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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · fornecimento de medicamentos gratuitos aos beneficiários do SUS está previsto no art. 6° da Lei nº 8.080/90 Com a grande variedade

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

AUTOMEDICAÇÃO: UMA ABORDAGEM DIDÁTICA PEDAGÓGICA

NO ENSINO FUNDAMENTAL

Rose Schlem Wolff

1

Clovis Roberto Gurski2

RESUMO O presente artigo tem como objetivo apresentar o projeto produzido para o Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE/2013, Estado do Paraná e também mostrar a implementação da unidade didática realizada no Colégio Estadual São Mateus tendo como público alvo alunos do 8º ano do Ensino Fundamental. A implementação vem alertar os alunos quanto a falta de conhecimento que a população apresenta quanto ao uso consciente da automedicação e tem como objetivo promover educação e saúde junto aos estudantes alvo, acerca dos riscos inerentes à automedicação e ao uso racional de medicamentos. Para efetivar o conhecimento, inicialmente aplicamos um questionário pré-teste para avaliar o conhecimento e os hábitos individuais referentes ao tema automedicação, foram aplicadas atividades diversas, coletas de bulas e embalagens de medicamentos, pesquisas no laboratório de informática e discussões; essas ações subsidiaram a produção de mini palestras e um folder contendo informações relevantes ao tema. Ao término do projeto observamos que a realização do mesmo cumpriu com o objetivo de disponibilizar informações, desenvolver reflexões e o hábito da leitura crítica das bulas e embalagens de medicamentos e, a produção de materiais e disseminação dos conhecimentos referentes à automedicação. Palavras-chave: Educação, orientação, medicamentos, automedicação.

1 Pós Graduação no Ensino da Matemática, Graduação em Ciências/Matemática, Professora efetiva da Rede

Pública Estadual de Ensino do Estado do Paraná com atuação no Colégio Estadual São Mateus. E-mail: [email protected] 2 Professor e pesquisador da UNESPAR – Campus de União da Vitória do Curso de Ciências Biológicas e do CNPq na linha de pesquisa: Biodiversidade e Conservação. Especialista em Educação Ambiental – UEL. Mestrado em Economia Ambiental e Industrial – UFSC. E-mail: [email protected]

1 INTRODUÇÃO

Entre as metas da escola de formação de cidadãos conscientes está à

avaliação e a escolha de resultados no tocante a saúde do indivíduo e da

comunidade. (BRASIL, 2007). Nesse sentido, a escolha do título da unidade didática

do Programa de Desenvolvimento Educacional–PDE para aplicação no Colégio

Estadual São Mateus, oportunizou aos alunos alvo, a orientação de discernir as

formas corretas de conduta pessoal quanto ao uso de medicamentos e formas de

tratamento de saúde caseira, também de esclarecer e mostrar as problemáticas

implicativas que a automedicação habitual trás.

A implementação do projeto “Automedicação: uma abordagem didática

pedagógica no Ensino Fundamental” enfocou o conteúdo estruturante Sistemas

Biológicos, tendo como objetivo promover educação e saúde junto aos estudantes

do 8° ano do Colégio Estadual São Mateus, acerca dos riscos inerentes à

automedicação e ao uso racional de medicamentos. A metodologia traz a forma

como a temática automedicação foi trabalhada. As atividades propostas sugerem

interdisciplinaridade proporcionando a informação e estimulando mudanças de

atitudes nos alunos em relação ao tema estudado. Esta pesquisa vem intervir no

tocante a melhorar a saúde do indivíduo e da comunidade. As ações foram iniciadas

com um questionamento.

Este estudo vem de encontro à necessidade de orientação adequada à

população, através dos alunos, visto que de acordo com o estudo de Sousa (2008):

A automedicação é um problema que deve ser visto pelos órgãos de saúde pública como um desafio constante. A participação dos alunos neste estudo está volvida para intervir na realidade social, possibilitando melhorar a saúde pública.

Na implementação da unidade didática, fez parte das ações a aplicação de

dois questionários pré-teste, e pós-teste para avaliar o grau de entendimento do

assunto. A apresentação do tema foi feito aos alunos com a utilização de slides. O

laboratório de informática da escola auxiliou no desenvolvimento do projeto, bem

como a coleta e a leitura de bulas e embalagens de medicamentos.

Dando ênfase ao GTR-2014 (Grupo e Trabalho em Rede), desenvolvido pela

Secretaria de Educação do Paraná, tendo como participantes professores da rede

estadual de ensino; pela importância das discussões e sugestões recebidas de um

grupo de profissionais qualificados. Dentre as sugestões, se fez necessária à criação

de um glossário, pelos alunos, devido ao grande número de palavras e termos

desconhecidos pelos mesmos.

A sistematização do trabalho deu-se com a confecção de cartazes e folders

alertando sobre os perigos do uso da automedicação e, por fim a criação,

organização e apresentação a comunidade escolar, de mini palestras referente o

presente tema. Ao término do projeto constatou-se a compreensão do conceito do

tema e assim proporcionando a auto avaliação.

2 EMBASAMENTO TEÓRICO

Desde os tempos imemoriais, o homem busca, na natureza, recursos que

melhorem sua condição de vida para assim, aumentar suas chances de

sobrevivência pela melhoria de sua saúde. (BRASIL, 2006).

O surgimento de novos fármacos a partir da década de 40, para Melo (2006),

foi o que permitiu à população possibilidade de cura para doenças até então fatais.

Os avanços nas pesquisas e sua promoção comercial fez crescer a expectativa da

sociedade em relação ao poder dos medicamentos. E assim os mesmos ocupam um

papel importante nos sistemas sanitários, pois salvam vidas e melhoram a saúde

(PEREIRA et al., 2008 apud MARIN et al., 2003). O valor do medicamento para a

sociedade é hoje indiscutível e traduz em inúmeros benefícios. Uma vida mais longa,

de maior qualidade, com maior produtividade, beneficiando as pessoas, os países e

a sociedade em geral. (LICHTENBERG, 2005). Por isso os governantes do Brasil e

outros países em desenvolvimento, preocupados com a população mais carente, a

partir da década de 70, criaram programas que garantem a disponibilidade dos

medicamentos mais importantes. (MELO, 2006 apud CROZARA, 2001). Mais tarde

em 1999 surgiu o Instituto Brasileiro de Saúde (IBS), uma entidade filantrópica,

realizada pelo Grupo Saúde Pró Infância com parceria entre o Governo Federal, os

estados e as prefeituras, com distribuição gratuita de remédios. (BRASIL, 2013).

Os tipos de medicamentos disponíveis são classificados pela ANVISA

(Agencia Nacional de Vigilância Sanitária) como alopáticos, fitoterápicos,

homeopáticos e manipulados. (BRITO, 2010 apud FREITAS, 2007).

Com a industrialização crescente dos medicamentos houve a necessidade da

criação de leis de regulamentação para o uso dos mesmos. Constituiu-se

Federalmente em 1988 a inclusão do tema assistência pública à saúde, no seu Art.

196, dispõe que a saúde é direito de todos e dever do Estado, e que estava ausente

das Constituições anteriores, citado por Machado, (2010), também que o

fornecimento de medicamentos gratuitos aos beneficiários do SUS está previsto no

art. 6° da Lei nº 8.080/90

Com a grande variedade de medicamentos oferecidos e a facilidade em

adquiri-los, tornou-se necessário uma definição do que seria o uso correto de

medicamentos. E segundo Santos, (2004) o uso correto de medicamentos é o

processo que compreende a prescrição apropriada, a disponibilidade, preço

acessível, a dispensação adequada, o consumo nas doses e período de tempo

indicados, e dentro da validade. Também salienta Bolzan (2008), que a questão do

uso correto do medicamento na terapêutica tem sido discutida e estudada por

profissionais de saúde por ser um ponto fundamental para se conseguir os objetivos

terapêuticos.

Assim, o farmacêutico é o único legal, ética e academicamente capacitado

para orientar o usuário do medicamento acerca do produto que está adquirindo,

conforme registrado pelo Conselho Regional de Farmácia/SP (CRF/SP, 2012 apud

SANTOS, 2003). Também os profissionais da saúde legalmente aptos a prescrever

são médicos, médicos-veterinários e cirurgiões-dentistas e os enfermeiros, conforme

estabelecido na Portaria MS nº 1.625 de 10 de julho de 2007. (PEPE e CASTRO,

2008).

Com a facilidade da aquisição de medicamentos oferecidos no mercado, o

incentivo da propaganda, a sobra desses produtos utilizados nos tratamentos e o

seu acúmulo nas residências, segundo Messias, (2013) apud Fernandes et al,

(2004) constitui o que se chama farmácia caseira. O estoque de medicamentos nas

residências facilita a prática da automedicação, evidencia Messias, (2013) apud

Tourinho et al. (2008).

A automedicação é definida na Portaria GM/MS número 3916/88, como uso

de medicamento sem a prescrição, orientação e/ou acompanhamento do médico ou

odontólogo. (RUAN, C. G. da S. et al., 2012 apud BRASIL, 1998). Também é

considerada por Sarti et al. (2013) apud Vilarino et al.(1998), a automedicação, como

uma atitude corriqueira entre a maioria da população brasileira, quer seja ela leiga

ou detentora de algum grau de conhecimento.

A prática da automedicação, citado por Fonseca et al. (2010), é um assunto

muito polêmico em decorrência das complicações tangentes às contra indicações e

efeitos colaterais que podem resultar do uso indiscriminado de determinados

fármacos. No entanto, o caderno do professor da ANVISA, ressalta que as indústrias

aproveitam-se da tendência da automedicação e da existência dos sintomas

autolimitados para investir em publicidade e propaganda. (BRASIL, 2007). E ainda

salienta que o investimento em marketing se torna tão ou mais importante do que a

pesquisa e o desenvolvimento de diferentes medicamentos. Diz também que, existe

uma grande parcela da população que tem dificuldade de acesso aos serviços de

saúde. De acordo com o estudo de Sousa (2008), a automedicação é um problema

que deve ser visto pelos órgãos de saúde pública como um desafio constante.

Para Angelucci (2004), a ausência de informações a respeito do assunto

automedicação pode significar desequilíbrio orgânico, insensibilidade ao

medicamento, alergias ou até mesmo a morte, além do aspecto econômico causado

pelo uso desnecessário de medicamentos. Segundo Abraão et al. (2009), mesmo

diante da significativa gama de reações adversas e resultados indesejados

atribuídos aos fármacos, mostra-se constante a automedicação e o uso

indiscriminado de medicamentos pela população em geral.

Diante disso, citado por Sousa, (2009) que:

O uso racional de medicamentos foi definido na Conferência Mundial sobre Uso Racional de Medicamentos ocorrida em Nairobi, no Quênia, em 1985. Nesse momento, chegou–se ao consenso de que existe uso racional quando os pacientes recebem medicamentos apropriados as suas necessidades clínicas, em doses adequadas a suas particularidades individuais, por período de tempo necessário e com baixo custo para eles e para sua comunidade.

Costa, (2012), sugere que para realizar o uso racional de medicamentos é

preciso selecionar informações provenientes de conhecimentos sólidos e

independentes e, por isso, confiáveis. Segundo a Anvisa (2009), a bula é o principal

instrumento que permite ao paciente saber com exatidão como usar e como evitar

os riscos do consumo do medicamento prescrito pelo seu médico ou cirurgião-

dentista.

Como medida preventiva desta problemática precisa-se promover a educação

em saúde, desenvolvendo ações educativas sobre o uso racional de medicamentos,

que devem ser planejados envolvendo estudos prévios para entendimento do

contexto, buscando parceria de profissionais da saúde para oferecer orientações

corretas e seguras aos jovens em idade escolar.

Garantindo a educação em saúde, Os Parâmetros Curriculares Nacionais-

PCNs trazem no 4º ciclo, que se deve abordar a análise do consumo de remédios

receitados por médicos e dentistas, o exame de seus rótulos e bulas, datas de

validade, os critérios e perigos da automedicação. (BRASIL, 1998).

Da mesma forma as Diretrizes Curriculares da Educação Básica de Ciências-

DCEs, garantem a educação em saúde. O tema automedicação é trabalhado no 8º

ano do Ensino Fundamental, tendo como Conteúdo Estruturante: Sistemas

Biológicos, Conteúdo Básico: Fisiologia dos Seres Vivos e Conteúdo Específico:

Funcionamento das Células Nervosas. (BRASIL, 2008).

3 MATERIAL E MÉTODOS

O presente projeto foi desenvolvido no ano de 2014, no período dos meses de

fevereiro a julho, objetivando fornecer elementos para provocar reflexão acerca dos

riscos inerentes à automedicação e ao uso racional de medicamentos, e assim

promover a educação e saúde junto aos estudantes do 8° ano do Colégio Estadual

São Mateus, localizado no município de São Mateus do Sul-PR. Participaram 36

alunos de 8º ano matriculados no período matutino.

O Projeto de Intervenção foi apresentado na escola no mês de fevereiro,

durante a semana pedagógica para todo coletivo escolar. A aceitação foi imediata e

destacada a relevância do tema para toda a sociedade. A escola busca desenvolver

atividades visando orientar o indivíduo para que ele possa desenvolver ações

capazes de modificar situações desfavoráveis à saúde; assim cumpre com seu

papel social.

O Grupo de Trabalho em Rede GTR se deu nos meses de março a maio de

2014, e contou com 17 participantes, destes três não concluíram o curso. O GTR foi

criado pela SEED com o intuito de socializar o Projeto de Intervenção Pedagógica, a

Produção Didático-Pedagógica e a aplicabilidade das ações de Implementação do

Projeto de Intervenção na Escola, possibilitando a troca de ideias, dos fundamentos

teóricos e metodológicos relacionados à temática proposta. As observações

apontaram a pertinência da problemática levantada na justificativa do projeto e a

contribuição deste estudo para a Educação Básica, como demonstra alguns

comentário e contribuições dos professores participantes no quadro 1.

QUADRO 1 – Comentários dos Professores participantes do Grupo de Trabalho em

Rede (GTR, 2013).

Professor Comentário

Professor 1 As propostas pedagógicas deste GTR são muito boas, vistas que

nenhuma se apresenta em forma de um espetáculo, mais sim com

uma metodologia viável dentro da realidade das nossas escolas.

Professor 2 Este projeto deve sim ser aplicado, devido à sua importância

preventiva na saúde de nossos alunos. Informar e alertar é função

da escola sempre e a automedicação é um tema muitas vezes

deixado de lado nas aulas de Ciências... Acabo trabalhando o

tema drogas sempre no sentido ilícito da palavra e esqueço de

focar também nas drogas lícitas, muito mais disponíveis para os

alunos e tão perigosas quanto, se usadas de maneira inadequada

ou sem orientação médica ... Vou com certeza incluir o assunto à

partir de agora.

Professor 3 A automedicação, sem dúvidas é um tema de vital importância, eu

diria, uma vez que traz reflexões que nos remete a saúde e

qualidade de vida. Penso que devemos abordar esta problemática

desde muito cedo com nossos alunos, não sendo restrito a uma

determinada turma ou série. Ao contrário, acredito que todos os

nossos alunos devem ter acesso a informações de qualidade,

cabendo a nós a mediação desta abordagem, adequando o

vocabulário e a ênfase com a série/idade... Tendo em vista os

argumentos acima citados é que escolhi esta temática para

estudar no GTR. Portanto, acredito ser completamente viável a

implantação deste projeto em minha escola.

Professor 4 A saúde é um tema transversal que deve ser enfocado nos

currículos em todos os níveis de ensino, e quando trabalhado este

tema devemos procurar assegurar aos educandos uma

aprendizagem que modifique as atitudes e os hábitos de vida.

Professor 5 Sem dúvida todas as sugestões de atividades propostas pela

professora são extremamente relevante de serem desenvolvidas

na realidade de minha escola. Muito necessário esse trabalho, que

infelizmente não é dado tanta ênfase quanto deveria. Estou

gostando muito de obter mais conhecimento sobre essa temática,

e tenho observado como realmente acontece muito essa prática de

automedicação, sem muitas vezes o mínimo de conhecimento,

percebo que, as pessoas o fazem normalmente sem nenhuma

preocupação. Tenho observado muito os alunos e como eles

insistem muitas vezes que nos os mediquemos porque são

acostumados em casa.

Muito interessante a metodologia sugerida pela professora, de uma

forma dinâmica e diversificada! Estou pesquisando, lendo e

separando material para trabalhar com meus alunos da Sala de

Recurso Multifuncional Tipo I. Gostei muito das sugestões de

atividades, tenho certeza que vai ser bem produtivo.

..., estou repassando as sugestões aos professores de ciências e

biologia, para que também possam desenvolver as atividades.

Com certeza é um assunto muito interessante que desperta a

curiosidade, e abre uma variedade de possibilidades

principalmente pela maneira dinâmica que a professora propõe.

Professor 6 ...Os alunos podem montar um glossário com as palavras que não

conhecem ou entendem e a partir daí, no laboratório de Informática

identificá-las...

A Implementação deu-se com o cumprimento das ações previstas, sendo

elas:

I. Ação 01: Na aplicação do pré-teste foi possível avaliar os conhecimentos

prévios dos alunos.

II. Ação 02: Com a apresentação do tema através de slides, os alunos

mostraram-se bastante interessados e curiosos demonstrando nos seus

questionamentos.

III. Ação 03: Para a pesquisa no laboratório de informática da escola, os alunos

formaram 11 grupos e cada um ficou com um assunto: histórico do uso de

medicamentos pela humanidade, a importância do uso dos medicamentos na

saúde humana, distribuição gratuita de medicamentos, tipos de

medicamentos disponíveis, lei de regulamentação do uso dos medicamentos,

uso correto dos medicamentos, profissionais que prescrevem e orienta o uso

de medicamentos, uso da automedicação–farmácia caseira, riscos da

automedicação para a saúde, reações do uso da automedicação e uso

racional de medicamentos. Os alunos corresponderam positivamente a essa

atividade demonstrando responsabilidade, apesar de nem todos os

computadores da escola estarem disponíveis, necessitando que o trabalho

fosse realizado separando a turma em duas partes. Essa atividade foi um

pouco tumultuada, pois a escola dispõe apenas de sete computadores em

funcionamento, sendo que foram formados onze grupos. Organizamos uma

escala, enquanto alguns estavam no laboratório, outros estavam na sala de

aula. Esta atividade foi estendida para casa, contando que a maioria dos

alunos possuem computador e o serviço de internet em suas casas.

IV. Ação 04: Com a coleta e leitura de Bulas e Embalagens buscamos

desenvolver o hábito da leitura crítica desse material, observando sua

composição, indicação e efeitos colaterais. Nas atividades relacionadas com

a leitura das embalagens e bulas os alunos demonstraram curiosidade,

interesse e espanto por entenderem a seriedade do uso correto e racional dos

medicamentos.Com o desenvolvimento das ações 03 e 04, foi necessário a

criação de um glossário, (sugerido no curso GTR) por cada aluno contando

que foram muitos os termos e as palavras desconhecidos.

V. Ação 05: Os cartazes foram confeccionados com as bulas e as embalagens

de medicamentos organizados por faixa preta, faixa vermelha e os chamados

MIPs, também foram organizados os medicamentos de referência, os

genéricos e os similares. Utilizando esse material foi organizado um painel,

proporcionando uma boa visualização. A coleta das bulas e embalagens foi

realizada com sucesso.

VI. Ação 06: Com os textos oriundos das pesquisas e com anotações referentes

à leitura das bulas e embalagens de medicamentos, em mãos, cada grupo

selecionou itens relevantes sobre o tema e produziu um folder.

VII. Ação 07: Utilizando todo material pesquisado e produzido pelos alunos, cada

grupo produziu uma mini palestra referente à parte do tema que coube a cada

grupo. No planejamento desta ação foi proposta a produção de uma peça de

teatro, a qual foi rejeitada pelos alunos imediatamente, e como sugestão feita

pelos mesmos, a produção de mini palestras na qual cada grupo ficaria

responsável por um assunto do tema. A argumentação foi baseada em que a

nossa escola apresenta anualmente, uma Feira de Conhecimentos no início

do quarto bimestre, aberta a comunidade. Assim, esse tema será divulgado

amplamente.

VIII. Ação 08: Após aplicado o questionário pós-teste, foi feito uma discussão de

resultados, relatado logo após o comentário da última ação.

IX. Ação 09: As mini palestras produzida pelos alunos em grupos foi inicialmente

apresentada na sala de aula, para que os demais colegas tomassem ciência

de todos os assuntos. Logo após, foi distribuído um convite à comunidade

escolar para a reapresentação das mini palestras, dando assim o

encerramento do projeto.

Após realizada a apresentação das mini palestras no encerramento do projeto

e distribuído o folder desenvolvido pelos alunos, algumas pessoa nos

procuraram para obter maiores informações sobre o tema. Essa atitude me

fez acreditar que a realização desta ação foi a escolha certa, pois permitiu a

disseminação das informações e provocando a reflexão sobre o tema.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na realização das ações da aplicação do questionário pré-teste e pós-teste,

foi possível avaliar os conhecimentos prévios dos alunos, e os conhecimentos

adquiridos após o término das atividades previstas no projeto de implementação na

escola em relação ao tema automedicação, conforme demonstra o gráfico1.

Gráfico 1: Comentário sobre o uso da Automedicação.

Para levar informações corretas referentes aos medicamentos, foi

apresentado através de slides o material preparado pela pesquisadora. Foi abordado

o histórico geral do uso de medicamentos pela humanidade, a importância do uso na

saúde humana, a legislação que regulamenta o uso dos mesmos, a importância da

prescrição e orientação adequadas, bem como o uso da automedicação e seus

riscos.

A partir daí pode-se observar a falta de conhecimento dos alunos em relação

aos medicamentos, bem como o seu uso, pois os mesmos mostraram-se bastante

interessados e curiosos, observado nos seus questionamentos.

Para a pesquisa no laboratório de informática, deixou-se bem claro que

através do uso da internet buscar-se-ia textos informativos e científicos referentes ao

tema, utilizando-se somente de fontes seguras. No prazo combinado trouxeram as

pesquisas, foi analisada cada uma, também foi apresentado alguns textos que foram

selecionados. A partir desse ponto, cada grupo construiu um texto, em seguida

ocorreu o debatemos.

Os alunos corresponderam positivamente a esta atividade, constatou-se o

resultado através da participação ativa de todos, tanto nas pesquisas, na construção

coesa dos textos, como nas conclusões e intervenções no debate.

0

10

20

30

40

50

60

70

Pré-teste pós-teste

Não conhecem Automedicação.

Conhecem Automedicação.

Conhecem e ignoram os riscos da Automedicação.

Essa atividade oportunizou a construção do conhecimento coletivo e o

aprendizado da importância da educação em saúde coletiva.

O próximo passo foi à coleta de embalagens e bulas de medicamentos em

suas residências utilizadas pelos alunos e seus familiares. Inicialmente foi proposto

que fizessem a leitura das embalagens dos medicamentos, ressaltando todos os

itens que devem estar impressos nas embalagens asseguradas pela legislação, em

seguida foi realizada a leitura das bulas. Foi nesse momento que os alunos

perceberam não conhecer o significado de muitas palavras e termos ali escritos,

então, se propôs a criação de um glossário, sugerido por professores participantes

do GTR.

Após, ocorreu a separação das embalagens por tipos, sendo: de referência,

genérico e similar, frisando a definição de cada tipo, em seguida, a classificação por

faixas: vermelha, preta e os sem faixa, também foi salientado as definições de cada

classificação.

Os alunos demonstraram curiosidade, interesse e espanto por entenderem a

seriedade do uso correto e racional dos medicamentos, verificados pelos

comentários e questionamentos realizados pelos mesmos. Foram orientados que

confeccionassem alguns cartazes, que em seguida organizassem um painel em

local estratégico na escola.

Considera-se esta atividade importante para disseminar as informações

corretas a respeito da educação em saúde para a coletividade, e oportuniza a leitura

crítica das embalagens e das bulas dos medicamentos.

Com o material acumulado, orientou-se que cada grupo selecionasse os itens

mais importantes que haviam estudado, que produzissem uma peça teatral, e um

folder. A primeira sugestão foi rejeitada pelos alunos, os quais sugeriram a

organização de mini palestras para serem apresentadas no final do ano letivo na

feira cultural que a escola realiza todo ano, e que é intitulada “Amostra Cultural”.

Foi aceito a proposta, assim cada grupo organizou a parte que lhe coube.

Orientou-se que unissem esse material e confeccionassem um folder informativo. O

folder por eles construído foi coerente com os temas estudados.

Acredita-se que a apresentação das mini palestras foi uma boa escolha, pois

todos demonstraram segurança no tema, e a distribuição do folder cumpre com o

objetivo de disseminar as informações corretas referentes ao tema estudado, a

coletividade.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O projeto procurou oportunizar aos estudantes, a orientação de discernir as

formas corretas de conduta pessoal quanto ao uso de medicamentos e formas de

tratamento de saúde caseira, também de esclarecer e mostrar as problemáticas

implicativas que a automedicação habitual trás.

Verificou-se no decorrer da construção do projeto a importância do tema

escolhido, dada à falta de estudos a respeito do tema e os riscos que pode trazer à

saúde, pois as fontes encontradas referenciam pesquisas realizadas já algum

tempo.

Os alunos participaram ativamente das atividades propostas demonstrando

interesse em ampliar e disseminar seus conhecimentos em relação ao tema.

Com respaldo dos professores participantes do GTR 2014, cabe ressaltar a

necessidade de dar continuidade à implementação desta unidade didática nos anos

seguintes, pois muitas vezes prioriza-se no tema saúde o foco no tema drogas

ilícitas e fica esquecido o tema automedicação que pode ser trabalhado de forma

interdisciplinar, visando repassar conhecimento científico para os estudante e que

muitas vezes a escola é a única fonte de informação correta que recebem.

Concluindo assim, que foram alcançadas as metas da escola de orientar,

levar informações necessárias para a construção do conhecimento; promover

discussão, conscientização e disseminação dos conhecimentos referentes ao tema

automedicação.

Espera-se que este trabalho contribua para atenuar o uso da automedicação.

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