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Or O ca Departamento Geociência Centro Geo Resumo Segundo Miyashiro (1994), desde James Hutton, na obra “The The metamórficas em 1983 por Charle metamórficas em 1920 por Pentti E do metamorfismo e das suas rela tectónica de placas. O facto de g rochas metamórficas, reforça a exis a deformação tectónica durante a o De acordo com a IUGS ("Internatio que envolve modificações no estad rochas pré-existentes. O processo diferentes daquelas onde se forma processo subsólido, que conduz a (ígneas, sedimentares ou metamórf e pressão. O processo pode en denominando-se de metamorfismo de condições de P (pressão) e T (te da diagénese e a altas temperatur rochas). Conjuntamente com a t (essencialmente H 2 O e/ou CO 2 ) ex fundamentais para a ocorrência das A coexistência de duas ou mais fá metamórfico, bem como a ocorrên ambientes de baixo grau metamó rogénese e metamorfismo: aso da Zona de Ossa-Morena Jorge Pedro as, Escola de Ciências e Tecnologia, Univ ologia da Universidade de Lisboa - CeGU [email protected] a referência inicial ao termo metamorfismo eory of the Earth", passando pela adoção es Lyell, na obra “Principles of Geology" e Eskola, tem-se assistido a um desenvolvime ações com outros ramos das geociências, grandes porções de cadeias de montanhas stência de uma relação genética entre os pr orogénese. onal Union of Geological Sciences"), o metam do sólido que afetam a composição mineraló o é devido ao reajustamento das rochas aram. Desta forma, o metamorfismo pode s modificações mineralógicas e/ou texturais n ficas), como resposta às modificações nas c nvolver modificações na composição quím metassomático. Os processos metamórfico emperatura) muito vasto, limitados a baixas t ras pelo campo do magmatismo (definido p temperatura e a pressão, a natureza e xistentes nas rochas em transformação e o s reações metamórficas, regra geral bastante ácies metamórficas geneticamente associad ncia de relíquias minerais e texturais de al órfico realçam a dinâmica dos processos m versidade Évora UL o em 1795 efetuada por da terminologia rochas pela definição de fácies ento crescente do estudo , nomeadamente com a s serem constituídas por rocessos metamórficos e amorfismo é um processo ógica e/ou a estrutura de s para condições físicas ser interpretado com um nas rochas pré-existentes condições de temperatura mica global das rochas os ocorrem num intervalo temperaturas pelo campo pelo início da fusão das e quantidade de fluidos o tempo são parâmetros e lentas. das num mesmo terreno lto grau metamórfico em metamórficos. Durante o

Orogénese e metamorfismo: O caso da Zona de Ossa -Morena

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Page 1: Orogénese e metamorfismo: O caso da Zona de Ossa -Morena

Orogénese e metamorfismo:O caso da Zona de Ossa

Departamento Geociências, Escola de Ciências e Tecnologia, Universidade Évora

Centro Geologia da Universidade de Lisboa

Resumo

Segundo Miyashiro (1994), desde

James Hutton, na obra “The Theory of the Earth

metamórficas em 1983 por Charles

metamórficas em 1920 por Pentti Eskola

do metamorfismo e das suas relações com outros ramos das geociências, nomeadamente com a

tectónica de placas. O facto de grandes porções de cadeias de montanhas serem constituídas por

rochas metamórficas, reforça a existência de uma relação genética entre os processos metamórficos e

a deformação tectónica durante a orogénese.

De acordo com a IUGS ("International Union of Geological Sciences")

que envolve modificações no estado sólido que afetam a composição

rochas pré-existentes. O processo é devido ao

diferentes daquelas onde se formaram

processo subsólido, que conduz a modificações mineralógicas e/ou texturais

(ígneas, sedimentares ou metamórficas), como resposta às modificações nas condições de temperatura

e pressão. O processo pode envolver modificações na composição química global das rochas

denominando-se de metamorfismo metassomáti

de condições de P (pressão) e T (temperatura) muito vasto

da diagénese e a altas temperaturas pelo campo do magmatismo

rochas). Conjuntamente com a temperatura e

(essencialmente H2O e/ou CO2) existentes nas rochas em transformação e o tempo

fundamentais para a ocorrência das reações metamórficas, regra geral bastante l

A coexistência de duas ou mais fácies metamórficas geneticamente associadas num mesmo terreno

metamórfico, bem como a ocorrência de

ambientes de baixo grau metamórfico

Orogénese e metamorfismo: O caso da Zona de Ossa -Morena

Jorge Pedro

Departamento Geociências, Escola de Ciências e Tecnologia, Universidade Évora

Centro Geologia da Universidade de Lisboa - CeGUL

[email protected]

desde a referência inicial ao termo metamorfismo

na obra “The Theory of the Earth", passando pela adoção da terminologia rochas

por Charles Lyell, na obra “Principles of Geology" e

por Pentti Eskola, tem-se assistido a um desenvolvimento crescente do estudo

do metamorfismo e das suas relações com outros ramos das geociências, nomeadamente com a

. O facto de grandes porções de cadeias de montanhas serem constituídas por

rochas metamórficas, reforça a existência de uma relação genética entre os processos metamórficos e

a deformação tectónica durante a orogénese.

("International Union of Geological Sciences"), o metamorfismo é um processo

que envolve modificações no estado sólido que afetam a composição mineralógica

existentes. O processo é devido ao reajustamento das rochas para con

diferentes daquelas onde se formaram. Desta forma, o metamorfismo pode ser interpretado com um

que conduz a modificações mineralógicas e/ou texturais nas rochas pré

(ígneas, sedimentares ou metamórficas), como resposta às modificações nas condições de temperatura

O processo pode envolver modificações na composição química global das rochas

se de metamorfismo metassomático. Os processos metamórficos ocorrem num intervalo

de condições de P (pressão) e T (temperatura) muito vasto, limitados a baixas temperaturas pelo campo

raturas pelo campo do magmatismo (definido pelo início da fusão das

Conjuntamente com a temperatura e a pressão, a natureza e quantidade de fluidos

existentes nas rochas em transformação e o tempo

para a ocorrência das reações metamórficas, regra geral bastante l

duas ou mais fácies metamórficas geneticamente associadas num mesmo terreno

a ocorrência de relíquias minerais e texturais de alto grau metamórfico

ambientes de baixo grau metamórfico realçam a dinâmica dos processos metam

Departamento Geociências, Escola de Ciências e Tecnologia, Universidade Évora

CeGUL

ao termo metamorfismo em 1795 efetuada por

, passando pela adoção da terminologia rochas

pela definição de fácies

se assistido a um desenvolvimento crescente do estudo

do metamorfismo e das suas relações com outros ramos das geociências, nomeadamente com a

. O facto de grandes porções de cadeias de montanhas serem constituídas por

rochas metamórficas, reforça a existência de uma relação genética entre os processos metamórficos e

o metamorfismo é um processo

mineralógica e/ou a estrutura de

ajustamento das rochas para condições físicas

Desta forma, o metamorfismo pode ser interpretado com um

nas rochas pré-existentes

(ígneas, sedimentares ou metamórficas), como resposta às modificações nas condições de temperatura

O processo pode envolver modificações na composição química global das rochas

Os processos metamórficos ocorrem num intervalo

limitados a baixas temperaturas pelo campo

(definido pelo início da fusão das

pressão, a natureza e quantidade de fluidos

existentes nas rochas em transformação e o tempo são parâmetros

para a ocorrência das reações metamórficas, regra geral bastante lentas.

duas ou mais fácies metamórficas geneticamente associadas num mesmo terreno

alto grau metamórfico em

metamórficos. Durante o

Page 2: Orogénese e metamorfismo: O caso da Zona de Ossa -Morena

processo metamórfico diferentes

sucessivamente por novas condições termodinâmicas, impostas pelos processos tectónicos

percursos P-T-tempo prógrados e retrógrados, respetivamente com

metamórfico. O resultado é a geração de diferentes paragéneses metamórficas, estáveis

condições termodinâmicas, que permitem

determinado terreno metamórfico.

Segundo Johnson & Harley (2012),

placas tectónicas colidem e forçam os materiais a elevarem

como os Alpes e os Himalaias ou

formação de cadeias de montanhas de origem vulcânica como os Andes.

continental ou de margens continentais ativas, as perturbações

tectónicos, que atuam à escala do cm/ano, explicam a génese de

orogénese. Assim, nas cadeias de montanhas

recristalização metamórfica e a deformação,

megascópica) e fundamental na análise da dinâmica crustal.

Na orogénese os protólitos existentes

pressão e consequentemente a diferentes tipos de metamo

mais representativo. Trata-se de um tipo de

compressivos e distensivos da orogénese

presentes nas cadeias de montanhas. Segundo

efeitos dinâmicos e térmicos combinam

do espaço, originando as condições termodinâmicas (t

estabelecimento de cinturas metamórficas emparelhadas

alta pressão) e de baixo grau metamórfico (r

que o terreno de alto grau sublinha a margem externa (oceano) da cadeia orogénica.

A Zona de Ossa-Morena é uma zona tectonoestratigráfica do Maciço Ibérico.

Varisca o bordo SW da Zona de Ossa

Devónico inferior/médio, culminando

contribuíram para a amalgamação da Pangea

Ossa-Morena foi afetado por diferentes processos metamórficos, nomeadamen

orogénico. Apesar das limitações impostas pela

tectónica, junto ao bordo SW da Zona de Ossa

Novo) afloram rochas metamórficas de alta

resultantes da sua retrogradação

geocronológicas de ca. 370 Ma para os eclogitos e

processo metamórfico diferentes protólitos originam diferentes rochas metamórficas

condições termodinâmicas, impostas pelos processos tectónicos

e retrógrados, respetivamente com o aumento

. O resultado é a geração de diferentes paragéneses metamórficas, estáveis

que permitem definir a sequência de fácies metamórficas presentes

, a orogénese é o processo de formação de montanhas quando duas

placas tectónicas colidem e forçam os materiais a elevarem-se e a formarem cadeias de montanhas

ou quando uma placa tectónica subducta sob outra, resultando

formação de cadeias de montanhas de origem vulcânica como os Andes. Quer se trate de colisão

continental ou de margens continentais ativas, as perturbações induzidas na litosfera pel

tectónicos, que atuam à escala do cm/ano, explicam a génese de terrenos metamórficos associado

orogénese. Assim, nas cadeias de montanhas estabelece-se uma relação genética entre a

recristalização metamórfica e a deformação, que é observável a diferentes escalas (microscópica a

e fundamental na análise da dinâmica crustal.

orogénese os protólitos existentes são submetidos a diferentes tipos de gradientes de temperatura e

pressão e consequentemente a diferentes tipos de metamorfismo, sendo o metamorfismo

se de um tipo de metamorfismo regional associado aos regimes

orogénese, que explica a variabilidade de

presentes nas cadeias de montanhas. Segundo Miyashiro (1994), nas margens continentais ativas

combinam-se com diferentes intensidades e variam ao

as condições termodinâmicas (temperatura e pressão) necessárias

de cinturas metamórficas emparelhadas - terrenos de alto grau metamórfico

alta pressão) e de baixo grau metamórfico (regime de baixa pressão) disposto

sublinha a margem externa (oceano) da cadeia orogénica.

Morena é uma zona tectonoestratigráfica do Maciço Ibérico.

da Zona de Ossa-Morena funcionou como uma margem continental ativa

édio, culminando no Permo-Carbónico com mecanismos de

amalgamação da Pangea (Ribeiro, 2013). Neste período,

diferentes processos metamórficos, nomeadamen

s limitações impostas pela escassez de afloramentos e pela

tectónica, junto ao bordo SW da Zona de Ossa-Morena (e.g. Alvito, Viana do Alentejo, Montemor

rochas metamórficas de alta pressão, (nomeadamente eclogitos

retrogradação (Pedro et al., 2013). Para estas rochas

ca. 370 Ma para os eclogitos e ca.360 Ma para os xistos anfibólicos (

rochas metamórficas que passam

condições termodinâmicas, impostas pelos processos tectónicos, originando

o aumento e a diminuição do grau

. O resultado é a geração de diferentes paragéneses metamórficas, estáveis nas novas

a sequência de fácies metamórficas presentes num

orogénese é o processo de formação de montanhas quando duas

se e a formarem cadeias de montanhas

sob outra, resultando na

Quer se trate de colisão

na litosfera pelos processos

terrenos metamórficos associados à

se uma relação genética entre a

l a diferentes escalas (microscópica a

gradientes de temperatura e

o metamorfismo orogénico o

associado aos regimes

que explica a variabilidade de terrenos metamórficos

margens continentais ativas os

e variam ao longo do tempo e

ra e pressão) necessárias ao

grau metamórfico (regime de

egime de baixa pressão) dispostos paralelamente, sendo

sublinha a margem externa (oceano) da cadeia orogénica.

Morena é uma zona tectonoestratigráfica do Maciço Ibérico. Durante a Orogenia

ma margem continental ativa desde o

mecanismos de colisão continental que

o bordo SW da Zona de

diferentes processos metamórficos, nomeadamente por metamorfismo

pela intensa deformação

Alvito, Viana do Alentejo, Montemor-o-

eclogitos) e xistos anfibólicos

). Para estas rochas obtiveram-se idades

360 Ma para os xistos anfibólicos (Moita et al.,

Page 3: Orogénese e metamorfismo: O caso da Zona de Ossa -Morena

2005).Tratam-se de ocorrências de

sequências metamórficas contemporâneas de baixo/médio

Zona de Ossa-Morena (Araújo et al

metamórfico sugerem, durante a Orogenia Varisca

emparelhada no bordo SW da Zona de Ossa

Ossa-Morena, nomeadamente o seu bordo SW,

as relações entre a orogénese e o metamorfismo e

geológicos, os quais variaram no tempo e no espaço.

Referências

Araújo, A., Piçarra de Almeida, J., Borrego, J., Pedro, J., Oliveira, J. T.

da Zona de Ossa-Morena. In: R. Dias, A. Araújo, P. Terrinha, J.C. Kullberg (Eds), Geologia de Portugal,

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Johnson, M. & Harley, S. (2012). Orogenesis: The Making of Mountains.

398p.

Miyashiro, A. (1994). Metamorphic Petrology.

Moita, P., Munhá, J., Fonseca, P., Pedro, J., Tassinari, C., Araujo, A., Palácios

equilibria and geochronology of ossa morena eclogites Actas do XIV Semana de Gequímica/VIII

Congresso de geoquímica dos Países de Língua Portuguesa 2, 471

Pedro, J., Araújo, A., Fonseca, P., Munhá, J., Ribeiro, A., Mateus, A. (2012).

metamorfismo de alta pressão no bordo SW da Zona de Ossa

Terrinha, J.C. Kullberg (Eds), Geologia de Portugal, vol. 1, Escolar Editora, 647

Ribeiro, A. (2013). Evolução geodinâmica de Portugal;

Terrinha, J.C. Kullberg (Eds), Geologia de Portugal, vol. 1, Escolar Editora, 11

se de ocorrências de alto grau metamórfico que contrastam

sequências metamórficas contemporâneas de baixo/médio grau que ocorrem nas regiões internas da

(Araújo et al., 2013). No seu conjunto, as ocorrências de

durante a Orogenia Varisca, o desenvolvimento de uma cintura metamórfica

emparelhada no bordo SW da Zona de Ossa-Morena. Desta forma, pode-se concluir que a Zona de

, nomeadamente o seu bordo SW, apresenta-se como um laboratório geológico

as relações entre a orogénese e o metamorfismo e que coloca em evidência a dinâmica dos processos

no tempo e no espaço.

Araújo, A., Piçarra de Almeida, J., Borrego, J., Pedro, J., Oliveira, J. T. (2013). As regiões central e sul

Morena. In: R. Dias, A. Araújo, P. Terrinha, J.C. Kullberg (Eds), Geologia de Portugal,

M. & Harley, S. (2012). Orogenesis: The Making of Mountains. Cambridge University Press,

Metamorphic Petrology. University College London, 404p.

Moita, P., Munhá, J., Fonseca, P., Pedro, J., Tassinari, C., Araujo, A., Palácios

equilibria and geochronology of ossa morena eclogites Actas do XIV Semana de Gequímica/VIII

Congresso de geoquímica dos Países de Língua Portuguesa 2, 471-474.

Pedro, J., Araújo, A., Fonseca, P., Munhá, J., Ribeiro, A., Mateus, A. (2012).

metamorfismo de alta pressão no bordo SW da Zona de Ossa-Morena. In: R. Dias, A. Araújo, P.

Terrinha, J.C. Kullberg (Eds), Geologia de Portugal, vol. 1, Escolar Editora, 647-

Ribeiro, A. (2013). Evolução geodinâmica de Portugal; uma introdução. In: R. Dias, A. Araújo, P.

Terrinha, J.C. Kullberg (Eds), Geologia de Portugal, vol. 1, Escolar Editora, 11-14.

contrastam, nitidamente, com as

que ocorrem nas regiões internas da

de alto e baixo/médio grau

o desenvolvimento de uma cintura metamórfica

se concluir que a Zona de

laboratório geológico que ilustra

que coloca em evidência a dinâmica dos processos

). As regiões central e sul

Morena. In: R. Dias, A. Araújo, P. Terrinha, J.C. Kullberg (Eds), Geologia de Portugal,

Cambridge University Press,

Moita, P., Munhá, J., Fonseca, P., Pedro, J., Tassinari, C., Araujo, A., Palácios, T., 2005. Phase

equilibria and geochronology of ossa morena eclogites Actas do XIV Semana de Gequímica/VIII

Pedro, J., Araújo, A., Fonseca, P., Munhá, J., Ribeiro, A., Mateus, A. (2012). Cinturas ofiolíticas e

Morena. In: R. Dias, A. Araújo, P.

-671.

uma introdução. In: R. Dias, A. Araújo, P.

14.