Upload
nguyenphuc
View
220
Download
1
Embed Size (px)
Citation preview
OS GENTIOS
ESCOLHIDOS
DE DEUS
JORGE LUIZ GOMES FERREIRA
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.........................................................2
1 O PLANO DE DEUS ............................................... 5
1.1 A criação ................................................................. 5
1.2 Plano da Redenção ................................................ 6
1.3 Do Dilúvio aos Patriarcas........................................ 8
2 OS GENTIOS NO ANTIGO TESTAMENTO ........... 9
2.1 As primeiras gerações - O povo escolhido ............. 9
2.2 Dos patriarcas ao Êxodo ...................................... 13
2.3 Do Êxodo a Canaã ............................................... 15
2.4 Do período dos reis .............................................. 19
2.5 Do período dos profetas ....................................... 23
2.5.1Os Profetas Pré-exílicos ...................................... 23
2.5.2Os Profetas Exílicos ............................................. 30
2.5.3Os profetas pós exílicos ....................................... 37
3 O NOVO TESTAMENTO ...................................... 40
3.1 Os evangelhos de Jesus ...................................... 40
3.2 Atos dos Apóstolos – A expansão do Evangelho . 50
3.3 As Epístolas .......................................................... 59
3.3.1Epístolas de Paulo ............................................... 59
3.3.2Epístolas Universais ............................................ 65
3.4 O Livro do Apocalipse ........................................... 68
CONCLUSÃO........................................................71
BIBLIOGRAFIA......................................................76
2
INTRODUÇÃO
As primeiras coisas - no início dos tempos, Deus, nas
suas três naturezas, estava nos altos céus com seus
anjos, querubins e serafins (Em Gn 1.1 vemos a
preexistência de Deus, Jó 38.4-19; Jo 11.25,26). Todos
tinham liberdade de expressão da vontade. Seus
caminhos eram livres. Assim Deus os criou.
E o Universo, todo perfeito e em ordem, era habitado
por todos os anjos do Senhor, que saiam dos seus
lugares para os altos céus para adorá-Lo. Satanás
habitava na terra. “Ele era o selo da medida, cheio de
sabedoria e perfeito em formosura. Estava no Éden,
jardim de Deus; toda pedra preciosa era a tua cobertura:
a sardônia, o topázio, o diamante, a turquesa, o ônix, o
jaspe, a safira, o carbúnculo, a esmeralda e o ouro; a obra
dos teus tambores e dos teus pífaros estava em ti; no dia
em que foste criado, foram preparados. Tu eras
querubim ungido para proteger, e te estabeleci; no monte
santo de Deus estavas, no meio de pedras afogueadas
andavas. Perfeito era nos teus caminhos, desde o dia
em que foste criado, até que se achou iniquidade em ti.
3
Na multiplicação do teu comércio encheram o teu interior
de violência e pecaste; por isso te lancei, profanado, do
monte de Deus e te fiz perecer, ó querubim protetor, entre
as pedras afogueadas (Ez 28.12-16).
E foi assim, Satanás foi expulso da presença de
Deus e, com ele, um terço dos anjos e trouxe à terra, à
sua habitação, a iniquidade tornando-a em sombras, sem
forma e vazia. Havia trevas sobre a face do abismo (Gn
1.2).
Deus querendo mostrar ao Universo que o mal não
compensa, que o mal afasta a todos de Sua presença,
teve um plano maravilhoso. Ele ia reordenar a terra,
restabelecer a sua luz e colocar ali um povo que seria a
Sua Imagem, conforme a Sua semelhança (Gn 1.26). E
assim foi. Mas, da mesma forma que antes, este povo,
usando de sua livre escolha, voltou a pecar e a se afastar
de Deus.
Como é dito, Deus tinha um plano “b” que era o de
Ele mesmo tomar um corpo carnal, não ser
compreendido, não aceitarem os seus ensinos e por fim
morrer por todos da morte mais vergonhosa, mais
maldita, mais miserável, para que Ele pudesse escolher
4
aqueles que Ele quisesse, aqueles que atenderiam à sua
Palavra, ao Seu chamado. Para tal, escolheu um povo
em especial para carregar os Seus Oráculos, para que
todos, este povo a quem chamamos Judeus e também
povos de todas as raças, línguas, tribos e nações, que
estariam com suas vestes brancas e segurando palmas
diante do Trono do Cordeiro (Ap 7.9). Este é o povo de
Deus que forma a Igreja Invisível.
No presente trabalho observa-se as páginas da
Bíblia no intuito de identificar todos os gentios que foram
chamados segundo o seu propósito (Rm 8.28), que foram
tocados pela mensagem, e que participarão da adoração
ao Senhor no Monte Santo de Deus, no final dos tempos.
5
1 O PLANO DE DEUS
1.1 A criação
Em seis dias arrumou a terra. Separou água de
águas, criou os céus, separou a porção seca a que
chamou de terra. Colocou sobre esta terra a erva verde,
as árvores frutíferas, tudo conforme a sua espécie. Deus
criou os luminares e separou o dia da noite. E na água
fez os peixes e nos céus as aves. E criou na terra todos
os tipos de animais. Finalmente, criou Deus o homem
conforme a Sua imagem e semelhança. Assim os criou
macho e fêmea. Deus viu que tudo era muito bom e
descansou. Apreciou a sua criação e se alegrou.
Deus tinha colocado no homem o seu caráter e a sua
justiça. E, como nos altos céus Deus deu ao homem o
direito de escolher, Ele sabia que o homem poderia errar,
e que erraria. Por isso recomendou: “Você pode comer
livremente de toda árvore do jardim, mas da árvore do
conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no
dia em que dela comeres, certamente morrerás”
(Gn2.17). E a mulher comeu e o homem comeu também
6
(Gn3.6). Apesar de toda glória que tinham escolheram o
caminho da rebelião (2Pe2.4; Jd 6; 1 Tm 5.21).
Através de toda a Bíblia vemos que Satanás usa
sempre de três métodos para destruir o homem: cobiça
da carne, cobiça dos olhos, soberba da vida (Gn 3.6; Mt
4.3-11; Mc 1.12-13; Lc4.1-13; 1Jo 2.16).
E foi assim com Eva. Ele ofereceu o fruto e Eva viu
que era bonito aos olhos, bom para comer e que a faria
igual a Deus. O castigo da desobediência fez com que o
casal fosse expulso do Jardim do Éden e Deus colocou
na porta do jardim um anjo para impedir o acesso à árvore
da vida (Gn 3.24), pois se comessem dela seriam
eternos, mas como comeram da árvore do bem e do mal,
não poderiam viver para sempre, porque o salário do
pecado é a morte (Gn 3.22,24).
1.2 Plano da Redenção
Fora do jardim, Adão e Eva tiveram, inicialmente,
dois filhos: Caim e Abel. Caim matou Abel e fugiu da
presença de Deus. Mais tarde Eva veio a conceber
novamente e gerou a Sete, o qual Deus, no seu plano de
redenção da humanidade, já havia traçado anteriormente
7
(Gn 3.15; Ap 12.4,5,7,9). Assim, Deus enviaria na
semente do próprio homem a redenção para a
humanidade e ao mesmo tempo a destruição do inimigo,
dirigindo os seus propósitos.
Sete gerou a Enos (Gn 4.25-26). Conta-nos a Bíblia
que a partir dai começou-se a invocar o nome do Senhor.
Na quinta geração de Sete encontramos Enoque que
vivia na presença de Deus, tanto que Deus o tomou para
Si e nunca mais foi visto, pois foi transladado (Gn5.24).
E, na oitava geração de Sete encontramos Noé. Homem
justo e temente a Deus.
A população do mundo existente aumentava e com
ela a degeneração do gênero humano. Foi ai que Deus
separou Noé para que, com sua família, entrasse em uma
arca juntamente com um casal de cada espécie vivente,
sendo que para os animais considerados limpos, sete
casais. E Deus providenciou um dilúvio sobre a terra que
cobriu os mais altos montes. Deus, na Sua paciência, na
Sua misericórdia queria um povo para Si.
8
1.3 Do Dilúvio aos Patriarcas
Gn 6.8 – Noé entrou na arca com mais sete pessoas.
Sua mulher, seus três filhos, Sem, Cam e Jafé,
juntamente com suas esposas.
Em Sem Deus separou um povo para si. Um povo
que fosse obediente, que seguisse seus mandamentos e
suas ordenanças, um povo que o adorasse e que
cumprisse fielmente a Sua vontade.
E Deus colocou o seu arco no céu para estabelecer
a Sua aliança com Noé e com toda a sua descendência,
assim como toda ave, gado e animal que saiu da arca.
Gn10.25 – Na quarta geração de Sem vê-se o
nascimento de Eber a quem veio nascer Peleque.
Nesses dias a terra se repartiu.
E todo o povo tinha uma mesma língua e um mesmo
Deus. A vontade do homem de ser igual a Deus sempre
existiu e resolveram construir uma torre, a chamada torre
de Babel. Mais uma vez desobedeciam à vontade de
Deus que era a de povoar a terra. Ficaram aglomerados.
Deus confundiu as suas línguas e foi assim a terra
povoada (Gn 11.6,9), porque Deus os espalhou sobre a
face de toda a terra (Gn 11.9).
9
2 OS GENTIOS NO ANTIGO TESTAMENTO
2.1 As primeiras gerações - O povo escolhido
Na quarta geração de Peleque encontramos Terá
que vivia em Ur dos Caldeus, na Mesopotâmia (Gn
11.26). E Terá teve três filhos: Abrão, Naor e Harã, que
gerou a Ló (Gn 11.27). E Abrão e Naor tomaram
mulheres para si. Sarai era a mulher de Abrão e Milca, a
mulher de Naor. E Sarai era estéril (Gn11.29,30).
E Terá tomou a Abrão, Sarai e Ló e saíram de Ur dos
Caldeus e foram a Harã e habitaram ali. Quando Terá
morreu, Deus falou novamente com Abrão para que fosse
à terra que Ele iria mostrar. Abrão, Sarai e seu sobrinho
Ló foram na direção de Canaã e por lá peregrinaram.
Pela fé, Abrão saiu sem conhecer o lugar para onde iriam
(Gn 12.4; At.7.2-4; Hb 11.8). Na sua caminhada muitas
pessoas vieram a conhecer a Deus, o Deus de Abrão,
pela sua maneira de ser, pela sua prosperidade, pois, em
tudo que Abrão colocava a sua mão prosperava.
Abrão, então, saiu de Harã e foi para Canaã
cumprindo a ordem de Deus que disse: “Sai-te da tua
terra e da tua parentela e da casa de teu pai, para a terra
10
que eu te mostrarei. E far-te-ei uma grande nação, e
abençoarei e engrandecerei o teu nome; e tu serás uma
benção, e abençoarei os que te abençoarem, e
amaldiçoarei os que te amaldiçoarem, e em ti serão
benditas todas as famílias da terra”. Nesta oportunidade
Abrão tinha 75 anos e Sarai 65 anos.
Como a fome na terra era muito grande, Abrão foi
peregrinar no Egito. Com medo de ser morto disse que
Sarai era sua irmã. Então, ela foi tomada para corte de
Faraó. No tempo de preparação de Sarai, Deus fechou
a madre das esposas e das concubinas de Faraó e Deus
falou com ele em sonhos. Faraó devolveu Sarai, muitas
ovelhas e gado e escravos e mandou que Abrão fosse
embora do Egito (Gn 12.16, 19,20).
Deus tinha prometido a Abrão ser uma grande
nação. Como Sarai era estéril, ela entendeu que essa
promessa não se cumpriria por meio dela e fez que sua
escrava egípcia concebesse de Abrão, em seu lugar (Gn
16.2). Agar, a escrava vem a ter Ismael como filho e este
deu origem aos povos árabes, entre outros. Muitos dos
povos mulçumanos da atualidade provém de Ismael e
cultuam um deus que não conhecem.
11
Novamente Abrão nega ser Sarai sua mulher quando
peregrinava por Gerar. Abimeleque, rei de Gerar tomou
também Sarai por esposa. Mas, em sonhos, Deus falou
com Abimeleque que devolveu Sarai a Abrão juntamente
com ovelhas, vacas, servos e servas (Gn 20.14) e ainda
disponibilizou toda a terra para que Abrão habitasse onde
quisesse.
Abrão teve Isaque como filho, que por sua vez gerou
a Jacó, um dos gêmeos filhos de Rebeca, sua mulher.
Tudo prospera na mão de Abrão, como também,
posteriormente, na mão de Isaque e de Jacó, o que
chama a atenção das outras pessoas, atribuindo esta
prosperidade ao Deus deles. Podemos inferir que alguns
se voltam para o Deus criador. É a típica evangelização
pela vida. Pela vida de Abrão, Isaque e Jacó, as pessoas
conhecem o seu Deus.
E assim acontece com Isaque, o filho da benção de
Deus e, posteriormente, com Jacó, neto de Abraão. Vê-
se, em toda a Bíblia, ser referido Deus como o Deus de
Abraão, o Deus de Isaque, o Deus de Jacó (Ex 3.3-6; Mt
22.32).
12
Jacó vai até a sua parentela a fim de procurar
esposa. Depois de quatorze anos de serviço e mais seis
remunerados, volta Jacó para Canaã com duas esposas,
escravos, escravas, muito gado, muita ovelha, muitos
camelos e burros e onze filhos, os quais vieram a se
tornar os patriarcas das tribos de Israel.
Não podemos deixar de citar Jó. No seu livro vemos
menções à Lei e ao Tabernáculo ou ao Templo. Desta
forma infere-se que Jó tenha vivido na época dos
patriarcas.
Pode-se observar elevados conceitos bíblicos sobre
Deus, o homem, a justiça, o bem e o mal, a redenção e a
justificação, mostrando o alcance da revelação mesmo
antes da Palavra de Deus tomar uma forma escrita.
Jó era “um homem íntegro, reto, temente a Deus e
se desviava do mal” (Jó 1.8). E não havia ninguém como
ele. Seus amigos Elifaz, o temanita, Bildade o suíta e
Zofar o naamatita também conheciam a Deus. Eles
apenas julgaram Jó de uma premissa errada.
De Jó pode-se ler: “O temor do Senhor é a sabedoria!
Afastar-se do mal é conhecimento” (Jó 28.28).
13
2.2 Dos patriarcas ao Êxodo
José contava dezessete anos quando seus irmãos,
por ciúme, o venderam a uma caravana de ismaelitas (Gn
17.2,4,11,27). José foi ser escravo de Potifar (Gn 39.1),
no Egito. E em tudo que José colocava a sua mão,
prosperava. E Faraó sonhou e José interpretou o sonho
de Faraó conforme orientação do Seu Deus. Foi assim
que se tornou governador do Egito, o celeiro do mundo
naquela oportunidade.
Os planos de Deus estavam seguindo, Ele, com sua
mão traça o destino da história. Jacó e toda a sua família
(70 almas) passam a morar no Egito (Gn 46.27). E o povo
cresce e se enriquece. O Faraó do tempo de José, que
já morrera era Icso, um povo nômade que tinha dominado
o Egito e aceitava plenamente o crescimento do povo
hebreu. Mas o povo do Egito se rebela e retoma o poder.
O novo Faraó se preocupa com o crescimento do povo
hebreu e os submete a trabalhos forçados (Ex 5.8,9).
São oitenta e cinco anos de dura servidão. O povo clama
e Deus ouve o seu clamor.
Deus levanta Moisés como libertador que pede ao
Faraó que o povo saia para sacrificar ao seu Deus. Faraó
14
endurece, conforme propósito de Deus (Gn 7.14; 11.9,10)
para que Ele fosse glorificado em Faraó. Deus manda as
dez pragas.
Se observarmos, cada praga era Deus mostrando
aos Egípcios que Ele era mais do que seus próprios
deuses. Assim é que Deus fere as águas do Nilo, depois
a rãs, os piolhos, as moscas, a peste nos animais, as
úlceras, a saraiva, os gafanhotos, as trevas e, finalmente,
a morte dos primogênitos.
Devemos ressaltar que até a segunda praga, que era
geral, os magos de Faraó conseguiam reproduzir com os
seus encantamentos. Da terceira praga, em diante, os
magos reconheceram ser o Dedo de Deus naqueles
milagres, o povo de Deus não foi mais atingido e os
magos de Faraó não conseguiram reproduzir.
Estes eventos são muito importantes, pois uma
grande quantidade de egípcios e de outros povos que
eram escravos também (Ex1.38), começaram a se virar
para o Deus de Israel. A praga contra os primogênitos
fez com que Faraó liberasse o povo para ir. E, como
disse Moisés, não ficou nem uma unha (Ex 10.26).
15
Na saída, o povo pediu aos egípcios joias de prata,
de ouro, roupas e o Senhor deu ao povo graça aos olhos
dos egípcios e estes lhes deram tudo que pediram. E
assim, os filhos de Israel partiram com uma mistura muito
grande de gente e ovelhas e vacas e uma grande
multidão de gado.
2.3 Do Êxodo a Canaã
E o povo saiu do Egito e viu o deserto à sua frente.
Faraó se arrependeu e, com suas tropas, saiu atrás de
Moisés e seu povo. Temos o evento do Mar Vermelho
que se abre e o povo passa a pé enxuto. Quando Faraó
vai atrás é encoberto, ele e seus soldados, pelo mar (Ex
14.27).
No deserto os eventos são muitos. Falta água e
Deus dá a rocha que dá água, falta comida e Deus dá o
Maná e codornizes. Mas, mesmo assim, o povo reclama,
blasfema contra Deus e Suas providências.
Na entrada de Canaã só dois dos doze espias creem
em Deus e afirmam que podem vencer os locais e tomar
posse da terra que Deus lhes havia preparado. Estava
tudo pronto. O povo se rebela e por isso Deus os faz
16
peregrinar pelo deserto por quarenta anos, até que toda
aquela geração venha a morrer. Moisés vai ao Monte
Nebo e de lá vê a terra que Deus prometeu, mas não
entra. Ah! Ele tinha ferido a rocha. Descumpriu a ordem
de Deus, não foi obediente.
Hora de tomar posse da terra. A entrada é por
Jericó. E lá, os espias ficam protegidos na casa de
Raabe, a prostituta. Ela e todos os que estiveram em sua
casa recebem a promessa de ficarem a salvo na invasão.
A fita vermelha na janela nos faz lembrar das marcas de
sangue nos vergais das portas dos hebreus, lá no Egito,
quando o anjo da morte passaria e eles não seriam
atingidos.
Na tomada de Jericó, todos os despojos eram do
Senhor e todas as pessoas e animais foram mortos.
Eram as primícias. Já em Ai, os despojos e gado foram
repartidos entre o povo.
E sucedeu que sabendo sobre Jericó e Ai, todos os
reis aquém do Jordão, nas montanhas, nas campinas, em
toda a costa do mar, em frente do Libano, os Heteus, e
os Amorreus, os Cananeus, os Perizeus e os Jebuseus
se ajuntaram para pelejar contra Israel.
17
Mas os moradores de Gibeão usaram de astúcia. Se
disfarçaram, contaram a Josué e ao povo, uma história
inventada e fizeram um “acordo de paz” que lhes daria a
vida. E Josué não consultou ao Senhor, e os príncipes
lhes prestaram juramento. Os gibeonitas são
transformados em servos. E o povo de gibeão recebe a
maldição que lemos em Js 9.23 que diz que em Israel não
deixará de haver servos, nem rachadores de lenha, nem
tiradores de água para a casa do Senhor.
Neste ponto não podemos deixar de registrar que
uma fome de três anos houve em Israel, no reinado do rei
Davi. Davi, consultando a Deus ficou sabendo do porque
e da solução. É contado que Saul atacou os gibeonitas,
descumprindo o pacto feito por Josué (palavra
empenhada) e, por isso, o povo de Israel veio a sofrer.
Quando Deus revela a Davi e o orienta, Davi entrega
sete descendentes de Saul, a saber: dois filhos de Rispa,
filho de Alá (Armoni e Mefibosete), cinco filhos de Mical,
filha de Saul, que tivera com Adriel, filho de Barzilai, o
meolatita. Davi poupou a Mefibosete, filho de Jonatas
(2Sm21.1-9).
18
Os gibeonitas eram canatitas que durante a
conquista dos israelitas sob a liderança de Josué
resolveram se entregar com medo de serem
exterminados (Js 9). Na verdade, moravam a uma
pequena distância de Jerusalém e não longe como
afirmaram no início. Com essas providências de Deus,
lemos em 2Sm 21.14: “Deus se aplacou para com a
terra”.
Rute representa aqueles que entram na nova vida
pela fé em Cristo. Rute é a história de uma moabita que
casa com um dos filhos de Noemi. Mas, morre
Elimeleque, marido de Noemi e também morrem os dois
filhos de Noemi. Ela dispensa suas noras estrangeiras a
tomarem o caminho que desejarem, uma vez que ela vai
voltar para Belém de Judá, sua terra de origem. Uma das
noras, Orfa, volta para o seu povo e para os seus deuses.
Entretanto, Rute, a moabita, declara: “aonde quer que tu
fores, irei eu, e aonde quer que pousares, ali pousarei eu;
o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus. Onde
quer que morreres, morrerei eu e ali serei sepultada.
Faça-me assim o Senhor e outro tanto, se outra coisa que
não seja a morte, me separar de ti” (Rt 1.16,17). Em
19
Belém, Rute vem a casar com Boaz, o resgatador e faz
parte da ascendência do Senhor Jesus (Rt 4.10).
2.4 Do período dos reis
Saul ficou indignado e com ciúmes quando voltando
de batalhas escutou as mulheres falando: “Saul feriu os
seus milhares, porém Davi os seus dez milhares” (1Sm
18.7), e começou a perseguir Davi para o matar.
Davi foge e ajunta-se a ele todo homem que se
achava em aperto, e todo homem endividado e todo
homem de espírito desgostoso e ele se fez chefe deles.
Eram uns quatrocentos homens (1Sm 22.2).
Dentre esses homens se destacam 37 homens, os
valentes de Davi. Logo após vencer os filisteus, Davi os
recrutou. Sua coragem e destemor eram jamais vistos.
Eram guerreiros chamados kereteus e peleteus,
verdadeiros leões caçadores. São homens que
obedecem e respondem ao chamado. Dai nascem os
valentes de Davi. (Gn 14.14; 1Sm 22.14; 2Sm 23.23).
Desses valentes muitos eram gentios. Assim é que
Josebe Bassete, o principal era Taquemonita, Samá e
Elica eram hararitas, Lelez era patita, Ira era tecoíta,
20
Abiezer era de Anatote, Mebunai era husatita, Zalmam
era aoita e Maarai e Helebe eram natofatitas. Os outros
valentes eram judeus. Esses valentes seguiam Davi,
pois tinham vistas no amanhã, na esperança, sendo a
maioria deles gentios.
No reinado de Salomão, Hirão, rei de Tiro o ajudou
muito mandando seus cortadores prepararem cedros do
Líbano para a construção do templo (1Rs 5.1,6,7). Tudo
porque Hirão amava Davi.
Um outro Hirão, desta vez filho de uma mulher de
Naftali com um homem de Tiro veio a Salomão para ser
artesão, um vez que trabalhava com cobre (1o Rs 7.13).
Não se pode deixar de citar o episódio relatado em 1
Rs 10, a respeito da Rainha de Sabá que foi a Jerusalém
com grande corte para verificar, pessoalmente, todas as
notícias que tinha ouvido em sua própria terra.
E disse a rainha: “Bem aventurados os teus homens,
bem aventurados estes teus servos que estão sempre
diante de ti, que ouvem a tua sabedoria. Bendito seja o
Senhor teu Deus, que teve agrado em ti, para te pôr no
trono de Israel: porque o Senhor ama Israel para sempre,
21
por isso te estabeleceu rei, para fazeres juízo e justiça (1º
Rs 10. 8,9).
Desta mesma rainha, o Senhor faz referência: “A
rainha do meio dia se levantará no dia do juízo com esta
geração, e a condenará; porque veio dos confins da terra
para ouvir a sabedoria de Salomão (Mt 12.42). E eis que
está aqui quem é maior do que Salomão.
Nas páginas dos livros de reis encontra-se fatos e
acontecimentos cujo personagem principal é Elias, um
profeta do Deus Altíssimo. Em certa oportunidade, Deus
mandou que seu profeta habitasse em Serepta que é
Sidon. E, uma mulher viúva o sustentou. Enquanto
houve fome na terra não faltou farinha nem azeite para
alimentá-los (1Rs18.9,14,24).
Elias é elevado aos céus num redemoinho e deixa
Eliseu como profeta em seu lugar, conforme ordem de
Deus.(1Rs19.15-17)
No ministério de Eliseu não poderíamos deixar de
citar o evento com Naamã, capitão do exército do rei da
Síria que, após sete banhos nas águas do rio Jordão, se
curou de sua lepra (2Rs 5.10.14). Pela fé Naamã foi
curado.
22
O rei Assuero, da Pérsia, decretou que fossem
reunidas todas as moças virgens, formosas a vista, na
fortaleza de Susã, e lhes dessem enfeites e, a moça que
parecesse bem aos seus olhos viesse a reinar no lugar
de Vasti, a ex-rainha (Et 2.3,4).
Hadass, que é Ester foi educada por seu tio
Mardoqueu, pois não tinha pais vivos, também foi levada
à casa do rei.(Et 2.7,8). E a moça pareceu formosa aos
olhos de Hegai, eunuco do rei, que se apressou a dar-lhe
os seus enfeites, alimentos, como também a sete moças
para a atenderem (Et 2.9).
Mas existia Hamã, que foi engrandecido pelo rei,
mas que não gostava de Mardoqueu, tio de Ester. E
Hamã planeja exterminar todos os hebreus do reino.
Ester convida o rei e Hamã para um banquete em sua
casa e o desmascara.
Continuando a observar a Bíblia vê-se que nos livros
proféticos, os gentios são mencionados como
instrumento de castigo de Israel e, posteriormente,
julgados por isso, mas também como participantes da
graça que ainda será manifestada a Israel.
23
2.5 Do período dos profetas
2.5.1 Os Profetas Pré-exílicos
De todos os profetas que tem os seus registros no
Livro Sagrado, Isaías foi o que mais escreveu sobre a
vinda do Senhor Jesus, Sua vida e ressurreição.
Assim é que, por exemplo, em 49.1-6 ele fala do
Senhor Jesus e destaca-se o verso 6 onde se lê:
“...também te dei para luz dos gentios para seres a minha
salvação até as extremidades da terra”, vindo a
confirmar, mais uma vez, que Deus sempre teve os seus
olhos voltados para toda a sua criação, e que os judeus
foram os escolhidos para levar os seus oráculos.
Em Is 56.6-7 lê-se: “E aos filhos dos estrangeiros que
se chegarem ao Senhor, para o servirem e para amarem
o nome do Senhor, sendo deste modo servos seus, todos
os que guardarem o sábado, não o profanando, e os que
abraçarem o meu concerto, também levarei “ao meu
santo monte e os festejarei na minha Casa de Oração; os
seus holocaustos e os seus sacrifícios serão aceitos no
meu altar, porque a minha casa será chamada Casa de
Oração para todos os povos”. O que vem a reafirmar o
que Deus falou a Abrão por ocasião do sacrifício de
24
Isaque: “porque não negaste, em ti serão benditas todas
as nações. Deus já promovia o IDE.
Em Is 66.20 tem-se: “e trarão a todos os vossos
irmãos, dentre todas as nações”. Eu penso que neste
texto o profeta está se referindo a todos os povos
(gentios) porque no final do verso ele faz uma
comparação, “como quando os filhos de Israel trazem...”
Além de escrever para o povo de Judá e Israel,
Isaías trás profecias referentes às nações. Assim é que
fala para Babilônia, Assíria, Filistia, Moabe, Síria, Etiópia,
Edom, Arábia e Tiro (Is 13 -23).
Todos estes povos foram utilizados por Deus para
exercer juízo sobre o povo de Judá e de Israel. Alguns,
entretanto, devido ao seu alto grau de maldade, hoje já
não existem. Assim é que Babilônia, Assíria, os
moabitas, entre outros já não tem representante sobre a
terra (Is 15.1, 16.14, 20.9, 30.31). Outros ainda existem,
mas nunca mais se levantaram como potência sobre a
terra. Como exemplo pode-se citar o Egito e a Síria.
Assim é que em Is 13.3 Deus se refere à Assíria
como “meus santificados”, “meus poderosos”, mas Deus
só usa a Assíria para executar o seu juízo. Por outro lado,
25
em Is 44.28 e 45.1 vê-se o Senhor falar ao seu ungido
Ciro, a quem tomou pela mão direita para abater as
nações diante de sua face. E Ciro, o persa, domina todo
Império da Babilônia, no reinado de Belsazar, neto de
Nabucodonosor.
Esta profecia, posteriormente, é mostrada ao rei Ciro
pelo profeta Daniel, um dos sábios que atendiam à corte,
e como resultado Ciro libera o povo a voltar do exílio.
Grande parte do povo volta e Zorobabel, ascendente de
Jesus, o Messias prometido de Deus, é colocado como
governador de Judá.
O profeta Jeremias era patriota devoto, totalmente
consagrado a Deus e a uma vida de santidade. Durante
o seu ministério falou ao povo de Judá que permaneceu
na terra e disse que a menos que eles se arrependessem
de seus pecados, a cidade seria destruída. O povo não
deu atenção e foi isso que aconteceu.
Entretanto, Deus sempre tem o seu remanescente.
Não se pode deixar de fazer uma referência a Ebede-
Meleque, um etíope que confiou em Deus e ajudou
Jeremias quando encerrado em um poço (Jr 38.7;
39.17,18).
26
Nabucodonosor permite que Jeremias escolha ir
para Babilônia ou ficar com os pobres e é isso que ele
escolhe. Mas o povo se rebela contra o que tinha ficado,
conforme ordem de Nabucodonosor, por governador e o
mata. Como consequência acabam fugindo para o Egito,
onde o povo é subjugado e morto pelo próprio
Nabucodonosor (Jr 42.15,16).
Em Jeremias vê-se, mais uma vez, que o Egito não
será exterminado completamente (Jr 46.26), o que
permite auferir que Deus tem ali alguns eleitos.
Pelo texto, pode-se inferir que entre os amonitas,
descendentes de Ló, Deus também escolheu alguns para
Si (Jr 49.6), o que não aconteceu com Edom (Jr 49.10).
Em Elão já não vemos isso, uma vez que, nos últimos
dias, os cativos de Elão voltariam, conforme promessa do
Senhor (Jr 49.49).
No livro de Isaías Deus se mostra como Rei dos
Povos. Já em Jeremias, com outra geração, Deus manda
que todas as nações se sujeitem a Nabucodonosor. Daí
Jeremias ser considerado o profeta das nações.
No livro de Joel temos as pragas de insetos, que
eram sinais de castigo divino e dão ocasião para a
27
revelação do futuro “Dia do Senhor” (Is 2.12) em seus
dois aspectos, o julgamento dos gentios e as bênçãos
sobre Israel.
Jonas, aquele que esteve no ventre de um grande
peixe, ocupa um lugar destacado como o primeiro
missionário para terras estrangeiras (Jn 1.2). Seu caráter
histórico de preservação no ventre do peixe foi atestado
pelo Senhor Jesus, que compara a experiência de Jonas
com o Seu próprio sepultamento e ressurreição (Mt
12.38-42).
O livro de Jonas está cheio do sobrenatural: o grande
peixe, a aboboreira, o verme, o vento oriental e, o maior
de todos os milagres, o arrependimento de toda a cidade
de Nínive. Jonas vai a Nínive e prega a Palavra do
Senhor (Jn 3.3). E os homens de Nínive creram e
proclamaram um jejum e vestiram roupa de saco. Do
maior ao menor (Jn 3.5). E Deus viu a obra deles e se
arrependeu do mal que tinha anunciado lhes faria e não
fez (Jn 3.10).
Deve-se lembrar que nesta oportunidade Jonas era
profeta das dez tribos e também pregou para eles.
28
Enquanto Nínive se arrependeu as dez tribos não deram
atenção à sua pregação.
O que se pode tirar de ensinamento é que Jonas é
um tipo de Cristo como o Enviado, ressuscitado da morte
ao terceiro dia e que levou a salvação aos gentios.
Normalmente, o profeta Jonas é apontado como tipo
de Jesus por ter ficado três dias e três noites dentro do
grande peixe (Jn 1.15-17), conforme o próprio Jesus faz
referência quando disse que era necessário que o Filho
do Homem ficasse três dias e três noites no seio da terra
(Mt 12.40; Lc 11.29).
Entretanto, pode-se observar outras passagens que
apontam para Jesus, senão vejamos: Em Jn 1.5 vê-se
que, apesar da tempestade, Jonas, tendo-se deitado
dormia um profundo sono. Em Mt 8.23-27, Jesus dorme
enquanto se levanta uma tempestade. Nesta mesma
passagem Jesus acalma os ventos e o mar e seguiu-se
grande bonança. Jonas, quando lançado ao mar, a
tempestade se acalma (Jn 1.15).
Nesta passagem ainda se vê os marinheiros
rendendo graças ao Deus dos céus O temeram com
grande temor, ofereceram sacrifícios e fizeram votos (Jn
29
1.14,16). Em Mt 8.27 vê-se os apóstolos se
maravilhando com Jesus que “até os ventos e o mar lhe
obedecem”.
Quando em Nínive, cidade onde se gastava três dias
para atravessar, Jonas pregou por quarenta dias até que
Nínive toda creu. (Jn 3.3,4). Jesus, após sua
ressurreição ficou com seus apóstolos por quarenta dias
e muitos outros creram na sua promessa, em suas
palavras, e, até hoje, estas palavras modificam vidas.
Naum, escrito cerca de 120 anos após o livro de
Jonas, anuncia a destruição de Nínive pelos Babilônios
devido ao seu grande desvio em uma outra geração.
Esta outra geração se corrompeu e saiu dos caminhos do
Senhor, seus governantes maquinaram o mal contra o
Senhor (Na1.10-12; 3.4-7), pelo que veio o juízo.
Já os profetas Oséias, Amós, Miquéias, Habacuque
e Sofonias só trazem as suas mensagens para o povo
judeu.
2.5.2 Os Profetas Exílicos
Enquanto os profetas pré exílicos, cujo ministério
principal foi em relação a Judá ou em relação as dez
30
tribos, ou para ambos, Ezequiel foi a voz do Senhor para
“toda a casa de Israel”. Provavelmente Ezequiel, que era
um sacerdote, foi um dos exilados levados entre a
primeira e a última deportação de Judá (Ez 24.11-16).
Seu principal propósito foi o de manter presentes
diante da geração nascida no exílio os pecados nacionais
de Israel; foi também manter a fé dos exilados por meio
de profecias de restauração nacional, de execução de
justiça sobre os opressores e de glória nacional sobre o
reino davídico.
Ezequiel profetiza sobre o fim dos amonitas (Ez
25.7), o mesmo com o povo de Moabe (Ez 25.10). Edom
é também transformado em deserto e todos caem a
espada (Ez 25.13). Já na Filistia, Deus preserva os
quereteus e destrói o restante da costa do mar (Ez 25.1).
Contra Tiro, Ezequiel também profetiza. O
entendimento da profecia pode ser para dois tempos
diferentes. Um tempo real quando o rei de Tiro e a cidade
são totalmente destruídos, e um tempo futuro que aponta
para a destruição de Satanás, o inimigo de Deus.
Contra Sidom, Deus será glorificado quando exercer
seu juízo e a casa de Israel “nunca mais terá espinho que
31
a fira, nem espinho que cause dor, e saberão que Eu sou
o Senhor Deus”, diz o Senhor (Ez 28.24).
Quanto ao Egito, Deus espalha o povo entre as
nações por quarenta anos, tornando a terra deserta.
Deus os congregará novamente, mas como um reino
humilde (Ez 29.11, 13-15; 30.23,26).
Daniel era um jovem quando foi levado à Babilônia
durante a primeira deportação. Distinguiu-se em
sabedoria, tornando-se o principal dos três oficiais do
Império Medo-Persa (Dn 5.29).
No ambiente corrompido de Babilônia ele viveu uma
vida de grande proveito e de piedade singular. Teve vida
longa que se estendeu de Nabucodonosor até Ciro.
Jeremias, Ezequiel, Josué, o Sumo Sacerdote da
restauração, Esdras e Zorobabel foram alguns dos seus
contemporâneos.
Daniel é, distintamente, o profeta dos “tempos dos
gentios” (Lc 21.24). Suas visões percorrem todo o curso
do governo mundial dos gentios até o seu fim e
estabelecimento do Reino Messiânico.
O livro começa contando que o rei Nabucodonosor
de Babilônia teve um sonho do qual não se lembrava. E
32
Daniel, depois de orar a Deus, traz o sonho e a sua
interpretação (Dn 2.26,28).
Este fato faz o rei reconhecer o Deus de Daniel como
“Deus dos deuses”, colocando Daniel como governador
de toda a província de Babilônia, assim como chefe dos
governadores e também sobre todos os sábios de
Babilônia (Dn 2.47,48).
Nabucodonosor não ficou muito satisfeito quando lhe
foi dito que seu reino, o reino de Babilônia, ia um dia
acabar. Providenciou que fosse construída uma estátua
totalmente de ouro para eternizar o seu reino, que no
sonho era representado pela cabeça de ouro, e ordenou
que todos a adorassem.
Ananias, Misael e Azarias, judeus amigos de Daniel
não adoraram a estátua e foram colocados em uma
fornalha ardente (Dn 3.1,5,12,23). Nabucodonosor viu
dentro da fornalha, quatro homens andando calmamente
e ordenou que os três saíssem da fornalha. Viu também
que o aspecto do quarto homem que com eles estava,
era semelhante ao Filho de Deus (Dn 3.25,26).
Nem um só cabelo se queimou, nem cheiro de fogo,
de fumaça se achou neles. Nabucodonosor exaltou e
33
adorou o Deus do céu, o Deus de Ananias, Misael e
Azarias (Dn 3.27,28) e decretou que todo povo, e nação
e língua que falasse contra o Deus deles fossem
despedaçados e suas casas transformadas em monturo
(Dn 3.29).
O rei teve ainda outro sonho, de uma árvore que
crescia forte e frondosa e que abrigava em seus galhos
toda espécie de pássaros e na sua sombra toda espécie
de animais e que por fim era cortada, só ficando o tronco
e as raízes. Acordou sobressaltado e, posteriormente
Daniel trouxe a interpretação do sonho (Dn 4.10-17).
Algum tempo depois o rei foi tirado dentre os homens
e comia erva com os bois até que se passaram sete
tempos, quando então, o rei levantou os olhos e lhe
tornou o entendimento. O rei bendisse ao Altíssimo e
louvou e glorificou ao que vive para sempre cujo domínio
é eterno e o reino de geração em geração (Dn 4.33,34).
Seu juízo e entendimento voltaram e seu reino foi
restaurado e a partir dai passou a louvar e exaltar o Rei
dos Céus (Dn 4.35-37). Não se pode deixar de registrar
que o capítulo quatro do Livro de Daniel foi escrito pelo
34
rei Nabucodonosor depois de sua conversão e volta ao
seu reinado.
Belsazar, neto de Nabucodonosor reinava como
regente em lugar de seu pai Nabonido e resolveu dar uma
festa e utilizou os utensílios que Nabucodonosor tinha
retirado do Templo. Na mesma hora apareceu uns dedos
sem mão que escreveram na parede (Dn 5.1-5,25).
“MENE, MENE, TEQUEL, URFARSIM”
“Contou Deus o teu reino, e o acabou. Pesado foste
na balança e achado em falta. Dividido foi o teu reino e
dado aos medos e aos persas”.
Naquela noite foi morto Belsazar, rei dos Caldeus e
Dario, o medo, ocupou o reino. Dario divide o reino em
cento e vinte províncias com cento e vinte principais
responsáveis. Sobre estes colocou três presidentes
sendo Daniel o maior sobre todos (Dn 6.1,2).
A fidelidade de Daniel, entretanto, era notória a
todos. Daniel orava três vezes ao dia frente a uma janela
de seu quarto, em direção a Jerusalém. Seus opositores
fizeram com que o rei assinasse um decreto que
nenhuma pessoa pudesse fazer petição a qualquer deus
35
ou a qualquer homem sob pena de ser lançado na cova
dos leões.
Daniel continuou orando ao seu Deus, o Deus dos
céus, o que foi suficiente para que os invejosos de sua
posição o incriminassem perante o rei. O rei, com pesar
em seu coração, o lança na cova dos leões. O rei sentiu
pesar em seu coração a ponto de perder o apetite e
dispensar os músicos. Na manhã seguinte, com pressa
foi à cova dos leões e chamou por Daniel: “Daniel, servo
do Deus vivo, a quem tu continuamente serves, tenha
podido livrar-te dos leões?”(Dn 6.20)
Daniel respondeu: “Oh rei, vive para sempre! O meu
Deus enviou o seu anjo, e fechou a boca dos leões, para
que não me fizessem dano, porque foi achada em mim
inocência diante dele; e também contra ti, oh rei, não
tenho cometido delito algum” (Dn 6.21,22).
Como consequência Dario faz um decreto para que
todo o reino tema e trema perante o Deus de Daniel,
porque Ele é o Deus vivo e que permanece para sempre
e o seu reino não se pode destruir, e o seu domínio durará
até o fim (Dn 6.25-26).
36
Daniel ainda faz, em seu livro, menção a uma
profecia sobre as setentas semanas que restam para o
povo hebreu. Algumas vertentes entendem que estamos
exatamente num intervalo entre a semana de numero
sessenta e nove e a semana setenta.
Neste intervalo é quando os povos gentios estão
sendo aprovados por Deus, não todos, mas os eleitos
para a salvação (Rm 11.25,26; Lc21,24), aqueles que são
chamados segundo o Seu propósito (Rm 8.28-30).
A capital de Edom era Selá que mais tarde foi
chamada de Petra. Sobre esta nação que descendia de
Esaú é a apaixonada diatribe com sentença de morte.
Obadias tem um tema único sobre seu livro: juízo sobre
Edom. Suas ruinas, recortadas em penhascos sólidos de
uma rocha rosada são testemunhas silenciosas do
cumprimento da profecia.
2.5.3 Os profetas pós exílicos
Ageu foi um dos primeiros profetas pós exílicos. Seu
ministério consistiu em repreender os exilados que
haviam regressado... Foi contemporâneo de Zacarias
(Ed 5.12).
37
Zacarias prediz a segunda vinda de Cristo, seu
reinado, seu sacerdócio, sua dignidade real, sua
humanidade, sua divindade, a construção do Templo por
parte de Cristo, sua vinda em humilhação, a paz
permanente que trará, sua rejeição e a traição por trinta
peças de prata e seu regresso a Israel como crucificado.
Suas predições de outros eventos do fim dos tempos
são claras e significativas. No final de seu livro, o profeta
revela o último cerco de Jerusalém, a vitória inicial dos
inimigos de Israel, a partição do Monte das Oliveiras, a
defesa pelo Senhor ao aparecer de forma visível no
Monte das Oliveiras, o juízo das nações confederadas, as
mudanças topográficas na terra de Israel, a festa dos
tabernáculos no milênio e a santidade final de Jerusalém
de seu povo.
Malaquias é o último profeta. Ele basicamente se
dirige aos sacerdotes que desviavam as ofertas e dízimos
do povo e ao povo de Israel. Mas ele pode estar falando
para judeus e não judeus, para ímpios e justos, ou seja:
Na oportunidade, encontramos judeus justos e ímpios
justos que se converteram, como também judeus injustos
e ímpios injustos que perderam a salvação (Ml 3.16-18).
38
Por ocasião do cativeiro, judeus foram espalhados
pelo mundo inteiro e nem todos voltaram para Jerusalém.
Formaram suas comunidades (sinagogas) que adoravam
ao Deus vivo. Ali ensinavam a respeito de Deus para os
povos. Era a continuação da evangelização. Tinha-se
então, prosélitos por todo o mundo que vinham,
anualmente, cultuar a Deus em Jerusalém (At 2). Nesta
oportunidade Alexandre estabeleceu o grego como
língua oficial.
O Salmos 126 é um Cântico de Romagem.
Aconteceu quando o Senhor trouxe o povo de volta do
cativeiro após o decreto de Ciro. Qual a situação? Em
Babilônia, Assíria, enfim, nas terras dominadas pelos
persas, existiam escravos de todas as raças e nações.
Quando vem o decreto de Ciro, o que os judeus falavam
para os outros? “O nosso Deus nos libertou e está nos
levando de volta para casa”.
39
3 O NOVO TESTAMENTO
3.1 Os evangelhos de Jesus
Os evangelistas Mateus e Lucas contam a genealogia
de Jesus, entretanto, só Mateus aponta a prostituta
Raabe na ascendência do Senhor assim como a moabita
Rute (Mt 1.5)
Quando Jesus contava cerca de dois anos, José
recebeu em sua casa os magos do Oriente. Todos
apresentaram o mesmo presente, ouro, incenso e mirra.
O ouro apontava para a realeza do Senhor Jesus. Era
um símbolo que representava a perfeição divina e a
dignidade real. O incenso era usado em ordenanças de
sacerdotes. Seu perfume era usado nas cerimônias do
Tabernáculo e nos fala da fragrância da humanidade sem
pecado de Jesus. Representa o aroma agradável diante
de Deus (Sl 141.1). A mirra é uma erva amarga e nos
fala do sofrimento e amarguras que Jesus iria sofrer.
Costuma estar associada ao ato de embalsamar e ao
sepultamento devido às suas propriedades de
conservação (Jo 19.39-40). Seu uso medicinal pode
simbolizar o papel de Cristo como Grande Médico.
40
Ao presentearem o Filho de Deus vindo ao mundo,
os magos do oriente reconheciam com esses tipos ou
figuras, que Jesus era Deus e Rei, que sua humanidade
era perfeita e que aquela criança estava destinada a
sofrer.
Deve-se ressaltar que os presentes apresentados
pelos magos, conforme o costume reflete perfeitamente
o que vemos narrado em Nm 7 quando os doze príncipes
de Israel, os cabeças das casas de seus pais dão ofertas
iguais na dedicação do tabernáculo e posteriormente na
consagração do altar.
Como estes magos souberam do nascimento do
Senhor? Entende-se que Daniel, quando chefe dos
magos e adivinhos no período babilônico e
posteriormente com os medos e persas, não se cansou
de falar dos livros que ele tinha. Todos, por intermédio
de Daniel, conheciam o profeta Isaías e os outros
profetas, além do Livro da Lei.
Mas, na oportunidade do nascimento do Senhor,
Herodes (Mt 2.3), rei, edomeu de nascimento (Gn 36.1)
neto de Herodes Antipas foi procurador da Judéia. Ele
era tetrarca da Galiléia e foi quando aumentou
41
notavelmente o templo. Perseguiu as crianças desde o
nascimento chegando a mandar que todas as crianças
com menos de dois anos, conforme o tempo que os
magos forneceram, fossem mortas (Mt 2.11). O Senhor
se tornou homem, já conta trinta anos e inicia o seu
ministério. Sua fama se espalha pelo mundo de sua
época.
Um centurião romano que tinha um criado paralítico
e atormentado e que conhecia ao Deus criador
demonstra a sua fé quando manda dizer ao Senhor que
não se importune de estar próximo ao seu criado, mas
que por uma só palavra, por um ato de Sua vontade o
criado seria curado (Mt 8.5; Lc 7.2). Este mesmo
centurião, tempos antes, tinha ajudado de forma
generosa na construção da sinagoga que,
posteriormente, Jesus veio pregar.
Conta a Bíblia que Jesus e os seus discípulos
entraram no barco e ele ordenou que fossem ao outro
lado (Lc 8.22). E navegaram para a terra dos Gadarenos
que está do lado oposto à Galiléia. Tendo chegado a esta
província, eis que saíram ao seu encontro dois
endemoninhados vindos do sepulcro; homens tão
42
ferozes que ninguém os resistia. Exclamaram a Jesus:
“Que temos nós contigo, Jesus, Filho de Deus? Vieste
aqui atormentar-nos antes do tempo?” E rogaram que
lhes fosse permitido entrar em uma manada de porcos
que, por perto, pastava. Assim foi feito e a manada se
precipitou no mar, morrendo todos os porcos.
Os homens voltaram à normalidade, se vestiram e
seguiam Jesus que, ao retornar à Galiléia, mandou que
eles ali ficassem e dessem testemunho. Jesus disse:
“Vai para tua casa, para os teus, e anuncia-lhes quão
grandes coisas o Senhor vos fez e como teve
misericórdia de vocês (Mt 5.19). E foram e começaram a
anunciar em Decápolis quão grande coisas Jesus lhes
fizera; e todos se maravilharam (Mt 8.28-34; Mc 5.1-20;
Lc 8.26-40. E muitos creram.
Mateus também faz referência que Jesus, em uma
de suas caminhadas se dirigiu a região de Tiro e Sidom,
lugares estes na Fenícia e lá, uma mulher cananita
clamou a Ele por misericórdia para que de sua filha fosse
expulso um demônio. Quando Jesus chegou a ela, O
adorou. O evangelista Marcos diz que esta mulher era
grega. Foi quando Jesus disse-lhe: “Deixe primeiro
43
saciar os filhos; porque não convém tomar o pão dos
filhos, e lança-lo aos cachorrinhos”. Ela respondeu: “Os
cachorrinhos comem debaixo da mesa, as migalhas de
seus filhos”. A fé desta mulher era tão grande que ela
tinha a certeza de que qualquer coisa, por menor que
fosse, seria o suficiente para salvar a sua filha. Por isso
o Senhor disse: “Por essa palavra, vai: o demônio já saiu
da tua filha, grande é a tua fé (Mt 15.21-28; Mc 7.24-30).
Quando o Senhor voltou de Gadara, já em Galiléia
lhe trouxeram um surdo que falava com muita dificuldade.
Jesus colocou os Seu dedo em seus ouvidos e cuspindo
tocou-lhe a língua. O homem voltou a ouvir e a falar
perfeitamente. Todos que viram se maravilharam (Mc
7.31-37).
Em Lc 7.11-17 lemos a parábola dos dez leprosos
que são curados por Jesus. Jesus manda que eles se
mostrem aos sacerdotes, conforme o costume e
conforme previa a Lei, pois este os deveria declarar
“limpos” para que pudessem retornar ao convívio na
sociedade. No caminho ao sacerdote suas peles ficaram
curadas, mas somente um, que era estrangeiro voltou,
deu graças e adorou o Senhor.
44
O que entendemos desta parábola? Todos tiveram a
cura das suas carnes, da sua matéria, mas, somente
aquele samaritano teve a cura do espírito e foi salvo (Lc
17.11-19).
Em Sicar, na região de Samaria, certa vez, Jesus
encontra uma mulher no poço de Jacó tirando água ao
meio dia, o que não era costume das mulheres. Jesus
lhe pediu água para beber e ela o redarguiu já que não
era costume dos judeus se comunicarem com os
samaritanos. O Senhor lhe oferece água, água da vida,
aquela que sacia completamente e não se volta a ter
sede, pois, conforme Jesus falou, ela se faz fonte de água
que salta para a vida eterna. A mulher deseja desta água
e o diálogo continua. Ela declara saber que o Messias,
que se chama Cristo, vem para anunciar tudo. Jesus se
faz reconhecer e manda que ela chame o seu marido. A
mulher vai a cidade e anuncia a presença do Senhor e
muitos vem a Ele e creem. E Jesus ficou com eles dois
dias e muitos mais creram (Jo 4.5-43). Durante as
festas, Judeus e gentios convertidos, estes chamados
prosélitos, acorriam à Jerusalém. Numa destas
oportunidades, o apóstolo João relata que alguns gregos
45
manifestaram a vontade de falar com Jesus, mas não
tinham conseguido (Jo 12.20-22). Este fato nos mostra
que o mais importante é crer sem ver e não ver para crer,
um grande ensinamento.
Uma vez que fariseus tomaram conselho com os
herodianos com o objetivo de matar o Senhor Jesus. O
ponto difícil para os judeus era a aparente falta de
cumprimento da clara e repetida promessa profética de
um Israel reunido e estabelecido em sua própria terra sob
o governo do Rei prometido (Is 10.10-12; Ez 37.21-28; Jr
23.5-8). Jesus não parava um tempo maior em algum
lugar, isto porque ainda não tinha chegado a hora (Jo
2.4). E ele se retirou, certa vez para o mar e grande
multidão o seguia. Pessoas vindas da Galiléia, da
Judéia, de Jerusalém, da Induméia, de além do Jordão,
de Tiro e de Sidon e vinham ter com ele (Mc 3.6-8)
No capítulo 15 do Evangelho de Lucas o Senhor
Jesus nos relata três parábolas: a da ovelha perdida, a
da dracma perdida e a do filho pródigo. Interessante
observar a relação entre as três. A ovelha estava perdida
e sabia que estava perdida fora do seu redil. A dracma
46
estava perdida e não sabia que estava perdida dentro da
própria casa.
Por outro lado, o filho mais novo que pegou a sua
herança e foi para o mundo, se perdeu, sabia que estava
perdido e retornou para a casa do pai. Mas o outro filho,
que aparentemente não saiu, se perdeu dentro da própria
casa.
O que estas parábolas nos mostram? Para a época
em que foi contada, pode-se identificar os judeus como a
dracma perdida. Estão cumprindo as obrigações, se
dizem filhos de Abraão e se dizem salvos porque estão
frequentando o templo. Da mesma forma hoje. Muitas
pessoas estão na igreja, não faltam ao culto, dão o
dízimo, cantam no coral, mas não mudam o seu coração,
estão no formalismo religioso e pensam que estão salvas.
Por outro lado, cegos, surdos, endemoninhados,
prostitutas, cobradores de impostos entre outros,
pessoas que não estão no templo, ouvem a palavra,
arrependem-se dos seus pecados, mudam de vida e
aceitam Jesus como Único e suficiente salvador.
Hoje tem pessoas que ouvem a Sua palavra e a
desprezam, entretanto, tem pessoas que por um único
47
louvor, uma única palavra aceitam o Senhor como
Salvador de suas almas. Para elas, o chamado é
irresistível. São tocadas e a Graça se instala em seus
corações.
Que nós possamos estar entre estas pessoas. Que
a Graça do Senhor nos alcance e nos leve para o céu.
Que busquemos ser a sua imagem e a semelhança de
Cristo, já que a nossa natureza pecaminosa nos afasta
do Criador da vida.
Os dias passam e mais próximo esta o término da
estada do Senhor sobre esta terra, no meio de um povo
que não O compreendeu. Judas, um de seus apóstolos,
o único que não era da Galiléia, esperava que Jesus se
rebelasse contra o governo romano, esperava que ele
movimentasse o povo e se declarasse Rei.
Seu coração não entendeu a mensagem, não
entendeu o propósito da pregação para salvação de
almas, não percebeu que o reino de Jesus não era deste
mundo, então providenciou uma traição. Vendeu o seu
Senhor por trinta moedas de prata. O preço de um dia de
trabalho.
48
Assim ele conduz o Sumo sacerdote e seus soldados
e também um grande número de gente ao lugar onde
Jesus estava com os outros onze. Após um pequeno
diálogo onde Jesus se identifica, Pedro saca de sua
espada e corta a orelha de Malco, um soldado do
sacerdote. E Jesus lhe restitui a orelha.
Nesta oportunidade Jesus questionou aos principais
dos sacerdotes e capitães do templo e anciãos que
tinham ido contra ele, o porquê daquilo, uma vez que Ele
estava no templo todos os dias e nunca fizeram tal coisa.
Ao mesmo tempo declarou que era a hora deles e o poder
das trevas (Mt 26.41-57; Mc 14.43-50; Lc 22.47-53; Jo
18.3-11). Mas tudo aconteceu para que se cumprisse os
escritos dos profetas.
Quando os judeus levaram Jesus à presença de
Pilatos, este se maravilhou e creu. Sua mulher já
conhecia o Messias e para ela foi só tristeza quando o
Senhor foi entregue nas mãos dos judeus para que fosse
morto.
Quando Jesus estava a caminho do Gólgota, Simão,
um homem de Cirene que estava em Jerusalém para as
festas, o ajudou a carregar a cruz (Mc 15.21)
49
Jesus já está crucificado, os soldados romanos à sua
volta, e um certo centurião, quando o Senhor expirou,
reconheceu e disse: “verdadeiramente este homem era o
Filho de Deus”.
3.2 Atos dos Apóstolos – A expansão do Evangelho
O Senhor passou três dias no seio da terra e
ressuscitou. Ficou quarenta dias com seus discípulos.
Entendemos que a partir deste momento seus discípulos
verdadeiramente se converteram.
São orientados a ficar reunidos no cenáculo, naquele
mesmo lugar onde praticaram a última ceia ainda na
companhia do Senhor. Ali também ficaram os outros
discípulos, cerca de cento e vinte homens e também
ficaram as mulheres que seguiam Jesus.
Passados quarenta dias, quando se daria a festa do
pentecostes que identifica a comemoração da colheita
cinquenta dias após o dia da páscoa, línguas como que
de fogo, vem sobre estas pessoas e recebem o poder do
Espírito Santo.
O povo acorre ao local e vê os apóstolos e os
discípulos falarem diversos idiomas. É importante
50
ressaltar que, em virtude da festa, ali se encontravam
judeus e prosélitos de diversas regiões e que falavam
idiomas diferentes. Partos, Medos, Elamitas, e os que
habitam na Mesopotâmia, Judéia, Capadócia, Ponto e
Ásia e Frígia e Panfília, Egito e partes da Líbia, junto a
Cirene e forasteiros romanos, Cretenses e Árabes (At
2.5-11)). Pelo menos dezesseis idiomas diferentes ali
eram encontrados.
Certa oportunidade o apóstolo Pedro profere um
discurso de elucidação dos fatos, o que vem a trazer
muitos ao arrependimento, inclusive alguns gregos,
convertendo-os a uma nova direção que é Cristo.
O número de discípulos crescia e ouve uma
murmuração entre os gregos, porque suas viúvas
estavam sendo desprezadas pelo ministério. Para que
os doze não deixassem a Palavra de Deus para servir as
mesas, foram instituídas sete pessoas dentre eles
Estevão e Filipe, que cheios do Espírito ajudavam no
atendimento às pessoas que ali acorriam. Outro
escolhido foi Nicolau que vinha da província de Antioquia.
Em certo momento, o anjo do Senhor falou com
Filipe, um dos sete escolhidos para auxiliar os apóstolos,
51
que fosse para o lado Sul do caminho que desce de
Jerusalém para Gaza. Lá ele encontrou um Etíope,
eunuco mordomo da rainha de Candace dos Etíopes que
lia Isaías.
Questionado ele respondeu: “Como poderei
entender, se alguém não me ensinar?” E Filipe,
assentando-se no carro explicou todas as coisas e lhe
anunciou Jesus. Como cria, em chegando a alguma
água, foi batizado. Filipe foi arrebatado e o eunuco
jubiloso seguiu o seu caminho (At 8.26 – 40).
Um certo centurião da coorte chamada italiana
morava em Cesaréia. Era um homem piedoso e temente
a Deus. Em certa oportunidade viu em visão um anjo que
com ele falou, dizendo que suas orações tinham chegado
aos céus diante de Deus e que ele mandasse seus
homens a Jope chamar a Simão Pedro, que se
encontrava em casa de um tal Simão, o curtidor. E assim
foi.
Neste ínterim, Pedro subiu ao terraço para orar,
quando teve um arrebatamento de sentidos. Viu o céu
aberto e de lá descia um vaso onde havia feras, répteis e
aves. Uma voz lhe disse: “Levanta-te, mate e come”,
52
Pedro argumentou que nunca tinha posto em sua boca
qualquer coisa comum e imunda. E aconteceu por três
vezes até que foi recolhido aos céus.
Quando Pedro meditava naquela visão, os homens
de Cornélio, o centurião, bateram na casa em que ele se
encontrava. Pedro desceu com eles e mais alguns.
Cornélio, por sua vez, reuniu seus parentes e amigos
mais íntimos para os quais Pedro, abrindo a boca, falou
todas as coisas sobre o Reino, e o dom do Espírito Santo
foi derramado sobre estes gentios. Todos os que tinham
vindo com Pedro, que eram da circuncisão, se
maravilharam e Pedro mandou que fossem batizados (At
10.1-48).
Quando Pedro voltou a Jerusalém, narrou todas
estas coisas aos apóstolos e aos irmãos que estavam na
Judéia. E eles, apaziguaram-se e glorificaram a Deus
dizendo: “ Na verdade até aos gentios deu Deus o
arrependimento para a vida (At 11.18).
Em At 11.20 vê-se que haviam homens cíprios e
cirenenses, já convertidos, que anunciavam Jesus aos
gregos que moravam em Antioquia.
53
Em certa oportunidade, depois que os judeus saíram
da Sinagoga, num sábado, os gentios rogaram a Paulo
que no sábado seguinte lhes fossem ditas as mesmas
coisas. E muitos judeus e prosélitos seguiram Paulo e
Barnabé; os quais os exortavam a que permanecessem
na Graça de Deus. E, no sábado seguinte, ajuntou-se
quase toda a cidade para ouvir a Palavra de Deus. E os
gentios creram, todos quanto estavam ordenados para a
vida eterna (At 13.42-48).
Aconteceu também em Icônio que, num sábado,
entrando na Sinagoga falaram de tal forma que uma
grande multidão, não só de judeus, mas de gregos,
creram na Palavra (At 14.1).
Mas Paulo e Barnabé ficaram sabendo da intenção
dos judeus que se rebelaram contra suas palavras e
fugiram para Listra e Derbe, cidades da Licaônia. E, ali,
pregavam o Evangelho. Lá, Paulo fixou os olhos em
certo homem que era leso dos pés, coxo desde o
nascimento, que nunca tinha andado, e mandou que ele
se aprumasse sobre os pés e andasse. E foi o que
aconteceu. A multidão vendo isto, os chamaram de
54
Júpiter e Mercúrio e já queriam sacrificar em sua honra
como se fossem deuses.
Paulo e Barnabé rasgaram suas roupas, se
mostraram homens que eram como eles e pregavam ao
Senhor crucificado para a salvação de suas almas,
quando muitos creram (At 14. 6-18).
Paulo e Barnabé vão a Jerusalém, pois tinham
entrado em conflito de ideias com os fariseus, sobre a
circuncisão ou não dos gentios. Subiram a Jerusalém a
falar com os anciãos sobre as suas questões.
No caminho, passaram pela Fenícia e por Samaria e
contavam das conversões dando grande alegria aos
irmãos. Após narrarem todos os fatos, Tiago,
levantando-se fala a todos que os gentios não devem ser
perturbados, que não precisam se circuncidar. Que o
necessário é que eles se abstenham das contaminações
dos ídolos, da fornicação, do que é sufocado e do sangue
(At 15. 19-24).
Paulo continua sua caminhada missionária entrando
na Europa. E assim, esteve em Trôade, Samotracia e
Neápolis e dali a Filipos. Ah!, Certa mulher de nome
Lídia, vendedora de púrpura e que era de Tiatira, estava
55
atenta às palavras de Paulo. Foi batizada, ela e a sua
casa, e os constrangeu a que ficassem com ele,
hospedados (At 16.14-16).
Houve incidentes que resultaram na prisão de Paulo
e Barnabé. E perto da meia noite, eles oravam e
cantavam hinos a Deus, e os outros presos os
escutavam. Um grande estrondo fez com que os
alicerces da cadeia se movessem, todas as portas se
abriram, mas ninguém fugiu. Com o acontecido, o
carcereiro quis se matar, o que Paulo o dissuadiu. Ele
perguntou, então, o que era necessário para que ele se
salvasse, quando ouviu: “Crê no Senhor Jesus e serás
salvo, tu e a tua casa”. Paulo foi tratado de suas feridas
e vergões e levado à casa do carcereiro, quando ele e
todos os seus foram batizados (At 16.25-31).
Passando por Antípolis e Apolônia, Paulo e Silas
chegaram a Tessalônica e se dirigiram, no sábado, à
Sinagoga e, por três sábados falaram sobre a salvação
em Jesus. Muitos creram e com eles uma grande
multidão de gregos religiosos e não só poucas mulheres
dos principais (At 17. 1-4).
56
Paulo e Silas também se dirigiram a Beréia onde,
após pregarem e as pessoas conferirem nas escrituras
as suas palavras, muitos creram e também mulheres
gregas da classe nobre e não poucos homens (At
17.10,12).
Paulo, em Atenas, prega aos atenienses se
aproveitando de uma estátua que não tinha nome. A este
que eles honravam sem conhecer, Paulo anunciou. Mas,
quando falou da ressurreição , muitos declararam que era
necessário ouvi-lo mais vezes. Entretanto, alguns creram
entre os quais Dionísio, o areopagita, uma mulher de
nome Damaris, além de outros (At 17. 16-31).
Paulo partiu para Corinto juntando-se a Áquila e
Priscila, que tinham saído da Itália por ordem de Cláudio,
que tinha mandado que todos os judeus saíssem de
Roma. Como os judeus resistiram à pregação de Paulo,
que testificava que Jesus era o Cristo, Paulo foi à casa
de Justo, homem que servia a Deus e que morava ao lado
da sinagoga.
E Crispo, principal da Sinagoga, creu no Senhor
Jesus com toda a sua casa e muitos dos coríntios,
ouvindo-o creram e foram batizados. E Paulo ficou em
57
Corinto um ano e seis meses pregando a Palavra do
Senhor (At 18.7 – 11).
Em Éfeso, Paulo, na Sinagoga, falou pelo espaço de
três meses acerca do Reino de Deus. Como alguns
endurecessem e não obedecessem, separou os
discípulos e passou a disputar todos os dias na escola de
Tirano. E isso aconteceu por um espaço de dois anos,
de tal forma que todos os que habitavam na Ásia ouviram
a Palavra do Senhor Jesus, assim judeus como gregos
(At 19.8-10).
Paulo é preso, e como os principais dos judeus
queriam mata-lo, ele apela, na presença de Festo, para
ser julgado por Cesar, uma vez que tinha cidadania
romana. E Paulo embarcou para Roma sob a guarda de
um centurião de nome Júlio, em um navio Adramantino.
Depois de muitas dificuldades e naufrágio, chegaram
a Roma e a Paulo foi permitido morar por sua própria
conta (At 28). E Paulo ficou em sua casa por dois anos
inteiros e recebia todos quantos vinham vê-lo. Pregava
o Reino de Deus e ensinava com toda a liberdade as
coisas pertencentes ao Senhor Jesus Cristo, sem
impedimento algum (At 28. 30-31).
58
Nesta oportunidade Paulo escreveu a algumas das
igrejas que ele havia fundado em sua caminhada e o
Evangelho ia sendo pregado e prosperava pela graça do
Senhor. São estas as chamadas cartas da prisão e foram
dirigidas a Éfeso, Colosso, Filipo e aos cooperadores
Timóteo, Tito e Filemom.
3.3 As Epístolas
3.3.1 Epístolas de Paulo
No Antigo Testamento não foi revelado, de forma
específica, o propósito de Deus de chamar do mundo a
igreja. No Evangelho Segundo Mateus, O Senhor Jesus
anunciou este propósito (Mt 16.17-19), entretanto não
explicou como, quando e nem de que elementos se
construiria a igreja. É nas Epístolas que, de maneira mais
plena, são apresentados a ordem, a posição, os
privilégios e os deveres da igreja.
O propósito das Epístolas de Paulo é desenvolver a
doutrina da igreja. Nestas Epístolas a igreja recebe
instruções quanto ao seu lugar único e singular nos
conselhos e propósitos de Deus.
59
Antes ainda de ser enviado a Roma, quando estava
em Éfeso, Paulo escreveu a Epístola aos romanos. Lá,
entre outras coisas, ele manifestou seu desejo de ir a
Roma e posteriormente, com a ajuda dos irmãos, ir até a
Espanha, expandindo ainda mais o Evangelho.
No Novo Testamento, a carta aos romanos é a
exposição mais completa das verdades centrais do
cristianismo. Paulo mostra que o Evangelho diz respeito
a todo mundo, uma vez que “não há acepção de pessoas”
(Rm 2.11). Diz também que toda a humanidade está
debaixo do juízo (Rm 3.19,23). Que a justificação é
suficiente para a necessidade do homem e é recebida
somente pela fé.
A Epístola aos romanos expõe a divina provisão da
graça de Deus, pelo qual Ele pode declarar justos os
pecadores mediante a obra propiciatória de seu Filho
Justo, apresentando também a natureza da nova vida
que todas as pessoas justificadas podem desfrutar pelo
poder do Espírito Santo que nelas habita.
A expressão chave do livro de romanos é a “a justiça
de Deus” (Rm 1.17; 3.21,22). No seu desenvolvimento,
Paulo cita Dt 32.21 quando Deus provoca ciúmes a Israel,
60
quando avisa o povo que vai abrir para os gentios (Rm
10.19-21), continuando sua argumentação quando diz:
“Porventura tropeçaram, para que caíssem? De modo
nenhum, mas pela sua queda veio a salvação aos
gentios, para os incitar à emulação” (Rm 11.11).
A Primeira Carta aos Coríntios Paulo escreveu ao
final dos três anos que morou em Éfeso. Os temas
tratados são variados, podendo, entretanto, ser
relacionados ao tema central que é a conduta cristã.
Nesta Epístola, Paulo apresenta a mais completa
explicação da Palavra de Deus sobre o tema da
ressurreição do corpo (1Co 15). O povo de Corinto que
compunha a igreja era formado por judeus provenientes
das dispersões e por coríntios que eram os gentios
convertidos.
A Epístola aos Gálatas foi destinada a um grupo de
igrejas na Galácia, que estava localizada no centro da
região onde hoje se encontra a Turquia. Icônio, Listra e
Derbe foram cidades que Paulo visitou. Os primeiros
habitantes eram Frígios, cuja religião prestava culto à
natureza. Lá também se encontravam muitos judeus
provindos da dispersão.
61
Na carta aos Gálatas, Paulo faz referência de ter
estado na Arábia e em Damasco na Síria. Fala também
da conversão de Tito que era filho de pai grego e mãe
judia.
A carta aos Efésios foi a primeira carta que Paulo
escreveu quando da sua prisão em Roma, sendo, esta
carta, levada por Tiquico. Foi uma carta destinada “aos
santos que estão em Éfeso e fiéis em Cristo Jesus”, que
incluía além de alguns judeus, uma grande massa de
gentios que se converteram quando Paulo lá esteve.
A carta aos efésios revela o processo pelo qual Deus
está trazendo a igreja para seu objetivo destinado em
Cristo. Sua mensagem pulsante é “para louvor de Sua
glória (Ef 1.6,12,14). A palavra “glória”, que ocorre oito
vezes, refere-se à grande excelência do amor de Deus,
sua sabedoria e seu poder. O objetivo magnífico está na
publicação do compromisso de Jesus de construir uma
igreja gloriosa, madura e de um ministério “sem mácula,
nem ruga” (Ef 5.27).
A carta aos filipenses também foi escrita da prisão.
Na cidade de Filipo foi onde Lídia, a vendedora de
púrpura e o carcereiro se converteram a Cristo. Paulo os
62
advertiu contra as perigosas heresias que os estavam
ameaçando, provavelmente o judaísmo e o gnosticismo.
A nota predominante nesta carta é a alegria
triunfante. Paulo, apesar de prisioneiro, era muito feliz e
conclamava seus leitores para sempre se regozijarem em
Cristo. Esta carta revela a mensagem eterna de que a
verdadeira alegria somente será encontrada em um
relacionamento pessoal dinâmico com Jesus Cristo e na
garantia de que Deus é capaz de transformar
circunstâncias adversas para o nosso bem e para a Sua
glória.
Paulo nunca esteve em Colossos, que se situava a
cerca de cento e sessenta quilômetros de Éfeso. Talvez
a igreja tenha sido estabelecida por Epafras, quem, com
muitos outros, provavelmente se converteu durante o
ministério de Paulo em Éfeso.
As duas cartas ao povo de Tessalônica foram
escritas quando Paulo estava em Corinto. O tema
principal da primeira carta é o confirmar os novos
convertidos nas verdades fundamentais que haviam
aprendido. Isto porque os convertidos tessalonicenses
mudavam facilmente seu modo de pensar. Tinham
63
recebido uma carta falsa em nome de Paulo e estavam
crendo que as perseguições que estavam sofrendo eram
do “grande e terrível dia do Senhor”.
Na segunda carta, Paulo enfatiza mais o
arrebatamento da igreja e que “o dia do Senhor virá a
seguir”.
As duas Epístolas a Timóteo foram escritas durante
os últimos anos de vida de Paulo assim como a carta a
Tito.
As igrejas estavam aumentando, o período
apostólico chegando ao fim e fez-se necessário o
ensinamento autorizado sobre a fé e a ordem. Timóteo
era filho único de Eunice, uma judia que tinha se casado
com um gentio. Sua mãe Loide e ela se converteram a
Cristo, por ocasião da primeira viagem missionária de
Paulo. Timóteo tinha, com certeza, conhecimento da
religião judaica, mas seu pai gentio não permitiu que ele
fosse circuncidado. Por isso, Paulo o circuncidou, para
que os judeus não criassem mais um obstáculo à
pregação de Paulo.
Uma vez que Paulo, quando pregava aos gentios,
pregava a não circuncisão deles, motivo pelo qual foi
64
combatido por muitos judaizantes que queriam
circuncidar os gentios.
A carta de Tito trata das condições nas igrejas da ilha
de Creta, cujos habitantes eram de baixa moral e cabia a
Tito evangeliza-los.
Filemom foi escrita ao destinatário de próprio nome
com o fim de orientá-lo a receber seu escravo Onésimo,
que havia fugido, mas se convertera, como um irmão na
fé, como se estivesse recebendo ele, o próprio Paulo.
3.3.2 Epístolas Universais
O autor de Hebreus relata Jesus como Sumo
Sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque e que se
ofereceu em sacrifício e sendo ele consumando, veio a
ser a causa da eterna salvação para todos (gentios e
judeus) os que Lhe obedecem (Hb 5.9). Assim, Jesus,
com uma só oblação aperfeiçoou para sempre os que são
santificados fazendo uma só aliança, a saber, colocou as
Suas Leis em nossos corações e as escreveu em nossos
entendimentos (Hb 10. 14,16).
No Capítulo onze de Hebreus, o autor volta a citar
pessoas que são anteriores aos chamados “judeus”.
65
Temos então: Abel, Enoque, Noé, Abraão, Sara e Isaque,
gentios citados já no período da criação.
Tiago, irmão de Jesus, só escreve à igreja de
Jerusalém, embora sejam totalmente úteis as suas
observações para os dias de hoje. Quando se lê Tg
2.9,10; 3.12, vê-se que Tiago fala que não devemos fazer
acepção de pessoas, visto que qualquer que guarda toda
a Lei e tropeça em um só ponto, se torna culpado de
todos. Quando ele em 3.12 questiona se uma figueira
pode produzir azeitonas ou a videira, figos; como também
uma fonte dar água salgada e doce ao mesmo tempo,
nos remete a pensar no centurião de Cafarnaum e em
Cornélio, que eram gentios, mas tementes a Deus. E isso
que importa ao Senhor. Não é a nossa nacionalidade, a
nossa cor, a nossa posição social ou os nossos títulos
que vão agradar a Deus e nos fazer herdeiros de Cristo,
mas sim o nosso temor e a nossa obediência à vontade
de Deus.
Por isso lê-se que o Senhor não retarda a sua
promessa, que Ele é longânimo para conosco, não
querendo que alguns se percam, senão que todos
venham a se arrepender (2Pe 3.9). Assim, é que Noé,
66
pregoeiro da justiça, pregou a todos aqueles rebeldes
enquanto se preparava a arca, na qual poucas, isto é, oito
almas se salvaram pela água (1Pe 3.20).
Provavelmente, quando João estava em Éfeso, ele
tenha escrito as suas três Epístolas. Desta forma, pode-
se crer que ele orientava a igreja que era composta de
judeus e gentios. Talvez por isso, para acabar com as
desavenças entre judeus e gentios, lê-se as suas
observações em 1Jo 2.9-11, quando ele diz: “aquele que
odeia seu irmão está em trevas e anda em trevas e não
sabe para onde ir”.
Já em 3 Jo 1.9-12 vê-se João se referindo a dois
gentios que pertenciam à igreja. Diótrofes que proferia
contra os judeus palavras maliciosas, que não recebia os
irmãos, lançando-os fora da igreja, como sendo rejeitado
e, Demétrio, o qual era testemunhado por todos, homem
de coração amável e compassivo que fazia o bem, como
sendo aprovado por Deus.
Judas, um outro irmão de Jesus, em sua Epístola fala
com cuidado da salvação comum, exortando-os a
batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos (Jd 1.3).
O que entende-se por salvação comum? Se for comum a
67
todos, judas estaria incluindo não só judeus como
também aos gentios.
3.4 O Livro do Apocalipse
Quando João escreve: “Bem aventurado aquele que
lê e os que ouvem as palavras desta profecia, e guardam
as coisas que nela estão escritas (Ap 1.3), ele está se
referindo a todos (judeus e gentios) que venham a ler.
Nos capítulos dois e três do Livro do Apocalipse,
escrito por João, vê-se as cartas às sete igrejas da Ásia.
Estas cartas foram escritas para igrejas compostas de
judeus provenientes da diáspora e por gentios locais.
Estas igrejas, então, são compostas de israelitas e
gentios, que foram testemunhas fiéis, por isso, no término
de cada carta, o autor, inspirado pelo Espírito Santo,
escreve: “Quem tem ouvidos ouça”, e também, “ ao que
vencer”, o que significa que Deus dá a oportunidade para
a plenitude de sua criação.
Talvez por isso que está escrito em Ap 7.9 que João
olhou e viu “uma multidão a qual ninguém podia contar,
de todas as nações, e tribos, e povos e línguas, que
68
estavam diante do trono, e perante o Cordeiro, trajando
vestes brancas e com palmas em suas mãos”.
E João recebeu ordens de profetizar outra vez a
muitos povos, e nações e línguas e reis (Ap 10.11).
Foi mandado que João escrevesse: “Bem
aventurados aqueles que são chamados à ceia das
bodas do Cordeiro (Ap 19.9). Esta palavra nos remete ao
Evangelho de Lucas no capítulo 14. 15-24, quando
também se pode entender que muitos são os chamados,
mas poucos os escolhidos (Mt 22. 1-14).
Quando Jesus disse: “Esta cumprido. Eu sou o Alfa
e o Omega, o Princípio e o Fim. A quem quer que tiver
sede, de graça lhe darei da fonte da água da vida. Quem
vencer, herdará todas as coisas; e Eu serei seu Deus e
ele será Meu filho (Ap 21.6,7). Ele não fez acepção de
pessoas dizendo que as Suas palavras eram
endereçadas a este ou àquele, mas sim a todos, a todos
que tiverem sede da Palavra, a todos que tiverem a Deus
como único Deus, a todos que se arrependerem dos seus
maus caminhos, a todos que estão inscritos no livro da
vida do Cordeiro, desde a fundação do mundo, a todos
69
que Deus colocou como eleitos quando Ele planejou o
Plano da Salvação (Ap 21.27).
E como está escrito: “E o Espírito e a esposa dizem:
Vem. E quem ouve, diga: Vem. E quem tem sede, venha;
e quem quiser, tome de graça da água da vida (Ap.
22.17). É de graça porque o Senhor Jesus já pagou o
preço com seu precioso sangue. Louvado seja o Senhor.
70
CONCLUSÃO
Ao finalizar este trabalho acadêmico conclui-se que
continuam todos nascendo, plantando, colhendo, vivendo
os seus deleites conforme a vontade de seus corações.
Poucos dão atenção às palavras do Senhor, às palavras
escritas Neste Livro, a Bíblia, a pelo menos seis mil anos.
Em todos os tempos, Deus pediu sempre as mesmas
coisas: Que se abstenham das contaminações do que é
sufocado e do sangue (At 15.20). Em Ap 14.12 temos a
instrução que diz: “Aqui está a paciência dos santos; aqui
estão os que guardam os mandamentos de Deus e a fé
em Jesus”. Porque “quem crer e for batizado será salvo;
mas quem não crer será condenado (Mt 16.16).
É assim o plano de salvação de Deus. Segundo uma
das linhas escatológicas, estamos no intervalo entre a
semana sessenta e nove e a semana setenta de Daniel.
Neste período, o qual já dura mais de dois mil anos, Deus
abriu a porta da salvação, a porta da Graça,
especialmente para os gentios. Assim é que lemos em
Lc 21.24: “E cairão ao fio da espada, e para todas as
nações serão levados cativos; e Jerusalém será pisada
71
pelos gentios, até que os tempos dos gentios se
completem”.
No mesmo viés, temos em Rm 11.25,26,32 as
palavras de Paulo: “Porque não quero, irmãos que
ignoreis este segredo: que o endurecimento veio em
parte sobre Israel, até que a plenitude dos gentios haja
entrado. E assim, todo o Israel será salvo. Porque Deus
encerrou a todos (judeus e gentios) debaixo da
desobediência, para com todos usar de misericórdia”.
Hoje vemos um Israel cheio de progresso, um
deserto cheio de verde, produzindo de tudo entre os
pedregais, inatingível pelos mísseis de seus inimigos que
estão ao redor. Jeremias já tinha escrito cerca de
seiscentos e vinte anos antes do nascimento do Senhor
Jesus o registrado em Jr 31.17, como se lê: “E há
esperança quanto ao teu futuro, diz o Senhor, porque
teus filhos voltarão para os teus termos”.
Assim é que Deus, por tipos, por figuras, vem falando
desde o princípio com o seu povo. Usou os judeus, a
quem chamou povo de Deus, para levar os seus
oráculos, os seus mandamentos a todos que aceitarem,
72
para que todo o que Nele crê não pereça, mas tenha a
vida eterna (Jo3.15).
Assim é que o profeta Isaías escreve: “Disse mais:
Pouco é que sejas o meu servo, para restaurares as
tribos de Jacó, e tornares a trazer os preservados de
Israel; também te dei para luz dos gentios, para seres a
minha salvação até a extremidade da terra” (Is 49.6).
Lemos também: “E aos filhos dos estrangeiros
(gentios), que se unirem ao Senhor, e para serem seus
servos, todos os que guardarem o sábado, não o
profanando, e os que abraçarem a minha aliança,
também os levarei ao meu Santo Monte, e os alegrarei
na minha Casa de Oração; os seus holocaustos e os seus
sacrifícios serão aceitos no meu altar; porque a minha
casa será chamada Casa de Oração para todos os povos
(Is 56.6,7).
Fica mais evidente a entrada dos gentios no Plano
de Salvação quando analisamos alguns versos do livro
da revelação de João. Lemos: “E cantavam um novo
cântico, dizendo: Digno és de tomar o livro, e de abrir os
selos; porque foste morto e com teu sangue nos
compraste para Deus, de toda tribo, e língua, e povo, e
73
nação; E para nosso Deus nos fizestes reis e sacerdotes;
e reinaremos sobre a terra “ (Ap5.9,10).
Em Ap 7.9 o apóstolo João nos relata: “Depois
destas coisas olhei, e eis aqui uma multidão, a qual
ninguém podia contar, de todas as nações, e tribos, e
povos, e línguas, que estavam diante do trono, e perante
o Cordeiro, trajando vestes brancas e com palmas nas
suas mãos”.
Estes são os Santos. Os mesmos que o dragão vem
para fazer guerra, aqueles que guardam os
mandamentos, e tem o testemunho de Jesus (Ap12.17;
14.12).
Que mais poderíamos falar? Ah! Sim. Que Jesus
morreu por todos. Que Ele derramou o seu sangue por
todos e por isso, Ele tem o direito de escolher aqueles
que Ele quiser para que estejam com Ele na vida eterna.
Afinal, lemos em Rm 9.15: “Compadecer-me-ei de quem
me compadecer e terei misericórdia de quem Eu tiver
misericórdia”.
E isso vale para todo o sempre. Desde quando Ele
se propôs ao Seu plano para salvar a alguns, em todos
os tempos. Os nossos antepassados pela certeza das
74
coisas que se esperam e que se não veem (Hb1.1), e nós
por crermos também nas promessas feitas a Abrão,
Isaque e Jacó, como nas evidências que hoje, mais do
que nunca, vêm comprovar as palavras do Livro Sagrado,
nos orientando no bem viver segundo a vontade do nosso
Deus.
Que possamos falar como Paulo: “Combati o bom
combate, acabei a carreira, guardei a fé. Desde agora, a
coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo
juiz me dará naquele dia; e não somente a mim, mas
também a todos os que amarem a sua vinda (2Tm 4.7,8).
Maranata: Ora vem Senhor Jesus.
75
BIBLIOGRAFIA
BÍBLIA, Português. Bíblia de Estudo Genebra – 2a Edição Revista e Ampliada, SSB, 2009. BÍBLIA, Português. Bíblia de Estudo Scofield – Almeida Corrigida Fiel, SBT, 2007. BÍBLIA, Português. Bíblia de Estudo Pentecostal – Almeida Revista e Corrigida, CPAD,1995. BÍBLIA, Português. Bíblia de Estudo Plenitude - Almeida Revista e Corrigida, SBB, 2001.