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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · do Plano de Desenvolvimento Educacional ... de um teste visual para a avaliação da acuidade visual, ... sensibilidade aos contrastes

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

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AVALIAÇÃO DA ACUIDADE VISUAL EM ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL E SUAS IMPLICAÇÕES PEDAGÓGICAS

Autora: Lidia Polina1 Orientadora: Vera Lucia Ruiz Rodrigues da Silva2

Resumo: Este artigo tem como objetivo explicitar o projeto de intervenção realizado como atividade do Plano de Desenvolvimento Educacional (PDE). O projeto consistiu em identificar problemas de visão, por meio da aplicação da Tabela de Snellenn, para avaliar a acuidade visual de alunos matriculados no 6º ano do Colégio Estadual Eleodoro Ébano Pereira, e em fazer compreender como a limitação visual prejudica o acesso ao conhecimento da pessoa com baixa visão, quando não se faz uso de recursos ópticos e não ópticos. Fato esse que pode influenciar no processo de ensino- aprendizagem. Portanto, o aporte teórico que fundamenta este trabalho é a teoria vigotskiana que centra o desenvolvimento do aluno em sua potencialidade e no processo de mediação na relação ensino e aprendizagem. Considerando o contexto da inclusão, o trabalho contribuiu com a escola, pois possibilitou definir ações para atender o aluno identificado com dificuldade visual, como: orientação à família para encaminhar o filho ao serviço de apoio especializado e recomendação ao professor para organizar um trabalho pedagógico que contemple as necessidades específicas do aluno com baixa acuidade visual, para atingir um bom desempenho escolar. O referido projeto de intervenção, ao identificar problemas visuais, contribuiu, também, para a melhoria da saúde ocular dos alunos, caracterizando-se, assim, como ação preventiva no ambiente escolar articulada à educação, ou seja, promoveu a relação entre educação e saúde, objetivando melhorias no processo de aquisição dos conhecimentos científicos trabalhados em sala de aula.

PALAVRAS-CHAVE: Tabela de Snellen. Acuidade Visual. Baixa Visão. Alunos. Escola.

1Pedagoga. Especialista em Educação Especial. Professora da Rede Pública do Estado do

Paraná/Centro de Atendimento Especializado para Deficientes Visuais-CAEDEV/Cascavel/Pr. Aluna do Programa de Desenvolvimento da Educação – PDE, sétima turma 2013/2014. 2Professora orientadora. Pedagoga. Mestre em Educação. Coordenadora do Programa

Institucional de Ações Relativas às Pessoas com Necessidades Especiais (PEE) da Unioeste, Membro do Fórum Estadual e Municipal em Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência de Cascavel.

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1 Introdução

Este artigo aborda os procedimentos da avaliação da acuidade visual,

desenvolvidos a partir do trabalho proposto pelo Programa de Desenvolvimento

Educacional - PDE, oferecido pela Secretaria de Estado da Educação – SEED. Esta

atividade foi desenvolvida em três momentos que constituem uma unidade teórica e

prática. A motivação para a concretização dessa atividade é o trabalho realizado no

CAEDV, Centro de Atendimento Especializado para Deficientes Visuais que

assegura suporte pedagógico para o professor e o aluno de inclusão com baixa

visão que frequenta o ensino regular, sendo um serviço de apoio escolar garantido

pelas políticas educacionais para as pessoas com deficiência visual.

Num primeiro momento, para o desenvolvimento do projeto, realizou-se

pesquisa bibliográfica e sistematizou-se a fundamentação teórica sobre a aplicação

de um teste visual para a avaliação da acuidade visual, buscando-se identificar a

contribuição de atividades desta natureza no interior da escola.

Após a elaboração da fundamentação teórica, houve a elaboração do

planejamento das ações para a intervenção propriamente dita. Essa foi denominada

de Produção Didático-Pedagógica, em forma de unidade didática. A atribuição desta

atividade foi dar forma ao previsto na fundamentação teórica, para que a avaliação

visual realizada por meio da Tabela de Snellen alcançasse seu objetivo, de

identificar problemas de visão e orientar possíveis encaminhamentos médicos e

pedagógicos.

A implementação pedagógica, foi desenvolvida no Colégio Estadual

Eleodoro Ébano Pereira, Ensino Fundamental e Médio, para avaliação da acuidade

visual, através da aplicação da Tabela de Snellen, em alunos dos 6ºs anos

matriculados no Ensino Fundamental.

Essa avaliação foi realizada conforme as normas técnicas para a aferição da

acuidade visual e foram considerados com baixa acuidade visual os alunos que

apresentaram acuidade visual igual ou menor que 0,7 da tabela, em um dos olhos.

Os resultados aferidos foram registrados numa ficha para análise dos resultados

obtidos na avaliação visual.

Salienta-se que é na escola que o aluno passa a desenvolver mais

intensamente as atividades intelectuais voltadas à apropriação do conhecimento

científico e sistematizado. Por outro lado, os livros didáticos estão repletos de

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conteúdos organizados na modalidade de imagens, desenhos, gráficos, tabelas e

outros, que valorizam os recursos de comunicação que exigem do aluno o uso da

visão para compreender o conteúdo programático. Por isso, a necessidade de se

rever práticas pedagógicas, para que o aluno com alguma limitação visual tenha

asseguradas as condições adequadas para ter acesso ao saber escolar.

Em decorrência dessa ação, a família do aluno identificado com baixa

acuidade visual foi orientada a procurar um serviço de saúde referente ao problema,

para que o mesmo pudesse ser examinado por um médico especialista na área.

Nesse sentido, a implementação dessa proposta didático-pedagógica é um

trabalho relevante, alinhado à política de inclusão no que tange às condições

educacionais do aluno com deficiência visual e ao acesso por parte de todos os

alunos ao conhecimento científico, conforme preconiza o currículo escolar da

educação básica.

2 Fundamentação Teórica

2.1 Acuidade Visual

Hoje, no século XXI, o recurso visual é predominante na transmissão de

informações via internet; informações da vida diária do homem; em livros didáticos,

softwares educativos e de entretenimento; no meio de comunicação televisiva; em

livros técnicos. Isso torna o ato de ver um componente que facilita ao cidadão o

acesso às informações e ao conhecimento científico.

Nesse sentido, tomar precauções para que toda criança tenha acesso às

informações e conhecimentos é fundamental para que ela possa apropriar-se dos

mesmos e desenvolver suas potencialidades sem prejuízo. Nessa lógica, o

atendimento educacional especializado deve proporcionar aos alunos com

limitações sensoriais mecanismos de acesso ao conhecimento. Dentre esses

alunos, estão os que apresentam baixa visão. Mas, para que esse trabalho se

efetive, é preciso identificá-los na escola.

Num primeiro momento, essa identificação é realizada por meio da avaliação

da acuidade visual (AV). Em conformidade com a Campanha Nacional de

Reabilitação Olho no Olho, a “Acuidade visual é o grau de aptidão do olho para

identificar detalhes espaciais, ou seja, a capacidade de perceber a forma e o

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contorno dos objetos” (ALVES; KARA-JOSÉ, s.d., p. 30). Fisiologicamente, a AV é

determinada pela habilidade de distinguir dois estímulos separados no espaço em

contraste com um fundo. Essa simples medida detecta várias disfunções visuais,

sendo importante seguir as técnicas adequadas durante o teste visual.

O ideal seria que toda a criança fosse submetida a algum teste visual antes

de entrar na escola, para corrigir ou minimizar distúrbios relacionados à visão, que

podem interferir intimamente na aprendizagem. Tal afirmativa se convalida quando

Oliveira (2001, p.8) explicita os dados de que "cerca de 20% de crianças

matriculadas no Ensino Fundamental apresentam algum tipo de problema visual'.

Em termos legais, no Brasil, com base no Decreto Federal nº 5296/2004, que

regulamenta as leis 10.048/2000 e 10.098/2000, a baixa visão corresponde [...]

[...] à acuidade visual entre 0,3 e 0,05 no olho de melhor visão com a melhor correção óptica. Considera-se também baixa visão quando a medida do campo visual em ambos os olhos for igual ou menor que 60 graus ou ainda ocorrer simultaneamente quaisquer das condições anteriores (DOMINGUES, 2010, p.8).

A acuidade visual pode ser comprometida pela presença de problemas

orgânicos no aparato sensorial da visão. Os fatores que possibilitam o

estabelecimento de baixa visão ou da cegueira são categorizados com a

terminologia Deficiência Visual. “Baixa Visão é a alteração da capacidade funcional

da visão. Já, a cegueira é perda total da visão até a ausência de projeção de luz”

(BRUNO; MOTA, 2001, p. 33).

“Levando-se em consideração que a acuidade visual é a capacidade de ver do indivíduo a determinada distância e que uma pessoa normal enxerga a seis metros, que corresponde a 20/20, elaborou-se as classificações da baixa visão em: Leve, na qual o indivíduo apresenta acuidade visual entre 20/60 a 20/80, Moderada, entre 20/80 a 20/160, Severa, com 20/200 a 20/400, e Profunda variando de 20/500 a 20/1000" (ROCHA; GONÇALVES, 1987, s/p apud NOBRE et al., 2009, p. 29).

O aluno com baixa visão enxerga pouco, o que é uma perda severa da

capacidade visual que não pode ser corrigida por tratamento clínico ou cirúrgico e

nem por óculos convencionais. Essa limitação pode ser consequência de doenças,

traumatismos ou mau funcionamento do sistema visual, que diminui a capacidade de

enxergar de perto e/ou de longe. Apresenta dificuldade em perceber cores,

identificar detalhes, contrastes, alterando o funcionamento visual em ambos os olhos

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e, quando isso acontece, não resolve o uso de óculos convencionais. Na observação

de Rocha e Gonçalves (1987, p. 232), “o aluno de baixa visão nunca vê todas as

partes de um objeto simultaneamente, ele o vê fracionado e precisa reconstruí-lo em

seu cérebro para formar um objeto conhecido”, situação esta que ocorre de modo

autônomo.

Pessoas com baixa visão – aquelas que apresentam desde condições de indicar projeção de luz até o grau em que a redução da acuidade visual interfere ou limita seu desempenho. Seu processo educativo se desenvolverá, principalmente, por meios visuais, ainda que com a utilização de recursos específicos (BRASIL, 2001a, p. 34).

O desempenho visual de uma pessoa com baixa visão pode ser desenvolvido

e ampliado de forma gradativa e constante, pois a eficiência da visão melhora na

medida do seu uso. A falta de estimulação contribui para a perda da funcionalidade

visual. É pela observação do desempenho visual do aluno e pela avaliação da

acuidade visual para perto e para longe, a avaliação do campo visual, a

sensibilidade aos contrastes e visão de cores, que se podem desenvolver as

atividades referentes às funções ópticas perceptivas para alcançar a eficiência

visual.

É importante destacar que alunos com o mesmo grau de acuidade

apresentam níveis diferentes de desempenho visual. Isso ocorre porque os

indivíduos, por variantes, se adaptam de forma singular, conforme se pode constatar

mediante exposição de Domingues.

Em muitos casos duas pessoas com o mesmo grau de acuidade visual podem apresentar um desempenho visual diferente uma da outra, porque o uso da visão residual não está relacionado apenas ao fator orgânico, mas também aos aspectos objetivos, subjetivos e outras variáveis externas que envolvem condições ambientais, como iluminação, contrastes, ampliação, acessibilidade, uso de recursos ópticos e não-ópticos bem como materiais didáticos (DOMINGUES, 2010, p. 11).

A função visual é aprendida e, por isso, quanto mais oportunidades de contato

com as pessoas e objetos do seu meio, melhor o aluno desempenhará as atividades

e desenvolverá habilidades e capacidades para explorar o meio ambiente conhecer

e aprender, tendo em vista que “enxergar não é uma habilidade inata, é aprendida”

(BARRAGA, 1985 apud COSTA, 2000, s/p).

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Portanto, a baixa acuidade visual é apenas uma limitação e não deve ser vista

como uma incapacidade. Por isso, nada impede o aluno de ter acesso ao

conhecimento inserido e receber os mesmos conteúdos de um vidente porque, de

acordo com estudos de Vigotsky, “o homem reflete e toma consciência do mundo de

diferentes modos em cada etapa do desenvolvimento, baseando-se em significados

da palavra” (LURIA, 1994, p. 38).

Para Vigotsky (1995 apud CAIADO, 2006, p. 38), “[...] numa abordagem

teórica o homem não é mais concebido apenas como indivíduo biológico. Ele agora

é um indivíduo social e histórico [...]”. Nessa perspectiva teórica, entende-se que a

linguagem exerce forte influência no desenvolvimento do ser humano por meio da

palavra, que supera a questão da percepção visual diminuída. Tanto para o vidente

como para aquele que apresenta baixa acuidade visual, a palavra possibilita a

formação de conceitos, é por meio da linguagem constituída de significados que

ocorre a mediação com o outro. A deficiência – no caso, a baixa AV – provoca no

ser humano estímulos necessários para um processo de compensação e superação

do problema. O ser humano aprende e se desenvolve pela atividade mediadora nas

relações com o outro. Ainda segundo Caiado (2006, p. 119). [...]

[...] Vigotsky afirma que, na busca por um espaço de convivência social, a pessoa cega compensa a ausência da visão pela palavra. A palavra do outro nomeia-lhe o mundo real, insere-a no tecido ideológico das relações. Assim, a palavra humaniza o homem.

Nessa perspectiva histórica, a aprendizagem humana se dá com base no

desenvolvimento social. Toda a atividade humana é constituída de significados que

são mediados, de um homem para outro, através da linguagem, símbolo da

comunicação de todos os grupos humanos para a representação da realidade. O

homem se serve da linguagem para conceituar e dar significados aos objetos e

situações traduzidas em palavras.

Na concepção da práxis escolar, a deficiência visual, muitas vezes, é vista

como uma dificuldade de aprendizagem, o que não se confirma lendo Vygotsky

(1997, apud DOMINGUES, 2010, p. 32), "a cegueira deve ser compreendida como

uma fonte reveladora de atitudes, uma força motriz para a superação de obstáculos

e dificuldades, mais do que uma deficiência, defeito ou insuficiência de um órgão ou

função”.

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Nesse caso, confirma-se que as dificuldades no processo de aprendizagem

não estão ligadas com o defeito na visão dos educandos, mas com as condições

com que a aprendizagem está sendo conduzida para que os mesmos alcancem um

bom desempenho escolar.

Essa limitação visual geralmente é evidenciada nas atividades de sala de

aula, através de alguns sintomas de deficiência visual que podem ser observados

pelo olhar diferenciado do professor. Entre eles destacam-se: apresentar

desatenção anormal durante o trabalho no quadro negro; piscar excessivamente, em

especial durante a leitura; pender a cabeça para um dos lados durante a leitura; ser

capaz de ler apenas durante período curto de tempo (ROCHA; GONÇALVES, 1987,

p. 230).

O aluno com baixa visão tem o direito de frequentar o ensino regular

amparado pela lei que assegura a inclusão, porém é necessário que as instâncias

responsáveis (Governos de Estado e suas respectivas secretarias) efetivem as

políticas educacionais, assegurando o processo de inclusão, visando a qualidade da

escola pública, para atingir todos os alunos, independente de gênero, características

físicas e classe social. Bem como, cabe à escola e ao professor de atendimento

educacional especializado identificar as necessidades do aluno com baixa visão,

organizar atividades pedagógicas de apoio escolar e fazer as adaptações

curriculares, quando necessárias.

Segundo Caiado (2006, p.8), o marco da inclusão do aluno com deficiência no

ensino regular "é a Constituição Brasileira de 1988 que afirmava claramente, no art.

208, que o atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência

deve se dar preferencialmente na rede regular de ensino". Essa Carta Maior

regimenta a sociedade nos direitos fundamentais, civis e coletivos. Posteriormente a

ela, a partir da década de 1990, foram estabelecidas normatizações a respeito dos

direitos das pessoas com deficiência, tanto em âmbito nacional, como internacional.

O conceito de escola inclusiva foi introduzido na Declaração de Salamanca -

na Espanha (1994), sob o patrocínio da Unesco e do Governo da Espanha

que adotam como linha de ação: “O termo necessidades educacionais

especiais refere-se a todas aquelas crianças ou jovens, cujas necessidades

se originam em função de deficiências ou dificuldades de aprendizagem

(BRASIL, 2001a, p.144).

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Foi a partir da Declaração de Salamanca que a escola inclusiva começou a

ser discutida, conforme estudos de Caiado (2006, p. 30) "o movimento de inclusão

trouxe visibilidade para a pessoa deficiente", hoje ela é vista como alguém com

direitos e capacidades. Afirma, ainda, que é necessária a oferta de serviços de apoio

especializado para a inclusão do aluno na escola. Como preconiza a lei de Diretrizes

e Bases da Educação, "nº 9.394 – capítulo 5, art. 58, §1º), "afirmando que haverá,

quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola regular, para atender

às peculiaridades da clientela de educação especial”3

Assim sendo, “a política nacional de educação especial no Brasil prevê

alternativas de atendimento educacional às pessoas com necessidades

educacionais especiais que favoreçam, prioritariamente, a sua inclusão escolar.”

(BRASIL, 2001b, p. 94).

Entre as normatizações, cita-se a Convenção sobre os Direitos das Pessoas

com Deficiência (2007), que, no artigo 24, parágrafo 2, b, preconiza que: “as

pessoas com deficiência possam ter acesso ao ensino fundamental inclusivo, de

qualidade e gratuito, em igualdade de condições com as demais pessoas na

comunidade em que vivem.”

Mediante o exposto é possível afirmar que as políticas públicas asseguram na

letra da lei a inclusão das pessoas com deficiência. É com base nessas políticas que

a aplicação da Tabela de Snellen na escola se faz necessária, a fim de contribuir

com a identificação de problemas de visão, entre os quais se encontra a questão da

baixa visão. Mediante o reconhecimento de alunos com problemas de tal natureza,

os profissionais da instituição de ensino podem buscar recursos e tecnologias

assistivas, objetivando atender o aluno em suas especificidades.

Portanto, a inclusão escolar do aluno com dificuldade visual provoca

mudanças na organização do ensino, obrigando a escola a rever as práticas

convencionais. Com a inclusão, o sistema escolar deve priorizar as potencialidades

do aluno com deficiência visual e contribuir para melhorar o aprendizado do aluno

incluso no ensino regular.

3 Informações disponíveis no seguinte endereço eletrônico:

<http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/lei9394_ldbn2.pdf>. Acesso em: 20 jun 2013. s/p.

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2.2 Tabela de Snellen

Observa-se, por meio de revisão de literatura, que a avaliação oftalmológica

sofreu alterações, as quais contribuíram para que hoje (2014) os alunos com

problemas visuais sejam diagnosticados para serem atendidos, conforme prescrição

do oftalmologista com recursos ópticos e, de profissionais da educação e terapeutas

ocupacionais com recursos não ópticos.

Dados históricos encontrados sobre a medida da visão indicam que kuechler em 1854, um oftalmologista alemão, desenvolveu três tabelas de medida, mas seu trabalho foi esquecido. Jaeger, em 1854, publicou em Viena uma tabela de leitura para documentar a visão, usada por muitos ainda hoje. Donders, em 1861, inventou o termo “acuidade visual” (AV) para descrever a qualidade da visão humana. Sua tabela foi a primeira cientificamente embasada e ficou conhecida como o “E” de Donders. Em 1862, o oftalmologista holandês Herman Snellen, com a ajuda de Donders, publicou sua tabela baseada e definida em optotipos. Snellen definiu a “visão padrão” [...] (ZAPPAROLI; KLEIN; MOREIRA, 2009, s/p).

A Tabela de Snellen é o teste mais amplamente usado devido a sua

simplicidade e rapidez de aplicação, mas não substitui a consulta ao médico

oftalmologista. Todos os procedimentos pedagógicos, necessários para o professor

especializado garantir o apoio escolar, levam em consideração a prescrição

oftalmológica, para uma avaliação funcional do uso do resíduo visual nas tarefas

cotidianas.

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Figura 1 – Tabela de Snellen

Figura 1 Fonte: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Tabela_de_Snellen>. Acesso em: 5 out. 2013.

Para ler a Tabela de Snellen, observam-se os números fracionários que

aparecem no final de cada linha de letras. Tomando como exemplo 20/40, o primeiro

número corresponde à distância em pés entre a Tabela e o aluno, em que 20 pés

correspondem a 6 metros. Já o segundo número, 40 pés, corresponde à linha de

letras; uma pessoa com visão normal enxergaria a 40 pés, porém, alguém com

problemas visuais sem correção óptica ou com correção, mas que possui baixa

visão, enxerga apenas a 20 pés ou a 5 metros. Assim, o numerador 20 pés

permanece fixo, pois é a distância entre o aluno e a tabela.

O Denominador 40, como pode ser observado, é variável, conforme a

amplificação da letra e da distância a que uma pessoa com visão normal enxerga.

Para melhor compreensão, veja-se uma tabela explicativa.

Figura 2 – Tabela de equivalência da aferição da acuidade visual entre um

sistema visual normal e o que apresenta déficit visual.

Denominador em

pés

Correspondência

em metros Explicação

200 60 metros

Olho normal veria a 60 metros.

Olho com déficit visual vê a 5

metros.

100 pés 30 metros

Olho normal veria a 30 metros.

Olho com déficit visual vê a 5

metros.

Tabela 2 Fonte: próprio autor.

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2.3 Técnica da Medida da Acuidade Visual

Embora a técnica de aferição da acuidade visual seja simples, o processo

utilizado é complexo e exige a interação de muitos fatores, tanto fisiológicos quanto

psicológicos. A avaliação visual requer que o olho detecte o objeto e faça distinção

entre seus componentes. Essa informação é transmitida ao cortéx cerebral, onde é

comparada com as formas existentes na memória e onde se dá o reconhecimento

do objeto.

O modo mais simples para identificar a limitação da visão é medir a acuidade

visual com a escala de Snellen, acima exposta, que utiliza letras organizadas de

maneira padronizada, de tamanhos progressivamente menores, chamados

optótipos. Em cada linha, na lateral direita da tabela, existe um número decimal, que

corresponde à medida da acuidade visual.

Uma pessoa apresenta visão normal quando, ao ser colocada a uma distância

de 5 (cinco) metros, em frente a uma Escala de Sinais de Snellen, consegue ler as

menores letras que nela se encontram.

O indivíduo apresenta limitação da visão quando não enxerga uma ou mais

letras da escala, demonstrando maior limitação quando não conseguir visualizar os

símbolos de maior tamanho da escala.

O local de aplicação do teste deve apresentar boa iluminação (a luz deve vir

de trás ou dos lados do aluno a ser examinado).

Deve-se marcar no piso um risco com giz ou colar uma fita crepe a uma

distância de cinco metros da Tabela de Snellen. Colocar a cadeira em que o aluno

irá sentar, de forma que as pernas traseiras coincidam com a linha demarcada.

Então, se deve verificar se as linhas de optótipos correspondentes 0,8 (20/25)

e 1,0 (20/20) estão situadas ao nível dos olhos do examinado.

Os materiais a serem utilizados na avaliação são os seguintes: escala de

Sinais de Snellen; lápis preto; giz; cartão oclusor; fita métrica; fita adesiva e

impresso para anotação dos resultados.

Para a prontidão da resposta ao teste de AV, é importante preparar os alunos

antes da realização do teste, na sala de aula. Por isso, deve-se explicar e

demonstrar o que vai ser feito; mostrar a tabela de Snellen; ensinar a cobrir o olho

sem comprimi-lo e orientar que, mesmo sob o oclusor, os dois olhos devem ficar

abertos.

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A medida da acuidade visual sempre deve ser realizada antes no olho direito,

com o esquerdo coberto com o oclusor. Deve-se iniciar pelos optótipos maiores,

continuando a sequência até onde a pessoa consiga enxergar sem dificuldade. A

seguir, segue-se a mesma conduta para medir a acuidade visual do olho esquerdo.

A acuidade visual registrada será o número decimal ao lado direito da última

linha em que a pessoa consiga enxergar sem dificuldade mais que a metade dos

optótipos. Se a pessoa usa óculos, deve-se realizar o teste com os óculos.

Se, ao fazer o teste de AV, o aluno apresentar alguns sintomas tais como:

lacrimejar, inclinar a cabeça, piscar continuamente os olhos ou franzir a testa, é

importante registrar na observação.

O critério para informar aos pais que o aluno tem uma dificuldade visual e que

necessita de um atendimento oftalmológico será a apresentação de acuidade visual

inferior ou igual a 0,7 em qualquer olho.

2.4 Tecnologias assistivas

O Comitê de Ajudas Técnicas (CAT) da Secretaria de Direitos Humanos da

Presidência da República aprovou, em 14 de dezembro de 2007, o seguinte

conceito:

Tecnologia Assistiva é uma área do conhecimento, de característica interdisciplinar, que engloba produtos, recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que objetivam promover a funcionalidade, relacionada à atividade e participação de pessoas com deficiência, incapacidade ou mobilidade reduzida, visando sua autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social (CORDE – Comitê de Ajudas Técnicas – ATA VII)

4.

Deste modo, pode-se considerar que Tecnologia Assistiva é todo recurso ou

estratégia utilizada pela pessoa com deficiência na execução de uma tarefa

concebida para atender suas especificidades. Na perspectiva da educação inclusiva,

essa ajuda é voltada para minimizar as dificuldades de acesso do aluno com

deficiência nas diversas atividades escolares.

4Informações disponíveis no seguinte endereço eletrônico: <http://proeja.com/portal/images/semana-

quimica/2011-10-19/tec-assistiva.pdf>. Acesso em:9 out. 2013.

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A utilização de recursos ópticos e não-ópticos envolve o trabalho do professor

de apoio especializado na área visual para adaptação de material ou outros

cuidados de acordo com necessidades específicas, diferenças individuais, faixa

etária, interesses e habilidades, que determinarão os tipos de adaptações e

procedimentos adequados.

Os auxílios ópticos são lentes ou recursos que possibilitam a ampliação de

imagens e a visualização de objetos favorecendo o uso da visão residual para longe

e para perto. São lupas de mão e de apoio, óculos bifocais ou monoculares e

telescópios, que não devem ser confundidos com óculos comuns. A prescrição

desses recursos será de competência do oftalmologista, que define quais são os

mais adequados à condição visual do aluno.

Os auxílios ópticos para perto são: óculos com lentes especiais e lupas

manuais ou de apoio, que possibilitam o aumento do material de leitura. Para longe,

pode ser utilizado o telescópio, que favorece a visualização de pessoas ou de

objetos distantes.

Os recursos não-ópticos referem-se às mudanças relacionadas ao ambiente,

ao mobiliário, à iluminação e aos recursos para leitura e escrita, com contrastes e

ampliação, a fim de melhorar o funcionamento visual.

São considerados recursos não-ópticos: iluminação natural do ambiente (uns

necessitam de bastante iluminação, enquanto outros, quanto menos iluminação,

enxergam melhor); contraste nas cores (preto e branco, preto e amarelo); folha com

pautas escuras e com maior espaçamento entre as linhas; livro com textos mais

ampliados; caneta com ponta porosa preta ou azul-escura; lápis 6b (com grafite).

Atualmente, os recursos tecnológicos disponíveis facilitam as atividades para o

professor e o aluno, porque possibilitam a comunicação e o acesso ao

conhecimento. Para o aluno de baixa acuidade visual, a informática dispõe de vários

programas que foram desenvolvidos e adaptados para a sua condição visual.

Encontram-se, atualmente, programas de síntese de voz, como: Sistema

Dosvox (direcionado para o aluno cego), leitor de tela e o MEC DAISY. Além disso,

conta-se também com a digitação de textos, a leitura na tela com fonte ampliada, a

visualização de imagens ampliadas e o uso da internet. As tecnologias assistivas

disponíveis podem ser consideradas um meio de inclusão e seu uso pelo aluno influi

de maneira imediata nos programas de educação.

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3 Implementação da unidade didática na escola

Quanto à aplicabilidade da Produção Didático-Pedagógica, intitulada

"Avaliação da Acuidade Visual em alunos do Ensino Fundamental e suas

Implicações Pedagógicas", foi possível averiguar situações em que a avaliação das

condições de percepção visual ao quadro negro é uma realidade posta no ambiente

escolar.

Inicialmente, o projeto foi exposto junto à coordenação pedagógica dos 6ºs

anos da escola. Comentou-se acerca da importância do mesmo na identificação da

acuidade visual e solicitou-se a autorização para a sua execução. Os alunos foram

informados sobre a importância do teste visual e também foi encaminhado um aviso

aos pais de que o projeto não iria interferir nas atividades escolares.

Seguindo as normas técnicas, a avaliação foi realizada primeiro no olho

direito, com o olho esquerdo devidamente coberto com o oclusor. Iniciou-se pelos

optótipos maiores dando sequência à leitura até onde o aluno conseguisse enxergar

sem dificuldade. Foi utilizada a mesma conduta para medir a acuidade visual do

olho esquerdo.

Foram considerados com baixa acuidade visual os alunos que apresentaram

acuidade visual igual ou menor a 0,7 da Tabela de Snellen, em um dos olhos. Os

resultados aferidos foram registrados na ficha de registro de cada turma. Foram

avaliadas cinco turmas de 6ºs anos do Ensino Fundamental num total de 135 alunos.

Desses, foram identificados 13 alunos com dificuldade visual e 11 alunos que já

faziam uso de óculos, durante a aplicação da Tabela de Snellen. Dos 13 alunos, 08

conseguiram consulta oftalmológica, sendo que foram prescrito óculos para 06

alunos. Uma aluna não se adaptou ao óculos, então houve um contato com a

família para ela retornar ao médico, pois a mesma tem dificuldade visual para longe,

visto que a avaliação visual sem correção foi de: OD 0,5/ OE 0,5. Um aluno foi

diagnosticado com conjuntivite alérgica, ficando em tratamento, no momento, e uma

aluna diagnosticada com deficiência visual leve, de modo que o médico não

prescreveu o uso de óculos para ela. No momento, 05 alunos ainda aguardam o

agendamento da consulta com o médico oftalmologista, via Sistema Único de

Saúde.

Os alunos identificados com dificuldade visual baixa entre 0,5/0,5 e 0,7/0,7,

durante a aplicação do teste, relatam que percebem dificuldade para ver de longe,

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como: a letra do quadro fica embaçada ou muito pequena, sentem cansaço no olho

ao fazer leitura e ao estudar e trocam as letras quando copiam no quadro.

Frente a essa situação, foram tomadas algumas atitudes junto à coordenação

pedagógica, como: fazê-los sentar na primeira fileira e, se possível, no centro da

sala, para melhor usarem o campo visual.

No conselho de classe do 2º bimestre, pôde-se constatar que dois alunos,

identificados com baixa acuidade visual, apresentam dificuldades de aprendizagem.

Após intervenções, os professores constataram que as dificuldades de

aprendizagem relacionadas ao problema visual exigem a atenção por parte deles e

da equipe pedagógica, no sentido de tomarem providências para que o aluno com

essa característica seja atendido em suas especificidades educacionais quanto às

adaptações de recursos pedagógicos.

4 Considerações Finais

O desenvolvimento do projeto possibilitou constatar a relevância de promover

ações, no interior da escola, destinadas à saúde ocular dos alunos. Afirmativa essa

expressa nas reflexões apresentadas na análise realizada na fundamentação teórica

articulada à implementação do Projeto na escola e às discussões do fórum do Grupo

de Trabalho em Rede - GTR.

Quando o aluno possui alguma limitação visual, ele pode apresentar

dificuldade de aprendizagem no processo de apropriação de conhecimentos, pelo

fato de não ter acesso ao conteúdo que o professor ministra, face à ausência de

recursos pedagógicos que viabilizem o acompanhamento das explicações no quadro

negro, a leitura do conteúdo no livro didático e a realização de registros escritos em

seu caderno. Trazendo, portanto, para o cotidiano desse aluno uma série de

dificuldades de acesso à informação e à aquisição do conhecimento. Destaca-se,

assim, a relevância da aplicação do teste visual, através da Tabela de Snellen, para

avaliar a acuidade visual nos educandos.

A participação dos alunos foi importante para a realização desse projeto, pois

todos mostraram interesse a respeito da qualidade de sua visão. Para os alunos

identificados com baixa acuidade visual e que apresentaram dificuldades em sala de

aula, foram feitas algumas adaptações imediatas, como colocá-los para sentar mais

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perto do quadro e fazê-los aguardar a consulta com o médico para possíveis

intervenções.

Além dessa reflexão feita a partir da aplicação do teste visual nos alunos,

percebeu-se, nos debates do Grupo de Trabalho em Rede - GTR, e em comentários

e depoimentos, a relevância desse trabalho. Mediante a leitura do projeto, os

participantes do GTR, verificaram que essa realidade é semelhante nos diferentes

colégios em que atuam. Segundo eles, após avaliações mais criteriosas de alunos

que apresentavam problemas de aprendizagem, foram constatados, nos mesmos,

problemas de visão. Dentre os apontamentos dos professores no GTR, destacam-

se:

- Professor 01: “[...]trabalhando em classe especial, tive oportunidade de ter dois

alunos, em diferentes tempos, diagnosticados como DI e que na realidade por falta

de estímulos até se assemelhavam, mas eram de fato alunos com baixa visão [...]”.

- Professor 02: “[...] Em uma determinada ocasião, eu e outra professora fomos a

uma escola estadual realizar o teste de Snellen e, foi detectado um aluno do terceiro

ano fundamental quejá havia reprovado. Este aluno enxergava somente até a linha

0,3 da tabela.( A avó do menino disse que ele nunca reclamou que não enxergava

direito). Claro ele não sabia o que era "enxergar direito", pois para ele era daquela

forma, disse que as letras parecem estar inchadas [...]”.

- Professor 03: “[...] Quando trabalhei no ensino comum, tive um aluno que não

conseguia terminar de copiar do quadro, por mais que eu desse tempo, ele copiava

as letras e palavras trocadas. Não conseguia ler direito, os colegas brigavam com

ele, pois parecia que era desatento, até que sentei ele na primeira carteira, dei um

texto com letras grandes e então percebi a diferença [...]”.

Esses professores estão comprometidos com o processo de ensino e

aprendizagem e buscam valorizar o potencial do aluno. Para garantir a qualidade da

aprendizagem, o professor regente pode buscar orientações junto ao professor

especializado na área visual.

De acordo com a situação exposta, a respeito da acuidade visual em alunos

em idade escolar, é urgente a necessidade de se fazer um trabalho direcionado à

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saúde ocular nas escolas para se identificar problemas de visão que possam estar

interferindo no processo de aprendizagem.

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