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DIREITOS HUMANOS Professor Ricardo da Cruz Assis Filosofia - Ensino Médio 1

Os fundamentos da ética · Temos por dignidade da pessoa humana a qualidade intrínseca e distintiva de cada ... os sistemas protetivos de direitos humanos global ... SOCIAIS E CULTURAIS

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DIREITOS HUMANOS

Professor Ricardo da Cruz AssisFilosofia - Ensino Médio

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DignidadeDignidade se traduz na situação de mínimo gozo garantido dos direitos pessoais,civis, políticos, judiciais, de subsistência, econômicos, sociais e culturais.

Ingo Wolfgang Sarlet (2001, p.60):

Temos por dignidade da pessoa humana a qualidade intrínseca e distintiva de cadaser humano que o faz merecedor do mesmo respeito e consideração por parte doEstado e da comunidade, implicando, neste sentido, um complexo de direitos edeveres fundamentais que assegurem a pessoa tanto contra todo e qualquer ato decunho degradante e desumano, como venham a lhe garantir as condiçõesexistenciais mínimas para uma vida saudável, além de propiciar e promover suaparticipação ativa co-responsável nos destinos da própria existência e da vida emcomunhão dos demais seres humanos.

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Segundo Antonio Enrique Perez Luño (1990, p. 48):

Direitos humanos são um conjunto de faculdades e instituiçõesque, em cada momento histórico, concretizam as exigências dadignidade, da liberdade e da igualdade humana, as quais devemser reconhecidas positivamente pelos ordenamentos jurídicos anível nacional e internacional.

Este é o caso do Brasil, que aceitou na Constituição de 1988diversos princípios basilares retirados dos fundamentos dosDireitos Humanos como o direito à vida, à liberdade, à igualdade,proferidos no artigo 5° da CF.

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Direitos Humanos e Direitos Fundamentais

De um modo geral, os sistemas protetivos de direitos humanos global (geral eespecífico), regional (global e específico) e nacional interagem-se ecomplementam-se para melhor proteger o indivíduo dos abusos perpetradoscontra sua dignidade humana.

Direitos Fundamentais são os valores éticos sobre os quais se constróideterminado sistema jurídico nacional, ao passo que os Direitos Humanosexistem mesmo sem o reconhecimento da ordem jurídica interna de um país,pois estes possuem vigência universal. Mas, na maioria das vezes os direitoshumanos são reconhecidos internamente pelos sistemas jurídicos nacionais,situação que os tornam também direitos fundamentais, ou seja, os direitoshumanos previstos na constituição de um país são denominados direitosfundamentais.

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A expressão “direitos humanos” é moderna, mas o princípioinvocado é antigo como a própria humanidade, porque sãofundamentais na medida em que, sem eles, a pessoa humananão consegue existir, se desenvolver e participar da vida emsociedade.

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Características dos Direitos Humanos

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Imprescritibilidade

• Os direitos humanos não prescrevem.

• Interessante lembrar que na CF/88 a imprescritibilidade é a regra,sendo imprescritíveis o racismo e a ação de grupos armados, civis oumilitares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático (art.5º, XLII, XLIV). Existe discussão para saber se estes rolconstitucional de imprescritibilidade é taxativo ou exemplificativo: adoutrina majoritária entende que é exemplificativo, possibilitandoinclusão de outros crimes imprescritíveis, desde que para proteção dapessoa humana, como ocorre no Estatuto de Roma (criação do TPI),uma vez que seus arts. 5º e 29 preveem a imprescritibilidade doscrimes de genocídio, contra a humanidade, de guerra e agressão – esteainda não regulamentado.

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Efetividade

• O reconhecimento não basta. Somente a positivação não significa queos direitos humanos estão sendo respeitados, daí porque se exige a realaplicação na prática no território nacional. Caso o Estado partícipe nãoconseguir efetivar os direitos humanos (no caso, fundamentais),existem garantias como o “habeas corpus”. A efetividade realça adimensão objetiva dos direitos fundamentais, porque é uma garantia deestabilidade dos mesmos no ordenamento jurídico e ainda impõe aoEstado a criação de planejamentos e procedimentos para suaefetivação para toda a sociedade.

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Irrenunciabilidade• Não podem ser abdicados ou negociados, porque fazem parte da própria

existência do ser humano. Pode deixar de ser exercido, mas seu titular nãopode dispor dos mesmos de forma definitiva (não se pode exigir que umdoente em estado terminal aceite a eutanásia). É costume dizer que airrenunciabilidade não é absoluta, porque em alguns casos é possívelrenunciar algum direito fundamental, como é o caso de renunciar àintegridade física, para fazer doação de rim para parente (vide Lei 9434/97,que trata da doação de órgãos, tecidos e partes do corpo humano), ou de fixarcláusula contratual para limitar a liberdade de expressão, para que ofuncionário não divulgue segredo industrial da empresa em que trabalhou. Airrenunciabilidade, diferentemente da inviolabilidade, visa a proteção dopróprio titular do direito fundamental, e não está previsto explicitamente naConstituição; a inviolabilidade, por seu turno, está prevista na Constituição eprotege o indivíduo contra terceiros.

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Inalienabilidade.

• Não são transferidos de uma pessoa para outra, quer gratuitamente quer mediante pagamento

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Historicidade

• Se por trás de cada direito há um rastro, senão de sangue, pelo menos de luta, é evidente que o direito fundamental é um direito histórico;

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Relatividade

• Nada na vida é absoluto. O direito, mesmo o fundamental, tambémnão é e nem pode ser absoluto, porque é preciso, em vários casos,limitá-lo, mesmo em se tratando de um direito fundamental. O direitofundamental da liberdade, por exemplo, pode ser limitado, a bem dasociedade. Alguns entendem que o direito de não ser torturado e denão sofrer penas cruéis, e o direito de não ser reduzido à condiçãoanáloga de escravo, seriam direitos fundamentais absolutos.

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Proibição do retrocesso

• Se o direito fundamental foi conquistado, não pode mais ser extirpado.Por exemplo: se o direito fundamental contido em uma normaconstitucional de eficácia limitada foi regulamentado, não pode umaregulamentação posterior acabar com o direito concretizado pelanorma anterior. Para quem leva esta proibição do retrocesso às últimasconsequências, entende que nem mesmo uma nova Constituiçãopoderá acabar com os direitos fundamentais, porque os direitosnaturais seriam limites ao poder constituinte originário (neste caso, opoder constituinte teria natureza jurídica jusnaturalista, e nãonormativista, como entende a maioria).

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Interdependência

• Não há choque irremediável entre os direitos fundamentais, porqueeles devem se relacionar permanentemente para atingirem suasfinalidades.

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Inviolabilidade

• Não pode ser tolerada violação dos direitos humanos, seja pela lei,pela autoridade ou pelo poder, órgão ou entidade pública, sob pena deresponsabilização civil, administrativa e criminal. Inviolabilidade,como se viu, existe para proteção contra terceiros, e irrenunciabilidadepara proteção contra o próprio titular.

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Universalidade e indivisibilidade• Os direitos humanos/fundamentais nascem para todos os homens,

independentemente de raça, nacionalidade, sexo, credo ou convicçãopolítico ou filosófica. A Declaração de Direitos Humanos de Viena, de1993, no item 5, diz que “Todos os direitos humanos são universais,indivisíveis interdependentes e inter-relacionados. A comunidadeinternacional deve tratar os direitos humanos de forma global, justa eequitativa, em pé de igualdade e com a mesma ênfase. Emboraparticularidades nacionais e regionais devam ser levadas em consideração,assim como diversos contextos históricos, culturais e religiosos, é deverdos Estados promover e proteger todos os direitos humanos e liberdadesfundamentais, sejam quais forem seus sistemas políticos, econômicos eculturais.”

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• Imprescritibilidade: os direitos humanos fundamentais não se perdem por decurso de prazo. Sãopermanentes.

• Inalienabilidade: não são transferidos de uma pessoa para outra, quer gratuitamente quer mediantepagamento.

• Irrenunciabilidade: não são renunciáveis. Não se pode exigir de ninguém que renuncie à vida (não se podepedir a um doente terminal que aceite a eutanásia, por exemplo) ou à liberdade (não se pode pedir a alguémque vá para a prisão no lugar de outro).

• Inviolabilidade: nenhuma lei infraconstitucional nem tampouco autoridade alguma pode desrespeitar osdireitos fundamentais de outrem, sob pena de responsabilização civil, administrativa e criminal.

• Interdependência : as várias previsões constitucionais e infraconstitucionais não podem se chocar com osdireitos fundamentais. Antes, devem estar relacionados e harmonizados para atingirem suas finalidades.

• Universalidade : os direitos fundamentais aplicam-se a todos os indivíduos, independentemente denacionalidade, sexo, raça, credo ou convicção políticofílosófica.

• Efetividade: o Poder Público deve atuar de modo a garantir a efetivação dos direitos e garantiasfundamentais, usando inclusive mecanismos coercitivos quando necessário, porque esses direitos não sesatisfazem com o simples reconhecimento abstrato.

• Complementaridade: os direitos humanos fundamentais não devem ser interpretados isoladamente, mas simde forma conjunta para sua plena realização.

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Direitos humanos das minorias O termo minoria refere-se aos grupos humanos ou sociais que estejam em inferioridade numérica, ou aindaestejam subordinados política, social, cultural ou economicamente em relação a outro grupo, que é majoritárioou dominante em determinadas sociedades. A minoria, então, pode ser étnica, física ou psíquica, religiosa,linguística, de gênero ou de idade.

A história da humanidade revela que as minorias foram as principais vítimas de perseguições, desrespeito aosdireitos básicos e, portanto, com grande perigo de que os direitos humanos sofram atentados significativos emrelação a tais grupos. Como se vê dos tratados internacionais, há uma preocupação maior com as mulheres,idosos, deficientes, presos, crianças que, ora são mais vulneráveis, ora são minorias. O próprio conceito deDemocracia, hoje em dia, está envolvido na proteção das minorias (se antes Democracia significava apenas apreponderância da vontade da maioria, hoje não se pode aceitar que um regime político é democrático se nãopõe a salvo o direito das minorias, justamente porque a história produziu a preocupação mundial de massacrede minorias pelas maiorias).

Este o motivo dos tratados internacionais citados, que tentam manter direitos básicos para as minorias dosEstados, de proteção à mulher, à criança, ao deficiente, em especial a Convenção Internacional sobre aEliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial

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Veja algumas leis que, de forma direta ou indireta, acabam tentando proteger minorias ou têm um viés protetivo dos direitos humanos:

a) Lei 10.048, de 08 de novembro de 2000: prioridade de atendimento às pessoas portadoras de deficiência, idosos (com idade igual ou superior a 60 anos), gestantes, lactantes e acompanhadas com crianças de colo;

b) Lei 9.455, de 07 de abril de 1997: define os crimes de tortura e dá outras providências;

c) Lei 4.898, de 09 de dezembro de 1965: regula o direito de representação e o processo de responsabilidade administrativa, civil e penal, nos casos de abuso de autoridade;

d) Lei 9.807, de 13 de Julho de 1999: estabelece normas para a organização e a manutenção de programas especiais de proteção a vítimas e a testemunhas ameaçadas;

e) Lei 10.741, de 1º de outubro de 2003: dispõe sobre o Estatuto do Idoso e dá outras providências;

f) Lei 11.340, de 07 de agosto de 2006: Lei Maria da Penha, que cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher29;

g) Lei 8.069, de 13 de julho de 1990: dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências;

h) Lei 12.852, de 05 de agosto de 2013: institui o Estatuto da Juventude;

i) Lei 12.711, de 29 de agosto de 2012: dispõe sobre cotas nas universidades federais e nas instituições federais de ensino técnico de nível médio, regulamentado pelo Decreto 7.824, de 11 de outubro de 2012;

j) o) Lei 12.288, de 20 de julho de 2010: instituo o Estatuto da Igualdade Racial;

l) Lei 9.504, de 20 de setembro de 1997: estabelece normas para as eleições, e no ar. 10, §3º, com redação dada pela Lei 12.034/09, impõe que cada partido ou coligação preencha o mínimo de 30% para candidatas do sexo feminino;

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Principais documentos históricos sobre direitos humanos: • MAGNA CARTA DA INGLATERRA DE 1215

• A DECLARAÇÃO INGLESA DE DIREITOS DE 1689 (BILL OF RIGHTS)

• DECLARAÇÃO DOS DIREITOS DA VIRGÍNIA, DE 12 DE JUNHO DE 1776

• DECLARAÇÃO DOS DIREITOS DO HOMEM E DO CIDADÃO DE 1789

• CONSTITUIÇÃO MEXICANA DE 1917

• CONSTITUIÇÃO ALEMÃ DE 1919

• DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS, de 1948

• PACTO INTERNACIONAL SOBRE DIREITOS ECONÔMICOS, SOCIAIS E CULTURAIS

• PACTO INTERNACIONAL SOBRE DIREITOS CIVIS E POLÍTICOS

• CONVENÇÃO INTERNACIONAL SOBRE A ELIMINAÇÃO DE TODAS AS FORMAS DE DISCRIMINAÇÃO RACIAL

• CONVENÇÃO INTERAMERICANA PARA PREVENIR, PUNIR E ERRADICAR A VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER – “CONVENÇÃO DE BELÉM DO PARÁ” (1994)

• CONVENÇÃO CONTRA A TORTURA E OUTROS TRATAMENTOS OU PENAS CRUÉIS, DESUMANOS OU DEGRADANTES

• PROTOCOLO ADICIONAL À CONVENÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS CONTRA O CRIME ORGANIZADO TRANSNACIONAL RELATIVO À PREVENÇÃO, REPRESSÃO E PUNIÇÃO DO TRÁFICO DE PESSOAS, EM ESPECIAL MULHERES E CRIANÇAS

• CONVENÇÃO AMERICANA SOBRE DIREITOS HUMANOS (PACTO DE SÃO JOSÉ DA COSTA RICA)

• CONVENÇÃO SOBRE A ELIMINAÇÃO DE TODAS AS FORMAS DE DISCRIMINAÇÃO CONTRA A MULHER 1979

• CONVENÇÃO INTERAMERICANA PARA A ELIMINAÇÃO DE TODAS AS FORMAS DE DISCRIMINAÇÃO CONTRA AS PESSOAS PORTADORAS DE DEFICIÊNCIA 20

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DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS - 1948

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Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a todos osmembros da família humana e de seus direitos iguais e inalienáveis é ofundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo,

Considerando que o desprezo e o desrespeito pelos direitos humanosresultaram em atos bárbaros que ultrajaram a consciência da Humanidade eque o advento de um mundo em que os homens gozem de liberdade depalavra, de crença e da liberdade de viverem a salvo do temor e danecessidade foi proclamado como a mais alta aspiração do homem comum,

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Considerando essencial que os direitos humanos sejam protegidos pelo Estadode Direito, para que o homem não seja compelido, como último recurso, àrebelião contra tirania e a opressão,

Considerando essencial promover o desenvolvimento de relações amistosasentre as nações,

Considerando que os povos das Nações Unidas reafirmaram, na Carta, sua fénos direitos humanos fundamentais, na dignidade e no valor da pessoahumana e na igualdade de direitos dos homens e das mulheres, e quedecidiram promover o progresso social e melhores condições de vida em umaliberdade mais ampla,

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Considerando que os Estados-Membros se comprometeram a desenvolver, emcooperação com as Nações Unidas, o respeito universal aos direitos humanose liberdades fundamentais e a observância desses direitos e liberdades,

Considerando que uma compreensão comum desses direitos e liberdades é damais alta importância para o pleno cumprimento desse compromisso,

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A Assembleia Geral proclama

• A presente Declaração Universal dos Diretos Humanos como o idealcomum a ser atingido por todos os povos e todas as nações, com oobjetivo de que cada indivíduo e cada órgão da sociedade, tendosempre em mente esta Declaração, se esforce, através do ensino e daeducação, por promover o respeito a esses direitos e liberdades, e, pelaadoção de medidas progressivas de caráter nacional e internacional,por assegurar o seu reconhecimento e a sua observância universais eefetivos, tanto entre os povos dos próprios Estados-Membros, quantoentre os povos dos territórios sob sua jurisdição.

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Artigo I - Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotadas de razão e consciência

e devem agir em relação umas às outras com espírito de fraternidade.

Artigo II - Toda pessoa tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta Declaração,

sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra

natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição.

Artigo III - Toda pessoa tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.

Artigo IV - Ninguém será mantido em escravidão ou servidão, a escravidão e o tráfico de escravos serão

proibidos em todas as suas formas.

Artigo V - Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante.

Artigo VI - Toda pessoa tem o direito de ser, em todos os lugares, reconhecida como pessoa perante a lei.

Artigo VII - Todos são iguais perante a lei e têm direito, sem qualquer distinção, a igual proteção da lei. Todos

têm direito a igual proteção contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer

incitamento a tal discriminação.

Artigo VIII - Toda pessoa tem direito a receber dos tributos nacionais competentes remédio efetivo para os

atos que violem os direitos fundamentais que lhe sejam reconhecidos pela constituição ou pela lei.

Artigo IX - Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado.

Artigo X - Toda pessoa tem direito, em plena igualdade, a uma audiência justa e pública por parte de um

tribunal independente e imparcial, para decidir de seus direitos e deveres ou do fundamento de qualquer

acusação criminal contra ele. 26

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Artigo XI - 1. Toda pessoa acusada de um ato delituoso tem o direito de ser presumida inocente até que a sua culpabilidade tenha sido provada de acordo com a lei, em julgamento público no qual lhe tenham sido asseguradas todas as garantias necessárias à sua defesa.

2. Ninguém poderá ser culpado por qualquer ação ou omissão que, no momento, não constituíam delito perante o direito nacional ou internacional. Tampouco será imposta pena mais forte do que aquela que, no momento da prática, era aplicável ao ato delituoso.

Artigo XII - Ninguém será sujeito a interferências na sua vida privada, na sua família, no seu lar ou na sua correspondência, nem a ataques à sua honra e reputação. Toda pessoa tem direito à proteção da lei contra tais interferências ou ataques.

Artigo XIII - Toda pessoa tem direito à liberdade de locomoção e residência dentro das fronteiras de cada Estado.

Toda pessoa tem o direito de deixar qualquer país, inclusive o próprio, e a este regressar.

Artigo XIV - 1.Toda pessoa, vítima de perseguição, tem o direito de procurar e de gozar asilo em outros países.

2. Este direito não pode ser invocado em caso de perseguição legitimamente motivada por crimes de direito comum ou por atos contrários aos propósitos e princípios das Nações Unidas.

Artigo XV - Toda pessoa tem direito a uma nacionalidade.

Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade, nem do direito de mudar de nacionalidade.

Artigo XVI - 1. Os homens e mulheres de maior idade, sem qualquer restrição de raça, nacionalidade ou religião, têm o direito de contrair matrimônio e fundar uma família. Gozam de iguais direitos em relação ao casamento, sua duração e sua dissolução.

2. O casamento não será válido senão com o livre e pleno consentimento dos nubentes.

Artigo XVII - 1. Toda pessoa tem direito à propriedade, só ou em sociedade com outros.2.Ninguém será arbitrariamente privado de sua propriedade.

Artigo XVIII - Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; este direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela observância, isolada ou coletivamente, em público ou em particular.

Artigo XIX - Toda pessoa tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e idéias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras.

Artigo XX - 1. Toda pessoa tem direito à liberdade de reunião e associação pacíficas.2. Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma associação. 27

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Artigo XXI - Toda pessoa tem o direito de tomar parte no governo de sue país, diretamente ou por intermédio de representantes livremente escolhidos.

Toda pessoa tem igual direito de acesso ao serviço público do seu país.

A vontade do povo será a base da autoridade do governo; esta vontade será expressa em eleições periódicas e legítimas, por sufrágio universal, por voto secreto ou

processo equivalente que assegure a liberdade de voto.

Artigo XXII - Toda pessoa, como membro da sociedade, tem direito à segurança social e à realização, pelo esforço nacional, pela cooperação internacional e de acordo com a

organização e recursos de cada Estado, dos direitos econômicos, sociais e culturais indispensáveis à sua dignidade e ao livre desenvolvimento da sua personalidade.

Artigo XXIII - 1.Toda pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha de emprego, a condições justas e favoráveis de trabalho e à proteção contra o desemprego.

2. Toda pessoa, sem qualquer distinção, tem direito a igual remuneração por igual trabalho.

3. Toda pessoa que trabalhe tem direito a uma remuneração justa e satisfatória, que lhe assegure, assim como à sua família, uma existência compatível com a dignidade humana, e

a que se acrescentarão, se necessário, outros meios de proteção social.

4. Toda pessoa tem direito a organizar sindicatos e neles ingressar para proteção de seus interesses.

Artigo XXIV - Toda pessoa tem direito a repouso e lazer, inclusive a limitação razoável das horas de trabalho e férias periódicas remuneradas.

Artigo XXV - 1. Toda pessoa tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua família saúde e bem estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados

médicos e os serviços sociais indispensáveis, e direito à segurança em caso de desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios de subsistência

fora de seu controle.

2. A maternidade e a infância têm direito a cuidados e assistência especiais. Todas as crianças nascidas dentro ou fora do matrimônio, gozarão da mesma proteção social.

Artigo XXVI - Toda pessoa tem direito à instrução. A instrução será gratuita, pelo menos nos graus elementares e fundamentais. A instrução elementar será obrigatória. A

instrução técnico-profissional será acessível a todos, bem como a instrução superior, esta baseada no mérito.

A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvimento da personalidade humana e do fortalecimento do respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades

fundamentais. A instrução promoverá a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e grupos raciais ou religiosos, e coadjuvará as atividades das Nações Unidas

em prol da manutenção da paz.

Os pais têm prioridade de direito na escolha do gênero de instrução que será ministrada a seus filhos.

Artigo XXVII - 1. Toda pessoa tem o direito de participar livremente da vida cultural da comunidade, de fruir as artes e de participar do processo científico e de seus

benefícios.

2. Toda pessoa tem direito à proteção dos interesses morais e materiais decorrentes de qualquer produção científica, literária ou artística da qual seja autor.

Artigo XXVIII - Toda pessoa tem direito a uma ordem social e internacional em que os direitos e liberdades estabelecidos na presente Declaração possam ser plenamente

realizados.

Artigo XXIV - Toda pessoa tem deveres para com a comunidade, em que o livre e pleno desenvolvimento de sua personalidade é possível.

No exercício de seus direitos e liberdades, toda pessoa estará sujeita apenas às limitações determinadas pela lei, exclusivamente com o fim de assegurar o devido reconhecimento

e respeito dos direitos e liberdades de outrem e de satisfazer às justas exigências da moral, da ordem pública e do bem-estar de uma sociedade democrática.

Esses direitos e liberdades não podem, em hipótese alguma, ser exercidos contrariamente aos propósitos e princípios das Nações Unidas.

Artigo XXX - Nenhuma disposição da presente Declaração pode ser interpretada como o reconhecimento a qualquer Estado, grupo ou pessoa, do direito de exercer qualquer

atividade ou praticar qualquer ato destinado à destruição de quaisquer dos direitos e liberdades aqui estabelecidos. 28