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ORIGENS DA TEORIA CLÁSSICA EM ADMINISTRAÇÃO A Teoria Clássica, segundo Chiavenato (2003) está fundamentada na escola que foi denominada de Administração Científica. Sua origem remonta ao ano de 1903, ou seja, começo do século XX e após surgidas as conseqüências da Revolução Industrial, que trouxe o crescimento acelerado e desorganizado das empresas e a necessidade de aumentar a produção de bens, reduzindo a imprevisão, melhorando a eficiência e aumentando a competitividade. Inicia-se, nesse período, a produção em massa, com o domínio dos monopólios, principalmente nos Estados Unidos, e, com uma cadeia de sucessivos acontecimentos, aumentou-se o número de assalariados nas indústrias. Tornou-se urgente evitar o desperdício de materiais (insumos) e programar a economia de mão-de-obra. Surge a divisão do trabalho, são fixados os padrões de produção, descritos os cargos, determinadas as funções, estudados os métodos e

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ORIGENS DA TEORIA CLÁSSICA EM ADMINISTRAÇÃO

A Teoria Clássica, segundo Chiavenato (2003) está fundamentada na

escola que foi denominada de Administração Científica. Sua origem remonta

ao ano de 1903, ou seja, começo do século XX e após surgidas as

conseqüências da Revolução Industrial, que trouxe o crescimento acelerado

e desorganizado das empresas e a necessidade de aumentar a produção de

bens, reduzindo a imprevisão, melhorando a eficiência e aumentando a

competitividade.

Inicia-se, nesse período, a produção em massa, com o domínio dos

monopólios, principalmente nos Estados Unidos, e, com uma cadeia de

sucessivos acontecimentos, aumentou-se o número de assalariados nas

indústrias. Tornou-se urgente evitar o desperdício de materiais (insumos) e

programar a economia de mão-de-obra.

Surge a divisão do trabalho, são fixados os padrões de produção,

descritos os cargos, determinadas as funções, estudados os métodos e

normas de trabalho, criando assim, condições econômicas e técnicas para o

surgimento do taylorismo e fordismo nos Estados Unidos e do fayolismo na

Europa, (CHIAVENATO, 2003).

Particularmente, e na história recente da humanidade, considera-se

que não houve estudos ou invenção que tivesse tamanho impacto, pois

dentre as invenções mais recentes que trouxeram benefícios ao mundo

contemporâneo estão:

(telégrafo -1832; elevador -1852; máquina escrever - 1866; dinamite

-1867; telefone -1876; lâmpada elétrica - 1879; aço -1885; motor de

explosão -1885; motor a diesel -1892; projetor cinematográfico -

1895; telégrafo sem fio - 1895; raio x -1895; rádio -1896; submarino

- 1898; avião - 1906) (CHIAVENATO, 2002, p. 41).

Todas as invenções necessitam de uma organização empresarial para

serem fabricadas, ou seja, todos esses produtos têm a Administração como

ciência, em comum com as demais, independente de pertencerem a áreas

distintas.

A Teoria Clássica é na verdade um conjunto de estudos que se

caracterizam fundamentalmente por serem inovadores para a época, virem

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de encontro à real necessidade de toda uma sociedade mundial que se

industrializava rapidamente e, por último, trariam mudanças que marcariam

época e conseqüências inesperadas, boas e ruins, porém inevitáveis. Uma

segunda Revolução Industrial.

PRINCIPAIS FUNDAMENTOS DA TEORIA CLÁSSICA

A abordagem da escola da Administração Científica tem sua ênfase,

de acordo com Lacombe (2003, p. 37), “na divisão do trabalho em tarefas

elementares e praticamente indivisíveis e na especialização das pessoas na

execução dessas tarefas, visando a obter ganhos de produtividade”.

Paralelo à Administração Cientifica está a chamada Escola da Teoria

Clássica, que tem sua ênfase na estrutura organizacional, que segundo

Chiavenato (2003), recebeu esse nome devido ao período anterior à mesma

ter sido bastante empírico e, à tentativa de aplicação de métodos da ciência

aos problemas administrativos com a finalidade de aumentar a eficiência

industrial.

Essas duas Escolas são correntes clássicas do pensamento

administrativo, que apesar de terem ênfases diferentes, completam-se com

propriedade, pois enquanto a Teoria Clássica criou princípios para o

comando e a alta direção, a Administração Científica tem seus princípios

voltados para o chão da fábrica. São, portanto, princípios de uma mesma

teoria, com postulados organizacionais que diferem entre si, mas possuem a

coerência típica para compor uma única teoria, que se tornou a base da

Administração Contemporânea.

ABORDAGEM E CONCEITOS DAS ORGANIZAÇÕES NA

TEORIA CLÁSSICA

A abordagem das organizações nesta teoria é prescritiva e normativa,

portanto formal, com o que se tem a fazer por parte do empregado,

determinado pela gerência ou supervisão, porque a maior preocupação de

seus idealizadores eram com as técnicas, métodos e rotinas para execução

de tarefas, para a racionalização do trabalho do operário, por meio do

Estudo de Tempos e Movimentos (originou-se da busca para definir o valor

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dos salários).

Segundo Chiavenato, (2003 p.622) o conceito de organização na

Teoria Clássica é de “estrutura formal , como conjunto de órgãos, cargos e

tarefas” , com o estabelecimento de padrões de execução e treinamento de

operários.

6.6PRINCIPAIS REPRESENTANTES

Entre os mais destacados representantes encontram-se:

Frederick Winslow Taylor, segundo Chiavenato (2003).

Foi o fundador da Administração Científica, nasceu na Filadélfia – EUA,

filho de família de princípios rígidos, foi educado com forte disciplina e

devoção ao trabalho. Iniciou sua carreira como operário, passando a outros

cargos maiores até chegar a engenheiro.

Na época vigorava um sistema de pagamento por peça ou por tarefa.

Os patrões procuravam ganhar o máximo na hora de fixar o preço da tarefa,

enquanto os operários reduziam o ritmo de produção para contrabalançar o

pagamento por peça determinado pelos patrões. Esse fato levou Taylor a

estudar o problema de produção para tentar uma solução que atendesse

tanto aos patrões como aos empregados.

Na Midvale Steel Co., em 1878, a partir de suas observações, passou

a desenvolver as primeiras melhorias técnicas e, sendo brilhante no que

fazia, patenteou várias invenções, entre elas um aprimoramento no corte do

aço, resultante do processo de tratamento térmico, em parceria com J.

Munsel White.

Em 1895, Taylor apresentou um trabalho que seria a base da

Administração Científica, denominado A Pierce-rate sistem, um sistema de

pagamento por peça, em que propunha um estudo de quanto tempo levaria

para um homem fazer o seu melhor trabalho, completando sua tarefa, e

trabalhando o suficiente, assegurando uma remuneração razoável.

Segundo Maximiano (2007), Taylor chamou posteriormente esse

trabalho de estudo sistemático e científico do tempo – dividir cada tarefa

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nos seus elementos básicos, com a colaboração dos trabalhadores,

cronometrá-las e registrá-las. O processo compreendia ainda a seleção de

trabalhadores e o pagamento de incentivos, permitindo o controle de todos

os aspectos da produção e a sua padronização. Em 1903, publicou “Shop

Management” – Administração de operações fabris, na qual a padronização

das ferramentas e equipamentos, seqüenciamento e programação de

operações e Estudo dos Movimentos, eram a temática central.

Dentre os princípios que Taylor defendeu e destacou, encontram-se:

•Seleção científica do trabalhador – tarefas mais comparáveis com

sua aptidão e após muito treino.

Tempo-padrão – trabalhador deve atingir, no mínimo, a produçãopadrão

exigida pela empresa.

Plano de incentivo salaria l – remuneração proporcional ao número

de peças produzidas.

Trabalho em conjunto – interesses dos funcionários (altos salários) e

da administração da fábrica (baixo custo de produção) podem ser

conciliados.

Gerentes planejam, operários executam – planejamento de

responsabilidade da gerência.

Divisão do trabalho – tarefas divididas no maior número possível de

subtarefas.

Supervisão – deve ser funcional, especializada por áreas.

Ênfase na eficiência – uma única maneira certa de executar uma

tarefa (tempos e movimentos), (FERREIRA et al, 2002, p.16).

Os estudos de Taylor influenciaram outros autores e pesquisadores,

defensores e seguidores de suas idéias, dentre eles destacam-se:

Henry Ford segundo Maximiano, (2007). Foi um dos responsáveis

pelo avanço empresarial das organizações, lançou alguns princípios que

agilizaram a produção, diminuindo custos e tempo de fabricação, que

foram: Integração vertical e horizontal (integração da matéria-prima ao

produto final e rede de distribuição); padronização da linha de montagem e

do equipamento utilizado; economicidade-redução dos estoques e

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agilização da produção.

Frank e Lílian Gilbreth – autores do estudo dos movimentos e da

fadiga; uso da psicologia aplicada à administração.

Henry Grant – autor do gráfico Grantt, criado em 1903, no qual

descreveu um método gráfico de acompanhamento de produção.

Henri Fayol, Maximiano, (2007). Foi outro grande pensador e autor,

e um dos fundadores da Teoria Clássica, de (1841-1925), engenheiro

francês, nascido em Constantinopla, e radicado em Paris – França, formado

em engenharia de minas, foi contratado para trabalhar na empresa

mineradora e metalúrgica francesa Comambault. Passou toda a sua vida

nesta corporação, aposentando-se como Diretor Geral, aos 77 anos.

Em 1916, Fayol publicou o livro “Administração Geral e industrial”

(Administration Industrialle et Générale) divulgando suas idéias, que

estavam voltadas, ao contrário de Taylor (chão da fábrica), para a alta

administração da empresa exigindo de quem a comandasse conhecimentos

gerenciais.

Segundo Chiavenato (2003), Fayol, em seu livro “Administração Geral

e Industrial”, apresenta seis funções básicas que considera essenciais à

toda empresa, que são as funções:

· Técnicas – produção de bens ou serviços da empresa;

· Comerciais – compra, venda e troca de bens;

· Financeiras – procura e gerenciamento de capitais;

· Segurança – proteção e preservação de bens;

· Contábeis – inventários, registros, balanços, custos e estatísticas;

· Administrativas – coordenam e comandam as outras cinco,

constituindo-se na mais importante.

Ainda segundo Maximiano (2003), Fayol definiu ainda que, o ato de

administrar é composto de cinco atos ou funções administrativas, que

devem ter uma seqüência lógica, porque o trabalho do dirigente consiste

em tomar decisões, estabelecer metas, definir diretrizes e atribuir

responsabilidades aos integrantes da organização, e desse modo, as

funções administrativas de planejar, organizar, comandar, coordenar e

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controlar faz parte exclusivamente da sua função. Propôs ainda que as

funções administrativas devessem estar separadas das funções

operacionais (citadas), porque os dirigentes costumam negligenciar a

administração, preocupados com os detalhes da produção em geral, e

tornam-se incompetentes, pois pensam e agem como especialistas e não

dão conta de suas responsabilidades de bem administrar o todo, que é a

organização.

A Administração como as demais ciências, deve se basear em leis ou

princípios. Fayol (1975) apud Ferreira et al (2002), definiu os “Princípios

Gerais da administração” em:

1. Divisão do trabalho – especialização das tarefas e das

pessoas para aumento da eficiência.

2. Autoridade e Responsabilidade – autoridade é direito de dar

ordens e o poder de esperar obediência e responsabilidade é a

contrapartida, devendo haver equilíbrio.

3. Disciplina – estabelecimento das normas de conduta e de

trabalho (obediência, comportamento e respeito).

4. Unidade de comando – cada funcionário recebendo ordens

de um superior apenas. Princípio de autoridade única.

5. Unidade de direção – controle único com objetivo de

aplicação de um mesmo plano para um grupo de atividades

de mesmo objetivo.

6. Prevalência de interesses gerais – os interesses gerais devem

prevalecer aos interesses individuais.

7. Remuneração – deve ser eficiente para garantir a satisfação

dos funcionários e para a organização em termos de

retribuição.

8. Centralização – as atividades cruciais da organização e a

autoridade para a sua adoção devem ser centralizadas.

9. Hierarquia (cadeia escolar) – prioridade para a estrutura

hierárquica (escalão mais alto ao mais baixo).

10. Ordem – mantida a organização, preservar cada pessoa e objeto

em seu lugar.

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11. Eqüidade – tratamento das pessoas com benevolência e

justiça, não excluindo o rigor, justificando a lealdade e a

devoção dos funcionários à empresa.

12. Estabilidade dos funcionários – a rotatividade excessiva é

prejudicial para a eficiência da organização e tem

conseqüências negativas sobre o desempenho dos

trabalhadores.

13. Iniciativa – capacidade de estabelecer um plano e assegurar

seu cumprimento e seu sucesso.

14. Espírito de equipe – trabalho conjunto facilitado pela união

entre equipes, gerando consciência de classes e defesa de

seus propósitos.

Segundo Maximiano (2007), Fayol teve entre seus seguidores e

herdeiros:

· Ralph C.Davis (1927), instalou um departamento de administração

no Instituto General Motors. Publicou livro, reforçando que os

princípios de Fayol eram universais.

· Luther Gulick e Lindall Urwick (1937), que publicaram uma

coletânea com a ampliação das idéias de Fayol.

· William H. Newman (1950) e Harold Koontz e Cyril O’Donnel

(1955) deram ênfase e modernizaram a Teoria Clássica, com

outros estudos que foram adotados até recentemente.

Acerca da Teoria Clássica, críticas freqüentes apontam que a mesma

considerava a empresa como um sistema fechado, ou seja, de não manter

relações com o meio em que se encontrava, de ter desenvolvido princípios

que buscavam explorar os trabalhadores e de chefias com obsessão pelo

comando.

Contudo, positivamente, a Teoria Clássica, a partir de seus principais

expoentes, Taylor e Fayol, trouxe conhecimentos para as teorias que foram

posteriormente desenvolvidas, principalmente em seus aspectos mais

estruturais.

As idéias de Taylor e Fayol, para a Teoria Clássica, representavam um

avanço na forma de encarar a participação do trabalhador no processo

produtivo e, algumas das suas conclusões continuam viáveis e com

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aplicabilidade no processo de produção atual.

Administração Científica

(aplicação de métodos na indústria; ênfase na tarefa em detrimento do homem)

Surgiu nas 04 (quatro) primeiras décadas do século XX, como métodos de

observações e mensuração, em que Taylor (1856-1915) é considerado o

fundadorda moderna Teoria Geral da Administração (TGA).

Esta teoria provocou uma revolução no pensamento administrativo e no mundo

industrial da época. Em 1903, a preocupação era elevar o nível de

produtividade. O ambiente era caracterizado por engenheiro de uma fábrica;

pagamento por peça, logo os operários reduziam o ritmo de trabalho, o que

levou Taylor a procurar uma solução que atendesse a patrões e empregados.

Racionalização do Trabalho → estudo dos tempos e movimentos →ele

analisou as tarefas de cada operário, decompondo-os.

Como o salário era pago igualmente, o operário não se esforçava para ser mais

produtivo. Assim, Taylor viu que deveria criar condições para pagar mais a

quem produzisse mais. O objetivo era pagar salários melhores e reduzir o custo

unitário de produções, o que leva à pesquisa e ao estabelecimento de

processos padronizados para permitir o controle. Onde:

● Os operários devem ter os materiais e as condições de trabalho necessários,

ser treinados, e ter um ambiente de trabalho agradável.

● Deve-se procurar aplicar ao operário os princípios aplicados anteriormente às

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máquinas, ou seja, identificação do trabalho, decomposição, determinação da

maneira certa para cada operação e reunião das operações na seqüência de

maior rapidez e com economia de tempos e movimentos - método de

cartesiano.

Racionalização do Trabalho e estruturação da empresa → para atender à

racionalização, sem esquecer as tarefas dos operários.

Os males da indústria da época eram: vadiagem dos operários para evitar

redução de salários pela gerência, porque se pensava que o maior rendimento

do homem e da máquina leva ao desemprego; desconhecimento pela gerência

das rotinas de trabalho e do tempo necessário para sua realização; e falta de

uniformidade dos métodos. Para resolver isto, Taylor criou a Administração

Científica, formada por 75% de análise e 25% de bom senso.

Tinha-se uma visão pessimista do homem, que era considerado irresponsável,

vadio, e negligente. Então, criou um sistema educativo para intensificar o

trabalho e aumentar a eficiência empresarial.

Conforme Chiavenato (2000), “a administração científica é uma combinação de

ciência em lugar de empirismo. Rendimento máximo em lugar de produção

reduzida.

Desenvolvimento de cada homem a fim de alcançar maior eficiência e

prosperidade”. Taylor estava preocupado com a filosofia e seus seguidores

com a técnica. O objetivo é assegurar prosperidade aos patrões e aos

empregados ao mesmo tempo.

Os elementos da administração científica são: estudos de tempos e

padrões; supervisão funcional; padronização (materiais e equipamentos),

planejamento, princípios de exceção; prêmio de produção; e definição da rotina

de trabalho.

I - Organização Racional do Trabalho (ORT)

Ele observou que os operários aprendiam com outros, tinham métodos

executivos e ferramentas variáveis. Além disso, para Taylor, o operário não é

capaz de tomar suas próprias decisões. Logo, existe a necessita de:

Administração →supervisão.

Encarregados → assistência ao trabalho durante a produção.

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Operário → execução.

Os fundamentos da ORT são:

1. Análise do trabalho e estudo dos tempos e movimentos, ou seja,

racionalização através do estudo de tempos e movimentos, como:

- Decomposição de tempos e operações em movimentos simples, onde os

movimentos inúteis eram eliminados e os úteis simplificados, para economia de

tempo e esforço do operário; e

- Depois o estudo dos tempos e movimentos, com o tempo médio de produção

(uso do cronômetro), que junto com os tempos improdutivos resulta no tempo

padrão. Isto leva à padronização do trabalho e do seu tempo de execução.

Além disso, melhora a eficiência do trabalho e introduz prêmios de produção, e

treinamento da mão de obra.

Gilbreth (1868- 1924), um dos discípulos de Taylor, aplicou os estudos de

Taylor para aumentar a produtividade, chegando aos movimentos elementares

(cortar, separar, transportar, etc.) (therbligs), para qualquer tipo de tarefa, o que

veio a se tornar a base da Administração Científica, caracterizando a Eficiência,

ou seja, a correta utilização de recursos disponíveis (produções baseadas em

operários médios). Onde:

Eficiência = Produto Equação [01]Recursos

Destaca-se assim que a Eficiência é uma conseqüência da produtividade.

2. Estudo da fadiga humana

O estudo dos movimentos baseia-se na anatomia e na fisiologia humana.

Gilbreth realizou estudos estatísticos sobre o efeito da fadiga na produtividade

dos operários. Esta leva à redução de produtividade; qualidade do trabalho;

perda de tempo; aumento da rotatividade; doenças e acidentes; o que reduz a

eficiência. Para reduzir a fadiga Gilbreth propôs princípios de economia de

movimentos relativos ao corpo humano; arranjo local de trabalho; desempenho

de ferramentas e equipamentos.

3. Divisão do trabalho e especialização dos operários

A análise do trabalho e o estudo dos tempos e movimentos criaram uma

reestruturação do trabalho industrial, levando a divisão e especialização dos

operários, para elevar a produtividade, onde cada operário é especializado em

uma única tarefa, na linha de produção, com movimentos padrões e repetitivos

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durante a jornada de trabalho. Supunha-se que quanto mais especializado o

operário mais eficiente ele seria.

4. Desenho de cargos e tarefas

Taylor foi pioneiro nesse assunto. A tarefa é toda atividade executada por uma

pessoa, no seu trabalho dentro da organização. É a menor unidade dentro da

divisão dos trabalhos.

Criou-se o cargo, que era um conjunto de tarefas executadas de maneira

clínica ou repetitiva. Os cargos e as tarefas são desenhados para uma

execução

automatizada por parte do operário, ou seja, ele deve executar e não pensar e

decidir.

A simplicidade dos cargos permitia aprendizado rápido do método e controle

visual pelo superior, o que origina a linha de produção. Ainda, cada operário

relaciona-se apenas como ser superior.

Assim, a simplicificação no desenho de cargos permitia:

- Contratação de operários com pouca qualificação e salários maiores;

- Minimização do custo de treinamento;

- Redução de erros;

- Facilidade de supervisão, a um número maior de operários;

- Aumento da eficiência do trabalho, logo da produtividade.

5. Incentivos salariais e prêmios da produção

Restava agora fazer com que o operário colaborasse com a empresa. Para

isso, foram desenvolvidos os incentivos e prêmios da produção.

Supunha-se que a remuneração base não estimule ninguém a trabalhar mais.

Assim, o operário que produz pouco ganha pouco e o que produz mais ganha

mais (prêmio). Com isso, Taylor procura conciliar os interesses da empresa

com os interesses dos operários, supondo que era melhor e mais lucrativo

(eficiência) para a empresa e com maior salários (maior produção) para o

operário. Criou-se a idéia de operários bem remunerados, mas executando

tarefas simples, repetitivas.

6. Conceito de Homo Economicus

Seguindo esse conceito as pessoas são influenciadas por recompensas,

salários e materiais. Ou seja, o homem trabalha para ganhar a vida. Assim, os

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salários e os prêmios influenciaram os esforços dos indivíduos no trabalho.

Logo, o operário produzia o máximo dentro de sua capacidade física.

O homem da época era visto então como um empregado por dinheiro,

mesquinho, limitado e preguiçoso e deveria ser controlado.

7. Condições de trabalho

Ainda, a eficiência depende de um conjunto de condições de trabalho para

garantir o bem estar físico do trabalhador e diminuir a fadiga com:

- Adequação de instrumentos e ferramentas de trabalho, para reduzir esforços

e perda de tempo;

- Arranjo físico das máquinas, para racionalizar o fluxo de produção;

- Melhoria do ambiente físico de trabalho (ruído, ventilação, iluminação), para

não reduzir eficiência;

- Projetos de instrumentos e equipamentos, para reduzir movimentos inúteis.

8. Padronização

Ocorre com a padronização de métodos e processos de trabalho, da

matériaprima, de máquinas e equipamentos, para reduzir a variabilidade e a

diversidade no processo produtivo, de modo a eliminar o desperdício e

aumentar a eficiência. É a aplicação de padrões em uma organização para ter

uniformidade e redução de custos.

9. Supervisão funcional

A supervisão funcional foi proposta por Taylor.

Neste tipo de supervisão, os supervisores também são especialistas e têm

responsabilidade sobre os funcionários em suas respectivas áreas. Assim,

cada homem deve executar a menor variedade possível de funções. Esta

supervisão tende a produzir elevada eficiência em cada operário e no conjunto.

Supervisor de Manutenção

Supervisor de Produção

Supervisor de Qualidade

Operário A Operário B Operário C Operário D

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Princípios da Administração Científica

Um princípio é uma afirmação válida para uma determinada situação. É uma

previsão antecipada do que deverá ser feito quando ocorrer aquela situação.

A administração Científica criou os seguintes princípios:

1. Princípio da Administração Científica de Taylor – planejamento (métodos

baseados em procedimentos científicos); preparo (seleção de operários e

treinamento para maior produção); controle (certificar-se que o trabalho está

sendo feito de acordo com o método estabelecido); e execução.

2. Princípios implícitos de Administração Científica –

a. Estudar o trabalho, decompor movimentos, para reduzir ou racionalizar.

b. Estudar cada trabalho, antes de fixar o modo como será executado;

c. Treinar;

d. Separar funções de preparo das de execução;

e. Preparar a produção, estabelecer planos;

f. Padronizar da matéria-prima ao comportamento da mão de obra;

g. Dividir as vantagens entre todos os que participam da fábrica.

3. Princípio da eficiência de Harrington Emerson (1853-1931) – este

engenheiro

simplificou os métodos de trabalho; desenvolveu os primeiros trabalhos sobre

seleção e treinamento de empregados, fazendo uso de plano de trabalho,

bom senso, orientação e supervisão competentes, manutenção da disciplina,

registro de dados, fixação de normas padronizadas e remuneração

proporcional ao trabalho.

4. Princípios básicos de Ford (1863-1947) – Ford era mecânico e em 1899

fundou sua primeira fábrica de automóveis, que fechou. Em 1903, fundou a

Ford Motor Co., queria vender carros a preços populares, com assistência

técnica garantida, promovendo a produção em massa (1905-1910).

Ele inovou na organização do trabalho pelo número de produtos acabados,

com qualidade e menor custo possível (800 carros/dia).

Dividiu ainda as ações de seus funcionários, estabeleceu o salário por dia e a

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jornada de trabalho de 8h. Estabeleceu também um sistema de integração

vertical,produzindo desde matéria-prima até o produto acabado, e o horizontal,

com lojas de

distribuição próprias.

Aplicou ainda a racionalização da produção (condição chave para a

simplificação), criando uma linha de montagem, com produção em série.

Os principais aspectos dos princípios de Ford é a progressão dos produtos, de

modo ordenado e continuado, e o trabalho sendo entregue ao trabalhador.

Seus princípios são:

- De intensificação – rápida troca do produto no mercado;

- De economicidade – reduzir ao mínimo o volume de estoque, de preferência

que o

automóvel fosse pago antes da compra da matéria-prima e de pagar os

salários;

- De produtividade – aumento da capacidade de produção por meio da

especialização e da linha de montagem.

5. Princípio da exceção - Taylor estabelece o controle operacional simples,

baseado no controle das exceções ou desvios dos padrões normais.

6. Princípios de Gantt e Gilbreth - Ambos eram engenheiros que trabalharam

diretamente com Taylor. O primeiro dedicou-se ao planejamento e controle,

estabelecendo cronogramas para acompanhamento dos fluxos de produção.

O segundo desenvolveu estudos voltados à Construção Civil e Psicologia, por

influencia de sua esposa.

Apreciação crítica da Administração Científica

A Administração Científica é o estudo científico do trabalho. Esta provocou uma

redução nos custos dos bens manufaturados, tornando os bens disponíveis

para a massa. Provocou aumento dos salários e reduziu custos de produção.

Em decorrência da produção acelerada, os trabalhadores especializados (entre

1910 e 1940) superaram o número de trabalhadores no campo. Porém,

ocorreram muitas críticas. São estas:

1. Mecanismo da Administração Científica – foco na tarefa e não no homem,

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tratando o homem como uma máquina.

Para os engenheiros, o estudo dos tempos e movimentos, a determinação do

método de trabalho e os cuidados para evitar a fadiga humana elevariam

sozinhos os padrões de produção, aliados ao incentivo salarial, para obter a

máxima eficiência (maiores lucros e salários). Encaravam os empregados

como passivos, a receber ordens e sem iniciativa.

A primeira crítica veio com as greves de operários, pelos inconvenientes

morais, psicológicos e sociais, com oposição de trabalhadores e sindicatos. Os

padrões eram favoráveis apenas às empresas. O trabalho especializado

passou a ser degradante e humilhante. O homem deveria produzir como uma

máquina.

Na verdade o método é mais uma intensificação do trabalho do que uma

racionalização.

Segundo Chiavenato (2000), “a substituição do esforço manual pelo

conhecimento como fonte produtiva do trabalho constitui a maior mudança na

história do trabalho”. Esta foi a iniciativa bem sucedida da Administração

Científica.

2. Superespecialização do operário

Na busca pela eficiência subdividiu-se as operações, porque as tarefas mais

simples podem ser ensinadas facilmente, o que leva a padronização. Porém, o

operário só conhece seu trabalho e isso reduz sua satisfação no trabalho. Essa

fragmentação facilita a seleção, o treinamento e a supervisão do pessoal. Com

isso, pode-se trocar o operário e empregar mais gente. Buscava-se então altos

lucros emcurto prazo, com baixos salários, o que gerou tensões nos sindicatos.

Pensava-se na época que a tecnologia era o senhor e o homem o escravo. Na

verdade mais tecnologia exige mais competência e não mais servis. Assim,

perde-se a visão do todo e o aumento na especialização não significa aumento

de eficiência.

3. Visão microscópica do homem

Nesta visão, separa-se o homem trabalhador de seu lado humano e social,

vêse apenas o indivíduo. A principal virtude é a obediência a ordens. A idéia

inicial eraadequar as características do homem e da máquina, porém os

estudos limitavam-se ao homem em seus trabalhos rotineiros (estudo dos

movimentos e da fadiga).

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Assim, os seres humanos eram restritos às tarefas que executavam na linha de

produção e nos escritórios.

4. Ausência de comprovação científica

A Administração Científica é criticada por pretender criar uma ciência, mas não

comprovou suas proposições e princípios. Teve pouca pesquisa, uma vez que

esta usou o método empírico e concreto, onde o conhecimento é obtido da

evidência enão da abstração. Buscou-se o “como” em detrimento do “por que”.

5. Abordagem incompleta da organização

Por se restringir aos aspectos formais, esquecendo-se dos informais e do lado

humano. Os indivíduos são considerados isolados e agrupados de acordo com

suashabilidades para o trabalho. Não aborda o conflito entre objetivos

individuais eorganizacionais.

6. Limitação do campo de aplicação

Esta limitação deve-se ao fato de que se observaram apenas os problemas da

fábrica (produção). O desenho de cargos e tarefas e o desenvolvimento de

instrumentos, métodos e procedimentos padronizados e rotineiros, passam a

idéiade que a tecnologia permanecerá inalterada até que se tenha um retorno

do investimento.

A não ocorrência de mudanças leva a separar o pensar do fazer, resultando em

treinamento de tarefas simples e repetitivas. Isto viabilizou a continuidade da

produção em massa, mas não funcionaria hoje, sendo limitante da inovação e

damudança.

7. Abordagem prescritiva e normativa

Esta abordagem busca definir normas a serem seguidas e repetidas vezes e

em todas as circunstâncias pelo administrador (padronização). Esta é voltada a

receitas antecipadas, soluções enlatadas. “Diz como a organização deveria

funcionar em vez de explicar seu funcionamento” (CHIAVENATO, 2000).

8. Abordagem de sistema fechado

Esta abordagem encara a organização como se esta existisse no vácuo, sem

influencias externas. Expressa um comportamento mecânico, previsível e

determinístico.

Page 17: ORIGENS DA TEORIA CLÁSSICA EM ADMINISTRAÇÃO cientificca

A Administração Científica foi o primeiro passo na busca de uma teoria

administrativa e causou mudanças irreversíveis. Com a primeira Guerra

Mundial(1914), os princípios de Taylor foram intensamente utilizados na

indústria e noexército, por produzir muitos conhecimentos e mudanças em um

curto espaço de

tempo.