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Os 170 anos de história do registro imobiliário brasileiro e sua íntima relação com os direitos fundamentais Emanuel Costa Santos

Os 170 anos de história do registro imobiliário brasileiro e sua íntima relação com os direitos fundamentais

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Apresentação do Painel IV no XL Encontro Nacional do IRIB. Emanuel Costa Santos, registrador de imóveis em Araraquara/SP, diretor de Assuntos Estratégicos do IRIB e coordenador da CPRI/IRIB .

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  • 1. Os 170 anos de histria do registro imobilirio brasileiro e sua ntima relao com os direitos fundamentais Emanuel Costa Santos

2. UM DILOGO SOBRE DIREITO ESSENCIAL Que as palavras que eu falo no sejam ouvidas como prece e nem repetidas com fervor apenas respeitadas como a nica coisa que resta a um homem inundado de sentimentos porque metade de mim o que ouo, mas a outra metade o que calo. (Metade Oswaldo Montenegro) 3. DIREITOS FUNDAMENTAIS E FELICIDADE Satisfazer direitos fundamentais torna o ser humano feliz ou o conduz ao estado de felicidade? 4. ISTO FELICIDADE! 5. ACREDITEM, REGISTRADOR TAMBM PODE SER FELIZ! 6. SER FELIZ 7. OU INFELIZ UM DIREITO SUBJETIVO, UMA QUESTO DE ESCOLHA E DE TICA 8. A FELICIDADE PARA A FILOSOFIA Acredita-se s vezes que a satisfao de todos os nossos desejos. A felicidade no nem a saciedade (a satisfao de todas as nossas propenses), nem a bem-aventurana (uma alegria permanente), nem a beatitude (uma alegria eterna). [] Cuida-se antes do que verdadeiramente tem importncia: o trabalho, a ao, o prazer, o amor o mundo. [] mais fcil alcan-la quando se deixa de exigi-la. A felicidade, dizia Alain, uma recompensa que premia os que no a buscaram. (COMTE-SPONVILLE, Andr. Dicionrio filosfico. Traduo Eduardo Brando. So Paulo: Martins Fontes, 2003, p. 243 e 244.) 9. DIREITO FUNDAMENTAL SIGNIFICA ATINGIR UM ESTADO IDEAL? IDEAL Como nossas idias correspondem mais facilmente a nossos desejos do que a eles corresponde a realidade, que no os leva em conta, essa palavra tambm indica uma quase perfeio. O ideal s tem um defeito: no existe. (COMTE-SPONVILLE, Andr. Dicionrio filosfico. Traduo Eduardo Brando. So Paulo: Martins Fontes, 2003, p. 174) 10. BASE FILOSFICA PARA COMPREENDER OS DIREITOS FUNDAMENTAIS NO CENRIO PROPOSTO ATUALISMO Doutrina segundo a qual tudo o que existe atual, ou em ato.[] o possvel e o real, no presente, so uma s coisa. DIREITO Uma possibilidade garantida pela lei (o direito propriedade, segurana, informao) ou exigida pela conscincia (os direitos humanos). (COMTE-SPONVILLE, Andr. Dicionrio filosfico. Traduo Eduardo Brando. So Paulo: Martins Fontes, 2003, p. 67 e 289) 11. ATUALISMO E DIREITO: CHAVES PARA PORTA DA HISTRIA DO REGISTRO IMOBILIRIO COM OS DIREITOS FUNDAMENTAIS Compreenso do direito fundamental em conformidade com seu tempo histrico O que importante para uma dada sociedade em um dado momento Tangibilidade: direito possvel, no apenas potencial Normas e instituies como veculos de sua concretizao 12. REGISTRO IMOBILIRIO E SUA RELAO COM OS DIREITOS FUNDAMENTAIS TRECHOS INDITOS Afastar a ideia de Direito enquanto texto normativo objeto de contemplao, apartado da realidade social e de sua funcionalidade[...]. [...] [...]importa [...] o Direito enquanto instrumento de realizao das satisfaes humanas, individuais e sociais, especialmente aquelas fundamentais. (SANTOS, Emanuel Costa. Registro imobilirio brasileiro: funes histrias e atuais na concretizao de direitos fundamentais [ttulo provisrio] trechos inditos) 13. DENSIFICAO DA NORMA FUNDAMENTAL [...] o responsvel pela aplicao do texto normativo no um destinatrio passivo, mas deve densific-lo, dar-lhe corpo e sentido, conferindo-lhe seu sentido prtico- efetivante, atuando no plano da realidade. Deve, portanto, desapegar-se do sentido literal, quando desprovido este de efeito concretizante. (SANTOS, Emanuel Costa. Registro imobilirio brasileiro: funes histrias e atuais na concretizao de direitos fundamentais [ttulo provisrio] trecho indito) 14. FUNDAMENTALIDADE DO SISTEMA REGISTRAL IMOBILIRIO A reflexo a que se pretende conduzir [...] analisa o tema sob a tica dos direitos fundamentais, aqueles que so mais caros ao ser humano e cujo reconhecimento progride no mesmo passo em que evolui a humanidade. Um olhar desapaixonado e histrico permitir vislumbrar a evoluo do sistema registral no mesmo passo em que os direitos fundamentais foram e ainda so afirmados. medida que se (re)afirmam os direitos fundamentais, torna-se cada vez mais imprescindvel munir seu pleno exerccio de instituies que os assegurem. (SANTOS, Emanuel Costa. Registro imobilirio brasileiro: funes histrias e atuais na concretizao de direitos fundamentais [ttulo provisrio] trecho indito) 15. CARACTERSTICAS DA FUNDAMENTALIDADE DO SISTEMA REGITRAL ESSENCIALIDADE J no incio, a noo de registro, no Brasil, implicava na existncia de um sistema essencial organizao e publicizao de direitos imobilirios, notadamente o de garantia, ao que se seguiu o de propriedade. INDISPENSABILIDADE [] interessa ao Estado em particular e aos cidados em geral a mantena de sistema que afaste o risco de desorganizao territorial e dominial. Enfim, evitar o retrocesso nas conquistas fundamentais, o que daria causa ao caos existente antes de sua adoo. CONCRETIZAO DE DIREITO FUNDAMENTAL medida que estes nascem ou se acumulam, correlatamente h uma nova etapa no desenvolvimento do sistema de registro de imveis. A ausncia dessa evoluo implicaria em um direito situado apenas no campo do dever-ser. (SANTOS, Emanuel Costa. Registro imobilirio brasileiro: funes histrias e atuais na concretizao de direitos fundamentais [ttulo provisrio] trechos inditos) 16. FUNCIONALIDADES DO SISTEMA REGISTRAL IMOBILIRIO [...] identifica-se que desde sua origem, com o chamado registro hipotecrio, at o presente momento, o registro imobilirio brasileiro foi chamado a realizar funes relevantes, mas nem sempre reveladas, e com implicaes importantes na macroeconomia e na organizao territorial, social, urbana, ambiental e da informao. [...]uma anlise mais detida demonstra que [...] a cada gerao ou dimenso de direito fundamental se redescobre nesse sistema um eco relevante a lhe dar concretude. (SANTOS, Emanuel Costa. Registro imobilirio brasileiro: funes histrias e atuais na concretizao de direitos fundamentais [ttulo provisrio] trechos inditos) 17. FUNDAMENTALIDADE E FUNCIONALIDADE Em sntese, dois fatores importantes impulsionaram o desenvolvimento do sistema registral imobilirio brasileiro: fundamentalidade e funcionalidade. No primeiro plano, possvel identificar que, ainda quando incipiente, o registro imobilirio espelhou e espelha at hoje direitos fundamentais, evoluindo junto com as geraes ou dimenses desses direitos. No aspecto da funcionalidade, sempre possuiu dinamicidade e atuou para concretizar aqueles direitos fundamentais. Talvez a forma como tenha sido estudado ou empregado tenha conduzido noo de desmedida burocratizao, ideia de todo equvoca. (SANTOS, Emanuel Costa. Registro imobilirio brasileiro: funes histrias e atuais na concretizao de direitos fundamentais [ttulo provisrio] trecho indito) 18. NA ORIGEM, A FUNO ECONMICA; EM SEU TRAJETO E NOS DIAS ATUAIS, TAMBM. Em um Brasil Imperial que experimentara, ainda na fase colonial, grande crescimento populacional, cada vez mais se tornava obsoleta a forma consistente em ttulo mais traditio como elementos exteriorizadores da propriedade. Ademais, tal precariedade colocava em xeque a prpria segurana da garantia ofertada na concesso de crditos, o que no era fator a se desprezar, notadamente se considerando o histrico de descontrole estatal na fase marcada pela presena da famlia real no Brasil colonial. (SANTOS, Emanuel Costa. Registro imobilirio brasileiro: funes histrias e atuais na concretizao de direitos fundamentais [ttulo provisrio] trecho indito) 19. PRECEDENTE HISTRICO: UM SISTEMA CREDITCIO FALIDO Em 1820, o novo banco j estava arruinado. Seus depsitos em ouro, que serviam de garantia para a emisso de moeda, representavam apenas 20% do total de dinheiro em circulao. Ou seja, 80% correspondiam a dinheiro podre, sem lastro. Noventa por cento de todos os saques eram feitos pela realeza. Para piorar a situao, ao retornar a Portugal, em 1821, D. Joo VI levou todas as barras de ouro e os diamantes que a Coroa mantinha nos cofres do banco, abalando definitivamente sua credibilidade. Falida e sem chances de recuperao, a instituio teve de ser liquidada em 1829, sete anos depois da Independncia. Foi recriada duas dcadas e meia mais tarde, em 1853, j no governo do imperador Pedro II. (GOMES, Laurentino. 1808: como uma rainha louca, um prncipe medroso e uma corte corrupta enganaram Napoleo e mudaram a histria de Portugal e do Brasil. So Paulo: Editora Planeta do Brasil, 2007, p. 172.) 20. DIREITO FUNDAMENTAL PROPRIEDADE NO BRASIL IMPRIO A noo de registro imobilirio surge, pois, da valorao fundamental ao direito de propriedade e da necessidade de se dotar a economia de garantia slida, que assegurasse a certeza daquele incipiente direito. Se de um lado aquele precrio registro se encontrava distante do grau de complexidade hoje experimentado, por outro j guardava marcas tpicas e que o acompanham at os dias atuais: fundamentalidade e funcionalidade. (SANTOS, Emanuel Costa. Registro imobilirio brasileiro: funes histrias e atuais na concretizao de direitos fundamentais [ttulo provisrio] trecho indito) 21. DISTINO ENTRE FUNCIONALIDADE E FUNDAMENTALIDADE Ao longo dos 170 anos de sua existncia, esse aspecto funcional ganhou destaque, sendo constantemente ampliado, donde resulta que o sistema registral imobilirio brasileiro subsiste, neste aspecto, pelas funes que cumpre no meio jurdico, econmico e social, e no pelas frmulas e textos normativos que aparentemente o formatam. []a funcionalidade distinta da fundamentalidade. Enquanto aquela revela a razo de ser do sistema, esta determina o grau de relevncia e (in)dispensabilidade que possui. Quanto mais vocacionado a ser mero depsito de documentos, mais dispensvel o sistema, visto que dele no se espera segura repercusso jurdica, eficaz garantia econmica ou relevncia social. Contudo, medida que referido sistema voltado a dar concretude a direitos fundamentais, o que faz por exerccio de suas funes, sua presena passa a ter relevncia crescente. Em poucas palavras, para alm de cuidar de direitos fundamentais, passa ele prprio o sistema a ser fundamental. (SANTOS, Emanuel Costa. Registro imobilirio brasileiro: funes histrias e atuais na concretizao de direitos fundamentais [ttulo provisrio] trechos inditos) 22. DIREITO FUNDAMENTAL: RETRATO DE UMA GERAO Sendo certo que cada gerao deve utilizar dos bens como melhor lhe aprouver, moldando para tanto as leis e a constituio sua realidade geracional, (GUSTAVO ZAGREBELSKY, 2005, p. 41), isto no deve significar retrocesso nas conquistas e garantias fundamentais, o que conduziria s ideias de retrocesso na prpria marcha da Histria e de involuo do ser humano. (SANTOS, Emanuel Costa. Registro imobilirio brasileiro: funes histrias e atuais na concretizao de direitos fundamentais [ttulo provisrio] trechos inditos) 23. DIREITO PROPRIEDADE E FUNO ECONMICA PRIMRIA Apesar de reconhecido pela Constituio Imperial de 1824, faltava quele direito de propriedade, especialmente no tocante aos imveis, mecanismos de controle sobre as terras pblicas e as privadas. Tal precariedade afetava tanto o mercado de crdito [...], como a prpria segurana nas alienaes de imveis privados. [...] havia o interesse do Governo Imperial em alienar parcela das terras pblicas, que se transmudaria em recursos, mais relevantes naquele momento histrico que a mantena de patrimnio imobilizado. [...] Essa funo econmica, que se encontra nos primrdios do sistema registral imobilirio brasileiro, acompanha-o em todas as etapas de sua evoluo. [...] De fato, no surge precipuamente o registro imobilirio do Brasil como espelho do direito de propriedade assegurado constitucionalmente; antes, surge da necessidade de mobilizar economicamente referido direito. (SANTOS, Emanuel Costa. Registro imobilirio brasileiro: funes histrias e atuais na concretizao de direitos fundamentais [ttulo provisrio] trecho indito) 24. FUNO ECONMICA E SEGURANA JURDICA O registro a ser criado deveria conceder a posseiros e ao Estado Imperial uma dose adequada de certeza quanto aos direitos que passaria a inscrever. Uma vez inscritos, esses direitos dariam de forma preventiva estabilidade s relaes que se desenvolvessem com base na incipiente inscrio. Surge aqui no apenas outro vetor do sistema, tambm presente em sua origem, mas aquele que se tornou o princpio por excelncia dos registros imobilirios: o princpio da segurana jurdica. (SANTOS, Emanuel Costa. Registro imobilirio brasileiro: funes histrias e atuais na concretizao de direitos fundamentais [ttulo provisrio] trecho indito) 25. SEGURANA JURDICA: ELA MESMA UM DIREITO FUNDAMENTAL [...]necessidade de ambiente seguro, marcado por regras pr-determinadas e especialmente respeitadas elevou com o passar do tempo a prpria segurana jurdica ao status de direito fundamental. (SANTOS, Emanuel Costa. Registro imobilirio brasileiro: funes histrias e atuais na concretizao de direitos fundamentais [ttulo provisrio] trecho indito) 26. E NAQUELE AMBIENTE NASCE O REGISTRO HIPOTECRIO Do ponto de vista cronolgico, pode-se dizer que o registro imobilirio brasileiro surge, ao menos juridicamente, em 21 de outubro de 1843. Nesta data, aps decreto da Assemblia Geral, o Governo Imperial editou a Lei n 317, que fixava a despesa e orava a receita para os exerccios de 1843-1844 e 1844-1845. Assim como ocorreria em outras oportunidades, tambm em seu nascedouro ficava clara a correlao que o legislador fazia entre registro e economia. Essa relao no era casual, mas necessria para impulsionar o desenvolvimento econmico. [...] [...] artigo 35 da Lei 317, de 21 de outubro de 1843: Fica creado um Registro geral de hypothecas, nos lugares e pelo modo que o Governo estabelecer nos seus Regulamentos. (SANTOS, Emanuel Costa. Registro imobilirio brasileiro: funes histrias e atuais na concretizao de direitos fundamentais [ttulo provisrio] trecho indito) 27. DECRETO N 482/1846: PRIMEIRO REGULAMENTO HIPOTECRIO Em se tratando de uma primeira experincia normativa, o nascente registro hipotecrio j previa algumas situaes que revelavam o cuidado na elaborao do Decreto regulamentador. Por exemplo, j previa a necessidade de registro em cada cartrio da hipoteca constituda sobre imvel, posto que nico, situado em mais de uma Comarca. Diversamente de hoje, mas com igual curiosidade pela preocupao na elaborao do texto normativo, havia previso que em caso de duas hipotecas do mesmo devedor, registradas no mesmo dia, uma no teria preferncia sobre a outra, mesmo que o Tabellio do Registro declarasse que huma foi registrada de manh, e outra de tarde. Nestes casos, prevaleceria a data da lavratura das escrituras. (SANTOS, Emanuel Costa. Registro imobilirio brasileiro: funes histrias e atuais na concretizao de direitos fundamentais [ttulo provisrio] trecho indito) 28. APARELHAVA A EXECUO, MAS NO RESOLVIA A QUESTO DA TITULAO Buscava-se com as condies estipuladas no Regulamento do registro hipotecrio munir o credor e, consequemente, a circulao do crdito com garantia imobiliria de instrumentos que garantissem uma eficaz execuo. [...] Apesar de significar uma grande evoluo, evidentemente faltava a certeza da titularidade para segura constituio da garantia hipotecria, visto que o registro no era ainda fiel espelho do jus disponendi[...] (SANTOS, Emanuel Costa. Registro imobilirio brasileiro: funes histrias e atuais na concretizao de direitos fundamentais [ttulo provisrio] trecho indito) 29. LEI 1.237/1864: SURGE, TMIDA, A NOO DA TRANSCRIO DA PROPRIEDADE [...]introduziu importante dispositivo que, com alteraes, passou a constar das legislaes civis posteriores: S pde hypothecar quem pde alhear. Os immoveis que no podem ser alheados, no podem ser hypothecados. [...]padecia a Lei 1.237 de vcios que a tornaram instrumento insuficiente para instituio de um seguro sistema de garantia. [...] decisivo fator estava nos efeitos da transcrio da transmisso. [...] esta no era constitutiva do direito de propriedade (SANTOS, Emanuel Costa. Registro imobilirio brasileiro: funes histrias e atuais na concretizao de direitos fundamentais [ttulo provisrio] trechos inditos) 30. DECRETO 169-A, DE 19 DE JANEIRO DE 1890: ECOA NO REGISTRO O DIREITO LIBERDADE [...] dentre outras coisas, excluiu os escravos como objeto passvel de figurar nas hipotecas ou penhores e introduziu o penhor agrcola entre os nus reais. (SANTOS, Emanuel Costa. Registro imobilirio brasileiro: funes histrias e atuais na concretizao de direitos fundamentais [ttulo provisrio] trecho indito) 31. DECRETO N 370, DE 02 DE MAIO DE 1890 [...]introduziu expressamente a expresso official do registro. Dentre suas diversas colaboraes ao aperfeioamento legislativo da matria, [...] disciplinou a inaugurao do registro geral nas novas comarcas; informou que officiaes do registro geral so por sua natureza privativos, unicos e indivisiveis, podendo ter os escreventes juramentados, que necessarios forem para o respectivo servio; apontou o Livro 1 Protocolo como a chave do registro geral; instituiu ordem do servio e processo do registro; estipulou que apenas aps checar a nota da apresentao do ttulo e seu nmero de ordem poderia o oficial examinar sua legalidade; admitiu que, havendo dvida quanto a sua legalidade, poderia devolver o ttulo com a declarao da dvida, para que o interessado pudesse recorrer ao juiz de direito; fez meno expressa urbanidade no tratamento dado s partes[...] (SANTOS, Emanuel Costa. Registro imobilirio brasileiro: funes histrias e atuais na concretizao de direitos fundamentais [ttulo provisrio] trecho indito) 32. EM PARALELO, A ORGANIZAO TERRITORIAL Calha anotar, pois, que esta primeira fase do registro imobilirio brasileiro, conquanto tenha dado grandes contributos ao desenvolvimento do sistema, foi marcada por uma elevada preocupao com a garantia do crdito hipotecrio, relegando ao segundo plano a funo constitutiva ou declaratria do direito propriedade. Essa situao apenas mudaria com o Cdigo Civil de 1916. Paralelamente, desenvolveu-se um sistema de registro que buscava extremar as terras pblicas das terras particulares, dando os primeiros passos na organizao do quadro territorial: a conhecida Lei de Terras. (SANTOS, Emanuel Costa. Registro imobilirio brasileiro: funes histrias e atuais na concretizao de direitos fundamentais [ttulo provisrio] trecho indito) 33. FINALIDADES DA LEI 601/1850 Las finalidades principales que tena la Ley n 601 eran la proteccin a los poseedores y la efectiva colonizacin del pas. La colonizacin pasaba en estos tiempos por momentos difciles, en virtud de la poblacin estar concentrada en la costa del pas y la monocultura del caf, que, substituyendo al cultivo de la caa de azcar, absorba gran cantidad de la mano de obra disponible. Durante este perodo, hemos experimentado la transformacin de la propiedad pblica en propiedad privada y la manera de adquisicin de sta se debe a tres factores: a) Las concesiones de sesmarias. b) La usucapin. c) La legitimacin del posseiro que produca em las tierras. Aparte de esto, todas las tierras pblicas pasaron a ser consideradas terras devolutas. (LIMA, Frederico Henrique Viegas de. Direito imobilirio registral na perspectiva civil-constitucional. Porto Alegre: IRIB : S. A. Fabris, 2004, p. 349) 34. LEI DE TERRAS JUSTIFICA A RESISTNCIA, POR DCADAS, A UM REGISTRO INDUTOR DE DOMNIO O surgimento do assento registral era fundado em ttulos cujas posses haviam sido legitimadas por atos meramente declaratrios, donde o risco de certeza quanto titularidade era razoavelmente alto, sobretudo se somado s precrias para os critrios atuais medio, demarcao e descrio existentes. Ademais, consumava-se de maneira definitiva a quebra do trato sucessivo decorrente do sistema de Carta Patente, seguida de Carta de Sesmaria. (SANTOS, Emanuel Costa. Registro imobilirio brasileiro: funes histrias e atuais na concretizao de direitos fundamentais [ttulo provisrio] trecho indito) 35. CDIGO CIVIL DE 1916: E O REGISTRO AVANA PARA ATESTAR A PROPRIEDADE... Na tradio, h uma publicidade limitada; na transcrio, a sociedade juridicamente organizada que, por intermdio do funcionrio competente, d publicidade mutao do direito real; na tradio o alienante entrega a coisa mvel, na transcrio, o oficial do registro atesta a transmisso do imvel. (BEVILQUA, Clvis, atualizada por BEVILQUA, Isaias e BEVILQUA, Achilles. Cdigo Civil dos Estados Unidos do Brasil Comentado por Clvis Bevilqua. 11 ed. Volume III. Rio de Janeiro: Editora Paulo de Azevedo Ltda.,1958, p 52, 53 e 54) 36. ESTADO PRESTATIVO E FUNO SOCIAL DO REGISTRO IMOBILIRIO Guina-se de um Estado protetor da mxima individualidade para um Estado indutor de polticas pblicas que atendam ao anseio de bem estar do corpo social. Representa o crescente papel atribudo ao sistema de registro na tutela de interesses coletivos ou individuais difusos ou, ainda, de interesses notadamente pblicos. Se a propriedade comeou a ter nova baliza, dada por sua funo social, o registro imobilirio passou a ter nova funo, decorrente de sua destinao a preordenar o estado de segurana jurdica em empreendimentos coletivos, assim como organizar o crescente espao urbano. (SANTOS, Emanuel Costa. Registro imobilirio brasileiro: funes histrias e atuais na concretizao de direitos fundamentais [ttulo provisrio] trecho indito) 37. CRESCIMENTO DAS CIDADES [...]essa expanso culminaria por revelar um arcabouo legislativo incapaz de regrar a crescente vida em conglomerados sociais e de tutelar os adquirentes de imveis vendidos para pagamento em prestaes. (SANTOS, Emanuel Costa. Registro imobilirio brasileiro: funes histrias e atuais na concretizao de direitos fundamentais [ttulo provisrio] trecho indito) 38. DECRETO 5.841/1928: PRIMRDIO DA REGULAO CONDOMINIAL Contudo, a atividade registral ficava limitada, como visto, a averbar a identificao numrica das unidades autnomas, em empreendimento ainda descolado de uma funo social menos voltada satisfao da propriedade individual. Em sntese, conquanto tenha sido excelente precedente, assim como o foram alguns tpicos do Cdigo Civil de 1916, no tinha o condo de colocar a atividade registral em um novo patamar de sua evoluo histrica. (SANTOS, Emanuel Costa. Registro imobilirio brasileiro: funes histrias e atuais na concretizao de direitos fundamentais [ttulo provisrio] trecho indito) 39. LINHA DO TEMPO DA FUNO SOCIAL DO REGISTRO DE IMVEIS BRASILEIRO HISTRICO LEGISLATIVO DA FUNO SOCIAL DO REGISTRO IMOBILIRIO BRASILEIRO 10/12/1937 16/12/1964 28/12/1967 19/12/1969 10/07/2001 07/07/2009 Decreto-lei 58 Lei 4591 Decreto-lei 271 Lei 6.766 Lei 10.257 Lei 11.977 (SANTOS, Emanuel Costa. Registro imobilirio brasileiro: funes histrias e atuais na concretizao de direitos fundamentais [ttulo provisrio] trecho indito) 40. CARACTERSTICAS COMUNS Proteo do adquirente Regrao da vida coletiva Ordenao do crescimento Paralisao da desordem urbana Preservao e induo de um meio-ambiente urbano adequado Regularizao de situaes pretritas Decreto-lei 58/1937 Para alm de ser um diploma prospectivo, atingia tambm os parcelamentos j levados a efeitos [...]. A irregularidade fundiria que marca o Brasil at os dias atuais no permite concluir que, naquela poca, referido dispositivo tenha sido levado a srio. (SANTOS, Emanuel Costa. Registro imobilirio brasileiro: funes histrias e atuais na concretizao de direitos fundamentais [ttulo provisrio] trecho indito) 41. FUNES AMBIENTAL E PROTETIVA DO PATRIMNIO HISTRICO PROTEO AMBIENTAL PROTEO HISTRICA Cdigos Florestais Tombamento reas contaminadas 42. REGULARIZAO FUNDIRIA SUBLIMAO DA ATIVIDADE REGISTRAL - HUMANIDADE A Lei 11.977/2009 traz para o centro o que sempre esteve margem, para a realidade o que sempre ficou no campo do ideal; atribui sentido prtico-efetivante ao que compunha apenas retrica; confere proteo registral vtima de uma conduta ilcita; em suma, aproxima o registro e o registrador da construo da dignidade. (SANTOS, Emanuel Costa. Registro imobilirio brasileiro: funes histrias e atuais na concretizao de direitos fundamentais [ttulo provisrio] trecho indito) 43. E O REGISTRO SEGUE AVANANDO COM OS DIREITOS FUNDAMENTAIS... DIREITO INFORMAO REGISTRO ELETRNICO CONCENTRAO 44. QUALIFICAO: INSTRUMENTO JURDICO DISPOSIO DO REGISTRADOR PARA REALIZAO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS A prudncia, no sentido filosfico do termo, uma das quatro virtudes cardeais da Antiguidade e da Idade Mdia, sem a qual as outras trs (a coragem, a temperana, a justia) seriam cegas ou indeterminadas: a arte de escolher os melhores meios, tendo em vista um fim supostamente bom. (COMTE-SPONVILLE, Andr. Dicionrio filosfico. Traduo Eduardo Brando. So Paulo: Martins Fontes, 2003, p. 489) 45. PACIFICAO SOCIAL E OS OBJETIVOS FUNDAMENTAIS DA REPBLICA A certeza do direito, oponvel erga omnes, talvez traduza a funo menos revelada e mais relevante do sistema registral: aquela pacificadora das relaes sociais. Ao estabelecer a paz social, o sistema deita razes nos objetivos fundamentais da Repblica brasileira, conferindo concretude jurdica ao ideal de construo de uma sociedade livre, justa e solidria. (SANTOS, Emanuel Costa. Registro imobilirio brasileiro: funes histrias e atuais na concretizao de direitos fundamentais [ttulo provisrio] trecho indito) 46. PARABNS AO REGISTRO IMOBILIRIO BRASILEIRO POR SEUS 170 ANOS!