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2012 Prof. Iran da Silva Almeida ORGANIZAÇÃO EMPRESARIAL

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2012

Prof. Iran da Silva Almeida

ORGANIZAÇÃO EMPRESARIAL

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SUMÁRIO

O que é uma empresa ..................................................................................... pág. 03

Deixando a casa em ordem .............................................................................. pág. 10

Administrar é preciso ....................................................................................... pág. 18

O planejamento estratégico e o diagnóstico empresarial ............................... pág. 22

O ciclo de vida de um produto ..........................................................................pág. 30

O recurso mais importante .............................................................................. pág. 32

Quebrando velhos paradigmas .........................................................................pág. 38

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O QUE É UMA EMPRESA?

Desde épocas remotas que o Homem é obrigado a

agrupar-se para superar limitações individuais e satisfazer as

suas necessidades, cooperando com o seu semelhante de uma

forma organizada.

Com a diversidade da procura nascem as empresas ligadas ao fabrico,

comercialização de bens e prestação de serviços.

A empresa é um tipo de associação através do qual se reúnem recursos

variados para atingir determinados objetivos sempre em interação com o meio

exterior.

Hoje, como no passado, existem organizações que se dedicam à produção e

comercialização de bens ou prestação de serviços, para proporcionarem à comunidade

um certo grau de bem-estar e satisfação das suas necessidades.

O que são necessidades?

São os desejos de cada indivíduo em obter aquilo que lhe pode trazer

satisfação. À medida que as necessidades elementares de sobrevivência (alimentação,

habitação, etc.) vão sendo satisfeitas, amplia-se a gama de novas necessidades.

O que são bens?

São meios materiais, móveis ou imóveis, reconhecidos como válidos para a

satisfação das necessidades e desejos humanos.

Exemplos:

Produção de Bens

• Indústria de laticínios

• Indústria farmacêutica

Comercialização de Bens:

• Mercearias

• Sapatarias

O que são prestações de serviço?

São os atos de dar ou fazer algo segundo certas condições, com o auxílio ou

não de bens materiais, com vista à satisfação das necessidades do homem.

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Exemplos:

Prestações de Serviços

Na área da saúde

• Hospitais

• Bombeiros

Na área da educação

• Escolas

• Faculdades

Exercício:

Complete as frases a seguir indicadas, aplicando os tempos adequados dos

verbos: Produzir, Comercializar ou Prestar Serviços:

1. Na fábrica de laticínios ___________ leite e manteiga.

2. No Hipermercado _____________, também, óleo e detergentes.

3. Os bombeiros quando apagam os fogos nas matas estão a

_______________à comunidade.

4. Nas sapatarias ____________calçado e malas.

5. Na fábrica de plásticos ______________baldes e bacias.

6. Os médicos nos hospitais ______________aos doentes quando os

consultam.

7. Na empresa de panificação ___________pão.

8. Na frutaria ____________fruta e hortaliça.

9. Na fábrica de sapatos ___________calçado.

10. Nas escolas os professores _______________, ensinando os alunos.

Conceito de Empresa

As necessidades, como já nos referimos, têm que ser satisfeitas com bens que

serão produzidos, isto é, retirados da natureza e eventualmente transformados pelo

homem de modo a poderem ser utilizados.

Para que haja produção por parte das organizações, ou seja, para que estas

funcionem, é fundamental que sejam postos em atuação combinada os - Fatores

Produtivos:

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Terra e Recursos Naturais

A terra consiste no solo utilizado nas atividades rurais ou na implantação de

estradas e de edifícios; os recursos naturais incluem combustíveis, como o carvão ou o

petróleo; minerais, como o cobre, a areia; as árvores cuja madeira é utilizada no

fabrico de papel e em serrações; a água com as mais diversas utilizações desde a

produção de energia até à alimentação, etc..

Trabalho

Consiste na atividade humana despendida na produção. Depende tanto do

volume da população ativa, como da qualificação dessa mesma população,

trabalhando, designadamente, em fábricas de automóveis, em explorações rurais ou

ensinando em escolas

Capital

Proporciona os meios de pagamento para a obtenção dos materiais e

matérias primas, para a remuneração da mão de obra utilizada e aquisição de

equipamentos produtivos.

Do que já foi referido, podemos retirar um conceito de Empresa:

É um conjunto estruturado de fatores de produção (recursos naturais +

trabalho + capital) que são utilizados pelo empresário para produzir bens e serviços.

OBJETIVOS DA EMPRESA

A eficácia de uma empresa é determinada pelo grau em que atinge os seus

objetivos.

O que é um objetivo?

É uma situação desejada pela empresa, ou seja, é o que a empresa quer.

De que Servem?

De guia para a atividade da empresa, isto é, todos sabem para onde se quer ir.

De padrão, porque é através da sua consecução que se pode avaliar a eficácia

da empresa.

Os objetivos resultam de uma visão futura. São alvos que a empresa procura

atingir.

Os objetivos da empresa não são estáticos; evoluem reajustando-se às

alterações do meio ambiente e aos interesses dos vários grupos com ela relacionados.

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Podemos considerar como objetivos fundamentais de qualquer empresa,

nomeadamente, a obtenção do lucro, a sua sobrevivência, o seu crescimento no

mercado, a satisfação dos interesses dos diferentes grupos com ela relacionados:

clientes, fornecedores, trabalhadores, acionistas, Estado ou outros.

Desta forma, podemos afirmar que o sucesso empresarial envolve a satisfação

de todos os grupos e entidades que interagem com a empresa.

A empresa que apenas se preocupa com o lucro em curto prazo, desprezando

a adaptação às constantes alterações e evolução dos interesses destes grupos, corre o

risco de desaparecer do mercado.

Os objetivos podem dividir-se em dois grandes grupos:

• Econômicos

• Sociais.

Objetivos econômicos

• Gerar resultados positivos (lucro) – que lhe permitam a remuneração do

capital investido, isto é, consiga garantir um rendimento àqueles que nela investiram.

• LUCRO = RECEITAS TOTAIS – CUSTOS TOTAIS

• Crescer – a empresa cresce quando consegue aumentar o negócio: produzir

mais, conquistar mercado, etc.. Tudo isto acontece vendendo mais, mas garantindo

margens compensadoras a longo prazo, isto é, vendendo cada produto por um preço

competitivo mas que compense o que foi gasto na sua produção.

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• Adaptar-se – considerando as diversas alterações ambientais e o ritmo a que

as mesmas acontecem, quer a nível global (conhecimentos, tecnologia, comunicações,

etc.), quer a nível específico de cada empresa (necessidades e características dos

clientes, competição de mercados, e outras). São fundamentais a inovação, a

flexibilidade e a qualidade.

Exemplo: novos equipamentos, novos produtos (outros tipos de pão).

Para isso, é indispensável que se mantenha uma constante vigilância sobre o

mercado, contactando com fornecedores e clientes. A visita a feiras, exposições, etc. é

uma excelente forma de atualização.

Objetivos sociais

São muitos os grupos que interagem com a empresa com necessidades e

interesses próprios e que esperam vê-los satisfeitos da melhor forma possível.

• Os principais grupos de colaboradores são:

Trabalhadores - por trabalhadores deve entender-se o conjunto de pessoas

que asseguram o funcionamento da empresa diariamente: gestores, quadros médios,

técnicos, operários, etc.. Por todos eles, a vida profissional é assumida como um

desafio permanente. Os trabalhadores estarão dispostos a cooperar sempre que as

atividades dentro da empresa contribuam para o alcance dos seus próprios objetivos.

Em outras palavras, contribuem para o crescimento da empresa através do seu

trabalho, dedicação, assiduidade, esforço pessoal, mas esperam receber

contrapartidas da empresa, tais como: estabilidade de emprego, condições de higiene

e segurança no trabalho, remunerações compatíveis com o trabalho desenvolvido,

realização pessoal, etc..

Através desta troca consegue-se o equilíbrio organizacional que se irá refletir

no sucesso da empresa.

Sócios ou Acionistas – são as pessoas que investiram para a criação da

empresa e esperam obter o retorno desse investimento.

Administração ou Gerência – são uma ou mais pessoas que dirigem a

empresa e são remuneradas por essa função.

• Outros grupos afetados pela empresa:

Clientes – são os que consomem os bens ou serviços colocados no mercado

pela empresa, isto é, absorvem os outputs.

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Fornecedores, Instituições de Crédito e Outras Entidades – são os que

vendem e disponibilizam à empresa os bens, serviços e recursos necessários ao seu

funcionamento.

Mantêm relações de cooperação, interdependência e desenvolvimento

recíproco, constituindo-se como autênticos parceiros de negócio.

Estado – regulamenta a atividade das empresas. A empresa entrega nos seus

Cofres diversos impostos, designadamente, ICMS, IOF, IPI, etc.

Comunidade – a empresa colabora no seu desenvolvimento econômico e

contribui para a melhoria das condições sociais e ambientais.

RECURSOS DA EMPRESA

Para que a empresa atinja a finalidade para a qual foi constituída, isto é, a sua

missão, é preciso reunir determinados recursos.

O que são recursos?

São os meios que a empresa utiliza para atingir os seus objetivos.

A gestão integrada dos recursos vai-lhe permitir disponibilizar um produto

final, um bem ou um serviço, a um custo mínimo possível, garantindo a máxima

satisfação para todos os clientes que se encontram ligados quer interna, quer

externamente à empresa.

Recursos materiais

São os meios necessários para as operações básicas da empresa,

nomeadamente: Instalações, prédios, terrenos, máquinas, processo produtivo,

ferramentas, instrumentos de trabalho, matérias-primas, etc..

Os recursos materiais englobam, também, a tecnologia utilizada no processo

produtivo. Temos como exemplo o computador que introduziu novos métodos de

trabalho.

Recursos Humanos

São as pessoas que ingressam,

permanecem e participam na organização,

quaisquer que sejam as suas tarefas e o lugar que

ocupem na empresa.

Cada pessoa tem os seus interesses,

capacidades e motivações. São muito diferentes umas das outras e por isso constituem

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um recurso diversificado para a organização. É o único recurso vivo, dinâmico e

inteligente.

Recursos financeiros

São estes que garantem a aquisição dos restantes recursos essenciais ao

funcionamento da empresa e que em parte contribuem para que esta realize os seus

objetivos.

Podem ser obtidos através de:

• Capital próprios – valores provenientes dos sócios, reservas e resultados

retidos, pertencentes à empresa.

• Capitais alheios – empréstimos a Instituições bancárias, dívidas para com

fornecedores, etc.

Exercício:

Considere o recorte do jornal diário “O Público” de 98/07/01

A FÁBRICA de Porcelana da Vista Alegre adquiriu cem por cento do capital da

sociedade Porcelana Renner, uma empresa de produção e comercialização de

porcelana sediada no Brasil. A Vista Alegre pretende que esta aquisição, concretizada

em Junho, sirva de base à continuação da expansão do grupo no Brasil,

complementando a rede de lojas em criação e as exportações em curso.

Diga quais os recursos da fábrica de Porcelanas da Vista Alegre que identifica

nesta notícia e a finalidade.

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DEIXANDO A CASA EM ORDEM

Para pensar:

“Pode a força de cem pessoas ser maior que a de mil? Pode e é, quando os cem

estão organizados.” (Lenin)

A forma como as empresas se organizam pode ser exemplificada por uma

realidade que todos conhecemos muito bem: a Escola.

A matéria escolar a ministrar, independentemente do grau de ensino (5º, 6º,

7º, 8º ou outros anos), tem que ser agrupada por matérias: português, inglês,

matemática, etc.

Seguidamente, para a Escola funcionar precisa distribuir os alunos consoante

ao ano que vão frequentar e agrupá-los por turmas.

Segue-se a colocação dos professores das diferentes disciplinas: português,

inglês, matemática e outras.

Entre professores e alunos vão estabelecer-se relações saudáveis por forma a

que os primeiros tenham condições de ensinar e proporcionem aos segundos a

aprendizagem necessária para a obtenção do sucesso escolar, que é o objetivo de

ambas as partes.

Da mesma forma que as escolas, também as empresas, quer produzam bens

ou prestem serviços, têm necessariamente que se organizar.

Em função da sua finalidade e objetivos, é importante que definam áreas de

responsabilidade às quais afetam os recursos necessários e suficientes para os atingir.

A organização resultante articula-se através de: relações de autoridade, isto

é, regras que estabelecem interdependências e permitem saber quem decide o quê;

Canais de comunicação: Por onde circula a informação e as instruções.

A este conjunto de relações de autoridade e canais de comunicação existentes

em todas as entidades organizadas, dá-se o nome de estrutura organizacional.

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ESTRUTURA ORGANIZACIONAL

A estrutura organizacional (habitualmente representada num desenho gráfico

denominado organograma) reflete a organização formal, fundamentalmente a forma

como se divide o trabalho entre os diversos órgãos da empresa, se atribui

responsabilidade sobre os recursos

envolvidos e se confere autoridade para

poder tomar decisões.

Assenta no estabelecimento de

níveis hierárquicos ou funcionais, que

são pré-definidos, refletem o grau de

autoridade delegada e estabelecem os

canais por onde fluem as ordens e

instruções.

As relações entre os órgãos são determinadas por meio de normas, diretrizes

e regulamentos da empresa.

Cada empresa estrutura-se em função da sua missão, da sua dimensão e da

natureza dos serviços que presta.

Não existem duas empresas idênticas, embora existam certos princípios

básicos de orientação no estudo e aplicação da estrutura organizacional.

Definição de Estrutura Organizacional: É a forma como os diferentes órgãos

ou funções da empresa interdependem e se articulam.

A estrutura estabelece, assim, a dependência entre departamentos bem como

a forma como eles interagem (fluxos de comunicação, relações hierárquicas, poder

para decidir, etc.)

Passamos a explicar o que significam os elementos que a constituem:

• Função – conjunto de tarefas a levar a cabo numa determinada área da

empresa;

• Órgão – é um centro de responsabilidade com a finalidade de realizar parte

dos objetivos globais da empresa;

• Relações hierárquicas – relações que se estabelecem entre e dentro dos

órgãos e que determinam o respectivo grau de subordinação.

O organograma e seu significado

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Relações entre Órgãos

As relações formais entre os órgãos de uma empresa, podem privilegiar a

dependência hierárquica ou dar maior relevância à dependência funcional.

Estes dois tipos de relações podem existir em simultâneo, porém é necessária

uma definição muito clara para não dar origem a conflitos.

Funcionais

São as relações que se estabelecem entre dois órgãos ou empregados que

têm tarefas ou objetivos comuns, mas sem que exista uma relação de subordinação.

Podem pertencer, ou não, ao mesmo setor pelo que apenas se relacionam em termos

de funcionamento.

Hierárquicas

São relações de obediência e dependência e que obrigam um órgão ou um

empregado a desenvolver a sua atividade sob a orientação e direção de outro órgão ou

pessoa.

Podemos considerar mais dois tipos de relações entre os órgãos:

Assessoria

É uma relação de apoio técnico que se traduz na formulação de pareceres.

Fiscalização

São determinadas pela necessidade de zelar pelo cumprimento de um

conjunto de regras. Por exemplo, na realização de auditorias.

Elaboração de Estruturas

Uma estrutura surge para coordenar os esforços necessários à resolução dos

problemas que se põem à empresa.

A necessidade de conceber uma estrutura pode surgir porque: a empresa é

totalmente nova; se constitui uma nova sociedade que resulte da fusão de duas ou

mais empresas já existentes; ou, para alterar uma estrutura já existente e que se

revela ineficaz ou ineficiente.

Na sua concepção devem considerar-se: a missão e objetivos da empresa; os

bens ou serviços produzidos; as disfuncionalidades identificadas no seu funcionamento

como problemas técnicos ou financeiros; fatores externos como a concorrência, etc.

Em seguida, temos que nos concentrar em aspectos fundamentais, para

qualquer um dos casos anteriormente enunciados:

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• A definição das várias tarefas, responsabilidades e objetivos, bem como o

seu agrupamento em direções, departamentos, secções, etc.

• A distribuição da autoridade, ou seja, do número de níveis hierárquicos.

• Os circuitos de comunicação.

Não se podem definir estruturas ideais porque cada empresa é uma realidade

distinta. A estrutura ótima é aquela que num dado momento e considerando as

imensas variáveis presentes, contribui para a eficácia e eficiência da empresa.

Evolução das estruturas

Como temos vindo a referir, a estrutura representa a “arrumação” da

empresa num dado momento.

À medida que uma organização se desenvolve, há uma tendência crescente

para a especialização dos órgãos que constituem a sua estrutura.

Essa especialização pode ocorrer no sentido vertical ou no sentido horizontal.

A especialização vertical faz-se à custa de um aumento do número dos níveis

hierárquicos, isto é, por um desdobramento da autoridade (hierarquização). Esta

situação justifica-se quando o número de departamentos dependentes de um chefe é

demasiado elevado, em quantidade ou variedade de funções, dificultando a

coordenação das atividades.

A especialização horizontal assenta num aumento do número de órgãos

situados ao mesmo nível, cada um especializado na sua função. Isto acontece, por

exemplo, quando um organismo para fazer face ao crescimento da sua atividade

decide criar um novo serviço ao mesmo nível dos já existentes (departamentalização).

Dessa forma, pode-se atribuir a cada unidade de trabalho a tarefa de atender

a um tipo específico de cliente, ou de produzir um tipo específico de produto, ou de

cuidar de determinada área específica. Esses e outros critérios de departamentalização

definem as responsabilidades especializadas das unidades da estrutura organizacional.

Organização funcional

As funções organizacionais são conjuntos de tarefas interdependentes, que

toda organização realiza: operações, marketing, finanças, recursos humanos e assim

por diante. Quando cada unidade de trabalho corresponde a cada uma dessas funções,

o critério de departamentalização é o funcional.

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Vejamos o exemplo abaixo:

Organização territorial

Quando se usa o critério geográfico de departamentalização, cada unidade de

trabalho correspondente a um território (ou parte de um mapa). O critério geográfico

ou territorial pode ser utilizado quando a organização opera numa área grande, ou em

locais diferentes, e em cada local é necessário disponibilizar um certo volume de

recursos ou uma certa autonomia. É um critério de departamentalização muito usado

nas organizações de grande porte, como bancos, multinacionais, etc.

Organização por produto

Quando a empresa trabalha com vários produtos ou serviços, que apresentam

diferenças importantes entre si, pode ser melhor administrar cada um

individualmente. Essa escolha resulta em uma estrutura organizacional em que a

responsabilidade é dividida usando o produto ou serviço como critério.

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Organização por cliente

Este critério é apropriado quando a organização atende a diferentes tipos de

clietnes com necessidades muito distintas, ou quando eles são iguais, mas têm

carências diferentes. Este tipo de departamentalização é uma segura de garantir a

satisfação dos clientes.

ESTUDO DE CASO

O outro lado da mesa

O vendedor Humberto começou a trabalhar há 14 anos na Afrodite, uma

grande empresa do ramo têxtil e de confecções. Sua equipe tinha outros quatro

vendedores. Três deles atendiam pequenos varejistas, representando 20% das vendas.

Outro vendedor era especializado em atacadistas, respondendo por mais de 20% do

faturamento. Humberto, o mais experiente, vendia para grandes varejistas, como

cadeias de lojas e supermercados. Sozinho, Humberto produzia 60% das vendas.

Humberto e seus colegas tinham relações muito cordiais. Eram, como diziam, “bons

amigos que trabalhavam juntos.

Sérgio, o supervisor de Humberto, era considerado um dos melhores

gerentes da Afrodite. A intervalos regulares, chamava cada um de seus vendedores

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para perguntar sobre seu desempenho e dar instruções. A maior parte das perguntas e

instruções de Sérgio dizia respeito aos índices de desempenho da equipe – o número

de visitas feitas por dia, a taxa de vendas efetuadas em relação ao total de visitas e

assim por diante. Quase sempre, ele dizia que iria conversar novamente com o

vendedor dali a uma semana, para cobrar resultados. Infalivelmente, uma semana

depois, o vendedor era chamado. Ele usava uma lista de assuntos pendentes, que

atualizava continuamente, para fazer as cobranças e dar as ordens.

Um dia, Sérgio foi promovido e escolheram Humberto para ficar em seu

lugar. Um de seus colegas o substituiu e trouxeram um vendedor de fora para

completar a equipe.

Humberto foi apanhado de surpresa:

- Estou como o homem que foi jogado na água para aprender a nadar. E

agora, o que faço? Não recebi quase nenhuma orientação.

Confuso, Humberto decidiu imitar alguns do comportamento de Sérgio. Ele

logo descobriu que, do outro lado da mesa, as coisas não era tão fáceis. Sérgio definia

metas e cobrava seu cumprimento. Humberto dava as ordens, mas, quando chegava o

momento da cobrança, ou se esquecera do que havia pedido, ou perdera as

anotações. Frequentemente, ele simplesmente se esquecia de chamar os vendedores

para prestar contas.

O simples fato de definir metas e pedir relatórios começou a criar

problemas, como passaram a dizer seus colegas:

- Quem ele pensa que é? Aonde ele quer chegar? Quando era vendedor,

sempre criticou essa burocracia. Como é que agora ele vive pedindo isso para nós?

Para manter sua autoridade, Humberto decidiu cortar o relacionamento

social com seus colegas. Quando alguém lhe disse que havia se tornado seco e até

mesmo rude, ele respondeu:

- Você sabe, agora eu sou o gerente. Gerentes não podem confraternizar

com funcionários. Faz parte do papel. Eu não sou assim. É o meu cargo que exige.

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Depois de pouco tempo, as vendas começaram a cair. A situação só não

ficou desastrosa porque a administração superior entrou em cena, negociando

diretamente com os grandes clientes. Isso permitiu manter o volume de vendas nos

níveis anteriores.

Os diretores logo estabeleceram uma relação de causa e efeito entre

Humberto e os problemas naquela equipe de vendas. No entanto, os antigos colegas

de Humberto achavam que a promoção fora merecida. Ele era ótimo vendedor e tinha

sensibilidade para o mundo dos negócios. Ele conhecia muito bem sua empresa, assim

como seus clientes e os produtos que vendia.

Agora, a Afrodite está tentando resolver o problema. Recentemente, o

diretor de vendas disse a outro supervisor:

- Eu me recuso a acreditar nessa história de que perdemos um bom

vendedor e ganhamos um mau supervisor. Sou pago para resolver problemas assim,

mas não sou obrigado a ter respostas para todas as perguntas. Espero que você e os

outros supervisores me ajudem a encontrar uma solução para o caso de Humberto.

QUESTÕES

01. Quais eram as competências de Sérgio, antigo chefe e antecessor de

Humberto? Faça uma avaliação de suas competências como administrador,

destacando seus eventuais pontos fracos.

02. Se você fosse Sérgio, como você teria agido quando Humberto foi

promovido para ocupar seu lugar?

03. Quais eram as competências mais desenvolvidas de Humberto? Quais

ele deveria desenvolver, para se tornar supervisor?

04. Se você fosse Humberto, como teria agido, ao assumir o posto de seu

antigo chefe?

05. Em sua opinião, Humberto tem ou não as competências necessárias

para ser supervisor de vendas?

06. Coloque-se no lugar do diretor de vendas. Qual problema ele deve

resolver? Como você resolveria?

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ADMINISTRAR É PRECISO

Desde os primórdios da humanidade, o

homem associou-se a outros para conseguir, por

meio do esforço conjunto, atingir determinados

objetivos. Desse esforço conjunto surgiram as empresas rudimentares, que remontam

à época dos assírios, babilônios, fenícios etc.

Porém, a história da administração é relativamente recente, e surgiu com o

aparecimento da grande empresa. O fenômeno que provocou o aparecimento

da grande empresa e da moderna administração ocorreu no final do século XVIII e se

estendeu ao longo do século XIX, chegando ao limiar do século XX.

Em uma época de complexidades, mudanças e incertezas como a que

atravessamos neste momento, a Administração tornou-se uma das mais importantes

áreas de atividade humana.

Vivemos em uma civilização onde o esforço cooperativo do homem é a base

fundamental da sociedade. Sendo assim, a tarefa básica da Administração é a de fazer

coisas por meio de pessoas. Administrar significa interpretar os objetivos propostos

pela organização e transformá-los em ação organizacional, por meio do planejamento,

organização, direção e controle de todos os esforços realizados em todas as áreas e

em todos os níveis da organização, a fim de alcançar tais objetivos da maneira mais

adequada (eficiente).

A Administração, tal como a encontramos hoje, é o resultado histórico e

integrado da contribuição comunicativa de numerosos precursores, filósofos, físicos,

economistas, estadistas e empresários que, no decorrer dos tempos, foram cada qual

no seu campo de atividades, desenvolvendo e divulgando suas obras e teorias.

A palavra administrar tem vários significados. Não há um padrão

universalmente aceito para a definição do termo administração. O próprio Aurélio

aponta em seu dicionário essa multivariedade de significado, como: gerir, ministrar,

conferir. Entretanto, quando se trata de negócios, é importante a busca de um

consenso em seu significado.

O mais importante e consistente uso do termo administração é aquele em

que ele é visto como um processo integrativo fundamental, buscando a obtenção de

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resultados específicos. Administrar não significa executar tarefas ou operações, mas

sim fazer com que elas sejam executadas por outras pessoas em conjunto.

O administrador não é aquele que faz, mas sim o que faz fazer. A

administração faz as coisas acontecerem através das pessoas, levando as organizações

ao sucesso. Na realidade, a administração não é uma ciência exata, mas uma ciência

social, pois, ao lidar com negócios e organizações, ela o faz basicamente por meio das

pessoas.

FUNÇÕES UNIVERSAIS DA ADMINISTRAÇÃO

A administração de uma empresa compreende diversas funções, as quais

estão citadas abaixo:

a) Previsão (Planejamento): envolve a avaliação do futuro e das providências,

em termos de alocação de recursos, para que se alcance o previsto. Corresponde à

fixação de metas, objetivos e prazos gerais;

b) Organização: é a função que dota a empresa do que necessita, estrutura as

coisas quer seja no aspecto material, quer no social. Corresponde à criação e

disposição dentro da empresa de diversos setores, departamentos, seções ou divisões

internas, e atribuição das diversas funções que cada um desempenhará, de forma que

se obtenha um todo harmônico;

c) Comando: é a função que fará com que o sistema atue, procura sempre

maximizar o retorno para que se alcance o objetivo global da organização;

d) Coordenação: refere-se à articulação das diversas atividades num conjunto

em que umas complementam as outras. Pode ser entendida também como sendo a

função que adapta os meios para que os objetivos sejam alcançados;

e) Controle: é a função que verifica se a execução está de acordo com o

planejado, assegura que os planos sejam cumpridos identificando desvios, erros e

falhas no sentido de se corrigir o curso dos processos enquanto é possível e ao mesmo

tempo evitar a repetição dos erros.

Além de estabelecer essas seis funções essenciais da empresa, Fayol

enumerou quatorze princípios administrativos que o administrador, ao aplicá-los, deve

levar em conta a realidade de cada empresa. É importante salientar que a função

administrativa não é exclusiva da alta administração da empresa e ocorre em todos os

níveis hierárquicos da organização.

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Com a adoção dos princípios defendidos por Fayol e Taylor surgiu nas

empresas, a especialização e a departamentalização.

Fayol preconizou a estrutura hierárquica da empresa e a instituição da chefia

em todos os escalões. Em sua opinião, a divisão do trabalho permite a empresa

produzir mais e melhor com menos esforço.

Atividade:

Procure realizar uma pesquisa sobre o legado deixado por Frederick Winslow

Taylor e Henri Fayol, considerados os precursores da administração moderna.

A RELAÇÃO EFICIÊNCIA X EFICÁCIA

A administração visa alcançar objetivos organizacionais de maneira eficiente e

eficaz.

Ser eficiente significa fazer as coisas bem e corretamente. Relaciona-se com

os meios. É uma medida da proporção dos recursos utilizados para alcançar os

objetivos, ou seja uma medida de saídas ou resultados comparados com os recursos

consumidos.

A administração pode alcançar um objetivo com um mínimo de recursos ou

pode ultrapassar objetivos com os mesmos recursos. As medidas de eficiência podem

ser o custo do trabalho, a utilização de equipamento, a manutenção de máquinas e o

retorno do capital investido, por exemplo.

Um administrador eficiente é aquele cuja unidade de trabalho opera

diariamente com um custo mínimo de materiais e de trabalho.

Contudo, a eficiência é necessária, mas não é suficiente. Deve haver eficácia,

principalmente, o que significa atingir objetivos e resultados. A eficácia relaciona-se

com os fins e propósitos. É o grau em que a administração consegue atingir seus

objetivos. É a medida do resultado da tarefa ou alcance do objetivo estabelecido. Um

administrador eficaz é aquele cuja unidade de trabalho alcança diariamente as metas

de produção em termos de quantidade e qualidade de resultados. Porém, nem sempre

eficiência e eficácia caminham juntas e de mãos dadas.

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Muitas vezes, o administrador é eficiente ao extrair o máximo dos recursos

disponíveis, mas não é eficaz por não atingir os objetivos esperados. Acaba morrendo

esgotado na praia. Outras vezes, é eficaz ao atingir os alvos previamente

estabelecidos, mas queimando recursos pelo meio: ganha a guerra, mas deixam

mortos e feridos ao longo do caminho, devido à sua ineficiência. O ideal é ser e

eficiente e eficaz. Isso tem um nome: excelência. As principais diferenças entre

eficiência e eficácia são:

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O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO E O DIAGNÓSTICO EMPRESARIAL

As organizações devem operar com base da

previsão para não funcionar ao acaso. Nada pode ser

deixado ao sabor dos ventos. Elas requerem planejamento

para todas as suas atividades, principalmente quando

operam em ambientes dinâmicos, complexos e competitivos para dar continuidade às

suas operações em direção ao sucesso.

O administrador precisa ter em mente a importância de tomar decisões

estratégicas e planejar o futuro de sua organização. Por meio da tomada de decisões, o

administrador configura e reconfigura continuamente a sua organização ou a unidade

organizacional que administra. Ele e sua equipe devem decidir qual rumo sua

organização deverá seguir e elaborar os planos para que isso realmente ocorra. O

planejamento está voltado para o futuro, e o futuro requer uma atenção especial. É

para ele que estamos nos preparando a todo o momento.

O Planejamento inicia o processo administrativo. Ele inclui a definição da

missão organizacional, dos objetivos organizacionais, a seleção das políticas, a escolha

de procedimentos e métodos desenhados para o alcance dos objetivos. O sucesso na

função de planejamento requer o reconhecimento do ambiente da organização, o

estímulo à criatividade, o encorajamento da participação dos colaboradores para a

implementação de novas ideias e o desenvolvimento de abordagens inovadoras aos

desafios da administração.

Então, o que é planejamento?

Planejar significa interpretar a missão organizacional ao estabelecer os

objetivos da organização e dos os meios necessários para a realização desses objetivos

com o máximo de eficácia e eficiência.

Planejar significa olhar para frente, visualizar o futuro e o que deverá ser feito,

elaborar bons planos e ajudar as pessoas a fazer hoje as ações necessárias para melhor

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enfrentar os desafios do amanhã. O Planejamento constitui hoje um componente

essencial em qualquer tipo de organização ou atividade.

Etapas básicas do planejamento

O planejamento cobre uma variedade ampla de atividades, desde as mais

complexas, ocorrendo a longo prazo e em ambientes incertos, até as mais simples, a

curto prazo e em ambientes previsíveis.

Essas atividades vão desde um plano da Volkswagen para reduzir o custo de

fabricação em 35% para o próximo ano, e um plano de um gerente de departamento

da Renner para contratar três vendedoras por tempo parcial para a próxima

liquidação.

As três etapas básicas do planejamento são:

1. Estabelecer um objetivo ou meta;

2. Identificar e avaliar as condições atuais e futuras que afetem esse objetivo;

3. Desenvolver uma abordagem sistemática para atingir esse objetivo.

Estabelecer objetivos ou metas – a primeira etapa do planejamento se refere

ao ponto onde queremos chegar, ou seja, que resultados queremos obter ao final de

determinado período de atividades. Os objetivos ou metas podem ser estabelecidos

em setores de desempenho como lucratividade, porção do mercado, recrutamento de

pessoal, projetos a terminar em certa data, por exemplo.

Identificar e avaliar as condições que afetam os objetivos – a segunda etapa

do planejamento reconhece as variáveis importantes que influenciam os objetivos,

como o poder de compra dos consumidores, atos dos concorrentes, etc. Como o

planejamento se relaciona com o futuro, deve-se levar em consideração certas

suposições sobre condições importantes ligadas ao fator tempo de realização do

plano. A General Motors, por exemplo, ao planejar seu carro Saturn, teve que fazer

suposições valiosas, ou aceitar premissas sobre algumas condições, tais como a

procura por carros menores, diversas exigências governamentais sobre air bags,

economia de combustível e controle de emissões. A precisão dessas premissas é de

grande importância para um planejamento eficaz.

Desenvolver uma abordagem para atingir os objetivos – o aspecto final do

planejamento é a etapa que se relaciona a itens como responsabilidade para realização

24

e inclui respostas a várias questões: quem fará o quê, como, dentro de que

programação e quais serão os resultados disso.

A importância e a complexidade do planejamento são fatores primordiais para

determinar a formalidade e os detalhes dessa etapa.

Quais são os tipos de Planos?

O planejamento e os planos resultantes dele podem ser classificados de várias

formas. A maneira de classificar o planejamento vai determinar o conteúdo dos planos

e como o planejamento deve ser realizado.

Um primeiro critério de classificação dos planos é abrangência e o impacto

sobre a organização. Ela segue a representação piramidal para simbolizar a hierarquia

padrão existente:

1. Planos estratégicos – definem os objetivos e as estratégias da organização.

Incluem, além dos objetivos de toda a organização, a sua relação pretendida com o

ambiente. São os planos estratégicos que determinam os produtos e serviços que a

organização pretende oferecer, os mercados e clientes que pretende atender, assim

como a construção de uma nova fábrica ou abertura de uma nova loja. A

responsabilidade pela definição desses planos é da alta administração. Há empresas

que dispõem de unidades de trabalho especialmente dedicadas a essa tarefa, são os

departamentos de novos negócios.

2. Planos táticos – têm como finalidade otimizar determinada área de

resultado ou função empresarial e não a empresa inteira, abrangem as atividades

especializadas da empresa (marketing, finanças, produção, recursos humanos, novos

produtos). Cabe lembrar que o desdobramento dos planos táticos depende

diretamente dos estratégicos.

3. Planos operacionais – visam alcançar os padrões de funcionamento

preestabelecidos, com controle dos detalhes. Podem ser considerados como a

formalização dos processos, principalmente por meio de documentos escritos, das

25

metodologias de desenvolvimento, das respectivas normas e implementação

estabelecidas pelo nível tático. Por fim, criam condições para a adequada realização

dos trabalhos diários da empresa.

Veja o quadro a seguir:

Abrangência dos três níveis de planejamento

Assim, o planejamento estratégico, será:

26

Assim, com o planejamento estratégico a empresa encontra resposta para

questões como as seguintes:

• Qual a área de negócio onde devemos atuar?

• Para onde desejamos ir?

• O que é necessário para chegarmos lá?

A realização de um cuidadoso planejamento estratégico é tanto mais

importante, quanto maiores forem as ambições da empresa em termos de eficiência e

resultados.

Planejamento tático

Por outras palavras, é a passagem à prática do planejamento estratégico,

definindo: as ações a realizar, os meios a utilizar e os responsáveis pela execução.

Regra geral dos planos tácticos: surgem os orçamentos dos vários

departamentos.

O planejamento tático dá respostas às seguintes questões:

• Qual a tarefa a realizar?

• Quais os recursos a utilizar?

• Onde será realizada?

• Quando deve ser implementada?

• Quem é responsável pela realização?

Planejamento operacional

Planejamento Operacional é o conjunto das decisões necessárias à

consecução dos objetivos planeados com um caráter de curto prazo.

Em outras palavras, é a execução de planos de ação detalhados, relativos a

uma dada área.

Exemplo:

O plano de produção, a agenda de uma convenção, ...

Existem algumas empresas ou gestores que não utilizam o planejamento seja

porque operam em ambientes onde as mudanças são tão rápidas que qualquer plano,

27

por mais curto que seja o espaço de tempo, perde atualidade seja porque não querem

assumir os riscos e custos inerentes ao planejamento.

O planejamento

• é complexo e demorado;

• é um trabalho que exige estudo e empenhamento profundos na sua

execução;

• é dispendioso, já que a sua execução carece de recursos significativos.

Fases do Planejamento

Do que foi dito anteriormente, sabemos que o planejamento deve ser

dinâmico e desenvolvido por etapas e fases.

As principais fases, coincidem com os vários tipos de planejamento, não

sendo, qualquer uma, menos relevante que outra.

Assim, temos como principais fases:

• Definição de Objetivos

• Definição de Recursos

• Definição da Estratégia;

• Definição e Programação das Atividades;

• Controle.

Esquematicamente teremos:

28

ESTUDO DE CASO

MAMÍFEROS DA PARMALAT

Em 1997, a Parmalat lançou uma campanha publicitária baseada na ideia de

crianças fantasiadas de animais mamíferos. A campanha consistia em trocar

embalagens de produtos da empresa por bichos de pelúcia e mais R$ 8,00. A

campanha deveria durar três meses. Quinze dias antes de terminar, 1milhão e 200 mil

mamíferos já haviam sido distribuídos. O estoque se esgotara. Uma operação foi

montada às pressas para trazer mais 600 mil bichos de fabricantes chineses, que

passaram a trabalhar exclusivamente para o Brasil. Outros milhões foram

encomendados e transportados por navios.

No dia da reabertura da promoção, mais de 400 mil foram distribuídos. Um

caminhão da Parmalat que ia para o Paraná foi roubado. Encontrado horas mais tarde,

estava intacto.

Faltava apenas o estoque de 500 pelúcias.

Um ano depois, a Parmalat não havia conseguido terminar a promoção nem

pretendia fazê-lo. A empresa tornara-se “refém” da promoção. As pessoas não

queriam apenas um ou dois produtos. Muita gente passou a colecionar os mamíferos.

Em busca da liderança no mercado de laticínios, a empresa não desejava contrariar

crianças e transformar a fidelidade do cliente em rejeição à marca.

A promoção tornou-se quase uma divisão dentro da Parmalat, com 1.000

pessoas, computadores com leitores de códigos de barra em 272 postos de troca, em

todo o país, e um furgão que roda por São Paulo para prestar socorro aos postos de

distribuição.

A operação não deve lucros diretos à empresa, que está interessada apenas

na finalidade dos clientes e na alavancagem das vendas. A receita direta da promoção

(8 milhões de pelúcias ao valor de R$8,00 cada um) mal cobre os custos, segundo a

Parmalat. No final de 1998, dois milhões estavam em estoque e mais sete milhões

estavam encomendados para a terceira fase. Isso totalizava 17 milhões de bichinhos

desde o início da campanha. Ao todo são 21 personagens, que foram inicialmente

avaliados pelos consumidores para detectar preferências. A vaquinha, por exemplo,

tinha somente 4% das preferências. Virou bicho em extinção, porque todo mundo

29

passou a querer. A empresa passou a importar quantidades iguais de todos os

modelos, ficou impossível prever quais as preferências.

Teria sido possível prever o que aconteceu com a promoção da Parmalat? O

que esse caso ensina a respeito de planejamento operacional? Que outras lições de

administração se pode extrair dessa história?

Com base no estudo de caso apresentado e nos conceitos abordados,

responda:

1. Qual era o objetivo estratégico da Parmalat?

2. Que objetivos táticos ela definiu para isso?

3. Quais foram os objetivos operacionais implementados?

4. Os prazos foram cumpridos? Por quê?

5. A Parmalat atingiu os objetivos propostos? Justifique.

30

O CICLO DE VIDA DE UM PRODUTO

Quando os administradores de uma

empresa lançam um produto, esperam que sua

vida útil seja longa e produtiva. Contudo, eles sabem o produto não venderá para

sempre, ou seja, ele possui um “ciclo de vida”. Este ciclo é evidenciado através de

cinco estágios:

1. Desenvolvimento do produto: é quando a empresa tem a idéia e

começa todo o estudo de viabilidade, produtividade e desenvolvimento. Neste

período, o produto ainda não está no mercado, portanto, suas vendas estão

zeradas e os custos de investimentos são crescentes.

2. Introdução: período em que o produto é lançado no mercado,

onde suas vendas vão crescendo lentamente. Não há lucros nesta fase, em

virtude dos custos para colocar este produto no mercado.

3. Crescimento: período de aceitação rápida pelo mercado e de

lucros crescentes.

4. Maturidade: período de baixo crescimento nas vendas. Os níveis

de lucro tornam-se estáveis ou diminuem, em função dos gastos que a empresa

tem para defender o produto da concorrência.

5. Declínio: é quando as vendas e os lucros começam a cair.

31

O tempo que um produto permanece em cada uma das fases acima é muito

variável, alguns ficam muito tempo em Desenvolvimento, outros tem um período de

Maturidade muito grande e para outros, o Declínio é a fase mais demorada. Na prática

pode ser difícil prever o tempo que durará cada fase ou identificar com certeza o

período em que o produto mudou de “estágio”, bem como determinar os fatores que

identificam essa mudança.

Algumas empresas, ao perceberem que um de seus produtos entrou na fase

de Declínio, promovem intensa divulgação, fazem modificações substanciais no

produto e tentam reposicioná-lo para o estágio de crescimento.

Com a evolução da sociedade e a modificação em seus hábitos de consumo,

novas necessidades aparecem e, consequentemente, produtos para atendê-las. Como

administradores, precisamos estar sempre de antenas ligadas no mercado e na

sociedade, a fim de conseguirmos gerir melhor nosso portfólio de produtos. Por isso, a

dica é ficar sempre de “antena ligada”, pois isso poderá fazer a diferença para o futuro

de sua empresa e do mercado que ela atende.

32

O RECURSO MAIS IMPORTANTE

Como já foi referido, as funções internas das

empresas devem atuar como um todo. Os resultados

obtidos são tanto melhores quanto melhores forem as

relações entre as várias funções /empregados e departamentos.

Nas empresas, o organismo que tem como responsabilidade máxima, a

coordenação e interligação entre as várias funções é a Direção. Assim, a Direção de

uma empresa deve procurar motivar, liderar e facilitar a comunicação entre os vários

departamentos.

Será sempre a Direção que terá que definir os valores culturais que quer

inculcar na organização, influenciando, consequentemente, com o seu exemplo o

estilo de liderança e os processos de comunicação mais adequados.

Qualquer empresa deve ter claramente definida a sua missão, isto é, a sua

razão de ser. É tarefa da Direção promover a divulgação e explicação da missão a toda

a população da empresa, sem exceções.

A direção deve ter, igualmente, uma visão para a empresa, ou seja, onde se

quer chegar. Quais são as grandes metas que toda a organização, sem exceções, deve

procurar atingir.

Será este o ponto de partida para a decomposição dos objetivos globais, de

forma a que todos entendam qual o papel que se espera que desempenhem na sua

consecução e a forma desejável de o executar.

Qualquer empresa que tenha uma política coerente nestes três pontos,

seguramente será uma empresa alinhada para com os seus objetivos, disciplinada para

com a sua missão e coordenada nas suas ações.

A Motivação

O homem trabalha com a intenção de alcançar várias coisas. Quanto maior for

o desejo, ou a necessidade de as alcançar, maior será o seu empenho na execução das

tarefas.

Todo aquele que não tem fome, não procura comida. Contudo, todo aquele

que sentir fome, seguramente tentará agir no sentido de satisfazer essa necessidade.

33

É com este tipo de raciocínio, que a empresa deve encarar o desempenho dos

seus empregados.

Terá que criar os mecanismos para que todos tenham a motivação necessária

para executarem as suas tarefas, com o máximo interesse e satisfação, isto é, criar

condições para que todos os seus colaboradores sintam que através do seu trabalho

melhoram a sua qualidade de vida, se desenvolvem e se realizam pessoal e

profissionalmente.

Neste século Maslow desenvolveu uma teoria na qual apresenta uma

explicação para o desenvolvimento das necessidades e sua satisfação:

Por definição, o homem é um ser com necessidades que, ao longo do seu

desenvolvimento, se vão alterando. Ou seja, à medida que vai satisfazendo as básicas,

outras mais complexas, vão surgindo.

Maslow definiu uma hierarquia das necessidades do homem, representando-

as numa pirâmide, como se apresenta:

Maslow dividiu as necessidades em dois grupos fundamentais: as

necessidades primárias, e as necessidades secundárias. Nas primeiras incluiu as de

caráter fisiológico (fome, saúde, abrigo,…) e as de segurança (proteção, …), ou seja,

aquelas que têm que ser satisfeitas para assegurar a sobrevivência do indivíduo.

Nas segundas, estão incluídas as de caráter social, (amizade, grupos,

comunidade,…), as de autoestima (reputação, amor, prestígio,…) e por fim as de auto-

34

realização (realização pessoal e comunitária). A sua satisfação garante ao homem a

evolução social, econômica, pessoal, qualidade de vida e estatuto que deseja.

Segundo Maslow, as necessidades vão evoluindo à medida que as de mais

baixo nível vão sendo satisfeitas. Sentindo que a sua sobrevivência está assegurada, o

homem concentra esforços na concretização de ambições de nível superior.

Conhecendo estes mecanismos, as necessidades e interesses das pessoas, é

possível perceber como e onde estão dispostas a investir esforços, conseguindo que

indivíduos vulgares façam coisas extraordinárias.

Neste contexto, o sucesso das empresas depende do empenho que as pessoas

colocam no desempenho das suas tarefas, logo pode ser afetado por questões como:

• Mau clima laboral, ou más condições de trabalho;

• Objetivos não partilhados, desadequados ou inatingíveis;

• Desajuste entre o potencial das pessoas e o pouco estimulo que lhes é

oferecido pelos postos de trabalho que ocupam;

• Pouca autonomia e responsabilidade;

• Falta de reconhecimento;

• Falta de perspectivas de ascensão na carreira ou autodesenvolvimento;

• etc..

Para contrariar e evitar estas situações, as empresas devem considerar

medidas do tipo:

• Envolver os executantes na definição dos seus próprios objectivos, não se

limitando a impô-los;

• Promover o diálogo e reconhecimento de uma forma regular;

• Delegar autonomia e responsabilidades;

• Garantir que os vários postos sejam ocupados por pessoas com adequado

potencial, por forma a que estas valorizem as suas posições ao mesmo tempo que se

autovalorizam.

Estas são medidas normalmente utilizadas por empresas de sucesso que

procuram estimular o desempenho das pessoas através de uma gestão participativa e

por objetivos, o que não é mais que o envolvimento, desde o primeiro momento, de

todos os elementos da empresa na definição dos objetivos individuais e

departamentais, tendo em consideração os objetivos globais da empresa.

35

Estas empresas, em contrapartida, esperam que os seus empregados

correspondam com determinados comportamentos e atitudes, nomeadamente:

assumindo a responsabilidade pela consecução dos objetivos, tomando a iniciativa de

encontrar e propor soluções novas para os problemas, simplificando as tarefas e

rejeitando a burocracia, integrando-se na sua equipe com espírito de entre-ajuda, sem

esquecer que o seu sucesso e a satisfação das suas necessidades pessoais são

inseparáveis do sucesso da empresa.

A Liderança

A liderança não é mais que a forma como se conduzem os recursos humanos,

por forma a serem atingidos os objetivos desejados.

Os estilos de liderança dependem diretamente da maneira de ser de cada

chefia, dos valores e exemplos praticados pelos gestores de topo, da natureza das

tarefas, ou ainda, das atitudes e comportamentos evidenciados pelos colaboradores.

Daqui resulta que as estruturas hierárquicas estudadas no módulo “A

Organização e a Estrutura da Empresa”, criam condições que estimulam a adoção de

diferentes estilos de liderança.

Em termos de Liderança podemos encontrar diferentes abordagens teóricas:

• As teorias baseadas nos traços de personalidade das chefias;

• As teorias baseadas nos estilos de liderança;

• As teorias situacionais.

As primeiras consideram que o bom líder é aquele que apresenta traços

inaptos de liderança, tais como energia, tenacidade, autoconfiança, bom humor,

agressividade, etc..

As segundas, privilegiam o comportamento do líder, independentemente das

características da sua personalidade.

Vejamos três tipos de comportamentos típicos:

Autocrático - O líder impõe todos os procedimentos e objetivos. Não enxerga

os seus colaboradores como uma equipe, mas sim como um conjunto de seres

individuais. Não se dirige à equipe como um todo, mas sim a cada um dos elementos;

Democrático - O líder propõe objetivos e discute-os no sentido de encontrar

os melhores procedimentos com vista à sua concretização. Elogia ou critica a sua

36

equipe face aos resultados obtidos, sem nunca se dirigir aos elementos

individualmente;

Liberal - O líder permite que os objetivos sejam definidos inteiramente pela

equipa. Não critica nem elogia a equipe, já que para ele, ela é totalmente responsável

pelos resultados. Não interfere de forma alguma na definição dos procedimentos.

Demonstra a experiência que, de acordo com o estilo de liderança existente

em cada empresa /departamento, os resultados obtidos variam. De acordo com o

estilo de liderança, o resultado pode variar da seguinte forma:

• Autocrática

O trabalho desenvolvido é em grande quantidade;

• Democrático

O trabalho desenvolvido é em grande quantidade e de melhor qualidade;

• Liberal

O trabalho poderá ser de má qualidade e baixa quantidade.

Finalmente, as teorias situacionais consideram que o estilo de liderança a

adotar depende diretamente do contexto, da equipa e dos seus objetivos.

Assim, ainda que para uma mesma equipa ou departamento e dependendo

da tarefa e das condições em que terá que se realizar, o líder deve adotar o estilo que

melhor se adéqua (autocrático, democrático ou liberal), de modo a encaminhar, de

uma forma eficaz, a sua equipa para o resultado pretendido.

Vejamos um exemplo:

Numa empresa de publicidade, pretende-se um novo slogan para um dado

produto. Nesse caso, o líder, deve apresentar uma postura democrática, ou mesmo

liberal, por forma a que os seus colaboradores possam, mais livremente, propor as

suas ideias. Contudo, numa outra situação em que é preciso obrigatoriamente cumprir

um dado prazo, poderá ser vantajoso o líder ter uma postura mais autocrática.

Resumindo, as terias situacionais defendem que os lideres devem adequar o

seu estilo tendo em linha de conta as características dos recursos que coordena, dos

objetivos que lhe são fixados e do contexto em que atua.

As empresas que buscam o sucesso esperam que todos os seus colaboradores

vejam os seus lideres como membros da equipe, aos quais foram confiadas tarefas e

responsabilidades de coordenação dos esforços individuais face aos objetivos do

37

grupo, de orientação e acompanhamento no desenvolvimento profissional de cada um

e que, fazendo, simultaneamente, parte de uma equipa de nível superior, será o canal

de comunicação privilegiado.

A Comunicação

Para que o processo de comunicação seja eficaz é necessário que se

verifiquem, sempre, certas condições básicas:

• Tem que existir um emissor e um receptor;

• A mensagem a transmitir tem que ser clara;

• A linguagem usada deve ser conhecida pelo emissor e receptor;

• O tema ou assunto da mensagem deve ser comum ao emissor e receptor.

Assim, para que exista uma comunicação eficaz é necessário que: exista um

emissor que emite a mensagem utilizando um código, um canal de transmissão por

onde circula a mensagem e um receptor que descodifica o código da mensagem.

Após este ciclo estar terminado, é normal que se realize uma troca de papeis

entre o emissor e o receptor, o que acontece no momento em que é executada a

resposta ou feedback.

A verificação de que a mensagem foi bem enviada e entendida pelo receptor,

é efetuada através da resposta ou feedback. No caso de não se verificar feedback ou

de o seu conteúdo não confirmar a mensagem inicial, podemos concluir que esta

última não foi corretamente recebida pelo receptor.

É sempre responsabilidade do emissor, verificar se a mensagem foi

corretamente recebida e entendida por parte do receptor. Caso isso não se verifique,

será então necessário que o emissor repita a comunicação de forma que o receptor a

receba ou a entenda corretamente.

Toda a empresa cria os seus próprios canais e circuitos de comunicação,

designados por canais formais, para além dos informais que se estabelecem

espontaneamente (nos refeitórios, corredores, locais de trabalho, etc.) e que por vezes

são bastante úteis e eficientes.

38

QUEBRANDO VELHOS PARADIGMAS

O Homem ao longo de sua existência, vem

assistindo às diversas transformações ocorridas através dos

séculos. As chamadas “ondas” de transformações (Alvim

Toffler, 1980), surgem trazendo consigo grandes impactos,

sendo que, cada uma exige uma reação daqueles que as vivenciam. A primeira onda,

ocorreu quando o homem deixou de ser nômade para estabelecer-se em

determinados territórios, deixando de ser caçador e coletor para tornar-se agricultor,

com isso dava-se inicio a formação de sociedades. A segunda onda, teve início na

revolução industrial, com o surgimento da máquina a vapor, impondo regras de

produção e estabelecendo a relação “capital X trabalho”. A terceira onda, a chamada

era da informática modificando a interface “homem X máquina” e, a quarta onda com

o surgimento da “aldeia global”, dando maior enfoque ao poder do conhecimento, a

era da informação, deixando apenas de “saber”, para passar a “saber fazer”, abrindo

as diversas janelas para a realidade do mundo.

A abordagem do ano 2000, com sua definição milenar e implicações

transformacionais, sugeriu a possibilidade de uma mudança igualmente profunda no

cenário de atuação das empresas, independente do tamanho, idade, ramo de negócio,

tipo de atividade, quer seja ela do setor público ou privado (Kanter, 1992).

O caminho da competitividade, do aumento do desempenho organizacional,

parte quase que necessariamente de um processo de transformações.

Uma parábola sobre mudança ilustra um dos problemas no seu

entendimento. O escritor britânico do século XIX, Charles Lamb escreveu um

maravilhoso ensaio no qual imaginou como a humanidade descobriu o ato de cozinhar:

Milhares de anos atrás, Lamb supôs que pessoas viviam em grandes famílias,

com animais domésticos, em casas rústicas construídas de madeira e sapé. Um dia,

todos saíram, a casa pegou fogo por acidente, mas o porco do vizinho casualmente

estava lá. Quando os moradores retornaram, tudo o que sobrou foi fumaça e um

monte de cinzas, e um delicioso aroma. Eventualmente, algumas das pessoas

cutucaram as cinzas e queimaram seus dedos tocando na carcaça ainda quente, do

39

porco incinerado. Quando eles colocaram seus dedos na boca para resfriar a

queimadura, um delicioso sabor apareceu. Eles tinham, segundo Lamb, descoberto o

ato de cozinhar. Dali em diante, as pessoas da vila quando celebravam, escolhiam uma

casa, colocavam o porco dentro e queimavam a casa!

Portanto, tentem imaginar quantas tecnologias, pesquisas e conhecimentos

se passaram até nossos dias. Se compararmos o ato de cozinhar com os métodos de

gerenciamento, certamente ainda encontraremos gerentes abrindo mão de novas

tecnologias e “queimando” organizações para poder alcançar os objetivos.

Sob esta perspectiva, a capacidade das empresas de reagirem às

transformações exigidas por estas mudanças, algumas das quais envolvem o

significado dos negócios e o caráter da forma que a organização os realiza, dependerá,

entre outros fatores, da coragem para quebrar paradigmas e da capacidade de

aprendizagem adquirida ao longo de sua existência, qualificando-a para um cenário

competitivo, pró-ativo, inovador e criativo.

A COMPETITIVIDADE

O mundo está assistindo a uma revolução, baseada no binômio informação-

tecnologia, que pode ser comparada à Revolução Industrial. Estruturas flexíveis e

tecnologia adequada aos estágios de desenvolvimento dos negócios, são elementos

vitais para as empresas que pretendem ser bem sucedidas neste universo marcado

pela exacerbada competição.

Toda empresa possui uma estratégia competitiva, implícita ou explícita. A

estratégia competitiva é a combinação dos fins (metas) que a empresa busca e os

meios (políticas) pelos quais a empresa está buscando para chegar lá (PORTER,1986).

Para Porter (1986), a essência de uma estratégia competitiva é relacionar a

empresa com o meio ambiente. A estrutura organizacional tem uma forte influência na

determinação das regras competitivas assim como das estratégias potencialmente

disponíveis à empresa. Forças externas ao mercado afetam as empresas. O que irá

distingui-las é a habilidade destas em lidar com essas forças.

O cenário emergente de competitividade, exige ações pró-ativas que

objetivem êxito para vencer as cinco forças básicas que guiam os cenários:

- a entrada de novos concorrentes;

- a ameaça de substitutos;

40

- o poder de negociação dos compradores;

- o poder de negociação dos fornecedores;

- e a rivalidade entre os concorrentes existentes.

Para enfrentar as cinco forças competitivas, Porter (1986) propõe três

abordagens estratégicas genéricas, potencialmente bem sucedidas para superar as

outras empresas numa mesma linha de negócio ou diversificado:

Hamel & Prahalad (1995), que não basta que uma empresa diminua seu

tamanho e aumente sua eficiência e rapidez; por mais importantes que sejam essas

tarefas, ela também precisa ser capaz de se reavaliar, regenerar sua estratégias

centrais e reinventar seu setor. Em suma, uma empresa precisa ser capaz de ser

diferente.

A inércia competitiva, tem também tem sua principal aliada, a falta de

resposta competitiva. As empresas ignoram, ou negam-se a entender e acreditar no

que esta acontecendo no cenário externo. Porém, algumas razões provocam o

”congelamento” da capacidade de reação.

Quanto mais rápida for uma empresa em identificar seus elementos

diferenciais, adaptando suas estratégias ao mercado concorrente, mais chances terá

para inovar seu setor.

Nesse novo ambiente de altíssima competitividade, sobreviver é a ordem.

Não haverá condescendência com o país ou organização que se mantiver fora do

mercado global ou que não estiver atento para as regras do jogo.

Essas regras consistem em conhecer rapidamente o que o cliente deseja,

atuar em parcerias com fornecedores e empregados e imprimir qualidade no que faz

(TREVISAN, 1994).

Competitividade passou a ser a palavra-chave dentro de um novo cenário

empresarial, que valoriza a maior proximidade com o cliente.

Entender e participar desse jogo já não é suficiente (PORTER, 1986).

OS PARADIGMAS

Chiavenato (1996), define paradigmas como um conjunto de regras que

estabelecem fronteiras entre o certo e o errado, entre o verdadeiro e o que é falso,

41

entre o que se deve e o que não se deve fazer. No fundo, um paradigma estabelece um

corredor de pensamento na qual este fica bitolado ao que existe dentro das faixas e

dos limites permitidos. Ele funciona como um modelo, como um padrão que

define o comportamento das pessoas.

Barker (apud Chiavenato, 1996), apresenta seis características básicas dos

paradigmas:

1. Os paradigmas são comuns em toda atividade estruturada. Constituem

regras que dirigem o comportamento das pessoas. Estas, inconscientemente e sem

perceber, são levadas por seus paradigmas;

2. Os paradigmas são úteis e funcionam como verdadeiros filtros que

focalizam as informações mais importantes e que selecionam o que as pessoas

deverão perceber a respeito do mundo que as rodeia.

Neste sentido, os paradigmas estabelecem o que é e o que não é importante

ou relevante para a pessoa;

3. Os paradigmas podem tornar-se doenças terminais da certeza. Eles podem

tornar-se a única maneira de fazer algo, ou de pensar sobre algo, paralisando as

pessoas e impedindo que elas visualizem outras e novas formas potencialmente

melhores de fazer a mesma coisa. Nesse sentido, os paradigmas bitolam as pessoas e

as mantêm amarradas em velhos hábitos ou maneiras de pensar e agir;

4. Os novos paradigmas são geralmente criados por pessoas estranhas. As

novas ideias quase sempre vêm de pessoas que não estão fortemente envolvidas com

velhos paradigmas;

5. Os novos paradigmas exigem visão futurística para sua adesão. Um

paradigma novo geralmente parece estranho às pessoas e, em seu estágio inicial, não

oferece dados suficientes para que as pessoas decidam racionalmente se é melhor ou

pior do que o anterior. A adesão a novos paradigmas envolve certos riscos e exige

visão, coragem e fé;

6. As pessoas têm o poder de mudar seus paradigmas. Os paradigmas são

aprendidos, adquiridos e incorporados através da experiência. Como não são

geneticamente transmitidos, eles podem ser mudados, aprendidos e transmitidos às

outras pessoas. Mas a mudança de paradigmas não é fácil para muitas pessoas que se

42

sentem presas à segurança e estabilidade dos paradigmas atuais, e temem ou relutam

em alterar seus comportamentos através da aquisição de outros padrões diferentes.

O Que é mudança? E por que causa tanto impacto quando se trata de

organização? Para Kanter (1992), a literatura é repleta de ambiguidade; é uma fonte

de firmeza e uma fonte de fraqueza. Certas palavras e frases, contudo, criam

problemas especiais. Embora elas soem específicas e geralmente sejam tratadas como

se todas fossem usadas identicamente, elas geralmente geram mais calor do que luz.

Isso descreve exatamente a experiência comum das pessoas discutindo sobre

“mudança organizacional”.

Morris & Brandon ( 1994), fazem uma abordagem enfatizando que uma

mudança ou modificação de paradigma é essencialmente uma substituição

significativa nas regras, nas pressuposições e nas atitudes relacionadas com um padrão

estabelecido de realização. O termo também tem sido usado para mudanças

fundamentais na tecnologia, para enfatizar o impacto das novas capacidades da

referida tecnologia. Uma modificação de paradigma tem o efeito de um novo começo.

A realização passada pode ser prejudicial se provocar a rejeição a novas oportunidades

e resistência à mudança.

Praticar mudanças, nos nossos tempos, é um verdadeiro ato de coragem

(Giosa, 1994). Além desta afirmação, o autor completa ainda que “os fatores que

obstaculizam o processo de mudança são claros e inevitáveis”, sendo os mesmos:

- O conservadorismo das pessoas;

- A resistência natural às mudanças;

- O medo do novo;

- A cultura e os valores das organizações;

- O custo da mudança;

- A dificuldade de conscientização/sensibilização da alta administração;

- A capacidade da empresa em enfrentar mudanças e,

- A falta de planejamento e de visão estratégica para implementá-la.

Hersey & Blanchard (1986), relatam um exemplo impressionante das

consequências da quebra de um paradigma, que envolve uma mudança técnica sem

levar em consideração as suas consequências no sistema social. É o caso da introdução

do machado de aço num grupo de aborígenes.

43

Uma tribo estava bastante isolada, tanto geográfica como socialmente, da

influência das culturas ocidentais. O único contato que tinha era com uma missão

anglicana estabelecida no território limítrofe. O machado de pedra polida era

tradicionalmente um elemento básico da

tecnologia da tribo. Usado por homens, mulheres e crianças, o machado de

pedra era vital para a economia de subsistência. Mais do que isso, era na verdade um

elemento chave para o funcionamento normal do sistema social; definia as relações

interpessoais e era um símbolo de masculinidade e de superioridade do homem. Só os

adultos podiam fazer e possuir machados de pedra; as mulheres e as crianças tinham

que pedir a permissão dos homens para usá-lo.

A missão anglicana, com a intenção de ajudar a melhorar a situação dos

aborígenes, introduziu o machado de aço, um produto da tecnologia européia. Este

tipo de machado foi distribuído indiscriminadamente a homens, mulheres e crianças.

Como esta ferramenta era mais eficiente que o machado de pedra, foi prontamente

aceita, mas teve graves repercussões, não previstas pelos missionários nem pela tribo.

O homem adulto não era capaz de fabricar o machado de aço e não precisava mais

fazer o de pedra. Consequentemente, sua capacidade e privilégio exclusivo de fazer

machados tornou-se desnecessário e inútil, e estava perdida sua condição social de

possuidor e distribuidor exclusivo de um elemento tecnológico vital. O resultado geral

mais marcante foi o de que involuntariamente foram ameaçados e minados os valores,

crenças e atitudes tradicionais.

A ênfase, está, portanto em como as mudanças de paradigmas, tanto políticas

ou técnicas podem exercer influência sobre o sistema global. Com o exemplo anterior,

Hersey & Blanchard (1986) lembram que uma organização é um “sistema social

aberto”, isto é, que todos os aspectos de uma organização estão relacionados entre si

e com o ambiente com o qual ela interage.

Uma mudança em qualquer parte de uma organização pode ter impactos em

outras partes ou em toda a organização, bem como, influenciar o ambiente em que ela

está inserida.

Antigamente poderíamos crer que as soluções dos problemas organizacionais

pudessem vir em pacotes de modelos de gestão fechados e perfeitos comprados a

preços elevadíssimos, porém esse paradigma vem sendo quebrado a anos, pois hoje

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sabemos que se seguirmos um único modelo de gestão (não o adaptando a nossa

realidade), nossas empresas estão fadadas a falir. Isso mesmo, falir! Pois sabemos que

cada empresa tem uma realidade interna diferente da outra, independente de

qualquer coisa, assim como a realidade externa reflete de forma diferente para cada

empresa, mesmo as que pertencem ao mesmo setor (se não fosse isso, numa crise,

nenhuma empresa sairia mais forte que outra; porém ela só se saiu mais forte pois a

repercussão da realidade externa foi diferente para ela - por que sua realidade interna

- cultura organizacional e pensamento estratégico- era diferente e consequentemente

o impacto das mudanças fora absorvido de forma diferenciada).

Dessa forma, a mudança (ou quebra) de paradigmas pode ser a mola

propulsora para a geração de soluções eficientes e de novos conhecimentos, além da

otimização/valorização do capital intelectual da empresa. E se uma empresa quer se

perpetuar e constantemente evoluir no mercado em que atua, esta deve entender e

defender que as mudanças são as chaves para sucesso empresarial.

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REFERÊNCIAS:

CHIAVENATO, IDALBERTO. Introdução à teoria da administração. 3ª edição. São Paulo:

Mc Graw-Hill do Brasil, 1983.

DEGEN, Ronald. O Empreendedor: Fundamentos da Iniciativa Empresarial. São Paulo:

McGraw-Hill, 1989.

IEFP, Instituto do Emprego e Formação Profissional. Organização e administração de

empresas. Lisboa: IEFP, 2004.

KOTLER, PHILIP. Administração de Marketing. Análise, planejamento, implantação e

controle. Atlas, São Paulo, 1994.

MAXIMIANO, Antonio Cesar Amaru. Fundamentos e práticas da Gestão

contemporânea. Unibb, 2007.

MAXIMIANO, Antonio Cesar Amaru. Introdução à administração. São Paulo: Atlas, 5.

ed., 546p. 2000. Petrópolis: Vozes, 1994.

TOFFLER, ALVIM. A empresa flexível. Rio de Janeiro: Record. 1980.

UNIBB. Fundamentos da Prática Educativa no BB. Brasília: Unibb, 2007.