Olhares sobre a Avaliação

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OLHARES SOBRE AVALIAO

Reunio de Coordenadores 14/11/2007 Secretaria Municipal da Educao de Caxias do Sul

Como ser que tudo isso comeou?

No sculo XVI, Incio de Loyola escreveu um documento(Ratio atque Instituto Studiorum) com o objetivo de unificar o procedimento pedaggico dos jesutas diante da exploso do nmero de colgios confiados Companhia de Jesus. Constam nesse manual alguns procedimentos que devem ser seguidos por professores e alunos. No que se refere avaliao, seguem alguns trechos do documento:

A prova ser adaptada ao Terminada a composio, nvel de cada classe, escrita poder cada um, em seu lugar, com clareza (...). O que for rever, corrigir e aperfeioar, duvidoso ser interpretado no quanto quiser, o que escreveu; sentido falso; as palavras porque, uma vez entregue, a omitidas ou mudadas sem prova (...) no poder ser razo para evitar dificuldade, restituda. considerem-se como erros. Tome-se cuidado com os que sentam juntos: porque, se porventura, duas composies se apresentam semelhantes ou idnticas, tenha-se ambas como suspeitas por no ser possvel averiguar qual o que copiou do outro.

Mas ningum veio para quebrar com essa postura?

Comenius foi o criador da Didtica Moderna, sculo XVII. Ensinar tudo a todos Quem tem a misso de formar os jovens tem o dever de conhecer o fim, a matria e a forma da disciplina, para no ignorar por que, quando e como convm deliberadamente ser severo. Antes de mais nada, acredito que todos concordam que a disciplina deve ser exercida contra quem erra, mas no porque errou (o que foi feito, feito est), mas para que no erre mais". (COMENIUS, 1997, p.311) Se por vezes, for necessrio instigar e estimular, h meios eficazes que o aoite. Por exemplo, uma palavra spera ou uma repreenso feita em pblico, ou mesmo um elogio feito a outro: Veja como fulano e beltrano so sabidos! Como entendem tudo! E tu, por que s preguioso? Outras vezes a ironia pode ser til: Ei, por que no entendes coisa to simples? Onde ests com a cabea? (COMENIUS, 1997, p.313)

Ser que as prticas mudaram?

Para avaliarmos, precisamos saber como se aprende.

Contribuies da Neurocincia

rea sinptica: no existe contato fsico entre os neurnios. Ligam-se por partculas qumicas, que produzem impulsos nervosos(emoes). Os neurotransmissores facilitam essas conexes (dopamina,...).

EMOES PROVOCAM ALTERAES:

MSCULOS

COR DA PELE

BATIMENTOS CARDACOS

SISTEMA LMBICO (parte do crebro responsvel pelas emoes)

Emoes

Sistema Lmbico

Liberao dos Neurotransmisso res

Circuitos cerebrais ficam mais rpidos, o que facilita a armazenagem de informaes e resgate das que esto guardadas.

EMOES NA SALA DE AULA

1) Questione o que o aluno sabe sobre o tema a ser trabalhado; 2) Estabelea relaes claras entre o tema e algo importante na vida do aluno; 3) Conte uma histria intrigante relacionada ao assunto; 4) Traga uma questo sobre a qual ele possa dar uma opinio; 5) Coloque uma msica relacionada ao tema.

ATENO E EMOO -O crebro no armazena nada sem ateno; -As emoes que melhor chamam ateno: surpresa e humor; -O aprendizado deve ser associado ao prazer.

Humor na sala de aula 2) Contar piadas (de bom gosto) que tenham relao com o contedo; 3) Usar charadas, cruzadas e outras estratgias; 4) Utilizar tcnicas de teatro; 5) Dar voz a seres humanos e objetos inanimados; 6) Mudar a posio das classes quando possvel.

Os sentidos e a aprendizagem Todas as portas de percepo so canais de aprendizado. Os sentidos na sala de aula: 2) Pedir para os alunos utilizarem outros tipos de representaes, alm da leitura e escrita; 3) Adaptar msicas conhecidas ao tema; 4) Utilizar diferentes objetos e imagens para serem manuseados na aula; 5) Propor atividades em outros ambientes e, se possvel, com mobilidade fsica.

Quando uma criana submetida a uma situao intimidatria, substncias atuam no crebro, impedindo a formao de novas memrias episdicas, que guardam informaes.

Medo: Emoo que no contribui com a aprendizagem.

SOCORRO

O medo no tem lugar na sala de aula: 2) Valorize sempre as maiores habilidades do aluno, para depois apontar o que precisa melhorar e dedicar-se mais; 3) No chame a ateno do aluno na frente dos colegas, converse separadamente. 4) Elogie o desempenho do aluno sempre que ele mostrar esforo em realizar a tarefa.

Precisamos tambm saber ou determinar o que deve ser avaliado.

O que ensinamos e o que avaliamos?

Dado: Signo ou conjunto de signos com possibilidade de significados diversos, dependendo do contexto. Ex: Braslia caminho FEV amarela 7244 placa. Informao: Conjunto de dados organizados em sentena com significados lgicos. Ex: O caminho de placa amarela, FEV7244, de Braslia.

Conhecimento: Informao ou conjunto de informaes das quais o sujeito se apropria, dando-lhe significado em sua estrutura cognitiva. Habilidade: saber fazer. Competncia: Capacidade de mobilizar recursos (cognitivos) visando abordar e resolver uma situao complexa.

O QUE EST SENDO AVALIADO?

1. Relacione o nome das aranhas venenosas: 1. aranha marrom ( ) Latrodectes 2. armadeira ( ) Lycosa 3. tarntula ( ) Loxceles 4. viva negra ( ) Ortognata 5. caranguejeira ( ) Phoneutria 2. Cite todas as Capitanias Hereditrias e seus respectivos donatrios.

3. As cidades Fencias eram chefiadas por um _______, que governava com o apoio de ________, como os ______, os _______ e os membros do____________. 4. Pela manh os funcionrios da cantina colocaram na geladeira 72,3 latas de refrigerante para gelar. tarde foram colocadas 8,7 latas. Quantas latas foram colocadas na geladeira? 5. A rea da superfcie da Terra aproximadamente . Km2.

Que desnimo...

Cuidado com a linguagem ao formular questes: Ensina-se que a frmula geral para achar a rea de um tringulo base vezes a altura dividido por dois. A=bxh 2 Esta informao depender da compreenso dos conceitos de tringulo e de rea. Qual das figuras abaixo um tringulo?

Construindo o conceito de ilha...Poro de terra cercada de gua por todos os lados?

No aqurio est apenas o relevo.

Colocamos gua. Temos duas ilhas

Mais gua. Teremos uma ilha.

Mais gua. No temos mais ilhas.

MAIS ALGUMAS QUESTES COM PROBLEMAS DE LINGUAGEM QUESTO: Como a organizao das abelhas numa colmia? RESPOSTAS: jia; maravilhosa; muito legal. OUTRA FORMA DE PERGUNTAR: Vimos, em nossas aulas de cincias, como maravilhosa a organizao das abelhas numa colmia, pois cada grupo de elementos da colmia tem uma funo especfica, para que o todo funcione em harmonia. Partindo desta idia: a) Escreva a funo de pelo menos quatro grupos de elementos da colmia; b) Faa um paralelo entre o funcionamento da colmia e o de nossa escola, com relao ao cumprimento das funes de cada um.

QUESTO: D sua opinio. O que voc faria para acabar com a seca no Nordeste? RESPOSTA (absurda!): Nada, absolutamente nada, pois tenho raiva de nordestino e quero que todo mundo morra. OUTRA FORMA DE PERGUNTAR:

Neste ms estudamos o quanto nossos irmos do sertonordestino sofrem com a seca que os assola. Imagine que voc uma autoridade com poderes para resolver, em parte, a questo. Apresente ao menos quatro medidas racionais e humanitrias que voc tomaria para resolver o problema.

QUESTO: Em quantas partes divide-se o corpo de um crustceo? RESPOSTA: Depende da cacetada. OUTRA FORMA DE PERGUNTAR: Estudamos que nosso corpo divide-se em cabea, tronco e membros (superiores e inferiores). Da mesma forma, o corpo dos crustceos tem tambm uma diviso, que utilizamos para estudar os mesmos. Escreva o nmero de partes e cite a principal caracterstica de cada uma.

APRENDER construir significados. ENSINAR oportunizar esta construo.Vasco Moretto

E AGORA, QUAL SER A FORMA MAIS ADEQUADA DE AVALIAO?

A AVALIAO NO DEVE SER VISTA COMO UMA FERRAMENTA DISCIPLINADORA DE FALSO PODER, MAS COMO PARTE DO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM. DIFERENCIA-SE DO TESTE DE CONHECIMENTO PORQUE REPRESENTA UM OLHAR GLOBAL SOBRE UMA AO E UTILIZA-SE DE VRIOS INSTRUMENTOS. AVALIAO NO UMA FOTO, MAS SIM, UM FILME.

A foto representa um momento. O filme, o processo.

Avaliar olhar alm da moldura.

AVALIAO NA ATUALIDADEFORMATIVA: Prev que os alunos possuem ritmos e processos de aprendizagem diferentes. Por isso, o professor deve utilizar diferentes instrumentos de avaliao e valorizar o conhecimento prvio do aluno, a fim de promover a aprendizagem. Desta forma, o professor e o aluno podem aprender a partir da avaliao. Possveis intervenes: -Verificar juntamente com os alunos as diferentes possibilidades de resoluo para determinada situao-problema. -Apontar as dificuldades apresentadas e estratgias para que os alunos possam super-las.

QUALITATIVA: D nfase ao processo e qualidade da aprendizagem. A qualidade definida como o produto de um processo de desenvolvimento e de aprendizagem coletiva, dentro do qual todos os atores envolvidos so levados a construir novas estratgias de trabalho e, portanto, tambm novas competncias. (Gather-Thurler apud Perrenoud, 2005, p.79)

MULTIMEIOS: Vrios instrumentos para avaliar .

PROVAS TESTES FORMULRIOS PARECERES DESCRITIVOS FICHAS AVALIATIVAS OBSERVAES AUTO-AVALIAES PORTFLIOS MAPAS CONCEITUAIS DIRIOS DE BORDO ...

FICHA DE AVALIAO Pode ser diria, assim o aluno entender a avaliao como parte do processo. A expectativa de uma prova desvia a ateno. DIRIO DE BORDO individual e sigiloso. Nele o aluno registra o que o aprendeu, o que no gostou, suas impresses. PORTFLIO Registra o histrico do aluno, sua evoluo e os trabalhos por ele realizados.

MAPA CONCEITUAL

Trabalha conceitos relacionados a outros conceitos, hierarquizando-os e diagnosticando a relao existente entre os mesmos. Este instrumento pode ser aplicado como pr ou ps-teste. Regras

Jogadores

Futebol

No gosto Bola

Cheia

Gramado Goleiras

Campo

AUTO-AVALIAO

Promove a autoimagem e a autoestima, desencadeando o pensamento crtico. individual, diagnstica, sigilosa e necessita de tempo e trabalho para que desenvolva-se com sucesso.

Qual a melhor forma de fazer os registros da avaliao?

NOTA

-Reduz a comunicao; -Dificulta a compreenso do aluno; -Comunica resultado sem significado; -Encobre o diagnstico.

PARECER -Pode ser registro genrico; -Aponta questes comportamentais do aluno; -Salienta procedimentos escolares e no processos de aprendizagem.

NOTA E PARECER: Aliados no processo ensino-aprendizagem.NOTAEscrever a nota, o porqu desta nota, onde esto as dificuldades e apontar aes para super-las. Somente vlida quando o professor considera-a uma representao flexvel de uma realidade qualitativa que a aprendizagem.

PARECERA produo de parecer deve contemplar: -A evoluo da aprendizagem; -O perfil do aluno (interao no grupo, comprometimento com as propostas de trabalho); -O que precisa ser revisto para que ocorra a aprendizagem de forma significativa; -Alternativas que facilitem a superao das dificuldades apresentadas.

A avaliao escolar, hoje, s faz sentido se tiver o intuito de buscar caminhos para a melhor aprendizagem. Jussara Hoffmann "Mudar a avaliao significa, provavelmente, mudar a escola." Philippe Perrenoud O professor deve ser um organizador, que vai limitar as dificuldades e, em conseqncia, reduzir os erros, permitindo aos alunos fazer sempre tentativas inteligentes que lhes permitiro realmente aprender. O professor inteligente aquele que confia na inteligncia de cada um em sua turma. Charles Hadji

Vejo a avaliao como um processo dialgico, interativo, que visa fazer do indivduo um ser melhor, mais crtico, mais criativo, mais autnomo, mais participativo. Acredito numa avaliao que leve a uma ao transformadora e tambm com sentido de promoo social, de coletividade, de humanizao. Mere Abramowicz O erro no um corpo estranho, uma falha na aprendizagem. Ele essencial, parte do processo. Ningum aprende sem errar. O homem tem uma estrutura cerebral ligada ao erro, intrnseco ao saber-pensar a capacidade de avaliar e refinar, por acerto e erro, at chegar a uma aproximao final. Pedro Demo

Bibliografia Consultada - Revista Escola, edio 146, novembro de 2001. Revista Escola, edio 144, agosto de 2001. Revista Escola, edio 159, fevereiro de 2003. Revista Escola, edio 198, dezembro de 2006. Revista Escola, edio 179, janeiro/fevereiro de 2005. Viver Mente & Crebro, edio 157, fevereiro de 2006. Viver Mente & Crebro, edio especial n 8. Escola de A a Z: 26 maneiras de repensar a educao. Philippe Perrenoud(org). Artmed, 2005. Avaliar para promover: as setas do caminho. Jussara Hoffmann, Mediao, 2001.

Outras fontes de pesquisa: Palestras realizadas durante o V Congresso Internacional sobre Avaliao na Educao PUC-RS Adaptaes realizadas a partir dos slides apresentados durante o Congresso; Crditos das imagens:

http://www.mafalda.net/pt/index.php http://clubedamafalda.blogspot.com/ http://www.adventistas-bereanos.com.br/2006agosto/desmascarandoasfar http://learners.in.th/file/hunna999/view/35962