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OLHARES SOBRE IDENTIDADE, JUVENTUDE E SOCIABILIDADE NAS REDES VIRTUAIS Kirla Korina dos Santos Anderson 1 Resumo: Compreender significados sobre o acesso às redes virtuais no cotidiano de jovens estudantes do ensino médio na cidade de Tucuruí, localizada na Região Sudeste do estado do Pará, consistiu no principal objetivo deste trabalho, no sentido de perceber como tais redes contribuem para a formação (e ou exposição) de suas identidades. O estudo se deu no contexto da tecnologia da informação e comunicação e sua influência no cotidiano dos jovens, investigando quais são os recursos mais utilizados por eles, quais mais usam para se comunicar, e como expõe sua identidade (quais aspectos da identidade são ressaltados por eles e quais momentos fazem isso). Foram ouvidos 26 jovens, com idades de 16 à 18 anos, com ênfase para abordagem qualitativa, sobre as redes virtuais que mais costumam acessar, o que costumam expor publicamente, quais critérios adotam para aceitar amigos, além de também investigar o que costumam fazer em seu tempo livre (além de conectados às redes virtuais). Neste sentido, posso dizer que a janela de contatos sociais que a Internet pode disponibilizar, em especial para os jovens, comporta também a necessidade de compreender o universo dos estudantes dentro e fora da sala de aula, enfatizando qual percepção têm estar com o outro, principalmente através das redes virtuais, investigando a importância de “estar conectado” no seu cotidiano e a como as redes virtuais se estabelecem como instrumentos para construção de identidade. Palavras-chaves: Juventude, Redes Sociais, Identidade, Antropologia Introdução A intenção deste artigo é o de contar uma parte de minha experiência como docente de sociologia no ensino médio, no que se refere ao entendimento de significados no acesso às redes virtuais por jovens estudantes. O estudo foi realizado na cidade de Tucuruí, localizada na Região Sudeste do estado do Pará, com o interesse de compreender como tais redes contribuem para a formação (e ou exposição) de suas identidades 2 . Os personagens principais são jovens, com idades entre 16 e 18 anos, que cursam ensino técnico, em uma cidade do interior do Estado do Pará, como falei antes. Nesse tempo de atuação no ensino médio, tenho percebido (assim como outros colegas) a 1 Profa. Dra. do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará (IFPA). E-mail: [email protected] . 2 As reflexões deste trabalho correspondem à uma parte dos resultados obtidos no âmbito do Projeto Conectados às Redes Sociais: juventude, cotidiano e sociabilidade em Tucuruí/PA, que teve duas bolsas de iniciação científica júnior, custeadas pelo Programa Interno de Bolsas de Iniciação Científica e de Extensão (PIBICE) do Campus Tucuruí/IFPA.

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OLHARES SOBRE IDENTIDADE, JUVENTUDE E SOCIABILIDADE NAS

REDES VIRTUAIS

Kirla Korina dos Santos Anderson1

Resumo: Compreender significados sobre o acesso às redes virtuais no cotidiano de

jovens estudantes do ensino médio na cidade de Tucuruí, localizada na Região Sudeste

do estado do Pará, consistiu no principal objetivo deste trabalho, no sentido de perceber

como tais redes contribuem para a formação (e ou exposição) de suas identidades. O

estudo se deu no contexto da tecnologia da informação e comunicação e sua influência

no cotidiano dos jovens, investigando quais são os recursos mais utilizados por eles,

quais mais usam para se comunicar, e como expõe sua identidade (quais aspectos da

identidade são ressaltados por eles e quais momentos fazem isso). Foram ouvidos 26

jovens, com idades de 16 à 18 anos, com ênfase para abordagem qualitativa, sobre as

redes virtuais que mais costumam acessar, o que costumam expor publicamente, quais

critérios adotam para aceitar amigos, além de também investigar o que costumam fazer

em seu tempo livre (além de conectados às redes virtuais). Neste sentido, posso dizer

que a janela de contatos sociais que a Internet pode disponibilizar, em especial para os

jovens, comporta também a necessidade de compreender o universo dos estudantes

dentro e fora da sala de aula, enfatizando qual percepção têm estar com o outro,

principalmente através das redes virtuais, investigando a importância de “estar

conectado” no seu cotidiano e a como as redes virtuais se estabelecem como

instrumentos para construção de identidade.

Palavras-chaves: Juventude, Redes Sociais, Identidade, Antropologia

Introdução

A intenção deste artigo é o de contar uma parte de minha experiência como

docente de sociologia no ensino médio, no que se refere ao entendimento de

significados no acesso às redes virtuais por jovens estudantes. O estudo foi realizado na

cidade de Tucuruí, localizada na Região Sudeste do estado do Pará, com o interesse de

compreender como tais redes contribuem para a formação (e ou exposição) de suas

identidades2.

Os personagens principais são jovens, com idades entre 16 e 18 anos, que cursam

ensino técnico, em uma cidade do interior do Estado do Pará, como falei antes. Nesse

tempo de atuação no ensino médio, tenho percebido (assim como outros colegas) a

1 Profa. Dra. do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará (IFPA). E-mail:

[email protected]. 2 As reflexões deste trabalho correspondem à uma parte dos resultados obtidos no âmbito do Projeto

Conectados às Redes Sociais: juventude, cotidiano e sociabilidade em Tucuruí/PA, que teve duas bolsas

de iniciação científica júnior, custeadas pelo Programa Interno de Bolsas de Iniciação Científica e de

Extensão (PIBICE) do Campus Tucuruí/IFPA.

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intensidade com que usam os aparelhos eletrônicos (smarthphones, tablets, notebooks),

principalmente com conexão à Internet, seja para jogar, ouvir música e/ou para acessar

às redes virtuais. Muitas vezes acontece desses aparelhos serem utilizados inclusive em

sala de aula, com a presença do professor, em momentos de avaliação ou exposição do

conteúdo3. No intervalo entre uma aula e outra, é certo encontrá-los entretidos no

mundo virtual4.

É neste sentido que o estudo tem como contexto a tecnologia da informação e

comunicação e sua influência no cotidiano dos jovens, investigando quais são os

recursos mais utilizados por eles, quais mais usam para se comunicar, e como expõe sua

identidade (quais aspectos da identidade são ressaltados por eles e quais momentos

fazem isso). Foram ouvidos 26 jovens, com idades entre 16 e 18 anos, com ênfase para

abordagem qualitativa, sobre as redes virtuais que mais costumam acessar, o que

costumam expor publicamente, quais critérios adotam para aceitar amigos, além de

também investigar o que costumam fazer em seu tempo livre (além de conectados às

redes virtuais).

Para isso, tomou como campo de análise a juventude como momento de

experimentações, rituais de passagens e projetos para o futuro, articulando com a

construção de identidade no contexto da sociedade contemporânea (CASTELLS, 1999;

ABRAMO, 2004; NOVAES, 2004).

1 Quando a sala de aula é o campo de estudo

O interesse pelo tema surgiu a partir de meu contato diário com jovens estudantes

de cursos técnicos, integrados ao ensino médio, mais especificamente, no quadro de

discussões da disciplina de sociologia. É muito comum que eles refiram exemplos da

internet, pela facilidade que têm em acessar às redes virtuais, principalmente através do

celular (aliás, segundo eles, não é luxo ter celular que acesse internet, ainda mais com os

pacotes das operadoras que oferecem pacotes de acesso de dados, custando centavos por

dia; ou através do acesso por redes Wi-Fi).

Esse contato diário nas salas e corredores despertou minha curiosidade etnográfica

para compreender tais experiências, pois estamos envolvidos por vários significados que

o tal encontro pode trazer. Nesse encontro etnográfico, a alteridade é estabelecida

3 Sobre este assunto, não posso me esquecer de mencionar que as estratégias de “cola” também se

utilizam dessas tecnologias (por Bluetooth ou pelo whatsapp são as que já ouvi). 4 Apesar de proibição de uso de celulares e computadores em sala de aula no IFPA-Campus Tucuruí, essa

é uma reclamação recorrente nas reuniões de professores.

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através da relação professor-aluno, cujo estranhamento acontece entre gerações,

principalmente quando se considera o acesso às redes virtuais.

O caminho escolhido para entendimento dos significados do acesso às redes no

cotidiano dos jovens consiste na construção etnográfica, no sentido de situar o leitor no

cenário estudado, como dizem Malinowski (1978) e Geertz (1989). Neste sentido,

pode-se dizer que a antropologia permite uma leitura do que acontece na vida social e

que o pano de fundo para a interpretação das práticas sociais é a teia de significados que

formam a cultura. A teia de significados de minha etnografia parte de questões que pude

observar durante a pesquisa no mestrado, em leituras, na participação em eventos e

memórias de minha infância – que podem representar limites para compreender o ponto

de vista do nativo, conforme mostra Geertz (2006) ao tratar dos significados da tradução

na pesquisa antropológica. Assim, a leitura da vida social em seu contexto que a

antropologia permite não vale apenas para os nativos, mas inclui o pesquisador também.

Geertz (1989), ao reunir alguns de seus trabalhos e publicá-los numa coletânea,

deu destaque para as observações de campo, tomando como eixo de análise a cultura. O

estudo de questões empíricas tratadas pelo autor como um trabalho artesanal, no qual se

faz imprescindível a descrição dos aspectos que compõem a vida social, falando de uma

“descrição densa”. Seu objetivo consiste na observação e interpretação de como as

ações são produzidas, percebidas e interpretadas pelos agentes.

Experimentei o registro etnográfico através do diário de campo, que não sendo

escrito todos os dias, procurou dar conta das observações e comentários que ouvi nesse

período de elaboração do trabalho. O quadro a seguir mostra um resumo do perfil dos

entrevistados:

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QUADRO 1: PERFIL DOS ENTREVISTADOS

Nº Idade Cor /

Raça

Relacionamento Ocupação Mora com

quantas

pessoas

Relação de

Parentesco

com o

entrevistado

01 16 Pardo Solteiro Estudante 1 Mãe

02 17 Branca Solteira Estudante 3 Pai, mãe, irmã

03 16 Branca Namorando Estudante 2 Padrastro e mãe

04 16 Branca Solteira Estudante 3 Pai, mãe, irmão

05 17 Pardo Ficando Estudante 3 Pai, mãe, irmão

06 16 Branco Solteiro Estudante 3 Pai, mãe, irmão

07 16 Parda Solteira Estudante e

Jovem

aprendiz

7 Pai, mãe, 3

irmãos e 2

irmãs

08 16 Parda Solteiro Estudante 3 Pai, mãe, irmão

09 17 Parda Namorando Estudante 4 Pai, mãe, irmã,

prima

10 16 Branca Solteira Estudante 2 Mae, irmão

11 16 Parda Solteira Estudante 4 Pai, mãe, 2

irmãos

12 17 Pardo Solteiro Estudante 4 Tio, tia, 2

primas

13 16 Parda Solteira Estudante 2 Pai, mãe

14 18 Negro Namorando Estudante 6 2 tias, 2 primos,

irmão, prima

15 16 Branca Solteiro Estudante 2 Pai, mãe

16 16 Branca Solteira Estudante 3 Pai, mãe, irmão

17 16 Branca Ficando Estudante e

Jovem

Aprendiz

3 Pai, mãe, irmã

18 18 Parda Solteira Estudante 5 Mãe, tia, 3

primas

19 16 Branca Namorando Estudante e

Jovem

aprendiz

4 Pai, mãe, 2

irmãs

20 16 Pardo Solteiro Estudante 2 Mãe, prima

21 17 Branca Namorando Estudantee

Jovem

Aprendiz

4 Pai, mãe, 2

irmãos

22 18 Negro A espera de um

milagre

Estudante 1 Irmão

23 17 Negra Solteira Estudante 5 Pai, mãe, 2

irmãos, irmã

24 17 Negro Namorando Estudante 1 Pai

25 16 Parda Namorando Estudante e

serva na igreja

6 Pai, mãe, 2

irmãos, irmãs

26 16 Branca Namorando Estudante 1 Avó

Fonte: Pesquisa de Campo, 2014.

Foram entrevistados 14 meninos e 12 meninas, totalizando 26 jovens. Todos

moram com familiares, sejam eles pais, tios, avós, padrasto ou madrasta, irmãos, o que

chama atenção para a diversidade nas configurações familiares, conforme estudos

antropológicos (LÉVI-STRAUSS, 1989; SARTI, 1996 e 2004; DAUSTER, 1985 e

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1988; LINS DE BARROS, 1985 e 1987; VELHO, 1985, 1987, 2008; ALMEIDA, 1987;

DAMATTA, 1987; FONSECA, 1995, 2002, 2007). É importante ressaltar que há casos

específicos como: os que moram com mãe e padrasto são típicos da sociedade

contemporânea.

Todos são estudantes, mas 4 deles trabalham como Jovem Aprendiz em empresas

da cidade. como o que requer a dedicação de tempo numa terceira jornada para os

trabalhos extracurriculares e para o tempo livre. Essa realidade implica no trabalho na

madrugada, prejudicando a noite de sono e consequentemente nas atividades matutinas.

Quanto ao status de relacionamento (como divulgado nas redes virtuais),

observamos uma variedade de definições. O conceito de relacionamento sério, que

implica em assumir para a família e amigos o compromisso com alguém, é o que eles

costumam tomar como referência para falar de si mesmos. Dessa maneira, 8 estão

namorando ( com intenção de construir família com seu atual parceiro, mas a longo

prazo), 15 se declararam solteiros e, dos 3 restantes, 2 disseram que estão ficando e 1 “a

espera de um milagre”.

Observando os gráficos, é possível afirmar que os jovens entrevistados formam

uma coorte, assim como afirma Paul Singer. Pois, estão na mesma faixa etária,

permanecem no mesmo país, e estão vivendo experiências parecidas juntos. Experiência

essas tais como: compartilham as mesmas tecnologias, estão terminando o ensino médio

junto, provavelmente ingressarão na universidade no mesmo tempo e alguns já estão

começando a ingressar no mercado de trabalho etc.

Pensando inicialmente em observar e compreender significados relacionados à

redes virtuais e identidade no cotidiano de jovens estudantes, meus alunos (meus

“interlocutores” nesse contexto) deixaram claro que faço parte da alteridade que me

proponho a compreender, pois me colocam como “outro” na pesquisa, me levando a

rever minha própria experiência de jovem e estudante, conforme situações já

mencionadas aqui.

Sobre as definições do campo de estudo e a seleção de uma sociedade para isso, a

antropologia contemporânea propõe uma inversão do paradigma clássico da disciplina

em estudar sociedades primitivas e/ou exóticas, para estudar nossa própria sociedade,

configurando uma tendência autorreflexiva da antropologia pós-moderna. Partindo da

década de 1980, Cardoso de Oliveira (1983), Fischer (1985) e Trajano Filho (1988)

dizem que acontece na antropologia um novo debate teórico, que salienta que a

sociedade estudada é apresentada nos textos antropológicos de acordo com a

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perspectiva subjetiva do pesquisador, inaugurando a tendência para a reflexão sobre a

produção etnográfica. Neste contexto, entra em cena o poder, ou autoridade do

pesquisador, exigindo reflexão sobre a dinâmica do encontro etnográfico entre

pesquisador e nativo, o que implica na consideração de que a etnografia é formada por

um conjunto de relações.

Sobre esta questão, Clifford (1998) fala da tendência reflexiva na antropologia.

Para ele, a autoridade na etnografia possui um caráter metodológico central, pois é

sempre o pesquisador quem seleciona o que entra e como entra no texto. Por isso, a

etnografia é mais que descrição, pois envolve interpretação, em que o texto etnográfico

faz parte de uma rede de relações vivida entre antropólogos e nativos, por isso a

construção de um campo de atuação.

O encontro com o outro (e as reflexões que emergem dessa relação), de que

Geertz (2006) fala, significa que o modo de interpretação das práticas culturais dos

outros também pode provocar mudanças no próprio observador, o que é influenciado

pelo intercâmbio das formas culturais. É no “encontro”, que envolve uma relação de

intersubjetividade, ou seja, de troca entre pesquisador e pesquisado, como disse Minayo

(2000), que aparece a possibilidade de compreensão não apenas do “outro”, como de si

mesmo também.

Desta maneira, estar disposto a abdicar de alguns posicionamentos é um dos

pontos que Geertz (2006) sinaliza, pois é possível interpretar o ponto de vista do outro,

mas é importante que se considere que não se dará conta de tudo e que não será um

processo fácil. De acordo com os argumentos apresentados pelo autor, interpretar o

“outro” é um exercício minucioso, que requer atenção, vigilância e cuidado. Isso

implica que o pesquisador também está preso às interpretações de seu grupo e que o que

vai expressar do nativo não será na linguagem “nativa”, compondo ângulos sobre o

processo de “tradução” no trabalho antropológico.

De acordo com o que foi apresentado por Cardoso de Oliveira (2002a), o trabalho

de campo pode ser entendido como um exercício de encontros, que acontece não apenas

entre pesquisador e pesquisado, mas também representa um processo em que o

pesquisador pode (re)conhecer a si mesmo. O trabalho de campo consiste, então, num

espaço de expectativas, em que questões como “tomar decisões”, “rever posições” e

“ser observado” ajudam a compor o cenário. Assim, além da perspectiva de trabalho de

campo, ou seja, de um momento pensado como específico para perguntas, encontros,

dúvidas, coleta de informações.

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O campo de atuação do pesquisador, portanto, envolve ideias e práticas sobre a

construção do “outro”, tanto do grupo pesquisado (ou nativo), como também conhecer a

si mesmo (o “outro” que está no próprio pesquisador). Isto acontece porque o processo

de construção cultural, neste contexto do encontro etnográfico, as categorias envolvidas

permitem compreender como essas pessoas classificam, distribuem e significam suas

práticas, tanto do pesquisador com do nativo, assim como rever as categorias na

experiência pessoal do pesquisador – como faz Cardoso de Oliveira (2002a), nas

margens do diário, ao relembrar a sua origem portuguesa.

2. Ampliando o olhar: jovens e redes sociais em Tucuruí

Os discentes demonstram bastante interesse, iniciativa e participação quando são

utilizadas matérias de jornal, músicas, vídeos do gosto deles (sendo o interesse maior

quando já tenha sido compartilhado nas redes virtuais). Assim, é muito comum também

que tragam outros exemplos da internet, pela facilidade que têm em acessar à rede

virtual, principalmente através do celular (aliás, segundo eles, não é luxo ter celular que

acesse internet, ainda mais com os pacotes das operadoras que oferecem pacotes de

acesso de dados, custando centavos por dia; ou através do acesso por redes Wi-Fi).

Para Novaes (2004), a juventude – principal usuária das redes virtuais – como

categoria de entendimento das relações sociais ganhou conteúdos, contornos sociais e

jurídicos ao longo da história, traduzidos em aspectos culturais e regras socialmente

construídas, que corroboram para determinar em que momento e por meio de quais

rituais de passagem se muda de uma fase da vida para outra. Por isso, é compreendida

como um tempo de construção de identidades e de definição de projetos para o futuro,

marcada por intensas experimentações e importantes decisões. É vista como etapa de

transição entre a infância e vida adulta, em que os indivíduos processam sua inserção

nas diversas dimensões da vida social, como inserção no mundo do trabalho,

responsabilidade com a própria família, exercício pleno de direitos e deveres de

cidadania.

Pelo que vem sendo dito, a juventude deve ser considerada como um momento da

vida em que se possa efetivar o exercício de direitos e cidadania, para construção de

autonomia. Não é apenas uma etapa de vulnerabilidade social, mas um momento em

que se passa a ser responsável pelas suas decisões, sendo capaz de exercer atividades

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relacionadas à produção (sustento de si e de outros), à reprodução e participação em

momentos de decisões, direitos e deveres da sociedade.

Em relação às redes virtuais mais acessadas, nas entrevistas que foram realizadas

listaram 05 redes visitadas com mais freqüência: YouTube, WhatsApp, Facebook,

Instagram e Twitter. O acesso costuma acontecer no horário que tiverem disponível,

como aos fins de semana, durante viagens, pela madrugada, na hora da aula...),

geralmente para “passar o tempo” ou para “se manter atualizado”, como disseram. O

aparelho celular é o preferido para os acessos, pois “a gente anda o tempo todo com ele,

professora”, “é mais prático”, “fica mais fácil para entrar na internet na hora que a

gente quiser”, “é só clicar no aplicativo aqui e pronto, no computador dá mais

trabalho”.

Observando as redes virtuais pela perspectiva dos discentes, ficar conectado é

importante para estar sempre atualizado. Eles têm acesso a informações sobre os mais

variados assuntos: música, artista preferido, namoros e paqueras, vídeos e imagens mais

compartilhados. De uma forma ampla, tais redes são aquelas em que o usuário deve se

inscrever para criar um perfil (uma espécie de página personalizada com fotos e

informações sobre gosto pessoal) e a partir daí começar a fazer amigos (fazer ou

desfazer amizade/seguir ou ter seguidores), assistir vídeos ou músicas (com opção de

download em alguns casos), bater papo.

Em resumo, as redes virtuais mais acessadas pelos jovens deste estudo são:

QUADRO 2: REDES VIRTUAIS MAIS ACESSADAS PELOS JOVENS

REDES MAIS

ACESSADAS

CARACTERÍSTICA(S)

PRINCIPAL(IS)

GÍRIAS

RELACIONADAS

YOUTUBE Assistir, curtir ou compartilhar vídeos Dar um like

WHATSAPP Conversar instantaneamente, que serve

para enviar ou receber vídeos e imagens

Manda um zap

FACEBOOK Publicar ou compartilhar fotos, vídeos

ou imagens sobre o dia a dia

“Compartilha ou curte

aí”

INSTAGRAM Compartilhar fotos “Instagood”

TWITTER Postar mensagens de até 140 caracteres Hoje vou twittar sobre...

Fonte: Pesquisa de Campo, 2014.

Ademais, o acesso às redes virtuais fornece informações sobre renda das famílias,

pois implica principalmente em investimento em aparelho eletrônico e plano para

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conexão à internet. A forma de conexão preferida é a Wi-Fi, pela qualidade da conexão

e carregar os dados, disponível na casa de 22 deles.

Tendo em vista as formas gerais de interação nas redes virtuais, ao publicar ou

compartilhar alguma mensagem, é comum colocar o símbolo cerquilha (#),

popularmente conhecido como “jogo da velha”, ao lado de uma palavra ou frase para

dar destaque no texto (altera a cor em comparação ao restante do texto) e cria uma

ligação com outras publicações de outros usuários também (um link). Esta ação de

escrever cerquilha mais alguma palavra cria uma expressão chamada hashtag5. A

hashtag faz com que o conteúdo do seu post seja acessível a todas as pessoas com

interesses parecidos.

Em relação à identidade, as publicações virtuais se referem principalmente ao que

estão fazendo no momento (quase um diário), convidar alguém para conversar,

perguntar assuntos da aula (na maioria das vezes, na véspera de alguma avaliação ou

entrega de atividades), dar avisos sobre isso (à pedido de professores), além de

compartilhar “memes”.

De acordo com o que venho discutindo, além de gostar de compartilhar

informações com o professor, eles também gostam de “indicar” sites e páginas de

relacionamento, que, segundo eles, “é importante que a senhora veja o que tem lá,

professora”, postam (ou fazem menção de que gostariam) publicar os acontecimentos

no Facebook (uma foto, recados, declarações de amor, “indiretas”, sem contar na

reprodução dos bordões de novelas e comerciais, que viram referencia fácil no

vocabulário deles). Neste sentido, as redes que eles mais utilizam são Facebook e

WhatsApp.

A diferença de visão de mundo é vista pelas ciências sociais como diferenças

entre gerações. Singer (2004) diz que a experiência de geração, ou de coorte, significa

um grupo de pessoas que nasceram num mesmo período histórico e passam por

experiências comuns, resguardadas suas especificidades. Para outros autores, a questão

das diferenças de visão de mundo pelas gerações não pode ser vista apenas como uma

diferença de idade, pois idade não pode ser vista apenas pela contagem de tempo para

uma pessoa, mas sociologicamente importa compreender por quais experiências ela

passou, qual a rede de relações integra o processo e de maneira percebe isso.

5 Por exemplo, se você usar a palavra #família, quando for pesquisar em qualquer rede social irá mostrar

publicações anteriores de todos os usuários que usaram “#família” em suas mensagens. As hashtags

aparecem como links, quando usadas em mensagens, bastando clicar sobre elas para ver todos os

resultados em qualquer parte do mundo.

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Interpretar significados sobre a perspectiva de vida e projetos para o futuro na

juventude em Tucuruí, portanto, indica pensá-la como um universo relacional, pois as

representações e expectativas sobre juventude não se restringem à figura dos jovens,

mas se estendem às demais pessoas e coisas que interagem com eles. Por isso, quando

me refiro ao estudo dos significados das redes sociais entre os jovens, busquei enfatizar

a sociabilidade entre eles, como parte do processo de construção de identidades.

Considerações Finais

Neste sentido, o entendimento do papel (se é que posso falar assim) das redes

sociais no cotidiano dos jovens, e, consequentemente, formas de transição para a vida

adulta, implicou identificar as redes ou comunidades que os jovens mais acessam e

acompanhar as mensagens e informações que trocam e divulgam. Devo salientar que

analisar as redes sociais dos jovens, significa considerar as relações de sociabilidade que

estabelecem no cotidiano, levando em conta a importância que dão para a interação,

para estar com o outro no cotidiano, configurando a relação de alteridade estudada pela

antropologia (MALINOWSKI, 1978; GEERTZ,1989; MAUSS, 2003), dos significados

do que comunicar nas redes virtuais, quando, para quem, buscar companhia, mostrar

poder, etc.

A socialização, como sabemos, consiste num processo, ao mesmo tempo, de

ingresso e construção da vida social, de interação em que se costuma dar atenção para

regras, expectativas, posições e significados ligados, principalmente, ao que a família

considera ser importante “transmitir” às novas gerações (MAYER, 1970; BERGER e

BERGER, 1984; VELHO, 1987; SILVA, 2004). O contexto para entendimento dos

significados das redes virtuais no cotidiano consiste na visão de mundo que os jovens

compartilham e quais significados estão presentes nas formas de acesso e do que

representa estar com o outro.

De acordo com o que pude observar em pesquisas anteriores (ANDERSON

2013a; 2013b), a socialização na contemporaneidade, tem sido alvo de constantes

debates, principalmente na TV, tendo como pano de fundo as novas formas de

sociabilidade e interação trazidas pela modernidade, como os jogos de computador e a

Internet (SETTON, 2002 e 2005; MOLLO-BOUVIER, 2005; MONTANDON, 2001 e

2005; SARMENTO, 2005; BELLONI, 2007; VIEIRA, 2012). O que estes autores estão

enfatizando é que na sociedade contemporânea (particularmente) a escola e a família

não estão sozinhas na tarefa de socializar, abrindo espaço para outros agentes de

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socialização (mídia, cursos de idiomas e esportes, colônias de férias), tendo as redes

virtuais um peso muito importante nisso. Neste sentido, cabe investigar como os jovens

pensam e utilizam as redes sociais e de que maneira vão construindo suas opiniões

sobre as suas experiências de vida.

Neste sentido, o interesse deste trabalho consistiu em observar os significados

citados pelos jovens para as redes sociais no seu cotidiano. Partiu da ideia de redes

virtuais como sinônimo das redes sociais elaboradas por Bott (1951), no sentido

ampliado do termo, para incluir as redes virtuais e clássicas, como destaca Dornelles

(2004).

Compreender significados relacionados às redes virtuais no universo dos

estudantes indica um leque de relações dentro e fora da sala de aula, que enfatiza qual

percepção têm estar com o outro, principalmente através das redes virtuais, traduzido na

importância de “estar conectado” no seu cotidiano e a como as redes virtuais se

estabelecem como instrumentos para construção de identidade.

Hall (1994), em estudo sobre a identidade na pós-modernidade, mostra que aquilo

que as pessoas falam de si está intimamente relacionado ao contexto da sociedade mais

ampla e que, no contexto da pós-modernidade, muitas referencias podem ser tomadas

para as pessoas se identificarem (família, trabalho, religião, estilo de música, lugar que

mora). Considerando essas múltiplas formas de interação na vida do indivíduo, o

referido autor chama atenção para como seus interesses são confrontados com o do

grupo, através das formas de interação nas redes sociais.

Cumpre dizer que nem todos os entrevistas, mesmo visitando as páginas de

relacionamento diariamente, não costumam publicar fotos ou mensagens de sua vida

pessoal, ao contrário, preferem apenas “olhar” as publicações de amigos e seguidores

sem ao menos postar uma vez por semana. Isso se destaca quando os usuários não

querem se expor ou acham algumas coisas fúteis demais para postar.

É neste ponto que dar atenção ao ponto de vista do sujeito envolvido marca a

compreensão da sociabilidade hoje, pois cabe observar e compreender como este

articula interesses e toma suas decisões, levando em conta a reflexividade de que

Cardoso de Oliveira (2002) nos fala. O contexto atual, em que as tecnologias e a rapidez

com que as informações são processadas consistem no ponto de reflexão de Giddens

(1993), Castells (1999), Bauman (2001).

Assim, as redes virtuais funcionam como espaço de manifestação de identidade,

em que a interação não ocorre no anonimato e a pessoa tem a opção de escolher o que

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dizer, como, para quem (no Facebook, por exemplo, as pessoas podem “curtir”,

“comentar” e/ou “compartilhar” informações com os amigos). Neste caso, não está em

questão discutir a veracidade dos discursos dos sujeitos sobre suas identidades (ORTIZ,

1994).

Neste sentido, posso dizer que a janela de contatos sociais que a Internet pode

disponibilizar, em especial para os jovens, comporta também a necessidade de

compreender o universo dos estudantes dentro e fora da sala de aula, enfatizando qual

percepção têm estar com o outro, principalmente através das redes virtuais, investigando

a importância de “estar conectado” no seu cotidiano e a como as redes virtuais se

estabelecem como instrumentos para construção de identidade.

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