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Onde está o Infinito-pessoal - Caio Fábio

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  • 1 Onde est o Infinito-pessoal? Caio Fbio DArajo Filho

    Caio Fbio DArajo

    Filho

    Onde est o Infinito-

    pessoal?

  • 2 Onde est o Infinito-pessoal? Caio Fbio DArajo Filho

    Onde est o Infinito - pessoal?

    Caio Fbio DArajo Filho

    Digitalizado por:

    Herisson Barbosa Pereira

    em:

    05/03/2013

  • 3 Onde est o Infinito-pessoal? Caio Fbio DArajo Filho

    Captulo I A Pergunta de Muitos

    Quem Deus? Como conhec-LO? Onde ach-LO? Como obedec-LO? So perguntas que normalmente nos fazem e que so peculiares existncia de todos os homens. Estejam onde estiverem, perguntam as mesmas coisas. Seja na tribo mais longnqua, na comunidade mais primeva, na Antrtida mais gelada, no Tibet mais pobre, na cidade mais neurotizante e massificada, a pergunta, no entanto, a mesma.

    Fazem-na uns enquanto pesquisam nos laboratrios mais sofisticados do mundo cientfico. Outros, depois de um exaustivo dia de trabalho numa cidade mecanizada e alienadora; outros, no oriente religioso, e outros, ainda, conscientemente deixam de faz-la, mas seus gritos frenticos de desespero, na busca incessante de encontrar razes para a existncia, revelam tal inquirio em meio profunda inquietao espiritual que essa pergunta causa enquanto no lhes vem a resposta. Pensamentos Indefinidos

    As estatsticas revelam que 96% dos cidados americanos crem na existncia de Deus. Mas para uma grande parte deles, Deus um ser distante, alienado por vontade prpria, perdido num universo sem paredes e totalmente incognoscvel para o homem. No de admirar que tais pessoas lutem entre o pessoal e o impessoal, entre o "Deus-Ser" e o "Deus-Energia".

    H aqueles cujas questes ainda no tiveram nenhuma linha escrita nas pginas das respostas para a razo devida para se, e se encontram perdidos num ponto finito do Universo. Olham ao redor e no encontram nada de uma existncia infinita, pessoal e absoluta e, por nada encontrarem de infinito em redor do finito, perdem-se na total destituio do significado existencial.

    Plato lutou com este conflito existencial at que compreendeu o que mais tarde Jean-Paul Sartre viria a anunciar em nossa perturbada gerao do sculo XX: "Um ponto finito no tem significado algum, a menos que haja um ponto infinito como referncia." Diante de tal assertiva, temos que ser co-beligerantes ao lado de Sartre para admitir que isto verdade. Se o homem, a matria e tudo quanto particular e finito na existncia no tiverem ao redor de si o universal e infinito-pessoal, perdem total significado e razo.

  • 4 Onde est o Infinito-pessoal? Caio Fbio DArajo Filho

    A Teosofia no Responde

    No obstante a nossa cultura cientfica, tecnolgica e materialista aqui no Ocidente, h o oriente religioso, pobre, mrbido e lnguido nos seus anseios materiais. No entanto, a nfase por eles dada ao abstrato, paradoxalmente, como se fosse o que h de mais real na existncia, no os tem aproximado da satisfao espiritual e, ao contrrio, lhes tem impingido uma cultura existencial dependente de seres espirituais mitolgicos, dotados de poderes que so exercidos despoticamente no controle das vidas dos homens.

    Na ndia religiosa e sedenta de coisas espirituais, reina, de modo absoluto, um pantesmo que se impregnou em todas as reas da concepo religiosa do hindu. Tal conceito da existncia declara: "Tudo Deus e Deus tudo." Este conceito no torna elucidativa a natureza de Deus, porque neste sistema Deus uma Unidade Energtica destituda de virtudes e sentimentos. No pantesmo, as coisas particulares da existncia no tm significado, mas to-somente o possui a Unidade Energtica.

    Sendo assim, o homem, como ser particular, no tem sentido em suas aspiraes particulares de encontrar paz, significado e satisfao para a vida, visto que ele apenas uma engrenagem no sistema e o sistema Deus, e Deus, no sistema, vai do homem erva. Em tal raciocnio, o homem igual a erva, e Deus, que o homem e a erva, passa a ser "nada" para a existncia particular. A Poltica Existencial no Responde

    Considere-se agora outro sistema totalmente oposto ao que h pouco foi abordado. Digo totalmente oposto referindo-me muito mais rea de sua existncia no contexto mundial do que propriamente aos efeitos oriundos de sua prtica, porque tanto ele como o pantesmo trazem influncias semelhantes no que tange pouca importncia dada ao pessoal, individual e particular na existncia e total ateno dada unidade, ao coletivo e impessoal. Refiro-me ao comunismo.

    Nesse sistema, o homem no tem valor individual, mas apenas como membro de uma sociedade. E para que revele valores reais na sociedade, necessrio que ele entenda que a vida na rea do ser humano s tem significado poltico-existencial e que fora da mquina poltica o homem no tem qualquer valor transcendental, pois apenas um animal social, sem qualquer elemento imaterial na sua existncia e personalidade. No havendo respeito pela dignidade

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    particular do homem, pelos seus anseios, por sua paz interior nem pela satisfao existencial e valorizao do individual, mata-se, elimina-se e debulha-se o prprio homem, em nome da seleo dos mais aptos para a existncia coletiva.

    Como consequncia dessa ideologia, Deus, como ser pessoal, colocado fora da existncia do cosmo, para que a ideologia do impessoal, aliada ao estatal, possa sobreviver no corao dos homens, num autntico suicdio da razo, da poesia e da pessoalidade.

    Levanto, no entanto, uma questo: Qual o homem que j encontrou significado para a existncia num cosmo sem um ponto infinito como referncia para o finito? Marx, Frustrado na Base do Ser

    Vejamos se, na prtica, a teoria poltica de Karl Marx funcionou, trazendo-lhe satisfao interior. Meditemos em seu poema "Invocao de um Desesperado":

    Um deus roubou-me "o meu todo" nas maldies e nos golpes da sorte. Todos os seus mundos se desvaneceram sem esperana de retorno, e a mim nada mais resta que a vingana. Eu quero construir um trono nas alturas, o seu cume ser glacial e gigantesco, ter por muralhas o terror e a superstio, por comandante a mais sombria dor, algum que se volte para este trono com um olhar so, desvi-lo-, plido e mudo como a morte, cado nas garras de uma mortalidade cega e arrepiante. Possa a sua felicidade cavar o seu tmulo. (Karl Marx, Obras escolhidas, vol. I, N. York International Publishers, 1974.)

    Leiamos o final do seu poema intitulado "Oulanem":

    Se existe qualquer coisa capaz de destruir, eu entregar-me-ei de alma e corao. Livre para levar o mundo runa. Sim, este mundo que se interpe entre mim e o abismo, eu despeda-lo-ei em mil bocados,

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    fora de maldies, eu apertarei nos meus braos a realidade brutal, nos meus abraos ele morrer sem uma palavra e afundar-se- no nada. Liquidado, sem existncia: sim, a vida passar a ser exatamente isso. (Do livro de Robert Payne, Karl Marx Desconhecido, New University Press, 1971.) Estas poesias revelam o total desnimo em relao vida e o

    bem arraigado ideal de suicdio racial de Marx. Marx e a Dessensibilizao Filial

    Bom seria se houvesse tempo para um melhor estudo da personalidade de Marx e mesmo isso foge ao escopo da presente discusso. No obstante, cremos que as ideologias marxistas impingiram mente e vida de seu fundador uma cauterizao sentimental.

    Vejamos a prova disso: Marx zangou-se com sua me e, em dezembro de 1863, escreveu a Engels: "H duas horas recebi um telegrama que me anunciava a morte de minha me. Foi necessrio que o destino levasse mais um membro de minha famlia. Eu prprio j tenho os ps na cova, mas, nas circunstncias atuais, a minha sade bem mais til do que a daquela mulher velha. Certamente irei a Treveros por causa da herana". Sendo um homem culto, foram apenas estes os recursos que teve para falar acerca da morte de sua velha e certamente alquebrada e sofrida me!

    inquestionvel que o sistema comunista aniquila o sentimental, o pessoal e particular na existncia, como consequncia do afastamento de Deus e como debilitado fruto da converso mensagem atestica! Marx e a Dessensibilizao Familiar

    Vejamos a ideologia de Marx posta prova no seu relacionamento familiar, onde jamais se encontrou a presena de Deus ou, melhor dizendo, o temor e o respeito pelo Criador!

    Arnold Kunzli, no seu livro Karl Marx, A psychogram (Europa, Verlag, Zurich, 1966), narrando-nos a vida de Marx, informa-nos que ele levou ao suicdio duas de suas prprias filhas e um genro. Sob sua responsabilidade, trs crianas morreram por m nutrio.

  • 7 Onde est o Infinito-pessoal? Caio Fbio DArajo Filho

    Sua filha Laura, casada com o socialista Lafargue, teve tambm de enterrar trs de seus filhos e em seguida suicidou-se juntamente com o marido. Outra de suas filhas, Eleonor, decidiu com o marido fazer o mesmo; ela morreu, mas ele, no ltimo minuto, desistiu de seu tresloucado intento.

    No dia 25 de maio de 1883, Marx escreveu a Engels: "Oh! Como a vida v e vazia e, simultaneamente to apetecvel!". Percebe-se nestas palavras a total ausncia de significado para a vida e um frentico desespero de busca de razes existenciais! A Unio de Dois Sistemas Frustrantes

    Falamos na presente discusso sobre o pantesmo, com seu sistema teosfico, e tambm em comunismo, citando a incongruncia do proposto com o vivido na prtica por Marx. A relao entre o marxismo e o teosofismo no acidental. A teosofia fez alastrar no Ocidente a doutrina hindu da inexistncia da alma individual. O comunismo, por outro lado, despersonaliza os homens para transform-los em "robs", escravos do deus impessoal chamado de "o Estado".

    No entanto, em ambos os sistemas observa-se uma total ausncia de satisfao espiritual, sendo absolutamente certo afirmar-se que o homem necessita conhecer um Deus pessoal e infinito capaz de satisfazer-lhe o corao, este um universo de anseios, de anelos variados e de sonhos de felicidade. Os Anos No Responderam

    A histria, a religio e o racionalismo no tm podido aproximar o homem de Deus e, consequentemente, no foram e nem sero suficientes para trazer-lhe realizao interior. Ser que, por ironia do destino, sendo o homem um ser ansioso por Deus, tem que viver sempre sem Deus no mundo? Ser que Deus um omisso? Ou ser que na vida h uma espcie de dicotomia, onde s encontram Deus aqueles que do um salto cego de f ou aqueles que encontraram a morte?

    Estas perguntas j comeam a alicerar-se em muitas mentes no sculo XX. O pior que com estas indagaes vm tambm o conformismo e o descanso, culminando na morte do desejo de perseguir a verdade. Com a transferncia dos ideais sublimes do corao humano para a responsabilidade de Deus ou para o dualismo vida-morte, o homem torna-se um bambu seco, vazio por

  • 8 Onde est o Infinito-pessoal? Caio Fbio DArajo Filho

    dentro e, alquebrado pelo repetido impacto das desiluses, tantas vezes no tem maiores ideais seno o materialismo e a bomia.

    lcito que tomemos conhecimento de to grande catstrofe no interior dos homens sem que esbocemos qualquer reao no sentido de ajud-los? Ou ser que as solues que temos j caducaram e se tornaram obsoletas para a exigente gerao do sculo XX, que no se satisfaz mais com os antigos conceitos que motivaram a existncia de centenas de geraes? Penso que, se permanecermos calados, seremos acusados de desumana, cruel e fria omisso. O Homem No Mudou

    Estou convencido do fato de que o homem no mudou nos seus anseios interiores. Mudaram os rtulos, as palavras, as roupas, o ambiente e os costumes aparentes, mas os anseios bsicos continuam os mesmos. H trs mil anos atrs exclamava o homem: "Como suspira a cora pelas correntes das guas, assim por ti, Deus, suspira a minha alma." A forma potica mudou, o ambiente comum da vida do homem tambm, mas o anseio continua sendo o mesmo. Trata-se apenas de uma nova forma de poesia e no de uma mutao de valores humanos, dado que no mudamos interiormente.

    Ouamos Solzenitsyn, no sculo da bomba, exclamar: "No corao de cada homem russo h um vazio do tamanho de Deus." Consideramos ser desnecessrio estabelecer um paralelo entre o homem do passado e o homem do sculo XX, ainda porque no nos sobra tempo nem espao na presente discusso. Todavia, apelamos para a simplicidade dos que nos lem, no sentido de que recebam essa premissa da imutabilidade dos anseios bsicos do corao humano como algo estabelecido e comprovado, para que, sobre esse alicerce, ergamos o edifcio da faculdade do conhecimento de Deus! Deus Sempre Falou Para Quem Quis Ouvir

    H um livro cujos relatos nos do notcia da comunho que o homem, nas mais diferentes fases da histria, manteve com o seu Criador. Trata-se do livro mundialmente chamado "A Bblia". assim intitulado por ser a reunio de vrios livros harmnicos proclamando a sabedoria de Deus, os seus decretos, os seus juzos e os seus propsitos para com o homem.

    Na Bblia, encontramos algumas matrias bsicas para a faculdade do conhecimento de Deus. So quatro canais da revelao

  • 9 Onde est o Infinito-pessoal? Caio Fbio DArajo Filho

    divina: dois naturais e comuns percepo de qualquer homem; dois especiais, ligados investigao pessoal de cada homem. Bom , ento, que nos despertemos para o conhecimento de Deus, visto que este o fato mais importante na existncia do homem. Voc precisa desta contundente resposta para corresponder exigncia do seu esprito insatisfeito!

  • 10 Onde est o Infinito-pessoal? Caio Fbio DArajo Filho

    Captulo II A Natureza Demonstra Que Ele Est A A Bblia ensina, no Salmo 19:1, que:

    "Os Cus proclamam a glria de Deus e o firmamento anuncia a obra de suas mos. Um dia discursa a outro dia e uma noite revela conhecimento a outra noite. No h linguagem nem h palavras e deles no se ouve nenhum som, no entanto, por toda terra se faz ouvir a sua voz e as suas palavras at aos confins do mundo."

    A natureza tem consigo uma mensagem do Deus Criador,

    Eterno e Sublime. Paulo, apstolo do cristianismo primitivo, declara em Romanos 1:20:

    "Porque os atributos invisveis de Deus, assim como o seu eterno poder e tambm a sua prpria divindade, claramente se reconhecem desde o princpio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas". Dando prosseguimento declarao feita acima, Paulo diz que

    os homens, conquanto tivessem conhecimento de Deus, no o glorificavam como Deus, sendo por isso indesculpveis diante de Deus. A Monumental Demonstrao

    A natureza, na sua grandiosidade, traz consigo uma mensagem do Deus Infinito e Criador, Todo-Poderoso. Contemplar nos nossos dias um cu maior do que aquele que contemplaram os nossos antepassados, em razo dos amplos conhecimentos cientficos que hoje possumos, de modo especial no campo da fsica e da astronomia, bem como atravs da tecnologia de um modo geral, e no ter nenhum vislumbre da glria do Criador Infinito estar, no dizer de Paulo, louco e alienado.

    Saber hoje em dia que um raio luminoso no espao, velocidade de 300 mil quilmetros por segundo, percorre, no perodo de um ano, cerca de 9.467.480.000.000 km assustador. Mas saber tambm que o homem to pequeno dotado de possibilidades que o levam a perscrutar e a descobrir estas coisas,

  • 11 Onde est o Infinito-pessoal? Caio Fbio DArajo Filho

    encantador! Sim, deslumbra-nos saber que o sol tem um dimetro de 1.390.600km, aproximadamente cem vezes maior que o da Terra, com 12.757km, o que significa dizer que, se o sol fosse oco, caberiam dentro dele um milho de planetas Terra! H ainda outra estrela na nossa galxia, a Antares, cujo dimetro de 241.350.000km.

    Vemos, portanto, que dentro dessa estrela cabe todo o sistema solar, abrangendo desde o sol at a rbita do planeta Marte. Diante de to grande manifestao de grandeza no espao fsico, e sabendo ns que a matria no filha do "nada-nada", destituda de partculas invisveis, simplificamos a questo, para que no nos adentremos num campo onde a metafsica crist tem sido incontestvel, afirmando to-somente que este to grande espao fsico traz consigo uma mensagem estupenda do Criador Infinito, soberano na sua criao, no sendo o Universo a extenso da essncia divina, mas sendo o Criador independente de sua criao e Infinito em sua imaterialidade. A Artstica Demonstrao

    A beleza, a poesia e as cores da natureza tambm nos trazem uma mensagem do Criador. Contemplar os prodgios da beleza no mundo e no reconhecer a realidade de Deus estar cego e enclausurado no ostracismo incompatvel com a beleza de uma vida plena e abundante!

    A variedade e a harmonia, bem como as cores agressivas ou suaves da natureza, concitam o esprito do homem a louvar e reverenciar o Criador. Nosso Amazonas um colosso repleto de variedade natural, possuindo a fauna e a flora mais diversificadas de todo o planeta. Mas no s no Amazonas, como em todas regies e pases do mundo, h lugares que so verdadeiros testemunhos da Criao. Um Paraso que no curso dos anos foi sendo destrudo, poludo e arrasado pelo homem!

    Visitar o Oriente, com sua topografia acidentada, com seus ciprestes, pinheiros e olivais, traz fascnio ao esprito. Ver as grutas misteriosamente iluminadas das ilhas mediterrneas no litoral italiano encantador para os olhos. Pasmar diante dos Alpes e dos outeiros constantemente cobertos de neves e contrastar tal majestade com os campos verdes e vales bem regados que os circundam normalmente como ver suntuosos prncipes tendo a seus ps imensos tapetes verdes, cuja harmonia com a abbada azul do castelo revela o exuberante gosto do grande artista que os trabalhou.

  • 12 Onde est o Infinito-pessoal? Caio Fbio DArajo Filho

    A Rigorosa Demonstrao

    A exatido da natureza tambm traz uma mensagem do seu Criador. As leis da fecundao, tanto no reino animal como no vegetal, revelam-nos a mais alta forma de equilbrio e coletivismo dirigidos. As rigorosas leis que regulam o desenvolvimento embrionrio e ps-embrionrio das criaturas so simplesmente assombrosas e inexplicavelmente organizadas.

    A pontualidade cronomtrica dos movimentos de todos os astros conhecidos nos diz de um universo ordenado e dirigido por leis estabelecidas de modo inteligente e sbio. E onde h leis, pressupe-se a existncia de um legislador que no pode ser menor do que as leis por ele institudas.

    Eminente cientista, conhecido no campo da pesquisa estatstica, revelou que poderia provar estatisticamente a existncia de Deus, ainda que restringindo a pesquisa apenas ao espao do corpo humano! Cuidado com a Alienao

    Sem dvida alguma a natureza traz consigo uma mensagem do seu Criador, e alienar-se de tal revelao natural , no dizer do apstolo Paulo, estar indesculpvel diante de Deus.

    Pobre do homem que rompe relaes com Deus, ainda que tais relaes sejam as expressas na reverncia que lhe devemos em razo do seu poder manifesto nas coisas criadas. Olhemos, por exemplo, para Darwin, que reconheceu vrias vezes em seus escritos que duas coisas se iam apagando em sua mente medida que envelhecia: a primeira delas era sua alegria e satisfao pelas artes e a segunda, sua alegria pela natureza. Isto deveras desconcertante! Darwin emitira a teoria de que a natureza, incluindo o homem, est baseada apenas no impessoal mais o tempo e a casualidade. E, no final de sua vida, reconhece que isto tivera nele uma repercusso negativa.

    A dificuldade em explicar a natureza e o homem atravs do tempo vezes o acaso foi o que levou Darwin a declarar em sua autobiografia e em cartas publicadas por seu filho o seguinte: "Com a minha mente no posso crer que essas coisas venham ao acaso." J velho, disse isso muitas vezes! Em duas ocasies, acrescentou esta estranha nota: "Em meu intelecto, sei que isto no pode ser verdade, mas meu intelecto como o de um macaco, e quem pode confiar em semelhante intelecto?"

  • 13 Onde est o Infinito-pessoal? Caio Fbio DArajo Filho

    Isto levanta um grande problema. Com esse raciocnio, como poderamos aceitar quaisquer concluses da mente humana, inclusive a prpria teoria de Darwin?

    Permitam-me, dentro deste contexto, inserir a narrativa de Francis Schaeffer, escritor suo, analisando a atual teoria do tempo vezes o acaso:

    "A ironia de tal situao representada por um evento acontecido a John Cage, compositor moderno que escreve msica atravs da teoria do acaso e seleo ao acaso. Certa vez Leonardo Bernstein ps sua disposio a Orquestra Filarmnica de Nova York. Cage dirigiu sua prpria msica ao acaso e quando terminou e comeou a se curvar em agradecimento, pensou ter ouvido vapor escapando do aquecedor. Ento percebeu que eram os msicos que o estavam vaiando. Como expressa John Cage, esta foi uma traumtica experincia. Mas tenho pensado com frequncia no que gostaria de ter dito aos msicos naquela noite. Tenho certeza de que se algum convivesse uma hora com aqueles msicos teria chegado concluso de que a maioria deles, filosoficamente, acreditava exatamente no que John Cage cria - que o universo comea com o impessoal somado ao tempo e ao acaso. Por que estavam vaiando, ento? Porque no gostaram dos resultados do seu prprio ensinamento quando o ouviram na base em que eram sensveis; estavam vaiando a si prprios." Vejamos a razo de tal concepo absurda narrada

    honestamente por um dos seus pais filosficos. Aldous Huxley confessa sua parcialidade, numa sincera declarao de seus motivos ateus, em um dos seus livros (Fins e meios, pg. 270), onde escreve:

    "Eu tinha motivos para desejar que o mundo no tivesse finalidade; consequentemente, assumi que ele no a tivesse e fui capaz, sem muitas dificuldades, de encontrar razes satisfatrias para essa suposio. O filsofo que no encontra nenhum significado no mundo no est preocupado exclusivamente com um problema de mera metafsica, mas sim em provar que no h razo vlida para que ele no possa fazer aquilo que bem entender fazer; ou para que seus amigos no possam se apoderar do poder poltico e governar da maneira que acharem mais vantajosa para si mesmos (...) Quanto minha prpria pessoa, a filosofia de no haver significado no universo foi essencialmente um instrumento de libertao sexual e poltica."

  • 14 Onde est o Infinito-pessoal? Caio Fbio DArajo Filho

    No comum encontrarmos to honestas confisses de

    alienamento deliberado. De fato, h uma total incompatibilidade entre a teoria do tempo vezes o acaso em relao a tanta grandeza, beleza, poesia e ordem existentes no universo. Depois disso, h o fato que mais sufoca tal conceito destitudo de sensibilidade: a dignidade do homem e a sua sensibilidade para tudo o que belo e potico, sendo isso consequncia de ter sido feito imagem e semelhana de Deus, que um ser pessoal e infinito.

    inalienvel o fato de que a natureza prega uma vigorosa mensagem a respeito de Deus. Como indivduos, membros de uma sociedade que a passos gigantescos torna-se tecnolgica em quase todas as suas reas, no devemos nos robotizar em programaes fechadas no sistema homem-mquina. Olhemos ao redor e nos lamentemos, mas no com as lamentaes dos omissos, e sim com o propsito daqueles que agem na direo da preservao da natureza.

    Saibamos, no entanto, o seguinte: no programa do amor divino, a natureza no traz a mensagem da plena identificao do homem com Deus, mas sim a pregao da existncia real do Criador, que pode, em sendo conhecido pessoalmente, satisfazer totalmente s necessidades bsicas do esprito perscrutador da criatura humana.

    Volvamos os nossos olhos para outro canal da revelao comum da existncia do Criador, conforme linhas adiante.

  • 15 Onde est o Infinito-pessoal? Caio Fbio DArajo Filho

    Captulo III A Conscincia Fala que Ele Est A

    Em Provrbios 20:27, lemos: "O esprito do homem a lmpada do Senhor, o qual sonda todo o mais ntimo do corpo". Notamos na histria do homem a valentia de muitos, que em razo de normas interiores no se dobravam diante dos mais drsticos e ignominiosos castigos ou dos mais sedutores apelos da sensualidade e da corrupo moral. Na vida de milhares de homens e mulheres, a conscincia de nobres atitudes relacionadas com conceitos interiores mais profundos tem sido, no curso de milnios, coisa das mais importantes a se observar.

    A Bblia chama tal necessidade de coordenao de valores e manifestao de CONSCINCIA. Em J 27:6, lemos: " minha justia me apagarei e no a largarei; no me reprova minha conscincia por qualquer dia da minha vida". A Bblia ensina que a conscincia dita ao interior dos homens as normas bsicas de conduta universal. Na investigao bblica, h vrias funes da conscincia em relao conduta humana. Ela pode reprovar, acusar, arguir, golpear, testemunhar e imprimir deveres ao interior dos homens.

    H, no entanto, na apreciao bblica, a possibilidade de enfraquecimento e at mesmo de cauterizao para a conscincia, vindo assim a cessao completa de sua voz ou dos seus juzos. Da observao da conduta humana, depreende-se o fato do imperativo de suas leis interiores, ficando patente, em tal observao, que as normas interiores dos seres humanos no devem ser ditadas por sua prpria vontade ou condicionamento, e sim pelo mais soberano desgnio da existncia: a vontade de Deus.

    Em sua Crtica da Razo Pura, Emanuel Kant dizia que apenas duas coisas lhe causavam assombro - os cus estrelados e a conscincia de um homem. Nos seus diversos graus de sensibilidade, a conscincia d testemunho de Deus ,e sua existncia dentro de ns constitui um manancial de guas vivas, formulando a inarredvel prova do reflexo divino na alma e na existncia humana. Sem conscincia, seramos como navios sem bssolas e sem estrelas para orientao, como ovelhas que em momento algum ouvem a voz do pastor ou como msseis desprovidos de sistema orientador.

  • 16 Onde est o Infinito-pessoal? Caio Fbio DArajo Filho

    O Rigor da Conscincia Fala

    As piores prises e flagelos que um homem pode sofrer so aqueles que a conscincia ferida lhe impe. No h priso to fria e suja que possa ser comparada com a acusao promovida pela conscincia ferida de um homem honesto, que, momentaneamente, se desviou da coerncia e da integridade. J houve quem dissesse: "No sei o que a conscincia de um homem desonesto. Desonesto no o sou, mas a conscincia de um homem honesto horrvel!" Violent-la violentar-se a si prprio; aniquil-la destruir-se por dentro; cal-la reconhecer que o silncio deprime: cauteriz-la decretar o futuro estado animalesco da prpria existncia!

    As normas da conscincia so pronunciadas ao rei que governa sem piedade e ao mendigo que rouba por estar com fome, pois a prpria conscincia no se acovarda diante de um nem conivente diante do outro.

    A conscincia pode ser amiga fiel ou inimiga implacvel, dependendo da coerncia que houver entre a sua voz e as atitudes humanas. Se a deixarmos falar, ela como um sbio que no decorrer nos anos desdenha da insensatez e aplaude a verdade. guia no labirinto dos enganos. fio de prumo mostrando as edificaes tortuosas que edificamos. juiz pronunciando sentenas s revogveis mediante sincero arrependimento do ru. Onde houver a coerncia entre as suas normas e a conduta humana ela estar sossegada, mas ao menor gesto no sentido de rebelio interior, levanta-se ela qual guerreiro defensor da verdade, brandindo sua espada no ar, no se importando com a posio social ou intelectual do rebelado, porm com a disciplina que ele merece. Quando a Conscincia Morre

    Encontramos na Bblia referncias cauterizao interior, sendo ela consequncia do desrespeito perpetuado contra a voz reprovadora da conscincia. Um homem sem conscincia ativa mais perigoso que qualquer besta fera. Cabe a advertncia no sentido de que ningum despreze a voz que se faz ouvir no seu interior, quer seja de aprovao ou reprovao dos atos atuais ou dos pensamentos elaborados para a prtica futura.

    A recalcitrncia no estado de erro declarado e reconhecido perigosssima, pois capaz de, no decorrer do tempo, fazer calar no jazigo da inconscincia a voz orientadora do desgnio divino em nossos coraes.

  • 17 Onde est o Infinito-pessoal? Caio Fbio DArajo Filho

    Guarde-se no recndito mais interior da morada da obedincia a voz educadora da conscincia. Com ela vm normas bsicas da vontade divina e feliz o homem que as pode atender. No desprezar Deus esse esforo movido pelo temor e pela obedincia. Conquanto saibamos que a conscincia tem consigo normas da vontade divina, temos mais uma vez que admitir que ela no torna satisfatoriamente elucidada a natureza de Deus, pelo fato de que a nossa percepo da vontade divina no tem possibilidade de se aguar, a ponto de entender e conhecer o divino, sem a revelao vinda do Alto para os coraes humanos.

    Foi por isso que no incio deste opsculo falamos de dois canais comuns percepo de todos os homens e de dois dependentes da averiguao particular de cada homem, pois so revelaes verbalizadas, proposicionais e pessoais de Deus ao homem. Conheamos ento as revelaes particulares de Deus, iniciando com sua manifestao proposicional e escrita.

  • 18 Onde est o Infinito-pessoal? Caio Fbio DArajo Filho

    Captulo IV As Escrituras Atestam que Ele Est A

    Deus se revelou nas Escrituras. Ele tem dois manuais: um comum existncia de todos os homens e manifesta-se de modo natural, sintetizado na natureza e na conscincia e tambm chamado de revelao natural; outro, o manual da revelao.

    No manual da revelao Deus se manifestou verbalmente, e essa palavra pronunciada sobreviveu a todos os ataques e golpes da pena humana. Resistiu aos assaltos dos cticos, agnsticos e ateus, e jamais se curvou diante das descobertas cientficas. Continua suprema na sua forma e na sua essncia, e quanto mais numerosas so as descobertas arqueolgicas ou cientficas, mais se apresenta comprovadamente idnea.

    Perseverantemente os autores da Bblia declaram que Deus lhes falou. Duas mil vezes no Antigo Testamento encontra-se Deus falando aos antigos e sinceros profetas de Israel. No Pentateuco, que so os cinco primeiros livros, encontramos frases como estas:

    "O senhor Deus chamou Ado e disse:" "O Senhor disse a No". "Deus falou a Israel." "Disse Deus." "O Senhor falou dizendo." "O Senhor ordenou." "A palavra do Senhor." "Ouvi a palavra do Senhor." "Assim diz o Senhor." "A palavra do Senhor veio a mim." "Pus minhas palavras em tua boca." A coerncia das afirmativas desses homens, bem como o

    cumprimento exato de suas profecias, afasta por completo a acusao de que eles eram mentirosos ou loucos em delrios e alucinaes. Em II Timteo 3:16, encontramos a seguinte declarao:

    "Toda Escritura inspirada por Deus e til para o ensino, para a repreenso, para a correo, para a educao na justia, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra".

  • 19 Onde est o Infinito-pessoal? Caio Fbio DArajo Filho

    Esta foi a repercusso das Escrituras no interior do apstolo Paulo, homem culto e bem dotado mentalmente. Vejamos agora o que Pedro, homem simples e sem instruo acadmica, pescador convertido ao Evangelho, nos declara sobre o assunto:

    "Sabendo, primeiramente, isto, que nenhuma profecia da Escritura provm de particular elucidao; porque nunca jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana, entretanto homens santos falaram da parte de Deus, movidos pelo Esprito Santo".

    Pedro era um pescador acostumado a resultados prticos e

    palpveis, mas se mostrava confiante e dependente da realidade e inspirao das Escrituras, sendo isso tambm resultado da sua prpria experincia com ela.

    Falar em nome de Deus no , como muitos pensam, misso fcil e tranquila. Sou muito agradecido a Deus pela liberdade religiosa que gozamos no Ocidente, mas h, na presente gerao, milhares de homens e mulheres que sofrem nos pases atrs da Cortina de Ferro por sua f e pela mensagem proferida em nome de Deus!

    Na antiguidade, a perseguio no era menor, mesmo no sendo aquele um mundo ctico quanto aos valores espirituais da existncia. Entretanto, havia total incompatibilidade entre a mensagem pregada em nome do Senhor e a vida dissoluta que os homens viviam. Essa foi a razo da perseguio ou mesmo da morte de muitos profetas na antiguidade, mas a valentia, a intrepidez e a perseverana desses homens diante dos mais cruis martrios trouxeram-nos a prova de que a mensagem por eles anunciada era digna de ser sustentada como verdade, ainda que a resultante fosse a morte, sabendo ns, inclusive, que ningum morre por aquilo que conscientemente julga ser uma mentira. Deus Provou que Falou

    H ainda o aspecto cientfico da exatido das Escrituras. Vejamos o que diz o doutor Henri Morris sobre o assunto:

    "No passado, era costume da alta crtica atacar tudo quanto est mencionado na Bblia, taxando-o de no-histrico, escrito muito depois de os supostos eventos terem ocorrido, ou, por que no, simplesmente fabricado pelo escritor. Entretanto, desde que comearam a ser acumuladas as descobertas

  • 20 Onde est o Infinito-pessoal? Caio Fbio DArajo Filho

    arqueolgicas, em verdadeira multido, nestes ltimos 75 anos, o pndulo est balanando para outro extremo, e a Bblia considerada, at mesmo por aqueles que no acreditam na sua inspirao, como um Livro digno de confiana em alto grau, do ponto de vista histrico".

    Sabemos que na cultura tecnolgica do Ocidente os nmeros vo se tornando sinnimo de verdade. Diante deste fato, lanaremos agora provas matemticas de que as Escrituras e as profecias bblicas so dignas de crdito, e no somente isto: so tambm inspiradas por Deus, constituindo-se assim em um dos canais da revelao do conhecimento de Deus para o homem. Damos, ento, a palavra ao dr. Morris:

    "Existem mais de trezentas profecias no Antigo Testamento que foram cumpridas por Cristo na ocasio de sua primeira vinda. Na tentativa de determinar a significao cientfica desses cumprimentos profticos, certo matemtico do estado da Califrnia, nos Estados Unidos da Amrica, o professor Peter Stoner, fez interessante experincia com uma de suas classes. A cada membro da classe foi dada uma profecia messinica particular, para ser estudada com o propsito de determinar a probabilidade estatstica de como aquele evento especial poderia ter sido predito sem o concurso da inspirao sobrenatural. Por exemplo, a profecia de Miquas 5:2 diz que o Messias nasceria em Belm. No havia mais motivo para essa aldeia ser escolhida do que qualquer outra aldeia em Jud. Por conseguinte, sua possibilidade de cumprimento por acaso conseguida com a diviso pelo nmero das aldeias existentes em Israel naquele tempo. Dessa maneira, as probabilidades de cumprimento foram determinadas para cada uma das 48 profecias messinicas". (Obs.: O dr. Morris refere-se s profecias que, de um modo objetivo, so reconhecidas como cumpridas claramente nas narrativas da vida de Jesus; no entanto, h uma sem-nmero delas que se cumpriram tambm no primeiro advento do Messias.)". "Ora as leis da probabilidade matemtica mostram que a probabilidade das diversas ocorrncias por acaso, independentes uma das outras, de serem realizadas simultaneamente, igual ao produto das probabilidades das diversas ocorrncias individuais. Assim, a probabilidade de

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    todas essas 48 profecias se terem cumpridos simultaneamente em um indivduo, o Messias e Salvador prometido, foi calculada como o produto de todas as probabilidades separadas. E o professor Stoner descobriu que a probabilidade resultante a probabilidade entre o nmero que se escreve com o algarismo 1 seguidos por 181 zeros. Para percebermos a significao desse nmero tremendo, poderamos imaginar uma enorme bola composta de eltrons solidamente amontoados. Os eltrons so as menores entidades que conhecemos. Seriam necessrios 2,5 milhes de bilhes deles para fazer uma linha com uma polegada de comprimento. A maior coisa que conhecemos a respeito nosso Universo fsico, com cerca de quatro bilhes de ano luz de dimetro (um ano luz a distncia que a luz viaja durante um ano, velocidade de mais de trezentos mil quilmetros por segundo). Entretanto, nossa bola de eltrons compacta deveria ter um dimetro cerca de quinhentos quatrilhes de vezes maior que o dimetro de nosso Universo. Um desses eltrons seria a seguir destacado entre os demais, e ento a massa inteira seria agitada completamente. Seria ento enviado um homem de olhos vendados para encontrar dentre a enorme massa o eltron marcado. A probabilidade que ele teria de selecionar o eltron correto, na primeira tentativa, seria, em termos redondos, equivalente probabilidade de que essas 48 profecias referentes ao Messias tivessem tido seu cumprimento sem o concurso da inspirao sobrenatural e divina." (Morris) Tivssemos ns tempo, e entraramos em interessantes

    descobertas arqueolgicas, que tornam patente que as Escrituras no so simples registros histricos, mas sim a prpria palavra de Deus, em face de sua autoridade e tambm do cumprimento de todos os seus veredictos pronunciados histria e aos homens.

    Cumpre-nos dizer que as Escrituras no apenas testemunham e revelam a natureza santa do Criador, mas tambm orientam o inquiridor sincero at a revelao pessoal de Deus, que est em seu Filho, Jesus Cristo, sendo Ele prprio a imagem do Deus, invisvel, o Primognito de toda a criao. Olhemos ento para a revelao pessoal de Deus e conheamo-LO intimamenteatravs dela.

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    Captulo V Em Jesus Cristo Ele Veio Aqui

    O professor T.W. Manson expressou sua opinio sobre o fascnio da vida de Jesus com as seguintes palavras:

    "Um dos aspectos mais surpreendentes da vida intelectual nos ltimos dois sculos o interesse ininterrupto na vida e no ensino de Jesus e um esforo contnuo para descobrir os fatos e avaliar sua significao. Pensar-se-ia que, logicamente, em um campo cultivado de modo to diligente, por um perodo to longo, nada mais haveria para ser feito e pouca novidade a ser revelada. de espantar, porm, que esta expectativa razovel seja constantemente negada pelo que acontece."

    Jesus a pessoa histrica mais importante que j existiu. Seu

    nascimento dividiu a histria; Seu ensino revolucionou os costumes de dois teros do mundo existente, ainda que boa parte dessa influncia tenha sido distorcida ou mesmo paganizada. Quem Ele?

    Com o Seu nascimento, comearam as perguntas a respeito dEle. Os magos do Oriente indagaram: "Onde est o recm-nascido Rei dos Judeus?" (Mateus 2:2). Ainda nos primeiros meses de Sua existncia, ao ser levado ao templo, dEle j se dizia: "Eis que este menino est destinado tanto para a runa como para levantamento, e para ser alvo de contradio, para que se manifestem os pensamentos de muitos coraes." (Lucas 2:34-35).

    Logo ao iniciar seu ministrio, as perguntas se ergueram das mentes em suspense: "Quem este que diz blasfmias?" (Lucas 5:20-21); diante dos seus discpulos espantados em face do sobrenatural, ouve-se: "Quem este que at o vento e o mar lhe obedecem?" (Mar. 4:41); diante dos fariseus intrigados pelo perdo dado a uma prostituta, escuta-se: "Quem este que at perdoa pecados?" (Lucas 4:39). Quando no final do seu ministrio entra em Jerusalm, toda a cidade se alvoroou e perguntavam: "Quem este?" (Mateus 21:10).

    As mesmas perguntas continuam sendo feitas em muitos crculos, universidades, tribos ou grandes cidades. So perguntas

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    nossas! E se as fazemos porque sabemos que de alguma forma elas podem ser respondidas. Jesus, o Sui Generis

    A pessoa de Jesus nunca foi nem ser abandonada pelos homens. H perguntas sobre Deus irrespondveis para os homens que podem ser respondidas pelo prprio Deus. Um nmero incontvel de pessoas tem afirmado que "nEle esto ocultos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento", e todos os que assim pensam tambm afirmam: "nEle habita corporalmente toda plenitude da divindade" (Col. 2:9).

    No Evangelho de Joo, captulo I, versculos 1 e 2, encontramos o que segue: "No princpio era o Verbo e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus. Ele estava no princpio com Deus. Todas as coisas foram feitas por intermdio dEle e sem Ele nada do que foi feito se fez". Concluindo seu pensamento sobre a existncia anterior matria, Joo declara: "E o Verbo (Aquele que existe antes da matria) se fez carne e habitou entre ns cheio de graa e de verdade, e vimos a sua glria como a do Unignito do Pai" (Jo. 1:14).

    Mas as maiores afirmativas do cristianismo no foram feitas pelos discpulos de Jesus, e sim por ele prprio. As reivindicaes feitas por Jesus assombram os filsofos, causam inquietao nos cticos, contradizem fundadores de religies outras e acalentam os coraes de milhares de homens de f.

    O cristianismo est inseparavelmente ligado ao seu Fundador, o que no acontece com as outras religies existentes no mundo. H sobrevivncia para o budismo sem a pessoa de Buda, para o confucionismo sem Confcio, para o maometismo sem Maom. Alis, foi isso mesmo o que declarou um dos mais fervorosos discpulos de Maom, quando este morreu em Medina. O povo de f islmica encontrava-se desolado com a morte do profeta do Coro. Todos lamentavam como por um sonho cheio de esperanas que se desfizera com a realidade do despertar, mas Bila, servidor ardoroso do Isl, subiu no alto da Mesquita de Medina e de l gritou em alto e bom som para todo o povo:

    "Maom est morto. Quem colocou f em Maom, com ele tambm morreu, mas Al continua vivo e os que nele tm posto f continuaro vivendo."

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    Inserimos esta declarao de Bila no contexto, mas no concordamos com o fato de que um deus criado pela imaginao humana, como foi o caso de Al na sua relao com Maom, possa satisfazer os exigentes anseios do corao humano. O conceito que o Coro, livro dos maometanos, nos traz de Deus o seguinte: "um Deus totalmente afastado dos homens, caprichoso em todos os seus atos, responsvel tanto pelo bem como pelo mal." Este conceito no satisfaz o esprito sedento por uma relao pessoal com o seu Criador. Gostaramos tambm de citar declaraes de pessoas verdadeiramente insatisfeitas nesse sistema filosfico-religioso, bem como em muitos outros sistemas, mas a escassez de tempo no nos permite faz-lo.

    Dos grandes lderes religiosos do mundo, s Cristo declara que Deus. A nfase que dada s demais religies do mundo no se prende aos seus fundadores, mas aos seus ensinos. Este no o caso de Jesus. Ele fez de Sua prpria pessoa e obra o ponto central dos seus ensinamentos.

    Thomas Carlile, historiador e filsofo do sculo XIX, afirmou: "Se se perder a doutrina da divindade de Cristo, o cristianismo desaparecer como um sonho." Outra declarao extramos do dr. W. H. Griffith Thomas, que chegou a ser diretor daWycliffe Hall, Oxford: "O cristianismo a nica religio do mundo que permanece na pessoa do seu Fundador." A pessoa e a obra de Jesus so a rocha inabalvel sobre a qual o cristianismo est fundado. Sem Cristo, o cristianismo faleceria de tristeza e fraqueza. Cristo o centro. Tudo em redor circunferncia.

    A diferena bsica entre a mensagem de Jesus e a das outras religies est no fato da relao do homem com o seu Criador. Nas outras religies do mundo encontramosos homens se esforando para alcanar a Deus. No cristianismo, encontramos Deus alcanando o homem e relacionando-se de modo pessoal e em plena identificao com ele.

    O dr. D. T. Niles, do Ceilo, declarou:

    "Nas outras religies, as boas obras so 'a fim de'. No cristianismo, as obras so 'o portanto'. Noutras religies, as obras so os meios pelos quais a pessoa espera ganhar a salvao. No cristianismo, a salvao se recebe como um dom gratuito atravs da obra completa realizada por Cristo, e o 'portanto (...) das obras vem a ser o imperativo do amor de Deus'. Como algum j disse: 'As outras religies so: faa'. O cristianismo 'feito'". A mensagem de Jesus : "Eu vim buscar e salvar o que se havia

    perdido." uma pregao da preocupao de Deus com as suas

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    criaturas, dotadas de existncia pessoal, e o Seu imenso desejo de se relacionar com elas em amor. Ainda que os efeitos prticos do cristianismo possam ser reconhecidos na base existencial do dia a dia, no queremos apelar para um pragmatismo sem explicaes.

    Desejamos, a partir desta hora, olhar para as reivindicaes que Jesus fez para si prprio. Citamos nesta oportunidade H. P. Liddon, um antigo erudito e chanceler da Catedral de So Paulo: "Sua mais espantosa revelao no foi Ele prprio." Vejamos as reivindicaes das palavras de Jesus. Palavras Inimitveis

    O pronome pessoal e o artigo definido so indispensveis nas declaraes de Jesus. Observemos: "Eu sou a Luz do mundo; quem me segue no andar em trevas; pelo contrrio, ter a Luz da vida" (Jo. 8:12); "Eu sou o Caminho, e a Verdade, e a Vida; ningum vem ao Pai seno por mim" (Jo, 14:6); "Eu sou o Po da Vida; o que vier a mim jamais ter fome; e o que crer em mim jamais ter sede" (Jo. 6:35); "Eu sou a Ressurreio e a Vida. Quem crer em mim no morrer eternamente" (Jo. 11:25-26).

    Em Lucas 4:18-22, encontramos uma espantosa reivindicao que Jesus fez para Si prprio. Nessa passagem, lemos que estando Jesus em sua cidade natal, entrou em uma sinagoga e manifestou o desejo de ler as Escrituras. Abriu num texto de Isaas, numa profecia referente ao Messias, leu-a, e depois, diante de todo o povo, exclamou: "Hoje se cumpriu a Escritura de acabais de ouvir." Em outras palavras, Ele asseverava: "Isaas escreveu isso sobre mim".

    Numa outra ocasio, diante dos judeus intrigados com Suas afirmativas, Jesus disse: "Vosso pai Abrao alegrou-se por ver o meu dia, viu-o e regozijou-se." Perguntaram-lhe os judeus como isso poderia ter acontecido, porquanto Abrao vivera dois mil anos antes de Jesus. Ele lhes respondeu: "Antes que Abrao existisse, eu sou". Ele tambm afirmou que o Velho Testamento anunciava a Sua vinda e que Moiss havia escrito a respeito dEle.

    Diante de uma multido de homens religiosos e monotestas, Jesus afirmou: "Eu e o Pai somos um!" E na noite que antecedeu o Seu sofrimento e morte, estando reunido com os Seus discpulos, um deles, chamado Felipe, lhe perguntou: "Senhor, mostra-nos o Pai e isso nos basta." Ao que respondeu Jesus: "Felipe, h tanto tempo estou convosco e no me tens conhecido? Quem me v a Mim, v o Pai; como dizes tu: mostra-nos o Pai? No crs que eu estou no Pai e que o Pai est em mim? As palavras que eu vos digo, no as digo por

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    mim mesmo; mas o Pai que permanece em mim faz as suas obras".(Jo. 14:8-10)

    No h possibilidade de coadunarmos qualquer sentido de megalomania da parte de Jesus e de suas reivindicaes pessoais, a no ser com Sua prpria divindade. Como disse C. S. Lewis:

    "A discrepncia entre a profundidade e a sensatez do Seu ensino moral de um lado e, do outro, a incomensurvel megalomania que teria que subjazer atrs do Seu ensino teolgico, a menos que Ele fosse realmente Deus, nunca foi superada e explicada satisfatoriamente." H aqueles, no entanto, que acham que Jesus mentiu quando

    fez as asseveraes de Sua divindade para atrair a ateno dos Seus crdulos e ignorantes discpulos. H outros que O tm na conta de sincero, porm enganado basicamente naquilo que cria com sinceridade. H ainda aqueles que lhe atribuem o plano da paranoia e da loucura, dizendo que s um louco poderia fazer tais reivindicaes.

    Mas para enfraquecimento dos argumentos acima mencionados, no h qualquer anlise sria que possa detectar mentira, engano ou loucura na pessoa de Jesus; muito pelo contrrio, Suas afirmativas so perfeitamente congruentes com as obras por Ele operadas diante dos homens. Se as reivindicaes das obras de Jesus podem ser usadas como elemento apologtico incontestvel, dando assim realidade s suas palavras, comea a tornar-se claro o mistrio, para milhares de homens, no que diz respeito a um Deus distante e incognoscvel, pois nas reivindicaes de Jesus patenteia-se a realidade de uma mensagem impregnada da unidade existente entre o seu pregador e o Criador de todas as coisas. Sendo isso verdade, Deus passa a estar perto e ser cognoscvel. Obras Inigualveis

    Seu nascimento narrado como algo sobrenatural. Alis, s um nascimento sobrenatural explica uma vida to cheia de fascnio e poder. Toda a Sua vida foi marcada pela manifestao do incomum ou mesmo do extraordinrio na relao com as leis da natureza.

    Encontramo-Lo no incio do Seu ministrio jejuando quarenta dias e noites, e sobrevivendo diante de to grande absteno alimentar. A partir da, vemo-Lo operando toda sorte de sinais e

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    prodgios na cura dos enfermos, paralticos, lunticos, cegos, mudos e surdos, sem que de Sua parte fosse feito qualquer ritual misterioso. A harmonia entre as Suas palavras e o efeito por elas obtido na recuperao dos flagelados do corpo humano to encantadora quanto tudo o que o mais hbil de todos os maestros pode arrancar da mais atenta e afinada orquestra.

    Quando observamos todos os homens dotados de possibilidades de efetuar o sobrenatural, verificamos sempre a necessidade, para eles imprescindvel, de humilhao, petio e espera da manifestao sobrenatural. Tal no acontecia com Jesus, que com a autoridade dAquele que pode todas as coisas com simplicidade e conscincia ordenava.

    Em Joo 10:25, lemos: "J vo-lo disse, e no credes. As obras que eu fao em nome de meu Pai testificam a meu respeito." Vejamos, ento, como estas obras podem testificar a respeito de Jesus e de Sua divindade.

    Entendamos antes de darmos prosseguimento a essa argumentao que, se de fato as maravilhas operadas por Jesus nos revelam a Sua divindade, podemos, a partir da, conhecer a natureza, o carter e a personalidade de Deus em Cristo Jesus.

    Ele tinha poder para transformar os elementos bsicos da matria, pois demonstrou isto transformando gua em vinho. Cristo nos revelou que tinha possibilidade de saber o que as pessoas estavam fazendo ou iriam fazer, ainda que delas estivesse distante no tempo e no espao. Demonstrou isso ao dizer para Natanael o que este estava fazendo naqueles dias antes de encontrar-se com Jesus.

    Revelou-nos, tambm, na casa do fariseu Simo, quem era a mulher que lhe lavava os ps. E quando, na cidade de Sicar, narrou para a mulher com quem conversava beira do poo toda a histria de sua vida pregressa, patenteou este Seu poder. Entrando em Jeric, ao passar embaixo de um sicmoro, olhou para cima e disse a um desconhecido: "Zaqueu, desce depressa, pois hoje me convm pousar em tua casa".

    Revelou-nos Sua autoridade sobre a matria e sua existncia tirando-a quase do nihilo, ou seja, quase "do nada", e num certo sentido "do nada" mesmo. Manifestou isso duas vezes, sendo uma delas junto ao Mar da Galilia, diante de cinco mil pessoas famintas e sem terem o que comer. Quando lhe trouxeram cinco pes e dois peixes, debaixo da crtica racionalista dos seus discpulos que diziam "Que isto para tanta gente?", Ele, entretanto, tendo dado graas, distribuiu os pes e os peixes aos seus discpulos, e estes, ao povo. E dessa insignificante quantidade de alimentos participaram cinco mil pessoas, tendo sido recolhidos ao final doze cestos cheios dos pedaos que haviam sobejado.

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    Tornou-se-nos tambm evidente o Seu poder no governo soberano da natureza e das suas leis quando atravessou o Mar da Galilia para a cidade de Gadara, na companhia de seus discpulos. Estes remavam e Jesus, cansado da viagem, dormia um pouco na popa do barco, quando, de repente, os imensos corredores de pedra que existem em volta do mar, em face de tantos montes que o circundam, canalizaram para dentro deste uma indomvel tempestade de vento, ficando o barco a ponto de soobrar. Os discpulos, ento, no mais natural desejo de salvao, acordaram a Jesus, dizendo-lhe: "Mestre, no te importas que pereamos?" E Ele, despertando, disse ao tempestuoso vento: "Cessa." E ao mar: "Acalma-te, emudece." Imediatamente tudo cessou e fez-se grande calmaria em todo mar.

    No mesmo mar, vemo-lo indo ao encontro de seus discpulos andando por sobre as guas, demonstrando a harmonia que havia entre Ele e a natureza. Se nos detivssemos ainda diante dos milagres manifestados por Jesus na rea do corpo humano, simplesmente no nos sobraria mais tempo nem espao para analisar o vasto material que os Evangelhos nos apresentam a respeito do assunto. E, em virtude da exiguidade do tempo, apreciaremos apenas dois acontecimentos milagrosos.

    Parecendo elegante negar os milagres de Jesus, muitas pessoas cultas - ou aparentemente cultas - levaram esses milagres para o plano da influncia poderosa de Sua mente sobre as pessoas, causando uma influncia psicossomtica. Sabemos hoje em dia que muitas doenas, em vez de terem uma origem orgnica, surgem na fbrica grandiosssima que h dentro de cada ser humano. Comumente, a cura para este tipo de doena opera-se com a reorganizao das condies normais da mente, o que de imediato traz o reajuste condio fsica.

    Pode ser que algumas das curas que Jesus operou tenham uma conotao dessa benfica influncia, mas algumas estavam obviamente fora desta categoria. Consideremos, por exemplo, as curas de vrios leprosos, ocorridas no ministrio de Jesus. bvio que estes no sofriam de influncia simplesmente psquica. Eles haviam tido uma experincia direta com o Deus que tem poder sobre todos os males.

    Detenhamo-nos na fascinante histria narrada por Joo no captulo 9 do seu Evangelho. L encontramos Jesus na cidade de Jerusalm, confrontando-se com um homem cego desde o nascimento, tendo, portanto, uma doena congnita. Deste aproximou-se Jesus, untando-lhe os olhos com saliva e dizendo-lhe: "Vai e lava-te no tanque de Silo (que quer dizer Enviado). Ele foi, lavou-se e voltou vendo." Ao ser interrogado pelos fariseus, o que

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    dantes fora cego disse: "Desde que h mundo jamais se ouviu que algum tenha aberto os olhos a um cego de nascena".

    Mais assombrosa ainda a histria narrada no captulo 11 do mesmo Evangelho. L encontramos uma cena das mais sui generis da histria do homem. A ocorrncia registrou-se na aldeia de Betnia, perto de Jerusalm. L adoeceu Lzaro, amigo de Jesus, vindo a falecer e a ser sepultado. Tendo sido informado da doena de Lzaro, ainda permaneceu Jesus alguns dias no lugar onde estava, sem se dirigir a Betnia, fazendo isso apenas depois de Lzaro ter morrido. Tendo conscincia plena da morte do amigo, Jesus disse aos seus discpulos: "Lzaro morreu; e por vossa causa me alegro de que l no estivesse, para que possais crer; mas vamos ter com ele".

    Dirigiram-se ento ao pequeno povoado. E, l chegando, encontraram Lzaro j sepultado havia quatro dias. Diante do sofrimento e das expresses do mais profundo sentimento de amor manifestos pelas irms e amigos de Lzaro, Jesus derramou lgrimas de comoo. Depois, dirigiu-se para o tmulo onde se encontrava o cadver em putrefao, de acordo com o testemunho que as prprias irms do morto davam do seu estado, e, diante da gruta sombria que guardava o cadver, Jesus ordenou: "Tirai a pedra." Depois, levantando os olhos ao cu, disse: "Pai, graas Te dou porque me ouviste; alis, Tu sempre me ouves, mas assim falei por causa da multido presente, para que creiam que Tu me enviaste". Depois de haver dito isto, com toda autoridade e poder, ordenou: "Lzaro, vem para fora." Diz-nos a Bblia: "Saiu aquele que estivera morto, tendo os ps e as mos ligados com ataduras, e o rosto envolto num leno." Ento lhes ordenou Jesus: "Desatai-o e deixai-o ir".

    Muitos tm se levantado impiedosamente contra esta narrativa, subestimando-a como verdadeira e superestimando a ignorncia dos presentes. Mas, se que h um conhecimento bem difundido em toda rea e percepo do ser humano, este na possibilidade de algum perceber a morte de um semelhante, ainda mais quando o mesmo j est comprometido pela putrefao.

    H, no entanto, um argumento que debulha e esmiua todo o pensamento que se levanta contrrio verdade do fato apresentado. Trata-se do testemunho inconteste que os prprios fariseus presentes em Betnia, inimigos da divindade de Jesus, prestaram ao evento, sendo eles mesmos os primeiros a admitir a realidade do que Jesus operara, com as seguintes palavras: "Que estamos fazendo, uma vez que este homem opera grandes sinais? Se o deixarmos, todos crero nele".

    O problema da incredulidade no se levanta apenas pela falta de evidncias, mas na maioria das vezes uma preveno de muitos

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    para encarar a verdade e diante dela no se curvar. Disse um atesta convicto em certa ocasio: "O que impressiona... que o atesmo parece ter abandonado a sua busca pela verdade. Fatos e argumentos que pesam sobre o atesmo so postos de lado sem resposta." Como algum j disse: "Suas nicas cogitaes so: No h Deus".

    No h como negar-se contundncia da ressurreio de Lzaro como realidade incontestvel, inclusive quando sabemos que por duas vezes anteriores Jesus havia operado o mesmo sinal em pessoas diferentes, e tambm quando verificamos, na sequncia da narrativa bblica, que foi o fato da revivificao fsica de Lzaro o que imprimiu na mente das autoridades judaicas a necessidade de matar Jesus, em virtude das provas inalienveis que ele tinha para fazer acompanhar a sua mensagem, irrefragavelmente patenteadora da sua divindade. De sorte que os fariseus disseram: "Vde (...) eis a vem o mundo aps Ele".

    Muitos perguntam: "Teria sido Jesus um impostor deliberado? Ser que ele tentou ganhar a adeso dos fariseus forjando para si prprio uma pseudo divindade?" Estes argumentos tm os seus protagonistas, mas isto to difcil de crer em relao a Jesus. Ele odiava a hipocrisia e sempre deixava transparecer a mais arraigada sinceridade em todas as suas aes.

    Dizem alguns: "No precisamos cham-lo de maluco; mas teria ele uma espcie de iluso ou fixao com relao sua prpria existncia?" Estes pensamentos tambm tm os seus partidrios, mas claro que a iluso deles e maior do que aquela que pensam ver em Jesus. O carter de Jesus mantm suas reivindicaes; as obras de Jesus endossam tais apelos e Suas palavras com isso ganham toda autoridade e direito nos coraes.

    Entretanto, h alguns que ainda dizem: " cedo demais para crer. Mostrem-nos mais evidncias." Graas a Deus, exatamente isto que no falta na pessoa de Jesus: evidncias. Vejamo-las imperativamente apresentadas em Sua histrica ressurreio de entre os mortos. O Fato dos Fatos

    A ressurreio fsica de Jesus Cristo tem sido, no curso de dois mil anos de cristianismo, a rocha sobre a qual repousa o bem fundado alicerce da f crist. No se trata de um fato criado pela mente nervosa dos discpulos, como to frequentemente tem sido suposto por alguns homens cticos ou disfarados com a mscara da altivez intelectual, afirmando que no podem crer, como verdade

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    histrica, num fato presenciado por homens antigos e no intelectualizados pela academia da cultura da poca em que viveram.

    Vrias teorias tm sido levantadas por muitos que no querem se envolver com a ressurreio de Jesus, ou que conscientemente nela no crem. Vejamos estas muitas teorias de um modo bem sinttico, porm sem prejuzo dos argumentos necessrios a serem expendidos.

    A primeira a teoria do corpo roubado. Sustentada inicialmente pelas autoridades judaicas, na tentativa de explicarem as afirmativas que os discpulos faziam a respeitoda ressurreio de Jesus. Esta teoria foi mais tarde defendida pelo escritor Raimarus e outros. Porm nunca foi considerada, no campo da investigao histrica, como algo srio, em face do carter idneo e bem conhecido de todos os apstolos e tambm de suas mortes pavorosas, em razo do testemunho vibrante que davam da ressurreio de Jesus.

    A segunda teoria a do tmulo errado. Este argumento foi defendido por Kirsopp, mas to inconsistente que um simples esclarecimento pode derrub-lo por completo. Quando eu e minha esposa estivemos em Israel, nos familiarizando com a geografia bblica, observamos e tambm fomos informados que no h em todas as imediaes do Monte Calvrio nenhum outro tmulo, a no ser o do Jardim onde Jesus foi posto, sendo este um tmulo particular outrora pertencente a Jos de Arimatia, no havendo, por isso, possibilidade de erro quanto ao tmulo.

    A terceira teoria a da viso. Pregada fervorosamente por Strauss, afirma que os discpulos criam to firmemente na ressurreio que comearam a ter alucinaes individuais, as quais foram sendo narradas em reunies mantidas com frequncia aps a morte de Jesus, e ento, no decorrer do tempo, elas foram sendo escritas como acontecimentos coletivos.

    Essa teoria, no entanto, defronta-se com dois grandes problemas: o primeiro que a ressurreio de Jesus foi algo admitido contra a vontade, at mesmo com reaes ditadas pela incredulidade, dos prprios discpulos, fato que pode ser notado em todas as narrativas dos evangelhos, tendo, inclusive, como tema bsico para tal afirmativa as palavras de Tom, quando disse: "Se eu no vir nas Suas mos o sinal dos cravos e no Seu lado no puser o meu dedo, de modo nenhum acreditarei." O segundo aspecto que alucinaes no so padronizadas e ordenadas na rea da manifestao individual, quanto mais na ocorrncia coletiva como foi no caso dos discpulos.

    A quarta teoria a do longo desmaio. Esta postula que Cristo no morreu, to-somente desmaiou e, tendo sido posto num tmulo

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    fresco, restaurou a conscincia e de l saiu aparecendo aos seus discpulos, que o tiveram como ressuscitado. A respeito desta teoria dizia o crtico alemo David Strauss, que, diga-se de passagem, no acreditava na ressurreio, como j foi mencionado na teoria da viso:

    " impossvel que algum que acabava de sair da sepultura, semimorto, que vinha se arrastando fraco e doentio, que se achava necessitado de tratamento mdico, de ataduras, de fortalecimento, de minucioso cuidado e que por fim sucumbira ao sofrimento, pudesse jamais ter causado nos discpulos a impresso de que Ele era o vencedor da morte e da tumba, que Ele era o prncipe da vida. Isto formaria a base do futuro mistrio deles. Uma ressurreio assim s poderia ter enfraquecido a impresso que Ele havia causado neles em vida e na morte - ou, no mximo, poderia ter dado a tal impresso um aspecto melanclico -, mas no poderia por nenhuma possibilidade ter mudado sua tristeza em entusiasmo ou elevado sua reverncia ao nvel da adorao!!!".

    Sem que possa valer a pena mencionar detalhadamente, h

    ainda as seguintes teorias: a do telegerama, a lendria e a hiperblica, mas estas, menos que as anteriores, no tm virtude crtica que se esboce diante da realidade dos fatos apresentados pelos historiadores cristos.

    A ressurreio de Jesus Cristo aconteceu de modo sobrenatural e objetivo em razo dos seguintes fatos:

    1) Cristo morreu - e tal veredicto foi sacramentado quando os soldados romanos lhe enfiaram uma espada no corao, j depois de ter sido dado como morto. (Jo. 19:31-37);

    2) O sepultamento de Jesus foi fsico. O corpo de Jesus foi sepultado no tempo e no espao, consequentemente, foi um evento histrico...! (Jo. 19:38-42);

    3) O tmulo de Jesus ficou vazio. Este fato foi testemunhado pelos soldados romanos que guardavam o tmulo e pelas mulheres que o visitavam na hora da manifestao dos anjos aos guardas romanos. Foi tambm testemunhado por Pedro, Joo e por Maria Madalena, posteriormente. No entanto, h evidncia fsica de que a ressurreio se deu no corpo de Jesus e no na rea do esprito e do subjetivismo. Pedro e Joo puderam observar, quando entraram no tmulo, que os lenis de linho que envolviam o corpo de Jesus estavam em perfeita ordem, tornando patente a manifestao mais que ordenada do corpo passando atravs dos lenis, e no se

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    desenrolando deles, como seria normal na rea comum das possibilidades humanas.

    A mensagem bblica da ressurreio apresenta-se como corporal e, consequentemente, histrica e digna de crdito. A dessemelhana da ressurreio est em suas propriedades manifestadas. Depois de ressuscitado, Jesus revelou-se em ambientes fechados, sem que, para entrar, tenha feito uso de portas e janelas. No entanto, em algumas narrativas da ressurreio vemos O Ressuscitado alimentando-se com alimentos do uso comum, tais como: peixes e pes. Encontra-se, entretanto, no livro The Truth of Christianity Series, a seguinte declarao:

    "Nenhuma substncia material, porta ou qualquer outra coisa, realmente slida. Existem sempre espaos entre as molculas, de modo que um corpo atravessar outro no coisa mais difcil de imaginar do que um regimento passar por outro, marchando, num desfile militar, e se o regimento contivesse tantos homens quantas molculas existem numa porta, provavelmente pareceria to slido quanto ela. Alm disso, o corpo ressuscitado de Cristo, ainda que possuindo algumas propriedades materiais, representado como tendo sido espiritual, e a maior aproximao de uma substncia espiritual de que temos conhecimento cientfico o ter, que tambm parece combinar propriedades materiais e imateriais, mostrando-se em algumas particularidades mais um slido do que um gs. Pode, no entanto, atravessar todas as substncias materiais, e isso certamente nos impede de declarar inacreditvel que o corpo ressuscitado de Cristo passasse por portas fechadas. Na verdade, por tudo quanto sabemos, pode ser uma das propriedades de seres espirituais a de atravessar substncias materiais (como fazem os raios-x) e se mostrarem em geral invisveis, mas, ainda assim, serem capazes, se o desejarem, de assumir algumas das propriedades da matria, tais como se tornarem visveis ou audveis. Na verdade, a menos que sejam capazes de faz-lo, difcil ver como pudessem manifestar-se. E uma pequena alterao nas ondas luminosas vindas de um corpo o tornariam visvel aos olhos humanos, estando fora de dvida dizer que Deus, o Onipotente, no pudesse operar tal transformao num corpo espiritual. Embora um corpo assim fazer-se tangvel ou ingerir alimentos no seja realmente mais maravilhoso do que se tornar visvel ou audvel, porquanto quando ultrapassamos a fronteira entre o natural e o sobrenatural tudo misterioso."

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    Esta longa citao visa to-somente demonstrar como, na presente ordem de coisas, h elementos interessantes, que elucidam basicamente o fato da ressurreio como algo real no espao fsico. No estamos, no entanto, afirmando que as coisas se desenrolaram no campo cientfico-experimental, mas sim que no h necessidade para tanto ceticismo, quando na rea experimental da cincia h um similar, ainda que ofuscado pelo brilho majestoso de tudo quanto envolveu o corpo ressuscitado de Jesus.

    A realidade da ressurreio de Jesus perpetrou-se de forma to soberana na vida de suas testemunhas que nem o Coliseu, o Capitlio, as Catacumbas, as perseguies romanas e a fogueira puderam calar a mensagem que revolucionou o mundo! Encontramos mais historicidade a respeito do evento quando lemos de Josefo, historiador judeu, na poca do sculo I d.C., o seguinte:

    "Levantou-se por este tempo Jesus, homem sbio, se lcito chamar-lhe homem, pois realizava obras maravilhosas, um ensinador de homens que recebem a verdade com prazer. Ele persuadiu a segui-LO muitos judeus e muitos gentios. Ele era o Cristo. E quando Pilatos, a pedido dos principais homens entre ns, O condenou cruz, aqueles que O amavam a princpio no O abandonaram; pois Ele apareceu-lhes vivo de novo ao terceiro dia; como os profetas divinos tinham predito estas e dez mil outras coisas maravilhosas a respeito dEle." Houve 13 aparies de Jesus no espao de quarenta dias, sob

    todas as condies e circunstncias concebveis. Ele foi visto no Jardim do tmulo na manh da ressurreio; pelas mulheres de caminho para casa; por dois discpulos no caminho para uma cidade chamada Emas, tendo Jesus andado com eles alguns quilmetros; pelos seus discpulos no mesmo dia noite no cenculo onde estavam reunidos; pelo mesmo grupo uma semana depois, incluindo a presena de Tom; em um monte da Galilia, e mais tarde, tambm, a sete deles no Mar da Galilia, numa das praias da cidade de Tiberades; foi visto tambm por Tiago, por Pedro e finalmente por mais de quinhentas pessoas, que na poca em que Paulo escreveu a primeira epstola aos Corntios ainda estavam vivas para contar a histria, se necessrio fosse.

    Certamente se aquela fosse uma poca que oferecesse os recursos que a tecnologia atual pe disposio do homem, tais como mquinas de fotografar e filmadoras, teriam os discpulos, inevitavelmente, anexado s provas dos seus testemunhos um material fotogrfico para corroborar com as afirmativas que com lucidez faziam.

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    Independentemente de todas as aparies de Jesus, h tambm as dos anjos que anunciaram o evento, inclusive diante dos soldados romanos que guardavam o tmulo, tendo estes, com assombro, anunciado a realidade do que viram diante das autoridades judaicas. Torna-se totalmente idnea essa narrativa da apario dos anjos, por no contar com o elemento "esperana visual", de inspirao strausiana, por parte dos guardas romanos.

    Negar a ressurreio do Senhor Jesus ter tambm que negar credibilidade ao resto da histria humana! Se h um fato histrico comprovado, este o da ressurreio fsica de Jesus, sendo, portanto, necessrio um melhor posicionamento diante daquele que no pode ser negado. Quando o Incognoscvel se Torna Cognoscvel

    No temos estado a falar todo este tempo sobre Cristo e suas reivindicaes por sermos apaixonados pela advocacia da causa crist. Nosso nico interesse at agora tem sido fazer um apelo consubstanciado, com provas e premissas, para que sobre este escopo racional possamos descansar nAquele que poderoso para desvendar todos os segredos de Deus, fazendo com que Este se torne uma pessoa to ntima quanto possa haver intimidade entre dois seres pessoais.

    Lembrem-se os nossos leitores que falamos dos quatro canais da revelao divina. Assim, vimos a Natureza, a Conscincia, as Escrituras e por ltimo a pessoa de Jesus Cristo. Voltemos, portanto, depois de termos andado pelos campos variados da argumentao, a fazer as perguntas iniciais: Quem Deus? Como encontr-LO? Como conhec-LO? Como obedec-LO?

    Creio que depois dos concisos argumentos apresentados, estas perguntas j no soam com a mesma conotao do incognoscvel como soaram no incio deste pequeno trabalho. Se voc, depois de meditar no proposto neste despretensioso opsculo, sentiu que uma porta se lhe abriu, um horizonte se lhe mostrou, e nele o sol que ilumina a morada do "pessoal e particular" raiou, permita-me dizer-lhe: entre por esta Porta, contemple este Horizonte e deixe-se iluminar por este Sol, que Jesus.

    No h razo para que voc, como criatura de Deus, viva como se no o fosse. Tambm no h razo para que voc, como ser criado para comunho pessoal com Deus, viva em busca de uma relao impessoal com Ele; e ainda, como ser programado para a felicidade e a satisfao, viva em total desprogramao existencial! Hoje voc pode atender a dois apelos. O primeiro o apelo que o seu prprio

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    esprito faz atravs dos sentimentos de angstia, de insatisfao, de irrealizao pessoal e do vazio jamais preenchido por coisa alguma at hoje. O segundo aquele que feito por Jesus, que amorosamente quer revelar-se como Deus Pessoal e Infinito ao seu corao: "Eis que estou porta e bato; se algum ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa, cearei com ele e ele comigo."

    Sabendo que este o grande desejo de Jesus, cumpre-me ilustrar esta citao, para que voc entenda que h uma parcela de responsabilidade e ao de sua parte tambm. No quadro de Holman Hunt, artista ingls e bem conhecido do sculo XIX, encontramos o versculo acima citado, com os seguintes motivos e expresses:

    "No lado esquerdo do quadro vista essa porta da alma. Esta bem trancada; suas grades e pregos esto enferrujados; est ligada e entrelaada a seus batentes por gavinhas trepadeiras de hera, mostrando assim que tal porta nunca foi aberta. Um morcego voa por ali; o limiar da porta tem amoreiras silvestres, urtigas e matos (...) Cristo se aproxima dali noite (...) Cristo est vestido com o manto real e usa uma coroa de espinhos. Em sua mo esquerda Ele segura uma lanterna, porque Ele a luz do mundo, enquanto Sua mo direita est erguida para bater na porta." Observe agora um detalhe: no h maaneta na descrio

    exterior da porta. Cristo est batendo porque s no interior da casa h maaneta para abri-la. Meu caro amigo, voc est no interior da casa. Abra hoje a porta, para que Deus, em Cristo Jesus, entre em sua existncia, concedendo-lhe vida, e vida em abundncia. Tudo quanto voc deseja conhecer de Deus, Cristo lhe pode revelar, porque foi Deus quem disse: "De trevas resplandecer luz -, Ele mesmo resplandeceu em nossos coraes, para iluminao do conhecimento da glria de Deus na face de Cristo." (II Cor. 4:6)

    Tendo, portanto, plena conscincia da revelao pessoal de Deus, podemos crer no que est escrito: "Invoca-me e te responderei, anunciar-te-ei coisas grandes e ocultas que no sabes".