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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
1 Professora de Língua Espanhola e Pedagoga da Rede Estadual de Ensino do Paraná. Turma PDE 2013. Email: [email protected] 2 Orientadora Prof. Doutora em Letras pela Universidade Estadual Paulista (UNESP/Assis), Mestre em Linguística Aplicada (UNICAMP/Campinas), graduada em Letras Português/Inglês (UEM/Maringá) e docente do curso de Letras Modernas da Universidade Estadual de Maringá. Email: [email protected]
O GÊNERO TEXTUAL MÚSICA NAS AULAS DE LÍNGUA
ESPANHOLA
Regina Favorin Martins (SEED – PR – PDE)1
Sandra Maria Coelho de Souza Moser (UEM)2
RESUMO
Este artigo se propõe a descrever a implementação de um trabalho com o gênero textual música em língua espanhola realizado no PDE – Programa de Desenvolvimento Educacional, e que foi desenvolvido na turma do Aprimoramento do período noturno do curso de Língua Espanhola do Celem (Centro de Línguas Estrangeiras Modernas) no Colégio Estadual Cruzeiro do Oeste - EFM na cidade de Cruzeiro do Oeste, Núcleo Regional de Educação de Umuarama, estado do Paraná. O gênero textual música é presença constante na vida de nossos adolescentes e jovens, e muitas vezes, influencia de maneira intensa seus comportamentos e atitudes, e por ser um gênero de fácil aceitação pelos jovens, acreditamos que o ensino da língua espanhola pudesse ser mais significativo e motivante. Nosso objetivo foi oportunizar aos alunos condições para o desenvolvimento das práticas de leitura, oralidade e escrita no ensino da Língua Espanhola utilizando o gênero textual música através de atividades de análise, interpretação e contextualização do momento histórico, social e artístico em que as músicas, interpretadas por cantores brasileiros e hispânicos, foram produzidas. O ensino da Língua Espanhola pode ser dinamizado por meio do gênero textual música contemplando as práticas de leitura, oralidade e escrita, abordando também o trabalho com vocabulários e expressões, pronúncia, prática auditiva, além de discussões sobre os aspectos cultural / interdiscurso, social e artístico que envolvem o contexto de produção das mesmas.
Palavras-chave: Língua Espanhola. Gêneros Discursivos. Música.
1. INTRODUÇÃO
A língua espanhola vem, pouco a pouco, ganhando espaço em nossas
escolas e nas relações de trabalho e comunicação entre os povos.
Esta língua tem, normalmente, uma boa identificação com os estudantes
brasileiros pois, apesar de suas especificidades, a sonoridade e alguns aspectos
que constituem a língua espanhola se assemelham à língua portuguesa.
No entanto, o estudo da língua estrangeira deve aproximar-se de textos que
circulam socialmente e que devem ser trabalhados de forma significativa.
O processo ensino aprendizagem da língua estrangeira nas escolas de ensino
regular é constantemente fonte de estudos que buscam elucidar qual a melhor
maneira de dinamizar este processo e ao mesmo tempo torná-lo mais significativo e
relevante para o aluno. Outro fator que é muito comum é a priorização de uma
prática em detrimento de outra, ou seja, normalmente o professor trabalha mais com
a escrita e leitura e não dá muito enfoque para a oralidade.
Visando suprir estas lacunas, as Diretrizes Curriculares Estaduais para a
Educação Básica do Estado do Paraná na disciplina de Língua Estrangeira Moderna
busca uma ruptura com o ensino tradicional da língua estrangeira e estabelece como
conteúdo estruturante o discurso como prática social pois “Todo discurso está
vinculado à história e ao mundo social. Dessa forma, os sujeitos estão expostos e
atuam no mundo por meio do discurso e são afetados por ele.” (DCE, 2008, p. 55)
Dessa forma é imprescindível que o sujeito interaja de forma concreta e
consciente com o discurso e isto somente é possível no ensino de língua estrangeira
através dos gêneros textuais, que se materializam constantemente no nosso
cotidiano e nas relações que se estabelecem entre os falantes.
Sendo assim, este trabalho se propôs sistematizar a implementação de
estratégias que possibilitassem o desenvolvimento das práticas de leitura, oralidade
e escrita de forma significativa e dinâmica nas aulas de língua espanhola através do
gênero textual música, o que pela experiência docente que temos no Curso de
Língua Espanhola no Celem – Centro de Línguas Estrangeira Modernas acreditamos
que este trabalho contribuiu para o enriquecimento do processo educativo da língua
estrangeira nas escolas públicas do Paraná.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 O Ensino de Língua Estrangeira no CELEM – Centro de Línguas
Estrangeiras Modernas no Estado do Paraná
O Celem – Centro de Línguas Estrangeiras Modernas teve início no ano de
1986 através da Resolução nº 3.546/86, de 15 de agosto de 1986, que tinha como
objetivo regulamentar a criação do Celem na Rede Pública de Ensino do Estado do
Paraná.
A implantação do Celem nos Núcleos de Educação do Paraná foram
ocorrendo gradualmente com a oferta de outros idiomas diferentes daqueles
constantes na Matriz Curricular de acordo com a disponibilidade de professores
habilitados.
Em 1986, ano da implantação do Celem havia a disponibilidade de
professores nas seguintes Línguas Estrangeiras Modernas: Alemão, Espanhol,
Francês, Inglês e Italiano, e de acordo com a Resolução 3.546/1986 o objetivo era:
ensino instrumental da língua (aprendizado e aprofundamento), para o aperfeiçoamento cultural e profissional dos estudantes, desenvolvendo neles especialmente as habilidades de leitura e interpretação de textos, oportunizando-se, aos alunos de melhor rendimento, o desenvolvimento da escrita e da fala. (Resolução nº 3.546/1986 de 15 de agosto de 1986).
O Celem ao longo dos 28 anos de existência ampliou muito a oferta inicial,
possibilitando que milhares de alunos em todo o estado do Paraná pudessem ter
acesso ao conhecimento da língua estrangeira. Com o passar do tempo o Celem
passou por várias reestruturações, sendo que seu funcionamento atualmente é
regulamentado pela Resolução 3904/2008 e pela Instrução Normativa nº 019/2008,
sendo ofertado em 32 núcleos regionais de educação do estado do Paraná, em 473
estabelecimentos de ensino, dos quais 441 ofertam a Língua Espanhola.
Em 2005 foi promulgada no Brasil a Lei nº 11.161/29005 que dispõe sobre a
oferta obrigatória da língua espanhola nos currículos plenos do ensino médio e de
caráter facultativo no ensino fundamental, e em seu artigo 1º estabelece: “que o
ensino do espanhol seja ofertado de forma obrigatória pela escola, e optativa para o
aluno”, sendo assim, o Paraná através do Celem oferta o ensino da língua
espanhola, desde antes da criação da lei.
2.2 A Música como Gênero Textual no Ensino de Língua Estrangeira
O trabalho com o ensino aprendizagem de língua estrangeira nas escolas
vem sendo constantemente debatido e questionado, objetivando torná-lo mais
significativo, envolvente e pleno de sentido para o aluno.
Sendo assim, inúmeros estudiosos dedicam-se constantemente em pesquisar
e viabilizar novas formas de trabalho com a língua estrangeira.
Uma abordagem que vem difundindo-se e prevalecendo é o ensino de língua
estrangeira através dos gêneros textuais. Marcuschi (2008) nos explicita que a
comunicação verbal somente é efetivada através dos gêneros textuais,
considerando-se a produção, as esferas de circulação e os processos de
compreensão dos mesmos.
O referido autor também nos esclarece que os gêneros textuais têm uma
representatividade muito maior que as tipologias textuais (que são representadas
pela narração, descrição, argumentação, entre outros). Os gêneros textuais são
presença constante em nosso cotidiano, na inserção de nossa esfera comunicativa
no meio social em que vivemos. Através dos gêneros textuais orais e escritos nos
integramos e nos socializamos no contexto social no qual estamos inseridos.
O trabalho crítico com gêneros textuais contribui para a democratização da
cidadania e para a construção do conhecimento, e a linguagem se estabelece como
mediadora dos discursos e da comunicação entre as pessoas.
Segundo Meurer e Motta-Roth (2002)
Em função dessa potencialidade de mediar nossa ação sobre o mundo (declarando e negociando), de levar outros a agir (persuadindo), de construir mundos possíveis (representando e avaliando), aumenta a necessidade e a relevância de novas práticas educacionais relativa ao uso de diferentes gêneros textuais e aos
requisitos de um letramento adequado ao contexto atual. (MEURER, MOTTA-ROTH, 2002, p. 10)
O ensino formal tem a responsabilidade de ampliar e desenvolver a
conscientização dos alunos no que se refere à linguagem comunicativa utilizada no
âmbito social através do discurso, que também se materializa nos gêneros textuais.
De acordo com Meurer e Motta-Roth (2002) há três fatores essenciais que
definem o contexto e fazem a mediação da linguagem que são: sobre o que se fala,
quem fala e como fala. A compreensão destes aspectos contribuem para que o
processo comunicativo se estabeleça de maneira consciente e efetiva entre os
falantes.
As DCEs – Diretrizes Currriculares Estaduais da Educação Básica do Estado
do Paraná (2008) também abordam o processo comunicativo como compreensão
fundamental para o ensino de línguas.
No ensino de Língua Estrangeira, a língua, objeto de estudo dessa disciplina, contempla as relações com a cultura, o sujeito e a identidade. Torna-se fundamental que os professores compreendam o que se pretende com o ensino da Língua Estrangeira na Educação Básica, ou seja: ensinar e aprender línguas é também ensinar e aprender percepções de mundo e maneira de atribuir sentidos, é formar subjetividades, é permitir que se reconheça no uso da língua os diferentes propósitos comunicativos, independentemente do grau de proficiência atingido. (DCE, 2008, p. 55)
Sendo assim, o professor tem inúmeras possibilidades de trabalhar a Língua
Estrangeira Moderna com uma variedade muito grande de gêneros textuais.
No entanto, neste projeto de intervenção pedagógica focalizaremos o trabalho
da língua espanhola através do gênero textual música.
2.3 A Música como Gênero Textual no Ensino de Língua Estrangeira
O gênero escolhido para nossa unidade didática foi o gênero textual música
porque acreditamos que a musicalidade é intrínseca ao ser humano, nosso próprio
corpo tem vários sons e ritmos que fazem com que o mesmo mantenha-se vivo e em
constante movimento, como as batidas do nosso coração, nossa respiração, o
trabalho rítmico de nossos órgãos que fazem com que nosso corpo seja repleto de
vida e pulsações.
Segundo o compositor e linguista Luiz Tatit, apud Costa,
[…] uma canção é uma fala camuflada em maior ou menor grau. Essa camuflagem consiste na transformação dos contornos entonacionais da fala pela estabilização do movimento frequencial de sua entoação dentro do percurso harmônico, pela regulação da pulsação e pela periodização dos seus acentos rítmicos. (COSTA, 2010, p. 119)
Uma característica bem marcante da música como gênero textual é que a
mesma consiste na fusão de dois elementos distintos: a linguagem verbal e a
linguagem musical. Além disto, a música também apresenta uma temática que pode
variar de acordo com o momento histórico vivenciado e seu contexto de produção.
Quando o aluno é capaz de reconhecer o gênero textual e apropriar-se do
conhecimento que é transmitido, ele se torna capaz de aprimorar o seu processo de
conhecimento e socialização.
Nelson Barros da Costa (2010) em “As Letras e a Letra: o Gênero Canção na
Mídia Literária” nos esclarece um pouco sobre as especificidades do gênero.
[…] a canção é um gênero híbrido, de caráter intersemiótico, pois é resultado da conjugação de dois tipos de linguagens, a verbal e a musical (ritmo e melodia). Defendemos que tais dimensões têm de ser pensadas juntas, sob a pena de confundir a canção com outro gênero, […]. Assim, a canção exige uma tripla competência: a verbal, a musical e a lítero-musical, sendo esta última a capacidade de articular as duas linguagens. (COSTA, in DIONÍSIO, 2010, p. 118)
Como foi afirmado anteriormente, a música encerra em si aspectos híbridos
entre a linguagem verbal e musical. A música instrumental tem seu percurso e é
apreciada por muitos, no entanto, a partir do momento que é conferido à
musicalidade um discurso linguístico (oral ou escrito) é possível analisar intenções e
interpretações mais complexas da linguagem verbal.
A música como elemento educativo do trabalho com gêneros textuais nos
permite muitas possibilidades de atividades que oportunizam ao aluno um contato
dinâmico e prazeroso com a Língua Estrangeira, facilitando o trabalho com
vocabulário, prática auditiva e oral, pronúncia, enfim, de uma compreensão mais
abrangente e de uma análise crítica do contexto de produção e das informações
intrínsecas que a mesma apresenta, bem como dos aspectos de análise linguística e
elementos gramaticais que contribuem para que o texto musical seja repleto de
sentido e significado.
A música possibilita que o aluno se reconheça e seja sujeito de sua própria
aprendizagem pois estabelece relações com o conhecido, ou seja, com melodias
que ele já teve contato anteriormente para um direcionamento de atividades que
podem ser realizadas e que muito contribuirão para que o aluno amplie seus
conhecimentos em relação aos conteúdos e aos conceitos que devem ser
elaborados para que o ensino e aprendizagem da língua estrangeira se efetive
realmente.
2.5 Algumas Sugestões de Como Trabalhar a Música como Gênero Textual
Como já foi citado anteriormente, o ensino da língua estrangeira passou por
várias concepções até chegar aos dias atuais. Para o momento histórico atual
vivenciado em nossa sociedade é necessário que o trabalho pedagógico com a
língua estrangeira seja contextualizado e significativo, sendo assim, o gênero textual
vem de encontro com esta demanda, por estar constantemente presente na vida de
todas as pessoas, sendo elemento indispensável no processo comunicativo, tanto
oral como escrito, presente em diversas situações.
Marcuschi (2005, p.19) nos descreve os gêneros textuais como “entidades
sócio-discursivas e formas de ação social incontornáveis de qualquer situação
comunicativa.”
Sendo assim, o trabalho pedagógico com gênero textual deve estar pautado
na análise e na compreensão de alguns fatores como: análise do contexto histórico
de produção, esferas sociais de circulação (cotidiana, científica, escolar, publicitária,
política, etc.), situação de produção (papel do emissor e do receptor, valor social,
etc.), elementos de análise linguística (tempos verbais, coesão nominal e verbal,
pronomes, etc.). Estes fatores possibilitam que o trabalho com gênero textual seja
compreendido de forma crítica e contextualizada, uma vez que os gêneros são
dinâmicos, podendo sofrer alterações com o tempo, inclusive contemplando o
surgimento de novos gêneros e desaparecimento de outros.
É necessário que cada gênero seja trabalhado de forma direcionada,
considerando as especificidades de cada um, lembrando que os recursos
gramaticais, analisados em sua forma e função, devem contribuir para a
compreensão do interlocutor, e que os elementos gramaticais estão a serviço do
texto, sendo trabalhados de forma contextualizada, em seu contexto de uso para que
contribua para a melhor compreensão do texto.
As formas de gênero, nas quais moldamos o nosso discurso, diferem substancialmente, é claro, das formas da língua no sentido da sua estabilidade e da sua coerção (normatividade) para o falante. Em linhas gerais, elas são bem flexíveis, plásticas e livres que as formas da língua. Também neste sentido a diversidade dos gêneros do discurso é muito grande. Toda uma série de gêneros sumamente difundidos no cotidiano é de tal forma padronizada que a vontade discursiva individual do falante só se manifesta na escolha de um determinado gênero e ainda por cima na sua entonação expressiva.” (Bakhtin, 2003, p. 283)
Segundo Marcuschi (2008) “não há comunicação que não seja feita através
de algum gênero.” Sendo assim, é indiscutível a importância dos gêneros textuais
em todo processo comunicativo, desde um simples recado ou e-mail, das conversas
informais nas redes sociais, até as teses de doutorado ou sentenças judiciais.
O uso do gênero textual música ou canção, como recurso pedagógico de
ensino aprendizagem da língua, deve representar a importância da produção lítero-
musical na construção da identidade e da compreensão da cultura do país em
questão, no nosso caso especificamente, os países de fala hispânica.
[…] ao usar a canção, o professor deve reconhecer sua integridade enquanto gênero autônomo. Isso implica levar em conta a dimensão melódica da mesma e todos os riscos que isso acarreta, um dos quais é a transformação da aula em um espaço de lazer, mais do que um espaço de aprendizado. Esse reconhecimento deve também se harmonizar com uma consciência clara dos objetivos do trabalho com a canção em sala de aula. A nosso ver, este deve ser o de proporcionar ao aluno uma educação dos sentidos e da percepção crítica, que proporcione, ao lado do prazer sensorial e estético, um exercício de leitura multissemiótica, voltada não apenas para a interação pluridimensional que relaciona todos os elementos que uma canção pressupõe (autor – cantor – personagens – melodia – ouvinte genérico – ouvinte individual etc.). Esteja bem claro, por fim, que o que se deseja não é formar cancionistas, mas ouvintes críticos de canções, capazes de perceber os efeitos de sentido do texto, da melodia e da conjunção verbo-melódica; conhecedores do cancioneiro e dos cancionistas de seu país, seus posicionamentos, estilos e discursos; tal como pretende o estudo da literatura. (COSTA, in DIONÍSIO, 2010, p.130-131)
Sendo assim, podemos concluir que o gênero textual música é amplo, rico de
nuances e da mesma forma muito fascinante pois encerra em si as histórias, lutas e
anseios de um povo e de uma nação, portanto para trabalhar com este gênero o
professor necessita ter sensibilidade e visão crítica do contexto musical para que
seus alunos possam, além do sentido musical compreender também o aspecto
poético que se encerra juntamente com a melodia.
3. Intervenção – Aplicação da Proposta em Sala de Aula
A implementação do projeto através da aplicação da proposta em sala de aula
com a utilização da produção didático-pedagógica “El Género Textual Música en las
Clases de Lengua Española” apresentou muitos resultados positivos, entre eles, a
aceitação e a aprovação dos alunos em relação aos conteúdos trabalhados e à
metodologia adotada.
Nas atividades de prática auditiva foi realizada a audição de todas as
músicas, bem como foram exibidos os clips das mesmas. Nos aspectos que
envolvem a prática oral os alunos tiveram a oportunidade de expor suas ideias,
comentar aspectos relevantes das músicas, analisar os contextos de produção, as
especificidades em relação à pronúncia das palavras com o esclarecimento das
dúvidas, bem como estudar o significados dos vocabulários apresentados, através
de uma interação harmoniosa, baseada em um clima de respeito e amizade.
Na prática escrita foram trabalhadas atividades de compreensão textual e
análise linguística através de questões que possibilitaram abordar aspectos críticos
das temáticas apresentadas nas músicas.
Após todo o desenvolvimento das atividades, os alunos realizaram produções
textuais individuais e coletivas, que posteriormente foram socializadas com todo o
grupo, nas quais foi possível analisar a capacidade argumentativa, a organização
das ideias, vocabulário, coesão e coerência dos textos produzidos.
4. ENCAMINHAMENTOS METODOLÓGICOS
A implementação do projeto de intervenção pedagógica, ocorreu no primeiro
semestre do ano de 2014, e teve início com a apresentação do mesmo à direção, à
equipe pedagógica e aos professores da escola.
Em seguida foi realizada a apresentação do tema e dos objetivos do projeto
aos alunos. As atividades foram desenvolvidas com o gênero textual música. As
músicas e as atividades trabalhadas com os alunos do Aprimoramento do Curso de
Língua Espanhola do Celem foram organizadas na Produção Didático-Pedagógica
“El Género Textual Música en las Clases de Lengua Española.”
É importante ressaltar que as atividades enfocam a análise crítica, a
compreensão do contexto de produção, vocabulário, expressões, análise linguística
e as práticas da leitura, oralidade e escrita com as músicas em espanhol. Também
forma apresentados clips das músicas trabalhadas.
A implementação foi muito relevante e apresentou resultados positivos.
Abaixo podemos conferir as opiniões de alguns alunos que participaram da
implementação da produção didático-pedagógica.
“Na minha opinião o material didático-pedagógico trabalhado pela professora
Regina foi excelente, de fácil interpretação, trazendo conteúdos do nosso cotidiano,
fazendo com que nós alunos refletíssemos sobre o meio ambiente, sobre a vida e
sobre o mundo. As músicas estudadas foram muito lindas, com mensagens muito
importantes, onde a turma interagia muito ao interpretá-las”. (Aluno 1)
“Os conteúdos estudados neste ano com nossa turma do aprimoramento
facilitou e ajudou muito a nossa aprendizagem. O material, além de diferente,
inovador e prático influenciou e facilitou a compreensão de nós alunos. As atividades
trabalharam muito nossa prática oral, escrita e auditiva, e nos ajudou a progredir na
nossa fala em língua espanhola, conversar com os colegas e com a professora
sobre os assuntos trabalhados e expressar nossas opiniões”. (Aluno 2)
O projeto de intervenção pedagógica e a produção didático-pedagógica foram
trabalhados com os professores de língua estrangeira da rede estadual de educação
através GTR – Grupo de Trabalho em Rede, que é um curso na modalidade EaD, no
qual os participantes tiveram oportunidades de esclarecer dúvidas, trocar ideias,
discutir e refletir sobre sua prática docente, visando um aperfeiçoamento da mesma.
Abaixo podemos conferir as opiniões de alguns professores que participaram
do curso do GTR “El Género Textual Música en las Clases de Lengua Española”
“Estou muito feliz em participar no GTR com este tema "O Gênero Textual
Música Nas Aulas de Língua Espanhola". Como professora do CELEM, sei a
dificuldade que é montar turmas e mantê-las estudando. Confesso que um dos meus
segredos é a utilização de música em sala. Sempre pesquisei cantores e canções
mais tocadas para motivar meus alunos usando a TV Pen Drive como principal
recurso didático. Com o gênero música trabalho a prática auditiva, pronúncia,
vocabulário, intertextualidade e também análise linguística. Porém, lendo seu projeto
me chamou atenção para a análise crítica, compreensão do contexto de produção,
expressões e também as práticas de leitura, pois eu ouço a música com os alunos
mas não leio a letra depois, só cantamos. Atualmente estava desmotivada pois
parece que as fontes estão se esgotando e os alunos estão muito críticos e parece
nada agradá-los. Esse projeto da professora me motivou e me reamimou a
continuar, mesmo porque a música está dentro de um gênero apreciado por todas as
idades, já que o CELEM recebe todos os tipos de público, e como cita a professora:
‘A música como elemento educativo do trabalho com gênero textuais nos permite
muitas possibilidades de atividades que oportunizam ao aluno um contato dinâmico
e prazeroso com a Língua Estrangeira’..." (Professor 1)
“Julgo por demais pertinente a escolha do gênero textual música pois parte
exatamente daquilo que nosso alunado já conhece e vivencia em seu cotidiano, pois
por mais que ainda não tenha entrado em contato com a referida língua para
estudos mais aprofundados de conhecimento desta, certamente já esteve em algum
momento desfrutando de uma bela canção, perfeita sonoridade mesclada a poesia
que adentra aos ouvidos, sendo este perfeitamente estimulado, contemplando
assim, uma de nossas maiores dificuldades em sala, o aprimoramento da
competência auditiva, tendo em vista que não estamos em um país, onde esta
língua seja objeto natural de estímulo diário. Sendo assim, encontramos aqui um
saboroso caminho para melhorar nossa prática em sala de aula. Realmente acredito
que o gênero textual escolhido é o que se enquadra perfeitamente em sua
totalidade, para a abordagem das três práticas norteadoras do ensino de LEM:
leitura, oralidade e escrita”. (Professor 2)
“A grande questão é e sempre será a de como se concretizar em toda a sua
plenitude o aprendizado escrito e oral no ensino de línguas vinculando o cotidiano do
educando. Em minha opinião, o trabalho com a música, como se faz claro no
Projeto, é um caminho que se torna satisfatório, pois possibilita o uso do mundo do
estudante, dinamiza a aula e, principalmente, possibilita o aprendizado da gramática
usual, oralidade e conhecimento de uma nova cultura. No entanto, isso se fará
realidade com o cuidado do professor em traçar os passos necessários, pois ao
contrário, o trabalho com o gênero música, pode se tornar banal. Ao estabelecer
relação com o mundo do aluno, a sintonia necessária para o aprendizado fica bem
mais tangível”. (Professor 3)
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente trabalho teve como objetivo oportunizar aos alunos condições
para o desenvolvimento das práticas de leitura, oralidade e escrita no ensino da
Língua Espanhola utilizando o gênero textual música através de atividades de
análise, interpretação e contextualização do momento histórico, social e artístico em
que as músicas, interpretadas por cantores brasileiros e hispânicos, foram
produzidas.
O elemento conclusivo que esta pesquisa proporcionou é que é possível
realizar um trabalho muito significativo, relevante e que pode apresentar excelentes
resultados com o trabalho realizado com o gênero textual música, bem como
trabalhar as práticas de leitura, oralidade e escrita de maneira crítica, propiciando um
interesse maior e uma consequente melhor aprendizagem da língua espanhola pelos
alunos que fazem o curso de espanhol no Celem.
REFERÊNCIAS
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