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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
Versão Online ISBN 978-85-8015-080-3Cadernos PDE
I
CARTA PESSOAL: UMA PRODUÇÃO TEXTUAL QUE SOBREVIVEU AO TEMPO
Autora: Erenice Bezerra dos Santos1
Orientador: Flávio Brandão Silva2
Resumo
Este artigo tem por objetivo apresentar os resultados obtidos na implementação pedagógica, com intuito de observar como os alunos realizam suas práticas de escrita, em vistas à interação social. Nesse sentido, a carta pessoal se mostrou eficaz, visto que se trata de um tipo de correspondência que, apesar das inovações dos meios de comunicação, ainda é muito utilizada. Ela apresenta estrutura e linguagem simples, proporcionando uma fácil assimilação. Esse gênero foi proposto por ser importante para a formação dos alunos, pois envolve situações cotidianas de interação verbal, como, por exemplo, o contato com familiares, amigos, namorados. O trabalho com a escrita de cartas pessoais fez com que os alunos percebessem a estrutura, os elementos linguísticos necessários à sua construção e também sua circulação. O projeto de implementação pedagógica foi desenvolvido com os alunos do 7º Ano, no Colégio Estadual Bento Mossurunga, na cidade de Umuarama-PR. O esquema metodológico da Sequência Didática, de Dolz e Schneuwly (2004) norteou todo o trabalho realizado, permitindo que as dificuldades dos alunos fossem diagnosticadas, por meio de uma produção inicial e uma produção final, averiguando, assim, o conhecimento dos alunos em relação ao gênero Carta Pessoal. A metodologia da Sequência Didática contribuiu para o conhecimento dos elementos da carta pessoal e para despertar o interesse dos alunos pelas atividades propostas. O trabalho culminou com a produção de uma Carta Pessoal realizada pelos alunos e a troca de correspondência entre alunos da mesma turma e de turmas diferentes.
Palavras-chave: Língua Portuguesa; Gêneros Discursivos; Carta Pessoal.
1 Colégio Estadual Bento Mossurunga - EFMP, Avenida Aracaju, 1590, 87503-370 – Umuarama –
Paraná. Professora de Língua Portuguesa, pós-graduada em Língua Portuguesa: Metodologia e Técnica de Produção de Texto; Educação de Jovens e Adultos. Graduada em Letras (UNIPAR).
2 Docente do curso de Letras, da Universidade Estadual do Paraná – Unespar. Mestre em Linguística
e Língua Portuguesa pela Universidade Estadual Paulista – Unesp. Graduado em Letras pela Universidade Estadual de Maringá – (UEM).
1. Introdução
Ao iniciar a vida escolar, o indivíduo é levado a desenvolver suas habilidades
cognitivas. Já no inicio é apresentado a ele o ensino da língua materna, com ênfase,
nas questões formais e, muitas vezes, artificiais, da escrita e da leitura, que, nem
sempre, favorecem a capacidade do indivíduo de se expressar de forma proficiente,
nas diferentes situações comunicativas.
Há, portanto, que se repensar o trabalho com a Língua Portuguesa, em
especial a escrita, para que o aluno tenha segurança ao realizar essa modalidade da
língua, afinal, nunca se escreveu tanto como na atualidade. Hoje, todos estão,
constantemente, em contato com a escrita, seja na escola, no ambiente de trabalho,
no momento de lazer. Isso devido ao advento da internet, que exige que todos, por
meio de blog, e-mail, sites de relacionamentos, redes sociais: facebooks,
whatsApps, twitter, pratiquem, de alguma forma, a escrita.
Assim, um trabalho com foco na diversidade de textos e sua funcionalidade
torna-se cada vez mais necessário, para que o aluno aprenda a produzir textos orais
ou escritos, organizando as ideias cotidianas, de forma a transmitir informações com
sentidos para quem o ler.
Dessa forma, o trabalho com gêneros textuais é bastante viável, o que, aliás,
é recomendado pelas Diretrizes Curriculares Estaduais de Língua Portuguesa –
DCEs, uma vez que cada gênero constitui-se como enunciado concreto, que reflete
as diferentes situações de interação verbal.
Dentre os gêneros textuais sugeridos para o trabalho na sala de aula, está a
carta, que, além de cumprir o papel de texto pertencente a um gênero e com
estrutura própria, é uma das mais antigas formas de escrita e está relacionada a
outros gêneros utilizados atualmente.
Assim, este trabalho pedagógico faz-se necessário para minimizar as
dificuldades que os alunos apresentam na escrita. De acordo com as avaliações
externas (SAEB, PROVA BRASIL E SAEP) e internas (provas escritas, debates,
seminários, etc), é nessa modalidade que se encontram as maiores distorções do
ensino aprendizagem.
Escrever coloca o indivíduo em uma posição de privilégio e ascensão perante
a sociedade. O aluno precisa, além de aprender a escrever, escrever bem, revisar e
reescrever seus textos quantas vezes forem necessárias, só assim tornar-se-á autor
de sua história e conhecedor das várias histórias produzidas pelo tempo.
2. Fundamentação teórica
2.1 Algumas considerações sobre concepções de linguagem
Para sustentar esse trabalho, pesquisamos alguns pontos acerca do processo
de ensino aprendizagem da escrita, buscando, para isso, uma fundamentação
baseada nas concepções de linguagem e de escrita, que devem nortear o professor
de Língua Portuguesa em sala de aula. Além disso, que, por meio dessas
concepções, tenha-se em vista a escrita como trabalho planejado e organizado pelo
aluno, professor e colaboradores.
Sendo a escrita uma das grandes dificuldades dos alunos, no decorrer de sua
vida escolar, necessita-se buscar metodologias eficientes para amenizar este grande
problema que se apresenta para a escola. Em função disso, segundo as Diretrizes
Curriculares Estaduais de Língua Portuguesa - DCEs (2008):
A ação pedagógica referente à linguagem, portanto, precisa pautar-
se na interlocução, em atividades planejadas que possibilitem ao
aluno a leitura e a produção oral e escrita, bem como a reflexão e o
uso da linguagem em diferentes situações. Desse modo, sugere-se
um trabalho pedagógico que priorize as práticas sociais. (PARANÁ,
2008, p.55).
Os estudos da linguagem têm-se encaminhado para diferentes correntes
teóricas. Portanto, para melhor entendê-la pautamos o nosso estudo nas
concepções aqui apresentadas.
Linguagem como expressão do pensamento
De acordo com Geraldi (1997), a concepção de linguagem como expressão
do pensamento tem suas raízes na gramática normativa, em que se acreditava que
bastava o sujeito ter domínio da leitura, a partir de uma prática mecânica, para se
expressar bem.
Ainda segundo Geraldi (1997), na concepção de linguagem como expressão
do pensamento, quem não se expressava bem não pensava. Dessa forma, tal
concepção não levava em conta a interação dos sujeitos. Assim sendo, bastava o
indivíduo ter um domínio gramatical para atingir o leitor, o leitor, por sua vez, se
mantinha passivo e indiferente ao dizer do texto.
Assim, o leitor não construía uma relação com o outro (texto), já que não se
fazia uso de uma linguagem dinâmica, pois não se levava em consideração a
enunciação, que é a compreensão da comunicação entre os sujeitos em
determinado contexto. Sendo que, de acordo com Bakhtin (2006):
Compreender a enunciação de outrem significa orientar-se em
relação a ela, encontrar o seu lugar adequado no contexto
correspondente. A cada palavra da enunciação que estamos em
processo de compreender, fazemos corresponder uma série de
palavras nossas, formando uma réplica. Quanto mais numerosas e
substanciais forem, mais profunda e real é a nossa compreensão
(BAKHTIN, 2006, p.135).
Nesse sentido, ressaltamos que a linguagem como expressão do pensamento
não considera o outro, nem o contexto em que é produzida a enunciação, ficando
esta apenas no plano estável da comunicação, não promovendo a interação dos
sujeitos. Dessas acepções, podemos ressaltar que a linguagem como expressão do
pensamento leva em consideração apenas as atividades metalinguísticas, que
segundo Geraldi (2013):
[...] Trata-se, aqui, de atividades de conhecimento que analisam a
linguagem com a construção de conceitos, classificações, etc.
Enquanto tais, elas remetem a construções de especialistas e, em
consequência, à formação cultural dos sujeitos. Dependendo do nível
de escolaridade dos sujeitos intervenientes num processo interativo,
é possível detectar nele a presença de certos conceitos gramaticais
e, portanto uma atividade metalingüística, cuja pertinência, em cada
ocasião, é definir parâmetros mais ou menos estáveis para decidir
sobre questões como erro/acerto no uso, pronúncia, etc. de
expressões; na construção de sentenças ou na significação dos
recursos linguísticos utilizados (GERALDI, 2013, p.25).
Logo, a linguagem como expressão do pensamento, no estudo da língua
portuguesa, amparou-se apenas nos estudos tradicionais, como único meio para o
indivíduo adquirir o conhecimento individual. Assim, acreditava-se que o indivíduo
chegaria ao domínio da linguagem (oral/escrita).
Linguagem como instrumento de comunicação
A linguagem como instrumento de comunicação é compreendida como um
mecanismo que ajuda a transmitir uma mensagem ou informação, empregando a
norma padrão. A norma padrão possui estruturas linguísticas estáveis que não leva
em conta as variedades linguísticas.
Nessa perspectiva, a concepção da linguagem como instrumento de
comunicação agrega-se aos estudos ligados às teorias: do Estruturalismo, que
analisa as inter-relações (estruturas) em que o significado é produzido dentro de
uma cultura; do Transformacionalismo, que se preocupa com as formas abstratas da
língua e da Teoria da Comunicação, que tem a língua como um código que
transmite uma mensagem do emissor para o receptor.
Desse modo, a concepção da linguagem como instrumento de comunicação
origina-se da segunda linha do pensamento filosófico e linguístico de Saussure: o
objetivismo abstrato. De acordo com Saussure apud Baktin/Volochinov 1992, no
objetivismo abstrato, “a língua é um sistema estável, imutável” (SAUSSURE apud
BAKTIN/VOLOCHINOV 1992, p. 82), ou seja, com estruturas estáveis às quais
deveriam adaptar-se os indivíduos.
Dessa forma, no Estruturalismo, no Transformacionalismo e na Teoria da
Comunicação, a linguagem era vista apenas como processo de comunicação do
sujeito enquanto emissor e receptor, não levando em conta o referente e a
mensagem, considerando apenas como elemento principal da comunicação o
código, ou seja, a língua.
Assim, nessas correntes teóricas, a língua era um sistema fixo em que
bastava o indivíduo conhecer suas regras e normas para bem utilizá-la. A linguagem
tinha como função apenas a troca de mensagens entre os indivíduos, sem que os
mesmos agissem sobre ela.
Podemos compreender, com base em Geraldi (2004) que:
Defendia-se um sujeito assujeitado às condições e limitações
históricas, produto do meio, da herança cultural e das ideologias que,
incorporadas ao longo de sua história, fazem do indivíduo desde
sempre sujeito, mero preenchimento de um lugar social reservado
pela estrutura (ideológica) que define o dizível e como exercer o
papel neste lugar social previamente estabelecido (GERALDI, 2004,
p. 19).
Geraldi (1997) afirma que, na concepção da linguagem como instrumento de
comunicação, acreditava-se, então, que o aluno que conseguisse, por meio da
repetição ou da “copiação”, se expressar bem teria sucesso na vida escolar, e a
escola cumpriria assim o seu papel de reprodutora do conhecimento.
Assim, temos que o ensino da língua materna na concepção de linguagem
como instrumento de comunicação valorizava as normas gramaticais em detrimento
da interação verbal. O professor era visto como único detentor do conhecimento e o
aluno apenas um depositório das informações do professor. O código (língua) é que
merecia papel de destaque na aprendizagem.
A linguagem como interação social
Na linguagem como interação social, o estudo da língua materna busca
valorizar a ação do sujeito sobre a linguagem, tornando-a um instrumento de
interação social capaz de desenvolver a reflexão e a criticidade do sujeito sobre o
mundo ao qual pertence. A partir dessa reflexão, podemos dizer que o texto
apresenta-se como o elo da interação entre os sujeitos.
Koch (2002) aponta que: “o texto passa a ser considerado o próprio lugar da
interação e os interlocutores, como sujeitos ativos que – dialogicamente – nele se
constroem e são construídos...” (KOCH 2002, p. 17 apud FUZA, A. F. /OHUSCHI, M.
C. G/ MENEGASSI, R. J. P., 2011). Dessa forma, o texto é o instrumento que
possibilita a troca de saberes e a interação entre professor e aluno.
Assim, a linguagem como uma forma de interação social se justifica quando
se busca compreender o contexto em que o sujeito do discurso está inserido, a
época em que os fatos ocorrem e a intencionalidade do discurso. Tendo em vista os
diversos sujeitos que compõem a sociedade. Desse modo, entendemos que:
Não basta dar a palavra ao outro, é necessário aceitá-la e devolvê-la ao outro: “É devolvendo o direito à palavra – e na nossa sociedade isto inclui o direito à palavra escrita – que talvez possamos um dia ler a história contida, e não contada, da grande maioria que hoje ocupa os bancos das escolas públicas” (GERALDI, 1990, p. 124 apud PARANÁ, 2008, p.38).
Segundo Geraldi (1990), “Não basta dar a palavra ao outro, é necessário
aceitá-la e devolvê-la...” (GERALDI, 1990, p. 124 apud PARANÁ, 2008, p. 38), isto
implica dizer que a interação verbal possibilita uma educação pautada no
conhecimento do poder exercido pela palavra oral e escrita. A escola é o lugar
propício para a aquisição desse conhecimento. Portanto, precisa defender uma
educação de qualidade, que considere o saber escolar uma ponte para o
desenvolvimento intelectual, econômico e pessoal.
Assim sendo, a linguagem como interação social permitirá que o sujeito
interaja com o mundo e a sociedade, compreenda seus interlocutores e as diferentes
atividades discursivas inseridas no contexto.
2.2 Gêneros discursivos
A concepção de gênero começou a ser discutida nos estudos desenvolvidos
acerca da linguagem por MiKhail Bakhtin, que acreditava que as pessoas se
comunicavam por meio de enunciados relativamente estáveis, que ele chamava de
gêneros do discurso. Esses enunciados eram construídos nas diversas esferas das
atividades humanas, sendo assim tão variados. Os enunciados orais e escritos
apontam as suas finalidades, por meio de seu conteúdo, estilo verbal e recursos
lexicais, fraseológicos e gramaticais.
Diante do exposto, o ensino de língua materna, que antes seguia as normas
tradicionais, passa a se centrar no funcionamento da língua, aprofundando-se no
conceito de linguagem bakhtiniano.
A linguagem definida por Bakhtin (2006) sempre será um fator social
constituído por meio da enunciação, que é a interação verbal entre dois ou mais
sujeitos pertencentes à mesma comunidade linguística. Na enunciação, a palavra
utilizada pelo sujeito apresentar-se-á de acordo com o nível social do seu
interlocutor. Ela se estrutura a partir da relação de discurso entre locutor /interlocutor
que determina o horizonte social, do tempo e do espaço ocupado pelos sujeitos
envolvidos na interação verbal.
Numa interação verbal concreta, a enunciação se adapta de acordo com o
contexto social ou nível de complexidade da experiência social dos indivíduos.
Sendo assim, Bakhtin (2006) defende que a língua é um fenômeno social que se
realiza por meio de enunciações que só têm sentido se tiver contato com outras
enunciações e que, assim, constituirá uma interação verbal entre sujeitos.
Os sujeitos, por sua vez, serão orientados no processo de comunicação pela
enunciação que sempre se adéqua ao contexto dos participantes. Cada palavra
entendida pelos sujeitos são respostas à compreensão da enunciação que é o
produto da interação entre os participantes do discurso.
Bakhtin (2006) apresenta o dialogismo como a interação entre as vozes do
locutor/interlocutor, em que locutor enuncia em função de um interlocutor
real/imaginário, que busca no outro interlocutor real/imaginário uma atitude
responsiva, já tendo em mente a reação do outro. Assim, é na interação dialógica
que se formam os enunciados que são provenientes de outros enunciados.
De acordo com Baktin (2006), a língua é constituída pelo fenômeno social de
interação verbal, que tem no diálogo uma das formas mais concretas de realização.
A palavra diálogo, além da interação “face a face”, é a relação entre os sujeitos, por
meio de gestos, imagens, livros e textos impressos em geral.
O ser humano, no decorrer de suas vidas, utiliza o diálogo com pessoas do
mesmo grupo linguístico, formando esferas comuns de comunicação. Essa
comunicação se dá por meio de enunciados aprendidos no decorrer de sua
existência. Esses enunciados são conhecidos como textos ou gêneros discursivos.
Os gêneros discursivos apresentam-se nas diversas esferas da comunicação
humana, construindo-se de acordo com as necessidades do homem. Nesse sentido,
os gêneros apresentam variações de acordo com o desenvolvimento de cada esfera
da comunicação, estando presentes nas diferentes esferas: jornalística, política,
religiosa, etc.
Os gêneros são caracterizados pelo conteúdo temático que é o domínio de
sentido com que se ocupa o texto; pelo estilo verbal que é uma seleção dos recursos
lexicais, fraseológicos e gramaticais da língua e pela construção composicional que
é o modo de organizar o texto.
A escola é o lugar onde os alunos, mesmo depois de fazer uso de todos os
tipos de gêneros, vão ter contado com a definição e os nomes desses gêneros.
Quanto maior a quantidade de gêneros textuais trabalhados pela escola, maior será
a compreensão que o aluno terá do seu universo. Mas esse trabalho não pode ser
artificial, o aluno deverá, ao término do trabalho com os gêneros textuais, ser capaz
de reconhecer as características e a funcionalidade do mesmo.
De acordo com Zanini (2010):
O texto espaço de interação verbal, enunciado pleno de significação,
organiza-se coesa e coerentemente, ou seja, por meio de um arranjo
lingüístico, tecido com o objetivo de levar o leitor a construir sentidos
mais próximos o quanto possível daqueles que o autor deseja atingir.
Essa concepção reafirma de que os sentidos são construídos pela
interação entre os sujeitos da atividade comunicativa – autor e leitor
– e que, nos processos de produção e de leitura de um texto,
instauram-se ações lingüísticas, cognitivas e sociais, as quais tornam
possível seu funcionamento social (ZANINI, 2010, p.103).
Dessa forma, a aprendizagem só acontecerá se o aluno for capaz de
perceber que um gênero textual é carregado de significação, que produz uma
interação social, com o sujeito que constrói sentidos para toda e qualquer produção
apresentada por qualquer leitor/autor.
2.3 Concepções de escrita
O homem começou a inventar a escrita quando percebeu que precisava de
uma forma de comunicação que fosse além da fala, ou seja, que permanecesse que
pudesse ser utilizada mesmo após o seu dizer.
Até pouco tempo, a escrita era exclusividade de uma classe de prestígio, pois
nem todos tinham acesso a ela, só os mais privilegiados ou bem nascidos. Hoje,
apesar de termos uma escola dita “para todos”, de certa forma, o problema ainda
continua, pois muitos leem e escrevem, mas não dominam as ideias e intenções
presentes nos gêneros discursivos ou produções textuais.
A escola como lugar de construção do saber deve se comprometer para que a
escrita, de fato, aconteça e que o aluno perceba que ela faz parte de sua vida
cotidiana.
Portanto, cabe à escola um ensino sistematizado da escrita para que o aluno
faça uso da linguagem com autonomia, percebendo que sua linguagem não é
adequada a determinados contextos. Por exemplo, não nos dirigimos, de forma oral
ou escrita, a uma autoridade, da mesma forma como nos dirigimos a um colega,
amigo, familiar.
Menegassi (2010) apresenta as várias concepções de escrita que permeiam,
até hoje, o ensino da produção textual, são elas:
a) a escrita com foco na língua: nessa concepção, o professor quando se depara
com a produção textual se prende apenas à correção de erros de grafia, desvios de
concordância e de sintaxe;
b) escrita como dom inspiração: a produção textual, nessa concepção, é feita a partir
de título, frases ou tema, em que o aluno produz, por meio de informações que o
professor julga que o mesmo tem internalizado sobre o assunto, é mais uma
estratégia de preenchimento do tempo do aluno para manter a disciplina;
c) escrita como consequência: a escrita, nessa concepção, é uma consequência de
uma atividade realizada: passeio, filme, debate e a produção é vista como uma
penalidade por ter realizado uma atividade motivadora, não sendo necessariamente
lida ou corrigida pelo professor;
d) escrita como trabalho: nessa concepção, a escrita é vista como processo contínuo
de ensino e aprendizagem em que o aluno percebe as reais necessidades de sua
produção. A produção passa nessa concepção pelo planejamento, execução do
texto escrito, revisão e reescrita.
Nas três primeiras concepções apresentadas, pensava-se a escrita com o
objetivo de tornar o aluno um leitor/escritor capaz de perceber as situações reais em
que a linguagem acontece. No entanto, a escrita continuava sendo reproduzida, por
meio de atividades mecânicas e estruturas gramaticais preestabelecidas.
Já na concepção da escrita como trabalho, o aluno (autor) é envolvido no
processo de produção, utiliza-se de suas experiências e de seu conhecimento de
mundo. Ele é capaz de observar os elementos do texto: destinatário, leitor,
interlocutor e contexto como essenciais.
Nesse aspecto, Baktin (1992) diz que “é preciso que o aluno se envolva com
os textos que produz e assuma a autoria do que escreve, visto que ele é sujeito que
tem o que dizer. Quando escreve, ele diz de si, de sua leitura de mundo”. (BAKHTIN
1992, p. 289).
Assim, ao professor, cabe possibilitar a interação do uso da linguagem verbal
ou escrita, valorizando o conhecimento trazido pelo aluno e sua participação ativa,
aceitando as diferentes linguagens, a diversidade cultural e a liberdade de
pensamento.
E a escola como lugar de formação humana deve oportunizar ao aluno um
ensino/aprendizagem de qualidade que possibilite a sua interação e atuação na
sociedade.
2.4 Gênero textual: Carta Pessoal
Os textos são presença constante na vida das pessoas. Toda comunicação é
feita por intermédio de textos, sejam eles verbais ou não-verbais. Portanto, é preciso
oferecer uma prática educacional pautada no ensino dos gêneros textuais, para que
os indivíduos conheçam o maior número de gêneros possíveis e possam fazer uso
dos mesmos com autonomia e propriedade.
Sabemos das dificuldades dos nossos alunos em relação à leitura e à escrita
e, mais ainda, em relação à escrita, modalidade escolar que dá ao aluno a
impressão de que ele nada sabe e de que nunca fez uso de quaisquer elementos da
escrita.
Assim sendo, a intenção é mostrar para o aluno que a fala e a escrita se
completam. E que o uso de ambas depende do contexto em que se apresentam. Ou
seja, se falamos ou escrevemos para uma autoridade, o nosso discurso tende a ser
mais formal, elaborado, sucinto; se estamos em uma reunião familiar, o discurso é
mais informal, íntimo. Assim, existem contextos diferentes de manifestação da
linguagem.
A escola, por sua vez, tem o papel de sistematizar esse conhecimento sem
depreciar ou rejeitar a gama de gêneros que o aluno apresenta internalizado pelas
suas vivências anteriores. Dessa forma, o ensino por meio de gêneros textuais
proporciona uma aprendizagem efetiva da língua, possibilitando ao indivíduo uma
formação adequada para a prática social da língua materna.
A carta pessoal é um texto com forma composicional específica. Ela
apresenta uma situação temporal, num determinado espaço. A carta também exibe
uma relação de interlocução que aponta para elementos fora do texto, que interfere
no sentido do mesmo, dependendo do contexto em que ela está inserida. Além
disso, enquanto gênero textual, a carta pessoal oportuniza uma maior participação
dos alunos nas práticas sociais, podendo os mesmos se posicionarem como
cidadãos que têm opiniões e que desejam participar nos vários fatos que se
constroem no dia a dia de suas vidas.
O assunto, parte principal da carta, também é muito importante para que
aluno perceba que este pode ser organizado de acordo com a necessidade social do
autor. Visto que os assuntos e realidades são diversos, o indivíduo, um ser social,
apresenta curiosidade de conhecer essas diversidades parecidas com a sua. Por
conseguinte, a escola deve propiciar este momento entre alunos e comunidade
ampliando a comunicação e oportunizando uma aprendizagem colaborativa.
Para Soto (2001):
São muitos os benefícios que este gênero oferece. “A carta
apresenta a vantagem adicional de ser um texto que é pensado
como um diálogo que acontece a distância e por isso tem como
características imanentes ser escrito e se realizar sem a presença
dos interlocutores” (SOTO, p.23, 2001).
Desta forma, a carta pessoal proporciona a interação entre os sujeitos e suas
atividades de oralidade/leitura e escrita. A escola como espaço de interação desses
sujeitos deve propiciar o conhecimento e a apropriação dos vários gêneros do
discurso desenvolvendo a leitura e a escrita nos diversos textos com os quais
entram em contato.
Para a efetivação desse trabalho, as produções de carta pessoal deverão
passar pelo processo de escrita, revisão e reescrita, até se alcançar uma produção
adequada. O professor e os colegas de sala serão colaboradores no sentido de
aprimorar o processo de revisão e reescrita do texto, apontando sugerindo,
comentando e aprimorando as ideias presentes. Mas, é o aluno, que, após
internalizar e se apropriar das estratégias de melhoria do texto, que realizará a
escrita final.
3. Informações metodológicas
O projeto realizou-se nos meses de março a outubro, sendo interrompido no
decorrer de sua aplicabilidade por problemas de ordem administrativa estadual, no
Colégio Estadual Bento Mossurunga - EFMP, de Umuarama, Estado do Paraná, no
ano de 2015, para alunos do 7º Ano A do Ensino Fundamental, Fase II, com a
participação de todos os alunos, sendo as atividades desenvolvidas no horário
normal de aula, atendendo a uma carga horária de 32 horas aula.
Para a realização do trabalho proposto junto aos alunos, tendo como base a
escrita de cartas pessoais, utilizou-se a proposta metodológica da Sequência
Didática (SD).
A sequência didática é uma contribuição de Bernard Schneuwly e Joaquim
Dolz (2004), desenvolvida para o trabalho com gêneros textuais. Segundo os
autores, trata-se de: “um conjunto de atividades escolares organizadas, de maneira
sistemática, em torno de um gênero textual oral ou escrito” (SCHNEUWLY; DOLZ,
2004, p. 96). Portanto, a produção de um gênero textual, em que se pretende a
assimilação dos alunos, deve atender as seguintes demandas:
[...]
permitir o ensino da oralidade e da escrita a partir de um encaminhamento, a um só tempo, semelhante e diferenciado;
propor uma concepção que englobe o conjunto da escolaridade obrigatória;
centrar-se, de fato, nas dimensões textuais da expressão oral e escrita;
oferecer um material rico em textos de referência, escritos e orais, nos quais os alunos possam inspirar-se para suas produções;
ser modular, para permitir uma diferenciação do ensino;
favorecer a elaboração de projetos de classe. (DOLZ; NAVERRAZ; SCHNEUWLY, 2004, p. 96)
A sequência didática é um dos processos de ensino aprendizagem que
possibilita a realização de uma nova forma de ensinar a língua portuguesa, uma vez
que utiliza os gêneros textuais em contextos de produção adequados, com
atividades que permitem ao aluno construir o conhecimento em torno do gênero
produzido. Para Dolz; Naverraz; Schneuwly (2004), a sequência didática deve ter a
seguinte estrutura: apresentação da situação, primeira produção, módulos e
produção final.
Na apresentação da situação, os alunos são informados sobre o trabalho que
será realizado, tomarão conhecimento do gênero, do interlocutor do texto, como será
a produção e quem participará dela.
Na primeira produção, o importante é observar as dificuldades do aluno em
relação ao gênero proposto, pois é esta produção que servirá de suporte para os
módulos seguintes.
Os módulos foram organizados para reparar as dificuldades apresentadas na
primeira produção. Na preparação dos módulos, três pontos devem ser
apresentados: “[...] que dificuldade da expressão oral e escrita abordar; como
construir um módulo para trabalhar um problema particular; como capitalizar o que é
adquirido nos módulos” (DOLZ; NAVERRAZ; SCHNEUWLY, 2004, p. 102).
Na produção final, o aluno apresenta, por meio de uma produção escrita, tudo
o que aprendeu sobre o gênero. Essa produção final serviu para o professor avaliar
se as atividades trabalhadas nos módulos foram entendidas.
4. Relato e apresentação dos resultados da implementação
A primeira ação foi a apresentação do projeto junto à equipe pedagógica da
escola, para que se inteirasse do trabalho que seria implementado. Na
apresentação, foi reforçado, principalmente, o objetivo do projeto que era o de
promover ações que favorecessem o desenvolvimento e o aprimoramento da
escrita.
Na sequência, já em contato com a turma, houve o momento da discussão,
em que foram expostos o trabalho e as estratégias a serem desenvolvidas.
Na busca de amenizar a ansiedade foram propostas algumas questões orais
sobre o gênero: “Vocês sabem o que é uma carta?”, “Já leu alguma?”, “Já
escreveram alguma?”, “Qual é a importância do uso da carta em nossa sociedade?”,
etc. Nesse momento, os alunos se mostraram contrário a realização do projeto
alegando já existirem diversos meios de comunicação muito mais rápido e prático
que a carta, citaram então: whatsApp, e-mail, msn, telefone... Mas, foram
convencidos, quando tomaram conhecimento, por meio da discussão, de que a carta
ainda se faz presente em diversas situações, além de ajudar na melhoria da escrita,
no conhecimento dos gêneros, na análise linguística e, ainda, promover uma troca
de experiências, pois haveria troca de correspondência com uma turma do
contraturno do colégio.
Para tanto, foram apresentados um texto informativo, um vídeo sobre o
gênero e uma atividade de pesquisa sobre algumas palavras que apresentavam
dificuldades de entendimento para os alunos.
Após a realização das atividades anteriores, foi proposta a primeira produção,
uma vez que o projeto é desenvolvido por meio de uma Sequência Didática (SD),
que é uma contribuição de Bernard Schneuwly e Joaquim Dolz (2004), para o ensino
de gêneros, na Língua Portuguesa. Nessa proposta metodológica, o aluno faz a
primeira produção conhece o gênero, por meio de diversas atividades e ele mesmo
faz os ajustes do seu texto na produção final.
Na primeira produção da carta pessoal a dificuldade apresentada foi a
estrutura. Os alunos, já conheciam o gênero em séries anteriores, mas não o
dominavam. Então, foram apresentados a eles vários modelos de carta em que
estavam presentes os elementos necessários para a construção: remetente,
destinatário, local, data, saudação, corpo, despedida e assinatura com objetivo de
reconhecerem esses elementos. Desse modo, essa dificuldade foi amenizada e a
maioria dos alunos aprenderam os elementos da carta pessoal.
Na busca de tornar a aula mais atrativa e desafiadora os alunos assistiram ao
filme Central do Brasil, filme brasileiro que apresenta como protagonista, Dora
(Fernanda Montenegro), é uma professora aposentada que tira o seu sustento como
escrevente de cartas para pessoas aposentadas. A importância do gênero carta foi
evidenciada à medida que os alunos assistiram ao filme e observaram que esta era
o único meio de comunicação utilizada pelos personagens humildes e analfabetos
para enviar noticias aos familiares e amigos que se encontravam distantes.
O filme serviu também como suporte para o trabalho com a linguagem
formal/informal mostrando como as pessoas falavam e como a protagonista
escrevia, explicando que, existem diferenças significativas entre escrever e falar. As
discussões foram riquíssimas acerca dessa atividade, pois por se tratar de um filme
antigo não se esperava tanta receptividade. Nessa atividade, confirmou-se a função
social da carta e sua importância para a sociedade.
Após as discussões, chegou o momento de trabalhar com os módulos da
seguência didática, observando as dificuldades da expressão oral e escrita da
primeira produção. Uma das primeiras atividades do módulo foi a pesquisa de
palavras no dicionário. Essa atividade se fez necessária, pois havia, no texto de
alguns alunos, palavras que os demais não conheciam a ortografia e o seu
significado. Ao desenvolver essa atividade, ficou claro que muitos alunos não sabem
utilizar o dicionário. Assim, aprenderam que para encontrar uma palavra no
dicionário é preciso observar a ordem alfabética da primeira letra, da segunda e
assim sucessivamente.
Outra atividade necessária foi com o vocativo e os pronomes. Para amenizar
as dificuldades apresentadas os alunos fizeram exercícios em que precisavam
reconhecer esses elementos na carta. A princípio tiveram dificuldades, mas após
várias atividades apresentaram uma melhora significativa no reconhecimento desses
elementos.
Os alunos tiveram ainda contato com textos informativos sobre envelope e o
preenchimento dos mesmos. Aqui, também se percebeu que os alunos, no geral,
não tinham o menor conhecimento de como realizar o preenchimento de um
envelope, mesmo afirmando que os mesmos já o tinham feito no Ensino
Fundamental I. As curiosidades sobre selos e sobre as agências de correios, por
meio dos textos informativos, foram muito bem aceitas, pois os alunos tinham pouco
conhecimento sobre esses assuntos.
A produção final da carta oportunizou a avaliação e os avanços alcançados
pela turma. Apesar do trabalho feito ao longo de, praticamente, um bimestre, alguns
alunos não apreenderam a estrutura do gênero carta pessoal, não definiram
palavras como destinatário, remetente, mas sabiam expressões para utilizar na
saudação e na despedida e assimilaram linguagem formal/informal.
O trabalho com o gênero textual carta pessoal mostrou-se propício para
amenizar o problema que, atualmente, aflige as escolas brasileiras: a escrita. A
escrita, por meio do gênero carta pessoal, determinou quem seria o leitor do texto.
Isso levou o aluno a cuidar da redação, pois estava claro que o professor não seria o
único leitor. Assim, o aluno viu um sentido para escrever e escrever bem, pois o seu
interlocutor, não só observaria os seus “erros” ortográficos, mas a sua mensagem, a
sua intenção. Ele, o aluno, teria que convencer o seu destinatário a interagir, a
absorver suas ideias.
Desse modo, o aluno compreendeu que a sua produção necessitava de
planejamento, revisão, reescrita e uma linguagem que atraísse o leitor. A revisão,
ora individual, ora buscando ajuda nos colegas e professor era preciso para ajustar e
sanar os problemas do texto. Após, os vários momentos de revisão e reajustes
chegou o momento da reescrita.
A reescrita, por não ser uma prática muito aceita pelos alunos, também
provocou resistência. No entanto, mesmo contrariados, relutando para não realizar a
atividade, aceitaram a ideia de que precisariam reescrever, uma duas ou mais
vezes, visto que a escrita apresenta um juízo de valor. Por meio dela, é possível
levantar várias hipóteses sobre o escritor.
Assim, a escrita da carta para um (a) colega colaborou de forma positiva na
postura do aluno, uma vez que o mesmo precisou tomar uma posição perante seu
interlocutor, sobre o que escrever, como escrever e escrever bem, de forma a
convencer e ao mesmo tempo causar uma boa impressão.
A visita ao correio para a postagem da carta oportunizou o aluno em conhecer
funcionamento do órgão responsável pelo itinerante das correspondências. Os
alunos tiraram suas dúvidas com uma funcionária responsável em atendê-los e
apreciaram o local que muitos desconheciam.
4. Considerações finais
A carta pessoal é um gênero discursivo muito próximo do diálogo. Ao conviver
em situações em que precisa persuadir/convencer o seu interlocutor, no caso
amigos, familiares, em determinados momentos, o aluno busca ajuda na linguagem
apelativa para dar credibilidade a sua fala e atingir a emoção do outro.
A escola, de acordo com uma das participantes do GTR (Grupo de Trabalho
em Rede): “ao oportunizar o contato dos alunos com diferentes gêneros textuais,
ajudando-os a identificar e a diferenciá-los dentro de uma sociedade tomada pela
tecnologia, inserida no "touch screen", permite a esses sujeitos se manifestarem
socialmente, dando “empoderamento” às palavras. Mesmo que desconheçam a
estrutura do gênero carta, colocar, no papel, as suas palavras, legitima o sujeito
como protagonista da sua história. Seja essa qual for.”
O comentário da cursista relatado acima confirma o que Baktin (1992),
mesmo antes do advento das tecnologias, já dizia “é preciso que o aluno se envolva
com os textos que produz e assuma a autoria do que escreve, visto que ele é sujeito
que tem o que dizer. Quando escreve, ele diz de si, de sua leitura de mundo”.
(BAKHTIN 1992, p. 289).
Assim, o trabalho realizado com a carta pessoal, mesmo apresentando
resistência por parte de alguns alunos, foi muito proveitoso, visto que contribuiu para
amenizar problemas de escrita: ortografia das palavras, uso do vocativo e dos
pronomes, linguagem formal/informal; compreensão da estrutura: remetente,
destinatário, local, data, saudação, corpo, despedida e assinatura e função social do
gênero. Os alunos compreenderam que a carta pessoal é um importante meio de
comunicação, que objetiva aproximar pessoas distantes, por meio da escrita.
No decorrer das aulas houve mais interesse na realização das atividades e a
participação tornou-se mais ativa e dinâmica. Muitos alunos se apropriaram do
conteúdo. Aqueles que apresentaram maiores dificuldades foram assistidos pelos
colegas e professor obtendo um desempenho aceitável.
Desta forma conclui-se que a metodologia de aprendizagem por meio dos
gêneros textuais, em especial a carta pessoal, enriquece o trabalho em sala de aula.
A participação e o comprometimento dos alunos são mais visíveis, visto que os
mesmos são oportunizados a expor suas opiniões acerca do conteúdo.
Referências
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