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1 OBJETIVOS DO MILÊNIO E O MOVIMENTO NACIONAL PELA CIDADANIA E SOLIDARIEDADE Ronaldo Baltar 1 Universidade Estadual de Londrina GT5 - Migrações, Cidades e Desenvolvimento Regional Introdução 2 O objetivo do presente estudo é sistematizar e avaliar os desafios enfrentados pelo Movimento Nacional pela Cidadania e Solidariedade, em sua estratégia de crescimento e consolidação nacional, para subsidiar a definição de prioridades de ação de 2013 a 2015. As informações apresentadas têm como base um balanço entre as diretrizes que orientaram o Movimento Nacional e a amplitude das ações necessárias para concretizar as metas propostas. A avaliação parte do pressuposto de que a consolidação e ampliação nacional do Movimento, que se constitui como resultado direto do sucesso da mobilização e das parcerias realizadas ao longo desse período, requer um conhecimento sistematizado dos diferentes níveis de ação, bem como do potencial das parcerias municipais envolvidas. O primeiro passo para a realização do estudo foi a identificação das fontes e o levantamento de informações registradas pelo Movimento pela Cidadania e Solidariedade. O segundo passo foi a comparação entre as diretrizes estabelecidas e as metas alcançadas ao longo desse período. Em seguida foi feita uma avaliação da abrangência alcançada pelo Movimento nos estados e municípios, em comparação com as capacidades disponíveis. O terceiro passo foi o mapeamento das diretrizes por atores (governo, sociedade civil, setor empresarial e outros). O quarto passo foi o diagnóstico dos pontos de articulação e convergência do Movimento, que possam apontar propostas de prioridades para 2013-2015, tendo em vista o novo cenário para a agenda dos ODM após 2015. Para os dados de 2013, este relatório valeu-se das informações recebidas pelo instrumento de coleta para o diagnóstico, enviado aos estados pela Secretaria Executiva Nacional do MNCS. Do formulário enviado para 27 unidades da federação, retornaram 13 diagnósticos preenchidos, nem todos com os campos completos. Assim, embora os dados aqui apresentados ainda não sejam 1 Doutor em Sociologia pela Universidade de São Paulo e Docente do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Estadual de Londrina, atuando na área de Sociologia Computacional. Atualmente, é membro representante da UEL no Comitê Gestor Tripartite para a Política de Emprego e Trabalho Decente do Estado do Paraná. ([email protected]) 2 Este texto foi apresentado como relatório de atividades de cooperação referente ao Memorando firmado entre PNUD e UEL, em 2013.

OBJETIVOS DO MILÊNIO E O MOVIMENTO NACIONAL PELA … 2014/GT5_Ronaldo... · O objetivo do presente estudo é sistematizar e avaliar os desafios enfrentados pelo Movimento Nacional

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OBJETIVOS DO MILÊNIO E O MOVIMENTO NACIONAL PELA CIDADANIA E

SOLIDARIEDADE

Ronaldo Baltar1

Universidade Estadual de Londrina

GT5 - Migrações, Cidades e Desenvolvimento Regional

Introdução2

O objetivo do presente estudo é sistematizar e avaliar os desafios enfrentados pelo

Movimento Nacional pela Cidadania e Solidariedade, em sua estratégia de crescimento e

consolidação nacional, para subsidiar a definição de prioridades de ação de 2013 a 2015.

As informações apresentadas têm como base um balanço entre as diretrizes que orientaram o

Movimento Nacional e a amplitude das ações necessárias para concretizar as metas propostas. A

avaliação parte do pressuposto de que a consolidação e ampliação nacional do Movimento, que se

constitui como resultado direto do sucesso da mobilização e das parcerias realizadas ao longo desse

período, requer um conhecimento sistematizado dos diferentes níveis de ação, bem como do

potencial das parcerias municipais envolvidas.

O primeiro passo para a realização do estudo foi a identificação das fontes e o levantamento

de informações registradas pelo Movimento pela Cidadania e Solidariedade. O segundo passo foi a

comparação entre as diretrizes estabelecidas e as metas alcançadas ao longo desse período. Em

seguida foi feita uma avaliação da abrangência alcançada pelo Movimento nos estados e

municípios, em comparação com as capacidades disponíveis. O terceiro passo foi o mapeamento

das diretrizes por atores (governo, sociedade civil, setor empresarial e outros). O quarto passo foi o

diagnóstico dos pontos de articulação e convergência do Movimento, que possam apontar propostas

de prioridades para 2013-2015, tendo em vista o novo cenário para a agenda dos ODM após 2015.

Para os dados de 2013, este relatório valeu-se das informações recebidas pelo instrumento

de coleta para o diagnóstico, enviado aos estados pela Secretaria Executiva Nacional do MNCS. Do

formulário enviado para 27 unidades da federação, retornaram 13 diagnósticos preenchidos, nem

todos com os campos completos. Assim, embora os dados aqui apresentados ainda não sejam

1

Doutor em Sociologia pela Universidade de São Paulo e Docente do Departamento de Ciências Sociais da

Universidade Estadual de Londrina, atuando na área de Sociologia Computacional. Atualmente, é membro

representante da UEL no Comitê Gestor Tripartite para a Política de Emprego e Trabalho Decente do Estado do Paraná.

([email protected]) 2 Este texto foi apresentado como relatório de atividades de cooperação referente ao Memorando firmado entre PNUD e

UEL, em 2013.

2

definitivos, já se constituem em um indicador do grau diferente de estruturação do Movimento nos

estados. Por outro lado, apontam também para a complexidade alcançada pela proposta do MNCS.

A base de articulação tripartite, com a participação de entidades governamentais,

empresariais, sociedade e civil (incluindo-se outras instituições, como Instituições de Ensino), por si

só apresenta desafios que exigem inovação na forma de articulação do movimento. Além disso, a

dimensão nacional do movimento, que vem se ampliando desde 2004, apresenta obstáculos

concretos à organicidade do MNCS.

Os dados obtidos como resposta pelos atores envolvidos se refletem nas avaliações desse

relatório; o que, ao mesmo tempo, ilustra os desafios e aponta para o potencial da articulação do

Movimento em prol dos Objetivos do Milênio. Isso porque, os problemas da complexidade de

articulação são fruto direto do sucesso das ações dos últimos dez anos que resultou na estruturação e

reconhecimento do Movimento Nacional pela Cidadania e Solidariedade.

Pressupostos do Movimento Nacional

O Movimento Nacional pela Cidadania e Solidariedade, criado em 2004, tem uma

característica distintiva importante: o tripartismo. A mobilização de organizações governamentais,

não-governamentais e empresas em prol dos Objetivos do Milênio promovidos pelo PNUD-ONU é

um marco para o Brasil. Mais ainda por se tratar de uma iniciativa que tem como base a ação

voluntária de seus participantes, diferente de outras iniciativas, que se fundamentam em estruturas

representativas de classe.

O crescimento do Movimento e a necessidade de estruturação, sobretudo a partir de 2009,

fizeram com que o desafio da proposta inicial se tornasse mais orgânico. Assim, dentre os

pressupostos do Movimento Nacional, pode-se destacar a articulação entre três elementos

definidores para uma avaliação sobre as estratégias do MNCS, conforme o QUADRO 1: é um

movimento formado por organizações e voluntários para promover os Objetivos do Milênio (ODM)

através de ações específicas coordenadas pelo MNCS.

3

QUADRO 1 - Síntese dos pressupostos do MNCS

Diante desses pressupostos, os desafios que se colocam são os seguintes:

Como conciliar voluntarismo, que é a base do movimento, com a estrutura

organizada em Núcleos, necessária para a articulação nacional do movimento?

Como exercer o tripartismo, traçando ações comuns em prol dos ODM para

atores sociais com visões e estratégias de ações diferentes?

Como gerenciar uma estrutura nacional, com peso na participação dos

estados, mas que tem o foco em ações locais/municipais?

As repostas a esses desafios já se apresentam na proposta de estratégia do MNCS em 2012 e

2013, com a busca de municipalização dos ODM, o fortalecimento dos Núcleos Estaduais,

Regionais e Municipais e a ênfase na construção dos espaços de diálogo como eixo das ações de

mobilização do movimento. Os dados sobre o MNCS irão apresentar a forma e o ritmo como o

movimento está se articulando a partir desses desafios.

A Expansão do MNCS

O movimento, desde suas primeiras ações, já havia estabelecido uma presença nacional. A

visualização dessa expansão não é simples com os dados disponíveis, uma vez que os registros de

participação de entidades ao longo dos anos foram realizados de maneira não padronizada. Os

•Busca articular a organização de setores da sociedade civil e do poder público

•Promover e organizar Núcleos de ODM estaduais, regionais e municipais

•Promover a participação da sociedade civil, das instituições públicas e privadas, e do poder público com os ODM

integrado por Organizações e voluntários

•Capacitar gestores e representantes da sociedade civil

•Monitorar a evolução das metas e dos indicadores

•Incentivar o trabalho voluntário

•Formar parcerias e implementar ações para promover o desenvolvimento sustentável

•Estímulo à participação popular no monitoramento

•Espaços de diálogo como mecanismo de mobilização social.

para Promover os ODM

•Promover e incentivar a realização de projetos

•Capacitação em ferramentas e metodologias

•Relatórios e estudos analíticos

•Instrumentos de comunicação

•Apoio na realização de convênios e parcerias

por meio de Ações do MNCS

4

próprios termos que distinguem os participantes mudaram com o passar dos anos. Assim, a

identificação de quantas entidades participaram, qual grau de participação e qual a origem de cada

uma (governo, empresas, sociedade civil) ainda requer um tratamento adicional dos registros

coletados pelo Movimento.

Ainda assim, mesmo sem um registro apurado, a expansão nacional do Movimento a cada

ano é facilmente observável. Tomando-se como parâmetro a distribuição dos vencedores do Prêmio

ODM Brasil entre 2005 e 2011, conforme a Figura 1, pode-se observar que a distribuição

geográfica se amplia a cada biênio do Prêmio.

FIGURA 1 - Distribuição dos Prêmios ODM 2005 - 2011

Fonte: Movimento Nacional pela Cidadania e Solidariedade, 2013.

O Prêmio ODM Brasil é realizado por iniciativa do Governo Federal, em parceria com o

PNUD e o MNCS desde 2005. Participam governos municipais e organizações que tenham ações e

práticas que auxiliem o cumprimento das Metas do Milênio. No mapa da Figura 1, os pontos em

amarelo representam os vencedores no ano de 2005, os pontos verdes referem-se aos vencedores de

5

2007, os pontos em cor de rosa são os vencedores em 2009 e os pontos vermelhos os vencedores na

edição de 2011.

Os dados dos inscritos no Prêmio ODM, além dos vencedores, também confirmam a

participação crescente em todos os estados ao longo dos anos. Os dados do Gráfico 1 mostram o

total de inscritos para o Prêmio ODM por estado para os anos de 2005 e 2011. Estão relacionados

nesse gráficos os projetos de governos municipais e organizações não governamentais.

GRÁFICO 1 - Distribuição de inscritos para prêmio ODM por Estado (2005 e 2011)

Fonte: Movimento Nacional pela Cidadania e Solidariedade, 2013.

Na maioria dos estados houve um aumento de inscritos para o Prêmio entre 2005 e 2011.

Em sete estados apenas houve diminuição de inscritos. A abrangência e a diversidade de projetos

registrados para cada edição do Prêmio reforçam a evidência de uma rede de iniciativas em prol dos

ODM no país. Rede essa que está sendo abarcada pelo MNCS e pelas ações dos parceiros do

Movimento. Sobretudo a partir dos Círculos de Diálogo, ação realizada em mais de quatro centenas

de municípios, em quase todos os estados do país, desde 2006 e que se fundamenta em metodologia

desenvolvida com foco na articulação da investigação e da capacidade organizativa dos Núcleos

municipais.

22879

7871

706038

3024

1916

1211

87

76

55

54

43

32

17237

19372

555334

2017

2943

1414

1714

1110

2014

913

99

419

0% 20% 40% 60% 80% 100%

SP

RS

PR

MG

SC

RJ

BA

DF

PE

CE

GO

MT

MS

ES

RN

PB

SE

PA

AM

RO

MA

AP

PI

AC

TO

2005

2011

6

A participação no Prêmio ODM não se pode inferir como decorrência da ação articuladora

dos Círculos de Diálogo ou de outras formas de difusão do movimento. No entanto, ambos são

exemplos mobilizações alinhadas com os pressupostos do MNCS que, em conjunto com diversas

outras iniciativas de capacitação, divulgação e mobilização realizadas pelos Núcleos, resultaram na

consolidação nacional do Movimento.

De acordo com os registros do MNCS e da Secretaria Geral da Presidência da República, o

alcance do movimento, em novembro 2013, se espalhava por 686 municípios com alguma ação em

prol dos ODM. Um total de 127 municípios havia aderido à Agenda de Compromissos do Governo

Federal e 55 prefeituras tinham Decreto ou Selo ODM. Os Núcleos locais já se encontravam

organizados em 118 municípios. Estavam estruturados 23 Núcleos regionais e 27 Núcleos estaduais

(26 estados e o Distrito Federal).

A Consolidação Nacional do Movimento

A consolidação e nacionalização do Movimento vêm ocorrendo por meio da combinação e

articulação de várias estratégias: Prêmio ODM Brasil, constituição do Colegiado Nacional,

fortalecimento dos Núcleos estaduais, regionais e municipais, atividades de capacitação e o uso de

instrumentos como o Portal Social, a Agenda de Compromissos e mais recentemente o Termo de

Adesão ao MNCS. A Agenda de Compromissos (AC) e o Termo de Adesão (TA) são mais

recentes, no caso a AC teve início em 2012 e o TA nacional em março de 2013, embora em Santa

Catarina fosse praticado desde 2010. Ambos representam formas de se garantir uma

institucionalização para as parcerias firmadas, ato fundamental para o enfrentamento dos desafios

resultantes do tamanho alcançado pelo Movimento em nível nacional.

A Agenda de Compromisso é um termo firmado entre um dos parceiros do Movimento – o

Governo Federal - e os participantes que representam os executivos municipais. Em princípio, trata-

se de um pacto de compromissos que municípios e o Governo Federal realizam para articular ações

de políticas públicas para as Metas do Milênio. É uma estratégia de envolvimento direto das gestões

municipais nos Programas Federais que estão interligados aos ODM. É também um instrumento de

gestão de políticas para os oito objetivos.

O GRÁFICO 2 mostra a distribuição de municípios que haviam assinado a Agenda de

Compromissos com o Governo Federal até setembro de 2013.

7

GRÁFICO 2 – Municípios que assinaram a Agenda de Compromisso, por Estado

Fonte: Movimento Nacional pela Cidadania e Solidariedade, 2013.

Outro instrumento de consolidação do MNCS é o Termo de Adesão ao movimento.

Diferente da Agenda de Compromissos, a adesão pode ser feita por qualquer entidade parceira,

empresas, governos e organizações não governamentais. Do mesmo modo que a Agenda, o Termo

de Adesão cumpre o papel de fortalecer a organização do movimento ao mesmo tempo em que

garante certa formalização para a capacidade organizativa. Contudo, o Termo de Adesão, por ser

um instrumento próprio do MNCS, reflete a participação voluntária e amplia o caráter plural do

movimento.

O crescimento do número de Termos de Adesão pode servir de indicador da consolidação do

movimento. O GRÁFICO 3 apresenta a quantidade de entidades que assinaram o termo por Estado.

0 0 0 0 01 1 1 1

2 2 2 2 23 3 3

4 4 4

67

9

1516

23

0

5

10

15

20

25

qu

anti

dad

e

Agenda de Compromisso por Estado 2013

8

GRÁFICO 3 - Termos de Adesão ao MNCS assinados por Estado (até dezembro de

2013)

Fonte: Movimento Nacional pela Cidadania e Solidariedade, 2013.

Embora seja uma iniciativa muito recente que não tem nem um ano de implantação já

podemos constar um número expressivo de 415 organizações havia aderido formalmente ao

Movimento até dezembro de 2013.

O GRÁFICO 3 ao mesmo tempo em que confirma a expansão do Movimento, também

mostra que há um espaço de articulação a ser avançado em diversos estados. Agregar novas

organizações ao Movimento pode ser uma estratégica importante para a municipalização dos ODM,

tendo em vista a enorme capilaridade de muitas dessas organizações. No mesmo sentido, agregar

novas organizações por ODM é muito importante para o alcance das metas naqueles ODM com

maior dificuldade. A quantidade de Termos de Adesão pode ser tomada como um elemento

orientador para a mobilização dos Articuladores Regionais: Sul, Sudeste, Centro-Oeste, Nordeste I,

Norte I e Norte II. O monitoramento do crescimento dos Termos de Adesão permite que se tenha

um quadro mais nítido do avanço na consolidação do Movimento.

PR; 102; 24,6%

SC; 101; 24,3%

GO; 54; 13,0%

PE; 34; 8,2%

AC; 23; 5,5%

RO; 16; 3,9%

RS; 15; 3,6%

RR; 15; 3,6%

MT; 14; 3,4%

SP; 14; 3,4%

RJ; 9; 2,2%

AL; 6; 1,4%

CE; 5; 1,2%

MG; 4; 1,0% AM; 2; 0,5%

SE; 1; 0,2%

PR

SC

GO

PE

AC

RO

RS

RR

MT

SP

RJ

AL

CE

MG

AM

SE

Total 415

9

Uma expectativa do potencial de mobilização pode ser estabelecida, por exemplo, pela

comparação entre os dados do Gráfico 1, que mostra o número de projetos inscritos para o Prêmio

ODM, e os dados do GRÁFICO 3, com os Termos de Adesão por estado. O mesmo pode ser visto

em relação aos municípios que assinaram o Termo de Compromisso com o Governo Federal. Não

há um vínculo direto entre estes dados, mas pode-se tomar como base para a construção de metas de

mobilização para os Núcleos Estaduais, Regionais e Municipais do MNCS.

Unidade na Diversidade de Atores

A proposta do MNCS está alicerçada na mobilização tripartite, onde governo, empresas e

sociedade civil exercem de forma articulada ações para o alcance das Metas do Milênio. A

expansão e a consolidação do Movimento passam não apenas pelo crescimento do número de

entidades organicamente integradas ao movimento. Também a diversidade de atores é um indicador

fundamental a ser buscado.

Como ressaltado anteriormente, o registro mais padronizado tanto da participação, quanto

das ações realizadas é uma medida importante a ser adotada para o monitoramento da consolidação

do Movimento. Os dados compilados ao longo dos anos possuem formas de registro diferente e

também definições diferentes para os mesmo itens. Por exemplo, a definição de qual entidade

pertence a qual setor não possui um padrão, o que torna um pouco impreciso a recuperação histórica

dos dados disponíveis nos registros do MNCS.

GRÁFICO 4 - Distribuição de Instituições que atuam em prol dos ODMs (2012)

Fonte: Movimento Nacional pela Cidadania e Solidariedade, 2013.

10

Conforme o GRÁFICO 4, em 2012, a distribuição de entidades que participavam do MNCS,

mesmo sem assinar o Termo de Adesão, mostrava uma prevalência da sociedade civil, seguido por

empresas, governos e outras instituições, usualmente as Instituições de Ensino Superior (IES). Esses

dados mostram a dimensão do Movimento em termos da consolidação do pressuposto da

mobilização tripartite, com predominância da sociedade civil, que somada às outras entidades,

representam 49% dos participantes.

Esses números refletem a própria natureza do MNCS e sua estratégia de municipalização,

pois é de se esperar um maior envolvimento local da sociedade civil e empresas do que governos,

dado a quantidade e de diversidade de atores nesses setores.

GRÁFICO 5 - Porcentagem de instituições que atuam em por dos ODM por categoria

e por UF (2012)

Fonte: Movimento Nacional pela Cidadania e Solidariedade.

O GRÁFICO 5 mostra os mesmo dados distribuídos pelos estados. Quando visto nesse

nível, observa-se que há grandes diferenças entre cada região. O padrão dos dados agregados

nacionalmente não se reproduz em nenhum estado. Assim, a composição tripartite do MNCS requer

estratégias de ação diferencias por região.

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GRÁFICO 6

Fonte: Movimento Nacional pela Cidadania e Solidariedade, 2013.

Os dados do Gráfico 6 mostram a distribuição e organizações que assinaram o Termo de

Adesão até dezembro de 2013. Representa o conjunto articulado que forma a base de consolidação

do MNCS. Da mesma maneira que o GRÁFICO 5 pode-se verificar que não há um padrão nacional

que reflita a composição orgânica do Movimento. Cada região tem uma característica e uma

dinâmica específica de incorporação dos atores no processo de mobilização. Em alguns estados há

maior presença da sociedade civil, em outros é maior a presença de órgãos governamentais e em

outros estão as empresas em maioria.

5345

1

3

14

5 5

1

3

8

1

3

20 35

1

5

5

5

1

5

1

1811

27

2

64

12

21

4

1

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

PR SC GO PE AC RO RS MT RR RJ AL SP MG

Assinaram Termo de Adesão por Estado e por Categoria - 2013

Sociedade Empresa Governo

12

Desafios e prioridades para 2013 a 2015

O Brasil tem avançado no cumprimento dos Objetivos do Milênio e o MNCS tem sido parte

integrante dessa conquista. A

Figura 2 mostra o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M) em 2010. As

regiões mais escuras têm os mais baixos índices de IDH-M.

FIGURA 2 - IDH-M por município, Brasil - 2010

FIGURA 3 - MUNICÍPIOS QUE ADERIRAM AO MNCS

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Fonte: Dados sobre Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M), Observatório

de Desenvolvimento Regional – ODR, Secretaria de Desenvolvimento Regional do Ministério da

Integração Nacional. Dados sobre Termos de Adesão ao MNCS, Movimento Nacional pela

Cidadania e Solidariedade, 2013.

No mapa menor da

Figura 2 está a distribuição dos municípios que firmaram a Agenda de Compromisso com o

Governo Federal e com o MNCS. De forma ilustrativa, o IDH-M aqui é tomado como uma medida

síntese dos oito Objetivos do Milênio. O mapa sobre o IDH-M deixa claro que, embora haja uma

concentração de municípios com baixo índice de desenvolvimento em algumas regiões do Brasil,

quando observado de forma regional, em todos os estados há municípios que precisam avançar. Se

desagregássemos esses dados por setores censitários (bairros) dentro de cada município,

encontraríamos baixos índices em cada um deles, o que reforça a importância da municipalização

dos ODM como estratégia e objetivo de mobilização para os próximos anos.

A distribuição dos municípios e das ações locais do MNCS, já estruturadas em Núcleos,

embora não tenha uma relação direta com os dados do IDH-M, mostram também que há uma

abrangência do movimento em incorporar as diferenças regionais em suas estratégias de

mobilização. Essa trajetória de expansão e consolidação do movimento, com presença tanto

nacional quanto nos municípios, mostra que vem se cumprindo os objetivos traçados nos

14

pressupostos do Movimento. No entanto, o IDH-M deve ser mais utilizado como critério para a

definição das escolhas prioritárias dos municípios/regiões a serem municipalizadas com os ODM.

GRÁFICO 7 - Distribuição de projetos inscritos para Prêmio ODM por Estado e

Objetivos (2011)

Fonte: Movimento Nacional pela Cidadania e Solidariedade, 2013.

O Gráfico 7 mostra que, também quando visto pela diversidade de ações relativas aos ODM,

o Movimento tem uma atuação abrangente. Tomando-se como parâmetro as inscrições para o

Prêmio ODM por estado e por Objetivo do Milênio, os dados apresentam diferenças regionais, bem

como alguma predominância dos Objetivos 1, 6, 7 e 8. Mas, de modo geral, todos os Objetivos

estão presentes nas mobilizações dos estados.

Dada à diversidade de atores e o alcance nacional, o avanço na consolidação do MNCS

passa a depender da capacidade de acompanhamento e monitoramento articulado das ações

regionais e locais. O modelo de organização do Movimento é inovador e ao mesmo tempo um dos

principais desafios para 2014 e 2015.

O princípio de articulação do MNCS está fundamentado em dois princípios: uma estrutura

verticalizada, apoiada na estrutura do Colegiado Executivo Nacional, nas Regionais: Sul, Sudeste,

Centro-Oeste, Nordeste I e Nordeste II; nos Núcleos Estaduais e nos Núcleos Municipais, conforme

o Quadro 2.

0

10

20

30

40

50

60

AL

AM AP

BA

CE

DF

ES

GO

MA

MG

MS

MT

PA

PB

PE

PI

PR

RJ

RN

RO

RS

SC SE SP TO AC

Objetivo 1

Objetivo 2

Objetivo 3

Objetivo 4

Objetivo 5

Objetivo 6

Objetivo 7

Objetivo 8

15

QUADRO 2

Por outro lado, o MNCS está também ancorado em uma estrutura de representação por

setores, tendo a ação voluntária como eixo definidor da participação das entidades membro,

conforme ilustrado no Quadro 3. Governos, empresas e sociedade civil possuem suas próprias

estratégias de ação, e encontram no MNCS um espaço para o diálogo e a mobilização em prol de

uma agenda comum e universal que são os ODM.

QUADRO 3

Colegiado Nacional - MNCS

Governo Federal Sociedade Civil Empresas Outros

Núcleos Estaduais - MNCS

Governo estadual Sociedade Civil Empresas Outros

Núcleos Municipais - MNCS

Governos Municipais Sociedade civil local Empresas locais Outros

Ações locais - Voluntariado

• Ações

• Articulação

• Difusão

• Ações

• Articulação

• Difusão

• Ações

• Articulação

• Difusão

• Ações

• Articulação

• Difusão

Governo Empresas

Outros setores

Sociedade Civil

MNCS

16

Conclusões Finais

A manutenção dos dois modelos de gestão é necessária e definidora do próprio Movimento.

Corresponde aos propósitos expressos nos seus pressupostos. As dificuldades que se apresentam

para o próximo ano se mostram mais desafiadoras. O fim próximo das Metas do Milênio para 2015

impõe ações mais urgentes e focalizadas nos objetivos e nas regiões que terão maiores dificuldades

de cumprir o esperado. Mas o foco em determinadas ações, temas ou regiões pode esmaecer a

construção da diversidade, fundada no voluntariado e na participação plural dos atores.

Há um valioso ganho intangível para o fortalecimento da cultura democrática do Brasil que

merece ser destacado e potencializado. É uma das mais importantes experiências de convivência

democrática entre diferentes atores. Há tensões inevitáveis, porém, o saldo geral é uma obra valiosa

produzida com um espírito cooperativo onde os interesses mais gerais da população estão acima das

particularidades de cada instituição. São alicerces sólidos para uma nova etapa de ação. Além disso,

o legado do MNCS é tornar-se espaço permanente de diálogo e mobilização, não restrito aos ODM.

A incorporação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), pós-2015, também

irá requerer uma reformulação na compreensão e forma de ação do Movimento. Com as novas

metas, novos atores e outros desafios se seguirão.

A consolidação da forma de ação do MNCS até 2013 é um passo importante para a

continuidade. Por isso, é importante pensar em incluir no modelo de gestão um sistema de

informações, indicadores e monitoramento das ações do próprio movimento. Uma ferramenta de

compartilhamento e padronização de dados e informações que o MNCS já produz, mas de maneira

dispersa e descentralizada, poderá auxiliar na elaboração de metas de expansão das adesões. Pode

também ajudar a definir o foco de ação necessário em determinadas regiões. Um sistema

padronizado é uma ferramenta também para a descentralização das ações, dado que a alimentação

venha a ser feita de forma coletiva e, principalmente, compartilhando-se os dados e resultados

sistematizados.

Essa experiência inovadora, sendo registrada e compartilhada de maneira sistemática, será

um instrumento para fortalecer o movimento em seu pressuposto básico: ampliar a sua formação

por organizações e voluntários para promover os Objetivos do Milênio (ODM) através de ações

específicas coordenadas pelo MNCS.

Por fim, constatamos também a necessidade de maior comunicação por parte do MNCS –

internamente e junto à sociedade. A comunicação com os seus diversos meios e ferramentas são

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essenciais para a governança desse patrimônio organizativo e para avançar na municipalização dos

ODM, e para melhor enfrentar os desafios colocados pela agenda dos ODS, pós-2015.