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Orientações Curriculares CADERNO DE ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA DE ATENÇÃO À PESSOA IDOSA

Orientações Curriculares - Pernambuco...Os idosos na Educação de Jovens e Adultos (EJA) - representam cerca de 3% das matrículas na modalidade no Brasil, segundo o Censo Escolar

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Orientações Curriculares

CADERNO DE ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA

DE ATENÇÃO À PESSOA IDOSA

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Rede Estadual de Ensino de Pernambuco

CADERNO DE ORIENTAÇÃO

PEDAGÓGICA DE ATENÇÃO À PESSOA

IDOSA

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Governador do Estado de Pernambuco Paulo Henrique Saraiva Câmara

Secretário de Educação do Estado de Pernambuco

Frederico da Costa Amâncio

Secretária Executiva de Desenvolvimento da Educação Ana Coelho Vieira Selva

Secretário Executivo de Gestão da Rede Escolar

João Carlos Cintra Charamba

Secretário Executivo de Educação Profissional Paulo Fernando Vasconcelos Dutra

Secretário Executivo de Administração e Finanças

Ednaldo Alves de Moura Júnior

Secretário Executivo de Planejamento e Coordenação Severino José de Andrade Júnior

Gerente de Políticas Educacionais de Jovens, Adultos e Idosos

Claudia Mendes de Abreu

Chefe da Unidade da Educação de Jovens, Adultos e Idosos Jandy Feitosa Carlos da Silva

Coordenação pedagógica e elaboração do caderno

Jaciane Gomes Sousa de Lima Silva Jandy Feitosa Carlos da Silva Juliana Maria Azevedo de Lyra

Roseane Pereira da Silva Suzane Bezerra de França

Revisão ortográfica

Jaciane Gomes Sousa de Lima Silva

Revisão de conteúdo

Jaciane Gomes Sousa de Lima Silva Jandy Feitosa Carlos da Silva

Roseane Pereira da Silva Suzane Bezerra de França

Arte e diagramação

Otávio Barros Falcão Jr.

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O TEMPO E AS JABUTICABAS

Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para frente do que já vivi até agora. Sinto-me como aquela menina que ganhou uma bacia de jabuticabas. As primeiras, ela

chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.

Já não tenho tempo para lidar com mediocridades. Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflados.

Não tolero gabolices. Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.

Já não tenho tempo para projetos megalomaníacos.

Não participarei de conferências que estabelecem prazos fixos para reverter a miséria do mundo. Não quero que me convidem

para eventos de um fim de semana com a proposta de abalar o milênio.

Já não tenho tempo para reuniões intermináveis para discutir estatutos, normas, procedimentos e regimentos internos.

Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturos.

Não quero ver os ponteiros do relógio avançando em reuniões

de 'confrontação', onde 'tiramos fatos a limpo'. Detesto fazer acareação de desafetos que brigaram pelo

majestoso cargo de secretário geral do coral. Lembrei-me agora de Mário de Andrade que afirmou: 'as pessoas

não debatem conteúdos, apenas os rótulos'.

Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa...

Sem muitas jabuticabas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana; que sabe rir de seus tropeços, não se encanta

com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade, defende a dignidade dos marginalizados,

e deseja tão somente andar ao lado do que é justo.

Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade, desfrutar desse amor absolutamente sem fraudes, nunca será perda de tempo.'

O essencial faz a vida valer a pena...

e para mim basta o essencial.

Rubem Alves

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APRESENTAÇÃO

O Caderno de Orientações Pedagógicas sobre o Idoso faz parte da coletânea de Cadernos

Temáticos elaborados pela Secretaria de Educação, com o objetivo de subsidiar o trabalho

pedagógico do(a) professor(a) que atua na modalidade de educação de jovens e adultos,

como também para o desenvolvimento de temas transversais e interdisciplinares em todas

as etapas da educação básica. Ele foi idealizado e construído tendo por base as Diretrizes

Curriculares Nacionais da Educação de Jovens e Adultos (Parecer CNE/CEB nº 11/2000), a

Resolução CNE/CEB nº 03/2010), as Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica,

o Estatuto do Idoso (Lei nº 10741/2003) e o Plano Estadual de Atenção à Pessoa Idosa.

Entendemos que este caderno pode contribuir no planejamento do(a) professor(a) com

sugestões didáticas para o trabalho com o idoso e sobre o idoso. Assim, são apresentadas

sequências didáticas elaboradas por profissionais da rede estadual de ensino que podem

subsidiar o professor em sua prática docente, como também inspirar na criação de outras

propostas pedagógicas enriquecedoras.

Os idosos, atualmente, representam um segmento nas turmas de EJA e, portanto, merecem

práticas pedagógicas inclusivas que possibilitem uma melhor interação geracional e uma

aprendizagem significativa respeitando as suas especificidades e respectivas etapas de

desenvolvimento. Entretanto, este caderno ainda que tenha sido desenvolvido para

contemplar fortemente o professor que ensina na modalidade de educação de jovens e

adultos, não se restringe a ele. Trabalhar o idoso é fundamental do ponto de vista social,

geracional e cidadão, contribuindo para a construção de uma sociedade mais humana, justa

e ética. Desta forma, este caderno irá contribuir com todos os professores da educação

básica, na perspectiva dos direitos humanos, diretriz básica da política educacional desta

secretaria de educação.

O caderno está estruturado em cinco unidades temáticas, relacionadas ao envelhecimento,

qualidade de vida, educação ao longo da vida e mundo do trabalho, direitos do idoso e o

lazer na terceira idade. As unidades temáticas trazem algumas propostas didáticas e estão

distribuídas da seguinte forma: UNIDADE 1- ENVELHECIMENTO HUMANO; UNIDADE 2-

LONGEVIDADE E QUALIDADE DE VIDA; UNIDADE 3- APRENDIZAGEM E MUNDO DO

TRABALHO NA VELHICE; UNIDADE 4- DIREITOS DO IDOSO NA LEGISLAÇÃO

BRASILEIRA e UNIDADE 5- A MELHOR IDADE: O FAZER DA VIDA UM DELEITE.

Esperamos que este material contribua para a formação do(a) professor(a) e qualificação

da sua prática pedagógica na perspectiva da construção de espaços educativos mais

humanizados e significativos para os idosos em nossa sociedade.

Ana Selva

Secretária Executiva de Desenvolvimento da Educação

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 8

UNIDADE 1- ENVELHECIMENTO HUMANO ...................................................................... 11

UNIDADE 2- LONGEVIDADE E QUALIDADE DE VIDA ..................................................... 23

UNIDADE 3- APRENDIZAGEM E MUNDO DO TRABALHO NA VELHICE ....................... 36

UNIDADE 4- DIREITOS DO IDOSO NA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA ............................... 51

UNIDADE 5- A MELHOR IDADE: O FAZER DA VIDA UM DELEITE ................................. 64

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1. INTRODUÇÃO

Os idosos na Educação de Jovens e Adultos (EJA) - representam cerca de 3% das

matrículas na modalidade no Brasil, segundo o Censo Escolar 2012. Em Pernambuco,

os dados apresentam-se semelhantes. De acordo com os dados do SIEPE, no

primeiro semestre de 2016, contabilizamos que a presença de idosos na EJA gira em

torno de 359 estudantes. Embora a presença da pessoa idosa na EJA ainda seja

incipiente, temos na rede Estadual uma grande demanda a ser atendida, assim como

sinalizado nas metas do Plano Estadual de Atenção à Pessoa Idosa. Já os dados do

IBGE também indicam esse horizonte, uma vez que mais de 10 milhões de brasileiros

na faixa etária de 60 anos ou mais não sabem ler ou escrever. Ademais, uma

pesquisa realizada pela Fundação Perseu Abramo e pelo Serviço Social do Comércio

(SESC) em 2007, sobre a situação da população idosa brasileira, aponta que o

analfabetismo funcional atinge 49% e que 18% não tiveram Educação formal e 89%

não concluíram o ensino fundamental1.

Neste contexto, o retorno à escola, na vida adulta, é comumente adiado em razão de

responsabilidades com a família e a necessidade de trabalho para fazer frente às

despesas para sobrevivência. Na terceira idade, esse cenário se modifica com os

filhos criados e a chegada da aposentadoria. A princípio, nesse momento da vida, a

procura pela escola está relacionada à vontade de ler e escrever, associada ao desejo

de melhorar a qualidade de vida, que envolve, entre outros aspectos, o ganho da

autonomia em tarefas cotidianas, como utilizar caixas bancários e ler documentos. Ter

capacidade para debater acontecimentos atuais, saber interpretar uma música, ter

amigos e se sentir pertencente a um grupo, também são aquisições da escolaridade

indicadas pelos idosos, nessa fase da vida. Como podemos perceber, os ganhos

apontados por estudantes mais velhos reforçam a ideia de que o papel da escola é

mais do que preparar pessoas para o mercado de trabalho2.

Assim, este Caderno de Orientação Pedagógica busca instrumentalizar o trabalho

docente voltado aos estudantes idosos da EJA, e foi organizado em atendimento aos

1PERES Marcos Augusto de Castro. Velhice e analfabetismo, uma relação paradoxal: a exclusão educacional em

contextos rurais da região nordeste. Soc. Estado. Brasília, v. 26, n. 3, p. 631-662, dec. 2011. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-69922011000300011&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 19 set. 2016. 2 CAMILO, Camila. EJA: idosos de volta à escola. Nova Escola. 238. Setembro, 2013.

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postulados da legislação brasileira3que visa, dentre outras ações, a adequação de

metodologias e materiais pedagógicos dirigidos aos programas educacionais a eles

destinados. Desse modo, o material tem por objetivo reconhecer a pessoa idosa como

sujeito pedagógico dos processos de ensino e aprendizagem no contexto da

Educação de Jovens e Adultos.

A assunção desse objetivo nos coloca o compromisso de dialogar, neste caderno, com

conceitos e temáticas que se relacionam às especificidades da pessoa idosa. Assim, o

caderno é constituído por cinco unidades temáticas, intituladas: Envelhecimento

humano; Longevidade e qualidade de vida; Aprendizagem e mundo do trabalho para a

pessoa idosa; Direitos dos idosos na legislação brasileira e A melhor idade: o fazer da

vida um deleite. A abordagem dessas temáticas visa desenvolver olhares destituídos

de preconceitos por meio da construção de valores e atitudes entre os sujeitos

pedagógicos da EJA. Para tanto, todo o caderno foi pensando tendo como

centralidade o conceito de intergeracionalidade.

Sabemos que a gestão da heterogeneidade em sala já é um desafio conhecido por

nós educadores(as), dada a singularidade que os indivíduos exibem, com relação às

formas de aquisição de aprendizagem. Entretanto, em se tratando da EJA, essa

heterogeneidade se coloca em relevo, em razão da diversidade de faixas etárias que a

modalidade comporta. As salas de aulas da EJA constituem grupos sociais formados

por indivíduos em diferentes momentos da vida e com distintos interesses e aptidões.

Essa heterogeneidade tem sido ampliada especialmente a partir de dois fenômenos: a

ampliação da expectativa de vida e a “juvenilização” da EJA, caracterizada pela

presença já majoritária de jovens que se deslocam para a modalidade. Nesse sentido,

o desafio que se coloca para nós docentes, em face dessa heterogeneidade, é

construir situações de aprendizagem por meio do diálogo entre os sujeitos

pedagógicos da EJA.

Para tanto, pressupomos a necessidade de discutirmos o conceito de gerações que,

de alguma forma, balizará as discussões e propostas metodológicas insertadas neste

caderno.

Entendemos que as gerações

3 Lei 10.741, de 01 de outubro de 2003.

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[...] são mais que cortes demográficas. Envolvem segmentos sociais que

comportam relações familiares, relações entre amigos e colegas de trabalho,

entre vizinhos, entre grupos de esportes, artes, cultura e agremiações

científicas. Implicam estilos de vida, modos de ser, saber e fazer, valores,

ideias, padrões de comportamento, graus de absorção científica e tecnológica.

Comporta memória, ciência, lendas, tabus, mitos, totens, referências religiosas

e civis. (MAGALHÃES, 2000, p. 37)4

A intergeracionalidade comporta, portanto, o diálogo entre as gerações e nas trocas

advindas dessa relação, podendo ser uma relação de reciprocidade, especialmente

nas relações de aprendizagem. Compreendendo o conceito de gerações como postula

a autora, não poderíamos partir de outra compreensão de envelhecimento que não

fosse a da Organização Mundial da Saúde/OMS5, o de envelhecimento saudável. É,

pois, “o processo de desenvolvimento e manutenção da capacidade funcional que

permite o bem-estar em idade avançada” (OMS, 2015, p.13). É nessa perspectiva de

bem-estar que trataremos as especificidades da pessoa idosa, por meio das unidades

temáticas deste caderno.

Além disso, construímos uma narrativa dialógica, com você professor(a), que vivencia

o cotidiano escolar, tento em vista ampliar a compreensão tanto das temáticas das

unidades, quanto com relação às proposições de atividades para serem realizadas nas

salas de aulas de EJA. Para tanto, foram instituídas seções, todas endereçadas a

você professor(a), que se apresentam diferenciadas por meio do recurso das cores.

Ressaltamos que, nas situações nas quais se identifique a ausência de estudantes

idosos nas salas de EJA, não se exclui a possibilidade de trabalhar as temáticas deste

caderno, tendo em vista o horizonte que ora se apresenta em que pesa o crescimento

da população de pessoas idosas, as metas de enfrentamento do analfabetismo e a

construção de cidadania dos outros sujeitos pedagógicos da EJA, jovens e adultos.

Acreditamos que este caderno pode contribuir para a consolidação de uma sociedade

mais democrática, justa e pautada na valorização dos saberes de nossos estudantes

da EJA. Vamos trabalhar juntos para isso, professor(a)!

4 MAGALHÃES, Dirceu Nogueira. O Anel Mágico: O Repasse entre as gerações. Rio de Janeiro, Razão Cultural,

2000. 5 ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SÁUDE. Relatório Mundial de Envelhecimento e Saúde. Disponível em:

<http://sbgg.org.br/wp-content/uploads/2015/10/OMS-ENVELHECIMENTO-2015-port.pdf> Acesso em: 22 jul. 2016.

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UNIDADE 1: ENVELHECIMENTO HUMANO

Fonte6

6Disponível em: < http://www.uff.br/?q=noticias/18-09-2015/interculturalidades-mitologias-territorios-e-reexistencias>.

Acesso em: 4 ago. 2016.

Professor(a), o texto que segue visa subsidiar as discussões sobre o envelhecimento nos seus múltiplos aspectos.

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O envelhecimento na atualidade: aspectos cronológicos, biológicos, psicológicos e sociais1

Por Rodolfo Herberto Schneider e Tatiana Quarti Irigaray.

Dadas as diferentes dimensões de idade que compõem o processo de envelhecimento, pode-se desenvolver um perfil de idade compreensivo para qualquer indivíduo. Por exemplo, uma mulher de 70 anos pode ter uma boa saúde (idade biológica), mas ter problemas de atenção (idade psicológica). Essa mesma mulher pode se considerar uma excelente professora de línguas, mais do que uma avó. As medidas de idade cronológica, biológica, psicológica e social são relevantes e importantes para a compreensão do processo de envelhecimento, mas não para a sua determinação, pois a velhice é apenas uma fase da vida, como todas as outras, e não existem marcadores do seu começo e do seu fim. Quando se leva em consideração somente a idade cronológica, está-se falando apenas da passagem do tempo sob o aspecto numérico, ao invés de considerar o envelhecimento como um fenômeno mais amplo no qual outros fatores participam e podem contribuir na variação das intempéries da passagem do tempo. Desta forma, biologicamente, os eventos ocorrem em um período de tempo, mas não por causa dele. O envelhecimento é um processo complexo e multifatorial. A variabilidade de cada pessoa (genética e ambiental) acaba impedindo o estabelecimento de parâmetros. Por isso, o uso somente do tempo (idade cronológica) como medida esconde um amplo conjunto de variáveis. A idade em si não determina o envelhecimento, ela é apenas um dos elementos presentes no processo de desenvolvimento, servindo como uma referência da passagem do tempo. Os termos criança, adolescente e adulto são usados na vida diária sem nenhum questionamento, no entanto, o termo velho suscita desagrados, e algumas pessoas até mesmo exigem que se deixe de usá-lo. Quando uma criança se torna adolescente, quando um adolescente se torna adulto e quando um adulto de torna idoso? Devido à falta de precisão entre o início e o fim de cada fase do desenvolvimento, estes são agrupamentos úteis, embora limitantes. Na sociedade atual convive-se com diferentes tempos: o tempo do indivíduo e o tempo social. As regras sociais determinam o tempo para ir à escola, começar uma carreira, casar, ter filhos, ter netos e se aposentar. As pessoas procuram estar dentro do tempo social, sentindo-se mal quando estão atrasadas ou adiantadas. O tempo social é imposto às crianças, adolescentes, adultos e idosos e é um modelo linear de desenvolvimento do qual não se pode fugir. Ele define também em que momento as pessoas são consideradas velhas. Desta forma, a velhice é uma construção social e cultural, sustentada pelo preconceito de uma sociedade que quer viver muito, mas não quer envelhecer. O uso de inúmeros termos e expressões para se referir às pessoas mais velhas e à velhice revela a existência de preconceitos sociais por parte da sociedade e do próprio indivíduo que envelhece. Ao longo das últimas décadas, cada vez mais os indivíduos

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envelhecem, mas não querem parecer velhos, pois na sociedade brasileira o idoso carece de maior valorização. Como o Brasil não é mais um país de jovens, mas sim um país que está envelhecendo, com mais de 15 milhões de pessoas com 60 anos ou mais, estima-se que a maior valorização do idoso possa se concretizar em um futuro próximo, no qual a tendência seria rever os estereótipos associados à velhice. A visão do envelhecimento como sinônimo de doença e perdas evoluiria para a concepção de que esta fase do ciclo vital é um momento propício para novas conquistas e para a continuidade do desenvolvimento e produção social, cognitiva e cultural. As experiências e os saberes acumulados ao longo da vida seriam vistos como ganhos que podem ser otimizados e utilizados em prol do próprio indivíduo e da sociedade. Dentro desta perspectiva, a velhice passaria a ser considerada uma fase boa da vida, não rotulada apenas pelas perdas, mas também reconhecida pelos ganhos e pela administração das transformações, cabendo ao idoso potencializar os próprios recursos e atuar na autoconstrução da subjetividade e da identidade. 1Extraído de: SCHNEIDER, R. H.; IRIGARAY, T. Q. O envelhecimento na atualidade: aspectos cronológicos,

biológicos, psicológicos e sociais. Estudos de Psicologia. Campinas. 2008; 25,4: 585-593. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/estpsi/v25n4/a13v25n4.pdf>. Acesso em 15 de ago. de 2016.

VAMOS REFLETIR UM POUCO:

1) Quais serão os efeitos culturais e sociais do número crescente de

pessoas idosas na população?

2) As pessoas idosas estão sendo consideradas por suas famílias e

comunidades como pessoas respeitáveis ou como pessoas não

produtivas?

3) Como a prática docente pode contribuir para a construção de posturas de

valorização e respeito perante a pessoa idosa na comunidade escolar?

OBJETIVOS DA UNIDADE:

Valorizar os saberes experienciais de estudantes idosos;

Gerar no espaço escolar o intercâmbio de saberes entre os diferentes sujeitos

pedagógicos da EJA.

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ORIENTAÇÃO PARA O PROFESSOR Professor/a, as atividades que seguem podem ser vivenciadas no contexto de sala de aula e permite uma abordagem envolvendo todas as áreas do conhecimento que compõem o currículo da EJA. É desejável, porém, que seja feito um trabalho interdisciplinar, pois acreditamos que resultará numa experiência de aprendizagem mais enriquecedora tanto para os estudantes quanto para os professores participantes. As atividades propostas nesta unidade compõem uma sequência didática, cuja temática gira em torno do envelhecimento. Ao nosso ver, essa sequência pode e deve ser alterada, visando o alcance de objetivos educacionais, pensado por cada professor no contexto de suas salas de aulas. Também é importante ter sempre em mente que nossos estudantes apresentam diferentes formas de aprender, sentir e pensar. Além disso, eles chegam às salas de aula com uma diversidade de saberes que nos faz reconstruir nossas formas de ler o mundo. Neste sentido, precisamos estar atentos/as para valorizar esses saberes, como ponto de partida para as situações de aprendizagem.

ATIVIDADE 1 - leitura de deleite e roda de conversa

OBJETIVOS:

Compreender o processo de envelhecimento de forma multidimensional, que envolve

aspectos cronológico, biológicos e sociais;

Reconhecer o envelhecimento como um fenômeno natural da vida.

TEMPO PEDAGÓGICO: 1 aula

RECURSOS: Cópias da música ou projeção. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=zAvAFrSy2WI. Acesso

em: 4 ago. 2016.

Prezado(a) professor/a, a reflexão sobre a música Compasso, de Angela Ro Ro, a seguir, fornece-nos meios para facilitar a explicitação de saberes construídos durante a vida.

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Compasso Angela Ro Ro

É o que pulsa o meu sangue quente É o que faz meu animal ser gente É o meu compasso mais civilizado e controlado Estou deixando o ar me respirar Bebendo água pra lubrificar Mirando a mente em algo producente Meu alvo é a paz Vou carregar de tudo vida afora Marcas de amor, de luto e espora Deixo alegria e dor ao ir embora Amo a vida a cada segundo Pois pra viver eu transformei meu mundo Abro feliz o peito É meu direito!

DESENVOLVIMENTO DA ATIVIDADE

1. Organize pequenos grupos para iniciar uma primeira

interpretação do texto/música, para depois conversarem sobre

suas experiências de amor, luto, dificuldades, alegrias, projetos,

expectativas etc.

2. Solicite que os grupos façam registros em cartolinas para

socialização com o grande grupo.

3. Para a socialização, num clima de descontração, estimule os

alunos a falarem sobre suas experiências no grande grupo. Esse

tipo de reflexão é importante porque visa promover um momento

de empatia entre os diferentes sujeitos do processo de ensino-

aprendizagem da sala de aula de EJA. Assim, os estudantes mais

jovens podem perceber que os idosos vivem ou vivenciaram

situações muitas vezes comuns a eles, e vice-versa.

4. Caso seja possível, projetar o vídeo que sugerimos. Faça

comentários também sobre as duas cantoras que são de

diferentes gerações e fazem um belo dueto.

5. Recomendamos, sempre que possível, que as produções dos

estudantes fiquem expostas para que possam perceber o

processo de construção de suas aprendizagens.

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ATIVIDADE 2 – Pesquisa sobre idosos na comunidade

OBJETIVO: Refletir sobre o processo de envelhecimento da população brasileira.

TEMPO PEDAGÓGICO: 2 aulas

RECURSOS: Cópias do texto “População idosa no Brasil cresce e diminui número de

jovens, revela Censo 2010”.

Vídeo sobre a população idosa brasileira: Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=nQPOJWkklcA> . Acesso

em 23 set. 2016.

Professor(a), o box a seguir apresenta um

texto do IBGE sobre perfil da população

idosa, com base no Censo 2010.

População idosa no Brasil cresce e diminui número de jovens, revela Censo 2010

A população brasileira com até 25 anos de idade teve menor representatividade no total da população brasileira, em 2010, enquanto houve um aumento no número de pessoas idosas. Os dados do Censo Demográfico 2010, divulgados nesta sexta-feira (29) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram os primeiros resultados definitivos do recenseamento geral realizado no ano passado, além de comparar os dados preliminares com os dos censos anteriores.

Segundo o IBGE, em 1991, o grupo de crianças de zero a quatro anos do sexo masculino, por exemplo, representava 5,7% da população total, enquanto o feminino representava 5,5%. Em 2000, estes percentuais caíram para 4,9% e 4,7%, chegando a 3,7% e 3,6% em 2010.

Simultaneamente, foi observado um crescimento na participação relativa da população com 65 anos ou mais, que era de 4,8% em 1991, passando a 5,9% em 2000 e chegando a 7,4% em 2010. O crescimento absoluto da população do Brasil nestes últimos dez anos se deu principalmente em função do crescimento da população adulta, com destaque também para o aumento da participação da população idosa.

Contrário a esse movimento é o que ocorre com os grupos de pessoas com menos de 20 anos, que apresentam uma diminuição absoluta no seu contingente.

Sudeste e Sul são as regiões com mais idosos.

Na comparação entre regiões, o Censo mostra que a região Norte, apesar do contínuo envelhecimento observado nas duas últimas décadas, ainda apresenta uma estrutura bastante jovem, devido aos altos níveis de fecundidade no passado.

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Nessa região, a população de crianças menores de 5 anos, que era de 14,3% em 1991, caiu para 12,7% em 2000, chegando a 9,8% em 2010. Já a proporção de idosos de 65 anos ou mais passou de 3,0% em 1991 e 3,6% em 2000 para 4,6% em 2010. A região Nordeste ainda tem, igualmente, características de uma população jovem. As crianças menores de 5 anos em 1991 correspondiam a 12,8% da população; em 2000 esse valor caiu para 10,6%, chegando a 8,0% em 2010. Já a proporção de idosos passou de 5,1% em 1991 a 5,8% em 2000 e 7,2% em 2010. Sudeste e Sul apresentam evolução semelhante da estrutura etária, mantendo-se como as duas regiões mais envelhecidas do País. As duas tinham, em 2010, 8,1% da população formada por idosos com 65 anos ou mais, enquanto a proporção de crianças menores de 5 anos era, respectivamente, de 6,5% e 6,4%. A região Centro-Oeste apresenta uma estrutura etária e uma evolução semelhantes às do conjunto da população do Brasil. O percentual de crianças menores de 5 anos em 2010 chegou a 7,6%, valor que era de 11,5% em 1991 e 9,8% em 2000. A população de idosos teve um crescimento, passando de 3,3% em 1991, para 4,3% em 2000 e 5,8% em 2010.

DESENVOLVIMENTO DA ATIVIDADE

A partir das informações contidas no texto e/ou no vídeo sobre a

população idosa brasileira:

Oriente os estudantes a levantarem a quantidade de idosos que tem na

escola: estudantes, corpo docente e demais funcionários. Estimulem

também a fazerem esse levantamento nas suas famílias. Todos podem

organizar a pesquisa na sala de aula. Para isso, forme grupos de

trabalho de acordo com cada uma das categorias de pessoas

(estudantes, professores, funcionários e familiares). Elabore com os

alunos um roteiro para essa pesquisa, que pode envolver, entre outros

aspectos:

1. Quem são os idosos da comunidade escolar e família?

2. Quais atividades desempenharam ou ainda desempenham nos

grupos sociais aos quais pertencem?

3. Como esses idosos vivem hoje?

Aconselhamos que, sempre que possível, no momento de realização da

pesquisa junto aos idosos, os estudantes peçam para conhecer os

álbuns e fotografias que retratem toda a vivência.

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ATIVIDADE 3: Sistematizando a pesquisa

OBJETIVO: Reconhecer o valor da pessoa idosa na comunidade local e na sociedade

como um todo.

TEMPO PEDAGÓGICO: 2 aulas

RECURSOS DIDÁTICOS: Cartolina, papel ofício, lápis, pincel atômico.

ATIVIDADE 4: Socializando nossas descobertas

OBJETIVO: Destacar a presença da pessoa idosa na comunidade escolar.

TEMPO PEDAGÓGICO: 2 aulas

RECURSOS DIDÁTICOS: Papel, lápis, imagens, fotografias dos idosos pesquisados,

cópias dos textos tratados nesta unidade, imagens diversas.

DESENVOLVIMENTO DA ATIVIDADE

1) Depois da coleta de dados, oriente os estudantes a quantificar e organizar as informações obtidas em cada um dos grupos de trabalho.

2) Sugerimos que organizem os resultados da

pesquisa em quadros, tabelas, gráficos, de modo a estimular os estudantes a estabelecerem relações. Para essa atividade, o professor/a de matemática pode contribuir de maneira significativa.

3) Para fazer uma análise e tecer conclusões

sobre os dados, recomendamos que tome como referência os dados nacionais sobre a população idosa brasileira, contidos no texto e no vídeo.

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ATIVIDADE 5: Um caso de novela Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=nlFLs2b5QsU>. Acesso em: 4 ago. 2016.

OBJETIVO: Desenvolver atitudes de empatia com a pessoa idosa. TEMPO PEDAGÓGICO: 2 aulas RECURSOS: Episódio da novela.

DESENVOLVIMENTO DA ATIVIDADE

1) Os cartazes produzidos ao longo do processo deve servir de apoio para os estudantes socializarem todo o processo de pesquisa. Assim, parte dessa atividade consiste em certificar de que todo o percurso da pesquisa esteja registrado. Caso seja necessário, é hora de complementar.

2) Pode se inserir trechos dos textos da unidade para

compor os cartazes, assim como imagens diversas que se relacione com a temática tratada.

3) A socialização da pesquisa pode ocorrer tanto na

sala de aula, por cada grupo de trabalho, quanto em outras turmas.

4) Cada um dos grupos deve utilizar de 10 a 15

minutos para apresentar sua pesquisa, com o apoio de cartazes .

5) Os cartazes produzidos podem ficar expostos na

sala de aula ou no mural da escola.

6) A socialização deve ser enriquecida com um painel de fotografias dos idosos pesquisados pelos estudantes e, quando possível, as imagens devem ser associadas com fotos que retratem como eram os idosos na juventude.

Professor(a), como forma de aproximar as discussões sobre a o tema do envelhecimento, nessa atividade recorremos a um caso de novela, o texto a seguir apresenta uma descrição do caso.

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A novela “Mulheres apaixonadas”, transmitida pela emissora Rede Globo, no ano de

2003, abordou a relação entre idosos e jovens. Na novela, os avôs de “Dóris”

(personagem interpretada pela atriz Regiane Alves), moravam com o filho e a família

dele, pois não tinham outra opção. A jovem Dóris, no entanto, não gostava da

presença dos avós, primeiro porque estes ocupavam seu quarto e também por julgar

que o casal atrapalhava sua vida.

ATIVIDADE 6: Projetando o futuro - Que idoso quero ser? OBJETIVO: Desenvolver atitudes de empatia com a pessoa idosa. TEMPO PEDAGÓGICO: 2 aulas RECURSOS: Papel, revistas, lápis, cola, cartolina e tesoura.

DESENVOLVIMENTO DA ATIVIDADE

1. Após a exibição do episódio da novela, recomendamos que se realize um debate sobre o caso retratado. A seguir, sugerimos algumas questões que podem direcionar o debate:

a) Você acha que existem situações na vida real

como a retratada na novela?

b) O que você acha de pessoas mais jovens ter atitudes como as de Dóris?

c) Durante a pesquisa que você realizou, algum

idoso/a comentou sobre sofrer maus tratos, preconceito e/ou descriminação?

d) De que maneira você acha que podemos

combater posturas como a de Dóris?

e) Tente colocar-se no lugar dos avós de Dóris, como você se sente?

Professor(a), essa atividade busca evidenciar as descobertas dos estudantes ao longo dessa sequência didática. Assim, propomos que os estudantes sejam provocados a refletirem sobre o que eles aspiram viver quando idosos. Para tanto, sugerimos a leitura do poema abaixo.

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Ser idoso

Ser idoso

é ter a coragem de olhar para frente

E dizer que traz consigo

um mundo de conhecimento.

Ser idoso é ser gente.

Ser idoso

É poder dizer que tem a dádiva da vida

E o poder da mente

Que possui uma vasta experiência

E carrega em sua guarida

A realização e a gratidão da existência.

Ser idoso,

É ser alguém consciente

Pedindo a Deus sempre mais anos de vida

Para viver com os seus

e ser uma pessoa querida.

Ser idoso,

é guardar o que sente

Do lado bom e ruim das coisas

Dos momentos que viveu

E, um dia, tristemente

Sofreu..

E num outro dia, alegremente

Viveu...

E foi feliz

Como um sábio aprendiz.

Ser idoso

É aprender, do ontem, a lição

Hoje, guardada nas eternas lembranças

Bem no fundo do coração.

Ser idoso

é ter no rosto

A marca da sabedoria

A experiência de muitos momentos

Vividos com alegria.

O que mais lhe entristece

É a falta de respeito, carinho e atenção

Dê ao nosso idoso o que ele merece

E o que queres para ti.

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Não o maltrate, abrace-o de coração

Porque o que estás hoje a pedir

Num futuro tão próximo podes conseguir.

Por isso, tratar bem o idoso

É meu, é teu, é nosso dever

Não esqueça que o idoso de hoje

Amanhã pode ser você,

Basta ter vida em abundância

E nem tão cedo morrer.

Maria Dionésia Santos da Silva. Santa Cruz do Piauí, PI

Disponível em: <http://www.mundojovem.com.br/poesias-poemas/idoso/ser-idoso>. Acesso em

23 set. 2016.

DESENVOLVIMENTO DA ATIVIDADE

1) Após a leitura do poema, sugerimos que os estudantes façam interpretações dos versos.

2) Em seguida, solicite que escrevam pelo

menos em um verso o que eles desejam viver quando forem idosos (ou os alunos que já são). Essa projeção deve contemplar aspectos da vida como: família, trabalho, relacionamento, esportes, lazer etc.

3) Recomendamos que essas reflexões

sejam expressas em painel, a ser confeccionado nessa aula.

4) Caso seja de interesse, pensamos que

esta atividade pode ser partilhada com toda a escola. Assim, o painel deve ficar afixado no mural acessível a todos da escola e os estudantes podem visitar as outras salas da escola, informado sobre o painel e reservando espaço para que todos possam escrever “que idoso quero ser”?

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UNIDADE 2: LONGEVIDADE E QUALIDADE DE VIDA

Fonte7

Pensando sobre o tema:

7 Disponível em: < http://www6.ensp.fiocruz.br/radis/revista-radis/109/reportagens/corpo-sao-mente-sa-nas-pracas-e-

parques-do-recife> Acesso em: 20 mar. 2017.

Professor(a), este texto que segue visa oferecer uma visão acerca da temática

tratada nesta unidade: Qualidade de vida.

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LONGEVIDADE E QUALIDADE DE VIDA

O aumento da expectativa de vida é um fenômeno mundial e a preocupação com a qualidade de vida na velhice ganhou relevância nos últimos 30 anos. Dessa forma, faz-se necessária a adoção de políticas específicas que visem propiciar um envelhecimento ativo, no qual a autonomia e, sobretudo, a dignidade do idoso devam ser sempre respeitadas (FREITAS, 2004). Durante muito tempo, a qualidade de vida foi avaliada por meio de indicadores econômicos ou sócio-demográficos (também denominados de indicadores objetivos) que descreviam apenas as condições de vida dos indivíduos. Atualmente, porém, os indicadores subjetivos, que incluem critérios de julgamento pessoal do bem-estar e satisfação com a vida, foram incorporados aos estudos sobre qualidade de vida (CARDOSO & FERREIRA, 2009). Dentre as questões que cercam o envelhecimento, a saúde aparece como elemento balizador pelo seu forte impacto sobre a qualidade de vida, constituindo-se como uma das principais fontes de estigmas e preconceitos em relação à velhice. A representação negativa, normalmente associada ao envelhecimento, tem como um de seus pilares o declínio biológico, ocasionalmente acompanhado de doenças e dificuldades funcionais com o avançar da idade (SCRUTTON, 1992). À medida que um indivíduo envelhece, sua qualidade de vida é fortemente determinada por sua habilidade de manter autonomia e independência (OMS, 2005). Para os idosos, uma boa qualidade de vida é definida pela capacidade de cumprirem suas funções diárias básicas adequadamente e viver de maneira independente. Para tanto, três aspectos são considerados fundamentais para um bom envelhecimento ou na manutenção de uma qualidade de vida ideal, como: liberdade de doenças, engajamento e competência física e mental (DIOGO, NERI, CACHIONI, 2006). As atividades individuais e em grupo são um meio de contrabalançar as perdas comuns a esse estágio de vida, e ao mesmo tempo proporcionam um espaço para que outras características sejam desenvolvidas e até potencializadas, propiciando ao idoso uma forma de crescimento pessoal, além de ser uma aliada na superação do estresse. A ação ou o ato de fazer alguma coisa é uma das necessidades básicas do ser humano. Independentemente da idade, é através da ação que o indivíduo explora, transforma e domina a si mesmo e ao seu ambiente (MIRANDA E BANHATO, 2008). A longevidade trouxe a preocupação crescente entre os profissionais de saúde e da educação com relação a atividades que visem à interação entre as pessoas de diferentes idades. (BUAES, 2004). Na educação de jovens, adultos e idosos o grande desafio é como desenvolver aprendizagens significativas que abordem conteúdos curriculares atitudinais fundamentais a sua interação social em uma sociedade globalizada, adequando metodologias no ensino voltadas à interação jovem/adulto/idosos, respeitando a trajetória de vida de cada um e promovendo atitudes que visem estimular a melhoria da qualidade de vida desses indivíduos.

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Referências

BUAES, C. S. Envelhecimento e educação: em foco a aprendizagem de trabalhadores mais velhos.

Estud. interdiscip. Envelhec. Porto Alegre, v. 6, p. 7-20, 2004.

CARDOSO, M. C. S. & FERREIRA, M. C. (2009). Envolvimento religioso e bem-estar subjetivo em idosos. Psicologia: Ciência e Profissão, 29 (2), 380-393.

DIOGO M.J.D.; NERI A.L.; CACHIONI, M. Saúde e qualidade de vida na velhice. 2ª edição. Campinas.

Editora Alínea. 2006.

MIRANDA, Luciene Corrêa; BANHATO, Eliane Ferreira Carvalho. Qualidade de vida na terceira idade: a

influência da participação em grupos. Psicologia em Pesquisa | UFJF | 2(01) | 69-80 | janeiro-junho de 2008.

FREITAS, E. V. Demografia e epidemiologia do envelhecimento. Em: L. Py, J. L. Pacheco & S. N

Goldman. Tempo de envelhecer: percursos e dimensões psicossociais. pp. 19-38. Rio de Janeiro: Nova Editora, 2004.

SCRUTTON, S. Ageing, healthy and in control: an alternative, approach to maintaining the health of

older people. London: Chapman and Hall, 1992.

World Health Organization (2005) Envelhecimento Ativo: uma política de saúde [Manual] Tradução

Gontijo, S. Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde.

OBJETIVOS DA UNIDADE

• Estimular atitudes relacionadas à qualidade de vida e à saúde do idoso;

• Desenvolver o protagonismo da pessoa idosa no contexto pedagógico e na sociedade.

ORIENTAÇÃO PARA O PROFESSOR

Professor/a, as atividades que seguem podem ser vivenciadas no contexto de sala de aula e permitem uma abordagem por todas as áreas do conhecimento que compõem o currículo da EJA. É desejável, porém, que seja feito um trabalho interdisciplinar, pois acreditamos que enriquecerá a atividade.

ATIVIDADE 1 OBJETIVO: Compreensão acerca do tema - Importância e benefícios da atividade física na terceira idade. TEMPO PEDAGÓGICO: 1 aula RECURSOS: Xerox dos textos “A importância da Atividade Física para Idosos” e “Benefícios da Atividade Física na Terceira Idade”.

Professor(a), realize uma leitura colaborativa dos textos

abaixo. Terminada a leitura, discuta algumas questões que

seguem após os textos.

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Sugestões de leituras:

A Importância da Atividade Física para Idosos8 F. Scherer Fitness

A prática da atividade física pode controlar e até mesmo evitar alguns sintomas de doenças, dentre os benefícios dos exercícios, pode-se destacar menor probabilidade de disfunções cardiovasculares, como aumento do consumo máximo de oxigênio, redução da pressão arterial e frequência cardíaca em repouso, diabetes, osteoporose, depressão e ansiedade. A prática de exercício físico, além de combater o sedentarismo, contribui de maneira significativa para a manutenção da aptidão física do idoso. A atividade vai influenciar na autonomia do idoso, ele vai começar a realizar atividades que a muito não realizava, podendo se tornar uma pessoa independente. Um programa de exercícios físicos bem direcionado e eficiente para esta idade deve ter como meta a melhora da capacidade física do indivíduo, diminuindo a deterioração das variáveis de aptidão física como resistência cardiovascular, força, flexibilidade e equilíbrio, o aumento do contato social e a redução de problemas psicológicos como a ansiedade e a depressão. Desta forma torna-se possível percebermos que a atividade física regular e a adoção de um estilo de vida ativa são necessárias para a promoção da saúde e qualidade de vida durante o processo de envelhecimento. Pessoas mais idosas que pôr algum motivo, não tiveram a chance ou motivação para praticarem algum esporte durante seu período de juventude, poderiam desfrutar dos benefícios da atividade física após esta fase da vida sendo o trabalho de fortalecimento muscular importante não só para a diminuição do declínio de déficit motor quanto para a melhora da auto-estima desse idoso, causada pela independência funcional que a atividade física lhe trará.

Benefícios da Atividade Física na Terceira Idade9

Existem cada vez mais evidências científicas apontando o efeito benéfico de um estilo de vida ativo na manutenção da capacidade funcional e da autonomia física durante o processo de envelhecimento. Além dos benefícios já citados anteriormente pela atividade aeróbica existem também importantes benefícios do treinamento de força muscular no adulto e na terceira idade:

Melhora da velocidade de andar Melhora do equilíbrio Aumento do nível de atividade física espontânea Melhora da autoeficácia Contribuição na manutenção e/ou aumento da densidade óssea Ajuda no controle do Diabetes, artrite, Doença cardíaca Melhora da ingestão alimentar Diminuição da depressão

8 Disponível em: <http://www.academiafernandoscherer.com.br/noticias/saude/183-a-importancia-da-atividade-fisica-

para-idosos>. Acesso em: 29 set. 2016. 9 Disponível em : <http://www.saudeemmovimento.com.br/conteudos/conteudo_exibe1.asp?cod_noticia=645.> Acesso

em: 28 set. 2016.

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Uma das principais causas de acidentes e de incapacidade na terceira idade é a queda que geralmente acontece por anormalidades do equilíbrio, fraqueza muscular, desordens visuais, anormalidades do passo, doença cardiovascular, alteração cognitiva e consumo de alguns medicamentos. O exercício contribui na prevenção das quedas através de diferentes mecanismos:

Fortalece os músculos das pernas e costas; Melhora os reflexos; Melhora a sinergia motora das reações posturais; Melhora a velocidade de andar; Incrementa a flexibilidade; Mantém o peso corporal; Melhora a mobilidade; Diminui o risco de doença cardiovascular.

Segundo dados científicos a participação em um programa de exercício leva à redução de 25% nos casos de doenças cardiovasculares, 10% nos casos de acidente vascular cerebral, doença respiratória crônica e distúrbios mentais. Talvez o mais importante seja o fato que reduz de 30% para 10% o número de indivíduos incapazes de cuidar de si mesmos, além de desempenhar papel fundamental para facilitar a adaptação a aposentadoria. Leitura Divida os alunos em duplas ou grupos e distribua os textos para leitura. Primeiramente, peça para os estudantes realizarem uma leitura silenciosa, depois, realize uma leitura colaborativa. Produção escrita Após a leitura, solicite que os alunos respondam as questões que seguem:

1. Qual a ideia central dos textos acima?

2. Cite alguns benefícios que a prática de exercícios pode trazer.

3. Você concorda que um estilo de vida mais ativo é importante para a promoção da saúde e qualidade de vida durante o processo de envelhecimento? Por quê?

4. Como as atividades físicas podem contribuir para a diminuição na ocorrência

de quedas em indivíduos da terceira idade?

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ATIVIDADE 2 OBJETIVO: Compreensão a respeito do tema- Envelhecer com saúde. TEMPO PEDAGÓGICO: 20min RECURSOS: Imagem ampliada ou xerocada e entregue aos alunos

A partir do tema: Longevidade e Qualidade de vida, vamos observar a seguinte

imagem:

Fonte10

Conversando sobre a imagem apresentada:

10

Disponível em: <http://www.sescsp.org.br/online/artigo/8396_A+FUNCAO+SOCIAL+DA+ATIVIDADE+FISICA+E+ESPORTIVA+NA+VELHICE>. Acesso em: 29 set. 2016.

Professor(a), leve os/as estudantes

a analisarem a imagem e depois a

discutirem as questões que

seguem:

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PRODUÇÃO ESCRITA

Após a observação da imagem, solicite que os alunos(as) respondam algumas

questões que seguem:

O que é envelhecer com saúde?

Que atividades poderiam estimular uma melhor qualidade de vida para os

idosos?

A interação entre pessoas de diferentes idades em atividades recreativas nas

escolas pode ajudar em um processo de envelhecimento saudável?

Que cuidados os jovens devem ter para melhorar sua qualidade de vida

quando estiverem mais velhos?

ATIVIDADE 3 OBJETIVO: Interação em grupo e compreensão da saúde na terceira idade. TEMPO PEDAGÓGICO: 30min RECURSOS: Caixa de som

Dinâmica: Brincando ao som da música Ao som da música (certificar-se de que os alunos conhecem a letra da música, caso não, pode ser substituída por outra). Sugere-se que os alunos, em pé ou sentados em círculo, passem uma bola ou algum outro material e que em determinado momento o som da música seja interrompido. O aluno ou aluna que ficar com a bola durante a interrupção da música deverá continuar cantando.

OU

Vamos cantar! Professor(a), tente escolher uma

música animada e do conhecimento do público

presente.

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Ao som da música, sugere-se que os alunos, em pé ou sentados em círculo, passem uma bola ou algum outro material e que em determinado momento o som da música seja interrompido. O aluno ou aluna que ficar com a bola durante a interrupção da música deverá responder uma pergunta sorteada no momento.

SUGESTÕES DE PERGUNTAS:

O que é ter saúde para você?

Como você acha que está sua saúde?

O que você pode fazer para melhorar a sua saúde?

Você acha que praticar atividades físicas é uma forma de procurar cuidar da

saúde? Por quê?

Você realiza algum tipo de atividade física? Há quanto tempo? Sentiu melhoras

na sua saúde?

Você prefere participar de atividades físicas e brincadeiras individuais ou em

grupo? Por quê?

Você acha que a brincadeira é uma forma de procurar cuidar da saúde? Por

quê?

LEITURA COMPLEMENTAR

Importância da Atividade Física para a Terceira Idade11

Introdução “Envelhecimento é a consequência de alterações, que os indivíduos demonstram, de forma característica, com progresso do tempo, da idade adulta até o fim da vida” (MEIRELLES, 1997). O envelhecimento é inevitável. A cada dia percebemos um aumento do número de idosos no Brasil e no mundo. O envelhecimento vem aumentando consideravelmente, trazendo juntamente com ele aumento da expectativa de vida da população. Porém, precisamos não só aumentar como melhorar a expectativa de vida e proporcionar condições de vida mais saudáveis para nossos idosos. Segundo afirma Porto (2008), busca-se através de programas de atividades físicas uma diminuição do stress, inibir o sedentarismo e principalmente manter a capacidade funcional do idoso, fazendo assim com que eles sintam-se úteis, realizando suas tarefas diárias.

11

COSTA LM, MATTILLO N, HOCH RM, BAGNARA IC. Importância da Atividade Física para a Terceira Idade. Revista

Digital. Buenos Aires – Ano 17 – N. 170 – 2012. <http:// www.efdeportes.com/> Acesso em: 28 set. 2016.

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Atualmente percebe-se que existe falta de profissionais interessados e de certa forma até mesmo capacitados para desenvolver programas de atividade física específico para idosos. Profissionais que estimulem a prática de atividades físicas, o que certamente contribuiria consideravelmente para um envelhecimento menos traumático, evitando assim a baixa autoestima, monotonia, exclusão social, perdas físicas e afetivas (MELLO; BAGNARA, 2011). O presente estudo busca relacionar a importância da prática de atividades físicas para idosos, e suas consequências no convívio social dos mesmos, além de encontrar alternativas para tornar o idoso mais saudável e fisicamente ativo, proporcionando assim uma vida mais saudável.

Terceira idade e envelhecimento Ser velho é uma chance que cada dia mais pessoas conseguem alcançar. Atualmente existe um número cada vez maior de pessoas idosas vivenciando uma vida saudável; é importante não só viver mais, mas sim viver melhor, mantendo o corpo em constante atividade física a fim de conservar as suas funções vitais em bom funcionamento (OTTO, 2000). Juntamente com o processo de envelhecimento vários aspectos vão se modificando; aspectos biológicos, fisiológicos e psíquicos, o que influencia diretamente dentre outros fatores nas relações sócio afetivas dos indivíduos. Juntamente com outros aspectos, esse processo possibilita aos idosos uma enorme tendência de se sentirem sozinhos, abandonados. Uma das principais causas apontadas para a sensação de solidão e abandono as quais são submetidos os idosos pode ser destacada a aposentadoria que muda consideravelmente a rotina diária da vida. Isso faz com que os idosos necessitem de readaptação a uma realidade nova, onde têm muito tempo disponível e poucas atividades programadas para fazer, e os idosos precisam sentir-se úteis. Para Meirelles (2000, p.13) “envelhecer com lucidez e dignidade, em pleno corpo e em pleno espírito, é a realização total da aventura humana no planeta em que vivemos e sobrevivemos”. Ainda para esclarecer melhor este ponto abordado por Meirelles, seguimos, onde “a saúde não é tudo na vida, mas sem saúde tudo é nada”. “Tudo” na velhice envolve desde amizades, visitas, amigos, parentes, passeios, eventos, viagens, encontros, enfim, atividades que englobem uma forma de se relacionar com outras pessoas.” (SCHOPENHAUER apud MEIRELLES 2000, p.87). E, esse tudo, somente pode ser plenamente atingido quando o idoso possui autonomia funcional para desenvolvê-lo. Na velhice, o idoso precisa se readaptar, se reorganizar e reprogramar seus dias, suas semanas. Eles percebem que tem muito tempo livre como apontado anteriormente e com isso, precisam preencher esse tempo aproximando-se dos amigos, fazendo viagens, passeios, precisam estar em companhia de outras pessoas, sentir-se jovens, praticar exercícios físicos. Porém, apesar de existir teorias que explicam e caracterizam o processo de envelhecimento, o mesmo varia bastante de pessoa para pessoa e é influenciado tanto pelo estilo de vida quanto por fatores genéticos. Especialistas em

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envelhecimento acreditam que o ser humano poderia viver até 115 a 120 anos se o estilo de vida e seu perfil genético fossem os ideais (NIEMAN 1999). Da mesma forma, especialistas afirmam que o ser humano poderia alcançar uma expectativa de vida muito maior que a apontada anteriormente, desde que mantivesse um estilo de vida ativo, alimentação correta e da mesma forma fosse brindado com perfil genético adequado, e, não ignorando a prática regular de exercícios físicos.

Importância da atividade física para terceira idade Segundo Meirelles (2000) o desempenho físico é modificado com o decorrer dos anos. Havendo a prática de atividades físicas adequadas e regulares, respeitando-se a individualidade biológica, essas modificações serão restringidas, favorecendo o prolongamento da vida e a qualidade de vida, contribuindo na reabilitação das funções orgânicas interdependentes. Durante os primeiros anos da nossa vida, nossa evolução física é muito rápida, principalmente nos quesitos de crescimento e desenvolvimento, porém quando chegamos à terceira idade, ocorre a fase da involução. O processo de involução ocorre de forma mais lenta que a evolução da infância e adolescência. Porém, tal involução influencia diretamente e de forma considerável na perda das capacidades funcionais do idoso. Quando se pratica atividades físicas regulares e adequadas, pode-se auxiliar o corpo nessa readaptação e diminuir os efeitos “involutivos” do processo de envelhecimento, além é claro de ser uma atividade que preenche boa parte do tempo livre do idoso, além de promover a integração e participação ativa no meio social. “O envelhecimento fisiológico não acompanha necessariamente a idade cronológica, isto varia de pessoa para pessoa, levando em conta muitos fatores, principalmente o estilo de vida de cada um” (SOUZA, 2011). Idosos com estilo de vida ativo, que praticam atividades físicas durante a sua vida inteira, e mantém uma alimentação saudável, muito provavelmente terão um envelhecimento fisiológico e consequentemente um processo de perdas funcionais mais lento do que aquele idoso que foi sedentário a sua vida inteira ou grande parte dela. O corpo humano é como uma máquina, a qual precisa ser movimentada regularmente para manter todas as suas funções, se esses movimentos forem limitados à atividades diárias como caminhar, sentar, levantar, brincar com os netos, a nossa máquina irá ficar praticamente parada, fazendo com que nossos músculos atrofiem. Assim, percebe-se a importância da pratica de uma atividade física regular e orientada, fortalecendo assim nossos músculos, articulações, ossos, além de aumentar a capacidade respiratória, a resistência física e facilitar a circulação sanguínea, tudo isso fazendo com que a fadiga demore mais tempo para ocorrer (GEIS, 2003). É importante para os idosos manter suas tarefas diárias, porém isso não é suficiente para manter o bom funcionamento de nossos músculos, ossos e articulações, o ideal é praticar atividades físicas, exercícios físicos orientados por profissionais, prevenindo assim qualquer dano que possa ser causado à saúde do idoso por práticas incorretas ou inadequadas para o seu nível de aptidão física específica. Segundo estudos de Nieman (1999, p. 291) “as pessoas idosas que se exercitam regularmente relatam que dormem melhor, são menos vulneráveis às doenças virais e possuem uma melhor qualidade de vida do que as sedentárias”.

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Não há idade para se iniciar a pratica de esportes ou atividades físicas, apenas deve-se escolher o tipo de atividade adequada, de esporte a ser praticado pelos idosos. É necessário realizar atividades físicas adaptadas à idade, de acordo com as necessidades fisiológicas, sociais e emocionais, ainda levando em conta as possibilidades de cada pessoa. Deve-se objetivar uma atividade física relaxante, gratificante e não algo competitivo, ou que exija muita técnica (GEIS, 2003). Esses cuidados devem ser tomados para não desmotivar os idosos quando não conseguirem realizar as atividades propostas pelo professor e acabarem por abandonar a prática de exercícios. Percebe-se que a atividade física influencia não só na execução das atividades diárias, ou seja, na manutenção da capacidade funcional, mas também no sono reparador dos idosos. Não existe uma idade limite para iniciar a pratica regular de exercícios físicos, o importante é que essa atividade seja relaxante e gratificante como apontado anteriormente e que o idoso consiga executar sem muita dificuldade, evitando a decepção e perda do interesse pela prática. Para Geis (2003), quando idosos iniciam a pratica de atividades físicas, seu corpo vai se modificando, e eles aos poucos começa a aceitar como ele é. A atividade física também pode ajudar o idoso a superar a solidão, pois normalmente essas atividades são feitas em grupos. Assim em alguns casos o uso de medicamentos pode até ser diminuído como apontam alguns estudos desenvolvidos com este tipo de população. A atividade física é muito importante para a qualidade de vida dos idosos, pois através dela consegue-se melhorar os índices de saúde, combater os efeitos do processo de envelhecimento, para que o idoso possa manter uma vida ativa, ser independente e socialmente participativo. A prática de atividade física afeta também a área psicossocial, onde podemos destacar a diminuição do stress, da ansiedade, da depressão, aumento da autoconfiança, autoestima e da socialização. Com a manutenção da saúde nessa população os gastos com saúde pública, serão significativamente menores (PORTO, 2008). A prática de atividade física principalmente em grupos, nas academias e clubes, ajuda o idoso a sentir-se menos sozinho, a perceber que ele faz parte da sociedade e como consequência ocorre à melhora da saúde física e psíquica. Nos grupos de atividade física ocorre a convivência com outras pessoas, auxiliando o idoso, em alguns casos até a diminuir o uso de medicamentos por problemas depressivos e de solidão. Com a adoção de um estilo de vida saudável e a pratica de atividades físicas, percebemos alterações nos componentes da aptidão física relacionados com a saúde, tais como aptidão cardiorrespiratória, força muscular, resistência muscular e a flexibilidade. Essas alterações irão influenciar positivamente na execução das tarefas diárias além de auxiliarem na autonomia dos idosos. Percebem-se também ganhos na composição corporal, índice de massa muscular, diminuição de dores articulares, aumento da densidade mineral óssea, aumento da capacidade aeróbica, melhora do perfil lipídico, melhora da força e flexibilidade e diminuição de incidentes de quedas e fraturas. (PORTO, 2008). Objetiva-se com a prática de exercícios físicos orientados para idosos, ampliar sua expectativa de vida, melhorar a qualidade de vida, promovendo a sua independência física, fazendo com que o idoso perceba que ele faz parte da sociedade e não é um peso para seus familiares. Com a prática de atividades físicas gerais e exercícios

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físicos orientados, busca-se também protelar ao máximo o aparecimento de doenças graves e crônicas em etapas iniciais da chamada terceira idade. Considerações finais Durante as etapas deste estudo de revisão bibliográfica percebemos a importância de atividades e exercícios físicos orientados especificamente para idosos. O profissional de Educação Física deve ser capacitado em avaliar, prescrever e controlar as diversas variáveis presentes no contexto do exercício físico, respeitando as individualidades e necessidades de cada um, a fim de evitar riscos e possíveis danos pela prática incorreta de exercícios, posturas erradas e intensidades inadequadas. Com hábitos de vida saudáveis e alimentação adequada, aliado a prática de atividades físicas regulares ou exercícios físicos orientados, podemos proporcionar à população idosa uma vida mais saudável e com qualidade. Através do exercício físico pode-se mostrar para o idoso que ele faz parte de uma sociedade, que ele é um membro importante da família, e que ele possui uma importante e relevante posição na comunidade ou local onde vive. Os programas de exercícios físicos direcionados para o público idoso têm como objetivo diminuir a incidência de doenças crônico-degenerativas, doenças oriundas do sedentarismo e protelar ao máximo o aparecimento de doenças limitadoras, aproveitando assim da melhor forma possível a terceira idade, a melhor idade. Atualmente, cada vez mais pessoas estão tendo a possibilidade de envelhecer. Porém, acompanhando o rápido crescimento da população idosa, cresce juntamente a necessidade de profissionais capacitados para orientação e intervenção junto a este público para tornar a terceira idade mais agradável, motivante e produtiva do ponto de vista pessoal. Não nos referimos somente a profissionais da área de Educação Física, mas diversas outras áreas de extrema importância para amenizar as perdas fisiológicas, sociais, emocionais e funcionais provocadas pelo processo de envelhecimento.

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Referências: GEIS, Pilar Pont. Atividade Física e Saúde na Terceira Idade: teoria e prática. Porto Alegre: Artmed, 5ª ed. 2003. MEIRELLES, E.A. Morgana. Atividade física na 3ª Idade. Rio de Janeiro: Sprint, 1997. MEIRELLES, Morgana A. E. Atividade física na terceira idade. Rio de Janeiro: Sprint, 3ª ed. 2000. MELLO, Rosane Garstka de; BAGNARA Ivan Carlos. A importância de atividades físicas recreativas adaptadas para grupos de terceira idade. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, N° 155, Abril de 2011. http://www.efdeportes.com/efd155/atividades-fisicas-adaptadas-para-terceira-idade.htm NAHAS, Markus Vinicius. Atividade física, saúde e qualidade de vida: conceitos e sugestões para um estilo de vida ativo. 2ª ed. Londrina: Midiograf, 2001. NIEMAN, David C. Exercício e saúde: Como se prevenir de doenças usando o exercício como seu medicamento. 1ª ed. São Paulo: Editora Manole, 1999. OTTO, Edna. Exercícios físicos para a terceira idade. São Paulo: Manole 1ª ed. 1987. PORTO, Jeferson Corrêa. Longevidade: atividade física e envelhecimento. Maceió: Edufal, 2008.

Sugestões de textos: CARNEIRO, R. S. (2011). Qualidade de vida e bem-estar na terceira idade. Polêmica. V.10. N 4. Disponível em: <http://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/polemica/article/viewFile/2978/2125> Acesso em 15 de Setembro de 2016>. Acesso em: 28 set. 2016. MIRANDA E BANHATO. (2008). QUALIDADE DE VIDA NA TERCEIRA IDADE: A INFLUÊNCIA DA PARTICIPAÇÃO EM GRUPO. UFJF | 2(01) | 69-80. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/pdf/psipesq/v2n1/v2n1a09.pdf> Acesso em 15 de Setembro de 2016>. Acesso em: 28 set. 2016. FELIX J.S. (2007). Economia da longevidade: uma revisão da bibliografia brasileira sobre o envelhecimento populacional. Artigo apresentado no VIII Encontro da Associação Brasileira de Economia da Saúde (ABRES). Disponível em: <http://www.pucsp.br/desenvolvimento_humano/Downloads/JorgeFelix.pdf Acesso em 15 de Setembro de 2016>. Acesso em: 28 set. 2016. ASSIS M. (2005). Envelhecimento ativo e promoção da saúde: reflexão para as ações educativas com idosos. Revista APS, v.8, n.1, p. 15-24. Disponível em: <http://www.ufjf.br/nates/files/2009/12/Envelhecimento.pdf> Acesso em 15 de Setembro de 2016>. Acesso em: 29 set. 2016. WILING MH, LENARDT MH, CALDAS CP. (2015). A longevidade segundo histórias de vida de idosos longevos. Ver. Bras. Enferm. 68(4):697-704. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/reben/v68n4/0034-7167-reben-68-04-0697.pdf> Acesso em 15 de Setembro de 2016>. Acesso em: 28 set. 2016.

Sugestões de sites: http://www.portaldoenvelhecimento.org.br/acervo/pforum/eqvspp4.htm https://www.aterceiraidade.com/vivendo-com-saude/envelhecimento-com-qualidade-de-vida/ https://www.aterceiraidade.com/vivendo-com-saude/

Sugestões de videoclipes: https://www.youtube.com/watch?v=Y1R-ZM3NbiI http://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/vida-e-saude/videos/t/edicoes/v/idosos-conquistam-longevidade-saudavel-com-novos-habitos/4311636/

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UNIDADE 3: APRENDIZAGEM E MUNDO DO TRABALHO

NA VELHICE

Fonte12

PENSANDO SOBRE O TEMA: leitura do texto para formação do professor

Refletindo antes da leitura

Antes de iniciar a leitura do texto, tente responder as seguintes questões:

- Como você compreende o processo de aprendizagem no idoso? - Qual a importância de entender esse processo para planejamento de atividades na Educação de Jovens e Adultos (EJA)?

Registre suas ideias para confrontar com a leitura do texto.

12

Disponível em: <http://g1.globo.com/sp/santos-regiao/noticia/2014/09/idosos-buscam-aulas-de-idiomas-para-ginastica-mental-e-prevenir-alzheimer.html> Acesso em 30 mar. 2017.

Professor(a), o texto “Algumas Considerações sobre a teoria de Vygotsky e o processo de aprendizagem na velhice”, de Michele Cols, tem como finalidade pensar sobre os processos de aprendizagem na velhice. A autora é estudiosa da área de gerontologia.

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Algumas considerações sobre a teoria de Vygotsky

e o processo de aprendizagem na velhice13

Lev S. Vygotsky (1896-1934), professor e pesquisador foi contemporâneo de Piaget. Construiu sua teoria tendo por base o desenvolvimento do indivíduo como resultado de um processo sócio-histórico, enfatizando o papel da linguagem e da aprendizagem nesse desenvolvimento, sendo essa teoria considerada histórico-social. Sua questão central é a aquisição de conhecimentos pela interação do sujeito com o meio. As concepções de Vygotsky sobre o processo de formação de conceitos remetem às relações entre pensamento e linguagem, à questão cultural no processo de construção de significados pelos indivíduos, ao processo de internalização e ao papel da escola na transmissão de conhecimento, que é de natureza diferente daqueles aprendidos na vida cotidiana. O mesmo apresenta uma visão sobre a formação das funções psíquicas superiores como internalização mediada pela cultura. Vygotsky necessita ser compreendido a partir de seu contexto histórico. Também contemporâneo de Marx, viu no coletivo respostas que atendiam seus anseios sobre como a linguagem se desenvolve. Assim, busco nesta base teórica sobre o processo de aprendizagem e desenvolvimento, subsídios para compreender como se dá o processo de aprendizagem na velhice, e de algum modo, assim como o desenvolvimento humano é contínuo, os processos de aprendizagem e a assimilação também são. Os idosos por serem sujeitos já amadurecidos biologicamente têm algumas peculiaridades na forma como aprendem. Aprendem não apenas como se comunicar, mas o que e de que modo querem se comunicar. Enfim, de acordo com Vygotsky é a relação com o meio que favorece o aprendizado, inclusive pela questão cultural. A cultura também é o meio no qual o processo de aprendizagem se estabelece. A cultura fornece ao indivíduo os sistemas simbólicos de representação da realidade, ou seja, o universo de significações que permite construir a interpretação do mundo real. Ela dá o local de negociações no qual seus membros estão em constante processo de recriação e reinterpretação de informações, conceitos e significações. O processo de internalização é fundamental para o desenvolvimento do funcionamento psicológico humano. A internalização envolve uma atividade externa que deve ser modificada para tornar-se uma atividade interna, é interpessoal e se torna intrapessoal. O idoso internaliza as formas culturalmente dadas numa dimensão diferente, uma vez que traz consigo o referencial e uma bagagem acumulada ao longo da vida. O funcionamento psicológico daquele que toma conta da própria finitude na medida em que envelhece faz com que tenha condições de escolher com mais sabedoria (ou não) aquilo que deseja aprender e aquilo que não tem interesse em saber.

13

Disponível em: < http://pt.slideshare.net/Elisms88/algumas-consideraes-sobre-a-teoria-de-vigotsky-e> Acesso em: 2 ago. 2016.

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Isso tem uma dimensão social ampla, e se fundamenta no contexto sócio-histórico de modo que possibilita analisar a si próprio, perceber os próprios erros e corrigir-se. Erros que são percebidos através de um conceito que perpassa o social, a moral, enfim, o conceito que define o certo e o errado é determinado pelo contexto social vigente. Vygotsky também fala da aprendizagem como elemento fundamental ao desenvolvimento e que ambos os processos são interdependentes. No contexto do idoso é necessário um esforço para enxergar que esse sujeito está se desenvolvendo e não como alguém que já não tem mais o que fazer. No mundo contemporâneo e em decorrência do pensamento capitalista e da globalização econômica e cultural, o idoso vem sendo percebido como excedente. Todavia existe um esforço global para que este conceito errôneo seja desmistificado, uma vez que a produção neste estágio de vida não se perde, apenas se transforma. É com esse entendimento que, gradualmente, vem se ampliando as atividades de lazer, de cultura, esportivas, educacionais e de saúde para dar suporte as novas demandas dessa faixa crescente da população. E esse processo de transformação de conceitos deveria motivar o idoso da atualidade a continuar seus processos de aprendizagem, de internalização dos acontecimentos de percepção da própria subjetividade. De acordo com Vygotsky, aprender é um processo complexo que envolve estruturas complexas. O idoso tem maior parte de suas estruturas complexas amadurecidas, contudo só isso não garante os processos de aprendizagem. A condição cognitiva, definida pelo autor como “funções mentais” – pensamento, memória, percepção e atenção – biologicamente podem ser alteradas no processo de envelhecimento humano. Enfim, a interação social e a linguagem são elementos fundamentais para o desenvolvimento. Nesse sentido, Vygotsky define dois níveis de desenvolvimento, o real e o potencial. No primeiro considera-se aquilo que ao sujeito já sabe, o que já conseguiu aprender e no segundo nível, aquilo que o sujeito tem potencial para aprender. Entres estes dois níveis existe um espaço chamado de Zona de Desenvolvimento Proximal, que é onde o aprendizado de fato acontece através da mediação de outro sujeito. Ou seja, é nessa distância em que se trabalha aquilo que o sujeito sabe e aquilo que ele é capaz de aprender sob orientação e estimulo de um outro sujeito. Portanto, este autor entende que o sujeito não é apenas ativo, mas interativo, que a construção do aprendizado inicia de fora para dentro e esta relação é sempre mediada pela cultura e relacionada ao desenvolvimento mental superior. Vygotsky vê o sujeito em sua completude e a partir de conceitos individuais. Diz que o sujeito aprende a significar tudo aquilo que o cerca a partir de sua capacidade de compreensão e da mediação com a cultura. Assim, na minha prática profissional, acredito no idoso como um sujeito em sua totalidade, que não depende apenas de seu potencial genético para aprender, mas é a todo o momento influenciado na mediação sociedade e sujeito. Acredito que se Vygotsky tivesse vivido mais anos, talvez tivesse buscado compreender a velhice também como uma fase de aprendizado, observando o que fica mais vulnerável no complexo sistema do corpo humano e que de modo direto afetaria nos processos de internalização e nas funções mentais.

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Símbolos, linguagem, significados, sentido, são termos comumente encontrados no pensamento deste autor. Aqui é interessante mencionar o que Vygotsky entende por significado e sentido, para compreendermos uma pequena parcela daquilo que o mesmo buscava desvendar no que se refere à linguagem. Assim, velhice tem como significado uma etapa de vida que acontece mais ao fim do ciclo de vida humano. Contudo, para parte dos idosos institucionalizados o sentido da velhice é depreciativo, decadente, triste; enquanto para idosos que residem com familiares a velhice pode também ter o sentido de continuidade, experiência e sabedoria. Assim, para realizarmos uma aprendizagem eficiente e eficaz é necessário que compreendamos qual o sentido atribuído pelo sujeito a determinado signo. A família é o ambiente mais propício para a realização de trocas e aprendizagem simbólica e afetiva. Contudo, se a família não se faz presente e ativa, devemos buscar substitutos equivalentes. Enfim, quando buscamos subsídios para entender a prática psicopedagógica em espaços fora do âmbito escolar, nos defrontamos com um desafio: a produção de conhecimento e a busca por dados novos sobre outras situações. Relacionar as ideias de Vygotsky num cotidiano profissional no qual os sujeitos envolvidos têm mais de 60 anos é uma tarefa estimulante e delicada. Mas este processo é importante quando se busca ampliar os horizontes da prática profissional do psicopedagogo. Entender que na infância o sujeito vai se constituindo e se construindo em todos os aspectos é de fácil aceitação, assim como é tranquila a compreensão de que a criança é aquela que necessita aprender a viver em sociedade. Contudo, não parece simples a compreensão de que o velho não pára de aprender, mas recicla e renova as formas de assimilação e captação de informações. Falar em potencial e real, bem como de zona proximal é entender que esta é uma dinâmica contínua na vida dos sujeitos de todas as idades. Todavia o idoso nem sempre necessita de alguém “mais velho”, mas de alguém com um conhecimento diferente daquele que o mesmo construiu ao longo da própria vida. Aprender (com) e ensinar seus iguais é uma constante na vida daqueles que se relacionam com outros idosos. No contexto social brasileiro atual ouso dizer que o idoso luta diariamente para ressignificar sua existência, contudo, os conceitos cristalizados na história destes sujeitos dificilmente serão modificados, uma vez que já construíram bases sólidas nos processos mentais superiores. Outra peculiaridade na realidade do idoso são as doenças degenerativas neurológicas. A doença de Alzheimer, por exemplo, atinge no cérebro o campo específico da linguagem e da memória, de modo que o idoso passa a perder gradualmente a capacidade de escrita, fala. Outras demências também afetam o idoso, todavia, nenhuma destas situações os incapacita para a linguagem universal do afeto. Enfim, Vygotsky traz uma belíssima contribuição à sociedade, na medida em que busca conhecer e explicar os caminhos que a mente humana faz para aprender e se desenvolver. Esta é uma pequena reflexão ante o imenso universo de conceitos, ideias e contribuições deixadas por Vygotsky.

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Obras consultadas: ESSA, V. H. Teorias de Aprendizagem. Curitiba: IESDE, 2006.• TAILLE, Y.; OLIVEIRA, M. K.; DANTAS, H. Piaget, Vygotsky, Wallon: Teorias Psicogenéticas em discussão. 18. ed. São Paulo: Summus, 1992.• ZACHARIAS, V.L. Vygostsky e a educação. Disponível em: http://www.centrorefeducacional.com.br/vygotsky.html. Acesso em: 17 fev.

Para continuar o estudo do texto: reflexões após a leitura do texto Após a leitura do texto, responda as questões que seguem:

• Como a autora conceitua o processo de internalização no idoso? • A partir das considerações do texto, como você entende a aprendizagem e o desenvolvimento na pessoa idosa? Quais as particularidades na forma de aprender do idoso? • Para você, como é possível relacionar o conceito de zona de desenvolvimento proximal às estratégias de ensino na EJA? • Foi possível ressignificar a compreensão de aprendizagem nessa faixa etária?

Interface com outros textos: sistematizando os conceitos

Professor(a), os links a seguir apresentam os conceitos apresentados no texto, servindo de fundamentação teórica para apropriação desse conhecimento. https://www.youtube.com/watch?v=KwnIKDXeEdI (Lev Vygotsky – Coleção Grandes Educadores, por Marta Kohl de Oliveira – 44min) https://www.youtube.com/watch?v=_BZtQf5NcvE (Vídeo de animação, 9min)

Caderno do Idoso e o PSA: Os conceitos e a sala de aula

Professor(a), após a leitura e reflexões sobre a aprendizagem na pessoa idosa, propomos que escolha uma sequência didática do PSA da disciplina que você leciona para adequação da discussão desenvolvida a partir do artigo estudado. A sugestão é que possamos articular o intercâmbio de saberes entre os diferentes sujeitos pedagógicos da EJA.

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OBJETIVOS DA UNIDADE

Compreender o processo de aprendizagem na pessoa idosa;

Gerar, no espaço escolar, o intercâmbio de saberes entre os diferentes sujeitos pedagógicos da EJA;

Evidenciar a capacidade produtiva do idoso, realçando as possibilidades de sua inserção no mercado do trabalho.

ORIENTAÇÃO AO PROFESSOR Professor/a, as atividades que seguem podem ser vivenciadas no contexto de sala de aula, permitindo articulação com outros materiais pedagógicos produzidos pela Secretaria do Estado e destinados à da Educação de Jovens, Adultos e Idosos. Assim sendo, é possível fazer uma abordagem envolvendo todas as áreas do conhecimento que compõem o currículo da EJA, pois entendemos que o trabalho interdisciplinar e o diálogo com os Parâmetros Curriculares de Pernambuco, Parâmetros de Sala de Aula, livros didáticos etc. resultará numa experiência de aprendizagem mais enriquecedora tanto para os/as estudantes, quanto para os professores participantes. As atividades propostas, nesta unidade, compõem uma sequência didática, cuja temática relaciona aprendizagem, velhice e capacidade produtiva. Adiantamos que as sequências de atividades propostas podem e devem ser alteradas, visando os objetivos educacionais, pensado por cada professor nos contextos de suas salas de aulas.

ATIVIDADE 1: Estudo do texto OBJETIVO: Dar inteligibilidade que a capacidade produtiva está relacionada à pessoa e não à idade. TEMPO PEDAGÓGICO: 1h RECURSOS: Xerox do texto “Precisamos olhar o outro e enxergar a capacidade e não a idade”.

1º Momento: Antes da leitura - Tempestade de ideias – 20 min Professor(a), antes da leitura do texto, você pode apresentar à turma apenas o título do texto com suas respectivas fontes. A partir dessas informações os estudantes devem ser questionados quanto aos seus conhecimentos prévios sobre o assunto. Segundo Solé (1998), essa estratégia de leitura é denominada de antecipação e tem como objetivo ativar os conhecimentos prévios dos alunos e antecipar hipóteses do texto a ser lido.

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Essa atividade pode ser realizada no grande grupo e suas respostas serem anotadas no quadro. - Do que vocês acham que o texto vai tratar? (Essa e outras perguntas podem ser feitas para fazer antecipações sobre o texto a ser lido). 2º Momento: A leitura – 10min - Pode-se realizar em pequenos grupos ou coletivamente.

Texto 1 “Precisamos olhar o outro e enxergar a capacidade e não a idade” Escrito por Denise Morante Mazzaferro (*)

Imaginar tanta energia, disposição e

conectividade no primeiro momento que a

vi parecia impossível, mas a vida nos

arrebata e mostra que “Precisamos olhar o

outro e enxergar a capacidade e não a

idade”. Dona Sid nos ensina nesta frase

que a utilização da tecnologia está

disponível para todos e que, mesmo em

Itacaré – Bahia, cidade com 27.000

habitantes, conseguimos encontrar Dona

Sid, nossa “vovloggers”.

A vida nos apresenta desafios, oportunidades e, inesperadamente, nos coloca diante de grandes modelos que nos ensinam a viver e reinventar-nos. Modelos que são, cada dia mais, repertório de uma sociedade que vive o fenômeno da Longevidade.

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Foi nesse contexto que conheci Sidnalva Souza Borges, Dona Sid, em Itacaré – BA. Nascida em novembro de 1957 em Itapé – BA, é viúva em 3 casamentos, teve 5 filhos, 11 netos e 2 bisnetos. Dona Sid é guia cadastrada na Associação de Itacaré há 4 anos e faz diariamente a trilha da Prainha, chegando a guiar mais de um grupo. Quando chegamos à praia da Ribeira, no ponto em que se inicia a trilha para a Prainha fui abordada por Dona Sid que me perguntou se faríamos a trilha, em quantos éramos e nos explicou como funcionava o serviço. No local haviam vários outros guias, todos homens e mais jovens. Reconheço que acreditei que ela era apenas a responsável pela venda do serviço e perguntei: “Podemos fechar, mas é a senhora quem nos guiará?” E então, Dona Sid me respondeu prontamente com toda sua experiência e alegria de viver: “Lógico que sou eu, você tem que olhar para mim e enxergar minha capacidade e não a minha idade!” A trilha tem 3 km de trechos maravilhosos com muitas subidas e descidas e a previsão de duração era de 40 minutos. Conseguimos concluir o trajeto, guiados por Dona Sid, 58 anos de idade, em 32 minutos. Sua energia era contagiante! Por mais de uma vez ela dizia ao surfista que nos acompanhava e estava logo atrás dela: “Adoro guiar gente jovem porque o ritmo da caminhada tem que acompanhar quem está colado ao guia!” Além de nos mostrar a paisagem, nossa guia estava durante todo o tempo preocupada com a nossa segurança e também com a preservação da natureza. Por mais de uma vez parou para recolher latinhas e lixo deixados por turistas: “A beleza deste lugar é uma dádiva de Deus, a limpeza é nossa obrigação!” Paramos em um mirante para apreciar a paisagem e Dona Sid nos recomendou que tirássemos fotos com os celulares. Ela manuseou diversos modelos de aparelhos, elogiando o avanço da tecnologia e a qualidade das imagens. Dona Sid interrompeu seus estudos na 6ª. série mas isso nunca a impediu de trabalhar da maneira que podia para ajudar sua família ou de descobrir as novidades da tecnologia que a auxiliam no seu trabalho hoje. Foi babá, auxiliar de limpeza de uma agência do Banco Itaú em Itabuna, e recicladora em Itabuna e também em Itacaré. Mas conta que esta era uma tarefa difícil porque carregava muito peso. Com o fechamento da ONG em que trabalhava, resolveu se tornar guia de turismo: “Foi muito difícil no início, porque já tinha 55 anos e era a única mulher nesta profissão. Ainda hoje tem uns homens que não gostam que eu esteja fazendo isso”. Depois de seus primeiros passeios, Dona Sid conseguiu realizar um sonho: comprar seu primeiro celular! “Foi uma alegria só, porque eu podia falar com meus filhos e

Dona Sid interrompeu seus estudos na 6ª. série mas isso nunca a impediu de trabalhar da maneira que podia para ajudar sua família ou de descobrir as novidades da tecnologia que a auxiliam no seu trabalho hoje. Foi babá, auxiliar de limpeza de uma agência do Banco Itaú em Itabuna, e recicladora em Itabuna e também em Itacaré. Mas conta que esta era uma tarefa difícil porque carregava muito peso. Com o fechamento da ONG em que trabalhava, resolveu se tornar guia de turismo: “Foi muito difícil no início, porque já tinha 55 anos e era a única mulher nesta profissão. Ainda hoje tem uns homens que não gostam que eu esteja fazendo isso”.

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netos que moram longe e também conhecer gente nova além de falar com meus clientes. Falo com gente pelo zap até de Santa Catarina”. “Se eu me descuidar fico no meu celular e não vejo os turistas passarem, por isso tem vezes que guardo o aparelho para vender meu trabalho. Eu mexo tanto no meu celular que tem vezes que ele até trava, preciso pedir para minhas filhas destravarem. Por outro lado, ele me ajuda, porque no meu cartão deixo meus números e meus clientes podem me indicar para os amigos que já marcam o passeio comigo com antecedência pelo whats. Além disso, tenho facebook mas prefiro mexer no tablet do meu neto. Quando tenho dúvidas, resolvo com a minha filha Jordânia. As vezes passo horas me distraindo com tudo o que eles me ensinam”, fala sorrindo.

Imaginar tanta energia, disposição e conectividade no primeiro momento que a vi parecia impossível, mas a vida nos arrebata e mostra que “Precisamos olhar o outro e enxergar a capacidade e não a idade”. Dona Sid nos ensina nesta frase que a utilização da tecnologia está disponível para todos e que, mesmo em Itacaré – Bahia, cidade com 27.000 habitantes, conseguimos encontrar Dona Sid nossa “vovloggers”.

Dona Sid termina a entrevista me dizendo que aproveita muito mais a vida hoje porque com a experiência, aprendeu a viver as coisas boas e contornar os problemas. Seu desejo é viver até os 120 anos e completa: “Guiarei meu último turista aos 70 anos e adivinha se não vou postar isso no meu face!” (*)Denise c Mazzaferro - Mestre em Gerontologia PUC-SP, Pós graduação em Marketing ESPM. Sócia da Angatu IDH - Angatu Integração e desenvolvimento humano. Membro da Rede de Colaboradores do Portal do Envelhecimento. Email:[email protected]. Disponível em: <http://www.portaldoenvelhecimento.com/trabalho/item/4128-%E2%80%9Cprecisamos-olhar-o-outro-e-enxergar-a-capacidade-e-n%C3%A3o-a-idade%E2%80%9D> Acesso em: 01 ago. 2016.

3º Momento: Depois da leitura – 40min Nesse momento, deve-se retomar as hipóteses, estabelecendo o diálogo com o texto lido. O professor poderá fazer as questões que seguem:

- As expectativas/hipóteses em relação ao tema foram comprovadas? - Do que trata o texto? - Quais as ideias centrais do texto? - É possível a troca de saberes e conhecimentos entre gerações? Como? - Argumente contra ou a favor da fala de D. Sid. “Lógico que sou eu, você tem que olhar para mim e enxergar minha capacidade e não a minha idade!”.

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ATIVIDADE 2: Curta o curta! OBJETIVO: Conhecer diferentes possibilidades de capacidade produtiva na velhice. TEMPO PEDAGÓGICO: 1h30min (aproximadamente) RECURSOS: Data show, caderno, papel ofício, lápis e caneta. 1º Momento: Exibição do curta - 30min - Professor(a), coloque o título do vídeo no quadro e pergunte sobre o que trata o vídeo. Anote algumas respostas e, logo em seguida, exiba o vídeo. Curta: D. Jandira, sou 60 – 28” Disponível em: <https://youtu.be/lN5HRX8fU2E>. Acesso em: 3 ago. 2016. D. Jandira – Sou 60 Neste programa contamos a trajetória de "Dona Jandira", 77 anos, cantora alagoana que, após muitos anos como professora e aposentada, tornou-se empreendedora e descobriu vários talentos. Ana Amélia Camarano, demógrafa do Ipea e referência em pesquisas sobre o envelhecimento populacional e o advogado especialista em direito previdenciário, Roberto Carvalho, explicam sobre a aposentadoria no Brasil. (resenha de apresentação do vídeo no canal Sou 60 – youtube)

2º Momento: Apreciação oral do curta- 20min

Professor(a), providencie um projetor para

a exibição do curta: D. Jandira -Sou 60

- Professor(a), ao finalizar a exibição, solicite que os/as estudantes façam apreciação do vídeo, justificando suas impressões oralmente.

- Antes de passar ao terceiro momento, relembre os principais pontos do texto 1.

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3º Momento: Estabelecendo diálogo entre o texto e o curta (40min) - A intertextualidade exerce um importante papel para a compreensão leitora. Pensando nisso, sugerimos que nesse momento os/as estudantes possam estabelecer conexões a partir de diferentes linguagens a respeito de um mesmo tema. - Após a apreciação oral, organize os/as estudantes em grupos para responder as questões sugeridas ou as que desejar. É importante que nos grupos hajam componentes de diferentes idades para, em pequenos grupos, fomentar o debate intergeracional. - Em seguida, solicite que façam a socialização no grande grupo.

a) Suas expectativas quanto ao tema tratado foram comprovadas? b) Que temas são tratados no curta? c) Que temas são comuns no texto 1 e no Curta? d) Que temas são diferentes? e) As experiências de vida tratadas no texto e no curta lhe inspiram a fazer uma nova leitura sobre a terceira idade? f) Como os jovens adultos veem isso? E os idosos? g) É necessário que, logo na juventude, pensemos no envelhecimento? Se sim, por quê? h) É possível aprender e ser produtivo na terceira idade?

ATIVIDADE 3: Conexão com outros países OBJETIVO: Refletir sobre a capacidade produtiva na fase do envelhecimento em outras cidades e países. TEMPO PEDAGÓGICO: 4h RECURSOS: Computador, banda larga, cadernos, canetas, cartolina e piloto.

1º momento: Leitura coletiva do texto

- Professor/a, o texto trata da capacidade produtiva e sua

relação com o mundo do trabalho na terceira idade por

meio da experiência do País de Gales.

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Texto 2 Trabalhadores mais velhos: obstáculos ou vantagens? Escrito por Scott Waddington(*) Em algum momento, durante os anos 1970 e 1980, ocorreu uma grande mudança no mercado em relação aos trabalhadores mais velhos. Como a maré da tecnologia aumentou e a estrutura da indústria mudou, aqueles que anteriormente tinham sido respeitados como os detentores de habilidades, experiência e até mesmo de sabedoria, chegam a ser considerados cada vez mais como obstáculos no caminho do progresso.

As empresas devem abraçar as oportunidades apresentadas pelos funcionários que permanecem no ramo de trabalho por mais tempo, Scott Waddington escreve. Em algum momento, durante os anos 1970 e 1980, ocorreu uma grande mudança nas atitudes das pessoas em relação aos trabalhadores mais velhos.

Como a maré da tecnologia aumentou e a estrutura da indústria mudou, aqueles que anteriormente tinham sido respeitados como os detentores de habilidades, experiência e até mesmo de sabedoria, chegam a ser considerados cada vez mais como obstáculos no caminho do progresso. O fenômeno da aposentadoria antecipada tornou-se cada vez mais comum agora que as empresas têm tido seus tamanhos reduzidos e evoluíram em diferentes tipos de operações e e, inclusive, mais jovem, supostamente mais adaptável, em que a equipe, também mais jovem, tornou-se altamente valorizada em muitos aspectos. Este culto à juventude tem aumentado em toda a indústria, já que os avanços tecnológicos têm acelerado e nativos digitais têm se encaixado em muitas ocupações recém-criadas. Tendência insustentável No entanto, percebemos após poucos anos que a tendência de trabalhadores se tornarem obsoletos com seus 50 anos é simplesmente insustentável. Mais do que isso, ficou claro que esse processo deve ser eliminado e que devemos sim inverter essa tendência se quisermos evitar um buraco negro das principais habilidades de nossa força de trabalho ao longo da próxima década. Visto da perspectiva do Reino Unido, os números são gritantes. Ao longo dos próximos 10 anos, 13,5 milhões de ofertas de emprego irão se abrir por meio de novos cargos que estão sendo criados ou através de pessoas que deixarão a força de trabalho e que precisarão ser substituídos. Por outro lado, pouco mais da metade desse número - sete milhões - vão deixar a escola e entrar no ambiente de trabalho.

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Business in the Community identificou mais de um milhão de pessoas com idade superior a 50 anos que foram, na realidade, expulsas do mercado de trabalho por questões de saúde ou redundância. Quando eles saem, levam consigo um oceano de habilidades e experiência. No País de Gales temos 205.000 pessoas com 50 anos ou mais e que são economicamente inativas, muitas das quais estão dispostas e são capazes de trabalhar, mas que enfrentam múltiplas barreiras para recuperar o emprego. Sem uma mudança nas atitudes e abordagem, o número continuará crescendo na medida que a proporção de idosos da população em geral também aumentará acentuadamente.

Enorme desafio Estima-se que pelo menos 60.000 dos inativos com mais de 50 anos no País de Gales poderiam voltar a trabalhar muito facilmente com o apoio certo. Mas ainda mais importante, empregadores enfrentam o desafio de reter o número muito maior de idosos ainda ativos. O Governo do país reconheceu este enorme desafio e o Comitê Empresas e Negócios realizou um inquérito aprofundado sobre as formas pelas quais as pessoas podem permanecer no trabalho por mais tempo. Constatou-se que quase 36% das pessoas com idades entre 50-64 no País de Gales estão fora da força de trabalho. Isso significa uma quantidade imensa de habilidades e experiências sendo desperdiçadas, justo quando são tão necessárias. A campanha Governo Galês Envelhecendo Bem no País de Gales enfatiza a importância de pessoas mais velhas terem a oportunidade de treinar e prolongar as suas vidas produtivas.

Sabemos que regimes de pensões de hoje funcionam de tal forma que mais pessoas serão forçadas pelas circunstâncias financeiras a trabalhar além da idade tradicional de aposentadoria de 65 anos e que a idade de saída típica continuará subindo em direção aos 70 e mais. Os empregadores precisam abraçar esta situação, não só como um fato da vida, mas como uma grande oportunidade de negócio.

Se no geral o(a) trabalhador(a) está cada vez mais suscetível a trabalhar até que ele ou ela possua quase 70, então alguém que está apenas com 50 tem quase metade de uma vida de trabalho à frente deles. Como tal, os empregadores devem perceber quais são as competências que os indivíduos necessitam para tornar a próxima fase de sua vida de trabalho mais produtiva e satisfatória. Os insights, maturidade e experiência do trabalhador mais

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velho devem ser convertidas por meio de treinamento em uma vantagem sólida para as empresas. Desmitificando Uma desmitificação será necessária ao longo do caminho; ao se reconhecer que os trabalhadores mais velhos, na verdade, faltam menos por doenças do que os mais jovens e que, quando dada a oportunidade, a maioria deles querem abraçar novas tecnologias e novas habilidades. Acrescente a isso a capacidade de muitos deles em orientar uma nova geração de trabalhadores e empregadores, é nítida a quantidade enorme de valor em manter aqueles que possuem mais de 50. Eu fiquei muito feliz ao ler uma história recente da empresa siderúrgica Newport que continuou pagando seus 150 trabalhadores mais fortes - muitos em seus 50 e 60 anos - por 18 meses enquanto a empresa estava parada, pois percebeu que não seria capaz de obter aquela habilidade e experiência de volta quando o mercado voltasse a crescer. Todos eles estão agora muito felizes de voltar ao trabalho e são raros os que estão falando em se aposentar. Realisticamente, são poucas as empresas que podem se dar ao luxo de fazer isso, mas certamente faz sentido investir na construção e adaptação das competências dos trabalhadores mais velhos para aumentar a competitividade e ajudar a evitar um déficit de competências que se aproxima. A pesquisa mostra que apenas 31% dos empregadores têm uma estratégia de RH para gerenciar sua força de trabalho mais velha, apesar dos números que mostram que eles vão precisar desesperadamente de suas habilidades e compromisso nos próximos anos. Tais estratégias não devem apenas se concentrar em manter aqueles que já estão a bordo, mas deve assegurar que as práticas de recrutamento deem oportunidades para as pessoas mais velhas para competir de forma igual pelas vagas de emprego. Claramente, mais empregadores precisam dar prioridade a esta questão. Com o apoio certo, incentivo e treino não há nenhuma razão pela qual a maioria dos que têm mais de 50 anos não poderem continuar a trabalhar da mesma forma produtiva como têm feito nos 30-40 anos anteriores. Alguns podem precisar de flexibilidade do seu empregador para que este permita a demanda de cuidado com a saúde, mas, dada essa flexibilidade, eles não devem ser menos produtivos do que colegas mais jovens. Com o tempo, os locais de trabalho multigeracional devem tornar-se a norma, com jovens e pessoas de 70 anos de idade trabalhando lado a lado e, espero, que beneficiem com as diferentes perspectivas e coletivamente contribuam para uma operação mais produtiva. Os trabalhadores mais velhos são potencialmente uma vantagem importante para os empregadores e, com tantos benefícios sociais e de saúde que vêm de emprego de boa qualidade, a sociedade inteira e a economia deverão se beneficiar também.

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(*)Scott Waddington é Comissário do País de Gales na Comissão do Emprego e Competências no Reino Unido. Ele também é presidente da SA Brain & Co. Última modificação em Sexta, 18 Março 2016 Disponível em: <http://www.portaldoenvelhecimento.com/trabalho/item/3972-trabalhadores-mais-velhos-obstaculos-ou-vantagens> Acesso em: 09 ago. 2016.

2º Momento: Júri simulado

3º Momento: Trabalho na terceira idade nos municípios Pernambucanos

Pesquisa Pesquisar na internet a participação do idoso nos municípios que estão no entorno da cidade onde os estudantes residem. O material de pesquisa poderá servir para embasar o diálogo com a atividade seguinte.

Palestra Essa palestra deve ser realizada por um especialista que deve tratar da temática da unidade.

Sugestão de textos: CLOS, M. B. Algumas considerações sobre a teoria de Vigotsky e o processo de aprendizagem na velhice. São Paulo: Portal do Envelhecimento, 2007 (Artigo). Disponível em: <http://www.saocamilo-sp.br/pdf/mundo_saude/90/17.pdf>. Acesso em: 3 ago. 2016. Sugestões de sites: http://www.portaldoenvelhecimento.com/trabalho/item/4128-%E2%80%9Cprecisamos-olhar-o-outro-e-enxergar-a-capacidade-e-n%C3%A3o-a-idade%E2%80%9D http://www.portaldoenvelhecimento.net/artigos/artigo2891.htm

Professor(a), organize um Júri simulado na sala

de aula para tratar a temática sobre o trabalho na

terceira idade no País de Gales e no Brasil. Para

tanto, você pode utilizar os textos disponíveis

nessa unidade ou em outros materiais de

pesquisa.

- Os dias que antecedem o Júri Simulado devem

ser precedidos de diferentes atividades, além das

sugeridas nessa unidade.

- Um grupo deve argumentar a favor e outro contra.

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UNIDADE 4: DIREITOS DO IDOSO NA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA

Fonte14

Pensando sobre o tema:

Fonte15

14

Disponível em: <http://www.diarioregionaljf.com.br/cidade/4875-caminhada-reuniu-idosos-em-defesa-de-direitos-e-combate-a-violencia>. Acesso em: 29 jul. 2016. 15

Disponível em: <http://www.entendeudireito.com.br/2015/01/estatuto-do-idoso-direitos.html>. Acesso em: 29 jul. 2016.

Professor/a, o texto que segue visa oferecer uma visão acerca

da temática tratada nesta unidade: direitos da pessoa idosa.

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Fonte16

OBJETIVOS DA UNIDADE: • Conhecer os instrumentos legais que afirmam ser a família, a sociedade e o Estado os responsáveis pela garantia ao idoso de todos os direitos de cidadania; • Subsidiar o empoderamento da pessoa idosa, a partir do conhecimento da legislação brasileira. ORIENTAÇÃO PARA O PROFESSOR Professor(a), as atividades que seguem podem ser vivenciadas no contexto de sala de aula, e permite uma abordagem por todas as áreas do conhecimento que compõem o currículo da EJA. É desejável, porém, que seja feito um trabalho interdisciplinar, pois acreditamos que enriquecerá a atividade.

16

Disponível em: <http://baraodemaua.br/comunicacao/publicacoes/pdf/direitos_especiais_idosos.pdf> Acesso em: 29 jul. 2016.

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ATIVIDADE 1: Resgate de conhecimentos prévios OBJETIVO: Resgatar conhecimentos prévios sobre direitos da pessoa idosa. TEMPO PEDAGÓGICO: 30min RECURSOS: Lápis e papel

- Inicie conversando com os/as estudantes sobre o que eles sabem a respeito dos direitos da pessoa idosa; - Forme pequenos grupos e distribua folhas de papel para que eles/as escrevam as suas considerações sobre o tema proposto. Em seguida, realize a socialização das respostas e sistematize as informações.

ATIVIDADE 2: Leitura e reflexão OBJETIVO: Reconhecer a necessidade de mudança no tratamento com o envelhicimento. TEMPO PEDAGÓGICO: 2 aulas RECURSOS: Xérox do texto

Direitos do idoso: entre as leis e a realidade, um abismo Rosana Beraldi Bevervanço

Contamos nós, brasileiros, com avançada legislação de proteção dos direitos dos idosos, mas uma contrastante realidade de desrespeito em relação a eles. Com efeito, o Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741, de 1º/10/2003) traz princípios valiosos: o envelhecimento como direito personalíssimo e sua proteção como direito social; responsabilidade partilhada entre família, sociedade e poder público; obrigação do Estado em garantir a proteção à vida e à saúde, mediante efetivação de políticas sociais públicas que permitam um envelhecimento saudável e em condições de

Professor/a, realize uma leitura colaborativa do texto. Terminada a leitura, discuta algumas questões que seguem após o texto.

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dignidade; direito à convivência familiar e comunitária, impondo a interpretação da excepcionalidade do asilamento etc. Naturalmente que tais direitos encontraram fonte constitucional, com a previsão dos artigos 226 e 230 da Constituição de 1988. O aprimoramento legislativo na área é necessidade inegável, contudo, não é imprescindível para a tutela de direitos. Em outras palavras, não é por falta de lei – e lei de qualidade – que vemos tanta desatenção ao envelhecimento digno. A prática do Ministério Público – erigido no estatuto como um dos defensores dos direitos da população idosa – mostra um enorme abismo entre todos os direitos previstos e a difícil situação de uma população crescente. Há mais de uma década, é sabido que o Brasil terá a 6ª população mundial de idosos em 2025, mas o que se vê é a predominância da violência dentro das famílias (negligência, abandono, abusos físicos, psicológicos e financeiros etc.), uma sociedade preconceituosa e um Estado ineficaz em efetivar as tão necessárias políticas públicas. Por exemplo, sendo o asilamento exceção (apenas para idoso sem família ou quando esta comprovadamente não tem condições de atendê-lo), é imperiosa a implantação de formas alternativas de atendimento, como casa-lar, centro de convivência, centro-dia. Este último é uma formidável e nobre solução para famílias que não podem cuidar o dia todo do idoso, pois há atividades diurnas e retorno para o meio familiar. Estar inserido plena e respeitosamente na família e na comunidade: eis o ideal. Contudo, uma pesquisa realizada pelo Ministério Público do Paraná e pelo Conselho Estadual dos Direitos do Idoso mostrou que 73,16% dos municípios paranaenses não contam com nenhuma dessas formas alternativas de atendimento. O resultado disso? Muitos idosos estão asilados sem que sejam clientela dessa forma de atendimento, ou estão mal atendidos em famílias sem condição de contratação de cuidador com preparo profissional para tanto, quando se acha algum. É inacreditável que muitos gestores públicos ainda não tenham assimilado a excepcionalidade do asilamento e os benefícios das formas alternativas que buscam a integração familiar e social, muito mais baratas e saudáveis. Avançar nesse aspecto demanda menos recursos públicos, evitando as despesas até mesmo com saúde, porque, por óbvio, quem é feliz adoece menos. Nas famílias, a violência cresce: negligência nos cuidados básicos, abandono, violência física e psicológica e, numa progressão assustadora, o abuso financeiro – talvez por vivermos um consumismo patológico acompanhado de modelos de beleza excludentes e empobrecimento nos aspectos afetivo e ético. Resultado? Várias famílias avançam sobre aposentadorias e pensões de familiares idosos, e estes, fazendo até mesmo muitos empréstimos consignados, destinam a terceiros tudo que recebem, prejudicando inclusive a compra de medicamentos. Aliás, embora sendo perceptível o aumento da violência contra a pessoa idosa – que é, em tese, menos resistente ao cometimento do crime, assim como a criança, o adolescente e a mulher (estes três contam com delegacias especializadas) –, não existe ainda a Delegacia do Idoso, perdendo o Paraná para estados menores e economicamente menos dinâmicos. Em consequência, o promotor de Justiça vive uma diária perplexidade ao se deparar, de um lado, com a crescente demanda de atuação e, de outro, a falta de

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conscientização da família e da sociedade, bem como a debilidade da infraestrutura social decorrente da inação do Estado (em sentido amplo), de quem se espera que leia os sinais sociais, se antecipe, planeje e enfrente as questões sociais, cumprindo o princípio constitucional da eficiência da administração pública. Em resumo, falta de sensibilidade, ética, valores, inteligência e eficiência. Nessa ordem. Entre o texto da lei e a realidade, está o trabalho diário e incansável do promotor de Justiça, buscando fazer com que a segunda se aproxime da primeira, para o bem de muitos que, por óbvio, não podem esperar. Notícias boas? Sim, há. Percebe-se a crescente conscientização de alguns setores e a mobilização via conselhos municipais de direitos e organismos sociais. Nossa nação será mais madura em pouco tempo, e as cidades terão que ser mais acessíveis, o consumo sofrerá mudanças, as relações humanas precisarão ser repensadas, e, politicamente, nas próximas eleições, o tema inevitavelmente deve ser enfrentado, tudo a nutrir a esperança de mudança de tratamento com o envelhecimento. Vamos refletir um pouco:

a. Qual o assunto abordado no texto?

b. Você já presenciou alguma dessas violações de direitos da pessoa idosa? Como foi?

c. Como você se sentiu? d. Que sugestões você daria para que uma mudança no tratamento para

com a pessoa idosa?

ATIVIDADE 3: Leitura e produção escrita OBJETIVO: Identificar, no Estatuto do Idoso, quais direitos do idoso têm sido menos respeitados e quais têm sido mais respeitados. TEMPO PEDAGÓGICO: 2 aulas RECURSOS: Cópias do Estatuto do Idoso, cartolina, e lápis piloto.

Leitura

Divida os alunos em duplas e distribua os textos para leitura.

Primeiro peça para os/as estudantes realizarem uma leitura silenciosa, depois realize uma leitura colaborativa.

Produção escrita

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Em pequenos grupos, peça para os/as estudantes fazerem um cartaz mostrando quais direitos do idoso têm sido menos respeitados e quais têm sido mais respeitados.

ATIVIDADE 4: Escuta de música OBJETIVO: Identificar como a pessoa idosa precisa ser vista pela sociedade. TEMPO PEDAGÓGICO: 30min RECURSOS: Data show e computador com internet ou caixa de som. Escuta de música (videoclipe) - Temos algumas músicas que tratam da temática do idoso. Que tal ouvirmos uma delas? A terceira idade

Leci Brandão A terceira idade, é a felicidade A terceira idade, é a voz da verdade (bis) Não faz só tricôt e bolinho vai a praia e tome um chopinho também gosta de ouvir um chorinho e um pagode legal Faz um grupo e sai por aí o negócio é se divertir o amor é pra se dividir alegria geral A terceira idade, é a felicidade A terceira idade, é a voz da verdade (bis) Está sempre na academia faz coisa que eu não fazia no entanto não perde a mania de me aconselhar faz doce de côco e pudim ensina tudinho pra mim faz tudo tim tim por tim tim ela é de arrasar A terceira idade, é a felicidade A terceira idade, é a voz da verdade (bis) Não faz só tricôt e bolinho vai a praia e tome um chopinho

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também gosta de ouvir um chorinho e um pagode legal Faz um grupo e sai por aí o negócio é se divertir o amor é pra si dividir alegria geral A terceira idade, é a felicidade A terceira idade, é a voz da verdade (bis)

Atividade escrita

a. O que a letra dessa música fala sobre a pessoa idosa? b. Quais direitos podem ser observados nessa letra? c. O que a autora quis dizer com a frase “A terceira idade, é a voz da verdade”? d. Que atividades são citadas na letra justificando que a terceira idade é a felicidade?

ATIVIDADE 5: Documentário OBJETIVO: Reconhecer o lugar do idoso na sociedade TEMPO PEDAGÓGICO: 40min RECURSOS: Data show e computador com internet.

Vídeo (duração: 11’40’’) Documentário: O Lugar do Idoso na Sociedade Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=s1mdB4gD0rw

Após assistirem ao vídeo, organize os/as estudantes numa roda de conversa e reflitam sobre essas questões:

a) Sobre o que o documentário discute? b) O que leva a pessoa idosa a sentir-se desvalorizada? c) Como os jovens devem olhar para a pessoa idosa? d) “O idoso acumulou uma sabedoria de vida que é uma sabedoria viva ...”. O que você acha dessa afirmação? e) Como a relação intergeracional ajuda o jovem e a pessoa idosa? f) “... um ser humano que não tem memória (...) acaba perdendo a sua identidade...”, g) Qual a importância da família para a terceira idade? Como tem se dado a relação entre família e idoso(a)? h) Que contribuições os idosos podem oferecer à sociedade? i) Qual é a mensagem que o documentário deixou para você?

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ATIVIDADE 6: Observação de imagens OBJETIVO: Identificar como o idoso pode se empoderar. TEMPO PEDAGÓGICO: 20min RECURSOS: Figuras Observe as imagens:

Fonte17

Fonte18

Fonte19

Fonte20

17

Disponível em: < http://www.campos.rj.gov.br/exibirNoticia.php?id_noticia=26534 > Acesso em: 30 mar. 2017. 18

Disponível em: https://telecentrovilafatima.files.wordpress.com/2010/08/p1030833.jpg > Acesso em: 30 mar. 2017. 19

Disponível em: <http://www.radioampere.com.br/2013/noticias/parana/matriculas-para-educacao-jovens-e-adultos-vao-ate-fevereiro-290.html>. Acesso em: 12 de abr. 2016. 20

Disponível em: <http://www.vermelho.org.br/noticia/265487-10>. Acesso em: 12 de abr. 2016.

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Para reflexão

a. O que essas imagens nos mostram? b. Podemos dizer que nessas imagens temos os direitos da pessoa idosa sendo respeitados? c. Há empoderamento nessas pessoas? Explique.

Refletir sobre os efeitos do empoderamento na terceira idade. O que é empoderamento? Empoderar significa “fornecer subsídios para que estes possam ultrapassar os limites da consciência ingênua, tornando-se cidadãos críticos e conscientes de sua posição enquanto indivíduo histórico, situado” (MEIRELLES E INGRASSIA, 2006, p. 3) . Para auxiliar no empoderamentro da pessoa idosa, e levá-la à consciência crítica, é necessário que se promova a sua participação ativa e consciente na sociedade, para que ela possa romper as barreiras da exclusão, dos estereótipos e dos preconceitos em relação a ela. Segundo Schiavo e Moreira (2005) , empoderar supõe uma reflexão e uma tomada de consciência em relação à sua condição atual, das mudanças que deseja realizar e da condição social que quer construir. Significa uma mudança de atitude que leva a uma mudança de postura. Para Freire e Shor (1986), o empoderamento possibilita a transformação cultural dos sujeitos. Sugestões de videoclipes: Maratona de atualidades. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=TG5epodTDLo > Acesso em: 12 abr. 2016. Novos idosos, velhos desafios - Caminhos da Reportagem. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=PCgvqiuQWuQ> Acesso em: 12 abr. 2016 Documentário - Respeito e Valorização do Idoso. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=KvyriPdYrRY> Acesso em: 12 abr. 2016. Sugestões de sites: http://idososeseusdireitos.blogspot.com.br/ https://www.aterceiraidade.com/direito-do-idoso/direito-do-idoso/

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http://mdemulher.abril.com.br/familia/m-trends/4-direitos-do-estatuto-do-idoso-que-todos-devem-conhecer http://www.sdh.gov.br/noticias/2016/abril/protagonismo-e-empoderamento-da-pessoa-idosa-sao-destaques-na-abertura-da-4a-conferencia-dos-direitos-da-pessoa-idosa http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/infantil/direitosdoidoso.htm Sugestões de textos: A PESSOA IDOSA E OS SEUS DIREITOS: INFORMAÇÕES E ORIENTAÇÕES / VÁRIOS AUTORES. - Curitiba: SEED/PR., 2013. Disponível em <http://www.dedihc.pr.gov.br/arquivos/File/IdosoeSeusDireitosONLINE.pdf> Acesso em: 13 abr. 2016. Revista dos Direitos da Pessoa Idosa: o compromisso de todos por um envelhecimento digno no Brasil. Presidência da República; Secretaria de Direitos Humanos. Brasília/DF, 2011. Disponível em: <http://www.rcdh.es.gov.br/sites/default/files/Revista_DireitosPessoa_Idosa.pdf> Acesso em: 13 abr. 2016.

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Hino do Idoso Kleber Santos Quando me ponho a pensar Nos dias maus que se passaram Fico então admirar O que os idosos conquistaram Eles mostraram seu valor E querem agora o seu penhor Refão; 2X o idoso tem o seu valor Gritemos todos sem cessar ele é um professor Minha homenagem eu quero dar O estandarte levantou no vigor de seu viver Nunca a um filho negou Nem dinheiro e nem saber Só foi Deus quem amou Esse idoso pra valer Refão; 2X o idoso tem o seu valor Gritemos todos sem cessar ele é um professor Minha homenagem eu quero dar A jornada não termina com idoso a viver ao ver mexer a retina ele é gente pra valer se a voz ele soltar o respeito tem que ter Refão; 2X o idoso tem o seu valor Gritemos todos sem cessar ele é um professor Minha homenagem eu quero dar.

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UNIDADE 5: A MELHOR IDADE: O FAZER DA VIDA UM DELEITE

Fonte21

Pensando sobre o tema:

Benefícios do lazer na terceira idade por Elisandra Vilella G. Sé

21

Disponível em: < http://www.surubimnews.com.br/grupo-de-idosos-de-surubim-participa-de-excursao-em-recife/> Acesso em 19 mai. 2017.

"O lazer na terceira idade tem o objetivo de despertar as potencialidades dos idosos para aspectos criativos e sociais, estimulando a socialização, o compartilhar de experiências, a sensibilidade, as emoções, a comunicação, o aprendizado de coisas novas, permitindo-lhes uma

vida ativa sem obrigações..."

Uma das modificações que ocorrem na vida social das pessoas idosas é o aumento considerável do tempo livre que as pessoas adquirem principalmente com o processo da aposentadoria. Esse tempo pode ser aproveitado de diferentes maneiras com outras práticas que não as ocupacionais, sendo uma delas as atividades de lazer.

Professor(a), este texto que segue visa oferecer

uma visão acerca da temática tratada nesta

unidade: lazer.

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O lazer é definido pelo sociólogo francês Joffre Dumazedier como sendo o tempo que cada um tem para si. Representa o conjunto de ocupações não obrigatórias às quais o indivíduo pode se entregar de bom grado, seja para repousar, para se divertir, para desenvolver sua informação ou formação desinteressada, sua participação social ou sua livre capacidade criadora, depois de liberado de suas obrigações profissionais, familiares e sociais. Assim, o lazer para a pessoa idosa constitui uma ocupação do tempo livre, a realização de atividades sem obrigatoriedade e acima de tudo de livre escolha. Com o processo de envelhecimento surgem mudanças nos interesses, nas preferências relacionadas às atividades de lazer. Observa-se uma diminuição de responsabilidade em tarefas domésticas e profissionais, porém nem sempre aumenta de forma significativa o interesse do idoso por atividades de lazer. Tempo livre e tempo desocupado É interessante conceituar “tempo livre” e “tempo desocupado”. O tempo livre permite a pessoa realizar o lazer isento de obrigações de qualquer natureza, é o tempo que cada uma tem para si, para fazer o que gosta, para conviver com quem você gosta, já o tempo desocupado pode se entendido como um período flutuante no qual o indivíduo não consegue ingressar no mercado de trabalho. Dentro desse contexto o lazer deve ser diferenciado de algumas definições estabelecidas pela sociedade: O lazer não se opõe ao trabalho, é um complemento do trabalho. Excluem-se dele todas as atividades relacionadas a trabalhos profissionais, desvinculado de fins lucrativos, de trabalhos suplementares ou que complementam a atividade doméstica, atividades de manutenção (alimentação, sono, higiene, etc.) e tarefas de cunho obrigatório no âmbito familiar, sociais. O lazer não pode ser confundido com ociosidade. O lazer corresponde a uma liberação periódica do fim do dia, da semana, do ano (período de férias) ou da vida funcional (aposentadoria). Lazer é um valor novo, surgido neste século com a formação da sociedade industrial. Corresponde a um tempo de liberação e de prazer em que os indivíduos escolhem uma atividade de acordo com critérios prioritários e interesses pessoais. Atualmente, com a evolução técnico-científica podemos ser produtivos mesmo não trabalhando tanto e tendo maior tempo livre, que poderia ser utilizado para o lazer. O lazer é a busca de um estado de satisfação, entendido como um fim em si mesmo por responder às necessidades individuais em contraposição às obrigações impostas pela sociedade. O lazer envolve diferentes áreas de interesse que são procuradas pelos idosos de acordo com seu nível social, cultural e profissional. Interesses físicos, interesses práticos, interesses artísticos, interesses intelectuais e interesses sociais. O mais importante é despertar no idoso a motivação em ocupar seu tempo livre conquistado após anos de trabalho, dedicação e contribuição. Devemos auxiliar o

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idoso na manutenção de seu equilíbrio físico e social, afastando-o do processo de isolamento, da vulnerabilidade a doenças. O lazer na terceira idade tem o objetivo de despertar as potencialidades dos idosos para aspectos criativos e sociais, estimulando a socialização, o compartilhar de experiências, a sensibilidade, as emoções, a comunicação, o aprendizado de coisas novas, permitindo-lhes uma vida ativa sem obrigações, com mais satisfação e qualidade, sendo valorizados e respeitados pela sociedade. Vamos refletir um pouco:

1. Como o lazer é definido pelo sociólogo francês Joffre Dumazedier?

2. Qual a diferença entre tempo livre e tempo desocupado?

3. Quais as definições para lazer estabelecidas pela sociedade?

4. Quais as áreas de interesse envolvidas no lazer?

5. Qual é o objetivo do lazer na terceira idade?

OBJETIVOS DA UNIDADE

• Reconhecer as especificidades inerentes à terceira idade;

• Identificar os benefícios do lazer para a terceira idade;

• Reconhecer o lazer como um meio de despertar as potencialidades da

pessoa idosa para aspectos criativos e sociais;

• Compreender o lazer como oportunidade de socialização, de compartilhar

experiências, de aprender coisas novas, que levam a uma vida ativa.

ORIENTAÇÃO PARA O PROFESSOR

Professor/a, as atividades que seguem podem ser vivenciadas no contexto de

sala de aula, e permite uma abordagem por todas as áreas do conhecimento que

compõem o currículo da EJA. É desejável, porém, que seja feito um trabalho

interdisciplinar, pois acreditamos que enriquecerá a atividade.

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ATIVIDADE 1: Estudo de texto OBJETIVO: Compreensão do termo “melhor idade” TEMPO PEDAGÓGICO: 20min RECURSOS: Xerox do texto A melhor idade A MELHOR IDADE22 Melhor idade por quê? Porque estamos ficando velhos? A Terceira Idade é uma fase da vida pela qual a maioria dos indivíduos de uma sociedade bem equilibrada e igualitária tende a passar. Quando esses fatores não se apresentam, muito dificilmente teremos o envelhecimento sadio dos sujeitos dessa sociedade. Embora seja ainda a época da vida em que esses indivíduos sejam apresentados a doenças e males que nunca antes tinham aparecido enquanto eram jovens, a terceira idade vem com a promessa de uma nova visão de mundo, uma postura renovada, que passa a condizer com a condição de idoso. Às vezes chamá-los de idosos pode entristecê-los, ou desanimá-los de uma forma indescritível. E é aí que se apresenta uma saída para essa nomenclatura: a melhor idade. Ela existe? A melhor idade é de fato o melhor período da vida do homem em geral? Ou apresenta-se como um termo mais agradável para tratar daqueles que muito viveram e ainda estão entre nós para contar a vivência de seus muitos anos de vida? Eufemismo ou não, o que se sabe e pode-se afirmar é que a terceira idade garante ao indivíduo a abertura de um amanhecer diferente de todos aqueles pelos quais ele já passou em outras fases da sua vida. E por isso é, ainda que não seja tão palpável assim, a melhor idade para (re)descobrir o mundo ao redor daqueles que a compõem; além, é claro, de fazer desse um universo cheio de possibilidades, embora as condições físicas – ou mentais – estejam de certa forma comprometidas. A melhor idade vem para aqueles que saibam aproveitar sua chegada, independente do tempo em que se dê por completa. O que é realmente considerável é o momento no qual o indivíduo está, sob qual espírito ele receberá sua nova fase; como ele irá aproveitá-la, se de forma intensa ou mais pacata. E a partir desses conceitos é que se considera concreta a verdade em torno da melhor idade da sua vida.

22

Disponível em: <https://www.aterceiraidade.com/a-melhor-idade/>. Acesso em: 9 ago.2016.

Professor/a, o texto que segue trata do tema a melhor idade. Discuta com os/as estudantes o que eles pensam sobre a substituição do termo terceira idade por melhor idade.

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ATIVIDADE 2: Observação de imagens OBJETIVO: Encarar o envelhecimento de modo positivo. TEMPO PEDAGÓGICO: 1 aula RECURSOS: Figuras ampliadas

Fonte

23 Fonte

24 Fonte

25

Questões para discussão

a. Observe as imagens. O que esses idosos estão fazendo? b. Analise as fisionomias: parecem felizes? c. Essas atividades são comuns nessa faixa de idade? d. Temos visto isso na nossa comunidade? Por quê? e. Como o jovem vê isso? f. É possível encarar o envelhecimento de modo positivo?

23

Disponível em: <http://www.ufjf.br/ladem/2013/09/30/cidade-dos-idosos-aguas-de-sao-pedro-prioriza-estatuto/>. Acesso em: 4 ago. 2016. 24

Disponível em: <http://delas.ig.com.br/comportamento/2014-03-24/tatuagens-marcam-uma-nova-terceira-idade.html>. Acesso em: 4 ago. 2016. 25

Disponível em: <http://www.50emais.com.br/jovem-aos-91-anos-nora-ronai-nada-e-salta-de-paraquedas/>. Acesso

em: 4 ago. 2016.

Professor/a, leve os/as estudantes a analisarem as imagens e depois a discutirem as questões que seguem:

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ATIVIDADE 3: Documentário OBJETIVO: Enxergar o envelhecimento de uma forma diferente da sociedade. TEMPO PEDAGÓGICO: 1 aula RECURSOS: Data show e computador com internet.

Envelhescência é um documentário que conta a história de cinco paulistas e um catarinense que se reinventam após completarem 60 anos de vida. “Aprender a surfar, virar maratonista, fazer uma nova tatuagem… Estes podem ser planos para depois dos 60 anos sim! O mundo mudou, mude sua forma de pensar e de viver. Sua maturidade tem muito a acrescentar a todos à sua volta e ao seu prazer! Encontre-se na envelhescência!” (Fonte: https://www.aterceiraidade.com/arte-e-cultura/envelhescencia-um-novo-olhar-sobre-envelhecimento/)

Documentário: Trailer Envelhescência Duração: 2’48’’ Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=ViS92gsIjjg>.

Após assistirem ao vídeo, organize os/as estudantes numa roda de conversa e reflitam sobre essas questões:

r) Sobre o que é o documentário? s) O que as personagens têm em comum? t) O que você achou mais interessante na história de cada um deles? u) Essas histórias de vida lhe inspiram a fazer uma nova leitura sobre a terceira idade? v) Qual mensagem que o documentário deixou para você?

Professor/a, providencie um data

show para a exibição do

documentário Envelhescência.

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ATIVIDADE 4: Estudo de texto OBJETIVO: Reconhecer os benefícios que o lazer traz à terceira idade. TEMPO PEDAGÓGICO: 1 aula RECURSOS: Xérox do texto

Leitura:

Lazer na terceira idade traz benefícios para os idosos

e aumento da qualidade de vida

Os estudos relacionandos à prática de atividades físicas cotidianas à terceira idade têm apontado uma gama de benefícios à saúde da sociedade. Uma rotina ativa com simples tarefas, incluindo atividades leves individuais ou coletivas, como caminhadas de baixa intensidade, a utilização de escadas em vez de elevadores, cuidar do jardim, atividades aquáticas, viagens turísticas a lazer em geral, proporciona uma melhoria na condição física e psicológica, auxiliando na realização de movimentos do dia a dia, tornando esses indivíduos prestativos em seu meio social e conscientes enquanto cidadãos. De acordo com o Dr. Paulo Casali, especialista em Geriatria e Gerontologia, "as atividades de lazer são importantes para qualquer pessoa em qualquer idade". Na terceira idade as motivações do lazer reduzem-se a uns poucos referenciais, com ênfase nas necessidades psicológicas de repouso e de ocupação do tempo. Dr. Paulo explica que as atividades de lazer podem ser exercícios físicos de qualquer espécie e/ou modalidade, jogos e brincadeiras em grupo, leitura, atividades manuais como pintura, bordado, tricô e crochê, jogos de tabuleiro, dança, música, cinema, teatro, passeios, viagens, grupos de estudo, etc. Especificamente para os idosos, as atividades de lazer vão melhorar sua saúde em vários aspectos: Do ponto de vista físico, podem propiciar fortalecimento do sistema imunológico e uma melhora da mobilidade, flexibilidade, equilíbrio corporal e força muscular. No aspecto mental, vão melhorar a memória, o raciocínio e a velocidade do funcionamento e do metabolismo cerebral como um todo.

- Professor, divida os/as estudantes em duplas e

distribua o texto Lazer na terceira idade traz benefícios

para os idosos e aumento da qualidade de vida para

leitura.

- Peça para realizarem uma leitura silenciosa, depois

realize uma leitura colaborativa.

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No aspecto emocional, diminuem a tendência ao isolamento e à depressão, situações infelizmente bastante comuns na terceira idade, através de uma melhora nos relacionamentos interpessoais, com a possibilidade de formação de uma ampla rede social e de amigos. Com as atividades de lazer o idoso pode manter-se fisicamente e intelectualmente ativo, e isso é preponderante para afastar as doenças mais comuns dessa faixa etária. Fonte: http://idmed.com.br/saude-de-a-z/saude-do-idoso/lazer-na-terceira-idade-traz-beneficios-para-os-idosos-e-aumento-da-qualidade-de-vida.html Para refletir:

a. Quais os referenciais a que se reduzem as motivações de lazer na terceira idade? b. Segundo o Dr. Paulo, quais atividades podemos classificar como sendo de lazer? c. Como as atividades de lazer ajudam na saúde da pessoa idosa? d. Na sua comunidade há espaços de lazer para as pessoas idosas?

ATIVIDADE 5: Pesquisa OBJETIVO: Conhecer espaços e programas de lazer para a terceira idade. TEMPO PEDAGÓGICO: 3 aulas RECURSOS: Computador com internet, caderno e lápis. Pesquisa - Pesquisar na internet espaços e programas de lazer para a terceira idade que existem em sua cidade, em seu estado e/ou país. Produção escrita Em pequenos grupos, peça para os/as estudantes escreverem sobre a pesquisa realizada, citando os programas que acharam mais interessantes. Socialização Cada grupo apresenta sua pesquisa para o grande grupo.

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Reflexões finais

1. Você acha que nos preparamos para novas atividades nessa fase da vida que é a terceira idade?

2. Você acha que há motivos para comemorarmos a longevidade?

3. Cada um de nós é o único responsável por construir o próprio projeto de vida.

Qual é o seu? Sugestões de textos BARBIERI, N.A. Velhice: melhor idade? In: O Mundo da Saúde, São Paulo - 2012; 36(1):116-119. Disponível em: <http://www.saocamilo-sp.br/pdf/mundo_saude/90/17.pdf> Acesso em 20 de abr. de 2016. MORI, G.; SILVA, L.F. Lazer na terceira idade: desenvolvimento humano e qualidade de vida. In: Motriz, Rio Claro, v.16 n.4 p.950-957, out./dez. 2010. Disponível em:<http://www.scielo.br/pdf/motriz/v16n4/a15v16n4.pdf> Acesso em 20 de abr. de 2016. TEIXEIRA, S.M. Lazer e tempo livre na “terceira idade”: potencialidades e limites no trabalho social com idosos. In: revista Kairós, São Paulo, 10(2), dez. 2007, pp. 169-188. Sugestão de vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=zccvFqkgobw Sugestões de sites: http://osaf.com.br/v5/?p=1792 http://www.revistaterceiraidade.com.br/2016/06/a-velhice-e-nova-juventude.html http://www.revistaterceiraidade.com.br/ http://www.50emais.com.br/jovem-aos-91-anos-nora-ronai-nada-e-salta-de-paraquedas/ https://www.aterceiraidade.com/ https://www.aterceiraidade.com/curiosidades/10-mandamentos-terceira-idade.

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