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Associação Nacional dos Clínicos Veterinários de Pequenos Animais do Estado de São Paulo - ANCLIVEPA-SP
Associação Brasileira de Odontologia Veterinária (ABOV)
APOSTILA
ODONTOLOGIA EM ANIMAIS SELVAGENS Curso teórico-prático
São Paulo, novembro de 2007.
2
Odontologia em Animais Selvagens (Teórico-prático)
Data: de 26 a 30 de novembro de 2007
Programação
26/11/2007 – Teórico 18h – 18h30min – “Histórico da Odontologia Veterinária” Prof. Dr. Marco Antonio Gioso – FMVZ-USP 18h30min – 19h30min – “Introdução à odontologia de Animais Selvagens” Prof. Dr. Marco Antonio Gioso – FMVZ-USP 19h30min – 20h – COFFEE BREAK 20h – 21h30min – “Afecções orais em roedores e lagomorfos” M. V. MSc. Herbert Correa – Odontovet 27/11/2007 – Teórico 18h – 19h30min – “Afecções orais em carnívoros selvagens” M. V. Dr. João Luiz Rossi Jr. – Laboratório de Odontologia Comparada (LOC) FMVZ-USP 19h30min – 20h – COFFEE BREAK 20h – 21h30min – “Afecções orais em primatas” M. V. Roberto Fecchio – Laboratório de Odontologia Comparada (LOC) FMVZ-USP 28/11/2007 – Teórico 18h – 19h30min – “Afecções orais em répteis” M. V. Dr. João Luiz Rossi Jr. – Laboratório de Odontologia Comparada (LOC) FMVZ-USP 19h30min – 20h – COFFEE BREAK 20h – 21h30min – “Afecções orais em aves” M. V. Roberto Fecchio – Laboratório de Odontologia Comparada (LOC) FMVZ-USP
29/11/2007 – Teórico 18h – 19h30min – “Materiais e tratamentos odontológicos em Animais Selvagens” Prof. Dr. Marco Antonio Gioso FMVZ-USP 19h30min – 20h – COFFEE BREAK 20h – 21h30min – “Anestesia para o tratamento odontológico em Animais Selvagens” Prof. MSc. Cláudio Moura – Universidade Anhembi Murumbi 30/11/2007 – Prático-demonstrativo 8h30min – 12h – “Contenção, exame clínico e tratamento odontológico em animais selvagens” 12h – 14h – ALMOÇO 14h – 17h – “Contenção, exame clínico e tratamento odontológico em animais selvagens” Prof. Dr. Marco Antonio Gioso Prof. MSc. Cláudio Moura M. V. Dr. João Luiz Rossi Jr. M. V. MSc. Adauto Nunes M. V. Roberto Fecchio M. V. Fabrício Rassy
Realização: ANCLIVEPA e ABOV Apoio: ABRAVAS, SPMV, CRVM-SP e Parque Zoológico Municipal “Quinzinho de
Barros”–Zôo Sorocaba
3
Sumário
1. Histórico da odontologia veterinária Prof. Dr. Marco Antonio Gioso – FMVZ-USP
4
2. Introdução à odontologia de animais selvagens Prof. Dr. Marco Antonio Gioso – FMVZ-USP
9
3. Afecções orais em roedores e lagomorfos M. V. MSc. Herbert Correa – Odontovet
11
4. Afecções orais em carnívoros selvagens M. V. Dr. João Luiz Rossi Jr. – Laboratório de Odontologia Comparada LOC FMVZ-USP
16
5. Afecções orais em primatas M. V. Roberto Fecchio – Laboratório de Odontologia Comparada LOC FMVZ-USP
20
6. Afecções orais em répteis M. V. Dr. João Luiz Rossi Jr. – Laboratório de Odontologia Comparada LOC FMVZ-USP
24
7. Afecções orais em aves M. V. Roberto Fecchio – Laboratório de Odontologia Comparada LOC FMVZ-USP
27
8. Materiais e tratamentos odontológicos em Animais Selvagens Prof. Dr. Marco Antonio Gioso FMVZ-USP
31
9. Anestesia para o tratamento odontológico em Animais Selvagens Prof. MSc. Cláudio Moura – Universidade Anhembi Morumbi
33
4
1. Histórico da Odontologia Veterinária Prof. Dr. Marco Antonio Gioso
Como mencionado no capítulo de Odontologia no livro do Prof. Fowler,
referente aos animais selvagens, em todo o mundo, a odontologia tem acompanhado a
rápida evolução e crescente sofisticação dos procedimentos médicos, na busca de
condições cada vez melhores de manutenção da sanidade dos plantéis cativos. Porém,
no Brasil desenvolveu-se inexplicavelmente uma cultura segundo a qual o tratamento
odontológico seria algo inatingível ao Médico Veterinário. Em função disso, pudemos
verificar até há pouco tempo, em diversos Zoológicos, a atuação de cirurgiões dentistas,
que, em lugar dos Médicos Veterinários, vinham exercendo atividades clínicas no que
concernia às enfermidades dentais. Com o desenvolvimento desta especialidade em
pequenos animais, os procedimentos ganharam peso também na área de animais
selvagens e felizmente hoje alguns zoológicos, Ongs e criadouros vêm de forma
sistemática examinando a cavidade oral dos animais anestesiados para exames de rotina.
Isto fez aumentar a busca por colegas que tratam das doenças da cavidade oral, e
felizmente não mais se necessita da atuação de outros profissionais não médicos
veterinários.
O interesse pela “arte dental” se manifesta desde as antigas civilizações. Assim,
no Egito descobriu-se o documento mais antigo sobre este tema, que data do ano 1550
a.C. e se trata do papiro de Ebers, mantido na biblioteca da Universidade de Leipzig, no
qual estão escritos numerosos remédios para abscessos bucais, gengivites e implantes a
base de cominho e mel.
As primeiras referências escritas sobre odontologia em animais datam do
período antigo chinês, em 600 a.C., na qual "conhecia-se" a idade dos cavalos graças ao
estudo da coroa de seus dentes incisivos. Mas a importância que tinha o estudo do arco
dentário eqüino, durante essa época, demonstra-se em um dos mais antigos livros
chineses ainda conservados, o Zuo Zhuan ou “Livro dos Animais”. Neste se explica
como cada cavalo se diferencia, a partir do arco dentário, realçando a importância da
identificação eqüina por este método.
Na Grécia Antiga e Império Romano, a figura de Hipócrates é conhecida como
de um grande médico da arte dental. No Indicus é citada a extração dos dentes caninos e
a amputação parcial da língua para uma melhor adaptação à mordida nos eqüinos.
5
Pelagonius, 350 a.C., reuniu um catálogo de notas e cartas sobre o tratamento
médico em cavalos e entitulou o capítulo XVIII de “De Dentibus”, no qual descrevia as
enfermidades dentais. Aristóteles (384 - 322 a.C.), em Animaliu, descreveu a
enfermidade periodontal do cavalo como um sintoma e não como uma síndrome,
advertindo que, se a condição não desaparecesse espontaneamente, seria incurável.
No reinado de Trajano (100 a.C.), Archigene utilizava um trépano para perfurar
os dentes. Trepanava-se a face lingual da coroa dental e penetrava-se na câmara pulpar.
Nessa época, a obturação era realizada com uma cera a base de um pó de excremento de
rato e fígado de lagarto.
A princípios do século XVII ocorre o auge das universidades na Espanha e
começam proliferar-se as publicações. Em 1602 F. Calvo, em seu livro De Albeyteria,
dedica dois capítulos de grande extensão ao estudo das enfermidades da boca e dentes,
do mesmo modo que A. Redondo fez em seu Obras de Albeyteria, publicado em 1677,
e no entitulado Arte de Albeyteria, além de outro autor chamado Conde, em 1707, com
sua obra De Albeyteria.
No início do iluminismo é fundada a primeira Faculdade de Veterinária em Lyon
(França), no ano de 1762, graças a Claude Bourgelat (1712 – 1779). Iniciava-se a
Veterinária com base científica para o conhecimento racional das enfermidades. Edward
Mayhew publica em 1862 O Ilustrado Doutor de Cavalos, no qual descreve, já de uma
maneira mais profunda e racional, o interesse e a necessidade do tratamento das
enfermidades orais no cavalo e como essas influenciam sua saúde.
No início do século XIX ocorrem alguns fatos notórios que contribuem para a
importância das enfermidades dentais. Um deles é o auge dos zoológicos e todo
interesse que produz os aspectos relacionados a eles, sendo um dos casos mais
publicados pelos jornais da época o de um elefante chamado Chunie, do Change Strand
(Londres), que foi eutanasiado em 1826 por sua agressividade, fruto de uma “presa”
fraturada e infeccionada.
Com a chegada do século XX é realizada uma série de investigações metódicas
e precisas. Investigam-se novas técnicas, materiais e modelos experimentais em
animais, obtendo-se assim um melhor conhecimento da etiologia, fisiopatologia e
tratamento. Em 1930 muitas publicações já mostram o interesse pelos cuidados orais
preventivos em pequenos animais e, a partir de 1939, a literatura veterinária produz
regularmente artigos sobre o tratamento das doenças dentais dos animais de companhia.
6
O desenvolvimento da Odontologia Veterinária foi tardio na Medicina de
Animais Selvagens. Apesar do surgimento dos zoológicos ter ocorrido durante o século
XIX, apenas a partir da década de 1970 que surgiram as primeiras publicações de cunho
científico a respeito dos tratamentos odontológicos em animais selvagens e, no Brasil,
esta especialidade só passou a ter significância nas duas últimas décadas.
Mas o verdadeiro desenvolvimento da Odontologia Veterinária moderna deu-se
nos Estados Unidos, onde um grupo de veterinários criou, em 1976, a “American
Veterinary Dental Society”, na cidade de Michigan e, em 1987 e 1988, foram criadas a
“Academy of Veterinary Dentistry” e o “American Veterinary Dental College”,
respectivamente. Este último capaz de outorgar o título de especialista em Odontologia
Veterinária, após uma série de requisitos e exames teórico-práticos.
No Brasil, esta especialidade já é desenvolvida há quase duas décadas, tendo
alguns marcos importantes, como a criação, em 1994, do segundo centro especializado
exclusivamente em Odontologia Veterinária do mundo, o Odontovet e, em 2002, foi
fundada a primeira entidade latino-americana de odontologia animal, a ABOV –
Associação Brasileira de Odontologia Veterinária, que congrega profissionais que
militam nas três grandes áreas de atuação odontológica: pequenos animais, selvagens e
eqüídeos. Houve inclusive uma primeira Campanha Nacional de Saúde Bucal em
clínicas veterinárias, o que poderá ser estendido, quiçá, aos Zoológicos do Brasil, em
futuro próximo.
No ano de 2004 tivemos o 1º. COBOV – Congresso Brasileiro de Odontologia
Veterinária, na cidade de Santos, sua segunda edição ocorreu simultaneamente ao 10º.
WVDC, o Congresso Mundial de Odontologia Veterinária, em 2007, em Guarujá-SP.
Na Europa existe também uma associação que congrega os colegas especialistas,
assim como na Espanha, Austrália, Canadá, França, Inglaterra, Japão, Áustria e outros.
Hoje felizmente existem profissionais que estão se dedicando total ou
parcialmente à área. Como exemplos, pode-se citar como os primeiros, ainda na década
final do século passado: Prof. Moacir dos Santos Lacerda, Luiz Sofal e Marcelo C.C.
Malta, todos de Minas Gerais, no Paraná, o Prof. Ricardo Pachaly e Dra. Izabel
Valdugo. No Rio de Janeiro, Dr. Marcio G. P. Mello, e os médicos veterinários Ricardo
e Cláudia Youle. No Rio Grande do Sul, na ULBRA, a Dra. Maria Inês e Jussara. Em
São Paulo, ministram-se aulas de estomatologia nas espécies domésticas, dentro do
curso de Cirurgia da FMVZ-USP, além de curso prático desde 1993. Existem muitos
outros colegas, que começaram sua atuação a partir deste século, desenvolvendo
7
trabalhos na especialidade, em vários estados brasileiros. O Provet, com atendimento há
muitos anos pela Dra. Pollyana Tong, bem como o Odontovet, que atua desde 1993 com
exclusividade na odontologia, com a Dra. Michele Venturini, e Herbert Correa, vem
contribuindo sobremaneira para o desenvolvimento da odontologia no Brasil e na
América Latina. Há vários colegas que realizam diversos procedimentos mais simples,
como canal e tratamento periodontal em suas clínicas particulares. Dentro da
odontologia de animais selvagens, muitos dos citados colegas têm atuado de forma
enérgica há muitos anos, servindo de orientadores e possibilitando que novos
profissionais atuem, quase que exclusivamente, nesta especialidade dentro da
Odontologia Veterinária, com os Drs. João Luiz Rossi Jr. e Roberto S. Fecchio.
Como divulgador da ciência por trás desta especialidade, a ABOV em parceria
com a irmã AVDS, dos EUA, oferece aos seus sócios o Journal of Veterinary Dentistry,
periódico na língua inglesa.
Percebe-se também que por volta de 70% do curso de odontologia humana não
tem aplicação prática em veterinária. Como exemplo, grande parte das matérias baseia-
se nas lesões cariogênicas (e conseqüente tratamento restaurador ou profilático), as
quais são pouco freqüentes nas espécies domésticas. Também as próteses, ortodontia,
cirurgias maiores e patologia bucal, são de pouca valia em odontologia veterinária, ao
menos em nossa experiência e na daqueles veterinários especialistas que tivemos o
prazer de conviver nos EUA. Após quase 20 anos de atuação nesta especialidade, pode-
se concluir que um curso de especialização e residência de aproximadamente dois anos,
para um veterinário que já venha ao menos estudando o assunto, é suficiente para se
aprender o relevante dentro da veterinária. A Anclivepa-SP oferece este curso desde
2002, com grande sucesso. NA FMVZ-USP, existe uma matéria de pós-graduação em
Periodontia.
Percebe-se que a área mais desenvolvida ainda é a de pequenos animais.
Todavia, queremos crer que seja questão de tempo para que a maioria dos zoológicos,
reservas, entidades conservacionistas comecem a dar a importância devida à boca dos
animais destes locais.
8
Referências bibliográficas
FOWLER, M. E.; CUBAS, Z. S. Biology, medicine, and surgery of south American wild animals. Iowa State University Press, Iowa, p. 457-463. GIOSO, M. A. Revista do Conselho Federal de Medicina Veterinária. Janeiro de 1997. PEYER, B. Comparative odontology. University of Chicago Press, Chicago, 1968. RING, M. E. Dentistry: an illustrated History. New York, Abradale Press and Mosby-Year Book, 1985. SAN ROMAN, F. Atlas de odontologia de pequenos animais. Manole, São Paulo, 1999. 284 p
9
2. Introdução à Odontologia de Animais Selvagens Prof. Dr. Marco Antonio Gioso
O conhecimento e a compreensão da anatomia, fisiologia, nutrição e
comportamento do animal em seu habitat natural, bem como o uso de melhores vacinas
e diagnósticos mais apurados aumentam drasticamente o bem estar e a longevidade dos
animais em cativeiro.
O exame da cavidade oral, visando detectar e corrigir problemas de forma
precoce deve ser parte de um programa de avaliação geral da saúde animal. Nota-se que
uma avaliação detalhada da cavidade oral só pode ser realizada quando o animal estiver
quimicamente contido e, portanto, deve fazer parte de todo exame físico realizado
quando o animal for anestesiado para outros procedimentos. Além disso, a contenção
química fornece maior proteção tanto ao animal quanto aos técnicos e profissionais
envolvidos.
Entretanto, a detecção das lesões orais, em animais em cativeiro, só ocorre após
a manifestação dos sinais clínicos das afecções como anorexia, perda de peso, ptialismo,
mudanças na preensão e mastigação do alimento, dor e desconforto. Em quadros mais
avançados também se observam mudanças de atitude, seleção de alimento na dieta,
corrimento oronasal, alimento não digerido nas fezes, dentre outros.
Os tratadores dos animais são, normalmente, os primeiros a observar
anormalidades que podem sugerir problemas orais. São estes que passam a maior parte
do tempo com os animais, conhecem as diferenças e até particularidades individuais,
para tanto, devem ser treinados para detectar sinais prematuros em âmbito agudo ou
crônico, mesmo à distância, como na maneira de apreender ou selecionar determinados
itens alimentares que podem estar associados aos processos iniciais das enfermidades
orais. Uma vez que o tratador identificou uma possível alteração, ele deve reportar-se ao
Médico Veterinário, que então irá decidir qual o procedimento a ser tomado.
Particularmente, é relatado em cavidade oral de grandes felídeos, um alto índice
de problemas ocorridos em animais mantidos em cativeiro, como fraturas com
exposição de polpa devido ao fato de roerem grades de metal, lutas entre indivíduos de
um mesmo bando e manejo inadequado (pessoal incapacitado).
Apesar de algumas afecções serem mais prevalentes, é importante que o exame
da cavidade oral avalie tanto os tecidos duros: dente e ossos (presença de cálculo, cárie,
10
fratura, mobilidade e desmineralizações) como os tecidos moles: lábio, língua, gengiva,
palato, bochechas e faringe (edemas, sangramentos, ulcerações e coloração). Os tumores
de cavidade oral em animais selvagens ainda são pouco relatados e de baixa
prevalência, porém alguns tipos já foram descritos como epúlide ossificante em
cavidade oral de mão pelada (Procyon cancrivorus).
A prevenção da ocorrência de enfermidades orais é fundamental para que se
mantenha a sanidade geral dos plantéis, evitando a necessidade de realização de
procedimentos cirúrgicos sofisticados, trabalhosos e de alto custo. A profilaxia da saúde
oral dos animais mantidos em cativeiro deve ser parte da profilaxia da saúde geral e
deve envolver a detecção e a eliminação de futuras causas de afecções patogênicas. O
melhor procedimento profilático é, basicamente, obtido em três condutas: (1) realizar
um detalhado exame da cavidade oral sempre que houver oportunidade; (2) treinar os
tratadores dos animais para reconhecer quaisquer sinais indicativos de anormalidades
estomatognáticas e (3) avaliar o valor nutricional, a consistência e a textura das dietas
oferecidas aos animais. A dieta ideal para qualquer animal cativo é aquela que simule as
características nutricionais e estruturais da dieta natural, para a qual os órgãos digestivos
foram adaptados ao longo da evolução.
As principais lesões orais em animais selvagens serão abordadas, ao decorrer do
curso, de acordo com o táxon ao qual os animais pertencem.
Prevenindo-se problemas médicos estomatognáticos preserva-se a eficiência dos
processos digestórios, contribuindo para a manutenção da saúde geral, melhorando suas
habilidades reprodutivas, aumentando sua expectativa de vida e melhorando
substancialmente a qualidade de vida dos animais.
Referências bibliográficas FOREEST, A. W. V. Veterinary dentistry in zoo and wild animals. In FOWLER, E. M. Zoo & Wild Animals Medicine. W. B. Saunders Company, Philadelphia, 1986. PACHALY, J. R.; GIOSO, M. A. Oral cavity In FOWLER, M. E.; CUBAS, Z. S. Biology, medicine, and surgery of South American wild animals. Iowa State University Press, Iowa, p. 457-463. HARVEY, C. E. 1985, Veterinary Dentistry. Philadelphia: W. B. Saunders Company, 1985. p.289-308. PACHALY, J. R. Noções de Odonto-estomatologia aplicada aos animais selvagens. Apostila da disciplina do curso ministrado no Zoológico de São Paulo, maio de 1997.
11
3. Afecções Orais em Roedores e Lagomorfos M. V. MSc. Herbert Lima Correa
A ordem Rodentia é extraordinariamente grande sendo a maior entre os
mamíferos, compreendendo desde um pequeno rato com poucos gramas de peso até
uma capivara com aproximadamente 50 quilos. A ordem dos lagomorfos é menor,
sendo os coelhos os mais conhecidos. A diferença básica entre estas ordens, do ponto de
vista odontológico, está no fato de os lagomorfos terem dois pares de incisivos
superiores, sendo um deles de incisivos rudimentares (peg teeth) imediatamente caudais
aos incisivos principais.
Muitos destes pequenos mamíferos têm como característica peculiar possuir
dentes de crescimento contínuo (elodontes), sendo classificados como hipisodontes
(coroa longa) arradiculares (não tem estrutura radicular verdadeira). As peças dentais
são divididas em coroa clínica (acima da gengiva) e coroa de reserva ou raiz clínica
(abaixo da gengiva) cuja extremidade é semelhante a um ápice aberto onde existem
células germinativas responsáveis pela produção contínua de estruturas dentárias e
conseqüente crescimento contínuo dos dentes. Uma exceção a esta regra pode ser
encontrada em alguns roedores, como os ratos, camundongos e hamsters que têm os
dentes caudais braquiodontes (coroa curta) e anelodontes, sendo inclusive utilizados em
experimentos na odontologia humana, pois estes dentes se assemelham aos dentes
caudais dos seres humanos. Estas espécies são, em geral, onívoras, tendo uma dieta
hipercalórica e a anatomia dos dentes caudais facilita a trituração dos alimentos. Já a
maioria dos roedores e lagomorfos são essencialmente herbívoros, comendo grandes
quantidades de folhagem o que leva ao atrito e conseqüente desgaste dos dentes, sendo
o crescimento contínuo dos dentes importante para compensar este desgaste.
Portanto, deve haver um equilíbrio entre o crescimento e o desgaste. Se ocorrer
um desequilíbrio entre estas frações, podem ocorrer significantes conseqüências para a
saúde bucal o que influencia diretamente a saúde geral.
Quando a velocidade de crescimento dos dentes é maior que a de desgaste,
parece haver uma tendência a ocorrer um alongamento da coroa clínica o que exerce
uma pressão maior no “ápice radicular” levando a uma alongamento radicular ou
intrusão dentária que pode levar à inflamação e dor. Nas chinchilas, parece haver
tendência ao alongamento radicular independente de haver alongamento coronal. Já nos
12
cobaios (porquinhos da índia) o alongamento coronal parece ser mais evidente. Na
maior parte das vezes estes alterações podem passar despercebidas, sendo a dor com
diminuição do apetite os sinais clínicos mais evidentes. A inflamação local pode levar à
alteração nas células germinativas que podem diminuir a produção dentária ou levar à
produção de material dentário anômalo e eventualmente até morte destas células com
conseqüente morte do dente cessando-se seu crescimento. Qualquer uma destas
alterações pode alterar a velocidade de crescimento entre os dentes, fazendo com que
estes fiquem de tamanhos diferentes, caracterizando um desnível oclusal, o que dificulta
a trituração dos alimentos. Pode também haver mudança no eixo de erupção de um
dente aumentando o espaço entre dois dentes adjacentes podendo haver impactação de
resíduos alimentares entre dois dentes e ocorrer uma progressão da doença periodontal
com eventual desenvolvimento de um abscesso. Se um ou mais dentes saem do eixo de
erupção pode ocorrer uma maloclusão e haver um desgaste desigual com formação de
pontas dentárias, em geral para vestibular nos dentes superiores e para lingual nos
dentes inferiores. Estas pontas traumatizam os tecidos moles, principalmente a mucosa
jugal o que leva a dor, salivação e inapetência.
O exame físico destes animais é de difícil execução, sendo o ideal anestesiá-los.
Mesmo assim, a cavidade oral pequena associada à limitada abertura bucal, torna o
exame um desafio que pode ser facilitado por abridores de boca e afastadores de
bochecha especialmente desenvolvidos para esta finalidade. O exame radiográfico é
essencial para o diagnóstico do alongamento radicular e coronal, desnível oclusal,
lesões reabsortivas, dentre outros. Nos cobaios (porquinhos da índia) não existe uma
linha oclusal definida devido à inclinação da mesa oclusal, mas nos coelhos e nas
chinchilas esta linha é bem definida. Inclusive, após o desgaste dos dentes, deve-se
checar o ajuste oclusal com uma nova radiografia.
A anestesia inalatória pode ser utilizada, principalmente nos procedimentos mais
rápidos e pouco cruentos. Nas chinchilas, tem-se empregado a anestesia inalatória com
isofluorano sem auxílio de outros agentes, sendo feita a indução com auxílio de máscara
e manutenção através de uma pequena máscara adaptada às narinas ou sonda nasal. Nos
coelhos, para o desgaste dos incisivos pode-se optar pela indução na máscara com
isofluorano, mas para procedimentos maiores e mais longos é preferível optar pela
utilização da associação de pequenas doses de quetamina e xilazina ou quetamina e
diazepan ou até apenas quetamina e manutenção com isofluorano se necessário. Nas
cobaias, prefere-se sempre a utilização de pequenas doses dos fármacos anteriormente
13
descritos e manutenção com isofluorano se necessário. Estes protocolos devem ser
adaptados à realidade e à experiência de cada profissional.
Nos coelhos, a mesa oclusal tende a ser plana podendo haver pequena inclinação
de cerca de 10 graus. Dos problemas odontológicos mais freqüentes encontram-se as
maloclusões do tipo classe III que levam a uma condição de mordida cruzada anterior
impossibilitando o desgaste correto dos dentes que a medida que vão crescendo, causam
trauma em tecidos moles levando a dor e inapetência. Se o problema não for
adequadamente identificado e solucionado, com a diminuição da alimentação, os dentes
caudais podem sofrer “sobrecrescimento” e também formação de pontas. O tratamento
consiste em desgastar estes dentes e tentar devolver o ajuste oclusal e acompanhar se
eles voltarão a ter um desgaste normal. No geral, quando o problema é de ordem
ortopédica, torna-se recidivante, havendo necessidade de redução constante da coroa
dos incisivos que crescem na velocidade média de 2 mm/semana para os superiores e
2,4 mm/semana para os inferiores. Se eventualmente ocorrer exposição pulpar, é
recomendada a aplicação de cimento de hidróxido de cálcio apenas. Pode-se também
optar pela extração dos dentes, sendo que os coelho adaptam-se bem sem os incisivos.
Existem alavancas (luxadores) especialmente desenvolvidos para esta finalidade e estes
são introduzidos no espaço periodontal até conseguir-se uma mobilidade dental
razoável. Em seguida, com auxílio de um fórceps aplicam-se movimentos de girar
levemente o dente em ambas as direções até haver a luxação completa podendo-se,
então, removê-lo do alvéolo, suturando-se os bordos gengivais com fio absorvível 3-0
ou 4-0 com pontos simples separados.
Nos cobaios (porquinhos da índia), um detalhe que chama a atenção é a mesa
oclusal inclinada em cerca de 30 graus em formato de V. Quando não há um desgaste
adequado dos dentes há uma alongamento da coroa clínica e uma tendência da boca
ficar aberta e a mandíbula ser projetada rostralmente. Uma vez projetada, os primeiros
pré-molares não sofrem desgaste e crescem sobre a língua prendendo-a, dificultando a
alimentação. Um dos grandes desafios é devolver a altura e inclinação corretas da mesa
oclusal. Em alguns casos, após o desgaste dos dentes, a musculatura não mais é capaz
de fechar a boca do paciente, preconizando-se a aplicação de uma espécie de tipóia
elástica na tentativa de fortalecer a musculatura.
Nos chinchilas os problemas mais comuns são alongamento radicular e dentário,
maloclusão, formação de pontas dentárias e lesão reabsortiva. Muito provavelmente,
estas alterações têm relação entre si e o ponto em comum entre elas seria a alimentação
14
inadequada que não promove um desgaste suficiente dos dentes. No entanto, sabe-se de
muitos chinchilas que mesmo diante de uma alimentação “não ideal” não desenvolvem
problemas odontológicos significativos a ponto deles apresentarem os sinais clínicos
mais comuns como a dificuldade em roer ou se alimentar ou até mesmo a seletividade
na escolha dos alimentos, alteração nas fezes, salivação, pêlos ao redor da mandíbula e
pescoço úmidos, esfregar o focinho com as patas dianteiras, perda de peso, inapetência,
desidratação, aumento de volume facial, secreção ocular ou nasal, dentre outros. Diante
deste impasse, seria prudente evitar-se o cruzamento de pacientes com afecção bucal.
Nesta espécie, a mesa oclusal é plana facilitando o desgaste dos dentes que
devem ser reduzidos até bem próximo a linha gengival ou por vezes até sub-
gengivalmente para conseguir-se um ajuste oclusal. Quando isto ocorre, faz-se
necessário a gengivectomia que pode ser realizada com bisturi seguida de cauterização
com termo cautério. Tem-se visto também dentes com lesão reabsortiva que apresentam
perda de estrutura ou mobilidade dental acentuada. Quando há pequena falta de
estrutura na superfície oclusal, pode-se desgastá-la. Geralmente o dente continua seu
crescimento eliminando a área de reabsorção. Em alguns casos, a reabsorção é abaixo
da linha da gengiva e é responsável pela mobilidade dental, que nos casos mais severos
deve-se extrair este dente, que não sai inteiro, mas apenas a porção coronal, podendo o
dente voltar a crescer normalmente.
Para a realização do desgaste dos dentes recomenda-se a utilização de brocas do
tipo carbide para peça de mão (nº 6 e 8). Cuidado para não lesar os tecidos moles deve
ser prioridade, principalmente na região vestibular do último molar que pode levar à
hemorragia intensa, difícil de ser controlada, podendo levar a morte do paciente. A
mucosa sub-lingual também é bastante sensível devendo ser preservada. No caso de
maloclusão, o tratamento dificilmente é definitivo, havendo necessidade de desgaste
periódico dos dentes. Tem-se visto que muitos casos exigem um desgaste na média a
cada 3 meses. No caso de maloclusão rostral dos coelhos, a necessidade de desgaste
pode ser mensal. Extrações são um desafio devido a fragilidade das estruturas bucais e
anatomia curva do dente. Além disso, os dentes antagonistas devem ser monitorizados,
pois podem desgastar-se irregularmente sendo um problema adicional. Na prática, tem-
se visto que apenas um dente extraído, especialmente quando não se trata do primeiro
ou do último, devido ao movimento rostro-caudal da mandíbula, não interfere no
desgate normal do antagonista.
15
A recuperação no pós-operatório nem sempre é imediata, havendo necessidade
de suporte hídrico e alimentar até que o paciente volte a comer normalmente. Uma dieta
adequada, que favoreça o desgaste dos dentes deve ser instituída, preferencialmente
constituída de verde e feno. O uso de antibiótico e analgésico deve ser ponderado.
Referências bibliográficas PESSOA, C. A. Rodentia – roedores de companhia (hamster, gerbiu, cobaia, chinchila, rato). In: CUBAS, Z. S.; SILVA, J. C. R.; CATÃO-DIAS, J. L. Tratado de Animais Selvagens – Medicina Veterinária. Roca, São Paulo, 2007. p. 432 – 474. CROSSLEY, D. A. Clinical aspects of rodent dental anatomy. J. Vet. Dent., v. 12, n. 4, p. 131-135, 1995. LEGENDRE, L. F. J. Oral Disorders of Exotic Rodents. In: CROSSLEY, D. A. Oral Biology, Dental and Beak Disorders. Vet. Clin. North Am. – Exotic Animal Practice, v. 6, n. 3, p. 601-628, 2003. WIGGS, B.; LOBPRISE, H. Dental Anatomy and Physiology of Pets Rodents and Lagomorphs. In: CROSSLEY, D. A.; PENMAN, S. Manual of Small Animal Dentistry. British Small Animal Veterinary Association, London, 1995. p. 68-73. WIGGS, B.; LOBPRISE, H. Dental and Oral Disease in Rodents and Lagomorphs. In: _ Veterinary Dentistry. Principles & Practice, ed. Lippincott- Raven, New York, 1997. p. 518-537
16
4. Afecções Orais em Carnívoros M. V. Dr. João Luiz Rossi Jr.
Os dentes são estruturas altamente variáveis entre as espécies. São muito
adaptados para os trabalhos que têm de desempenhar no sistema estomatognático. Por
esta razão, eles são particularmente usados para a identificação de mamíferos em sítios
arqueológicos.
Nos mamíferos carnívoros e onívoros, o desgaste é relativamente menor do que
nos herbívoros, devido ao fato da dieta ser menos abrasiva e ter um conteúdo energético
maior e, portanto, ser necessária em menor quantidade. Apesar dos Didelphis (gambás)
serem onívoros, apresentam desgaste muito intenso, até mesmo em espécimes
relativamente novos, apesar da ausência de elementos abrasivos na sua dieta (como nos
herbívoros).
O dente quarto pré-molar superior dos carnívoros possui margens cortantes
desenvolvidas a partir de metacones, funcionando como tesouras, quando em oclusão
com os dentes quarto pré-molar e molar inferiores.
Porém nem todos os carnívoros possuem este padrão de “tesoura” nos dentes
carniceiros. A forma dos dentes está diretamente relacionada com a especialização da
dieta da espécie. Carnívoros generalistas tendem a ter dentes carniceiros mais
moderados (ex: ursos) e molares mais adaptados à trituração de alimentos. Caçadores
especializados (canídeos e felídeos) tendem a ter dentes carniceiros mais cortantes,
semelhantes a lâminas, e função de trituração reduzida .
Indicações para o tratamento odontológico
Os aspectos clínicos encontrados durante o exame da cavidade oral são a
primeira indicação para o tratamento dental e devem ser transcritos em ficha clínica
específica (odontograma). Caso o tratamento não seja possível ou muito extenso para o
momento, é importante que ele seja inserido num plano terapêutico para a correção do
problema o mais rápido possível.
A suspeita da existência de enfermidades orais baseia-se em alterações clínicas e
comportamentais. Segundo PACHALY, os sintomas podem ser:
17
- Aflição e angústia,
- Escavar o chão ou coçar a área afetada,
- Balançar a cabeça e friccioná-la contra obstáculos,
- Comportamento agressivo (causado por dor dental constante),
- Maneiras incomuns de beber ou comer,
- Reações agudas à ingestão de água fria,
- Anorexia e perda de peso,
- Preferência por alimentos não usuais (mais macios),
- Alimentos pouco digeridos nas fezes
Os sinais clínicos visíveis, segundo o mesmo autor:
- Tumefação na cabeça,
- Salivação anormal,
- Corrimentos pelo nariz, boca ou por dentes fraturados,
- Fraturas dentais,
- Maloclusão,
- Crescimento dental excessivo.
- Sangramentos
A ocorrência de certos comportamentos normais também deve ser observada,
pois cada espécie animal tem seus movimentos característicos de lábios, língua e
bochechas durante a mastigação. Neste caso, faz-se necessário que o Médico
Veterinário conheça as diferenças entre as espécies e se não for possível, buscar através
de anamnese e conversas informais com tratadores de zoológico, criadores e outros
profissionais que tenham contato mais íntimo com espécimes selvagens.
Depois de preconizado o tratamento odontológico a ser instalado, deve-se ter
conhecimento pleno do protocolo anestésico a ser instituído a fim de minimizar os
riscos envolvidos. Para tanto um profissional especializado deve ser consultado. Além
disso, a dose dos fármacos a serem usados em animais selvagens pode não coincidir
com aquelas utilizadas em animais domésticos e, por ventura, deve-se calculá-las por
meio de extrapolação alométrica.
18
Principais afecções orais
É importante frisar a necessidade da prevenção das doenças orais em carnívoros
selvagens, com o objetivo de minimizar as enfermidades. O método mais indicado é a
reavaliação das dietas, passando a alimentar os animais com uma dieta mais apropriada,
que simule seus hábitos alimentares em condições selvagens. Além disso, a dentição
dos animais selvagens assume funções diferenciadas em relação aos animais
domésticos, como a predação, intimidação do oponente, disputas diversas (ataque e
defesa), auxílio na cópula (felídeos), transporte de filhotes e limpeza corpórea.
As anormalidades da dentição e outras lesões orais podem ser resultado do
desenvolvimento anormal dos tecidos, displasia ou influências do meio ambiente.
Ainda como fatores desencadeadores de enfermidades orais, dietas artificiais
fornecidas aos animais em cativeiro que, mesmo adequadas em termos nutricionais,
diferem muito das dietas dos animais de vida livre. O bem-estar e a longevidade dos
animais cativos são, em parte, determinados pela habilidade de mastigar adequadamente
os alimentos. Além disso, para muitos animais, a alimentação é uma experiência social
que ocupa seu tempo, promove integração e serve como treinamento aos jovens. Uma
dieta bem balanceada, e planejada para assegurar a plena utilização de todos os órgãos
digestivos é de grande importância para os mecanismos de autolimpeza da cavidade oral
e pode prevenir a ocorrência de diversos distúrbios. Em alguns casos, o aroma da dieta
deve ser considerado, pois interfere na ingestão do alimento, como descrito em
cervídeos cativos.
Referências bibliográficas AGUIAR, M. S.; FERIGOLO, J.; ROSSI, Jr. J. L.; GIOSO, M. A. Atrição dental em Didelphis albiventris e Didelphis marsupialis (Marsupialia, Didelphimorphia, Didelphidae) do Sul do Brasil. In Ciência Rural, Santa Maria, v. 34, n.4, p.1127-1132, jul-ago, 2004. AMAND, W. B.; TINKELMAN, C. L., 1997 In Kleiman, D. G.; Allen, M. E.; Thompson, K. V.; Lumpkin, S. Wild mammals in captivity- principles and techniques. p. 16-24, 1997.
19
CURSINO, M. S.; OLIVEIRA, D. E.; DUARTE, J. M. B. Estudo comparativo de aromas em rações para cervídeos em cativeiro. In IX Congresso e XIV Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens, São José do Rio Preto. Anais... 2005. FERIGOLO, J. Relação entre tempo de vida máximo e patologias dentárias em Didelphis (Mammalia, Marsupialia) do Rio Grande do Sul, Brasil. In: JORNADAS ARGENTINAS DE MASTOZOOLOGÍA 10., 1995, La Plata, Argentina. Anais... La Plata : Sociedad Argentina para el Estudio de los Mamíferos, 1995. p.24. FOREEST, A. W. V. Veterinary dentistry in zoo and wild animals. In FOWLER, E. M. Zoo & Wild Animals Medicine. W. B. Saunders Company, Philadelphia, 1986. HILLSON, S. Teeth. London. Cambridge University Press, 1996. p.77-81. PACHALY, J. R. Noções de Odonto-estomatologia aplicada aos animais selvagens. Apostila da disciplina do curso ministrado no Zoológico de São Paulo, maio de 1997. PACHALY, J. R. Odonto-estomatologia em animais selvagens. Apostila da disciplina de Clínica de Animais Selvagens e de Zoológico do Depto. de Medicina Veterinária da UFPR. Curitiba, 1992.
20
5. Afecções Orais em Primatas M. V. Roberto S. Fecchio
Introdução
No que tange às diversas classificações da arco dentário das diferentes espécies
animais, os primatas são classificados como: Heterodontes (do grego heteros =
diferente), animais cujos dentes possuem morfologia diversa, de acordo com seu
aspecto, função e situação, divididos em incisivos, caninos, pré-molares e molares;
Diplodontes, possuindo a formação de duas arcadas dentais consecutivas durante a vida
(descíduos e permanentes); Anelodontes, dentes com crescimento limitado, cessando
após atingir seu potencial genético de crescimento; Bunodontes (bunos = colina, altura),
dentes cuja superfície mastigatória é formada por tubérculos distintos com ápice
arredondado; e Braquiodontes, dentes de coroa baixa e crescimento limitado. Isso
permitiu grande avanço evolutivo, já que, não sendo especializada, sua dentição é capaz
de trabalhar uma grande variedade de alimentos. Cientificamente, a fórmula dental geral
dos primatas é apresentada da seguinte forma: 2x (I3121
−− C
1010
−− PM
3031
−− M
3232
−− ),
onde 2 x superfície do arco superior e inferior, I (incisivo), C (canino), PM (pré molar),
M (molar).
Principais afecções
Osteodistrofia Fibrosa
A osteodistrofia fibrosa possui como agente etiológico o desequilíbrio mineral
(erros de dieta e manejo), apresentando como manifestações clínicas: deformidades,
como aumento de volume dos ossos da mandíbula, maxila e pré-maxila; incapacidade
de preensão e mastigação de alimento; e exfoliação dentária.
Como terapêutica, recomenda-se a correção dietética, administração de cálcio,
vitamina D3 e exposição à luz solar.
Herpesvirose
O herpesvírus humano (Herpesvirus hominis e Herpesvirus simplex) causa
graves quadros em saguis e macacos da noite; e a transmissão ocorre pelo contato com
humanos portadores do vírus. A manifestação clínica é evidenciada pela presença de
21
lesões orais, conjuntivite e doença respiratória, podendo evoluir para quadros
neurológicos e óbito em dois a cinco dias. A prevenção é de extrema importância e deve
ser feita com o isolamento de humanos com lesões ativas.
O herpesvírus T (Herpervirus tamarindus) pode causar um quadro similar, e sua
transmissão ocorre principalmente por portadores sadios de macaco aranha (Ateles sp) e
mico de cheiro (Saimiri scireus).
Exposição Pulpar Traumática
A causa mais comum de exposição pulpar em primatas são as fraturas acidentais
e o "corte" intencional dos dentes caninos (iatrogenia). A infecção bacteriana instalada
na polpa exposta gera abscesso dento-alveolar, podendo originar fístula sinusal malar
(arcada superior) ou fístula mandibular (arco inferior); além de manifestações
sistêmicas, pelo fenômeno da anacorese (taxia de microorganismos por sítios
inflamados).
Normalmente, as exposições pulpares traumáticas necessitam de tratamento
endodôntico, mas, de acordo com a evolução do processso, a extração dental torna-se a
melhor opção. Ambos os procedimentos devem ser associados à antibioticoterapia. No
caso da realização de tratamento endodôntico, recomenda-se a pulpectomia total, devido
ao grande insucesso da pulpectomia parcial em primatas.
Doença Periodontal
A doença periodontal localizada é comum em todas as espécies de primatas, mas
a doença periodontal generalizada possui maior prevalência em primatas do gênero
Ateles (Macaco aranha).
A diferença entre a dieta oferecida em cativeiro e aquela que o animal tinha
acesso em vida livre parece predispor ao acúmulo de placa bacteriana e,
conseqüentemente, à doença periodontal em animais cativos.
O tratamento adequado para a doença periodontal em animais selvagens inclui
antibioticoterapia, remoção de cálculo supra e subgengival e polimento de toda
superfície dental.
As semelhanças anatômicas e biológicas entre humanos e primatas parecem
contribuir para o avanço da periodontologia, beneficiando as diversas espécies
acometidas por tal enfermidade.
22
Cárie Dentária
Diferentes ordens e gêneros de animais apresentam variados graus de
suceptibilidade à cárie e esta é muito mais encontrada em animais cativos do que em
animais de vida livre. Porém ainda não há trabalhos fidedignos a este respeito.
Por definição, cárie é a desmineralização de esmalte, dentina ou cemento, pela
ação de bactérias e seus metabólitos ácidos. Diversos fatores contribuem para a
instalação da cárie, como as fraturas; o mal posicionamento dental, criando áreas de
impactação de comida; anatomia dental (profundidade de sulco gengival, fóssulas,
fissuras e cicatrículas); e as dietas inadequadas (com altos índices de carboidratos),
principalmente em primatas idosos.
O tratamento consiste no debridamento do tecido necrótico e restauração do foco
de cárie, com materiais do tipo amálgama de prata ou resinas compostas. Em casos mais
avançados, que afetam a polpa dental, deve-se associar ao tratamento endodôntico .
De qualquer forma, a cárie não é freqüentemente observada. Num estudo com 85
lêmures, apenas dois apresentaram a enfermidade; e, num estudo com 42 macacos-
prego, nenhum apresentou.
Prevalência em Macacos-prego (Cebus apella)
LESÃO Nº DE ANIMAIS PORCENTAGEM Cálculo 53 72% Gengivite 49 66% Bolsa periodontal 2 3% Retração gengival 13 18% Hiperplasia gengival 7 9% Mobilidade dental 19 26% Ausência dental 21 28% Fratura dental 20 27% Exposição de polpa 12 16% Supra numerário 1 1% Giro-versão 1 1% Apinhamento dental 1 1% Desgaste 12 16% Maloclusão 1 1% Erosão de esmalte 1 1% Total 74 100%
Conclusões
23
Os procedimentos dentais envolvendo primatas não-humanos apresentam
diversos agravantes, como a grande variação na morfofisiologia dental e oral e as
zoonoses associadas e, portanto, necessitam de apropriado conhecimento, treinamento,
equipamento, rapidez e precisão.
Referências bibliográficas AMAND, W. B.; TINKELMAN, C. L., Oral disease in captive wild animals. 1985 In Harvey, C. E. Veterinary dentistry 1985, p.289-308, 1985. AURICCHIO, P. Primatas do Brasil. Terra Brasilis, São Paulo, 1995, 168 p. FECCHIO, R. S.; GOMES, M. S.; GIOSO, M. A. Prevalence of oral diseases in capuchin monkey (Cebus apella) captives in the state of São Paulo, Brazil. In: 20 TH ANNUAL VETERINARY DENTAL FORUM. Portland: United States of America. Anais... 2006. FOREEST, A. W. V. Veterinary dentistry in zoo and wild animals. In FOWLER, E. M. Zoo & Wild Animals Medicine. W. B. Saunders Company, Philadelphia, 1986. GIOSO, M. A.; PACHALY, J. R. Oral cavity In FOWLER, M. E.; CUBAS, Z. S. Biology, medicine, and surgery of South American wild animals. Iowa State University Press, Iowa, p. 457-463.
24
6. Afecções Orais em Répteis M.V. MSc. PhD. João Luiz Rossi Jr.
Os répteis são representados pelos quelônios (tartarugas, cágados e jabutís),
crocodilianos (jacarés, crocodilos e gaviais) e esquamatas (lagartos, serpentes e
anfisbênios).
São animais ectotérmicos, ou seja, dependem da temperatura ambiente para
manter a homeostase. Tal característica os torna totalmente dependentes e adaptados às
características climáticas do ambiente que habitam e, portanto, a medicina de répteis é
extremamente complexa. Com relação à estomatologia, diversas particularidades
também devem ser levadas em conta, como a variedade dos tipos de dentição, que
ocasiona enfermidades variadas e específicas; e o fato de que nem todos os répteis
possuem dentes, mas bicos córneos adaptados à função de preensão.
Se estes animais não estão em um ambiente de temperatura ideal para espécie,
ocorre depressão de funções do organismo: os movimentos de locomoção cessam, a
alimentação e a digestão são interrompidas, as freqüências cardíaca e respiratória são
deprimidas e a atividade elétrica cerebral torna-se lenta. Apesar deste metabolismo
dependente do ambiente, estes animais estão na Terra a milhares de anos e possuem
aproximadamente 6.000 espécies conhecidas.
JACOBSON e KOLLIAS preconizam que sempre que um réptil for
encaminhado para atendimento veterinário, deve-se realizar exame físico completo.
Primeiramente o animal deve ser examinado à distância, observando-se simetria e
contornos faciais. Se a espécie examinada utiliza sua língua como órgão sensorial deve-
se observar o movimento, freqüência e aparência. A cabeça deve ser observada,
examinando possíveis áreas de ulcerações, descoloração e sangramentos.
A boca deve ser gentilmente aberta utilizando-se uma pequena espátula
descartável de madeira, ou uma espátula de uso odontológico ou ainda um espéculo
utilizado para abrir bico de aves, inserida entre as mandíbulas das serpentes ou de
alguns lagartos, segurando o animal pela base do crânio e com os dedos apertando
gentilmente o espaço intermandibular para manter a boca aberta.
Em quelônios, deve-se inserir uma espátula entre as lâminas do bico
queratinizado e verticalizar a espátula para manter a boca aberta. Este processo nesta
25
Família é mais difícil em animais hígidos devido a força que eles apresentam no
pescoço, membros torácicos e espaço reduzido devido ao casco.
Alguns répteis apresentam comportamento defensivo de abrir a boca quando
ameaçados, sendo esta uma boa oportunidade para se acessar a cavidade oral.
Crocodilianos apresentam este comportamento que pode ser aproveitado em animais de
pequeno porte, onde a contenção física pode ser empregada. Enquanto o animal estiver
com a boca aberta, deve-se introduzir um abre boca, adequadamente revestido com
material macio, prevenindo assim fraturas dentais no momento do fechamento da boca.
Serpentes não possuem dentes na região intermaxilar e intermandibular o que
possibilita ao examinador acessar a cavidade oral através da introdução de um espéculo
por esta região. Pode-se utilizar a região intermaxilar e intermandibular para a abertura
manual da boca em serpentes não peçonhentas. Este animais possuem tipos
diferenciados de dentição que devem ser levados em consideração durante o exame
físico, principalmente nos casos de animais peçonhentos. Os dentes dos ofídios não
possuem raízes, sendo que os mesmos encontram-se encaixados nos alvéolos dos ossos
das hemimandíbulas, maxila e palatino, o que permite que ocorram fraturas ou até
avulsão dental.
A cavidade oral de pequenas serpentes pode ser avaliada utilizando-se um
otoscópio com cones adequados para inspecionar a cavidade oral, faringe e porção
proximal do esôfago.
Deve-se observar a coloração da mucosa oral, presença de hemorragia,
características das secreções (cor, viscosidade, quantidade e odor), simetria, presença de
alterações (fraturas, corpo estranho, parasitas, cáseos e cálculo dental), dentes, posição
da glote e base da língua (rostral em serpentes, média em lagartos e caudal em quelônios
e crocodilianos) e aspecto da faringe.
Sempre que se estiver trabalhando com serpentes peçonhentas ou grandes
lagartos e crocodilianos (jacarés, crocodilos, aligatores e gaviais) é recomendado se
utilizar sedação ou anestesia geral, mesmo em procedimentos simples.
Os répteis podem ser acometidos por alguns tipos de enfermidades, sendo as
principais:
- Estomatite infecciosa;
- Hipovitaminose A;
- Doença periodontal em lagartos;
- Anormalidades no bico de quelônios;
26
- Deformidades traumáticas em casco de quelônios.
Referências bibliográficas:
CARVALHO, J. E. Controle da homeostase metabólica na dormência sazonal em lagartos teiú (Tupinambis meriane). 1999. Dissertação (Mestrado em Fisiologia Animal)- Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo. São Paulo, 1999.
POUGH, F. H.; Recommendations for the care of amphibians and reptiles in Academic Institutions. National Academy Press, Washington, 1992, pp. 5-26.
JACOBSON, E. R.; KOLLIAS, G. V. Exotic animals. In Small Animal Practice. Churchill Livingstone, New York. v.9, pp. 01-74.
27
7. Afecções Orais em Aves M. V. Roberto S. Fecchio
O bico das aves é uma estrutura dinâmica em crescimento constante, constituída
pelos ossos maxilares superior (pré-maxila e nasal) e inferior (mandíbula), cobertos por
bainhas epidérmicas queratinizadas, denominado de ranfoteca. Outras estruturas
também compõem o bico como feixes vásculo-nervosos, articulações e bainhas
germinativas. Anatomicamente, a ranfoteca é subdividida em rinoteca (superior) e
gnatoteca (inferior). A mucosa da cavidade oral e da língua das aves é recoberta por
epitélio escamoso estratificado e o grau de queratinização varia de acordo com a
localização do epitélio na cavidade oral.
A consistência da ranfoteca varia entre as espécies. É firme em Psitaciformes
(papagaios, periquitos e araras) e macia e flexível em Anseriformes (gansos). A
ranfoteca pode ser considerada como estrato córneo do bico e a derme é bem
vascularizada e conectada ao periósteo. Trauma ou necrose da derme podem
freqüentemente resultar em lesões que induzem deformidades no bico.
A ranfoteca possui variadas funções em diferentes espécies de aves, como
preensão de alimento, preparo do alimento para a deglutição, defesa e ataque, interação
social e sexual, locomoção e construção de ninhos. O crescimento da queratina do bico
ocorre sempre que houver uma camada germinativa subjacente (aderida ao periósteo),
mas as linhas de crescimento inclinam-se no sentido da ponta do bico. O tempo de
reposição de queratina da ranfoteca está intimamente ligado ao uso do bico. Em grandes
psitacídeos a substituição completa da ranfoteca ocorre em aproximadamente seis
meses, enquanto que nos ranfastídeos há uma taxa de crescimento aproximada de 0,5
cm num período de dois anos. Normalmente a queratina da gnatoteca é substituída de
duas a três vezes mais rápido do que a rinoteca.
As anormalidades do bico podem ocorrer como resultado de má nutrição;
incubação inapropriada; infecção viral, bacteriana, fúngica e parasitária e traumas. Esses
fatores podem gerar crescimento exagerado do bico, cruzamento de rinoteca e gnatoteca
(“bico em tesoura”), encurtamento do bico superior (prognatismo), infecções, necrose e
fraturas.
28
As principais afecções orais em aves são:
Infecciosas:
- bacterianas: Gram-negativos e Gram-positivos
- virais: poliomavirose, poxvirose;
- fúngicas: Aspergillus, Candida (membranas brancas aveludadas na cavidade
oral);
- parasitárias: Knemidokoptes (crescimento excessivo do bico), Trichomonas
(placas caseosas amareladas na cavidade oral, língua, faringe, esôfago, inglúvio
e cloaca), Syngamus (observação direta dos parasitos na cavidade oral);
Metabólicas: hepatopatia (devido a lipidose, micotoxicose e
hemocromatose)
Nutricionais: deficiências de vitamina A e D, cálcio, desequilíbrio
cálcio/fósforo (deficiências comuns em aves de rapina alimentadas apenas com
pintinhos de um dia, carne ou filhotes de roedores);
Tóxicos: tricotecenos;
Físicos: falta de desgaste;
Alérgicos: fumaça de tabaco;
Neoplasias: Desenvolvimentares: prognatismo, bico em tesoura.
Candidíase
Caracteriza-se por aparecimento de membranas brancas e aveludadas na
cavidade oral das aves, provoca diarréia e emagrecimento. O diagnóstico é feito por
meio dos achados clínicos e cultura laboratorial das lesões em ágar Sabouraud. O
tratamento efetivo consiste na eliminação dos fatores predisponentes, eliminação da
condições de estresse, não utilização de antibioticoterapia desnecessária e na
administração sistêmica de Niastina, Cetoconazol ou Itraconanazol.
Singamose
Parasitose causada pelo Syngamus tracheae que provoca dificuldade respiratória
e pode ser visto na cavidade oral.
Tricomoníase
Causada por Trichomonas columbae e T. gallinae, geralmente acomete pombos
e rapinantes (falcão, gavião, coruja e águia) em vida livre, por meio da ingestão de
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animais infectados. Causa placas caseosas amareladas na cavidade oral, língua, faringe,
esôfago, papo e cloaca. A ave fica apática, anorética, com dificuldade respiratória e
diarréia.
Bouba
Enfermidade causada pelo Poxvirus avium que atinge as aves, causando lesões
proliferativas no bico, pálpebras e cavidade oral, com interferência no processo
alimentar e morte.
Sarna Knemidocóptica
Infecção parasitária causada por Knemidokoptes spp. e responsável por
hiperqueratose no bico e nos pés. Quando não tratada rapidamente, a sarna
knemidocóptica pode promover crescimento exacerbado do bico, ocasionando em
desvios oclusais. O tratamento consiste na administração de ivermectina (300 µg/kg)
por via oral (PO), em duas doses com intervalo de 10 a 15 dias e correções oclusais.
Hipovitaminose A
A vitamina A é formada a partir da forma livre do beta-caroteno e está envolvida
na biosíntese de mucopolissacarídeos, contribuindo para a formação normal das
mucosas e epitélios, do crescimento corpóreo, da visão, do desenvolvimento do sistema
vascular embrionário, da formação de hormônios adrenais e da produção de pigmentos
laranjas e vermelhos64. Sua deficiência acarreta diversos problemas clínicos e, no que
tange à cavidade oral, pode causar metaplasia da mucosa, hiperqueratose de bico,
obstrução dos ductos salivares (devido à metaplasia do epitélio); além de predispor à
formação de pápulas, abscessos orais e corrimento oronasal (coanas), bem como
diversas enfermidades sistêmicas64. O tratamento consiste na correção nutricional da
dieta e administração de vitamina A.
Fraturas
As lesões decorrentes de traumatismos são as mais prevalentes das lesões de
bico e variam de acordo com a intensidade do trauma. As fraturas de face e bico são
graves e podem comprometer sua capacidade de se alimentar satisfatoriamente. Fraturas
no bico são normalmente de difícil resolução e requerem técnicas especializadas de
correção. As fraturas necessitam de fixação e estabilização, de forma a reposicionar
30
corretamente os fragmentos; e promover imediato retorno do bico à sua função. Aves
com fraturas e deformidades no bico podem se adaptar à nova condição e passar a se
alimentar satisfatoriamente com o defeito. Para essas aves, pode ser necessário fornecer
alimentos amolecidos ou em pedaços que favoreçam a apreensão e ingestão.
Referências bibliográficas: RUPLEY, A. E. Manual de clínica aviária. Roca, São Paulo, 1999. RITCHIE, B. W.; HARRISON, G. J.; HARRISON, L. R. Avian Medicine: principles and application. Wingers Publishing, Florida, 1994. FECCHIO, R. S.; GOMES, M. S.; KOLOSOSKI, J.; PETRI, B. S.; GIOSO, M. A. Estudo da aderência da resina acrílica auto-polimerizável (Polimetilmetacrilato) em fraturas de rinoteca de tucanos (Ramphastus toco). In IX Congresso e XIV Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens, São José do Rio Preto. Anais... 2005. ROSSI, J. R.; BARALDI-ARTONI, S. M.; OLIVEIRA, D.; CRUZ, C.; FRANZO, V. S.; SAGULA, A. Morphology of beak and tongue of partridge Rhynchotus rufescens. In Ciência Rural, Santa Maria, v. 35, n.5, p.1098-1102, 2005. GETTY, R. Anatomia dos animais domésticos. V. 2. 5a ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1989.
31
8. Materiais e Tratamentos Odontológicos em Animais Selvagens Prof. Dr. Marco Antonio Gioso
Os tratamentos realizados em espécies selvagens em cativeiro ou mesmo em
ambiente natural, seguem a mesma metodologia empregada nas espécies de carnívoros
domésticos, mudando apenas a logística envolvida.
A realidade dos zoológicos brasileiros, com raríssimas exceções, é de
precariedade de equipamentos e de defasagem de conhecimentos em áreas específicas
da Medicina Veterinária como a Odontologia Veterinária. Estas dificuldades são
decorrentes da morosidade em recebimento de verbas vindas de prefeituras ou governos
estaduais e impossibilidade dos profissionais e técnicos se afastarem das funções para
realizarem cursos de atualização.
A idéia de realizar atendimentos voluntários aos animais mantidos nestas
instituições só é possível graças ao apoio financeiro de órgãos de fomento à pesquisa e
denodo dos profissionais. Com estes recursos, pode-se adquirir materiais específicos
para procedimentos em espécies não-domésticas, muitos deles importados como limas
odontológicas veterinárias para grandes carnívoros, cones de gutta-percha maiores,
aparelhos de radiografia portáteis, dentre outros.
Os autores desta apostila vem realizando há anos atendimento odontológico
gratuito em instituições públicas mantenedoras de animais selvagens dentro e fora do
Estado de São Paulo. Foram tratados primatas, felídeos, canídeos, ursídeos,
mustelídeos, procionídeos, dentre outros animais. Na grande maioria dos procedimentos
foram necessárias diversas improvisações no que tange a logística do procedimento e
instrumental cirúrgico. O tratamento realizado fora do centro cirúrgico torna-se muito
mais penoso para o cirurgião, que muitas vezes não tem o conforto mínimo de uma
cadeira para trabalhar em uma posição mais cômoda durante horas. A dinâmica da
cirurgia neste caso fica em função do tempo de anestesia. Para um animal deste porte,
seria necessário utilizar aparelho de anestesia para grandes animais domésticos, o que
raramente ocorre. Anestesia-se o animal com associação de fármacos miorrelaxantes e
dissociativos, na maioria das vezes.
Como na enorme maioria dos procedimentos feitos em cativeiro, não há
condições de colheita de sangue para exames prévios à anestesia, pois os animais são
indóceis e a aproximação é inviável sem sedação ou recintos adaptados com gaiolas tipo
32
prensa (a maioria dos zoológicos não as possui para uso em grandes carnívoros). Desta
forma, os riscos para o paciente são maiores, uma vez que não se conhece as funções
hepática e renal ou hemograma, porém o Médico Veterinário não ficará inerte nesta
situação. Utilizando os conhecimentos clínicos da espécie ou fazendo analogias com
espécies domésticas, consegue-se minimamente avaliar se o animal está apto ou não
para o procedimento cirúrgico.
33
9. Anestesia para o tratamento odontológico em Animais Selvagens” Prof. MSc. Cláudio Moura
INTRODUÇÃO
As afecções dentárias são comuns em animais silvestres mantidos em cativeiro e
geralmente estão associadas às alterações na dieta natural da espécie, aos hábitos
adquiridos em cativeiro e a algumas situações de manejo.
O acúmulo de tártaro cáculo dental, as cáries e as fraturas de caninos são
ocorrências comuns em mamíferos, fazendo-se necessárias intervenções odontológicas
na tentativa de evitar que as complicações destes processos causem desconforto,
inapetência e morbidade, reduzindo o período de vida útil dos animais.
As aves são freqüentemente acometidas por problemas de oclusão e apreensão de
alimentos, devido ao desgaste inadequado do bico relacionado à dieta e mudança de
hábitos em cativeiro. Répteis são mais susceptíveis às infecções orais como as
estomatites e problemas gengivais.
O tratamento dos diversos tipos de afecções orais nas espécies silvestres podem
requerer breve ou prolongada contenção química, além de diferentes niveis de
analgesia. A restauração do bico de uma ave, mesmo que não seja dolorosa, exige
contenção química segura para resguardar o paciente das complicações oriundas do
estresse. Os procedimentos em grandes primatas, canídeos, felídeos, ursídeos e outros
animais de periculosidade similar, exigem contenção química potente para segurança do
operador, e de acordo com a natureza do procedimento, faz-se necessário o uso de
anestesia geral para proporcionar maior conforto ao paciente e reduzir os riscos de
complicações cardiorrespiratórias.
As intervenções odontológicas podem produzir estimulação dolorosa superficial,
como tratamento periodontal, ou, profunda, como procedimentos de endodontia.
Atualmente, a grande maioria dos procedimentos odontológicos é realizada sob
contenção química parenteral, através da associação de fármacos dissociativos e
miorrelaxantes que, apesar de produzirem contenção química adequada, nem sempre
são capazes de prover a analgesia necessária para determinadas intervenções.
A falta de infra-estrutura adequada para realização de anestesia geral inalatória,
devidamente monitorada, nos zoológicos e parques de conservação nacionais é fator
34
determinante para a persistência do uso de técnicas de anestesia parenteral, com
excessivas reposições de doses, incorrendo em maiores riscos para os animais e
desconforto para a equipe de profissionais.
OBJETIVO
O objetivo de nossa explanação consiste na avaliação das limitações, vantagens e
desvantagens dos protocolos de contenção química e anestesia, atualmente utilizados
em procedimentos odontológicos nas diferentes espécies de animais silvestres,
discutindo alternativas para aumentar a segurança do procedimento para os animais e
seus operadores.
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Os fármacos a serem empregados em contenção química de grandes felídeos e
outras espécies silvestres potencialmente perigosas, devem ser potentes para evitar
injúrias aos operadores além de possuir uma ampla margem de segurança visando
reduzir os riscos para os pacientes.
Muitos relatos de contenção química em leões incluem o uso da fenciclidina,
fármaco descrito como precursor dos anestésicos dissociativos, uma ciclohexamina
capaz de produzir dissociação do meio ambiente, depressão do sistema nervoso central e
analgesia, porém, com prolongada recuperação pós-anestésica onde se manifestam
alucinação, confusão mental e contrações musculares espásticas (SHORT, 1987).
O desenvolvimento de outros anestésicos dissociativos, como o cloridrato de
quetamina cetamina, com efeitos adversos mais discretos levaram a fenciclidina ao
desuso (HALL e CLARKE, 1983; SHORT, 1987).
A anestesia dissociativa produzida pelo cloridrato de quetamina cetamina é
caracterizada pela dissociação do meio ambiente, produz imobilização, analgesia e
depressão, causadas pela interrupção dos impulsos no sistema nervoso central em áreas
seletivas do cérebro (SHORT, 1987). A dissociação ocorre por bloqueio dos estímulos
sensitivos do tálamo, concomitante à estimulação de áreas límbicas, induzindo ao
aparecimento de fenômenos epileptiformes (CORSSEN et al., 1968; HALL e CLARKE,
1983).
35
Esses estímulos se atingem áreas corticais não são percebidos em função da
depressão e/ou desorganização da transferência da informação entre as estruturas de
integração do sistema nervoso central (WRIGHT, 1982; THURMON et al., 1996).
Assim os efeitos depressores foram observados no núcleo central do tálamo
(ARNBJERG, 1979), no eixo neurocorticotalâmico (HALL e CLARKE, 1987) e nas
células nociceptivas da porção medial da formação reticular (OHTANI et al., 1979).
A quetamina cetamina também bloqueia os receptores muscarínicos dos neurônios
centrais e potencializa os efeitos inibitórios do GABA interrompendo o processo de
transporte neuronal da serotonina, da dopamina e da noradrenalina (PADDLEFORD,
1999), potencializando os efeitos dessas catecolaminas por bloquearem a recaptação
desse neurotransmissores (STEWART, 1999).
A anestesia dissociativa é caracterizada por amnésia profunda, analgesia e
catalepsia. Os reflexos orais, oculares e de deglutição permanecem inalterados. A
freqüência cardíaca e a pressão arterial aumentam assim como também o tônus
muscular, porém, a rigidez muscular pode ser minimizada com a administração de
benzodiazepínicos, tais como, diazepam e midazolam.
O midazolam deprime o sistema límbico, o tálamo e o hipotálamo produzindo
efeito calmante, reduzindo a atividade reflexa polissináptica o que resulta em
relaxamento muscular. Causa depressão mínima do sistema nervoso central e produz
efeito anticonvulsivante na maioria dos animais (MUIR e HUBBELL, 2001). É
hidrossolúvel, com meia vida de 1,3 a 2,2 horas e ocasiona ligeira queda da pressão
arterial decorrente da redução da resistência vascular periférica, preservando os demais
parâmetros cardiovasculares. A principal vantagem do midazolam sobre o diazepam é
sua meia vida curta e maior potência hipnótica. As doses normalmente utilizadas em
cães e gatos variam de 0,2 a 0,5 mg/kg (FANTONI e CORTOPASSI, 2002).
Paralelamente, a associação de tiletamina e zolazepam é utilizada como uma
alternativa em animais agressivos e também em animais exóticos. Promove analgesia
seletiva, com melhores resultados em dores superficiais, dores viscerais não são
abolidas (MUIR e HUBBELL, 2001).
A tiletamina possui potência e período hábil intermediário entre a fenciclidina, a
mais potente, e a quetamina cetamina, a menos potente dos agentes dissociativos.
Apresenta período de latência de dois a três minutos após a injeção intramuscular, com
duração de efeito de, aproximadamente, 60 minutos, sendo este efeito dose-dependente.
Os sinais clínicos exibidos durante a anestesia são semelhantes aos observados no uso
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isolado da quetamina. A ocorrência de hiper-responsividade sonora e tátil, forte efeito
cataléptico, ausência de relaxamento muscular e o longo período de recuperação, foram
desvantagens observadas durante o uso isolado deste anestésico. Por essas razões a
tiletamina tem sido comercializada em associação com o zolazepam, fármaco do grupo
dos benzodiazepínicos que promove hipnose e relaxamento muscular, além de possuir
atividade anticonvulsivante duas vezes maior que o diazepam (VALADÃO, 2002).
As doses de quetamina cetamina para gatos variam de 4 a 30 mg/kg, por via
intramuscular; já as doses da associação tiletamina e zolazepam podem variar entre 4 e
16 mg/kg pela mesma via de administração (MUIR e HUBBELL, 2001).
A molécula estrutural da quetamina cetamina 2-[(O)-clorofenil 1]-2-
metilaminaciclo-hexanona possui um anel quirálico no carbono 2 do anel ciclo
hexanona. Existem dois isômeros da molécula de quetamina cetamina, S(+) quetamina
cetamina e R(-) quetamina cetamina.
A mistura racêmica comercial contém concentrações iguais dos isômeros S(+) e
R(-),que se diferem em relação à potência. As respostas eletroencefalográficas (EEG) e
a recaptação de catecolaminas também podem apresentar diferenças relacionadas aos
efeitos de cada isômero (REICH et al., 1989). A mistura racêmica e os dois isômeros da
quetamina cetamina não apresentam diferenças relacionadas à farmacocinética. O
isômero S(+) é mais potente que a mistura racêmica, enquanto o isômero R(-) não
produz analgesia adequada frente a um estímulo cirúrgico. O isômero R(-), apesar de
pouco potente, pode inibir a metabolização do isômero S(+), aumentando o tempo de
recuperação quando se utiliza a mistura racêmica (WHITE et al., 1985).
Atualmente a formulação convencional, mistura racêmica, foi purificada
disponibilizando no mercado a formula do isômero S(+) que proporciona maior
analgesia com menor incidência de efeitos alucinogênicos (VALADÃO, 2002).
O isômero S(+) parece ter maior afinidade de ligação aos receptores NMDA,
sendo eliminado mais rapidamente que o isômero R(-), resultando em período hábil
curto e recuperação rápida. O isômero R(-) pode produzir mais excitação nos pacientes
que o isômero S(+), verificando-se maior incidência de excitação em crianças que em
adultos. O sexo feminino é mais predisposto a episódios de excitação (STWART, et al.,
1999). O isômero S(+) aumenta o limiar de dor com menor efeito sobre a freqüência
cardíaca, apresentando potência anestésica e hipnótica elevadas, quando comparado à
formulação R(-) ou à mistura racêmica (VALADÃO, 2002).
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Os analgésicos opióides são freqüentemente incluídos nos protocolos de anestesia,
geral ou dissociativa, com a finalidade de potencializar a analgesia e/ou reduzir as doses
dos agentes anestésicos.
O butorfanol é um agente opióide do tipo agonista-antagonista e sua ação mista é
resultado de efeito agonista nos receptores κ, promovendo analgesia, e efeito no
receptor µ podendo antagonizar efeitos de agonistas µ, como a morfina e meperidina.
Essas propriedades são vantajosas, em decorrência da menor depressão respiratória que
produz, porém, apresenta menor potência que os agonistas µ (FANTONI e
CORTOPASSI, 2002).
Sua potência analgésica é superior à da morfina 2 a 5 vezes. (MUIR e HUBBELL,
2001). É rapidamente absorvido por via intramuscular, alcançando níveis sangüíneos
máximos entre 15 a 30 minutos (PADDLEFORD, 2001). A dose empregada varia de
0,1 a 0,4 mg/kg em gatos e sua duração de ação é descrita como de quatro (cães) a seis
horas (gatos). Entretanto seu efeito analgésico parece não perdurar mais que duas horas
nesses animais (FANTONI e CORTOPASSI, 2002).
A anestesia inalatória é recomendada nos animais idosos ou debilitados,
principalmente nos procedimentos cirúrgicos prolongados. A indução da anestesia pode
ser realizada com auxílio de um agente dissociativo, quetamina cetamina ou tiletamina
associados a um agente benzodiazepínico. A intubação orotraqueal nos grandes felinos
felídeos pode ser realizada sem auxílio de laringoscópio, sendo necessária a utilização
de sondas traqueais com 18 a 24 mm de diâmetro interno, com a presença de balonete.
O isofluorano é o agente anestésico inalatório que proporciona maior margem de
segurança, além de ser também o fármaco mais estável nesta categoria de anestésicos,
não apresentando reatividade com a cal sodada, metal ou com a luz ultravioleta, além de
não necessitar de conservativos em sua composição.
Apenas 0,17% do isofluorano absorvido é eliminado pela urina, sugerindo mínima
capacidade de produzir hepatotoxicidade ou nefrotoxicidade. Apresenta boa potência
anestésica, sua concentração alveolar mínima (CAM) em gatos é de 1,61%, comparada
com 1,19% do halotano e 2,23% do enfluorano. Também possui baixo coeficiente de
solubilidade sangue-gás, na ordem de 1,4, comparado aos demais como halotano (2,4) e
enfluorano (2,9) (SHORT, 1987).
A solubilidade sangüínea não é apenas importante como um fator influenciando a
velocidade de indução e recuperação, ela possui implicações mais amplas, determina, de
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um modo inverso, a relação entre a tensão tecidual e as alterações na tensão inspirada,
controlando assim a velocidade com que a anestesia pode ser aprofundada ou
superficializada (HALL e CLARKE, 1987).
O isofluorano apresenta vantagens em relação aos demais anestésicos inalatórios
também por seus efeitos sobre o sistema cardiovascular, aumentando o fluxo sangüíneo
coronariano com aporte de oxigênio para o miocárdio e preservando o mecanismo
barorreflexo que aumenta a freqüência cardíaca durante a hipotensão sistêmica induzida
pela anestesia (SHORT, 1987).
A anestesia pelo isofluorano proporciona indução e recuperação rápidas e tranqüilas
em todas as espécies testadas, produz excelente relaxamento muscular e não
sensibiliza o miocárdio às catecolaminas. As doses preconizadas variam de 2,5 a
4,5% para indução e de 1 a 3% para manutenção (MUIR e HUBBELL, 2001).
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41
Como chegar ao Parque Zoológico Municipal “Quinzinho de
Barros” – Zôo de Sorocaba:
Pela Rod. Castello Branco sentido interior: ficar atento e pegar o acesso Sorocaba-Itu na
altura do Km 86. Seguir pela Rod. Senador José Ermírio de Moraes (Castelinho) até a
Av. Dom Aguirre que margeia o Rio Sorocaba. Nesta avenida, após passar por baixo da
Ponte Francisco Delosso, pegar à direita o acesso para o centro (tipo de retorno). Seguir
até o cruzamento da R. XV de Novembro. Virar à direita, atravessando a Ponte
Francisco Delosso e novamente à direita, acessando a Av. Cel. Nogueira Padilha. Seguir
por esta até a altura do número 1200. Pegar qualquer esquerda para entrar no bairro Vila
Hortênsia onde o Zôo é de fácil localização.
Pela Rod. Raposo Tavares sentido interior: ficar atento na entrada em Sorocaba, pois a
rodovia corta a cidade por dentro. Passar o bairro Brigadeiro Tobias. Passar o acesso à
Cidade Universitária e prosseguir pela rodovia até o acesso à esquerda indicativo da Av.
Cel. Nogueira Padilha (Além Ponte). Seguir até o número 1200 da mencionada avenida.
Pegar qualquer direita para entrar no bairro Vila Hortênsia onde o Zôo é de fácil
localização.
Mapa virtual:
http://maps.google.com.br/maps?utm_campaign=pt_BR&utm_source=pt_BR-ha-
latam-pt_BR-bk-gm&utm_medium=ha&utm_term=google%20maps