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MINISTÉRIOS LITÚRGICOS PENHA CARPANEDO 1. Todo ministério litúrgico se situa dentro de uma celebração cuja finalidade fundamental é memória da morte e ressurreição do Senhor, seja a Eucaristia, os outros sacramentos e sacramentais, seja a celebração dominical da Palavra, o Ofício Divino, as exéquias, etc. 2. A tradição que nos vem das primeiras comunidades testemunha a existência de muitos ministérios: além do que presidia a celebração, havia diáconos, leitores, acólitos, salmistas, porteiros... 3. Os leitores, além do serviço de proclamar a Palavra na liturgia, tinham a tarefa de guardar as sagradas escrituras e de transmitir os ensinamentos da fé num verdadeiro Ministério da Palavra. Aos acólitos cabia dar atenção aos pobres, preparar e servir a mesa, levar comunhão aos que não podiam participar da assembleia, doentes e prisioneiros. 4. Com o processo de clericalização, os ministérios de leitores e acólitos passaram a ser considerados como ordens menores, isto é, como etapas para a ordenação presbiteral. Aos poucos desapareceram os ministérios na Igreja, restando o coral e os/as zeladores/as do espaço celebrativo. O acólito foi substituído pelo coroinha para ajudar o padre e responder a missa no lugar da assembleia. 5. O Concílio Vaticano II enfatizou o sacerdócio dos batizados, recuperou a participação dos fiéis na missão da Igreja, consequentemente também na liturgia e nos ministérios litúrgicos. E fez isso por uma razão teológica: expressar a Igreja Povo de Deus, Corpo de Cristo, comunidade ministerial, onde cada pessoa tem uma função a serviço de todos. Assim a Sacrossanctum Concilium afirma que ninguém deve acumular função na liturgia (SC 28) e que “acólitos , leitores , comentadores e cantores exercem um verdadeiro ministério litúrgico”. E recomenda que “desempenhem as suas funções com devoção e ordenadamente, como convém à dignidade do ministério e ao que o povo de Deus deles exige, com todo direito” (SC 29). 6. Em 1972, a renovação litúrgica, introduziu de novo o acolitato, juntamente com o leitorado, como um ministério estável , “instituído” por um rito próprio (só para homens). 1 Na prática, esta proposta de “instituir acólitos e leitores” não foi adiante. (Apenas os ministros da Eucaristia tiveram um reconhecimento formal). Os serviços que seriam próprios destes dois ministérios, são exercidos (inclusive com respaldo do Direito Canônico), por homens e mulheres de nossas comunidades: “onde a necessidade da Igreja aconselhar, podem também os leigos, na falta de ministros, mesmo não sendo leitores ou acólitos, suprir alguns de seus ofícios, a saber, exercer o ministério da Palavra, presidir as orações litúrgicas, administrar o batismo e distribuir a sagrada comunhão” (cf. cânon 230,3). 7. A propósito dos ministros e ministras da comunhão, o ritual 'A sagrada comunhão e o culto eucarístico fora da missa', de 1973, afirma: “Compete aos acólitos oficialmente instituídos, distribuir, como ministros extraordinários, a sagrada comunhão todas as vezes que não houver presbítero ou diácono ou estiverem impedidos, por doença, idade avançada ou exigências do ministério pastoral, ou ainda quando o número de fiéis que se aproximam da sagrada mesa for tão elevado, que possa ocasionar demora excessiva da missa ou de outra ação litúrgica. O ordinário (bispo) do lugar pode dar a outros ministros extraordinários a faculdade de distribuir a sagrada comunhão sempre que parecer necessário para o bem espiritual dos fiéis” (cf. n. 17). Com isso, na prática das nossas comunidades, as ministras e os ministros extraordinários da eucaristia foram bastante valorizados. Igualmente importantes são os ministros e ministras da Palavra, catequistas, coordenadores de círculos bíblicos, coordenadores da Celebração dominical da Palavra, leitores, salmistas... 8. Portanto, existem na Igreja atualmente vários tipos de ministérios litúrgicos: - Ordenados : bispos, presbíteros, diáconos - Instituídos : leitor e acólitos (para aqueles que vão ser presbíteros). O acólito é instituído para o serviço do altar e para auxiliar o presbítero e o diácono. O leitor é instituído para proferir as leituras da sagrada Escritura, exceto o Evangelho. Na falta do/a salmista, também pode cantar o salmo responsorial. - Confiados: Segundo as orientações da CNBB, conforme a necessidade da Igreja, também os leigos/as podem assumir outros ministérios: ministros/as da Palavra, ministros/as do batismo, testemunha qualificada do matrimônio, ministros/as extraordinário da sagrada comunhão. 1 Cf. IGMR n. 65: “O acólito é instituído para servir ao altar e auxiliar o sacerdote (presbítero) e o diácono. Compete-lhe principalmente preparar o altar e os vasos sagrados, bem como distribuir aos fiéis a Eucaristia, da qual é ministro extraordinário”. IGMR n. 66: “O leitor é instituído para proferir as leituras da Sagrada Escritura, exceto o Evangelho. Pode igualmente propor as intenções para a oração dos fiéis e, faltando o salmista, recitar o salmo entre as leituras. O leitor possui na celebração eucarística, uma função própria, que ele mesmo deve desempenhar, ainda que estejam presentes ministros de ordem superior”.

Orientações para ministérios litúrgicos

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MINISTÉRIOS LITÚRGICOSPENHA CARPANEDO

1. Todo ministério litúrgico se situa dentro de uma celebração cuja finalidade fundamental é memória da morte e ressurreição do Senhor, seja a Eucaristia, os outros sacramentos e sacramentais, seja a celebração dominical da Palavra, o Ofício Divino, as exéquias, etc.

2. A tradição que nos vem das primeiras comunidades testemunha a existência de muitos ministérios: além do que presidia a celebração, havia diáconos, leitores, acólitos, salmistas, porteiros...

3. Os leitores, além do serviço de proclamar a Palavra na liturgia, tinham a tarefa de guardar as sagradas escrituras e de transmitir os ensinamentos da fé num verdadeiro Ministério da Palavra. Aos acólitos cabia dar atenção aos pobres, preparar e servir a mesa, levar comunhão aos que não podiam participar da assembleia, doentes e prisioneiros.

4. Com o processo de clericalização, os ministérios de leitores e acólitos passaram a ser considerados como ordens menores, isto é, como etapas para a ordenação presbiteral. Aos poucos desapareceram os ministérios na Igreja, restando o coral e os/as zeladores/as do espaço celebrativo. O acólito foi substituído pelo coroinha para ajudar o padre e responder a missa no lugar da assembleia.

5. O Concílio Vaticano II enfatizou o sacerdócio dos batizados, recuperou a participação dos fiéis na missão da Igreja, consequentemente também na liturgia e nos ministérios litúrgicos. E fez isso por uma razão teológica: expressar a Igreja Povo de Deus, Corpo de Cristo, comunidade ministerial, onde cada pessoa tem uma função a serviço de todos. Assim a Sacrossanctum Concilium afirma que ninguém deve acumular função na liturgia (SC 28) e que “acólitos, leitores, comentadores e cantores exercem um verdadeiro ministério litúrgico”. E recomenda que “desempenhem as suas funções com devoção e ordenadamente, como convém à dignidade do ministério e ao que o povo de Deus deles exige, com todo direito” (SC 29).

6. Em 1972, a renovação litúrgica, introduziu de novo o acolitato, juntamente com o leitorado, como um ministério estável, “instituído” por um rito próprio (só para homens).1 Na prática, esta proposta de “instituir acólitos e leitores” não foi adiante. (Apenas os ministros da Eucaristia tiveram um reconhecimento formal). Os serviços que seriam próprios destes dois ministérios, são exercidos (inclusive com respaldo do Direito Canônico), por homens e mulheres de nossas comunidades: “onde a necessidade da Igreja aconselhar, podem também os leigos, na falta de ministros, mesmo não sendo leitores ou acólitos, suprir alguns de seus ofícios, a saber, exercer o ministério da Palavra, presidir as orações litúrgicas, administrar o batismo e distribuir a sagrada comunhão” (cf. cânon 230,3).

7. A propósito dos ministros e ministras da comunhão, o ritual 'A sagrada comunhão e o culto eucarístico fora da missa', de 1973, afirma:

“Compete aos acólitos oficialmente instituídos, distribuir, como ministros extraordinários, a sagrada comunhão todas as vezes que não houver presbítero ou diácono ou estiverem impedidos, por doença, idade avançada ou exigências do ministério pastoral, ou ainda quando o número de fiéis que se aproximam da sagrada mesa for tão elevado, que possa ocasionar demora excessiva da missa ou de outra ação litúrgica. O ordinário (bispo) do lugar pode dar a outros ministros extraordinários a faculdade de distribuir a sagrada comunhão sempre que parecer necessário para o bem espiritual dos fiéis” (cf. n. 17).

Com isso, na prática das nossas comunidades, as ministras e os ministros extraordinários da eucaristia foram bastante valorizados. Igualmente importantes são os ministros e ministras da Palavra, catequistas, coordenadores de círculos bíblicos, coordenadores da Celebração dominical da Palavra, leitores, salmistas...

8. Portanto, existem na Igreja atualmente vários tipos de ministérios litúrgicos:- Ordenados: bispos, presbíteros, diáconos- Instituídos: leitor e acólitos (para aqueles que vão ser presbíteros). O acólito é instituído para o serviço do altar e para auxiliar o presbítero e o diácono. O leitor é instituído para proferir as leituras da sagrada Escritura, exceto o Evangelho. Na falta do/a salmista, também pode cantar o salmo responsorial. - Confiados: Segundo as orientações da CNBB, conforme a necessidade da Igreja, também os leigos/as podem assumir outros ministérios: ministros/as da Palavra, ministros/as do batismo, testemunha qualificada do matrimônio, ministros/as extraordinário da sagrada comunhão.

1 Cf. IGMR n. 65: “O acólito é instituído para servir ao altar e auxiliar o sacerdote (presbítero) e o diácono. Compete-lhe principalmente preparar o altar e os vasos sagrados, bem como distribuir aos fiéis a Eucaristia, da qual é ministro extraordinário”. IGMR n. 66: “O leitor é instituído para proferir as leituras da Sagrada Escritura, exceto o Evangelho. Pode igualmente propor as intenções para a oração dos fiéis e, faltando o salmista, recitar o salmo entre as leituras. O leitor possui na celebração eucarística, uma função própria, que ele mesmo deve desempenhar, ainda que estejam presentes ministros de ordem superior”.

- E muitos outros vão surgindo, com certa estabilidade e reconhecimento como resposta a necessidades vitais da comunidade: catequistas, leitores, salmistas, coroinhas, comentaristas ou animadores, cantores e instrumentistas, coordenadores do Ofício Divino, sacristãos e outros serviços... 9. Presidência da assembleia: Quem preside uma assembleia reunida representa o Cristo Cabeça da Igreja. Com sua atitude, sua maneira de se relacionar com as pessoas, com sua Palavra que anima e orienta... se coloca diante do povo como sinal do Cristo, o bom pastor. Como cabeça está unido ao corpo, por isso não celebra para o povo mas junto com o povo de quem é parte.

Na celebração eucarística e demais sacramentos quem preside ordinariamente é o bispo e o presbítero (batismo e casamento pode ser o diácono ou outro ministro/a reconhecido/a). Há outras celebrações que podem ser presididas por um/a catequista ou outro ministro ou ministra da comunidade, sem a presença do bispo, presbítero ou diácono: Ofício Divino, Celebrações da Palavra, Celebrações penitenciais, celebrações por ocasião da morte, celebrações de bênçãos... As Celebrações dominicais da Palavra merecem destaque: segundo um dado da CNBB, 70% das comunidades se reúnem aos domingos sob a presidência de ministros não-ordenados. A propósito de quem preside estas celebrações, diz o documento 43 da CNBB: “Os diáconos são os primeiros encarregados de dirigir esta celebração. Entretanto, quando não houver diácono ou ministro instituído, todo cristão leigo, homem ou mulher, por força do seu batismo e confirmação, assume legitimamente este serviço" (CNBB doc. 43, 100). Espera-se destes ministros e ministras que não sejam meros executores de ritos que chegam prontos em folheto, mas preparem a celebração e se preparem para exercer bem o seu ministério. Faz parte da sua função enquanto presidente: coordenar os ritos iniciais, a liturgia da Palavra, a ação de graças e o rito de comunhão inclusive a distribuição (eventualmente com ajuda dos ministros e ministras extraordinários da comunhão).

À presidência se somam outros serviços dentro da celebração:10. O comentarista ou animador. Atua em estreita relação com quem preside. Intervém para convidar à oração, ao canto, a um determinado rito. Não está aí para explicar, para fazer uma homilia, mas, para motivar, provocar a participação, com poucas palavras.

11. Pessoas para acolher quem chega, cuidar do bem-estar, entregar algum material a ser usado na celebração: atuam discretamente, sem se tornarem inoportunas, participando da celebração como parte da assembleia.

12. Animador/a do canto, cantores/as, músicos/musicistas. O canto é parte integrante da Liturgia e é todo o povo que deve cantar. Os ministros e ministras da música são parte da equipe de liturgia, escolhem os cantos junto com ela, devem levar o povo a participar do mistério celebrado por meio do canto. O/a animador/a tem como função reunir um grupo de cantores para apoiar o canto da assembleia, com formação e ensaios regulares fora da celebração. Durante a celebração dirige o canto do povo, garantindo um breve ensaio no início de cada celebração. Os instrumentistas acompanham o canto, dando beleza, garantindo precisão rítmica e melódica. Criam o clima de oração, nos momentos de silêncio. Jamais deve se sobrepor às vozes, enquanto acompanha um canto. O grupo de cantores e cantoras faz um serviço de sustentação do canto do povo, às vezes alternando com ele, jamais substituindo o povo.

13. Leitores/as e salmistas. Da estante da Palavra, os/as leitores/as, proclamam as leituras bíblicas e o/a salmista canta o salmo entre as leituras, intercalando o refrão com a assembleia. O povo escuta na voz do/a salmista as palavras do salmo e faz sua esta oração. Por sua vez, o/a salmista se cala quando o povo participa cantando o refrão. De leitores e salmistas espera-se que eles não apenas leiam os textos, mas de fato, proclamem a Palavra, sabendo que na assembleia litúrgica, quando alguém proclama a sagrada Escritura é Cristo mesmo que fala à comunidade (cf. SC 7). Por isso se requer uma formação básica: teológica, bíblica, litúrgica, espiritual. Fundamental a convivência frequente com a Palavra... É aí que se encontra o poço de água, a fonte inesgotável onde devemos beber sempre...

14. Acólitos ou ajudantes, ministras e ministros extraordinários da comunhão eucarística.O serviço de acólitos inclui, além do ministério extraordinário da comunhão, vários serviços: levar a cruz, cuidar do incenso, servir a mesa, organizar os materiais litúrgicos na sacristia, cuidar do espaço celebrativo... O ministério extraordinário da comunhão não é restrito à celebração, mas está a serviço dos doentes ( da Palavra e da Eucaristia) e a serviço da caridade (busca da unidade e atenção aos pobres). Pessoas que não são ministros ou ministras da comunhão podem exercer o serviço de distribuir a comunhão, como ministros ocasionais.2 Se houver necessidade, o padre pode convocar pessoas idôneas para ajudar na distribuição da comunhão.

2 Até se prevê uma oração que o presidente faz (logo depois do cordeiro): “O Senhor te abençoe para que possas distribuir a comunhão a teus irmãos e irmãs” (Pontifical Romano, p. 569).