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ORPHEU miolo AF.indd 1 12-02-2015 11:40:55 · Poema do espólio de Fernando Pessoa (BNP/E3, ... Fernando Álvaro Pessoa de Campos 271 ... século XIX» e do «curto século XX» de

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Poema do espólio de Fernando Pessoa (BNP/E3, 49B5-32v)

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L I S B O ATINTA-DA-CHINA

M M X V

O R G A N I Z A Ç Ã O

Steffen Dix

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© 2015, Autores e Edições tinta -da -china

Edições Tinta -da -chinaRua Francisco Ferrer, n.º 6 -A

1500 -461 LisboaTels.: 21 726 90 28/29

E -mail: [email protected]

Título1915 — O Ano do Orpheu.

AutoresAntónio Apolinário Lourenço, Arnaldo Saraiva, Cecília Barreira, Ellen W. Sapega,

Fernando J.B. Martinho, Filipa Lowndes Vicente, Filomena Serra, Giorgio de Marchis, Jerónimo Pizarro, João Pedro George, Jorge Uribe,

José Barreto, José Carlos Seabra Pereira, Manuel Villaverde Cabral, Márcia Seabra Neves, Nuno Júdice, Pablo Javier Pérez López,

Patrícia Silva McNeill, Pedro Eiras, Ricardo Vasconcelos, Rui Sousa, Sofia Narciso, Steffen Dix

OrganizaçãoSteffen Dix

RevisãoTinta -da -china

Composição e capaTinta -da -china (Pedro Serpa)

1.ª edição: Março de 2015 ISBN 978 -989 -671 -251-8

DEPÓSITO LEGAL n.º 387252/15

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ÍNDICE

Nota Prévia e Agradecimentos 7

INTRODUÇÃO

O Ano de 1915. Um Mundo em Fragmentos e a Normalização dos Extremos 15

Steffen Dix

CONTEXTO

Os Anos Incendiários. Uma Narrativa Cruzada 37Manuel Villaverde Cabral

1915. O Ano de Todas as Rupturas 53Nuno Júdice

O Ano do Orpheu em Portugal 67José Barreto

Em Torno do Orpheu. A Outra Literatura 97José Carlos Seabra Pereira

Mulheres Artistas. As Possibilidades de Criação Feminina no Portugal de 1915 121Filipa Lowndes Vicente

A Ideia Nacional. Algumas Confluências Modernistas e Nacionalistas 137Cecília Barreira

CONFLUÊNCIAS

Orpheu e Paris. Ecos Cubistas na Poesia de Mário de Sá -Carneiro 149Ricardo Vasconcelos

Orpheu e Blast. Intersecções do Modernismo Português e Inglês 167Patrícia Silva McNeill

As Tentativas de Propaganda Órfica em Espanha 185Pablo Javier Pérez López

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PROTAGONISTAS

José Pacheco. Relações Sociais e Legitimação Artística do Grafismo Português 201

João Pedro George António Ferro. O «Editor Irresponsável» 215

José Barreto Luís de Montalvor. O Rasto Discreto de Um Dandy da Palavra Poética 225

Fernando J.B. Martinho Mário de Sá -Carneiro. «Perdido. Solitário e Pelos Cafés Baratos.» 239

Giorgio de Marchis Presença(s) de Ronald de Carvalho em Portugal 255

Rui Sousa Fernando Álvaro Pessoa de Campos 271

Jerónimo Pizarro Alfredo Guisado. Um Modernista Acidental? 285

António Apolinário LourençoAlmada, Europa, 1915 -1917 297

Pedro Eiras A Vocação de Armando Côrtes -Rodrigues 319

Jorge Uribe «Estes Versos Antigos Que Eu Dizia». A Tragédia de Ângelo de Lima no Contexto do Orpheu. 335

Sofia Narciso Eduardo Guimaraens. Entre a Quimera e o Orpheu 353

Rui Sousa Raul Leal (Henoch). O Mais Louco dos Loucos do Orpheu e Profeta Maldito 369

Márcia Seabra Neves «Il n’y a pas de hors -texte». Guilherme de Santa -Rita, Um Artista Sem Obra? 389

Filomena Serra O «Frustrado» e Abençoado Orpheu 407

Arnaldo Saraiva «Não posso viver sem sol». O Regresso de Amadeo de Souza -Cardoso à Pátria 421

Ellen W. Sapega

Cronologia 1915 435Steffen Dix

Índice Onomástico 443Notas Biográficas 455

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NOTA PRÉVIA E AGRADECIMENTOS

Cada um de nós tem o seu próprio conhecimento do passado. Alguns submergem com paixão e entusiasmo até às profundidades mais dis-tantes da história, outros contentam -se com um pequeno mergulho na superfície, alguns pretendem -se imparciais e objectivos, outros deixam--se guiar, inconsciente ou voluntariamente, através de ideias preconcebi-das. A história deixa sempre as suas marcas no observador e influencia a vida contemporânea. Numa tentativa de definição, o historiador alemão Golo Mann entendeu que a história era constituída por duas componen-tes: os factos que aconteceram; e as pessoas que os tentam compreen-der — sempre a partir dos seus próprios lugares e dos seus próprios tempos. O processo de entender a história é marcado por uma rotação ou substituição permanente dos conhecimentos, por um levantamento de novas questões e pela constante transformação dos observadores.

O passado é, assim, uma entidade que ganha vida através de temas reformulados e experiências novas. Existem igualmente inúmeras e dife-rentes formas de contar o passado, mas as mais comuns e influentes são talvez aquelas que podemos designar como «história compacta», «his-tória em diapositivos» e «história contada pelos testemunhos». No pri-meiro caso, a história é contada através de uma narrativa complexa e compacta que encontramos, por exemplo, nas exposições do «longo

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século XIX» e do «curto século XX» de Eric Hobsbawm, onde se pretende explicar ou entender as «linha gerais» da história, os acontecimentos históricos «grandes» e «importantes», como as revoltas sociais ou as ideologias políticas. No segundo caso, a história é contada através de diapositivos que confrontam o observador com pequenos detalhes, tais como lutas de pugilistas, salas de cinema, gel de cabelo, automóveis ou peças de teatro, ou seja, com as realidades quotidianas supostamente vulgares e sem importância. No seu livro 1926, Hans Ulrich Gumbrecht convida o leitor a visitar as pequenas banalidades da vida do dia -a--dia, apresentando assim uma história que permite itinerários múltiplos. E, finalmente, a história pode ser sugerida através da articulação de uma memória colectiva, como fez Walter Kempowski na sua obra monumen-tal Echolot, juntando um elevado número de variadíssimos diários, car-tas, documentos privados e fotografias originais para uma espécie de colagem que documenta o tempo da Segunda Guerra Mundial a partir de uma multiplicidade de incidentes simultâneos.

No livro aqui apresentado, procurámos reconstruir Portugal por volta de 1915, juntando vários investigadores de idades e percursos académicos diversos. Todos representam um olhar diferente, têm uma habilidade própria para levantar questões e expõem de maneira idios-sincrática a sua aproximação ao passado. E todos aplicam modos diver-sos de contar a história. Este procedimento pode ser entendido como eclectismo ou, pelo contrário, como falta de metodologia. A verdade é que neste livro pretendemos reconstituir o cenário vivo dos tempos em volta de 1915, e para isso reunimos o maior número possível de perspec-tivas. O nosso objectivo nunca consistiu no fornecimento de respostas, mas sim no levantamento de novas questões e na apresentação, o mais eloquente possível, da época em que a revista Orpheu nasceu.

A revista nasce em 1915, mas também tem uma história pré -natal que remonta aos anos anteriores, e a sua influência prolongou -se até ao nosso tempo. Assim, a história cultural e social do ano de 1915 esteve sempre no centro da nossa atenção, mas não foi abordada singularmente. Para captar o Zeitgeist ou o clima intelectual e cultural que se encontra na base desta importante revista modernista, alargámos as fronteiras tem-porais e geográficas. As histórias aqui contadas não se limitam ao ano de 1915 nem ao espaço entre o restaurante Irmãos Unidos e o Chiado. No Ano do Orpheu estão também presentes, directa e indirectamente, o restaurante londrino La Tour Eiffel, ponto de encontro preferido dos vorticistas, onde pontificavam Wyndham Lewis e Ezra Pound, ou as gale-rias e os ateliers dos bairros parisienses de Montmartre, Montparnasse

NOTA PRÉVIA E AGRADECIMENTOS

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9Nota Prévia e Agradecimentos

ou Puteaux, onde conviveram os mais influentes representantes do cubismo, do futurismo ou do orfismo. Desta maneira, a revista Orpheu representa não apenas uma revolta contra a tradição artística do país, mas também o Zeitgeist europeu nas primeiras décadas do século XX e as típicas confluências culturais ou intelectuais daquela época.

Formalmente, decidimos, por várias razões, usar o artigo masculino para o Orpheu, seguindo assim a maneira como muitos dos seus pro-tagonistas se referiram ou encararam a revista: como uma figuração moderna do mítico cantor grego cuja música encantou e cultivou, ao mesmo tempo, os deuses, os homens, os animais, as plantas e as árvores. Em relação à ortografia, mantivemos a versão da fonte bibliografica-mente citada, preferindo porém — quando possível — a versão original. Quanto ao alinhamento dos textos acerca dos protagonistas do Orpheu, e considerando que existem vários critérios possíveis (importância artística, alfabético, entre outros), decidimos utilizar o mais fácil: segui-mos a ordem do próprio Orpheu. Partindo deste critério, José Pacheco, enquanto autor da capa do Orpheu 1, será o primeiro protagonista, e Amadeo de Souza -Cardoso, enquanto autor dos quatro hors -texte desa-parecidos do Orpheu 3, o último.

Em relação aos direitos de autor, o organizador e a editora do livro fizeram todos os esforços para obterem as autorizações de publicação. Caso exista alguma autorização em falta, estaremos disponíveis para rectificar a situação tão rapidamente quanto possível.

Como já indicado, o livro é o produto de um trabalho comum e da pesquisa profunda de vários investigadores, alguns já com uma vasta experiência, outros ainda no início da sua carreira académica. Todos entregaram um trabalho admirável e enriqueceram os estudos dos outros com importantes informações adicionais. Este trabalho e esta cooperação merecem um agradecimento profundo e sincero. No entanto, o livro teria sido impossível sem a enorme generosidade, disponibili-dade e amabilidade de várias outras pessoas que sempre apoiaram o projecto. Acima de tudo, gostaria de agradecer o trabalho minucioso de Sónia Pereira, que fez com grande entusiasmo e dedicação uma pri-meira revisão de todos os textos. Mas a minha gratidão vai também para várias outras pessoas e fundações que contribuíram atenciosamente para a produção deste livro. Assim, agradeço a José Barreto, Bárbara Bulhosa, Inês Cordeiro, Sílvia Laureano Costa, Ana Barata, Francisco de Barros e Vasconcellos Guisado e sua família, Inês Hugon, Francisco Mata Pereira, Guilherme d’Oliveira Martins, Rita Matos, Jorge Meireles, Michael Mitzman, Rita Almada Negreiros e sua família, João Pinharanda,

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Jerónimo Pizarro, Miguel Proença, Constança Rosa, Carlos Rodrigues, Luís França de Sá, José Manuel dos Santos, Pedro Serpa, Filomena Serra, Helena Serra, Teresa Tamen e João Malhadas Teixeira, à Fundação EDP, ao Centro Nacional da Cultura, à Fundação António Quadros, à Fun-dação Calouste Gulbenkian e ao Centro de Estudos de Comunicação e Cultura da Universidade Católica Portuguesa. O livro foi generosamente co -financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia.

Dedico este livro à Adelaide — sem ela, este trabalho não teria sentido.

Steffen Dix Lisboa, Março de 2015

Abreviaturas

ANSA — Espólio Almada Negreiros e Sarah Affonso.ASC-BA — Espólio de Amadeo de Souza-Cardoso. Biblioteca de Arte, Fundação Calouste Gulbenkian.BNP/D8 — Biblioteca Nacional de Portugal, Espólio de Almada Negreiros.BNP/E3 — Biblioteca Nacional de Portugal, Espólio de Fernando Pessoa. CFP — Casa Fernando Pessoa, Biblioteca Particular de Fernando Pessoa.DGPC — Direcção-Geral do Património Cultural.FAQ — Espólio da Fundação António Quadros.

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Horóscopo do Orpheu com a indicação de que o primeiro exemplar foi vendido no dia 26 de Março de 1915 (7 p.m.). (BNP/E3 20 -79)

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INTR ODUÇÃO

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O ANO DE 1915 U M M U N D O E M F R A G M E N T O S

E A N O R M A L I Z A Ç Ã O D O S E X T R E M O S

Steffen Dix

Todas as histórias decorrem num determinado contexto sociocultural e, ao falar sobre o passado, a cronologia da nossa narrativa só pode ser relativa. Um contexto sociocultural significa sempre algo mais do que um certo tempo físico, e assim, a história do ano de 1915 — ou a his-tória do Orpheu — não começa simplesmente no dia 1 de Janeiro para depois ultrapassar as chuvas e os ventos do Inverno, as flores coloridas da Primavera, o calor risonho do Verão e a melancolia calma do Ou-tono, acabando finalmente no dia 31 de Dezembro. Além destes ritmos habituais, todos os anos e todas as respectivas histórias estão cheios de paralelismos ou de conexões causais singulares, e os tempos físicos, sociais e históricos não têm de corresponder sempre e necessariamente entre si. De lugar para lugar, os mesmos podem variar bastante, e uma enumeração lenta dos dias seria, portanto, insuficiente e simplificadora.

É certo, o ano de 1915 pode ser encarado, justamente, como um almanaque, mas ele é, por outro lado, muito mais do que um determinado número de páginas amarelecidas nas quais se inscreveram alguns acontecimentos políticos, culturais ou religiosos que tiveram a sorte de serem reconhecidos social ou publicamente como relevantes e dignos de serem relembrados. Todas as grandes e importantes ocorrências históricas que sobrevivem na nossa memória colectiva têm múltiplas

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raízes ou ligações com uma vida quotidiana aparentemente banal e trivial. Além disso, são condicionadas por uma enorme camada de variadíssimos incidentes que aconteceram previamente, e dispõem de características particulares cujos efeitos se prolongam directa ou indirectamente até aos nossos dias. Deste ponto de vista, saberemos relativamente pouco sobre os modernismos europeus e, no nosso caso, sobre as primeiras manifestações públicas do modernismo português, se nos cingirmos a uma estrita análise literária e artística dos textos ou das particularidades gráficas do Orpheu, da sua novidade, importância ou originalidade dentro do panorama cultural português. Para além de, indiscutivelmente, ter ganho, desde o início, uma enorme importância cultural, o Orpheu representa também uma realidade sociocultural que se tornou exemplar praticamente para todo o século XX, distinguindo -se tanto de forma positiva como negativa, por contradições e antinomias, por progressos fascinantes e decisões fatais.

Mas o nosso passado é também um dilema a vários níveis. Hoje em dia, dispomos de um armazém gigante de informações históricas que cresceu, durante os últimos anos, de uma forma desproporcionada em relação à sua sistematização. Com o enorme crescimento dos conheci-mentos históricos, o nosso conceito ou ideia de história transforma -se rápida e muitas vezes inconscientemente. Parece que estamos actual-mente numa fase em que a história já não tem nenhuma função pragmá-tica. Com alguma serenidade, temos de reconhecer que se torna cada vez mais difícil aprender alguma coisa com a história, embora não quei-ramos negar que ela nos marque (mas não necessariamente determine) e que ainda continue a fornecer -nos uma certa orientação. Além disso, não podemos livrar -nos do pressentimento de que todo este conhecimento seja apenas a ponta de um icebergue. De uma certa maneira, a história continua a ser uma terra continens que convida permanentemente, e de uma forma sempre renovada, a novas descobertas. Talvez este facto es-teja na base do nosso contínuo fascínio pela história. Todavia, sabemos também, pelo menos a partir das teorias pós -estruturalistas, que cada realidade histórica coincide com estruturas sociais, disposições de co-nhecimento ou discursos culturais muito próprios que se esquivam de uma descrição objectiva, intemporal e até imparcial. Nenhum historia-dor, seja ele profissional ou amador, pode libertar sua interpretação por completo das suas orientações políticas ou posições sociais e culturais.

No entanto, todos os documentos históricos oferecem a possibili-dade de um conhecimento teórico que se pode tornar vivo ou verdadei-ramente real quando escutamos a polifonia de um contexto histórico e

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17O Ano de 1915

olhamos para tudo o que se encontra nas margens dos grandes aconte-cimentos. É precisamente neste modo de observação que reside o ob-jectivo principal do nosso livro. Tencionamos «ouvir» as vozes à volta do Orpheu, pretendemos entrar ontologicamente no mundo e no tempo do Orpheu, ou seja, queremos experimentar o que foi designado acade-micamente como «o momento futurista» (Poggioli, 1968; Perloff, 1986). Ao contrário do que seria de esperar, este «momento» não corresponde necessariamente ao conhecido movimento italiano ou russo com o mesmo nome, mas exprime o típico estado de espírito que foi naquela altura comum ou semelhante (obviamente com as necessárias variações locais) a todos os grupos de avant -garde europeia. De uma forma muito abreviada, este estado de espírito pode ser resumido numa euforia e con-fiança algo exaltadas num futuro glorioso, que se anunciou através dos grandes vapores, montras esplendorosas, carros rápidos, vida e moda urbanas, aviões modernos, velocidade, cosmopolitismo, luzes cintilan-tes, entre outras inovações; uma euforia que durou pouco tempo e que foi, logo no início, entrelaçada e assombrada por um pressentimento apocalíptico cujas motivações se confirmariam, o mais tardar, a partir de 1915. Foi precisamente nesta altura que também os adeptos mais en-tusiásticos da guerra começaram a questionar -se sobre a forma como se poderiam adaptar as trincheiras lamacentas aos esperados campos elísios da modernidade. No entanto, a reconstrução ou a revitalização de um estado de espírito com cem anos não é um empreendimento fácil, e logo de início perguntámo -nos quando teria começado a história do Orpheu, qual seria a melhor maneira de a contar, e quando teria acabado. Como veremos mais adiante, ou como já adivinhámos, é relativamente fácil responder à última pergunta. As respostas às duas primeiras serão já mais difíceis e precisam de um espaço mais alargado, mas ajudar -nos--ão a conhecer o mundo e os tempos do Orpheu.

Sem querermos ser exageradamente meticulosos, podemos afirmar que há vários indícios que nos levam a acreditar que a história do Orpheu — ou pelo menos a história de uma revista modernista portuguesa — começou a esboçar -se, o mais tardar, entre 1912 e 1913, anos em que al-guns dos primeiros colaboradores da revista, tais como Fernando Pessoa, Mário de Sá -Carneiro, Alfredo Pedro Guisado, Armando Côrtes -Rodrigues ou Almada Negreiros, se tornaram mais próximos (cf. Pessoa, 2009: 160). De uma perspectiva contemporânea, 1913 pode ser considerado como o último ano europeu no qual o homem do Ocidente se orgulhou, de uma forma ainda bastante inocente, dos desenvolvimentos técnicos, das evo-luções científicas e do enorme aumento da criatividade artística. Neste

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ano, testemunhou -se um ar-ranque extremamente fértil do modernismo europeu, que de-senvolveu progressivamente a sua autoconsciência. A fa-mosa e bem -sucedida Armory Show em Nova Iorque juntou entre os dias 15 de Fevereiro e 15 de Março de 1913, pela pri-meira vez, um grande número de obras de arte modernista e vanguardista europeia e ame-ricana, entre as quais se en-contravam também algumas pinturas de Amadeo de Souza--Cardoso, que alcançou um notável êxito comercial.

Os motins na estreia do A Sagração da Primavera de Igor Stravinsky, no dia 29 de Maio de 1913 no Théâtre des Champs--Élysées, foram matéria de discussão praticamente em

todos os jornais parisienses, e até o New York Times relatou, uma se-mana depois, que a direcção do teatro se viu obrigada a acender as luzes da sala para evitar confrontações violentas. Marcel Proust conse-guiu, depois de várias recusas dolorosas e por sua própria conta, publi-car o primeiro volume de Em Busca do Tempo Perdido. No final de 1913, e depois de dois anos de paragem incerta, a Mona Lisa voltou, intacta e com pompa e circunstância, para o Louvre, o que permitiu a Pablo Picasso e a Guillaume Apollinaire sentirem -se definitivamente liber-tos das suspeições de terem raptado esta famosa senhora de sorriso enigmático. Em Viena, Sigmund Freud publicou, nesse mesmo ano, o famoso livro Totem e Tabu, e as obras expressionistas de Egon Schiele ou Oskar Kokoschka começaram a ganhar cada vez mais reputação no mundo artístico da capital do Império Austro -Húngaro. Com muito menos sucesso, e pela mesma altura, um outro jovem pintor tentava vender nas praças públicas de Viena, e geralmente com a ajuda dos seus coabitantes judeus, algumas das suas aguarelas incipientes. Ainda sonhando com uma grande carreira enquanto artista e lendo

Cartaz para a Armory Show, 15 de Fevereiro até 15 de Março de 1913.

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entusiasticamente os escritos racistas de Houston Stewart Chamber-lain, Adolf Hitler, assim se chamava este jovem pálido e de aparência insignificante, designava -se a si próprio ainda como «Kunstmaler», ou seja, «pintor artístico» (Morton, 1989). O ano de 1913 desenvolveu uma energia e uma força visíveis na introdução de técnicas e dimensões artísticas inovadoras, num espírito científico e tecnológico inquieto, na confluência de vários artistas, estilos, géneros e nacionalidades, na libertação da libido sexual e no despertar da consciência feminista, no triunfo dos dance halls, na obsessão europeia pelo tango, no sucesso da filosofia de Henri Bergson e no estabelecimento dos fundamentos da fenomenologia de Edmund Husserl, no fascínio quase alucinado pela velocidade, ou, de um modo geral, numa globalização antecipada (Rabaté, 2007).

Embora o último ano de paz na Europa tenha desenvolvido cul-tural, política, científica e artisticamente um dinamismo fascinante, surgiram, ao mesmo tempo, os primeiros indícios de uma certa preo-cupação ou ansiedade em relação aos verdadeiros efeitos destes pro-gressos galopantes. O romance O Homem Sem Qualidades, de Robert Musil, começa, por exemplo, num lindo dia de Agosto de 1913, com o passeio de um casal que testemunha um acidente de viação mor-tífero, levando o autor, praticamente de imediato, a meditar sobre a enorme quantidade de mortos que as inovações técnicas ainda pode-riam trazer futuramente. Ou seja, o primeiro capítulo desta obra -chave do modernismo europeu termina com um balanço da relação entre os enormes avanços técnicos e o crescente número de mortos. Também em 1913, Thomas Mann publica, pela primeira vez na íntegra, a sua cé-lebre novela A Morte em Veneza, cujo tema principal é um mensageiro da morte que surge regularmente sob aparências diferentes. Em Outu-bro de 1913, Carl Gustav Jung tem a visão assustadora de uma maré enorme que está a inundar a Alemanha e na qual a água se transforma em sangue. Na mesma altura, Franz Marc acaba o seu quadro Tierschi-cksale (Destinos de Animais), que representa animais assustados numa paisagem escura e devastada.

Menos de três anos depois de ter pintado esta antevisão apocalíp-tica, exactamente às quatro da tarde do dia 4 de Março de 1916, este influente representante do expressionismo alemão seria abatido por um obus na paisagem devastada em volta de Verdun. Em suma, o último ano de paz mostrou historicamente uma euforia em relação aos êxitos inte-lectuais, técnicos e artísticos. Mas, no subsolo deste entusiasmo, dança-vam já os fantasmas do apocalipse, e o mundo preparava -se para entrar

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definitivamente no «curto século XX» (Eric Hobsbawm, 1994). O ano de 1913 teve uma energia muito própria e difícil de explicar.

O ano de 1914 começou ainda de uma forma trivial. Logo no segundo dia, o governo sueco instaurou uma lei que ordenou uma redução radical do consumo de álcool para as cidades de Estocolmo e Gotemburgo, deci-são que conduziu a resultados positivos e que foi, um pouco mais tarde, alargada a todo o país. No dia 2 de Fevereiro, os Keystone Studios, na Cali-fornia, lançaram o seu primeiro filme produzido com Charlie Chaplin, que tinha assinado o seu contrato apenas alguns meses antes. Depois de ter emprestado uns sapatos velhos demasiado grandes, umas calças defor-madas, um chapéu de coco e uma bengala de bambu, Chaplin tornou-se quase imediatamente o actor mais famoso de Hollywood, representando um tramp que reunia em si próprio um vagabundo, um gentleman, um poeta, um sonhador e um pobre diabo. Nas mesmas semanas, Ezra Pound publicou, na pequena revista The Glebe, a antologia Des Imagistes, que promoveu sobretudo a poesia de Richard Aldington e de H.D. (Hilda Doolittle), mas incluiu também outros poemas, tais como os de William Carlos Williams, James Joyce, F.S. Flint e Ford Madox Ford. Esta antolo-gia, na qual foram defendidas a utilização do verso livre e a criação de

Franz Marc, Tierschicksale (Destinos de Animais), óleo sobre tela, 194,7 × 263,5 cm, 1913, Basel, Kunstmuseum Basel.

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ritmos sonoros, foi alguns me-ses mais tarde reeditada por Harold Monro na Poetry Book-shop, em Londres. No dia 8 de Março de 1914, Fernando Pessoa acercou -se triunfal-mente de uma cómoda alta e começou a escrever, de pé, trinta e tantos poemas a fio, numa espécie de êxtase cuja natureza permaneceu para ele, até à sua morte, um dos grandes mistérios da sua vida. Alguns meses mais tarde, Pes-soa comprou dois volumes da poesia de Richard Aldington e de F.S. Flint, ambos publi-cados na Poetry Bookshop. Nessa época, Fernando Pes-soa reunia -se com um grupo de amigos no restaurante Ir-mãos Unidos, no Rossio, para falar já concretamente sobre a necessidade de uma revista modernista em Portugal. Em Paris, Marcel Duchamp comprou, na Primavera de 1914, no Bazar de l’Hôtel de Ville, um porta -garrafas, ou seja, uma «sculpture toute faite», depositou -a num canto do seu ateliê e elevou -a à categoria de obra de arte. No mesmo período, Francisco Fernando Carlos Luís José Maria de Áustria -Este, também conhecido como conservador colérico e inimigo declarado da arte modernista — mas com uma predilecção futurista por carros rápidos —, passou alguns dias de férias no seu castelo de Kono-pište, alguns quilómetros a sul de Praga, e entregou -se aos seus prazeres habituais, matando cada faisão, lebre, codorniz ou veado que teve o azar de aparecer à frente da sua espingarda. Este presumível herdeiro do trono austro -húngaro partilhou o mesmo destino infeliz que os milhares de fai-sões inocentes do seu império e apareceu, no dia 28 de Junho de 1914, em Sarajevo, na mira da pistola de um jovem estudante, fervoroso leitor de Nietzsche, que se chamava Gavrilo Princip. Embora este infortúnio imperial não tenha provocado grandes tristezas em Viena ou Budapeste, o assassínio do arquiduque Francisco Fernando conduziu ao Ultimato de Julho e, imediatamente depois, à Primeira Guerra Mundial. O Verão de

O assassinato de Sarajevo, Le Petit Journal, 12 de Julho de 1914.

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NOTAS BIOGRÁFICAS

STEFFEN DIX (ORGANIZAÇÃO)

Formou -se em Ciência das Religiões e Filosofia, e doutorou -se na Univer-sidade de Tübingen, na Alemanha, com uma tese sobre o neopaganismo em Fernando Pessoa. Foi membro do Instituto de Ciências Sociais da Uni-versidade de Lisboa e integrou -se recentemente no Centro de Estudos de Comunicação e Cultura da Universidade Católica de Lisboa, onde de-senvolve projectos ligados ao estudo sistemático das revistas modernis-tas portuguesas, ao contexto sociocultural do modernismo português e à ligação transnacional dos modernismos lusófonos. No que diz respeito aos seus interesses científicos, organizou diversos eventos académicos em Portugal e no estrangeiro, participou em projectos internacionais e nacionais, e divulgou as suas pesquisas em várias revistas académicas e editoras internacionais. Neste momento, está a organizar e coorde-nar a edição da Obra Completa de Fernando Pessoa nos países de língua alemã, e já publicou várias traduções deste modernista português.

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CECÍLIA BARREIRA

Professora de Cultura Portuguesa Contemporânea na Universidade Nova de Lisboa. Publicou vários estudos sobre o Integralismo Lusitano, a História das Mentalidades, e edições críticas de revistas e livros dos séculos XIX e XX. Actualmente dedica toda a sua investigação a jornais e revistas dos inícios do século XX.

JOSÉ BARRETO

Sociólogo e historiador, desenvolve o seu trabalho de investigação no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa. Tem -se dedi-cado à pesquisa e edição dos escritos políticos e sociológicos de Fer-nando Pessoa. Publicou recentemente Misoginia e Antifeminismo em Fernando Pessoa (2011) e os volumes de escritos de Fernando Pessoa Associações Secretas e Outros Escritos (2011) e Sobre o Fascismo, a Dita-dura Militar e Salazar (2015).

MANUEL VILLAVERDE CABRAL

Investigador emérito do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa. Esteve exilado em França antes do 25 de Abril, onde se licenciou em Letras (Sorbonne, 1968) e doutorou em História (EHESS -Paris, 1979). Foi Director da Biblioteca Nacional (1985 -1990), assim como investiga-dor e professor na St. Antony’s College em Oxford (1976 -1979) e na King’s College em Londres (1992 -1995), bem como noutros países. É autor de uma extensa bibliografia sobre a sociedade portuguesa contemporânea.

NOTAS BIOGRÁFICAS

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457Notas Biográ�cas

PEDRO EIRAS

Professor de Literatura Portuguesa na Universidade do Porto, investiga-dor do Instituto de Literatura Comparada Margarida Losa, membro da rede internacional de pesquisa LyraCompoetics. Desde 2005, publicou diversos livros de ensaios sobre literatura e outras artes, como Esquecer Fausto (2005), A Lenta Volúpia de Cair (2007), Tentações (2009), Os Ícones de Andrei (2012) e Constelações (2013). Em 2005, recebeu o Prémio Pen Clube Português de Ensaio.

JOÃO PEDRO GEORGE

Doutorado em Sociologia pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, da Universidade Nova de Lisboa, é autor de livros como Puta que os Pariu. A Biografia de Luiz Pacheco (2011) ou O Que é um Escritor Maldi-to. Estudo de Sociologia da Literatura (2013). Tradutor e crítico literário, actualmente trabalha como escritor fantasma para algumas editoras e prepara uma obra sobre um político português.

NUNO JÚDICE

Professor Associado da Universidade Nova de Lisboa, onde se doutorou em 1989 com uma tese sobre Literatura Medieval. É poeta e ficcionista, e publicou vários ensaios e livros sobre a teoria literária. Exerceu as funções de Conselheiro Cultural da Embaixada de Portugal e Director do Instituto Camões, em Paris (1997 -2004). Dirigiu a revista Tabacaria e é director da revista Colóquio/Letras. A sua obra poética está traduzida em diversas línguas e recebeu, em 2013, o Prémio Reina Sofia de Poesía Iberoamericana.

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PABLO JAVIER PÉREZ LÓPEZ

Doutorado em Filosofia pela Universidade de Valladolid. Autor do li-vro Poesía, Ontología y Tragedia en Fernando Pessoa (2012), editou ain-da vários livros e trabalhos que tiveram como temáticas essenciais a dialéctica filosofia -literatura, a infância, o pensar poético, a vontade de ilusão, a filosofia da cultura portuguesa e a dimensão filosófico -estética da obra de Fernando Pessoa. Publicou recentemente a Antologia de Es-critores Suicidas Portugueses (2014).

ANTÓNIO APOLINÁRIO LOURENÇO

Professor de Literatura na Universi dade de Coimbra, onde coordena a área de Espanhol. Integra a Comissão Executiva do Centro de Literatu-ra Portuguesa da mesma universidade. Entre os seus trabalhos consa-grados ao modernismo português, contam -se o volume sobre Fernando Pessoa da Colecção Cânone das Edições 70, um Guia de Leitura da Men-sagem (2011) e uma edição comentada de Tempo de Orfeu (2003), de Alfredo Guisado.

GIORGIO DE MARCHIS

Professor associado de Literatura Portuguesa e Brasileira na Universi-dade de Roma III. No âmbito das suas investigações, além de escrever ensaios sobre autores, revistas e obras do modernismo português, tem organizado edições crítico -genéticas de livros de poemas de Mário de Sá -Carneiro (O Silêncio do Dândi e a Morte da Esfinge. Edição Crítico--Genética de «Dispersão», 2007, entre outros) e de José Régio.

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FERNANDO J.B. MARTINHO

Professor aposentado da Faculdade de Letras da Universidade de Lis-boa, onde se doutorou e ensinou Teoria de Literatura. Foi leitor de Por-tuguês nas Universidades de Bristol, no Reino Unido, e de Santa Bárbara, na Califórnia. É autor de vários livros de poemas, e de ensaios sobre a Literatura Portuguesa Contemporânea. Coordenou o volume Literatura Portuguesa do Século XX (2004) e tem colaboração dispersa em jornais e revistas, com destaque para a Colóquio/Letras e a Relâmpago.

PATRÍCIA SILVA MCNEILL

Doutorou -se na King’s College em Londres e é actualmente investigadora pós -doutorada no Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra e na Queen Mary University em Londres, desenvolvendo um estudo sobre as relações entre os modernismos luso -brasileiro e anglo -americano. É au-tora de Yeats and Pessoa: Parallel Poetic Styles (2010) e publicou vários ar-tigos e ensaios sobre Fernando Pessoa.

SOFIA NARCISO

Concluiu o mestrado em Literatura Portuguesa Moderna e Contemporâ-nea na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, desenvolvendo, neste momento, a sua tese de doutoramento intitulada «Da Insustentá-vel Leveza da Vida. A Noção de Obra Literária Surrealista em Luiz Pa-checo». Publicou, entre outros, artigos referentes ao contexto em que se movimentou Luiz Pacheco, bem como as suas ligações ao surrealismo nacional e internacional.

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MÁRCIA SEABRA NEVES

Licenciada em Ensino de Português e Francês pela Universidade de Aveiro. Doutorou -se em Ciências Culturais, na mesma instituição, com uma tese intitulada «Da Francofilia no Imaginário Presencista: Da NRF à presença» (2013). É investigadora integrada do Instituto de Estudos de Literatura Tradicional da Universidade Nova de Lisboa e do Centro de Línguas, Literaturas e Culturas da Universidade de Aveiro.

JOSÉ CARLOS SEABRA PEREIRA

Doutorado pelas Universidades de Poi tiers e de Coimbra, é Professor na Faculdade de Letras de Coimbra e na Universidade Católica. É coorde-nador científico do Centro Interuniversitário de Estudos Camonianos, membro do Conselho Geral da Universidade Coimbra e director da re-vista Estudos. Publicou numerosos ensaios, estudos monográficos, e edi-ções críticas. É membro de vários júris dos principais prémios literários, nomeadamente do Prémio Camões e do Grande Prémio Leya.

JERÓNIMO PIZARRO

Enquanto tradutor, crítico e editor, publicou, nos últimos anos, uma parte significativa das novas edições e séries de textos de Fernando Pes-soa em Portugal. É professor da Universidade dos Andes e titular da Cátedra de Estudos Portugueses do Instituto Camões na Colômbia. Em 2013 recebeu o Prémio Eduardo Lourenço. É co -editor da revista Pessoa Plural — Revista de Estudos Pessoanos e dirige actualmente a Colecção Pessoa na Tinta -da -china.

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ELLEN W. SAPEGA

Professora Catedrática no Departamento de Espanhol e Português na Uni-versidade de Wisconsin -Madison, onde também é co -directora do Instituto Internacional. Doutorada pela Universidade Vanderbilt, é autora de Ficções Modernistas: Um Estudo da Obra em Prosa de José de Almada Negreiros, 1915 -1925 (1992) e Consensus and Debate in Salazar’s Portugal (2008), e de vários artigos e capítulos de livro sobre temas associados ao modernismo português, à cultura visual, à memória e às comemorações, à literatura por-tuguesa e à literatura cabo -verdiana do século XX.

ARNALDO SARAIVA

Professor emérito da Universidade do Porto, onde foi professor na Facul-dade de Letras, tendo também ensinado na Universidade da Califórnia em Santa Barbara (1978 -1979), na Universidade de Paris/Sorbonne Nouvelle (1993 -1994) e na Universidade Católica Portuguesa do Porto (2003 -2009). Foi fundador do Centro de Estudos Pessoanos e presidente da Funda-ção Eugénio de Andrade, e publicou numerosos livros de ensaio, poesia, crónica e tradução.

FILOMENA SERRA

Investigadora integrada do Instituto de História da Arte da Universidade Nova de Lisboa. Doutorou -se em História da Arte Contemporânea com uma tese sobre o tema do retrato na pintura na primeira metade do sécu-lo XX em Portugal. Publica em várias revistas nacionais e internacionais. Publicou recentemente o texto «Almada Negreiros, a Dança e os Ballets Russes» na revista brasileira Literatura e Sociedade. Organizou e editou a Global -Art -Scapes 1.

461Notas Biográ�cas

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RUI SOUSA

Concluiu a licenciatura em Estudos Portugueses e o Mestrado em Estudos Românicos — Literatura Portuguesa Moderna e Contemporânea pela Fa-culdade de Letras da Universidade de Lisboa. É investigador do Centro de Literaturas e Culturas Lusófonas e Europeias da FLUL. Dedica -se, enquan-to bolseiro da FCT, a uma tese de doutoramento na qual explora a recep-ção do imaginário da boémia, da libertinagem e da heterodoxia dissidente no contexto do surrealismo -abjeccionismo em Portugal.

JORGE URIBE

Doutorado em Teoria da Literatura pela Universidade de Lisboa, e licen-ciado pela Universidade de los Andes, Bogotá. Enquanto editor, publicou Sebastianismo e Quinto Império (2011) e A Demonstração do Indemons-trável (2011), entre outros. É actualmente investigador pós -doutoral na Universidade Federal de Minas Gerais e no Instituto de Filosofia da Lin-guagem da Universidade Nova de Lisboa.

RICARDO VASCONCELOS

Professor de literatura portuguesa e brasileira na Universidade de San Diego. É autor de Campo de Relâmpagos — Leituras do Excesso na Poesia de Luís Miguel Nava (2009). As suas áreas de investigação incluem as rela-ções entre o modernismo luso -brasileiro e as vanguardas europeias, no-meadamente a partir da obra de Mário de Sá -Carneiro, e a representação da identidade nacional portuguesa no actual período de crise financeira.

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FILIPA LOWNDES VICENTE

Investigadora no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lis-boa, e doutorada pela Universidade de Londres com uma tese que deu origem ao livro Viagens e Exposições: D. Pedro V na Europa do Século XIX (2003). Em 2004, recebeu o Prémio Victor de Sá de História Contem-porânea e é autora de vários ensaios e livros, tais como: Outros Orienta-lismos: A Índia entre Florença e Bombaim, 1860 -1900 (2009) ou Arte Sem História: Mulheres e Cultura Artística, Séculos XVI -XX (2012).

463Notas Biográ�cas

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