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II. Origens e evolução dos Parques Tecnológicos Este capítulo apresenta uma visão quanto às origens, formatos e tendências dos parques tecnológicos e de iniciativas análogas em âmbito mundial. Os exemplos utilizados situam-se no exterior, pois na época de elaboração do texto não estava disponível o estudo sobre parques no país, anunciado pela ANPROTEC 1 em 2007. II.1 Conceituação de Parque Tecnológico, Pólos Setoriais e Tecnópoles Os parques tecnológicos, pólos setoriais (Arranjos Produtivos Locais) e tecnópoles constituem algumas das respostas significativas que têm sido estruturadas, em âmbito internacional, aos desafios trazidos pela globalização da economia – e dos problemas – nas últimas décadas, no bojo da Sociedade do Conhecimento. 2-9 A semelhança de propósitos e a velocidade com que essas iniciativas se desenvolvem – e sofrem mutações – embaralham as suas fronteiras. A situação confunde as análises sobre o tema, bem como dificulta a formulação de políticas nacionais de apoio a parques tecnológicos – inclusive no Brasil, como evidenciado no Seminário Parques Tecnológicos Brasileiros, na Câmara dos Deputados, em julho de 2007. 10 II.1.1 Parque Tecnológico Ainda não existe consenso, em âmbito mundial, sobre o conceito de parque tecnológico, como ilustrado pela diversidade das definições adotadas pelas associações que reúnem essas iniciativas e por projetos de lei sobre o tema. International Association of Science Parks – IASP 11 Um Parque Tecnológico (Science Park) é uma organização, gerida por profissionais especializados, cujo objetivo fundamental é aumentar a riqueza da comunidade em que se insere mediante a promoção da cultura da inovação e da competitividade das empresas e instituições intensivas em conhecimento associadas à organização. Para tal fim, o Parque Tecnológico: estimula e gerencia o fluxo de conhecimento e tecnologia entre universidades, instituições de pesquisa e desenvolvimento, empresas e mercados; estimula a criação e o crescimento de empresas fundamentadas na inovação median- te mecanismos de incubação e desdobramentos de empreendimentos (spin-off); e provê espaço e instalações de qualidade e outros serviços de valor agregado.

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II.Origens e evolução dos Parques Tecnológicos

Este capítulo apresenta uma visão quanto às origens, formatos e tendências dos parquestecnológicos e de iniciativas análogas em âmbito mundial. Os exemplos utilizadossituam-se no exterior, pois na época de elaboração do texto não estava disponível oestudo sobre parques no país, anunciado pela ANPROTEC1 em 2007.

II.1 Conceituação de Parque Tecnológico, Pólos Setoriais e Tecnópoles

Os parques tecnológicos, pólos setoriais (Arranjos Produtivos Locais) e tecnópolesconstituem algumas das respostas significativas que têm sido estruturadas, em âmbitointernacional, aos desafios trazidos pela globalização da economia – e dos problemas –nas últimas décadas, no bojo da Sociedade do Conhecimento.2-9

A semelhança de propósitos e a velocidade com que essas iniciativas se desenvolvem –e sofrem mutações – embaralham as suas fronteiras. A situação confunde as análisessobre o tema, bem como dificulta a formulação de políticas nacionais de apoio a parquestecnológicos – inclusive no Brasil, como evidenciado no Seminário ParquesTecnológicos Brasileiros, na Câmara dos Deputados, em julho de 2007.10

II.1.1 Parque Tecnológico

Ainda não existe consenso, em âmbito mundial, sobre o conceito de parque tecnológico,como ilustrado pela diversidade das definições adotadas pelas associações que reúnemessas iniciativas e por projetos de lei sobre o tema.

International Association of Science Parks – IASP11

Um Parque Tecnológico (Science Park) é uma organização, gerida por profissionaisespecializados, cujo objetivo fundamental é aumentar a riqueza da comunidade em quese insere mediante a promoção da cultura da inovação e da competitividade dasempresas e instituições intensivas em conhecimento associadas à organização.

Para tal fim, o Parque Tecnológico:

• estimula e gerencia o fluxo de conhecimento e tecnologia entre universidades,instituições de pesquisa e desenvolvimento, empresas e mercados;

• estimula a criação e o crescimento de empresas fundamentadas na inovação median-te mecanismos de incubação e desdobramentos de empreendimentos (spin-off); e

• provê espaço e instalações de qualidade e outros serviços de valor agregado.

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Parque Científico e Tecnológico da PUCRS – TECNOPUC 37

Association of University Research Park – AURP12

Um Parque Universitário de Pesquisa (University Research Park) é um empreendimentodestinado a:

• promover o relacionamento entre a universidade (a que está vinculado) e o setorempresarial e industrial;

• estimular o processo de inovação;

• facilitar a transferência de tecnologia e habilidades empresariais entre a academia eo setor industrial; e

• promover o desenvolvimento sustentado da região em que se situa.

Para tanto, o empreendimento deve:

• possuir ou dispor de terrenos ou construções destinadas prioritariamente a atividadesde pesquisa científica e desenvolvimento tecnológico (P&D) por parte de centros deP&D e de empresas intensivas em conhecimento, bem como a serviços de suporte aessas atividades;

• promover atividades de P&D da universidade em parceria com a indústria,oferecendo assistência ao desenvolvimento de empreendimentos que possamemergir dessa interação.

A AURP observa que um Parque Universitário de Pesquisa pode ser tanto uma instituiçãosem fins lucrativos quanto uma instituição com fins lucrativos e que, quando não forpropriedade de uma universidade, deverá ter um relacionamento formal com essainstituição, inclusive mediante alianças estratégicas.

Canadian Association of University Research Park13

Um Parque Universitário de Pesquisa (University Research Park) é um empreendimento,com base numa propriedade imobiliária, que possui:

• Plano Diretor Urbano e prédios projetados primariamente para receber entidadespúblicas e privadas de P&D, empresas de alta tecnologia e serviços de suporte;

• relacionamento contratual ou operacional com instituições de ensino superior e deP&D;

• papel pró-ativo na promoção das atividades de P&D nessas instituições medianteparcerias com o setor empresarial, na promoção e assistência à criação edesenvolvimento de empresas intensivas em conhecimento e na promoção dodesenvolvimento econômico;

• papel pró-ativo para auxiliar a transferência de tecnologia e habilidades em negóciosentre equipes das instituições de ensino e pesquisa e equipes do setor empresarial; e

• papel pró-ativo na promoção do desenvolvimento econômico da comunidade e daregião com base no desenvolvimento da tecnologia.

O Parque Universitário de Pesquisa pode ser uma entidade sem fins lucrativos ou comfins lucrativos. Quando não for de propriedade exclusiva de uma instituição de ensino epesquisa, deverá ter um relacionamento formal com essas instituições de modo aassegurar a consecução dos objetivos do parque.

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38 Spolidoro, R. & Audy, J.

United Kingdom Science Park Association – UKSPA14

Um Parque Tecnológico (Science Park) é uma iniciativa de suporte a negócios que:

• tem como principal propósito estimular e apoiar a criação e desenvolvimentode empresas inovadoras, de crescimento rápido e de base tecnológica, mediantemecanismos como a incubação ou desdobramentos de empreendimentos (spin-off);

• fornece infra-estrutura e serviços de suporte, que incluem mecanismos de apoio àcooperação entre instituições de ensino e pesquisa e empresas; e

• possui uma gerência engajada na transferência de tecnologia para empresas depequeno e médio porte e na assistência ao desenvolvimento da capacidadeadministrativa dessas empresas.

Associação Nacional de Entidades Promotoras de TecnologiasAvançadas – ANPROTEC1

Entende-se por Parque Tecnológico:

(a) Um complexo industrial de base científico-tecnológica planejado, de caráter formal,concentrado e cooperativo, que agrega empresas cuja produção se baseia empesquisa tecnológica desenvolvida nos centros de P&D vinculados ao parque.

(b) Um empreendimento promotor da cultura da inovação, da competitividade e doaumento da capacitação empresarial fundamentado na transferência do conhe-cimento e tecnologia, com o objetivo de incrementar a produção de riqueza.

Projeto de lei, Senado dos Estados Unidos15

Parque Tecnológico significa um grupo de empresas e de instituições inter-relacionadas– incluindo fornecedores, prestadores de serviços, instituições de ensino superior,incubadoras de empresas e associações empresariais – que são capazes de cooperarmesmo que sejam concorrentes e que estão localizadas numa área cuja entidade gestorapromove tanto o desenvolvimento imobiliário quanto a transferência de tecnologia eparcerias, e que não é um Parque Empresarial.

Um Parque Empresarial significa um empreendimento imobiliário com fins lucrativosdestinados à localização de estabelecimentos comerciais ou industriais que nãonecessariamente se reforçam mutuamente mediante ações sinérgicas.

II.1.2. Pólo Setorial (ou Arranjo Produtivo Local)

Conforme PORTER, Banco do Brasil e SEBRAE:16,17

Um Pólo Setorial (ou Arranjo Produtivo Local – APL) é uma agrupação de empresas e outrasinstituições que atuam num mesmo setor econômico – incluindo fabricantes de bens,prestadores de serviços, fornecedores, instituições de ensino e pesquisa e órgãos de governo –localizadas num mesmo território e que estabelecem significativa articulação e cooperação como objetivo de impulsionar o desenvolvimento do Pólo e da região.

Um Pólo de Inovação (ou Arranjo Local de Inovação) é uma agrupação de empresas eoutras instituições, em determinado território, cujo negócio é produzir a inovação – isto

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Parque Científico e Tecnológico da PUCRS – TECNOPUC 39

é, fazer com que idéias e conhecimentos cheguem ao mercado sob a forma de produtosde sucesso.

Um Pólo Setorial é formal quando existe uma convenção subscrita por todos oselementos que o compõem e uma entidade gestora capaz de promover a articulação ecooperação no âmbito da iniciativa.18 Essa situação é difícil de ser atingida, à semelhançada dificuldade de obter a adesão de todos os moradores de um bairro à associação dacomunidade local.

II.1.3 Tecnópole e Sistema Local de Inovação

Não há consenso, em âmbito mundial, sobre a definição para tecnópole (ou tecnópolis),conceito utilizado a partir da década de 1970, em especial no Japão e na França.9,19-24

Considera-se que o vocábulo tecnópole corresponda tanto a um espaço físico quanto aum pacto:

• Uma tecnópole é um território cujos atores da inovação (ou integrantes do SistemaLocal de Inovação, tais como os órgãos de governo, instituições de ensino superior etécnico, instituições de P&D, empresas intensivas em conhecimento e associações)mantêm significativa articulação e cooperação com vistas a promover o desen-volvimento local da capacidade científica, tecnológica e de produção de bens eserviços intensivos em conhecimento.

• Uma tecnópole é um programa de articulação dos atores da inovação numa re-gião.

Nas duas acepções, a adesão à convenção que rege a tecnópole não é compulsóriae a entidade gestora não possui autoridade sobre os integrantes do Sistema Lo-cal de Inovação para forçá-los a atuar em sinergia no âmbito do território conside-rado.20-25

Na década de 1990, na França, os conceitos quanto a tecnópoles foram significativa-mente modificados por duas razões básicas:

• a reestruturação da organização política dos municípios quanto ao desenvolvimentoregional, com a adoção de formatos como as comunidades de municípios e deaglomerações urbanas;9,21-24

• o reconhecimento de que o desenvolvimento regional, na economia globalizadada Sociedade do Conhecimento, requer abordagens inovadoras, com interven-ções pluridisciplinares e maior articulação de todas as forças da sociedade orga-nizada.

Em conseqüência, as iniciativas referentes às tecnópoles têm sido incorporadas aprogramas mais abrangentes, no âmbito de projetos regionais de desenvolvimento dascitadas comunidades de municípios ou aglomerações urbanas.21-24

II.2 Comparação de definições

A interpretação das definições antes relacionadas quando aplicadas a diversas ca-racterísticas de parques tecnológicos, pólos setoriais e tecnópoles, permite a elaboraçãodo quadro comparativo ilustrado na Tabela II-1.

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40 Spolidoro, R. & Audy, J.

Tabela II-1. Comparação de definições de Parque Tecnológico e iniciativas assemelhadas.

Convenções:

Iniciativa Parque Tecnológico

Características IASP11 AURP12 UKSPA14 ANPROTEC1

Projeto Senado EUA15

Pólo Setorial

(APL)16,17 Tecnó-

pole9,19-24

Existe uma Entidade Gestora que promove a sinergia dos participantes da iniciativa e desses e demais atores da inovação na região.

S S S S S S S

Para que um elemento seja participante da iniciativa deve celebrar contrato prévio com a Entidade Gestora.

S S S S S N N

O objetivo fundamental da iniciativa é promover o desenvolvimento da região. S I I I I S S

Devem ser disponibilizadas, para os participantes da iniciativa, propriedades imobiliárias e infra-estruturas.

N S S S S N N

A Entidade Gestora também atua como incorporadora na construção de prédios e de infra-estrutura na iniciativa.

N I I I S N N

A Entidade Gestora fornece serviços de valor agregado aos participantes da iniciativa.

S S S I I I I

A iniciativa é exclusiva para empreendimentos intensivos em conhecimento.

S S S S I I I

A iniciativa pode ter fins lucrativos. I S N I N I I A iniciativa estimula e apóia a criação e o crescimento de empresas intensivas em conhecimento.

S S S S I I S

A iniciativa é propriedade de universidade ou centro de P&D ou tem relacionamento formal com essas instituições.

I S I I I N N

A atividade prioritária na iniciativa é pesquisa científica e desenvolvimento tecnológico (P&D).

I S I I I N N

A análise da Tabela II-1 permite observar:

1. Quanto às definições de Parque Tecnológico:

• Há acordo apenas quanto à necessidade de uma entidade gestora que promova asinergia dos empreendimentos participantes do empreendimento.

• Há divergências ou insuficiência de informação quanto a várias característicasrelevantes.

2. Uma entidade somente participa de um Parque Tecnológico se celebrar um contratocom a entidade gestora da iniciativa.

3. Uma entidade que, por definição, é integrante de uma iniciativa como um PóloSetorial ou Tecnópole (no sentido de território) não é obrigada a participar dainiciativa nem a celebrar contrato com a sua entidade gestora.

4. Ainda não existe uma definição que caracterize inequivocamente um parquetecnológico.

S Sim

N Não

I Definição com informação insuficiente sobre o quesito

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Parque Científico e Tecnológico da PUCRS – TECNOPUC 41

Desde a segunda metade do século XX, em âmbito mundial, observa-se significativaevolução dos formatos dos parques tecnológicos e iniciativas assemelhadas.

Os programas de desenvolvimento deixam de ser executados por municípios isolados etendem à responsabilidade de novas estruturas de organização política regional, estadualou nacional. Ilustram essa tendência:

• As comunidades de municípios na França;21-24

• O Multimedia Super Corridor na Malásia;25 e

• O Corredor do Conhecimento, com 150 km de extensão, ligando as cidades deMumbai e Pune, na Índia, e englobando seis parques tecnológicos.26

Nessa transição, grupos de parques tecnológicos e programas tecnopolitanos sãoabsorvidos por ações mais amplas, sob a égide de um projeto regional de desen-volvimento, conforme ilustrado pela Figura II-1.

Figura II-1. Evolução dos tipos e das hierarquias de alguns hábitats de inovação.

Município

Região (Conjunto de Municípios)

Projeto Regional de Desenvolvimento

Segunda metade do século XX Início do século XXI

ProgramaTecnópole

OutrosProgramas

OutrosProgramas

Articulação doSistema Regionalde Inovação

Pólos (APLs)

ParquesTecnológicos

Pólos (APLs)

ParquesTecnológicos

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42 Spolidoro, R. & Audy, J.

II.3 O contexto em que os parques tecnológicos evoluem

O contexto em que os parques tecnológicos emergiram e têm evoluído pode ser descritopelos seus aspectos relevantes, agrupados nas seguintes vertentes:

• O cenário geral: a Sociedade do Conhecimento.

• A cultura empreendedora.

• Origens dos parques tecnológicos.

• O primeiro parque tecnológico e o seu ambiente.

• Formatos de parques tecnológicos.

• Categorias de parques tecnológicos.

• Tendências dos parques tecnológicos.

II.3.1 O cenário geral: a Sociedade do Conhecimento

A aceleração dos avanços científicos e tecnológicos, a partir de meados do século XX,provocou a exaustão da Sociedade Industrial, iniciada pelo Iluminismo e pela RevoluçãoIndustrial, e a sua substituição, em âmbito mundial, por uma era radicalmente diferente,a Sociedade do Conhecimento.2-9,27

Cada uma dessas eras é interpretada como um paradigma social, definido como o padrãoda percepção da realidade e da resposta aos seus desafios que caracteriza uma comu-nidade em determinado momento de sua existência.9

Um paradigma social é engendrado por uma conjugação de condições temporais (comocrenças, instituições e conhecimentos), condições espaciais (como a organização doespaço socialmente construído e a localização geográfica) e condições materiais (comorecursos naturais e fontes de energia).9,27 Uma transição de paradigma social ocorrequando mudanças naquelas condições são capazes de modificar radicalmente o padrãodo comportamento até então existente.

Por suas características revolucionárias, as transições de paradigma social criam ameaçase oportunidades extraordinárias às gerações que as vivenciam. Renomados historia-dores29 preconizam que é a capacidade de perceber esses desafios, e de estruturarrespostas eficazes para vencê-los, que diferencia as sociedades que se projetam para ofuturo daquelas que se desintegram ou se condenam à mediocridade.

Para subsidiar a estruturação de respostas eficazes aos desafios trazidos por novosparadigmas, a Teoria da Transição de Paradigmas, formulada por Spolidoro9,27,29, apre-senta proposições fundamentadas em axiomas, tais como:

1. Respostas eficazes aos desafios trazidos por um novo paradigma não emergem dosconceitos e instrumentos vigentes no paradigma que se exaure; ao contrário, a suaestruturação requer coragem para questionar dogmas e comportamentos consagra-dos, ousadia intelectual para sonhar além de qualquer limite e capacidade de criarconceitos e instrumentos novos e revolucionários em relação ao paradigma exaurido.

2. Num novo paradigma, urge questionar os conceitos e instrumentos herdados doparadigma exaurido, verificando se eles devem ser mantidos, atualizados ou, mesmo,abandonados.

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Parque Científico e Tecnológico da PUCRS – TECNOPUC 43

3. Um novo paradigma oferece oportunidades extraordinárias às pessoas e instituições capa-zes de aliar a sua criatividade e habilidades às possibilidades abertas por novas realidades.

4. Um novo paradigma cria entes próprios, que só podem ser compreendidos no âmbitodo novo paradigma, como ilustrado, no momento atual, pelo ciberspaço.

5. As pessoas e instituições formadas sob a égide de um paradigma exaurido podem tergrande dificuldade compreender e aceitar a necessidade de efetuar o salto para umnovo paradigma.

6. Freqüentemente, a estruturação de respostas inovadoras e eficazes aos desafios deum novo paradigma é realizada por pessoas e grupos, denominados de minoriascriativas, que ousam se insurgir contra o status quo.

Embora a Sociedade do Conhecimento ainda seja incipiente, é possível estabelecer umacomparação entre percepções de características relevantes do novo paradigma e daqueleque o precedeu (Tabela II-2).

Tabela II-2. Percepções quanto a características da Sociedade Industrial e a Sociedade do Conhecimento.27,29,30

Percepções Características

Sociedade Industrial Sociedade do Conhecimento Mercado Mercado doméstico, expandido por

guerras. Economia globalizada, regulamentada por acordos internacionais.

Fatores-chave da competitividade das nações

Mão-de-obra barata, capital e recursos naturais.

A educação do povo e a sua capacidade de gerar e utilizar conhecimentos e inovações. A capacidade de aprender a aprender de modo continuado e ao longo de toda a vida.32

Modelos políticos Centralização política. Nação-estado.

Descentralização e valorização da democracia. Comunidade de Nações.

Planejamento Modelos com evolução linear e previsibilidade.

Modelos capazes de incorporar processos não-lineares e valorizar intuições.

Papel do governo Forte intervenção na economia. Mais organizador; menos executor. Forma de atuação da sociedade

Atuação autárquica e empresas verticalizadas.

Parcerias público-privadas, alianças estratégicas e atuação em rede.

Meio ambiente Uso irresponsável do meio ambiente. Crescente consciência e regulamentações internacionais para preservar o meio ambiente.

Meios de comunicação

Redes e meios de comunicação locais com capacidade limitada.

Rede optoeletrônica em âmbito mundial, interativa, com capacidade virtualmente ilimitada e acessível, a custos reduzidos, de qualquer ponto do planeta.

Abordagens Isolamento das especialidades. Interdisciplinaridade e sinergia entre instituições e especialidades.

Universidade Comportamento fundamentado na fragmentação do conhecimento e na ação voltada para o interior da própria instituição.

Comportamento de universidade empreendedora, que promove a articulação dos diversos campos do conhecimento, a cultura empreendedora e maior participação da academia no processo de desenvolvimento socialmente responsável em âmbito local, nacional e mundial.31

Principais indústrias e serviços

Petroquímica Automobilística Construção civil Agroindústria Eletroeletrônica Microeletrônica

Além das citadas ao lado, ganharão destaque: 1. Conjugação de atividades associadas à saúde, esportes, lazer, educação e cultura. 2. Convergência da Tecnologia da Informação e 3. Comunicações e a elaboração de conteúdos. 4. Saúde: medicina preventiva e qualidade de vida Biotecnologia. 5. Energia: fontes alternativas e uso eficiente. 6. Gestão do meio ambiente e do espaço construído. 7. Conjugação de novos campos da ciência e tecnologia.

Cultura empreendedora

Associada às características dos criadores de empresas e dos realizadores de grandes feitos.

Atributo de pessoas e de comunidades capazes de identificar desafios (ameaças e oportunidades) e estruturar respostas eficazes para superá-los.

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44 Spolidoro, R. & Audy, J.

II.3.2 A cultura empreendedora

A cultura empreendedora é definida, neste trabalho, como a capacidade – de umapessoa ou de uma comunidade – de identificar os desafios (ameaças e oportunidades)trazidos pela sua circunstância32 e de estruturar respostas eficazes para superá-los,vencendo as ameaças e aproveitando as oportunidades.

Na perspectiva do binômio desafio-resposta de TOYNBEE33, interpretamos a culturaempreendedora como o fator que distingue as sociedades capazes de superar desafios,projetando-se para o futuro, daquelas que se resignam ante as fatalidades e sedesintegram ou se condenam à mediocridade.

As dimensões e a complexidade dos desafios trazidos pela Sociedade do Conhecimento,a cada região do planeta, motivam uma crescente valorização da cultura empreendedoraem todos os níveis. Observa-se desde cursos de empreendedorismo para crianças atécomunidades que se transformam em regiões empreendedoras mediante a adoção deformatos inovadores de pensar e agir. Constata-se, também, que entidades até entãolentas em perceber e reagir a desafios de novos paradigmas – como órgãos do serviçopúblico e universidades, estão acelerando a busca de modelos sintonizados com acultura empreendedora.34-39

II.4 Origens dos parques tecnológicos40-46

Os parques tecnológicos têm origem na Universidade de Stanford, instituição privadafundada por um mecenas, no final do século XIX, ao sul de São Francisco, na Califórnia,Estados Unidos, em memória a seu filho precocemente falecido.

A principal riqueza da região, na época, era a agricultura, mas a nova universidadedecidiu transcender as vocações locais e apostar no futuro, focando as Engenharias eCiências Exatas. Durante os primeiros quarenta anos, os seus graduados encontraramdificuldade em obter empregos na região e eram obrigados a buscá-los em paragenseconomicamente mais dinâmicas.

Na década de 1930, o Professor Frederick Terman percebeu as oportunidades abertaspela aceleração dos avanços da ciência e tecnologia para estancar a fuga de cérebros epromover o desenvolvimento regional. A universidade passou, então, a oferecer bolsade estudos, acesso a laboratórios e orientação a graduados que desejassem criarempresas para transformar as suas idéias e conhecimentos em produtos, iniciando o quese tornou conhecido como incubação de empresas.

O crescimento das empresas assim geradas passou a demandar instalações maisadequadas. O interesse dos empresários em permanecer no ambiente em que haviamflorescido levou a Universidade de Stanford a criar, em 1951, em 2,8 km² de seu campusde 33 km², um espaço para a instalação de empreendimentos, inicialmente denominadoStanford Industrial Park .

O nome da iniciativa – Stanford Industrial Park – refletia a opinião geral vigente, quepreconizava um distrito industrial convencional, capaz de atrair indústrias – quaisquerque fossem. Uma outra corrente, à qual pertencia o Professor Terman, conseguiupreservar o parque para empresas dispostas trabalhar em aliança com a academia. Essa

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Parque Científico e Tecnológico da PUCRS – TECNOPUC 45

corrente advogava que empresas do futuro continuariam a surgir dos cérebros econhecimentos gerados na universidade e necessitariam forte interação com a suaalma mater. Na seqüência, a universidade construiu pavilhões industriais simples noparque e os alugou, a baixo preço, a empresas intensivas em conhecimento criadaspor ex-alunos.

Essas iniciativas – a incubação de empreendimentos privados no ambiente acadêmico eum parque vinculado ao futuro – não foram conquistas fáceis. Muitas pessoas de bomsenso as interpretaram como insensatez. Entretanto, elas foram fundamentais paratransformar uma área rural em uma das regiões que mais inovações têm produzido emâmbito mundial – o Vale do Silício.

Em 1974, o Stanford Industrial Park contava com mais de setenta empresas intensivasem conhecimento, que empregavam vinte e seis mil profissionais. Sua denominação foialterada para Stanford Research Park de modo a indicar claramente o seu compromissocom a pesquisa e a inovação. Em 2005, o Stanford Research Park arrolava mais de 150empresas em áreas intensivas em conhecimento, em especial eletrônica, informática ebiotecnologia, bem como diversos centros de pesquisa e empresas ancilares em temascomo advocacia, finanças, consultoria e capital de risco.

O esgotamento dos terrenos no Stanford Research Park, a partir da década de 1970,levou empresas intensivas em conhecimento a instalarem-se nas proximidades dauniversidade. Nesse processo, o Vale do Silício foi praticamente transformado em umimenso parque tecnológico disseminado no tecido urbano.

II.5 O primeiro parque tecnológico e o seu ambiente

O sucesso do Stanford Research Park estimulou, a partir da década de 1950, em âmbitointernacional, a busca da replicação tanto do modelo do parque quanto do ambiente doVale do Silício. Esse processo conduziu à estruturação de mais de mil parquestecnológicos no mundo11-15 e a diversas inovações quanto à organização política doterritório. A estrutura das Comunidades de Municípios, na França, por exemplo, foimotivada pela implantação, na década de 1970, de Labège Innopole, na região deToulouse, e de Sophia Antipolis, na região de Nice.21-24

O modelo do Stanford Research Park

O Stanford Research Park foi visualizado, num primeiro momento, como o conjuntoformado por empresas intensivas em conhecimento e centros de pesquisa e desen-volvimento, os quais podiam estar localizados tanto na universidade como no parque,como ilustrado na Figura II-2.

Nesse modelo, a universidade gera cérebros e conhecimentos, mas são as empresas queinteragem com o mercado e lhe fornecem produtos, a partir de desenvolvimentospróprios, muitos dos quais realizados em estreita colaboração com os clientes.

O conjunto formado pela universidade em articulação com os centros de P&D e asempresas no parque e nas suas vizinhanças, somado à parte do mercado que está noVale do Silício, pode ser visualizado como um Pólo de Inovação, como ilustrado naFigura II-3.

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46 Spolidoro, R. & Audy, J.

M ercado

Universidade

Em presas de Base Tecno lógica

Stanford Research Park

Centros e D ivisões de Pesquisae D esen volvim ento

Universidade

Em presas de Base Tecno lógica

Stanford Research Park

Centros e D ivisões de Pesquisae D esen volvim ento

Figura II-2. O ambiente inicial do Stanford Research Park.

Figura II-3. Pólo de Inovação englobando a Universidade de Stanford,o Stanford Research Park e o mercado local.

Universidadede

Stanford

Stanford Research Park

Mercado

“Pólo de Inovação”(Arranjo Local de Inovação)

Empresas deBase Tecnológica

Centros e Divisõesde Pesquisa e

Desenvolvimento

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Parque Científico e Tecnológico da PUCRS – TECNOPUC 47

Condições subjacentes ao desenvolvimento do parque e do Vale do Silício

Entre as condições que fundamentaram o desenvolvimento do Stanford Research Parke, de um modo mais geral, do Vale do Silício, destacam-se:9,40-46

• Povo com elevada educação.

• Ensino e pesquisa de excelência em Engenharias e Ciências Exatas e da Vida.

• Organização e uso adequado do espaço socialmente construído.

• Políticas governamentais adequadas em todos os níveis.

• Aceleração do surgimento de novos paradigmas científicos e tecnológicos.

• Ambiente propício à inovação.

• Elevada qualidade de vida.

• Globalização da economia.

• Infra-estruturas adequadas.

• Paladinos e iniciativas locais.

Embora essas condições estejam descritas na literatura, novas leituras são necessáriaspara aperfeiçoar a compreensão das razões da inovação no Vale do Silício, tais como:

Ensino e pesquisa de excelência em Engenharias e Ciências Exatas e da Vida eOrganização e uso adequado do espaço socialmente construído.

• O Stanford Research Park é adjacente ao campus da Universidade de Stanford, noqual habita boa parcela dos estudantes e dos professores.44 Essa situação facilita ainteração do corpo docente e discente da universidade e dos pesquisadores edemais profissionais que atuam nos centros de pesquisa e empresas no parque.Não há o desperdício de tempo a que estão sujeitos os estudantes que habitam adezenas de quilômetros da universidade e dependem de precários sistemas detransporte coletivo, como sói acontecer nos países em desenvolvimento.

• Além disso, o Stanford Research Park não vende a terra de que dispõe. Lotes eprédios no parque são alugados, e a receita é utilizada para ampliar e aperfeiçoaras atividades de ensino, pesquisa e extensão da universidade.44,45

Políticas governamentais adequadas em todos os níveis

• Entre as políticas favoráveis à inovação tecnológica, nos Estados Unidos, desta-cam-se as compras governamentais dirigidas às empresas domésticas (BuyAmerican Act) e a doação a cada ano, pelo Governo Federal daquele país, sob otítulo de contratos de pesquisa científica e desenvolvimento tecnológico, de cercade trinta bilhões de dólares às empresas privadas domésticas em setores portadoresde futuro, tais como as encontradas no Vale do Silício.46

Condições empresariais favoráveis

Entre essas condições destacam-se:40-46

• A decisão da Universidade de Stanford, em 1951, de construir pavilhões industriaisno Stanford Research Park e alugá-los, a preços baixos, a empresas emergentesintensivas em conhecimento e que não dispunham de recursos financeiros.

• A facilidade e rapidez para abrir e encerrar empresas no Vale do Silício.

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48 Spolidoro, R. & Audy, J.

• O estabelecimento, em 1954, de um programa (Honors Cooperative Program)que estimulou a participação de empregados das empresas residentes no parqueem cursos de pós-graduação na Universidade de Stanford, em tempo parcial. Issoestimulou a sinergia das empresas e da academia e promoveu um contínuoaperfeiçoamento profissional dos empresários e dos seus colaboradores.

• A existência de uma indústria de capital de risco, no Vale do Silício, a partir de1972.

Aceleração do surgimento de paradigmas científicos e tecnológicos

• Um paradigma científico, na perspectiva de Kuhn,47 corresponde ao conjunto deconhecimentos e práticas que define uma disciplina científica durante umdeterminado período de tempo. Por analogia, um paradigma tecnológico é oconjunto de conhecimentos e práticas que permitem iniciar um setor industrialcapaz de impor inovações ao mercado, durante um período de tempo.28,30,31

• Exemplos de paradigmas tecnológicos, ilustrados na Figura II-4, são as válvulastermiônicas e os transistores encapsulados individualmente, que tiveram os seustempos de glória, mas foram substituídos, na maior parte das aplicações, peloscircuitos integrados de silício, surgidos na segunda metade do século XX.

Figura II-4. Paradigmas tecnológicos27,29,30

• O ambiente do Vale do Silício esteve na base da criação ou do desenvolvimentode vários dos paradigmas tecnológicos ilustrados na Figura II-4, em especial asválvulas termiônicas na primeira metade do século XX, os circuitos integrados apartir de 1960 e, a partir de 1970, a microinformática, a biotecnologia e aoptoeletrônica.27,29,30

• No caso da microinformática, foi numa residência, no Vale do Silício, que surgiuo computador pessoal, e não, como se poderia esperar, nos laboratórios depesquisa dos então maiores fabricantes de computadores do mundo, na costa lestedos Estados Unidos.40-45

I I I I1910 1930 1950 1970 1990 2010

OPO R TU NIDAD ES DE MERC ADO

Válvulas

Transistores

Paradigm as tecnológicos

I

Circuitos Integrados

Biotecnologia

M icro informática

Optoeletrônica

I I I I1910 1930 1950 1970 1990 2010

OPO R TU NIDAD ES DE MERC ADO

Válvulas

Transistores

Paradigm as tecnológicos

I

Circuitos Integrados

Biotecnologia

M icro informática

Optoeletrônica

Fonte: SPOLIDORO, R. A sociedade do conhecimento e seus impactos no meiourbano, in: PALADINO, G.; MEDEIROS, L. A. Parques tecnológicos e meio urbano.Brasília: ANPROTEC, SEBRAE, 1997.

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Parque Científico e Tecnológico da PUCRS – TECNOPUC 49

Iniciativas e paladinos locais40-45

• Entre os paladinos locais, cuja visão e trabalho viabilizaram o Vale do Silício,devem ser lembrados os milionários Leland e Jane Stanford, que instituíram umauniversidade em memória do filho precocemente falecido, bem como o ProfessorFrederick Terman, cuja ação desencadeou a incubação de empresas e os parquestecnológicos.

II.6 Formatos de parques tecnológicos

II.6.1 Os elementos essenciais de um parque tecnológico

Em âmbito mundial, os parques tecnológicos – cujo número ultrapassa a casa domilhar11-14 – apresentam-se sob um amplo espectro de formatos. Para fins de análise,considera-se que os elementos essenciais de um parque tecnológico são os ilustrados naFigura II-5.30

• O Quadro Conceitual é formado pelo conjunto de teorias, hipóteses e premissas quefundamentam os modelos adotados para o parque e orientam as decisões.

O Quadro Conceitual reflete as interpretações quanto à circunstância32 na qual se insere oparque. Inclui, entre outros aspectos, as origens e as motivações da iniciativa, as condições e osfatores políticos, econômicos e culturais do local em que se situa e estudos prospectivos sobretemas que afetam os seus destinos.

• A Base Física é formada pela área utilizada pelo parque, incluindo imóveis, terrenose infra-estruturas.

• A Base de Viabilidade é formada pelo conjunto de condições que asseguram a viabi-lidade institucional, política, técnica, ambiental e econômico-financeira do parque.

• A Base Funcional é formada seu conjunto dos objetivos, filosofias, estratégias eprocedimentos operacionais do parque, bem como pela sua Governança.

A Governança, em geral, é formada por uma Gestão Operacional e uma Gestão Estratégica:

• A Gestão Operacional trata da administração interna do parque, o que inclui aadministração de propriedades imobiliárias, os processos administrativos deadmissão e a organização dos serviços prestados às entidades residentes.

• A Gestão Estratégica trata das filosofias, objetivos e estratégias do parque.

Figura II-5. Elementos essenciaisde um Parque Tecnológico.

BaseFuncional

Basede

Viabilidade

BaseFísica

Quadro Conceitual

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50 Spolidoro, R. & Audy, J.

II.6.2 Grupos de características relevantes de Parques Tecnológicos

A comparação de parques tecnológicos em âmbito mundial permite identificar a exis-tência de grupos de características relevantes, conforme relacionado nas Tabelas II-3 a II-5.

Tabela II-3. Grupos e características quanto à Base Funcional de um Parque Tecnológico.

Grupo Característica Casos típicos Ampliar as perspectivas dos estudantes da universidade (à qual o parque está vinculado) e contribuir para que o conhecimento nela gerado seja útil à sociedade, em especial mediante a sua transformação em inovações tecnológicas. Para tanto, oferece condições para uma intensa sinergia da universidade e empresas intensivas em conhecimento, centros de P&D e outros atores da inovação no parque e em outros locais.

Parc Científic de Barcelona48 Research Park Madison50 Parque Tec Univ. Pune, Índia51 Univ. Warwick Science Park52,53 Oxford Univ. Begbroke Sc. Park54

Promover intensa sinergia das empresas intensivas em conhecimento, centros de P&D, instituições de ensino e outros atores da inovação no parque e em outros locais. Pode oferecer imóveis, infra-estrutura e serviços de suporte, mas não é indispensável.

Technopôle Lyon-Gerland55 Parque Tecnológico Rennes56 Science Center Penn University57 Chicago Technology Park58 Parque Tecnológico da Malásia59

Foco prioritário

Oferecer imóveis e infra-estrutura de elevada qualidade e serviços de suporte, no âmbito do parque, a empresas intensivas em conhecimento, centros de P&D e instituições de ensino e promover a sinergia das entidades residentes e demais atores da inovação no parque e em outros locais.

Sophia Antipolis60 Research Triangle Park61 Kilometro Rosso62 Parque Tecnológico Oulu63 Tidel Software Park64 Hsinchu Science Park65 Parque Tecnológico Kulim66 Parque Tecnológico Bangalore67

Sem fins lucrativos. Sophia Antipolis60 Parque Tecnológico DuPage68

Finalidade econômica

Com fins lucrativos. Kilometro Rosso62 Entidade Gestora existente. Research Triangle Park61

Parque Tecnológico DuPage68 Existência da Entidade Gestora Entidade Gestora em fase de organização. Parque Tecnológico S. Roch69

Gestão Operacional e Estratégica: instituição de direito privado sem fins lucrativos.

Research Triangle Park61

Gestão Operacional e Estratégica: empresa sem fins lucrativos articulada a outras entidades.

Parque Tecnológico da Malásia59

Parque Tecnológico DuPage68

Gestão Operacional e Estratégica: empresas privadas. Kilometro Rosso62

Gestão Operacional: órgão governamental. Gestão Estratégica: órgão governamental articulado à academia e ao setor empresarial.

Technopôle Lyon-Gerland55 Hsinchu Science Park65

Gestão Operacional: órgão vinculado à proprietária do parque. Gestão Estratégica: proprietária articulada a outras entidades.

Science Center Penn Unversity57

Gestão Operacional: empresa privada. Gestão Estratégica: proprietária articulada a outras entidades.

Cambridge Science Park49 Parque Tecnológico Bangalore67

Governança

Gestão Operacional: empresa pública. Gestão Estratégica: empresa pública e outras entidades.

Sophia Antipolis60 Chicago Technology Park58 Parque Tecnológico Oulu63

Governança com autoridade para impor a sinergia das empresas e instituições de ensino e pesquisa no parque, decorrente de exigência contratual no acesso aos imóveis na iniciativa.

Parc Científic de Barcelona48 Cambridge Science Park49

Autoridade da Governança para impor a sinergia no parque Governança sem autoridade para impor a sinergia das empresas e instituições

de ensino e pesquisa no parque. Technopôle Lyon-Gerland55 Sophia Antipolis60

Unidades de P&D públicas e privadas. Empresas intensivas em conhecimento cuja evolução depende

de forte interação com o ambiente do parque. Unidades de educação e capacitação. Incubação de empresas.

Parc Científic de Barcelona48 Cambridge Science Park49 Stanford Research Park44 Parque Tecnológico da Malásia59

Unidades de P&D. Empresas intensivas em conhecimento. Unidades de educação e capacitação. Incubação de empresas intensivas em conhecimento. Órgãos governamentais e entidades de apoio à inovação.

Sophia Antipolis60 Research Triangle Park61 Parque Tecnológico Oulu63 Parque Tecnológico DuPage68

Entidades com admissão prioritária no parque

Unidades de P&D. Empresas intensivas em conhecimento.

Tidel Software Park64

Setores intensivos em conhecimento Stanford Research Park44 Setores admitidos Setores tradicionais da economia Fashion Technology Park70 Um setor: Parque Setorial Tidel Software Park64 Número de

setores Diversos setores: Parque Multissetorial Stanford Research Park44

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Parque Científico e Tecnológico da PUCRS – TECNOPUC 51

Tabela II-4. Grupos e características quanto à Base Física de um Parque Tecnológico.

Tabela II-5. Grupos e características quanto à Base de Viabilidade.

Grupo Característica Casos típicos Uma área exclusiva. Stanford Research Park44

Diversas áreas exclusivas. Parque Tecnológico Rennes58

Tipo da Base Física

Prédios próprios e de terceiros disseminados no tecido urbano ou na região.

Technopôle Lyon-Gerland55

Governo. Hsinchu Science Park65

Universidade. Cambridge Science Park49

Instituição de direito privado sem fins lucrativos. Research Triangle Park61

Empresa pública. Parque Tecnológico Oulu 63

Proprietário

Empresa privada. Kilometro Rosso21

Adjacente ou dentro de campus de universidades ou centros de P&D.

Stanford Research Park44 Em relação a universidades ou centros de P&D Fora do campus de universidade ou centro de P&D Sophia Antipolis60

Até 10 hectares Tidel Software Park64

De 10 a 100 ha. Cambridge Science Park49

De 100 a 1.000 ha. Stanford Research Park44

Dimensões

Acima de 1.000 ha. Research Triangle Park61

Terreno no meio urbano. Tidel Software Park64

Disseminado no tecido urbano. Technopôle Lyon-Gerland55

Conjuntos desativados: quartéis, fábricas etc. Australian Technology Park71

Área na periferia das cidades e áreas rurais. Research Triangle Park61

Substrato

Misto de áreas no tecido urbano, áreas na periferia das cidades e áreas rurais e conjuntos desativados.

Parque Tecnológico Rennes56

Um município. Stanford Research Park44 Abrangência da Base Física Vários municípios. Parque Tecnológico Rennes56

Grupo Característica Casos típicos Governo. Sophia Antipolis60

Hsinchu Science Park65

Instituição de direito privado sem fins lucrativos. Stanford Research Park45

Aliança Público-Privada. Parque Tecnológico Oulu63

Recursos para a implantação do parque

Empresa com fins lucrativos. Kilometro Rosso62

Governo. Technopôle Lyon-Gerland55

Universidade ou Centro de P&D. Oxford Univ. Begbroke Sc. Park54

Aluguéis de terrenos e prédios no parque. Stanford Research Park44

Parque Tecnológico Oulu63

Recursos para a manutenção e atividades da Entidade Gestora

Venda e aluguel de prédios e terrenos no parque. Research Triangle Park61 Sophia Antipolis60

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52 Spolidoro, R. & Audy, J.

II.7 Categorias de Parques Tecnológicos

A análise das Tabelas II-3 a II-5 permite agrupar os parques tecnológicos em categorias,conforme indicado na Tabela II-6.

Tabela II-6. Categorias de Parques Tecnológicos.

Categoria Foco prioritário

Autoridade para

impor a sinergia no âmbito do

parque

Finalidade econômica Casos típicos

A Parque Científico e

Tecnológico (Também denominado

Parque Científico e Tecnológico vinculado à universidade, traduzindo o conceito de University

Research Park)

Ampliar as perspectivas dos estudantes da universidade (à qual o parque está vinculado) e contribuir para que o conhecimento nela gerado seja útil à sociedade, em especial mediante a sua transformação em inovações tecnológicas. Para tanto, oferece condições para uma intensa sinergia da universidade e empresas intensivas em conhecimento, centros de P&D e outros atores da inovação no parque e em outros locais. Deve haver o oferecimento de imóveis e infra-estrutura no parque.

Sim Sem fins lucrativos.

Parc Científic de Barcelona48

Research Park Madison50 Parque Tec Univers. Pune51 Univ. Warwick Science Park52,53 Oxford Univ. Begbroke Sc. Park54

B Parque Tecnológico

Promover intensa sinergia das empresas intensivas em conhecimento, centros de P&D, instituições de ensino e outros atores da inovação no parque e em outros locais. A Entidade Gestora pode oferecer imóveis e infra-estrutura no parque, mas não é indispensável.

Não Sem fins lucrativos.

Technopôle Lyon-Gerland55 Science Center Penn University50 Chicago Technology Park58 Parque Tecnológico da Malásia59

Não Sem fins lucrativos.

Sophia Antipolis60 Research Triangle Park61 Tidel Software Park64 Parque Tecnológico Kulim66 Parque Tecnológico DuPage68

C Parque Tecnológico

e Empresarial

Oferecer imóveis e infra-estrutura de elevada qualidade e serviços de suporte, no âmbito do parque, a empresas intensivas em conhecimento, centros de P&D e instituições de ensino e promover a sinergia das entidades residentes e demais atores da inovação no parque e em outros locais.

Não Com fins lucrativos.

Kilometro Rosso62 Parque Tecnológico Oulu63 Parque Tecnológico Bangalore67

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Parque Científico e Tecnológico da PUCRS – TECNOPUC 53

II.8 Uma visão de casos típicos de Parques Tecnológicos

A. CATEGORIA: Parques Científicos e Tecnológicos(vinculados à universidade)

A.1 Stanford Research Park, Stanford, Califórnia, Estados Unidos44

Denominação Stanford Research Park Categoria Parque Científico e Tecnológico vinculado à universidade, propriedade da Universidade de Stanford,

multissetorial, com área exclusiva adjacente ao campus da universidade, sem fins lucrativos. Foco prioritário Ampliar as perspectivas dos estudantes da Universidade de Stanford e contribuir para que o

conhecimento nela gerado seja útil à sociedade, em especial mediante a sua transformação em inovações tecnológicas. Para tanto, oferece condições para uma intensa sinergia da universidade e empresas intensivas em conhecimento, centros de P&D e outros atores da inovação no parque e em outros locais.

Criação 1951 Base Física 280 ha, adjacentes ao campus da Stanford University. Origem Descrita nos itens II.2. e II.3. Governança Gestão Operacional: empresa privada (Stanford Management Company).

Gestão Estratégica: Universidade de Stanford em articulação com outras entidades, tais como o Stanford Affiliates Program.

Sinergia A Governança tem, em princípio, autoridade para impor a sinergia da universidade e o setor empresarial no parque.

Situação atual Empresas: 150 Número de empregados: 23.000 Área construída: 1.000.000 m²

Acesso a imóveis O parque não vende terrenos. A terra é propriedade inalienável da Universidade de Stanford. A cessão é por aluguel.

A.2 Parc Científic de Barcelona, Catalunha, Espanha48

Denominação Parc Científic de Barcelona

Categoria Parque Científico e Tecnológico, propriedade da Universidade de Barcelona, multissetorial, com área exclusiva no campus da universidade, sem fins lucrativos.

Foco prioritário

Ampliar as perspectivas dos estudantes da Universidade de Barcelona e contribuir para que o conhecimento nela gerado seja útil à sociedade, em especial mediante a sua transformação em inovações tecnológicas. Para tanto, oferece condições para uma intensa sinergia da universidade e empresas intensivas em conhecimento, centros de P&D e outros atores da inovação no parque e em outros locais.

Criação 1997 Base Física Edifício modular de 20.000 m², no campus da Universidade de Barcelona, em Barcelona.

Governança Gestão Operacional: Fundação Parque Científico de Barcelona. Gestão Estratégica: realizada pela articulação dessa fundação com as entidades participantes da sua administração, entre as quais a universidade e o governo da Catalunha.

Sinergia A Governança dispõe de autoridade para impor a sinergia da universidade e do setor empresarial no parque.

Entidades residentes

20 empresas, 3 centros de P&D, Incubadora de Empresas.

Acesso Os prédios não são vendidos.

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54 Spolidoro, R. & Audy, J.

A.3 Cambridge Science Park, Cambridge, Reino Unido49

Denominação Cambridge Science Park

Categoria Parque Científico e Tecnológico, propriedade da Universidade de Cambridge, multissetorial, com uma área exclusiva e sem fins lucrativos.

Foco prioritário Ampliar as perspectivas dos estudantes da Universidade de Cambridge e contribuir para que o conheci- mento nela gerado seja útil à sociedade, em especial mediante a sua transformação em inovações tecno-lógicas. Para tanto, oferece condições para uma intensa sinergia da universidade e empresas intensivas em conhecimento, centros de P&D e outros atores da inovação no parque e em outros locais.

Criação 1970 Base Física 60 ha, a cerca de 5 km do campus central da universidade.

Governança Gestão Operacional desde 1970. Entidade Gestora: Bidwells Property Consultants (empresa privada, imobiliária). Gestão Estratégica: Trinity College em articulação com a Entidade Gestora.

Sinergia A Governança dispõe, em princípio, de autoridade para impor a sinergia da universidade e setor empre- sarial no parque.

Residentes Alguns centros de P&D da universidade. Cerca de 90 pequenas e médias empresas de base tecnológica (das quais dez nasceram na universidade), centros de P&D públicos e privados.

Acesso A terra não é vendida.

Comentários

O parque levou mais de doze anos até obter resultados significativos quanto ao número de empresas e empregos. Entretanto, os seus resultados devem ser medidos também pela sua contribuição para:72 • a quebra do monopólio que havia no Reino Unido para exploração de patentes de universidades

públicas; • a valorização das engenharias, que eram pouco prezadas na Inglaterra, em contraste à postura da

Alemanha e da França, por exemplo. • o aperfeiçoamento da política industrial e de P&D do Reino Unido. Por exemplo, a política de

compras governamentais foi modificada para contemplar também pequenas empresas domésticas intensivas em conhecimento e não apenas as grandes e tradicionais empresas britânicas.

A.4 Research Park Madison, Wisconsin, EUA50

Denominação University Research Park University of Wisconsin-Madison

Categoria Parque Científico e Tecnológico, vinculado à University of Wisconsin-Madison, multissetorial, com uma área exclusiva, sem fins lucrativos.

Foco prioritário Ampliar as perspectivas dos estudantes da University of Wisconsin-Madison e contribuir para que o conhe-cimento nela gerado seja útil à sociedade, em especial mediante a sua transformação em inovações tecnológicas. Para tanto, oferece condições para uma intensa sinergia da universidade e empresas intensivas em conhecimento, centros de P&D e outros atores da inovação no parque e em outros locais.

Criação 1984 Base Física 102 há, a cerca de 5 km da universidade.

Propriedade A terra (que era antiga fazenda de experimentos da universidade) foi por essa vendida à empresa University Research Park Inc.

Origem A Universidade de Wisconsin tem uma tradição quase secular quanto a valorizar o conhecimento gerado intramuros, transferindo-o para o mercado mediante mecanismos como um fundo de apoio e incubação de empresas no ambiente acadêmico.

Governança Gestão Operacional: Entidade Gestora: University Research Park Inc, uma empresa sem fins lucrativos. Gestão Estratégica: University of Wisconsin-Madison em articulação com a Entidade Gestora e outras entidades.

Sinergia A Governança dispõe de autoridade para impor a sinergia da universidade e setor empresarial no parque.

Residentes Empresas intensivas em conhecimento: 80 Empregados: 2.500

Comentários

O parque não recebe recursos do poder público. É auto-sustentado financeiramente. Tem uma administração que é avaliada pelos resultados a partir de detalhadas descrições de responsabilidades e é independente de influências políticas. O parque atribui o seu sucesso ao fato de ter sido fiel, desde o seu início, à valorização do conhecimento gerado na universidade (seja, a transformação desse conhecimento em produtos inovadores de sucesso no mercado, via empresas) e ao estímulo a que estudantes e professores cultivassem o espírito empreendedor.

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Parque Científico e Tecnológico da PUCRS – TECNOPUC 55

A.5 Parque Tecnológico da Universidade de Pune, Índia51

As políticas de estímulo à ciência, tecnologia e inovação adotadas pelo Governo daÍndia, a partir da década de 1980, promoveram o desenvolvimento de diversos formatosde parques tecnológicos que incluem parques de ciência, tecnologia e empreen-dedorismo sem fins lucrativos, em universidades, e parques tecnológicos e empresariaiscom fins lucrativos. O primeiro desses formatos é ilustrado pelo Parque Tecnológico daUniversidade de Pune.

Denominação Science and Technology Park University Pune

Categoria Parque Científico e Tecnológico, propriedade da Universidade de Pune, multissetorial, sem fins lucrativos, com base física disseminada no campus da universidade e em outros locais.

Foco prioritário

Ampliar as perspectivas dos estudantes da Universidade de Pune e contribuir para que o conhe- cimento nela gerado seja útil à sociedade, em especial mediante a sua transformação em inovações tecnológicas. Para tanto, oferece condições para uma intensa sinergia da universidade e empresas intensivas em conhecimento, centros de P&D e outros atores da inovação no parque e em outros locais.

Criação 1988, pela Universidade de Pune, no estado de Maharashtra, com o apoio do National Science and Technology Entrepreneurship Development Board, Department of Science and Technology, Governo da Índia.

Base Física Edifício de 800 m², no campus da Universidade de Pune. Incubadora de Empresas, em parceria com uma empresa pública municipal, fora do campus da universidade.

Governança Gestão Operacional e Gestão Estratégica: sociedade civil sem fins lucrativos, em articulação com a Universidade de Pune, poder público e setor empresarial.

Sinergia A Governança dispõe de autoridade para impor a sinergia da universidade e o setor empresarial no parque.

Acesso O espaço físico no parque não é vendido.

Principais entidades e grupos residentes

Escritório de Transferência de Tecnologia da universidade. projetos cooperativos de P&D reunindo a universidade, governo e empresas. Diversos grupos ou centros de P&D da universidade em setores como meio ambiente, energia e sensoriamento remoto. Duas Incubadoras de Empresas (no campus da universidade e no município de Bhosari). Cinco empresas incubadas no campus da universidade. Programas de empreendedorismo.

A.6 University of Warwick Science Park, Warwickshire, Reino Unido52,53

O University of Warwick Science Park é um dos muitos instrumentos criados pelaUniversidade de Warwick no seu processo de transformação para universidadeempreendedora.

Desde a sua criação em 1962, a universidade impôs-se o compromisso de buscar aexcelência no binômio ensino-pesquisa. Atualmente, de seus quinze mil estudantes,cinco mil estão na pós-graduação.

Criado em 1982, o parque inicialmente construiu infra-estrutura e atraiu empresasintensivas em conhecimento.

Na década de 1990, estabeleceu diversos programas e instrumentos de estímulo àcriação e desenvolvimento de empresas localmente, a partir dos conhecimentos e capitalintelectual gerados na universidade.

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56 Spolidoro, R. & Audy, J.

A partir de meados da década de 1990, o parque passou a contribuir mais intensamentepara o desenvolvimento da região, mediante a disseminação, no território, deIncubadoras de Empresas e de seus programas de suporte ao empreendedorismo e àcriação e desenvolvimento de empresas intensivas em conhecimento. O parquedesempenha papel primordial para o desenvolvimento do Corredor de TecnologiaCoventry, Solihull e Warwickshire.

Uma das razões do sucesso do parque foi o respeito absoluto dos critérios de admissão,entre os quais a exigência de participar do processo sinérgico universidade – setorempresarial.

Denominação University of Warwick Science Park

Categoria Parque Científico e Tecnológico vinculado à Universidade de Warwick, propriedade da joint venture entre a universidade e órgãos governamentais locais, multissetorial, com área exclusiva adjacente ao campus da universidade, sem fins lucrativos.

Foco prioritário

Ampliar as perspectivas dos estudantes da Universidade de Warwick e contribuir para que o conhecimento nela gerado seja útil à sociedade, em especial mediante a sua transformação em inovações tecnológicas. Para tanto, oferece condições para uma intensa sinergia da universidade e empresas intensivas em conhecimento, centros de P&D e outros atores da inovação no parque e em outros locais.

Criação 1982 Base Física 17 ha, adjacentes ao campus da Universidade de Warwick. Origem 1982 (vide comentários acima).

Situação atual Empresas: 150, Número de empregados: 1.800 Área construída: 40.000 m²

Governança Gestão Operacional: Diretoria designada pelo Conselho de Administração da joint venture da Universidade de Warwick e órgãos públicos locais. Gestão Estratégica: Conselho de Administração da joint venture.

Sinergia A Governança tem autoridade para impor a sinergia da universidade e o setor empresarial no parque. Acesso a imóveis O parque não vende terrenos. A cessão é por aluguel.

A.7 Oxford University Begbroke Science Park, Oxfordshire, Reino Unido54

Na década de 1980, a Universidade de Oxford viu-se obrigada a buscar caminhosinovadores para vencer os desafios que foram impostos pelo Governo Britânico àsuniversidades públicas, decorrentes, em especial, de grandes cortes de verbas.

Reagindo ao desafio, a instituição soube perceber – e utilizar – oportunidades abertaspela emergente Sociedade do Conhecimento, transformando-se numa das primeirasuniversidades com o modelo de universidade empreendedora.

A Universidade de Oxford estruturou mecanismos e promoveu mudanças de men-talidade de modo a criar um ambiente fértil para o processo sinérgico da universidade edo mundo empresarial, o que permitiu à instituição ampliar e aperfeiçoar a sua missãode educação e pesquisa e de apoio ao desenvolvimento regional.

Atualmente, a universidade dispõe de significativo número de instrumentos derelacionamento com o setor empresarial, entre os quais a Oxford Innovation Society, aIsis Enterprise (empresa dedicada à transferência de tecnologia) e o Oxford University

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Parque Científico e Tecnológico da PUCRS – TECNOPUC 57

Begbroke Science Park. O parque atua em estreita ligação com a universidade e constituiuma plataforma de diálogo e transferência de conhecimentos e tecnologias entreprofessores, pesquisadores e empreendedores, auxiliando-os a compreender as suaslinguagens específicas e forjando parcerias dinâmicas.

Denominação Oxford University Begbroke Science Park, Yarnton, Oxfordshire, Reino Unido.

Categoria Parque Científico e Tecnológico vinculado à Universidade de Oxford, propriedade da Universidade de Oxford, multissetorial, com área exclusiva, sem fins lucrativos.

Foco prioritário

Ampliar as perspectivas dos estudantes da Universidade de Oxford e contribuir para que o conhe- cimento nela gerado seja útil à sociedade, em especial mediante a sua transformação em inovações tecnológicas. Para tanto, oferece condições para uma intensa sinergia da universidade e empresas intensivas em conhecimento, centros de P&D e outros atores da inovação no parque e em outros locais.

Criação 2002

Base Física 4 ha, a 10 km do campus central da Universidade de Oxford. 6.500 m² de área construída, sendo metade de laboratórios para projetos cooperativos de P&D e a outra metade de área para empresas e área de incubação.

Origem Vide comentários acima.

Situação atual Empresas: 7 Diversos laboratórios de pesquisa da Universidade de Oxford.

Governança Gestão Operacional: Diretoria designada pela Universidade de Oxford. Gestão Estratégica: Universidade de Oxford.

Sinergia A Governança tem autoridade para impor a sinergia da universidade e o setor empresarial no parque. Acesso a imóveis O parque não vende terrenos. A cessão é por aluguel.

B. CATEGORIA: Parques Tecnológicos

B.1. Technopôle Lyon-Gerland, Lyon, França55

Denominação Technopôle Lyon-Gerland Categoria Parque Tecnológico, setorial, disseminado no tecido urbano e sem fins lucrativos.

Foco prioritário Promover intensa sinergia das empresas intensivas em conhecimento, centros de P&D, instituições de ensino e outros atores da inovação no parque e em outros locais. A Entidade Gestora pode oferecer imóveis e infra-estrutura no parque, mas não é indispensável.

Origem Entidades relacionadas ao setor de ciências da vida desenvolveram-se no bairro ao longo do século XX. Criação Formalização da Entidade Gestora: década de 1980.

Base Física Disseminada em mais de 200 ha no tecido urbano, no bairro de Gerland, próximo ao centro da cidade de Lion.

Governança Gestão Operacional: associação sem fins lucrativos. Gestão Estratégica: articulação da associação, governo e associações empresariais.

Sinergia A Governança promove a sinergia das empresas e instituições de ensino e pesquisa no parque e na região, mas não tem autoridade para impô-la.

Principais fatores

Empresas de alta tecnologia: 150 Centros de P&D públicos: 26 Instituições de ensino superior: 3 Pesquisadores: 1.000 Estudantes universitários: 3.000

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58 Spolidoro, R. & Audy, J.

B.2 Chicago Technology Park, Chicago, Illinois, EUA58

Denominação Chicago Technology Park Categoria Parque Tecnológico, setorial, disseminado no tecido urbano e sem fins lucrativos.

Foco prioritário Promover intensa sinergia das empresas intensivas em conhecimento, centros de P&D, instituições de ensino e outros atores da inovação no parque e em outros locais. A Entidade Gestora pode oferecer imóveis e infra-estrutura ao parque, mas não é indispensável.

Criação 1985

Base Física Disseminada em 26 ha, em bairro com atividades controladas, destinadas ao setor de saúde e biotecnologia (Illinois Medical District), na cidade de Chicago.

Governança Gestão Operacional: Entidade Gestora: empresa sem fins lucrativos. Gestão Estratégica: articulação da Entidade Gestora e outras entidades.

Sinergia A Governança promove a sinergia das empresas e instituições de ensino e pesquisa no parque e região, mas não tem autoridade para impô-la.

Residentes 25 empresas nascidas localmente, instituições de P&D e de serviços no setor de saúde (hospitais e centros médicos de classe mundial) e entidades de apoio à inovação.

B.3 Parque Tecnológico da Malásia59,66

Na Malásia, consideram-se dois parques tecnológicos, iniciativas do governo nacional,o Parque Tecnológico e Empresarial Kulim, a 270 km ao norte de Kuala Lumpur, e oParque Tecnológico da Malásia, adjacente a Kuala Lumpur, no Multimedia SuperCorridor.25

• O Multimedia Super Corridor é constituído por uma área de 15 por 50 km, entreKuala Lumpur e o seu aeroporto internacional, na qual existe um ordenamentojurídico, infra-estrutura de excelência de telecomunicações e de outros ser-viços, enquadramento ecologicamente correto e condições de elevada qualidadede vida de modo a criar um ambiente propício ao desenvolvimento de indús-trias de tecnologia da informação, comunicação e multimídia. O corredor tambémcontém a nova capital política do país (Putrajaya) e uma cidade nova (Cyberjaya),projetada como um protótipo de comunidade urbana da Sociedade do Conhe-cimento.

• O Multimedia Super Corridor, que possui um Conselho de Orientação formado porum grupo de líderes e especialistas internacionais convidados, é parte doplanejamento de longo termo do país, que busca transformar a Malásia, até 2020,numa nação plenamente desenvolvida no âmbito da Sociedade do Conhecimento.Para tanto, o país vem investindo na construção de ambientes que incentivem acriatividade e a inovação, ajudem empresas a atingir novas fronteiras, viabilizemalianças estratégicas internacionais e oportunidades para sucesso e desenvolvimentodos participantes.

Ambos os parques são conseqüência da política de desenvolvimento da Malásia. Essepaís, formado em 1963 com a cisão da Federação Malaia, estabelecida em 1957 com aindependência de colônias e protetorados britânicos na região, teve como base umaeconomia de exportação de matérias-primas. Nas décadas de 1960 e 1970, adotou umapolítica de atração de empresas multinacionais para produzir localmente manufaturadosdestinados à exportação, em especial no setor eletrônico de consumo e componenteseletrônicos. Os atrativos oferecidos, destacando-se incentivos fiscais e mão-de-obra

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Parque Científico e Tecnológico da PUCRS – TECNOPUC 59

barata, permitiram a construção de importante substrato industrial, embora carente deatividades de pesquisa e desenvolvimento.

Nas décadas de 1980 e 1990, o país decidiu transcender aquele primeiro substrato eimpulsionar o seu desenvolvimento rumo à economia globalizada da Sociedade doConhecimento. O Parque Tecnológico Kulim, uma das iniciativas dessa nova fase, foidestinado a empresas estrangeiras e nacionais intensivas em tecnologia. O ParqueTecnológico da Malásia, por sua vez, foi destinado a centros de pesquisa e de-senvolvimento públicos e privados, empresas nacionais e estrangeiras intensivas emconhecimento, instituições de ensino superior, escolas técnicas e incubadoras deempresas.

Denominação Technology Park Malaysia Categoria Parque Tecnológico, multissetorial, com área exclusiva, sem fins lucrativos.

Foco prioritário • Promover intensa sinergia das empresas intensivas em conhecimento, centros de P&D, instituições de

ensino e outros atores da inovação no parque e em outros locais. • Oferecer imóveis e infra-estrutura de elevada qualidade e serviços de suporte, no âmbito do parque, a

centros de P&D, empresas intensivas em conhecimento e instituições de ensino superior e técnico.

Objetivos prioritários

• Oferecer infra-estrutura e serviços de suporte a atividades de P&D do setor privado. Promover a inovação tecnológica.

• Promover alianças estratégicas do Governo, academia e setor empresarial privado quanto a desen- volvimento tecnológico, tais como projetos cooperativos de P&D.

• Promover e fornecer serviços de suporte em domínios especializados (como marketing, administração empresarial e direito) às empresas residentes.

• Criar um ambiente favorável à criação e ao desenvolvimento de uma comunidade aderente à Sociedade do Conhecimento.

• Contribuir significativamente para a geração de riqueza no país com base na inovação e no desen- volvimento de tecnologia.

• Contribuir para a criação e desenvolvimento de empresas locais intensivas em conhecimento e para a transformação dessas empresas em atores da economia globalizada.

Principais setores Engenharias, tecnologia da informação e biotecnologia.

Origem 1988: criação sob a forma de agência governamental. 1996: transformação em empresa pública nacional.

Base física 350 hectares, adjacentes à cidade de Kuala Lumpur, no Multimedia Super Corridor. Governança Gestão Interna e Estratégica: empresa pública (Park Malaysia Corporation Sdn. Bhd.). Incentivos Incentivos fiscais para as empresas enquadradas como participantes do Multimedia Super Corridor. Sinergia Mediante instrumentos de estimulo, a Governança promove a sinergia no parque.

Principais residentes

• 130 empresas centradas em atividades de P&D, incluindo corporações estrangeiras e nacionais e pequenas e médias empresas criadas localmente.

• Duas empresas vinculadas à empresa proprietária do parque, para realizar P&D e suporte às empresas no parque e na Malásia: TPM Engineering e TPM Biotech.

• Cinco faculdades (Engenharia, Tecnologia da Informação, Comunicação e Multimídia, Administração de Empresas, Ciências da Vida, Linguagem e Comunicação Social) que atuam em articulação com universidades estrangeiras de grande prestígio mundial.

• Incubadoras de empresas e entidades de apoio.

B.4 Parque Tecnológico S. Roch, Quebec, Canadá69

O bairro Quartier Saint Roch, na cidade do Quebec, no Canadá, é um parque tecno-lógico em formação. Possui as características básicas dessas iniciativas, salvo umaentidade gestora. Estima-se que essa entidade será estruturada num futuro próximo,em decorrência da intensificação das atividades de cooperação nesse habitat deinovação.

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60 Spolidoro, R. & Audy, J.

Denominação Parc Technologique Saint Roch – Quebec Categoria Parque Tecnológico, multissetorial, disseminado no tecido urbano, sem fins lucrativos.

Foco prioritário Promover intensa sinergia das empresas intensivas em conhecimento, centros de P&D, instituições de ensino e outros atores da inovação no parque e em outros locais. A Entidade Gestora pode oferecer imóveis e infra-estrutura ao parque, mas não é indispensável.

Origem

Em 1910, o bairro de Saint Roch era parte do centro da cidade de Quebec, contando inclusive com algumas fábricas. Esvaziou-se a partir de meados do século XX. Na década de 1990, um processo planejado de revitalização, liderado pelo governo, transformou o bairro e permitiu a estruturação de um ambiente favorável à criação e desenvolvimento de empresas do setor cultural e no setor da tecnologia da informação.

Residentes principais

• Faculdade de Artes Visuais da Universidade Laval (em antiga fábrica com notável trabalho de res- tauração).

• Escola Nacional de Administração Pública. • Sede social da Universidade do Quebec. • Complexo Medusa, uma incubadora de empresas culturais e centro empresarial de artes, com ateliês

de dezenas de artistas. • Diversos prédios com dezenas de pequenas e médias empresas de Informática. • Centro de P&D de Informática. • Agências do governo local.

Governança Estima-se que uma Entidade Gestora será estruturada oportunamente, na medida em que os parti- cipantes do processo sentirem maior necessidade de uma entidade que coordene e promova a sinergia das empresas, instituições de ensino e pesquisa, órgãos do governo, associações e outras entidades no bairro, na região e em outros locais.

C. CATEGORIA: Parque Tecnológico e Empresarial sem fins lucrativos

C.1 Science Center Penn University, Filadélfia, Pensilvânia, EUA57

Denominação University of Pennsylvania City Science Center

Categoria Parque Tecnológico e Empresarial, multissetorial, com uma área exclusiva próxima ao campus da universidade, no tecido urbano, e outras áreas e prédios disseminados na cidade e na região, sem fins lucrativos.

Foco prioritário

Oferecer imóveis e infra-estrutura de elevada qualidade e serviços de suporte, no âmbito do parque, a empresas intensivas em conhecimento, centros de P&D e instituições de ensino e promover a sinergia das entidades residentes e demais atores da inovação no parque e em outros locais. Nasceu como um parque científico e tecnológico vinculado à universidade. Contava, inicialmente, com uma área exclusiva de 7 hectares, em um bairro que se havia deteriorado, adjacente ao campus da Universidade da Pensilvânia, na cidade da Filadélfia. Contribuiu sobremodo para revitalizar esse bairro. O sucesso do parque permitiu a sua disseminação na cidade e na região e levou-o a ser transformado num empreendimento com características de parque tecnológico e empresarial disseminado na cidade e na região.

Criação 1963

Base Física Disseminada no tecido urbano de Filadélfia e na região, a partir de uma área exclusiva de 10 hectares (propriedade da University of Pennsylvania).

Governança Gestão Operacional: Entidade Gestora: Instituição privada sem fins lucrativos. Gestão Estratégica: Entidade Gestora articulada a um grande número de entidades na cidade e região e, também, em âmbito internacional.

Sinergia A Governança promove a sinergia das empresas e instituições de ensino e pesquisa no parque e na região, mas não tem autoridade para impô-la a participantes que não estejam em prédios pertencentes à universidade.

Residentes 150 empresas, a maioria das quais nascidas localmente, instituições de ensino superior, instituições de P&D e entidades de apoio ao empreendedorismo e ao desenvolvimento.

O estudo desse caso ilustra que um parque tecnológico pode emergir de modoespontâneo num caldo de cultura apropriado. Pode-se estimar que as principaiscaracterísticas desse parque tecnológico sejam:

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Parque Científico e Tecnológico da PUCRS – TECNOPUC 61

C.2 Sophia Antipolis, França60

Denominação Sophia Antipolis

Categoria Parque Tecnológico e Empresarial, multissetorial, com área exclusiva, fora do tecido urbano, sem fins lucrativos.

Foco prioritário Oferecer imóveis e infra-estrutura de elevada qualidade e serviços de suporte, no âmbito do parque, a empresas intensivas em conhecimento, centros de P&D e instituições de ensino e promover a sinergia das entidades residentes e demais atores da inovação no parque e em outros locais.

Origem

Sophia Antipolis tem suas raízes no programa de descentralização do Governo da França, a partir de 1950, mediante o qual empresas governamentais e instituições públicas de ensino superior e de pesquisa foram transferidas de Paris para outras regiões do país. Em 1960, o Prof. Pierre Laffitte, da Escola de Minas de Nice, iniciou uma pregação pela criação, no interior da França, de ambientes de inovação capazes de favorecer um desenvolvimento semelhante ao observado no Vale do Silício. Inicialmente, Sophia Antipolis foi visualizada como uma cidade nova, uma cidade projetada para estimular a ciência, a tecnologia e a sabedoria – uma tecnópole. Por razões comentadas anteriormente, esse conceito de tecnópole foi modificado, e Sophia Antipolis passou a ser considerada como um parque tecnológico e empresarial.

Criação 1969

Base física 2.300 hectares (23 km2), obtidos para o parque mediante instrumentos franceses de intervenção do poder público na organização do espaço, como a ZAC – Zone d’Aménagement Concertée. Estima-se que parte significativa do terreno ainda pertença ao governo ou a pessoas físicas inseridas no processo da ZAC.

Governança Gestão Interna: uma empresa pública e a Comunidade de Municípios Sophia Antipolis. Gestão Estratégica: articulação de órgãos do governo, Câmara de Comércio e Indústria, Maison de l’Entreprise de Sophia Antipolis, Fundação Sophia Antipolis e uma associação sem fins lucrativos que promove a inovação na região.

Sinergia A Governança não possui autoridade para impor a sinergia das empresas e instituições de ensino e pesquisa no parque. Essa é uma das razões da existência de diversas entidades que buscam promover a animação no âmbito de Sophia Antipolis e da região.

Principais residentes

1.330 empresas (30.000 empregos diretos), Faculdades e Escolas da Universidade de Nice-Sophia Antipolis e centros de P&D.

C.3 Tidel Software Park, Chennai, Tamil Nadu, Índia64

Em 1991, o Governo da Índia criou uma política de apoio ao desenvolvimento desoftware para exportação, e uma empresa estatal para impulsionar a sua execução, aSoftware Technology Parks of India. Entre as estratégias adotadas por essa companhia,destaca-se a implantação de mais de uma dezena de parques tecnológicos dedicados àTecnologia da Informação.

Esses parques têm sido implantados por investimento público direto, parcerias público-privadas ou pelo setor privado. Apresentam-se sob formatos muitos diversos, desde umúnico grande prédio (como o Parque Tecnológico Tidel, Chenai) até conjuntos deprédios para alugar e lotes para construção, em centenas de hectares (como o ParqueTecnológico de Software Kerala, Bangalore).

Em geral, os escritórios dos prédios de grande porte são alugados por pequenas e médiasempresas indianas e por empresas estrangeiras de Informática. As grandes empresasindianas de Informática preferem construir seus prédios. Além do espaço físico e infra-estrutura, cada parque tecnológico oferece serviços de apoio às empresas e aosempregados dessas, de modo a que a que esses possam concentrar-se no trabalho, semperder tempo em questões acessórias.

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62 Spolidoro, R. & Audy, J.

C.4 Australian Technology Park, Sydney, Austrália71

Denominação Tidel Software Park

Categoria Parque Tecnológico e Empresarial, setorial, com área exclusiva no tecido urbano, sem fins lucrativos, mas auto-sustentado financeiramente.

Foco prioritário Oferecer imóveis e infra-estrutura de elevada qualidade e serviços de suporte, no âmbito do parque, a empresas intensivas em conhecimento, centros de P&D e instituições de ensino e promover a sinergia das entidades residentes e demais atores da inovação no parque e em outros locais.

Criação 2000. Foi construído por uma empresa pública, do Governo do estado de Tamil Nadu (Tamil Nadu Industrial Development Corporation).

Base Física 3,5 ha, com um prédio com 110.000 m² de área construída, na cidade de Chennai, no estado de Tamil Nadu (63 milhões de habitantes, 130 mil km²).

Governança Gestão Operacional e Estratégica: empresa (TIDEL Park Limited), joint venture da empresa pública Tamil Nadu Industrial Development Corporation e a empresa privada Electronics Corporation of Tamil Nadu Limited.

Sinergia A Entidade Gestora promove a sinergia das empresas no parque e de instituições de ensino e pesquisa na região, mas não tem autoridade para impô-la.

Residentes 40 empresas de Informática.

Acesso Aluguel a empresas qualificadas e que se comprometem a atingir metas de produção e exportação de software.

Denominação Australian Technology Park

Categoria Parque Tecnológico e Empresarial, multissetorial, com área exclusiva no tecido urbano, sem fins lucrativos.

Foco prioritário Oferecer imóveis e infra-estrutura de elevada qualidade e serviços de suporte, no âmbito do parque, a empresas intensivas em conhecimento, centros de P&D e instituições de ensino e promover a sinergia das entidades residentes e demais atores da inovação no parque e em outros locais.

Criação 1985 Origem Iniciativa do Governo.

Base Física 14 ha, a alguns quilômetros do centro de Sydney, aproveitando antiga fábrica de trens, construída no século XIX.

Propriedade Governo.

Governança Gestão Operacional: Entidade Gestora: empresa pública. Gestão Estratégica: Governo em articulação com a Entidade Gestora e outras entidades.

Sinergia A Governança promove a sinergia das empresas e instituições de ensino e pesquisa no parque, mas não tem autoridade para impô-la.

Residentes Uma centena de entidades, entre empresas intensivas em conhecimento, instituições de P&D, instituições de ensino e agências de desenvolvimento.

Comentários Há grande interação do parque com os habitantes nas vizinhanças. A iniciativa, além de haver restaurado um patrimônio histórico, promove a vida social e cultural no bairro e na cidade.

C.5 Hsinchu Science Park, Taiwan65

Entre os parques tecnológicos em Taiwan destacam-se o Hsinchu Science Park, no norte,o Central Taiwan Science Park e o Southern Taiwan Science Park. Esses parquestecnológicos são iniciativas do governo de Taiwan e foram estruturados a partir dadécada de 1970, alinhados com a política de desenvolvimento do país, com os seguintesobjetivos prioritários:

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Parque Científico e Tecnológico da PUCRS – TECNOPUC 63

• Atrair empresas estrangeiras de alta tecnologia.

• Atrair talentos.

• Promover o desenvolvimento tecnológico e a capacidade de inovação das empresasdomésticas.

• Promover um desenvolvimento regional equilibrado no país.

• Contribuir significativamente para o desenvolvimento econômico do país.

• Desenvolver a infra-estrutura de pesquisa e desenvolvimento de suporte às indústrias.

• Promover a articulação do governo, instituições de ensino, pesquisa e setor industriale incubadoras de inovação.

• Promover a integração das indústrias nos parques com aquelas de distritos industriais,assegurando a existência de cadeias de suprimento à jusante e à montante.

Denominação Hsinchu Science Park Categoria Parque Tecnológico multissetorial, com diversas áreas exclusivas fora do tecido urbano.

Foco prioritário Oferecer imóveis e infra-estrutura de elevada qualidade e serviços de suporte, no âmbito do parque, a centros de P&D, empresas intensivas em conhecimento e instituições de ensino superior e técnico e promover a sinergia das entidades residentes e demais atores da inovação no parque e em outros locais.

Principais setores Circuitos Integrados (projeto, processamento físico-químico, montagem, testes), Computadores e Peri- féricos, Equipamentos de Telecomunicações, Optoeletrônica, Biotecnologia, Máquinas de Precisão, Equipamentos Médicos e Bio-Chips.

Origem Estabelecido em 1980 pelo governo nacional. Base física Segmento central: 632 hectares. Recentemente foram desenvolvidas outros segmentos. Governança Gestão Interna e Estratégica: órgão governamental. Incentivos Há incentivos fiscais para as empresas admitidas.

Sinergia A Governança promove e estimula a sinergia das empresas e instituições de ensino e pesquisa no parque e na região.

Principais residentes

Área principal: 384 empresas de alta tecnologia, sendo 335 domésticas (87%). Centros de P&D de propriedade da Entidade Gestora, tal como o Centro de P&D sobre Circuitos

Integrados de Aplicação Específica de Alta Densidade (System-on-Chip). Incubadora de Inovação. Entidades de suporte, incluindo serviços médicos e escolas de segundo grau.

Universidades O parque é adjacente aos campi de duas grandes universidades públicas de Taiwan, as quais asseguram ao parque um contínuo fluxo de recursos humanos qualificados e conhecimento.

Receita Receita das empresas, no segmento central do parque, em 2004: US$ 33 bilhões. Empregos Segmento central: 115.000 empregos, dos quais 67% com nível universitário.

Investimentos O governo investiu cerca de US$1,7 bilhão na infra-estrutura e equipamentos de uso compartilhado do parque.

Impactos O governo de Taiwan construiu, a partir de 2004, diversos parques tecnológicos próximos ao Hsinchu Science Park, dispondo-os de modo a criar um corredor de alta tecnologia entre o norte o sul do país.

C.6 Parque Tecnológico Rennes Technopole, França56

Na França, diversos programas de tecnópoles organizaram um sistema de distritostecnopolitanos que, no seu conjunto, constituem um parque tecnológico com diversossegmentos disseminados na cidade. Esses segmentos são adjacentes a instituições deensino superior e pesquisa, buscando reforçar os relacionamentos e infra-estruturasexistentes. O resultado é a estruturação, com recursos parcimoniosos, de habitats deinovação de grande potencial, inseridos no tecido urbano, contendo desde instituições

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64 Spolidoro, R. & Audy, J.

de ensino e pesquisa e empresas intensivas em conhecimento até áreas residenciais e oambiente de cidade clássica,73 que buscam estimular a interação e a criatividade.

Um programa tecnopolitano tem diversas outras atividades, além de assegurar agovernança de um parque tecnológico, e não deve ser confundido com esse último.Ilustram essa abordagem o Programa Rennes Tecnópole56 e o Programa MontpellierTechnopole.21

Denominação (Parque Tecnológico) Rennes Technopole Categoria Parque Tecnológico e Empresarial, multissetorial, com diversos segmentos disseminados no tecido

urbano e na região, sem fins lucrativos. Foco prioritário Oferecer imóveis e infra-estrutura de elevada qualidade e serviços de suporte, no âmbito do parque, a

empresas intensivas em conhecimento, centros de P&D e instituições de ensino e promover a sinergia das entidades residentes e demais atores da inovação no parque e em outros locais.

Criação 1984 Governança Gestão Operacional: Entidade Gestora: Instituição privada sem fins lucrativos.

Gestão Estratégica: Governo articulado à Entidade Gestora e outras entidades. Sinergia A Governança promove a sinergia das empresas e instituições de ensino e pesquisa no parque e na

região, mas não tem autoridade para impô-la. Residentes no parque

Total de entidades associadas à Entidade Gestora: Empresas: 265 empresas, 47 instituições de ensino superior e de P&D e 10 organismos de apoio à inovação. Desse total, 37 % estão localizadas no parque tecnológico.

C.7 Parque Tecnológico Kulim, Malásia66

Denominação Kulim Hi-Tech Park

Categoria

Parque Tecnológico e Empresarial, multissetorial, em área exclusiva com características de uma cidade integrada, com infra-estrutura e condições para atender a atividades de produção de bens e serviços de alta tecnologia, P&D e ensino superior e técnico, bem como ser capaz de oferecer uma elevada qualidade de vida às pessoas que residem e atuam no âmbito do parque. Aceita atividades em todo o ciclo da atividade industrial, tais como P&D, prototipagem, produção, comercialização e administração.

Foco prioritário Oferecer imóveis e infra-estrutura de elevada qualidade e serviços de suporte, no âmbito do parque, a empresas intensivas em conhecimento, centros de P&D e instituições de ensino e promover a sinergia das entidades residentes e demais atores da inovação no parque e em outros locais.

Setores prioritários

Eletrônica, Instrumentos Médicos e Científicos, Equipamento de Controle e Automação, Optoeletrônica, Biotecnologia, Materiais Avançados e Tecnologias Emergentes.

Origem

Iniciativa do Governo da Malásia, no final da década de 1980, no bojo de política nacional para transcender o primeiro substrato industrial do país, criado nas décadas de 1960 e 1970 com base em linhas de produção de manufaturados, de empresas estrangeiras, destinados à exportação. Assim, o esse visa a oferecer as melhores condições possíveis à instalação e operação de empresas estrangeiras e nacionais intensivas em tecnologia.

Criação Planejamento: final da década de 1980. Início das operações: 1996.

Base física 1.450 hectares, em Kulim, província de Kedah Darul Aman, noroeste da Malásia. Governança Gestão Interna e Estratégica: empresa pública – Kulim Technology Park Corporat Berhad. Incentivos Importantes subsídios e incentivos do governo nacional e local a empresas no parque.

Sinergia A Governança promove e estimula a sinergia das empresas e instituições de ensino e pesquisa no parque, mas não possui autoridade para impô-la.

Principais residentes

120 empresas, incluindo corporações multinacionais e empreendimentos locais. 4 Centros de P&D vinculados à Entidade Gestora (empresa proprietária do parque). 3 Instituições de ensino superior.

Empregos O parque proporciona 13.000 empregos. Investimentos Cerca de US$ 400 milhões investidos em infra-estrutura.

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Parque Científico e Tecnológico da PUCRS – TECNOPUC 65

C.8 Parque Tecnológico DuPage, Chicago, EUA68

Denominação DuPage National Technology Park

Categoria Parque Tecnológico e Empresarial, multissetorial, com área exclusiva na periferia da cidade de Chicago, sem fins lucrativos, mas auto-sustentado.

Foco prioritário Oferecer imóveis e infra-estrutura de elevada qualidade e serviços de suporte, no âmbito do parque, a empresas intensivas em conhecimento, centros de P&D e instituições de ensino e promover a sinergia das entidades residentes e demais atores da inovação no parque e em outros locais.

Origem 1999. A autarquia do Estado de Illinois, responsável pelo Aeroporto Dupage (DuPage Airport Authority), resolveu transformar propriedade de 380 ha, ao sul do aeroporto, num parque tecnológico. Essa propriedade havia sido adquirida para criar áreas de proteção ao desenvolvimento e operação do aeroporto.

Base Física 380 ha, na periferia da cidade de Chicago, a 60 km do centro da cidade. Cerca de 550.000 m² de área construída prevista.

Governança Gestão Operacional: DuPage National Technology Park (empresa sem fins lucrativos). Gestão Estratégica: DuPage National Technology Park em articulação com o governo, setor universitário, instituições de P&D e setor empresarial privado.

Origem dos recursos

A gleba é propriedade da autarquia do Estado de Illinois, responsável pelo Aeroporto de Dupage. Para a infra-estrutura, o Estado forneceu US$ 36 milhões e Governo Federal, US$ 16 milhões.

Sinergia

O parque possui grande número de parcerias em âmbito regional e nacional, em especial universidades, centros públicos e privados de P&D e agências governamentais. A Governança promove a sinergia das empresas e instituições de ensino e pesquisa no parque e na região, em especial mediante um Conselho de Orientação que reúne entidades residentes e parceiros. A Governança não possui autoridade para impor a sinergia.

Principais residentes

Empresas de alta tecnologia, data centers, sedes corporativas. O parque ainda está em implantação. Há informação de que uma empresa já está instalada no parque.

Setores prioritários

Alta tecnologia.

Comentários A iniciativa tem demandado tempo longo de maturação.

D. CATEGORIA: Parque Tecnológico e Empresarial com fins lucrativos

D.1 Kilometro Rosso, Bérgamo, Itália62

Denominação Kilometro Rosso Science Park

Categoria Parque Tecnológico e Empresarial, multissetorial, com área exclusiva fora do tecido urbano, com fins lucrativos.

Foco prioritário Oferecer imóveis e infra-estrutura de elevada qualidade e serviços de suporte, no âmbito do parque, a empresas intensivas em conhecimento, centros de P&D e instituições de ensino e promover a sinergia das entidades residentes e demais atores da inovação no parque e em outros locais.

Origem Em 2002, a Prefeitura de Bérgamo aprovou o projeto do Kilometro Rosso Science Park, em área que pertencera a uma fábrica. A concepção arquitetônica foi inspirada no modelo tradicional de parques tecnológicos e empresariais dos Estados Unidos, na periferia das cidades, com prédios em meio a extensos jardins e estacionamentos.

Base física 33 hectares, na periferia de Bérgamo. Principais entidades residentes

Centros de pesquisa públicos e privados, empresas intensivas em conhecimento e uma unidade de pesquisa da Universidade de Bérgamo.

Governança Gestão Operacional: empresa privada (Kilometro Rosso s.r.l.). Gestão Estratégica: Kilometro Rosso s.r.l. em articulação com outra empresa privada.

Sinergia A Governança promove a sinergia das empresas e instituições de ensino e pesquisa no parque, mas não tem autoridade para impô-la.

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66 Spolidoro, R. & Audy, J.

D.2 Parque Tecnológico Oulu, Finlândia63

Denominação Technopolis Oulu

Categoria Parque Tecnológico e Empresarial, multissetorial, com área exclusiva na periferia da cidade e com fins lucrativos.

Foco prioritário Oferecer imóveis e infra-estrutura de elevada qualidade e serviços de suporte, no âmbito do parque, a empresas intensivas em conhecimento, centros de P&D e instituições de ensino e promover a sinergia das entidades residentes e demais atores da inovação no parque e em outros locais.

Origem

O Parque Tecnológico Oulu é um dos parques tecnológicos de um sistema de parques tecnológicos da Technopolis Plc, na Finlândia, empresa pública criada em 1982, para gerir esse parque. O seu sucesso permitiu que a empresa comprasse, ao longo do tempo, diversos parques tecnológicos e iniciativas análogas na Finlândia, tais como parques empresariais. A Technopolis Plc possui ações na bolsa de valores e distribui dividendos. O governo e os fundos de pensão participam do capital. A empresa informa que é o maior provedor, na Finlândia, de espaço físico e serviços de apoio à criação e desenvolvimento de empresas intensivas em conhecimento.

Base Física 40 ha, adjacentes ao campus da Universidade de Oulu. Governança Gestão Operacional e Gestão Estratégica; Entidade Gestora: empresa pública.

Sinergia A Governança promove a sinergia das empresas e instituições de ensino e pesquisa no parque, mas não tem autoridade para impô-la.

Residentes 100 empresas intensivas em conhecimento, mais de 4.000 empregados.

D.3 Parque Tecnológico Bangalore67

Denominação International Tech Park Bangalore Categoria Parque Tecnológico e Empresarial, multissetorial, área exclusiva na periferia da cidade, com fins

lucrativos. O parque reúne áreas para empresas, áreas residenciais e áreas para comércio, esporte e lazer.

Foco prioritário Oferecer imóveis e infra-estrutura de elevada qualidade e serviços de suporte, no âmbito do parque, a empresas intensivas em conhecimento, centros de P&D e instituições de ensino e promover a sinergia das entidades residentes e demais atores da inovação no parque e em outros locais. Oferecer, também, residências e condições agradáveis de vida para empresários e empregados das empresas no parque.

Origem 1994: consórcio formado por uma empresa privada da Índia e uma de Cingapura. 1998: início da operação. 2006: o proprietário do parque passa a ser um consórcio de empresas de Cingapura (que adquiriu a participação do grupo indiano Tata) e o Governo do Estado de Karnataka, mediante o Industrial Areas Development Board.

Base Física 28 ha, na periferia da cidade de Bangalore, a 18 km do centro. Governança Gestão Operacional: Entidade Gestora: empresa privada, especializada no fornecimento de espaço e

infra-estrutura a empresas e indústrias. Gestão Estratégica: proprietários do parque: consórcio de empresas de Cingapura e o Governo do Estado de Karnataka.

Sinergia A Entidade Gestora promove a sinergia das empresas no parque e instituições de ensino e pesquisa no parque, mas não tem autoridade para impô-la.

Residentes 120 empresas intensivas em conhecimento, mais de 19.000 empregados. Setores prioritários

Tecnologia da Informação (em especial desenvolvimento de software), Serviços de Informática, Bioinformática, Equipamentos e serviços de telecomunicações, Eletrônica.

Comentários A cidade de Bangalore, capital do estado de Karnataka, é considerada a capital da Tecnologia da Informação na Índia e continua a atrair empresas de TI, apesar de problemas de infra-estrutura, tais como congestionamentos de trânsito, cortes do fornecimento de energia elétrica e a falta de um bom aeroporto.

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Parque Científico e Tecnológico da PUCRS – TECNOPUC 67

II.9 Tendências quanto a formatos e categorias de parques tecnológicos

O sucesso do Stanford Research Park, criado em 1951 como um parque científico etecnológico vinculado à universidade – embora denominado, na época, de StanfordIndustrial Park – passou a motivar projetos, em âmbito mundial, com o propósito dereplicar características do modelo do parque e do ambiente em que estava inserido – oVale do Silício.

Alguns desses projetos partiram de universidades, que procuraram manter os objetivosdo Stanford Research Park, isto é, estimular o espírito empreendedor dos estudantes eprofessores da universidade e contribuir para que o conhecimento gerado na instituiçãofosse transformado em inovações tecnológicas. Nasceram assim, por exemplo, oUniversity of Pennsylvania City Science Center (1963), o Cambridge Science Park (1970)e o University Research Park University of Wisconsin-Madison (1984).

A análise desses parques indica que a sua decisão de respeitar os objetivos ecaracterísticas de um parque científico e tecnológico vinculado à universidade poderesultar num crescimento lento quanto ao número de empresas participantes dainiciativa. O Cambridge Science Park, por exemplo, fundado em 1970, esperou mais dedoze anos até obter resultados significativos quanto ao número de empresas e empregos.Entretanto, muito além desses indicadores, esse parque desempenhou um papel vitalpara a formulação e modernização de políticas do Reino Unido destinadas a apoiar ainovação tecnológica a partir do trabalho acadêmico.72

Assim, a avaliação dos resultados de um parque científico e tecnológico transcende onúmero de empresas e empregos gerados. Cumpre, por exemplo, mensurar a suacontribuição quanto a aspectos como a transformação da universidade, à qual se vincula,em uma universidade empreendedora, bem como à promoção de um desenvolvimentoregional socialmente responsável e competitivo na economia globalizada.

Em regiões cujo setor acadêmico estava enfraquecido ou era inexistente, seria poucoproducente lançar um parque científico e tecnológico vinculado à universidade. Muitosgovernos locais, nessas circunstâncias, optaram por criar parques tecnológicos eempresariais, oferecendo imóveis, infra-estrutura, serviços e incentivos como vantagensadicionais para atrair empresas intensivas em conhecimento e centros de P&D. Osindicadores do sucesso desse tipo de iniciativa têm sido os números de empresas, centrosde P&D e empregos gerados. Essa trajetória é bem exemplificada pelo Research TrianglePark, Estados Unidos:74

Na década de 1950, a economia do estado da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, quedependia de setores tradicionais, havia perdido a sua competitividade ante os produtosimportados de países em desenvolvimento. Para reerguer a economia, algumas pessoas passarama preconizar opções inovadoras, buscando caminhos novos em lugar de insistir em setoresagonizantes.

O exemplo do Vale do Silício motivou a proposta de um grande parque tecnológico. Em 1960,o Governo do Estado comprou uma gleba de 28 km2, em área rural, destinada ao parque, e criouuma entidade de direito privado e sem fins lucrativos – a Research Triangle Foundation – paragerir o empreendimento.

Em meados da década de 1970, o Governo da Carolina do Norte constatou que, contrariamenteao que acontecia no Vale do Silício, o desenvolvimento do parque era lento e dependia deempresas vindas de outros estados ou países.

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Entre as medidas adotadas para modificar essa situação, destacou-se a criação de uma escolasecundária pública inovadora, com excelência acadêmica, em regime de tempo integral einternato: a North Caroline School of Science and Mathematics. Muito bem formados, osegressos dessa escola passaram a exigir que as universidades estaduais em que ingressavamefetuassem um salto de qualidade,75 o que foi essencial para acelerar o processo de criação localde empresas intensivas em conhecimento.

O parque hoje conta com 140 empreendimentos de alta tecnologia, que empregam cerca de50.000 profissionais em atividades intensivas em conhecimento, e modificou o perfil dedesenvolvimento da Carolina do Norte. Setores industriais e empresas que haviam perdido acompetitividade foram substituídos por vocações e caminhos radicalmente novos.

Embora as perspectivas do Research Triangle Park e de sua região pareçam brilhantes, arealidade não é essa, conforme ilustra o Plano Estratégico de Desenvolvimento daRegião do Triângulo,76 que inclui o planejamento para o Research Triangle Park. Oplano, cuja elaboração foi coordenada pelo Professor Michael Porter, é eloqüente quantoaos novos desafios trazidos pela economia globalizada da Sociedade do Conhecimentopara a região, conforme ilustrado pelos extratos seguintes:

“Na década de 1950, líderes inovadores conceberam o Research Triangle Park. A iniciativamudou o curso da região e do estado, mas, isoladamente, não lhes assegura um futuro próspero.Nos últimos anos, além do declínio em setores tradicionais da economia, há demissões nosnegócios intensivos em conhecimento.”

“Nessa nova era, haverá aumento da concorrência globalizada quanto a novos negócios,empresas e investimentos. A concorrência será feroz. Haverá regiões do mundo que ganharão –onde o padrão de vida subirá e o emprego será abundante – e regiões que perderão.”

“O futuro da competitividade dos Estados Unidos dependerá não apenas de políticas e deinvestimentos em âmbito nacional, mas da capacidade de criar e nutrir Arranjos Locais deInovação pelo país.”

O Plano Estratégico do Research Triangle Park76 traduz a percepção de que, na economiaglobalizada da Sociedade do Conhecimento, o sucesso de um parque tecnológicodependerá menos da sua capacidade de atrair grandes empresas e mais da suacapacidade de estabelecer pontes entre o ambiente de ensino e pesquisa e o ambienteempresarial, de modo a criar e produzir bens e serviços inovadores e competitivos emâmbito mundial.

Para tanto, os parques tecnológicos deverão estar aptos a:

• promover a criação e o desenvolvimento de miríades de pequenas empresasinovadoras com base no conhecimento e no capital intelectual das universidades,centros de P&D e empresas, no parque e na região;

• oferecer às entidades, no parque, condições que agreguem valor aos fatores-chavedo sucesso empresarial na nova era, tais como criatividade, inovação, produtividade,baixos custos, flexibilidade, rapidez de resposta e capacidade de desenvolvimentode mercados.

A busca desses atributos tem provocado, em âmbito mundial, a valorização de doistipos de iniciativas: os parques científicos e tecnológicos vinculados a universidades eos parques tecnológicos disseminados no tecido urbano e regional.11-14,76-82

Os parques científicos e tecnológicos vinculados a universidades distinguem-se pela suacapacidade de promover uma intensa sinergia do setor universitário, setor empresarial e governo,essencial ao ciclo da inovação na nova era.

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Os parques tecnológicos disseminados no tecido urbano e regional estimulam a citada sinergiamediante a justaposição dos espaços em que ela se realiza e dos ambientes em que vivem aspessoas envolvidas. A abordagem, além de oferecer maior qualidade de vida ao capital humanoenvolvido e a possibilidade de revitalização de cidades, permite significativa economia derecursos devido a fatores como o aproveitamento de ativos existentes, melhores sistemas detransporte público devido ao adensamento populacional e menores distâncias nosdeslocamentos e limitações à destruição do meio ambiente pela propagação indefinida das áreasurbanas.

A conveniência da conjugação das características desses dois tipos de parques nãotardou a ser reconhecida. Diversos parques científicos e tecnológicos vinculados auniversidades passaram a expandir-se sob a forma de parques tecnológicos disseminadosno tecido urbano e regional.

Essa situação é ilustrada pelo University of Pennsylvania City Science Center, criado em 1963na cidade de Filadélfia, como um parque científico e tecnológico vinculado a universidade.Contava, inicialmente, com uma área exclusiva de sete hectares, em um bairro que se haviadeteriorado, adjacente ao campus da Universidade da Pensilvânia, e que foi revitalizado pelaação do parque. O sucesso do University of Pennsylvania City Science Center permitiu a suadisseminação e levou-o a ser transformado num empreendimento com características de umparque tecnológico e empresarial disseminado na cidade e na região.

A conjugação das características dos parques científicos e tecnológicos vinculados auniversidades e dos parques tecnológicos disseminados no tecido urbano e regionaltorna-se ainda mais relevante à luz de duas tendências que se conjugam: a transformaçãodas universidades tradicionais em universidades empreendedoras, e os projetos regionaispara o futuro, iniciativas crescentemente aceitas como essenciais para impulsionar odesenvolvimento na economia do porvir.

A transformação das universidades

A partir da década de 1990, intensificou-se o despertar das universidades para anecessidade de estruturar respostas inovadoras e eficazes aos imensos desafios trazidospela economia (e problemas) globalizados, no bojo da Sociedade do Conhecimento.Entre essas respostas destaca-se a adoção do modelo denominado de universidadeempreendedora.34-39

Entre as características desse modelo destacam-se:

• A promoção da cultura empreendedora no âmbito da universidade de modo a quepermeie todas as estruturas da instituição e promova a busca pelo aprimoramentoacadêmico e oportunidades de lançar empreendimentos inovadores, fundamentadosna valorização dos estudantes e demais membros da comunidade acadêmica e dosconhecimentos científicos e tecnológicos gerados na universidade.

• O desenvolvimento de unidades de suporte à mudança contínua, à reforma e àarticulação da universidade com a sociedade, envolvendo, por exemplo, o apoio àtransferência de tecnologia, a incubação de empresas e produtos, os parquescientíficos e tecnológicos, uma agências de gestão da inovação e institutos depesquisa científica e desenvolvimento tecnológico.

• A interação da universidade com a sua circunstância32 passa a ser orientada pelacultura empreendedora em especial quanto à sinergia subjacente ao processo deinovação tecnológica e de desenvolvimento regional socialmente responsável ecompetitivo em âmbito mundial.39

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Os projetos regionais para o futuro

A complexidade e dimensões dos desafios trazidos a cada região, pelas novas realidades,têm provocado a formulação e implementação de programas inovadores de desen-volvimento – virtuais projetos regionais para o futuro.

A motivação maior para a estruturação desses projetos parece ser a crescente com-preensão de que o desenvolvimento regional socialmente responsável e competitivo emâmbito mundial requer a busca e a aplicação da inovação em todos os domínios. E queparcela considerável desse processo ocorre quando o sistema regional de inovação écapaz de, ele mesmo, inovar-se e promover uma crescente e frutífera sinergia da uni-versidade, do setor empresarial, do governo e demais forças da sociedade.

Como elementos significativos na promoção dessa sinergia, os parques tecnológicospassam a ser compreendidos e valorizados como importantes propulsores dos projetosregionais para o futuro.

Os diversos parques tecnológicos disseminados no tecido urbano de Lyon, na França,tais como o Technopôle Lyon-Gerland e o Pôle Numérique de Lyon, são tanto causaquanto efeito do Programa Aglomeração Urbana de Lyon,22,81 visualizado como umaversão inicial do projeto regional para o futuro.

O Research Triangle Park está na base da formulação e implementação do PlanoEstratégico de Desenvolvimento da Região do Triângulo da Carolina do Norte,76

interpretado como uma das iniciativas estruturantes do projeto regional para o futuro.

O University of Warwick Science Park, no Reino Unido, desempenha um papelprimordial no planejamento e implementação de um novo formato de desenvolvi-mento regional, o ‘Corredor de Tecnologia Coventry, Solihull e Warwickshire’.52,82)

Esse corredor é interpretado como uma das iniciativas estruturantes do emergenteprojeto regional para o futuro.

Notas e referências

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Parque Científico e Tecnológico da PUCRS – TECNOPUC 73

Prédio da 2ª Companhia de Fuzileiros do 18º Batalhão de Infantaria Motorizada reformado e destinado a empresas dasáreas de ciências biológicas, da saúde e de biotecnologia.

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Prédio da 3ª Companhia de Fuzileiros do 18º Batalhão de Infantaria Motorizada reformado e destinadoa laboratórios de energia e física aplicada.

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Prédio do comando do 18º Batalhão de Infantaria Motorizada reformado e destinado à área de P&D da HP.

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Prédio do refeitório de cabos e soldados do 18º Batalhão de Infantaria Motorizada reformado e destinado a DELL.

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Parque Científico e Tecnológico da PUCRS – TECNOPUC 75

Prédio da Companhia de Comando e Serviços e refeitório dos oficiais do 18º Batalhão de Infantaria Motorizadareformado e destinado a HP.

Prédio da Companhia de Comando e Serviços e refeitório dos oficiais do 18º Batalhão de Infantaria Motorizadareformado e destinado ao Centro de Pesquisa em Biologia Molecular e Funcional e à empresa 4G.

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Prédio da 1ª Companhia de Fuzileiros e refeitório dos Subtenentes do 18º Batalhão de Infantaria Motorizadareformado e destinado ao Condomínio de Empresas de TI (projeto em parceria com ASSESPRO-RS e SOFTSUL).

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