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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
O ENSINO-APRENDIZAGEM DE MATEMÁTICA ATRAVÉS DA
RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS A PARTIR DE MATERIAL
MANIPULÁVEL
Sheila Regina Bicas Joaquim1
Túlio Oliveira de Carvalho2
RESUMO
É possível afirmar que o ensino de Matemática tem se caracterizado pela prevalência de aulas expositivas, nas quais o professor em sala de aula expõe o tema e explica no quadro o que os alunos devem reproduzir. Como os alunos estão inseridos em rápidas transformações sociais, é importante o estudo das operações aritméticas como um tema central nos currículos do Ensino Fundamental. Frente a essa realidade, a resolução de problemas, atividade na qual se pode incluir atividades experimentais, pode auxiliar o aluno a desenvolver a sua estrutura cognitiva. O objetivo deste artigo é relatar uma prática com o uso do material dourado como recurso pedagógico em que o ensino-aprendizagem das quatro operações fundamentais se deu através de situações em que o aluno possa pensar matematicamente; angariando conhecimento sobre o sistema posicional: unidade, dezena, centena e milhar; do mesmo ser capaz de trabalhar as quatro operações aritméticas; de resolver e interpretar situações-problemas utilizando o material dourado; e de estimular o gosto e hábito de raciocínio matemático. Partindo da exposição da fundamentação teórica pertinente, para dar consistência às estratégias de ação que abrangem diálogo com os alunos, avaliações, montagem de mural e reunião de feedback. Considera-se que o recurso utilizado foi bastante válido, pois os alunos assimilaram bem os processos matemáticos, havendo evolução na aprendizagem da maioria, sendo importante a execução de projetos dessa natureza na disciplina de matemática.
Palavras-chave: Matemática. Operações Fundamentais. Material Dourado. Resolução de Problemas.
INTRODUÇÃO
Este artigo relata a implementação, durante o ano de 2014, do trabalho
apresentado ao PDE pela primeira autora. O objetivo alcançado foi que os alunos
tiveram uma melhor compreensão das propriedades do sistema de numeração
decimal e dos algoritmos das quatro operações fundamentais: adição, subtração,
multiplicação e divisão, a partir do uso do material dourado como recurso
pedagógico, ajudando-os a pensar matematicamente e estimulando-os a procurar
múltiplas estratégias para a solução de problemas.
Com base na teoria e prática aqui levantada, é possível observar que, durante
muito tempo, o ensino de Matemática se caracterizou pela prevalência de aulas
1 Graduação em Matemática na Universidade Estadual de Londrina – UEL, Pós-Graduação em Educação em Matemática na Faculdade de Cornélio Procópio – FAFICOP, Professora de Matemática no Colégio Estadual Brasílio de Araújo – Bela Vista do Paraíso - PR, Professora PDE 2014. 2 Orientador PDE, professor do Departamento de Matemática, UEL, PR.
expositivas, nas quais o professor em sala de aula expunha o tema e explicava no
quadro o que os alunos deveriam reproduzir.
Como os alunos, de modo geral, estão inseridos em rápidas transformações
sociais, documentos oficiais como os Parâmetros Curriculares Nacionais de
Matemática para o Ensino Fundamental – PCN (BRASIL, 1997) ressaltam a
importância do estudo das operações aritméticas (adição, subtração, multiplicação e
divisão) como um tema central nos currículos do Ensino Fundamental.
Todavia tem sido observado que muitos estudantes chegam ao final desse
nível de ensino sem terem desenvolvido o domínio ou a compreensão mínima dos
procedimentos algorítmicos relativos às quatro operações. Esta a preocupação da
presente unidade didática.
Segundo os PCN:
As características e as necessidades cotidianas fazem com que os alunos desenvolvam uma inteligência essencialmente prática, que permite reconhecer problemas, buscar e selecionar informações, tomar decisões e, portanto, desenvolver ampla capacidade para lidar com a atividade matemática (BRASIL, 1997, p. 37).
Pesquisadores em Educação Matemática propõem vários instrumentos
metodológicos que podem ser usados pelos professores em suas atividades
didáticas. A utilização desses instrumentos pode auxiliar o professor, de tal maneira
que o estudante compreenda os conteúdos matemáticos (DENECA; PIRES, 2008, p.
4).
Na sala de aula, durante a ação pedagógica, o material didático manipulável
pode desempenhar um papel fundamental na aprendizagem. Entende-se por
materiais didáticos manipuláveis todos os objetos que solicitam muitos sentidos e
que podem ser tocados, modificados, ajustados e manipulados de diferentes formas
(DENECA; PIRES, 2008, p. 5).
É oportuno citar a afirmação de Deneca e Pires (2008, p. 6) de que,
A partir do momento que o estudante já conseguiu abstrair os conceitos matemáticos já não sente mais a necessidade de métodos e técnicas que o auxiliem na abstração, mas quando essa capacidade ainda não foi desenvolvida, independentemente da faixa etária do estudante os materiais manipuláveis podem facilitar-lhe o trabalho e auxiliá-lo de tal maneira que o estudante compreenda os conteúdos matemáticos e construa conhecimentos.
Montessori, idealizadora do material dourado, acreditava não haver
aprendizado sem ação: "Nada deve ser dado à criança, no campo da matemática,
sem primeiro apresentar-se a ela uma situação concreta que a leve a agir, a pensar,
a experimentar, a descobrir, e daí, a mergulhar na abstração" (AZEVEDO, p. 27
apud DENECA; PIRES, 2008).
Quando as situações-problemas surgem, consequência da exploração dos
materiais e da realização de atividades, elas possibilitam a reflexão e o
aperfeiçoamento cognitivo dos estudantes, que, portanto, poderão desenvolver-se
nos vários saberes: fazer, questionar, dizer, argumentar, conviver e trabalhar
coletivamente. Essas aprendizagens contribuem para a construção de
conhecimentos e da autonomia e sem dúvida para o ensino-aprendizagem da
matemática (REBELLO; CORREIA; SILVA, 2011, p. 120).
A utilização de materiais concretos no Ensino da Matemática tem a função de
tornar mais prazeroso o aprendizado, para que de forma mais criativa e dinâmica o
aluno se sinta estimulado a aprender, diminuindo os bloqueios que a Matemática
exerce sobre alguns deles e conseguindo mostrar como a mesma é importante e de
que maneira se faz presente em seu cotidiano (BEZERRA, 2009, p. 2).
Frente a essa realidade, a resolução de problemas, metodologia na qual se
pode incluir atividades experimentais, pode auxiliar o aluno a desenvolver a sua
estrutura cognitiva. De modo geral, o aluno, no seu dia-a-dia, resolve um problema
para obter um resultado. Já na escola, a forma de resolução de um problema é tão
importante quanto o resultado, e por vezes mais importante.
A resolução de problemas em sala de aula “é uma habilidade pela qual o
indivíduo externaliza o processo construtivo de aprender, de converter em ações,
conceitos, proposições e exemplos adquiridos (construídos) através da interação
com professores, pares e materiais instrucionais” (COSTA; MOREIRA, 2001, p. 263).
A partir do cenário exposto, o objetivo deste trabalho é o de mostrar uma
prática na qual, por meio do uso do material dourado como recurso pedagógico, o
ensino-aprendizagem das quatro operações fundamentais da aritmética cria
situações em que o aluno possa pensar matematicamente; construir o conhecimento
sobre o sistema posicional: unidade, dezena, centena e milhar; resolva e interprete
situações-problemas; e seja estimulado o gosto e hábito de raciocínio matemático.
1 MATEMÁTICA: PROBLEMAS
A matemática continua sendo uma disciplina que provoca grande resistência
nos alunos, fato este que pode ser justificado pela maneira abstrata que vem sendo
abordada em sala de aula. Porém, do mesmo modo que qualquer outra atividade
humana, a matemática pode ser definida como a busca de solução para problemas
que surgem na luta pela sobrevivência (VIANNA, 2002, p. 401).
A matemática tem sido abordada com poucas demonstrações concretas e
problematização que relacionem os conceitos com a realidade, fato esse que
dificulta o entendimento dos alunos e como consequência muitos passam a não
gostar da área exata. É nesse contexto que os materiais concretos se configuram
em uma possibilidade de recurso para ser inserido no ensino, criando o elo entre
teoria/prática minimizando as rupturas da articulação do cotidiano para o saber
escolar (NOVELLO et al., 2009, p. 10732).
Segundo Stanic e Kilpatrick (1989 apud ONUCHIC, 2012, p. 4), a formulação
de problemas remonta pelo menos aos antigos egípcios, chineses e gregos. Citam
como exemplos o Papiro de Ahmes copiado pelo escriba Ahmes, em 1650 a.C., de
um documento mais antigo ainda, um manuscrito matemático egípcio que contem
uma coleção de problemas e outro que é um documento chinês datado de cerca de
1000 a.C.
Esses problemas, dizem eles, eram criados por alguém que os apresentava a outros que passavam a conhecê-lo e conseguiam chegar a solução. Os séculos passaram e problemas com tratamento semelhante são encontrados até em livros de matemática dos séculos XIX e XX. Mas, o que transparece nesses exemplos é uma visão muito estreita da aprendizagem da resolução de problemas. Até tempos bastante recentes, ensinar a resolver problemas significava apresentar problemas e, talvez, incluir uma técnica de resolução especifica. Uma atenção mais moderna ao desenvolvimento de habilidades nos alunos em resolução de problemas, nos livros-texto, apresenta-se colorida, com desenhos, chamando a atenção para fatos da vida real, mas sempre com alguém resolvendo o problema e deixando-se uma lista com problemas semelhantes para serem resolvidos (STANIC; KILPATRICK, 1989 apud ONUCHIC, 2012, p. 4).
Para Dante (1998 apud RODRIGUES; MAGALHÃES, 2011), um problema é
qualquer situação que exija a maneira matemática de pensar e conhecimentos
específicos para solucioná-la, sendo que um bom problema deve: a) ser desafiador
para o aluno; b) ser real; c) ser interessante; d) ser o elemento de um problema
realmente desconhecido; e) não consistir na aplicação evidente e direta de uma ou
mais operações aritméticas; f) ter um nível adequado de dificuldade.
Desse modo, cabe ao professor assegurar um espaço de discussão no qual
os alunos pensem sobre os problemas que irão resolver, elaborem uma estratégia,
apresentem suas hipóteses e façam o registro da solução encontrada ou de
recursos que utilizaram para chegarem ao resultado. Isso favorece a formação do
pensamento matemático, livre do apego às regras. O aluno pode lançar mão de
recursos como a oralidade, o desenho e outros, até se sentir à vontade para utilizar
sinais matemáticos (SMOLE; DINIZ, 2001 apud PARANÁ, 2008, p. 63).
1.1 RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS
A Resolução de Problemas permite que os alunos, depois da aquisição de
certos conceitos, construam novos conhecimentos (MILANI, 2011, p. 16). Segundo
Onuchic (2008, p. 8 apud MILANI, 2011) “trata-se de um trabalho onde um problema
é ponto de partida e orientação para a aprendizagem, e a construção do
conhecimento far-se-á através de sua resolução. Professor e alunos, juntos,
desenvolvem esse trabalho e a aprendizagem se realiza de modo colaborativo em
sala de aula”.
Destacamos o entendimento de Onuchic (1999, p. 207 apud MILANI, 2011, p.
15) ao ressaltar que:
Ao se ensinar matemática através da resolução de problemas, os problemas são importantes não somente como um propósito de se aprender matemática, mas, também, como um primeiro passo para se fazer isso. O ensino-aprendizagem de um tópico matemático começa com uma situação-problema que expressa aspectos-chave desse tópico e são desenvolvidas técnicas matemáticas como respostas razoáveis para problemas razoáveis. Um objetivo de se aprender matemática é o de poder transformar certos problemas não rotineiros em rotineiros. O aprendizado, deste modo, pode ser visto como um movimento do concreto (um problema do mundo real que serve como exemplo do conceito ou da técnica operatória) para o abstrato (uma representação simbólica de uma classe de problemas e técnicas para operar com esses símbolos).
Segundo Rodrigues e Magalhães (2011, p. 4) a partir da leitura e
interpretação dos problemas, é possível o envolvimento do aluno na busca por
estratégias de resolução, na persistência em encontrar uma solução, na ampliação e
na ressignificação de conceitos e ideias que ele já conhece.
Dessa maneira, Dante (1998 apud RODRIGUES; MAGALHAES, 2011)
esclarece que os objetivos da resolução de problemas são: a) fazer o aluno pensar
produtivamente; b) desenvolver o raciocínio do aluno; c) ensinar o aluno a enfrentar
situações novas; d) dar ao aluno a oportunidade de se envolver com as aplicações
da Matemática; e) tornar as aulas de Matemática mais interessantes e desafiadoras;
f) equipar o aluno com estratégias para resolver problemas; g) dar uma boa base
matemática aos estudantes.
1.3 MATERIAL MANIPULÁVEL
A utilização de materiais concretos no ensino da Matemática tem a função de
tornar mais prazeroso o aprendizado, para que de forma mais criativa e dinâmica o
aluno se sinta estimulado a aprender, diminuindo os bloqueios que a Matemática
exerce sobre alguns deles e conseguindo mostrar como a mesma é importante e de
que maneira se faz presente em seu cotidiano (BEZERRA, 2009, p. 2).
Montessori (1870-1952), criadora do material dourado, nasceu na Itália;
formou-se inicialmente em Física e Matemática, completando posteriormente o curso
de Engenharia. Em 1892 concluiu o curso de Ciências Naturais e, em 1896, tornou-
se a primeira mulher médica italiana. Montessori tinha vários objetivos na vida,
queria tornar a matemática algo natural para as crianças (REBELO; CORREIA;
SILVA, 2011, p. 119).
Inicialmente, o Material Dourado era conhecido como “Material das Contas
Douradas” e sua forma permitia que as próprias crianças produzissem as dezenas e
centenas. Contudo, a imprecisão das medidas dos quadrados e cubos constituía um
problema ao realizar atividades com números decimais (REBELO; CORREIA;
SILVA, 2011, p. 118).
Trabalhar as operações matemáticas com o Material Dourado facilita a
compreensão do Sistema de Numeração Decimal (SND) e consequentemente os
algoritmos das operações, a relação entre o concreto e o abstrato para a construção
do conceito em questão, e o ensino-aprendizagem, ao criar novas formas de
organizar o seu pensamento (MARTINS; MARQUES, 2009, p. 2).
De acordo com Martins e Marques (2009, p. 7) é importante que o aluno
entenda que “o SND tem dois aspectos importantes: é decimal e posicional. Muitas
das dificuldades encontradas no aprendizado dos algoritmos das quatro operações
decorrem da não compreensão desses dois importantes aspectos”.
Quadro 1 – Sistema de Numeral Decimal (SND)
4a ordem
3a ordem
2a ordem
1a ordem
Unidade de milhar Centena Dezena Unidade
Fonte: Milani (2011)
O sistema é posicional, isto é, o valor de um algarismo é determinado pela
sua posição no numeral. O mesmo símbolo representa valores diferentes,
dependendo da posição que ocupa no numeral (MILANI, 2011).
2 RELATO DA PRÁTICA
Por ocasião da Reunião Pedagógica realizada no dia 05 de fevereiro de 2014
no Colégio Brasílio de Araújo em Bela Vista do Paraíso-PR, a professora PDE
apresentou o Projeto para os demais professores, pedagogos e todos os membros
da Escola.
Logo na primeira semana de aula, os pais dos alunos que participariam do
projeto foram convidados para tomarem ciência das atividades que seriam
realizadas no decorrer do semestre, nas quais estavam previstas seis ações. A
professora de matemática apresentou o projeto aos alunos e em seguida entregou
uma avaliação diagnóstica para ser respondida individualmente.
Percebeu-se que alguns alunos estavam sem estímulo nenhum para
participar da atividade e fizeram inúmeras perguntas sobre os problemas
apresentados.
Fonte: Projeto PDE 2014
Após a coleta de dados da avaliação diagnóstica, foi apresentado aos alunos
o material dourado, momento em que eles fizeram alguns questionamentos e
ocorreu a troca de perguntas para sanar as dúvidas apresentadas. A partir de então,
a professora contou um pouco sobre a história do material dourado.
Fonte: Projeto PDE 2014
Na sequência os alunos foram separados em dois grupos e foi solicitado que
criassem algo com aquelas peças, aleatoriamente. Cada grupo inventou uma forma
e, então, contaram quantas peças foram utilizadas na sua construção. Por fim, foi
explicado que cada peça tem um valor.
Fonte: Projeto PDE 2014
Na medida em que as perguntas iam surgindo a professora retrucava com
questões como: para que serve este material? Porque usamos isto?
Fonte: Projeto PDE 2014
Foi perguntado para cada aluno o que havia feito, quais peças foram
utilizadas, qual o nome de cada peça, se sabia seu valor, a quantidade, nomes
convencionais, classes, valor posicional, comparação, se foram usadas em ordem
crescente ou decrescente, entre outras. A aula foi bem produtiva e dinâmica, os
alunos gostaram e participaram bem, podendo ser percebido que o recurso utilizado
favoreceu o domínio de certos conceitos matemáticos por parte dos alunos.
Na atividade “nunca dez” o objetivo foi o de proporcionar a participação,
trabalho em grupo, compreensão do sistema de numeração decimal e a
socialização. Através do material dourado os alunos resolveram situações-
problemas envolvendo SND e as quatro operações fundamentais.
Os alunos foram organizados em grupo com quatro integrantes e decidiam
quem iniciava o jogo. Cada aluno, na sua vez de jogar, lança os dados e retira a
quantidade de cubinhos ou quadradinhos conforme a quantidade que saiu no dado.
Quando o jogador conseguir mais do que dez cubinhos ou quadradinhos deve trocá-
los por uma barra ou tira. Quando o jogador conseguir dez tiras, deve trocá-las por
uma placa. Vence o jogador que conseguir primeiro dez placas ou um número de
placas antecipadamente combinado.
Fonte: Projeto PDE 2014
Os alunos assimilaram, após algumas dúvidas iniciais, os valores de cada
peça do material dourado de forma lúdica, sabendo fazer as “trocas” corretamente. A
intervenção da professora foi necessária apenas no início da aplicação do jogo.
Fonte: Projeto PDE 2014
Após todos responderem as questões, foram tiradas todas as dúvidas
resultantes da correção da atividade no quadro negro.
Nessa mesma atividade, a professora pode levar os alunos em uma sala e em
grupo começaram a manipular o material dourado envolvendo adição/subtração,
criando situações-problemas. Foi distribuído um quadro valor/lugar (QVL) para cada
um dos alunos e todos participaram.
Fonte: Projeto PDE 2014
Na sequência, os alunos criaram situações para o outro grupo resolver,
ocorrendo uma troca com resultados satisfatórios. Foi entregue uma situação-
problema para cada grupo de alunos, para que utilizassem a estratégia que o grupo
quisesse na resolução de problemas.
Fonte: Projeto PDE 2014
Alguns alunos tiveram dúvidas. A professora os auxiliou e com isso os grupos
conseguiram resolver a atividade no caderno e no quadro, podendo comparar os
resultados.
Também foram realizadas atividades formando grupos e utilizando o material
dourado com QVL, envolvendo multiplicação e divisão. A professora distribuiu duas
situações-problemas para que fossem resolvidos em dupla.
Não houve interferência da professora que apenas leu e instruiu que
utilizassem qualquer estratégia para resolver o exercício.
A situação-problema a seguir, a maioria das duplas acertou.
2) Zeca foi à cantina e gastou R$4,50. Se dois salgados custam R$1,00 e três salgados custam R$1,50. Quantos salgados ele comeu?
Resposta:____________________
Fonte: Projeto PDE 2014
Fonte: Projeto PDE 2014
Fonte: Projeto PDE 2014
Em seguida, cada dupla foi ao quadro apresentar a estratégia que utilizou,
momento em que a professora explicou onde havia erros a serem considerados,
podendo ser corrigidos no caderno.
Os alunos também foram divididos em grupos e criaram alguns exercícios que
foram passados para os demais colegas.
Fonte: Projeto PDE 2014
A professora propôs novo exercício e pode perceber que a maioria errou,
sendo necessária sua intervenção propondo novos exercícios para sanar as dúvidas
dos alunos e chegarem a um resultado correto. Essa atividade reforçou o conteúdo,
pois os alunos têm dificuldade na multiplicação e divisão. O maior problema
diagnosticado foi a falha na interpretação dos dados do problema.
Os alunos foram divididos em grupos novamente e solicitado que
resolvessem o problema utilizando a estratégia que quisessem. Depois que todos
terminaram, foi explicado onde haviam acertado e errado e qual estratégia poderiam
ter usado além da escolhida por eles.
Por fim foi feito um mural com todas as atividades desenvolvidas pelos
alunos, na qual todos contribuíram recortando e colando o material selecionado.
Fonte: Projeto PDE 2014
Os alunos das outras salas foram convidados para ver as atividades
expostas, fazendo com que os alunos participantes do projeto se sentissem
orgulhosos do trabalho desenvolvido.
Para concluir as atividades foi realizada uma avaliação diagnóstica para
mensurar se os alunos melhoraram seus conhecimentos, compreensão e percepção
quanto ao conteúdo trabalhado.
Fonte: Projeto PDE 2014
Os resultados foram significativos do ponto de vista pedagógico atingindo
diretamente o processo de ensino-aprendizagem como pode ser observado a seguir:
Nº Alunos 1ª avaliação 5 questões
% 2ª avaliação 5 questões
%
1 3 60% 3 60%
2 3 60% 3 60%
3 4 80% 4 80%
4 1 20% 2 40%
5 5 100% 5 100%
6 2 40% 3 60%
7 2 40% 3 60%
8 1 20% 4 80%
9 1 20% 4 80%
10 2 40% 3 60%
11 3 60% 4 80%
12 3 60% 1 20%
13 4 80% 5 100%
14 5 100% 4 80%
15 - - 3 60%
16 4 80% - -
17 - - 3 60%
18 - - 4 80%
19 2 20% - -
20 4 80% - -
21 - - 4 80%
22 4 80% - -
23 4 80% - -
Fonte: Pesquisa PDE 2014
Alguns alunos foram remanejados, deixaram a escola, foram afastados,
transferidos e/ou entraram quando já haviam sido iniciadas as atividades, porém,
mesmo assim, pode ser percebido que a maioria acertou um número maior de
questões em relação à primeira avaliação.
A professora, então fez um feedback com os alunos, informando o quanto
haviam melhorado, e ouvindo deles o que pensavam sobre as atividades realizadas
no projeto.
Fonte: Projeto PDE 2014
Todos os participantes compreenderam que haviam melhorado seus
conhecimentos matemáticos após o uso do material dourado.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Segundo Paulo Freire “ensinar não é transferir conhecimento”, mas criar as
possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção. Este trabalho vem
corroborar esta tese.
Para o indivíduo, de nada adianta o conhecimento sem a sua efetiva
aplicação na vida prática. O maior compromisso da escola é formar cidadãos que
tenham condições de analisar, interpretar e resolver os problemas do seu cotidiano.
O recurso utilizado “Material Dourado” foi muito válido, pois se pode observar
que os alunos assimilaram bem os processos matemáticos, demonstraram maior
interesse e autonomia para encarar situações-problemas. Houve evolução na
aprendizagem da maioria dos alunos, salvo algumas exceções em relação a
multiplicação e divisão. Porém, através da utilização do material manipulável facilitou
a forma de ensiná-los e condições para assimilar os conceitos matemáticos com
maior facilidade, demonstrando ser importante a execução de projetos dessa
natureza na disciplina de matemática.
Cabe ao professor intervir e estar sempre atento quando surgem dificuldades
em sala de aula para que sejam superadas, afinal ele saberá qual a melhor
estratégia de acordo com a realidade dos alunos que está desenvolvendo o
conteúdo.
As aulas foram mais prazerosas para os alunos, entretanto, os resultados
quanto à compreensão do conteúdo chamaram a atenção, levando-nos a programar
o uso deste recurso nas demais turmas na disciplina de matemática nos próximos
anos.
REFERÊNCIAS
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ONUCHIC, L. L. R. Ensino-Aprendizagem de Matemática através da resolução de problemas. In: BICUDO, Maria A. V. (org.). Pesquisa em Educação Matemática: Concepções e perspectivas. São Paulo: UNESP, 1999. PARANÁ. Secretaria de Estado de Educação do Paraná. Diretrizes Curriculares da Educação Básica: matemática. Paraná, 2008. _______. Secretaria de Estado da Educação. Caderno de Atividades. Matemática: anos finais do ensino fundamental. Paraná, 2009. REBÊLLO, P. C. D.; CORREA, R. da S.; SILVA, V. A. Material dourado: um recurso manipulável no ensino de matemática. Matemática/Campus de Ponta Porã. p. 115-126. In: Anais II Encontro do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência, Campo Grande, 3-5 nov. 2011. RODRIGUES, A.; MAGALHÃES, S. C. A resolução de problemas nas aulas de matemática: diagnosticando a prática pedagógica. Capa, v. 1, n. 1, 2011. VIANNA, C. R. Resolução de problemas. In: Temas em Educação I, o livro das Jornadas de 2002. Curitiba: edição eletrônica da Futuro Eventos, p. 401-410, 2002.