de planejamento elas estatildeo inseridas De um modo geral ao se

observar a Tabela 52 nota-se que a aacuterea que compreende declividades de risco e APP eacute

uma pequena parcela da aacuterea urbana principal representando 061 desta aacuterea Ao se

levar em conta somente a localizaccedilatildeo pode-se verificar que cerca de 84 das aacutereas com

declividade de risco e a totalidade das APPs de declividade estatildeo localizadas na ZAC1

zona que compreende a maior parte do municiacutepio e apesar de possuir infraestrutura baacutesica

para a ocupaccedilatildeo esta eacute restrita Sendo assim o fator declividade deve ser visto com cautela

nesta aacuterea para se evitar transtornos advindos de edificaccedilotildees nestas aacutereas

34

Figura 5 10 Combinaccedilatildeo entre as declividades importantes incluindo as APPs e o

zoneamento urbano

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Do autor

Tabela 52 Assinaturas da combinaccedilatildeo Declividade x Zoneamento

Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea

Natildeo APP 457972 9939

Declividade 30-47 em ZAC1 2368 051

Declividade 30-47 em ZE 284 006

Declividade 30-47 em ZAC2 128 003

Declividade 30-47 em ZPA 004 0001

APP Declividade em ZAC1 048 001

Total 460804 100

Fonte Do autor

Apresenta-se na Figura 511 as APPs de curso hiacutedrico (nascentes e rios) e em qual zona

de planejamento estatildeo localizadas Assim como a declividade a maior parte das APPs de

curso hiacutedrico estatildeo localizadas em ZAC1 representando 383 da aacuterea urbana em estudo

e 51 do total das APPs de curso hiacutedrico Esta questatildeo tambeacutem deve ser vista com

bastante criteacuterio pelos gestores locais uma vez que a ocupaccedilatildeo em faixas proacuteximas de

rios e coacuterregos podem causar uma gama de problemas ambientais e sociais na regiatildeo

(SANTANA2011) Tal cuidado tambeacutem deve ser tomado nas APPs compreendidas na

35

ZAC2 que compreende 001 da Aacuterea urbana principal e 14 do total das APPs de curso

hiacutedrico pois a infraestrutura baacutesica e acessibilidade presente nesta zona eacute precaacuteria e a

ocupaccedilatildeo as margens de cursos hiacutedricos pode gerar problemas seacuterios caso ocorra uma

expansatildeo nestas aacutereas

Figura 511 Combinaccedilatildeo entre APP de curso hiacutedrico e as zonas de planejamento

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Do autor

Outro ponto importante eacute a presenccedila da Zona de Proteccedilatildeo Ambiental (ZPA) no entorno

uma consideraacutevel parte dos cursos hiacutedricos Nesta zona estatildeo presentes 28 das APPs de

curso hiacutedrico e esta zona de acordo com o Plano Diretor deve ser restaurada ou

preservada por suas caracteriacutesticas geoloacutegicas topograacuteficas e bioloacutegicas

Afim de se verificar os usos do solo na regiatildeo em estudo foram utilizadas combinaccedilotildees

de imagens advindas do sateacutelite Landsat 8 nas bandas descritas no capiacutetulo 4 aleacutem da

banda pancromaacutetica O resultado eacute apresentado na figura 512 que mostra os principais

usos do solo na aacuterea urbana principal de Santos Dumont

36

Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x Zoneamento

Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea

Hidrografia 11168 239

Aacuterea Urbana Natildeo APP 421004 9008

APP Curso hiacutedrico em ZAC1 179 383

APP Curso hiacutedrico em ZPA 9776 209

APP Curso hiacutedrico em ZE 184 004

APP Curso hiacutedrico em ZA 1192 026

APP Curso hiacutedrico em ZAC2 5124 110

APP Curso hiacutedrico em ZPPH 248 005

APP Curso hiacutedrico em ZEIS 568 012

APP Curso hiacutedrico em ZCA 228 005

Total 467392 10000

Fonte Do autor

Figura 5 12 Mapa de usos do solo da aacuterea urbana principal de Santos Dumont

Fonte Do autor

Como jaacute era previsto a maior parte da aacuterea urbana se encontra ocupada e eacute nesta regiatildeo

ocupada que se observa a maior concentraccedilatildeo de problemas de deslizamentos e

alagamentos (Figuras 513 e 514) A grande ocupaccedilatildeo em aacutereas consideradas APP de

curso hiacutedrico de acordo com os mapas gerados pode ser a principal causa do aumento a

cada ano dos casos de alagamento principalmente na regiatildeo central da cidade Outro ponto

que se deve atentar eacute a existecircncia de uma consideraacutevel aacuterea de pastagem pouco vegetada

que caso estejam em aacutereas elevadas pode contribuir para deslizamentos e agraves margens de

37

rios e coacuterregos para o assoreamento destes corpos hiacutedricos o que pode causar

alagamentos (INAacuteCIO etal 2007)

Diante destes resultados pode-se ver que a cidade de Santos Dumont necessita alternativas

efetiva no que diz respeito agrave contenccedilatildeo de deslizamentos e a reduccedilatildeo de risco de

alagamento pois as aacutereas em que ocorrem tais eventos satildeo distintas e facilmente definidas

devido agrave repeticcedilatildeo destes nos uacuteltimos anos Um plano de accedilatildeo integrado entre as diferentes

secretarias municipais (Obras Meio Ambiente Assistecircncia Social entre outras) e a

Coordenadoria Municipal de Defesa Civil deve ser realizado afim de se tomar medidas

natildeo mais preventivas mas sim preditivas para que se possa conter o avanccedilo destes

problemas na aacuterea urbana principal bem como em toda a aacuterea do municiacutepio

Figura 5 13 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na aacuterea urbana

principal

Fonte Do autor

38

Figura 5 14 Aacutereas sujeitas a alagamento e os principais usos do solo na aacuterea

urbana principal

Fonte Do autor

Ao se associar os dados do estudo do Plano Diretor com os dados do levantamento

histoacuterico realizado com o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) pode-se notar que as aacutereas

propiacutecias a deslizamento estatildeo em regiotildees as quais haacute uma fronteira de declividades ou

seja eacute evidente que os deslizamentos ocorrem em encostas um pouco mais iacutengremes mas

natildeo necessariamente nas encostas de 30-47 as quais exigem estudo teacutecnico conforme o

plano diretor preconiza Quanto aos alagamentos nota-se que eles se localizam nas aacutereas

com menor ou nenhuma declividade podendo ser estas aacutereas talvez componentes da

planiacutecie de inundaccedilatildeo dos rios Estes resultados podem ser vistos nas figuras 515 e 516

a seguir

39

Figura5 15 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a deslizamentos na

regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

Fonte Lei 42412012 e Autor

Figura5 26 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a alagamentos na

regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

Fonte Lei 42412012 e Autor

40

52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis

O processo de ocupaccedilatildeo no municiacutepio de Santos Dumont comeccedilou muito antes de

qualquer legislaccedilatildeo relacionada a ordenamento urbano e de proteccedilatildeo do meio ambiente

fosse implementado no Brasil Esse fato aliado a poliacuteticas e fiscalizaccedilotildees falhas

contribuiacuteram para a ocupaccedilatildeo e expansatildeo da aacuterea urbana ao longo do Ribeiratildeo das Posses

e seus afluentes o que tem gerado o aumento da degradaccedilatildeo destes corpos hiacutedricos ao

longo de todos estes anos Observa-se tambeacutem que nas uacuteltimas deacutecadas ocorreu um

grande nuacutemero de migraccedilotildees do campo para a regiatildeo urbana da cidade fator que

contribuiu para o crescimento do nuacutemero de habitaccedilotildees em aacutereas de risco de deslizamento

e alagamentos por serem na maioria das vezes terrenos menos valorizados e por este

motivo acessiacuteveis a populaccedilatildeo com menor poder aquisitivo (ROSA amp CORTEZ 2008)

Vale ressaltar que esta questatildeo aleacutem de ser ambiental eacute muito mais social pois os

moradores entendem os riscos de se viver nestes locais mas por motivos econocircmicos ou

por questotildees afetivas natildeo abrem matildeo da moradia nessas aacutereas A Constituiccedilatildeo Federal de

1988 promoveu a inter-relaccedilatildeo das questotildees sociais com as questotildees ambientais quando

colocou o meio ambiente como direito coletivo (BRASIL1988 SOUZA2010) Por este

motivo a decisatildeo por medidas draacutesticas que favoreccedilam apenas agrave preservaccedilatildeo do meio

ambiente natildeo eacute recomendada pois aleacutem de ser inconstitucional podem afetar a

sustentabilidade econocircmica do municiacutepio e gerar conflitos sociais consideraacuteveis

(CARLOS 1992 apud SOUZA 2010)

Segundo Bueno (2009) ldquonem tudo o que eacute irregular eacute precaacuteriordquo Esse fato se observa em

Santos Dumont uma vez que em boa parte da regiatildeo central se observa vaacuterias moradias

construiacutedas na faixa de APP de curso hiacutedrico o que natildeo eacute permitido pela legislaccedilatildeo

vigente e eacute um dos fatores que contribui para a ocorrecircncia de alagamentos nesta aacuterea da

cidade Para a resoluccedilatildeo deste problema o que seria mais viaacutevel seria a melhoria da

infraestrutura de drenagem urbana afim de que o escoamento da aacutegua das chuvas natildeo

sobrecarregasse o sistema (BUENO2009) A construccedilatildeo de bacias de contenccedilatildeo de

cheias ao longo do Ribeiratildeo das Posses tambeacutem seria uma alternativa mas para se verificar

a viabilidade necessita-se estudos mais aprofundados do ponto de vista hidroloacutegico

O grande problema a ser solucionado no entanto eacute o que diz respeito agraves aacutereas de risco

de deslizamento majoritariamente nos bairros A melhor alternativa seria o

remanejamento dos moradores para uma aacuterea proacutexima agrave que moram poreacutem longe do

risco Poreacutem esta alternativa de acordo com Rosa Filho amp Cortez (2008) encontra alguns

entraves pois estas pessoas na maioria das vezes natildeo tecircm condiccedilotildees financeiras de irem

para outro lugar ou pagar aluguel ou estatildeo de alguma forma sentimentalmente ligadas

agravequela regiatildeo que se recusam a deixaacute-lo

41

Por parte dos oacutergatildeos competentes no municiacutepio a criaccedilatildeo de um plano para se evitar

acidentes ocasionados por deslizamentos e alagamentos com um mapeamento detalhado

de toda a extensatildeo do municiacutepio eacute extremamente uacutetil Os estudos que seratildeo feitos para a

elaboraccedilatildeo deste plano poderatildeo definir quais as aacutereas satildeo potencialmente de risco para as

ocupaccedilotildees existentes ou para as potenciais ocupaccedilotildees que possam vir a ocorrer atraveacutes do

mapeamento das aacutereas de risco Tal planejamento seraacute auxiliar ao Plano Diretor

Municipal pois definiraacute o real uso do solo de determinada regiatildeo do municiacutepio

contribuindo para a adequaccedilatildeo do uso e ocupaccedilatildeo do solo afim de evitar ou reduzir o

nuacutemero de problemas relacionados a alagamentos e principalmente deslizamentos no

periacutemetro urbano (TOMINAGA 2009) A partir deste plano os gestores locais poderatildeo

tomar a melhor decisatildeo para a prevenccedilatildeo ou reduccedilatildeo dos riscos inerentes a tais problemas

Na seccedilatildeo 521 seraacute hierarquizado de forma preliminar a aacuterea urbana principal de acordo

com os resultados da tabela 51

521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta

O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos (PMRR) foi criado atraveacutes de accedilotildees

regularizadoras do Ministeacuterio das Cidades para ser o instrumento de gestatildeo e

gerenciamento de aacutereas de risco em um municiacutepio Eacute um documento que aleacutem de

estabelecer quais regiotildees satildeo consideradas de risco tambeacutem objetiva a proposta de

medidas estruturais ou natildeo para contenccedilatildeo eou prevenccedilatildeo de cataacutestrofes aleacutem de ser um

meio de captaccedilatildeo de recursos financeiros junto aos Governos Estadual e Federal Estes

recursos poderatildeo ser utilizados para a realizaccedilatildeo de obras que visem a melhoria da

qualidade de vida da populaccedilatildeo do entorno ou de recuperaccedilatildeo da aacuterea degradada Este

plano eacute realizado de forma participativa com as comunidades das aacutereas de risco e pode

ser realizado em sete fases conforme recomenda o Ministeacuterio das Cidades (ALHEIROS

2006)

O primeiro passo para a realizaccedilatildeo do PMRR eacute definir qual a metodologia seraacute empregada

levando-se em consideraccedilatildeo a realidade atual do municiacutepio e especificar de forma sucinta

um cronograma das atividades Eacute importante nesta fase a participaccedilatildeo tambeacutem dos

responsaacuteveis pelas mais variadas Secretarias Municipais afim de explicitar o tamanho da

importacircncia e o caraacuteter integrador deste plano A segunda fase deste plano objetiva a

criaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo da principal base de dados a ser utilizada nos passos posteriores o

mapeamento de risco em escala detalhe em torno de 13000 (SAtildeO PAULO 2014) A

elaboraccedilatildeo de um mapeamento detalhado propiciaraacute natildeo soacute a identificaccedilatildeo mais faacutecil das

aacutereas de risco como tambeacutem facilitaraacute aos gestores e agrave comunidade decidirem qual a

melhor intervenccedilatildeo para a soluccedilatildeo ou remediaccedilatildeo dos problemas em uma determinada

42

aacuterea hierarquizando o risco e definindo prioridades (SAtildeO PAULO 2014) Na tabela a

seguir apresenta-se alguns tipos de intervenccedilotildees que podem ser feitas em aacutereas de risco

sugeridas pelo Ministeacuterio das cidades (ALHEIROS 2006)

Quadro 5 1 - Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco

Tipo de intervenccedilatildeo Descriccedilatildeo

Serviccedilos de limpeza e Recuperaccedilatildeo

Remoccedilatildeo de entulho lixo etc

corte de aacutervores

remoccedilatildeo de bananeiras

recuperaccedilatildeo eou limpeza de sistemas de

drenagem esgotos e acessos

Limpeza de canais de drenagem

Proteccedilatildeo Vegetal

Proteccedilatildeo superficial vegetal (gramiacuteneas) em

taludes com solo exposto

Proteccedilatildeo vegetal de margens de canais de

drenagem

Barreiras vegetais para massas escorregadas

ou acumuladas pela erosatildeo

Drenagem Superficial e Acessos

Sistema de drenagem superficial (canaletas

raacutepidos caixas de transiccedilatildeo escadas drsquoaacutegua)

Acessos para pedestres (escadarias rampas

etc) integrados ao sistema de drenagem

Revestimento de Taludes Revestimento com materiais artificiais

cimentado cal-jet tela argamassada alvenaria

de tijolos ceracircmicos solo-cimento ensacado

Desmonte de blocos e matacotildees Desmonte de concreccedilotildees de grande porte

blocos rochosos e matacotildees

Obras de drenagem de subsuperfiacutecie Sistema de drenagem de subsuperfiacutecie

(trincheiras drenantes DHP poccedilos de

rebaixamento)

Estruturas de contenccedilatildeo (localizadas)

Muros de contenccedilatildeo de pequeno porte (solo-

cimento ensacado alvenaria de pedra-rachatildeo

concreto armado)

Estruturas de contenccedilatildeo localizadas

(chumbadores tirantes microestacas)

Contenccedilatildeo e proteccedilatildeo de margens de canais (

gabiotildees muros de concreto etc)

Estruturas de contenccedilatildeo (meacutedio e grande porte) Implantaccedilatildeo de estruturas de contenccedilatildeo de

meacutedio e grande porte envolvendo obras de

contenccedilatildeo passivas e ativas (muros de

gravidade cortinas etc)

Terraplanagem Execuccedilatildeo de serviccedilos de terraplanagem

combinados a obras de drenagem superficial e

proteccedilatildeo vegetal desvio e canalizaccedilatildeo de

coacuterregos

Remoccedilatildeo de moradias Remoccedilotildees definitivas para implantaccedilatildeo de

obras ou devido agrave localizaccedilatildeo improacutepria da

edificaccedilatildeo (Priorizar as relocaccedilotildees dentro da

proacutepria aacuterea em local seguro)

Fonte ALHEIROS 2006

43

Escolhidas as formas de intervenccedilatildeo para cada aacuterea eacute necessaacuterio realizar uma estimativa

dos custos afim de preparar o orccedilamento da prefeitura para a realizaccedilatildeo das obras e se

seraacute necessaacuterio a captaccedilatildeo de recursos externos para a execuccedilatildeo destas Feitas as

estimativas de custo o proacuteximo passo eacute definir as prioridades e para esta fase eacute tambeacutem

uacutetil o mapeamento feito nas etapas anteriores pois seraacute necessaacuterio hierarquizar tais

intervenccedilotildees nas aacutereas de risco O Ministeacuterio das Cidades (2007) sugere alguns criteacuterios

que podem ser avaliados pelo gestor dentre eles pode-se citar

Grau de risco

Populaccedilatildeo beneficiada

Custo da intervenccedilatildeo

Dimensatildeo da aacuterea a ser tratada

Demandas anteriores da populaccedilatildeo

Tempo de ocupaccedilatildeo

Viabilidade teacutecnica da intervenccedilatildeo

Viabilidade financeira

Inclusatildeo da aacuterea em outros projetos

A partir desta hierarquizaccedilatildeo inicia-se a identificaccedilatildeo de provaacuteveis fontes de captaccedilatildeo de

recursos para a execuccedilatildeo das intervenccedilotildees Estes recursos podem advir de programas dos

governos Federal e Estadual ou por meio de editais para captaccedilatildeo de recursos financeiros

tanto do setor puacuteblico como da iniciativa privada e podem ser tambeacutem associados agrave outras

Secretarias Municipais como a de Turismo ou Meio Ambiente e natildeo soacute as destinadas agrave

Defesa Civil (ALHEIROS 2006)

Eacute previsto tambeacutem no PMRR uma avaliaccedilatildeo da Defesa Civil municipal e como ela estaacute

estruturada fazendo inclusive sugestotildees para que sua atuaccedilatildeo esteja em consonacircncia com

a realidade das comunidades e da Administraccedilatildeo Puacuteblica do municiacutepio de forma a garantir

sua sustentabilidade e conquistar a credibilidade da populaccedilatildeo no que diz respeito a

prevenccedilatildeo de cataacutestrofes Para que a resposta a uma determinada situaccedilatildeo de risco seja

raacutepida eacute necessaacuterio a descentralizaccedilatildeo da Defesa Civil criando pequenos nuacutecleos

comunitaacuterios com a finalidade de se monitorar a aacuterea constantemente e promover as

intervenccedilotildees necessaacuterias em tempo haacutebil o que aumenta em muito a credibilidade da

populaccedilatildeo no PMRR e no trabalho desempenhado pela Defesa Civil no municiacutepio Apoacutes

esta etapa o PMRR passaraacute por audiecircncias puacuteblicas e posteriormente poderaacute ser aprovado

como Lei Municipal pelo Legislativo local (ALHEIROS 2006)

Com a realizaccedilatildeo deste plano o municiacutepio estaraacute munido de informaccedilotildees suficientes para

realizar accedilotildees efetivas de gestatildeo e gerenciamento de riscos bem como aliado a

levantamentos sociais realizar programas habitacionais que beneficiem prioritariamente

44

aos moradores das aacutereas de risco Aleacutem disso com o PMRR o municiacutepio poderaacute melhorar

a qualidade ambiental da populaccedilatildeo captando recursos para a recuperaccedilatildeo das aacutereas de

APP que foram degradadas pelas ocupaccedilotildees irregulares beneficiando todos os moradores

do municiacutepio com o aumento da qualidade de vida na cidade

A partir do disposto nesta seccedilatildeo acerca do Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos e de

uma maneira preliminar (levando-se em conta apenas o nuacutemero de registros de

alagamentos e deslizamentos na aacuterea urbana principal de Santos Dumont no periacuteodo de

1984 a 2014) identificou-se trecircs regiotildees distintas na aacuterea urbana do municiacutepio com

tempo de recorrecircncia desses eventos similares caracterizando trecircs prioridades de

intervenccedilatildeo em contenccedilatildeo de risco como pode ser visto nas figuras 515 e 516 Vale

ressaltar que eacute necessaacuterio um estudo mais detalhado inclusive com visitas teacutecnicas a

campo para que se confirme a real situaccedilatildeo destas e a real prioridade para investimentos

Figura 5 17 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de deslizamentos

Fonte Do Autor

45

Figura 5 18 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de alagamentos

Fonte Do Autor

46

6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees

A seguir apresenta-se as conclusotildees e as recomendaccedilotildees feitas a partir dos objetivos

especiacuteficos explicitados no iniacutecio deste trabalho

Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a

aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes

urbanos

A partir da revisatildeo da legislaccedilatildeo pertinente em acircmbito federal estadual e

municipal constatou-se que o Plano Diretor de Santos Dumont natildeo conflita com a

legislaccedilatildeo federal e estadual sobre Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente A legislaccedilatildeo

municipal foi entendida como mais conservadora que as federal e estadual uma

vez que considera implicitamente que declividades entre 47 e 100 satildeo

enquadradas como APPs aleacutem da faixa superior a 100

Parte consideraacutevel das ocupaccedilotildees em APP principalmente na regiatildeo do bairro

Santo Antocircnio (onde surgiu os primeiros nuacutecleos que deram origem ao municiacutepio)

e o centro da cidade ocorreram antes de que fosse elaborado qualquer legislaccedilatildeo

que versasse sobre o tema Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente bastando ao gestor

local tomar medidas de contenccedilatildeo de riscos que minimizem os impactos causados

por essas ocupaccedilotildees nessa regiatildeo

O ordenamento adequado do uso do solo no municiacutepio eacute necessaacuterio para que o

crescimento dos loteamentos criados anteriormente agrave esta Lei e o surgimento de

novos natildeo avance para Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente o que pode causar

inuacutemeros problemas aos moradores e agravar os jaacute existentes

Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las

com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)

As aacutereas onde houveram a maior quantidade de registros de deslizamentos satildeo os

bairros mais populosos de Santos Dumont podendo se estabelecer uma relaccedilatildeo

que quanto mais populoso o bairro maior a quantidade de problemas relacionados

a deslizamentos Tambeacutem pode-se notar uma relaccedilatildeo com as fronteiras das faixas

de declividades e os deslizamentos uma vez que boa parte deles aconteceram

nestas faixas

As aacutereas onde houve um grande nuacutemero de registros de alagamentos satildeo os bairros

que se desenvolveram agraves margens do Ribeiratildeo das Posses em especial na aacuterea que

47

compreende as APPs de curso hiacutedrico e em aacutereas onde a declividade eacute baixa Esse

fato aliado ao crescimento do nuacutemero de vias pavimentadas com material

impermeaacutevel e a natildeo expansatildeo e ou redimensionamento da rede de drenagem

urbana contribuiacuteram para a ocorrecircncia cada vez mais constante de alagamentos

nessas aacutereas

Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos

catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30

anos

A partir do levantamento histoacuterico realizado e da base de dados georeferenciada

gerada observou-se o aumento do nuacutemero de registros de deslizamentos e

alagamentos nos uacuteltimos 10 anos quando as ocorrecircncias comeccedilaram a se repetir

numa mesma aacuterea com frequecircncia incrementada as vezes com mais de uma

ocorrecircncia anual

Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do

solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental

Destaca-se a adequaccedilatildeo dos criteacuterios gerais estabelecidos pelo Plano Diretor de

Santos Dumont relativos a legislaccedilatildeo federal e estadual Entretanto o referido

Plano Diretor natildeo contempla todo o territoacuterio municipal sendo assim ele natildeo

cumpre o objetivo de proteger as APPs preservadas e recuperar as que foram

degradadas em todo o territoacuterio municipal Ressalta-se tambeacutem a sua natildeo

conformidade com o Estatuto das Cidades uma vez que o Plano Diretor

contempla apenas os novos loteamentos

Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais

negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea

impactada

Recomenda-se a implantaccedilatildeo no municiacutepio de uma Coordenadoria Municipal de

Defesa Civil atuante e integrada agraves Secretarias Municipais e agrave comunidade

visando uma atuaccedilatildeo eficaz nos problemas relacionados a deslizamentos e

alagamentos A elaboraccedilatildeo de um Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos eacute de

suma importacircncia pois atraveacutes dele pode-se predizer as aacutereas que passaratildeo por

problemas caso a expansatildeo aconteccedila ou se inicie uma ocupaccedilatildeo nova aleacutem de

prevenir acidentes nas aacutereas jaacute ocupadas e consideradas de risco

48

7 Anexos

49

71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont

50

51

72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)

52

53

8 Referecircncias Bibliograacuteficas

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BRASIL Lei Federal 10257 de 10 de julho de 2001 Regulamenta os arts 182 e 183 da

CF estabelece as diretrizes gerais da poliacutetica urbana e daacute outras providecircncias Brasiacutelia

2001

BRASIL Lei Federal nordm 12651 de 25 de maio de 2012 Dispotildee sobre a proteccedilatildeo da

vegetaccedilatildeo nativa altera as Leis nos 6938 de 31 de agosto de 1981 9393 de 1 9 de

dezembro de 1996 e 11 428 de 22 de dezembro de 2006 revoga as Leis nos 4771 de

1 5 de setembro de 1965 e 7754 de 1 4 de abril de 1989 e a Medida Provisoacuteria no 21

66shy67 de 24 de agosto de 2001 e daacute outras providecircncias Brasiacutelia 2012

BRASIL Lei Federal nordm 4771 de 15 de Setembro de 1965 Institui o Novo Coacutedigo

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56

SAtildeO PAULO Mapeamento de riscos associados a escorregamentos inundaccedilatildeo erosotildees

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Relatoacuterio Teacutecnico Campos do Jordatildeo 2014

SILVA JR J R amp PASSOS L A O negoacutecio eacute participar a importacircncia do plano

diretor para o desenvolvimento municipal CNM SEBRAE Brasiacutelia 2006

SKORUPA LA Aacutereas de preservaccedilatildeo permanente e desenvolvimento sustentaacutevel

Embrapa Meio Ambiente Jaguariuacutena-SP 2004 4p

SOUZA F P Ocupaccedilotildees irregulares em APP um estudo de caso no munciacutepio de

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v4 nordm 1 Campos de Goytacazes 2010

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naturais conhecer para prevenir Instituto Geoloacutegico Satildeo Paulo 2009 p 25-38

UFV ndash Universidade Federal de Viccedilosa Mapa de solos do Estado de Minas Gerais

legenda expandida Centro Tecnoloacutegico de Minas Gerais FEAM Belo Horizonte 2010

ZANON F N Uso e ocupaccedilatildeo da terra e vulnerabilidade a alagamento na aacuterea central

da cidade de Satildeo Paulo O caso da subprefeitura da Seacute Trabalho de Graduaccedilatildeo UNESP

Rio Claro 2013

Page 35: O USO DO SOLO URBANO EM ÁREAS DE PRESERVAÇÃO … · social que você tenha na vida, a mais alta ou a mais baixa, tenha sempre como meta muita força, muita determinação e sempre

27

Figura 5 3 Pontos de Alagamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico

Fonte Do autor

Figura 5 4 Pontos de deslizamento obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico

Fonte Do autor

28

Tabela 51 Ocorrecircncias de alagamentos e deslizamentos obtidos atraveacutes do

levantamento histoacuterico

Pontos de ocorrecircncia (1984-2014)

Bairros Alagamento Deslizamento

Aacutegua Espraiada 1 1

Antocircnio Afonso 1 0

Barra 0 1

Centro 7 1

Coacuterrego do Ouro 1 7

Flores 0 1

Graminha 1 0

Jardim Jaraguaacute 0 1

N Sra da Gloacuteria 0 4

N Sra das Graccedilas 1 0

Quarto Depoacutesito 3 2

Santo Antocircnio 4 2

Satildeo Sebastiatildeo 0 1

Vila Esperanccedila 0 1

Fonte Do autor

De acordo com o estudo realizado na elaboraccedilatildeo do Plano Diretor pela prefeitura

municipal observa-se que os bairros que possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a

deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do Ouro e Vila Esperanccedila enquanto que os que

possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a alagamento satildeo o Centro da cidade e os

bairros Satildeo Sebastiatildeo Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio por estarem agraves margens do

Ribeiratildeo das Posses um curso drsquoaacutegua que sofre com inundaccedilotildees perioacutedicas devido ao

severo assoreamento em algumas regiotildees e tambeacutem devido ao acuacutemulo de lixo descartado

pelos moradores do entorno irregularmente De acordo com o estudo realizado quando da

elaboraccedilatildeo do Plano Diretor do municiacutepio foram feitos estudos sobre as aacutereas propensas

a deslizamentos e alagamentos na regiatildeo urbana principal Tais aacutereas satildeo as destacadas

nas Figuras 55 e 56 No levantamento histoacuterico realizado pode-se identificar que os

bairros que possuem mais aacutereas propensas a deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do

Ouro Nossa Senhora da Gloacuteria Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio enquanto que os bairros

mais propensos a alagamentos satildeo os bairros Centro Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio

como observado na tabela 51

29

Figura 5 5 Aacutereas propensas a deslizamento de acordo com o Plano Diretor de

Santos Dumont

Fonte Google Earth e Lei 42412012

Figura 5 6 Aacutereas propensas a alagamento de acordo com o Plano Diretor de

Santos Dumont

Fonte Google Earth e Lei 42412012

30

Comparando-se os mapas obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico com o mapa gerado

pelo estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor nota-se que haacute semelhanccedilas em

algumas aacutereas mas ao se levar em conta o produto gerado pela pesquisa histoacuterica o

estudo necessitaria ser complementado haja vista que ele natildeo compreende por exemplo

o ponto de alagamento no bairro Antocircnio Afonso citado anteriormente e alguns pontos de

deslizamento importantes uma vez que satildeo regiotildees onde haacute ocupaccedilatildeo Esse fato evidencia

a necessidade de se buscar vaacuterias fontes primaacuterias e secundaacuterias para se detectar aacutereas de

risco em um municiacutepio incluindo arquivos da imprensa local afim de se produzir uma

base de dados consistente e com o menor nuacutemero de falhas possiacutevel (CEPED 2014) Com

a uniatildeo dos dois estudos foram gerados os mapas apresentados nas Figuras 57 e 58

Aleacutem do mais observando as figuras 57 e 58 pode-se notar que uma boa parte tanto dos

casos de alagamento quanto de deslizamento estatildeo na faixa de APP de curso hiacutedrico o

que ilustra a importacircncia da preservaccedilatildeo destas aacutereas

Figura 5 7 Aacutereas propensas a alagamento do estudo do Plano Diretor

complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento

Fonte Do Autor

31

Figura 5 8 Aacutereas propensas a deslizamento do estudo do Plano Diretor

complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento

Fonte Do Autor

Atraveacutes da combinaccedilatildeo entre estes dois levantamentos procurou-se alimentar a base de

dados e garantir uma consistecircncia maior desta no que diz respeito a aacutereas de deslizamento

e alagamento podendo inclusive se identificar a suscetibilidade de uma determinada

regiatildeo da cidade a um ou outro evento (CEPED2014)

512 O Plano diretor e as APPs

Nos uacuteltimos anos o Brasil experimentou um forte fenocircmeno de migraccedilatildeo do campo para

as aacutereas urbanas De acordo com o IBGE no periacuteodo de 1940 a 2000 houve um aumento

de cerca de 60 do nuacutemero de pessoas que vivem em cidades (SILVA JR 2006) O

processo de planejamento e ordenamento do uso do solo nessas aacutereas deveria ter

acompanhado esse crescimento ao longo dos anos a fim de garantir a qualidade de vida e

a seguranccedila dos migrantes ao se instalarem nas cidades o que natildeo ocorreu e o que se

observa atualmente satildeo ocupaccedilotildees em aacutereas improacuteprias para moradia sem a infraestrutura

baacutesica necessaacuteria e com risco iminente de deslizamentos eou inundaccedilotildees

O Plano Diretor do municiacutepio de Santos Dumont em seu capiacutetulo IV que versa sobre o

uso e ocupaccedilatildeo do solo explicita regras para o ordenamento do territoacuterio que compreende

o municiacutepio com base nos diferentes usos do solo de acordo com sua compatibilidade o

32

que acabou por resultar num zoneamento de todo o municiacutepio em macrozonas conforme

citado na seccedilatildeo 3231 de acordo com os usos atuais e futuros do solo Aleacutem de dividir

estas macrozonas em urbanas e rurais tambeacutem avaliou e classificou estas aacutereas com base

numa seacuterie de fatores ambientais geoloacutegicos culturais e sociais de forma a se fazer um

zoneamento coerente com os atuais usos do solo e seu potencial de uso futuro Apresenta-

se na Figura 59 este zoneamento na aacuterea urbana principal de Santos Dumont

Figura 5 9 Zoneamento urbano da aacuterea urbana principal

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Lei 42412012

Tomando como referecircncia o Novo Coacutedigo Florestal brasileiro em especial os paracircmetros

estabelecidos para a definiccedilatildeo de APP e utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento

atraveacutes do software Vista SAGA relacionou-se as APPs existentes na aacuterea em estudo com

as regiotildees propiacutecias a alagamentos e deslizamentos de acordo com o estudo feito quando

da elaboraccedilatildeo do Plano Diretor afim de se identificar qual ou quais aacutereas possuem estes

problemas e se estatildeo relacionados com o uso do solo irregular em APP

Ao se aplicar a metodologia proposta por Oliveira amp Fernandes Filho (2013) natildeo foram

identificadas dentro da aacuterea de estudo APPs de topos de morro sendo este tipo de APP

descartada portanto das anaacutelises subsequentes deste trabalho Foram consideradas as

APP de curso hiacutedrico (rios e nascentes) e de declividade visando relacionaacute-las as aacutereas

de risco identificadas pela Prefeitura afim de se verificar as possiacuteveis causas da ocorrecircncia

33

destas aacutereas na regiatildeo urbana do municiacutepio Por meio de combinaccedilotildees entre dois mapas

temaacuteticos utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento foi possiacutevel obter as

assinaturas ou seja tabelas que caracterizam quantitativamente a aacuterea afetada por cada

aspecto visto que a simples visualizaccedilatildeo do mapa gerado pelo geoprocessamento muitas

vezes eacute prejudicada por serem aacutereas de pequenas dimensotildees ou por qualquer outra

limitaccedilatildeo do software Ressalta-se que para a elaboraccedilatildeo do Plano Municipal de Reduccedilatildeo

de riscos a identificaccedilatildeo e detalhamento topograacutefico destas aacutereas eacute fundamental para o

desenvolvimento do referido Plano conforme seraacute abordado detalhadamente na seccedilatildeo

52

De posse do mapa que representa o zoneamento urbano de Santos Dumont primeiramente

procurou-se mensurar qualitativa e quantitativamente a presenccedila de APPs tanto de

declividade quanto de cursos hiacutedricos Essa identificaccedilatildeo eacute importante pois este

zoneamento eacute um dos instrumentos de planejamento municipal (BRASIL 2001) Saboya

(2007) aponta que os principais objetivos de um zoneamento satildeo o controle da expansatildeo

urbana e proteccedilatildeo de aacutereas inadequadas a ocupaccedilatildeo aleacutem de reduzir os conflitos inerentes

aos diferentes usos do solo Com o uso da ferramenta ldquoCombinarrdquo do Vista SAGA foram

feitas combinaccedilotildees entre o mapa de hidrografia com buffer de 30m para rios e coacuterregos e

de 50m para nascentes com o mapa do zoneamento para se verificar a importacircncia das

APPs de curso hiacutedrico em toda a aacuterea urbana principal do municiacutepio Tambeacutem foram

combinados o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) obtido atraveacutes do gvSIG com o mapa

de zoneamento afim de se verificar quantitativamente as APPs de declividade e onde se

localizam Vale ressaltar que as declividades entre 30 e 47 estatildeo presentes nesta

combinaccedilatildeo pois de acordo com o Plano Diretor de Santos Dumont terrenos com esta

faixa de declividade para fins de parcelamento devem possuir estudo teacutecnico que ateste

a viabilidade de se promover algum empreendimento imobiliaacuterio neste (SANTOS

DUMONT 2012) Como a legislaccedilatildeo municipal prevecirc estudo somente para a faixa de

declividade descrita anteriormente para fins de anaacutelise neste trabalho consideramos um

valor mais conservador para APP compreendendo a faixa de 47 a 100 aleacutem da

prevista pela legislaccedilatildeo federal (gt100) para que natildeo houvessem lacunas importantes na

geraccedilatildeo do produto

Apresenta-se na Figura 510 aacutereas com declividades consideradas de risco e consideradas

APP e em qual zona de planejamento elas estatildeo inseridas De um modo geral ao se

observar a Tabela 52 nota-se que a aacuterea que compreende declividades de risco e APP eacute

uma pequena parcela da aacuterea urbana principal representando 061 desta aacuterea Ao se

levar em conta somente a localizaccedilatildeo pode-se verificar que cerca de 84 das aacutereas com

declividade de risco e a totalidade das APPs de declividade estatildeo localizadas na ZAC1

zona que compreende a maior parte do municiacutepio e apesar de possuir infraestrutura baacutesica

para a ocupaccedilatildeo esta eacute restrita Sendo assim o fator declividade deve ser visto com cautela

nesta aacuterea para se evitar transtornos advindos de edificaccedilotildees nestas aacutereas

34

Figura 5 10 Combinaccedilatildeo entre as declividades importantes incluindo as APPs e o

zoneamento urbano

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Do autor

Tabela 52 Assinaturas da combinaccedilatildeo Declividade x Zoneamento

Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea

Natildeo APP 457972 9939

Declividade 30-47 em ZAC1 2368 051

Declividade 30-47 em ZE 284 006

Declividade 30-47 em ZAC2 128 003

Declividade 30-47 em ZPA 004 0001

APP Declividade em ZAC1 048 001

Total 460804 100

Fonte Do autor

Apresenta-se na Figura 511 as APPs de curso hiacutedrico (nascentes e rios) e em qual zona

de planejamento estatildeo localizadas Assim como a declividade a maior parte das APPs de

curso hiacutedrico estatildeo localizadas em ZAC1 representando 383 da aacuterea urbana em estudo

e 51 do total das APPs de curso hiacutedrico Esta questatildeo tambeacutem deve ser vista com

bastante criteacuterio pelos gestores locais uma vez que a ocupaccedilatildeo em faixas proacuteximas de

rios e coacuterregos podem causar uma gama de problemas ambientais e sociais na regiatildeo

(SANTANA2011) Tal cuidado tambeacutem deve ser tomado nas APPs compreendidas na

35

ZAC2 que compreende 001 da Aacuterea urbana principal e 14 do total das APPs de curso

hiacutedrico pois a infraestrutura baacutesica e acessibilidade presente nesta zona eacute precaacuteria e a

ocupaccedilatildeo as margens de cursos hiacutedricos pode gerar problemas seacuterios caso ocorra uma

expansatildeo nestas aacutereas

Figura 511 Combinaccedilatildeo entre APP de curso hiacutedrico e as zonas de planejamento

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Do autor

Outro ponto importante eacute a presenccedila da Zona de Proteccedilatildeo Ambiental (ZPA) no entorno

uma consideraacutevel parte dos cursos hiacutedricos Nesta zona estatildeo presentes 28 das APPs de

curso hiacutedrico e esta zona de acordo com o Plano Diretor deve ser restaurada ou

preservada por suas caracteriacutesticas geoloacutegicas topograacuteficas e bioloacutegicas

Afim de se verificar os usos do solo na regiatildeo em estudo foram utilizadas combinaccedilotildees

de imagens advindas do sateacutelite Landsat 8 nas bandas descritas no capiacutetulo 4 aleacutem da

banda pancromaacutetica O resultado eacute apresentado na figura 512 que mostra os principais

usos do solo na aacuterea urbana principal de Santos Dumont

36

Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x Zoneamento

Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea

Hidrografia 11168 239

Aacuterea Urbana Natildeo APP 421004 9008

APP Curso hiacutedrico em ZAC1 179 383

APP Curso hiacutedrico em ZPA 9776 209

APP Curso hiacutedrico em ZE 184 004

APP Curso hiacutedrico em ZA 1192 026

APP Curso hiacutedrico em ZAC2 5124 110

APP Curso hiacutedrico em ZPPH 248 005

APP Curso hiacutedrico em ZEIS 568 012

APP Curso hiacutedrico em ZCA 228 005

Total 467392 10000

Fonte Do autor

Figura 5 12 Mapa de usos do solo da aacuterea urbana principal de Santos Dumont

Fonte Do autor

Como jaacute era previsto a maior parte da aacuterea urbana se encontra ocupada e eacute nesta regiatildeo

ocupada que se observa a maior concentraccedilatildeo de problemas de deslizamentos e

alagamentos (Figuras 513 e 514) A grande ocupaccedilatildeo em aacutereas consideradas APP de

curso hiacutedrico de acordo com os mapas gerados pode ser a principal causa do aumento a

cada ano dos casos de alagamento principalmente na regiatildeo central da cidade Outro ponto

que se deve atentar eacute a existecircncia de uma consideraacutevel aacuterea de pastagem pouco vegetada

que caso estejam em aacutereas elevadas pode contribuir para deslizamentos e agraves margens de

37

rios e coacuterregos para o assoreamento destes corpos hiacutedricos o que pode causar

alagamentos (INAacuteCIO etal 2007)

Diante destes resultados pode-se ver que a cidade de Santos Dumont necessita alternativas

efetiva no que diz respeito agrave contenccedilatildeo de deslizamentos e a reduccedilatildeo de risco de

alagamento pois as aacutereas em que ocorrem tais eventos satildeo distintas e facilmente definidas

devido agrave repeticcedilatildeo destes nos uacuteltimos anos Um plano de accedilatildeo integrado entre as diferentes

secretarias municipais (Obras Meio Ambiente Assistecircncia Social entre outras) e a

Coordenadoria Municipal de Defesa Civil deve ser realizado afim de se tomar medidas

natildeo mais preventivas mas sim preditivas para que se possa conter o avanccedilo destes

problemas na aacuterea urbana principal bem como em toda a aacuterea do municiacutepio

Figura 5 13 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na aacuterea urbana

principal

Fonte Do autor

38

Figura 5 14 Aacutereas sujeitas a alagamento e os principais usos do solo na aacuterea

urbana principal

Fonte Do autor

Ao se associar os dados do estudo do Plano Diretor com os dados do levantamento

histoacuterico realizado com o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) pode-se notar que as aacutereas

propiacutecias a deslizamento estatildeo em regiotildees as quais haacute uma fronteira de declividades ou

seja eacute evidente que os deslizamentos ocorrem em encostas um pouco mais iacutengremes mas

natildeo necessariamente nas encostas de 30-47 as quais exigem estudo teacutecnico conforme o

plano diretor preconiza Quanto aos alagamentos nota-se que eles se localizam nas aacutereas

com menor ou nenhuma declividade podendo ser estas aacutereas talvez componentes da

planiacutecie de inundaccedilatildeo dos rios Estes resultados podem ser vistos nas figuras 515 e 516

a seguir

39

Figura5 15 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a deslizamentos na

regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

Fonte Lei 42412012 e Autor

Figura5 26 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a alagamentos na

regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

Fonte Lei 42412012 e Autor

40

52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis

O processo de ocupaccedilatildeo no municiacutepio de Santos Dumont comeccedilou muito antes de

qualquer legislaccedilatildeo relacionada a ordenamento urbano e de proteccedilatildeo do meio ambiente

fosse implementado no Brasil Esse fato aliado a poliacuteticas e fiscalizaccedilotildees falhas

contribuiacuteram para a ocupaccedilatildeo e expansatildeo da aacuterea urbana ao longo do Ribeiratildeo das Posses

e seus afluentes o que tem gerado o aumento da degradaccedilatildeo destes corpos hiacutedricos ao

longo de todos estes anos Observa-se tambeacutem que nas uacuteltimas deacutecadas ocorreu um

grande nuacutemero de migraccedilotildees do campo para a regiatildeo urbana da cidade fator que

contribuiu para o crescimento do nuacutemero de habitaccedilotildees em aacutereas de risco de deslizamento

e alagamentos por serem na maioria das vezes terrenos menos valorizados e por este

motivo acessiacuteveis a populaccedilatildeo com menor poder aquisitivo (ROSA amp CORTEZ 2008)

Vale ressaltar que esta questatildeo aleacutem de ser ambiental eacute muito mais social pois os

moradores entendem os riscos de se viver nestes locais mas por motivos econocircmicos ou

por questotildees afetivas natildeo abrem matildeo da moradia nessas aacutereas A Constituiccedilatildeo Federal de

1988 promoveu a inter-relaccedilatildeo das questotildees sociais com as questotildees ambientais quando

colocou o meio ambiente como direito coletivo (BRASIL1988 SOUZA2010) Por este

motivo a decisatildeo por medidas draacutesticas que favoreccedilam apenas agrave preservaccedilatildeo do meio

ambiente natildeo eacute recomendada pois aleacutem de ser inconstitucional podem afetar a

sustentabilidade econocircmica do municiacutepio e gerar conflitos sociais consideraacuteveis

(CARLOS 1992 apud SOUZA 2010)

Segundo Bueno (2009) ldquonem tudo o que eacute irregular eacute precaacuteriordquo Esse fato se observa em

Santos Dumont uma vez que em boa parte da regiatildeo central se observa vaacuterias moradias

construiacutedas na faixa de APP de curso hiacutedrico o que natildeo eacute permitido pela legislaccedilatildeo

vigente e eacute um dos fatores que contribui para a ocorrecircncia de alagamentos nesta aacuterea da

cidade Para a resoluccedilatildeo deste problema o que seria mais viaacutevel seria a melhoria da

infraestrutura de drenagem urbana afim de que o escoamento da aacutegua das chuvas natildeo

sobrecarregasse o sistema (BUENO2009) A construccedilatildeo de bacias de contenccedilatildeo de

cheias ao longo do Ribeiratildeo das Posses tambeacutem seria uma alternativa mas para se verificar

a viabilidade necessita-se estudos mais aprofundados do ponto de vista hidroloacutegico

O grande problema a ser solucionado no entanto eacute o que diz respeito agraves aacutereas de risco

de deslizamento majoritariamente nos bairros A melhor alternativa seria o

remanejamento dos moradores para uma aacuterea proacutexima agrave que moram poreacutem longe do

risco Poreacutem esta alternativa de acordo com Rosa Filho amp Cortez (2008) encontra alguns

entraves pois estas pessoas na maioria das vezes natildeo tecircm condiccedilotildees financeiras de irem

para outro lugar ou pagar aluguel ou estatildeo de alguma forma sentimentalmente ligadas

agravequela regiatildeo que se recusam a deixaacute-lo

41

Por parte dos oacutergatildeos competentes no municiacutepio a criaccedilatildeo de um plano para se evitar

acidentes ocasionados por deslizamentos e alagamentos com um mapeamento detalhado

de toda a extensatildeo do municiacutepio eacute extremamente uacutetil Os estudos que seratildeo feitos para a

elaboraccedilatildeo deste plano poderatildeo definir quais as aacutereas satildeo potencialmente de risco para as

ocupaccedilotildees existentes ou para as potenciais ocupaccedilotildees que possam vir a ocorrer atraveacutes do

mapeamento das aacutereas de risco Tal planejamento seraacute auxiliar ao Plano Diretor

Municipal pois definiraacute o real uso do solo de determinada regiatildeo do municiacutepio

contribuindo para a adequaccedilatildeo do uso e ocupaccedilatildeo do solo afim de evitar ou reduzir o

nuacutemero de problemas relacionados a alagamentos e principalmente deslizamentos no

periacutemetro urbano (TOMINAGA 2009) A partir deste plano os gestores locais poderatildeo

tomar a melhor decisatildeo para a prevenccedilatildeo ou reduccedilatildeo dos riscos inerentes a tais problemas

Na seccedilatildeo 521 seraacute hierarquizado de forma preliminar a aacuterea urbana principal de acordo

com os resultados da tabela 51

521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta

O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos (PMRR) foi criado atraveacutes de accedilotildees

regularizadoras do Ministeacuterio das Cidades para ser o instrumento de gestatildeo e

gerenciamento de aacutereas de risco em um municiacutepio Eacute um documento que aleacutem de

estabelecer quais regiotildees satildeo consideradas de risco tambeacutem objetiva a proposta de

medidas estruturais ou natildeo para contenccedilatildeo eou prevenccedilatildeo de cataacutestrofes aleacutem de ser um

meio de captaccedilatildeo de recursos financeiros junto aos Governos Estadual e Federal Estes

recursos poderatildeo ser utilizados para a realizaccedilatildeo de obras que visem a melhoria da

qualidade de vida da populaccedilatildeo do entorno ou de recuperaccedilatildeo da aacuterea degradada Este

plano eacute realizado de forma participativa com as comunidades das aacutereas de risco e pode

ser realizado em sete fases conforme recomenda o Ministeacuterio das Cidades (ALHEIROS

2006)

O primeiro passo para a realizaccedilatildeo do PMRR eacute definir qual a metodologia seraacute empregada

levando-se em consideraccedilatildeo a realidade atual do municiacutepio e especificar de forma sucinta

um cronograma das atividades Eacute importante nesta fase a participaccedilatildeo tambeacutem dos

responsaacuteveis pelas mais variadas Secretarias Municipais afim de explicitar o tamanho da

importacircncia e o caraacuteter integrador deste plano A segunda fase deste plano objetiva a

criaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo da principal base de dados a ser utilizada nos passos posteriores o

mapeamento de risco em escala detalhe em torno de 13000 (SAtildeO PAULO 2014) A

elaboraccedilatildeo de um mapeamento detalhado propiciaraacute natildeo soacute a identificaccedilatildeo mais faacutecil das

aacutereas de risco como tambeacutem facilitaraacute aos gestores e agrave comunidade decidirem qual a

melhor intervenccedilatildeo para a soluccedilatildeo ou remediaccedilatildeo dos problemas em uma determinada

42

aacuterea hierarquizando o risco e definindo prioridades (SAtildeO PAULO 2014) Na tabela a

seguir apresenta-se alguns tipos de intervenccedilotildees que podem ser feitas em aacutereas de risco

sugeridas pelo Ministeacuterio das cidades (ALHEIROS 2006)

Quadro 5 1 - Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco

Tipo de intervenccedilatildeo Descriccedilatildeo

Serviccedilos de limpeza e Recuperaccedilatildeo

Remoccedilatildeo de entulho lixo etc

corte de aacutervores

remoccedilatildeo de bananeiras

recuperaccedilatildeo eou limpeza de sistemas de

drenagem esgotos e acessos

Limpeza de canais de drenagem

Proteccedilatildeo Vegetal

Proteccedilatildeo superficial vegetal (gramiacuteneas) em

taludes com solo exposto

Proteccedilatildeo vegetal de margens de canais de

drenagem

Barreiras vegetais para massas escorregadas

ou acumuladas pela erosatildeo

Drenagem Superficial e Acessos

Sistema de drenagem superficial (canaletas

raacutepidos caixas de transiccedilatildeo escadas drsquoaacutegua)

Acessos para pedestres (escadarias rampas

etc) integrados ao sistema de drenagem

Revestimento de Taludes Revestimento com materiais artificiais

cimentado cal-jet tela argamassada alvenaria

de tijolos ceracircmicos solo-cimento ensacado

Desmonte de blocos e matacotildees Desmonte de concreccedilotildees de grande porte

blocos rochosos e matacotildees

Obras de drenagem de subsuperfiacutecie Sistema de drenagem de subsuperfiacutecie

(trincheiras drenantes DHP poccedilos de

rebaixamento)

Estruturas de contenccedilatildeo (localizadas)

Muros de contenccedilatildeo de pequeno porte (solo-

cimento ensacado alvenaria de pedra-rachatildeo

concreto armado)

Estruturas de contenccedilatildeo localizadas

(chumbadores tirantes microestacas)

Contenccedilatildeo e proteccedilatildeo de margens de canais (

gabiotildees muros de concreto etc)

Estruturas de contenccedilatildeo (meacutedio e grande porte) Implantaccedilatildeo de estruturas de contenccedilatildeo de

meacutedio e grande porte envolvendo obras de

contenccedilatildeo passivas e ativas (muros de

gravidade cortinas etc)

Terraplanagem Execuccedilatildeo de serviccedilos de terraplanagem

combinados a obras de drenagem superficial e

proteccedilatildeo vegetal desvio e canalizaccedilatildeo de

coacuterregos

Remoccedilatildeo de moradias Remoccedilotildees definitivas para implantaccedilatildeo de

obras ou devido agrave localizaccedilatildeo improacutepria da

edificaccedilatildeo (Priorizar as relocaccedilotildees dentro da

proacutepria aacuterea em local seguro)

Fonte ALHEIROS 2006

43

Escolhidas as formas de intervenccedilatildeo para cada aacuterea eacute necessaacuterio realizar uma estimativa

dos custos afim de preparar o orccedilamento da prefeitura para a realizaccedilatildeo das obras e se

seraacute necessaacuterio a captaccedilatildeo de recursos externos para a execuccedilatildeo destas Feitas as

estimativas de custo o proacuteximo passo eacute definir as prioridades e para esta fase eacute tambeacutem

uacutetil o mapeamento feito nas etapas anteriores pois seraacute necessaacuterio hierarquizar tais

intervenccedilotildees nas aacutereas de risco O Ministeacuterio das Cidades (2007) sugere alguns criteacuterios

que podem ser avaliados pelo gestor dentre eles pode-se citar

Grau de risco

Populaccedilatildeo beneficiada

Custo da intervenccedilatildeo

Dimensatildeo da aacuterea a ser tratada

Demandas anteriores da populaccedilatildeo

Tempo de ocupaccedilatildeo

Viabilidade teacutecnica da intervenccedilatildeo

Viabilidade financeira

Inclusatildeo da aacuterea em outros projetos

A partir desta hierarquizaccedilatildeo inicia-se a identificaccedilatildeo de provaacuteveis fontes de captaccedilatildeo de

recursos para a execuccedilatildeo das intervenccedilotildees Estes recursos podem advir de programas dos

governos Federal e Estadual ou por meio de editais para captaccedilatildeo de recursos financeiros

tanto do setor puacuteblico como da iniciativa privada e podem ser tambeacutem associados agrave outras

Secretarias Municipais como a de Turismo ou Meio Ambiente e natildeo soacute as destinadas agrave

Defesa Civil (ALHEIROS 2006)

Eacute previsto tambeacutem no PMRR uma avaliaccedilatildeo da Defesa Civil municipal e como ela estaacute

estruturada fazendo inclusive sugestotildees para que sua atuaccedilatildeo esteja em consonacircncia com

a realidade das comunidades e da Administraccedilatildeo Puacuteblica do municiacutepio de forma a garantir

sua sustentabilidade e conquistar a credibilidade da populaccedilatildeo no que diz respeito a

prevenccedilatildeo de cataacutestrofes Para que a resposta a uma determinada situaccedilatildeo de risco seja

raacutepida eacute necessaacuterio a descentralizaccedilatildeo da Defesa Civil criando pequenos nuacutecleos

comunitaacuterios com a finalidade de se monitorar a aacuterea constantemente e promover as

intervenccedilotildees necessaacuterias em tempo haacutebil o que aumenta em muito a credibilidade da

populaccedilatildeo no PMRR e no trabalho desempenhado pela Defesa Civil no municiacutepio Apoacutes

esta etapa o PMRR passaraacute por audiecircncias puacuteblicas e posteriormente poderaacute ser aprovado

como Lei Municipal pelo Legislativo local (ALHEIROS 2006)

Com a realizaccedilatildeo deste plano o municiacutepio estaraacute munido de informaccedilotildees suficientes para

realizar accedilotildees efetivas de gestatildeo e gerenciamento de riscos bem como aliado a

levantamentos sociais realizar programas habitacionais que beneficiem prioritariamente

44

aos moradores das aacutereas de risco Aleacutem disso com o PMRR o municiacutepio poderaacute melhorar

a qualidade ambiental da populaccedilatildeo captando recursos para a recuperaccedilatildeo das aacutereas de

APP que foram degradadas pelas ocupaccedilotildees irregulares beneficiando todos os moradores

do municiacutepio com o aumento da qualidade de vida na cidade

A partir do disposto nesta seccedilatildeo acerca do Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos e de

uma maneira preliminar (levando-se em conta apenas o nuacutemero de registros de

alagamentos e deslizamentos na aacuterea urbana principal de Santos Dumont no periacuteodo de

1984 a 2014) identificou-se trecircs regiotildees distintas na aacuterea urbana do municiacutepio com

tempo de recorrecircncia desses eventos similares caracterizando trecircs prioridades de

intervenccedilatildeo em contenccedilatildeo de risco como pode ser visto nas figuras 515 e 516 Vale

ressaltar que eacute necessaacuterio um estudo mais detalhado inclusive com visitas teacutecnicas a

campo para que se confirme a real situaccedilatildeo destas e a real prioridade para investimentos

Figura 5 17 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de deslizamentos

Fonte Do Autor

45

Figura 5 18 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de alagamentos

Fonte Do Autor

46

6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees

A seguir apresenta-se as conclusotildees e as recomendaccedilotildees feitas a partir dos objetivos

especiacuteficos explicitados no iniacutecio deste trabalho

Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a

aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes

urbanos

A partir da revisatildeo da legislaccedilatildeo pertinente em acircmbito federal estadual e

municipal constatou-se que o Plano Diretor de Santos Dumont natildeo conflita com a

legislaccedilatildeo federal e estadual sobre Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente A legislaccedilatildeo

municipal foi entendida como mais conservadora que as federal e estadual uma

vez que considera implicitamente que declividades entre 47 e 100 satildeo

enquadradas como APPs aleacutem da faixa superior a 100

Parte consideraacutevel das ocupaccedilotildees em APP principalmente na regiatildeo do bairro

Santo Antocircnio (onde surgiu os primeiros nuacutecleos que deram origem ao municiacutepio)

e o centro da cidade ocorreram antes de que fosse elaborado qualquer legislaccedilatildeo

que versasse sobre o tema Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente bastando ao gestor

local tomar medidas de contenccedilatildeo de riscos que minimizem os impactos causados

por essas ocupaccedilotildees nessa regiatildeo

O ordenamento adequado do uso do solo no municiacutepio eacute necessaacuterio para que o

crescimento dos loteamentos criados anteriormente agrave esta Lei e o surgimento de

novos natildeo avance para Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente o que pode causar

inuacutemeros problemas aos moradores e agravar os jaacute existentes

Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las

com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)

As aacutereas onde houveram a maior quantidade de registros de deslizamentos satildeo os

bairros mais populosos de Santos Dumont podendo se estabelecer uma relaccedilatildeo

que quanto mais populoso o bairro maior a quantidade de problemas relacionados

a deslizamentos Tambeacutem pode-se notar uma relaccedilatildeo com as fronteiras das faixas

de declividades e os deslizamentos uma vez que boa parte deles aconteceram

nestas faixas

As aacutereas onde houve um grande nuacutemero de registros de alagamentos satildeo os bairros

que se desenvolveram agraves margens do Ribeiratildeo das Posses em especial na aacuterea que

47

compreende as APPs de curso hiacutedrico e em aacutereas onde a declividade eacute baixa Esse

fato aliado ao crescimento do nuacutemero de vias pavimentadas com material

impermeaacutevel e a natildeo expansatildeo e ou redimensionamento da rede de drenagem

urbana contribuiacuteram para a ocorrecircncia cada vez mais constante de alagamentos

nessas aacutereas

Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos

catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30

anos

A partir do levantamento histoacuterico realizado e da base de dados georeferenciada

gerada observou-se o aumento do nuacutemero de registros de deslizamentos e

alagamentos nos uacuteltimos 10 anos quando as ocorrecircncias comeccedilaram a se repetir

numa mesma aacuterea com frequecircncia incrementada as vezes com mais de uma

ocorrecircncia anual

Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do

solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental

Destaca-se a adequaccedilatildeo dos criteacuterios gerais estabelecidos pelo Plano Diretor de

Santos Dumont relativos a legislaccedilatildeo federal e estadual Entretanto o referido

Plano Diretor natildeo contempla todo o territoacuterio municipal sendo assim ele natildeo

cumpre o objetivo de proteger as APPs preservadas e recuperar as que foram

degradadas em todo o territoacuterio municipal Ressalta-se tambeacutem a sua natildeo

conformidade com o Estatuto das Cidades uma vez que o Plano Diretor

contempla apenas os novos loteamentos

Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais

negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea

impactada

Recomenda-se a implantaccedilatildeo no municiacutepio de uma Coordenadoria Municipal de

Defesa Civil atuante e integrada agraves Secretarias Municipais e agrave comunidade

visando uma atuaccedilatildeo eficaz nos problemas relacionados a deslizamentos e

alagamentos A elaboraccedilatildeo de um Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos eacute de

suma importacircncia pois atraveacutes dele pode-se predizer as aacutereas que passaratildeo por

problemas caso a expansatildeo aconteccedila ou se inicie uma ocupaccedilatildeo nova aleacutem de

prevenir acidentes nas aacutereas jaacute ocupadas e consideradas de risco

48

7 Anexos

49

71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont

50

51

72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)

52

53

8 Referecircncias Bibliograacuteficas

ALHEIROS M M O Plano Municipal de Prevenccedilatildeo de Riscos In CARVALHO C S

amp GALVAtildeO T(org) Prevenccedilatildeo de riscos e deslizamentos em encostas Guia para

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AMARAL R amp RIBEIRO R R Inundaccedilatildeo e enchentes In TOMINAGA L K et al

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52

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BRASIL Lei Federal 10257 de 10 de julho de 2001 Regulamenta os arts 182 e 183 da

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Page 36: O USO DO SOLO URBANO EM ÁREAS DE PRESERVAÇÃO … · social que você tenha na vida, a mais alta ou a mais baixa, tenha sempre como meta muita força, muita determinação e sempre

28

Tabela 51 Ocorrecircncias de alagamentos e deslizamentos obtidos atraveacutes do

levantamento histoacuterico

Pontos de ocorrecircncia (1984-2014)

Bairros Alagamento Deslizamento

Aacutegua Espraiada 1 1

Antocircnio Afonso 1 0

Barra 0 1

Centro 7 1

Coacuterrego do Ouro 1 7

Flores 0 1

Graminha 1 0

Jardim Jaraguaacute 0 1

N Sra da Gloacuteria 0 4

N Sra das Graccedilas 1 0

Quarto Depoacutesito 3 2

Santo Antocircnio 4 2

Satildeo Sebastiatildeo 0 1

Vila Esperanccedila 0 1

Fonte Do autor

De acordo com o estudo realizado na elaboraccedilatildeo do Plano Diretor pela prefeitura

municipal observa-se que os bairros que possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a

deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do Ouro e Vila Esperanccedila enquanto que os que

possuem o maior nuacutemero de aacutereas propensas a alagamento satildeo o Centro da cidade e os

bairros Satildeo Sebastiatildeo Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio por estarem agraves margens do

Ribeiratildeo das Posses um curso drsquoaacutegua que sofre com inundaccedilotildees perioacutedicas devido ao

severo assoreamento em algumas regiotildees e tambeacutem devido ao acuacutemulo de lixo descartado

pelos moradores do entorno irregularmente De acordo com o estudo realizado quando da

elaboraccedilatildeo do Plano Diretor do municiacutepio foram feitos estudos sobre as aacutereas propensas

a deslizamentos e alagamentos na regiatildeo urbana principal Tais aacutereas satildeo as destacadas

nas Figuras 55 e 56 No levantamento histoacuterico realizado pode-se identificar que os

bairros que possuem mais aacutereas propensas a deslizamentos satildeo os bairros Coacuterrego do

Ouro Nossa Senhora da Gloacuteria Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio enquanto que os bairros

mais propensos a alagamentos satildeo os bairros Centro Quarto Depoacutesito e Santo Antocircnio

como observado na tabela 51

29

Figura 5 5 Aacutereas propensas a deslizamento de acordo com o Plano Diretor de

Santos Dumont

Fonte Google Earth e Lei 42412012

Figura 5 6 Aacutereas propensas a alagamento de acordo com o Plano Diretor de

Santos Dumont

Fonte Google Earth e Lei 42412012

30

Comparando-se os mapas obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico com o mapa gerado

pelo estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor nota-se que haacute semelhanccedilas em

algumas aacutereas mas ao se levar em conta o produto gerado pela pesquisa histoacuterica o

estudo necessitaria ser complementado haja vista que ele natildeo compreende por exemplo

o ponto de alagamento no bairro Antocircnio Afonso citado anteriormente e alguns pontos de

deslizamento importantes uma vez que satildeo regiotildees onde haacute ocupaccedilatildeo Esse fato evidencia

a necessidade de se buscar vaacuterias fontes primaacuterias e secundaacuterias para se detectar aacutereas de

risco em um municiacutepio incluindo arquivos da imprensa local afim de se produzir uma

base de dados consistente e com o menor nuacutemero de falhas possiacutevel (CEPED 2014) Com

a uniatildeo dos dois estudos foram gerados os mapas apresentados nas Figuras 57 e 58

Aleacutem do mais observando as figuras 57 e 58 pode-se notar que uma boa parte tanto dos

casos de alagamento quanto de deslizamento estatildeo na faixa de APP de curso hiacutedrico o

que ilustra a importacircncia da preservaccedilatildeo destas aacutereas

Figura 5 7 Aacutereas propensas a alagamento do estudo do Plano Diretor

complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento

Fonte Do Autor

31

Figura 5 8 Aacutereas propensas a deslizamento do estudo do Plano Diretor

complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento

Fonte Do Autor

Atraveacutes da combinaccedilatildeo entre estes dois levantamentos procurou-se alimentar a base de

dados e garantir uma consistecircncia maior desta no que diz respeito a aacutereas de deslizamento

e alagamento podendo inclusive se identificar a suscetibilidade de uma determinada

regiatildeo da cidade a um ou outro evento (CEPED2014)

512 O Plano diretor e as APPs

Nos uacuteltimos anos o Brasil experimentou um forte fenocircmeno de migraccedilatildeo do campo para

as aacutereas urbanas De acordo com o IBGE no periacuteodo de 1940 a 2000 houve um aumento

de cerca de 60 do nuacutemero de pessoas que vivem em cidades (SILVA JR 2006) O

processo de planejamento e ordenamento do uso do solo nessas aacutereas deveria ter

acompanhado esse crescimento ao longo dos anos a fim de garantir a qualidade de vida e

a seguranccedila dos migrantes ao se instalarem nas cidades o que natildeo ocorreu e o que se

observa atualmente satildeo ocupaccedilotildees em aacutereas improacuteprias para moradia sem a infraestrutura

baacutesica necessaacuteria e com risco iminente de deslizamentos eou inundaccedilotildees

O Plano Diretor do municiacutepio de Santos Dumont em seu capiacutetulo IV que versa sobre o

uso e ocupaccedilatildeo do solo explicita regras para o ordenamento do territoacuterio que compreende

o municiacutepio com base nos diferentes usos do solo de acordo com sua compatibilidade o

32

que acabou por resultar num zoneamento de todo o municiacutepio em macrozonas conforme

citado na seccedilatildeo 3231 de acordo com os usos atuais e futuros do solo Aleacutem de dividir

estas macrozonas em urbanas e rurais tambeacutem avaliou e classificou estas aacutereas com base

numa seacuterie de fatores ambientais geoloacutegicos culturais e sociais de forma a se fazer um

zoneamento coerente com os atuais usos do solo e seu potencial de uso futuro Apresenta-

se na Figura 59 este zoneamento na aacuterea urbana principal de Santos Dumont

Figura 5 9 Zoneamento urbano da aacuterea urbana principal

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Lei 42412012

Tomando como referecircncia o Novo Coacutedigo Florestal brasileiro em especial os paracircmetros

estabelecidos para a definiccedilatildeo de APP e utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento

atraveacutes do software Vista SAGA relacionou-se as APPs existentes na aacuterea em estudo com

as regiotildees propiacutecias a alagamentos e deslizamentos de acordo com o estudo feito quando

da elaboraccedilatildeo do Plano Diretor afim de se identificar qual ou quais aacutereas possuem estes

problemas e se estatildeo relacionados com o uso do solo irregular em APP

Ao se aplicar a metodologia proposta por Oliveira amp Fernandes Filho (2013) natildeo foram

identificadas dentro da aacuterea de estudo APPs de topos de morro sendo este tipo de APP

descartada portanto das anaacutelises subsequentes deste trabalho Foram consideradas as

APP de curso hiacutedrico (rios e nascentes) e de declividade visando relacionaacute-las as aacutereas

de risco identificadas pela Prefeitura afim de se verificar as possiacuteveis causas da ocorrecircncia

33

destas aacutereas na regiatildeo urbana do municiacutepio Por meio de combinaccedilotildees entre dois mapas

temaacuteticos utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento foi possiacutevel obter as

assinaturas ou seja tabelas que caracterizam quantitativamente a aacuterea afetada por cada

aspecto visto que a simples visualizaccedilatildeo do mapa gerado pelo geoprocessamento muitas

vezes eacute prejudicada por serem aacutereas de pequenas dimensotildees ou por qualquer outra

limitaccedilatildeo do software Ressalta-se que para a elaboraccedilatildeo do Plano Municipal de Reduccedilatildeo

de riscos a identificaccedilatildeo e detalhamento topograacutefico destas aacutereas eacute fundamental para o

desenvolvimento do referido Plano conforme seraacute abordado detalhadamente na seccedilatildeo

52

De posse do mapa que representa o zoneamento urbano de Santos Dumont primeiramente

procurou-se mensurar qualitativa e quantitativamente a presenccedila de APPs tanto de

declividade quanto de cursos hiacutedricos Essa identificaccedilatildeo eacute importante pois este

zoneamento eacute um dos instrumentos de planejamento municipal (BRASIL 2001) Saboya

(2007) aponta que os principais objetivos de um zoneamento satildeo o controle da expansatildeo

urbana e proteccedilatildeo de aacutereas inadequadas a ocupaccedilatildeo aleacutem de reduzir os conflitos inerentes

aos diferentes usos do solo Com o uso da ferramenta ldquoCombinarrdquo do Vista SAGA foram

feitas combinaccedilotildees entre o mapa de hidrografia com buffer de 30m para rios e coacuterregos e

de 50m para nascentes com o mapa do zoneamento para se verificar a importacircncia das

APPs de curso hiacutedrico em toda a aacuterea urbana principal do municiacutepio Tambeacutem foram

combinados o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) obtido atraveacutes do gvSIG com o mapa

de zoneamento afim de se verificar quantitativamente as APPs de declividade e onde se

localizam Vale ressaltar que as declividades entre 30 e 47 estatildeo presentes nesta

combinaccedilatildeo pois de acordo com o Plano Diretor de Santos Dumont terrenos com esta

faixa de declividade para fins de parcelamento devem possuir estudo teacutecnico que ateste

a viabilidade de se promover algum empreendimento imobiliaacuterio neste (SANTOS

DUMONT 2012) Como a legislaccedilatildeo municipal prevecirc estudo somente para a faixa de

declividade descrita anteriormente para fins de anaacutelise neste trabalho consideramos um

valor mais conservador para APP compreendendo a faixa de 47 a 100 aleacutem da

prevista pela legislaccedilatildeo federal (gt100) para que natildeo houvessem lacunas importantes na

geraccedilatildeo do produto

Apresenta-se na Figura 510 aacutereas com declividades consideradas de risco e consideradas

APP e em qual zona de planejamento elas estatildeo inseridas De um modo geral ao se

observar a Tabela 52 nota-se que a aacuterea que compreende declividades de risco e APP eacute

uma pequena parcela da aacuterea urbana principal representando 061 desta aacuterea Ao se

levar em conta somente a localizaccedilatildeo pode-se verificar que cerca de 84 das aacutereas com

declividade de risco e a totalidade das APPs de declividade estatildeo localizadas na ZAC1

zona que compreende a maior parte do municiacutepio e apesar de possuir infraestrutura baacutesica

para a ocupaccedilatildeo esta eacute restrita Sendo assim o fator declividade deve ser visto com cautela

nesta aacuterea para se evitar transtornos advindos de edificaccedilotildees nestas aacutereas

34

Figura 5 10 Combinaccedilatildeo entre as declividades importantes incluindo as APPs e o

zoneamento urbano

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Do autor

Tabela 52 Assinaturas da combinaccedilatildeo Declividade x Zoneamento

Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea

Natildeo APP 457972 9939

Declividade 30-47 em ZAC1 2368 051

Declividade 30-47 em ZE 284 006

Declividade 30-47 em ZAC2 128 003

Declividade 30-47 em ZPA 004 0001

APP Declividade em ZAC1 048 001

Total 460804 100

Fonte Do autor

Apresenta-se na Figura 511 as APPs de curso hiacutedrico (nascentes e rios) e em qual zona

de planejamento estatildeo localizadas Assim como a declividade a maior parte das APPs de

curso hiacutedrico estatildeo localizadas em ZAC1 representando 383 da aacuterea urbana em estudo

e 51 do total das APPs de curso hiacutedrico Esta questatildeo tambeacutem deve ser vista com

bastante criteacuterio pelos gestores locais uma vez que a ocupaccedilatildeo em faixas proacuteximas de

rios e coacuterregos podem causar uma gama de problemas ambientais e sociais na regiatildeo

(SANTANA2011) Tal cuidado tambeacutem deve ser tomado nas APPs compreendidas na

35

ZAC2 que compreende 001 da Aacuterea urbana principal e 14 do total das APPs de curso

hiacutedrico pois a infraestrutura baacutesica e acessibilidade presente nesta zona eacute precaacuteria e a

ocupaccedilatildeo as margens de cursos hiacutedricos pode gerar problemas seacuterios caso ocorra uma

expansatildeo nestas aacutereas

Figura 511 Combinaccedilatildeo entre APP de curso hiacutedrico e as zonas de planejamento

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Do autor

Outro ponto importante eacute a presenccedila da Zona de Proteccedilatildeo Ambiental (ZPA) no entorno

uma consideraacutevel parte dos cursos hiacutedricos Nesta zona estatildeo presentes 28 das APPs de

curso hiacutedrico e esta zona de acordo com o Plano Diretor deve ser restaurada ou

preservada por suas caracteriacutesticas geoloacutegicas topograacuteficas e bioloacutegicas

Afim de se verificar os usos do solo na regiatildeo em estudo foram utilizadas combinaccedilotildees

de imagens advindas do sateacutelite Landsat 8 nas bandas descritas no capiacutetulo 4 aleacutem da

banda pancromaacutetica O resultado eacute apresentado na figura 512 que mostra os principais

usos do solo na aacuterea urbana principal de Santos Dumont

36

Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x Zoneamento

Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea

Hidrografia 11168 239

Aacuterea Urbana Natildeo APP 421004 9008

APP Curso hiacutedrico em ZAC1 179 383

APP Curso hiacutedrico em ZPA 9776 209

APP Curso hiacutedrico em ZE 184 004

APP Curso hiacutedrico em ZA 1192 026

APP Curso hiacutedrico em ZAC2 5124 110

APP Curso hiacutedrico em ZPPH 248 005

APP Curso hiacutedrico em ZEIS 568 012

APP Curso hiacutedrico em ZCA 228 005

Total 467392 10000

Fonte Do autor

Figura 5 12 Mapa de usos do solo da aacuterea urbana principal de Santos Dumont

Fonte Do autor

Como jaacute era previsto a maior parte da aacuterea urbana se encontra ocupada e eacute nesta regiatildeo

ocupada que se observa a maior concentraccedilatildeo de problemas de deslizamentos e

alagamentos (Figuras 513 e 514) A grande ocupaccedilatildeo em aacutereas consideradas APP de

curso hiacutedrico de acordo com os mapas gerados pode ser a principal causa do aumento a

cada ano dos casos de alagamento principalmente na regiatildeo central da cidade Outro ponto

que se deve atentar eacute a existecircncia de uma consideraacutevel aacuterea de pastagem pouco vegetada

que caso estejam em aacutereas elevadas pode contribuir para deslizamentos e agraves margens de

37

rios e coacuterregos para o assoreamento destes corpos hiacutedricos o que pode causar

alagamentos (INAacuteCIO etal 2007)

Diante destes resultados pode-se ver que a cidade de Santos Dumont necessita alternativas

efetiva no que diz respeito agrave contenccedilatildeo de deslizamentos e a reduccedilatildeo de risco de

alagamento pois as aacutereas em que ocorrem tais eventos satildeo distintas e facilmente definidas

devido agrave repeticcedilatildeo destes nos uacuteltimos anos Um plano de accedilatildeo integrado entre as diferentes

secretarias municipais (Obras Meio Ambiente Assistecircncia Social entre outras) e a

Coordenadoria Municipal de Defesa Civil deve ser realizado afim de se tomar medidas

natildeo mais preventivas mas sim preditivas para que se possa conter o avanccedilo destes

problemas na aacuterea urbana principal bem como em toda a aacuterea do municiacutepio

Figura 5 13 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na aacuterea urbana

principal

Fonte Do autor

38

Figura 5 14 Aacutereas sujeitas a alagamento e os principais usos do solo na aacuterea

urbana principal

Fonte Do autor

Ao se associar os dados do estudo do Plano Diretor com os dados do levantamento

histoacuterico realizado com o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) pode-se notar que as aacutereas

propiacutecias a deslizamento estatildeo em regiotildees as quais haacute uma fronteira de declividades ou

seja eacute evidente que os deslizamentos ocorrem em encostas um pouco mais iacutengremes mas

natildeo necessariamente nas encostas de 30-47 as quais exigem estudo teacutecnico conforme o

plano diretor preconiza Quanto aos alagamentos nota-se que eles se localizam nas aacutereas

com menor ou nenhuma declividade podendo ser estas aacutereas talvez componentes da

planiacutecie de inundaccedilatildeo dos rios Estes resultados podem ser vistos nas figuras 515 e 516

a seguir

39

Figura5 15 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a deslizamentos na

regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

Fonte Lei 42412012 e Autor

Figura5 26 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a alagamentos na

regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

Fonte Lei 42412012 e Autor

40

52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis

O processo de ocupaccedilatildeo no municiacutepio de Santos Dumont comeccedilou muito antes de

qualquer legislaccedilatildeo relacionada a ordenamento urbano e de proteccedilatildeo do meio ambiente

fosse implementado no Brasil Esse fato aliado a poliacuteticas e fiscalizaccedilotildees falhas

contribuiacuteram para a ocupaccedilatildeo e expansatildeo da aacuterea urbana ao longo do Ribeiratildeo das Posses

e seus afluentes o que tem gerado o aumento da degradaccedilatildeo destes corpos hiacutedricos ao

longo de todos estes anos Observa-se tambeacutem que nas uacuteltimas deacutecadas ocorreu um

grande nuacutemero de migraccedilotildees do campo para a regiatildeo urbana da cidade fator que

contribuiu para o crescimento do nuacutemero de habitaccedilotildees em aacutereas de risco de deslizamento

e alagamentos por serem na maioria das vezes terrenos menos valorizados e por este

motivo acessiacuteveis a populaccedilatildeo com menor poder aquisitivo (ROSA amp CORTEZ 2008)

Vale ressaltar que esta questatildeo aleacutem de ser ambiental eacute muito mais social pois os

moradores entendem os riscos de se viver nestes locais mas por motivos econocircmicos ou

por questotildees afetivas natildeo abrem matildeo da moradia nessas aacutereas A Constituiccedilatildeo Federal de

1988 promoveu a inter-relaccedilatildeo das questotildees sociais com as questotildees ambientais quando

colocou o meio ambiente como direito coletivo (BRASIL1988 SOUZA2010) Por este

motivo a decisatildeo por medidas draacutesticas que favoreccedilam apenas agrave preservaccedilatildeo do meio

ambiente natildeo eacute recomendada pois aleacutem de ser inconstitucional podem afetar a

sustentabilidade econocircmica do municiacutepio e gerar conflitos sociais consideraacuteveis

(CARLOS 1992 apud SOUZA 2010)

Segundo Bueno (2009) ldquonem tudo o que eacute irregular eacute precaacuteriordquo Esse fato se observa em

Santos Dumont uma vez que em boa parte da regiatildeo central se observa vaacuterias moradias

construiacutedas na faixa de APP de curso hiacutedrico o que natildeo eacute permitido pela legislaccedilatildeo

vigente e eacute um dos fatores que contribui para a ocorrecircncia de alagamentos nesta aacuterea da

cidade Para a resoluccedilatildeo deste problema o que seria mais viaacutevel seria a melhoria da

infraestrutura de drenagem urbana afim de que o escoamento da aacutegua das chuvas natildeo

sobrecarregasse o sistema (BUENO2009) A construccedilatildeo de bacias de contenccedilatildeo de

cheias ao longo do Ribeiratildeo das Posses tambeacutem seria uma alternativa mas para se verificar

a viabilidade necessita-se estudos mais aprofundados do ponto de vista hidroloacutegico

O grande problema a ser solucionado no entanto eacute o que diz respeito agraves aacutereas de risco

de deslizamento majoritariamente nos bairros A melhor alternativa seria o

remanejamento dos moradores para uma aacuterea proacutexima agrave que moram poreacutem longe do

risco Poreacutem esta alternativa de acordo com Rosa Filho amp Cortez (2008) encontra alguns

entraves pois estas pessoas na maioria das vezes natildeo tecircm condiccedilotildees financeiras de irem

para outro lugar ou pagar aluguel ou estatildeo de alguma forma sentimentalmente ligadas

agravequela regiatildeo que se recusam a deixaacute-lo

41

Por parte dos oacutergatildeos competentes no municiacutepio a criaccedilatildeo de um plano para se evitar

acidentes ocasionados por deslizamentos e alagamentos com um mapeamento detalhado

de toda a extensatildeo do municiacutepio eacute extremamente uacutetil Os estudos que seratildeo feitos para a

elaboraccedilatildeo deste plano poderatildeo definir quais as aacutereas satildeo potencialmente de risco para as

ocupaccedilotildees existentes ou para as potenciais ocupaccedilotildees que possam vir a ocorrer atraveacutes do

mapeamento das aacutereas de risco Tal planejamento seraacute auxiliar ao Plano Diretor

Municipal pois definiraacute o real uso do solo de determinada regiatildeo do municiacutepio

contribuindo para a adequaccedilatildeo do uso e ocupaccedilatildeo do solo afim de evitar ou reduzir o

nuacutemero de problemas relacionados a alagamentos e principalmente deslizamentos no

periacutemetro urbano (TOMINAGA 2009) A partir deste plano os gestores locais poderatildeo

tomar a melhor decisatildeo para a prevenccedilatildeo ou reduccedilatildeo dos riscos inerentes a tais problemas

Na seccedilatildeo 521 seraacute hierarquizado de forma preliminar a aacuterea urbana principal de acordo

com os resultados da tabela 51

521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta

O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos (PMRR) foi criado atraveacutes de accedilotildees

regularizadoras do Ministeacuterio das Cidades para ser o instrumento de gestatildeo e

gerenciamento de aacutereas de risco em um municiacutepio Eacute um documento que aleacutem de

estabelecer quais regiotildees satildeo consideradas de risco tambeacutem objetiva a proposta de

medidas estruturais ou natildeo para contenccedilatildeo eou prevenccedilatildeo de cataacutestrofes aleacutem de ser um

meio de captaccedilatildeo de recursos financeiros junto aos Governos Estadual e Federal Estes

recursos poderatildeo ser utilizados para a realizaccedilatildeo de obras que visem a melhoria da

qualidade de vida da populaccedilatildeo do entorno ou de recuperaccedilatildeo da aacuterea degradada Este

plano eacute realizado de forma participativa com as comunidades das aacutereas de risco e pode

ser realizado em sete fases conforme recomenda o Ministeacuterio das Cidades (ALHEIROS

2006)

O primeiro passo para a realizaccedilatildeo do PMRR eacute definir qual a metodologia seraacute empregada

levando-se em consideraccedilatildeo a realidade atual do municiacutepio e especificar de forma sucinta

um cronograma das atividades Eacute importante nesta fase a participaccedilatildeo tambeacutem dos

responsaacuteveis pelas mais variadas Secretarias Municipais afim de explicitar o tamanho da

importacircncia e o caraacuteter integrador deste plano A segunda fase deste plano objetiva a

criaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo da principal base de dados a ser utilizada nos passos posteriores o

mapeamento de risco em escala detalhe em torno de 13000 (SAtildeO PAULO 2014) A

elaboraccedilatildeo de um mapeamento detalhado propiciaraacute natildeo soacute a identificaccedilatildeo mais faacutecil das

aacutereas de risco como tambeacutem facilitaraacute aos gestores e agrave comunidade decidirem qual a

melhor intervenccedilatildeo para a soluccedilatildeo ou remediaccedilatildeo dos problemas em uma determinada

42

aacuterea hierarquizando o risco e definindo prioridades (SAtildeO PAULO 2014) Na tabela a

seguir apresenta-se alguns tipos de intervenccedilotildees que podem ser feitas em aacutereas de risco

sugeridas pelo Ministeacuterio das cidades (ALHEIROS 2006)

Quadro 5 1 - Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco

Tipo de intervenccedilatildeo Descriccedilatildeo

Serviccedilos de limpeza e Recuperaccedilatildeo

Remoccedilatildeo de entulho lixo etc

corte de aacutervores

remoccedilatildeo de bananeiras

recuperaccedilatildeo eou limpeza de sistemas de

drenagem esgotos e acessos

Limpeza de canais de drenagem

Proteccedilatildeo Vegetal

Proteccedilatildeo superficial vegetal (gramiacuteneas) em

taludes com solo exposto

Proteccedilatildeo vegetal de margens de canais de

drenagem

Barreiras vegetais para massas escorregadas

ou acumuladas pela erosatildeo

Drenagem Superficial e Acessos

Sistema de drenagem superficial (canaletas

raacutepidos caixas de transiccedilatildeo escadas drsquoaacutegua)

Acessos para pedestres (escadarias rampas

etc) integrados ao sistema de drenagem

Revestimento de Taludes Revestimento com materiais artificiais

cimentado cal-jet tela argamassada alvenaria

de tijolos ceracircmicos solo-cimento ensacado

Desmonte de blocos e matacotildees Desmonte de concreccedilotildees de grande porte

blocos rochosos e matacotildees

Obras de drenagem de subsuperfiacutecie Sistema de drenagem de subsuperfiacutecie

(trincheiras drenantes DHP poccedilos de

rebaixamento)

Estruturas de contenccedilatildeo (localizadas)

Muros de contenccedilatildeo de pequeno porte (solo-

cimento ensacado alvenaria de pedra-rachatildeo

concreto armado)

Estruturas de contenccedilatildeo localizadas

(chumbadores tirantes microestacas)

Contenccedilatildeo e proteccedilatildeo de margens de canais (

gabiotildees muros de concreto etc)

Estruturas de contenccedilatildeo (meacutedio e grande porte) Implantaccedilatildeo de estruturas de contenccedilatildeo de

meacutedio e grande porte envolvendo obras de

contenccedilatildeo passivas e ativas (muros de

gravidade cortinas etc)

Terraplanagem Execuccedilatildeo de serviccedilos de terraplanagem

combinados a obras de drenagem superficial e

proteccedilatildeo vegetal desvio e canalizaccedilatildeo de

coacuterregos

Remoccedilatildeo de moradias Remoccedilotildees definitivas para implantaccedilatildeo de

obras ou devido agrave localizaccedilatildeo improacutepria da

edificaccedilatildeo (Priorizar as relocaccedilotildees dentro da

proacutepria aacuterea em local seguro)

Fonte ALHEIROS 2006

43

Escolhidas as formas de intervenccedilatildeo para cada aacuterea eacute necessaacuterio realizar uma estimativa

dos custos afim de preparar o orccedilamento da prefeitura para a realizaccedilatildeo das obras e se

seraacute necessaacuterio a captaccedilatildeo de recursos externos para a execuccedilatildeo destas Feitas as

estimativas de custo o proacuteximo passo eacute definir as prioridades e para esta fase eacute tambeacutem

uacutetil o mapeamento feito nas etapas anteriores pois seraacute necessaacuterio hierarquizar tais

intervenccedilotildees nas aacutereas de risco O Ministeacuterio das Cidades (2007) sugere alguns criteacuterios

que podem ser avaliados pelo gestor dentre eles pode-se citar

Grau de risco

Populaccedilatildeo beneficiada

Custo da intervenccedilatildeo

Dimensatildeo da aacuterea a ser tratada

Demandas anteriores da populaccedilatildeo

Tempo de ocupaccedilatildeo

Viabilidade teacutecnica da intervenccedilatildeo

Viabilidade financeira

Inclusatildeo da aacuterea em outros projetos

A partir desta hierarquizaccedilatildeo inicia-se a identificaccedilatildeo de provaacuteveis fontes de captaccedilatildeo de

recursos para a execuccedilatildeo das intervenccedilotildees Estes recursos podem advir de programas dos

governos Federal e Estadual ou por meio de editais para captaccedilatildeo de recursos financeiros

tanto do setor puacuteblico como da iniciativa privada e podem ser tambeacutem associados agrave outras

Secretarias Municipais como a de Turismo ou Meio Ambiente e natildeo soacute as destinadas agrave

Defesa Civil (ALHEIROS 2006)

Eacute previsto tambeacutem no PMRR uma avaliaccedilatildeo da Defesa Civil municipal e como ela estaacute

estruturada fazendo inclusive sugestotildees para que sua atuaccedilatildeo esteja em consonacircncia com

a realidade das comunidades e da Administraccedilatildeo Puacuteblica do municiacutepio de forma a garantir

sua sustentabilidade e conquistar a credibilidade da populaccedilatildeo no que diz respeito a

prevenccedilatildeo de cataacutestrofes Para que a resposta a uma determinada situaccedilatildeo de risco seja

raacutepida eacute necessaacuterio a descentralizaccedilatildeo da Defesa Civil criando pequenos nuacutecleos

comunitaacuterios com a finalidade de se monitorar a aacuterea constantemente e promover as

intervenccedilotildees necessaacuterias em tempo haacutebil o que aumenta em muito a credibilidade da

populaccedilatildeo no PMRR e no trabalho desempenhado pela Defesa Civil no municiacutepio Apoacutes

esta etapa o PMRR passaraacute por audiecircncias puacuteblicas e posteriormente poderaacute ser aprovado

como Lei Municipal pelo Legislativo local (ALHEIROS 2006)

Com a realizaccedilatildeo deste plano o municiacutepio estaraacute munido de informaccedilotildees suficientes para

realizar accedilotildees efetivas de gestatildeo e gerenciamento de riscos bem como aliado a

levantamentos sociais realizar programas habitacionais que beneficiem prioritariamente

44

aos moradores das aacutereas de risco Aleacutem disso com o PMRR o municiacutepio poderaacute melhorar

a qualidade ambiental da populaccedilatildeo captando recursos para a recuperaccedilatildeo das aacutereas de

APP que foram degradadas pelas ocupaccedilotildees irregulares beneficiando todos os moradores

do municiacutepio com o aumento da qualidade de vida na cidade

A partir do disposto nesta seccedilatildeo acerca do Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos e de

uma maneira preliminar (levando-se em conta apenas o nuacutemero de registros de

alagamentos e deslizamentos na aacuterea urbana principal de Santos Dumont no periacuteodo de

1984 a 2014) identificou-se trecircs regiotildees distintas na aacuterea urbana do municiacutepio com

tempo de recorrecircncia desses eventos similares caracterizando trecircs prioridades de

intervenccedilatildeo em contenccedilatildeo de risco como pode ser visto nas figuras 515 e 516 Vale

ressaltar que eacute necessaacuterio um estudo mais detalhado inclusive com visitas teacutecnicas a

campo para que se confirme a real situaccedilatildeo destas e a real prioridade para investimentos

Figura 5 17 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de deslizamentos

Fonte Do Autor

45

Figura 5 18 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de alagamentos

Fonte Do Autor

46

6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees

A seguir apresenta-se as conclusotildees e as recomendaccedilotildees feitas a partir dos objetivos

especiacuteficos explicitados no iniacutecio deste trabalho

Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a

aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes

urbanos

A partir da revisatildeo da legislaccedilatildeo pertinente em acircmbito federal estadual e

municipal constatou-se que o Plano Diretor de Santos Dumont natildeo conflita com a

legislaccedilatildeo federal e estadual sobre Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente A legislaccedilatildeo

municipal foi entendida como mais conservadora que as federal e estadual uma

vez que considera implicitamente que declividades entre 47 e 100 satildeo

enquadradas como APPs aleacutem da faixa superior a 100

Parte consideraacutevel das ocupaccedilotildees em APP principalmente na regiatildeo do bairro

Santo Antocircnio (onde surgiu os primeiros nuacutecleos que deram origem ao municiacutepio)

e o centro da cidade ocorreram antes de que fosse elaborado qualquer legislaccedilatildeo

que versasse sobre o tema Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente bastando ao gestor

local tomar medidas de contenccedilatildeo de riscos que minimizem os impactos causados

por essas ocupaccedilotildees nessa regiatildeo

O ordenamento adequado do uso do solo no municiacutepio eacute necessaacuterio para que o

crescimento dos loteamentos criados anteriormente agrave esta Lei e o surgimento de

novos natildeo avance para Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente o que pode causar

inuacutemeros problemas aos moradores e agravar os jaacute existentes

Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las

com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)

As aacutereas onde houveram a maior quantidade de registros de deslizamentos satildeo os

bairros mais populosos de Santos Dumont podendo se estabelecer uma relaccedilatildeo

que quanto mais populoso o bairro maior a quantidade de problemas relacionados

a deslizamentos Tambeacutem pode-se notar uma relaccedilatildeo com as fronteiras das faixas

de declividades e os deslizamentos uma vez que boa parte deles aconteceram

nestas faixas

As aacutereas onde houve um grande nuacutemero de registros de alagamentos satildeo os bairros

que se desenvolveram agraves margens do Ribeiratildeo das Posses em especial na aacuterea que

47

compreende as APPs de curso hiacutedrico e em aacutereas onde a declividade eacute baixa Esse

fato aliado ao crescimento do nuacutemero de vias pavimentadas com material

impermeaacutevel e a natildeo expansatildeo e ou redimensionamento da rede de drenagem

urbana contribuiacuteram para a ocorrecircncia cada vez mais constante de alagamentos

nessas aacutereas

Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos

catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30

anos

A partir do levantamento histoacuterico realizado e da base de dados georeferenciada

gerada observou-se o aumento do nuacutemero de registros de deslizamentos e

alagamentos nos uacuteltimos 10 anos quando as ocorrecircncias comeccedilaram a se repetir

numa mesma aacuterea com frequecircncia incrementada as vezes com mais de uma

ocorrecircncia anual

Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do

solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental

Destaca-se a adequaccedilatildeo dos criteacuterios gerais estabelecidos pelo Plano Diretor de

Santos Dumont relativos a legislaccedilatildeo federal e estadual Entretanto o referido

Plano Diretor natildeo contempla todo o territoacuterio municipal sendo assim ele natildeo

cumpre o objetivo de proteger as APPs preservadas e recuperar as que foram

degradadas em todo o territoacuterio municipal Ressalta-se tambeacutem a sua natildeo

conformidade com o Estatuto das Cidades uma vez que o Plano Diretor

contempla apenas os novos loteamentos

Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais

negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea

impactada

Recomenda-se a implantaccedilatildeo no municiacutepio de uma Coordenadoria Municipal de

Defesa Civil atuante e integrada agraves Secretarias Municipais e agrave comunidade

visando uma atuaccedilatildeo eficaz nos problemas relacionados a deslizamentos e

alagamentos A elaboraccedilatildeo de um Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos eacute de

suma importacircncia pois atraveacutes dele pode-se predizer as aacutereas que passaratildeo por

problemas caso a expansatildeo aconteccedila ou se inicie uma ocupaccedilatildeo nova aleacutem de

prevenir acidentes nas aacutereas jaacute ocupadas e consideradas de risco

48

7 Anexos

49

71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont

50

51

72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)

52

53

8 Referecircncias Bibliograacuteficas

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2001

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dezembro de 1996 e 11 428 de 22 de dezembro de 2006 revoga as Leis nos 4771 de

1 5 de setembro de 1965 e 7754 de 1 4 de abril de 1989 e a Medida Provisoacuteria no 21

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da cidade de Satildeo Paulo O caso da subprefeitura da Seacute Trabalho de Graduaccedilatildeo UNESP

Rio Claro 2013

Page 37: O USO DO SOLO URBANO EM ÁREAS DE PRESERVAÇÃO … · social que você tenha na vida, a mais alta ou a mais baixa, tenha sempre como meta muita força, muita determinação e sempre

29

Figura 5 5 Aacutereas propensas a deslizamento de acordo com o Plano Diretor de

Santos Dumont

Fonte Google Earth e Lei 42412012

Figura 5 6 Aacutereas propensas a alagamento de acordo com o Plano Diretor de

Santos Dumont

Fonte Google Earth e Lei 42412012

30

Comparando-se os mapas obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico com o mapa gerado

pelo estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor nota-se que haacute semelhanccedilas em

algumas aacutereas mas ao se levar em conta o produto gerado pela pesquisa histoacuterica o

estudo necessitaria ser complementado haja vista que ele natildeo compreende por exemplo

o ponto de alagamento no bairro Antocircnio Afonso citado anteriormente e alguns pontos de

deslizamento importantes uma vez que satildeo regiotildees onde haacute ocupaccedilatildeo Esse fato evidencia

a necessidade de se buscar vaacuterias fontes primaacuterias e secundaacuterias para se detectar aacutereas de

risco em um municiacutepio incluindo arquivos da imprensa local afim de se produzir uma

base de dados consistente e com o menor nuacutemero de falhas possiacutevel (CEPED 2014) Com

a uniatildeo dos dois estudos foram gerados os mapas apresentados nas Figuras 57 e 58

Aleacutem do mais observando as figuras 57 e 58 pode-se notar que uma boa parte tanto dos

casos de alagamento quanto de deslizamento estatildeo na faixa de APP de curso hiacutedrico o

que ilustra a importacircncia da preservaccedilatildeo destas aacutereas

Figura 5 7 Aacutereas propensas a alagamento do estudo do Plano Diretor

complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento

Fonte Do Autor

31

Figura 5 8 Aacutereas propensas a deslizamento do estudo do Plano Diretor

complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento

Fonte Do Autor

Atraveacutes da combinaccedilatildeo entre estes dois levantamentos procurou-se alimentar a base de

dados e garantir uma consistecircncia maior desta no que diz respeito a aacutereas de deslizamento

e alagamento podendo inclusive se identificar a suscetibilidade de uma determinada

regiatildeo da cidade a um ou outro evento (CEPED2014)

512 O Plano diretor e as APPs

Nos uacuteltimos anos o Brasil experimentou um forte fenocircmeno de migraccedilatildeo do campo para

as aacutereas urbanas De acordo com o IBGE no periacuteodo de 1940 a 2000 houve um aumento

de cerca de 60 do nuacutemero de pessoas que vivem em cidades (SILVA JR 2006) O

processo de planejamento e ordenamento do uso do solo nessas aacutereas deveria ter

acompanhado esse crescimento ao longo dos anos a fim de garantir a qualidade de vida e

a seguranccedila dos migrantes ao se instalarem nas cidades o que natildeo ocorreu e o que se

observa atualmente satildeo ocupaccedilotildees em aacutereas improacuteprias para moradia sem a infraestrutura

baacutesica necessaacuteria e com risco iminente de deslizamentos eou inundaccedilotildees

O Plano Diretor do municiacutepio de Santos Dumont em seu capiacutetulo IV que versa sobre o

uso e ocupaccedilatildeo do solo explicita regras para o ordenamento do territoacuterio que compreende

o municiacutepio com base nos diferentes usos do solo de acordo com sua compatibilidade o

32

que acabou por resultar num zoneamento de todo o municiacutepio em macrozonas conforme

citado na seccedilatildeo 3231 de acordo com os usos atuais e futuros do solo Aleacutem de dividir

estas macrozonas em urbanas e rurais tambeacutem avaliou e classificou estas aacutereas com base

numa seacuterie de fatores ambientais geoloacutegicos culturais e sociais de forma a se fazer um

zoneamento coerente com os atuais usos do solo e seu potencial de uso futuro Apresenta-

se na Figura 59 este zoneamento na aacuterea urbana principal de Santos Dumont

Figura 5 9 Zoneamento urbano da aacuterea urbana principal

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Lei 42412012

Tomando como referecircncia o Novo Coacutedigo Florestal brasileiro em especial os paracircmetros

estabelecidos para a definiccedilatildeo de APP e utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento

atraveacutes do software Vista SAGA relacionou-se as APPs existentes na aacuterea em estudo com

as regiotildees propiacutecias a alagamentos e deslizamentos de acordo com o estudo feito quando

da elaboraccedilatildeo do Plano Diretor afim de se identificar qual ou quais aacutereas possuem estes

problemas e se estatildeo relacionados com o uso do solo irregular em APP

Ao se aplicar a metodologia proposta por Oliveira amp Fernandes Filho (2013) natildeo foram

identificadas dentro da aacuterea de estudo APPs de topos de morro sendo este tipo de APP

descartada portanto das anaacutelises subsequentes deste trabalho Foram consideradas as

APP de curso hiacutedrico (rios e nascentes) e de declividade visando relacionaacute-las as aacutereas

de risco identificadas pela Prefeitura afim de se verificar as possiacuteveis causas da ocorrecircncia

33

destas aacutereas na regiatildeo urbana do municiacutepio Por meio de combinaccedilotildees entre dois mapas

temaacuteticos utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento foi possiacutevel obter as

assinaturas ou seja tabelas que caracterizam quantitativamente a aacuterea afetada por cada

aspecto visto que a simples visualizaccedilatildeo do mapa gerado pelo geoprocessamento muitas

vezes eacute prejudicada por serem aacutereas de pequenas dimensotildees ou por qualquer outra

limitaccedilatildeo do software Ressalta-se que para a elaboraccedilatildeo do Plano Municipal de Reduccedilatildeo

de riscos a identificaccedilatildeo e detalhamento topograacutefico destas aacutereas eacute fundamental para o

desenvolvimento do referido Plano conforme seraacute abordado detalhadamente na seccedilatildeo

52

De posse do mapa que representa o zoneamento urbano de Santos Dumont primeiramente

procurou-se mensurar qualitativa e quantitativamente a presenccedila de APPs tanto de

declividade quanto de cursos hiacutedricos Essa identificaccedilatildeo eacute importante pois este

zoneamento eacute um dos instrumentos de planejamento municipal (BRASIL 2001) Saboya

(2007) aponta que os principais objetivos de um zoneamento satildeo o controle da expansatildeo

urbana e proteccedilatildeo de aacutereas inadequadas a ocupaccedilatildeo aleacutem de reduzir os conflitos inerentes

aos diferentes usos do solo Com o uso da ferramenta ldquoCombinarrdquo do Vista SAGA foram

feitas combinaccedilotildees entre o mapa de hidrografia com buffer de 30m para rios e coacuterregos e

de 50m para nascentes com o mapa do zoneamento para se verificar a importacircncia das

APPs de curso hiacutedrico em toda a aacuterea urbana principal do municiacutepio Tambeacutem foram

combinados o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) obtido atraveacutes do gvSIG com o mapa

de zoneamento afim de se verificar quantitativamente as APPs de declividade e onde se

localizam Vale ressaltar que as declividades entre 30 e 47 estatildeo presentes nesta

combinaccedilatildeo pois de acordo com o Plano Diretor de Santos Dumont terrenos com esta

faixa de declividade para fins de parcelamento devem possuir estudo teacutecnico que ateste

a viabilidade de se promover algum empreendimento imobiliaacuterio neste (SANTOS

DUMONT 2012) Como a legislaccedilatildeo municipal prevecirc estudo somente para a faixa de

declividade descrita anteriormente para fins de anaacutelise neste trabalho consideramos um

valor mais conservador para APP compreendendo a faixa de 47 a 100 aleacutem da

prevista pela legislaccedilatildeo federal (gt100) para que natildeo houvessem lacunas importantes na

geraccedilatildeo do produto

Apresenta-se na Figura 510 aacutereas com declividades consideradas de risco e consideradas

APP e em qual zona de planejamento elas estatildeo inseridas De um modo geral ao se

observar a Tabela 52 nota-se que a aacuterea que compreende declividades de risco e APP eacute

uma pequena parcela da aacuterea urbana principal representando 061 desta aacuterea Ao se

levar em conta somente a localizaccedilatildeo pode-se verificar que cerca de 84 das aacutereas com

declividade de risco e a totalidade das APPs de declividade estatildeo localizadas na ZAC1

zona que compreende a maior parte do municiacutepio e apesar de possuir infraestrutura baacutesica

para a ocupaccedilatildeo esta eacute restrita Sendo assim o fator declividade deve ser visto com cautela

nesta aacuterea para se evitar transtornos advindos de edificaccedilotildees nestas aacutereas

34

Figura 5 10 Combinaccedilatildeo entre as declividades importantes incluindo as APPs e o

zoneamento urbano

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Do autor

Tabela 52 Assinaturas da combinaccedilatildeo Declividade x Zoneamento

Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea

Natildeo APP 457972 9939

Declividade 30-47 em ZAC1 2368 051

Declividade 30-47 em ZE 284 006

Declividade 30-47 em ZAC2 128 003

Declividade 30-47 em ZPA 004 0001

APP Declividade em ZAC1 048 001

Total 460804 100

Fonte Do autor

Apresenta-se na Figura 511 as APPs de curso hiacutedrico (nascentes e rios) e em qual zona

de planejamento estatildeo localizadas Assim como a declividade a maior parte das APPs de

curso hiacutedrico estatildeo localizadas em ZAC1 representando 383 da aacuterea urbana em estudo

e 51 do total das APPs de curso hiacutedrico Esta questatildeo tambeacutem deve ser vista com

bastante criteacuterio pelos gestores locais uma vez que a ocupaccedilatildeo em faixas proacuteximas de

rios e coacuterregos podem causar uma gama de problemas ambientais e sociais na regiatildeo

(SANTANA2011) Tal cuidado tambeacutem deve ser tomado nas APPs compreendidas na

35

ZAC2 que compreende 001 da Aacuterea urbana principal e 14 do total das APPs de curso

hiacutedrico pois a infraestrutura baacutesica e acessibilidade presente nesta zona eacute precaacuteria e a

ocupaccedilatildeo as margens de cursos hiacutedricos pode gerar problemas seacuterios caso ocorra uma

expansatildeo nestas aacutereas

Figura 511 Combinaccedilatildeo entre APP de curso hiacutedrico e as zonas de planejamento

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Do autor

Outro ponto importante eacute a presenccedila da Zona de Proteccedilatildeo Ambiental (ZPA) no entorno

uma consideraacutevel parte dos cursos hiacutedricos Nesta zona estatildeo presentes 28 das APPs de

curso hiacutedrico e esta zona de acordo com o Plano Diretor deve ser restaurada ou

preservada por suas caracteriacutesticas geoloacutegicas topograacuteficas e bioloacutegicas

Afim de se verificar os usos do solo na regiatildeo em estudo foram utilizadas combinaccedilotildees

de imagens advindas do sateacutelite Landsat 8 nas bandas descritas no capiacutetulo 4 aleacutem da

banda pancromaacutetica O resultado eacute apresentado na figura 512 que mostra os principais

usos do solo na aacuterea urbana principal de Santos Dumont

36

Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x Zoneamento

Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea

Hidrografia 11168 239

Aacuterea Urbana Natildeo APP 421004 9008

APP Curso hiacutedrico em ZAC1 179 383

APP Curso hiacutedrico em ZPA 9776 209

APP Curso hiacutedrico em ZE 184 004

APP Curso hiacutedrico em ZA 1192 026

APP Curso hiacutedrico em ZAC2 5124 110

APP Curso hiacutedrico em ZPPH 248 005

APP Curso hiacutedrico em ZEIS 568 012

APP Curso hiacutedrico em ZCA 228 005

Total 467392 10000

Fonte Do autor

Figura 5 12 Mapa de usos do solo da aacuterea urbana principal de Santos Dumont

Fonte Do autor

Como jaacute era previsto a maior parte da aacuterea urbana se encontra ocupada e eacute nesta regiatildeo

ocupada que se observa a maior concentraccedilatildeo de problemas de deslizamentos e

alagamentos (Figuras 513 e 514) A grande ocupaccedilatildeo em aacutereas consideradas APP de

curso hiacutedrico de acordo com os mapas gerados pode ser a principal causa do aumento a

cada ano dos casos de alagamento principalmente na regiatildeo central da cidade Outro ponto

que se deve atentar eacute a existecircncia de uma consideraacutevel aacuterea de pastagem pouco vegetada

que caso estejam em aacutereas elevadas pode contribuir para deslizamentos e agraves margens de

37

rios e coacuterregos para o assoreamento destes corpos hiacutedricos o que pode causar

alagamentos (INAacuteCIO etal 2007)

Diante destes resultados pode-se ver que a cidade de Santos Dumont necessita alternativas

efetiva no que diz respeito agrave contenccedilatildeo de deslizamentos e a reduccedilatildeo de risco de

alagamento pois as aacutereas em que ocorrem tais eventos satildeo distintas e facilmente definidas

devido agrave repeticcedilatildeo destes nos uacuteltimos anos Um plano de accedilatildeo integrado entre as diferentes

secretarias municipais (Obras Meio Ambiente Assistecircncia Social entre outras) e a

Coordenadoria Municipal de Defesa Civil deve ser realizado afim de se tomar medidas

natildeo mais preventivas mas sim preditivas para que se possa conter o avanccedilo destes

problemas na aacuterea urbana principal bem como em toda a aacuterea do municiacutepio

Figura 5 13 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na aacuterea urbana

principal

Fonte Do autor

38

Figura 5 14 Aacutereas sujeitas a alagamento e os principais usos do solo na aacuterea

urbana principal

Fonte Do autor

Ao se associar os dados do estudo do Plano Diretor com os dados do levantamento

histoacuterico realizado com o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) pode-se notar que as aacutereas

propiacutecias a deslizamento estatildeo em regiotildees as quais haacute uma fronteira de declividades ou

seja eacute evidente que os deslizamentos ocorrem em encostas um pouco mais iacutengremes mas

natildeo necessariamente nas encostas de 30-47 as quais exigem estudo teacutecnico conforme o

plano diretor preconiza Quanto aos alagamentos nota-se que eles se localizam nas aacutereas

com menor ou nenhuma declividade podendo ser estas aacutereas talvez componentes da

planiacutecie de inundaccedilatildeo dos rios Estes resultados podem ser vistos nas figuras 515 e 516

a seguir

39

Figura5 15 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a deslizamentos na

regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

Fonte Lei 42412012 e Autor

Figura5 26 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a alagamentos na

regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

Fonte Lei 42412012 e Autor

40

52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis

O processo de ocupaccedilatildeo no municiacutepio de Santos Dumont comeccedilou muito antes de

qualquer legislaccedilatildeo relacionada a ordenamento urbano e de proteccedilatildeo do meio ambiente

fosse implementado no Brasil Esse fato aliado a poliacuteticas e fiscalizaccedilotildees falhas

contribuiacuteram para a ocupaccedilatildeo e expansatildeo da aacuterea urbana ao longo do Ribeiratildeo das Posses

e seus afluentes o que tem gerado o aumento da degradaccedilatildeo destes corpos hiacutedricos ao

longo de todos estes anos Observa-se tambeacutem que nas uacuteltimas deacutecadas ocorreu um

grande nuacutemero de migraccedilotildees do campo para a regiatildeo urbana da cidade fator que

contribuiu para o crescimento do nuacutemero de habitaccedilotildees em aacutereas de risco de deslizamento

e alagamentos por serem na maioria das vezes terrenos menos valorizados e por este

motivo acessiacuteveis a populaccedilatildeo com menor poder aquisitivo (ROSA amp CORTEZ 2008)

Vale ressaltar que esta questatildeo aleacutem de ser ambiental eacute muito mais social pois os

moradores entendem os riscos de se viver nestes locais mas por motivos econocircmicos ou

por questotildees afetivas natildeo abrem matildeo da moradia nessas aacutereas A Constituiccedilatildeo Federal de

1988 promoveu a inter-relaccedilatildeo das questotildees sociais com as questotildees ambientais quando

colocou o meio ambiente como direito coletivo (BRASIL1988 SOUZA2010) Por este

motivo a decisatildeo por medidas draacutesticas que favoreccedilam apenas agrave preservaccedilatildeo do meio

ambiente natildeo eacute recomendada pois aleacutem de ser inconstitucional podem afetar a

sustentabilidade econocircmica do municiacutepio e gerar conflitos sociais consideraacuteveis

(CARLOS 1992 apud SOUZA 2010)

Segundo Bueno (2009) ldquonem tudo o que eacute irregular eacute precaacuteriordquo Esse fato se observa em

Santos Dumont uma vez que em boa parte da regiatildeo central se observa vaacuterias moradias

construiacutedas na faixa de APP de curso hiacutedrico o que natildeo eacute permitido pela legislaccedilatildeo

vigente e eacute um dos fatores que contribui para a ocorrecircncia de alagamentos nesta aacuterea da

cidade Para a resoluccedilatildeo deste problema o que seria mais viaacutevel seria a melhoria da

infraestrutura de drenagem urbana afim de que o escoamento da aacutegua das chuvas natildeo

sobrecarregasse o sistema (BUENO2009) A construccedilatildeo de bacias de contenccedilatildeo de

cheias ao longo do Ribeiratildeo das Posses tambeacutem seria uma alternativa mas para se verificar

a viabilidade necessita-se estudos mais aprofundados do ponto de vista hidroloacutegico

O grande problema a ser solucionado no entanto eacute o que diz respeito agraves aacutereas de risco

de deslizamento majoritariamente nos bairros A melhor alternativa seria o

remanejamento dos moradores para uma aacuterea proacutexima agrave que moram poreacutem longe do

risco Poreacutem esta alternativa de acordo com Rosa Filho amp Cortez (2008) encontra alguns

entraves pois estas pessoas na maioria das vezes natildeo tecircm condiccedilotildees financeiras de irem

para outro lugar ou pagar aluguel ou estatildeo de alguma forma sentimentalmente ligadas

agravequela regiatildeo que se recusam a deixaacute-lo

41

Por parte dos oacutergatildeos competentes no municiacutepio a criaccedilatildeo de um plano para se evitar

acidentes ocasionados por deslizamentos e alagamentos com um mapeamento detalhado

de toda a extensatildeo do municiacutepio eacute extremamente uacutetil Os estudos que seratildeo feitos para a

elaboraccedilatildeo deste plano poderatildeo definir quais as aacutereas satildeo potencialmente de risco para as

ocupaccedilotildees existentes ou para as potenciais ocupaccedilotildees que possam vir a ocorrer atraveacutes do

mapeamento das aacutereas de risco Tal planejamento seraacute auxiliar ao Plano Diretor

Municipal pois definiraacute o real uso do solo de determinada regiatildeo do municiacutepio

contribuindo para a adequaccedilatildeo do uso e ocupaccedilatildeo do solo afim de evitar ou reduzir o

nuacutemero de problemas relacionados a alagamentos e principalmente deslizamentos no

periacutemetro urbano (TOMINAGA 2009) A partir deste plano os gestores locais poderatildeo

tomar a melhor decisatildeo para a prevenccedilatildeo ou reduccedilatildeo dos riscos inerentes a tais problemas

Na seccedilatildeo 521 seraacute hierarquizado de forma preliminar a aacuterea urbana principal de acordo

com os resultados da tabela 51

521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta

O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos (PMRR) foi criado atraveacutes de accedilotildees

regularizadoras do Ministeacuterio das Cidades para ser o instrumento de gestatildeo e

gerenciamento de aacutereas de risco em um municiacutepio Eacute um documento que aleacutem de

estabelecer quais regiotildees satildeo consideradas de risco tambeacutem objetiva a proposta de

medidas estruturais ou natildeo para contenccedilatildeo eou prevenccedilatildeo de cataacutestrofes aleacutem de ser um

meio de captaccedilatildeo de recursos financeiros junto aos Governos Estadual e Federal Estes

recursos poderatildeo ser utilizados para a realizaccedilatildeo de obras que visem a melhoria da

qualidade de vida da populaccedilatildeo do entorno ou de recuperaccedilatildeo da aacuterea degradada Este

plano eacute realizado de forma participativa com as comunidades das aacutereas de risco e pode

ser realizado em sete fases conforme recomenda o Ministeacuterio das Cidades (ALHEIROS

2006)

O primeiro passo para a realizaccedilatildeo do PMRR eacute definir qual a metodologia seraacute empregada

levando-se em consideraccedilatildeo a realidade atual do municiacutepio e especificar de forma sucinta

um cronograma das atividades Eacute importante nesta fase a participaccedilatildeo tambeacutem dos

responsaacuteveis pelas mais variadas Secretarias Municipais afim de explicitar o tamanho da

importacircncia e o caraacuteter integrador deste plano A segunda fase deste plano objetiva a

criaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo da principal base de dados a ser utilizada nos passos posteriores o

mapeamento de risco em escala detalhe em torno de 13000 (SAtildeO PAULO 2014) A

elaboraccedilatildeo de um mapeamento detalhado propiciaraacute natildeo soacute a identificaccedilatildeo mais faacutecil das

aacutereas de risco como tambeacutem facilitaraacute aos gestores e agrave comunidade decidirem qual a

melhor intervenccedilatildeo para a soluccedilatildeo ou remediaccedilatildeo dos problemas em uma determinada

42

aacuterea hierarquizando o risco e definindo prioridades (SAtildeO PAULO 2014) Na tabela a

seguir apresenta-se alguns tipos de intervenccedilotildees que podem ser feitas em aacutereas de risco

sugeridas pelo Ministeacuterio das cidades (ALHEIROS 2006)

Quadro 5 1 - Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco

Tipo de intervenccedilatildeo Descriccedilatildeo

Serviccedilos de limpeza e Recuperaccedilatildeo

Remoccedilatildeo de entulho lixo etc

corte de aacutervores

remoccedilatildeo de bananeiras

recuperaccedilatildeo eou limpeza de sistemas de

drenagem esgotos e acessos

Limpeza de canais de drenagem

Proteccedilatildeo Vegetal

Proteccedilatildeo superficial vegetal (gramiacuteneas) em

taludes com solo exposto

Proteccedilatildeo vegetal de margens de canais de

drenagem

Barreiras vegetais para massas escorregadas

ou acumuladas pela erosatildeo

Drenagem Superficial e Acessos

Sistema de drenagem superficial (canaletas

raacutepidos caixas de transiccedilatildeo escadas drsquoaacutegua)

Acessos para pedestres (escadarias rampas

etc) integrados ao sistema de drenagem

Revestimento de Taludes Revestimento com materiais artificiais

cimentado cal-jet tela argamassada alvenaria

de tijolos ceracircmicos solo-cimento ensacado

Desmonte de blocos e matacotildees Desmonte de concreccedilotildees de grande porte

blocos rochosos e matacotildees

Obras de drenagem de subsuperfiacutecie Sistema de drenagem de subsuperfiacutecie

(trincheiras drenantes DHP poccedilos de

rebaixamento)

Estruturas de contenccedilatildeo (localizadas)

Muros de contenccedilatildeo de pequeno porte (solo-

cimento ensacado alvenaria de pedra-rachatildeo

concreto armado)

Estruturas de contenccedilatildeo localizadas

(chumbadores tirantes microestacas)

Contenccedilatildeo e proteccedilatildeo de margens de canais (

gabiotildees muros de concreto etc)

Estruturas de contenccedilatildeo (meacutedio e grande porte) Implantaccedilatildeo de estruturas de contenccedilatildeo de

meacutedio e grande porte envolvendo obras de

contenccedilatildeo passivas e ativas (muros de

gravidade cortinas etc)

Terraplanagem Execuccedilatildeo de serviccedilos de terraplanagem

combinados a obras de drenagem superficial e

proteccedilatildeo vegetal desvio e canalizaccedilatildeo de

coacuterregos

Remoccedilatildeo de moradias Remoccedilotildees definitivas para implantaccedilatildeo de

obras ou devido agrave localizaccedilatildeo improacutepria da

edificaccedilatildeo (Priorizar as relocaccedilotildees dentro da

proacutepria aacuterea em local seguro)

Fonte ALHEIROS 2006

43

Escolhidas as formas de intervenccedilatildeo para cada aacuterea eacute necessaacuterio realizar uma estimativa

dos custos afim de preparar o orccedilamento da prefeitura para a realizaccedilatildeo das obras e se

seraacute necessaacuterio a captaccedilatildeo de recursos externos para a execuccedilatildeo destas Feitas as

estimativas de custo o proacuteximo passo eacute definir as prioridades e para esta fase eacute tambeacutem

uacutetil o mapeamento feito nas etapas anteriores pois seraacute necessaacuterio hierarquizar tais

intervenccedilotildees nas aacutereas de risco O Ministeacuterio das Cidades (2007) sugere alguns criteacuterios

que podem ser avaliados pelo gestor dentre eles pode-se citar

Grau de risco

Populaccedilatildeo beneficiada

Custo da intervenccedilatildeo

Dimensatildeo da aacuterea a ser tratada

Demandas anteriores da populaccedilatildeo

Tempo de ocupaccedilatildeo

Viabilidade teacutecnica da intervenccedilatildeo

Viabilidade financeira

Inclusatildeo da aacuterea em outros projetos

A partir desta hierarquizaccedilatildeo inicia-se a identificaccedilatildeo de provaacuteveis fontes de captaccedilatildeo de

recursos para a execuccedilatildeo das intervenccedilotildees Estes recursos podem advir de programas dos

governos Federal e Estadual ou por meio de editais para captaccedilatildeo de recursos financeiros

tanto do setor puacuteblico como da iniciativa privada e podem ser tambeacutem associados agrave outras

Secretarias Municipais como a de Turismo ou Meio Ambiente e natildeo soacute as destinadas agrave

Defesa Civil (ALHEIROS 2006)

Eacute previsto tambeacutem no PMRR uma avaliaccedilatildeo da Defesa Civil municipal e como ela estaacute

estruturada fazendo inclusive sugestotildees para que sua atuaccedilatildeo esteja em consonacircncia com

a realidade das comunidades e da Administraccedilatildeo Puacuteblica do municiacutepio de forma a garantir

sua sustentabilidade e conquistar a credibilidade da populaccedilatildeo no que diz respeito a

prevenccedilatildeo de cataacutestrofes Para que a resposta a uma determinada situaccedilatildeo de risco seja

raacutepida eacute necessaacuterio a descentralizaccedilatildeo da Defesa Civil criando pequenos nuacutecleos

comunitaacuterios com a finalidade de se monitorar a aacuterea constantemente e promover as

intervenccedilotildees necessaacuterias em tempo haacutebil o que aumenta em muito a credibilidade da

populaccedilatildeo no PMRR e no trabalho desempenhado pela Defesa Civil no municiacutepio Apoacutes

esta etapa o PMRR passaraacute por audiecircncias puacuteblicas e posteriormente poderaacute ser aprovado

como Lei Municipal pelo Legislativo local (ALHEIROS 2006)

Com a realizaccedilatildeo deste plano o municiacutepio estaraacute munido de informaccedilotildees suficientes para

realizar accedilotildees efetivas de gestatildeo e gerenciamento de riscos bem como aliado a

levantamentos sociais realizar programas habitacionais que beneficiem prioritariamente

44

aos moradores das aacutereas de risco Aleacutem disso com o PMRR o municiacutepio poderaacute melhorar

a qualidade ambiental da populaccedilatildeo captando recursos para a recuperaccedilatildeo das aacutereas de

APP que foram degradadas pelas ocupaccedilotildees irregulares beneficiando todos os moradores

do municiacutepio com o aumento da qualidade de vida na cidade

A partir do disposto nesta seccedilatildeo acerca do Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos e de

uma maneira preliminar (levando-se em conta apenas o nuacutemero de registros de

alagamentos e deslizamentos na aacuterea urbana principal de Santos Dumont no periacuteodo de

1984 a 2014) identificou-se trecircs regiotildees distintas na aacuterea urbana do municiacutepio com

tempo de recorrecircncia desses eventos similares caracterizando trecircs prioridades de

intervenccedilatildeo em contenccedilatildeo de risco como pode ser visto nas figuras 515 e 516 Vale

ressaltar que eacute necessaacuterio um estudo mais detalhado inclusive com visitas teacutecnicas a

campo para que se confirme a real situaccedilatildeo destas e a real prioridade para investimentos

Figura 5 17 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de deslizamentos

Fonte Do Autor

45

Figura 5 18 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de alagamentos

Fonte Do Autor

46

6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees

A seguir apresenta-se as conclusotildees e as recomendaccedilotildees feitas a partir dos objetivos

especiacuteficos explicitados no iniacutecio deste trabalho

Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a

aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes

urbanos

A partir da revisatildeo da legislaccedilatildeo pertinente em acircmbito federal estadual e

municipal constatou-se que o Plano Diretor de Santos Dumont natildeo conflita com a

legislaccedilatildeo federal e estadual sobre Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente A legislaccedilatildeo

municipal foi entendida como mais conservadora que as federal e estadual uma

vez que considera implicitamente que declividades entre 47 e 100 satildeo

enquadradas como APPs aleacutem da faixa superior a 100

Parte consideraacutevel das ocupaccedilotildees em APP principalmente na regiatildeo do bairro

Santo Antocircnio (onde surgiu os primeiros nuacutecleos que deram origem ao municiacutepio)

e o centro da cidade ocorreram antes de que fosse elaborado qualquer legislaccedilatildeo

que versasse sobre o tema Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente bastando ao gestor

local tomar medidas de contenccedilatildeo de riscos que minimizem os impactos causados

por essas ocupaccedilotildees nessa regiatildeo

O ordenamento adequado do uso do solo no municiacutepio eacute necessaacuterio para que o

crescimento dos loteamentos criados anteriormente agrave esta Lei e o surgimento de

novos natildeo avance para Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente o que pode causar

inuacutemeros problemas aos moradores e agravar os jaacute existentes

Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las

com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)

As aacutereas onde houveram a maior quantidade de registros de deslizamentos satildeo os

bairros mais populosos de Santos Dumont podendo se estabelecer uma relaccedilatildeo

que quanto mais populoso o bairro maior a quantidade de problemas relacionados

a deslizamentos Tambeacutem pode-se notar uma relaccedilatildeo com as fronteiras das faixas

de declividades e os deslizamentos uma vez que boa parte deles aconteceram

nestas faixas

As aacutereas onde houve um grande nuacutemero de registros de alagamentos satildeo os bairros

que se desenvolveram agraves margens do Ribeiratildeo das Posses em especial na aacuterea que

47

compreende as APPs de curso hiacutedrico e em aacutereas onde a declividade eacute baixa Esse

fato aliado ao crescimento do nuacutemero de vias pavimentadas com material

impermeaacutevel e a natildeo expansatildeo e ou redimensionamento da rede de drenagem

urbana contribuiacuteram para a ocorrecircncia cada vez mais constante de alagamentos

nessas aacutereas

Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos

catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30

anos

A partir do levantamento histoacuterico realizado e da base de dados georeferenciada

gerada observou-se o aumento do nuacutemero de registros de deslizamentos e

alagamentos nos uacuteltimos 10 anos quando as ocorrecircncias comeccedilaram a se repetir

numa mesma aacuterea com frequecircncia incrementada as vezes com mais de uma

ocorrecircncia anual

Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do

solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental

Destaca-se a adequaccedilatildeo dos criteacuterios gerais estabelecidos pelo Plano Diretor de

Santos Dumont relativos a legislaccedilatildeo federal e estadual Entretanto o referido

Plano Diretor natildeo contempla todo o territoacuterio municipal sendo assim ele natildeo

cumpre o objetivo de proteger as APPs preservadas e recuperar as que foram

degradadas em todo o territoacuterio municipal Ressalta-se tambeacutem a sua natildeo

conformidade com o Estatuto das Cidades uma vez que o Plano Diretor

contempla apenas os novos loteamentos

Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais

negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea

impactada

Recomenda-se a implantaccedilatildeo no municiacutepio de uma Coordenadoria Municipal de

Defesa Civil atuante e integrada agraves Secretarias Municipais e agrave comunidade

visando uma atuaccedilatildeo eficaz nos problemas relacionados a deslizamentos e

alagamentos A elaboraccedilatildeo de um Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos eacute de

suma importacircncia pois atraveacutes dele pode-se predizer as aacutereas que passaratildeo por

problemas caso a expansatildeo aconteccedila ou se inicie uma ocupaccedilatildeo nova aleacutem de

prevenir acidentes nas aacutereas jaacute ocupadas e consideradas de risco

48

7 Anexos

49

71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont

50

51

72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)

52

53

8 Referecircncias Bibliograacuteficas

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CF estabelece as diretrizes gerais da poliacutetica urbana e daacute outras providecircncias Brasiacutelia

2001

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vegetaccedilatildeo nativa altera as Leis nos 6938 de 31 de agosto de 1981 9393 de 1 9 de

dezembro de 1996 e 11 428 de 22 de dezembro de 2006 revoga as Leis nos 4771 de

1 5 de setembro de 1965 e 7754 de 1 4 de abril de 1989 e a Medida Provisoacuteria no 21

66shy67 de 24 de agosto de 2001 e daacute outras providecircncias Brasiacutelia 2012

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56

SAtildeO PAULO Mapeamento de riscos associados a escorregamentos inundaccedilatildeo erosotildees

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Relatoacuterio Teacutecnico Campos do Jordatildeo 2014

SILVA JR J R amp PASSOS L A O negoacutecio eacute participar a importacircncia do plano

diretor para o desenvolvimento municipal CNM SEBRAE Brasiacutelia 2006

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UFV ndash Universidade Federal de Viccedilosa Mapa de solos do Estado de Minas Gerais

legenda expandida Centro Tecnoloacutegico de Minas Gerais FEAM Belo Horizonte 2010

ZANON F N Uso e ocupaccedilatildeo da terra e vulnerabilidade a alagamento na aacuterea central

da cidade de Satildeo Paulo O caso da subprefeitura da Seacute Trabalho de Graduaccedilatildeo UNESP

Rio Claro 2013

Page 38: O USO DO SOLO URBANO EM ÁREAS DE PRESERVAÇÃO … · social que você tenha na vida, a mais alta ou a mais baixa, tenha sempre como meta muita força, muita determinação e sempre

30

Comparando-se os mapas obtidos atraveacutes do levantamento histoacuterico com o mapa gerado

pelo estudo realizado para a elaboraccedilatildeo do Plano Diretor nota-se que haacute semelhanccedilas em

algumas aacutereas mas ao se levar em conta o produto gerado pela pesquisa histoacuterica o

estudo necessitaria ser complementado haja vista que ele natildeo compreende por exemplo

o ponto de alagamento no bairro Antocircnio Afonso citado anteriormente e alguns pontos de

deslizamento importantes uma vez que satildeo regiotildees onde haacute ocupaccedilatildeo Esse fato evidencia

a necessidade de se buscar vaacuterias fontes primaacuterias e secundaacuterias para se detectar aacutereas de

risco em um municiacutepio incluindo arquivos da imprensa local afim de se produzir uma

base de dados consistente e com o menor nuacutemero de falhas possiacutevel (CEPED 2014) Com

a uniatildeo dos dois estudos foram gerados os mapas apresentados nas Figuras 57 e 58

Aleacutem do mais observando as figuras 57 e 58 pode-se notar que uma boa parte tanto dos

casos de alagamento quanto de deslizamento estatildeo na faixa de APP de curso hiacutedrico o

que ilustra a importacircncia da preservaccedilatildeo destas aacutereas

Figura 5 7 Aacutereas propensas a alagamento do estudo do Plano Diretor

complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento

Fonte Do Autor

31

Figura 5 8 Aacutereas propensas a deslizamento do estudo do Plano Diretor

complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento

Fonte Do Autor

Atraveacutes da combinaccedilatildeo entre estes dois levantamentos procurou-se alimentar a base de

dados e garantir uma consistecircncia maior desta no que diz respeito a aacutereas de deslizamento

e alagamento podendo inclusive se identificar a suscetibilidade de uma determinada

regiatildeo da cidade a um ou outro evento (CEPED2014)

512 O Plano diretor e as APPs

Nos uacuteltimos anos o Brasil experimentou um forte fenocircmeno de migraccedilatildeo do campo para

as aacutereas urbanas De acordo com o IBGE no periacuteodo de 1940 a 2000 houve um aumento

de cerca de 60 do nuacutemero de pessoas que vivem em cidades (SILVA JR 2006) O

processo de planejamento e ordenamento do uso do solo nessas aacutereas deveria ter

acompanhado esse crescimento ao longo dos anos a fim de garantir a qualidade de vida e

a seguranccedila dos migrantes ao se instalarem nas cidades o que natildeo ocorreu e o que se

observa atualmente satildeo ocupaccedilotildees em aacutereas improacuteprias para moradia sem a infraestrutura

baacutesica necessaacuteria e com risco iminente de deslizamentos eou inundaccedilotildees

O Plano Diretor do municiacutepio de Santos Dumont em seu capiacutetulo IV que versa sobre o

uso e ocupaccedilatildeo do solo explicita regras para o ordenamento do territoacuterio que compreende

o municiacutepio com base nos diferentes usos do solo de acordo com sua compatibilidade o

32

que acabou por resultar num zoneamento de todo o municiacutepio em macrozonas conforme

citado na seccedilatildeo 3231 de acordo com os usos atuais e futuros do solo Aleacutem de dividir

estas macrozonas em urbanas e rurais tambeacutem avaliou e classificou estas aacutereas com base

numa seacuterie de fatores ambientais geoloacutegicos culturais e sociais de forma a se fazer um

zoneamento coerente com os atuais usos do solo e seu potencial de uso futuro Apresenta-

se na Figura 59 este zoneamento na aacuterea urbana principal de Santos Dumont

Figura 5 9 Zoneamento urbano da aacuterea urbana principal

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Lei 42412012

Tomando como referecircncia o Novo Coacutedigo Florestal brasileiro em especial os paracircmetros

estabelecidos para a definiccedilatildeo de APP e utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento

atraveacutes do software Vista SAGA relacionou-se as APPs existentes na aacuterea em estudo com

as regiotildees propiacutecias a alagamentos e deslizamentos de acordo com o estudo feito quando

da elaboraccedilatildeo do Plano Diretor afim de se identificar qual ou quais aacutereas possuem estes

problemas e se estatildeo relacionados com o uso do solo irregular em APP

Ao se aplicar a metodologia proposta por Oliveira amp Fernandes Filho (2013) natildeo foram

identificadas dentro da aacuterea de estudo APPs de topos de morro sendo este tipo de APP

descartada portanto das anaacutelises subsequentes deste trabalho Foram consideradas as

APP de curso hiacutedrico (rios e nascentes) e de declividade visando relacionaacute-las as aacutereas

de risco identificadas pela Prefeitura afim de se verificar as possiacuteveis causas da ocorrecircncia

33

destas aacutereas na regiatildeo urbana do municiacutepio Por meio de combinaccedilotildees entre dois mapas

temaacuteticos utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento foi possiacutevel obter as

assinaturas ou seja tabelas que caracterizam quantitativamente a aacuterea afetada por cada

aspecto visto que a simples visualizaccedilatildeo do mapa gerado pelo geoprocessamento muitas

vezes eacute prejudicada por serem aacutereas de pequenas dimensotildees ou por qualquer outra

limitaccedilatildeo do software Ressalta-se que para a elaboraccedilatildeo do Plano Municipal de Reduccedilatildeo

de riscos a identificaccedilatildeo e detalhamento topograacutefico destas aacutereas eacute fundamental para o

desenvolvimento do referido Plano conforme seraacute abordado detalhadamente na seccedilatildeo

52

De posse do mapa que representa o zoneamento urbano de Santos Dumont primeiramente

procurou-se mensurar qualitativa e quantitativamente a presenccedila de APPs tanto de

declividade quanto de cursos hiacutedricos Essa identificaccedilatildeo eacute importante pois este

zoneamento eacute um dos instrumentos de planejamento municipal (BRASIL 2001) Saboya

(2007) aponta que os principais objetivos de um zoneamento satildeo o controle da expansatildeo

urbana e proteccedilatildeo de aacutereas inadequadas a ocupaccedilatildeo aleacutem de reduzir os conflitos inerentes

aos diferentes usos do solo Com o uso da ferramenta ldquoCombinarrdquo do Vista SAGA foram

feitas combinaccedilotildees entre o mapa de hidrografia com buffer de 30m para rios e coacuterregos e

de 50m para nascentes com o mapa do zoneamento para se verificar a importacircncia das

APPs de curso hiacutedrico em toda a aacuterea urbana principal do municiacutepio Tambeacutem foram

combinados o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) obtido atraveacutes do gvSIG com o mapa

de zoneamento afim de se verificar quantitativamente as APPs de declividade e onde se

localizam Vale ressaltar que as declividades entre 30 e 47 estatildeo presentes nesta

combinaccedilatildeo pois de acordo com o Plano Diretor de Santos Dumont terrenos com esta

faixa de declividade para fins de parcelamento devem possuir estudo teacutecnico que ateste

a viabilidade de se promover algum empreendimento imobiliaacuterio neste (SANTOS

DUMONT 2012) Como a legislaccedilatildeo municipal prevecirc estudo somente para a faixa de

declividade descrita anteriormente para fins de anaacutelise neste trabalho consideramos um

valor mais conservador para APP compreendendo a faixa de 47 a 100 aleacutem da

prevista pela legislaccedilatildeo federal (gt100) para que natildeo houvessem lacunas importantes na

geraccedilatildeo do produto

Apresenta-se na Figura 510 aacutereas com declividades consideradas de risco e consideradas

APP e em qual zona de planejamento elas estatildeo inseridas De um modo geral ao se

observar a Tabela 52 nota-se que a aacuterea que compreende declividades de risco e APP eacute

uma pequena parcela da aacuterea urbana principal representando 061 desta aacuterea Ao se

levar em conta somente a localizaccedilatildeo pode-se verificar que cerca de 84 das aacutereas com

declividade de risco e a totalidade das APPs de declividade estatildeo localizadas na ZAC1

zona que compreende a maior parte do municiacutepio e apesar de possuir infraestrutura baacutesica

para a ocupaccedilatildeo esta eacute restrita Sendo assim o fator declividade deve ser visto com cautela

nesta aacuterea para se evitar transtornos advindos de edificaccedilotildees nestas aacutereas

34

Figura 5 10 Combinaccedilatildeo entre as declividades importantes incluindo as APPs e o

zoneamento urbano

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Do autor

Tabela 52 Assinaturas da combinaccedilatildeo Declividade x Zoneamento

Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea

Natildeo APP 457972 9939

Declividade 30-47 em ZAC1 2368 051

Declividade 30-47 em ZE 284 006

Declividade 30-47 em ZAC2 128 003

Declividade 30-47 em ZPA 004 0001

APP Declividade em ZAC1 048 001

Total 460804 100

Fonte Do autor

Apresenta-se na Figura 511 as APPs de curso hiacutedrico (nascentes e rios) e em qual zona

de planejamento estatildeo localizadas Assim como a declividade a maior parte das APPs de

curso hiacutedrico estatildeo localizadas em ZAC1 representando 383 da aacuterea urbana em estudo

e 51 do total das APPs de curso hiacutedrico Esta questatildeo tambeacutem deve ser vista com

bastante criteacuterio pelos gestores locais uma vez que a ocupaccedilatildeo em faixas proacuteximas de

rios e coacuterregos podem causar uma gama de problemas ambientais e sociais na regiatildeo

(SANTANA2011) Tal cuidado tambeacutem deve ser tomado nas APPs compreendidas na

35

ZAC2 que compreende 001 da Aacuterea urbana principal e 14 do total das APPs de curso

hiacutedrico pois a infraestrutura baacutesica e acessibilidade presente nesta zona eacute precaacuteria e a

ocupaccedilatildeo as margens de cursos hiacutedricos pode gerar problemas seacuterios caso ocorra uma

expansatildeo nestas aacutereas

Figura 511 Combinaccedilatildeo entre APP de curso hiacutedrico e as zonas de planejamento

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Do autor

Outro ponto importante eacute a presenccedila da Zona de Proteccedilatildeo Ambiental (ZPA) no entorno

uma consideraacutevel parte dos cursos hiacutedricos Nesta zona estatildeo presentes 28 das APPs de

curso hiacutedrico e esta zona de acordo com o Plano Diretor deve ser restaurada ou

preservada por suas caracteriacutesticas geoloacutegicas topograacuteficas e bioloacutegicas

Afim de se verificar os usos do solo na regiatildeo em estudo foram utilizadas combinaccedilotildees

de imagens advindas do sateacutelite Landsat 8 nas bandas descritas no capiacutetulo 4 aleacutem da

banda pancromaacutetica O resultado eacute apresentado na figura 512 que mostra os principais

usos do solo na aacuterea urbana principal de Santos Dumont

36

Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x Zoneamento

Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea

Hidrografia 11168 239

Aacuterea Urbana Natildeo APP 421004 9008

APP Curso hiacutedrico em ZAC1 179 383

APP Curso hiacutedrico em ZPA 9776 209

APP Curso hiacutedrico em ZE 184 004

APP Curso hiacutedrico em ZA 1192 026

APP Curso hiacutedrico em ZAC2 5124 110

APP Curso hiacutedrico em ZPPH 248 005

APP Curso hiacutedrico em ZEIS 568 012

APP Curso hiacutedrico em ZCA 228 005

Total 467392 10000

Fonte Do autor

Figura 5 12 Mapa de usos do solo da aacuterea urbana principal de Santos Dumont

Fonte Do autor

Como jaacute era previsto a maior parte da aacuterea urbana se encontra ocupada e eacute nesta regiatildeo

ocupada que se observa a maior concentraccedilatildeo de problemas de deslizamentos e

alagamentos (Figuras 513 e 514) A grande ocupaccedilatildeo em aacutereas consideradas APP de

curso hiacutedrico de acordo com os mapas gerados pode ser a principal causa do aumento a

cada ano dos casos de alagamento principalmente na regiatildeo central da cidade Outro ponto

que se deve atentar eacute a existecircncia de uma consideraacutevel aacuterea de pastagem pouco vegetada

que caso estejam em aacutereas elevadas pode contribuir para deslizamentos e agraves margens de

37

rios e coacuterregos para o assoreamento destes corpos hiacutedricos o que pode causar

alagamentos (INAacuteCIO etal 2007)

Diante destes resultados pode-se ver que a cidade de Santos Dumont necessita alternativas

efetiva no que diz respeito agrave contenccedilatildeo de deslizamentos e a reduccedilatildeo de risco de

alagamento pois as aacutereas em que ocorrem tais eventos satildeo distintas e facilmente definidas

devido agrave repeticcedilatildeo destes nos uacuteltimos anos Um plano de accedilatildeo integrado entre as diferentes

secretarias municipais (Obras Meio Ambiente Assistecircncia Social entre outras) e a

Coordenadoria Municipal de Defesa Civil deve ser realizado afim de se tomar medidas

natildeo mais preventivas mas sim preditivas para que se possa conter o avanccedilo destes

problemas na aacuterea urbana principal bem como em toda a aacuterea do municiacutepio

Figura 5 13 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na aacuterea urbana

principal

Fonte Do autor

38

Figura 5 14 Aacutereas sujeitas a alagamento e os principais usos do solo na aacuterea

urbana principal

Fonte Do autor

Ao se associar os dados do estudo do Plano Diretor com os dados do levantamento

histoacuterico realizado com o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) pode-se notar que as aacutereas

propiacutecias a deslizamento estatildeo em regiotildees as quais haacute uma fronteira de declividades ou

seja eacute evidente que os deslizamentos ocorrem em encostas um pouco mais iacutengremes mas

natildeo necessariamente nas encostas de 30-47 as quais exigem estudo teacutecnico conforme o

plano diretor preconiza Quanto aos alagamentos nota-se que eles se localizam nas aacutereas

com menor ou nenhuma declividade podendo ser estas aacutereas talvez componentes da

planiacutecie de inundaccedilatildeo dos rios Estes resultados podem ser vistos nas figuras 515 e 516

a seguir

39

Figura5 15 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a deslizamentos na

regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

Fonte Lei 42412012 e Autor

Figura5 26 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a alagamentos na

regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

Fonte Lei 42412012 e Autor

40

52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis

O processo de ocupaccedilatildeo no municiacutepio de Santos Dumont comeccedilou muito antes de

qualquer legislaccedilatildeo relacionada a ordenamento urbano e de proteccedilatildeo do meio ambiente

fosse implementado no Brasil Esse fato aliado a poliacuteticas e fiscalizaccedilotildees falhas

contribuiacuteram para a ocupaccedilatildeo e expansatildeo da aacuterea urbana ao longo do Ribeiratildeo das Posses

e seus afluentes o que tem gerado o aumento da degradaccedilatildeo destes corpos hiacutedricos ao

longo de todos estes anos Observa-se tambeacutem que nas uacuteltimas deacutecadas ocorreu um

grande nuacutemero de migraccedilotildees do campo para a regiatildeo urbana da cidade fator que

contribuiu para o crescimento do nuacutemero de habitaccedilotildees em aacutereas de risco de deslizamento

e alagamentos por serem na maioria das vezes terrenos menos valorizados e por este

motivo acessiacuteveis a populaccedilatildeo com menor poder aquisitivo (ROSA amp CORTEZ 2008)

Vale ressaltar que esta questatildeo aleacutem de ser ambiental eacute muito mais social pois os

moradores entendem os riscos de se viver nestes locais mas por motivos econocircmicos ou

por questotildees afetivas natildeo abrem matildeo da moradia nessas aacutereas A Constituiccedilatildeo Federal de

1988 promoveu a inter-relaccedilatildeo das questotildees sociais com as questotildees ambientais quando

colocou o meio ambiente como direito coletivo (BRASIL1988 SOUZA2010) Por este

motivo a decisatildeo por medidas draacutesticas que favoreccedilam apenas agrave preservaccedilatildeo do meio

ambiente natildeo eacute recomendada pois aleacutem de ser inconstitucional podem afetar a

sustentabilidade econocircmica do municiacutepio e gerar conflitos sociais consideraacuteveis

(CARLOS 1992 apud SOUZA 2010)

Segundo Bueno (2009) ldquonem tudo o que eacute irregular eacute precaacuteriordquo Esse fato se observa em

Santos Dumont uma vez que em boa parte da regiatildeo central se observa vaacuterias moradias

construiacutedas na faixa de APP de curso hiacutedrico o que natildeo eacute permitido pela legislaccedilatildeo

vigente e eacute um dos fatores que contribui para a ocorrecircncia de alagamentos nesta aacuterea da

cidade Para a resoluccedilatildeo deste problema o que seria mais viaacutevel seria a melhoria da

infraestrutura de drenagem urbana afim de que o escoamento da aacutegua das chuvas natildeo

sobrecarregasse o sistema (BUENO2009) A construccedilatildeo de bacias de contenccedilatildeo de

cheias ao longo do Ribeiratildeo das Posses tambeacutem seria uma alternativa mas para se verificar

a viabilidade necessita-se estudos mais aprofundados do ponto de vista hidroloacutegico

O grande problema a ser solucionado no entanto eacute o que diz respeito agraves aacutereas de risco

de deslizamento majoritariamente nos bairros A melhor alternativa seria o

remanejamento dos moradores para uma aacuterea proacutexima agrave que moram poreacutem longe do

risco Poreacutem esta alternativa de acordo com Rosa Filho amp Cortez (2008) encontra alguns

entraves pois estas pessoas na maioria das vezes natildeo tecircm condiccedilotildees financeiras de irem

para outro lugar ou pagar aluguel ou estatildeo de alguma forma sentimentalmente ligadas

agravequela regiatildeo que se recusam a deixaacute-lo

41

Por parte dos oacutergatildeos competentes no municiacutepio a criaccedilatildeo de um plano para se evitar

acidentes ocasionados por deslizamentos e alagamentos com um mapeamento detalhado

de toda a extensatildeo do municiacutepio eacute extremamente uacutetil Os estudos que seratildeo feitos para a

elaboraccedilatildeo deste plano poderatildeo definir quais as aacutereas satildeo potencialmente de risco para as

ocupaccedilotildees existentes ou para as potenciais ocupaccedilotildees que possam vir a ocorrer atraveacutes do

mapeamento das aacutereas de risco Tal planejamento seraacute auxiliar ao Plano Diretor

Municipal pois definiraacute o real uso do solo de determinada regiatildeo do municiacutepio

contribuindo para a adequaccedilatildeo do uso e ocupaccedilatildeo do solo afim de evitar ou reduzir o

nuacutemero de problemas relacionados a alagamentos e principalmente deslizamentos no

periacutemetro urbano (TOMINAGA 2009) A partir deste plano os gestores locais poderatildeo

tomar a melhor decisatildeo para a prevenccedilatildeo ou reduccedilatildeo dos riscos inerentes a tais problemas

Na seccedilatildeo 521 seraacute hierarquizado de forma preliminar a aacuterea urbana principal de acordo

com os resultados da tabela 51

521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta

O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos (PMRR) foi criado atraveacutes de accedilotildees

regularizadoras do Ministeacuterio das Cidades para ser o instrumento de gestatildeo e

gerenciamento de aacutereas de risco em um municiacutepio Eacute um documento que aleacutem de

estabelecer quais regiotildees satildeo consideradas de risco tambeacutem objetiva a proposta de

medidas estruturais ou natildeo para contenccedilatildeo eou prevenccedilatildeo de cataacutestrofes aleacutem de ser um

meio de captaccedilatildeo de recursos financeiros junto aos Governos Estadual e Federal Estes

recursos poderatildeo ser utilizados para a realizaccedilatildeo de obras que visem a melhoria da

qualidade de vida da populaccedilatildeo do entorno ou de recuperaccedilatildeo da aacuterea degradada Este

plano eacute realizado de forma participativa com as comunidades das aacutereas de risco e pode

ser realizado em sete fases conforme recomenda o Ministeacuterio das Cidades (ALHEIROS

2006)

O primeiro passo para a realizaccedilatildeo do PMRR eacute definir qual a metodologia seraacute empregada

levando-se em consideraccedilatildeo a realidade atual do municiacutepio e especificar de forma sucinta

um cronograma das atividades Eacute importante nesta fase a participaccedilatildeo tambeacutem dos

responsaacuteveis pelas mais variadas Secretarias Municipais afim de explicitar o tamanho da

importacircncia e o caraacuteter integrador deste plano A segunda fase deste plano objetiva a

criaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo da principal base de dados a ser utilizada nos passos posteriores o

mapeamento de risco em escala detalhe em torno de 13000 (SAtildeO PAULO 2014) A

elaboraccedilatildeo de um mapeamento detalhado propiciaraacute natildeo soacute a identificaccedilatildeo mais faacutecil das

aacutereas de risco como tambeacutem facilitaraacute aos gestores e agrave comunidade decidirem qual a

melhor intervenccedilatildeo para a soluccedilatildeo ou remediaccedilatildeo dos problemas em uma determinada

42

aacuterea hierarquizando o risco e definindo prioridades (SAtildeO PAULO 2014) Na tabela a

seguir apresenta-se alguns tipos de intervenccedilotildees que podem ser feitas em aacutereas de risco

sugeridas pelo Ministeacuterio das cidades (ALHEIROS 2006)

Quadro 5 1 - Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco

Tipo de intervenccedilatildeo Descriccedilatildeo

Serviccedilos de limpeza e Recuperaccedilatildeo

Remoccedilatildeo de entulho lixo etc

corte de aacutervores

remoccedilatildeo de bananeiras

recuperaccedilatildeo eou limpeza de sistemas de

drenagem esgotos e acessos

Limpeza de canais de drenagem

Proteccedilatildeo Vegetal

Proteccedilatildeo superficial vegetal (gramiacuteneas) em

taludes com solo exposto

Proteccedilatildeo vegetal de margens de canais de

drenagem

Barreiras vegetais para massas escorregadas

ou acumuladas pela erosatildeo

Drenagem Superficial e Acessos

Sistema de drenagem superficial (canaletas

raacutepidos caixas de transiccedilatildeo escadas drsquoaacutegua)

Acessos para pedestres (escadarias rampas

etc) integrados ao sistema de drenagem

Revestimento de Taludes Revestimento com materiais artificiais

cimentado cal-jet tela argamassada alvenaria

de tijolos ceracircmicos solo-cimento ensacado

Desmonte de blocos e matacotildees Desmonte de concreccedilotildees de grande porte

blocos rochosos e matacotildees

Obras de drenagem de subsuperfiacutecie Sistema de drenagem de subsuperfiacutecie

(trincheiras drenantes DHP poccedilos de

rebaixamento)

Estruturas de contenccedilatildeo (localizadas)

Muros de contenccedilatildeo de pequeno porte (solo-

cimento ensacado alvenaria de pedra-rachatildeo

concreto armado)

Estruturas de contenccedilatildeo localizadas

(chumbadores tirantes microestacas)

Contenccedilatildeo e proteccedilatildeo de margens de canais (

gabiotildees muros de concreto etc)

Estruturas de contenccedilatildeo (meacutedio e grande porte) Implantaccedilatildeo de estruturas de contenccedilatildeo de

meacutedio e grande porte envolvendo obras de

contenccedilatildeo passivas e ativas (muros de

gravidade cortinas etc)

Terraplanagem Execuccedilatildeo de serviccedilos de terraplanagem

combinados a obras de drenagem superficial e

proteccedilatildeo vegetal desvio e canalizaccedilatildeo de

coacuterregos

Remoccedilatildeo de moradias Remoccedilotildees definitivas para implantaccedilatildeo de

obras ou devido agrave localizaccedilatildeo improacutepria da

edificaccedilatildeo (Priorizar as relocaccedilotildees dentro da

proacutepria aacuterea em local seguro)

Fonte ALHEIROS 2006

43

Escolhidas as formas de intervenccedilatildeo para cada aacuterea eacute necessaacuterio realizar uma estimativa

dos custos afim de preparar o orccedilamento da prefeitura para a realizaccedilatildeo das obras e se

seraacute necessaacuterio a captaccedilatildeo de recursos externos para a execuccedilatildeo destas Feitas as

estimativas de custo o proacuteximo passo eacute definir as prioridades e para esta fase eacute tambeacutem

uacutetil o mapeamento feito nas etapas anteriores pois seraacute necessaacuterio hierarquizar tais

intervenccedilotildees nas aacutereas de risco O Ministeacuterio das Cidades (2007) sugere alguns criteacuterios

que podem ser avaliados pelo gestor dentre eles pode-se citar

Grau de risco

Populaccedilatildeo beneficiada

Custo da intervenccedilatildeo

Dimensatildeo da aacuterea a ser tratada

Demandas anteriores da populaccedilatildeo

Tempo de ocupaccedilatildeo

Viabilidade teacutecnica da intervenccedilatildeo

Viabilidade financeira

Inclusatildeo da aacuterea em outros projetos

A partir desta hierarquizaccedilatildeo inicia-se a identificaccedilatildeo de provaacuteveis fontes de captaccedilatildeo de

recursos para a execuccedilatildeo das intervenccedilotildees Estes recursos podem advir de programas dos

governos Federal e Estadual ou por meio de editais para captaccedilatildeo de recursos financeiros

tanto do setor puacuteblico como da iniciativa privada e podem ser tambeacutem associados agrave outras

Secretarias Municipais como a de Turismo ou Meio Ambiente e natildeo soacute as destinadas agrave

Defesa Civil (ALHEIROS 2006)

Eacute previsto tambeacutem no PMRR uma avaliaccedilatildeo da Defesa Civil municipal e como ela estaacute

estruturada fazendo inclusive sugestotildees para que sua atuaccedilatildeo esteja em consonacircncia com

a realidade das comunidades e da Administraccedilatildeo Puacuteblica do municiacutepio de forma a garantir

sua sustentabilidade e conquistar a credibilidade da populaccedilatildeo no que diz respeito a

prevenccedilatildeo de cataacutestrofes Para que a resposta a uma determinada situaccedilatildeo de risco seja

raacutepida eacute necessaacuterio a descentralizaccedilatildeo da Defesa Civil criando pequenos nuacutecleos

comunitaacuterios com a finalidade de se monitorar a aacuterea constantemente e promover as

intervenccedilotildees necessaacuterias em tempo haacutebil o que aumenta em muito a credibilidade da

populaccedilatildeo no PMRR e no trabalho desempenhado pela Defesa Civil no municiacutepio Apoacutes

esta etapa o PMRR passaraacute por audiecircncias puacuteblicas e posteriormente poderaacute ser aprovado

como Lei Municipal pelo Legislativo local (ALHEIROS 2006)

Com a realizaccedilatildeo deste plano o municiacutepio estaraacute munido de informaccedilotildees suficientes para

realizar accedilotildees efetivas de gestatildeo e gerenciamento de riscos bem como aliado a

levantamentos sociais realizar programas habitacionais que beneficiem prioritariamente

44

aos moradores das aacutereas de risco Aleacutem disso com o PMRR o municiacutepio poderaacute melhorar

a qualidade ambiental da populaccedilatildeo captando recursos para a recuperaccedilatildeo das aacutereas de

APP que foram degradadas pelas ocupaccedilotildees irregulares beneficiando todos os moradores

do municiacutepio com o aumento da qualidade de vida na cidade

A partir do disposto nesta seccedilatildeo acerca do Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos e de

uma maneira preliminar (levando-se em conta apenas o nuacutemero de registros de

alagamentos e deslizamentos na aacuterea urbana principal de Santos Dumont no periacuteodo de

1984 a 2014) identificou-se trecircs regiotildees distintas na aacuterea urbana do municiacutepio com

tempo de recorrecircncia desses eventos similares caracterizando trecircs prioridades de

intervenccedilatildeo em contenccedilatildeo de risco como pode ser visto nas figuras 515 e 516 Vale

ressaltar que eacute necessaacuterio um estudo mais detalhado inclusive com visitas teacutecnicas a

campo para que se confirme a real situaccedilatildeo destas e a real prioridade para investimentos

Figura 5 17 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de deslizamentos

Fonte Do Autor

45

Figura 5 18 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de alagamentos

Fonte Do Autor

46

6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees

A seguir apresenta-se as conclusotildees e as recomendaccedilotildees feitas a partir dos objetivos

especiacuteficos explicitados no iniacutecio deste trabalho

Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a

aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes

urbanos

A partir da revisatildeo da legislaccedilatildeo pertinente em acircmbito federal estadual e

municipal constatou-se que o Plano Diretor de Santos Dumont natildeo conflita com a

legislaccedilatildeo federal e estadual sobre Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente A legislaccedilatildeo

municipal foi entendida como mais conservadora que as federal e estadual uma

vez que considera implicitamente que declividades entre 47 e 100 satildeo

enquadradas como APPs aleacutem da faixa superior a 100

Parte consideraacutevel das ocupaccedilotildees em APP principalmente na regiatildeo do bairro

Santo Antocircnio (onde surgiu os primeiros nuacutecleos que deram origem ao municiacutepio)

e o centro da cidade ocorreram antes de que fosse elaborado qualquer legislaccedilatildeo

que versasse sobre o tema Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente bastando ao gestor

local tomar medidas de contenccedilatildeo de riscos que minimizem os impactos causados

por essas ocupaccedilotildees nessa regiatildeo

O ordenamento adequado do uso do solo no municiacutepio eacute necessaacuterio para que o

crescimento dos loteamentos criados anteriormente agrave esta Lei e o surgimento de

novos natildeo avance para Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente o que pode causar

inuacutemeros problemas aos moradores e agravar os jaacute existentes

Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las

com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)

As aacutereas onde houveram a maior quantidade de registros de deslizamentos satildeo os

bairros mais populosos de Santos Dumont podendo se estabelecer uma relaccedilatildeo

que quanto mais populoso o bairro maior a quantidade de problemas relacionados

a deslizamentos Tambeacutem pode-se notar uma relaccedilatildeo com as fronteiras das faixas

de declividades e os deslizamentos uma vez que boa parte deles aconteceram

nestas faixas

As aacutereas onde houve um grande nuacutemero de registros de alagamentos satildeo os bairros

que se desenvolveram agraves margens do Ribeiratildeo das Posses em especial na aacuterea que

47

compreende as APPs de curso hiacutedrico e em aacutereas onde a declividade eacute baixa Esse

fato aliado ao crescimento do nuacutemero de vias pavimentadas com material

impermeaacutevel e a natildeo expansatildeo e ou redimensionamento da rede de drenagem

urbana contribuiacuteram para a ocorrecircncia cada vez mais constante de alagamentos

nessas aacutereas

Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos

catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30

anos

A partir do levantamento histoacuterico realizado e da base de dados georeferenciada

gerada observou-se o aumento do nuacutemero de registros de deslizamentos e

alagamentos nos uacuteltimos 10 anos quando as ocorrecircncias comeccedilaram a se repetir

numa mesma aacuterea com frequecircncia incrementada as vezes com mais de uma

ocorrecircncia anual

Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do

solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental

Destaca-se a adequaccedilatildeo dos criteacuterios gerais estabelecidos pelo Plano Diretor de

Santos Dumont relativos a legislaccedilatildeo federal e estadual Entretanto o referido

Plano Diretor natildeo contempla todo o territoacuterio municipal sendo assim ele natildeo

cumpre o objetivo de proteger as APPs preservadas e recuperar as que foram

degradadas em todo o territoacuterio municipal Ressalta-se tambeacutem a sua natildeo

conformidade com o Estatuto das Cidades uma vez que o Plano Diretor

contempla apenas os novos loteamentos

Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais

negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea

impactada

Recomenda-se a implantaccedilatildeo no municiacutepio de uma Coordenadoria Municipal de

Defesa Civil atuante e integrada agraves Secretarias Municipais e agrave comunidade

visando uma atuaccedilatildeo eficaz nos problemas relacionados a deslizamentos e

alagamentos A elaboraccedilatildeo de um Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos eacute de

suma importacircncia pois atraveacutes dele pode-se predizer as aacutereas que passaratildeo por

problemas caso a expansatildeo aconteccedila ou se inicie uma ocupaccedilatildeo nova aleacutem de

prevenir acidentes nas aacutereas jaacute ocupadas e consideradas de risco

48

7 Anexos

49

71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont

50

51

72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)

52

53

8 Referecircncias Bibliograacuteficas

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CF estabelece as diretrizes gerais da poliacutetica urbana e daacute outras providecircncias Brasiacutelia

2001

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dezembro de 1996 e 11 428 de 22 de dezembro de 2006 revoga as Leis nos 4771 de

1 5 de setembro de 1965 e 7754 de 1 4 de abril de 1989 e a Medida Provisoacuteria no 21

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56

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legenda expandida Centro Tecnoloacutegico de Minas Gerais FEAM Belo Horizonte 2010

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da cidade de Satildeo Paulo O caso da subprefeitura da Seacute Trabalho de Graduaccedilatildeo UNESP

Rio Claro 2013

Page 39: O USO DO SOLO URBANO EM ÁREAS DE PRESERVAÇÃO … · social que você tenha na vida, a mais alta ou a mais baixa, tenha sempre como meta muita força, muita determinação e sempre

31

Figura 5 8 Aacutereas propensas a deslizamento do estudo do Plano Diretor

complementadas pelos pontos obtidos atraveacutes do levantamento

Fonte Do Autor

Atraveacutes da combinaccedilatildeo entre estes dois levantamentos procurou-se alimentar a base de

dados e garantir uma consistecircncia maior desta no que diz respeito a aacutereas de deslizamento

e alagamento podendo inclusive se identificar a suscetibilidade de uma determinada

regiatildeo da cidade a um ou outro evento (CEPED2014)

512 O Plano diretor e as APPs

Nos uacuteltimos anos o Brasil experimentou um forte fenocircmeno de migraccedilatildeo do campo para

as aacutereas urbanas De acordo com o IBGE no periacuteodo de 1940 a 2000 houve um aumento

de cerca de 60 do nuacutemero de pessoas que vivem em cidades (SILVA JR 2006) O

processo de planejamento e ordenamento do uso do solo nessas aacutereas deveria ter

acompanhado esse crescimento ao longo dos anos a fim de garantir a qualidade de vida e

a seguranccedila dos migrantes ao se instalarem nas cidades o que natildeo ocorreu e o que se

observa atualmente satildeo ocupaccedilotildees em aacutereas improacuteprias para moradia sem a infraestrutura

baacutesica necessaacuteria e com risco iminente de deslizamentos eou inundaccedilotildees

O Plano Diretor do municiacutepio de Santos Dumont em seu capiacutetulo IV que versa sobre o

uso e ocupaccedilatildeo do solo explicita regras para o ordenamento do territoacuterio que compreende

o municiacutepio com base nos diferentes usos do solo de acordo com sua compatibilidade o

32

que acabou por resultar num zoneamento de todo o municiacutepio em macrozonas conforme

citado na seccedilatildeo 3231 de acordo com os usos atuais e futuros do solo Aleacutem de dividir

estas macrozonas em urbanas e rurais tambeacutem avaliou e classificou estas aacutereas com base

numa seacuterie de fatores ambientais geoloacutegicos culturais e sociais de forma a se fazer um

zoneamento coerente com os atuais usos do solo e seu potencial de uso futuro Apresenta-

se na Figura 59 este zoneamento na aacuterea urbana principal de Santos Dumont

Figura 5 9 Zoneamento urbano da aacuterea urbana principal

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Lei 42412012

Tomando como referecircncia o Novo Coacutedigo Florestal brasileiro em especial os paracircmetros

estabelecidos para a definiccedilatildeo de APP e utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento

atraveacutes do software Vista SAGA relacionou-se as APPs existentes na aacuterea em estudo com

as regiotildees propiacutecias a alagamentos e deslizamentos de acordo com o estudo feito quando

da elaboraccedilatildeo do Plano Diretor afim de se identificar qual ou quais aacutereas possuem estes

problemas e se estatildeo relacionados com o uso do solo irregular em APP

Ao se aplicar a metodologia proposta por Oliveira amp Fernandes Filho (2013) natildeo foram

identificadas dentro da aacuterea de estudo APPs de topos de morro sendo este tipo de APP

descartada portanto das anaacutelises subsequentes deste trabalho Foram consideradas as

APP de curso hiacutedrico (rios e nascentes) e de declividade visando relacionaacute-las as aacutereas

de risco identificadas pela Prefeitura afim de se verificar as possiacuteveis causas da ocorrecircncia

33

destas aacutereas na regiatildeo urbana do municiacutepio Por meio de combinaccedilotildees entre dois mapas

temaacuteticos utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento foi possiacutevel obter as

assinaturas ou seja tabelas que caracterizam quantitativamente a aacuterea afetada por cada

aspecto visto que a simples visualizaccedilatildeo do mapa gerado pelo geoprocessamento muitas

vezes eacute prejudicada por serem aacutereas de pequenas dimensotildees ou por qualquer outra

limitaccedilatildeo do software Ressalta-se que para a elaboraccedilatildeo do Plano Municipal de Reduccedilatildeo

de riscos a identificaccedilatildeo e detalhamento topograacutefico destas aacutereas eacute fundamental para o

desenvolvimento do referido Plano conforme seraacute abordado detalhadamente na seccedilatildeo

52

De posse do mapa que representa o zoneamento urbano de Santos Dumont primeiramente

procurou-se mensurar qualitativa e quantitativamente a presenccedila de APPs tanto de

declividade quanto de cursos hiacutedricos Essa identificaccedilatildeo eacute importante pois este

zoneamento eacute um dos instrumentos de planejamento municipal (BRASIL 2001) Saboya

(2007) aponta que os principais objetivos de um zoneamento satildeo o controle da expansatildeo

urbana e proteccedilatildeo de aacutereas inadequadas a ocupaccedilatildeo aleacutem de reduzir os conflitos inerentes

aos diferentes usos do solo Com o uso da ferramenta ldquoCombinarrdquo do Vista SAGA foram

feitas combinaccedilotildees entre o mapa de hidrografia com buffer de 30m para rios e coacuterregos e

de 50m para nascentes com o mapa do zoneamento para se verificar a importacircncia das

APPs de curso hiacutedrico em toda a aacuterea urbana principal do municiacutepio Tambeacutem foram

combinados o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) obtido atraveacutes do gvSIG com o mapa

de zoneamento afim de se verificar quantitativamente as APPs de declividade e onde se

localizam Vale ressaltar que as declividades entre 30 e 47 estatildeo presentes nesta

combinaccedilatildeo pois de acordo com o Plano Diretor de Santos Dumont terrenos com esta

faixa de declividade para fins de parcelamento devem possuir estudo teacutecnico que ateste

a viabilidade de se promover algum empreendimento imobiliaacuterio neste (SANTOS

DUMONT 2012) Como a legislaccedilatildeo municipal prevecirc estudo somente para a faixa de

declividade descrita anteriormente para fins de anaacutelise neste trabalho consideramos um

valor mais conservador para APP compreendendo a faixa de 47 a 100 aleacutem da

prevista pela legislaccedilatildeo federal (gt100) para que natildeo houvessem lacunas importantes na

geraccedilatildeo do produto

Apresenta-se na Figura 510 aacutereas com declividades consideradas de risco e consideradas

APP e em qual zona de planejamento elas estatildeo inseridas De um modo geral ao se

observar a Tabela 52 nota-se que a aacuterea que compreende declividades de risco e APP eacute

uma pequena parcela da aacuterea urbana principal representando 061 desta aacuterea Ao se

levar em conta somente a localizaccedilatildeo pode-se verificar que cerca de 84 das aacutereas com

declividade de risco e a totalidade das APPs de declividade estatildeo localizadas na ZAC1

zona que compreende a maior parte do municiacutepio e apesar de possuir infraestrutura baacutesica

para a ocupaccedilatildeo esta eacute restrita Sendo assim o fator declividade deve ser visto com cautela

nesta aacuterea para se evitar transtornos advindos de edificaccedilotildees nestas aacutereas

34

Figura 5 10 Combinaccedilatildeo entre as declividades importantes incluindo as APPs e o

zoneamento urbano

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Do autor

Tabela 52 Assinaturas da combinaccedilatildeo Declividade x Zoneamento

Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea

Natildeo APP 457972 9939

Declividade 30-47 em ZAC1 2368 051

Declividade 30-47 em ZE 284 006

Declividade 30-47 em ZAC2 128 003

Declividade 30-47 em ZPA 004 0001

APP Declividade em ZAC1 048 001

Total 460804 100

Fonte Do autor

Apresenta-se na Figura 511 as APPs de curso hiacutedrico (nascentes e rios) e em qual zona

de planejamento estatildeo localizadas Assim como a declividade a maior parte das APPs de

curso hiacutedrico estatildeo localizadas em ZAC1 representando 383 da aacuterea urbana em estudo

e 51 do total das APPs de curso hiacutedrico Esta questatildeo tambeacutem deve ser vista com

bastante criteacuterio pelos gestores locais uma vez que a ocupaccedilatildeo em faixas proacuteximas de

rios e coacuterregos podem causar uma gama de problemas ambientais e sociais na regiatildeo

(SANTANA2011) Tal cuidado tambeacutem deve ser tomado nas APPs compreendidas na

35

ZAC2 que compreende 001 da Aacuterea urbana principal e 14 do total das APPs de curso

hiacutedrico pois a infraestrutura baacutesica e acessibilidade presente nesta zona eacute precaacuteria e a

ocupaccedilatildeo as margens de cursos hiacutedricos pode gerar problemas seacuterios caso ocorra uma

expansatildeo nestas aacutereas

Figura 511 Combinaccedilatildeo entre APP de curso hiacutedrico e as zonas de planejamento

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Do autor

Outro ponto importante eacute a presenccedila da Zona de Proteccedilatildeo Ambiental (ZPA) no entorno

uma consideraacutevel parte dos cursos hiacutedricos Nesta zona estatildeo presentes 28 das APPs de

curso hiacutedrico e esta zona de acordo com o Plano Diretor deve ser restaurada ou

preservada por suas caracteriacutesticas geoloacutegicas topograacuteficas e bioloacutegicas

Afim de se verificar os usos do solo na regiatildeo em estudo foram utilizadas combinaccedilotildees

de imagens advindas do sateacutelite Landsat 8 nas bandas descritas no capiacutetulo 4 aleacutem da

banda pancromaacutetica O resultado eacute apresentado na figura 512 que mostra os principais

usos do solo na aacuterea urbana principal de Santos Dumont

36

Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x Zoneamento

Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea

Hidrografia 11168 239

Aacuterea Urbana Natildeo APP 421004 9008

APP Curso hiacutedrico em ZAC1 179 383

APP Curso hiacutedrico em ZPA 9776 209

APP Curso hiacutedrico em ZE 184 004

APP Curso hiacutedrico em ZA 1192 026

APP Curso hiacutedrico em ZAC2 5124 110

APP Curso hiacutedrico em ZPPH 248 005

APP Curso hiacutedrico em ZEIS 568 012

APP Curso hiacutedrico em ZCA 228 005

Total 467392 10000

Fonte Do autor

Figura 5 12 Mapa de usos do solo da aacuterea urbana principal de Santos Dumont

Fonte Do autor

Como jaacute era previsto a maior parte da aacuterea urbana se encontra ocupada e eacute nesta regiatildeo

ocupada que se observa a maior concentraccedilatildeo de problemas de deslizamentos e

alagamentos (Figuras 513 e 514) A grande ocupaccedilatildeo em aacutereas consideradas APP de

curso hiacutedrico de acordo com os mapas gerados pode ser a principal causa do aumento a

cada ano dos casos de alagamento principalmente na regiatildeo central da cidade Outro ponto

que se deve atentar eacute a existecircncia de uma consideraacutevel aacuterea de pastagem pouco vegetada

que caso estejam em aacutereas elevadas pode contribuir para deslizamentos e agraves margens de

37

rios e coacuterregos para o assoreamento destes corpos hiacutedricos o que pode causar

alagamentos (INAacuteCIO etal 2007)

Diante destes resultados pode-se ver que a cidade de Santos Dumont necessita alternativas

efetiva no que diz respeito agrave contenccedilatildeo de deslizamentos e a reduccedilatildeo de risco de

alagamento pois as aacutereas em que ocorrem tais eventos satildeo distintas e facilmente definidas

devido agrave repeticcedilatildeo destes nos uacuteltimos anos Um plano de accedilatildeo integrado entre as diferentes

secretarias municipais (Obras Meio Ambiente Assistecircncia Social entre outras) e a

Coordenadoria Municipal de Defesa Civil deve ser realizado afim de se tomar medidas

natildeo mais preventivas mas sim preditivas para que se possa conter o avanccedilo destes

problemas na aacuterea urbana principal bem como em toda a aacuterea do municiacutepio

Figura 5 13 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na aacuterea urbana

principal

Fonte Do autor

38

Figura 5 14 Aacutereas sujeitas a alagamento e os principais usos do solo na aacuterea

urbana principal

Fonte Do autor

Ao se associar os dados do estudo do Plano Diretor com os dados do levantamento

histoacuterico realizado com o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) pode-se notar que as aacutereas

propiacutecias a deslizamento estatildeo em regiotildees as quais haacute uma fronteira de declividades ou

seja eacute evidente que os deslizamentos ocorrem em encostas um pouco mais iacutengremes mas

natildeo necessariamente nas encostas de 30-47 as quais exigem estudo teacutecnico conforme o

plano diretor preconiza Quanto aos alagamentos nota-se que eles se localizam nas aacutereas

com menor ou nenhuma declividade podendo ser estas aacutereas talvez componentes da

planiacutecie de inundaccedilatildeo dos rios Estes resultados podem ser vistos nas figuras 515 e 516

a seguir

39

Figura5 15 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a deslizamentos na

regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

Fonte Lei 42412012 e Autor

Figura5 26 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a alagamentos na

regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

Fonte Lei 42412012 e Autor

40

52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis

O processo de ocupaccedilatildeo no municiacutepio de Santos Dumont comeccedilou muito antes de

qualquer legislaccedilatildeo relacionada a ordenamento urbano e de proteccedilatildeo do meio ambiente

fosse implementado no Brasil Esse fato aliado a poliacuteticas e fiscalizaccedilotildees falhas

contribuiacuteram para a ocupaccedilatildeo e expansatildeo da aacuterea urbana ao longo do Ribeiratildeo das Posses

e seus afluentes o que tem gerado o aumento da degradaccedilatildeo destes corpos hiacutedricos ao

longo de todos estes anos Observa-se tambeacutem que nas uacuteltimas deacutecadas ocorreu um

grande nuacutemero de migraccedilotildees do campo para a regiatildeo urbana da cidade fator que

contribuiu para o crescimento do nuacutemero de habitaccedilotildees em aacutereas de risco de deslizamento

e alagamentos por serem na maioria das vezes terrenos menos valorizados e por este

motivo acessiacuteveis a populaccedilatildeo com menor poder aquisitivo (ROSA amp CORTEZ 2008)

Vale ressaltar que esta questatildeo aleacutem de ser ambiental eacute muito mais social pois os

moradores entendem os riscos de se viver nestes locais mas por motivos econocircmicos ou

por questotildees afetivas natildeo abrem matildeo da moradia nessas aacutereas A Constituiccedilatildeo Federal de

1988 promoveu a inter-relaccedilatildeo das questotildees sociais com as questotildees ambientais quando

colocou o meio ambiente como direito coletivo (BRASIL1988 SOUZA2010) Por este

motivo a decisatildeo por medidas draacutesticas que favoreccedilam apenas agrave preservaccedilatildeo do meio

ambiente natildeo eacute recomendada pois aleacutem de ser inconstitucional podem afetar a

sustentabilidade econocircmica do municiacutepio e gerar conflitos sociais consideraacuteveis

(CARLOS 1992 apud SOUZA 2010)

Segundo Bueno (2009) ldquonem tudo o que eacute irregular eacute precaacuteriordquo Esse fato se observa em

Santos Dumont uma vez que em boa parte da regiatildeo central se observa vaacuterias moradias

construiacutedas na faixa de APP de curso hiacutedrico o que natildeo eacute permitido pela legislaccedilatildeo

vigente e eacute um dos fatores que contribui para a ocorrecircncia de alagamentos nesta aacuterea da

cidade Para a resoluccedilatildeo deste problema o que seria mais viaacutevel seria a melhoria da

infraestrutura de drenagem urbana afim de que o escoamento da aacutegua das chuvas natildeo

sobrecarregasse o sistema (BUENO2009) A construccedilatildeo de bacias de contenccedilatildeo de

cheias ao longo do Ribeiratildeo das Posses tambeacutem seria uma alternativa mas para se verificar

a viabilidade necessita-se estudos mais aprofundados do ponto de vista hidroloacutegico

O grande problema a ser solucionado no entanto eacute o que diz respeito agraves aacutereas de risco

de deslizamento majoritariamente nos bairros A melhor alternativa seria o

remanejamento dos moradores para uma aacuterea proacutexima agrave que moram poreacutem longe do

risco Poreacutem esta alternativa de acordo com Rosa Filho amp Cortez (2008) encontra alguns

entraves pois estas pessoas na maioria das vezes natildeo tecircm condiccedilotildees financeiras de irem

para outro lugar ou pagar aluguel ou estatildeo de alguma forma sentimentalmente ligadas

agravequela regiatildeo que se recusam a deixaacute-lo

41

Por parte dos oacutergatildeos competentes no municiacutepio a criaccedilatildeo de um plano para se evitar

acidentes ocasionados por deslizamentos e alagamentos com um mapeamento detalhado

de toda a extensatildeo do municiacutepio eacute extremamente uacutetil Os estudos que seratildeo feitos para a

elaboraccedilatildeo deste plano poderatildeo definir quais as aacutereas satildeo potencialmente de risco para as

ocupaccedilotildees existentes ou para as potenciais ocupaccedilotildees que possam vir a ocorrer atraveacutes do

mapeamento das aacutereas de risco Tal planejamento seraacute auxiliar ao Plano Diretor

Municipal pois definiraacute o real uso do solo de determinada regiatildeo do municiacutepio

contribuindo para a adequaccedilatildeo do uso e ocupaccedilatildeo do solo afim de evitar ou reduzir o

nuacutemero de problemas relacionados a alagamentos e principalmente deslizamentos no

periacutemetro urbano (TOMINAGA 2009) A partir deste plano os gestores locais poderatildeo

tomar a melhor decisatildeo para a prevenccedilatildeo ou reduccedilatildeo dos riscos inerentes a tais problemas

Na seccedilatildeo 521 seraacute hierarquizado de forma preliminar a aacuterea urbana principal de acordo

com os resultados da tabela 51

521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta

O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos (PMRR) foi criado atraveacutes de accedilotildees

regularizadoras do Ministeacuterio das Cidades para ser o instrumento de gestatildeo e

gerenciamento de aacutereas de risco em um municiacutepio Eacute um documento que aleacutem de

estabelecer quais regiotildees satildeo consideradas de risco tambeacutem objetiva a proposta de

medidas estruturais ou natildeo para contenccedilatildeo eou prevenccedilatildeo de cataacutestrofes aleacutem de ser um

meio de captaccedilatildeo de recursos financeiros junto aos Governos Estadual e Federal Estes

recursos poderatildeo ser utilizados para a realizaccedilatildeo de obras que visem a melhoria da

qualidade de vida da populaccedilatildeo do entorno ou de recuperaccedilatildeo da aacuterea degradada Este

plano eacute realizado de forma participativa com as comunidades das aacutereas de risco e pode

ser realizado em sete fases conforme recomenda o Ministeacuterio das Cidades (ALHEIROS

2006)

O primeiro passo para a realizaccedilatildeo do PMRR eacute definir qual a metodologia seraacute empregada

levando-se em consideraccedilatildeo a realidade atual do municiacutepio e especificar de forma sucinta

um cronograma das atividades Eacute importante nesta fase a participaccedilatildeo tambeacutem dos

responsaacuteveis pelas mais variadas Secretarias Municipais afim de explicitar o tamanho da

importacircncia e o caraacuteter integrador deste plano A segunda fase deste plano objetiva a

criaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo da principal base de dados a ser utilizada nos passos posteriores o

mapeamento de risco em escala detalhe em torno de 13000 (SAtildeO PAULO 2014) A

elaboraccedilatildeo de um mapeamento detalhado propiciaraacute natildeo soacute a identificaccedilatildeo mais faacutecil das

aacutereas de risco como tambeacutem facilitaraacute aos gestores e agrave comunidade decidirem qual a

melhor intervenccedilatildeo para a soluccedilatildeo ou remediaccedilatildeo dos problemas em uma determinada

42

aacuterea hierarquizando o risco e definindo prioridades (SAtildeO PAULO 2014) Na tabela a

seguir apresenta-se alguns tipos de intervenccedilotildees que podem ser feitas em aacutereas de risco

sugeridas pelo Ministeacuterio das cidades (ALHEIROS 2006)

Quadro 5 1 - Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco

Tipo de intervenccedilatildeo Descriccedilatildeo

Serviccedilos de limpeza e Recuperaccedilatildeo

Remoccedilatildeo de entulho lixo etc

corte de aacutervores

remoccedilatildeo de bananeiras

recuperaccedilatildeo eou limpeza de sistemas de

drenagem esgotos e acessos

Limpeza de canais de drenagem

Proteccedilatildeo Vegetal

Proteccedilatildeo superficial vegetal (gramiacuteneas) em

taludes com solo exposto

Proteccedilatildeo vegetal de margens de canais de

drenagem

Barreiras vegetais para massas escorregadas

ou acumuladas pela erosatildeo

Drenagem Superficial e Acessos

Sistema de drenagem superficial (canaletas

raacutepidos caixas de transiccedilatildeo escadas drsquoaacutegua)

Acessos para pedestres (escadarias rampas

etc) integrados ao sistema de drenagem

Revestimento de Taludes Revestimento com materiais artificiais

cimentado cal-jet tela argamassada alvenaria

de tijolos ceracircmicos solo-cimento ensacado

Desmonte de blocos e matacotildees Desmonte de concreccedilotildees de grande porte

blocos rochosos e matacotildees

Obras de drenagem de subsuperfiacutecie Sistema de drenagem de subsuperfiacutecie

(trincheiras drenantes DHP poccedilos de

rebaixamento)

Estruturas de contenccedilatildeo (localizadas)

Muros de contenccedilatildeo de pequeno porte (solo-

cimento ensacado alvenaria de pedra-rachatildeo

concreto armado)

Estruturas de contenccedilatildeo localizadas

(chumbadores tirantes microestacas)

Contenccedilatildeo e proteccedilatildeo de margens de canais (

gabiotildees muros de concreto etc)

Estruturas de contenccedilatildeo (meacutedio e grande porte) Implantaccedilatildeo de estruturas de contenccedilatildeo de

meacutedio e grande porte envolvendo obras de

contenccedilatildeo passivas e ativas (muros de

gravidade cortinas etc)

Terraplanagem Execuccedilatildeo de serviccedilos de terraplanagem

combinados a obras de drenagem superficial e

proteccedilatildeo vegetal desvio e canalizaccedilatildeo de

coacuterregos

Remoccedilatildeo de moradias Remoccedilotildees definitivas para implantaccedilatildeo de

obras ou devido agrave localizaccedilatildeo improacutepria da

edificaccedilatildeo (Priorizar as relocaccedilotildees dentro da

proacutepria aacuterea em local seguro)

Fonte ALHEIROS 2006

43

Escolhidas as formas de intervenccedilatildeo para cada aacuterea eacute necessaacuterio realizar uma estimativa

dos custos afim de preparar o orccedilamento da prefeitura para a realizaccedilatildeo das obras e se

seraacute necessaacuterio a captaccedilatildeo de recursos externos para a execuccedilatildeo destas Feitas as

estimativas de custo o proacuteximo passo eacute definir as prioridades e para esta fase eacute tambeacutem

uacutetil o mapeamento feito nas etapas anteriores pois seraacute necessaacuterio hierarquizar tais

intervenccedilotildees nas aacutereas de risco O Ministeacuterio das Cidades (2007) sugere alguns criteacuterios

que podem ser avaliados pelo gestor dentre eles pode-se citar

Grau de risco

Populaccedilatildeo beneficiada

Custo da intervenccedilatildeo

Dimensatildeo da aacuterea a ser tratada

Demandas anteriores da populaccedilatildeo

Tempo de ocupaccedilatildeo

Viabilidade teacutecnica da intervenccedilatildeo

Viabilidade financeira

Inclusatildeo da aacuterea em outros projetos

A partir desta hierarquizaccedilatildeo inicia-se a identificaccedilatildeo de provaacuteveis fontes de captaccedilatildeo de

recursos para a execuccedilatildeo das intervenccedilotildees Estes recursos podem advir de programas dos

governos Federal e Estadual ou por meio de editais para captaccedilatildeo de recursos financeiros

tanto do setor puacuteblico como da iniciativa privada e podem ser tambeacutem associados agrave outras

Secretarias Municipais como a de Turismo ou Meio Ambiente e natildeo soacute as destinadas agrave

Defesa Civil (ALHEIROS 2006)

Eacute previsto tambeacutem no PMRR uma avaliaccedilatildeo da Defesa Civil municipal e como ela estaacute

estruturada fazendo inclusive sugestotildees para que sua atuaccedilatildeo esteja em consonacircncia com

a realidade das comunidades e da Administraccedilatildeo Puacuteblica do municiacutepio de forma a garantir

sua sustentabilidade e conquistar a credibilidade da populaccedilatildeo no que diz respeito a

prevenccedilatildeo de cataacutestrofes Para que a resposta a uma determinada situaccedilatildeo de risco seja

raacutepida eacute necessaacuterio a descentralizaccedilatildeo da Defesa Civil criando pequenos nuacutecleos

comunitaacuterios com a finalidade de se monitorar a aacuterea constantemente e promover as

intervenccedilotildees necessaacuterias em tempo haacutebil o que aumenta em muito a credibilidade da

populaccedilatildeo no PMRR e no trabalho desempenhado pela Defesa Civil no municiacutepio Apoacutes

esta etapa o PMRR passaraacute por audiecircncias puacuteblicas e posteriormente poderaacute ser aprovado

como Lei Municipal pelo Legislativo local (ALHEIROS 2006)

Com a realizaccedilatildeo deste plano o municiacutepio estaraacute munido de informaccedilotildees suficientes para

realizar accedilotildees efetivas de gestatildeo e gerenciamento de riscos bem como aliado a

levantamentos sociais realizar programas habitacionais que beneficiem prioritariamente

44

aos moradores das aacutereas de risco Aleacutem disso com o PMRR o municiacutepio poderaacute melhorar

a qualidade ambiental da populaccedilatildeo captando recursos para a recuperaccedilatildeo das aacutereas de

APP que foram degradadas pelas ocupaccedilotildees irregulares beneficiando todos os moradores

do municiacutepio com o aumento da qualidade de vida na cidade

A partir do disposto nesta seccedilatildeo acerca do Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos e de

uma maneira preliminar (levando-se em conta apenas o nuacutemero de registros de

alagamentos e deslizamentos na aacuterea urbana principal de Santos Dumont no periacuteodo de

1984 a 2014) identificou-se trecircs regiotildees distintas na aacuterea urbana do municiacutepio com

tempo de recorrecircncia desses eventos similares caracterizando trecircs prioridades de

intervenccedilatildeo em contenccedilatildeo de risco como pode ser visto nas figuras 515 e 516 Vale

ressaltar que eacute necessaacuterio um estudo mais detalhado inclusive com visitas teacutecnicas a

campo para que se confirme a real situaccedilatildeo destas e a real prioridade para investimentos

Figura 5 17 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de deslizamentos

Fonte Do Autor

45

Figura 5 18 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de alagamentos

Fonte Do Autor

46

6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees

A seguir apresenta-se as conclusotildees e as recomendaccedilotildees feitas a partir dos objetivos

especiacuteficos explicitados no iniacutecio deste trabalho

Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a

aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes

urbanos

A partir da revisatildeo da legislaccedilatildeo pertinente em acircmbito federal estadual e

municipal constatou-se que o Plano Diretor de Santos Dumont natildeo conflita com a

legislaccedilatildeo federal e estadual sobre Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente A legislaccedilatildeo

municipal foi entendida como mais conservadora que as federal e estadual uma

vez que considera implicitamente que declividades entre 47 e 100 satildeo

enquadradas como APPs aleacutem da faixa superior a 100

Parte consideraacutevel das ocupaccedilotildees em APP principalmente na regiatildeo do bairro

Santo Antocircnio (onde surgiu os primeiros nuacutecleos que deram origem ao municiacutepio)

e o centro da cidade ocorreram antes de que fosse elaborado qualquer legislaccedilatildeo

que versasse sobre o tema Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente bastando ao gestor

local tomar medidas de contenccedilatildeo de riscos que minimizem os impactos causados

por essas ocupaccedilotildees nessa regiatildeo

O ordenamento adequado do uso do solo no municiacutepio eacute necessaacuterio para que o

crescimento dos loteamentos criados anteriormente agrave esta Lei e o surgimento de

novos natildeo avance para Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente o que pode causar

inuacutemeros problemas aos moradores e agravar os jaacute existentes

Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las

com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)

As aacutereas onde houveram a maior quantidade de registros de deslizamentos satildeo os

bairros mais populosos de Santos Dumont podendo se estabelecer uma relaccedilatildeo

que quanto mais populoso o bairro maior a quantidade de problemas relacionados

a deslizamentos Tambeacutem pode-se notar uma relaccedilatildeo com as fronteiras das faixas

de declividades e os deslizamentos uma vez que boa parte deles aconteceram

nestas faixas

As aacutereas onde houve um grande nuacutemero de registros de alagamentos satildeo os bairros

que se desenvolveram agraves margens do Ribeiratildeo das Posses em especial na aacuterea que

47

compreende as APPs de curso hiacutedrico e em aacutereas onde a declividade eacute baixa Esse

fato aliado ao crescimento do nuacutemero de vias pavimentadas com material

impermeaacutevel e a natildeo expansatildeo e ou redimensionamento da rede de drenagem

urbana contribuiacuteram para a ocorrecircncia cada vez mais constante de alagamentos

nessas aacutereas

Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos

catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30

anos

A partir do levantamento histoacuterico realizado e da base de dados georeferenciada

gerada observou-se o aumento do nuacutemero de registros de deslizamentos e

alagamentos nos uacuteltimos 10 anos quando as ocorrecircncias comeccedilaram a se repetir

numa mesma aacuterea com frequecircncia incrementada as vezes com mais de uma

ocorrecircncia anual

Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do

solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental

Destaca-se a adequaccedilatildeo dos criteacuterios gerais estabelecidos pelo Plano Diretor de

Santos Dumont relativos a legislaccedilatildeo federal e estadual Entretanto o referido

Plano Diretor natildeo contempla todo o territoacuterio municipal sendo assim ele natildeo

cumpre o objetivo de proteger as APPs preservadas e recuperar as que foram

degradadas em todo o territoacuterio municipal Ressalta-se tambeacutem a sua natildeo

conformidade com o Estatuto das Cidades uma vez que o Plano Diretor

contempla apenas os novos loteamentos

Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais

negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea

impactada

Recomenda-se a implantaccedilatildeo no municiacutepio de uma Coordenadoria Municipal de

Defesa Civil atuante e integrada agraves Secretarias Municipais e agrave comunidade

visando uma atuaccedilatildeo eficaz nos problemas relacionados a deslizamentos e

alagamentos A elaboraccedilatildeo de um Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos eacute de

suma importacircncia pois atraveacutes dele pode-se predizer as aacutereas que passaratildeo por

problemas caso a expansatildeo aconteccedila ou se inicie uma ocupaccedilatildeo nova aleacutem de

prevenir acidentes nas aacutereas jaacute ocupadas e consideradas de risco

48

7 Anexos

49

71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont

50

51

72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)

52

53

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CF estabelece as diretrizes gerais da poliacutetica urbana e daacute outras providecircncias Brasiacutelia

2001

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vegetaccedilatildeo nativa altera as Leis nos 6938 de 31 de agosto de 1981 9393 de 1 9 de

dezembro de 1996 e 11 428 de 22 de dezembro de 2006 revoga as Leis nos 4771 de

1 5 de setembro de 1965 e 7754 de 1 4 de abril de 1989 e a Medida Provisoacuteria no 21

66shy67 de 24 de agosto de 2001 e daacute outras providecircncias Brasiacutelia 2012

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56

SAtildeO PAULO Mapeamento de riscos associados a escorregamentos inundaccedilatildeo erosotildees

e solapamento de margens de drenagens do municiacutepio de Campos do Jordatildeo-SP

Relatoacuterio Teacutecnico Campos do Jordatildeo 2014

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diretor para o desenvolvimento municipal CNM SEBRAE Brasiacutelia 2006

SKORUPA LA Aacutereas de preservaccedilatildeo permanente e desenvolvimento sustentaacutevel

Embrapa Meio Ambiente Jaguariuacutena-SP 2004 4p

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UFV ndash Universidade Federal de Viccedilosa Mapa de solos do Estado de Minas Gerais

legenda expandida Centro Tecnoloacutegico de Minas Gerais FEAM Belo Horizonte 2010

ZANON F N Uso e ocupaccedilatildeo da terra e vulnerabilidade a alagamento na aacuterea central

da cidade de Satildeo Paulo O caso da subprefeitura da Seacute Trabalho de Graduaccedilatildeo UNESP

Rio Claro 2013

Page 40: O USO DO SOLO URBANO EM ÁREAS DE PRESERVAÇÃO … · social que você tenha na vida, a mais alta ou a mais baixa, tenha sempre como meta muita força, muita determinação e sempre

32

que acabou por resultar num zoneamento de todo o municiacutepio em macrozonas conforme

citado na seccedilatildeo 3231 de acordo com os usos atuais e futuros do solo Aleacutem de dividir

estas macrozonas em urbanas e rurais tambeacutem avaliou e classificou estas aacutereas com base

numa seacuterie de fatores ambientais geoloacutegicos culturais e sociais de forma a se fazer um

zoneamento coerente com os atuais usos do solo e seu potencial de uso futuro Apresenta-

se na Figura 59 este zoneamento na aacuterea urbana principal de Santos Dumont

Figura 5 9 Zoneamento urbano da aacuterea urbana principal

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Lei 42412012

Tomando como referecircncia o Novo Coacutedigo Florestal brasileiro em especial os paracircmetros

estabelecidos para a definiccedilatildeo de APP e utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento

atraveacutes do software Vista SAGA relacionou-se as APPs existentes na aacuterea em estudo com

as regiotildees propiacutecias a alagamentos e deslizamentos de acordo com o estudo feito quando

da elaboraccedilatildeo do Plano Diretor afim de se identificar qual ou quais aacutereas possuem estes

problemas e se estatildeo relacionados com o uso do solo irregular em APP

Ao se aplicar a metodologia proposta por Oliveira amp Fernandes Filho (2013) natildeo foram

identificadas dentro da aacuterea de estudo APPs de topos de morro sendo este tipo de APP

descartada portanto das anaacutelises subsequentes deste trabalho Foram consideradas as

APP de curso hiacutedrico (rios e nascentes) e de declividade visando relacionaacute-las as aacutereas

de risco identificadas pela Prefeitura afim de se verificar as possiacuteveis causas da ocorrecircncia

33

destas aacutereas na regiatildeo urbana do municiacutepio Por meio de combinaccedilotildees entre dois mapas

temaacuteticos utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento foi possiacutevel obter as

assinaturas ou seja tabelas que caracterizam quantitativamente a aacuterea afetada por cada

aspecto visto que a simples visualizaccedilatildeo do mapa gerado pelo geoprocessamento muitas

vezes eacute prejudicada por serem aacutereas de pequenas dimensotildees ou por qualquer outra

limitaccedilatildeo do software Ressalta-se que para a elaboraccedilatildeo do Plano Municipal de Reduccedilatildeo

de riscos a identificaccedilatildeo e detalhamento topograacutefico destas aacutereas eacute fundamental para o

desenvolvimento do referido Plano conforme seraacute abordado detalhadamente na seccedilatildeo

52

De posse do mapa que representa o zoneamento urbano de Santos Dumont primeiramente

procurou-se mensurar qualitativa e quantitativamente a presenccedila de APPs tanto de

declividade quanto de cursos hiacutedricos Essa identificaccedilatildeo eacute importante pois este

zoneamento eacute um dos instrumentos de planejamento municipal (BRASIL 2001) Saboya

(2007) aponta que os principais objetivos de um zoneamento satildeo o controle da expansatildeo

urbana e proteccedilatildeo de aacutereas inadequadas a ocupaccedilatildeo aleacutem de reduzir os conflitos inerentes

aos diferentes usos do solo Com o uso da ferramenta ldquoCombinarrdquo do Vista SAGA foram

feitas combinaccedilotildees entre o mapa de hidrografia com buffer de 30m para rios e coacuterregos e

de 50m para nascentes com o mapa do zoneamento para se verificar a importacircncia das

APPs de curso hiacutedrico em toda a aacuterea urbana principal do municiacutepio Tambeacutem foram

combinados o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) obtido atraveacutes do gvSIG com o mapa

de zoneamento afim de se verificar quantitativamente as APPs de declividade e onde se

localizam Vale ressaltar que as declividades entre 30 e 47 estatildeo presentes nesta

combinaccedilatildeo pois de acordo com o Plano Diretor de Santos Dumont terrenos com esta

faixa de declividade para fins de parcelamento devem possuir estudo teacutecnico que ateste

a viabilidade de se promover algum empreendimento imobiliaacuterio neste (SANTOS

DUMONT 2012) Como a legislaccedilatildeo municipal prevecirc estudo somente para a faixa de

declividade descrita anteriormente para fins de anaacutelise neste trabalho consideramos um

valor mais conservador para APP compreendendo a faixa de 47 a 100 aleacutem da

prevista pela legislaccedilatildeo federal (gt100) para que natildeo houvessem lacunas importantes na

geraccedilatildeo do produto

Apresenta-se na Figura 510 aacutereas com declividades consideradas de risco e consideradas

APP e em qual zona de planejamento elas estatildeo inseridas De um modo geral ao se

observar a Tabela 52 nota-se que a aacuterea que compreende declividades de risco e APP eacute

uma pequena parcela da aacuterea urbana principal representando 061 desta aacuterea Ao se

levar em conta somente a localizaccedilatildeo pode-se verificar que cerca de 84 das aacutereas com

declividade de risco e a totalidade das APPs de declividade estatildeo localizadas na ZAC1

zona que compreende a maior parte do municiacutepio e apesar de possuir infraestrutura baacutesica

para a ocupaccedilatildeo esta eacute restrita Sendo assim o fator declividade deve ser visto com cautela

nesta aacuterea para se evitar transtornos advindos de edificaccedilotildees nestas aacutereas

34

Figura 5 10 Combinaccedilatildeo entre as declividades importantes incluindo as APPs e o

zoneamento urbano

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Do autor

Tabela 52 Assinaturas da combinaccedilatildeo Declividade x Zoneamento

Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea

Natildeo APP 457972 9939

Declividade 30-47 em ZAC1 2368 051

Declividade 30-47 em ZE 284 006

Declividade 30-47 em ZAC2 128 003

Declividade 30-47 em ZPA 004 0001

APP Declividade em ZAC1 048 001

Total 460804 100

Fonte Do autor

Apresenta-se na Figura 511 as APPs de curso hiacutedrico (nascentes e rios) e em qual zona

de planejamento estatildeo localizadas Assim como a declividade a maior parte das APPs de

curso hiacutedrico estatildeo localizadas em ZAC1 representando 383 da aacuterea urbana em estudo

e 51 do total das APPs de curso hiacutedrico Esta questatildeo tambeacutem deve ser vista com

bastante criteacuterio pelos gestores locais uma vez que a ocupaccedilatildeo em faixas proacuteximas de

rios e coacuterregos podem causar uma gama de problemas ambientais e sociais na regiatildeo

(SANTANA2011) Tal cuidado tambeacutem deve ser tomado nas APPs compreendidas na

35

ZAC2 que compreende 001 da Aacuterea urbana principal e 14 do total das APPs de curso

hiacutedrico pois a infraestrutura baacutesica e acessibilidade presente nesta zona eacute precaacuteria e a

ocupaccedilatildeo as margens de cursos hiacutedricos pode gerar problemas seacuterios caso ocorra uma

expansatildeo nestas aacutereas

Figura 511 Combinaccedilatildeo entre APP de curso hiacutedrico e as zonas de planejamento

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Do autor

Outro ponto importante eacute a presenccedila da Zona de Proteccedilatildeo Ambiental (ZPA) no entorno

uma consideraacutevel parte dos cursos hiacutedricos Nesta zona estatildeo presentes 28 das APPs de

curso hiacutedrico e esta zona de acordo com o Plano Diretor deve ser restaurada ou

preservada por suas caracteriacutesticas geoloacutegicas topograacuteficas e bioloacutegicas

Afim de se verificar os usos do solo na regiatildeo em estudo foram utilizadas combinaccedilotildees

de imagens advindas do sateacutelite Landsat 8 nas bandas descritas no capiacutetulo 4 aleacutem da

banda pancromaacutetica O resultado eacute apresentado na figura 512 que mostra os principais

usos do solo na aacuterea urbana principal de Santos Dumont

36

Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x Zoneamento

Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea

Hidrografia 11168 239

Aacuterea Urbana Natildeo APP 421004 9008

APP Curso hiacutedrico em ZAC1 179 383

APP Curso hiacutedrico em ZPA 9776 209

APP Curso hiacutedrico em ZE 184 004

APP Curso hiacutedrico em ZA 1192 026

APP Curso hiacutedrico em ZAC2 5124 110

APP Curso hiacutedrico em ZPPH 248 005

APP Curso hiacutedrico em ZEIS 568 012

APP Curso hiacutedrico em ZCA 228 005

Total 467392 10000

Fonte Do autor

Figura 5 12 Mapa de usos do solo da aacuterea urbana principal de Santos Dumont

Fonte Do autor

Como jaacute era previsto a maior parte da aacuterea urbana se encontra ocupada e eacute nesta regiatildeo

ocupada que se observa a maior concentraccedilatildeo de problemas de deslizamentos e

alagamentos (Figuras 513 e 514) A grande ocupaccedilatildeo em aacutereas consideradas APP de

curso hiacutedrico de acordo com os mapas gerados pode ser a principal causa do aumento a

cada ano dos casos de alagamento principalmente na regiatildeo central da cidade Outro ponto

que se deve atentar eacute a existecircncia de uma consideraacutevel aacuterea de pastagem pouco vegetada

que caso estejam em aacutereas elevadas pode contribuir para deslizamentos e agraves margens de

37

rios e coacuterregos para o assoreamento destes corpos hiacutedricos o que pode causar

alagamentos (INAacuteCIO etal 2007)

Diante destes resultados pode-se ver que a cidade de Santos Dumont necessita alternativas

efetiva no que diz respeito agrave contenccedilatildeo de deslizamentos e a reduccedilatildeo de risco de

alagamento pois as aacutereas em que ocorrem tais eventos satildeo distintas e facilmente definidas

devido agrave repeticcedilatildeo destes nos uacuteltimos anos Um plano de accedilatildeo integrado entre as diferentes

secretarias municipais (Obras Meio Ambiente Assistecircncia Social entre outras) e a

Coordenadoria Municipal de Defesa Civil deve ser realizado afim de se tomar medidas

natildeo mais preventivas mas sim preditivas para que se possa conter o avanccedilo destes

problemas na aacuterea urbana principal bem como em toda a aacuterea do municiacutepio

Figura 5 13 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na aacuterea urbana

principal

Fonte Do autor

38

Figura 5 14 Aacutereas sujeitas a alagamento e os principais usos do solo na aacuterea

urbana principal

Fonte Do autor

Ao se associar os dados do estudo do Plano Diretor com os dados do levantamento

histoacuterico realizado com o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) pode-se notar que as aacutereas

propiacutecias a deslizamento estatildeo em regiotildees as quais haacute uma fronteira de declividades ou

seja eacute evidente que os deslizamentos ocorrem em encostas um pouco mais iacutengremes mas

natildeo necessariamente nas encostas de 30-47 as quais exigem estudo teacutecnico conforme o

plano diretor preconiza Quanto aos alagamentos nota-se que eles se localizam nas aacutereas

com menor ou nenhuma declividade podendo ser estas aacutereas talvez componentes da

planiacutecie de inundaccedilatildeo dos rios Estes resultados podem ser vistos nas figuras 515 e 516

a seguir

39

Figura5 15 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a deslizamentos na

regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

Fonte Lei 42412012 e Autor

Figura5 26 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a alagamentos na

regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

Fonte Lei 42412012 e Autor

40

52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis

O processo de ocupaccedilatildeo no municiacutepio de Santos Dumont comeccedilou muito antes de

qualquer legislaccedilatildeo relacionada a ordenamento urbano e de proteccedilatildeo do meio ambiente

fosse implementado no Brasil Esse fato aliado a poliacuteticas e fiscalizaccedilotildees falhas

contribuiacuteram para a ocupaccedilatildeo e expansatildeo da aacuterea urbana ao longo do Ribeiratildeo das Posses

e seus afluentes o que tem gerado o aumento da degradaccedilatildeo destes corpos hiacutedricos ao

longo de todos estes anos Observa-se tambeacutem que nas uacuteltimas deacutecadas ocorreu um

grande nuacutemero de migraccedilotildees do campo para a regiatildeo urbana da cidade fator que

contribuiu para o crescimento do nuacutemero de habitaccedilotildees em aacutereas de risco de deslizamento

e alagamentos por serem na maioria das vezes terrenos menos valorizados e por este

motivo acessiacuteveis a populaccedilatildeo com menor poder aquisitivo (ROSA amp CORTEZ 2008)

Vale ressaltar que esta questatildeo aleacutem de ser ambiental eacute muito mais social pois os

moradores entendem os riscos de se viver nestes locais mas por motivos econocircmicos ou

por questotildees afetivas natildeo abrem matildeo da moradia nessas aacutereas A Constituiccedilatildeo Federal de

1988 promoveu a inter-relaccedilatildeo das questotildees sociais com as questotildees ambientais quando

colocou o meio ambiente como direito coletivo (BRASIL1988 SOUZA2010) Por este

motivo a decisatildeo por medidas draacutesticas que favoreccedilam apenas agrave preservaccedilatildeo do meio

ambiente natildeo eacute recomendada pois aleacutem de ser inconstitucional podem afetar a

sustentabilidade econocircmica do municiacutepio e gerar conflitos sociais consideraacuteveis

(CARLOS 1992 apud SOUZA 2010)

Segundo Bueno (2009) ldquonem tudo o que eacute irregular eacute precaacuteriordquo Esse fato se observa em

Santos Dumont uma vez que em boa parte da regiatildeo central se observa vaacuterias moradias

construiacutedas na faixa de APP de curso hiacutedrico o que natildeo eacute permitido pela legislaccedilatildeo

vigente e eacute um dos fatores que contribui para a ocorrecircncia de alagamentos nesta aacuterea da

cidade Para a resoluccedilatildeo deste problema o que seria mais viaacutevel seria a melhoria da

infraestrutura de drenagem urbana afim de que o escoamento da aacutegua das chuvas natildeo

sobrecarregasse o sistema (BUENO2009) A construccedilatildeo de bacias de contenccedilatildeo de

cheias ao longo do Ribeiratildeo das Posses tambeacutem seria uma alternativa mas para se verificar

a viabilidade necessita-se estudos mais aprofundados do ponto de vista hidroloacutegico

O grande problema a ser solucionado no entanto eacute o que diz respeito agraves aacutereas de risco

de deslizamento majoritariamente nos bairros A melhor alternativa seria o

remanejamento dos moradores para uma aacuterea proacutexima agrave que moram poreacutem longe do

risco Poreacutem esta alternativa de acordo com Rosa Filho amp Cortez (2008) encontra alguns

entraves pois estas pessoas na maioria das vezes natildeo tecircm condiccedilotildees financeiras de irem

para outro lugar ou pagar aluguel ou estatildeo de alguma forma sentimentalmente ligadas

agravequela regiatildeo que se recusam a deixaacute-lo

41

Por parte dos oacutergatildeos competentes no municiacutepio a criaccedilatildeo de um plano para se evitar

acidentes ocasionados por deslizamentos e alagamentos com um mapeamento detalhado

de toda a extensatildeo do municiacutepio eacute extremamente uacutetil Os estudos que seratildeo feitos para a

elaboraccedilatildeo deste plano poderatildeo definir quais as aacutereas satildeo potencialmente de risco para as

ocupaccedilotildees existentes ou para as potenciais ocupaccedilotildees que possam vir a ocorrer atraveacutes do

mapeamento das aacutereas de risco Tal planejamento seraacute auxiliar ao Plano Diretor

Municipal pois definiraacute o real uso do solo de determinada regiatildeo do municiacutepio

contribuindo para a adequaccedilatildeo do uso e ocupaccedilatildeo do solo afim de evitar ou reduzir o

nuacutemero de problemas relacionados a alagamentos e principalmente deslizamentos no

periacutemetro urbano (TOMINAGA 2009) A partir deste plano os gestores locais poderatildeo

tomar a melhor decisatildeo para a prevenccedilatildeo ou reduccedilatildeo dos riscos inerentes a tais problemas

Na seccedilatildeo 521 seraacute hierarquizado de forma preliminar a aacuterea urbana principal de acordo

com os resultados da tabela 51

521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta

O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos (PMRR) foi criado atraveacutes de accedilotildees

regularizadoras do Ministeacuterio das Cidades para ser o instrumento de gestatildeo e

gerenciamento de aacutereas de risco em um municiacutepio Eacute um documento que aleacutem de

estabelecer quais regiotildees satildeo consideradas de risco tambeacutem objetiva a proposta de

medidas estruturais ou natildeo para contenccedilatildeo eou prevenccedilatildeo de cataacutestrofes aleacutem de ser um

meio de captaccedilatildeo de recursos financeiros junto aos Governos Estadual e Federal Estes

recursos poderatildeo ser utilizados para a realizaccedilatildeo de obras que visem a melhoria da

qualidade de vida da populaccedilatildeo do entorno ou de recuperaccedilatildeo da aacuterea degradada Este

plano eacute realizado de forma participativa com as comunidades das aacutereas de risco e pode

ser realizado em sete fases conforme recomenda o Ministeacuterio das Cidades (ALHEIROS

2006)

O primeiro passo para a realizaccedilatildeo do PMRR eacute definir qual a metodologia seraacute empregada

levando-se em consideraccedilatildeo a realidade atual do municiacutepio e especificar de forma sucinta

um cronograma das atividades Eacute importante nesta fase a participaccedilatildeo tambeacutem dos

responsaacuteveis pelas mais variadas Secretarias Municipais afim de explicitar o tamanho da

importacircncia e o caraacuteter integrador deste plano A segunda fase deste plano objetiva a

criaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo da principal base de dados a ser utilizada nos passos posteriores o

mapeamento de risco em escala detalhe em torno de 13000 (SAtildeO PAULO 2014) A

elaboraccedilatildeo de um mapeamento detalhado propiciaraacute natildeo soacute a identificaccedilatildeo mais faacutecil das

aacutereas de risco como tambeacutem facilitaraacute aos gestores e agrave comunidade decidirem qual a

melhor intervenccedilatildeo para a soluccedilatildeo ou remediaccedilatildeo dos problemas em uma determinada

42

aacuterea hierarquizando o risco e definindo prioridades (SAtildeO PAULO 2014) Na tabela a

seguir apresenta-se alguns tipos de intervenccedilotildees que podem ser feitas em aacutereas de risco

sugeridas pelo Ministeacuterio das cidades (ALHEIROS 2006)

Quadro 5 1 - Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco

Tipo de intervenccedilatildeo Descriccedilatildeo

Serviccedilos de limpeza e Recuperaccedilatildeo

Remoccedilatildeo de entulho lixo etc

corte de aacutervores

remoccedilatildeo de bananeiras

recuperaccedilatildeo eou limpeza de sistemas de

drenagem esgotos e acessos

Limpeza de canais de drenagem

Proteccedilatildeo Vegetal

Proteccedilatildeo superficial vegetal (gramiacuteneas) em

taludes com solo exposto

Proteccedilatildeo vegetal de margens de canais de

drenagem

Barreiras vegetais para massas escorregadas

ou acumuladas pela erosatildeo

Drenagem Superficial e Acessos

Sistema de drenagem superficial (canaletas

raacutepidos caixas de transiccedilatildeo escadas drsquoaacutegua)

Acessos para pedestres (escadarias rampas

etc) integrados ao sistema de drenagem

Revestimento de Taludes Revestimento com materiais artificiais

cimentado cal-jet tela argamassada alvenaria

de tijolos ceracircmicos solo-cimento ensacado

Desmonte de blocos e matacotildees Desmonte de concreccedilotildees de grande porte

blocos rochosos e matacotildees

Obras de drenagem de subsuperfiacutecie Sistema de drenagem de subsuperfiacutecie

(trincheiras drenantes DHP poccedilos de

rebaixamento)

Estruturas de contenccedilatildeo (localizadas)

Muros de contenccedilatildeo de pequeno porte (solo-

cimento ensacado alvenaria de pedra-rachatildeo

concreto armado)

Estruturas de contenccedilatildeo localizadas

(chumbadores tirantes microestacas)

Contenccedilatildeo e proteccedilatildeo de margens de canais (

gabiotildees muros de concreto etc)

Estruturas de contenccedilatildeo (meacutedio e grande porte) Implantaccedilatildeo de estruturas de contenccedilatildeo de

meacutedio e grande porte envolvendo obras de

contenccedilatildeo passivas e ativas (muros de

gravidade cortinas etc)

Terraplanagem Execuccedilatildeo de serviccedilos de terraplanagem

combinados a obras de drenagem superficial e

proteccedilatildeo vegetal desvio e canalizaccedilatildeo de

coacuterregos

Remoccedilatildeo de moradias Remoccedilotildees definitivas para implantaccedilatildeo de

obras ou devido agrave localizaccedilatildeo improacutepria da

edificaccedilatildeo (Priorizar as relocaccedilotildees dentro da

proacutepria aacuterea em local seguro)

Fonte ALHEIROS 2006

43

Escolhidas as formas de intervenccedilatildeo para cada aacuterea eacute necessaacuterio realizar uma estimativa

dos custos afim de preparar o orccedilamento da prefeitura para a realizaccedilatildeo das obras e se

seraacute necessaacuterio a captaccedilatildeo de recursos externos para a execuccedilatildeo destas Feitas as

estimativas de custo o proacuteximo passo eacute definir as prioridades e para esta fase eacute tambeacutem

uacutetil o mapeamento feito nas etapas anteriores pois seraacute necessaacuterio hierarquizar tais

intervenccedilotildees nas aacutereas de risco O Ministeacuterio das Cidades (2007) sugere alguns criteacuterios

que podem ser avaliados pelo gestor dentre eles pode-se citar

Grau de risco

Populaccedilatildeo beneficiada

Custo da intervenccedilatildeo

Dimensatildeo da aacuterea a ser tratada

Demandas anteriores da populaccedilatildeo

Tempo de ocupaccedilatildeo

Viabilidade teacutecnica da intervenccedilatildeo

Viabilidade financeira

Inclusatildeo da aacuterea em outros projetos

A partir desta hierarquizaccedilatildeo inicia-se a identificaccedilatildeo de provaacuteveis fontes de captaccedilatildeo de

recursos para a execuccedilatildeo das intervenccedilotildees Estes recursos podem advir de programas dos

governos Federal e Estadual ou por meio de editais para captaccedilatildeo de recursos financeiros

tanto do setor puacuteblico como da iniciativa privada e podem ser tambeacutem associados agrave outras

Secretarias Municipais como a de Turismo ou Meio Ambiente e natildeo soacute as destinadas agrave

Defesa Civil (ALHEIROS 2006)

Eacute previsto tambeacutem no PMRR uma avaliaccedilatildeo da Defesa Civil municipal e como ela estaacute

estruturada fazendo inclusive sugestotildees para que sua atuaccedilatildeo esteja em consonacircncia com

a realidade das comunidades e da Administraccedilatildeo Puacuteblica do municiacutepio de forma a garantir

sua sustentabilidade e conquistar a credibilidade da populaccedilatildeo no que diz respeito a

prevenccedilatildeo de cataacutestrofes Para que a resposta a uma determinada situaccedilatildeo de risco seja

raacutepida eacute necessaacuterio a descentralizaccedilatildeo da Defesa Civil criando pequenos nuacutecleos

comunitaacuterios com a finalidade de se monitorar a aacuterea constantemente e promover as

intervenccedilotildees necessaacuterias em tempo haacutebil o que aumenta em muito a credibilidade da

populaccedilatildeo no PMRR e no trabalho desempenhado pela Defesa Civil no municiacutepio Apoacutes

esta etapa o PMRR passaraacute por audiecircncias puacuteblicas e posteriormente poderaacute ser aprovado

como Lei Municipal pelo Legislativo local (ALHEIROS 2006)

Com a realizaccedilatildeo deste plano o municiacutepio estaraacute munido de informaccedilotildees suficientes para

realizar accedilotildees efetivas de gestatildeo e gerenciamento de riscos bem como aliado a

levantamentos sociais realizar programas habitacionais que beneficiem prioritariamente

44

aos moradores das aacutereas de risco Aleacutem disso com o PMRR o municiacutepio poderaacute melhorar

a qualidade ambiental da populaccedilatildeo captando recursos para a recuperaccedilatildeo das aacutereas de

APP que foram degradadas pelas ocupaccedilotildees irregulares beneficiando todos os moradores

do municiacutepio com o aumento da qualidade de vida na cidade

A partir do disposto nesta seccedilatildeo acerca do Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos e de

uma maneira preliminar (levando-se em conta apenas o nuacutemero de registros de

alagamentos e deslizamentos na aacuterea urbana principal de Santos Dumont no periacuteodo de

1984 a 2014) identificou-se trecircs regiotildees distintas na aacuterea urbana do municiacutepio com

tempo de recorrecircncia desses eventos similares caracterizando trecircs prioridades de

intervenccedilatildeo em contenccedilatildeo de risco como pode ser visto nas figuras 515 e 516 Vale

ressaltar que eacute necessaacuterio um estudo mais detalhado inclusive com visitas teacutecnicas a

campo para que se confirme a real situaccedilatildeo destas e a real prioridade para investimentos

Figura 5 17 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de deslizamentos

Fonte Do Autor

45

Figura 5 18 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de alagamentos

Fonte Do Autor

46

6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees

A seguir apresenta-se as conclusotildees e as recomendaccedilotildees feitas a partir dos objetivos

especiacuteficos explicitados no iniacutecio deste trabalho

Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a

aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes

urbanos

A partir da revisatildeo da legislaccedilatildeo pertinente em acircmbito federal estadual e

municipal constatou-se que o Plano Diretor de Santos Dumont natildeo conflita com a

legislaccedilatildeo federal e estadual sobre Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente A legislaccedilatildeo

municipal foi entendida como mais conservadora que as federal e estadual uma

vez que considera implicitamente que declividades entre 47 e 100 satildeo

enquadradas como APPs aleacutem da faixa superior a 100

Parte consideraacutevel das ocupaccedilotildees em APP principalmente na regiatildeo do bairro

Santo Antocircnio (onde surgiu os primeiros nuacutecleos que deram origem ao municiacutepio)

e o centro da cidade ocorreram antes de que fosse elaborado qualquer legislaccedilatildeo

que versasse sobre o tema Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente bastando ao gestor

local tomar medidas de contenccedilatildeo de riscos que minimizem os impactos causados

por essas ocupaccedilotildees nessa regiatildeo

O ordenamento adequado do uso do solo no municiacutepio eacute necessaacuterio para que o

crescimento dos loteamentos criados anteriormente agrave esta Lei e o surgimento de

novos natildeo avance para Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente o que pode causar

inuacutemeros problemas aos moradores e agravar os jaacute existentes

Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las

com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)

As aacutereas onde houveram a maior quantidade de registros de deslizamentos satildeo os

bairros mais populosos de Santos Dumont podendo se estabelecer uma relaccedilatildeo

que quanto mais populoso o bairro maior a quantidade de problemas relacionados

a deslizamentos Tambeacutem pode-se notar uma relaccedilatildeo com as fronteiras das faixas

de declividades e os deslizamentos uma vez que boa parte deles aconteceram

nestas faixas

As aacutereas onde houve um grande nuacutemero de registros de alagamentos satildeo os bairros

que se desenvolveram agraves margens do Ribeiratildeo das Posses em especial na aacuterea que

47

compreende as APPs de curso hiacutedrico e em aacutereas onde a declividade eacute baixa Esse

fato aliado ao crescimento do nuacutemero de vias pavimentadas com material

impermeaacutevel e a natildeo expansatildeo e ou redimensionamento da rede de drenagem

urbana contribuiacuteram para a ocorrecircncia cada vez mais constante de alagamentos

nessas aacutereas

Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos

catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30

anos

A partir do levantamento histoacuterico realizado e da base de dados georeferenciada

gerada observou-se o aumento do nuacutemero de registros de deslizamentos e

alagamentos nos uacuteltimos 10 anos quando as ocorrecircncias comeccedilaram a se repetir

numa mesma aacuterea com frequecircncia incrementada as vezes com mais de uma

ocorrecircncia anual

Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do

solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental

Destaca-se a adequaccedilatildeo dos criteacuterios gerais estabelecidos pelo Plano Diretor de

Santos Dumont relativos a legislaccedilatildeo federal e estadual Entretanto o referido

Plano Diretor natildeo contempla todo o territoacuterio municipal sendo assim ele natildeo

cumpre o objetivo de proteger as APPs preservadas e recuperar as que foram

degradadas em todo o territoacuterio municipal Ressalta-se tambeacutem a sua natildeo

conformidade com o Estatuto das Cidades uma vez que o Plano Diretor

contempla apenas os novos loteamentos

Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais

negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea

impactada

Recomenda-se a implantaccedilatildeo no municiacutepio de uma Coordenadoria Municipal de

Defesa Civil atuante e integrada agraves Secretarias Municipais e agrave comunidade

visando uma atuaccedilatildeo eficaz nos problemas relacionados a deslizamentos e

alagamentos A elaboraccedilatildeo de um Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos eacute de

suma importacircncia pois atraveacutes dele pode-se predizer as aacutereas que passaratildeo por

problemas caso a expansatildeo aconteccedila ou se inicie uma ocupaccedilatildeo nova aleacutem de

prevenir acidentes nas aacutereas jaacute ocupadas e consideradas de risco

48

7 Anexos

49

71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont

50

51

72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)

52

53

8 Referecircncias Bibliograacuteficas

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CF estabelece as diretrizes gerais da poliacutetica urbana e daacute outras providecircncias Brasiacutelia

2001

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dezembro de 1996 e 11 428 de 22 de dezembro de 2006 revoga as Leis nos 4771 de

1 5 de setembro de 1965 e 7754 de 1 4 de abril de 1989 e a Medida Provisoacuteria no 21

66shy67 de 24 de agosto de 2001 e daacute outras providecircncias Brasiacutelia 2012

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56

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Embrapa Meio Ambiente Jaguariuacutena-SP 2004 4p

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legenda expandida Centro Tecnoloacutegico de Minas Gerais FEAM Belo Horizonte 2010

ZANON F N Uso e ocupaccedilatildeo da terra e vulnerabilidade a alagamento na aacuterea central

da cidade de Satildeo Paulo O caso da subprefeitura da Seacute Trabalho de Graduaccedilatildeo UNESP

Rio Claro 2013

Page 41: O USO DO SOLO URBANO EM ÁREAS DE PRESERVAÇÃO … · social que você tenha na vida, a mais alta ou a mais baixa, tenha sempre como meta muita força, muita determinação e sempre

33

destas aacutereas na regiatildeo urbana do municiacutepio Por meio de combinaccedilotildees entre dois mapas

temaacuteticos utilizando-se de teacutecnicas de geoprocessamento foi possiacutevel obter as

assinaturas ou seja tabelas que caracterizam quantitativamente a aacuterea afetada por cada

aspecto visto que a simples visualizaccedilatildeo do mapa gerado pelo geoprocessamento muitas

vezes eacute prejudicada por serem aacutereas de pequenas dimensotildees ou por qualquer outra

limitaccedilatildeo do software Ressalta-se que para a elaboraccedilatildeo do Plano Municipal de Reduccedilatildeo

de riscos a identificaccedilatildeo e detalhamento topograacutefico destas aacutereas eacute fundamental para o

desenvolvimento do referido Plano conforme seraacute abordado detalhadamente na seccedilatildeo

52

De posse do mapa que representa o zoneamento urbano de Santos Dumont primeiramente

procurou-se mensurar qualitativa e quantitativamente a presenccedila de APPs tanto de

declividade quanto de cursos hiacutedricos Essa identificaccedilatildeo eacute importante pois este

zoneamento eacute um dos instrumentos de planejamento municipal (BRASIL 2001) Saboya

(2007) aponta que os principais objetivos de um zoneamento satildeo o controle da expansatildeo

urbana e proteccedilatildeo de aacutereas inadequadas a ocupaccedilatildeo aleacutem de reduzir os conflitos inerentes

aos diferentes usos do solo Com o uso da ferramenta ldquoCombinarrdquo do Vista SAGA foram

feitas combinaccedilotildees entre o mapa de hidrografia com buffer de 30m para rios e coacuterregos e

de 50m para nascentes com o mapa do zoneamento para se verificar a importacircncia das

APPs de curso hiacutedrico em toda a aacuterea urbana principal do municiacutepio Tambeacutem foram

combinados o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) obtido atraveacutes do gvSIG com o mapa

de zoneamento afim de se verificar quantitativamente as APPs de declividade e onde se

localizam Vale ressaltar que as declividades entre 30 e 47 estatildeo presentes nesta

combinaccedilatildeo pois de acordo com o Plano Diretor de Santos Dumont terrenos com esta

faixa de declividade para fins de parcelamento devem possuir estudo teacutecnico que ateste

a viabilidade de se promover algum empreendimento imobiliaacuterio neste (SANTOS

DUMONT 2012) Como a legislaccedilatildeo municipal prevecirc estudo somente para a faixa de

declividade descrita anteriormente para fins de anaacutelise neste trabalho consideramos um

valor mais conservador para APP compreendendo a faixa de 47 a 100 aleacutem da

prevista pela legislaccedilatildeo federal (gt100) para que natildeo houvessem lacunas importantes na

geraccedilatildeo do produto

Apresenta-se na Figura 510 aacutereas com declividades consideradas de risco e consideradas

APP e em qual zona de planejamento elas estatildeo inseridas De um modo geral ao se

observar a Tabela 52 nota-se que a aacuterea que compreende declividades de risco e APP eacute

uma pequena parcela da aacuterea urbana principal representando 061 desta aacuterea Ao se

levar em conta somente a localizaccedilatildeo pode-se verificar que cerca de 84 das aacutereas com

declividade de risco e a totalidade das APPs de declividade estatildeo localizadas na ZAC1

zona que compreende a maior parte do municiacutepio e apesar de possuir infraestrutura baacutesica

para a ocupaccedilatildeo esta eacute restrita Sendo assim o fator declividade deve ser visto com cautela

nesta aacuterea para se evitar transtornos advindos de edificaccedilotildees nestas aacutereas

34

Figura 5 10 Combinaccedilatildeo entre as declividades importantes incluindo as APPs e o

zoneamento urbano

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Do autor

Tabela 52 Assinaturas da combinaccedilatildeo Declividade x Zoneamento

Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea

Natildeo APP 457972 9939

Declividade 30-47 em ZAC1 2368 051

Declividade 30-47 em ZE 284 006

Declividade 30-47 em ZAC2 128 003

Declividade 30-47 em ZPA 004 0001

APP Declividade em ZAC1 048 001

Total 460804 100

Fonte Do autor

Apresenta-se na Figura 511 as APPs de curso hiacutedrico (nascentes e rios) e em qual zona

de planejamento estatildeo localizadas Assim como a declividade a maior parte das APPs de

curso hiacutedrico estatildeo localizadas em ZAC1 representando 383 da aacuterea urbana em estudo

e 51 do total das APPs de curso hiacutedrico Esta questatildeo tambeacutem deve ser vista com

bastante criteacuterio pelos gestores locais uma vez que a ocupaccedilatildeo em faixas proacuteximas de

rios e coacuterregos podem causar uma gama de problemas ambientais e sociais na regiatildeo

(SANTANA2011) Tal cuidado tambeacutem deve ser tomado nas APPs compreendidas na

35

ZAC2 que compreende 001 da Aacuterea urbana principal e 14 do total das APPs de curso

hiacutedrico pois a infraestrutura baacutesica e acessibilidade presente nesta zona eacute precaacuteria e a

ocupaccedilatildeo as margens de cursos hiacutedricos pode gerar problemas seacuterios caso ocorra uma

expansatildeo nestas aacutereas

Figura 511 Combinaccedilatildeo entre APP de curso hiacutedrico e as zonas de planejamento

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Do autor

Outro ponto importante eacute a presenccedila da Zona de Proteccedilatildeo Ambiental (ZPA) no entorno

uma consideraacutevel parte dos cursos hiacutedricos Nesta zona estatildeo presentes 28 das APPs de

curso hiacutedrico e esta zona de acordo com o Plano Diretor deve ser restaurada ou

preservada por suas caracteriacutesticas geoloacutegicas topograacuteficas e bioloacutegicas

Afim de se verificar os usos do solo na regiatildeo em estudo foram utilizadas combinaccedilotildees

de imagens advindas do sateacutelite Landsat 8 nas bandas descritas no capiacutetulo 4 aleacutem da

banda pancromaacutetica O resultado eacute apresentado na figura 512 que mostra os principais

usos do solo na aacuterea urbana principal de Santos Dumont

36

Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x Zoneamento

Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea

Hidrografia 11168 239

Aacuterea Urbana Natildeo APP 421004 9008

APP Curso hiacutedrico em ZAC1 179 383

APP Curso hiacutedrico em ZPA 9776 209

APP Curso hiacutedrico em ZE 184 004

APP Curso hiacutedrico em ZA 1192 026

APP Curso hiacutedrico em ZAC2 5124 110

APP Curso hiacutedrico em ZPPH 248 005

APP Curso hiacutedrico em ZEIS 568 012

APP Curso hiacutedrico em ZCA 228 005

Total 467392 10000

Fonte Do autor

Figura 5 12 Mapa de usos do solo da aacuterea urbana principal de Santos Dumont

Fonte Do autor

Como jaacute era previsto a maior parte da aacuterea urbana se encontra ocupada e eacute nesta regiatildeo

ocupada que se observa a maior concentraccedilatildeo de problemas de deslizamentos e

alagamentos (Figuras 513 e 514) A grande ocupaccedilatildeo em aacutereas consideradas APP de

curso hiacutedrico de acordo com os mapas gerados pode ser a principal causa do aumento a

cada ano dos casos de alagamento principalmente na regiatildeo central da cidade Outro ponto

que se deve atentar eacute a existecircncia de uma consideraacutevel aacuterea de pastagem pouco vegetada

que caso estejam em aacutereas elevadas pode contribuir para deslizamentos e agraves margens de

37

rios e coacuterregos para o assoreamento destes corpos hiacutedricos o que pode causar

alagamentos (INAacuteCIO etal 2007)

Diante destes resultados pode-se ver que a cidade de Santos Dumont necessita alternativas

efetiva no que diz respeito agrave contenccedilatildeo de deslizamentos e a reduccedilatildeo de risco de

alagamento pois as aacutereas em que ocorrem tais eventos satildeo distintas e facilmente definidas

devido agrave repeticcedilatildeo destes nos uacuteltimos anos Um plano de accedilatildeo integrado entre as diferentes

secretarias municipais (Obras Meio Ambiente Assistecircncia Social entre outras) e a

Coordenadoria Municipal de Defesa Civil deve ser realizado afim de se tomar medidas

natildeo mais preventivas mas sim preditivas para que se possa conter o avanccedilo destes

problemas na aacuterea urbana principal bem como em toda a aacuterea do municiacutepio

Figura 5 13 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na aacuterea urbana

principal

Fonte Do autor

38

Figura 5 14 Aacutereas sujeitas a alagamento e os principais usos do solo na aacuterea

urbana principal

Fonte Do autor

Ao se associar os dados do estudo do Plano Diretor com os dados do levantamento

histoacuterico realizado com o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) pode-se notar que as aacutereas

propiacutecias a deslizamento estatildeo em regiotildees as quais haacute uma fronteira de declividades ou

seja eacute evidente que os deslizamentos ocorrem em encostas um pouco mais iacutengremes mas

natildeo necessariamente nas encostas de 30-47 as quais exigem estudo teacutecnico conforme o

plano diretor preconiza Quanto aos alagamentos nota-se que eles se localizam nas aacutereas

com menor ou nenhuma declividade podendo ser estas aacutereas talvez componentes da

planiacutecie de inundaccedilatildeo dos rios Estes resultados podem ser vistos nas figuras 515 e 516

a seguir

39

Figura5 15 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a deslizamentos na

regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

Fonte Lei 42412012 e Autor

Figura5 26 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a alagamentos na

regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

Fonte Lei 42412012 e Autor

40

52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis

O processo de ocupaccedilatildeo no municiacutepio de Santos Dumont comeccedilou muito antes de

qualquer legislaccedilatildeo relacionada a ordenamento urbano e de proteccedilatildeo do meio ambiente

fosse implementado no Brasil Esse fato aliado a poliacuteticas e fiscalizaccedilotildees falhas

contribuiacuteram para a ocupaccedilatildeo e expansatildeo da aacuterea urbana ao longo do Ribeiratildeo das Posses

e seus afluentes o que tem gerado o aumento da degradaccedilatildeo destes corpos hiacutedricos ao

longo de todos estes anos Observa-se tambeacutem que nas uacuteltimas deacutecadas ocorreu um

grande nuacutemero de migraccedilotildees do campo para a regiatildeo urbana da cidade fator que

contribuiu para o crescimento do nuacutemero de habitaccedilotildees em aacutereas de risco de deslizamento

e alagamentos por serem na maioria das vezes terrenos menos valorizados e por este

motivo acessiacuteveis a populaccedilatildeo com menor poder aquisitivo (ROSA amp CORTEZ 2008)

Vale ressaltar que esta questatildeo aleacutem de ser ambiental eacute muito mais social pois os

moradores entendem os riscos de se viver nestes locais mas por motivos econocircmicos ou

por questotildees afetivas natildeo abrem matildeo da moradia nessas aacutereas A Constituiccedilatildeo Federal de

1988 promoveu a inter-relaccedilatildeo das questotildees sociais com as questotildees ambientais quando

colocou o meio ambiente como direito coletivo (BRASIL1988 SOUZA2010) Por este

motivo a decisatildeo por medidas draacutesticas que favoreccedilam apenas agrave preservaccedilatildeo do meio

ambiente natildeo eacute recomendada pois aleacutem de ser inconstitucional podem afetar a

sustentabilidade econocircmica do municiacutepio e gerar conflitos sociais consideraacuteveis

(CARLOS 1992 apud SOUZA 2010)

Segundo Bueno (2009) ldquonem tudo o que eacute irregular eacute precaacuteriordquo Esse fato se observa em

Santos Dumont uma vez que em boa parte da regiatildeo central se observa vaacuterias moradias

construiacutedas na faixa de APP de curso hiacutedrico o que natildeo eacute permitido pela legislaccedilatildeo

vigente e eacute um dos fatores que contribui para a ocorrecircncia de alagamentos nesta aacuterea da

cidade Para a resoluccedilatildeo deste problema o que seria mais viaacutevel seria a melhoria da

infraestrutura de drenagem urbana afim de que o escoamento da aacutegua das chuvas natildeo

sobrecarregasse o sistema (BUENO2009) A construccedilatildeo de bacias de contenccedilatildeo de

cheias ao longo do Ribeiratildeo das Posses tambeacutem seria uma alternativa mas para se verificar

a viabilidade necessita-se estudos mais aprofundados do ponto de vista hidroloacutegico

O grande problema a ser solucionado no entanto eacute o que diz respeito agraves aacutereas de risco

de deslizamento majoritariamente nos bairros A melhor alternativa seria o

remanejamento dos moradores para uma aacuterea proacutexima agrave que moram poreacutem longe do

risco Poreacutem esta alternativa de acordo com Rosa Filho amp Cortez (2008) encontra alguns

entraves pois estas pessoas na maioria das vezes natildeo tecircm condiccedilotildees financeiras de irem

para outro lugar ou pagar aluguel ou estatildeo de alguma forma sentimentalmente ligadas

agravequela regiatildeo que se recusam a deixaacute-lo

41

Por parte dos oacutergatildeos competentes no municiacutepio a criaccedilatildeo de um plano para se evitar

acidentes ocasionados por deslizamentos e alagamentos com um mapeamento detalhado

de toda a extensatildeo do municiacutepio eacute extremamente uacutetil Os estudos que seratildeo feitos para a

elaboraccedilatildeo deste plano poderatildeo definir quais as aacutereas satildeo potencialmente de risco para as

ocupaccedilotildees existentes ou para as potenciais ocupaccedilotildees que possam vir a ocorrer atraveacutes do

mapeamento das aacutereas de risco Tal planejamento seraacute auxiliar ao Plano Diretor

Municipal pois definiraacute o real uso do solo de determinada regiatildeo do municiacutepio

contribuindo para a adequaccedilatildeo do uso e ocupaccedilatildeo do solo afim de evitar ou reduzir o

nuacutemero de problemas relacionados a alagamentos e principalmente deslizamentos no

periacutemetro urbano (TOMINAGA 2009) A partir deste plano os gestores locais poderatildeo

tomar a melhor decisatildeo para a prevenccedilatildeo ou reduccedilatildeo dos riscos inerentes a tais problemas

Na seccedilatildeo 521 seraacute hierarquizado de forma preliminar a aacuterea urbana principal de acordo

com os resultados da tabela 51

521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta

O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos (PMRR) foi criado atraveacutes de accedilotildees

regularizadoras do Ministeacuterio das Cidades para ser o instrumento de gestatildeo e

gerenciamento de aacutereas de risco em um municiacutepio Eacute um documento que aleacutem de

estabelecer quais regiotildees satildeo consideradas de risco tambeacutem objetiva a proposta de

medidas estruturais ou natildeo para contenccedilatildeo eou prevenccedilatildeo de cataacutestrofes aleacutem de ser um

meio de captaccedilatildeo de recursos financeiros junto aos Governos Estadual e Federal Estes

recursos poderatildeo ser utilizados para a realizaccedilatildeo de obras que visem a melhoria da

qualidade de vida da populaccedilatildeo do entorno ou de recuperaccedilatildeo da aacuterea degradada Este

plano eacute realizado de forma participativa com as comunidades das aacutereas de risco e pode

ser realizado em sete fases conforme recomenda o Ministeacuterio das Cidades (ALHEIROS

2006)

O primeiro passo para a realizaccedilatildeo do PMRR eacute definir qual a metodologia seraacute empregada

levando-se em consideraccedilatildeo a realidade atual do municiacutepio e especificar de forma sucinta

um cronograma das atividades Eacute importante nesta fase a participaccedilatildeo tambeacutem dos

responsaacuteveis pelas mais variadas Secretarias Municipais afim de explicitar o tamanho da

importacircncia e o caraacuteter integrador deste plano A segunda fase deste plano objetiva a

criaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo da principal base de dados a ser utilizada nos passos posteriores o

mapeamento de risco em escala detalhe em torno de 13000 (SAtildeO PAULO 2014) A

elaboraccedilatildeo de um mapeamento detalhado propiciaraacute natildeo soacute a identificaccedilatildeo mais faacutecil das

aacutereas de risco como tambeacutem facilitaraacute aos gestores e agrave comunidade decidirem qual a

melhor intervenccedilatildeo para a soluccedilatildeo ou remediaccedilatildeo dos problemas em uma determinada

42

aacuterea hierarquizando o risco e definindo prioridades (SAtildeO PAULO 2014) Na tabela a

seguir apresenta-se alguns tipos de intervenccedilotildees que podem ser feitas em aacutereas de risco

sugeridas pelo Ministeacuterio das cidades (ALHEIROS 2006)

Quadro 5 1 - Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco

Tipo de intervenccedilatildeo Descriccedilatildeo

Serviccedilos de limpeza e Recuperaccedilatildeo

Remoccedilatildeo de entulho lixo etc

corte de aacutervores

remoccedilatildeo de bananeiras

recuperaccedilatildeo eou limpeza de sistemas de

drenagem esgotos e acessos

Limpeza de canais de drenagem

Proteccedilatildeo Vegetal

Proteccedilatildeo superficial vegetal (gramiacuteneas) em

taludes com solo exposto

Proteccedilatildeo vegetal de margens de canais de

drenagem

Barreiras vegetais para massas escorregadas

ou acumuladas pela erosatildeo

Drenagem Superficial e Acessos

Sistema de drenagem superficial (canaletas

raacutepidos caixas de transiccedilatildeo escadas drsquoaacutegua)

Acessos para pedestres (escadarias rampas

etc) integrados ao sistema de drenagem

Revestimento de Taludes Revestimento com materiais artificiais

cimentado cal-jet tela argamassada alvenaria

de tijolos ceracircmicos solo-cimento ensacado

Desmonte de blocos e matacotildees Desmonte de concreccedilotildees de grande porte

blocos rochosos e matacotildees

Obras de drenagem de subsuperfiacutecie Sistema de drenagem de subsuperfiacutecie

(trincheiras drenantes DHP poccedilos de

rebaixamento)

Estruturas de contenccedilatildeo (localizadas)

Muros de contenccedilatildeo de pequeno porte (solo-

cimento ensacado alvenaria de pedra-rachatildeo

concreto armado)

Estruturas de contenccedilatildeo localizadas

(chumbadores tirantes microestacas)

Contenccedilatildeo e proteccedilatildeo de margens de canais (

gabiotildees muros de concreto etc)

Estruturas de contenccedilatildeo (meacutedio e grande porte) Implantaccedilatildeo de estruturas de contenccedilatildeo de

meacutedio e grande porte envolvendo obras de

contenccedilatildeo passivas e ativas (muros de

gravidade cortinas etc)

Terraplanagem Execuccedilatildeo de serviccedilos de terraplanagem

combinados a obras de drenagem superficial e

proteccedilatildeo vegetal desvio e canalizaccedilatildeo de

coacuterregos

Remoccedilatildeo de moradias Remoccedilotildees definitivas para implantaccedilatildeo de

obras ou devido agrave localizaccedilatildeo improacutepria da

edificaccedilatildeo (Priorizar as relocaccedilotildees dentro da

proacutepria aacuterea em local seguro)

Fonte ALHEIROS 2006

43

Escolhidas as formas de intervenccedilatildeo para cada aacuterea eacute necessaacuterio realizar uma estimativa

dos custos afim de preparar o orccedilamento da prefeitura para a realizaccedilatildeo das obras e se

seraacute necessaacuterio a captaccedilatildeo de recursos externos para a execuccedilatildeo destas Feitas as

estimativas de custo o proacuteximo passo eacute definir as prioridades e para esta fase eacute tambeacutem

uacutetil o mapeamento feito nas etapas anteriores pois seraacute necessaacuterio hierarquizar tais

intervenccedilotildees nas aacutereas de risco O Ministeacuterio das Cidades (2007) sugere alguns criteacuterios

que podem ser avaliados pelo gestor dentre eles pode-se citar

Grau de risco

Populaccedilatildeo beneficiada

Custo da intervenccedilatildeo

Dimensatildeo da aacuterea a ser tratada

Demandas anteriores da populaccedilatildeo

Tempo de ocupaccedilatildeo

Viabilidade teacutecnica da intervenccedilatildeo

Viabilidade financeira

Inclusatildeo da aacuterea em outros projetos

A partir desta hierarquizaccedilatildeo inicia-se a identificaccedilatildeo de provaacuteveis fontes de captaccedilatildeo de

recursos para a execuccedilatildeo das intervenccedilotildees Estes recursos podem advir de programas dos

governos Federal e Estadual ou por meio de editais para captaccedilatildeo de recursos financeiros

tanto do setor puacuteblico como da iniciativa privada e podem ser tambeacutem associados agrave outras

Secretarias Municipais como a de Turismo ou Meio Ambiente e natildeo soacute as destinadas agrave

Defesa Civil (ALHEIROS 2006)

Eacute previsto tambeacutem no PMRR uma avaliaccedilatildeo da Defesa Civil municipal e como ela estaacute

estruturada fazendo inclusive sugestotildees para que sua atuaccedilatildeo esteja em consonacircncia com

a realidade das comunidades e da Administraccedilatildeo Puacuteblica do municiacutepio de forma a garantir

sua sustentabilidade e conquistar a credibilidade da populaccedilatildeo no que diz respeito a

prevenccedilatildeo de cataacutestrofes Para que a resposta a uma determinada situaccedilatildeo de risco seja

raacutepida eacute necessaacuterio a descentralizaccedilatildeo da Defesa Civil criando pequenos nuacutecleos

comunitaacuterios com a finalidade de se monitorar a aacuterea constantemente e promover as

intervenccedilotildees necessaacuterias em tempo haacutebil o que aumenta em muito a credibilidade da

populaccedilatildeo no PMRR e no trabalho desempenhado pela Defesa Civil no municiacutepio Apoacutes

esta etapa o PMRR passaraacute por audiecircncias puacuteblicas e posteriormente poderaacute ser aprovado

como Lei Municipal pelo Legislativo local (ALHEIROS 2006)

Com a realizaccedilatildeo deste plano o municiacutepio estaraacute munido de informaccedilotildees suficientes para

realizar accedilotildees efetivas de gestatildeo e gerenciamento de riscos bem como aliado a

levantamentos sociais realizar programas habitacionais que beneficiem prioritariamente

44

aos moradores das aacutereas de risco Aleacutem disso com o PMRR o municiacutepio poderaacute melhorar

a qualidade ambiental da populaccedilatildeo captando recursos para a recuperaccedilatildeo das aacutereas de

APP que foram degradadas pelas ocupaccedilotildees irregulares beneficiando todos os moradores

do municiacutepio com o aumento da qualidade de vida na cidade

A partir do disposto nesta seccedilatildeo acerca do Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos e de

uma maneira preliminar (levando-se em conta apenas o nuacutemero de registros de

alagamentos e deslizamentos na aacuterea urbana principal de Santos Dumont no periacuteodo de

1984 a 2014) identificou-se trecircs regiotildees distintas na aacuterea urbana do municiacutepio com

tempo de recorrecircncia desses eventos similares caracterizando trecircs prioridades de

intervenccedilatildeo em contenccedilatildeo de risco como pode ser visto nas figuras 515 e 516 Vale

ressaltar que eacute necessaacuterio um estudo mais detalhado inclusive com visitas teacutecnicas a

campo para que se confirme a real situaccedilatildeo destas e a real prioridade para investimentos

Figura 5 17 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de deslizamentos

Fonte Do Autor

45

Figura 5 18 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de alagamentos

Fonte Do Autor

46

6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees

A seguir apresenta-se as conclusotildees e as recomendaccedilotildees feitas a partir dos objetivos

especiacuteficos explicitados no iniacutecio deste trabalho

Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a

aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes

urbanos

A partir da revisatildeo da legislaccedilatildeo pertinente em acircmbito federal estadual e

municipal constatou-se que o Plano Diretor de Santos Dumont natildeo conflita com a

legislaccedilatildeo federal e estadual sobre Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente A legislaccedilatildeo

municipal foi entendida como mais conservadora que as federal e estadual uma

vez que considera implicitamente que declividades entre 47 e 100 satildeo

enquadradas como APPs aleacutem da faixa superior a 100

Parte consideraacutevel das ocupaccedilotildees em APP principalmente na regiatildeo do bairro

Santo Antocircnio (onde surgiu os primeiros nuacutecleos que deram origem ao municiacutepio)

e o centro da cidade ocorreram antes de que fosse elaborado qualquer legislaccedilatildeo

que versasse sobre o tema Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente bastando ao gestor

local tomar medidas de contenccedilatildeo de riscos que minimizem os impactos causados

por essas ocupaccedilotildees nessa regiatildeo

O ordenamento adequado do uso do solo no municiacutepio eacute necessaacuterio para que o

crescimento dos loteamentos criados anteriormente agrave esta Lei e o surgimento de

novos natildeo avance para Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente o que pode causar

inuacutemeros problemas aos moradores e agravar os jaacute existentes

Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las

com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)

As aacutereas onde houveram a maior quantidade de registros de deslizamentos satildeo os

bairros mais populosos de Santos Dumont podendo se estabelecer uma relaccedilatildeo

que quanto mais populoso o bairro maior a quantidade de problemas relacionados

a deslizamentos Tambeacutem pode-se notar uma relaccedilatildeo com as fronteiras das faixas

de declividades e os deslizamentos uma vez que boa parte deles aconteceram

nestas faixas

As aacutereas onde houve um grande nuacutemero de registros de alagamentos satildeo os bairros

que se desenvolveram agraves margens do Ribeiratildeo das Posses em especial na aacuterea que

47

compreende as APPs de curso hiacutedrico e em aacutereas onde a declividade eacute baixa Esse

fato aliado ao crescimento do nuacutemero de vias pavimentadas com material

impermeaacutevel e a natildeo expansatildeo e ou redimensionamento da rede de drenagem

urbana contribuiacuteram para a ocorrecircncia cada vez mais constante de alagamentos

nessas aacutereas

Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos

catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30

anos

A partir do levantamento histoacuterico realizado e da base de dados georeferenciada

gerada observou-se o aumento do nuacutemero de registros de deslizamentos e

alagamentos nos uacuteltimos 10 anos quando as ocorrecircncias comeccedilaram a se repetir

numa mesma aacuterea com frequecircncia incrementada as vezes com mais de uma

ocorrecircncia anual

Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do

solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental

Destaca-se a adequaccedilatildeo dos criteacuterios gerais estabelecidos pelo Plano Diretor de

Santos Dumont relativos a legislaccedilatildeo federal e estadual Entretanto o referido

Plano Diretor natildeo contempla todo o territoacuterio municipal sendo assim ele natildeo

cumpre o objetivo de proteger as APPs preservadas e recuperar as que foram

degradadas em todo o territoacuterio municipal Ressalta-se tambeacutem a sua natildeo

conformidade com o Estatuto das Cidades uma vez que o Plano Diretor

contempla apenas os novos loteamentos

Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais

negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea

impactada

Recomenda-se a implantaccedilatildeo no municiacutepio de uma Coordenadoria Municipal de

Defesa Civil atuante e integrada agraves Secretarias Municipais e agrave comunidade

visando uma atuaccedilatildeo eficaz nos problemas relacionados a deslizamentos e

alagamentos A elaboraccedilatildeo de um Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos eacute de

suma importacircncia pois atraveacutes dele pode-se predizer as aacutereas que passaratildeo por

problemas caso a expansatildeo aconteccedila ou se inicie uma ocupaccedilatildeo nova aleacutem de

prevenir acidentes nas aacutereas jaacute ocupadas e consideradas de risco

48

7 Anexos

49

71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont

50

51

72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)

52

53

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SANTANA M N R Identificaccedilatildeo dos impactos ambientais da ocupaccedilatildeo irregular na

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SANTOS DUMONT Lei Municipal 4241 de 19 de dezembro de 2012 Dispotildee sobre o

Plano Diretor Participativo do Municiacutepio de Santos Dumont nos termos da Lei nordm 10257

de 10 de julho de 2001 ndash Estatuto das Cidades e conteacutem outras providecircncias Santos

Dumont 2012

56

SAtildeO PAULO Mapeamento de riscos associados a escorregamentos inundaccedilatildeo erosotildees

e solapamento de margens de drenagens do municiacutepio de Campos do Jordatildeo-SP

Relatoacuterio Teacutecnico Campos do Jordatildeo 2014

SILVA JR J R amp PASSOS L A O negoacutecio eacute participar a importacircncia do plano

diretor para o desenvolvimento municipal CNM SEBRAE Brasiacutelia 2006

SKORUPA LA Aacutereas de preservaccedilatildeo permanente e desenvolvimento sustentaacutevel

Embrapa Meio Ambiente Jaguariuacutena-SP 2004 4p

SOUZA F P Ocupaccedilotildees irregulares em APP um estudo de caso no munciacutepio de

Campos de Goytacazes- RJ Boletim do Observatoacuterio Ambiental Alberto Ribeiro Lamego

v4 nordm 1 Campos de Goytacazes 2010

SPERFELD A S Identificaccedilatildeo e anaacutelise de demandas soacutecio ambientais de ordem

puacuteblica em aacutereas urbanas susceptiacuteveis a desastres naturais no municiacutepio de Joinville

SC Dissertaccedilatildeo de Mestrado UFSC Florianoacutepolis 2009

TAKEDA T O Uso e ocupaccedilatildeo do solo urbano Disponiacutevel em

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UFV ndash Universidade Federal de Viccedilosa Mapa de solos do Estado de Minas Gerais

legenda expandida Centro Tecnoloacutegico de Minas Gerais FEAM Belo Horizonte 2010

ZANON F N Uso e ocupaccedilatildeo da terra e vulnerabilidade a alagamento na aacuterea central

da cidade de Satildeo Paulo O caso da subprefeitura da Seacute Trabalho de Graduaccedilatildeo UNESP

Rio Claro 2013

Page 42: O USO DO SOLO URBANO EM ÁREAS DE PRESERVAÇÃO … · social que você tenha na vida, a mais alta ou a mais baixa, tenha sempre como meta muita força, muita determinação e sempre

34

Figura 5 10 Combinaccedilatildeo entre as declividades importantes incluindo as APPs e o

zoneamento urbano

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Do autor

Tabela 52 Assinaturas da combinaccedilatildeo Declividade x Zoneamento

Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea

Natildeo APP 457972 9939

Declividade 30-47 em ZAC1 2368 051

Declividade 30-47 em ZE 284 006

Declividade 30-47 em ZAC2 128 003

Declividade 30-47 em ZPA 004 0001

APP Declividade em ZAC1 048 001

Total 460804 100

Fonte Do autor

Apresenta-se na Figura 511 as APPs de curso hiacutedrico (nascentes e rios) e em qual zona

de planejamento estatildeo localizadas Assim como a declividade a maior parte das APPs de

curso hiacutedrico estatildeo localizadas em ZAC1 representando 383 da aacuterea urbana em estudo

e 51 do total das APPs de curso hiacutedrico Esta questatildeo tambeacutem deve ser vista com

bastante criteacuterio pelos gestores locais uma vez que a ocupaccedilatildeo em faixas proacuteximas de

rios e coacuterregos podem causar uma gama de problemas ambientais e sociais na regiatildeo

(SANTANA2011) Tal cuidado tambeacutem deve ser tomado nas APPs compreendidas na

35

ZAC2 que compreende 001 da Aacuterea urbana principal e 14 do total das APPs de curso

hiacutedrico pois a infraestrutura baacutesica e acessibilidade presente nesta zona eacute precaacuteria e a

ocupaccedilatildeo as margens de cursos hiacutedricos pode gerar problemas seacuterios caso ocorra uma

expansatildeo nestas aacutereas

Figura 511 Combinaccedilatildeo entre APP de curso hiacutedrico e as zonas de planejamento

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Do autor

Outro ponto importante eacute a presenccedila da Zona de Proteccedilatildeo Ambiental (ZPA) no entorno

uma consideraacutevel parte dos cursos hiacutedricos Nesta zona estatildeo presentes 28 das APPs de

curso hiacutedrico e esta zona de acordo com o Plano Diretor deve ser restaurada ou

preservada por suas caracteriacutesticas geoloacutegicas topograacuteficas e bioloacutegicas

Afim de se verificar os usos do solo na regiatildeo em estudo foram utilizadas combinaccedilotildees

de imagens advindas do sateacutelite Landsat 8 nas bandas descritas no capiacutetulo 4 aleacutem da

banda pancromaacutetica O resultado eacute apresentado na figura 512 que mostra os principais

usos do solo na aacuterea urbana principal de Santos Dumont

36

Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x Zoneamento

Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea

Hidrografia 11168 239

Aacuterea Urbana Natildeo APP 421004 9008

APP Curso hiacutedrico em ZAC1 179 383

APP Curso hiacutedrico em ZPA 9776 209

APP Curso hiacutedrico em ZE 184 004

APP Curso hiacutedrico em ZA 1192 026

APP Curso hiacutedrico em ZAC2 5124 110

APP Curso hiacutedrico em ZPPH 248 005

APP Curso hiacutedrico em ZEIS 568 012

APP Curso hiacutedrico em ZCA 228 005

Total 467392 10000

Fonte Do autor

Figura 5 12 Mapa de usos do solo da aacuterea urbana principal de Santos Dumont

Fonte Do autor

Como jaacute era previsto a maior parte da aacuterea urbana se encontra ocupada e eacute nesta regiatildeo

ocupada que se observa a maior concentraccedilatildeo de problemas de deslizamentos e

alagamentos (Figuras 513 e 514) A grande ocupaccedilatildeo em aacutereas consideradas APP de

curso hiacutedrico de acordo com os mapas gerados pode ser a principal causa do aumento a

cada ano dos casos de alagamento principalmente na regiatildeo central da cidade Outro ponto

que se deve atentar eacute a existecircncia de uma consideraacutevel aacuterea de pastagem pouco vegetada

que caso estejam em aacutereas elevadas pode contribuir para deslizamentos e agraves margens de

37

rios e coacuterregos para o assoreamento destes corpos hiacutedricos o que pode causar

alagamentos (INAacuteCIO etal 2007)

Diante destes resultados pode-se ver que a cidade de Santos Dumont necessita alternativas

efetiva no que diz respeito agrave contenccedilatildeo de deslizamentos e a reduccedilatildeo de risco de

alagamento pois as aacutereas em que ocorrem tais eventos satildeo distintas e facilmente definidas

devido agrave repeticcedilatildeo destes nos uacuteltimos anos Um plano de accedilatildeo integrado entre as diferentes

secretarias municipais (Obras Meio Ambiente Assistecircncia Social entre outras) e a

Coordenadoria Municipal de Defesa Civil deve ser realizado afim de se tomar medidas

natildeo mais preventivas mas sim preditivas para que se possa conter o avanccedilo destes

problemas na aacuterea urbana principal bem como em toda a aacuterea do municiacutepio

Figura 5 13 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na aacuterea urbana

principal

Fonte Do autor

38

Figura 5 14 Aacutereas sujeitas a alagamento e os principais usos do solo na aacuterea

urbana principal

Fonte Do autor

Ao se associar os dados do estudo do Plano Diretor com os dados do levantamento

histoacuterico realizado com o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) pode-se notar que as aacutereas

propiacutecias a deslizamento estatildeo em regiotildees as quais haacute uma fronteira de declividades ou

seja eacute evidente que os deslizamentos ocorrem em encostas um pouco mais iacutengremes mas

natildeo necessariamente nas encostas de 30-47 as quais exigem estudo teacutecnico conforme o

plano diretor preconiza Quanto aos alagamentos nota-se que eles se localizam nas aacutereas

com menor ou nenhuma declividade podendo ser estas aacutereas talvez componentes da

planiacutecie de inundaccedilatildeo dos rios Estes resultados podem ser vistos nas figuras 515 e 516

a seguir

39

Figura5 15 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a deslizamentos na

regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

Fonte Lei 42412012 e Autor

Figura5 26 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a alagamentos na

regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

Fonte Lei 42412012 e Autor

40

52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis

O processo de ocupaccedilatildeo no municiacutepio de Santos Dumont comeccedilou muito antes de

qualquer legislaccedilatildeo relacionada a ordenamento urbano e de proteccedilatildeo do meio ambiente

fosse implementado no Brasil Esse fato aliado a poliacuteticas e fiscalizaccedilotildees falhas

contribuiacuteram para a ocupaccedilatildeo e expansatildeo da aacuterea urbana ao longo do Ribeiratildeo das Posses

e seus afluentes o que tem gerado o aumento da degradaccedilatildeo destes corpos hiacutedricos ao

longo de todos estes anos Observa-se tambeacutem que nas uacuteltimas deacutecadas ocorreu um

grande nuacutemero de migraccedilotildees do campo para a regiatildeo urbana da cidade fator que

contribuiu para o crescimento do nuacutemero de habitaccedilotildees em aacutereas de risco de deslizamento

e alagamentos por serem na maioria das vezes terrenos menos valorizados e por este

motivo acessiacuteveis a populaccedilatildeo com menor poder aquisitivo (ROSA amp CORTEZ 2008)

Vale ressaltar que esta questatildeo aleacutem de ser ambiental eacute muito mais social pois os

moradores entendem os riscos de se viver nestes locais mas por motivos econocircmicos ou

por questotildees afetivas natildeo abrem matildeo da moradia nessas aacutereas A Constituiccedilatildeo Federal de

1988 promoveu a inter-relaccedilatildeo das questotildees sociais com as questotildees ambientais quando

colocou o meio ambiente como direito coletivo (BRASIL1988 SOUZA2010) Por este

motivo a decisatildeo por medidas draacutesticas que favoreccedilam apenas agrave preservaccedilatildeo do meio

ambiente natildeo eacute recomendada pois aleacutem de ser inconstitucional podem afetar a

sustentabilidade econocircmica do municiacutepio e gerar conflitos sociais consideraacuteveis

(CARLOS 1992 apud SOUZA 2010)

Segundo Bueno (2009) ldquonem tudo o que eacute irregular eacute precaacuteriordquo Esse fato se observa em

Santos Dumont uma vez que em boa parte da regiatildeo central se observa vaacuterias moradias

construiacutedas na faixa de APP de curso hiacutedrico o que natildeo eacute permitido pela legislaccedilatildeo

vigente e eacute um dos fatores que contribui para a ocorrecircncia de alagamentos nesta aacuterea da

cidade Para a resoluccedilatildeo deste problema o que seria mais viaacutevel seria a melhoria da

infraestrutura de drenagem urbana afim de que o escoamento da aacutegua das chuvas natildeo

sobrecarregasse o sistema (BUENO2009) A construccedilatildeo de bacias de contenccedilatildeo de

cheias ao longo do Ribeiratildeo das Posses tambeacutem seria uma alternativa mas para se verificar

a viabilidade necessita-se estudos mais aprofundados do ponto de vista hidroloacutegico

O grande problema a ser solucionado no entanto eacute o que diz respeito agraves aacutereas de risco

de deslizamento majoritariamente nos bairros A melhor alternativa seria o

remanejamento dos moradores para uma aacuterea proacutexima agrave que moram poreacutem longe do

risco Poreacutem esta alternativa de acordo com Rosa Filho amp Cortez (2008) encontra alguns

entraves pois estas pessoas na maioria das vezes natildeo tecircm condiccedilotildees financeiras de irem

para outro lugar ou pagar aluguel ou estatildeo de alguma forma sentimentalmente ligadas

agravequela regiatildeo que se recusam a deixaacute-lo

41

Por parte dos oacutergatildeos competentes no municiacutepio a criaccedilatildeo de um plano para se evitar

acidentes ocasionados por deslizamentos e alagamentos com um mapeamento detalhado

de toda a extensatildeo do municiacutepio eacute extremamente uacutetil Os estudos que seratildeo feitos para a

elaboraccedilatildeo deste plano poderatildeo definir quais as aacutereas satildeo potencialmente de risco para as

ocupaccedilotildees existentes ou para as potenciais ocupaccedilotildees que possam vir a ocorrer atraveacutes do

mapeamento das aacutereas de risco Tal planejamento seraacute auxiliar ao Plano Diretor

Municipal pois definiraacute o real uso do solo de determinada regiatildeo do municiacutepio

contribuindo para a adequaccedilatildeo do uso e ocupaccedilatildeo do solo afim de evitar ou reduzir o

nuacutemero de problemas relacionados a alagamentos e principalmente deslizamentos no

periacutemetro urbano (TOMINAGA 2009) A partir deste plano os gestores locais poderatildeo

tomar a melhor decisatildeo para a prevenccedilatildeo ou reduccedilatildeo dos riscos inerentes a tais problemas

Na seccedilatildeo 521 seraacute hierarquizado de forma preliminar a aacuterea urbana principal de acordo

com os resultados da tabela 51

521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta

O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos (PMRR) foi criado atraveacutes de accedilotildees

regularizadoras do Ministeacuterio das Cidades para ser o instrumento de gestatildeo e

gerenciamento de aacutereas de risco em um municiacutepio Eacute um documento que aleacutem de

estabelecer quais regiotildees satildeo consideradas de risco tambeacutem objetiva a proposta de

medidas estruturais ou natildeo para contenccedilatildeo eou prevenccedilatildeo de cataacutestrofes aleacutem de ser um

meio de captaccedilatildeo de recursos financeiros junto aos Governos Estadual e Federal Estes

recursos poderatildeo ser utilizados para a realizaccedilatildeo de obras que visem a melhoria da

qualidade de vida da populaccedilatildeo do entorno ou de recuperaccedilatildeo da aacuterea degradada Este

plano eacute realizado de forma participativa com as comunidades das aacutereas de risco e pode

ser realizado em sete fases conforme recomenda o Ministeacuterio das Cidades (ALHEIROS

2006)

O primeiro passo para a realizaccedilatildeo do PMRR eacute definir qual a metodologia seraacute empregada

levando-se em consideraccedilatildeo a realidade atual do municiacutepio e especificar de forma sucinta

um cronograma das atividades Eacute importante nesta fase a participaccedilatildeo tambeacutem dos

responsaacuteveis pelas mais variadas Secretarias Municipais afim de explicitar o tamanho da

importacircncia e o caraacuteter integrador deste plano A segunda fase deste plano objetiva a

criaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo da principal base de dados a ser utilizada nos passos posteriores o

mapeamento de risco em escala detalhe em torno de 13000 (SAtildeO PAULO 2014) A

elaboraccedilatildeo de um mapeamento detalhado propiciaraacute natildeo soacute a identificaccedilatildeo mais faacutecil das

aacutereas de risco como tambeacutem facilitaraacute aos gestores e agrave comunidade decidirem qual a

melhor intervenccedilatildeo para a soluccedilatildeo ou remediaccedilatildeo dos problemas em uma determinada

42

aacuterea hierarquizando o risco e definindo prioridades (SAtildeO PAULO 2014) Na tabela a

seguir apresenta-se alguns tipos de intervenccedilotildees que podem ser feitas em aacutereas de risco

sugeridas pelo Ministeacuterio das cidades (ALHEIROS 2006)

Quadro 5 1 - Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco

Tipo de intervenccedilatildeo Descriccedilatildeo

Serviccedilos de limpeza e Recuperaccedilatildeo

Remoccedilatildeo de entulho lixo etc

corte de aacutervores

remoccedilatildeo de bananeiras

recuperaccedilatildeo eou limpeza de sistemas de

drenagem esgotos e acessos

Limpeza de canais de drenagem

Proteccedilatildeo Vegetal

Proteccedilatildeo superficial vegetal (gramiacuteneas) em

taludes com solo exposto

Proteccedilatildeo vegetal de margens de canais de

drenagem

Barreiras vegetais para massas escorregadas

ou acumuladas pela erosatildeo

Drenagem Superficial e Acessos

Sistema de drenagem superficial (canaletas

raacutepidos caixas de transiccedilatildeo escadas drsquoaacutegua)

Acessos para pedestres (escadarias rampas

etc) integrados ao sistema de drenagem

Revestimento de Taludes Revestimento com materiais artificiais

cimentado cal-jet tela argamassada alvenaria

de tijolos ceracircmicos solo-cimento ensacado

Desmonte de blocos e matacotildees Desmonte de concreccedilotildees de grande porte

blocos rochosos e matacotildees

Obras de drenagem de subsuperfiacutecie Sistema de drenagem de subsuperfiacutecie

(trincheiras drenantes DHP poccedilos de

rebaixamento)

Estruturas de contenccedilatildeo (localizadas)

Muros de contenccedilatildeo de pequeno porte (solo-

cimento ensacado alvenaria de pedra-rachatildeo

concreto armado)

Estruturas de contenccedilatildeo localizadas

(chumbadores tirantes microestacas)

Contenccedilatildeo e proteccedilatildeo de margens de canais (

gabiotildees muros de concreto etc)

Estruturas de contenccedilatildeo (meacutedio e grande porte) Implantaccedilatildeo de estruturas de contenccedilatildeo de

meacutedio e grande porte envolvendo obras de

contenccedilatildeo passivas e ativas (muros de

gravidade cortinas etc)

Terraplanagem Execuccedilatildeo de serviccedilos de terraplanagem

combinados a obras de drenagem superficial e

proteccedilatildeo vegetal desvio e canalizaccedilatildeo de

coacuterregos

Remoccedilatildeo de moradias Remoccedilotildees definitivas para implantaccedilatildeo de

obras ou devido agrave localizaccedilatildeo improacutepria da

edificaccedilatildeo (Priorizar as relocaccedilotildees dentro da

proacutepria aacuterea em local seguro)

Fonte ALHEIROS 2006

43

Escolhidas as formas de intervenccedilatildeo para cada aacuterea eacute necessaacuterio realizar uma estimativa

dos custos afim de preparar o orccedilamento da prefeitura para a realizaccedilatildeo das obras e se

seraacute necessaacuterio a captaccedilatildeo de recursos externos para a execuccedilatildeo destas Feitas as

estimativas de custo o proacuteximo passo eacute definir as prioridades e para esta fase eacute tambeacutem

uacutetil o mapeamento feito nas etapas anteriores pois seraacute necessaacuterio hierarquizar tais

intervenccedilotildees nas aacutereas de risco O Ministeacuterio das Cidades (2007) sugere alguns criteacuterios

que podem ser avaliados pelo gestor dentre eles pode-se citar

Grau de risco

Populaccedilatildeo beneficiada

Custo da intervenccedilatildeo

Dimensatildeo da aacuterea a ser tratada

Demandas anteriores da populaccedilatildeo

Tempo de ocupaccedilatildeo

Viabilidade teacutecnica da intervenccedilatildeo

Viabilidade financeira

Inclusatildeo da aacuterea em outros projetos

A partir desta hierarquizaccedilatildeo inicia-se a identificaccedilatildeo de provaacuteveis fontes de captaccedilatildeo de

recursos para a execuccedilatildeo das intervenccedilotildees Estes recursos podem advir de programas dos

governos Federal e Estadual ou por meio de editais para captaccedilatildeo de recursos financeiros

tanto do setor puacuteblico como da iniciativa privada e podem ser tambeacutem associados agrave outras

Secretarias Municipais como a de Turismo ou Meio Ambiente e natildeo soacute as destinadas agrave

Defesa Civil (ALHEIROS 2006)

Eacute previsto tambeacutem no PMRR uma avaliaccedilatildeo da Defesa Civil municipal e como ela estaacute

estruturada fazendo inclusive sugestotildees para que sua atuaccedilatildeo esteja em consonacircncia com

a realidade das comunidades e da Administraccedilatildeo Puacuteblica do municiacutepio de forma a garantir

sua sustentabilidade e conquistar a credibilidade da populaccedilatildeo no que diz respeito a

prevenccedilatildeo de cataacutestrofes Para que a resposta a uma determinada situaccedilatildeo de risco seja

raacutepida eacute necessaacuterio a descentralizaccedilatildeo da Defesa Civil criando pequenos nuacutecleos

comunitaacuterios com a finalidade de se monitorar a aacuterea constantemente e promover as

intervenccedilotildees necessaacuterias em tempo haacutebil o que aumenta em muito a credibilidade da

populaccedilatildeo no PMRR e no trabalho desempenhado pela Defesa Civil no municiacutepio Apoacutes

esta etapa o PMRR passaraacute por audiecircncias puacuteblicas e posteriormente poderaacute ser aprovado

como Lei Municipal pelo Legislativo local (ALHEIROS 2006)

Com a realizaccedilatildeo deste plano o municiacutepio estaraacute munido de informaccedilotildees suficientes para

realizar accedilotildees efetivas de gestatildeo e gerenciamento de riscos bem como aliado a

levantamentos sociais realizar programas habitacionais que beneficiem prioritariamente

44

aos moradores das aacutereas de risco Aleacutem disso com o PMRR o municiacutepio poderaacute melhorar

a qualidade ambiental da populaccedilatildeo captando recursos para a recuperaccedilatildeo das aacutereas de

APP que foram degradadas pelas ocupaccedilotildees irregulares beneficiando todos os moradores

do municiacutepio com o aumento da qualidade de vida na cidade

A partir do disposto nesta seccedilatildeo acerca do Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos e de

uma maneira preliminar (levando-se em conta apenas o nuacutemero de registros de

alagamentos e deslizamentos na aacuterea urbana principal de Santos Dumont no periacuteodo de

1984 a 2014) identificou-se trecircs regiotildees distintas na aacuterea urbana do municiacutepio com

tempo de recorrecircncia desses eventos similares caracterizando trecircs prioridades de

intervenccedilatildeo em contenccedilatildeo de risco como pode ser visto nas figuras 515 e 516 Vale

ressaltar que eacute necessaacuterio um estudo mais detalhado inclusive com visitas teacutecnicas a

campo para que se confirme a real situaccedilatildeo destas e a real prioridade para investimentos

Figura 5 17 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de deslizamentos

Fonte Do Autor

45

Figura 5 18 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de alagamentos

Fonte Do Autor

46

6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees

A seguir apresenta-se as conclusotildees e as recomendaccedilotildees feitas a partir dos objetivos

especiacuteficos explicitados no iniacutecio deste trabalho

Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a

aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes

urbanos

A partir da revisatildeo da legislaccedilatildeo pertinente em acircmbito federal estadual e

municipal constatou-se que o Plano Diretor de Santos Dumont natildeo conflita com a

legislaccedilatildeo federal e estadual sobre Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente A legislaccedilatildeo

municipal foi entendida como mais conservadora que as federal e estadual uma

vez que considera implicitamente que declividades entre 47 e 100 satildeo

enquadradas como APPs aleacutem da faixa superior a 100

Parte consideraacutevel das ocupaccedilotildees em APP principalmente na regiatildeo do bairro

Santo Antocircnio (onde surgiu os primeiros nuacutecleos que deram origem ao municiacutepio)

e o centro da cidade ocorreram antes de que fosse elaborado qualquer legislaccedilatildeo

que versasse sobre o tema Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente bastando ao gestor

local tomar medidas de contenccedilatildeo de riscos que minimizem os impactos causados

por essas ocupaccedilotildees nessa regiatildeo

O ordenamento adequado do uso do solo no municiacutepio eacute necessaacuterio para que o

crescimento dos loteamentos criados anteriormente agrave esta Lei e o surgimento de

novos natildeo avance para Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente o que pode causar

inuacutemeros problemas aos moradores e agravar os jaacute existentes

Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las

com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)

As aacutereas onde houveram a maior quantidade de registros de deslizamentos satildeo os

bairros mais populosos de Santos Dumont podendo se estabelecer uma relaccedilatildeo

que quanto mais populoso o bairro maior a quantidade de problemas relacionados

a deslizamentos Tambeacutem pode-se notar uma relaccedilatildeo com as fronteiras das faixas

de declividades e os deslizamentos uma vez que boa parte deles aconteceram

nestas faixas

As aacutereas onde houve um grande nuacutemero de registros de alagamentos satildeo os bairros

que se desenvolveram agraves margens do Ribeiratildeo das Posses em especial na aacuterea que

47

compreende as APPs de curso hiacutedrico e em aacutereas onde a declividade eacute baixa Esse

fato aliado ao crescimento do nuacutemero de vias pavimentadas com material

impermeaacutevel e a natildeo expansatildeo e ou redimensionamento da rede de drenagem

urbana contribuiacuteram para a ocorrecircncia cada vez mais constante de alagamentos

nessas aacutereas

Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos

catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30

anos

A partir do levantamento histoacuterico realizado e da base de dados georeferenciada

gerada observou-se o aumento do nuacutemero de registros de deslizamentos e

alagamentos nos uacuteltimos 10 anos quando as ocorrecircncias comeccedilaram a se repetir

numa mesma aacuterea com frequecircncia incrementada as vezes com mais de uma

ocorrecircncia anual

Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do

solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental

Destaca-se a adequaccedilatildeo dos criteacuterios gerais estabelecidos pelo Plano Diretor de

Santos Dumont relativos a legislaccedilatildeo federal e estadual Entretanto o referido

Plano Diretor natildeo contempla todo o territoacuterio municipal sendo assim ele natildeo

cumpre o objetivo de proteger as APPs preservadas e recuperar as que foram

degradadas em todo o territoacuterio municipal Ressalta-se tambeacutem a sua natildeo

conformidade com o Estatuto das Cidades uma vez que o Plano Diretor

contempla apenas os novos loteamentos

Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais

negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea

impactada

Recomenda-se a implantaccedilatildeo no municiacutepio de uma Coordenadoria Municipal de

Defesa Civil atuante e integrada agraves Secretarias Municipais e agrave comunidade

visando uma atuaccedilatildeo eficaz nos problemas relacionados a deslizamentos e

alagamentos A elaboraccedilatildeo de um Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos eacute de

suma importacircncia pois atraveacutes dele pode-se predizer as aacutereas que passaratildeo por

problemas caso a expansatildeo aconteccedila ou se inicie uma ocupaccedilatildeo nova aleacutem de

prevenir acidentes nas aacutereas jaacute ocupadas e consideradas de risco

48

7 Anexos

49

71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont

50

51

72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)

52

53

8 Referecircncias Bibliograacuteficas

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1 5 de setembro de 1965 e 7754 de 1 4 de abril de 1989 e a Medida Provisoacuteria no 21

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Page 43: O USO DO SOLO URBANO EM ÁREAS DE PRESERVAÇÃO … · social que você tenha na vida, a mais alta ou a mais baixa, tenha sempre como meta muita força, muita determinação e sempre

35

ZAC2 que compreende 001 da Aacuterea urbana principal e 14 do total das APPs de curso

hiacutedrico pois a infraestrutura baacutesica e acessibilidade presente nesta zona eacute precaacuteria e a

ocupaccedilatildeo as margens de cursos hiacutedricos pode gerar problemas seacuterios caso ocorra uma

expansatildeo nestas aacutereas

Figura 511 Combinaccedilatildeo entre APP de curso hiacutedrico e as zonas de planejamento

ZPPH Zona de Preservaccedilatildeo do Patrimocircnio Histoacuterico e da Paisagem ZEIS Zona Especial de Interesse Social ZAC2 Zona de Adensamento

Controlado 2 ZCA Zona de Consolidaccedilatildeo do Adensamento ZE Zona de Grandes Equipamentos ZA Zona Adensaacutevel ZPA Zona de Proteccedilatildeo

Ambiental ZAC1 Zona de Adensamento Controlado 1

Fonte Do autor

Outro ponto importante eacute a presenccedila da Zona de Proteccedilatildeo Ambiental (ZPA) no entorno

uma consideraacutevel parte dos cursos hiacutedricos Nesta zona estatildeo presentes 28 das APPs de

curso hiacutedrico e esta zona de acordo com o Plano Diretor deve ser restaurada ou

preservada por suas caracteriacutesticas geoloacutegicas topograacuteficas e bioloacutegicas

Afim de se verificar os usos do solo na regiatildeo em estudo foram utilizadas combinaccedilotildees

de imagens advindas do sateacutelite Landsat 8 nas bandas descritas no capiacutetulo 4 aleacutem da

banda pancromaacutetica O resultado eacute apresentado na figura 512 que mostra os principais

usos do solo na aacuterea urbana principal de Santos Dumont

36

Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x Zoneamento

Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea

Hidrografia 11168 239

Aacuterea Urbana Natildeo APP 421004 9008

APP Curso hiacutedrico em ZAC1 179 383

APP Curso hiacutedrico em ZPA 9776 209

APP Curso hiacutedrico em ZE 184 004

APP Curso hiacutedrico em ZA 1192 026

APP Curso hiacutedrico em ZAC2 5124 110

APP Curso hiacutedrico em ZPPH 248 005

APP Curso hiacutedrico em ZEIS 568 012

APP Curso hiacutedrico em ZCA 228 005

Total 467392 10000

Fonte Do autor

Figura 5 12 Mapa de usos do solo da aacuterea urbana principal de Santos Dumont

Fonte Do autor

Como jaacute era previsto a maior parte da aacuterea urbana se encontra ocupada e eacute nesta regiatildeo

ocupada que se observa a maior concentraccedilatildeo de problemas de deslizamentos e

alagamentos (Figuras 513 e 514) A grande ocupaccedilatildeo em aacutereas consideradas APP de

curso hiacutedrico de acordo com os mapas gerados pode ser a principal causa do aumento a

cada ano dos casos de alagamento principalmente na regiatildeo central da cidade Outro ponto

que se deve atentar eacute a existecircncia de uma consideraacutevel aacuterea de pastagem pouco vegetada

que caso estejam em aacutereas elevadas pode contribuir para deslizamentos e agraves margens de

37

rios e coacuterregos para o assoreamento destes corpos hiacutedricos o que pode causar

alagamentos (INAacuteCIO etal 2007)

Diante destes resultados pode-se ver que a cidade de Santos Dumont necessita alternativas

efetiva no que diz respeito agrave contenccedilatildeo de deslizamentos e a reduccedilatildeo de risco de

alagamento pois as aacutereas em que ocorrem tais eventos satildeo distintas e facilmente definidas

devido agrave repeticcedilatildeo destes nos uacuteltimos anos Um plano de accedilatildeo integrado entre as diferentes

secretarias municipais (Obras Meio Ambiente Assistecircncia Social entre outras) e a

Coordenadoria Municipal de Defesa Civil deve ser realizado afim de se tomar medidas

natildeo mais preventivas mas sim preditivas para que se possa conter o avanccedilo destes

problemas na aacuterea urbana principal bem como em toda a aacuterea do municiacutepio

Figura 5 13 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na aacuterea urbana

principal

Fonte Do autor

38

Figura 5 14 Aacutereas sujeitas a alagamento e os principais usos do solo na aacuterea

urbana principal

Fonte Do autor

Ao se associar os dados do estudo do Plano Diretor com os dados do levantamento

histoacuterico realizado com o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) pode-se notar que as aacutereas

propiacutecias a deslizamento estatildeo em regiotildees as quais haacute uma fronteira de declividades ou

seja eacute evidente que os deslizamentos ocorrem em encostas um pouco mais iacutengremes mas

natildeo necessariamente nas encostas de 30-47 as quais exigem estudo teacutecnico conforme o

plano diretor preconiza Quanto aos alagamentos nota-se que eles se localizam nas aacutereas

com menor ou nenhuma declividade podendo ser estas aacutereas talvez componentes da

planiacutecie de inundaccedilatildeo dos rios Estes resultados podem ser vistos nas figuras 515 e 516

a seguir

39

Figura5 15 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a deslizamentos na

regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

Fonte Lei 42412012 e Autor

Figura5 26 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a alagamentos na

regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

Fonte Lei 42412012 e Autor

40

52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis

O processo de ocupaccedilatildeo no municiacutepio de Santos Dumont comeccedilou muito antes de

qualquer legislaccedilatildeo relacionada a ordenamento urbano e de proteccedilatildeo do meio ambiente

fosse implementado no Brasil Esse fato aliado a poliacuteticas e fiscalizaccedilotildees falhas

contribuiacuteram para a ocupaccedilatildeo e expansatildeo da aacuterea urbana ao longo do Ribeiratildeo das Posses

e seus afluentes o que tem gerado o aumento da degradaccedilatildeo destes corpos hiacutedricos ao

longo de todos estes anos Observa-se tambeacutem que nas uacuteltimas deacutecadas ocorreu um

grande nuacutemero de migraccedilotildees do campo para a regiatildeo urbana da cidade fator que

contribuiu para o crescimento do nuacutemero de habitaccedilotildees em aacutereas de risco de deslizamento

e alagamentos por serem na maioria das vezes terrenos menos valorizados e por este

motivo acessiacuteveis a populaccedilatildeo com menor poder aquisitivo (ROSA amp CORTEZ 2008)

Vale ressaltar que esta questatildeo aleacutem de ser ambiental eacute muito mais social pois os

moradores entendem os riscos de se viver nestes locais mas por motivos econocircmicos ou

por questotildees afetivas natildeo abrem matildeo da moradia nessas aacutereas A Constituiccedilatildeo Federal de

1988 promoveu a inter-relaccedilatildeo das questotildees sociais com as questotildees ambientais quando

colocou o meio ambiente como direito coletivo (BRASIL1988 SOUZA2010) Por este

motivo a decisatildeo por medidas draacutesticas que favoreccedilam apenas agrave preservaccedilatildeo do meio

ambiente natildeo eacute recomendada pois aleacutem de ser inconstitucional podem afetar a

sustentabilidade econocircmica do municiacutepio e gerar conflitos sociais consideraacuteveis

(CARLOS 1992 apud SOUZA 2010)

Segundo Bueno (2009) ldquonem tudo o que eacute irregular eacute precaacuteriordquo Esse fato se observa em

Santos Dumont uma vez que em boa parte da regiatildeo central se observa vaacuterias moradias

construiacutedas na faixa de APP de curso hiacutedrico o que natildeo eacute permitido pela legislaccedilatildeo

vigente e eacute um dos fatores que contribui para a ocorrecircncia de alagamentos nesta aacuterea da

cidade Para a resoluccedilatildeo deste problema o que seria mais viaacutevel seria a melhoria da

infraestrutura de drenagem urbana afim de que o escoamento da aacutegua das chuvas natildeo

sobrecarregasse o sistema (BUENO2009) A construccedilatildeo de bacias de contenccedilatildeo de

cheias ao longo do Ribeiratildeo das Posses tambeacutem seria uma alternativa mas para se verificar

a viabilidade necessita-se estudos mais aprofundados do ponto de vista hidroloacutegico

O grande problema a ser solucionado no entanto eacute o que diz respeito agraves aacutereas de risco

de deslizamento majoritariamente nos bairros A melhor alternativa seria o

remanejamento dos moradores para uma aacuterea proacutexima agrave que moram poreacutem longe do

risco Poreacutem esta alternativa de acordo com Rosa Filho amp Cortez (2008) encontra alguns

entraves pois estas pessoas na maioria das vezes natildeo tecircm condiccedilotildees financeiras de irem

para outro lugar ou pagar aluguel ou estatildeo de alguma forma sentimentalmente ligadas

agravequela regiatildeo que se recusam a deixaacute-lo

41

Por parte dos oacutergatildeos competentes no municiacutepio a criaccedilatildeo de um plano para se evitar

acidentes ocasionados por deslizamentos e alagamentos com um mapeamento detalhado

de toda a extensatildeo do municiacutepio eacute extremamente uacutetil Os estudos que seratildeo feitos para a

elaboraccedilatildeo deste plano poderatildeo definir quais as aacutereas satildeo potencialmente de risco para as

ocupaccedilotildees existentes ou para as potenciais ocupaccedilotildees que possam vir a ocorrer atraveacutes do

mapeamento das aacutereas de risco Tal planejamento seraacute auxiliar ao Plano Diretor

Municipal pois definiraacute o real uso do solo de determinada regiatildeo do municiacutepio

contribuindo para a adequaccedilatildeo do uso e ocupaccedilatildeo do solo afim de evitar ou reduzir o

nuacutemero de problemas relacionados a alagamentos e principalmente deslizamentos no

periacutemetro urbano (TOMINAGA 2009) A partir deste plano os gestores locais poderatildeo

tomar a melhor decisatildeo para a prevenccedilatildeo ou reduccedilatildeo dos riscos inerentes a tais problemas

Na seccedilatildeo 521 seraacute hierarquizado de forma preliminar a aacuterea urbana principal de acordo

com os resultados da tabela 51

521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta

O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos (PMRR) foi criado atraveacutes de accedilotildees

regularizadoras do Ministeacuterio das Cidades para ser o instrumento de gestatildeo e

gerenciamento de aacutereas de risco em um municiacutepio Eacute um documento que aleacutem de

estabelecer quais regiotildees satildeo consideradas de risco tambeacutem objetiva a proposta de

medidas estruturais ou natildeo para contenccedilatildeo eou prevenccedilatildeo de cataacutestrofes aleacutem de ser um

meio de captaccedilatildeo de recursos financeiros junto aos Governos Estadual e Federal Estes

recursos poderatildeo ser utilizados para a realizaccedilatildeo de obras que visem a melhoria da

qualidade de vida da populaccedilatildeo do entorno ou de recuperaccedilatildeo da aacuterea degradada Este

plano eacute realizado de forma participativa com as comunidades das aacutereas de risco e pode

ser realizado em sete fases conforme recomenda o Ministeacuterio das Cidades (ALHEIROS

2006)

O primeiro passo para a realizaccedilatildeo do PMRR eacute definir qual a metodologia seraacute empregada

levando-se em consideraccedilatildeo a realidade atual do municiacutepio e especificar de forma sucinta

um cronograma das atividades Eacute importante nesta fase a participaccedilatildeo tambeacutem dos

responsaacuteveis pelas mais variadas Secretarias Municipais afim de explicitar o tamanho da

importacircncia e o caraacuteter integrador deste plano A segunda fase deste plano objetiva a

criaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo da principal base de dados a ser utilizada nos passos posteriores o

mapeamento de risco em escala detalhe em torno de 13000 (SAtildeO PAULO 2014) A

elaboraccedilatildeo de um mapeamento detalhado propiciaraacute natildeo soacute a identificaccedilatildeo mais faacutecil das

aacutereas de risco como tambeacutem facilitaraacute aos gestores e agrave comunidade decidirem qual a

melhor intervenccedilatildeo para a soluccedilatildeo ou remediaccedilatildeo dos problemas em uma determinada

42

aacuterea hierarquizando o risco e definindo prioridades (SAtildeO PAULO 2014) Na tabela a

seguir apresenta-se alguns tipos de intervenccedilotildees que podem ser feitas em aacutereas de risco

sugeridas pelo Ministeacuterio das cidades (ALHEIROS 2006)

Quadro 5 1 - Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco

Tipo de intervenccedilatildeo Descriccedilatildeo

Serviccedilos de limpeza e Recuperaccedilatildeo

Remoccedilatildeo de entulho lixo etc

corte de aacutervores

remoccedilatildeo de bananeiras

recuperaccedilatildeo eou limpeza de sistemas de

drenagem esgotos e acessos

Limpeza de canais de drenagem

Proteccedilatildeo Vegetal

Proteccedilatildeo superficial vegetal (gramiacuteneas) em

taludes com solo exposto

Proteccedilatildeo vegetal de margens de canais de

drenagem

Barreiras vegetais para massas escorregadas

ou acumuladas pela erosatildeo

Drenagem Superficial e Acessos

Sistema de drenagem superficial (canaletas

raacutepidos caixas de transiccedilatildeo escadas drsquoaacutegua)

Acessos para pedestres (escadarias rampas

etc) integrados ao sistema de drenagem

Revestimento de Taludes Revestimento com materiais artificiais

cimentado cal-jet tela argamassada alvenaria

de tijolos ceracircmicos solo-cimento ensacado

Desmonte de blocos e matacotildees Desmonte de concreccedilotildees de grande porte

blocos rochosos e matacotildees

Obras de drenagem de subsuperfiacutecie Sistema de drenagem de subsuperfiacutecie

(trincheiras drenantes DHP poccedilos de

rebaixamento)

Estruturas de contenccedilatildeo (localizadas)

Muros de contenccedilatildeo de pequeno porte (solo-

cimento ensacado alvenaria de pedra-rachatildeo

concreto armado)

Estruturas de contenccedilatildeo localizadas

(chumbadores tirantes microestacas)

Contenccedilatildeo e proteccedilatildeo de margens de canais (

gabiotildees muros de concreto etc)

Estruturas de contenccedilatildeo (meacutedio e grande porte) Implantaccedilatildeo de estruturas de contenccedilatildeo de

meacutedio e grande porte envolvendo obras de

contenccedilatildeo passivas e ativas (muros de

gravidade cortinas etc)

Terraplanagem Execuccedilatildeo de serviccedilos de terraplanagem

combinados a obras de drenagem superficial e

proteccedilatildeo vegetal desvio e canalizaccedilatildeo de

coacuterregos

Remoccedilatildeo de moradias Remoccedilotildees definitivas para implantaccedilatildeo de

obras ou devido agrave localizaccedilatildeo improacutepria da

edificaccedilatildeo (Priorizar as relocaccedilotildees dentro da

proacutepria aacuterea em local seguro)

Fonte ALHEIROS 2006

43

Escolhidas as formas de intervenccedilatildeo para cada aacuterea eacute necessaacuterio realizar uma estimativa

dos custos afim de preparar o orccedilamento da prefeitura para a realizaccedilatildeo das obras e se

seraacute necessaacuterio a captaccedilatildeo de recursos externos para a execuccedilatildeo destas Feitas as

estimativas de custo o proacuteximo passo eacute definir as prioridades e para esta fase eacute tambeacutem

uacutetil o mapeamento feito nas etapas anteriores pois seraacute necessaacuterio hierarquizar tais

intervenccedilotildees nas aacutereas de risco O Ministeacuterio das Cidades (2007) sugere alguns criteacuterios

que podem ser avaliados pelo gestor dentre eles pode-se citar

Grau de risco

Populaccedilatildeo beneficiada

Custo da intervenccedilatildeo

Dimensatildeo da aacuterea a ser tratada

Demandas anteriores da populaccedilatildeo

Tempo de ocupaccedilatildeo

Viabilidade teacutecnica da intervenccedilatildeo

Viabilidade financeira

Inclusatildeo da aacuterea em outros projetos

A partir desta hierarquizaccedilatildeo inicia-se a identificaccedilatildeo de provaacuteveis fontes de captaccedilatildeo de

recursos para a execuccedilatildeo das intervenccedilotildees Estes recursos podem advir de programas dos

governos Federal e Estadual ou por meio de editais para captaccedilatildeo de recursos financeiros

tanto do setor puacuteblico como da iniciativa privada e podem ser tambeacutem associados agrave outras

Secretarias Municipais como a de Turismo ou Meio Ambiente e natildeo soacute as destinadas agrave

Defesa Civil (ALHEIROS 2006)

Eacute previsto tambeacutem no PMRR uma avaliaccedilatildeo da Defesa Civil municipal e como ela estaacute

estruturada fazendo inclusive sugestotildees para que sua atuaccedilatildeo esteja em consonacircncia com

a realidade das comunidades e da Administraccedilatildeo Puacuteblica do municiacutepio de forma a garantir

sua sustentabilidade e conquistar a credibilidade da populaccedilatildeo no que diz respeito a

prevenccedilatildeo de cataacutestrofes Para que a resposta a uma determinada situaccedilatildeo de risco seja

raacutepida eacute necessaacuterio a descentralizaccedilatildeo da Defesa Civil criando pequenos nuacutecleos

comunitaacuterios com a finalidade de se monitorar a aacuterea constantemente e promover as

intervenccedilotildees necessaacuterias em tempo haacutebil o que aumenta em muito a credibilidade da

populaccedilatildeo no PMRR e no trabalho desempenhado pela Defesa Civil no municiacutepio Apoacutes

esta etapa o PMRR passaraacute por audiecircncias puacuteblicas e posteriormente poderaacute ser aprovado

como Lei Municipal pelo Legislativo local (ALHEIROS 2006)

Com a realizaccedilatildeo deste plano o municiacutepio estaraacute munido de informaccedilotildees suficientes para

realizar accedilotildees efetivas de gestatildeo e gerenciamento de riscos bem como aliado a

levantamentos sociais realizar programas habitacionais que beneficiem prioritariamente

44

aos moradores das aacutereas de risco Aleacutem disso com o PMRR o municiacutepio poderaacute melhorar

a qualidade ambiental da populaccedilatildeo captando recursos para a recuperaccedilatildeo das aacutereas de

APP que foram degradadas pelas ocupaccedilotildees irregulares beneficiando todos os moradores

do municiacutepio com o aumento da qualidade de vida na cidade

A partir do disposto nesta seccedilatildeo acerca do Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos e de

uma maneira preliminar (levando-se em conta apenas o nuacutemero de registros de

alagamentos e deslizamentos na aacuterea urbana principal de Santos Dumont no periacuteodo de

1984 a 2014) identificou-se trecircs regiotildees distintas na aacuterea urbana do municiacutepio com

tempo de recorrecircncia desses eventos similares caracterizando trecircs prioridades de

intervenccedilatildeo em contenccedilatildeo de risco como pode ser visto nas figuras 515 e 516 Vale

ressaltar que eacute necessaacuterio um estudo mais detalhado inclusive com visitas teacutecnicas a

campo para que se confirme a real situaccedilatildeo destas e a real prioridade para investimentos

Figura 5 17 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de deslizamentos

Fonte Do Autor

45

Figura 5 18 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de alagamentos

Fonte Do Autor

46

6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees

A seguir apresenta-se as conclusotildees e as recomendaccedilotildees feitas a partir dos objetivos

especiacuteficos explicitados no iniacutecio deste trabalho

Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a

aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes

urbanos

A partir da revisatildeo da legislaccedilatildeo pertinente em acircmbito federal estadual e

municipal constatou-se que o Plano Diretor de Santos Dumont natildeo conflita com a

legislaccedilatildeo federal e estadual sobre Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente A legislaccedilatildeo

municipal foi entendida como mais conservadora que as federal e estadual uma

vez que considera implicitamente que declividades entre 47 e 100 satildeo

enquadradas como APPs aleacutem da faixa superior a 100

Parte consideraacutevel das ocupaccedilotildees em APP principalmente na regiatildeo do bairro

Santo Antocircnio (onde surgiu os primeiros nuacutecleos que deram origem ao municiacutepio)

e o centro da cidade ocorreram antes de que fosse elaborado qualquer legislaccedilatildeo

que versasse sobre o tema Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente bastando ao gestor

local tomar medidas de contenccedilatildeo de riscos que minimizem os impactos causados

por essas ocupaccedilotildees nessa regiatildeo

O ordenamento adequado do uso do solo no municiacutepio eacute necessaacuterio para que o

crescimento dos loteamentos criados anteriormente agrave esta Lei e o surgimento de

novos natildeo avance para Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente o que pode causar

inuacutemeros problemas aos moradores e agravar os jaacute existentes

Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las

com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)

As aacutereas onde houveram a maior quantidade de registros de deslizamentos satildeo os

bairros mais populosos de Santos Dumont podendo se estabelecer uma relaccedilatildeo

que quanto mais populoso o bairro maior a quantidade de problemas relacionados

a deslizamentos Tambeacutem pode-se notar uma relaccedilatildeo com as fronteiras das faixas

de declividades e os deslizamentos uma vez que boa parte deles aconteceram

nestas faixas

As aacutereas onde houve um grande nuacutemero de registros de alagamentos satildeo os bairros

que se desenvolveram agraves margens do Ribeiratildeo das Posses em especial na aacuterea que

47

compreende as APPs de curso hiacutedrico e em aacutereas onde a declividade eacute baixa Esse

fato aliado ao crescimento do nuacutemero de vias pavimentadas com material

impermeaacutevel e a natildeo expansatildeo e ou redimensionamento da rede de drenagem

urbana contribuiacuteram para a ocorrecircncia cada vez mais constante de alagamentos

nessas aacutereas

Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos

catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30

anos

A partir do levantamento histoacuterico realizado e da base de dados georeferenciada

gerada observou-se o aumento do nuacutemero de registros de deslizamentos e

alagamentos nos uacuteltimos 10 anos quando as ocorrecircncias comeccedilaram a se repetir

numa mesma aacuterea com frequecircncia incrementada as vezes com mais de uma

ocorrecircncia anual

Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do

solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental

Destaca-se a adequaccedilatildeo dos criteacuterios gerais estabelecidos pelo Plano Diretor de

Santos Dumont relativos a legislaccedilatildeo federal e estadual Entretanto o referido

Plano Diretor natildeo contempla todo o territoacuterio municipal sendo assim ele natildeo

cumpre o objetivo de proteger as APPs preservadas e recuperar as que foram

degradadas em todo o territoacuterio municipal Ressalta-se tambeacutem a sua natildeo

conformidade com o Estatuto das Cidades uma vez que o Plano Diretor

contempla apenas os novos loteamentos

Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais

negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea

impactada

Recomenda-se a implantaccedilatildeo no municiacutepio de uma Coordenadoria Municipal de

Defesa Civil atuante e integrada agraves Secretarias Municipais e agrave comunidade

visando uma atuaccedilatildeo eficaz nos problemas relacionados a deslizamentos e

alagamentos A elaboraccedilatildeo de um Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos eacute de

suma importacircncia pois atraveacutes dele pode-se predizer as aacutereas que passaratildeo por

problemas caso a expansatildeo aconteccedila ou se inicie uma ocupaccedilatildeo nova aleacutem de

prevenir acidentes nas aacutereas jaacute ocupadas e consideradas de risco

48

7 Anexos

49

71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont

50

51

72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)

52

53

8 Referecircncias Bibliograacuteficas

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CF estabelece as diretrizes gerais da poliacutetica urbana e daacute outras providecircncias Brasiacutelia

2001

BRASIL Lei Federal nordm 12651 de 25 de maio de 2012 Dispotildee sobre a proteccedilatildeo da

vegetaccedilatildeo nativa altera as Leis nos 6938 de 31 de agosto de 1981 9393 de 1 9 de

dezembro de 1996 e 11 428 de 22 de dezembro de 2006 revoga as Leis nos 4771 de

1 5 de setembro de 1965 e 7754 de 1 4 de abril de 1989 e a Medida Provisoacuteria no 21

66shy67 de 24 de agosto de 2001 e daacute outras providecircncias Brasiacutelia 2012

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56

SAtildeO PAULO Mapeamento de riscos associados a escorregamentos inundaccedilatildeo erosotildees

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Relatoacuterio Teacutecnico Campos do Jordatildeo 2014

SILVA JR J R amp PASSOS L A O negoacutecio eacute participar a importacircncia do plano

diretor para o desenvolvimento municipal CNM SEBRAE Brasiacutelia 2006

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Embrapa Meio Ambiente Jaguariuacutena-SP 2004 4p

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Campos de Goytacazes- RJ Boletim do Observatoacuterio Ambiental Alberto Ribeiro Lamego

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SC Dissertaccedilatildeo de Mestrado UFSC Florianoacutepolis 2009

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naturais conhecer para prevenir Instituto Geoloacutegico Satildeo Paulo 2009 p 25-38

UFV ndash Universidade Federal de Viccedilosa Mapa de solos do Estado de Minas Gerais

legenda expandida Centro Tecnoloacutegico de Minas Gerais FEAM Belo Horizonte 2010

ZANON F N Uso e ocupaccedilatildeo da terra e vulnerabilidade a alagamento na aacuterea central

da cidade de Satildeo Paulo O caso da subprefeitura da Seacute Trabalho de Graduaccedilatildeo UNESP

Rio Claro 2013

Page 44: O USO DO SOLO URBANO EM ÁREAS DE PRESERVAÇÃO … · social que você tenha na vida, a mais alta ou a mais baixa, tenha sempre como meta muita força, muita determinação e sempre

36

Tabela 53 Assinaturas da combinaccedilatildeo APP de curso hiacutedrico x Zoneamento

Categoria Aacuterea (Ha) Aacuterea

Hidrografia 11168 239

Aacuterea Urbana Natildeo APP 421004 9008

APP Curso hiacutedrico em ZAC1 179 383

APP Curso hiacutedrico em ZPA 9776 209

APP Curso hiacutedrico em ZE 184 004

APP Curso hiacutedrico em ZA 1192 026

APP Curso hiacutedrico em ZAC2 5124 110

APP Curso hiacutedrico em ZPPH 248 005

APP Curso hiacutedrico em ZEIS 568 012

APP Curso hiacutedrico em ZCA 228 005

Total 467392 10000

Fonte Do autor

Figura 5 12 Mapa de usos do solo da aacuterea urbana principal de Santos Dumont

Fonte Do autor

Como jaacute era previsto a maior parte da aacuterea urbana se encontra ocupada e eacute nesta regiatildeo

ocupada que se observa a maior concentraccedilatildeo de problemas de deslizamentos e

alagamentos (Figuras 513 e 514) A grande ocupaccedilatildeo em aacutereas consideradas APP de

curso hiacutedrico de acordo com os mapas gerados pode ser a principal causa do aumento a

cada ano dos casos de alagamento principalmente na regiatildeo central da cidade Outro ponto

que se deve atentar eacute a existecircncia de uma consideraacutevel aacuterea de pastagem pouco vegetada

que caso estejam em aacutereas elevadas pode contribuir para deslizamentos e agraves margens de

37

rios e coacuterregos para o assoreamento destes corpos hiacutedricos o que pode causar

alagamentos (INAacuteCIO etal 2007)

Diante destes resultados pode-se ver que a cidade de Santos Dumont necessita alternativas

efetiva no que diz respeito agrave contenccedilatildeo de deslizamentos e a reduccedilatildeo de risco de

alagamento pois as aacutereas em que ocorrem tais eventos satildeo distintas e facilmente definidas

devido agrave repeticcedilatildeo destes nos uacuteltimos anos Um plano de accedilatildeo integrado entre as diferentes

secretarias municipais (Obras Meio Ambiente Assistecircncia Social entre outras) e a

Coordenadoria Municipal de Defesa Civil deve ser realizado afim de se tomar medidas

natildeo mais preventivas mas sim preditivas para que se possa conter o avanccedilo destes

problemas na aacuterea urbana principal bem como em toda a aacuterea do municiacutepio

Figura 5 13 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na aacuterea urbana

principal

Fonte Do autor

38

Figura 5 14 Aacutereas sujeitas a alagamento e os principais usos do solo na aacuterea

urbana principal

Fonte Do autor

Ao se associar os dados do estudo do Plano Diretor com os dados do levantamento

histoacuterico realizado com o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) pode-se notar que as aacutereas

propiacutecias a deslizamento estatildeo em regiotildees as quais haacute uma fronteira de declividades ou

seja eacute evidente que os deslizamentos ocorrem em encostas um pouco mais iacutengremes mas

natildeo necessariamente nas encostas de 30-47 as quais exigem estudo teacutecnico conforme o

plano diretor preconiza Quanto aos alagamentos nota-se que eles se localizam nas aacutereas

com menor ou nenhuma declividade podendo ser estas aacutereas talvez componentes da

planiacutecie de inundaccedilatildeo dos rios Estes resultados podem ser vistos nas figuras 515 e 516

a seguir

39

Figura5 15 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a deslizamentos na

regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

Fonte Lei 42412012 e Autor

Figura5 26 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a alagamentos na

regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

Fonte Lei 42412012 e Autor

40

52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis

O processo de ocupaccedilatildeo no municiacutepio de Santos Dumont comeccedilou muito antes de

qualquer legislaccedilatildeo relacionada a ordenamento urbano e de proteccedilatildeo do meio ambiente

fosse implementado no Brasil Esse fato aliado a poliacuteticas e fiscalizaccedilotildees falhas

contribuiacuteram para a ocupaccedilatildeo e expansatildeo da aacuterea urbana ao longo do Ribeiratildeo das Posses

e seus afluentes o que tem gerado o aumento da degradaccedilatildeo destes corpos hiacutedricos ao

longo de todos estes anos Observa-se tambeacutem que nas uacuteltimas deacutecadas ocorreu um

grande nuacutemero de migraccedilotildees do campo para a regiatildeo urbana da cidade fator que

contribuiu para o crescimento do nuacutemero de habitaccedilotildees em aacutereas de risco de deslizamento

e alagamentos por serem na maioria das vezes terrenos menos valorizados e por este

motivo acessiacuteveis a populaccedilatildeo com menor poder aquisitivo (ROSA amp CORTEZ 2008)

Vale ressaltar que esta questatildeo aleacutem de ser ambiental eacute muito mais social pois os

moradores entendem os riscos de se viver nestes locais mas por motivos econocircmicos ou

por questotildees afetivas natildeo abrem matildeo da moradia nessas aacutereas A Constituiccedilatildeo Federal de

1988 promoveu a inter-relaccedilatildeo das questotildees sociais com as questotildees ambientais quando

colocou o meio ambiente como direito coletivo (BRASIL1988 SOUZA2010) Por este

motivo a decisatildeo por medidas draacutesticas que favoreccedilam apenas agrave preservaccedilatildeo do meio

ambiente natildeo eacute recomendada pois aleacutem de ser inconstitucional podem afetar a

sustentabilidade econocircmica do municiacutepio e gerar conflitos sociais consideraacuteveis

(CARLOS 1992 apud SOUZA 2010)

Segundo Bueno (2009) ldquonem tudo o que eacute irregular eacute precaacuteriordquo Esse fato se observa em

Santos Dumont uma vez que em boa parte da regiatildeo central se observa vaacuterias moradias

construiacutedas na faixa de APP de curso hiacutedrico o que natildeo eacute permitido pela legislaccedilatildeo

vigente e eacute um dos fatores que contribui para a ocorrecircncia de alagamentos nesta aacuterea da

cidade Para a resoluccedilatildeo deste problema o que seria mais viaacutevel seria a melhoria da

infraestrutura de drenagem urbana afim de que o escoamento da aacutegua das chuvas natildeo

sobrecarregasse o sistema (BUENO2009) A construccedilatildeo de bacias de contenccedilatildeo de

cheias ao longo do Ribeiratildeo das Posses tambeacutem seria uma alternativa mas para se verificar

a viabilidade necessita-se estudos mais aprofundados do ponto de vista hidroloacutegico

O grande problema a ser solucionado no entanto eacute o que diz respeito agraves aacutereas de risco

de deslizamento majoritariamente nos bairros A melhor alternativa seria o

remanejamento dos moradores para uma aacuterea proacutexima agrave que moram poreacutem longe do

risco Poreacutem esta alternativa de acordo com Rosa Filho amp Cortez (2008) encontra alguns

entraves pois estas pessoas na maioria das vezes natildeo tecircm condiccedilotildees financeiras de irem

para outro lugar ou pagar aluguel ou estatildeo de alguma forma sentimentalmente ligadas

agravequela regiatildeo que se recusam a deixaacute-lo

41

Por parte dos oacutergatildeos competentes no municiacutepio a criaccedilatildeo de um plano para se evitar

acidentes ocasionados por deslizamentos e alagamentos com um mapeamento detalhado

de toda a extensatildeo do municiacutepio eacute extremamente uacutetil Os estudos que seratildeo feitos para a

elaboraccedilatildeo deste plano poderatildeo definir quais as aacutereas satildeo potencialmente de risco para as

ocupaccedilotildees existentes ou para as potenciais ocupaccedilotildees que possam vir a ocorrer atraveacutes do

mapeamento das aacutereas de risco Tal planejamento seraacute auxiliar ao Plano Diretor

Municipal pois definiraacute o real uso do solo de determinada regiatildeo do municiacutepio

contribuindo para a adequaccedilatildeo do uso e ocupaccedilatildeo do solo afim de evitar ou reduzir o

nuacutemero de problemas relacionados a alagamentos e principalmente deslizamentos no

periacutemetro urbano (TOMINAGA 2009) A partir deste plano os gestores locais poderatildeo

tomar a melhor decisatildeo para a prevenccedilatildeo ou reduccedilatildeo dos riscos inerentes a tais problemas

Na seccedilatildeo 521 seraacute hierarquizado de forma preliminar a aacuterea urbana principal de acordo

com os resultados da tabela 51

521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta

O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos (PMRR) foi criado atraveacutes de accedilotildees

regularizadoras do Ministeacuterio das Cidades para ser o instrumento de gestatildeo e

gerenciamento de aacutereas de risco em um municiacutepio Eacute um documento que aleacutem de

estabelecer quais regiotildees satildeo consideradas de risco tambeacutem objetiva a proposta de

medidas estruturais ou natildeo para contenccedilatildeo eou prevenccedilatildeo de cataacutestrofes aleacutem de ser um

meio de captaccedilatildeo de recursos financeiros junto aos Governos Estadual e Federal Estes

recursos poderatildeo ser utilizados para a realizaccedilatildeo de obras que visem a melhoria da

qualidade de vida da populaccedilatildeo do entorno ou de recuperaccedilatildeo da aacuterea degradada Este

plano eacute realizado de forma participativa com as comunidades das aacutereas de risco e pode

ser realizado em sete fases conforme recomenda o Ministeacuterio das Cidades (ALHEIROS

2006)

O primeiro passo para a realizaccedilatildeo do PMRR eacute definir qual a metodologia seraacute empregada

levando-se em consideraccedilatildeo a realidade atual do municiacutepio e especificar de forma sucinta

um cronograma das atividades Eacute importante nesta fase a participaccedilatildeo tambeacutem dos

responsaacuteveis pelas mais variadas Secretarias Municipais afim de explicitar o tamanho da

importacircncia e o caraacuteter integrador deste plano A segunda fase deste plano objetiva a

criaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo da principal base de dados a ser utilizada nos passos posteriores o

mapeamento de risco em escala detalhe em torno de 13000 (SAtildeO PAULO 2014) A

elaboraccedilatildeo de um mapeamento detalhado propiciaraacute natildeo soacute a identificaccedilatildeo mais faacutecil das

aacutereas de risco como tambeacutem facilitaraacute aos gestores e agrave comunidade decidirem qual a

melhor intervenccedilatildeo para a soluccedilatildeo ou remediaccedilatildeo dos problemas em uma determinada

42

aacuterea hierarquizando o risco e definindo prioridades (SAtildeO PAULO 2014) Na tabela a

seguir apresenta-se alguns tipos de intervenccedilotildees que podem ser feitas em aacutereas de risco

sugeridas pelo Ministeacuterio das cidades (ALHEIROS 2006)

Quadro 5 1 - Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco

Tipo de intervenccedilatildeo Descriccedilatildeo

Serviccedilos de limpeza e Recuperaccedilatildeo

Remoccedilatildeo de entulho lixo etc

corte de aacutervores

remoccedilatildeo de bananeiras

recuperaccedilatildeo eou limpeza de sistemas de

drenagem esgotos e acessos

Limpeza de canais de drenagem

Proteccedilatildeo Vegetal

Proteccedilatildeo superficial vegetal (gramiacuteneas) em

taludes com solo exposto

Proteccedilatildeo vegetal de margens de canais de

drenagem

Barreiras vegetais para massas escorregadas

ou acumuladas pela erosatildeo

Drenagem Superficial e Acessos

Sistema de drenagem superficial (canaletas

raacutepidos caixas de transiccedilatildeo escadas drsquoaacutegua)

Acessos para pedestres (escadarias rampas

etc) integrados ao sistema de drenagem

Revestimento de Taludes Revestimento com materiais artificiais

cimentado cal-jet tela argamassada alvenaria

de tijolos ceracircmicos solo-cimento ensacado

Desmonte de blocos e matacotildees Desmonte de concreccedilotildees de grande porte

blocos rochosos e matacotildees

Obras de drenagem de subsuperfiacutecie Sistema de drenagem de subsuperfiacutecie

(trincheiras drenantes DHP poccedilos de

rebaixamento)

Estruturas de contenccedilatildeo (localizadas)

Muros de contenccedilatildeo de pequeno porte (solo-

cimento ensacado alvenaria de pedra-rachatildeo

concreto armado)

Estruturas de contenccedilatildeo localizadas

(chumbadores tirantes microestacas)

Contenccedilatildeo e proteccedilatildeo de margens de canais (

gabiotildees muros de concreto etc)

Estruturas de contenccedilatildeo (meacutedio e grande porte) Implantaccedilatildeo de estruturas de contenccedilatildeo de

meacutedio e grande porte envolvendo obras de

contenccedilatildeo passivas e ativas (muros de

gravidade cortinas etc)

Terraplanagem Execuccedilatildeo de serviccedilos de terraplanagem

combinados a obras de drenagem superficial e

proteccedilatildeo vegetal desvio e canalizaccedilatildeo de

coacuterregos

Remoccedilatildeo de moradias Remoccedilotildees definitivas para implantaccedilatildeo de

obras ou devido agrave localizaccedilatildeo improacutepria da

edificaccedilatildeo (Priorizar as relocaccedilotildees dentro da

proacutepria aacuterea em local seguro)

Fonte ALHEIROS 2006

43

Escolhidas as formas de intervenccedilatildeo para cada aacuterea eacute necessaacuterio realizar uma estimativa

dos custos afim de preparar o orccedilamento da prefeitura para a realizaccedilatildeo das obras e se

seraacute necessaacuterio a captaccedilatildeo de recursos externos para a execuccedilatildeo destas Feitas as

estimativas de custo o proacuteximo passo eacute definir as prioridades e para esta fase eacute tambeacutem

uacutetil o mapeamento feito nas etapas anteriores pois seraacute necessaacuterio hierarquizar tais

intervenccedilotildees nas aacutereas de risco O Ministeacuterio das Cidades (2007) sugere alguns criteacuterios

que podem ser avaliados pelo gestor dentre eles pode-se citar

Grau de risco

Populaccedilatildeo beneficiada

Custo da intervenccedilatildeo

Dimensatildeo da aacuterea a ser tratada

Demandas anteriores da populaccedilatildeo

Tempo de ocupaccedilatildeo

Viabilidade teacutecnica da intervenccedilatildeo

Viabilidade financeira

Inclusatildeo da aacuterea em outros projetos

A partir desta hierarquizaccedilatildeo inicia-se a identificaccedilatildeo de provaacuteveis fontes de captaccedilatildeo de

recursos para a execuccedilatildeo das intervenccedilotildees Estes recursos podem advir de programas dos

governos Federal e Estadual ou por meio de editais para captaccedilatildeo de recursos financeiros

tanto do setor puacuteblico como da iniciativa privada e podem ser tambeacutem associados agrave outras

Secretarias Municipais como a de Turismo ou Meio Ambiente e natildeo soacute as destinadas agrave

Defesa Civil (ALHEIROS 2006)

Eacute previsto tambeacutem no PMRR uma avaliaccedilatildeo da Defesa Civil municipal e como ela estaacute

estruturada fazendo inclusive sugestotildees para que sua atuaccedilatildeo esteja em consonacircncia com

a realidade das comunidades e da Administraccedilatildeo Puacuteblica do municiacutepio de forma a garantir

sua sustentabilidade e conquistar a credibilidade da populaccedilatildeo no que diz respeito a

prevenccedilatildeo de cataacutestrofes Para que a resposta a uma determinada situaccedilatildeo de risco seja

raacutepida eacute necessaacuterio a descentralizaccedilatildeo da Defesa Civil criando pequenos nuacutecleos

comunitaacuterios com a finalidade de se monitorar a aacuterea constantemente e promover as

intervenccedilotildees necessaacuterias em tempo haacutebil o que aumenta em muito a credibilidade da

populaccedilatildeo no PMRR e no trabalho desempenhado pela Defesa Civil no municiacutepio Apoacutes

esta etapa o PMRR passaraacute por audiecircncias puacuteblicas e posteriormente poderaacute ser aprovado

como Lei Municipal pelo Legislativo local (ALHEIROS 2006)

Com a realizaccedilatildeo deste plano o municiacutepio estaraacute munido de informaccedilotildees suficientes para

realizar accedilotildees efetivas de gestatildeo e gerenciamento de riscos bem como aliado a

levantamentos sociais realizar programas habitacionais que beneficiem prioritariamente

44

aos moradores das aacutereas de risco Aleacutem disso com o PMRR o municiacutepio poderaacute melhorar

a qualidade ambiental da populaccedilatildeo captando recursos para a recuperaccedilatildeo das aacutereas de

APP que foram degradadas pelas ocupaccedilotildees irregulares beneficiando todos os moradores

do municiacutepio com o aumento da qualidade de vida na cidade

A partir do disposto nesta seccedilatildeo acerca do Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos e de

uma maneira preliminar (levando-se em conta apenas o nuacutemero de registros de

alagamentos e deslizamentos na aacuterea urbana principal de Santos Dumont no periacuteodo de

1984 a 2014) identificou-se trecircs regiotildees distintas na aacuterea urbana do municiacutepio com

tempo de recorrecircncia desses eventos similares caracterizando trecircs prioridades de

intervenccedilatildeo em contenccedilatildeo de risco como pode ser visto nas figuras 515 e 516 Vale

ressaltar que eacute necessaacuterio um estudo mais detalhado inclusive com visitas teacutecnicas a

campo para que se confirme a real situaccedilatildeo destas e a real prioridade para investimentos

Figura 5 17 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de deslizamentos

Fonte Do Autor

45

Figura 5 18 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de alagamentos

Fonte Do Autor

46

6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees

A seguir apresenta-se as conclusotildees e as recomendaccedilotildees feitas a partir dos objetivos

especiacuteficos explicitados no iniacutecio deste trabalho

Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a

aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes

urbanos

A partir da revisatildeo da legislaccedilatildeo pertinente em acircmbito federal estadual e

municipal constatou-se que o Plano Diretor de Santos Dumont natildeo conflita com a

legislaccedilatildeo federal e estadual sobre Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente A legislaccedilatildeo

municipal foi entendida como mais conservadora que as federal e estadual uma

vez que considera implicitamente que declividades entre 47 e 100 satildeo

enquadradas como APPs aleacutem da faixa superior a 100

Parte consideraacutevel das ocupaccedilotildees em APP principalmente na regiatildeo do bairro

Santo Antocircnio (onde surgiu os primeiros nuacutecleos que deram origem ao municiacutepio)

e o centro da cidade ocorreram antes de que fosse elaborado qualquer legislaccedilatildeo

que versasse sobre o tema Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente bastando ao gestor

local tomar medidas de contenccedilatildeo de riscos que minimizem os impactos causados

por essas ocupaccedilotildees nessa regiatildeo

O ordenamento adequado do uso do solo no municiacutepio eacute necessaacuterio para que o

crescimento dos loteamentos criados anteriormente agrave esta Lei e o surgimento de

novos natildeo avance para Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente o que pode causar

inuacutemeros problemas aos moradores e agravar os jaacute existentes

Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las

com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)

As aacutereas onde houveram a maior quantidade de registros de deslizamentos satildeo os

bairros mais populosos de Santos Dumont podendo se estabelecer uma relaccedilatildeo

que quanto mais populoso o bairro maior a quantidade de problemas relacionados

a deslizamentos Tambeacutem pode-se notar uma relaccedilatildeo com as fronteiras das faixas

de declividades e os deslizamentos uma vez que boa parte deles aconteceram

nestas faixas

As aacutereas onde houve um grande nuacutemero de registros de alagamentos satildeo os bairros

que se desenvolveram agraves margens do Ribeiratildeo das Posses em especial na aacuterea que

47

compreende as APPs de curso hiacutedrico e em aacutereas onde a declividade eacute baixa Esse

fato aliado ao crescimento do nuacutemero de vias pavimentadas com material

impermeaacutevel e a natildeo expansatildeo e ou redimensionamento da rede de drenagem

urbana contribuiacuteram para a ocorrecircncia cada vez mais constante de alagamentos

nessas aacutereas

Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos

catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30

anos

A partir do levantamento histoacuterico realizado e da base de dados georeferenciada

gerada observou-se o aumento do nuacutemero de registros de deslizamentos e

alagamentos nos uacuteltimos 10 anos quando as ocorrecircncias comeccedilaram a se repetir

numa mesma aacuterea com frequecircncia incrementada as vezes com mais de uma

ocorrecircncia anual

Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do

solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental

Destaca-se a adequaccedilatildeo dos criteacuterios gerais estabelecidos pelo Plano Diretor de

Santos Dumont relativos a legislaccedilatildeo federal e estadual Entretanto o referido

Plano Diretor natildeo contempla todo o territoacuterio municipal sendo assim ele natildeo

cumpre o objetivo de proteger as APPs preservadas e recuperar as que foram

degradadas em todo o territoacuterio municipal Ressalta-se tambeacutem a sua natildeo

conformidade com o Estatuto das Cidades uma vez que o Plano Diretor

contempla apenas os novos loteamentos

Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais

negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea

impactada

Recomenda-se a implantaccedilatildeo no municiacutepio de uma Coordenadoria Municipal de

Defesa Civil atuante e integrada agraves Secretarias Municipais e agrave comunidade

visando uma atuaccedilatildeo eficaz nos problemas relacionados a deslizamentos e

alagamentos A elaboraccedilatildeo de um Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos eacute de

suma importacircncia pois atraveacutes dele pode-se predizer as aacutereas que passaratildeo por

problemas caso a expansatildeo aconteccedila ou se inicie uma ocupaccedilatildeo nova aleacutem de

prevenir acidentes nas aacutereas jaacute ocupadas e consideradas de risco

48

7 Anexos

49

71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont

50

51

72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)

52

53

8 Referecircncias Bibliograacuteficas

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BRASIL Lei Federal 10257 de 10 de julho de 2001 Regulamenta os arts 182 e 183 da

CF estabelece as diretrizes gerais da poliacutetica urbana e daacute outras providecircncias Brasiacutelia

2001

BRASIL Lei Federal nordm 12651 de 25 de maio de 2012 Dispotildee sobre a proteccedilatildeo da

vegetaccedilatildeo nativa altera as Leis nos 6938 de 31 de agosto de 1981 9393 de 1 9 de

dezembro de 1996 e 11 428 de 22 de dezembro de 2006 revoga as Leis nos 4771 de

1 5 de setembro de 1965 e 7754 de 1 4 de abril de 1989 e a Medida Provisoacuteria no 21

66shy67 de 24 de agosto de 2001 e daacute outras providecircncias Brasiacutelia 2012

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Dumont 2012

56

SAtildeO PAULO Mapeamento de riscos associados a escorregamentos inundaccedilatildeo erosotildees

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Relatoacuterio Teacutecnico Campos do Jordatildeo 2014

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diretor para o desenvolvimento municipal CNM SEBRAE Brasiacutelia 2006

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Embrapa Meio Ambiente Jaguariuacutena-SP 2004 4p

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Campos de Goytacazes- RJ Boletim do Observatoacuterio Ambiental Alberto Ribeiro Lamego

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legenda expandida Centro Tecnoloacutegico de Minas Gerais FEAM Belo Horizonte 2010

ZANON F N Uso e ocupaccedilatildeo da terra e vulnerabilidade a alagamento na aacuterea central

da cidade de Satildeo Paulo O caso da subprefeitura da Seacute Trabalho de Graduaccedilatildeo UNESP

Rio Claro 2013

Page 45: O USO DO SOLO URBANO EM ÁREAS DE PRESERVAÇÃO … · social que você tenha na vida, a mais alta ou a mais baixa, tenha sempre como meta muita força, muita determinação e sempre

37

rios e coacuterregos para o assoreamento destes corpos hiacutedricos o que pode causar

alagamentos (INAacuteCIO etal 2007)

Diante destes resultados pode-se ver que a cidade de Santos Dumont necessita alternativas

efetiva no que diz respeito agrave contenccedilatildeo de deslizamentos e a reduccedilatildeo de risco de

alagamento pois as aacutereas em que ocorrem tais eventos satildeo distintas e facilmente definidas

devido agrave repeticcedilatildeo destes nos uacuteltimos anos Um plano de accedilatildeo integrado entre as diferentes

secretarias municipais (Obras Meio Ambiente Assistecircncia Social entre outras) e a

Coordenadoria Municipal de Defesa Civil deve ser realizado afim de se tomar medidas

natildeo mais preventivas mas sim preditivas para que se possa conter o avanccedilo destes

problemas na aacuterea urbana principal bem como em toda a aacuterea do municiacutepio

Figura 5 13 Aacutereas sujeitas a deslizamento e principais usos do solo na aacuterea urbana

principal

Fonte Do autor

38

Figura 5 14 Aacutereas sujeitas a alagamento e os principais usos do solo na aacuterea

urbana principal

Fonte Do autor

Ao se associar os dados do estudo do Plano Diretor com os dados do levantamento

histoacuterico realizado com o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) pode-se notar que as aacutereas

propiacutecias a deslizamento estatildeo em regiotildees as quais haacute uma fronteira de declividades ou

seja eacute evidente que os deslizamentos ocorrem em encostas um pouco mais iacutengremes mas

natildeo necessariamente nas encostas de 30-47 as quais exigem estudo teacutecnico conforme o

plano diretor preconiza Quanto aos alagamentos nota-se que eles se localizam nas aacutereas

com menor ou nenhuma declividade podendo ser estas aacutereas talvez componentes da

planiacutecie de inundaccedilatildeo dos rios Estes resultados podem ser vistos nas figuras 515 e 516

a seguir

39

Figura5 15 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a deslizamentos na

regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

Fonte Lei 42412012 e Autor

Figura5 26 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a alagamentos na

regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

Fonte Lei 42412012 e Autor

40

52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis

O processo de ocupaccedilatildeo no municiacutepio de Santos Dumont comeccedilou muito antes de

qualquer legislaccedilatildeo relacionada a ordenamento urbano e de proteccedilatildeo do meio ambiente

fosse implementado no Brasil Esse fato aliado a poliacuteticas e fiscalizaccedilotildees falhas

contribuiacuteram para a ocupaccedilatildeo e expansatildeo da aacuterea urbana ao longo do Ribeiratildeo das Posses

e seus afluentes o que tem gerado o aumento da degradaccedilatildeo destes corpos hiacutedricos ao

longo de todos estes anos Observa-se tambeacutem que nas uacuteltimas deacutecadas ocorreu um

grande nuacutemero de migraccedilotildees do campo para a regiatildeo urbana da cidade fator que

contribuiu para o crescimento do nuacutemero de habitaccedilotildees em aacutereas de risco de deslizamento

e alagamentos por serem na maioria das vezes terrenos menos valorizados e por este

motivo acessiacuteveis a populaccedilatildeo com menor poder aquisitivo (ROSA amp CORTEZ 2008)

Vale ressaltar que esta questatildeo aleacutem de ser ambiental eacute muito mais social pois os

moradores entendem os riscos de se viver nestes locais mas por motivos econocircmicos ou

por questotildees afetivas natildeo abrem matildeo da moradia nessas aacutereas A Constituiccedilatildeo Federal de

1988 promoveu a inter-relaccedilatildeo das questotildees sociais com as questotildees ambientais quando

colocou o meio ambiente como direito coletivo (BRASIL1988 SOUZA2010) Por este

motivo a decisatildeo por medidas draacutesticas que favoreccedilam apenas agrave preservaccedilatildeo do meio

ambiente natildeo eacute recomendada pois aleacutem de ser inconstitucional podem afetar a

sustentabilidade econocircmica do municiacutepio e gerar conflitos sociais consideraacuteveis

(CARLOS 1992 apud SOUZA 2010)

Segundo Bueno (2009) ldquonem tudo o que eacute irregular eacute precaacuteriordquo Esse fato se observa em

Santos Dumont uma vez que em boa parte da regiatildeo central se observa vaacuterias moradias

construiacutedas na faixa de APP de curso hiacutedrico o que natildeo eacute permitido pela legislaccedilatildeo

vigente e eacute um dos fatores que contribui para a ocorrecircncia de alagamentos nesta aacuterea da

cidade Para a resoluccedilatildeo deste problema o que seria mais viaacutevel seria a melhoria da

infraestrutura de drenagem urbana afim de que o escoamento da aacutegua das chuvas natildeo

sobrecarregasse o sistema (BUENO2009) A construccedilatildeo de bacias de contenccedilatildeo de

cheias ao longo do Ribeiratildeo das Posses tambeacutem seria uma alternativa mas para se verificar

a viabilidade necessita-se estudos mais aprofundados do ponto de vista hidroloacutegico

O grande problema a ser solucionado no entanto eacute o que diz respeito agraves aacutereas de risco

de deslizamento majoritariamente nos bairros A melhor alternativa seria o

remanejamento dos moradores para uma aacuterea proacutexima agrave que moram poreacutem longe do

risco Poreacutem esta alternativa de acordo com Rosa Filho amp Cortez (2008) encontra alguns

entraves pois estas pessoas na maioria das vezes natildeo tecircm condiccedilotildees financeiras de irem

para outro lugar ou pagar aluguel ou estatildeo de alguma forma sentimentalmente ligadas

agravequela regiatildeo que se recusam a deixaacute-lo

41

Por parte dos oacutergatildeos competentes no municiacutepio a criaccedilatildeo de um plano para se evitar

acidentes ocasionados por deslizamentos e alagamentos com um mapeamento detalhado

de toda a extensatildeo do municiacutepio eacute extremamente uacutetil Os estudos que seratildeo feitos para a

elaboraccedilatildeo deste plano poderatildeo definir quais as aacutereas satildeo potencialmente de risco para as

ocupaccedilotildees existentes ou para as potenciais ocupaccedilotildees que possam vir a ocorrer atraveacutes do

mapeamento das aacutereas de risco Tal planejamento seraacute auxiliar ao Plano Diretor

Municipal pois definiraacute o real uso do solo de determinada regiatildeo do municiacutepio

contribuindo para a adequaccedilatildeo do uso e ocupaccedilatildeo do solo afim de evitar ou reduzir o

nuacutemero de problemas relacionados a alagamentos e principalmente deslizamentos no

periacutemetro urbano (TOMINAGA 2009) A partir deste plano os gestores locais poderatildeo

tomar a melhor decisatildeo para a prevenccedilatildeo ou reduccedilatildeo dos riscos inerentes a tais problemas

Na seccedilatildeo 521 seraacute hierarquizado de forma preliminar a aacuterea urbana principal de acordo

com os resultados da tabela 51

521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta

O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos (PMRR) foi criado atraveacutes de accedilotildees

regularizadoras do Ministeacuterio das Cidades para ser o instrumento de gestatildeo e

gerenciamento de aacutereas de risco em um municiacutepio Eacute um documento que aleacutem de

estabelecer quais regiotildees satildeo consideradas de risco tambeacutem objetiva a proposta de

medidas estruturais ou natildeo para contenccedilatildeo eou prevenccedilatildeo de cataacutestrofes aleacutem de ser um

meio de captaccedilatildeo de recursos financeiros junto aos Governos Estadual e Federal Estes

recursos poderatildeo ser utilizados para a realizaccedilatildeo de obras que visem a melhoria da

qualidade de vida da populaccedilatildeo do entorno ou de recuperaccedilatildeo da aacuterea degradada Este

plano eacute realizado de forma participativa com as comunidades das aacutereas de risco e pode

ser realizado em sete fases conforme recomenda o Ministeacuterio das Cidades (ALHEIROS

2006)

O primeiro passo para a realizaccedilatildeo do PMRR eacute definir qual a metodologia seraacute empregada

levando-se em consideraccedilatildeo a realidade atual do municiacutepio e especificar de forma sucinta

um cronograma das atividades Eacute importante nesta fase a participaccedilatildeo tambeacutem dos

responsaacuteveis pelas mais variadas Secretarias Municipais afim de explicitar o tamanho da

importacircncia e o caraacuteter integrador deste plano A segunda fase deste plano objetiva a

criaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo da principal base de dados a ser utilizada nos passos posteriores o

mapeamento de risco em escala detalhe em torno de 13000 (SAtildeO PAULO 2014) A

elaboraccedilatildeo de um mapeamento detalhado propiciaraacute natildeo soacute a identificaccedilatildeo mais faacutecil das

aacutereas de risco como tambeacutem facilitaraacute aos gestores e agrave comunidade decidirem qual a

melhor intervenccedilatildeo para a soluccedilatildeo ou remediaccedilatildeo dos problemas em uma determinada

42

aacuterea hierarquizando o risco e definindo prioridades (SAtildeO PAULO 2014) Na tabela a

seguir apresenta-se alguns tipos de intervenccedilotildees que podem ser feitas em aacutereas de risco

sugeridas pelo Ministeacuterio das cidades (ALHEIROS 2006)

Quadro 5 1 - Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco

Tipo de intervenccedilatildeo Descriccedilatildeo

Serviccedilos de limpeza e Recuperaccedilatildeo

Remoccedilatildeo de entulho lixo etc

corte de aacutervores

remoccedilatildeo de bananeiras

recuperaccedilatildeo eou limpeza de sistemas de

drenagem esgotos e acessos

Limpeza de canais de drenagem

Proteccedilatildeo Vegetal

Proteccedilatildeo superficial vegetal (gramiacuteneas) em

taludes com solo exposto

Proteccedilatildeo vegetal de margens de canais de

drenagem

Barreiras vegetais para massas escorregadas

ou acumuladas pela erosatildeo

Drenagem Superficial e Acessos

Sistema de drenagem superficial (canaletas

raacutepidos caixas de transiccedilatildeo escadas drsquoaacutegua)

Acessos para pedestres (escadarias rampas

etc) integrados ao sistema de drenagem

Revestimento de Taludes Revestimento com materiais artificiais

cimentado cal-jet tela argamassada alvenaria

de tijolos ceracircmicos solo-cimento ensacado

Desmonte de blocos e matacotildees Desmonte de concreccedilotildees de grande porte

blocos rochosos e matacotildees

Obras de drenagem de subsuperfiacutecie Sistema de drenagem de subsuperfiacutecie

(trincheiras drenantes DHP poccedilos de

rebaixamento)

Estruturas de contenccedilatildeo (localizadas)

Muros de contenccedilatildeo de pequeno porte (solo-

cimento ensacado alvenaria de pedra-rachatildeo

concreto armado)

Estruturas de contenccedilatildeo localizadas

(chumbadores tirantes microestacas)

Contenccedilatildeo e proteccedilatildeo de margens de canais (

gabiotildees muros de concreto etc)

Estruturas de contenccedilatildeo (meacutedio e grande porte) Implantaccedilatildeo de estruturas de contenccedilatildeo de

meacutedio e grande porte envolvendo obras de

contenccedilatildeo passivas e ativas (muros de

gravidade cortinas etc)

Terraplanagem Execuccedilatildeo de serviccedilos de terraplanagem

combinados a obras de drenagem superficial e

proteccedilatildeo vegetal desvio e canalizaccedilatildeo de

coacuterregos

Remoccedilatildeo de moradias Remoccedilotildees definitivas para implantaccedilatildeo de

obras ou devido agrave localizaccedilatildeo improacutepria da

edificaccedilatildeo (Priorizar as relocaccedilotildees dentro da

proacutepria aacuterea em local seguro)

Fonte ALHEIROS 2006

43

Escolhidas as formas de intervenccedilatildeo para cada aacuterea eacute necessaacuterio realizar uma estimativa

dos custos afim de preparar o orccedilamento da prefeitura para a realizaccedilatildeo das obras e se

seraacute necessaacuterio a captaccedilatildeo de recursos externos para a execuccedilatildeo destas Feitas as

estimativas de custo o proacuteximo passo eacute definir as prioridades e para esta fase eacute tambeacutem

uacutetil o mapeamento feito nas etapas anteriores pois seraacute necessaacuterio hierarquizar tais

intervenccedilotildees nas aacutereas de risco O Ministeacuterio das Cidades (2007) sugere alguns criteacuterios

que podem ser avaliados pelo gestor dentre eles pode-se citar

Grau de risco

Populaccedilatildeo beneficiada

Custo da intervenccedilatildeo

Dimensatildeo da aacuterea a ser tratada

Demandas anteriores da populaccedilatildeo

Tempo de ocupaccedilatildeo

Viabilidade teacutecnica da intervenccedilatildeo

Viabilidade financeira

Inclusatildeo da aacuterea em outros projetos

A partir desta hierarquizaccedilatildeo inicia-se a identificaccedilatildeo de provaacuteveis fontes de captaccedilatildeo de

recursos para a execuccedilatildeo das intervenccedilotildees Estes recursos podem advir de programas dos

governos Federal e Estadual ou por meio de editais para captaccedilatildeo de recursos financeiros

tanto do setor puacuteblico como da iniciativa privada e podem ser tambeacutem associados agrave outras

Secretarias Municipais como a de Turismo ou Meio Ambiente e natildeo soacute as destinadas agrave

Defesa Civil (ALHEIROS 2006)

Eacute previsto tambeacutem no PMRR uma avaliaccedilatildeo da Defesa Civil municipal e como ela estaacute

estruturada fazendo inclusive sugestotildees para que sua atuaccedilatildeo esteja em consonacircncia com

a realidade das comunidades e da Administraccedilatildeo Puacuteblica do municiacutepio de forma a garantir

sua sustentabilidade e conquistar a credibilidade da populaccedilatildeo no que diz respeito a

prevenccedilatildeo de cataacutestrofes Para que a resposta a uma determinada situaccedilatildeo de risco seja

raacutepida eacute necessaacuterio a descentralizaccedilatildeo da Defesa Civil criando pequenos nuacutecleos

comunitaacuterios com a finalidade de se monitorar a aacuterea constantemente e promover as

intervenccedilotildees necessaacuterias em tempo haacutebil o que aumenta em muito a credibilidade da

populaccedilatildeo no PMRR e no trabalho desempenhado pela Defesa Civil no municiacutepio Apoacutes

esta etapa o PMRR passaraacute por audiecircncias puacuteblicas e posteriormente poderaacute ser aprovado

como Lei Municipal pelo Legislativo local (ALHEIROS 2006)

Com a realizaccedilatildeo deste plano o municiacutepio estaraacute munido de informaccedilotildees suficientes para

realizar accedilotildees efetivas de gestatildeo e gerenciamento de riscos bem como aliado a

levantamentos sociais realizar programas habitacionais que beneficiem prioritariamente

44

aos moradores das aacutereas de risco Aleacutem disso com o PMRR o municiacutepio poderaacute melhorar

a qualidade ambiental da populaccedilatildeo captando recursos para a recuperaccedilatildeo das aacutereas de

APP que foram degradadas pelas ocupaccedilotildees irregulares beneficiando todos os moradores

do municiacutepio com o aumento da qualidade de vida na cidade

A partir do disposto nesta seccedilatildeo acerca do Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos e de

uma maneira preliminar (levando-se em conta apenas o nuacutemero de registros de

alagamentos e deslizamentos na aacuterea urbana principal de Santos Dumont no periacuteodo de

1984 a 2014) identificou-se trecircs regiotildees distintas na aacuterea urbana do municiacutepio com

tempo de recorrecircncia desses eventos similares caracterizando trecircs prioridades de

intervenccedilatildeo em contenccedilatildeo de risco como pode ser visto nas figuras 515 e 516 Vale

ressaltar que eacute necessaacuterio um estudo mais detalhado inclusive com visitas teacutecnicas a

campo para que se confirme a real situaccedilatildeo destas e a real prioridade para investimentos

Figura 5 17 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de deslizamentos

Fonte Do Autor

45

Figura 5 18 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de alagamentos

Fonte Do Autor

46

6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees

A seguir apresenta-se as conclusotildees e as recomendaccedilotildees feitas a partir dos objetivos

especiacuteficos explicitados no iniacutecio deste trabalho

Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a

aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes

urbanos

A partir da revisatildeo da legislaccedilatildeo pertinente em acircmbito federal estadual e

municipal constatou-se que o Plano Diretor de Santos Dumont natildeo conflita com a

legislaccedilatildeo federal e estadual sobre Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente A legislaccedilatildeo

municipal foi entendida como mais conservadora que as federal e estadual uma

vez que considera implicitamente que declividades entre 47 e 100 satildeo

enquadradas como APPs aleacutem da faixa superior a 100

Parte consideraacutevel das ocupaccedilotildees em APP principalmente na regiatildeo do bairro

Santo Antocircnio (onde surgiu os primeiros nuacutecleos que deram origem ao municiacutepio)

e o centro da cidade ocorreram antes de que fosse elaborado qualquer legislaccedilatildeo

que versasse sobre o tema Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente bastando ao gestor

local tomar medidas de contenccedilatildeo de riscos que minimizem os impactos causados

por essas ocupaccedilotildees nessa regiatildeo

O ordenamento adequado do uso do solo no municiacutepio eacute necessaacuterio para que o

crescimento dos loteamentos criados anteriormente agrave esta Lei e o surgimento de

novos natildeo avance para Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente o que pode causar

inuacutemeros problemas aos moradores e agravar os jaacute existentes

Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las

com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)

As aacutereas onde houveram a maior quantidade de registros de deslizamentos satildeo os

bairros mais populosos de Santos Dumont podendo se estabelecer uma relaccedilatildeo

que quanto mais populoso o bairro maior a quantidade de problemas relacionados

a deslizamentos Tambeacutem pode-se notar uma relaccedilatildeo com as fronteiras das faixas

de declividades e os deslizamentos uma vez que boa parte deles aconteceram

nestas faixas

As aacutereas onde houve um grande nuacutemero de registros de alagamentos satildeo os bairros

que se desenvolveram agraves margens do Ribeiratildeo das Posses em especial na aacuterea que

47

compreende as APPs de curso hiacutedrico e em aacutereas onde a declividade eacute baixa Esse

fato aliado ao crescimento do nuacutemero de vias pavimentadas com material

impermeaacutevel e a natildeo expansatildeo e ou redimensionamento da rede de drenagem

urbana contribuiacuteram para a ocorrecircncia cada vez mais constante de alagamentos

nessas aacutereas

Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos

catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30

anos

A partir do levantamento histoacuterico realizado e da base de dados georeferenciada

gerada observou-se o aumento do nuacutemero de registros de deslizamentos e

alagamentos nos uacuteltimos 10 anos quando as ocorrecircncias comeccedilaram a se repetir

numa mesma aacuterea com frequecircncia incrementada as vezes com mais de uma

ocorrecircncia anual

Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do

solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental

Destaca-se a adequaccedilatildeo dos criteacuterios gerais estabelecidos pelo Plano Diretor de

Santos Dumont relativos a legislaccedilatildeo federal e estadual Entretanto o referido

Plano Diretor natildeo contempla todo o territoacuterio municipal sendo assim ele natildeo

cumpre o objetivo de proteger as APPs preservadas e recuperar as que foram

degradadas em todo o territoacuterio municipal Ressalta-se tambeacutem a sua natildeo

conformidade com o Estatuto das Cidades uma vez que o Plano Diretor

contempla apenas os novos loteamentos

Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais

negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea

impactada

Recomenda-se a implantaccedilatildeo no municiacutepio de uma Coordenadoria Municipal de

Defesa Civil atuante e integrada agraves Secretarias Municipais e agrave comunidade

visando uma atuaccedilatildeo eficaz nos problemas relacionados a deslizamentos e

alagamentos A elaboraccedilatildeo de um Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos eacute de

suma importacircncia pois atraveacutes dele pode-se predizer as aacutereas que passaratildeo por

problemas caso a expansatildeo aconteccedila ou se inicie uma ocupaccedilatildeo nova aleacutem de

prevenir acidentes nas aacutereas jaacute ocupadas e consideradas de risco

48

7 Anexos

49

71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont

50

51

72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)

52

53

8 Referecircncias Bibliograacuteficas

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BRASIL Lei Federal 10257 de 10 de julho de 2001 Regulamenta os arts 182 e 183 da

CF estabelece as diretrizes gerais da poliacutetica urbana e daacute outras providecircncias Brasiacutelia

2001

BRASIL Lei Federal nordm 12651 de 25 de maio de 2012 Dispotildee sobre a proteccedilatildeo da

vegetaccedilatildeo nativa altera as Leis nos 6938 de 31 de agosto de 1981 9393 de 1 9 de

dezembro de 1996 e 11 428 de 22 de dezembro de 2006 revoga as Leis nos 4771 de

1 5 de setembro de 1965 e 7754 de 1 4 de abril de 1989 e a Medida Provisoacuteria no 21

66shy67 de 24 de agosto de 2001 e daacute outras providecircncias Brasiacutelia 2012

BRASIL Lei Federal nordm 4771 de 15 de Setembro de 1965 Institui o Novo Coacutedigo

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Dumont 2012

56

SAtildeO PAULO Mapeamento de riscos associados a escorregamentos inundaccedilatildeo erosotildees

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Relatoacuterio Teacutecnico Campos do Jordatildeo 2014

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diretor para o desenvolvimento municipal CNM SEBRAE Brasiacutelia 2006

SKORUPA LA Aacutereas de preservaccedilatildeo permanente e desenvolvimento sustentaacutevel

Embrapa Meio Ambiente Jaguariuacutena-SP 2004 4p

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Campos de Goytacazes- RJ Boletim do Observatoacuterio Ambiental Alberto Ribeiro Lamego

v4 nordm 1 Campos de Goytacazes 2010

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puacuteblica em aacutereas urbanas susceptiacuteveis a desastres naturais no municiacutepio de Joinville

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legenda expandida Centro Tecnoloacutegico de Minas Gerais FEAM Belo Horizonte 2010

ZANON F N Uso e ocupaccedilatildeo da terra e vulnerabilidade a alagamento na aacuterea central

da cidade de Satildeo Paulo O caso da subprefeitura da Seacute Trabalho de Graduaccedilatildeo UNESP

Rio Claro 2013

Page 46: O USO DO SOLO URBANO EM ÁREAS DE PRESERVAÇÃO … · social que você tenha na vida, a mais alta ou a mais baixa, tenha sempre como meta muita força, muita determinação e sempre

38

Figura 5 14 Aacutereas sujeitas a alagamento e os principais usos do solo na aacuterea

urbana principal

Fonte Do autor

Ao se associar os dados do estudo do Plano Diretor com os dados do levantamento

histoacuterico realizado com o modelo digital de elevaccedilatildeo (MDE) pode-se notar que as aacutereas

propiacutecias a deslizamento estatildeo em regiotildees as quais haacute uma fronteira de declividades ou

seja eacute evidente que os deslizamentos ocorrem em encostas um pouco mais iacutengremes mas

natildeo necessariamente nas encostas de 30-47 as quais exigem estudo teacutecnico conforme o

plano diretor preconiza Quanto aos alagamentos nota-se que eles se localizam nas aacutereas

com menor ou nenhuma declividade podendo ser estas aacutereas talvez componentes da

planiacutecie de inundaccedilatildeo dos rios Estes resultados podem ser vistos nas figuras 515 e 516

a seguir

39

Figura5 15 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a deslizamentos na

regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

Fonte Lei 42412012 e Autor

Figura5 26 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a alagamentos na

regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

Fonte Lei 42412012 e Autor

40

52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis

O processo de ocupaccedilatildeo no municiacutepio de Santos Dumont comeccedilou muito antes de

qualquer legislaccedilatildeo relacionada a ordenamento urbano e de proteccedilatildeo do meio ambiente

fosse implementado no Brasil Esse fato aliado a poliacuteticas e fiscalizaccedilotildees falhas

contribuiacuteram para a ocupaccedilatildeo e expansatildeo da aacuterea urbana ao longo do Ribeiratildeo das Posses

e seus afluentes o que tem gerado o aumento da degradaccedilatildeo destes corpos hiacutedricos ao

longo de todos estes anos Observa-se tambeacutem que nas uacuteltimas deacutecadas ocorreu um

grande nuacutemero de migraccedilotildees do campo para a regiatildeo urbana da cidade fator que

contribuiu para o crescimento do nuacutemero de habitaccedilotildees em aacutereas de risco de deslizamento

e alagamentos por serem na maioria das vezes terrenos menos valorizados e por este

motivo acessiacuteveis a populaccedilatildeo com menor poder aquisitivo (ROSA amp CORTEZ 2008)

Vale ressaltar que esta questatildeo aleacutem de ser ambiental eacute muito mais social pois os

moradores entendem os riscos de se viver nestes locais mas por motivos econocircmicos ou

por questotildees afetivas natildeo abrem matildeo da moradia nessas aacutereas A Constituiccedilatildeo Federal de

1988 promoveu a inter-relaccedilatildeo das questotildees sociais com as questotildees ambientais quando

colocou o meio ambiente como direito coletivo (BRASIL1988 SOUZA2010) Por este

motivo a decisatildeo por medidas draacutesticas que favoreccedilam apenas agrave preservaccedilatildeo do meio

ambiente natildeo eacute recomendada pois aleacutem de ser inconstitucional podem afetar a

sustentabilidade econocircmica do municiacutepio e gerar conflitos sociais consideraacuteveis

(CARLOS 1992 apud SOUZA 2010)

Segundo Bueno (2009) ldquonem tudo o que eacute irregular eacute precaacuteriordquo Esse fato se observa em

Santos Dumont uma vez que em boa parte da regiatildeo central se observa vaacuterias moradias

construiacutedas na faixa de APP de curso hiacutedrico o que natildeo eacute permitido pela legislaccedilatildeo

vigente e eacute um dos fatores que contribui para a ocorrecircncia de alagamentos nesta aacuterea da

cidade Para a resoluccedilatildeo deste problema o que seria mais viaacutevel seria a melhoria da

infraestrutura de drenagem urbana afim de que o escoamento da aacutegua das chuvas natildeo

sobrecarregasse o sistema (BUENO2009) A construccedilatildeo de bacias de contenccedilatildeo de

cheias ao longo do Ribeiratildeo das Posses tambeacutem seria uma alternativa mas para se verificar

a viabilidade necessita-se estudos mais aprofundados do ponto de vista hidroloacutegico

O grande problema a ser solucionado no entanto eacute o que diz respeito agraves aacutereas de risco

de deslizamento majoritariamente nos bairros A melhor alternativa seria o

remanejamento dos moradores para uma aacuterea proacutexima agrave que moram poreacutem longe do

risco Poreacutem esta alternativa de acordo com Rosa Filho amp Cortez (2008) encontra alguns

entraves pois estas pessoas na maioria das vezes natildeo tecircm condiccedilotildees financeiras de irem

para outro lugar ou pagar aluguel ou estatildeo de alguma forma sentimentalmente ligadas

agravequela regiatildeo que se recusam a deixaacute-lo

41

Por parte dos oacutergatildeos competentes no municiacutepio a criaccedilatildeo de um plano para se evitar

acidentes ocasionados por deslizamentos e alagamentos com um mapeamento detalhado

de toda a extensatildeo do municiacutepio eacute extremamente uacutetil Os estudos que seratildeo feitos para a

elaboraccedilatildeo deste plano poderatildeo definir quais as aacutereas satildeo potencialmente de risco para as

ocupaccedilotildees existentes ou para as potenciais ocupaccedilotildees que possam vir a ocorrer atraveacutes do

mapeamento das aacutereas de risco Tal planejamento seraacute auxiliar ao Plano Diretor

Municipal pois definiraacute o real uso do solo de determinada regiatildeo do municiacutepio

contribuindo para a adequaccedilatildeo do uso e ocupaccedilatildeo do solo afim de evitar ou reduzir o

nuacutemero de problemas relacionados a alagamentos e principalmente deslizamentos no

periacutemetro urbano (TOMINAGA 2009) A partir deste plano os gestores locais poderatildeo

tomar a melhor decisatildeo para a prevenccedilatildeo ou reduccedilatildeo dos riscos inerentes a tais problemas

Na seccedilatildeo 521 seraacute hierarquizado de forma preliminar a aacuterea urbana principal de acordo

com os resultados da tabela 51

521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta

O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos (PMRR) foi criado atraveacutes de accedilotildees

regularizadoras do Ministeacuterio das Cidades para ser o instrumento de gestatildeo e

gerenciamento de aacutereas de risco em um municiacutepio Eacute um documento que aleacutem de

estabelecer quais regiotildees satildeo consideradas de risco tambeacutem objetiva a proposta de

medidas estruturais ou natildeo para contenccedilatildeo eou prevenccedilatildeo de cataacutestrofes aleacutem de ser um

meio de captaccedilatildeo de recursos financeiros junto aos Governos Estadual e Federal Estes

recursos poderatildeo ser utilizados para a realizaccedilatildeo de obras que visem a melhoria da

qualidade de vida da populaccedilatildeo do entorno ou de recuperaccedilatildeo da aacuterea degradada Este

plano eacute realizado de forma participativa com as comunidades das aacutereas de risco e pode

ser realizado em sete fases conforme recomenda o Ministeacuterio das Cidades (ALHEIROS

2006)

O primeiro passo para a realizaccedilatildeo do PMRR eacute definir qual a metodologia seraacute empregada

levando-se em consideraccedilatildeo a realidade atual do municiacutepio e especificar de forma sucinta

um cronograma das atividades Eacute importante nesta fase a participaccedilatildeo tambeacutem dos

responsaacuteveis pelas mais variadas Secretarias Municipais afim de explicitar o tamanho da

importacircncia e o caraacuteter integrador deste plano A segunda fase deste plano objetiva a

criaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo da principal base de dados a ser utilizada nos passos posteriores o

mapeamento de risco em escala detalhe em torno de 13000 (SAtildeO PAULO 2014) A

elaboraccedilatildeo de um mapeamento detalhado propiciaraacute natildeo soacute a identificaccedilatildeo mais faacutecil das

aacutereas de risco como tambeacutem facilitaraacute aos gestores e agrave comunidade decidirem qual a

melhor intervenccedilatildeo para a soluccedilatildeo ou remediaccedilatildeo dos problemas em uma determinada

42

aacuterea hierarquizando o risco e definindo prioridades (SAtildeO PAULO 2014) Na tabela a

seguir apresenta-se alguns tipos de intervenccedilotildees que podem ser feitas em aacutereas de risco

sugeridas pelo Ministeacuterio das cidades (ALHEIROS 2006)

Quadro 5 1 - Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco

Tipo de intervenccedilatildeo Descriccedilatildeo

Serviccedilos de limpeza e Recuperaccedilatildeo

Remoccedilatildeo de entulho lixo etc

corte de aacutervores

remoccedilatildeo de bananeiras

recuperaccedilatildeo eou limpeza de sistemas de

drenagem esgotos e acessos

Limpeza de canais de drenagem

Proteccedilatildeo Vegetal

Proteccedilatildeo superficial vegetal (gramiacuteneas) em

taludes com solo exposto

Proteccedilatildeo vegetal de margens de canais de

drenagem

Barreiras vegetais para massas escorregadas

ou acumuladas pela erosatildeo

Drenagem Superficial e Acessos

Sistema de drenagem superficial (canaletas

raacutepidos caixas de transiccedilatildeo escadas drsquoaacutegua)

Acessos para pedestres (escadarias rampas

etc) integrados ao sistema de drenagem

Revestimento de Taludes Revestimento com materiais artificiais

cimentado cal-jet tela argamassada alvenaria

de tijolos ceracircmicos solo-cimento ensacado

Desmonte de blocos e matacotildees Desmonte de concreccedilotildees de grande porte

blocos rochosos e matacotildees

Obras de drenagem de subsuperfiacutecie Sistema de drenagem de subsuperfiacutecie

(trincheiras drenantes DHP poccedilos de

rebaixamento)

Estruturas de contenccedilatildeo (localizadas)

Muros de contenccedilatildeo de pequeno porte (solo-

cimento ensacado alvenaria de pedra-rachatildeo

concreto armado)

Estruturas de contenccedilatildeo localizadas

(chumbadores tirantes microestacas)

Contenccedilatildeo e proteccedilatildeo de margens de canais (

gabiotildees muros de concreto etc)

Estruturas de contenccedilatildeo (meacutedio e grande porte) Implantaccedilatildeo de estruturas de contenccedilatildeo de

meacutedio e grande porte envolvendo obras de

contenccedilatildeo passivas e ativas (muros de

gravidade cortinas etc)

Terraplanagem Execuccedilatildeo de serviccedilos de terraplanagem

combinados a obras de drenagem superficial e

proteccedilatildeo vegetal desvio e canalizaccedilatildeo de

coacuterregos

Remoccedilatildeo de moradias Remoccedilotildees definitivas para implantaccedilatildeo de

obras ou devido agrave localizaccedilatildeo improacutepria da

edificaccedilatildeo (Priorizar as relocaccedilotildees dentro da

proacutepria aacuterea em local seguro)

Fonte ALHEIROS 2006

43

Escolhidas as formas de intervenccedilatildeo para cada aacuterea eacute necessaacuterio realizar uma estimativa

dos custos afim de preparar o orccedilamento da prefeitura para a realizaccedilatildeo das obras e se

seraacute necessaacuterio a captaccedilatildeo de recursos externos para a execuccedilatildeo destas Feitas as

estimativas de custo o proacuteximo passo eacute definir as prioridades e para esta fase eacute tambeacutem

uacutetil o mapeamento feito nas etapas anteriores pois seraacute necessaacuterio hierarquizar tais

intervenccedilotildees nas aacutereas de risco O Ministeacuterio das Cidades (2007) sugere alguns criteacuterios

que podem ser avaliados pelo gestor dentre eles pode-se citar

Grau de risco

Populaccedilatildeo beneficiada

Custo da intervenccedilatildeo

Dimensatildeo da aacuterea a ser tratada

Demandas anteriores da populaccedilatildeo

Tempo de ocupaccedilatildeo

Viabilidade teacutecnica da intervenccedilatildeo

Viabilidade financeira

Inclusatildeo da aacuterea em outros projetos

A partir desta hierarquizaccedilatildeo inicia-se a identificaccedilatildeo de provaacuteveis fontes de captaccedilatildeo de

recursos para a execuccedilatildeo das intervenccedilotildees Estes recursos podem advir de programas dos

governos Federal e Estadual ou por meio de editais para captaccedilatildeo de recursos financeiros

tanto do setor puacuteblico como da iniciativa privada e podem ser tambeacutem associados agrave outras

Secretarias Municipais como a de Turismo ou Meio Ambiente e natildeo soacute as destinadas agrave

Defesa Civil (ALHEIROS 2006)

Eacute previsto tambeacutem no PMRR uma avaliaccedilatildeo da Defesa Civil municipal e como ela estaacute

estruturada fazendo inclusive sugestotildees para que sua atuaccedilatildeo esteja em consonacircncia com

a realidade das comunidades e da Administraccedilatildeo Puacuteblica do municiacutepio de forma a garantir

sua sustentabilidade e conquistar a credibilidade da populaccedilatildeo no que diz respeito a

prevenccedilatildeo de cataacutestrofes Para que a resposta a uma determinada situaccedilatildeo de risco seja

raacutepida eacute necessaacuterio a descentralizaccedilatildeo da Defesa Civil criando pequenos nuacutecleos

comunitaacuterios com a finalidade de se monitorar a aacuterea constantemente e promover as

intervenccedilotildees necessaacuterias em tempo haacutebil o que aumenta em muito a credibilidade da

populaccedilatildeo no PMRR e no trabalho desempenhado pela Defesa Civil no municiacutepio Apoacutes

esta etapa o PMRR passaraacute por audiecircncias puacuteblicas e posteriormente poderaacute ser aprovado

como Lei Municipal pelo Legislativo local (ALHEIROS 2006)

Com a realizaccedilatildeo deste plano o municiacutepio estaraacute munido de informaccedilotildees suficientes para

realizar accedilotildees efetivas de gestatildeo e gerenciamento de riscos bem como aliado a

levantamentos sociais realizar programas habitacionais que beneficiem prioritariamente

44

aos moradores das aacutereas de risco Aleacutem disso com o PMRR o municiacutepio poderaacute melhorar

a qualidade ambiental da populaccedilatildeo captando recursos para a recuperaccedilatildeo das aacutereas de

APP que foram degradadas pelas ocupaccedilotildees irregulares beneficiando todos os moradores

do municiacutepio com o aumento da qualidade de vida na cidade

A partir do disposto nesta seccedilatildeo acerca do Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos e de

uma maneira preliminar (levando-se em conta apenas o nuacutemero de registros de

alagamentos e deslizamentos na aacuterea urbana principal de Santos Dumont no periacuteodo de

1984 a 2014) identificou-se trecircs regiotildees distintas na aacuterea urbana do municiacutepio com

tempo de recorrecircncia desses eventos similares caracterizando trecircs prioridades de

intervenccedilatildeo em contenccedilatildeo de risco como pode ser visto nas figuras 515 e 516 Vale

ressaltar que eacute necessaacuterio um estudo mais detalhado inclusive com visitas teacutecnicas a

campo para que se confirme a real situaccedilatildeo destas e a real prioridade para investimentos

Figura 5 17 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de deslizamentos

Fonte Do Autor

45

Figura 5 18 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de alagamentos

Fonte Do Autor

46

6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees

A seguir apresenta-se as conclusotildees e as recomendaccedilotildees feitas a partir dos objetivos

especiacuteficos explicitados no iniacutecio deste trabalho

Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a

aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes

urbanos

A partir da revisatildeo da legislaccedilatildeo pertinente em acircmbito federal estadual e

municipal constatou-se que o Plano Diretor de Santos Dumont natildeo conflita com a

legislaccedilatildeo federal e estadual sobre Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente A legislaccedilatildeo

municipal foi entendida como mais conservadora que as federal e estadual uma

vez que considera implicitamente que declividades entre 47 e 100 satildeo

enquadradas como APPs aleacutem da faixa superior a 100

Parte consideraacutevel das ocupaccedilotildees em APP principalmente na regiatildeo do bairro

Santo Antocircnio (onde surgiu os primeiros nuacutecleos que deram origem ao municiacutepio)

e o centro da cidade ocorreram antes de que fosse elaborado qualquer legislaccedilatildeo

que versasse sobre o tema Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente bastando ao gestor

local tomar medidas de contenccedilatildeo de riscos que minimizem os impactos causados

por essas ocupaccedilotildees nessa regiatildeo

O ordenamento adequado do uso do solo no municiacutepio eacute necessaacuterio para que o

crescimento dos loteamentos criados anteriormente agrave esta Lei e o surgimento de

novos natildeo avance para Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente o que pode causar

inuacutemeros problemas aos moradores e agravar os jaacute existentes

Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las

com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)

As aacutereas onde houveram a maior quantidade de registros de deslizamentos satildeo os

bairros mais populosos de Santos Dumont podendo se estabelecer uma relaccedilatildeo

que quanto mais populoso o bairro maior a quantidade de problemas relacionados

a deslizamentos Tambeacutem pode-se notar uma relaccedilatildeo com as fronteiras das faixas

de declividades e os deslizamentos uma vez que boa parte deles aconteceram

nestas faixas

As aacutereas onde houve um grande nuacutemero de registros de alagamentos satildeo os bairros

que se desenvolveram agraves margens do Ribeiratildeo das Posses em especial na aacuterea que

47

compreende as APPs de curso hiacutedrico e em aacutereas onde a declividade eacute baixa Esse

fato aliado ao crescimento do nuacutemero de vias pavimentadas com material

impermeaacutevel e a natildeo expansatildeo e ou redimensionamento da rede de drenagem

urbana contribuiacuteram para a ocorrecircncia cada vez mais constante de alagamentos

nessas aacutereas

Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos

catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30

anos

A partir do levantamento histoacuterico realizado e da base de dados georeferenciada

gerada observou-se o aumento do nuacutemero de registros de deslizamentos e

alagamentos nos uacuteltimos 10 anos quando as ocorrecircncias comeccedilaram a se repetir

numa mesma aacuterea com frequecircncia incrementada as vezes com mais de uma

ocorrecircncia anual

Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do

solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental

Destaca-se a adequaccedilatildeo dos criteacuterios gerais estabelecidos pelo Plano Diretor de

Santos Dumont relativos a legislaccedilatildeo federal e estadual Entretanto o referido

Plano Diretor natildeo contempla todo o territoacuterio municipal sendo assim ele natildeo

cumpre o objetivo de proteger as APPs preservadas e recuperar as que foram

degradadas em todo o territoacuterio municipal Ressalta-se tambeacutem a sua natildeo

conformidade com o Estatuto das Cidades uma vez que o Plano Diretor

contempla apenas os novos loteamentos

Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais

negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea

impactada

Recomenda-se a implantaccedilatildeo no municiacutepio de uma Coordenadoria Municipal de

Defesa Civil atuante e integrada agraves Secretarias Municipais e agrave comunidade

visando uma atuaccedilatildeo eficaz nos problemas relacionados a deslizamentos e

alagamentos A elaboraccedilatildeo de um Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos eacute de

suma importacircncia pois atraveacutes dele pode-se predizer as aacutereas que passaratildeo por

problemas caso a expansatildeo aconteccedila ou se inicie uma ocupaccedilatildeo nova aleacutem de

prevenir acidentes nas aacutereas jaacute ocupadas e consideradas de risco

48

7 Anexos

49

71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont

50

51

72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)

52

53

8 Referecircncias Bibliograacuteficas

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52

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BRASIL Lei Federal 10257 de 10 de julho de 2001 Regulamenta os arts 182 e 183 da

CF estabelece as diretrizes gerais da poliacutetica urbana e daacute outras providecircncias Brasiacutelia

2001

BRASIL Lei Federal nordm 12651 de 25 de maio de 2012 Dispotildee sobre a proteccedilatildeo da

vegetaccedilatildeo nativa altera as Leis nos 6938 de 31 de agosto de 1981 9393 de 1 9 de

dezembro de 1996 e 11 428 de 22 de dezembro de 2006 revoga as Leis nos 4771 de

1 5 de setembro de 1965 e 7754 de 1 4 de abril de 1989 e a Medida Provisoacuteria no 21

66shy67 de 24 de agosto de 2001 e daacute outras providecircncias Brasiacutelia 2012

BRASIL Lei Federal nordm 4771 de 15 de Setembro de 1965 Institui o Novo Coacutedigo

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55

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56

SAtildeO PAULO Mapeamento de riscos associados a escorregamentos inundaccedilatildeo erosotildees

e solapamento de margens de drenagens do municiacutepio de Campos do Jordatildeo-SP

Relatoacuterio Teacutecnico Campos do Jordatildeo 2014

SILVA JR J R amp PASSOS L A O negoacutecio eacute participar a importacircncia do plano

diretor para o desenvolvimento municipal CNM SEBRAE Brasiacutelia 2006

SKORUPA LA Aacutereas de preservaccedilatildeo permanente e desenvolvimento sustentaacutevel

Embrapa Meio Ambiente Jaguariuacutena-SP 2004 4p

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Campos de Goytacazes- RJ Boletim do Observatoacuterio Ambiental Alberto Ribeiro Lamego

v4 nordm 1 Campos de Goytacazes 2010

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puacuteblica em aacutereas urbanas susceptiacuteveis a desastres naturais no municiacutepio de Joinville

SC Dissertaccedilatildeo de Mestrado UFSC Florianoacutepolis 2009

TAKEDA T O Uso e ocupaccedilatildeo do solo urbano Disponiacutevel em

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UFV ndash Universidade Federal de Viccedilosa Mapa de solos do Estado de Minas Gerais

legenda expandida Centro Tecnoloacutegico de Minas Gerais FEAM Belo Horizonte 2010

ZANON F N Uso e ocupaccedilatildeo da terra e vulnerabilidade a alagamento na aacuterea central

da cidade de Satildeo Paulo O caso da subprefeitura da Seacute Trabalho de Graduaccedilatildeo UNESP

Rio Claro 2013

Page 47: O USO DO SOLO URBANO EM ÁREAS DE PRESERVAÇÃO … · social que você tenha na vida, a mais alta ou a mais baixa, tenha sempre como meta muita força, muita determinação e sempre

39

Figura5 15 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a deslizamentos na

regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

Fonte Lei 42412012 e Autor

Figura5 26 - Modelo Digital de Elevaccedilatildeo e as aacutereas propiacutecias a alagamentos na

regiatildeo urbana de Santos Dumont MG

Fonte Lei 42412012 e Autor

40

52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis

O processo de ocupaccedilatildeo no municiacutepio de Santos Dumont comeccedilou muito antes de

qualquer legislaccedilatildeo relacionada a ordenamento urbano e de proteccedilatildeo do meio ambiente

fosse implementado no Brasil Esse fato aliado a poliacuteticas e fiscalizaccedilotildees falhas

contribuiacuteram para a ocupaccedilatildeo e expansatildeo da aacuterea urbana ao longo do Ribeiratildeo das Posses

e seus afluentes o que tem gerado o aumento da degradaccedilatildeo destes corpos hiacutedricos ao

longo de todos estes anos Observa-se tambeacutem que nas uacuteltimas deacutecadas ocorreu um

grande nuacutemero de migraccedilotildees do campo para a regiatildeo urbana da cidade fator que

contribuiu para o crescimento do nuacutemero de habitaccedilotildees em aacutereas de risco de deslizamento

e alagamentos por serem na maioria das vezes terrenos menos valorizados e por este

motivo acessiacuteveis a populaccedilatildeo com menor poder aquisitivo (ROSA amp CORTEZ 2008)

Vale ressaltar que esta questatildeo aleacutem de ser ambiental eacute muito mais social pois os

moradores entendem os riscos de se viver nestes locais mas por motivos econocircmicos ou

por questotildees afetivas natildeo abrem matildeo da moradia nessas aacutereas A Constituiccedilatildeo Federal de

1988 promoveu a inter-relaccedilatildeo das questotildees sociais com as questotildees ambientais quando

colocou o meio ambiente como direito coletivo (BRASIL1988 SOUZA2010) Por este

motivo a decisatildeo por medidas draacutesticas que favoreccedilam apenas agrave preservaccedilatildeo do meio

ambiente natildeo eacute recomendada pois aleacutem de ser inconstitucional podem afetar a

sustentabilidade econocircmica do municiacutepio e gerar conflitos sociais consideraacuteveis

(CARLOS 1992 apud SOUZA 2010)

Segundo Bueno (2009) ldquonem tudo o que eacute irregular eacute precaacuteriordquo Esse fato se observa em

Santos Dumont uma vez que em boa parte da regiatildeo central se observa vaacuterias moradias

construiacutedas na faixa de APP de curso hiacutedrico o que natildeo eacute permitido pela legislaccedilatildeo

vigente e eacute um dos fatores que contribui para a ocorrecircncia de alagamentos nesta aacuterea da

cidade Para a resoluccedilatildeo deste problema o que seria mais viaacutevel seria a melhoria da

infraestrutura de drenagem urbana afim de que o escoamento da aacutegua das chuvas natildeo

sobrecarregasse o sistema (BUENO2009) A construccedilatildeo de bacias de contenccedilatildeo de

cheias ao longo do Ribeiratildeo das Posses tambeacutem seria uma alternativa mas para se verificar

a viabilidade necessita-se estudos mais aprofundados do ponto de vista hidroloacutegico

O grande problema a ser solucionado no entanto eacute o que diz respeito agraves aacutereas de risco

de deslizamento majoritariamente nos bairros A melhor alternativa seria o

remanejamento dos moradores para uma aacuterea proacutexima agrave que moram poreacutem longe do

risco Poreacutem esta alternativa de acordo com Rosa Filho amp Cortez (2008) encontra alguns

entraves pois estas pessoas na maioria das vezes natildeo tecircm condiccedilotildees financeiras de irem

para outro lugar ou pagar aluguel ou estatildeo de alguma forma sentimentalmente ligadas

agravequela regiatildeo que se recusam a deixaacute-lo

41

Por parte dos oacutergatildeos competentes no municiacutepio a criaccedilatildeo de um plano para se evitar

acidentes ocasionados por deslizamentos e alagamentos com um mapeamento detalhado

de toda a extensatildeo do municiacutepio eacute extremamente uacutetil Os estudos que seratildeo feitos para a

elaboraccedilatildeo deste plano poderatildeo definir quais as aacutereas satildeo potencialmente de risco para as

ocupaccedilotildees existentes ou para as potenciais ocupaccedilotildees que possam vir a ocorrer atraveacutes do

mapeamento das aacutereas de risco Tal planejamento seraacute auxiliar ao Plano Diretor

Municipal pois definiraacute o real uso do solo de determinada regiatildeo do municiacutepio

contribuindo para a adequaccedilatildeo do uso e ocupaccedilatildeo do solo afim de evitar ou reduzir o

nuacutemero de problemas relacionados a alagamentos e principalmente deslizamentos no

periacutemetro urbano (TOMINAGA 2009) A partir deste plano os gestores locais poderatildeo

tomar a melhor decisatildeo para a prevenccedilatildeo ou reduccedilatildeo dos riscos inerentes a tais problemas

Na seccedilatildeo 521 seraacute hierarquizado de forma preliminar a aacuterea urbana principal de acordo

com os resultados da tabela 51

521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta

O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos (PMRR) foi criado atraveacutes de accedilotildees

regularizadoras do Ministeacuterio das Cidades para ser o instrumento de gestatildeo e

gerenciamento de aacutereas de risco em um municiacutepio Eacute um documento que aleacutem de

estabelecer quais regiotildees satildeo consideradas de risco tambeacutem objetiva a proposta de

medidas estruturais ou natildeo para contenccedilatildeo eou prevenccedilatildeo de cataacutestrofes aleacutem de ser um

meio de captaccedilatildeo de recursos financeiros junto aos Governos Estadual e Federal Estes

recursos poderatildeo ser utilizados para a realizaccedilatildeo de obras que visem a melhoria da

qualidade de vida da populaccedilatildeo do entorno ou de recuperaccedilatildeo da aacuterea degradada Este

plano eacute realizado de forma participativa com as comunidades das aacutereas de risco e pode

ser realizado em sete fases conforme recomenda o Ministeacuterio das Cidades (ALHEIROS

2006)

O primeiro passo para a realizaccedilatildeo do PMRR eacute definir qual a metodologia seraacute empregada

levando-se em consideraccedilatildeo a realidade atual do municiacutepio e especificar de forma sucinta

um cronograma das atividades Eacute importante nesta fase a participaccedilatildeo tambeacutem dos

responsaacuteveis pelas mais variadas Secretarias Municipais afim de explicitar o tamanho da

importacircncia e o caraacuteter integrador deste plano A segunda fase deste plano objetiva a

criaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo da principal base de dados a ser utilizada nos passos posteriores o

mapeamento de risco em escala detalhe em torno de 13000 (SAtildeO PAULO 2014) A

elaboraccedilatildeo de um mapeamento detalhado propiciaraacute natildeo soacute a identificaccedilatildeo mais faacutecil das

aacutereas de risco como tambeacutem facilitaraacute aos gestores e agrave comunidade decidirem qual a

melhor intervenccedilatildeo para a soluccedilatildeo ou remediaccedilatildeo dos problemas em uma determinada

42

aacuterea hierarquizando o risco e definindo prioridades (SAtildeO PAULO 2014) Na tabela a

seguir apresenta-se alguns tipos de intervenccedilotildees que podem ser feitas em aacutereas de risco

sugeridas pelo Ministeacuterio das cidades (ALHEIROS 2006)

Quadro 5 1 - Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco

Tipo de intervenccedilatildeo Descriccedilatildeo

Serviccedilos de limpeza e Recuperaccedilatildeo

Remoccedilatildeo de entulho lixo etc

corte de aacutervores

remoccedilatildeo de bananeiras

recuperaccedilatildeo eou limpeza de sistemas de

drenagem esgotos e acessos

Limpeza de canais de drenagem

Proteccedilatildeo Vegetal

Proteccedilatildeo superficial vegetal (gramiacuteneas) em

taludes com solo exposto

Proteccedilatildeo vegetal de margens de canais de

drenagem

Barreiras vegetais para massas escorregadas

ou acumuladas pela erosatildeo

Drenagem Superficial e Acessos

Sistema de drenagem superficial (canaletas

raacutepidos caixas de transiccedilatildeo escadas drsquoaacutegua)

Acessos para pedestres (escadarias rampas

etc) integrados ao sistema de drenagem

Revestimento de Taludes Revestimento com materiais artificiais

cimentado cal-jet tela argamassada alvenaria

de tijolos ceracircmicos solo-cimento ensacado

Desmonte de blocos e matacotildees Desmonte de concreccedilotildees de grande porte

blocos rochosos e matacotildees

Obras de drenagem de subsuperfiacutecie Sistema de drenagem de subsuperfiacutecie

(trincheiras drenantes DHP poccedilos de

rebaixamento)

Estruturas de contenccedilatildeo (localizadas)

Muros de contenccedilatildeo de pequeno porte (solo-

cimento ensacado alvenaria de pedra-rachatildeo

concreto armado)

Estruturas de contenccedilatildeo localizadas

(chumbadores tirantes microestacas)

Contenccedilatildeo e proteccedilatildeo de margens de canais (

gabiotildees muros de concreto etc)

Estruturas de contenccedilatildeo (meacutedio e grande porte) Implantaccedilatildeo de estruturas de contenccedilatildeo de

meacutedio e grande porte envolvendo obras de

contenccedilatildeo passivas e ativas (muros de

gravidade cortinas etc)

Terraplanagem Execuccedilatildeo de serviccedilos de terraplanagem

combinados a obras de drenagem superficial e

proteccedilatildeo vegetal desvio e canalizaccedilatildeo de

coacuterregos

Remoccedilatildeo de moradias Remoccedilotildees definitivas para implantaccedilatildeo de

obras ou devido agrave localizaccedilatildeo improacutepria da

edificaccedilatildeo (Priorizar as relocaccedilotildees dentro da

proacutepria aacuterea em local seguro)

Fonte ALHEIROS 2006

43

Escolhidas as formas de intervenccedilatildeo para cada aacuterea eacute necessaacuterio realizar uma estimativa

dos custos afim de preparar o orccedilamento da prefeitura para a realizaccedilatildeo das obras e se

seraacute necessaacuterio a captaccedilatildeo de recursos externos para a execuccedilatildeo destas Feitas as

estimativas de custo o proacuteximo passo eacute definir as prioridades e para esta fase eacute tambeacutem

uacutetil o mapeamento feito nas etapas anteriores pois seraacute necessaacuterio hierarquizar tais

intervenccedilotildees nas aacutereas de risco O Ministeacuterio das Cidades (2007) sugere alguns criteacuterios

que podem ser avaliados pelo gestor dentre eles pode-se citar

Grau de risco

Populaccedilatildeo beneficiada

Custo da intervenccedilatildeo

Dimensatildeo da aacuterea a ser tratada

Demandas anteriores da populaccedilatildeo

Tempo de ocupaccedilatildeo

Viabilidade teacutecnica da intervenccedilatildeo

Viabilidade financeira

Inclusatildeo da aacuterea em outros projetos

A partir desta hierarquizaccedilatildeo inicia-se a identificaccedilatildeo de provaacuteveis fontes de captaccedilatildeo de

recursos para a execuccedilatildeo das intervenccedilotildees Estes recursos podem advir de programas dos

governos Federal e Estadual ou por meio de editais para captaccedilatildeo de recursos financeiros

tanto do setor puacuteblico como da iniciativa privada e podem ser tambeacutem associados agrave outras

Secretarias Municipais como a de Turismo ou Meio Ambiente e natildeo soacute as destinadas agrave

Defesa Civil (ALHEIROS 2006)

Eacute previsto tambeacutem no PMRR uma avaliaccedilatildeo da Defesa Civil municipal e como ela estaacute

estruturada fazendo inclusive sugestotildees para que sua atuaccedilatildeo esteja em consonacircncia com

a realidade das comunidades e da Administraccedilatildeo Puacuteblica do municiacutepio de forma a garantir

sua sustentabilidade e conquistar a credibilidade da populaccedilatildeo no que diz respeito a

prevenccedilatildeo de cataacutestrofes Para que a resposta a uma determinada situaccedilatildeo de risco seja

raacutepida eacute necessaacuterio a descentralizaccedilatildeo da Defesa Civil criando pequenos nuacutecleos

comunitaacuterios com a finalidade de se monitorar a aacuterea constantemente e promover as

intervenccedilotildees necessaacuterias em tempo haacutebil o que aumenta em muito a credibilidade da

populaccedilatildeo no PMRR e no trabalho desempenhado pela Defesa Civil no municiacutepio Apoacutes

esta etapa o PMRR passaraacute por audiecircncias puacuteblicas e posteriormente poderaacute ser aprovado

como Lei Municipal pelo Legislativo local (ALHEIROS 2006)

Com a realizaccedilatildeo deste plano o municiacutepio estaraacute munido de informaccedilotildees suficientes para

realizar accedilotildees efetivas de gestatildeo e gerenciamento de riscos bem como aliado a

levantamentos sociais realizar programas habitacionais que beneficiem prioritariamente

44

aos moradores das aacutereas de risco Aleacutem disso com o PMRR o municiacutepio poderaacute melhorar

a qualidade ambiental da populaccedilatildeo captando recursos para a recuperaccedilatildeo das aacutereas de

APP que foram degradadas pelas ocupaccedilotildees irregulares beneficiando todos os moradores

do municiacutepio com o aumento da qualidade de vida na cidade

A partir do disposto nesta seccedilatildeo acerca do Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos e de

uma maneira preliminar (levando-se em conta apenas o nuacutemero de registros de

alagamentos e deslizamentos na aacuterea urbana principal de Santos Dumont no periacuteodo de

1984 a 2014) identificou-se trecircs regiotildees distintas na aacuterea urbana do municiacutepio com

tempo de recorrecircncia desses eventos similares caracterizando trecircs prioridades de

intervenccedilatildeo em contenccedilatildeo de risco como pode ser visto nas figuras 515 e 516 Vale

ressaltar que eacute necessaacuterio um estudo mais detalhado inclusive com visitas teacutecnicas a

campo para que se confirme a real situaccedilatildeo destas e a real prioridade para investimentos

Figura 5 17 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de deslizamentos

Fonte Do Autor

45

Figura 5 18 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de alagamentos

Fonte Do Autor

46

6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees

A seguir apresenta-se as conclusotildees e as recomendaccedilotildees feitas a partir dos objetivos

especiacuteficos explicitados no iniacutecio deste trabalho

Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a

aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes

urbanos

A partir da revisatildeo da legislaccedilatildeo pertinente em acircmbito federal estadual e

municipal constatou-se que o Plano Diretor de Santos Dumont natildeo conflita com a

legislaccedilatildeo federal e estadual sobre Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente A legislaccedilatildeo

municipal foi entendida como mais conservadora que as federal e estadual uma

vez que considera implicitamente que declividades entre 47 e 100 satildeo

enquadradas como APPs aleacutem da faixa superior a 100

Parte consideraacutevel das ocupaccedilotildees em APP principalmente na regiatildeo do bairro

Santo Antocircnio (onde surgiu os primeiros nuacutecleos que deram origem ao municiacutepio)

e o centro da cidade ocorreram antes de que fosse elaborado qualquer legislaccedilatildeo

que versasse sobre o tema Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente bastando ao gestor

local tomar medidas de contenccedilatildeo de riscos que minimizem os impactos causados

por essas ocupaccedilotildees nessa regiatildeo

O ordenamento adequado do uso do solo no municiacutepio eacute necessaacuterio para que o

crescimento dos loteamentos criados anteriormente agrave esta Lei e o surgimento de

novos natildeo avance para Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente o que pode causar

inuacutemeros problemas aos moradores e agravar os jaacute existentes

Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las

com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)

As aacutereas onde houveram a maior quantidade de registros de deslizamentos satildeo os

bairros mais populosos de Santos Dumont podendo se estabelecer uma relaccedilatildeo

que quanto mais populoso o bairro maior a quantidade de problemas relacionados

a deslizamentos Tambeacutem pode-se notar uma relaccedilatildeo com as fronteiras das faixas

de declividades e os deslizamentos uma vez que boa parte deles aconteceram

nestas faixas

As aacutereas onde houve um grande nuacutemero de registros de alagamentos satildeo os bairros

que se desenvolveram agraves margens do Ribeiratildeo das Posses em especial na aacuterea que

47

compreende as APPs de curso hiacutedrico e em aacutereas onde a declividade eacute baixa Esse

fato aliado ao crescimento do nuacutemero de vias pavimentadas com material

impermeaacutevel e a natildeo expansatildeo e ou redimensionamento da rede de drenagem

urbana contribuiacuteram para a ocorrecircncia cada vez mais constante de alagamentos

nessas aacutereas

Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos

catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30

anos

A partir do levantamento histoacuterico realizado e da base de dados georeferenciada

gerada observou-se o aumento do nuacutemero de registros de deslizamentos e

alagamentos nos uacuteltimos 10 anos quando as ocorrecircncias comeccedilaram a se repetir

numa mesma aacuterea com frequecircncia incrementada as vezes com mais de uma

ocorrecircncia anual

Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do

solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental

Destaca-se a adequaccedilatildeo dos criteacuterios gerais estabelecidos pelo Plano Diretor de

Santos Dumont relativos a legislaccedilatildeo federal e estadual Entretanto o referido

Plano Diretor natildeo contempla todo o territoacuterio municipal sendo assim ele natildeo

cumpre o objetivo de proteger as APPs preservadas e recuperar as que foram

degradadas em todo o territoacuterio municipal Ressalta-se tambeacutem a sua natildeo

conformidade com o Estatuto das Cidades uma vez que o Plano Diretor

contempla apenas os novos loteamentos

Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais

negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea

impactada

Recomenda-se a implantaccedilatildeo no municiacutepio de uma Coordenadoria Municipal de

Defesa Civil atuante e integrada agraves Secretarias Municipais e agrave comunidade

visando uma atuaccedilatildeo eficaz nos problemas relacionados a deslizamentos e

alagamentos A elaboraccedilatildeo de um Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos eacute de

suma importacircncia pois atraveacutes dele pode-se predizer as aacutereas que passaratildeo por

problemas caso a expansatildeo aconteccedila ou se inicie uma ocupaccedilatildeo nova aleacutem de

prevenir acidentes nas aacutereas jaacute ocupadas e consideradas de risco

48

7 Anexos

49

71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont

50

51

72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)

52

53

8 Referecircncias Bibliograacuteficas

ALHEIROS M M O Plano Municipal de Prevenccedilatildeo de Riscos In CARVALHO C S

amp GALVAtildeO T(org) Prevenccedilatildeo de riscos e deslizamentos em encostas Guia para

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52

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BRASIL Lei Federal 10257 de 10 de julho de 2001 Regulamenta os arts 182 e 183 da

CF estabelece as diretrizes gerais da poliacutetica urbana e daacute outras providecircncias Brasiacutelia

2001

BRASIL Lei Federal nordm 12651 de 25 de maio de 2012 Dispotildee sobre a proteccedilatildeo da

vegetaccedilatildeo nativa altera as Leis nos 6938 de 31 de agosto de 1981 9393 de 1 9 de

dezembro de 1996 e 11 428 de 22 de dezembro de 2006 revoga as Leis nos 4771 de

1 5 de setembro de 1965 e 7754 de 1 4 de abril de 1989 e a Medida Provisoacuteria no 21

66shy67 de 24 de agosto de 2001 e daacute outras providecircncias Brasiacutelia 2012

BRASIL Lei Federal nordm 4771 de 15 de Setembro de 1965 Institui o Novo Coacutedigo

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55

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Dumont 2012

56

SAtildeO PAULO Mapeamento de riscos associados a escorregamentos inundaccedilatildeo erosotildees

e solapamento de margens de drenagens do municiacutepio de Campos do Jordatildeo-SP

Relatoacuterio Teacutecnico Campos do Jordatildeo 2014

SILVA JR J R amp PASSOS L A O negoacutecio eacute participar a importacircncia do plano

diretor para o desenvolvimento municipal CNM SEBRAE Brasiacutelia 2006

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Embrapa Meio Ambiente Jaguariuacutena-SP 2004 4p

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Campos de Goytacazes- RJ Boletim do Observatoacuterio Ambiental Alberto Ribeiro Lamego

v4 nordm 1 Campos de Goytacazes 2010

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puacuteblica em aacutereas urbanas susceptiacuteveis a desastres naturais no municiacutepio de Joinville

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naturais conhecer para prevenir Instituto Geoloacutegico Satildeo Paulo 2009 p 25-38

UFV ndash Universidade Federal de Viccedilosa Mapa de solos do Estado de Minas Gerais

legenda expandida Centro Tecnoloacutegico de Minas Gerais FEAM Belo Horizonte 2010

ZANON F N Uso e ocupaccedilatildeo da terra e vulnerabilidade a alagamento na aacuterea central

da cidade de Satildeo Paulo O caso da subprefeitura da Seacute Trabalho de Graduaccedilatildeo UNESP

Rio Claro 2013

Page 48: O USO DO SOLO URBANO EM ÁREAS DE PRESERVAÇÃO … · social que você tenha na vida, a mais alta ou a mais baixa, tenha sempre como meta muita força, muita determinação e sempre

40

52 Soluccedilotildees preventivas aplicaacuteveis

O processo de ocupaccedilatildeo no municiacutepio de Santos Dumont comeccedilou muito antes de

qualquer legislaccedilatildeo relacionada a ordenamento urbano e de proteccedilatildeo do meio ambiente

fosse implementado no Brasil Esse fato aliado a poliacuteticas e fiscalizaccedilotildees falhas

contribuiacuteram para a ocupaccedilatildeo e expansatildeo da aacuterea urbana ao longo do Ribeiratildeo das Posses

e seus afluentes o que tem gerado o aumento da degradaccedilatildeo destes corpos hiacutedricos ao

longo de todos estes anos Observa-se tambeacutem que nas uacuteltimas deacutecadas ocorreu um

grande nuacutemero de migraccedilotildees do campo para a regiatildeo urbana da cidade fator que

contribuiu para o crescimento do nuacutemero de habitaccedilotildees em aacutereas de risco de deslizamento

e alagamentos por serem na maioria das vezes terrenos menos valorizados e por este

motivo acessiacuteveis a populaccedilatildeo com menor poder aquisitivo (ROSA amp CORTEZ 2008)

Vale ressaltar que esta questatildeo aleacutem de ser ambiental eacute muito mais social pois os

moradores entendem os riscos de se viver nestes locais mas por motivos econocircmicos ou

por questotildees afetivas natildeo abrem matildeo da moradia nessas aacutereas A Constituiccedilatildeo Federal de

1988 promoveu a inter-relaccedilatildeo das questotildees sociais com as questotildees ambientais quando

colocou o meio ambiente como direito coletivo (BRASIL1988 SOUZA2010) Por este

motivo a decisatildeo por medidas draacutesticas que favoreccedilam apenas agrave preservaccedilatildeo do meio

ambiente natildeo eacute recomendada pois aleacutem de ser inconstitucional podem afetar a

sustentabilidade econocircmica do municiacutepio e gerar conflitos sociais consideraacuteveis

(CARLOS 1992 apud SOUZA 2010)

Segundo Bueno (2009) ldquonem tudo o que eacute irregular eacute precaacuteriordquo Esse fato se observa em

Santos Dumont uma vez que em boa parte da regiatildeo central se observa vaacuterias moradias

construiacutedas na faixa de APP de curso hiacutedrico o que natildeo eacute permitido pela legislaccedilatildeo

vigente e eacute um dos fatores que contribui para a ocorrecircncia de alagamentos nesta aacuterea da

cidade Para a resoluccedilatildeo deste problema o que seria mais viaacutevel seria a melhoria da

infraestrutura de drenagem urbana afim de que o escoamento da aacutegua das chuvas natildeo

sobrecarregasse o sistema (BUENO2009) A construccedilatildeo de bacias de contenccedilatildeo de

cheias ao longo do Ribeiratildeo das Posses tambeacutem seria uma alternativa mas para se verificar

a viabilidade necessita-se estudos mais aprofundados do ponto de vista hidroloacutegico

O grande problema a ser solucionado no entanto eacute o que diz respeito agraves aacutereas de risco

de deslizamento majoritariamente nos bairros A melhor alternativa seria o

remanejamento dos moradores para uma aacuterea proacutexima agrave que moram poreacutem longe do

risco Poreacutem esta alternativa de acordo com Rosa Filho amp Cortez (2008) encontra alguns

entraves pois estas pessoas na maioria das vezes natildeo tecircm condiccedilotildees financeiras de irem

para outro lugar ou pagar aluguel ou estatildeo de alguma forma sentimentalmente ligadas

agravequela regiatildeo que se recusam a deixaacute-lo

41

Por parte dos oacutergatildeos competentes no municiacutepio a criaccedilatildeo de um plano para se evitar

acidentes ocasionados por deslizamentos e alagamentos com um mapeamento detalhado

de toda a extensatildeo do municiacutepio eacute extremamente uacutetil Os estudos que seratildeo feitos para a

elaboraccedilatildeo deste plano poderatildeo definir quais as aacutereas satildeo potencialmente de risco para as

ocupaccedilotildees existentes ou para as potenciais ocupaccedilotildees que possam vir a ocorrer atraveacutes do

mapeamento das aacutereas de risco Tal planejamento seraacute auxiliar ao Plano Diretor

Municipal pois definiraacute o real uso do solo de determinada regiatildeo do municiacutepio

contribuindo para a adequaccedilatildeo do uso e ocupaccedilatildeo do solo afim de evitar ou reduzir o

nuacutemero de problemas relacionados a alagamentos e principalmente deslizamentos no

periacutemetro urbano (TOMINAGA 2009) A partir deste plano os gestores locais poderatildeo

tomar a melhor decisatildeo para a prevenccedilatildeo ou reduccedilatildeo dos riscos inerentes a tais problemas

Na seccedilatildeo 521 seraacute hierarquizado de forma preliminar a aacuterea urbana principal de acordo

com os resultados da tabela 51

521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta

O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos (PMRR) foi criado atraveacutes de accedilotildees

regularizadoras do Ministeacuterio das Cidades para ser o instrumento de gestatildeo e

gerenciamento de aacutereas de risco em um municiacutepio Eacute um documento que aleacutem de

estabelecer quais regiotildees satildeo consideradas de risco tambeacutem objetiva a proposta de

medidas estruturais ou natildeo para contenccedilatildeo eou prevenccedilatildeo de cataacutestrofes aleacutem de ser um

meio de captaccedilatildeo de recursos financeiros junto aos Governos Estadual e Federal Estes

recursos poderatildeo ser utilizados para a realizaccedilatildeo de obras que visem a melhoria da

qualidade de vida da populaccedilatildeo do entorno ou de recuperaccedilatildeo da aacuterea degradada Este

plano eacute realizado de forma participativa com as comunidades das aacutereas de risco e pode

ser realizado em sete fases conforme recomenda o Ministeacuterio das Cidades (ALHEIROS

2006)

O primeiro passo para a realizaccedilatildeo do PMRR eacute definir qual a metodologia seraacute empregada

levando-se em consideraccedilatildeo a realidade atual do municiacutepio e especificar de forma sucinta

um cronograma das atividades Eacute importante nesta fase a participaccedilatildeo tambeacutem dos

responsaacuteveis pelas mais variadas Secretarias Municipais afim de explicitar o tamanho da

importacircncia e o caraacuteter integrador deste plano A segunda fase deste plano objetiva a

criaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo da principal base de dados a ser utilizada nos passos posteriores o

mapeamento de risco em escala detalhe em torno de 13000 (SAtildeO PAULO 2014) A

elaboraccedilatildeo de um mapeamento detalhado propiciaraacute natildeo soacute a identificaccedilatildeo mais faacutecil das

aacutereas de risco como tambeacutem facilitaraacute aos gestores e agrave comunidade decidirem qual a

melhor intervenccedilatildeo para a soluccedilatildeo ou remediaccedilatildeo dos problemas em uma determinada

42

aacuterea hierarquizando o risco e definindo prioridades (SAtildeO PAULO 2014) Na tabela a

seguir apresenta-se alguns tipos de intervenccedilotildees que podem ser feitas em aacutereas de risco

sugeridas pelo Ministeacuterio das cidades (ALHEIROS 2006)

Quadro 5 1 - Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco

Tipo de intervenccedilatildeo Descriccedilatildeo

Serviccedilos de limpeza e Recuperaccedilatildeo

Remoccedilatildeo de entulho lixo etc

corte de aacutervores

remoccedilatildeo de bananeiras

recuperaccedilatildeo eou limpeza de sistemas de

drenagem esgotos e acessos

Limpeza de canais de drenagem

Proteccedilatildeo Vegetal

Proteccedilatildeo superficial vegetal (gramiacuteneas) em

taludes com solo exposto

Proteccedilatildeo vegetal de margens de canais de

drenagem

Barreiras vegetais para massas escorregadas

ou acumuladas pela erosatildeo

Drenagem Superficial e Acessos

Sistema de drenagem superficial (canaletas

raacutepidos caixas de transiccedilatildeo escadas drsquoaacutegua)

Acessos para pedestres (escadarias rampas

etc) integrados ao sistema de drenagem

Revestimento de Taludes Revestimento com materiais artificiais

cimentado cal-jet tela argamassada alvenaria

de tijolos ceracircmicos solo-cimento ensacado

Desmonte de blocos e matacotildees Desmonte de concreccedilotildees de grande porte

blocos rochosos e matacotildees

Obras de drenagem de subsuperfiacutecie Sistema de drenagem de subsuperfiacutecie

(trincheiras drenantes DHP poccedilos de

rebaixamento)

Estruturas de contenccedilatildeo (localizadas)

Muros de contenccedilatildeo de pequeno porte (solo-

cimento ensacado alvenaria de pedra-rachatildeo

concreto armado)

Estruturas de contenccedilatildeo localizadas

(chumbadores tirantes microestacas)

Contenccedilatildeo e proteccedilatildeo de margens de canais (

gabiotildees muros de concreto etc)

Estruturas de contenccedilatildeo (meacutedio e grande porte) Implantaccedilatildeo de estruturas de contenccedilatildeo de

meacutedio e grande porte envolvendo obras de

contenccedilatildeo passivas e ativas (muros de

gravidade cortinas etc)

Terraplanagem Execuccedilatildeo de serviccedilos de terraplanagem

combinados a obras de drenagem superficial e

proteccedilatildeo vegetal desvio e canalizaccedilatildeo de

coacuterregos

Remoccedilatildeo de moradias Remoccedilotildees definitivas para implantaccedilatildeo de

obras ou devido agrave localizaccedilatildeo improacutepria da

edificaccedilatildeo (Priorizar as relocaccedilotildees dentro da

proacutepria aacuterea em local seguro)

Fonte ALHEIROS 2006

43

Escolhidas as formas de intervenccedilatildeo para cada aacuterea eacute necessaacuterio realizar uma estimativa

dos custos afim de preparar o orccedilamento da prefeitura para a realizaccedilatildeo das obras e se

seraacute necessaacuterio a captaccedilatildeo de recursos externos para a execuccedilatildeo destas Feitas as

estimativas de custo o proacuteximo passo eacute definir as prioridades e para esta fase eacute tambeacutem

uacutetil o mapeamento feito nas etapas anteriores pois seraacute necessaacuterio hierarquizar tais

intervenccedilotildees nas aacutereas de risco O Ministeacuterio das Cidades (2007) sugere alguns criteacuterios

que podem ser avaliados pelo gestor dentre eles pode-se citar

Grau de risco

Populaccedilatildeo beneficiada

Custo da intervenccedilatildeo

Dimensatildeo da aacuterea a ser tratada

Demandas anteriores da populaccedilatildeo

Tempo de ocupaccedilatildeo

Viabilidade teacutecnica da intervenccedilatildeo

Viabilidade financeira

Inclusatildeo da aacuterea em outros projetos

A partir desta hierarquizaccedilatildeo inicia-se a identificaccedilatildeo de provaacuteveis fontes de captaccedilatildeo de

recursos para a execuccedilatildeo das intervenccedilotildees Estes recursos podem advir de programas dos

governos Federal e Estadual ou por meio de editais para captaccedilatildeo de recursos financeiros

tanto do setor puacuteblico como da iniciativa privada e podem ser tambeacutem associados agrave outras

Secretarias Municipais como a de Turismo ou Meio Ambiente e natildeo soacute as destinadas agrave

Defesa Civil (ALHEIROS 2006)

Eacute previsto tambeacutem no PMRR uma avaliaccedilatildeo da Defesa Civil municipal e como ela estaacute

estruturada fazendo inclusive sugestotildees para que sua atuaccedilatildeo esteja em consonacircncia com

a realidade das comunidades e da Administraccedilatildeo Puacuteblica do municiacutepio de forma a garantir

sua sustentabilidade e conquistar a credibilidade da populaccedilatildeo no que diz respeito a

prevenccedilatildeo de cataacutestrofes Para que a resposta a uma determinada situaccedilatildeo de risco seja

raacutepida eacute necessaacuterio a descentralizaccedilatildeo da Defesa Civil criando pequenos nuacutecleos

comunitaacuterios com a finalidade de se monitorar a aacuterea constantemente e promover as

intervenccedilotildees necessaacuterias em tempo haacutebil o que aumenta em muito a credibilidade da

populaccedilatildeo no PMRR e no trabalho desempenhado pela Defesa Civil no municiacutepio Apoacutes

esta etapa o PMRR passaraacute por audiecircncias puacuteblicas e posteriormente poderaacute ser aprovado

como Lei Municipal pelo Legislativo local (ALHEIROS 2006)

Com a realizaccedilatildeo deste plano o municiacutepio estaraacute munido de informaccedilotildees suficientes para

realizar accedilotildees efetivas de gestatildeo e gerenciamento de riscos bem como aliado a

levantamentos sociais realizar programas habitacionais que beneficiem prioritariamente

44

aos moradores das aacutereas de risco Aleacutem disso com o PMRR o municiacutepio poderaacute melhorar

a qualidade ambiental da populaccedilatildeo captando recursos para a recuperaccedilatildeo das aacutereas de

APP que foram degradadas pelas ocupaccedilotildees irregulares beneficiando todos os moradores

do municiacutepio com o aumento da qualidade de vida na cidade

A partir do disposto nesta seccedilatildeo acerca do Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos e de

uma maneira preliminar (levando-se em conta apenas o nuacutemero de registros de

alagamentos e deslizamentos na aacuterea urbana principal de Santos Dumont no periacuteodo de

1984 a 2014) identificou-se trecircs regiotildees distintas na aacuterea urbana do municiacutepio com

tempo de recorrecircncia desses eventos similares caracterizando trecircs prioridades de

intervenccedilatildeo em contenccedilatildeo de risco como pode ser visto nas figuras 515 e 516 Vale

ressaltar que eacute necessaacuterio um estudo mais detalhado inclusive com visitas teacutecnicas a

campo para que se confirme a real situaccedilatildeo destas e a real prioridade para investimentos

Figura 5 17 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de deslizamentos

Fonte Do Autor

45

Figura 5 18 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de alagamentos

Fonte Do Autor

46

6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees

A seguir apresenta-se as conclusotildees e as recomendaccedilotildees feitas a partir dos objetivos

especiacuteficos explicitados no iniacutecio deste trabalho

Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a

aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes

urbanos

A partir da revisatildeo da legislaccedilatildeo pertinente em acircmbito federal estadual e

municipal constatou-se que o Plano Diretor de Santos Dumont natildeo conflita com a

legislaccedilatildeo federal e estadual sobre Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente A legislaccedilatildeo

municipal foi entendida como mais conservadora que as federal e estadual uma

vez que considera implicitamente que declividades entre 47 e 100 satildeo

enquadradas como APPs aleacutem da faixa superior a 100

Parte consideraacutevel das ocupaccedilotildees em APP principalmente na regiatildeo do bairro

Santo Antocircnio (onde surgiu os primeiros nuacutecleos que deram origem ao municiacutepio)

e o centro da cidade ocorreram antes de que fosse elaborado qualquer legislaccedilatildeo

que versasse sobre o tema Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente bastando ao gestor

local tomar medidas de contenccedilatildeo de riscos que minimizem os impactos causados

por essas ocupaccedilotildees nessa regiatildeo

O ordenamento adequado do uso do solo no municiacutepio eacute necessaacuterio para que o

crescimento dos loteamentos criados anteriormente agrave esta Lei e o surgimento de

novos natildeo avance para Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente o que pode causar

inuacutemeros problemas aos moradores e agravar os jaacute existentes

Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las

com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)

As aacutereas onde houveram a maior quantidade de registros de deslizamentos satildeo os

bairros mais populosos de Santos Dumont podendo se estabelecer uma relaccedilatildeo

que quanto mais populoso o bairro maior a quantidade de problemas relacionados

a deslizamentos Tambeacutem pode-se notar uma relaccedilatildeo com as fronteiras das faixas

de declividades e os deslizamentos uma vez que boa parte deles aconteceram

nestas faixas

As aacutereas onde houve um grande nuacutemero de registros de alagamentos satildeo os bairros

que se desenvolveram agraves margens do Ribeiratildeo das Posses em especial na aacuterea que

47

compreende as APPs de curso hiacutedrico e em aacutereas onde a declividade eacute baixa Esse

fato aliado ao crescimento do nuacutemero de vias pavimentadas com material

impermeaacutevel e a natildeo expansatildeo e ou redimensionamento da rede de drenagem

urbana contribuiacuteram para a ocorrecircncia cada vez mais constante de alagamentos

nessas aacutereas

Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos

catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30

anos

A partir do levantamento histoacuterico realizado e da base de dados georeferenciada

gerada observou-se o aumento do nuacutemero de registros de deslizamentos e

alagamentos nos uacuteltimos 10 anos quando as ocorrecircncias comeccedilaram a se repetir

numa mesma aacuterea com frequecircncia incrementada as vezes com mais de uma

ocorrecircncia anual

Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do

solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental

Destaca-se a adequaccedilatildeo dos criteacuterios gerais estabelecidos pelo Plano Diretor de

Santos Dumont relativos a legislaccedilatildeo federal e estadual Entretanto o referido

Plano Diretor natildeo contempla todo o territoacuterio municipal sendo assim ele natildeo

cumpre o objetivo de proteger as APPs preservadas e recuperar as que foram

degradadas em todo o territoacuterio municipal Ressalta-se tambeacutem a sua natildeo

conformidade com o Estatuto das Cidades uma vez que o Plano Diretor

contempla apenas os novos loteamentos

Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais

negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea

impactada

Recomenda-se a implantaccedilatildeo no municiacutepio de uma Coordenadoria Municipal de

Defesa Civil atuante e integrada agraves Secretarias Municipais e agrave comunidade

visando uma atuaccedilatildeo eficaz nos problemas relacionados a deslizamentos e

alagamentos A elaboraccedilatildeo de um Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos eacute de

suma importacircncia pois atraveacutes dele pode-se predizer as aacutereas que passaratildeo por

problemas caso a expansatildeo aconteccedila ou se inicie uma ocupaccedilatildeo nova aleacutem de

prevenir acidentes nas aacutereas jaacute ocupadas e consideradas de risco

48

7 Anexos

49

71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont

50

51

72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)

52

53

8 Referecircncias Bibliograacuteficas

ALHEIROS M M O Plano Municipal de Prevenccedilatildeo de Riscos In CARVALHO C S

amp GALVAtildeO T(org) Prevenccedilatildeo de riscos e deslizamentos em encostas Guia para

elaboraccedilatildeo de Poliacuteticas Municipais Ministeacuterio das Cidades Brasiacutelia 2006

AMARAL R amp RIBEIRO R R Inundaccedilatildeo e enchentes In TOMINAGA L K et al

Desastres naturais conhecer para prevenir Instituto Geoloacutegico Satildeo Paulo 2009 p 39-

52

BRASIL Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil de 1988 Brasiacutelia 1988

BRASIL Lei Federal 10257 de 10 de julho de 2001 Regulamenta os arts 182 e 183 da

CF estabelece as diretrizes gerais da poliacutetica urbana e daacute outras providecircncias Brasiacutelia

2001

BRASIL Lei Federal nordm 12651 de 25 de maio de 2012 Dispotildee sobre a proteccedilatildeo da

vegetaccedilatildeo nativa altera as Leis nos 6938 de 31 de agosto de 1981 9393 de 1 9 de

dezembro de 1996 e 11 428 de 22 de dezembro de 2006 revoga as Leis nos 4771 de

1 5 de setembro de 1965 e 7754 de 1 4 de abril de 1989 e a Medida Provisoacuteria no 21

66shy67 de 24 de agosto de 2001 e daacute outras providecircncias Brasiacutelia 2012

BRASIL Lei Federal nordm 4771 de 15 de Setembro de 1965 Institui o Novo Coacutedigo

Florestal Brasiacutelia 1965

BRASIL Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional Sistema Integrado de Informaccedilotildees sobre

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BUENO L M M Anaacutelise da recuperaccedilatildeo urbana e ambiental em assentamentos de

interesse social na aacuterea de mananciais do ABC Paulista Cadernos PUC-SP v3 nordm 7 Satildeo

Paulo 2009

CARVALHO L A O Novo Coacutedigo Florestal comentado artigo por artigo 1ordfEd Ed

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CEPED ATLAS brasileiro de desastres naturais ndash 1991 a 2010 volume Minas Gerais

Florianoacutepolis Centro Universitaacuterio de Estudos e Pesquisas sobre Desastres ndash CEPED

UFSC 2011

CEPED Planejamento Nacional para Gestatildeo de Risco Caderno Percebendo Riscos

Reduzindo Perdas UFSC Florianoacutepolis 2014

54

CRISTO SSV Anaacutelise da susceptibilidade a riscos naturais relacionados a enchentes

e deslizamentos do setor leste da bacia hidrograacutefica do rio Itacorubi Florianoacutepolis-SC

Dissertaccedilatildeo de Mestrado UFSC 2002 211p

DAPPC- Departamento do Arquivo Puacuteblico e Patrimocircnio Cultural de Santos Dumont De

Joatildeo Gomes a Santos Dumont ndash Histoacuterico do Municiacutepio Santos Dumont 2008

DE MORAES H M As aacutereas de preservaccedilatildeo permanente nas zonas urbanas

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JORNAL MENSAGEM Santos Dumont-MG Ediccedilotildees de 1984 agrave 2014

MINAS GERAIS Lei Estadual 20922 de 16 de outubro de 2013 Dispotildee sobre as

poliacuteticas florestal e de proteccedilatildeo agrave biodiversidade no Estado Belo Horizonte 2013

55

MINISTEacuteRIO DAS CIDADES IPT-Instituto de Pesquisas Tecnoloacutegicas Mapeamento

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Macedo e Agostinho Tadashi Ogura org Brasiacutelia 2007 176p

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Iguaccedilu 2013 Anais

ROCHA C H B Geoprocessamento tecnologia transdisciplinar 3ordfEd Ed Do Autor

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ROSA FILHO A amp CORTEZ A T C Os deslizamentos de encostas nas favelas em

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graduaccedilatildeo em Geografia do Estado de Satildeo Paulo UNESP Rio Claro 2008

ROSSBACH A C amp CARVALHO C S O Estatuto da Cidade comentado Alianccedila de

Cidades Satildeo Paulo 2010 120p

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de Junho de 2015

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SANTOS DUMONT Lei Municipal 4241 de 19 de dezembro de 2012 Dispotildee sobre o

Plano Diretor Participativo do Municiacutepio de Santos Dumont nos termos da Lei nordm 10257

de 10 de julho de 2001 ndash Estatuto das Cidades e conteacutem outras providecircncias Santos

Dumont 2012

56

SAtildeO PAULO Mapeamento de riscos associados a escorregamentos inundaccedilatildeo erosotildees

e solapamento de margens de drenagens do municiacutepio de Campos do Jordatildeo-SP

Relatoacuterio Teacutecnico Campos do Jordatildeo 2014

SILVA JR J R amp PASSOS L A O negoacutecio eacute participar a importacircncia do plano

diretor para o desenvolvimento municipal CNM SEBRAE Brasiacutelia 2006

SKORUPA LA Aacutereas de preservaccedilatildeo permanente e desenvolvimento sustentaacutevel

Embrapa Meio Ambiente Jaguariuacutena-SP 2004 4p

SOUZA F P Ocupaccedilotildees irregulares em APP um estudo de caso no munciacutepio de

Campos de Goytacazes- RJ Boletim do Observatoacuterio Ambiental Alberto Ribeiro Lamego

v4 nordm 1 Campos de Goytacazes 2010

SPERFELD A S Identificaccedilatildeo e anaacutelise de demandas soacutecio ambientais de ordem

puacuteblica em aacutereas urbanas susceptiacuteveis a desastres naturais no municiacutepio de Joinville

SC Dissertaccedilatildeo de Mestrado UFSC Florianoacutepolis 2009

TAKEDA T O Uso e ocupaccedilatildeo do solo urbano Disponiacutevel em

httpwwwjuriswayorgbrv2dhallaspid_dh=12363 Acesso em 02 de junho de 2015

TOMINAGA LK Escorregamentos In TOMINAGA L K et al(org) Desastres

naturais conhecer para prevenir Instituto Geoloacutegico Satildeo Paulo 2009 p 25-38

UFV ndash Universidade Federal de Viccedilosa Mapa de solos do Estado de Minas Gerais

legenda expandida Centro Tecnoloacutegico de Minas Gerais FEAM Belo Horizonte 2010

ZANON F N Uso e ocupaccedilatildeo da terra e vulnerabilidade a alagamento na aacuterea central

da cidade de Satildeo Paulo O caso da subprefeitura da Seacute Trabalho de Graduaccedilatildeo UNESP

Rio Claro 2013

Page 49: O USO DO SOLO URBANO EM ÁREAS DE PRESERVAÇÃO … · social que você tenha na vida, a mais alta ou a mais baixa, tenha sempre como meta muita força, muita determinação e sempre

41

Por parte dos oacutergatildeos competentes no municiacutepio a criaccedilatildeo de um plano para se evitar

acidentes ocasionados por deslizamentos e alagamentos com um mapeamento detalhado

de toda a extensatildeo do municiacutepio eacute extremamente uacutetil Os estudos que seratildeo feitos para a

elaboraccedilatildeo deste plano poderatildeo definir quais as aacutereas satildeo potencialmente de risco para as

ocupaccedilotildees existentes ou para as potenciais ocupaccedilotildees que possam vir a ocorrer atraveacutes do

mapeamento das aacutereas de risco Tal planejamento seraacute auxiliar ao Plano Diretor

Municipal pois definiraacute o real uso do solo de determinada regiatildeo do municiacutepio

contribuindo para a adequaccedilatildeo do uso e ocupaccedilatildeo do solo afim de evitar ou reduzir o

nuacutemero de problemas relacionados a alagamentos e principalmente deslizamentos no

periacutemetro urbano (TOMINAGA 2009) A partir deste plano os gestores locais poderatildeo

tomar a melhor decisatildeo para a prevenccedilatildeo ou reduccedilatildeo dos riscos inerentes a tais problemas

Na seccedilatildeo 521 seraacute hierarquizado de forma preliminar a aacuterea urbana principal de acordo

com os resultados da tabela 51

521 ndash O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos como a principal ferramenta

O Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos (PMRR) foi criado atraveacutes de accedilotildees

regularizadoras do Ministeacuterio das Cidades para ser o instrumento de gestatildeo e

gerenciamento de aacutereas de risco em um municiacutepio Eacute um documento que aleacutem de

estabelecer quais regiotildees satildeo consideradas de risco tambeacutem objetiva a proposta de

medidas estruturais ou natildeo para contenccedilatildeo eou prevenccedilatildeo de cataacutestrofes aleacutem de ser um

meio de captaccedilatildeo de recursos financeiros junto aos Governos Estadual e Federal Estes

recursos poderatildeo ser utilizados para a realizaccedilatildeo de obras que visem a melhoria da

qualidade de vida da populaccedilatildeo do entorno ou de recuperaccedilatildeo da aacuterea degradada Este

plano eacute realizado de forma participativa com as comunidades das aacutereas de risco e pode

ser realizado em sete fases conforme recomenda o Ministeacuterio das Cidades (ALHEIROS

2006)

O primeiro passo para a realizaccedilatildeo do PMRR eacute definir qual a metodologia seraacute empregada

levando-se em consideraccedilatildeo a realidade atual do municiacutepio e especificar de forma sucinta

um cronograma das atividades Eacute importante nesta fase a participaccedilatildeo tambeacutem dos

responsaacuteveis pelas mais variadas Secretarias Municipais afim de explicitar o tamanho da

importacircncia e o caraacuteter integrador deste plano A segunda fase deste plano objetiva a

criaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo da principal base de dados a ser utilizada nos passos posteriores o

mapeamento de risco em escala detalhe em torno de 13000 (SAtildeO PAULO 2014) A

elaboraccedilatildeo de um mapeamento detalhado propiciaraacute natildeo soacute a identificaccedilatildeo mais faacutecil das

aacutereas de risco como tambeacutem facilitaraacute aos gestores e agrave comunidade decidirem qual a

melhor intervenccedilatildeo para a soluccedilatildeo ou remediaccedilatildeo dos problemas em uma determinada

42

aacuterea hierarquizando o risco e definindo prioridades (SAtildeO PAULO 2014) Na tabela a

seguir apresenta-se alguns tipos de intervenccedilotildees que podem ser feitas em aacutereas de risco

sugeridas pelo Ministeacuterio das cidades (ALHEIROS 2006)

Quadro 5 1 - Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco

Tipo de intervenccedilatildeo Descriccedilatildeo

Serviccedilos de limpeza e Recuperaccedilatildeo

Remoccedilatildeo de entulho lixo etc

corte de aacutervores

remoccedilatildeo de bananeiras

recuperaccedilatildeo eou limpeza de sistemas de

drenagem esgotos e acessos

Limpeza de canais de drenagem

Proteccedilatildeo Vegetal

Proteccedilatildeo superficial vegetal (gramiacuteneas) em

taludes com solo exposto

Proteccedilatildeo vegetal de margens de canais de

drenagem

Barreiras vegetais para massas escorregadas

ou acumuladas pela erosatildeo

Drenagem Superficial e Acessos

Sistema de drenagem superficial (canaletas

raacutepidos caixas de transiccedilatildeo escadas drsquoaacutegua)

Acessos para pedestres (escadarias rampas

etc) integrados ao sistema de drenagem

Revestimento de Taludes Revestimento com materiais artificiais

cimentado cal-jet tela argamassada alvenaria

de tijolos ceracircmicos solo-cimento ensacado

Desmonte de blocos e matacotildees Desmonte de concreccedilotildees de grande porte

blocos rochosos e matacotildees

Obras de drenagem de subsuperfiacutecie Sistema de drenagem de subsuperfiacutecie

(trincheiras drenantes DHP poccedilos de

rebaixamento)

Estruturas de contenccedilatildeo (localizadas)

Muros de contenccedilatildeo de pequeno porte (solo-

cimento ensacado alvenaria de pedra-rachatildeo

concreto armado)

Estruturas de contenccedilatildeo localizadas

(chumbadores tirantes microestacas)

Contenccedilatildeo e proteccedilatildeo de margens de canais (

gabiotildees muros de concreto etc)

Estruturas de contenccedilatildeo (meacutedio e grande porte) Implantaccedilatildeo de estruturas de contenccedilatildeo de

meacutedio e grande porte envolvendo obras de

contenccedilatildeo passivas e ativas (muros de

gravidade cortinas etc)

Terraplanagem Execuccedilatildeo de serviccedilos de terraplanagem

combinados a obras de drenagem superficial e

proteccedilatildeo vegetal desvio e canalizaccedilatildeo de

coacuterregos

Remoccedilatildeo de moradias Remoccedilotildees definitivas para implantaccedilatildeo de

obras ou devido agrave localizaccedilatildeo improacutepria da

edificaccedilatildeo (Priorizar as relocaccedilotildees dentro da

proacutepria aacuterea em local seguro)

Fonte ALHEIROS 2006

43

Escolhidas as formas de intervenccedilatildeo para cada aacuterea eacute necessaacuterio realizar uma estimativa

dos custos afim de preparar o orccedilamento da prefeitura para a realizaccedilatildeo das obras e se

seraacute necessaacuterio a captaccedilatildeo de recursos externos para a execuccedilatildeo destas Feitas as

estimativas de custo o proacuteximo passo eacute definir as prioridades e para esta fase eacute tambeacutem

uacutetil o mapeamento feito nas etapas anteriores pois seraacute necessaacuterio hierarquizar tais

intervenccedilotildees nas aacutereas de risco O Ministeacuterio das Cidades (2007) sugere alguns criteacuterios

que podem ser avaliados pelo gestor dentre eles pode-se citar

Grau de risco

Populaccedilatildeo beneficiada

Custo da intervenccedilatildeo

Dimensatildeo da aacuterea a ser tratada

Demandas anteriores da populaccedilatildeo

Tempo de ocupaccedilatildeo

Viabilidade teacutecnica da intervenccedilatildeo

Viabilidade financeira

Inclusatildeo da aacuterea em outros projetos

A partir desta hierarquizaccedilatildeo inicia-se a identificaccedilatildeo de provaacuteveis fontes de captaccedilatildeo de

recursos para a execuccedilatildeo das intervenccedilotildees Estes recursos podem advir de programas dos

governos Federal e Estadual ou por meio de editais para captaccedilatildeo de recursos financeiros

tanto do setor puacuteblico como da iniciativa privada e podem ser tambeacutem associados agrave outras

Secretarias Municipais como a de Turismo ou Meio Ambiente e natildeo soacute as destinadas agrave

Defesa Civil (ALHEIROS 2006)

Eacute previsto tambeacutem no PMRR uma avaliaccedilatildeo da Defesa Civil municipal e como ela estaacute

estruturada fazendo inclusive sugestotildees para que sua atuaccedilatildeo esteja em consonacircncia com

a realidade das comunidades e da Administraccedilatildeo Puacuteblica do municiacutepio de forma a garantir

sua sustentabilidade e conquistar a credibilidade da populaccedilatildeo no que diz respeito a

prevenccedilatildeo de cataacutestrofes Para que a resposta a uma determinada situaccedilatildeo de risco seja

raacutepida eacute necessaacuterio a descentralizaccedilatildeo da Defesa Civil criando pequenos nuacutecleos

comunitaacuterios com a finalidade de se monitorar a aacuterea constantemente e promover as

intervenccedilotildees necessaacuterias em tempo haacutebil o que aumenta em muito a credibilidade da

populaccedilatildeo no PMRR e no trabalho desempenhado pela Defesa Civil no municiacutepio Apoacutes

esta etapa o PMRR passaraacute por audiecircncias puacuteblicas e posteriormente poderaacute ser aprovado

como Lei Municipal pelo Legislativo local (ALHEIROS 2006)

Com a realizaccedilatildeo deste plano o municiacutepio estaraacute munido de informaccedilotildees suficientes para

realizar accedilotildees efetivas de gestatildeo e gerenciamento de riscos bem como aliado a

levantamentos sociais realizar programas habitacionais que beneficiem prioritariamente

44

aos moradores das aacutereas de risco Aleacutem disso com o PMRR o municiacutepio poderaacute melhorar

a qualidade ambiental da populaccedilatildeo captando recursos para a recuperaccedilatildeo das aacutereas de

APP que foram degradadas pelas ocupaccedilotildees irregulares beneficiando todos os moradores

do municiacutepio com o aumento da qualidade de vida na cidade

A partir do disposto nesta seccedilatildeo acerca do Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos e de

uma maneira preliminar (levando-se em conta apenas o nuacutemero de registros de

alagamentos e deslizamentos na aacuterea urbana principal de Santos Dumont no periacuteodo de

1984 a 2014) identificou-se trecircs regiotildees distintas na aacuterea urbana do municiacutepio com

tempo de recorrecircncia desses eventos similares caracterizando trecircs prioridades de

intervenccedilatildeo em contenccedilatildeo de risco como pode ser visto nas figuras 515 e 516 Vale

ressaltar que eacute necessaacuterio um estudo mais detalhado inclusive com visitas teacutecnicas a

campo para que se confirme a real situaccedilatildeo destas e a real prioridade para investimentos

Figura 5 17 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de deslizamentos

Fonte Do Autor

45

Figura 5 18 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de alagamentos

Fonte Do Autor

46

6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees

A seguir apresenta-se as conclusotildees e as recomendaccedilotildees feitas a partir dos objetivos

especiacuteficos explicitados no iniacutecio deste trabalho

Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a

aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes

urbanos

A partir da revisatildeo da legislaccedilatildeo pertinente em acircmbito federal estadual e

municipal constatou-se que o Plano Diretor de Santos Dumont natildeo conflita com a

legislaccedilatildeo federal e estadual sobre Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente A legislaccedilatildeo

municipal foi entendida como mais conservadora que as federal e estadual uma

vez que considera implicitamente que declividades entre 47 e 100 satildeo

enquadradas como APPs aleacutem da faixa superior a 100

Parte consideraacutevel das ocupaccedilotildees em APP principalmente na regiatildeo do bairro

Santo Antocircnio (onde surgiu os primeiros nuacutecleos que deram origem ao municiacutepio)

e o centro da cidade ocorreram antes de que fosse elaborado qualquer legislaccedilatildeo

que versasse sobre o tema Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente bastando ao gestor

local tomar medidas de contenccedilatildeo de riscos que minimizem os impactos causados

por essas ocupaccedilotildees nessa regiatildeo

O ordenamento adequado do uso do solo no municiacutepio eacute necessaacuterio para que o

crescimento dos loteamentos criados anteriormente agrave esta Lei e o surgimento de

novos natildeo avance para Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente o que pode causar

inuacutemeros problemas aos moradores e agravar os jaacute existentes

Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las

com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)

As aacutereas onde houveram a maior quantidade de registros de deslizamentos satildeo os

bairros mais populosos de Santos Dumont podendo se estabelecer uma relaccedilatildeo

que quanto mais populoso o bairro maior a quantidade de problemas relacionados

a deslizamentos Tambeacutem pode-se notar uma relaccedilatildeo com as fronteiras das faixas

de declividades e os deslizamentos uma vez que boa parte deles aconteceram

nestas faixas

As aacutereas onde houve um grande nuacutemero de registros de alagamentos satildeo os bairros

que se desenvolveram agraves margens do Ribeiratildeo das Posses em especial na aacuterea que

47

compreende as APPs de curso hiacutedrico e em aacutereas onde a declividade eacute baixa Esse

fato aliado ao crescimento do nuacutemero de vias pavimentadas com material

impermeaacutevel e a natildeo expansatildeo e ou redimensionamento da rede de drenagem

urbana contribuiacuteram para a ocorrecircncia cada vez mais constante de alagamentos

nessas aacutereas

Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos

catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30

anos

A partir do levantamento histoacuterico realizado e da base de dados georeferenciada

gerada observou-se o aumento do nuacutemero de registros de deslizamentos e

alagamentos nos uacuteltimos 10 anos quando as ocorrecircncias comeccedilaram a se repetir

numa mesma aacuterea com frequecircncia incrementada as vezes com mais de uma

ocorrecircncia anual

Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do

solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental

Destaca-se a adequaccedilatildeo dos criteacuterios gerais estabelecidos pelo Plano Diretor de

Santos Dumont relativos a legislaccedilatildeo federal e estadual Entretanto o referido

Plano Diretor natildeo contempla todo o territoacuterio municipal sendo assim ele natildeo

cumpre o objetivo de proteger as APPs preservadas e recuperar as que foram

degradadas em todo o territoacuterio municipal Ressalta-se tambeacutem a sua natildeo

conformidade com o Estatuto das Cidades uma vez que o Plano Diretor

contempla apenas os novos loteamentos

Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais

negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea

impactada

Recomenda-se a implantaccedilatildeo no municiacutepio de uma Coordenadoria Municipal de

Defesa Civil atuante e integrada agraves Secretarias Municipais e agrave comunidade

visando uma atuaccedilatildeo eficaz nos problemas relacionados a deslizamentos e

alagamentos A elaboraccedilatildeo de um Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos eacute de

suma importacircncia pois atraveacutes dele pode-se predizer as aacutereas que passaratildeo por

problemas caso a expansatildeo aconteccedila ou se inicie uma ocupaccedilatildeo nova aleacutem de

prevenir acidentes nas aacutereas jaacute ocupadas e consideradas de risco

48

7 Anexos

49

71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont

50

51

72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)

52

53

8 Referecircncias Bibliograacuteficas

ALHEIROS M M O Plano Municipal de Prevenccedilatildeo de Riscos In CARVALHO C S

amp GALVAtildeO T(org) Prevenccedilatildeo de riscos e deslizamentos em encostas Guia para

elaboraccedilatildeo de Poliacuteticas Municipais Ministeacuterio das Cidades Brasiacutelia 2006

AMARAL R amp RIBEIRO R R Inundaccedilatildeo e enchentes In TOMINAGA L K et al

Desastres naturais conhecer para prevenir Instituto Geoloacutegico Satildeo Paulo 2009 p 39-

52

BRASIL Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil de 1988 Brasiacutelia 1988

BRASIL Lei Federal 10257 de 10 de julho de 2001 Regulamenta os arts 182 e 183 da

CF estabelece as diretrizes gerais da poliacutetica urbana e daacute outras providecircncias Brasiacutelia

2001

BRASIL Lei Federal nordm 12651 de 25 de maio de 2012 Dispotildee sobre a proteccedilatildeo da

vegetaccedilatildeo nativa altera as Leis nos 6938 de 31 de agosto de 1981 9393 de 1 9 de

dezembro de 1996 e 11 428 de 22 de dezembro de 2006 revoga as Leis nos 4771 de

1 5 de setembro de 1965 e 7754 de 1 4 de abril de 1989 e a Medida Provisoacuteria no 21

66shy67 de 24 de agosto de 2001 e daacute outras providecircncias Brasiacutelia 2012

BRASIL Lei Federal nordm 4771 de 15 de Setembro de 1965 Institui o Novo Coacutedigo

Florestal Brasiacutelia 1965

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interesse social na aacuterea de mananciais do ABC Paulista Cadernos PUC-SP v3 nordm 7 Satildeo

Paulo 2009

CARVALHO L A O Novo Coacutedigo Florestal comentado artigo por artigo 1ordfEd Ed

Juruaacute Curitiba-PR 2013 584p

CEPED ATLAS brasileiro de desastres naturais ndash 1991 a 2010 volume Minas Gerais

Florianoacutepolis Centro Universitaacuterio de Estudos e Pesquisas sobre Desastres ndash CEPED

UFSC 2011

CEPED Planejamento Nacional para Gestatildeo de Risco Caderno Percebendo Riscos

Reduzindo Perdas UFSC Florianoacutepolis 2014

54

CRISTO SSV Anaacutelise da susceptibilidade a riscos naturais relacionados a enchentes

e deslizamentos do setor leste da bacia hidrograacutefica do rio Itacorubi Florianoacutepolis-SC

Dissertaccedilatildeo de Mestrado UFSC 2002 211p

DAPPC- Departamento do Arquivo Puacuteblico e Patrimocircnio Cultural de Santos Dumont De

Joatildeo Gomes a Santos Dumont ndash Histoacuterico do Municiacutepio Santos Dumont 2008

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JORNAL MENSAGEM Santos Dumont-MG Ediccedilotildees de 1984 agrave 2014

MINAS GERAIS Lei Estadual 20922 de 16 de outubro de 2013 Dispotildee sobre as

poliacuteticas florestal e de proteccedilatildeo agrave biodiversidade no Estado Belo Horizonte 2013

55

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de Riscos em encostas e margem de rios Celso Santos Carvalho Eduardo Soares de

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de morro segundo o Novo Coacutedigo Florestal brasileiro utilizando sistemas de informaccedilatildeo

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aacutereas de risco da ldquoSuiacuteccedila brasileirardquo Campos do Jordatildeo (SP) 1ordm Simpoacutesio de Poacutes

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Cidades Satildeo Paulo 2010 120p

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APP do Coacuterrego Tamanduaacute em Aparecida de Goiacircnia II Congresso Brasileiro de Gestatildeo

Ambiental IBEAS Londrina 2011

SANTOS DUMONT Lei Municipal 4241 de 19 de dezembro de 2012 Dispotildee sobre o

Plano Diretor Participativo do Municiacutepio de Santos Dumont nos termos da Lei nordm 10257

de 10 de julho de 2001 ndash Estatuto das Cidades e conteacutem outras providecircncias Santos

Dumont 2012

56

SAtildeO PAULO Mapeamento de riscos associados a escorregamentos inundaccedilatildeo erosotildees

e solapamento de margens de drenagens do municiacutepio de Campos do Jordatildeo-SP

Relatoacuterio Teacutecnico Campos do Jordatildeo 2014

SILVA JR J R amp PASSOS L A O negoacutecio eacute participar a importacircncia do plano

diretor para o desenvolvimento municipal CNM SEBRAE Brasiacutelia 2006

SKORUPA LA Aacutereas de preservaccedilatildeo permanente e desenvolvimento sustentaacutevel

Embrapa Meio Ambiente Jaguariuacutena-SP 2004 4p

SOUZA F P Ocupaccedilotildees irregulares em APP um estudo de caso no munciacutepio de

Campos de Goytacazes- RJ Boletim do Observatoacuterio Ambiental Alberto Ribeiro Lamego

v4 nordm 1 Campos de Goytacazes 2010

SPERFELD A S Identificaccedilatildeo e anaacutelise de demandas soacutecio ambientais de ordem

puacuteblica em aacutereas urbanas susceptiacuteveis a desastres naturais no municiacutepio de Joinville

SC Dissertaccedilatildeo de Mestrado UFSC Florianoacutepolis 2009

TAKEDA T O Uso e ocupaccedilatildeo do solo urbano Disponiacutevel em

httpwwwjuriswayorgbrv2dhallaspid_dh=12363 Acesso em 02 de junho de 2015

TOMINAGA LK Escorregamentos In TOMINAGA L K et al(org) Desastres

naturais conhecer para prevenir Instituto Geoloacutegico Satildeo Paulo 2009 p 25-38

UFV ndash Universidade Federal de Viccedilosa Mapa de solos do Estado de Minas Gerais

legenda expandida Centro Tecnoloacutegico de Minas Gerais FEAM Belo Horizonte 2010

ZANON F N Uso e ocupaccedilatildeo da terra e vulnerabilidade a alagamento na aacuterea central

da cidade de Satildeo Paulo O caso da subprefeitura da Seacute Trabalho de Graduaccedilatildeo UNESP

Rio Claro 2013

Page 50: O USO DO SOLO URBANO EM ÁREAS DE PRESERVAÇÃO … · social que você tenha na vida, a mais alta ou a mais baixa, tenha sempre como meta muita força, muita determinação e sempre

42

aacuterea hierarquizando o risco e definindo prioridades (SAtildeO PAULO 2014) Na tabela a

seguir apresenta-se alguns tipos de intervenccedilotildees que podem ser feitas em aacutereas de risco

sugeridas pelo Ministeacuterio das cidades (ALHEIROS 2006)

Quadro 5 1 - Tipos de intervenccedilotildees em aacutereas de risco

Tipo de intervenccedilatildeo Descriccedilatildeo

Serviccedilos de limpeza e Recuperaccedilatildeo

Remoccedilatildeo de entulho lixo etc

corte de aacutervores

remoccedilatildeo de bananeiras

recuperaccedilatildeo eou limpeza de sistemas de

drenagem esgotos e acessos

Limpeza de canais de drenagem

Proteccedilatildeo Vegetal

Proteccedilatildeo superficial vegetal (gramiacuteneas) em

taludes com solo exposto

Proteccedilatildeo vegetal de margens de canais de

drenagem

Barreiras vegetais para massas escorregadas

ou acumuladas pela erosatildeo

Drenagem Superficial e Acessos

Sistema de drenagem superficial (canaletas

raacutepidos caixas de transiccedilatildeo escadas drsquoaacutegua)

Acessos para pedestres (escadarias rampas

etc) integrados ao sistema de drenagem

Revestimento de Taludes Revestimento com materiais artificiais

cimentado cal-jet tela argamassada alvenaria

de tijolos ceracircmicos solo-cimento ensacado

Desmonte de blocos e matacotildees Desmonte de concreccedilotildees de grande porte

blocos rochosos e matacotildees

Obras de drenagem de subsuperfiacutecie Sistema de drenagem de subsuperfiacutecie

(trincheiras drenantes DHP poccedilos de

rebaixamento)

Estruturas de contenccedilatildeo (localizadas)

Muros de contenccedilatildeo de pequeno porte (solo-

cimento ensacado alvenaria de pedra-rachatildeo

concreto armado)

Estruturas de contenccedilatildeo localizadas

(chumbadores tirantes microestacas)

Contenccedilatildeo e proteccedilatildeo de margens de canais (

gabiotildees muros de concreto etc)

Estruturas de contenccedilatildeo (meacutedio e grande porte) Implantaccedilatildeo de estruturas de contenccedilatildeo de

meacutedio e grande porte envolvendo obras de

contenccedilatildeo passivas e ativas (muros de

gravidade cortinas etc)

Terraplanagem Execuccedilatildeo de serviccedilos de terraplanagem

combinados a obras de drenagem superficial e

proteccedilatildeo vegetal desvio e canalizaccedilatildeo de

coacuterregos

Remoccedilatildeo de moradias Remoccedilotildees definitivas para implantaccedilatildeo de

obras ou devido agrave localizaccedilatildeo improacutepria da

edificaccedilatildeo (Priorizar as relocaccedilotildees dentro da

proacutepria aacuterea em local seguro)

Fonte ALHEIROS 2006

43

Escolhidas as formas de intervenccedilatildeo para cada aacuterea eacute necessaacuterio realizar uma estimativa

dos custos afim de preparar o orccedilamento da prefeitura para a realizaccedilatildeo das obras e se

seraacute necessaacuterio a captaccedilatildeo de recursos externos para a execuccedilatildeo destas Feitas as

estimativas de custo o proacuteximo passo eacute definir as prioridades e para esta fase eacute tambeacutem

uacutetil o mapeamento feito nas etapas anteriores pois seraacute necessaacuterio hierarquizar tais

intervenccedilotildees nas aacutereas de risco O Ministeacuterio das Cidades (2007) sugere alguns criteacuterios

que podem ser avaliados pelo gestor dentre eles pode-se citar

Grau de risco

Populaccedilatildeo beneficiada

Custo da intervenccedilatildeo

Dimensatildeo da aacuterea a ser tratada

Demandas anteriores da populaccedilatildeo

Tempo de ocupaccedilatildeo

Viabilidade teacutecnica da intervenccedilatildeo

Viabilidade financeira

Inclusatildeo da aacuterea em outros projetos

A partir desta hierarquizaccedilatildeo inicia-se a identificaccedilatildeo de provaacuteveis fontes de captaccedilatildeo de

recursos para a execuccedilatildeo das intervenccedilotildees Estes recursos podem advir de programas dos

governos Federal e Estadual ou por meio de editais para captaccedilatildeo de recursos financeiros

tanto do setor puacuteblico como da iniciativa privada e podem ser tambeacutem associados agrave outras

Secretarias Municipais como a de Turismo ou Meio Ambiente e natildeo soacute as destinadas agrave

Defesa Civil (ALHEIROS 2006)

Eacute previsto tambeacutem no PMRR uma avaliaccedilatildeo da Defesa Civil municipal e como ela estaacute

estruturada fazendo inclusive sugestotildees para que sua atuaccedilatildeo esteja em consonacircncia com

a realidade das comunidades e da Administraccedilatildeo Puacuteblica do municiacutepio de forma a garantir

sua sustentabilidade e conquistar a credibilidade da populaccedilatildeo no que diz respeito a

prevenccedilatildeo de cataacutestrofes Para que a resposta a uma determinada situaccedilatildeo de risco seja

raacutepida eacute necessaacuterio a descentralizaccedilatildeo da Defesa Civil criando pequenos nuacutecleos

comunitaacuterios com a finalidade de se monitorar a aacuterea constantemente e promover as

intervenccedilotildees necessaacuterias em tempo haacutebil o que aumenta em muito a credibilidade da

populaccedilatildeo no PMRR e no trabalho desempenhado pela Defesa Civil no municiacutepio Apoacutes

esta etapa o PMRR passaraacute por audiecircncias puacuteblicas e posteriormente poderaacute ser aprovado

como Lei Municipal pelo Legislativo local (ALHEIROS 2006)

Com a realizaccedilatildeo deste plano o municiacutepio estaraacute munido de informaccedilotildees suficientes para

realizar accedilotildees efetivas de gestatildeo e gerenciamento de riscos bem como aliado a

levantamentos sociais realizar programas habitacionais que beneficiem prioritariamente

44

aos moradores das aacutereas de risco Aleacutem disso com o PMRR o municiacutepio poderaacute melhorar

a qualidade ambiental da populaccedilatildeo captando recursos para a recuperaccedilatildeo das aacutereas de

APP que foram degradadas pelas ocupaccedilotildees irregulares beneficiando todos os moradores

do municiacutepio com o aumento da qualidade de vida na cidade

A partir do disposto nesta seccedilatildeo acerca do Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos e de

uma maneira preliminar (levando-se em conta apenas o nuacutemero de registros de

alagamentos e deslizamentos na aacuterea urbana principal de Santos Dumont no periacuteodo de

1984 a 2014) identificou-se trecircs regiotildees distintas na aacuterea urbana do municiacutepio com

tempo de recorrecircncia desses eventos similares caracterizando trecircs prioridades de

intervenccedilatildeo em contenccedilatildeo de risco como pode ser visto nas figuras 515 e 516 Vale

ressaltar que eacute necessaacuterio um estudo mais detalhado inclusive com visitas teacutecnicas a

campo para que se confirme a real situaccedilatildeo destas e a real prioridade para investimentos

Figura 5 17 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de deslizamentos

Fonte Do Autor

45

Figura 5 18 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de alagamentos

Fonte Do Autor

46

6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees

A seguir apresenta-se as conclusotildees e as recomendaccedilotildees feitas a partir dos objetivos

especiacuteficos explicitados no iniacutecio deste trabalho

Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a

aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes

urbanos

A partir da revisatildeo da legislaccedilatildeo pertinente em acircmbito federal estadual e

municipal constatou-se que o Plano Diretor de Santos Dumont natildeo conflita com a

legislaccedilatildeo federal e estadual sobre Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente A legislaccedilatildeo

municipal foi entendida como mais conservadora que as federal e estadual uma

vez que considera implicitamente que declividades entre 47 e 100 satildeo

enquadradas como APPs aleacutem da faixa superior a 100

Parte consideraacutevel das ocupaccedilotildees em APP principalmente na regiatildeo do bairro

Santo Antocircnio (onde surgiu os primeiros nuacutecleos que deram origem ao municiacutepio)

e o centro da cidade ocorreram antes de que fosse elaborado qualquer legislaccedilatildeo

que versasse sobre o tema Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente bastando ao gestor

local tomar medidas de contenccedilatildeo de riscos que minimizem os impactos causados

por essas ocupaccedilotildees nessa regiatildeo

O ordenamento adequado do uso do solo no municiacutepio eacute necessaacuterio para que o

crescimento dos loteamentos criados anteriormente agrave esta Lei e o surgimento de

novos natildeo avance para Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente o que pode causar

inuacutemeros problemas aos moradores e agravar os jaacute existentes

Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las

com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)

As aacutereas onde houveram a maior quantidade de registros de deslizamentos satildeo os

bairros mais populosos de Santos Dumont podendo se estabelecer uma relaccedilatildeo

que quanto mais populoso o bairro maior a quantidade de problemas relacionados

a deslizamentos Tambeacutem pode-se notar uma relaccedilatildeo com as fronteiras das faixas

de declividades e os deslizamentos uma vez que boa parte deles aconteceram

nestas faixas

As aacutereas onde houve um grande nuacutemero de registros de alagamentos satildeo os bairros

que se desenvolveram agraves margens do Ribeiratildeo das Posses em especial na aacuterea que

47

compreende as APPs de curso hiacutedrico e em aacutereas onde a declividade eacute baixa Esse

fato aliado ao crescimento do nuacutemero de vias pavimentadas com material

impermeaacutevel e a natildeo expansatildeo e ou redimensionamento da rede de drenagem

urbana contribuiacuteram para a ocorrecircncia cada vez mais constante de alagamentos

nessas aacutereas

Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos

catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30

anos

A partir do levantamento histoacuterico realizado e da base de dados georeferenciada

gerada observou-se o aumento do nuacutemero de registros de deslizamentos e

alagamentos nos uacuteltimos 10 anos quando as ocorrecircncias comeccedilaram a se repetir

numa mesma aacuterea com frequecircncia incrementada as vezes com mais de uma

ocorrecircncia anual

Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do

solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental

Destaca-se a adequaccedilatildeo dos criteacuterios gerais estabelecidos pelo Plano Diretor de

Santos Dumont relativos a legislaccedilatildeo federal e estadual Entretanto o referido

Plano Diretor natildeo contempla todo o territoacuterio municipal sendo assim ele natildeo

cumpre o objetivo de proteger as APPs preservadas e recuperar as que foram

degradadas em todo o territoacuterio municipal Ressalta-se tambeacutem a sua natildeo

conformidade com o Estatuto das Cidades uma vez que o Plano Diretor

contempla apenas os novos loteamentos

Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais

negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea

impactada

Recomenda-se a implantaccedilatildeo no municiacutepio de uma Coordenadoria Municipal de

Defesa Civil atuante e integrada agraves Secretarias Municipais e agrave comunidade

visando uma atuaccedilatildeo eficaz nos problemas relacionados a deslizamentos e

alagamentos A elaboraccedilatildeo de um Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos eacute de

suma importacircncia pois atraveacutes dele pode-se predizer as aacutereas que passaratildeo por

problemas caso a expansatildeo aconteccedila ou se inicie uma ocupaccedilatildeo nova aleacutem de

prevenir acidentes nas aacutereas jaacute ocupadas e consideradas de risco

48

7 Anexos

49

71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont

50

51

72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)

52

53

8 Referecircncias Bibliograacuteficas

ALHEIROS M M O Plano Municipal de Prevenccedilatildeo de Riscos In CARVALHO C S

amp GALVAtildeO T(org) Prevenccedilatildeo de riscos e deslizamentos em encostas Guia para

elaboraccedilatildeo de Poliacuteticas Municipais Ministeacuterio das Cidades Brasiacutelia 2006

AMARAL R amp RIBEIRO R R Inundaccedilatildeo e enchentes In TOMINAGA L K et al

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52

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CF estabelece as diretrizes gerais da poliacutetica urbana e daacute outras providecircncias Brasiacutelia

2001

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vegetaccedilatildeo nativa altera as Leis nos 6938 de 31 de agosto de 1981 9393 de 1 9 de

dezembro de 1996 e 11 428 de 22 de dezembro de 2006 revoga as Leis nos 4771 de

1 5 de setembro de 1965 e 7754 de 1 4 de abril de 1989 e a Medida Provisoacuteria no 21

66shy67 de 24 de agosto de 2001 e daacute outras providecircncias Brasiacutelia 2012

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Reduzindo Perdas UFSC Florianoacutepolis 2014

54

CRISTO SSV Anaacutelise da susceptibilidade a riscos naturais relacionados a enchentes

e deslizamentos do setor leste da bacia hidrograacutefica do rio Itacorubi Florianoacutepolis-SC

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Joatildeo Gomes a Santos Dumont ndash Histoacuterico do Municiacutepio Santos Dumont 2008

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Novembro de 2014

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microbacia do ribeiratildeo Salomea Revista Brasileira de Engenharia Agriacutecola e Ambiental

V11 nordm 4 p355-360 UFCG Campina Grande 2007

JORNAL MENSAGEM Santos Dumont-MG Ediccedilotildees de 1984 agrave 2014

MINAS GERAIS Lei Estadual 20922 de 16 de outubro de 2013 Dispotildee sobre as

poliacuteticas florestal e de proteccedilatildeo agrave biodiversidade no Estado Belo Horizonte 2013

55

MINISTEacuteRIO DAS CIDADES IPT-Instituto de Pesquisas Tecnoloacutegicas Mapeamento

de Riscos em encostas e margem de rios Celso Santos Carvalho Eduardo Soares de

Macedo e Agostinho Tadashi Ogura org Brasiacutelia 2007 176p

NASA ASTER Advanced Spaceborne Thermal Emission and Reflection Radiometer

Disponiacutevel em httpsasterwebjplnasagov Acesso em 22 de Novembro de 2014

ODM - Relatoacuterios dinacircmicos Municiacutepio de Santos Dumont Disponiacutevel em

httpwwwrelatoriosdinamicoscombrportalodmperfilBRA003031707santos-

dumont---mg Acesso em 15 de junho de 2015

OLIVEIRA G C amp FERNANDES FILHO E I Metodologia para delimitaccedilatildeo de topos

de morro segundo o Novo Coacutedigo Florestal brasileiro utilizando sistemas de informaccedilatildeo

geograacutefica In XVI Simpoacutesio Brasileiro de Sensoriamento Remoto INPE Foz do

Iguaccedilu 2013 Anais

ROCHA C H B Geoprocessamento tecnologia transdisciplinar 3ordfEd Ed Do Autor

Juiz de Fora-MG 2007 220p

ROSA FILHO A amp CORTEZ A T C Os deslizamentos de encostas nas favelas em

aacutereas de risco da ldquoSuiacuteccedila brasileirardquo Campos do Jordatildeo (SP) 1ordm Simpoacutesio de Poacutes

graduaccedilatildeo em Geografia do Estado de Satildeo Paulo UNESP Rio Claro 2008

ROSSBACH A C amp CARVALHO C S O Estatuto da Cidade comentado Alianccedila de

Cidades Satildeo Paulo 2010 120p

SABOYA R Zoneamento e Planos Diretores Disponiacutevel em

httpurbanidadesarqbr200711zoneamento-e-planos-diretores 2007 Acesso em 10

de Junho de 2015

SANTANA M N R Identificaccedilatildeo dos impactos ambientais da ocupaccedilatildeo irregular na

APP do Coacuterrego Tamanduaacute em Aparecida de Goiacircnia II Congresso Brasileiro de Gestatildeo

Ambiental IBEAS Londrina 2011

SANTOS DUMONT Lei Municipal 4241 de 19 de dezembro de 2012 Dispotildee sobre o

Plano Diretor Participativo do Municiacutepio de Santos Dumont nos termos da Lei nordm 10257

de 10 de julho de 2001 ndash Estatuto das Cidades e conteacutem outras providecircncias Santos

Dumont 2012

56

SAtildeO PAULO Mapeamento de riscos associados a escorregamentos inundaccedilatildeo erosotildees

e solapamento de margens de drenagens do municiacutepio de Campos do Jordatildeo-SP

Relatoacuterio Teacutecnico Campos do Jordatildeo 2014

SILVA JR J R amp PASSOS L A O negoacutecio eacute participar a importacircncia do plano

diretor para o desenvolvimento municipal CNM SEBRAE Brasiacutelia 2006

SKORUPA LA Aacutereas de preservaccedilatildeo permanente e desenvolvimento sustentaacutevel

Embrapa Meio Ambiente Jaguariuacutena-SP 2004 4p

SOUZA F P Ocupaccedilotildees irregulares em APP um estudo de caso no munciacutepio de

Campos de Goytacazes- RJ Boletim do Observatoacuterio Ambiental Alberto Ribeiro Lamego

v4 nordm 1 Campos de Goytacazes 2010

SPERFELD A S Identificaccedilatildeo e anaacutelise de demandas soacutecio ambientais de ordem

puacuteblica em aacutereas urbanas susceptiacuteveis a desastres naturais no municiacutepio de Joinville

SC Dissertaccedilatildeo de Mestrado UFSC Florianoacutepolis 2009

TAKEDA T O Uso e ocupaccedilatildeo do solo urbano Disponiacutevel em

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naturais conhecer para prevenir Instituto Geoloacutegico Satildeo Paulo 2009 p 25-38

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legenda expandida Centro Tecnoloacutegico de Minas Gerais FEAM Belo Horizonte 2010

ZANON F N Uso e ocupaccedilatildeo da terra e vulnerabilidade a alagamento na aacuterea central

da cidade de Satildeo Paulo O caso da subprefeitura da Seacute Trabalho de Graduaccedilatildeo UNESP

Rio Claro 2013

Page 51: O USO DO SOLO URBANO EM ÁREAS DE PRESERVAÇÃO … · social que você tenha na vida, a mais alta ou a mais baixa, tenha sempre como meta muita força, muita determinação e sempre

43

Escolhidas as formas de intervenccedilatildeo para cada aacuterea eacute necessaacuterio realizar uma estimativa

dos custos afim de preparar o orccedilamento da prefeitura para a realizaccedilatildeo das obras e se

seraacute necessaacuterio a captaccedilatildeo de recursos externos para a execuccedilatildeo destas Feitas as

estimativas de custo o proacuteximo passo eacute definir as prioridades e para esta fase eacute tambeacutem

uacutetil o mapeamento feito nas etapas anteriores pois seraacute necessaacuterio hierarquizar tais

intervenccedilotildees nas aacutereas de risco O Ministeacuterio das Cidades (2007) sugere alguns criteacuterios

que podem ser avaliados pelo gestor dentre eles pode-se citar

Grau de risco

Populaccedilatildeo beneficiada

Custo da intervenccedilatildeo

Dimensatildeo da aacuterea a ser tratada

Demandas anteriores da populaccedilatildeo

Tempo de ocupaccedilatildeo

Viabilidade teacutecnica da intervenccedilatildeo

Viabilidade financeira

Inclusatildeo da aacuterea em outros projetos

A partir desta hierarquizaccedilatildeo inicia-se a identificaccedilatildeo de provaacuteveis fontes de captaccedilatildeo de

recursos para a execuccedilatildeo das intervenccedilotildees Estes recursos podem advir de programas dos

governos Federal e Estadual ou por meio de editais para captaccedilatildeo de recursos financeiros

tanto do setor puacuteblico como da iniciativa privada e podem ser tambeacutem associados agrave outras

Secretarias Municipais como a de Turismo ou Meio Ambiente e natildeo soacute as destinadas agrave

Defesa Civil (ALHEIROS 2006)

Eacute previsto tambeacutem no PMRR uma avaliaccedilatildeo da Defesa Civil municipal e como ela estaacute

estruturada fazendo inclusive sugestotildees para que sua atuaccedilatildeo esteja em consonacircncia com

a realidade das comunidades e da Administraccedilatildeo Puacuteblica do municiacutepio de forma a garantir

sua sustentabilidade e conquistar a credibilidade da populaccedilatildeo no que diz respeito a

prevenccedilatildeo de cataacutestrofes Para que a resposta a uma determinada situaccedilatildeo de risco seja

raacutepida eacute necessaacuterio a descentralizaccedilatildeo da Defesa Civil criando pequenos nuacutecleos

comunitaacuterios com a finalidade de se monitorar a aacuterea constantemente e promover as

intervenccedilotildees necessaacuterias em tempo haacutebil o que aumenta em muito a credibilidade da

populaccedilatildeo no PMRR e no trabalho desempenhado pela Defesa Civil no municiacutepio Apoacutes

esta etapa o PMRR passaraacute por audiecircncias puacuteblicas e posteriormente poderaacute ser aprovado

como Lei Municipal pelo Legislativo local (ALHEIROS 2006)

Com a realizaccedilatildeo deste plano o municiacutepio estaraacute munido de informaccedilotildees suficientes para

realizar accedilotildees efetivas de gestatildeo e gerenciamento de riscos bem como aliado a

levantamentos sociais realizar programas habitacionais que beneficiem prioritariamente

44

aos moradores das aacutereas de risco Aleacutem disso com o PMRR o municiacutepio poderaacute melhorar

a qualidade ambiental da populaccedilatildeo captando recursos para a recuperaccedilatildeo das aacutereas de

APP que foram degradadas pelas ocupaccedilotildees irregulares beneficiando todos os moradores

do municiacutepio com o aumento da qualidade de vida na cidade

A partir do disposto nesta seccedilatildeo acerca do Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos e de

uma maneira preliminar (levando-se em conta apenas o nuacutemero de registros de

alagamentos e deslizamentos na aacuterea urbana principal de Santos Dumont no periacuteodo de

1984 a 2014) identificou-se trecircs regiotildees distintas na aacuterea urbana do municiacutepio com

tempo de recorrecircncia desses eventos similares caracterizando trecircs prioridades de

intervenccedilatildeo em contenccedilatildeo de risco como pode ser visto nas figuras 515 e 516 Vale

ressaltar que eacute necessaacuterio um estudo mais detalhado inclusive com visitas teacutecnicas a

campo para que se confirme a real situaccedilatildeo destas e a real prioridade para investimentos

Figura 5 17 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de deslizamentos

Fonte Do Autor

45

Figura 5 18 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de alagamentos

Fonte Do Autor

46

6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees

A seguir apresenta-se as conclusotildees e as recomendaccedilotildees feitas a partir dos objetivos

especiacuteficos explicitados no iniacutecio deste trabalho

Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a

aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes

urbanos

A partir da revisatildeo da legislaccedilatildeo pertinente em acircmbito federal estadual e

municipal constatou-se que o Plano Diretor de Santos Dumont natildeo conflita com a

legislaccedilatildeo federal e estadual sobre Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente A legislaccedilatildeo

municipal foi entendida como mais conservadora que as federal e estadual uma

vez que considera implicitamente que declividades entre 47 e 100 satildeo

enquadradas como APPs aleacutem da faixa superior a 100

Parte consideraacutevel das ocupaccedilotildees em APP principalmente na regiatildeo do bairro

Santo Antocircnio (onde surgiu os primeiros nuacutecleos que deram origem ao municiacutepio)

e o centro da cidade ocorreram antes de que fosse elaborado qualquer legislaccedilatildeo

que versasse sobre o tema Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente bastando ao gestor

local tomar medidas de contenccedilatildeo de riscos que minimizem os impactos causados

por essas ocupaccedilotildees nessa regiatildeo

O ordenamento adequado do uso do solo no municiacutepio eacute necessaacuterio para que o

crescimento dos loteamentos criados anteriormente agrave esta Lei e o surgimento de

novos natildeo avance para Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente o que pode causar

inuacutemeros problemas aos moradores e agravar os jaacute existentes

Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las

com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)

As aacutereas onde houveram a maior quantidade de registros de deslizamentos satildeo os

bairros mais populosos de Santos Dumont podendo se estabelecer uma relaccedilatildeo

que quanto mais populoso o bairro maior a quantidade de problemas relacionados

a deslizamentos Tambeacutem pode-se notar uma relaccedilatildeo com as fronteiras das faixas

de declividades e os deslizamentos uma vez que boa parte deles aconteceram

nestas faixas

As aacutereas onde houve um grande nuacutemero de registros de alagamentos satildeo os bairros

que se desenvolveram agraves margens do Ribeiratildeo das Posses em especial na aacuterea que

47

compreende as APPs de curso hiacutedrico e em aacutereas onde a declividade eacute baixa Esse

fato aliado ao crescimento do nuacutemero de vias pavimentadas com material

impermeaacutevel e a natildeo expansatildeo e ou redimensionamento da rede de drenagem

urbana contribuiacuteram para a ocorrecircncia cada vez mais constante de alagamentos

nessas aacutereas

Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos

catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30

anos

A partir do levantamento histoacuterico realizado e da base de dados georeferenciada

gerada observou-se o aumento do nuacutemero de registros de deslizamentos e

alagamentos nos uacuteltimos 10 anos quando as ocorrecircncias comeccedilaram a se repetir

numa mesma aacuterea com frequecircncia incrementada as vezes com mais de uma

ocorrecircncia anual

Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do

solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental

Destaca-se a adequaccedilatildeo dos criteacuterios gerais estabelecidos pelo Plano Diretor de

Santos Dumont relativos a legislaccedilatildeo federal e estadual Entretanto o referido

Plano Diretor natildeo contempla todo o territoacuterio municipal sendo assim ele natildeo

cumpre o objetivo de proteger as APPs preservadas e recuperar as que foram

degradadas em todo o territoacuterio municipal Ressalta-se tambeacutem a sua natildeo

conformidade com o Estatuto das Cidades uma vez que o Plano Diretor

contempla apenas os novos loteamentos

Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais

negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea

impactada

Recomenda-se a implantaccedilatildeo no municiacutepio de uma Coordenadoria Municipal de

Defesa Civil atuante e integrada agraves Secretarias Municipais e agrave comunidade

visando uma atuaccedilatildeo eficaz nos problemas relacionados a deslizamentos e

alagamentos A elaboraccedilatildeo de um Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos eacute de

suma importacircncia pois atraveacutes dele pode-se predizer as aacutereas que passaratildeo por

problemas caso a expansatildeo aconteccedila ou se inicie uma ocupaccedilatildeo nova aleacutem de

prevenir acidentes nas aacutereas jaacute ocupadas e consideradas de risco

48

7 Anexos

49

71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont

50

51

72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)

52

53

8 Referecircncias Bibliograacuteficas

ALHEIROS M M O Plano Municipal de Prevenccedilatildeo de Riscos In CARVALHO C S

amp GALVAtildeO T(org) Prevenccedilatildeo de riscos e deslizamentos em encostas Guia para

elaboraccedilatildeo de Poliacuteticas Municipais Ministeacuterio das Cidades Brasiacutelia 2006

AMARAL R amp RIBEIRO R R Inundaccedilatildeo e enchentes In TOMINAGA L K et al

Desastres naturais conhecer para prevenir Instituto Geoloacutegico Satildeo Paulo 2009 p 39-

52

BRASIL Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil de 1988 Brasiacutelia 1988

BRASIL Lei Federal 10257 de 10 de julho de 2001 Regulamenta os arts 182 e 183 da

CF estabelece as diretrizes gerais da poliacutetica urbana e daacute outras providecircncias Brasiacutelia

2001

BRASIL Lei Federal nordm 12651 de 25 de maio de 2012 Dispotildee sobre a proteccedilatildeo da

vegetaccedilatildeo nativa altera as Leis nos 6938 de 31 de agosto de 1981 9393 de 1 9 de

dezembro de 1996 e 11 428 de 22 de dezembro de 2006 revoga as Leis nos 4771 de

1 5 de setembro de 1965 e 7754 de 1 4 de abril de 1989 e a Medida Provisoacuteria no 21

66shy67 de 24 de agosto de 2001 e daacute outras providecircncias Brasiacutelia 2012

BRASIL Lei Federal nordm 4771 de 15 de Setembro de 1965 Institui o Novo Coacutedigo

Florestal Brasiacutelia 1965

BRASIL Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional Sistema Integrado de Informaccedilotildees sobre

desastres (S2ID) Disponiacutevel em https2idmigovbr Acesso em 15 de junho de 2015

BUENO L M M Anaacutelise da recuperaccedilatildeo urbana e ambiental em assentamentos de

interesse social na aacuterea de mananciais do ABC Paulista Cadernos PUC-SP v3 nordm 7 Satildeo

Paulo 2009

CARVALHO L A O Novo Coacutedigo Florestal comentado artigo por artigo 1ordfEd Ed

Juruaacute Curitiba-PR 2013 584p

CEPED ATLAS brasileiro de desastres naturais ndash 1991 a 2010 volume Minas Gerais

Florianoacutepolis Centro Universitaacuterio de Estudos e Pesquisas sobre Desastres ndash CEPED

UFSC 2011

CEPED Planejamento Nacional para Gestatildeo de Risco Caderno Percebendo Riscos

Reduzindo Perdas UFSC Florianoacutepolis 2014

54

CRISTO SSV Anaacutelise da susceptibilidade a riscos naturais relacionados a enchentes

e deslizamentos do setor leste da bacia hidrograacutefica do rio Itacorubi Florianoacutepolis-SC

Dissertaccedilatildeo de Mestrado UFSC 2002 211p

DAPPC- Departamento do Arquivo Puacuteblico e Patrimocircnio Cultural de Santos Dumont De

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trageacutedias Ed Do autor Campos do Jordatildeo-SP 2012 15p

FONTOURA L N J Planejamento urbano-ambiental o uso e ocupaccedilatildeo do solo no

Distrito Federal Revista Especialize On-Line IPOG 5ordf Ediccedilatildeo nordm 005 v012013

Goiacircnia-GO 2013

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IBGE Projeto Mudanccedila de Referencial Geodeacutesico Disponiacutevel em

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IGAM ndash Instituto Mineiro de Gestatildeo das Aacuteguas Mapa das bacias hidrograacuteficas no

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2015

INACIO E S B et al Quantificaccedilatildeo da erosatildeo pastagem com diferentes declives na

microbacia do ribeiratildeo Salomea Revista Brasileira de Engenharia Agriacutecola e Ambiental

V11 nordm 4 p355-360 UFCG Campina Grande 2007

JORNAL MENSAGEM Santos Dumont-MG Ediccedilotildees de 1984 agrave 2014

MINAS GERAIS Lei Estadual 20922 de 16 de outubro de 2013 Dispotildee sobre as

poliacuteticas florestal e de proteccedilatildeo agrave biodiversidade no Estado Belo Horizonte 2013

55

MINISTEacuteRIO DAS CIDADES IPT-Instituto de Pesquisas Tecnoloacutegicas Mapeamento

de Riscos em encostas e margem de rios Celso Santos Carvalho Eduardo Soares de

Macedo e Agostinho Tadashi Ogura org Brasiacutelia 2007 176p

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OLIVEIRA G C amp FERNANDES FILHO E I Metodologia para delimitaccedilatildeo de topos

de morro segundo o Novo Coacutedigo Florestal brasileiro utilizando sistemas de informaccedilatildeo

geograacutefica In XVI Simpoacutesio Brasileiro de Sensoriamento Remoto INPE Foz do

Iguaccedilu 2013 Anais

ROCHA C H B Geoprocessamento tecnologia transdisciplinar 3ordfEd Ed Do Autor

Juiz de Fora-MG 2007 220p

ROSA FILHO A amp CORTEZ A T C Os deslizamentos de encostas nas favelas em

aacutereas de risco da ldquoSuiacuteccedila brasileirardquo Campos do Jordatildeo (SP) 1ordm Simpoacutesio de Poacutes

graduaccedilatildeo em Geografia do Estado de Satildeo Paulo UNESP Rio Claro 2008

ROSSBACH A C amp CARVALHO C S O Estatuto da Cidade comentado Alianccedila de

Cidades Satildeo Paulo 2010 120p

SABOYA R Zoneamento e Planos Diretores Disponiacutevel em

httpurbanidadesarqbr200711zoneamento-e-planos-diretores 2007 Acesso em 10

de Junho de 2015

SANTANA M N R Identificaccedilatildeo dos impactos ambientais da ocupaccedilatildeo irregular na

APP do Coacuterrego Tamanduaacute em Aparecida de Goiacircnia II Congresso Brasileiro de Gestatildeo

Ambiental IBEAS Londrina 2011

SANTOS DUMONT Lei Municipal 4241 de 19 de dezembro de 2012 Dispotildee sobre o

Plano Diretor Participativo do Municiacutepio de Santos Dumont nos termos da Lei nordm 10257

de 10 de julho de 2001 ndash Estatuto das Cidades e conteacutem outras providecircncias Santos

Dumont 2012

56

SAtildeO PAULO Mapeamento de riscos associados a escorregamentos inundaccedilatildeo erosotildees

e solapamento de margens de drenagens do municiacutepio de Campos do Jordatildeo-SP

Relatoacuterio Teacutecnico Campos do Jordatildeo 2014

SILVA JR J R amp PASSOS L A O negoacutecio eacute participar a importacircncia do plano

diretor para o desenvolvimento municipal CNM SEBRAE Brasiacutelia 2006

SKORUPA LA Aacutereas de preservaccedilatildeo permanente e desenvolvimento sustentaacutevel

Embrapa Meio Ambiente Jaguariuacutena-SP 2004 4p

SOUZA F P Ocupaccedilotildees irregulares em APP um estudo de caso no munciacutepio de

Campos de Goytacazes- RJ Boletim do Observatoacuterio Ambiental Alberto Ribeiro Lamego

v4 nordm 1 Campos de Goytacazes 2010

SPERFELD A S Identificaccedilatildeo e anaacutelise de demandas soacutecio ambientais de ordem

puacuteblica em aacutereas urbanas susceptiacuteveis a desastres naturais no municiacutepio de Joinville

SC Dissertaccedilatildeo de Mestrado UFSC Florianoacutepolis 2009

TAKEDA T O Uso e ocupaccedilatildeo do solo urbano Disponiacutevel em

httpwwwjuriswayorgbrv2dhallaspid_dh=12363 Acesso em 02 de junho de 2015

TOMINAGA LK Escorregamentos In TOMINAGA L K et al(org) Desastres

naturais conhecer para prevenir Instituto Geoloacutegico Satildeo Paulo 2009 p 25-38

UFV ndash Universidade Federal de Viccedilosa Mapa de solos do Estado de Minas Gerais

legenda expandida Centro Tecnoloacutegico de Minas Gerais FEAM Belo Horizonte 2010

ZANON F N Uso e ocupaccedilatildeo da terra e vulnerabilidade a alagamento na aacuterea central

da cidade de Satildeo Paulo O caso da subprefeitura da Seacute Trabalho de Graduaccedilatildeo UNESP

Rio Claro 2013

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aos moradores das aacutereas de risco Aleacutem disso com o PMRR o municiacutepio poderaacute melhorar

a qualidade ambiental da populaccedilatildeo captando recursos para a recuperaccedilatildeo das aacutereas de

APP que foram degradadas pelas ocupaccedilotildees irregulares beneficiando todos os moradores

do municiacutepio com o aumento da qualidade de vida na cidade

A partir do disposto nesta seccedilatildeo acerca do Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos e de

uma maneira preliminar (levando-se em conta apenas o nuacutemero de registros de

alagamentos e deslizamentos na aacuterea urbana principal de Santos Dumont no periacuteodo de

1984 a 2014) identificou-se trecircs regiotildees distintas na aacuterea urbana do municiacutepio com

tempo de recorrecircncia desses eventos similares caracterizando trecircs prioridades de

intervenccedilatildeo em contenccedilatildeo de risco como pode ser visto nas figuras 515 e 516 Vale

ressaltar que eacute necessaacuterio um estudo mais detalhado inclusive com visitas teacutecnicas a

campo para que se confirme a real situaccedilatildeo destas e a real prioridade para investimentos

Figura 5 17 Aacutereas Prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de deslizamentos

Fonte Do Autor

45

Figura 5 18 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de alagamentos

Fonte Do Autor

46

6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees

A seguir apresenta-se as conclusotildees e as recomendaccedilotildees feitas a partir dos objetivos

especiacuteficos explicitados no iniacutecio deste trabalho

Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a

aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes

urbanos

A partir da revisatildeo da legislaccedilatildeo pertinente em acircmbito federal estadual e

municipal constatou-se que o Plano Diretor de Santos Dumont natildeo conflita com a

legislaccedilatildeo federal e estadual sobre Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente A legislaccedilatildeo

municipal foi entendida como mais conservadora que as federal e estadual uma

vez que considera implicitamente que declividades entre 47 e 100 satildeo

enquadradas como APPs aleacutem da faixa superior a 100

Parte consideraacutevel das ocupaccedilotildees em APP principalmente na regiatildeo do bairro

Santo Antocircnio (onde surgiu os primeiros nuacutecleos que deram origem ao municiacutepio)

e o centro da cidade ocorreram antes de que fosse elaborado qualquer legislaccedilatildeo

que versasse sobre o tema Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente bastando ao gestor

local tomar medidas de contenccedilatildeo de riscos que minimizem os impactos causados

por essas ocupaccedilotildees nessa regiatildeo

O ordenamento adequado do uso do solo no municiacutepio eacute necessaacuterio para que o

crescimento dos loteamentos criados anteriormente agrave esta Lei e o surgimento de

novos natildeo avance para Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente o que pode causar

inuacutemeros problemas aos moradores e agravar os jaacute existentes

Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las

com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)

As aacutereas onde houveram a maior quantidade de registros de deslizamentos satildeo os

bairros mais populosos de Santos Dumont podendo se estabelecer uma relaccedilatildeo

que quanto mais populoso o bairro maior a quantidade de problemas relacionados

a deslizamentos Tambeacutem pode-se notar uma relaccedilatildeo com as fronteiras das faixas

de declividades e os deslizamentos uma vez que boa parte deles aconteceram

nestas faixas

As aacutereas onde houve um grande nuacutemero de registros de alagamentos satildeo os bairros

que se desenvolveram agraves margens do Ribeiratildeo das Posses em especial na aacuterea que

47

compreende as APPs de curso hiacutedrico e em aacutereas onde a declividade eacute baixa Esse

fato aliado ao crescimento do nuacutemero de vias pavimentadas com material

impermeaacutevel e a natildeo expansatildeo e ou redimensionamento da rede de drenagem

urbana contribuiacuteram para a ocorrecircncia cada vez mais constante de alagamentos

nessas aacutereas

Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos

catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30

anos

A partir do levantamento histoacuterico realizado e da base de dados georeferenciada

gerada observou-se o aumento do nuacutemero de registros de deslizamentos e

alagamentos nos uacuteltimos 10 anos quando as ocorrecircncias comeccedilaram a se repetir

numa mesma aacuterea com frequecircncia incrementada as vezes com mais de uma

ocorrecircncia anual

Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do

solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental

Destaca-se a adequaccedilatildeo dos criteacuterios gerais estabelecidos pelo Plano Diretor de

Santos Dumont relativos a legislaccedilatildeo federal e estadual Entretanto o referido

Plano Diretor natildeo contempla todo o territoacuterio municipal sendo assim ele natildeo

cumpre o objetivo de proteger as APPs preservadas e recuperar as que foram

degradadas em todo o territoacuterio municipal Ressalta-se tambeacutem a sua natildeo

conformidade com o Estatuto das Cidades uma vez que o Plano Diretor

contempla apenas os novos loteamentos

Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais

negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea

impactada

Recomenda-se a implantaccedilatildeo no municiacutepio de uma Coordenadoria Municipal de

Defesa Civil atuante e integrada agraves Secretarias Municipais e agrave comunidade

visando uma atuaccedilatildeo eficaz nos problemas relacionados a deslizamentos e

alagamentos A elaboraccedilatildeo de um Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos eacute de

suma importacircncia pois atraveacutes dele pode-se predizer as aacutereas que passaratildeo por

problemas caso a expansatildeo aconteccedila ou se inicie uma ocupaccedilatildeo nova aleacutem de

prevenir acidentes nas aacutereas jaacute ocupadas e consideradas de risco

48

7 Anexos

49

71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont

50

51

72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)

52

53

8 Referecircncias Bibliograacuteficas

ALHEIROS M M O Plano Municipal de Prevenccedilatildeo de Riscos In CARVALHO C S

amp GALVAtildeO T(org) Prevenccedilatildeo de riscos e deslizamentos em encostas Guia para

elaboraccedilatildeo de Poliacuteticas Municipais Ministeacuterio das Cidades Brasiacutelia 2006

AMARAL R amp RIBEIRO R R Inundaccedilatildeo e enchentes In TOMINAGA L K et al

Desastres naturais conhecer para prevenir Instituto Geoloacutegico Satildeo Paulo 2009 p 39-

52

BRASIL Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil de 1988 Brasiacutelia 1988

BRASIL Lei Federal 10257 de 10 de julho de 2001 Regulamenta os arts 182 e 183 da

CF estabelece as diretrizes gerais da poliacutetica urbana e daacute outras providecircncias Brasiacutelia

2001

BRASIL Lei Federal nordm 12651 de 25 de maio de 2012 Dispotildee sobre a proteccedilatildeo da

vegetaccedilatildeo nativa altera as Leis nos 6938 de 31 de agosto de 1981 9393 de 1 9 de

dezembro de 1996 e 11 428 de 22 de dezembro de 2006 revoga as Leis nos 4771 de

1 5 de setembro de 1965 e 7754 de 1 4 de abril de 1989 e a Medida Provisoacuteria no 21

66shy67 de 24 de agosto de 2001 e daacute outras providecircncias Brasiacutelia 2012

BRASIL Lei Federal nordm 4771 de 15 de Setembro de 1965 Institui o Novo Coacutedigo

Florestal Brasiacutelia 1965

BRASIL Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional Sistema Integrado de Informaccedilotildees sobre

desastres (S2ID) Disponiacutevel em https2idmigovbr Acesso em 15 de junho de 2015

BUENO L M M Anaacutelise da recuperaccedilatildeo urbana e ambiental em assentamentos de

interesse social na aacuterea de mananciais do ABC Paulista Cadernos PUC-SP v3 nordm 7 Satildeo

Paulo 2009

CARVALHO L A O Novo Coacutedigo Florestal comentado artigo por artigo 1ordfEd Ed

Juruaacute Curitiba-PR 2013 584p

CEPED ATLAS brasileiro de desastres naturais ndash 1991 a 2010 volume Minas Gerais

Florianoacutepolis Centro Universitaacuterio de Estudos e Pesquisas sobre Desastres ndash CEPED

UFSC 2011

CEPED Planejamento Nacional para Gestatildeo de Risco Caderno Percebendo Riscos

Reduzindo Perdas UFSC Florianoacutepolis 2014

54

CRISTO SSV Anaacutelise da susceptibilidade a riscos naturais relacionados a enchentes

e deslizamentos do setor leste da bacia hidrograacutefica do rio Itacorubi Florianoacutepolis-SC

Dissertaccedilatildeo de Mestrado UFSC 2002 211p

DAPPC- Departamento do Arquivo Puacuteblico e Patrimocircnio Cultural de Santos Dumont De

Joatildeo Gomes a Santos Dumont ndash Histoacuterico do Municiacutepio Santos Dumont 2008

DE MORAES H M As aacutereas de preservaccedilatildeo permanente nas zonas urbanas

Disponiacutevel em httpwwwjuriswayorgbrv2dhallaspid_dh=560 Acesso em 13 de

Novembro de 2014

FERNANDES R S Remoccedilatildeo de habitantes de aacutereas de risco soluccedilatildeo para evitar

trageacutedias Ed Do autor Campos do Jordatildeo-SP 2012 15p

FONTOURA L N J Planejamento urbano-ambiental o uso e ocupaccedilatildeo do solo no

Distrito Federal Revista Especialize On-Line IPOG 5ordf Ediccedilatildeo nordm 005 v012013

Goiacircnia-GO 2013

IBGE- Cidades Informaccedilotildees sobre o municiacutepio de Santos Dumont Disponiacutevel em

httpwwwcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=316070ampsearch=||info

grE1ficos-informaE7F5es-completas Acesso em 15 de Junho de 2015

IBGE Projeto Mudanccedila de Referencial Geodeacutesico Disponiacutevel em

httpwwwibgegovbrhomegeocienciasgeodesiapmrgdefault_pmrgshtm Acesso

em 20 de Novembro de 2014

IGAM ndash Instituto Mineiro de Gestatildeo das Aacuteguas Mapa das bacias hidrograacuteficas no

Estado de Minas Gerais Disponiacutevel em

httpaguasigammggovbr2008nacbhmapascbhshtml Acesso em 15 de junho de

2015

INACIO E S B et al Quantificaccedilatildeo da erosatildeo pastagem com diferentes declives na

microbacia do ribeiratildeo Salomea Revista Brasileira de Engenharia Agriacutecola e Ambiental

V11 nordm 4 p355-360 UFCG Campina Grande 2007

JORNAL MENSAGEM Santos Dumont-MG Ediccedilotildees de 1984 agrave 2014

MINAS GERAIS Lei Estadual 20922 de 16 de outubro de 2013 Dispotildee sobre as

poliacuteticas florestal e de proteccedilatildeo agrave biodiversidade no Estado Belo Horizonte 2013

55

MINISTEacuteRIO DAS CIDADES IPT-Instituto de Pesquisas Tecnoloacutegicas Mapeamento

de Riscos em encostas e margem de rios Celso Santos Carvalho Eduardo Soares de

Macedo e Agostinho Tadashi Ogura org Brasiacutelia 2007 176p

NASA ASTER Advanced Spaceborne Thermal Emission and Reflection Radiometer

Disponiacutevel em httpsasterwebjplnasagov Acesso em 22 de Novembro de 2014

ODM - Relatoacuterios dinacircmicos Municiacutepio de Santos Dumont Disponiacutevel em

httpwwwrelatoriosdinamicoscombrportalodmperfilBRA003031707santos-

dumont---mg Acesso em 15 de junho de 2015

OLIVEIRA G C amp FERNANDES FILHO E I Metodologia para delimitaccedilatildeo de topos

de morro segundo o Novo Coacutedigo Florestal brasileiro utilizando sistemas de informaccedilatildeo

geograacutefica In XVI Simpoacutesio Brasileiro de Sensoriamento Remoto INPE Foz do

Iguaccedilu 2013 Anais

ROCHA C H B Geoprocessamento tecnologia transdisciplinar 3ordfEd Ed Do Autor

Juiz de Fora-MG 2007 220p

ROSA FILHO A amp CORTEZ A T C Os deslizamentos de encostas nas favelas em

aacutereas de risco da ldquoSuiacuteccedila brasileirardquo Campos do Jordatildeo (SP) 1ordm Simpoacutesio de Poacutes

graduaccedilatildeo em Geografia do Estado de Satildeo Paulo UNESP Rio Claro 2008

ROSSBACH A C amp CARVALHO C S O Estatuto da Cidade comentado Alianccedila de

Cidades Satildeo Paulo 2010 120p

SABOYA R Zoneamento e Planos Diretores Disponiacutevel em

httpurbanidadesarqbr200711zoneamento-e-planos-diretores 2007 Acesso em 10

de Junho de 2015

SANTANA M N R Identificaccedilatildeo dos impactos ambientais da ocupaccedilatildeo irregular na

APP do Coacuterrego Tamanduaacute em Aparecida de Goiacircnia II Congresso Brasileiro de Gestatildeo

Ambiental IBEAS Londrina 2011

SANTOS DUMONT Lei Municipal 4241 de 19 de dezembro de 2012 Dispotildee sobre o

Plano Diretor Participativo do Municiacutepio de Santos Dumont nos termos da Lei nordm 10257

de 10 de julho de 2001 ndash Estatuto das Cidades e conteacutem outras providecircncias Santos

Dumont 2012

56

SAtildeO PAULO Mapeamento de riscos associados a escorregamentos inundaccedilatildeo erosotildees

e solapamento de margens de drenagens do municiacutepio de Campos do Jordatildeo-SP

Relatoacuterio Teacutecnico Campos do Jordatildeo 2014

SILVA JR J R amp PASSOS L A O negoacutecio eacute participar a importacircncia do plano

diretor para o desenvolvimento municipal CNM SEBRAE Brasiacutelia 2006

SKORUPA LA Aacutereas de preservaccedilatildeo permanente e desenvolvimento sustentaacutevel

Embrapa Meio Ambiente Jaguariuacutena-SP 2004 4p

SOUZA F P Ocupaccedilotildees irregulares em APP um estudo de caso no munciacutepio de

Campos de Goytacazes- RJ Boletim do Observatoacuterio Ambiental Alberto Ribeiro Lamego

v4 nordm 1 Campos de Goytacazes 2010

SPERFELD A S Identificaccedilatildeo e anaacutelise de demandas soacutecio ambientais de ordem

puacuteblica em aacutereas urbanas susceptiacuteveis a desastres naturais no municiacutepio de Joinville

SC Dissertaccedilatildeo de Mestrado UFSC Florianoacutepolis 2009

TAKEDA T O Uso e ocupaccedilatildeo do solo urbano Disponiacutevel em

httpwwwjuriswayorgbrv2dhallaspid_dh=12363 Acesso em 02 de junho de 2015

TOMINAGA LK Escorregamentos In TOMINAGA L K et al(org) Desastres

naturais conhecer para prevenir Instituto Geoloacutegico Satildeo Paulo 2009 p 25-38

UFV ndash Universidade Federal de Viccedilosa Mapa de solos do Estado de Minas Gerais

legenda expandida Centro Tecnoloacutegico de Minas Gerais FEAM Belo Horizonte 2010

ZANON F N Uso e ocupaccedilatildeo da terra e vulnerabilidade a alagamento na aacuterea central

da cidade de Satildeo Paulo O caso da subprefeitura da Seacute Trabalho de Graduaccedilatildeo UNESP

Rio Claro 2013

Page 53: O USO DO SOLO URBANO EM ÁREAS DE PRESERVAÇÃO … · social que você tenha na vida, a mais alta ou a mais baixa, tenha sempre como meta muita força, muita determinação e sempre

45

Figura 5 18 Aacutereas prioritaacuterias para investimentos em contenccedilatildeo de alagamentos

Fonte Do Autor

46

6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees

A seguir apresenta-se as conclusotildees e as recomendaccedilotildees feitas a partir dos objetivos

especiacuteficos explicitados no iniacutecio deste trabalho

Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a

aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes

urbanos

A partir da revisatildeo da legislaccedilatildeo pertinente em acircmbito federal estadual e

municipal constatou-se que o Plano Diretor de Santos Dumont natildeo conflita com a

legislaccedilatildeo federal e estadual sobre Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente A legislaccedilatildeo

municipal foi entendida como mais conservadora que as federal e estadual uma

vez que considera implicitamente que declividades entre 47 e 100 satildeo

enquadradas como APPs aleacutem da faixa superior a 100

Parte consideraacutevel das ocupaccedilotildees em APP principalmente na regiatildeo do bairro

Santo Antocircnio (onde surgiu os primeiros nuacutecleos que deram origem ao municiacutepio)

e o centro da cidade ocorreram antes de que fosse elaborado qualquer legislaccedilatildeo

que versasse sobre o tema Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente bastando ao gestor

local tomar medidas de contenccedilatildeo de riscos que minimizem os impactos causados

por essas ocupaccedilotildees nessa regiatildeo

O ordenamento adequado do uso do solo no municiacutepio eacute necessaacuterio para que o

crescimento dos loteamentos criados anteriormente agrave esta Lei e o surgimento de

novos natildeo avance para Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente o que pode causar

inuacutemeros problemas aos moradores e agravar os jaacute existentes

Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las

com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)

As aacutereas onde houveram a maior quantidade de registros de deslizamentos satildeo os

bairros mais populosos de Santos Dumont podendo se estabelecer uma relaccedilatildeo

que quanto mais populoso o bairro maior a quantidade de problemas relacionados

a deslizamentos Tambeacutem pode-se notar uma relaccedilatildeo com as fronteiras das faixas

de declividades e os deslizamentos uma vez que boa parte deles aconteceram

nestas faixas

As aacutereas onde houve um grande nuacutemero de registros de alagamentos satildeo os bairros

que se desenvolveram agraves margens do Ribeiratildeo das Posses em especial na aacuterea que

47

compreende as APPs de curso hiacutedrico e em aacutereas onde a declividade eacute baixa Esse

fato aliado ao crescimento do nuacutemero de vias pavimentadas com material

impermeaacutevel e a natildeo expansatildeo e ou redimensionamento da rede de drenagem

urbana contribuiacuteram para a ocorrecircncia cada vez mais constante de alagamentos

nessas aacutereas

Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos

catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30

anos

A partir do levantamento histoacuterico realizado e da base de dados georeferenciada

gerada observou-se o aumento do nuacutemero de registros de deslizamentos e

alagamentos nos uacuteltimos 10 anos quando as ocorrecircncias comeccedilaram a se repetir

numa mesma aacuterea com frequecircncia incrementada as vezes com mais de uma

ocorrecircncia anual

Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do

solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental

Destaca-se a adequaccedilatildeo dos criteacuterios gerais estabelecidos pelo Plano Diretor de

Santos Dumont relativos a legislaccedilatildeo federal e estadual Entretanto o referido

Plano Diretor natildeo contempla todo o territoacuterio municipal sendo assim ele natildeo

cumpre o objetivo de proteger as APPs preservadas e recuperar as que foram

degradadas em todo o territoacuterio municipal Ressalta-se tambeacutem a sua natildeo

conformidade com o Estatuto das Cidades uma vez que o Plano Diretor

contempla apenas os novos loteamentos

Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais

negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea

impactada

Recomenda-se a implantaccedilatildeo no municiacutepio de uma Coordenadoria Municipal de

Defesa Civil atuante e integrada agraves Secretarias Municipais e agrave comunidade

visando uma atuaccedilatildeo eficaz nos problemas relacionados a deslizamentos e

alagamentos A elaboraccedilatildeo de um Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos eacute de

suma importacircncia pois atraveacutes dele pode-se predizer as aacutereas que passaratildeo por

problemas caso a expansatildeo aconteccedila ou se inicie uma ocupaccedilatildeo nova aleacutem de

prevenir acidentes nas aacutereas jaacute ocupadas e consideradas de risco

48

7 Anexos

49

71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont

50

51

72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)

52

53

8 Referecircncias Bibliograacuteficas

ALHEIROS M M O Plano Municipal de Prevenccedilatildeo de Riscos In CARVALHO C S

amp GALVAtildeO T(org) Prevenccedilatildeo de riscos e deslizamentos em encostas Guia para

elaboraccedilatildeo de Poliacuteticas Municipais Ministeacuterio das Cidades Brasiacutelia 2006

AMARAL R amp RIBEIRO R R Inundaccedilatildeo e enchentes In TOMINAGA L K et al

Desastres naturais conhecer para prevenir Instituto Geoloacutegico Satildeo Paulo 2009 p 39-

52

BRASIL Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil de 1988 Brasiacutelia 1988

BRASIL Lei Federal 10257 de 10 de julho de 2001 Regulamenta os arts 182 e 183 da

CF estabelece as diretrizes gerais da poliacutetica urbana e daacute outras providecircncias Brasiacutelia

2001

BRASIL Lei Federal nordm 12651 de 25 de maio de 2012 Dispotildee sobre a proteccedilatildeo da

vegetaccedilatildeo nativa altera as Leis nos 6938 de 31 de agosto de 1981 9393 de 1 9 de

dezembro de 1996 e 11 428 de 22 de dezembro de 2006 revoga as Leis nos 4771 de

1 5 de setembro de 1965 e 7754 de 1 4 de abril de 1989 e a Medida Provisoacuteria no 21

66shy67 de 24 de agosto de 2001 e daacute outras providecircncias Brasiacutelia 2012

BRASIL Lei Federal nordm 4771 de 15 de Setembro de 1965 Institui o Novo Coacutedigo

Florestal Brasiacutelia 1965

BRASIL Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional Sistema Integrado de Informaccedilotildees sobre

desastres (S2ID) Disponiacutevel em https2idmigovbr Acesso em 15 de junho de 2015

BUENO L M M Anaacutelise da recuperaccedilatildeo urbana e ambiental em assentamentos de

interesse social na aacuterea de mananciais do ABC Paulista Cadernos PUC-SP v3 nordm 7 Satildeo

Paulo 2009

CARVALHO L A O Novo Coacutedigo Florestal comentado artigo por artigo 1ordfEd Ed

Juruaacute Curitiba-PR 2013 584p

CEPED ATLAS brasileiro de desastres naturais ndash 1991 a 2010 volume Minas Gerais

Florianoacutepolis Centro Universitaacuterio de Estudos e Pesquisas sobre Desastres ndash CEPED

UFSC 2011

CEPED Planejamento Nacional para Gestatildeo de Risco Caderno Percebendo Riscos

Reduzindo Perdas UFSC Florianoacutepolis 2014

54

CRISTO SSV Anaacutelise da susceptibilidade a riscos naturais relacionados a enchentes

e deslizamentos do setor leste da bacia hidrograacutefica do rio Itacorubi Florianoacutepolis-SC

Dissertaccedilatildeo de Mestrado UFSC 2002 211p

DAPPC- Departamento do Arquivo Puacuteblico e Patrimocircnio Cultural de Santos Dumont De

Joatildeo Gomes a Santos Dumont ndash Histoacuterico do Municiacutepio Santos Dumont 2008

DE MORAES H M As aacutereas de preservaccedilatildeo permanente nas zonas urbanas

Disponiacutevel em httpwwwjuriswayorgbrv2dhallaspid_dh=560 Acesso em 13 de

Novembro de 2014

FERNANDES R S Remoccedilatildeo de habitantes de aacutereas de risco soluccedilatildeo para evitar

trageacutedias Ed Do autor Campos do Jordatildeo-SP 2012 15p

FONTOURA L N J Planejamento urbano-ambiental o uso e ocupaccedilatildeo do solo no

Distrito Federal Revista Especialize On-Line IPOG 5ordf Ediccedilatildeo nordm 005 v012013

Goiacircnia-GO 2013

IBGE- Cidades Informaccedilotildees sobre o municiacutepio de Santos Dumont Disponiacutevel em

httpwwwcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=316070ampsearch=||info

grE1ficos-informaE7F5es-completas Acesso em 15 de Junho de 2015

IBGE Projeto Mudanccedila de Referencial Geodeacutesico Disponiacutevel em

httpwwwibgegovbrhomegeocienciasgeodesiapmrgdefault_pmrgshtm Acesso

em 20 de Novembro de 2014

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Estado de Minas Gerais Disponiacutevel em

httpaguasigammggovbr2008nacbhmapascbhshtml Acesso em 15 de junho de

2015

INACIO E S B et al Quantificaccedilatildeo da erosatildeo pastagem com diferentes declives na

microbacia do ribeiratildeo Salomea Revista Brasileira de Engenharia Agriacutecola e Ambiental

V11 nordm 4 p355-360 UFCG Campina Grande 2007

JORNAL MENSAGEM Santos Dumont-MG Ediccedilotildees de 1984 agrave 2014

MINAS GERAIS Lei Estadual 20922 de 16 de outubro de 2013 Dispotildee sobre as

poliacuteticas florestal e de proteccedilatildeo agrave biodiversidade no Estado Belo Horizonte 2013

55

MINISTEacuteRIO DAS CIDADES IPT-Instituto de Pesquisas Tecnoloacutegicas Mapeamento

de Riscos em encostas e margem de rios Celso Santos Carvalho Eduardo Soares de

Macedo e Agostinho Tadashi Ogura org Brasiacutelia 2007 176p

NASA ASTER Advanced Spaceborne Thermal Emission and Reflection Radiometer

Disponiacutevel em httpsasterwebjplnasagov Acesso em 22 de Novembro de 2014

ODM - Relatoacuterios dinacircmicos Municiacutepio de Santos Dumont Disponiacutevel em

httpwwwrelatoriosdinamicoscombrportalodmperfilBRA003031707santos-

dumont---mg Acesso em 15 de junho de 2015

OLIVEIRA G C amp FERNANDES FILHO E I Metodologia para delimitaccedilatildeo de topos

de morro segundo o Novo Coacutedigo Florestal brasileiro utilizando sistemas de informaccedilatildeo

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Iguaccedilu 2013 Anais

ROCHA C H B Geoprocessamento tecnologia transdisciplinar 3ordfEd Ed Do Autor

Juiz de Fora-MG 2007 220p

ROSA FILHO A amp CORTEZ A T C Os deslizamentos de encostas nas favelas em

aacutereas de risco da ldquoSuiacuteccedila brasileirardquo Campos do Jordatildeo (SP) 1ordm Simpoacutesio de Poacutes

graduaccedilatildeo em Geografia do Estado de Satildeo Paulo UNESP Rio Claro 2008

ROSSBACH A C amp CARVALHO C S O Estatuto da Cidade comentado Alianccedila de

Cidades Satildeo Paulo 2010 120p

SABOYA R Zoneamento e Planos Diretores Disponiacutevel em

httpurbanidadesarqbr200711zoneamento-e-planos-diretores 2007 Acesso em 10

de Junho de 2015

SANTANA M N R Identificaccedilatildeo dos impactos ambientais da ocupaccedilatildeo irregular na

APP do Coacuterrego Tamanduaacute em Aparecida de Goiacircnia II Congresso Brasileiro de Gestatildeo

Ambiental IBEAS Londrina 2011

SANTOS DUMONT Lei Municipal 4241 de 19 de dezembro de 2012 Dispotildee sobre o

Plano Diretor Participativo do Municiacutepio de Santos Dumont nos termos da Lei nordm 10257

de 10 de julho de 2001 ndash Estatuto das Cidades e conteacutem outras providecircncias Santos

Dumont 2012

56

SAtildeO PAULO Mapeamento de riscos associados a escorregamentos inundaccedilatildeo erosotildees

e solapamento de margens de drenagens do municiacutepio de Campos do Jordatildeo-SP

Relatoacuterio Teacutecnico Campos do Jordatildeo 2014

SILVA JR J R amp PASSOS L A O negoacutecio eacute participar a importacircncia do plano

diretor para o desenvolvimento municipal CNM SEBRAE Brasiacutelia 2006

SKORUPA LA Aacutereas de preservaccedilatildeo permanente e desenvolvimento sustentaacutevel

Embrapa Meio Ambiente Jaguariuacutena-SP 2004 4p

SOUZA F P Ocupaccedilotildees irregulares em APP um estudo de caso no munciacutepio de

Campos de Goytacazes- RJ Boletim do Observatoacuterio Ambiental Alberto Ribeiro Lamego

v4 nordm 1 Campos de Goytacazes 2010

SPERFELD A S Identificaccedilatildeo e anaacutelise de demandas soacutecio ambientais de ordem

puacuteblica em aacutereas urbanas susceptiacuteveis a desastres naturais no municiacutepio de Joinville

SC Dissertaccedilatildeo de Mestrado UFSC Florianoacutepolis 2009

TAKEDA T O Uso e ocupaccedilatildeo do solo urbano Disponiacutevel em

httpwwwjuriswayorgbrv2dhallaspid_dh=12363 Acesso em 02 de junho de 2015

TOMINAGA LK Escorregamentos In TOMINAGA L K et al(org) Desastres

naturais conhecer para prevenir Instituto Geoloacutegico Satildeo Paulo 2009 p 25-38

UFV ndash Universidade Federal de Viccedilosa Mapa de solos do Estado de Minas Gerais

legenda expandida Centro Tecnoloacutegico de Minas Gerais FEAM Belo Horizonte 2010

ZANON F N Uso e ocupaccedilatildeo da terra e vulnerabilidade a alagamento na aacuterea central

da cidade de Satildeo Paulo O caso da subprefeitura da Seacute Trabalho de Graduaccedilatildeo UNESP

Rio Claro 2013

Page 54: O USO DO SOLO URBANO EM ÁREAS DE PRESERVAÇÃO … · social que você tenha na vida, a mais alta ou a mais baixa, tenha sempre como meta muita força, muita determinação e sempre

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6 Conclusotildees e recomendaccedilotildees

A seguir apresenta-se as conclusotildees e as recomendaccedilotildees feitas a partir dos objetivos

especiacuteficos explicitados no iniacutecio deste trabalho

Realizar uma revisatildeo bibliograacutefica dos conceitos fundamentais relacionados a

aacutereas de risco e da legislaccedilatildeo pertinente ao uso e ocupaccedilatildeo de APP em ambientes

urbanos

A partir da revisatildeo da legislaccedilatildeo pertinente em acircmbito federal estadual e

municipal constatou-se que o Plano Diretor de Santos Dumont natildeo conflita com a

legislaccedilatildeo federal e estadual sobre Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente A legislaccedilatildeo

municipal foi entendida como mais conservadora que as federal e estadual uma

vez que considera implicitamente que declividades entre 47 e 100 satildeo

enquadradas como APPs aleacutem da faixa superior a 100

Parte consideraacutevel das ocupaccedilotildees em APP principalmente na regiatildeo do bairro

Santo Antocircnio (onde surgiu os primeiros nuacutecleos que deram origem ao municiacutepio)

e o centro da cidade ocorreram antes de que fosse elaborado qualquer legislaccedilatildeo

que versasse sobre o tema Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente bastando ao gestor

local tomar medidas de contenccedilatildeo de riscos que minimizem os impactos causados

por essas ocupaccedilotildees nessa regiatildeo

O ordenamento adequado do uso do solo no municiacutepio eacute necessaacuterio para que o

crescimento dos loteamentos criados anteriormente agrave esta Lei e o surgimento de

novos natildeo avance para Aacutereas de Preservaccedilatildeo Permanente o que pode causar

inuacutemeros problemas aos moradores e agravar os jaacute existentes

Identificar as aacutereas onde ocorreram deslizamentos e inundaccedilotildees e relacionaacute-las

com a ocupaccedilatildeo em Aacuterea de Preservaccedilatildeo Permanente (APP)

As aacutereas onde houveram a maior quantidade de registros de deslizamentos satildeo os

bairros mais populosos de Santos Dumont podendo se estabelecer uma relaccedilatildeo

que quanto mais populoso o bairro maior a quantidade de problemas relacionados

a deslizamentos Tambeacutem pode-se notar uma relaccedilatildeo com as fronteiras das faixas

de declividades e os deslizamentos uma vez que boa parte deles aconteceram

nestas faixas

As aacutereas onde houve um grande nuacutemero de registros de alagamentos satildeo os bairros

que se desenvolveram agraves margens do Ribeiratildeo das Posses em especial na aacuterea que

47

compreende as APPs de curso hiacutedrico e em aacutereas onde a declividade eacute baixa Esse

fato aliado ao crescimento do nuacutemero de vias pavimentadas com material

impermeaacutevel e a natildeo expansatildeo e ou redimensionamento da rede de drenagem

urbana contribuiacuteram para a ocorrecircncia cada vez mais constante de alagamentos

nessas aacutereas

Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos

catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30

anos

A partir do levantamento histoacuterico realizado e da base de dados georeferenciada

gerada observou-se o aumento do nuacutemero de registros de deslizamentos e

alagamentos nos uacuteltimos 10 anos quando as ocorrecircncias comeccedilaram a se repetir

numa mesma aacuterea com frequecircncia incrementada as vezes com mais de uma

ocorrecircncia anual

Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do

solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental

Destaca-se a adequaccedilatildeo dos criteacuterios gerais estabelecidos pelo Plano Diretor de

Santos Dumont relativos a legislaccedilatildeo federal e estadual Entretanto o referido

Plano Diretor natildeo contempla todo o territoacuterio municipal sendo assim ele natildeo

cumpre o objetivo de proteger as APPs preservadas e recuperar as que foram

degradadas em todo o territoacuterio municipal Ressalta-se tambeacutem a sua natildeo

conformidade com o Estatuto das Cidades uma vez que o Plano Diretor

contempla apenas os novos loteamentos

Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais

negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea

impactada

Recomenda-se a implantaccedilatildeo no municiacutepio de uma Coordenadoria Municipal de

Defesa Civil atuante e integrada agraves Secretarias Municipais e agrave comunidade

visando uma atuaccedilatildeo eficaz nos problemas relacionados a deslizamentos e

alagamentos A elaboraccedilatildeo de um Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos eacute de

suma importacircncia pois atraveacutes dele pode-se predizer as aacutereas que passaratildeo por

problemas caso a expansatildeo aconteccedila ou se inicie uma ocupaccedilatildeo nova aleacutem de

prevenir acidentes nas aacutereas jaacute ocupadas e consideradas de risco

48

7 Anexos

49

71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont

50

51

72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)

52

53

8 Referecircncias Bibliograacuteficas

ALHEIROS M M O Plano Municipal de Prevenccedilatildeo de Riscos In CARVALHO C S

amp GALVAtildeO T(org) Prevenccedilatildeo de riscos e deslizamentos em encostas Guia para

elaboraccedilatildeo de Poliacuteticas Municipais Ministeacuterio das Cidades Brasiacutelia 2006

AMARAL R amp RIBEIRO R R Inundaccedilatildeo e enchentes In TOMINAGA L K et al

Desastres naturais conhecer para prevenir Instituto Geoloacutegico Satildeo Paulo 2009 p 39-

52

BRASIL Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil de 1988 Brasiacutelia 1988

BRASIL Lei Federal 10257 de 10 de julho de 2001 Regulamenta os arts 182 e 183 da

CF estabelece as diretrizes gerais da poliacutetica urbana e daacute outras providecircncias Brasiacutelia

2001

BRASIL Lei Federal nordm 12651 de 25 de maio de 2012 Dispotildee sobre a proteccedilatildeo da

vegetaccedilatildeo nativa altera as Leis nos 6938 de 31 de agosto de 1981 9393 de 1 9 de

dezembro de 1996 e 11 428 de 22 de dezembro de 2006 revoga as Leis nos 4771 de

1 5 de setembro de 1965 e 7754 de 1 4 de abril de 1989 e a Medida Provisoacuteria no 21

66shy67 de 24 de agosto de 2001 e daacute outras providecircncias Brasiacutelia 2012

BRASIL Lei Federal nordm 4771 de 15 de Setembro de 1965 Institui o Novo Coacutedigo

Florestal Brasiacutelia 1965

BRASIL Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional Sistema Integrado de Informaccedilotildees sobre

desastres (S2ID) Disponiacutevel em https2idmigovbr Acesso em 15 de junho de 2015

BUENO L M M Anaacutelise da recuperaccedilatildeo urbana e ambiental em assentamentos de

interesse social na aacuterea de mananciais do ABC Paulista Cadernos PUC-SP v3 nordm 7 Satildeo

Paulo 2009

CARVALHO L A O Novo Coacutedigo Florestal comentado artigo por artigo 1ordfEd Ed

Juruaacute Curitiba-PR 2013 584p

CEPED ATLAS brasileiro de desastres naturais ndash 1991 a 2010 volume Minas Gerais

Florianoacutepolis Centro Universitaacuterio de Estudos e Pesquisas sobre Desastres ndash CEPED

UFSC 2011

CEPED Planejamento Nacional para Gestatildeo de Risco Caderno Percebendo Riscos

Reduzindo Perdas UFSC Florianoacutepolis 2014

54

CRISTO SSV Anaacutelise da susceptibilidade a riscos naturais relacionados a enchentes

e deslizamentos do setor leste da bacia hidrograacutefica do rio Itacorubi Florianoacutepolis-SC

Dissertaccedilatildeo de Mestrado UFSC 2002 211p

DAPPC- Departamento do Arquivo Puacuteblico e Patrimocircnio Cultural de Santos Dumont De

Joatildeo Gomes a Santos Dumont ndash Histoacuterico do Municiacutepio Santos Dumont 2008

DE MORAES H M As aacutereas de preservaccedilatildeo permanente nas zonas urbanas

Disponiacutevel em httpwwwjuriswayorgbrv2dhallaspid_dh=560 Acesso em 13 de

Novembro de 2014

FERNANDES R S Remoccedilatildeo de habitantes de aacutereas de risco soluccedilatildeo para evitar

trageacutedias Ed Do autor Campos do Jordatildeo-SP 2012 15p

FONTOURA L N J Planejamento urbano-ambiental o uso e ocupaccedilatildeo do solo no

Distrito Federal Revista Especialize On-Line IPOG 5ordf Ediccedilatildeo nordm 005 v012013

Goiacircnia-GO 2013

IBGE- Cidades Informaccedilotildees sobre o municiacutepio de Santos Dumont Disponiacutevel em

httpwwwcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=316070ampsearch=||info

grE1ficos-informaE7F5es-completas Acesso em 15 de Junho de 2015

IBGE Projeto Mudanccedila de Referencial Geodeacutesico Disponiacutevel em

httpwwwibgegovbrhomegeocienciasgeodesiapmrgdefault_pmrgshtm Acesso

em 20 de Novembro de 2014

IGAM ndash Instituto Mineiro de Gestatildeo das Aacuteguas Mapa das bacias hidrograacuteficas no

Estado de Minas Gerais Disponiacutevel em

httpaguasigammggovbr2008nacbhmapascbhshtml Acesso em 15 de junho de

2015

INACIO E S B et al Quantificaccedilatildeo da erosatildeo pastagem com diferentes declives na

microbacia do ribeiratildeo Salomea Revista Brasileira de Engenharia Agriacutecola e Ambiental

V11 nordm 4 p355-360 UFCG Campina Grande 2007

JORNAL MENSAGEM Santos Dumont-MG Ediccedilotildees de 1984 agrave 2014

MINAS GERAIS Lei Estadual 20922 de 16 de outubro de 2013 Dispotildee sobre as

poliacuteticas florestal e de proteccedilatildeo agrave biodiversidade no Estado Belo Horizonte 2013

55

MINISTEacuteRIO DAS CIDADES IPT-Instituto de Pesquisas Tecnoloacutegicas Mapeamento

de Riscos em encostas e margem de rios Celso Santos Carvalho Eduardo Soares de

Macedo e Agostinho Tadashi Ogura org Brasiacutelia 2007 176p

NASA ASTER Advanced Spaceborne Thermal Emission and Reflection Radiometer

Disponiacutevel em httpsasterwebjplnasagov Acesso em 22 de Novembro de 2014

ODM - Relatoacuterios dinacircmicos Municiacutepio de Santos Dumont Disponiacutevel em

httpwwwrelatoriosdinamicoscombrportalodmperfilBRA003031707santos-

dumont---mg Acesso em 15 de junho de 2015

OLIVEIRA G C amp FERNANDES FILHO E I Metodologia para delimitaccedilatildeo de topos

de morro segundo o Novo Coacutedigo Florestal brasileiro utilizando sistemas de informaccedilatildeo

geograacutefica In XVI Simpoacutesio Brasileiro de Sensoriamento Remoto INPE Foz do

Iguaccedilu 2013 Anais

ROCHA C H B Geoprocessamento tecnologia transdisciplinar 3ordfEd Ed Do Autor

Juiz de Fora-MG 2007 220p

ROSA FILHO A amp CORTEZ A T C Os deslizamentos de encostas nas favelas em

aacutereas de risco da ldquoSuiacuteccedila brasileirardquo Campos do Jordatildeo (SP) 1ordm Simpoacutesio de Poacutes

graduaccedilatildeo em Geografia do Estado de Satildeo Paulo UNESP Rio Claro 2008

ROSSBACH A C amp CARVALHO C S O Estatuto da Cidade comentado Alianccedila de

Cidades Satildeo Paulo 2010 120p

SABOYA R Zoneamento e Planos Diretores Disponiacutevel em

httpurbanidadesarqbr200711zoneamento-e-planos-diretores 2007 Acesso em 10

de Junho de 2015

SANTANA M N R Identificaccedilatildeo dos impactos ambientais da ocupaccedilatildeo irregular na

APP do Coacuterrego Tamanduaacute em Aparecida de Goiacircnia II Congresso Brasileiro de Gestatildeo

Ambiental IBEAS Londrina 2011

SANTOS DUMONT Lei Municipal 4241 de 19 de dezembro de 2012 Dispotildee sobre o

Plano Diretor Participativo do Municiacutepio de Santos Dumont nos termos da Lei nordm 10257

de 10 de julho de 2001 ndash Estatuto das Cidades e conteacutem outras providecircncias Santos

Dumont 2012

56

SAtildeO PAULO Mapeamento de riscos associados a escorregamentos inundaccedilatildeo erosotildees

e solapamento de margens de drenagens do municiacutepio de Campos do Jordatildeo-SP

Relatoacuterio Teacutecnico Campos do Jordatildeo 2014

SILVA JR J R amp PASSOS L A O negoacutecio eacute participar a importacircncia do plano

diretor para o desenvolvimento municipal CNM SEBRAE Brasiacutelia 2006

SKORUPA LA Aacutereas de preservaccedilatildeo permanente e desenvolvimento sustentaacutevel

Embrapa Meio Ambiente Jaguariuacutena-SP 2004 4p

SOUZA F P Ocupaccedilotildees irregulares em APP um estudo de caso no munciacutepio de

Campos de Goytacazes- RJ Boletim do Observatoacuterio Ambiental Alberto Ribeiro Lamego

v4 nordm 1 Campos de Goytacazes 2010

SPERFELD A S Identificaccedilatildeo e anaacutelise de demandas soacutecio ambientais de ordem

puacuteblica em aacutereas urbanas susceptiacuteveis a desastres naturais no municiacutepio de Joinville

SC Dissertaccedilatildeo de Mestrado UFSC Florianoacutepolis 2009

TAKEDA T O Uso e ocupaccedilatildeo do solo urbano Disponiacutevel em

httpwwwjuriswayorgbrv2dhallaspid_dh=12363 Acesso em 02 de junho de 2015

TOMINAGA LK Escorregamentos In TOMINAGA L K et al(org) Desastres

naturais conhecer para prevenir Instituto Geoloacutegico Satildeo Paulo 2009 p 25-38

UFV ndash Universidade Federal de Viccedilosa Mapa de solos do Estado de Minas Gerais

legenda expandida Centro Tecnoloacutegico de Minas Gerais FEAM Belo Horizonte 2010

ZANON F N Uso e ocupaccedilatildeo da terra e vulnerabilidade a alagamento na aacuterea central

da cidade de Satildeo Paulo O caso da subprefeitura da Seacute Trabalho de Graduaccedilatildeo UNESP

Rio Claro 2013

Page 55: O USO DO SOLO URBANO EM ÁREAS DE PRESERVAÇÃO … · social que você tenha na vida, a mais alta ou a mais baixa, tenha sempre como meta muita força, muita determinação e sempre

47

compreende as APPs de curso hiacutedrico e em aacutereas onde a declividade eacute baixa Esse

fato aliado ao crescimento do nuacutemero de vias pavimentadas com material

impermeaacutevel e a natildeo expansatildeo e ou redimensionamento da rede de drenagem

urbana contribuiacuteram para a ocorrecircncia cada vez mais constante de alagamentos

nessas aacutereas

Gerar uma base de dados georreferenciada consistente com os eventos

catastroacuteficos histoacutericos relacionados agraves ocupaccedilotildees em APP em um periacuteodo de 30

anos

A partir do levantamento histoacuterico realizado e da base de dados georeferenciada

gerada observou-se o aumento do nuacutemero de registros de deslizamentos e

alagamentos nos uacuteltimos 10 anos quando as ocorrecircncias comeccedilaram a se repetir

numa mesma aacuterea com frequecircncia incrementada as vezes com mais de uma

ocorrecircncia anual

Avaliar a adequaccedilatildeo do Plano Diretor no que se refere ao uso e ocupaccedilatildeo atual do

solo em APP e na Zona de Proteccedilatildeo Ambiental

Destaca-se a adequaccedilatildeo dos criteacuterios gerais estabelecidos pelo Plano Diretor de

Santos Dumont relativos a legislaccedilatildeo federal e estadual Entretanto o referido

Plano Diretor natildeo contempla todo o territoacuterio municipal sendo assim ele natildeo

cumpre o objetivo de proteger as APPs preservadas e recuperar as que foram

degradadas em todo o territoacuterio municipal Ressalta-se tambeacutem a sua natildeo

conformidade com o Estatuto das Cidades uma vez que o Plano Diretor

contempla apenas os novos loteamentos

Propor accedilotildees mitigadoras e preventivas de potenciais impactos ambientais

negativos causados pelas ocupaccedilotildees em APP ou para recuperaccedilatildeo da aacuterea

impactada

Recomenda-se a implantaccedilatildeo no municiacutepio de uma Coordenadoria Municipal de

Defesa Civil atuante e integrada agraves Secretarias Municipais e agrave comunidade

visando uma atuaccedilatildeo eficaz nos problemas relacionados a deslizamentos e

alagamentos A elaboraccedilatildeo de um Plano Municipal de Reduccedilatildeo de Riscos eacute de

suma importacircncia pois atraveacutes dele pode-se predizer as aacutereas que passaratildeo por

problemas caso a expansatildeo aconteccedila ou se inicie uma ocupaccedilatildeo nova aleacutem de

prevenir acidentes nas aacutereas jaacute ocupadas e consideradas de risco

48

7 Anexos

49

71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont

50

51

72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)

52

53

8 Referecircncias Bibliograacuteficas

ALHEIROS M M O Plano Municipal de Prevenccedilatildeo de Riscos In CARVALHO C S

amp GALVAtildeO T(org) Prevenccedilatildeo de riscos e deslizamentos em encostas Guia para

elaboraccedilatildeo de Poliacuteticas Municipais Ministeacuterio das Cidades Brasiacutelia 2006

AMARAL R amp RIBEIRO R R Inundaccedilatildeo e enchentes In TOMINAGA L K et al

Desastres naturais conhecer para prevenir Instituto Geoloacutegico Satildeo Paulo 2009 p 39-

52

BRASIL Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil de 1988 Brasiacutelia 1988

BRASIL Lei Federal 10257 de 10 de julho de 2001 Regulamenta os arts 182 e 183 da

CF estabelece as diretrizes gerais da poliacutetica urbana e daacute outras providecircncias Brasiacutelia

2001

BRASIL Lei Federal nordm 12651 de 25 de maio de 2012 Dispotildee sobre a proteccedilatildeo da

vegetaccedilatildeo nativa altera as Leis nos 6938 de 31 de agosto de 1981 9393 de 1 9 de

dezembro de 1996 e 11 428 de 22 de dezembro de 2006 revoga as Leis nos 4771 de

1 5 de setembro de 1965 e 7754 de 1 4 de abril de 1989 e a Medida Provisoacuteria no 21

66shy67 de 24 de agosto de 2001 e daacute outras providecircncias Brasiacutelia 2012

BRASIL Lei Federal nordm 4771 de 15 de Setembro de 1965 Institui o Novo Coacutedigo

Florestal Brasiacutelia 1965

BRASIL Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional Sistema Integrado de Informaccedilotildees sobre

desastres (S2ID) Disponiacutevel em https2idmigovbr Acesso em 15 de junho de 2015

BUENO L M M Anaacutelise da recuperaccedilatildeo urbana e ambiental em assentamentos de

interesse social na aacuterea de mananciais do ABC Paulista Cadernos PUC-SP v3 nordm 7 Satildeo

Paulo 2009

CARVALHO L A O Novo Coacutedigo Florestal comentado artigo por artigo 1ordfEd Ed

Juruaacute Curitiba-PR 2013 584p

CEPED ATLAS brasileiro de desastres naturais ndash 1991 a 2010 volume Minas Gerais

Florianoacutepolis Centro Universitaacuterio de Estudos e Pesquisas sobre Desastres ndash CEPED

UFSC 2011

CEPED Planejamento Nacional para Gestatildeo de Risco Caderno Percebendo Riscos

Reduzindo Perdas UFSC Florianoacutepolis 2014

54

CRISTO SSV Anaacutelise da susceptibilidade a riscos naturais relacionados a enchentes

e deslizamentos do setor leste da bacia hidrograacutefica do rio Itacorubi Florianoacutepolis-SC

Dissertaccedilatildeo de Mestrado UFSC 2002 211p

DAPPC- Departamento do Arquivo Puacuteblico e Patrimocircnio Cultural de Santos Dumont De

Joatildeo Gomes a Santos Dumont ndash Histoacuterico do Municiacutepio Santos Dumont 2008

DE MORAES H M As aacutereas de preservaccedilatildeo permanente nas zonas urbanas

Disponiacutevel em httpwwwjuriswayorgbrv2dhallaspid_dh=560 Acesso em 13 de

Novembro de 2014

FERNANDES R S Remoccedilatildeo de habitantes de aacutereas de risco soluccedilatildeo para evitar

trageacutedias Ed Do autor Campos do Jordatildeo-SP 2012 15p

FONTOURA L N J Planejamento urbano-ambiental o uso e ocupaccedilatildeo do solo no

Distrito Federal Revista Especialize On-Line IPOG 5ordf Ediccedilatildeo nordm 005 v012013

Goiacircnia-GO 2013

IBGE- Cidades Informaccedilotildees sobre o municiacutepio de Santos Dumont Disponiacutevel em

httpwwwcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=316070ampsearch=||info

grE1ficos-informaE7F5es-completas Acesso em 15 de Junho de 2015

IBGE Projeto Mudanccedila de Referencial Geodeacutesico Disponiacutevel em

httpwwwibgegovbrhomegeocienciasgeodesiapmrgdefault_pmrgshtm Acesso

em 20 de Novembro de 2014

IGAM ndash Instituto Mineiro de Gestatildeo das Aacuteguas Mapa das bacias hidrograacuteficas no

Estado de Minas Gerais Disponiacutevel em

httpaguasigammggovbr2008nacbhmapascbhshtml Acesso em 15 de junho de

2015

INACIO E S B et al Quantificaccedilatildeo da erosatildeo pastagem com diferentes declives na

microbacia do ribeiratildeo Salomea Revista Brasileira de Engenharia Agriacutecola e Ambiental

V11 nordm 4 p355-360 UFCG Campina Grande 2007

JORNAL MENSAGEM Santos Dumont-MG Ediccedilotildees de 1984 agrave 2014

MINAS GERAIS Lei Estadual 20922 de 16 de outubro de 2013 Dispotildee sobre as

poliacuteticas florestal e de proteccedilatildeo agrave biodiversidade no Estado Belo Horizonte 2013

55

MINISTEacuteRIO DAS CIDADES IPT-Instituto de Pesquisas Tecnoloacutegicas Mapeamento

de Riscos em encostas e margem de rios Celso Santos Carvalho Eduardo Soares de

Macedo e Agostinho Tadashi Ogura org Brasiacutelia 2007 176p

NASA ASTER Advanced Spaceborne Thermal Emission and Reflection Radiometer

Disponiacutevel em httpsasterwebjplnasagov Acesso em 22 de Novembro de 2014

ODM - Relatoacuterios dinacircmicos Municiacutepio de Santos Dumont Disponiacutevel em

httpwwwrelatoriosdinamicoscombrportalodmperfilBRA003031707santos-

dumont---mg Acesso em 15 de junho de 2015

OLIVEIRA G C amp FERNANDES FILHO E I Metodologia para delimitaccedilatildeo de topos

de morro segundo o Novo Coacutedigo Florestal brasileiro utilizando sistemas de informaccedilatildeo

geograacutefica In XVI Simpoacutesio Brasileiro de Sensoriamento Remoto INPE Foz do

Iguaccedilu 2013 Anais

ROCHA C H B Geoprocessamento tecnologia transdisciplinar 3ordfEd Ed Do Autor

Juiz de Fora-MG 2007 220p

ROSA FILHO A amp CORTEZ A T C Os deslizamentos de encostas nas favelas em

aacutereas de risco da ldquoSuiacuteccedila brasileirardquo Campos do Jordatildeo (SP) 1ordm Simpoacutesio de Poacutes

graduaccedilatildeo em Geografia do Estado de Satildeo Paulo UNESP Rio Claro 2008

ROSSBACH A C amp CARVALHO C S O Estatuto da Cidade comentado Alianccedila de

Cidades Satildeo Paulo 2010 120p

SABOYA R Zoneamento e Planos Diretores Disponiacutevel em

httpurbanidadesarqbr200711zoneamento-e-planos-diretores 2007 Acesso em 10

de Junho de 2015

SANTANA M N R Identificaccedilatildeo dos impactos ambientais da ocupaccedilatildeo irregular na

APP do Coacuterrego Tamanduaacute em Aparecida de Goiacircnia II Congresso Brasileiro de Gestatildeo

Ambiental IBEAS Londrina 2011

SANTOS DUMONT Lei Municipal 4241 de 19 de dezembro de 2012 Dispotildee sobre o

Plano Diretor Participativo do Municiacutepio de Santos Dumont nos termos da Lei nordm 10257

de 10 de julho de 2001 ndash Estatuto das Cidades e conteacutem outras providecircncias Santos

Dumont 2012

56

SAtildeO PAULO Mapeamento de riscos associados a escorregamentos inundaccedilatildeo erosotildees

e solapamento de margens de drenagens do municiacutepio de Campos do Jordatildeo-SP

Relatoacuterio Teacutecnico Campos do Jordatildeo 2014

SILVA JR J R amp PASSOS L A O negoacutecio eacute participar a importacircncia do plano

diretor para o desenvolvimento municipal CNM SEBRAE Brasiacutelia 2006

SKORUPA LA Aacutereas de preservaccedilatildeo permanente e desenvolvimento sustentaacutevel

Embrapa Meio Ambiente Jaguariuacutena-SP 2004 4p

SOUZA F P Ocupaccedilotildees irregulares em APP um estudo de caso no munciacutepio de

Campos de Goytacazes- RJ Boletim do Observatoacuterio Ambiental Alberto Ribeiro Lamego

v4 nordm 1 Campos de Goytacazes 2010

SPERFELD A S Identificaccedilatildeo e anaacutelise de demandas soacutecio ambientais de ordem

puacuteblica em aacutereas urbanas susceptiacuteveis a desastres naturais no municiacutepio de Joinville

SC Dissertaccedilatildeo de Mestrado UFSC Florianoacutepolis 2009

TAKEDA T O Uso e ocupaccedilatildeo do solo urbano Disponiacutevel em

httpwwwjuriswayorgbrv2dhallaspid_dh=12363 Acesso em 02 de junho de 2015

TOMINAGA LK Escorregamentos In TOMINAGA L K et al(org) Desastres

naturais conhecer para prevenir Instituto Geoloacutegico Satildeo Paulo 2009 p 25-38

UFV ndash Universidade Federal de Viccedilosa Mapa de solos do Estado de Minas Gerais

legenda expandida Centro Tecnoloacutegico de Minas Gerais FEAM Belo Horizonte 2010

ZANON F N Uso e ocupaccedilatildeo da terra e vulnerabilidade a alagamento na aacuterea central

da cidade de Satildeo Paulo O caso da subprefeitura da Seacute Trabalho de Graduaccedilatildeo UNESP

Rio Claro 2013

Page 56: O USO DO SOLO URBANO EM ÁREAS DE PRESERVAÇÃO … · social que você tenha na vida, a mais alta ou a mais baixa, tenha sempre como meta muita força, muita determinação e sempre

48

7 Anexos

49

71 - Zoneamento Urbano de Santos Dumont

50

51

72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)

52

53

8 Referecircncias Bibliograacuteficas

ALHEIROS M M O Plano Municipal de Prevenccedilatildeo de Riscos In CARVALHO C S

amp GALVAtildeO T(org) Prevenccedilatildeo de riscos e deslizamentos em encostas Guia para

elaboraccedilatildeo de Poliacuteticas Municipais Ministeacuterio das Cidades Brasiacutelia 2006

AMARAL R amp RIBEIRO R R Inundaccedilatildeo e enchentes In TOMINAGA L K et al

Desastres naturais conhecer para prevenir Instituto Geoloacutegico Satildeo Paulo 2009 p 39-

52

BRASIL Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil de 1988 Brasiacutelia 1988

BRASIL Lei Federal 10257 de 10 de julho de 2001 Regulamenta os arts 182 e 183 da

CF estabelece as diretrizes gerais da poliacutetica urbana e daacute outras providecircncias Brasiacutelia

2001

BRASIL Lei Federal nordm 12651 de 25 de maio de 2012 Dispotildee sobre a proteccedilatildeo da

vegetaccedilatildeo nativa altera as Leis nos 6938 de 31 de agosto de 1981 9393 de 1 9 de

dezembro de 1996 e 11 428 de 22 de dezembro de 2006 revoga as Leis nos 4771 de

1 5 de setembro de 1965 e 7754 de 1 4 de abril de 1989 e a Medida Provisoacuteria no 21

66shy67 de 24 de agosto de 2001 e daacute outras providecircncias Brasiacutelia 2012

BRASIL Lei Federal nordm 4771 de 15 de Setembro de 1965 Institui o Novo Coacutedigo

Florestal Brasiacutelia 1965

BRASIL Ministeacuterio da Integraccedilatildeo Nacional Sistema Integrado de Informaccedilotildees sobre

desastres (S2ID) Disponiacutevel em https2idmigovbr Acesso em 15 de junho de 2015

BUENO L M M Anaacutelise da recuperaccedilatildeo urbana e ambiental em assentamentos de

interesse social na aacuterea de mananciais do ABC Paulista Cadernos PUC-SP v3 nordm 7 Satildeo

Paulo 2009

CARVALHO L A O Novo Coacutedigo Florestal comentado artigo por artigo 1ordfEd Ed

Juruaacute Curitiba-PR 2013 584p

CEPED ATLAS brasileiro de desastres naturais ndash 1991 a 2010 volume Minas Gerais

Florianoacutepolis Centro Universitaacuterio de Estudos e Pesquisas sobre Desastres ndash CEPED

UFSC 2011

CEPED Planejamento Nacional para Gestatildeo de Risco Caderno Percebendo Riscos

Reduzindo Perdas UFSC Florianoacutepolis 2014

54

CRISTO SSV Anaacutelise da susceptibilidade a riscos naturais relacionados a enchentes

e deslizamentos do setor leste da bacia hidrograacutefica do rio Itacorubi Florianoacutepolis-SC

Dissertaccedilatildeo de Mestrado UFSC 2002 211p

DAPPC- Departamento do Arquivo Puacuteblico e Patrimocircnio Cultural de Santos Dumont De

Joatildeo Gomes a Santos Dumont ndash Histoacuterico do Municiacutepio Santos Dumont 2008

DE MORAES H M As aacutereas de preservaccedilatildeo permanente nas zonas urbanas

Disponiacutevel em httpwwwjuriswayorgbrv2dhallaspid_dh=560 Acesso em 13 de

Novembro de 2014

FERNANDES R S Remoccedilatildeo de habitantes de aacutereas de risco soluccedilatildeo para evitar

trageacutedias Ed Do autor Campos do Jordatildeo-SP 2012 15p

FONTOURA L N J Planejamento urbano-ambiental o uso e ocupaccedilatildeo do solo no

Distrito Federal Revista Especialize On-Line IPOG 5ordf Ediccedilatildeo nordm 005 v012013

Goiacircnia-GO 2013

IBGE- Cidades Informaccedilotildees sobre o municiacutepio de Santos Dumont Disponiacutevel em

httpwwwcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=316070ampsearch=||info

grE1ficos-informaE7F5es-completas Acesso em 15 de Junho de 2015

IBGE Projeto Mudanccedila de Referencial Geodeacutesico Disponiacutevel em

httpwwwibgegovbrhomegeocienciasgeodesiapmrgdefault_pmrgshtm Acesso

em 20 de Novembro de 2014

IGAM ndash Instituto Mineiro de Gestatildeo das Aacuteguas Mapa das bacias hidrograacuteficas no

Estado de Minas Gerais Disponiacutevel em

httpaguasigammggovbr2008nacbhmapascbhshtml Acesso em 15 de junho de

2015

INACIO E S B et al Quantificaccedilatildeo da erosatildeo pastagem com diferentes declives na

microbacia do ribeiratildeo Salomea Revista Brasileira de Engenharia Agriacutecola e Ambiental

V11 nordm 4 p355-360 UFCG Campina Grande 2007

JORNAL MENSAGEM Santos Dumont-MG Ediccedilotildees de 1984 agrave 2014

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56

SAtildeO PAULO Mapeamento de riscos associados a escorregamentos inundaccedilatildeo erosotildees

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72 - Localizaccedilatildeo e informaccedilotildees das aacutereas que sofreram com deslizamentos e alagamentos (1984-2014)

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BRASIL Lei Federal 10257 de 10 de julho de 2001 Regulamenta os arts 182 e 183 da

CF estabelece as diretrizes gerais da poliacutetica urbana e daacute outras providecircncias Brasiacutelia

2001

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vegetaccedilatildeo nativa altera as Leis nos 6938 de 31 de agosto de 1981 9393 de 1 9 de

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1 5 de setembro de 1965 e 7754 de 1 4 de abril de 1989 e a Medida Provisoacuteria no 21

66shy67 de 24 de agosto de 2001 e daacute outras providecircncias Brasiacutelia 2012

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55

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Juiz de Fora-MG 2007 220p

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Plano Diretor Participativo do Municiacutepio de Santos Dumont nos termos da Lei nordm 10257

de 10 de julho de 2001 ndash Estatuto das Cidades e conteacutem outras providecircncias Santos

Dumont 2012

56

SAtildeO PAULO Mapeamento de riscos associados a escorregamentos inundaccedilatildeo erosotildees

e solapamento de margens de drenagens do municiacutepio de Campos do Jordatildeo-SP

Relatoacuterio Teacutecnico Campos do Jordatildeo 2014

SILVA JR J R amp PASSOS L A O negoacutecio eacute participar a importacircncia do plano

diretor para o desenvolvimento municipal CNM SEBRAE Brasiacutelia 2006

SKORUPA LA Aacutereas de preservaccedilatildeo permanente e desenvolvimento sustentaacutevel

Embrapa Meio Ambiente Jaguariuacutena-SP 2004 4p

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SPERFELD A S Identificaccedilatildeo e anaacutelise de demandas soacutecio ambientais de ordem

puacuteblica em aacutereas urbanas susceptiacuteveis a desastres naturais no municiacutepio de Joinville

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8 Referecircncias Bibliograacuteficas

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vegetaccedilatildeo nativa altera as Leis nos 6938 de 31 de agosto de 1981 9393 de 1 9 de

dezembro de 1996 e 11 428 de 22 de dezembro de 2006 revoga as Leis nos 4771 de

1 5 de setembro de 1965 e 7754 de 1 4 de abril de 1989 e a Medida Provisoacuteria no 21

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SANTOS DUMONT Lei Municipal 4241 de 19 de dezembro de 2012 Dispotildee sobre o

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SAtildeO PAULO Mapeamento de riscos associados a escorregamentos inundaccedilatildeo erosotildees

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diretor para o desenvolvimento municipal CNM SEBRAE Brasiacutelia 2006

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Page 62: O USO DO SOLO URBANO EM ÁREAS DE PRESERVAÇÃO … · social que você tenha na vida, a mais alta ou a mais baixa, tenha sempre como meta muita força, muita determinação e sempre

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Dissertaccedilatildeo de Mestrado UFSC 2002 211p

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em 20 de Novembro de 2014

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2015

INACIO E S B et al Quantificaccedilatildeo da erosatildeo pastagem com diferentes declives na

microbacia do ribeiratildeo Salomea Revista Brasileira de Engenharia Agriacutecola e Ambiental

V11 nordm 4 p355-360 UFCG Campina Grande 2007

JORNAL MENSAGEM Santos Dumont-MG Ediccedilotildees de 1984 agrave 2014

MINAS GERAIS Lei Estadual 20922 de 16 de outubro de 2013 Dispotildee sobre as

poliacuteticas florestal e de proteccedilatildeo agrave biodiversidade no Estado Belo Horizonte 2013

55

MINISTEacuteRIO DAS CIDADES IPT-Instituto de Pesquisas Tecnoloacutegicas Mapeamento

de Riscos em encostas e margem de rios Celso Santos Carvalho Eduardo Soares de

Macedo e Agostinho Tadashi Ogura org Brasiacutelia 2007 176p

NASA ASTER Advanced Spaceborne Thermal Emission and Reflection Radiometer

Disponiacutevel em httpsasterwebjplnasagov Acesso em 22 de Novembro de 2014

ODM - Relatoacuterios dinacircmicos Municiacutepio de Santos Dumont Disponiacutevel em

httpwwwrelatoriosdinamicoscombrportalodmperfilBRA003031707santos-

dumont---mg Acesso em 15 de junho de 2015

OLIVEIRA G C amp FERNANDES FILHO E I Metodologia para delimitaccedilatildeo de topos

de morro segundo o Novo Coacutedigo Florestal brasileiro utilizando sistemas de informaccedilatildeo

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Iguaccedilu 2013 Anais

ROCHA C H B Geoprocessamento tecnologia transdisciplinar 3ordfEd Ed Do Autor

Juiz de Fora-MG 2007 220p

ROSA FILHO A amp CORTEZ A T C Os deslizamentos de encostas nas favelas em

aacutereas de risco da ldquoSuiacuteccedila brasileirardquo Campos do Jordatildeo (SP) 1ordm Simpoacutesio de Poacutes

graduaccedilatildeo em Geografia do Estado de Satildeo Paulo UNESP Rio Claro 2008

ROSSBACH A C amp CARVALHO C S O Estatuto da Cidade comentado Alianccedila de

Cidades Satildeo Paulo 2010 120p

SABOYA R Zoneamento e Planos Diretores Disponiacutevel em

httpurbanidadesarqbr200711zoneamento-e-planos-diretores 2007 Acesso em 10

de Junho de 2015

SANTANA M N R Identificaccedilatildeo dos impactos ambientais da ocupaccedilatildeo irregular na

APP do Coacuterrego Tamanduaacute em Aparecida de Goiacircnia II Congresso Brasileiro de Gestatildeo

Ambiental IBEAS Londrina 2011

SANTOS DUMONT Lei Municipal 4241 de 19 de dezembro de 2012 Dispotildee sobre o

Plano Diretor Participativo do Municiacutepio de Santos Dumont nos termos da Lei nordm 10257

de 10 de julho de 2001 ndash Estatuto das Cidades e conteacutem outras providecircncias Santos

Dumont 2012

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SAtildeO PAULO Mapeamento de riscos associados a escorregamentos inundaccedilatildeo erosotildees

e solapamento de margens de drenagens do municiacutepio de Campos do Jordatildeo-SP

Relatoacuterio Teacutecnico Campos do Jordatildeo 2014

SILVA JR J R amp PASSOS L A O negoacutecio eacute participar a importacircncia do plano

diretor para o desenvolvimento municipal CNM SEBRAE Brasiacutelia 2006

SKORUPA LA Aacutereas de preservaccedilatildeo permanente e desenvolvimento sustentaacutevel

Embrapa Meio Ambiente Jaguariuacutena-SP 2004 4p

SOUZA F P Ocupaccedilotildees irregulares em APP um estudo de caso no munciacutepio de

Campos de Goytacazes- RJ Boletim do Observatoacuterio Ambiental Alberto Ribeiro Lamego

v4 nordm 1 Campos de Goytacazes 2010

SPERFELD A S Identificaccedilatildeo e anaacutelise de demandas soacutecio ambientais de ordem

puacuteblica em aacutereas urbanas susceptiacuteveis a desastres naturais no municiacutepio de Joinville

SC Dissertaccedilatildeo de Mestrado UFSC Florianoacutepolis 2009

TAKEDA T O Uso e ocupaccedilatildeo do solo urbano Disponiacutevel em

httpwwwjuriswayorgbrv2dhallaspid_dh=12363 Acesso em 02 de junho de 2015

TOMINAGA LK Escorregamentos In TOMINAGA L K et al(org) Desastres

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legenda expandida Centro Tecnoloacutegico de Minas Gerais FEAM Belo Horizonte 2010

ZANON F N Uso e ocupaccedilatildeo da terra e vulnerabilidade a alagamento na aacuterea central

da cidade de Satildeo Paulo O caso da subprefeitura da Seacute Trabalho de Graduaccedilatildeo UNESP

Rio Claro 2013

Page 63: O USO DO SOLO URBANO EM ÁREAS DE PRESERVAÇÃO … · social que você tenha na vida, a mais alta ou a mais baixa, tenha sempre como meta muita força, muita determinação e sempre

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SAtildeO PAULO Mapeamento de riscos associados a escorregamentos inundaccedilatildeo erosotildees

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SPERFELD A S Identificaccedilatildeo e anaacutelise de demandas soacutecio ambientais de ordem

puacuteblica em aacutereas urbanas susceptiacuteveis a desastres naturais no municiacutepio de Joinville

SC Dissertaccedilatildeo de Mestrado UFSC Florianoacutepolis 2009

TAKEDA T O Uso e ocupaccedilatildeo do solo urbano Disponiacutevel em

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TOMINAGA LK Escorregamentos In TOMINAGA L K et al(org) Desastres

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ZANON F N Uso e ocupaccedilatildeo da terra e vulnerabilidade a alagamento na aacuterea central

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Rio Claro 2013