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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

DANÇAS : UMA MANEIRA DE APRENDER SOBRE CULTURA AFRO-

BRASILEIRA

Ludi Meri Raymundo*

Prof. Dra. Maura Petruski**

RESUMO

O artigo relata a implementação de um projeto de intervenção educacional inserido no

Programa de Desenvolvimento da Educação do Estado do Paraná que foi desenvolvido em

uma escola da rede estadual do município de Piraí do Sul, Paraná. O trabalho abordou a dança

como uma forma de apreensão e resgate com relação valorização da cultura Afro-Brasileira,

combatendo o racismo e todas as formas de discriminação, buscando a consolidação da

valorização da Cultura Afro-brasileira onde seus descendentes puderam exercer a cidadania

com dignidade e ir ao encontro da própria identidade da cultura negra em nossa comunidade

escolar.

Palavras-chave: História . Racismo. Cultura Afro-Brasileira.

* Professora da rede Estadual de Educação, PDE 2013 e-mail: [email protected]

** Professora da UEPG e Dra. em História pela Universidade Federal do Paraná

1. INTRODUÇÃO

Este artigo é resultado do Projeto intitulado Danças: Uma Maneira

de Aprender Sobre Cultura Afro-Brasileira, selecionado pelo Programa de

Desenvolvimento Educacional – PDE , da Secretaria Estadual de Educação do

Paraná e desenvolvido sob a orientação da Prof. Dra. Maura Petruski, da

Universidade Estadual de Ponta Grossa, durante o período compreendido entre

fevereiro de 2013 a fevereiro de 2015.

A partir da observação de que os alunos oriundos das séries iniciais

da rede pública de ensino encontravam dificuldades em valorizar a cultura

Afro-brasileira e também apresentavam atitudes de racismo e discriminação em

relação aos colegas de classe desse grupo étnico, e na tentativa de minimizar

tal postura, buscou-se superar as dificuldades em relação a valorização do

negro e sua cultura possibilitando a percepção e reconhecimento da existência

de seus valores e referências culturais identitarias, para isso utilizou-se de

metodologias alternativas realizadas através de atividades lúdicas, de danças,

músicas, jogos e de textos informativos, visando a possibilidade de mudança

dessa visão preconceituosa de mundo.

A Cultura Afro-Brasileira sempre esteve presente no cotidiano das

pessoas mas não no centro das reflexões do cenário educacional. Foi somente

a partir da Lei 10.639/2003 que se tornou obrigatório o ensino da Cultura Afro-

Brasileira e Africana nas escolas da rede pública e privada. A partir de então,

organizou-se uma proposta de trabalho buscando mostrar aos educandos a

valorização dessa cultura.

Para Wlamyra Ribeiro de Albuquerque e Walter Fraga Filho (2009,p.8)

não é possível que a gente construa identidade fora de uma cultura. Por isso toda identidade diz respeito determinado tempo,lugar e contexto. Então, cultura aqui diz respeito a manifestações coletivas,como festas e crenças religiosas,mas também a padrões associativos e a atitudes compartilhadas pela coletividade. Pensar sobre cultura é fundamental para entendermos [...] a própria formação da nossa sociedade.

Portanto, reconhecendo a importância do estudo sobre cultura,

especificamente a Cultura Afro-Brasileira e de como ela está inserida no

cotidiano da nossa comunidade, a escola deve assumir a função de

desenvolver no aluno a capacidade de se perceber como um ser atuante no

meio de uma sociedade multicultural e pluriétnica capaz de se tornar um

cidadão político socialmente ativo, que possa compreender sua influência na

formação e transformação da sociedade para que valorize sua cultura.

Procurando proporcionar aos alunos um melhor entendimento sobre o

assunto, utilizou-se os recursos de danças, músicas e jogos de origem afro e

de alguns textos sobre discriminação, pretendendo através destas estratégias

dar possibilidade ao aluno de adquirir conhecimentos de elementos culturais

dos povos africanos de forma mais ampla já que a mesma faz parte da

formação da cultura do povo brasileiro.

Com esse trabalho conseguiu-se enriquecer o Projeto Político

Pedagógico da escola, enfatizando que essa instituição é um espaço

democrático em que é indispensável fornecer meios para que o aluno se

aproprie do saber elaborado, estando apto a participar da sociedade como um

ser social, permitindo que a nova geração entre em contato com a valorização

da Cultura Afro-Brasileira.

Para subsidiar essa implementação foi elaborado um Caderno

Pedagógico contento textos específicos relacionados ao tema, objetivando um

aprofundamento teórico e metodológico sobre a questão.

A implementação do projeto aconteceu no Colégio Estadual Jorge

Queiroz Netto, na disciplina de História, no primeiro semestre do ano letivo de

2014 com os alunos do 6⁰ ano do Ensino Fundamental. Houve a participação

de todos os alunos, sendo que observou-se muito interesse em conhecer sobre

a cultura afro-brasileira e africana.

2. DESENVOLVIMENTO

A Lei 10.639/03 alterou a LDB e estabeleceu as diretrizes e bases da

Educação Nacional a qual incluiu no currículo da rede de Ensino a

obrigatoriedade da História e cultura Afro-Brasileira e Africana nas escolas da

rede pública e privada. Esta legislação fez com que a sociedade percebesse e

aceitasse que os afro- brasileiros sejam reconhecidos como sujeitos na

construção da sociedade brasileira, pois possuem história, cultura, memória e

valores que precisam ganhar amplitude e status de conhecimento também

dentro da escola no cotidiano da sala de aula.

Sendo a educação um processo de assimilação do saber

historicamente construído, o qual se revela mesmo quando o indivíduo não tem

consciência disso, a aprendizagem também acontece através da interação

com o outro que desempenha um papel fundamental nesse processo.

Para Newton Duarte (2004, p. 51)

(...) ao se apropriar de um produto cultural, o indivíduo está se

relacionando com a história social, ainda que tal relação nunca

venha a ser consciente para ele, como é o caso, para a

maioria das pessoas (...)

Continua ainda o autor (2004, p. 52):

(...) sua formação realiza-se sempre no interior de relações

concretas com outros indivíduos, que atuam como mediadores

entre ele e o mundo, o mundo da atividade humana objetivada.

A formação do individuo é sempre um processo educativo,

podendo este ser direto ou indireto, intencional ou não

intencional, realizado por meio de atividades práticas ou de

explanações orais, etc.

O processo de ensinar e aprender implica, sobretudo, num processo

mediado por conceitos, conhecimentos produzidos em situações concretas na

história da humanidade pelo coletivo humano, pelo sujeito que aprende, pelo

sujeito que ensina e pelo objeto de aprendizagem.

Nessa perspectiva, a escola passa a ter o compromisso de transmitir

saberes sistematizados construídos ao longo do tempo, constituindo-se,

portanto, em um instrumento de memória, sendo assim a escola tem a

necessidade de fazer refletir os diversos sujeitos e grupos integrantes da

sociedade. Nesse sentido vemos a necessidade de trabalhar com alguns

grupos que foram excluídos da história por muito tempo muitas vezes por

preconceito. Segundo . Wlamyra Ribeiro de Albuquerque e Walter Fraga

Filho (2006, p. 225)

A idéia de democracia racial, já em construção no Brasil por volta de 1920, ganhou nas décadas seguintes mais adeptos. Era na cultura que alguns políticos intelectuais negros e brancos viam mais explicitamente a singularidade de um país mestiço, formado a partir de tradições herdadas de africanos, europeus e índios.Por isso celebravam a convivência racial supostamente harmoniosa.Ao longo das décadas de 1930 e 1940 essas idéias de mestiçagem e de democracia racial foram entrelaçadas na construção de uma identidade nacional.Nesse movimento, samba, capoeira e candomblé foram aos poucos incorporados como símbolos de nacionalidade,expressões da síntese cultural própria ao Brasil.

A pluralidade étnica está presente na história do Brasil a partir de três

grupos formadores do nosso povo que são: o branco, o índio e o negro, as

quais se tornaram conflitantes ocasionando que uma cultura se impôs a outra,

tendo como resultado a criação de situações de racismo e discriminação,

principalmente em relação aos negros, apesar da presença da idéia de

existência da chamada democracia racial.

Essa bandeira levantada de democracia racial vem sendo almejada há

muito tempo , mas na verdade ainda existe um preconceito velado que pode

ser percebido nas brincadeiras e piadas que fazem a respeito dos negros.

Observa-se também que no espaço escolar, a discriminação se torna mais

evidente e,

Em geral, a escola prefere não assumir este debate porque

implica conhecimento e abordagens teóricas e curriculares

para os quais o/a docentes não se veem preparados e também

por não reconhecer a existência do racismo que se desenvolve

silenciosamente pelos espaços escolares. Enfrentá-lo é admitir

a sua existência. As situações estão acontecendo na dinâmica

cotidiana da escola a todo momento, mas não tem sido alvo de

reflexões e de ações por parte das escolas, nem por parte do

sistema que é responsável, também, por oportunizar esta

discussão ( ALBUQUERQUE, 2003,p.97).

Percebe-se que existe a necessidade de mudar as práticas e

mentalidades existentes entre os professores com relação aos temas sobre a

cultura negra, já que o mesmo se encontra muito próximo ao aluno se torna

assim um agente capaz de mudar a postura dos mesmos rompendo posições

racistas e preconceituosas. Portanto propõe-se um trabalho com danças de

origem afro, pois explorar a dança na cultura afro-brasileira poderá ajudar os

alunos a identificar e vivenciar aspectos dessa cultura que fazem parte de sua

história e do lugar onde vivem.

Isabel Marques (2003, p.47), em sua pesquisa diz que o trabalho com a

dança a respeito de etnia pode ser problematizado essas relações e

contextualizadas geograficamente, estudando a formação desses preconceitos

e possibilitar que por meio da dança, as relações entre etnias sejam de

equidade e cooperação. As danças não são “naturais” de etnia alguma, mas

essencialmente aprendidas em sociedade, dançar, compreender, apreciar e

contextualizar danças de diversas origens culturais pode ser uma maneira de

trabalharmos e discutirmos preconceitos e de incentivarmos nossos alunos a

criarem danças que não ignorem ou reforcem negativamente diferenças de

gênero.

Através da participação de atividades relacionadas a danças afro-

brasileira os alunos foram capazes de se identificar com muitos ritmos já

conhecidos por eles, alguns conseguiram superar suas limitações, já que

apresentavam dificuldades em se expor dançando, podendo assim superar

preconceitos e limitações.

Para Márcia Strazzacappa (2001), a dança no espaço escolar busca o

desenvolvimento não apenas das capacidades motoras das crianças e

adolescentes, como de suas capacidades imaginativas e criativas.

Acreditando nisso e logo após vivenciando no desenvolvimento do

projeto, pode-se verificar o quanto os alunos podem ser criativos e livres

quando estão em atividades relacionadas a dança e música e o quanto a

diversidade cultural, mesmo entre os próprios alunos, pode agregar se

partilhada com os demais.

Compreendemos que trabalhar com a diversidade cultural muitas vezes

nos remete a questões religiosas, de lazer , da linguagem, da música, da

expressão artística e literária, da dança, ou seja, de inúmeros elementos que

possibilitam a produção artística e cultural dos negros no Brasil. Kabengele

Munanga afirma que:

No decorrer do processo histórico brasileiro, os homens e

mulheres negras sempre lutaram e resistiram bravamente a

toda forma de opressão e discriminação. Eles forjaram formas

elaboradas de lidar com a vida , com o corpo assim como

expressões musicais múltiplas. Construíram uma estética

corporal que está impregnada na cultura do povo brasileiro.

Por meio da resistência política , da religião, da arte , da

música, da dança e da sensibilidade para com a ecologia o

negro produz, participa e vevencia a cultura afrobrasileira. (

2004, p.139)

No entanto, acredita-se que, por meio de atividades de dança e música

Afro-Brasileira os alunos serão capazes de transformar seus pensamentos e

conceitos valorizando-os e expandindo-os, enfrentando assim preconceitos

muitas vezes impostos pela sociedade limitando o exercício de sua plena

cidadania.

A questão do preconceito com relação ao negro talvez tenha origem na

forma como sua História vem sendo repassada aos nossos alunos,

privilegiando o período da escravidão no qual o negro foi destituído do da sua

condição de humano, constrangendo assim muitos afro-descendentes pois se

veem como menos importantes na História como verificamos a seguir:

A ausência da etnia afro-descendente na História oficializada é amparada pelos ensino onde o africano e a África são inexistentes e o negro surgido do nada aparece em apenas dois cruciais momentos, o da escravidão como figura nua despossuída da dignidade humana, coisificado e depois nos ato dadivoso e piedoso da abolição [...] O ensino da História contribui para a descaracterização do povo brasileiro e para a submissão e subrepresentação dos afro-descendentes ( CUNHA, 2001, p.60).

Precisa-se de um ensino que se baseie na História africana em que

valoriza a participação dos afro-descendentes na construção da sociedade

brasileira. Para tanto, devemos primeiramente assumir que existe racismo e

discriminação em nossa sociedade para poder lutar contra ele. Sabe-se que o

Brasil é o país onde mais apresenta negros fora da África, portanto os

conteúdos sobre a história afro devem fazer parte do nosso currículo para que

possamos acabar com esse preconceito que existe em nossa sociedade que

muitas vezes não é declarado mais se apresenta de forma velada.

2. 1 MATERIAL DIDÁTICO PEDAGÓGICO E IMPLEMENTAÇÃO DO

PROJETO

Para implementação do projeto sobre cultura Afro-brasileira foi

elaborado o material Didático-Pedagógico com o objetivo de oportunizar a

apreensão contextual do estudo histórico e social para que as novas gerações

conheçam sobre a cultura Afro-Brasileira. Dessa maneira, os alunos puderam

entrar em contato por meio de textos, jogos, danças e músicas e ao final

puderam reformular conceitos que os remetam à construção da cidadania,

incentivando-os a participarem da sociedade de forma crítica e consciente.

Esse projeto de intervenção primou pela valorização da cultura Afro-

brasileira, para o exercício da cidadania de seus descendentes com dignidade

e a busca da própria identidade da cultura negra em nossa comunidade

escolar. Foi desenvolvido com alunos do 6⁰ ano e para dar início fez-se a

apresentação do projeto para os professores, diretores e equipe pedagógica da

escola onde todos ficaram animados e se propuseram em ajudar no que fosse

necessário.

A Unidade Didática foi dividida em sete encontros sendo desenvolvida

por meio de atividades em grupos, de danças, de músicas e de textos, o filme

Kiriku e a Feiticeira, de cruzadinhas e imagens. Optou-se por trabalhar o

samba, o lundu e o maculelê na dança e na música o samba de roda porque

essas modalidades artísticas representam a cultura de grupos sociais os quais

influenciam distintos aspectos da atualidade. Em relação aos textos

selecionados foi trabalhado contos africanos para que os alunos conheçam um

pouco mais sobre essa cultura. Ao final os grupos apresentaram à comunidade

escolar, através de representação: dramatizações, paródias, danças e músicas.

O primeiro encontro, iniciou-se com um diálogo sobre a cultura Afro –

Brasileira e também sobre a cultura Africana tendo como referência a imagem

de algumas crianças. Logo após foi realizada a leitura de textos sobre

preconceito e racismo para os alunos tomassem consciência dessa situação

em nosso país e no mundo.

No contato com os alunos questionei-os quanto a experiência sobre o

tema e a grande maioria relatou sobre o preconceito nas piadas , brincadeiras

de mau gosto com os colegas de descendência afro. Percebeu-se que o

racismo e o preconceito está muito presente no dia-a-dia dos meus alunos.

Ao fazer a leitura dos textos com os alunos, estes ficaram muito

interessados, pois não sabiam quase nada sobre o tema e não consideravam

preconceito algumas práticas que eram adotadas pelos indivíduos.

No segundo encontro, foi proposto aos alunos que assistam ao vídeo

Kiriku e a Feiticeira, dirigido por Michel Ocelot, que retrata uma lenda Africana.

O vídeo tem por objetivo mostrar um pouco da cultura africana para

conhecimento do alunos. Em seguida algumas questões sobre o filme foram

levantadas, e também, apresentou-se um mapa da África atual para

visualizarem onde observou-se já tinham conhecimento de vários países

africanos inclusive por meio das reportagens sobre a África que visualizaram

na TV, portanto não era de todo desconhecido dos alunos .

O terceiro encontro puderam entrar em contato com conto africano “

Kumbu, O menino da floresta sagrada”, que narra a história do nascimento de

gêmeos e o destino que era dado a um deles segundo a crença africana, isso

foi feito para o conhecimento da cultura e logo após propôs-se uma

dramatizacão do mesmo. Em seguida, recebem uma cópia xerocada do conto

para dramatizar. Aos alunos deu-se um tempo para se preparar, ensaiar,

arrumar cenário e improvisar o figurino depois de tudo isso os grupos se

apresentaram para a classe, foi uma atividade bastante interessante pois além

de gostarem puderam criar , inclusive algumas peças do figurino para a

apresentação. Outra atividade proposta nesse encontro foi uma visita a sala de

informática para pesquisar algumas músicas e danças africanas onde cada

grupo escolhe uma música para a classe ouvir. A avaliação foi o desempenho

dos alunos ao desenvolver suas tarefas.

O quarto encontro iniciou-se na sala de informática onde os alunos

puderam pesquisar sobre jogos de origem africana e logo depois voltaram

para sala de aula onde foi confeccionado alguns jogos por eles e ao final, os

grupos jogaram. Ao entrarem em contato com os jogos o que mais gostaram

foram os jogos de tabuleiros. Os sites foram indicados pelo professor. A

avaliação foi feita através do desempenho dos alunos na pesquisa e confecção

dos jogos.

No quinto encontro foi proposto a leitura e a compreensão de um texto

em que a dança se mostra como um elemento que ajuda a amenizar o

preconceito com relação aos afro-descendentes ao mesmo tempo que mostra

e revela sua cultura. Durante a leitura o aluno pode perceber como a dança

esta presente em nossa cultura e que a mesma faz parte do nosso dia a dia.

Apresentou-se músicas, samba de roda no cd onde os alunos acompanham a

letra por meio do xerox que o pelo professor disponibiliza ,após essa atividade

os mesmos cantam e comparam com o samba na atualidade. O samba

utilizado foi Samba de Roda do Recôncavo domínio público. Estas letras

podem ser encontradas em http://letras .kboing.com.br. A avaliação foi feita em

grupo onde os alunos fizeram paródias dos sambas que mais gostaram de

ouvir e ao final apresentaram aos colegas. Quando fomos trabalhar com o tema

capoeira os alunos demonstraram muito interesse, já que muitos pais

participavam de grupos de capoeiras e alguns alunos também.

O sexto encontro apresentou danças como Lundu e Maculelê de

origem afro através de vídeo .Para esta atividade utilizou-se a TV pendrive

onde os alunos tomaram conhecimento da dança e posteriormente e dançaram

enfatizando assim o seu conhecimento sobre essa cultura. A seguir

apresentou-se dois pequenos textos um sobre lundu e outro sobre maculelê.

Neste encontro os alunos puderam dançar e reconhecer passos e traços de

muitas danças da atualidade.

No sétimo encontro fez-se o fechamento das atividades, propoz-se a

confecção de um painel com a exposição dos trabalhos realizados durante o

projeto e também a apresentação das danças a comunidade escolar.

O cronograma das ações realizadas precisou ser modificado devido ao

próprio interesse dos alunos pelo projeto que pode ser visto através da

realização de pesquisas que os próprios alunos desenvolveram trazendo suas

contribuições. Na hora da apresentação houve necessidade intervir para

direcioná-los para que não os causasse timidez e medo de errar. Ao final a

avaliação se deu através do painel e também do envolvimento nas

apresentações.

3 . CONSIDERAÇÕES FINAIS

Na escola contemporânea que vemos como uma instituição social que

tem como objetivo o desenvolvimento das potencialidades dos alunos, um dos

desafios é procurar inserir os mesmos na sociedade, desenvolvendo a

capacidade de tornarem-se cidadãos críticos que saibam defender seus

direitos e deveres, que sejam bem informados e em condições de compreender

e participar na sociedade em que vivem. Sendo um cidadão atuante,

politicamente ativo e que valorize sua cultura.

Trabalhar com o projeto não foi fácil, mas também não foi algo

impossível de se fazer, pois depende muito da “boa vontade” do professor

para que este seja desenvolvido com sucesso. As dificuldades apareceram

com certeza, mas se temos um propósito vamos persistir para chegar onde

queremos. É gratificante ter um grupo de alunos que em pouco tempo adquiriu

um conhecimento sobre o assunto e despertou-lhes o interesse que antes não

existia, agora estão incentivados e cada vez mais dispostos a conhecer,

aprender mais, respeitar e divulgar sobre a cultura Afro-Brasileira.

A expectativa desse trabalho era que se conseguisse mostrar aos alunos

que existe um preconceito com relação a cultura Afro-Brasileira e que muitas

vezes nós contribuímos para disseminar essa ideia. No desenvolvimento das

atividades propostas os participantes do projeto foram percebendo que o

conhecimento dessa cultura ajuda a entender que ela está inserida em nossas

vidas e também a diminuir o preconceito.

O foco principal desse trabalho foi identificar estratégias que pudessem

contribuir para a valorização da cultura aqui tratada, para o exercício da

cidadania de seus descendentes com dignidade. Após serem desenvolvidas as

atividades propostas no Material Didático-Pedagógico, concluiu-se que o

objetivo foi atingido, pois pode-se observar o interesse dos alunos em

conhecer, respeitar e levar o conhecimento dessa cultura aos demais

indivíduos em distintos segmentos da sociedade.

Com base nas experiências vivenciadas, podemos afirmar que os

resultados obtidos foram animadores e que podemos acreditar que através do

conhecimento sobre uma cultura podemos melhorar a nossa maneira de ver

sobre essa cultura, inclusive diminuir a discriminação. Estudos e reflexões

coletivas sobre o tema precisam sempre ser retomados, na tentativa de engajar

cada vez mais professores na luta por uma educação significativa e de

qualidade para todos.O projeto pode ser implementado nas demais séries do

Ensino Fundamental.

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