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OS GIBIS E A FORMAÇÃO DE LEITORES NA ESCOLA HOJE Doutora Patrícia Pina Professora Titular de Literatura Brasileira Universidade do Estado da Bahia – DCH, Campus VI

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OS GIBIS E A FORMAÇÃO DE

LEITORES NA ESCOLA HOJE

Doutora Patrícia Pina

Professora Titular de Literatura Brasileira

Universidade do Estado da Bahia – DCH, Campus VI

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Os malnascidos na leitura buscam, no lixo, na solidão, no

livro alheio, o encantamento que em outros (malnascidos,

bem-nascidos, quase-nascidos ou quase-moribundos) nem

teve tempo de existir.(COSTA, 2009, p.8)

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A QUESTÃO

É possível formar leitores críticos, intérpretes de diferentes

linguagens, através da interação entre adolescentes, estudantes do

Ensino Fundamental II, e a linguagem quadrinística?

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TRADIÇÃO ESCOLAR

LINGUAGEM VERBAL = PRIORIDADE

LINGUAGENS ARTÍSTICAS = A SERVIÇO DO LETRAMENTO

VERBAL

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LINGUAGENS NA ESCOLA

Tradicionalmente, a escola, principal instituição dedicada à formação de

leitores, estabelece suas práticas de alfabetização e letramento a partir da

linguagem verbal. No Ensino Fundamental I, instrumentaliza as crianças para

decifrarem caracteres impressos, bem como para se familiarizarem com

diferentes tipos de textos verbais simples (BRASIL, 1998a). No Ensino

Fundamental II, promove a iniciação dos adolescentes à leitura literária,

distinguindo contos, crônicas, poemas (BRASIL, 1998b).

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HQ NA ESCOLA

As imagens não são propostas como textos, cuja linguagem

demanda conhecimentos diversificados – e são elas o principal

aspecto dos quadrinhos, aos olhos do senso comum, que

desconsidera a natureza verbo-visual da HQ

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AS LINGUAGENS ARTÍSTICAS DEMANDAM UM

TRATAMENTO ESPECÍFICO PARA QUE POSSAM

DESENVOLVER NOS ADOLESCENTES E NAS

CRIANÇAS VARIADAS APTIDÕES LEITORAS

CADA LINGUAGEM DEVE SER ABORDADA POR SUAS

CARACTERÍSTICAS

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LEITURA NO BRASIL

Como aponta Paim (2011, p.8), ao discutir os resultados da pesquisa

“Retratos da Leitura no Brasil”, a escola tem, sim, a função de formar

leitores, mas a família também tem.

48% dos entrevistados = ganharam algum

material impresso na infância

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LEITURA DE QUADRINHOS

As linguagens artísticas, dentre as quais destaco a quadrinística, demandam de seus leitores todas competências como atenção, concentração, memória, mas, também, um tipo de interlocução que implica a movimentação dos sentidos, o

envolvimento das emoções. Como formar leitores entre esses malnascidos, excluídos econômica e culturalmente do ambiente e das práticas que podem

atraí-los para o impresso? É preciso fazer uso de estratégias que viabilizem os bens culturais a que eles têm acesso: programas de TV, filmes dublados ou

nacionais, gibis!

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LINGUAGEM QUADRINÍSTICA

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LINGUAGEM QUADRINÍSTICA

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LINGUAGEM QUADRINÍSTICA

NATUREZA VERBO-VISUAL

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LINGUAGEM QUADRINÍSTICA

DESENVOLVE MÚLTIPLAS COMPETÊNCIAS ENTRE OS

LEITORES

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LINGUAGEM QUADRINÍSTICA

DIALOGA COM AS EXPECTATIVAS DOS “MALNASCIDOS”

E “BEM NASCIDOS”

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QUADRINHOS E FORMAÇÃO LEITORA

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QUADRINHOS E FORMAÇÃO LEITORA

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QUADRINHOS E FORMAÇÃO LEITORA

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LINGUAGEM QUADRINÍSTICA

No processo de leitura de quadrinhos, o indivíduo precisa conjugar

a imagem e a palavra, e a imagem não se reduz ao desenho da

personagem ou da cena, ela engloba do traço demarcador da vinheta

até o rabicho do balão que acolhe a fala – ou seja, o indivíduo deve

ser letrado na linguagem quadrinística.

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CONCLUSÕES

A escola até usa filmes, quadrinhos e programas de TV em suas

práticas, mas não desenvolve estratégias de letramento nessas

linguagens específicas, nem é “obrigada” a fazer, porque não há

instrumento oficial que exija isso. Segundo Bari (2008, p.111), aí

reside a dificuldade de inserir esses diferentes textos nas salas de

aulas, pois os mediadores não desenvolvem tais práticas, e usar a

HQ como mediadora de leitura exige conhecimento da técnica

que a preside.

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CONCLUSÕES

Os quadrinhos não são “coisas” para crianças com pouca

competência de leitura nem apenas entretenimento barato. Para

Vergueiro e Ramos, “História em quadrinhos é Arte. E ponto

final”(2009a, p.7). Essa definição parece simples, mas é

extremamente complexa: a natureza artística de um objeto impõe

um comportamento diferenciado por parte de seu fruidor.

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CONCLUSÕES

Esse comportamento não é “natural”, é cultural, demanda ensino,

construção de padrões. O “ponto final”, na verdade, é um “ponto-e-

vírgula”: por ser arte, a HQ exige conhecimento de sua natureza,

comparação com outras artes, estabelecimento de aspectos a serem

lidos com mais atenção, em perspectiva.

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OBRIGADA!Leve gibis para sua sala de aula sempre!!!!!

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REFERÊNCIAS

BARI, V. A. O potencial das histórias em quadrinhos na formação de leitores: busca de um contraponto entre os panoramas culturais brasileiro e europeu. Orientador Waldomiro Vergueiro. São Paulo: ECA/USP, 2008. [Tese de Doutorado].

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BRASIL. Parâmetros curriculares nacionais: artes. Brasília: Secretaria de Educação Fundamental, 1998b

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REFERÊNCIAS

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