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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL - PDE
PAISAGEM GEOGRÁFICA
Artigo sobre a utilização do material didático Aplicado no CEEBJA Santa Clara – Ensino
Fundamental e Médio, no Município de Mandaguari
ROSANE FERRARI PIOVESAN
DEZEMBRO/2014.
Orientador: Prof. Dr. Elpídio Serra
Artigo sobre a aplicação do Material didático, de Geografia, sobre paisagem geográfica. Foi implementado no CEEBJA Santa Clara – Ensino Fundamental e Médio, do município de Mandaguari. Seu principal objetivo foi oportunizar aos alunos acesso a conhecimentos que os levassem a entender a configuração da paisagem de sua vivência, encaminhados a partir do cotidiano para o científico e capacitá-los para nela agirem, modificarem e/ou preservá-la para obterem uma boa qualidade de vida.
PAISAGEM GEOGRÁFICA
Rosane Ferrari Piovesan
Professora da Rede Pública de Ensino do Paraná. Concluinte do
Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE na Universidade Estadual de
Maringá – UEM, Maringá – PR, [email protected]
RESUMO
O presente artigo refere-se à produção e implementação de material didático que foi desenvolvido durante o Programa de Desenvolvimento Educacional do Estado do Paraná no ano de 2013. Para fundamentar as atividades foram utilizados autores como Milton Santos, Bertrand e Jean Tricart, Ele visou oportunizar acesso a conhecimentos, que levassem os alunos a entender a configuração da paisagem de sua vivência, encaminhados a partir do cotidiano para o científico de forma a capacitá-los para nela agirem, modificarem e/ou preservá-la e obter uma boa qualidade de vida, além de sugerir ações pedagógicas mais significativas na área de Educação Ambiental, como por exemplo: pesquisa de campo no município de Mandaguari, filme, música, pinturas, fotografias, mapas, textos, pesquisa bibliográfica.
Palavras-chaves: Paisagem, realidade local, espaço de vivência, cotidiano, ações pedagógicas.
ABSTRACT
The present article refers to the production and implementation of a teaching material which was developed during the Educational Development Programme of the State of Paraná in 2013. In order to support the activities, authors such as Milton Santos, Bertrand e Jean Tricart, among others were used as a basis of research. It aimed to enhance access to knowledge, which would lead students to understand the configuration of their experience, forwarded from the everyday basis to the scientific one, in order to enable them to act, modify and/or preserve it and obtain a good quality of life, in addition to suggest most significant and pedagogical actions in the area of environmental education, as for example: field research in Mandaguari, movie, music, paintings, photographs, maps, texts, and bibliographical research.
Keywords: landscape, local reality, living Space, everyday, pedagogical actions.
1. INTRODUÇÃO
A educação na modalidade de Jovens e Adultos é direcionada
principalmente a pessoas que não conseguiram completar seus estudos na idade
adequada e que também apresentam dificuldades de aprendizado. São na sua
maioria, trabalhadores no período diurno, que têm somente o período noturno para
estudar.
É comum ouvir alunos declararem que não gostam de determinadas
disciplinas. O que se constata na realidade é que não se trata de gostar ou não, mas
sim de entender seu conteúdo e sua aplicação, ou seja, eles não conseguem ligar os
conteúdos à sua vida e ao seu cotidiano, pois se observa que os mesmos não
sabem relacionar o estudo da paisagem ao seu espaço de vivência.
Desse modo nós, professores da EJA, devemos estar atentos na busca pela
qualificação para desenvolver ações pedagógicas que atendam as dificuldades dos
educandos, jovens e adultos e suas experiências socioculturais.
Neste artigo, apresentamos os resultados do projeto de implementação da
unidade didática intitulada: “A paisagem Geográfica na visão do aluno do CEEBJA
Santa Clara”. O trabalho foi desenvolvido no coletivo da modalidade do CEEBJA
Santa Clara – ensino fundamental e médio, no município de Mandaguari, estado do
Paraná.
Considerando a paisagem como ponto de partida para análise do espaço
geográfico esta proposta pedagógica foi estruturada de acordo com o processo de
elaboração de material didático-pedagógico em Geografia voltado ao Ensino
Fundamental e Médio e, objetiva destacar a importância do estudo da paisagem
geográfica na visão do aluno do CEEBJA Santa Clara.
A paisagem geográfica faz parte de uma realidade que contem elementos
com características diversificadas, tanto do ponto de vista físico, biológico como
cultural. A paisagem foi construída e/ou modificada com a interferência humana no
meio natural. Os diversos usos assim como os recursos empregados na sua
construção lhe deram configurações diferentes, além de provocar alterações
positivas e negativas no ambiente.
O estudo da paisagem é considerado um componente curricular importante
no entendimento desse processo e, portanto não deve estar à parte da vida e do
cotidiano da sociedade. A educação escolar tem um papel fundamental nessa
questão, pois por meio da conscientização se pode estabelecer conexão entre o
conhecimento científico adquirido e o historicamente construído.
Convém ressaltar que há várias abordagens e possibilidades para se
organizar tais atividades. Optamos por enfocar a paisagem do município de
Mandaguari, pois nos referimos à sua localização, características gerais e o espaço
dos sujeitos (alunos) atendidos, ou seja, o espaço de vivência, a paisagem que os
alunos observam em seu cotidiano.
Este trabalho apresenta a análise da implementação do material pedagógico
de Geografia, que trata sobre a paisagem geográfica. O material foi produzido com o
objetivo servir de orientação em aspectos não contemplados em grande parte dos
livros didáticos adotados no ensino básico.
Para o desenvolvimento das atividades da produção didática e atingir os
objetivos propostos utilizou-se enquanto metodologia, a análise do material
fotográfico do acervo do fotógrafo Carl Warner, o quadro de Tarsila do Amaral:
Paisagem de Touro, música como, por exemplo: “Paisagem de Janela”, de Flávio
Venturini, imagens e fotos. A interpretação e a análise dos resultados permitiram um
confronto entre o saber que o aluno possuía sobre os conceitos geográficos e com
um saber mais elaborado e contextualizado. Assim, os alunos conseguiram
identificar os elementos naturais e culturais nelas existentes e observar que estas
são modificadas de acordo com os interesses existentes na sociedade em cada
momento histórico. A apresentação de sua execução e os resultados de algumas
dessas ações serão relatadas no transcorrer deste artigo.
Durante sua execução observou-se que o encaminhamento dos conteúdos
relacionados a este e outros assuntos pode produzir melhores resultados quando
feitos de forma articulada entre os conhecimentos científicos formais e os
conhecimentos não formais, e que é importante a utilização de recursos e meios
disponíveis, como a informática, imagens, gráficos, tabelas e outros meios de
comunicação e transmissão do conhecimento.
Um dos papeis do ensino de Geografia é o de contribuir para uma visão
ampla do conhecimento possibilitando melhor compreensão do mundo físico e
construção da cidadania, colocando em pauta na sala de aula, conhecimentos
socialmente relevantes, que façam sentido e possam integrar à vida do aluno.
O uso de recursos diversos que abordem a realidade local, como por
exemplo, as constatações “in loco”, as pesquisas de campo, indicadores e textos,
permitem aos alunos entender e perceber de maneira mais adequada e
sistematizada os modos de produção do lugar em que vivem. Trata-se de construir o
conceito científico, no imaginário infantil, partindo da realidade em, alargando e
modificando este conhecimento auto construído por meio da que estão inseridos.
Devemos, no processo de ensino e aprendizagem, criar condições para que
os alunos realizem a leitura da realidade local tendo como referência o que ocorre
mundialmente, pois vivemos em uma sociedade globalizada.
Quando se tem uma visão das realidades locais e dos diferentes modos de
produção, tanto dos aspectos naturais como dos socioculturais é possível fazer uma
análise escalar que possibilite a compreensão da escala global. Essa análise em
múltiplas escalas, em conjunto com informações e conceitos garante aos alunos a
compreensão científica.
Vygotsky (1993) enfatiza que a ação de qualquer ser humano antecede a
linguagem, portanto, o aluno aprende por meio de suas experiências.
Acreditando nisso confeccionou-se um material didático pedagógico para, a
partir dos significados das realidades locais, os alunos poderem compreender os
fenômenos que acontecem em escala regional, nacional e mundial, e assim
produzirem conhecimentos imprescindíveis à sua atuação como cidadãos.
Neste artigo, será apresentada uma experiência didático-pedagógica, cuja
metodologia baseia-se no desenvolvimento dos conteúdos de Geografia a partir da
produção local. Esta proposta é baseada em estudo feito durante o
desenvolvimento das atividades do Programa de Desenvolvimento Educacional do
Estado do Paraná do ano de 2013.
A seguir discutimos sobre o processo de aprendizagem em Geografia para,
em seguida apresentarmos um relato de como se deu a implementação do material
didático produzido.
2. REFLEXÕES SOBRE O PROCESSO DE APRENDIZAGEM
Na prática escolar são inúmeras as realidades e experiências com os quais
nos deparamos. Entre elas cabe destacar algumas deficiências no aprendizado dos
alunos, onde estes apresentam certas dificuldades no que tange ao ensino da
Geografia, principalmente quando este exige reflexão sobre os acontecimentos
cotidianos e do mundo.
O ensino de Geografia, como as demais ciências que fazem parte do
currículo de ensino fundamental e médio, procura-se desenvolver no aluno a
capacidade de observar, analisar, interpretar e pensar criticamente a realidade tendo
em vista a sua transformação, por isso é necessário para a formação critica do
cidadão, uma vez que trata de um,
[...] ensino que busque incutir nos alunos uma postura crítica diante da realidade, comprometida com o homem e a sociedade; não com o homem abstrato, mas com o homem concreto, com a sociedade tal qual ela se apresenta, dividida em classes com conflitos e contradições. E contribua para a sua transformação. (OLIVEIRA 2003, p. 143).
Logo, através do ensino de Geografia, o educando poderá formar uma
consciência espacial, raciocínio geográfico, conhecer o espaço suas desigualdades
e contradições. Essa consciência espacial vai além do conhecer e localizar, ela inclui
analisar, sentir de modo a poder não apenas compreender as relações socioculturais
e o funcionamento da natureza às quais historicamente pertence, mas também
conhecer e saber utilizar uma forma singular de pensar sobre a realidade, ou seja, o
conhecimento geográfico.
Dada a importância e o significado do conhecimento geográfico nos dias
atuais, o estudo das paisagens locais é o objeto de estudo deste trabalho, cuja
finalidade é oportunizar ao educando um repensar sobre a importância do estudo da
paisagem em geografia na tentativa de vencer desafios ou simplesmente transpor
obstáculos e refletir sobre o insucesso e buscar um proceder mais criativo e mais
próximo do educando.
O professor de Geografia tem a missão de resgatar o cotidiano do educando,
estabelecer relação entre os conteúdos ensinados considerando que pelas
experiências vivenciadas em sala de aula, onde se observa que a dificuldade do
aluno é de estabelecer uma relação entre alguns conhecimentos não formais e
científicos, concluiu-se que se fazia necessário adotar um método de ensino que
estabelecesse essa relação.
O que se buscou foi um ensinamento que considerasse os interesses
individuais e que apresentasse significado nas ações. Para tanto foi adotada uma
organização de atividades de forma que as necessidades individuais e sociais dos
alunos seriam contempladas e os conteúdos trabalhados de forma clara, para que
eles pudessem descobrir a sua utilidade em suas vidas e nas das pessoas que
fazem parte de sua comunidade. Para que o ensino seja realmente eficaz, é preciso
que ele faça relação com a vida do aluno. Os conceitos não podem ser dados de
maneira separada.
Assim sendo, consideramos que o trabalho do professor deve ser o de fazer a
ligação do conhecimento teórico para o visível, ou seja, a relação do conhecimento
científico para a prática, e dar sentido a este.
Nesse sentido Duarte (2001) afirma:
O processo de apropriação do conhecimento surge, antes de tudo na relação entre o homem e a natureza, e ao mesmo tempo também ocorre o processo de objetivação, ou seja, o de colocar em prática aquilo que foi aprendido – tornar objetivo (ação) àquilo que era subjetivo (teoria) (DUARTE, 2001, p. 117).
Além disso, deve ser considerado que:
O objetivo a ser alcançado com a educação escolar não é o de formar um indivíduo que possua determinados conhecimentos, mas um indivíduo disposto a aprender aquilo que for útil à sua constante adaptação às mudanças do mercado globalizado (DUARTE, 2001, p. 116).
Nesta mesma linha de pensamento Paulo Freire (1988), ensina que a leitura
da realidade antecede os domínios dos códigos da leitura. É mais difícil de ser
realizada por serem criadas por diferentes civilizações, em tempos diversos. Mas
está presente nos conhecimentos das pessoas, e devem, portanto ser aproveitados.
Nesse sentido, ressalta Cavalcante (1998) que é importante considerar, no
ensino, os elementos presentes nas representações de professores e alunos. A
autora considera, portanto que, por meio desses elementos, pode se ampliar e
estender o conhecimento para além do dia-a-dia do educando.
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Nos procedimentos metodológicos as atividades desenvolvidas com os
alunos foram executadas em etapas conforme descrição a seguir:
3.1. Primeira etapa
A primeira etapa teve como objetivo investigar a percepção dos alunos sobre
a Geografia.
Considerando os conteúdos ensinados em geografia e como alcançar a
compreensão dos alunos sobre eles deu-se inicio as atividades realizando um
levantamento para estabelecer sua percepção sobre a disciplina.
Os alunos foram mobilizados no sentido de responder a questões como: o
que a Geografia estuda? Quais conteúdos eles já estudaram e quais tinham
gostado? As respostas foram as mais diversas, por exemplo, com relação ao estudo
da Geografia, ficou clara a ideia de lugar, que é um “estudo sobre os mapas, saber
os continentes, que é a matéria que ensina sobre os países, para decorar nomes de
rios, que aprende sobre lugares, ela estuda a rosa dos ventos, se vai chover ou não,
tudo isso tem a ver com a Geografia”.
Na sequência, discutiram-se os conceitos básicos estudados em Geografia,
começando pelo espaço geográfico, paisagem e sua importância. Também foi
situado o espaço geográfico objeto do estudo, ou “campo de estudo – Mandaguari.”,
constante no material didático produzido onde foi feito um histórico do município de
Mandaguari contendo informações, que serviram de base para o desenvolvimento
da proposta de intervenção.
Como resultado dessa atividade se obteve diversos registros fotográficos, dos
quais se destaca, entre outros, os seguintes:
As fotos acima registram o município de Mandaguari no ano de 1951e as
primeiras casas, que foram construídas na atual Vila Vitória. O povoado foi
denominado inicialmente de Lovat e posteriormente de Mandaguari.
No aspecto social se obteve também o registro de uma procissão realizada no
município e a edificação da Igreja Matriz.
No setor de transporte os alunos puderam observar o registro da chegada do
trem e a estação ferroviária do município.
Fonte: Artigo Original: http://mandaguarigeral.blogspot.com/2011/09/fotos-historicas-de-mandaguari.html#ixzz34jldEbiL
Acesso: 15-06-2014. Horas: 16:20
Os alunos sentiram-se incentivados a participar quando constataram que a
aquisição do conhecimento por meio da prática torna o aprendizado mais cativante,
interessante e contribui para sua melhor assimilação.
3.2. Segunda etapa - Dinâmica físico-natural da paisagem
Tendo por objetivo investigar como o aluno observa e compreende o
significado de paisagem natural e humanizada e o estabelecimento de sua
importância, considerando que a paisagem está para a Geografia como a primeira e
mais rápida apreensão que se pode ter sobre um determinado espaço; que no
ensino da Geografia a leitura da paisagem requer uma alfabetização geográfica, que
seu estudo deve começar pela observação e identificação de seus elementos até
atingir seus processos mais complexos para construção de um pensar geográfico;
que se trata de um estudo onde os conteúdos ensinados não são meramente
teóricos, descritivos, que superem o ensino vazio e sim ligado à vida das pessoas a
partir da valorização dos espaços de vivência e das relações cotidianas das pessoas
é que essa atividade foi implementada.
Com a utilização de recursos como a TV, pen-drive e com a sua observação e
discussão se esperava que o aluno passasse a ter noção do conceito de paisagem
natural e paisagem cultural.
Como ponto de partida para estabelecimento da capacidade de observação
dos alunos no que diz respeito especificamente a dinâmica da paisagem – seus
conceitos e elementos – se realizou alguns questionamentos, como por exemplo: O
que é paisagem? Quais os elementos constituem as paisagens? Além disso,
solicitou-se que fizessem uma pintura representando uma paisagem natural e uma
paisagem humanizada. Durante a atividade os alunos foram orientados a se
utilizarem do giz de cera ou lápis de cores, pois alguns de início se mostraram em
dúvidas quanto as cores utilizadas para o desenvolvimento do trabalho.
A atividade foi executada com bastante interesse e atingiu o objetivo proposto.
Após concluir as atividades os alunos foram convidados a organizar um painel com
as imagens para serem exposto no pátio da escola para que todos possam
compartilhar do trabalho organizado. Alguns ficaram deslumbrados com a sua
paisagem pintada.
3.3. Terceira etapa - Geografia e Arte.
Nessa atividade o objetivo foi o de reconhecer a paisagem expressa em obras
de Arte, e/ou utilizar de recursos como quadros e pinturas para analisar a paisagem
e seus elementos.
A Geografia para se obter uma primeira análise do espaço geográfico utiliza-
se da paisagem. Porém, não é exclusividade da Geografia estudá-la; outras áreas
do conhecimento também o fazem podendo inclusive ajudar em sua melhor
compreensão.
Um exemplo disso ocorre na relação interdisciplinar com a disciplina de Arte.
As obras de arte como as pinturas podem retratar muito bem as paisagens naturais,
como florestas, montanhas, rios entre outros, ou construídas pelo homem, cidades,
pontes, monumentos, plantações, estrada assim como culturais.
Para o desenvolvimento da atividade de interpretação da paisagem geográfica,
iniciou-se com o quadro de Tarsila do Amaral denominada de “Paisagem com Touro“
cuja imagem retrata paisagem.
Durante a apresentação da obra foi um momento de grande descontração,
pois todos acharam o boi muito engraçado, estranho, com chifres grandes, corpo
deformado. Indagaram alguns: “Professora será que ele faz academia? Está
musculoso, engraçado mesmo”.
Em seguida foi entregue aos alunos folha de papel em branco para que cada
um representasse a obra observada da maneira como a viu e entendeu. Nesse
momento houve um alvoroço geral, pois muitos diziam: “professora eu não sei
pintar..... desenhar menos ainda” “ professora é aula de Geografia ou Arte”?
Por fim depois de passar a euforia, o trabalho foi realizado com empenho,
dedicação e motivação. Produziram trabalhos interessantes, alguns chegaram a
afirmar: “ sou melhor artista que a própria Tarsila do Amaral”
Os resultados obtidos nessa atividade foram considerados positivos e
percebeu-se que ocorreu a aprendizagem.
3.4. Quarta etapa - conhecendo a paisagem por meio da fotografia
Nessa etapa buscou-se promover a articulação entre imagens (fotos) na
promoção do estudo da paisagem.
A fotografia proporciona usos variados. Permite observar as características do
momento histórico em que ela foi feita, pode fornecer pistas dos costumes de uma
época e as mudanças na paisagem, que poderão ser observadas a partir de
comparações com imagens de períodos diferentes. É um importante instrumento de
ensino-aprendizagem, pois auxilia indicando maneiras pelas quais se pode olhar a
paisagem e permite ao aluno conhecer o mundo além da sala de aula.
Durante esta atividade foi solicitado aos alunos que trouxessem fotos do seu
local de moradia, que retratassem o antes e depois, ou seja, uma foto de um local na
situação atual e outra retratando a situação em anos anteriores. De posse desses
registros foi possível estabelecer as transformações ocorridas na paisagem e as
possíveis causas que promoveram as mudanças.
Foi uma atividade que requereu um trabalho de pesquisa junto a documentos
históricos do município e ou pioneiros, pois muitos alunos, sendo moradores atuais
no município, tiveram dificuldades para obtenção das fotos antigas.
Após a análise comparativa das fotos no município foi apresentado um
acervo de produções de Carl Warner, fotógrafo britânico que retrata paisagens
utilizando-se de produtos comestíveis, como pode ser observado no site disponível
em:
www.bbc.co.uk/.../2011/.../111218_galeria_paisagens_comida_jf_cc.sht.,veja.abril.c
om.br/blog/.../paisagens-sensacionais-feitas-com-comida.
Com base nessas imagens realizou-se sua análise e discussão a partir dos
seguintes questionamentos: Como o conteúdo paisagem geográfica está presente
nestas fotos?; Como analisar aspectos geográficos numa paisagem feita de
comida?; Quais são os elementos naturais que podem ser identificados na
paisagem?; Qual a relação entre a foto e a agricultura?; Como podemos identificar a
paisagem feita de comida com aspectos físicos, econômicos e sociais estudados na
Geografia?
Com esses encaminhamentos buscou-se identificar o conhecimento dos
educandos e auxiliá-los na compreensão, que a princípio é muito comum, a
definição de paisagem terrestre como sendo a constituição de todos os elementos
naturais e sociais, combinados entre si.
3.5. Quinta etapa - A música no Ensino da Geografia.
Outra ferramenta considerada importante recurso didático-pedagógica nas
aulas de Geografia é a música. Nessa atividade ela foi utilizada para identificar
alguns elementos das paisagens e estabelecer mudanças e permanências ao longo
de sua história. Nela, assim como também nas imagens, podem ser observados os
elementos não visíveis, ou seja, aqueles identificados pela percepção.
Para essa atividade foram utilizadas composições musicais, caso de
“Paisagem de Janela”, de Flávio Venturini, interpretada por Milton Nascimento, com
o objetivo de entender, por meio dela, como alguns elementos podem ser obtidos a
partir da observação da paisagem em uma janela.
A música foi apresentada com a exibição de clipe obtido no Youtube. Após a
apresentação fizeram um momento de reflexão e análise. Em seguida foram
convidados a reler a letra da música e fazerem um exercício de aplicação, que
consistiu em olhar pela janela da sala de aula, ou de sua casa e descrever os
elementos, destacando a paisagem observada, identificar como ela está organizada,
levantando hipóteses sobre as causas e consequências das transformações
constatadas e finalmente a que conclusão se pode chegar.
A música é uma linguagem que está presente no cotidiano das pessoas. Por
isso pode e deve ser inserida no processo educativo em qualquer área do
conhecimento. É um bom recurso incentivador e ótimo elemento educativo no
processo ensino-aprendizagem.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A escola e em especial o ensino de Geografia têm um papel imprescindível
para aproximar os alunos aos conteúdos escolares, despertar para esse olhar crítico
sobre a paisagem é buscar a compreensão do mundo e das sociedades que com ele
se interagem.
No presente trabalho, se observou que alguns alunos conheciam conteúdos e
conceitos referentes ao tema “paisagem”, embora frequentemente equivocados ou
distorcidos. Suas concepções estavam baseadas no senso comum, ou seja, tinham
um conhecimento prévio desvinculado do conhecimento geográfico. Alguns fatos
chamaram a atenção, como as formas dos os alunos perceberem a paisagem, na
grande maioria das vezes relacionando-a com a natureza; onde o ser humano não é
destacado: “ Paisagem pra mim é algo bonito, que deus criou, desenho belo com
rios, há árvores, pássaros e flores.”, ”Paisagem é uma pintura num quadro muito
bonita”.
Com essas considerações se constata que é fundamental na organização e
seleção dos conteúdos serem consideradas as diferentes realidades vivenciadas,
conhecidas e concebidas pelos alunos e que representem significado para eles.
Sendo assim, a seleção dos conteúdos de ensino e também a metodologia
devem considerar que o perfil traçado dos alunos da modalidade de ensino EJA, é
formado por jovens e adultos com idades, vivências profissionais, condições
socioeconômicas, histórico de vida e visão de mundo muito peculiar, com vivência
ampla e com vida cotidiana repleta de informações ricas e preciosas, que devem ser
aproveitadas no ensino da Geografia.
Após o desenvolvimento das atividades que duraram cerca de quatro meses
letivos, observando os textos e desenhos produzidos pelos alunos, constata-se a
apropriação de conceitos espaciais na leitura da paisagem. A implementação da
atividade deu motivação às aulas, levando os alunos a refletir e pensar criticamente,
permitindo assim a construção do conhecimento. Os alunos foram receptivos e
ativos durante a prática pedagógica, concluindo-se que estes desenvolveram
satisfatoriamente conceitos essenciais à geografia.
Todo o trabalho foi executado com a ajuda das equipes administrativa e
pedagógica da escola, que não mediram esforços para que tudo fosse realizado com
êxito.
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