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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO
DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE
Ficha de Identificação - Artigo Final Professor PDE/2013
Título O Preconceito Racial no Ambiente Escolar
Autor Josélia Inês Zanin Pedroso
Escola de Atuação Colégio Estadual Professora Maria Ignácia – Ensino fundamental e Médio.
Município da Escola Rebouças
Núcleo Regional de Educação Irati
Professor Orientador Prof. Dr. Oséias de Oliveira
Instituição de Ensino Superior UNICENTRO
Disciplina/Área de ingresso no PDE História
Resumo: Trata-se de um trabalho sobre preconceito racial no ambiente escolar o qual procura entender a formação que levou a discriminação do negro. Ainda busca integrar as diversas linhas do conhecimento na disciplina de História, muito utilizados hoje nas aulas. Os negros que vieram para o Brasil eram de diferentes nações africanas. Mesmo depois da abolição da escravatura, em 1888, houve um forte movimento que colocava como negativa a presença e a influência dos negros junto ao povo brasileiro, acredita que a mistura racial desequilibraria a formação social e cultural, impedindo a unidade nacional e o desenvolvimento da nação. Aprofunda-se a marginalização do negro na sociedade, o qual foi afastado da história e formação do povo brasileiro. Isso fundamenta o estudo da sua representação no espaço escolar, pois articulam temas e assuntos nos diversos campos disciplinares ao questionamento de relações desiguais, frutos da discriminação e construção de diferenças. O preconceito racial no Brasil opera fundamentalmente em três dimensões: a moral, a intelectual e a estética. É preciso ampliar a compreensão do tema para então problematizar um campo do currículo escolar que privilegie um deslocamento do olhar sobre os negros na nossa história e cultura. No processo de constituição do país, a dinâmica das relações sociais que resultam da mestiçagem, como um fenômeno particularmente intrigante no nosso percurso histórico, é uma tarefa complexa que exige esforço e comprometimento dos docentes no ambiente escolar.
Palavras-chave ( 3 a 5 palavras) Preconceito racial, negros, educação
O PRECONCEITO RACIAL NO AMBIENTE ESCOLAR
Autora: Josélia Inês Zanin Pedroso¹ Orientador: Oséias de Oliveira²
Resumo O trabalho sobre o preconceito racial no ambiente escolar procura entender a formação que levou a discriminação do negro. Ainda busca integrar as diversas linhas do conhecimento na disciplina de História, muito utilizado hoje nas aulas. Os negros que vieram para o Brasil eram de diferentes nações africanas. Mesmo depois da abolição da escravatura, em 1888, houve um forte movimento que colocava como negativa a presença e a influência dos negros junto ao povo brasileiro, acredita-se que a mistura racial afetaria a formação social e cultural, impedindo a unidade nacional e o desenvolvimento da nação. Aprofunda-se a marginalização do negro na sociedade, o qual foi afastado da história e formação do povo brasileiro. Isso fundamenta o estudo da sua representação no espaço escolar, pois articulam temas e assuntos nos diversos campos disciplinares ao questionamento de relações desiguais frutos da discriminação e construção de diferenças. O preconceito racial no Brasil opera fundamentalmente em três dimensões: a moral, a intelectual e a estética. É preciso ampliar a compreensão do tema para então problematizar um campo do currículo escolar que privilegie um deslocamento do olhar sobre os negros na nossa história e cultura. No processo de constituição do país, a dinâmica das relações sociais que resultam da mestiçagem, como um fenômeno particularmente intrigante no nosso percurso histórico, é uma tarefa complexa que exige esforço e comprometimento dos docentes no ambiente escolar.
Palavras-chave: preconceito racial, negros, educação
¹ Pós-graduada em História Social pela FAFI, Graduação em História pela FAFI e Psicologia pela UNICENTRO e professora PDE 2013 ² Prof. Ajunto – Departamento de História. UNICENTRO - Irati; Programa de Pós-graduação em História, UNICENTRO.
1. INTRODUÇÃO
O referido artigo é resultado de atividades realizadas durante o curso de
formação continuada: ”Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE”,
promovido pela Secretaria de Estado da Educação, sob o tema o Preconceito Racial
no Ambiente Escolar.
As diferenças cotidianas, que se apresentam hodiernamente, com respeito à
discriminação no processo pedagógico, rompem com os estereótipos e paradigmas,
impostos por uma ideologia vigente e hegemônica, ampliando o senso crítico frente
às representações e conceitos que são transmitidos historicamente, acerca dos
povos constituintes deste país, através do conhecimento tecnológico, intelectual e
cultural, imprimem uma autenticidade e uma africanidade na forma de ser e agir dos
brasileiros.
Esse estudo sobre preconceito racial no ambiente escolar, desenvolvido no
Colégio Estadual Professora Maria Ignácia, com alunos do 8º ano do Ensino
Fundamental, procurou entender a formação que levou a discriminação do negro,
integrando as diversas linhas do conhecimento na disciplina de História, visando
problematizar o tema, envolvendo brancos e negros. Na aplicação do trabalho, os
encaminhamentos teórico-práticos foram buscar estratégias de superação da
exclusão racial nas escolas, e oportunizar a educadores e alunos a produção de
ações que promovam mudanças no cotidiano escolar, com a superação das
discriminações e racismos presentes nas relações étnico-raciais.
O tema em questão possibilita o trabalho na escola para o reconhecimento de
várias culturas. Educa as novas gerações na convivência, respeito e valorização do
culturalismo. A educação, em seus diversos contextos, é tentada a desempenhar
papel relevante na preparação para a diversidade, respeito, prevenção da
intolerância e aceitação pautada nas Diretrizes Curriculares da Educação Básica
(2008); a finalidade do ensino de História é a formação do pensamento histórico dos
alunos por meio da consciência histórica e critica.
Segundo Andrews (1998) as desigualdades raciais brasileiras relacionam-se à
herança escravista, às interações entre patrões e empregados e o Estado
republicano, que, em um primeiro momento, enfraqueceu a capacidade dos
escravizados de negociação, quando inundou São Paulo de imigrantes. Ao
chegarem, excluíram os negros da experiência de trabalho pós-abolição, ocupando
suas posições no mercado de trabalho.
Tempos mais tarde, os imigrantes começaram a fazer exigências trabalhistas,
retomou-se a mão-de-obra negra, porém, de uma maneira subordinada no mercado
de trabalho braçal. Os trabalhadores negros foram privados da experiência de renda
e de trabalho. Dessa maneira, os negros ocuparam cargos subalternos, o que
reforçou suposições raciais relacionadas a eles.
2. CONSCIENTIZAÇÃO E COMPROMETIMENTO SOCIAL
O tema contempla os estudos sobre responsabilidade, participação e
conscientização; conhecimentos sobre preconceito gerados pelas diversas raças,
reflexão sobre os problemas sociais; motivação e comprometimento social.
Pensar a questão étnica racial, em nosso país, a partir dos diversos campos
de saberes é um desafio no intuito de ampliar a nossa compreensão sobre as
experiências dos negros no Brasil. Atualmente se vê através dos veículos de
comunicação uma preocupação em tratar de temas polêmicos como o preconceito.
Assuntos como esses estão manifestados na sociedade brasileira e devem
contemplar a história em sala de aula com a construção de identidades positivas.
Devemos demonstrar a capacidade e o valor das etnias que tanto contribuem com
seus costumes, crenças, valores, culinária, dança, música, objetos, etc. que se
fazem presentes no cotidiano da sociedade brasileira. Exige-se questionar, respeitar,
reconhecer, valorizar as relações étnicas raciais e os processos históricos
desencadeados por resistência dos povos negros, africanos escravizados no Brasil e
por seus descendentes na contemporaneidade. É importante criar pedagogias de
combate ao preconceito, à discriminação, racismos das miscigenações de raças,
para ajudar a desenvolver uma sociedade justa para todos.
Afirma Santos com relação a discriminação:
“existe discriminação sempre que uma pessoa seja impedida de
exercer um direito como, por exemplo, o trabalho, ou não possa usufruir as mesmas oportunidades e tratamentos que outras em função de sua raça, sexo ou idade. Contra essa discriminação, cabe a sinalização, pelas normas legais, no sentido de sua incompatibilidade com o Estado democrático de direito, e possibilidade de sua sanção pela via jurídica”(SANTOS, 2000 p. 134)
Os negros africanos trazidos foram escravizados e passaram por um
processo de ‘apropriação’, foram obrigados a deixar de praticar suas linguagens,
religiões e costumes adotando práticas européias. O movimento negro está
diretamente ligado às lutas não só contra o racismo e a discriminação racial, mas
também a xenofobia e intolerâncias correlatas. (Araújo Jr., 2014).
A desigualdade racial, antes de ser o problema em si, é o resultado de
processos diversos, nos quais o racismo e seus desdobramentos, o preconceito e a
discriminação, destacam-se como fontes primárias. O enfrentamento do tripé
racismo – preconceito - discriminação precisa vir a se constituir no cerne da política
de promoção da igualdade racial.
3. A QUESTÃO DA RAÇA DISCRIMINAÇÃO, PRECONCEITO RACIAL E DIFERENÇAS
O termo raça é utilizado com freqüência nas relações sociais brasileiras, para
informar como determinadas características físicas, como cor de pele, tipo de
cabelo, entre outras, influenciam, e até mesmo determinam o destino e o lugar social
dos sujeitos no interior da sociedade brasileira. (Diretrizes Curriculares Nacionais
para a Educação das Relações Étnico-raciais e para o Ensino de História e Cultura
Afro-brasileira e Africana, 2004).
As desigualdades raciais no Brasil configuram-se como um fenômeno
complexo, constituindo-se em um enorme desafio para governos e para a sociedade
em geral. Enfrentar as dificuldades que se colocam face consolidação da temática
da desigualdade e da discriminação, na agenda pública no espaço de governo,
integrar e ampliar as iniciativas em curso parecem ser, hoje, os grandes desafios no
campo das políticas públicas pela igualdade racial.
A “raça” concebida como um conjunto de traços fenotipicos historicamente
elaborados, acaba funcionando como um mecanismo no preenchimento das
posições de classe (Hansenbalg, 1979). O racismo e a discriminação assumem novo
papel na sociedade capitalista.
Em suma, a raça, como traço fenotípico historicamente elaborado, é um dos critérios mais relevantes que regulam os mecanismos de recrutamento para ocupar posições na estrutura de classes e no sistema de estratificação social. Apesar de suas diferentes formas (através do tempo e do espaço), o racismo caracteriza todas as sociedades capitalistas
multirraciais contemporâneas. Como ideologia e como conjunto de práticas cuja eficácia estrutural manifesta-se numa divisão racial do trabalho, o racismo é mais do que reflexo epifenomênico da estrutura econômica ou um instrumento conspiratório usado pelas classes dominantes para dividir os trabalhadores. Sua persistência histórica não deveria ser explicada como mero legado do passado, mas como servindo aos complexos e diversificados interesses do grupo racialmente supra ordenado no presente. (HASENBALG, 1979, p. 118)
O autor descreve que o racismo acaba funcionando como elemento
determinante primário nas relações de produção e distribuição desigual de posição
entre as raças.
Para Fernandes (1988), no Brasil, classe e raça são dois elementos
explosivos e revolucionários e que por isso devem ser unidos. Simbolicamente o 1º
de maio, dia do trabalho, e 20 de novembro, dedicado a Zumbi, representam os
laços econômicos, morais e políticos que prendem os oprimidos entre si e
subordinam todas as suas causas a uma mesma bandeira revolucionária. Assim, os
comunistas devem saber que o “preconceito e a discriminação raciais estão presos a
uma rede da exploração do homem pelo homem e que o bombardeiro da identidade
racial é prelúdio ou o requisito da formação de uma população excedente destinada,
em massa, ao trabalho sujo e mal pago...” (FERNANDES, 1989, p.28)
A questão exposta pelo autor, está centrada na idéia de que o operário negro necessita superar dois tipos de ideologias que as classes dominantes do capitalismo criaram. A primeira corresponde à idéia de que o pobre não se torna rico devido tanto à sua vida mundana, quanto à falta de parcimônia com relação aos seus ganhos. A segunda relaciona-se à idéia de que os negros fazem parte de uma raça inferior, não dotada de razão e civilidade, em relação aos brancos. Então o negro operário dos dias atuais carrega nas costas o peso de duas fortes ideologias, produzidas pelo capital, a de que ele é “mundano” e “inferior”. (FERNANDES, 1989, p.28)
Voltando-se para os interesses burgueses e prontos a excluir de suas
relações os “negros inferiores”, a luta contra a subordinação do movimento passou a
ficar em mãos exclusivas da grande maioria oprimida. A evidencia que a chamada
“democracia racial” não teve como alvo apenas as classes dominantes, em sua
maioria branca, seus propósitos ideológicos também penetraram de modo
devastador entre os negros. Em conseqüência, percebe-se o aprisionamento de
parte desses indivíduos em certos paradoxos que conduzem à negação de si
próprio. Não conseguindo se ver como de fato são vistos pelos brancos.
Conforme Florestan Fernandes (1989), desigualdade racial no Brasil está
relacionada ao meio social imposto pelos escravocratas, onde os laços familiares
quebrados, e também ao legado escravista brasileiro, que somente seria superado
com o desenvolvimento industrial e tecnológico do país. Os professores de história
devem procurar desenvolver, nos alunos uma integração crítica levando-os a visão
do futuro, despertando a consciência de que o conhecimento histórico é fruto de seu
tempo e sugere a identificação e analise de valores.
Segundo expressou o próprio Nascimento em relação á produção teatral onde
buscava combater a discriminação racial, dinamização "a consciência da negritude
brasileira". Conforme Nascimento:
“Fundando o Teatro Experimental do Negro (TEN) em 1944, pretendi organizar um tipo de ação que a um tempo tivesse significação cultural, valor artístico e função social. De início havia a necessidade urgente do resgate da cultura negra e seus valores, violentados, negados, oprimidos e desfigurados. Depois de liquidada legalmente a escravidão, a herança cultural é que ofereceria a contraprova do racismo, negador da identidade espiritual da raça negra, de sua cultura de milênios. O próprio negro havia perdido a noção de seu passado."(NASCIMENTO, 1982).
Na luta contra a discriminação racial, aonde todos defendem a aplicabilidade
da lei de discriminação racial, crime considerado inafiançável pela Constituição da
República Federativa do Brasil (2003), mas pela falta de conhecimento, muitas
vezes, ela é confundida com o crime de injúria e difamação, cuja pena é bem mais
leve. Essa militância vem buscando por viés político, educacional, ideológico,
cultural, religioso, gênero, artístico, entre outros, a real e total, liberdade em todas as
áreas, investigando boa qualidade de vida, de marginalização, educação, inserção
social, melhor moradia e saúde para o povo negro.
No Brasil, entre os grandes marcos da história são lembrados Zumbi1, Revolta
dos Malês2, Chibata3 e tantas lutas e resistência do povo negro. A amplitude do
movimento negro é um conjunto de manifestações que surgem de inquietações
individuais e coletivas.
1. Zumbi foi o último dos líderes do Quilombo dos Palmares, líder negro, símbolo da resistência negra no Brasil Colonial.
2. Revolta dos Malês O movimento de 1835 é conhecido como Revolta dos Malês, por serem assim chamados os negros muçulmanos que o organizaram. 3. Chibata A Revolta da Chibata foi um movimento militar na Marinha do Brasil, planejado por cerca de dois anos pelos marinheiros e que culminou com um motim líder João Cândido (Almirante Negro).
A prática pedagógica visa desenvolver e estimular a auto-estima, identidade,
cidadania e combate a discriminação racial. Através do trabalho sobre preconceito
racial no ambiente escolar, pode-se ampliar e dar uma nova visão sobre o
preconceito racial no Brasil. Portanto, o preconceito, a discriminação está na
classificação racial ou de cor que se adota. Segundo Boaventura Santos:
“As dores do pós colonialismo”, afirma que “só quem pertence a raça dominante tem direito (e a arrogância) de dizer que a raça não existe ou que a identidade étnica é uma invenção. O máximo de consciência possível dessa democracia hipócrita é diluir a discriminação racial na discriminação social”. (SANTOS, 2006).
Pensar em etnias, nos novos significados que se pretende construir como
categoria de “diversidade”, “miscigenação”, “multiculturalismo brasileiro” e “cultura
afro-brasileira”, promovidas relativamente no Brasil, na construção de uma nova
identidade racial, pela luta contra o racismo e o preconceito existente na sociedade
brasileira descrita na história como “desencontro de culturas”, responsáveis pela
formação do povo brasileiro. Tudo isso, nos leva a pensar como o preconceito está
sendo visto na escola e na sociedade.
Com o trabalho sobre o preconceito, percebe-se que a invisibilidade dos
negros pode ser confirmada nas referências ao mito da democracia racial que
coberto pelo manto da mestiçagem defendido por Freyre (2003), um dos
divulgadores desse mito. Para ele “as boas relações” entre a casa grande e a
senzala, a “mistura racial”, dariam a indistinção de cor/raça. De acordo com esse
pensamento, afirmou Telles (2003) que o Brasil se tornaria “um país moreno”. Essa
cor registrada como uma categoria presente em alguns censos no Brasil.
A transformação na coloração da pele foi em decorrência das relações étnicas
surgindo construções ideológicas, e como tal devem ser contemplados em
discussões que possam nos auxiliar na compreensão de como e quanto os
acontecimentos históricos acarretaram um dano psíquico aos corpos coletivos, e as
modalidades em nosso sistema escravocrata com as quais a violência contribuiu
para a configuração de subjetividades.
O sistema escravista foi uma experiência crucial para os negros, visto que os
europeus, convencidos de sua superioridade, tinham um total desprezo pelo mundo
negro, apesar de todas as riquezas que dele tiraram. A necessidade de manter a
dominação por suas vantagens econômicas e psicossociais levaram defensores da
situação colonial a recorrerem não somente a força bruta, mas, a outros recursos de
controle, como o de desfigurar completamente a personalidade moral do negro e
suas aptidões intelectuais (MUNANGA, 1988, p. 9).
A história do negro no Brasil não significou passividade nem apatia, mas sim,
luta e organização, pois, diante dos limites impostos ao africano escravizado, os
esforços na luta pela liberdade manifestavam coragem e a indignação diante da
escravidão e não a passividade. Esse processo de luta e indignação pode ser
definido por resistência negra. A insubmissão às regras do trabalho nas plantações,
os movimentos de ocupação de terras, as revoltas, as fugas, os assassinatos de
senhores, foram algumas das estratégias usadas pelos negros contra o sistema
escravista (MUNANGA e GOMES, 2006, p. 26).
Dessa forma, o trabalho realizado no Colégio Estadual Professora Maria
Ignácia, no município de Rebouças vinculou-se ao movimento da nova história que
se apresenta na atualidade como um grande problema enfrentado pela sociedade. O
novo olhar sobre essa dimensão se faz presente na chamada História vista de baixo,
proposta que inclui novas fontes para o estudo da História, que buscavam dar voz
aos excluídos, uma vez que os documentos oficiais privilegiavam, a priori, o olhar
dos vencedores. (PARANÁ, 2006, p.34).
A questão norteadora deste trabalho baseou-se na proposta do caderno de
Expectativas de Aprendizagem do Governo do Estado do Paraná, que se constitui,
portanto, numa referência de avaliação do processo pedagógico, bem como do
conhecimento adquirido pelos alunos. De acordo com Brasil (2008, p.83), as
“condições de identificar os processos históricos, reconhecer criticamente as
relações de poder nelas existentes, bem como intervirem no mundo histórico em que
vivem de modo a se fazerem sujeitos da própria História”. O movimento negro no cenário das lutas sociais do Brasil teve repercussão. O
combate contra o racismo, chega ao século XXI bastante forte e atuante. A
discriminação racial é um dos principais problemas estruturais da nação brasileira,
ganhou uma ampla visibilidade social. O que, de certa forma, forçou mais uma vez o
debate sobre a questão racial no Brasil e a situação que o negro é visto pela
sociedade.
Por um lado, esse movimento poderia até ser justificado caso os negros da
sociedade brasileira estivessem inseridos nas diversas classes sociais de modo
equilibrado, sem grandes assimetrias. Pois assim, não haveria como argumentar
que o racismo é praticado independentemente da classe social. Isso poderia até
acontecer, quer dizer, haver práticas racistas independente da condição de classe
dos negros. Talvez, os Estados Unidos seja um bom exemplo disso. Porém, essa
não é a realidade do Brasil.
A grande maioria dos negros brasileiros está inserida nas classes
subalternas. E isso não é, de maneira alguma, uma novidade. Portanto, como não
envolver a classe social na questão do racismo? Por outro lado, a situação do negro
brasileiro foi, por um bom tempo, desmerecida pelo movimento comunista. O próprio
Partido Comunista Brasileiro, defendia a tese de que a questão do racismo era uma
questão puramente de classe. (FERNANDES, 1989). Tal postura, certamente,
acabou distanciando o movimento negro das lutas de cunho classista. Mesmo que
em muitos casos essa grande parte da população estivesse inserida na estrutura da
classe operária, ela não se sentia representada pelos órgãos comunistas na luta
contra o racismo.
As privações que o negro sofria eram vistas apenas sob o angulo do interior
da fábrica, desconsiderando todo o aspecto repressivo lançado pela cultura da
sociedade.
Salientou Frantz Fanon que os descendentes de mercadores de escravos,
dos senhores de ontem, não tem hoje, de assumir culpa pelas desumanidades
provocadas por seus antepassados. No entanto, têm eles a responsabilidade moral
e política de combater o racismo, as discriminações e, juntamente com os que vêm
sendo mantidos á margem, os negros, construir relações raciais e sociais, em que
todos cresçam e se realizem enquanto seres humanos e cidadãos. Não fossem por
estas razões, eles a teriam de assumir, pelo fato de usufruírem o muito que o
trabalho escravo possibilitou ao país. (FRANTZ, 1979).
No espaço escolar a problemática das relações raciais poderia ser buscada
nas próprias escolas, como consta no documento das BRASIL (2008, p. 78), de
acordo com a filosofia dos Desafios Educacionais Contemporâneos:
Com a implementação da Lei 10.639/03, das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico – Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-brasileira e Africana em 2004, e no caso do Paraná,da Deliberação 04/06 do Conselho Estadual da Educação, o ensino da História tende a passar por uma grande transformação. Como atores sociais e sujeitos da História, aqueles que sofreram com a escravidão no período colonial e imperial brasileiro e com a exclusão social na pós-abolição, são justamente os que buscaram questionar a “verdade”
contida no ensino de nossa História. Por isso, podemos afirmar que esses aspectos legais concernentes ao campo da educação são conquistados dos movimentos sociais, em especial do Movimento Negro. (BRASIL, 2008 p.78).
O professor deve melhorar a prática em sala de aula, prezar pela qualidade
daquilo que se ensina no cotidiano da escola. Isso deve ser uma busca permanente,
eis que a educação formal se dá de forma privilegiada neste espaço, através de
pesquisa de campo, entrevista e opiniões que se presencia através da imprensa
escrita e falada, etc., a fim de levar o incentivo ao educando na busca da atualização
sobre a história dos povos, em observância ao tema em questão, que fazem parte
do mundo em que vivemos e que se traduzem em costumes, crenças, alimentação,
arte, tradições, das miscigenações do povo brasileiro.
Sobre a estrutura social brasileira Darcy Ribeiro comenta:
“O povo brasileiro: a formação e o sentido do Brasil”, 1995, diz que o produto final e real da colonização foi à formação de um povo-nação, repleto de uma diversidade cultural, característica da miscigenação, que ocorreu em nosso país. Segundo o autor, “... a nação ficou dividida em grandes grupos étnicos e nos chama a atenção de que não há um Brasil, mas “os brasis”. O Brasil sertanejo, caboclo, crioulo, caipira e gaúcho... Onde a perda de identidade do branco, do negro e do índio (no processo de miscigenação) fez surgir o Brasileiro”. (RIBEIRO, 1995)
O cruzamento inter-racial como suposta prova de ausência de racismo e
discriminação racial faz supor que em países que se praticou racismo ou conflitos
raciais explícitos, a miscigenação é um patamar de consciência social em que não é
possível “tapar o sol com a peneira”, é um país desigual, inclusive quanto à riqueza.
Munanga (1986) afirma que o perfil da desigualdade racial no Brasil não pode
ser associado apenas ao legado escravista, uma vez que as desigualdades se
perpetuaram por meio de uma estrutura desigual de oportunidades nas quais os
negros estão expostos no presente. A igualdade de origem social, ou seja, o fim do
período escravista, que concedeu aos escravizados o status de trabalhadores livres,
não diminuiu as desvantagens dos negros sobre os brancos; o que mostra o quanto
a raça e a diferença biológica no Brasil persistem como elemento estruturador da
mobilidade social. Neste contexto, a discussão da identidade emerge com enorme
importância na questão da desigualdade de raça. A identidade pode ser definida
como:
Um processo de construção de sentido, como fonte de sentido, experiência, mas um processo com seu sentido construído a partir de um conjunto coerente de atributos considerados prioritários em relação às outras fontes. Esses atributos podem ser históricos, geográficos, biológicos, sociais, culturais, religiosos e até filosóficos (Munanga, 2002, p.11).
A conscientização de todo ambiente escolar deve ser diário dentro da escola
e contínuo fora da escola, por isso realizei este trabalho iniciando dentro da escola,
para que os alunos levem a toda comunidade através de seu exemplo.
De acordo com Rodrigues (2003, p.3):
A escola, dentro da sociedade, tem o papel de combater o preconceito, preocupando-se em não reproduzir estereótipos que rotulem para desqualificar grupos raciais e étnicos, sendo um espaço democrático onde todos possam ser iguais tem do os mesmos direitos. Sua função poderia ter sentido no momento em que fosse capaz de preparar o aluno “para viver no meio de culturas diferentes, compreendendo as situações multiculturais, facilitando-lhe o domínio de outros costumes e formas de costumes diferentes dos próprios.”
O Brasil que se busca, o país do desenvolvimento com igualdade de
oportunidades e de acesso a bens de serviços, deve ter como desafio primeiro o
combate ao problema racial, essa realidade secular deverá abrir uma nova etapa na
existência da sociedade brasileira, deve mostrar uma realidade assustadora.
Combater o racismo, trabalhar pelo fim da desigualdade social e racial,
empreender reeducação das relações étnico-raciais não são tarefas exclusivas da
escola. A forma de discriminação de qualquer natureza não tem o seu nascedouro
na escola, mas, o racismo, as desigualdades e discriminações correntes na
sociedade perpassam por ali.
O racismo e a discriminação, a qualquer título, são abomináveis aos olhos
daqueles que vivem a verdadeira humanidade e que tratam aos outros com
igualdade, respeito e amor independente da cor, da raça, do sexo, da idade, da
profissão, etc.
O Brasil é um país com múltiplas etnias, fatores estes que contribuíram para a
existência de diversidades de culturas, valores e crenças.
Percebemos, dessa forma, que o negro e o indígena foram as duas grandes
vítimas preferenciais dos colonizadores europeus racistas que, julgando-se
superiores àqueles, os dominaram, destruindo as suas culturas e economia:
A ignorância em relação à história antiga dos negros, as diferenças culturais, os preconceitos étnicos entre duas raças que se confrontam pela primeira vez, tudo isso, mais as necessidades econômicas de exploração, predispuseram o espírito europeu a desfigurar completamente a personalidade moral do negro e suas aptidões intelectuais. O negro torna-se, então, sinônimo de ser primitivo, inferior, dotado de uma mentalidade pré-lógica. (MUNANGA, 1986, p. 9)
A discriminação ocorre com maior freqüência contra a raça negra e mais
precisamente em relação aos negros pobres, agravando-se contra as mulheres,
crianças, idosos, negros e pobres.
Embora, na nossa legislação existam diversas fontes e recursos de combate
contra a discriminação e o racismo, para que haja eficácia, essa batalha, é
necessário a existência de uma consciência. Faz-se mister que aqueles que são
discriminados estejam conscientes da discriminação sofrida e reajam de forma
inequívoca contra seus discriminadores, inclusive denunciando-os à justiça. 4. DA INTERVENÇÃO COMO EXPERIÊNCIA EM SALA DE AULA
A implementação do trabalho, sobre O Preconceito Racial no Ambiente
Escolar, ocorreu no Colégio Estadual Professora Maria Ignácia – Ensino
Fundamental e Médio, Rebouças/ PR, com alunos do 8º ano B, do turno da manhã,
durante o primeiro bimestre de 2014. As atividades visavam diminuir a dificuldade
apresentada por estes alunos em relação ao tripé discriminação, preconceito e
racismo. Foram selecionadas várias atividades repassadas aos alunos através de
filmes, documentários, músicas, histórias, texto, poemas e desenhos.
O interesse pelo tema do preconceito racial no ambiente escolar surgiu em
razão de ser componente dos estudos do cotidiano escolar da atualidade e, também,
por se tratar de uma questão polêmica, um desafio a ser enfrentado, consistindo em
desenvolver a auto-estima negra, a qual carece de incentivos de grande proporção
que não pode ser resolvido em curto prazo.
Os conteúdos foram apresentados aos alunos, para os quais foi feito a
explanação inicial das idéias centrais que seriam trabalhadas no projeto, suas ações
e forma de aplicação. Os alunos demonstraram boa receptividade, empolgados
pelos trabalhos individuais e em grupos, recursos áudio visuais (CD e DVD, aparelho
de som e aparelho de DVD, data show, pendrive), textos digitados, quadro de giz e
folhas para a elaboração dos desenhos.
Após a leitura de texto “O Tom da Cor“ (Leitão, 2008), com os alunos,
enfatizando os tópicos relevantes e induzindo-os ao raciocínio da temática, abrimos
o debate das principais idéias, registrando no quadro os tópicos discutidos e as
questões pertinentes, houve participação de toda a classe, onde, em sua maioria,
demonstraram a compreensão do tema abordado, apontando atitudes e
conseqüências concretas para o preconceito / discriminação racial entre brancos e
negros.
Com relação às músicas e vídeos apresentados, foram os focos na
sensibilização dos problemas do preconceito. As músicas “Que país é esse” (Russo,
1997), “Lavagem Cerebral” (Contino, 1993), levaram os educandos a cantarem
junto, adoraram, observaram as desigualdades sociais, a chegada dos
descobridores da terra Brasil. A vinda de negros/ africanos para o trabalho, mão-de-
obra, formas de tratamento entre brancos e negros. Foi impressionante a
participação do educando na contribuição de argumentos para a criação das
músicas trabalhadas.
Os vídeos apresentados “O Xadrez das Cores” (Schiavon, 2004), “Vista
minha Pele” (Araújo, 2003) e “Retrato em Preto e Branco” (Joel Zito Araújo) trouxe
reflexos da realidade, pois, ao trabalhar com os vídeos foi surpreendente o despertar
da sensibilidade de vários alunos com o vídeo, ficando bastante emocionados. O
debate sobre seus interesses e preocupações com a discriminação, preconceito e
racismo foi focado nas imagens dos vídeos. Os alunos, ainda, em sua maioria,
comentaram questões socioeconômicas, as semelhanças e diferenças na
sociedade, brincadeiras de crianças, comentários que ouvem dos outros, como dos
pais, amigos, dos mais velhos, chegando à conclusão que o preconceito /
discriminação e racismo começaram desde o início da colonização; formas de quem
mandava, quem obedecia, alguns até chegaram a mostrar certo “nojo” ao falar do
preconceito na nossa sociedade. Levantaram questões acontecidas e mostradas
nos meios de comunicação.
O poema “Casa Grande & Senzala” (Bandeira, 1949) e de Gilberto Freyre
(1933), despertou a curiosidade de muitos alunos com relação ao vocabulário
utilizado pelo autor, e partindo para que os mesmos comentassem várias
características que se associam a brancos e negros, como dizeres, piadas,
gracinhas, onde houve o posicionamento de certos alunos, ao colocar como certo ou
errado o que os colegas falaram. O trabalho com os artigos da Constituição da
República Federativa do Brasil (2003), apresentou muita informação para os alunos,
além das planejadas, onde demonstraram interesse em desenvolver outros
trabalhos que serão planejados futuramente.
A Canção – Hino, (Inocêncio, 1988) e o Documentário: O Que é Movimento
Negro (Núcleo de Estudos Negros, 1998), os alunos retrataram o cotidiano
apresentado pelos meios de comunicação, e se identificaram com o samba e o hip
hop, entre as formas culturais que colaboram com a luta negra pela "desmistificação
do mito da democracia racial" existente no Brasil.
Percebe-se que muitas coisas passam despercebidas aos nossos olhos e que
para os alunos era visível. Essa turma está mais consciente das diferenças de raça,
cultura, crença, arte, direitos, enfim, estão levando esses conhecimentos para fora
da sala de aula, contribuindo para que não ocorra o preconceito com os seus
colegas na escola. 4 Muitos casos estão sendo corrigidos com a ajuda dessa turma,
que passaram a comentar com outros, virando uma forte informação entre toda a
escola.
No processo de constituição do país, a dinâmica das relações sociais resulta
como um fenômeno particularmente intrigante no nosso percurso histórico, uma
tarefa complexa, pois as relações raciais e as questões do preconceito e da
discriminação no Brasil são percebidas em especial na população negra.
Apesar dos avanços e transformação da sociedade, as relações de condutas
discriminatórias são interiorizadas e difíceis de serem modificadas, nessa
perspectiva, a escola e a sala de aula são lugares de transformação, onde o desafio
é (re)significar a ação educativa e propor uma interação com o ambiente escolar.
Fica claro que o Brasil tem interesse em combater o racismo e qualquer
espécie de discriminação para construir um país mais justo, solidário, onde os
cidadãos participem ativamente do governo, seja através de seus representantes,
seja através da fiscalização e do controle das ações dos políticos e governantes.
4. O resultado de todo o trabalho realizado com os alunos será apresentado a toda escola na Semana da Consciência Negra vai ser exposto nos murais da escola, o trabalho confeccionado pelos próprios educandos, pois, o mesmo retrata personagens, histórias, músicas, desenhos e alguns textos.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O trabalho sobre preconceito racial no ambiente escolar ocorreu de acordo
com o que foi sugerido e planejado. O texto, os filmes, as músicas e obras literárias
trabalhadas foram amplamente exploradas gerando questionamentos e provocando
reflexões entre os educandos.
Segundo Telles (2003, p.301-302) o racismo e a discriminação existem em
todas as sociedades multirraciais. A especificidade do racismo brasileiro se deve às
condições históricas, demográficas, culturais, políticas e econômicas de nossa
formação.
Além das características regionais, para Telles (2003, p.303) a diferença de
conclusões entre pesquisadores talvez se deva à ênfase que cada escola deu ora às
relações horizontais ora às verticais. Para Telles (2003) as relações horizontais são
caracterizadas por uma sociabilidade inter-racial especialmente entre pessoas da
mesma classe social, enquanto as relações verticais são aquelas entre diferentes
classes sociais e que implicam relações de poder socioeconômico.
As desigualdades raciais no Brasil configuram-se como um fenômeno
complexo, constituindo-se em um enorme desafio para governos, para a sociedade
em geral. Enfrentar as dificuldades que se colocam face a consolidação da temática
da desigualdade, da discriminação, na agenda pública, o espaço de governo,
integrar e ampliar as iniciativas em curso parecem ser, hoje, os grandes desafios no
campo das políticas públicas para igualdade racial.
Afirma Santos (2000): existe discriminação sempre que uma pessoa seja
impedida de exercer um direito como, por exemplo, o trabalho, ou não possa usufruir
as mesmas oportunidades e tratamentos que outras em função de sua raça, sexo ou
idade.
No desenvolvimento desse estudo, trabalhou-se com diversos materiais, e
subsídios que levaram a participação e interesse dos alunos. Durante as atividades
pedagógicas com embasamentos que justificassem a nossa atuação, o suporte
necessário para incentivar as ações contra o preconceito. Diante do que foi exposto
pode-se chegar ao sucesso da turma dando oportunidades aos nossos alunos para
efetivar o processo de ensino/aprendizagem dos conteúdos da história afro-
brasileira, africana e indígena e, consequentemente, sua autonomia para agir na
sociedade com direitos e igualdades para todos.
Em síntese, a formação de preconceitos em relação às raças só ocorre na
sociedade onde não há informações necessárias. O combate ao racismo e a
discriminação, devem estar presentes na consciência do povo brasileiro, inclusive a
nível internacional, isto é, em suas relações no exterior e em seu relacionamento
com os estrangeiros (art.4º da CF/88). BRASIL (2006). Eis que dentre os objetivos
da política brasileira nas relações internacionais destacam-se a Prevalência dos
Direitos Humanos; a Igualdade entre os Estados, a Defesa da Paz e o Combate ao
Racismo e ao terrorismo, bem como a Integração econômica, social política e
cultural com os povos da América Latina (Mercosul).
O tema preconceito racial é um assunto atual e de grande abrangência em
nossas escolas, percebemos constantemente nas aulas as piadinhas, brincadeiras
que mexem com a auto-estima de nossos alunos, e sendo assim, corriqueiro, temos
que estar cada dia mais preparado para futuros imprevistos aos quais estamos
presenciando.
Em nossa cultura poderíamos enumerar a vasta quantidade de piadas e
termos que mostram como a distinção racial é algo corrente em nosso cotidiano.
Quando alguém autodefine que sua pele é negra, muitos se sentem deslocados.
Parece ter sido dito algum tipo de termo extremista. Talvez chegamos a pensar que
alguém só é negro quando tem pele “muito escura”. Com certeza, esse tipo de
estranhamento e pensamento não é misteriosamente inexplicável. O desconforto, na
verdade, denuncia nossa indefinição mediante a idéia da diversidade racial.
Ocorre que, as discriminações existem e, são reais e devem ser encaradas
como fatos que precisam ser combatidos e resolvidos, não bastando a mera
maquiagem da realidade que por si só é discriminatória e colabora para o
crescimento do preconceito, do racismo, dos estereótipos e das discriminações
sociais.
Há que se ressaltar aqui a "imprecisão" dos legisladores ao desejarem
alcançar a perfeição e cercar de proteção toda a população brasileira. Entretanto,
por extensão os Tribunais tem assegurado a eles todos os direitos e garantias
fundamentais de nossa Carta Magna e da Declaração Universal dos Direitos
Humanos.
Os principais direitos humanos fundamentais são a vida, a liberdade, a
igualdade, a segurança e a propriedade. Na mesma esteira de pensamento e
proteção, a Constituição Federal de 1988, conhecida como Constituição Cidadã,
estabeleceu a proibição da tortura e da humilhação de todo e qualquer indivíduo,
independente de sexo, raça, cor, idade, etc.."
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