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ROTEIRO DeLeitura - Página 1 DeLeitura é um selo da Editora Aquariana Os Dez Gigantes Cristina Lavrador Alves ROTEIRO DeLeitura versão completa Indicação: 2º ao 5º ano do Ensino Fundamental A leitura do conto Bruno Bettlheim, em A Psicanálise dos Contos de Fadas, interpretou exaustivamente os contos, a partir da teoria psicanalítica, concluindo que as narrativas ajudam a criança a solucionar seus conflitos íntimos. Bettelheim acreditava que os contos de fada continham todos os elemen- tos de magia para os quais a criança estaria preparada e que, através das histórias, ela poderia “economizar sofrimento e alicerçar seu crescimento”. Segundo ele, a criança necessita que lhe sejam dadas sugestões em forma simbólica sobre o modo como ela pode lidar com questões existenciais e crescer a salvo. Assim, ainda que não se pretenda hoje, com a literatura infantil, fornecer às crianças meras lições de cunho moral, é inegá- vel que o conteúdo subliminar das histórias, dialogando com as emoções e com o inconsciente, também as prepare para a vida. Ainda que de forma mais sutil, os recontos da tradição de dife- rentes culturas, pela sua universalidade, pelo que contêm de humano, continuam presentes como ferramentas para ricas leituras e interpretações, exercendo um inigualável papel na aprendizagem. Os contos de fada e os contos maravilhosos foram definidos por Propp como “aqueles que contêm não necessariamente a presença de fadas, mas elementos extraordinários, surpreenden- tes, encantadores”. Segundo ensina Corso, neles não há estranhamento, pois o conto evidencia tratar-se de uma outra esfera, a da ficção, onde tudo, absolutamente tudo é possível. É na categoria de conto maravilhoso que se inclui o reconto africano Os dez gigantes, sobre cuja simbologia e principais elementos vamos nos debruçar. Capa e ilustrações: Maurizio Manzo Formato: 21x23 N° de páginas: 24 OS DEZ GIGANTES AdAptAção Cristina Lavrador Alves ilustrAções Maurizio Manzo DeLeitura OS DEZ GIGANTES Cristina Lavrador Alves RECONTO AFRICANO ilustrAções Maurizio Manzo DeLeitura

Os Dez Gigantes Cristina Lavrador Alves - Editora ... · – reconstrução oral da história. - dialogar com a classe sobre o entendimento da história após ... – dramatização

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DeLeitura é um selo da Editora Aquariana

Os Dez GigantesCristina Lavrador Alves

ROTEIRO DeLeitura versão completa

Indicação: 2º ao 5º ano do Ensino Fundamental

A leitura do conto

Bruno Bettlheim, em A Psicanálise dos Contos de Fadas, interpretou exaustivamente os contos, a partir da teoria psicanalítica, concluindo que as narrativas ajudam a criança a solucionar seus conflitos íntimos. Bettelheim acreditava que os contos de fada continham todos os elemen-tos de magia para os quais a criança estaria preparada e que, através das histórias, ela poderia “economizar sofrimento e alicerçar seu crescimento”.

Segundo ele, a criança necessita que lhe sejam dadas sugestões em forma simbólica sobre o modo como ela pode lidar com questões existenciais e crescer a salvo. Assim, ainda que não se pretenda hoje, com a literatura infantil, fornecer às crianças meras lições de cunho moral, é inegá-vel que o conteúdo subliminar das histórias, dialogando com as emoções e com o inconsciente, também as prepare para a vida. Ainda que de forma mais sutil, os recontos da tradição de dife-rentes culturas, pela sua universalidade, pelo que contêm de humano, continuam presentes como ferramentas para ricas leituras e interpretações, exercendo um inigualável papel na aprendizagem.

Os contos de fada e os contos maravilhosos foram definidos por Propp como “aqueles que contêm não necessariamente a presença de fadas, mas elementos extraordinários, surpreenden-tes, encantadores”. Segundo ensina Corso, neles não há estranhamento, pois o conto evidencia tratar-se de uma outra esfera, a da ficção, onde tudo, absolutamente tudo é possível.

É na categoria de conto maravilhoso que se inclui o reconto africano Os dez gigantes, sobre cuja simbologia e principais elementos vamos nos debruçar.

Capa e ilustrações: Maurizio ManzoFormato: 21x23N° de páginas: 24

OS DEZ GIGANTESAdAptAção

Cristina Lavrador Alves

ilustrAções

Maurizio Manzo

DeLeitura

OS DEZ GIGANTESCristina Lavrador Alves

RECONTO AFRICANO

ilustrAções

Maurizio Manzo

DeLeitura

A coleção infAntil resgAtA históriAs trAdi-

cionAis de diferentes culturAs, A pArtir de AdAptAções

livres, ricAmente ilustrAdAs, que destAcAm cArActerísticAs

de AntigAs civilizAções e personAgens do folclore. texto e

imAgem estimulAm A imAginAção do leitor que, envolvido

num climA de mAgiA e mistério, convive com bruxAs e fAdAs,

enquAnto desvendA pArticulAridAdes de outros povos.

no conto AfricAno Os dez gigantes, um lAvrAdor Ambicioso

desAfiA os Anciãos de umA AldeiA que AfirmAm serem AquelAs

terrAs misteriosAs hAbitAdAs por deuses. lá imperA o silêncio.

lá ninguém ousA entrAr... mAs o homem, desprezAndo os conselhos

e pensAndo no seu lucro, tomA As terrAs pArA si. plAntAr,

colher, morAr. ficAr rico com A colheitA. plAnos que o homem

fAz Até surgirem os gigAntes. dez incríveis gigAntes que, de

modo surpreendente, lhe ensinAm os efeitos dA cobiçA sem

limites!

DeLeitura

capa_africano:gigantes 01/12/11 10:34 Page 1

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Sinopse:

Um lavrador ambicioso desobedece aos anciãos da aldeia que diziam ser proibido cultivar terras de uma floresta pertencente aos deuses. Sem ligar para os conselhos, ele toma as terras para si e dá início a um trabalho que, surpreendentemente, recebe a ajuda de dez misteriosos gigantes. É assim que, ao limpar o terreno, arar o solo, preparar canais de rega e plantar sementes de milho, nem bem o lavrador inicia um movimento, os dez misteriosos gigantes repetem todos os seus gestos, finalizando o trabalho com uma perfeição inigualável. O homem já se via rico com a produção de um milharal construído sem esforço, pois não imaginava o que aconteceria na hora da colheita. Bastou sua esposa colher uma espiga madura, para os gigantes aparecerem e colhe-rem todas as outras, maduras ou não, destruindo toda a plantação. O casal começou a chorar, os gigantes os imitaram, e suas lágrimas se transformaram num verdadeiro dilúvio.

Elementos:

Transgressão e Travessia (morte)É muito comum haver nas histórias infantis a desobediência e a transgressão. Um filho de-

sobedece as orientações seguras dos pais, mudam-se rotas e caminhos, altera-se o curso das coisas... Erra-se para aprender, para crescer, para mudar. Segundo Corso, “é preciso transgredir para crescer e toda maldição prescreve algo que ‘o futuro não poderá evitar, como crescer, amar e partir’ ”.

Outro fator presente nos contos maravilhosos é a chamada travessia, a questão das grandes mudanças, das partidas sem retorno: nunca mais seremos o que éramos antes de viver “aquilo”, no caso, a destruição do milharal, o mistério dos gigantes, o dilúvio.

Em Os dez gigantes, ambos os elementos se fazem presentes. Por ambição, o lavrador transgride. Não dá crédito aos conselhos dos anciãos e toma as terras dos deuses exclusivamente para si. Faz mais, embora surpreso com a ajuda dos gigantes, orgulha-se por ter tudo realizado sem esforço. A transgressão parece perfeita. Mas nada há que se faça impunemente. Então, como consequência, ele enfrenta um dilúvio assustador e faz sua travessia. Morre o velho lavrador para dar lugar a um outro que, possivelmente, jamais repetirá tamanha ousadia ou negligenciará a sabedoria dos mais velhos.

Simbolicamente, o dilúvio regenera. Em pouco tempo, uma floresta exuberante ressurge “sem que ninguém mais se aventure a desrespeitar as terras misteriosas dos deuses”.

Será a mensagem cifrada destinada só a ele, lavrador? Ou será que o dilúvio dialoga com cada leitor e, simultaneamente, com toda a humanidade?

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Símbolos:

Gigantes – Caracterizados pelo tamanho e por terem uma relação próxima com fenômenos naturais (trovão, por exemplo). Representam fatores emocionais de força bruta e são famosos pela estupidez mental. Fáceis de persuadir, geralmente são presas de seus próprios sentimentos. Apesar do poder, são então, desamparados .

Dilúvio – “Sinal da germinação e da regeneração. Um dilúvio não destrói senão porque as formas estão usadas ou exauridas, mas ele é sempre seguido de uma nova humanidade e de uma nova história”. Muitas vezes está associado à desobediência das regras e das leis. Ele purifica e regenera como o batismo.

Atividades sugeridas:

1. Apropriação do conto (inclusão no repertorio do aluno)– pesquisa de vocabulário– reconstrução oral da história. - dialogar com a classe sobre o entendimento da história após

a leitura; pedir que ela seja contada oralmente por voluntários, que poderão acrescer ou corrigir detalhes.

2. Desenvolvimento de competênciasLINGUÍSTICA– criar jogral poético que reconte ou adapte a história – em grupos, os alunos redigem seus

textos. CORPORAL-CINESTÉSICA– dramatização – apresentação do jogral poético – cada grupo apresenta seu texto à classe.

3. Atividades relacionadas – análises/discussões/intertextualidades com outras obras. DVD – O grilo feliz e os insetos gigantes – Estúdio: Start Anima; Categoria: Animação;

Classificação etária: livre; Lançamento: 2009; Duração: 86 minutos; Direção Walbercy e Rafael Ribas; Música: Ruriá Duprat, com regravações de sucessos de Jota Quest e Ivete Sangalo. Site oficial: www.ogrilofeliz.com.br

DVD As Viagens de Gulliver, Distribuidora: Fox Home Entertainment; Categoria: DVD Fil-mes e Desenhos / Comédia; Título no Brasil: As Viagens de Gulliver; Título Original: Gulliver’s Travels; País: EUA; Gênero: Comédia; Classificação etária: Livre; Duração: 85 minutos; Lança-mento: 2010; Direção: Rob Letterman

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Bibliografia:

BETTELHEIM, Bruno. A psicanálise dos contos de fada. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979.CHEVALIER, Jean & GHEERBRANT, Alain. Dicionário de Símbolos. Rio de Janeiro: José

Olympio, 2008.CORSO, Diana Lichtenstein e Mário. Fadas no Divã. Porto Alegre: Artmed Editora, 2006.GOTLIB, Nadia Batella. Teoria do conto. São Paulo: Ática, 2000.MARTINS, Maria Helena. O que é leitura. São Paulo: Brasiliense, 1984.PROPP, Vladimir I. Morfologia do conto maravilhoso. Rio de Janeiro: Ed. Forense Universi-

tária, 1984.

ROTEIRO Deleitura elaborado pela socióloga e escritora Sonia Salerno Forjaz; Bacharel em Ciências Sociais pela FFLCH/USP; Licenciada pela FE/USP; Especialista em Português, Língua e Literatura pela UMESP; autora de literatura infantojuvenil.