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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Produções Didático-Pedagógicas Versão Online ISBN 978-85-8015-079-7 Cadernos PDE II

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA ......3 para usar trechos de filme como recurso didático no ensino e na aprendizagem de História? Esse Caderno Temático apresenta indicações

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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Produções Didático-Pedagógicas

Versão Online ISBN 978-85-8015-079-7Cadernos PDE

II

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Produção Didática- Pedagógica - PDE-Turma 2014

Título: ENSINO DE HISTÓRIA E CINEMA: UMA PROPOSTA METODOLÓGICA

PARA O USO DE TRECHOS DE FILMES

Autor: Vanessa Maria Rodrigues Viacava

Disciplina/Área: História

Escola de Implementação do Projeto e sua localização:

Colégio Estadual Jayme Canet

Município da escola: Curitiba

Núcleo Regional de Educação: Curitiba

Professor Orientador: Profª Drª Nadia Gaiofatto Gonçalves

Instituição de Ensino Superior: Universidade Federal do Paraná

Relação Interdisciplinar: -

Resumo: Esse material discute o cinema como recurso didático no processo de ensino e aprendizagem de História, e apresenta uma proposta metodológica apoiada em trechos de filmes articulada às concepções teóricas da Educação Histórica.

Esse Caderno Temático apresenta indicações de como usar trechos de filmes nas aulas de História e foi elaborado para ser trabalhado junto aos professores de História e áreas afins em formato de Grupo de Estudos. Este material se organiza em quatro unidades que discutem Educação Histórica, História e Cinema, Ensino de História e Cinema.

Palavras-chave: Cinema; metodologia; trecho de filme.

Formato do Material Didático: Caderno Temático

Público:

Professores

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ENSINO DE HISTÓRIA E CINEMA: UMA PROPOSTA METODOLÓGICA PARA O USO DE TRECHOS DE FILMES

APRESENTAÇÃO

Esse Caderno Temático faz parte da produção elaborada para o

Programa de Desenvolvimento Educacional da Secretaria de Estado da

Educação 2014/2015. Esse material discute o cinema como recurso didático no

processo de ensino e aprendizagem de História, e apresenta uma proposta

metodológica apoiada em trechos de filmes articulada às concepções teóricas

da Educação Histórica. Nessa perspectiva, a aprendizagem histórica não se

desenvolve apenas na escola. Os estudantes possuem noções prévias sobre o

passado, são as ideias históricas construídas também em contextos não

escolares. Entre esses lugares onde os estudantes elaboram seus conceitos de

passado situa-se o cinema, responsável por representar o passado em áudio-

visual a partir de outros interesses, que não os históricos.

O cinema como recurso didático no ensino de História configura-se

como um tema amplamente abordado por historiadores e educadores –

associados aos princípios da Educação Histórica ou não – tais como,

Fernandes (2007), Mocellim (2009), Napolitano (2009), Souza (2012) entre

outros. Embora essas obras apresentem múltiplas possibilidades sobre o uso

do filme no processo de ensino e aprendizagem de História, esses estudiosos

não sugerem encaminhamentos para o uso de trechos de filmes. Essa lacuna é

relevante porque muitos professores preferem o uso do fragmento ao filme

completo,1 mas, na ausência de estratégias específicas para esse tipo de

recurso, organizam suas metodologias a partir de bibliografia que indica o uso

do filme completo.

Diante da ausência de referenciais teórico-metodológicos para o uso de

trechos de filmes no ensino de História, algumas questões se colocam: Como

proceder na seleção de trechos de um filme? Quais as possíveis estratégias

1 As informações sobre a preferência de fragmentos sobre o filme na íntegra se baseiam em

enquete realizada na Hora Atividade Interativa intitulada “O cinema como recurso nas aulas de História”. A HAI foi promovida em 2012 pelo Portal Dia a Dia Educação em parceria com o Departamento de Educação Básica (Seed).

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para usar trechos de filme como recurso didático no ensino e na aprendizagem

de História?

Esse Caderno Temático apresenta indicações de como usar trechos de

filmes nas aulas de História e foi elaborado para ser trabalhado junto aos

professores de História e áreas afins em formato de Grupo de Estudos. Este

material se organiza em quatro unidades que discutem Educação Histórica,

História e Cinema, Ensino de História e Cinema. Na primeira unidade abordam-

se alguns pressupostos da Educação Histórica. Na unidade 2, os temas

discutidos são o cinema como fonte histórica e o cinema como recurso didático

na perspectiva da Educação Histórica. A unidade 3 apresenta um

encaminhamento para o uso de trechos de filme no ensino do conteúdo:

América e África: lutas de resistências e diversidade cultural. E para finalizar

esse Caderno Pedagógico, a unidade 4 indica um passo a passo para a

elaboração de uma aula com o uso de trechos de filmes.

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UNIDADE 1: EDUCAÇÃO HISTÓRICA

Nessa primeira unidade será apresentado o campo da Educação

Histórica e alguns de seus conceitos centrais, a fim de problematizar as

contribuições dessa proposta metodológica em função do tema desse Caderno

Temático. Essa apresentação será feita a partir da leitura de um fragmento do

artigo Desafios teóricos e epistemológicos na pesquisa em educação histórica

de Marlene Cainelli e Maria Auxiliadora Schmidt (2012). Depois dessa

exposição, serão lidos os textos Ideias chave para a educação histórica: uma

busca de (inter) identidades e Aula Oficina: do Projeto à Avaliação de Isabel

Barca (2012) e A Escrita da História e os Conteúdos ensinados na disciplina de

História no Ensino Fundamental de Marlene Cainelli (2012). Ao fim dessa

unidade será feito um debate a partir de questões e espera-se que os

professores conheçam o campo de estudos da Educação Histórica, seus

principais temas de investigação e sua proposta metodológica denominada,

Aula Oficina.

Para a Educação Histórica, o processo de ensino e aprendizagem não

se baseia na transposição didática de conteúdos e conceitos, essa ação deve

ocorrer na interação do professor com as fontes históricas que servirão para

construir uma consciência histórica crítica nos estudantes. Esse mecanismo de

construção ocorre apoiado em conteúdos substantivos articulados aos

conteúdos de segunda ordem e se processa numa metodologia centrada nos

conhecimentos prévios dos alunos. Além disso, os teóricos dessa corrente

enfatizam a necessidade de aproximar a História como ciência da didática da

História, ou seja, o ensino e a aprendizagem da História deve se ancorar em

seus próprios pressupostos epistemológicos, conforme explica Maria

Auxiliadora Schmidt:

A dimensão epistemológica indica que a construção dos objetos de investigação e as delimitações das problemáticas de investigação encontram-se referenciadas na perspectiva do realismo crítico (...), o qual pressupõe um acesso epistêmico à realidade e se opõe às visões do senso comum na ciência. Do construtivismo social (...),em seu tratamento da aprendizagem como desenvolvimento e não como resultado do desenvolvimento, (...); da teoria e filosofia da história, (...), o qual aceita a História como uma estrutura social objetiva e vê a sociedade como uma entidade organizada, mas integrada de modo tênue, contendo um forte potencial de transformação por meio das ações dos indivíduos. (SCHMIDT, 2008, p. 6, grifo nosso.)

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Conceitos-chave para a Educação História:

Conceitos substantivos e conceitos de segunda ordem.

Epistemologia origina-se da palavra grega epistemé que significa ciência.

Epistemologia pode ser compreendida como o saber organizado, estruturado e

validado cientificamente.

Consciência histórica:

“(...) operações mentais com as quais os homens interpretam sua experiência

da evolução temporal de seu mundo e de si mesmos, de forma tal que

possam orientar, intencionalmente, sua vida prática no tempo.” (RÜSEN,

2010, p. 57)

Conceito substantivo e Conceito de segunda ordem:

“Por conceitos substantivos entende-se os conteúdos da História, por

exemplo, o conceito de industrialização, renascimento, revolução. Enquanto

conceitos de segunda ordem: são conceitos que estão envolvidos em

qualquer que seja o conteúdo a ser aprendido. Entre os conceitos de segunda

ordem, podemos citar continuidade, progresso, desenvolvimento, evolução,

época enfim que se referem à natureza da História, como explicação,

interpretação, compreensão”. (CAINELLI, 2012, p. 175)

Ideias prévias:

"(...) conhecimentos que os alunos já possuíam adquiridos em outras séries,

em contato com seus familiares ou com a mídia". (FERNANDES, 2007)

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Atividade 1: Leitura do fragmento do artigo.

No Brasil, as pesquisas sobre ensino e aprendizagem da História

adquiriram grande impulso nas últimas décadas, o que pode ser observado

pela expansão das linhas de pesquisa nos cursos de pós-graduação e pelo

aumento da produção e da publicação nessa área. Esse boom pode ser

também observado em outros países e tem provocado o aparecimento de

domínios específicos na área do ensino de História, como o chamado campo

da Educação Histórica que se desenvolveu em países como Inglaterra,

Alemanha, Estados Unidos, Portugal e também no Brasil.

Entre outras temáticas, as investigações e reflexões que têm ocorrido no

âmbito do domínio teórico da Educação Histórica circunscrevem-se nas

questões relacionadas aos estudos que têm como objeto e objetivo da didática

da História, as problemáticas relacionadas à aprendizagem histórica. Essa

mudança de foco se justifica, na medida em que a aprendizagem histórica

passou a ter como parâmetros as categorias e processos de produção do

conhecimento situados na própria ciência da História. São essas categorias e

processos que orientam a construção do pensamento histórico, justificando a

autoexplicação da História como disciplina escolar e a sua identificação como

uma matéria específica e com uma metodologia própria.

O momento definidor da mudança do embasamento das investigações

sobre ensino e aprendizagem da história, da psicologia para a própria história,

pode ser considerado o ano de 1998. Nesse ano foi realizada a Conferência de

Pittsburg, na Universidade de Carnegie Mellon, nos Estados Unidos. O tema do

encontro era “Ensinar, Conhecer e Aprender História”, e contou com a

participação de vários investigadores do ensino de História, como Denis

Shemilt, Peter Lee e Rosalyn Ashby.

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Como indicativos tirados nessa conferência, foram apontadas orientações

para novos investimentos em pesquisas, como a questão dos currículos de

História pautados nas grandes narrativas universais e a necessidade da inclusão

de temáticas nacionais e locais nas propostas curriculares; estudos sobre a visão

do passado para alunos e professores e seu significado para a orientação

temporal; análise e interpretação das práticas nas aulas de História; análise e

interpretação do trabalho dos professores e da sua formação.

As investigações realizadas na esteira desses indicativos implicam em um

enquadramento teórico baseado na própria natureza do conhecimento histórico,

ancorado na epistemologia da História e em metodologias de investigação como

as da sociologia, etnografia e antropologia, de índole qualitativa, as quais

permitem investigar quer ideias substantivas, como democracia ou revolução,

quer ideias sobre a natureza da História como explicação, narrativa, evidência,

significância, consciência histórica. Os conceitos ou ideias substantivas e de

segunda ordem foram sistematizados e desenvolvidos em investigações

realizadas na esteira das reflexões do filósofo e historiador alemão Jörn Rüsen,

como os conceitos históricos. Se os conceitos substantivos ou conceitos

históricos permitem entender os processos de compreensão substantiva dos

alunos e professores sobre o conteúdo da História, os conceitos de segunda

ordem e as categorias históricas possibilitam a compreensão dos processos de

aprendizado realizados por eles.

Ainda na perspectiva dessas investigações, podem ser destacadas

algumas pesquisas sobre progressão conceitual exemplificados pelos estudos

sobre empatia e explicação (Lee, 2006;2008); evidência (Ashby, 2006); usos da

história e sua ligação com a vida prática (Lee, 2011), bem como sobre as

possibilidades de oscilação e estabilidade nas ideias dos jovens ao usarem a

variação de perspectivas em História (Chapman, 2011). Outros estudos colocam

ênfase na abordagem a partir de ideias por grupos culturais, como os de Barton e

Levstik (2004) e Epstein (2009).

CAINELLI, M.; SCHMIDT, M. A. Desafios teóricos e epistemológicos na pesquisa em educação histórica. Antíteses. v. 5, n. 10, p. 509-518, jul./dez. 2012. Disponível em:< http://www.redalyc.org/pdf/1933/193325796001.pdf> Acesso em: 12 out. 2014.

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Atividade 2: Leitura dos textos:

BARCA, I. Ideias chave para a educação histórica: uma busca de (inter) identidades. História Revista, v. 17, n. 1, p. 37-51, jan./jun. 2012. Disponível em: <http://www.revistas.ufg.br/index.php/historia/article/view/21683> Acesso em: 10 set. 2014.

____. Aula Oficina: do Projeto à Avaliação. Para uma educação de qualidade: Atas da Quarta Jornada de Educação Histórica. Braga, Centro de Investigação em Educação (CIED). Instituto de Educação e Psicologia, Universidade do Minho, 2004, p. 131-144. Disponível em:<http://www.nre.seed.pr.gov.br/cascavel/arquivos/File/semana%20pedagogica%202010/aula_oficina_Projeto_Avaliacao.pdf> Acesso em: 10 set. 2014.

CAINELLI, M. A Escrita da História e os Conteúdos ensinados na disciplina de História no Ensino Fundamental. Educação e Filosofia Uberlândia, v. 26, n. 51, p. 163-184, jan./jun. 2012. Disponível em:<http://www.seer.ufu.br/index.php/EducacaoFilosofia/article/viewFile/7666/9694> Acesso em: 10 out. 2014.

Atividade 3: Debate

A) Marlene Cainelli, assim como outros pesquisadores da Educação Histórica,

defende uma estreita articulação na narrativa histórica que permita entender a

relação que os sujeitos têm com os conceitos, ideias, conteúdos, cuja

referência é a própria epistemologia da história. Mas para compreender qual a

relação dos sujeitos com conceitos e ideias, o professor organiza alguns

conteúdos para se aproximar das narrativas dos estudantes. Assim, “aprender

História é discutir evidencias, levantar hipóteses, dialogar com os sujeitos, os

tempos e espaços históricos.” (CAINELLI, 2012, p. 178).

Responda: Como você seleciona conteúdos para aprender sua disciplina?

Como você costuma fazer uso do livro didático?Você estimula os estudantes a

levantarem hipóteses? Como faz uma problematização? Dê um exemplo (em

sua área de conhecimento)

B) No texto Ideias chave para a educação histórica: uma busca de (inter)

identidades (2012), Isabel Barca destaca um trabalho com estudantes

brasileiros e portugueses. Essa investigação começa com questões feitas aos

estudantes para instigar a organização de uma narrativa sobre o passado.

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Cainelli e Schmidt assim definiram a relação entre narrativa histórica e

consciência histórica:

As ideias são coletadas através da construção de narrativas pelos alunos, entendendo a narrativa no sentido atribuído por Isabel Barca (2011) “como expressão de ideias sob qualquer formato – que se comunica a compreensão histórica e os sentidos que lhes são atribuídos” e Rüsen (2001) que afirma ser a narrativa histórica a face material da consciência histórica mesmo que seja um relato descritivo-explicativo do passado. (CAINELLI; SCHMIDT, 2012, p. 515).

Responda: Como as narrativas dos estudantes podem servir para a

organização dos conteúdos e das estratégias metodológicas do professor? Ou,

como as “ideias prévias” dos estudantes podem auxiliar na organização do

trabalho pedagógico (seleção de fontes, estratégias metodológicas, por

exemplo)?

C) Isabel Barca defende a aula oficina como metodologia para o ensino e

aprendizagem de História e apresenta outros paradigmas educativos: a aula

conferência e a aula colóquio. Sobre o texto Aula Oficina: do Projeto à

Avaliação (2004), responda:

Com qual modelo de aula você se identifica? Como a aula oficina trabalha as

fontes históricas? É possível usar trechos de filmes como fontes nas suas

aulas? Justifique.

Ao final dessa Unidade, espera-se que os cursistas: conheçam o campo

da Educação Histórica; identifiquem os pressupostos teóricos desse grupo de

pesquisadores; reconheçam as contribuições da Educação Histórica para o

processo de ensino e aprendizagem; reflitam sobre suas práticas pedagógicas

e compreendam a metodologia proposta pela Aula Oficina. Essa aproximação

com a Aula Oficina serve para provocar uma auto-análise de como o professor

as costuma usar em sua prática.

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UNIDADE 2: HISTÓRIA, CINEMA, ENSINO E APRENDIZAGEM

Essa unidade aborda possíveis diálogos do Cinema com a História e a

relação do cinema com o Ensino de História, na perspectiva da Educação

Histórica. Para discutir esses temas, os cursistas identificarão as diversas

abordagens teórico-metodológicas no texto de apresentação. Depois de

conhecer essas possibilidades de usos do cinema como fonte/recurso em sala

de aula, os cursistas assistirão duas entrevistas – uma com Marcos Napolitano

e outra com Sandro Fernandes. Depois disso, os cursistas responderão duas

questões para debater e refletir sobre suas práticas pedagógicas com o uso de

filmes.

Atividade 1: Leitura do texto.

O cinema se apresenta como um importante recurso didático no

processo de ensino e aprendizagem, “(...) como prática pedagógica pode fazer

despertar no aluno o interesse pelo conhecimento e pelo seu ensino no sentido

‘tradicional’, e, ao mesmo tempo, mostrar novas possibilidades educacionais

apoiadas na narrativa cinematográfica” (ARAÚJO et al., 2012, p. 252). A partir

dessa afirmação, essa unidade discute o cinema como recurso didático nas

aulas de História – articulado às concepções teórico-metodológicos da

Educação Histórica (ABUD, 2005; CAINELLI; SCHMIDT, 2011; RÜSEN, 2001).

Entre os pesquisadores que definiram algumas diretrizes para o uso do

cinema nas aulas de História destaca-se o historiador Marcos Napolitano com a

obra Como usar o cinema em sala de aula (2009). Esse texto definiu o uso do

filme como uma fonte histórica e estabeleceu que cabe ao professor

analisar/dissecar o filme em seus elementos externos – como produto inserido

na Indústria Cultural – e internos, problematizando seu conteúdo narrativo e

seus elementos técnicos: figurino, som, música, efeitos especiais,

enquadramento entre outros. (NAPOLITANO, 2009). Essa indicação de

Napolitano está distante da proposta metodológica nos princípios da Educação

Histórica, pois para ele o cinema em sala de aula se afasta do conceito de

recurso didático e deve ser tratado como uma fonte primária.

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Renato Mocellim (2009), assim como Marcos Napolitano, entende o uso

do cinema na escola fonte primária que deve ser analisada/dissecada. Mas, o

objetivo do filme não é o de ensinar História, a ideia consiste em educar o olhar

dos estudante para as mídias. Essa perspectiva é denominada por Mocellim

como letramento midiático, ou seja, o professor deve preparar os alunos para

compreender e atuar (e criticar) diante das mensagens veiculadas pela

Indústria Cultural.

Além dessas possibilidades do uso do cinema em sala de aula, alguns

pesquisadores associados à Educação Histórica apresentam forma de abordar

o filme no processo de ensino e aprendizagem. O educador Sandro Luis

Fernandes em sua dissertação de mestrado intitulada Filmes em sala de aula –

realidade e ficção: Uma análise do uso do cinema pelos professores de história

(2007) sugere o uso de vários filmes, de diversos contextos de produção, mas

com um tema comum. Para discutir o conteúdo substantivo da Idade Média,

por exemplo, o Fernandes indica a exibição dos filmes Cruzada (2005), uma

produção multinacional de Ridley Scott, El Cid (1961), um clássico

estadunidense, dirigido por Anthonny Mann (1961) e El Cid: a lenda (2003),

uma animação espanhola de José Pozo (2003). (FERNANDES, 2007, p. 73).

A partir da escolha de vários filmes sobre um único tema, Fernandes

indica algumas etapas para o uso do filme em sala de aula. Primeiro os alunos

assistem o filme completo (no espaço escolar) e respondem perguntas sobre

as possíveis relações com os conteúdos históricos apresentados nos filmes

selecionados. A partir das respostas dos alunos o professor identifica os

conhecimentos prévios da turma e trabalha com os conteúdos históricos

identificando os anacronismos e discutindo o filme como uma versão, uma

narrativa sobre o passado filtrado pelo diretor, estúdios, roteiro, entre outros

elementos que envolvem a produção cinematográfica. De acordo com as

conclusões de Fernandes, esse encaminhamento revela que, mais significativo

que dissecar um filme como fonte histórica, o mais importante é detectar as

ideias prévias dos estudantes e suas ideias históricas, reconhecendo os

discursos ideológicos inseridos nestes produtos da indústria cultural.

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Atividade 1: Assistir às entrevistas

Entrevista com o professor Sandro Fernandes no programa "Em Tese" da UFPR TV. Disponível em: <

https://www.youtube.com/watch?v=L1dEh3F7Iyk&feature=youtu.be > Acesso em: 15 out. 2014.

Entrevista com o professor Marcos Napolitano para o projeto “O Cinema vai à escola: Cultura é Currículo”. Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=3PMEWU_OV2A > Acesso em: 15 out. 2014.

Atividade 2: Responder às questões

A) Quais são as propostas de trabalho com filmes em aulas de História

apresentadas pelo professor Éder Souza no artigo “O uso do cinema no ensino

de História: propostas recorrentes, dimensões teóricas e perspectivas da

Educação Histórica”? Você utiliza alguma delas em sua prática pedagógica?

Caso a resposta seja “sim”, quais as vantagens que você identifica nesse

encaminhamento? Se a resposta for “não”, responda quais os limites teórico-

metodológicos que você destaca nessas propostas?

B) Para o professor Sandro Fernandes (2008) o cinema em sala de aula deve

receber o tratamento de uma fonte histórica, ou seja, identificar o processo de

produção e a intenção do diretor/produtor. Nesse sentido, suas observações

indicam uma análise do filme como produto inserido na lógica da indústria

cultural. Ainda assim, Fernandes afirma que a análise do cinema na escola

permite “a produção de raciocínio histórico-crítico”, você concorda? Justifique

sua reposta. Se concordar, quais são as estratégias que o professor deve

recorrer para atingir esse objetivo?

Saiba mais

MORETTIN, E. V. O cinema como fonte histórica na obra de Marc Ferro. História: Questões & Debates, Curitiba, UFPR, n. 38, p. 11-42, 2003. Disponível em: <http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs2/index.php/historia/issue/view/297> Acesso em: 22 fev. 2014.

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C) Os professores Sandro Fernandes e Marcos Napolitano defendem o uso do

filme na íntegra e destacam a necessidade de planejamento para evitar que

seja “enrolação”. Quais os cuidados que o professor deve tomar para usar

recursos audiovisuais em suas aulas? Quais são as alternativas sugeridas por

Fernandes para resolver o problema do fracionamento do filme? Você

considera viável a alternativa do cine-clube em sua realidade escolar? Por

quê?

D) De acordo com o historiador Marcos Napolitano, o cinema em sala de aula

deve ser usado com um roteiro prévio e cabe ao professor elaborar questões

que identifiquem conceitos/temas relevantes para a discussão de conteúdos da

disciplina trabalhada. Napolitano sugere um roteiro produzido a partir de três

eixos: personagens, situações e referências. Quando fala em “situação

dramática” Napolitano faz referência a uma determinada cena do filme em que

o diretor apresenta ao espectador o drama, normalmente uma situação

importante para a narrativa do filme. Sabendo disso, pode-se propor o uso

exclusivo de uma cena (trecho) do filme para discutir um conceito/conteúdo de

História e em áreas afins? Por quê? Justifique sua resposta.

Após debater as questões propostas, espera-se que os cursistas reflitam sobre

suas práticas pedagógicas, especialmente sobre o uso de filmes no ensino de

História. Além disso, esse debate prevê uma troca de experiências de práticas

pedagógicas.

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UNIDADE 3: NA PRÁTICA: COMO USAR TRECHOS DE FILMES NO

ENSINO DE HISTÓRIA?

Após identificar alguns conceitos da Educação Histórica e discutir as

possibilidades do cinema no ensino de História, essa unidade discute as

formas de usar trechos de filmes em sala de aula e apresenta um exemplo de

como usar trechos de filmes no processo de ensino e aprendizagem do tema

América e África: lutas de resistências e diversidade cultural. Essa aula se

organiza com trechos selecionados dos filmes: Amistad, Barão de Mauá, o

Imperador e o Rei, Django Livre e 12 Anos de escravidão.

Atividade 1: Leitura do texto.

O cinema, em sala de aula, exibido integralmente, permite ao professor

uma leitura mais ampla e não serve apenas como um recurso didático, mas

revela traços da sociedade que ela escolheu contra ou sobre si mesmas, como

os monumentos. Sobre isso, destacou Jacques Le Goff:

Os filmes – assim como outras formas de narrativas – também podem ser vistos como o resultado do esforço das sociedades históricas para impor ao futuro – voluntária ou involuntariamente – determinada imagem de si próprias. (LE GOFF, 1992, p. 548).

Essa denominação de documento como monumento atribuído ao filme

implica em cuidados de análise específicos para o cinema. O

professor/pesquisador deverá proceder com certos cuidados ao trabalhar com

o filme, conforme destacou Eduardo Morettin sobre as reflexões de Marc Ferro:

Para Ferro, o cinema é um testemunho singular de seu tempo, pois está fora do controle de qualquer instância de produção, principalmente o Estado. Mesmo a censura não consegue dominá-lo. O filme, para o autor, possui uma tensão que lhe é própria, trazendo à tona elementos que viabilizam uma análise da sociedade diversa da proposta pelos seus segmentos, tanto o poder constituído quanto a oposição. (MORETTIN, 2003, p. 14).

Ferro concebe o filme como “obra de arte” e não como produto da

indústria cultural que obedece à lógica de mercado e visa o lucro como

qualquer bem inserido no sistema capitalista. Na mesma linha de pensamento

inaugurada por Marc Ferro, o historiador Jorge Nóvoa, sintetizou a importância

do o cinema para a história e sua relação com o conceito de “lugares de

memória” desenvolvido por Pierre Nora.

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Quando o historiador passou a observar o filme, para além de fonte de prazer estético e de divertimento, rapidamente ele o percebeu como agente transformador da história e como registro histórico. Neste momento, tornou-se inevitável a cunhagem do binômio cinema-história. Este busca traduzir a importância que a relação cinema-história adquiriu ao longo do século XX, mas é muito breve para dar conta dos problemas teóricos e epistemológicos que a relação impõe. É possível afirmar que, desde que a história foi fundada por Heródoto e Cia., nunca nenhum elemento ou agente histórico foi tão importante a ponto de ter a sua designação associada à palavra história. Nenhum documento se impôs tanto, de tal modo a fazer jus a uma elaboração teórica, como ocorreu com o filme. (NÓVOA, 1995, p. 1).

Reconhecida a importância do cinema para a história, fragmentar o filme

para fins didáticos, pode ser visto como um problema. Alguns pesquisadores

consideram a fragmentação do filme em sala de aula como um procedimento

equivocado, porque uma leitura fracionada compromete a apreciação do

cinema como obra de arte – no sentido benjaminiano – e impede a análise nos

termos propostos pela historiografia especializada (NAPOLITANO, 2009). Mas

cabe ao professor escolher como apresentar aos estudantes o filme: se

completo ou selecionar alguns fragmentos que favoreçam o processo de

ensino e aprendizagem, conforme o objetivo didático-pedagógico que tinha em

relação come este material.

Atividade 2: Responda a questão:

A) Você costuma usar fragmentos de filmes em sua prática pedagógica? Caso

use, como costuma fazer o encaminhamento metodológico?

O uso do trecho de filmes pode ser interessante porque evita a

dispersão dos estudantes e combate o uso indevido do cinema em sala de

aula, apresentar uma obra cinematográfica como “enrolação”, ou meramente

como “matação de aula”. O trabalho com a seleção de apenas alguns trechos

dos filmes, trabalhando com cenas e sequências curtas é interessante porque

exige menos tempo de concentração do aluno e o professor direciona seus

objetivos de trabalho. Além disso, o uso do fragmento do filme pode se tornar

uma prática metodológica comum, em função do pouco tempo necessário para

sua exibição – ao contrário do filme completo – e pode ainda despertar o

interesse dos estudantes pelo cinema com a capacidade de assisti-los com um

viés crítico. Cabe ainda ressaltar que ao escolher um determinado filme é

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fundamental obedecer à indicação de faixa etária recomendada pelo produtor.

Embora muitos filmes possuam elementos interessantes para o trabalho com

alguns conteúdos e conceitos históricos, cenas inapropriadas devem ser

suprimidas.

Essa pergunta tem como objetivo discutir as possíveis formas de usar

trechos de filmes nas aulas de História. Os professores presentes no grupo de

estudos devem apresentar suas propostas e articular suas práticas aos

conceitos trabalhados nas Unidades 2 e 3 desse Caderno Temático.

Atividade 3: Apresentação da aula com uso de trechos de filmes

Conteúdos Estruturantes: Relações de Poder, Relações Culturais e

Relações Econômicas.

Conteúdos Básicos Trabalho escravo, servil, assalariado e o trabalho

livre; Movimentos sociais, políticos e culturais e as guerras e revoluções;

O Estado e as Relações de Poder; Os sujeitos as revoltas e as guerras;

Cultura e Religiosidade.

Conteúdo Específico: América e África: lutas de resistências e

diversidade cultural.

Nível de Ensino: Ensino Médio

Objetivo: Compreender a escravidão nas Américas, identificando os escravos

como sujeitos históricos, reconhecendo os mecanismos de opressão impostos

sobre eles.

Duração: Duas aulas de 50 minutos.

Referências

GRIN, M. Auto-Confrontação Racial e Opinião: O caso Brasileiro e o Norte-Americano. Interseções (UERJ), Rio de Janeiro, v. Ano 6, n.1, p. 95-121, 2004. Disponível em:<http://www.casaruibarbosa.gov.br/dados/DOC/palestras/Diversidade_Cultural/FCRB_DiversidadeCulturalBrasileira_MonicaGrin.pdf> Acesso em: 10 nov. 2014.

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MARQUESE, R. de B. A dinâmica da escravidão no Brasil: resistência, tráfico negreiro e alforrias, séculos XVII a XIX. Novos estud. - CEBRAP, São Paulo , n. 74, Mar. 2006 . Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-33002006000100007&lng=en&nrm=iso> Acesso em: 10 nov. 2014.

PESSETTI, G. A Guerra Civil revista em um mundo de guerra: "Cold Mountain" (2003). Klepsidra. Ano VI. Janeiro-Março 2006, n. 27. Disponível em:<http://www.klepsidra.net/klepsidra25/coldmountain.htm> Acesso em: 10 nov. 2014.

PRANDI, R. De africano a afro-brasileiro: etnia, identidade e religião. Revista Usp, São Paulo, n.46, p. 52-65, 2000. Disponível em:<

http://www.usp.br/revistausp/46/04-reginaldo.pdf. > Acesso em: 10 nov. 2014.

1ª Aula

1º Momento: Apresentação da sinopse do filme Amistad.

2º Momento: Exibição do trecho do filme Amistad. Disponível em:

<http://www.historia.seed.pr.gov.br/modules/video/showVideo.php?video=1723

5 > Acesso em: 12 nov. 2014.

Neste trecho, são enfatizados o processo desumano de captura e o transporte

de africanos para a América na narrativa do personagem principal.

3º Momento: Questões para verificação das ideias prévias dos alunos sobre o

conteúdo substantivo escravidão. As questões são amplas para evitar conduzir

uma discussão. O ideal é deixar os estudantes se expressarem.

Amistad, Drama, EUA, 1997, 154 min., COR. Direção: Steven Spielberg.

Sinopse:

Baseado em fatos reais, este filme relata a história de um grupo de escravos africanos que se rebela e se apodera do controle do navio que os transporta e tenta retornar à sua terra de origem. Quando o navio, La Amistad, é aprisionado em Cuba (1893), esses escravos são levados para os Estados Unidos, onde são acusados de assassinato e são jogados em uma prisão à espera do seu destino. Uma empolgante batalha se inicia, o que capta o interesse de toda a nação e confronta os alicerces do sistema judiciário norte-americano. Entretanto, para os homens e mulheres sendo julgados, trata-se simplesmente de uma luta pelos direitos básicos de toda a humanidade, a liberdade.

Disponível em: <http://www.historia.seed.pr.gov.br/modules/video/showVideo.php?video=17235> Acesso em: 12 nov. 2014.

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- O que o filme retrata para o espectador? Quem são essas pessoas?

- Como as pessoas são tratadas? Elas são consideradas seres humanos?

Justifique sua resposta.

- O que você sabe sobre a escravidão africana?

4º Momento: Sistematização do debate.

Nesse momento, o professor verificará o que os alunos sabem sobre a

escravidão. É fundamental destacar que a narrativa sobre a violência parte de

um escravo, porque o diretor definiu seu ponto de vista como protagonista. Os

alunos devem ter percebido que o trecho do filme retrata as condições

violentas pelas quais os africanos eram retirados de seu continente para a

América, para se tornarem escravos. É importante destacar que as pessoas

são iguais em natureza, mas assumem (por imposição ou por escolha) funções

diferentes na sociedade. Nesse sentido, o professor pode discutir o conceito

de racismo e de Direitos Humanos, pois os alunos de Ensino Médio podem já

ter trabalhado esses conteúdos em Sociologia. Mas o professor de História

deve destacar esses conceitos com cautela, evitando anacronismos e

destacando noções de passado, presente e futuro.

5º Momento: Apresentação da sinopse do filme Mauá, o Imperador e o Rei.

Mauá, o Imperador e o Rei, Drama, Brasil, 1999, 134 min., COR. Direção: Sérgio Rezende.

Sinopse:

O filme mostra a infância, o enriquecimento e a falência de Irineu Evangelista de Souza (1813-1889), o empreendedor gaúcho mais conhecido como barão de Mauá, considerado o primeiro grande empresário brasileiro, responsável por uma série de iniciativas modernizadoras para economia nacional, ao longo do século XlX.

Mauá, um vanguardista em sua época, arrojado em sua luta pela industrialização do Brasil, tanto era recebido com tapete vermelho, como chutado pela porta dos fundos por D. Pedro II.

A aprovação da Tarifa Alves Branco, que majorou as taxas alfandegárias, e da Lei Eusébio

de Queirós, que em 1850 aboliu o tráfico negreiro, liberando capitais para outras atividades, estimularam ainda mais uma série de atividades urbanas no Brasil. Foram fundadas 62 empresas industriais, 14 bancos, 8 estradas de ferro, 3 caixas econômicas, além de companhias de navegação a vapor, seguros, gás e transporte urbano.

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6º Momento: Exibição do trecho do filme Mauá, o Imperador e o Rei. Disponível

em:<http://www.historia.seed.pr.gov.br/modules/video/showVideo.php?video=1

7306>Acesso em: 12 nov. 2014.

Neste trecho, Irineu presencia a chegada de um carregamento de

escravos e percebe a decadência do tráfico negreiro graças à pressão inglesa.

Além disso, inicia uma amizade com o escravo Valentim

7º Momento: Debate a partir do trecho do filme como recurso mobilizador para

conhecer a escravidão no contexto brasileiro.

- Onde se passa a cena? Quem são as pessoas presentes na cena? Qual a

relação entre elas?

- Como o diretor explica ao espectador que o escravo “é bom” para o

comprado?

- Em sua opinião, o comércio de escravos era feito da maneira descrita no

filme? Justifique.

- O que você sabe sobre a escravidão no Brasil? Quanto tempo ela durou?

Quais etnias africanas saíram forçadas para o nosso território?

Nessa realidade, destaca-se a figura de Irineu Evangelista de Souza, o Barão e Visconde de Mauá, símbolo maior do emergente empresariado brasileiro, que atuou nos mais diversos setores da economia urbana. Suas iniciativas iniciam-se em 1846, com a aquisição de um estabelecimento industrial na Ponta de Areia (Rio de Janeiro), onde foram desenvolvidas várias atividades, como fundição de ferro e bronze e construção naval. No campo dos serviços Mauá foi responsável pela produção de navios a vapor, estradas de ferro comunicações telegráficas e bancos. Essas iniciativas modernizadoras encontravam seu revés na manutenção da estrutura colonial agro-exportadora e escravista e na concorrência com empreendimentos estrangeiros, principalmente britânicos. Essa concorrência feroz, não mediu esforços e em 1857 um incêndio nitidamente provocado destruiu a Ponta de Areia.

Suas iniciativas vanguardistas representavam uma ameaça para os setores mais conservadores do governo e para o próprio imperador, que não lhe deu o devido apoio. Sua postura liberal em defesa da abolição da escravatura e sua atitude contrária à Guerra do Paraguai, acaba o isolando ainda mais, resultando na falência ou venda por preços reduzidos de suas empresas.

Disponível em: < http://www.historianet.com.br/conteudo/default.aspx?codigo=164> Acesso em: 12 nov. 2014.

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- Você acha que algumas pessoas, como Irineu Evangelista de Souza, eram

contrárias à escravidão no contexto descrito na cena do filme? Por quê?

7º Momento: Sistematização do debate.

Os estudantes devem observar que a cena envolve o ponto de vista do

dono do escravo (comerciante) e, depois, do escravo Valentim. O professor

deve chamar a atenção dos estudantes para os elementos da linguagem

cinematográfica usada pelo diretor do filme para destacar o sofrimento dos

escravos: a música. Nesse segundo trecho de filme, o professor poderá ampliar

a análise do próprio trecho do filme tornando a análise mais complexa,

sofisticada. Ainda sobre esse fragmento, os estudantes talvez não saibam ou

não se recordem quanto tempo a escravidão durou nem quais foram os grupos

étnicos que vieram ao Brasil. Nesse momento, o professor deve intervir para

qualificar o debate e enfatizar a diversidade cultural africana, rompendo a visão

de África como um continente homogêneo.

Ao fim dessa primeira aula espera-se que os estudantes tenham

aprimorado seus conhecimentos sobre o conteúdo substantivo escravidão, mas

também, tenham compreendido o filme como narrativa do passado a partir de

escolhas do diretor/produtor inseridos no contexto histórico de sua produção. A

partir dessa primeira aproximação sobre o conceito de escravidão e sua

dinâmica no Brasil, a segunda aula destacará a submissão dos escravos

africanos nos Estados Unidos da América, com as diferenças entre estados do

norte e do sul até a organização da Klu Klux Klan como organização civil

criminosa.

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2ª Aula

1º Momento: Apresentação da sinopse do filme 12 Anos de Escravidão.

2º Momento: Exibição do trecho do filme 12 Anos de Escravidão. Disponível

em:< https://www.youtube.com/watch?v=gQ22CR8Ysm0> (Início: 7:55 - Fim:

15:27)

Nesse trecho o personagem principal, um músico que vivia no estado de Nova

York é raptado por negociantes de escravos e levado para a Geórgia, estado

do sul dos EUA onde a escravidão era permitida.

3º Momento: Debate a partir do trecho do filme como elemento mobilizador das

ideias prévias dos estudantes sobre a escravidão nos EUA.

- Em qual país é retratada a narrativa do filme 12 Anos de Escravidão?

- O filme se passa em 1841 e o descendente de africano (ou afro-americano)

não é um escravo. Por quê? Você sabe explicar?

- Por que o homem que agride Solomom insiste que ele veio do estado da

Geórgia?

- No fim da cena, depois de ser capturado o personagem Solomom pede ajuda

e a câmera sai de cena e mostra o horizonte. Por que você acha que o diretor

do filme fez essa escolha narrativa? Justifique sua resposta.

4º Momento: Sistematização dos debates.

12 Anos de Escravidão, Drama, EUA, 2013, 133 min., COR. Direção: Steve McQueen.

Sinopse:

1841. Solomon Northup (Chiwetel Ejiofor) é um escravo liberto, que vive em paz ao lado da esposa e filhos. Um dia, após aceitar um trabalho que o leva a outra cidade, ele é sequestrado e acorrentado. Vendido como se fosse um escravo, Solomon precisa superar humilhações físicas e emocionais para sobreviver. Ao longo de doze anos ele passa por dois senhores, Ford (Benedict Cumberbatch) e Edwin Epps (Michael Fassbender), que, cada um à sua maneira, exploram seus serviços.

Disponível em:< http://www.adorocinema.com/filmes/filme-196885/> Acesso em: 12 nov. 2014.

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Após a exibição do filme (com cenas fortes) os estudantes deverão

saber responder que o filme se passa nos EUA e que nesse país a escravidão

ocorreu de formas distintas entre estados do Norte e do Sul. O professor deve

explicar aos estudantes que ao mostrar a cidade e o pedido de socorro de

Solomom o diretor quer informar o espectador que ele foi levado para outro

lugar e está sozinho, sem esperanças.

5º Momento: Apresentação da sinopse do filme Django Livre.

6º Momento: Exibição do trecho do filme Django Livre. Disponível em:<

https://www.youtube.com/watch?v=YV_i8I28uFw> Acesso em 15 nov. 2014.

Nesse trecho, homens brancos com sotaque sulista estão montados a

cavalo, vestindo capuzes brancos com furos próximos aos olhos. O diretor do

filme mostra um diálogo entre esse grupo onde a elaboração mal feita desses

capuzes é o tema central. Quentin Tarantino satiriza os fictícios fundadores da

Klu Klux Klan.

7º Momento: Debate a partir do trecho do filme como recurso mobilizador para

conhecer a Klu Klux Klan como organização civil que perseguia, violentava e,

Django Livre, Faroeste, EUA, 2012, 165 min. Direção: Quentin Tarantino.

Sinopse:

Django (Jamie Foxx) é um escravo liberto cujo passado brutal com seus antigos proprietários leva-o ao encontro do caçador de recompensas alemão Dr. King Schultz (Christoph Waltz). Schultz está em busca dos irmãos assassinos Brittle, e somente Django pode levá-lo a eles. O pouco ortodoxo Schultz compra Django com a promessa de libertá-lo quando tiver capturado os irmãos Brittle, vivos ou mortos.

Ao realizar seu plano, Schultz libera Django, embora os dois homens decidam continuar juntos. Desta vez, Schultz busca os criminosos mais perigosos do sul dos Estados Unidos com a ajuda de Django. Dotado de um notável talento de caçador, Django tem como objetivo principal encontrar e resgatar Broomhilda (Kerry Washington), sua esposa, que ele não vê desde que ela foi adquirida por outros proprietários, há muitos anos.

A busca de Django e Schultz leva-os a Calvin Candie (Leonardo DiCaprio), o dono de "Candyland", uma plantação famosa pelo treinador Ace Woody, que treina os escravos locais para a luta. Ao explorarem o local com identidades falsas, Django e Schultz chamam a atenção de Stephen (Samuel L. Jackson), o escravo de confiança de Candie. Os movimentos dos dois começam a ser traçados, e logo uma perigosa organização fecha o cerco em torno de ambos. Para Django e Schultz conseguirem escapar com Broomhilda, eles terão que escolher entre independência e solidariedade, sacrifício e sobrevivência.

Disponível em:< http://www.adorocinema.com/filmes/filme-190918/> Acesso em 15 nov. 2014.

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muitas vezes, assassinava os descendentes de africanos que viviam nos

estados do Sul após o fim da escravidão.

- Você sabe dizer o que os personagens vestidos com capuzes brancos

representam? Você sabe o que a Klu Klux Klan?

- O diretor Quentin Tarantino usou muito humor nessa cena do filme Django

Livre. Por que você acha que ele satirizou a KKK? Qual a crítica social ele faz

nesse trecho? Explique.

- No Brasil existiram grupos dessa natureza? Isso significa que o fim da

escravidão ocorreu em nosso país com total inserção do negro na sociedade?

Justifique.

- E hoje, existem crimes motivados pelo ódio e pela intolerância étnica no

Brasil? Você pode citar exemplos de tais ações?

8º Momento: Sistematização do debate.

A cena apresenta muitos palavrões e mostra como teria sido a primeira

reunião e ação da Klu Klux Klan. Esse grupo se organizou a partir do fim da

escravidão e perseguia negros com o objetivo de matá-los. Ao satirizar esse

grupo, o diretor condena o preconceito racial e toda forma de violência,

mostrando a pouca inteligência dessas pessoas (desde a má composição dos

furos nos capuzes, até a decisão de usá-los mesmo sem conseguir enxergar).

Nos debates, os estudantes devem afirmar que no Brasil não existiram grupos

organizados que violentavam ex-escravos, mas também devem reconhecer

que o fim dela não significou a inserção do descendente de africano na

sociedade, ou seja, as injustiças sociais contra os negros são históricas. Por

fim, é importante destacar que o racismo é crime e eles vêm ocorrendo em

uma quantidade elevada, como por exemplo, as ofensas racistas ao goleiro do

Santos Futebol Clube, Aranha, as demissões sem justa causa de trabalhadores

haitianos em Curitiba e inúmeros casos de violência contra homossexuais em

diversas cidades brasileiras.

Para concluir a aula, o professor pode indicar aos estudantes que assistam o

filme 12 Anos de Escravidão na íntegra e solicitar que observem como as

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relações de violência são caracterizadas pelo diretor e como os personagens

(brancos e negros) se relacionam no filme.

A análise dos quatro fragmentos (Amistad, Mauá, o Imperador e o rei, 12

Anos de Escravidão e Django Livre) deve facilitar ao estudante que perceba a

relação de poder assimétrica entre dominador e do dominado. Além disso, os

trechos dos filmes selecionados ressaltam a violência sofrida pelos escravos,

mas também, os identificam como sujeitos históricos reflexivos.

Após apresentar a sequência de aulas para os cursistas, espera-se que

a proposta seja questionada e as observações registradas para a discussão na

Unidade 4, quando será trabalhada a forma de organizar uma aula com o uso

de trechos de filmes.

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UNIDADE 4: COMO SELECIONAR E USAR TRECHOS DE FILMES?

Essa última unidade apresenta algumas indicações/etapas de como

selecionar e usar trechos de filmes no ensino e aprendizagem de História.

Essas orientações colocam o trecho do filme como elemento mobilizador, ou

seja, é a partir dele (como fonte histórica) que o professor reconhecerá as

ideias prévias dos estudantes e também sistematizará os conteúdos

substantivos da trabalhados na aula a fim de tornar a consciência histórica dos

alunos crítica.

Atividade 1: Ler as etapas propostas para a escolha de trechos de filmes

A) Delimitar o conteúdo a ser trabalhado e o objetivo da aula.

B) Escolher filmes relacionados ao conteúdo substantivo proposto.

Links Interessantes

Adoro Cinema - Top de Filmes Históricos

<http://www.adorocinema.com/filmes/todos-filmes/notas-

espectadores/genero-13015/> Acesso em: 12 nov. 2014.

Filmow - Top 100 filmes históricos

< http://filmow.com/listas/top-100-filmes-historicos-imdb-l7534/> Acesso em:

12 nov. 2014.

Guia do Estudante - 70 filmes para você estudar história

<http://guiadoestudante.abril.com.br/blogs/divirta-estudando/70-filmes-para-

voce-estudar-historia/> Acesso em: 12 nov. 2014.

Historianet

<http://www.historianet.com.br/conteudo/default.aspx?categoria=9> Acesso

em: 12 nov. 2014.

Outras Mídias - 50 filmes para conhecer criticamente a História

<http://outraspalavras.net/outrasmidias/destaque-outras-midias/50-filmes-

para-conhecer-criticamente-a-historia/> Acesso em: 12 nov. 2014.

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C) Assistir os filmes escolhidos

D) Escolher cenas que motivem uma discussão sobre o tema proposto.

E) Observar a cena como uma unidade (evitar cortes bruscos e que

interrompam a narrativa dentro do filme).

F) Assistir os trechos escolhidos e elaborar um roteiro que instigue a

participação dos estudantes, evitando as perguntas de “sim” e “não”.

G) Organize o material em formato compatível com a TV Multimídia ou com a

Lousa Digital e, se possível, teste os vídeos antes da aula.

Dica:

O Caderno Temático Fotografia e Audiovisuais disponibiliza informações

técnicas sobre roteiro e edição que poderão ajudar nessa etapa.

Disponível

em:<http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.ph

p?conteudo=556> Acesso em: 12 nov. 2014.

Dica:

O Portal Dia a Dia Educação disponibiliza vários trechos de filmes com

indicações pedagógicas: <

http://www.historia.seed.pr.gov.br/modules/video/arquivoVideos.php?menu=

308#barra_tit> Acesso em: 12 nov. 2014.

Dica

Existem diversos programas de edição de vídeo, como o Movie Maker,

Adobe Premiere, Kino, Avidemux, entre outros. Para saber mais informações

sobre esses programas, acesse o link:

<http://www.baixaki.com.br/categorias/172-editores-de-video.htm> Acesso

em: 20 nov. 2014.

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Atividade 2: Responder às questões

A) Você concorda com essas etapas de escolha dos trechos de filmes? Por

quê? Justifique.

B) Como você faz a seleção de fragmentos de filmes? Como você pesquisa as

informações sobre o filme escolhido? Quais são as dificuldades que você

percebe?

C) É possível usar um trecho de filme nas aulas de História sem um

planejamento? Por quê?

Atividade 3: Ler as etapas propostas para o uso de trechos de filmes

A) Apresentação da sinopse do primeiro filme (ficha técnica, curiosidades,

prêmios, etc.).

B) Exibição do fragmento.

C) Momento de debate sobre o trecho e sobre o filme - os estudantes

apresentam suas ideias prévias acerca dos conteúdos abordados no

fragmento.

D) Intervenções do professor com questões que articulem o conteúdo e os

elementos da linguagem cinematográfica (enquadramento, trilha sonora,

posição da câmera, montagem e fotografia).

E) Apresentação da sinopse do segundo filme (ficha técnica, curiosidades,

prêmios, etc.).

F) Exibição do fragmento.

G) Novo debate a partir das novas questões propostas, novos desdobramentos

para os temas da aula.

H) Sistematização dos conhecimentos e propostas de atividades que

encaminhamentos novos questionamentos sobre o conteúdo trabalhado.

I) Avaliação: Cabe ao professor verificar, ao longo do processo, se os alunos

acompanharam e compreenderam as questões propostas nos debates. Ao fim

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das atividades, os estudantes deverão produzir uma narrativa (em linguagem

textual ou áudio-visual) sobre as questões discutidas.

Atividade 4: Leitura do texto:

SOUZA, E. C. O que o Cinema pode ensinar sobre História? Ideias de jovens alunos sobre a relação entre filmes e aprendizagem histórica. Revista História & Ensino, Londrina, v. 16, n. 1, p. 25-39, 2010. Disponível em:<http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/histensino/article/view/11597/1032> Acesso em: 20 out. 2014.

Após a leitura do texto, espera-se que o grupo de cursistas compreenda

que o uso de trechos do filme como recurso didático não significa

desconsiderar sua denominação de fonte histórica, passível de análise de seus

conteúdos internos e externos. Portanto, a proposta desse Caderno

Pedagógico consiste em articular os pressupostos da Educação Histórica com

as abordagens discutidas por Marcos Napolitano e Renato Mocellim.

Atividade 5: Criação coletiva de uma sequência de aulas.

O grupo de professores do grupo de estudos escolherá um

tema/conteúdo para um nível de ensino e série específica. Depois, identificará

um objetivo: o que se pretende ensinar com esse conteúdo? Em seguida, o

grupo escolherá três ou quatro filmes possíveis para trabalhar o tema em

questão. Feita essa escolha, cada pessoa do grupo assistirá a um dos filmes e

destacará um trecho – seguindo as orientações da Atividade 1 dessa unidade.

No próximo encontro, o grupo assistirá os trechos selecionados e produzirá

questões para os fragmentos dos filmes. Por fim, será sugerido que os

professores do grupo de estudos coloquem em prática essas aulas, assim

como, encaminhem essa produção para ser compartilhada no Portal Dia a Dia

Educação como uma produção coletiva.

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REFERÊNCIAS

ARAÚJO, C. D.; ANGREWSKI, E.; GALVAN, M. Cinema e Filosofia: a utilização de obras cinematográficas nas aulas de Filosofia. In: GABRIEL, F. A.; GAVA, L. (Org.). Ensaios filosóficos: antropologia, neurociência, linguagem e educação. Rio de Janeiro: Multifoco, 2012.

BARCA, I. Ideias chave para a educação histórica: uma busca de (inter) identidades. História Revista, v. 17, n. 1, p. 37-51, jan./jun. 2012. Disponível em: <http://www.revistas.ufg.br/index.php/historia/article/view/21683> Acesso em: 10 set. 2014.

____. Aula Oficina: do Projeto à Avaliação. Para uma educação de qualidade: Atas da Quarta Jornada de Educação Histórica. Braga, Centro de Investigação em Educação (CIED). Instituto de Educação e Psicologia, Universidade do Minho, 2004, p. 131-144. Disponível em:<http://www.nre.seed.pr.gov.br/cascavel/arquivos/File/semana%20pedagogica%202010/aula_oficina_Projeto_Avaliacao.pdf> Acesso em: 10 set. 2014.

CAINELLI, M. A Escrita da História e os Conteúdos ensinados na disciplina de História no Ensino Fundamental. Educação e Filosofia Uberlândia, v. 26, n. 51, p. 163-184, jan./jun. 2012. Disponível em:<http://www.seer.ufu.br/index.php/EducacaoFilosofia/article/viewFile/7666/9694> Acesso em: 10 out. 2014.

CAINELLI, M.; SCHMIDT, M. A. Desafios teóricos e epistemológicos na pesquisa em educação histórica. Antíteses. v. 5, n. 10, p. 509-518, jul./dez. 2012. Disponível em:< http://www.redalyc.org/pdf/1933/193325796001.pdf> Acesso em: 12 out. 2014.

GRIN, M. Auto-Confrontação Racial e Opinião: O caso Brasileiro e o Norte-Americano. Interseções (UERJ), Rio de Janeiro, v. Ano 6, n.1, p. 95-121, 2004. Disponível em:<http://www.casaruibarbosa.gov.br/dados/DOC/palestras/Diversidade_Cultural/FCRB_DiversidadeCulturalBrasileira_MonicaGrin.pdf> Acesso em: 10 nov. 2014.

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Filmes

Amistad, Drama, EUA, 1997, 154 min., COR. Direção: Steven Spielberg.

Django Livre, Faroeste, EUA, 2012, 165 min. Direção: Quentin Tarantino.

12 Anos de Escravidão, Drama, EUA, 2013, 133 min., COR. Direção: Steve McQueen.

Mauá, o Imperador e o Rei, Drama, Brasil, 1999, 134 min., COR. Direção: Sérgio Rezende.