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Universidade Federal de Pernambuco Centro de Tecnologia e Geociências Departamento de Engenharia Mecânica Curso de Graduação em Engenharia Mecânica Projeto Desenvolvimento de Ferramentas Computacionais para Apoio ao Projeto de Vasos de Pressão. Cayo Felipe Lopes de Oliveira Recife 2014

OLIVEIRA, Cayo. TCC1. Projeto de Desenvolvimento de Ferramentas Computacionais para Apoio ao Projeto e Fabricação de Vasos de Pressão

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Trabalho de Conclusão de Curso. Projeto de Desenvolvimento de Ferramentas Computacionais para Apoio ao Projeto e Fabricação de Vasos de Pressão Segundo a ASME Seção VIII Div. 1. Universidade Federal de Pernambuco.Departamento de Engenharia Mecânica.

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Universidade Federal de Pernambuco

Centro de Tecnologia e Geociências

Departamento de Engenharia Mecânica

Curso de Graduação em Engenharia Mecânica

Projeto

Desenvolvimento de Ferramentas Computacionais para Apoio ao Projeto de Vasos

de Pressão.

Cayo Felipe Lopes de Oliveira

Recife

2014

Universidade Federal de Pernambuco

Centro de Tecnologia e Geociências

Departamento de Engenharia Mecânica

Curso de Graduação em Engenharia Mecânica

Projeto apresentado junto ao Curso de

Graduação em Engenharia Mecânica da

Universidade Federal de Pernambuco,

UFPE, pelo aluno Cayo Felipe Lopes de

Oliveira, sob orientação do Professor D. Sc.

José Maria Andrade Barbosa, como

requisito parcial para obtenção do título de

Bacharel em Engenharia Mecânica.

Recife

2014

FOLHA DE APROVAÇÃO

Desenvolvimento de Ferramentas Computacionais para Apoio ao Projeto de Vasos de

Pressão.

Projeto apresentado junto ao Curso de

Graduação em Engenharia Mecânica da Universidade Federal de Pernambuco, UFPE, pelo aluno Cayo Felipe Lopes de Oliveira, sob orientação do Professor D. Sc. José Maria Andrade Barbosa, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Engenharia Mecânica.

Data da Aprovação: ____ / _____ / _____

Banca Examinadora:

__________________________________________________________

José Maria Andrade Barbosa, D.Sc. UFPE

Orientador

__________________________________________________________

Maurílio José dos Santos, D.Sc. UFPE

Coordenador

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus.

Em seguida, aos meus pais, que com esforço, sacrifício e amor me ofereceram

educação de qualidade para que eu pudesse realizar meus sonhos e objetivos. Aos meus

familiares e amigos que sempre me apoiaram e me deram incentivo.

Agradeço ao Professor D. Sc. José Maria Andrade Barbosa, por me instruir nos

assuntos referentes ao trabalho de conclusão de curso e por sua enorme paciência,

disponibilidade e atenção.

Agradeço ao Professor D. Sc. Maurílio José dos Santos, por seus conselhos e sua

dedicação com a arte de ensinar.

A todos aqueles que ajudaram com a realização desse trabalho direta ou

indiretamente.

“Eu descobri uma demonstração maravilhosa, mas a margem desse papel é muito pequena

para contê-la”.

Pierre de Fermat

RESUMO

Desde os primórdios do século XIX até o começo do século XX, explosões de

grandes proporções envolvendo caldeiras eram frequentes devido ao uso intensivo das

máquinas à vapor provenientes da revolução industrial e do avanço da tecnologia se

espalhando pelo mundo todo. A necessidade de evitar acidentes catastróficos foi o

principal motivo pelo qual foram criadas normas regulamentadoras, não só nos Estados

Unidos, mas em todo o mundo. Em 1911 uma comissão especial da American Society of

Mechanical Engineers (ASME) foi criada para dar início ao projeto de elaboração de uma

norma, que em 1924 surgiu com a primeira edição que abrangia tanto as caldeiras

estacionárias quanto aos vasos de pressão. Foi criada então a Seção VIII do código

ASME, sendo a principal norma de projeto de vasos de pressão vigente no mundo todo.

Os vasos de pressão são equipamentos de processo indispensáveis na indústria do

petróleo, gás natural e combustíveis; muitas vezes os maiores, mais pesados e de maior

custo. São recipientes submetidos a altas pressões e temperaturas, por conta disso são

equipamentos de grande responsabilidade.

O correto entendimento dos procedimentos dos códigos e normas de projeto e

fabricação de vasos de pressão, em particular as normas da ASME, e interpretação de seu

conteúdo é de total responsabilidade do profissional responsável pelo projeto do

equipamento. Essa tarefa se torna difícil pelo fato de que o conteúdo é abordado de forma

complexa e as regras muitas vezes não seguem uma sequência progressiva, sendo

necessário informações adicionais que não estão presentes no exato momento da leitura.

Dessa forma, a criação de um algoritmo e de um programa computacional que simule a

sequência correta da norma com todas as suas características e de forma sequencial,

facilita o projeto do vaso de pressão de maneira segura e simplificada para o usuário.

Esse trabalho visa uma melhor interação entre o projetista e o software,

fornecendo um algoritmo e uma ferramenta computacional que lide com diversos tipos

de variações no projeto de um vaso de pressão, beneficiando o projetista por conta da

simplicidade e custo do programa.

Para a realização do trabalho, será realizada uma análise detalhada do código

ASME Seção VIII Divisão 1. Um fluxograma geral, baseado na folha de dados do projeto

do vaso de pressão e com as informações necessárias para o início do dimensionamento,

será criado como base para o desenvolvimento do programa. Com esse fluxograma

pronto, um algoritmo estruturado irá ser desenvolvido para a implementação em uma

linguagem de programação de maneira rápida, que nesse trabalho utilizará o Matlab.

A ideia fundamental é que com o desenvolvimento do trabalho, a adição de

informações como a ASME Seção VIII Divisão 2, novas funções, novas limitações;

mudanças na norma; nos dados, se torne fácil, baseado em uma tríade básica fundamental

de um fluxograma, algoritmo e ferramenta computacional. Sendo assim, testes e

comparação dos resultados dos vasos de pressão projetados com esse programa sejam

analisados de acordo com exemplos de equipamentos reais obtidos de programas

comerciais.

Palavras-Chave: Vasos de Pressão. ASME. Algoritmo. Fluxograma. Matlab.

ABSTRACT

Since the beginnings of the nineteenth century to the early twentieth century,

major explosions involving boilers were frequent due to intensive use of steam from the

industrial revolution and the advancement of technology spreading around the world. The

need to avoid catastrophic accidents was the main reason why regulatory standards were

created, not only in America, but also worldwide. In 1911, a special committee of the

American Society of Mechanical Engineers (ASME) was created to initiate the project of

development of a standard, which emerged in 1924 with the first edition covering both

stationary boiler as the pressure vessels. Section VIII of the ASME Code, the main design

standard of prevailing pressure vessels worldwide, was then created.

Pressure vessels are indispensable process equipment in the oil, natural gas and

fuel, often larger, heavier and more expensive. They are containers subjected to high

pressures and temperature, that is why are equipment of great responsibility.

The correct understanding of the procedures of the codes and standards for design

and fabrication of pressure vessels, particularly the codes of ASME, and interpretation of

its contents are the sole responsibility of the professional responsible for equipment

design. This task is made difficult by the fact that the content is covered in complex ways

and the rules often do not follow a progressive sequence, additional information needed

that are not present in the moment of being read. Thus, the creation of an algorithm and

a computer program that simulates the correct sequence from the norm with all its features

and sequential manner facilitates the design of the pressure vessel in a safe and simple

way for the user.

This work aims to better interaction between the designer and the software,

providing an algorithm and a computational tool that handles many types of variations in

the design of a pressure vessel, benefiting the designer because of the simplicity and cost

of the program.

To conduct the study, a detailed analysis of ASME Section VIII Division 1 will

be held. A general flow chart based on the data sheet of the pressure vessel design and

the necessary information to the top of the scale will be created as a basis for program

development. With this flowchart done a structured algorithm will be developed for

implementation in a programming language quickly, which in this paper uses Matlab.

The fundamental idea is that with the development of the work, adding

information such as ASME Section VIII Division 2, new functions, new limitations,

changes in the standard of the data, it becomes easy, based on a fundamental basic triad

of a flowchart, algorithm and computational tool. Therefore, tests and compare the results

of pressure vessels designed with this program are analyzed according to examples of

actual equipment obtained from commercial programs.

Keywords: Pressure Vessels. ASME. Algorithm. Flowchart. Matlab

LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Unidade de destilação atmosférica da refinaria de Paulínia ........................... 13

Figura 2- Software de Projeto de Vasos de Pressão da CODEWARE, denominado

COMPRESS. .................................................................................................................. 15

Figura 3 - Parque de esferas da refinaria de Paulínia ..................................................... 19

Figura 4 - Fluxograma de classificação dos vasos de pressão ........................................ 20

Figura 5 - Composição básica de um vaso de pressão. .................................................. 21

Figura 6- Principais formatos de vasos de pressão ......................................................... 22

Figura 7- Alguns tipos de tampos de vasos de pressão .................................................. 24

Figura 8 - Componentes detalhados de um vaso de pressão .......................................... 25

Figura 9 - Principais aberturas em vasos de pressão ...................................................... 26

Figura 10 - Reforços em aberturas de vasos de pressão ................................................. 28

Figura 11 - Soldas circunferenciais e longitudinais em um casco cilíndrico ................. 29

Figura 12 – Detalhes e especificações de solda em ligações entre o casco e o tampo de

vasos de pressão. ............................................................................................................ 29

Figura 13 - Vaso horizontal suportado em berços .......................................................... 30

Figura 14 - Vasos verticais com diversos suportes ........................................................ 31

Figura 15 - Máxima tensão admissível para materiais ferrosos ..................................... 33

Figura 16 - Tensões primárias em um cilindro devido a pressão interna ...................... 35

Figura 17- Flexão em uma região de transição de espessura ......................................... 36

Figura 18 - Esforços internos tangestes à superfície do vaso ......................................... 37

Figura 19 - Tensões principais em um vaso cilíndrico contendo um fluido pressurisado

........................................................................................................................................ 37

Figura 20- Forças elementares e de pressão atuando em um elemento de um vaso de

pressão cilíndrico ............................................................................................................ 38

Figura 21 – Diagrama de corpo livre em uma seção de um vaso de pressão cilíndrico . 38

Figura 22- Elemento da parede de um vaso de pressão esférico submetido a um fluido

pressurizado .................................................................................................................... 39

Figura 23 - Diagrama de corpo livre de uma seção em um vaso de pressão esférico

submetido a um fluido pressurizado ............................................................................... 40

Figura 24- Antes e depois da fábrica Shoe Grover. ........................................................ 43

Figura 25- Caldeira destruída no quintal de uma casa vizinha a fábrica. ....................... 43

Figura 26 - Organização do código ASME seção VIII divisão 1 ................................... 51

Figura 27- Organização do código ASME seção VIII divisão 2 .................................... 52

Figura 28 - Fluxograma para realização ou não de teste de impacto baseado no código

ASME seção VIII divisão 1 para metais de alta liga ...................................................... 54

Figura 29 - Algoritmo estruturado genérico ................................................................... 55

Figura 30 - Parte principal do fluxograma e algoritmo estruturado desenvolvido ......... 57

Figura 31- Fluxograma para calcular a probabilidade de uma trinca acontecer em um

reator e consequentemente seu colapso .......................................................................... 58

Figura 32 - Modelo de cálculo fornecido pelo PVEng baseado no código ASME seção

VIII ................................................................................................................................. 59

Figura 33 – Fluxograma geral para projeto de um vaso de pressão de acordo com o

código ASME seção VIII divisão 1 ................................................................................ 61

Figura 34 - Fluxograma da folha de dados para o projeto de um vaso de pressão de

acordo com o código ASME seção VIII divisão 1 ......................................................... 62

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Condições de pressão e temperatura ............................................................ 41

Quadro 2 - Seções do código ASME e comentários. ..................................................... 46

Quadro 3 - Algumas fórmulas de projeto do código ASME seção VIII divisão 1 ......... 49

Quadro 4 - Algumas fórmulas de projeto do código ASME seção VIII divisão 2 ......... 52

Quadro 1 - Cronograma de Atividades de Conclusão de Curso.....................................65

SUMÁRIO

Introdução................................................................................................................ 13

1.1. Delimitação do Problema ............................................................................................ 16

1.2. Justificativa .................................................................................................................. 16

1.3. Objetivos do Trabalho ................................................................................................. 17

1.3.1. Objetivo Geral ..................................................................................................... 17

1.3.2. Objetivo Específico .............................................................................................. 17

Fundamentação Teórica .......................................................................................... 19

2.1. Vasos de Pressão ......................................................................................................... 19

2.1.2. Formato e Posição dos Vasos de Pressão ........................................................... 21

2.1.3. Tampos dos Vasos de Pressão ............................................................................. 24

2.1.4. Peças Internas e Externas em um Vaso de Pressão ............................................ 25

2.1.5. Reforço nas Aberturas ......................................................................................... 28

2.1.6. Soldas em Vasos de Pressão ................................................................................ 28

2.1.7. Suporte para Vasos de Pressão ........................................................................... 30

2.2. Materiais para Vasos de Pressão ................................................................................ 32

2.2.1. Corrosão em Vasos de Pressão ........................................................................... 33

2.3. Tensões em um Vaso de Pressão ................................................................................ 33

2.3.1. Tensão Admissível ............................................................................................... 33

2.3.2. Coeficiente de Segurança .................................................................................... 34

2.3.3. Categorias de Tensões ......................................................................................... 34

2.3.4. Cálculo das Tensões ............................................................................................ 37

2.4. Condições de Operação e Projeto de Vasos de pressão ............................................. 41

2.5. O Código ASME ............................................................................................................ 42

2.5.1. História do código ASME ..................................................................................... 42

2.5.2. Principais normas de projeto de vasos de pressão ............................................. 44

2.5.3. Organização do código ASME .............................................................................. 46

2.5.4. Código ASME, Seção VIII, Divisão 1 ..................................................................... 48

2.5.5. Código ASME, seção VIII, divisão 2 ...................................................................... 51

2.6. Fluxograma .................................................................................................................. 53

2.7. Algoritmo Estruturado ................................................................................................ 54

2.8. Linguagem de Programação ........................................................................................ 56

2.8.1. Matlab ................................................................................................................. 56

2.9. Trabalhos Relacionados com a Pesquisa ..................................................................... 56

Metodologia ............................................................................................................ 59

3.1. Fluxograma .................................................................................................................. 60

3.1.1. Procedimento de Teste do Fluxograma Geral ..................................................... 62

3.2. Algoritmo Estruturado ................................................................................................ 63

3.2.1. Procedimento de Teste do Algoritmo Estruturado ............................................. 63

3.3. Implementação em Linguagem de Programação ....................................................... 63

3.3.1. Procedimento de Testes no Software ................................................................. 63

3.4. Adição de Novas Informações ..................................................................................... 63

Cronograma ............................................................................................................. 65

Referências .............................................................................................................. 66

13

Introdução

Desde o início da primeira revolução industrial, século XIX, o desenvolvimento

da tecnologia tem avançado muito rápido. A criação de máquinas a vapor, caldeiras e

vasos de pressão revolucionou a indústria de processos, que são aquelas nas quais

materiais sólidos ou fluidos sofrem transformações físicas, simultaneamente ou não com

transformações químicas, ou aquelas que se dedicam a armazenagem, manuseio e

distribuição de fluidos (TELLES, 1996). Alguns exemplos dessas industrias são:

refinarias de petróleo, indústrias petroquímicas e químicas, indústrias alimentares e

farmacêuticas, centrais termoelétricas e termonucleares, central de armazenagem e de

distribuição de produtos e subprodutos do petróleo, instalação de processamento de gás,

entre outras. Uma unidade de destilação de uma planta industrial de processamento

petroquímico está ilustrado na figura 1.

Figura 1- Unidade de destilação atmosférica da refinaria de Paulínia

Fonte: Petrobrás, 2014.

Nesse tipo de indústria, os equipamentos de processo, que são aqueles utilizados

na indústria de processo, ficam submetidos a um regime contínuo e severo de operação,

dia e noite, durante meses. Equipamentos como reatores; vasos de pressão; permutadores;

turbina; bombas e compressores, trabalham em uma cadeia de processo, onde um

equipamento está conectado ao outro, de modo que se um item desse falhar, gera

paralisação em toda a cadeia de processo. As condições de operação nesses equipamentos

são muito perigosas, onde existem elevadas pressões e temperaturas, além de manuseio

14

de fluidos tóxicos, inflamáveis e explosivos, onde qualquer tipo de falha pode gerar

acidentes catastróficos.

A sede por riqueza e competitividade levou a humanidade buscar cada vez mais

quantidade e não qualidade em seus processos, equipamentos e serviços. Essa ação levou

a inúmeros acidentes envolvendo equipamentos de processo e teve como consequência a

elaboração de normas para o projeto, fabricação, montagem e operação de equipamentos

de alto risco.

Os vasos de pressão constituem, não só os equipamentos de maior custo para as

indústrias de processos, mas também os mais caros, de maior tamanho e peso,

representando aproximadamente 60% do custo total dos equipamentos de uma unidade

de processo (TELLES, 1996). Devido a sua extrema importância e periculosidade dentro

do ambiente industrial, foram desenvolvidas normas de projeto que abrangem critérios,

fórmulas de cálculo e exigências de detalhes de projeto, fabricação, montagem e inspeção,

assim como exigências e limitações referentes a materiais.

O texto normativo mais importante vigente no mundo todo é o código ASME

(American Society of Mechanical Engineers). Esse material fornece segurança no

desenvolvimento do projeto, de acordo com anos de experiência de sua comissão de

engenheiros, desde sua criação até os dias atuais. Devido a sua constante atualização, de

acordo com o desenvolvimento da tecnologia, essa norma é a base para a criação de

inúmeras outras normas presentes em empresas e países, cujo objetivo é fornecer

segurança na fabricação, montagem e operação em uma indústria de processamento.

A imensa demanda por equipamentos de processo tem gerado no decorrer dos

anos inúmeros projetos de engenharia para facilitar o desenvolvimento eficiente de vasos

de pressão. Existem inúmeros softwares que simulam o desenvolvimento do projeto e

simulação de vasos de pressão de forma segura e baseada não só no código ASME, como

em inúmeros códigos e normas vigentes em diversos países. Tais softwares são muito

caros e muitas vezes não possuem uma iteração com o projetista que satisfaça todas as

suas necessidades de projeto, deixando-o preso as limitações do programa.

Muitos dos softwares utilizados em indústrias de processo para a confecção do

projeto de um vaso de pressão utiliza o elemento CAD (Computer Aided Design). É um

nome genérico dado a um sistema computacional utilizado nas mais diversas áreas do

15

conhecimento, em particular na engenharia. A utilização desse elemento em programa de

projeto de um vaso de pressão encarece muito o valor do software, porém fornece uma

interface de desenho gráfica para manipulação e visualização do equipamento. Uma

ilustração desse tipo de software é mostrado na figura 2.

Figura 2- Software de Projeto de Vasos de Pressão da CODEWARE,

denominado COMPRESS.

Fonte: CODEWARE, 2014.

Neste trabalho será desenvolvida uma ferramenta computacional para o apoio ao

projeto e fabricação de um vaso de pressão, de acordo com o código ASME seção VIII

Divisão 1 e 2, em linguagem de programação do software Matlab. A estratégia a ser

desenvolvida será a criação de uma tríade composta pelas seguintes ferramentas:

fluxograma, algoritmo estruturado e software desenvolvido em linguagem de

programação.

Os resultados obtidos pelas ferramentas citadas serão testados individualmente em

três fases, que são: teste do fluxograma, do algoritmo estruturado e do software

desenvolvido. Cada resultado irá ser comparado com projetos de vasos de pressão reais

com o objetivo de validar os testes, e consequentemente o programa.

16

1.1. Delimitação do Problema

O correto entendimento dos procedimentos dos códigos e normas de projeto e

fabricação de vasos de pressão, em particular as normas da ASME, e interpretação de seu

conteúdo é de total responsabilidade do profissional responsável pelo projeto do

equipamento. Essa tarefa se torna difícil pelo fato de que o conteúdo é abordado de forma

complexa e as regras muitas vezes não seguem uma sequência progressiva, sendo

necessário informações adicionais que não estão presentes no exato momento da leitura.

Muitos softwares comerciais são de difícil acesso, tanto em relação ao custo, quanto as

limitações presentes no programa, que fazem com que o projetista não tenha uma maior

liberdade para projetar o vaso de pressão. Dessa forma, a criação de um algoritmo e de

um programa computacional que simule a sequência correta da norma com todas as suas

características e de forma sequencial, facilita o projeto do vaso de pressão de maneira

segura, barata e simplificada para o usuário, fornecendo também meios para que

modifique-o da maneira que achar necessária e conveniente.

1.2. Justificativa

A dificuldade encontrada pelos projetistas de vasos de pressão está no fato do não

conhecimento detalhado do código ASME seção VIII divisão 1 e 2. Essa falta de

conhecimento resulta em uma enorme dificuldade ao projetar um equipamento, tanto em

um software comercial quanto principalmente a mão livre. Algumas razões dessa

dificuldade são: código ASME inteiramente em inglês, o que restringe esse conhecimento

somente aquelas pessoas que tem o domínio e experiência para com essa língua; a

linguagem rebuscada e muitas vezes de difícil entendimento da norma; a complexidade

de leitura, onde o projetista ao ler o texto normativa muitas vezes não encontra

informações sequenciais para ter o domínio lógico sobre o assunto; entre outros motivos.

Essas razões levam muitas vezes a um projeto defeituoso, onde o projetista pode se

equivocar com enorme facilidade no momento do trabalho e o resultado final não fornece

a segurança necessária que deveria ter, podendo causar acidentes.

Por isso, é necessário programas que forneçam ao seu usuário todas as ferramentas

necessárias ao projeto de um vaso de pressão, baseado no conhecimento do seu usuário.

Dessa forma possa abranger não só os especialistas nesse tipo de projeto, mas todos os

17

profissionais que possuam uma qualificação básica necessária, para que o software possa

complementá-lo e fornecer um desenvolvimento de projeto simples e seguro, já que toda

o embasamento do programa é de acordo com o código ASME seção VIII divisão 1 e 2.

1.3. Objetivos do Trabalho

1.3.1. Objetivo Geral

Esse trabalho visa uma melhor interação entre o projetista e o software,

fornecendo um fluxograma, um algoritmo e uma ferramenta computacional que facilite o

entendimento da norma e suas diversas peculiaridades, forneça um projeto seguro e sem

equívocos devido ao mal entendimento da norma e lide com diversos tipos de variações

no projeto de um vaso de pressão, beneficiando o projetista por conta da simplicidade,

segurança e custo do programa.

A tríade fluxograma, algoritmo estruturado e software desenvolvido que

fundamenta essa trabalho são importantes para a realização de um projeto bem feito,

seguro e que qualquer pessoa que tenha o conhecimento necessário em relação ao projeto

de um vaso de pressão possa, sem muitas dificuldades, projetá-lo.

1.3.2. Objetivo Específico

O trabalho possui os seguintes objetivos específicos:

Criar um fluxograma geral de projeto de um vaso de pressão, baseado

inicialmente no código ASME seção VIII divisão 1;

Teste da lógica do fluxograma geral com exemplos bibliográficos, com o

objetivo de validar a lógica e sua funcionalidade;

Criar um algoritmo estruturado de projeto com base no fluxograma geral

de projeto;

Testar a lógica do algoritmo estruturado de projeto de acordo com

exemplos bibliográficos, com o objetivo de validar a lógica e sua

funcionalidade;

Implementação do algoritmo estruturado na linguagem de programação

em Matlab;

18

Testar o software desenvolvido com exemplos bibliográficos, com o

objetivo de validar a lógica e sua funcionalidade;

Testar os resultados de projeto do software desenvolvido com exemplos

reais de projeto de vasos de pressão com o objetivo de validar sua

funcionalidade e segurança de projeto;

Aperfeiçoar o fluxograma geral de projeto com adição do código ASME

seção VIII divisão 2 e realizar testes com exemplos bibliográficos;

Aperfeiçoar o algoritmo estruturado baseado no novo fluxograma geral

de projeto e realizar testes com exemplos bibliográficos;

Implementação do novo algoritmo estruturado na linguagem de

programação em Matlab e realizar testes com exemplos bibliográficos;

Testar os resultados de projeto do novo software desenvolvido com

exemplos reais de projeto de vasos de pressão com o objetivo de validar sua

funcionalidade e segurança de projeto.

19

Fundamentação Teórica

O vaso de pressão é um equipamento de processo de alto risco e de extrema

responsabilidade. Seu projeto segue textos normativos desenvolvidos por associações ou

por sociedades de normalização públicas ou particulares de vários países. Uma visão do

que é esse equipamento, com suas características e detalhes, bem como as fórmulas que

regem seu dimensionamento serão apresentadas. Também um estudo um pouco mais

detalhado sobre o que é o código ASME e suas aplicações serão discutidas.

2.1. Vasos de Pressão

O nome vasos de pressão designa genericamente todos os recipientes estanque, de

qualquer tipo, dimensão, geometria, finalidade, capazes de conter um fluido pressurizado

(TELLES, 1996). Esse conceito inclui tanto equipamentos de pequeno porte como

panelas de pressão, até os mais complexos de serem projetados e construídos como

reatores nucleares. A figura 3 ilustra um vaso de pressão de grande porte.

Figura 3 - Parque de esferas da refinaria de Paulínia

Fonte: Petrobras, 2014.

2.1.1. Classificação e Finalidade dos Vasos de Pressão

Os vasos de pressão podem ser classificados como sujeitos a chama e não sujeitos

a chama, que como o próprio nome indica, são aqueles em que há ou não presença de

20

fogo, embora que os vasos não sujeitos a chama possam trabalhar com elevadíssimas

temperaturas.

Pode-se classificar os vasos de pressão de acordo com a figura 4.

Figura 4 - Fluxograma de classificação dos vasos de pressão

Fonte: Autor.

Em todos os vasos de pressão, existem um invólucro externo denominado parede

de pressão do vaso, ou seja, o elemento de pressão que é capaz de conter o fluido

pressurizado e não romper. Pode assumir vários formatos e conter acessórios internos e

externos para atender à diversas finalidades.

21

As principais funções de vasos de pressão não sujeitos a chama são:

Armazenamento de gases sob pressão;

Processamento de gases e líquidos;

Acumulação intermediária de gases e líquidos em processos industriais.

Inúmeros processos de transformações físicas e reações químicas podem ser

realizados dentro de um vaso de pressão. Entre os mais comuns estão:

Processos de destilação fracionada, retificação, absorção;

Reações químicas diversas como: craqueamento; dessulfurização de

produtos de petróleo; reações de catálise;

Separação de óleo em água, gases de líquidos, entre outras funções.

Alguns processos são realizados em ambientes onde necessitam de vácuo, e os

vasos para esse tipo de situação também se encaixam em vasos de pressão, só que

trabalham sujeitos a pressão atmosférica externa.

Existem vasos de pressão trabalhando desde o vácuo absoluto, até cerca de 400

MPa, e em relação a temperatura, desde zero absoluto até cerca de 1500 ºC, sendo

necessário materiais especiais e um projeto bem trabalhado para conseguir operar com

segurança nessas condições tão severas.

É enorme a quantidade de fluidos que podem estar contidos em um vaso de

pressão, bem como suas finalidades. Geralmente os principais fluidos são: líquidos;

gases; mistura de líquidos e gases; líquidos e gases com sólidos em suspensão, entre

outras combinações.

Os vasos de pressão não são fabricados em produção seriada, sendo que a grande

maioria projetadas e construídas sob encomenda, de acordo com sua finalidade e

objetivo. O projeto de cada vaso é feito de maneira individual de acordo com normas de

projeto de fabricação, como o código ASME seção VIII.

2.1.2. Formato e Posição dos Vasos de Pressão

A parede de pressão de um vaso é composta pelo casco, ou costado, e pelos

tampos de fechamento, conforme figura 5.

Figura 5 - Composição básica de um vaso de pressão.

22

Fonte: Patrício, 2011.

Os cascos de vasos de pressão são formados por uma superfície de revolução e

possuem três formatos básicos: cilíndrico, cônico e esférico, ou a combinação dessas

formas. Em um vaso composto por mais de um formato básico, existe uma seção de

concordância para que essa passagem de geometria ocorra da forma mais suave possível.

Geralmente as seções de concordância são cônicas e toroidais.

Em relação à posição de instalação, os vasos podem ser verticais, horizontais e

inclinados. A figura 6 ilustra os formatos básicos e o posicionamento de diversos vasos

de pressão.

Figura 6- Principais formatos de vasos de pressão

23

Fonte: Patrício, 2011.

A escolha do formato de pressão e seu posicionamento depende da finalidade do

vaso. Se a vazão ao longo do vaso é aproximadamente constante em todas as seções, um

vaso de pressão com casco cilíndrico é o ideal. Se a ação da gravidade é necessária para

o escoamento de fluidos, um vaso com posição inclinada é o indicado. Sendo assim, a

escolha do formato e tipo do vaso depende do tipo de finalidade em que aquele vaso vai

estar sujeito quando em operação.

24

As principais dimensões que caracterizam um vaso de pressão são o diâmetro

interno (𝐷𝑖) e o comprimento entre as tangentes (CET), o diâmetro externo (𝐷𝑒) pode

também ser especificado. O 𝐷𝑖 é o diâmetro medido na face interna da parede do vaso,

enquanto que o CET é o comprimento total do corpo cilíndrico, ou a soma dos corpos

cilíndricos e cônicos sucessivos. A figura 6 ilustra essas dimensões em alguns vasos de

pressão.

2.1.3. Tampos dos Vasos de Pressão

As peças de fechamento dos cascos de um vaso de pressão são denominados

tampos. Os mais comuns são: elíptico, toriesférico, hemiesférico, cônico e plano. A

escolha do tipo de tampo depende de fatores como:

Pressão de operação;

Finalidade do vaso de pressão;

Geometria do vaso de pressão.

A figura 7 ilustra os tipos de tampos mencionados.

Figura 7- Alguns tipos de tampos de vasos de pressão

25

Fonte: Ferrer, 2014.

2.1.4. Peças Internas e Externas em um Vaso de Pressão

Um vaso de pressão é um equipamento de alto risco e responsabilidade. Em seu

projeto existe inúmeros componentes essenciais para que o vaso possa trabalhar em

segurança. A figura 8 ilustra os inúmeros componentes existentes em um vaso de pressão.

Figura 8 - Componentes detalhados de um vaso de pressão

26

Fonte: Ferrer, 2014.

Todos os vasos de pressão tem sempre inúmeras aberturas para diversas

finalidades. A figura 9 ilustra as aberturas mais comuns em um vaso, onde:

Figura 9 - Principais aberturas em vasos de pressão

27

Fonte: Telles, 1996.

A, B, C, D e E representam a ligação com tubulação externa;

F1, F2 e G destina-se à instalação de instrumentos;

H destina-se a respiro do vaso;

J destina-se ao dreno do vaso;

A é uma abertura comum;

K é uma boca de visita;

L faz a ligação do vaso a um corpo desmontável do próprio vaso;

M tem como função permitir a remoção de uma peça interna ao vaso.

28

2.1.5. Reforço nas Aberturas

Uma abertura é sempre um ponto fraco na parede de pressão de um vaso. A

pressão interna tende a provocar concentração de tensões nas bordas de uma abertura,

pois existe uma mudança de seção e de geometria.

Para evitar essa concentração de tensão, é recomendado o uso de um reforço

adequado nessa transição de geometria. O reforço deve ser do mesmo material do vaso

de pressão, mesma qualidade e resistência. Alguns tipos de reforços nas aberturas dos

vasos estão ilustrados na figura 10.

Figura 10 - Reforços em aberturas de vasos de pressão

Fonte: Ferrer, 2014.

2.1.6. Soldas em Vasos de Pressão

A maioria dos vasos de pressão são fabricados a partir de chapas de aço ligadas

entre si por soldagem. A figura 10 ilustra diversas chapas ligadas entre si por soldas

longitudinais e circunferenciais, montando assim o costado cilíndrico de um vaso de

pressão.

29

Figura 11 - Soldas circunferenciais e longitudinais em um casco cilíndrico

Fonte: Telles, 1996.

A solda é empregada para fixação não só das placas que compõem o costado,

como também dos acessórios que compõem o vaso. É exigência geral que essas soldas

sejam de topo, com penetração total e que possam ser facilmente radiografáveis.

A figura 12 ilustra alguns detalhes de soldas para a ligação do casco com os

tampos.

Figura 12 – Detalhes e especificações de solda em ligações entre o casco e o tampo de

vasos de pressão.

30

Fonte: ASME, 2010.

2.1.7. Suporte para Vasos de Pressão

Todos os vasos de pressão possuem suporte próprio. Existem inúmeros tipos de

suporte para os diversos tipos de vasos de pressão. Os vasos horizontais são suportados

por estruturas de chapas denominadas berços ou selas. Os verticais são usualmente

apoiados por saias cilíndricas de chapa, diretamente apoiada sobre uma base de concreto.

Em vasos verticais de pequenas dimensões, é usual o apoio com sapatas ou com colunas.

As esferas de armazenagem são geralmente apoiados sobre colunas. As figuras 13 e 14

ilustram os diversos tipos de suportes.

Figura 13 - Vaso horizontal suportado em berços

31

Fonte: Telles, 1996.

Figura 14 - Vasos verticais com diversos suportes

Fonte: Telles, 1996.

32

2.2. Materiais para Vasos de Pressão

A maioria dos vasos de pressão são construídos com ligas ferrosas e não ferrosas.

Caracteriza-se ligas ferrosas aquelas com mais de 50% de ferro, e estão inclusos: aço-

carbono e aços de baixa liga; aço inoxidável; ferro fundido; ferro forjado e aços

temperados. Estão incluídas nas ligas não ferrosas os seguintes materiais: alumínio;

cobre; níque; titânio e zircônio (STEWART, 2013). De todos esses materiais, o aço-

carbono é o de maior uso e o mais empregado na grande maioria dos vasos de pressão. A

razão disso é que o aço-carbono apresenta: boa soldabilidade e conformabilidade; é de

fácil obtenção; é o material de menor preço em relação com sua resistência mecânica

(TELLES, 1996).

A seleção e especificação adequada dos materiais para o projeto de um vaso de

pressão é bem complexo. Inúmeros fatores são levados em consideração para que possa

escolher o material de melhor qualidade para um determinado tipo de serviço. Os critérios

mais importantes para a seleção de um material são:

A natureza e concentração do fluido contido no vaso de pressão, o pH e o

caráter de formar óxidos ou ácidos que possam danificar a parede do vaso,

se o fluido é tóxico, o limite de flamabilidade do fluido e seu ponto de

fulgor, entre outros fatores;

O conhecimento das condições de pressão e temperatura em que o vaso irá

ser submetido;

O nível de tensão do que o material terá que resistir;

A natureza de esforços como tração, compressão, flexão, esforços estáticos

e dinâmicos, vibrações, etc;

O custo do material;

Qual o risco de operação do vaso de pressão;

Facilidade na fabricação, montagem e transporte do vaso de pressão;

Tempo de vida esperado para o equipamento;

Facilidade de obtenção do material;

Sendo assim, a escolha de um material é muito complexa e requer um estudo

minucioso nos diversos aspectos citados. A experiência do projetista é indispensável e se

33

torna um fator determinante para a seleção do material. Isso porque já existem materiais

consagrados na fabricação dos vasos de pressão e que oferecem segurança necessária

nesses equipamentos de alto risco.

2.2.1. Corrosão em Vasos de Pressão

Os vasos de pressão são equipamentos projetados para ter uma vida útil de

aproximadamente 15 anos. Com o passar dos anos, a espessura do material sofre perdas

devido a corrosão, sendo assim necessário a compensação desse material com a adição

de uma sobre-espessura de corrosão à sua espessura no início do projeto.

2.3. Tensões em um Vaso de Pressão

2.3.1. Tensão Admissível

Chama-se tensão admissível, as tensões máximas que se adotam para efeito de

cálculo e dimensionamento das diversas partes de um vaso de pressão. As tensões

admissíveis devem ser menores que os limites de ruptura e de elasticidade do material na

temperatura considerada, para que não ocorra a deformação plástica do vaso de pressão

nem sua completa ruptura, podendo causar acidentes catastróficos.

As normas de projeto contém tabelas que fornecem os valores das tensões

admissíveis para diversos tipos de materiais de acordo com sua respectiva faixa de

temperatura. A figura 15 contém as diversas tensões admissíveis para materiais ferrosos

de acordo com sua classe e faixa de temperatura.

Figura 15 - Máxima tensão admissível para materiais ferrosos

34

Fonte: ASME, 2010.

2.3.2. Coeficiente de Segurança

A relação entre o limite de resistência e de elasticidade de um material com sua

tensão admissível é denominada coeficiente de segurança. É usual a aplicação de

coeficientes de segurança nas normas de projeto de um vaso de pressão. A importância

do uso de um coeficiente de segurança está no fato de que o projeto de um vaso de pressão

geralmente só leva em consideração cargas relativas às pressões internas e externas,

ignorando outros carregamentos como peso do vaso de pressão, vibração, fadiga, esforços

provenientes dos acessórios, entre outros. Sendo assim o coeficiente de segurança cobre

essa abstração de cálculo.

2.3.3. Categorias de Tensões

Nas paredes dos vasos de pressão existem tensões de membrana e de flexão

devidas à pressões e esforços localizados. As tensões de membrana são tensões normais

e atuam uniformemente distribuídas na seção transversal das paredes do vaso. As tensões

de flexão também são normais, porém podem variar linearmente em relação ao eixo

neutro da seção transversal da parede do equipamento (FALCÂO, 2002).

35

Na parede de pressão, as tensões podem ser classificadas em três categorias:

tensões primárias, secundárias e localizadas máximas. Dentre esses carregamentos, as

tensões primárias são as consideradas na maioria das normas de projeto de um vaso de

pressão, sendo as outras abordadas apenas por algumas normas.

As tensões primárias são esforços mecânicos permanentes e que se desenvolvem

para satisfazer as condições de equilíbrio estático em decorrência dos diversos

carregamentos atuantes, como pressão interna ou externa, peso, ação do vento, etc. As

tensões primárias podem ser normais, de tração ou compressão, ou de cisalhamento,

sendo paralelas ou perpendiculares à parede do vaso.

As tensões normais podem ser ainda de membrana ou de flexão. As tensões

primárias normais de membrana são supostamente constantes em todo o vaso, e são

sempre de tração se o vaso estiver carregado com uma pressão interna, pois a parede tende

a aumentar de dimensões. As tensões primárias normais de flexão são aquelas que

aparecem devido ao raio de curvatura da parede do vaso que aumenta, como consequência

da deformação diametral que ocorre devido à carga de pressão interna. Essa tensão é

variável ao longo da espessura da parede do vaso, e para pressão interna essa tensão é

máxima de tração na superfície interna do vaso e máxima de compressão na superfície

externa do vaso. A tensão resultante na superfície interna será a tensão de membrana mais

a tensão de flexão, já na superfície externa será a tensão de membrana menos a tensão de

flexão (TELLES, 1996). A figura 16 ilustra as tensões de membrana e de flexão devido

ao carregamento por pressão interna em um cilindro.

Figura 16 - Tensões primárias em um cilindro devido a pressão interna

36

Fonte: Telles, 1996.

As tensões secundárias são aquelas que aparecem devido as restrições geométricas

impostas pelo vaso, ou aos elementos a ele solidários. Ou seja, essas tensões são devidas

ao fato de que o vaso não está inteiramente livre de se deformar e/ou dilatar. São tensões

normais ou de cisalhamento, cuja principal característica é ser auto limitante. Geralmente

essas tensões não causam falhas nos equipamentos e tem tensões admissíveis superiores

as tensões primárias, podendo ser classificadas como de membrana e flexão (FALCÂO,

2002). A junção de tampo de fechamento com o casco do vaso de pressão, regiões de

transição de espessura, forças e momentos devido à expansão térmica e tensões de flexão

causadas por forças e momentos em bocais e suportes são os principais fatores que

causam as tensões secundárias. A figura 17 ilustra a deformação em uma região de

transição de espessura brusca em um vaso de pressão.

Figura 17- Flexão em uma região de transição de espessura

Fonte: Telles, 1996.

O último tipo de tensão são as localizadas máximas, que são os valores máximos

locais das tensões em uma região limitada onde ocorra uma concentração de tensão. A

ocorrência desse tipo se dá pela descontinuidade geométrica, como soldas com penetração

incompleta, reforço de solda, etc. Apesar de poder atingir valores elevados, esse tipo de

37

tensão não é perigosa porque atuam em áreas muito pequenas comparados ao vaso de

pressão (TELLES, 1996).

2.3.4. Cálculo das Tensões

É analisado o estado plano de tensão em um vaso de pressão de parede fina. Como

suas paredes oferecem pouca resistência à flexão, pode-se supor que os esforços internos

que atuam em uma dada parte da parede do vaso sejam tangentes à superfície do vaso

(BEER, 2006), conforme figura 18.

Figura 18 - Esforços internos tangestes à superfície do vaso

Fonte: Beer, 2006.

Considerando um vaso de pressão cilíndrico de raio interno 𝑟 e espessura 𝑡

contendo um fluido sob pressão manométrica 𝑝, ilustrado na figura 19, e que não esteja

atuando tensões cisalhantes no elemento, podemos definir 𝜎1 = 𝜎𝑐 como tensão

circunferencial e 𝜎2 = 𝜎𝐿 como tensão longitudinal.

Figura 19 - Tensões principais em um vaso cilíndrico contendo um fluido pressurisado

Fonte: Beer, 2006.

Para determinação da tensão tangencial, destaca-se um elemento do vaso,

conforme figura 20.

38

Figura 20- Forças elementares e de pressão atuando em um elemento de um vaso de

pressão cilíndrico

Fonte: Beer, 2006.

Faz-se um diagrama de corpo livre com forças elementares internas 𝜎1𝑑𝐴 e forças

elementares de pressão 𝑝𝑑𝐴. Considerando uma distância ∆𝑥 separando os planos 𝑥𝑦 e

𝑦𝑧, o elemento 𝑑𝐴 das forças elementares internas é a área da seção transversal, definida

por 2𝑡∆𝑥, enquanto que o elemento 𝑑𝐴 das forças elementares de pressão é a área 2𝑟∆𝑥

(BEER, 2006). A equação de equilíbrio fornece:

∑𝐹𝑧 = 0

𝜎1(2𝑡∆𝑥) − 𝑝(2𝑟∆𝑥) = 0

Resolvendo para a tensão circunferencial, encontramos que:

𝜎1 = 𝜎𝑐 =𝑝𝑟

𝑡

Para determinação da tensão longitudinal, corta-se uma seção perpendicular ao

eixo 𝑥 e considera-se o diagrama de corpo livre mostrado na figura 21.

Figura 21 – Diagrama de corpo livre em uma seção de um vaso de pressão cilíndrico

39

Fonte: Beer, 2006.

O método de cálculo é semelhante ao anterior, sendo que a força interna elementar

é 𝜎2𝑑𝐴 e o elemento 𝑑𝐴 proveniente das forças internas é 2𝜋𝑟𝑡 e o elemento 𝑑𝐴

proveniente das forças elementares de pressão é 𝜋𝑟². Sendo assim, a equação de equilíbrio

será (BEER, 2006):

∑𝐹𝑥 = 0

𝜎2(2𝜋𝑟𝑡) − 𝑝(𝜋𝑟2) = 0

Resolvendo para a tensão longitudinal, temos:

𝜎2 = 𝜎𝐿 =𝑝𝑟

2𝑡

E que nota-se que a tensão circunferencial é o dobro da tensão longitudinal, logo:

𝜎𝑐 = 2𝜎𝐿

Considerando agora um vaso de pressão esférico de raio 𝑟 e parede com espessura

𝑡, contendo um fluido sob pressão manométrica 𝑝, as tensões principais desse vaso são

ilustradas na figura 22.

Figura 22- Elemento da parede de um vaso de pressão esférico submetido a um fluido

pressurizado

40

Fonte: Beer, 2006.

Por razões de simetria, as tensões atuantes nas quatro faces do elemento são iguais,

portanto as tesões circunferenciais e longitudinais em um vaso de pressão esférico

submetido a um fluido pressurizado são iguais. Sendo assim, para determinar o valor

dessa tensão, corta-se o vaso de pressão em uma seção através do centro C e considera o

diagrama de corpo livre mostrado na figura 23.

Figura 23 - Diagrama de corpo livre de uma seção em um vaso de pressão esférico

submetido a um fluido pressurizado

Fonte: Beer, 2006.

De acordo com o mesmo procedimento de cálculo obtido anteriormente, as

tensões circunferenciais e longitudinais para um vaso de pressão esférico submetido a um

fluido pressurizado é:

𝜎𝑐 = 𝜎𝐿 =𝑝𝑟

2𝑡

As equações obtidas por esses métodos fornecem uma tensão que em teoria um

vaso de pressão, cilíndrico e esférico, suportaria. Porém esses valores não são os

utilizados para o cálculo da espessura de parede de um vaso de acordo com as normas de

41

projeto de vasos de pressão. Isso porque as fórmulas presentes nas normas levam em

consideração inúmeros fatores e não só a de um vaso sob carregamento de um fluido

pressurizado. São inclusos também coeficientes de segurança baseados em diversas

condições de carregamento já citadas e as fórmulas encontradas nas normas são baseadas

na experiência de anos de projeto e construção de vasos de pressão e nas fórmulas teóricas

encontradas, tornando-se o projeto de vasos de pressão conservativo e a favor da

segurança do equipamento. Não só as fórmulas do costado do vaso de pressão são

fornecidos de forma empírica para o usuário, as fórmulas dos tampos de fechamento

também são encontrados baseados em fórmulas teóricas, porem com adição de

coeficientes de segurança e na experiência de projeto.

2.4. Condições de Operação e Projeto de Vasos de pressão

O quadro 1 mostra os diversos conceitos de pressão e temperatura que um vaso de

pressão está submetido em condições de operação.

Quadro 2 - Condições de pressão e temperatura

PRESSÃO SIGLA TEMPERATURA SIGLA

Pressão Normal de Operação PNO Temperatura Normal de

Operação

TNO

Pressão Máxima de Operação PMAO Temperatura Máxima de

Operação

TMAO

Pressão Mínima de Operação PMIO Temperatura Mínima de

Operação

TMIO

Pressão de Projeto PP Temperatura de Projeto TP

Pressão de Abertura da Válvula

de Segurança

PAVS

Pressão Máxima de Trabalho

Admissível

PMTA

Pressão de Teste Hidrostático PTH

Fonte: Autor

As condições de operação de um vaso de pressão são as pressões e temperaturas

de operação, ou seja, os valores de pressão e temperatura em que um vaso de pressão deve

operar sob condições normais. São medidos sempre no topo do vaso, devendo adicionar

a coluna hidrostática de líquido à pressão quando for o caso.

42

Durante a vida útil de um vaso de pressão ocorre flutuações nos valores de pressão

e temperatura normal de operação, sendo necessário definir valores máximos e mínimos

tanto para a pressão de operação quanto para a temperatura de operação. Ou seja,

definindo os valores máximos das condições de operação, fica conhecido os possíveis

valores em que um vaso de pressão pode estar submetido em condições transitórias e

anormais como parada de equipamento, partida de equipamento, falha em algum sistema

de controle, etc, podendo então obter soluções rápidas diante desses problemas. O

conhecimento dos valores mínimos das condições de operação devem ser considerados

para que o vaso de pressão não chegue a uma pressão inferior a atmosférica e entre em

colapso.

A pressão e temperatura de projeto são as condições de projeto do vaso de pressão,

ou seja, são aqueles valores considerados para o cálculo de projeto das normas. A pressão

de projeto é a pressão correspondente as condições mais severas de pressão e temperatura

que possam ser previstas em serviço, tornando o projeto do vaso de pressão conservativo

e seguro (ASME, 2010).

A pressão de abertura da válvula de segurança é o maior valor, em operações

normais em que não ocorra algum tipo de falha nesse equipamento, que pode atingir a

pressão no interior de um vaso de pressão. Sendo assim é usual tomar esse valor como a

pressão de projeto de um vaso de pressão (TELLES, 1996).

A pressão máxima de trabalho admissível (PMTA) é a pressão que causa uma

tensão máxima igual à tensão admissível do material na temperatura de operação

correspondente. Geralmente existe uma PMTA para cada parte do vaso, como flanges,

aberturas, tampos, etc, e para o vaso como um todo.

2.5. O Código ASME

2.5.1. História do código ASME

Com o início do XIX até o começo do século XX, explosões de grandes

proporções envolvendo caldeiras eram frequentes devido ao uso intensivo das máquinas

à vapor provenientes da revolução industrial e do avanço da tecnologia se espalhando

pelo mundo todo. Em 1815, uma enorme explosão em Londres, envolvendo uma caldeira,

foi investigada pelo Parlamento Britânico que chegou à conclusão de que o acidente

43

ocorreu devido à má construção da caldeira e a escolha de um material inadequado que

não resistiu a alta pressão do equipamento. Com esse acidente foi exigido na época que

as caldeiras fossem construídas de ferro forjado, em tampos hemisféricos, e com duas

válvulas de segurança. Medida essa que foi um enorme avanço tecnológico para época e

que marcou o início de exigências, diminuindo gradativamente o número de acidentes.

Em 27 de abril de 1865, no rio Mississippi, próximo à cidade de Menphis, três das quatro

caldeiras que moviam o navio a vapor SS Sultana explodiram, matando cerca de 1500

pessoas (STEWART, 2013). Esse acidente é o maior desastre marítimo dos Estados

Unidos. No início do século XX, estima-se que cerca de 300 a 400 explosões em caldeiras

aconteciam anualmente, com prejuízos financeiros e milhares de mortes (TELLES,

1996).

Em 5 de março de 1905, na fábrica Shoe Grover em Brockton, Massachusetts,

Estados Unidos, uma caldeira explodiu matando 58 pessoas e ferindo cerca de 150. O

edifício em que a fábrica se localizava, de madeira e com quatro andares, desabou e foi

totalmente consumido pelas chamas. Ao explodir, a caldeira foi arremessada para fora da

fábrica e encontrada em um quintal de uma casa vizinha. Imagens do antes e depois do

acidente e da caldeira destruída estão ilustradas na figura 3 e 4 respectivamente.

Figura 24- Antes e depois da fábrica Shoe Grover.

Fonte: Chainho, 2011.

Figura 25- Caldeira destruída no quintal de uma casa vizinha a fábrica.

44

Fonte: Chainho, 2011.

Depois desse acidente, foi escrita a primeira norma americana para projeto,

construção, escolha de materiais e inspeção de caldeiras, de uso obrigatório nos Estados

Unidos. Essa norma publicada em 1907 foi denominada Massachusetts Rules, e constituiu

o início do código ASME. Em 1911 uma comissão especial da ASME foi criada para dar

início ao projeto de elaboração da norma, cuja edição final apareceu em 1914 denominada

Boiler Construction Code, abrangendo as caldeiras estacionárias e que mais tarde se

tornaria a seção I do código ASME, “Power Boilers”. Em 1924 foi publicada, pela

primeira vez, a edição que abrangia tanto as caldeiras estacionárias quanto aos vasos de

pressão, foi criada então a Seção VIII do Código ASME, intitulada Rules for the

Construction of Unfired Pressure Vessels (STEWART, 2013).

A necessidade de evitar acidentes catastróficos foi o principal motivo pelo qual

foram criadas normas regulamentadoras, não só nos Estados Unidos, mas em todo o

mundo, que preservasse a integridade física das pessoas que interagiam com esses

equipamentos de alto risco.

2.5.2. Principais normas de projeto de vasos de pressão

Com o decorrer dos anos, o avanço da tecnologia e a conscientização da população

em relação a segurança dos equipamentos de processo aumentou. Para os vasos de

45

pressão, surgiram em vários países do mundo normas em relação ao seu projeto. A

finalidade desses textos é padronizar e simplificar o cálculo e o projeto dos vasos de

pressão, bem como garantir condições mínimas de segurança para sua operação. Em

relação à segurança, a experiência tem mostrado que o uso e aplicação dessas normas

torna muito baixa a probabilidade de ocorrência de acidentes (PATRÍCIO, 2013).

Nos Estados Unidos da América, surgiu o código americano que abrange caldeiras

e vasos de pressão da ASME, intitulado ASME Boiler and Pressure Vessel Code. É o

mais importante e antigo dentre as normas vigentes no mundo, e será discutido mais

adiante.

Na Inglaterra, o projeto de vasos de pressão está regido pela norma BS-5500, que

foi publicada pela British Standards Institution (BSI). O código está dividido nas

seguintes seções:

Seção 1 – Parte Geral;

Seção 2 – Materiais;

Seção 3 – Projeto;

Seção 4 – Fabricação e Montagem;

Seção 5 – Inspeção e Testes.

Os apêndices principais do código são:

Apêndice A – Análise de Tensões;

Apêndice B – Efeito Combinado de Outros Carregamentos;

Apêndice C – Fadiga;

Apêndice G – Cargas Localizadas.

Na Alemanha, a norma de uso legal e obrigatório no país é a A.D. Merkblatt. É

um conjunto de códigos que abrangem cada parte específica do projeto, sob

responsabilidade da TÜV (Technischen Überwachungs Vereine) que é a União das

Associações de Inspeção Técnica. Suas partes são divididas em:

Série G – Parte Geral;

Série A – Acessórios;

Série B – Projeto;

Série H – Soldagem;

46

Série W – Materiais.

2.5.3. Organização do código ASME

O código da ASME é a norma de projeto, montagem, construção e inspeção mais

importante e difundida no mundo todo. É dividido em seções, apêndices, partes e

subpartes. A cada três anos são publicadas novas edições do código, cujo última edição é

a de 2013. Possui gráficos, tabelas e fórmulas tanto no sistema métrico internacional

quanto no sistema inglês de unidades U.S. Customary System, utilizado nos Estados

Unidos e seus territórios.

Algumas dessas seções são relacionadas a: um tipo de específico de equipamento

e aplicação; materiais específicos e métodos para aplicação e controle do equipamento;

inspeção e manutenção dos equipamentos já instalados, entre outros. O quadro 1 mostra

um resumo das seções que compõem a norma.

Quadro 3 – Seções do código ASME e comentários.

Seção Conteúdo Comentário

I Caldeiras Esta seção trata de regras para

construção de caldeiras.

II

Materiais

Essa parte é um livro de referência para as outras seções

do código, fornecendo especificações para materiais que serão submetidos as pressões do

equipamento.

Parte A

Especificação de materiais ferrosos

Parte B

Especificação para materiais não-ferrosos

Parte C

Especificação para materiais de soldagem,

como eletrodos e metais de adição

47

Parte D

Propriedades dos materiais

III

Fabricação de Componentes Nucleares

Esta seção fornece os requisitos para materiais, projeto,

fabricação, inspeção, teste, instalação, certificação, entre

outros assuntos referentes aos componentes de uma planta

nuclear.

Divisão 1

Características de componentes como tubulações e suas

respectivas classes, para o projeto de

componentes da planta nuclear.

Divisão 2

Código para recipientes em concreto.

Divisão 3

Recipientes para transporte,

armazenagem e distribuição de

combustível nuclear, assim como altos níveis de material radioativo.

IV Caldeiras de Aquecimento Esta seção fornece requisitos para o projeto, fabricação, instalação e inspeção de caldeiras de geração

de vapor.

V Exames não Destrutivos Essa seção contém requisitos e métodos para exames não

destrutivos que são requeridos por outras seções do código.

VI Regras de Recomendação para a Manutenção e Operação de Caldeiras de

Aquecimento

Esta seção fornece descrições gerais, terminologias e aplicações

para as caldeiras da seção IV. Inclui guias associados ao controle e automação do fornecimento da

chama do equipamento.

VII Guias de Recomendação para a Manutenção de Caldeiras de Potência

O propósito desses guias é promover a segurança das

caldeiras de potência.

48

VIII Regras para Construção de Vasos de Pressão

Esta seção fornece um conjunto de regras para o projeto, montagem, construção e operação dos

vasos de pressão.

Divisão 1 Essas divisões fornecem os requisitos para aplicação em projeto, fabricação, inspeção,

teste e certificação de vasos de pressão operando, tanto com

pressão interna quanto em pressão externa, dentro dos

limites estabelecidos pela norma. A divisão 2 fornece uma

alternativa para os requisitos de projeto em comparação com a

divisão 1

Divisão 2

Divisão 3 Regras alternativas para construção de vasos sujeitos a

altas pressões.

IX Qualificação de Soldagem e Brasagem Esta seção contém regras relativas a qualificação dos procedimentos

de soldagem e brasagem requeridos por outras seções

desta norma.

X Vasos de pressão com plástico de fibra reforçada

Esta seção fornece os requisitos para construção de um vaso de pressão de plástico com fibra

reforçada.

XI Regras para inspeção de componentes de plantas nucleares

Esta seção contém regras para o exame, teste em serviço e

inspeção, reparo e substituição de componentes e sistemas de

plantas nucleares.

XII Regras para construção e Serviço Continuo de Tanques Transportadores

Esta seção cobre os requisitos para construção de vasos de

pressão contínuos para o transporte de carga perigosa via

estrada, trilhos, ar, ou água.

Fonte: Autor

2.5.4. Código ASME, Seção VIII, Divisão 1

A divisão 1 do código ASME é a norma de vasos de pressão de uso mais difundido

no brasil e também em grande parte do mundo. Estão incluídos no conteúdo dessa norma,

vasos de pressão de qualquer classe, com as seguintes exceções:

49

Vasos sujeitos a chama e vasos para ocupação humana;

Vasos com pressão de operação entre zero e 1 kg/cm², ou acima de 200 kg/cm²;

Vasos com diâmetro de 6” ou menos;

Vasos para água pressurizada com pressão de operação até 20 kg/cm² e

temperatura até 99 ºC;

Vasos para água quente com capacidade de até 0,454 m³, temperatura de operação

até 93 ºC e carga térmica até 200.000 BTU.

Estão incluídos também no escopo da norma os evaporadores e permutadores de

calor onde há geração de vapor, e também outros, nos quais, em conjunto com outros

tipos de processo, possam haver geração de vapor (TELLES, 1996).

As espessuras de parede devem ser calculadas de acordo com as fórmulas

presentes na norma. Alguns exemplos de fórmulas estão mostrados no quadro 3 e são

baseadas nas fórmulas obtidas anteriormente.

Quadro 4- Algumas fórmulas de projeto do código ASME seção VIII divisão 1

Componente Carga Tensão Espessura

Vasos

Cilíndricos

Pressão

Interna

Circunferencial 𝑡 =

𝑃𝑅

𝑆𝐸 − 0.6𝑃

Longitudinal 𝑡 =

𝑃𝑅

2𝑆𝐸 + 0,4𝑃

Vasos

Esféricos

Pressão

Interna

Circunferencial=L

ongitudinal 𝑡 =

𝑃𝑅

2𝑆𝐸 − 0,2𝑃

Tampos

Elipsoidais

- - 𝑡 =

𝑃𝐷

2𝑆𝐸 − 0,2𝑃

Tampos

Torisféricos

- - 𝑡 =

0,885𝑃𝐿

(𝑆𝐸 − 0,1𝑃)

Tampos

Hemisféricos

- - 𝑡 =

𝑃𝐿

(2𝑆𝐸 − 0,2𝑃)

Tampos

Cônicos sem

Junta de

Transição

-

-

𝑡 =𝑃𝐷

[2𝑐𝑜𝑠𝛼(𝑆𝐸 − 0,6𝑃)]

Tampos

Cônicos com

Junta de

Transição

𝑡 =𝑃𝐷𝑖

[2𝑐𝑜𝑠𝛼(𝑆𝐸 − 0,6𝑃)]

50

Legenda

t = espessura mínima necessária, pol;

P = pressão de projeto interna, psi;

D = diâmetro interno da saia da tampa, ou no interior do eixo

maior da tampa elipsoidal, ou diâmetro interior de uma tampa

cônica no ponto em questão, medido perpendicularmente ao

eixo longitudinal, pol;

Di = D – 2r(1-cosα) = diâmetro interno da porção cônica de

uma tampa toro-cônica no seu ponto de tangencia para a junta,

medida perpendicularmente ao eixo do cone, pol ;

r = raio interno da junta, pol;

R = raio interno do vaso em consideração, pol;

S = valor de tensão máxima permitido;

E = Eficiência de Junta;

L = raio esférico dentro da coroa;

α = metade do ângulo incluído (vértice) do cone na linha de

centro da tampa.

Fonte: Autor

Essa norma contém uma série de fórmulas simples de cálculo dando a espessura

necessária de cascos e tampos, em função da pressão interna ou externa, desprezando

qualquer efeito de flexão devido à espessura de parede. As tensões primárias de flexão

são controladas, indiretamente, por fatores de correção em algumas fórmulas e por limites

na geometria do vaso. As tensões secundárias e as tensões localizadas são controladas

também por meio indireto, de acordo com uma série de exigências de detalhes de projeto

em relação a sua geometria.

Essa parte do código ASME tem que resistir às seguintes cargas atuantes:

Pressão interna ou externa;

Pesos;

Sobrecargas;

Ação do vento;

Reação nos apoios de suporte;

Impactos;

Esforços de dilatação;

Fadiga.

51

Porém esta seção do código ASME fornece apenas as fórmulas necessárias para

as cargas referentes as pressões internas e externas, ficando o cálculo das outras cargas

atuantes a critério do projetista.

A organização do código ASME seção VIII divisão 1 está ilustrada na figura 26.

Figura 26 - Organização do código ASME seção VIII divisão 1

Fonte: Autor

2.5.5. Código ASME, seção VIII, divisão 2

Esse divisão no código ASME é denominado de regras alternativas de projeto.

Contém uma tecnologia mais avançada em comparação à divisão 1.

Estão incluídos no escopo desta norma, todos os vasos de pressão, sem limite de

pressão máxima, incluindo-se também aqueles vasos instalados em embarcações, e os

vasos sujeitos a chama, desde que não estejam inclusos nos critérios das divisões I, III e

IV do código ASME.

Em resumo, esta divisão da norma, se difere com a divisão 1 pelos seguintes itens:

Análise matemática rigorosa de todas as tensões e condições de carregamento;

Maior rigor na escolha dos materiais;

Aumento na exigência em inspeção;

Limites e exigências mais rigorosos em relação aos detalhes de projeto e de solda.

52

Algumas fórmulas para a espessura de parede de alguns componentes do vaso de

pressão de acordo com o código ASME seção VIII divisão 2 está esquematizado no

quadro 4.

Quadro 5- Algumas fórmulas de projeto do código ASME seção VIII divisão 2

Componente Fórmula

Casco Cilíndrico 𝑡 =

𝑃𝑅

𝑆 − 0,5𝑃

Transição Cônica 𝑡 =

𝐷

2𝑐𝑜𝑠𝛼(𝑒

𝑃𝑆𝐸 − 1)

Casco e tampo hemisférico 𝑡 =

𝐷

2(𝑒

0,5𝑃𝑆𝐸 − 1)

Legenda t = espessura mínima necessária,

pol;

P = pressão de projeto interna, psi;

D = diâmetro interno da saia da

tampa, ou no interior do eixo maior

da tampa elipsoidal, ou diâmetro

interior de uma tampa cônica no

ponto em questão, medido

perpendicularmente ao eixo

longitudinal, pol;

R = raio interno do vaso em

consideração, pol;

S = valor de tensão máxima

permitido;

E = Eficiência de Junta;

α = metade do ângulo incluído

(vértice) do cone na linha de centro

da tampa;

Fonte: Autor

A organização do código ASME seção VIII divisão 2 está ilustrado na figura 27.

Figura 27- Organização do código ASME seção VIII divisão 2

53

Fonte: Autor

2.6. Fluxograma

Fluxograma é um tipo de diagrama em que representa esquematicamente algum

tipo de processo. Sua estrutura é feita através de gráficos que ilustram de maneira simples

e descomplicada a transição entre os elementos que o compõem, é um gráfico que

demonstra a sequência operacional de um processo.

A representação gráfica é feita através de figuras geométricas e setas direcionais,

indicando a sequência a ser seguida. A figura 28 ilustra um fluxograma para realização

ou não de um teste de impacto de um metal de alta liga, baseado no código ASME Seção

VIII divisão 1.

54

Figura 28 - Fluxograma para realização ou não de teste de impacto baseado no código

ASME seção VIII divisão 1 para metais de alta liga

Fonte: ASME, 2010

2.7. Algoritmo Estruturado

O conceito central da programação e da ciência da computação é o algoritmo.

Programar consiste em construir algoritmos. A programação estruturada representa é a

arte ou técnica de construir e formular algoritmos de forma sistemática, a fim de que o

usuário entenda de maneira fácil, clara e sequenciada o objetivo proposto (GUIMARÃES,

1985).

55

A formulação de um algoritmo consiste em um texto contendo comandos e

instruções que devem ser executados em uma ordem previamente estabelecida. Um

algoritmo é a descrição de um padrão de comportamento, expressado em termos de uma

sequência bem definida e que suas ações tenham um começo e um fim, e com a certeza

que as ações irão ser executadas (GUIMARÃES, 1985).

A figura 29 ilustra o esquema de um algoritmo estruturado genérico.

Figura 29 - Algoritmo estruturado genérico

Fonte: Guimarães, 1985

56

2.8. Linguagem de Programação

Uma linguagem de programação é um método capaz de transmitir ao computador

instruções a serem desenvolvidas, de modo a criar regras para definir um programa de

computador. Existem diversas linguagens de programação a saber: pascal; matlab; C;

C++; entre outras. Cada uma tem suas vantagens e características em relação a outra.

2.8.1. Matlab

O Matlab (Matrix Laboratory) é um programa de computador especializado para

resolver cálculos científicos e de engenharia. Com o passar dos anos se transformou em

um programa computacional tão flexível que pode resolver, em sua essência, qualquer

problema técnico.

O programa Matlab implementa a linguagem de programação Matlab, que

juntamente com uma enorme biblioteca de funções predefinidas, tornam as tarefas de

programação mais fáceis, rápidas e eficientes.

2.9. Trabalhos Relacionados com a Pesquisa

Paliwal (1992) desenvolveu um programa para apoio ao projeto de um vaso de

pressão multifolheado, em linguagem de programação turbo-pascal. O trabalho fornece

um fluxograma, um algoritmo estruturado e a implementação na linguagem de

programação em turbo-pascal para o cálculo da espessura das várias camadas que

compõem o vaso. Concluiu-se que esse método proposto simplificou o projeto do vaso

de pressão. A tríade formada pelo fluxograma, algoritmo estruturado e programa

desenvolvido forneceu ao projetista uma simplicidade imensa, não só com relação ao

projeto, mas também permitindo que alterações possam ser realizadas de maneira rápida.

Isso porque a modificação pode ser realizada em uma sequência lógica: primeiro muda-

se o fluxograma, posteriormente muda-se o algoritmo estruturado com base no

fluxograma, e por último faz-se a implementação em uma linguagem de programação.

Outro ponto importante é que esse trabalho permite que a implementação não fique só

presa à linguagem em turbo-pascal, fazendo com que o programa seja construído em

qualquer linguagem de programação simplesmente se baseando no algoritmo estruturado.

57

Figura 30 - Parte principal do fluxograma e algoritmo estruturado desenvolvido

Fonte: Paliwal, 1992

Qian (2013) desenvolveu procedimentos, métodos e códigos computacionais para

avaliação probabilística dos reatores submetidos a choques térmicos pressurizados.

Desenvolveu-se nesse trabalho um fluxograma capaz de calcular a probabilidade de uma

trinca acontecer nesses tipos de vaso e consequentemente seu colapso. Devido à

complexidade matemática e física por trás desses cálculos, o fluxograma tende a facilitar

58

o entendimento geral do trabalho e a implementação de toda a fundamentação de maneira

rápida nas linguagens de programação por ele utilizada.

Figura 31- Fluxograma para calcular a probabilidade de uma trinca acontecer em um

reator e consequentemente seu colapso

Fonte: Qian, 2013

59

PVEng (2014) desenvolveu uma série de trabalhos relacionados ao projeto de

vasos de pressão: como análise de vasos em elementos finitos; cálculos de projetos

baseados na ASME; modelagem e desenho de vasos de pressão; bem como métodos que

ajudam nesses diversos processos. A ideia por trás da PVEng (Pressure Vessel

Engineering Ltd.) é difundir as informações adquiridas em anos de experiência na área e

encorajar novos profissionais ao estudo na área de projeto de vasos de pressão.

Figura 32 - Modelo de cálculo fornecido pelo PVEng baseado no código ASME seção

VIII

Fonte: PVEng, 2014

Metodologia

60

3.1. Fluxograma

Após o estudo detalhado do código ASME seção VIII divisão 1 e 2, um

fluxograma geral de projeto do vaso de pressão, contendo os principais itens básico para

o começo do projeto, será realizado. Inicialmente esse fluxograma conterá as

recomendações, critérios e requisitos da divisão 1 do código ASME seção VIII. Todas as

informações adicionais que não estejam nessa parte do código serão estudadas, e para

cada informação nova adicionada serão criados novos fluxogramas. Cada elemento de

projeto terá todos os seus requisitos atendidos por esse método de desenvolvimento, de

forma que fique claro e coerente o objetivo de cada informação e também o seu resultado

esperado.

Será criada uma folha de dados contendo todas as informações necessárias para o

início do desenvolvimento do projeto, de acordo com as especificações do cliente e da

norma. Cada item desse fluxograma é complexo e necessitará de outros fluxogramas de

acordo com o código ASME seção VIII divisão 1, de modo que suas diversas

características e requisitos sejam repassadas para o usuário de maneira clara e

simplificada.

Um exemplo de fluxograma geral para o início do projeto está esquematizado na

figura 31. Uma visão mais detalhada da folha de dados, que é um outro fluxograma, está

esquematizado na figura 32. Essa metodologia de projeto ajuda a entender melhor como

funciona o código e seus critérios.

61

Figura 33 – Fluxograma geral para projeto de um vaso de pressão de acordo com o

código ASME seção VIII divisão 1

Fonte: Autor

FOLHA DE DADOS

CONTAMINANTESMATERIAISPRESSÃOTEMPERATURAFUNÇÃO DO VASO

DE PRESSÃO

NOTDT

NOTDP

SOBRESPESSURA DE CORROSÃO

ELEMENTOS E SUAS ESPECIFICAÇÕES

PODE USAR ASME SEÇÃO VIII DIVISÃO I ?

INDICAR AS LIMITAÇÕES

ESBOÇO DIMENSIONAMENTO

NÃO

EFICIÊNCIA DA JUNTA

CÁLCULO DAS ESPESSURAS

PRESSÃO MÁXIMA DE TRABALHO ADMISSÍVEL

NECESSIDADE DE TESTE DE IMPACTO

NECESSIDADE DE TRATAMENTO

TÉRMICO

PRESSÃO HIDROSTÁTICA DE

TESTE

REQUISITOS MÍNIMOS PARA A

FABRICAÇÃO

62

Figura 34 - Fluxograma da folha de dados para o projeto de um vaso de pressão de

acordo com o código ASME seção VIII divisão 1

Fonte: Autor

3.1.1. Procedimento de Teste do Fluxograma Geral

Após a finalização do fluxograma geral, contendo todos os requisitos básicos

necessários para o projeto de um vaso de pressão, serão realizados testes para a validação

de sua funcionalidade. Esses testes terão como base exemplos bibliográficos, se o mesmo

for validado, será então desenvolvido o algoritmo estruturado baseado nesse fluxograma,

caso contrário, modificações nessa ferramenta serão realizadas e novamente testes serão

feitos até a validação dos resultados.

FOLHA DE DADOS

FUNÇÃO: VASOS DE PRESSÃO NÃO SUJEITOS A CHAMA

EMPREGADO EM:- ARMAZENAMENTO DE GASES

SOB PRESSÃO- PROCESSAMENTO DE GASES E

LÍQUIDOS - ACUMULAÇÃO

INTERMEDIÁRIA DE GASES E LÍQUIDOS EM PROCESSOS

INDUSTRIAIS.

CONTAMINANTES: LISTA OS

CONTAMINANTES MAIS COMUNS EM VASOS DE PRESSÃO

PRODUTO: LISTA COM OS PRODUTOS MAIS COMUNS E SEUS RESPECTIVOS DADOS JÁ

GRAVADOS NO BANCO DE DADOS ( DENSIDADES EM SI)

TEMPERATURA

ADICIONAR MANUALMENTE O PRODUTO E SUAS

RESPECTIVAS CARACTERÍSTICAS

ADICIONAR MANUALMENTE

PORÉM É DE INTEIRA RESPONSABILIDADE

DO PROJETISTA

NÃONÃO

LIMITAÇÃO: SE O VASO NÃO ESTÁ

INCLUSO NA LISTA VERIFICAR U-1

RESPONSABILIDADE DO PROJETISTA

CONTINUAR

NÃO

NOT DT

PRESSÃO

INTERNA EXTERNA

FIM

NÃO

E/OU

FIM

MAOTMIOT

MAOPMIOPSVSP

E MATERIAIS

63

3.2. Algoritmo Estruturado

Após a validação dos resultados, um algoritmo estruturado baseado no fluxograma

geral será desenvolvido.

3.2.1. Procedimento de Teste do Algoritmo Estruturado

Serão realizados testes com exemplos bibliográficos no algoritmo estruturado

desenvolvido a fim de validar sua funcionalidade. Após essa validação, a implementação

em uma linguagem de programação pode ser realizada.

3.3. Implementação em Linguagem de Programação

Após todos os testes realizados tanto no fluxograma geral quanto no algoritmo

estruturado, o último passo é a implementação do conteúdo do algoritmo estruturado em

uma linguagem de programação. Pode se escolher qualquer tipo de linguagem, porém

nesse trabalho será implementado no programa Matlab devido as facilidades e rapidez

nessa implementação. Ao acabar essa etapa, um programa básico será gerado. Esse

programa será a primeira versão software.

3.3.1. Procedimento de Testes no Software

Com a criação do software, serão realizados testes comparando os resultados

obtidos através do programa com exemplos reais de projetos de vasos de pressão, para a

validação de sua funcionalidade e resultados.

3.4. Adição de Novas Informações

Após a validação do software e realizadas as devidas correções, serão então

adicionadas ao fluxograma geral as outras partes do código ASME seção VIII, como a

divisão 2 e suas respectivas especificações e requisitos. Não só a divisão 2 poderá ser

adicionada, como também outras informações referentes ao projeto do vaso de pressão,

como: novos materiais; atualizações provenientes da norma; novos acessórios para os

vasos de pressão; entre outros.

64

Após a adição das novas informações ao fluxograma inicial, todo o procedimento

de testes, criação dos algoritmos estruturados e implementação na linguagem de

programação será retomada.

Esse tipo de desenvolvimento torna o projeto de um vaso de pressão extremamente

simples, seguro e rápido, além de permitir que o usuário possa se relacionar com o

software adicionando ou retirando informações em que achar conveniente.

65

Cronograma

Quadro 6 – Cronograma de Atividades de Conclusão de Curso

Atividade 2014

Março Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro

Estudo

Bibliográfico

Criação do

Fluxograma Geral

Procedimentos de

Teste do

Fluxograma Geral

Criação do

Algoritmo

Estruturado

Procedimentos de

Teste do Algoritmo

estruturado

Implementação em

Linguagem de

Programação

Procedimentos de

Teste da primeira

versão do Software

Adição de Novas

Informações

Procedimentos de

Testes para as

Novas Versões do

Software

Revisão do

Conteúdo

Preparação para

Defesa do TCC

Finalização, defesa

e entrega do TCC

Fonte: Autor

66

Referências

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