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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos

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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

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MARIA APARECIDA DUTRA

ORIGEM DO SOLO DE “TERRA ROXA” NO NORTE DO

PARANÁ: O MUNICÍPIO DE APUCARANA E SUAS

SINGULARIDADES

LONDRINA

2014

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MARIA APARECIDA DUTRA

ORIGEM DO SOLO DE “TERRA ROXA” NO NORTE DO

PARANÁ: O MUNICÍPIO DE APUCARANA E SUAS

SINGULARIDADES

Artigo apresentado ao Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) da Secretaria de Estado da Educação do Estado do Paraná. Sob a orientação da Professora Drª Eloiza Cristiane Torres- UEL LONDRINA

2014

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Maria Aparecida Dutra¹

Eloiza Cristiane Torres ²

RESUMO

O presente artigo tem a finalidade de apontar os resultados obtidos através da

Implementação do Projeto intitulado, Origem do solo de “terra roxa” no Norte do Paraná: o município

de Apucarana e suas singularidades, desenvolvido com os alunos do Ensino Médio do Centro

Estadual de Educação Básica para Jovens e Adultos (CEEBJA) de Apucarana-Paraná, localizado à

Avenida Curitiba, 1052. As temáticas abordadas destacaram os seguintes tópicos: Teorias da Deriva

Continental e das Placas Tectônicas, Vulcanismo, Rochas e Tipos de Rochas (oriundas do

vulcanismo), o Relevo e o Solo do Estado com foco no Município de Apucarana. Para a realização

desse trabalho, fez-se necessário o uso de livros didáticos e paradidáticos (instrumentos de apoio),

da internet, trechos de filmes relacionados ao tema, textos direcionados à temática, cuja finalidade

era esclarecer os educandos sobre o assunto apresentado e tornar o estudo menos frustrante, com

aulas mais dinâmicas na tentativa de obter resultados mais expressivos. A abordagem didática foi

efetuada com intenção de superar os novos desafios na disciplina de Geografia, onde a dinâmica

empregada teve o papel de levar os alunos participantes, a se envolverem nas atividades propostas

demonstrando interesse pela aprendizagem, além de levá-los a construir seu próprio conhecimento

por meio da reflexão e das análises de dados apresentados e informações obtidas ao longo da

Implementação do Projeto, passando a formular e reformular conceitos originários do senso comum

em conceitos científicos, como afirma CASTELLAR, (2000, p.31).

PALAVRAS CHAVES: Terra Roxa; Rochas Basálticas; Paraná; Solo; Vulcanismo.

¹ - Autora: Professora da Rede Pública de Ensino. Formada em Geografia e Pós Graduada em Geografia e Meio Ambiente pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Jandaia do Sul-FAFIJAN. ² - Orientadora: Professora e Doutora, Representante da área de Geografia da Universidade Estadual de Londrina- UEL.

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1. INTRODUÇÃO

O trabalho apresentado retrata uma síntese dos resultados do

Programa de Desenvolvimento Educacional - PDE, ofertado pelo Governo do Estado

do Paraná, o qual veio possibilitar a formação continuada dos professores da rede

estadual de ensino, com o afastamento de 100% no primeiro ano, período esse em

que o professor PDE pode apropriar-se das inovações do sistema educacional com

a volta às universidades a fim de se capacitar e atualizar teoricamente, sendo

orientado por professores e orientadores das IES, (instituições de ensino superior

que atuam em pareceria com as escolas públicas), as quais através de cursos e

atividades diversas capacitam os professores em suas práticas docentes

implementando melhorias na qualidade do ensino público. Momento este, em o

professor PDE, tem a incumbência de preparar, ou seja, elaborar um projeto estando

o mesmo de acordo com a proposta curricular do Estado, cujo objetivo é suprir

possíveis falhas no sistema e melhorar a qualidade de suas aulas, trabalhando a

realidade da Escola Pública com sua clientela escolar. Voltando à sua escola de

origem no ano seguinte, com 75%da carga horária para a Implementação do Projeto

e coleta dos resultados obtidos através deste colocando em prática o que planejou.

Os outros 25% da carga horária são reservados para o professor PDE desenvolver

seu trabalho: implementar o Projeto, tutorear o Grupo de Estudo em Rede (GTR) e

elaborar o Artigo Final.

Vale ressaltar que não temos aqui nenhuma receita elaborada, onde os

resultados obtidos são expressos em uma escala mensurável de ótimo

desempenho, tendo em vista que a tarefa de sala de aula é por vezes frustrante,

principalmente quando somos desafiados a despertar nos alunos o interesse pelo

que se está ensinando, fazer com que estes se sintam parte integrante do processo

ensino- aprendizagem. E, para que isso de fato ocorra, o professor deverá

desempenhar sua verdadeira função, a de ser o principal instrumento de ligação

entre o “estudo e o ensino”, contribuindo para a formação de cidadãos críticos, onde

os discentes se percebem como sujeitos sociais e integrantes da sociedade.

Sob a orientação da professora os alunos realizaram as atividades

propostas num clima agradável, e também por entender que cumprir tarefas faz

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parte do processo pedagógico de sala de aula para se obter sucesso em sua

caminhada na vida escolar, relacionando os conteúdos pertinentes com o cotidiano

de cada um, levando-os a compreender sua relação com o meio onde estão

inseridos.

Partindo do princípio de que ao se construir conceitos, o aluno

realmente aprende, exemplo disso é o fato dele entender um mapa, compreender

que o relevo bem como o solo de sua região, do seu estado, ou mesmo do seu

município resultaram do processo de formação da Terra ao longo de milhares de

anos. Ao conhecer, analisar, buscar explicações para compreensão da realidade

que está sendo vivenciada no seu cotidiano, ao extrapolar para outras informações e

ao exercitar a crítica sobre essa realidade, ele poderá abstrair a realidade correta,

teorizar sobre ela e construir o seu próprio conhecimento. Ao construir conceitos, o

aluno aprende não ficando na memorização (CALLAI,2003,p. 61).

MORAES, (2010, p.1), em sua fala declara:

É necessário a busca por métodos que favoreçam o processo de ensino

aprendizagem, de modo a possibilitar aos alunos um aprendizado

significativo, com resultados expressivos, havendo entendimento e

significação dos conteúdos desenvolvidos.

Pelo fato de entender que o professor é o mediador entre o aluno e o

conhecimento científico, sendo aquele que, por meio de estratégias, dinâmicas e

conteúdos significativos deverá proporcionar uma educação de qualidade, que ajude

o educando a assumir uma posição crítica e consciente em relação à produção do

espaço em nossa sociedade, que o trabalho realizado teve todo o cuidado de

atender os quesitos necessários ao bom desempenho da temática apresentada.

No que diz respeito às atividades propostas no contexto dos materiais

didáticos pedagógicos desenvolvidos, destaca-se que as mesmas buscaram

aprofundar o conhecimento da geograficidade tanto a nível estadual bem como

municipal para possibilitar um estudo que leve ao entendimento em meio ao

intercâmbio teórico-conceitual com outros níveis de escolaridade. Haja visto, que ao

se trabalhar com a formação de conceitos supõe-se que o aluno já tenha uma certa

concepção a respeito de algo que conhece e experimenta e um ponto de partida,

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devendo ser ampliado a partir dos diálogos que a educação formal propicia. Nesse

sentido, o estudo da formação da Terra através das Teorias: da Deriva Continental e

das Placas Tectônicas, das Formas de Relevo, dos tipos de Rochas e do Solo de

origem vulcânica, tiveram de ocorrer dentro dos parâmetros estipulados pela

metodologia adotada na aplicabilidade desse projeto, estando a mesma em

conformidade com as Diretrizes Curriculares da Educação Básica (DCEs) do Estado

do Paraná.

2. REFERENCIAL TEÓRICO METODOLÓGICO

2.1 Características Gerais do Município de Apucarana

Conforme Manosso e Nóbrega (2008), o município de Apucarana está

localizado no centro-norte do Estado do Paraná. Sua população,(dados atualizados),

em 2011, era estimada em 121.924 habitantes, segundo dados do IBGE- Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística. É a décima primeira cidade mais populosa do

estado, conhecida como “Cidade Alta”, devido à sua topografia, atualmente é

também chamada de Capital Nacional do Boné, denominação dada em virtude de o

município ser o maior polo boneleiro do país. O nome Apucarana é de origem tupi-

guarani.

De acordo com os mesmos autores citados no parágrafo anterior,

Apucarana ocupa uma área territorial de 544km² (PMA,1994), limitando-se ao Norte

com o município de Arapongas, ao Sul com rio Bom, Califórnia, Marilândia do Sul e

Novo Itacolomi, a Leste com Londrina e Oeste com Cambira.

O município foi instalado em 1944, por intermédio da Companhia de

Terras Norte do Paraná, desenvolvendo-se no contexto da expansão da lavoura

cafeeira, situada no Terceiro Planalto Paranaense, sobre um grande divisor de

águas, entre as bacias hidrográficas dos rios Tibagi a Leste, Ivaí ao Sul e

Paranapanema ao Norte. O município apresenta altitudes compreendidas entre 750

a 860 metros ao longo deste interflúvio principal, até cotas inferiores a 500 metros,

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nas extremidades Leste, Oeste e Sul do município. O substrato geológico em toda a

extensão é constituído por uma sucessão de derrames vulcânicos (rochas

basálticas) predominantemente da formação Serra Geral e Grupo São Bento.

(MANOSSO e NÓBREGA, 2008).

A figura 1 traz a localização aeroespacial do Município de Apucarana:

Figura 1 – Localização Aeroespacial do Município de Apucarana Fonte: MANOSSO e NÓBREGA, 2008, p 90

Fonte: IBGE, 2008 Org. MANOSSO, F.C.2004 BASE: IBGE,1977 Folha SF-22-Y-D Escala: 1:250000

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2.2 O Relevo de Apucarana

O Planalto de Apucarana, situa-se entre os rios Tibagi, Paranapanema,

Ivaí, e Paraná, atingindo altitudes de 1125 metros na escarpa (Serra do Cadeado e

Bufadeira), declinando para 290 metros ao atingir o rio Paranapanema. O mesmo

acontece na região Oeste, quando atinge altitudes de 238 metros no rio Paraná.

(MAACK, 1947).

2.3 O Solo

Desde a formação do Planeta, a Terra, vem sofrendo alterações

constantes. A priori, pode-se compreender que a conjunto de rochas existentes na

superfície da terrestre está, há dezenas de milhões de anos, vulnerável às

mudanças climáticas (temperatura), dos fenômenos meteorológicos como, por

exemplo: as chuvas, os ventos, e concomitantemente à ação do curso dos rios e

movimentos das ondas dos mares. A soma destes e outros fatores vão, lentamente,

estilhaçando minuciosamente as rochas e gerando modificações químicas. Desta

forma, que pouco a pouco, o solo se desenvolveu, e ainda prossegue neste

processo de remodelagem continuada. (SENE e MOREIRA, 1998)

Além dos fatores supracitados, outro agente que contribui diretamente

com a formação do solo são os seres vivos. Na primeira fase do solo, existem

apenas as rochas, e a partir disto, sobrevêm as chuvas e os ventos desintegrando

as rochas. Em seguida, porções de liquens e/ou sementes são aliciados pelo vento

para uma área ainda sem vida, aonde então, por meio do alojamento e com a

replicação destes organismos, lentamente ocorre a modificação desta região

primária. Os liquens, por exemplo, são responsáveis pela produção de ácidos que

auxiliam a desagregação das rochas, e por este fator, surgem fendas nas rochas e

se tornam ideais para que plantas alastrem suas raízes contribuindo ainda mais para

a alteração do solo. Conforme estes organismos morrem, seus restos contribuem

para o enriquecimento do solo com matéria orgânica e, à medida que esta se

decompõe, o terreno se torna mais abastado em sais minerais. Outras plantas, que

necessitam de mais nutrientes para crescer, podem então se instalar no local.

Começa a ocorrer o que se chama de sucessão ecológica: uma série de organismos

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se instala até que a vegetação típica do solo e do clima da região esteja formada.

(SENE e MOREIRA, 1998)

2.4 Rochas em Apucarana

O município de Apucarana está assentado sobre rochas basálticas

representante do maior derrame de lavas basálticas ocorrido na Terra, há 132

milhões de anos, durante o Período Cretáceo, na era Mesozóica.(MAACK,1947).

A Terra era composta por uma única massa continental chamada

Pangeia, que com o decorrer dos tempos se dividiu originando os continentes que

hoje conhecemos. Toda essa região, naquela época era composta por um deserto

denominado “Deserto de Botucatu” e sob esta deserta região que ocorreu a enorme

ruptura do supercontinente de Gondwana, originando a separação da América do sul

e a África do Oceano Atlântico Sul. Uma das consequência foi o derrame excessivo

de lavas vulcânicas basálticas onde hoje se situa a região de Apucarana

(MAACK,1947).

Esse tipo de composição: a saber o basalto é oriundo da fusão entre o

material preexistente em zonas profundas da crosta terrestre, ou até mesmo abaixo

dela, e que num determinado momento subiram à superfície através de fraturas de

distensão, provocando o derramamento do material vulcânico. Este gigantesco

vulcanismo cobriu uma superfície de 1.200.000km², podendo alcançar 1.500 metros

de altitude de Apucarana. Forma necessário muitos derrames para atingir essa

espessura.

2.5 Pedras do Cambira

Há na região de Apucarana formações rochosas cuja origem segue o

padrão das demais rochas vulcânicas, tais rochas que se expõem nesta localidade

foram denominadas como “Pedras do Cambira”, e as mesmas podem ser

encontradas ao longo do Terceiro Planalto Paranaense, ou seja, onde está situado o

município de Apucarana. Estas rochas basálticas nada mais são do que um

indicativo da formação de rochas originadas do resfriamento dos sucessivos

derrames de lavas basálticas que aconteceram em ocasiões passadas.

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Estas rochas se encontram na disposição paralela , mantendo-se em

direção no formato de prismas hexagonais, que correspondem a corpos intrusivos

com espessura que podem variar de alguns centímetros até dezenas de metros. Em

geral elas preenchem as fraturas de tensão e são denominadas de “diques”, não

restando dúvidas de que os tais foram os alimentadores dos derrames vulcânicos,

funcionando como “vulcões de fissura” por onde as lavas extrudiam para constituir a

sucessão basáltica.(SALAMUNI, 1969).

2.6 Os Tipos de Solo

Em cada lugar do planeta, encontrar-se-á um tipo de solo, o que gera

esta variabilidade são as diferenças ali encontradas como: o tipo de rocha que

originou a formação geológica daquela região, o aglomeração de matéria orgânica, o

clima, as vegetações cresceram ali e também o lapso de tempo transcorrido para

que tal solo se formasse.

Em regiões com tendências mais desérticas que possuem clima árido e

seco, o processo rápido de evaporação da água faz que, consigo, evaporem

também e os sais minerais nela contidos, fazendo com que o mesmo se deposite

sobre o solo, tornando assim um empecilho para o desenvolvimento sadio de uma

vegetação. O contrário ocorre em climas úmidos. Com o advento das chuvas sobre

a terra, a água permeia o solo e atraindo para as regiões mais profundas uma

excelente quantidade de sais minerais, enriquecendo assim o solo. (SENE e

MOREIRA, 1998).

Dentre os tipos de solo encontram-se as seguintes variações: Solos

arenosos com grande predominância de areia em sua composição têm como

característica um rápido escoamento e secagem de água, por serem muito porosos;

isto é, há muitos “buracos” entre os grãos de areia, permitindo assim que a água

passe rápida e livremente entre as partículas. Desta forma, este solo torna-se

pobres de nutrientes e sais minerais. (SENE e MOREIRA, 1998).

Já os solos argilosos detêm mais de 30% de argila, que por sua vez

também é constituída por areia; entretanto, com grãos menores e interligados, e são

capazes de reter água, retendo também sais minerais e demais nutrientes, deixando

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o solo mais fértil. Caso o solo possuir uma composição muito argilosa, este poderá

ficar encharcado, repleto de possas de água após uma chuva. A água de maneira

demasiada nos poros da terra afeta a circulação de oxigênio, prejudicando o

desenvolvimento das plantas e o inverso ocorre quando este tipo de solo está seco e

compacto, sua porosidade diminui, deixando-o duro e ainda menos ventilado. (SENE

e MOREIRA, 1998).

A terra preta, também denominada de terra vegetal, é rica em húmus, o

que implica em também ser conhecido como solo humífero. Este tipo de solo contém

cerca de 10% de húmus tornando o solo muito fértil. O húmus se dá através do

procedimento de decomposição dos organismos, produzindo sais minerais

necessários a vegetação, auxiliando a deter água no solo, tornando-o bem poroso e

com boa circulação de ar. (SENE e MOREIRA, 1998).

A Terra roxa é um tipo de solo extremamente fértil, possui uma

característica bastante relevante devido seu aspecto vermelho-roxeada, por causa

da presença de minerais, especialmente ferro, advindo da decomposição de rochas

de arenito-basáltico que foram depositadas neste terreno há milhões de anos atrás

quando houve o maior derrame de lava que o planeta já conheceu durante a

separação da Gondwana (atuais continentes Sul Americano e Africano) na Era

Mesozoica. (SENE e MOREIRA, 1998).

No Brasil, há regiões específicas onde a terra roxa pode ser

encontrada; a saber, na parte ocidentais dos estados do Rio Grande do Sul, São

Paulo, sudeste do Mato Grosso do Sul, Santa Catarina e Paraná, com grande

ênfase nos três últimos Estados por apresentar um solo de alta qualidade. A terra

roxa é assim denominada, devido a imigração italiana, quando as famílias vieram ao

Brasil para trabalhar em fazendas cafeeiras, e os mesmos faziam menção ao solo

como “terra rossa”, considerando que “rosso” no idioma italiano significa vermelho.

Logo, pela a similaridade fonética das palavras em seus respectivos idiomas, em

português acabou sendo nomeada como "roxa", então, o nome "terra roxa" acabou

se firmando. (SENE e MOREIRA, 1998).

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2.7 Solos de Apucarana

Apucarana faz parte do Terceiro Planalto e sua geologia e

caracterizada pela formação da Serra Geral. O solo da região é de origem basáltica,

mas conforme sua localização, em topografia mais plana e acidentada, apresenta

tipos de solo diferentes, consequentemente de fertilidade variável. Os principais

tipos de solos da região são: terra roxa estruturada, Litólicos, vermelho escuro,

Latossolo, e Podizóico, vermelho amarelado.

A terra roxa é um tipo de solo encontrado no Planalto Meridional

Brasileiro e tem sua formação originada na era Mesozóica, a partir do derramamento

de lava vulcânica na crosta terrestre, o que ocorreu através da abertura de fendas.

Essa lava ao se resfriar intensamente, deu origem às rochas basálticas e diabásicas,

que mais tarde, se transformou por meio da ação do tempo, no solo de terra roxa,

extremamente fértil, próprio para a agricultura, o que explica o sucesso da lavoura

cafeeira no norte do Estado, como afirma a Professora Virginia, em sua obra-

Origem e tipos de solos.

No Norte do Paraná, por capricho da natureza, a lava do basalto,

endureceu sobre um imenso lago subterrâneo, o Aquífero de Botucatu, porém sua

massa mineral foi também derramada na África e em vários outros pontos do Brasil.

Mas só no Paraná, o basalto, viraria a “terra roxa”, apelido dado pelos colonos

italianos, que a chamavam de terra “rossa”, terra vermelha. O basalto (rocha mãe)

da terra, conforme se corrompia pela umidade durante milênios, foi liberando óxido

de ferro, que deu origem a cor avermelhada. (PELLEGRINI, 1990, p. 15 e 16).

Desta forma, o solo torna-se fruto dos elementos do cenário natural

onde está inserido; ou seja, desde o sistema de interação do complexo natural: a

rocha mãe, o relevo, a água, o calor e outros organismos. (PASSOS,2003).

Devido às seus atributos morfológicos, as rochas basálticas localizadas

em relevante quantidade no município de Apucarana, modificaram-se ao longo do

tempo sob a ação do intemperismo, dando origem à terra roxa não só do município

como em toda a região, perfazendo cerca de 50% dos solos encontrados no Estado

do Paraná. (MAACK, 1947).

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Especificamente no caso de Apucarana, em determinadas áreas de

relevo mais delicado, é comum encontrar amostras de solos profundos e bem

desenvolvidos, os quais são denominados de Latossolo Vermelho ou Nitossolo

Vermelho. Já nas áreas de relevo mais inclinado, encontra-se os solos do tipo

NeossoloLitólicos, um tipo de solo mais jovem e raso e podendo expor à superfície

pequenos blocos de rochas mais resistentes. (MAACK, 1947)

De acordo com o estudo realizado por Reinhard Maack, (1947), no

município de Apucarana destacam-se os seguintes tipos de solo:

Litólicos: rasos, pouco densos, pouco desenvolvidos e pedregosos.

Situam-se nos cumes íngremes associados à afloramento de

rocha(topos) e campos de matacões.

Solos intermediários: solos poucos espessos, argilosos, em encostas

mais pronunciadas sujeitos a processos erosivos.

Solos hidromórficos e aluviões: material argilo-arenoso nas baixadas

e de pouca densidade. Podem existir aluviões recentes, posteriores à

urbanização.

Colúvios de sopé: material argilo-arenoso com blocos espessos. São

poucos densos e estão situadosjunto às porções mais suavizadas de

despenhadeiros . Podem apresentar linhas de pedregulhos na base.

Solos profundos: bem desenvolvidos e porosos, ocupam zonas

planas e chapadas e altos topográficos e encostas suaves. São solos

lateríticos consistentes rijos, com boa penetrabilidade e variáveis.

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3. JUSTIFICATIVA

Partindo da concepção de que as mudanças ocorridas no espaço

geográfico ao longo dos tempos, impulsionadas pelo avanço tecnológico acabaram

por ocasionar uma série de transformações no estilo de vida da sociedade

provocando implicações em várias de suas esferas, indo de encontro à comunidade

escolar. Com base nessa ideia, que somada às indagações dos alunos sobre o fato

do município, estar ou não, assentado sobre uma área de antigo vulcão, que nasce

o desejo de se trabalhar com temas que viessem contemplar esses

questionamentos, e, também por entender que o ser humano sempre se sentiu

atraído pelos fenômenos de ordem física da natureza.

Outro fator a ser ponderado, foi o desejo de melhorar a compreensão

e a assimilação dos conteúdos trabalhados, pensando numa maneira de tornar mais

atrativa e eficaz a dinâmica de sala de aula, viabilizando as temáticas ora

apresentadas, tendo como objeto de estudo, o solo de “terra roxa”. A proposta foi

trabalhar com temas que partissem do interesse e curiosidade dos educandos como

já foi mencionado, vendo nesta, uma forma de gerar resultados mais satisfatórios e

expressivos, buscando meios próprios para a geração desses resultados, a fim de

amenizar transtornos causados no meio escolar como fruto das supostas mudanças

ocorridas no espaço no decorrer dos tempos.

O trabalho teve como temática principal, o solo de origem vulcânica, a

“terra roxa” no Norte do Paraná: o município de Apucarana e suas singularidades.

Para se chegar ao conhecimento desse elemento, fez-se necessário a retomada de

conteúdos, tendo como ponto de partida a Formação da Terra, onde o objetivo

principal foi apresentar uma proposta didática aos alunos a partir da abordagem

interdisciplinar, correlacionando o estudo da origem da Terra, através da Deriva

Continental e das Placas Tectônicas resultando no vulcanismo ocorrido em épocas

passadas na região onde se localiza o município de Apucarana.

Tal fenômeno deu origem às rochas magmáticas, das quais o “basalto”

é parte integrante, sendo o litotipo dominante na região Norte do Estado do Paraná.

Consequentemente vindo formar o solo de terra roxa, característico da nossa região.

Além das rochas e do solo, foi feita também uma abordagem sobre o relevo, por

entender que esses elementos estão interligados e ambos fazem parte deste

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contexto. Tais temas pertencente à Geografia Física, foram apresentados aos

alunos na forma de textos, vídeos, trechos de filmes, com o uso da internet,

elucidando sempre as variáveis do meio físico, de forma tal a correlacioná-los com a

preservação do meio ambiente, fazendo ponte com as demais ciências ligadas à

Geografia.

4. METODOLOGIA.

O trabalho transcorreu da seguinte maneira: No primeiro momento, a

professora expôs sua ideia discorrendo o porquê da escolha dessa temática, dando

aos alunos, liberdade de expressão. Uma vez esclarecida as dúvidas, foi entregue

para cada aluno um “livreto” preparado para esse fim, contendo toda a temática do

Projeto, cuja finalidade era a de tornar o trabalho mais ágil e facilitar a compreensão.

Foram também apresentados textos selecionados no livro didático referentes ao

assunto em questão. Ao se trabalhar as Teorias da Deriva Continental e das Placas

Tectônicas, os alunos em posse do material, com os textos selecionados, tendo um

pré conhecimento do assunto por meio das leituras feitas e com auxilio da internet

onde foram analisando cada placa, como se processa seus movimentos, sua

localização, seus respectivos nomes, etc. puderam traçar comentários, fazer

observações e anotações que julgassem necessárias. Houve a todo tempo o apoio

da professora que coordenava os trabalhos, esclarecendo possíveis dúvidas e

ajudando nos apontamentos onde a finalidade era o entendimento de todos. Para

uma melhor compreensão e assimilação do conteúdo, foi apresentado o vídeo

“Viagem ao Centro da Terra”. Uma vez entendida a temática sobre a formação da

Terra, passamos para as atividades práticas: Em posse da atividade (mapa mundi),

com apoio de atlas geográficos, ficou estabelecido que fizessem a identificação dos

atuais continentes e dos oceanos, escrevendo seus respectivos nomes, e em

seguida, deveriam colorir cada continente com cores diferentes e os oceanos em

sua cor convencional (azul claro). Foi sugerido a criação de uma legenda para

melhorar a compreensão.

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Nossa próxima atividade foi a confecção das maquetes de vulcões.

Nessa temática, assim como na primeira, os educandos novamente utilizaram-se da

internet como instrumento de pesquisa. Perguntas, como a de costume quando se

trabalha essa temática, vieram à tona como exemplo: É verdade que Apucarana

está sobre um antigo vulcão? Ele poderá entrar novamente em atividade? As

dúvidas foram sanadas de acordo com os questionamentos surgidos. A tarefa aqui

foi pesquisar no laboratório de informática nomes das regiões brasileiras oriundas

do vulcanismo em épocas passadas, suas localizações no território brasileiro, a

importância de cada uma no contexto geográfico e econômico do país.

Em sala de aula, foi colocado em prática o que aprenderam, demostrando

interesse. Também aqui foi primordial a presença da professora, desempenhando o

papel de mediadora do conhecimento, orientando passo a passo o trabalho que fora

realizado em grupo de quatro alunos, onde a intenção era o auxilio dos mais hábeis

àqueles com menor jeito para esse tipo de trabalho. Nesta perspectiva, pontua-se

que o professor teve o papel de mediador do conhecimento das aulas com os

alunos, criando condições e situações que permitam o avanço do ensino-

aprendizagem.

Para haver um ensino de Geografia (bem como o de outras áreas do

conhecimento), com bases críticas é necessário que haja um professor que exerça o

papel de mediador desse processo com um determinado tipo de mediação que

requer domínio de conteúdos, pensamento autônomo para formular sua proposta de

trabalho, sensibilidade para dirigir o processo em todas as etapas e nos diferentes

momentos para o aluno. CAVALCANTI (2003).

Na aula seguinte foi a vez de trabalhar com as “rochas”. Embora não

seja do conhecimento de todos, mas haja visto que alguns já tinham esse

conhecimento, foi esclarecido que o município de Apucarana, localizado no Terceiro

Planalto, teve sua formação a partir do resultado do vulcanismo que ocorreu nessa

região em épocas passadas dando origem às rochas vulcânicas, das quais

destacam-se o basalto, muito comum na região, que ao sofrer o processo de

intemperismo através da ação dos ventos, das chuvas, do calor do frio, etc. se

decompôs formando a terra roxa. Nesse momento foi realizado com a sala a

exposição do material enviado pela MINEROPAR e posteriormente foi lançado um

desafio para a classe, onde cada aluno deveria trazer para a aula do dia seguinte,

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amostras de rochas que encontrasse em sua região, essa atividade de classificação

foi feita com a sala no dia seguinte. Também aqui foi notória a participação da turma,

mesmo aqueles que não haviam levado o material, se juntaram a outros do grupo,

com o intuito de aprender mais sobre a temática.

Nosso próximo passo a ser dado, foi a confecção das maquetes de

vulcões, o resultado obtido superou as expectativas, onde os grupos (um de cada

vez) fez a simulação de um derrame basáltico proveniente de uma erupção

vulcânica, concluindo que o magma ao entrar em contato com o ar frio, fora do

crosta terrestre, (com o nome de lava) se solidifica, dando origem às rochas

magmáticas, muito comum em nossa região, da qual o basalto é parte integrante.

Nosso próximo passo para o melhor entendimento foi realizado junto ao laboratório

de informática uma visita ao site indicado pela professora com , uma pesquisa sobre

as Pedras do Cambira. Nessa atividade pode-se perceber a capacidade criativa de

cada aluno por meio da produção textual .através de mapas conceituais.

Para a atividade de confecção de maquetes dos vulcões foram

necessários os seguintes materiais: jornais, argila, água, corante vermelho, vinagre,

bicabornato de sódio e papelão (usado como suporte), cone de linha ou barbante, ou

copo grande de plástico. Os jornais foram empregados como camadas entre o cone

e a argila. Sobre o cone, em cima da camada de jornais aos poucos foram sendo

depositada a argila para modelagem do vulcão até chegar ao seu formato, ou seja, a

fase final.

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Uma vez trabalhada a temática “vulcanismo”, passamos para o

Ainda por meio do trabalho coletivo, os educandos colocaram em

prática o que aprenderam na teoria ao elaborar a maquete do relevo do Estado do

Paraná. Houve nessa dinâmica, à exemplo da anterior (maquete dos vulcões)

participação ativa de todos os envolvidos na questão, demonstrando total interesse

pela temática, onde através do conhecimento já adquirido, os alunos puderam

executar o que fora planejado. A atividade aqui proposta era construir a maquete do

relevo paranaense, também realizada em grupo, tendo em vista que esta

metodologia surte resultados positivos e também por se tratar de um trabalho que

demandava tempo para sua elaboração, sendo uma forma de agilizar a tarefa.

Para a montagem da maquete do relevo paranaense, utilizaram-se

técnicas e materiais simples. Com os alunos em equipe, cada um se ocupou de um

recorte geográfico. Inicialmente transferiram de um mapa de representação

hipsométrica para a folha de papel seda, contornando com canetas esferográficas

cada camada. Fazendo tudo isso de forma que o EVA que estava abaixo do papel

seda, ficasse totalmente pontilhado, o que facilitaria o trabalho no momento do

Figura 2 – Estágios da confecção de uma maquete de vulcão. Fonte: A Autora

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recorte, sendo as camadas em número de seis sobre o EVA. Com as camadas já

recortadas (uma de cada vez) em curvas de nível ou nas cores hipsométricas, sendo

transferidas cada cor ou curva relativa à altimetria da folha (papel seda)

para uma folha de papel paraná, estes serviram de base para a sobreposição e

posterior utilização do EVA, formando camadas de cores diferentes, as quais iam

sendo coladas, uma sobre a outra. As cores escolhidas foram: verde claro, verde

escuro, laranja, vermelho, marrom claro e marrom escuro, variando da altitude mais

baixa à mais alta. Foram também utilizados colas para EVA, réguas, canetas,

tesouras, canetas, etc.

Figura 3 – Estágios da confecção da maquete do Relevo do Paraná em E.V.A. Fonte: A Autora

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Nossa última atividade foi a palestra ministrada pelo Engenheiro e

Agrônomo da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Governo do

Estado do Paraná – EMATER/PR do nosso município, Dr. Nelson Harger. Atividade

essa que se estendeu para outras turmas do Colégio, pelo fato da equipe

pedagógica entender que a temática trabalhada abordava um assunto bastante

polêmico e do interesse de todos, assim seria viável que a coletividade se

envolvesse e interagisse. Vale ressaltar também que essa temática é a “menina dos

olhos” desse projeto.

Em sua fala, o Dr. Nelson destaca que temos o privilégio de residir

numa região com um dos melhores solos do país, ou até mesmo do mundo: rico em

nutrientes, próprio para agricultura, o que coloca o Paraná em lugar de destaque,

sendo conhecido como “celeiro agrícola” do país. Segundo o Dr. Nelson, “é

fundamental que o agricultor saiba fazer o uso correto do solo. Como exemplo não

cultivar em áreas de terreno pedregoso, em áreas de encostas, etc. O certo é que

esse tipo de terreno fique sem cultivo e muito menos introduza nele (solo) animais

como muitos fazem”. “É comum deparamos com criação de animais em áreas onde

as rochas afloram à superfície”, destacou o palestrante. Também, deve ser evitado o

uso de maquinários pesados na agricultura os quais causam sérios problemas ao

meio ambiente, podendo ocasionar a erosão, um dos graves problemas do solo. Nas

áreas próximas às nascentes, margem de rios, o correto é que se preserve,

deixando o espaço determinado por lei, fazendo plantio com espécies adequadas

cuja finalidade é a preservação. “Apesar da existência de leis que regulamentam o

uso devido do solo, sabemos que nem sempre elas funcionam como deveriam a

exemplo de outras leis existentes no país.” Ressaltou o palestrante.

Outro item enfatizado foi a questão da cobertura vegetal, necessária à

vida dos microrganismos que atuam no solo e subsolo, ambos necessitam desse

para sobreviver, ou seja, um interage com o outro. Segundo o Dr. Nelson, o mesmo

é composto por 3 (três) elementos básicos: o ar, a água e os microrganismos, que

se agregam um ao outro formando uma massa compactada, o que leva um período

de aproximadamente 400 anos para formar 1(um) centímetro da sua camada.

Destacou os tipos de solos da nossa região: o Latossolo Vermelho e o Nitossolo

Vermelho, ambos classificados como solos profundos e bem desenvolvidos, além

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dos solos mais jovens e rasos, o Neossolo Litólicos, podendo expor à superfície

pequenos blocos de rochas mais resistentes, discorrendo sobre a importância de

cada um deles. Sem deixar de dar destaque ao fato desse solo ser de origem

vulcânica, ou seja, se formar a partir da decomposição das rochas magmáticas,

muito comum em nossa região, a saber o basalto, que embora seja o litotipo

dominante na região Norte, esta rocha pode produzir solos variados dependendo de

como se deu o processo de intemperismo (a partir de fatores como declividade,

proximidade com corpos d’ água , clima, presença e tipo de vegetação, etc.).

Enfatizou ainda o uso de técnicas de adubação e calagem feitas pelos agricultores,

as quais devem ser efetuadas com a devida orientação e acompanhamento de um

técnico da EMATER/PR.

A fundamentação teórica do projeto procurou abranger todos os

conteúdos pertinentes a temática trabalhada, em especial ao estudo do solo de

modo a destacar um tópico que nos remetesse à questão relacionada à vida em

sociedade que é a origem do solo de “terra roxa”, por entender que a mesma possui

valor histórico devido à sua fertilidade, sendo este um fator responsável pelo

desenvolvimento econômico, social e político do país. O objetivo principal nesse

momento foi levar o alunado à uma reflexão sobre o uso do solo no passado, no

presente e como será seu uso pelas futuras gerações.

As atividades apresentadas foram extremamente bem elaboradas,

possibilitando toda a leitura, interpretação e resolução das tarefas lúdicas,

despertando a imaginação e a realidade dos nossos educandos. A partir das

reflexões surgidas no coletivo, cada aluno discorreu sobre o tema relatando suas

ideias sobre o assunto, onde cada um teve a chance de se expressar usando sua

criatividade, dando destaque aos problemas ambientais existente no município e no

mundo, sugerindo alternativas para os mesmos.

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.

5. CONCLUSÃO

Ao avaliar o desenvolvimento do trabalho como um todo, constatou-se

que foi dada aos alunos a oportunidade de se expressarem sobre o conhecimento

assimilado no transcorrer das atividades. Por meio de opiniões e respostas dos

alunos foi possível constatar que os conceitos e temas trabalhados no formato dessa

proposta, viabilizou não apenas o conhecimento, mas levou a clientela a uma

aprendizagem mais eficaz. Tornando também mais eficiente o ensino bem como a

aprendizagem. Com esse propósito é possível alicerçar conceitos de forma

integrada e não fragmentada, sob um parâmetro de abordagem novo e entrosado

com o aluno. Também merece destaque os trabalhos em grupo onde os educandos

mostraram bastante desenvoltura no tratamento com os demais colegas da equipe,

um ajudando ao outro, sendo solidários quando foi preciso. Da experiência proposta

Figura 4 – Palestra ministrada pelo Engenheiro Agrônomo Dr. Nelson Harger da EMATER/PR aos alunos.

Fonte: A Autora

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__________________________________________________________________________

¹-. Momento coletivo, nele aluno é atendido de forma diferenciada do momento individual. Ex. quando um aluno

está no oitavo ano, toda a classe caminha nessa mesma série. Se estiver no 1º(primeiro) ano, toda a sala está junto na mesma série. Já no momento área, vamos encontrar alunos do 6º (sexto) ao 9º (nono) ano e do e do 1º (primeiro) ao 3º (terceiro) ano, todos numa mesma sala, mas cada um se encontra num patamar diferenciado. Com temas diferentes.

nasceram algumas sugestões por parte dos alunos como a de se estender para

outras disciplinas a metodologia aplicada nessa implementação.

Apesar dos bons resultados obtidos, não foi tão simples, tendo em vista

que os alunos da (EJA) Educação de Jovens e Adultos apresentam características

diferenciadas dos demais alunos do ensino regular. Por se tratar de uma clientela,

onde a maioria dirige-se para a escola direto do trabalho e, mesmo demonstrado na

maioria das vezes, disposição para o aprendizado, cabe ao educador, que além de

ter o perfil para essa modalidade, ter ainda tolerância com aqueles que às vezes

chegam atrasados para a primeira aula (momento coletivo¹) o que acaba causando

um certo atraso no desenvolvimento e andamento das aulas que seguem essa

modalidade, não restando ao professor outra alternativa, a não ser que repasse

novamente todo o conteúdo, gerando um certo atraso no trabalho dos docentes,

além de deixar ociosos os que já executaram tal conteúdo. Temos também o caso

daqueles alunos que chegam exaustos da lida diária, sem falar dos que estão

afastados dos bancos escolares por um longo período de tempo, provenientes de

motivos variados. Ainda assim, vale todo o esforço quando vemos nosso trabalho

sendo compensado por aqueles que ainda, que com tantos obstáculos conseguem

transpor barreiras, vencer os inúmeros desafios impostos pela vida.

Através desse projeto pude concluir que os alunos de um modo geral,

demonstraram ter maior interesse pelos conteúdos que até então não tinham.

Merece destaque os relatos de alguns alunos sobre a maneira de olhar o “relevo” e o

“solo” dos bairros, da cidade e seu entorno, quando andam pelas ruas, nos lugares

por onde passam, diferentemente de quando não tinham o conhecimento científico

sobre os tais conteúdos, pois como bem afirma CALLAI (2004, p.04), esta forma de

intervenção é importante, uma vez que ela parte do conhecimento e pesquisas

realizadas ao longo do trabalho (projeto), ou seja, da realidade do aluno, permitindo

ao mesmo que se sinta sujeito, tendo uma identidade, numa perspectiva de

pertencimento.

A distribuição das atividades da forma como foi feita, propiciou aos

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educandos, além da construção do conhecimento específico sobre as formas de

relevo, do solo e tipos de solos do estado com ênfase em Apucarana, a desenvolver

habilidades como a de buscar fontes de pesquisas sobre determinado assunto,

observar melhor o lugar onde vivem. Além, é claro de despertar o olhar crítico para a

economia local e regional, que é sem dúvidas o fator primordial para toda e qualquer

sociedade se desenvolver. Merece destaque o momento de confecção de maquetes

(relevo), onde ficou evidenciada a habilidade de alguns para traçar linhas, recortar e

colar as camadas nos mapas.

Ao longo da implementação, pode-se observar que mesmo os alunos

com certo grau de dificuldade, responderam de forma positiva as atividades

desenvolvidas tanto no individual como na coletividade, uma vez que as dinâmicas

trabalhadas contribuíram para a construção do conhecimento em conjunto,

auxiliando no processo ensino-aprendizagem, também pelo fato das atividades se

apresentarem de forma clara e objetiva, bem como o fato da abordagem dos

conteúdos estar articulada ao conhecimento espacial, relacionando-a ao

conhecimento científico, no sentido de superar o senso comum, onde o docente

criou situações para estimular o raciocínio dos alunos, estes uma vez mobilizados,

se sentiram estimulados, tornando dessa forma sujeito do seu processo de

aprendizagem (VASCONCELOS, 1993).

Ao final da implementação foi feita com a classe uma exposição das

atividades realizadas como forma de registrar o que fora trabalhado e também de

comparar os resultados obtidos através dessa proposta pedagógica ao longo da sua

aplicabilidade.

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SENE, Eustáquio de, MOREIRA, João Carlos. Geografia Geral e do Brasil: espaço geográfico e globalização. São Paulo: Scipione, 1998.

VASCONCELOS, C. Dos S. Construção do conhecimento em sala de aula. São Paulo: Libertad- Centro de Formação e Assessoria Pedagógica,1993.