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OABRJ - Tribuna do Advogado de Maio de 2015

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Os advogados adimplentes do Rio de Janeiro contam com o serviço Recorte digital para receber gratuitamente, por e-mail, publicações de diários oficiais de todos os estados brasileiros escolhidos. Com o Recorte digital escritório, é possível ainda agrupar as suas publicações com as de colegas, parceiros ou sócios.

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RECADO DO PRESIDENTE

FELIPE SANTA CRUZ

Nova capacitação, agora quanto ao CPC

TRIBUNA DO ADVOGADO - MAIO 2015 - PÁGINA 3

A exemplo do que vem fazendo, desde o início da atual gestão, com relação à adaptação dos colegas ao processo digital, a OAB/RJ estará ao lado dos advogados

na capacitação quanto ao novo Código de Processo Civil (CPC). Já promovemos palestras gratuitas sobre o tema e agora daremos um passo ainda mais decisivo, com o oferecimento de cursos online, igualmente gratuitos, de introdução ao CPC.

As aulas poderão ser acessadas no portal da Ordem por todos os colegas e comporão 20 módulos, nos quais se encontram as principais novidades da legislação. O novo código, vale lembrar, foi sancionado no dia 16 de março pela Presidência da República e entra em vigor no ano que vem. As mudanças

efetuadas nas normas civilistas atingi-rão diretamente os advogados em seu dia a dia profissional.

* * *

Temos acompanhado com preo-cupação a discussão do Projeto de Lei 4.330/04 no Congresso Nacional. Nossa posição é de crítica frontal à proposta, que contempla a terceirização das ati-vidades-fim das empresas. Tal medida redundaria na precarização do trabalho e no aviltamento do trabalhador, em violação direta à Constituição brasileira. Em seu artigo 7º, ressalte-se, a Carta Magna prevê a possibilidade de amplia-ção do rol de direitos sociais mínimos assegurados aos trabalhadores, com vista à melhoria de sua condição social. E o que se vislumbra com a eventual aprovação do projeto, como fizemos questão de enfatizar em nota oficial da OAB/RJ, é justamente o oposto.

A possibilidade, regulamentada, de tratamento desigual a trabalhadores que exercem as mesmas atividades em

uma mesma empresa – com salários, vantagens e representação sindical distintos – reduz direitos e solapa os sagrados princípios democráticos da isonomia e da dignidade da pessoa humana, retirando do trabalho o valor social que a Constituição lhe atribui.

* * * Demos prosseguimento, em abril,

ao ciclo de visitas às subseções. Nes-sas viagens, temos a oportunidade de prestar contas aos colegas e de ouvi-los, colhendo sugestões para que possamos fazer gestão sempre próxima do advo-gado. Recentemente, inauguramos uma nova sala da Ordem no Fórum da Barra da Tijuca. O espaço conta com nove computadores. Em Niterói, foi aberta a nova Central de Atendimento, que disponibiliza três guichês e rede wi-fi. No local, advogados e estagiários po-dem protocolar documentos, requerer a segunda via da carteira da OAB, entre outros serviços, em ambiente confor-tável e acessível. Ainda em Niterói, instalaremos em breve uma escola de inclusão digital, nos moldes da unidade que funciona, felizmente com intensa procura, na sede da Seccional.

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TRIBUNA DO ADVOGADO - MAIO 2015 - PÁGINA 4

DEPARTAMENTO DE JORNALISMO DA OAB/RJ

Diretor: Felipe Santa Cruz

Superintendente de Comunicação:Marcelo Moutinho

[email protected]

TRIBUNA DO ADVOGADOFundada em 1971 por José Ribeiro de Castro Filho

Editora: Patrícia Nolasco (MTB 21.584)[email protected]

Editor assistente: Eduardo [email protected]

Projeto gráfico e diagramação: Victor [email protected]

Impressão: EsdevaTiragem: 116.000 exemplares

Portal da OAB/RJwww.oabrj.org.br

Editora: Amanda [email protected]

Redes sociaiswww.facebook.com/oabrjtwitter.com/OABRJ_oficial

Editora: Marina [email protected]

Reportagem:Cássia Bittar

[email protected]ádia Mendes

[email protected] Loback

[email protected] Fraga

[email protected]

Fotografia: Bruno Marins e Lula Aparício

Design gráfico: Flávia Marques e Raphael Carneiro

Assessoria de Imprensa

Franco Thomé[email protected]

Suzi Melo [email protected]

Publicidade

Gestão de Negócios Comunicação Integrada Ltda.

Enio Santiago [email protected]

Paulo [email protected]: (21) 2245-8660 / 2556-8898

Departamento de Jornalismo e PublicaçõesAv. Marechal Câmara, 150 - 7º andar - Castelo

Rio de Janeiro - CEP: 20020-080Tel: (21) 2730-6525 / [email protected]

MENSAGENS

[email protected]

Face

book

Subseções fazem eventos em homenagens às mulheresRodrigo Ancora da Luz: Parabéns às mulheres e a todas as nossas colegas advogadas, sem as quais não há Justiça.

Felipe inicia, na Barra da Tijuca, visitas às subseçõesGustavo de Abreu Santos: Meus parabéns. Excelente gestão.

OAB/RJ manifesta, em nota oficial, preocupação com o PL 4.330/04Maria Aparecida Fernandes de Souza: Já foi visto anteriormente que as terceirizações sempre envolveram favorecimento dos donos dessas empresas que prestavam serviço, agora o projeto vai abrir um campo de atuação gigantesco (praticamente abrangendo todo serviço público). Com certeza a corrupção vai aumentar assustadoramente e o favorecimento também. O que já deve ter de gente na fila, só esperando... É tudo de que o país não precisa nesse momento, mais uma porta aberta à corrupção!

Ana Vianna: É lamentável ver os direitos dos trabalhadores serem agredidos tão vio-lentamente, por descaso dos nossos políticos incompetentes e sem compromisso com a sociedade. Será que eles já ouviram falar em Constituição Federal?

Manoel B. Vieira Bertholdo: Acho que nesse primeiro momento as instituições e a sociedade organizada devem se articular e traçar uma linha geral de ação consensual! Duas coisas são muito importantes para serem asseguradas: que o projeto aprovado pela Câmara dos Deputados seja debatido pelo Senado Federal e que se esgotem as possibilidades de alterações propostas nas duas casas e se chegue à redação final e às votações do projeto. Aí é que se poderá arguir, com base no projeto final, a questão constitucional junto ao STF!

Anderson Lopes: Certamente, se aprovado do jeito que está, o projeto tem grandes chances de ser declarado inconstitucional, visto ferir claramente o artigo 7 da CF/88. A Constituição prevê a possibilidade de ampliação de direitos sociais, e não a redução!

Joziel Fernandes: Não é de se admirar que foi aprovado pela maioria no Congresso. Afinal a quem aquela casa representa? Já vimos que seguramente não é o povo. Eles representam seus próprios interesses, uma vez que os políticos de hoje sobrevivem da canalização das propinas... O famoso propinoduto, mesma fonte do mensalão, lava jato, Valerioduto etc. se tornou principal fonte de renda e de interesses da coletividade parlamentar.

Eduardo Fernandez Vasques: Pelo que eu saiba, ela só vai valer para empresas privadas, quanto aos direitos trabalhistas e sociais devem ser os mesmos que os efetivos, e nada que afronte a Constituição e a legislação trabalhista. Assim, eu sou a favor da terceiri-zação.

Correção: Na matéria Novo projeto da Ponte Rio-Niterói em discussão, publicada na página 37 da edição de março (546), o conselheiro seccional Sérgio Sant’Anna foi equivo-cadamente identificado como Carlos Frederico Freire Peixoto, que na ocasião representava a Agência Nacional de Transporte Terrestres (ANTT).

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TRIBUNA DO ADVOGADO - MAIO 2015 - PÁGINA 5

Índice

Curso online sobre o novo Código de Processo Civil é oferecido gratuitamente pela Seccional

Página

A regulamentação do Marco Civil da Internet é o tema analisado pelo especialista Ronaldo Lemos18

Página

ESPAÇO ABERTO

Colegas opinam sobre redução de idade para responsabilização criminal22

PáginaTRIBUNA LIVRE

O novo CPC, prática previdenciária e justiça paralela estão entre os temas dos lançamentos44

Página

ESTANTE

34

Câmara e Senado debatem projetos com definições muito diversas sobre conceito de família

12Página

8

Entrevista

Luiz Fux, ministro do Supremo Tribunal Federal

Página

6

Programação inclui cursos de mediação de conflitos e Direito de Família32

Página

ESA

OPINIÃO

Artigo do desembargador Luciano Rinaldi trata da prática eletrônica de atos processuais10

Página

A proposta de criminalizar o caixa 2, nas opiniões dos advogados Vânia Aieta e Rafael Medina30

Página

PONTOCONTRAPONTO

Musical sobre Cássia Eller tem desconto do Caarj Cultural. Na Dica do Mês, o filme Casa Grande47

Página

CULTURA

A acirrada polêmica sobre proposta que baixa para 16 anos a maioridade penal

Página

24

Combate ao trabalho infantil ganha adesão da Seccional. Procuradora põe o pé na estrada contra exploração sexual de crianças20

Página

Seccional volta a cobrar da PGE observância de precedentes para evitar litígios desnecessários com contribuintes

29Página

Caixa leva craques para novo programa das Tendas Bem-Estar46

Página

CAARJ

Página

PANORAMA

Na Barra, Felipe inaugura Sala dos Advogados. Niterói tem nova Central de Atendimento38

Página

SUBSEÇÕES

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Irregularidades e poluição na Baía de Guanabara, saúde e meio ambiente e normatização do turismo entre os eventos do mês

Vida privada

O bar Cantinho das Concertinas, na Cadeg, está entre as preferências de Roberto Monteiro

Página

50

Escola de Inclusão tem calendário de cursos33

Página

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TRIBUNA DO ADVOGADO - MAIO 2015 - PÁGINA 6

Luiz Fux, ministro do Supremo Tribunal FederalENTREVISTA

‘CPC permite cumprir pro messa constitucional da duração razoável dos processos judiciais’O Código de Processo Civil que entrará em vigor em março de 2016 traz consigo a criação de uma cultura, à luz do novo texto, capaz de permitir ao Judiciário brasileiro dar solução mais rápida ao imenso volume de ações em tramitação nos tribunais, acredita o ministro do Supremo Tribunal Federal Luiz Fux. Ele coordenou a comissão de juristas instalada em 2010 para debater e elaborar o texto que chega para substituir o CPC de 1973, gestado quando o país estava sob regime ditatorial. O processualista Fux destaca na lei – fruto também de mais de 100 audiências públicas e numerosas contribuições acadêmicas – a criação, para a primeira instância, do incidente de resolução de demandas repetitivas, o que segundo ele permitirá “enfrentar essa litigiosidade desenfreada, solucionando-a como se tivesse julgado uma única causa”. De acordo com o ministro, não há razão para as críticas de associações da magistratura à exigência de toda e qualquer decisão judicial ser fundamentada. “A motivação é uma garantia do cidadão contra o arbítrio e o despotismo judicial”, defende.

PATRÍCIA NOLASCO

O senhor estimou, em en-trevistas, que a aplicação do novo Código de Processo Civil deverá permitir uma redução de 50% no tempo de duração do processo, resultando em resposta mais rápida para o cidadão que busca seus direitos. Quais os principais dispositivos que, a seu ver, propiciarão essa maior celeridade? A ampla de-fesa está assegurada?

Luiz Fux – O procedimento no processo de sentença se inicia com a tentativa de con-ciliação, em momento no qual as partes ainda não se desgas-taram e, consequentemente revelam-se mais permeáveis à autocomposição.Malogrando a conciliação o procedimento comum restou deveras simplifi-cado, inadmitindo-se agravos in itinere de toda e qualquer deci-são interlocutória, ressalvados os casos legais.

A força da jurisprudência impõe ao juiz obedecer aos julgamentos dominantes nos tribunais superiores, o que viabi-liza uma decisão rápida se a tese veiculada for a mesma julgada pelas cortes maiores. Ademais, não cabe recurso que vise in-firmar a jurisprudência domi-nante, o que implica o imediato trânsito em julgado da decisão. A eliminação dos incidentes e o julgamento das preliminares ao final, no recurso da sentença, reforçam a celeridade. As causas que integram o contencioso de massa, englobando mais de

800 mil ações, serão definidas no primeiro incidente de reso-lução de demandas repetitivas decidido pelo tribunais superio-res. A decisão valerá para todas as milhares de ações, em caráter compulsório.

A ampla defesa está pre-vista desde os princípios gerais com a exacerbação da obedi-ência ao contraditório. Deveras, ampla defesa não significa recursos infindáveis, senão uma oportunidade de reapreciação da juridicidade da decisão e isto está garantido com os recursos legais previstos.

Será possível reduzir a liti-giosidade atual? Quais as áreas do Direito mais beneficiadas?

Fux – O acesso à Justiça não pode ser obstado. Entre-tanto o contencioso de massa é composto por ações com teses idênticas e para esse fim o novo CPC, além de manter os recursos repetitivos, criou para a primeira instância o

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TRIBUNA DO ADVOGADO - MAIO 2015 - PÁGINA 7

Luiz Fux, ministro do Supremo Tribunal Federal

‘CPC permite cumprir pro messa constitucional da duração razoável dos processos judiciais’

solucionando-a como se tivesse julgado uma única causa.

Ao estabelecer a necessidade de fundamentação de toda e qualquer decisão proferida pelos juízes, o novo CPC recebeu críticas de associações da magistratura, que queriam o veto

a regras previstas no artigo 489. A argumentação baseou-se no su-

posto risco de burocratização do processo. Na sua opinião,

esse temor é razoável?Fux – O dever de mo-

tivação das decisões ju-diciais tem fundamento na Constituição Federal. Outrossim, a motivação é uma garantia do cida-dão contra o arbítrio e o despotismo judicial. Nada obstante, sob o enfoque jus-sociológico

o mínimo que o cidadão tem direito é de saber por

que o seu pleito foi acolhido

ou rejeitado. Criticar o dispositivo é o mesmo que aceitar que o juiz julgue “no vácuo”.

O novo CPC está adequado às ino-vações advindas da implantação do processo judicial eletrônico?

Fux – O código prevê intimações em endereço eletrônico, obriga pessoas jurídicas públicas e privadas a indicar esse endereço, além de prever atos de comunicação processual eletrônicos. Sem prejuízo, delega ao CNJ a regulação do processo eletrônico através de regras padronizadas para todo o território nacional.

Na opinião do senhor, a mudança na legislação será suficiente para melhorar o tempo de resolução das demandas ou seria necessário também promover mu-danças sistêmicas no funcionamento e nas práticas do Judiciário brasileiro?

Fux – O novel código prevê novas práticas, como o procedimento eleito pelas partes, a ordem cronológica dos processos e a tutela dos direitos eviden-tes. A criação de uma cultura à luz do novo CPC vai permitir ao Judiciário brasi-leiro cumprir a promessa constitucional da duração razoável dos processos. T

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incidente de resolução de demandas repetitivas, o que permitirá ao Judiciário enfrentar essa litigiosidade desenfreada,

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TRIBUNA DO ADVOGADO - MAIO 2015 - PÁGINA 8

Seccional lança curso gratuitoe online sobre o novo CPCVideoaulas poderão ser acessadas por todos os colegas a partir de junho, no portal da Seccional. Programação conta também com cursos presenciais e gratuitos nas subseções, além de palestras do calendário da ESA

CÁSSIA BITTAR

Intensificando seu programa de capacitação dos advogados para traba-lharem com o novo Código de Processo Civil (CPC), a OAB/RJ lançará, em junho, o curso online gratuito Introdução ao novo CPC, que poderá ser acessado no portal da Seccional por todos os colegas e con-tará com 20 módulos sobre as principais novidades da legislação civilista.

As videoaulas irão compor, junto com cursos gratuitos presenciais a serem realizados nas subseções ao longo do ano, com o ciclo de palestras, também sem custo, da Escola Superior de Advo-cacia (ESA) sobre o tema e, ainda, com as edições mais aprofundadas que a escola promove há alguns meses, uma programação da OAB/RJ voltada a ajudar os colegas a se inteirarem sobre as novas regras que passam a valer em março de 2016, um ano após sua sanção pela presidente Dilma Rousseff.

“O novo CPC é uma lei muito im-portante, das leis civis é a principal para o advogado militante e que atua no contencioso porque mexe exatamente com o processo judicial, que é o seu instrumento de trabalho. Por isso as mudanças nas regras do processo afetam

Ronaldo Cramer proferiu aula inaugural no ciclo de palestras sobre novo CPC

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TRIBUNA DO ADVOGADO - MAIO 2015 - PÁGINA 9

radicalmente o dia a dia profissional dele”, explica o presidente da OAB/RJ, Felipe Santa Cruz.

Vice-presidente da Seccional e um dos professores, Ronaldo Cramer frisa a complexidade da mudança: “Esse Código de Processo Civil não é uma mera atuali-zação de jurisprudência ou de doutrina, como foi, por exemplo, o Código Civil de 2002. O novo CPC prevê institutos completamente novos, soluções inéditas para que o Judiciário lide com os proble-mas que hoje se apresentam”.

Felipe sublinha a importância da capacitação. “O advogado tem o dever ético de se atualizar profissionalmente, de conhecer a lei para atender aos inte-resses dos seus clientes. E é um dever da Ordem municiar a advocacia, ajudá-la a se atualizar. Estamos fazendo isso da for-ma mais completa e acessível possível”, afirma ele, destacando a praticidade das videoaulas: “O curso online é voltado principalmente para o advogado que precisa de uma boa informação sobre o novo CPC, mas que não tem muito tempo na agenda e precisa de aulas que caibam nos seus horários.”

“O novo CPC, para a advocacia, é um desafio maior do que o processo eletrônico”, salienta Cramer, reforçando as alterações na prática da profissão. “Para se adaptar ao processo eletrônico, o colega ainda tem mais possibilidades de contar com apoio, com funcionários da Ordem para ajudar a enviar a petição. Mas se ele não conhecer a lei que logo entrará em vigor não poderá nem mesmo pensar o processo. Diante de uma deci-são, não vai saber que recurso interpor. É por isso que a Ordem está dando tanta importância a essa capacitação.”

Segundo Felipe, apesar das dificul-dades, os colegas devem ter em mente que o novo texto é um avanço para

a classe: “Este é o primeiro CPC a ser desenvolvido em uma democracia e, principalmente, o primeiro a ser pensa-do, de fato, sob a ótica do consumidor da prestação jurisdicional. Se o Código de 1973 foi pensado para o Judiciário, o CPC de 2015 é pensado para o advo-gado. É o CPC da advocacia. Por isso, os colegas não devem ver essa adaptação como uma confusão em seu trabalho. É um desafio, mas que vem junto de muitas conquistas para a classe.”

Entre as vitórias contidas na nova lei, o presidente destaca as férias para a advocacia, as regras sobre os honorários de sucumbência e os prazos em dias úteis. Cramer completa citando a obri-gatoriedade de apresentação da ordem cronológica dos processos para sentença e a nova regra de fundamentação das decisões judiciais, que, segundo ele, desenha como o Poder Judiciário deve fundamentar suas decisões.

As aulas serão ministradas por pro-fessores conceituados de todo o país, especialistas no novo CPC. A partir de 1º de junho, os colegas inscritos poderão acessar as dez primeiras no portal da OAB/RJ. As outras dez videoaulas serão disponibilizadas em julho, completando a programação.

Aulas em todo o estado e cursos na ESA

O programa da OAB/RJ de capacitação para o novo CPC também irá oferecer cursos pre-senciais gratuitos nas subse-ções, ao longo do ano. Essa

programação terá início em junho e cada edição será composta por duas aulas, abordando os temas principais da legislação.

Além disso, em maio e junho serão realizadas as duas últimas palestras gratuitas do ciclo promovido pela ESA em parceria com a Comissão de Direito Processual Civil da Seccional: no dia 20 de maio, a aula será proferida pelo advo-gado e professor da PUC-Rio Guilherme Peres por Luiz Henrique Volpe, membro da comissão de juristas que trabalhou na elaboração do novo código. Já no dia 17 de junho, o presidente da Comissão de Estudos de Processo Civil da Seccional, Bruno Garcia Redondo, e o professor Alexandre Freire serão os palestrantes.

A programação da ESA conta também com o curso pago sobre o novo CPC, que completa a programação para os colegas que querem se aprofundar. A turma de maio será do dia 5 ao 14, mas novas edi-ções serão abertas até o final do ano. T

Felipe Santa Cruz: Ordem ajuda na capacitação dos colegas

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OPINIÃO

TRIBUNA DO ADVOGADO - MAIO 2015 - PÁGINA 10

A prática eletrônica dos atos processuais no novo CPC

LUCIANO RINALDI*

O n o v o C ó d i g o de Processo Civil (Lei 13.105/2015) entrará em vigor no dia 17 de março de 2016, um ano após sua publicação oficial, tempo suficiente para que a so-ciedade se prepare para a nova sistemática. Neste

breve artigo, indicarei os pontos que me parecem mais relevantes a respeito da prática eletrônica de atos proces-suais, atualmente disciplinada na Lei 11.419/2006, e que não foi revogada pelo CPC.

Tratado de forma específica nos artigos 193 a 199, o processo eletrônico é mencionado no corpo do novo código em diversos outros dispositivos, demons-trando que a utilização de meios não eletrônicos, como o papel, será cada vez mais excepcional.

A comunidade jurídica tece contun-dentes críticas à atual lei do processo eletrônico. De fato, há dezenas de sis-temas em funcionamento nos tribunais brasileiros, os programas são complexos e instáveis, as falhas operacionais são de difícil comprovação, dentre outros problemas. Ao contrário do esperado, a sistemática atual trouxe insegurança jurídica em relação ao processo físico. O processo eletrônico é um caminho sem volta, mas deve representar um avanço em relação ao processo tradicional, um ganho para a sociedade, nunca um retro-cesso. Os avanços tecnológicos devem estar conciliados com as garantias fun-

damentais, e não o contrário.O novo CPC, atento aos problemas

da lei atual, oferece algumas soluções. Embora estabeleça conceitos fundamen-tais para a prática eletrônica, há regras concretas bastante promissoras, de efeito imediato.

É justo reconhecer que o processo eletrônico foi concebido para otimização da prestação jurisdicional, para evolução de um sistema arcaico, altamente artesa-nal e extremamente burocratizado. De-correu da necessidade de aprimoramento dos mecanismos da Justiça, com adoção de medidas eficazes que permitissem a solução dos conflitos em tempo razoável, eliminando etapas anacrônicas e inúteis. A Lei 11.419/06 entrou em vigor com a promessa, não concretizada, de aperfei-çoamento do processo e aceleração dos julgamentos. Já se passaram quase dez anos, e os processos ainda se arrastam, agora eletronicamente, nos tribunais.

Há muitos motivos para a lentidão da marcha processual, dentre eles a crescente desproporção entre processos novos em relação aos encerrados. A prática eletrônica dos atos processuais é uma das tentativas de equilibrar os pratos na balança, de resolver essa tormentosa equação. Nada obstante, é decisivo entender que a celeridade não é o principal compromisso do Judiciário, mas sim solucionar os conflitos de forma justa, a partir da lei. O sistema não será necessariamente melhor por ser eventu-almente mais rápido. A tecnologia deve servir o processo, e não o inverso.

Novidade interessante no processo eletrônico consta no artigo 198, que impõe aos tribunais o dever de manter, gratuitamente, equipamentos necessá-rios à prática de todos os atos processuais, consulta e acesso ao sistema. Inclusive, o novo CPC foi certeiro ao admitir “a prática de atos por meio não eletrônico no local onde não estiverem disponibilizados os equipamentos”. Isso torna urgente a aquisição imediata desses pelos tribunais, para que estejam disponíveis ao público quando o código entrar em vigor. Pela nova regra, o usuário terá o direito, por exemplo, de protocolar eletronicamente sua petição nas dependências físicas do próprio tribunal, ou acessar o processo eletrônico de seu interesse durante jul-gamentos e audiências. E, não havendo disponibilização, será permitida a prática do ato por meio não eletrônico, ou seja, em papel. Isso implicará a designação de locais equipados para a transmissão das peças eletrônicas, assim como para o pro-tocolo excepcional daquelas impressas. Essas petições apresentadas em papel poderão ser posteriormente substituídas por eletrônicas, tomando-se como exem-plo a Lei do Fax (Lei 9.800/99).

Outro ponto que merece destaque diz respeito à comprovação do funcio-namento do sistema. A partir da vigência

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TRIBUNA DO ADVOGADO -ABRIL2015 - PÁGINA 11

da nova lei, os casos de problema técnico, erro ou omissão no registro dos anda-mentos configurarão justa causa, fruto de evento imprevisto alheio à vontade da parte, ensejando o direito de praticar ou emendar o ato processual.

Ainda que as informações constantes no sistema de automação dos tribunais sejam divulgadas em seus respectivos sites de internet com presunção de vera-cidade e confiabilidade, é indispensável que o evento falha/indisponibilidade seja noticiado ao público de forma automá-tica, instantânea e oficial. Do contrário, a parte ficará sem meios seguros de comprovar as falhas, sendo obrigada a recorrer a métodos não usuais, como atas notarias de indisponibilidade, o que é um contrassenso. Deve ser considerada a possibilidade de se conferir à OAB e ao Ministério Público, mediante convênio, a prerrogativa concorrente de certificação oficial de problemas nos sistemas.

A questão da multiplicidade de sis-temas não foi ignorada pelo novo CPC. Embora não resolva o impasse atual, atribuiu-se ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) a missão de velar pela com-patibilidade dos sistemas, disciplinando a incorporação progressiva de novos avan-ços tecnológicos. É conhecida a resistên-cia dos tribunais quanto à adoção de um sistema único nacional para o processo eletrônico. Não me parece necessário um único sistema, que dificilmente agradaria a todos. Penso que o CNJ deveria definir apenas as regras padrão dos sistemas dos tribunais, especialmente em relação à transmissão de dados, divulgação on-line sobre disponibilidade do sistema, critérios para apresentação de peças impressas (artigo 198), dentre outras. Essa padronização seria o ideal.

O Conselho é o protagonista para a incorporação de novas tecnologias ao processo. Do contrário, se cada tribu-nal tomar a iniciativa de fazê-lo iso-ladamente, sem critérios nacionais, teremos um indesejável aumento

do atual descompasso eletrônico. É vital que as novidades sejam implementadas nacionalmente.

O quesito acessibilidade não foi esquecido pela nova lei processual civil. As pessoas deficientes, assim como os idosos, têm direito à proteção especial do Estado. Em razão disso, os tribunais deverão manter espaços específicos des-tinados ao atendimento desse público especial, munidos de equipamentos e pessoal qualificado para prestar auxílio técnico, sem qualquer custo.

A entrada em vigor do código, com a definição das regras gerais orientadoras do processo eletrônico, recomenda uma revisão da atual legislação específica, para regula-mentação da matéria, à luz dos novos con-ceitos.

O processo ele-trônico é uma fer-ramenta valiosa para o desenvol-vimento da Jus-tiça brasileira, mas exerce

um papel secundário. Nenhum processo é um fim em si mesmo, seja físico ou eletrônico. A prática eletrônica deve re-presentar um avanço, um benefício, um salto qualitativo, assegurando direitos consagrados. A informatização processual somente atingirá seu objetivo quando parar de assombrar o jurisdicionado, conquistando sua confiança.

*Desembargador do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, membro do Instituto

Brasileiro de Direito Processual e membro honorário do Instituto dos Advogados

Brasileiros

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TRIBUNA DO ADVOGADO - MAIO 2015 - PÁGINA 12TRIBUNA DO ADVOGADO - ABRIL 2015 - PÁGINA 12

famílias

sãoFamília é, Projetos de lei

da Câmara e do Senado propõem definições diferentes para conceito de núcleo familiar. A adoção por casais homoafetivos ocupa o centro do debate

VITOR FRAGA

“Família, família, papai, mamãe, titia”. Os versos da música Família, gravada pelos Titãs em 1986, fizeram muito sucesso ao retratar o cotidiano de uma família comum, que “almoça junto todo dia, nunca perde essa mania” – e tem sua base formada por um “papai” e uma “mamãe”. Ao longo de três décadas, porém, diversas vitórias judi-ciais garantiram casamentos homoafetivos e adoções por famílias plurais, criando nú-cleos de pessoas reunidas pelo afeto que não se encaixam no formato tradicional.

Todo esse movimento por direitos e a realidade das famílias múltiplas culmina-ram em uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), de 2011, na qual o ministro Carlos Ayres Britto expressou o enten-dimento de que a Constituição Federal menciona a união formada por um homem e uma mulher, mas não exclui da proteção legal os demais formatos. Em março desse ano, a ministra Cármen Lúcia reforçou essa tese ao negar recurso do Ministério Público do Paraná e manter a decisão que autorizou um casal homoafetivo a adotar. O tema ganhou ainda mais destaque como pauta de diversos programas de TV e com a exibição na novela Babilônia, da Rede Globo, de duas personagens vividas pelas atrizes Fernanda Montenegro e Nathália Timberg, que mantêm um casamento estável e criam um filho juntas.

Apesar da jurisprudência, parlamenta-

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TRIBUNA DO ADVOGADO - MAIO 2015 - PÁGINA 13TRIBUNA DO ADVOGADO - ABRIL 2015 - PÁGINA 13

res defendem que legislar sobre a união homoafetiva é matéria constitucional. Quando, em fevereiro deste ano, a Câmara dos Deputados desarquivou o Projeto de Lei (PL) 6.583/13 – proposto em outubro de 2013 pelo deputado Anderson Ferreira (PR/PE), e que trata da criação do Estatuto da Família –, grupos de adoção e direitos homoafetivos criticaram o que conside-ram exclusão da maioria das famílias, até mesmo as formadas por adoção ou fertilização in vitro. O projeto de Ferreira define, em seu artigo 2º, que a família é um “núcleo social formado a partir da união entre um homem e uma mulher, por meio do casamento ou união estável, ou ainda por comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes” (grifo, em negrito, do original). Os demais dispositivos tratam de propostas de políti-cas públicas, como a criação de conselhos e da Semana da Família.

Pouco tempo depois o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB/RJ), criou a comissão especial que irá discutir a matéria, e pedidos para realização de audiências públicas já foram aprovados. Os defensores do Estatuto da Família alegam que a lei não alteraria as normas de adoção, mas reconhecem que estariam prejudicadas as adoções por casais ho-moafetivos – não definidos como núcleo familiar pela Constituição, segundo eles.

Por outro lado, menos de um mês depois da apresentação do projeto na Câmara, entrou em tramitação no Senado Federal o Projeto de Lei do Senado (PLS) 470/13, de autoria da senadora Lídice da Mata (PSB/BA), que institui o Estatuto das Famílias. Embora pareça uma diferença banal, o plural neste caso não é apenas um detalhe. A definição de família do texto da senadora é radicalmente oposta, considerando fatores como consangui-nidade, socioafetividade e afinidade na formação da família. Mas, enquanto o PLS 470 ainda é pouco conhecido, o PL 6.583 tem sido alvo de debate público e mesmo de uma enquete no portal da Câmara na

internet – a pergunta “Você concorda com a definição de família como núcleo formado a partir da união entre homem e mulher, prevista no projeto que cria o Estatuto da Família?” já bateu de longe o recorde de participação do público em consultas online da casa, com mais de seis milhões de votos (é possível votar mais de uma vez).

Dois projetos, visões opostasPelo regimento, o PL 6.583 passará

por cinco comissões e tramita em caráter conclusivo (não necessita de votação em plenário). Ferreira afirma que a criação do Estatuto da Família resulta da constatação de que as políticas públicas previstas na Constituição para proteger o núcleo não são aplicadas na realidade. “Também pro-ponho a inclusão da disciplina Educação para a família na grade escolar e a criação de conselhos nos municípios, estados e Federação. Quem apoia ou critica o pro-jeto terá o mesmo espaço no momento da discussão”, garante. O deputado afirma que o texto não trata da adoção. “Meu projeto é baseado nos valores, dentro do aspecto constitucional. Há uma parcela da população conservadora que não entende este arranjo familiar baseado apenas no amor e no afeto”, argumenta. Segundo ele, mesmo que as recentes decisões tomadas pelo STF autorizem a união entre pessoas do mesmo sexo, “não há lei aprovada neste sentido”.

O ponto mais polêmico é o artigo 2º, que restringe a definição de família a “um homem e uma mulher” e “seus des-cendentes”. A presidente da Comissão de Adoção do Instituto Brasileiro de Direito de Família (Ibdfam) e diretora jurídica da Associação Nacional de Grupos de Apoio a Adoção (Angaad), Silvana do Monte Morei-ra, lembra que a tradição brasileira inclui práticas como criar filhos por afinidade e trazer parentes de outros estados para morar com a família, e que o PL 6.583 es-taria, portanto, na contramão da sociedade real. “Já não temos mais a homoparentali-dade como único parâmetro, vivemos hoje a multiparentalidade, a poliafetividade. Queremos respeito a todas as formações familiares possíveis. Quantas decisões já reforçaram a ideia de que a filiação se dá com base na socioafetividade e não pelos laços sanguíneos?”, questiona. Para ela,

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tudo já está previsto em lei. “Toda a rede de proteção estatal para as famílias que o projeto menciona está prevista nos artigos 226 e 227 da Constituição, além do artigo 5º”, argumenta.

A Angaad e o Ibdfam defendem a aprovação do PLS 470, da senadora Lídice da Mata. Chamado de Estatuto das Famí-lias, não tem tido a mesma repercussão. O texto reconhece a relação homoafetiva como entidade familiar e também incor-pora famílias recompostas, fundadas em parentesco por afinidade (como entre enteados e padrasto ou madrasta). O ar-tigo 9º define que: “O parentesco resulta da consanguinidade, da socioafetividade e da afinidade”. Segundo a autora, o objetivo é garantir a proteção a todas as estruturas familiares. “Em outras palavras, pretendemos consolidar na lei aquilo que já é prática recorrente e sacramentada nas decisões dos tribunais brasileiros. O projeto, que teve consultoria técnica do Ibdfam, trata de preceitos que levam em conta o amor e o respeito ao próximo e a luta contra todas as formas de violência

e preconceito”, esclarece a senadora. A matéria também tramita em caráter ter-minativo, e passará por duas comissões.

Mas e se ambas forem aprovadas separadamente, qual prevalecerá? O pre-sidente da Comissão de Direito Constitu-cional da OAB/RJ, Leonardo Vizeu, explica que vai depender da data de aprovação e do nível de detalhamento. “Havendo confronto entre duas leis, a norma mais recente revoga a mais antiga. A norma especial derroga a genérica. Assim, se o PL 6.583/13 e o PLS 470/13 virarem lei, basta verificar qual o mais recente e o mais específico para se determinar qual o texto legal será devidamente aplicado”, diz.

Judiciário x LegislativoPara o deputado Anderson Ferreira, há

um equívoco na polêmica. “O artigo 2º do projeto nada mais é do que a transcrição do parágrafo 3 do artigo 226 da Constitui-ção, que determina que o núcleo familiar é formado por homem e mulher. E em nenhum momento os críticos do projeto afirmam que a Constituição de 1988 é

Segundo dados de março de 2013 do Cadastro Nacional de Adoção (CNA), das mais de 44 mil crianças vivendo em abrigos no país – muitas vezes por abandono ou maus tratos –, 5.465 esta-vam aptas para adoção (cerca de 9%). Do total, 56,4% são meninos e 43,6%, meninas; 33 % são brancas e 67% não brancas; e 36,8% possuem ao menos um irmão também para adoção – o índice de candidatos dispostos a acolher de uma só vez dois ou mais irmãos é muito baixo. Crianças mais novas são minoria entre os abrigados mas, apesar disso, 92,7% dos pretendentes desejam uma criança com idade até cinco anos – segundo o CNA, só 8,8% dos aptos à adoção têm essa idade, o que deixa mais de 90% de fora do perfil mais procurado. De modo geral, as chamadas famílias contemporâneas, em especial as homoafetivas, acabam adotando crianças que estavam ou iriam ficar anos em abrigos. A TRIBUNA conver-sou com alguns desses casais que resol-veram enfrentar as dificuldades, próprias de todos os que decidem criar filhos, e, também, o preconceito.

Advogada e coordenadora do grupo

de adoção Famílias Contemporâneas (ligado à Angaad), Dalia Tayguara tem, com sua companheira Eva Andrade, duas filhas: Daísa Vitória, de 11 anos, e Thamara, hoje com 14. Em 2009, elas adotaram a primei-ra menina, na época com cinco anos, e três anos depois, a segunda, que já tinha 12 – a adoção foi feita pelo programa Apadri-nhamento afetivo, direcionado a crianças com poucas perspectivas de adoção, o que agilizou a burocracia. “Não sofremos preconceito por parte do Judiciário. Pelo

contrário, quando declarei que tinha uma companheira, acho que o processo acele-rou. Na verdade, nem exijo que as pessoas aceitem, porque há muita coisa que eu não aceito, mas respeito. Então, exijo respeito”, afirma a advogada.

Para ela, a ideia de família hoje ultra-passa a barreira do núcleo formado por um homem e uma mulher. “Não dá para fechar um conceito de família, é uma relação mu-tável, que está em transformação constante. Gostaria de conversar com as pessoas que fizeram o projeto para entender como chegaram a essa formulação”, diz Dalia. Segundo ela, às vezes surge uma reclamação de preconceito na escola, não pelo fato de as meninas terem duas mães, mas por serem adotadas. “A adoção ainda é um estigma. E também a minha filha mais velha já sofreu preconceito racial”, conta. Thamara e Daísa são batizadas e frequentam a Igreja Católica.

A questão religiosa está bem presente também na vida da família Gladstone Canu-to. Em 2006, o advogado Marcos Gladstone fundou a Igreja Cristã Contemporânea, para incluir na religião os homossexuais sem acolhida nas instituições similares tradicio-nais. Desde 2010, ele e seu companheiro Os

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Anderson Ferreira

Dalia Tayguara (2ª a esq.) e família

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homofóbica. O projeto não é inconstitu-cional”, defende.

De fato, parece haver um descompas-so entre a visão de parte do Legislativo e do Judiciário sobre o tema. Em março deste ano, a ministra do STF Cármen Lúcia

negou recurso do Ministério Público do Paraná e manteve decisão que autorizou a adoção de crianças pelo casal Toni Reis e David Harrad (ver box). É a primeira vez que a corte se manifesta sobre esse tema. No acórdão, a ministra disse que “as uniões homoafetivas já são reconhecidas como entidade familiar, com origem em um vínculo afetivo, a merecer tutela le-gal”, e por isso “não há razão para limitar a adoção, criando obstáculos onde a lei não prevê”.

Ela citou ainda o julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 4.277 e da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 132, de 2011, no qual o Supremo reconheceu, por unanimidade, a união estável de parceiros do mesmo sexo. Cármen Lúcia reproduziu o voto do ministro Ayres Britto, que afir-mou na ocasião que “a Constituição Fede-ral não faz a menor diferenciação entre a família formalmente constituída e aquela existente ao rés dos fatos”. O ministro classificou sua interpretação do conceito de família como “não-reducionista”,

Fabio Canuto, também pastor, são pais de Felipe e Davidson, hoje com 11 e 12 anos, respectivamente. “Será um grande retrocesso para o Direito e para a socie-dade se esse projeto for aprovado. Vai contra uma realidade social, e poderá afetar a vida de muita gente”, lamenta Marcos. O casal reforça o argumento de que adotar crianças mais velhas é raro. “Quando nos habilitamos, o perfil era para adotar crianças de seis anos. Não havia no Rio de janeiro um casal sequer habilitado para essa faixa etária. Fomos os primeiros, tanto que nos chamaram em seis meses”, explica. Eles acabaram adotando não ape-nas um, mas dois meninos na mesma faixa etária, outro fato raro. Decidiram agora acelerar o processo de adoção de uma menina, vontade que já existia. “É para evi-tar qualquer problema que aconteça por mudanças na legislação. É uma situação de insegurança, nossos filhos têm nossos sobrenomes, foram registrados com dois pais, será que nossa futura filha terá esses mesmos direitos?”, questiona.

O advogado, que também é membro da Comissão de Direito Homoafetivo da OAB/RJ, conta que, quando foram matri-

cular os meninos na escola, ele e Fabio questionaram se haveria algum problema por serem um casal homoafetivo. “A direção disse que, se fosse excluir os alunos que não têm uma família formada por pai e mãe, excluiria 70%. Esses deputados não estão pensando no principal, que é o bem-estar das crianças, estão pensando na moral deles, uma falsa moral”, criti-ca. E acrescenta: “Sou pastor evangélico, mas não posso impor meus dogmas para a sociedade. O amor deve prevalecer, Jesus nunca excluiu ninguém. Se entendessem o que ele pregou, veriam que o preconceito não estava na sua lista de exigências”. Para o pastor, a maior beneficiada tem que ser a criança. “Há muitas nos abrigos, você ainda vai restringir o número de pessoas para adotar? Quando adotamos o Felipe, recebemos uma ligação da Vara de Fa-mília dizendo que o Davidson estava em depressão, porque também queria que fôssemos os pais dele. A lei pode mudar,

mas nunca vai tirar a essência da família que nós temos”, conclui.

O professor Toni Reis, 50 anos, é ca-sado há 25 com o tradutor David Harrad, 57. Em março desse ano, uma decisão da ministra Cármen Lúcia pôs ponto final num processo que começou quando entraram com pedido para se candidatar à adoção, em 2005 – e que, no meio do caminho, ganhou mais três personagens. “Para evitar toda a burocracia que isso viria a causar, cada um poderia ter adotado como solteiro. Mas para nós havia dois fatores importantes em jogo: a igualdade

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Marcos Gladstone (à direita) e família

Lídice da Mata

Silvana do Monte Moreira

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de direitos garantida pela Constituição Fe-deral e o bem-estar das crianças”, explica Toni. Prevaleceu a decisão em favor dos futuros filhos. “Se adotássemos separa-damente e um de nós viesse a falecer, o outro não teria automaticamente o direito da guarda do filho adotado pelo faleci-do, prejudicando assim a segurança da criança”, esclarece. Em 2008, em primeira instância, a Justiça determinou que Toni e David teriam que adotar uma menina maior de dez anos. Eles recorreram e ganharam na segunda instância o direito de adotar conjuntamente sem qualquer restrição. “No entanto, um promotor do Ministério Público recorreu e levou o caso ao Supremo e ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), alegando que casais do mesmo sexo não formam uma entidade familiar e, portanto, não poderiam adotar conjuntamente. O STF rejeitou o recurso, mas o STJ só preferiu sua decisão em 2014. Uma demora judicial um tanto cruel, para nós e para as crianças à espera de adoção”, lembra.

Em 2011, após a decisão de Ayres Britto, eles conheceram Alyson, então com dez anos, que havia sido retirado da família por maus tratos. No início, o meni-no não quis ser adotado por um casal gay. Em 2012, já vivia com Toni e David, aguar-dando a decisão judicial. Ano passado, o serviço social da mesma vara do qual veio Alyson comunicou que havia dois irmãos

para adoção: Jéssica, 11 anos, e Filipe, de oito, que teriam que ser adotados juntos. “Fizemos questão de ir até as escolas deles no primeiro dia e explicar que os filhos têm dois pais gays, tanto para deixar tudo muito claro quanto para alertar para possíveis situações de preconceito por parte de outros estudantes. Funcionou muito bem”, diz. Para Toni, o PL 6.853 cria distinções entre as pessoas. “Gosto muito da definição de família contida na Lei Ma-ria da Penha: ‘Família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos que são ou se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa’. O modelo nuclear de família composto por pai, mãe e seus filhos biológicos não é suficiente para a compreensão da nova realidade familiar”, defende.

Embora a aventura de se tornarem pais ao mesmo tempo de três meninas e um menino tenha começado em junho do ano passado, ainda falta um último passo para que o auditor da Receita Fe-deral Rogério Koscheck, e seu companheiro, Weykman Padinho, sejam “oficialmente declarados” uma família com os filhos Juliana, de 12 anos, Maria Vitória, três anos e nove

meses, Luís Fernando, dois anos e meio, e Anna Claudia, um ano e três meses. Ainda com a guarda provisória, já se consideram como tal. “Todas as etapas já foram cumpridas, estamos aguardando a destituição do poder familiar”, explica Rogério ao telefone, enquanto Weykman dá conta de segurar os menores, com a ajuda de Juliana. Os quatro são irmãos, filhos da mesma mãe e de três genitores diferentes. Como o processo ainda não terminou, os nomes atuais das crianças foram substituídos pelos que terão após a sentença.

Na época do início da guarda, as duas crianças mais novas ainda tinham possibilidade de estar com HIV. Isso não

ratificando a função do STF de “manter a Constituição na posse do seu fundamental atributo da coerência, pois o conceito contrário implicaria forçar o nosso Magno Texto a incorrer, ele mesmo, em discurso indisfarçavelmente preconceituoso ou homofóbico.”

Na opinião de Silvana Moreira, “en-quanto o Judiciário vai sempre adiante, o Legislativo vem sempre retroceden-do”. Ela considera que “o juiz não pode se escusar de julgar pela ausência da lei” e que, portanto, o Judiciário não está substituindo o legislador. “Está suprimindo uma injustificável e ho-mofóbica omissão de quem tem medo de comprometer sua reeleição. Parece que alguns legisladores esquecem que vivemos em um país laico”, critica

ela, descartando, no entanto, o uso do termo ‘bancada evangélica’. “Nem todos os evangélicos pensam assim. Esse projeto é defendido por uma bancada fundamentalista”, acusa. Assim como ela, a presidente da Comissão de Direito Homoafetivo (CDHO) da OAB/RJ, Raquel Castro, acredita que o projeto inviabili-za a adoção por casais homafetivos e, por isso, será considerado, em última instância, inconstitucional pelo STF. “O Estatuto da Família é um projeto de lei que já nasce em afronta à Carta, ao retroceder em afirmar que família é somente aquela formada entre um homem e uma mulher e seus descen-dentes. A Constituição consagrou o que chamamos de pluralidade das famílias. Também é família aquela constituída

Foto: Arquivo pessoal

Toni Reis (à direita) e família

Leonardo Vizeu

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diminuiu a vontade de Rogério e Weickman de dar aos irmãos uma família. “Maria Vitória já havia feito os exames e tinha negativado. O Luís Fernando fez o primeiro de carga viral, estava aguardando para fazer o segundo e o exame de anticorpos. E Anna Cláudia ainda estava em tratamento com AZT e antibióticos”, esclarece Rogério. Inicialmente, eles queriam adotar duas crianças, um menino e uma menina, de até seis anos, de qual-quer etnia. “Abrimos o perfil tam-bém para crianças com doenças tratáveis. Ao longo do processo, esse perfil foi se alongando. Sur-giu uma possibilidade de adoção de quatro crianças, e nos vimos debatendo sobre a logística. Ou seja, adotar quatro já não era mais um problema”, revela.

Essas crianças foram adota-das por outro casal, e eles ainda recusaram outra adoção entre seis irmãos. “A juíza possibilitava que dois casais dividissem a adoção com três para cada família, com a condição de encontros mensais. Achamos que seria complicado, a começar pela escolha das crianças, já seria uma violência. Uma sema-na depois, chegou a informação dos nossos quatro filhos. Decidi-

mos conhecê-los, mesmo sabendo que poderiam ser soropositivos, a doença hoje é tratável. Nós nos apaixonamos”, relembra Rogério.

Ele conta uma situação que revela a importância do debate sobre o tema da união homo-afetiva. “Nesse primeiro dia, a Juliana perguntou ao Weickman se éramos irmãos. Ele falou que não, que éramos casados. Ela per-guntou: ‘Que nem o Niko e o Félix’ [personagens da novela Amor à vida]? Respondemos que sim, e ela: ‘Então tá bom’”, se diverte Rogério. Segundo ele, o PL 6.583 está fora da realidade atual. “É uma visão com fundamento em leituras e interpretações, muitas vezes equivocadas, da Bíblia.”

E conclui: “Nossos filhos não tinham uma casa, não tinham o amor de um pai, de uma mãe, não tinham família, não tinham esco-la, não tinham leite, não tinham afeto, cuidados. Hoje eles têm o amor de dois pais, o amor de seus avós, de seus padrinhos, dos tios, amigos, de toda a família. Foram batizados na Igreja Católica. Isso não é família? Deixem as pessoas serem felizes, deem os direitos a todos de ser de qualquer forma que queiram.” T

entre pessoas do mesmo sexo, confor-me decisão unânime do STF”, defende Raquel. Ela diz que o PL 6.583 é uma “aberração jurídica” e que a CDHO deve realizar em breve, em conjunto com a Comissão de Direito de Família da Ordem, um ato público contra o projeto.

Na avaliação de Leonardo Vizeu, a questão envolve, além de entendimentos jurídicos, questões ideológicas. Para ele, o artigo 2º do PL 6.583 não confronta diretamente a Constituição, e a polêmica resiste porque falta “a edição de uma lei expressa para o reconhecimento legal e infraconstitucional da sociedade conjugal entre pares do mesmo sexo com entidade familiar”. Segundo o presidente da Comis-são de Direito Constitucional, a questão dos possíveis impedimentos para a formação

de famílias por adoção está ligada a essa mesma lacuna. “O ponto é o Congresso Nacional ter vontade política, ou não, para normatizar e regulamentar em texto legal a sociedade conjugal formada por pares do mesmo sexo como entidade familiar”, resume. Embora reafirme a competência do Congresso para legislar sobre o tema, Vizeu considera que o Legislativo deveria levar em conta a realidade, até mesmo para evitar futuras ações judiciais. “A Câmara está deixando passar uma oportunidade ímpar para reconhecer de direito o que já acontece de fato. A atual composição de nosso Congresso reflete a tendência mais conservadora e misoneísta da sociedade. O resultado será uma chuva de ações na Justiça”, prevê. T

Foto: Arquivo pessoal

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Rogério Koscheck (à esquerda) e família

Raquel Castro

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A regulamentação do Marco Civil

da Internet

ESPAÇO ABERTO

O Marco Civil da Internet vem sendo re-conhecido não só no Brasil, mas também mun-dialmente, como uma lei avançada e exemplar com relação ao tratamen-to de direitos e deveres na rede. Neste momento, ocorre um amplo deba-te participativo sobre como deverá ser feita

sua regulamentação por meio de decreto presidencial.

Nesse sentido, o decreto deverá tratar de diversos pontos importantes, dando concretude aos dispositivos do Marco Civil. Um desses pontos é a guarda dos registros de acesso a aplicações. Trata-se de tema controvertido desde a origem. No entanto, é fundamental, já que diz respeito direta-mente à dinâmica da proteção da pessoa e de seus dados pessoais. Ao mesmo tempo, relaciona-se com a necessidade de se contar com instrumentos para se aferir a autoria e a materialidade de condutas ilícitas na rede, auxiliando na observância da lei.

Esse equilíbrio é delicado e a decisão do decreto sobre como regulamentá-lo deverá levar em consideração todos os diversos interesses envolvidos.

Por exemplo, uma questão a ser consi-

derada é a significativa mudança recente na discussão a respeito da necessidade ou não de guarda desses registros para fins investi-gatórios e de observância. A esse respeito, em 2014 o Tribunal de Justiça da União Eu-ropeia declarou inválida a Diretiva Europeia relativa à conservação de dados gerados ou tratados no contexto da oferta de serviços de comunicações eletrônicas publicamente disponíveis ou de rede públicas de comuni-cações (Diretiva 2006/24/CE).

Dentre os principais motivos levantados pela referida decisão estão: (i) o fato de a Di-retiva abranger de forma generalizada todos os indivíduos, não sendo efetuada uma dife-renciação, limitação ou exceção em função do objetivo de luta contra condutas ilícitas na rede; (ii) a ausência de um critério objetivo por meio do qual venha a ser garantido às autoridades apenas acesso aos dados e que as mesmas só possam utilizá-los para ativida-des relacionadas com sua competência; (iii) ao impor o período de conservação de pelo menos seis meses, não se diferenciou entre categorias de dados em função das pessoas em questão ou da eventual utilidade do dado em face do objetivo perseguido; e (iv) a não previsão de garantias suficientes que permitam assegurar uma proteção eficaz dos dados contra riscos de abusos.

Vários dos pontos levantados pela deci-são europeia poderiam ser transpostos para

a atual redação do artigo 15 do Marco Civil. Tal mudança de posição no ordenamento europeu leva ao questionamento sobre como e se se deve dar no Brasil sua efetiva regulamentação.

Vale lembrar ainda, na esteira de comen-tário feito pelo professor Danilo Doneda, que a medida constante do artigo 15 “é extrema, já que vai aumentar drasticamente o volu-me de dados pessoais armazenados como resultado da simples navegação na internet, além de tornar impossível a utilização de uma série de serviços voltados para a proteção da privacidade que foram elaborados justa-mente para não permitir a guarda de registros decorrente do seu uso”.

Guardar mais dados significa não só mais custos para as empresas, mas também reduzir a proteção à privacidade dos usuários de internet, direito constitucional. Por isso a sua disciplina é tão delicada e deve buscar sempre ponderar os interesses em jogo. É preciso buscar uma forma de atender ao im-perativo de investigação de condutas ilícitas na rede sem, no entanto, atacar a presunção de inocência e obrigar a guarda de dados de todos os usuários previamente. Esse é um dos maiores desafios da regulamentação.

Uma opção frente ao dilema posto seria a presidente da República, em decisão fun-dada na prudência, não regular o artigo 15, dado o entendimento de que os seus termos

RONALDO LEMOS*, (com CARLOS AFFONSO P. DE SOUZA** e MARIO VIOLA***)

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ainda determina que os dados devem ser retidos por até seis meses, mas em momento algum estabelece o que deve ser feito com tais dados ao término desse tempo. A inter-pretação que se pode ter dessa previsão com o que dispõem os artigos 10 e 11 do Marco Civil é de que tais informações devem ser excluídas tão logo encerrado o prazo.

Outro comentário a esse respeito é com relação à iminente emergência da econo-mia ligada à chamada “internet das coisas”. Estima-se que bilhões de dispositivos estarão conectados e comunicando-se entre si sem a intervenção humana. Nesse contexto, é preci-so repensar a obrigação de guarda de logs e registros dessas comunicações. Primeiro por conta de seu volume avassalador. Segundo, por conta das implicações para a privacida-de. E terceiro porque a maior parte desses dados seria exorbitante para atividades de observância (enforcement) legal.

Desse modo, uma sugestão adicional ao decreto seria expressar claramente uma exceção à guarda de logs relativa a atividades relacionadas à chamada “internet das coisas”, incluindo-se aí uma exceção clara e precisa a respeito.

*Diretor do Instituto de Tecnologia e Socie-dade do Rio de Janeiro (ITSrio.org)

** Diretor do ITSrio.org*** Pesquisador do ITSrio.org

constituem verdadeira norma de eficácia contida. Esse entendimento já foi inclusive consagrado pelo Tribunal de Justiça do Es-tado de São Paulo, que afirmou ser o dever de guarda de dados apenas exigível após sua regulamentação.

Assim, em vez da regulamentação apressada, a Presidência da República de-veria promover um amplo estudo técnico e jurídico, incluindo a perspectiva do Direito comparado, para analisar ao menos dois pon-tos: a) como o tema vem sendo tratado em outros países; b) quais os impactos técnicos e jurídicos para o Brasil, os custos da guarda de logs e seus benefícios. Feita essa análise, ter-se-iam então padrões mínimos para que a regulamentação ocorresse sem o risco de que tais dispositivos coloquem o país em posição jurídica extravagante (contrária à tendência atual de proteção à privacidade), ou que os danos sejam maiores que os benefícios esperados.

Caso a regulamentação vá seguir em frente e apresentar os critérios e procedi-mentos respectivos para que a guarda de dados passe a ser exigível no país, algumas considerações podem auxiliar no debate.

O artigo 5º, inciso VII, do Marco Civil define aplicações de rede como “o conjunto de funcionalidades que podem ser acessa-das por meio de um terminal conectado à internet”, ou seja, uma ampla classificação,

podendo ser considerado qualquer site ou aplicativo. Adotando-se esta definição para os fins do que dispõe o artigo, pode-se acabar por gerar uma grande quantidade de armazenamento de dados desnecessários, trazendo um ônus financeiro exagerado, especialmente se considerarmos pequenos provedores de serviços e produtos.

Como dito, a posição de guardar logs vem sendo revertida. Exemplos importantes incluem o julgado do Tribunal Constitucional Federal Alemão, que em 2010 declarou inconstitucional a lei alemã de retenção de dados. E mais recentemente as decisões de corte na Holanda, com relação à lei do país de retenção de dados. Mostram que, no mínimo, o decreto deve adotar o princípio da mínima guarda possível.

O que pode ser feito hoje por decreto – de forma a adequar o disposto no artigo 15 aos princípios norteadores do Marco Civil e de toda a lógica por trás da identificação dos responsáveis por violações de direitos de ter-ceiros prevista nos artigos 18 a 21 – é estabe-lecer claramente contornos para a obrigação com relação à guarda dos registros de acesso a aplicações de internet, indicando que esta se aplica apenas aos provedores que hospedam conteúdo produzido pelos usuários.

Além de impor a obrigação de retenção de registro de acesso aos provedores de apli-cação de internet, o artigo 15, em seu caput,

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EDUARDO SARMENTO

Desde 2003 trabalhando pela erra-dicação do trabalho infantil, a procura-dora do Trabalho Sueli Bessa acompa-nhou as estatísticas referentes ao tema despencarem 37% a partir de então. Apesar disso, o Brasil ainda contava, em 2013, mais de 3,1 milhões de trabalha-dores entre cinco e 17 anos. O número é considerado alarmante por ela, que além de representar a Procuradoria Regional do Trabalho da 1ª Região no Ministério Público do Trabalho (MPT), mais especificamente na Coordenado-ria Nacional de Combate à Explo-ração do Trabalho de Crianças e Adolescentes, realiza um trabalho de campo em rodovias federais com o intuito de conscientizar os motoristas da gravidade da exploração sexual de menores. “Apesar de algumas melhorias, podemos observar que a redução tem sido mais lenta, especialmen-te em determinados casos. Daí a necessidade da realização dessas ações”, afirma.

Considerada uma das piores formas de trabalho infantil, a

Procuradora bota o pé na estrada contra exploração sexual de crianças

exploração sexual é uma triste realida-de nas estradas do país. Levantamento feito anualmente pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) identificou, em 2014, 1.969 pontos vulneráveis à exploração sexual de crianças e adolescentes, levando em conta ambientes que possuem ca-racterísticas específicas de iluminação, vigilância, circulação de pessoas, prosti-tuição de adultos e consumo de bebidas, fatores que tornam o local suscetível a ocorrências.

Segundo Bessa, esse mapeamento

foi o passo inicial para as campanhas. “Com base nesses dados, a primeira ação foi no sentido de, em parceria com Departamento Nacional de Infraestru-tura de Transportes (Dnit), instalarmos placas informativas em trecho capixaba da BR-101 enfatizando que exploração sexual de crianças e de adolescentes é crime”, conta. Ela esclarece que a atuação do MPT se restringe à esfera trabalhista. “Mas as denúncias podem e devem ser feitas pelo Disque 100”, completa, lembrando que as ligações

são gratuitas.Em outubro de

2014, novamen-te com o apoio da PRF, além do Lions Clube, foi realizada a primeira grande campanha in loco. A própria procura-dora, acompanhada por colaboradores das três instituições, participou da distri-buição de kits com camisetas, bonés e cartilhas com orien-tações sobre o tema,

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Procuradora faz campanha junto aos caminhoneiros

Sueli Bessa

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OAB/RJ adere a protocolo para combater trabalho infantil

Em reunião realizada no dia 7 de abril,

na sede do Tribunal Regional do Trabalho

da 1ª Região (TRT-1), a OAB/RJ oficializou

sua adesão ao protocolo de intenções para

o combate ao trabalho infantil no âmbito

do Estado do Rio de Janeiro. “Além de

defender os interesses dos advogados, a

Ordem tem uma função institucional. Nossa

participação nessa questão vai ao encon-

tro de nosso papel perante a sociedade”,

afirmou o presidente da Seccional, Felipe

Santa Cruz.

O protocolo de intenções foi assinado

no dia 5 de maio do ano passado e tem

entre seus objetivos o estabelecimento de

condições e parâmetros para a realização

conjunta de projetos e ações voltados ao

“desenvolvimento de atividades educati-

vas, de sensibilização da sociedade civil

organizada e de formação e capacitação

de agentes para atuarem na implemen-

tação de planos e ações determinadas à

erradicação do trabalho infantil e de todas

as formas de exploração do trabalho que

firam a dignidade humana.”

Além da OAB/RJ, do TRT-1 e da Associa-

ção dos Magistrados da Justiça do Trabalho

da 1ª Região (Amatra-1), são signatárias a

Procuradoria Regional do Trabalho da 1ª

Região; a Superintendência do Trabalho e

Emprego do Rio de Janeiro; a Fundação Jorge

Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina

do Trabalho (Fundacentro); a Procuradoria

da República no Rio de Janeiro; o Tribunal

Regional Federal da 2ª Região e o Ministério

Público do Estado do Rio de Janeiro. T

além de conversar com os motoristas que passavam pela BR-101, próximo à cidade de Campos.

Segundo ela, a ação foi muito bem recebida. Uma nova diligência, similar à primeira, foi marcada para 16 de maio, na mesma região. De acordo com a Bessa, existe ainda uma articulação, a partir de protocolo firmado por várias instituições, entre as quais a OAB/RJ, para que ocorra ação da mesma natureza junto aos caminhoneiros no momento em que estiverem parados em postos de gasolina no Rio de Janeiro.

Outra medida salientada é a divulgação de mensagens contra a exploração sexual nos painéis de LED instalados na Ponte Rio-Niterói. A campanha acontece durante o mês de maio e foi viabilizada graças a ofí-cio enviado para a CCR, empresa que possui a concessão da via e aceitou colaborar.

A crença em que medidas como essas contribuem para a informação da sociedade e que cada pessoa abordada pode se tornar um multi-plicador, colaborando com a redução desse tipo de violação, são as prin-cipais motivações da procuradora. “Acredito que o MPT, paralelamente à sua atuação repressiva, tem um papel promocional. Ou seja, deve atuar para que os direitos humanos, inclusive das crianças e dos adoles-centes, tenham efetividade”.

Nesse último aspecto, Bessa considera que há necessidade de diálogo entre os vários atores da matéria e com todos os segmentos da sociedade. Ela vê deficiências no país na tarefa de erradicar o trabalho infantil em determinada faixa etária. “Temos insuficiência ou ausência de políticas públicas efetivas com esse objetivo. É necessário um mapeamento preciso por parte dos municípios de modo a identificar os focos do problema. Deveríamos ter uma educação de qualidade, inclusive com escolas em regime integral, medidas que assegurassem os direitos e a profissionalização dos adolescentes, além de programas de qualificação”, enumera. T

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Felipe Santa Cruz assina, no TRT-1, protocolo de intenções

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TRIBUNA DO ADVOGADO - MAIO 2015 - PÁGINA 22

Aprovada na Comissão de

Constituição e Justiça e de

Cidadania (CCJC) da Câmara

dos Deputados no fim de março,

a PEC 171/93, que reduz a

maioridade penal de 18 para

16 anos, continua a gerar um

grande debate no país sobre sua

efetividade, além das questões

sociais envolvidas (ver matéria

na página 24). Para ouvir a

opinião dos colegas, a TRIBUNA

esteve nas varas criminais do

Fórum Central e na Casa do

Advogado Celso Fontenelle.

O que você acha da proposta de redução da maioridade penal?

Eu não concordo com a proposta da redução da maioridade penal. Essa não é a medida correta para diminuir os índices de criminalidade, tanto que todos os países que a executaram não tiveram resultados. O único resultado que a gente provavelmente vai ter é o aumento do encarceramento, que nada tem a ver com os índices de crimes cometidos. Em vez de dar opções para esses jovens que estão começando a cometer delitos, iremos dificultar ainda mais a vida deles, diminuindo as oportunidades até de saírem da criminalidade. E nossas prisões continuarão como sempre: com negros e pobres na grande maioria.Marcelo Ayala, advogado, 25 anos

Eu sou contra. Até entendo o clamor social para ser alterada a maioridade, mas não acho que é a melhor solução para se resolver o problema. Creio que o caminho está em uma mudança na forma com que o menor infrator é tratado dentro dos centros de apreensão e por uma aplicação de pena maior ao corruptor adulto que se utiliza do menor para cometer infração.Ronaldo Leonel Piasen, advogado, 34 anos

Sou favorável à redução porque, atuando na área penal, vejo cada vez mais a participação de menores em crimes. Pelo fato de a penalização para eles ser muito menor, os maiores se utilizam disso e os convocam em ações para serem o mais agressivos possível. Tem que haver uma resposta legislativa. Nossa realidade hoje é outra e, com todas as informações que temos, um adolescente pode ter consciência do ato que está praticando. Ele não é induzido, faz de forma consciente. Sou a favor até que, em vez de 16, seja 14 anos.Helcio Albuquerque de Souza, advogado, 43 anos

TRIBUNA LIVRE

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TRIBUNA DO ADVOGADO - MAIO 2015 - PÁGINA 23

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Esse definitivamente não é o caminho, principalmente na visão de quem atua na área criminal. O que a gente precisa é de uma atuação social, de educação. Dificilmente se vê uma criança menor de 18 anos com uma condição financeira razoável cometendo os crimes mais comuns nessa idade, que são furto e roubo. O que me entristece é ver a classe, colegas que não atuam no ramo penal, argumentando que, se com 16 anos se pode casar e votar, deveria poder ser preso. Uma coisa não tem nada a ver com a outra. Maioridade penal é uma questão social.Carina Bastos de Paulo, advogada, 25 anos

Ainda não tenho opinião formada. Acho que a redução não vai ajudar, de fato. Mas essa questão tem uma série de implicações. Por um lado, penso que o menor é capaz de decidir o destino da nação através do voto, portanto deveria também ser responsável pelos seus atos. Mas, por outro lado, a gente entende que a situação do país é um tanto quanto nociva e impossibilita até a recuperação desse jovem infrator. Realmente ainda não tenho uma posição firmada.Luiz Claudio Silva, advogado, 51 anos

Sou contra a redução porque não é atacando a consequência que vamos consertar as causas do problema. A maioridade penal, no meu entendimento, é uma cláusula pétrea da Constituição e o Estado deve se preocupar em dar mais base para as crianças, em oferecer educação, saúde, serviço público, para que assim se possa efetivamente resguardar todos os direitos e não desrespeitá-los, como essa proposta pretende.Carlos Viana, advogado, 27 anos

A redução da maioridade penal não vai resolver muito, até porque nosso problema hoje não está na maioridade ser aos 18 anos, o problema é o próprio sistema carcerário, de forma geral. Então acho que essa medida não é uma boa.Pedro Miguel, advogado, 26 anos

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TRIBUNA DO ADVOGADO - MAIO 2015 - PÁGINA 24

Reduç ão da maiorida de penal: retrocess o à vista?

Defensores do pensamento social e do conservadorismo político polemizam sobre proposta que baixa para 16 anos a idade para responsabilização criminal. Entre os adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa de internação, apenas 13,3% praticaram delitos contra a vidaRENATA LOBACK

Junho de 2013. O país é tomado por manifestações marcadas

pelas pautas dos direitos sociais. Outubro de 2014. A população

elege o Congresso Nacional mais conservador desde 1964, de acor-

do com levantamento do Departamento Intersindical de Assessoria

Parlamentar (Diap). A incoerência dos dois momentos e a disputa

acirrada que se estabeleceu desde então, opondo defensores do

pensamento social e do conservadorismo político, fez com que, em

pouco mais de dois meses desta legislatura, matérias polêmicas, até

então adormecidas, fossem resgatadas. Entre elas, a Proposta de

Emenda Constitucional (PEC) 171, de 1993, de autoria do deputado

federal Benedito Domingos (PP/DF), que defende a redução, de 18

para 16 anos, da maioridade penal.

Para os deputados favoráveis, já passou do momento de analisar

a medida, que, segundo eles, acabaria com a sensação de impunida-

de vivida pela população. Por se tratar de cláusula pétrea da Carta,

afirmam os contrários à PEC, ela sequer poderia ser discutida. No

meio do debate, uma das populações jovens que mais morre no

mundo: 30 mil a cada ano, sendo 77% deles negros, de acordo com

a Anistia Internacional.

Aprovada pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania

(CCJC) no dia 31 de março, por 42 votos a 17, a Proposta 171 será

analisada por uma comissão especial na Câmara dos Deputados,

presidida por André Moura (PSC/CE). O grupo terá cerca de três

meses (40 sessões) para fechar o relatório. O texto precisa passar

por duas votações no plenário, com o sim de pelo menos 60% dos

parlamentares, para ser aprovado.

Caso aceita, a PEC segue para o Senado, para também ser apre-

ciada pela respectiva CCJ antes de ser apreciada pelos senadores

(em duas sessões). Se o texto sofrer alteração, terá de passar por

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TRIBUNA DO ADVOGADO - MAIO 2015 - PÁGINA 25

Reduç ão da maiorida de penal: retrocess o à vista?

nova votação na Câmara. O processo só termina quando as duas

casas concordarem sobre a redação final da proposta.

Em levantamento da Agência Câmara, 77,8% dos 27 deputa-

dos que compõem a comissão especial são favoráveis à diminuição

da idade para a responsabilização penal de jovens. Entre os 21

parlamentares que concordam com a proposta, 51,8% a defen-

dem apenas para crimes hediondos, como homicídio qualificado,

latrocínio (roubo seguido de morte), estupro e sequestro. Outros

25,9% querem que alcance qualquer crime cometido.

Dos favoráveis, 17 (63%) apoiam a responsabilização aos

16 anos. Três deputados defendem que não haja idade limite,

cabendo ao juiz definir se o adolescente irá responder ou não

como adulto. Um parlamentar sugere que aos dez anos a criança

já seja considerada penalmente responsável.

O debate pela mudança e melhoria do sistema de segurança

deveria, obrigatoriamente, passar pelas oportunidades de educa-

ção, trabalho e cultura, defende o deputado Alessandro Molon (PT/

RJ), contrário à PEC. “Com a aprovação da proposta, os adolescentes

pobres, especialmente os negros, serão cada vez mais marginali-

zados. Mas antes mesmo de entrar neste mérito, vale ressaltar que

o artigo 228 da Constituição Federal, que delimita a idade mínima

para punição penal, é uma cláusula pétrea, não pode ser alterado

ou sequer debatido”, assinala.

Molon, em conjunto com outros parlamentares contrários

à redução, ingressará com mandado de segurança no Supremo

Tribunal Federal (STF) solicitando a suspensão da proposta, com

base no artigo 60, parágrafo 4º. “Nossa Constituição é clara ao

afirmar que não podemos nem deliberar um projeto de emenda

que vise a abolir uma cláusula pétrea. Logo, é impossível, dentro

desta Constituição, mudar a idade mínima para o processo penal.

Apenas uma nova assembleia constituinte poderia dizer o contrá-

rio”, defende o deputado.

A medida, segundo Molon, está sendo elaborada voluntaria-

mente por juristas e parlamentares defensores da causa. “Não

queremos ingressar com o mandado às pressas. Estamos cuidan-

do cautelosamente de todo o embasamento jurídico antes de

apresentá-lo ao STF”, afirma.

O ministro aposentado e ex-presidente do Supremo Tribunal

Federal e do Tribunal Superior Eleitoral Carlos Mário da Silva

Velloso, que defende a redução da maioridade, argumenta que

não há consenso quanto ao entendimento de que a questão é uma

cláusula pétrea. “As constituições devem ser feitas para durar. As

circunstâncias sociais, econômicas e sociológicas se alteram. Há

os que argumentam que a fixação da maioridade penal em 18

anos estaria incluída na tábua dos direitos e garantias individuais.

Todavia, redução da maioridade penal, para mim, é apenas questão

de política criminal”, afirma.

Segundo o subprocurador-geral da OAB/RJ, Thiago Morani,

não é necessário um debate profundo sobre o poder punitivo

do Estado para atestar o status de cláusula pétrea da questão. “A

Constituição é uma limitação do poder estatal e uma garantidora

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conservadores das últimas déca-

das já é consequência de grande

parte da sociedade defender

propostas como a redução da

maioridade e ter a ilusão de que

a solução dos problemas passa

pelo Direito Penal.

No entanto, destaca Camila,

espera-se que no meio jurídico e

em setores relacionados à saúde,

à educação e às ciências sociais

tal percentual seja reduzido, tan-

to pela defesa dos direitos dos

adolescentes como por ques-

tões de política criminal. “E é o

que temos visto. Recentemente,

a OAB, a Associação Juízes pela

Democracia, a Associação Pau-

lista do Ministério Público, o

Instituto Brasileiro de Ciências

Criminais e a Conferência Nacio-

nal dos Bispos do Brasil, assim

como outras instituições, mani-

festaram posição contrária à proposta de

redução da maioridade penal”, salienta.

Mesmo favorável à proposta, o

deputado André Moura diz que sua

missão como presidente da

comissão especial da Câmara

é garantir aos contrários os

meios para defenderem seus

argumentos no debate. “Este

grupo terá um papel, acima

de tudo, de responsabilida-

de. É uma matéria polêmica

e mexe com o cotidiano do

povo brasileiro”, diz.

Para Moura, a Câmara

não pode deixar de discutir

e legislar sobre uma matéria,

só porque é controversa. “O

atual sistema de correção, ba-

seado no Estatuto da Criança

e do Adolescente (ECA), não

se mostra eficaz. Vivemos a

impunidade quase absolu-

ta. Ninguém com sensatez

pode dizer que um jovem

de 16 ou 17 anos não sabe

o que está fazendo. Há uma

legislação injusta, que pro-

tege o bandido adolescente,

de direitos fundamentais. O artigo 228 é

um desses exemplos, já que é limitador

do poder punitivo do Estado e garantidor

da inimputação penal aos menores de

18 anos. Logo, é claramente uma cláu-

sula pétrea. Diminuição da maioridade

penal, ou menoridade, termo que acho

mais justo, tendo em vista que é a idade

mínima cujo indivíduo pode ser crimi-

nalmente imputável, só numa próxima

Constituição”, pondera Morani.

Para Velloso, o STF tem sabido

compreender sua missão como corte

constitucional e saberá responder com

cientificidade, quando consultado, se a

questão é pétrea ou não.

Em pesquisa realizada no início de

abril pelo Instituto Datafolha, 87% dos

entrevistados afirmaram ser favoráveis à

redução. Apenas 11% foram contrários à

proposta e 2% não souberam responder

ou se consideraram indiferentes. Para

a conselheira seccional pela OAB/RJ e

coordenadora do Mecanismo Estadual

de Prevenção e Combate à Tortura do

Rio de Janeiro, Camila Freitas, o fato de

o Congresso brasileiro ser um dos mais

independentemente do crime cometido.

Pior, ao completar a maioridade, ele será

considerado réu primário. Esta PEC trata

de uma questão de justiça, não uma

política pública visando a reduzir a cri-

minalidade”, argumenta o deputado na

defesa de seu posicionamento.

A socioeducação está fundada nos

princípios e parâmetros legais da De-

claração Universal dos Direitos Huma-

nos (1948), da Convenção dos Direitos

da Criança (1989), da Constituição de

1988, do Estatuto da Criança e do Ado-

lescente de 1990, do Plano Nacional de

Convivência Familiar e Comunitária de

2006 (PNCFC), e do Sistema Nacional

de Atendimento Socioeducativo de

2006 e 2012 (Sinase). Preceitos que,

segundo Juraci Brito, integrante do

Conselho Regional de Psicologia (CRP)

do Rio de Janeiro, pesquisador na área

da Infância e Juventude e membro do

Departamento Geral de Ações Socioe-

ducativas do Estado (Degase), não são

seguidos.

À margem dos direitosO CRP, explica o psicólogo, analisa a

situação da redução sob vários aspectos:

“O social, que colocou historicamente as

Alessandro Molon

Camila Freitas

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Foto: Lula Aparício

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TRIBUNA DO ADVOGADO - MAIO 2015 - PÁGINA 27

pessoas menos favorecidas à margem. O

dos direitos, que tem como base o Esta-

tuto da Criança e do Adolescente (ECA),

código mundialmente elogiado e falho

por falta de implantação prática e não

de conteúdo. E o aspecto da psicologia

enquanto ciência. É do entendimento

geral dos estudiosos da área que ado-

lescentes são pessoas em processo de

construção de caráter, numa fase de

muitos conflitos. Por todas essas razões

não podemos nos colocar favoráveis à

redução”, observa.

Pelo ECA, são previstas seis medi-

das aplicáveis ao menor de 18 anos

que comete algum ato infracional. De

acordo com o Censo do Sistema Único

de Assistência Social, de 2014, o Brasil

tinha 108.554 adolescentes cumprindo

algum tipo de medida socioeducativa

em 2012 (sendo 19% em internação

ou semiliberdade). Desses, crimes contra

vida, homicídios, latrocínio, estupro ou

lesão corporal corresponderam a 13,3%

das causas de internação, índice menor

do que o de adolescentes que estão em

restrição de liberdade. Respondem por

roubo 38,6% dos casos e, por tráfico de

drogas, 27%.

Está determinado no Sinase que

cada unidade socioeducativa não po-

deria ultrapassar o máximo de 90

adolescentes sob sua tutela, com uma

equipe técnica (composta por psicólogo,

assistente social e pedagogo) atendendo

a 20 jovens, cada uma, e um agente de

segurança para cada cinco infratores. No

entanto, conta Brito, as unidades estão

superlotadas, com equipes técnicas

responsáveis por mais de 50 jovens e

sem agentes suficientes. “Tratamentos

desumanos, violentos e que fogem aos

conceitos do ECA e do Sinase. Como

falar em redução da idade penal se o

Estado não cumpriu o que determina a

lei?”, questiona.

Políticas públicasO deputado André Moura concorda

que o estatuto nunca foi cumprido em

sua plenitude, mas afirma que não dá

para esperar seu cumprimento para

pensar em redução da maio-

ridade penal: “Os governos

– tanto o atual quanto os

passados – simplesmente

ignoraram o ECA. Onde estão

as políticas públicas de cul-

tura, lazer, esporte, educação

integral e saúde para os ado-

lescentes, sobretudo para

quem vive nas áreas de risco

social comprovado? Quantos

anos devemos esperar para

termos no país a educação de

excelência, a política de gera-

ção de emprego e renda efi-

ciente e as políticas públicas

de extrema qualidade para

depois pensar na redução da

maioridade? E, nesse interva-

lo, quantas serão as vítimas

dessa bandidagem que toma

conta do país? As pesquisas

de opinião pública mostram

que a redução da maioridade

penal é uma das matérias

mais em evidência entre os

anseios da sociedade.”

Se o sistema socioedu-

cativo fosse aplicado em

sua plenitude, defende Ju-

raci Brito, talvez só ele desse

conta da ressocialização dos

adolescentes infratores. “O

Estado não consegue pôr em

prática todos os dispositivos do ECA e

em vez de vermos a Câmara debatendo

propostas que cumpram este papel, as-

sistimos a uma tentativa de penalização

dos adolescentes. Parece uma forma de

tirar do Estado a responsabilidade pela

falta de políticas de proteção e de direi-

tos. É muito mais fácil culpar a população

do que cumprir seu papel de Estado.

Hoje, temos um sistema que mais viola

do que educa”.

Sem resultadosCamila Freitas tem o mesmo en-

tendimento. Para ela, o fato de sermos

um dos países mais encarceradores

do mundo não trouxe resultados para

a redução nos índices de violência.

“Existem adolescentes internados por

longos períodos. Muitos privados de

liberdade por mais tempo do que os

adultos. O relatório do Subcomitê de

Prevenção à Tortura da ONU e dados re-

centes do Conselho Nacional de Justiça

revelam claramente a superlotação nos

sistemas penitenciário e socioeducati-

vo. Portanto, o Brasil já responsabiliza

os adolescentes infratores e ainda os

submete a condições precárias duran-

te a internação, assim como vivem os

adultos presos. Sucede que os estudos

de criminologia comprovam não haver

relação entre a privação de liberdade e

a redução dos índices de criminalidade.

Desta forma, a redução da maioridade

penal não trará os resultados esperados

Thiago Morani

Foto: Bruno Marins

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TRIBUNA DO ADVOGADO - MAIO 2015 - PÁGINA 28

pelos setores conservadores. Muito

pelo contrário. O sistema continuará

sendo retroalimentado, como compro-

vam os elevados índices de reincidência

no Brasil”, pondera.

Segundo ela, relatórios dos órgãos

que visitam as instituições, como o Me-

canismo, apontam falta de luz, escassez

de água e precariedade no fornecimento

de itens de higiene básica como algumas

das violações do sistema socioeducativo.

“A tortura também é frequentemente

verificada em tais unidades. No entanto,

são poucos os que comentam sobre o

combate à tortura e aos maus tratos no

sistema socioeducativo, tampouco há

indignação com os alarmantes índices

de homicídios de jovens negros no Brasil.

Por tudo isso, acredito que a redução da

população internada e a adoção de me-

didas em meio aberto, como a liberdade

assistida ou a prestação de serviço em

comunidade, seriam mais eficazes para

a prevenção da prática do ato infracional.

De todo modo, é preciso melhorar as

condições das unidades de internação

e garantir a formação humanista de seus

servidores”, diz.

O ex-presidente do STF Carlos Vello-

so concorda que os presídios brasileiros

não são adequados para receber os

jovens, mas, para ele, a redução ainda

é a solução: “O condenado, maior de

16 e menor de 21 anos – não somente,

portanto, o menor de 18 anos –, deve

receber tratamento prisional distinto.

Os poderes executivos federal e esta-

duais devem construir penitenciárias

adequadas. É da responsabilidade do

Estado dotar os presídios de condições

que façam respeitada a dignidade hu-

mana. O que não é possível é o cidadão

ser vítima da violência praticada por

menores de 16, 17 anos.”

Para Thiago Morani, há muitos pon-

tos a serem discutidos para combater a

violência que antecedem a redução da

menoridade. “A medida socioeducati-

va, apesar de não ser, ainda, a ideal, é

extremamente menos gravosa do que

a prisão. Antes de pensar em inserir o

adolescente no sistema penal, debater

a expansão do período de internação

no sistema socioeducativo seria uma

alternativa, apesar de eu ainda não

concordar com o perfil encarcerador do

país. O que vemos é um debate sobre o

alargamento do prazo que o jovem ficará

afastado da sociedade, sem qualquer

contraprestação do governo. Sem os

deveres e garantias que o Estado deveria

possibilitar. Defende-se a prisão para

os adolescentes, mas as medidas que

fariam com que saíssem do crime não

são debatidas”, destaca Morani.

EstratégiaA Secretaria de Direitos Humanos da

Presidência da República negocia com o

Senado a possibilidade de a casa legisla-

tiva acelerar a votação de um projeto de

lei que endurece as penas dos adultos

que cooptam crianças e adolescentes

para o cometimento de crimes. Trata-se

de uma estratégia para tentar tirar força

do projeto que propõe a redução da

maioridade.

A presidente Dilma Rousseff pu-

blicou texto em uma rede social posi-

cionando-se contra a diminuição. Para

ela, isto não resolverá o “problema da

delinquência juvenil” no país. Na men-

sagem, intitulada “Sou contra a redução

da maioridade penal”, Dilma disse ainda

que, se a proposta virar lei, significará

“grande retrocesso”.

Segundo o presidente da comissão

especial da Câmara, deputado André

Moura, cumprido o prazo de tramitação

no grupo, a matéria será posta o mais

brevemente possível em votação do ple-

nário. “É uma questão de pouco tempo

para termos uma decisão oficial sobre o

assunto”, adianta.

O presidente da Comissão de Di-

reitos Humanos da OAB/RJ, Marcelo

Chalréo, repudia a PEC. Segundo ele, o

adolescente brasileiro, especialmente

os negros, pobres e moradores das peri-

ferias das grandes cidades, encontra-se

muito mais no papel de vítima dentro

do sistema de segurança pública do que

no de causador da violência que lhe é

imputada. “Os números apontam para

um percentual ínfimo de homicídios

cometidos por adolescentes ao passo

que, em números absolutos, demons-

tram que o Brasil é o segundo país do

mundo em homicídios praticados contra

esta população. Repudiamos veemente-

mente qualquer proposta reducionista

bem como os sistemáticos esforços en-

vidados com escopo de criminalização

da pobreza”, diz documento divulgado

pela comissão. T

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TRIBUNA DO ADVOGADO - MAIO 2015 - PÁGINA 29

OAB/RJ reforça cobrança à PGE para redução de litígios

A OAB/RJ, por meio de sua Comissão Especial de Assuntos Tributários (Ceat), voltou a cobrar da Procuradoria-Geral do Estado (PGE) que a Secretaria da Fazen-da passe a observar os precedentes do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça na hora de julgar os autos de infração e contestações dos contribuintes. Segundo o presidente da comissão, Maurício Faro, a medida visa a evitar litígios desnecessários.

Em maio do ano passado, o núcleo da Seccional já havia encaminhado ofício à PGE sobre a questão. Na ocasião, a OAB/RJ lembrou que me-dida semelhante fora adotada pelo Conselho Administrativo de Recursos Fiscais do Ministério da Fazenda, que chegou a alterar seu regimento interno para determinar aos conselheiros que reproduzam as decisões definitivas proferidas pelos tribunais superiores em casos idênticos, na sistemática de repercussão geral.

Ainda no primeiro ofício, a Seccio-nal destacou que a Portaria 294/2010 da Procuradoria da Fazenda Nacional ampliou as hipóteses em que o órgão está dispensado de interpor recursos. “Além disso”, completa Faro, “há a Lei

12.844/2013, que veda o lançamento de ofício pela Secretaria da Receita Fe-deral quando já houver jurisprudência consolidada sobre a mesma matéria nos tribunais superiores”.

Em resposta ao ofício da OAB/RJ, em julho de 2014 a procuradora-geral do Estado, Lúcia Léa Guimarães Tavares, afirmou que, “havendo decisão defini-tiva sobre uma determinada questão tributária, além da dispensa genérica no âmbito desta PGE, a Secretaria da Fazenda (aí incluído o Conselho de Contribuintes) é orientada a não efetuar autuações e a cancelar as porventura existentes”.

No novo documento encaminhado à PGE, a Seccional argumenta que “tal procedimento depende, caso a caso, da prévia verificação responsável pelo processo, o que permite que sejam conferidos tratamentos diversos para litígios envolvendo a mesma matéria”.

“Sugerimos agora que seja estabele-cido um procedimento mais objetivo por meio da edição de norma elencando as hipóteses nas quais a Procuradoria-Geral do Estado do Rio de Janeiro estaria dis-pensada de apresentar defesa ou recurso seguindo a Portaria 294/10, editada pela

Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional”, explica o vice-presidente da Ceat, Gilber-to Fraga, que assina o pedido junto com Faro e o presidente da OAB/RJ, Felipe Santa Cruz. T

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Maurício Faro

Page 30: OABRJ - Tribuna do Advogado de Maio de 2015

A legalidade há de vencer

VÂNIA AIETA*

A expressão ‘caixa 2’ refere-se aos recursos financeiros não contabilizados e não declarados aos órgãos de fiscaliza-ção competentes. Sua utilização pode ser feita de diversas formas. No universo eleitoral, deflagra-se na prática da arreca-dação de dinheiro de campanha sem declarar na prestação de contas a ser entregue à Justiça Eleitoral. O julgamento desses casos é feito pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE) competente e, se constatado o ilícito, a legenda pode ficar sem os recursos do fundo partidário e o candidato pode perder seu mandato.

A rigor, não há um tipo penal de caixa 2 enquanto crime de corrupção. Este é um crime diferente da incidência de caixa 2 pela perspectiva do Direito Eleitoral, que é prática considerada como uma infração eleitoral. No caso, a regência é pela legislação eleitoral, enquanto o crime de corrupção é regido pelo Código Penal, sendo casos que não se confundem de forma alguma, pelo menos pela atual legislação.

O artigo 30-A foi introduzido na Lei 9.504/97, Lei das Eleições, com o objetivo de assegurar a higidez das contas de campanha eleitoral e proteger a moralidade, sancionando o infrator. Vale aduzir que tal irregularidade, referente à arrecadação e gastos de campanha, não caracteriza, por si só, nem mesmo o abuso do poder econômico que deve ser apurado e, malgrado não seja mais exigível prova da po-tencialidade lesiva da conduta, o julgamento impõe a observância dos parâmetros constitucionais da proporcionalidade e da razoabilidade.

Agora, como solução para o problema do caixa 2, o remédio encontrado é jus-tamente a falácia do financiamento público de campanha, com o exclusivismo de pessoas físicas podendo efetuar doações. Desse modo, estaremos certamente em-purrando as eleições para a vala das doações clandestinas, pois a prática da doação não contabilizada é própria do sistema de financiamento público.

A Suprema Corte americana fez o caminho inverso, retirando inclusive o limi-tador de financiamento privado. Assim, quem quiser doar, doa quanto quiser, com fiscalização e transparência.

A tentativa de criminalizar o caixa 2 fora do universo eleitoral, tipificando a prática como crime de corrupção, é ineficaz, excessiva e nesse momento configura--se como forte violação ao princípio da legalidade, pois o fato é que a prática não é crime de corrupção, já que inexiste a intenção de corromper quem quer que seja, mas tão somente o desejo de pagar dívidas de campanha, sem influenciar a ação de ninguém. Aliás, não é crime eleitoral nem comum.

Estamos voltamos à Grécia Antiga, onde o termo pharmakon significava simulta-neamente veneno e remédio, para parafrasearmos o eminente eleitoralista Adriano Soares da Costa, pois eleger o financiamento público como “salvador da pátria” para combater a corrupção e evitar o caixa 2 é exatamente prescrever veneno como remédio.

Por fim, a criminalização do caixa 2 como modalidade de crime de corrupção eleitoral perfaz-se como odiosa aplicação de analogia no Direito Penal, de analogia para punir, no desejo de fazer crer que algo que definitivamente não é crime na seara eleitoral seja tratado como tal, mas a legalidade há de vencer pois a Terra continuou a girar em volta do Sol, apesar de Ptolomeu ter convertido em lei o contrário.

*Professora do programa de pós-graduação em Direito da Uerj, conselheira seccional e advogada eleitoralista

PONTOCONTRAPONTO

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Em busca da legitimidade perdida

RAFAEL DE CASTRO A. A. MEDINA*

Saturada de tanto descalabro público, mais uma vez a massa se reúne e sai às ruas, quase num lamento desenga-nado, imbuída de esperanças amorfas e sem um destina-tário específico. Lá foram de novo bandeiras desfraldadas e palavras de ordem ecoaram em todo o país, pedindo o mesmo de sempre, o nunca atendido comando de dignidade pública. Seria um clamor ético universal? Não, era mais... Vem sempre sendo mais... O mundo mudou, a dinâmica

política se reinventa por todo o globo, denunciando os limites do próprio sistema capitalista e sua claudicante continuidade. Junho de 2013 trouxe à tona toda aquela insatisfação que se acumulava e parecia controlada por uma sociedade que anunciava ter “acomodado” bem as demandas sociais. Afinal, nunca houve tantos avanços “sociais”, nunca tantas inversões calcadas em “suprir” os grandes buracos deixados por uma herança escravagista e paternalista nesta República. Esse o discurso: caduco pelo jeito.

Os ecos de um movimento social que chacoalha as profundezas das mazelas sociais nunca se fazem tão prontos no tempo, eles sempre se demoram em uma eloquência de longo prazo. Transformam, inevitavelmente, os caminhos da humani-dade, por vezes, através de vias inusitadas e impensáveis, mas sempre inexoráveis. Essa inevitabilidade vem forçando respostas, contramedidas. As principais delas se concentrando em neutralizar a evidente crise de legitimidade política por meio de “pacotes” anticorrupção, em projetos de leis criminalizantes e que procuram acentuar o valor simbólico da repressão estatal. As recentes repercussões sobre as medidas que tipificariam o caixa 2 (na verdade, trariam lei especial, uma vez que há previsão típica para as fraudes eleitorais, mesmo as de omissão de receitas de campanha não informadas) já trazem em seu bojo a mesma perplexidade do povo, porque nascem de modo meramente reativo, eclodem óbvias e com uma tarefa diferente daquela que o apelo ético coletivo gritou. É bem difícil decidir se precisamos mesmo de um novo tipo penal, quando o apelo que cria a demanda pretende se sustentar no resgate de uma moralidade perdida, de um pertencimento público em tese corrompido em algum momento histórico.

Pode ser mesmo que o que se pretenda seja simplesmente permitir que quem tem recursos mais modestos não seja prejudicado em termos de campanha, tendo em vista a enorme disparidade em relação a outros com montantes e mais montan-tes de dinheiro. No entanto, duas perguntas ficam: a criminalização desta conduta transformará sensivelmente o resultado das eleições? Outros mecanismos não podem ser criados para desequilibrar campanhas?

Acabar com o desequilíbrio eleitoral e estigmatizar aqueles que vivem politi-camente apenas de financiamentos sombrios, sem rastro, parece atraente e vem sendo o fulcro de sucessivos diplomas editados em nosso país. Curiosamente, essa reação aos movimentos de rua se apresenta deslocada e quase arrogante, ao pretender se dizer a veraz tradutora dos anseios do povo. Em breve, ao que tudo indica, seremos brindados com mais um pacote, e mais alguns tipos penais para instrumentalizar as acusações contra as distorções que o próprio sistema criou, e o povo, que só queria mais vida e igualdade substantiva, vai ter que passar mesmo só com isso, só com essa solenidade de se buscar o passado perdido... E de acreditar nos minguados efeitos de uma prevenção geral em políticos...

*Advogado criminalista e professor, doutor em Direito Penal pela Uerj

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Mediação, Direito de Família e Direito do Consumidor na programação de maio

A agenda de cursos da Escola Supe-rior de Advocacia (ESA) terá, em maio e junho, novas turmas de temas bastante requisitados pelos colegas: mediação de conflitos, Direito de Família e Direito do Consumidor. Além disso, o ciclo de pa-lestras sobre o novo Código de Processo Civil (CPC), iniciado em março, contará com mais duas edições.

Visando a prover aos advogados uma explicação mais aprofundada sobre os tópicos do novo CPC, o ciclo de palestras gratuitas e abertas sobre o tema terá, no dia 20 de maio, aula com Guilherme Peres e, no dia 17 de junho, com Bruno Garcia Redondo e Antonio do Passo Cabral.

Na programação regular, será realiza-do na semana de 18 a 22 de maio o curso intensivo A participação do advogado na mediação de conflitos. As aulas serão à noite, das 18h às 21h. A coordenação é

da presidente da comissão da Seccional que trata do tema, Samantha Pelajo. O in-vestimento é de R$ 250 para advogados e R$ 200 para estudantes.

O curso que abordará os chamados temas controvertidos do Direito de Família acontecerá de 8 de junho a 9 de julho, às segundas e quintas-feiras, das 9h30 às 11h30. O custo também é de R$ 250 para advogados e R$ 200 para estagiários. A professora é Marisa Chaves Gaudio.

Os contratos no Direito do Consumi-dor serão apresentados no curso coorde-nado pelo professor Giovanni Pugliese que irá de 9 de junho a 9 de julho, às terças e quintas-feiras, das 19h30 às 12h30. O valor é de R$ 300.

A ESA funciona na sede da Sec-cional, na Avenida Marechal Câmara, 150, 2º andar, Castelo. As inscrições devem ser feitas no site da Seccional

(www.oabrj.org.br). Mais informações pelo telefone (21) 2272-2097 ou pelo email [email protected]. T

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TJ reduz tempo de indisponibilidadepara a prorrogação de prazos

O Tribunal de Justiça (TJ) publicou em abril ato normativo estabelecendo a pror-rogação de prazos para o dia útil seguinte quando o sistema de processo eletrônico estiver indisponível por tempo superior a 60 minutos. A medida se deu após o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) ter concedido um pedido de providências da OAB/RJ solicitando a diminuição do período antes aplicado pelo tribunal, que era de quatro horas.

“O prazo de quatro horas era exces-sivo, muito desproporcional ao praticado nos outros tribunais e ia de encontro à resolução do próprio CNJ sobre o processo eletrônico, além da sugestão dos tribunais superiores de que o prazo

razoável seria de uma hora”, afirma o subprocurador-geral da Seccional, Thia-go Morani, responsável pelo pedido de providências.

Thiago ressalta que o longo período causava enorme prejuízo à advocacia: “Se o sistema saísse do ar, por exemplo, às 20h30, e ficasse até meia-noite, o advogado perdia seu prazo. Isso contraria a própria lógica do processo eletrônico, que expande o horário do peticionamento, permitindo que ele seja feito até às 23h59 de cada dia. O colega era obrigado a enviar até as 20h para não correr risco”.

Segundo ele, com o antigo prazo, o fato de o sistema ficar indisponível

constantemente por muito tempo, por vezes de forma fracionada, causava insegurança jurídica à advocacia. “Essa é uma vitória que dá muita segurança à classe, que terá seu direito garantido de peticionar a qualquer momento do dia”.

Como consequência do novo prazo e baseando-se no artigo 184 do Código de Processo Civil (CPC), o ato deixa explícito que a indisponibilidade por qualquer tempo, nos dias de expedien-te forense, ocorrida entre 23h e 23h59, também implicará automaticamente a prorrogação do prazo para o primeiro dia útil seguinte à normalização do serviço. T

Em maio, a Escola de Inclusão Digital da OAB/RJ oferece quatro tur-mas de Oficina de informática básica, duas exclusivas para advogados da terceira idade e duas abertas a todos os colegas; quatro turmas do curso Navegando no TJ/RJ e o lançamento do curso Navegando no PJe-JT, com outras quatro turmas. No entanto, a partir de agora, aquele advogado que fizer a inscrição em alguma atividade gratuita

Escola de Inclusão Digitalda escola e não comparecer ficará im-pedido de realizar nova inscrição para o mês corrente.

A medida, explica a diretora de Inclu-são Digital da OAB/RJ, Ana Amelia Menna Barreto, é para evitar as faltas, constata-das nas últimas aulas. “Infelizmente foi necessário adotar essa postura, tendo em vista a grande procura aos cursos. É irresponsável o colega que se inscreve, tirando a vaga de outro advogado, e não

comparece”, diz Ana Amelia.As aulas da Oficina de informática bá-

sica exclusiva para a terceira idade serão nos dias 5 e 12 de maio, as que atendem aos demais colegas, dias 19 e 26. O curso Navegando no TJ/RJ acontece nos dias 6, 13, 20 e 27. Já as aulas do Navegando no PJe-JT são nos dias 7, 14, 21 e 28.

As inscrições podem ser feitas no painel de eventos do portal da Seccional – www.oabrj.org.br. T

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Calendário de cursos da

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Baía de Guanabara: atentados e irregularidades

Irregularidades praticadas por indústrias instaladas em torno da Baía de Guanabara, como o refino de petróleo, que seria praticado pela Pe-trobras, e a demarcação, por parte das petrolíferas, de áreas de exclusão aos pescadores artesanais sem nenhum controle foram algumas das denúncias feitas no dia 9 de abril, em evento na sede da Seccional do qual participa-ram a Comissão de Direitos Humanos da OAB/RJ, a Associação Homens do Mar na Baía de Guanabara (Ahomar), o analista ambiental do Instituto Chico Mendes Breno Herrera e o pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Alexandre Pessoa.

Segundo os relatos, a segurança privada contratada por empresas próximas à baía age de forma abusiva no controle dessas áreas de exclusão, que seriam impostas arbitrariamente. “Eles atiram em quem entra inadverti-damente em área de exclusão, quando poderia ser usado outro tipo de advertência. As empresas de segurança têm que cumprir seu papel legal. Não podem agir como polícia ou pior, como capangas, como capitães do mato. Isso é inadmissível”, criticou o presidente da comissão, Marcelo Chalréo, que visitou locais citados nas denúncias.

Ele ainda frisou que as demarca-ções são feitas, na maioria das vezes, de forma clandestina: “As áreas de exclusão são colocadas além do que é determinado pela Marinha – a 100

metros do local de funcionamento da indústria –, em muitos casos de 200 a 300 metros. Além disso, determinam áreas aleatoriamen-te, em posições não oficiais”.

De acordo com o presidente da Ahomar, Alexandre Anderson, que representou os pescadores da região, não há como os trabalhadores sabe-rem os locais permitidos para a pesca. “Se não houver uma intervenção de lideranças, pesquisando previa-mente com a Marinha esses locais de intervenção, os pescadores ficam sem saber onde podem entrar. O que acontece é que, ou são presos ilegal-mente por essas firmas de segurança privada, ou levam tiros”.

Na ocasião, foi projetado um vídeo, realizado pela antropóloga e mídia-ati-vista Raffaella Moreira em parceria com a comissão, que contém registros dos atentados e depoimentos dos pesca-dores e dos pesquisadores presentes na palestra. “Esse vídeo será encami-nhado às entidades competentes com pedidos de providência em relação a essas denúncias”, afirmou Chalréo.

Além da perda de espaço de traba-lho dos pescadores, o evento tratou do progressivo aumento da degradação ambiental na região: “Isso se dá pela

poluição industrial e orgânica, simultâ-neas ao estabele-cimento de grandes indústrias no entorno da baía”,

explicou o analista ambiental Bre-no Herrera, citando a ampliação do Complexo Petroquímico de Duque de Caxias, o assentamento de dutos para transporte de gás natural e a constru-ção do Comperj.

O pesquisador Alexandre Pessoa ressaltou a amplitude da discussão: “Não se trata de assunto puramen-te ambiental, porque não estamos falando da extinção de determinada espécie de peixe, mas da vulnera-bilidade de todo o território e dos impactos à saúde ambiental de todo esse território”.

Segundo Chalréo, a Ordem traba-lhará no apoio a iniciativas para que se diminuam os riscos. “A grande indús-tria está se estabelecendo em áreas com populações tradicionais e esse estabelecimento é muito agressivo. O que buscamos é que as empresas permitam pelo menos uma possibili-dade mínima de convivência com os pescadores artesanais, a comunidade que vive na região”. T

Chalréo, com Alexandre Anderson (no detalhe), visitou locais citados nas denúncias

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Seminário na OAB/RJ debate saúde integrada à questão ambiental

O direito à saúde e a qualidade de vida são temas que devem estar integrados ao debate das questões do Direito Ambiental. Esse foi o tom do VI Seminário de Direito Ambiental, que aconteceu no dia 15 de março. O evento foi organizado pela Comissão de Direito Ambiental (CDA) da OAB/RJ, com o apoio da Comissão Especial de Direito Sanitário e Saúde (CEDSS) e da Comissão de Bioética e Biodireito (CBB) da entidade, além da Caarj. O presi-dente da Caixa, Marcello Oliveira, e o coordenador das comissões da OAB/RJ, Fábio Nogueira, participaram da mesa de abertura.

De acordo com o presidente da CDA da Seccional e diretor da Escola Superior de Advocacia (ESA), Flávio Ahmed, a pluralidade do debate foi o ponto forte do evento. “Montamos um roteiro para discutir as questões gerais que envolvem a relação entre Direito

Ambiental e saúde, e esse foi o norte para desenvolver os demais temas. Mas a grandeza do evento se deveu à mul-tiplicidade de abordagens que tive-mos aqui”, ressaltou. Para Ahmed,

o seminário deixou claro que as áreas estão interligadas. “Tratar de meio ambiente é tratar de saúde, e do direito não só à vida, mas à vida com quali-dade. Enfocamos outros temas, como prevenção, gestão de resíduos e áreas contaminadas, além das ameaças à saúde que decorrem dos diversos tipos de poluição. Com isso, conseguimos ampliar a qualificação da advocacia e introduzir o assunto na pauta da Ordem de modo geral”, completou.

O presidente da Comissão de Meio Ambiente da OAB/SP, Celso Fiorillo, foi um dos palestrantes. Ele falou sobre tutela constitucional do meio ambiente e saúde ambiental. “Procurei abordar o esquema constitucional do direito à saúde, e como o Direito Ambiental apresenta respostas para isso. O artigo 225 da Constituição fala do bem am-biental, que é essencial à qualidade de vida. O exemplo mais didático de bem

ambiental é o direito à saúde. Princí-pios aplicados no direito à saúde, como o da prevenção, se aplicam também ao Direito Ambiental. A Constituição consagrou essa visão, que é contrária à ideia de que o Direito Ambiental envol-ve apenas a natureza”, explicou Fiorillo. Ele apontou que iniciativas como o seminário são fundamentais para o es-clarecimento do tema para a advocacia. “Na área jurídica, por conta do tipo de faculdades que temos, ainda do Século 19, é importante divulgar essa visão constitucional da relação entre Direito Ambiental e saúde, fazendo com que o profissional perceba a amplitude da atuação nesse campo, colocando no centro do debate a pessoa humana”, acrescentou.

A procuradora da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), Denise Okada, falou sobre áreas contaminadas e instrumentos jurídicos aplicados a essa temática. “É um tema ainda pouco conhecido. O problema das áreas contaminadas é que ele é invisível, porque ninguém sabe que a área está contaminada. Falar em meio ambiente, em qualquer nível, é falar de contaminação. As substâncias químicas contaminam não apenas o solo, mas também os recursos hídricos, as construções, os sedimentos, entre outros”, disse a procuradora. Especia-listas na área, membros de comissões ambientais de outras seccionais e representantes de instituições como a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) tam-bém participaram do seminário. T

Ligações gratuitas para OABPrev-RJA OABPrev-RJ modernizou seu canal de atendimento e, para

estreitar o relacionamento com os advogados, pôs à disposição dos colegas, desde o dia 20 de abril, o telefone 0800 941 7738, que recebe ligações gratuitas, de segunda a sábado, das 8h às 20h. Consultores especializados orientam e esclarecem dúvidas sobre os serviços e planos da instituição, exclusivos e distintos, para a classe.

Em parceria com a OAB/RJ, a Caarj e o INSS, a OABPrev-RJ

promove o Programa de Educação Previdenciária – Futuro Seguro, que oferece, aos profissionais e estagiários de Direito, informa-ções sobre inclusão e permanência no regime de previdência público ou privado. Os consultores simulam planos de previdên-cia complementar personalizado e adequado ao perfil financeiro de cada participante e os técnicos do INSS orientam como acessar o sistema via internet e verificar a situação no Cadastro Nacional de Informações Sociais. T

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Celso Fiorillo (esq.) abordou tutela constitucional

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A normatização do turismo foi o principal ponto de debate durante a realização do fórum promovido pela comissão da OAB/RJ sobre o tema, em parceria com o Centro Integrado de Estudos em Turismo e Hotelaria (Cieth).

Questões como a regulamentação da atividade do turismólogo, a fiscalização do exercício ilegal da profissão de guia de turismo e a Olimpíada de 2016 foram alguns dos assun-tos tratados. O encontro aconte-ceu no dia 14 de abril, na sede da Seccional.

“Tentamos aproximar os

profissionais do Direito e do turismo. Nosso grupo tem apenas um ano e sete meses, estamos buscando conhecer cada vez mais as demandas do setor a fim de realizar o trabalho da me-lhor forma”, afirmou a presidente da

Comissão de Turismo (CT) da Seccional, Kátia Mariz.

A primeira mesa do fórum abor-dou especificamente a Lei 12.591/12, que reconhece a profissão de turismó-logo. Em comum entre os expositores, a opinião de que a regulamentação da legislação é fundamental para o desenvolvimento dos profissionais. “Existimos, mas não sabemos quem somos. A lei original teve vários artigos vetados e precisa ser discuti-da”, disse Elizário Junior, presidente nacional da Associação Brasileira de Turismólogos e Profissionais de Tu-rismo (ABBTur). Além dele e de Kátia, participaram do painel a presidente regional da ABBTur, Tânia Omena; o representante da Biblioteca Nacional Dário de Oliveira e o membro da CT--OAB/RJ Hamilton Vasconcellos.

Com as presenças do presidente da Associação Carioca de Turismo de Aventura, Marcelo Castro, e do diretor de operações da TurisRio, o segundo painel tratou do reconhecimento dos guias de turismo de aventura. Outros temas discutidos foram a fiscalização turística, as leis geral e estadual do Turismo e a captação de eventos. T

Palestra discute recorribilidadedas interlocutórias no novo CPC

Acessibilidade atitudinal é tema de palestra

A OAB/Mulher da Seccional realizou no dia 31 de março a palestra gratuita A acessi-bilidade atitudinal como chave para um Brasil mais igualitário, com a advogada integrante da comissão e militante da causa das pessoas com deficiência Deborah Prates. A mesa de abertura foi composta pelas presidentes da OAB/Mulher da Seccional, Rosa Maria Fonseca, e da OAB/Mulher da 32ª Subseção, Maria de Lourdes Pereira da Silva; e pela superintenden-te de Políticas Intersetoriais do estado do Rio de Janeiro, Ciomara Santos, que representou a subsecretária de Políticas para a Mulher e presidente do Conselho Estadual dos Direitos

Normatização do turismo pauta debate

Dando prosseguimento ao ciclo de palestras e cursos que a Seccional realiza, desde 31 de março, sobre o novo Código de Processo Civil (CPC), o vice-presidente da OAB/RJ, Ronaldo Cramer, convidou Fredie Didier, profes-sor da Universidade Federal da Bahia e membro da comissão responsável pela revisão do projeto do novo CPC na Câmara dos Deputados para falar sobre a recorribilidade das decisões interlo-

cutórias. O evento foi no dia 8 de abril.Segundo o professor, o código tem

grandes avanços e merece boa vontade e hermenêutica. “O CPC é a segunda lei mais importante para a advocacia no Brasil, obviamente depois do nosso Estatuto. Foram 20 anos de discussão e aperfeiçoamento. Escolhi falar sobre a recorribilidade das interlocutórias por ser este um tema do dia a dia do advogado e, a partir de 18 de março de 2016, todos terão que saber o que fazer. Além de ser um sistema extrema-mente complexo”, justificou.

No encerramento da palestra, Didier ressaltou que, em relação à recorribilida-de das interlocutórias, o novo código traz desafios para os advogados. “O sistema é menos simples do que anunciavam. Estou convicto de que esse é um aspecto muito sensível da advocacia ao qual não estão dando a devida atenção”, disse. Além de Cramer, compuseram a mesa o presidente da Comissão de Estudos de Processo Civil, Bruno Redondo, e o advogado Guilherme Peres. T

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Comissão da Verdade da Escravidão Negra toma posseEm clima de resgate histórico, en-

tidades representativas do movimento negro lotaram o auditório da Seccional no dia 30 de março para prestigiar a posse da Comissão Estadual da Verda-de da Escravidão Negra no Brasil, que pretende levantar a história e a memó-ria dos 350 anos de cativeiro, e assim responsabilizar os beneficiados com o regime de exploração e buscar uma forma de reparação aos que ainda hoje sofrem as conseqüências do período.

Segundo o presidente recém-em-possado Marcelo Dias, que também co-manda a Comissão de Igualdade Racial da Seccional, o trabalho constituirá em audiências públicas em todo o Rio de Janeiro, visitas a terreiros e comuni-dades quilombolas, além de contato

Entrega da Medalha Chico MendesA 27 ª edição da Medalha Chico Mendes, que homena-geia, anualmente, pessoas e entidades que se des-tacam nas lutas de resistência no Brasil e no exterior, lo-tou o salão da OAB/RJ, que sediou o evento promovido pelo grupo Tortura Nunca Mais, dia 31 de março. A láurea foi para o bispo emérito do Maranhão, dom Xavier Gilles de Maupeau d’Ableiges; o desembarga-dor Sérgio Verani; a fundadora do Tortura Nunca Mais Flora Abreu Henrique da Costa; Horácio Cintra (in me-moriam); os desaparecidos na Guerrilha do Araguaia João Gualberto Calatroni e Lúcia Maria de Souza; as mães de jovens assassinados em Manguinhos Fátima dos Santos Pinho de Menezes e Ana Paula Gomes de Oliveira; a ONG Repórter Brasil; e Igor Mendes da Silva, ativista do movimento estudantil, preso desde o 3 de dezembro de 2014. O prêmio internacional foi dado a Jorge Zabalza e Juan Carlos Mechoso e o cultural, a José Celso Martinez. T

com as universidades. “A OAB/RJ será nossa casa, nosso ponto de encontro, para que mais pessoas possam vir e trazer irmãos para participarem. Ao final, produziremos um relatório completo do que foi esse período no Brasil”, afirmou.

Representando o presidente Felipe Santa Cruz, o tesoureiro da OAB/RJ, Luciano Bandeira, pôs a Seccional à disposição da comissão. “Orgulha muito à Ordem esse trabalho que vai trazer importantes resultados e criar meios para apagar essa mancha na história”, disse.

O presidente da Comissão Nacio-nal da Verdade da Escravidão Negra do Conselho Federal, Humberto Adami, ressaltou que é preciso tirar o

negro brasileiro da situação de cidadão de segunda categoria, e que ele precisa sair da base da pirâmide social e assumir posições de destaque. “As cotas são instrumentos importantes de ação afir-mativa, mas ainda são muito pouco em relação ao apagamento da escravidão. Vamos aumentar a conta da reparação da escravidão negra no Brasil”, destacou.

O presidente da Caarj, Marcello Oliveira, afirmou que a advocacia é uma profissão conservadora, mas que o em-poderamento do negro pode construir um espaço de desenvolvimento na sociedade. “Assumo o compromisso de dar espaço e apoio necessário para essas pautas. Mas sei que muito dificilmente repararemos o que todo o povo negro sofreu”, salientou. T

da Mulher, Marisa Chaves.Deborah Prates iniciou a palestra cum-

primentando os presentes e falando ora ao microfone, ora fora dele, em exercício de acessibilidade atitudinal. “É bastante im-

portante que as pessoas não estejam apenas integradas. Existe uma diferença entre integrar e incluir. Os deficientes podem estar integrados em um ambiente, mas não incluídos. É preciso inclusão”, explicou a advogada.

A ideia de acessibilidade, segundo Deborah, frequente-mente é associada a questões físicas e arquitetônicas, como construção de rampas de acesso e banheiros adaptados às necessidades dos portadores de deficiência. “Mas um dos aspectos essenciais da noção de acessibilidade é aquele que envolve a mudança de com-portamento das pessoas em relação ao tema”, disse. T

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Marcelo Dias (ao microfone) anunciou a realização de audiências públicas

Deborah Prates (dir.): integrar e incluir

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Os colegas da Barra da Tijuca agora contam com uma moderna Sala dos Advogados no fórum regional. Com nove computadores à disposição, a estrutura foi inaugurada em 14 de abril, pelos presidentes da OAB/RJ, Felipe Santa Cruz, e da subseção local, Ricardo Menezes.

Menezes definiu o momento como a realização de um sonho. “É mais uma etapa vencida. Essa Sala dos Advogados é uma das muitas demandas da subseção, como o estacionamento e o wi-fi do fó-rum, que já estão em pleno funcionamen-to, e o Drive-thru de petições, que deve ser inaugurado nos próximos meses. O apoio irrestrito da OAB/RJ foi fundamental para obtermos todas essas conquistas. Espero que o novo espaço seja amplamente utilizado pelos advogados da Barra de Tijuca”, disse.

BARRA DA TIJUCA

Felipe inaugura nova Sala dos Advogados na Subseção

O diretor do fórum, juiz Mário Olinto, assinalou a importância da união entre Judiciário e advocacia. “Os advogados são os maiores usuários do fórum e a sala é um direito da classe. É preciso que tanto juízes quanto advogados tenham condi-ções iguais de trabalho aqui no fórum. O Judiciário tem, sim, problemas, mas os problemas não prejudicam apenas o juiz, e sim a todos. É por isso que precisamos promover essa união”, afirmou.

“A advocacia e o Judiciário devem ser parceiros para resolver os problemas da população”, afirmou Felipe, ao frisar que a OAB/RJ se fortalece na defesa da socie-dade e no dia a dia de trabalho. “A Ordem assumiu a sua tarefa histórica de possibili-tar aos colegas o processo eletrônico, com treinamento, formação e a modernização das salas dos advogados. Estas salas são portas de acesso à cidadania”.

Medalha Roberto Luiz PereiraNa cerimônia, o tesoureiro da Sec-

cional, Luciano Bandeira, recebeu das mãos de Felipe a primeira medalha Roberto Luiz Pereira, que condecora ex--presidentes de subseção. Bandeira foi o primeiro presidente da OAB/Barra – que

antes pertencia à Subseção de Madurei-ra/Jacarepaguá – no triênio 2010/2012.

Bandeira dedicou a medalha aos ad-vogados que militam na Barra da Tijuca e lembrou, com respeito, de Roberto Luiz Pereira. “Ele foi um professor e um guia para mim. Receber essa medalha tem um significado muito especial e eu me sinto extremamente honrado em ser o primeiro a recebê-la. Essa medalha representa a construção de uma nova estrada que se concluirá na união da advocacia da Barra”.

Também emocionado, Felipe ob-servou a importância do presidente de subseção. “Em comarcas menores, prin-cipalmente, o presidente de subseção é aquele que se indispõe com o juiz e autoridades locais. São pessoas que doam suas vidas voluntariamente à Ordem. Roberto Luiz Pereira é um exemplo de presidente que deixou uma história de serviços à OAB e é um exemplo para todos nós”.

Roberto Luiz Pereira faleceu em 2012, aos 71 anos, e presidiu a subseção Madu-reira/Jacarepaguá por 31 anos. À época, a subseção abrangia também a região da Barra da Tijuca e Méier. T

Advogados já utilizam as novas instalações

Felipe, Ricardo e Mário Olinto

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SUBSEÇÕES

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TRIBUNA DO ADVOGADO - MAIO 2015 - PÁGINA 39

Para conferir agilidade e qualidade no serviço aos advogados que militam em Niterói, os presidentes da Seccional, Felipe Santa Cruz, e da subseção, Antô-nio José Barbosa, inauguraram em 14 de abril a nova Central de Atendimento ao Advogado Everardo Elysio de Almeida, na sede da subseção da cidade.

Com três guichês para atendimento e rede wi-fi disponível, os advogados e estagiários poderão protocolar do-cumentos, requerer segunda via da carteirinha da Ordem, entre outros serviços, em ambiente mais confortá-vel e acessível. A central fica no térreo

NITERÓI

Aberta nova Central de Atendimento

da subseção e funciona de segunda a sexta-feira, de 9h às 18h.

“A Subseção de Niterói é a maior do Brasil, maior até que algumas seccionais, e deve ser tratada com absoluto respei-to. Nestes anos, a OAB/RJ tratou Niterói como deveria ser tratada”, afirmou Fe-lipe na ocasião, frisando que é preciso ter prudência com o valor oriundo das anuidades. “Nós temos que cuidar de cada real da advocacia e esse dinheiro está investido aqui e pode ser visto por todos os advogados”.

Antônio José elogiou a mudança no prédio e disse que as instalações deram

uma nova visão à sede. “A Seccional está sempre atenta às nossas necessidades e nos atende na medida do possível. A central de atendimento é uma vitória para os advogados de Niterói, que me-recem essa conquista”.

Em visita às futuras instalações da Escola de Inclusão Digital José Carlos Guimarães, que será inaugurada em breve, Felipe reforçou a importância que o projeto tem para a OAB/RJ. “Em funcionamento há poucos meses, já podemos ver o sucesso da Escola de Inclusão Digital Eugênio Haddock Lobo. Então tivemos a ideia de trazer esse projeto para Niterói, transformando o atual Centro de Prática em Processo Ele-trônico. Da mesma forma que acontece na capital, a escola ministrará cursos e aulas para que o advogado seja incluído digitalmente e tenha conhecimento sobre como trabalhar com o processo eletrônico”, disse.

Prestigiaram a inauguração, o diretor da ESA/Niterói, Índio do Brasil Cardoso, e Armando de Sousa, representante do Instituto dos Advogados Brasileiros. T

Convênio garante acesso de advogados a conteúdo jurídicoGraças a um convênio firmado entre a OAB/Niterói e a Edi-tora Plenum, desde 20 de abril advogados e estagiários po-dem acessar gratuitamente todo conteúdo jurídico atualiza-do, incluindo códigos, jurisprudências, legislação, pesquisas sobre doutrina, sentenças e despachos, súmulas, modelos de prática forense em geral, pareceres e denúncias, além de assuntos publicados em revistas do gênero.

O sistema jurídico de pesquisa integrada Juris Plenum Ouro, que torna possível o acesso a todo esse conteúdo, está disponível nos computadores de todas as salas externas da subseção, nos fóruns Estadual, Federal, Trabalhista e de Pendotiba, nas varas cíveis e no Juizado Especial Federal e também no Escritório Compartilhado e na Procuradoria. T

Felipe e Antônio José (ao centro) participam do evento

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PAVUNA

Como parte das visitas às 61 sub-seções do estado, o presidente Felipe Santa Cruz esteve na OAB/Pavuna para prestar contas e conversar com os advo-gados da região, que puderam falar sobre os principais problemas e dificuldades enfrentados no dia a dia de trabalho.

A falta de estrutura nas unidades de primeira instância foi amplamente criticada por Felipe, que aproveitou a visita para ir ao fórum da região. Ele afirmou que essa é uma pauta de dis-cussão frequente com o presidente do Tribunal de Justiça (TJ), Luiz Fernando de Carvalho, que tomou posse este ano. “Os

Seccional reúne colegas e presta contas

O presidente da Seccional, Felipe Santa Cruz, foi à Paracambi e entre-gou medalhas Roberto Luiz Pereira a ex-presidentes da 39ª subseção e seus representantes. “Com essa co-menda homenageamos aqueles que muitas vezes servem de ‘para-raio’ dos problemas nas subseções. Pes-soas que exercem o cargo, de forma voluntária, e muitas vezes têm sua vida profissional inviabilizada. A Or-dem foi construída por todos aqueles que doaram suas vidas ao longo desses 80 anos de existência. Es-tamos reconhecendo a importância do trabalho desses ex-presidentes e, assim, também de toda a advocacia de Paracambi”, disse.

O atual presidente da subseção de Paracambi, Marcelo Kossuga,

recebeu a medalha em nome de seu pai, Kiyoshi Kossuga, já faleci-do, que presidiu a subseção e foi também conselheiro seccional. A homenagem se entendeu à advo-gada Adelaide Keller Araújo, que recebeu a medalha em nome de seu marido, Marcílio Boa Nova de Araújo, também falecido. Os ex-presidentes Arildo Rodrigues Capitão, Welson Couto Ferreira e Cleber do Nasci-mento Huais receberam a medalha em mãos.

Também estiveram presentes os tesoureiros da Seccional, Luciano Bandeira e da subseção de Seropédi-ca, Marcus Vinicius Câmara de Olivei-ra; o assessor da presidência William Muniz e o presidente da OAB/Barra da Tijuca, Ricardo Menezes. T

Ex-presidentes da subseção são homenageadosPARACAMBI

investimentos do tribunal não podem ficar restritos à segunda instância. O problema do Judiciário do Rio é a falta de servidores e juízes. Tenho esperança de que a nova presidência do TJ vá olhar com bastante carinho para a primeira instância. Aqui no Fórum da Pavuna podemos ver claramente a falta de con-dições de trabalho. Um gigantesco corre-dor, sem qualquer saída de emergência. Houve a fusão de dois juizados em um único, com a diminuição de servidores e o aumento de estagiários. Somos o esta-

do com o maior número de estagiários no país. O quadro de abandono dos juizados segue sendo a maior reclamação dos advogados”, pontuou.

Antônio Faria, presidente da OAB/Pavuna, agradeceu a presença de Fe-lipe e dos presidentes das subseções da Barra da Tijuca, Ricardo Menezes; Belford Roxo, Abelardo Medeiros Te-nório; Ilha do Governador, Luiz Carlos Varanda; e de São João de Meriti, Julia Vera dos Santos, e, especialmente, dos advogados da região. “A parceria com a Seccional é fundamental para nós da Subseção da Pavuna”. T

Faria e Felipe (ao centro) no encontro com advogados

Kossuga recebe medalha de Felipe

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SUBSEÇÕES

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Em meio a muita emoção, a Subseção de Miguel Pereira homenageou Boaven-tura Vieira Muniz, um dos precursores da advocacia na cidade e que deu nome à Sala dos Advogados no Fórum da cidade, inaugurada em 15 de abril. Na ocasião, a filha do homenageado, Claudia Fraga Vieira Muniz, disse não ter palavras para agradecer o tributo, e ressaltou as qua-

MIGUEL PEREIRA

Sala no fórum homenageiaadvogado ilustre da cidade

lidades de Boaventura como pai e profissional. “Ele foi o grande amor da minha vida”, resumiu.

O presidente da OAB/Miguel Pereira, Pedro Paulo Sad Coelho, agradeceu a parceria da Seccional. “Sempre que precisamos, a OAB/RJ atende nossas demandas. Hoje é dia de reconhecer a prestação de serviço e dedicação de Boaventura para a advocacia da cidade. Ele foi fundamental para nós durante os anos em que foi procurador do município”, disse.

Felipe frisou que ir às 61 subseções do estado é fundamental para estar em contato com os problemas dos advo-gados do estado. “É muito importante para conhecer a realidade de cada local e, assim, estar próximo dos colegas. Alguns problemas nós resolvemos mais facilmente, outros são mais difíceis.

Mas, como presidente da Seccional, faço questão de fazer essa visita todo começo de ano. E é uma honra estar aqui home-nageando um advogado tão importante para Miguel Pereira”.

Boaventura foi procurador do mu-nicípio de Miguel Pereira por 30 anos e muito contribuiu para o crescimento da advocacia da cidade. Faleceu em 2009.

Paty do AlferesFelipe e Pedro Paulo visitaram

a sala dos advogados no Fórum de Paty de Alferes, comarca vinculada à OAB/Miguel Pereira. Na ocasião, con-versaram com o juiz titular, Fábio Lopes Cerqueira, e com advogados locais.

O assessor da presidência William Muniz, o presidente da OAB/Barra, Ricar-do Menezes, e o tesoureiro da Seccional, Luciano Bandeira, integraram a comitiva que visitou a subseção. T

MARICÁ

Felipe e Claudia descerram placa

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Ordem solicita elevação da comarca à entrância especialCom o crescimento acelerado da

cidade, o Fórum de Maricá não está suportando o volume de processos que tramitam atualmente. Em uma tentativa de resolver a situação, o presidente da OAB/Maricá, Amilar Dutra, se reuniu no dia 29 de abril com o presidente do Tribunal de Justiça (TJ), Luiz Fernando de Carvalho, e solicitou a elevação da comarca à entrância especial.

“Nosso fórum se tornou obsoleto. Não tem acessibilidade nem segurança. A cidade tem 200 mil habitantes e o fórum, 140 mil processos. Precisamos de inves-timentos no Judiciário para atender bem os jurisdicionados e os advogados. Além disso, estamos com carência de juízes. Só no último mês três foram transferidos”, afirmou.

Luiz Fernando de Carvalho explicou que a comarca precisa preencher alguns

requisitos para conseguir a alteração, como população e distribuição de processos mínimos, mas o pedido já está em análise no tribunal. Caso aprovado internamente, seguirá para apreciação da Assembleia Legislativa. Ele ressaltou a importância de o Judiciário acompanhar o desenvol-vimento do município. “A elevação é uma consequência do crescimento da cidade. Dessa forma, a estrutura do Judiciário vai se equiparar às estruturas urbanas e tributárias da cidade. Vamos trabalhar para que em breve Maricá seja uma comarca de entrância especial”, garantiu.

Sobre a falta de juízes, o responsável pela distribuição dos magistrados no es-tado, Ricardo Cardoso, afirmou que até a metade de maio os novos juízes da cidade serão conhecidos. “A posse deve ocorrer até, no máximo, o começo de junho”.

O diretor-tesoureiro da Seccional,

Luciano Bandeira, também esteve na reunião. “É bom saber que o tribunal é sensível às solicitações da nossa classe. O desejo da advocacia é que a Justiça do Rio se fortaleça e tenha cada vez mais juízes e mais servidores”, disse.

Participaram da reunião o tesoureiro da OAB/Maricá, Alessandro Magno; o procurador-geral do município, Fabrício Porto; o vereador Felipe Bittencourt; e re-presentantes da deputada estadual Zeidan.

Carvalho, Luciano e Amilar no TJ

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Os advogados de Rio Bonito, Silva Jardim e Tanguá agora contam com uma Escola Superior de Advocacia (ESA) na sede da 35ª subseção. A inauguração aconteceu em 9 de abril e contou com a presença do vice-presidente da Sec-cional, Ronaldo Cramer, além de advo-gados, estudantes e representantes da sociedade civil.

Na ocasião, Cramer palestrou sobre os principais aspectos práticos do novo Código de Processo Civil e falou sobre a necessidade de atualização dos ad-vogados para o exercício da advocacia. “É muito importante que a OAB ofereça condições para que os advogados se atualizem perante os desafios da nova

RIO BONITO

Subseção inaugura ESA com palestra de Cramer sobre CPC

legislação. E essa qualificação é feita fundamentalmente através da ESA, um espaço para dialogar sobre as novas soluções legislativas”, disse.

Para o presidente da subseção, César Gomes, este é o resultado de muito tra-balho e uma conquista que chegou em momento crucial para a advocacia. Ele afirma, ainda, que os advogados que não se atualizarem podem prejudicar signifi-cativamente seus clientes. “Lançar uma unidade da ESA em qualquer momento da nossa trajetória já seria importante, mas hoje ganha uma conotação poten-cializada, diante do desafio que será para o advogado estar alinhado com as novas diretrizes do processo civil brasileiro.

Desde 2010 estamos construindo esta escola e a resolução disso só simboli-za a importância da nossa subseção”, reforçou.

Ainda na noite de inauguração, foi apresentada a diretoria da escola, compos-ta pelo diretor Bruno Chagas; a tesoureira, Martinha Ferreira Sá; e a coordenadora aca-dêmica, Paula Carvalho. O evento contou com a presença do prefeito de Tanguá, Val-ber Marcelo, e do presidente da subseção de São Gonçalo, José Luiz Muniz.

O primeiro curso ministrado será o de Prática Trabalhista, que está marcado para o dia 6 de maio. As inscrições já estão abertas, basta entrar em contato pelo telefone (21) 2734-0757. T

Auditório lotado na aula inaugural

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SUBSEÇÕES

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Após atuação da OAB/RJ junto ao Tribunal de Justiça (TJ), a Comarca de Belford Roxo receberá 17 servidores para integrar seu quadro de pessoal, que está em situação caótica por conta da carência de funcionários frente ao grande volume de trabalho. Eles serão distribuídos em todas as serventias, que atualmente contam com 75 funcioná-rios no total.

Para o presidente da OAB/Belford Roxo, Abelardo Medeiros Tenório, isso

Serventias locais recebem novos funcionários

BELFORD ROXO

é resultado do trabalho da subseção, que há muito vem reivindicando o aumento de serventuários. “Continu-aremos trabalhando incansavelmente na busca por melhorias para nossa comarca. Essa conquista chega em um momento importante para nós, em que os funcionários da subseção estão sendo reconhecidos pelo bom atendi-mento. Tudo isso muito nos alegra e nos dá a certeza da realização de um bom trabalho”, afirma. T

Subseçãopromove casamento comunitárioEm clima de emoção e festa, 320 casais oficializa-ram a união em casamento comunitário realizado em 25 de abril, na Igreja de São Sebastião, em Piabetá. Os casais já viviam em matrimônio, mas sem a segurança da lei. A cerimônia foi gratuita e teve o apoio do Tri-bunal de Justiça do Rio de Janeiro, represen-tado pelos juízes Vitor Moreira Lima e Luciana Mocco; do Ministério Público Estadual do Rio de Janeiro, da Defensoria Pública e do Cartó-rio do Registro Civil de Piabetá. T

MAGÉ

Cursos gratuitos de processo eletrônico passam por quatro subseções em maio

Advogados de Cabo Frio, São João de Meriti, Méier e Petrópolis poderão participar, em maio, dos cursos sobre processo eletrônico oferecidos gratuitamente pela OAB/RJ. Sempre das 9h às 14h, as aulas serão ministradas pela integrante da Comissão de Direito e Tecnologia da Informação da Seccional Maria Luciana de Souza e abordarão o peticionamento nos tribunais Regional do Trabalho (TRT) e de Justiça (TJ).

Em Cabo Frio, o curso será realizado no dia 8. As inscrições devem ser feitas na subseção, que fica na Rua José Waltz Filho, 58. O telefone é (22) 2643-0026.

No dia 15, será a vez dos colegas de São João de Meriti receberem as lições. Os interessados de-vem procurar a subseção, na Rua Defensor Público Zilmar Duboc Pinaud, 235, Jardim Meriti, ou pelo telefone (21) 2651-1892.

As aulas terão sequência na OAB/Méier , no dia 22. Nesse caso, as inscrições podem ser feitas pelo Portal da OAB/RJ. Mais informações pelo telefone (21) 2241-8786.

Finalizando a programação de maio, a subseção de Petrópolis realiza o curso dia 29. Para participar é necessário fazer reserva na Rua Marechal Deodoro, 229, no Centro. O telefone é o (24) 2243-3890. T

Abelardo Tenório

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Coleção Curso de Direito CivilRecém-lançados, os cinco primeiros volumes da coleção completa sobre Direito Civil elaborada pelo desembargador do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ) Marco Aurélio Bezerra de Melo, juntamente com o procurador de Justiça José Maria Leoni Lopes de Oliveira, abordam a Parte Geral, o Direito das obrigações e atos unilaterais, Direito dos contratos, Responsabilidade civil e Direito das coisas. O conjunto tem como proposta tratar do tema sob uma visão mais humanista. O lançamento dos últimos três volumes está previsto para janeiro de 2016. A editora é a Atlas. Mais informações no site www.atlas.com.br ou pelo telefone (11) 3357-9144.

Helênia e DevíliaEscrito pelo professor de filosofia do Direito Luiz Fernando Coelho e editado pelo advogado Luiz Fernando Queiroz, o livro utiliza-se de duas utopias em oposição – a sociedade ética (Helênia) e a sociedade degradada (Devília) – para perpassar os conceitos originais dos direitos humanos e refletir criticamente sobre as crises que atingem a humanidade. Da editora Bonijuris. Mais informações no site www.bonijuris.com.br ou pelo telefone 0800-645-4020.

Prática previdenciária para empresas

A obra une a teoria de Direito Empresarial Previdenciário à prática dos autores Juliana Ribeiro e Felipe Clement como advogados e professores da área. Para explorar o tema, eles tratam de questões como o meio ambiente do trabalho e seus reflexos na carga tributária da empresa, o nexo técnico epidemiológico previdenciário, a relação tributária e jurídica em matéria de custeio previdenciário, e as práticas advocatícias que possibilitem a uma empresa ter redução nas contribuições sociais, permitindo uma ação contenciosa e consultiva do advogado na sua atuação. A publicação é da editora Quartier Latin. Mais informações pelo site www.quartierlatin.art.br ou pelo telefone (11) 3101-5780.

Competência do juiz constitucional

O livro estuda a competência do juiz constitucional e os limites de sua atuação à luz da separação dos poderes e do controle de constitucionalidade. O estudo leva em conta um cenário em que o autor, Flavio Hiroshi Kubota, descreve a ocorrência frequente de mora legislativa, com os excessos na prática que chama de ativismo judicial por parte do Judiciário brasileiro. Da editora Juruá. Mais informações no site www.jurua.com.br ou pelo telefone (41) 4009-3900.

ESTANTE

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Tribunal do júriA sexta edição deste outro trabalho de Guilherme de Souza Nucci traz alterações, revisões e ampliação, com jurisprudência atualizada e novos comentários em situações peculiares, que pedem maiores esclarecimentos. A obra trata do tribunal do júri como instrumento de obtenção de direitos e garantias

humanas fundamentais, apresentando um cenário completo do instituto no Brasil, além de um apên-dice retratando a realidade de São Paulo, especifi-camente. Disponível também em versão impressa, a publi-cação é da editora Forense. Mais informações e vendas pelo link http://goo.gl/LuaP32

No livro, Guilherme Nucci se propõe a tratar do delicado tema da prostituição sob o ponto de vista moral, conside-rando a imensa defasagem observada no mundo jurídico. Segundo o autor, que defende a legalização, o fato de o Estado fingir que ela não existe e de a sociedade demonizá-la abre caminho para que, entre outras consequências,

os profissionais do sexo sejam vítimas do tráfico de pessoas. Em sua segunda edição, a obra traz um estudo mais aprofun-dado dos julgados dos tribunais brasileiros, permitindo ao leitor discernir entre o lícito e o ilícito na visão jurisprudencial. Da editora Forense, disponível também em versão física. Mais informações e vendas pelo link http://goo.gl/JpXCMg

Prostituição, lenocínio e tráfico de pessoasEb

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Karl Marx: A história de sua vidaMeu livro de cabeceira atual-mente é Karl Marx: A história de sua vida, de Franz Mehring (Editora Sundermann). Trata-se de uma consistente e bem escrita biografia abordando a fascinante história de vida deste grande pensador, como revolucionário e pessoa huma-na. Uma excelente sugestão de leitura, mesmo para os que não são marxistas como eu.

* Conselheiro, vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB/RJ

Aderson Bussinger*

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Justiça paralelaDe autoria dos professores de Direito José Maria Terra e Thiago Fabres de Carvalho, a obra discorre sobre o processo histórico que resultou na diversidade das favelas cariocas e expõe as mazelas desse espaço social, abordando sua organização e a relação de oposição com relação à sociedade estatal. Propõe, ainda, debate sobre a existência de um contexto de efetivo pluralismo jurídico no cenário das comunidades onde atua o tráfico de drogas. O livro é da editora Revan. Mais informações no site www.revan.com.br ou pelo telefone (21) 2502-7495.

Códigos de Processo Civil comparado

A obra traz, em único exemplar, os dois códigos de Processo Civil (CPC): o de 2015 e o 1973, em projeto gráfico que permite ao leitor decidir qual texto será norteador da consulta apenas virando o exemplar: quando consultar o código de 2015, o leitor encontrará o novo texto na íntegra, e, logo abaixo, quando existente, a redação do artigo correspondente na legislação de 1973, em boxes separados, para facilitar a leitura. Invertendo o livro, terá à disposição o CPC de 1973, integralmente, e os artigos correspondentes do código de 2015. A editora é a Saraiva. Mais informações no site www.saraiva.com.br ou pelo telefone (11) 4003-3390.

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Ex-jogador Adílio lidera treino na Tenda Bem-Estar

Estreando o novo programa das Ten-das Bem-Estar, da Caarj, o Performance training, que trará atletas consagrados para participações no projeto, o ex--jogador do Flamengo e presidente da Associação de Ex-atletas do Rio de Janeiro, Adílio, comandou, no dia 18 de abril, na tenda de Copacabana, um circuito funcional inspirado nos treinos de futebol.

O circuito foi aprovado pelos co-legas que vieram de longe prestigiar

o ídolo. Flamenguista e apaixonado por esportes, o advogado Cristiano Fragoso saiu de Niterói para participar do evento. “Achei a iniciativa de trazer o Adílio excelente. Foi uma junção do útil ao agradável”, elogiou.

Acompanhado dos filhos Lucas, de 13 anos, e Gabriel, de nove, Rogério Trindade demonstrou empolgação com o treino dado por Adílio. “Incentivou a minha vinda junto com eles. Talvez, se não fosse esse evento, não teria vindo

até aqui num sábado, e nem traria os meninos”, contou ele, que frequenta a tenda durante a semana.

“É muito bom estar envolvido nos projetos da OAB/RJ e da Caarj”, afirmou Adílio. Entre as corridas na areia, os advogados puderam também relaxar com uma sessão de shiatsu na tenda. O evento contou com a presença do coor-denador do projeto, Ricardo Portela, da gerente do eixo Bem-Estar, Fabiana Lima, e de professores de outras tendas. T

Projeto Personal on line da Caarj chega à marca de 2 mil participantes

A advogada Kelly Cristina dos Santos Reis, 31 anos, passou a vida convivendo com a obesidade. Ela chegou a pesar 150 quilos, até que resolveu dar um basta. Hoje corre 15 quilômetros na areia da praia todos os dias, e ganhou mais disposição e qualidade de vida. Kelly é uma das duas mil pessoas inscritas no Personal on line, serviço do Eixo Bem-Estar da Caarj que disponibiliza aos colegas assessoria na prática de exercícios físicos.

Ela conta que conseguiu perder peso por conta pró-pria, mas engordou de novo. “Procurei o serviço quando pesava pouco mais de 90 quilos, no ano passado. De lá pra cá, 32 quilos já foram embora”, relata. Todos os finais de semana Kelly recebe uma planilha com o seu esquema de treinamento. “Intensifiquei os treinos e a dieta, e consegui perder o peso que queria. Hoje visto manequim 38, melhorei minha autoestima. E não fica-mos largados, o professor está sempre disponível para tirar dúvidas”, completa.

Para participar do Personal on line, o advogado ou estagiário precisa preencher um formulário no site da Caarj (www.caarj.org.br), com o número da sua inscrição na Ordem. Ali, além de informar seu histórico clínico, é possí-vel escolher entre quatro perfis de treinamento, de acordo com o condicionamento físico, que vai desde o endurance, voltado para atletas e corredores mais experientes, até o wellness, para os iniciantes em atividades físicas.

A prática é executada pelo Clube A8, parceiro da Caarj. “A planilha é simples e autoexplicativa, e em casos de dúvidas o aluno sempre pode buscar apoio através do email”, explica o coordenador técnico do serviço, Rodrigo Tosta.

Presidente da Caixa, Marcello Oliveira salienta que a prevenção de doenças foi um dos principais objetivos da criação do núcleo Bem-Estar: “O advogado tem uma rotina desregrada, em geral. Com a orientação correta sobre atividades físicas e alimentação, ele pode ter um ganho significativo de qualidade de vida”. T

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Odeon reabre com vantagens para advogados

Fechado para obras de manutenção desde junho de 2014, o Cine Odeon, um clássico da Cinelândia, vai reabrir suas portas no dia 20 de maio. O espaço, que agora recebe o nome de Centro Cultural Luiz Severiano Ribeiro, estará mais acessível para a advocacia, que pagará meia-entrada em todas as suas atrações graças a convênio firmado entre a Caarj e o Grupo Severiano Ribeiro, responsável pelo espaço.

O novo centro cultural irá abrir suas atividades com a exibição do filme O vendedor de passados, mas passará a trabalhar com o conceito de pluralidade: além dos filmes, abrigará sessões de ópera, balé, cursos e palestras, sendo também palco para pré-estreias, maratonas temáticas e programações especiais voltadas para o público infantil.

Para ter acesso ao desconto em qualquer atração, basta o advogado apresentar a carteira da Ordem na bilheteria do cinema. T

Musical sobre Cássia Eller e comédias para a família no Caarj Cultural

Em maio, o Caarj Cultural, que dá desconto para os advogados e um acompanhante em peças teatrais, traz como destaque Cássia Eller – o

musical, sucesso de público e crítica que fica em car-taz até o dia 31 de maio, no Teatro Clara Nunes, no Shopping da Gávea. O ingresso sai 30% mais barato para os colegas.

Com direção de João Fonseca e Vinicius Arneiro, texto de Patrícia Andrade e direção musical de Lan Lan, o espetáculo é estrelado pela atriz Tacy de Campos e já foi assistido por mais de 40 mil pessoas. Fonseca, que também dirigiu os bem-sucedidos mu-sicais biográficos sobre Tim Maia e Cazuza, destaca as principais diferenças deste que retrata a trajetória de Cássia Eller, desde antes do início da carreira até sua explosão nacional: “É um musical focado no essen-cial, simples e teatral como a própria Cássia. Apenas cadeiras, os atores e os músicos”.

Ele acrescenta que a coreografia foi pensada de forma a refletir o estilo da cantora, sem grandes movimentações. “Alguém consegue imaginar um musical sobre a Cássia Eller com aquelas inúmeras co-reografias? Isso não pertence ao universo dela. Nossa tentativa é criar um ambiente que esteja conectado com a essência da artista”, enfatiza.

O roteiro passeia desde a criação autoral, com músicas como Flor do sol, até canções imortalizadas por ela, como Malandragem (Cazuza/Frejat), Socorro (Arnaldo Antunes/Alice Ruiz) e Por enquanto (Renato Russo), e as composições do amigo Nando Reis, que é também personagem do espetáculo: All Star, O Segundo sol, Relicário, entre outras. T

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Simulação da nova fachada

CULTURA

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O R D E M D O S A D V O G A D O S D O B R A S I LSeção do Estado do Rio de Janeiro (Triênio 2013/2015)

DIRETORIA DA SECCIONAL

Presidente

Felipe de Santa Cruz Oliveira

Scaletsky

Vice-presidente

Ronaldo Eduardo Cramer Veiga

Secretário-geral

Marcus Vinicius Cordeiro

Secretário adjunto

Fernanda Lara Tortima

Tesoureiro

Luciano Bandeira Arantes

DIRETORIA DA CAARJ

Presidente

Marcello Augusto Lima de Oliveira

Vice-presidente

Naide Marinho da Costa

Secretário-geral

Roberto Monteiro Soares

Secretário adjunto

Ricardo Brajterman

Tesoureiro

Renan Aguiar

Suplentes

Alexandre Freitas de Albuquerque

José Antonio Rolo Fachada

Antônio Silva Filho

CONSELHEIROS EFETIVOS

Aderson Bussinger Carvalho

Adriana Astuto Pereira

Álvaro Sérgio Gouvêa Quintão

André Luiz Faria Miranda

Antonio Ricardo Correa da Silva

Armando Cesar A. P. Burlamaqui

Bernardo Pereira C. Moreira Garcia

Breno Melaragno Costa

Camila Freitas Ribeiro

Carlos Alexandre O’Donnell Mallet

Carlos André Rodrigues Pedrazzi

Carlos Alberto Menezes Direito Filho

Carlos Henrique de Carvalho

Claudio Sarkis Assis

Christiano Falk Fragoso

Daniele Gabrich Gueiros

Déa Rita Matozinhos Oliveira

Eduardo Antonio Kalache

Eduardo Abreu Biondi

Eduardo Valença Freitas

Fábio Nogueira Fernandes

Filipe Franco Estefan

Flavio Villela Ahmed

Flavio Antonio Esteves Galdino

Gabriel Francisco Leonardos

Cabo Frio - Eisenhower Dias Mariano

Cachoeiras de Macacu - Ricardo

Monteiro Rocha

Cambuci - Tony Ferreira Corrêa

Campo Grande - Mauro Pereira

Campos - Carlos Fernando Monteiro

Cantagalo - Guilherme de Oliveira

Cordeiro - Rilley Alves Werneck

Duque de Caxias - Geraldo Menezes

Ilha do Governador - Luiz Carlos Varanda

Itaboraí - Jocivaldo Lopes

Itaguaí - José Ananias

Itaocara - Fernando Marron

Itaperuna - Adair Branco

Leopoldina - Frederico Mendes

Macaé - Andrea Meirelles

Madureira/Jacarepaguá - Remi

Martins Ribeiro

Magé - Edison de Freitas

Mangaratiba - Ilson Ribeiro

Maricá - Amilar Dutra

Méier - Humberto Cairo

Mendes - Paulo Afonso Loyola

Miguel Pereira - Pedro Paulo Sad

Miracema - Hanry Félix

Nilópolis - José Carlos Vieira

Niterói - Antonio José Barbosa da Silva

Nova Friburgo - Rômulo Colly

Nova Iguaçu - Jurandir Ceulin

Paracambi - Marcelo Kossuga

Paraíba do Sul - Eduardo Langoni

Paraty - Heidy Kirkovits

Pavuna - Antonio Carlos Faria

Petrópolis - Antonio Carlos Machado

Piraí - Gustavo de Abreu Santos

Porciúncula - Fernando Volpato

Queimados - José Bôfim

Resende - Samuel Carreiro

Rio Bonito - César Gomes de Sá

Rio Claro - Adriana Moreira

Rio das Ostras - Alan Macabú

Santa Cruz - Milton Ottan Machado

Sto. Antônio de Pádua - Adauto Furlani

São Fidélis - Rodrigo Stellet Gentil

São Gonçalo - José Muniz

São João do Meriti - Júlia Vera Santos

São Pedro da Aldeia - Júlio César Pereira

Saquarema - Miguel Saraiva

Seropédica - Fábio Ferreira

Teresópolis - Jefferson Soares

Três Rios - Sérgio de Souza

Valença - Fábio dos Anjos Batista

Vassouras - José Roberto Ciminelli

Volta Redonda - Alex Martins

Rodrigues

Geraldo Antonio Crespo Beyruth

Gilberto Fraga

Guilherme Rocha Murgel De Rezende

Gustavo Mano Gonçalves

Hercilio José Binato de Castro

Hercules Anton de Almeida

Jansens Calil Siqueira

Joaquim Tavares de Paiva Muniz

Jonas Gondim do Espirito Santo

Jonas Oberg Ferraz

Jonas Lopes de Carvalho Neto

José De Anchieta Nobre de Almeida

Jose Pinto Soares de Andrade

José Ricardo Pereira Lira

José Roberto de A. Sampaio

Juliana Hoppner Bumachar Schmidt

Leonardo Duncan Moreira Lima

Leonardo Pietro Antonelli

Leonardo Rzezinski

Luciano Vianna Araujo

Luiz Americo de Paula Chaves

Luiz Bernardo Rocha Gomide

Luiz Paulo de B. C. Viveiros De Castro

Marcelo Cury Atherino

Marcelo Feijó Chalréo

Marcio Vieira Souto Costa Ferreira

Marcos Bruno

Marcos Luiz Oliveira de Souza

Maria Alicia Lima Peralta

Mauricio Pereira Faro

Murilo Cezar Reis Baptista

Paula Heleno Vergueiro

Paulo Cesar Salomão Filho

Paulo Parente Marques Mendes

Paulo Renato Vilhena Pereira

Ranieri Mazzilli Neto

Raphael Ferreira de Mattos

Renato Neves Tonini

Roberto Ferreira de Andrade

Rodrigo Candido de Oliveira

Rodrigo Tostes de A. Mascarenhas

Romualdo Mendes de Freitas Filho

Rosa Maria de Souza Fonseca

Rui Teles Calandrini Filho

Samantha Pelajo

Tatiana de Almeida R. Saboya

Vânia Siciliano Aieta

Wanderley Rebello de O. Filho

Yuri Saramago Sahione de A. Pugliese

CONSELHEIROS SUPLENTES

Ademário Gonçalves da Silva

Adilza de Carvalho Nunes

Alexandre de Oliveira Venancio

de Lima

Alexandre dos Santos Wider

Alfredo Hilario de Souza

Ana Amelia Menna Barreto

Anderson Elisio Chalitade Souza

Andre Andrade Viz

Arnon Velmovitsky

Artur Arruda Lobato R. Carmo

Augusto Carneiro de O. Filho

Bruno Garcia Redondo

Carlos Eduardo Abreu Martins

Carlos Leno de M. Sarmento

Charles Soares Aguiar

Cirilo de Oliveira Neto

Clarissa Costa Carvalho

Claudio Goulart de Souza

Cleber do Nascimento Huais

Corintho de Arruda Falcao Neto

Diogo Campos Medina Maia

Eduardo Carlos de Souza

Eduardo de Souza Gouvea

Fábio Amorim da Rocha

Fernando José A. de Mendonça

Gema de Jesus Ribeiro Martins

Godofredo Mendes Viana

Gustavo Antonio Feres Paixão

Hygino Ferreira Marques

Igor Muniz

Ivan de Faria Vieira Junior

João Pedro Chaves Valladares Padua

Jorge Antonio Vaz Cesar

Jorge Miguel Mansur Filho

Jose Ademar Arrais Rosal Filho

José Agripino da Silva Oliveira

Jose Carlos Freire L. Cavalcanti

Jose Teixeira Fernandes

Leandro Saboia R. Carvalho

Leonardo Branco de Oliveira

Leonardo Jose de Campos Melo

Leonardo Schindler Murta Ribeiro

Leonardo Viveiros de Castro

Luiz Alberto Gonçalves

Luiz Paulo Pieruccetti Marques

Luiz Roberto Gontijo

Marcelo Jucá Barros

Marcelo Martins Fadel

Marlos Luiz de Araujo Costa

Monica Maria Lanat da Silveira

Monica Prudente Giglio

Nara da Rocha Saraiva

Nilson Xavier Ferreira

Norberto Judson de Souza Bastos

Olavo Ferreira Leite Neto

Pedro Capanema Thomaz Lundgren

Rafael Milen Mitchell

Raquel Pereira de Castro Araujo

Regina Celia Coutinho Pereira Real

Renata Pires de Serpa Pinto

Renato Luiz Gama de Vasconcellos

Renato Ludwig de Souza

Ricardo Loretti Henrici

Roberto Dantas de Araujo

Rodrigo Jose da Rocha Jorge

Rodrigo Garcia da Fonseca

Rodrigo Maia R. Estrella Roldan

Rodrigo Moura Faria Verdini

Rodrigo Loureiro de Araujo

Rodrigo Bottrel Pereira Tostes

Ruy Caetano do Espirito Santo Junior

Samuel Mendes de Oliveira

Sandra Cristina Machado

Saulo Alexandre Morais E Sá

Sergio Ricardo da Silva E Silva

Sergio Luiz Pinheiro Sant’anna

Valeria Teixeira Pinheiro

Vinicius Neves Bomfim

Wagner Silva Barroso de Oliveira

Wilson Fernandes Pimentel

CONSELHEIROS FEDERAIS

Carlos Roberto de Siqueira Castro

Cláudio Pereira de Souza Neto

Wadih Nemer Damous Filho

CONSELHEIROS FEDERAIS

SUPLENTES

Bruno Calfat

Luiz Gustavo Antônio Silva Bichara

Sergio Eduardo Fisher

MEMBROS HONORÁRIOS

VITALÍCIOS

Waldemar Zveiter

Ellis Hermydio Figueira

Cesar Augusto Gonçalves Pereira

Nilo Batista

Sergio Zveiter

Octavio Gomes

Wadih Nemer Damous Filho

PRESIDENTES DE SUBSEÇÕES

Angra dos Reis - Cid Magalhães

Araruama - Rosana Pinaud

Bangu - Ronaldo Barros

Barra da Tijuca - Ricardo Menezes

Barra do Piraí - Denise de Paula

Barra Mansa - Ayrton Biolchini

Belford Roxo - Abelardo Tenório

Bom Jesus do Itabapoana - Luiz

Carlos Marques

Armação dos Búzios - César Spezin

Comédias e peças infantis no Centro e na Zona NorteNo Teatro Carlos Gomes, a diversão

é garantida nas quartas-feiras de humor, que trazem no dia 6 de maio a montagem Meu passado não me condena, com a atriz Fernanda Souza, e, no dia 13, No gogó

do Paulinho, stand up de Paulinho Gogó. Os profissionais de Direito têm 50% de desconto.

Já no Teatro Miguel Falabella, na Zona Norte, os advogados contam com ingressos

20% mais baratos nas peças em cartaz: Como é que pode? de quinta a sábado, às 21h, e aos domingos, às 20h; Os fulanos, de quinta a domingo, às 18h; e o infantil A cigar-ra e a formiga, sábados e domingos, às 16h.

CULTURA

Page 49: OABRJ - Tribuna do Advogado de Maio de 2015

TRIBUNA DO ADVOGADO - MAIO 2015 - PÁGINA 49

Com abertura oficial no dia 30 de maio, as mostras Claudia Melli. A substi-tuição poética das coisas e Marginália 1 – Rogério Duarte são as estreias no Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio de Janeiro, no qual os advogados têm 30% de desconto nos ingressos para exposições.Com curadoria de Luiz Camillo Osorio, A substituição poética das coisas oferece um percurso pela produção da artista Claudia Melli nos últimos anos, com trabalhos em papel, técnica mista usando fotografia e vidro. Fica em cartaz até 16 de agosto.Marginália 1, que tem curadoria de Manoel Reader e Rogério Duarte, fica no MAM até 23 de agosto e traz uma retrospectiva do designer e intelec-tual baiano radicado no Rio de Janeiro, que teve papel determinante no tropicalismo e no período de maior experimentação da arte brasileira nas décadas de 1960 e 1970.Continuam em cartaz no museu também as exposições O fim da matéria – Damián Ortega, até o dia 14 de junho, e Ver e ser visto, até 19 de julho. T

DICA

DO

MÊS

Mostras de Claudia Melli e Rogério Duarte são destaque do MAM

MARCELO MOUTINHO

Estreia do diretor Fellipe Barbo-sa em longas de ficção, Casa Grande se vale da derrocada econômica de uma família abastada para tocar em feridas históricas da sociedade brasileira. A história é narrada sob o ponto de vista de Jean (Thales Cavalcanti), o primogênito, que subi-tamente vê sua rotina de adolescen-te transformar-se em consequência da ruína financeira do pai, vivido por Marcello Novaes. O motorista que o leva da Barra da Tijuca ao Colégio São Bento, no Centro, é dispensado. A mãe começa a trabalhar, venden-do cosméticos. Jean passa a utilizar transporte público e travar contato com pessoas de outras classes so-ciais. A fórceps, amadurece. E amplia os próprios horizontes.

As interpretações, com destaque para Marcello Novaes, estão no mes-

Sob o olhar de um garoto, as feridas sociais do país

mo (alto) nível do roteiro. Thales e Bruna Amaya – intérprete de Luiza, sua namorada – são estreantes, o que torna ainda mais notável o desempenho da dupla. Merece menção, também, o trabalho de Clarissa Pinheiro, que estabelece o contraponto de humor no papel de uma das empregadas da mansão.

Barbosa acerta ao abordar o tema da desigualdade social, aludido já no título que referencia o célebre estudo de Gilberto Freyre, sem esbarrar no panfletarismo. Os diálogos são verossímeis, por mais bizarros que possam soar em alguns momentos. A exceção é a conversa sobre cotas raciais, que irrompe em fala bastante forçada, quase um discurso, de Luiza. Trata-se, porém, de pequeno senão em um filme ne-cessário. Sobretudo nesse momento em que o país parece cindido, fechado ao diálogo. T

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TRIBUNA DO ADVOGADO - MAIO 2015 - PÁGINA 50

Roberto Monteiro, presidente da Comissão de Defesa do Consumidor da OAB/RJ e secretário-geral da Caarj

Jurista: Sobral PintoEscritor/escritora: José SaramagoLivro: O chefão, de Mario PuzoLugar: Um bar. O preferido é o Cantinho das Concertinas, na Cadeg (foto)Filme: Doze homens e uma sentença, de Sidney LumetTime: VascoCantor/cantora: Martinho da VilaAtor/atriz: Al PaccinoMito: Vladimir Ilyich LeninEsporte: FutebolHobby: Curtir meu cachorroPrato: BacalhauPrograma de TV: FilmesMúsica: Bolero de RavelFato da história: Revolução Socialista de 1917Citação: ¨De cada um segundo as suas capacidades, a cada um segundo as suas necessidades¨, de Karl Marx

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VIDA PRIVADA

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