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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos

Operação de migração para o novo data center da Celepar - OS … · 2016. 6. 10. · O CONSELHO DE CLASSE E SUA REAL FUNÇÃO NO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM Lurdes Barão¹

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

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O CONSELHO DE CLASSE E SUA REAL FUNÇÃO NO PROCESSO

DE ENSINO APRENDIZAGEM

Lurdes Barão¹

Profª Ms. Mabel de Bortoli²

Resumo: Este artigo é resultado de estudos realizados no Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE 2013 da SEED – Secretaria Estadual de Educação. Tem como tema de estudo o Conselho de Classe e sua Real Função no Processo de Ensino Aprendizagem.Nos Conselhos de Classe o que acontece é a reunião de Professores, Equipe Pedagógica e Direção analisando, discutindo e deliberando sobre a vida escolar dos alunos, mais especificamente sobre suas notas e problemas comportamentais, classificando-os. Pouco se diferencia a metodologia de um conselho para outro, não vislumbrando a resolução dos diversos problemas apontados, o que deixa claro no descontentamento de todos com esta prática. Nesta “agonia” busca-se realizar, fazer, um Conselho de Classe melhor e eficaz. Mas acontece fragmentação e burocratização do processo, dificultando sua realização como realmente deve ser e acaba sendo um “sacrifício” para toda a Comunidade Escolar, que ao final saem exaustos, angustiados por não vislumbrar “uma luz para a resolução dos problemas”, estressados. Ao contrário - deveria ser um espaço de discussão, estudo e reflexão para a melhoria da avaliação e ensino-aprendizagem. Para tanto se propôs a realização de Grupo de Estudo com docentes, equipe pedagógica e direção do Colégio Estadual Cel. David Carneiro, onde se estudou sobre a história, a institucionalização e estudos existentes sobre os Conselhos de Classes, bem como em grupo diagnosticar fatores/elementos que causam insatisfação quanto à realização do mesmo e montar um roteiro/forma que possa vir a suprir falhas encontradas, desta maneira se aproximar do Conselho de Classe “ideal”, melhorando todo o processo.

Palavras-chave - Conselho de Classe. Ensino aprendizagem. Avaliação.

1. Introdução -

Durante o ano letivo, o que se realiza, de acordo com o Regimento Escolar,

são reuniões, em quatro momentos, ou seja, quatro Conselhos de Classe.

Nestes momentos o que realmente acontece é a reunião de Professores,

Equipe Pedagógica e Direção para analisar, discutir e deliberar sobre a vida escolar

dos alunos, mais especificamente sobre suas notas e seus problemas

comportamentais, classificando-os e criticando suas atitudes.

Pouco se diferencia a metodologia de um conselho para outro, não

possibilitando vislumbrar a resolução das soluções dos diversos problemas

apontados, o que deixa muito claro o descontentamento de todos com esta prática.

______________

¹ Professora Pedagoga, PDE 2013-2014, lotada no Colégio Estadual Cel. David Carneiro – Ensino

Fundamental e Médio, Palmeira-Pr. [email protected]

² Professora Mestra Orientadora PDE, da Universidade Estadual de Ponta Grossa – UEPG – Pr.

[email protected]

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Nesta “agonia” sempre estamos na busca de realizar, fazer, um Conselho de

Classe melhor e mais eficaz, fazendo o que achamos melhor a cada tentativa.

Mas com todas estas tentativas acontece uma fragmentação maior e

burocratização do processo do trabalho pedagógico, não estruturando os Conselhos

de Classes, dificultando sua realização como realmente deve ser e acaba sendo um

“sacrifício” para toda a Comunidade Escolar integrante, que ao final de cada

Conselho de Classe saem exaustos, angustiados por não vislumbrar “uma luz para a

resolução dos problemas”, estressados e algumas vezes, as discussões que

acontecem na reunião acaba deixando certo “mal estar” entre os participantes, ao

contrário do que deveria ser – um espaço de discussão, estudo e reflexão para a

melhoria da avaliação e do ensino-aprendizagem.

Para tanto, este projeto se propôs a realizar com docentes, equipe

pedagógica e direção do Colégio Estadual Cel. David Carneiro e membros de outras

escolas e/ou colégios da cidade, este estudo sobre a história, a institucionalização e

estudos existentes sobre os Conselhos de Classes, bem como em grupo

diagnosticar fatores/elementos que causam insatisfação quanto à realização do

mesmo e esquematizar, montar um roteiro/forma que possa vir a suprir falhas

encontradas e desta maneira se aproximar do Conselho de Classe “ideal”.

O Conselho de Classe é um dos mais importantes espaços escolares,

visualizando seus objetivos. Segundo Dalben (2004, p. 57), “é capaz de dinamizar o

coletivo escolar pela via da gestão do processo de ensino, foco central do processo

de escolarização”. É o espaço prioritário da discussão pedagógica.

É uma instância colegiada presente na escola, que faz parte do processo de

avaliação desenvolvido na mesma, de caráter diagnóstico e para tanto é essencial

que não seja fragmentado e nem venha a fragmentar o trabalho, o que em sua

maioria vem acontecendo, levando a uma mera repetição de Conselho para

Conselho, de Ano para Ano, desestimulando e até dividindo Professores e toda

Equipe nas estressantes discussões que por vezes leva até a desentendimentos

pessoais.

Os Conselhos de Classe muitas vezes são realizados meramente por uma

exigência legal (burocrática) e ao cumprimento de um calendário previamente

estabelecido.

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Enfim, o que e como fazer para que a realização do Conselho de Classe

favoreça o alcance dos objetivos necessários para que o mesmo se aproxime do

ideal?

Questões como essa se tornaram a mola propulsora para esse estudo

objetivando que todos a compreendam o Conselho de Classe através de um

aprofundamento teórico visando a sua valorização como um instrumento

fundamental no processo de ensino-aprendizagem, onde se planeja e executa ações

de intervenção na realidade escolar, através de uma analise das práticas

pedagógicas do mesmo, aproveitando o momento para conhecer e até refletir sobre

a história e a institucionalização dos Conselhos de Classe no Brasil, que faz com

que diagnostiquemos fatores que causam insatisfação de como os Conselhos vem

acontecendo e após todo o embasamento teórico e discussões, juntos elaboremos

um “roteiro” que promova os objetivos tão almejados pelos Conselhos de Classe.

2. Breve histórico do Conselho de Classe – Revisão da Literatura -

A palavra “conselho” vem do latim consiliu e, conforme o Dicionário Míni

Aurélio, (2008, p.259),O Dicionário da Língua Portuguesa, tem os seguintes

significados: 1 Advertência que se emite; aviso. 2 Corpo consultivo e/ou deliberativo

que se reúne para tratar de assunto de interesse público ou particular: conselho de

ministros, conselho de diretores de banco.

Desta maneira fica claro que uma pessoa que aconselha impreterivelmente

deve ser uma pessoa sensata, que tem discernimento, autoridade sobre a questão.

Embasado inicialmente neste conceito podemos observar a importância de

estudarmos sobre as bases históricas em que o Conselho de Classe está alicerçado,

embasado teoricamente.

Segundo Rocha (1986) e Dalben (1995), o mesmo teve origem na França, em

meados de 1945, o qual surgiu pela necessidade de um trabalho interdisciplinar em

classes, na época, experimentais, depois se dividiu em três tipos de Conselho: o de

Classe – por turma; o de Orientação – no nível escolar; e o Departamental de

Orientação, mais amplo. Essa divisão tem como finalidade organizar o acesso dos

alunos aos diversos tipos de ensino – na época: clássico ou ao técnico – de acordo

com as observações realizadas, verificando em qual aptidão o aluno se sobressaía e

na sequência estas informações eram levadas as famílias. Tudo centrado na

avaliação classificatória, que determinava a vida futura do aluno.

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De acordo com Rocha (1986) a ideia de Conselho de Classe foi trazida para o

Brasil por educadores brasileiros, estagiários em Sèvres no ano de 1958 e aqui

encontrou um pensamento sobre o ideal pedagógico no Manifesto dos Pioneiros da

Educação em 1932, que objetivava a descentralização do poder de decisão e

emergia uma organização que valoriza o trabalho com o coletivo, com discussões,

busca e criação de novos métodos, valorização das ideias no que se refere ao

atendimento individual, de estudos em grupos para definição de qual tipo e atenção

se deve ter mais com os alunos. Mas não temos, neste tempo, ainda, a instância

Conselho de Classe.

Com a Lei 5692/71 é que o Conselho de Classe fica formalmente instituído

nas escolas. Sendo ele pautado na política vigente - o autoritarismo, levando a

educação assumir uma postura pragmática e tecnicista, com valores do capital, na

competição e na racionalidade de um indivíduo treinável.

É interessante ressaltarmos os apontamos de Dalben (1995), sobre aspectos

da conjuntura político-educacional do Brasil, onde em 1960 houve a “substituição da

predominância do ideário pedagógico europeu pela interferência americana do

acordo MEC-Usaid”, onde o acordo era de prestar serviços de consultoria ao MEC e

às Secretarias de Estado, para que fosse possível a manipulação do ensino

brasileiro, levando o mercado americano estar cada vez mais presente no Brasil.

Surgiu então o Programa de Expansão e Melhoria do Ensino – Premen, que foi

implantado a partir de 1970 em vários Estados e tinha algumas finalidades, como:

- ampliação da oferta de matrícula no ensino médio; e

- reformulação da estrutura da escola média. Tudo visando à produção

capitalista, levando a contradições frente às inúmeras interpretações desta lei.

A referida Lei propiciou abertura para que os Conselhos Estaduais de

Educação traçassem suas diretrizes para a operacionalização da mesma, onde

também cada estabelecimento de ensino regulamentaria no regimento a

organização administrativa, disciplinar e didática, que seria aprovado pelo sistema,

de acordo com as normas do Conselho de Educação, o que ainda deixava muito a

desejar quanto ao esclarecimento no que diz respeito à forma de execução.

De acordo com os estudos Dalben (1995), no Artigo 13 da lei 5692/71fica

definido o espaço e a implementação dos Conselhos de Classe, “embora não

aconteça ainda claramente”, necessitando da “liberdade e autonomia de decisões

quanto à forma de ação do coletivo dos profissionais”.

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O professor é a “pedra angular” no que diz respeito à avaliação, com o apoio

do especialista, mantendo assim o controle. O aluno será o “motor do processo de

avaliação”, já que esta “coloca-se em “face de uma dinâmica que envolve o próprio

professor”, é a maneira que Dalben define os papéis destes indivíduos, neste

processo.

Neste momento nota-se a Dimensão Dialética da Avaliação, onde não só o

aluno está sendo avaliado, mas onde o professor faz sua auto avaliação, verifica

como está todo o processo ensino-aprendizagem e procura aperfeiçoar sua

metodologia de trabalho, possibilitando as inter-relações no processo.

A teoria funcionalista das organizações nas décadas de 60 e 70 “traz a visão

organicista da divisão social do trabalho”, onde se prega a realização das tarefas

separadamente para “compor um todo harmônico”. De acordo com esta teoria, o

Conselho de Classe aglutina vários profissionais para tentar entender melhor o

desempenho do aluno. Para tanto esta instância tem o papel de articular as diversas

partes e montar a estrutura fragmentada da escola, garantindo a avaliação do

processo educacional como um todo.

O papel da Orientação Educacional na visão psicológica e o papel da

Supervisão Pedagógica com ênfase no tecnicismo (eficiência e eficácia) se

contradiziam, mas juntas buscavam agilizar as atividades, de acordo com a

realidade ali posta. Os regimentos oficializaram a reforma da educação e também

alinharam as ideias de avaliação do rendimento escolar.

Ficou também definida, por Dalben (1995, p. 38) a composição do Conselho

de Classe: coordenador de área ou atividades, professores da classe, orientador

educacional, supervisor pedagógico e diretor, tendo como objetivos “Discutir

problemas relativos a rendimento escolar, ajustamento do aluno, relacionamento

grupal e individual” (...) “Deliberar normas de ação para resolução desses

problemas”, isto é “passar em revista o aluno”, tendo a “deliberação” um caráter de

dinamismo em sua atuação, fora do momento de avaliação em conjunto, onde se

realiza ações para solucionar certos problemas evidenciados no Conselho de

Classe.

Dalben também apresenta uma especificidade para as atribuições do

Conselho de Classe:

“...analisar o rendimento do aluno a partir das avaliações feitas pelos professores em sua classe”; “reunir-se, mensalmente, para proceder à avaliação qualitativa e quantitativa do aluno”; “sugerir medidas para a

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recuperação e melhoria do comportamento e rendimento do aluno.” (DALBEN, 1995, p. 38).

O regimento é o documento que torna legal o Conselho de Classe, colocando-

o como órgão que dá assessoramento à direção, o que coloca em dúvida, pois ele

deve “opinar” sobre as questões levantadas e não “indicar” medidas para cada caso.

Para oficializar ainda mais os Conselhos de Classe, os mesmos devem ter

registro em atas, lembrando que tem soberania nas decisões quanto ao rendimento

escolar, lembrando sempre que os aspectos qualitativos devem estar acima dos

quantitativos. Mesmo o Conselho sendo parte da organização escolar, sua atuação

tem dá ênfase à avaliação, onde o aluno tem pouca participação.

O Conselho de Classe, como instância coletiva de avaliação, nasce num

cenário contraditório, onde se tem a dicotomia teoria x prática, as divergências entre

as concepções pedagógicas, onde há a racionalidade da organização de forma

capitalista de produção, enfatizando a técnicas de trabalho, levando à luta pelo

poder.

Dalben coloca o seguinte:

“Conclui-se que o contexto sócio-econômico entre 1968 e 1972 refletiu-se obviamente na educação, permitindo que a reforma de 1971 fosse implantada sobre o solo fértil de uma “euforia pedagógica” confiante das realizações ideais”. (DALBEN, 1995, p.43).

Nisto nota-se que todos os profissionais da educação estavam muito

entusiasmados em adotar a nova lei que fecham os olhos para toda a

hierarquização, subdivisão de trabalhos, atribuições, competências, realizando um

trabalho individualizado, não refletindo sobre toda a contradição ali existente.

A distância entre o Conselho de Classe “ideal”, e o Conselho de Classe “real”,

se confirma. Se fortalece a ideia de verificação de resultados numéricos dos alunos

e não de se realizar uma análise, no coletivo, de toda a situação, para tomada de

decisões e mudanças, para o aprimoramento do ensino-aprendizagem.

Após análises a respeito das origens desta instância – Conselho de Classe –

no cotidiano do trabalho escolar, pode-se defini-lo, de acordo com características e

possibilidades práticas, desta maneira:

“O Conselho de Classe é um órgão colegiado, presente na organização da escola, em que vários professores das diversas disciplinas, juntamente, com os coordenadores pedagógicos, ou mesmo os supervisores e orientadores educacionais, reúnem-se para refletir e avaliar o desempenho pedagógico dos alunos das diversas turmas, séries ou ciclos. Ele apresenta algumas características básicas que o fazem diferente de outros órgãos colegiados e que lhe dão a importância conferida neste livro para o desenvolvimento do

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projeto pedagógico da escola. São elas: a) a forma de participação direta, efetiva e entrelaçada dos profissionais que atuam no processo pedagógico; b) sua organização interdisciplinar; c) centralidade da avaliação escolar como foco de trabalho da instância.” (DALBEN, 2004, p. 31).

No Estado do Paraná o Conselho de Classe teve como primeira referência

oficial a Constituição Estadual do Paraná (1989), as concepções expressas na

Pedagogia Histórico-Crítica de Saviani (1991), a Resolução número 2000/91 que

estabeleceu para a rede pública estadual o Regimento Escolar, onde o Conselho de

Classe ficou definido como órgão colegiado de natureza consultiva, que trata de

assuntos de natureza didática e pedagógica de cada classe com o objetivo de

analisar o processo de ensino-aprendizagem, o relacionamento professor aluno e o

que se é possível encaminhar para cada situação - soluções.

Na década de 90 alguns aspectos e atribuições do Conselho de Classe foram

alterados e ampliados. Neste tempo se estabeleceu o Conselho de Classe como

órgão consultivo e deliberativo, possibilitando não só a análise do processo

avaliativo, mas podendo definir procedimentos adequados a cada caso, bem como

propor medidas que melhorem o aproveitamento escolar, observando a cultura do

educando, sua integração e socialização na classe e em conjunto decidir pela

aprovação ou retenção de alunos ao final do ano letivo, caso não tenha atingido o

mínimo solicitado, sempre levando em conta o desenvolvimento do aluno.

Para um pensar no Conselho de Classe, como instância colegiada, necessita-

se de amparo legal maior, onde se pode analisar também a definição dos princípios

de gestão democrática, que encontram-se expressos na LDB 9394/96, no artigo 14:

Art. 14. Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do ensino público na educação básica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios: I – participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola; II – participação das comunidades escolares e local em conselhos escolares ou equivalentes.

Analisando que gestão democrática se faz através de diversos mecanismos,

onde a comunidade escolar participa nas discussões e reflexões de práticas que

organizam o cotidiano de uma escola, observa-se a relevância de que o Conselho

de Classe seja compreendido em sua finalidade maior e completa, onde também

podemos verificar que estas discussões devem visualizar problemas e indicar

soluções no que diz respeito a alunos e a professores.

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Em 2008 a SEED – Secretaria de Estado da Educação - elaborou um caderno

intitulado – Subsídios para elaboração do Regimento Escolar, na gestão de Requião,

onde cada escola teria “autonomia pedagógica”, só que este modelo era único para

todas as escolas do Paraná, e nele o Conselho de Classe (2008, p. 24 e 25), é uma

instância colegiada, de natureza consultiva e deliberativa, tendo como finalidade

contribuir para atingir os objetivos através de análise e reflexão do processo ensino

aprendizagem e os seus resultados. Também fica explicito sua constituição, sua

distribuição quanto às reuniões ordinárias ou extraordinárias, sendo as ordinárias

previstas em calendário escolar, sua forma de registro – em Atas e as devidas

atribuições.

Cruz (2005, p. 17), já ampliava a compreensão do Conselho de Classe

quando nos coloca a seguinte afirmação:

“Entendemos o Conselho como etapa dinamizadora do trabalho educativo. A dimensão do processo de avaliação supõe que os conselhos estejam relacionados uns com os outros e provoquem ações concretas que possam interferir na prática educativa. Essa inter-relação não se reduz a conhecer a nota que o aluno tirou no bimestre anterior, nem ao relato do que ele fez de errado. É necessário que um Conselho esteja estruturalmente relacionado com o anterior para que fique configurada dimensão de processo orgânico de educação. (CRUZ, 2005, p.17)

Os Conselhos devem ser uma prática, sempre realizada no dia a dia escolar

que virão a auxiliar em todo processo democrático em nosso ambiente escolar.

Analisando, revendo os Conselhos de Classes realizados até hoje, observa-

se que são diversos os fatores que acabam por minimizar sua importância no

cotidiano de uma escola, como por exemplo: é um dia especial, agitado, tenso; há

mudanças nos horários dos alunos para que se realize o mesmo, causando

turbulências, ou tem que ser realizado em período contrário, prejudicando desta

forma a participação de todos, que possuem outros compromissos, aulas; o tempo é

pouco, analisando tabelas, gráficos, deixando o qualitativo um pouco mais de lado,

analisando mais o quantitativo; no momento do Conselho existem sempre muitas

falas e conversas paralelas e muitos outros detalhes que levam o Conselho de

Classe deixar a desejar. Vários membros desta instância colegiada saem

descontentes, estressados, desanimados deste momento. Deixando claro que a

realidade observada e analisada contradiz os referenciais legais.

O que se observa também é a frágil relação entre os participantes. O foco da

avaliação se dá de maneira unilateral, na maioria das vezes, apenas com foco no

educando. A auto avaliação que o professor deve fazer neste momento, acaba não

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sendo realizada, ficando apenas nos resultados numéricos de todo processo ensino

aprendizagem. Os conselhos são momentos de tomada de decisões para mudanças

de rumos na escola e não somente para verificação denotas dos alunos. Existe

ainda o ranço dos conselhos tecnicistas onde se discute nota e aprendizagem com

um olhar maior no comportamento, sendo que o comportamento deve ser discutido

sim, mas como um condicionante que vêm a interferir na aprendizagem. Desta

maneira “...o conselho de classe coaduna-se com a perspectiva da avaliação

classificatória e seletiva, perdendo seu potencial.”(MEC, 2008, p. 37).

Segundo Beatriz Gomes Nadal, em seu Artigo – Cultura Escolar e Conselho

de Classe: Gestão Democrática do Trabalho Pedagógico? – expõem que ele deixa

de ser “processo pedagógico emancipatório” e continua cumprindo tudo no que se

refere a questões burocráticas. (2008, p.3)

O Conselho de Classe está relacionado diretamente à avaliação.

Segundo Veiga, a aprendizagem é uma atividade do aluno, que deve estar

disposto em querer aprender e “avaliar é efetivar oportunidades de ação-reflexão,

num acompanhamento contínuo dos professores que levará o aluno a novas

questões”. (VEIGA, 1996, p. 160).

A avaliação em questão procura ser democrática, valorizando o indivíduo e

suas peculiaridades, mas o que se tem visto no cotidiano nem sempre é assim.

Luckesi coloca que a avaliação deve estar sustentada em uma “proposta” e

numa “ação pedagógica” com foco na “formação do educando”. Continuando, o

autor afirma que “A prática da avaliação, em virtude de subsidiar a obtenção de

resultados desejados e bem sucedidos, depende de uma concepção pedagógica

construtiva, seguida de uma execução consistente na obtenção desses resultados”.

(2011, p.144), deixando assim, de ser uma avaliação conservadora e sim

diagnóstica, buscando novos horizontes.

A avaliação deve ser tratada como parte do ato pedagógico, pois o contrário

corre risco de “perder sua dimensão pedagógica e passar a ser seletiva”. (Luckesi

2011, p. 148), e nos Conselhos de Classe a discussão de maneira coletiva é

essencial, para que não ocorram perdas de forma alguma, o que infelizmente,

devido à burocratização do mesmo, algo neste sentido sempre ocorre.

Devemos abrir mão na forma de agir e nos pensamentos tradicionais,

deixando de utilizar formas de coleta de dados impróprias que pode nos levar a

enganos que não nos permitem visualizar o real aprendizado de nossos alunos e os

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Conselhos de Classe auxiliam a não se ter arbitrariedades nas decisões tomadas

neste conjunto.

A avaliação está presente no dia a dia do contexto escolar, em todos os

ambientes e se fazendo presente, de maneira especial, no Conselho de Classe que

é o espaço onde ela deve ser muito bem desenvolvida, estudada, analisada, para

que o mesmo não seja excludente.

Para Paro os professores devem estar envolvidos em atividades coletivas e

que:

“...também estejam impregnadas por uma visão de responsabilidade e por um compromisso com uma escola competente, de modo que os momentos de trabalho coletivo – destinados ao planejamento e à avaliação – cumpram efetivamente essas finalidades. Dessa forma, as atividades de grupo fora do horário de aulas, bem como os conselhos de classe, devem significar algo mais do que o cumprimento de exigências burocráticas e de decisões a respeito de reprovação ou promoção de alunos, constituindo-se uma real avaliação do desempenho dos educandos, mas também da escola, e em especial dos professores, procurando levantar problemas, propor soluções e planejar atividades que superem as dificuldades e se comprometam com um ensino de qualidade.” (PARO,1999, p.217)

O Conselho de Classe não deve ser visto apenas como momento de

fechamento de notas, com aprovação ou reprovação dos educandos. É um espaço

importantíssimo onde o trabalho coletivo – professores, equipe pedagogia, direção e

em alguns casos - alunos e pais, onde as decisões são compartilhadas, pois só

assim todos estarão cientes das decisões e contribuirão com seu pensamento a

respeito do assunto, desde o planejamento, no início do ano letivo.

O Conselho de Classe – “Esse espaço precisa ser ressignificado e sua real

função resgatada.” (MEC, 2008, p. 36), pois é o momento em que estuda os

desafios decorrentes da prática de todo cotidiano escolar.

O maior problema referente ao Conselho de Classe geralmente acontece

porque muitos educadores não sabem pelo qual processo esta instância passou

para fazer parte do contexto escolar e para que ele realmente “serve” e acham que a

forma como ele é realizado “não dá em nada”, e quanto a avaliação e ao ensino

aprendizagem alguns “profissionais” dizem - “fizemos tudo e não dá”, tentamos tudo

e não vimos progresso algum”. Para tanto se faz necessário e urgente que os

educadores, em conjunto, conheçam, se comprometam e juntos construam, uma

maneira de “condução” do Conselho de Classe para que se aproxime do ideal. Daí a

necessidade de estudos mais aprofundados sobre o tema e a Professora Nilceli

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Moreira da Silva, em seu Artigo – Trabalho de Conclusão do PDE 2008, coloca o

seguinte:

“... os grupos de estudo apontaram uma possibilidade para que os profissionais, coletivamente desenvolvam hábitos de estudo, pesquisa e investigação sobre questões problemáticas presentes no cotidiano da escola e em parceria tenham condições de planejar encaminhamentos que possam contribuir para minimizar ou eliminar os problemas que afetam o contexto escolar especificamente com relação ao ensino-aprendizagem” (SILVA, 2009, p.26)

Analisando tudo isso, chega-se a conclusão de que este Estudo sobre o

Conselho de Classe deve ser constante entre todos os participantes da comunidade

escolar em que se estão inseridos, não somente no desenvolvimento deste Projeto

do PDE, mas de forma contínua para o aprimoramento do ensino aprendizagem em

todo o contexto escolar.

3. Metodologia -

Este projeto foi desenvolvido no Colégio Estadual Cel. David Carneiro-Ensino

Fundamental e Médio, que está localizado na Rua Cel. Alípio do Nascimento, nº

1011, na cidade de Palmeira – Paraná.

No Ensino Fundamental o Colégio contempla as séries finais do Regular e

séries finais na EJA – Educação de Jovens e Adultos, bem como o Ensino Médio na

EJA.

A implementação desse projeto foi desenvolvido com pedagoga, professoras

das séries finais do Ensino Regular – 6º ao 9º anos e também professoras

convidadas de outras escolas e colégios, que de maneira geral ocorreu da seguinte

forma:

- Na semana pedagógica foi realizada uma análise e reflexão inicial, sobre o

Conselho de Classe e entregue um questionário aos participantes;

- Durante o primeiro bimestre, nas horas-atividade dos professores foi

realizado questionamentos, de forma mais individual com os professores e

acompanhamento na elaboração dos planos de trabalho docente, para verificação

dos objetivos, conteúdos, metodologias e avaliação;

- Nos encontros realizados, estudou-se sobre a história e a institucionalização

dos Conselhos de Classe no mundo e no Brasil, bem como toda fundamentação dos

Conselhos de Classe, realizando análises dos Conselhos desenvolvidos no Colégio

até hoje;

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- Após o embasamento teórico e as discussões e análises sobre o Conselho

de Classe que se realiza atualmente em nosso Colégio e em outros, foi elaborado

em grupo um “roteiro” para desenvolver um Conselho de Classe que venha a atingir

os objetivos desejados, procurando estar o mais próximo do ideal;

- Desenvolvimento de atividades necessárias para operacionalizar os

resultados, as dificuldades e necessidades levantadas no Conselho de Classe.

O cronograma abaixo demonstra todo este processo da implementação:

21/02/2014 - VISÕES SOBRE AS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS –

Neste momento foi apresentado o filme “Entre les Murs”, onde um professor

tenta estimular seus alunos em sala de aula, mas enfrenta problemas com a falta de

educação e o descaso deles em aprender algo. Onde encontramos diferenças

culturais, culturais e econômicas e em especial a racial. O filme fala sobre histórias

reais, humanas que encontramos em nosso cotidiano também.

Neste caso a história do filme acontece na França, mas faz com que

reflitamos muito sobre a nossa realidade, o que queremos de nossos alunos, mostra

diversas situações que todas concordaram que de maneira geral encontramos em

nosso dia a dia, levando a todas a refletir sobre o papel do professor na sociedade,

no “poder” que temos na conscientização dos alunos, no empenho de cada um, na

melhoria de sua auto estima, suas responsabilidades frente ao mundo que estão.

14/03/2014 - VISÕES SOBRE O CONSELHO DE CLASSE.

Neste momento houve uma conversa sobre os Conselhos de Classe que

temos, como direcionamos e o que priorizamos e como achamos que devem

acontecer. E a conclusão inicial é de que necessitamos melhorar muito, mudar,

aperfeiçoar o mesmo e nos aperfeiçoar para a realização de um Conselho de Classe

melhor e mais humano. Após discussões, foram respondidos alguns

questionamentos sobre a visão e posicionamento de cada uma em todo o processo.

Foi muito enriquecedor a troca de idéias e sugestões.

28/03/2014 - HISTÓRICO DO CONSELHO DE CLASSE E SUA

INSTITUCIONALIZAÇÃO NO BRASIL.

Aqui foi trabalhado através de slides sobre a história do Conselho de Classe e

sua institucionalização no Brasil, onde ficou claro a importante é se conhecer todo o

processo, a história, o seu início na França, e que em meados de 45, sua

implementação no Brasil, onde foi observado que ainda temos muitos “ranços”

daqueles conselhos.

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11/04/2014 - CONSELHOS DE CLASSE E O ENSINO APRENDIZAGEM.

Aqui foram realizados estudos sobre o processo Ensino Aprendizagem.

Colocou-se que é um assunto que devemos estar sempre estudando,

refletindo, pois é essencial, apesar de muitos colegas de profissão quando sabem

que um dos assuntos a ser estudado é este acabam sempre comentando: “Isso de

novo?”; “Isso não dá em nada, não muda nada”, mas em nossos debates verificou-

se a necessidade de sempre estarmos revendo autores e seus posicionamentos, e

como nós nos posicionamos frente a estas questões.

25/04/2014 - CONSELHOS DE CLASSE E A AVALIAÇÃO.

Sobre a Avaliação foram estudados alguns textos, foram realizadas

discussões sobre o tema e também chegou-se a conclusão da necessidade de

sempre estarmos estudando, aperfeiçoando nossa prática sobre este assunto, que

apesar de muitas vezes parecer repetitivo como muito se coloca, sempre há algo

para se rever, se pensar e mudar, alterar nossas práticas. Foi observado por todas

que o Professor também tem que se auto avaliar e isso não é algo fácil e muito

menos comum entre os profissionais da Educação.

10/05/2014 - PARTICIPAÇÃO NO CONSELHO DE CLASSE DO 1º

BIMESTRE.

Neste dia as Professoras participaram do 1º Conselho de Classe deste ano

letivo, como Regentes de Classe bem como participantes deste grupo de estudos,

analisando a forma como o mesmo é realizado e como são procedidas as

discussões, para que nos próximos encontros possamos debater sobre “nosso atual

Conselho de Classe”.

16/05/2014 - ANÁLISES SOBRE O CONSELHO DE CLASSE DO 1º

BIMESTRE COM INÍCIO DA ELABORAÇÃO DE UM “ROTEIRO” DE

CONSELHO DE CLASSE.

A teoria ilumina a prática e a prática questiona, traz elementos à teoria.

Inicialmente foi trabalhado sobre o Professor Reflexivo, as inter-relações entre

a teoria e a prática, através da Reflexão em Etapas, onde se deve pensar na:

AÇÃO – REFLEXÃO - AÇÃO

13/06/2014 - ESTRUTURA DE UM “ROTEIRO” DE CONSELHO DE CLASSE.

Aqui, neste momento específico, o grupo com as visões ampliadas sobre o

Conselho de Classe, iniciou um estudo, organizando um “roteiro”, uma “estrutura” de

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Conselho de Classe que possa superar as falhas observadas e venha promover os

objetivos esperados pelo mesmo.

Além deste Grupo de Estudos, houve também o Grupo de Trabalho em Rede

(GTR), onde fui tutora e todos os debates com as participantes foi muito

enriquecedor, através das trocas, sugestões, debates, no desenvolvimento deste

projeto e repassados a todas.

Observou-se que todos têm um olhar diferenciado sobre o Conselho de

Classe e que a necessidade de mudanças/aprimoramento se faz urgente, visando à

melhoria de todo processo ensino aprendizagem de nosso Colégio.

4 . Considerações Finais -

Com os estudos e reflexões sobre o Conselho de Classe no Colégio Estadual

Cel. David Carneiro – Ensino Fundamental e Médio, permitiu maior aprofundamento

e ampliação dos conhecimentos sobre esta instância de grande importância em

nosso cotidiano escolar as participantes obtiveram conhecimentos dos pressupostos

teóricos, desde seu histórico, institucionalização, legislação que lhe foram

apresentados e discutidos, juntamente com o que acontece na realidade do dia a dia

no colégio, verificou-se a urgência da revisão do Conselho de Classe, estruturando-o

de maneira diferente e também, nas discussões o grupo observou que há a

necessidade de todos os envolvidos, nesta instância, especialmente que todos os

docentes, tenham estes conhecimentos e juntos possam

aperfeiçoar/melhorar/adequar o Conselho de Classe para que haja resultados mais

positivos no decorrer e ao final de cada ano letivo.

Infelizmente ainda encontramos muitas resistências às mudanças, por parte

de muitos docentes. Critica-se muito a forma como são realizados, mas não se

aceita muito bem as mudanças. A forma como o Conselho de Classe é realizado,

precisa ser revisto o quanto antes, pois com certeza não será essa a primeira e nem

ser a última.

Houve muitas sugestões e troca de ideias, o que foi muito enriquecedor. E

nestas discussões também verificou-se que este estudo deve continuar e dar

possibilidades de abranger a todos os que dele fazem parte. Neste momento, em

meio às discussões foram analisados diversos “roteiros” de Conselho de Classe bem

como as sugestões das participantes. A partir deste momento foi elaborado em

conjunto um “roteiro” para ser implementado nos próximos Conselhos de Classe,

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visualizando em especial a nossa realidade e ficou bem esclarecido que este

momento não é apenas para tratar de notas e disciplina dos alunos, é o espaço

onde deve ser visto e analisado o desenvolvimento do aluno, comparado com ele

mesmo e não com outros e que a auto avaliação de todos que fazem parte desta

instância não é fácil, mas é primordial e urgente no cotidiano escolar.

Os estudos deverão continuar e o “roteiro” proposto deve ser avaliado,

alterado e aprimorado constantemente e deve ser previsto no Projeto Político

Pedagógico, pois é uma instância importante do trabalho pedagógico, necessitando

este novo olhar. Isto definido nos comentários do grupo de estudos presencial, bem

como no trabalho desenvolvido com Pedagogas no GTR (Grupo de Trabalho em

Rede).

Ficou estabelecido que acontecerá o pré-conselho por turma para obter dados

das dificuldades de aprendizagem dos alunos. Um pré-conselho realizado pelas

pedagogas juntamente com os alunos. Na sequência o levantamento de todos os

dados e montagem de resultados através de tabelas ou outra forma para

apresentação no Conselho de Classe onde será elaborado um Plano de Ação a ser

desenvolvido por todos e/ou em determinadas situações por um executor específico.

Em seguida, esses dados serão repassados para a ficha do aluno onde constará a

dificuldade do aluno, o que foi proposto para solucionar o problema, a intervenção

realizada bem como o resultado desta intervenção, sendo este trabalho medido e

acompanhado pela equipe pedagógica e pela direção. Tanto pais como os alunos

serão conscientizados e orientados.

Na sequência seguem dados das fichas que serão utilizadas nos Pré-

Conselhos e no Conselho de Classe:

FICHA DO PRÉ-CONSELHO COM ALUNOS

Auto avaliação:

1 – Sou um bom aluno, realizo todas as atividades solicitadas em sala ou em casa?

2 – Trago todos os materiais solicitados nas aulas?

3 – Tenho faltas ou sou assíduo às aulas?

4 – Participo das aulas com comentários, perguntas e/ou dúvidas a respeito do

conteúdo trabalhado?

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5 – Colaboro para que o ambiente da sala seja produtivo e favorável ao meu

aprendizado e ao aprendizado dos meus colegas?

6 – O que gostaria que fosse melhorado no que diz respeito às metodologias que os

professores usam para melhorar sua aprendizagem e de seus colegas?

7 – Que metodologias usadas pelos professores facilitaram sua aprendizagem dos

conteúdos?

Questões dirigidas:

1 – Quais as dificuldades que a turma encontrou durante o bimestre? (colegas,

ambiente escolar, relação com professor/es)?

2 – Quais as disciplinas mais difíceis?

3 – O que a Escola e a Turma podem fazer para melhorar o rendimento?

Após tabulação dos resultados serão apresentados no Conselho de Classe e

também a turma.

FICHA DO PRÉ-CONSELHO

Disciplina:_________________________Professsor/a: ______________________

Ano: ______ Turma: ________ Bimestre:_________________________

ALUNO Comporta-

Mento

Participa-

ção e

interesse

nas

aulas

Empenho

nos

trabalhos

avaliativos

Dificul-

dades

de

Aprendiza-

gem

Faltas Notas Ações

para

Supera-

ção

01

Após tabulação os resultados serão apresentados no Conselho de Classe.

QUESTÕES PARA CONSELHO DE CLASSE

Professor/a:___________________________ Disciplina:______________________

Ano: ____Turma: ____ Bimestre:________________ Data:____/____/____

1– Quanto aos conteúdos:

a) Os conteúdos previstos neste bimestre no PTD foram trabalhados? Relate:

b) As situações do cotidiano foram usadas para trabalhar conteúdos não previstos

no PDT, atendendo às necessidades dos alunos? Relate.

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c) As questões das DIVERSIDADES, foram de que forma tratadas neste bimestre?

Relate.

2 – Quanto à Avaliação:

a) As Avaliações escritas tiveram o tempo adequado para resolução?

b) Foram utilizados instrumentos diversificados de avaliação? Quais?

c) Nas avaliações foram priorizadas questões de vários níveis de dificuldade?

d) Foi realizada a releitura ou reescrita das avaliações com os alunos?

3 - Quanto à recuperação paralela:

a) Na recuperação de conteúdos, foi retomado o conteúdo a partir do diagnóstico

oferecido pelos instrumentos de avaliação? De que forma?

b) O que fez durante o bimestre para recuperar os conteúdos dos alunos que

apresentaram dificuldades?

4 - Quanto ao Calendário:

a) As aulas previstas para este bimestre, na sua disciplina, foram dadas e/ou

repostas?

5 - Especifique – Análise da turma:

a) Apresente as dificuldades encontradas na turma:

b) Aponte encaminhamentos para tais dificuldades:

PLANO DE AÇÃO DO CONSELHO DE CLASSE

Ano:______ Turma: ______ Bimestre:________

Problemas

levantados

Ações para

Superação

Executores Período

FICHA DE AVALIAÇÃO DO CONSELHO DE CLASSE

Na busca de melhorias do trabalho pedagógico do Colégio, a Direção e Equipe

Pedagógica solicita que responda as questões para que juntos possamos analisar,

refletir e rever o desenvolvimento das Atividades Pedagógicas e Conselho de Classe

de nosso Colégio:

1 – O tempo disponível para a realização do Conselho de Classe é:

2 – A atenção da Equipe Pedagógica diante dos problemas é:

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3 – O Conselho de Classe tem sido efetivamente um momento de reflexão sobre o

processo de ensino aprendizagem:

4 – As decisões tomadas no Conselho de Classe e nas Reuniões Pedagógicas têm

sido cumpridas por todos:

5 – As opiniões, sugestões e argumentos são respeitados durante o Conselho de

Classe e Reuniões Pedagógicas:

6 – Você se sente a vontade para expor os problemas encontrados em sala de aula,

perante os colegas:

7 – O sistema de avaliação adotado pela escola está efetivo ao que está expresso

no Regimento Escolar e PPP:

As resposta as questões serão:

( ) Bom ( ) Regular ( ) Precisa ser revisto (questões1 a 5) ,

( ) Sim ( ) Não (questão 6) e

( ) Sim ( ) Não ( ) Precisa ser revisto (questão 7).

Estes são algumas fichas montadas pelo grupo de estudos através da troca

de experiências, pesquisa e sugestões dadas por participantes do GTR.

Ao final de cada Conselho de Classe será realizada Avaliação de todo o

processo e verificação no que e como poderá ser aperfeiçoado para que

alcancemos os objetivos necessários para o melhor desenvolvimento de todo o

Processo Ensino Aprendizagem.

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Fonte: http://cinema.uol.com.br/ultnot/2009/03/11/ult4332u1035.jhtm

Acesso em 27/11/2013 às 10h29min.

Fonte :http://portaldecinema.com.br/Filmes/entre_os_muros_da_escola.htm

Acesso em 27/11/2013 – à 10h36min.

Fonte:

http://br.bing.com/images/search?q=imagens+de+reuni%C3%A3o+de+professores&

qs=OS&sk=OS2&FORM=QBIR&pq=imagens%20de%20reuni%C3%A3&sc=8-

17&sp=3&qs=OS&sk=OS2

Acesso em 27/11/2013 às 10h41min.

Fonte :http://ts4.mm.bing.net/th?id=H.4715166624317967&pid=1.7

Acesso em 27/11/2013 às 10h53min.