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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE MESTRADO PROFISSIONAL ENFERMAGEM ASSISTENCIAL DISSERTAÇÃO DE MESTRADO Prof.ª Dr.ª Graciele Oroski Paes(UFRJ) Profª Drª Gisella de Carvalho Queluci (UFF) ADESÃO À HIGIENIZAÇÃO DAS MÃOS: INSTRUMENTO DE OBSERVAÇÃO FUNDAMENTADO NA ESTRATÉGIA MULTIMODAL APLICADO À UTI NEONATAL Márcia Mello de Oliveira Araújo Orientadora: Prof.ª Dr.ª Simone Cruz Machado Ferreira Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Mestrado em Enfermagem Assistencial da Escola de Enfermagem Aurora Afonso Costa da Universidade Federal Fluminense/UFF para o Exame de Qualificação. Linha de Pesquisa: O Contexto do Cuidar em Saúde. Niterói,08 de Novembro de 2016.

observação Fundamentado na Estratégia multimodal ... Mello de... · FIGURA 2 - FLUXOGRAMA DE LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO –PAG 31 LISTA DE GRÁFICOS GRÁFICO 3 - OPORTUNIDADES

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  • UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE MESTRADO PROFISSIONAL ENFERMAGEM ASSISTENCIAL

    DISSERTAO DE MESTRADO

    Adeso higienizao das mos: instrumento de

    observao Fundamentado na Estratgia multimodal

    aplicado UTI Neonatal

    Linha de Pesquisa O Contexto do Cuidar em Sade

    Autor (a): Mrcia Mello de Oliveira Arajo

    Orientadora: Prof. Dr. Simone Cruz Machado Ferreira (UFF)

    Banca: Prof. Dr. Simone Cruz Machado Ferreira (UFF) Prof. Dr. Snia Regina de Souza (UNIRIO) Prof. Dr. Ana Karine Ramos Brum(UFF)

    Suplentes: Prof. Dr. Graciele Oroski Paes(UFRJ) Prof Dr Gisella de Carvalho Queluci (UFF)

    ADESO HIGIENIZAO DAS MOS: INSTRUMENTO DE

    OBSERVAO FUNDAMENTADO NA ESTRATGIA

    MULTIMODAL APLICADO UTI NEONATAL

    Mrcia Mello de Oliveira Arajo

    Orientadora: Prof. Dr. Simone Cruz Machado Ferreira

    Dissertao de Mestrado apresentada ao Programa de Mestrado em Enfermagem Assistencial da Escola de Enfermagem Aurora Afonso Costa da Universidade Federal Fluminense/UFF para o Exame de Qualificao. Linha de Pesquisa: O Contexto do Cuidar em Sade.

    Niteri,08 de Novembro de 2016.

    Niteri, XX de 2016

  • UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE MESTRADO PROFISSIONAL ENFERMAGEM ASSISTENCIAL

    DISSERTAO DE MESTRADO

    Adeso higienizao das mos: instrumento de

    observao Fundamentado na Estratgia multimodal

    aplicado UTI Neonatal

    Linha de Pesquisa O Contexto do Cuidar em Sade

    Autor (a): Mrcia Mello de Oliveira Arajo

    Orientadora: Prof. Dr. Simone Cruz Machado Ferreira (UFF)

    Banca: _______________________________________

    Prof. Dr. Simone Cruz Machado Ferreira (UFF) ________________________________________

    Prof. Dr. Snia Regina de Souza (UNIRIO) _______________________________________ Prof. Dr. Ana Karine Ramos Brum(UFF)

    Suplentes: Prof. Dr. Graciele Oroski Paes(UFRJ) Prof Dr Gisella de Carvalho Queluci (UFF

  • FICHA CATALOGRFICA

    A 663 Arajo, Mrcia Mello de Oliveira. Adeso higienizao das mos: instrumento

    de observao fundamentado na estratgia multimodal aplicado UTI neonatal / Mrcia Mello de Oliveira Arajo. Niteri: [s.n.], 2016.

    86 f.

    Dissertao (Mestrado Profissional em Enfermagem

    Assistencial) - Universidade Federal Fluminense, 2016.

    Orientador: Prof. Dr Simone Cruz Machado Ferreira.

    1. Higiene das mos. 2. Pessoal de sade. 3. Unidade de

    terapia intensiva neonatal I. Ttulo.

    CDD 613

  • DEDICATRIA

    Dedico esta dissertao primeiramente a Deus que deu fora para

    transposio dos momentos difceis e dificuldades, e ao meu esposo e minha filha

    pela compreenso e apoio.

  • AGRADECIMENTO

    A minha orientadora e amiga Prof Dr Simone Cruz Machado Ferreira, por

    acreditar em mim, mostrar o caminho do conhecimento, fazer parte da

    minha vida nos momentos bons e ruins, por ser exemplo de profissional

    que sempre far parte da minha vida.

    A Jacqueline Ursulino Gonalves apoio incondicional durante a construo

    e evoluo, alm dos cuidados minuciosos dos detalhes na formatao da

    dissertao.

    A Ana Lcia dos Santos Coutinho pelo carinho, apoio, incentivo na busca

    de novos conhecimentos.

    Nas amigas Sofia Cerqueira Oliveira e Sandra Rivelli da Silva que

    incentivaram a persistir no crescimento do conhecimento cientfico.

    Assistentes de Pesquisa: Enf Sabrina Lafet Aguiar Residente

    Multiprofissional

    EnfRoberta Wagner Pereira da Silva Residente

    Multiprofissional

    Reviso de Portugus: Luiz Felipe Figueiredo Carvalho de Arajo

    Assessoria Estatstica: Prof DrKeila Mara Cassiano

    Ilustrao: Geiza Konther de Oliveira

  • EPGRAFE

    Reconhecer as no conformidades como oportunidades de melhorias sem

    personagens definidos pode ser um caminho para o amadurecimento

    institucional... afinal no existe perfeio.

    Como dar segurana ao paciente e trat-lo com respeito e amor, se ainda se

    persiste em prticas inseguras?Se ainda no se acordou para os riscos dirios a

    que ele est exposto?Se no se trata o outro como se gostaria de ser tratado?

    Sylvia Lemos Hinrichsen

  • SUMRIO

    1 INTRODUO 1

    1.1 HIPTESE 4

    1.2 OBJETIVOS 4

    1.3 JUSTIFICATIVA 5

    2 BASES CONCEITUAIS 7

    2.1 O CONTROLE DE INFECES RELACIONADAS ASSISTNCIA SADE NO CONTEXTO DOS SUS

    7

    2.2 A IMPORTNCIA DA HIGIENIZAO DAS MOS NA REDUO DAS INFECES RELACIONADAS ASSISTNCIA SADE

    10

    2.3 PRODUTOS UTILIZADOS NA HIGIENIZAO DAS MOS 14

    2.3.1 QUADRO DE SNTESE DA PUBLICAO DA ANVISA SEGURANA DO PACIENTE EM SERVIOS DE SADE-HIGIENIZAO DAS MOS ACERCA DOS PRODUTOS UTILIZADOS

    16

    2.3.2 ALGUMAS CONSIDERAES SOBRE OS ALCOIS 17

    2.4 A UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA NEONATAL E O CONTROLE DE IRAS

    18

    2.5 ESTRATGIA MULTIMODAL: PROMOO DA HIGIENIZAO DAS MOS

    20

    SITUAES QUE CARACTERIZAM COMO OPORTUNIDADES DE HIGIENIZAO DAS MOS DURANTE A ASSISTNCIA AO PACIENTE

    26

    3 METODOLOGIA 30

    3.1 TIPO DE ESTUDO 30

    3.2 LEVANTAMENTO BIBLIOGRFICO 31

    3.3 O CENRIO DO ESTUDO 33

    3.4 PARTICIPANTES 34

    3.5 AMOSTRA 34

    3.6 COLETA DE DADOS 35

    3.7 ANLISE DE DADOS 36

    3.8 ASPECTOS TICOS DA PESQUISA 37

    4 PRODUTO DE PESQUISA 38

    4.1 ROTEIRO DE PREENCHIMENTO DO FORMULRIO DE OBSERVAO 39

    4.1.2 FORMULRIO DE OBSERVAO 42

    4.1.3 RESULTADOS E DISCUSSO 43

    5 CONSIDERAES FINAIS 61

    6 REFERNCIAS 63

    APNDICES 66

    APNDICE 67

    ANEXOS 71

    ANEXO 1 71

    ANEXO 2 74

    ANEXO 3 75

  • LISTA DE FIGURAS

    FIGURA 1 - QUADRO DE SOLUES UTILIZADAS PARA HIGIENIZAO DAS MO-

    PAG 16

    FIGURA 2 - FLUXOGRAMA DE LEVANTAMENTO BIBLIOGRFICO PAG 31

    LISTA DE GRFICOS

    GRFICO 3 - OPORTUNIDADES APROVEITADAS E OPORTUNIDADES PERDIDAS EM CADA CATEGORIA PROFISSIONAL- PAG 45

    GRFICO 4 - NDICE DE ADESO A HIGIENIZAO EM RELAO OPORTUNIDADE, POR ESPECIALIDADE - PAG 46

    GRFICO 5- OPORTUNIDADES APROVEITADAS COM LCOOL, OPORTUNIDADES APROVEITADAS COM GUA E SABO E OPORTUNIDADES PERDIDAS EM CADA CATEGORIA PROFISSIONAL - PAG 48

    GRFICO 6 - OPORTUNIDADES APROVEITADAS ADEQUADAMENTE, OPORTUNIDADES APROVEITADAS INADEQUADAMENTE E OPORTUNIDADES PERDIDAS EM CADA CATEGORIA PROFISSIONAL PAG 51

    GRFICO 7 - NDICE DE ADESO ADEQUADA NA HIGIENIZAO EM RELAO OPORTUNIDADE, POR CATEGORIA PROFISSIONAL PAG 53.

    GRFICO 8 - NDICE DE ADESO A HIGIENIZAO COM LCOOL EM RELAO OPORTUNIDADE, POR CATEGORIA PROFISSIONAL. PAG 53

    GRFICO 9 - NDICE DE ADESO ADEQUADA NA HIGIENIZAO DAS MOS EM RELAO OPORTUNIDADE, POR CATEGORIA PROFISSIONAL-PAG 54.

    GRFICO 10 - OPORTUNIDADES APROVEITADAS PELOS ENFERMEIROS, POR MOMENTO- PAG 56.

    GRFICO 11 - OPORTUNIDADES APROVEITADAS PELOS MDICOS, POR MOMENTO. - PAG 56

    GRFICO 12 - OPORTUNIDADES APROVEITADAS PELOS TCNICOS DE ENFERMAGEM, POR MOMENTO. - PAG 57

    GRFICO 13 - OPORTUNIDADES APROVEITADAS PELOS FISIOTERAPEUTAS, POR MOMENTO PAG 58

    GRFICO 14 - OPORTUNIDADES APROVEITADAS PELOS FONOAUDILOGOS, POR MOMENTO. PAG 58

    GRFICO 15 - OPORTUNIDADES APROVEITADAS NA UTI NEONATAL, POR

    MOMENTO. PAG 59.

  • RESUMO

    Situao-problema: O objeto deste estudo a adeso ao uso de soluo

    alcolica para higienizao simples das mos pelos profissionais de sade que atuam na

    Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) da Maternidade Escola da Universidade

    Federal do Rio de Janeiro. Objetivos: Apresenta o seguinte objetivo geral: Determinar a

    adeso ao uso de soluo alcolica para higienizao das mos pelos profissionais de

    sade da UTIN, a partir de observaes realizadas em conformidade com a estratgia

    multimodal da OMS. Tem como objetivos especficos: Elaborar um instrumento de

    observao da higienizao das mos fundamentado no Manual para observadores:

    estratgia multimodal da OMS, considerando as especificidades relacionadas UTI

    Neonatal. Observar a adeso ao uso de soluo alcolica para higiene das mos dos

    profissionais de sade nas oportunidades durante a assistncia ao paciente e a

    adequao da tcnica. Calcular a adeso dos profissionais ao uso de soluo alcolica

    na higiene simples das mos. Bases conceituais: A importncia da higienizao das

    mos na reduo das infeces relacionadas assistncia sade, a unidade de terapia

    intensiva neonatal e o controle de infeco com nfase na estratgia multimodal.

    Metodologia: Estudo quantitativo do tipo observacional, cujos participantes foram os

    membros da equipe multiprofissional que atuam na UTI Neonatal. A coleta de dados se

    deu por meio de sesses de observao baseada nas oportunidades de higienizao das

    mos durante a assistncia ao paciente propostas no Manual para observadores:

    estratgia multimodal da OMS. Resultados e discusso: O ndice global de adeso

    higienizao das mos da UTI neonatal foi elevado em comparao aos estudos

    publicados e destacados pela OMS.Os dados demonstram que a utilizao do lcool na

    higiene das mos predominou, mesmo com erros na tcnica na utilizao da soluo

    alcolica pelos profissionais de sade,h um reconhecimento das indicaes para

    efetivao da adeso.Produto:O produto consiste num instrumento denominado

    formulrio de observao com enfoque na UTI neonatal e um roteiro de orientao para o

    observador registrar as oportunidades de higienizao das mos e o clculo da adeso

    dos profissionais.

    Descritores: Higiene das mos e Pessoal de sade.

  • ABSTRACT

    The object of this study is the adherence to the use of alcoholic solution for

    simple sanitization of the hands by healthcare professionals working in the

    Neonatal Intensive Care Unit (NICU) of maternity School of the Federal University

    of Rio de Janeiro. Objectives: Displays the following general objective: to

    determine the adherence to the use of alcoholic solution for hand hygiene by

    health professionals of the NICU, from observations carried out in accordance with

    the strategy of the multimodal WHO. Has as specific objectives: to draw up an

    instrument of observation of hand hygiene in "Manual for reasoned observers:

    multimodal strategy of WHO", considering the specificities related to neonatal ICU.

    Observe the adherence to the use of alcoholic solution for hand hygiene of health

    professionals in the opportunities during patient care and the adequacy of the

    technique. Calculate the adherence of professionals to the use of alcoholic

    solution in simple hygiene of hands. Conceptual bases: the importance of hand

    washing in the reduction of infections related to health care, the neonatal intensive

    care unit and the control of infection with emphasis on multimodal strategy.

    Methodology: a quantitative study of the observational study, whose participants

    were the multiprofessional team members that act in the neonatal ICU. The data

    collection was carried out through observation sessions based on opportunities for

    hand hygiene during patient care proposals in the "Manual to observers:

    multimodal strategy WHO." Results and Discussion: The overall rate of

    adherence to hand hygiene in the neonatal ICU was high in comparison to other

    studies published and highlighted by WHO.The data shows that the use of alcohol

    on hand hygiene was predominant, even with errors in the technique in the use of

    alcoholic solution by health professionals,there is a recognition of the signs for

    effectuation of membership.

    Product: The product consists of an instrument called the observation form with

    focus in the neonatal ICU and a roadmap of guidance for the observer to register

    opportunities of hand washing and the calculation of the accession of the

    professionals.

    Descriptors: Hand hygiene and health staff

  • RESUMEN

    El objeto de este estudio es el adhesin al uso de solucin alcohlica para

    la desinfeccin simple de las manos por parte de los profesionales sanitarios que

    trabajan en la Unidad de Cuidados Intensivos Neonatales (UCIN) de la

    maternidad de la escuela de la Universidad Federal de Ro de Janeiro. Objetivos:

    muestra el siguiente objetivo general: determinar el adhesin al uso de solucin

    alcohlica para la higiene de las manos por parte de los profesionales de la salud

    de la UCIN, a partir de observaciones realizadas en conformidad con la estrategia

    multimodal de la OMS.Tiene como objetivos especficos: elaborar un

    instrumento de observacin de la higiene de las manos en el "Manual para los

    observadores motivado: estrategia multimodal de la OMS", teniendo en cuenta las

    especificidades relacionadas con UCI neonatales. Observar la adherencia al uso

    de solucin alcohlica para la higiene de las manos de los profesionales de la

    salud en las oportunidades durante la atencin al paciente y la adecuacin de la

    tcnica. Calcular la adherencia de los profesionales para el uso de la solucin

    alcohlica en simple higiene de manos. Bases conceptuales: la importancia de

    lavarse las manos en la reduccin de las infecciones relacionadas con la atencin

    de la salud, la unidad de cuidados intensivos neonatales y el control de la

    infeccin, con nfasis en la estrategia multimodal. Metodologa: estudio

    cuantitativo del estudio observacional, cuyos participantes fueron los miembros

    del equipo multiprofesional que acten en las UCI neonatales. La recoleccin de

    datos se llev a cabo mediante sesiones de observacin basada en

    oportunidades para la higiene de las manos durante la atencin al paciente

    propuestas en el "Manual para los observadores: estrategia multimodal de la

    OMS." Resultados y Discusin: La tasa global de adherencia a la higiene de las

    manos en las UCI neonatales fue alta en comparacin con otros estudios

    publicados y destac por la OMS. Los datos muestran que el consumo de alcohol

    en la higiene de las manos fue predominante, incluso con errores en la tcnica en

    el uso de solucin alcohlica por profesionales de la salud, existe un

    reconocimiento de los signos de efectivacin de membresa.Producto:El producto

    consiste en un instrumento denominado formulario de observacin, con foco en la

    UCI neonatales y una gua de orientacin para el observador para registrar

    oportunidades

    de lavarse las manos y el clculo de la adhesin de los profesionales.

    Descriptores: La higiene de las manos y el personal de salud

  • 1

    1 INTRODUO

    O objeto deste estudo a adeso ao uso de soluo alcolica para

    higienizao simples das mos pelos profissionais de sade que atuam em uma

    Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) de uma maternidade pblica

    federal do municpio do Rio de Janeiro. A higiene das mos um termo geral, que

    se refere a qualquer ao de higienizar as mos para prevenir a transmisso de

    microorganismos e consequentemente evitar que pacientes e profissionais de

    sade adquiram infeces relacionadas assistncia sade.

    De acordo com a Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria (ANVISA), o

    termo engloba a higiene simples das mos, a higiene antissptica, a frico

    antissptica das mos com preparao alcolica, a antissepsia das mos e a

    antissepsia cirrgica das mos. 1,2

    A higiene simples das mos o ato de higienizar as mos com gua e

    sabo comum, sob forma lquida; a higiene antissptica consiste no ato de

    higienizar as mos com gua e sabo associado com agente antissptico; a

    frico antissptica das mos com preparao alcolica inclui a aplicao de

    preparao alcolica nas mos para reduzir a carga de microrganismos sem

    necessidade de enxgue em gua ou secagem com papel toalha ou outros

    equipamentos. A antissepsia cirrgica das mos a eliminao da microbiota

    transitria e reduo da microbiota residente com esponja impregnada com

    antissptico2, 3.

    Relatos mostram pouca adeso aos protocolos de higienizao das mos

    pelos membros da equipe de sade de unidades de tratamento intensivo, em

    especial pelos mdicos e os demais profissionais que lidam com pacientes sob

    precaues de contato. A falha no procedimento problema complexo que pode

    ser causada pela pouca motivao ou pela falta de conhecimento a respeito da

    relevncia da propedutica1, 2,4.

    Algumas das razes apontadas para o descumprimento da prtica de

    higienizao das mos nos servios de sade referem-se falta de equipamentos

    necessrios para a higienizao das mos, como pias, ou sua localizao de

    difcil acesso e a no disponibilizao, pelos servios de sade, como tambm a

  • 2

    falta de produtos e suprimentos para higienizao das mos, que abrange

    sabonetes, preparaes alcolicas e papel toalha4.

    As publicaes sobre a higienizao das mos evidenciam as

    divergncias entre a prtica e o preconizado nos manuais, levando concluso

    que no uma problemtica de fcil e nica soluo. Assim, no contexto da rea

    de sade possvel reconhecer que prticas inadequadas decorrentes do

    comportamento humano, cultura institucional e falta de conhecimento fazem parte

    do cotidiano e acrescentam riscos aos trabalhadores e aos pacientes. Portanto,

    necessrio refletir sobre os determinantes da baixa adeso higienizao das

    mos de acordo com a realidade institucional e explorar alternativas facilitadoras

    para mudanas2, 3.

    Desde 2004, a iniciativa da Organizao Mundial de Sade (OMS) firmada

    com vrios pases atravs da Aliana Mundial para Segurana do Paciente, tem

    como prioridade a higienizao das mos, devido a ser a medida mais importante

    e reconhecida h muitos anos na preveno de infeces relacionadas

    assistncia sade3, 4,5.

    As mos devem ser higienizadas em momentos essenciais e necessrios

    de acordo com o fluxo de cuidados assistenciais para preveno de infeces

    relacionadas assistncia sade causada por transmisso cruzada pelas mos.

    Nesta perspectiva, a Organizao Mundial de Sade (OMS) preconizou em 2009,

    os cinco momentos para higienizao das mos. Sendo eles: antes de tocar no

    paciente, antes de realizar procedimento limpo/assptico, aps exposio a

    fluidos corporais, aps tocar no paciente e aps tocar as superfcies prximas ao

    paciente5.

    A higienizao das mos regida pelas cinco indicaes j citadas. Ento,

    conhecer, entender e reconhecer estas indicaes so os pilares sobre os quais

    se baseia a higienizao das mos. Se os profissionais de sade reconhecerem

    estas indicaes e responderem a elas com a adeso s prticas de higienizao

    das mos, possvel prevenir as infeces relacionadas assistncia sade

    por transmisso cruzada, provocada pelas mos. A ao correta, no momento

    correto, uma garantia de uma assistncia limpa e segura ao paciente5.

  • 3

    A parceria entre a ANVISA e a OPAS/OMS vem contribuindo com o

    desenvolvimento de aes que promovem a segurana do paciente com base em

    evidncias e boas prticas. O primeiro Desafio Global de Segurana do Paciente

    est focado na higienizao das mos. Para a realizao desta interveno foram

    disponibilizadas aos servios de sade inmeras ferramentas da OMS, traduzidas

    para o portugus e impressas, tendo como exemplo o Manual para observadores

    - Estratgia Multimodal da Organizao Mundial de Sade para a melhoria da

    higienizao das mos, que auxiliam na aplicao desta estratgia. Com esta

    iniciativa, a ANVISA espera proporcionar aos profissionais, administradores e

    gestores de servios de sade, conhecimento tcnico para embasar as aes

    relacionadas preveno e reduo da incidncia do agravo e dos bitos

    provocados pelas infeces relacionadas assistncia sade5.

    O interesse por este tema surgiu durante a atuao como coordenadora da

    Comisso de Controle de Infeco Hospitalar, que iniciou em 2006 e ainda

    permanece, na qual foi possvel observar que mesmo aps a participao em 45

    treinamentos realizados entre 2008 e 2012, principalmente, com os profissionais

    da equipe de enfermagem, que atuam na assistncia direta na UTI neonatal,

    adeso s boas prticas de higiene de mos principalmente com a soluo

    alcolica ainda pode ser melhorada e deve ser continuamente estimulada.

    Os treinamentos acima citados ocorreram na sala destinada aos rounds

    multiprofissionais com a utilizao de recursos audiovisuais (notebook e

    datashow) e no interior da UTI neonatal, sempre com a utilizao de almotolias de

    lcool a 70% para demonstrao da tcnica, alm da utilizao de cartazes

    alocados junto s pias de higienizao das mos, que permanecem como fontes

    de orientao da tcnica adequada.

    A necessidade constante de estratgias para estimular e incentivar a

    higienizao das mos um fato que pode ser justificado pela rotatividade de

    pessoal caracterstica da instituio de ensino e pesquisa como o caso da

    maternidade escola. Por outro lado, possvel refletir que o foco dos treinamentos

    tem sido a equipe de enfermagem, tornando - se mais evidente a necessidade do

    treinamento dos demais profissionais, membros da equipe de sade,

    principalmente, os residentes.

  • 4

    Devido ao cenrio deste estudo tratar-se de uma UTI Neonatal, que

    apresenta peculiaridades relacionadas sobrecarga de trabalho e jornadas

    extensas, possvel apreender que em certas condies de trabalho,

    procedimentos rotineiros podem ser negligenciados. Desta forma, o uso das

    estratgias em conjunto com as observaes deve ser fomentado no dia a dia das

    equipes multiprofissionais.

    Esta dissertao de mestrado est inserida na linha de pesquisa o

    contexto do cuidar em sade do Mestrado Profissional Enfermagem Assistencial

    (MPEA) da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa (EEAAC) da

    Universidade Federal Fluminense (UFF), como tambm, contribui para o

    fortalecimento do Ncleo de Estudos e Pesquisas em Cidadania e Gerncia de

    Enfermagem (NECIGEN). Essa linha de pesquisa aborda o processo de gesto

    em enfermagem e inclui aspectos das polticas publicas de sade, como a de

    preveno e controle de IRAS e no caso deste estudo com enfoque no Manual

    para Observadores da Estratgia Multimodal da OMS para a melhoria da

    higienizao das mos.

    1.1 HIPTESE

    A adeso dos profissionais de sade tcnica de higienizao das mos

    com soluo alcolica baixa em relao ao nmero de oportunidades

    observadas durante a assistncia na Uti neonatal.

    1.2 OBJETIVOS

    - Objetivo Geral:

    Determinar a adeso ao uso de soluo alcolica na tcnica de

    higienizao das mos pelos profissionais de sade da Unidade de Terapia

    Intensiva Neonatal, a partir de observaes realizadas em conformidade com a

    estratgia multimodal da OMS.

  • 5

    - Objetivos Especficos:

    1) Elaborar um instrumento de observao da higienizao das mos

    fundamentado no Manual para observadores: estratgia multimodal da OMS,

    considerando as especificidades relacionadas UTI Neonatal.

    2) Observar a adeso ao uso de soluo alcolica na tcnica de higienizao das

    mos dos profissionais de sade nas oportunidades durante a assistncia ao

    paciente, aplicando o instrumento.

    3) Calcular a adeso dos profissionais ao uso de soluo alcolica na higiene

    simples das mos.

    1.3 JUSTIFICATIVA

    As infeces relacionadas assistncia sade (IRAS) representam um

    problema srio e tm um impacto econmico significativo nos pacientes e

    sistemas de sade em todo o mundo. No entanto, a higienizao das mos,

    considerada uma ao simples, mas realizada no momento certo e da maneira

    certa, pode salvar vidas21.

    A Organizao Mundial da Sade (OMS) desenvolveu as Diretrizes da

    OMS sobre Higiene das Mos em Servios de Sade baseadas em evidncias

    cientficas para auxiliar os servios de sade a melhorar a higiene das mos e,

    assim, reduzir as IRAS21. A melhora da prtica de higienizao das mos, de

    forma bem sucedida e sustentada, alcanada por meio da implementao de

    estratgia multimodal, ou seja, um conjunto de aes para transpor diferentes

    obstculos e barreiras comportamentais22.

    A Estratgia Multimodal da Organizao Mundial de Sade - OMS para a

    Melhoria da Higienizao das Mos foi proposta para traduzir, na prtica, as

    recomendaes sobre a higiene das mos e acompanhada por uma ampla

    gama de ferramentas prticas e de implementao prontas para serem aplicadas

    nos servios de sade. A observao direta dos profissionais de sade durante

    sua rotina diria de trabalho a maneira mais precisa de estudar as prticas de

    higienizao das mos. Ela fornece oportunidade para identificar o

    comportamento dos profissionais de sade e para avaliar as lies aprendidas,

  • 6

    bem como as falhas remanescentes. Os resultados da observao ajudam a

    determinar as intervenes mais adequadas para promoo, instruo e

    treinamento de higienizao das mos, tambm, como parte do Desafio Global de

    Segurana do Paciente Uma assistncia limpa uma assistncia mais segura22.

    Nessa perspectiva, a realizao deste estudo importante por atender

    s especificidades da Uti neonatal implementando na prtica as diretrizes do

    manual de observadores da estratgia multimodal da OMS.Assim, o produto

    formulado e aplicado nesta pesquisa apresenta os elementos propostos na

    estratgia multimodal,embora traga inovaes no que se refere observao na

    realizao da tcnica de higienizao das mos ,como tambm o roteiro para

    guiar o olhar do observador.

  • 7

    2 BASES CONCEITUAIS

    Este captulo aborda a fundamentao terica que alicera este estudo,

    cuja temtica se refere adeso higienizao das mos como principal fator

    preventivo de infeco relacionada assistncia sade. Est estruturado

    trazendo aspectos importantes no controle de infeces relacionadas

    assistncia sade no contexto dos SUS e sua especificidade na Uti

    neonatal.Utiliza as diretrizes da Estratgia Mutiltimodal da OMS,atravs das

    orientaes contidas no manual de observadores,que traduz as normas que

    servem de base para as aes de preveno de infeco e incremento de

    melhoria da adeso higienizao das mos, com utilizao de instrumento de

    mensurao para efetiva interveno.

    2.1 O CONTROLE DE INFECES RELACIONADAS ASSISTNCIA

    SADE NO CONTEXTO DOS SUS

    Em 1998, foi institudo o Programa Nacional de Controle de Infeco

    Hospitalar, pela Portaria n2616, que dispe sobre a obrigatoriedade da

    manuteno pelos hospitais do pas de Programa de Controle de Infeces

    Hospitalares, por considerar que essas infeces constituem risco significativo

    sade dos usurios dos hospitais, e sua preveno e controle envolvem medidas

    de qualificao da assistncia hospitalar, da vigilncia sanitria e outras, tomadas

    no mbito do Estado, do Municpio e de cada hospital, pertinentes a seu

    funcionamento6.

    O Programa de Controle de Infeces Hospitalares (PCIH) um conjunto

    de aes desenvolvidas deliberada e sistematicamente, com vistas reduo

    mxima possvel da incidncia e da gravidade das infeces hospitalares.

    Segundo a Portaria n 2616, para a adequada execuo do PCIH os hospitais

    devem constituir Comisso de Controle de Infeco Hospitalar (CCIH), que um

    rgo de assessoria autoridade mxima da instituio e de execuo das aes

    de controle de infeco hospitalar6.

    Desta forma, a CCIH composta por profissionais da rea de sade, de

    nvel superior, formalmente designados e o seu presidente ou coordenador deve

    ser qualquer um dos membros da mesma, indicado pela direo do hospital. Os

  • 8

    membros que a compem so de dois tipos, consultores e executores. Os

    membros consultores so representantes dos seguintes servios: servio mdico,

    servio de enfermagem, servio de farmcia, laboratrio de microbiologia e

    administrao6.

    Os membros executores da CCIH representam o Servio de Controle de

    Infeco Hospitalar e, portanto, so encarregados da execuo das aes

    programadas de controle de infeco hospitalar. Os membros executores so, no

    mnimo, 2 (dois) tcnicos de nvel superior da rea de sade para cada 200

    (duzentos) leitos ou frao deste nmero com carga horria diria, mnima, de 6

    (seis) horas para o enfermeiro e 4 (quatro) horas para os demais profissionais; um

    dos membros executores deve ser preferencialmente, um enfermeiro6.

    Em 1999, com a constituio da ANVISA, a Portaria 1.241 desse mesmo

    ano, repassou as atividades de controle de infeces hospitalares para a

    Gerncia de Controle de Riscos sade. Nos anos seguintes vrias estratgias

    com foco no controle de infeces foram institudas como, no ano 2000, a RDC n

    48, que dispe sobre o Roteiro de Inspeo que estabelece a sistemtica para a

    avaliao do cumprimento de aes do Programa de Controle de Infeco

    Hospitalar. Tambm, a partir de 2001, a ANVISA iniciou um projeto de diagnstico

    do controle de IRAS no Brasil. J em 2002, em parceria com a OPAS, foi

    desenvolvido um inqurito nacional sobre os laboratrios de microbiologia do

    Brasil. No ano de 2003, foi criada a Unidade de Controle de Infeco Hospitalar

    (UCISA), que passou a ser denominada como Gerncia de Investigao e

    Preveno das Infeces e dos Eventos Adversos (GIPEA) 7.

    A ANVISA lanou, em 2009, um documento dirigido para situaes de

    pacientes em UTI e criou a meta nacional de reduo da Infeco Primria da

    Corrente Sangunea (IPCS) associada ao cateter venoso central (CVC) 7.

    Em 2011, ocorreu uma reformulao da ANVISA passando o programa nacional a

    ser conduzido pela Gerncia de Vigilncia e Monitoramento em Servios de

    Sade (GVIMS). Neste mesmo ano, a RDC n 63 determinou o estabelecimento

    de estratgias e aes voltadas para a segurana do paciente, incluindo a

    preveno de infeces relacionadas assistncia sade. No ano de 2012, foi

    instituda a Comisso Nacional de Preveno e Controle de Infeces

  • 9

    Relacionadas Assistncia Sade (CNCIRAS) por meio da Portaria 158 da

    ANVISA7.

    Em abril de 2013 foi publicada a Portaria MS/GM n 529 que institui o

    Programa Nacional de Segurana do Paciente (PNSP), o qual contempla no seu

    escopo as IRAS. Esse movimento foi impulsionado pela resoluo aprovada

    durante a 57 Assembleia Mundial da Sade, que recomendou aos pases

    ateno ao tema "Segurana do Paciente. Em julho deste mesmo ano, a ANVISA

    publicou a RDC n36 que institui aes de segurana do paciente em servios de

    sade dentre as quais, aquelas voltadas para a preveno e controle das IRAS. 7

    As gestes de riscos voltadas para a qualidade e segurana do paciente

    englobam princpios e diretrizes, tais como a criao de cultura de segurana; a

    execuo sistemtica e estruturada dos processos de gerenciamento de risco; a

    integrao com todos os processos de cuidado e articulao com os processos

    organizacionais dos servios de sade; as melhores evidncias disponveis; a

    transparncia, a incluso, a responsabilizao e a sensibilizao e capacidade de

    reagir a mudanas; e a necessidade de se desenvolver estratgias, produtos e

    aes direcionadas aos gestores, profissionais e usurios da sade sobre

    segurana do paciente, que possibilitem a promoo da mitigao da ocorrncia

    de evento adverso na ateno sade8.

    Ainda, em 2013, foi institudo o Programa Nacional de Preveno e

    Controle de Infeces Relacionadas Assistncia Sade (PNPCIRAS), que se

    refere a um perodo de tempo determinado, ou seja, de 2013 ao ano de 2015.

    Esse programa fruto da avaliao dos componentes essenciais preveno e

    controle de infeces relacionadas assistncia sade (IRAS), segundo a

    OMS. Os componentes essenciais avaliados so: Organizao do programa;

    Guias de recomendao tcnica; Recursos humanos; Vigilncia de IRAS; Suporte

    de Laboratrio de microbiologia; Ambiente; Monitoramento e Avaliao; e

    Ligaes com sade pblica. No Brasil, os avaliadores foram os membros

    constitudos da CNCIRAS. Os resultados finais foram discutidos na CNCIRAS,

    visando direcionar as estratgias de planejamento para elaborao do

    PNPCIRAS. Mas, com essa avaliao foi possvel detectar a necessidade de se

    uniformizar as aes e condutas para preveno e controle das IRAS, para

  • 10

    viabilizar a produo de indicadores, que torne efetiva a mensurao dos

    resultados obtidos com os esforos empreendidos8.

    2.2 A IMPORTNCIA DA HIGIENIZAO DAS MOS NA REDUO DAS

    INFECES RELACIONADAS ASSISTNCIA SADE

    As infeces relacionadas assistncia sade constituem um problema

    grave e um grande desafio, exigindo dos responsveis pelos servios de sade,

    aes efetivas de preveno e controle. Tais infeces ameaam tanto os

    pacientes quanto os profissionais de sade, podendo acarretar sofrimentos e

    resultar em gastos excessivos para o sistema de sade4.

    Alm da suscetibilidade do indivduo doente aos processos infecciosos,

    existem diversos fatores que contribuem para o aparecimento das infeces

    relacionadas assistncia sade (IRAS). Entre eles, observam-se: o estado

    clnico e/ou a suscetibilidade do hospedeiro; falta de adoo de medidas

    preventivas na realizao dos procedimentos; manipulao inadequada de

    substncias (uso indiscriminado de antisspticos e antibiticos), os descuidos nas

    medidas de segurana na preparao e conservao dos hemoderivados ou nas

    prescries de solues parenterais, que aumentam a possibilidade da introduo

    de bactrias no organismo do paciente2.

    A portaria 2616, de maio de 1998, foi a primeira a estabelecer as aes

    mnimas a serem desenvolvidas sistematicamente, com vistas reduo da

    incidncia e da gravidade das infeces relacionadas sade. Posteriormente, a

    RDC n50 da ANVISA, de fevereiro 2002, que dispe sobre normas e projetos

    fsicos de Estabelecimento Assistenciais de Sade, favoreceram ainda mais

    essas aes. Tais instrumentos normativos reforam o papel de boas prticas na

    preveno e no controle das infeces relacionadas assistncia a sade4.

    De acordo com a RDC 50, todos os lavatrios, pias e lavabos cirrgicos

    devem possuir torneiras ou comandos do tipo que dispensem o contato das mos

    quando do fechamento da gua. Junto a estes deve existir proviso de sabonete,

    alm de recursos para secagem das mos. Nos ambientes em que sejam

    executados procedimentos invasivos, dispensados cuidados a pacientes crticos

  • 11

    e/ou nos quais a equipe de assistncia tenha contato direto com feridas e/ou

    dispositivos invasivos4.

    Entre os equipamentos necessrios para higienizao das mos esto

    includos os lavatrios/pias, lavabo cirrgico, dispensadores de sabonete e

    antisspticos, porta-papel toalha e lixeira para descarte do papel toalha4.

    O lavatrio exclusivo para higienizao das mos, possui formato e

    dimenso variada devendo ter profundidade suficiente para que o profissional de

    sade lave as mos sem encost-las nas paredes laterais ou bordas da pea e

    tampouco na torneira, alm de evitar respingos nas laterais4.

    O lavabo cirrgico exclusivo para o preparo cirrgico das mos e

    antebraos, possui rea suficiente para permitir a lavagem do antebrao sem que

    o mesmo toque no equipamento4.

    Antes que seja efetuada a compra dos dispensadores de sabonete e

    antisspticos deve-se realizar a avaliao para assegurar seu correto

    funcionamento, facilidade de limpeza, liberao de volume suficiente do produto e

    existncia de dispositivos que no favoream a contaminao do sabonete lquido

    e produto antissptico. Existem recomendaes que devem ser seguidas para

    preveno de contaminao das solues, que incluem os dispensadores

    possurem dispositivos que facilitem seu esvaziamento e preenchimento, no caso

    dos recipientes de sabonete lquido e antissptico no serem descartveis.

    Tambm, preconiza proceder limpeza destes com gua e sabo, desprezando o

    produto residual e realizando a secagem. Outra recomendao refere que o

    contedo do recipiente no deve ser completado antes do trmino do produto,

    devido ao risco de contaminao importante optar por dispensadores de fcil

    limpeza e que evitem o contato direto com as mos. Preferencialmente, devem

    ser escolhidos o tipo refil e a limpeza deste ser realizada no momento da troca do

    refil. O acionamento desses dispensadores pode ser manual ou automtico,

    sendo indicado o uso preferencialmente dos modelos descartveis, acionados por

    cotovelos, ps ou clulas fotoeltrica4.

    O porta papel toalha deve ser fabricado, de preferncia, com material que

    no favorea a oxidao, sendo de fcil limpeza. A instalao ser de tal forma que

    ele no receba respingo de gua e sabonete. necessrio o estabelecimento de

  • 12

    rotinas de limpeza e de protocolos de reposio do papel pelos servios de

    sade. Ainda recomenda que junto aos lavatrios e s pias deve sempre existir

    um recipiente para acondicionamento do material utilizado na secagem das mos,

    esse recipiente ser de fcil limpeza com tampa articulada com acionamento de

    abertura sem utilizao das mos4.

    A gua e o papel toalha constituem, respectivamente, insumos e

    suprimento imprescindveis para a prtica da higienizao das mos nos servios

    de sade. A qualidade da gua utilizada nos servios de sade de fundamental

    importncia para as prticas de higienizao das mos. A gua deve ser livre de

    contaminantes qumicos e biolgicos, obedecendo portaria GM/MS n518 de

    2004, que estabelece os procedimentos relativos ao controle e a vigilncia da

    qualidade deste insumo. Os reservatrios construdos conforme as normas

    vigentes, alm de possuir tampa ser frequentemente limpos e desinfetados, como

    tambm submetidos, semestralmente, a controles microbiolgicos4.

    O papel toalha utilizado para a secagem das mos deve ser suave,

    composto por 100% de fibras celulsicas, sem fragrncia, impureza ou furos, no

    liberar partculas e possuir boa propriedade de secagem. Deve ser de preferncia

    em bloco ou rolo que possibilitam o uso individual, folha a folha. O uso coletivo de

    toalhas de tecido contraindicado, pois estas podem permanecer midas,

    favorecendo a proliferao bacteriana4.

    O secador eltrico no indicado para a higienizao das mos nos

    servios de sade, pois raramente o tempo necessrio para a secagem

    obedecido, alm de haver dificuldade no seu acionamento e tambm pode

    acumular microrganismos em seu interior. O acionamento manual de certos

    modelos de aparelho tambm pode permitir a recontaminao das mos4.

    As bases de controle de infeco so construdas sobre diversas

    precaues simples e bem estabelecidas que demonstram ser eficazes e

    amplamente avaliadas. As precaues padro incluem todos os princpios bsicos

    de Controle de Infeco obrigatrios em todas as unidades de assistncia de

    sade5.

    Desde 1846, a higienizao das mos considerada a mais importante

    medida para reduzir a transmisso de infeces nos servios de sade.

  • 13

    Atualmente, a ateno segurana do paciente envolvendo o tema higienizao

    das mos tem sido prioridade, atravs da Aliana Mundial para a Segurana do

    Paciente, que consiste num conjunto de iniciativas da Organizao Mundial da

    Sade criadas para reduo dos problemas relacionados a esta questo, devido

    s mos serem consideradas as principais ferramentas dos profissionais que

    atuam nos servios de sade, pois atravs delas que eles executam suas

    atividades. Assim, a segurana dos pacientes, nesses servios, depende da

    higienizao cuidadosa e frequente das mos dos profissionais, uma vez que est

    no centro das precaues padro e a medida de controle de infeco mais

    eficaz5.

    As mos dos profissionais de sade tornam-se cada vez mais colonizadas

    com microorganismos e potenciais agentes patognicos durante o cuidado aos

    pacientes. Ressalta-se que quanto mais longa for durao do cuidado, maior

    ser o grau de contaminao das mos, quando a ao de higienizao das mos

    no ocorre. A adeso dos profissionais de sade s boas prticas tem sido

    extremamente baixa em diversos centros, entretanto as estratgias para

    aperfeioar a higienizao das mos, quando adotadas, tm levado a reduo

    substancial de taxas de infeco relacionada assistncia sade5.

    A higienizao das mos a ao mais importante na preveno e no

    controle das infeces relacionadas assistncia sade, pois com a adeso s

    boas prticas h melhoria da qualidade no atendimento ao paciente e

    consequentemente, reduo de morbidade e da mortalidade, como tambm,

    reduo de custos associados ao tratamento dos quadros infecciosos4.

    As principais intervenes no sentido de melhoria adeso higienizao

    das mos tm sido direcionadas para mudanas nos processos e protocolos de

    assistncia sade que enfatizam a higienizao das mos precedendo as

    atividades e no comportamento dos profissionais de sade, por meio de adoo

    de produtos alcolicos5. Tambm, necessria a implantao de programas

    efetivos com campanhas educativas peridicas, lembretes com adesivos e

    cartazes e folder com tcnica adequada de higienizao das mos nas

    instituies de sade2.

  • 14

    As melhorias combinam com outras medidas de controle de infeco que

    tem sido eficazes na reduo da transmisso de agentes patognicos prejudiciais

    tanto em situaes de surto quanto nas endmicas5.

    As estratgias comuns para melhorar o desempenho da prtica incluem

    educao, marketing social, mudana de sistemas, auditoria e feedback. No que

    diz respeito higiene das mos, extenso material educacional e de "marketing"

    tm sido esforos realizados pelos Centros de Controle e Preveno de Doenas,

    alm das diretrizes da OMS publicados na ltima dcada, resultaram em sistemas

    revolucionrios que envolvem mudana no uso de antisspticos para as mos e

    nfase no ponto que se refere disponibilidade de produtos. No entanto,

    evidncias de qualquer impacto sustentado destas intervenes so escassas e

    no so particularmente encorajadoras17.

    Mesmo a higienizao sendo, comprovadamente, uma importante medida

    para o controle da infeco hospitalar, as mos dos profissionais de sade

    continua sendo a fonte mais frequente de contaminao e disseminao. Existem

    vrias razes para dificultar a adoo das recomendaes de lavagem das mos,

    nos nveis individual, grupal ou institucional, que envolvem complexidade dos

    processos de mudana comportamental. Um fator de estmulo dessa mudana

    refere-se s intervenes que devem ser feitas no somente com base no

    conhecimento, mas com base em treinamentos repetidos e em programas que

    forneam o resultado do desempenho aos profissionais5.

    2.3 PRODUTOS UTILIZADOS NA HIGIENIZAO DAS MOS

    Para prevenir a transmisso de microorganismos pelas mos, trs

    elementos so essenciais para essa prtica: agente tpico com eficcia

    antimicrobiana, procedimento adequado ao utiliz-lo, com tcnica adequada e no

    tempo preconizado e adeso regular ao seu uso, nos momentos indicados. No

    servio de sade existem produtos determinados para a higienizao das mos

    que so o sabonete comum e os antisspticos como lcool, clorexidina,

    iodo/iodforos e triclosan4.

    Ao decidir pela escolha do produto para higienizao das mos, o

    profissional dever levar em considerao a necessidade de remoo da

  • 15

    microbiota transitria e/ ou residente. Os produtos contendo anti-sptico que

    exercem efeito residual na pele das mos podem ser indicados nas situaes em

    que h necessidade de reduo prolongada da microbiota como em cirurgias e

    procedimentos invasivos. A escolha deve ser baseada nas orientaes da

    Comisso de Controle de Infeco Hospitalar (CCIH) e da Comisso de Farmcia

    e Teraputica (CTP). Na aquisio de produtos destinados higienizao das

    mos, deve-se verificar se estes esto registrados na ANVISA, atendendo s

    exigncias especficas para cada produto4.

    A escolha de produtos adequados para a prtica da higienizao das mos

    fundamental para melhor adeso pelos profissionais de sade e minimizao

    dos efeitos adversos provocados pelos mesmos. Algumas estratgias so

    importantes para reduzir os efeitos adversos como racionalizar as indicaes da

    prtica de higienizao das mos, por meio da reduo da exposio

    desnecessria aos produtos; substituir produtos que causam ressecamento,

    irritao e dermatites por outros que causam menos danos pele,

    disponibilizando produtos contendo mais emolientes; educar os profissionais

    quanto s medidas de preveno de dermatites de contato e ressecamento com o

    uso dirio de creme hidratante para pele das mos; evitar gua muito quente ou

    muito fria na higienizao das mos, a fim de prevenir o ressecamento da pele;

    enxaguar bem as mos para remover todo o resduo de produtos qumicos e

    secar bem as mos antes de calar as luvas. Enfim, favorecer o entendimento do

    profissional de sade de que a prtica da higienizao das mos essencial para

    o planejamento de intervenes nos servios de sade4.

  • 16

    2.3.1 QUADRO DE SNTESE DA PUBLICAO DA ANVISA SEGURANA

    DO PACIENTE EM SERVIOS DE SADE-HIGIENIZAO DAS MOS

    ACERCA DOS PRODUTOS UTILIZADOS

    PRODUTOS CARACTERSTICAS AO

    ANTIMICROBIANA EFICCIA

    Sabonete comum

    Pode ser apresentado sob vrias formas: em preparaes lquidas e em espuma.

    No contm agentes antimicrobianos ou os contm em baixas concentraes.

    Remoo de sujeira, de substncias orgnicas e da microbiota transitria, tornando as mos limpas, que normalmente dura em mdia, 8 a 20 segundos.

    Gluconato de

    clorexidina

    pouco solvel em gua, formulaes aquosas ou detergentes contendo 0,5%%, 0,75% ou 1% de clorexidina so mais efetivas que sabonetes no associados a anti-spticos, mas menos efetivas que solues detergentes contendo gluconato de clorexidina a 4%.

    Apresenta boa atividade contra bactrias Gram-positivas, menor atividade contra bactrias Gram-negativas e fungos, mnima atividade contra micobactrias e no esporicida. A atividade antimicrobiana imediata ocorre mais lentamente.

    Seguro e a absoro pela pele mnima, seno nula. Apresenta efeito residual importante, em torno de seis horas.

    Iodforos

    rapidamente inativado em presena de matria orgnica, como sangue e escarro sua atividade antimicrobiana tambm pode ser afetada pelo pH, temperatura, tempo de exposio, concentrao e quantidade/tipo de matria orgnica e compostos inorgnicos presentes.

    Tem atividade ampla contra bactrias Gram-positivas e Gram negativas bacilo da tuberculose, fungos e vrus (exceto enterovrus), possuindo alguma atividade contra esporos.

    O efeito residual controverso quando ocorre enxge aps a higienizao anti-sptica das mos, os mesmos podem causar menos irritao da pele e menos reaes alrgicas que o iodo, porm causam mais dermatite de contato irritativa

    Triclosan um derivado fenlico, incolor pouco solvel em gua, mas solvel em lcool e em detergentes aninicos.

    Ao bacteriana por difuso na parede bacteriana, resultando na inibio ou morte bacteriana, pois tem um amplo espectro na atividade antimicrobiana. A velocidade de ao iantimicrobiana intermediria.

    O efeito residual minimamente afetado por matria orgnica.

  • 17

    2.3.2 ALGUMAS CONSIDERAES SOBRE OS ALCOIS

    Em geral, a atividade antimicrobiana dos alcois se eleva com o aumento

    da cadeia de carbono, porm sua solubilidade em gua diminui. Somente os

    alcois alifticos so completamente miscveis em gua e preferencialmente, o

    etanol, o isopropanol e o n-propanol so usados como produtos para higienizao

    das mos. A maioria das solues base de lcool para antissepsia das mos

    contm etanol (lcool etlico), isopropanol (lcool isoproplico), n-propanol ou

    ainda, uma combinao de dois produtos. A ao predominante dos alcois

    consiste na desnaturao e coagulao das protenas. A coagulao das

    protenas, induzida pelo lcool, ocorre na parede celular, na membrana

    citoplasmtica e entre vrias protenas plasmticas. Essa interao do lcool com

    as protenas levou a hiptese da interferncia de sujidade contendo protenas na

    anti-sepsia e desinfeco. De um modo geral, os alcois apresentam rpida ao

    e excelente atividade bactericida e fungicida em relao a todos os agentes

    utilizados na higienizao das mos. Desta forma, solues alcolicas entre 60%

    e 80% so mais efetivas e 5 concentraes mais altas so menos potentes, pois

    as protenas no se desnaturam com facilidade na ausncia de gua4.

    Os produtos alcolicos so mais efetivos na higienizao das mos de

    profissionais de sade quando comparados aos sabonetes comuns ou sabonetes

    associados a anti-spticos. Em estudo relacionado s bactrias multirresistentes,

    os produtos alcolicos foram mais efetivos na reduo destes patgenos das

    mos de profissionais de sade do que a higienizao das mos com gua e

    sabonete. Ressaltando que a eficcia de preparaes alcolicas para

    higienizao das mos afetada por vrios fatores: tipo, concentrao, tempo de

    contato, frico e volume de lcool utilizado, como tambm, se as mos estavam

    molhadas no momento da aplicao do lcool4.

    Os produtos alcolicos usados para higienizao das mos em servios de

    sade esto disponveis nas formas de soluo lquida, gel e espuma. Importante

    ressaltar que os dispensadores e almotolias de lcool devem ser projetados para

    minimizar sua evaporao e manter a concentrao inicial, uma vez que o lcool

    voltil. As formulaes alcolicas tm sido indicadas como produto de escolha

    para higienizao das mos, se no houver sujidade visvel nestas, pois

  • 18

    promovem a reduo microbiana, requerem menos tempo para a aplicao e

    causam menos irritao do que a higienizao com gua e sabonete ou

    antisspticos, alm de facilitar a disponibilidade em qualquer rea do servio de

    sade4.

    2.4 A UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA NEONATAL E O

    CONTROLE DE IRAS

    As Unidades de terapia intensiva, em especial a neonatal tm pacientes

    graves que so submetidos a procedimentos invasivos e tm maior risco para

    eventos adversos, entre esses as infeces relacionadas assistncia sade

    (IRAS), as mos dos profissionais de sade constituem fonte e veculo de

    transmisso de microrganismo entre diversos stios corporais de um mesmo

    paciente, entre pacientes, e reciprocamente entre esses ambientes e o ambiente

    da assistncia. Para reduzir a carga microbiana, recomenda-se higienizao das

    mos com soluo alcolica, sabonete lquido ou soluo degermante. Tambm o

    ambiente assistencial tem papel importante na epidemiologia das infeces visto

    que superfcies contaminadas, frequentemente manipuladas por profissionais,

    podem atuar como fonte de transmisso de microrganismos, que se d

    principalmente pelas mos2, 16.

    Neste contexto, a realizao da higienizao das mos durante a prtica

    profissional em sade ao paciente crtico como forma de prevenir as infeces

    relacionadas assistncia sade pode se constituir na oportunidade de

    interrupo da principal forma de transmisso de patgenos, qual seja o contato

    direto entre o profissional, o paciente e o ambiente de assistncia16.

    Em fevereiro de 2010, foi instituda a resoluo n7 da ANVISA que dispe

    sobre os requisitos mnimos para funcionamento de Unidades de Terapia

    Intensiva, que define Unidade de Terapia Intensiva Neonatal como sendo a

    destinada assistncia a pacientes admitidos com idade entre 0 e 28 dias. Tendo

    como uma das medidas para preveno de infeces relacionadas assistncia

    sade: disponibilizar os insumos, produtos, equipamentos e instalaes

    necessrios para as prticas de higienizao de mos de profissionais de sade e

    visitantes; os lavatrios para higienizao das mos devem estar disponibilizados

  • 19

    na entrada da unidade, no posto de enfermagem e em outros locais estratgicos

    definidos pela CCIH e possuir dispensador com sabonete lquido e papel toalha;

    as preparaes alcolicas para higienizao das mos devem estar

    disponibilizadas na entrada da unidade, entre os leitos e em outros locais

    estratgicos definidos pela CCIH14.

    As infeces relacionadas assistncia sade voltada para o recm

    nascido abrangem aquelas que acometem os perodos pr-natal, perinatal e

    neonatal. A ocorrncia das infeces neonatais correlaciona-se, principalmente,

    com peso ao nascimento, uso de cateter venoso central (CVC) e tempo

    prolongado de ventilao mecnica. Muitos outros fatores tambm podem ter forte

    correlao com a incidncia de infeces, como falta de treinamento de pessoal,

    pequeno contingente de profissionais na unidade assistencial, uso inadequado de

    antimicrobiano e ausncia de vigilncia13.

    As principais causas de infeces em unidades neonatais so: as mos

    dos profissionais e os equipamentos contaminados, solues contaminadas por

    via enteral (leite) e parenteral (hemoderivados, medicamentos, nutrio

    parenteral) e presena de flora multirresistentes selecionada por uso excessivo de

    antimicrobianos nas unidades neonatais13.

    Algumas medidas de preveno as infeces relacionadas assistncia

    sade na UTI neonatal so consideradas imprescindveis, como: treinamento

    adequado, tendo como foco principal a higienizao das mos com uso de

    soluo alcolica em momentos adequados; uso racional de antimicrobianos;

    internao criteriosa; rastreamento adequado de bactria multirrestente13.

    De acordo com a portaria 930 de maio de 2012 do Ministrio da Sade, fica

    definida as diretrizes e objetivos para organizao da ateno integral e

    humanizada ao recm-nascido grave ou potencialmente grave e os critrios de

    classificao e habilitao de leitos de Uti Neonatal no mbito do Sistema nico

    de Sade(SUS). De acordo com definio de Uti neonatal tipo II, deve funcionar

    em estabelecimento hospitalar cadastrado no Sistema de Cadastro Nacional de

    Estabelecimentos de Sade (SCNES) e que possuam no mnimo 80 (oitenta)

    leitos gerais, dos quais 20 leitos obsttricos, com a seguinte estrutura mnima:

    centro cirrgico, servio radiolgico convencional, servio de

  • 20

    ecodopplercardografia, hemogasmetro 24 horas e banco de leite humano ou

    unidade de coleta15.

    Considerando a complexidade da assistncia, em UTI neonatal, a adeso

    higienizao das mos inversamente proporcional s oportunidades, deste

    modo, em locais que demandam maior nmero de oportunidades, a taxa de

    adeso menor. Desta forma, necessrio que haja investigaes que busquem

    compreender o que est envolvido no que se refere adeso13.

    2.5 ESTRATGIA MULTIMODAL: PROMOO DA HIGIENIZAO

    DAS MOS

    A dcada de 1980 representou um marco na evoluo de conceitos de

    higiene das mos nos cuidados de sade e as primeiras orientaes nacionais de

    higiene das mos foram publicados neste perodo. Em 1995 e 1996, o CDC /

    Sade Prticas de Controle Comit Consultivo nos EUA recomendou que sabo

    antimicrobiano ou um agente anti-sptico sem gua deve ser utilizado para a

    limpeza de mos em quartos de pacientes com patgenos multirresistentes. Mais

    recentemente, as orientaes do Comit Consultivo de 2002 definiu soluo

    base de lcool, se disponveis, como o padro de cuidados para as prticas de

    higiene das mos em ambientes de cuidados de sade, enquanto que a lavagem

    das mos reservada somente para situaes particulares. As presentes

    orientaes que baseiam este documento anterior, representam a mais ampla

    reviso das evidncias na literatura relacionadas com a higiene das mos. Tm

    como objetivo alargar o mbito de recomendaes para uma perspectiva global

    sobre questes controversas relacionadas com a higiene das mos nos cuidados

    de sade e propor uma abordagem prtica para a implementao bem-

    sucedida18.

    Desde 2008 surgiu uma proposta da Organizao Mundial de Sade

    denominada estratgia multimodal, que para sua aplicao utiliza o manual para

    observadores com objetivo de melhorar prtica de higienizao das mos. As

    estratgias multimodais so as abordagens mais eficazes para promover as

    prticas de higienizao das mos e exemplos bem sucedidos tm demonstrado

    sua eficcia na reduo de infeces relacionadas assistncia sade5.

  • 21

    A OMS recomenda como padro - ouro para a higienizao das mos o

    uso de solues alcolicas frente eficcia, baixa exigncia em infraestrutura,

    pouco tempo para aplicao e boa tolerncia da pele5, 16.

    Existem elementos chave para o sucesso das estratgias multimodais junto

    equipe que incluem: programa de motivao, adoo de produtos alcolicos como

    padro ouro, o uso de indicadores de desempenho e o forte comprometimento de

    todas as partes interessadas tais como equipe da linha de frente, gerentes e

    lderes de sade5.

    A higienizao das mos pode ser praticada friccionando as mos com

    uma preparao alcolica (gel ou soluo) para as mos ou higienizao das

    mos com gua e sabo. A maneira mais eficaz de garantir uma excelente

    higienizao das mos utilizar uma preparao alcolica que tenha as seguintes

    vantagens imediatas: eliminao da maioria dos microorganismos, disponibilidade

    de preparao alcolica perto do ponto de assistncia/tratamento, pouco tempo

    necessrio para realizao e eficcia (20-30 segundos) e boa tolerncia da pele5.

    De acordo com as recomendaes da OMS, quando h disponibilidade de

    preparao alcolica para higienizao das mos, essa deve ser usada como

    primeira escolha. Os profissionais de sade devem, em condies ideais,

    proceder higienizao das mos no ponto e no momento de

    assistncia/tratamento. Refere-se a ponto de assistncia/tratamento como o local

    onde ocorrem trs elementos: o paciente, o profissional de sade e a assistncia

    ou tratamento envolvendo o contato com o paciente5.

    As indicaes para higienizao das mos correspondem a momentos

    precisos durante a assistncia ao paciente, elas deveriam ajudar os profissionais

    de sade a localizar os momentos chave e integrar a higienizao das mos nas

    suas atividades respectivas, independentemente do ambiente de assistncia em

    que trabalham e o tipo de cuidado que prestam. As indicaes tambm devem

    facilitar o fornecimento de treinamento em higienizao das mos e a avaliao

    de suas prticas5.

    A necessidade de higienizao das mos est intimamente ligada s

    atividades dos profissionais de sade dentro de ambientes especficos, assim

    como as indicaes para higienizao das mos dependem dos movimentos dos

  • 22

    profissionais de sade entre reas geogrficas distintas (ambiente de

    assistncia/cuidado e as reas prximas ao paciente) e as tarefas executadas

    nessas reas5.

    Para melhor entendimento da estratgia multimodal necessrio o

    conhecimento de alguns termos a serem utilizados: ambiente de assistncia,

    reas prximas ao paciente, contato, procedimento assptico, fluidos corporais,

    risco de exposio, profissionais de sade, atividade de assistncia, indicao e

    oportunidade5. Esses termos sero explicados a seguir:

    - O ambiente de assistncia considerado todos aqueles elementos que formam

    ambiente de assistncia ao paciente (objetos, equipamentos mdicos e pessoas

    presentes no hospital, clnica ou ambulatrio) 5.

    - reas prximas ao paciente um local restrito ao ambiente de assistncia,

    temporariamente destinado a um paciente, incluindo equipamentos (vrios

    dispositivos mdicos), moblia (cama, mesa de cabeceira) e pertences pessoais

    (roupa, livros) manuseado pelo paciente e pelos profissionais de sade ao prestar

    assistncia ao paciente. O ambiente de assistncia e reas prximas ao paciente

    so sempre considerados em relao a cada paciente5.

    - O contato pode ser visto por duas vertentes: em relao ao paciente e as reas

    prximas ao paciente. No contato com o paciente refere-se s mos dos

    profissionais de sade que tocam a pele ou as roupas do paciente e o contato

    com as reas prximas ao paciente, em relao s mos dos profissionais de

    sade no toque de objetos e superfcies inanimadas nas proximidades do

    paciente5.

    - Procedimento assptico realizado por um profissional de sade de forma a

    evitar a contaminao ou a inoculao por microorganismos podendo existir toque

    direto ou no com: mucosa, pele ferida, dispositivo invasivo (cateter, sonda) ou

    um equipamento mdico5.

    - Os fluidos corporais so considerados sangue ou qualquer outra substncia

    secretada pelo corpo (mucosa, saliva, esperma, lgrima, com cerume, leite, etc.),

    excretada (urina, fezes, vmito) e ex e transudada (fluido pleural, fluido crebro-

    espinhal, fluido ascite, com exceo de suor). Por extenso ainda pode-se citar as

  • 23

    amostras corporais (amostra de bipsia, rgo, amostras biolgicas, etc.) que so

    assimiladas por fluidos corporais5.

    - Refere-se ao risco de exposio a exposio potencial e real a fluidos

    corporais5.

    - So considerados profissionais de sade, os que estejam em contato direto ou

    indireto com pacientes e seus ambientes por meio de equipamentos ou produtos

    mdicos durante suas atividades e devem se preocupar com a higienizao das

    mos. Enfatizando que as maneiras de transmisso de microorganismos podem

    ser diferenciadas dependendo da atividade, mas, de forma alguma determinam a

    escala de risco associada transmisso em situao especfica que sempre

    desconhecida5.

    - Atividades de assistncia sade so todas as atividades no ambiente de

    servio de sade que envolvam contato direto ou indireto com pacientes. Por essa

    razo, todas as pessoas envolvidas com a prestao de assistncia sade so

    responsveis por impedir a transmisso de microrganismos quando as indicaes

    para a higienizao das mos estiverem presentes durante as atividades de

    assistncia sade. No que se refere adeso higienizao das mos durante

    as atividades de assistncia sade, cada profissional de sade tem

    responsabilidade pessoal pela higienizao das mos5.

    A atividade de assistncia sade descrita como uma sucesso de

    procedimentos durante os quais as mos dos profissionais de sade tocam tipos

    diferentes de superfcies (paciente, objeto, fluido corporal, etc.). Dependendo da

    ordem em que esses contatos ocorrem, a transmisso de microorganismos de

    uma superfcie para outra deve ser interrompida, uma vez que cada contato

    uma fonte potencial de contaminao das mos dos profissionais de sade.

    durante esse intervalo entre dois contatos que se encontra a indicao ou as

    indicaes para a higienizao das mos5.

    A indicao ou indicaes a razo pela qual necessria a higienizao

    das mos. Ela justificada pelo risco de transmisso de micro-organismo de uma

    superfcie para outra. Ela formulada em termo de ponto de referncia temporal:

    antes ou aps o contato. As indicaes antes e aps no correspondem

    necessariamente ao incio ou concluso da sequencia de cuidado ou atividade.

  • 24

    Elas ocorrem durante movimentos entre reas geogrficas, durante transies

    entre tarefas prximas aos pacientes, ou a alguma distncia deles5.

    Nesta perspectiva, cinco indicaes foram adotadas e elas constituem os

    pontos de referncia temporal fundamental para os profissionais de sade, que

    so: antes de contato com o paciente, antes de realizar procedimentos

    asspticos, aps risco de exposio a fluidos corporais, aps o contato com o

    paciente e aps o contato com reas prximas ao paciente. Eles indicam os

    momentos em que a higienizao das mos necessria para interromper,

    eficazmente, a transmisso de microrganismo durante a assistncia. O foco nas

    cinco indicaes tem como objetivo facilitar o entendimento dos momentos em

    que h risco de transmisso de microorganismos por meio das mos, memoriz-

    los e assimil-los na assistncia sade5.

    A oportunidade para higienizao das mos um assunto para o

    observador, do ponto de vista dele a oportunidade est onde estiver presente e

    for observada uma das indicaes para a higienizao das mos. Cada uma

    dessas oportunidades deve corresponder a uma ao. A oportunidade a

    unidade que responda pela ao, que determina a necessidade de higienizar as

    mos, seja a razo simples ou mltipla indicao que leva a ao. Ela constitui o

    denominador para medir a taxa de adeso higienizao das mos por

    profissionais de sade5.

    Se for bem desenvolvida, a higienizao das mos implica o reconhecimento das

    indicaes, pelos profissionais de sade, durante as atividades e dentro do

    processo em que se organiza o cuidado. Para medir a adeso higienizao das

    mos, a ao comparada com a oportunidade. A ao considerada necessria

    somente quando corresponde a pelo menos uma indicao. De acordo com as

    evidncias cientficas, se a ao estiver sendo desempenhada quando houver

    indicao para ela, no ter impacto em termos de preveno de transmisso de

    microorganismos e no deve ser considerada como ato de adeso5.

    H uma relao ntima entre as atividades, as indicaes, as oportunidades

    e as aes para higienizao das mos, e o clculo de concordncia. As cinco

    indicaes so justificadas pelos riscos de transmisso de microorganismos esto

    dissociados ou associados. Quando h risco de transmisso h uma indicao

  • 25

    para higienizao das mos; quando h indicao, h uma oportunidade para

    higienizao das mos. Diversas indicaes podem vir juntas para constituir uma

    nica oportunidade de higienizao das mos. Cada oportunidade independe do

    nmero de indicaes a partir das quais ela determinada, deve estar associada

    a uma ao de higienizao das mos. A adeso higienizao das mos, pelos

    profissionais de sade, expressa pela taxa de aes e oportunidades positivas5.

    As cinco indicaes so analisadas da seguinte forma: antes do contato

    com o paciente considerado quando o profissional de sade entra no ambiente

    do paciente para fazer algum contato (gesto de cortesia como aperto de mo,

    toque de brao), contato direto (ajuda na deambulao, realizao de higiene

    corporal) e exame clnico (aferio do pulso e da presso arterial, ausculta

    cardaca e pulmonar, palpao do abdome). Antes de realizar procedimentos

    asspticos aplica-se antes de qualquer tarefa que envolva contato direto ou

    indireto com a mucosa, pele ferida, dispositivos invasivos (cateter e sonda) ou

    equipamentos e produtos mdicos. Na indicao aps risco de exposio a

    fluidos corporais quando em qualquer cuidado h exposio real ou potencial

    das mos a fluidos corporais. Na indicao aps o contato com o paciente

    aplicada quando o profissional de sade deixa as proximidades do paciente aps

    contato com o paciente. Na indicao aps o contato com as reas prximas ao

    paciente, refere-se quando o profissional de sade deixa o ambiente prximo ao

    paciente aps ter tocado equipamento, mvel, produto mdico pertences pessoais

    ou outras superfcies inanimadas, sem ter tido contato com o paciente (Ilustrao

    abaixo) 5.

    Ressaltando que a oportunidade um conceito de responsabilidade que

    pertence ao observador, onde a indicao um ponto de referncia conceitual,

    que pertence ao profissional de sade e que define o momento em que a

    higienizao das mos tem de ser observada. Entretanto, durante uma sequncia

    de procedimentos de assistncia sade, o profissional de sade pode identificar

    que a ocorrncia virtual simultnea de vrias indicaes pede apenas uma ao

    de higienizao das mos5, 16.

  • 26

    SITUAES QUE SE CARACTERIZAM COMO

    OPORTUNIDADE DE HIGIENIZAO DAS MOS

    DURANTE A ASSISTNCIA AO PACIENTE

  • 27

    O uso de luvas interfere na higienizao das mos devido aos movimentos

    envolvidos. Esses precisam ser divididos e integrados como uma sucesso

    compulsria de determinados gestos, pelas indicaes para higienizao das

    mos e for justificada por aquelas que exigem o uso de luvas: higienizar as mos,

    calar e remover luvas. Sempre que uma ao de higienizao das mos for

    justificada por uma indicao que coincida com o uso de luvas, a higienizao

    deve ser feita imediatamente antes de calar as luvas ou imediatamente aps a

    remoo delas. Quando necessrio, as luvas devem ser removidas e trocadas

    para fazer a higienizao das mos. O uso de luvas no determina indicaes

    para higienizao das mos. Entretanto, se essas indicaes estiverem

    presentes, a necessidade das aes de antes e adiar as aes feitas aps5.

    A observao do comportamento se constitui uma estratgia para

    promover a adeso higienizao das mos, uma vez que permite conhecer a

    frequncia com que os profissionais que atuam em UTI higienizam as mos, nas

    oportunidades durante a assistncia16.

    A observao direta dos profissionais de sade durante sua rotina diria de

    trabalho a maneira mais precisa estudar as prticas de higienizao das mos,

    pois a oportunidade para identificar o comportamento dos profissionais de

    sade e para avaliar o aprendizado aps treinamentos, bem como as falhas

    remanescentes. Os resultados da observao ajudam a determinar as

    intervenes mais adequadas para promoo, instruo e treinamento de

    higienizao das mos. A principal finalidade do mtodo proposto produzir

    dados em larga escala sobre a adeso higienizao das mos, os dados devem

    ser coletados por meio de observao direta dos profissionais de sade, com

    utilizao de um formulrio de observao, encarregados da assistncia ao

    paciente5. (Anexo3)

    O principal papel do observador observar abertamente as prticas e

    reunir dados sobre a higienizao das mos, usando a metodologia e as

    instrues propostas. Antes de realizar a observao, os observadores devem

    estar familiarizados com os mtodos usados numa campanha de promoo,

    aprender como usar as ferramentas disponveis e familiarizar-se com o conceito

    das cinco indicaes ao longo de inmeras atividades. O objetivo do trabalho do

  • 28

    observador fornecer uma imagem geral sobre como os profissionais de sade

    aderem higienizao das mos5.

    Os resultados das observaes so utilizados somente para promover,

    instruir e treinar os profissionais de sade, como parte do desafio global de

    segurana do paciente. A posio dos observadores os investem de um papel de

    referncia, tanto para pessoas observadas quanto para a equipe administrativa e

    de tomada de deciso. Eles so responsveis por promover, instruir, dar retorno e

    comentar os resultados e por direcionar a campanha de acordo com as

    necessidades dos profissionais de sade5.

    A finalidade da observao da higienizao das mos , inicialmente,

    determinar o grau de adeso dos profissionais de sade s prticas de

    higienizao das mos, bem como avaliar a qualidade no desempenho dos

    procedimentos e das instalaes. Alm disso, a observao uma maneira de

    chamar a ateno dos profissionais de sade para a importncia do ato,

    simplesmente prestando a ateno e mostrando interesse pela higienizao das

    mos, atingindo-se um efeito promocional imediato5.

    Os resultados relacionados com a adeso higienizao das mos,

    medido durante dois perodos diferentes, ou seja, basal e

    acompanhamento/monitoramento, correspondem dois perodos antes e aps a

    implantao da estratgia de melhoria da higienizao das mos e pode ser muito

    til para o servio de sade5.

    Diversos profissionais de sade podem ser observados ao mesmo tempo,

    quando estiverem trabalhando com o mesmo paciente ou no mesmo ambiente.

    Entretanto, no aconselhvel observar simultaneamente mais do que trs

    profissionais de sade. Dependendo da intensidade das atividades e indicaes,

    os observadores devem decidir pela observao de um profissional de sade para

    no perder as oportunidades durante a sequencia do cuidado. Um exemplo, se as

    prticas esto sendo observadas em uma Unidade de Terapia Intensiva, apenas

    um profissional de sade dever ser observado por vez. Para fins de observao,

    apenas os profissionais de sade que trabalham com pacientes e nas

    proximidades deles esto envolvidos. A deciso de restringir a observao a

  • 29

    profissionais que trabalham diretamente com os pacientes uma metodologia,

    baseada na eficcia da observao5.

    Segundo o Manual para observadores: estratgia multimodal da OMS

    possvel modificar o formulrio de observao na combinao de indicao-ao

    de acordo com os objetivos para o perodo de observao e os recursos

    disponveis. Qualquer que seja a modificao escolhida, o mtodo bsico de

    observao permanece o mesmo. Isto quer dizer que possvel tomar como base

    o mtodo de observao descrito no manual, entretanto pode-se elaborar um

    formulrio que atenda as especificidades da unidade na qual ser realizada a

    observao das oportunidades de higienizao das mos5.

    O clculo da adeso higienizao das mos a razo entre o nmero de

    aes e o nmero de oportunidades expressa na seguinte frmula:

    Adeso (%) = Aes de higienizao das mo x 100

    Oportunidades

    Na frmula as oportunidades para higienizao das mos (o denominador)

    contra o qual a ao real de higienizao das mos colocada servindo como um

    numerador, estas duas variveis permitem o clculo da adeso5.

    Os resultados para a adeso podem ser calculados globalmente, mas

    tambm podem ser divididos por categoria profissional ou por oportunidades5.

    De acordo com as recomendaes da OMS, um dos fatores que melhora a

    aceitao a produtos de higienizao das mos a possibilidade dos usurios

    escolherem o produto. Junto com a eficcia provada como antissptico, a

    tolerncia da pele um dos principais critrios para seleo do produto. Existem

    diversas maneiras de garantir tolerncia da pele e aceitao de produtos

    alcolicos5.

    O mtodo mais simples garantir a tolerncia e aceitao de um produto

    que est em uso ou que est para ser introduzido, pois esta a maneira mais

    bsica de introduzir a higienizao das mos usando produtos alcolicos5.

    Quando os resultados da anlise de dados estiverem disponveis, o

    coordenador e o observador devem entrar num acordo sobre a maneira de

    apresent-los lideres de equipe e participantes da unidade e sobre como

    disseminar os dados de forma que provoque um impacto direto na equipe5.

  • 30

    3 METODOLOGIA

    3.1 TIPO DE ESTUDO

    Trata-se de um estudo que apresenta duas abordagens: a primeira

    baseada em pesquisa bibliogrfica, que buscou como evidncia a Estratgia

    Multimodal da OMS e a segunda, que utiliza dados quantitativos, resultantes da

    observao da higienizao das mos, cuja anlise determina o ndice de adeso

    dos profissionais.

    Inicialmente, foi utilizado o Manual de Observadores da Estratgia

    Multimodal da OMS, como referencial para a construo do instrumento de

    observao da higienizao das mos aplicado UTI Neonatal. Tambm, foi

    elaborado o roteiro de orientao ao observador, cujas tcnicas so

    fundamentadas no Manual de Higienizao das Mos da ANVISA.

    A abordagem quantitativa refere-se a fatos relativos ao mundo concreto,

    objetivo e mensurvel e caracteriza-se pelo processo de quantificao, tanto no

    processo de coleta de informaes, como no tratamento destas por meio de

    tcnicas estatsticas e procedimentos matemticos20. Esse momento do estudo

    quantitativo do tipo observacional, realizado na UTI Neonatal da maternidade

    escola.

    Por ser tratar de um estudo observacional, a tcnica de coleta de dados

    realizada foi a observao, que utiliza os sentidos para a obteno de dados de

    determinados aspectos da realidade. Tem como objetivo recolher e registrar de

    maneira ordenada, os dados sobre o assunto que se pretende estudar. A

    observao sistemtica a modalidade desenvolvida neste estudo, na qual o

    pesquisador procurou o que mais importante numa determinada situao,

    utilizando um instrumento bem definido, onde os profissionais foram codificados

    de acordo com a categoria20.

  • 31

    3.2 LEVANTAMENTO BIBLIOGRFICO

    Inicialmente a busca foi desenvolvida em outubro de 2014 e atualizada em

    agosto de 2016, atravs das bases de dados para fundamentao cientfica em

    relao higienizao das mos. Foram consultados dados indexados, com texto

    na ntegra e o recorte temporal de fevereiro de 2010 a junho de 2016,

    estabelecendo como critrios de incluso: artigos publicados, cuja temtica esteja

    relacionada higiene das mos e profissionais de sade, utilizando os seguintes

    descritores: higiene das mos, pessoal de sade, tendo como filtro do idioma o

    ingls, portugus e o espanhol. Os critrios de excluso foram os textos

    incompatveis com o assunto, artigos com texto completo no acessvel.

    Os artigos analisados foram publicados nos ltimos 5 anos em revistas

    indexadas nas bases de dados: Medline, Lilacs, Pubmed e BDENF. Aps

    avaliao de 1.136 artigos que tinham como descritores higiene das mos e

    pessoal de sade e aplicao dos critrios de incluso/excluso foram

    encontrados 118 artigos, que estavam disponveis online na ntegra. Aps leitura

    foram selecionados 37 artigos, sendo 3 Lilacs, 14 Medline,20 Pubmed. Tambm

    forma consultados os manuais da Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria

    (ANVISA) e Organizao Mundial de Sade (OMS) para melhor embasamento.

    Descritores: Higiene das mos e Pessoal de

    Sade

    1.136 Artigos

    Aplicao dos critrios de Incluso/Excluso

    118 Artigos

    aaaaaaaaaAartig

    o Artigos

    BVS/BIREME

    3 Artigos - LILACS

    Leitura dos resumos

    20 Artigos - PUBMED 14 Artigos - MEDLINE

    37 artigos selecionados

  • 32

    Na leitura minuciosa dos artigos emergiram aspectos diferentes no que se

    refere higienizao das mos, tais como: avaliao e monitoramento da prtica

    da higienizao das mos, mtodos e procedimentos para higienizao das mos

    e interveno para aumento da adeso higienizao das mos.

    Em anlise das produes cientficas que focam avaliao e monitoramento

    da prtica de higienizao das mos foi detectado que os profissionais de sade

    reconhecem a higienizao das mos como uma ao efetiva para preveno de

    infeces relacionadas assistncia sade. Entretanto, quando h

    monitoramento da prtica de higienizao das mos atravs de observao e

    relacionando-a ao nmero de oportunidades que surgem na prtica assistencial,

    ainda possvel afirmar que apresentam baixa adeso. O monitoramento e

    clculo de indicadores demonstram essa realidade, pois evidenciam as falhas no

    cotidiano, discutindo que motivao e conscientizao das equipes so

    fundamentais para melhoria da adeso higienizao das mos, alm da

    possibilidade de utilizao de vrios modelos tericos com auxilio de instrumentos

    que viabilizem a melhoria prtica da higienizao das mos, sendo importante a

    utilizao de estratgias com participao efetiva das lideranas para que haja

    aumento significativo da adeso higienizao das mos, bem como avaliao

    peridica das intervenes junto s equipes 21, 22, 23,24.

    No tocante aos mtodos e procedimentos mencionados nas produes,

    enfatizado a importncia do fcil acesso aos produtos e proteo da pele

    adequada para que haja um comportamento satisfatrio para realizao da

    higienizao das mos. As solues base de lcool para frices das mos

    podem ser melhor do que as lavagens das mos tradicionais por exigir menos

    tempo, agir mais rapidamente, ser menos irritantes e contribuir para a melhoria

    sustentada em conformidade, associada com a diminuio das taxas de infeco.

    Por consequncia, independente do mtodo ou procedimento, o uso de

    estratgias para promover a higiene das mos no deixa de ser

    fundamental25,26,27,28.

  • 33

    Nas produes cientficas que se referem interveno para aumento da

    adeso higienizao das mos, enfatizam que medidas eficazes para melhorar

    o cumprimento da higiene das mos so vitais para a qualidade da assistncia ao

    paciente atravs de inmeras estratgias para aumentar a frequncia e a eficcia

    da higiene das mos e indicam que a educao em combinao com feedback de

    desempenho a abordagem mais bem sucedida. Portanto, a educao focada

    com incorporao de novas tecnologias de ensino automatizado em um programa

    de higiene das mos pode incentivar a participao da equipe na aprendizagem

    bem como um importante meio para o aumento da conscincia dos profissionais

    nos momentos da assistncia ao paciente29,30 ,31,32 .

    3.3 O CENRIO DO ESTUDO

    A Maternidade Escola da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

    uma instituio de ensino, pesquisa e extenso em sade, vinculada ao Ministrio

    da Educao, situada na cidade do Rio de Janeiro, fundada em 18 de janeiro de

    1904. Sua finalidade era de assistir s gestantes e s crianas recm-nascidas

    das classes menos favorecidas do Estado do Rio de Janeiro. Aps obras

    emergenciais comeou a funcionar em 1 de abril de 1904. Atualmente

    classificada como instituio de acompanhamento de pr-natal de alto risco e a

    UTI neonatal do tipo II, de acordo com o Cadastro Nacional de Estabelecimentos

    de Sade (CNES).

    Esta instituio presta atendimento ambulatorial, internao e servio de

    apoio diagnstico e teraputico com demanda espontnea e referenciada. Com

    total de 85 leitos e estando com 78 ativos, assim distribudos: 4 leitos de pr parto

    e parto,16 leitos de UTI neonatal,10 leitos de cuidados intermedirios neonatal e

    48 leitos de alojamento conjunto.

    A UTI neonatal est localizada no segundo andar da maternidade, prxima

    ao centro obsttrico e as unidades de apoio (Lactrio, Central de Material e

    Esterilizao, Unidade de recuperao nutricional e Enfermaria Me Canguru).

    dividida em dois ambientes denominados UTI 1 e UTI 2, sendo priorizada a

    internao de recm nascidos mais crticos na UTI 1, onde so realizados

    procedimentos especializados e de alta complexidade. Com atuao de uma

    equipe multiprofissional composta por: enfermeiros, tcnicos de enfermagem,

  • 34

    mdicos staff, mdicos residentes, fisioterapeutas, fonoaudilogo, nutricionista e

    profissionais da Residncia Multiprofissional (enfermeiros, nutricionistas e

    psiclogos).

    3.4 PARTICIPANTES

    Os participantes do estudo so os profissionais que estavam atuando na

    UTI Neonatal durante as sesses de observao das oportunidades de

    higienizao das mos.

    Em mdia, durante o perodo de 7:00 19:00, desenvolvem atividades

    nesta unidade, por planto, 03 enfermeiras, 05 tcnicos de enfermagem, 03

    mdicos, 05 mdicos residentes e 01 enfermeiro residente. Entretanto, ao longo

    dessa jornada, podem atuar l fisioterapeutas e fonoaudilogos. Assim, as

    observaes realizadas no horrio diurno, ocorriam concomitantes atuao de

    uma mdia de 18 a 20 profissionais de sade.

    No perodo noturno, ou seja, de 19:00 7:00, o staff da UTI Neonatal

    constitudo por 02 enfermeiras, 05 tcnicos de enfermagem e 03 mdicos,

    totalizando em mdia 10 profissionais de sade por planto.

    3.5 AMOSTRA

    A amostra do estudo foi caracterizada pelas oportunidades de higienizao

    das mos, que ocorreram no cenrio estudado. Entendendo que durante a

    prestao da assistncia ao paciente na UTI Neonatal, os profissionais de sade

    se depararam com situaes em que h indicao para eles de que necessitam

    proceder higienizao das mos.

    A Estratgia Multimodal preconiza que pelo menos 200 oportunidades

    sejam observadas na unidade envolvida no estudo5. Assim foram realizadas

    observaes, totalizando 395 sesses de observao, sendo que 180 com a 1

    verso do formulrio de observao e 215 na verso final. Nas 395 sesses

    realizadas, foram observadas 429 oportunidades.

    Ressalta-se que o foco principal das observaes so as oportunidades de

    higienizao das mos, logo o ndice de adeso na perspectiva da Estratgia

    Multimodal se estabelece numa relao entre o nmero de oportunidades que

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    cada categoria de profissional de sade teve e que aproveitou ou no naquele

    momento indicado para a higienizao das mos.

    3.6 COLETAS DE DADOS

    O procedimento realizado para coleta de dados foi a observao

    sistemtica direta dos profissionais durante a atuao na assistncia ao paciente

    na UTI Neonatal no perodo de maro a abril de 2016. Na maneira de realizar a

    coleta de dados foi considerada a importncia de no influenciar o

    comportamento dos participantes, porm sem ocultar a presena dos

    observadores que mantiveram conduta discreta, assim foi mantida uma distncia

    que permitiu a observao sem interferir na dinmica da unidade.

    Em razo da autora do presente estudo atuar como coordenadora da

    Comisso de Controle de Infeco do cenrio do estudo optou-se pela utilizao

    de dois observadores que foram treinados como assistentes de pesquisa em

    quatro etapas: 1) a leitura do manual de observadores da Estratgia