Obrig Direitos Socios

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    Jos Teixeira, M. Fernandes Barros & AssociadosSociedade de Advogados, RL

    Rua Ea de Queiroz, 2, R/C, 8000-337 Faro Tel. 289822016, Fax 289801339, e-mail [email protected]

    OBRIGAES E DIREITOS DOS SCIOS

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    BIBLIOGRAFIA

    ALBUQUERQUE, Pedro de Direito de Preferncia dos Scios em Aumentos

    de Capital nas Sociedades Annimas e por Quotas. Coimbra: Almedina, 1993.

    ALMEIDA, Antnio Pereira de Sociedades Comerciais. 3 Edio. Coimbra:

    Coimbra Editora, 2003.

    ALMEIDA, Moitinho de Anulao e Suspenso de Deliberaes Sociais. 4

    Edio. Coimbra: Coimbra Editora, 2003.

    ASCENSO, Jos de Oliveira Invalidades das Deliberaes dos Scios,

    Problemas do Direito das Sociedades. Coimbra: Almedina, 2002.

    CORDEIRO, Antnio Menezes - Manual de Direito das Sociedades I, Das

    Sociedades em Geral. Coimbra: Almedina, 2004.

    CORDEIRO, Antnio Menezes - Manual de Direito das Sociedades II, Das

    Sociedades em Especial. Coimbra: Almedina, 2006.

    CORREIA, Miguel J. A. Pupo - Direito Comercial Direito da Empresa. Lisboa:

    Ediforum, 2007.

    VASCONCELOS, Pedro Pais de A Participao Social nas Sociedades

    Comerciais, 2 Edio, Coimbra: Almedina, 2006.

    VEIGA, Alexandre Brando da - Transmisso de Valores Mobilirios. Coimbra:

    Almedina, 2004.

    XAVIER, Vasco Lobo Anulao de Deliberao Social e Deliberaes

    Conexas. Coimbra: Atlntida, 1976.

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    NDICE

    OBRIGAES E DIREITOS DOS SCIOS........................................................................ 1BIBLIOGRAFIA............................................................................................................ 2NDICE .......................................................................................................................... 3

    OBRIGAES E DIREITOS DOS SCIOS........................................................................ 5A - OBRIGAES DOS SCIOS.................................................................................... 5

    I-OBRIGAO DE ENTRADA E SUAS MODALIDADES ....................................................... 5Entradas em Dinheiro ................................................................................................. 5Entradas em Espcie................................................................................................... 6

    Entradas em Trabalho................................................................................................. 7Prestaes Acessrias e Suplementares ..................................................................... 7

    II-OBRIGAO DE QUINHOAR NAS PERDAS .................................................................... 7III-OBRIGAO DE LEALDADE .................................................................................. 7

    DIREITOS DOS SCIOS.................................................................................................. 8IDIREITO CONSERVAO DA QUALIDADE DE SCIO,DE PREFERNCIA NASUBSCRIO DE AUMENTOS DE CAPITAL E DE PARTE SOCIAL,DE EXONERAO E DEDISPOSIO DA SUA PARTE SOCIAL ................................................................................. 8

    Conservao da Qualidade de Scio .......................................................................... 8Possibilidade de Excluso de Scio ....................................................................... 8

    1. Sociedade em Nome Colectivo e em Comandita Simples ............................. 82. Sociedades por Quotas ................................................................................... 83. Amortizaes de Aces com reduo do capital social nas sociedadesannimas e nas sociedades em comandita por aces........................................ 8Aquisies tendentes ao Domnio Total e Alienaes Potestativas................... 8Direito de Preferncia na Subscrio de Aumentos de Capital.......................... 9Direito de Preferncia na Alienao de Parte Social........................................ 10

    Direito de Exonerao.......................................................................................... 10a) Art. 3 n 5 e 6 do CSC................................................................................. 10

    b) Art. 45 do CSC............................................................................................ 11c) Art. 105 n 1 CSC........................................................................................ 11

    d) Art. 120 CSC............................................................................................... 11e) Art. 137 n 1 CSC........................................................................................ 11f) Art. 161 n 5 CSC........................................................................................ 11Sociedades em Nome Colectivo e Sociedade em Comandita Simples ............ 11Sociedades por Quotas ..................................................................................... 12Sociedades Annimas e Sociedades em Comandita por Aces ..................... 12Alienao Potestativa de Aces...................................................................... 12OPA Obrigatria............................................................................................... 12Contrapartida Paga ao Scio Exonerado. ......................................................... 13

    Direito de Dispor da sua Participao Social ....................................................... 13IIDIREITO AQUINHOAR NOS LUCROS........................................................................ 16

    IIIPARTICIPAR NAS DELIBERAES DOS SCIOS E IMPUGNAR DELIBERAES SOCIAIS...................................................................................................................................... 17

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    Excepes ao direito a participar nas deliberaes de scios .................................. 18Mnimo de Participao, Voto Agrupado............................................................. 18Aces Preferenciais sem voto............................................................................. 18Impedimentos baseados em Conflito de Interesses.............................................. 18

    Deliberaes Abusivas ......................................................................................... 18Unidade de Voto................................................................................................... 19Direito de Impugnar as deliberaes sociais ............................................................ 20

    Impugnao das Deliberaes da Assembleia-geral ............................................ 20Deliberaes Ineficazes.................................................................................... 20Deliberaes Nulas........................................................................................... 20Deliberaes Anulveis.................................................................................... 20Aces de Impugnao de Deliberaes Sociais ............................................. 21

    Disposies Comuns .................................................................................... 21Suspenso de Deliberaes Sociais (arts 396 a 398 do CPC).................... 21Aces de Declarao de Nulidade.............................................................. 22

    Aces de Anulao ..................................................................................... 22Eficcia da Deciso Judicial......................................................................... 23Renovao de Deliberao (62 CSC).......................................................... 23

    IVDIREITO INFORMAO ....................................................................................... 23Sociedades em Nome Colectivo e em comandita simples (art 181 e 474 CSC) .. 23Sociedades por quotas .............................................................................................. 24Sociedades annimas e em comandita por aces (arts 288 a 292 e 478 CSC)... 25

    Direito Mnimo Informao............................................................................... 25Direito Informao Preparatria de Assembleia-geral ...................................... 25Direito Informao em Assembleia-geral.......................................................... 26Direito Colectivo Informao............................................................................ 26Inqurito Judicial .................................................................................................. 27

    V-DIREITO A SER DESIGNADO PARA OS RGOS DE ADMINISTRAO E FISCALIZAO,NOS TERMOS DA LEI. ...................................................................................................... 27

    Sociedades em nome colectivo............................................................................. 27Sociedades por quotas .......................................................................................... 28Sociedades annimas............................................................................................ 28Sociedades em comandita .................................................................................... 29

    NOTAS......................................................................................................................... 29

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    OBRIGAES E DIREITOS DOS SCIOS

    A - OBRIGAES DOS SCIOS

    I-OBRIGAO DE ENTRADA E SUAS MODALIDADES

    Resulta do art 983 n 1 do Cdigo Civil que o scio obrigado a efectuar as entradas

    estabelecidas no contrato1, o n 2 desse artigo dispe que quando o pacto no estabelea

    outra disciplina se presumem iguais em valor as prestaes de todos os scios e o art 20

    do CSC diz que todos os scios esto obrigados a entrar para a sociedade com bens

    susceptveis de penhora ou, nos tipos de sociedade em que tal seja permitido, com indstria.

    O valor da parte de cada um dos scios no pode ser superior ao valor da sua entrada (art.

    25 n 1 do CSC), mas pode ser inferior a esse valor, nomeadamente pelo pagamento de um

    gio2ou prmio de emisso que proporciona sociedade um ganho, relativamente ao valor

    nominal da participao do scio.

    A participao do scio toma o nome de partena sociedade em nome colectivo, quotanas

    sociedades por quotas, aconas sociedades annimas, partena sociedade em comandita

    simples epartee aconas sociedades em comandita por aces.

    So as seguintes as modalidades da Obrigao de Entrada:

    Entradas em DinheiroSo admitidas pelos artigos 9, n 1 g) e h), 20 a), 25, n 1 e 3, 202, n 2,3,4 e 5, 277, n

    2, 3, 4 e 5 e 478 do CSC.

    Nas sociedades por quotas s podem ser diferidas metade das entradas em dinheiro3,mas a

    soma dos pagamentos feitos por conta delas com o valor nominal das quotas

    correspondentes s entradas em espcie tem de perfazer o capital mnimo fixado na lei de

    5.000 euros, sendo a quota mnima no valor de 100 euros (artigos 201 e 202 CSC).

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    Nas sociedades annimas o capital mnimo de 50.000 euros e s podem diferidas 70% das

    entradas em dinheiro, no sendo admissvel o diferimento do gio Art 277 CSC.

    Em ambos os tipos de sociedades no so admitidas contribuies de indstria e as entradas

    em dinheiro tm de ser depositadas, antes do contrato, em conta bancria da sociedade, da

    qual s se podem fazer levantamentos aps o registo definitivo ou com autorizao dos

    scios para fins certos e determinados ou para liquidao provocada pela inexistncia ou

    nulidade do contrato de sociedade por falta de registo, seguindo as sociedades em

    comandita por aces a regra das annimas. Arts 202 n 3, 277n 3 e 478 CSC.

    As entradas podem ser, sempre, exigidas pela sociedade ao cabo de cinco anos, pelo que a

    clusula do diferimento das entradas por tempo superior a esse prazo no limita o direito da

    sociedade sua exigncia aps o seu decurso. Art 203 e 285 CSC.O scio s entra em mora (mesmo que haja prazo fixado no contrato) aps a interpelao

    para pagar as entradas em prazo que lhe deve ser fixado entre 30 e 60 dias (sociedades por

    quotas), devendo, depois ser avisado, por carta registada, que o no pagamento em 30 dias

    (90 dias sociedades annimas) o faz incorrer em excluso e perda total ou parcial da quota,

    podendo seguir-se depois o processo de aplicao das sanes legais e estatutrias que

    podero chegar excluso do scio, com perda das suas participaes. (art 27, n 3, 203 n

    3, 204 e 285 CSC),Verificando-se a excluso de um scio de sociedade por quotas por falta de pagamento das

    entradas, os restantes scios so obrigados a pagar a parte que estiver em dvida, valendo

    nas relaes internas, a regra da proporcionalidade em relao s suas quotas (art 207 n 1

    CSC)

    Nas sociedades por quotas, annimas e em comandita por aces no so admitidas

    contribuies de indstria (a actividade do scio) Arts 202, n 1 e 277, n 1 CSC.

    Entradas em EspcieTm de ser claramente descritas e avaliados, por um Revisor Oficial de Contas, no contrato

    de sociedade e podem consistir na transmisso de propriedade de coisas mveis ou imveis,

    universalidades como um estabelecimento comercial, direitos da propriedade industrial ou

    quaisquer outros direitos de crdito, tm de ser bens susceptveis de penhora4 Arts 9, n 1

    h), 20 a) 25, 27 e 28 CSC.

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    Entradas em TrabalhoNas sociedades em nome colectivo e em comandita simples so admitidas contribuies de

    indstria (trabalho ou actividade do scio) Arts 178 e 468 CSC.

    Prestaes Acessrias e Suplementares

    Ver o quadro sobre essa matria.

    II-OBRIGAO DE QUINHOAR NAS PERDAS

    O art 994 do Cdigo Civil e o art 22 n 2 CSC consideram nula a clusula do pacto

    social que exclua um scio da comunho nos lucros ou que o isente de participar nas perdas

    da sociedade, salvo quanto aos scios de indstria5e o art 20 CSC diz que todo o scio

    obrigado a quinhoar nas perdas, salvo o estabelecido quanto a scios de indstria.

    A nica excepo participao nas perdas o art 178 n 2 CSC, onde se diz que os

    scios de indstria no respondem, nas relaes internas, pelas perdas sociais, salvo

    clusula, em contrrio, do pacto social.

    Se o contrato de sociedade apenas estabelecer a participao de cada scio nos lucros,

    presume-se que igual a sua participao nas perdas art 992, n 4 do Cdigo Civil e 22,

    n 2 CSC.

    III-OBRIGAO DE LEALDADE

    A participao dum scio numa sociedade implica, para ele, um dever de lealdade e de

    colaborao que lhe impe a necessidade de, no mbito das relaes societrias, se

    comportar com respeito e de agir de acordo com os ditames da boa f6.

    Manifestao desse dever o disposto no artigo 180 CSC, que impe ao scio de uma

    sociedade em nome colectivo a obrigao de no concorrncia e no participao noutras

    sociedades e o constante do art 242 do mesmo Cdigo que permite, por deciso judicial, a

    excluso de um scio de uma sociedade por quotas, que com o seu comportamento desleal

    ou gravemente perturbador do funcionamento da sociedade, tenha causado ou possa vir a

    causar prejuzos relevantes para esta.

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    DIREITOS DOS SCIOS

    IDIREITO CONSERVAO DA QUALIDADE DE SCIO,DE PREFERNCIA NASUBSCRIO DE AUMENTOS DE CAPITAL E DE PARTE SOCIAL,DE EXONERAO EDE DISPOSIO DA SUA PARTE SOCIAL

    Conservao da Qualidade de Scio

    O primeiro direito do scio o de manter essa qualidade e de no ser arbitrariamente

    excludo sociedade pelos restantes scios.

    Os princpios da Conservao da Sociedade, da Boa F e da Proibio do Abuso do Direito,

    porm, justificam alguns casos de excepo regra da manuteno da qualidade de scio,

    por este, embora, sempre, mediante deliberao dos scios e, em alguns casos, atravs de

    aco judicial

    Possibilidade de Excluso de Scio

    1. Sociedade em Nome Colectivo e em Comandita Simples Art 186 e 474 CSC

    a) Violao grave das obrigaes do scio para com a sociedade

    b) Interdio, inabilitao, declarao de falncia

    c) Impossibilidade de o scio de indstria prestar a actividade a que se obrigou.

    2. Sociedades por Quotas

    Ver Sociedades por Quotas, Amortizao, Exonerao e Excluso de Scios.

    3. Amortizaes de Aces com reduo do capital social nas sociedades annimas e nas

    sociedades em comandita por aces Art 347 e 478 CSC.

    O pacto social pode permitir ou impor a amortizao de aces, com reduo do capital

    social, com extino das aces amortizadas, nos casos nele previstos.

    Aquisies tendentes ao Domnio Total e Alienaes Potestativas Art 490 CSC

    Uma sociedade que, sozinha ou com outras sociedades ou pessoas que dela estejam

    dependentes directa ou indirectamente ou com quem esteja em relao de grupo, disponha

    de quotas ou aces (incluem-se as detidas por conta de qualquer das referidas entidades)correspondentes, pelo menos, 90% do capital social de outra sociedade deve comunicar tal

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    facto a esta, no prazo de 30 dias a contar do momento da sua verificao e nos seis meses

    subsequentes a essa comunicao pode fazer uma oferta de aquisio das participaes dos

    restantes scios dessa sociedade, mediante uma contrapartida em dinheiro ou nas suas

    prprias (do ofertante) quotas, aces ou obrigaes, justificada por relatrio elaborado por

    um Revisor Oficial de Contas independente das sociedades interessadas, que ser

    depositado no registo e patenteado aos interessados, nas sedes das duas sociedades,

    podendo a sociedade dominante tornar-se titular das aces ou quotas pertencentes aos

    scios livres da sociedade dependente, se assim o declarar na proposta, estando a aquisio

    sujeita a registo por depsito e publicao, o qual no poder ser feito se a sociedade

    adquirente no tiver consignado em depsito a contrapartida em dinheiro, aces ou

    obrigaes, das participaes adquiridas, calculada de acordo com os valores mais altos,constantes do relatrio do Revisor Oficial de Contas.

    No caso de a sociedade dominante no efectuar, oportunamente, a oferta acima referida,

    cada scio livre da sociedade dominada, pode, em qualquer momento, exigir, por escrito,

    em prazo no inferior a 30 dias, que a sociedade dominante lhe faa tal oferta e se ela a no

    fizer ou o efectuar, de forma insatisfatria, no prazo concedido, o scio livre da sociedade

    dominada pode, nos trinta dias subsequentes ao termo desse prazo ou recepo da oferta

    insatisfatria (consoante o caso), intentar uma aco judicial pedindo ao tribunal quedeclare as suas aces ou quotas como adquiridas pela sociedade dominante, desde a

    proposio da aco, fixe o seu valor em dinheiro e condene a sociedade dominante a

    pagar-lho.

    Se se tratar de aquisio tendente ao domnio total de sociedade com capital aberto ao

    investimento do pblico, o regime o do Cdigo dos Valores Mobilirios.7

    Direito de Preferncia na Subscrio de Aumentos de Capital

    Quer o quotista, quer o accionista gozam, em regra,8do direito de preferncia na subscrio

    de aumentos de capital a realizar em dinheiro, deliberados pela sociedade, nos termos dos

    arts 266 e 458 CSC, respectivamente, com o qual se pretende defender o scio contra a

    entrada de novas pessoas na sociedade e contra a perda de poder da sua posio pela

    diminuio da sua proporo relativamente ao capital social total.9

    Este direito tem natureza de direito potestativo com o contorno legal geral do direito de

    preferncia previsto nos artigos 414 e seguintes do Cdigo Civil e a sua violao poder

    ser objecto da aco de preferncia.

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    O direito de preferncia pode ser objecto de renncia tcita ou expressa e pode-lhe

    ser atribuda eficcia real.

    Direito de Preferncia na Alienao de Parte SocialOs scios das sociedades, em certos casos, gozam do direito de preferncia na transmisso

    de partes sociais da sociedade de que so scios.

    Os scios das sociedades em nome colectivo gozam do direito de preferncia em caso de

    venda ou adjudicao judicial do direito aos lucros ou quota de liquidao em execuo

    judicial movida contra o scio (art. 183 n 5 do CSC)10.

    No que respeita s sociedades por quotas a regra do n 4 do art. 231 do CSC atribui, em

    caso de a sociedade deliberar a aquisio de quota para que lhe foi pedido o consentimento

    de alienao, o direito sua aquisio aos scios na proporo do valor das quotas que

    possurem.

    O pacto social das sociedades annimas pode atribuir um direito de preferncia aos

    accionistas na alienao de aces nominativas, que ficar inscrito nas prprias aces sob

    pena de inoponibilidade aos terceiros de boa f e deve ser registada, se se tratar de aces

    escriturais (arts 328 n 2 b) do CSC e 68 n 1 g) do CVM)

    Direito de ExoneraoNas sociedades comerciais o scio no goza do direito de exonerao com a latitude de que

    goza o scio de uma associao11 (ou mesmo numa sociedade civil12) por no se

    verificarem as exigncias constitucionais que obrigam quase livre exonerao nesta

    pessoa colectiva, existindo, no entanto, um leque de situaes em que a lei atribui ao scio

    o direito a apartar-se da sociedade.

    Alguns casos de exonerao previstos para todos os tipos de sociedade

    a) Art. 3 n 5 e 6 do CSC.A deliberao da transferncia da sede da sociedade para o estrangeiro deve obedecer aos

    requisitos para a alterao de pacto social, no podendo ser tomada por menos de de 75%

    dos votos correspondentes ao capital social e os scios que no tenham votado a favor

    podem exonerar-se da sociedade, devendo notific-la da sua deciso dentro de 60 dias, a

    contar de tal deliberao.

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    b) Art. 45 do CSC.

    Nas sociedades por quotas, annimas e em comandita por aces, o erro, o dolo, a coao e

    a usura podem ser invocados como justa causa de exonerao pelo scio atingido ou

    prejudicado, desde que se verifiquem as circunstncias, incluindo o tempo, de que segundoa lei civil resultaria a sua relevncia para efeitos de anulao do negcio jurdico.

    c) Art. 105 n 1 CSC.

    Se a lei ou o contrato atribuir ao scio que tenha votado contra o projecto de fuso o direito

    de se exonerar, pode o scio, no prazo de um ms, a contar da data da deliberao, que a

    sociedade adquira ou faa adquirir a sua participao.

    d) Art. 120 CSC.Aplica-se ciso de sociedades a disciplina da fuso, no que respeita exonerao dos

    scios que tenham votado contra tal deliberao.

    e) Art. 137 n 1 CSC.

    Os scios que no tenha votado favoravelmente a deliberao de transformao da

    sociedade podem exonerar-se dela, declarando-o, por escrito, nos trinta dias seguintes

    publicao da deliberao.

    f) Art. 161 n 5 CSC

    Se a deliberao de regresso actividade de sociedade dissolvida for tomada depois da

    partilha, pode exonerar-se da sociedade o scio cuja participao fique, relativamente

    reduzida em relao que, no conjunto, anteriormente detinha, recebendo a parte que pela

    partilha lhe caberia.

    Sociedades em Nome Colectivo e Sociedade em Comandita Simples

    Todo o scio tem direito a se exonerar da sociedade nos casos previstos na lei, no contrato

    social e ainda (art. 185 do CSC):

    Se no estiver fixada, no contrato, a durao da sociedade ou se esta tiver sido

    constituda por toda a vida de um scio ou por perodo superior a 30 anos, desde que aquele

    que se exonera seja scio h, pelo menos, dez anos.

    Quando ocorra justa causa13.

    A sociedade em comandita simples segue a regra da sociedade em nome colectivo (art. 474

    do CSC).

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    Sociedades por Quotas

    O scio pode exonerar-se nos casos previstos na lei ou no contrato (que no pode prever a

    exonerao por vontade arbitrria do scio) e ainda nos seguintes (art. 240 CSC):

    - A sociedade delibere, contra seu voto expresso, um aumento de capital asubscrever total ou parcialmente por terceiros, mudana de objecto social, prorrogao da

    sociedade, transferncia da sede para o estrangeiro ou o regresso actividade de sociedade

    dissolvida

    - Haja justa causa da sua excluso e a sociedade no delibere a sua excluso ou no

    promova a sua excluso judicial14.

    Sociedades Annimas e Sociedades em Comandita por Aces

    O regime das sociedades annimas no prev a exonerao do scio, certamente por a parte

    do scio estar representada pelo ttulo de crdito que so as aces, o que, face sua alta

    circulabilidade, permite que o scio saia da sociedade alienando o seu ttulo, existindo,

    porm, duas situaes que merecero alguma ateno

    Alienao Potestativa de Aces.

    Ver acima o referido a propsito das aquisies tendentes ao domnio total. O preo dever

    ser fixado, cr-se, em termos idnticos aos do artigo 105 CSC e 1021 do Cdigo Civil, por

    serem as mesmas as razes da lei. No caso das sociedades abertaso artigo 194 do CVM

    indica que a contrapartida a pagar pelas aces remanescentes a correspondente ao preo

    da OPA.

    OPA Obrigatria

    O artigo 187 n 1 do CVM impe que aquele cuja participao em sociedade aberta

    ultrapasse, directamente ou nos termos do n. 1 do seu artigo 20., um tero ou metade dos

    direitos de voto correspondentes ao capital social tem o dever de lanar oferta pblica deaquisio sobre a totalidade das aces e de outros valores mobilirios emitidos por essa

    sociedade que confiram direito sua subscrio ou aquisio.

    O valor da contrapartida fixado no artigo 188 n 1 do mesmo Cdigo em termos de no

    poder ser inferior ao mais elevado dos seguintes montantes:

    a) O maior preo pago pelo oferente ou por qualquer das pessoas que, em relao a

    ele, estejam em alguma das situaes previstas no n. 1 do artigo 20. pela aquisio de

    valores mobilirios da mesma categoria, nos seis meses imediatamente anteriores data da

    publicao do anncio preliminar da oferta;

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    b) O preo mdio ponderado desses valores mobilirios apurado em mercado

    regulamentado15durante o mesmo perodo

    A sociedade em comandita por aces segue a regra das sociedades annimas (art. 478 do

    CSC)

    Contrapartida Paga ao Scio Exonerado.

    Na sociedade em nome colectivo, o scio exonerado tem direito a receber o valor de

    liquidao, calculado nos termos do art. 105 n 2 do CSC e 1021 do Cdigo Civil.

    A contrapartida a pagar ao scio exonerado, nas sociedades por quotas, no pode ser

    inferior (nos casos de exonerao previstos na lei) ao valor de liquidao, com referncia ao

    momento da comunicao da inteno de exonerao, nos termos dos artigos 105 n 2 do

    CSC e 1021 do Cdigo Civil, sendo o pagamento da contrapartida feito em duas

    prestaes, com vencimento a seis e a doze meses da data da fixao definitiva do seu valor

    e se o valor no lhe for pago pelo terceiro adquirente (ou pela sociedade em sua

    substituio) ou no puder ser feito, por causa da ressalva do capital (a situao lquida16

    no pode ficar, aps o pagamento da contrapartida, inferior soma do capital e reserva

    legal), o scio pode requerer a dissoluo, por via administrativa, da sociedade, se no optar

    pela espera do pagamento Art 240 CSC.

    Direito de Dispor da sua Participao Social

    O scio goza, em regra, da possibilidade de dispor da sua participao, quer por negcio

    entre vivos, quer mortis causa, podendo ainda oner-la ou abandon-la17.

    Nas sociedades em nome colectivo, os scios podem alienar ou onerar a participao,

    gratuita ou onerosamente, inter vivos, mediante autorizao expressa de todos os restantes

    scios, tornando-se eficaz em relao sociedade, quando lhe for comunicada ou por ela

    reconhecida expressa ou tacitamente, devendo o acto contar de documento escrito (art. 182

    CSC).

    Nas sociedades em nome colectivo, o herdeiro ou legatrio do scio no entra para a

    sociedade, a menos que o pacto estipule coisa diversa18, podendo os scios escolher entre

    satisfazer ao sucessor o respectivo valor ou dissolver a sociedade, extinguindo-se, assim, o

    direito participao social do de cujus(art. 184 do CSC)19.

    No que respeita execuo sobre a parte do scio de sociedade em nome colectivo, estipula

    o art. 183 do CSC que o credor do scio no pode penhorar a sua participao, mas apenas

    o seu direito aos lucros e sua quota de liquidao.

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    No que concerne s sociedades por quotas a cesso inter vivos pode ser livre, vedada ou

    depender de consentimento.

    Em regra a cesso de quotas depende de consentimento da sociedade e s com ele se torna

    eficaz, excepto entre cnjuges, ascendentes, descendentes ou scios, sem prejuzo de o

    pacto poder estabelecer a obrigatoriedade de consentimento para estas ltimas cesses (art.

    228 n 2 e 3 e 229 n 3 do CSC).

    O pacto social pode proibir todas ou parte das cesses de quota e pode dispensar o

    consentimento social para elas, mas quando as proibir, o respectivo scio pode exonerar-se

    decorridos 10 anos sobre o seu ingresso na sociedade (art. 229 do CSC).

    Quando necessrio, o consentimento deve ser pedido por escrito, com identificao do

    cessionrio e de todas as condies da cesso e concedido, expressamente, por deliberaodos scios, que o no podero condicionar (art. 230 n 1 e 2)20.

    Quando a sociedade recusar o consentimento e a quota esteja na titularidade do scio h

    mais de trs anos a comunicao da recusa do consentimento21 deve ser acompanhada de

    uma proposta de amortizao ou aquisio da quota ou quotas para que seja pedido o

    consentimento, a qual caduca se no aceite no prazo de quinze dias, mantendo-se a recusa

    do consentimento. A cesso fica livre se for omitida a proposta, se o negcio proposto no

    se efectivar nos sessenta dias seguintes aceitao, se a proposta no abranger todas asquotas para que tenha sido pedido o consentimento ou se no oferecer uma contrapartida

    em dinheiro igual ao valor projectado para a cesso encarada22.

    Sendo deliberada a aquisio da quota, o direito a adquiri-la atribudo aos scios que

    declararem pretend-la, no momento da respectiva deliberao, proporcionalmente s

    quotas que ento possurem e se os scios no exercerem esse direito, pertencer ele

    sociedade (art. 231 n 4 do CSC).

    No que respeita s sociedades annimas, a circulao das aces

    23

    tem vrios regimes, emfuno de serem tituladas, desmaterializadas, ao portador, nominativas ou de se tratar de

    situaes especiais, podendo, em sntese, apontar-se os seguintes24:

    1. Crdito em Conta Valores Integrados no Sistema Centralizado (arts 80 n 1, 99

    n 5 e 105 do CVM)25

    2. Entrega do Ttulo ao seu Adquirente Valores Titulados, No Depositados, ao

    Portador, Fora do Sistema Centralizado (art. 101 n 1 do CVM)

    3. Registo em Conta Valores Titulados Depositados, ao Portador, Fora do Sistema

    Centralizado. (arts 99 n 1 a) e 101 n 2 CVM).

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    4. Declarao de Transmisso e Registo no Emitente ou seu Intermedirio Financeiro

    Valores Titulados, Nominativos, Fora do Sistema Centralizado (art. 102 n 1

    CVM).

    5.

    Registo na Comisso do Mercado dos Valores Mobilirios e sua Publicao

    Aquisio Potestativa, legalmente admissvel, de Valores Mobilirios

    representativos do Capital Social de Sociedade Aberta, com Lei Pessoal Portuguesa

    (art. 195 n 1 do CVM)

    6. Declarao Comisso do Mercado dos Valores Mobilirios e sua Notificao,

    por esta, ao Scio Dominante Alienao Potestativa, admissvel legalmente, de

    Valores Mobilirios representativos do Capital Social de Sociedade Aberta, com Lei

    Pessoal Portuguesa (art. 196 n 2 e 3 do CVM).7. Inscrio por Depsito no Registo Comercial e sua Publicao - Aquisio

    Potestativa, legalmente admissvel, de Valores Mobilirios representativos do

    Capital Social de Sociedade Fechada, com Lei Pessoal Portuguesa (art. 490 n 3 do

    Cdigo das Sociedades Comerciais).

    8. Deciso Judicial - Alienao Potestativa, legalmente admissvel, de Valores

    Mobilirios representativos do Capital Social de Sociedade Fechada, com Lei

    Pessoal Portuguesa (art. 490 n 6 do Cdigo das Sociedades Comerciais).Nas sociedades em comandita a transmisso de partes sociais dos scios comanditados s

    eficaz se for consentida por deliberao dos scios, sendo aplicvel transmisso por morte

    o regime das sociedades em nome colectivo (art. 469 do CSC).

    Nas sociedades em comandita simples, a transmisso da parte do scio comanditrio

    obedece ao regime da transmisso de quotas nas sociedades por quotas, ao possa que nas

    sociedades em comandita por aces a transmisso da parte dos scios comanditrios segue

    as regras das sociedades annimas (art. 475 e 478 do CSC).Como regra, o registo transmisso ocasiona que ela possa ser oponvel sociedade, assim

    sucedendo nas sociedades em nome colectivo, nas sociedades por quotas, na transmisso de

    partes sociais dos scios comanditados, dos scios comanditrios em comandita simples, na

    transmisso de aces escriturais, de aces tituladas nominativas e ao portador depositadas

    ou registados das sociedades annimas e em comandita por aces, mas j no acontece na

    transmisso de aces tituladas ao portador no registadas, fazendo com que a sociedade

    possa no saber quem so os seus scios.

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    IIDIREITO AQUINHOAR NOS LUCROS

    Este direito dos scios estabelecido na a) do n 1 do art 20 CSC a contrapartida da

    obrigao de quinhoar nas perdas.Antes de mais, o scio tem direito a que a sociedade tenha a sua gesto orientada para o

    lucro,26mas convir notar que nem todas as sociedades comerciais tm como fim principal

    a obteno de lucros27e sua distribuio pelos seus scios, nomeadamente as Sociedades

    Subordinadas, as Sociedades Gestoras de Participaes Sociais ou as Sociedades

    Instrumentais existentes nos grupos de sociedades, em regra, para prestarem servios s

    sociedades neles integradas em que o seu lucro no o objectivo perseguido, antes o sendo

    os lucros das restantes sociedades do grupo.

    28

    O contrato de sociedade pode fixar qual a proporo da repartio dos lucros entre os scios

    e se no o fizer os lucros repartem-se na proporo das entradas de cada um, como

    determinam o art 992, n 1 do Cdigo Civil e o art 22, n 1 do CSC (nesta ltima

    disposio clarifica-se que na falta de disposio do pacto na proporo do valor nominal

    das suas quotas), sendo, porm, proibido o pacto leonino ou seja privar um scio da

    comunho nos lucros ou participao nas perdas, exceptuada a situao dos scios de

    indstria (art. 22 n 3 do CSC)

    A sociedade poder constituir reservas para a prossecuo dos seus fins, como refere o art

    991 do Cdigo Civil e existe, mesmo, a obrigao de constituir e manter uma reserva

    chamada legal, nos termos do art. 218 (sociedades por quotas) e do art. 295 (sociedades

    annimas) CSC 29

    Para garantir o direito do scio aos lucros, a lei probe a estipulao pela qual algum scio

    deva receber juros ou quota certa em retribuio do seu capital ou indstria (art 21 n 2

    CSC) e estabelece que, pelo menos, metade do lucro distribuvel 30, 31do exerccio tenha de

    ser distribudo aos scios, salvo clusula em contrrio do pacto social ou deliberao da

    Assembleia Geral, para o efeito convocada, tomada por maioria de dos votos

    correspondentes ao capital social (art 217, n 1 para as sociedades por quotas e 294, n 1,

    para as sociedades annimas, ambos CSC)32.

    A distribuio de lucros exige deliberao dos scios33, deve ser precedida de prvia

    elaborao e aprovao de contas e apuramento dos resultados do exerccio34, no pode ser

    deixada ao critrio de terceiro, nenhum scio pode ser excludo da comunho nos lucros, h

    regras claras sobre o momento do vencimento do direito aos lucros e sobre a

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    obrigatoriedade de os lucros dos scios sarem antes de outros intervenientes que tenham

    direito a uma participao neles. (art 31, n 1, 3 e 4 e 66 n 5 f) CSC).35, 36

    obrigatria a constituio de uma reserva legal com 20% dos lucros at que seja atingida

    a quantia correspondente quinta parte do valor do capital social (2.500 euros nas

    sociedades por quotas), a qual deve ser reintegrada, quando necessrio, podendo o pacto

    elevar o seu montante, a qual s pode ser usada para cobrir prejuzos evidenciados pelo

    balano do exerccio que no possam ser cobertos por reservas livres, para cobrir prejuzos

    acumulados que no possam ser cobertos pelo lucro do exerccio nem por reservas livres ou

    para incorporao no capital (arts 218 e 295 CSC, respectivamente para as sociedades por

    quotas e annimas.

    Poder haver lugar distribuio antecipada de metade do lucro distribuvel, na segundaparte do exerccio, observado que sejam os requisitos do artigo 297 CSC. 37

    A distribuio ilcita de bens sociais pode constituir os gerentes em responsabilidade civil e

    criminal (514 CSC e 483 do Cdigo Civil)

    IIIPARTICIPAR NAS DELIBERAES DOS SCIOS E IMPUGNAR DELIBERAESSOCIAIS

    Todos os scios tm direito a participar nas deliberaes dos scios38, podendo ser

    invlidas as deliberaes com violao desse direito, sem prejuzo das restries previstas

    na lei, como impe o art 21 n 1 b) CSC.39

    O scio tem direito a requerer a convocatria da Assembleia-geral e a fazer incluir assuntos

    na ordem de trabalhos de Assembleia-geral j convocada (arts 189 n 1 (sociedades em

    nome colectivo, por remisso para o regime das sociedades por quotas), 248 n 2

    (Sociedades por quotas, directamente e por remisso para o regime das sociedades

    annimas), 375 (sociedades annimas, neste caso s os scios que, ss ou em conjunto,

    perfaam 5% do capital social), 474 (sociedades em comandita simples, por remisso para

    o regime das sociedades em nome colectivo) e 478 (sociedades em comandita por aces,

    por remisso para o regime das sociedades annimas) do CSC).

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    Excepes ao direito a participar nas deliberaes de scios

    Mnimo de Participao, Voto Agrupado

    1. Nas sociedades annimas, tm o direito de estar presentes na Assembleia-geral

    accionistas que tenham direito a, pelo menos, um voto e, na falta de diferente disposio do

    pacto social40, a cada aco corresponde um voto, mas permite-se que o pacto faa

    corresponder um s voto a um certo nmero de aces, contanto que sejam abrangidas

    todas as aces emitidas pela sociedade e que fique cabendo um voto a, pelo menos, cada

    1.000 euros de capital, acontecendo que quando o contrato exigir a posse de um certo

    nmero de aces para conferir um voto, podem os accionistas agrupar-se de forma a

    completarem o nmero de aces para obterem o nmero necessrio ou superior e fazer-se

    representar por um dos accionistas agrupados (arts 379 n 1 e 5 e 384 n 1 e 2 a) CSC).41.

    Aces Preferenciais sem voto

    2. Nas sociedades annimas existem aces, chamadas aces preferenciais sem

    voto, que no conferem direito de voto, atribuindo, em contrapartida um dividendo

    prioritrio, em relao aos restantes accionistas (art 341 CSC), mas, mesmo neste caso, se

    o dividendo prioritrio no for pago a estes accionistas, durante dois anos, eles passaro a

    gozar de direito de voto (art 342, n 3 CSC) e se o pacto social no permitir que

    participem (sem voto) nos trabalhos da Assembleia Geral, sero os accionistas de uma

    mesma emisso, todos, nela representados por um deles (art 343 n 1 CSC) 42.

    Impedimentos baseados em Conflito de Interesses

    3. No interesse da sociedade, existem alguns casos de conflito de interesses entre a

    sociedade e o scio em que se verifica o impedimento do direito de voto deste,

    nomeadamente nas liberaes de obrigaes do scio, litgios entre oscio e a sociedade,

    relaes entre o scio e a sociedade estranhas ao contrato social, excluso do scio,consentimento para o scio administrador exercer actividades concorrentes com a

    sociedade, destituio com justa causa do scio titular de rgo social (arts 251

    (sociedades por quotas) e 384, n 6 (sociedades annimas), ambos do CSC43.

    Deliberaes Abusivas

    4.O art 58 n 1 b) do CSC inclui entre as deliberaes anulveis aquelas que sejam

    apropriadaspara satisfazer o propsito de um dos scios de conseguir,pelo exerccio do

    direito de voto, vantagens especiais para si prprio ou para terceiro, em prejuzo da

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    sociedade ou de outros scios ou, simplesmente de prejudicar aquela ou estes, a menos que

    se prove que tais deliberaes teriam sido tomadas, mesmo sem os votos abusivos.44

    Haver que distinguir entre o vcio do voto abusivo e o vcio da deliberao tomada com

    voto abusivo. A deliberao abusiva(na designao comum da doutrina) s o ser se ela s

    foi tomada por causa dos votos abusivos, no havendo tal figura quando a deliberao

    adoptada, por ter a necessria maioria, mesmo descontando os votos abusivos45. A

    existncia de votos abusivos46, por si s no torna invlida a deliberao, esta ter que ter

    sido tomada por causa deles, no sendo possvel s com os votos inocentes.

    Unidade de Voto

    5. Existem, ainda, as limitaes emergentes do princpio da unidade do voto (art.

    385 do CSC). A participao de cada scio d-lhe direito, em regra, a um peso prprio nas

    deliberaes dos scios, que pode ser diferente do dos outros scios, consoante o seu valor,

    peso diferente esse traduzido no nmero de votos de que dispe (os votos aqui so

    entendidos como unidades contabilsticas para se apurar o peso do voto do scio), mas o

    scio no pode distribuir essa diferente ponderao do seu voto (o nmero de votos que a

    sua participao social lhe atribui) em diversos sentidos na votao, ele tem que usar todos

    os votos que lhe so proporcionados pela sua participao para votar num nico sentido.47

    O scio que represente outro pode votar em sentido diverso com as suas aces do sentido

    com que votas com as aces dos seus representados, o mesmo acontecendo quando vota

    com aces prprias e com aces de que usufruturio, credor pignoratcio ou

    representante de contitulares de aces e, ainda, quando represente associao ou sociedade

    cujos scios tenham votado em sentidos diversos, segundo determinado critrio (art. 385 n

    2 e 3 do CSC, aplicvel s sociedades por quotas por fora do art. 248 n 1 e s sociedades

    em nome colectivo por remisso dos arts 189 n 1 e 248 n 1 do mesmo Cdigo)

    Mantm-se em vigor os direitos de voto plural constitudos antes da entrada em vigor do

    CSC, mas, apesar de se tratar de um direito especial, cuja eliminao exigiria o

    consentimento do seu titular, pode ser extinto ou limitado por simples deliberao

    maioritria da Assembleia Geral, mesmo sem o consentimento do scio beneficirio, mas

    se a constituio desse direito tiver tido uma contrapartida para a sociedade, alm da

    entrada, o scio ter direito a uma indemnizao equitativa, que deve ser judicialmente

    pedida no prazo de sessenta dias a contar do conhecimento da deliberao ou, se ela tiver

    sido impugnada, do trnsito em julgado da deciso que a mantiver (art 531 CSC).

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    A violao da regra da unidade de voto ocasiona a nulidade de todos os votos emitidos pelo

    scio (art. 385 n 4 do CSC)

    Direito de Impugnar as deliberaes sociaisO scio goza do direito de impugnar as deliberaes sociais, quer elas sejam tomas pelos

    scios, quer sejam tomadas pela administrao ou pelo rgo de fiscalizao.

    Impugnao das Deliberaes da Assembleia-geral48

    Deliberaes Ineficazes 49

    As deliberaes tomadas sobre assuntos para os quais a lei exija o consentimento de certo

    scio so ineficazes em relao a todos, enquanto o interessado no der o seu acordoexpresso ou tcito, salvo disposio da lei em contrrio (55 CSC)

    Deliberaes Nulas 50

    So nulas as deliberaes (56 n 1 CSC):

    a) Tomadas em Assembleia-geral no convocada51, salvo se tiverem estado presentes

    ou representados todos os scios52.

    b) Tomadas mediante voto escrito sem que todos os scios com direito de voto tenham

    sido convidados a exercerem esse direito, a no ser que todos eles tenham dado, porescrito, o seu voto.53

    c) As cujo contedo no esteja, por natureza, sujeito a deliberao dos scios. 54

    d) Cujo contedo, directamente, ou por actos de outros rgos, que determine ou

    permita, sejam ofensivas dos bons costumes55ou de preceitos legais que no possam

    ser derrogados, nem sequer por vontade unnime dos scios. 56

    e) As deliberaes com violao dos preceitos legais referentes constituio, reforo,

    ou utilizao da reserva legal, bem como das disposies legais, cuja finalidadeexclusiva ou principal seja a proteco dos credores ou de interesse pblico, que so

    feridas de nulidade. (art. 69 CSC)

    Deliberaes Anulveis (58 n 1 CSC) 57

    So anulveis as seguintes deliberaes dos scios

    a) As que violem disposies, quer da lei (que no ocasionem nulidade), quer do

    contrato de sociedade (deliberaes ilegais) 58

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    b) As que sejam apropriadas a conseguir, atravs do exerccio do direito de voto,

    vantagens especiais, para si ou para terceiros, em prejuzo da sociedade ou de outros

    scios ou simplesmente de prejudicar aquela ou estes, a menos que se prove que as

    deliberaes teriam sido tomadas mesmo sem os votos abusivos (deliberaes

    abusivas) 59

    c) No tenham sido precedidas do fornecimento ao scio dos elementos mnimos de

    informao60.

    d) As deliberaes que violem disposies legais referentes feitura dos documentos

    de prestao de contas e a irregularidade das prprias contas originam o vcio da

    anulabilidade (art. 69 CSC)

    Aces de Impugnao de Deliberaes Sociais

    Uma deliberao invlida pode ser impugnada judicialmente, mediante Aco de

    Declarao de Nulidade61 ou de Anulao62, consoante o caso e pode, cautelarmente, na

    dependncia da respectiva aco principal ser pedida a Suspenso de uma Deliberao

    Social at deciso definitiva da impugnao da deliberao tomada.

    Disposies Comuns

    So propostas contra a sociedade, as que se referirem mesma deliberao so todasapensadas num s processo e a sociedade suportar os encargos das que forem propostas

    pelo rgo de Fiscalizao ou, na sua falta, pelo Gerente, ainda que sejam julgadas

    improcedentes (60 CSC).

    A sentena que declarar nula ou anular deliberao social tem eficcia de caso julgado63a

    favor e contra todos os scios e rgos da sociedade, mesmo que no tenham sido parte na

    respectiva aco, mas no prejudica os direitos adquiridos, de boa f, por terceiros, com

    fundamento em actos praticados em execuo da deliberao, embora o conhecimento da

    nulidade ou anulabilidade exclua a boa f (61 CSC)

    Suspenso de Deliberaes Sociais (arts 396 a 398 do CPC)

    Objectivo Obter a suspenso da execuo da deliberao at deciso final da sua

    aco de impugnao (nulidade ou anulao, consoante o caso). um procedimento

    cautelar, com carcter de urgncia, que tramitado na dependncia da respectiva aco

    principal, que tem de ser instaurada, sob pena de caducidade da suspenso da deliberao

    que seja ordenada.

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    Legitimidade A que for aplicvel para a aco principal, excepto Sociedades

    Abertas, em que h limitaes.64

    Prazo 10 dias a contar da data da Assembleia em que a deliberao a suspender foi

    tomada ou, se o requerente no tiver sido regularmente convocado para a assembleia, da

    data em que ele teve conhecimento da deliberao. 65

    Efeitos da Interposio - A partir da citao, e enquanto no for julgado em 1

    instncia o pedido de suspenso, no lcito associao ou sociedade executar a

    deliberao impugnada., 66

    Fundamentos - Justificao da qualidade de scio e demonstrao de que a execuo

    da deliberao anulanda pode causar dano aprecivel 67

    Aces de Declarao de Nulidade

    Legitimidade Activa Qualquer scio68, o rgo de fiscalizao e na sua falta

    qualquer gerente69(57 CSC) e qualquer interessado.

    Legitimidade passiva Sociedade (60 n 1 CSC).

    Prazo A todo o tempo.

    Aces de Anulao

    Legitimidade Activa rgo de Fiscalizao ou qualquer scio que no tenhavotado no sentido que fez vencimento nem, posteriormente, tenha aprovado a deliberao,

    expressa ou tacitamente. (59 CSC)

    Legitimidade passiva Sociedade (60 n 1 CSC). Se for com fundamento em

    Deliberao Abusiva, pode ser proposta contra os scios que emitiram os votos abusivos

    que contriburam para a formao maioria que determinou a Deliberao Abusiva70

    anulanda, podendo-lhes ser pedida uma indemnizao pelos danos ocasionados com o seu

    acto ilcito (art. 483 do Cdigo Civil e art 59 n 3 CSC)71.

    Prazo 30 dias, a contar de: (59 n 2 CSC) 72

    a) Data em que foi encerrada a Assembleia-geral.73

    b) Do 3 dia subsequente data do envio da acta da deliberao por voto

    escrito.

    c) Da data em que o scio teve conhecimento da deliberao, se esta

    incidir sobre assunto que no constava da ordem do dia.

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    Eficcia da Deciso Judicial

    A sentena que declarar nula (ou inexistente) ou anular uma deliberao social eficaz

    contra e favor de todos os scios e rgos da sociedade, mesmo que no tenham intervindo

    na respectiva aco, mas no prejudica os direitos adquiridos, de boa f, por terceiros, comfundamento em actos praticados em execuo da deliberao, excluindo o conhecimento da

    nulidade ou anulabilidade, a boa f. (61 CSC)

    Renovao de Deliberao (62 CSC)

    As deliberaes nulas por terem sido tomadas em Assembleia-geral no convocada ou por

    voto escrito em que no foi dada oportunidade de participao a todos os scios podem ser

    renovadas por outra deliberao e a esta pode ser atribuda eficcia retroactiva, com

    ressalva dos direitos de terceiro.

    A anulabilidade cessa quando os scios renovem a deliberao anulvel, mediante outra

    deliberao, desde que esta no enferme do vcio da precedente, mas o scio que tiver um

    interesse atendvel pode obter a anulao da primeira deliberao, relativamente ao perodo

    anterior deliberao renovatria.

    O tribunal em que tenha sido impugnada uma deliberao anulvel pode dar um prazo

    sociedade, a pedido desta, para a renovar

    IVDIREITO INFORMAO

    O direito informao (art 21, n 1 c) CSC) tem um desenho diferente, consoante o tipo

    de sociedade e a sua violao injustificada ocasiona a anulao de deliberaes sociais (58

    n 1 CSC)

    A recusa do direito informao74pode dar ao scio o direito a Inqurito Judicial e alm

    disso, a violao deste direito, em certos casos, pode ocasionar responsabilidade civil e

    criminal (priso que pode ir at 180 dias e ou multa) para os gerentes e administradores

    (art 518 e 519 CSC) 75

    Sociedades em Nome Colectivo e em comandita simples(art 181 e 474 CSC)O direito informao ilimitado76sobre assuntos sociais, incluindo os actos passados e os

    futuros que sejam esperados, quando estes sejam susceptveis de fazerem incorrer o seu

    autor em responsabilidade.

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    A consulta de escriturao, livros e documentos deve ser feita pessoalmente pelo scio que

    se pode fazer acompanhar de Revisor Oficial de Contas ou outro perito.

    A sociedade no goza do direito de recusar informao, mesmo que haja risco ou certeza de

    vir a ser utilizada para o seu prejuzo ou de outros scios, mas o abuso efectivo de

    informao com dano para a sociedade pode ocasionar a excluso do scio e

    responsabilidade civil deste.

    Sociedades por quotas(arts 214 a 216 CSC)

    Todos os scios tm direito informao em duas vertentes:

    a) Os scios77tm direito a informao, escrita se o pedirem, verdadeira, completa e

    elucidativa sobre a gesto da sociedade

    b) Os gerentes tm de lhes facultar, na sede social, a consulta da escriturao, livros

    e documentos.

    O direito informao pode ser regulamentado no pacto social, desde que no seja

    impedido o seu exerccio efectivo ou injustificadamente limitado o seu mbito,

    nomeadamente quando para o seu exerccio for invocada suspeita de prticas susceptveis

    de fazer incorrer o seu autor em responsabilidade e quando a consulta tiver por fim apreciar

    da exactido dos documentos de prestao de contas ou habilitar o scio a votar em

    Assembleia-geral.

    Podem ser pedidas informaes sobre actos j praticados ou sobre actos cuja prtica seja

    esperada, quando estes sejam susceptveis de fazerem incorrer o seu autor em

    responsabilidade e podem ser inspeccionados os bens sociais.

    A consulta de escriturao, livros e documentos deve ser feita pessoalmente pelo scio, que

    se pode fazer acompanhar de ROC ou outro perito, podendo ser extradas fotocpias ou

    fotografias.

    O scio que use a informao de modo a prejudicar, injustificadamente, a sociedade

    responde pelos prejuzos que causar e fica sujeito excluso.

    Em regra, a informao, consulta ou a inspeco s podem ser recusadas, pelos gerentes,

    quando for de recear que o scio as utilize para fins estranhos sociedade e com prejuzo

    desta e ainda quando a prestao da informao ocasionar violao de segredo imposto por

    lei no interesse de terceiros e bem assim nos termos estabelecidos licitamente pelo pacto

    social ou quando o gerente no disponha dela.78

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    A recusa, injustificada, de informao ou a prestao de informao presumivelmente falsa,

    incompleta ou no elucidativa d lugar a que o scio possa pedir uma deliberao dos

    scios sobre o assunto, bem como pedir Inqurito Judicial, para alm de servir de

    fundamento a anulao de deliberaes sociais (art 58 n 1 CSC), poder constituir o

    gerente em responsabilidade civil e criminal (518 e 519 CSC e 483 Cdigo Civil)

    Sociedades annimas e em comandita por aces(arts 288 a 292 e 478 CSC)Alm dos scios, tm direito informao, o representante comum dos obrigacionistas e

    ainda o usufruturio e o credor pignoratcio das aces, quando por lei ou conveno lhes

    caiba o direito de voto (293 CSC).

    So as seguintes as modalidades do direito informao nas sociedades annimas:

    Direito Mnimo Informao 288 CSC.

    Accionista ou accionistas que possuam, pelo menos um por cento do capital social, que

    aleguem motivo justificado tm direito consulta, por si, por pessoa pela qual se possa

    fazer representar na Assembleia-geral ou por um ROC ou outro perito, na sede social, dos

    relatrios de contas, das convocatrias, das actas, das listas de presenas em Assembleias

    Gerais dos ltimos trs anos e, ainda, do livro de registo de aces e a saber dos montantes

    pagos aos rgos de administrao e fiscalizao e aos 10 ou 5 empregados que recebamremuneraes mais elevadas, em cada um dos ltimos trs anos, consoante a sociedade

    exceda ou no os 200 trabalhadores e ainda o documento de registo das aces.

    O accionista pode extrair cpias ou fotografias (por analogia com as sociedades por quotas)

    e exigir que a exactido dos documentos lhe seja certificada por um Revisor Oficial de

    Contas.

    Pode, ainda o accionista pedir que certos elementos (relatrios de gesto ou fiscalizao e

    remuneraes pagas pela sociedade a empregados) lhe sejam enviados pelo correio oudivulgados no stio da sociedade na Internet.

    Direito Informao Preparatria de Assembleia-geral 289 CSC.

    Este direito integrado por um conjunto de elementos que devem ser facultados a todos os

    accionistas no perodo entre a convocatria da Assembleia-geral e a sua realizao, para

    que eles possam tomar posio consciente sobre os assuntos em discusso, devendo alguns

    desses elementos ser enviados, no prazo de 8 dias, por carta aos titulares de aces

    correspondentes a, pelo menos, 1% do capital social, que o requeiram ou atravs de correio

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    electrnico aos titulares de aces que o requeiram sociedade, se esta os no os no

    divulgar no respectivo stio da Internet.

    O no cumprimento deste direito pode ocasionar a anulao das deliberaes tomadas na

    Assembleia-geral a que se referem e o scio pode pedir Inqurito Judicial.

    Direito Informao em Assembleia-geral 290 CSC.

    Durante a Assembleia-geral qualquer accionista pode pedir informaes completas,

    elucidativas e verdadeiras sobre os assuntos sujeitos a deliberao (sendo a sua utilidade

    apreciada em funo da experincia comum), incluindo as relaes entre a sociedade e

    aquelas com quem ela est coligada

    Estas informaes devem ser prestadas pelo orgo social habilitado a prest-las e s

    podem ser recusadas se a sua prestao puder ocasionar grave prejuzo sociedade ou a

    outra com ela coligada ou se constituir violao de segredo imposto por lei..

    O no cumprimento deste dever pode ocasionar a anulao de deliberao com ela

    relacionada, competindo ao scio o nus de alegao e prova da carncia e necessidade da

    obrigao em falta.

    Direito Colectivo Informao 291 CSC.

    Accionistas que detenham aces correspondentes a, pelo menos, dez por cento do capitalsocial, podem pedir, por escrito, administrao que lhes faculte informaes sobre

    assuntos sociais, as quais so, depois, colocadas disposio dos outros accionistas, na

    sede social.

    Este direito s pode ser recusado, quando for e recear que o scio a utilize para fins

    estranhos sociedade e em prejuzo desta ou de outro scio, quando a revelao possa

    prejudicar, relevantemente, a sociedade ou os accionistas ou quando d lugar a violao de

    segredo imposto por lei. No h lugar recusa quando no requerimento se mencione que asinformaes se destinam a apurar responsabilidades de membro da administrao,

    fiscalizao ou superviso, a menos que, pelo seu contedo ou outras circunstncias, seja

    evidente que no esse o fim visado pelo scio.

    A no prestao das informaes em 15 dias equivale sua recusa e o accionista que usar

    as informaes, por forma a causar prejuzo injusto sociedade ou a outro scio pode

    responder, civilmente, nos termos gerais de direito.

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    Inqurito Judicial 292 CSC.

    Aqueles accionistas a quem tenha sido recusado direito mnimo informao ou o direito

    colectivo mesma, nos termos legais, ou a quem tenha sido fornecida informao,

    presumivelmente, falsa ou incompleta, podem pedir, ao tribunal competente, Inqurito

    Judicial.

    O Inqurito Judicial segue as regras do 292 CSC e dos arts 1479 e seguintes do Cdigo de

    Processo Civil, podendo o tribunal ordenar a prestao da informao pedida, a destituio

    das pessoas relativamente s quais se provaram responsabilidades por actos praticados no

    exerccio das funes, a nomeao de um administrador ou a dissoluo da sociedade se

    forem apurados factos que, nos termos da lei ou do contrato, sejam causa de dissoluo e

    esta tenha sido pedida.

    V-DIREITO A SER DESIGNADO PARA OS RGOS DE ADMINISTRAO EFISCALIZAO,NOS TERMOS DA LEI.

    O scio no tem o direito efectiva ocupao de um lugar na Administrao ou na

    Fiscalizao da sociedade, o direito que tem o de no poder ser privado, em abstracto, do

    direito de vir a ser nomeado. O scio ser administrador se for eleito ou designado para tal,pelo rgo competente, mas no se poder clausular que no poder ser membros dos

    corpos gerentes.

    Sociedades em nome colectivo Art 191 CSC

    Nas sociedades em nome colectivo, na falta de estipulao do pacto em contrrio, so

    gerentes todos os scios e neste caso s pode ser destitudo por deliberao dos scios, com

    justa causa, mas, por deliberao unnime dos scios podem ser gerentes pessoas estranhas

    sociedade e neste caso podem ser destitudos, independentemente de justa causa.

    As pessoas colectivas no podem ser gerentes, mas podem designar pessoa singular para,

    em seu prprio nome exercer esse cargo.

    O scio que seja gerente por disposio especial do pacto s pode ser destitudo, por aco

    judicial, com justa causa, o mesmo acontecendo quando a sociedade tiver s dois scios.

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    Sociedades por quotas 246, 252, 257, 258 e 259 CSC.

    Os gerentes e membros da fiscalizao (quando existam) so designados por deliberao

    dos scios, se o pacto no dispuser diversamente, a sua destituio s pode ser feita pelos

    scios, os gerentes podem ser ou no scios e se o scio tiver direito especial gerncia s

    com o seu consentimento pode ser alterada a respectiva clusula, mas os scios podem

    pedir a suspenso judicial da clusula ou a destituio, tambm, judicial, do gerente.

    Os gerentes podem renunciar gerncia, o que se torna efectivo oito dias aps a recepo

    da sua comunicao e, se for sem justa causa, origina responsabilidade pelos danos

    causados, salvo se for feita com a antecedncia competente.

    Aos gerentes compete a pratica dos actos necessrios ou convenientes realizao do

    objecto social, com respeito pelas deliberaes dos scios.

    Sociedades annimas 390, 391, 392, 394 e 415 CSC

    Os administradores podem ser accionistas ou no, devendo ser pessoas singulares com

    capacidade plena e quando uma pessoa colectiva for designada tal deve nomear pessoa

    singular para o exerccio em nome prprio do cargo

    Nas sociedades annimas, o pacto pode estabelecer que, para um nmero de

    administradores, no excedente a um tero, se proceda eleio isolada, entre pessoaspropostas em listas subscritas por grupos de accionistas, contando que, nenhum desses

    grupos de accionistas possua aces representativas de mais de 20% e de menos de 10% do

    capital social. Nesse caso, h uma forma de eleio prpria. - Art 392 CSC.

    Pode haver lugar nomeao judicial de administradores, quando o respectivo Conselho

    no possa reunir durante 60 dias, por no haver administradores em nmero bastante ou

    quando o prazo do seu mandato j haja ocorrido h mais de 160 dias.

    Os administradores podem ser suspensos pelo Conselho Fiscal ou pela Comisso de

    Auditoria, nos termos do art 401 CSC.

    Qualquer administrador, que no tenha sido nomeado pelo Estado, pode ser destitudo, por

    deliberao da Assembleia-geral, a qualquer momento, nos termos do art 403 CSC.

    Os administradores podem renunciar aos seus cargos, por carta ao presidente do Conselho

    de Administrao ou sendo este o renunciante ao Conselho Fiscal.

    Os membros da Fiscalizao so, em regra, nomeados e destitudos pela Assembleia-geral,

    podendo haver casos de nomeao judicial ou nomeao oficiosa de Revisor Oficial de

    Contas.

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    Sociedades em comandita 470 e 471 CSC

    S os scios comanditados79 podem ser gerentes, salvo clusula do pacto, podendo os

    gerentes delegar os seus poderes, devendo o delegado indicar a sua qualidade em todos osactos em que intervenha.

    Os scios comanditados que sejam gerentes s podem ser destitudos por justa causa, por

    deliberao que rena 2/3 dos votos que cabem aos comanditados e 2/3 dos votos que

    cabem aos scios comanditrios80.

    O scio comanditrio que seja gerente pode ser destitudo por deliberao de scios que

    rena a maioria simples dos votos apurados na assembleia

    NOTAS

    1O contrato , ele mesmo, o ttulo jurdico da entrada dos bens na sociedade (donde a natureza contratualdesta obrigao), mas o pacto poder estabelecer apenas uma promessa e nesse caso ser necessrio um actoposterior que efective a entrada. Daqui resultar que o pacto social poder ter de ter uma forma mais solene do

    que a mnima (escrita), nomeadamente a de escritura pblica, se a natureza dos bens a transmitir assim oexigir.Quando as entradas implicarem a transferncia ou a constituio de um direito real o regime a aplicar ser oda compra e venda e quando implicarem s o gozo de uma coisa, aplicam-se as regras da locao (art. 984 doCdigo Civil)2A figura est referida expressamente no n 2 do art. 277 CSC, a propsito das entradas nas sociedadesannimas e admitida pela regra da liberdade contratual, j que no est afastada pelo art. 25 n 1 do CSC.3As restantes tm de ser realizadas antes da celebrao do contrato, incluindo o gio (diferena entre o valornominal da participao subscrita pelo scio e o valor que lhe exigido para a subscrever)4A segunda directiva Sociedades -77/91 CEE, do Conselho, de 13/12/76, no seu artigo 7 estipula que ocapital subscrito s pode ser constitudo por elementos de activo susceptveis de avaliao econmica, peloque tem vindo a ser entendido que a a) do art. 20 do CSC deve ser interpretado no sentido apontado peladirectiva, face ao princpio do Primado e o do aproveitamento dos actos jurdicos.5

    Chama-se a essa clusula Pacto Leonino. Tem a ver com os cuidados da lei com as figuras de doao debens futuros (art. 942 n1 Cdigo Civil) e renncia antecipada a direitos (art. 809 do mesmo Cdigo)Est excluda a situao dos scios de indstria no n 2 do art. 992 do mesmo Cdigo Civil.6Uma vez que todas as sociedades comerciais tm personalidade jurdica, os scios tm relaes entre eles(dada a natureza contratual, em regra, da sociedade) e, tambm, entre eles e a sociedade (ao contrrio do queacontece nas sociedades civis que no gozem de personalidade jurdica), embora a intensidade dessas relaesentre o scio e a sociedade seja diferente consoante o tipo de sociedade, mais intensas nas sociedadesannimas e especialmente nas abertas cotadas ou na sociedade unipessoal (quer por quotas arts 270 A a270 G do CSC, quer annima arts 488 e 489 CSC), onde, praticamente, no h relaes entre os scios es relaes do scio com a sociedade e menos intensas nas sociedades em nome colectivo em que quase tudose resolve nas relaes entre os scios e quase no h relaes entre o scio e a sociedade. Nas sociedades emcomandita os scios comanditrios tm uma posio semelhante dos accionistas ao passo que oscomanditados tero uma posio e um relacionamento entre eles e com a sociedade em tudo semelhante aos

    scios das sociedades em nome colectivo.Manifestao das relaes directamente entre os scios o caso dos direitos especiais dos scios ou dosacordos parassociais, tambm chamados sindicatos de voto(arts 24 e 17 do CSC)

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    7Ver artigos 194 a 197, 2 e 21.8A lei admite a supresso ou limitao deste direito, nas sociedades annimas, no art 460 CSC, no caso de oConselho de Administrao ou qualquer accionista o propor em relatrio justificando o interesse da sociedadena limitao ou eliminao desse direito e a Assembleia Geral o delibere pela mesma maioria que deliberou o

    aumento de capital, mas em votao separada.9Este direito no existe nas Sociedades em nome colectivo por a deliberao do aumento de capital exigir aunanimidade (art. 194 do CSC).10A regra do art. 183 do CSC parece no ter carcter imperativo, pelo que alguns autores (vg Pedro Pais deVasconcelos na Participao Social das Sociedades Comerciais) entendem que podero os scios consentir naexecuo da parte social, com preferncia para os scios.11Quanto s associaes regem os arts 167 n 2 e 181 do Cdigo Civil, que autorizam os estatutos a permitira sada do scio e probem que lhe sejam restitudas as quotizaes que tenha pago associao.12Na sociedade civil a matria regulada no art. 1002 e 1021 do Cdigo Civil Se o contrato no tiver fixadoa durao da sociedade ou se ela tiver sido constituda por toda a vida de um scio ou por mais de 30 anos, aexonerao de scio livre. Tendo sido fixada uma durao determinada para a sociedade a exonerao descio s poder ter lugar nos termos fixados no contrato ou ocorrendo justa causa.Em caso de exonerao do scio, este receber da sociedade o valor de liquidao, nos termos do art. 1021

    do Cdigo Civil, extinguindo-se a sua parte.13O n 2 do art. 185 do CSC considera haver justa causa, quando, contra o seu voto expresso:

    a) A sociedade no delibere destituir um gerente, havendo justa causa para tal.b) A sociedade no delibere excluir um scio, havendo justa causa para tal.c) O referido scio for destitudo da gerncia da socedade.

    14 As causas de excluso do quotista, previstas na lei so as seguintes:a) No pagamento da parte em mora da sua participao no capital social, no prazo fixado pela sociedade Art 203 e 204 CSCb) No cumprimento da obrigao de efectuar prestaes suplementares a que esteja obrigado, no prazo quelhe for fixado pela sociedade Art 212 CSC.c) Abuso de informao em prejuzo da sociedade - art 181, n 5 (sociedades em nome colectivo), 214 n 6(sociedades por quotas), todos do CSC.d) O pacto social pode estabelecer que em caso de morte do scio, a sua quota no se j transmitida para osseus sucessores Art 225, n 1, 1 parte.e) A sociedade pode, por meio de deciso judicial, aps deliberao dos scios, excluir um scio que com oseu comportamento desleal ou gravemente perturbador do funcionamento da sociedade, tenha causado oupossa vir a causar-lhe prejuzos relevantes Art 242 CSC.15Os mercados regulamentados em Portugal esto indicados na Portaria 556/2005 de 27 de Junho, paraefeitos da Directiva 93/22/CEE, do Conselho, de 10 de Maio e so os seguintes:a) Eurolist by Euronext Lisbon, mercado de cotaes oficiais, gerido pela Euronext Lisbon SociedadeGestora de Mercados Regulamentados, S. A.;b) Mercado de futuros e opes gerido pela Euronext Lisbon Sociedade Gestora de MercadosRegulamentados, S. A.;c) Mercado especial de dvida pblica, gerido pela MTS Portugal Sociedade Gestora do Mercado Especialde Dvida Pblica, SGMR, S. A.16Situao Lquida Soma dos valores contabilsticos do capital, reserva legal e resultados retidos.17Pode acontecer, nomeadamente nas aces ao portador (derelictio)18Costuma designar-se por Clusula de Continuao, a disposio do pacto que estabelea que a sociedadeem nome colectivo continua com o herdeiro ou legatrio do scio falecido.19O herdeiro ou legatrio recebero o valor da participao do de cujuscalculada nos termos do art. 1021 doCdigo Civil ou seja o valor de liquidao da sociedade (art. 184 n 7 do CSC).20As condies a que seja sujeito so irrelevantes (art. 230 n 2 in fine)21A deliberao sobre o assunto deve ser tomada nos 60 dias subsequentes ao pedido, sob pena de a cesso setornar livre (art. 230 n 4 do CSC).22Se a cesso for gratuita ou se a sociedade provar que houve simulao do valor, ser tido em conta o valorreal da quota com referncia ao momento da deliberao, de acordo com o estabelecido no art. 1021 doCdigo Civil.23Todas as aces so tradicionalmente havidas por ttulos de crdito, mas recentemente tem aparecido umatendncia na doutrina no sentido de no considerar as aces escrituraiscomo ttulos de crdito por teremdeixado de ter o suporte de papel e circularem apenas por registos (ver neste sentido Ferreira, Amadeu,

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    Valores Mobilirios Escriturais, Almedina, Coimbra, 1997, Labareda, Joo, Das Aces das Sociedadesannimas, Oliveira Ascenso, Direito Comercial IV). Outros, como Pedro Pais de Vasconcelos in O Problemada Tipicidade dos Valores Mobilirios, Direito dos Valores Mobilirios II, Coimbra Editora, Coimbra, 2001mantm a qualificao de Ttulos de Crdito para as aces escriturais por tais aces continuarem a ter

    suporte documental j que o suporte informtico no deixa de preencher a noo de documento do artigo 362do Cdigo Civil e o papel ser um suporte documental datado e susceptvel de ser ultrapassado, por acaracterstica dos ttulos de crdito no ser terem um suporte de papel, mas a sua titulao em suportesusceptvel de garantir uma documentao segura e uma circulao simples, sem risco e rpida.24Ver em Alexandre Brando da Veiga, Transmisso de Valores Mobilirios, Coimbra, Almedina, 2004.25Podemos estar perante aces escriturais ou aces tituladas.26Os gerentes tm a obrigao de gerir a sociedade, com respeito pelos deveres de cuidado (duty of care) e delealdade (duty of loyalty), como refere o art. 64 do CSC.Nas sociedades em nome colectivo e nas por quotas, os gerentes esto adstritos ao dever de gerir a sociedadecom respeito pelas deliberaes dos scios(art. 259 CSC - directamente para as sociedades por quotas e poranalogia e remisso do art.189 n 1 CSC -para as sociedades em nome colectivo), ao passo que nassociedades annimas gozam de larga independncia de gesto, tendo uma competncia reservada e estandoapenas obrigados a submeter a gesto a deliberao dos scios nos casos determinados pela lei ou pelo pacto

    social (arts 373, maximeseu n 3 que probe os accionistas de deliberar sob matrias de gesto sem ser apedido da administrao, 405, maximeo seu n 1, e 406 do CSC).A Assembleia-geral das sociedades em nome colectivo pode destituir os gerentes no sciosindependentemente de justa causa (art. 191 n 6 CSC) e os que forem scios podem ser destitudos dagerncia com fundamento em justa causa (art. 186 n 1 a) in fine do CSC)Compete Assembleia-geral das sociedades annimas, a apreciao geral da administrao e Fiscalizao, aqual deve concluir por uma deliberao de confiana em todos ou de algum dos rgos de administrao efiscalizao e respectivos membros ou por destituio de algum ou alguns deles (art. 455 n 2 CSC). No querespeita s sociedades por quotas e em comandita, a Assembleia-geral pode destituir os gerentes nos termosdo art. 246 n 1 d) (sociedades por quotas) e 471 (sociedades em comandita).A relao dos gerentes e administradores com a sociedade, no tendo os scios aco directa sobre eles. Osscios s podero manifestar o seu descontentamento pelo voto de desconfiana ou pela destituio,entendendo a maioria dos autores (vg. Pedro Pais de Vasconcelos in A Participao Social nas SociedadesComerciais) que os scios no tm o poder de recorrer a tribunal para condenar a administrao a agir ou nopor certa forma, no tendo o juiz competncia para se substituir aos rgos sociais no exerccio da gestosocial.Porm, se a administrao for m pela prtica de actos ilcitos (no j pelo simples inxito), ento osadministradores respondem civilmente, nos termos do art. 79 do CSC, podendo o scio que tenha poderespara o colocar no lugar e o tenha feito, responder, solidariamente com ele, nos termos do art. 83 do mesmoCdigo.Os scios tm o direito a que a sociedade seja gerida de acordo com os seus interesses ou seja orientada para olucro, apesar de s poderem sancionar a administrao atravs da Assembleia-geral.27Poder, ainda considerar-se o caso dos ACE (Agrupamentos Complementares de Empresas, cujo regimeest vertido no DL 430/73, de 25 de Agosto, alterado pelo DL 442 B/88, de 30/11), dos AEIE (AgrupamentosEuropeus de Interesse Econmico - Regulamento (CEE) n. 2137/85, do Conselho, de 25 de Julho de 1985,Decreto-Lei n. 148/90, de 9 de Maio e Decreto-Lei n. 1/91, de 5 de Janeiro) e dos Consrcios (Decreto-Lein 231/81, de 28 de Julho) em que o lucro no aparecer nessas entidades, mas nos seus associados, no sepodendo falar de lucro em sentido restrito, sendo certo que nesses casos no estamos perante a figura deverdadeiras sociedades comerciais.28As sociedades subordinadas so geridas tendo em vista a obteno de lucros para a sua directora (arts 493 a508 do CSC.As SGPS so regidas pelo DL 495/88 de 30/12, alterado pelo DL 318/94 de 24/12.29A Reserva legal, nas sociedades annimas, no pode ser inferior vigsima parte do lucro, at se chegar oumanter na quinta parte do valor do capital social, salvo se o pacto estabelecer maior valor. Nas sociedades porquotas, o valor mnimo da reserva de 2.500 euros.30Lucro Distribuvel A questo vem definida nos arts 32 e 33 CSC, donde se pode extrair o seguinte:Lucro a diferena entre os proveitos e os custos, quando aqueles so superiores a estes. Dos lucros doexerccio no podero ser distribudos os que forem necessrios para cobrir os prejuzos transitados dos anosanteriores e os que sejam necessrios para constituir as reservas impostas por lei ou pelo contrato. Tambmno podem ser distribudos lucros do exerccio, enquanto as despesas de constituio, de investigao e dedesenvolvimento no estiverem completamente amortizadas, excepto se o montante das reservas livres e dos

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    resultados transitados (positivos) for, pelo menos, igual ao dessas despesas no amortizadas. No que respeitas reservas (voluntrias) no se podem distribuir aquelas cuja existncia e montante no constam do balano ena deliberao que autoriza a sua distribuio devem constar, expressamente, quais as reservas distribudas,no todo ou em parte, quer isolada, quer conjuntamente com o lucro do exerccio.31 Pode distinguir-se entre Lucro em sentido amplo (toda a vantagem econmica que advm ao scio daactividade social, directa ou indirectamente) e Lucro em sentido restrito (vantagem econmica apurada apenasna titularidade da sociedade e que, depois, poder ser distribudo aos scios), sendo esta a que, em regra, seconsidera para esta questo.32A deliberao de reteno at metade do lucro distribuvel, depois deduzidos os necessrios constituioou reintegrao da reserva legal pode ser tomada, no silncio do contrato de sociedade, por maioria simples(arts 189 n 2 e 3 - nome colectivo - 217 e 250 n 3 quotas - 294 e 386 - annimas - 478 - emcomandita por aces, por remisso para o regime das sociedades annimas e 478 e 189 - em comanditasimples, por remisso para o regime das sociedades em nome colectivo.33O Relatrio de Gesto tem de conter uma proposta fundamentada de aplicao de resultados (art. 66 n 5 f)do CSC)34 As contas so elaboradas de acordo com o Plano Oficial de Contabilidade, aprovado pelo DL 410/80,alterado mltiplas vezes. De interesse ver, tambm, o DL 35/2005 de 17/02 (que transpe a Directiva n

    2003/51/CE, do Parlamento e do Conselho de 18/07) que determina a aplicao das Normas Internacionais deContabilidade NIC- em diversos casos.O critrio base adoptado pelo POC o custo histrico (custo de aquisio corrigido e actualizado), o qualocasiona distores muito graves, nomeadamente no que respeita ao activo imobilizado.Por outro lado, as normas fiscais obrigam a no contabilizar certos itens de forma a obter um certo resultadofiscal e a prpria sociedade pode ter interesses fiscais legtimos em certas decises relativas suacontabilidade, sendo, hoje, a matria do Planeamento Fiscal da mais alta importncia na vida das empresas.Estas e outras situaes, como a rpida evoluo conceptual e as mltiplas e complexas questes tcnicas ejurdicas que se colocam, levam alguns a considerar que h, hoje dificuldade no apuramento do lucro efectivodas sociedades. Ver Rogrio Fernandes Ferreira no artigoAs Empresas no sabem nem podem apurar LucrosReais nos Cadernos do Mercado dos Valores Mobilirios, n 24 (Novembro de 2006) inhttp://www.cmvm.pt/NR/rdonlyres/718334AA-4EAB-4DDC-9079-2F7219CCC697/7304/Artigo13.pdf35O crdito dos scios, por lucros, vence-se no prazo de 30 dias, a contar da deliberao da sua distribuio,salvo diferimento consentido pelo scio e pelo tempo que este autorizar, podendo, porm os scios deliberar,com fundamento em situao excepcional da sociedade, a extenso do dito prazo de 30 dias, por mais 60 dias(217 n 2 e 294 n 2 CSC).O diferimento do scio do seu direito aos lucros segue o regime do contrato de suprimento (art. 243 n 1CSC)36Se os gerentes ou fiscais tiverem, pelo pacto social, direito a uma participao nos lucros no a podemreceber seno depois de postos a pagamento os lucros dos scios. (217 n 3 e 294 n 3 CSC)37A doutrina, nomeadamente Raul Ventura e Pedro Pais de Vasconcelos, tm considerado que o art. 297CSC se aplica, por analogia, tambm, s sociedades por quotas.38As deliberaes sociais podem ser dos scios, dos membros da administrao ou do rgo de fiscalizaoda sociedade, no tendo os scios o monoplio das deliberaes sociais.As deliberaes dos scios tm uma dupla natureza, j que so, ao mesmo tempo, actos dos scios (actocolectivo integrado por uma pluralidade de actos individuais votos - da autoria de vrias pessoas) e actos dasociedade, tendo, nesta vertente, uma natureza unitria e da autoria da prpria sociedade. Esta dupla naturezada deliberao dos scios aparece clara nos casos em que incide um vcio sobre o acto individual do scio, ovoto, como por exemplo no caso da violao das regras sobre o carcter unitrio do voto (art. 385 CSC) ou odas deliberaes abusivas (art. 58 n 1 CSC) em que o vcio do acto individual do scio afecta a validade doacto colectivo e unitrio da sociedade que, tambm, a deliberao social. Sobre esta matria ver Pedro Paisde Vasconcelos inA Participao Social nas Sociedades Comerciais, indicado na bibliografia, pgina 112 eseguintes.39A participao na deliberao social inclui o direito a assistir ao acto, sua discusso, ao voto, pedir e obterinformaes e formular declaraes de voto.40O pacto social pode estabelecer, como entender, esta limitao de participao na Assembleia Geral e podeacontecer, no caso de alteraes do pacto social que uma minoria de 22,22% do capital social altere ascondies de participao.41As relaes entre o representante e os accionistas representados so regidas pelo contrato de mandato comrepresentao.

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    Jos Teixeira, M. Fernandes Barros & AssociadosSociedade de Advogados, RL

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    42 As relaes entre o representante e os accionistas representados so regidas pelas regras do mandato comrepresentao.43A doutrina discute sobre as consequncias da deliberao em que participou um scio que estava impedidode o fazer. A proibio legal dirigida ao voto, como acto jurdico autnomo e no propriamente a

    deliberao, pelo que se a deliberao puder ser tomada sem o voto invlido, ela ser, cremos, vlida. Aquesto coloca-se quando a deliberao no seria adoptada sem os votos invlidos por eles seremnecessrios sua formao. Neste caso, a generalidade da doutrina (Raul Ventura, Oliveira Ascenso, BritoCorreia) aponta no sentido da anulabilidade da deliberao, ao passo que Pedro Pais de Vasconcelos na obracitada refere que, no caso de nulidade do voto, especificadamente prevista na lei v.g c), d) e) e f) do n 1 do art251 ou c) do n 6 do art. 384, este no deve ser contado no apuramento da votao e se ele for necessriopara a formao da maioria necessria deliberao, a proposta rejeitada, no se formando deliberaosocial e tratando de caso de impedimento ao voto apenas genericamente previsto na lei, o presidente deveradvertir a Assembleia da possibilidade de o voto ser nulo e mencionar tal na acta, mas no dever impedir ovoto e deve contar o que for emitido nessas circunstncias, com todas as consequncias, nomeadamente aformao de deliberao. O scio que se no conforme deve recorrer a juzo para obter a declarao danulidade do voto emitido e se, sem ele, a deliberao no puder ser tomada, sem tal voto, por falta de maioria,considera-se no tomada.44 Tem sido, geralmente, invocado o instituto do Abuso do Direito numa concretizao objectiva comofundamento da deliberao abusiva, embora haja quem aponte no sentido de a questo ter de ser discutida nombito da ilicitude do voto, como o faz Pedro Pais de Vasconcelos na obra citada.45Ver Pedro Pais de Vasconcelos na Obra citada e Oliveira Ascenso in Invalidade das Deliberaes Sociais.46Os scios que tenham formado maioria em deliberao anulvel por abusiva, respondem, solidariamente,perante a sociedade e os outros scios pelos prejuzos causados, nos termos do n 3 do art. 58 do CSC, o qual,porm, deve ser interpretado restritivamente, no sentido de no incluir os scios que, tendo votado adeliberao, emitiram votos inocentes e no abusivos, por no ser justo ou razovel punir quem est inocentee se depreender da lei, nomeadamente do elemento sistemtico que no se queria dizer que os scios inocentesdeveriam responder civilmente. Neste preceito a lei cura de uma responsabilidade subjectiva, baseada naprtica de um facto ilcito e no de responsabilidade objectiva, que seria injustificada j que teria que verapenas com estar no lugar errado hora errada.47Na sociedade em nome colectivo todos os scios tem um voto igual, salvo se o pacto dispuser diversamentee os scios de indstria no podero dispor de um nmero de votos inferior ao scio de capital que tenhamenos votos. (art. 190 do CSC)Na sociedade por quotas, a cada cntimo do valor nominal da quota do scio corresponde um voto, podendo opacto social estabelecer, como direito especial, que sejam atribudos dois votos a cada cntimo do valornominal da quota ou quotas de scios que, no total, no correspondam a mais de vinte por cento do capitalsocial (art. 250 do CSC)Na sociedade annima a cada aco corresponde um voto, salvo clusula contratual diferente (art. 384 n 1do CSC), sem prejuzo das limitaes referidas acima a propsito do mnimo de participao previstas no n 2a) do art. 384 do CSC ou da possibilidade de blindagem prevista na b) do mesmo artigo.No que respeita s sociedades em comandita o art. 472 do CSC impe que o pacto regule, em funo docapital, a atribuio de votos aos scios, no podendo os comanditados, no seu conjunto, ter menos votos queo conjunto dos comanditrios. Nos restantes aspectos regem os arts 190 (sociedades em nome colectivo) doCSC para os scios comanditados e 384 (sociedades annimas) para os comanditrios48Esto sujeitas a registo, por depsito, as aces de declarao de nulidade ou anulao de deliberaessociais, bem como os procedimentos cautelares de suspenso destas, e ainda as respectivas decises finais,nos termos do artigo 9 e) e h) e g) do art. 53 A do Cdigo de Registo Comercial, no tendo as aces dedeclarao de nulidade ou de anulao seguimento, aps a fase dos articulados, enquanto no for feita a provade ter sido pedido o seu registo e no ser proferida deciso nas suspenses de deliberaes sociais enquanto aprova do pedido do respectivo registo de interposio no for feita (artigo 15 n 5 do Cdigo de RegistoComercial)As decises finais proferidas nas aces de declarao de nulidade, anulao ou suspenso de deliberaessociais deve ser pedido no prazo de 2 meses, a contar do seu trnsito em julgado, nos termos do n 6 do art.15 do dito Cdigo de Registo.O incumprimento do deve r de registar constitui contra ordenao punida com Coima que pode chegar, emcertos casos a 1.500 euros (art. 17 do Cdigo de Registo Comercial)49 Ineficcia Situao de um acto jurdico no produzir parte ou a totalidade dos efeitos jurdicos que sedestinava a produzir.