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OS ESTUDOS DE QUALIDADE E SUA
APLICABILIDADE NAS EMPRESAS:
UMA REVISÃO BIBLIOMÉTRICA NOS
ANAIS DO ENEGEP
ARMANDO ARAUJO DE SOUZA JUNIOR (UFMG )
Deborah Sant Ana Moreira (UFAM )
Larissa Nogueira Amore (UFAM )
Magda Pelegrin Do Nascimento Amorim (UFAM )
Sanjay Bhagwan Mirpuri (UFAM )
Este artigo representa uma pesquisa bibliométrica junto aos artigos
publicados no período de 2009 a 2011 junto à Associação Brasileira
de Engenharia de Produção (ABEPRO), o método de pesquisa
utilizado foi o quantitativo. Como procedimento de pesquisa foi
utilizado a seguinte sequencia: definição do tema, busca na base de
dados, categorização e análise de resultados. Para melhor adequação
ao método e estratégia adotados. A importância da qualidade em
qualquer ramo de atividade não pode ser apenas vista como um
diferencial, mas sim como uma das únicas formas de manter-se
competitivo, buscando a cada dia melhorias na cadeia produtiva
buscando a satisfação do cliente, consequentemente um aumento nas
receitas da organização.
Palavras-chaves: Qualidade, Gestão da Qualidade
XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos
Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.
XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos
Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.
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1. Introdução
As crescentes exigências em relação à qualidade dos produtos e dos serviços a
eles associados têm mobilizado as empresas em geral a empreenderem melhorias tanto em
seus produtos quanto em seus processos. As empresas da atualidade estão conscientes da
importância do cliente e procuram atingir o consumidor e promover seu encantamento para
conseguir manter o interesse pelo produto ou serviço oferecido.
O caminho para se atingir essa satisfação passa pelo que denominamos hoje de qualidade, seja
ela no atendimento ao cliente, no produto, no serviço prestado, na organização, no custo, ou
nas ferramentas para atingir a qualidade. Assim a expectativa é atendida da melhor maneira,
tornando o consumidor que se preocupa em oferecer e buscar produtos ou serviços com
qualidade.
Perante o exposto, o objetivo geral deste trabalho se constitui em uma amostra de pesquisa
bibliométrica onde serão descritos os principais conceitos das áreas de atuação em que a
qualidade afeta e pode ser usada como estratégia de gestão, incluindo as ferramentas
utilizáveis existentes. Mostrando quantitativamente através de gráficos e quadros tais como,
ano, universidades, regiões, autores, instituições e temas mais citados. Baseados em dados
levantados pelos artigos científicos publicados nos Encontros Nacionais de Engenharia de
Produção, publicados pelo site da ABEPRO.
2. Referencial Teórico
A palavra qualidade tem sua origem do latim qualitate, e o conceito varia de
acordo com a percepção de cada indivíduo assim como o conceito de justiça, liberdade, de
modo que, se perguntássemos de dez pessoas o que para elas significa qualidade, é possível
que cada uma delas dê uma definição diferente, tornando assim um conceito subjetivo. É
importante salientar que o interesse pela qualidade no ramo empresarial, teve sua origem no
Japão por meados dos anos 50, onde seus produtos eram tidos como de má qualidade, e hoje
são referencia no mundo inteiro como produtos de qualidade. Considerada um dos pontos
determinantes para o sucesso das organizações, a qualidade em serviços e produtos tornou-se
uma condição para a preexistência no mercado. Tendo em vista que, segundo Souza (2007.
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apud D’AMORIM, 2009), a qualidade não mais se configura como uma estratégia
competitiva no mercado.
Segundo Garvin (2002 apud ESTEVES 2009), para termos qualidade em qualquer
área e gerenciá-la, é preciso primeiro entendê-la, e para entendê-la se faz necessário ouvir o
cliente, pois, é ele quem dita à qualidade que deseja. Desse modo cada organização,
independente do seu ramo, deve encontrar a sua própria definição para a qualidade, aquela
que é mais importante para o seu consumidor. Ao detectar, deve-se trabalhar de forma a
agregar valor sobre produtos e serviços a serem ofertados, garantindo assim a sobrevivência
da organização.
Para John's Oakland (1988), “qualidade nada mais é que o atendimento às
exigências do cliente”. Já Toledo (1987 apud NETO 2011), sugere que a qualidade deva ser
um sinônimo de excelência inerente, que seria a ausência da deficiência. No entanto no
enfoque mais voltado a produção pode-se considerar a qualidade com uma conformidade as
especificações como afirma Crosby.
De forma que, segundo Batalha (2008 apud BARRETO 2010), o conceito de
qualidade torna-se cada vez mais complexo e de difícil consenso, podendo assumir diversos
significados e várias vertentes, dependendo das idiossincrasias de cada indivíduo. De alguma
forma, todos parecem sempre entender do que se trata, especificamente ao analisar algum
produto ou serviço tem ou não qualidade, mas ao tentar definir conclui-se a dificuldade de
normatizar a terminologia.
É possível assim, segundo Batalha (2008), observarmos quatro eras distintas da
qualidade, desde a Revolução Industrial até a atualidade:
a) Primeira era – Inspeção. O modelo taylorista surge traduzindo uma abordagem
corretiva. E Ford adota um sistema de padronização de medidas caracterizando
a linha de montagem;
b) Segunda era – Controle. A era ficou marcada pelos controles estatísticos,
proposta do ciclo de melhoria contínua (PDCA). É onde se começa
desenvolver normas para a qualidade;
c) Terceira era – Garantia. Na abordagem sistêmica surge o TQC (Total Quality
Control – Controle Total da Qualidade), onde se abrange a totalidade das ações
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da organização, desde sua relação com os fornecedores até a sua relação com o
cliente. Aqui surgem também as ferramentas da qualidade;
d) E por fim a quarta era – Gestão. Teve seu início notado veemente no Japão
evidenciando o controle da qualidade por toda a empresa. Além dos
fundamentos do TQM (Total Quality Management), aversão ao desperdício,
melhoria contínua e principalmente a participação dos colaboradores no
processo, foram incorporados ao conceito.
Muitos são os estudos em torno da qualidade apesar das diversas
contextualizações ou explicações, sempre há um denominador comum que é o cliente, mesmo
inconscientemente desde a era da inspeção, onde a preocupação maior era na fabricação
correta o usuário sairia ganhando com um produto melhor.
Ghobadian (1994 apud Barreto 2010) confirma que a maioria das definições de
qualidade sempre acaba, baseada no seu usuário e a sua percepção de qualidade deve
corresponder ou superar as expectativas. De forma que Slack et al (2008) resumi as cinco
abordagens de Garvin, com uma simples definição: “qualidade é a consistente conformidade
com as expectativas do consumidor”.
A qualidade de um serviço ou produto deve ser minuciosamente planejada, para
que a satisfação do cliente seja alcançada e percebida. Pois esses clientes sempre voltaram a
consumir, além de indicarem a outras pessoas. Da mesma forma que a qualidade não for
percebida os clientes não voltam a consumir e falam mal a outras pessoas. Tendo todo o
conceito uma consequência direta positiva ou negativa no lucro da empresa.
A qualidade possui diversos ramos, principalmente dentro das organizações, para
melhor entendê-la dividimos em categorias: qualidade do produto/serviço, controle da
qualidade, melhoria continua, certificações da qualidade, ferramentas da qualidade, custo da
qualidade, gestão da qualidade e qualidade de vida no trabalho.
2.1. Qualidade do produto/serviço
No âmbito dos serviços, a qualidade tende a assumir um papel cada vez maior
capaz de determinar o sucesso de uma empresa. Hoje em dia, é necessário agregar benefícios
objetivando superar as expectativas. Para Fitzsimmons (2000 apud DARRONCO e GHIGGI,
2006) os bens têm dominância do tangível, possuindo propriedades físicas que podem ser
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sentidas, provadas e vistas antes da decisão de compra do cliente enquanto os serviços têm
dominância do intangível e, portanto, não possuem propriedades que os clientes possam
avaliar antes da compra. Mesmo para as empresas que produzem exclusivamente bens de
consumo, de alguma forma o serviço está presente, pois aí se estabelecem, no mínimo,
relações com outras empresas. A qualidade de um serviço ou produto é definida pelo cliente.
Sua mensuração é um desafio, pois a satisfação do cliente é determinada por muitos fatores
intangíveis (BERRY, 1996, apud DARRONCO, GHIGGI, 2006).
2.2. Controle de qualidade
Os CCQs (Círculo de Controle de Qualidade) correspondem a uma das atividades
de pequenos grupos que apareceram no Japão no início da década de 60, destinadas à
mobilização dos recursos humanos das empresas para a melhoria da qualidade e
produtividade. Eles foram introduzidos pela JUSE (Union of Japanese Scientists and
Engineers) como parte do Sistema de Controle de Qualidade implantado nacionalmente nas
empresas japonesas Abreu (1991 apud PAGANI et al, 2010). No Brasil os CCQ foram
introduzidos na década de 70. Mas, a exemplo do que ocorreu em outros países, foi durante os
anos 80 que um grande número de empresas em todo o país o adotou Chevalier (1995 apud
PAGANI et al, 2010).
2.3. Melhoria contínua
Caffyn (1999 apud ATTADIA e MARTINS 2003) conceitua melhoria contínua
como um amplo processo concentrado na inovação incremental que envolve toda a
organização. Por constituir-se num conceito simples, de fácil entendimento e de baixo nível
de investimento, a melhoria contínua tem se consagrado como uma das formas mais eficientes
de aumentar a competitividade de uma empresa (BESSANT et al., 1994).
A obra de Slack et al. (1997 apud MESQUITA e ALLIPRANDINI 2003) traz
abordagem mais genérica, importante para contextualizar a melhoria contínua da produção em
termos pragmáticos. Eles estabelecem passos a serem seguidos para chegar à melhoria. Na
realidade, é o que acontece nas organizações: o desempenho é medido e acompanhado (com
diferentes níveis de estruturação), e chega-se, então, aos pontos que merecem especial atenção
e que precisam ser melhorados. Assim, escolhe-se melhoria contínua ou revolucionária (ou
inovação), ou uma combinação das duas.
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2.4. Certificações da qualidade
Para ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (2007) pode-se
definir certificação como:
[...] um conjunto de atividades desenvolvidas por um organismo independente da relação
comercial, com o objetivo de atestar publicamente, por escrito, que determinado produto, processo ou serviço
está em conformidade com os requisitos especificados. Esses requisitos podem ser nacionais, estrangeiros ou
internacionais (apud, Nogueira et al 2011, p:3)
Para as empresas, de uma maneira geral, a utilização de certificações aumenta o
nível de qualidade de seus processos, produtos ou serviços, além de uma vantagem
competitiva pela diferenciação no mercado em relação aos seus concorrentes. Já para os
consumidores, o produto passa a ter maior valor agregado, a certificação é uma forma de
atestar que o produto em questão possui qualidade garantida, e para o conjunto da sociedade é
importante para as relações de comércio internacional, proporcionando novos aspectos
estratégicos Zeidan (2008, apud NOGUEIRA et al 2011).
2.5. Ferramentas da qualidade
São inúmeras as ferramentas de qualidade, que auxiliam a organização a
controlar, gerenciar e melhorar os seus processos e produtos. Daremos ênfase nas mais usadas
pelas organizações segundo os artigos pesquisados.
2.5.1. Função qualidade - Quality function Deployment- QFD
O QFD surgiu através da aplicação e desenvolvimento dos modernos conceitos da
gerência da qualidade no Japão. Segundo Miguel et al. (2003), o QFD é um processo
sistemático para traduzir os requisitos dos clientes em características de qualidade dos
produtos, permitindo documentar as informações necessárias ao processo de desenvolvimento
dos mesmos. O enfoque do método é um dos itens mais importantes, tanto do ponto de vista
dos clientes quanto da organização, que possibilita a criação de um mecanismo para obter
vantagens competitivas sobre as empresas concorrentes. O QFD consiste em uma converter as
demandas dos consumidores em características de qualidade e em desenvolver um projeto de
qualidade para um produto acabado, desdobrando as relações entre demandas e
características.
2.5.2. Seis Sigma
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Desenvolvido pelo engenheiro Bill Smith, da divisão de comunicações da
Motorola, em 1986, para resolver o crescente aumento de reclamações relativas às falhas no
produto. O método padronizou a maneira de contagem dos defeitos e definiu um alvo,
próximo à perfeição, o qual foi denominado de Seis Sigma. O Seis Sigma é uma forma de
abordar a maioria das operações das organizações como sistemas e subsistemas além de
melhorar ou criar processos e produtos inseridos nesses sistemas, eliminando causas que não
agreguem valor (apud KUMAR et al., 2007).
2.6. Custo da qualidade
Rospi et al (2009) afirma que: Os diferentes departamentos das organizações se
empenham na identificação dos custos envolvidos no desempenho de várias funções, tais
como o desenvolvimento de produtos, o marketing, a produção, a administração, etc. Até os
anos 1950, esse conceito não se estendia à função qualidade, com exceção das atividades do
departamento de inspeção e testes. Obviamente, existiam muitos outros custos relacionados à
qualidade, porém, eles estavam dispersos entre várias contas, principalmente as relativas às
“despesas gerais” Juran (1991, apud ROSPI). Para Crosby (1994 apud ROSPI et al ), os
custos da qualidade estão relacionados com a conformidade ou ausência de conformidade aos
requisitos do produto ou serviço. Sendo assim, são definidas basicamente duas vertentes para
o custo da qualidade: o custo para obter a conformidade e o custo para lidar com a não-
conformidade.
2.7. Gestão da qualidade
De acordo com Denton (1990 apud BASTIDAS et al, 2001) para se conseguir
serviços realmente com qualidade é necessária uma mudança cultural e de percepção dentro
da organização. Não pode acontecer uma filosofia de serviços com qualidade, a menos que a
alta administração esteja fazendo disso uma séria prioridade. Ressalta também que o
treinamento e a motivação são essenciais para ajudar aos empregados a entenderem seus
papéis no desenvolvimento da satisfação dos clientes: “A administração tem de apoiar o seu
pessoal de modo que, por sua vez, eles possam apoiar os clientes”. Delazaro Filho (1998
apud AGUIAR e MACEDO, 2002), refere-se a Gestão da Qualidade como sendo uma
abordagem administrativa integrativa para a satisfação dos consumidores por meio de ampla
gama de ferramentas e técnicas destinadas a atingir alta qualidade em bens e serviços.
2.8. Qualidade de vida no trabalho
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Para Rodrigues (1986, apud Quilici, Xavier, 2006), uma melhor qualidade de vida
no trabalho quer dizer não somente ter melhores condições materiais, mas também buscar
melhores condições de ter maior autonomia, participação, condições para o
autodesenvolvimento, enfim, ter condições de maior auto-realização Rodrigues, (1996, apud
Quilici, Xavier, 2006 ). A preocupação com a QVT tem início a partir das convenções da OIT
– Organização Internacional do Trabalho, em que os países membros adequaram a legislação
em seus países para a melhoria do trabalho, principalmente no que concerne à saúde, higiene e
segurança do trabalhador. A QVT torna-se indispensável pelo simples fato de que os
trabalhadores, em geral, passam em ambiente de trabalho mais de 8 horas por dia, durante
pelo menos 35 anos de suas vidas. Não se trata mais de levar os problemas de casa para o
trabalho, e sim de levarmos para casa os problemas, as tensões, os receios e as angústias
acumulados no ambiente de trabalho.
3. Metodologia da pesquisa
O objetivo geral deste artigo foi realizar uma pesquisa bibliométrica junto aos
artigos publicados no período de 2009 a 2011 junto à Associação Brasileira de Engenharia de
Produção (ABEPRO), o método de pesquisa utilizado foi o quantitativo que se justifica
devido às particularidades dos métodos.
A pesquisa quantitativa, segundo Lakatos e Marconi (2004, p. 61): Considera que
tudo pode ser quantificável, o que significa traduzir em números opiniões e informações para
classificá-las e analisá-las. Requer o uso de recursos e de técnicas estatísticas (percentagem,
média, moda, mediana, desvio-padrão, coeficiente de correlação, análise de regressão, etc.). Já
para Zikmund (2006, apud ABREU et al 2009), no que se refere ao nível de aprofundamento,
neste estudo, utilizou-se uma pesquisa de cunho exploratório descritivo para o melhor
entendimento dos artigos publicados pela Associação Brasileira de Engenharia de Produção.
Visto que se faz necessária uma revisão, breve, de conceitos e aplicações dos mesmos.
A estratégia de pesquisa utilizada foi uma análise bibliométrica. Segundo
Pritchard (p. 348-349. 1969) bibliometria significa “todos os estudos que tentam quantificar
os processos de comunicação escrita”. Segundo Otlet e Fonseca (1986), a bibliometria se
constitui num conjunto coordenado de medidas relativas a livros e documentos, em que a
mensuração de dados é um mecanismo superior de abordagem em qualquer área do
conhecimento. Assim, levam-se em consideração os autores, os períodos e a frequência das
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palavras, bem como os desdobramentos em tempos recentes. Faz-se também uma análise de
citações e seus impactos. Por fim analisa-se o desenvolvimento dos estudos publicados.
Como procedimento de pesquisa foi utilizado a seguinte sequencia: definição do
tema, busca na base de dados, categorização e análise de resultados. Para melhor adequação
ao método e estratégia adotados.
4. Critérios utilizados para o levantamento dos dados
A ABEPRO disponibiliza em seu site os artigos científicos publicados nos
Encontros Nacionais de Engenharia de Produção, proporcionando aos professores,
pesquisadores, estudantes e outros o acesso gratuito a publicações científicas. O site oferece
textos completos desde 1996 buscando assim promover o conhecimento e difundi-lo junto
com pesquisa principalmente na área de Engenharia de Produção.
Compreendendo a dificuldade de definir qualidade e suas categorias, estabeleceu-
se um universo pesquisado para elaboração deste trabalho, no qual se refere aos artigos
publicados que de alguma forma relacionam a qualidade na palavra-chave, título ou abstrat
(resumo).
Delimitou-se temporalmente o período das publicações de 2009 a 2011,
identificando um total de 303 artigos envolvendo qualidade.
Este artigo orienta-se pelas seguintes questões de pesquisa:
a) Número de artigos que abordam o tema;
b) Ano de publicação;
c) Região geográfica;
d) Área de conhecimento;
e) Número de autores;
f) Estratégia adotada;
g) Método utilizado;
h) Perspectiva.
Os levantamentos ocorreram da seguinte forma:
a) Escolha na base de dados da ABEPRO no intervalo de 2009 à 2011;
b) Definição dos campos de abrangência dos termos consultados;
c) Leitura dos artigos e separação destes por área de conhecimento;
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d) Leitura da metodologia e coleta de dados de cada artigo;
e) Simultaneamente foi elaborada uma planilha no Excel, com todos os dados levantados.
5. Análise dos resultados
A quantidade de artigos que apresentam o termo “qualidade” no seu escopo é
apresentada na Tabela 1 junto com a totalidade de artigos publicados em cada ano. O Gráfico
nº 1 demonstra a evolução dos artigos publicados no decorrer dos 3 anos.
Tabela 1: Evolução da quantidade de estudos voltados à qualidade
NÚMERO DE ARTIGOS PUBLICADOS POR ANO
ANO QUANTIDADE ÁREA QUANTIDADE TOTAL
2009 115 1246
2010 107 1370
2011 81 974
Fonte: Elaboração própria
Gráfico 1: Análise da evolução dos artigos de qualidade publicados
Fonte: Elaboração própria
O número de artigos publicados, relacionando o termo qualidade, tem diminuído
no passar dos anos de forma significativa nos anos levantados. O fato de, no ano de 2009, ter
um número maior de artigos publicados se dá, pela abrangência da abordagem do tema nas
organizações como um todo. Após a massificação do assunto observa-se uma queda, mesmo
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com a importância da qualidade inserida nas organizações, na publicação de artigos
científicos.
No campo da área de conhecimento, a classificação dos artigos esbarra, com
outros segmentos da engenharia, administração, economia entre outros. Todavia, foi utilizada
a classificação apresentada pelo site da ABEPRO.
Foi feita também uma análise das categorias mais citadas nos artigos de
qualidade, nos quais se destaca a relevância do controle da qualidade como aponta a Tabela 2
a seguir.
Tabela 2: Classificação das Categorias
TEMAS/ANO 2009 2010 2011 TOTAL
Controle de Qualidade 47 7 17 71
Melhoria Contínua 28 22 18 68
Gestão da Qualidade 2 42 18 62
Ferramnetas da Qualidade 11 10 9 41
Certificação da Qualidade 13 6 5 24
Qualidade Produto/Serviço 1 13 6 20
QVT - Qualidade de Vida no Trabalho 7 7 2 16
Custo da Qualidade 7 0 1 8
TOTAL 115 107 81 303
Fonte: Elaboração própria
A maioria dos autores dos artigos é brasileira, tendo uma maior concentração no
sudeste do país, conforme Tabela 3.
Tabela 3: Analise Geográfica dos artigos publicados
ANÁLISE GEOGRÁFICA DOS ARTIGOS PUBLICADOS
REGIÕES TOTAL
Sudeste 199
Sul 101
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12
Nordeste 60
Centro-Oeste 13
Norte 11
Internacional 6
TOTAL 390
Fonte: Elaboração própria
Na análise dos dados pode-se constatar também que as universidades são as
maiores publicadoras de artigos como mostra o Gráfico 2, abaixo.
Gráfico 2 - Analise das instituições
Fonte: Elaboração própria
Dentre as universidades, é possível fazer ainda outra classificação com qual região
publica mais artigos científicos a respeito de qualidade como mostra o Gráfico 3.
Gráfico 3 – Analise por regiões
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Fonte: Elaboração própria
Quanto ao número de autores por artigo pode-se perceber uma predominância em
publicações com pelo menos três autores por artigo, conforme demostra a Tabela 4 abaixo.
Tabela 4: Analise de autores por artigos publicados
QUANTIDADE DE AUTORES/ANO 2009 2010 2011 TOTAL
1 8 6 5 19
5 17 9 11 37
4 16 24 13 53
2 31 33 25 89
3 44 36 25 105
TOTAL 116 107 79 303
Fonte: Elaboração própria
Em relação à Estratégia adotada percebe-se um destaque na qualitativa tendo em
vista que o método mais abordado nos artigos é o Estudo de Caso como demostram as
Tabelas 5 e 6 relacionadas a seguir.
Tabela 5: Analise da Estratégia adotada nos artigos publicados
Estratégia/Ano 2009 2010 2011 TOTAL
Quali/Quanti 0 7 10 17
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Quantitativa 11 9 2 22
Qualitativa 104 91 69 264
Fonte: Elaboração própria
Tabela 6: Analise do método utilizado por artigos publicados
MÉTODO TOTAL
Analise Comparativa 36
Analise Estatística 15
Analise Integrada 5
Avaliação de Qualidade 2
Analise Bibliográfica 78
Coleta de Dados 7
Estudo de Caso 135
Fonte: Elaboração própria
No que compete à perspectiva utilizada nos artigos é preponderante a perspectiva
prática, que é a utilizada em estudos de casos conforme demonstra a Tabela 7.
Tabela 7: Analise da perspectiva utilizada nos artigos publicados
Fonte: Elaboração própria
Constatou-se também uma ampla pesquisa em livro ao invés de revistas e sites,
como sugere a Tabela 8 com os quinze autores mais citados nos artigos pesquisados.
Tabela 8: Analise da densidade de citação dos autores nos artigos publicados
DENSIDADEDE DE CITAÇÃO AUTORES
PERSPECTIVA/ANO 2009 2010 2011 TOTAL
Prática 77 70 61 208
Teórica 38 37 20 95
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15
26 CAMPOS
15 ABNT
13 CORRÊA
12 CARVALHO
12 CHIAVENATO
11 PALADINI
11 SILVA
10 FREITAS
10 JURAN
10 PARASURAMAN
10 ALBRECHT
9 DEMING
9 FITZSIMMONS
9 GARVIN
9 SLACK
Fonte: Elaboração Própria
6. Considerações Finais
Considerando que o objetivo geral deste trabalho, se constitui em uma amostra de
pesquisa bibliométrica onde foram descritos os principais conceitos das áreas de atuação em
que a qualidade afeta e pode ser usada como estratégia de gestão, considerando também o
panorama demonstrado nesta pesquisa, e analisando os artigos pesquisados e todos os
aspectos. Assim, foi possível concluir a diversidade na abordagem do tema e declínio nos
artigos publicados anualmente pela ABEPRO.
O artigo adotou um método de pesquisa bibliométrica junto aos artigos publicados
no período de 2009 a 2011 junto à Associação Brasileira de Engenharia de Produção
(ABEPRO). A predominância dos artigos publicados ocorre na região sul e sudeste, dentro
das universidades através de pesquisas em livros de autores consagrados.
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Tendo em vista o universo pesquisado, as conclusões não podem ser
generalizadas, no entanto devem ser entendidas como uma evolução dos temas, envolvendo
qualidade, pesquisados. Contudo, o estudo apresentado demonstra a lacuna e a possibilidade
para novos estudos.
7. Referência Bibliográfica
D’AMORIM et al – Qualidade em serviços um estudo com servidores da UFPB – 2009
ANAIS ENEGEP/ABEPRO;
ESTEVES et al – Identificando a qualidade percebida pelo consumidor no varejo: um estudo
com clientes de drogarias – 2009 ANAIS ENEGEP/ABEPRO;
OAKALAND, John S. – “Total Quality Management” – Gestão da Qualidade Total – O
caminho para o desempenho – 1998 – Ed. Nobel;
BATALHA, Mário O. – Introdução à Engenharia de Produção/ Organizador: Mário Otávio
Batalha – Rio de Janeiro – 2008 – Ed. Elsevier;
SLACK, N. – Administração da Produção/ Tradução: Maria Tereza Corrêa de Oliveira, Fábio
Alher Revisão Técnica Henrique Luiz Corrêa – São Paulo – 2008 – Ed. Atlas;
NOGUEIRA, et al – Impactos da adoção de Certificações de qualidade na comercialização
internacional dos produtos derivados do açaí (EUTERPE OLERACIA): Um estudo de Caso –
2009 ANAIS ENEGEP/ABEPRO;
ROSPI, et al – Custo da qualidade: Considerações e realidade prática – 2010 ANAIS
ENEGEP/ABEPRO;
HTTP://www.abepro.org.br/publicacoes/