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Os Automóveis e as Figuras Históricas

Os Automóveis e as Figuras Históricas. Comemoração dos 60 anos sobre o final da II Guerra Mundial

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Os Automóveise as Figuras Históricas

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Comemoração dos 60 anossobre o final da II Guerra Mundial

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1º Capítulo:O Rolls-Royce Fantasma

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O Phantom III produzido de 1936 a 1939, em 710 unidades, foi o último Rolls-Royce de luxo fabricado antes da guerra e também o único V-12 da marca.

Em 13 de Julho de 1937 é comprado pelo Príncipe de Berar, filho

do Nizam de Hyderabad, na Índia, que encomenda à Windovers uma carrosserie especial, tipo Cabriolet, mas adaptada e recheada de acessórios para a caça: faróis, porta-armas, estribos e tudo o mais, acabaram por transformar esta linda carrosserie, pintada de branco, num carro exótico e estranho.

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Com vista à recepção na visita da Rainha Isabel II a Portugal (Fevereiro de 1957), o Presidente da República, General Craveiro Lopes, decide adquirir um Rolls-Royce descapotável. É para tal enviado a Inglaterra Harry Rugeroni, que não consegue comprar, em novo, o desejado modelo, optando pela solução de aproveitar o antigo Rolls-Royce, do Príncipe de Berar, que tendo regressado a Londres, em 1950, fora expurgado de todas as fantasias do nobre indiano.

Em 28 de Março de 1957 recebeu a matrícula DD-30-92, passando a estar ao serviço da Presidência da República, tendo transportado personalidades como o Presidente Eisenhower e os Papas Paulo VI e João Paulo II.

Papa João Paulo IIPresidente Dwight Eisenhower

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Aquando da visita do Papa Paulo VI a Portugal, este expressou que não desejava ser transportado num Rolls-Royce, alegando que este era um automóvel muito ostensivo, situação que não assentava muito bem a um líder da Igreja Católica.

O Estado Português não quis desiludir Sua Santidade, mas não havendo outro automóvel para este tipo de serviço foi obrigado a empregar o Rolls-Royce Phantom III na mesma, descaracterizando-o com a substituição do seu símbolo pela bandeira do Vaticano e a sua grelha pintada de preto, incluindo o logótipo que esta ostenta à frente.

O Estado Português satisfez assim a vontade do Papa, sem que este tivesse percebido que tinha estado dentro de um Rolls-Royce durantetodo o tempo.

Papa Paulo VI no Rolls-Royce “Fantasma”

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2º Capítulo:A Grande Fuga

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“As portas fecharam‑se com estrondo. Cerram‑se os vidros inquebráveis. E o pesado carro investe. O guarda do túnel, instintivamente, de olhos arregalados, afasta-se. É apenas atingido num pé. Ainda no chão, abre fogo. Está dado o alarme. Percorremos o túnel. Ultrapassamos a casa da guarda. Desembocamos na parada. Atiramo-nos como um bólide contra o portão verde da saída. Este voou em estilhaços. Após uma curva apertada, houve que percorrer, debaixo do fogo, toda a estrada de acesso. Tudo corre bem apesar de uma janela mal cerrada. As balas limitam‑se a riscar a chapa e o vidro.”

Excertos do artigo 1961 ‑ A fuga de Caxias, que relata a fuga dos militantes do PCP no Chrysler ImperialJornal Avante, de 27 de Dezembro 1974

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4 de Julho de 1937. É Domingo. Por volta do meio‑dia, na Avenida Barbosa du Bocage, o Presidente do Conselho de Ministros, Prof. Oliveira Salazar, como é seu hábito chega num Buick para assistir à missa.

Subitamente, um estrondo forte abala a quietude daquela manhã solarenga.Era um atentado! Salazar sai ileso mas, em consequência deste atentado, algumas medidas irão ser tomadas.

Entre outras considerou-se ser importante encomendar alguns carros blindados. O primeiro a chegar a Portugal foi o Chrysler Imperial tendo sido registado em nome da Polícia de Vigilância e Defesa do Estado, em 22 de Novembro de 1937, depois os Mercedes-Benz, que tendo sido encomendados em 27 de Outubro de 1937 só foram entregues em Abril de 1938.

Recolheu o Chrysler às garagens daquela polícia,na rua António Maria Cardoso, que o abrigaramaté 1960. Neste ano, por estar a criar problemasde espaço e por nunca ser utilizado, solicitouo encarregado do parque-auto daquela polícia,inspector José Maria Leitão Bernardino,autorização para transferir o carro para a prisão de Caxias.

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Depois de autorizada foi a transferência efectuada, tendo o inspector José Leitão Bernardino retirado o distribuidor para impedir qualquer utilização abusiva da viatura.

Tal atitude desagradou, profundamente, ao director da PIDE que a interpretou como uma falta de confiança na segurança da prisão de Caxias e ordenou que a peça fosse reposta, tendo mesmo repreendido o inspector. No entanto, menos de um ano depois deste incidente, o inspector viu o destino dar-lhe razão.

Em 15 de Dezembro de 1961 concluiu-se com êxito a fuga, que se transcreve no início deste capitulo. Desta fuga resultou, também, a demissão do director da PIDE...

Encontrado, no próprio dia da fuga, próximo da Rua do Alvito, com a parte da frente muito danificada pelo embate no portão da prisão, regressou o carro as garagens da PIDE e depois, ainda por reparar, foi para o Museu do Caramulo.

Jornal do Avante relatando a fuga

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3º Capítulo:O Presente de Hitler

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No Domingo, 4 de Julho de 1937, na Av. Barbosa do Bocage, em Lisboa, a porta da moradia de Josué Trocado, onde habitualmente o Prof. Oliveira Salazar ia à missa, teve lugar um atentado bombista reivindicado pelo Partido Comunista.

Os Serviços de Segurança do Estado decidem então encomendar dois veículos blindados Mercedes‑Benz em 1937.

Pelos arquivos da fábrica verifica‑se que a construção dos chassis datam de 18 de Janeiro de 1938 e das carrosseries Pullmansteel de 9 de Março.

António de Oliveira Salazar

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Salazar, que não fora consultado sobre a aquisição destes automóveis, logo manifestou o seu descontentamento, traduzido pela não utilização deste carro, pois receava que se pudesse pensar ser um presente de Hitler, situação que de facto tinha acontecido com Josef Stalin e Benito Mussolini.

O Buick, que já tinha aquando do atentado de 1937, continuou a sero seu carro único e preferido.

Mas dúvida ficou, criando o mito do “presente de Hitler”.

Josef Stalin Benito Mussolini Adolf Hitler

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Com o intuito de esclarecer o “mito”,a direcção do Museu do Caramulo decidiu investigar junto da Daimler-Benz, dirigindo-se aos seus arquivos centraisna Alemanha.

Dessa busca resultou a obtenção da ordem de encomenda dos dois Mercedes-Benz por parte do Estado Português, desfazendo assim a versão em que estes haviam sido oferecido por Adolf Hitler.

Ordem de encomenda dos Mercedes-Benz

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O Mercedes foi utilizado apenas uma vez, por ocasião da visita oficial do Generalíssimo Franco, em 1949.

Normalmente era aproveitado pelo motorista Raul para transportar as visitas ao Palacete de S. Bento. Dai só acusar 6.000 km quando dezassete anos depois e mandado vender, em hasta pública, pela direcção-geral da Fazenda.

Arrematado por seis mil escudos pelo sucateiro Alfredo Nunes, é pouco tempo depois vendido aos Bombeiros Voluntários do Beato e Olivais com o fim de ser aproveitado para uma ambulância.

Porque o custo de transformação se revelou muito elevado decidem vendê-lo, em 16 de Junho de 1956, a João de Lacerda para figurar no Museu do Caramulo.

Franco e Salazar junto ao Mercedes-Benz Grosser

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Todas estas histórias e biografias estão disponíveis no catálogoda exposição “Os Automóveis e as Figuras Históricas”, à venda na loja do Museu do Caramulo ou em www.museu-caramulo.net.