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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
OS DISPOSITIVOS MÓVEIS E SUAS APLICAÇÕES NO CONTEXTO
ESCOLAR
Sandra Nunes Gaio1
Nuria Pons Vilardell Camas2
Resumo: Este artigo discute a utilização dos dispositivos móveis no contexto escolar. Para tanto, se analisou a experiência realizada no Colégio Estadual Santa Cândida, onde se desenvolveu o trabalho com quatro turmas do primeiro ano do ensino médio do turno matutino. O intuito foi criar um Recurso Educacional Aberto (REA) com a utilização do aplicativo Google Maps. Os professores decidiram os conteúdos que iriam ser contemplados e foram inseridos em um mapa personalizado. Como resultado obteve-se dois mapas: Civilizações Antigas das Américas – em que foram acrescentadas as informações sobre quatro civilizações (Astecas, Incas, Maias e Olmecas) e Sítios Arqueológicos em que foram identificados os pontos nos diversos continentes. Palavras-chave: Dispositivos móveis. Tablet. Tecnologias da Informação e Comunicação. Recursos Educacionais Abertos. Google Maps.
INTRODUÇÃO
No percorrer do ano de 2013, devido ao projeto governamental Educação
Digital – Política para Computadores Interativos e Tablets, os professores da rede
estadual receberam um tablet com a finalidade de gerar novas possibilidades para
facilitar e enriquecer o trabalho em sala de aula. Além desse fator, a nova tecnologia
também oferece aos alunos, novas oportunidades e maior incentivo à aprendizagem.
Contudo, torna-se importante ressaltar que a inserção das tecnologias na educação
sempre foram realizadas sem o devido preparo e capacitação dos docentes, que
acabam, na maioria das vezes, por não utilizar ou subutilizar recursos que poderiam
enriquecer sua experiência.
Segundo dados obtidos por meio do site do Ministério da Educação e Cultura
(MEC, 2012), a aquisição dos tablets faz parte das ações do Proinfo Integrado, com o
objetivo de inserir as Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) no cotidiano
escolar. A distribuição inicial obedeceu a determinados critérios: serem escolas de
1 Especialização em Educação Especial e Educação Inclusiva pela Universidade Federal do Paraná, Brasil (2006). Professor Pedagogo da Secretaria da Educação do Estado do Paraná, Brasil, [email protected] 2 Doutorado em Educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Brasil (2008). Professor Adjunto II da Universidade Federal do Paraná, Brasil, [email protected]
ensino médio urbana, terem internet de banda larga, possuir laboratório do Programa
Nacional de Tecnologia Educacional (Proinfo) e rede sem fio (Wi Fi). Esta aquisição
se faz diretamente pelos estados que incluíram o pedido de aquisição na adesão ao
Plano de Ação Articuladas (PAR) e após a aprovação do mesmo, o FNDE repassou
os recursos para os estados efetuarem a aquisição com as empresas vencedoras do
pregão.
Romain Mallard (2011) comenta que a perspectiva é animadora desde que haja
o entendimento das reais oportunidades oferecidas, em especial, a qualidade de
trabalho no uso dos aplicativos que serão desenvolvidos e como o sistema
educacional fará efetivamente este uso. Caracteriza que a usabilidade se apresenta
simples e intuitiva pelo avanço dos sistemas operacionais, aliado a isto, há de se
valorizar, a hiperconectividade e finalizando, os aplicativos que darão o real sentido
pedagógico para a ferramenta. Em contrapartida, destaca o autor, há a necessidade
de planejamento do uso, pois estar conectado com a rede pode abrir uma teia de
possibilidades infinitas, tanto para obter uma aprendizagem significativa, quanto para
apenas visualizar informações desconexas (MALLARD, 2011).
Landim (2011) assinala que algumas instituições de ensino têm solicitado como
material escolar de apoio apenas o tablet e que estes se apresentam com um custo
inferior ao material impresso, porém alerta que muitos professores têm menos preparo
que os alunos para lidar com as novas tecnologias, reforçando a necessidade de
formação continuada.
Com base nestas fontes torna-se viável desenvolver estudos em que se analise
os recursos disponíveis e os que poderão ser adicionados a este equipamento, bem
como, as possibilidades de utilizá-lo com outros aparelhos multimídias. A proposta
então foi direcionada para desenvolver um Recurso Educacional Aberto (REA)
utilizando o aplicativo Google Maps. Houve o interesse de cinco professoras e o
trabalho acabou sendo desenvolvido por três. As professoras que não desenvolveram
o trabalho mostram-se interessadas em fazê-lo no segundo semestre do ano corrente.
No contexto a seguir será apresentado a forma com que este projeto se
desenvolveu no Colégio Estadual Santa Cândida.
IMPLEMENTAÇÃO DA PROPOSTA – RECURSO EDUCACIONAL ABERTO –
UTILIZANDO O GOOGLE MAPS
A prática docente deve permanentemente estar sendo repensada, seja pela
reflexão-ação, seja pela busca incessante de conhecimentos. Vivemos sob a égide
tecnológica que disponibiliza inúmeros recursos que podem viabilizar o acesso aos
mais diversos níveis de informação, porém constantemente percebe-se, no contexto
escolar, professores cujo o grau de insegurança ainda é grande quando se propõe a
utilização de novos recursos. Não se pode admitir que os profissionais da educação
se furtem ao conhecimento de produtos culturais, neste caso, materiais, e que isso
inviabilize um dos meios de proporcionar uma prática humanizadora (DUARTE, 2007),
pois “a implantação de toda tecnologia cria uma situação de instabilidade e
insegurança para aqueles que ainda não tem acesso aos seus domínios” (PAIS, 2008,
p. 101).
Mas por que a educação não apresentou uma evolução tão instantânea em
resultados como a velocidade das conexões? O mundo virtual está repleto de
informações, que são necessárias para a síntese do conhecimento, mas sem o devido
trabalho não possam de dados informativos e “nenhuma máquina pode produzir
conhecimentos ou inteligência” (PAIS, 2008, p. 104), apenas sendo instrumento para
o professor utilizar em sua prática docente. O conhecimento é resultante da
compreensão da informação e a construção da sua interpretação, entendendo-se a
informação como dados e fatos encontrados em publicações, por meio da internet ou
troca entre pessoas (ALMEIDA; MORAN, 2005)
Historicamente, analisando a educação, constata-se que houve
[...] diversas crises e transformações sofridas pela Instituição de Ensino Moderna, mas é digno de nota que essas transformações não descentralizaram a escola como espaços de saber e de disciplina, o lugar informativo, o de centralização do conhecimento e, portanto, o de autoridade “informativa” e formativa. (SILVA, 2008, p. 17).
Também é importante ressaltar que embora certas mudanças já ocorreram na
história da educação, outras características permanecem sem nenhuma modificação.
Tem-se como exemplo, o layout da sala, a divisão de tempo das aulas, as carteiras
dispostas em fila, entre outros (SILVA, 2008). Tendo em vista que o professor já não
é mais visto como o monopolizador do conhecimento (SILVA, 2008) e, em
contrapartida, o aluno, em geral, já é produtor de informação nas redes sociais
(CAMAS, 2012), outras mudanças também são importantes que aconteçam para que
professores e alunos possam aproveitar melhor as diferentes formas de ensino.
Em consequência é salutar criar espaços de estudo, discussão e/ou reflexão
(SILVA, 2008) tanto para alunos, quanto entre docentes, comunidade escolar em
geral, assim pode-se afirmar que a evolução tecnológica gerou a necessidade de um
maior conhecimento tanto na área técnica como na pedagógica (SILVA, 2008), pois o
pedagógico gera estas novas necessidades e por consequência, novas possibilidades
técnicas (ALMEIDA; MORAN, 2005).
A escola continua sendo o espaço de formação não só de crianças e
adolescentes, mas de todos que buscam ampliar seus saberes (KENSKI, 2011) e a
democratização do conhecimento científico continua sendo o seu maior desafio em
busca da emancipação humana. Quando surgiu o capitalismo a ciência e a tecnologia
estavam afastadas da produção, as descobertas eram feitas individuais e as melhorias
na produção, muitas vezes, eram descobertos pelos próprios trabalhadores; com o
passar do tempo cada vez mais foi desapropriando do trabalhador o conhecimento de
todo o processo de produção e com isso resultou também em uma divisão do saber
na educação, “ficando destinada a formação elementar básica para os subalternos,
qualificando-os minimamente para o mercado de trabalho e resultado em uma
aceitação passiva da ideologia dominante” (MORAES, 2002, p. 15).
É necessário que se busque alternativas de acesso e compreensão destas
tecnologias, não ficando restrita a poucos. Bem como, os professores não fiquem
reféns do livro didático ou utilizando outras mídias a esmo por não ter a compreensão
do que pode agregar ao seu trabalho os recursos tecnológicos disponíveis (ALMEIDA;
MORAN, 2005).
Vale destacar que se observa nas políticas educacionais, voltadas à
informatização a partir de 1980, à necessidade de modernizar o país para que se
tornasse competitivo internacionalmente, ao mesmo tempo, atender ao interesse do
próprio capital nacional, porém nenhuma destas condições foram obtidas, pois não
houve interesse em melhorar o padrão da classe trabalhadora e nem da própria
educação (MORAES, 2002).
É importante e salutar lembrar que o uso das tecnologias na educação, só serão
válidas se levarem ao saber-fazer da classe trabalhadora e que estas levem para além
de modismos ou da necessidade de se criar novos nichos de consumo (MORAES,
2002). Vale ressaltar também que a disponibilização de recursos tecnológicos por si
só não garantirá melhora na qualidade da aprendizagem e que é preciso ter claro que
o método não irá causar esta mudança conforme o pensamento tecnicista.
A busca pela qualidade escolar é primordial, não do ponto de vista econômico
apenas, e sim pela qualidade social, onde se propõe que o educando tenha
possibilidade de exercer a cidadania criticamente, pois a educação é formadora e para
isso se deve entender o mundo que o cerca (LIBÂNEO; OLIVEIRA; TOSCHI, 2007) e
saber discernir sobre as verdades e mentiras do “universo midiático”, fontes confiáveis
e sem lastro da internet (ALMEIDA; MORAN, 2005, p. 36). Logo, ler os meios de
comunicação com a capacidade de perceber o que a edição esconde (CAMAS, 2012).
Kenski (2011) afirma que esta instituição é um meio onde a população adquire
pelo menos um mínimo de conhecimento, para assim consumir mais bens e serviços,
dentro da proposta liberal. Então, a informação é vista como mercadoria e quanto mais
acesso a informação, pelos consumidores letrados, maior a necessidade de se manter
atualizado e obter mais informações aumentando o consumo.
Em contra partida Duarte (2008) expõe que o processo pedagógico deve
incentivar a busca de novas aprendizagens por meio da transmissão das formas mais
elevadas e desenvolvidas do conhecimento socialmente existente. Desta forma,
superando o aspecto do saber a serviço do consumo e sim como forma de se
compreender a realidade e as relações que se está subordinado. Ora, se analisar que
o domínio da TIC possa instrumentalizar o estudante a buscar novas aprendizagens
ou como meio para acessar informações que gerem questionamentos a serem
debatidos, pode-se entender que merece ser contemplado dentro do trabalho
educativo.
Neste ponto há de se considerar o papel do professor pedagogo que deverá
viabilizar, integrar e dar assistência pedagógica didática aos professores (LIBÂNEO;
OLIVEIRA; TOSCHI, 2007). Estabelecer mecanismos que diminua o isolamento dos
professores, as limitações da duração das aulas, a fragmentação do conteúdo são
aspectos que precisam ser melhorados (KENSKI, 2011).
Uma das alternativas é o uso do acesso às tecnologias de informação,
viabilizadas pela conectividade com o mundo. Assim, a formação continuada é
indispensável à carreira do magistério, onde o professor vivencia os diferentes papéis
como: aprendiz, observador, gestor e mediador. Logo o desenvolvimento ocorre de
forma processual (ALMEIDA; MORAN, 2005).
O uso de equipamentos, como o tablet, podem ser comparados com a
virtualidade, onde não há um espaço concreto delimitado, mas as informações e
dados estão lá, em latência, prontos para o uso, do mesmo modo a educação e os
meios que estão sendo disponibilizados só farão sentido se resultarem em efeitos que
levem a melhoria da aprendizagem (PAIS, 2008).
Neste ponto está a importância do trabalho docente que com sua experiência
e conhecimento pode utilizar a tecnologia com criatividade associando, por exemplo,
imagens e movimentos aos conceitos estudados, facilitando a formação de símbolos
mentais pelos alunos. Cada vez mais há questionamentos quanto a organização do
conteúdo - de forma linear, estratificada, do mais simples para o mais complexo –
dificultando a compreensão do mundo e os movimentos ecológicos pela sobrevivência
(ALMEIDA; MORAN, 2005). Duarte (2007) contesta esta organização, explicando que,
para Vygotski, deve-se partir do complexo, da abstração para o simples, o real, que
esta é a forma de se apropriar do conhecimento científico, superando o senso comum.
Já, para Camas (2013), a utilização da internet pode auxiliar o desenvolvimento deste
processo e sua forma de apresentação também oportuniza uma leitura diferente da
convencional.
Para que este trabalho ocorra é imprescindível que haja o conhecimento de
aplicativos e softwares disponíveis pelo corpo docente e então, avaliem didaticamente
sua utilização e se é possível ampliar as condições de aprendizagem. Estudos já
comprovam que quanto maior a interatividade melhor o resultado (PAIS, 2008).
Este trabalho necessita da contextualização onde o professor atua, pois senão
há o risco de resultar em resistência ao uso dos recursos (KENSKI, 2011).
Proporcionar a compreensão dos avanços tecnológicos e a incorporação nos métodos
de trabalho docente ainda deve ser estimulado, tendo em vista sempre o compromisso
com o saber científico, que proporcionará aos alunos possibilidades de apropriação
do conhecimento para além do consumo e da produção (KENSKI, 2011), pois os
produtos tecnológicos não são nem bons nem maus em si mesmos, o que é
fundamental é a sua forma de utilização deverá ser para emancipação e não para a
dominação (ALMEIDA; MORAN, 2005).
Educar com novas tecnologias ainda é um desafio, o que foi feito até agora
foram pequenas adaptações. Vale a pena investigar novos caminhos (ALMEIDA;
MORAN, 2005). Para isso é necessário que o professor tenha oportunidade de
vivenciar as tecnologias atuais para aprender a usar e poder decidir se adota o recurso
em sua prática, sempre considerando se este meio apresenta um uso significativo-
crítico para melhorar o processo educacional (CAMAS, 2012).
Metodologia
Com este enfoque foi proposto pela professora pedagoga do Colégio Estadual
Santa Cândida, um trabalho envolvendo a utilização de dispositivos móveis de forma
geral, com os Primeiros anos do Ensino Médio Regular. Diante desse quadro, cinco
professoras demonstraram interesse em desenvolver o projeto. Cogitou-se a
utilização do tablet educacional, que foi disponibilizado pelo projeto do governo,
porém, o primeiro entrave era que apenas uma delas possuía este equipamento em
perfeitas condições de uso. Então, retomou-se a ideia inicial que era utilizar os
dispositivos móveis de forma geral.
A proposta consistia no estudo da Unidade Didática que estava dividia em três
etapas: (a) A História das Tecnologias e a Educação; (b) Tecnologias da Informação
e Comunicação (TIC); e (c) Recurso Educacional Aberto – Utilizando o Google Maps.
Posteriormente foram selecionados os conteúdos que seriam desenvolvidos com a
proposta, seguido de: aula expositiva sobre como seriam inseridos os dados pelas
turmas; cadastramento do e-mail dos alunos no mapa personalizado;
acompanhamento do trabalho desenvolvido pelos alunos e avaliação dos resultados,
tanto pelos professores quanto pelos alunos.
Ao final do estudo da segunda etapa da Unidade Didática – Tecnologias da
Informação e Comunicação (TIC) - um dos questionamentos foi se os alunos
possuíam acesso à internet. Elaborou-se então uma pesquisa e após sua aplicação
forma constatados que os alunos possuíam as condições para o desenvolvimento da
proposta tanto em casa como na escola, conforme será demonstrado a seguir.
A Figura 1 apresenta que todos os alunos têm acesso a internet, fato
fundamental para a realização das atividades com o Google Maps.
Figura 1 – Você tem acesso a internet?
Fonte: elaborada pela autora.
Na figura 2 os alunos demostram em que local realizam este acesso, ficando
claro que apenas uma pequena parcela precisará desenvolver as atividades na escola
e a grande maioria poderá realizar em sua casa, restando apenas o apoio para
eventuais dúvidas tanto da pedagoga responsável pelo projeto como da própria
professora que está desenvolvendo a atividade.
Figura 2 – Onde você acessa? Admite-se mais de uma resposta
Fonte: elaborada pela autora.
A frequência deste acesso também é pertinente, pois eventuais correções e/ou
complementações que se fizerem necessárias poderão ser realizadas no mesmo dia,
caso seja interessante para o aluno e a pequena porcentagem que não tem essa
possibilidade poderá se valer da estrutura do colégio. Conforme apresenta a Figura 3.
Figura 3 – Com que frequência você acessa?
Fonte: elaborada pela autora.
Desta forma ficou constatado que havia meios de desenvolver a proposta.
Portanto, continuou-se o estudo do material didático, partindo-se para a terceira etapa
– Recurso Educacional Aberto – Utilizando o Google Maps – e como apoio foram
elaborados dois tutoriais.
Um direcionado para os professores que tem por objetivo fornecer o passo a
passo para criar um mapa e outro para os alunos explicando como inserir os dados
no mapa personalizado, inclusive sendo realizada, pela professora PDE, uma aula
expositiva para que os alunos e até mesmo as professoras conseguissem entender o
processo de forma coletiva, sanando as dúvidas que fossem ocorrendo durante toda
a explanação.
Em seguida as professoras apresentavam a cada turma os temas a serem
desenvolvidos dentro dos mapas, resultando nesta divisão:
. Professora A (História): trabalhar as Civilizações Antigas da América, onde os
alunos (do 1º Ano Turma A) seriam divididos em 4 grupos (Astecas, Incas, Maias e
Olmecas). Este trabalho ocorreu no 1º Bimestre.
. Professora B (História): trabalhar os sítios arqueológicos nos outros 3 primeiros
anos (1º Ano Turma B, C, e D), sendo desenvolvido no 2º Bimestre.
. Professora C (Geografia): os alunos da Professora B iriam acrescentar, nas
informações sobre os sítios arqueológicos, as coordenadas geográficas
correspondentes ao local pesquisado. Esta proposta ocorreu na metade do 2º
Bimestre, quando a professora C percebeu que o trabalho de história estava
tomando forma e sem maiores dificuldades.
. Professoras D e E (Biologia): acabaram não desenvolvendo projeto, mas se
sentiram seguras em propor atividades envolvendo o celular como meio de acesso
a internet como forma de montar um glossário para as aulas do 2º Bimestre. Foi a
primeira experiência que elas realizaram utilizando os dispositivos móveis e o
resultado foi bastante proveitoso.
Durante este processo foi realizado o cadastramento de todos os e-mails, tanto
das professoras envolvidas, como dos alunos para que pudessem ter acesso e incluir
as informações pertinentes nos respectivos mapas.
A proposta contemplada na Unidade Didática - Recurso Educacional Aberto –
Utilizando o Google Maps - era que todos os conteúdos fossem previamente
desenvolvidos em sala, partindo-se do pressuposto que “o indivíduo não pode
elaborar seu conhecimento individual a não ser apropriando-se do conhecimento
historicamente produzido e socialmente existente” (DUARTE, 2007, p. 92) e
posteriormente houvesse a busca por dados complementares. Todas as professoras
envolvidas deveriam acompanhar a qualidade do que estava sendo postado e indicar
as possíveis correções aos educandos respectivos. Em contrapartida, a professora
PDE ficou com a responsabilidade de atender eventuais dúvidas com relação a
inserção das informações e/ou acesso ao aplicativo, bem como modificar, quando
necessário, o e-mail cadastrado.
Resultados
Como resultado obtido, encontra-se uma participação de 62,2 % dos alunos da
turma A (Civilizações Antigas da América) e que avaliaram a atividade proposta com
nota (de 0 a 10) 7,1. Nas turmas B, C e D (Sítios Arqueológicos) a participação foi de
29,9% e estes mesmos ao realizar a proposta de Geografia (Coordenadas
Geográficas) concluíram a atividade apenas 17,7% e que atribuíram ao projeto nota
(de 0 a 10) 6,3. Estes dados foram levantados por meio de um questionário aplicado
nas turmas envolvidas que resultou nas Figuras 4, 5 e 6.
Figura 4 – Você considera que a utilização desta ferramenta facilitou sua aprendizagem no
conteúdo desenvolvido?
Fonte: elaborada pela autora.
Figura 5 – Você gostaria que houvesse outros trabalhos utilizando o Google Maps?
Fonte: elaborada pela autora.
Figura 6 – Atribua uma nota de 0 (zero) a 10 (dez) para este projeto desenvolvido.
Fonte: elaborada pela autora.
Quanto as professoras envolvidas, a avaliação se deu desta forma:
. Professora A (Civilizações Antigas) – aguçou a curiosidade para fatos específicos
que enriqueceram a aula, porém foi encontrada pouca literatura dos Olmecas
(Civilizações Antigas da América) e a formação dos grupos e a forma de postagem
poderia ser repensada;
. Professora B (Sítios Arqueológicos) – considerou que o projeto é de fácil aplicação,
mas ao mesmo tempo, considerou que os alunos tiveram dificuldade em entender
a proposta;
. Professora C (Coordenadas Geográficas) – destacou a facilidade de acesso à
internet tanto para alunos quanto para a professora, o desenvolvimento de um
trabalho em conjunto com a professora de história e o apoio dado pela Professora
PDE. Destacou também a falta de interesse dos alunos em acessar e responder,
pois eles utilizam a internet, mas encaram como fonte de entretenimento
Os alunos que participaram da construção dos mapas levantaram de forma
recorrente as seguintes dificuldades:
. Poderia ter sido realizado integralmente na escola e explorado o conjunto do que
foi postado durante as aulas, fato este que não ocorreu;
. Serem propostos novos trabalhos como este para que haja mais segurança em
fazê-lo, para adquirir prática e envolver mais áreas do conhecimento;
. Os trabalhos convencionais, entregues de forma planificada, são mais eficientes e
mais simples de serem realizados;
. Insegurança em acessar e-mail e postar os conteúdos pesquisados no aplicativo;
. Mais tempo para realizar o trabalho;
. Mais organização, mais comprometimento dos alunos;
. Aprendi apenas o que postei;
. Dificuldade em utilizar o Google Maps.
A Professora do PDE, responsável pela implementação do projeto,
disponibilizou um dia da semana para que alunos e professores tivessem um espaço
para sanar dúvidas sobre todo o processo, porém a procura foi mínima de ambas as
partes.
Alguns alunos comentaram que o fato de ser um “anexo do conteúdo” (Sítios
Arqueológicos) e não verem a importância direta dentro dos assuntos que estavam
sendo tratados em sala, não houve um empenho e o comprometimento maior. Nota-
se também que como não foi dedicado um espaço específico, em uma aula, para
abordar e acrescentar informações sobre o que havia sido postado por cada aluno,
isto também refletiu como fator de desânimo para alguns membros da sala. Outro
agravante que vale destaque é que as professoras que se propuseram a participar do
projeto, apenas uma utilizou o tablet, a outra possuía um equipamento que estava
apresentando problemas de funcionamento e terceira ainda não recebeu.
Outro ponto importante nos resultados do projeto foi a participação dos
professores pedagogos no curso Grupo de Trabalho em Rede (GTR). Onde dezessete
inscreveram-se e quinze concluíram todas as atividades propostas. Foram pedagogos
de diversos pontos do Estado do Paraná e que puderam compartilhar suas
impressões sobre o material desenvolvido e o relato dos entraves e facilidades
ocorridas no processo. Esta prática é prevista dentro do Programa de
Desenvolvimento Educacional (PDE) com o intuito de divulgar o que está sendo
implementado pelos professores que participam deste programa e cada inscrito avalie
as práticas dentro de sua realidade. Cabe destacar as seguintes contribuições:
. Todos os participantes afirmaram que os Estabelecimentos de Ensino
receberam os tablets, porém destinados aos professores de Ensino Médio (como
previsto na 1ª fase do programa e citado neste artigo) e que pertencem ao Quadro
Próprio de Magistério, ficando excluídos os docentes com contrato temporário.
. O uso é restrito em muitos locais por não haver uma estrutura adequada do Wi
Fi, o que dificulta a utilização do tablet e outros dispositivos móveis.
. Cursos de pequena duração estão sendo ofertados pela mantenedora com
vistas a familiarizar o uso do equipamento.
. Alguns tablets já chegaram com problemas ou pararam de funcionar com
poucas horas de uso.
. Os alunos em sua maioria possuem celulares e este continua sendo um ponto
de conflito em sala de aula.
. Que consideram válida a proposta, mas que a infra estrutura da escola, em
especial o acesso a internet precisa melhorar nos Estabelecimentos de Ensino.
Também foi consultada a Direção do Colégio que avaliou o projeto como válido,
pois transcorreu de forma tranquila e não gerou desentendimentos, reforçou que a
disponibilização do sinal Wi Fi é mantido pela APMF (Associação de Pais, Mestres e
Funcionários) não havendo verba específica até o momento do Governo, seja
estadual ou federal, para melhorar esta estrutura. Considera necessário a utilização
da Tecnologia de Informação e Comunicação, porém deve existir um planejamento
prévio e acompanhamento sistemático como ocorreu neste projeto, pois já ocorreram
experiências que foram negativas, em que os recursos tecnológicos foram valorizados
acima dos conteúdos propostos e os resultados foram inócuos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta experiência proporcionou o contato sistemático com docentes e discentes
utilizando como recurso a tecnologia digital.
As professoras que desenvolveram o projeto demonstraram interesse e
incentivaram o desenvolvimento do trabalho, porém foi perceptível que não ficaram a
vontade com a proposta, tanto que alguns alunos citaram que não tiveram os
esclarecimentos necessários, pois não foi explorado o mapa construído em sala,
abordando e relacionando ao assunto que estava sendo ministrado durante as aulas,
parecendo um apêndice ao planejamento. Neste ponto é importante destacar que os
recursos empregados devem ser compreendidos para que assim agreguem valor ao
processo pedagógico e proporcionem resultados significativos (KENSKI, 2011).
Apesar da tecnologia estar presente na vida do professor, o domínio das ferramentas
ainda não é uniforme. Este foi um dos pontos principais que não houve adesão de
total ao projeto. Torna-se fundamental continuar investindo na formação continuada
relacionada ao uso das tecnologias para conseguir romper estas resistências, bem
como vale ressaltar que os tablets educacionais não foram utilizados por não terem
sido recebidos ou não estarem funcionando.
Da mesma forma foi possível verificar que nem todos os alunos têm domínio
dos conhecimentos básicos de informática, como por exemplo, utilização de e-mail,
dificuldade em selecionar textos, digitação, entre outros. Alguns inclusive comentaram
que este tipo de proposta era muito complexa por não se sentirem seguros na
utilização dos recursos digitais, ficando mais simples os trabalhos desenvolvidos com
papel e caneta. Ao mesmo tempo houve alunos que criaram mapas paralelos e depois
constataram o porquê de suas informações não estarem junto com o restante das
turmas. Também ficou evidente que apesar de todos relatarem, na primeira pesquisa,
que tinham acesso diário à internet, muitos precisaram desenvolver as atividades no
colégio. Esta disparidade no conhecimento da TIC dos alunos demonstra que há
necessidade de serem desenvolvidas ações em que os estudantes superem esta
dificuldade, pois cada vez mais estes recursos farão parte da vida cotidiana. Ao
mesmo tempo questiona-se se esta exigência também deveria ser assumida pela
escola.
Cabe destacar que mesmo vivendo em plena frenesi tecnológica, onde a vida
cotidiana é bombardeada com diversos itens digitais, ainda prosseguiu-se com um
conhecimento díspar e esta realidade é constatada tanto para alunos quanto para
professores.
Quanto aos celulares e tablets percebeu-se que foram muito utilizados para
buscar as informações pertinentes, mas para inseri-las no mapa ou verificar se o
conteúdo foi salvo adequadamente valeram-se de notebooks ou computadores.
As evidências indicam que fazer a utilização da Tecnologia da Informação e
Comunicação é um desafio e o uso de celulares em sala ainda causa muito conflito,
porém quando se atribuiu uma solicitação pedagógica, estes equipamentos foram
utilizados de forma bastante tranquila. Cabe salientar também que a infraestrutura das
escolas merece atenção continua tanto no que se refere aos laboratórios de
informática quanto no suporte e disponibilização das conexões e redes de transmissão
de dados, bem como a respectiva manutenção.
Os processos de ensino-aprendizagem precisam ser muito debatidos,
principalmente pelos programas de formação continuada em se avalie os
encaminhamentos para a inserção dos dispositivos móveis e sempre lembrando o
que: “Não são os recursos que definem a aprendizagem, são as pessoas, o projeto
pedagógico, as interações, a gestão. Mas não há dúvida que o mundo digital afeta
todos os setores, as formas de produzir, de vender, de comunicar-se e de aprender”
(MORAN, MASETTO, BEHRENS, 2013).
REFERÊNCIAS
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Brasilia: Posigraf, 2005. CAMAS, N. P. V. A literacia da informação na formação de professores. In: TONUS, M.; CAMAS, N. P. V. (Orgs.). Tecendo fios na educação: da informação nas redes à construção do conhecimento mediada pelo professor. Curitiba: CRV, 2012. p. 47-68. ______. Cultura digital e formação de professores. Curitiba: UFPR, 30 maio 2013.
Conteúdo de aula. DUARTE, N. Educação escolar, teoria do cotidiano e a escola de Vigotski. 4. ed. Campinas: Autores Associados, 2007. Polêmicas do Nosso Tempo. ______. Sociedade do conhecimento ou sociedade das ilusões?. Campinas: Autores Associados, 2008. Polêmicas do Nosso Tempo. KENSKI, V. M. Educação e tecnologias: o novo ritmo da informação. 8. ed.
Campinas: Papirus, 2011. LANDIM, W. Tablets nas escolas: como eles podem mudar o ensino. 2011. Disponível em: <http://www.tecmundo.com.br/tablet/8918-tablets-nas-escolas-como-eles-podem-mudar-o-ensino.htm>. Acesso em 26 jun. 2013. LIBÂNEO, J. C.; OLIVEIRA, J. F. de; TOSCHI, M. S., Educação escolar: políticas, estrutura e organização. 4. ed. São Paulo: Cortez, 2007. Docência em formação. MALLARD, R. Tablets no ensino podem ser revolução ou ilusão. 2011. Disponível
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MORAES, R. A. de. Informática na educação. Rio de Janeiro: DP&A, 2002. (Coleção
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PAIS, L. P. Educação escolar e as tecnologias da informática. Belo Horizonte:
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