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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Produções Didático-Pedagógicas
Versão Online ISBN 978-85-8015-079-7Cadernos PDE
II
Ficha para identificação da Produção Didático-pedagógica – Turma 2014
Título: Família & Escola: Identificando e Oportunizando Reflexões a Respeito de
seus papéis na Formação Humana
Autora: Luciane Soler Fontana
Disciplina/Área:
Pedagogia
Escola de Implementação do Projeto e sua localização:
Escola Estadual “Agostinho Stefanello” E.F
Rua Estados Unidos 2533 - Zona Urbana - Centro
Município da escola: Alto Paraná
Núcleo Regional de Educação: Paranavaí
Professor Orientador: Prof. Dr. Adão Aparecido Molina
Instituição de Ensino Superior:
UNESPAR - Universidade Estadual do Paraná Campus Paranavaí
Relação Interdisciplinar:
Não
Resumo:
Este material apresentado como unidade didática propõe uma discussão com os pais/cuidadores dos alunos dos sétimos anos da Escola Estadual “Agostinho Stefanello” Ensino Fundamental sobre os papéis da Escola e da Família na formação humana. Tem por objetivo oportunizar a família com conceitos importantes que foram deixados e esquecidos ao longo do tempo e que influenciam na formação do superego; logo, na personalidade do indivíduo, como os valores éticos, morais e afetivos, os limites, as regras, normas e outros. É importante destacar que, muitas vezes, nossos educandos encontram-se desprovidos desses valores e isto interfere a todo instante no contexto da escola. Haja vista que, toda comunidade escolar precisa envolver-se para dar conta de resolver pequenos conflitos, intrigas, desrespeito de toda ordem, problemas emocionais, afetivos e outros. Assim, o trabalho
pedagógico fica comprometido em face desses entraves e a função principal da escola (ensinar os saberes cientificamente elaborados pela humanidade) secundarizada. Para tanto, será evidenciado que filhos bem cuidados, amados com limites bem definidos contribuem em sua grande maioria com o processo ensino aprendizagem, logo, com sua emancipação pessoal e social. A ênfase do trabalho será a reflexão e a discussão das ações que precisam ser identificadas e retomadas pelas famílias, não de maneira imposta, mas dialógica, a fim de que a escola possa fazer o seu papel de maneira mais efetiva e, assim, contribuir, cada vez mais, na formação de indivíduos históricos, críticos, “políticos” e atuantes no meio social.
Palavras-chave:
(3 a 5 palavras)
Família; Escola; Valores; Formação Humana.
Formato do Material Didático: Unidade Didática
Público:
Pais/cuidadores dos alunos dos sétimos anos
LUCIANE SOLER FONTANA
UNIDADE DIDÁTICA
FAMÍLIA & ESCOLA:
IDENTIFICANDO E OPORTUNIZANDO REFLEXÕES A RESPEITO DE
SEUS PAPÉIS NA FORMAÇÃO HUMANA
Material Didático Pedagógico (Unidade
Didática) para Intervenção Pedagógica na
Escola, apresentado à Secretaria Estadual
de Educação do Estado do Paraná, sob a
responsabilidade da Universidade Estadual
do Paraná – UNESPAR Campus de
Paranavaí - FAFIPA, em convênio com a
Universidade Estadual do Paraná, Campus
de Paranavaí, tendo como orientador o Prof.
Dr. Adão Aparecido Molina
PARANAVAÍ
2014
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO – SEED SUPERINTENDENCIA DA EDUCAÇÃO – SUED
DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS - DPPE PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE
UNESPAR - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ CAMPUS DE PARANAVAÍ
APRESENTAÇÃO
O Programa de Desenvolvimento educacional pde busca, com a
oferta de capacitação aos docentes da rede estadual de educação do
estado do paraná, vislumbrar diferentes olhares e encaminhamentos
metodológicos para a prática escolar, objetivando melhorias
significativas no processo ensino-aprendizagem.
Esse material didático-pedagógico é uma das produções
solicitadas pelo pde e tem o formato de unidade didática que já foi
sistematizada e expressa como objeto de estudo do Projeto de
Intervenção Pedagógica: FAMÍLIA & ESCOLA: IDENTIFICANDO E
OPORTUNIZANDO REFLEXÕES A RESPEITO DE SEUS PAPÉIS NA FORMAÇÃO
HUMANA, disponibilizado neste link: http://arq.e-
escola.pr.gov.br/pde2012/13309-90.pdf
O objetivo principal desta produção é estabelecer reflexões
com os pais/cuidadores dos alunos dos sétimos anos do ensino
fundamental sobre a importância da família desempenhar com sucesso
o seu papel de educar, contribuindo, assim, para que a escola detenha
mais tempo para ensinar os conhecimentos cientificamente elaborados
pela humanidade E JUNTAS ENTÃO, possam contribuir na formação de
cidadãos éticos, autônomos, solidários, críticos e competentes.
Justifica-se, assim, a necessidade deste trabalho, visto que
Nossos educandos encontram-se desprovidos de valores, limites e
afeto e isto interfere a todo instante no contexto da escola, haja
vista que toda a comunidade escolar precisa envolver-se para
resolver pequenos conflitos, intrigas, desrespeito de toda ordem,
problemas emocionais, afetivos, dentre outros, deixando todo o
trabalho pedagógico comprometido em face desses entraves.
Este material BUSCA, portanto, oportunizar discussões e
reflexões sobre o papel da escola e da família na formação humana,
ao longo da história, bem como na atualidade. A ênfase se dará no
resgate da importância da família desempenhar com êxito sua função:
DESENVOLVENDO NOS FILHOS ATITUDES POSITIVAS E DURADOURAS PARA COM O
GOSTO PELOS ESTUDOS; PROPICIANDO A FORMAÇÃO DE VALORES ÉTICOS, MORAIS
E AFETIVOS; Vislumbrando UMA CONTRIBUIÇÃO NA formação de cidadãos
históricos, críticos e atuantes no meio social.
Desejo a todos uma ótima leitura
e que façam bom uso deste material!
Luciane Soler Fontana
1º ENCONTRO
O intercâmbio entre as instituições educacionais, formais e informais, torna-se, cada vez mais, necessário nessa sociedade complexa em que vivemos. É importante considerarmos as diferentes formas de relações sociais propostas pelos vários contextos sociais pelos quais transitamos, para que venha a se instaurar uma relação horizontal e dialógica, em especial entre a família e a escola. (SZYMANSKI, 2007, p.
15).
Para refletir:
Que sociedade temos?
Que homens vivem nela?
Vivemos em uma sociedade complexa,
onde o capitalismo, sistema econômico dita as
regras, os modos de vida e é responsável por
manter a relação já cristalizada: “dominantes e
dominados”. Desde que foi criado o capitalismo
estimula a produção e o consumo, visto que são
as bases de fortalecimento do sistema e de
acúmulo da riqueza nas mãos de poucos, os
donos das empresas, enquanto a grande
maioria trabalha muitas vezes, por um “mísero salário”. No entanto, é estimulado
pela mídia a todo instante para que gaste rapidamente este salário, ou o que sobra
dele, já que grande parte é utilizada para a sobrevivência: água, luz, mercado...
Imagem extraída do clip-Art (Microsoft Word). Para saber mais sobre o capitalismo
visite o link: http://www.historiadomundo.com.br/idade-moderna/transicao-feudalismo-para-
capitalismo.htm
Capitalismo é um sistema econômico em que os meios de produção e distribuição são de propriedade privada e com fins lucrativos. Decisões sobre oferta, demanda, preço, distribuição e investimentos não são feitos pelo governo e os lucros são distribuídos para os proprietários que investem em empresas e os salários são pagos aos trabalhadores pelas empresas. O capitalismo é dominante no mundo ocidental desde o final do feudalismo. Disponível em: http://www.significados.com.br/capitalismo/
A cada minuto novos produtos são criados, para tanto, outros são
descartados. Compramos um computador hoje, por exemplo, que após alguns dias
já está desatualizado frente aos modelos disponíveis no mercado. O ser humano
nunca se encontra satisfeito, visto que “a ideia do prazer é vendida de pessoa para
pessoa, vai sendo transmitida de propaganda em propaganda – o corpo ideal, a
estética a ser alcançada, etc”. (CAPELATTO, 2013, p. 10). Todas as pessoas
precisam trabalhar muito para dar conta de “viver” em meio a esta sociedade
capitalista.
Imagem disponível em: http://www.sociologia.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=370&evento=3
Imagem disponível em: http://www.geografia.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=211&evento=2
Do ponto de vista da sobrevivência, consumir é uma necessidade. Quando, entretanto, passamos a consumir o supérfluo e exageramos na dose do que compramos, caímos no consumismo. Isso afeta muitas áreas de nossa vida e está estreitamente ligado ao modo capitalista de
produção e acumulação de bens. (MARTINS, 2007, p. 05).
O consumo se faz necessário, visto que todos os seres vivos necessitam de
algumas coisas (água, energia, nutrientes e outros) para viver, porém somente os
seres humanos é que consomem além das necessidades físicas ou de
sobrevivência. (MARTINS, 2007, p. 8).
Cada vez mais o ser humano quer ter mais: roupas da moda, carros de luxo,
eletrodomésticos mais facilitadores, eletroeletrônicos mais modernos, entre outros.
Isto porque está sempre se comparando com os demais membros da sociedade,
precisam de produtos e serviços que significam estar na moda, ter status social,
pertencer ao grupo de referência que admiram para sentir que tem valor. (MARTINS,
2007, p. 42). “Nesta cultura, na qual a imagem é incentivada pela mídia, o ser
humano vale mais pelo que parece ser e não pelo que é na realidade.” (THADEU,
2010, p. 60). Neste mundo, as pessoas não valorizam mais as relações, todos
correm rumo à ascensão social, a melhor empregabilidade, estimulando o
individualismo e a competição.
As pessoas são substituídas a cada segundo, por máquinas que trazem mais
produção e menos gastos, ou até por outras pessoas, as quais a empresa acredita
ser mais eficaz, ou mais competente para exercer determinada função/cargo. Ou
simplesmente trocam uma pessoa qualificada por uma quantidade maior que
exercerão mais produção e por menor valor. Nesta ótica, as pessoas são tratadas
como coisas, descartadas quando não servem ou não se adequam ao modelo
determinado. Logo, o desemprego é sem dúvida um dos grandes problemas de todo
esse sistema. Segundo a Organização Internacional de Trabalho (OIT), mais de 200
milhões de trabalhadores estão desempregados no mundo. (2014 - Davos Suíça).
Atualmente o Brasil tem uma população estimada de 201.032.714 habitantes de
acordo com o IBGE (instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), logo se
analisarmos os dados têm um Brasil inteiro de desempregados no mundo, e isso é
sem dúvida um número alarmante.
As grandes empresas descartam pessoas como se fossem máquinas de produzir. Em vez de investir, educar, preparar, melhorar a formação e dar treinamento, é mais fácil trocar e pagar um salário mais baixo. Há muita mão-de-obra disponível, prega a cartilha do capitalismo
selvagem. (TIBA, 2002, p. 235).
Estamos na era do descartável, os produtos não duram como antigamente,
tudo fica obsoleto muito rápido, tornando a vida um círculo vicioso entre trabalho-
compra-trabalho-compra.
Imagem disponível em: http://www.geografia.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=1426&evento=3
Todo esse consumismo gera fortes impactos em nosso meio ambiente, visto
que os recursos naturais (água, minerais, madeira, metais, petróleo), utilizados nos
produtos, estão cada dia mais escassos. Sem contar no descarte de todos esses
produtos, o lixo um problema que atualmente é discutido no planeta todo.
Imagem disponível em:
http://www.ciencias.seed.pr.gov.br/modules/galeria/uploads/7/720lixo_industrial.jpg
Os valores: solidariedade, moral, ética, o respeito ao próximo e outros são
diuturnamente massacrados em prol do sucesso, da conquista pessoal e
profissional, da ganância, do poder. As pessoas que não conseguem dar conta
deste mundo e suas complexidades muitas vezes encontram-se adoentadas, visto
que a autoestima é baixa, frente às prés determinações da sociedade. [...] “Numa
época em que estamos “conectados” ao mundo globalizado, os relacionamentos
humanos carecem de uma autêntica conexão”. (THADDEU, 2010, p. 29 - grifo do
autor).
Pode se perceber que esta sociedade encontra-se com uma diversidade
grande de problemas, entre os quais citamos alguns, como então, preparar nossos
filhos e alunos para viverem nela de maneira crítica, política, consciente e com
melhores oportunidades?
Vídeo: A história das coisas Disponível em: http://www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/modules/video/showVideo.php?video=12508 Duração: 21 minutos e 07 segundos Direção: Fabio Gavi Sinopse: A história das coisas (The Story of Stuff) é um filme rápido, dinâmico e muito interessante. Trata do complexo sistema que vai da extração, passa pela produção, distribuição, consumo e acaba no tratamento do lixo. Segundo o documentário, esse sistema é muito mal explicado nos livros, que ignoram alguns aspectos importantes, como as pessoas que participam dessa engrenagem e os limites impostos pela natureza, por exemplo. O filme possibilita trabalhar com a questão do consumismo, apresentando os problemas sociais e ambientais criados como consequência deste hábito. Ficha técnica: The Story of Stuff – Documentário de animação
Fonte: www.seed.pr.gov.br
ATIVIDADE EM GRUPO
1- Em grupos discutam: qual seria a função da ESCOLA e da FAMÍLIA para a
melhoria do contexto atual discutido anteriormente:
ESCOLA____________________________________________________________
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FAMÍLIA____________________________________________________________
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2º ENCONTRO
[…] O Estado institui um sistema de ensino operado por profissionais especializados, encarregados de transmitir saberes socialmente validados. A família, por sua vez, desempenha seu papel educacional a partir de um contexto sociocultural específico. O reconhecimento dessa diferença é fundamental para a interação: o desafio é fazer com que essa assimetria produza complementaridade, e não exclusão
superposição de papéis. (CASTRO & REGATTIERI, 2009, p. 16).
Para refletir:
Que homens queremos formar?
Que sociedade vislumbramos para esses homens?
As instituições formais e informais, como a escola e a família podem e
devem contribuir na formação de indivíduos éticos, históricos, políticos, autônomos,
solidários, competentes... Que busquem atuar no mundo de maneira clara, objetiva,
crítica, reflexiva, aptos a transformar o meio no qual atuam, visando a melhoria
individual e o bem comum. Homens capazes de respeitar as regras e normas de
convivência, que valorize os direitos humanos, que cumpram com seus deveres, que
fortaleça os valores familiares, que não sejam “escravos” dos meios de produção e
consumo, bem como da mídia, e que compreendam o processo social no qual se
encontram inseridos, bem como, as relações em que se dá o mesmo. Talvez não
seja possível mudar o mundo, mas com certeza haverá contribuição na consciência
das pessoas que atuam nele.
FAMÍLIA & ESCOLA
CAMINHAM JUNTAS!
Imagem disponível em: http://multimeios.seed.pr.gov.br/resourcespace-
seed/pages/preview.php?ref=19691&ext=jpg&k=&search=escola&offset=0&order_by=relevance&sort=DESC&archive=0
Para tanto, faz-se necessário que a Escola e a Família, assim como as
demais instituições, cumpram suas funções já determinadas ao longo da história. A
escola [...] “tem que partir, tem que tomar como referência, como matéria-prima de
sua atividade, o saber objetivo produzido historicamente”. (SAVIANI, 2003, p.07).
Visto que, a instituição escolar é sem dúvida a única organizada de forma a
transmitir de maneira dosada, organizada e sequencial os conhecimentos científicos,
culturais, artísticos e éticos necessários à formação humana qualificada.
[...] a educação é, sim, determinada pela sociedade, mas que essa determinação é relativa e na forma da ação recíproca – o que significa que o determinado também reage sobre o determinante. Consequentemente, a educação também interfere sobre a sociedade, podendo contribuir para a sua própria transformação. (SAVIANI, 2003,
p. 93).
Cabe então à educação, “possibilitar que as novas gerações incorporem os
elementos herdados de modo que se tornem agentes ativos no processo de
desenvolvimento e transformação das relações sociais”. (SAVIANI, 2003, p.143). A
educação escolar traz o conhecimento e esse sem dúvida conduz à liberdade do
cidadão para uma atuação crítica, consciente e produtora.
Imagem disponível em: http://www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=105&evento=5
Vídeo: Função da escola Disponível em: http://www.educacao.video.pr.gov.br/?video=13065 Duração: 2 minutos e 22 segundos Sinopse: Neste trecho de entrevista, José Carlos Libâneo define a função da escola tendo em vista que a escola não apresenta mais o monopólio do saber. Enfatiza também o papel do professor e as formas que o aluno percebe a escola nos dias atuais.
Fonte: www.seed.pr.gov.br
Nesse sentido, “[...] a educação escolar deve fundamentar-se na ética da
liberdade, na justiça social, na pluralidade, na solidariedade e na sustentabilidade,
cuja finalidade é o pleno desenvolvimento de seus sujeitos, nas dimensões individual
e social de cidadãos e conscientes de seus direitos e deveres, compromissados com
a transformação social”. (BRASIL, MEC, 2013, p. 16).
A família por sua vez, precisa assumir e dar conta da missão de educar para
a vida: transmitir valores éticos, morais e afetivos; acompanhar e incentivar os
estudos, bem como, a vida social dos filhos.
[...] Escola e famílias compartilham da tarefa de preparar as crianças e os jovens para a inserção crítica, participativa e produtiva na sociedade, mas divergem nas de ensinar. A escola tem a função de favorecer a aprendizagem dos conhecimentos construídos pela humanidade e valorizados pela sociedade em um dado momento histórico, de ampliar as possibilidades de convivência social e de legitimar uma ordem social. A família, por sua vez, nos últimos tempos tem tido a tarefa de promover a socialização das crianças, estabelecendo condições para seu “bom” desenvolvimento, o que inclui a aprendizagem de padrões comportamentais, atitudes e valores aceitos pela sociedade em geral e pela comunidade a que pertencem.
(REALI & TANCREDI, 2005, p. 240).
Assim, haverá sem dúvida uma parceria, que visa ao sucesso dos indivíduos,
que precisam atuar no mundo, de maneira a romper com os paradigmas de
manipulação impostos pela sociedade.
Vídeo: O papel da família na educação das crianças Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=WULaB1tmpYA Duração: 7 minutos e 07 segundos Direção: Flávio Gikovate – médico psiquiatra e psicoterapeuta
Sinopse: Como seres sociais, os humanos constroem regras de convivência que são transmitidas de uma geração para outra. Assim, interferem na cultura e também recebem sua influência.
Fonte: www.youtube.com.br
Porém, é possível verificar que nem escola, nem família têm conseguido nos
últimos tempos, exercer seus papéis com efetividade. A Escola por inúmeros fatores
que a perpassam, secundarizando a sua função principal que de acordo com Saviani
(2003) é a de transmitir os conteúdos cientificamente elaborados pela humanidade,
assim, também acontece com a família que cada vez mais sem tempo, tem deixado
muitas de suas responsabilidades a cargo da Escola ou de outros cuidadores (avós,
babás), terceirizando sua função.
ATIVIDADE EM GRUPO
1- Discuta e identifique com seu grupo 2 situações que tem atrapalhado a Escola
e a Família de efetivarem com êxito seus reais papéis:
ESCOLA__________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
FAMÍLIA__________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
Percebe-se atualmente que muitos de nossos educandos encontram-se
desprovidos de valores, limites e afeto e isto interfere a todo instante no contexto da
escola, visto que toda comunidade escolar precisa envolver-se para dar conta de
resolver pequenos conflitos, intrigas, desrespeito de toda ordem, problemas
emocionais, afetivos e outros. Assim, todo o trabalho pedagógico fica comprometido
em face desses entraves.
Para compreender essa ausência de afetos e limites que se verifica no
cotidiano escolar comprometendo a sua qualidade, é que a escola por meio de
pesquisa tem procurado refletir sobre os outros espaços dos quais a criança
convive, principalmente, com o tempo que passa com seus cuidadores, com sua
família. A escola tem procurado com isso propiciar “[...] a adesão da família para sua
tarefa de desenvolver nos educandos atitudes positivas e duradouras com relação
ao aprender e ao estudar”. (PARO, 2007, p. 16).
Entretanto, não só para isso, mas também para discutir, dialogar, refletir sobre
a necessidade de a família propiciar a formação de valores éticos, morais,
afetivos, que contribuem na personalidade do indivíduo. A escola poderia ter mais
êxito na sua função se todos os alunos trouxessem de casa o desejo de estudar já
enraizado culturalmente e uma formação humana pautada no respeito, no diálogo e
na valorização do bem comum.
Atualmente tem se constatado por meio de diálogos com os pais, que muitos
não sabem o que fazer para melhorar a situação dos filhos na escola e fora dela.
Portanto, é preciso entender que ninguém nasce sabendo exercer essa função e
que muitas vezes ela precisa ser apreendida, melhorada e até reestruturada, logo é
imprescindível:
[...] transcender o mito de sua capacidade “natural” de educar os filhos. Tal mito ainda permeia os planos públicos de atenção às famílias, bem como as atitudes e procedimentos de profissionais e instituições e, em particular a escola, na suposição de que os pais e as mães detêm informações e habilidades que, muitas vezes, não têm. (SZYMANSKI, 2007, p. 18).
Nem sempre os pais ou cuidadores são detentores de informações e de
habilidades para determinada função. Muitas vezes, também, não sabem como
estimular os filhos para gostarem de aprender e ver a necessidade da escola para
sua emancipação social. Assim, não sabem, também, como contribuir com as
normas e regras necessárias para que os ambientes sociais dos quais transitem
funcionem de maneira adequada.
A relação família-escola precisa ser fortalecida, não para que a família assuma
funções que não de sua alçada, como o ensino dos conteúdos, a adoção da
responsabilidade da parte física escolar, ou outras, mas para juntos, refletir, dialogar
e evidenciar o papel que lhe cabe, que é a formação humana na totalidade:
transmissão de valores, limites, condutas morais, afetos, acompanhamento da vida
escolar e social dos filhos e outros saberes tão em falta na contemporaneidade.
Olhando para a realidade brasileira atual (considerando seu desenvolvimento histórico) e nos deparando com a óbvia carência de vários fatores importantes para a realização humana, podemos seguramente esperar que a situação do núcleo familiar esteja também marcada por precariedade, falta de preparação e ausência de projetos de vida positivos. Ato contínuo, chega-se à conclusão de que é preciso investir recursos, sob a forma de pesquisas, reflexões e ações que possibilitem que as famílias se reconstruam e respondam à sua vocação primordial de serem os “ninhos” em que se gera e nutre uma sociedade de pessoas livres, educadas e voltadas para o bem comum.
(HOFMEISTER, 2010, p. 13).
Não queremos culpados para a atual situação, queremos parceiros em busca
de melhorá-la, para tanto, é importante evidenciar que filhos bem cuidados, amados
com limites bem definidos contribuem em sua grande maioria com o processo ensino
aprendizagem, logo, com sua emancipação pessoal e social. Porém, ambas (Escola
e Família) precisam contribuir sabendo de fato suas reais atribuições neste
processo.
A escola-conhecimento, “o problema de as crianças aprenderem fração é da escola”. Família nenhuma tem essa obrigação. Por outro lado, professora alguma tem de dar “carinho maternal” para seus alunos. Amor, respeito, confiança, sim, como professora e membro adulto da sociedade. As famílias têm de dar acolhimento a seus filhos: um ambiente estável, provedor, amoroso. (SZYMANSKI, 2007, p. 99 –
grifo do autor).
Se ambas as instituições - escola e família - são responsáveis pela educação
dos filhos jamais poderão caminhar por trilhos diferentes, juntas devem visar à
formação dos filhos/alunos na sua totalidade, porém cada qual contribuindo com sua
função sem jamais deixar a afetividade de lado. A escola complementa a família e
não a substitui, deve “falar a mesma língua”, agir com os mesmos objetivos e tornar-
se a mola propulsora na educação dos filhos. Unidas formam uma força indestrutível
para o bem comum. Tanto a instituição família como a instituição escola, deve
contribuir na inserção do indivíduo na sociedade, visando com o desempenho de
suas funções a continuidade da vida social. Devem ser alicerces para emancipação
social e política do sujeito.
A escola deve se conscientizar de que é uma instituição afetiva que complementa a família. Sem essa consciência, criaremos um bando de sujeitos que aprenderam, mas não sabem usar o que aprenderam
porque estão afetivamente empobrecidos. (CAPELATTO, s.d, p. 16).
Para tanto, o que de fato tem acontecido para que a FAMÍLIA tenha deixado
de cumprir com êxito sua função historicamente determinada? Como essa função foi
sendo incorporando pela escola?
ATIVIDADE EM GRUPO
1- Dividir os cursistas em grupos menores para que discutam sobre os temas
elencados abaixo, evidenciando a relação deles no espaço de tempo de quando
eram crianças para atual função de pais/cuidadores que exercem:
Grupo 1:
a) Todas as crianças tinham acesso à escola?
b) Quais eram as atividades das crianças? Se houve mudanças aponte e comente-
as:
Grupo 2:
a) Quem era responsável pela educação dos filhos em casa?
b) Como se dava a relação pais e filhos? Se houve mudanças aponte e comente-as:
Grupo 3:
a) Como se dava o namoro, e o casamento?
b) Qual era a distração dos jovens? Se houve mudanças aponte e comente-as:
Grupo 4:
a) Como era a tecnologia da época?
b) Por quais meios de comunicação se propagavam as notícias, os acontecimentos,
de maneira lenta ou rápida? Se houve mudanças aponte e comente-as:
Grupo 5:
a) A média de filhos era a mesma de hoje? As atividades do lar eram divididas?
b) A mulher trabalhava e contribuía com os gastos da família? Se houve mudanças
aponte e comente-as:
3º ENCONTRO
A família para Losacco (2010, p. 64) é uma “[...] instituição responsável pela socialização, pela introjeção de valores e pela formação de
identidade; espaço privado que se relaciona com o espaço público”.
Para refletir:
A família sempre apresentou as mesmas características ao longo
do tempo?
A sociedade interfere na família e a mesma na sociedade?
A família é sem dúvida a primeira instituição social desenvolvida pelo
homem e sempre sofreu influências do contexto social.
Aquela da qual recebemos os primeiros valores e as primeiras impressões sobre a vida e sobre o mundo. Muito do que somos e do que pensamos é resultado da forma como fomos criados em nossos
anos iniciais, nessa pequena instituição. (SEED, 2006, p. 101)
Precisamos compreender nossas origens para poder determinar quais
vínculos afetivos são importantes nestas relações familiares e que precisam ser
preservadas e quais precisam ser abandonadas porque não nos fazem bem.
Se buscarmos efetivar um estudo na história da civilização, comprovaríamos
que a família ocidental estabeleceu-se por muito tempo sob a forma patriarcal
monogâmica, nem sempre regida pelo amor, afeto e sim muitas vezes formada por
questões econômicas ou até por imposição de outras pessoas ou pela sociedade da
época.
Sérgio Lessa em seus estudos aponta que desde que o homem surgiu, ele se
deu conta que viver em grupos potencializava a força individual e aumentava a
capacidade de enfrentar e adaptar-se às novas situações. Logo, nas sociedades
primitivas nômades, as tarefas eram comuns a todos, desde a criação dos filhos, a
coleta de frutos, a caça, a pesca, dentre outras necessárias. As mulheres eram na
maioria das vezes, mais protegidas das atividades muito perigosas por serem
responsáveis pela procriação. Nesta época existia uma organização e proporção dos
homens e mulheres do grupo, logo, em caso de disparidade, crianças eram
abandonadas, ora do sexo masculino, ora do feminino. A cooperação era a base
desta relação social, conhecida como família comunal. (LESSA, 2012, p. 15-20). A
relação neste caso não era de consanguinidade, mas de um grupo envolto pela
relação de “poligamia (pelos homens) e a poliandria (pelas mulheres), os filhos de
um e de outros são considerados comuns, e responsabilidade de ambos”. (SEED,
2006, p.107).
Ainda nos estudos de Lessa (2012), a sociedade primitiva se transforma
quando descobre a pecuária e a agricultura e começa a fixar território. Então, a
produção de alguns se torna excedente e a de alguns precária em vista ao número
de pessoas do grupo que precisava alimentar-se dela (mulheres grávidas, velhos,
doentes, etc). Aqueles que produzem de maneira excedente passam a investir no
desenvolvimento dos negócios e a outra passa a ser dependente dessa. O trabalho
que marca a existência e transformação do homem passa a ser explorado por
alguns e marca então o surgimento das classes sociais e com ela a individualidade,
ou seja, cada um tem que ser capaz de manter a sobrevivência de sua família.
As questões principais passam a ser papel masculino, visto que, eles é que
vão para a guerra e são responsáveis pela exploração dos outros homens, inclusive
dos escravos, já as mulheres passam a ser responsáveis pela “criação” dos filhos e
dos cuidados da casa. Os homens eram encarregados de prover a casa com o
sustento e as mulheres deviam servi-los. No caso da morte do pai, visto a assegurar
as riquezas da família, o filho primogênito tornava-se o herdeiro de tudo.
O escravismo nas sociedades antigas é decorrência de vitórias ou derrotas nas guerras entre as tribos. Com a vitória, o homem apoderava-se das terras, rebanhos, prisioneiros (futuros escravos), da direção da casa e da mulher, que aos poucos torna-se servidora do homem. Temos aí o gérmem da família patriarcal [...]. (SEED, 2006, p.
108).
Na Roma e Grécia antigas, entre outros lugares a família que predominava
era a patriarcal extensa, visto que o conceito de família abarcava “as propriedades
(terra, casa, animais, plantações), o pai de família, a esposa, os filhos, as mulheres
dos seus filhos e os filhos deles, as viúvas de seus filhos, os escravos, os libertos,
os clientes”. (ARANHA, 2007, p. 11). Todos deviam obediência e eram subordinados
ao pai, este podia até utilizar da violência, rejeitar a esposa estéril e filhas pequenas
(a criança era exposta em frente a casa ou em lugares públicos, para quem quisesse
recolhê-la) visto que os filhos homens dariam continuidade ao trabalho de comandar
a família. A esposa não saia do espaço privado e tinha por missão ter filhos homens
e manter o patrimônio. Já o homem podia ter a esposa e manter outras relações fora
do casamento como algo natural. (ARANHA, 2007, p.13). “Não há a preocupação
com a formação de cidadãos, mas somente de parentes ou agregados preparados
para servir aos interesses do patriarca”. (SEED, 2006, p. 109).
Na Idade Média na Europa (séculos V ao XV), baseados no sistema feudal
que mantinha relação entre nobres (senhores feudais) e servos, como também a
relação de suseranos e vassalos, onde os primeiros doavam feudos em troca de
proteção e fidelidade. “[...] a família cumpria uma função – assegurava a transmissão
da vida, dos bens e dos nomes – mas não penetrava muito longe na sensibilidade”.
(ARIÈS, 2012, p. 193).
Essa família era também muito numerosa envolta aos bens que possuíam,
“para os quais o valor maior passava a ser a linhagem, isto é, a linha de parentesco
que assegurava sua elevada posição social”. (ARANHA, 2007, p. 13). Assim, os
casamentos eram arranjados visando garantir títulos e poder. As mulheres eram
submissas e preparadas para os afazeres de casa, casavam muito novas por volta
dos 13 ou 14 anos e muitas vezes com homens muito mais velhos, mas já
estabelecidos economicamente. (SEED, 2006, p. 109).
As crianças/meninos aprendiam misturadas aos adultos, observando-os no
seu cotidiano, eram preparados pelos mestres para comportarem-se bem em
sociedade e para as artes militares. “Era através do serviço doméstico que o mestre
transmitia a uma criança, não a seu filho, mas ao filho de outro homem, a bagagem
de conhecimentos, a experiência prática e o valor humano que pudesse possuir”.
(ARIÉS, 2012, p. 156). Isso de dava a partir dos sete anos de idade, onde as
famílias de posse recebiam o filho de outra família para educar, visto que as crianças
pobres passavam a ser criados, logo, que não necessitassem mais dos cuidados da
mãe. As meninas eram preparadas para os afazeres domésticos pelas mães.
Não existia um olhar diferenciado, nem respeito ou tempo para a infância, as
crianças eram vistas e tratadas como adultos em miniaturas, inclusive frequentavam
os mesmos ambientes, alguns considerados nada educativos para elas.
As grandes casas, era de certa forma misturada as atividades diárias, não havia lugar de privacidade. “Vivia-se em salas onde se fazia de tudo. [...] onde se comia, também se dormia, se dançava, se trabalhava
e se recebiam visitas”. (ARIÈS, 2012, p. 180-181).
Todos deviam obediência ao chefe da família, que tinha funções militares e
judiciárias, funções nobres para época e por isso ela continuava com a mesma
denominação da Grécia e Roma antigas: Patriarcal extensa. Segundo Içami Tiba
(2006, p.69) “os pais patriarcais com voz grossa, paciência curta e mão pesada,
autoritários mais adestravam que educavam os filhos”.
As famílias pobres frequentavam mais a casa dos seus patrões do que as
suas, servindo-os e seus filhos cumpriam funções de criados adultos.
No caso de famílias muito pobres, ela não correspondia a nada além da instalação material do casal no seio de um meio mais amplo, a aldeia, a fazenda, o pátio, ou a “casa” dos amos e dos senhores, onde esses pobres passavam mais tempo do que em sua própria casa [...]. Nos meios mais ricos, a família se confundia com a prosperidade do
patrimônio, a honra do nome. (ARIÈS, 2012, p. 159).
Família Xavier de Miranda (SEED, 2006, p. 108).
Na Idade Moderna na Europa, no século XVII a escola deixou de ser
reservada aos clérigos (religiosos) e garantida a um maior número de crianças
(meninos, filhos da classe burguesa - camada média da sociedade), visando com
isso dissociar/separar o mundo dos adultos dos das crianças (rigor moral) e um
modo dos pais vigiarem de mais de perto seus filhos, aumentando a proximidade
entre eles, já que a ida as escolas duravam um tempo menor do que quando
ficavam nas casas de outros como na Idade Média. (ARIÈS, 2012, p.159-160). A
educação desta época já demonstrava uma preocupação maior em separar a
criança do adulto, visto que elas eram consideradas para os educadores religiosos
“frágeis criaturas de Deus que era preciso ao mesmo tempo preservar e disciplinar”.
(ARIÈS, 2012, p. 105).
Ou seja, a escola, prolongava agora o tempo da infância, aos 10 anos
aproximadamente as crianças podiam ingressar na escola, porém “ia-se para a
escola quando se podia, ou muito cedo ou muito tarde” (ARIÉS, 2012, p.124), logo
as salas misturavam assim, alunos de diferentes idades. Esta educação visava à
formação/instrução moral e religiosa: “refino suas maneiras e seu espírito ao mesmo
tempo [...] para que não seja ímpio, nem supersticioso”, e também predispunha de
uma literatura pedagógica destinada aos pais no acompanhamento dos filhos na
escola. (ARIÈS, 2012, p. 85).
Os tratados de educação do século XVII insistem nos deveres dos pais relativos à escolha do colégio e do preceptor, e a supervisão dos estudos, à repetição das lições, quando a criança vinha dormir em casa. O clima sentimental era agora completamente diferente, mais próximo do nosso, como se a família moderna tivesse nascido ao mesmo tempo que a escola, ou, ao menos, que o hábito geral de
educar as crianças na escola. (ARIÈS, 2012, p. 159).
No entanto, segundo Ariés (2012, p. 160) é importante destacar que essa
escolarização e suas consequências influenciaram neste novo sentimento familiar,
de fato, não atingiu toda a população neste momento, porém foi um início longínquo
da separação entre a vida social e familiar. Mas sem dúvida nasce aqui um novo
olhar para a infância que até então, eram tratados como adultos em miniaturas ou
“brinquedinhos” para divertir os adultos. Muitos jovens nobres não passavam pela
escola e eram ligados aos velhos hábitos da Idade Média (serviço militar, outros que
davam continuidade ao ofício dos pais).
Quanto mais o homem vive na rua ou no meio da comunidade de trabalho, de festas, de orações, mais essas comunidades monopolizam não apenas seu tempo, mas também seu espírito, e menor é o lugar da família em sua sensibilidade. (ARIÈS, 2012, p. 164).
A vida familiar que se estendia para as ruas, sem reservas na Idade Média,
muda muito, principalmente a partir do século XVIII, com a ascensão da classe
burguesa que enriquecida com o comércio, reivindica direitos e vai aos poucos
tomando o poder da nobreza, modificando a estrutura da sociedade por influências
de filósofos/iluministas que “pregavam que a opinião dos cidadãos e dos
camponeses valia mais do que a dos reis e dos nobres, porque o povo era o
verdadeiro representante da nação”. (RIUS, 1990, p. 12).
O povo que se juntou à classe burguesa (comerciantes) para a tomada do
poder acreditando nos ideais iluministas (estudiosos que separavam o mundo
religioso do mundo da razão/ciência) de “liberdade, igualdade e fraternidade”,
continuava a ser explorado, agora por essa nova classe, em fábricas, sem direitos e
com longas jornadas de trabalho. Nem mesmo as crianças eram poupadas destas
explorações, já que a demanda de mão-de-obra era grande. Porém, as pessoas
ainda preferiam este trabalho, visto que, nos campos tinham que preocupar-se e
muito com as más colheitas e com a relação de submissão aos senhores da terra.
(RIUS, 1990, p. 20).
Pudemos perceber que a família passou a preocupar-se mais com a formação
humana e não destinava mais a educação da criança à outra instituição ou família. A
família passou a entender que seu papel não podia restringir a transmissão dos bens
materiais, mas também se fazia necessário à transmissão de valores morais e
afetivos, limites, ou seja, bens culturais enraizados na família e para a própria família
poder e viver bem em sociedade. Essa família melhor caracterizada passou a ser
denominada de nuclear burguesa, formada por pai, mãe e filhos.
Neste século já percebemos uma maior preocupação da família com os seus
membros, com a valorização da intimidade, um novo sentimento fez parte desta
relação, a afetividade. A família, então, passa a se encolher, “[...] se torna palco de
transmissões diversas (de posturas corporais, de valores e condutas morais, de
habilidades intelectuais, de saberes)”. (NOGUEIRA, 2006, p. 160).
Neste momento histórico, a família adota sua postura de educar seus filhos
para viverem bem em sociedade, evidenciando que sua função é primordial na
formação humana.
A burguesia que passou a explorar cada vez mais o proletário (povo), com a
tomada do poder, lança mão no início do século XIX da educação “pública,
universal, gratuita, leiga e obrigatória, em que cada indivíduo seria educado e
instruído de acordo com “a moral burguesa laica”, ou seja, para viver nessa nova
sociedade”. (SOUZA, 2009, p. 492).
É importante destacar, que a ideia de um ensino universal aberto a todos
surgiu “de pessoas “esclarecidas” [...] homens do Iluminismo, das sociedades de
pensamento [...] que exerceram sobre a opinião pública uma influência com que
nenhum grupo [...] poderia ter sonhado no passado”. (ARIÉS, 2012, p. 128). Porém,
essa ideia foi manipulada em prol da classe que estava no poder, como forma de
disciplinar o povo para serem passivos operários. E como era o desejo do povo, eles
não se deram conta desses interesses.
A educação surgiu assim, como um adestramento da população para não
criar revolução contra a classe burguesa, para aprenderem a conformar-se com a
situação. Isso fica ainda mais comprovado, evidenciado porque a burguesia retira
seus filhos desta instituição agora pública e os coloca em colégios dos quais eles
são detentores do poder. (ARIÉS, 2012, p. 195-196).
Souza (2009, p. 494) esclarece que é possível perceber que a escola não
tinha a preocupação com o conhecimento científico, com a emancipação intelectual
e social do sujeito, mas servia para criar um “seguidor da ordem e da moral exigidas
para manutenção da estrutura capitalista” (SOUZA, 2009, p. 494).
Muitas são as mudanças nesta sociedade, e assim, as famílias iniciam uma
vida mais particular inclusive na arquitetura das casas, sem muita comunicação dos
cômodos, havendo agora espaços reservados para dormir, outros para comer. Os
criados não saem tanto de seus espaços de trabalho, as visitas já não são a
qualquer hora.
Outrora, vivia-se em público e em representação, e tudo era feito oralmente, através da conversação. Agora, separava-se melhor a vida mundana, a vida profissional e a vida privada [...]. [...] A reorganização da casa e a reforma dos costumes deixaram um espaço maior para a intimidade, que foi preenchida por uma família reduzida aos pais e às crianças, das quais se excluíam os criados, os clientes e amigos.
(ARIÈS, 2012, p. 185-186).
Para alguns estudiosos, isso só se deu porque era no espaço do lar, da
família que o proletariado buscava forças para “aguentar” a exploração que o modelo
capitalista impunha.
Deriva de um modo de organização social em que privacidade, domesticidade, cuidados maternos e relações íntimas entre pais e filhos foram necessários para a reprodução de uma ordem assentada na exploração da força de trabalho e na acumulação do capital.
(TOLEDO, 2007, p. 18).
O espaço público era marcado por hostilidade, individualidade, competição,
logo, era no espaço privado que havia um distanciamento de toda essa rivalidade. O
bem-estar da família e sua importância foram invocados constantemente como
necessários para que o trabalhador tolerasse a exploração da sua força de trabalho,
a alienação e a humilhação social. (TOLEDO, 2007, p. 18).
Aranha (2007, p.19-20) aponta que no final do século XVIII e começo do XIX,
o Estado (fundado pelos burgueses) criou leis que influenciaram o poder patriarcal
na Europa: os filhos passaram a ter os mesmo direitos em caso de herança; a
proibição dos castigos físicos aos filhos; e a regulamentação dos batizados,
casamentos e mortes. A afetividade permeia mais fortemente os relacionamentos, a
esposa já detinha de maior consideração e intensificava-se nos cuidados e
educação dos filhos, a figura do pai deixava de ser autoritária e começava a assumir
uma postura mais amorosa e carinhosa com a família. O amor era agora cada vez,
um fator mais forte e preponderante para os casamentos, e, portanto, o divórcio
passou a ser aceito quando o sentimento, o amor se acabasse. “A família moderna
após a industrialização, passou a ter maiores possibilidades de se constituir através
da livre escolha dos cônjuges fundamentada no amor conjugal”. (HINTZ, 2001, p.
10).
ATIVIDADE INDIVIDUAL
Neste contexto histórico pudemos verificar que a afetividade surgiu junto com a
família moderna burguesa. Colocamos abaixo alguns significados para a atual
expressão afetividade:
1-Afetividade é a relação de carinho ou cuidado que se tem com alguém íntimo
ou querido, é o estado psicológico que permite ao ser humano demonstrar os
seus sentimentos e emoções a outro ser ou objetos.
(http://pt.wikipedia.org/wiki/Afetividade). Acesso em: 20 out. 2014.
2- A afetividade é a dinâmica mais profunda e complexa de que o ser humano
pode participar. Inicia-se a partir do momento em que um sujeito se liga a outro
pelo amor - sentimento único que traz no seu núcleo um outro, também
complexo e profundo: o medo da perda. (CAPELATTO, s.d, p.8).
1- E para você o que é afeto? O que é dar afeto?
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2- Desenhe sua família e registre duas situações de afeto que acontecem nela:
3- Em seguida, apresente sua família e as situações registradas.
4º ENCONTRO
Família é o nosso lugar. Lugar de afetividade, de cuidado, de limite e de conflito. Lugar de amar, brigar, gritar, reparar, pedir desculpas,
beijar, abraçar. Lugar para criar raízes e asas. (CAPELATTO, 2012, p. 5).
Para refletir:
Atualmente em nossa sociedade, é possível perceber o
cumprimento da função da família?
É possível elencar fatores que levaram a essa condição da família atual?
Enquanto na Europa, no século XVII desenvolvia-se a economia capitalista,
no Brasil perdurava um sistema econômico baseado na monocultura de cana-de-
açúcar. A família era ainda patriarcal, principalmente na região do Nordeste, onde os
senhores de engenho exerciam o poder, a família era “semelhante” ao da época
medieval. As moças tinham seus maridos escolhidos pelos pais, e quando se
recusavam e “fugiam” com outro eram consideradas “mulher perdida”, salvo algumas
exceções que os pais acabavam aceitando para não desonrar a família. O filho
primogênito herdava o patrimônio e dava continuidade ao trabalho do pai, enquanto
os outros estudavam ou eram dirigidos à vida religiosa. (ARANHA, 2007, p. 21-25).
O patriarca, assumido pela figura do pai era obedecido sem questionamentos,
a mulher e os filhos eram submissos a ele e suas leis.
Os filhos, homens, tinham outras funções: ao mais velho cabia herdar e administrar a propriedade paterna, ao segundo cabia seguir a carreira eclesiástica. Constituía-se em motivo de orgulho e quase uma obrigação toda família “de bem”, formar um padre. O terceiro filho deveria prosseguir os estudos na capital ou na Europa, tornando-se “doutor”, provavelmente bacharel em direito ou médico. (SEED, 2006, p.109).
As meninas continuavam confinadas ao lar e à formação moral e religiosa
para seu destino, o casamento. No Brasil a mudança da família patriarcal para a
família nuclear burguesa deu-se um pouco mais tarde, por volta do final do século
XIX, principalmente no Nordeste, visto que nas regiões Sul e Sudeste as influências
da Europa chegaram mais rápido e as famílias já eram menores. (ARANHA, 2007, p.
24-25). “Porém a mentalidade patriarcal de submissão feminina e de dupla moral,
ou seja, regras de conduta diferentes para a mulher e para o homem continuava”.
(ARANHA, 2007, p. 24).
Para Reis (1995) apud Toledo (2007, p. 18) o modelo de família nuclear
burguesa então, manteve-se inalterado até meados do século XX: modelo amparado
na família hierárquica, ou seja, o poder do homem sobre a mulher e dos adultos
sobre a criança; o homem como provedor de todas as necessidades do lar; a mulher
como cuidadora dos filhos, do lar; caráter monogâmico no casamento, garantia da
herança da propriedade, porém, o homem podia ter relações fora do casamento.
(TOLEDO, 2007, p. 20).
Alterações profundas começam a acontecer na família nuclear/monogâmica
brasileira a partir da segunda metade do século XX, trazendo com isso impacto
positivo e negativo para esta instituição que passa a influenciar as demais,
principalmente a escola, que devido a toda essa turbulência de problemas que
chegam até ela diuturnamente, não consegue mais cumprir com êxito sua função,
que é a de garantir a aprendizagem do conhecimento, capaz de livrar o ser humano
da “ignorância do saber”.
Todas as instituições, inclusive a família, são influenciadas em decorrência da
interferência da sociedade de um modo geral: da tecnologia, da legalidade de
algumas reivindicações de diversos grupos sociais, da mídia, entre outros. E assim,
essas alterações na família voltam a desembocar na sociedade e vice-versa, visto
que são dinâmicas. “A relação com o ambiente social mais amplo tem efeito nos
modos das famílias agirem com seus filhos e interferem no tipo de desenvolvimento
que promovem”. (SZYMANSKI, 2007, p. 28).
No entanto, percebe-se por meio de nossa realidade que a família não vem
cumprindo com êxito mais com sua função (a tarefa educativa). Afinal o que de fato
aconteceu com ela?
Se buscarmos no levantamento das questões históricas sobre a família,
poderíamos também considerar que não só houve problemas para esta instituição,
mas poderíamos evidenciar também melhorias. E várias questões nos viriam à
mente: será que filhos cansados de sofrerem com o autoritarismo, com a violência,
com castigos castradores e físicos, com a falta de afeto e amor, vistos no passado
não decidiram criar/educar seus filhos de uma forma diferente? Será que não
pecaram pelo excesso de zelo, superproteção e pela falta de limites? Com a correria
imposta pelo sistema capitalismo, a saída é terceirizar os filhos, e em consequência
a educação? Negligenciar os pedidos, os cuidados, para não se ter o trabalho de
educar? Será que ao invés de querer retomar o modelo anterior, não seria mais fácil
delimitar a essência do que é necessário na atualidade para melhor educar nossos
filhos? Não seria interessante buscar o equilíbrio do que está em excesso e do que
está em falta?
Na verdade, são várias as questões e diferentes seriam as respostas, mas o
que se sabe é que todas essas alterações na sociedade, principalmente as que
ocorreram após a metade do século passado, trouxeram ao que vamos chamar de
mudanças na estrutura familiar. “Nota-se, portanto, uma contínua transformação da
estrutura, organização, crenças, valores e sentimento dos envolvidos na instituição
familiar”. (SZYMANSKI, 2007, p. 21).
Segundo Capelatto (2013) a sociedade, principalmente a instância familiar,
vem adotando o método “Summerhill”, criado na Inglaterra em 1921, pelo educador
Alexander Sutherland, cuja filosofia se baseia na noção de ser sem interferir nos
direitos dos outros, ou seja, a criança pode fazer o que quiser desde que isso lhe
traga felicidade.
É uma teoria um pouco complexa, mas resumidamente poderíamos dizer que a permissividade, a falta de limites e de responsabilização, somadas à terceirização dos cuidados, afetam o desenvolvimento não apenas do indivíduo, mas da própria sociedade. Em outras palavras, vamos criando uma sociedade cada vez mais permissiva e violenta, na qual as pessoas tomam suas decisões sem levar em consideração as
responsabilidades sociais. (CAPELATTO, 2013, p. 9).
Muitas são as situações que puderam sem dúvida contribuir para essa
negligência e permissividade dos pais como apontamos acima. No entanto, sabe-se
que esses comportamentos adotados pelos pais não tem trazido frutos positivos aos
filhos, pois presenciamos cenas que comprovam isso em nosso cotidiano.
É importante demarcar que no Brasil a formulação de documentos pelo
Estado no século XX, como a Constituição Federal de 1988 e o Estatuto da Criança
e do adolescente (ECA-1990) foi delineando novos paradigmas para essa família
nuclear monogâmica burguesa.
Cynthia Sarti (2010) salienta e nos relembra que a Constituição Federal de 05
de outubro de 1988 institui duas profundas alterações no que se refere à família:
1. a quebra da chefia conjugal masculina, tornando a sociedade conjugal compartilhada em direitos e deveres pelo homem e pela mulher; 2. o fim da diferenciação entre filhos legítimos e ilegítimos, reiterado pelo Estatuto da criança e do adolescente (ECA), promulgado
em 1990, que os define como “sujeito de direitos”. (SARTI, 2010, p. 24).
Imagem disponível em: http://www.geografia.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=89&evento=2
O artigo 20 do Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA, no capítulo III da
Seção I: “Do Direito à Convivência Familiar e Comunitária”, registra que os filhos
nascidos ou não da relação do casamento terão os mesmos direitos e qualificações
dos demais. Na seção II, do mesmo capítulo, no artigo 25, entende-se por família
natural a comunidade formada pelos pais ou por qualquer deles e seus
descendentes. (BRASIL, 1990).
Dessa perspectiva, é possível verificar um distanciamento da hierarquia
focalizada na família nuclear, envolta na submissão da figura do pai, que em
algumas vezes, fora exprimida em forma de autoritarismo, o que também não deve
ser encarado como um comportamento que deva ser adotado, pois também traz
consequências negativas aos filhos.
Até aqui notamos pontos relevantes e positivos na formação familiar atual,
porém outros aspectos influenciaram e continuam influenciando a família trazendo
ora benefícios, ora malefícios para essa instituição. Que não pode ser “só um lugar
que possibilita a sobrevivência dos seres humanos, mas é sem dúvida uma das
instituições que assume a tarefa educativa” [...] (SZYMANSKI, 2007, p. 17), ou pelo
menos deveria assumir, visto que é a “responsável pela socialização, pela introjeção
de valores e pela formação de identidade”. (LOSACCO, 2010, p. 64).
Imagem disponível em: http://www.sociologia.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=542&evento=2
Na verdade o que presenciamos hoje, sem dúvida, é a carência, a falta de
valores humanos, morais, afetivos, culturais nos meios sociais. Quebrar, violentar,
abusar, falar mal, ofender, abandonar, entre outras, são cenas comuns em nosso
cotidiano. É claro, que não estamos culpando a família da desordem do mundo, mas
lembrando-a que detêm de uma força extremamente capaz de formar cidadãos que
não comunguem com essas práticas, que saibam que seus limites vão até onde
começam os dos outros, que busquem o bem comum, que tenham discernimento do
bem e do mal e que saibam cuidar uns dos outros, principalmente no seio familiar.
Muitas são as influências nas últimas décadas sobre a família, o que reflete
também em novas e diferentes configurações familiares.
Os movimentos feministas que se iniciaram na década de 1950 na Europa, e logo chegaram ao Brasil, a entrada da mulher no mercado de trabalho, a mudança de valores na criação dos filhos, a quebra de tabus como a virgindade, a criação da pílula anticoncepcional, que propicia maior controle da mulher sobre seu corpo, os movimentos hippies (1960), que pregam o amor livre, a instituição do divórcio (1977) são alguns dos fatores que irão contribuir para as novas
configurações de família. (SEED, 2006, p. 110).
Não se pode falar de um modelo único, adequado de família, apesar, muitas
vezes, da mídia pregar ainda o modelo nuclear como idealizado e exemplo padrão
por ser ainda adotado pela grande maioria. No entanto, isso por si só não sustenta a
garantia de qualidade na tarefa educativa, que requer pessoas comprometidas com
os filhos, que tiveram por vontade própria.
A família nuclear ainda predomina na sociedade brasileira, apesar do número de filhos ter diminuído consideravelmente. Se em 1940, a média era de 6,2 filhos por mulher, em 1991, caiu para 2,5. O número de divórcios e separações aumentou, como também o das uniões
conjugais não legalizadas. (SEED, 2006, p. 110).
O mercado cativa, seduz, influencia a vida da pessoa desde criança de que é
importante comprar a todo instante, que estar na moda é estar integrado no mundo e
isto adentra em nossas casas, como uma voz suave e aos poucos nos vemos
escravizados pelo consumo, como se esse fosse o ponto principal da felicidade.
Porém, cada vez mais os produtos duram menos, a tecnologia tem avançado rápido
demais. E isso vem se acentuando muito nas últimas décadas. Compramos um
produto hoje, que após alguns dias já está desatualizado frente aos modelos
disponíveis do mercado. O ser humano nunca se encontra satisfeito. “A ideia do
prazer é vendida de pessoa para pessoa, vai sendo transmitida de propaganda em
propaganda – o corpo ideal, a estética a ser alcançada, etc.” (CAPELATTO, 2013, p.
10). A mídia impõe o modo de vida das pessoas, e com isso influencia os valores, as
crenças e muitas vezes, as determinações da família.
As crianças de hoje, nascem com telas interativas diante dos olhos, visto que,
a diversão envolve desafios mentais e quando não conseguem superá-los, trocam o
mesmo. A criança não aprende mais a se frustrar, não tenta novamente,
simplesmente descarta a situação como faz em um simples jogo nas telas das quais
interage. E o pior, assim, como faz com os jogos, faz com as outras pessoas. (TIBA,
2002, p. 234-235).
Pessoas descartam umas às outras. Pais abandonam filhos com facilidade. O que vale é satisfazer o objetivo pessoal. Reina o individualismo. As grandes empresas descartam pessoas como se fossem máquinas de produzir. Em vez de investir, educar, preparar, melhorar a formação e dar treinamento, é mais fácil trocar e pagar um
salário mais baixo. (TIBA, 2002, p. 235).
As pessoas não interagem mais em sua grande maioria se não por telas de
computadores, os relacionamentos se dão por mensagens e não mais por toques,
carinho, os jovens e crianças não mais dialogam, não brincam, são escravos dos
meios tecnológicos. Não estamos assumindo uma postura contra os mesmos, mas
que as tecnologias, muitas vezes, são usadas de maneira distorcida e trazem
influências fortíssimas para a formação humana. Falta o limite dos pais quanto ao
uso e tempo de uso dos equipamentos tecnológicos. A escola também tem sofrido
com toda essa tecnologia que chega a ela, se impondo as demais metodologias de
trabalho, como redentoras de todos os problemas na aprendizagem. De fato
colaboram como recursos, mas jamais substituíram a figura do professor/mediador
do conhecimento e da aprendizagem.
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A criança quer ser mais cedo adulta, imita e quer usar objetos dos adultos. As
meninas, até no brincar, treinam relacionamentos amorosos, namoro, sexo, tudo é
estimulado muito cedo, pela mídia, família e, às vezes, até pela escola. (TIBA, 2002,
p. 236). Toda essa estimulação precoce traz problemas sérios, pois muitos jovens
iniciam sua vida sexual muito cedo, e muitas vezes, tornam-se pais e mães
precoces, logo, sem ter a responsabilidade necessária para assumir determinada
função. Às vezes, a família e as demais instituições fazem isso sem se dar conta das
consequências. Ex: a mãe acha bonitinha a criança de quatro anos maquiada e com
um sapato de saltinho. Ex: a escola faz atividades e comemora o dia dos namorados
com crianças, como se fosse algo comum nesta fase.
Nos estudos de Hintz (2001), outro fator importante para as diversas
mudanças que podemos identificar na família contemporânea foi à saída da mulher,
a partir da segunda metade do século XX, para o mercado de trabalho. Haja vista
que sua renda passou a ser essencial para conseguir viver neste mundo movido
pelo capitalismo. Também, passou a se especializar, fazer cursos profissionalizantes
e superiores buscando a ampliação no seu campo de atuação e também passou a
controlar o número de filhos com o surgimento da pílula anticoncepcional, na década
de 1960.
Surgem, então, as creches como solução para o cuidado dos filhos pequenos,
ou as avós passam a ser cuidadoras dos netos, para que os pais possam trabalhar.
“A família, com uma estrutura menor, recebe interferências externas, positivas ou
negativas, com as quais está constantemente interagindo”. (HINTZ, 2001, p. 12).
Precisa sem dúvida ser a mediadora desses elos acompanhando e participando da
educação dos filhos, bem como, sendo a fonte positiva de valores éticos, morais,
afetivos, emocionais, nos quais outras instituições darão continuidade.
A família, muitas vezes, passa com isso a eximir-se da função de cuidar e de
educar, deixando essa função somente para a escola ou para outras pessoas, como
as babás e as avós.
As crianças tem chegado à escola cada dia mais cedo e passam nela uma
grande parte do tempo, porém a família precisa ser o foco da educação,
aproveitando cada segundo que passa com os filhos, ela precisa manter sua
capacidade de proteção e acolhimento, preservar em casa um ambiente amoroso,
provedor e estável, logo, os pais precisam ser modelo referencial aos filhos.
A creche também exercerá a função de cuidadora dos pequenos, porém
reforçando e complementando os conceitos familiares e não os substituindo, porque
os alunos são passageiros na escola, enquanto que os filhos são para sempre.
Vídeo: A família hoje Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=WXY10YkJtRo Duração: 4 minutos e 10 segundos Direção: Rogério Thaddeu Sinopse: A Família no século XXI.
Fonte: www.youtube.com.br
Com todas essas alterações sociais, individuais e legais, novas configurações
familiares também foram sendo formadas.
Temos famílias formadas por pai e filhos, ou mãe e filhos, denominadas de
famílias monoparentais, até mesmo formadas por pessoas solteiras que optaram por
filhos, pelo fato de manterem uma situação financeira estável e independente.
Imagem disponível em:
http://www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/modules/galeria/uploads/5/3familia.png
Alguns fatores que contribuíram para este novo formato são às dissoluções de
casamentos, até mesmo pelo preconceito em relação à mulher que trabalha fora, ou
até porque a questão do sentimento agora se torna mais forte do que nunca e fica-
se junto até quando isso valha a pena. Algumas mulheres assumem este modelo de
família, pois tem capacidade financeira para ser chefe da casa e ter filhos sozinha.
É importante destacar, que o divórcio só foi legalizado em 1977, pois a igreja
sempre lutou contra, afinal para ela o mesmo era indissolúvel. Nos últimos tempos
foram grandes os avanços possibilitados pela genética: bebês de proveta, barrigas
de aluguel, banco de sêmen, inseminação artificial. (ARANHA, 2007, p. 30-31).
Avanços que possibilitaram a produção independente de filhos por pessoas solteiras,
ou por casais do mesmo sexo.
Ainda que as tecnologias de anticoncepção e de reprodução assistida tenham de fato aberto espaço para novas experiências no plano da sexualidade e de reprodução humana, ao deflagrar os processos de mudanças objetivas e subjetivas, que estão atualmente em curso, não logram dissociar a noção de família da “natureza biológica do ser
humano”. (SARTI, 2010, p. 23).
A importância do casamento toma outras dimensões, como por exemplo, a
sua diminuição, visto que no cenário atual, novas formas de relação surgem como
as monoparentais citada acima, as recompostas, as monossexuais, como também
há elevações da idade para o mesmo, como para a procriação. (NOGUEIRA, 2006,
p. 159). “Outra forma de configuração familiar surgiu entre casais que preferiam não
formalizar suas uniões, preferindo as uniões consensuais ao matrimonio legal”.
(HINTZ, 2001, p.16).
Muitos jovens hoje desejam “experimentar” a vida de casados antes de legalizar a união. Outros optam pela união livre, ou “viver juntos”, sem a preocupação de “prestar contas” à sociedade ou à Igreja. Apesar do número de pessoas casadas ser majoritária no cenário matrimonial, por outro lado têm decrescido as taxas de uniões legais (em 1979
atingia 7,83, e em 1994, passou a 4,96). (SEED, 2006, p. 111).
Os relacionamentos não são para toda vida como acontecia com a família
medieval e moderna, assim como os produtos, as pessoas também são
descartáveis. Os filhos do primeiro relacionamento passam a pertencer a outro,
ganham novos irmãos, deixam de viver com o pai ou com a mãe, quando não
passam a morar com avós, tios, outros. Não temos mais um “cuidador” por
referência como era a figura do pai e da mãe de antes.
Capelatto (2013, p.99 -100) também nos destaca outro fator importante neste
contexto, ao explicar que os jovens querem prolongar, cada vez mais, esse período
de convivência com a família, porque são superprotegidos por elas, que prezam pela
intelectualidade e se esquecem de outros fatores, como dar lhes autonomia
emocional e limites. Assim, tornam se adultos, às vezes, com quarenta anos que
não tem coragem de sair desta zona de conforto para encarar a realidade, pois não
aprenderam a lidar com o sentimento de frustração, nem com suas consequências.
Logo, é preciso frisar que a relação com os filhos deve ser dosada,
superproteção e cuidados excessivos torna o indivíduo, muitas vezes, dependente
de sua família, não tendo autonomia suficiente para enfrentar a vida e saber lidar
com os embates que ela proporciona. Assim, como a ausência de cuidados e
proteção, torna o ser humano carente, propício a adoecer nesta sociedade
complexa.
Vídeo: Cuidados e limites na sociedade contemporânea Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=f3S_pqTVnIM Duração: 15 minutos e 07 segundos Direção: Diálogo sem fronteira Sinopse: Neste programa o Prof. Dr. Pedro Paulo Abreu Funari entrevista o Prof. Dr. Iuri Victor Capelatto, da Universidade Estadual de Campinas, com o tema "Cuidados e limites na sociedade contemporânea".
Fonte: www.youtube.com.br
Não queremos com este trabalho especificar os tipos existentes de relações
familiares e nem culpar a família por todos os problemas sociais, mas reforçar que
indiferente do modelo, da configuração ela deve buscar a educação dos filhos.
A família de hoje é um núcleo afetivo, socioeconômico, cultural e funcional movida por um espírito de equipe no qual convivem filhos, meios-filhos, filhos postiços, pais tradicionais-revolucionários-separados-recasados, o novo companheiro da mãe e/ ou a nova companheira do pai. (TIBA, 2014, p.114).
Mas queremos reforçar que a função de cuidar e de educar é, em primeira
instância, da família, indiferente de sua configuração, mesmo que esta seja
bombardeada, muitas vezes, por falsos valores, ainda deve ser o porto seguro para
os seus membros. Ou, conforme registra o ECA no artigo 19 do capítulo III – Do
Direito à Convivência Familiar e Comunitária – na Seção I:
Toda criança ou adolescente tem direito a ser criado e educado no seio da sua família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada a convivência familiar e comunitária, em ambiente livre da presença de
pessoas dependentes de substâncias entorpecentes. (BRASIL, 1990).
Para alguns estudiosos também houve um processo de democratização entre
os membros da família. A família hierárquica deu lugar à família igualitária. A
valorização dos membros da família como seres que vivem em uma relação
igualitária pode ser por um ponto de vista, crucial no modelo vigente, haja vista que,
os filhos mandam em casa e vivem sua vida como bem entendem.
Por outro lado, entendemos que esta democratização é imprescindível, pois
valoriza os membros familiares como sujeitos com deveres e direitos a serem
respeitados. Dessa maneira, depende de como a família compreende estas
alterações tão bem expressas em documentos como a Constituição Federal de 1988
e o Estatuto da Criança e do adolescente de 1990.
[…] a noção de respeito não desapareceu; ela mudou de sentido. Ela marca, doravante, o reconhecimento, não mais de uma autoridade superior, mas do direito de todo indivíduo, pequeno ou grande, de ser considerado como uma pessoa. (SINGLY, 1996, p.113 apud NOGUEIRA,
2006, p. 160).
Faz se necessário entender que, o ato do direito de ser tratado como pessoa
não quer dizer que o filho deve assumir ou não respeitar a autoridade dos pais, que
aqui deve ser vista e entendida não como autoritarismo, mas numa relação
respeitosa na qual os filhos entendam os limites, as regras e normas impostas pelos
pais compreendendo que o objetivo é seu próprio bem.
Os pais, por sua vez, precisam compreender que dizer não aos filhos, faz
parte de uma educação comprometida com a formação humana equilibrada.
Aprender a lidar com as inconstantes do cotidiano, deve ser iniciado e treinado no
seio familiar.
O que é ser pai e ser mãe hoje? Infelizmente, não sabemos mais ao certo, a cultura já não nos dá essa referência. Não crescemos mais aprendendo o que caracteriza essas funções sociais […] Também já não temos clara a noção de cuidado: de quem é a responsabilidade pelos cuidados com os pequenos? Do pai? Da mãe? Da professora? Perdeu-se o conceito do cuidador atrelado aos papéis de pai e mãe.
(CAPELATTO, 2013, p. 8).
Atualmente “todos fazem tudo”, os papéis das instituições estão cada vez
mais confusos; pois, ninguém assume o compromisso de educar para uma
personalidade estabilizada, dá se a impressão que tudo é permitido. Se não é
possível perceber mais com clareza os valores familiares, pelo menos faz se
necessário entender que os direitos de um cidadão vão até onde começam o do
outro.
A responsabilidade pelo mundo exige uma atitude que a autora chama de conservadora, no sentido de que o mundo deve ser continuamente “posto em ordem”, dada a condição de mortalidade e de finitude de
seus habitantes. (SZYMANSKI, 2010, p. 58).
Em todas as citações supracitadas é possível perceber uma preocupação com
o futuro das crianças, dos jovens, da sociedade, visto que toda aquela organização
ou “aparente” organização encontrada nas sociedades anteriores está esfacelada.
Porém, esta ordem com relação à função familiar, precisa ser resgatada, não pela
força coerciva que se dá por meio de castigos físicos, nem pelo autoritarismo e muito
menos com o resgate dos padrões hierárquicos antes impostos, muito menos pela
imposição de um modelo de família padrão; mas por meio de uma relação dialógica,
equilibrada, com respeito mútuo, visando, assim, à formação de limites e de valores,
para que o indivíduo atue no mundo de maneira responsável com princípios morais
formados e organizados.
As famílias indiferentes do arranjo escolhido necessitam entender que a
questão não está no tempo em que passam com os filhos, mas o que faz do tempo
em que passam com os filhos que, muitas vezes, é emprestado ao computador, à
televisão, à discussão e menos ao diálogo, ou seja, aos laços afetivos, as
brincadeiras, ao respeito entre os membros familiares.
Imagem disponível em:
http://multimeios.seed.pr.gov.br/resourcespace-seed/pages/view.php?ref=22275&search=fam%C3%ADlia&order_by=relevance&sort=DESC&offset=0
&archive=0&k=
Nessa sociedade atual, escola e família devem ser parceiras e buscar cumprir
efetivamente suas funções, contribuindo na formação humana do indivíduo filho/
aluno.
ATIVIDADE EM GRUPO
Imagem disponível no clip-art (Microsoft Word)
1- Leiam o texto apresentado e discutido no multimídia (em grupos de 5 pessoas) e
elenquem 2 situações que trouxeram benefícios as famílias, bem como, 2 que
trouxeram problemas e influenciaram no papel desta instituição:
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2- Explique-as:
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2- Comente com os demais grupos sobre como essas situações influenciam ou
influenciaram a rotina dos pais na educação dos filhos:
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5º ENCONTRO
A arte de cuidar implica aproveitar corretamente os momentos de fragilidade e de frustração por que passa o indivíduo a ser cuidado para dar-lhe uma referência. Para tanto, não é necessário estabelecer um determinado espaço de tempo, mas aproveitar adequadamente o tempo que se ocupa nesse cuidado, no momento adequado – o que implica, na maioria das vezes, agir sem sentir prazer, frustrar desejos imediatos em nome de outro desejo – ver o sujeito de quem estou cuidando crescer sadio e equilibrado. (CAPELATTO, s.d, p. 9).
Para refletir:
No contexto atual, é possível a família exercer a
função que lhe foi atribuída historicamente?
As famílias podem ser capazes de estruturar as relações que os filhos
estabelecerão com a sociedade de modo geral?
Vídeo: Educação e limites Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=41IcMoFfDFc Duração: 44 minutos e 10 segundos Direção: Café filosófico: Educação e limite, Ivan Capelatto e Joel Birman Sinopse: Neste programa os convidados fazem uma retomada das principais situações que causaram mudanças na família atual, bem como, suas consequências, falam também sobre a importância do limite na formação humana e da necessidade da autoridade do cuidador. Fortalecem que cabe a família cuidar da educação dos filhos, sem esperar que outras instituições façam em seu lugar.
Fonte: www.youtube.com.br
ATIVIDADE EM GRUPO
1- Utilizando a técnica do Quadro Enigmático faça uma frase ou um pequeno texto
sobre aspectos importantes relatados no vídeo. Poderá escolher duas ou mais
palavras para isso:
2- Ao final da atividade, todos os pais poderão ler ou comentar sobre ela:
educação creches
família autoridade mulher pai responsabilidade afeto função limite criança cuidador mãe
adolescente
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2- Vivenciamos na escola, filhos de pais com comportamentos diferenciados. Por
meio de relatos recolhidos de diferentes escolas, faremos uma discussão de pontos
positivos e negativos nos comportamentos dos pais. E se é possível verificar um
comportamento (permissivo, autoritário, negligente...) mais acentuado nas atitudes
demonstradas. Esses relatos (10) serão apresentados aos pais no multimídia:
EXEMPLO DE UM RELATO A SER ANALISADO:
A escola tomou conhecimento que uma aluna sofria abuso sexual por parte do
padrasto e que a mãe havia procurado um advogado para defender o marido. Havia
suspeita das autoridades competentes de que a mãe sabia e não reagia ao fato em
defesa da filha.
6º ENCONTRO
Como estudamos e vimos até agora, quando a família era a idealizada, pelo
menos em seu formato, (monogamia disfarçada) havia às vezes, falta de amor,
traição, exigências fortes por parte da figura do pai, em relação à esposa e filhos,
porém existia referência de autoridade em casa. O pai cuidava do sustento,
determinava as regras e normas, fazia o diferencial no cotidiano, intervia quando
achava necessário. A mãe era responsável pela rotina dos filhos, dos cuidados no
dia a dia.
Atualmente com a sociedade em tamanha mudança, não temos mais com
nitidez essas atuações, e desta, partimos para um formato totalmente afrouxado, em
que os filhos, muitas vezes, são negligenciados, faltam limites, cuidados, modelos,
referências. Assim, passam a ter um comportamento tirano e até assumem a função
dos pais, e agem diuturnamente em busca de seu prazer, ou tornam-se pessoas
adoentadas que não conseguem enfrentar se a si próprio ou ao mundo, não sabem
lidar com perdas, frustrações, conflitos.
As relações familiares são desprezadas em prol da individualidade, do
sucesso pessoal, da busca imediata do prazer e satisfação; os cuidados com os
filhos são terceirizados; as relações começam de qualquer maneira, os indivíduos
envolvidos por uma simples atração ou paixão formam famílias.
Existe a necessidade de resgatar algumas situações, a família precisa
continuar sendo o norte dos filhos, indiferente da configuração adotada, mantendo
uma relação familiar pautada no respeito, na afetividade, na divisão de tarefas do lar,
aproveitando ao máximo o tempo que tem com os filhos. Indiferente de pai ou
mãe/cuidador, essa pessoa precisa resgatar essa autoridade do passado que fazia o
diferencial do cotidiano. Cotidiano hoje que não é mais somente feito pela figura da
mãe, mais por babás, creches, escolas. Ou seja, a pessoa que se encontra como
figura referência para a criança, o pai ou a mãe, precisa ser esse diferencial no
cotidiano dos filhos, intervindo sempre que necessário, ensinando-os que os atos
têm consequências, porém tudo permeado pela afetividade. Assim os pais darão
segurança aos filhos, autoestima que segundo Capelatto (2013, p.148) “[...] é a
possibilidade de cuidar e gostar de si próprio” logo, contribuirão com uma
personalidade estável, capaz de enfrentar o mundo adulto com destreza e
habilidade.
Imagem disponível em: http://www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/modules/galeria/uploads/6/autoestima.png
1- Para tanto, leia o texto abaixo: A autoridade dos pais, do psicólogo Rogério
Thaddeu, disponível em: http://rogeriothaddeu.com.br/artigos/ e destaque para os
demais grupos o que achou de mais importante no mesmo:
A Autoridade dos Pais
Quando crianças desafiam a autoridade dos pais com choros, birras, gritos,
xingamentos ou se jogam no chão para conseguir o que desejam, alguns pais, por
diversos motivos podem ceder aos caprichos dos filhos. Mas qual é a medida para
ser uma referência de autoridade, sendo afetivo ao mesmo tempo com nossos
filhos?
Jacques Lacan (1901-1981) psicanalista francês compreendia que todo ser
humano se forma a partir do desejo do outro, ou seja, os aspectos biológicos e toda
nossa herança genética não são suficientes para nos tornarmos sujeitos. Um dos
pontos importantes dos estudos de Lacan se refere ao que se denomina de “função
materna e função paterna.” Estas funções são fundamentais para constituir, formar,
estruturar o ser humano, nascendo um psiquismo. Pois bem, no que estes conceitos
podem ajudar?
Em primeiro lugar é preciso saber que estas funções podem ser encarnadas
por qualquer pessoa que exerça um cuidado com o bebê. Geralmente, atribuímos
estas funções aos pais. Em algumas famílias, a figura do pai exercia o poder,
investido da autoridade. O pai era conhecido como o provedor, a figura protetora que
intervia por meio de sua autoridade na ligação entre o bebê e a mãe. A força do pai,
portanto, era a de cortar o laço que unia o bebê e a mãe, impondo um limite,
forçando este bebê e futura criança a se tornar mais independente. Na falta deste
limite, a mãe e o bebê ficariam ligados excessivamente numa relação infantilizada.
Neste sentido, o limite deve ocorrer para que o prazer seja impedido, interditado.
Somente desta forma, através da frustração deste desprazer que um bebê passa a
se desenvolver. Obviamente que o afeto é primordial, uma vez que todos nós
precisamos nos sentir desejados, amados, pertencentes ao desejo do outro.
Na sociedade contemporânea, a educação dos filhos é um campo minado,
pois pais desesperados parecem ter perdido suas referências. A autoridade se
esvaziou e não está ligada unicamente à figura do pai. De uma sociedade
verticalizada na qual o pai exercia o poder, passamos para um modelo horizontal em
que a autoridade se diluiu. Os filhos, perdidos em suas referências vivenciam uma
angústia avassaladora, terreno fértil para inúmeras patologias. Arrisco enfatizar que
o primeiro passo para educar filhos mais seguros emocionalmente com maior
tolerância às frustrações que a vida impõe, é dizer não sem culpas. No entanto,
muitos pais atualmente, estão fora de casa o dia inteiro e na tentativa de compensar
esta falta, permitem que os filhos tenham seus desejos atendidos prontamente. Os
“brinquedinhos” tecnológicos (celular, smartphones, entre outros) servem para
entreter e proporcionar prazer imediato aos filhos. Uma das cenas mais comuns na
atualidade é a dos pais que para descansar ou curtir seus prazeres, oferecem um
tablet ou outra parafernália eletrônica para evitar conflitos e o desgaste com a
educação de um filho. Há uma geração de crianças e jovens mais informados, mas
com pouco conhecimento e muito infantilizados, regredidos emocionalmente. De
outro lado, encontramos os pais, já cansados e angustiados, evitam conflitos com os
filhos permitindo que estes vivenciem o prazer de seus desejos. Quantos pais hoje
em dia estão dispostos a dizer não para os seus filhos e arcar com as
consequências deste limite? Na tentativa de evitar tensões, pais culpados, perdidos,
cansados ou frágeis emocionalmente, cedem, tendo muitas vezes, um sentimento
de “dó” de seus filhos. Educar é trabalhoso.
É útil lembrar que a vida irá nos dizer muitos nãos e nem sempre poderemos
realizar nossos desejos prontamente. Alguns destes desejos devem ser reprimidos,
como nos ensinava Freud em 1930 em seu texto: O mal estar na civilização. Não é
possível existir o convívio civilizado sem a repressão dos impulsos. A base de nossa
saúde mental está na capacidade para suportarmos melhor as frustrações, as
perdas, os nãos que a vida nos coloca. Quando um pai ou uma mãe, permite que
um filho sinta raiva, chore ou fique triste diante de uma frustração, de um desprazer,
ficando firmes em suas decisões, ou seja, mantendo o “não”, a criança,
gradativamente internalizará que nem sempre ela poderá fazer o que deseja e que,
mesmo ficando com raiva e triste, ela suportará estas emoções. Obviamente, que o
limite dos pais, deve vir acompanhado sempre de uma relação afetiva, com diálogo,
respeitando a idade dos filhos. Na adolescência, os nãos devem vir acompanhados
de uma explicação, pois os filhos precisam compreender o fundamento, o princípio
que está por trás de uma atitude. Diante de uma criança muito pequena, o não já é
suficiente e à medida que a criança vai crescendo, as explicações ganham
importância. Neste sentido, é fundamental que os pais possam ser coerentes e
constantes no modo de educar, fazendo com que os filhos possam arcar com as
consequências de seus atos, se responsabilizando desde crianças, ajudando em
atividades corriqueiras dentro de casa.
É evidente que as famílias estão se constituindo em novos formatos, novos
modelos, no entanto, é importante ressaltar que a autoridade deve ser exercida
pelos adultos que cuidam de uma criança, de um filho. Isto vale para os professores,
que além de transmitir o conhecimento científico, funcionam como substitutos dos
pais, da autoridade, da “lei familiar”.
A obrigação de cuidar da educação, da formação do caráter é da família, no
entanto, na falta dela, os professores, acabam sendo os depositários da indiferença,
da indisciplina, da violência e do desamparo de muitas crianças e adolescentes. O
limite é uma proteção, um ato de amor, de cuidado.
TAREFA PARA CASA
1- Os pais ou o cuidador terá que fazer uma atividade lúdica com o filho (a) para
relatar no próximo encontro:
- Serão distribuídos dominós como uma sugestão, no entanto, fica a critério da
família a escolha da atividade:
7º ENCONTRO
Vamos ler os quadrinhos abaixo:
JOÃOZINHO E SEU SUPEREGO
Desenhos criados por: Ronaldo Adriano Paixão Texto: Luciane Soler Fontana
Adaptação da tira da Mafalda: Quino Disponível em: http://marinabaitello.files.wordpress.com/2013/11/inquilino-
mafaldita.jpg?w=625
Joãozinho refere-se a um inquilino que mora dentro de sua cabeça. Quem
será este inquilino?
Ele é conhecido como superego ou supereu e foi denominado assim por um
psicanalista do século XX, Sigmund Freud, que foi o criador de uma das teorias da
personalidade humana, que assim como outros estudiosos procuravam entender e
explicar porque as pessoas são diferentes e agem e reagem na vida também de
forma diferente.
Por que algumas são bem sucedidas e outras não? Por que algumas desenvolvem uma capacidade de ver o mundo com toda a sua riqueza, variedade e encanto, enquanto outras apresentam comportamento explosivo, inquietação geral, preocupação excessiva com a opinião dos outros, recusando-se a participar de situações sociais? Por que algumas são tão talentosas e outras não conseguem desenvolver sua potencialidade, impondo-se limitações que as levam ao conformismo e à passividade? (SABINI, 1986, p. 90).
No texto de Rogério Thaddeu e no vídeo assistido no encontro anterior
pudemos verificar que a importância do não é fundamental na formação humana, ou
seja, na personalidade que começa a ser formada nos primeiros anos de vida mais
fortemente e se estende por toda ela. “O ser humano tem capacidade de aprender
com erros e traçar um novo caminho à frente. Não há determinismo biológico que
estabeleça totalmente o comportamento dos racionais. A caminhada pode ser
corrigida”. (TIBA, 2002, p. 299).
No entanto Freud acentuou que é na fase anal que se estende dos 18 meses
aos 4 anos e meio aproximadamente, quando a criança começa a entender a função
do “não”. Neste momento os pais/cuidadores necessitam estabelecer limites, ou
seja, intervir e mostrar até onde as crianças podem ir para não ferir os preceitos
morais e sociais, nesta fase a criança quando normal constrói “a sua primeira
relação de identidade e luta para se separar de seu “cuidador”. É quando ela faz
uma espécie de demarcação de seu território, a fim de desenvolver sua
personalidade”. (CAPELATTO, 2012, p. 120). Forma-se aqui o superego que é o
protetor da pessoa, visto que sem ele, a mesma seria movida por instintos e
impulsos oriundos do id, do qual já nascemos com ele, é herdado. “Quanto mais a
criança for educada em seus primeiros passos, maior será a eficiência da
educação”. (TIBA, 2002, p. 40).
Porém, nunca é tarde para se começar a cuidar dos filhos, dando afeto e
limites, ouvindo-os sempre que for necessário, claro que na idade certa tudo se
torna mais fácil e consistente. “A arte de cuidar implica aproveitar corretamente os
momentos de fragilidade e de frustração por que passa o indivíduo a ser cuidado
para dar-lhe referência”. (CAPELATTO, s.d, p. 9).
Vídeo: Infância Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=b8a_lStwnyQ Duração: 43 minutos e 49 segundos Direção: Café filosófico: Infância, Ivan Capelatto Sinopse: Neste programa Ivan Capelatto fala sobre as fases da infância (segundo Freud) pelas quais a criança passa, bem como suas principais características, e esclarece o quanto é importante que os pais se atentem a elas para a educação dos filhos.
Fonte: www.youtube.com.br
Segundo Freud, a mente é composta por três sistemas: o id, o ego e o
superego. O id contém os impulsos, instintos com que nascemos e “não é
socializado, não respeita convenções, e as energias que o constituem buscam a
satisfação incondicional do organismo”. (CUNHA, 2008, p. 1). Ele não tem
comunicação com o mundo exterior, ele é desconhecido e inconsciente. A descarga
desses impulsos não prejudiciais se dá por meio de uma imagem mental, trazendo a
satisfação do desejo, porém, a pessoa já deve ter experienciado à satisfação
concreta dele. Ex: quando uma pessoa está com fome, a imagem da comida lhe
vem à mente. (Cunha 2008 p.2; Sabini 1986, p. 93). O ego então sacia a fome, ou
seja, esse desejo demandado pelo id. No entanto, alguns desejos (prejudiciais)
precisam ser reprimidos, ou até substituídos por trazer consequências para o ser
humano, bem como para o seu meio. Ex: o desejo de bater, roubar... Alguns desejos
então podem e devem ser saciados, outros para o nosso bem ou de terceiros
precisam ser barrados. Podemos pensar aqui nos pedófilos, psicopatas que colocam
seus impulsos em primeiro lugar, não levando em consideração as normas e valores
da sociedade.
O ego por sua vez, conhecido como o “eu”, se encontra no nível consciente,
racional, visível de cada um e resulta da interação do id com o ambiente que o
cerca, logo, “é aquela parte do id que foi modificada pela influência direta do mundo
externo”. (FREUD, 1975, p.37). O ego vai se constituindo a partir do momento que a
criança vai percebendo o mundo e aprendendo como viver nele. (SABINI, 1986, p.
95, ROTH, 2005, p. 14). “Essa porção da mente chamada ego – cada vez mais
racional, organizadora, sintonizada com o mundo – abriga a capacidade para o
pensamento racional, o planejamento e a lembrança”. (ROTH, 2005, p. 14).
E a terceira e última instância é denominada de superego, e segundo Roth
(2005, p. 15) ele nasce do Ego, conforme a criança vai aprendendo, vai também
incorporando regras e normas que são definidas pelos pais ou o cuidador, de
acordo com a sociedade em que vivem. “É o representante interno dos valores
sociais que são transmitidos inicialmente à criança pelos pais, por meio de um
sistema de recompensas e punições”. (SABINI, 1986, p. 94).
O superego é construído através da identificação, dos modelos que se tem
como referência primeiramente em casa, logo, não é somente o que os pais dizem,
mas também o que fazem, suas atitudes, seus olhares, gestos, valores que
funcionarão como um modelo a ser seguido ou rejeitado. Logo, para que o superego
se instale, faz-se imprescindível que haja afetividade na relação pais e filhos, visto
que, a criança passará a entender essa autoridade demandada pelos pais como
algo que a protege.
De acordo com Wallon (2010, p. 66-67) a criança alterna sua vida entre a
ficção e a observação, assim passa a imitar aquelas pessoas que para ela são
importantes, que exercem sobre ela emoções e sentimentos. Assim, por meio de
brincadeiras elas então repetem ações que acabaram de viver em seu meio. Então,
quando uma criança imita seu pai, ela está de certa forma interiorizando a imagem
dele, pois ele a cativa, demanda atração, e isso a ajudará mais tarde na formação do
seu ego, que diz respeito a imagem ideal para seguir em termos dos caminhos a
serem percorridos (valores, profissão, etc.), visto que este ideal nasce a partir de
uma outra pessoa. “A imitação é a um só tempo vontade de tomar o lugar do outro e
admiração amorosa. Mais tarde, poderá ser mais exclusivamente uma ou outra”.
(WALLON, 2010, p. 187). Também estas imitações colaboram na formação do
superego, afinal quem nunca viu uma criança brincando com a outra e imitando
fielmente com ela a “repreensão/bronca” que levou de sua mãe por ter feito algo que
não devia. “No desenvolvimento da criança, sua pessoa também se forma, e as
transformações que ela sofre, embora passem despercebidas, têm uma importância
e um ritmo acentuados”. (WALLON, 2010, p. 183).
O superego é formado por valores familiares, religiosos, raciais, entre outros e
da consciência moral e “atua como protetor do ego, pois sem ele as pulsões
tornariam insuportável a vida do indivíduo em sociedade”. (CUNHA, 2008, p. 2). O
superego é uma instância crítica “capaz de ditar o nosso comportamento e até
nossos pensamentos” (ROTH, 2005, p.15). Em alguns momentos ele age de
maneira consciente, pois a pessoa sabe porque o mesmo está fazendo julgamentos
pelo ato ou pensamento executado. Ex: “Você vai fumar aqui, não está vendo que é
proibido” – “Nossa que grosseria, precisava responder desta forma”.
Em outros, o superego se apresenta de maneira inconsciente, é quando o
mesmo age e a pessoa (ego/eu) não se dá conta do porque está sendo julgada,
apesar de sentir forte sentimento de culpa por alguma situação, pois a explicação
dessa causa está fora do alcance da consciência, era o que Freud tentava buscar
para entender as patologias e sofrimentos das pessoas.
Muitas vezes, o superego é estritamente rígido, não permitindo erros e
deslizes da pessoa, culpando e punindo-a todo instante. Outras vezes, o superego
pune e inibe até pensamentos, isso é característico de um superego muito forte,
moralista, pode fazer com que a pessoa sinta-se culpada e às vezes, até sem saber
de fato, porque está assim, por não ter consciência da ação ou pensamento que
levou a isso. Logo a culpa é inconsciente e “quando extremada [...], é literalmente
intolerável”. [...]. (ROTH, 1986, p. 19).
As pessoas acreditam que têm que pagar pelos seus erros, pecados,
excessos e buscam formas de punição consciente ou inconscientes, e isso pode
trazer consequências graves para ela própria (automutilação, suicídio) ou para
outras, como perseguições sem uma causa conhecida.
A formação de um superego equilibrado se faz importantíssimo para se viver
em sociedade e Martins (2001, p. 8) faz uma observação bastante plausível quando
compara a vida social com um jogo de futebol, onde a relação deve ser amistosa,
visto que o bom desempenho de cada um vai depender da ajuda dos outros e das
regras organizadas previamente.
Essas regras, entretanto, não são as mesmas em todas as casas, em todos os países, em todas as culturas. Elas podem ser diferentes. O que não muda, porém, é o fato de que sempre existem regras. De algumas nós gostamos. De outras, não. Além disso, toda regra tem uma razão de ser e,
assim sendo, pode ser discutida e explicada. (MARTINS, 2001, p. 9).
Pessoas com superego mal formado, frágeis, podem até serem acusadas de
um crime pela justiça do mundo, porém, não se sentem muitas vezes, culpadas em
sua mente. Freud apud Roth (1986, p. 19) sustentava que a sociedade mantém-se
civilizada por que:
[...] na primeira infância, os seres humanos passam por experiências que constituem em cada indivíduo uma propensão à culpa quando desobedecem às regras – uma instância crítica, a que ele deu o nome de superego. Ele é o guardião necessário da moralidade, o mantenedor da ordem. [...] Importa saber que a criança pequena interioriza muito cedo as proibições dos pais e se identifica com elas. [...] É como se fosse a voz dos pais [...], ora louvando-a por bom comportamento, ora [...] repreendendo-a ou até punindo com rigor. (ROTH, 2005, p.19-20).
Logo, é imprescindível a formação de um superego equilibrado na primeira
infância (fase anal – 18 meses – 4 anos e meio) que saiba reprimir os instintos de
morte, agressivos, maldosos e saiba mediar e permear para que os instintos
construtivos, bons, alcancem o ego e sejam satisfeitos por ele.
Atualmente, vemos que a liberdade vem se ampliando, os freios capazes de
impedir os excessos diminuindo, logo, cada vez mais pessoas sem referências,
movidas pelos prazeres e instintos.
Assim, cabe a família primeira instituição da qual é responsável pela criança,
educá-la para que este superego não seja extremista e nem frágil, visto que ambos
interferem na personalidade. Quando sabemos em que erramos e o porquê da culpa
que sentimos, é um funcionamento lógico do superego, logo, possibilita um
comportamento civilizado.
Quando a atuação do superego é reduzida, o Id impera sua força e a pessoa
passa a ser movida somente por instintos, muitas vezes, cruéis, e como não
possuem da moral, não apresentam sentimento de culpa por suas ações movidas
por ele.
Um superego estabilizado é aquele que não traz malefícios a pessoa, que o
ajuda a culpar-se quando somente a pessoa age de maneira inadequada, mal.
Já um superego saudável é como um pai ou uma mãe compreensivos mas firmes: tem suas regras, mas sabe ser tolerante em eventuais transgressões [...] Se me comporto mal, mas reconheço que me comportei mal e procuro reparar o que fiz, em geral meu superego me dará algum crédito por isso
me perdoará. (ROTH, 1986, p. 37).
Quando a família assume sua função, educando e dizendo não, impondo
limites à criança quando necessário colabora não só com um superego equilibrado e
sadio, mas faz com que este ser humano tenha com isso uma personalidade
emocionalmente equilibrada e saiba enfrentar com saúde e destreza as peripécias
da vida. “A educação com vistas à formação do caráter, da autoestima e da
personalidade da criança ainda é, na maior parte, responsabilidade dos pais”. (TIBA,
2002, p. 180).
A nossa personalidade se forma ao longo da vida e sofre influências
significativas das pessoas das quais convivemos, principalmente nos primeiros anos
de vida. “O superego é o exemplo primordial de como essas identificações afetam
profundamente a personalidade”. (ROTH, 2005, p. 45).
A criança aprende desde muito pequena, pelo relacionamento com outras
pessoas, pelo vínculo que estabelece com um adulto/cuidador. “Desde o choro até a
fase adulta, os pedidos são formas de criar vínculo, de querer o outro”.
(CAPELATTO, 2013, p. 23). O relacionamento entre esses adultos vão constituindo
a memória desta criança, “mesmo que o bebê ainda não esteja amadurecido
neurologicamente para ter memória consciente” (TIBA, 2002, p. 82), portanto, faz-se
importante que o ambiente seja provedor. Não nascemos humanos, mas vamos nos
fazendo com os relacionamentos sociais que temos.
Faz-se importante esclarecer que nem com autoritarismo, nem com
permissividade é possível educar os filhos. Às vezes, pais permissivos são frutos de
pais que foram autoritários e não querendo isso aos filhos simplesmente permitem
tudo. Porém esses filhos não suportam nenhuma frustração e quando isso acontece
muitos adoecem ou se revoltam contra tudo e todos. “Muitos pais acham que dar
boa educação é deixar o filho fazer o que tiver vontade, isto é, dar-lhe alegria e
prazer”. (TIBA, 2002, p. 54).
A Escola colabora com todo esse processo, mas para ela, “os alunos são
apenas transeuntes psicopedagógicos. Passam por um período pedagógico e, com
certeza, um dia vão embora. Mas família não se escolhe e não há como mudar de
sangue. As escolas mudam, mas os pais são eternos”. (TIBA, 2002, p.181). Porém
Capellatto (s.d, p. 14) nos afirma que a escola também precisa colaborar na
imposição de limites e regras, mantendo um clima afetuoso, visto que são
imprescindíveis na formação da personalidade sadia, pronta a aprender. Ambos,
família e escola, precisam aproveitar os momentos de conflitos e descumprimento
das normas e regras para discussão das mesmas em busca de se propor limites,
mas sem uma cumprir ou desempenhar a função da outra. Contribuir, colaborar não
é substituir.
ATIVIDADE PARA CASA
1- Se você tivesse a oportunidade de escrever uma carta aos seus pais
discutindo, agradecendo, ou seja, refletindo sobre a educação que
recebeu e pudesse escrever a eles os pontos positivos e negativos dela. O
que você teria de mais importante para dizer:
Imagem disponível:
https://plus.google.com/photos/107770552892988893756?banner=pwa&pid=5810651244
085523234&oid=107770552892988893756
-Não precisa nominar, nem identificar a carta;
-Peça ajuda a alguém para escrevê-la para você se não puder fazer
sozinho (a);
8º ENCONTRO
- Para iniciar o encontro iremos fazer o sorteio de algumas cartas para posterior
leitura;
- Não é necessário que o cursista se declare dono da carta, a não ser que queira
dizer;
Imagem extraída do clip-Art (Microsoft Word)
As pesquisas no campo da psiquiatria vêm cada vez mais reforçar a
importância da qualidade dos cuidados dos pais nos primeiros anos de vida, visto
que são de relevância vital para a saúde mental futura do indivíduo. (BOWLBY,
1995, p. 13). A criança precisa de uma relação de afeto com os pais/cuidador,
“pessoa” essa capaz de ter prazer, mostrar-se satisfeita com o filho (a) - “Eu quis
você, eu lhe dou meu peito, minha casa, meu tempo, minha noite, meu sacrifício,
minha vida” (CAPELATTO, 2013, p. 38) e saber dar também prazer ao bebê,
realizando suas vontades e desejos quando possíveis e colocando limites quando já
forem compreendidos sobre esses desejos que não puderem ser realizados, em prol
do bem comum, visto que vivemos em uma sociedade em que só se faz possível
graças às normas e regras de convivência.
Nós seres humanos, nascemos com poucos recursos para sobreviver e,
sobretudo, para nos tornarmos humanos. É por esta razão que precisamos do
cuidado de um outro ser humano. O superego, instância tão mal formada pelos pais
atualmente está ligado a esse cuidado, que é construído à partir da identificação
com alguém que se ama, se respeita, funcionando como uma figura, um modelo de
autoridade e de afetividade.
Bowlby (1995, p. 15) demonstra o quanto esses cuidados na primeira infância
são de suma importância quando mostra um estudo feito com “102 infratores
reincidentes cujas idades variavam de quinze a dezoito anos, realizado numa escola
oficial inglesa”. Esse estudo comprovou que a maioria desses indivíduos não tiveram
relações satisfatórias com seus cuidadores na primeira infância, o que levava grande
parte deles a uma relação antissocial com seu meio. Wallon (2010, p. 141) em seus
estudos também fortalece essa ideia quando afirma que “a atração que a criança
sente pelas pessoas que a rodeiam é das mais precoces e das mais poderosas”.
No entanto, quando a criança é suprida de todos os cuidados necessários nos
primeiros anos de vida, ela manterá vínculos emocionais com o cuidador, pois quem
ama, aprende a mover outros sentimentos como o ciúme, a raiva, entre outros e
aprender a lidar com o autocontrole desses sentimentos trará benefícios na
personalidade do indivíduo por toda a vida. “A afetividade é a mistura de todos esses
sentimentos, e aprender a cuidar adequadamente de todas essas emoções é que
vai proporcionar ao sujeito uma vida emocional plena e equilibrada”. (CAPELATTO,
s.d, p. 8).
É por essa via de afeto, que os pais/cuidadores terão meios para inserir os
conceitos de limites e regras, sem ter que utilizar do autoritarismo e da agressão.
Sem a afetividade, tudo fica mais complicado e difícil de conseguir resultados
positivos.
Cuidar, amar, ouvir, respeitar, dialogar, conversar, tirar dúvidas, fazer carinho,
impor limites, dizer não, respeitar o espaço, curtir coisas juntos, brincar, refletir sobre
situações do cotidiano, entre tantas outras sempre serão tarefas que pais e filhos
precisam fazer juntos indiferentes da idade dos mesmos. Martins Filho (2013, p.
147) aponta que há duas letras essenciais para exercer uma maternidade e
paternidade com êxito: “são PP e CC, ou seja, pertinência e persistência, coerência
e constância”.
Porém pais, vocês devem estar se perguntando o que fazer agora se os filhos
já adentram na adolescência. Refletir, observar o que foi positivo, o que está dando
certo, o que é preciso melhorar, ou até iniciar mesmo que tardiamente. Não existe
receita, mas Capelatto (2013, p. 148-149) faz algumas orientações bastante
pertinentes: “Em primeiro lugar, devem saber que cuidar significa, então, invadir a
vida dos filhos no bom sentido: vê-los, ficar perto deles, ouvi-los principalmente, não
se assustar com o que eles falam, com o que eles pedem”. Filhos que pedem muito
(coisas, ajuda, sugestões) mostram-se adolescentes saudáveis.
A família precisa continuar interagindo com os adolescentes, transmitindo-
lhes os padrões culturais e éticos, determinados valores, que funcionam como
instrumentos necessários para a estabilidade do meio social. (ROSA, 1986, p. 94).
Porém, é imprescindível compreender que eles não são mais bebês, e que as regras
e normas agora requerem maior explicação, como nos aponta Thaddeu (2014) em
seu artigo “A autoridade dos pais”, logo, nesta fase o diálogo é fundamental.
Segundo Rosa (1986, p. 98) as normas de disciplina precisam ser claras e objetivas,
pois uma ordem confusa é difícil de ser obedecida, e também para que o efeito seja
ainda melhor, pai e mãe precisam ter consistência, estar de acordo com elas. As
normas disciplinares devem ser mantidas após as tomadas de decisões, visto que
“se os pais não cumprem aquilo que prometem [...] logo cairão no descrédito dos
filhos”. (ROSA, 1986, p. 99).
Ex: Se você não chegar no horário combinado, amanhã não sairá com os
amigos. Esse autor também salienta que as normas disciplinares são mais eficientes
quando os pais possuem autoridade moral, sejam exemplos antes de mais nada, ou
seja, a prática precisa estar em coerência com a teoria. Ex: se o adolescente ouve
falar em amor, afeto, mas em sua casa isso quase não existe, como manter valor
nestes sentimentos?
Vídeo: Educar pelo exemplo Disponível em: http://www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/modules/video/showVideo.php?video=12853 Duração: 3 minutos e 20 segundos Direção: Coluna Comportamento Sinopse: Neste vídeo o educador e psicólogo Marcos Meier fala sobre a educação pela atitude e não somente por palavras. Apresenta também algumas dicas para os pais.
Fonte: www.seed.pr.gov.br
ATIVIDADE COM O GRUPO TODO NO MULTIMÍDIA
1- Leitura e interpretação oral das imagens apresentadas abaixo que fazem
referência a conceitos trabalhados:
Imagem 1:
Disponível em:
http://www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/modules/galeria/uploads/5/9charge_investidor_junior.png
Imagem 2:
Disponível em:
http://www.sociologia.seed.pr.gov.br/modules/galeria/uploads/6/5mstsantiago.jpg
Imagem 3:
Disponível em:
http://www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/modules/galeria/uploads/5/quandocrescer.png
Imagem 4:
Disponível em:
http://www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/modules/galeria/uploads/5/bagunca.png
Imagem 5:
Disponível em:
http://www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/modules/galeria/uploads/5/moda.png
Imagem 6:
Disponível em: http://www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/modules/galeria/uploads/5/chaofrio.png
ATIVIDADE FINAL - EM DUPLA
2- Em dupla os pais conversarão sobre suas experiências enquanto pais, e fazendo
adesão aos conceitos abordados destacar o que de fato, foi mais importante nos
encontros:
- Um cursista apresentará pelo outro.
ESTRATÉGIAS DE AÇÃO DOS ENCONTROS COM PAIS
1º ENCONTRO
1 - Apresentação da professora PDE e sua relação com a escola;
2 - Esclarecer os objetivos e desenvolvimento do curso proposto;
3 - Ficha de inscrição aos pais que se comprometerem em participar dos oitos (8)
encontros propostos no trabalho:
GRUPO: Juntos Podemos Mais!
Nome:______________________________________________________________
Estado Civil: ( ) casado (a) ( ) solteiro (a)
Profissão:____________________
Número de filhos: ______ Idade dos filhos:___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___
Telefone para contato: ( )________________ ( )________________
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------
HORÁRIO:_____________
DATAS DOS ENCONTROS
1º Encontro ___/___/2015 5º Encontro ___/___/2015
2º Encontro ___/___/2015 6º Encontro ___/___/2015
3º Encontro ___/___/2015 7º Encontro ___/___/2015
4º Encontro ___/___/2015 8º Encontro ___/___/2015
4 - Mensagem: Dificuldades: Todos temos? Vídeo disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=mR3DzRMob-c
Questões a serem discutidas sobre o vídeo:
Todos temos dificuldades?
Buscamos soluções ou ao menos amenizar nossas dificuldades cotidianas?
Você se vê como a cegonha, ou desiste no primeiro obstáculo?
Como é seu relacionamento com seus familiares, em especial com os filhos?
Em sua relação com os filhos, você encontra dificuldades?
Você acredita que é possível melhorar a convivência e a interação com os
filhos?
Você costuma dar beijos, abraços ou outros carinhos no seu filho (a) como
fazia a nuvem com a cegonha?
Você tem vontade de aprender mais sobre relacionar-se melhor com seu filho
(a)?
5 - Dinâmica das mãos - acordo:
Pintar a palma da mão direita com tinta guache e pressioná-la no quadro feito
de papel kraft colado a parede:
EU QUERO O MELHOR PARA O MEU FILHO (A)!
6 - Entrega do caderno de anotações feito para os pais:
7 - Após leitura e reflexão do texto no multimídia definido para o 1º encontro, discutir
e analisar o vídeo “A história das coisas” que faz uma complementação do
assunto estudado;
8 - Em grupos discutir e responder as questões propostas.
2º ENCONTRO
1- Assistir e discutir com os pais sobre o vídeo: Sementes!!! Disponível em:
http://www.youtube.com/watch?v=soQcftJzVcc
Questões a serem discutidas sobre o vídeo:
Temos feito nossa parte enquanto pais e cidadãos?
Acreditamos naquilo que realizamos?
É possível ver os resultados de nossas ações?
Esperamos que as pessoas plantem flores por nós?
Estamos de fato contribuindo com a formação e educação dos filhos?
Outras reflexões que forem surgindo...
2 - Por meio do multimídia, discutir e analisar o texto proposto para o encontro;
3 - Assistir aos filmes propostos no decorrer do encontro para complementação dos
assuntos abordados;
4 - Dividir os cursistas em grupos para que executem a atividade proposta no
decorrer da aula;
5 - Dividir os cursistas em grupos para que executem a atividade final do encontro;
- Pedir que o grupo exponha as ideias coletadas e dialogue a partir delas com os
demais grupos;
6- Dinâmica: “Família e Escola” – Uma parceria inquestionável na formação
humana.
Materiais utilizados: Caixas de fósforos (uma por participante), papéis
dobraduras, tesouras, canetinhas coloridas, lápis de cor e cola.
Desenvolvimento: Distribuir os materiais aos participantes e pedir que
pintem, enfeitem e encapem a caixa com o papel dado. Colocar um fundo
musical para que efetuem o trabalho. Terminada a atividade, o orientador
solicitará que construam uma torre, metade dos participantes representará a
escola e a outra metade, a família, assim serão utilizadas todas as caixas. Um
de cada vez, respeitando a ordem um do lado da representatividade da
escola, outro da representatividade da família irá colocar a sua caixa na
construção. Se houver queda durante a execução pedir a reconstrução.
Reflexão: sobre todo o momento da construção da torre; O papel da família e
da escola na formação dos homens é fundamental, logo, na construção de
uma sociedade (vista aqui como a torre) melhor também.
3º ENCONTRO
1 - Para iniciar o encontro será executado o filme: O nó do afeto. Vídeo disponível
em: https://www.youtube.com/watch?v=WT9xQ90bgXE
2 - Discussão do texto proposto para o encontro no multimídia;
3 - Explicar e entregar a atividade para ser realizada pelos pais. Em seguida pedir
que apresente o desenho de sua família e as relações de afeto elencadas;
4º ENCONTRO
1 - Para iniciar o encontro será apresentado um vídeo da música Utopia cantada por
padre Zezinho. Vídeo disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=V30jzpTVFPo
2 - Reflexão da música comparando com mudanças que aconteceram nas últimas
décadas que serão discutidas no texto;
3 - Discussão do texto e imagens propostas para o encontro no multimídia;
4 - Assistir aos filmes propostos no decorrer para complementação dos assuntos
abordados;
5 - Explicar e dividir em grupos os participantes, determinar um tempo e pedir que
apresentem aos demais grupos às discussões feitas e elencadas.
5º ENCONTRO
1 - Assistir ao filme proposto para o encontro, procurando criar um clima de cinema
com direito a pipocas e chocolate quente/suco;
2 - Dialogar sobre os principais pontos destacados no vídeo;
3 - Dividir o grande grupo em menores para que executem a atividade proposta e
logo após apresentem-na fazendo a leitura da produção.
4 - Em seguida, e por meio do multimídia fazer a leitura dos relatos escolhidos,
fazendo na sequência a análise dos comportamentos dos pais.
6º ENCONTRO
1 - Para iniciar o encontro será apresentado o vídeo: Filhos são como navio - Içami
Tiba. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=6DMQeQJWJQ4
2 - No multimídia apresentar alguns conceitos interessantes para a aula;
3 - Divisão do grande grupo em menores para leitura e discussão do artigo
selecionado;
4 - Apresentação das discussões na retomada do grande grupo;
5 - Explicação da tarefa para casa;
7º ENCONTRO
1 - Leitura e discussão da tira: Joãozinho e seu superego;
2 - Apresentação do texto organizado para o encontro no multimídia;
3 - Assistir ao filme proposto para o encontro sobre as fases da infância de Ivan
Capelatto;
4 - Dar continuidade ao conteúdo do encontro;
5 - Explicar e orientar a atividade organizada para casa;
8º ENCONTRO
1 - Leitura, reflexão e comentários sobre algumas cartas;
2 - Abordagem de alguns conceitos importantes de serem estudados e retomados
no multimídia;
3 - Leitura imagética de algumas imagens e charges que tratam dos conceitos
abordados nos encontros;
4 - Explicação da atividade em dupla;
5 - Discussão dos pontos abordados como importantes pelos pais;
6 - Entrega dos certificados aos pais de 40 horas e agradecimento pela participação;
REFERÊNCIAS
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