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Os desafios do trânsito emFlorianópolisOs desafios do trânsito em
"O trânsito é uma questão de cidadania,uma ferramenta de gestão para aconstrução de cidades mais inclusivas e com maior qualidade de vida"
De acordo com o Ministério das Cidades, o crescimento contínuo e acelerado da frota de veículos e a
disposição da infraestrutura de forma desequilibrada tem gerado diversos inconvenientes que
refletem principalmente no aumento do tempo de viagem, nos conflitos entre motoristas, pedestres e
ciclistas, na ineficiência econômica e até mesmo em problemas relacionados à saúde dos indivíduos.
Apesar ser uma das capitais menos populosas do Brasil, ocupando 22º lugar, entre 27, Florianópolis
ostenta a segunda colocação no ranking das mais motorizadas, tendo a proporção de 1,46 habitante
por veículo, atrás apenas de Curitiba.
"O trânsito é uma questão decidadania,uma ferramenta de gestão paraa
Ministério das Cidades,
Conheça os entrevistados:
WernerKraus
Guilherme Medeiros
veículo469.6 319.8
habitante
Veja as proporções entre veículos e habitantes nas Capitais mais motorizadas do país, com base na
projeção do IBGE para população das cidades em 2015 e dados da frota de veículos, segundo
registros de emplacamento dos Detrans SC, PR e MG até dezembro do mesmo ano:
habitante/veícu
A mobilidade urbana é um atributo das cidades e está relacionada à facilidade de deslocamentos de
pessoas e bens no espaço urbano. Mas o que vemos no cotidiano são as dificuldades neste
processo, implicando em uma perda de tempo produtivo ou de lazer para os cidadãos. Horas nos
congestionamentos, seja dentro de um ônibus ou em um automóvel particular, já fazem parte da
rotina de quem precisa locomover-se no dia a dia.
Nas últimas décadas, as cidades brasileiras passaram por um processo acelerado de urbanização
que não foi acompanhado de planejamento integrado entre as políticas de desenvolvimento urbano,
trânsito e mobilidade. Em Florianópolis, uma Ilha que teve sua primeira conexão física com a região
continental inaugurada há apenas 90 anos (a Ponte Hercílio Luz), essa ocupação desordenada e a
falta de planejamento ficam ainda mais evidentes.
O que é mobilidade
1,4
Curitiba Florianópolis Belo Horizonte
População Frota de veículos
Calçadas com buracos, ônibus lotados, congestionamentos, tempo desperdiçado, acidentes, mortes.
Estes são problemas diários da mobilidade urbana, que ao invés de cumprir seu papel ao promover
inclusão e maior qualidade de vida, causa preocupações na área da saúde.
De acordo com o Relatório das Análises dos Desastres de Trânsito, o número de vítimas de acidentes
na capital catarinense aumentou 56,6% em 2014 com relação ao ano anterior, elevando a taxa de
mortalidade de 11,7 para 18 óbitos a cada 100 mil habitantes, enquanto a média nacional, na mesma
proporção, é de 12 mortes.
Em 2010, a Organização das Nações Unidas (ONU) definiu o período entre 2011 a 2020 como a
Década de Ações para Segurança no Trânsito, na qual governos de todo o mundo se comprometeram
a tomar novas medidas para prevenir os acidentes, que matam cerca de 1,3 milhão de pessoas por
ano. Para dar mais atenção aos 10 países com maior índice de mortalidade, entre os quais está o
Brasil, foi criado o projeto Road Safety in Ten Countries (RS-10), com o financiamento da Fundação
Bloomberg e coordenação global da Organização Mundial de Saúde (OMS) e suas
agências regionais.
Em Florianópolis, este esforço é representado pela Rede Vida no Trânsito, que reúne organizações
governamentais municipais, estaduais e da união, além de organizações sociais e empresariais. A
rede tem como missão garantir o direito à vida no trânsito e como visão de futuro “fazer de
Florianópolis, até 2020, capital referência em educação, respeito, gentileza e paz no trânsito,
reduzindo o número de mortes e feridos graves”.
"Muitos paisenterramseus filhosno Brasilpela guerrano trânsitono dia a dia"
A segurança no trânsito é considerada uma das principais causas de problemas na saúde, segundo
Carlos Daniel Moutinho, Secretário de Saúde de Florianópolis. A mortalidade é apenas uma ponta do
iceberg quando se fala em acidentes de trânsito: "50 mil vão à óbito por ano no país, mas pelo menos
250 mil pessoas sofrem com incapacidade, amputação ou paralisia permanente". O que representa
graves prejuízos no sistema econômico de saúde, de acordo com Moutinho. Além disso, afirma, é um
custo para sociedade e para a família, já que o trânsito é a maior causa de mortes entre os jovens, os
"potenciais de vidas perdidos", como define.
Carlos Daniel MoutinhoSecretário de Saúde de
Leandro Pereira Garcia, coordenador do projeto Rede Vida no Trânsito e diretor da Vigilância em
Saúde de Florianópolis, ressalta que a saúde pública do Brasil gasta 45 bilhões de reais por ano em
decorrência de desastres de trânsito, o que representa um terço de tudo que é investido no SUS
anualmente.
O Mapa da Violência no Trânsito, com estatísticas de 2012, indica que o índice de mortes em
decorrência de acidentes de trânsito em Santa Catarina é quase três vezes maior do que os registros
de homicídio. Garcia chama a atenção para o fato de que, apesar destas estatísticas, a segurança
pública está extremamente voltada contra a criminalidade, deixando de lado as fiscalizações de
trânsito.
“Fiscalização notrânsito não tem
relaçãocom indústria de
multa, fiscalização notrânsito é fundamental
para preservação daLeandro Pereira GarciaDiretor da Vigilância em Saúde de
Foto: Plamus, Divulgação
DesafiosDesafio
Dados da Seguradora Líder DPVAT demonstram que o ano de 2015 foi menos violento no trânsito do
que 2014. Ainda assim, 42.501 pessoas morreram e 515.751 sofreram lesões permanentes em
desastres de trânsito.
De acordo com o estudo Impactos Sociais e Econômicos dos Acidentes de Trânsito nas
Aglomerações Urbanas Brasileiras, de 2003, os acidentes de trânsito representam uma das mais
frequentes causas de óbitos no Brasil, sendo a principal causa de morte entre as pessoas de 16 a 24
anos.
E a mortalidade não é o único indicador dos impactos humanos, sociais e econômicos de longo
prazo: a maior parte das vítimas de acidentes e violências sobrevive, demandando atenção dos
serviços de saúde. Segundo o Ministério das Cidades, entre 1990 e 2000, para cada morto em
acidente de trânsito no Brasil, as estatísticas oficiais registraram cerca de 13 feridos. Além disso,
uma em cada dez pessoas envolvidas nos acidentes apresenta sintomas psicotraumáticos, que
permanecem por um longo tempo após o ocorrido.
* Áudioemedição,ilustrandocom omesmoáudiousadoacima
Total de veículos Carros Motocicletas
Ano
Total
De acordo com estudos do Plano de Mobilidade Urbana e Sustentável da Grande Florianópolis, o
nível de utilização do transporte individual motorizado representa quase metade das viagens diárias
realizadas, um índice consideravelmente maior do que em outras metrópoles brasileiras, onde esse
meio de transporte representa entre 25% a 33% das viagens.
Em 10 anos, o número total de automóveis em Florianópolis cresceu 65%, com destaque para o
aumento expressivo na quantidade de motocicletas: 78% entre 2006 e 2016.
CongestionamentosCongestionamentos
Se o fato acontecer nas pontes, então, é sinal de fila garantida pelas horas seguintes. Foi o que
aconteceu no último dia 17, quando um caminhão quebrou na cabeceira da Ponte Colombo Salles por
volta das 11h30min. A remoção levou cerca de duas horas, mas o congestionamento perdurou até as
20h. Motoristas relataram, através do Twitter, terem passado mais de duas horas no caminho de
volta para casa.
@CBNDiario @t24horas @ND_Online e continua o
caminhão quebrado, completando 1h e 30 min em cima da
Pte C. Salles.
16: 06 - 17 jun 2016
Cleber Becker
@cleberbecker
Seguir
Mais cedo, neste mesmo dia, dois engavetamentos na SC-401 causaram filas quilométricas. Os
acidentes aconteceram no mesmo ponto da rodovia - próximo ao Floripa Shopping - mas em sentidos
opostos. Somando estes dois grandes congestionamentos com outros problemas em outros pontos
da Ilha, técnicos da Prefeitura de Florianópolis calcularam mais de 70 quilômetros de filas na cidade
ao longo do dia.
Mesmo em dias sem acidentes, quem conhece a cidade já sabe que algumas filas têm hora marcada:
pela manhã, depois das 6h30min, fila na SC-405, sentido Centro, fluxo só melhora depois das
8h30min. Por volta das16h30min começa a lentidão na Avenida Gustavo Richard, para saída da Ilha,
até as 17h30min a via já está congestionada, voltando a fluir bem apenas após as 19h30min. Em dias
de jogo na Ressacada, no bairro Carianos, há congestionamentos antes e depois das partidas.
Durante a temporada de verão, a população em Florianópolis chega a crescer 80% e os
congestionamentos em direção às praias são diários. Mas mesmo fora do período, a paciência dos
moradores é testada todos os dias nas filas da cidade. Não é incomum que um acidente de pequena
proporção, ou veículo parado sobre pista por pane mecânica, seja o suficiente para congestionar a
cidade.
Percebendo estes padrões no trânsito, a Polícia Militar Rodoviária (PMRv) criou algumas medidas
para amenizar as situações: todos os dias, de segunda a sexta, a rodovia SC-405 é transformada em
uma via de sentido único do Trevo da Tapera ao Trevo do Rio Tavares, a operação ocorre das 7h20min
até as 7h40min. Apesar de aliviar o fluxo sentido Centro, a ação congestiona a ida para o Sul da Ilha.
Outra operação semelhante é realizada nos dias de jogo do Avaí: ocorrem pelo menos três liberações
de sentido único do Trevo da Seta ao Estádio da Ressacada, antes e depois das partidas, intercalando
entre 15 minutos de sentido único para o ponto de maior movimento e 20 minutos de trânsito normal.
Os horários são divulgados previamente no site.
A última operação padrão realizada ocorre geralmente na temporada, vésperas de feriado, sextas-
feiras ou em caso de acidentes: a PMRv controla o fluxo de veículos na Via Expressa Sul para evitar
que os carros se acumulem dentro do Túnel Antonieta de Barros, muitas vezes orientando para que
os motoristas sigam pelo bairro José Mendes, antigo acesso ao Centro, antes da construção do
túnel.
180k
200k
220k
240k
260k
280k
300k
320k
340k
2006 2008 2010 2012 2014 2016
Frot
a
Florianópolis
Belo Horizonte
Curitiba
Porto Alegre
Rio de Janeiro
São Paulo
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
1/7
Principais congestionamentos de Florianópolis
Map data ©2016 Google Terms 2 km
InfraestruturaInfraestrutura
Algo simples, como caminhar de um ponto a outro pode ser um desafio em diversos trechos da Ilha.
Em rodovias como a SC-401, principal ligação entre o Centro e a região norte, vários trechos não
possuem calçadas, apenas acostamento. Também existem alguns caminhos alternativos, que são
usados por pedestres e ciclistas, mas as condições deixam muito a desejar.
Outro problema comum na cidade é a falta de padronização das calçadas. A reponsabilidade de
executar a obra é do morador, o que acaba causando divergências e descontinuidades. O Instituto de
Planejamento Urbano de Florianópolis disponibiliza um manual de acessibilidade, que orienta a
maneira correta para construir as calçadas. Porém, o material ainda não está atualizado de acordo
com a nova edição da norma ABNT 9050, que entrou em vigou em outubro de 2015 e diz respeito à
acessibilidade. De acordo com o Instituto, o manual está sendo reformulado e será divulgado no
segundo semestre deste ano. Neste meio tempo o cidadão pode continuar adotando o padrão
disponível no site do IPUF.
Rodovia Aparício Ramos Cordeiro, que conecta o bairro Tapera ao Campeche.
A fiscalização das calçadas é realizada pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente e
Desenvolvimento Urbano (SMDU) e denúncias de irregularidades podem ser realizadas através da
internet, pelo site da prefeitura, na seção “Ouvidoria”. Ou pelo Disque Denúncia, no número 156. De
acordo com a lei, que é de 1982, o morador é notificado, e se não fizer a manutenção, pode ganhar
uma multa, que é calculada de acordo com o metro linear do local.
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A má qualidade dainfraestrutura, por falta demanutenção
A descontinuidade dainfraestrutura, resultandona inexistência de umpadrão de calçadas
A interrupção da calçada,devido ao avanço de murosde edificações
A inexistência de calçada,principalmente em lotesvazios
Principais problemas nas calçadas
O rebaixo do meio fio paraa entrada de automóveisgerando conflito dospedestres com os veículos
Existência de obstáculosao longo do passeio dospedestres, devido a postes,buracos, árvores e aindaconflitos com asconcessionárias de água eenergia
?
?
?
Transporte públicoTransportepúblico
Em pesquisa realizada pela equipe do Plano de Mobilidade de Florianópolis (PlanMob) durante
novembro de 2015 e março de 2016, 48% dos entrevistados indicaram que o transporte público
deveria receber mais investimentos para melhorar suas condições, principalmente problemas na
frequência dos ônibus e no valor da tarifa. Além disso, 52% das pessoas justificaram optar por carros
e motos devido ausência de transporte público de qualidade.
Em 2013 foi lançada a primeira licitação do transporte público da Capital, tendo como vencedor o
Consórcio Fênix, composto pelas mesmas empresas que já atuavam na cidade: Canasvieiras,
Emflotur, Estrela, Insular e Transol. O sistema entrou em operação em novembro de 2014, quando
foram realizadas algumas modificações pontuais, como a implantação da integração tarifária em
todos os pontos por um prazo de duas horas e a padronização das pinturas dos veículos, porém, a
estrutura permaneceu a mesma.
Na época da licitação, foi fixado pela prefeitura um valor da tarifa-base de no máximo R$ 2,80, o que
corresponderia a R$ 2,60 na passagem paga através do cartão, porém, apenas dois meses após a
implantação do Consórcio, foi realizado o primeiro reajuste: as passagens passaram a custar R$3,10
em dinheiro e R$ 2,98 através do cartão.
Hoje, Florianópolis opera com uma das tarifas mais altas entre as capitais brasileiras, ficando apenas
atrás de São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. E, segundo o contrato entre o Consórcio Fênix e a
Prefeitura, está previsto novo reajuste a cada 12 meses.
Já para o engenheiro Werner Kraus, o valor da tarifa já não é o fator mais importante na escolha entre
o transporte público e o automóvel particular, mas sim o tempo de viagem.
* Entrevista Werner Kraus - transporte público, emedição
Para outros usuários do sistema, como a estudante de Antropologia, Adriana Eidt, o pior problema
são as falhas nas conexões entre os bairros. Adriana mora no Rio Vermelho e precisa se locomover
até a UFSC todos os dias – o caminho mais fácil seria através do bairro Lagoa da Conceição, mas os
horários de ônibus e dificuldades nas baldeações fazem com que seja necessário planejar novas
rotas.
Para driblar o transporte coletivo ineficiente, há seis anos Adriana começou a pegar caronas, primeiro
na companhia de uma amiga, depois sozinha. Ela reconhece que é uma atitude arriscada e conta que
já não pega mais caronas à noite por insegurança, mas reforça que é uma opção muito melhor do
que o transporte coletivo.
* Infográfico aumento da tarifa
“Quando eu pego oônibus é um pouco
incômodo, porque seique eu vou levar
menos tempopegando carona"
Adriana EidtEstudante de Antropologia - UFSC
Opções Rio Vermelho - UFSC
RioVermelho TILAG UFSC
7h 7h13
845 - TILAG - TITRIvia Córrego Grande*
7h40
RioVermelho TICAN
UFSC
7h 7h08 7h52
360 - Barra da Lagoa
10 min 8h10
* Há apenas 5viagens por diaem cada sentido
*Adriana precisacaminhar até aBarra da Lagoa,porque só há umaviagem entre o RioVermelho e oTILAG, às 5h50min
27 min 30 min
40 min
267 - Rio Vermelho 233 - TICAN - TITRIvia UFSC
40 min
7h40
RioVermelho
7h 40 min
Carona
UFSC
8h32
* Tempo deespera até acarona maisa viagem
SoluçõesSoluçõEm 2012 foram instituídas as diretrizes da Política Nacional de Mobilidade Urbana através da Lei de
Mobilidade Urbana, Nº 12.587/12 9, com o objetivo de promover integração entre os diferentes
modos de transporte e melhorar a acessibilidade e mobilidade das pessoas e cargas nos municípios.
Foi estabelecido prazo até abril de 2015 para que os municípios brasileiros com mais de 20 mil
habitantes elaborassem seus Planos Diretores de Mobilidade Urbana, caso contrário, as cidades não
teriam direito a recursos federais para obras de transporte urbano.
O Governo do Estado, através do SC-Parcerias, buscou recursos no Banco Nacional do
Desenvolvimento (BNDES), lançando em 2013 o edital para o estudo de mobilidade da região
metropolitana da Grande Florianópolis, assim, foi criado o Plano de Mobilidade Urbana e
Sustentável (PLAMUS), que abrange os 13 municípios da região.
O PLAMUS foi desenvolvido durante o ano de 2014, concluído e apresentado em fevereiro de 2015,
após uma série de estudos, audiências e oficinas abertas para a população. Entre os princípios do
plano está a intenção de humanizar as cidades e torná-las mais seguras e eficientes, priorizando
modos de transporte públicos e não-motorizados.
A pesquisa do PLAMUS concluiu que 172.200 veículos e 25.500 motocicletas cruzam as
pontes todos os dias, sendo que 75% dos veículos que ocupam a ponte Colombo Salles no horário de
pico são carros, correspondendo a 90% da capacidade da ponte ao transportar cerca de 11 mil
pessoas. Já os ônibus, representam apenas 3% dos veículos, ocupam 1% da capacidade da via e
transportam aproximadamente o mesmo número de pessoas: 10 mil passageiros.
Entre as principais conclusões dos estudos do PLAMUS está a necessidade da priorização do
transporte público coletivo, promovendo não só melhorias para este meio de locomoção, mas
reduzindo os congestionamentos de uma maneira geral. Caso os ônibus fossem priorizados, os
veículos que hoje atravessam a ponte no horário de pico poderiam levar até 18 mil pessoas — o que
significaria 6,2 mil carros a menos neste tráfego.
O tempo das viagenspor transportepúblico é o dobro dasfeitas por automóvel
60% das viagens atrabalho são feitaspor automóvel
60% dos veranistasutilizam carropara ir às praias
86% das paradas deônibus ficam mais de260m distantes daparada mais próxima
A velocidade médiados ônibus emhorários de pico nãopassa de 8 km/h
48% do total deviagens são feitascom automóvel
Constatações PLAMUS
Conclusões PLAMUS
Adoção do modelo aquaviário com papelcomplementar aos sistemas de transporte demédia e grande capacidade
Adoção de um modelo de desenvolvimentoorientado para o transporte ao longo doscorredores de transporte de alta qualidade
Investimentos num sistema troncal detransporte coletivo, com novo modelo detransporte com qualidade, conforto e que atendaàs necessidades da população
Investimentos em infraestrutura para pedestres,com redesenho de calçadas e criação deconexões entre vias e servidões no interior dosbairros
Recuperação e expansão da rede cicloviária, comconstrução de aproximadamente 300 km deciclovias integradas servidas por pontos de apoiocom serviços de aluguel de bicicletas, duchas ebicicletário
Implantação nas regiões centrais das cidades dosmodelos de “Ruas Completas” e “Zona 30”, comintegração viária entre pedestres, ciclistas eveículos motorizados
Em 2011 a Prefeitura de Florianópolis e o Governo do Estado discutiam a implantação da quarta
ponte de conexão entre a Ilha e o Continente como uma solução para os problemas de mobilidade
urbana na cidade. Um projeto, orçado em mais de um bilhão de reais, chegou a ser previsto para
iniciar no segundo semestre de 2012. Na época, o então secretário de Infraestrutura do Estado, Valdir
Cobalchini, afirmou em entrevista ao jornal Diário Catarinense que se não houvessem obras até 2020
a cidade enfrentaria um colapso na ligação Ilha-Continente.
O projeto previa uma nova estrutura com quatro pistas em cada sentido, corredor exclusivo para
ônibus, passarela para pedestres e ciclovia. Em diferentes versões, de 2011 e 2012, falava-se sobre a
possibilidade de a construção ser realizada entre o vão de 16 metros das pontes Colombo Machado
Salles e Pedro Ivo Campos, ou partindo da Beira-Mar Norte até Beira-Mar Continental.
Quarta ponte descartada?Quarta ponte descartada?
O prazo para conclusão da nova ponte chegou a ser previsto para 2016, mas o projeto não saiu das
maquetes e animações em vídeo desenvolvidas pelo governo. Por outro lado, deram lugar a novos
estudos, que contrariam a necessidade de mais infraestruturas viárias para priorizar os transportes
individuais, como carros e motocicletas, e tendem a priorizar meiosde transporte coletivos e ativos –
por meio de bicicletas ou tráfego a pé.
Moderação detráfegoModeração detráfego
A moderação de tráfego é uma forma de influenciar o trânsito de veículos motorizados nas cidades,
estimulando a redução da velocidade e do fluxo de automóveis, gerando mais segurança nas ruas,
melhorando a qualidade de vida e estimulando o uso do espaço público para o convívio social.
De acordo com a cartilha de Moderação de Tráfego do Ministério das Cidades, esta é uma maneira de
motivar os cidadãos a realizarem trechos de seu percurso à pé ou de bicicleta, “corrigindo a injustiça
histórica de disponibilizar a maior parte do espaço público para a circulação e estacionamento dos
automóveis”.
Entre os projetos em elaboração pelo IPUF com esta prioridade estão: a requalificação da Rua
Tenente Silveira, no Centro de Florianópolis, a revitalização do entorno da rua Deputado Antônio Edu
Vieira, no bairro Pantanal, em fase inicial, e a criação de rotas acessíveis, como uma ligação segura
entre o Terminal de Integração do Centro e a Rodoviária Rita Maria.
“Ter uma mobilidadeadequadaé ter respeito e cuidado, deforma que a prioridadeindividual nãoseja em detrimento dosoutros,mas sim, de Sheila Comiran
Arquiteta do Instituto de Planejamento
A Secretaria Nacional de Transportes e da Mobilidade Urbana, defende que “elementos que
promovam a acessibilidade universal, adotados em conjunto com medidas moderadoras de tráfego,
são ferramentas que devem serutilizadas como parte de uma política de mobilidade urbana que
promova a inclusão social, a equiparação de oportunidades e o exercício da cidadania, respeitando
assim os seus direitos fundamentais”.
Uma das formas de aplicação da moderação de tráfego é através da Zona 30, que consiste em uma
seção, ou um conjunto de vias, destinada a circulação de todos os usuários. Nestas áreas, a
velocidade máxima permitida aos automóveis é de 30km/h, um número definido por ser uma
velocidade que ainda é viável para o deslocamento de motorista e que reduz significativamente o
nível de acidentes.
Entre as vantagens da Zona 30 está o baixo custo de implantação e a possibilidade de utilizar o
espaço já disponível na via. O sistema é o mais recomendado para locais onde é necessário reduzir a
passagem de automóveis, como em áreas históricas, escolares e hospitalares. Victor Marques
Caldeira, engenheiro civil, ressalta que um dos grandes segredos para a implementação é a correta
identificação das entradas e das saídas, para que motoristas e pedestres saibam que estão em uma
área acalmada.
Em Florianópolis há uma Zona 30 implantada em ruas do bairro histórico Santo Antônio de Lisboa,
onde há grande circulação de pedestres por conta da via gastronômica e do potencial turistico da
região. Também existem estudos avançados para outros bairros, como a Lagoa da Conceição, onde
um projeto chegou a ser anunciado para ter início em dezembro de 2014, mas foi adiado pela
Prefeitura.
Um exemplo de área com tráfego acalmado em Florianópolis é a rua Vidal Ramos, no centro da
cidade. A ação de lojistas, que haviam se reunido para melhorar a qualidade do espaço e,
consequentemente, a atratividade da região, foi o primeiro passo para a requalificação da via.
Em 2007 teve início o projeto Shopping a Céu Aberto, a partir de uma parceria entre a Associação
Comercial e Industrial de Florianópolis (ACIF), o Serviço Brasileiro de Apoio à Pequena e Micro
Empresa (SEBRAE), a Prefeitura Municipal de Florianópolis (PMF) e o Instituto de Planejamento
Urbano de Florianópolis (IPUF).
A requalificação foi inaugurada em março de 2012, após obras de infraestrutura viária e reforma das
fachadas dos prédios históricos, com o objetivo tornar o espaço mais atrativo aos pedestres. No local
foi estabelecido o limite de 20km/h, com diferenciação do pavimento por cores. A rua tornou-se um
exemplo para outras cidades e também objeto de estudo de alunos de Arquitetura da Universidade de
Maryland (EUA).
*Vídeo Victor Marques sobremoderação de tráfego (emedição)
Sheila Comiran, arquiteta do Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis (IPUF), destaca a
importância de se planejar a cidade e desenhá-la de forma que haja equilíbrio entre os automóveis e
outras formas de locomoção, com ênfase na prioridade de pedestres e ciclistas, fazendo com que
mais pessoas possam se deslocar em um mesmo espaço viário das mais diversas maneiras.
Objetivos
Melhorar as condiçõesambientais e implantarambientes maisagradáveis
Melhorar a segurançacom a redução donúmero e gravidadedos acidentes
Reduzir o tráfego ea velocidade dosveículos
Criar mais espaçopara pedestrese ciclistas
Alterações nageometria da viaLimitam a velocidadedos veículos, ordenamos fluxos e até mesmorestringem o tráfego.
RótulasCanteirosEstreitamento de via
Alterações nopavimentoDistingue as funções da viae contribui para umamudança decomportamento dotráfego em áreasonde há um consideráveltrânsito de pedestres.
Dispositivos deredução de velocidadeDistingue as funções da viae contribui para umamudança decomportamento dotráfego em áreasonde há um consideráveltrânsito de pedestres.
Medidas
* Informações da Cartilha de Moderação de Tráfego do Ministério das Cidades
1/5
Iniciativ
As iniciativas também se manifestam em empreendimentos voltados para o estímulo de transportes
ativos. O EuVou! Foripa Park’n Shower foi criado em 2015 por João Felipe Frandolozo após uma
pesquisa de mercado que apontou que 90% dos entrevistados estavam dispostos a utilizar a bicicleta
como meio de transporte alternativo.
O estabelecimento fica localizado na região central de Florianópolis e hoje conta com 37 clientes
mensalistas. O projeto foi concebido para atender as necessidades específicas de que se locomove
de bicicleta no dia a dia, contando com estacionamento, vestiário, guarda-volumes e espaço para
alimentação. O local é inédito em Florianópolis e foi inspirado em outras iniciativas, como o Aro 27, o
primeiro park'n shower do Brasil, localizado em São Paulo.
Frandolozo conta que a oferta de chuveiros para que os ciclistas realizem a higiene pessoal é o
principal atrativo do projeto: “pode ser inverno ou verão, você pedala por 10 minutos e fica suado.
Chuva, vento, a própria poeira do trânsito, a fumaça. Se não há um espaço para ter higiene, não
viabiliza ir de bicicleta ao trabalho, por exemplo”.
As redes sociais também ganharam papel importante para auxiliar a mobilidade em Florianópolis.
Através do Twitter, motoristas compartilham pontos de congestionamentos e ocorrências de
acidentes para alertar outras pessoas, que, a partir da informação, podem optar por novas rotas e
evitar as filas.
O primeiro projeto que se tem registro surgiu em dezembro de2011 como uma iniciativa multimídia
do Grupo RBS: o Trânsito 24 Horas, que no início estava presente na programação dos jornais locais,
em boletins derádio e no jornal Diário Catarinense através da plataforma online e coluna na versão
impressa. Mas a ferramenta essencial para divulgação das informações sobre o trânsito foi o perfil
no Twitter @t24horas, que continua ativa com atualizações em tempo real e conta com mais de 160
mil seguidores.
Embed View on Twitter
Tweets by @t24horas
40m
SC-405: lentidão nos dois sentidos da via, próximo ao
Trevo do Rio Tavares. #t24horas
Trânsito 24 Horas @t24horas
Outros perfis também surgiram com proposta semelhante e atuam de forma colaborativa para
divulgar as condições do trânsito na cidade enas rodovias federais do estado. O @pista_limpa atua
desde de 2014 e conta com mais de 8 mil seguidores, @arrombasse teve início em 2015 e possui
cerca de 1600, já o usuário @SCTrânsito é mais recente, de fevereiro de 2016, com 160 seguidores.
Apesar de números menos expressivos, a prestação de serviço é realizada de forma constante e
seguindo o consenso (que também é lei) de nunca divulgar fiscalizações de trânsito.
Reforçando a informação da grande Florianópolis sobra
neblina densa e baixa #pista_limpa
10: 16 - 23 jun 2016
3 10
Pista Limpa@pista_limpa
Seguir
Enquanto isso na Rua Visconde de Ouro Preto... Se tem
obra, tá liberado parar na Calçada!
19: 46 - 20 jun 2016
3
Arrombasse@arrombasse
Seguir
SC401 acesso a Cacupé, capotamento. Norte Centro.
#SCTransito
13: 42 - 22 jun 2016
1
Info Trânsito@SCTransito
Seguir
Instituições e órgãos oficiais também utilizam o Twitter para divulgar informações de trânsito. A
Polícia Rodoviária Federal (PRF) atua através da rede social desde setembro de 2009 com o perfil
@PRF191SC e alerta para condições nas rodovias federais do Estado, contando com 185 mil
seguidores. Informações sobre a Via Expressa, em Florianópolis são frequentemente divulgadas.
VIA EXPRESSA - Trânsito intenso na saída da Ilha.
Velocidade média de 30 Km/h.
Dirija com cuidado e mantenha distância do veiculo à frente.
19: 55 - 23 jun 2016
2 6
PRF Santa Catarina@PRF191SC
Seguir
A Polícia Militar Rodoviária de Santa Catarina (PMRv) também está presente na rede, com o perfil
@bpmrvsc, que possui 15 mil seguidores e é utilizado para repassar dicas de segurança no
trânsito, ocorrências fatais e, eventualmente, condições das rodovias.
SC 401 SUL, KM 34,650 ao Km 36,095, desvio sendo feito
pela ponte do Carianos nova, maré alta,atenção redobrada
no local.(048)3337-6094.
11: 53 - 12 jun 2016
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BPMRv-SC@bpmrvsc
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A Secretaria de Segurança Pública de Santa Catarina, vinculada à Polícia Militar, também passou a
divulgar informações a partir darede social através do perfil @SSPVideos_SC em março deste ano.
Segundo o secretário César Augusto Grubba é uma forma de "estar cada vez mais integrado com a
comunidade". Diariamente são publicados vídeos e fotos com imagens das câmeras de segurança
espalhadas por 112 municípios do Estado, contribuindo para o monitoramento do trânsito nas
principais ruas e avenidas das cidades.
#Florianópolis
21: 03 - 23 jun 2016
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VideoMonitoramento@SSPVideos_SC
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Iniciativ
*Texto de abertura das iniciativas
Bike Anjo
O Bike Anjo é uma rede de ciclistas que nasceu na cidade de São Paulo, em 2010, e tem como
objetivo ajudar pessoas que querem começar autilizar a bicicleta. A rede se define como uma
corrente do bem, difusora dos benefícios deste meio de transporte. O Bike Anjo se espalhou pelo
Brasil e pelo mundo, alcançando 426 cidades em 11 países, através da contribuição de 3994
voluntários. Em Florianópolis, o projeto teve início em 2012.
Através da EBA (Escola Bike Anjo) são promovidas oficinas mensais para reunir pessoas que querem
aprender a pedalar ou receber dicas decomo se locomover pela cidade com mais segurança. Em
Florianópolis, os encontros são realizados todo segundo domingo do mês na Praça da Cidadania da
UFSC, das 15h às 18h.
Foto: Bike Anjo Floripa, Divulgação
Quem já sabe andar de bicicleta, mas sente insegurança para realizar seus trajetos pelo trânsito da
cidade, também pode solicitar a ajuda de um voluntário através do site, basta preencher os dados
informando seu bairro e as principais dificuldades. Um ciclista da rede que mora na região é
selecionado para indicar caminhos ou até mesmo acompanhar o trajeto dando dicas de como tornar
a pedalada mais prática e segura, ensinando também manutenção básica de bicicletas e medidas de
segurança no trânsito. Desde o início do projeto, 7037 pedidos já foram realizados através do site.