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Orifícios e Bocais
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FACULDADE DE ENGENHARIA SÃO PAULO - FESP
LABORATÓRIO DE HIDRÁULICA – CH2
CENTRO TECNOLÓGICO DE HIDRÁULICA – CTH
ORIFÍCIOS E BOCAIS
1. Introdução
Pode ser entendido como orifício uma abertura na parede lateral ou no fundo de um
recipiente que contenha um líquido, de forma a permitir que esse líquido escoe. As formas
os orifícios podem variar, sendo a forma circular com borda biselada a mais comum. A
Figura 1 mostra um orifício com essa forma.
Figura 1: Corte de um orifício circular de parede delgada
Caso a parede do recipiente seja espessa o suficiente para que o jato d’água volte a
colar nas suas extremidades, ou ainda, caso seja adicionado um pedaço de tubo ao orifício,
este passará a funcionar como um bocal cilíndrico externo. A Figura 2 traz um exemplo de
um bocal cilíndrico externo.
Figura 2: Corte de um bocal cilíndrico externo
Em engenharia esses dispositivos são empregados de maneira geral como medidores
de vazão ou simplesmente como drenos.
Para o tratamento analítico do escoamento através desses dispositivos são
empregadas a Primeira Lei da Termodinâmica, Conservação de Massa e Conservação de
Quantidade de Movimento. Além disso, são feitas as seguintes hipóteses simplificadoras:
� Liquido incompressível;
� Escoamento não permanente com reservatório esvaziando lentamente;
� Orifícios e bocais de pequenas dimensões com relação à carga (neste caso
pode-se despreza a variação de carga entre os bordos do orifício);
� Pressão atmosférica tanto na superfície livre do reservatório quanto na saída
do jato (implicando em pressão relativa nula para esses pontos);
� Tanto o orifício quanto o bocal estão em paredes verticais do reservatório,
lançando jatos com velocidades iniciais horizontais.
Analisando fisicamente o fenômeno, percebe-se que as partículas fluidas de
diferentes pontos do reservatório se aproximam do orifício ou do bocal descrevendo uma
trajetória convergente, desta forma existe uma seção na qual o jato tem uma contração
máxima, seção essa na qual os filetes se tornam paralelos. A seção C-C da Figura 1 mostra
exatamente o que foi explanado.
Assim, sendo 42
CC DA ⋅= π a área da seção contraída do jato, e 42DA ⋅= π a
área nominal do orifício ou do bocal define-se o termo coeficiente de contração “ CC ”como
sendo:
Com base nas hipóteses simplificadoras, a Primeira Lei da Termodinâmica se reduz
a equação de Bernoulli aplicada entre o ponto “o” na superfície livre do reservatório e o
ponto ‘c” na seção contraída do jato. Dessa forma se obtém a seguinte equação:
Figura 3: Esquema do reservatório com emissão de jato
Chamando-se rC VV = (velocidade real do jato), substituindo-se ( )CZZ −0 por h , e
expressando-se as perdas por gVK r 22
⋅ pode-se transformar (2) em (3):
( )gh
KVr 2
1
1⋅
+=
(3)
Definindo a velocidade teórica do jato “ tV ” como aquela que se obteria
desprezando-se as perdas de carga no sistema tem-se a partir de (3):
ghVt 2= (4)
Desta forma, define-se o coeficiente de velocidade “ VC ” como sendo:
1≤=t
rV
V
VC (5)
Outro importante coeficiente no estudo de orifícios e bocais é denominado
Coeficiente de Vazão “ QC ”, sendo este definido como a razão entre a vazão real Crr AVQ ⋅=
e a vazão teórica AVQ tt ⋅= , ou seja:
VC
t
Cr
t
rQ CC
AV
AV
Q
QC ⋅=
⋅
⋅== (6)
No caso específico do bocal cilíndrico externo, como o jato se cola à parede do
bocal, não há contração na saída do jato. Entretanto, internamente ao bocal, ocorre uma
contração do jato que provoca o descolamento da camada limite e, por conseqüência, o
aparecimento de uma depressão (Figura 2). Essa depressão faz com que o bocal tenha um
coeficiente de vazão maior do que o de um orifício de mesmo diâmetro.
Aplicando-se a equação de Bernoulli e a equação da conservação de massa
(continuidade), e adotando ainda que as perdas de carga possam ser expressas pela equação
experimental de Borda-Bélanger tem-se para o caso do bocal:
( )g
V
g
VVH C
2115,0
2
2
1
2
1 +−
=∆
(7)
Onde CV e 1V são as velocidades nas seções indicadas na Figura 2.
Se, além disso, adotarmos o coeficiente de contração 62,0=CiC , tem-se:
82,0== VQ CC (8)
2. Verificação Experimental
2.1. Objetivo
Esta experiência objetiva a determinação dos coeficientes de contração “ CC ”,
velocidade VC ” e vazão “ QC ” para um orifício circular de parede delgada e para um bocal
cilíndrico externo em função da carga sobre os mesmos.
2.2. Aparato Experimental
O aparato experimental é constituído por:
� Reservatório de nível variável;
� Piezômetro para a leitura da carga no reservatório;
� Orifício de parede delgada
� Bocal cilíndrico externo
� Harpa graduada para a localização do jato;
� Cronômetro com “lap” para medição de tempos acumulados.
2.3. Procedimento Experimental
2.3.1. Orifício circular de parede delgada
a) Verificar se todos os orifícios e bocais estão fechados;
b) Encher o reservatório até a altura indicada pelo professor;
c) Fechar a alimentação;
d) Abrir o orifício e acionar o cronômetro sincronizadamente com a passagem do jato por
um dos fios da harpa, anotando o número do fio;
e) Acionar o “lap” do cronômetro sempre que o centro do jato estiver coincidindo com um
dos fios da harpa graduada, que caracteriza uma posição (x, y), e simultaneamente anotar a
carga “h” e o tempo “t”.
f) Obter pelo menos três valores de tempo “t” e as respectivas cargas “h”;
g) os seguintes dados serão necessários para os cálculos:
09,1=resA m² (área em planta);
24=orifícioD mm;
304=orifíciox mm;
646=orifícioy mm;
Obs.: Coordenadas do fio 0 em relação à seção contraída do orifício.
40=L mm (distancia entre os fios da harpa);
°= 45θ (ângulo de inclinação da harpa em relação à horizontal).
(x0, y0) são em relação ao centro da seção de saída do jato.
2.3.2. Bocal cilíndrico externo
Repetir os procedimentos adotados para o orifício de parede delgada, lembrando
que nesse caso o jato deve operar colado na parede interna do bocal. Além disso, devem ser
considerados os seguintes dados adicionais:
24=bocalD mm;
244=bocalx mm;
646=bocaly mm;
Obs.: Coordenadas do fio 0 em relação à seção contraída do bocal.
2.4. Considerações Complementares
Para cada instante em que foi registrada a passagem do centro do jato por um dos
fios da harpa deve-se calcular a carga “h” sobre o dispositivo como sendo:
CZZh −= (9)
Em seguida deve-se calcular as coordenadas (x, y) de cada fio em relação à seção
contraída do orifício ou em relação à seção de saída do bocal como sendo:
θcos0 ⋅⋅°+= Lfionxx (10)
θsenLfionyy ⋅⋅°−= 0 (11)
Como na direção x o jato descreve um movimento uniforme e na direção y, um
movimento uniformemente variado tem-se as seguintes equações cinemáticas para o
movimento:
tVx r ∆⋅= (12)
( )2
2tg
y∆
= (13)
A partir das Equações (12) e (13) da balística, chega-se a seguinte expressão para o
cálculo da velocidade real do jato “ rV ”
y
gxVr
2=
(14)
A partir dos equacionamentos teóricos, a seguinte equação pode ser empregada no
cálculo do tempo de esvaziamento do reservatório:
( )hhgAC
At
BocalouorifícioQ
res −⋅⋅⋅
⋅= 0
2
2
(15)
Sendo assim, deve-se proceder da seguinte forma para calcular os coeficientes de
vazão, velocidade e contração para cada um dos dispositivos ensaiados:
� Calcula-se as posições (x, y) do jato a partir de (10) e (11);
� Calcula-se a velocidade teórica “ tV ” a partir de (4);
� Calcula-se a velocidade real “ rV ” a partir de (14);
� Calcula-se o “ VC ” a partir de (5);
� Calcula-se o “ QC” a partir de (15);
� Calcula-se o “ CC ” a partir de (6).