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FACULDADES NORDESTE – FANOR
GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM
CONDUTA DO PROFISSIONAL DE ENFERMAGEM NO TRATAMENTO DE
PACIENTES ACOMETIDOS PELOS PRINCIPAIS TIPOS DE ACIDENTES POR
OFÍDIOS NO BRASIL
FORTALEZA
2012
CONDUTA DO PROFISSIONAL DE ENFERMAGEM NO TRATAMENTO DE
PACIENTES ACOMETIDOS PELOS PRINCIPAIS TIPOS DE ACIDENTES POR
OFÍDIOS NO BRASIL
Projeto de pesquisa apresentado a disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso 1
pertencente ao curso graduação em Enfermagem da Faculdades Nordeste (FANOR)
como requisito para parcial para aprovação na disciplina.
FORTALEZA
2012
RESUMO
Os acidentes causados pelas mordidas de cobra são denominados ofídicos, é comum
identificar o acidente ofídico como lesões provocadas por picada de cobra venenosa,
podendo ocasionar graves lesões de pele e lesões renais, levando ao envenenamento
provocado pela ação de toxinas. No Brasil, ocorrem quatro gêneros de serpentes
venenosas : Os gêneros Bothrops, Micrurus, Crotalus e as Lachesis. As
espécies Bothrops (jararacas), comuns no Ceará são responsáveis por 90% dos acidentes
ofídicos no Brasil, devido ao seu aparecimento em áreas rurais, e ou regiões onde exista
perto, vegetação densa e ambientes úmidos. Os acidentes por animais peçonhentos
formam um grupo de agravo usualmente pouco conhecido do profissional de saúde, mas
que, invariavelmente, se defronta com um paciente picado. No planejamento da
assistência de enfermagem em ofidismo, consideram-se os problemas identificados e a
fisiopatologia, além de redobrar atenção as possíveis reações que podem ser
desencadeadas pela ação do veneno ou mesmo pela terapia antiveneno. Deve-se
salientar aimportância do papel do enfermeiro nesse atendimento, provendo materiais e
medicamentos necessários, tomando a iniciativa de interromper e substituir a infusão da
soroterapia além de proporcionar suporte emocional junto às medidas terapêuticas
necessárias.
Palavras-chave: Ofídios. Serpentes peçonhentas. Assistência de enfermagem. Terapia
antiveneno. Picadas de cobras.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO 5
2. OBJETIVOS 6
2.1 Objetivo Geral 7
2.2 Objetivos Específicos 7
3. JUSTIFICATIVA 7
4. REVISÃO DE LITERATURA 7
4.1. Os principais tipos de ofídios envolvidos na maioria dos acidentes no Brasil 7
4.2. Procedimentos imediatos ao acidentado por ofídios 9
4.3. Perfil dos acidentados 10
4.4. Assistência de enfermagem 11
5. METODOLOGIA 12
5. 1. Tipo de estudo e coleta de dados 12
5. 2. Critérios de inclusão 12
5.3. Critérios de exclusão 12
5.4. Análise de dados 13
5.5. Aspectos éticos 13
6. CRONOGRAMA 13
7. ORÇAMENTO 13
8. REFERÊNCIAS........................................................................................................14
1. INTRODUÇÃO
Os acidentes ofídicos são um problema de saúde pública em regiões tropicais no mundo,
principalmente nos países em desenvolvimento da América do Sul, África e Ásia, sendo
importante causa de morbidade e mortalidade e incluídos pela Organização Mundial de
Saúde (OMS) na lista das doenças mais negligenciadas (HARRISON et.al., 2009).
No Brasil, ocorrem quatro gêneros de serpentes venenosas, com dezenas de subespécies
reconhecidas. Os gêneros Bothrops (jararacas) e Micrurus (corais) podem ser
encontrados em todo o território nacional, sendo o gênero Crotalus(cascavéis)
distribuído preferencialmente pelo Sudeste e Sul e as Lachesis (surucucus), na Região
Amazônica e de Mata Atlântica (BÉRNILS, 2009).
No Ceará existem poucos trabalhos sobre ofidismo. Guimarães e cols fizeram
levantamento estatístico na Divisão de Epidemiologia da Secretaria de Saúde do Estado,
no período de 1986 a 1988, em que verificaram a ocorrência de 1079 casos de acidentes
por serpentes peçonhentas e não peçonhentas, com 17 óbitos e 1,6% de letalidade
Segundo dados da Secretaria de Saúde do Estado, de 1987 a 1990 ocorreram 1.256
casos de acidentes ofídicos, com 18 óbitos e 1,4% de letalidade.
As espécies Bothrops (jararacas), comuns no Ceará, são agressivas e disferem botes
quando se sentem ameaçadas. Essas espécies são responsáveis por 90% dos acidentes
ofídicos no Brasil, devido ao seu aparecimento em áreas rurais, e ou regiões onde exista
perto vegetação densa, ambientes úmidos, pois elas acabam por vir atrás de alimentos
como os roedores. De acordo com o Ministério da Saúde, ocorrem anualmente mais de
17.000 acidentes botrópicos (SVS/MS, 2010).
A soroterapia e o encaminhamento ao hospital é o tratamento recomendável nessas
situações, além de condutas paralelas que são necessárias para se evitar complicações,
sequelas e reações adversas (WEN, 2003).
Em relação às condutas que devem ser adotadas, Pinho, et. al. (2001), destacaram:
orientação a família, tranquilizando-a sobre o tratamento e o prognóstico; manutenção
do segmento corporal picado estendido ou elevado para facilitar a drenagem postural;
limpeza e antissepsia no local da picada, visando prevenir infecção secundária;
avaliação da necessidade de profilaxiaantitetânica; alivío da dor; hidratação com
quantificação da urina e manutenção da diurese de 1 a 2 ml/kg/hora; usar
antibioticoterapia quando houver sinais de infecção; correção da anemia, distúrbios
eletrolíticos e ácidobásico, quando necessário; análises laboratoriais bioquímicas para
acompanhamento da evolução clínica do caso - o tempo de coagulação (TC), a dosagem
de uréia e creatinina, o parcial de urina, repetidas após seis horas da soroterapia
Para realizar esses procedimentos o enfermeiro deve possuir preparo técnico científico,
e assim proporcionar um procedimento com atendimento imediato adequado, mantendo
atenção quanto as possíveis reações da ação do veneno e terapia antiveneno, além de
proporcionar suporte emocional junto às medidas terapêuticas necessárias. É relevante
para obtenção de êxito no atendimento, orientar a vítima sobre o acidente e tratamento
oferecendo-lhe segurança, além de planejar assistência de enfermagem individualizada
de acordo com as funções e áreas afetadas (AYRES et.al., 2003).
Analisar os dados sobre acidentes ofídicos e o papel do enfermeiro frente à eles é de
extrema importância visto que existe um elevado número de acidentes com considerável
taxa de letalidade quando não há assistência adequada nem soroterapia acessível.
Aspectos importantes devem ser abordados para suprir as carências sobre essas
informações, especialmente, no âmbito acadêmico.
2. OBJETIVOS
2.1 Objetivo Geral
- Analisar sobre a conduta do profissional de enfermagem em acidentes por serpentes
peçonhentas no Brasil.
2.2 Objetivos Específicos
- Conhecer os principais tipos de ofídios responsáveis pela maioria dos
acidentesocorridos no Brasil e no Ceará;
- Analisar o perfil dos acidentados por ofídios no Brasil;
- Verificar a qualidade do atendimento do profissional de enfermagem aos pacientes
acometidos por acidentes ofídicos;
- Investigar medidas de atualização para os profissionais de enfermagem que foquem o
cuidado à esses pacientes;
- Analisar as condições que os hospitais oferecem para que os profissionais de
enfermagem possam realizar o atendimento de forma adequada.
3. JUSTIFICATIVA
Tendo em vista o elevado número de acidentes envolvendo serpentes peçonhentas no
Brasil e no Ceará, juntamente com a carência de informações específicas para o
atendimento e tratamento desses acidentados, constitui-se um problema de saúde
pública que requer uma exploração e revisão de dados pouco explanados na academia.
Esse estudo tratara-se de uma revisão integrativa de literatura com o objetivo de
preencher as lacunas de informações sobre o tema e proporcionar tanto para o
acadêmico como para o profissional de enfermagem, dados e estudos para uma conduta
coerente frente aos pacientes que são acometidos por acidentes ofídicos.
4. REVISÃO DE LITERATURA
4.1. Os principais tipos de ofídios envolvidos na maioria dos acidentes no Brasil
Descreve-se como acidente um acontecimento fortuito que surge quer no estado hígido,
quer no decurso de uma doença, causando lesões orgânicas ou agravando outras já
existentes. Acidente peçonhento é o estado mórbido ou o agravo clínico determinado
pela inoculação de peçonha num organismo por um animal (FMV, 2002). Os acidentes
causados pelas mordidas de cobra são denominados ofídicos, considera-se o acidente
ofídico ouofidismo como o acidente causado por serpente peçonhenta ou não
peçonhenta. (BARRAVIEIRA, 1996). É comum identificar o acidente ofídico como
lesões provocadas por picada de cobra venenosa, podendo ocasionar graves lesões de
pele e lesões renais, levando ao envenenamento provocado pela ação de toxinas, através
de aparelho inoculador de serpentes com alterações locais e sistêmicas (MINISTÉRIO
DA SAÚDE, 2005).
Segundo Instituto Butantã (2011) as serpentes conquistaram praticamente todos
ambientes disponíveis, marinho, água doce, terrestre, subterrâneos e arbóreos. As
serpentes são encontradas em todo mundo, mas habitam principalmente as regiões
temperadas e tropicais, em especial pela sua dependência do calor externo para efetuar
sua termorregulação, pois são animais ectotérmicos. Identificar o animal causador do
acidente é procedimento importante na medida em que possibilita a dispensa imediata
da maioria dos pacientes picados por serpentes não peçonhentas, viabiliza o
reconhecimento das espécies de importância médica em âmbito regional e usado como
medida auxiliar na indicação mais precisa do antiveneno a ser administrado(FUNASA,
2001).
Existem aproximadamente 3 mil espécies de serpentes em todo o mundo, sendo que
apenas 410 são consideradas perigosas para o homem (BARRAVIEIRA.1993). Dentre
as espécies peçonhentas encontradas em nosso país, 20 pertencem ao gênero Bothrops,
19 ao gênero Micrurus, uma ao gênero Crotalus e uma ao gênero Lachesis. No Brasil,
segundo dados do Ministério da Saúde, ocorrem, por ano, entre 19.000 a 22.000
acidentes ofídicos com aproximadamente 115 óbitos. A maioria destes acidentes deve-
se a serpentes do gêneroBothrops e Crotalus (CAVALCANTI, 1995).
O gênero Bothrops possui algumas das espécies mais importantes do ponto de vista
médico, já que produzem cerca de 90% dos 20.000 acidentes ofídicos anuais que o
Brasil registra. Compreende cerca de 30 espécies, distribuídas por todo o território
nacional. São conhecidas popularmente por: jararaca, ouricana, jararacuçu, urutu-
cruzeira, jararaca-do-rabo-branco, malha-de-sapo, patrona, surucucurana, comboia,
caiçara, e outras denominações. Estas serpentes habitam principalmente zonas rurais e
periferias de grandes cidades, preferindo ambientes úmidos como matas e áreas
cultivadas e locais onde haja facilidade para proliferação de roedores. Têm hábitos
predominantemente noturnos ou crepusculares. Podem apresentar comportamento
agressivo quando se sentem ameaçadas, desferindo botes sem produzir ruídos
(FUNASA, 2001).
O gênero Crotalus popularmente conhecidas por cascavel, boicininga, maracambóia, e
outras denominações populares (FUNASA, 2001). O gênero Crotalus está
representando no Brasil por uma única espécie, crotalus durissus, que tem uma ampla
distribuição geográfica. Habita os cerrados do Brasil central, as regiões áridas e semi-
áridas do Nordeste, os campos e áreas abertas do Sul, sudeste e Norte (CARDOSO et
al., 2009). Ainda de acordo com Cardoso et al, (2009), são terrestres e sua característica
mais saliente é a presença do chocalho ou guizo no extremo caudal, são robustas e
pouco ágeis. São encontradas em campos abertos, áreas secas, arenosas e pedregosas e
raramente na faixa litorânea. Não ocorrem em florestas e no Pantanal. Não têm por
hábito atacar e, quando excitadas, denunciam suapresença pelo ruído característico.
O gênero Lachesis, popularmente conhecidas por: surucucu, surucucu-pico-de jaca,
surucutinga, malha-de-fogo. É a maior das serpentes peçonhentas das Américas,
atingindo até 3,5m. Habitam áreas florestais como Amazônia, Mata Atlântica e
algumas
enclaves de matas úmidas do Nordeste (FUNASA, 2001). Segundo Cardoso et al.,
(2009), este gênero pode ser identificado pelas peculiaridades de sua cauda que
apresenta as últimas fileiras modificadas e eriçadas, terminando num espinho.
Conforme esclarece Cardoso et al., (2009), não se trata de um animal agressivo.
Entretanto, não se pode deixar de anotar algumas peculiaridades observadas em mais de
dez anos de manutenção dessas serpentes. A primeira delas se refere à sua agilidade e
velocidade no deslocamento, que chega a ser surpreendente, principalmente ao
crepúsculo e, em especial, durante o período de acasalamento. A segunda peculiaridade
diz respeito ao impulso que pode tomar para dar o bote. Nas poucas ocasiões que
observamos essas serpentes estressadas, notamos que formam, com a metade anterior do
corpo, não um, mas dois “s”, com tendência a elevar a cabeça e a parte anterior do
corpo. Esse fato somado à conformação bastante comprimida lateralmente dessa região
do corpo permitiria, biomecanicamente, um grande deslocamento para frente na hora do
bote, podendo alcançar até mais de 50% do seu comprimento total. Isto representa um
perigo muito grande para o visitante das matas, e justifica o grande temor popular que
impera nas áreas de ocorrência dessa serpente.
O gênero Micrurus, constituem animais de pequeno e médio porte com tamanho em
torno de um metro,conhecido popularmente por coral, coral verdadeira ou boicorá.
Segundo Cardoso et al., (2009), as corais habitam principalmente a camada superficial
do solo, ou sob a serapilheira que cobre o chão das matas e saem a superfície
esporadicamente a procura de alimentos, para acasalar ou então em casos de chuvas
fortes a procura de outro local. Sua alimentação é basicamente composta por pequenas
serpentes e outros répteis. Há pouca incidência de acidentes humanos por essas
serpentes devido à abertura bucal ser pequena e consequentemente o tamanho das presas
inoculadoras de veneno também alcançando aproximadamente 2,5mm numa coral de 90
cm, sendo assim a inoculação de veneno é superficial e muito lenta.
4.2. Procedimentos imediatos ao acidentado por ofídios
No exame inicial do paciente picado, deverão ser avaliados alguns parâmetros clínicos,
no sentido de determinar a gravidade do acidente, tais como sinais vitais, locais de
sangramento (hemorragias nos locais da picada, gengivorragia, epistaxe, hematúria,
etc.), estado de hidratação, coloração e volumes urinários para monitorar a função renal,
intensidade e extensão do edema e presença de complicações como bolha, necrose,
abscesso e síndrome comportamental (PACHEO, 2005).
As picadas de animais peçonhentas podem causar manifestações sistêmicas, que podem
levar algumas horas ou até mesmo dias para se estabelecerem, sendo assim, a afirmação
do paciente em relação ao acontecido e alguma manifestação local, como edema ou
mesmo algum ponto de aparente inserção de veneno, podem servir como diagnóstico
inicial determinante para o tratamento. Após o episódio de acidente ofídico o
pacientegeralmente tem lesões irregulares com perda de tecido em uma extremidade,
sangramento, ansiedade, palidez e pele fria (SOARES et al., 2010).
Com relação aos acidentes ofídicos pelo grupo crotálico, o paciente chega à emergência
referindo pouca ou nenhuma dor, dores musculares em uma ou em várias partes do
corpo, diminuição ou visão dupla, urina com volume diminuído e com cor escurecida. É
perceptível pálpebras superiores caídas ou semicerradas e leve edema e discreto eritema
no local da picada. É importante determinar o tempo decorrido do acidente e a chegada
à instituição para se ter ideia da possível perda de sangue. Os cuidados imediatos de
enfermagem nesse caso são: posicionar o paciente de forma a expor ao máximo o
ferimento; verificar e comunicar pressão arterial, pulso e frequência respiratória, caso
haja volumosa perda de sangue; obter acesso venoso calibroso, caso haja volumosa
perda sanguínea; iniciar limpeza do local com água e sabão ou solução fisiológica,
conforme rotina da instituição; aguardar avaliação e a prescrição médica e realizar
rigorosamente os procedimentos prescritos (SOARES et al., 2010).
Ainda segundo Soares et al., (2010), com relação aos acidentes ofídicos relacionados ao
grupo elapídico, o paciente chega à emergência referindo pouca ou nenhuma dor,
sensação de adormecimento da região atingida, saliva grossa, dificuldade de engolir e
até falar. É perceptível fácies miastênicas com ptose palpebral. Nesse caso os cuidados
imediatos do enfermeiro são: colocar o paciente em repouso; lavar bem o local do
ferimento e medir os sinais vitais constantemente; aguardar a avaliação médica e
realizar os procedimentosprescritos.
Com relação aos acidentes ofídicos relacionados ao grupo botrópico, o paciente chega à
unidade de emergência referindo dor local persistente que parece aumentar de forma
progressiva, há edema, hiperemia e cianose local, podendo haver bolhas, abcesso ou
necrose dos tecidos. No caso de acidentes envolvendo o grupo laquético, os pacientes
apresentam os mesmos sinais e sintomas dos acidentes envolvendo o grupo botrópico,
acrescidos de bradicardia e hipotensão. Os cuidados imediatos de enfermagem nesses
dois casos são: deitar a vítima elevando o membro atingido; retirar anéis ou pulseiras
que possam garrotear a extremidade, devido ao edema; manter o paciente em repouso;
lavar bem o local; medir pressão arterial e pulso caso o paciente apresente palidez, pele
fria ou sudorética e diarreia; observar e comunicar a cor da urina caso o paciente deseje
urinar; preparar o paciente para coleta de exames (SOARES et al., 2010 ).
4.3. Perfil dos acidentados
Na avaliação da faixa etária do acidentado, observa-se uma taxa importante de acidentes
no grupo etário de 10 a 19 anos, representando o risco a que este grupo está submetido
devido a iniciação precoce do trabalho no campo e/ou o acompanhamento e apoio aos
pais nas tarefas agrícolas. A maior frequência de acidentes com pessoas entre 10 e 49
anos é concordante com a literatura (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1991), nesta faixa há
uma maior concentração da força de trabalho no campo.
Os acidentes ofídicos ocorrem majoritariamente no sexo masculino, contudo observa-se
um número expressivo de acidentes no sexo feminino. Entretanto, na relação ocupação /
sexo houve baixa frequência de acidentes entretrabalhadoras rurais. Ressalta-se que a
participação da mulher no trabalho agrícola deve ser bem maior, visto que a profissão
de doméstica, sobretudo na zona rural nordestina, não é bem definida. Em geral, a dona
de casa (doméstica) auxilia consideravelmente o homem em atividades agrícolas,
principalmente no plantio e colheita da safra. Os membros inferiores e superiores foram
as regiões anatômicas mais atingidas, também é concordante com a literatura
(RIBEIRO, 1995). A conveniente adoção de indumentária apropriada (botas, perneiras,
luvas e outros) poderia prevenir a maioria destes acidente (FEITOSA, 1995).
A sazonalidade é característica marcante, em geral, relacionada a fatores climáticos e
aumento da atividade humana nos trabalhos no campo que determina um predomínio de
incidência nos meses quentes e chuvosos, em indivíduos do sexo masculino e faixa
etária de 15 a 49 anos (BARRAVIEIRA, 1996). Segundo Bochner (2003) generalizando
a discussão a epidemiologia dos acidentes ofídicos aponta para um perfil que se mantém
inalterado ao longo dos últimos 100 anos no Brasil
4.4. Assistência de enfermagem
Os acidentes por animais peçonhentos formam um grupo de agravo usualmente pouco
conhecido do profissional de saúde, mas que, invariavelmente, se defronta com um
paciente picado (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2005). É enfatizado que a padronização
atualizada de condutas de diagnóstico e tratamento dos acidentados é imprescindível,
pois as equipes de saúde, com frequência considerável, não recebem informações desta
natureza durante os cursos de graduação ou no decorrer da atividade profissional
(FUNASA, 2001). Esta ótica encontra afinidade com aeducação permanente, pois é
definida como um processo educativo que ocorre no espaço do pensar e do fazer no
trabalho e que tem como desafio estimular o desenvolvimento dos profissionais sobre
um contexto de responsabilidades e necessidades de atualização, considerando para isso
o serviço, o trabalho, o cuidado, a educação e a qualidade da assistência (RICALDONI,
2006).
O processo de enfermagem oferece aos enfermeiros uma forma lógica, sistemática e
racional de organizar informações, de modo que o cuidado de enfermagem seja
apropriado e efetivo. É tanto científico como humano, pois as pessoas desenvolvem suas
ações de forma sensível e cuidadosa (ZAGONEL, 2001). O enfermeiro que, ao assumir
a realização da Metodologia da Assistência, o faz de forma ética e com competência
técnica, desenvolvendo uma ação sistematizada e finalística, estará indo ao encontro da
lei n. 7.498, que dispõe sobre o exercício da Enfermagem, em seu artigo 8º “...Ao
Enfermeiro incumbe, como integrante de equipe de saúde, a participação na elaboração,
execução e avaliação dos planos assistenciais de saúde[...]” (CARRARO, 2001).
No planejamento da assistência de enfermagem em ofidismo consideram-se os
problemas identificados e a fisiopatologia, além de redobrar atenção as possíveis
reações que podem ser desencadeadas pela ação do veneno ou mesmo pela terapia
antiveneno. Deve-se salientar a importância do papel do enfermeiro nesse atendimento,
provendo materiais e medicamentos necessários, tomando a iniciativa de interromper e
substituir a infusão da soroterapia. Cabe à enfermagem prover acesso venoso, sua
permeabilidade, controlar a infusão, colher amostras de sanguepara efetuar o tempo de
coagulação, controlar as funções vitais, antes, durante e após o tratamento e devido às
alterações fisiopatológicas atentar para o monitoramento da função renal (AYRES,
2003).
Os acidentes ofídicos caracterizam-se como situação de emergência, onde o indivíduo
acometido corre risco de vida (BARRAVIEIRA, 1994). Logo o enfermeiro deve
valorizar o exame físico como o instrumento utilizado para detecção das condições do
acidentado durante o primeiro atendimento, além da permanência do enfermeiro ao lado
da vítima, no sentido de detectar possíveis intercorrências (AYRES, 2003).
Em resumo o profissional enfermeiro deve possuir preparo técnico científico para
proporcionar um atendimento imediato adequado às vítimas de ofidismo, prescrevendo
o cuidado de enfermagem a ser prestado de maneira individualizada e de acordo com as
necessidades das vítimas, estando atento aos sinais e sintomas de agravamento clínico
(AYRES, 2003).
5. METODOLOGIA
5. 1. Tipo de estudo e coleta de dados
Será desenvolvida uma revisão integrativa de literatura que inclui a análise de pesquisas
relevantes. Este método é um recurso da Prática Baseada em Evidências (PBE). A PBE
envolve a definição de um problema, a busca e avaliação crítica das evidências
disponíveis, a implementação das evidências na prática e avaliação dos resultados.
Será feita uma busca na literatura de forma sistemática e qualitativa acerca dos
problemas de pesquisa: Quais os principais tipos de ofídios responsáveis pela maioria
dos acidentes ocorridos no Brasil e no Ceará? Qual o perfil desses acidentados? Qual a
qualidade do atendimento do profissional de enfermagemfrente a acidentes ofídicos?
Existem medidas de atualizações para assistência desse tipo? Os hospitais oferecem
condições para a realização do atendimento de forma adequada?
A coleta de dados será feita por meio da busca de palavras encontradas nos títulos e nos
resumos dos artigos e em sites oficiais devidamente referenciados. Cabe ressaltar que a
pesquisa será feita tanto para os acadêmicos de enfermagem quanto para os
profissionais que já atuam na assistência.
5. 2. Critérios de inclusão
Serão utilizados artigos na íntegra que abordam a epidemiologia das serpentes no Brasil
e Ceará, dos acidentados por ofídios no Brasil e no Ceará bem como pesquisas que
tratavam da assistência e atendimento de enfermagens voltadas à pacientes acometidos
por picadas de serpentes peçonhentas. Artigos indexados na base de dados SCIELO,
LILACS e Google Acadêmico, no idioma português e inglês e publicado em período
recente, salvo pesquisas de conteúdos conceituais. Serão utilizados dados atuais com
alto grau de relevância em sites oficiais.
5.3. Critérios de exclusão
Serão excluídos artigos que não abordem em suas temáticas o contexto nem a
problemática da pesquisa, bem como artigos que não se enquadram nos critérios de
exclusão e artigos em estudo piloto.
5.4. Análise de dados
Os descritores utilizados para a busca dos artigos nas bases de dados supracitadas serão:
enfermagem, assistência, ofídios, acidentes ofídicos, picadas de cobras, bit snakes,
epidemiologia, Brasil, Ceará. Outra estratégia adotada foi a busca em sites oficiais de
dados, informações relevantes para a pesquisa.
A discussão einterpretação dos dados obtidos desta revisão serão realizadas de forma
descritiva possibilitando um levantamento das lacunas de conhecimento existentes. A
revisão integrativa deve possibilitar a replicação do estudo, a pertinência dos
procedimentos metodológicos aplicados e aos relativos ao tema abordado.
5.5. Aspectos éticos
Por questões éticas e legais serão lidos materiais de diversos autores, mas não se copiará
nada além do permitido por lei, para que não se caracterize em plágio de pesquisas
anteriores. Durante a elaboração dos capítulos, o trabalho será submetido à orientação
de um mestre por exigência do Conselho de Ética da Faculdades Nordeste.
6. CRONOGRAMA
JUL/12 AGO/12 SET/12 OUT/12 NOV/12 DEZ/12 JAN/13 FEV/13 MAR/13 ABR/13
MAI/13 JUN/13Elaboração do projeto de pesquisa X XProcura por um orientador X
XSumarização X Levantamento Bibliográfico X X X X X X XSeleção, leitura e
documentação X X X XRedação dos elementos pré-textuais X XRedação da introdução
X XRedação do primeiro capítulo X XRedação dos demais capítulos e conclusãoX X X
X X X XRedação dos elementos pró-textuais X X X XRevisão metodológica,
gramatical e redacional X X X XElaboração dos slides em Power Point X X XLeitura,
revisão e preparação para defesa X X X |
7. ORÇAMENTO
Elementos de despesa Custo |
Tonner R$ 20,00Papel Ofício R$ 20,00Combustível R$ 80,00 |
Total R$ 120,00 |
8. REFERÊNCIAS
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no atendimento imediato. Revista Nursing, 2003, v. 67, n.6, p.28 – 33.
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de infectologia. São Paulo: Editora Atheneu, 1996. Capítulo 129. p. 1561- 1577.
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Medicina. 1993, v.65, n.4.p. 209-250.
BÉRNILS, R.S. Répteis brasileiros – Lista de espécies. Sociedade Brasileira de
Herpologia. Disponível em : http://www.sbherpologia.org.br. Acesso em: 20/11/2012.
BOCHNER, R. & STRUCHINER.Aspectos ambientais e sócio-econômicos
relacionados à incidência de acidentes ofídicos no estado do Rio de Janeiro de 1990 a
1996: uma análise exploratória. Caderno de saúde pública, Rio de Janeiro.2004, jul-ago,
p. 976-985.
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BUTANTAN. Instituto Butantan. Recepção de Animais Peçonhentos. Disponível em:
<http://www.butantan.gov.br/home/recepcao_com_animais_peconhentos.php >. Acesso
em 10 de Novembro de 2012.
CARDOSO et al. Animais Peçonhentos no Brasil. Biologia, Clinica e Terapêutica do
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