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RESUMO Em meios estratificados como o mar, ondas internas são formadas entre camadas de diferentes massas específicas. Essas ondas ocorrem em todos os oceanos e na maioria das bacias e lagos e costumam ter maiores amplitudes e menores velocidades que ondas superficiais. Apesar de não se saber a causa exata desse fenômeno, sabe-se que a amplitude máxima da onda é observada no limite entre duas camadas d’água e diminui à medida que se afasta do mesmo. Supõe-se que ondas internas sejam, inclusive, causadas por forças de maré, ventos fortes e variações de pressão atmosférica e que objetos no caminho dessas ondas aumentem a amplitude delas. O gradiente vertical de massa específica necessário para a ocorrência de ondas internas são causados por gradientes, também verticais, de temperatura e/ou salinidade. Em águas doces (mede-se apenas o gradiente de temperatura para se encontrar o gradiente de massa específica, o que pode ocorrer também quando se trabalha no mar, desde que o gradiente de salinidade acompanhe o de temperatura. Para tal, são utilizados instrumentos como termômetros de inversão, batitermógrafos e, recentemente, grânulos (beads) termistores. Tem-se utilizado também traçadores de isotermas, que já fornecem a velocidade e a direção das ondas internas. Ondas internas influenciam elementos relacionados à temperatura e à densidade da água, como a biota marinha, os parâmetros físico-químicos, a transmissão de som e a superfície do fundo oceânico. Em trabalho feito com traçadores de isotermas em Mission Beach, Califórnia, EUA, mediu-se ondas de altura maior que 1,7m, período comumente maior que 7,3min, velocidade média (a profundidade igual a 18m) igual a 0,14m/s.

Ondas Internas Rascunho Final

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Page 1: Ondas Internas Rascunho Final

RESUMO

Em meios estratificados como o mar, ondas internas são formadas entre camadas de

diferentes massas específicas. Essas ondas ocorrem em todos os oceanos e na maioria

das bacias e lagos e costumam ter maiores amplitudes e menores velocidades que

ondas superficiais. Apesar de não se saber a causa exata desse fenômeno, sabe-se que

a amplitude máxima da onda é observada no limite entre duas camadas d’água e

diminui à medida que se afasta do mesmo. Supõe-se que ondas internas sejam,

inclusive, causadas por forças de maré, ventos fortes e variações de pressão

atmosférica e que objetos no caminho dessas ondas aumentem a amplitude delas. O

gradiente vertical de massa específica necessário para a ocorrência de ondas internas

são causados por gradientes, também verticais, de temperatura e/ou salinidade. Em

águas doces (mede-se apenas o gradiente de temperatura para se encontrar o

gradiente de massa específica, o que pode ocorrer também quando se trabalha no mar,

desde que o gradiente de salinidade acompanhe o de temperatura. Para tal, são

utilizados instrumentos como termômetros de inversão, batitermógrafos e,

recentemente, grânulos (beads) termistores. Tem-se utilizado também traçadores de

isotermas, que já fornecem a velocidade e a direção das ondas internas. Ondas internas

influenciam elementos relacionados à temperatura e à densidade da água, como a biota

marinha, os parâmetros físico-químicos, a transmissão de som e a superfície do fundo

oceânico. Em trabalho feito com traçadores de isotermas em Mission Beach, Califórnia,

EUA, mediu-se ondas de altura maior que 1,7m, período comumente maior que 7,3min,

velocidade média (a profundidade igual a 18m) igual a 0,14m/s. Ondas internas podem

alterar a distribuição de massa verticalmente e, conseqüentemente, promover altura

geopotencial na superfície livre, de forma que se é importante analisar a influência

dessas ondas nos cálculos de correntes. Em corpos d’água parcialmente fechados,

ondas internas desenvolvem formas estacionárias, enquanto que, no mar, desenvolvem

formas progressivas. No mar, essas ondas, também, estão relacionadas ao transporte

de sedimentos e à formação de manchas slicks na superfície da água, mas nem todo

movimento interno marinho está estritamente relacionado a elas.

Page 2: Ondas Internas Rascunho Final

SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO....................................................................................3

PARTE UM...............................................................................................4

1. INTRODUÇÃO.....................................................................................4

2. MEDIÇÕES...........................................................................................6

2.1 EQUIPAMENTOS E TÉCNICAS...........................................................................6

2.2 TERMISTORES BEADS.......................................................................................7

2.3 TRAÇADORES (OU SEGUIDORES) DE ISOTERMAS........................................8

3 RELAÇÕES OBSERVADAS................................................................9

3.1 CARACTERÍSTICAS EM ÁGUAS RASAS............................................................93.1.1 Altura de onda...................................................................................................................... 103.1.2 Período da Onda..................................................................................................................123.1.3 Velocidade............................................................................................................................ 123.1.4 Direção................................................................................................................................. 133.1.5 Correntes.............................................................................................................................. 133.1.6 Transmissão do som............................................................................................................163.1.7 Outros movimentos relacionados.........................................................................................183.1.8 Relações de ondas internas com manchas (slicks)..............................................................223.1.9 Relação com a maré...........................................................................................................253.1.10 Relação com bacias e lagos..............................................................................................27

PARTE DOIS..........................................................................................31

4. EQUAÇÕES DIFERENCIAIS.............................................................31

4.1 LIMITANDO FREQÜÊNCIAS..............................................................................32

4.2 MODOS...............................................................................................................33

5. ESPECTRO........................................................................................33

5.1 FLUTUAÇÕES DA TEMPERATURA DE CASTLE HARBOR.............................33

6 ONDAS INTERNAS E TURBULÊNCIA..............................................38

6.1 COERÊNCIA DAS FLUTUAÇÕES ISOTÉRMICAS EM LOCALIZAÇÕES DISTINTAS................................................................................................................39

6.2 RELAÇÃO DA COERÊNCIA COM A LARGURA DO FEIXE (BEAM WIDTH).. . .41

6.3 REDUÇÃO DA COERENCIA PELA VELOCIDADE FASE VARÍAVEL................44

Page 3: Ondas Internas Rascunho Final

6.4 REDUÇÃO DA COERÊNCIA PELA TURBULÊNCIA..........................................44

6.5 RESUMO.............................................................................................................45

7. REFERÊNCIAS DO TEXTO...............................................................47

Page 4: Ondas Internas Rascunho Final

PARTE UMEscrito originalmente por E. C. La Fond

1. INTRODUÇÃO

Em um meio não homogêneo como o mar, ondulações do tipo swells, chamadas de

ondas internas, se formam entre as camadas de água subsuperficiais de massa

específica diferentes. Em contraste, em um fluído homogêneo somente ondas de

superfície são possíveis e a amplitude do movimento dessas decresce com

profundidade.

Ondas internas existem em todos os oceanos, provavelmente na maioria das baías

e lagos. Essas variam muito em amplitude, período e profundidade. Embora a

amplitude delas possa exceder às das ondas de superfície, as ondas internas são,

normalmente, mais lentas em velocidade.

Basicamente, no sistema de dupla-camada de densidade, um máximo de amplitude

existe no limite de duas camadas, e decresce linearmente com a distância para cima

e para baixo (Fjeldstad, 1933). Em múltiplas-camadas ou no sistema de gradiente de

massa específica contínuo, como no mar, o movimento da onda torna-se muito mais

complexo.

Figura 1 – Ondas Internas no limite de uma massa de água, mostrando a diferença na profundidade da termoclina depois do grupo o de ondas internas.

Page 5: Ondas Internas Rascunho Final

As causas exatas das ondas internas ainda não foram firmemente estabelecidas,

mas essas são, provavelmente, de origens variadas. Ekman (1904) acreditava que

um navio em movimento lento dava origem às ondas internas na camada limite

superficial da água doce e da água do mar de alta massa específica. As ondas

internas produzidas pelas quilhas de um barco em movimento lento, reduzia sua

velocidade e criava o fenômeno conhecido como “água morta”.

Desde que ondas internas foram comumente encontradas nos limites das massas

de água ou “frentes”, elas são provavelmente produzidas através do deslocamento

direto de uma massa de água por outra. A frente é caracterizada por uma onda

relativamente larga seguida por outras com decréscimo de tamanho (Figura 1).

Evidência visual das ondas internas formadas nos limites das massas de água são

mostradas em fotografias por Shand (1953), que fotografou, a alta altitude, um tipo

bem sucedido do fenômeno no Estreito da Geórgia1, e atribuiu essa ocorrência a

uma descarga em larga escala de água com massa específica diferente (Figura 2).

Plumas de água doce criam uma frente de maré, ou zona de convergência e

divergência, na qual ondas internas se desenvolvem. Ondas internas coincidem com

períodos de maré, semi-diurna e diurna, em que são comumente observadas; desta

forma, foi concluído que forças de marés devem ser o instrumento de geração delas

(LaFond e Rao, 1954; Munk,1941).

Figura 2 – Superfície do mar aparentemente mostrando a provável formação de ondas internas pela ação da maré entre a descarga de água de baixa densidade e a água do Estreito de Geórgia. (Foto aérea do governo da Columbia Britânica, Canadá).

1 O canal entre a Ilha da Vancouver e o sudoeste da Columbia Britânica, Canadá.

Page 6: Ondas Internas Rascunho Final

Certamente, ondas internas podem ser criadas por dois escoamentos adjacentes ou

por um escoamento que vai de encontro à plataforma continental ou outra obstrução.

Zeilon (1934) conduziu experimentos que mostram ondas internas ocorrendo

quando uma corrente de maré fluía contra um banco costeiro. Ele também provou

que obstáculos no caminho no qual a onda avança aumentam as ondas internas.

(Zeilon, 1913).

Possivelmente muitos outros fatores podem originar essas ondas como variações na

pressão atmosférica e ventos fortes.

2. MEDIÇÕES

2.1 EQUIPAMENTOS E TÉCNICAS

Ondas internas podem estar presentes somente em águas onde existe um gradiente

vertical de massa especifica. O gradiente vertical pode ser causado pela

temperatura, e pela salinidade ou pelos dois. Em lagos de água doce, medições de

temperatura são suficientes para estabelecer a existência de gradientes de massa

específica. No mar, medições são comumente de temperatura desde que sejam

facilmente realizadas, e os gradientes de temperatura e salinidade coincidam. Além

disso, os gradientes de salinidade são normalmente pequenos.

Em uma ocasião, entretanto, ondas internas são diretamente medidas por suas

oscilações verticais de massa especifica. Kullenberg (1935) flutuou um largo

container flutuável em uma dada densidade limite e anotou a sua profundidade. Um

barril foi preenchido com bolas de vidro e guiado verticalmente por um cabo. Um

gravador de pressão no barril forneceu com sucesso um registro de 7 (sete) dias da

profundidade quando ele estava suficientemente pesado para flutuar no gradiente de

massa especifico máximo encontrado no Sudeste de Kattegat2 no verão.

Vários instrumentos estão sendo empregados para medir a oscilação vertical de

temperatura (às vezes simultaneamente com a salinidade). Para ondas de períodos

2 Um braço do mar do norte, entre a Suíça e a Dinamarca.

Page 7: Ondas Internas Rascunho Final

longos, termômetros reversos e garrafas de água foram usados. Repetidos

abaixamentos de batitermógrafos foram feitas, e mais recentemente, tem-se

utilizado therminstor beads,que dão respostas mais rápidas.

2.2 TERMISTORES BEADS

Um mecanismo efetivo (LaFond, 1959b) para determinar a temperatura é uma

unidade de 16 canais sensível à temperatura, desenvolvido no Laboratório

Eletrônico da Marinha dos EUA (NEL). Isso consiste em termistores beads

(grânulos) distribuídos em um plástico e grudados a fios elétricos. As ligações e os

fios são parte de uma ponte de circuito que alimenta um tipo de registrador

potenciômetro. O gravador imprime, numeradamente, pontos consecutivos de 1 a 16

em uma papel e a localização de cada número indicando a respectiva temperatura.

Em uma operação normal, um ciclo completo de 16 gravações requer

aproximadamente meio minuto (Figura 3).

A unidade sensível à temperatura é designada para medir temperaturas que oscila

entre 28°F e 90°F. O papel com a numeração tem 11 polegadas de largura divididos

em 100 unidades. Na face da unidade são montadas 16 estações para acomodar as

ligações de 16 elementos sensíveis, 16 gamas de interruptores, um voltímetro e um

reostato para manter a corrente constante durante a operação.

Os elementos sensíveis e os termistores beads (grânulos), montado no final dos

cabos, podem descer em uma linha vertical em variadas profundidades da

termoclina. Os cabos podem ser ligados em 16 estações no gravador, em lugares

nos quais a resistência em frente de um braço da ponte do circuito para a

temperatura oscilar dentro da medição. Os beads (grânulos) são suspensos em uma

ou mais séries verticais do navio ou de uma plataforma fixa. A temperatura pode ser

também gravada no máximo de 16 profundidades em qualquer período de tempo

requerido. Entretanto, para o “caráter” de ondas internas, a profundidade das

isotermas deve ser escalada a partir de temperatura medidas em profundidades

fixas. Linhas similares podem ser construídas e elementos sensíveis escaneados

Page 8: Ondas Internas Rascunho Final

eletronicamente, o que permite que as isotermas sejam impressas diretamente

(Richardson, 1958) referindo-se ao tempo ou distância.

2.3 TRAÇADORES (OU SEGUIDORES) DE ISOTERMAS

O instrumento mais direto para medir a temperatura de ondas internas é o traçador

de isotermas (LaFond, 1961) que traça automaticamente oscilações verticais de uma

isoterma com referência a um tempo. O traçador de isotermas é constituído de 4:

partes (1) unidade sensível ao mar; (2) um guincho elétrico contendo um cabo no

qual a unidade sensível ao mar é anexada; (3) componentes eletrônicos

(servomechanism, amplificadores, suprimentos de energia, controles, etc.), e (4) dois

gravadores (profundidade e temperatura) (Figura 3).

Figura 3. Assembléia de um Traçador de Isotermas. A. Unidade Sensível ao mar C. Unidade Eletrônica

B. Guincho elétrico D. Gravadores de Profundidade e temperatura

A unidade sensível o mar contém um termistor beads (grânulos) balanceado em

uma ponte de circuito o qual a resistência corresponde à temperatura da isoterma

desejada. Se a ponte se tornar desbalanceada um tubo Thyratron é disparado. Isso

ativa um guincho e causa ou ao vento dentro ou deixa para fora a unidade do mar.

Assim, a unidade sensível ao mar é “trancada” na isoterma desejada. A

profundidade da isoterma é continuamente registrada na plataforma por meio do

Page 9: Ondas Internas Rascunho Final

sensor de temperatura na unidade do mar. Os resultados líquidos é traçado da

profundidade dada da isoterma, eficaz para 600 pés, com referência ao tempo.

O traçador de isotermas tem sido empregado unicamente, ou em arranjos

triangulares de três, para adquirir a velocidade e direção das ondas internas por

mudança de fase (LaFond, 1959). Operações contínuas até períodos de cinco

semanas foram conduzidas com sucesso.

Figura 4 – Três traçadores de isotermas em operação suspendidos para fora da torre oceanográfica do U.S. Navy Eletronics Laboratory.

3 RELAÇÕES OBSERVADAS

Ondas internas são vitais a todos os elementos cuja natureza é influenciada pela

variação de temperatura ou densidade na água. Tais elementos incluem a vida

marinha, as propriedades químicas e físicas da água (incluindo correntes e

penetração acústica), e as estruturas superficiais do fundo do oceano.

3.1 CARACTERÍSTICAS EM ÁGUAS RASAS

Page 10: Ondas Internas Rascunho Final

Ondas internas têm sido medidas em todos os oceanos e em diversos lagos ao

redor do mundo. Ao sul da Califórnia3, no verão, a oscilação vertical da temperatura

foi medida usando grânulos termistores suspendidos verticalmente a uma

profundidade de 50 pés (LaFond, 1959b), e depois por traçadores de isotermas a

uma profundidade de 60 pés (Lee and Lafond, in press). Nesta série de

experiências, as seguintes características das ondas internas foram determinadas.

3.1.1 Altura de onda

A profundidade de uma única isoterma na termoclina foi observada flutuando

extensamente durante uma semana na água, somente na profundidade e 60 pés

(Figura 5).

Figura 5 – Distribuição da leitura minuciosa, após sete dias consecutivos, da profundidade de uma isoterma na termoclina de Mission Beach, Califórnia, na profundidade de 60 pés.

Nas oscilações de período mais longos foram sobrepostos na termoclina verticais de

períodos mais curtos. Geralmente, a magnitude dessas flutuações verticais foi

inversamente proporcional aos gradientes em que elas foram encontradas.

Flutuações menores eram quase sempre presentes.

3 Mission Beach, San Diego

Page 11: Ondas Internas Rascunho Final

Figura 6 – Exemplos de ondas internas de grande amplitude próximas da superfície do mar.

Durante os períodos de investigação o máximo, migrações verticais diárias de uma

isoterma no meio da termoclina, e acima de 35 pés, foi de 22 pés em agosto, 1958

(Figura 6.). Um registro diário para 23-24 de setembro, 1959, está mostrado na

Figura 7.

A distribuição da freqüência da altura de ondas internas em águas rasas neste local

para períodos de 12 dias durante o verão de 1958, e sete dias consecutivos em

1959, está mostrado na Figura 8. Somente ondas maiores que dois pés foram

consideradas, visto que as mais baixas foram provavelmente flutuações aleatórias.

Isso encontrou que 50% das ondas internas foram maiores que 5.6 pés.

Figura 7 – Profundidade da isoterma de 64 F medida com isoterma seguindo de 1500h, 23 de setembro, para 1500h, 24 de setembro, 1959, de Mission Beach, Califórnia.

Page 12: Ondas Internas Rascunho Final

3.1.2 Período da Onda

A distribuição da freqüência da duração de 1061 ondas internas está mostrada na

Figura 9. Ondas com períodos de menos que dois minutos foram excluídas.

Cinqüenta por cento de todas as ondas mais longas que dois minutos tiveram

períodos maiores que 7.3 min.

Figura 8 – Distribuição de freqüência composta de altura de ondas internas superiores a dois pés (para combinado de 1958 e 1959).

Figura 9 – Distribuição da freqüência composta dos períodos de ondas internas superiores a dois minutos para todos os dados.

3.1.3 Velocidade

A velocidade das ondas internas foi determinada medindo as oscilações verticais

simultaneamente em três localidades (Ufford, 1947a; Lee, 1961a) e deduzida a partir

do movimento de suas bandas na superfície do mar (ver página 746).

Películas do lapso temporal do aspecto superficial do sul da Califórnia4 mostraram

que ondas internas se moveram para a costa com velocidades de 0,11 a 0,6 nós.

Outras medidas oriundas de navios ancorados com marcadores de escala indicaram

uma velocidade média de 0,31 nós. Mais recentemente, medições indicaram uma

média de 0,27 nós em profundidade de 60 pés.

3.1.4 Direção

4 Mission Beach, La Jolla and San Diego bay

Page 13: Ondas Internas Rascunho Final

A forma das ondas internas variou com o movimento em direção à costa e com a

refração com que elas se moveram para águas mais rasas. Quase todas as ondas

internas procederam de direção oeste para sudoeste na localidade de Mission

beach.

3.1.5 Correntes

Correntes relacionadas no mar aberto são geralmente calculadas pela distribuição

de massa. Corrente ao longo de uma superfície isobárica é essencialmente uma

função do geopotencial, ou declividade dinâmica da superfície isobárica. Se o

movimento for desprezado em uma profundidade particular, ou numa superfície

isobárica tomada como nível, a declividade dinâmica da superfície isobárica superior

pode ser determinada por variações do volume específico ao longo da camada

isobárica. A corrente na superfície superior, relacionada a alguma possível corrente

na superfície inferior, pode assim ser estabelecida (LaFond, 1951).

Sob a influência de ondas internas, entretanto, o volume específico médio na vertical

acima de um nível de referência localizado abaixo da termoclina irá mudar e causar

uma diferença considerável no cálculo de corrente. Variações de curto período e a

profundidade da termoclina são difíceis de identificar, embora oscilações de longos

período de maré têm sido consideradas para estações em série na costa da

Califórnia (Defant, 1950).

Suspeitou-se também da influência da maré no cálculo de correntes relativas a partir

de uma análise de dados de temperatura obtidos próximos ao Atol de Bikini no meio

do Pacífico (LaFond, 1949). Neste lugar, uma grande camada transicional separa a

água superficial relativamente leve da pesada água mais profunda. Uma onda

interna causando uma alteração na profundidade da camada transicional alteraria o

campo vertical de massa.

Ondas internas não são completamente aleatórias, mas aparecem para cair em um

padrão cíclico. A tendência geral é mostrada por linhas pontilhadas nas curvas de

temperatura (Figura 10). As fases altas caem aproximadamente 12h distantes e têm

aproximadamente o mesmo período que a maré. As maiores alterações na

Page 14: Ondas Internas Rascunho Final

temperatura, assim como na salinidade, ocorrem a 700 pés abaixo da superfície;

acima de 400 pés, as alterações são pequenas. A 900 pés abaixo, as alterações na

temperatura, indicativos de flutuações verticais, são menores que 700 pés. O

decréscimo na magnitude das variações de temperatura abaixo de 700 pés indicou

que o efeito de ondas internas no corpo de massa vertical foi maior em

profundidades menores que 700 pés.

Para tais observação do “closely spaced”, correntes foram calculadas por um

procedimento simples. Usando uma relação temperatura-salinidade, a anomalia de

volume específico foi convertida de função da temperatura, salinidade e

profundidade para uma função de somente temperatura e profundidade. Os valores

numéricos de acima da escala experimentada de temperatura e profundidade

foram computados.

Figura 10 – Flutuações da temperatura do mar a 100 pés em intervalos de 400 a 900 pés, obtidos através observações batitermográficas repetidas sobre um período de 40h próximo do Atol de Bikini.

Então por uma simples integração numérica sobre a profundidade da coluna d’água,

a anomalia da altura dinâmica, , foi encontrada. Os valores resultantes

apresentaram um padrão irregular que pode ser amplamente atribuído às ondas

internas.

Page 15: Ondas Internas Rascunho Final

Para mostrar o efeito das ondas internas sobre , e sobre os cálculos de

corrente, as anomalias da altura dinâmica para um dia de observações

batitermógrafas repetidas foram obtidas. Os dados foram analisados e plotados

(Figura 11). As flutuações resultantes nas anomalias de altura dinâmica apontaram

quantidade maior que 0,08 metros dinâmicos em poucas horas.

Seiwell (1937) mostrou que ondas internas irão alterar a distribuição de massa ao

longo de uma estrutura vertical, e irão, conseqüentemente, causar altura

geopotencial da superfície livre, relacionada a uma dada superfície isobárica, para

variação periódica. Para estação Atlantis 2639, Seiwell encontrou que, devido a

ondas internas, a variação da altura geopotencial da superfície livre relacionada à

superfície 2000-db, alcançou um valor de 8,45 cm dinâmicos. Algo mais espetacular

foi uma variação de 14.5 cm dinâmicos com o tempo anotado na estação Snellius

253a. A variação demonstrou a importância das ondas internas nos cálculos de

correntes, deixando evidente que conclusões errôneas de observações hidrográficas

podem ser extraídas a menos que o efeito de ondas internas na distribuição de

temperatura, salinidade, correntes etc. esteja considerado. DeFant (1950) indicou

que determinados espaçamentos do tempo de estações hidrográficas reduziriam os

erros relativos causados por ondas internas, e forneceriam uma equação de

espaçamento no tempo entre observações quando o período da maré interna for

conhecido.

Figura 11 – Variação nas anomalias de altura dinâmica (0/305 metros dinâmicos plotados com referência no tempo lunar, mostrando os calculados diurno ( ); semidiurno ( ); e o resultante

( + ) ciclos lunares.

3.1.6 Transmissão do som

Page 16: Ondas Internas Rascunho Final

Ondas internas afetam a transmissão do som através da água. O som é refratado

pelos gradientes de velocidade do som vertical (e horizontal), que, por sua vez,

depende da intensidade da termoclina e do ângulo com que os raios do som a

interceptam. Com uma termoclina ondulada, causada por ondas internas, os raios de

som interceptam em ângulos diferentes. Os efeitos da refração e do foco sonoro

podem ser calculados pela aplicação da Lei de Snell, mas isso é um processo muito

tedioso. Entretanto, um problema teórico da transmissão do som foi resolvido por

meios de um computador UNIVAC de alta velocidade (Lee, 1961).

Neste problema, um oceano de três camadas foi usado para um estudo teórico

bidimensional de um campo de intensidade sonora subaquático na presença de uma

onda interna. A onda interna (linhas escuras nas Figuras 12 e 13) e estrutura de

velocidade do som foram idealizados para simplificar a computação pelas máquinas,

mas ambos foram representativos das condições de verão da costa sul da Califórnia.

O som viaja em uma velocidade constante na camada superior. O gradiente de

velocidade do som na segunda e terceira camada fora – 4.8 pés/s.pés e 0.6

pés/s.pés, respectivamente.

Figura 12 – Diagrama de raios na média de som que tem uma onda interna na termoclina.

O som foi emitido por uma fonte direcional com um ângulo de 8 graus. O nível

caiu de (um nível de referência foi utilizado) em uma bare a partir da fonte ao

longo da um raio horizontal (q=0) para ao comprimento total ao longo de .

Page 17: Ondas Internas Rascunho Final

Todos trajetos de raios acústicos passando através das camadas foram refratados,

dependendo principalmente do ângulo de aproximação e da descontinuidade de

velocidade de cada interface. Para este problema, os raios estavam viajando em um

plano paralelo com a direção de propagação das ondas internas, reflexão total foi

assumida na superfície do mar, e toda a energia sonora que alcança o fundo é

absorvida.

Figura 13 – Nível do som no meio com uma onda interna na termoclina. O nível de referência dB é correspondente a um nível de som de 60 dB a um pé a partir da fonte direcional ( X=0, Z=10) ao longo da horizontal. O campo é contornado em intervalos de 2.5 dB.

Esta representação foi uma situação ideal, mas se aproximou mais do que o

previamente esperado da estrutura da velocidade do som natural. Mesmo nesse

meio, um grande aparato de computação foi requerido para as refrações e reflexões

múltiplas para cada raio 0,1° grau.

A computação da refração da energia acústica por ondas internas está mostrada na

Figura 13. A intensidade acústica do som, como calculada para cada intervalo rente

a escala de 10 pés e cada intervalo de profundidade de 1 pé, está mostrado pelas

zonas protegidas. A intensidade do som (nível de referência dB) é que corresponde

ao nível de som de 60 dB em uma bare a partir da fonte direcional (profundidade 10

pés, distância 0 pés) ao longo da horizontal.

Page 18: Ondas Internas Rascunho Final

Acima da termoclina, a intensidade do som decresce aproximadamente como o

quadrado da distância da fonte. Abaixo da termoclina a refração focaliza os raios de

som conforme eles passam através de uma onda interna alternando altas e baixas

zonas de intensidade. A divergência e a convergência dos raios foi diretamente

relatada para a natureza senoidal das ondas internas.

Neste problema, existia uma alta e uma baixa zona de intensidade abaixo da

termoclina para cada intervalo de um comprimento de onda. A largura das zonas de

alta intensidade decresce com o intervalo e o oposto é verdadeiro para as zonas de

baixa intensidade. A variação com a intensidade foi principalmente causada por

ondas próximas da fonte, agindo com um barril para as em grande distância, isto é,

progressivamente menos raios pulsam essas ondas aumentando a distância em

relação à fonte.

A onda interna no problema acima ocasionou alterações horizontais na intensidade

do som de 22 dB sobre distâncias menores que 1 comprimento de onda interna (300

pés) de 400 a 700 pés na escala. Em contraponto, alterações na intensidade em um

meio sem onda interna são cerca de 5 dB dentro de 300 pés na mesma escala, e

não ocorrem zonas intermitentes de altas e baixas intensidades. Desta forma ondas

internas desempenham um importante papel na transmissão do som

subaquaticamente.

3.1.7 Outros movimentos relacionados

No mar, ondas internas aparecem para tomar a forma de ondas progressivas. Em

lagos e corpos d’água parcialmente fechados, ondas estacionárias são encontradas.

A natureza de ondas progressivas entre dois líquidos de densidades distintas foi

descrita por Lamb (1945). Os movimentos de água teóricos associados com esta

onda progressiva simples estão mostrados na Figura 14. As setas finas representam

as linhas de corrente das partículas.

No mar, em adição às oscilações verticais, outras evidências têm sido

demonstradas. Primeiramente, no estudo do movimento de cisalhamento lateral,

observações diretas das marcas interrompidas na água têm sido distorcidas pelo

Page 19: Ondas Internas Rascunho Final

cisalhamento na termóclina (Figura 15). Secundariamente, outra evidência deste

movimento é mostrada pelas correntes de superfície e outros fenômenos superficiais

(LaFond, 1959a). Por exemplo, na baía de Bengala, a superfície mostrou longas

listras de aspereza alternadas com água lisa. As microondulações eram 6 para 8 em

altura e algumas listras se estenderam para o horizonte, variando em número de 2

ou 3 até 10.

Figura 14 – Onda interna progressiva simples entre águas de duas densidades. A grande seta no topo indica a direção da onda. As linhas de corrente do movimento da água estão representadas pelas setas pequenas e pelo local mais comum do liso pela barra escura.

Page 20: Ondas Internas Rascunho Final

Figura 15 – A. Marcas sendo movidas verticalmente. B. Suas deformações, após poucos segundos, resultante do movimento diferencial na coluna d’água, acima e abaixo da termoclina.

Raias ou bandas individuais variaram em largura num estimado de 75 a 600 pés.

Suas orientações foram sempre paralelas à costa, como é a tendência da deriva

prevalecente.

A medida que um navio cruzou através das bandas, isto foi ajustado fortemente para

a direita ou para a esquerda, dependendo se estava na banda rugosa ou lisa.

Fenômeno similar tem sido observado no sul da Califórnia. Por determinação da

estrutura térmica foi encontrado que a crista da onda interna ocorreu diretamente

abaixo da zona rugosa. Para as correntes superficiais, e para a estrutura termal, e

sua movimentação progressiva, concluiu-se que uma onda interna rasa estava

causando o fenômeno.

De acordo com Lamb (1945), o deslocamento vertical na interface de um sistema de

densidade de duas camadas e , é dado por:

E a velocidade horizontal do escoamento, , na camada superior, é:

Onde 'h espessura média da camada superior, a amplitude das ondas na

interface, e velocidade da onda na interface.

Caso não exista escoamento apreciável na direção (normal para propagação) e

também transporte de água superficial na direção de propagação, o mesmo volume

de água por unidade de largura deve, obrigatoriamente, passar sobre a cava. A

velocidade do escoamento em uma direção horizontal deve, obrigatoriamente, ser

inversamente proporcional à espessura da camada superior .

Page 21: Ondas Internas Rascunho Final

Isso indica que é máximo e na direção oposta de propagação para , quando

se aproxima de e o ângulo de fase é zero.

Em ondas internas rasas, o movimento na crista é forte. A água que anteriormente

passava pela calha está agora convergindo por meio de sua constricção. Se as

cristas estão muito perto da superfície, a velocidade do fluxo é aumentada. A

convergência da água na crista e a velocidade reduzida justo além são apontadas

como a causa da turbulência e ripples na superfície.

Quando um limite termal de onda interna está próximo do fundo do mar, uma ação

similar acontece. Caso isto ocorra, a turbulência máxima será abaixo da calha, mas

a velocidade máxima será na direção oposta da propagação da onda. Em água rasa,

a direção da onda interna é em direção à costa, e assim a velocidade máxima

próxima ao fundo será off-shore. A convergência de água através da constricção

criada por calha e fundo, sempre em direção off-shore é, indubitavelmente, um

contribuinte para o movimento do sedimento off-shore. Ondas internas próximas ao

fundo em águas profundas podem também mover sedimentos e formar marcas de

ondas.

3.1.8 Relações de ondas internas com manchas (slicks)

Manchas na superfície marinha quase sempre representam evidência visíveis de

ondas internas abaixo delas e são vistas como listras ou sinais de águas superficiais

relativamente calmas rodeadas por águas onduladas. A ausência de ondas na

mancha dá uma aparência vítrea em contraste com água ondulada adjacente

(Figura 16).

De mais ângulos, uma mancha aparece mais brilhante que sua área periférica de dia

porque a superfície lisa reflete o céu mais que a superfície rugosa. À noite, quando

pode existir luz ambiente, o liso contrasta com a adjacente água rugosa, porque sua

superfície não eriçada é menos suscetível à reflexão circunvizinha. Manchas

parecem mais escuras quando há muitos raios de sol, quando o ângulo visual tal

Page 22: Ondas Internas Rascunho Final

que a luz é diretamente refletida na direção do observador. Isso porque manchas

lisas não produzem brilho que irradia do reforço mútuo dos raios refletidos de uma

superfície ondulada contínua.

Figura 16 – Liso da superfície do mar de Mission Beach, Califórnia.

Manchas têm sido estudados em oceanos, baías e lagos (Dietz e LaFond, 1950;

Woodcock e Wiman, 1946; Forbes, 1945). De acordo com muitas investigações,

essas manchas estão geralmente presentes quando o vento tem força suficiente

para causar ondas ripples na água, mas não suficientes para causar “carreirinhas”

(força Beaufort 3, i.e. 3.4 m/s). Manchas lisas, freqüentemente, assumem formas

largas, como correias conectando bandas, e elas ocasionalmente aparecem como

marcas isoladas. No oceano raso, sobre a plataforma continental, essas manchas

são quase sempre contornados como bandas largas, mais ou menos paralelos com

a costa. Perto da costa, uma banda mais larga pode se formar além da zona de

arrebentação. Algumas manchas têm sido descorbertas em cima de bancos de

macroalgas kelps.

Durante um estudo em 1958 sobre manchas lisas e ondas internas, foi encontrado

que essas estavam presentes em 10% do período. Durante os períodos de

observação, 105 manchas foram observados. A duração de uma mancha única, até

passar por algum ponto, foi de 0,35 a 5 min, com média de 1,3m.

Page 23: Ondas Internas Rascunho Final

Figura 17 – Relação observada entre estrutura da temperatura e slicks na superfície do mar, 23 de julho, 1958, 12 de junho, 1958, e 9 de julho, 1958.

Page 24: Ondas Internas Rascunho Final

A ocorrência de mancha visíveis está relacionada a ventos apropriados,

luminosidade, matéria orgânica suficiente na água e à natureza das ondas internas.

A concentração da película superficial depende da inter-relação da altura e do

período da onda interna. A profundidade média da onda interna e sua relação com a

profundidade da água também influenciam o tipo de circulação, e assim têm uma

influência na formação de manchas.

Uma superfície lisa foi algumas vezes observada na canaleta da depressão na

termoclina. Em outras ocasiões uma mancha vagueia para uma posição próximo da

crista de uma onda. Entretando, em 85 dos 105 casos, a mancha estava na

termoclina descendente, em algum lugar entre a crista e a canaleta seguinte (Figura

17). Este relacionamento é creditado para ser o resultado da circulação de água

criado por ondas internas.

A significante movimentação é uma superfície convergente sobre a inclinação de

arrasto das ondas internas. Embora a expansão máxima da camada superficial

estivesse sobre a cava, as manchas foram normalmente encontrados nas zonas de

convergências de superfícies ativas.

3.1.9 Relação com a maré

Muitos observadores, notavelmente Helland-Hansen e Nansen (1909), Defant

(1932), Ufford (1947), LaFond (1949), Rudnick e Cochrane (1951) e Arthur (1954),

notaram que flutuações da temperatura interna as vezes têm um período de maré

aproximado. A relação do período de maré e fase têm, conseqüentemente, sido

comparados com ondas internas e estrutura da temperatura do mar medidas em

várias águas ao redor do mundo (LaFond e Rao, 1954).

Haurwitz (1954) questionou se estas observações se referiam estritamente a

componentes periódicos de observações internas. A menos que uma longa série de

medições seja avaliada, é impossível distinguir variações periódicas de variações

relativamente regulares se existem flutuações irregulares (como sempre há em

observações de movimentos internos).

25

Page 25: Ondas Internas Rascunho Final

Nas bases do critério de Haurwitz existem somente uns poucos lugares no oceano

onde foi possível mostrar com certeza que ondas internas periódicas de maré

existem. O exemplo mais evidente se deve a Reid (1956), que encontrou flutuações

lunares, semi-diurnas de grande amplitude na costa da Califórnia, Estados Unidos.

(Figura 18).

Enquanto não é certo qual a extensão que variações periódicas alcançam, não há

dúvida de que grandes variações de temperatura de uma natureza quase-periódica

perto de freqüências semi-diurnas ocorrem no mar. Abaixo discutimos um exemplo

de oscilações quase semi-diurnas que implicam claramente que forças motriz estão

relacionadas à maré.

Flutuação larga de fases de maré interna e superficial foram estabelecidas por

observações de Lee e LaFond (1960) da torre oceanográfica NEL. A profundidade

de uma isoterma, gravada por sete dias consecutivos, foi plotada com referência na

fase de atraso observada da maré superficial alta (Figura 19).

Esta observação mostrou que o relacionamento pode mudar de fase diariamente,

mas para estudos auto-correlacionados do mesmo dado, uma relação com a maré

foi definitivamente distante.

Figura 18 – Flutuações lunares semi-diurnas de grande amplitude da costa da Califórnia.

26

Page 26: Ondas Internas Rascunho Final

Figura 19 – Relação da profundidade de uma isoterma na termoclina com referência nas fases da maré de Mission Beach a 60 pés de água.

Figura 20 – Autocorrelação da profundidade da (isoterma) termoclina e sua relação com períodos de observação de 7 dias contínuos.

Encontrou-se que uma correlação significante da profundidade da onda ocorreu a

6.4 e 12.8 h, que eram os comprimentos exatos dos períodos de maré semi diurnos

(Figura 20). Isto implica que o espectro da profundidade da onda é agudamente

acentuado na freqüência lunar semi-diurna. O fato de que a fase altera pode indicar

que as ondas são geradas a uma determinada distância da estação observadora e

sofrem várias fases de atraso no percurso entre gerador e receptor.

3.1.10 Relação com bacias e lagos

É provável que ondas internas estacionárias estejam presentes em baías, bacias e

até mesmo em lagos. Tais ondas são, freqüentemente, relacionadas com o tamanho

27

Page 27: Ondas Internas Rascunho Final

e a característica do lago. Em uma baía retangular de duas camadas de

profundidade constante, o período de oscilação de uma onda interna estacionária

livre é (Wedderburn, 1909; Sverdrup, Johnson e Fleming, 1942).

Em que n é o número de nós de ondas estacionária.

Uma investigação conduzida no Golfo da Califórnia (fevereiro e março, 1939) indicou

que a característica ondulada das superfícies isobáricas pode ser devido a presença

de uma onda interna estacionária com o período entre 6,3 e 7,65 dias e

provavelmente mais perto do valor anterior (Sverdrup, 1940). A onda poderia ser de

primeira ordem com referência no eixo vertical (o deslocamento vertical desaparece

somente na superfície e no fundo) e, com três nós dentro do Golfo, poderia ser de

quarta ordem com referência no eixo horizontal.

Como uma onda interna estacionária, a componente horizontal da velocidade

alcança um máximo próximo dos nós, de modo que somente partículas de grande

tamanho na água se estabeleceriam em sua vizinhança. Em contraponto, ante-nós

são caracterizados por correntes horizontais pequenas, que permitiriam que

partículas pequenas se depositassem no fundo. Dos depósitos no Golfo da

Califórnia, Revelle (1939), encontrou que o sedimento variou de maneira regular ao

longo de uma direção norte-sul, correspondendo a uma onda estacionária interna

com três nós. Dos depósitos, Revelle concluiu que uma onda interna estacionária de

quarta ordem não foi um fenômeno isolado, mas pareceu ser uma ocorrência

comum no Golfo da Califórnia.

Munk (1941), teoricamente, examinou o Golfo da Califórnia para determinar se

algum dos períodos de onda interna livre correspondeu ao período de onda interna

observado. Nessa análise a equação (loc.cit.p.41) foi estendida levando em conta a

forma geométrica do Golfo e a variação da densidade. Foi encontrado que houve

28

Page 28: Ondas Internas Rascunho Final

dois períodos, um de sete dias e outro de 14,8 dias. A distribuição de densidade

observada indicou que a onda de primeira ordem (período de 7 dias) foi dominante,

mas que a presença da onda de segunda ordem (período de 14,8 dias) não foi

excluída. O exame teórico de Munk confirmou inteiramente a interpretação das

observações de Sverdrup no Golfo da Califórnia.

Ondas internas têm sido observadas em corpos de água fechados (Mortimer, 1952).

A onda interna foi observada em corpos de água fechado (Mortine, 1952). Na mola o

heating da camada de superfície, misturando pelo vento, e em correntes diferenciais

a termoclina divide as partes superiores e mais inferiores da coluna da água com um

gradiente de temperatura. Sob a influência do vento a camada superior torna-se

distorcida e uma água mais clara acumula na extremidade leeward do lago. Isto

resulta em um afinamento da camada de superfície, e ocorre na extremidade de

barlavento do lago.

O vento ocasiona uma circulação lenta que movimenta a água superficial na mesma

direção do vento e uma corrente de direção oposta na termoclina é formada. O

escoamento oposto está inicialmente na camada superior, mas alguma porção de

água logo abaixo da termoclina também se move na direção do vento. A inclinação

da distorção depende principalmente da força e duração do vento. Um equilíbrio

pode ser estabelecido onde o estresse do vento se balanceia á outras forças.

Caso o vento pare, as correntes irão se reverter, e a termoclina pode retornar para

seu nível anterior ou ser inclinada em outra direção pelo vento em direção oposta,

ajudada pelo momento do escoamento de retorno. Nenhuma das correntes foi

medida diretamente, mas foram inferidas pelas alterações na estrutura térmica e

outras propriedades do lago.

Um estudo foi feito em relação às ondas internas causadas por um vento diurno no

lago Sweetwater5. Os ventos de oeste prevalecentes começam em 1000h e

terminam próximos de 1700h. Os arrastos do ventos criam uma onda interna

estacionária de 20 pés de altura (Figura 21a,b). Uma mudança importante na

5 Próximo a San Diego, Califórnia.

29

Page 29: Ondas Internas Rascunho Final

distribuição de massa torna estudos do balanço de calor difíceis. A alteração no

calor contido na coluna de água vertical é causada mais pela onda interna diurna

que pela radiação diurna do Sol e do céu.

Figura 21 – (a), (b) Oscilação noturna de temperatura e provável correntes em lagos.

30

Page 30: Ondas Internas Rascunho Final

PARTE DOIS

Escrito originalmente por C. S. Cox

4. EQUAÇÕES DIFERENCIAIS

As equações governam o movimento das ondas através de água inicialmente em

repouso em um mar rotacional e têm sido tratadas extensivamente por Love (1891),

Fjeldstad (1933), Groen (1948) e Eckart (1960). Se

(1)

representar o deslocamento vertical das partículas de água de uma condição de

equilíbrio em ondas livres (Figura 22), então, a equação de primeira ordem é

(2)

onde é a densidade não-perturbada,

(3)

Figura 22 – O eixo Z é dirigido para cima. é a amplitude das oscilações internas.

é a freqüência de Väisälä (Capítulo 2, Equação 35), e é a freqüência inercial igual

a duas vezes a velocidade angular da Terra vezes o seno da latitude. As condições

de contorno são

31

Page 31: Ondas Internas Rascunho Final

(4)

na superfície e

(5)

no fundo.

4.1 LIMITANDO FREQÜÊNCIAS

Ondas internas têm amplitude máxima abaixo da superfície; conseqüentemente, a

essa profundidade, deve ter sinal oposto ao . Negligenciando um termo

, que pode ser mostrado como insignificante para água do mar

(Groen, 1948), um se encontra na equação (1) que a relação de para é dada

por . Assim, ondas internas somente podem existir se

ou , onde é o valor máximo de na coluna d’água.

Os valores observados de são da ordem enquanto ,

conseqüentemente a limitação é apropriada para o mar.

Os limites e são, portanto as mais baixas e mais altas freqüências, permitidas

a se progagar pela ondas internas na forma de (1).

4.2 MODOS

Em alguma freqüência dentro destes limites, soluções para (2-5) podem ser

encontradas para uma infinidade de valores discretos de . Com cada valor há

uma função correspondente da amplitude (Fjeldstad, 1933). Estes dão forma aos

modos normais da água. O valor mais baixo de corresponde a uma onda de

superfície; todos os valores mais elevados às ondas internas. O segundo menor

32

Page 32: Ondas Internas Rascunho Final

valor de corresponde a um modo interno que tem um único máximo de amplitude

em alguma profundidade da coluna d’água. O próximo valor elevado de

representa um segunda modo de onda interna. Esta tem dois máximos de amplitude

com um nó no meio, e assim por diante.

5. ESPECTRO

Para uma descrição estatística completa do estado das ondas internas no mar, é

necessário um conhecimento da direção do espectro (compare Capítulo 15, página

571) para cada modo de ondas internas. Um requer uma série temporal de

movimentos internos em muitas profundidades e em muitas posições horizontais no

mar – mais informação do que está disponível no momento. Exceto por alguns

experimentos próximos da costa (descritos abaixo) recentes medidas de duração

suficiente para fornecer estimativas do espectro de flutuações internas têm sido

feitas sem a possibilidade de se encontrar a distribuição das ondas internas em

modos ou direção.

5.1 FLUTUAÇÕES DA TEMPERATURA DE CASTLE HARBOR.

Haurwitz, Stommel e Munk (1959) relatam observações da temperatura de

profundidades de 50 m e 500 m da costa de Castle Harbor, Ilhas Bermuda. Este jogo

notável de observações, indo de dezembro, 1954, a outubro, 1955, não é o mais

longo, aproximadamente séries temporais contínuas de dados da temperatura

interna, mas também é de uma localidade que é bem situada para representar

condições termais distantes dos efeitos das margens continentais.

O espectro das oscilações termais (Figura 23) estendido abaixo da freqüência

inercial (um ciclo por 22,4h na latitude de Bermuda) até 2,5 ciclos por hora (c/h).

Em baixas freqüências, o espectro possivelmente mostra picos pequenos próximos

à freqüência de maré semidiurna e (em 500 m) próximos à freqüência inercial ou de

maré diurna.

33

Page 33: Ondas Internas Rascunho Final

Figura 23 - Espectro e coerências de oscilações de temperatura de Bermuda de acordo com Haurwitz, Stommel e Munk (1959). O painel superior mostra resultados de análises para altas freqüências, o baixo para baixas freqüências. As escalas para o espectro estão ao lado esquerdo para oscilações até 50 m de profundidade e ao lado direito para 500 m. As setas indicam a magnitude dentro da qual 95% das variações estatísticas, devido a comprimentos limitados do registro, devem cair. R2 é o quadrado da coerência entre oscilações da temperatura nas duas profundidades. Linhas horizontais no mesmo gráfico mostram o nível aproximado abaixo do qual 95% das estimativas de R2

irão cair se as oscilações da temperatura não estiverem coerentes. As seis análises foram feitas para temperaturas registradas entre Nov., 1955, e Fev., 1956, como se segue:

A : 1 9 Nov – 28 Nov. A : 2 28 Nov – 18 Dez.

A : 3 18 Dez – 7 Jan.

A : 4 11 Nov – 5 Jan.B : 1 11 Jan – 2 Fev.

B : 2 13 Jan – 31 Jan.

34

Page 34: Ondas Internas Rascunho Final

Com exceção destes picos e de um máximo muito largo do espectro de 500 m

centrado em , o espectro decresce monotonamente, com o aumento da

freqüência. Há também agitações não evitadas devido às variações estatísticas. A

diminuição acima de é mais brusca que . Os autores indicam que este é

consistente com o comportamento a ser esperado por ondas internas. Não devem

existir ondas com freqüências acima do máximo da freqüência de Väisälä (por volta

de ) e poucas ondas com freqüências acima da freqüência local de Väisälä

(Figura 24). Desde que a freqüência local de Väisälä é menor em 50 do que em 500

m, espera-se que o espectro de 50 m elimine mais rapidamente que o espectro de

500 m, como, no fato, é observado.

Figura 24 – A variação de temperatura, salinidade, densidade e freqüência de Väisälä com profundidade de Castle Harbor. O máximo elevado da freqüência de Väisälä está associado com a termoclina sazonal, o mais profundo mas mais fraco máximo com a termoclina permanente. Ns e Nd indicam valores locais da freqüência de Väisälä em um raso e profundo registro, respectivamente.

Em adição ao espectro, a coerência e a mudança de fase entre oscilações em duas

profundidades foram estimadas. O significado destes termos podem ser esboçado

como segue.

Deixe e serem as duas flutuações da temperatura, assumindo,

estatisticamente, estacionaridade e oscilação próximos de zero como valor médio.

As relações cruzadas e auto-correlações são

35

Page 35: Ondas Internas Rascunho Final

A coerência e a mudança da fase são então encontrados a partir de

,

Onde e são o espectro de energia de e respectivamente:

,

E uma expressão similar para . Com essas definições, é a fase principal, na

freqüência de e representam o grau a que um único constituinte de

permanece numa diferente fase constante com respeito ao constituinte similar de .

A coerência perfeita é indicada por , sem coerência por . Os valores

estimados de mostrados na Figura 23 são baseados num registro limitado e,

dessa forma, estão sujeitos a erros estatísticos. Mesmo pequenas seções de

registros completamente não coerentes podem fornecer estimativas de R maior que

zero. O limite de confiança 95% para estimativas de R (quando o valor real é zero) é

mostrado tracejado na figura. As estimativas de estão obviamente sem sentido se

o valor real for zero. Conseqüentemente estimativas de devem ser descartadas a

menos que o valor estimado de R seja maior que o limite de confiança.

Uma característica interessante das oscilações de temperatura registradas é que

parecem não ser estatisticamente de coerência significante entre as oscilações de

50 e 500 m (estimativas de mudança da fase são então completamente

desconfiável). Como uma explicação o autor considera a possibilidade de as

oscilações das termoclinas sazonal e permanente (Figura 24) não estão

proximamente acoplados. Nesse caso, as observações em 50 e 500 m, as quais

estão próximas do topo das termoclinas respectivas, seriam pobremente

correlacionadas. Mas isso poderia apenas acontecer se nenhum modo único de

movimento interno fosse dominante. Por exemplo, se apenas a primeiro modo

estivesse presente, observações em todas as profundidades (ao longo de uma linha

vertical) estariam em fase. Similarmente, se nenhum outro modo único fosse

36

Page 36: Ondas Internas Rascunho Final

dominante, a fase relativa das oscilações estariam fixas. Pouco se conhece sobre a

distribuição de ondas internas por modos. Entretanto, seriam surpreendentes se

nenhum, mas o primeiro modo fosse dominante desde que o modo mais elevadas

envolvendo um cisalhamento mais elevado seria esperado para ser mais facilmente

amortecido que o primeiro. Além disso, as fases de baixa velocidade de modo

elevadas, esperar-se-iam facilmente fazê-los perturbados e destruídos por

condições de propagação irregulares no mar.

Outra causa da coerência reduzida entre pontos de observação horizontalmente

separados será mais bem comentada na próxima seção. Quando ondas internas de

um modo único chegam a partir de uma ampla variedade de direções, a fase

relaciona o ponto de observação tornando-se variável e a coerência reduzida. A

coerência geralmente cai com ambos aumentos do feixe angular, através do qual as

ondas vêm, e separam-se (em comprimentos de onda) entre pontos de observação.

O caso extremo ocorre em um feixe angular de 360º, que é, radiação isotrópica.

Então a coerência é unidade na separação zero e vai até zero a uma separação de

0,38 comprimentos de onda (Figura 27).

A separação horizontal entre termômetros de Castle Harbor era de 1,5 km. Uma

estimativa grosseira da velocidade da fase de enésimos modos de ondas internas é

, onde é a profundidade da água e o valor médio da

freqüência de Väisälä. Valores apropriados são e radianos por hora,

conduzindo a uma velocidade da fase de baixa freqüência de . A

coerência esperar-se-ia ser grande para freqüências abaixo de

. As observações mostram uma

coerência não apreciável mesmo em muitas freqüências baixas. Nós somos

forçados a concluir que há muitos modos interferentes de ondas internas ou que as

flutuações da temperatura não são devido as ondas internas livres.

6 ONDAS INTERNAS E TURBULÊNCIA

Movimentos internos não são, necessariamente, devidos a ondas internas livres,

eles também podem ser acarretados por ondas forçadas ou terem o caráter de um

37

Page 37: Ondas Internas Rascunho Final

movimento menos organizado, como as convecções dos vórtices turbulentos

passadas aos aparelhos de medição.

Certamente, a distinção entre ondas internas e turbulência é algo arbitrário. No caso

de ondas internas, se crescerem muito, elas podem se quebrar e dissipar sua

energia para a formação de um vórtice. Por sua vez, movimentos turbulentos que

envolvem oscilações verticais levam a ocorrência conjuntamente com ondas internas

– particularmente, quando os vórtices turbulentos se tornam muito fracos e não

conseguem girar.

É possível, entretanto, fazer uma distinção prática com base no transporte de

energia: vórtices turbulentos, se devidos a convecção de calor ou a instabilidade de

cisalhamento de correntes oceânicas, transportam energia na forma de energia

cinética de rotação de massas d’água - conseqüentemente, a velocidade em que

essa energia se move, é limitada pela velocidade do escoamento que transporta as

massas d’água. Por outro lado, ondas internas transportam energia em um

velocidades de grupo que é necessariamente diferente, e, geralmente, muito maior,

que as velocidades em quais “viajam” as correntes oceânicas.

Diferentemente dos vórtices turbulentos, pode-se esperar que ondas preservem uma

coerência por uma distância considerável.

6.1 COERÊNCIA DAS FLUTUAÇÕES ISOTÉRMICAS EM LOCALIZAÇÕES

DISTINTAS

Uma distinção entre flutuações devidas a ondas internas e as devidas a causas

menos regulares pode ser feita apenas se as observações forem feitas em mais de

um local no mar. Parece que Ufford (1947) foi o primeiro a fazer observações desse

tipo. Ele estudou ondas internas fazendo repetidos abaixamentos dos

batitermógrafos a partir da proa e da popa de um navio e de três outros navios. Em

todos os casos, envolvendo um total de poucas horas de observação, ele encontrou

flutuações similares, em cada estação, com uma mudança de fase apropriada à

velocidade (phase velocity) das ondas internas.

38

Page 38: Ondas Internas Rascunho Final

Muitas séries mais longas de flutuações isotérmicas-profundidade foram

quantificadas em três posições na torre oceanográfica NEL e nas proximidades com

o uso de traçadores (followers) isotérmicos. Dois dias de dados foram analisados a

partir de métodos estatísticos (Figura 25). Olhando da região de observação, o fundo

marinho está praticamente a 18m de profundidade e, provavelmente,e mais próximo

da costa. Portanto, é esperado que as ondas que eventualmente iniciaram do meio

do oceano sejam, estatisticamente, uniformes nas três estações.

Os espectros batimétricos observados das flutuações de profundidade foram os

mesmos (dentro das flutuações previstas estatisticamente) em cada estação e

apenas as médias dos valores são mostradas na Figura 25. O espectro mostra a

mesma diminuição monótona (monótona porque há um padrão de decrescimento)

com a freqüência - assim como no gráfico de temperatura de Castle Harbor (Figura

24).

Em freqüências acima de 0,4 ciclos por minuto a linha se torna mais plana, o

que, provavelmente, mostra o efeito de um erro de gravação aleatório de

39

Page 39: Ondas Internas Rascunho Final

Figura 25 – Ondas internas observadas em Mission Beach, Califórnia, Estados Unidos, de 5 a 7 de agosto de 1959. Painel superior: freqüência de Väisälä em função da profundidade. Segundo painel: espectro médio dos indicadores de oscilação isotérmica. Terceiro painel: gráfico de coerência (R) com linha horizontal mostrando um índice de confiança igual a 95%. Quarto painel: deslocamento de fase θ. Pequenos pontos: R21 e θ21. Pontos grandes: R32 e θ32. Figura inserida no quarto painel: Plano de observação das posições 1, 2 e 3. Ondas normais possuem ângulos de incidência que respeitam as linhas que conectam as posições i, j.

A freqüência de Väisälä na coluna d’água teve um máximo de próximo da

superfície, diminuindo para próximo do fundo. A análise se estende até

0,5 c/min, mas coerência significativa é detectada apenas em freqüências muito

abaixo do valor médio da freqüência de Väisälä. Sob estas condições, a velocidade

se torna quase independente da freqüência (para freqüências muito abaixo do

período de inércia) e espera-se que o deslocamento de fase entre as estações

esteja linearizado com a freqüência. As observações mostram justamente isso. A

40

Page 40: Ondas Internas Rascunho Final

partir da observação das mudanças de fases, a direção média de aproximação

é facilmente encontrada.

A coerência foi geralmente alta em baixas freqüências e diminuie em altas

freqüências. Há três fatores desse comportamento: (1) Ondas internas nem sempre

vêem da mesma direção; quando as distancias entre as estações de observação

equivalem a muitos comprimentos de ondas (isto é, quando as freqüências são

altas) a diferença de fase entre as estações varia por causa da interferência que

ocorre entre ondas de diferentes direções de aproximação. (2) A velocidade das

ondas internas de uma única freqüência varia de tempo em tempo por causa de

mudanças no modo, mudanças na densidade da água, correntes de marés variáveis

e efeitos das amplitudes finitas de ondas. Novamente, o efeito principal é fazer o

deslocamento de fase a altas freqüências variável e a coerência é reduzida. (3)

Flutuações irregulares devido à turbulência. Deve-se estimar o efeito de cada um

desses três fatores separadamente.

6.2 RELAÇÃO DA COERÊNCIA COM A LARGURA DO FEIXE (BEAM WIDTH)

Suponha que dois deslocamentos verticais ζ1(t) e ζ2(t) causados por ondas internas

de um único meio sejam observados por dois observadores situados em (0,0) e

(x,y). As relações entre as duas auto-correlações, a correlação transversal e o

espectro de energia direcional podem ser calculadas por métodos indicados no

capítulo 15, p. 578, equação 6, desde que as ondas se movam sem refração,

geração ou deterioração.

Fazendo com que represente o espectro de energia direcional (veja o

capítulo 15, p. 571) que dá a energia relativa das ondas como função da freqüência

e da direção de propagação, φ, medida a partir do eixo x. Então encontra-se que a

coerência R e a fase “lead” de ζ2 sobre ζ1 são dadas por:

,

onde é o espectro de energia independente da direção e k

representa o número de onda, suposto como uma função univariada de f. Permissão

para mais de um meio pode ser dada pela substituição dos integrandos por somas

41

Page 41: Ondas Internas Rascunho Final

ao longo dos meios. No presente caso, não é necessário considerar esse

complicador adicional porque, verificando-se as variações de profundidade das

isotermas, vê-se que o primeiro meio das ondas internas é claramente dominante.

Para ilustrar a redução da coerência com a propagação angular do feixe, examina-

se o efeito do feixe em forma de ventilador (fan-shaped beam) (Figura 26):

se ou igual a zero. Pode-se verificar que S(f) é o espectro independente da

direção acima, e que:

Se a radiação é isotrópica , então

Ainda nesse caso extremo (Figura 27), a coerência é grande para . Para

, a coerência oscila com amplitude decrescendo. O extremo oposto ocorre

para um feixe estreito de radiação (pencil beam). Quando , então

onde,

pode ser avaliado em termos das integrais de Fresnel.

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Page 42: Ondas Internas Rascunho Final

Na Figura 27, valores observados são comparados com valores computados que

consideram a redução de coerência associada à largura finita do feixe angular de

ondas. Nos cálculos, foi assumido que a velocidade da onda é ,

independente da freqüência, e que o centro do feixe esta direcionando em um

ângulo , de acordo com o observado na mudança de fase na Figura 25.

Assume-se que a largura do feixe é independente da freqüência.

Figura 26 – Ondas dentro de um feixe em forma de ventilador de meio ângulo sobre as posições de observação em 0,0 e , .

Figura 27 – Coerências , e da Figura 25 comparadas com valores calculados para ondas propagadas em um feixe em forma de ventilador com meio ângulo como indicado. Quando o meio ângulo é , a radiação é isotrópica. As coerências observadas são todas menores em freqüências entre 0 e 0,05 c/min do que em consistência com outros valores de largura de feixe.

Por comparação da coerência observada entre os pontos 2 e 3 para freqüências

entre 0,05 e 2 c/min, é indicado um limite superior para a largura do feixe de

radianos. Usando esse valor para , a coerência calculada entre os pontos 1 e 2

certamente “scarcely” diminui com a freqüência, enquanto que as observações

mostram uma diminuição para um nível de ruído em .

Conseqüentemente, outros processos alem da largura finita do feixe são requeridos

para diminuir .

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Page 43: Ondas Internas Rascunho Final

6.3 REDUÇÃO DA COERENCIA PELA VELOCIDADE FASE VARÍAVEL

A velocidade das ondas internas varia se o gradiente de densidade muda, se as

ondas são carregadas em correntes variáveis ou se a inclinação da onda é larga e

variável.

Se c é a velocidade de fase média e é a variação dessa em relação à média,

então, a diferença de mudança de fase entre pontos separados por L, devido a

mudanças de velocidade de fase, é menor ou igual a

A velocidade de fase observada a baixas freqüências foi 22 cm/s. Pode-se estimar

que a partir de todas as causas. Conseqüentemente, para

. A coerência entre os pontos de observação 2 e 3 separados por 153

m não seria, conseqüentemente, muito afetada para freqüências bem abaixo de 0,1

c/min.

6.4 REDUÇÃO DA COERÊNCIA PELA TURBULÊNCIA

Se movimentos turbulentos são superpostos em ondas internas, eles podem diminuir

a coerência em qualquer freqüência. Se o espectro devido à turbulência e ondas

são, respectivamente, e , então pode-se, rapidamente, mostrar que a coerência

é diminuída na relação

se, como parece razoável supor, não haver correlação na turbulência nos dois

pontos de observação. Já que não há limitação da freqüência nessa relação, a

coerência reduzida em baixas freqüências pode ser devida a essa causa. As

observações dão para . A partir desse valor, estima-se

.

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Page 44: Ondas Internas Rascunho Final

6.5 RESUMO

A redução de altas freqüências da coerência das profundidades isotérmicas

observadas nas estações 2 e 3 poderia ser parcialmente devidas à chegada de

ondas internas de direções variadas. O meio ângulo do feixe de direções não pode,

entretanto, ser maior que 0,4 radianos. A coerência observada entre outros pares de

estações cai mais rapidamente com a freqüência do que tal feixe de direções

permitiria. Mudanças na velocidade em poucos cm/s por causas variadas são

completamente capazes de causar diminuições adicionais na coerência.

Em freqüências abaixo de 0,05 c/min, nem propriedades direcionais nem mudanças

na velocidade das ondas internas podem interferir nas coerências observadas. Por

eliminação, conclui-se que movimentos irregulares, talvez associados a turbulência,

são os responsáveis. Parte do movimento irregular pode receber contribuições de

ruído instrumental nos traçadores isotérmicos, mas a contribuição desse ruído

parece ser cem vezes menor que os espectros de densidade observados a baixas

freqüências. Enquanto que a coerência observada indica que flutuações non-

wavelike têm intensidade de espectros um terço tão largo como as das ondas

internas.

A demonstração de que flutuações de isotermas são incoerentes dentro de um,

comparativamente, pequeno numero de comprimentos de onda e que a coerência,

mesmo em uma pequena fração de comprimentos de onda, tem unidade bem baixa,

enfatiza a importância de se fazer uma distinção clara entre ondas internas e outros

movimentos menos coerentes. A origem e a natureza desses últimos são obscuras.

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Page 45: Ondas Internas Rascunho Final

7. REFERÊNCIAS DO TEXTO

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