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Os dois touros e a rã Estavam dois touros em brasa Por uma vaca e na peleja Um no outro ódio vaza Pelo prémio que deseja. Já num charco ali perto, Onde reina santa paz, O combate tão incerto Assustou todas as rãs. Ora a chefe dos batráquios Disse ao par, enfurecida: « Vão travar vosso combate, Onde não nos trame a vida. Sei eu bem que finda a luta Haverá um perdedor Que depois com força bruta Em nós vinga a sua dor.» Como estava ela certa! Facto é que ao fim duma hora Um dos dois, de ferida aberta, Rancoroso, foi-se embora. Mas por onde o boi passava, Terra firme ou água mole, O mais fraco espezinhava, Que nada há que o console. «Ó que injusta e triste sina --disse a rã -- cruel destino: Faz a merda quem domina Quem se borra é o Zé Povinho.» Manuel Rocha

Os Dois Touros e a Rã-Fábula

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Fábula Clássica reescrita em quadras populares.

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Os dois touros e a rEstavam dois touros em brasaPor uma vaca e na pelejaUm no outro dio vazaPelo prmio que deseja.J num charco ali perto,Onde reina santa paz,O combate to incertoAssustou todas as rs.Ora a chefe dos batrquiosDisse ao par, enfurecida: Vo travar vosso combate,Onde no nos trame a vida.Sei eu bem que finda a lutaHaver um perdedorQue depois com fora brutaEm ns vinga a sua dor.Como estava ela certa!Facto que ao fim duma horaUm dos dois, de ferida aberta,Rancoroso, foi-se embora.Mas por onde o boi passava,Terra firme ou gua mole,O mais fraco espezinhava,Que nada h que o console. que injusta e triste sina--disse a r -- cruel destino:Faz a merda quem dominaQuem se borra o Z Povinho.

Manuel Rocha