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N.15 Junho ’13 0.20 Solidariedade 1.00 JORNAL DO SOCIALISMO REVOLUCIONÁRIO - CIT EM PORTUGAL OFENSIVA SOCIALISTA POIS CLA RO! Saudamos a decisão da CGTP de convocar uma Greve Geral para 27 de Junho.A Greve geral é uma das armas políticas mais poderosas dos trabalhadores. Ao paralisar o Trabalho é exposta a contradição fundamental do sistema capitalista: sem os mil- hões de trabalhadores, o Capital nada é. É por isso que assusta tanto as classes dominantes como certas direcções sindicais empen- hadas na “concertação social”, ou melhor dito, na colaboração de classes. Obviamente que a Greve Geral não é remé- dio universal para a luta de classes. Nem deve ser convocada sem uma cuidada análise do estado de espírito e do nível de organização, quer dos trabalhadores, quer das classes domi- nantes e dos seus aparelhos repressivos. É com base nesses pressupostos que nos parece que é adequada a convocação de uma greve geral. Se, por um lado, cresce a rejeição das politicas de austeridade do Governo e da troika e existe um sentimento de quase-revol- ta em muitos sectores sociais e profissionais, nomeadamente - e na convocatória de uma Greve Geral este indicador pode ser impor- tante- entre as forças de segurança e demais aparelho repressivo do Estado, por outro lado, a própria base social de sustentação do Gov- erno está a estreitar-se rapidamente, havendo constante guerrilha entre figuras de destaque dos partidos capitalista e pairando a “ameaça” de ruptura do Governo por parte de Paulo Portas e do seu PP. Um crescente ambiente de lutas locais, secto- riais, de empresa, em escolas, vaias sucessivas a governantes (e que pressionou a UGT a ter vindo a virar à esquerda e apelar à luta) - potencia não só uma mais poderosa greve geral como exige um plano de continuação das lutas, coordenação e solidariedade activa, particularmente para com os desempregados. O envolvimento de estudantes, reformados, e principalmente desempregados, com tarefas concretas de agitação e mobilização, na preparação e tarefas concretas durante a greve é uma forma de potenciar e alargar uma greve geral que, sendo fundamentalmente sindical, deve ter uma crescente componente social de apoio e solidariedade. Partindo de um quase divórcio entre os chamados movimentos sociais e o movimento sindical, temos verificado uma confluência e actos de colaboração e suporte mútuo que saudamos e incentivamos. Esta convergência será determinante na construção das próximas mobilizações e lutas. Por uma poderosa Greve Geral No entanto, não vemos a Greve Geral como um fim em si, mas apenas mais uma acção inserida num plano de luta mais amplo capaz de derrubar o governo, expulsar a Troika e lutar por uma alternativa dos trabalhadores, uma Greve Geral isolada não é capaz de alcançar esses objectivos, como vimos com as 4 últimas. A Greve Geral seria sim mais um passo importantíssimo nessa luta, que estaria enquadrada num tal plano que usasse capaz mobilização para fazer da próxima ainda mais forte, um plano que inclua mais mega- manifestações com a 15 de Setembro e 2 de Março, assim como greves gerais mais prolongados, de 48horas por exemplo, e que, tal como a 14 de Novembro, se coordenem internacionalmente em direcção a uma Greve Geral Europeia capaz de fazer tremer toda a Europa e derrotar a Troika em todos os países em que a sua política de destruição social é imposta. Todos chamados à luta! A Greve Geral não é só dos sindicatos, é de todos os trabalhadores, com e sem emprego, estudantes e reformados. Como construir a Greve Geral: É preciso que a Greve Geral chege a todo o lado e envolva todos: os muitos trabalhadores sem contacto com sindicatos, mas também os desempregados, estudantes e reformados po- dem e devem ajudar quer na mobilização quer em acções concretas durante a Greve Geral:

Ofensiva Socialista Nº 15 Junho 2013

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Jornal do Socialismo Revolucionário

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N.15Junho ’13

0.20Solidariedade

1.00

JORNAL DO SOCIALISMO REVOLUCIONÁRIO - CIT EM PORTUGAL

OFENSIVA SOCIALISTA

pois claro!Saudamos a decisão da CGTP de convocar uma Greve Geral para 27 de Junho.A Greve geral é uma das armas políticas mais poderosas dos trabalhadores. Ao paralisar o Trabalho é exposta a contradição fundamental do sistema capitalista: sem os mil-hões de trabalhadores, o Capital nada é. É por isso que assusta tanto as classes dominantes como certas direcções sindicais empen-hadas na “concertação social”, ou melhor dito, na colaboração de classes.Obviamente que a Greve Geral não é remé-dio universal para a luta de classes. Nem deve ser convocada sem uma cuidada análise do estado de espírito e do nível de organização, quer dos trabalhadores, quer das classes domi-nantes e dos seus aparelhos repressivos.É com base nesses pressupostos que nos parece que é adequada a convocação de uma greve geral. Se, por um lado, cresce a rejeição das politicas de austeridade do Governo e da troika e existe um sentimento de quase-revol-ta em muitos sectores sociais e profissionais, nomeadamente - e na convocatória de uma

Greve Geral este indicador pode ser impor-tante- entre as forças de segurança e demais aparelho repressivo do Estado, por outro lado, a própria base social de sustentação do Gov-erno está a estreitar-se rapidamente, havendo constante guerrilha entre figuras de destaque dos partidos capitalista e pairando a “ameaça” de ruptura do Governo por parte de Paulo Portas e do seu PP.Um crescente ambiente de lutas locais, secto-riais, de empresa, em escolas, vaias sucessivas a governantes (e que pressionou a UGT a ter vindo a virar à esquerda e apelar à luta) - potencia não só uma mais poderosa greve geral como exige um plano de continuação das lutas, coordenação e solidariedade activa, particularmente para com os desempregados.O envolvimento de estudantes, reformados, e principalmente desempregados, com tarefas concretas de agitação e mobilização, na preparação e tarefas concretas durante a greve é uma forma de potenciar e alargar uma greve geral que, sendo fundamentalmente sindical, deve ter uma crescente componente social de apoio e solidariedade. Partindo de um quase divórcio entre os chamados movimentos sociais e o movimento sindical, temos verificado uma confluência e actos de colaboração e suporte mútuo que saudamos e incentivamos. Esta convergência será determinante na construção das próximas mobilizações e lutas.

Por uma poderosa Greve GeralNo entanto, não vemos a Greve Geral como um fim em si, mas apenas mais uma acção inserida num plano de luta mais amplo capaz de derrubar o governo, expulsar a Troika e lutar por uma alternativa dos trabalhadores, uma Greve Geral isolada não é capaz de alcançar esses objectivos, como vimos com as 4 últimas.A Greve Geral seria sim mais um passo importantíssimo nessa luta, que estaria enquadrada num tal plano que usasse capaz mobilização para fazer da próxima ainda mais forte, um plano que inclua mais mega-manifestações com a 15 de Setembro e 2 de Março, assim como greves gerais mais prolongados, de 48horas por exemplo, e que, tal como a 14 de Novembro, se coordenem internacionalmente em direcção a uma Greve Geral Europeia capaz de fazer tremer toda a Europa e derrotar a Troika em todos os países em que a sua política de destruição social é imposta.

Todos chamados à luta!

A Greve Geral não é só dos sindicatos, é de todos os trabalhadores, com e sem emprego, estudantes e reformados. Como construir a Greve Geral:É preciso que a Greve Geral chege a todo o lado e envolva todos: os muitos trabalhadores sem contacto com sindicatos, mas também os desempregados, estudantes e reformados po-dem e devem ajudar quer na mobilização quer em acções concretas durante a Greve Geral:

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algumas ideias para ajudar a construir a greve geral

- Informar os amigos e apelar à greve na escola, bairro ou local de trabalho;

- Contactar sindicalistas, comis-sões de Trabalhadores ou trabal-hadores de empresas na área e disponibilizar-se para ajudar

-Participar em plenários que sejam abertos ao público, e entrar em contacto com os trabal-hadores e sindicatos da sua área oferecendo a sua solidariedade activa na construção da Greve;

- Informar-se de piquetes de greve perto da sua localidade e participar neles, em solidarie-dade com os trabalhadores; os piquetes são muito importantes, a Greve Geral é um dia de acção e consciencialização, não é um dia para ficar em casa, pelo que todos os seus apoiantes devem estar nos locais de trabalho e na rua a defender a Greve e a fazer dela uma ação combativa;

-Construir em conjunto com os trabalhadores sindicalizados, uma grande manifestação para esse dia, manifestação que dá uma voz muito mais clara da Greve, daquilo por que ela luta. Também é uma forma de in-volver mais uma vez, em acção concreta, todas as camadas da população que sofrendo com a austeridade, por já/ainda não trabalharem, não poderem fazer greve.

Por uma Frente de esquerda Para uma alternativa

dos trabalhadores!Juntamo-nos ao grito da Manifestação Internacional “Unidos contra a Troika”, bem como dos últimos grandes protestos, sindicais e sociais, a que temos assistido nos últimos dois anos.

O governo e a Troika nunca estiveram tão de-scredibilizados, nunca foram tão contestados pelos povos. Em Portugal numa sondagem publicada recentemente pelo Jornal i, 90% dos portugueses não acreditam que o Memoran-do está a funcionar, 82,5% acho que se deve ou renegociar ou rasgar o Memorando com a Troika . Nas últimas sondagens eleitorais PSD e CDS perdem claramente a sua maioria (inconsti-tucional), com a esquerda a aumentar o seu apoio. O PS é quem tem mais votos, 36% na intenção de voto , mas será o PS alternativa ao governo e à troika?Apesar de toda a retórica anti-austeridade dos últimos meses do Partido “Socialista”, sempre que Seguro ou os principais líderes do PS são confrontados com a questão da Troika e do Memorando, afirmam sempre que não irão romper com eles e isso significa na prática a continuação da mesmíssima política hoje posta em prática pela coligação PSD-CDS. A título elucidativo lembramos que, por exemp-lo, a privatização dos CTT (que vemos agora posta em prática com o encerramento de dezenas de lojas essenciais para as populações locais) já estava inscrita no PEC 4.O governo de Passos Coelho também foi eleito com base numa retórica anti-aus-teridade, para ele em 2011, o PEC 4 já era demais. Dois anos depois, empenhou-se com zelo a seguir na direcção oposta e destruir o país. Que nos leva a crer que Seguro será dif-erente? Não passou o PS os últimos 30 anos com retóricas de “esquerda” na oposição mas com políticas neoliberais quando no governo? É claro para nós que o PS não é alternativa, nem pode fazer parte de uma, com ou sem Seguro.Mas as últimas sondagens dão-nos uma outra, e desta vez de facto, boa notícia. A Esquerda anti-troika e anti-austeridade, PCP e BE, so-mam juntos mais de 20% dos votos. Existe o potencial de criar uma verdadeira alternativa.

Por uma Frente Unida da EsquerdaHoje em dia, quer o PCP quer o BE defen-dem a ideia de um governo de Esquerda. No entanto, fazem-no de uma forma vaga. Quem seria esse governo de esquerda? Que forças o constituiriam? Estaria o PS incluído? é uma das grandes questões.

Ambos mantêm posições vagas de unidade, inclusive em relação ao PS, como vimos na última quinta numa iniciativa promovida por Mário Soares, agente de Kissinger durante o PREC, que primeiro colocou o Socialismo na gaveta, para imediatamente o colocar no lixo. Pensamos que esta falta de clareza e aproxi-mação ao PS “sem Seguro”, apenas beneficia o Partido “Socialista”, não produz o efeito de atrair a ala esquerda do PS para fora dele, mas acorrenta a Esquerda à direita do PS. Vemos como a “abertura do PS” o beneficia nas sondagens, apesar de há 2 anos atrás ser o protagonista da austeridade da Troika, e de uma e outra vez, vermos os seus líderes afirmar que uma coligação à Direita é bem mais provável que uma à Esquerda, pois é lá que estão os seus verdadeiros interesses.Nos últimos meses temos assistido, em simultâneo, a um aumento da contestação e do apoio pela Esquerda e vemos também uma cada vez maior convergência entre os movimentos sociais e sindicais. Estas podem ser, na nossa opinião, a base para uma Frente Unida de Esquerda, entre PCP e BE, não sendo uma mera “aliança eleitoral”, mas baseando-se sim na luta comum dos sindicatos e dos movimentos sociais com a austeridade. Hoje PCP e BE somam mais de 20% das intenções de voto e fazem-no separados, sem se constituírem como uma real alternativa ao bipartidarismo PS-PSD.

Pensamos que uma Frente Unida, que criasse uma perspectiva real de que a Esquerda, quando unida, é uma força que consegue

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OFENSIVA SOCIALISTA

O Comité para uma Internacional dos Trabalhadores, CIT, é uma Organização internacional Socialista presente em todos os continentes. Temos secções em mais de 40 países, dos quais: Brasil, Estados Unidos, China, Rússia, Índia, Reino Unido, Venezuela, Bolívia, Chile, Nigéria, França, Alemanha, Irlanda... Um dos nossos camaradas, Paul Murphy é Deputado Europeu eleito por Dublin, Irlanda e do GUE, o grupo do PCP e do BE.Lutamos por uma transformação socialista da sociedade e assim pôr fim à ditadura internacional do Mercado.

JUNTA-TE A NÓS NA LUTA PELA DEMOCRACIA SOCIALISTA!socialismo-revolucionario.org [email protected] socialistworld.net 96 959 02 08

o que É o ComitÉ Para uma internaCional dos trabalhadores?

desafiar o centro (ou seja os partidos da Troi-ka), uma tal força veria o seu apoio crescer exponencialmente, o povo trabalhador (que já começa a olhar para a Esquerda como veículo das suas lutas) acreditaria nesta alter-nativa, acreditaria que era possível desafiar os partidos do regime, e mobilizar-se-ia em apoio a uma tal força. Uma tal força seria então realmente capaz de atrair para fora do PS a sua ala esquerda que não se revê na sua direcção neoliberal.

Assistimos já hoje, a uma união de facto a muitos níveis, principalmente no que respeita à Ação, quer dentro do movimento sindical quer dos movimentos sociais. O que achamos crucial é alargar esta união também ao cam-po das ideias, das alternativas e pensamos, por isso, que uma Frente Unida da Esquerda se deve basear num programa mínimo de medidas socialistas, que abram caminho para uma real solução para a crise capitalis-ta que hoje vivemos, que rejeite totalmente a ditadura dos mercados e defenda de facto os interesses dos trabalhadores e do povo.

deFendemos:- Nem austeridade nem pagamento da dívida. Não podemos ceder mais à chantagem dos mercados e da Troika: nenhum sacrifício para permanecer no Euro. Por uma confederação livre e socialista dos povos trabalhadores na Europa;

- Nacionalização da banca sob gestão dos trabalhadores e de-positantes, garantindo o financiamento à economia para criar um plano, democraticamente desenvolvido, de investimento público nos nossos serviços públicos devastados e uma política de emprego digno para todos;

- Nacionalização sob gestão democrática de trabalhadores e utentes dos principais sectores da economia, como o da Ener-gia, das comunicações e transportes. Estes sectores são de-masiado importantes para a sociedade para estarem sujeitos à lógica do lucro e da ganância privadas. Devem ser geridos democraticamente numa lógica de solidariedade e serviço público

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oFensivasoCialista

Governo ileGítimo

tem de Cair!

Com o desemprego real nos 26%, 3 milhões no limiar da pobreza e a dívida pública a arrastar-nos para um poço sem fundo, há muito que este (des)governo perdeu a sua legitimi-dade política perante o povo. Numa sondagem recente, 82% dos inquiridos mostraram-se favoráveis a alterar ou rasgar o memorando da Troika. Na rua e locais de trabalho encontra-mos a mesma indignação e a mesma revolta contra um gov-erno austeritário e autoritário. O 15 de Setembro, a greve geral de 14 de Novembro e o 2 de Março mostraram clara-mente que não aguentamos mais, que estamos fartos!Com o chumbo do Tribunal Constitucional (TC) de algu-mas normas do orçamento do Estado, a crise no governo agravou-se. Os membros da coligação desentenderam-se:

Passos Coelho acusando o TC de não o deixar governar, enquanto o CDS tentava sacudir a água do capote. No orçamento rectifica-tivo surgiu ainda mais austeri-dade, enquanto que as rendas es-tatais de capital (PPPs, produção eléctrica) permaneceram quase intactas, o que mostra como este governo pretende pagar a crise do grande capital à custa do suor da classe trabalhadora.Perante esta perda de legitimi-dade, o presidente da República esquiva-se e dá meias respostas mostrando, uma vez mais, a sua conivência com as políticas do gov-erno e da Troika. Numa situação crítica como a que vivemos hoje, as incongruências da nossa democ-racia e sistema são inegáveis: o povo quer a demissão do gov-erno, mas os interesses da classe dominante sobrepõem-se à sua vontade. Solução à vista?Cavaco Silva pode demitir o governo mas sabemos que só o fará em último caso, quando

este já não servir a burguesia ou por pressão das massas na rua e locais de trabalho. Em caso de dissolução do parlamento, o presidente pode propôr um governo de iniciativa presidencial - composto por PS e PSD - ou um governo tecnocrata, como suce-deu em Itália com Monti. Natu-ralmente que rejeitamos estas soluções profundamente anti-democráticas e que não mudarão um centímetro a política imple-mentada.Defendemos sim a demissão do

governo e a convocação de eleições antecipadas. Com o contínuo, ainda que lento, crescimento de PCP e BE nos últi-mos meses, uma alter-nativa de esquerda que rompa com a Troika

começa a surgir e que, se organi-zada numa Frente Unida, poten-ciaria seguramente o crescimento destes dois partidos. No entanto, é preciso notar que as eleições nunca poderão actuar como um fim em si mesmas, mas propiciam o ambiente ideal para a discussão política e para auscul-tar a vontade do povo.

«O povo quer a demisão do governo,

mas os interesses da classe dominante

sobrepoõem-se à sua vontade »

Eleições já!

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