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IMPOSTO SOBRE O RENDIMENTO DAS PESSOAS SINGULARES (IRS) 1. Incentivos a jovens trabalhadores – Rendimentos de trabalho dependente É aditado um novo artigo que prevê uma isenção parcial dos rendimentos de trabalho dependente auferidos por sujeitos passivos com idades entre os 18 e os 26 anos, que (i) não sejam considerados dependentes; (ii) aufiram rendimentos brutos anuais de montante igual ou inferior a € 25.075 (isto é, rendimentos de valor igual ou inferior ao limite superior do quarto escalão), e (iii) tenham concluído um nível de ensino igual ou superior ao nível 4 (ensino secundário obtido por percursos de dupla certificação, isto é, escolar e profissional, ou ensino secundário vocacionado para prosseguir estudos de nível superior acrescido de um estágio profissional com uma duração mínima de 6 meses). Esta isenção só pode ser utilizada uma vez pelo mesmo sujeito passivo. A isenção corresponde a 30% do rendimento auferido no primeiro ano, com o limite de 7,5 x IAS, ie, € 3.291,08 1 , 20% do rendimento auferido no segundo ano, com o limite de 5 x IAS, ie, € 2.194,05 1 , e 10% do rendimento auferido no terceiro ano, com o limite de 2,5 x IAS, ie, € 1.097,03 1 . Na declaração anual de IRS, deverá ser selecionada a opção pela isenção dos referidos rendimentos, sendo os restantes rendimentos tributados às taxas gerais, mas considerando-se a totalidade do rendimento para aferir a taxa progressiva aplicável (isenção com progressão). A taxa de retenção na fonte deve ser igualmente determinada com base na totalidade do rendimento auferido, mas sendo aplicada apenas sobre a parte do rendimento sujeito. Para o efeito, o sujeito passivo deve informar as entidades devedoras dos rendimentos que pretende usufruir deste regime, apresentando, para o efeito, o comprovativo da conclusão dos estudos. A identificação fiscal dos sujeitos passivos que, em cada ano, concluam um dos níveis de estudos anteriormente referidos, é comunicada à Autoridade Tributária nos termos a definir por portaria dos membros do Governo responsáveis pela área das finanças juntamente com os responsáveis do ensino superior e da educação. 1 Considerando o valor do IAS de € 438,81 fixado pela Portaria n.º 27/2020, de 31 de janeiro. ORÇAMENTO DO ESTADO 2020 FYI Fiscal

ORÇAMENTO DO IMPOSTO SOBRE O RENDIMENTO ......IMPOSTO SOBRE O RENDIMENTO DAS PESSOAS SINGULARES (IRS) 1. Incentivos a jovens trabalhadores – Rendimentos de trabalho dependente É

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IMPOSTO SOBRE O RENDIMENTO DAS PESSOAS SINGULARES

(IRS)

1. Incentivos a jovens trabalhadores – Rendimentos de trabalho dependente

É aditado um novo artigo que prevê uma isenção parcial dos rendimentos de

trabalho dependente auferidos por sujeitos passivos com idades entre os 18 e

os 26 anos, que (i) não sejam considerados dependentes; (ii) aufiram

rendimentos brutos anuais de montante igual ou inferior a € 25.075 (isto é,

rendimentos de valor igual ou inferior ao limite superior do quarto escalão), e

(iii) tenham concluído um nível de ensino igual ou superior ao nível 4 (ensino

secundário obtido por percursos de dupla certificação, isto é, escolar e

profissional, ou ensino secundário vocacionado para prosseguir estudos de nível

superior acrescido de um estágio profissional com uma duração mínima de 6

meses).

Esta isenção só pode ser utilizada uma vez pelo mesmo sujeito passivo.

A isenção corresponde a 30% do rendimento auferido no primeiro ano, com o

limite de 7,5 x IAS, ie, € 3.291,08 1, 20% do rendimento auferido no segundo ano,

com o limite de 5 x IAS, ie, € 2.194,051, e 10% do rendimento auferido no

terceiro ano, com o limite de 2,5 x IAS, ie, € 1.097,031.

Na declaração anual de IRS, deverá ser selecionada a opção pela isenção dos

referidos rendimentos, sendo os restantes rendimentos tributados às taxas

gerais, mas considerando-se a totalidade do rendimento para aferir a taxa

progressiva aplicável (isenção com progressão).

A taxa de retenção na fonte deve ser igualmente determinada com base na

totalidade do rendimento auferido, mas sendo aplicada apenas sobre a parte do

rendimento sujeito. Para o efeito, o sujeito passivo deve informar as entidades

devedoras dos rendimentos que pretende usufruir deste regime, apresentando,

para o efeito, o comprovativo da conclusão dos estudos.

A identificação fiscal dos sujeitos passivos que, em cada ano, concluam um dos

níveis de estudos anteriormente referidos, é comunicada à Autoridade

Tributária nos termos a definir por portaria dos membros do Governo

responsáveis pela área das finanças juntamente com os responsáveis do ensino

superior e da educação.

1 Considerando o valor do IAS de € 438,81 fixado pela Portaria n.º 27/2020, de 31 de janeiro.

ORÇAMENTO DO

ESTADO 2020

FYI Fiscal

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Este benefício é aplicável aos sujeitos passivos cujo primeiro ano de obtenção

de rendimentos (após a conclusão de um ciclo de estudos) seja o ano de 2020

ou posterior.

2. Dedução dos dependentes – benefício às famílias com mais de um filho

Foi aprovado um aumento dos acréscimos referentes à dedução dos

dependentes de € 126 para € 300 e € 150, respetivamente, a partir do segundo

dependente e seguintes, independentemente da idade do primeiro

dependente.

Recorda-se que até à entrada em vigor desta alteração, para além de uma

dedução à coleta por dependente no montante fixo de € 600 (que se mantém),

previa-se um acréscimo de € 126, quando os dependentes não ultrapassassem

os três anos de idade até 31 de dezembro do ano a que respeita o imposto. Estes

montantes são reduzidos a metade, para cada sujeito passivo, em caso de

acordo de regulação do exercício das responsabilidades parentais que

estabeleça a responsabilidade conjunta e a residência alternada do menor.

Na prática, com a Lei do OE 2020, a dedução a aplicar ao 2.º dependente com

menos de 3 anos aumenta de € 726 (€ 600 + € 126) para € 900 (€ 600 + € 300),

e para os seguintes aumenta de € 726 (€ 600 + € 126) para € 750 (€ 600 + € 150).

3. Mais-valias – afetação de imóveis habitacionais a atividades empresariais e

regresso à esfera pessoal

O OE vem neutralizar, em sede de IRS, a transferência de imóveis habitacionais

entre a esfera pessoal e a esfera profissional.

De acordo com a anterior redação, a transferência de um imóvel afeto à esfera

pessoal para a atividade empresarial do mesmo contribuinte (por exemplo,

alojamento local) e, daqui, novamente para a esfera pessoal poderia espoletar

a tributação em dois momentos: (i) aquando da afetação à atividade

empresarial, e (ii) aquando da reafectação à esfera pessoal.

No primeiro momento (afetação à esfera empresarial), a mais-valia consiste na

diferença entre o valor de mercado do imóvel no momento da afetação e o valor

de aquisição (mais-valia tributada em 50%, em sede de categoria G).

No segundo momento (afetação ou reafectação à esfera pessoal) a mais-valia

consiste na diferença entre o valor de mercado no momento da afetação à

esfera pessoal e o valor de aquisição (mais-valia tributada em 100%, em sede de

categoria B), exceto se o imóvel for afeto à obtenção de rendimentos prediais

(categoria F), situação em que se determina que não existe transferência para o

património particular, ou seja, presume-se que o imóvel continua afeto à esfera

empresarial. Neste último caso, uma futura afetação do imóvel para outros fins

(habitação própria) ou alienação do imóvel a terceiros seria tributada em 100%,

no âmbito da Categoria B.

Estes regimes foram agora simplificados.

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No que toca à Categoria B (rendimentos profissionais/empresariais), a

transferência de imóveis habitacionais da esfera empresarial para a esfera

particular do empresário não será considerada como mais-valia, desde que o

imóvel seja imediatamente afeto à obtenção de rendimentos prediais (Categoria

F). Ou seja, é afastada a tributação, no âmbito da Categoria B, tanto no

momento da reafectação à esfera pessoal como, mais tarde, caso exista uma

transmissão a terceiros (neste caso, a mais-valia será tributada em 50%, em sede

de Categoria G).

Por outro lado, no que toca à Categoria G (Mais-valias), a transferência de

imóveis da esfera pessoal para a empresarial e, daqui, novamente para a pessoal

(“restituição ao património pessoal”) não dará lugar à tributação de qualquer

ganho, caso o imóvel em questão seja afeto à obtenção de rendimentos prediais

(Categoria F) durante cinco anos consecutivos.

4. Exclusão de tributação – rendimentos de Categoria A e B

Uma outra novidade do OE 2020 é a exclusão de tributação, até ao limite anual

global de 5 vezes o valor do IAS, ie, € 2.194,051, dos rendimentos da categoria A

provenientes de contratos de trabalho, e dos rendimentos de categoria B

provenientes de contrato de prestação de serviços, incluindo os rendimentos

provenientes de atos isolados, pelos estudantes considerados dependentes,

que frequentem um estabelecimento de ensino integrado no sistema nacional

de educação ou reconhecidos como tendo fins análogos.

Para este efeito, deve ser submetido um documento comprovativo da

frequência de estabelecimento de ensino oficial ou autorizado, através do Portal

das Finanças, até dia 15 de fevereiro do ano seguinte ao que o imposto respeita.

5. Alojamento Local em Áreas de Contenção– agravamento dos coeficientes

No âmbito do regime simplificado, é aumentado o coeficiente aplicável aos

rendimentos da exploração de estabelecimentos de alojamento local na

modalidade de moradia ou apartamento, localizados em área de contenção de

0,35 para 0,5.

Através desta medida de agravamento fiscal, procura-se desincentivar a

manutenção deste tipo de alojamento em áreas de contenção.

6. Atualização dos escalões

São atualizados os limites dos escalões das taxas gerais do IRS em 0,3%. As taxas

aplicáveis mantêm-se inalteradas.

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Os novos escalões passam a ser os seguintes:

OE 2020 Redação anterior

Rendimento coletável (Euros)

Taxa normal

Taxa média

Rendimento coletável (Euros)

Taxa normal

Taxa média

Até 7.112 14,50% 14,50% Até 7.091 14,50% 14,50%

De mais de 7.112 até 10.732 23% 17,367% De mais de 7.091 até 10.700 23% 17,367%

De mais de 10.732 até 20.322 28,50% 22,621% De mais de 10.700 até 20.261 28,50% 22,621%

De mais de 20.322 até 25.075 35% 24,967% De mais de 20.261 até 25.500 35% 24,967%

De mais de 25.075 até 36.967 37% 28,838% De mais de 25.500 até 36.856 37% 28,838%

De mais de 36.967 até 80.882 45% 37,613% De mais de 36.856 até 80.640 45% 37,613%

Superior a 80.882 48% - Superior a 80.640 48% -

7. Direito real de habitação duradoura

O Direito Real de Habitação Duradoura (DHD) é uma figura jurídica nova que

tem como objetivo conferir a possibilidade de uma pessoa manter a sua

residência permanente numa habitação alheia por um período vitalício. Este

regime foi aprovado pelo Decreto-Lei n.º 1/2020, de 09 de janeiro.

Com as alterações introduzidas pelo OE 2020, os rendimentos decorrentes

destes contratos são qualificados como rendimentos prediais, passando a ficar

submetidos ao seu regime.

Assim, são havidas como rendas as importâncias relativas a contratos de DHD.

Estes rendimentos ficam sujeitos a tributação, nos seguintes termos:

a) prestação pecuniária mensal: quando ocorra o seu recebimento ou

colocação à disposição;

b) prestação pecuniária anual: o momento em que esta prestação constitua

rendimento ou seja deduzida pelo proprietário em virtude do não

cumprimento pelo morador das suas obrigações nos termos previstos no

diploma que cria o direito real de habitação duradoura, na parte respeitante

à caução inicial.

Os titulares destes rendimentos prediais ficam obrigados a passar recibo de

quitação, em modelo oficial, de todas as importâncias recebidas dos seus

inquilinos a título de renda, ainda que se trate de uma caução, adiantamento ou

reembolso de despesas.

Os rendimentos decorrentes do pagamento da prestação pecuniária mensal de

contratos de DHD serão tributados a uma taxa de 10%, por beneficiarem de uma

redução de 18% sobre a taxa normal de 28%.

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Por outro lado, no que toca à prestação pecuniária anual de contratos de DHD

que constitua rendimento ou seja deduzida pelo proprietário em virtude do não

cumprimento pelo morador das suas obrigações, na parte respeitante à caução

inicial, ficam sujeitos à taxa autónoma de 28%.

Sempre que os contratos de DHD cessem os seus efeitos antes de decorridos os

prazos de duração dos mesmos ou das suas renovações por acordo das partes,

o direito às reduções das taxas previstas extingue-se, com efeitos desde o início

do contrato ou renovação.

Os titulares dos rendimentos, no ano em que cessa o contrato, devem proceder

à declaração desse facto para efeitos de regularização da diferença entre o

montante do imposto que foi pago em cada ano e aquele que deveria ter sido

pago, acrescido de juros compensatórios.

Por sua vez, do lado do morador, os montantes pagos também são dedutíveis à

coleta em termos semelhantes à dedução à coleta das rendas pagas por

inquilinos. Nesse sentido, são dedutíveis à coleta 15% dos montantes pagos que

sejam tributados como rendimento dos proprietários no ano a que se referem,

com o limite de € 502, aplicando-se em tudo o mais o regime de dedução à

coleta previsto para os arrendatários.

A importância suportada a título de caução inicial deve ser indicada pelo

morador na declaração de IRS relativa ao ano em que seja tributável como

rendimento do proprietário.

8. Dupla tributação internacional

Os titulares de rendimentos obtidos no estrangeiro a quem seja aplicado, por

força de convenção para eliminar a dupla tributação celebrada por Portugal, o

método do crédito de imposto no Estado da fonte, não podem beneficiar do

direito a crédito de imposto por dupla tributação jurídica internacional.

9. Residentes Não Habituais (RNH)

É eliminada a isenção total de tributação dos rendimentos de pensões obtidos

no estrangeiro por novos RNH, passando estes rendimentos a ficar sujeitos a

uma taxa de 10%, sem prejuízo da opção pelo englobamento e da eliminação da

dupla tributação internacional.

Contudo, poderão continuar a beneficiar do antigo regime de isenção total dos

rendimentos de pensões os sujeitos passivos que, a 1 de abril de 2020:

a) Já se encontrem inscritos como RNH ou cujo pedido de inscrição já tenha sido

submetido e esteja pendente de análise, bem como

b) Sejam considerados residentes para efeitos fiscais e solicitem a respetiva

inscrição como RNH até 31 de março de 2020 ou 2021 por reunirem as

respetivas condições em 2019 ou 2020.

Sem prejuízo deste regime de salvaguarda, os sujeitos passivos abrangidos pelo

mesmo poderão optar pelo novo regime, se assim entenderem.

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Este pedido deve ser feito na declaração de rendimentos respeitante ao ano de

2020 e produzirá efeitos durante o período remanescente do regime.

10. Dedução pela exigência da fatura

É incluída pelo OE 2020 a possibilidade de deduzir, à coleta do IRS, a aquisição

de medicamentos de uso veterinário, desde que suportada por fatura.

11. A Retenção na fonte sobre rendimentos de outras categorias –

Crowdfunding

As entidades gestoras de plataformas de financiamento colaborativo, ie,

plataformas de crowdfunding, passam a estar obrigadas a efetuar retenção na

fonte de IRS sobre os rendimentos de capitais que paguem ou coloquem à

disposição (por exemplo, juros ou dividendos), quando tenham sede ou direção

efetiva ou estabelecimento estável localizado em território português a que

deva imputar-se o pagamento.

12. Pagamentos por conta voluntários

Amplia-se o leque de contribuintes que podem proceder, voluntariamente, a

pagamentos por conta do imposto devido a final, desde que o montante de cada

entrega seja igual ou superior a € 50.

De acordo com a redação anterior, apenas os titulares de rendimentos das

categorias A – Trabalho Dependente, e H – Pensões, tinham esta possibilidade.

13. Deduções à coleta e despesas profissionais – Medidas transitórias

À semelhança do OE 2019, a Lei do OE 2020 mantém a possibilidade de os

sujeitos passivos declararem de forma manual o valor das despesas que

conferem o direito a deduções à coleta em sede de IRS, bem como o valor das

despesas relacionadas com a atividade empresarial ou profissional, em

detrimento de assumirem os valores pré-preenchidos do portal e-fatura. Os

valores declarados pelos sujeitos passivos substituem os que tenham sido

comunicados à Autoridade Tributária e afetos à atividade pelo sujeito passivo

nos termos da lei. Mantém-se, contudo, a obrigação de comprovação.

14. Deduções ambientais – Autorização legislativa

O Governo fica agora autorizado a criar, durante o ano de 2020, deduções à

coleta em sede de IRS que incentivem a utilização de energias renováveis.

Esta autorização legislativa visa permitir uma dedução à coleta do IRS de cada

sujeito passivo, com o limite global máximo de € 1.000, por conta das despesas

com a aquisição de unidades de produção renovável para autoconsumo, bem

como bombas de calor com classe energética A ou superior, desde que afetas a

utilização pessoal.

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15. Programa de Arrendamento Acessível

No âmbito do Programa de Arrendamento Acessível, o OE 2020 introduziu uma

isenção de IRS para os rendimentos prediais obtidos neste regime no artigo 71.º

do EBF.

Esta isenção fica sujeita ao regime de renda condicionada ou ao programa de

arrendamento acessível, a aprovar em diploma próprio, mediante despacho do

membro do Governo responsável pela área da habitação.

16. Prorrogação da vigência de benefícios fiscais

É prorrogada a vigência, até 31 de dezembro de 2020, dos seguintes benefícios

fiscais:

Isenção de IRS aplicável aos juros das contas poupança-reformado;

Isenção de IRS ou IRC aplicável aos juros de capitais provenientes do

estrangeiro, representativos de empréstimos e rendas de locação de

equipamentos importado de que sejam devedores o Estado, as Regiões

Autónomas, as autarquias locais e as suas federações ou uniões, ou

qualquer dos seus serviços, desde que os credores tenham o domicílio no

estrangeiro, e não disponham em território português de estabelecimento

estável ao qual o empréstimo seja imputado;

Majoração, em sede da categoria B do IRS, dos gastos suportados com a

aquisição de eletricidade e gás natural veicular (GNV) para abastecimento

de veículos;

Majoração das despesas com sistemas de car-sharing e bike-sharing

incorridas por sujeitos passivos em sede de IRS;

Dedução à coleta em IRS dos donativos em dinheiro atribuídos por pessoas

singulares residentes enquadráveis no regime do mecenato.

IMPOSTO SOBRE O RENDIMENTO DAS PESSOAS COLETIVAS

(IRC)

1. Aquisição de passes sociais

São majorados em 30% os gastos relacionados com a aquisição de passes sociais,

no âmbito do regime das realizações de utilidade social, mantendo-se os demais

requisitos.

Recorda-se que os gastos suportados com a aquisição de passes sociais em

benefício pessoal do sujeito passivo já eram dedutíveis (embora sem majoração),

desde que preenchidos dois requisitos: (i) tivessem caráter geral e (ii) não

revestissem a natureza de rendimentos de trabalho dependente (ou, revestindo-

o, fossem de difícil ou complexa individualização relativamente a cada um dos

beneficiários).

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2. Patent Box - Rendimentos de direitos de autor sobre programas de

computador

Os rendimentos provenientes de contratos que tenham por objeto a cessão ou

utilização temporária de patentes, desenhos ou modelos só são considerados em

50% para a determinação do lucro tributável, cumpridos os requisitos do artigo

50.º-A do CIRC.

A Lei do OE, tal como constava na respetiva proposta, prevê que passem a constar

deste elenco os rendimentos provenientes de direitos de autor sobre programas

de computador.

3. Regime simplificado | Alojamento Local em Áreas de Contenção–

agravamento dos coeficientes

Em linha com a alteração ao Código do IRS, para efeitos de determinação da

matéria coletável, passa a ser aplicado o coeficiente de 0,50 (anteriormente 0,35)

aos rendimentos da exploração de estabelecimentos de alojamento local, na

modalidade de moradia ou apartamento localizados em áreas de contenção.

Mantém-se o coeficiente de 0,35 para os rendimentos da exploração de

alojamento local, fora das áreas de contenção.

4. Taxa de IRC para PME

No que toca às PME, foi aumentado o primeiro escalão de IRC, de € 15.000 para

€ 25.000, ao qual se aplica a taxa reduzida de 17%.

5. Taxa de IRC PME situadas em territórios do interior

No que toca às PME situadas em territórios do interior, foi também aprovado o

aumento do primeiro escalão de IRC, de € 15.000 para € 25.000, ao qual se aplica

a taxa reduzida de 12,5%.

6. Taxas de Tributação Autónoma sobre viaturas

É atualizado o valor máximo de aquisição do primeiro escalão, aplicando-se a taxa

de 10% no caso de viaturas com um custo de aquisição inferior a € 27.500

(anteriormente € 25.000), e a taxa de 27,5% para viaturas com custo de aquisição

igual ou superior a € 27.500, mas inferior a € 35.000. Mantém-se a taxa de 35%,

no caso de viaturas com custo de aquisição igual ou superior a € 35.000.

É eliminado o benefício de redução de taxas aos veículos movidos a GPL, passando

estes a estar sujeitos às taxas de tributação autónoma normais. Os veículos

movidos a GNV continuarão a beneficiar das taxas reduzidas de 7,5%, 15% e

27,5%, para os escalões acima identificados.

É eliminado o agravamento da taxa de tributação autónoma em 10 pontos

percentuais quando os sujeitos passivos apurem prejuízos fiscais no primeiro e

segundo ano de atividade.

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7. Gastos com a aquisição de GPL

Os gastos com a aquisição de GPL deixam de ser majorados em 120%.

Recorda-se que, até à entrada em vigor do OE 2020, estes gastos podiam ser

majorados em 120% quando usados em veículos afetos ao transporte público de

passageiros, transporte rodoviário de mercadorias ou transporte em táxi.

8. Programa de Arrendamento Acessível

No âmbito do Programa de Arrendamento Acessível, o OE 2020 introduziu uma

isenção de IRC para os rendimentos prediais obtidos neste regime no artigo 71.º

do EBF.

Esta isenção fica sujeita ao regime de renda condicionada ou ao programa de

arrendamento acessível, a aprovar em diploma próprio, mediante despacho do

membro do Governo responsável pela área da habitação.

9. Programa Valorização do Interior – Autorização legislativa

É concedida a autorização legislativa para consagração de uma dedução à coleta

correspondente a 20% dos gastos incorridos com a criação de postos de trabalho

no interior, em relação aos montantes que excedam o valor da RMMG e tendo

como limite máximo a coleta do período de tributação.

10. Dedução por Lucros Retidos e Reinvestidos (DLRR)

É aumentado o período do reinvestimento de 3 para 4 anos, a contar do período

de tributação a que correspondam os lucros.

É aumentado o montante máximo dos lucros retidos e reinvestidos de €

10.000.000 para € 12.000.000.

O reinvestimento pode ser realizado em ativos intangíveis, nomeadamente

aquisição de direitos de patente, licenças, know-how ou conhecimentos técnicos

não protegidos por patente.

Nos casos de aquisição por locação financeira em que se pretenda usufruir do

benefício, é alargado o período do contrato prévio ao exercício da opção de

compra de 5 para 7 anos.

11. Sistema de incentivos fiscais em investigação e desenvolvimento

empresarial (SIFIDE 2)

O benefício é alargado até 2025.

Em relação ao procedimento de reconhecimento, a Agência Nacional de Inovação

passa a reconhecer, exclusivamente, a idoneidade das entidades em matéria de

I&D, nos termos anteriormente previstos. A Agência Nacional de Inovação deixa

de reconhecer o carater de I&D dos projetos a que se refere a alínea f) do n.º 1 do

artigo 37.º do CFI.

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Em concreto no que toca aos fundos de investimento elegíveis nos termos da

alínea f) do n.º 1 do artigo 37.º do CFI, foi aprovado:

a) Fixar um período mínimo de detenção de UPs em fundos elegíveis de 5 anos.

O incumprimento deste período tem como consequência o acréscimo do

montante que tenha sido deduzido à coleta, na proporção correspondente ao

período em falta, acrescido dos correspondentes juros compensatórios;

b) Para efeitos de verificação do investimento realizado, o envio, pelas entidades

gestoras, à Agência Nacional de Inovação, até 30 de junho de cada ano, do

último relatório anual auditado bem como documento (portefólio ou outro)

que evidencie os investimentos realizados pelo fundo no período anterior nas

entidades previstas naquela disposição; e

c) A possibilidade das entidades gestoras dos fundos de investimento poderem

solicitar à Agência Nacional de Inovação a emissão de declaração de

conformidade da política de investimento prevista no regulamento de gestão

do fundo face ao requisito da destinação do investimento elegível. Sem

prejuízo, esta declaração não tem caráter vinculativo quanto à elegibilidade

futura da despesa.

12. Dedução por lucros retidos e reinvestidos (DLRR) – Autorizações legislativas

É concedida autorização legislativa para ampliar o regime DLRR à aquisição de

participações sociais de sociedades cujo objeto social principal seja

substancialmente idêntico ao da sociedade adquirente, desde que seja possível

obter a maioria do capital social e se concretize, num prazo máximo de 3 anos,

uma operação de concentração empresarial, nomeadamente, fusão de

sociedades ou entrada de ativos.

IMPOSTO SOBRE O VALOR ACRESCENTADO (IVA)

1. Novas profissões abrangidas por isenção de IVA

As prestações de serviço efetuadas no exercício da profissão por psicólogos

passam a estar isentas de IVA, sendo equiparadas aos serviços médicos, em linha

com a posição que a AT vinha a defender no passado2

Passam igualmente a beneficiar da isenção de IVA as prestações de serviços

efetuadas por intérpretes de língua gestual portuguesa.

2. Dedução do IVA em eletricidade utilizada em veículos elétricos ou híbridas

plug-in, assim como de gasolina

O IVA incluído nas despesas respeitantes à eletricidade utilizada em viaturas

elétricas ou híbridas plug-in passa a ser dedutível.

2 Cfr. Ofício Circulado N.º: 30219, de 2020-04-02 e Ofício-Circulado n.º 904/85, de 29 de maio.

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Passa a ser igualmente dedutível o IVA incorrido na aquisição de gasolina

consumida pelos seguintes tipos de veículos:

i) veículos pesados de passageiros;

ii) veículos licenciados para transportes públicos, excetuando-se os rent-a-car;

iii) máquinas consumidoras de gasóleo, GPL, gás natural ou biocombustíveis,

bem como as máquinas que possuam matrícula atribuída pelas autoridades

competentes, desde que, em qualquer dos casos, não sejam veículos

matriculados;

iv) tratores com emprego exclusivo ou predominante na realização de

operações culturais inerentes à atividade agrícola;

v) veículos de transporte de mercadorias com peso superior a 3500 kg.

3. Aumento do limite da isenção de IVA

O limite máximo da isenção de IVA dos sujeitos passivos não abrangidos pelo

regime de contabilidade organizada aumenta de € 10.000 para € 11.000. Em

2021 este limite passa para € 12.500.

4. Créditos de cobrança duvidosa, vencidos após 01.01.2013

No que toca ao procedimento para a regularização do IVA em créditos vencidos

depois de 01.01.2013, foi reduzido o prazo de mora para que os créditos sejam

considerados de cobrança duvidosa de 24 meses para 12 meses.

Adicionalmente, o prazo para a Autoridade Tributária e Aduaneira se pronunciar

sobre o pedido de autorização prévia para a dedução do IVA nestes créditos foi

reduzido para quatro meses (anteriormente oito meses).

Por fim, no que toca ao procedimento de certificação dos documentos, o mesmo

passa a ser feito, alternativamente, por contabilista certificado independente ou

Revisor Oficial de Contas (“ROC”), nas situações em que a regularização do

imposto não exceda € 10.000 por declaração periódica. Quando a regularização

do imposto exceder este limite, mantém-se a obrigação da certificação ser

realizada por ROC.

5. Taxa reduzida de IVA

Passam a beneficiar da taxa reduzida de IVA, e consequentemente, a constar da

Lista I anexa ao Código do IVA: (i) as águas residuais tratadas, (ii) as entradas em

jardins zoológicos, botânicos e aquários públicos, (iii) as prestações de serviços

que consistam em proporcionar a visita, guiada ou não, a edifícios classificados

de interesse nacional, público ou municipal e a museus, e (iv) as prestações de

serviços de assistência domiciliária a crianças, idosos, toxicodependentes,

doentes ou deficientes, bem como as prestações de serviços de teleassistência

a idosos e doentes crónicos, prestados ao utente final ou a entidades públicas

ou privadas.

Por outro lado, deixam de beneficiar da taxa reduzida os espetáculos

tauromáquicos.

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6. Restituição do IVA

O OE 2020 prevê ainda que o benefício da restituição, total ou parcial, do IVA

passe também a ser concedido às entidades sem fins lucrativos do sistema

nacional de ciência e tecnologia e ao Instituto da Conservação da Natureza e das

Florestas, I.P. (ICNF, I.P.).

7. Autorizações Legislativas

Repete-se a autorização legislativa já prevista nas Leis do OE de 2017, 2018 e

2019, no sentido de ampliar a aplicação da taxa intermédia a outras prestações

de serviços de bebidas, estendendo-a a bebidas que se encontram atualmente

excluídas.

Foi aprovada uma autorização legislativa para alargar a aplicação da taxa

reduzida de IVA a determinados produtos, aparelhos e objetos de apoio cuja

utilização seja exclusiva de pessoas com deficiência e pessoas com incapacidade

temporária.

Foi ainda aprovada uma autorização legislativa para criar escalões de consumo

de eletricidade baseados na estrutura de potência contratada existente no

mercado elétrico, aplicando a taxa reduzida ou intermédia aos fornecimentos

de eletricidade de reduzido valor.

IMPOSTOS SOBRE O PATRIMÓNIO E IMPOSTO DO SELO

Imposto Municipal sobre as Transmissões Onerosas de Imóveis (IMT)

1. Caducidade da isenção na aquisição de imóveis por instituições de crédito

As instituições de crédito deixam de beneficiar da isenção de IMT na aquisição

de imóveis em processos de execução, processos de falência ou de insolvência

ou quando se destinem à realização de créditos resultantes de empréstimos

feitos ou fianças prestadas, quando estes imóveis sejam alienados a uma

entidade com quem mantenham relações especiais, nos termos definidos no

Código do IRC.

Segundo as regras anteriormente em vigor, esta isenção só caducaria caso os

prédios não fossem alienados no prazo de cinco anos a contar da data de

aquisição.

2. Tributação em caso de direito real de habitação duradoura

O IMT é liquidado sobre o valor da caução inicial paga ao proprietário do imóvel.

Por outro lado, o valor tributável da propriedade é determinado separando esta

do direito real de habitação duradoura, através da dedução de percentagens de

harmonia com a idade da pessoa de cuja vida dependa a duração deste direito.

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3. Agravamento da taxa máxima de IMT na aquisição de imóveis para uso

habitacional

É introduzida uma nova taxa de IMT de 7,5%, aplicável à aquisição de prédios

urbanos ou frações autónomas destinadas a habitação própria e permanente e

destinados a habitação secundária ou de terceiros, cuja base tributável (o valor

de aquisição, salvo se o VPT for superior) seja superior a € 1.000.000.

Anteriormente, a taxa máxima prevista para estas duas situações era de 6%.

No seguimento desta alteração e da respetiva atualização de escalões, a

Autoridade Tributária emitiu o Ofício Circulado n.º 40118, de 03.04.2020, com

as seguintes tabelas práticas3, em vigor a partir de 01.04.2020:

Habitação Própria e Permanente Habitação

Valor sobre que incide o IMT (Euros)

Taxa Marginal a

Aplicar

Parcela a abater

Valor sobre que incide o IMT (Euros)

Taxa Marginal a

Aplicar

Parcela a abater

Até 92.407 0 0 Até 92.407 1 0

De mais de 92.407 até 126.403

2 1.848,14 De mais de 92.407 até 126.403

2 924,07

De mais de 126.403 até 172.348

5 5.640,23 De mais de 126.403 até 172.348

5 4.716,16

De mais de 172.348 até 287.213

7 9.087,19 De mais de 172.348 até 287.213

7 8.163,12

De mais de 287.213 até 574.323

8 11.959,32 De mais de 287.213 até 550.836

8 11.035,25

De mais de 574.323 até 1.000.000

Taxa única de 6% De mais de 550.836 até 1.000.000

Taxa única de 6%

Superior a 1.000.000 Taxa única de 7,5% Superior a 1.000.000 Taxa única de 7,5%

Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI)

4. Alargamento do conceito de prédio rústico

É clarificado que o conceito de prédio rústico inclui os terrenos, bem como os

edifícios e construções neles situados que estejam afetos à produção de

rendimentos pecuários, para além dos agrícolas e silvícolas.

5. Isenção para residentes em lares de terceira idade, em instituição de saúde

ou no domicílio fiscal de parentes

Encontrava-se já prevista uma isenção de IMI aplicável a prédios de reduzido valor

patrimonial de sujeitos passivos de baixos rendimentos. Esta isenção abranje o

prédio ou parte de prédio urbano destinado a habitação própria e permanente do

sujeito passivo ou do seu agregado familiar, e que seja efetivamente afeto a tal

fim, desde que o rendimento bruto total do agregado familiar não seja superior a

3 A tabelas aqui reproduzidas são aplicáveis ao Continente. As tabelas práticas aplicáveis às Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira são preparadas de acordo com a Lei n.º 21/90, de 4 de agosto.

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2,3 vezes o valor anual do IAS4 e o valor patrimonial tributário global da totalidade

dos prédios rústicos e urbanos pertencentes ao agregado familiar não exceda 10

vezes o valor anual do IAS.

Esta isenção é agora alargada a pessoas que se encontrem a residir em lares de

terceira idade, em instituição de saúde ou no domicílio fiscal de parentes e afins

em linha reta e em linha colateral, até ao 4.º grau, desde que efetuada prova,

junto da Autoridade Tributária, de que o prédio ou parte de prédio urbano em

causa antes constituía a sua habitação própria e permanente.

6. Determinação do valor patrimonial tributário dos prédios da espécie

“Outros”

Anteriormente, na determinação do valor patrimonial tributário (VPT) dos prédios

da espécie “Outros”5, o perito devia utilizar o método do custo adicionado do

valor do terreno, sempre que não fosse possível aplicar as regras previstas para a

avaliação dos prédios urbanos em geral.

A Lei do OE introduz uma nova regra, segundo a qual, nestas situações, o terreno

a considerar corresponde apenas à área efetivamente ocupada com a

implantação.

7. Inscrição matricial de prédio situados em mais do que uma freguesia

A inscrição de prédios urbanos não vedados que estejam situados em mais do que

uma freguesia passa a ser feita na freguesia onde esteja situado o maior número

de construções.

Anteriormente, a regra – tanto para rústicos como urbanos – era a inscrição dos

prédios na freguesia onde está situada a maior área.

8. Divulgação dos prédios devolutos, prédios em ruínas, e terrenos para

construção para uso habitacional, localizados em zonas de pressão

urbanística

Os municípios passam agora a ter de comunicar à Autoridade Tributária, por

transmissão eletrónica de dados e até 31 de dezembro, a identificação dos

prédios ou frações autónomas devolutos, os prédios em ruínas, bem como os

terrenos para construção para uso habitacional, quando localizados em zonas de

pressão urbanística, bem como no boletim municipal, quando exista.

9. Taxas agravadas para prédios devolutos ou em ruínas e terrenos para

construção em zonas de pressão urbanística

É ampliado o tipo de prédios urbanos sujeitos as taxas agravadas de IMI pelo facto

de se localizarem em zonas de pressão urbanística. Assim, para além dos prédios

urbanos ou fracções autónomas que se encontrem devolutos há mais de dois anos

(que já se encontravam sujeitos a estas taxas agravadas), estas taxas passam a

4 Conforme já referido acima, a Portaria n.º 27/2020, de 31 de janeiro fixou o IAS em € 438,81. 5 Inclui, a título de exemplo, os terrenos, edifícios, construções que não tenham como destino normal a habitação, o comércio ou a indústria.

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abranger os prédios em ruínas e os terrenos para construção para uso

habitacional localizados em zona de pressão urbanística.

Segundo o Código do IMI, nestes casos, a taxa IMI é elevada ao sêxtuplo, e

agravada em 10% em cada ano subsequente, com o limite máximo de 12 vezes a

taxa geral de IMI aplicável (de 0,3% a 0,45%).

10. Contagem de prazos para reclamação ou impugnação

Os prazos de reclamação e de impugnação passam a contar-se a partir do termo

do prazo para pagamento voluntário da última ou da única prestação do imposto.

Anteriormente a lei previa a contagem destes prazos a partir do termo do prazo

para pagamento voluntário da primeira ou da única prestação do imposto.

Imposto do Selo (IS)

11. Isenção para operações de tesouraria

Ao contrário do que estava proposto na POE 2020, mantém-se a referência

expressa que esta isenção se aplica às operações realizadas pelas sociedades de

capital de risco (SCR) às suas participadas. A Lei do OE clarifica, todavia, que esta

isenção de IS se refere a “empréstimos”.

12. Isenção para contratos de gestão centralizada de tesouraria

Foi introduzida uma nova isenção de IS, já constante da POE 2020, relativa a

empréstimos, por prazo não superior a um ano, quando concedidos por

sociedades no âmbito de um contrato de gestão centralizada de tesouraria, a

favor de sociedades com a qual estejam em relação de domínio ou de grupo.

Para este efeito, o Código do IS define o conceito de relação de domínio ou grupo

quando uma sociedade, dita dominante, detém, há mais de um ano, direta ou

indiretamente, pelo menos, 75% do capital de outra ou outras sociedades ditas

dominadas, desde que tal participação lhe confira mais de 50% dos direitos de

voto.

13. Desencentivo ao crédito ao consumo

É agravada a taxa de IS no crédito a consumidores, consoante o prazo, nos

seguintes termos:

(i) 0,141% no caso de créditos de prazo inferior a um ano, por cada mês ou

fração (anteriormente 0,128%);

(ii) 1,76% no caso de créditos de prazo igual ou superior a um ano, bem como

no caso de créditos de prazo igual ou superior a cinco anos

(anteriormente 1,6% para ambos os casos).

(iii) 0,141%, no caso de créditos utilizados sob a forma de conta-corrente,

descoberto bancário ou qualquer outra forma em que o prazo de

utilização não seja determinado ou determinável, sobre a média mensal

obtida através da soma dos saldos em dívida apurados diariamente,

durante o mês, divididos por 30 (anteriormente 0,128%).

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Relativamente aos factos ocorridos até 31.12.2020, estas taxas são agravadas em

50%.

14. Obrigações contabilísticas

Está prevista a obrigação de registo na contabilidade das alterações efetuadas aos

elementos declarados na Declaração Mensal do IS.

15. Operações de reestruturação ou acordos de cooperação

A transmissão de estabelecimento comercial, industrial ou agrícola (trespasses),

necessários às operações de reestruturação ou aos acordos de cooperação passa

a beneficiar de isenção de IS.

16. Autorização legislativa – icentivos à internacionalização

Foi aprovada uma autorização legislativa de forma a permitir a criação de isenções

de IS sobre os prémios e comissões referentes a apólices de seguro de créditos à

exportação, com ou sem garantia do Estado, com possível inclusão de outras

formas de garantias de financiamento à exportação.

Esta autorização legislativa tem a duração do ano económico a que respeita a Lei

do OE e depende da aprovação da União Europeia para alargar o regime de

auxílios de estado.

CONTRIBUIÇÕES E IMPOSTO ESPECIAL DE JOGO ONLINE

1. Contribuição audiovisual

Em 2020, não são atualizados os valores mensais da contribuição audiovisual.

2. Contribuição sobre o setor bancário

Mantém-se no OE 2020 a contribuição sobre o setor bancário.

3. Contribuição sobre a indústria farmacêutica

O OE 2020 mantém a contribuição extraordinária sobre a indústria

farmacêutica.

4. Contribuição extraordinária sobre o setor energético (CESE)

Mantém-se a contribuição extraordinária sobre o setor energético.

No entanto, é aditada uma nova isenção para a produção de eletricidade por

intermédio de centros eletroprodutores que utilizem fontes de energia

renováveis e com uma potência instalada inferior a 20 MW. Este aditamento

visa isentar os pequenos produtores que beneficiem de regimes de

remuneração garantida.

Contudo, esta isenção não é aplicável aos sujeitos passivos que, em conjunto

com outros centros eletroprodutores por si detidos que utilizem fontes de

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energia renováveis, ultrapassem uma potência instalada de 60 MW abrangida

por regimes de remuneração garantida.

Por outro lado, está prevista uma autorização legislativa no âmbito da CESE, no

sentido de autorizar o Governo a legislar neste âmbito, alterando as regras de

incidência ou reduzindo as respetivas taxas em função da redução da dívida

tarifária do Sistema Elétrico Nacional e correspondente redução da necessidade

de financiamento de políticas sociais e ambientais do setor energético.

Na concretização desta autorização legislativa, o Governo deve proceder à

audição da ERSE (Entidade Reguladora dos Serviços Energético) e da Direção-

Geral de Energia e Geologia.

5. Contribuição extraordinária sobre os fornecedores da indústria de

dispositivos médicos do Serviço Nacional de Saúde

É aprovado o regime que cria uma contribuição extraordinária dos fornecedores

de dispositivos médicos e dispositivos médicos para diagnóstico in vitro do

Sistema Nacional de Saúde (SNS).

O valor desta contribuição será aferido em função do montante das aquisições

de dispositivos médicos, deduzido do IVA, e tem por objetivo garantir a

sustentabilidade do SNS.

Estão sujeitos à contribuição os fornecedores, sejam fabricantes, seus

mandatários ou representantes, intermediários, distribuidores por grosso ou

apenas comercializadores, que faturem às entidades do SNS o fornecimento de

dispositivos médicos e dispositivos médicos para diagnóstico in vitro e seus

acessórios.

As taxas de contribuição aplicáveis são as seguintes:

a) Montante anual maior ou igual a €10M - 4%;

b) Montante anual maior ou igual a €5M e inferior a €10M - 2,5%;

c) Montante anual maior ou igual a €2M e inferior a €5M - 1,5%.

6. Imposto especial de jogo online (IEJO)

É aumentada para 25% (previamente 15%) a taxa do IEJO para:

a) Jogos de fortuna ou azar;

b) Apostas hípicas mútuas.

É aumentada para 35% (previamente 15%) a taxa do IEJO para:

a) as situações em que as comissões cobradas pela entidade exploradora são o

único rendimento diretamente resultante da exploração das apostas

desportivas à cota em que os apostadores jogam uns contra os outros;

b) as situações em que as comissões cobradas pela entidade exploradora são o

único rendimento diretamente resultante da exploração das apostas hípicas

à cota em que os apostadores jogam uns contra os outros.

No que toca aos jogos de fortuna ou azar, as comissões cobradas aos jogadores

pela entidade exploradora integram a receita bruta para efeitos do IEJO.

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7. Autorização legislativa no âmbito da criação de uma contribuição sobre as

embalagens de uso único

O Governo fica autorizado a criar uma contribuição que incida sobre as

embalagens de uso único, para efeitos de promoção de uma economia circular.

Esta contribuição tem como objetivos:

sujeitar a tributação as embalagens de uso único adquiridas em refeições

prontas a consumir, nos regimes de pronto a comer e levar ou com entrega

ao domicílio, discriminando positivamente as embalagens que incorporem

material reciclado;

definir o sujeito passivo como o agente económico que providencia a

produção ou importação das embalagens utilizadas na prestação de serviço;

repercutir o encargo económico da contribuição sobre o adquirente final,

devendo, para o efeito, os agentes económicos inseridos na cadeia

comercial inseri-la a título de preço, o qual é obrigatoriamente discriminado

na fatura;

fixar a contribuição em Euro, que pode variar em função das características

da embalagem;

discriminar positivamente as embalagens que incorporem material

reciclado;

determinar que as receitas da contribuição são consignadas total ou

parcialmente ao Fundo Ambiental para aplicação preferencial em medidas

no âmbito da economia circular.

Esta autorização legislativa tem a duração do ano económico a que respeita a

presente lei.

15 de Abril de 2020

António Gaspar Schwalbach / Maria Inês Cotrim /Sara Arnaud

Contactos:

[email protected] / [email protected] / [email protected]

A informação contida nesta FYI não consubstancia opinião ou assessoria jurídica, não dispensando a consulta da legislação

referida e/ou aconselhamento junto de um profissional para aplicação a situações concretas.