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OS DEBOCHADOS

De

Antônio Almiro de Amorim Ferreira

Manhuaçu – Minas Gerais

2011

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PARTE I

DONA CACAL E SEU NETO ALFREDINHO SÃO EXPULSOS DA CASA DE TIO PITOMBAS; ELE HAVIA DESCOBERTO QUE ELA NÃO ERA SUA FILHA E A COLOCOU PARA FORA DE CASA. ELA ENTÃO FOI MORAR NA CASA DE PRIMO TIÃO TROLOLÓ. CENÁRIO: Sala da casa de Primo Tião trololó Dona Cacal (bate forte na porta da casa de Tião trololó) __Primo Tião, primo Tião, como é vai abrir essa porta ou eu vou ter que gritar aqui pra todo mundo ouvir qual é a profissão do primo hein? Seu bicheiro de uma figa. Tião trololó (Tião trololó abre a porta assustado) __Que isso prima Cacal, que gritaria é essa, entre, a casa é sua criatura. Dona Cacal (Dona Cacal entra na casa e faz cara de nojo) __Hum! A casa é minha, vem com essa história não que nem sua essa casa é viu primo. __que buraco male arrumada criatura, quanto tempo esse chão num vê uma vassoura?__Entre logo Alfredinho com essas malas, que menino molenga esse.

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__Então primo, tem aí daquela marvada esquenta guela? A famosa pé na cova? A esticacara? Tião trololó (Tião trololó vai até o armarinho e pega a baba de jiló) __Como não prima, a famosa rejuvenescedora levanta defunto. “Baba de jiló esticacara.” Dona Cacal (toma um gole e faz caretas e rodopia feito pomba gira) __ Ram! Ram! Ram! Cunta cuntê, cantô, saravá, Hum! Hum! Tião trololó (se assusta com prima Cacal) __Heita! Que isso Alfredinho, a prima ta possuída? Alfredinho (explica as caretas) __Fora o bafo de cortiço abandonado, ela fica assim mesmo depois de tomar a baba de jiló, a pé na cova, levanta defunto, a famosa esticacara. É que com a idade as caretas foram aumentando, começou a entortar o zói, a boca e rodar feito pomba gira, virou esse molambo aí. Dona Cacal (pergunta a Alfredinho e Tião trololó) __Cochicham sobre o que os dois aí? Tião Trololó (responde e pergunta a Dona Cacal) __É sobre o velho Pitombas, então, a prima deu o calote nele foi?

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Dona Cacal (pergunta a Tião trololó) __E desde quando tenho cara de caloteira primo Tião, não me responda. Tião trololó (pergunta a dona Cacal) __O muquirana do velho Pitombas não lhe deixou nada de herança? Dona Cacal (responde a Tião trololó irritada) __Sim, aquele velho desgraçado me deixou um monte de contas pra pagar, e o infeliz ainda morreu repetindo meu nome. Alfredinho (Alfredinho repete) __Calbúndia, Calbúndia, dizia com gosto aquela peste negra dos infernos. Dona Cacal (irritada repreende Alfredinho) __Cale-se Alfredinho, ninguém te perguntou nada. Tião trololó (pensativo) __E eu que pensava que a prima se chamava Catarina Calçada. Dona cacal (irrita-se com Tião trololó) __Vai começar também o primo com suas gracinhas é. Alfredinho (Dona Cacal bate em Alfredinho)

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__Esse era o nome dela dos tempos do vira bode, aquela boate lá... Aiii! vó. Tião trololó (fala com Alfredinho) __Deixa de ser bundão oh! Alfredinho. Alfredinho (Alfredinho engasga) (sempre acontece quando se pronuncia a palavra bundão) __Ham! Ham! Ham! Dona Cacal (soca as costas de Alfredinho) __Tá engasgado o infeliz, é só dá um tapa na cacunda dele que ele se ajeita. Tião trololó (trás um copo de água para Alfredinho) __Um coice desses me matava. Dona Cacal (debocha do filtro na sala) __Modernidade de hoje, o filtro fica na sala né primo. Dona Cacal (continua a explicar) __Teve uma hora que eu pensei que o velho tivesse morrido, mas então o infeliz abriu o olho e disse aquele nome horroroso, que a bendita da minha mãe teve a coragem de me batizar, tava bêbada a coitada; rapais eu me enfezei, agarrei o pescoço do véio.

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Alfredinho (reforça a explicação de dona Cacal) __Precisou de três para tirá-la de cima do mardito. Dona Cacal (mostra sua irritação) __Foi então que me enfezei e abri mão da herança, saí de casa. Tião trololó (desconsolado) __E eu me estrepei todo nessa história. Alfredinho (explica empolgado) __Fomos expulsos de lá feito cachorro sarnento. Dona Cacal (irritada fala com Alfredinho) __Cale essa boca Alfredinho, ninguém te perguntou nada. Dona Cacal (mostra o dedo e explica) __Acredita que aquele beiço roxo foi enterrado com aquele dedão apontando pra mim. Tião trololó (pergunta dona Cacal) __E ele nunca desconfiou que a prima não fosse filha dele? Alfredinho (fala a Tião trololó) __Acredite, ela tem 20 anos mais que ele. Dona Cacal (pergunta a Alfredinho) __Resmungou o que aí hein Alfredinho?

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Dona Cacal (fala a Tião trololó) __Primo Tião como eu chorei naquele velório. Tião trololó (questiona prima Cacal) __Mas não entendo a prima, odiando o velho e chorando por ele. Dona Cacal (explica a Tião trololó) __Esqueceu primo que sou carpideira diplomada e registrada. Tião trololó (questiona prima Cacal) __Isso existe ainda? Alfredinho (conta uma história) __Num velório que vovó foi contratada para chorar, rolou o maior barraco, até o defunto foi parar na delegacia. Quando deram pela mancada, já haviam prendido o coitado e deixado o bêbado que aprontou toda a confusão estendido no caixão, o problema foi que o bebum se apaixonou pela vovó. Dona Cacal (irrita-se com Alfredinho) __Cale essa boca Alfredinho. A CAMPAINHA TOCA É O CARTEIRO TRAZENDO UM TELEGRAMA DA PRIMA MERCEDINHA.

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Tião trololó (assusta-se com o telegrama) __É um telegrama de prima Mercedinha, nem quero abrir, com certeza é outra querendo se esconder por aqui. Alfredinho (se propõe a ler o telegrama) __Deixa que eu leio Hum! Hum! Aqui ela diz que primo Dorico chega de simonésia amanhã, está doente e vai se tratar aqui em Manhuaçu. Tião trololó (faz cara de choro) __Estou perdido mesmo. Dona Cacal (expressão de idéia coloca o dedo na cabeça) __Me ascendeu aqui uma idéia. Alfredinho (faz cara de choro) __Eu tô perdido, quando ela tem essas idéias, sou eu que entro pelo cano. Dona Cacal (chama Alfredinho aos gritos) __Alfredinhoooo, estou pensando numa coisa. Alfredinho (fica temeroso) __Esse é o problema, quando ela pensa, as coisas começam a deixar de ser pensadas. Dona Cacal (explica seu plano) __O primo Dorico é podre de rico, dono de Simonésia inteira, mas nunca se casou, o velho é um traste, não apareceu candidata disposta a

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enfrentar aquele beiço moído, eu tive uma idéia, você vai se vestir de mulher e encarar a coisa horrível, nós vamos tirar uma grana daquele muquirana safado. Alfredinho (desconsolado) __Sempre sobra pra mim.

TODOS SAEM DE CENA

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PARTE II

TODOS VOLTAM A SALA Tião trololó (se assusta com a vestimenta de Alfredinho) __Que isso Alfredinho, ta doido rapaz? Alfredinho (resignado responde a Tião Trololó) __Acho que quem enlouqueceu aqui não foi eu não. Dona Cacal (Debocha de Alfredinho) __Mas o vestido lhe caiu muito bem, olha que beleza de pretendente em primo? Tião Trololó (fala com autoridade) __E não é, ajeitem-se que primo Dorico já deve ta chegando. DONA CACAL TOMA UMA TALAGADA DA BABA DE JILÓ “ESTICACARA.” Dona Cacal (faz caretas e roda feito uma pomba gira) __ Ram! Ram! Ram! Cunta cuntê, cantô, saravá, hum! Hum! Tião Trololó (se assusta com dona Cacal) __Baixô de novo a pomba gira, só pode tá possuída a prima.

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BLIM BLOM A CAMPAINHA TOCA, É PRIMO DORICO ACOMPANHADO DE ENFERMEIROS.

Alfredinho (se assusta com primo Dorico) __Cruzes, o homem é mais meio metro de feio gente. Dona Cacal (zanga com Alfredinho) __Cale-se Alfredinho, pois é esse traste que vai nos tirar o pé da lama. Tião Trololó (fala com delicadeza) __Preocupa não prima, o véi é surdinho da silva; vamos entrando rapazes, coloquem primo Dorico no sofá que nós cuidaremos dele. Alfredinho (fala com a mão no nariz) __Hum, e como fede essa porcaria desse véi gente. Tião Trololó (pergunta com inocência) __Primo há quanto tempo naum te vejo, como tá a saúde meu querido? Primo Dórico (fala irritado) __Seu puxa saco de uma figa, vocês querem que eu morra pra ficar com toda minha herança, vagabundos.

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Alfredinho (responde com ironia) __Pior que é. Tião Trololó (fala quase chorando) __Que isso primo, te recebo em minha casa e me trata desse jeito. Primo Dorico (fala triunfante) __Que casa! Que casa ooo trololó, essa casa é minha, deixo vc morar aqui por prazer de te humilhar. Tião Trololó (fala humilhado) __Ui! Cabô comigo, quem é o próximo da fila? Dona cacal (fala com ironia) __Primo, quanto tempo, tá cada vez melhor hein! Primo Dorico (cara de surpresa fala debochando) __E essa véia doida aí, quem é Trololó? Não quero saber de vc ficar recebendo andarilhos na minha casa hein. Bando de sem tetos vagabundos; pilantras dos infernos. Dona Cacal (fala irritada) __Dou uma porrada nesse véio aqui hein! Tião Trololó (pede calma a dona Cacal) __Calma prima, o velho muquirana é um estropício assim mesmo, esqueceu da bolada é? Há! Há! Há!

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Primo Dorico (pergunta a Tião Trololó fazendo caras e bocas pra Alfredinho disfarçado de Mundinha) __E essa fofura aí, quem é seu bicheiro de uma figa? Dona Cacal (interroga irritada e gritando) __Minha neta Mundinha, por que quer saber? Primo Dorico (responde com doçura) __É uma delícia...digo, gracinha essa sua neta viu. Tião Trololó (cochicha no ouvido de Alfredinho) __O velho caiu, depena, tira tudo que puder desse traste, hein, oh! Alfredinho.. Primo Dorico (pede uma baba de jiló pra Tião trololó) __Primo pobre e bicheiro, olhem só os tipinhos que tenho como parentes, tem aí aquela quenta guela? A baba de jiló “esticacara”? Tião Trololó (adverte a primo Dorico sobre beber estando doente) __Tenho, mas pra vc que ta doente, é melhor num toma nada hein primo. Primo Dorico (irritado) __Cale essa boca e me traz logo homem que eu quero parecer mais jovem para Mundinha.

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Dona Cacal (debocha de primo Dorico) __Nem se tomar uma lagoa lotada de baba de jiló vai conseguir parecer mais jovem essa peste. Tião Trololó (comenta com Alfredinho) __É Alfredinho, o velho ta fervendo, o bicho vai pegar meu fi! Dona Cacal (comenta sobre primo Dorico) __O velho bundão vai se esbaldar. Alfredinho (engasga) __Ram! Ram! Ram! Dona Cacal (enche Alfredinho de tapas nas costas) __É só dá um tapa na cacunda dela que ela se ajeita. Tião Trololó (pede calma a Dona Cacal) __Calma prima, num mata ainda nossa esperança de arrancar algum desse mardito. Alfredinho (reclama) __Pelo amor de Deus gente, ela ainda me mata aqui sô. Dona Cacal (convida Tião Trololó para saírem) __Vamo cair fora primo.

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Dorico (se insinua cheio de beiços) __Então querida, eu tenho muito dinheiro sabe, e muita quentura, ai que ta fervendo. Alfredinho (dá gritinhos de arrepio) __Ui! Olha essa mão boba hein! Primo Dorico (insiste cheio de beiços) __Venha lindinha, dá uma bitoca vai. Alfredinho (dá tapinhas na mão de primo Dorico) __Ui! Ai! É Mundinha tá. Primo Dorico (fazendo beiçinho pergunta) __Como é fofura, quer ficar rica é? Alfredinho (ri e dá gritinhos de arrepio) __E quem não quer, até os políticos querem, imagina eu, não é mesmo lindinho, Há! Há! Há!, ui!, Olha essa mão seu feroz. Primo Dorico (faz beicinho) __Hei docinho, então, chega mais amor da minha vida. Alfredinho (faz cara de nojo) __Cruzes como fede essa porcaria desse véio. Parece que já morreu essa desgraça.

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Primo Dorico (se oferece a Mundinha (Alfredinho)) __Como é, a garrucha ta armada. Alfredinho (da gritinhos e fala a primo Dorico) __Ui! Para! Para! Seu safadinho, eu vou precisar de dinheiro pro enxoval né. Primo Dorico (fala pra Alfredinho) __É claro que eu vou lhe dar tudo meu amor, peça o que quiser e eu te darei. Dona Cacal grita mostrando para Alfredinho que ele deve pedir dinheiro. Dona Cacal (sussurra para Alfredinho) __Pede ele pra assinar um cheque em branco seu idiota. Alfredinho (da gritinhos e fala pra primo Dorico) __Ai! Ui! Olha essa mão boba docinho, é só me dá um cheque em branco seu idiota que providencio tudo amor. Dona Cacal (irritada faz gestos de bater em Alfredinho) __Idiota é você! Eu mato o Alfredinho. Primo Dorico (fala pra Alfredinho) __Isso mesmo flor da minha vida, pegue minha carteira ali que assino o cheque imediatamente.

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Alfredinho (da gritinhos e fala pra primo Dorico) __Pois aqui está docinho, ui! Ai! Larga! Ui! Primo Dorico (com o cheque na mão tem um ataque, levanta e com os olhos esbugalhados, engasga e roda feito pomba gira cai no sofá desmaiado). __Ram! Ram! Ram! Heita! Cunta cuntê, cantô, saravá, hum! Hum! Alfredinho (se assusta e grita) __Cruzes!!! Acode gente que um sprito da vovó, pegô o véio de jeito; misericórdia, meu pai do céu. DONA CACAL AGARRA O PESCOÇO DE PRIMO DORICO Dona Cacal (enforca primo Dorico e diz) __Assina o cheque seu mardito. Tião Trololó (grita e tira prima Cacal de cima de primo Dorico) __Larga o pescoço do véio prima, vai matá nossa esperança de tirar o pé da lama. Alfredinho (Alfredinho implora) __Assina docinho.

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Dona Cacal (fala irritada para Alfredinho) __Larga de ser besta Alfredinho, não vê que essa múmia foi pras cucuia criatura. Tião Trololó (se desespera) __Gente o véi morreu, o véi morreu e agora, tá tudo lascado. É cadeia na certa. Alfredinho (chora) __Ai! Gente morreu meu docinho. TIÃO TROLOLÓ SEGURA PRIMA CACAL Dona Cacal (se desespera) __Segura eu, segura eu gente, se não mando Alfredinho junto pras cucuia com esse véio. Tião Trololó (põe a mão na cabeça preocupado) __E agora, como vamos contar para prima Mercedinha que primo Dorico morreu; É cadeia na certa, ela vai achar que a gente matou esse véio. Dona Cacal (indignada) __Rapaiz, eu lá quero saber de Mercedinha homem, o véio pacotô sem assinar o mardito cheque. Tião Trololó (critica Alfredinho) __Também com o fogo que Mundinha deixou ele.

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Alfredinho (indignado) __Pronto, agora a culpa pela morte do bode véio é minha. Dona Cacal (comenta resoluta) __Carma, carma, agora a gente tem que dá um jeito de fazer a herança do bode véio vir parar na nossa mão. PRIMA MERCEDINHA (CEGETA) CHEGA DE UMA HORA PARA OUTRA E ELES PASSAM O MAIOR SUFOCO PARA ESCONDER O CORPO DE PRIMO DORICO. BLIM BLOM Tião Trololó (se assusta quando vê prima Mercedinha) __Ham! É prima Mercedinha, e agora, fedeu tudo. Dona Cacal (dona Cacal tapa o nariz e diz) __Fedeu foi o bode véio aí; essa desgraça não tomava banho não? Alfredinho (se desespera) __Vamos jogar um lençol em cima dele. Dona cacal (surpresa com Alfredinho) __Não acredito, enfim saiu alguma coisa de útil dessa cabeça de jumento.

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Mercedinha (procura por primo Dorico) __Primo Dorico, você está aí na casa de primo Tião, fale comigo. Alfredinho (ironiza) __Esse daí? Num fala mais não minha filha, morreu. Dona Cacal (dá cascudos em Alfredinho) __Cale essa boca Alfredinho. Mercedinha (continua a gritar por primo Dorico) __Alguém em casa? Tião Trololó (grita pra prima Mercedinha) __Já vou prima abrir a porta. Mercedinha (pergunta a chapeleira por primo Dorico) __Então primo Tião, onde está primo Dorico? Tião Trololó (rir ironicamente e pergunta a prima Mercedinha) __Estou aqui prima, a desgraça da velha é cega... Há! Haaaaaaaa! Primo Dorico é? Mercedinha (pergunta) __Sim, primo Dorico, ele veio pra cá, para se tratar. Tião trololó (gaguejando diz) __É, é, pois então, ele foi ao médico.

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Mercedinha (pergunta) __Primo Tião, você, envolvido com travestis, nunca imaginei. Dona Cacal (irritada com Mercedinha) __Arrebento a cara dessa véia, ela vai ver o travesti que vai sair daqui. Alfredinho (cara de choro) __Viu, a culpa é de vocês. Tião trololó (informa) __Gente, dá um desconto, a véia é cegeta. Dona Cacal (irrita-se com Alfredinho) __Cale essa boca Alfredinho; mas então prima, que traz você aqui? Mercedinha (informa a Tião Trololó) __Primo Dorico esqueceu alguns documentos em casa, vim trazer... Tião Trololó (sorriso e expressão preocupa) __Então deixe eles aí prima e muito obrigado, nós entregamos tudo a ele. Mercedinha (Põe a mão no nariz e faz cara feia) __Que cheiro extranho, tem coisa fedendo aqui. Alfredinho (responde inocentemente) __EEEE se tem.

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Dona Cacal (irrita-se) __Cale essa boca Alfredinho. Mercedinha (deduz com a mão no nariz) __Parece cabelo queimado. Alfredinho (atrapalhado, deixa escapar a informação) __É o defunto, aquela criatura tava que tava. Mercedinha (pergunta) __Que defunto? Tião Trololó (responde constrangido a Mercedinha) __É o meu bode Dãofredo, coitado dele, morreu com a bunda queimada, por isso essa catinga de cabelo e bosta queimada. Dona Cacal (põe a mão no nariz e diz __E gente esse véi cagô na carça. Alfredinho (engasga) __Ram! Ram! Ram! Dona Cacal (dá tapas nas costas de Alfredinho) __É só dá um tapa na cacunda dele, que ele se ajeita. Alfredinho (reclama tossindo) __Ainda vão me matar nessa história gente.

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Mercedinha (indignada revela) __Cruz credo, parece aqueles peido alemão que meu finado tio Noronha soltava na sala de casa. Coisa triste era tio Noronha queimando os peido alemão viu. Dona Cacal (debocha) __Também com o fogo que o bode velho tava só poderia dar nisso mesmo. Mercedinha (fala surpresa) __Que triste primo, não sabia que você tinha um bode de estimação; por isso era solteiro né? Bem, estou cansada da viagem, Simonésia é looonge vou me sentar... Tião Trololó (grita apavorado) __Não prima, aqui não, é que dãofredo está aí sabe. Mercedinha (com a mão no nariz revela) __Hum! Então por isso esse fedor, digo esse cheiro né. Tião Trololó (chora e fala) __Como eu gostava de dãofredo, aquilo é que era pessoa amiga. Mercedinha (pergunta surpresa e aponta o dedo para o defunto) __O bode, era pessoa amiga?

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Dona Cacal (belisca Tião Trololó e ri) __Maneira carinhosa que primo Tião tinha de falar de dãofredo não é primo? Haaaa!!! Tião Trololó (chora e passa a mão no braço) __Ela belisca que é uma beleza... E num é, que dor meu Deus, que dor, Dãofredo se foi pra nunca mais voltar, ai como dói. Alfredinho (pergunta preocupado) __Ainda não foi não, quero ver como vamos nos livrar dessa desgraça aí. Mercedinha (fica com uma pulga atrás da orelha) __Vou descansar um pouco no quarto, quando primo Dorico chegar me chamem, o cheiro aqui está insuportável. Dona Cacal (pergunta Tião Trololó) __Da onde saiu esse Dãofredo em primo? Tião Trololó (responde preocupado) __Sei lá prima, sei lá, vamos raciocinar que a coisa é séria. Alfredinho (se desespera) __A gente ta perdido, além de morto, fedido, o bode velho ta aqui, bem na sala, prima Mercedinha pode desconfiar.

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Dona Cacal (reprime Alfredinho) __Pare de fricotes Alfredinho, até parece que não me conhece, eu sempre tenho que limpar a sujeira toda mesmo. Alfredinho (revela indignado) __Claro, a senhora é que arrumou esse entulho todo aí. Tião Trololó (propõe esconder o Primo Dorico no guarda-roupa brocado que ele vendera para o topa tudo) __Vamos esconder o velho no guarda-roupa brocado que eu vendi para o topa tudo, eles ficaram de pegar essa tralha velha hoje, vamos, pegue logo Alfredinho as pernas do traste. Alfredinho (reclama) __Ai! Tudo eu, tudo eu, agora tenho que agüentar o catingão. Dona Cacal (autoritária) __Pare de resmungas menino e ande logo. MERCEDINHA VOLTA ATÉ A SALA PROCURANDO SUA BOLSA, ELES SE ASSUSTAM E JOGAM O CORPO DE PRIMO DORICO ATRÁS DO SOFÁ. Mercedinha (pergunta a Tião Trololó) __Primo Tião você viu onde eu coloquei minha bolsa?

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Tião Trololó (se assusta) _Agora sujô, lá vem ela, o que a gente faz Alfredinho? Alfredinho (se desespera) __Eu é que vou saber ai! Meu pai acode nóis. Dona Cacal (impacienta-se) __Joga o traste atrás do sofá, joga logo Alfredinho, que criatura imprestável. Tião Trololó (grita disfarçando o nervosismo) __Haaaaa! Esqueceu sua bolsa prima? Mercedinha (pergunta) __Sim, algum problema? Tião Trololó (chorando responde) __Não prima, só me acabando de tristeza mesmo. Mercedinha (dá instruções e consola Tião Trololó) __É, então me avisa quando Primo Dorico chegar está bem? Há, tome esse dinheiro primo, é para ajudar nas despesas com a morte da desgraça do bode aí, quero dizer a desgraça da morte do bode né.

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Dona Cacal (se adianta e pega o dinheiro de Mercedinha) __Eu fico com o dinheiro, sou carpideira diplomada e registrada, você vai precisar dos meus serviços chorosos de defunteira. Tião Trololó (propõe colocar o corpo de primo Dórico no guarda-roupa que está na sala e fora vendido para um topa tudo) __Acho melhor a gente colocar logo o traste velho no guarda-roupa. Alfredinho (tenta propor) __Eu acho... Dona Cacal (irritada, manda Alfredinho calar) __Cale-se Alfredinho, você não acha e nunca vai achar nada. Tião Trololó (quer se livrar de vez do corpo de primo Dorico) __Vamos logo, Mercedinha se descobre o bode velho morto aqui, a gente ta no olho da rua.

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PARTE III

Alfredinho (reclama do braço de primo Dorico) __Cruzes o braço do véio não abaxa nem por reza brava. Dona Cacal é arremessada longe pelo movimento do braço de primo Dorico e cai rodopiando Dona Cacal (faz caretas e solta puns com a força que põe pra baixar o braço de primo Dorico) __Segura firme Alfredinho que eu empurro o traste guarda-roupa adentro. Tião Trololó (se assusta com a cena) __Nossa, prima Cacal você está bem? Alfredinho (com os dedos no nariz) __Humm, a coisa já tava ruim, piorou gente. Dona Cacal (ironiza primo Tião Trololó) __O que acha primo depois de entrar em luta corporal com o defunto. DONA CACAL TOMA UMA TALAGADA DA BABA DE JILÓ E CONSEGUE ABAIXAR O BRAÇO DE PRIMO DORICO, MAS FICA PRESA NO GUARDA-ROUPA COM ELE

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Dona Cacal (faz careta e roda feito pomba gira) __Ram! Ram! Ram! Cunta cuntê, cantô, saravá, Hum! Hum! __Agora vamos ver se essa peste não desse, eu seguro o braço do traste e vocês fechem o guarda-roupa... Alfredinho (reflete sobre as caretas da avó) __As caretas dela é que me metem medo. Tião Trololó (diz a Alfredinho) __Só estando possuída mesmo. Dona Cacal (irrita-se presa dentro do guarda-roupa com o corpo de primo Dorico) __Opa! Eu quero ficar do lado de fora, seria possível abrir a porta do guarda-roupa para que eu possa sair? Alfredinho (pergunta sério a avó) __Pensei que a senhora queria ficar por lá de uma vez. Dona Cacal (irritada com o neto) __Venha aqui Alfredinho para eu te dar uma porrada. Tião trololó (se apressa em fechar novamente o guarda-roupa) __Saia prima o braço abaixou vamos aproveitar.

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Alfredinho (vê o braço de primo Dorico levantado e preocupa-se) __É, olha bem se não tem mais nada pra cima. Tião Trololó (não se conforma) __Era só o que faltava. Dona Cacal (irrita-se e ameaça o defunto) __Ah! É, pois ele mexeu com a pessoa errada, vamô vê se esse braço não desce, pega o facão Alfredinho, vamos cortar tudo que tiver pra cima agora. Tião Trololó (se surpreende) __Abaixou prima, você tem experiência com defunto mesmo hein! Alfredinho (diz a Tião Trololó) __E como tem, ela é carpideira diplomada e registrada. MERCEDINHA CHEGA E PERGUNTA POR PRIMO DORICO Mercedinha (pergunta a Tião Trololó) __Quando é que primo Dorico disse que chegava do médico mesmo? Tião Trololó (mostra a garganta) __Prima, eu preciso lhe dizer a verdade, ta engasgada aqui.

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Dona Cacal (ameaça Tião Trololó) __Engasgado vai ficar se falar alguma coisa. Tião Trololó (insiste e conta uma história) __Eu tenho que dizer a verdade, primo Dorico fugiu com um travesti, ele vestiu-se de moçoila, soltou a franga e se mandou com o cara. Mercedinha (da um ataque) __Ai! Ai! Dói-me os ossos, gente que me dói tudo, roda tudo, ui! Alfredinho (informa) __Deve ser dengue, ta cheio de mosquito por aí, uma coisa horrorosa sabe... Dona Cacal (grita pra Alfredinho) __Cale-se Alfredinho e Segura que a véia vai a pique. Alfredinho (segura prima Mercedinha e ironiza) __Só há um consolo, ele ficou maravilhosamente, Mara... Gente. Dona Cacal (irrita-se com Alfredinho) __Cale essa boca Alfredinho, ninguém pediu sua opinião sobre os trajes de primo Dorico. Mercedinha (informa a todos) __Tenho que ir para casa tomar algumas providências.

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Dona Cacal (questiona e pergunta) __Nossa, ficou boa rápido. E a herança do véio vai pra quem prima? Mercedinha (pergunta) __Como, que herança? Tião Trololó (refaz a pergunta) __A herança de primo Dorico, com quem fica agora? Mercedinha (informa surpresa) __Com ninguém, pelo que me consta ele não morreu, só desapareceu, aliás, nem testamento primo Dorico fez ainda. Adeus para vocês seus mortos de fome. Alfredinho (pergunta a prima Mercedinha ironizando) __Tem certeza mesmo que ele não morreu? Dona Cacal (repreende Alfredinho) __Haaaaaa! Alfredinho tem cada uma, cale-se Alfredinho e não se intrometa. DONA CACAL TEM MAIS UMA MIRABOLANTE IDÉIA E FAZ UM TESTAMENTO FALSO DE PRIMO DORICO DEIXANDO PARTE DA HERANÇA DELE PARA ELA, CONVENCENDO PRIMA MERCEDINHA DE QUE PRIMO DORICO

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MORREU AFOGADO NUMA PRAIA DE NUDISMO Alfredinho (se desespera) __Ai! Lá vem confusão. Tião Trololó (fica ansioso) __Fala logo prima. Dona Cacal (expõe seu plano) __Vamos fazer um testamento passando a fortuna do bode velho pra mim, vamos dizer a prima Mercedinha que ele morreu afogado numa praia de nudismo. Tião Trololó (surpreso) __Será que aquela velha cai nessa história. Dona Cacal (ar autoritário) __Alfredinho troque essa roupa, vista aquele terno que você ganhou quando trabalhamos para a funerária morra logo, você vai ser o advogado do bode velho e vai abrir o testamento na frente de prima Mercedinha. Alfredinho (reclama e faz cara de choro) __Sobra sempre à pior parte pra mim. MERCEDINHA CHEGA À CASA DE TIÃO TROLOLÓ

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Mercedinha (cara de surpresa cumprimenta o pedestal) __Vim o mais rápido que pude primo Tião, quando prima Cacal disse que primo Dorico tinha morrido afogado na praia de nudismo, quase desmaiei de susto, como isso foi acontecer, por que ninguém o salvou? Tião Trololó (irrita-se) __Eu agüento uma coisa dessas, confundido com esse pedestal magrelo. Dona Cacal (informa) __Dizem que ninguém percebeu que ele tava se afogando, acharam que era um pneu velho que tava a deriva. Mercedinha (pergunta) __E esse senhor quem é? Tião Trololó (relata) __Deixe que eu lhe apresente prima, esse é o Sr. Antunes Cúspides advogado de primo Dorico, ele estava a sua espera para abrir o testamento. Alfredinho (imponente) __Por favor, queiram se sentar. Mercedinha (fica surpresa) __O advogado de primo Dorico era outro.

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Alfredinho (informa a prima Mercedinha) __Ele me contratou quando fugiu com o travesti para a praia de nudismo, queria que sua fortuna ficasse com seu amante, mas teve uma decepção, flagrou o amante com um tal de Dãofredo; me chamou e fez o testamento, pediu que eu abrisse em sua presença e se atirou no mar o coitado; e tenho dito. Dona Cacal (irritada com Alfredinho) __Tinha outro nome pra arrumar não seu idiota. Mercedinha (cara de surpresa) __Com o bode de primo Tião Trololó, como é isso? Tião Trololó (reforça) __Não é bem assim. Dona Cacal (reforça) __Que história hein. Mercedinha (irritada, exige a abertura do testamento) __Abra logo então esse testamento. Alfredinho (relata detalhadamente o testamento) __Bem, aqui ele afirma com todas as letras que a pessoa que o consolou nos últimos dias de sua vida foi sua queridíssima prima vovó Cacal, e deixa pra ela metade de tudo que juntou em sua longa e maravilhosa vida.

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PRIMA CACAL CHORA EMOCIONADA Dona Cacal (em lágrimas, soa o nariz na roupa de Tião Trololó) __Que alma caridosa tinha primo Dorico Mercedinha (revolta-se com o testamento) __Mas isso é absurdo, ele jamais deixaria um centavo se quer para prima Cacal, e pra mim, quanto foi a bolada? Alfredinho (olhar de surpresa) __Aqui diz que a outra parte da fortuna fica com Dãofredo. Mercedinha (olhar de surpresa) __Quem é esse Dãofredo afinal de contas, ele é bode, ele é gente, ele é o amante do amante? Alfredinho (responde perplexo) __Cruzes gente, eu me perdi na história, não sei quem é Dãofredo mais. Dona Cacal (emocionada) __Coitadinho se lembrou de mim, deve ser pelos bons conselhos que lhe dei antes dele partir com o travesti, me falou do amante, mas eu lhe desaconselhei, alma boa tinha primo Dorico.

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Mercedinha (fica irada) __Que mentirada é essa, esse testamento é falso, primo Dorico jamais faria isso comigo, eu cuidei dele a vida toda, isso é impossível, só pode ser um pesadelo. Dona Cacal (ar de credulidade) __Precisa se conformar prima, são coisas da vida conjugal. Mercedinha (protesta) __A fortuna do bode velho é minha, só minha, pensam que poderiam me aplicar um golpe, haaaa! Eu sou mais esperta, aqui está o bode velho, vou embora, não estou me sentindo bem. Tião Trololó (pergunta) __E quanto ao corpo de primo Dorico, o que fazemos com ele? Mercedinha (pergunta surpresa) __E como o corpo veio parar aqui? Alfredinho (responde a prima Mercedinha) __Veio boiando, subiu o rio e se agarrou em uma galhada lá no fundo do quintal, ufa! Me surpreendi com minha capacidade intelectual. Dona Cacal (debocha de Alfredinho) __Quanta inteligência tem esse menino viu.

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Mercedinha (responde indignada) __Coloquem o corpo na porta do cemitério de madrugada, com certeza quando baixar os urubus eles enterram a desgraça. Alfredinho (diz a prima Mercedinha) __Espera, dona Cacal é carpideira diplomada e registrada, não vai querer que ela chore o defunto? Mercedinha (indignada) __Era só o que me faltava, tentam me aplicar um golpe e querem que eu contrate prima Cacal pra chorar o traste, aliás, onde ela se meteu? DONA CACAL SE DISFARÇA DE VIDENTE E TENTA APLICAR MAIS UM GOLPE EM MERCEDINHA BLIM BLOM Tião Trololó (pergunta preocupado) __Quem será agora meu Deus? __Pois não o que a senhora deseja? Dona Cacal (gritando) __Sou eu primo, abre logo essa porta. Mercedinha (ar de surpresa olha para prima Cacal) __Mais um travesti primo, bem que minha finada mãe dizia, não se mistura com a banda de lá dos

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parentes, eles não são de confiança, e num é que é mesmo? Dona Cacal (vestida de vidente se apresenta) __Sou Mundinha, a vidente, e vim aqui a pedido de primo Dorico. Alfredinho (pergunta curioso) __Ele mandou uma mensagem do além é? Tião trololó (sente arrepios) __Cruzes, deu até calafrios aqui, senti na espinha. Mercedinha (irritada pergunta a falsa vidente) __Desembucha logo, qual o recado do traste velho. Dona Cacal (voz rouca e olhos revirados diz) __Primo Dorico, huuummm, ele quer falar hummmmm com vocês. Mercedinha (tapa o nariz e tosse) __É necessário mesmo jogar essa fumaça na gente, ham, ham. Dona Cacal (diz firmemente) __A fumaça purifica os espíritos dos mortos que já morreram. Alfredinho (faz cara de nojo) __Cruzes, que bafo de onça tem essa vidente em Tião; engraçado, eu conheço esse bafo. Mas a

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senhora precisa esperar dona Cacal, ela tem interesse nessa história. Dona Cacal (irritada com Alfredinho) __Cale essa boca e deixe primo Dorico baixar. Alfredinho (surpreso com a vidente) __Nossa! Parece até que é a vovó. Tião Trololó (pergunta a falsa vidente) __É você que ta aí primo Dorico? Dona Cacal (responde convicta) __É claro que sou, ou acha que é o corno do seu pai? Tião Trololó (surpreso pergunta para si mesmo) __Como ele sabia que meu pai era corno? Mercedinha (pergunta em dúvida a falsa vidente) __É você mesmo primo Dorico que está aí? Dona Cacal (afirma para todos) __Querem que eu prove que sou eu? Alfredinho (convicto) __Eu tenho certeza que é ele, o cheiro de bode velho é o mesmo. Dona Cacal (ameaça Alfredinho) __Eu te pego depois Alfredinho, deixe estar.

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Mercedinha (pergunta preocupada a falsa vidente) __O que você quer da gente primo querido? Dona Cacal (de olhos revirados faz uma roda entre todos) __Dêem as mãos, não quebrem a corrente; Mercedinha minha querida, de tantos anos de fidelidade, eu sei, você me odiava né, por isso, dei parte de minha fortuna para prima Cacal, quero que dê a ela o que for de direito. Mercedinha (de arma em punho, ameaça) __Que isso seu traste velho e imundo, eu passei minha vida cuidando de você, agüentei resmungos, seu bafo de jibóia, choradeiras, tive que suportar essa sua cara de hiena sem graça e agora na hora de desfrutar a sua grana, vou ter que dividir com prima Cacal, isso nunca seu desgraçado. Tião Trololó (apavorado diz a prima Mercedinha) __Abaixe essa arma prima, cuidado com isso. Dona Cacal (assustada) __Fedeu, olha os direitos de prima Cacal hein. Mercedinha (irritada aponta a arma para prima Cacal, a falsa vidente) __Venha seu velho carcamano, lhe prego um balaço, aí vai ver direito de quem, sai daí seu traste velho, não se esconda.

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Dona Cacal (afirma) __Não pode me matar, já estou morto. Mercedinha (se agarra ao pedestal) __É, quer experimentar, posso lhe mandar de vez pro inferno. Alfredinho (apavora-se) __Gente, acode, ela vai matar o pedestal de Tião. Dona Cacal (irrita-se) __Cale essa boca Alfredinho. __Oia, vira isso pra lá. Alfredinho (desesperado chora) __Eu não, eu não. Tião Trololó (se esparrama pelo sofá) __Vou desmaiar. Dona Cacal (oferece) __Cinco por cento para prima Cacal e não se fala mais nisso. Mercedinha (afirma) __Nenhum centavo e eu acabo com você. Dona Cacal (sai correndo) __Quer saber de uma coisa, vou dar no pé.

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Mercedinha (ameaça a todos e o pedestal) __Ninguém sai daqui, todo mundo com as mãos pra cima; olha só, metade da fortuna para prima Cacal, isso nunca. (olha para o pedestal), você também, mãos para o alto. Dona Cacal (vira o olho e rebola) __Hummmm! Hummm! Cunta cuntê, cantô, Balalê! Hummm! Balalê!, Foi se embora o traste véio. Tião Trololó (tranqüilo afirma) __Até que enfim se foi. Dona Cacal (propõe) __Alguém quer que eu leie a mão? Mercedinha (ameaça a falsa vidente) __Vá embora antes que eu perca minha paciência, onde se meteu prima Cacal? Tião Trololó (responde) __Quem é que sabe né. Alfredinho (preocupado) __Numa hora dessas ela se escafede. Mercedinha (debocha) __Adeus e que se danem todos. Alfredinho (afirma chorando) __Agora fedeu mesmo, sem dinheiro e com o bode velho aqui na sala.

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Dona Cacal (pergunta preocupada e com uma bandeira branca na mão) __A galinha choca se foi? Tião trololó (responde aliviado) __Já se escafedeu prima. Alfredinho (responde chorando) __Foi e nos deixou na miséria, onde você tava vó pra nos ajudar? Dona Cacal (responde irritada) __Cale-se Alfredinho, e a vidente, quem você acha que era menino? Alfredinho (surpreso) __Olha, bem que eu tava desconfiado mesmo, o bafo não me era extranho. Tião Trololó (irritado) __Eu tentei avisar você quem era a vidente. Alfredinho (chorando) __E agora, o que agente faz com o bode velho? Dona Cacal (afirma) __Quer que eu diga, ta na ponta da língua; vou tirar essa roupa ridícula, a calçola ta apertando minha bunda... Ai! Ai! Ai! Alfredinho (engasga) __Raaaaaa! Raaaaaa!

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Tião Trololó (se aborrece) __Já estava demorando. Dona Cacal (enche Alfredinho de tapas) __É só da um tampa na cacunda dele, que ele se ajeita. TIA CAPULETA LIGA PARA SEU AFILHADO DA PESADA CENDERO LA BOMBA QUE CHEGA ATRÁS DAS JÓIAS DE PRIMO DORICO. BLIM BLOM Tião Trololó (assustado) __ Que isso meu pai do céu? Dona Cacal (propõe) __É assalto, leve a carteira de tião que na minha só tem conta pra pagar. Alfredinho (cai esticado no chão) __Eu vou desmaiar. Dona Cacal (sai correndo) __Eu vou dá no pé. Cendero La bomba (grita) __Isso é um assalto, eu sou Cendero La Bomba, o mais sangrento bandido das região, mãos pra riba; onde estão as jóias do velho Dorico, que morreu travesti afogado.

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Tião Trololó (pergunta) __Alguém entendeu alguma coisa? Dona Cacal (pergunta) __Criatura ridícula é essa? Alfredinho (pergunta irônico) __Quem acendeu o busca pé? Dona Cacal (debocha e pergunta) __Jóias, quem falou em jóias? Cendero La bomba (irrita-se) __Vamos calar a boca, eu quero saber onde estão as jóias que estavam em poder do véio morto em questão, quem começa a falar? O bicheiro vai falar! Tião Trololó (assustado afirma) __Que isso moço, o defunto é de prima Cacal Dona Cacal (pergunta ironizando) __Que nada, a casa é dele, então, de quem é o defunto? Cendero La Bomba (ordena e se apresenta) __Calem-se, meu nome é Cendero La Bomba, eu vou dá tiro aqui hein, cadê as jóia do véio. Alfredinho (preocupado) __Daqui a pouco sobra pra mim ser dono do defunto também.

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Cendero La Bomba (pergunta a Alfredinho) __E você não diz nada? Alfredinho (responde) __Tenho texto não gente. Cendero La Bomba (pergunta a Alfredinho) __Onde ta o defunto? Alfredinho (responde inocentemente) __E menino, deu um trabalho muído, precisava ver... Dona Cacal (irritada com Alfredinho) __Cale essa boca Alfredinho. BLIM BLOM Policial (grita) __Polícia, abram a porta. Cendero La Bomba (apavorado) __Nossa, me escondam ou morre todo mundo. Dona Cacal (debocha) __ Tremeu nas base hein seu porcaria. Alfredinho (indica a Cendero La Bomba) __Esconda-se no guarda-roupa. DONA CACAL TEM UMA IDÉIA

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Dona Cacal (ordena a Alfredinho) __Vá ao quarto e pegue o caixão debaixo de minha cama, a única herança deixada por aquele traste meu finado marido. Tião Trololó (em dúvida pergunta) __Como a prima entrou com esse caixão aqui que nem vi? O defunto não veio junto não né? Dona Cacal (conta a história) __Pouco importa, o negócio é que quando eu estava sozinha no cemitério com o traste arranquei o mesmo de dentro do confortável terno de madeira e jóquei a mala véia na cova, então eu disse: o caixão eu vou vender seu safado ou pensa que vai me deixar na miséria, àquele sem vergonha do meu finado marido. Tião Trololó (abismado diz) __A prima é mesmo possuída. Dona Cacal (ordena Alfredinho para entrar no caixão) __Entre logo no caixão Alfredinho, vamos dizer à polícia que você morreu, ele vai cair nessa e logo nos deixa em paz. Alfredinho (questiona chorando) __Por que eu, tudo eu, tudo eu... Policial (gritando) __Abram a porta ou vou arrombar.

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Dona Cacal (ordena a Alfredinho) __Cale-se Alfredinho e anda logo. TIÃO TROLOLÓ ABRE A PORTA Policial (informa) __Recebemos uma denúncia de que acontece uma festa de arromba aqui. Tião Trololó (responde e mostra Alfredinho no caixão) __Festas, aqui! Nunca, temos é um velório senhor, veja que triste, era tão bom nosso Alfredinho. Tião Trololó (chora) __Perdoe-me Policial é que estamos todos emocionados, grande perda, grande perda, o senhor não imagina. Dona Cacal (chora dramaticamente) __Aiiii! Quanta tristeza era sim um anjo de bondade esse Alfredinho, que caráter meu Deus, chegava cedo em casa, às vezes bêbado, mas o leitinho das crianças nunca deixou faltar. (Dona Cacal soa o nariz em cima do Policial). Policial (assustado) __Perdõe-me, eu vou embora, não tem nada demais aqui, desculpem o incômodo.

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Dona Cacal (irritada) __Alfredinho pare de rir seu desgraçado. Alfredinho (rir sem parar) __Essa estória do leitinho, foi demais pra mim. Tião Trololó (abismado) __O homem saiu daqui chorando coitado. Dona Cacal (surpresa) __E olha que não foi das minhas melhores atuações. Tião Trololó (ar de preocupado questiona) __Essa estória de perturbação do sossego, quem poderia ter inventado tal absurdo. Dona Cacal (preocupa-se) __Quero saber é como vamos nos livrar desses dois trastes dentro do guarda-roupa TIÃO TROLOLÓ E ALFREDINHO TIRAM O CAIXÃO DE CENA. Alfredinho (ar de cansado) __Ufa! Cansei. BLIM BLOM DONA CACAL ABRE A PORTA

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Tião Trololó (pergunta assustado) __Quem será o corajoso que vai abrir a porta? Dona Cacal (ironiza) __É a pata choca. Mercedinha (irritada procura pelo corpo de primo Dorico) __Onde está, onde está o desgraçado, deixa eu matar ele de novo, eu quero quebrar a cara dele. Tião Trololó (pergunta assustado) __Que foi que aconteceu prima? Dona Cacal (debocha) __Pelo jeito essa dançou também. Mercedinha (irritada) __Esse rato imundo acabou com toda a fortuna, estava na miséria, só deixou dívidas, eu mato de novo o traste. Alfredinho (aborrecido) __Eu desconfiei que esse bode velho não tinha nem onde cair morto. Tião Trololó (se irrita com primo Dorico) __E tinha que cair morto bem aqui o traste. Dona Cacal (tem mais uma mirabolante idéia) __Eu tive uma idéia para nos livrarmos de vez do bode velho.

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Alfredinho (informa preocupado) __Vai pintar sujeira. Tião Trololó (se assusta ao lembrar de Tia Capuleta) __Tia capuleta, que bagaceira, esqueci a velha no quartinho dos fundos, com certeza foi ela que mandou esse Cendero la bomba aqui. Dona Cacal (irritada) __Eu mato aquela velhota. TIÃO TROLOLÓ TRAZ TIA CAPULETA NA CADEIRA DE RODAS PARA A SALA Tia Capuleta (gritando irritada) __ Trololó, seu desgraçado, seu bicheiro de uma figa, onde você se meteu menino, eu te pago, e caro, como é, estou toda cagada, mijada, e querendo comer criatura. Tião Trololó (diz a tia Capuleta) __Tenha calma tia Capuleta; me paga uma miséria e ainda tenho que ouvir xingos e reclamações, que vida, que vida meu Deus, eu não mereço isso; meio salário pra cuidar dessa velha estúpida. Dona Cacal (irritada com tia Capuleta) __Foi você então tia capuleta que chamou seu afilhado Cendero la bomba?

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Tia Capuleta (confirma irritada) __Foi, e por um bom motivo, além de vocês darem festas numa casa onde tem pessoas doentes, me abandonaram aqui, entregue as moscas, isso é crime hein, abandono de incapaz, olha os direitos humanos. Dona Cacal (debocha de tia Capuleta) __A senhora, incapaz, tem mais saúde que Alfredinho. Alfredinho (chateado) __Sabia que ia acabar sobrando pra mim. Tia Capuleta (ameaça) __E tem mais, o dinheiro que vocês vão arrancar do defunto, quero minha parte pra ficar de boca fechada. Dona Cacal (irritada ameaça) __Um murro e fica fechada sem gastarmos um tostão. Tia Capuleta (reclama e ameaça) __Olha os direitos humanos hein! Eu chamo as autoridade. Alfredinho (pergunta a primo Tião Trololó) __Você agüenta isso primo?

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Tião Trololó (ar de desânimo responde) __Três anos que esse encosto ta aqui, fazer o que, preciso do dinheiro. Dona Cacal (propõe) __Acho que devíamos jogar a velha no guarda-roupa junto com o bode e o Cendero la bomba. Tião Trololó (pergunta incisivo) __Envolvida com marginal em tia Capuleta, esse tal Cendero La Bomba? Tia Capuleta (responde triunfante) __Eu tenho meus esquemas seus inúteis, conheço gente da pesada, haaaaaa! Mercedinha (propõe) __Temos que manter o corpo do bode velho aqui, antes que os credores descubram que ele morreu e interditem a mansão, tem muita coisa valiosa lá que poderemos vender num leilão aqui mesmo. Dona Cacal (se alegra) __Que idéia genial prima Mercedinha; Alfredinho tenho trabalho pra você. Alfredinho (desanimado) __E eu não sei que vamos nos meter em mais uma fria. Dona Cacal (tem uma idéia) __Sei o que vamos fazer para arrecadar uma grana.

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Dona Cacal (ordena a tia Capuleta) __E tia Capuleta, levante dessa cadeira, tenho trabalho pra senhora também, se quiser comer, tem que trabalhar. Tia Capuleta (reclama) __Olha os direitos humanos hein! Chamo Cendero la bomba procês. Tião Trololó (ordena a tia Capuleta) __Large esse embornal tia. Tia Capuleta (ameaça) __Olha! Olha! Que lhe arremesso o embornale cara a fora hein!

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PARTE IV

CHEGA MORGADO BRITA A PROCURA DE TIA CAPULETA QUE LHE VENDERA UMA ENCICLOPÉDIA E O LEILÃO É ARMADO PARA ENGANÁ-LO.

Morgado Brita (irritado procura por tia Capuleta) __Onde está à velha Capuleta, ela me vendeu a enciclopédia das melhores piadas contadas pela tribo dos índios nus da antártica. Nem piada, nem índios nus; quero meu dinheiro de volta. Dona Cacal (surpresa) __É o milionário Morgado Brita, ele vai participar do leilão, deixa comigo. Mercedinha (empurra tia Capuleta) __Se esconda tia Capuleta no guarda-roupa. Tia Capuleta (faz pirraça) __Junto com o traste velho? Nem morta. Mercedinha (propõe) __Ou é lá ou na cadeia, qual lugar prefere. Tia Capuleta (põe a mão no nariz e entra no guarda-roupa) __Bando de covardes, vou usar minha influência junto aquele senador que foi pego na CPI da

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ladroagem. Eu entro, eu entro, não empurra, olha a porpança. Dona Cacal (empurra) __A bunda da véia não entra gente. Alfredinho (engasga) __Ram! Ram! Ram! Dona Cacal (enche Alfredinho de tapas) __É só dar um tapa na cacunda dele que ele se ajeita e dêem o fora antes que o pedregulho entre. Mercedinha (informa) __Manda entrá que a véia ta encarcerada. Morgado Brita (pergunta curioso) __O que está acontecendo aqui? Mercedinha (informa) __É um leilão, estou vendendo essas maravilhosas peças vindas do Egito, diretamente da pirâmide de tutá cá mão. CHEGA TIÃO TROLOLÓ DISFARÇADO DE TOMARO NAKARA COMPRADOR DE ANTIGUIDADES BLIM BLOM

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Tião Trololó (disfarçado de Tomaro Nakara) __Vim pla participa de leilão né, arigatô né. Meu nome é Tomaro Nakara né. CHEGA ALFREDINHO DISFARÇADO DE MILIONÁRIO PARAGUAIO BLIM BLOM Mercedinha (pergunta curiosa) __ Pois não, quem é o senhor? Alfredinho (disfarçado de milionário Paraguaio) __Jó soi el Cuesta Brava, Jó estoi acá para levar lás preciosidad que eston nuestro leilon e tenho dito. Dona cacal (se apresenta) __Sou a garçonete dessa palhaçada toda aqui, vai uma baba de jiló aí seu “envergado”? “envergonhado”? Sei lá o que é essa criatura. Morgado Brita (irrita-se e corrige prima Cacal) __É Morgado Brita senhora. Alfredinho (enche a cara) __Jó aceito lo cara inchada e tenho dito. Dona Cacal (corrige irritada) __Né cara inchada não sua besta paraguaia, é esticacara.

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Morgado Brita (questiona sobre Tião trololó) __Engraçado, parece que conheço esse japa aí. Mercedinha (bate palmas) __Peço a atenção de nossos convidados para iniciarmos o leilão. Tião trololó (informa) __O tal de Brita né, já ta pior que um gambá né. Alfredinho (bêbado da um puxão no bigode de Tião trololó) __E esse bigodinho primo, onde já se viu japoneis de bigode. Há! Há! Há! Dona Cacal (irritada) __Eu mato o Alfredinho. Alfredinho (dá uma alta gargalhada) __Há! Há! Há! Olha tia Capuleta fugindo do guarda-roupa vestida de mendiga. Tia Capuleta (responde irritada) __Mendiga é o diabo desavergonhado. Dona Cacal (ameaça tia Capuleta) __Volte para o guarda-roupa tia Capuleta antes que eu lhe dê uma muqueta nas ventas.

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Tia Capuleta (reclama por ter que voltar ao guarda-roupa) __Opressores, vou denunciá-los ao deputado meu amigo, deixe estar. Alfredinho (surpreso) __Ué, não era senador! Dona Cacal (diz a Alfredinho) __Empurre a bunda da véia Alfredinho, deixe de ser molenga menino. Alfredinho (se engasga) __Ham! Ham! Mercedinha (fala pausada) __Boa noite, vamos iniciar nosso leilão por esse belíssimo quadro “Afogando no brejo”. Alfredinho (se empolga) __Cem reais pelo primo Dorico afogando no brejo. Há! Há! Há! Dona Cacal (irritada) __Cale-se Alfredinho antes que eu te arrebente todo. Tião Trololó (corrige) __He! He! He! Cem mil leais quis dizer nosso amigo Paraguaio aqui.

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MORGADO BRITA BÊBADO COMEÇA A CHORAR POR CAUSA DO AFOGANDO NO BREJO Morgado Brita (chora) __Gente que tragédia foi essa, não tinha ninguém para acudir o coitado do afogado no brejo, que tragédia meu Deus. Alfredinho (em prantos) __Ai! Gente, que morte mais horrível, afogado no brejo. Olha isso! Tião Trololó (acompanha a choradeira) __Que tlagédia meu pai. Dona Cacal (irritada ameaça) __Vou dá porrada nessa cambada não demora. Morgado Brita (decidido) __Duzentos mil e não se fala mais nisso. Coitadinho, olha lá. Alfredinho (rebate) __Trezentos mil e tenho dito. Tião Trololó (determinado) __Quatlocentos mil né. Morgado Brita (em prantos decide) __Quinhentos mil o quadro e o afogado são meus.

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Alfredinho (se empolga) __Um milhão e tenho dito. Dona Cacal (irritada ameaça) __Um milhão de pancadas é o que você vai levar Alfredinho. Tia Capuleta (se intromete) __Quinhentos mil por essa porcaria, dá cinqüenta centavos pra mim pegar o oibus ali na esquina meu fi. Tião Trololó (irritado manda) __Olha só, Tia Capuleta vestida de Ana Maria Braga, bota a velha no guarda-roupa gente. Tia Capuleta (irritada) __Empurra não, empurra não, respeita a fila, olha a preferência da terceira idade, denuncio todos a meu amigo governador; aquele do mensalão. DONA CACAL E MERCEDINHA DISTRAEM MORGADO BRITA ENQUANTO ALFREDINHO E TIÃO TROLOLÓ EMPURRAM TIA CAPULETA DE VOLTA AO GUARDA-ROUPA Tião Trololó (comanda) __Empurra a bunda da véia Alfredinho.

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Alfredinho (engasga) __Ram! Ram! Ram! Tião trololó (explica) __É só dá um tapa na cacunda dele que ele se ajeita. ALFREDINHO ENTRA NO GUARDA-ROUPA JUNTO COM TIA CAPULETA Alfredinho (sufocado grita) __Eu quero sair, Toc! Toc! Toc! Ainda saio morto dessa história gente. Tião trololó (irrita-se com Alfredinho) __Saia daí Alfredinho, quem te mandou entrar no guarda-roupa menino. Alfredinho (cara de choro) __Nem vou responder pela misericórdia de Deus. Dona Cacal (insiste) __Temos que vender essa porcaria de quadro para o prefeito. Mercedinha (diz a dona Cacal __Bêbado como gambá ele dá um milhão já, já.

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Tião Trololó (Tomaro na Kara) (se ompolga com o leilão) __Cetecentos mil com brejo, sem brejo, afogado o escambal e dou na cala de quem oferecer mais e tenho dito. Dona Cacal (irrita-se com Tião Trololó) __Quem dá na sua cara sou eu seu safado, japoneis de uma figa. TIA CAPULETA ESCAPA MAIS UMA VEZ DO GUARDA-ROUPA AGORA VESTIDA DE BAIANA DO ACARAJÉ Tia Capuleta (cumprimenta Morgado Brita) __Encantada, o senhor quem é? Morgado Brita (se apresenta) __Morgado Brita, prefeito da cidade e a procura de uma velhota que me vendeu a enciclopédia dos índios nus contadores de piadas da Antártida. Tia Capuleta (escondendo o rosto) __Mas que coisa não, então os índios não contavam piadas? Morgado Brita (irritado) __Isso é o de menos, o problema é que não tinha nada de índio nu coisa nenhuma. TIA CAPULETA TOMA UMA TALAGADA E PEGA FOGO

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Tia Capuleta __ Ram! Ram! Ram! Cunta cuntê, cantô, saravá, hum! Hum! Alfrdinho (assustado informa) __Esse esprito é de família gente, desce só nos de casa. Morgado Brita (surpreso pergunta) __Vai fazer um despacho aqui na sala? Alfredinho (debocha) __O despacho que ela deve ta fazendo é despachando merda na calçola. BLIM BLOM CHEGA BICUDO BOCA LARGA GAGO DONO DE UMA CARROCINHA DE CACHORRO QUENTE QUERENDO COBRAR DE MORGADO BRITA OS CACHORRO QUENTE QUE ELE LHE DEVE Bicudo boca larga (gago dono de uma carrocinha de cachorro quente) __Eeeuu, vimmmm, aquiii, cobraaa seu Briiiita os cachoooorro quente que ele me deve, eu vi, ele se escondeu aaaaqui praaaa nãaaao me pagá, eu to armado, eeee queroooo recebê.

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Dona Cacal (informa irritada a Bicudo boca larga) __Recebê meu filho é lá no terrero de macumba viu. Morgado Brita (apavorado pede ajuda) __Gente é o Bicudo boca larga, me esconde pelo amor de Deus que não tenho onde cair morto estou na miséria e nem grana pra pagar esse cara eu tenho. Dona Cacal (resolve o problema) __Esconde o infeliz no guarda-roupa, antes que o tiroteio começe. Alfredinho (pergunta) __E o quadro, é de quem? Morgado Brita (apavorado responde) __Fique com ele criatura. Bicudo boca larga (pergunta por Morgado Brita) __Ondeee ta o saaafado, eu quero meeete a mão na caraaa dele, eu luto jiuuuuuuu jetson. Mercedinha (questiona Tião trololó) __Seu tomaro Nakara, o senhor não vai fazer nada, o Bicudo boca larga ta esperando. Tião Trololó (pergunta inocentemente) __É mesmo, já tá de quantos meses menina?

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Dona Cacal (impõe a Tião Trololó uma decisão) __O senhor não e Japa? Então luta karatê aí criatura e resolve o problema. Alfredinho (palpiteia) __Eu acho... Dona Cacal (irritada com Alfredinho) __Cale-se Alfredinho e não se meta. Tião Trololó (se amedronta com a ferocidade de Bicudo boca larga) __Eu acho... Bicudo Boca Larga (diz a Tião Trololó irritadamente) __O senhooor nãoooo acha nada, vai apanhar lá fora por acoitar caloteiro em sua casaaa. DONA CACAL, MERCEDINHA E ALFREDINHO CHEGAM À JANELA PARA VER A PANCADARIA Dona Cacal (apavorada) __Minha nossa senhora, gente, que coisa horrorosa, o Bicudo boca larga falou que luta karatê e meteu o dedo na cara de primo Tião; primo Tião revidou e disse que não, comigo não. É isso aí primo, firmeza.

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Alfredinho (assustado, olha pela janela e explica o acontecimento externo) __Gente! Ta voando cachorro quente pra tudo que é lado, o bicudo enfiou dez cachorro quente guela abaixo de primo Tião. Dona Cacal (olha pela janela e impressionada diz) __Nossa, gente, ocês nem imagina onde o Boca larga chuchou a salsicha. Alfredinho (assustado com a cena) __Meu pai do céu, a carrocinha desceu morro abaixo sem freio e atropelou um anão que tava atravessando a rua. Dona Cacal (informa o ocorrido) __Primo Tião se atracou ao anão que nada separa. Mercedinha (palpiteia) __Joga água gente que desgruda. Bicudo boca larga (grita...) __Eeee tenho dito. Tião trololó (Chega todo estropiado) __Ai, ai, ai meu pai, minha nossa senhora, mãe dos espancado, acode eu, cruz, ave Maria. Dona Cacal (preocupada) __Acode gente que o homi ta ruim.

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Alfredinho (apavorado) __Meu pai eterno... Mercedinha (esconjura do estropiado) __Que coisa horrorosa é essa. Tião Trololó (todo quebrado e gemendo se vangloria) __Batí, eu batí mesmo, não adiantô ocês fica com dó do Bicudo, dei uma coça nele que nunca aquele traste vai esquecer. Alfredinho (inocente questiona) __Engraçado, parecia que o primo é que tava apanhando. Mercedinha (irritada) __Cale essa boca Alfredinho e ajude o homem. Dona Cacal (afirma irritada) __Tia Capuleta me paga, essa estória do bicudo boca larga é coisa dela. Tião Trololó (questiona a prima Cacal) __Como, se ela ta escondida no guarda-roupa, mais o tal de Cendero La bomba, Morgado Brita e o defunto. Mercedinha (ar de surpresa informa) __É verdade, esse povo todo ta amoitado aí dentro. BLIM BLOM

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CHEGAM OS DEFENSORES DOS MÓVEIS USADOS Zé cupim (se apresenta) __Sou Zé Cupim e este Tião do mofo. Somos da ONG, madeira véia é que é madeira boa. Tião do mofo (afirma irritado) __Recebemos a denúncia de que um guarda-roupa velho, cheio de cupim e mofo estaria sendo alvo de chacota e será despejado de sua morada final. Zé Cupim (afirmativo) __E a denúncia diz que o guarda-roupa, coitado, está aqui, nessa casa. Dona Cacal (irritada) __Só pode ser coisa de tia Capuleta. Tião Trololó (informa aos defensores do guarda-roupa) __Olha meus amigos, eu vendi essa tralha, digo esse guarda-roupa para o topa tudo, eles não demoram aparecer para levar essa porqueira daqui. Zé Cupim (grita e chora) __Meu pai do céu, vendeu o coitado que culpa tem essa criatura, que te serviu a vida toda, guardano seus trapo e agora o põe vazio e mal cheiroso para fora de casa.

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Tião do mofo (informa e faz cara feia) __Até que vazio o coitado parece ta não, mal cheiroso é a parte verdadeira. Tião trololó (informa envergonhado) __Nossa, mais tia Capuleta não se segura mesmo. PEIDOS SÃO OUVIDOS SAINDO DO GUARDA-ROUPA Alfredinho (olhar de espanto e com os dedos no nariz) __Gente que coisa horrível é essa? Mercedinha (se abana e faz vômitos) __Horrível é pouco, nem gambá agüenta gente. Tião trololó (irritado chora) __Eu conheço bem esse cheiro, é tia Capuleta, bem que eu avisei, não enche tanto a pança de feijoada, mas não, ai é que a ignorante da véia vai e enche, oh! Praga.. Dona Cacal (diz irritada) __Morreu essa disgraça dessa véia, só pode. Alfredinho (diz com a mão no nariz) __Esse guarda-roupa é guloso viu, adora um defunto.

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Dona Cacal (irritada com Alfredinho) __Cale essa boca Alfredinho, ninguém te perguntou nada criatura. CHEGA SEU MANUEL DA PADARIA ACOMPANHADO DA POLÍCIA REINVINDICANDO A POSSE DO GUARDA-ROUPA BLIM BLOM POLICIAL (bate na porta e grita) __Abram a porta, é a polícia. Dona Cacal (irrita-se) __De novo. Manuel da padaria (pergunta irritado) __Onde está, onde está o trololó, quero quebrar-lhe a face. Alfredinho (ironiza) __Quebrar mais o que rapais já ta tudo rachado. Dona Cacal (debocha) __Chegou atrasado meu fi, já deram na cara dele, passe outro dia viu. Manuel da padaria (irritado) __Quero meu guarda-roupa de volta, eu vendi essa porcaria, não dei nada de graça, ora, pois.

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Bicudo boca larga (irritado) __Pois beeem seu Manoel da padaaaria, vim recebeee, o dinheiro dos cachorrrooo quente que o Sr. Comeu ali foraaa agora dizendo que ia pagar quando recebesse o dinheiro do guarda-roupaaaa. Dona Cacal (afirma) __E rapais, vai sair pancada. Alfredinho (assustado) __Gente vai sobrar pancadaria, seu Bicudo boca larga vai distribuir porrada. Bicudo boca larga (pergunta a Manoel da padaria) __Pois então, cadê a grana? Manoel da padaria (ameaça) __Qual é o macho que vai me cobrar alguma coisa, ora pois? Dona Cacal (diz a Manoel da padaria) __Menino devia ter ficado calado, o bicudo enfia uma salsicha guela abaixo que é uma beleza. Mercedinha (debocha) __Que o diga primo Tião. Zé Cupim (preocupado diz) __Carma, carma, olhe o respeito ao guarda-roupa aqui presente.

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Tião Mofo (reclama) __Respeitem o coitado.

Bicudo Boca Larga __Caaalem se bandooo de genteee doidaaa.

Tião Trololó (diz a prima Cacal) __Te chamou de doída prima.

Prima Cacal (diz a primo Tião Trololó) __Que me chamem do que quiser, eu que não encaro a salsichada do Bicudo aí.

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PARTE FINAL OUVE-SE UMA EXPLOSÃO DENTRO DO GUARDA-ROUPA, SAI MUITA FUMAÇA E TODOS SAEM DE LÁ CHAMUSCADOS E RASGADOS, TIA CAPULETA ESTA NO COLO DE PRIMO DORICO E AOS BEIJOS, OS DOIS ANUNCIAM A PAIXÃO REPENTINA NASCIDA DENTRO DO GUARDA-ROUPA, EM SEGUIDA SAI CENDERO LA BOMBA E DEPOIS MORGADO BRITA. Primo Dorico (apaixonado) __Eu ressuscitei ao ter meus lábios tocados por tão divina criatura; Capuleta minha deusa, aceita casar comigo? Dona Cacal (afirma) __E não é que a velhota se deu bem, vai ficar com a grana do defunto. Mercedinha (responde) __Mais que grana, o velho ta na pior, falido, quebrado Há! Há! Há! MORGADO BRITA E CENDERO LA BOMBA SAEM CHAMUSCADOS DE DENTRO DO GUARDA-ROUPA E CAEM NO CHÃO

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Alfredinho (cara de nojo) __Credooo, coisa horrorosa gente!!!

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PERSONAGENS Dona Cacal Alfredinho Tião Trololó Prima Mercedinha Primo Dórico Tia Capuleta Morgado Brita Cendero lá Bomba Bicudo Boca Larga Manoel da Padaria Policial Zé Cupim João Mofo

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Muita confusão e uma gostosa dose de humor na história de Dona Cacal, seu neto Alfredinho, primo Tião Trololó, prima Mercedinha, primo Dorico, tia Capuleta, Morgado Brita, Bicudo Boca Larga, Manoel da padaria, Cendero La Bomba, Zé Cupim e João Mofo. Tudo se passa na sala da casa de primo Tião Trololó; um golpe em primo Dorico fracassa e uma seqüência de loucuras que vai fazer você rir com toda certeza.