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11227 CENARGEN 1997 FL-1l227 E ".,. ........ iN ., , .. qu i .. AUropec"',y CentIa MeclDnaI de " eq ul .. d. R. cu"" GeM1 leOl • Biot8Cno loglli Mlniat6rio d. Agricultura li do Abastecimento SAIN Parque Rural A •• Norte - Cai .. POlte' 02372 CEP.: 70. 770.900 81.smll-DF 1060 - 3600 fAX : (0611 340 - 3624 http:// www .cen ll rgen.embr.plI .br 20, Nov ./97, p. ' -8 OBTENÇÃO E TRATAMENTO ANALíTICO DE DADOS PARA ORGANIZAR COLEÇÃO NUCLEAR DE MILHO Tabaré Abadie' , José R. Magalhães 2 , Célia M. T. Cordeiro 3 , Sidney N. Parentoni" Ramiro V. de Andrade" IntroduçAo Uma coleção nuclear é uma amostra representativa de uma coleção de germoplasma, na qual se procura manter a variabilidade genética com mínima repetitividade. Esta estratégia permite maior rapidez na avaliação de germoplasma, diminuindo custos e permitindo melhor acesso à coleção de base. Também permite. concentrar os esforços de um programa de recursos genéticos para assegurar maior disponibilidade de germoplasma para os programas de melhoramento. O presente estudo tem como objetivo geral propor diretrizes para a elaboração de uma coleção nuclear para a coleção brasileira de germoplasma de milho. Inicialmente, tenta propor uma classificação hierárquica das "Iandraces' da coleç ão . Esta proposta está sendo elaborada em cooperação com os curadores e melhoristas de milho da Embrapa. , Eng. Agr., PhO, Genética, Faculdad de Agronomia, Universidad de La Republica Uruguey 2 Eng. Agr ., PhO, Bioqufmica de Plantas, Embrapa - Cenargen 3 Eng· Agr·, M.Sc ., Estatlstica Aplicada, Embrapa - Cenargen 4 Eng. Agr., M.Sc., Genética - Embrapa - CNPMS 5 Eng. Agr., M.Sc., Tecnologia de Sementes, Embrapa - CNPMS Ob tençã o e tratament o 1997 FL-1l227

OBTENÇÃO E TRATAMENTO ANALíTICO DE DADOS PARA … · IntroduçAo Uma coleção ... Realizou-se uma análise de componentes principais sobre as ... Diltrlbuiçlo espacial de 91

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11227 CENARGEN

1997

FL-1l227

E".,. ........ iN ., , .. qui .. AUropec"',y CentIa MeclDnaI de " equl .. d. R. cu"" GeM1leOl • Biot8Cnologlli Mlniat6rio d. Agricultura li do Abastecimento SAIN Parque Rural A •• Norte - Cai .. POlte ' 02372 CEP.: 70.770.900 81.smll -DF F~; 1060 ~ - 3600 fAX : (0611 340 - 3624 http://www.cenllrgen.embr.plI.br

N° 20, Nov./97, p . ' -8

OBTENÇÃO E TRATAMENTO ANALíTICO DE DADOS PARA

ORGANIZAR COLEÇÃO NUCLEAR DE MILHO

Tabaré Abadie' , José R. Magalhães2, Célia M. T. Cordeiro3

, Sidney N. Parentoni" Ramiro V. de Andrade"

IntroduçAo

Uma coleção nuclear é uma amostra representativa de uma coleção de germoplasma, na

qual se procura manter a variabilidade genética com mínima repetitividade. Esta estratégia

permite maior rapidez na avaliação de germoplasma, diminuindo custos e permitindo melhor

acesso à coleção de base. Também permite . concentrar os esforços de um programa de

recursos genéticos para assegurar maior disponibilidade de germoplasma para os programas de

melhoramento.

O presente estudo tem como objetivo geral propor diretrizes para a elaboração de uma

coleção nuclear para a coleção brasileira de germoplasma de milho. Inicialmente, tenta propor

uma classificação hierárquica das "Iandraces' da coleção. Esta proposta está sendo elaborada

em cooperação com os curadores e melhoristas de milho da Embrapa.

, Eng. Agr., PhO, Genética, Faculdad de Agronomia, Universidad de La Republica Uruguey 2 Eng. Agr., PhO, Bioqufmica de Plantas, Embrapa - Cenargen 3 Eng· Agr· , M.Sc., Estatlstica Aplicada, Embrapa - Cenargen 4 Eng. Agr. , M .Sc. , Genética - Embrapa - CNPMS 5 Eng. Agr., M .Sc., Tecnologia de Sementes, Embrapa - CNPMS

Obtenção e tratamento

1997 FL-1l227

CT/20, Cenargen, Nov.l I997, p.2

COMUNICADO TÉCNICO

Materiais e Métodos

A coleção brasileira de germoplasma de milho é constitulda por mais de 2.200 acessos, dos quais mais de 1.600 provêm de coletas em campos de produtores. A Tabela 1 apresenta a primeira classificação hierárquica da coleção. Pretende-se propor uma estratégia de amostragem para cada uma destas categorias, mas este estudo discutirá somente a estratégia de amostragem das "Iandraces·.

Tabela 1.Materiais no BAGMILHO/CNPMS/EMBRAPA (Banco de Germoplasma de Milho do Centro Nacional de Pesquisa de Milho e Sorgo da Embrapa) .

Tipos de Acesso N"

" Landraces" 1610

Compostos 143

Melhorados 222

Introduzidos 288

Foi utilizada uma base de dados proveniente de Paterniani & Goodman (1977). Eles

estudaram 91 compostos raciais, que foram sintetizados na ESALQ (Escola Superior de

Agricultura Luiz de Queiroz) , em Piracicaba, SP, a partir de "Iandraces". Estas "Iandraces"

foram coletadas em diversos estados do Brasil (RS, SC, PR, SP, MG, MT, BA, CE e MA) e em

palses vizinhos (Argentina, Uruguai, Paraguai, Bollvia, Guiana Inglesa, Guiana Francesa, e

Suriname) .

Cada uma das "Iandraces· foi classificada em raças que pertencem a quatro grupos.

Estes quatro grupos são: a) raças Indlgenas (Moroti, Caingang, Lenha, Entrelaçado); b) raças

Comerciais Antigas (Cristais, Catetos, Catetos Nortistas, Catetos Sulinos); c) raças Comerciais

Recentes (Semidentados, Dentados, Cravos); d) raças Comerciais Exóticas (Hickory King e

Tuson). Os compostos foram sintetizados utilizando "Iandraces· da mesma raça e de mesma

origem geográfica.

Desta forma respeitou-se a classificação racial e o lugar de origem, resultando em uma

amostra representativa da variabilidade genética de milho no Brasil e palses vizinhos, que será

utilizada neste estudo para sugerir uma classificação para as "Iandraces" da coleção. Os 91

compostos foram avaliados durante um perlodo de quatro anos na ESALQ. Neste estudo foram

utilizados dados médios para 24 variáveis do tipo quantitativo contrnuo (Tabela 2). Estas

variáveis compreendem caracterlsticas de planta, de espiga, de pendão e de grão.

CT/20, Cenargen, Nov.l l997, p.3

COMUNICADO nCNICO

Tabela 2. Variáveis utilizadas na análise de componentes principais 01-dias da floraçilo 13·ramificações primérias do pendilo 02-altura de espiga 14·ramificações secundárias do pendlo 03-altura de planta 1 5-comprimento da espiga 04-folhas I planta 16-número de fileiras de grilo 05-folhas acima da espiga 17 -diâmetro de espiga O6-comprimanto da folha lS-diêmetro de sabugo 07-lngulo da folha 19-diêmetro de grão OS-largura primeira folha 2Q-diAmetro de réquis 09-comprimento de pedúnculo 21 -diAmetro de medula lO-comprimento de pendlo 22-Angulo do grão 11- espaço de ramificaçlio do pendão 23-espessura de grão 12-comprimento principal do pendlo 24-comprimento de grão

Realizou-se uma análise de componentes principais sobre as médias (dos quatro anos)

das caracterCsticas mencionadas e estudou-se a disposição espacial dos acessos utilizando os

três primeiros componentes principais, para comparar critérios de classificação baseados na

região de origem (a. Sul; b. Centro; c. Norte) e grupo racial (a. raças IndCgenas; b. raças

Comerciais Antigas; c. raças Comerciais Recentes; d. raças Comerciais Exóticas) . Com base no

estudo de gráficos, sugeriram-se outros critérios de classificação (i. : a. dentados, cravos e

semidentados; b. farináceos-duros da região Sul ; c. farináceos-duros da região Centro; d.

farináceos-duros da região Norte; li. : igual à anterior, mas separando os Cravos do resto dos

dentados-semi dentados) .

Resultados e DiscussAo

Na análise de componentes principais os três primeiros componentes explicaram 72% da

variação total , considerada suficiente para realizar um estudo gráfico dos quatro critérios de

classificação. Os resultados de estudo gráfico dos componentes principais sugerem, em

primeiro lugar, que existe uma clara evidência de que os acessos agrupam-se por região de

origem (Fig. 1). Pelo contrário, não se observa um agrupamento tão claro por grupo racial (Fig.

2).

Os grupos raciais IndCgenas e Comerciais Antigos aparecem mesclados. Todos estes

materiais têm tipos de grão farináceo e duro e, segundo Paterniani & Goodman (1977),

procedem de · pools· genéticos que estavam presentes na região antes da chegada dos

europeus. Isto poderia explicar que, nestes grupos raciais, se observe marcante diferenciação

entre regiões e entre eles dentro de regiões (Fig. 3).

CT120, Cenargen, Nov./I997, p.4

COMUNICADO nCNICO

Os compostos de grupos raciais Comerciais Recentes agrupam-se junt08 e de uma forma

mais compacta. Este grupo racial procede de introduções realizadas racentemente na regilo,

porém nAo tiveram tempo para alcançar diferanciaçAo em nrvel de regilo. Elas têm tipo de grlo

dentado ou semidentado. Dentro dos tipos Raciais Comerciais Recentes, 08 8C88808 da raça

Cravo encontram-se muito condensados, e aparecem como um grupo diferenciado (Fig. 41. O

grupo Racial Exótico conta, neste estudo, somente com dois acessos portanto nlo se pode tir • .

conclusões.

<4.5

3 .5 a

2 .5 • N .. I "a • 1.5 a

a" \. • a.. d'a ~

t • • 0 .5 di a oi. ..

a a cP , t • a a ~ 'ia a

-0.5 di a a aa .... a ... ' t .. .. a a a ..

a .... ~ .... a a A ••

-1 .5 a .. a .. a RegiIoSul

-2.5 .. Reglao CenIro

-<4 -3 -2 - 1 O 1 2 3 • RegUlo Nort •

Componente Principal 1

Fig. , . Distrtbulçlo espec'" de 91 compostos de milho. segundo. _ de COftIIIOI-- p(,liclp.'. , •• Il1o

O crit6r1o lWgIIo de orIgam.

CT/20, Cenargen, Nov./1997, p.5

COMUNICADO rtCNICO

4.5

3.5 e

2.5 a N e i ++ a ·0

1.5 a a c +. ~ a ·c Q. ;+ a

~ a ~ a

! 0.5 .; + +++ +

&. a ++ * a a a + .f a+ E 'L + c3 -0.5 , e e a a+ 'i

a e a a e Dca jJe a

a a e a .t e e

a a aa • -1 .5 • e • a • R. Indlgenas a R. Com. Antiga.

-2.5 + R. Com. Recentes

-4 -3 -2 -1 O 1 2 3 • R. Ex6ticas

Componente Principal 1

FIg. 2. Diltribuiçlo espacial de 91 compostos de milho segundo en66se de componentes principais u.endo o

cr it6r1o de grupo racial.

4 .5 ,-----------------------------------------------------,

3 .5

2 .5 • '" •

f •• • 1 .5 a ++ \ . •

J .;+ • * •

0 .5 .; + 1'+ + a ; ::t * • a a +

'ia + a + 1 -0.5 d! a + a aADa ...... ~. •

a a .. • • L> t.· a +

- 1 .5 a • • a

-2.5 -4 -3 -2 -1 O 1 2 3

Componente Principal 1

+ dentado. a 18r .• duroa Sul A f8, .• duroa Centro • tar .• duro. No"

FIg. 3. Diltrlbuiçlo espacial de 91 compostos de milho segundo e en6lise de compone"tes principais UHncIo

um crlt6rlo de cl .. sificeçlo baseado ne combineçlo de regilo de origem e tipo de grIo.

CT/20, Cenargen, Nov.lI997, p.6

4.5

3.5 a

2.5 e 0'/ '" "! e "ti O c 1.5 a e

~ • 'c • Q. e • •• ., e e e • i 0.5 • ~ .f c 8. a e • • ae •• .~ E a a • o

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.6 A .6 .a a -1 .5 .. a .. a

-2.5 -3 -2 -1 O 1

Componente Principal 3

2

COMUNICADO rtCNICO

• • den~ a fIIr. e duroa Sul .. fIIr .• duro. Centro e fIIr . • duroa Not1Ie

3 o ~

FIg. 4 . Dlstrlbulçlo espaciel de 91 com~tOl de mlho segundo • en6Iis. de compoI .. ,tes pdncIpeiI I •• Ido

um crlt6lto de ~ b .... llo na comblneçlo de regIIo de origem • tipo de .-10. o. c_ 8p8nICetn • ..,.I1ICIos.

Esta análise sugere que uma classificaçAo que leve em conta os critérios regilo de

origem e tipo de grão (dentado-semidentado vs farináceo-duro), seria adequada para distinguir

diferenças entre os estratos. Considera-se que, dada a forma em que foram obtidos os

compostos estudados, esta classificação pode ser utilizada para elaborar a coleçlo nuclear daa

"Iandraces" da coleçAo.

De qualquer forma. como uma coleçAo nuclear deve ser planejada para facilitar a

utilizaçAo da coleçAo de base dos programas de melhoramento, será adequado manter na

coleçlo nuclear a separaçlo entre os tipos de grilo duro e farináceo.

Conclul6es

1. A classificaçAo por regiAo discrimina melhor os acessos que a classificeçlo por grupo racial.

2. Dentro de grupo de materiais com tipo de grão farináceo e duro, observou-se clara

diferenciaçAo entre regiões.

3. Os grupos de materiais com tipo de grAo dentado e semidentado agruparam-se am uma

forma compacta, ainda tendo acessos das regiOes consideradas.

CT/20, Cenargen, Nov.l1997, p.7

COMUNICADO TÉCNICO

4. Dentro dos materiais de tipo de grilo dentado-semidentado, aqueles da raça Cravo, podem-se

classificar em um grupo à parte.

Atividades futuras

Propõe-se repetir o estudo dos critérios de classificaçllo, utilizando um conjunto de dados

medidos independentemente. Serllo utilizados dados tomados no CNPMS por Feldmann & Silva

(1984) . Estes dados consistem de 247 acessos, que contêm os 91 compostos antes estudados,

assim como meteriais provenientes dos programas de melhoramento e introduções.

Outra. ações em andamento

Está sendo realizada uma classificação dos acessos de coleta da coleção levando-se em

conta a regionalização agroecológica similar, aquela utilizada para mandioca por Cordeiro et

aI. (1995), e o tipo de grão (Tabela 3).

Tabela 3. Classificação de materiais de coleta no BAGMILHO/CNPMS/EMBRAPA

Pipoca Dentado Fllnt Outros Nlo Classificado por tipo de

dente. R1 29 278 23 4 -

R2 25 318 77 31 22

R3 8 42 2 1 79

R4 33 71 92 13 56

R6 17 164 32 - 8

RI - 62 13 - 2

• 4 10 5 7 5

R1: Reglllo Sul; R2 : Cerrados; R3: Cerrados Norte; R4 : Amazônra; R5 : Caatinga; R6: Agreste e

Utoral. *Nllo classificados por região

CT/20, Cenargen, Nov.l l997, p.8

COMUNICADO rtCNICO

Referências

CORDEIRO, C.M .T; MORALES, E.A.V; FERREIRA, P.; ROCHA, O.M.S; COSTA, I.R.S; VALOIS, A .C.C

SILVA,S. Towards a Brazilian core collection of cassava. In: HODGKIN, T.; BROWN, A.H.D.

HINTUM, T.J.L. VAN; MORALES, E.A.V. (eds) Core collections of plant genetlc reIOurce • • Ne

York : John Wiley, 1995. p. 155-167.

FELDMANN, R. ; SILVA. J . CatAlogo de germoplasma de milho. Z.e mey. L. Brullia: Embrap

Cenargen, 1984. 111 p.

PATERNIANI, E.; GOODMAN, M .M. Races of maize in Brazil and adjacent areal. Mexico: CIMMYT, 1977. 95p.