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GUIA DE ESTUDOS Organização Mundial do Comércio de 2015 Rodada Doha Wilson Fernandes Negrão Júnior Diretor Bruna Gonçalves Moura Diretora Assistente Gabriela Nunes da Silva Souza Diretora Assistente João Vitor Santos Cardoso Diretor Assistente

Organização Mundial do Comércio de 2015 · Teorias sobre o desenvolvimento ... Fundo Monetário Internacional (FMI) e uma possível “Organização Internacional do Comércio

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GUIA DE ESTUDOS

Organização Mundial do

Comércio de 2015

Rodada Doha

Wilson Fernandes Negrão Júnior Diretor

Bruna Gonçalves Moura

Diretora Assistente

Gabriela Nunes da Silva Souza Diretora Assistente

João Vitor Santos Cardoso

Diretor Assistente

SUMÁRIO

CARTA AOS DELEGADOS................................................................................3

1. A ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DO COMÉRCIO............................................4

1.1. Teorias sobre o comércio internacional...............................................4

1.2. Histórico do comércio internacional.....................................................4

1.3. Modo de funcionamento da Organização.............................................4

1.4. Comércio, crescimento e desenvolvimento na ordem

internacional............................................................................................4

1.5. Teorias sobre o desenvolvimento.........................................................4

2. A RODADA DOHA.........................................................................................5

2.1. A Agenda de Desenvolvimento de Doha..............................................5

2.2. Agricultura, serviços e facilitação de comércio na OMC....................5

2.3. A suspensão das negociações de Doha...............................................5

2.4. Conferências Ministeriais realizadas após o lançamento da Rodada

Doha.........................................................................................................5

3. QUESTÕES RELEVANTES NAS DISCUSSÕES.........................................6

4. POSIÇÃO DOS PRINCIPAIS ATORES.........................................................7

4.1. Posição da África do Sul........................................................................7

4.2. Posição do Brasil....................................................................................7

4.3. Posição da China....................................................................................7

4.4. Posição dos Estados Unidos.................................................................7

4.5. Posição da Índia......................................................................................7

4.6. Posição da União Europeia....................................................................7

5. REFERÊNCIAS..............................................................................................8

6. ANEXOS........................................................................................................8

“É o Comércio que está tornando a Guerra rapidamente

obsoleta, ao fortalecer e multiplicar os interesses pessoais

que estão em oposição natural a ela. E pode ser dito sem

exagero que a grande extensão e o acelerado aumento do

comércio internacional, ao ser o principal garantidor da paz

no mundo, é o permanente garantidor da segurança para o

progresso ininterrupto de ideias, das instituições e do caráter

da raça humana.” – John Stuart Mill.

CARTA AOS DELEGADOS

Wilson Júnior – Diretor do Comitê Muitas boas-vindas, senhores delegados! Meu nome é Wilson Júnior, e sou o Diretor do comitê da OMC (2015) – Rodada Doha no 16º MINIONU. Sou estudante de Direito da UFMG e de Relações Internacionais da PUC-MG. Minha participação no MINIONU começou em 2013, quando fui voluntário da AGNU (2025), na qual debatemos uma possível reforma no Conselho de Segurança das Nações Unidas. No ano seguinte, fui diretor assistente da CIJ (2003), quando discutimos o caso “Avena e outros nacionais mexicanos”. Agora, tenho a honra e o prazer de dirigir os trabalhos da OMC (2015), quando teremos a oportunidade de aprender mais sobre a Rodada Doha, também conhecida como Rodada de Desenvolvimento de Doha. Espero vê-los em breve e que tenhamos um ótimo MINIONU! Bruna Moura – Diretora Assistente do Comitê Olá senhores delegados, meu nome é Bruna Moura e atualmente curso o sétimo período de Relações Internacionais na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Minha experiência no MINIONU começou quando representei Cingapura no comitê do Fundo Monetário Internacional (2011). Fui voluntária no comitê da Organização Mundial do Comércio no ano seguinte (2012) e, três anos depois, retorno ao projeto como Diretora Assistente de mais um comitê sobre a Organização Mundial do Comércio (2015). Encaro a simulação da Rodada de Doha como uma experiência incrível aos senhores: no momento do debate cada um terá a oportunidade de defender os seus interesses, mas ao mesmo tempo deverá respeitar outros interesses completamente diferentes e, em alguns casos, até mesmo opostos. Especialmente por esse motivo espero que todos se envolvam e aproveitem ao máximo as oportunidades proporcionadas pelo projeto. Alguma questão ou moção? Visto que não, sejam todos bem-vindos a 16ª edição do MINIONU! Gabriela Nunes – Diretora Assistente do Comitê Olá, senhores delegados! Meu nome é Gabriela Nunes, sou estudante de relações internacionais na PUC-MG e neste ano irei compor o comitê OMC (2015) – Rodada Doha no 16º MINIONU como diretora assistente. Minha história no MINIONU teve início no ano de 2015 como voluntária do comitê “CPSUA & CSNU – Intervenção e reconstrução da Somália”, no qual realizei descobertas incríveis além do crescimento pessoal, espero que desfrutem de todas as experiências que o projeto proporciona. Será um prazer contribuir mais uma vez para a história do MINIONU juntamente com os senhores, portanto sejam bem vindos! João Vitor – Diretor Assistente do Comitê Olá, senhores (as) delegados (as), eu me chamo João Vitor, sou estudante do curso de Relações Internacionais e serei Diretor Assistente do comitê OMC no 16º MINIONU. Tive várias experiências com o evento, tanto como delegado quanto como voluntário, agora como Diretor Assistente pretendo ampliar meus conhecimentos e crescer ainda mais com a edição desse ano. Será um grande prazer ajudá-los e também contribuir para que o comitê seja uma ótima experiência para vocês!

1. A ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DO COMÉRCIO

A Organização Mundial do Comércio (OMC) tem como propósito principal a

busca do livre comércio que possa trazer benefícios a todos os países, sejam eles

grandes médios ou pequenos, através da negociação de acordos multilaterais e

plurilaterais e da resolução de disputas entre seus membros no que tange às suas

práticas comerciais. Assim, a OMC é um fórum para negociações comerciais e

econômicas, tendo em vista as diferentes necessidades e interesses dos envolvidos

sobre o estabelecimento de políticas nacionais e internacionais de regulamentação da

matéria. Seu predecessor, o GATT – Acordo Geral de Tarifas e Comércio – iniciou a

condução das supracitadas negociações em 1947, culminando com a criação da OMC

na Rodada Uruguai, concluída em 1994. Em maio de 2015, 161 países eram membros

da organização, enquanto outros 23 eram observadores.

1.1. Teorias sobre o comércio internacional

Desde os primórdios da civilização, o comércio entre as nações tem sido objeto

de amplo debate entre filósofos, políticos, economistas e juristas. Sua importância

para a sustentação da vida em sociedade atraiu pensadores como Aristóteles, Tomás

de Aquino, John Locke, Adam Smith, David Ricardo, Karl Marx e John Maynard

Keynes a se debruçarem sob os princípios e fundamentos do mercado, bem como

suas origens e consequências. Como resultado do diálogo histórico sobre o comércio,

várias escolas e doutrinas de pensamento econômico passaram a existir, cada qual

defendendo sua própria visão.

Em seu livro Princípios de Economia Política, com Algumas de Suas

Aplicações à Filosofia Social, o inglês John Stuart Mill atribuiu ao comércio

internacional papel importante no estímulo à paz. Se por um lado o comércio

promoveria a paz entre os povos, como propõe Stuart Mill, por outro ele fomentaria a

divisão de classes e a exploração de trabalhadores, como defende Karl Marx em O

Capital. Com base no conceito desenvolvido por Adam Smith sobre “mão invisível do

mercado”, vários teóricos passaram a defender a limitação da atuação do Estado

sobre o comércio, tendo em vista a ideia de que o mercado poderia por si só aumentar

a qualidade de vida de todos os indivíduos. Em contrapartida, teóricos como Amartya

Sen demonstraram seu ceticismo com relação a pressupostos neoclássicos e

defenderam a necessidade de promoção dos Direitos Humanos, inclusive nas relações

comerciais.

Os contrastes presentes entre as visões supracitadas apontam para o diálogo

entre a história do pensamento econômico com outras áreas do conhecimento, haja

vista a crescente interdependência de conceitos e correntes teóricas. Assim, o estudo

da relação entre duas importantes instituições sociais, o Mercado e o Estado, tornou-

se premente no campo do Direito, da Ciência Política, da Economia, da Sociologia e

das Relações Internacionais.

1.2. Histórico do comércio internacional

O comércio internacional sofreu diversas evoluções ao longo da história da

humanidade, e está intimamente relacionado aos avanços científicos e filosóficos que

estiveram e estão em pauta no mundo. Desse modo, é mister se observar os

principais elementos desse percurso histórico que permanece importante nos dias de

hoje.

1.2.1. Da antiguidade clássica ao Século XX: a expansão do comércio

internacional

O ser humano, desde o início de sua existência, se apresentou como um ser de

interação social, desde estabelecer relações afetivas e inimizades até o

estabelecimento de trocas materiais. Nesse sentido, pode-se perceber que o comércio

nasceu de uma característica natural do homem e durante séculos tem transformado a

vida no mundo. Na antiguidade, o mar Mediterrâneo era o responsável por integrar as

principais potências existentes à época, como as Cidades-Estados gregas (ou pólis), o

Império romano, o Egito, Cartago e demais outras nações. Posteriormente, a Rota da

Seda, que se estendia do continente europeu ao leste asiático, tornou-se também uma

forma de integração dos atores comercias e, principalmente, dos mercantes oriundos

de Europa e Ásia.

O fenômeno da globalização, impulsionado pelas Grandes Navegações iniciadas

no século XV – com o descobrimento das Américas, o contorno do périplo africano e a

chegada à Ásia –, importou na estruturação do comércio em cadeias globais de

produção. Os mais diversos produtos foram cambiados entre as nações, desde

insumos agrícolas a equipamentos com ampla tecnologia agregada e serviços. A

crescente existência de operações comerciais, de celebração de acordos e tratados, e

da afirmação do Estado moderno como principal agente político em âmbito mundial,

fizeram com que o Direito Internacional passasse a regular a matéria em questão.

No século XX, certos eventos históricos tornaram necessária a criação de

mecanismos que pudessem, a partir desse incipiente Direito Internacional, coordenar e

ajustar a prática do comércio internacional. Dentre esses acontecimentos, podemos

destacar a Crise de 1929, que abalou profundamente o pensamento econômico, o

Imperialismo europeu sobre países africanos e asiáticos, que distorceu as estruturas

de mercado desses por povos por décadas, e a eclosão de um conflito internacional

de larga escala, a Segunda Guerra Mundial. Seu término reforçou o sentimento de que

seria indispensável constituir organismos multilaterais para lidar com os mais diversos

temas da agenda internacional, tais como a Organização das Nações Unidas (ONU), o

Fundo Monetário Internacional (FMI) e uma possível “Organização Internacional do

Comércio (OIC)”, que não foi concluída.

1.2.2. De Bretton Woods à Rodada Uruguai: O GATT e a regulamentação do

comércio internacional

Em 1944, no período final da Segunda Guerra Mundial, houve a preocupação por

parte da comunidade internacional de se recuperar o capitalismo mundial, o qual havia

sido abalado de modo significativo pela emergência da crise de 1929 e dos efeitos

econômicos adversos que poderiam ocorrer após o termino da guerra. Devido a essas

preocupações, como aumento do desemprego, e ampliação de conflitos sociais e

depressão econômica, 44 países reuniram-se na cidade americana de Bretton Woods,

sob a liderança da Inglaterra e, especialmente, dos Estados Unidos, para discutir e

elaborar soluções para os eventuais problemas. Essa reunião foi nomeada

Conferência de Bretton Woods, e foi palco de intensas discussões e negociações

diplomáticas.

No âmbito de Bretton Woods, foram elaborados dois planos econômicos de grande

importância: um inglês (Plano Keynes) e um americano (Plano White). Aquele tinha

como objetivo principal a criação, na ordem internacional, de instituições que

reproduzissem a lógica financeira que era praticada na ordem doméstica, de modo a

facilitar as trocas bancárias entre os países e os forçar a seguir uma mesma regra

geral. Ademais, visava estabelecer uma moeda única no mercado global, que seria

utilizada apenas para o comércio entre países, e propunha uma espécie de sistema de

liquidez que teria a função de equilibrar da melhor maneira as transações financeiras

entre os países.

O plano americano, por sua vez, tinha como objetivo principal a criação de uma

instituição internacional que pudesse mediar a taxa de câmbios entre os países,

através de acordos estipulados pelos mesmos, com o intuito de evitar desvalorizações

propositais e oportunistas dos governos nacionais que fossem potencialmente

prejudiciais a outros e feitos injustificadamente. Outra proposta era que a mesma

instituição financiasse no curto prazo os problemas de balança de pagamento dos

países associados.

Ao final das negociações, foram adotadas medidas mais próximas às do plano

americano. Com isso, a conferência teve como consequência a criação de um fundo

de financiamento de escala internacional para todos os países associados, o Fundo

Monetário Internacional. Ademais, foi estipulada a criação do Banco Mundial, que

ajudaria a reconstrução dos países europeus no pós-guerra e, também, na adoção do

padrão dólar-ouro que foi aplicado no cenário internacional até os anos 70. Porém, a

criação de um organismo político e econômico que tivesse a capacidade de regular e

fiscalizar o comércio entre os países foi adiada.

Na ausência de uma real organização internacional para o comércio, foi criado o

Acordo Geral de Tarifas e Comércio (GATT), que supriu provisoriamente a demanda

da comunidade internacional de 1947 a 1994. No âmbito desse acordo, buscou-se

criar condições e meios para se aumentar o intercâmbio comercial entre as nações,

elevar seus padrões de vida, garantir o pleno emprego e desenvolver a utilização dos

recursos mundiais. De modo a dinamizar o processo de negociação entre os membros

do GATT, foram lançadas várias “Rodadas”, que têm como função a tentativa de se

reduzir tarifas de importação e promover a abertura dos mercados. Como resultado da

Rodada Uruguai, última do GATT, foi criada a Organização Mundial do Comércio

(OMC), que passou a funcionar em 1995 em Genebra, constituindo o principal

organismo multilateral de regulação do comércio. Cada Rodada teve seu papel de

importância para garantir que as negociações multilaterais sobre o comércio

internacional progredissem.

Feita no mesmo ano que o GATT foi criado, a Rodada Genebra (1947) tinha como

principal objetivo a diminuição das tarifas e das barreiras comerciais entre os países

envolvidos, contando com a participação de 23 países. Realizada dois anos após a

rodada anterior, a Rodada Annecy (1949) essa teve a participação de uma quantidade

menos de países (13) e continuou o debate a cerca das tarifas. Não rendeu grandes

avanços, devido ao bloqueio soviético produzido contra Berlim, a assunção do governo

chinês pelo Partido Comunista e aos experimentos nucleares realizados por Estados

Unidos e União Soviética, o que contribuíram para colocar os assuntos econômicos

em segundo plano. A Rodada Torquai (1950-1951) estendeu-se ainda mais a respeito

das questões tarifárias, contou a participação 38 países.

Em 1955, a Rodada de discussões retorna à cidade de Genebra (Genebra II), e

continua a tratar especialmente dos assuntos tarifários, contando com a atuação de 26

países. A Rodada Dillon, ocorrida entre 1960 e 1961, também teve como foco principal

a questão tarifária e contou com a participação de 26 países. Nas negociações, os

países europeus propuseram o método de redução linear das tarifas, o que somente

ocorreu na rodada seguinte. A Rodada Kennedy (1964-1967), além de discutir a

questões de tarifas entre os países, como sempre, colocou no quadro de assuntos

principais a questão das medidas antidumping. Essa Rodada de negociações e

debates teve a colaboração de 62 nações.

Na Rodada Tóquio, cujas discussões foram iniciadas na capital japonesa em 1973

e concluídas em 1979, não somente o número de países foi maior, 102, mas também

a agenda tornou-se mais ampla, incluindo questões a respeito da Cláusula de

Habilitação, o qual visava permitir a celebração de acordos entre países em

desenvolvimento com a finalidade de reduzir ou eliminar mutuamente as travas a seu

comércio recíproco, além de como antes discutir as questões de tarifas e medidas

tarifárias.

De extrema importância no cenário econômico mundial, a Rodada Uruguai (1986-

1994), ultima realizada no âmbito do GATT, foi feita antes da criação da OMC, tendo

como propósito principal sua criação, mas incluiu outros temas como Tarifas,

Agricultura, Serviços, Propriedade Intelectual, Medidas de Investimento e novo marco

jurídico. Teve a participação de 126 países que, ao final, decidiram a criação da

Organização Mundial do Comércio, medidas de investimentos relacionados ao

comércio, determinando a propriedades intelectuais como patentes direito do produtor,

diminuição das barreiras entre países e outros temas que também foram abordados na

Rodada seguinte em Doha, em 2001, como a questão agrícola.

1.3. Modo de funcionamento da Organização

A Organização Mundial de Comércio tem como modelo para a tomada de decisões

a forma consensual, adotada como o método que prevalece sobre o voto. Uma

decisão consensual requer que não haja oposição a qualquer resultado proposto pelos

seus membros. Nesse sentido, o órgão obrigatoriamente procurará uma formula

aceitável para todos, uma vez que uma legislação considerada ruim para algum

membro seria bloqueada por ele. Isso é importante porque países com menos

recursos de coerção são igualmente capazes de bloquear resultados que tenham uma

distribuição de benefícios injusta (STEINBERG, 2002).

A OMC talvez seja o órgão internacional em que o caráter multilateral é mais

relevante para as discussões. Nesse sentido, os mecanismos de barganha adotados

pelos Estados devem ser observados com atenção. Steinberg (2002) identifica dois

desses mecanismos, sejam eles: a) barganha com base nas leis: os Estados tomam

os procedimentos de forma séria, preocupando-se em construir um consenso que

respeite a melhor situação possível sem trazer um resultado desfavorável ao outro; b)

barganha com base no poder: os Estados utilizam instrumentos de coerção que são

externos à organização, gerando resultados assimétricos e que nem sempre trazem

resultados favoráveis a todos os seus membros.

Para possibilitar e efetivar a aplicação dos acordos, a organização possui

mecanismos de acompanhamento e monitoramento dos países que assumiram

determinados compromissos. Ademais, busca criar condições para que países com

baixa capacidade governamental e técnica possam integrar-se ao comércio

internacional e aplicar as políticas adotadas no âmbito da OMC. Caso os Estados não

consigam ou não façam o devido esforço para se adequar às decisões acordadas

internacionalmente, a organização busca administrar a questão por vias pacíficas e

negociadas entre as partes. Caso seja necessário, a OMC pode decidir juridicamente

a questão, com determinação de caráter vinculante para os Estados envolvidos, por

meio de seu Órgão de Solução de Controvérsias.

O Órgão de Solução de Controvérsias da OMC tem importância vital para o

cumprimento das regras acordadas entre os Estados sobre comércio. Quando um

membro acredita que outro membro esteja descumprindo uma norma, dispositivo ou

princípio de algum tratado comercial pactuado no âmbito da organização, o órgão

deve analisar a situação e conceder um parecer explicando os motivos que lhe

levaram a decidir de tal forma e apontando as medidas cabíveis para solucionar a

questão. Vários foram os casos e disputas levados ao órgão desde a criação da OMC,

e é um recurso cada vez mais utilizado pelos Estados.

A OMC é estruturada em diversos conselhos, comitês e órgãos, dos quais todos os

membros podem participar, com exceção dos comitês plurilaterais, dos painéis de

solução de disputas e do órgão de apelação. Sua composição é definida pelo Artigo IV

de seu Acordo Constitutivo, que cria uma Conferência Ministerial, um Conselho Geral,

um Conselho para Comércio de Bens, um Conselho para o Comércio de Serviços e

um Conselho para os Aspectos dos Direitos de Propriedade Intelectual relacionadas

com o Comércio. Ademais, esses órgãos podem criar comitês adicionais vinculados a

eles para tratar de um tema específico da agenda comercial (ver o Anexo I, com o

organograma da organização).

A Conferência Ministerial é composta por representantes de todos os estados

parte e deve se reunir pelo menos uma vez a cada dois anos, podendo decidir acerca

de qualquer assunto relativos aos Acordos Comerciais Multilaterais. O Conselho Geral

também é composto por representantes de todos os membros, devendo se reunir nos

intervalos das Conferências Ministeriais e desempenhar o papel dessas em suas

reuniões, além de outras funções que lhe foram atribuídas pelo Tratado de Marrakesh

(atuar como Órgão de Solução de Controvérsias e Órgão de Exame das Políticas

Comerciais, por exemplo). Os demais Conselhos devem atuar com base nas funções

definidas pelo Tratado e as eventuais funções que lhe forem atribuídas pelo Conselho

Geral, restringindo seu escopo de atuação a sua área temática.

No que concerne à Rodada de Desenvolvimento de Doha, ou Rodada Doha, foi

criado o Comitê de Negociações Comerciais, subordinado ao Conselho Geral e

presidido pelo Diretor-Geral em exercício até o fim das negociações. Cabe a esse

Comitê “estabelecer os mecanismos apropriados de negociação requeridos e

supervisionar o progresso das negociações” (Declaração de Doha, 2001, § 46).

Ademais, é responsável por criar órgãos de negociação subsidiários para gerir

assuntos particulares de negociação, tais como os referentes à facilitação de

comércio, agricultura, desenvolvimento, serviços, entre outros.

O recém-criado organismo multilateral viria para complementar os esforços do

GATT e de outros acordos internacionais, os quais foram incorporados e anexados à

estrutura da OMC. Constituía-se, assim, a tão esperada e desejada organização

internacional para lidar com o comércio mundial, facilitando sua regulamentação e

ampliando a disposição dos Estados em negociar assuntos referentes à sua

liberalização e resolução pacífica das controvérsias comerciais existentes. A relação

apontada por Stuart Mill entre comércio e paz constituiu um dos principais objetivos a

serem alcançados no âmbito do que viria a ser o sistema da OMC, numa aplicação

prática de uma teoria desenvolvida em meados do século XIX e que muito intrigou

acadêmicos e estadistas ao longo do tempo (VANGRASSTEK, 2013, p.39).

É importante ressaltar que os acordos da OMC só são capazes de serem

implementados porque a organização está baseada em princípios de não

discriminação. Os dois princípios mais importantes e que regem a grande maioria das

negociações dentro da organização são o Principio da Nação Mais Favorecida (MFN,

na sigla em inglês), que dita que qualquer benefício concedido a um Estado deve ser

igualmente aplicado a todos os outros e o Principio do Tratamento Nacional, que

impede tratamento diferenciado aos produtos produzidos nacionalmente e importados,

desde que sejam similares.

Após a criação da OMC, continuaram-se os esforços políticos e diplomáticos para

se alcançar os objetivos da organização elencados em seu Acordo Constitutivo. Diante

disso, em novembro de 2001, foi lançada a Rodada Doha, nona Rodada iniciada

desde a criação do GATT e primeira após a constituição da nova organização

internacional. Por dar grande ênfase às necessidades dos países em desenvolvimento

e subdesenvolvidos, foi denominada de Rodada de Desenvolvimento de Doha. Seu

lançamento foi marcado pela preocupação da comunidade internacional em, no início

do novo milênio, atender às demandas globais de ampliação do comércio internacional

aliada à necessidade de se superar a pobreza e ampliar o desenvolvimento

sustentável.

1.4. Comércio, crescimento e desenvolvimento na ordem internacional

As relações econômicas internacionais compreendem um conjunto de transações

complexas e interdependentes, que se distribuem pelas áreas monetária, financeira e

comercial. No que se refere à área comercial, podemos afirmar que as práticas de um

Estado refletem, em grande medida, seu padrão de distribuição de riqueza e poder

(CHEREM, 2004).

Baseado nessa afirmação tem-se o entendimento de que cada Estado possui uma

estratégia única de crescimento, que varia de acordo com as instituições vigentes em

cada momento da sua história. Se considerarmos que o crescimento econômico está

relacionado às práticas comerciais, então podemos concluir que as estratégias de

crescimento também não serão únicas em todas as sociedades.

Nesse sentido, em cada momento da história emergiram interpretações singulares

sobre como a pauta de crescimento econômico poderia estar relacionada ao próprio

desenvolvimento das sociedades. Até os anos 1970, o desenvolvimento estava

relacionado unicamente ao próprio crescimento, visto pura e simplesmente como uma

expansão da renda agregada. E mais, essa expansão da renda era entendida como

um problema doméstico, ou seja, um país que não alcançasse bons níveis de

expansão do PIB provavelmente estava adotando políticas monetárias, fiscais e

cambiam equivocadas, impeditivas para a entrada de capitais na sua economia

(CAMPOS, 2005).

No entanto, após esse período, com a emergência do “terceiro mundo”, colocou-se

na pauta assuntos de caráter distributivo. O desenvolvimento, ainda sinônimo de

crescimento, passou a ser tratado como um problema internacional, não apenas como

um objeto das políticas domésticas (CAMPOS, 2005).

Essa nova interpretação para a questão desenvolvimentista se relaciona em ao

entendimento da OMC ao considerar serem necessárias práticas multilaterais que

permitam aos Estados colocarem na pauta de negociação as suas necessidades no

sentido de gerar ações coletivas que resultem em crescimento econômico para todos

os seus membros.

1.5. Teorias sobre o desenvolvimento

A teoria do desenvolvimento passou a constituir uma disciplina acadêmica a partir

do pós-guerra. Nesse mesmo período emergiram movimentos de libertação nacional

em países que ainda eram colônias e de investimento maciço nas regiões

consideradas dependentes. A ideia mais aceita nos estudos econômicos é a de que

existem duas gerações nas teorias do desenvolvimento, que exerceram grande

influência sobre o modo de pensar de Estados e acadêmicos e com reflexos nas

principais organizações e organismos internacionais.

A primeira geração, surgida no final da 2ª Guerra Mundial, baseia-se em grandes

modelos de desenvolvimento traçados por economistas para os governos recém-

independentes que procuravam medidas para acelerar o seu crescimento econômico.

Esses modelos envolviam transformação estrutural e uma intensa participação do

Estado, visto como único agente capaz de provocar a acumulação de capital. Para os

economistas dessa geração uma economia menos desenvolvida era caracterizada por

falhas de mercado constantes e, para corrigi-las seria necessário forte ação estatal

(MEIER; STIGLITZ, 2000).

A ação estatal baseada em uma coordenação central significa que, como os

países subdesenvolvidos eram tidos como não possuindo um sistema de preços

confiável (taxa de juros, taxa de câmbio, preço dos bens), as empresas não se

sentiriam confortáveis para levar investimento até eles. É importante observar, no

entanto, que nesse período a produção voltada para o setor interno passou a ser

admitida porque se acreditava que os bens primários (agricultura e extrativismo, por

exemplo), produzidos pelos países subdesenvolvidos, apresentavam uma tendência à

queda de preços. Em Relações Internacionais costuma-se dizer que a primeira

geração do pensamento econômico para o desenvolvimento possuía um “pessimismo

exportador”. Sendo assim, para superar o subdesenvolvimento, os países deveriam

modificar a sua estrutura produtiva de modo a estimular produções de alto valor

agregado (aqueles produzidos pelos grandes centros da economia mundial) (MEIER;

STIGLITZ, 200).

Nesse cenário surge a Comissão Econômica para a América Latina (CEPAL). A

CEPAL é extremamente importante para o entendimento da evolução dos padrões de

desenvolvimento na América Latina e na África (apesar de ter se desenvolvido na

América Latina, o pensamento econômico africano pós-colonial acabou por integrar

vários aspectos desse modelo de desenvolvimento). A Comissão foi o primeiro, e

alguns dizem que o único, modelo econômico criado na América Latina e que as

conclusões e observações foram estudadas nas grandes universidades cujas

tradições em estudos econômicos são conhecidas mundialmente.

O pensamento cepalino se caracteriza por conceituar as grandes economias

mundiais como “centro” e as regiões subdesenvolvidas e em desenvolvimento como

“periferia”. De acordo com Bielsthowsky (2000) o conceito de centro-periferia permitiu

a análise sobre o papel que a América Latina desempenhava no sistema internacional.

Os países desse continente, segundo os pensadores da CEPAL, atuavam como

periferia do sistema porque exportavam bens e serviços com preços desvalorizados e

importavam bens e serviços com preços valorizados. Além disso, começavam a

apresentar um padrão de consumo característico dos países com capitalismo

avançado, mas pouco apropriado à realidade da periferia.

Outro ponto importante é que a diferença entre o centro e a periferia da economia

mundial também determinava que o processo de desenvolvimento seria diferente em

ambos. Isso acontecia porque a periferia apresentava uma realidade de progresso

técnico único e a sua produção era pouco diversificada. O significado dessa

observação é que não seria possível, de maneira alguma, aplicar padrões de

desenvolvimento que deram certo no centro aos países da periferia.

Os escritores cepalinos refutavam as virtudes do livre comércio e da divisão

internacional do trabalho. De acordo com eles seria pouco vantajoso aos países

subdesenvolvidos e em desenvolvimento continuarem exportando aqueles produtos

chave na tradição de sua estrutura produtiva, como os agrícolas. Essa observação se

dá principalmente na conclusão de que os preços dos bens primários se deterioravam

frente aos preços de produtos manufaturados (produzidos pelos centros). Ou seja, os

países subdesenvolvidos deveriam produzir cada vez mais para importar dos centros.

Vale ressaltar que a moda de troca internacional é o dólar americano, que somente os

Estados Unidos podem emitir. Sendo assim, os países subdesenvolvidos precisam de

dólares para comprar outros produtos. Como não podem emitir dólares americanos, e

se os produtos que vendem quase não trazem retorno em dólar, esses países têm

dificuldades no processo de importação.

A CEPAL foi muito importante na história econômica dos países latino-americanos

e africanos. A partir das suas conclusões, medidas como o modelo de substituição de

importações que estimulava a produção interna de tudo aquilo que precisava ser

importado, foi aplicado em vários países, tais como o Brasil, o México, a Argentina e a

África do Sul. Por fim, as ideias de livre comércio do, até então, GATT, foram vistas

com maus olhos nesse período por esses países. Reduzir as barreiras de importações

era tido como dar continuidade à relação centro-periferia do sistema internacional.

A partir dos anos 1970, contudo, a visão propagada na primeira geração sofreu

desgastes e, a partir de então, emergiu-se uma análise baseada na necessidade de

manter os preços (taxa de juros, taxa de câmbio e preço dos bens) de acordo com as

leis da oferta e demanda. Isso significa que a partir de então a ideia era de que o fraco

desempenho dos países subdesenvolvidos se dava devido às diferenças entre as

políticas adotadas nos países desenvolvidos e aqueles. Um país não era

subdesenvolvido devido ao círculo vicioso da pobreza, mas devido a políticas erradas.

O mercado, os preços e os subsídios deveriam ser a preocupação central na tomada

de decisão.

A conclusão da segunda geração era de que a maneira pela qual o recurso

recebido pelos Estados é aplicado é mais importante do que acumulá-lo. Nesse

sentido, seria necessário melhorar a qualidade da mão de obra através da educação e

realocar os recursos de setores de baixa produtividade para aqueles mais produtivos.

É importante observar que a segunda geração reconhecia que os países eram

diferentes. Isso significa que a explicação para o subdesenvolvimento era diferente

para países diferentes. Além disso, argumentava-se sobre a necessidade da redução

das capacidades estatais nas formulações de política. As forças de mercado eram

vistas como suficientes para produzir o crescimento econômico, e o desenvolvimento,

se fossem deixadas livres (MEIER; STIGLITZ, 2000).

O pensamento sobre o desenvolvimento atual reconhece que falhas de mercado

existem e, para contorna-las, são necessárias instituições capazes de regulamentar a

relação entre os agentes atuantes no mercado a partir de regras, normas e padrões

comportamentais. Além disso, o desenvolvimento não é mais visto como sinônimo de

crescimento irrestrito, mas de crescimento com mudanças. Isso significa que o

crescimento com qualidade seria aquele capaz de reduzir a pobreza, trazer equidade

na distribuição de renda, proteção ao meio ambiente, entre outros.

Nesse momento faz-se necessário introduzir a Conferência das Nações Unidas

para o Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD). Esse órgão das Nações Unidas

apresenta como funções: ampliar o comércio internacional, colocando as questões de

desenvolvimento em pauta; funcionar como um fórum em que os países em

desenvolvimento sejam ouvidos; divulgar relatórios e pesquisas alternativas através do

seu corpo técnico próprio; desenvolver uma abordagem alternativa do pensamento

econômico tradicional e apresentar análises que agreguem as diversas pautas da

cooperação internacional. Todas as pautas da UNCTAD se relacionam às questões de

comércio e desenvolvimento sem que um deles se deteriore frente ao outro. Nos seus

40 anos de existência, a Conferência conseguiu colocar as questões das estratégias

desenvolvimentistas no centro das discussões sobre as relações econômicas

internacionais.

A UNCTAD e a OMC são duas instituições que, a partir de regras, normas e

padrões comportamentais buscam crescimento com qualidade para seus países

membros. Sendo assim, o seu papel nas políticas de desenvolvimento devem ser

observados com atenção pelos estudiosos do Sistema Internacional. A Rodada de

Doha da OMC, em especial, é vista como a Rodada do Desenvolvimento porque os

países em desenvolvimento e subdesenvolvidos se mostraram dispostos a pressionar

as negociações para que atendesse a duas questões principais: (1) a dificuldade

desses países em cumprirem com suas “obrigações” desenvolvimentistas, resultado

do que havia sido negociado na Rodada do Uruguai; (2) a restrição da margem de

manobra desses países devido às práticas que estavam sendo utilizadas pelos

Estados desenvolvidos nas relações de comércio mundial (KHOR, 2010).

O teor do questionamento era que, se um dos passos que levaria ao

desenvolvimento seria a abertura de seus mercados, já que assim seria possível

exportar com maior intensidade os bens de sua pauta produtiva, então seria

necessário que todos os países do sistema internacional fizessem o mesmo. No

entanto, a impressão era que o acesso ao mercado dos países desenvolvidos era

dificultado pelos mecanismos de proteção aos seus produtores, como os subsídios à

agricultura. Ademais, a grande pressão para a liberalização não parecia ser aplicada

igualmente a todos os países membros da Organização, mas apenas aqueles à

margem dos grandes centros econômicos.

2. A RODADA DOHA

A Rodada abrange um amplo conjunto de temas, de modo a atrair o interesse e a

disposição para negociar de todos os países-membros da OMC. Seu mandato

compreende assuntos de suma importância para países em desenvolvimento (como

agricultura), países desenvolvidos (como propriedade intelectual) e subdesenvolvidos

(tratamento especial e diferenciado para acesso aos mercados, por exemplo).

2.1. A Agenda de Desenvolvimento de Doha

Na Declaração Ministerial assinada por todos os países ao fim da conferência, foi

acordada a Agenda de Desenvolvimento de Doha, que abarcou também questões

relativas a serviços, subsídios, medidas compensatórias, proteção do meio ambiente,

entre outras. Ademais, os países decidiram iniciar discussões para o aprimoramento

das regras e da estrutura do Órgão de Solução de Controvérsias da organização.

2.2. Agricultura, serviços e facilitação de comércio

As principais questões a serem observadas durante as discussões serão como

resolver os entraves que evitam a conclusão da Rodada Doha de modo satisfatório

para os Membros da Organização Mundial do Comércio. As questões relacionadas à

agricultura, serviços e facilitação de comércio terão especial atenção, tendo em vista

sua importância chave para os países envolvidos.

Considerando a grande quantidade de países na negociação, deve-se igualmente

considerar a importância de coadunar os interesses de países desenvolvidos, em

desenvolvimento e subdesenvolvidos, de modo a possibilitar a celebração de acordos

comerciais multilaterais. Cabe ressaltar que a maior participação e presença de países

em desenvolvimento no comércio internacional e nas negociações comerciais lhes

prestam papel fundamental para o andamento dos debates.

A Agenda de Desenvolvimento de Doha, por conseguinte, coloca como objetivo

essencial o melhoramento da inserção comercial de nações em desenvolvimento.

2.2.1. Agricultura

No que tange o setor agrícola alcançar, um consenso e finalizar acordos é uma

atividade extremamente difícil, tendo em vista as divergências entre os membros e os

conflitos de interesses envolvidos. Alguns possuem altas e complexas tarifas,

tratando-se de um setor sensível a políticas de alteração, desta forma esses buscarão

as políticas menos agressivas na estrutura. A OMC estabelece três pilares

fundamentais para a manutenção do comércio mundial neste setor, o compromisso da

redução de subsídios à exportação, a ajuda ao desenvolvimento visando alcançar a

isenção de tarifas alfandegárias para países subdesenvolvidos e a facilitação de

intercâmbio entre as fronteiras com a redução da burocracia. O Acordo sobre

Agricultura definiu os subsídios à exportação como sendo:

“Aqueles diretamente relacionados ao desempenho exportador e apresenta

lista indicativa de seis tipos de medidas governamentais que se inserem nessa

definição. Nos termos do Artigo 9.1, constituem exemplos dessa medida a

venda ou exportação, por um governo ou suas agências, de estoques de

produtos agrícolas a preços abaixo da média do mercado, pagamentos à

exportação de tais produtos financiados por ação governamental e subsídios

destinados a redução dos custos com a venda (marketing) dos produtos.”

(Dantas, 2009).

Em outras palavras, subsídios são uma forma de intervenção econômica,

realizada pelos governos para incentivar e potencializar o comércio de determinado

setor, sendo realizadas de forma direta por meio de repasse de recursos da receita

pública ou indireta através de entidades privadas, mas também são retratadas pelos

incentivos fiscais e concessões de bens e serviços. Portanto a prática incita a

discrepância no comércio, dificulta a participação e entrada de outros produtores no

mercado, tornando assim a competição desleal. Essa é uma das principais polêmicas

que permeiam as discussões de regulamentação e o estabelecimento de um acordo

que regule a prática, a OMC surge com o objetivo de tornar o comércio internacional

mais justo. Uma das maiores conquistas da organização foi a decisão da “eliminação”

da prática que ocorreu gradualmente e durante o processo surgiram novas

associações de países formando grupos de cooperação para o desenvolvimento

mútuo como o G-20.

Medidas de tarifação providenciam acesso ao mercado a países em vias de

desenvolvimento, são implicadas por intermédio de uma conversão de cotas visando

uma medida equivalente de proteção e redução das tarifas extra cota. A Rodada Doha

estipulou um sistema de sinalização de quatro cores para analisar os avanços e

regularizar a questão das contribuições governamentais como medidas de apoio

doméstico a fim de assegurar renda mínima aos produtores, a segurança alimentar de

forma a evitar a distorção das exportações. A cor verde retratava a classificação dos

produtos isentos de redução permitia até o aumento das concessões, considerando os

países em desenvolvimento, embora classificada com o efeito nulo os listados nesta

categoria passaram a causar distorção e a modalidade; a azul indicava os bens que

poderiam a vir causar distorção comercial, mas foram eximidos das obrigações, tanto

a caixa verde quanto a azul foram excluídas do sistema, passando a serem subsídios

proibidos incluídos a caixa âmbar; a âmbar define os produtos que sofreriam reduções,

efetivamente distorciam o comércio, sendo a principal; já a caixa vermelha contém

subsídios estritamente proibidos a ofertar.

Quanto ao apoio doméstico existem dois tipos as diretamente estimuladoras da

produção para exportação e as que não têm efeito sobre a exportação, sendo que a

primeira deve ser reduzida. Assim a resolução permite que os governos interfiram em

setores que proporcionem o bem estar da comunidade, aos que dão suporte o

desenvolvimento estrutural e ambiental, por exemplo.

A questão dos subsídios é um dos temas mais controversos, nenhum dos

países quer abrir mão de suas exportações, pois esta medida levaria a redução de seu

avanço econômico em detrimento de outros, sem citar os problemas políticos que

poderiam ser gerados internamente nesses países. Essa é uma das principais

justificativas para criação de grupos econômicos independentes. O multilateralismo é

um objetivo difícil de alcançar, e a OMC tem atuado de modo a regularizar e amenizar

as discrepâncias que potencializam as desigualdades no comércio mundial.

2.2.2. Serviços

A Rodada Uruguai deixou as determinações sobre os serviços de forma

incompleta, principalmente por estes dependerem do progresso das negociações

agrícolas. As negociações realizadas pelo GATT definiram “metas” para seus

membros com a finalidade de estimular a expansão das capacidades econômicas e

também ao intercâmbio de serviços que é uma parte crucial para a efetivação de um

comércio multilateral e alcançar os objetivos da Agenda e que, portanto, devem ser

equilibradas as premissas dos três pilares. As medidas de liberalização de setores de

serviços propostas atingiram o âmbito social que levaram a privatização nas áreas de

educação e saúde. As prescrições visam melhorias dos serviços empresariais, de

construção e engenharia, distribuição, educação, serviços de energia, ambientais,

financeiros, postais e de correio, profissionais, telecomunicações, turismo e aspectos

relacionados com viagens e serviços de transporte. A lista de composição dos setores

varia de acordo com os parceiros e foi determinado o número mínimo de vinculação

entre estes. Em 2011, os membros renovaram as negociações quanto aos serviços e

agregaram mais áreas e reivindicaram a conclusão das salvaguardas, regulação

doméstica, contratos públicos e subsídios.

As questões referentes aos serviços inferem nas medidas Antidumping e de

Salvaguarda. A prática do dumping consiste na exportação de determinado produto

abaixo do preço de mercado interno do país exportador tendo em vista a conquista de

novos mercados e a eliminação da concorrência. Outra modalidade de distorção é

“underselling” que consiste no comércio de produtos com produtos abaixo do custo

para instigar a dominação do mercado importador. Assim, instaura-se o

monitoramento destas regiões pelas partes interessadas, os dados e informações são

dirigidos ao órgão responsável que tomará medidas de constrangimento ao ato,

aplicam-se tarifas ao produto para regulação deste.

As medidas de Salvaguarda são adotadas em situações emergenciais, com a

finalidade de proteção a indústria nacional, estimuladas pelo aumento das importações

geralmente causadas por negociações tarifárias. Podem ser concedidas por

determinado prazo de vigência, o qual é concedido à indústria para readequação de

sua competitividade. As providências são tomadas também por meio de investigação e

monitoramento, caso comprovada, um relatório é realizado para reparação do prejuízo

e facilitação do ajuste das empresas atingidas.

2.2.3. Facilitação de comércio

A facilitação de comércio foi a questão mais relevante e menos controversa da

convenção de Cingapura. Sua principal dificuldade está inerente a identificar, em meio

a conflitos de interesse dos membros com relação a suas metas e prioridades de

desenvolvimento, como tais facilitações podem impulsionar e afetar profundamente

nos níveis de desenvolvimento. São constituídas por um “conjunto de políticas que

reduzem os custos para importar e exportar” (HELBLE; SHEPHERD; WILSON, 2007;

SADIKOV, 2007; SHEPHERD; WILSON, 2008) Através destas políticas é que

aumentam a integração entre os países, possibilitando a redução dos custos e o

restabelecimento do comércio, considerando a ausência de consenso nas questões

comerciais da Rodada Doha, atuando como nova alternativa as problemáticas que

persistiram no processo.

O acordo de facilitação foi realizado com destaque às três seções. A primeira

destaca um provedor de preços para estimular a redução da burocracia com relação a

liberalização da mercadoria e considera a cooperação aduaneira. A segunda confere

tratamento especial e diferenciado (SDT) às disposições que proporcionam

crescimento para países em processo de desenvolvimento (LDC’s), possibilitando a

implementação das metas e disposições da Agenda mediante a assistência. A terceira

seção estabelece uma comissão permanente para tratar da questão da facilitação do

comércio, e reivindica que os membros possuam um comitê nacional para a

efetividade de uma coordenação nacional e implementação das disposições do

acordo.

Os princípios que regem as relações comerciais devem ser ressaltados: o

primeiro é referente a não discriminação, princípio da nação mais favorecida e do

tratamento nacional, o qual proíbe a extensão de vantagens ou privilégios a um dos

membros, o nacional implica a proibição a tratamentos diferenciados de produtos

nacionais e importados, com a finalidade de discriminá-los; o segundo remete a

previsibilidade das normas e acesso aos mercados, assegurados pela consolidação

dos compromissos estabelecidos; o terceiro princípio objetiva a alcançar a

concorrência leal, coibição das práticas desleais e regulação do comércio; o quarto

retrata as restrições quantitativas (proibições e quotas) como meio de proteção e as

proíbe, considerando as tarifárias são permitidas desde que constem na lista de

compromissos; o último coloca em voga o tratamento especial e diferenciado para

países em desenvolvimento, assim os países desenvolvidos renunciam a

reciprocidade nas negociações tarifárias, há a indicação a medidas favoráveis são

para ambas as partes.

No geral, as discussões e o andamento são voltados para as negociações e

investimento. Cadeias globais de valores são criadas nesse processo, asseguradas

por regras claras e estáveis que propiciam a integração de mercados, além de

avanços em todos os campos nos quais a OMC está inserida, na tentativa de que as

relações comerciais levem ao desenvolvimento dos países, no âmbito social e no

âmbito econômico.

2.3. A suspensão das negociações de Doha

O prazo original para a conclusão da Rodada Doha foi janeiro de 2005, o qual não

foi alcançado pelos países. De modo não oficial, os membros estenderam o prazo

para o fim de 2006, que também não teve êxito. Devido à dificuldade de se negociar a

conclusão dos acordos da Rodada, o Diretor-Geral Pascal Lamy suspendeu as

negociações em julho de 2006. Apesar dessa suspensão, vários países se mostraram

desejosos de avançar nas negociações e, eventualmente, concluí-las – dentre eles, o

Brasil (ROUSSEFF, 2014). Em 2015, as negociações continuam a ocorrer no âmbito

da OMC, sejam elas na sede da organização em Genebra ou de maneira gradual em

Conferências Ministeriais, que contam com a presença de ministros, embaixadores e

diversos diplomatas.

2.4. Conferências Ministeriais realizadas após o lançamento da Rodada Doha

Após o lançamento da Rodada Doha, na Conferência Ministerial realizada na

mesma cidade em 2001, realizaram-se algumas outras Conferências Ministeriais,

como previsto no Tratado de Marrakesh. Em 2003, realizou-se a reunião em Cancun,

seguida pela Hong Kong, em 2005. Em 2009 e em 2011, Genebra foi sede de duas

Conferências Ministeriais. Cada uma dessas conferências teve algum impacto para o

avanço das negociações iniciadas em Doha, muito embora não tenha sido possível

alcançar-se um acordo ideal para a conclusão da Rodada.

Quando da Conferência Ministerial de Bali, realizada na Indonésia em 2013, foram

concluídos acordos que apontavam para o desbloqueio de alguns entraves da Rodada

Doha, como argumenta Roberto Azevêdo, diplomata brasileiro eleito Diretor-Geral da

OMC para o período 2013-2017,

A Conferência Ministerial de Bali, em dezembro de 2013, foi um marco na história

do sistema de comércio multilateral. Depois de 18 anos sem resultados nas

negociações entre os seus membros, a Organização Mundial do Comércio adotou o

pacote de Bali. Com as novas regras para a Facilitação do Comércio, a Agricultura e as

questões relacionadas com o Desenvolvimento, o pacote de Bali não só tem grande

importância econômica em si, mas também revigora o braço de negociação da OMC,

proporcionando uma nova perspectiva para a Agenda de Desenvolvimento de Doha

(AZEVÊDO, 2014. In. Política Externa).

Por conseguinte, apesar dos avanços ocorridos nas negociações de Doha, ainda

são necessários esforços por partes de todos os Estados membros da organização, de

modo a concluir satisfatoriamente o acordado na Agenda de Desenvolvimento de

Doha, que em muito impactará o futuro do comércio internacional, do desenvolvimento

de nações grandes, médias e pequenas, e trará uma nova perspectiva do

multilateralismo nas Relações Internacionais.

3. QUESTÕES RELEVANTES NAS DISCUSSÕES

Essas são algumas das questões principais que devem guiar o andamento do

Comitê:

Levando-se em consideração as necessidades dos países desenvolvidos, em

desenvolvimento e subdesenvolvimento, bem como suas políticas internas

para o setor , de que maneira pode-se alcançar um acordo relativo ao setor da

agricultura na Rodada Doha?

Levando-se em consideração as necessidades dos países desenvolvidos, em

desenvolvimento e subdesenvolvimento, bem como suas políticas internas

para o setor, de que maneira pode-se alcançar um acordo relativo ao setor de

serviços na Rodada Doha?

Levando-se em consideração as necessidades dos países desenvolvidos, em

desenvolvimento e subdesenvolvimento, bem como suas políticas internas

para o setor, de que maneira pode-se alcançar um acordo relativo à facilitação

de comércio no ambiente internacional, de modo a integrar todas as nações de

modo eficaz e que incentive o desenvolvimento econômico e social?

Como incentivar o desenvolvimento de todas as nações, sem discriminações

de origem, raça, poder, riqueza ou qualquer tipo, na sociedade atual?

4. POSIÇÃO DOS PRINCIPAIS ATORES

Devido à complexidade dos temas em pauta na Rodada de Desenvolvimento de

Doha, há uma multiplicidade de posições e interesses estratégicos dos países que

estão negociando os acordos multilaterais. Os assuntos são priorizados e classificados

pelos países de acordo com seu nível de desenvolvimento (desenvolvido, em

desenvolvimento e subdesenvolvido), além de tomarem decisões com base em suas

políticas e legislações internas, em nome do “interesse nacional”, com avaliação de

sua inserção no comércio internacional, principais produtos em sua pauta de

exportação, dentre outros aspectos.

4.1. Posição da África do Sul

Na Rodada Doha, a África do Sul atua de modo a defender certas políticas

referentes à agricultura e à questão de bens industriais. O país entende ser

fundamental alcançar-se a redução dos subsídios e de outras políticas econômicas

semelhantes aplicadas pelos países desenvolvidos em suas economias. Com isso,

sua vantagem comparativa na produção de bens como milho, frutas e cana-de-açúcar

poderia ser utilizada em seu favor. Assim, a África do Sul se concentra em ganhar

maior acesso aos mercados dos países desenvolvidos. O país entende que houve

uma abertura massiva de mercados após a Rodada Uruguai, o que importa em um

baixo interesse em continuar com o processo de liberalização comercial. O setor de

serviços, por conta de sua importância fundamental para o país – compõe quase 70%

de seu PIB –, coloca a África do Sul em uma posição de forte resistência à uma maior

liberalização do setor.

4.2. Posição do Brasil

Segundo o Ministério das Relações Exteriores do Brasil, há uma prioridade dos

países em desenvolvimento para questões relacionadas à agricultura, tendo em vista a

forte presença de produtos primários na pauta exportadora desses países. Ainda, por

não ter recebido suficiente atenção nas outras Rodadas lançadas no período do

GATT, essa matéria deveria receber especial consideração de todos os países, na

medida em que necessita resolver distorções e práticas atentatórias ao livre comércio

de bens, com base no Acordo Constitutivo da OMC.

O Brasil e os demais países em desenvolvimento entendem que o

centro das negociações da Rodada Doha são as negociações em agricultura.

Este setor, onde se concentram boa parte das exportações e do produto dos

países em desenvolvimento, foi, no passado, objeto de menor atenção nas

rodadas de negociação comercial, razão pela qual ainda goza de elevada

proteção contra importações em muitos países e está sujeito a disciplinas

menos exigentes. Nesse sentido, a Rodada objetiva corrigir tanto quanto

possível as distorções que prevalecem no comércio agrícola, com a eliminação

dos subsídios à exportação, redução substancial e disciplinamento dos

subsídios à produção (apoio interno), além de maior acesso aos mercados.

(MRE DO BRASIL. s/d).

4.3. Posição da China

No âmbito da Rodada Doha, a China adota uma postura de aproximação da

posição de países em desenvolvimento nas questões de agricultura, além de

demandar a consideração com o bem-estar de seus fazendeiros. No que tange ao

setor de serviços, área muito protestada principalmente pelos países desenvolvidos e

industrializados, o país considera que a liberalização deve ocorrer gradualmente. O

país espera tomar um papel de “liderança” na condução das conversas multilaterais e

na solução do crescente protecionismo internacional (LENG LIM, YU WANG, 2009, pg.

15-16).

4.4. Posição dos Estados Unidos

O Representante Comercial dos Estados Unidos, Ron Kirk, apresentou as

principais posições dos Estados Unidos concebidas pela administração do presidente

Barack Obama no que concerne a Rodada de Desenvolvimento Doha. Dentre elas

estão as considerações de que o mundo de hoje é consideravelmente diferente de

2001, quando foi lançada a Rodada Doha, devendo os acordos finais refletir o “notável

crescimento de economias emergentes como a China, a Índia e o Brasil” (KIRK, 2011).

Ademais, os EUA desejam ampliar o acesso de exportadores estadunidenses ao

mercado de economias emergentes, tendo em vista a significativa abertura do

mercado norte-americano e de outros países desenvolvidos aos países em

desenvolvimento e subdesenvolvidos.

Considerando a posição dos EUA sobre os principais países emergentes

economicamente supracitados, há uma posição de seu governo sobre atitudes a

serem tomadas por aqueles de modo a facilitar a conclusão dos acordos comerciais

multilaterais, tais como: abertura do mercado chinês em setores industriais; adesão do

Brasil ao Acordo de Informação Tecnológica da OMC, o que levaria a uma diminuição

das restrições brasileiras no setor de tecnologia; diminuição das tarifas aplicadas pela

Índia aos bens industriais, de modo a liberalizar seu comércio; e abertura do mercado

de serviços desses países, principalmente no setor de comunicações. No que tange a

questão da agricultura, os EUA tem restrições relacionadas ao futuro de seus

agricultores caso a negociação não se desenvolva além do ponto em que está hoje.

4.5. Posição da Índia

A posição indiana vem para defender suas políticas agrícolas, o que implica a

manutenção de suas tarifas para o setor (o que desagrada fortemente aos EUA). A

Índia também busca mudanças no Acordo TRIPS para que discorra sobre biopirataria

e maior proteção para todos os produtos. Ademais, considera como o principal entrave

às negociações o Mecanismo Especial de Salvaguardas, no qual Estados Unidos e

Índia apresentam discordâncias. Apesar de certas divergências com a maior economia

do mundo, Índia e Estados Unidos conseguiram resolver um acordo substancial sobre

subsídios agrícolas em novembro de 2014.

O acordo entre Estados Unidos e Índia permitirá que seja colocado em prática

o Acordo de Facilitação de Comércio, dispositivo essencial do pacote de Bali

adotado pelos 160 países da OMC em dezembro de 2013. (...) O Diretor-Geral da

OMC, Roberto Azevêdo, tentava há várias semanas salvar o acordo TFA que,

segundo ele, simplificará os trâmites alfandegários e gerará bilhões de dólares por

ano de economia e lucros mútuos. (AFP, 2014).

4.6. Posição da União Europeia

A União Europeia atribui grande importância à conclusão da Rodada Doha, na

medida em que considera a considera fator fundamental para acelerar o processo de

recuperação da crise econômica que assola o mundo desde 2008 e ainda ajudaria a

evitar o protecionismo de seus membros (BENDINI, 2014). Ademais, considera ter

havido um grande aumento na participação de países em desenvolvimento no

comércio mundial na última década, razão pela qual as conversações de Doha

estariam atribuindo maior consideração ao papel desempenhado por aqueles. De

acordo com a posição da UE,

As diferenças mais significativas encontram-se entre as posições com

frequência irreconciliáveis dos principais países emergentes e dos países ou

blocos industrializados quanto à forma de remodelar o sistema de comércio

internacional (BENDINI, 2014, pg. 2-3).

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ANEXO I - Organograma da Organização Mundial do Comércio (em inglês)

(Disponível em

https://www.wto.org/english/thewto_e/whatis_e/tif_e/organigram_e.pdf)

TABELA DE DEMANDA DAS DELEGAÇÕES

DELEGAÇÃO IMPORTÂNCIA

África do Sul 3

Alemanha 3

Angola 2

Arábia Saudita 2

Argentina 2

Armênia 1

Austrália 3

Áustria 1

Bahrein 1

Bangladesh 1

Belize 1

Bélgica 2

Benin 1

Bolívia 1

Brasil 3

Bulgária 1

Cabo Verde 1

Camarões 1

Camboja 1

Canadá 3

Chipre 1

Colômbia 1

Congo 1

Coreia do Sul 2

Costa do Marfim 1

Croácia 1

Cuba 1

Dinamarca 2

Djibuti 1

Egito 2

Emirados Árabes Unidos 2

Equador 1

Espanha 2

Estados Unidos da América 3

Estônia 1

Filipinas 2

Finlândia 2

França 3

Grécia 1

Haiti 1

Honduras 1

Hong Kong 2

Hungria 1

Índia 3

Indonésia 2

Irlanda 1

Israel 2

Itália 3

Jamaica 1

Japão 3

Kuwait 1

Letônia 1

Liechtenstein 1

Lituânia 1

Luxemburgo 1

Madagascar 1

Malásia 1

Mali 1

Marrocos 2

Mauritânia 1

México 3

Moçambique 1

Mongólia 1

Namíbia 1

Níger 1

Nigéria 3

Noruega 2

Nova Zelândia 2

Países Baixos 2

Paquistão 2

Paraguai 1

Peru 1

Polônia 1

Portugal 1

Reino Unido 3

República Tcheca 1

Romênia 1

Rússia 3

Senegal 1

Singapura 1

Suécia 2

Suíça 2

Tailândia 2

Taiwan 1

Tanzânia 1

Togo 1

Tunísia 1

Turquia 2

Trinidad e Tobago 1

Ucrânia 1

Uruguai 1

União Europeia 3

Venezuela 1

Vietnã 1

Zimbábue 1