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OFICINA NACIONAL DE CONCILIAÇÃO - CFP
Conciliação e Direitos Humanos
Ana Lucia Catãoout. 2014
“O Conselho Econômico e Social das Nações Unidas (ECOSOC), em sua resolução 1999/26, de 28 de julho de 1999, recomendou que os
Estados considerem, no contexto de seus sistemas de Justiça, o desenvolvimento de procedimentos alternativos ao processo
judicial tradicional e a formulação de políticas de mediação e de justiça
restaurativa.”
(BRASIL, 2005a, p.11, grifos nossos).
“Em seu significado literal, é uma técnica para a condução das
disputas. Alegoricamente, convida-nos a acreditar no protagonismo, no
respeito, na confiança e na solidariedade”
Suares (1996, p. 47)
A prática da Mediação no Brasil está em institucionalização:
enquanto campo de saber, enquanto atividade regulamentada
por lei, enquanto profissão com campo de atuação
CONTEXTO ATORES ARENAS
Nome .História .Escolas
.Mediações no Brasil
.Cursos
.Campos de atuação.Mediadores/profissionalização.Articulação dos mediadores
.Regulamentação da Mediação
Uma prática sistematizada que surge, nos Estados Unidos, como técnica de
solução de conflitos no mundo empresarial e nas comunidades
religiosas no final dos anos 1960 e se consolida como ADR (Alternative
Dispute Resolution) nos anos 1970, quando adotada pela American Bar
Association, como alternativa à juridicização dos conflitos.
(LORENCINI, 2006)
Mediação de Conflitos
ESCOLAS MAIS REFERENCIADAS – BRASIL
HARVARD: Modelo Tradicional Linear de Mediação, dos anos 1980 (Fischer, Patton e Ury, das áreas empresarial e do direito) – EUA
Objetivo: chegar a acordos pela diminuição das diferenças entre as partes e aumento da semelhança entre os valores e interesses para chegar ao acordo.
Perspectiva: causalidade linear (em contraposição à teoria da complexidade)
Metodologia: centra-se no conteúdo da comunicação (não intenta incrementar a relação entre as partes). Separa problema de pessoa. Diferencia posição e interesses.
ESCOLAS MAIS REFERENCIADAS – BRASIL
TRANSFORMATIVA: Modelo Transformativo, dos anos 1990 (Bush e Folger, áreas de comunicação e direito) – EUA
Objetivo: transformação das relações entre as partes. Situação de conflito como oportunidade de construção de novos modos de se relacionar com o outro
Perspectiva: empoderamento das partes, na legitimação do outro e no reconhecimento do co-protagonismo
Metodologia: perguntas reflexivas
ESCOLAS MAIS REFERENCIADA – BRASIL
CIRCULAR-NARRATIVA: Modelo Circular-Narrativo dos anos 1990 (Sara Cobb, psicóloga e terapeuta sistêmica) – EUA
Objetivo: favorecer a participação e legitimação das partes, permitindo-lhes repensar formas de se relacionar e assumir a responsabilidade de desenhar a resolução de sua disputa.
Perspectiva: causalidade, no construcionismo social, na teoria pós-moderna do significado, teoria da complexidade, cibernética de segunda ordem
Metodologia: comunicação circular, perguntas reflexivas
ESCOLAS MAIS REFERENCIADA – BRASIL
FRANCESA: Modelo Dinâmico, dos anos 1990 (Jean François Six, letras, teologia e filosofia)
Objetivo: estabelecer as ligações onde elas ainda não foram feitas, suscitar o agir comunicacional onde não existe
Perspectiva: filosofia oriental (yin e yang), filosofia da relação (Paul Ricoeur, Emmanuel Marcel); filosofia da amizade (Aristóteles)
“Metodologia”: introdução do “tempo fértil; o tempo da razão, da reflexão suplementar em que nos abstemos de ceder ao impulso, à cólera” (SIX, 2001, p.237)
amizade como uma qualidade política, o mundo que procuramos acolher e
compreender,
uma maneira de viver
Moral voltada para o códigoToma por referencia um conjunto de regras
prescritivas. Leva a um julgamento de ações e intenções
(certo errado / obediência, resistencia / permitido, proibido)
Por meio de instituições como família, educ, leis...
Moral voltada para éticaConstituição de si como sujeito moral,
confrontando suas ações com seus valoresNela, o indivíduo se transforma, estilizando sua
vida na presença do outro
ATITUDE CRÍTICA
uma espécie de ‘forma cultural geral’, uma atitude ao mesmo tempo ‘moral e política’,
uma ‘maneira de pensar’, [...] que poderia ser chamada de ‘arte de não ser governado’
Uma prática refletida de liberdade
a atitude crítica consistiria em somente aceitar como verdade aquilo a respeito do que se pode encontrar, em si mesmo (e não numa autoridade qualquer), boas razões para ser
admitido como verdadeiro
(FONSECA, 2002, p. 264- 265)
“[...] na Antiguidade grega, se a necessidade de respeitar as leis e os costumes é enfatizada, a importância
“[...] está menos no conteúdo da lei e nas condições de sua aplicação
do que na atitude que faz que as respeitemos.”
(FOUCAULT, 2001b, p.1379).
Para Foucault, ética remete ao ‘problema da organização da existência’.
Modos de subjetivação alimentados por uma moral voltada para a ética, a qual convive com as morais orientadas pelo código
Mudança de paradigma
formalidade, burocracia / informalidade, vida
disputa, competição / colaboração, parceria
lógica punitiva, normativa / lógica colaborativa, ética
paternalismo-tutela / autonomia, protagonismo, empoderamento
cidadania passiva / cidadania ativa mundo dos sistemas / mundo da vida
Julgamento Arbitragem Conciliação Mediação Autocomposição sem auxilio
-+
autonomia
Princípios na condução da Mediação
autonomia da vontade (voluntariedade e autodeterminação)
imparcialidade igualdade independência competência confidencialidade transparência informalidade
Princípios políticos da mediação
Acolhimento Autonomia não-normalização
compreensão dos receios, demandas e expectativas
ampliação do processo conversacional
produção de outras formas de relação entre os Sujeitos
mudança de postura Protagonismo
relação empática, participativa, cooperativa
produção de subjetividade prática de não-violência
co-responsabilidade
formação de cidadãos ativos e responsáveis
Vantagens
celeridade/agilidade economia efetividade maior sensação de justiça incremento da cidadania melhora a relação com a instituição
(imaginário) mudança de paradigma
Critérios de sucesso
satisfação dos mediandosmudança na forma de se relacionar com
o outroreconhecimento mútuo e
empoderamentocumprimento do acordoceleridade...Necessidade de avaliação contínua
Em que situações conciliar, mediar, julgar? Em que momento se dará a conciliação? A
mediação? Quem será conciliador, quem será
mediador? Que qualificação será exigida do
conciliador, do mediador? Como se dará a conciliação, a mediação? Quem remunerará?
Questões que se colocam
Autonomia
Isto é, a possibilidade de uma crítica de si mesmo que explicite uma atitude responsável e singular frente à própria existência. (Foucault)
Da punição à responsabilização
PUNIÇÃOPara punir focamos o passado: quem tinha razão, o que
aconteceu...Para ser punido por um ato, basta ser objeto.
RESPONSABILIZAÇÃOPara responsabilizar focamos o futuro: o que vou fazer
daqui para diante com essa relação/situação.Para ser responsável por um ato, é preciso ser Sujeito,
tendo reconhecida e acolhida sua existência.
Da punição à responsabilização
Responsabilizar-se implica: atribuir sentidos ao ato realizado, perceber as conseqüências do comportamento e assumir o sentido da resposta, inclusive a carga aflitiva da resposta.
Só acontece quando a pessoa se reconhece como parte intrínseca do mundo em que vive
A Mediação implica um trabalho sobre si, que não é um exercício solitário de auto-conhecimento, mas uma prática social em que se conectam o trabalho sobre si e a comunicação com o outro,
uma prática social que objetiva intensificar relações sociais que proporcionem modificações dos elementos constitutivos do sujeito moral/ético, quando cada um é chamado a afirmar seu próprio valor por meio de ações que o singularizam.
(Arendt, Konzen, Vicentin)
Etapas da Mediação
1. e 2. acolhimento, apresentação-chegada, combinados, propósitos
3. caucus, histórias pessoais, sentimentos, interesses, necessidades
4. prioridades, agente de realidade
5. levantamento, agente de realidade
6. acordos ao longo do processo e acordo final
Feedbacks a cada encontro
Mediador responsável pelo processoTodos responsáveis pelo resultado
O mediador... o facilitador...O com-versador...
É um colaborador e guardião do processo de conversa.
Compartilha com seus interlocutores conhecimentos e responsabilidades.
Seu saber se produz na relação com seus interlocutores, numa lógica de colaboração, de ganha-ganha.Nessa relação há co-construção de significados e conhecimentos.
Regulamentações em discussão lei zulaiê / versao consensuada /
PL94/2002 PL7169/2013 Novo CPC
PL estaduais sobre remuneração
Perguntas?
Ana Lucia Catã[email protected]
11 9 9333-8065