Os Dados Sobre Deficiencia No Censo Demografico Brasileiro

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    Os dados sobre Deficincia nos Censos Demogrficos Brasileiro*1

    Mara Bonna Lenzi**2

    Palavras-chave: Censos demogrficos; Pessoas com deficincia estatsticas; fontes dedados; Conceito de deficincia.

    *

    Trabalho apresentado no XVIII Encontro Nacional de Estudos Populacionais, ABEP, realizado emguas de Lindia/SP Brasil, de 19 a 23 de novembro de 2012.**2Escola Nacional de Cincias Estatsticas ENCE, Rio de Janeiro/RJ.

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    Introduo

    Compreender e captar dados de pessoas com deficincia estimula pesquisa e esforospara prover servios (educacionais, laborais, informacionais) que permitam essaspessoas a terem maior acessibilidade dando oportunidades para participarem mais na

    sociedade. Todo e qualquer dado sobre deficincia, ainda que haja dificuldade deinterpretao do que a deficincia e quem ela realmente representa, possibilita aformulao de polticas pblicas, o acompanhamento de como essas medidas estosendo eficazes para essa populao, de modificar ou revogar leis que indiretamente osdiscriminem e de tomar medidas apropriadas para eliminar a discriminao e qualquertipo de defasagem ocasionada.

    Muito do interesse pela captao dos dados sobre deficincia advm de interesseshistricos (Borges, 2004) onde inmeros cenrios proporcionaram e incentivaram oconhecimento pelas estatsticas sobre pessoas com deficincia, principalmente nasltimas dcadas. Os estudos sobre deficincia tem traado o perfil deste grupo desde1970 e, tambm, a prpria mobilizao das pessoas com deficincia vem incentivando

    polticas que os promovessem legitimamente sua participao social eliminando, atento, prioritariamente segregacionistas.

    Alguns fatos histricos contriburam para esse interesse. Por exemplo, em 1981, foidesignado pela ONU como o Ano Internacional das Pessoas Portadoras de Deficinciae, um dos principais resultados desse marco foi o desenvolvimento do Programa deAo Mundial para Pessoas com Deficincia, aprovado em 03/12/82 pela Assembleia

    Geral da ONU, conforme a Resoluo 37/52. Tanto o Ano Internacional quanto oPrograma de Ao Mundial destacaram os direitos dessas pessoas s mesmasoportunidades que os demais cidados tm, de desfrutar, igualmente, de melhorescondies de vida resultantes do desenvolvimento econmico e social. Afinal, adeficincia uma importante questo de desenvolvimento com cada vez mais evidnciade que pessoas com deficincia experimentam piores resultados socioeconmicos e

    pobreza do que as pessoas no deficientes (Banco Mundial, 2011).

    Em 1993 foi elaborado um documento (Standard Rules on Equalization ofOpportunities for Persons with Disabilities) onde acordos foram feitos pela ONU a

    respeito de direitos e oportunidades para pessoas com deficincia e as regras servemcomo um instrumento para a formulao de polticas e como base para a cooperaotcnica e econmica. Alm disso, inmeras datas comemorativas para pessoas comdeficincia foram vigentes, em lei, para dar o destaque na sociedade da importncia dese focar e conscientizar a sociedade inclusiva onde se devem agregar todas as pessoas,inclusive as com deficincia.

    H tambm, cada vez mais, estudos com enfoque estatsticos e sociolgicos sobrepessoas com deficincia a nvel internacional. No caso do Brasil h tambm essa

    preocupao da coleta de dados atravs dos censos brasileiros, de pesquisas amostrais eregistros administrativos. Para algumas bases estatsticas j existe a obrigatoriedade de

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    abordar sobre o tema, como o caso dos censos atravs do artigo 17 da Lei 7853 de 24de outubro de 1989, assim como o artigo 31 da Conveno sobre os Direitos dasPessoas com Deficincia (CORDE, 2010) exige que os Estados Partes coletem dadosapropriados para fins estatsticos. Com isso, refora a importncia de ter dadosharmonizados para que haja comparabilidade nos nveis nacional e internacionalampliando a integrao e o uso dos dados pelos usurios.

    Aps a ratificao da Conveno sobre Direitos das Pessoas com Deficincia dasNaes Unidas (CDPD) em 2006 e posteriormente, em 2008, garantiu ao tratado ostatus de normal constitucional, a deficincia passa a ser cada vez mais uma questo dedireitos humanos: civis, culturais, polticos, sociais e econmicos - o que pode serverificada em documentos como o Programa de Ao Mundial para as PessoasDeficientes (ONU, 1982), a Conveno sobre os Direitos da Criana (ONU, 1989), asRegras Padres sobre Equalizao de Oportunidades para Pessoas com Deficincia

    (ONU, 1989) e a prpria conveno.

    Como se sabe, tambm, a populao de modo geral est envelhecendo o que faz comque essa questo do estudo e captao dos dados de deficincia se torne ainda maisimportante. Considerando que se deve acompanhar a demografia da sociedade e, sabe-se que medida que as pessoas alcanam a idade avanada, maiores chances de adquiriralguma deficincia ou limitao em decorrncia de um acmulo de riscos de sadedurante um perodo de vida marcada por doenas e leses. (Neri, 2003)

    Os dados sobre pessoas com deficincia no Brasil esto relativamente dispersos e

    poucos comparveis a medida que se trabalha com organizaes ou pesquisas distintas.Observam-se desafios de mensurao por conta das diferenas de objetivos e aplicaesdos dados, da concepo da prpria deficincia, dos tipos, graus, agrupamentos delas eos mtodos de coleta de dados. Determinar o escopo da deficincia uma tarefa difcil ea falta de uma abordagem continuada influencia na mensurao das estimativas. Istoacarreta em poucas construes de sries com tendncias e evolues das pessoas comdeficincia, reforando a importncia de se adotar um padro (como a proposta doWashington Group Disabilities) ou se basear na Classificao Internacional deFuncionalidade, Incapacidade e Sade (CIF). Em Fontes de Dados sobre PessoasPortadoras de Deficincia no Brasil (Borges e Mendes, 2004) foi feito umlevantamento de diversas fontes governamentais ou no governamentais de dados sobredeficincia conforme a tabela 1.

    Ao analisar os questionrios e o resultados de cada pesquisa, seja por censos, pesquisasamostrais ou registros administrativos, observou-se a no unificao dos conceitos etipos de deficincia, tanto entre pesquisas, como dentro de uma mesma pesquisa. Nocaso de registros administrativos h, inclusive, pouco aprofundamento da qualidade dasinformaes e, nos censos, h certa dificuldade de observar uma tendncia por conta dassucessivas mudanas nas perguntas do questionrio. H, ainda, quebra de sequncias, ou

    seja, em uma pesquisa so retiradas do escopo do questionrio perguntas sobre

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    deficincia fazendo com que haja descontinuidade na srie como foi o caso da Pnad de1981 e 1998.

    O MEC, atravs do INEP j divulga estatsticas de educao em suas sinopsesestatsticas, extradas dos censos escolares, disponibilizando microdados, porm o

    enfoque exclusivamente educacional (nmero de matrculas, salas especiais, alunospor tipo de deficincia, salas inclusivas, entre outros) sem ser possvel contextualizarcom outros fatores como renda e ocupao. Assim, o que se tem feito foi traar distintos

    perfis, mesmo que reporte diferentes taxas de deficincia.

    Este estudo foca o estudo sobre as definies e termos de pessoas com deficincia, a suacaptao e metodologia nos dados estatsticos, em especial, o que foi utilizado nosCensos demogrficos brasileiros, e como ela variou ao longo dos anos.

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    Tabela 1: Fontes de informaes bsicas sobre deficincia no Brasil por algumas caractersticas dos levantamentos

    Fonte: Borges e Mendes, 2004

    (1)

    Exceto nas reas rurais dos Estados de Rondnia, Acre, Amazonas, Roraima, Par e Amap

    Censo/Pesquisa Fonte mbito Abrangncia Tamanho da populao ou da amostra Unidade de Observao

    Censo de 1872 Diretoria Geral de Estatst ica Nacional Universo Total Domiclios e pessoas

    Censo de 1890 Diretoria Geral de Estatst ica Nacional Universo Total Domiclios e pessoas

    Censo de 1900 Diretoria Geral de Estatst ica Nacional Universo Total Domiclios e pessoas

    Censo de 1920 Diretoria Geral de Estatst ica Nacional Universo Total Domiclios e pessoas

    Censo de 1940 IBGE Nacional Universo Total Domiclios e pessoas

    Pnad 1981 IBGE Nacional1 Amostra 100 mil domicliosPopulao residente em domiclios particulares e nas unidades de

    habitao em domiclios coletivos

    PNSN 1989 INAM/IBGE/IPEA Nacional1 Amostra 16.262 domicliosPopulao residente em domiclios particulares e nas unidades de

    habitao em domiclios coletivos

    Censo de 1991 IBGE Nacional Amostra Frao amostral de 10 e de 20% Domiclios particulares e pessoas nele residentes e pelas famlias epessoas ss mor adoras em domiclios c oletivo s

    PCV 1998 Fundao Seade

    RMSP e municpios do interior

    com populao urbana igual ou

    superior a 50 mil habitantes

    Amostra cerca de 15 mil domiclios Domiclios e pessoas

    Pnad 1998 IBGE Nacional1 Amostra 100 mil domicliosPopulao residente em domiclios particulares e nas unidades dehabitao em domiclios coletivos

    Censo de 2000 IBGE Nacional Amostra Frao amostral de 10 e de 20%Domiclios particulares e pessoas nele residentes e pelas famlias e

    pessoas ss mor adoras em domiclios c oletivo s

    Censo Escolar MEC Nacional Universo Total Escolas

    Pesquisa Nacional Transporte

    Acessvel para Pessoas com

    Deficincia

    Ministrio das Cidades/SeMob Nacional Universo Total Prefeitura minucipal

    RAIS Ministrio do Trabalho e Emprego Nacional90% Mercado formalbrasileiro

    2 milhes de estabelecimentos Estabelecimentos com vculos empregat cio

    AEPS Ministrio da Providncia Nacional Universo Total Empresas

    AIH Ministrio da Sade Nacional Universo Total Hospitais

    Censo de 2010 IBGE Nacional Amostra

    Frao amostral de 5% a 50% conforme a

    classe de tamanho da populao dos

    municpios

    Domiclios particulares e pessoas nele residentes e pelas famlias e

    pessoas ss mor adoras em domiclios c oletivo s

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    1. Definindo a deficincia

    Conceituar a deficincia um desafio para os pesquisadores que elaboraram umquestionrio que seja bem aplicado e utilizado nas diversas reas, mesmo que suacomplexidade no atenda variedade de conceitos, terminologias e modelos tericos demodo geral. Todos os questionrios variam de acordo com a linha de pensamento domodelo terico ou o modelo social da deficincia devido a impossibilidade dehomogeneizar o conceito de deficincia. Assim, com o emprego da CIF, adotou-se umadefinio explicita sobre deficincia, tomando como base os domnios dela para, ento,ser aplicado nos questionrios dos censos e pesquisas domiciliares. Alm disso, a CIFenfatiza os fatores ambientais que, por sua vez, descrevem como as pessoas interagem,vivem e agem nos diversos nveis de funcionalidade, para a criao de deficincias,diferentemente da antiga Classificao Internacional de Deficincias, Incapacidades eDesvantagens (ICIDH) anterior ainda que tambm reconhea fatores pessoais como

    motivao e auto-estima.

    Dada a complexidade de definir e, consequentemente, mensurar a deficincia, inmerosdesafios surgem como, por exemplo, possuir uma definio para cada metodologia ouobjetivo de pesquisa acarretando resultados, muitas vezes, completamente distintos. Afaixa etria ou a renda podem afetar o modo como as pessoas entrevistadas responderoao questionrio, pois o contexto influencia em como uma pessoa interpreta o que deficincia e em como ela a compreende, tomando como base um funcionamento"padro".

    Em geral, reporta taxas de prevalncia de deficincia conforme "o nmero e tipo dasperguntas, as escalas do nvel de dificuldade, a extenso das deficincias explcitas e ametodologia da pesquisa" (Banco Mundial, 2011). Ainda h a questo de comocategorizar ou dividir a deficincia em graus distintos na tentativa de classific-la emelhor obter dados sobre os aspectos da deficincia.

    A importncia da harmonizao da definio do que deficincia est na possibilidadede monitorar as tendncias a partir de indicadores em comum e desenvolver uma basede dados confivel e integrada, tanto para pesquisas a nvel censo quanto para dadosadministrativos. a partir dessa comparabilidade e padronizao que possvel

    monitorar resultantes das polticas pblicas. De modo geral, deve haver a possibilidadede cruzamentos com outras caractersticas populacionais e, em pesquisas maisespecficas sobre deficincia deve-se aprofundar o conhecimento com informaes maisabrangentes. Com uma base de dados slida e bem definida, a pesquisa se fortalece

    podendo ser estendida para diversas reas. Observa-se, frequentemente, quedependendo do nvel de desenvolvimento de um pas, os indicadores sobre deficinciatambm so influenciados, pois os pases em desenvolvimento costumam focar as

    perguntas sobre a deficincia, enquanto em pases desenvolvidos, focam muito mais emreas mais amplas de participao de necessidade de servios" (Banco Mundial, 2011).

    Ao utilizar a plataforma da CIF, que por sua vez, consiste em uma classificao capaz

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    de prover um padro para as estatsticas, contribui para a harmonizao apesar de noser uma ferramenta de mensurao ou de instrumento de pesquisa.

    A proposta da ONU determinar como pessoa com deficincia aquela que exibe umrisco maior, se comparado com o restante da populao, de possuir restries a algumas

    tarefas especficas ou de participar de atividades de modo geral. Nesse aspecto, leva-seem conta as adaptaes que a pessoa necessita para realizar tarefas como se vestir,tomar banho, ir ao trabalho, a igreja, etc. Nem todos os pases ainda adotaram a

    proposta feita pela ONU, gerando diferentes formas de classificao da pessoa comdeficincia e, em muitas vezes, causando at mesmo discrepncia entre a definio e otipo de questo utilizada no questionrio do Censo. Por exemplo, em alguns pasesutilizou-se a definio de deficincia com base nas dimenses do ICIDH, porm,incluiu-se tambm questes de limitaes para captar essas pessoas. Ou seja, h pasesem que a deficincia engloba limitaes nas atividades do dia-a-dia (andar, subir

    escadas, ouvir, falar, ler, lembrar, se concentrar, se vestir, tomar banho, se comunicar).J em outros, baseia-se em termos de impairment(surdez, cegueira, mudez, paralticos,faltas de membros, retardos mentais). Ainda h pases em que analisam a deficinciacom base na participao, isto : se a deficincia influencia na vida normal, social e detrabalho.

    A ONU adotou a definio elaborada pela CIF:

    a disability is any restriction or lack (resulting from an impairment) of ability toperform an activity in a manner or within the range considered normal for a humanbeing (WHO, 1980 and 1993).

    Essa classificao define a populao com deficincia em termos de seus limites nasatividades, focalizando os domnios: (i) walking, (ii) seeing, (iii) hearing e (iv)cognition. Essa escolha pela deficincia e no pelos impairmentsdeveu-se priorizaodas dificuldades encontradas diariamente j que, geralmente, mais fcil o entrevistadoentender e reconhec-las. Ou seja, mais fcil classificar aquele que possui umadificuldade de andar ou de se vestir do que enquadrar especificamente aquele que possuiuma deficincia fsica, por exemplo. Alm disso, essa distribuio pretende

    trazer benefcios cientficos e prticos, incluindo formas de avaliar a qualidade devida das pessoas, favorecendo a maior aceitao do seu registro como deficiente euma melhor proviso de servios. (Amiralian et al, 2000).

    E, tambm, ao desagregar os quesitos para cada domnio poder-se-ia captar as pessoascom mltiplas deficincias ao invs de generalizar as indagaes. Por fim, oWashington Group on Disability Statistics

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    O Washington Group on Disability Statistics um grupo pertecente Naes Unidas que possui o focono propsito de trabalhar nas questes de medidas sobre deficincia:

    objetiva identificar a maioria da populaocom dificuldades funcionais nos ncleos principais de funcionalidades (citados acima)

    http://www.cdc.gov/nchs/washington_group.htm

    http://www.cdc.gov/nchs/washington_group.htmhttp://www.cdc.gov/nchs/washington_group.htmhttp://www.cdc.gov/nchs/washington_group.htm
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    de modo que so potencialmente limitadas a vida autnoma ou a integrao social, casono sejam feitas adaptaes apropriadas. (Banco Mundial, 2011)

    Nas recomendaes da ONU uma pessoa com deficincia definida como:

    a person who is limited in the kind or amount of activities that he or she can dobecause of ongoing difficulties due to a long-term physical condition, mentalcondition or health problem.

    Essa definio no representa o total da populao com limitaes e nem seu objetivoreal capturar toda a verdadeira populao com deficincia e, sim, tentar captar e medir onmero de pessoas com limitaes nos domnios j listados.

    Houve certa ampliao dos conceitos ao longo dos anos de existncia da prpria ICIDH,ao se discutir definies e caractersticas dos conceitos, abordando a natureza dos

    mesmos. Observou-se a vantagem de utilizar o conceito de deficincia tendo como baseas desvantagens ocasionadas pelos domnios (dimenses), em relao ao ambiente,podendo associ-los a um grau de severidade na tentativa de mesclar o modelo mdico eo social da deficincia. Enquanto um enfatiza a dependncia, o outro atribui asdesvantagens individuais e coletivas das pessoas com deficincia principalmente discriminao institucional (Amiralian et al, 2000).

    O Relatrio Mundial sobre a Deficincia (Banco Mundial, 2011) prope ao final de seudocumento algumas recomendaes que podem contribuir para melhores informaesdisponveis sobre deficincia permitindo uma compreenso com olhar demogrfico e

    global s respostas sobre deficincia, alm de facilitar para a implementao daconveno. As recomendaes 8 e 9, respectivamente, exaltam a importncia deaumentar a base de dados e de fortalecer e apoiar pesquisa sobre deficincia.

    2. A deficincia no censo demogrfico

    O censo demogrfico usado por muitos pases para coletar dados diversificados,inclusive sobre as pessoas com deficincia. Particularmente, nos pases emdesenvolvimento esses dados so coletados h algum tempo (Mbogoni e Me, 2002). Emalgumas naes a incluso da parte de deficincia no questionrio institucionalizada,

    sendo mesmo oficializada por lei. Esse o caso do Brasil, com a promulgao da Lei n.7853, de 24 de outubro de 1989, que obrigou a incluso nos censos brasileiros dequestes que abordassem sobre as pessoas com deficincia. Alm disso, na Convenosobre os Direitos das Pessoas com Deficincia, e seu Protocolo Facultativo, adotada

    pela ONU em 2006, promulgada atravs do decreto n. 6949 de 2009, e que entrou emvigor no cenrio mundial apenas em maio de 2008. O artigo 31, Estatsticas e coletasde dados, exige que os Estados Partes coletem dados, inclusive estatsticos, e de

    pesquisas para formular e implementar polticas destinadas a pessoas com deficincia.

    O tema deficincia vem sendo pesquisado desde o primeiro censo demogrficorealizado em 1872 pela Diretoria Geral de Estatstica. No caso dos dois ltimos censos

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    brasileiros, realizados pelo IBGE nos anos de 2000 e 2010, neste ltimo ocorreu umapequena alterao na forma de questionar o tipo da deficincia e os graus de severidadeentre os dois relatrios, de modo que parcela dessa mudana culminou por influenciarna comparabilidade dos dados com aquelas do Censo anterior. Conforme o quadro aseguir possvel acompanhar a variao do conceito de deficincia e dos graus deseveridade para cada uma delas, utilizada nos ltimos trs censos.

    Um primeiro aspecto a se registrar que os censos demogrficos, por questesoperacionais sempre utilizam uma pessoa do domiclio para responder ao questionrio(informante). Assim, as perguntas no so respondidas pela prpria pessoa a que adeficincia se refere. No caso do Censo de 2000, conforme o Manual do Recenseador,as informaes referentes aos quesitos 5.10 5.16 devem ser prestadas pela prpria

    pessoa, exceto nos casos em que a mesma estiver impossibilitada para tal. Neste caso, oinformante dever ser a pessoa mais habilitada para prestar as informaes necessrias.

    Em segundo lugar, a partir de 1960 estes censos brasileiros so realizados para umaamostra da populao, a qual variou ao longo dos anos. As fraes amostrais dos censosde 2000 e 2010 so muito diferentes (maiores para municpios menores e fraesmenores para municpios maiores).

    Com as novas recomendaes internacionais acerca dos princpios para captao daspessoas com deficincia em pesquisas domiciliares, acatadas pelo IBGE no ltimocenso, passou-se a investigar sob a tica da percepo das pessoas sobre como as suasdeficincias provocavam limitaes. Vale ressaltar que a pessoa que respondeu s

    perguntas do questionrio no era, necessariamente, a pessoa com deficincia. No

    Censo de 2010, 46,2% dos que declararam ter pelo menos uma das deficinciasinvestigadas tiveram as informaes respondidas por outro morador do domiclio. Esse

    percentual aumenta quando o grau de severidade de cada deficincia aumenta.

    Na parte de deficincia do censo de 2010, foi retirado o quesito que investigava se osentrevistados possuam alguma paralisia ou falta de um membro e as demais perguntasque no envolviam a questo da incapacidade. O questionrio concentrou-se naexistncia de dificuldade permanente de enxergar, ouvir ou de caminhar\subir degraus,todas com o uso de prtese corretiva, caso a pessoa utilize. As categorias das respostas

    foram elaboradas para captar todo o espectro de habilidades funcionais, das mais levess mais severas. A retirada do termo incapaz na categoria de resposta do questionriode 2010 e a avaliao da questo da dificuldade e, no da capacidade propriamente dita,favoreceu o melhor conhecimento da parcela da populao que possui deficinciasevera 4

    (IBGE, 2012). importante a ressalva de que a retirada do quesito 4.14 doquestionrio do Censo de 2000 acarretou a no captao das pessoas que possuamalguma deficincia, porm no enquadradas nos quesitos anteriormente mencionados.

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    So consideradas pessoas com deficincia severa quelas que declararam nas opes de respostas queSim, grande dificuldade ou Sim, no consegue de modo algum quando questionadas sobre asdeficincias auditiva, motora ou visual ou mental.

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    Quadro 1: Quadro comparativo das perguntas que captam pessoas com deficincia nos questionrios dos Censos 1991, 2000 e 2010.

    Censo 1991 Censo 2000 Censo 2010

    11 - Deficincia Fsica ou Mental5.10 - Tem algum problema fsico ou mental permanente que limitesuas atividades de rotina?

    6.14 Tem dificuldade permanente de enxergar?

    1 - Cegueira

    Para a pessoa que totalmente cega desde onascimento ou que tenha perdido a viso

    posteriormente por doena ou acidente. Noconsiderar cega a que enxerga com dificuldade.

    Assinale o retngulo conforme a existncia ou no de problema fsico oumental permanente que impea a pessoa de exercer suas atividades derotina, tais como: ir a escola, trabalhar, brincar, cuidar dos afazeresdomsticos, etc.

    Considere como tendo problema fsico ou mental permanente, aquelaspessoas que se auto avaliam como tendo problemas fsicos ou mentaisdefinitivos, isto , que no tm possibilidade de recuperao.

    1 - Sim, no consegue demodo algum

    Para a pessoa que se declarar totalmenteincapaz de enxergar.

    2 - Sim, grandedificuldade

    Para a pessoa que se declarar com grandedificuldade permanente para enxergar,mesmo com o uso de culos ou lentes decontato.

    2 - Surdez

    Para a pessoa que totalmente surda desde onascimento (surdo-mudez) ou que tenha perdido aaudio posteriormente por doena ou acidente.

    No considerar surda a pessoa que ouve comdificuldade.

    5.11 - Possui alguma deficincia mental permanente que prejudiqueo estudo ou o trabalho?

    3 - Sim, algumadificuldade

    Para a pessoa que se declarar com algumadificuldade permanente para enxergar,mesmo com o uso de culos ou lentes decontato.

    Considere como tendo deficincia mental, a pessoa com retardamentomental resultante de leso ou sndrome irreversvel, que se manifestadurante a infncia e se caracteriza por dificuldade de aprendizagem eadaptao social.

    No considere como tal, as pessoas que apresentam perturbao oudoena mental, tais como: neurticos, psicticos, esquizofrnicos,vulgarmente denominados loucos ou malucos.

    4 - No, nenhumadificuldade

    Para a pessoa que se declarar semnenhuma dificuldade para enxergar, aindaque precise usar culos ou lentes decontato.

    3 - Paralisia de um doslados

    Para a pessoa hepiplgica, ou seja, pessoa que temum dos lados paralisado ou com deficinciamotora, decorrente de leso do sistema nervoso.

    6.15 Tem dificuldade permanente de ouvir?

    4 - Paralisia das pernasPara a pessoa paraplgica, ou seja, pessoa com osmembros inferiores paralisados.

    1. Nenhumadeficincia

    Para a pessoa com nenhuma deficinciamental permanente que

    prejudique o estudo ou o trabalho.

    1 - Sim, no consegue demodo algum

    Para a pessoa que se declarar incapaz deouvir.

    5 - Paralisita totalPara a pessoa tetraplgica, ou seja, com osmembros superiores (braos) e inferiores (pernas)

    paralisados.2. Alguma deficincia

    Para a pessoa com alguma deficinciamental permanente que prejudique o estudoou o trabalho.

    2 - Sim, grandedificuldade

    Para a pessoa que se declarar com grandedificuldade para ouvir, mesmo com o usode aparelho auditivo.

    6a - Falta de um dosmembros superioresou parte deles

    Para a pessoa que no tem um dos membros

    superiores, ou ambos, desde o nascimento ou porposterior amputao devido doena ou acidente.Considerar como falta de um membro superior a

    perda de brao, antebrao ou mo. No considerarcomo tal a falta de dedos.

    3. Grande deficincia

    Para a pessoa com grande deficincia

    mental permanente que prejudique o estudoou o trabalho.

    3 - Sim, algumadificuldade

    Para a pessoa que se declarar com alguma

    dificuldade para ouvir, mesmo com o usode aparelho auditivo.

    4. IncapazPara a pessoa portadora de deficinciamental de carter definitivo.

    4 - No, nenhumadificuldade

    Para a pessoa que se declarar semnenhuma dificuldade para ouvir, aindaque precise usar aparelho auditivo.

    6b - Falta de um dosmembros inferiores ou

    parte deles

    Para a pessoa que no tem um dos membrosinferiores, ou ambos, desde o nascimento ou por

    posterior amputao devido doena ou acidente.5.12 - Recebe atendimento escolar especial? 6.16 Tem dificuldade permanente de caminhar ou subir degraus?

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    Considerar como falta de um membro inferior aperda de toda a perna, parte da perna ou p. Noconsiderar como tal a falta de dedos do p.

    Considere como SIM, a pessoa portadora de deficincia mental emcarter permanente que recebe atendimento em instituio, escola, outurmas (classes) especiais, cujo nvel de ensino se vale de recursos emetodologias especializadas.

    1 - Sim, no consegue demodo algum

    Para a pessoa que se declarar incapaz, pordeficincia motora, de caminhar e/ousubir degraus sem ajuda de outra pessoa.

    7 - Deficincia mental

    Para a pessoa com retardamento mental resultantede leso ou sndrome irreversvel que se manifestadurante a infncia e se caracteriza por grandedificuldade de aprendizagem e adaptao social.

    No considerar como tal as pessoas queapresentam perturbao ou doena mental:

    neurticos, psicticos, esquizofrnicos,vulgarmente denominados loucos ou malucos.

    5.13 - Como avalia sua capacidade de enxergar? (considere o uso deculos ou lentes de contato).

    2 - Sim, grandedificuldade

    Para a pessoa que se declarar com grandedificuldade de caminhar e/ou subirdegraus sem ajuda de outra, mesmo como uso de prtese ou aparelho auxiliar.

    1. Nenhumadeficincia

    Para a pessoa que se declare com nenhumadificuldade para enxergar ainda que issoexija o uso de culos ou lentes de contato

    3 - Sim, algumadificuldade

    Para a pessoa que se declarar com algumadificuldade de caminhar e/ou subirdegraus sem ajuda de outra, mesmo como uso de prtese ou aparelho auxiliar.

    2. Alguma deficincia

    Para pessoa que se declare com algumadificuldade permanente para enxergarmesmo com o uso de culos ou lentes decontato.

    4 - No, nenhumadificuldade

    Para a pessoa que se declarar semnenhuma dificuldade de caminhar e/ousubir degraus sem ajuda de outra pessoa,ainda que precise usar prtese ouaparelho auxiliar. Incluir as crianas queainda no aprenderam a andar e no

    possuem qualquer dificuldade motora.8 - Mais de uma

    Para a pessoa portadora de mais de uma dasdeficincias enumeradas.

    3. Grande deficinciaPara a pessoa que se declare com grandedificuldade permanente mesmo com o usode culos ou lentes de contato

    0 - nenhuma dasenumeradas

    Para a pessoa que no tem nenhuma dasdeficincias enumeradas anteriormente ou paraaquela que no deficiente.

    4. Incapaz

    Para a pessoa que se declare totalmentecega desde o nascimento ou que tenha

    perdido a viso total posteriormente pormotivo de doena ou acidente.

    6.17 Tem alguma deficincia mental/intelectual permanente quelimite as suas atividades habituais, como trabalh ar, ir a escola,

    brincar, etc.?

    5.14 - Como avalia sua capacidade de ouvir? (considere o uso de

    aparelho auditivo).1- Sim

    Quando for declarada a existncia dedeficincia mental permanente quedificulte a realizao de atividadesdirias.

    1. Nenhumadeficincia

    Para a pessoa que se declare com nenhumadificuldade para ouvir ainda que isto exija ouso de aparelho auditivo.

    2- No

    Mesmo quando a pessoa possuirperturbaes ou doenas mentais, taiscomo: autismo, neurose, esquizofrenia e

    psicose.

    2. Alguma deficinciaPara pessoa que se declare com algumadificuldade permanente para ouvir mesmocom o uso de aparelho auditivo.

    3. Grande deficinciaPara a pessoa que se declare com grandedificuldade permanente para ouvir mesmocom o uso de aparelho auditivo.

    4. Incapaz

    Para a pessoa que se declare totalmentesurda desde o nascimento ou que tenha

    perdido a audio posteriormente pormotivo de doena ou acidente.

    5.15 - Como avalia sua capacidade de caminhar/subir escadas com

    autonomia? (considere o uso de prtese ou aparelho auxiliar).

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    1. Nenhumadeficincia

    Para a pessoa que se declare com nenhumadificuldade de caminhar ou subir escadascom autonomia ainda que isto exija o usode prtese ou aparelho auxiliar.

    2. Alguma deficincia

    Para a pessoa que se declare com algumadificuldade permanente de caminhar ousubir escadas com autonomia mesmo com ouso de prtese ou aparelho auxiliar.

    3. Grande deficincia

    Para a pessoa que se declare com grandedificuldade permanente de caminhar ousubir escadas com autonomia mesmo com ouso de prtese ou aparelho auxiliar.

    4. Incapaz

    Para a pessoa que se declare incapaz de

    caminhar ou subir escadas com autonomiapor deficincia motora, decorrente de lesodo sistema nervoso em carter permanente.

    5.16 - Possui alguma das deficincias enumeradas abaixo:1. Paralisia

    permanente totalPara a pessoa que se declare tetraplgica.

    2. Paralisiapermanente das pernas

    Para a pessoa que se declare paraplgica.

    3. Paralisiapermanente de um doslados do corpo

    Para a pessoa que se declare hemiplgica.

    4. Falta de perna,brao, mo, p oudedo polegar

    Para a pessoa que declare no ter um oudois membros superiores ou inferiores, ouambos desde o nascimento ou por posterioramputao devido doena ou acidente.Considere a perda de brao, antebrao,mo, dedo polegar, perna, parte da perna ou

    p.

    5. No temPara a pessoa que no possui nenhuma dasdeficincias enumeradas.

    Fonte: IBGE, Manual do Recenseador 1990, 2000 e 2010.(1)As informaes referentes aos quesitos 5.10 5.16 devem ser prestadas pela prpria pessoa, exceto nos casos em que a mesma estiver impossibilitada para tal. Neste caso, o informante dever ser a pessoa mais habilitada para

    prestar as informaes necessrias.

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    Conforme as recomendaes internacionais, tomando como base a documentao daONU Principles and Recommendations for Population and Housing Censuses(2008), elaborado pelo Washington Group on Disability Statistics, as estatsticas sobredeficincia devem alcanar diferentes cores de domnios, pases e subpopulaes. Ofoco dos domnios passou a abranger a (a) viso, (b) audio, (c) mobilidade e (d)cognio: concentrao, memria, compreenso da fala e da escrita, noo espacial,tomada de decises, contas matemticas, leitura limitaes bsicas das atividadesfuncionais. Quando possvel estender a pesquisa, se o espao do questionrio permitir,englobando a incluso do domnio que se trata da (e) auto-suficincia nas atividades deincluso e comunicao. Assim, os dados do censo servem para estabelecercruzamentos com outros temas (educao, trabalho, anlises scio demogrficas, entreoutros), alm de complementar outros registros administrativos ou pesquisas poramostra que apresentam informaes mais amplas da deficincia e da funcionalidade.Essa metodologia baseia-se na Classificao Internacional de Funcionalidade,

    Incapacidade e Sade (CIF), elaborada em 2001 pela OMS, sucessora da ClassificaoInternacional de Funcionamento, Deficincia e Incapacidades (ICIDH), de 1980.

    Assim, ainda que no haja plena comparabilidade entre os censos, os dados podem serutilizados para planejamento gerais de polticas e servios pblicos; programas deigualdades de oportunidades; monitoramento de alguns aspectos da tendncia dadeficincia no pas; e, por fim, permitir que nas prximas verses haja alguns aspectoscotejveis quanto prevalncia da deficincia nos pases. As perguntas utilizadas noCenso do IBGE, que tomou como base as recomendaes da ONU, foram formuladasaps inmeras investigaes, com o zelo e a responsabilidade de formular as questesdo questionrio empregando a CIF.

    Assim, apesar de a CIF definir dois grupos que delineiam a situao de uma pessoa comdeficincia: (i) funcionamento e deficincia e (ii) fatores contextuais (ONU, 2008), aformalizao do formato sinttico utilizado pelo Censo Demogrfico j suficiente paraefeitos de comparabilidade dos dados de deficincia com outros pases. Sabe-se que osdados coletados nos censos a respeito de deficincia so limitados em termos deacurcia e cobertura, e que muitas vezes continua sendo a nica informao de dadosque possibilitam a mensurao do nmero de pessoas com deficincia, associando-o a

    caractersticas sociais e econmicas.

    H vrias outras fontes de dados sobre pessoas com deficincia, seja por pesquisasdomiciliares ou registros administrativos, que inclusive podem medir melhor osaspectos multidimensionais da deficincia. Entretanto, poucas so especializadas ourealmente utilizadas como base regular para coletar dados sobre deficincia, comcruzamentos mais aprofundados. Alm disso, existe o problema das diferenasconceituais e a falta de um padro entre pesquisas, causando diferenas nasobservaes, captaes e comparabilidades, ou seja, leva a uma no comunicao dasdiversas fontes e no auxilia no processo de mensurao da quantidade real de pessoas

    portadoras de deficincia no Brasil (Borges, 2004). Parte das diferenas em termos de

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    prevalncia resultado das diferenas metodolgicas, quais sejam: (1) como adeficincia definida; (2) os tipos de deficincia que foram inclusas e (3) o desenho dasquestes que foram utilizadas para identificar as pessoas com deficincia (Mbogoni &Me, 2002).

    Ainda com base no relatrio feito por Mbogoni & Me (2002) sobre as recomendaespara os censos elaboradas pela ONU, dentre as vantagens de se trabalhar com dadosoriundos do censo est o fato de ser possvel (i) obter dados mais detalhados em nvelde menores reas geogrficas; (ii) fazer tabulaes com outras variveis do tipo scio-demogrficas (sexo, idade, fecundidade, nupcialidade) e econmicas (trabalho,rendimento, nvel de instruo) para pessoas com ou sem deficincia; (iii) efetivar aconstruo de uma srie temporal (se a comparabilidade intra censos permitir). Poroutro lado, fazer um censo para captar a deficincia requer algumas anlises contnuas,de forma a rastrear melhor as pessoas com deficincia, j que a deficincia, por si s,

    no um fenmeno que possa ser captado unicamente como binrio. Porm, por setratar de censo, h restrio do nmero de perguntas no questionrio, o que influenciano desenho de suas questes. Assim no possvel a incluso de perguntas que clareiema terminologia da deficincia, em toda a sua extenso, subestimando, em muitos casos acaptao do contingente de pessoas com deficincia.

    2.1 O questionrio dos Censos Brasileiros

    A abordagem sobre deficincia nos censos mais antigos possui informaes, definies,nomenclaturas e tipos de deficincia distintos dos censos mais recentes, alm de dados

    j tabelados e poucas fontes de consultas das publicaes da poca.

    Nos inquritos domiciliares de 1872 (ainda durante o imprio) e de 1900 at ao censodemogrfico de 1920, investigou-se o universo das pessoas com deficincias sensoriais,ou seja, os cegos e surdos-mudos5

    O censo de 1991, passa a incluir a populao que declarou ter mais de um tipo dedeficincia, alm de investigar a deficincia fsica ou mental. At ento, o enfoquemdico predominava em relao ao social de modo que o conceito utilizado foi defunes dos corpos e, a partir do censo de 2000, a abordagem da deficincia evoluiu

    para um sistema como a da CIF. A investigao incluiu diversos nveis de limitaesentre os graus de incapacidade (de enxergar, ouvir e locomover-se) com o uso decorretivos e avaliou a percepo da populao sobre sua capacidade em cada um dosdomnios. Essa formulao de investigao para a existncia da deficincia ou

    . A partir do censo de 1940 as informaes sobre cadauma das deficincias so mais claras pois, alm de investigar os cegos e surdos-mudos,

    passou a contemplar tambm a natureza dessas deficincias: seja por motivo de doena,em acidente, de nascena ou no declararam a causa. Ao cruzar as causas com outrasvarireis demogrficas, em especial, a idade, foi possvel associar qual a deficincia, porexemplo, estava mais associada ao acmulo de idade.

    5Termos originais utilizados no levantamento da poca.

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    incapacidade foi compatvel com as recomendaes internacionais da CIF, alm de tersido um trabalho feito em paralelo com a CORDE (Coordenadoria Nacional paraIntegrao da Pessoa Portadora de Deficincia).

    J no Censo de 2010, novas reformulaes foram feitas de modo que a percepo da

    populao esteve sobre a sua dificuldade em enxergar, ouvir e locomover-se, com o usoou no de facilitadores (culos, lentes de contato, aparelho auditivo, bengala, entreoutros), alm de captar a deficincia mental ou intelectual. O conjunto das perguntas foi

    proposta pelo Washington Group. Essa nova formulao considera a incapacidade comoresultado tanto da limitao das funes e estruturas do corpo quanto da influncia defatores sociais e ambientais para observar as suas capacidades de realizao, no seucomportamento e na sua participao social.

    Com relao aos questionrios dos Censos Demogrficos Brasileiros nos anos de 2000 e

    2010, observa-se a ntida diferena na percepo do prprio entrevistado com relao asua deficincia. Por exemplo, no Censo de 2000 captava-se com a seguinte pergunta:Como avalia a sua capacidade de ouvir? sendo a quarta opo (de maior grau deseveridade) (4) incapaz. Hutchison (1995) disse que, no caso, a incapacidade seriasocialmente construda e imposta s pessoas com deficincia e esse termo de difcilconsenso sobre o que ele realmente significa. Uma determinada deficincia pode ou noestar associada a uma incapacidade, pois se alguma desvantagem social foicompensada e ela envolve diferenas culturais em sua determinao, ento houveum ajuste no conceito da captao da pessoa com deficincia, passando-se a avaliar acondio do entrevistador com relao s dificuldades demonstradas pelo pesquisado. J

    no questionrio do Censo de 2010, esse mesmo quesito que aborda a audio passou aser: Tem dificuldade permanente de ouvir? e a primeira resposta (de maior grau deseveridade) (1) Sim, no consegue de modo algum. Ademais, o termo incapazremete certo tom negativo fazendo com que o respondente acabe respondendo por grausde deficincia mais leves (Langlois, 2001).

    Avaliando as fontes de dados no Brasil, sem se restringir apenas ao Censo, apesar de sero foco do trabalho, observa-se que as recomendaes contidas na CIF, que priorizam acaptao mais detalhada dos tipos de deficincia, com enfoque mais do modelo mdico,

    influenciando as questes que identificam as pessoas com deficincia, ainda no soseguidas. Alm disso, cada pesquisa possui certo propsito e um pblico-alvo distinto.

    Com base no trabalho de Borges (2004) pode-se verificar o cuidado que se deve ter aofazer uma srie histrica utilizando os dados do Censo, justamente por conta doconceito utilizado na formulao de cada deficincia, suas caractersticas e do grau deseveridade. No passado, porm, no havia, geralmente, disponibilidade dos microdados,e qualquer estudo baseia-se apenas nas tabelas publicadas na poca de cada censo. Ogrande impacto ocorreu nas propores de pessoas com pelo menos uma dasdeficincias investigadas entre os censos de 1991 e de 2000 que foi, respectivamente, de

    1,14% e 14,48% - um aumento de quase treze vezes, j que o primeiro se baseou nasfunes e estruturas do corpo, enquanto o segundo focou nas limitaes de atividade

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    dos corpos. No Censo de 2010, a proporo atingiu a 23,9% e esse aumento, de cerca de65,0%, tambm se deveu, em grande parte, mudana do conceito, j que com o novoquestionrio havia um objetivo maior pela equalizao de oportunidades.

    Foram realizados testes piloto e cognitivo, em 2006, em trs pases: Argentina, Paraguai

    e Brasil, com o propsito de verificar se as perguntas eram consistentes entre si ecomparveis entre os pases. Esses testes tinham o foco na harmonizao e as anlisesconsistiram em comparar as respostas do questionrio menor com a do conjuntoestendido, para averiguar se as questes principais eram o suficiente para identificar as

    pessoas com deficincia para cada domnio (IBGE, 2007). Desses testes, resultaram asalteraes procedidas no ltimo censo do IBGE, realizado no ano de 2010.

    3. Resultados comparativos

    As propores de pessoas com deficincia, tomando como base os censos queabordaram o tema em discusso, mostram como houve uma variao na srie histrica

    por conta das diferenas existentes entre os tipos de deficincias que foram investigadasem cada censo, alm dos conceitos utilizados em cada poca, conforme apresentadoanteriormente. Considerando os trs ltimos censos, a proporo de pessoas variou de1,14% a 23,91% inviabilizando, portanto, a comparabilidade direta ou a anlise detendncias em sries. Nos primeiros censos basicamente recensearam as pessoas cegas esurdas e, em alguns censos, incluam os alienados e dementes, bem como aleijados 6

    O recenseamento levado a efeito no Brazil em 1872 formulou um quesito sobre asenfermidades aparentes, compreendendo nessa indagao no s os cegos, surdos-mudos, alienados e dementes, como tambm os aleijados. O inqurito realizado 18annos depois, em 1890, incluiu no seu questionrio uma informao semelhantequanto aos defeitos physicos aparentes (cegos, surdos-mudos, surdos, idiotas ealeijados), prescrevendo as intruces do censo fossem arrolados separadamente ossurdos e os surdos-mudos. O termo demente foi substitudo pela palavra idiota,suprimindo-se a pergunta referente aos alienados, por se considerar curvel esteestado mrbido, - alteraes inteiramente dispensveis e prejudiciaes no ponto devista censitrio. O recenseamento de 1900 colheu tambm informaes sobre oscegos, surdos-mudos e idiotas. Finalmente, o recentemente de 1920 apurou tosomente informaes concernentes aos cegos e surdos-mudos. Deste historico, fcil deduzir, quanto ao Brazil, que no houve a necessria sytematisao ou harmonianos aludidos inqueritos, o que forosamente prejudicar ou impossibilitar avantajosa comparao os resultados apurados nas quatro diferente pocas.(CARVALHO, 1929)

    .E desde aquela poca j havia a preocupao da comparao dos resultados apurados:

    Em 2010, na comparao com o Censo de 2000, a populao brasileira apresentou umcrescimento relativo de 12,29%, o que resulta em um crescimento mdio geomtricoanual de 1,17%. Para as pessoas com deficincia, no mesmo perodo, o crescimentorelativo e a taxa foram, respectivamente, 85,39% e 6,37%. O aumento de pessoas com

    6Termos originais relativos aos levantamentos da poca.

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    deficincia no acompanhou o crescimento populacional do restante da populaobrasileira.

    Tabela 2: Populao residente e pessoas com pelo menos uma das deficincias investigadas por pesquisa,1872/2010

    Valores absolutos Percentual (%)

    Censo de 1872 10.112.061 89.621 0,89

    Censo de 1890 14.333.915 - -

    Censo de 1900 17.438.434 50.579 0,29

    Censo de 1920 30.635.605 56.088 0,18

    Censo de 1940 41.236.315 97.156 0,24

    Censo de 1991 146.815.795 1.667.785 1,14

    Censo de 2000 169.872.856 24.600.256 14,48

    Censo de 2010 190.755.799 45.606.048 23,91

    Pessoas com deficinciaPesquisa Populao total

    Fonte: Recenseamento do Brazil 1872-1920. Rio de Janeiro: Directoria Geral de Estatstica, 1872-1930; e IBGE,Censo Demogrfico 1940/2010(1) Com relao ao ano de 1872, os resultados j esto incluindo os 181.583 habitantes, estimados para 32

    parquias, nas quais no foi feito o recenseamento na data determinada.(2) As informaes relativas investigao s obre defeitos fsicos no censo de 1890 somente foram publicadas

    para o Distrito Federal.

    Em relao proporo de pessoas com pelo menos uma das deficincias investigadas,a anlise segundo os grupos de idade, mostra como o acmulo da idade influencia noaumento da proporo de pessoas com deficincia por representar o incio do processode envelhecimento. Pelo fato do Brasil estar em um processo de envelhecimento

    populacional, esse aspecto se mostra mais evidente devido as perdas auditivas, motorase visuais do indivduo consequentes desse envelhecimento. Basta observar ocomportamento da proporo de pessoas com deficincia por idade e observar que h

    pontos os quais, para uma determinada idade, houve um ntido aumento:aproximadamente aos 10 e 40 anos de idade.

    Grfico 1: Proporo de pessoas com pelo menos uma das deficincias investigadas na populaoresidente segundo as idades Brasil, 2010

    0

    5

    10

    15

    20

    25

    30

    35

    40

    45

    50

    55

    60

    65

    70

    75

    80

    85

    90

    95

    100

    0 2 4 6 810

    12

    14

    16

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    24

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    38

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    54

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    58

    60

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    92

    94

    96

    98

    100

    +

    %

    idade Fonte: IBGE, Censo Demogrfico de 2010.

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    Dada essa caracterstica, faz-se necessrio o corte etrio para especificar o objetivo deuma pesquisa ou poltica pblica, assim como determinar, em especial, os graus de cadadeficincia no caso do Censo de 2010, em especial as consideradas deficinciasseveras7

    Diante do acima exposto e, aps a construo da pirmide etria da populao com pelomenos uma das deficincias investigadas nos trs ltimos censos, percebeu-se que osCensos de 2000 e de 2010 possuem um traado bastante distinto com relao ao de1991 - o que corrobora ainda mais as diferenas conceituais no momento da captaodas pessoas com deficincia. J os dois ltimos Censos possuem semelhanas entre siainda que possuam diferenas conceituais e metodologias amostrais distintas.

    . Esse, por sua vez, o grupo que se constitui no principal alvo das polticaspblicas voltadas para a populao com deficincia.

    Logo, observou-se nos dois ltimos censos que o percentual de mulheres comdeficincia maior do que o de homens, pois se sabe que a populao feminina possuiuma expectativa de vida maior que a dos homens. Assim, como a deficincia estcorrelacionada com o acmulo da idade, h uma tendncia de a maioria das pessoascom deficincia ser do sexo feminino. Para ambos, o maior percentual est na faixaetria de 40 a 59 anos de modo que, em 2010, 21,7% das pessoas com deficincia, nestamesma faixa etria, eram mulheres. No caso dos homens, o percentual foi muito

    prximo nos Censos de 2000 e 2010.

    Grfico 2: Estrutura etria da populao com pelo menos uma das deficincias investigadas por faixaetria Brasil, 1991-2010

    8 6 4 2 0 2 4 6 8

    0 a 4

    10 a 14

    20 a 24

    30 a 34

    40 a 44

    50 a 54

    60 a 64

    70 a 74

    80 anos ou mais

    %

    faixa

    etria

    1991 2000 2010

    Fonte: IBGE, Censos Demogrficos de 1991, 2000 e 2010.

    7

    So consideradas com deficincia severa visual, auditiva e motora as pessoas que declararam ter grandedificuldade ou que no conseguiam ver, ouvir ou se locomover de modo algum, e para aquelas quedeclararam ter deficincia mental ou intelectual.

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    Consideraes finais

    Observou-se a importncia da padronizao das perguntas que investigam as pessoascom deficincia para promover uma comparabilidade internacional e uma relao entreas pesquisas, registros administrativos e censos sob as recomendaes da CIF. A falta

    dela compromete estudos sobre tendncias e o entendimento da evoluo dos dados, jque dentro do censo no Brasil, por exemplo, houve mudanas no conceito sobredeficincia captando perfis distintos sobre a deficincia.

    Concluiu-se, dentre vrias anlises, que o questionrio do Censo de 2010 foi maispreciso e direto na redao do quesito (Tem dificuldade de...) deixando mais clarezapara o respondente, enquanto no Censo de 2000 a pergunta era mais extensa e subjetiva(Como avalia a sua capacidade de...), alm de deixar mais claro que s incluiria as

    pessoas com deficincia permanente, descartando os casos de pessoas com dificuldadestemporrias decorrentes, por exemplo, de acidentes (Borges, 2010). Mais ainda, com

    outras alteraes feitas como a de no contemplar na parte da deficincia fsica asespecificidades das paralisias e a falta de membros, e a juno dos quesitos que setratavam das atividades de rotina, trabalho e estudo em atividades habituais. Essamudana favoreceu para um aumento das diferenas, em termos percentuais, nas

    propores de pessoas com deficincia.

    Dadas essas diferenas entre censos, deve-se fazer uma reflexo ponderada do realsignificado dos nmeros obtidos (indicadores, contingentes, entre outros) e dasestatsticas relacionadas s pessoas com deficincia.

    Referncias bibliogrficas

    BRASIL. Lei n. 7.853, de 24 de outubro de 1989. Dispe sobre o apoio s pessoasportadoras de deficincia, sua integrao social, sobre a Coordenadoria Nacional paraIntegrao da Pessoa Portadora de Deficincia - Corde, institui a tutela jurisdicional deinteresses coletivos ou difusos dessas pessoas, disciplina a atuao do MinistrioPblico, define crimes, e d outras providncias. Braslia, DF, 24 out. 1989.BORGES, A; MENDES, M. (2004). Fontes de dados sobre pessoas portadoras dedeficincia no Brasil. Rio de Janeiro.BORGES, A. et al (2010). A Contribuio dos Testes e Provas Piloto Conjuntaspara o Censo 2010. In: XVII Encontro Nacional de Estudos Populacionais, Caxambu.Disponvel em:http://www.abep.nepo.unicamp.br/encontro2010/docs_pdf/tema_2/abep2010_2332.pdf.Acesso em: 8 mai. 2012.AMIRALIAN, M.; PINTO, E. GHIRARDI, M. et al (2000). Conceituando deficincia.Revista Sade Pblica, 34 (1): 97-103, Universidade de So Paulo, So Paulo.BANCO MUNDIAL (2011). Relatrio Mundial sobre Deficincia.So Paulo.BRASIL (2009). Decreto n. 6.949, de 25 de agosto de 2009. Promulga a ConvenoInternacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficincia e seu ProtocoloFacultativo, assinados em Nova York, em 30 de maro de 2007. Disponvel emhttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/decreto/d6949.htm

    http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/decreto/d6949.htmhttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/decreto/d6949.htmhttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/decreto/d6949.htm
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