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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Produções Didático-Pedagógicas

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · produzido será postado no Blog do C. E. Dezenove de Dezembro. O material produzido na revisão de literatura do Projeto de Intervenção

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Produções Didático-Pedagógicas

Título: Um novo olhar sobre o vírus

Autor Lourdes Maria Krul

Disciplina / Área (ingresso no PDE) Biologia

Escola de Implementação do Projeto e sua localização

Colégio Estadual Dezenove de Dezembro Rua Desembargado Motta 2082, Bairro Centro

Município da escola Curitiba-PR

Núcleo Regional de Educação Curitiba-PR

Professor Orientador Valéria Maria Munhoz Sperandio Roxo

Instituição de Ensino Superior Universidade Federal do Paraná (UFPR)

Relação Interdisciplinar Biologia, Ciências, Português, Artes

Resumo A presente Unidade Didática foi desenvolvida para facilitar a compreensão dos conteúdos na disciplina de Biologia na modalidade EJA, em específico sobre os vírus. Utilizando metodologia de Brainstorming e mapa conceitual como estratégia de motivação pretende-se que o educando articule antigos e novos saberes sobre o tema. Tem também como objetivo apresentar o vírus como uma das ferramentas na engenharia genética, além de fornecer sugestões de atividades de fácil aplicação que promovam a participação dos alunos no desenvolvimento de conhecimento e na pesquisa de conteúdos relacionados ao tema de estudo.

Palavras-chave VÍRUS, ferramenta genética, atividades

Formato do Material Didático Unidade Didática

Público Alvo Alunos da EJA do Ensino Médio

APRESENTAÇÃO

Em consonância com as Diretrizes Curriculares da Educação Básica-

Biologia (2008, p. 54), cabe ao docente desenvolver o processo pedagógico, de

modo a criar condições necessárias à apropriação do conhecimento pelo

educando.

Deste modo, a presente Produção Didática Pedagógica tem a pretensão de

articular teoria e prática, propiciando ao educando um maior envolvimento com o

objeto de estudo através de atividades realizadas que estimulam sua participação

direta. Para isso, escolheu-se o formato da Unidade Didática, pois tem relação

direta com o público alvo através das atividades individuais e em equipe que

serão propostas.

Na unidade serão apresentadas atividades que podem ser executadas

pelos alunos da Educação de Jovens e Adultos do Ensino Médio através da

mediação do professor de Biologia. Serão utilizados materiais relacionados ao

tema VÍRUS disponíveis em livros, periódicos e sites, além de vídeos e filmes que

versam sobre o assunto.

A primeira atividade proposta utiliza a técnica de Brainstorming (ou

“tempestade de ideias”) para uma primeira análise do conhecimento dos

discentes sobre o tema vírus. Seu fechamento acontece com a confecção de um

cartaz.

Segue-se a ela, como segunda atividade proposta, uma aula expositiva

dialogada onde serão exibidos alguns trechos do filme “Gattaca - Experiência

Genética” (1997) e do filme “O Legado Bourne” (2012). Este último filme, foca o

uso do vírus como vetor na engenharia genética.

Como terceira e última atividade proposta será apresentada a construção

de um mapa conceitual sobre o objeto de estudo. Desta maneira, será possível ao

docente avaliar os conhecimentos adquiridos pelos educandos ao longo da

aplicação do projeto, comparando os cartazes construídos na atividade 01 e o

mapa conceitual fruto desta terceira e última atividade. Parte do material

produzido será postado no Blog do C. E. Dezenove de Dezembro.

O material produzido na revisão de literatura do Projeto de Intervenção

Pedagógica, com o tema VÍRUS, está anexado e serve como referência de

estudo.

UNIDADE DIDÁTICA

Tema: Vírus

Conteúdos Estruturantes: Seres Vivos

Conteúdos Básicos: Mecanismos celulares biofísicos e bioquímicos

ATIVIDADE 01

Objetivo Geral

Diagnosticar o conhecimento dos alunos sobre o tema vírus.

Objetivos Específicos

Diagnosticar a visão dos educandos sobre o tema vírus;

Identificar as relações de conhecimento popular associadas aos vírus;

Construir um cartaz contendo essas informações;

Despertar a curiosidade sobre os seres vivos denominados vírus.

Metodologia

Uso de Brainstorming como ferramenta metodológica;

Atividade em equipe: confecção de cartaz contendo a visão popular que os

educandos possuem sobre o tema.

Recursos/ Materiais

Quadro negro e giz;

Cartolina;

Réguas;

Pincel atômico de cor preta /azul.

Tempo estimado: 3 horas-aula, incluindo a aplicação do Brainstorming,

confecção dos cartazes e apresentação do material produzido.

Descrição das atividades

1- Dispor os alunos em sala de aula preferencialmente em um grande círculo;

2- Apresentar aos educandos o tema em questão;

3- Apresentar a técnica de tempestade de ideias e fomentar a participação de

todos os educandos, ressaltando que todo conhecimento e toda

participação é válida e que deve ser livre de quaisquer julgamentos;

4- Montar as equipes de alunos e circular dentre os grupos fomentando a

participação de todos, além de fornecer algumas informações adicionais. O

número de participantes ficará a critério do professor;

5- Distribuir cartolinas, pincéis atômicos e réguas entre as equipes e

acompanhar a confecção dos cartazes;

6- Determinar os responsáveis por escrever e apresentar o material

produzido;

7- Acompanhar a exposição dos trabalhos pelos próprios membros de cada

equipe ao resto da classe;

8- Finalizar a atividade fornecendo alguns dados científicos, buscando

confirmar ou desmistificar alguns pontos-chave elencados pelas várias

equipes.

Avaliação

A avaliação se dará através da participação de cada educando durante a

tempestade de idéias e da elaboração e apresentação dos cartazes pelas

equipes.

Materiais de apoio

Os passos para a correta aplicação da metodologia Brainstorming bem

como dicas para sua elaboração de forma eficiente podem ser encontrados na

Revista VOCÊ S/A, edição 181, disponível no sítio:

<http://exame.abril.com.br/revista-voce-sa/edicoes/181/noticias/como-fazer-um-

brainstorming-eficiente?page=1>.

Outras atividades similares e alguns exemplos de aplicação do método

podem também ser encontrados no Portal do Ministério da Educação, bem como

através do caderno de oficinas disponível no sítio a seguir:

<http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/Pradime/cader_ofi_3.pdf>.

ATIVIDADE 02

Objetivo Geral

Conhecer as características de um organismo viral.

Objetivos Específicos

Conhecer a composição química de um vírus;

Conhecer os diferentes tipos de vírus;

Enumerar as etapas da reprodução viral;

Associar a reprodução viral com a descoberta do mecanismo de ação do

DNA;

Reconhecer vírus como uma das ferramentas genéticas.

Metodologia

Aula expositiva e dialogada;

Consulta aos sites indicados;

Exibição de trechos dos filmes “Gattaca - Experiência Genética” (1997) e

“O Legado Bourne” (2012);

Criação de correlações entre o exposto através das aulas expositivas e o

conteúdo exibido nos filmes.

Recursos/ Materiais

Quadro negro e giz;

Laboratório de informática;

Filmes: “Gattaca - Experiência Genética” e “O Legado Bourne”.

Tempo estimado: 8 horas-aula, incluindo a apresentação dos conteúdos,

pesquisas em sites específicos, a exibição dos filmes e o dialogo entre os alunos

sobre a relação entre todo o conteúdo abordado.

Avaliação

A avaliação se dará através da construção de textos sobre o tema “Um

novo olhar sobre o vírus”, no qual os educandos deverão relacionar os temas

expostos durante as aulas expositivas e os filmes apresentados.

Os trabalhos serão revisados e postados no blog do Colégio Dezenove de

Dezembro para acesso de todos.

ATIVIDADE 03

Objetivo Geral

Mapear os novos conhecimentos sobre o tema vírus que foram

incorporados pelos dicentes.

Objetivos Específicos

Desenvolver a técnica de mapa conceitual com os educandos;

Avaliar a aprendizagem dos alunos;

Diagnosticar os tópicos mais citados e presentes nos mapas

confeccionados;

Diagnosticar os tópicos menos citados e ausentes nos mapas

confeccionados;

Expor os mapas construídos pelos alunos.

Metodologia

Conceituação da técnica de Mapa Conceitual;

Construção de mapa conceitual sobre o tema vírus;

Análise e comparação do mapa conceitual obtido com os cartazes

confeccionados na primeira atividade, de modo a evidenciar o aprendizado

dos educandos sobre o tema;

Recursos/ Materiais

Folha sulfite;

Lápis e borracha ou caneta.

Tempo estimado: 6 horas-aula, incluindo a construção do mapa conceitual, sua

análise e exposição na lousa, para a classe.

Descrição das atividades

1- Dispor os educandos em equipes (segundo os grupos formados na

atividade 01);

2- Apresentar a técnica do Mapa Conceitual e fomentar a participação de

todos os estudantes;

3- Distribuir cartolinas, pincéis atômicos e réguas entre as equipes;

4- Circular dentre os grupos e acompanhar a evolução dos mapas

elaborados;

5- Registrar os tópicos mais citados dentre os mapas apresentados, bem

como suas lacunas;

6- Finalizar a atividade através da comparação dos cartazes elaborados na

atividade inicial da presente Unidade Didática com o mapa conceitual

desenvolvido nesta etapa;

7- Encerrar as atividades e indicar fontes para consulta e aprimoramento

futuro dos educandos;

8- Disponibilizar no blog do Colégio Estadual 19 de Dezembro o material

produzido pelos alunos no formato de textos, fotos e/ou vídeos das

atividades realizadas.

Avaliação

A avaliação se dará através da construção do mapa conceitual sobre vírus

e da participação de todos os membros pertencentes às equipes.

Material de apoio

- MAPAS CONCEITUAIS:

Os Mapas Conceituais foram desenvolvidos por Joseph D. Novak em 1960

e baseiam-se na Teoria da Aprendizagem Significativa (AUSUBEL, NOVAK E

HANESIAN,1980 apud CORAIOLA, 2007, p.46) e têm como principal objetivo a

representação gráfica de um conjunto de conceitos acerca de determinado tema.

A técnica consiste na organização de uma rede onde os conceitos são

interligados entre si, formando teias de conhecimento. Através dela, o educando

pode construir um Mapa Conceitual partindo de algo já conhecido e incorporar

novos conceitos a respeito de determinado assunto.

Para construir um Mapa Conceitual, deve-se proceder da seguinte forma

(CORAIOLA, 2007, p.47):

1) Escrever os conceitos chaves do conteúdo proposto para a

construção do Mapa Conceitual;

2) Organizar estes conceitos de maneira que os que estabelecem

alguma relação entre si fiquem próximos e também deve ser observado

o grau de importância de cada conceito;

3) Ligar estes conceitos com linhas e com setas, quando necessário for

indicar uma direção de leitura;

4) Entre cada conceito identificar através de uma frase ou apenas de um

verbo, qual a relação de um conceito a outro.

- LINKS ÚTEIS:

<http://www.visualthesaurus.com/> - sítio com busca de mapas conceituais a

partir de qualquer conceito. Realiza a pesquisa de substantivos, adjetivos,

verbos e advérbios relacionados à palavra escolhida.

(Link direto para o aplicativo: <http://www.visualthesaurus.com/app/view>).

Outra sugestão é o Edraw Mind Map, um software livre no qual os docentes

e/ou os discentes podem criar seu próprio mapa conceitual.

Software disponível no domínio: <http://www.edrawsoft.com/MindMap.php>.

REFERÊNCIAS

CORAIOLA, Sheyla Mara. Mapas conceituais em fóruns e discussão realizados

em ambientes virtuais de aprendizagem. Pontifícia Universidade Católica do

Paraná. 2007.

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ. Diretrizes

Curriculares da Educação Básica: Biologia. Governo do Paraná, 2008.

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ. Diretrizes

Curriculares da Educação de Jovens e Adultos. Governo do Paraná, 2006.

APÊNDICE A

No presente apêndice encontra-se transcrito o Projeto de Intervenção

Pedagógica intitulado “Um novo olhar sobre o vírus”, apresentado pela professora

Lourdes Maria Krul ao Programa de Desenvolvimento Educacional - PDE, da

Secretaria Estadual da Educação do Paraná – SEED-PR, sob a Orientação da

Profª. Drª Valéria Maria Munhoz Sperandio Roxo – Universidade Federal do

Paraná- UFPR.

Para evitar uma delonga excessiva da presente unidade didática, foi

mantida apenas a parte referente à revisão literária do trabalho.

REVISÃO DA LITERATURA

2.1 – ESTUDO DO VÍRUS

O que são vírus? Segundo SILVA JR., SASSON e CALDINI JR. (2010),

vírus são organismos acelulares – ou seja, sua estrutura não corresponde a de

uma célula –, basicamente formados por um ácido nucléico (DNA, RNA ou

ambos, como ocorre com o citomegalovírus) envolto por uma cápsula protéica

(capsídeo). Não há, em seu interior, todas as organelas necessárias para o

desempenho de um metabolismo pleno. Isto faz com que os vírus sejam parasitas

celulares obrigatórios, pois só conseguem se reproduzem no interior das células.

Ao utilizar as estruturas celulares de outro ser vivo nesse processo, os

vírus acabam por danificá-las, matando as células e causando doenças. Fora das

células, tornam-se inertes, capazes até mesmo de se cristalizar, como alguns

minerais (LINHARES E GEWANDSZNAJDER, 2011).

MARTHO (1990) menciona que os vírus estão entre os menores seres

vivos do Planeta, tanto que algumas bactérias perto deles ficam relativamente

grandes. O autor menciona ainda que a palavra “vírus” tem sua origem no latim e

significa “veneno”.

LINHARES e GEWANDSZNAJDER (2011) afirmam que os vírus não

pertencem a nenhum dos cinco reinos dos seres vivos pelo fato de serem

acelulares e desprovidos de metabolismo próprio. Já outros cientistas consideram

que a capacidade de replicação, a hereditariedade (DNA ou RNA) e a evolução já

são suficientes para considerá-los seres vivos.

Neste sistema de classificação, os vírus são divididos em famílias, gêneros

e espécies. As espécies podem ser indicadas por iniciais dos nomes, por

exemplo: HIV indica o Human Immunodeficiency Virus (vírus da imunodeficiência

humana), que é o vírus da AIDS. As espécies podem ainda ser divididas em

variedades, tal como ocorre com o HIV (dividido nas variedades HIV-1 e HIV-2).

Sua aparência é variável e podem ter a forma de cubo, redonda, de um

poliedro, de bastão, além de outras formas. Das 1.739.600 espécies de seres

vivos conhecidas, os vírus representam 3.600 espécies parasitando células vivas

de bactérias, protozoários, fungos, animais e vegetais (CDCC/USP, s.d.)

MARTHO (1990), LINHARES e GEWANDSZNAJDER (2011) relatam sobre

a história do estudo do vírus, que teve início com pesquisas feitas por Adolf

Mayer em 1883. Mayer, através de sua pesquisa, descobriu que o caldo extraído

de folhas doentes de tabaco transmitia essa mesma doença para uma planta

sadia, porém enganou-se ao achar que esse fato se devia a uma bactéria. Já o

cientista russo Dmitri Ivanowsky, em 1892, ao estudar a mesma doença

chamada ‘mosaico do tabaco’, aplicou em seus experimentos o extrato das

plantas infectadas através de filtros capazes de reter bactérias. Ainda assim o

material manteve-se infectante, o que o levou a concluir que a doença era

provocada por microorganismos menores que bactérias.

O trabalho destes cientistas teve prosseguimento com o cientista

americano Stanley Wendell, que, em 1935, no Instituto Rockfeller em Princeton-

NJ, descreveu o vírus como sendo uma estrutura composta de cristais em forma

de agulha e tendo as propriedades químicas de uma proteína. Wendell

questionava-se como era possível este “organismo da natureza” (uma das formas

usadas por ele para se referir ao vírus), com sua capacidade de infectar e se

multiplicar, ser também uma molécula inerte.

As pesquisas de Wendell acabaram influenciando a medicina, pois suas

investigações científicas o levaram a desenvolver uma vacina inativada da gripe

viral, posteriormente fabricada em escala comercial (GERALD, 2005).

2.1.1 – Mecanismo de reprodução de um vírus bacteriófago

Os vírus, como sabemos, podem ser DNA vírus e/ou RNA vírus. Cada qual

deles apresenta um mecanismo especial de reprodução. Para o presente

trabalho, é interessante evidenciar a reprodução de um DNA vírus, o bacteriófago.

Os cientistas Alfred Hershey e Martha Chase, em 1952, estudaram o

mecanismo de reprodução viral utilizando um fago (vírus que infecta bactérias) e

descobriram que é o DNA o responsável pela transmissão das características

hereditárias. Neste experimento, a estrutura do ácido nucléico viral estava

marcada com materiais radioativos, o que comprovou ser o DNA o portador da

informação genética (FUNDAÇÃO CECIERJ, 2009)

O processo começa com o encaixe das fibras da cauda do vírus na

membrana da bactéria. A cauda então se contrai e injeta o DNA na célula. A

cápsula, vazia, fica no lado de fora. No interior da célula, o DNA do vírus comanda

a produção de uma enzima que inativa o DNA da bactéria, assumindo o comando

de seu metabolismo. Usando os nucleotídeos e as enzimas da bactéria para

fabricar cópias suas, o vírus fabrica também novas cápsulas. As novas cápsulas

se associam às cópias do DNA e de 100 a 200 novos vírus são formados. Um dos

genes virais produz uma enzima que digere a parede celular bacteriana,

provocando a ruptura e morte da célula (bactéria). Esse processo transcorre em

cerca de meia hora e cada novo vírus formado pode infectar uma nova bactéria

(LINHARES e GEWANDSZNAJDER, 2011, p.28.)

A partir dos experimentos de Hershey e Chase, os cientistas James

Watson e Francis Crick, decifraram a estrutura da molécula do DNA em 25 de

abril de 1953. Tal descoberta foi considerada a contribuição mais importante para

a biologia depois dos estudos de Gregor Mendel (1866) e de Charles Darwin

(1859).

Foi, portanto, a partir do estudo do vírus que a Biologia ampliou seus

horizontes e compreendeu como ocorre a transmissão das características

hereditárias. Os avanços científicos foram ainda mais significativos no século XX

com o surgimento da engenharia genética e uso do vírus como uma ferramenta

na produção de Organismos Geneticamente Modificados (OGMs) ou

transgênicos.

2.2 – ORGANISMOS GENETICAMENTE MODIFICADOS

A Biotecnologia iniciou seu desenvolvimento em meados do século XlX

com os experimentos de Mendel, porém já era utilizada anteriormente em

processos artesanais para produção de pães, iogurtes, vinho, cerveja e outros

alimentos. Entretanto, a biotecnologia dita moderna e o uso dos transgênicos

passou a configurar uma ciência somente a partir dos anos 50, após ser decifrada

a estrutura do DNA (CIB, 2012).

Transgênico ou Organismo Geneticamente Modificado (OGM) é toda

entidade biológica cujo material genético (DNR/RNA) foi alterado por meio de

qualquer técnica de engenharia genética, de uma maneira que não ocorreria de

forma espontânea na natureza. A Biotecnologia permite que genes individuais

selecionados sejam transferidos de um organismo para outro (inclusive entre

espécies não relacionadas), bem como torna possível transferir de forma

controlada genes específicos de uma espécie doadora para outra receptora

(COSTA E BORÉM, 2003).

Outra definição para OGM publicada em revista do Conselho de

Informações sobre Biotecnologia (CIB, 2012) define os transgênicos ou

organismos geneticamente modificados como aqueles que recebem um ou mais

genes de outro organismo e passam a expressar uma nova característica de

especial interesse. Deste modo, os OGMs são usados especialmente para criar

plantas mais produtivas e resistentes a ataques de pragas, para o cultivo de

alimentos e também para tratar ou curar doenças.

2.2.1 – O vírus como vetor da Engenharia Genética

Como o vírus apresenta uma estrutura genética simples, é possível utilizar-

se dele como ferramenta na Engenharia Genética. O vírus AAV (Vírus Adeno-

Associado) e principalmente o vírus bacteriófago conhecido como fago lambda,

por exemplo, são de grande utilidade na biotecnologia ou Tecnologia do DNA

Recombinante.

O fago lambda possui genes essenciais, indispensáveis à reprodução, e

também genes não essenciais, cuja presença é irrelevante para a multiplicação

viral. Os genes essenciais produzem as proteínas da cápsula e as enzimas que

atuam na duplicação do DNA viral, ficando localizados nas extremidades do

cromossomo do vírus. Já os genes não essenciais estão relacionados aos

processos de recombinação entre moléculas de DNA e se localizam na região

mediana do cromossomo viral, sem interferir na reprodução do vírus, sendo,

portanto, dispensáveis (ARIAS, 2004).

Fazendo uso dessa premissa, a região mediana do cromossomo viral pode

ser retirada e substituída por um pedaço de DNA de outro organismo. Sendo

assim, quando o cromossomo viral se multiplica, o DNA estranho incorporado a

ele também será multiplicado.

Os cientistas têm utilizado essa técnica para conseguir a multiplicação de

genes importantes a fim de obter grande número de cópias, permitindo o estudo

de sua aplicação em diversos organismos. Os vírus produzidos através desse

processo são geneticamente modificados ou inativados e seguem seu curso como

vetores na engenharia genética auxiliando na produção de medicamentos, na

produção de alimentos, na prevenção e tratamento de doenças.

Um exemplo de terapia genética com o uso do vírus AAV é o medicamento

Glybera, que atua corrigindo uma doença genética rara conhecida como LPLD

relacionada a não digestão da gordura. Ocorre a troca o gene defeituoso por um

saudável, corrigindo o problema. O primeiro passo em sua descoberta foi achar

um meio pelo qual o gene saudável seria levado até o interior das células para

tomar o lugar daquela que funciona erradamente. Pouco tempo depois, conclui-se

que a melhor forma de se fazer isso era utilizar um vírus. Esta estratégia acabou

então se popularizando através da expressão “cavalo de Tróia” (OLIVEIRA,

2013).

De maneira similar, aplicou-se esta técnica para tratamento de certos tipos

de câncer. Uma delas reside no combate ao melanoma, a forma mais grave dos

cânceres de pele. Cientistas da Universidade de San Diego dotaram o vírus da

herpes com instruções genéticas que permitem ao organismo destruir as células

tumorais e ter o sistema de defesa fortalecido. No Instituto de Ciências

Biomédicas da USP, os cientistas estudam possíveis reparos no DNA que podem

proteger contra o carcinoma, outro tipo de câncer de pele (OLIVEIRA, 2013).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CENTRO DE DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA E CULTURAL. Ciências para

professores de ensino fundamental. Módulo: seres vivos. São Carlos:

Universidade de São Paulo, s.d. Disponível em:

<http://educar.sc.usp.br/ciencias/seres_vivos/seresvivos6.html - ACESSO EM

25/05/2012>. Acesso em: 10/06/2013.

CONSELHO DE INFORMAÇÕES SOBRE BIOTECNOLOGIA. Guia - O que você

precisa saber sobre os transgênicos. Agosto, 2012. Disponível em:

<http://cib.org.br/wp-content/uploads/2012/08/Guia_Transgenicos_2012.pdf>.

Acesso em: 01/06/2013.

COSTA, Neuza M. B.; BORÉM, Aluízio. Biotecnologia e Nutrição: saiba como o

DNA pode enriquecer os alimentos. São Paulo: Nobel, 2003.

FERREIRA, Aurelio B. de Holanda. Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. São

Paulo: Positivo Dicionários, 2009.

FUNDAÇÃO CECIERJ. Grandes experimentos da ciência I, 2009. Disponível em:

<http://www.educacaopublica.rj.gov.br/oficinas/biologia/experimentos1/animacoes/

o_experimento_de_hershey_e_chase.html>. Acesso em: 20/05/2013.

GERALD, K. Biologia celular e molecular: conceitos e experimentos. 3 ed.

(Tradução de Maria Dalva Cesario). Barueri: Manole, 2005.

LINHARES, Sérgio; GEWANDSNAJDER, Fernando. Biologia Hoje: os seres

vivos. Vol. 2. São Paulo: Ática, 2011.

MANARINI, Thaís. Alimente seus genes. Saúde é vital, ed. 362. São Paulo: Abril,

2013. p. 27.

MARANDINO, M.; SELLES, S. E.; FERREIRA, M. S. Ensino de Biologia: histórias

e práticas em diferentes espaços educativos. São Paulo: Cortez, 2009.

MARTHO, Gilberto. Pequenos seres vivos: viagem ao mundo dos

microorganismos. Série De Olho na Ciência. São Paulo: Ática, 1990.

OLIVEIRA, Monique. A revolução da terapia genética. Revista Istoé, n° 2254,

caderno Medicina & Bem-estar, 30/01/2013. p. 69.

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ. Diretrizes

Curriculares da Educação de Jovens e Adultos. Governo do Paraná, 2006.

SILVA JUNIOR, César da; SASSON, Sezar; CALDINI JUNIOR, Nelson. Biologia

2: seres vivos: estrutura e função. 10 ed. São Paulo: Saraiva, 2010.